Vitória da Vida
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Carmosina Coutinho Politano
Carmosina Coutinho Politano (Mosinha), nasceu em 17 de dezembro de 1948, na cidade de Maracás - Estado da Bahia, indo logo após viver em Itiruçu (cidade próxima) até os oito anos de idade.
Após o falecimento do seu pai, Álvaro Coutinho, foi entregue por sua mãe, Jovelina Lima Coutinho, aos cuidados da Profª Edith Vital, conceituada educadora em Salvador, que a criou como verdadeira e única filha.
Sua verdadeira mãe, Dona Jovelina Lima Coutinho ainda é viva e mora em Itiruçu.
Ela entregou quase todos os filhos para outras pessoas criarem devido às dificuldades financeiras enormes que a família passou, após o falecimento do Sr.
Álvaro Coutinho.
Mosinha devotava a sua mãe de criação um amor imensurável e não entendia por que haviam tantas dificuldades burocráticas para a adoção de crianças pobres! Achava que, após o trauma da separação, havia sido recompensada por Deus em possuir uma genitora perfeita, embora não fosse de seu sangue.
A enorme diferença de idade entre Mosinha e sua mãe adotiva Edith Vital, fez com que ela tivesse enorme paciência e ternura com pessoas idosas, sendo até hoje lembrada por todas as velhinhas da rua Rio de São Pedro - Graça - onde conviveu toda a infância e adolescência.
Sempre dizia que tinha mais pena dos velhos que das crianças, pois estas últimas sempre possuem um pouquinho de proteção, enquanto os primeiros são abandonados e algumas vezes até detestados.
Em 1972 formou-se como Professora Primária na Escola N.
Sa. de Lourdes, em Nazaré - Salvador - Em 1973 fez um curso de extensão para ensinar no ginásio na mesma escola Em 1974 uniu-se com Carlos Eduardo Politano. Em 1977 nasceu da união Leonardo Coutinho Politano que se encontra atualmente com nove anos de idade.
Em 1982 nasceu Bruno Coutinho Politano, com cinco anos atualmente.
Em 8 de agosto de 1985 foi acometida de um derrame cerebral devido ao rompimento de um aneurisma.
Levada, às prestas, para o Hospital Jorge Valente, voltou a si no dia 10. 08. dando fortes esperanças de pronto restabelecimento.
No dia
11. 08. 85, na UTI, voltou a ter fortes dores de cabeça, causando outra hemorragia da qual não se recuperou mais. No dia 16. 08. à
1h55m da madrugada desencarnou.
Suas últimas palavras, segurando as mãos do marido foram Bu-bu, apelido carinhoso que se referia ao caçula Bruno.
Durante sua passagem pela vida material foi uma excelente amiga, mãe, esposa, filha, nora, irmã, enfim tudo o que um ser possa possuir de bom.
Era extremamente sentimental, sensível e bela.
Estava sempre sorridente e espalhava alegria em todos os lugares onde ia, apesar de não gozar de boa saúde.
Salvador, 13. 01.
Carlos Eduardo Politano Querida Mosinha: São decorridos um ano e meio que você nos deixou.
Apesar do tempo, é como se tudo tivesse acontecido ontem! Reafirmo que jamais encontrarei alguém como você!
Seu marido.
Divaldo Franco estava presente à reunião da noite de 18 de janeiro de 1986, e, como sempre faz em tais oportunidades, enquanto o orador explanava o tema estabelecido, psicografou a enternecedora página, que segue, dirigida ao Dr. Carlos Eduardo Politano, que assistia, por primeira vez, uma reunião do Espiritismo, conforme declarou, posteriormente.
A respeito da evidência da imortalidade e comunicação da sua esposa desencarnada, o arquiteto faz comovedor depoimento, conforme segue, dirigido ao médium. "Fiz todos os cursos, primário, ginasial e científico, em colégio católico, dos mais conceituados de Salvador...
... "Como é gratificante após tantos anos de estudos e afeições recíprocas entre duas criaturas, comprovar a continuidade da vida daqueles que nos são tão caros! Confessolhe a enorme emoção que tomou conta do meu espírito, as lágrimas derramadas de alegria ao ouvir palavras tão belas de minha adorada esposa.
O que você psicografou, querido médium, através da bondade irrestrita da "Mensageira da Caridade", foi um poema de amor, que não servirá apenas para mim, porém para nossos pequenos filhos, familiares e tantas outras pessoas que estavam presentes e outras que venham a tomar conhecimento do que se passou... "Os dados, datas, nomes dos filhos e a enorme preocupação com a mãe, que tem chorado constantemente, estão absolutamente exatos... "Os detalhes a que o querido irmão se referiu após a leitura da carta, perante mais de
300 - pessoas, e que não constam da mensagem escrita, tais como chamar os nossos filhinhos de "Leo" e "Moreninho" (Bruno), o vestido com manga (não gostava de usar decote), a enorme preocupação com a tristeza da mãe... a alusão feita à minha mãe, sua sogra, a quem adorava e vice-versa, constituem dados completamente importantes! "Um dos fatos mais interessantes é que a assinatura da mensagem psicografada é quase absolutamente igual à que tinha quando encarnada, conforme cópia que lhe entrego de uma procuração por nós assinada, com firma reconhecida pelo Cartório do 1º Ofício de Notas, três dias antes do derrame...
... "Finalmente, em 18. 01. 86, senti uma enorme vontade de conhecer a "Mansão do Caminho".
Não tinha condições físicas de ir lá nesse dia, pois estava doente e não tinha com quem deixar os nossos queridos filhinhos.
Algo, entretanto, me forçava a uma decisão. Consegui arranjar com quem deixar Leonardo e Bruno, e, às 19 horas, senteime defronte ao Auditório e comecei a pedir ajuda ao mundo espiritual, pois desejava receber muito uma mensagem da minha adorada esposa.
Assim que você, querido Divaldo, começou a psicografar, não tive dúvidas que era uma carta dela para mim. A confirmação levou-me a uma espécie de êxtase e mal podia ouvir a leitura da carta tanto sonhada As lágrimas eram de uma felicidade transcendental e ouvia cada palavra ecoando em meus ouvidos como se estivesse tonto ou dopado... " "A você, querido Divaldo, minha eterna gratidão... "
Carlos, (1) alma da minha alma, esposo querido Prossigo viva, embora a interrupção orgânica.
A ruptura fatal do aneurisma (2), inesperada, roubou-me o corpo sem que me houvesse interrompido a vida.
Nosso matrimônio feliz navegava em mar de paz, sob ventos de ternura, quando o acontecimento nos convocou a meditações mais graves.
Confesso-lhe que não esperava partir e não o desejava, embora alguma coisa na paisagem intuitiva me inquietasse vez que outra (3), como a prenunciar-me essa ocorrência dolorosa para nós ambos e aqueles que fazem parte do nosso grupo familiar de felicidade.
Para mim, foi um choque muito grande, quando despertei em uma Casa hospitalar e não o encontrei.
A imagem que eu conservava do seu semblante angustiado, fez-me indagar, em silêncio, onde você se encontraria, já que o não via ao meu lado! Sentiame, no entanto, aturdida, cansada e com dificuldade de pensar. Acreditei que houvera sido operada e que ali me encontrava em justa convalescença.
Todavia, quando o vovô Coutinho (4) me apareceu e falou-me com carinho da ocorrência dolorosa, não pude dominar o pranto volumoso que me afogou por momentos.
Ele pediu-me calma e confiança, a fim de que eu não viesse a piorar do estado orgânico remanescente da viagem recém-concluída.
Era-me, porém, impossível controlar-me...
A morte estava em nosso programa e constituía, naquele momento, uma tragédia inconcebível.
Repassei, desesperadamente pelo pensamento, as cenas do nosso amor e do nosso lar: mamãe, você, os filhinhos e mais parentes tomaram vulto no meu coração e não há como dizer o que se passou em mim.
Recordei-me, providencia/mente, da Mãe de Jesus ante a cruz e comecei a pedir-lhe socorro...
Adormeci por algum tempo que não pude anotar.
Posteriormente, mais calma, vim a tomar conhecimento de todos os sucessos havidos.
Misturei com lágrimas, agora sem desespero, o nosso lar.
Pensei nos queridos Leonardo e Bruno (5), esses anjinhos que o Céu nos confiou e entreguei-os à proteção da Mãe de todas as mães.
Com 36 anos e 8 meses (6) tal drama não me poderia afetar! No entanto, a realidade suplanta a própria fantasia e não teria como alterar o já acontecido...
Passei a receber notícias suas e dos nossos através do vovô e de outros amigos que passaram a visitar-me, trazendo-me ânimo, encorajamento.
Passei a ouvir as suas interrogações, os seus apelos e o seu desejo de notícias.
A separação, eu sei, é dolorosa para todos.
Você, no entanto, merece recompor a família oportunamente.
Como eu não tive a honra de ser-lhe esposa por muito tempo, hei de ser qual mãe afetuosa de quem lhe ajude a educar os nossos filhos e lhe constitua braço amigo, na jornada de redenção...
Você me considera um diamante em sua visão artística, rica de beleza, e eu o tenho, alma querida, como o Sol que me aqueceu e ilumina a vida.
Hoje eu sei que a nossa temporária separação física tem raízes no passado espiritual, que procuro penetrar para entender.
Não é fácil, por enquanto, compreender tudo.
Confio que, com mais tempo, me adestrarei nestas questões, incorporando-as ao meu ser.
Escrevo-lhe sob o auxílio de bondosa Mensageira da Caridade (7) que me conduz a mão e orienta o pensamento, para que, de futuro, eu possa fazê-lo melhor.
Assim, o nosso 16 de agosto (8) não representa o fim, senão o início de uma nova etapa, que ora nos reúne em imensa comunhão de felicidade.
Tenho visitado os filhinhos e familiares, captando o pensamento de tristeza e saudade, especialmente em dezembro, no do meu aniversário (9) e no dia do Natal...
Em ambas datas estive em casa, igualmente comovida.
Agradeço-lhe e à família a Missa, (10) as preces, as lembranças.
Sua esposa cresce para Deus e para a Vida, a fim de merecer você, os filhinhos e os nossos, oportunamente.
Em você abraço os familiares queridos e beijo Bruno e Leonardo com a alma em prece.
Com toda a ternura de quem o ama indefinidamente, sou a esposa igualmente saudosa e grata por tudo quanto você me proporcionou e continua sendo, a sua Mosinha Carmosina Coutinho Politano (11)
IDENTIFICAÇÕES
(1) - Nome do destinatário.
(2) - Causa mortis da missivista.
(3) - Havia tido um sonho premonitório a tal respeito.
(4) - Personalidade real, da família e já desencarnado.
(5) - Filhos do casal.
(6) - Dado absolutamente exato.
(7) - "Mensageira da Caridade" - Refere-se a Joanna de Ângelis, mentora do médium.
(8) - Data da desencarnação de D.
Carmosina.
(9) - Dado correto.
(10) - Foram realizados atos litúrgicos da Igreja Católica.
(11) - Nome correto da missivista.