Ponto de Encontro [Geem]

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Capítulo III

Fofocagem


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O Centro da Caridade

Prosseguia eficiente.

Muito serviço prestado,

Atraindo muita gente.


A médium da direção

Era Emília Sabugosa;

Trabalhava com prazer,

Missionária generosa.


Fosse qual fosse o problema

De doutrina ou de família,

Na hora do justo acerto,

Chamava-se Dona Emília.


Certa noite, veio a médium,

Discretamente a chorar…

Todo o grupo fez silêncio,

Respeitando-lhe o pesar.


Em afastado recanto,

Amiga atenta lhe fala,

Era Dona Conceição,

Procurando confortá-la.


— “Emília, que tem você?”

Pergunta-lhe Conceição;

Em pranto, responde a médium:

— “Não sei viver sem Janjão!…”


Conceição nada mais disse.

Chocada, tomou assento;

O esposo de Dona Emília

Chamava-se Antônio Bento.


Quem era aquele Janjão?

Algum amante escondido?

Aquele choro da médium

Não encontrava sentido…


Começou a fofocagem…

Conceição falou com Joana,

Joana falou com Jandira,

Jandira com Tatiana.


Tatiana, impressionada,

Transmitiu tudo ao marido

E o marido, em confidência,

Falou da ocorrência a muitos,

Mostrando-se confundido…


O assunto estendeu-se longe,

O clima fez-se de brasa,

Quase todos os amigos

Abandonaram a casa.


Com ofício ou sem ofício,

Exigiram demissão,

Retirou-se, compungida,

Até Dona Conceição.


No Centro da Caridade,

Sempre cheio e luzidio,

Pregava-se, agora, às moscas,

No salão triste e vazio…


Inteirando-se do caso,

O senhor Antônio Bento,

Convidou muitos amigos,

A fim de falar a todos

Do estranho acontecimento.


Noite marcada, vieram

Adolescentes e adultos,

Muitas jovens enfeitadas,

Senhoras e amigos cultos.


No momento do discurso

Para a justa explicação,

A médium desapontada

Ergueu-se e mostrou Janjão;


Era um cachorro doente,

Seu fila de estimação.




Jair Presente
Francisco Cândido Xavier

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