Palavras Sublimes

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Capítulo VII

O Brasil é a Terra do Evangelho


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Não somente aos indivíduos se encontram designadas atribuições distintas no imenso cenário da vida. Também, cada povo, cada país tem a sua missão a desempenhar, uma atividade específica a desenvolver em determinados planos evolutivos.

Eliminadas todas as questões da geografia política, é natural que o mundo, em suas expressões físicas, nada mais represente do que o patrimônio comum da humanidade, herdeira presuntiva dos gloriosos destinos que o Criador lhe fixou na eternidade luminosa.

Mas na luta de todos os dias podeis observar a ação de cada uma das nacionalidades, trazendo ao edifício do progresso universal a sua colaboração particular e especializada.

Muitas vezes, tentando elucidar o vosso entendimento, temos asseverado que . De fato, em nenhum outro país se trabalha com mais fervor pela renascença do Cristianismo, na pureza das suas origens, como nas plagas brasileiras. Pelo seu caráter nitidamente pacifista, foram os filhos da antiga Santa Cruz os escolhidos para a mais grandiosa das tarefas: a de conduzir, por entre os povos esgotados pelas lutas tigrinas, oriundas de ódios raciais, o estandarte bendito da crença pura, único fator do reerguimento moral das coletividades, prejudicadas no mais íntimo das suas organizações, pelos abusos a que se entregaram muitos daqueles que vieram ao mundo incumbidos de lhe proporcionar uma parcela de evolução espiritual.

Nos países da Europa, os fenômenos mediúnicos, na sua generalidade, se circunscrevem aos laboratórios dos céticos, aos ambientes impenetráveis dessa ciência que descansa sobre os louros conquistados, saturada de presunção e de pseudoinfalibilidade, ao passo que, no Brasil, a Doutrina consoladora se espalha pelas camadas populares, lenindo o coração infortunado dos humildes, esclarecendo os ignorantes, confortando os aflitos, como prometeu Jesus no seu suave ensinamento, beneficiando-se, todos os que sofrem, no manancial da sua caridade inesgotável. O Espiritismo, no Brasil, com a sua feição religiosa e, por isso, redentora, acode, em toda a parte, a uma ânsia de paz e regeneração. Essa diversidade é eminentemente significativa e basta para vos dar a entrever a gloriosa missão coletiva do Brasil como pátria do Evangelho.

O mundo vive atualmente a sua hora de fogo. Incompreendidos entre si, os homens se atiram uns contra os outros, esquecidos de que ainda não se encontraram a si mesmos no torvelinho das paixões, de sorte que a sociedade humana reflete, quase que literalmente, o amargo asserto de um dos maiores pensadores da época atual, quando disse que “toda a equipagem humana está dementada: põem de vigia um cego e ao leme um maneta”.

Mas não! Ao leme está o amor de Jesus, pairando acima de todas as discórdias dos povos, acima de todas as questões que infelicitam o mundo, onde a existência é um lampejo fugaz. Para cooperar na obra imensa da regeneração das criaturas, para colaborar eficazmente na elaboração da paz universal, facultando nova concepção da fraternidade no ideal cristão, é que o Espírito da Verdade vela carinhosamente pelo lábaro de amor desfraldado no país do Cruzeiro. Ao Brasil de amanhã espera um dia lindo e indescritível. Como a Canaã prometida, é para as suas infinitas possibilidades econômicas, para o seu seio, onde todas as raças confraternizam, caldeando sentimentos e dando origem ao ouro puro da fraternidade, que as outras nações volverão os olhos amortecidos, esgotadas pelo furioso excesso das lutas mais cruentas.

Espíritas! Uni-vos cristãmente atentos à sublimidade do vosso mandato! Não é sem razão que os desencarnados reconhecem no Brasil a terra do reflorescimento do Evangelho! Sob a bênção das suas estrelas, ouvem-se hinos de redenção e de paz, entoados por aqueles cujos pensamentos luminosos interpretam a vontade e a misericórdia do Cordeiro!

Entidades boníssimas preparam, com carinhosa solicitude, o seu grandioso porvir. Que todos vós saibais corresponder à confiança daquele que derrama sobre o mundo as luzes de suas graças, trabalhando todos, mediante o testemunho da fé, para que desabrochem nos corações as flores da crença e da paz, elementos basilares da anelada concórdia humana!





Reformador — 1º de setembro de 1935.



Bittencourt Sampaio
Francisco Cândido Xavier


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