Silas (silvano)

Quem é quem na Bíblia?

Autor: Paul Gardner

Silas (silvano):

Como Paulo, este membro influente da Igreja em Jerusalém foi um dos poucos judeus cristãos no Oriente que possuíam a valiosa cidadania romana (At 16:38). É mencionado tanto por seu nome semita, “Silas” (por Lucas, em Atos), como por seu cognome latino, Silvano (por Paulo e Pedro). Por ser o “secretário” que de fato copiou I Pedro, fica claro pelo vocabulário e estilo da carta que era um homem que recebeu uma boa educação grega. Portanto, Silvano provavelmente era uma pessoa da alta sociedade (cf. também Apolo).

Silvano era tido em alta conta em Jerusalém. Os apóstolos, os anciãos e toda a congregação o escolheram, como um “dos líderes entre os irmãos”, para acompanhar Paulo e Barnabé com a carta sobre os assuntos mais importantes discutidos no Concílio concernentes aos novos convertidos entre os gentios. Sua escolha provavelmente foi determinada em parte devido à sua cidadania romana, mas também por sua posição como líder entre os judeus cristãos.

Em Antioquia, Silvano foi um dos profetas cujos dons encorajaram e fortaleceram grandemente aquela igreja (cf. 1Co 14:1ss). As boas vindas dadas à carta do Concílio de Jerusalém e o ministério de Silvano entre eles serviram para acalmar os sentimentos dos cristãos gentios. Anteriormente tinham ouvido que, se não aceitassem a circuncisão (para os romanos significava castração), de acordo com a Lei de Moisés, não seriam salvos (At 15:1). O resultado da missão foi que os gentios receberam a bênção do entendimento, no final do ministério de Silvano. Silas acompanhou Paulo em sua segunda viagem missionária. Foi uma escolha feita devido aos seus dons (em contraste com o desapontamento do apóstolo com o ministério de João Marcos), ao seu papel de líder na igreja de Jerusalém e também à sua posição, pois iriam para uma região onde sua cidadania romana desempenharia um importante papel — a província romana da Galácia.

Ao trabalhar juntos na colônia romana de Filipos, ambos empenharam-se num ministério entre os simpatizantes do judaísmo, inclusive Lídia, uma senhora da alta sociedade, comerciante de púrpura. A prisão desses dois missionários, acusados de práticas subversivas que incluíam ensinos indevidos a uma colônia romana, chamou a atenção das autoridades. Os magistrados agiram de maneira ilegal, ao ordenar que Paulo e Silas fossem açoitados, uma punição proibida para cidadãos romanos (At 16:22-37). Normalmente exigia-se dos que alegavam possuir este título que tivessem o endosso de três testemunhas do local, as quais juravam que tal declaração era verdadeira. Na situação deles, tais pessoas não estavam disponíveis para testemunhar o fato. Problemas que envolvessem a segurança na verificação dos documentos e a demora na prisão até que o governador da província ouvisse as sérias acusações, quando chegasse à cidade para presidir as sessões anuais do tribunal, provavelmente persuadiram os dois missionários que lhes fora concedido não apenas crer no nome de Jesus Cristo, mas também sofrer por causa dele (Fp 1:29). A exigência feita por Paulo de que os magistrados fossem pessoalmente soltá-los da prisão daria uma proteção da violência da turba tanto para os dois missionários como para a igreja recém-formada.

A firmeza cristã demonstrada por Paulo e Silas, os quais cantavam no interior da prisão, depois de serem açoitados e terem os pés presos no tronco, bem como a maneira miraculosa em que todos os prisioneiros foram salvos da morte (mas não da custódia) depois do terremoto (um escritor pagão registrou aquele abalo sísmico) teve um impacto tão grande sobre o carcereiro, que ele buscou, não a destruição da própria vida, mas a salvação eterna por meio da fé em Jesus Cristo, tanto para si mesmo como para toda sua casa (At 16:25-34).

De Filipos, Paulo e Silas partiram para Tessalônica, onde por três sábados seguidos, na sinagoga dos judeus, argumentaram com sucesso que o Messias precisava sofrer e ressuscitar dentre os mortos, com base nos textos do Antigo Testamento. Os convertidos, inclusive judeus, gentios tementes a Deus e algumas mulheres da alta sociedade formaram a nova igreja (At 17:1-3).

Silas permaneceu em Beréia, onde havia um grupo bem receptivo, composto por judeus e gregos proeminentes (At 17:10-12); posteriormente, uniu-se a Paulo em Corinto, de onde o apóstolo, junto com ele e Timóteo, escreveu 1 e II Tessalonicenses. Note a maneira pela qual Paulo incluiu seus cooperadores como iguais em seu ministério e nas cartas apostólicas.

A última menção a Silvano é encontrada na conclusão da carta de I Pedro, onde ele testifica sobre a epístola, dizendo que “esta é a verdadeira graça de Deus”, e exorta os destinatários a estar firmes nessa graça. O ministério de Silvano foi único, no sentido de que não somente foi líder na igreja em Jerusalém, mas também um missionário transcultural, empenhado juntamente com o apóstolo Paulo na evangelização tanto de judeus como de gentios. Possivelmente seus muitos contatos com tantas igrejas fizeram com que a carta de I Pedro fosse dirigida a locais tão diversificados (1Pe 1:1). B.W.