Gotas de Luz

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Capítulo XI

Grãos da Verdade


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Se pretendes grande prêmio,

Bela vida e boa fama,

Não te faças tagarela,

Nem te demores na cama.


Suporta com paciência

As dores de teu roteiro.

Mais vale a senda espinhosa

Que as mãos de mau companheiro.


Dois dardos arremessamos,

Lacerando o coração:

— O insulto que sai da boca

E a pedra que sai da mão.


Não publiques teu desgosto

Por mais humilde e singelo.

Quando o touro cai na praça

Alguém afia o cutelo.


Cultiva o silêncio amigo.

O tolo que cerra os lábios

Pode ser admitido

Como sábio entre os mais sábios.


Se procuras a alegria,

Sonhando dias serenos,

Pensa muito na jornada,

Fala pouco e escreve menos.


No serviço construtivo,

Guarda a vida bem segura.

Meio palmo de preguiça

Traz dez léguas de amargura.


Quem adota por sistema

Cerimônia e condição,

Começa gozando a paz

E acaba na solidão.


Haja pranto na bigorna,

Haja aspereza no malho,

Ergue o corpo cada dia

Para a bênção do trabalho.


De opiniões tresloucadas

Não te percas ao sussurro.

O burro que vai a Roma

Segue asno e volta burro.


A caridade cortês,

Desconhecida no Céu,

Costuma esconder a bolsa

E arregaçar o chapéu.


Quem foge à paz e à bondade

Semeia discórdia e treva.

Toda obra sem amor

É folha que o vento leva.




Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier


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