Antologia da Espiritualidade

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Capítulo XXII

Sempre coração


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Para exaltar a glória da bondade,

Não digas, alma irmã, que nada tens.

De gota a gota, o mar se consolida

E, migalha em migalha, a grandeza da vida

É um mar excelso de infinitos bens.


Caridade recorda a Natureza

Que na bênção de Deus se concebe e aglutina,

Revelando no todo,

Da cúpula do céu, às entranhas do lodo,

Que a presença do amor é sempre luz divina.


A bolsa generosa em socorro fraterno

Lembra o sol a servir, tanto quanto fulgura,

Mas o vintém doado em auxílio a quem chora

É o copo de água pura à sede que devora,

A solidariedade em forma de ternura.


A fortuna em serviço é a usina poderosa

Da civilização na força que lhe empresta,

Garantindo o progresso, a cultura e a beleza,

Mas da espiga singela é que o pão vem à mesa

E da semente humilde é que nasce a floresta.


O prato, o cobertor, a roupa restaurada,

Um traço de carinho em amparo de alguém,

Podem ser, alma irmã, o complemento justo,

Para que se nos faça o regresso sem custo

Ao campo de trabalho e à integração no bem.


Nunca fales “não tenho” e nem digas “não posso”,

Traze ao louvor do bem o braço amigo e irmão,

Um sorriso a quem passa ao vento e ao desalinho,

Uma flor de esperança às pedras do caminho,

Que a caridade, em tudo, é sempre coração.




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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