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Em si a Lei é boa e santa enquanto expressa a vontade de Deus (7,12-25; 1Tm 1:8); ela representa um apanágio glorioso de Israel (Rm 9:4; mas cf. 2,14s). Entretanto, ela parece representar uma desvantagem: os judeus não somente sao pecadores como os outros, não obstante sua Lei (Rm 2:21-27; Gl 6; Ef 2:3), mas ainda buscam nela uma confiança em suas obras (Rm 2:17-20; 3,27; 4,2.4; 9,31s; Fl 3,9; Ef 2:8), que os fecha à graça de Cristo (Gl 6:12; Fl 3,18; cf. At 15:1; 18,13; 21,21). Numa palavra, a Lei é incapaz de conferir a justiça (Gl 3:11.21s; Rm 3:20; cf. Hb 7:19). Com uma dialética que recebe da polêmica um caráter paradoxal, Paulo explica esta desvantagem aparente pela própria natureza da Lei e de seu papel na história da salvação. Luz que ilumina o espírito sem dar a força interior, a Lei (mosaica, mas como toda a lei e como o "preceito" dado a Adão, cf. vv. 9-11) é incapaz de fazer evitar o pecado; antes ela o favorece. Sem ser ela mesma fonte do pecado, torna-se no entanto seu instrumento excitando a concupiscência (Rm 7:7s); esclarecendo o espírito, ela agrava a falta, tornando-a uma "transgressão" (4,15; 5,13); enfim, ela não traz remédio, senão através de um castigo de ira (4,15), de maldição (Gl 3:10), de condenação (2Co 3:9) e de morte (2Co 3:6s), a ponto de poder ser designada a "Lei do pecado e da morte" (Rm 8:2; cf. 1Cor 15,56; Rm 7:13). Se Deus, apesar disto, quis este sistema imperfeito, ele o quis apenas como um regime transitório de pedagogo (Gl 3:24), para dar ao homem a consciência de seu pecado (Rm 3:19s; 5,20; Gl 3:19) e levá-lo a esrar sua justiça somente da graça de Deus (Gl 3:22; Rm 11:32). Por sua natureza transitória, este regime deve desaparecer para dar lugar ao cumprimento da promessa feita anteriormente a Abraão e à sua descendência (Gl 3:6-22; Rm 4). Cristo pôs fim à Lei (Ef 2:15; cf. Rm 10:4) "cumprindo-a" (cf. Mt 3:15; 5,17), em tudo o que ela tem de positivo (Rm 3:31; 9,31), especialmente por sua morte, expressão máxima de seu amor (Rm 5:8; 8,35.39; Gl 2:20; Fl 2,5-8); com isso ele satisfazia igualmente as exigências com relação aos pecadores dos quais quis tornar-se solidário (Gl 3:13+; Rm 8:3+; Cl 2:14). Ele libertou os filhos da tutela do pedagogo (Gl 3:25s). Com ele, eles estão mortos para a Lei (Gl 2:19; Rm 7:4-6; cf. Cl 2:20), da qual "ele os resgatou" (Gl 3:13), para fazer deles filhos adotivos (Gl 4:5). Pelo Espírito da promessa, ele dá ao homem novo (Ef 2:15+) a força interior para cumprir o bem que a Lei ordenava (Rm 8:4s). Este regime da graça, que substitui o regime da Lei antiga, pode ainda ser chamado lei, mas é a "lei da fé" (Rm 3:27), a "lei de Cristo" (Gl 6:2), a "lei do Espírito" (Rm 8:2), que se reduz toda ela ao amor (Gl 5:14; Rm 13:8-10; cf. Tg 2:8; Jo 13:34), participação ao amor do Pai e do Filho (Gl 4:6; Rm 5:5+).