Dias Gloriosos
Versão para cópia
PARANORMALIDADE HUMANA
A evolução antropológica e psicológica do ser humano vem trabalhando-lhe a forma e o psiquismo mui suavemente, com tão calculada precisão que o homem contemporâneo, em comparação com os seus avoengos de priscas eras, apresenta-se portador de grande beleza, harmonia e sensibilidade, que em quase nada lhe faz recordar a apresentação da época em que ensaiava os primeiros passos no período primitivo.
O desenvolvimento da ciência aliada à tecnologia, as conquistas do pensamento filosófico, a capacitação ético-moral, as adaptações sociológicas, a fixação dos valores artísticos ampliaram-lhe o psiquismo, que desata florações de conquistas inimagináveis anteriormente, auspiciando-o com possibilidades outras ainda sequer sonhadas.
A perfeita utilização dos sentidos sensoriais sob o direcionamento da consciência, a pouco e pouco amplia-lhe a capacidade de autopenetração e busca de percepções mais elevadas e sensíveis, que o levam à identificação de faculdades paranormais adormecidas, cujos pródromos se expressam como episódios esparsos que lhe chamam a atenção, convocando-o a exame mais apurado em torno das suas potencialidades ainda não exploradas.
Lentamente e com vigor, os fatos vão consolidando experiências, de forma que o ser cerebral cede lugar ao transpessoal, o conceito organicista da vida abre espaço para o espiritualista, e este para o espiritista. Não mais o indivíduo apenas matéria, nem o binômio Espírito e matéria, mas o ser tridimensional que se expressa como Espírito, perispírito e matéria.
Princípio inteligente do Universo, essa força em processo de evolução expande um envoltório sutil e plasmador que fará sentir o seu fatalismo na forma carnal.
Vencendo os impedimentos iniciais que a matéria lhe oferece, à medida que, por sua vez, evolui, assume o controle dos impulsos orgânicos e direciona-os de forma salutar, objetivando dominar e superar os impositivos materiais, a fim de utilizar-se do corpo sem se lhe submeter às necessidades imperiosas, podendo mover-se nele sem cárcere e utilizá-lo com sabedoria.
A paranormalidade é-lhe, inevitavelmente, o novo passo a conquistar, conforme vem ocorrendo desde os primórdios do processo evolutivo.
Alguns Espíritos felizes que mergulharam no corpo, a fim de apressarem o desenvolvimento intelecto-moral da humanidade e do planeta terrestre, em passado já remoto, foram portadores de faculdades parafísicas, que lhes proporcionaram a demonstração da imortalidade, bem como as infinitas possibilidades que a todos nos são inerentes.
Na atualidade, em razão do grau de percepção psíquica, a paranormalidade vai-se tornando parte integrante do comportamento humano, não mais constituindo fenômeno sobrenatural, miraculoso, mas sim, um sexto sentido, conforme a feliz definição do Prof. Charles Richet, ante os fatos observados através de sensitivos cuidadosamente estudados.
Porque é uma fonte de energia, o Espírito possui recursos valiosos que se expressam através do seu psiquismo, podendo irradiar o pensamento, produzindo fenômenos de telepatia
—consciente ou inconscientemente, de pré e retrocognição
—captando ondas específicas dos acontecimentos, clarividência e clariaudiência - registrando faixas vibratórias especiais, nas quais se assinalam acontecimentos transpessoais - bem como entrando em sintonia com o mundo espiritual de onde se origina e para onde retorna.
Essa faculdade de captação de ondas e campos vibratórios muito delicados e complexos, favorece o intercâmbio com os Espíritos desvestidos do envoltório carnal e que se encontram nessa esfera causal da vida.
A mediunidade, que é faculdade do Espírito, reveste-se de células, a fim de processar as comunicações, ampliando os horizontes do pensamento humano e fazendo-o mergulhar no oceano infinito do conhecimento.
Em razão do seu crescimento ético-moral e intelectual, mais acentuada se lhe faz a percepção da realidade extrafísica, ensejando-lhe a identificação das fontes inesgotáveis da sabedoria que verte da Erraticidade.
Podendo utilizar-se conscientemente de parte das funções cerebrais e de algumas glândulas do sistema endócrino, elabora antenas que captam as ondas mentais que se movimentam no campo de vibrações do planeta, sejam procedentes de seres encarnados ou de Espíritos livres da couraça material.
Certamente, o fenômeno ocorre também com indivíduos destituídos de valores profundos da mente e do comportamento, possuidores, no entanto, da faculdade de natural captação, porquanto, em si mesma, é neutra, independendo de valores morais ou outros quaisquer, na área da religião ou da filosofia.
Entretanto, a aquisição consciente e lúcida em torno dessa possibilidade enriquece-o de recursos hábeis para a sua correta utilização, o que lhe propiciará crescimento interior e harmonia de comportamento.
A mediunidade, portanto, expressa-se mediante um campo de energia específica a irradiar-se através do períspírito, que mais facilmente capta as vibrações de outro, porquanto, a ocorrência dá-se através desse veículo sutil, que é o instrumento de registro e decodificação da onda mental do desencarnado direcionada ao sensitivo.
O aprimoramento moral e intelectual do médium, como é fácil de compreender-se, credencia-o melhor à filtragem da mensagem e sua respectiva tradução, desse modo auxiliando o autor, que mais facilmente conseguirá o intercâmbio.
Ademais, os valores elevados do sentimento, da conduta e do desenvolvimento mental atraem os Espíritos sérios e dignos que desejam contribuir em favor do progresso do medianeiro como da sociedade em geral.
Desvestindo-se dos tabus e cerimoniais com que, no passado, se fazia manifesta, a mediunidade vai adquirindo cidadania pelas admiráveis contribuições que vem trazendo ao conhecimento e à cultura, à ciência e à razão, despertando as mentes para as elevadas responsabilidades da existência física, assim como para a saúde orgânica, emocional e psíquica do ser.
ínsita na alma humana, quando se exterioriza ostensivamente, necessita de disciplina e orientação, a fim de ser educada, de forma que a sua irrupção e continuidade não tragam danos para o seu portador.
Porque se trata de delicado instrumento de intercâmbio, exige do seu portador uma vida saudável, de maneira que não ocorra desgaste orgânico nem mental, antes tornando-se fator que produz bem-estar e alegria, em face das inspirações e resistências vibratórias que oferece.
Quanto mais exercitada, mais amplos recursos se lhe apresentam, favorecendo com painéis ricos de pensamentos e ideias elevadas, que emulam ao serviço do bem, do progresso social, da harmonia individual e coletiva.
Quando ignorada, causa vários transtornos, porque a sintonia psíquica com o mundo espiritual faz-se espontânea, e, normalmente, dentro da faixa vibratória em que estagia o sensitivo, atraindo seres semelhantes ou menos nobres, que passam a vincular-se-lhe, por osmose vibratória, retirando-lhe energias de grande valor para a constituição orgânica.
Esse sucesso, que é muito comum, mais do que se pode imaginar, ocorre amiúde, sendo responsável por muitas enfermidades simulacros, isto é, de aparência biológica, no entanto, de origem mediúnica, a caminho para episódios obsessivos
—físicos, mentais ou simultâneos - que se transformam em graves doenças da alma.
Norteada com segurança, por intermédio do estudo da sua fisiologia e exigências morais que impõe, da meditação e do silêncio interior, da prática de ações de benevolência e de caridade, amplia a sua capacidade de registro de tal forma, que o trânsito entre as duas esferas - a física e a espiritual - se expressará fácil, tranquilo e confortável.
Da mesma forma, o desenvolvimento das aptidões anímicas, aquelas que procedem do próprio Espírito, tornam o ser mais sensível à realidade existencial, enriquecido de beleza, podendo intercambiar pensamentos e ação com os demais indivíduos, assim rompendo as algemas que o retêm a distância, e auxiliando-o a contribuir com maior pujança em favor de uma nova ordem social, mais justa e equânime, que tornará a vida na Terra melhor e mais enriquecedora.
Nesse desenvolvimento da paranormalidade sob ambos os aspectos, o ser humano irá incorporando cada vez mais os recursos extrafísicos, de modo que, no futuro, será seu portador consciente e seguro, qual ocorre hoje com os sentidos convencionais, adquiridos ao longo do tempo nas multifárias reencarnações.