Melquisedeque

Dicionário Bíblico

Fonte: Dicionário Adventista

Melquisedeque: Rei de Salém, e sacerdote do Altíssimo Deus, que encontrou Abraão, quando este voltava da carnificina de Quedor-laomer: apresentou pão e vinho, abençoou aquele patriarca, e recebeu dele os dízimos (Gn 14:17-20). Num dos salmos messiânicos (Sl 110:4), Jesus é descrito como sacerdote para sempre ‘segundo a ordem de Melquisedeque’. Este ponto é tratado muito amplamente em Hb 5:6-7, onde a relação entre Melquisedeque e Cristo, como tipo e antítipo, está nestas particularidades: cada um deles é sacerdote,
(1). não segundo a ordem levítica –
(2). tem superioridade sobre Abraão –
(3). não se conhecendo o seu princípio e o seu fim –
(4). e não só é sacerdote, mas também rei de paz e de justiça.

Quem é quem na Bíblia?

Autor: Paul Gardner

Melquisedeque:

Em hebraico, seu nome significa “rei de justiça” ou “meu rei é justo”; no texto grego do Novo Testamento, foi apenas transliterado. Este vocábulo aparece numa seção histórica (Gn 14), num texto poético (Sl
110) e na parte doutrinária de uma epístola do Novo Testamento (Hb 5:7). A primeira menção deste termo está datada em aproximadamente dois milênios antes de Cristo, a segunda em aproximadamente um milênio e a terceira na segunda metade do século I depois do nascimento de Cristo (Gn 14:18; Sl 104:4; Hb 5:6-10; Hb 6:20;7:1-11,15,17).

Abraão e Melquisedeque (Gn 14:17-20)

Quedorlaomer, rei de Elão (moderno Irã), e mais três aliados declararam guerra contra cinco reis que governavam os territórios próximos do mar Morto. A confederação estrangeira venceu a guerra. Seus soldados saquearam as cidades de Sodoma e Gomorra e levaram os moradores como prisioneiros. Entre os cativos encontrava-se também Ló, sobrinho de Abraão, e sua família (Gn 14:1-12). O patriarca, com 318 homens bem treinados, perseguiu, atacou e derrotou as forças invasoras, resgatou Ló e seus parentes e apossou-se de todos os bens que foram levados (vv. 13-16). Quando Abraão retornou da batalha, foi saudado pelo rei de Sodoma (v. 17), o qual lhe ofereceu os espólios recuperados. O patriarca recusou-se a tomar qualquer objeto que fosse do espólio, para que o rei não dissesse depois que o enriquecera. Abraão fez um juramento em nome do Deus Altíssimo, Criador do céu e da terra (vv. 22-24) e, assim, se separou da adoração politeísta praticada pelos reis que viviam na área do mar Morto. De Melquisedeque, entretanto, recebeu pão e vinho e uma bênção no nome do Senhor, Criador do céu e da terra. Este homem era rei de Salém (Jerusalém, veja Sl 76:2) e sacerdote do Deus Altíssimo; Abraão deu-lhe o dízimo de tudo (Gn 14:18-20).

Melquisedeque conhecia a Deus por meio de uma tradição que se espalhou após o Dilúvio ou devido a uma revelação sobrenatural. Percebeu que Abraão servia ao mesmo Senhor (v. 22). O patriarca, por sua vez, reconheceu Melquisedeque como sacerdote de Deus, digno de receber seu dízimo (v. 20). Embora a referência ao rei de Salém em Gênesis seja breve, aparece num contexto que o retrata como uma figura histórica.

Um documento encontrado em Qunrã considerava Melquisedeque um ser angelical que ministrava o juízo de Deus. Nos primeiros séculos da Igreja cristã, era comum ser descrito como um anjo encarnado, no tempo de Orígenes, Jerônimo e Agostinho. Outros o têm relacionado com Sem, filho de Noé, e até mesmo com o Messias. Todas essas teorias, porém, são especulativas. O escritor da epístola aos Hebreus, entretanto, contrastou o sacerdócio permanente de Melquisedeque com o serviço sacerdotal da ordem dos levitas, o qual era constantemente interrompido pela morte dos oficiantes. Descreveu Melquisedeque como contemporâneo de Abraão, e sabemos que ambos estão fundamentados na História.

O escrito de Davi sobre Melquisedeque (Sl 110:4)

Aproximadamente um milênio depois de Abraão, Davi compôs um Salmo no qual retratou seu “Senhor” como rei e sacerdote. No primeiro verso do Salmo o SENHOR convidou o Senhor de Davi a sentar-se à sua destra em esplendor real. No quarto verso, o SENHOR fez um juramento e disse ao Senhor de Davi: “Tu és sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque”. O juramento é irrevogável, porque o SENHOR jamais muda de ideia. A pessoa mencionada neste salmo torna-se rei e sacerdote. No Templo, ele nunca cumpriria as funções sacerdotais reservadas apenas aos descendentes de Levi. Ainda assim, de acordo com o modelo de Melquisedeque, desempenharia tanto as funções reais como as sacerdotais. Davi falou profeticamente sobre um sacerdócio que era mais elevado do que o de Arão e seus sucessores.

Jesus esclareceu as palavras do Salmo 110:1, ao identificar o Senhor de Davi como o Messias (Mt 22:41-46), o qual funcionava como rei. Ao aplicar esse salmo a si mesmo, ensinou que a referência “meu Senhor” falava sobre alguém superior a Davi. De qualquer maneira, Cristo não fez qualquer alusão ao sacerdócio de Melquisedeque, mencionado na segunda parte do Salmo 110.

Hebreus e Melquisedeque (Hb 5:6-10; Hb 6:20;7:1-11,15,17)

O escritor da epístola aos Hebreus é o único autor do cânon do Novo Testamento que estabelece a doutrina do sacerdócio de Cristo. Paulo fez uma referência indireta a esse assunto (Rm 8:34). Escreveu que Jesus está sentado à direita de Deus (como rei), e intercede por seu povo (como sacerdote). O escritor aos Hebreus, por outro lado, devotou quase toda a epístola para falar sobre o sacerdócio do Filho de Deus. Cristo purifica seu povo dos pecados (Hb 1:3). É o Sumo Sacerdote misericordioso e fiel, que faz expiação pelos pecados do povo (2:17). Foi designado por Deus como intercessor segundo a ordem de Melquisedeque (5:10; 6:
20) e tornou-se sacerdote por meio do juramento do Senhor (7:21). Jesus entrou no Santíssimo Lugar de uma vez por todas (9:12,24,26) e sentou-se à direita de Deus, após oferecer um sacrifício definitivo pelos pecados (10:12). O escritor aos Hebreus expõe a superioridade do sacerdócio da ordem de Melquisedeque sobre o sacerdócio levítico especialmente no capítulo 7. Melquisedeque era o governante de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo (v. 1), o que significa ser rei da justiça (zedeque) e da paz (Salém). Além de governar como monarca, Melquisedeque era um sacerdote sem genealogia. As palavras “sem pai, sem mãe” (v. 3) significam que não tinha linhagem com a qual identificar-se. Não existem referências ao seu parentesco, nascimento ou morte. Enquanto os descendentes de Levi precisavam mostrar sua linhagem para servir no Tabernáculo e, posteriormente, no Templo, por um período relativamente curto de suas vidas, Melquisedeque, mesmo sem linhagem, tem um sacerdócio que permanece para sempre (v. 3). O escritor aos Hebreus declara que não é o Filho de Deus que se assemelha a Melquisedeque, mas sim Melquisedeque que é semelhante ao Filho de Deus, o qual é eterno (v. 3). Assim, esse sacerdote real serviu como uma figura de Cristo e prefigurou a justiça e a paz, que são as características do Messias.

Da passagem de Gênesis, o escritor aos Hebreus demonstrou que Melquisedeque, o sacerdote de Deus, era superior a Abraão, o pai dos crentes. O patriarca deu o dízimo ao rei de Salém e recebeu dele uma bênção espiritual. O senso comum ensina que a pessoa que recebe o dízimo e abençoa o que o dá é o maior dos dois. Assim, Melquisedeque é superior a Abraão, pois recebeu o dízimo até mesmo de Levi, representado figuradamente pelo patriarca (Hb 7:4-10). Isso deixa claro que o sacerdócio da ordem de Melquisedeque é superior ao sacerdócio levítico. Ao estabelecer as normas, Deus limitou o serviço sacerdotal aos levitas e excluiu todas as demais tribos de Israel. Essa lei em nada aperfeiçoava e foi, portanto, anulada. O Senhor, entretanto, confirmou o sacerdócio de Melquisedeque por meio de um juramento que garantiu sua eternidade. Portanto, por causa desse juramento, Jesus é sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedeque (vv. 11-22). S.J.K.


Dicionário da Bíblia de Almeida

Fonte: Sociedade Bíblica do Brasil

Melquisedeque: Melquisedeque [Rei da Justiça] - Rei de SALÉM e sacerdote do Deus Altíssimo. Abençoou a Abraão e recebeu dele o dízimo (Gn 14:18-20). Melquisedeque é um TIPO de Cristo, o Rei-sacerdote (Sl 110:4); (Heb 5:6,10); 6.20; 7:1-28).

Strongs


כֹּהֵן
(H3548)
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kôhên (ko-hane')

03548 כהן kohen

particípio ativo de 3547; DITAT - 959a; n m

  1. sacerdote, oficiante principal ou governante principal
    1. rei-sacerdote (Melquisedeque, Messias)
    2. sacerdotes pagãos
    3. sacerdotes de Javé
    4. sacerdotes levíticos
    5. sacerdotes aadoquitas
    6. sacerdotes araônicos
    7. o sumo sacerdote

מַלְכִּי־צֶדֶק
(H4442)
Ver ocorrências
Malkîy-Tsedeq (mal-kee-tseh'-dek)

04442 מלכי צדק Malkiy-Tsedeq

procedente de 4428 e 6664, grego 3198 Μελχισεδεκ; DITAT - 1199i; n pr m

Melquisedeque = “meu rei é Sedeque”

  1. rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo a quem Abrão deu o dízimo depois da batalha que teve para libertar Ló; ’a ordem de Melquisedeque’ a ordem do sacerdócio à qual Cristo pertence

שָׁלֵם
(H8004)
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Shâlêm (shaw-lame')

08004 שלם Shalem

o mesmo que 8003, grego 4532 σαλεμ; n pr loc

Salém = “paz”

  1. o lugar onde Melquisedeque era rei
    1. a maioria dos comentaristas judeus afirma que é o mesmo que Jerusalém