Almas em Desfile
Versão para cópiaO porteiro e o Almirante
O Almirante Francisco Vieira Paim Pamplona, que foi Presidente da Federação Espírita Brasileira e espírita dos mais abnegados, no Rio, dirigia o “Asilo de Órfãos Anália Franco” e era ali muito procurado.
Homem de muitas atribuições, compadecia-se daqueles companheiros aos quais não podia ceder maior atenção.
Pensando sanar o problema, tomou a cooperação de um confrade desempregado que lhe pedira auxílio.
Até que lhe arranjasse colocação, o moço ficaria junto à instituição, atendendo às visitas inesperadas.
Conversaria pacientemente.
Trataria a todos com caridade.
Indicaria o horário certo em que ele pudesse ser encontrado, sem prejuízo do trabalho.
E ele, o Almirante, pagaria modesta remuneração do próprio bolso.
O amigo aceitou, contente.
No vigésimo dia de serviço, porém, Paim Pamplona teve responsabilidades mais graves e por lá ficou, até muito tarde, sem que o homem soubesse de sua presença, em sala próxima.
Em certa hora, ouviu altas vozes.
Aguçou o ouvido e escutou.
O moço gritava para pobre mulher:
— Safe-se daqui! “Sua” velhaca! A senhora acha que pode pedir ao Almirante uma coisa dessas? Espiritismo não é feitiçaria. Se a senhora voltar aqui com este assunto de homem fugido, bato a porta em sua cara! Compreendeu? Rua! vá para a rua! O Almirante não esteve, não está e nem estará. Suma de minha vista!
— Desculpe! desculpe! — rogava a pobre.
Mas o improvisado porteiro gritava:
— Rua, antes que eu chame a polícia! Rua, antes que eu chame a polícia!
A senhora saiu correndo.
O Almirante chegou calmo e ainda encontrou o moço fulo de cólera.
— Há quantos dias você está trabalhando? falou Paim Pamplona, sem alterar-se.
— Vinte dias, Almirante.
O distinto oficial da Marinha Brasileira enfiou a mão no bolso, retirou a carteira, contou a importância e estendeu as cédulas ao moço, dizendo-lhe:
— Bem, meu filho, de hoje em diante não se considere mais a meu serviço.
— Mas, por quê? — indagou o amigo desapontado.
E o Almirante sereno:
— A cena que você acabou de representar não condiz com o programa espírita desta Casa.
(Psicografia de Francisco C. Xavier)
O PORTEIRO E O ALMIRANTE
O Almirante Francisco Vieira Paim Pamplona, que foi Presidente da Federação Espírita Brasileira e espírita dos mais abnegados, no Rio, dirigia o "Asilo de órfãos Anália Franco" e era ali muito procurado.
Homem de muitas atribuições, compadecia-se daqueles companheiros aos quais não podia ceder maior atenção.
Pensando sanar o problema, tomou a cooperação de um confrade desempregado que lhe pedira auxílio.
Até que lhe arranjasse colocação, o moço ficaria junto à instituição, atendendo às visitas inesperadas.
Conversaria pacientemente.
Trataria a todos com caridade.
Indicaria o horário certo em que ele pudesse ser encontrado, sem prejuízo do trabalho.
E ele, o Almirante, pagaria modesta remuneração do próprio bolso.
O amigo aceitou, contente.
No vigésimo dia de serviço, porém, Paim Pamplona teve responsabilidades mais graves e por lá ficou, até muito tarde, sem que o homem soubesse de sua presença, em sala próxima.
Em certa hora, ouviu altas vozes.
Aguçou o ouvido e escutou.
O moço gritava para pobre mulher :
– Safe-se daqui! "Sua" velhaca! A senhora acha que pode pedir ao Almirante uma coisa dessas?
Espiritismo não é feitiçaria. Se a senhora voltar aqui com este assunto de homem fugido, bato a porta em sua cara! Compreendeu? Rua! vá para a rua! O Almirante não esteve, não está e nem estará. Suma de minha vista!
– Desculpe! desculpe! – rogava a pobre.
Mas o improvisado porteiro gritava:
– Rua, antes que eu chame a polícia! Rua, antes que eu chame a polícia!
A senhora saiu correndo.
O Almirante chegou calmo e ainda encontrou o moço fulo de cólera.
– Há quantos dias você está trabalhando? – falou Paim Pamplona, sem alterar-se.
– Vinte dias, Almirante.
O distinto oficial da Marinha Brasileira enfiou a mão no bolso, retirou a carteira, contou a importância e estendeu as cédulas ao moço, dizendo-lhe:
– Bem, meu filho, de hoje em diante não se considere mais a meu serviço.
– Mas, por quê? – indagou o amigo desapontado.
E o Almirante sereno:
– A cena que você acabou de representar não condiz com o programa espírita desta Casa.