As Chaves do Reino

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CAPÍTULO 21

RAÇA DE VÍBORAS - O FERMENTO DOS FARISEUS

A hipocrisia caracteriza o termo "fariseu", que, embora tenha sido a mais influente seita da época em que Jesus viveu, serviu de base para a lamentável percepção das falsas ideologias, especialmente nos terrenos religiosos. O assunto interessa não somente ao plano social em que vivemos na Terra, por efeito das reencarnações sucessivas mas, principalmente, como estudo da personalidade humana, com seus sofismas e desvios comportamentais.

Os fundamentos dessa notória "hipocrisia" são facilmente encontrados nos livros históricos da Bíblia, pois os profetas, em seus discursos veementes, citavam os termos "víbora" ou "serpente" para caracterizarem, aos olhos de todos, os "enganadores", os "surripiadores" de bens alheios. Mas foi Jesus, com sua autoridade irretocável, quem os catalogou definitivamente: "Acautelai-vos porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas mas interiormente são lobos devoradores" (MT 7:15). No livro Gênesis, Eva é "seduzida" pela serpente, estabelecendo-se essa cultura simbólica do poder enganoso da víbora ("Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis" - Gênesis 3:4), enquanto nos Salmos há o desenvolvimento da ideia sobre a função da serpe vinculando-a aos homens enganadores e oportunistas: "Têm veneno semelhante ao veneno da serpente; são como a víbora surda, que tem tapados os seus ouvidos" (Salmos 58:4).

Nas linhas de abordagem espírita, não poderíamos ignorar nessa "serpente", que enganou Eva, a imagem que retrata os Espíritos endurecidos que vieram de Capela para a Terra, em regime de degredo. "Caíram" de uma condição muito melhor em termos evolutivos, pois seu mundo de origem conhecia os progressos próprios de um orbe que apresenta bases de projeção para a condição de regeneração dos seres para expiarem seus desvios e vícios num orbe ainda primitivo.

É que o Espírito simples, ainda ignorante, que existia naturalmente no planeta, não operava pela sagacidade e pelos jogos vaidosos presunçosos e de exploração indevida, como se identifica no símbolo da serpente e, consequentemente, no comportamento dos fariseus: "E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo [referência a João, o Batista], dizia-lhes: Raça de víboras quem vos ensinou a fugir da ira futura?" (MT 3:7).

Se João, o Batista, com sua sinceridade rude, porque assentada na vivência da Lei, os conhecia de sobra, Jesus, o Mestre por excelência identifica-os na organização de cunho politiqueiro e usurpador do direito alheio, quando afirma que "na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus" (MT 23:2), e propõe claramente aos discípulos: "Adverti, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus" (MT 16:6).

No plano íntimo, essa "víbora" ou a condição de "fariseu" ou "saduceu" tem sido o nosso grande desafio. Porque a tendência para o desvio (personalismo, interesse pessoal) está na base de nosso aprendizado mais amplo, até mesmo como um contraponto à proposta divina, a fim de dar-lhe dinâmica experimental, de testemunho vivencial (o que atesta o livre-arbítrio como prerrogativa dos filhos de Deus).

Ela tem o papel de "tentar" - o que acontece somente nos estágios mais elementares do processo evolutivo, quando a individualidade, de algum modo já ilustrada e se afirmando perante o Universo, então descortinado a seus sentidos, facilmente se toma por referência e deixa, por sugestão do orgulho, filho do egoísmo, de comungar com a Criação, submetendo-a a seus critérios fechados, ilusórios: "Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou" (JO 8:42).

Se, no plano histórico, o farisaísmo, expressando o interesse pessoal e o materialismo (símbolo da serpente que rasteja e se nutre das energias mais densas do orbe), "tentou" Jesus, que expressava o "Filho de Deus" o "espírito vivificante" (I Coríntios 15:45), também no plano interno de cada um de nós somos permanentemente "tentados" pelas próprias imperfeições, que encontram ressonância no mundo externo em que vivemos: "Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência" (Tiago 1:14). No dia a dia, acontecimentos nos induzem a determinadas reações, a posturas determinadas, e é diante dessas induções, tendo em vista nossas fragilidades (concupiscências) que a vigilância necessita ter vez. No entanto, para se ter vigilância, é imprescindível conhecer o que é melhor e meditar longamente sobre isso. Daí o Evangelho, sentido e vivido no cotidiano da existência representar a porta libertadora: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (JO 8:32).

O mundo terreno há milênios sofre o efeito da ignorância espiritual de seus habitantes, e, regidos pela Lei de Causa e Efeito, os homens permanecem como "servos do pecado", pois, mesmo sofrendo o efeito de seus desmandos e desvios, continuam pecando (agem contra o que já sabem ser o caminho melhor - farisaísmo): "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (JO 8:36). É o que o Celeste Amigo resume num formoso discurso, que repercute na acústica de nossas almas ainda débeis no plano da aplicação do amor: "Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca" (MT 12:34).



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Mateus 3:7

E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?

mt 3:7
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Tiago 1:14

Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.

tg 1:14
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Mateus 12:34

Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.

mt 12:34
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Salmos 58:4

Têm veneno semelhante ao veneno da serpente; são como a víbora surda, que tem tapados os seus ouvidos,

sl 58:4
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I Coríntios 15:45

Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente: o último Adão em espírito vivificante.

1co 15:45
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João 8:32

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

jo 8:32
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Mateus 23:2

Dizendo: Na cadeira de Moisés, estão assentados os escribas e fariseus.

mt 23:2
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Mateus 7:15

Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.

mt 7:15
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Mateus 16:6

E Jesus disse-lhes: Adverti, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus.

mt 16:6
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João 8:42

Disse-lhes pois Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.

jo 8:42
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Gênesis 3:4

Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.

gn 3:4
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João 8:36

Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.

jo 8:36
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