Sabedoria do Evangelho - Volume 2

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CAPÍTULO 41

A ORAÇÃO

MT 6:5-15


5. Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens; em verdade vos digo, já receberam sua recompensa.


6. Tu, porém, quando orares, entra em teu quarto e, fechada a porta, ora a teu Pai que está no secreto; e teu Pai que vê no secreto te retribuirá (na luz plena).


7. Quando orais, não useis de repetições inúteis como os gentios, pensam que pelas muitas palavras serão ouvidos.


8. Não sejais como eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes que lho peçais.


9. Portanto, orai vós deste modo: "Nosso Pai, que estás nos céus; santificado seja teu Nome;


10. venha o teu reino; seja feita tua vontade, como no céu, assim na terra;


11. o pão nosso sobressubstancial dános hoje;


12. e perdoa-nos nossas dívidas assim como nós já perdoamos aos nossos devedores;


13. e não nos induzas em tentação, mas liberta-nos do mal".


14. Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará;


15. Mas se não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai celestial perdoará vossas ofensas.


MC 11:25-26

26. Quando estiverdes de pé, orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoailha; para que também vosso Pai que está nos céus.

vos perdoe vossas ofensas.


27. Mas se não perdoardes, também vosso Pai que está nos céus não vos perdoará vossas ofensas.


Lc. 11:1-4

1. E aconteceu que estava (Jesus) orando em certo lugar e, quando acabou, um de seus discípulos disse-lhe: "Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos".


2. Ele lhes respondeu: quando orardes, dizei: Pai, santificado seja teu Nome; venha teu reino;


3. o pão nosso sobressubstancial dá-nos diariamente;


4. e perdoa-nos nossos erros, porque também perdoamos a todo aquele que nos deve; e não nos entregues à tentação".

São as mais perfeitas instruções que, neste trecho, recebemos a respeito da prece, seguindo-se-lhes o modelo ditado por Jesus.

Antes dele, todavia, são dadas as atitudes a assumir. No contato com o Pai, deve evitar-se qualquer intromissão de outras criaturas: nada de assumir posições especiais, nem de fazê-la em público para ser admirado e louvado pelos homens.

Assim, é condenada a posição ostensiva, de ficar de pé (hestãtes) nas sinagogas (isto é, nos locais de oração) e nas praças públicas (referência ao hábito de orar em horas prefixadas, onde quer que se esteja, e que era prescrito aos israelitas, como ainda hoje aos muçulmanos).

A essa publicidade, Jesus opõe o segredo de entrar no quarto (eis tò tameiõn, que era o "quarto de guardados", jamais frequentado por pessoas estranhas); e além disso trancar a porta, para que ninguém presencie o contato íntimo com o Pai. Exemplo frequente disso deu-nos o Mestre, relatado pelos evangelistas: " retirou-se sozinho ao monte para orar". Lucas aproveita uma dessas situações, dizendo que, após ter Jesus orado "em certo lugar", os discípulos Dele se aproximaram pedindo-Lhe lhes ensinasse a orar, como João o fizera. Essa solicitação esclarece que Jesus orava sempre retirado e só, tanto que os discípulos não sabiam como fazer suas preces.

Outros ensinos ainda são trazidos: não repetir muitas palavras, falando muito "como os gentios, que pensam que, pela muita repetição é que são ouvidos". Portanto, condenação absoluta de repetir 10, 50 ou 150 vezes as mesmas fórmulas, o que acaba provocando a mecanização de sons, sem que haja interfer ência do sentimento quanto ao sentido das palavras.

Diz-nos mais, que não adianta PEDIR coisas ao Pai, pois Ele sabe mais e melhor que nós o de que necessitamos: habitando DENTRO DE NÓS, em nosso coração, Ele vê e sabe de tudo; inútil, além de ridículo se torna" querer ensinar a Deus aquilo que deve Ele dar-nos...

Vem, então, a fórmula perfeita, que passamos a analisar.


ANÁLISE DO "PAI NOSSO"

Nessa prece Jesus criou admirável síntese das fórmulas empregadas nas preces judaicas, escoimandoas apenas do exagerado nacionalismo e materialismo, dando-lhes sentidos espirituais profundos, que veremos adiante. Mas as expressões ensinadas são lidimamente judaicas, pois Jesus nascera e se filiara à religião mosaica, nela vivendo e morrendo, sem jamais ter tido a menor ideia de fundar nova religião.

Portanto, o "Pai nosso" é uma prece totalmente israelita, repetindo fielmente a piedade judaica.

Provemos nossas assertivas, que poderão ser verificadas com facilidade (cfr. Strack e Billeberck, o. c., pág. 410 a 422).


1) A primeira invocação pertence à oração, dos rabinos: "Nosso Pai, que estás nos céus, que teu nome seja louvado por rodas as eternidades"; e "Nosso Pai, que estás nos céus, fazei-nos misericórdia pelo amor de teu grande nome, que é invocado por nós".


2) a segunda frase é encontrada no Qaddich, oração diária dos judeus: "seja exaltado e santificado teu grande nome".


3) "Venha a nós teu reino" é frase frequente nas jaculatórias dos rabinos: "que o reino de Deus se manifeste ou apareça (Targum de Miquéias 4:8) e "reina sobre nós Tu só" (Chêmonê-esrê, 11).


4) Rabbi Eliézer dizia: "Fazei tua vontade no céu, no alto, e dá tranquila coragem aos que te temem na Terra, e fazem o teus olhos".


5) "Não me dês pobreza nem riqueza: dá-me o pão necessário", lemos em Provérbios 30:8; e o Targum parafraseia: "dá-me o pão que me baste".


6) "Perdoa-nos, nosso Pai, porque pecamos contra ti", está na sexta bênção do Chêmonê-esrê e tamb ém em Abina Malkênu, de que Rabbi Aqiba diz o início: "nosso Pai, nosso Rei, perdoa e resgata todas as nossas faltas.


7) "Perdoa ao próximo sua injustiça, e então, se orares, teus erros serão perdoados", lemos em Eclesiástico, 28:2.


8) Na oração da noite há: "não nos conduzas ao poder do erro, nem ao poder da tentação, nem ao poder da traição".


9) E nos Berakkot se encontra: seja feita tua vontade, YHWH, nosso Deus e nosso Pai, salva-nos (...) do homem mau, do mau encontro, da força má, do mau companheiro, do mau vizinho, do adversário corruptor, do julgamento rigoroso, dos maus adversários no tribunal".


DIVISÃO DO "PAI NOSSO"

O "Pai nosso" consta de uma invocação, seguida de três pedidos espirituais e de quatro solicitações a respeito das necessidades do homem na matéria.

INVOCAÇÃO - Jesus não manda dirigir-nos a Deus como Criador, nem como Rei, nem como Deus, mas como PAI; e mesmo assim, Pai de todas as criaturas. Pai é a mais carinhosa atribuição divina, já usada diariamente na época de Jesus pelos israelitas, como vemos várias vezes repetida na oração Chêmonê-esrê ou Tephillah, sobretudo nas bênçãos. E de tal forma Pai, que Jesus adverte: "a ninguém chameis de pai, na Terra, a não ser vosso Pai que está nos céus" (MT 23:9).

Logicamente, quando uma pessoa orar sozinha, dirá "meu Pai", e não "nosso", fórmula reservada às preces em grupo.

A expressão "que estás nos céus" (beshamaim) era também usual como sequência da invocação. Recordemos que shamaim em hebraico e "ouranós" em grego expressam a atmosfera que envolve a Terra, e não, jamais, um lugar geográfico específico. Para dar ideia precisa dessas palavras (já que "céus" foi semanticamente alterado em seu sentido etimológico), deveríamos dizer: "nosso Pai que estás no ar que nos circunda, impregna e vivifica pela respiração" (cfr. "visto ele mesmo dar a todos vida respiração e todas as coisas", AT 17:25).

1. ª PETIÇÃO - Seja santificado Teu nome". O "nome" é usado como expressão da essência, como a manifestação externa da substância última. Refere-se, pois, o pedido ao mundo, e mais particularmente às criaturas que, sendo a manifestação divina, em nosso globo, expressam Seu nome. A petição, portanto, revela o voto de que todas as criaturas se santifiquem (se tornem sadias moral e fisicamente), para que o nome de nosso Pai seja santificado em nós: assim como um filho diria a seu pai: "que possa eu honrar, com meu comportamento, o teu nome usado por mim". Com efeito, sendo nós filhos de Deus, trazemos em nós Seu nome e, santificando-nos o santificamos. Dizia Gregório de Nissa que, com as boas obras, levamos os homens a glorificar a Deus (Patrol. Graeca, 44. 1153).

2. ª PETIÇÃO - "Venha o Teu reino". Exprime o desejo ardente de que o mundo se coloque sob o reinado do Pai - Espírito - e não de satanás, a matéria. Que as criaturas se submetam ao Pai, que sabe governar Sua casa com justiça, misericórdia e amor. Alguns Pais da igreja atribuíam a esse pedido o caracter escatológico, como Tertuliano (Patrol. Lat. 1, 1158-1159), Cipriano (Patrol. Lat. 4,527 ss) e Agostinho (Patrol. Lat. 47, 1118).

3. ª PETIÇÃO - "Seja feita Tua vontade na Terra, como é ela feita nos céus". Esta petição falta em Lucas.

Manifesta a aspiração firme de que saibamos conformar-nos à vontade do Pai, obedecendo-lhe às ordens (que são as circunstâncias que surgem sem nossa interferência na vida) com amor, ao invés de pretender fazer prevalecer nossa vontade pequena, caprichosa e, sobretudo, ignorante de nossa verdadeira vantagem no que nos concerne.

4. ª PETIÇÃO - "Dá-nos hoje o pão sobressubstancial". Esse vocábulo, hápax absoluto do "Pai nosso (epioúsion) foi traduzido pela Vulgata como "cotidiano" ou "de cada dia" (epi tèn oúsan hêméran), seguindo a opinião de João Crisóstomo (Patrol. Graeca, 67, 280). Na interpretação de Orígenes significava o "pão para a subsistência" (epì ousía, Patrol, Graeca, 11, 475). Jerônimo (Patrol. Lat. 26,43) fala: "dá-nos hoje o pão de amanhã"; mas essa interpretação seria contrária ao ensino de Jesus: "não vos preocupeis com o manhã" (MT 6:34). No entanto, nesse mesmo local citado, Jerônimo interpreta o pedido como "o pão espiritual", de acordo também com Orígenes (ibidem), Cipriano (Patrol. Lat. 4, 531-533) e Agostinho (Patrol. Lat. 38, 381 e 289-390).

5. ª PETIÇÃO - "Perdoa nossas dívidas, assim como já perdoamos aos nossos devedores", é a condição sine qua, salientada expressamente por Jesus, depois de ensinar a orar (versículo 14-15). Se não soubermos perdoar, não poderemos jamais ser perdoados. Nossa tradução, "como JÁ perdoamos" foi feita para corresponder mais exatamente ao original aphékamen (segunda forma de aoristo 2. º apheíme) cujo tempo supõe a ação já realizada. Esse mesmo ensino voltará exemplificado na parábola do servo sem compaixão (MT 18:23-35).

Após a prece, Jesus volta a insistir no sexto pedido, referente às emoções, salientando a importância do perdão. Essa repetição explicativa na sublime lição da prece vem esclarecer que a condição do perdão é INDISPENSÁVEL à libertação do Espírito. As frases são repetidas em Mateus e Lucas; e Marcos, de toda a lição, fixou apenas esse ensinamento, como resumo básico para nosso aprendizado. Assim como se quisesse dizer que, se soubermos perdoar realmente, nada mais é preciso fazer; pois fazendo as pazes com os outros, podemos conseguir a paz de Deus.

6. ª PETIÇÃO - "Não nos induzas em tentação". O conjuntivo aoristo segundo, eisenégkêis (de eisph érô) tem o sentido de "conduzir para dentro" ou "induzir; e peirasmós é a prova, o exame, a experimenta ção. Pedido de socorro que fazemos, para que não sejamos colocados em situações perigosas que nos experimentem as forças, pois tememos sucumbir, já que conhecemos nossas fraquezas. Suplicamos, então, à misericórdia do Pai, que nos poupe as experimentações, que talvez nos levem à derrota.

Tentação, pois, não é o "pecado", mas a prova (cfr. LC 22:28). Segundo Tiago (Tiago 1:2) as provações" são úteis" à evolução. Essa opinião é de que Deus não nos leva ao mal, embora nos submeta à prova (cfr. Tiago 1:13; Agostinho, Patrol. Lat. 38, 390-391 e Hilário, Patrol. Lat. 9, 510).

7. ª PETIÇÃO - "Mas livra-nos do mal". O genitivo grego poneroú tanto pode ser masculino (do mau), quanto do neutro (do mal). Da interpretação dependerá exclusivamente a escolha de um ou de outro.

Como sequência do versículo anterior que fala em "provações", e como consequência do ensino "não resistais ao homem mau" (MT 5:39), pode compreender-se "do MAU". Com efeito, desde que não podemos nem defender-nos, quando um mau nos ataca, ainda que nos mate (tal como o fez Jesus, que não levantou um dedo em defesa própria quando foi assassinado, dando o exemplo vivo do que ensinou); e como sabemos que não temos ainda capacidade de agir assim, então pedimos que nos salve o Pai desses encontros com homens maus.


SENTIDO DO "PAI NOSSO"

Ensina-nos a individualidade que a prece deve ser sempre uma aproximação máxima possível entre nós e nossa origem; e por isso recorda-nos que Deus é O PAI, já que "somos gerados por Deus "(AT 17:28), somos partículas do Grande Foco de Luz Incriada. Nessas condições, quando nos dirigimos a esse Pai, "que reside no secreto" de nós mesmos, devemos voltar-nos e mergulhar nesse secreto (entrar em nosso quarto) e além disso "trancar as portas" de nossos sentidos, isolando-nos de tudo quanto é externo e material. Isolar-nos inclusive e sobretudo de nosso próprio eu pequeno, de nossa personalidade, para que o contato seja o mais lídimo possível.

Nossas primeiras palavras devem constituir um apelo que nos recorde nossa filiação divina, confessandonos FILHOS no real sentido, mais real ainda do que a simples e transitória filiação humana do corpo físico. Adverte-nos então que a filiação terrena não é propriamente uma filiação (cfr. MT 23:9). De Deus é a verdadeira paternidade, porque Ele é a origem de nosso Espírito de nosso verdadeiro EU profundo, a Centelha divina e eterna. Só a Ele devemos dirigir nossas preces: Jesus jamais ensina que nos dirijamos a intermediários, mas sim diretamente ao Pai que habita DENTRO DE NÓS, no secreto de nossos corações.

Isso mesmo exprime a cláusula apositiva "que estás nos céus". Os céus que exprimem o "reino que está dentro de nós" (cfr. LC 17:21) levam nosso pensamento ao coração; o Pai, que está nos céus, está então no reino dos céus, que está dentro de nós. A consequência é lógica e irrefutável: nosso Pai que estás em nosso coração, nesse reino dos céus que ansiosamente buscamos, como mendigos do Espírito.


E continuamos, fazendo três petições referentes à individualidade:

1 - "Seja santificado Teu nome". Sendo nós a manifestação externa de nossa essência profunda, constitu ída pela Centelha divina pedimos que seja santificada nossa personalidade, exteriorização de Deus. Que nossa parte transitória - que no planeta manifesta Deus, se torne "sadia e sábia". E, por isso, que nem nos atos, nem nas palavras, nem mesmo nos pensamentos, deixemos jamais de ver em todos, em tudo e em toda parte, a manifestação do Nome de Deus. Pois todos e tudo exprimem esse Nome santo, embora exteriorizado com defeitos, por deficiência dos canais que O manifestam. Que tudo se harmonize sitonicamente com a Santidade divina, que todos, inclusive nós e nossos veículos, se santifiquem ao contato com a Centelha Divina. Tudo o que conhecemos, que vemos, e que existe é constituído pela mesma e única essência profunda íntima de Deus, que sustenta tudo com Seu ser.

2 - A segunda petição para a individualidade ou Espírito é "venha o Teu reino" . Trata-se da express ão mais ardente do contato íntimo com a Centelha divina, com Deus através de nosso Cristo Interno, a fim de que mergulhemos na Consciência Cósmica, tornando-nos UM com O TODO, UM com o PAI.

"O reino de Deus (ou dos céus) está dentro de vós": "que Teu reino venha", que nós o encontramos o mais depressa possível, que nos unifiquemos ao Pai no prazo mais curto e da maneira mais íntima, numa unificação total e definitiva.

3 - A última das petições referentes à individualidade refere-se ao desejo real de que o Espírito siga a Vontade do Cristo Interno, e não a vontade da personalidade. De fato, o Espírito se encontra entre dois pólos opostos, antagônicos: o pólo superior influi o Espírito para sua evolução, induzindo-nos às ações superiores de fidelidade e gratidão, de bondade e amor; o pólo inferior puxa-o para o materialismo do "antissistema" (Ubaldi), impelindo-o à infidelidade, à ingratidão, aos prazeres e gozos egoístas. Nessa situação contraditória, o Espírito é batido de um lado e de outro, internamente tendendo ao bem, e externamente tentado pelo mal; pelo Cristo Interno convidado a subir, por satanás arrastado ao abismo: perene luta entre Sistema e Anti-sistema, entre espírito e matéria, entre positivo e negativo, entre bem e mal, entre sabedoria e ignorância, entre egoísmo e amor.

Todos somos testemunhas e atores nessas lutas titânicas que nos envolvem a todos. E muitos se esforçam e sofrem nesse árduo combate, procurando fazer a vontade divina com sacrifícios inauditos. Ora, o pedido salienta a necessidade de o Espírito fazer espontânea e naturalmente a vontade do Pai, que se manifesta através de Sua Partícula em nós, o Cristo Interno, que constitui nosso EU Profundo, e que sempre nos chega ao eu pequeno através da voz silenciosa de nossa consciência. Isso, exatamente, está expresso com clareza na fórmula: "seja feita Tua vontade na Terra (na personalidade) assim como nos céus (na individualidade)". O que mais uma vez comprova que o "estás nos céus" significa," que estás em nosso íntimo, dentro de nós, em nosso coração", isto é, na individualidade.

São, portanto, três pedidos referentes à individualidade (ou triângulo superior): o primeiro relativo à Centelha Divina, logo após a invocação: "Seja santificado o Teu nome"; o segundo relativo à mente chamada "abstrata", que deseja a união integral: "venha o Teu reino"; o terceiro dizendo respeito ao Espírito, que engloba as três manifestações: "seja feita Tua vontade".

São-nos apresentados a seguir quatro pedidos que se referem à personalidade, (ou quaternário inferior) isto é ao "espírito" encarnado provisoriamente.

1 - O primeiro, "dá-nos hoje o pão supersubstancial", refere-se ao intelecto, e solicita o pão, isto é, o alimento do "espírito", que é o conhecimento da Espiritualidade, a Sabedoria, Salienta bem Jesus que se trata do pão "supersubstancial" ou "sobresubstancial", ou seja, em nossa interpretação, o alimento do contato com o Eu Superior. Nenhum maior nem melhor alimento para nós, do que mergulhar na Consciência Cósmica, onde encontramos todo o conhecimento, por meio de visões intuitivas, que nos esclarecem totalmente sobre a Verdade, que é Deus. Não se trata de um conhecimento livresco e externo de um aprendizado racional e discursivo; mas de conquistas instantâneas, que chegam de dentro de nós mesmos, como respostas seguras a todas as dúvidas, como lições maravilhosas que obtemos, por contato com o Infinito, fora do espaço, e com a Eternidade, fora do tempo. Só pelo Esponsalício Místico da Unificação conseguiremos crescer, infinitizando-nos e mudar de dimensão, saindo da limita ção do finito das formas para o ilimitado do infinito; das trevas para a luz, do frio congelado para o Foco Incriado, da divisão para a união, do antissistema para o Sistema, do egoísmo para o amor total.

2 - A segunda solicitação para a personalidade é a que cuida do corpo de emoções (astral ou animal), dizendo: "perdoa nossas dívidas (cármicas) assim como já perdoamos aos nossos devedores".

O corpo emocional é o responsável pelo carma, já que ele vibra no terceiro plano, o que está sujeito à Lei da Justiça. Portanto, é em referência ao corpo emocional que pedimos o perdão, o resgate dos débitos contraídos por nossas emoções descontroladas em todos os campos, pelos desejos que nos causam as dores. Mas a condição indispensável para nossa libertação é não termos outros devedores presos a nós pela nossa exigência de pagamento. Quando tivermos perdoado (libertado) todos aqueles que nos devem, por qualquer motivo, então poderemos pedir que o Pai também nos liberte de nossos próprios erros do passado.

3 - Lembramo-nos, depois, do duplo etérico, das sensações, no terceiro pedido, solicitando que o Pai, que está dentro de nós, "não nos induza às provações". Isto porque, dado o olvido total que ocorre na reencarnação, perdemos o contato com o passado e as provações nos aparecem como novidades que nos apavoram, pois podemos fracassar por ignorância. Não estando em contato com o Mundo Espiritual, donde proviemos, surgem-nos as experimentações a que estamos sujeitos neste pólo negativo em que nos achamos, com o emborcamento da realidade, Então, a transitoriedade da riqueza nós a vemos como garantia de segurança; a ilusão da posse é considerada qual valor de realidade; a mentira do prazer engana-nos com alegrias que amanhã se transformarão em sofrimentos; mas nada disso percebemos. Por isso as provações ou tentações de riqueza, de posse, de prazer são, em vista de nossa opacidade visual, inversões da realidade da Vida. Pedimos, pois, ao Pai não nos induza a essas prova ções, colocando-nos em posição de poder cair por causa de nossa cegueira temporária. Melhor a pobreza, o trabalho e a dificuldade, que são os maiores incentivos ao progresso do "espírito".

4 - O quarto e último pedido "liberta-nos do mal" refere-se ao corpo denso, isto é, à matéria. Aqui interpretamos MAL (e não mau), por causa da simbologia que, entre os hebreus, denominava a matéria de "satanás" ou "diabo", isto é, o opositor, o adversário do espírito. Para esta interpretação mais profunda, o sentido preferível é este: liberta-nos da matéria, isto é, do ciclo reencarnatório que nos obriga a voltar periodicamente ao planeta, prendendo-nos já há tantos milênios ao cadáver de carne que nos cerceia os voos do Espírito, a este escafandro que nos mantém colados ao chão da Terra sob o oceano atmosférico.

Apelo dramático que nós, os encarnados, gritamos aflitos ao Pai que está dentro de nós: "liberta-nos da matéria, do mal aonde mergulhamos por nosso egoísmo divisionista, do abismo em que caímos por nossa rebeldia orgulhosa".

Eis, então, reduzida a seus termos reais e belíssimos, a prece mais concisa e perfeita, que deve ser proferida com o coração, meditando em cada um dos pedidos, sem que haja mister repeti-la mais de uma vez em cada caso.

Não nos esqueçamos das palavras taxativas de Jesus: assim deveis orar.

Mais que um ensino, é uma ordem. Aprendamos a obedecer a Quem sabe mais do que nós, conquistando a felicidade, afastando-nos da materialidade deprimente e alçando-nos às altitudes do Espírito que se unifica ao Pai.




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Mateus 6:5

E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.

mt 6:5
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Mateus 6:6

Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará.

mt 6:6
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Mateus 6:7

E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.

mt 6:7
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Mateus 6:8

Não vos assemelheis pois a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.

mt 6:8
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Mateus 6:9

Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;

mt 6:9
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Mateus 6:10

Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;

mt 6:10
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Mateus 6:11

O pão nosso de cada dia nos dá hoje;

mt 6:11
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Mateus 6:12

E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;

mt 6:12
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Mateus 6:13

E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.

mt 6:13
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Mateus 6:14

Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;

mt 6:14
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Mateus 6:15

Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.

mt 6:15
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Marcos 11:25

E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas;

mc 11:25
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Marcos 11:26

Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas.

mc 11:26
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Provérbios 30:8

Afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza: mantém-me do pão da minha porção acostumada;

pv 30:8
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Mateus 23:9

E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus.

mt 23:9
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Atos 17:25

Nem tão pouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas;

at 17:25
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Mateus 6:34

Não vos inquieteis pois pelo dia d?amanhã, porque o dia d?amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

mt 6:34
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Mateus 18:23

Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos;

mt 18:23
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Mateus 18:24

E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;

mt 18:24
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Mateus 18:25

E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse.

mt 18:25
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Mateus 18:26

Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.

mt 18:26
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Mateus 18:27

Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.

mt 18:27
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Mateus 18:28

Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele sufocava o, dizendo: Paga-me o que me deves.

mt 18:28
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Mateus 18:29

Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.

mt 18:29
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Mateus 18:30

Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.

mt 18:30
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Mateus 18:31

Vendo pois os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara.

mt 18:31
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Mateus 18:32

Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste,

mt 18:32
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Mateus 18:33

Não devias tu igualmente ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?

mt 18:33
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Mateus 18:34

E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.

mt 18:34
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Mateus 18:35

Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.

mt 18:35
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Tiago 1:2

Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações:

tg 1:2
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Tiago 1:13

Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.

tg 1:13
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Mateus 5:39

Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;

mt 5:39
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Atos 17:28

Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.

at 17:28
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Lucas 17:21

Nem dirão: Ei-lo aqui, ou, Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.

lc 17:21
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Lucas 11:25

E, chegando, acha-a varrida e adornada.

lc 11:25
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Lucas 11:26

Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro.

lc 11:26
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Lucas 11:1

E ACONTECEU que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos.

lc 11:1
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Lucas 11:2

E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino;

lc 11:2
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Lucas 11:3

Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano;

lc 11:3
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Lucas 11:4

E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve; e não nos conduzas em tentação, mas livra-nos do mal.

lc 11:4
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