Sementeira de Luz
Versão para cópiaPrefácio Espiritual
Meus amigos, muita paz!
O culto do amor a alguém, sob a inspiração do Cristo, é o culto do amor ao Cristo simbolizado em alguém.
Esta é a característica da igreja nos corações que formastes sobre a memória do amigo que hoje se faz lembrado.
Dele não tivestes uma palavra que não pudesse converter-se em verbo iluminativo para todos.
A ele não endereçastes qualquer solicitação que não pudesse transformar-se em apelo ao Mestre divino, dentro do interesse comum.
Nunca fostes constrangidos a aceitar-lhe as ideias.
Nunca constrangestes o leal companheiro a aprovar-vos nas diretrizes que elegestes por norma de ação. Todo erro nesse intercâmbio sempre foi benéfico ensinamento que, de imediato, ou com a ajuda do tempo, se fez claro ao nosso olhar.
E assim, amando o que vos é invisível aos olhos da carne, valorizastes o amor na realidade eterna.
A ligação criada ou consolidada em quinze anos de liberdade construtiva constitui, por isto, para vós outros, um tesouro de inapreciável amor.
Não fostes defrontados pelo afago e sentistes a proteção verdadeira.
Não encontrastes a lisonja e observastes a aprovação edificante.
Não recebestes auxílios tangíveis e guardais a perfeita consciência das bênçãos recolhidas.
Não tateastes corpo algum que vos proporcionasse a impressão da solidez nos pontos de vista esposados e, no entanto, instintivamente, verificais a presença de uma alma iluminada e enobrecida a ofertar-vos indefinível segurança.
Não ouvistes vozes com os tímpanos da carne e escutastes a divina mensagem do coração que amais, e que vos ama, na sublimada acústica do templo interior.
E, pouco a pouco, à maneira dos viajantes que se acolhem à embarcação preferida, vos reconhecestes distantes da praia.
Encaminhando-vos aos portos da renovação, cada dia assinalais diferença apreciável na viagem.
Tudo o que representava lastro inútil ou bagagem imperfeita vem sendo confiado ao mar da comunidade ou reajustado para fins mais nobres.
Cada semana nos oferece novas perspectivas de luz, de transformação, de horizontes dilatados.
A compreensão aclarou-se com recursos mais altos e conseguis separar o continente do passado a distância. Há esses milagres no amor para quem sabe entendê-lo nos fundamentos em que o Cristo no-lo legou.
Um coração transubstanciou-se em veículo sagrado e nele vos refugiastes, porque, por sua vez, o carro vivo e sublime jazia ligado a vós.
E assim a vossa romagem da Terra para o Universo, do círculo para o Infinito, da particularidade para a humanidade se faz harmoniosa e bela, guardando tudo o que é santo, nobre, bom e útil para a fixação de vossos valores pessoais na obra do Eterno para a qual gravitamos quando o espírito acorda para a glorificação da verdadeira vida.
São estas as palavras que me ocorrem no aniversário comemorado nesta noite!
Prossegue! Prossigamos! O caminho é vasto, a luta é árdua e a instalação do Senhor no santuário íntimo é o objetivo para que possamos brilhar Nele com a mesma intensidade com que Ele se propõe a resplandecer em nós.
Louvores ao amigo que vos reencontrou! Louvores a vós que conseguistes e quisestes reencontrá-lo. E que sobre nós reine Jesus, hoje e sempre!
Nota da organizadora: Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, em 14 de dezembro de 1949.
Nota do editor: Conforme atestam várias pessoas que conviviam na intimidade com o médium Chico Xavier, por afirmativas dele mesmo, o Espírito do benfeitor espiritual Emmanuel já está entre nós, na face da Terra, pela via da reencarnação. Um destes depoimentos, da Sra. Suzana Maia Mousinho, presidente e fundadora do Lar Espírita André Luiz (LEAL), de Petrópolis - RJ, amiga do médium desde 8 de novembro de 1957, Francisco Cândido Xavier lhe confidenciou detalhes sobre a reencarnação de Emmanuel, que voltaria à Terra no interior do Estado de São Paulo, no seio da família constituída pelo , personagens do livro Nosso Lar, de André Luiz. Tempos depois, novamente o estimado médium Chico Xavier tornou a tocar no assunto em pauta com D. Suzana, afirmando ter presenciado o retorno à vida física de seu benfeitor no ano de 2000, vendo, então, confirmadas as previsões espirituais a respeito. Este fato está em sintonia com depoimentos públicos do médium mineiro em duas ocasiões distintas, veiculados em dois de seus livros publicados, a saber: a) no livro Entrevistas, (IDE, 1971), quando, , sobre a futura reencarnação de Emmanuel, Chico Xavier disse: “Ele (Emmanuel) afirma que, indiscutivelmente, voltará à reencarnação, mas não diz exatamente o momento preciso em que isso se verificará. Entretanto, pelas palavras dele, admitimos que ele estará regressando ao nosso meio de Espíritos encarnados no fim do presente século (XX), provavelmente na última década”; e b) também no livro A Terra e o Semeador, (IDE, 1975), quando, respondendo à , Chico Xavier disse: “Isso tem sido objeto de conversações entre ele (Emmanuel) e nós. Ele costuma dizer que nos espera no Além, para, em seguida, retornar à vida física.” [Vide o cap. ]
: (Excerto de uma entrevista concedida por Geraldo Lemos Neto, diretor do Vinha de Luz – Serviço Editorial da Fraternidade Espírita Cristã Francisco de Assis, de Belo Horizonte (MG) a Marlene Nobre, publicada no jornal FOLHA ESPÍRITA de maio de 2006, pág. 3)
— Sim. Não tenho a menor dúvida quanto a isso. Convivi muitos anos, desde 1981, por razões de ordem familiar, com o nosso amado Chico. Minha família materna é de Pedro Leopoldo, a família Machado, que conviveu com Chico desde a sua infância. Além disso, casei-me com Eliana da Cunha Borges, irmã de Vivaldo da Cunha Borges, que desde 1968 passou a viver com Chico Xavier em Uberaba, responsabilizando-se pela diagramação de todos os seus livros. Menciono esse fato apenas : para caracterizar a estreita amizade com que privamos da intimidade do querido amigo. Pois bem, já na década de 80 (1980), em nossas longas conversas em sua casa de Uberaba, ele me dizia que Emmanuel estava se preparando para voltar. Chegava inclusive a brincar dizendo que as posições se inverteriam. Emmanuel viria para ser médium e aprender o quanto é difícil vencer os obstáculos da Terra, e ele, Chico, aprenderia a dificuldade de orientar um médium encarnado no mundo. Na ocasião. Chico nos dizia que Emmanuel voltaria na virada do século. Os tempos se passaram até que vim a conhecer Wanda Joviano e, através dela, Susana Maia Mousinho, presidente e fundadora do Lar Espírita André Luiz, de Petrópolis (Rj). Através do contato com as novas amigas, minha certeza no fato da reencarnação de Emmanuel se confirmou. Ambas nos dão testemunho disso.
— Que no início dos anos 80 (1980), chegando à casa de Chico em Uberaba para suas visi2as costumeiras, encontraram o médium palestrando animadamente com uma simpática senhora aparentando cerca de 30 anos. Ela já estava de saída com o marido, despedindo-se de Chico. Uma simpatia natural envolveu todos. Depois da partida do casal, elas comentaram com Chico sobre a afinidade despertada pela presença daquela senhora. Chico então perguntou: “Vocês gostaram dela, mesmo? Pois bem, vou lhes contar uma coisa. Essa senhora é a reencarnação de Dona Laura, personagem do livro Nosso Lar, de André Luiz. E o marido dela é o mesmo senhor Ricardo. Eles já receberam o Lísias de volta à Terra e será na família deles que Emmanuel irá reencarnar mais rude, na virada do século. Emmanuel virá como neto deles!” E Chico estava todo feliz com o episódio! Pois bem, os anos se passaram e, após a virada de 2000, encontrando-se novamente com dona Suzana Maia Mousinho, em Uberaba, Chico lhe confidenciou, emocionadamente, que havia presenciado a reencarnação do querido benfeitor Emmanuel em uma cidade do Estado de São Paulo. Sobre esse assunto temos um testemunho escrito de nossa estimada dona Suzana. Chico Xavier deixou bem claro publicamente o assunto da reencarnação de Emmanuel, nos livros de entrevistas mencionados na nota ao prefácio do Sementeira de Luz.
— Todos poderão consultar as afirmações de Chico em resposta às perguntas de número 61 do livro Entrevistas (Edição IDE, 1
971) e também a de número 33 do livro A Terra e o Semeador ( Edição IDE, 1971). Assim também vamos observar outra confirmação de Chico sobre o assunto que só recentemente verificamos. Trata-se do livro organizado pela senhora e editado pela Folha Espírita, cujo título é Lições de Sabedoria - Chico Xavier nos 23 Anos da Folha Espírita, editado em 1997, e que traz à página 171 da segunda edição a pergunta de Gugu Liberato a Chico Xavier: “É verdade que o espírito Emmanuel, que lhe ditou a base do Espiritismo prático no Brasil, se prepara para reencarnar.” Ao que Chico respondeu: “Ele diz que virá novamente e dentro de pouco tempo para trabalhar como professor”. Uma vez conversando comigo em Uberaba, e falando sobre a volta de Emmanuel, Chico nos confidenciou: “Geraldinho, o nosso compromisso, meu e de Emmanuel, com o Espiritismo na face da Terra tem a duração de três séculos e só terminará no final do século XXI”.
— O maior legado de Chico Xavier é aquele que nos reafirma que o mais importante aspecto em torno das tarefas da Doutrina dos Espíritos é o aspecto da religião espírita. Chico Xavier é o exemplo eloquente de que Jesus está no leme, conduzindo o Consolador para a grande tarefa de esclarecer e consolar a humanidade sofredora e aflita, cansada e desiludida das lutas inglórias deste mundo terrestre. Esta a tarefa mais alta! Chico nos trouxe Jesus de novo, junto ao coração do povo e para o povo! “Vinde a mim, todos vós que estais sobrecarregados e aflitos, que Eu vos aliviarei!” (Mt
O título dessa obra foi inspirado numa homenageando o Professor Arthur Joviano, o na alma da infância e da mocidade.
Santuário da saudade
Deste jardim da saudade À doce luz da oração Elevam-se as claridades Do templo do coração. Filhos que lembram seu pai E um pai que recorda os filhos, Para cuja alma bondosa São sempre os mais ternos brilhos. Cultivem a flor de luz Desse jardim de lembrança Nas alvoradas da fé, Da paz, do amor, da esperança. E um dia, depois da Terra, O hostiário da saudade Há de pulsar no Infinito, No dia da Eternidade. (14|12|1 |
Dedicatória
Ao Espírito de Célia (Alcione), nosso preito de eterno amor e gratidão.
: Natural de Vassouras, RJ, Casimiro Cunha figura entre os poetas cujos poemas integram o livro Parnaso de Além-túmulo, psicografado por Chico Xavier, desde a primeira edição, em 1932. Era cego por acidente, ocorrido quando contava 16 anos. Tinha apenas instrução primária. Era espírita confesso. Compareceu inúmeras vezes ao culto doméstico “Arthur Joviano”, deixando sua presença registrada em carinhosas poesias, como em “”, em 22 de dezembro de 1938. Eu, então com 12 anos, acabara de arrumar a mesa em que se realizaria a reunião e, enquanto meus pais — Rômulo e Maria — conversavam com Chico Xavier, em outro local, escrevi “boa noite” em uma folha de bloco e me retirei. No dia seguinte, fui presenteada com os inesquecíveis versos.
Introdução
Trazer a lume esta Sementeira de Luz é para todos nós motivo de imensa alegria.
Wanda Amorim Joviano realiza agora o compromisso da fiel depositária dessas luminosas revelações espirituais que estiveram sob a sua guarda e de sua família desde os idos dos anos 30 na antiga cidade de Pedro Leopoldo, berço natal de Chico Xavier em Minas Gerais. E foi ele mesmo, Chico Xavier, em espírito, depois da sua desencarnação, quem nos solicitou gentilmente entrássemos em contato com a estimada irmã, agora vivendo na cidade do Rio de Janeiro. Um amigo comum, Fernando Hermanny Peixoto Costa, nos cedeu o seu telefone e, desde então, a partir de 2003, restabelecemos uma amizade genuína, nascida nas fontes de um passado distante, porém vivo, em nossos corações.
O elo que nos une e reuniu novamente é o elo do amor e da reverência profundos àquele que foi e continua sendo entre nós o apóstolo da renovação humana — Chico Xavier — missionário do Consolador prometido aos homens pela palavra insuperável de nosso Mestre e Senhor Jesus há quase dois mil anos!
Desse contato de almas irmãs no ideal nasceu este livro, que resgata para a história do Espiritismo preciosas informações da Espiritualidade, patenteadas pela inigualável mediunidade de Chico Xavier.
Semanalmente, às quartas-feiras, a partir de 1935, Francisco Cândido Xavier comparecia ao culto do Evangelho no lar de Dr. Rômulo Joviano e D. Maria Joviano, pais da jovem Wanda. Durante as preces habituais, diversos amigos espirituais se manifestaram pela psicografia de Chico. Emmanuel, Abílio Machado, Augusto de Lima, Casimiro Cunha e outros tantos escreveram pelas mãos de Chico Xavier. Mas é Arthur Joviano, pai de Dr. Rômulo, quem se destaca na assistência amorosa e desvelada pelos que ficaram na retaguarda do mundo terrestre, escrevendo-lhes as belíssimas páginas de consolação e esclarecimento que ora transformamos em livro para deleite de todos.
A comunidade espírita já o conhece como NEIO LÚCIO, autor de alguns livros da psicografia de Chico Xavier. É a mesma personalidade de Cneius Lucius, do romance 50 anos depois, e de Jaques Duchesne Davenport, do romance Renúncia, sobre quem encontramos a referência carinhosa de Emmanuel, psicografada em 14 de dezembro de 1949 pelo Chico, e que constitui .
À medida que o leitor descortinar as encantadoras mensagens de Neio Lúcio, acompanhará com prazer as notícias da Espiritualidade Maior no próprio desenvolvimento das revelações que surgiram pela psicografia de Chico Xavier. Verificará a história espírita, não sob a ótica dos homens, mas da dos que lhe foram agentes partícipes — os Espíritos. Acompanhará os momentos da recepção de Paulo e Estêvão e a alegria da Vida Maior quando a obra foi concluída. Neio Lúcio nos relata a reunião da Espiritualidade com as veneráveis personalidades dos próprios Paulo de Tarso e José Barnabé, em momentos de profunda emoção.
O leitor se achará surpreso com as revelações dos personagens de dois dos romances de Emmanuel e a estreita ligação entre eles: 50 anos depois e Renúncia, por abrigarem as mesmas personalidades em momentos distintos da história humana. E a irrevogável lei do progresso incessante envolvendo os seres humanos pelas vidas sucessivas na escola da reencarnação.
Também o leitor seguirá as notícias do aparecimento de , pseudônimo de Carlos Chagas, que fora encarregado por uma comissão de sábios da Espiritualidade Maior para levantar o espesso véu que se interpunha entre os homens e a vida espiritual. E assim acompanhará com alegria o surgimento de suas primeiras obras: Nosso Lar, Os Mensageiros, Missionários da Luz e Obreiros da Vida Eterna.
Os proventos deste Sementeira de Luz foram doados por Wanda Joviano às atividades filantrópicas e educativas do Lar Espírita André Luiz (LEAL), da cidade de Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, fundado em 3 de janeiro de 1960 pela nobre seareira Sra. Suzana Maia Mousinho, sob a orientação de Chico Xavier, a pedido dos Espíritos de André Luiz, José Thomaz de Porciúncula — 1° Governador de Petrópolis — e Franklin Dória — Barão de Loreto, Governador do Maranhão.
O Vinha de Luz, Serviço Editorial da Fraternidade Espírita Cristã Francisco de Assis, de Belo Horizonte, muito se alegra ao responsabilizar-se pela edição desta obra, que ora ofertamos à comunidade espírita com a alma e o coração.
Belo Horizonte, 14 de dezembro de 2005.
Editor
Nota do editor: vide página 31 - .
Nota do editor: O médium Chico Xavier solicitou à Sra. Suzana Maia Mousinho que providenciasse, junto a um artista plástico seu colega no Ministério da Educação, e frequentador da Escola de Belas Artes, um retrato do espírito de André Luiz e que, para tal, se baseasse na estátua do cientista Dr. Carlos Chagas, localizada na praia de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro. Após a feitura do quadro, o médium Chico Xavier escreveu em seu verso que aquele era o Espírito de André Luiz, e o dedicou à Sra. Suzana.
Anotações familiares
e casaram-se em 27 de dezembro de 1923, após curto período de namoro e noivado, como acontece no reencontro de almas gêmeas. O casal passou a residir na então longínqua cidade de Ponta Grossa, Paraná, e ia ao Rio de Janeiro de vez em quando. E para lá rumaram em fins de 1924 para o nascimento do primogênito Roberto. Cerca de sessenta anos depois, foi encontrado, entre os livros deixados por Rômulo Joviano, um exemplar de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, edição da Federação Espírita Brasileira (FEB), de 1924 e, dentro, a seguinte anotação: “Adquirido na FEB, no Rio de Janeiro, em 27|12|1924.” E mais adiante: “Comecei a leitura deste livro em Ponta Grossa, um ano depois de meu casamento. A Maria muito contribuiu para conhecê-lo, devido às referências ao Sr. Bittencourt, da Rua da Passagem.”
Mais tarde, soube-se que dentre as mencionadas referências estava a de que Júlia, mãe de Maria, sofreu por muitos anos de terrível enxaqueca e que fora curada com receita do médium Ignácio Bittencourt. Durante os anos em que o casal residiu em Ponta Grossa, Maria medicou os filhos — Roberto e eu — com receitas do referido médium. Telegrafava para a mãe solicitando consulta ao médium e Júlia, de posse da receita, adquiria os medicamentos homeopáticos e os enviava, pelo correio, para Ponta Grossa. Assim, Rômulo retomou, nesta vida, os estudos espíritas que, certamente, começara nas vidas anteriores!
Em agosto de 1930, Rômulo voltou a ser designado diretor da Fazenda Modelo de Criação do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo - Minas Gerais, cargo que deixou em 1923 para exercer igual atribuição em Ponta Grossa, Paraná.
Fausto, irmão de Rômulo, era vizinho de Chico Xavier na cidade de Pedro Leopoldo. Testemunhando sua árdua luta diária como vendedor em um armazém, e conhecendo suas possibilidades intelectuais, resolveu conseguir-lhe trabalho no escritório da Fazenda de que o irmão era diretor, e onde ele também trabalhava. Quando Rômulo encontrou, nesta vida, Chico Xavier, já podia conversar sobre os assuntos espíritas em que trabalhariam, estudariam, trocariam ideias, enfim, partilhariam daí por diante, quase diariamente. Às quartas-feiras, à noite, o Chico comparecia ao lar de Rômulo e Maria para as reuniões do “Grupo Doméstico Arthur Joviano”. Dos 10 primeiros anos dessas reuniões foram selecionadas as mensagens aqui reunidas.
Rogamos ao nosso divino e amado Mestre Jesus abençoar o inesquecível vovô Arthur, cujo sublimado amor evola destas mensagens qual bendito perfume, abençoando também as mãos pelas quais elas passaram: as do querido Chico, a quem devemos o registro de cada letra, de cada palavra e de cada pensamento, as da vovó Júlia, que as datilografou quando, anualmente, nos visitava na Fazenda em Pedro Leopoldo, e as do papai Rômulo e da mamãe Maria, que as ordenaram, relacionaram e guardaram, legando-nos esta herança de incalculável valor, que desejamos, agora, dividir com o público amigo.
Organizadora
Quem foi Neio Lúcio
Figura ímpar no livro 50 anos depois, é nele referido como trazendo ao seu redor uma atmosfera de amor e veneração, uma personalidade vibrante de cultura e generosidade, com tradições de nobreza e lealdade, sendo respeitado como um dos sagrados expoentes da educação antiga, em seus princípios mais austeros e mais simples. No acervo de seus serviços à coletividade, contavam-se providências a favor dos escravos que ensinavam as primeiras letras aos filhos de seus senhores, além de muitas obras de benemerência social.
Sabe-se ainda que ele mesmo e a neta querida, Célia, estimavam ensinar, também, os filhos dos escravos.
A súplica de Neio Lúcio ao Senhor, quanto à melhor maneira de sacrificar-se pelos filhos bem-amados, como consta no final do livro 50 anos depois, foi atendida com a oportunidade de reencarnação de seu grupo familiar, relatada no livro Renúncia. Nesse livro, vamos encontrá-lo na personalidade de
Jaques Duchesne Davenport
O professor residia em antigo parque, que adquirira para a localização da sua escola, de proporções vastas, destinada à preparação de crianças de ambos os sexos, antes do acesso aos monastérios do tempo, consagrados ao serviço educativo.
Dois séculos se passaram
Arthur Joviano nasce em 1862, em Barra Mansa - RJ. Espírito sempre fiel ao ideal do ensino e da educação, foi responsável pela primeira reforma do ensino primário no Estado de Minas Gerais. Professor de Português do Ginásio Mineiro e da Escola Normal de Barbacena, lugares obtidos em brilhantes concursos, exerceu, por longos anos, o cargo de diretor da Escola Normal Modelo e a Cátedra de Português em Belo Horizonte - MG.
Transferindo-se, depois, para a cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, trabalhou como Inspetor de Ensino e como Superintendente da Instrução Pública do Distrito Federal.
Em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, existem escolas com o seu nome.
Reencarnações
Há 2000 anos |
50 anos depois |
Renúncia |
Século XX |
Públio Lentulus () | Nestório () | Padre Damiano () | Emmanuel (Espírito) |
Pompílio Crasso () | Helvídio Lúcius () | Cirilo Davenport () | Rômulo Joviano |
| Caio Fabricius () | Henrique de Saint Pierre () | Frank |
| Fábio Cornélio () | D. Inácio Ortegas Vilamil () | Aurélio Amorim |
| Júlia Spínter () | D. Margarida F. de Saint-Megrin e Vilamil () | Júlia Amorim |
| Alba Lucínia () | MadalenaVilamil () | Maria Joviano |
| Helvídia () | Beatriz () | [Wanda Joviano] |
| Célia () Irmão Marinho () | Alcíone () Me. Maria de Jesus Crucificado () | |
| Cneio Lúcius () | Jaques Duchesne Davenport () | Arthur Joviano |
| Cláudia Sabina () | Susana Duchesne () | [Flora Joviano] |
| Lólio Úrbico () | Antero de Oviedo Vilamil () Robbie () | [Roberto Joviano] |
| Túlia Cevina () | Colete () | Aurélia Amorim |
| Ciro () | Pólux () Carlos Clenaghan () Frei José do Santíssimo () | Alexander Seggie |
| Rúfio Propércio () | [Menandro] () [Padre Guilherme] () | Clóvis Tavares |
[Vide e também no livro Deus conosco. — Os nas duas últimas colunas à direita, foram extraídos do quadro correspondente no livro , que possui informações complementares a essa tabela]
Nota do editor: segundo Flávio M. Tavares, filho de Clóvis Tavares — renomado estudioso e autor espírita —, “é interessante anotar também a confirmação de que meu pai foi realmente Rúfio Propércio no 50 anos… e que na primeira visita de Dr. Rômulo à Escola Jesus Cristo, fundada por meu pai, declarou que visitava “o amigo que o havia, em outra época, trazido de volta a Jesus”. Muitos entenderam que fosse a sua conversão ao Espiritismo, mas Dr. Rômulo se referia à visita de Rúfio à sua casa e ao seu primeiro contato com o Cristianismo, que o levou de volta à Célia.”
Arthur Joviano
Escola
A prefeitura do Distrito Federal acaba de prestar uma significativa homenagem à memória do provecto educacionista Arthur Joviano, falecido há dois anos, no exercício do cargo de Superintendente da Instrução.
Foi denominada “ARTHUR JOVIANO” a escola primária municipal sita na rua Bom-sucesso. Ao ato compareceram, além da viúva e filhas do homenageado, várias figuras representativas do magistério do Distrito. Abriu a sessão a diretora da Escola, Sra. Mercedes Rollo Fonseca, a qual pediu ao Dr. Ruy Carneiro da Cunha, inspetor médico-escolar, e amigo do saudoso professor, desvendasse o seu retrato, o que foi realizado sob vibrante salva de palmas. Seguiram-se com a palavra a Sra. Conceição Arroxellas Galvão, agradecendo a homenagem, em tocantes expressões, pela família Joviano, o aluno José de Souza Dias, recitando a “Oração dedicada ao Mestre”, a professora Dyla Guterres do Valle, traçando, com brilho e emoção, o perfil de educador do homenageado, ainda o aluno José de Souza Dias, agradecendo à família Joviano os prêmios que instituiu para os alunos mais distintos e constantes de cadernetas da Caixa Econômica e livros escolares.
Um grupo de cem alunos, selecionados entre os 400 da Escola Arthur Joviano, cantou o Hino Nacional. Foram recitadas poesias de vários autores, inclusive da lavra do homenageado.
Encerrou a solenidade a superintendente do distrito escolar, D. Felicidade de Moura Castro, associando-se à homenagem prestada à figura de mestre que foi Arthur Joviano.
Nota da organizadora: artigo publicado no “Jornal do Comércio”, em 25 de dezembro de 1936.
Rômulo Joviano
Curriculum das atividades profissionais
Zootecnista pela Universidade de Edinburgh, Escócia, Curso de especialização sobre Agricultura Indiana com o professor Robert Wallace, Curso de Laticínios na Universidade de Reading, Inglaterra, zootecnista “Classe N” do quadro permanente do Departamento Nacional da Produção Animal (DFPA) — Ministério da Agricultura. Ingressou no serviço público federal em 25 de agosto de 1918, matrícula do IPASE sob n° 320632.
Carreira profissional
1918 a 1919 — Professor de Zootecnia na Escola Mineira de Agricultura e Veterinária de Belo Horizonte, Minas Gerais. Organizador e diretor da Granja Pastoril Riachuelo, do Governo do Estado de Minas Gerais, em Pedro Leopoldo. Encarregado da Estação de Monta da Granja Pastoril Riachuelo do Ministério da Agricultura.
1918 — 1927 — Diretor da Fazenda Modelo de Criação de Pedro Leopoldo, do Ministério da Agricultura.
1921 — 1923 — Diretor da Fazenda Modelo de Criação de Ponta Grossa, Paraná.
1923 — Novamente diretor da Fazenda Modelo de Criação, em Pedro Leopoldo.
1930 — Inspetor-chefe da Inspetoria de Fomento da Produção Animal da DFPA, em Minas Gerais, de março de 1933 a 1952.
Membro da primeira comissão de compra de reprodutores na Europa, para o Ministério da Agricultura, em 1935. Membro do júri de julgamento de reprodutores bovinos das raças europeias e indianas, em 1 9 exposições nacionais consecutivas.
Membro da comissão de juízes durante 17 anos consecutivos, das exposições de bovinos indianos das raças Gir, Nelore, Guzerá e Indobrasil, instituídas pela Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, em Uberaba, Minas Gerais.
Membro das comissões de julgamento de reprodutores bovinos das raças indianas em Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco, de 1934 a 1954.
Representante do Brasil no Primeiro Congresso de Criadores de Gado Indiano da América do Norte, em Sarazota, Flórida, em 1947.
Membro da Primeira Convenção de Zootecnistas, realizada em Chicago, USA, em 1947.
Em março de 1952, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite.
De junho a setembro de 1954 — Diretor-geral do Departamento Nacional da Produção Animal. Removido definitivamente da sua sede em Pedro Leopoldo para a sede da Diretoria da Divisâo do Fomento da Produção Animal, Portaria 368, de 18 de novembro de 1954.
Aposentado no cargo de Diretor-geral — Zootecnista “Classe N” — M.A., em 1 6 de janeiro de 1957, permanecendo, entretanto, como presidente da CNPL até dezembro de 1962, quando foi extinta.
Membro do Congresso Internacional de Pastagens, realizado em São Paulo, em janeiro de 1965.
Membro das comissões técnicas de Registro Genealógico das raças Jersey, Guernsey e Simental.
Em 1970, traduziu da Revista “Farmers Weekly”, de Londres, as conferências ali realizadas em homenagem ao “Zootecnista do Século”, professor John Harmond, para leitura e conhecimento dos colegas brasileiros.
Ainda em 1970, traduziu do “Bulletin Duckeye de Guernsey”, de Ohio, USA, o relatório sobre a escolha e transporte por avião de 30 novilhas adquiridas pela Associação Brasileira de Criadores de Gado Guernsey, Rio de Janeiro.
A lembrança é palestra íntima
03|11|1942
Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês todos, concedendo-lhes ao coração seus tesouros de paz sacrossanta. Muito especialmente, venho trazer às crianças o meu abraço pessoal, pelas alegrias do mês corrente. Nos dias adequados não esquecerei a mensagem afetuosa, particularíssima, de coração a coração. Não somente com papel e lápis se poderia saudar alguém. Mais que tudo é com o espírito usando as vibrações da alma que nos comunicamos uns com os outros. . E nesse domínio das recordações carinhosas o velho avô há de vir com o beijo da dedicação de todos os tempos. Não precisaremos palavras. Entender-nos-emos pelo coração.
As perspectivas do fim de ano, nos estudos, enchem-me de esperanças novas. Tenho examinado o esforço de ambos, meus queridos. Não posso dizer que se atrasaram, pois, de fato, sinto nos dois o desejo real de progredir, correspondendo ao do lar.
É isto mesmo. Hão de ser invariavelmente felizes, sempre que souberem buscar no templo de casa as energias imprescindíveis à boa luta. Os livros são fonte de consultas, elementos de iluminação e aviso, patrimônios do saber que orienta os caminhos e lhes define os contornos. Entretanto, o lar é o livro mais importante, porque se constitui de páginas da vida em si própria. É por ignorar esta verdade que a maioria dos homens se perde nos desfiladeiros da viciação. Desconhecendo os deveres próprios, são cegos que, de modo geral, poderão exibir muito intelectualismo, mas que não sabem ver a claridade legítima da estrada. Sempre que vocês puderem, voltem o olhar ao ambiente doce da retaguarda, onde os pais oram por vocês e pensam constantemente em seu bem-estar. Essa atitude mental redundará em firmeza para os empreendimentos justos, renovar-lhes-á a visão espiritual e representará, sobremaneira, um escudo contra o assédio das ideias perniciosas, que costumam invadir o íntimo da criatura, através do concurso de palestras malsãs e de companhias enganosas.
A nossa escola, como vocês observam, deve continuar sempre ativa. Lembrem-se de que o vovô ainda está estudando também e que se existem lares na Terra, com muito mais propriedade existem eles nas zonas espirituais, de onde os homens os copiam num impulso natural. Feitas porém, estas considerações, quero renovar-lhes meu abraço de felicitações. Retomando o assunto, agradeço ao nosso irmão Casimiro pela lembrança que nos deixa.
Você, Roberto, vai bem melhor, entretanto, é justo que continue com os remédios, pelo menos dois deles, em tabletes. Hão de auxiliá-lo para a resistência necessária. Como você não ignora, o período de provas requisita acúmulo de energias e não seria justo desproteger-se. A prova pede atenção firme e espírito pronto. É indispensável oferecer bases à matéria mental. Tenho estado em tarefa de auxílio, no que me é possível, junto de vocês, mas pode crer que isto não impede que pense também nas suas aves como sempre.
Quanto a você, Wanda, veio em minha companhia hoje uma grande amiga sua, que lhe deixa afetuoso abraço. É Marta de Crecy, que seus olhos não poderiam identificar nos dias que passam. São as afeições do lar de Jesus, onde nos reencontraremos todos um dia. Declara-se ela muito satisfeita em rever você e agradece a Deus a possibilidade de se fazer sentir ao seu lado. O tempo, minha filha, não apaga o amor e você deve saber que amor e memória são duas zonas infinitas, onde o espírito se manifesta. De minha parte, assinalo com satisfação esta visita, por demonstrar a estima de que você pode dispor em grande número de corações.
Espero em Deus que ambos contem sempre com minha singela cooperação, nos domínios do possível às minhas faculdades limitadas. Que as férias próximas sejam para vocês dois uma branda estação de refazimento orgânico e paz espiritual.
Muito comovidamente deixo a todos o meu abraço cheio de afetos e pedindo a Jesus nos conceda o prolongamento de amor, onde nossas almas se sintam cada vez mais unidas, sou, como sempre, o papai e vovô muito amigo,
Felicitações
Wanda e Roberto, o avozinho, O amigo do coração, Deu-me a tarefa amorosa Das rimas de saudação. Diz ele — “Novembro é o mês De aniversário dos netos, Um claro jardim no tempo Enriquecido de afetos. São vocês joias divinas Do escrínio do Professor. Dois capítulos divinos No livro de seu amor. Junto dele, outros amigos Das esferas imortais Vêm trazer às nossas preces As flores celestiais. E eu, pequeno entre todos, Humilde, rogo a Jesus Que conceda a vocês dois O reino de sua luz. |
Nota da organizadora: Refere-se ao poema [“Felicitações” reproduzido acima].
Nota da organizadora: Refere-se a uma amiga espiritual de outras eras, sobre a qual não foram dadas maiores revelações.
Bibliografia indicada
XAVIER, Francisco Cândido. Alvorada cristã. Ditado pelo Espírito de Neio Lúcio. 12. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1948. 200 p.
XAVIER, Francisco Cândido. Há 2000 anos… Ditado pelo Espírito de Emmanuel. 17. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1939. 444 p.
XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da luz. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 21. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1945. 350 p.
XAVIER, Francisco Cândido. Nosso lar. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 38. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1944. 281 p.
XAVIER, Francisco Cândido. Obreiros da vida eterna. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 22. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1946. 304 p.
XAVIER, Francisco Cândido. Os mensageiros. Ditado pelo Espírito de André Luiz. 41. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1943. 319 p.
XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de além-túmulo. Ditado pelo Espírito de Emmanuel. 16. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1932. 462 p.
XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e Estêvão. Ditado pelo Espírito de Emmanuel. 18. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1941. 556 p.
XAVIER, Francisco Cândido. Renúncia. Ditado pelo Espírito de Emmanuel. 19. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1944. 464 p.
XAVIER, Francisco Cândido. Reportagens de além-túmulo. Ditado pelo Espírito de Humberto de Campos. 10. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1945. 250 p.
XAVIER, Francisco Cândido. 50 anos depois. Ditado pelo Espírito de Emmanuel. 21. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1940. 349 p.
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Mateus 11:28
Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
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