Mensagem do Amor Imortal (A)

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CAPÍTULO 7

MORDOMOS, E NÃO DONOS

Lucas 16:1-34

A incomparável balada rica de esperanças e de alegrias espraiava-se pelas terras distantes umas das outras, anunciando o Reino de Deus que logo mais se instalaria na Terra.

Vivia-se sob a escravidão política de Roma, ultrajante e destrutiva, da Lei judaica, sempre injusta em relação aos desafortunados do mundo, a insidiosa dominação dos rabinos, ambiciosos e insaciáveis, bem como sob o jugo da pobreza, das enfermidades, do abandono dos governantes. . .

O ser humano encontrava-se reduzido à mínima condição de alimária de carga, utilizado apenas quando submetido à sujeição dos poderosos.

Os campos despovoados, as searas abandonadas, as cidades regurgitantes de miseráveis, as praças abarrotadas de desocupados, de enfermos, de mutilados. . .

Os desvios de comportamento emocional e mental avolumavam-se em face da pressão dos sofrimentos diversos, misturando-se com as obsessões crucificadoras, formando uma sinfonia patética, ensurdecedora em todo lugar.

Na região da Galileia, porém, ante a placidez do mar, quebrada somente pelas tormentas periódicas, respirava-se ingenuidade, resignação e alguma fraternidade.

Ocorre que a pobreza desvestida de revolta e sem as angústias decorrentes das ansiedades de poder e de glória une os seus membros em relativa amizade, porque não se tendo o que invejar, nem competir, nem anelar, surge um clima de identificação de necessidades e de compreensão, que a todos atende no mesmo nível de relativa paz.

Foi, nesse cenário de gentes simples e desataviadas, que a sinfonia do Evangelho esplendeu em toda a sua majestade e beleza.

Entre pescadores que amavam a labuta do mar, vinhateiros que se afadigavam pelo cultivo da videira, curtidores de lã animal afeiçoados à fabricação tosca de tecidos, Ele encontrou o coração do povo que abriu a sua acústica para ouvir a melodia da esperança.

Israel estava cansado de rabis e profetas, afinal de contas, mais enfáticos e orgulhosos, guerreiros e presunçosos, que irmãos da plebe e companheiros dos sofredores.

Periodicamente, apareciam tonitruantes, belicosos, ameaçadores, exóticos, conclamando o povo à revolta, ao ódio, ao desforço pela miséria secularmente sofrida, sem oportunidade de dignificação.

Ele, não! Belo como o irradiar da manhã e puro como uma chama ardente, era afável e companheiro, misturando-se com os deserdados e com eles convivendo sem parecer-lhes melhor ou superior.

A Sua voz, embora forte em determinados momentos, era macia e quente aos ouvidos do desespero, apaziguando-o, o que permitia que a Sua palavra penetrasse qual música divina e se fixasse como unguento perfumado nos refolhos das almas.

Assim, conforme seria de esperar-se, a pouco e pouco foi se tornando conhecido e amado - esperança vigorosa daqueles que haviam perdido tudo, menos a identidade com Deus!

Não poucas vezes, contemplando as massas sedentas de paz e necessitadas de pão, Ele as induzia à confiança irrestrita em Deus, que veste de incomparáveis cores as aves dos céus e os lírios do campo, nutrindo de alimentos os primeiros e vitalizando os outros, a fim de que perfumem o ar. E o Seu verbo encorajava-as ao prosseguimento das lutas em que se afadigavam.

Apesar disso, era necessário insculpir nos seus corações os delineamentos do Reino de Deus, de modo que pudessem enfrentar as vicissitudes com fortaleza, superando-as e preparando-se para o futuro após a dissolução das formas orgânicas.

A arte insuperável de narrar história era um dos recursos pedagógicos mais enriquecedores de que se podia dispor, e todos os grandes pensadores utilizaram-se desse admirável mecanismo para expressar o seu pensamento.

Ele também assim o fez.

Ante as inseguranças e problemáticas do entendimento da ética-moral e dos deveres a todos impostos pela vida, Ele recorria às imagens vigorosas do cotidiano para que pudessem entender e vivenciar o mais valioso recurso de dignificação humana.

(. . .) E as parábolas espocavam dos Seus lábios como flores do campo, naturais e formosas.

Uma delas informava que se tratava de um homem rico, que possuía um mordomo, que foi acusado de estar utilizando em benefício próprio bens que não lhe pertenciam.

E porque tudo indicasse a realidade infeliz da sua conduta, o amo chamou-o e pediu-lhe que prestasse contas da sua mordomia, porquanto já não tinha condições de merecer fé nem respeito.


Surpreendido pela atitude severa do amo, o infiel começou a conjecturar a respeito do futuro que lhe estava reservado, constatando não possuir recursos para o exercício de outra função, que lhe exigisse esforço e luta. Então, desonesto como era, convidou um dos devedores do seu patrão e perguntou-lhe:

— Quanto deves ao meu senhor?

Informado que era cem cados de azeite, propôs-lhe que anotasse apenas metade, comprometendo-se a pagá-los.

O mesmo fez em relação a outro devedor, que informou ser cem coros de trigo, indicando-lhe que anotasse apenas oitenta e não deixasse de pagá-los.

Com essa atitude, o sagaz agradou aos devedores, que lhe ficaram amigos, mas também poupou o seu senhor de grandes prejuízos, garantindo-lhe o recebimento de parte das dívidas.

Em face dessa astúcia, o amo também o estimou, porque essa atitude era compatível com aqueles outros desonestos que se comportavam da mesma maneira, muito diferente Aos filhos da luz.


Após silenciar por um pouco, a fim de que os ouvintes pudessem captar o conteúdo do ensinamento, Ele arrematou enfático:

— Granjeai amigos por meio das riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabemáculos eternos.

Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; quem é injusto no pouco, também é injusto no muito.

Se, pois, nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?

E se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?


Ele fez uma grande pausa, perpassando o olhar sobre a massa em meditação, logo prosseguindo:

— Nenhum servo pode servir dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar ao outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.

Os fariseus, que eram gananciosos, ouviam todas essas coisas e zombavam dele.

As riquezas da injustiça constituem os recursos que a sagacidade consegue, amealhando para outrem enquanto acumula também para si.

Impossibilitado de ser honrado no cumprimento dos deveres que lhe dizem respeito, o indivíduo utiliza-se dos bens que pode reunir, compensando a própria astúcia com os valores que supõe pertencer-lhe.

Esse comportamento reserva-lhe meios de sobrevivência para o futuro, mas não lhe granjeia a paz de consciência, pelo reconhecer da falibilidade moral e defecção espiritual.

Esse treinamento da honra ao lado dos pequenos valores, de alguma forma prepara-o para as grandes conquistas de que se verá a braços, a serviço do Senhor da Vinha, Aquele que é a Justiça e Soberania.

Torna-se indispensável aprender a servi-lO mediante os bens da avareza, da transitoriedade, do comércio terreno, no qual a maioria se equivoca, dando-Lhe prioridade e significação.

A sua posição enfrenta, então, duas alternativas, a que diz respeito ao mundo imediato e aquela que se refere à transcendência.

Quem deseje a eterna, certamente terá que despojar- -se da ambição enganosa dos valores transitórios, porque em serviço da autoiluminação, necessita despojar-se de toda sombra interior, enquanto caminha pela senda humana.

Mordomos, todos o somos dos haveres divinos, que nos cumpre prestar contas com fidelidade, a fim de sermos credores da confiança em relação aos eternos recursos da Paternidade Celeste.


Paramirim-BA, em 21. 06. 2004.


AMÉLIA RODRIGUES



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Lucas 16:5

E, chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor?

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Lucas 16:9

E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.

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Lucas 16:9

E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.

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Lucas 16:10

Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito.

lc 16:10
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Lucas 16:1

E DIZIA também aos seus discípulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens.

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Lucas 16:2

E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo.

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Lucas 16:3

E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha.

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Lucas 16:4

Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas.

lc 16:4
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Lucas 16:6

E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e, assentando-te já, escreve cinquenta.

lc 16:6
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Lucas 16:7

Disse depois a outro: E tu quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta.

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Lucas 16:8

E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz.

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Lucas 16:11

Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?

lc 16:11
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Lucas 16:12

E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?

lc 16:12
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Lucas 16:13

Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de aborrecer um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.

lc 16:13
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Lucas 16:14

E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e zombavam dele.

lc 16:14
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Lucas 16:15

E disse-lhes: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque, o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.

lc 16:15
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Lucas 16:16

A lei e os profetas duraram até João: desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele.

lc 16:16
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Lucas 16:17

E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.

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Lucas 16:18

Qualquer que deixa sua mulher, e casa com outra, adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido adultera também.

lc 16:18
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Lucas 16:19

Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente.

lc 16:19
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Lucas 16:20

Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele.

lc 16:20
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Lucas 16:21

E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas.

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Lucas 16:22

E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio d?Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado.

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Lucas 16:23

E no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.

lc 16:23
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Lucas 16:24

E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.

lc 16:24
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Lucas 16:25

Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado;

lc 16:25
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Lucas 16:26

E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tão pouco os de lá passar para cá.

lc 16:26
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Lucas 16:27

E disse ele: Rogo-te pois, ó pai, que o mandes a casa de meu pai.

lc 16:27
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Lucas 16:28

Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.

lc 16:28
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Lucas 16:29

Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.

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Lucas 16:30

E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dos mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam.

lc 16:30
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Lucas 16:31

Porém Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.

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