Enciclopédia de II Samuel 1:14-14

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

2sm 1: 14

Versão Versículo
ARA Davi lhe disse: Como não temeste estender a mão para matares o ungido do Senhor?
ARC E Davi lhe disse: Como não temeste tu estender a mão para matares ao ungido do Senhor?
TB Davi disse-lhe: Como não tiveste medo de estender a mão para matares ao ungido de Jeová?
HSB וַיֹּ֥אמֶר אֵלָ֖יו דָּוִ֑ד אֵ֚יךְ לֹ֣א יָרֵ֔אתָ לִשְׁלֹ֙חַ֙ יָֽדְךָ֔ לְשַׁחֵ֖ת אֶת־ מְשִׁ֥יחַ יְהוָֽה׃
BKJ E Davi lhe disse: Como não temeste estender a tua mão para destruir o ungido do SENHOR?
LTT E Davi lhe disse: Como não temeste tu estender a mão para matares ao ungido do SENHOR?
BJ2 Disse-lhe Davi: "Como não receaste levantar a mão contra o ungido de Iahweh para tirar-lhe a vida?"

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de II Samuel 1:14

Números 12:8 Boca a boca falo com ele, e de vista, e não por figuras; pois, ele vê a semelhança do Senhor; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?
I Samuel 24:6 e disse aos seus homens: O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do Senhor, estendendo eu a minha mão contra ele, pois é o ungido do Senhor.
I Samuel 26:9 E disse Davi a Abisai: Nenhum dano lhe faças; porque quem estendeu a sua mão contra o ungido do Senhor e ficou inocente?
I Samuel 31:4 Então, disse Saul ao seu pajem de armas: Arranca a tua espada e atravessa-me com ela, para que, porventura, não venham estes incircuncisos, e me atravessem, e escarneçam de mim. Porém o seu pajem de armas não quis, porque temia muito; então, Saul tomou a espada e se lançou sobre ela.
Salmos 105:15 Não toqueis nos meus ungidos e não maltrateis os meus profetas.
II Pedro 2:10 mas principalmente aqueles que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia e desprezam as dominações. Atrevidos, obstinados, não receiam blasfemar das autoridades;

Mapas Históricos

Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados ​​para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.

AS CONQUISTAS DE DAVI

1010-970 a.C.
DAVI UNGIDO REI DE JUDÁ
Davi ficou arrasado com a notícia da morte do rei Saul e de seu filho Jônatas no monte Gilboa. Quando um amalequita he contou como havia ajudado o rei Saul a cometer suicídio, Davi ordenou. sua execução. Desse modo, deixou claro que não sentiu nenhuma satisfação com a morte de Saul e que considerou o amalequita responsável pelo assassinato do ungido do Senhor. Em seguida, Davi se dirigiu a Hebrom, onde foi ungido rei de Judá. Ele tinha trinta anos de idade. Em Hebrom, Davi reinou sobre Judá por sete anos e meio.

ISBOSETE É COROADO REI DE ISRAEL
Ao invés de reconhecer Davi, Abner, o comandante do exército de Saul, colocou o único filho sobrevivente de Saul no trono de Israel. (Israel, neste caso, é o território ocupado pelas tribos do norte e por Benjamim. Porém, tendo em vista a vitória dos filisteus, é difícil dizer ao certo quanto desse território estava sob controle israelita.) Em II Samuel, esse filho de Saul é chamado de Isbosete, que significa "homem de vergonha", um nome nada apropriado para um rei. Em 1Crônicas 8.33 aparece seu nome verdadeiro, Esbaal, "homem de Baal", que foi alterado pelos escribas de Samuel. Diz-se que o reinado de Isbosete durou dois anos, durante os quais houve conflitos entre os seus homens e os de Davi. Quando Abner desertou para o lado de Davi, o poder de Isbosete se enfraqueceu e o rei de Israel foi assassinado por dois dos seus oficiais. Mais uma vez, desejoso de se eximir de qualquer cumplicidade, Davi mandou executar os assassinos. As tribos do norte foram a Hebrom e ali ungiram Davi como rei sobre todo o Israel.

DAVI TRATA DA AMEAÇA FILISTÉIA
A existência dos governos rivais de Isbosete e Davi era conveniente aos interesses dos filisteus, ao passo que o poder centralizado em Davi representava uma ameaça mais séria. Assim, um exército filisteu se reuniu no vale de Refaim, perto de Jerusalém, que era ainda um encrave jebuseu e, portanto, sob controle dos cananeus. objetivo era isolar Davi de seus novos aliados do norte em seu ponto mais vulnerável. Davi derrotou os filisteus nesse local não apenas uma, mas duas vezes. Depois da segunda vitória, feriu os filisteus desde Gibeão até Gezer, pondo fim ao seu domínio sobre Israel.

DAVI CONQUISTA JERUSALÉM
O encrave jebuseu chamado posteriormente Jerusalém dividia o território de Davi em duas partes: Israel, ao norte, e Judá, ao sul. Cercada por vales profundos de três lados e provida de boas fontes de água, a cidade contava com um grande potencial defensivo, daí não ter sido conquistada pelos israelitas até então. Tendo em vista sua localização central, também seria uma excelente capital para Davi, aceitável tanto para Israel quanto para Judá.
Davi tomou Jerusalém usando seu exército pessoal, mas o relato bíblico não fornece detalhes.
A referência a um canal subterrâneo sugere que Davi conhecia um túnel secreto, talvez aquele que liga a fonte de Giom, do lado de fora das muralhas, ao interior da cidade.' Davi se mudou para Jerusalém e, como o nome "Cidade de Davi" deixa claro, a cidade passou a ser considerada sua propriedade pessoal.

A ARCA DA ALIANÇA CHEGA EM JERUSALÉM
Depois de capturarem a arca da aliança, os filisteus a haviam levado para as cidades filistéias de Asdode, Gate e Ecrom. Quando a população de Asdode foi afligida com tumores, a arca foi enviada a Bete-Semes, em território israelita, num carro puxado por duas vacas e sem nenhum condutor. De lá, foi transportada para Quiriate- Jcarim. Davi decidiu levar a arca para Jerusalém. Na primeira tentativa, Uzá foi morto quando estendeu a mão para segurar a arca. A segunda tentativa foi bem sucedida e cercada de festividades ao som de harpas, liras, adutes, sistros e cimbalos; Davi dançou com todas as suas forças. Uma tenda foi levantada para receber a arca e foram nomeados sacerdotes para realizar os sacrifícios exigidos pela lei. Assim, Jerusalém se tornou não apenas a capital política do reino de Davi, mas também o seu centro religioso, apesar do Senhor ter revelado por meio do profeta Natâ que não caberia a Davi, mas sim a um de seus filhos, construir um templo permanente para abrigar a arca.

AS GUERRAS DE DAVI
Davi realizou uma série de campanhas militares agressivas contra as nações vizinhas. É difícil determinar a seqüência cronológica exata de suas batalhas, mas, no final, Davi assumiu o controle de um império de tamanho considerável. Quando os amonitas humilharam os embaixadores israelitas raspando metade da barba e rasgando metade da roupa de cada um, Joabe, o comandante do exército de Davi, cercou Rabá (atual Ama), a capital de Amom. Os amonitas contrataram mercenários dos estados arameus de Bete-Reobe, Zobá e Tobe, ao norte. loabe expulsou os arameus, mas eles se reagruparam e voltaram com um novo exército. Davi deslocou suas tropas para Helà (talvez a atual Alma, no sul da Síria) e derrotou os arameus, matando seu comandante, Sobaque. Enquanto Joabe deu continuidade ao cerco a Rabá, Davi voltou a Jerusalém e, por essa época, cometeu adultério com Bate-Seba e ordenou que seu marido, o heteu Urias, fosse morto. Além de ter seu nome denegrido por esses atos, Davi recebeu uma repreensão severa do profeta Natâ. Por fim, Rabá foi tomada, o povo da cidade foi sujeitado a trabalhos forçados e a coroa amonita repleta de jóias, pesando cerca de 34 kg, foi colocada, provavelmente apenas por alguns instantes, sobre a cabeça de Davi. Davi derrotou os moabitas, poupando um terço deles e matando os outros dois terços. Davi talvez, mais precisamente, Joabe e Abisai matou dezoito mil edomitas no vale do Sal, na Arabâ, ao sul do mar Morto e colocou guarnições em todo Edom. Em seguida, o rei de Israel voltou sua atenção para Hadadezer, monarca do reino arameu de Zobá, e tomou dele mil carros. Considerando-se que Davi jarretou ou aleijou todos os cavalos que puxavam os carros, poupando apenas cem animais, ele parecia não considerar os carros importantes para os seus próprios exércitos. Os israelitas ainda travavam a maior parte de suas batalhas à pé. Quando os arameus de Damasco socorreram Hadadezer de Zobá, Davi os derrotou e colocou guarnições em Damasco. O reino de Davi se estendeu do ribeiro do Egito (Wadi el- Arish) até perto do rio Eufrates.

ISRAEL ACUMULA RIQUEZAS
Davi tomou como espólio de Hadadezer escudos de ouro e uma grande quantidade de bronze. Toí, o rei arameu de Hamate, certamente ficou satisfeito com a derrota de Zobá e, ansioso para firmar uma relação amigável com Davi, enviou seu filho Jorão a fim de parabenizá-lo e presenteá-lo com ouro, prata e bronze. Talmai, o rei arameu de Gesur, deu a mão de sua filha Maaca em casamento a Davi. Hirão, o rei da cidade costeira fenícia de Tiro, também Tiro, considerou importante manter relações amigáveis com Davi e, além de toras de cedro, enviou carpinteiros e canteiros, que construíram um palácio para Davi em Jerusalém.

As conquistas de Davi
Depois de subir ao trono, Davi realizou varias campanhas de conquista de território estrangeiro e levou a arca da aliança para Jerusalém, a nova capital do seu reino.
As conquistas de Davi
As conquistas de Davi
Escavações de um muro de arrimo da "cidade de Davi" em Jerusalém, datado do século X a.C.
Escavações de um muro de arrimo da "cidade de Davi" em Jerusalém, datado do século X a.C.

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Reino de Davi e de Salomão

Informações no mapa

Tifsa

Rio Eufrates

HAMATE

SÍRIA (ARÃ)

Hamate

Rio Orontes

Ribla

Zedade

ZOBÁ, ARÃ-ZOBÁ

Tadmor (Palmira)

Zifrom

Hazar-Enã

Lebo- Hamate

Gebal

Cobre

Berotai

Deserto da Síria

Sídon

SIDÔNIOS (FENÍCIA)

Cadeia do Líbano

BETE-REOBE

Cadeia do Antilíbano

Damasco

Mte. Hermom

Tiro

Abel

MAACÁ, ARÃ-MAACÁ

Basã

Terra de Cabul?

Hazor

Argobe

GESUR

Dor

Vale de Jezreel

En-Dor

Helão

Megido

Mte. Gilboa

Lo-Debar

Rogelim

Bete-Seã

Jabes-Gileade?

Salcá

Tobe

Sucote

Maanaim

Jope

Silo

Gileade

Ramá

Zereda

Rabá

Gezer

Gilgal

AMOM

Ecrom

Jerusalém

Hesbom

Gate

Belém

Medeba

FILÍSTIA

Gaza

Hebrom

En-Gedi

Aroer

Ziclague

Jatir

Betel

MOABE

Berseba

Ramote

Mispa

Aroer

Vale do Sal?

Torrente do Egito

Neguebe

Tamar

Cobre

Punom

EDOM

Deserto de Parã

Deserto da Arábia

Eziom-Geber

Elote, Elate

Bete-Horom Baixa

Bete-Horom Alta

Gezer

Gibeão

Geba

Quiriate-Jearim

Gibeá

Anatote

Baurim

Nobe

Baal-Perazim

Ecrom

Bete-Semes

Jerusalém

Fonte de Giom

Poço de En-Rogel

Gate

Vale de Elá

Azeca

Socó

Belém

Adulão

Queila

Gilo

Tecoa

Deserto de Judá

Cisterna de Sirá

Hebrom

Jesimom

Zife

Horesa

Estemoa

Carmelo

Maom

Informações no mapa

Reino de Davi

Reino de Salomão

Importações

Exportações

Para os hititas e a Síria: cavalos, carros de guerra

De Társis: ouro, prata, marfim, macacos, pavões

De Tiro: cedro, junípero, ouro

Para Tiro: cevada, trigo, vinho, azeite

Do Egito: cavalos, carros de guerra

De Ofir: ouro, pedras preciosas, madeira

Da Arábia: ouro, prata


Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita

Não foram encontradas referências em Livro Espírita.

Referências em Outras Obras


CARLOS TORRES PASTORINO

2sm 1:14
Sabedoria do Evangelho - Volume 8

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 22
CARLOS TORRES PASTORINO

LC 23:2


2. Começaram, pois, a acusá-lo, dizendo: Encontramos este corrompendo nosso povo e proibindo de pagar tributo a César, e dizendo ser ele um rei ungido.

JO 18:29-32


29. Saiu então Pilatos para fora até eles e disse: Que acusação trazeis contra este homem?

30. Responderam-lhe e disseram: Se não fosse ele malfeitor, não to entregaríamos.

31. Disse-lhes então Pilatos: Tomai-o vós e julgaio segundo vossa lei. Disseram-lhe os judeus: Não nos é licito matar ninguém.

32. Para que se cumprisse o ensino que Jesus disse, revelando de que espécie de morte devia morrer.



João acompanhou de perto os passos de Jesus, tendo assistido pessoalmente às cenas que descreve; em vista disso, sua narrativa contém mais pormenores, que lhe emprestam vivacidade, ganhando em precis ão e colorido.


Em sua qualidade de governador, era impossível a Pilatos satisfazer-se em ratificar a sentença do Sinédrio; imprescindível estudar a questão de competência e o grau de culpabilidade do acusado, a fim de instruir o processo dentro do, preceitos legais da justiça romana.


Acedendo ao que solicitavam as autoridades eclesiásticas dos judeus, saiu do Pretório à sacada do prédio, a fim de não coagi-los a entrar em ambiente que os fizesse adquirir impureza legal. Fora, indagou qual a acusação que faziam. As autoridades israelitas tentam ver se conseguem uma simples ratificação da sentença por eles proferida, indiretamente solicitando que o governador confie no julgamento do Sinédrio: "se não fora malfeitor, não to entregaríamos".


Ora, se a culpa se limitasse a um simples caso policial, cujos resultados não fossem graves, o próprio Sinédrio tinha poderes para resolver. Mas se envolvesse pena grave, como sentença de morte, então a competência seria sua. Diante da afirmativa audaciosa de que a sentença do Sinédrio havia sido proferida.


Pilatos resolve ironicamente o caso que eles mesmos executem a sentença. Por que deveria ele assumir o encargo de condenar por inocente? Para que mais uma vez eles o denunciassem a Roma por causa de execuções ilegais?


Surpresos com a "saída" inteligente do governador, os sacerdotes judeus abrem o jogo e se descobrem: " não podemos matar ninguém". Tratava-se, pois, de uma condenação à morte e precisavam da autoriza ção de Pilatos. Então o delito era grave e a competência era do governador. Restava resolver a questão da culpabilidade, e esta exigia a audiência, sendo ouvido o réu, dando-se-lhe oportunidade ampla de defesa, segundo as leis romanas.


Em Lucas encontramos que, diante de Pilatos, os judeus não falaram de blasfêmia, mas limitaram-se a acusar Jesus como agitador de massas ou como hoje se diria, "subversivo", que preparava uma revolução contra Roma, inclusive aconselhando o povo a não pagar impostos a César, o que constituía deslavada mentira (cfr. MT 17:24-27 e LC 20:20-26), mesmo porque tinha, entre seus discípulos, um cobrador de impostos, que era Mateus, e rendera homenagem, elogiando-o, a um chefe de cobradores, Zaqueu.


Dizem mais: que Jesus dizia ser um "rei ungido" (basiléa chrístos), que as traduções vulgares dão como "Cristo rei". Ora, naquela época, a palavra christós expressava a unção real, e não o sentido que hoje lhe damos. No máximo poderia exprimir o caráter messiânico, de "ungido" para a missão espiritual soteriológica.


Disso nos dão conta os próprios textos do Antigo Testamento, que, na língua hebraica trazem o vocábulo moshâh ou mashàh, "ungir" e mashiàh, "ungido", transliterado para o português como messias, raiz que constituiu o nome moshê, (Moisés) que significa "o enviado". Ora, a não ser o último que foi transliterado para o grego como nome próprio (quando seria mais um título), todos os outros passos foram traduzidos pelos LXX como christós, ou seja, "ungidos".


E essa unção com azeite era aplicada não apenas aos reis, como também aos sacerdotes, como se diz de Aristóbulo (2. º Mac. 1:10) e mesmo de Ciro, que nem israelita era, mas persa (IS 45:1). Mas o "ungidos" (christós) eram constantemente citados, nada tendo que ver com o sentido atualmente atribu ído à palavra Cristo (cfr. : 1SM 2:10, 1SM 2:35; 12:3, 5; 16:6; 24:7 (2 x); 26:9, 11, 16, 23; 2SM 1:14-16; 19:21; 22:51; 23:1; 1CR. 16:22; 2CR 6:42; Salmos, 2:2; 18:50; 20:6; 28:8; 84:9; 89:38, 51; 105:15; 132:10, 17; EC 46:22; Lament. 4:20; DN 9:25, DN 9:26; e Hab. 3:13).


Então não podemos, honestamente, traduzir aqui basiléa christós por "Cristo rei", mas apenas como" um rei ungido", ou seja, divinamente consagrado.


João esclarece aos leitores, dentro das possibilidades de divulgação esotérica, que Jesus havia revelado a Seus discípulos qual a "espécie" de morte que deveria sofrer, para conquista de Seu novo grau iniciático.


Esse último versículo constitui verdadeira revelação para quem tenha olhos de ver, ouvidos de ouvir e coração de entender. Dentro da lógica mais rígida, racional e espontânea, esse versículo está sobrando no contexto. Não houve nenhuma alusão a qualquer gênero específico ou qualidade especial de morte, O único aceno feito, foi a frase dos sacerdotes: "não nos é lícito matar ninguém". Por que, depois disso, essa intromissão extemporânea: "para que (hiná) o ensino de Jesus (ho lógos toú Ièsoú) se cumprisse (plèrôthei), o qual disse revelando (hón eípen sêmaínôn) de que espécie de morte (poiôi thánatôi) devia morrer (emellen apothnêskein)".


Essa frase não se refere ao modo ou ao gênero de morte, isto é, se se trataria de morte natural ou violenta, se de doença, de fome, decapitado ou crucificado, pois nesse contexto não se fala em crucificação.


Se prestarmos atenção aos termos, verificamos; que se fala da espécie ou qualidade (poiôi) de morte, ou literalmente "de qual morte".


Considerando-se que a morte, no sentido corrente, é de uma só espécie, ou seja, é constituída pela separação realizada entre a alma (psychê) e o corpo (sôma), temos que procurar o sentido desse "ensino de Jesus", que parece ter-se afastado exatamente do sentido normal e corriqueiro: o Mestre falou de outra "espécie" de morte.


Plutarco (Morales, 942 f) esclarece o pensamento da época quando escreve: "a primeira morte (thánatos) separa a alma (psychê) do corpo (sôma); a segunda morte (thánatos) separa a mente (noús) da alma (psychê)". O mesmo autor fala da iniciação (teleutãn) com essas mesmas palavras (cfr. Crasso,

25) e o mesmo é dito por Dionísio de Halicarnasso (Antiquitates Romanae, 4,76).


Ora, em todos os ritos iniciáticos de todas as Escolas, inclusive até hoje na Maçonaria, houve e há a compreensão de duas mortes. E René Guénon ("Aperçus sur l"Initiation", Paris, 1953, pág. 178) escreve: "A morte iniciática excede as contingências inerentes aos estados particulares do ser e tem, por consequência, valor profundo e permanente do ponto de vista universal". E prossegue em suas considerações, firmando o sentido da palavra "morte" como exprimindo "toda mudança de estado, que sempre constitui duplo processo: morte para o estado antecedente e nascimento no estado consequente".

portanto, a morte do iniciado expressa o abandono da vida profana para que se nasça à vida espiritual, que é justamente a espécie de morte que ocorre na iniciação ao terceiro grau da Maçonaria e na "ordenação sacerdotal" na igreja católica.


O candidato à iniciação deve passar pela escuridão total, antes de penetrar na verdadeira luz espiritual.


E vimos que, durante a crucificação de Jesus, os evangelistas falam nas trevas que ocorreram (MT 27:45, MC 15:33 e LC 23:44) além do que narram seu encerramento no túmulo de pedra, durante o qual se deu - como sempre ocorria nas verdadeiras iniciações - a descida ao hades. Só depois disso o iniciado se erguia (ressurreição) como nova criatura, totalmente libertado dos laços materiais densos. Essa era a primeira morte e esse o segundo nascimento, embora se realizasse, mais tarde, a segunda morte e o terceiro nascimento, quando se abandonava esse segundo estado (plano psíquico) para renascer no terceiro estado (plano espiritual), que então constituía a libertação total não apenas da matéria densa, mas até mesmo do psiquismo, com domínio absoluto sobre os corpos inferiores; e isso também ocorreu com Jesus, na conhecida cena da ascensão.


Tudo isso, consta das páginas do Novo Testamento, confirmando nossa interpretação.


A morte iniciática era, portanto, de uma espécie diferente da morte comum. Os egípcios a denominavam "morte de Osíris" e, para realizar esse rito da pseudo-morte construíram algumas das pirâmides (a de Khéops, por exemplo). E só essa construção bastaria para demonstrar-nos o alto valor espiritual que era atribuído a esse rito.


Já estudamos um caso desses em o Novo Testamento (vol. 6, que convém reler e reestudar), ocorrido com Lázaro.


Mas não parou aí o ensino dessa espécie de morte, pois nas cartas de Paulo (anteriores, no tempo, à redação dos Evangelhos) encontramos vários trechos. alusivos a esse rito. Bastar-nos-á, como comprovação, citar alguns.


Aos ROMANOS 6:2-3: "Nós, que já morremos ao erro (ilusão), como viveremos ainda nele? Porventura ignorais que todos os que fomos mergulhados em Cristo Jesus, fomos mergulhados em Sua morte? Fomos, pois sepultados com ele na morte pelo mergulho, para que, como Cristo se levantou dos mortos pela substância do Pai, assim também nós caminhemos em novidade de vida. Se a ele fomos unificados na semelhança de Sua morte, também o veremos, certamente, em Seu reerguimento, reconhecendo isso: que o homem velho foi crucificado com ele, para que seja destruído o corpo do erro (o corpo da ilusão), a fim de que não sirvamos mais ao erro (à ilusão da carne). Porque, o que morreu, está justificado do erro. Mas, se já morremos com Cristo, vemos que também vivemos com ele, sabendo que, já que Cristo se levantou dos mortos, ele já não morre mais, pois a morte não o domina mais. Pois morrer, Ele morreu uma só vez ao erro, mas viver, Ele vive para Deus (para o Espírito).


Assim, vós também, compreendei estar mortos ao erro (à ilusão), mas vivos para Deus (para o Espírito), em Cristo Jesus".


Aos CORÍNTIOS (1. ª, 15:45-47): "O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente, o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, e, sim, o animal, e depois o espiritual: o primeiro homem é da terra, é terreno; o segundo homem é do céu".


E mais: "Por isso não fraquejamos: mas embora em nós se destrua o homem exterior, o homem interior se renova dia a dia" (2. ª, 4:16).


Aos EFÉSIOS 2:14-3: "Pois Ele (Jesus) é nossa Paz, Ele que dos dois fez um e destruiu o muro da separação, a oposição, pois aboliu em sua carne a lei dos mandamentos contidos nos preceitos, para que, dos dois Ele criasse em Si mesmo um homem novo, fazendo assim a paz, e reconciliasse ambos num só corpo, com Deus, por meio da cruz, tendo por ela matado a oposição".


Aos COLOSSENSES: "Se morrestes com Cristo (2:20) e fostes reerguidos juntamente com Cristo, buscai as coisas de cima (3:1). Pois morrestes, e vossa vida está escondida com Cristo em Deus. (3:3)".


Podemos entrever, nas entrelinhas, o ensino de Jesus a que se refere João: o Mestre ensinou-lhes a "espécie de morte" a que se submeteria, a morte iniciática, em que separaria temporariamente a psychê do sôma, com a descida ao hades, e depois regressaria ao sôma já vencedor e como nova criatura.



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de II Samuel Capítulo 1 do versículo 1 até o 27
SEÇÃO IV

O REINADO DE DAVI

II Samuel 1:1-20.26

Os livros de 1 e II Samuel eram originalmente um único registro sem interrupção. De I Samuel 31 em diante, a história faz um paralelo em parte com I Crônicas 10:29.

A. DAVI REINA EM HEBROM, 2 Sm 1:1-4.12

Os primeiros quatro capítulos de II Samuel referem-se aos sete anos e meio que Davi reinou como monarca de Judá na cidade de Hebrom. O paralelo em I Crônicas realiza-se durante este período e vai diretamente ao reino davídico sobre todo o Israel.

1. Davi é Informado da Morte de Saul (1:1-27)

Os primeiros versículos estabelecem a ligação da morte de Saul na batalha de Gilboa em I Samuel 31 com a derrota dos amalequitas em I Samuel 30 – eventos que ocorreram ao mesmo tempo. Gilboa ficava aproximadamente a 100 quilômetros ao norte de Jerusa-lém e Ziclague ficava a 80 quilômetros a sudoeste (veja o mapa). Foi no terceiro dia (2) que a mensagem da tragédia foi trazida pelo jovem amalequita que aparentemente esti-vera com Saul e os israelitas. Ele chegou com as vestes rotas e com terra sobre a cabeça, os sinais tradicionais de luto. Quando alcançou a Davi, ele se lançou no chão e se inclinou, ao reconhecer em Davi um parente rei.

A descrição do jovem do que acontecera difere do relato de I Samuel 31:4-6. Vários esforços têm sido feitos para explicar a discrepância. Alguns têm argumentado que há aqui duas histórias contraditórias sobre a morte de Saul encontradas em diferentes do-cumentos originais. Outros têm tentado reconciliar as duas versões, para presumir que o jovem amalequita chegou até Saul depois de haver atentado contra a sua própria vida, mas falhado. No entanto, é melhor considerar a história do amalequita como uma com-pleta mentira, contada a fim de garantir uma recompensa de Davi; ele erroneamente supunha que o genro do rei morto retribuiria o sentimento de ódio contra Saull.

Em resposta às perguntas aflitas de Davi, o informante relatou a debandada do exército, a morte de muitos do povo e também a de Saul e Jônatas (3,4). Quando ele perguntou especificamente como o mensageiro soube da morte de Saul e de Jônatas, o jovem declarou que se aproximara do rei gravemente ferido e apoiado sobre a sua lan-ça, apertado pelo inimigo (5,6). Ele relatou que Saul o chamou e perguntou a sua identi-dade; ao que ele respondeu: Sou amalequita (8). O rei então pediu que lhe desse um golpe mortal, mediante a afirmativa: porque angústias me têm cercado, pois toda a minha vida está ainda em mim (9). Angústias é literalmente "perplexidade, espan-to". O jovem pode ter escutado por alto a conversa de Saul e seu escudeiro, e substituiu parte do que pareceu servir ao seu propósito.

Ao explicar que tinha certeza de que o rei não poderia sobreviver aos seus ferimentos, o mensageiro declarou que desferiu o golpe fatal e tomou a coroa e o bracelete (ou a manilha) do corpo para entregar a Davi (10). Ele provavelmente retirara estes objetos do corpo do rei morto antes que os filisteus, que se aproximavam, o descobrissem, e fugiu com eles. Davi e todos em sua companhia rasgaram suas vestes, prantearam, e chora-ram, e jejuaram até ao anoitecer com uma dor sincera pela tragédia que acontecera ao seu povo (11-12).

Em resposta à pergunta de Davi quanto à sua origem, ele estendeu a breve afirma-ção do versículo 8: Sou filho de um homem estrangeiro, amalequita (13), isto é, um nômade que se fixara em Israel entre o povo, embora não um completo prosélito ou con-vertido à religião israelita. Seu pai era o que devemos provavelmente chamar de um residente imigrante. Ele, portanto, teria todo motivo para conhecer a admiração e o res-peito com o qual o ungido do Senhor (14) era estimado, e deveria ter estado tão teme-roso quanto o escudeiro esteve (1 Sm 31,4) para levantar a sua mão contra Saul. Davi rapidamente ordenou a execução do assassino confesso (15,16).

O escritor preserva uma linda elegia composta por Davi que deveria ser encontra-da no livro do Reto (também chamado de livro de Jasar ou livro dos Justos 18), uma coleção de poemas heróicos que celebram acontecimentos extraordinários na his-tória de Israel (cf. Js 10:12-13). Jasar significa reto ou justo. Este é um dos diversos livros mencionados no Antigo Testamento, do qual não temos qualquer conhecimento atual, exceto breves citações ocasionais'. O versículo 18, a introdução à elegia, é difícil de traduzir, mas devemos provavelmente seguir o texto de algumas versões: "Ordenou que ensinassem aos filhos de Judá o cântico do arco, o qual está escrito no livro de Jasar".

A composição em si é uma bela poesia lírica do tipo que tornou Davi merecidamente famoso como "o suave em salmos de Israel" ou "o mavioso salmista de Israel" (23.1). O poema expressa a genuína dor de Davi, e tem como seu refrão: Como caíram os valen-tes! (19,25,27) Ah! Ornamento de Israel! (19) — no hebraico, o esplendor ou a glória de Israel. Gato... Asquelom (20), as duas principais cidades da Filístia, que foram comple-tamente dominadas. Montes de Gilboa (21), o local onde a batalha foi travada e perdi-da. Campos de ofertas alçadas (21), isto é, colheita da qual as ofertas das primícias seriam tiradas — até mesmo a terra é convocada a prantear, ao tornar-se estéril.

As explorações militares de Saul e Jônatas são citadas em 22,23. A gordura dos valentes (22), isto é, "a carne dos valentes" (Moffatt). As filhas de Israel (24) são convocadas a chorar sobre Saul, que de forma exuberante lhes havia favorecido. A elegia termina com um tributo especial à amizade de Jônatas: Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres (26). A generosa nobreza de todo o poema é um tributo ao caráter de Davi. Poderia se esperar que ele exultasse com o fim da perseguição que o havia afastado da família e de sua terra natal, e da perspectiva de logo se tornar rei; mas, ao invés disso, ele voltou seus pensamentos para as qualidades admiráveis de Saul, e ao seu sentimento autêntico por Jônatas.

Matthew Henry destaca o espírito excelente que Davi mostra nos versículos 19:27. Ele possuía "o verdadeiro espírito de grandeza". Ele foi: (1) Generoso para com o seu inimigo, Saul, ao omitir os seus defeitos e louvar o que era digno, 17,18,21,24; (2) Grato a Jônatas, seu maior amigo, 22,26; (3) Profundamente preocupado com o bem-estar do povo, 19,25,27; (4) Profundamente preocupado com a honra de Deus, 20.


Champlin

Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
Champlin - Comentários de II Samuel Capítulo 1 versículo 14
O ungido do SENHOR: Em virtude da unção com o azeite sagrado (ver 1Sm 10:1, Sl 2:2,), o rei era uma pessoa santa e inviolável. Conforme 1Sm 24:6-7; 1Sm 26:9, o que leva o próprio Davi a reconhecer tais atributos em Saul.

Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de II Samuel Capítulo 1 do versículo 1 até o 27
*

1:1

Ziclague. Ver 1Sm 30:1; nota em 1Sm 27:6.

* 1:2

com as vestes rotas e terra sobre a cabeça. Logo após a devastadora derrota de Israel (ver 1Sm 31:1), o mensageiro aparentemente achou ser apropriado ter a aparência de alguém que lamentava (conforme Js 7:6; 1Sm 4:12). Sua alegação de ter tido uma parte na morte de Saul (v. 10), entretanto, mostra que ele esperava que pelo menos essa parte das notícias agradassem a Davi.

* 1:6

Os carros e a cavalaria apertavam com ele. Os carros de combate com freqüência levavam arqueiros (conforme o ferimento de Saul, em 1Sm 31:3).

* 1:10

Arremessei-me, pois, sobre ele, e o matei. O amalequita deve ter chegado onde estava o cadáver de Saul antes dos filisteus (1Sm 31:8). Na esperança de receber uma recompensa de Davi, ele inventou uma parte para si mesmo na morte de Saul.

... coroa ... bracelete. A coroa em pauta presumivelmente é uma versão mais leve da pesada coroa oficial. A maneira pela qual as insígnias reais de Saul chegaram às mãos de Davi forma um notável contraste com a entrega voluntária de Jônatas de suas vestes e armas a Davi (1Sm 18:4 e nota). Esse contraste é a epítome das reações radicalmente diferentes de Saul e de Jônatas à vontade divina no tocante a Davi e à casa de Saul (p.ex., 1Sm 18:28,29; 19:4; 20:30,31; 23:17,18).

* 1:14

o ungido do SENHOR? Por não compartilhar da convicção de Davi sobre a posição sacrossanta do "ungido do SENHOR" (1Sm 24:6; 26:9), o amalequita assinou sua própria condenação à morte (vs. 15 e 16).

* 1:15

Vem, lança-te sobre esse homem. A severa reação de Davi à história do amalequita traz evidências de que ele não estava envolvido na morte de Saul (conforme 4.10).

* 1:17

Pranteou Davi. O lamento se iniciou com uma introdução que apresentava o refrão: "Como caíram os valentes!" A primeira seção exorta o povo a lamentar por Saul, e é assinalada pelas referências às "filhas dos filisteus" (v. 20) e às "filhas de Israel" (v. 24). A segunda seção (vs. 25 e
26) expressa o lamento pessoal de Davi por Jônatas. O lamento se encerra com uma repetição final do refrão triste.

* 1:18

Hino ao Arco. "Arco" serve de título para o lamento e pode referir-se a Jônatas, cujo arco foi mencionado no v. 22. "As armas de guerra" (v. 27) provavelmente se refiram a Saul e Jônatas. Compare a designação de Elias e Eliseu como "carros de Israel e seus cavaleiros" (2Rs 2:12; 13:14).

Livro dos Justos. Ver nota em Js 10:13.

* 1:19

Como caíram os valentes! Essa frase, que se refere a Saul e a Jônatas (v. 17), é repetida como um refrão nos vs. 25 e 27. "Valentes" ocorre também no v. 21, como um paralelo de "Saul".

* 1:20

Não o noticieis em Gate. Davi implorou a seus ouvintes que não permitissem que as notícias fossem ouvidas entre as cidades filistéias, para que as filhas dos filisteus não se alegrassem diante da derrota de Israel, assim como as filhas de Israel tinham-se regozijado antes diante da derrota dos filisteus (1Sm 18:7).

* 1:21

que jamais será ungido com óleo. Era costume condicionar e preservar escudos de couro esfregando-os com azeite (Is 21:5). Pode ser mais do que mera coincidência que esse uso particular dessas palavras tenha sido associado à realeza. Não somente os reis eram "ungidos" (1Sm 2:10, nota) para ocuparem o seu ofício, mas a palavra "escudo" é, algumas vezes, usada no Antigo Testamento como uma figura de um "soberano" ou um "chefe" (referência lateral em Sl 7:10). Por trás do sentido literal das palavras talvez esteja a implicação, "soberano, Saul, não mais ungido com óleo".

* 1:22

nem voltou vazia a espada de Saul. O intuito desta expressão é a de louvar a capacidade militar de Saul.

* 1.26

ultrapassando o amor de mulheres. O louvor de Davi ao amor de Jônatas (conforme 1Sm 18:3) não significa que o amor entre amigos seja inerentemente superior ao amor conjugal. A ênfase aqui parece ser a qualidade espantosamente destituída de egoísmo do amor de Jônatas por Davi. O próprio Davi não era totalmente destituído de egoísmo em suas relações com as mulheres (3.2, nota).



Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de II Samuel Capítulo 1 do versículo 1 até o 27
1:1 Davi foi um homem que tinha uma grande fé em Deus. Esperava que Deus cumprisse suas promessas. O primeiro livro do Samuel nos relata as lutas do Davi enquanto esperava ser rei do Israel (Samuel o tinha ungido como rei do Israel muitos anos antes). O rei Saul começou a sentir ciúmes do Davi devido a que o povo lhe estava prodigalizando grandes louvores por suas façanhas. À larga, o ciúmes do Saul chegaram a ser tão intensos que tentou matá-lo. Como conseqüência, Davi teve que fugir e esconder-se. Por muitos anos, Davi se escondeu do Saul em território inimigo, e no árido deserto que estava ao sudeste de Jerusalém. Possivelmente Davi se perguntou se a promessa de Deus de ser rei alguma vez se faria realidade, mas suas lutas o prepararam para as grandes responsabilidades às que se enfrentaria mais tarde. O segundo livro do Samuel nos fala de como Davi foi finalmente recompensado por sua paciência, e sua firme fé em Deus.

1:1 Quando Saul morreu, Davi e seus homens ainda seguiam vivendo no Siclag, uma cidade filistéia. Já que Saul o tinha expulso do Israel, Davi fingiu lealdade ao Aquis, um governante filisteu (1 Smamuel 27). Aí se encontrava a salvo do Saul.

1:11, 12 Davi e seus homens estavam visivelmente conmocionados pela morte do Saul, "E choraram e lamentaram e jejuaram até a noite". Davi e seus homens estavam visivelmente conmocionados pela morte do Saul. Isto mostra sua genuína dor pela perda de seu rei, de seu amigo Jonatán e dos outros soldados do Israel que morreram esse dia. Não estavam envergonhados por sentir dor. Na atualidade, alguns consideram que o expressar nossas emoções é signo de debilidade. Aqueles que desejam parecer fortes tratam de ocultar sua dor. Mas o duelo nos pode ajudar a dirigir a grande pena quando um ser querido morre.

1:13 O homem se identificou a si mesmo como amalecita do exército do Saul (1.2). O bem pôde ter sido um amalecita sob jurisdição israelita, mas o mais provável era que se tratasse de um recolhedor que se alimentava da carniça do campo de batalha.

É óbvio que estava mentindo tanto a respeito de sua identidade como do que tinha ocorrido no campo de batalha (compare sua história com a narração em 1Sm 31:3-4). devido a que trazia consigo a coroa do Saul, algo que os filisteus não tivessem esquecido, podemos inferir que encontrou morto ao Saul no campo de batalha antes de que chegassem os filisteus (1Sm 31:8).

Uma vida de enganos leva a desastre. O homem mentiu para obter alguma recompensa pessoal por ter matado ao rival do Davi, mas interpretou mal o caráter do Davi. Se este o tivesse recompensado por matar ao rei, tivesse sido também culpado. Em lugar de recompensá-lo, Davi mandou executar ao mensageiro. Mentir pode trazer desastre sobre o mentiroso, até por algo que não tenha cometido.

1:13 Os amalecitas eram uma tribo nômade cruel que freqüentemente levavam a cabo incursões sorpresivas nos povos do Canaán. Tinham sido inimigos do Israel dos tempos do Moisés. Davi acabava de destruir um grupo de soldados amalecitas que tinham queimado a cidade e seqüestrado a suas mulheres e meninos (1Sm 30:1-20). Provavelmente este homem não estava consciente das confrontações recentes que tinha tido Davi com os amalecitas. Assim provocou a ira do Davi ao fazer-se passar por inimigo do Israel e ao ter declarado que matou ao rei eleito Por Deus.

1:15, 16 por que considerou Davi que tinha sido um crime matar ao rei, mesmo que Saul era seu inimigo? Davi acreditava que só Deus poderia tirar de seu posto ao que O tinha ungido. Se assassinar ao rei se convertia em algo comum ou usual, então toda a sociedade seria um caos. Desta maneira, era questão de Deus, não dela, julgar os pecados do Saul (Lv 19:18). Devemos nos dar conta que Deus colocou aos governantes como autoridades sobre nós. Devemos respeitar suas funções (Rm 13:1-5).

1:17, 18 Davi foi um músico talentoso. Tocava o harpa (1Sm 16:23), incorporou a música aos serviços de adoração do templo (I Crônicas 25), e escreveu muitos dos salmos. Aqui nos diz que escreveu um poema em memória do rei Saul e de seu filho Jonatán, o melhor amigo do Davi. A música jogou um papel muito importante na história do Israel. (Para outras canções famosas da Bíblia veja o quadro no Exodo 15.)

1.17-27 Saul tinha causado muitos problemas ao Davi, mas quando morreu, Davi compôs um poema para o rei e seu filho. Davi tinha muitas razões para odiar ao Saul, mas mesmo assim preferiu não fazê-lo. Decidiu ver o que tinha feito de bom Saul e esquecer os momentos quando este o tinha atacado. necessita-se valor para deixar a um lado as feridas e o ódio e mostrar respeito por outra pessoa, especialmente um inimigo.

1:26 Ao expressar "Mais maravilhoso foi seu amor que o amor das mulheres", Davi não estava dizendo que teve uma relação sexual com o Jonatán. Os atos homossexuais ficavam absolutamente proibidos no Israel. Lv 18:22 se refere à homossexualidade como "abominação", e Lv 20:13 decreta a pena de morte para aqueles que praticam a homossexualidade. Davi simplesmente estava dizendo de novo a profunda irmandade e a relação constante que teve com o Jonatán. (se desejar mais informação sobre a amizade do Davi e Jonatán, veja-a nota a 1Sm 18:1-4).


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de II Samuel Capítulo 1 do versículo 1 até o 27
I.'S DIRGE DAVI (2Sm 1:1)

1 E sucedeu que, depois da morte de Saul, voltando Davi da derrota dos amalequitas, e Davi ficou dois dias de Ziclague; 2 aconteceu no terceiro dia, e eis que um homem saiu do acampamento de Saul, com as vestes rasgadas e terra sobre a cabeça: e assim foi, quando ele veio a Davi, que ele caiu por terra, e se prostrou. 3 E disse-lhe Davi, Donde vens ? E ele lhe disse: Fora do arraial de Israel estou eu escapei. 4 E Davi disse-lhe: Como foi lá isso? Peço-te, me diga. E ele respondeu: O povo fugiu da batalha, e muitos do povo caíram, e morreram; e Saul e Jônatas, seu filho, foram mortos. 5 E disse Davi ao moço que lhe disse: Como sabes que Saul e Jônatas, seu filho, foram mortos? 6 E o jovem que disse a ele disse: Como eu por acaso à monte Gilboa, e eis que Saul estava encostado sobre a sua lança; e eis que os carros e os cavaleiros apertavam com Ec 7:1 E quando ele olhou para trás, viu-me, e chamou-me. E eu respondi: Eis-me aqui 8 E ele me disse: Quem és tu? E eu lhe respondi, eu sou um amalequita. 9 E disse-me: Levanta-te, peço-te, ao meu lado, e mata-me; por causa da angústia se apoderou de mim, porque a minha vida é ainda em mim. 10 Então, eu estava ao lado dele, e matou-o, porque eu tinha certeza que ele não viveria depois que ele estava caído, e tomei a coroa que ele tinha sobre a sua cabeça, eo bracelete que trazia no braço, e os trouxe aqui a meu senhor.

11 Então pegou Davi nas suas vestes e as rasgou; assim fizeram todos os homens que estavam com ele: 12 e prantearam, e choraram, e jejuaram até a tarde por Saul, e por Jônatas, seu filho, e pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel; porque tinham caído à espada. 13 E disse Davi ao moço que lhe disse: Donde és tu? E ele respondeu: Eu sou o filho de um estrangeiro, amalequita. 14 E Davi disse-lhe: Como foste não tem medo de colocar a mão para destruir o ungido? Jeová 15 E chamou Davi a um dos moços, e disse: Chega-te, e cair em cima dele. E ele feriu, de modo que ele morreu. 16 E disse-lhe Davi, teu sangue seja sobre a tua cabeça; a tua própria boca testificou contra ti, dizendo: Eu matei o ungido do Senhor.

Davi estava em Ziclague, tendo retornado de sua perseguição dos amalequitas, que haviam saqueado a cidade, juntamente com os outros (conforme 1Sm 30:1 , 1Sm 26:16 ), e é uma atitude que deve caracterizar todos os líderes sóbrios. Porque o amalequita violado o que Davi foi significativamente sagrado, Davi ordenou que ele fosse executado.

B. seu conteúdo (1: 17-27)

E lamentou Davi, com esta lamentação por Saul e Jônatas, seu filho (v. 2Sm 1:17 ). O termo hebraico original, quinah , é o termo técnico para uma lamentação ou canto fúnebre para os mortos.

Este poema em hebraico precoce em comemoração da morte de Saul e JoNatan se divide em duas partes. O primeiro refere-se a suas mortes como trazendo uma tragédia suprema para a nação (vv. 2Sm 1:19-22 ). A segunda refere-se às suas virtudes pessoais (vv:23-27 ).

1. Problema Nacional (1: 17-22)

17 E Davi lamentou, com esta lamentação por Saul e Jônatas, seu filho Dt 18:1)

23 Saul e Jônatas, tão amados e queridos na sua vida,

E na sua morte não se separaram;

Eles foram mais ligeiros do que as águias,

Eles foram mais fortes do que os leões.

24 Vós, filhas de Israel, chorai por Saul,

Quem vos vestia de escarlata em delícias,

Quem colocou ornamentos de ouro sobre as vossas vestes.

25 Como caíram os valentes no meio da peleja!

JoNatan é morto sobre os teus altos.

26 Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas;

Quão amabilíssimo tu sido para mim:

Teu amor para mim foi maravilhoso,

Que o amor das mulheres.

27 Como caíram os poderosos,

E as armas de guerra pereceram!

Davi aqui presta homenagem aos bravos feitos de Saul e Jônatas. Eles foram adorável e agradável em suas vidas (v. 2Sm 1:23 ). Enquanto houve muito sobre a personalidade de Saul que era pouco atraente, havia uma lealdade recíproca e amor entre pai e filho.Davi, que era incapaz de gerar lealdade em seus próprios filhos, comparável ao do JoNatan para Saul, viu esta qualidade esterlina no relacionamento de Saul com seu filho. E na sua morte não se separaram (v. 2Sm 1:23 ).

Davi chegou ao clímax de seu canto fúnebre em sua expressão apaixonada de tristeza sobre o destino de seu amigo JoNatan. O amor de JoNatan tinha sido maravilhoso para Davi, que tinha vivido em confusão constante sobre ódio assassino de Saulo em sua direção. A morte de JoNatan deixou um grande vazio em sua vida, por JoNatan tinha compartilhado com Davi uma amizade que ultrapassou em muito com1.


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de II Samuel Capítulo 1 do versículo 1 até o 27
Esses capítulos descrevem os acon-tecimentos que culminaram na co-roação de Davi como rei de Israel. Para relatos paralelos, leia 1 Crôni-cas 10:1-14; 11:1-19 e 14:1-8.

  • Davi pranteia a morte de Saul (1)
  • Um homem menos santo teria exul-tado com a morte do inimigo, mas Davi era um "homem segundo o co-ração de Deus" e sentiu de forma in-tensa o trágico pecado de Saul. Cla-ro, Jônatas, o amado amigo de Davi, também morrera; o pecado de um pai desobediente trouxe julgamento sobre pessoas inocentes. No estudo Dt 1:0. O "Hino ao Arco" refere-se à habilidade de Jô-natas usar o arco (1Sm 20:20ss). Nesse hino, não há palavras inde-licadas em relação a Saul. A prin-cipal preocupação de Davi é que o ungido do Senhor foi morto, e a glória do Senhor, ofuscada. Ele está ansioso para que o inimigo não se regozije com essa vitória. Seu tema é: "Como caíram os valentes!" (vv. 19,25,27). Embora Saul, em 1 Sa-muel 10:23, fosse "mais alto" que qualquer outro homem, agora caíra mais baixo que o inimigo!


    Russell Shedd

    Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
    Russell Shedd - Comentários de II Samuel Capítulo 1 do versículo 1 até o 27
    1.2 Ao terceiro dia. Davi gastou, desde que deixou Aquis em Afeque (29,11) até agora, uns vinte e um dias. Descontando-se os três dias que o mensageiro gastara, desde Gilboa até Ziclague, conclui-se que Saul morreu, cerca de dezoito dias depois da profecia do pseudo-Samuel (e não no dia seguinte, conforme 1Sm 28:19).

    1:10-16 O matei (10). Para alguns, Saul apenas desmaiou quando se lançou sobre a espada (1Sm 31:4) e o amalequita matou-o depois. Mas o autor 1Cr 10:4, 1Cr 10:5 confirma a verdade de que Saul se suicidou, O amalequita, isto sim, violou o cadáver quando roubou do mesmo a coroa e o bracelete; pelo que, Davi o condenou à morte, embora tenha entregue a coroa e o bracelete a Davi para granjear o seu favor. • N. Hom. "O tríplice pecado do amalequita":
    1) Falsidade: mentiu, dizendo que matou a, Saul. (9-10, At 5:3-4); 2 Sacrilégio: deslustrou o corpo do ungido do Senhor (10a; Ez 5:3);
    3) Roubo: apoderou-se de coisas sagradas: coroa e bracelete de um rei (10b Ml 3:9).

    1.17 Lamentação (heb qinah, pl. qinoth). Nome que aparece aqui pela primeira vez e foi definido por K. Budde como, exclusivamente, canto de lamentação, e, cuja característica é o acento poético 3/2. Entretanto, há qinoth(es) que não se regem pelo acento Dt 3:2, aqui; e há cantos líricos que, por sua vez, comportam o acento Dt 3:2 (Sl 23:0), poder (Gn 49:24), amizade 1Sm 18:4) e glória. Hino de "Glória". Livro dos justos (Yashar), ou "Correto" (Js 10:13). Um livro secular de cânticos, de guerra (hoje perdido), que circulava ao lado dos livros canônicos.

    1.19- 27 Este canto é uma elegia de singular beleza que se divide em três estrofes: 19 a 24; 25 a 26 e 27, sendo que esta última é um paralelo do v. 19. Cada estância é regida pelo coro: Como caíram os valentes.

    1.19- 24 O tema da elegia está no v. 19. O v. 20 expressa súplica; o 21, imprecação; o 22 e o 23, elogio, e o 24, gratidão. O v. 21, na versão grega (LXX), se lê: "O escudo de Saul não estava ungido com óleo?".
    1:25-26 Reverência à memória e ao amor de Jônatas.
    1.27 Aqui temos outra forma de amém: pereceram. Na elegia não é mencionado o nome de Deus. A primeira parte é cantada por todos; a segunda é cantada pelas donzelas e a terceira pelos moços, em voz suave, triste, para ser repetida por todos em voz cheia e inflamada.


    NVI F. F. Bruce

    Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
    NVI F. F. Bruce - Comentários de II Samuel Capítulo 1 do versículo 1 até o 27
    II SAMUEL
    I. DAVI CHORA PELA MORTE DE SAUL E DE JÔNATAS (1:1-27)
    A morte de Saul e Jônatas abriu o caminho do trono para Davi, mas essa não foi a sua preocupação quando ouviu dos trágicos eventos em Gilboa. Um jovem refugiado, todo desalinhado, que veio do campo de batalha trouxe a notícia a Davi em Ziclague, relatando a fuga e a derrota do exército israelita, o enorme número de baixas e a morte dos dois líderes. Davi exigiu a fonte dessa informação. O jovem, um amalequita, contou como tinha dado com Saul, apoiado em sua lança (v. 6) e perseguido pelos carros e pelos oficiais da cavalaria; o rei derrotado havia suplicado ao amalequita que o matasse. Ele tinha feito isso e tomado a coroa e o bracelete dele (v. 10) e tinha trazido esses itens da insígnia real a Davi, provavelmente para conseguir favores do rei por meio de bajulação, como também para mostrar evidências da sua história. Esse relato do que aconteceu não concorda em todos os detalhes com o que está em 1Sm 31:1-9; alguns estudiosos tentam harmonizar as duas histórias, certamente um exercício desnecessário. Um informante que queria arrancar uma recompensa de Davi poderia ter diluído a verdade.

    Ele era motivado, como diz Hertzberg (p. 236), por uma “mistura de tristeza e esperança interesseira”; ele dificilmente poderia ter previsto a reação de Davi. O rei e os seus cortesãos rasgaram as suas roupas e se lamentaram, chorando e jejuando até o fim da tarde (v. 12). Aí ele se voltou para o mensageiro: Como você não temeu levantar a mão para matar o ungido do Senhor? (v. 14). O amalequita, um intruso no exército de Javé, orgulhava-se de ter matado o rei. Davi ordenou a sua execução sumária.

    O restante do capítulo registra o lamento que Davi compôs para essa ocasião, ordenando que fosse aprendido pelo povo. A fonte que o nosso autor usou para esse relato é o Livro de Jasar, uma coletânea de poesias do povo mencionada em Js 10:12ss; lRs 8.12, 13. O cântico está na forma hebraica de lamento ou de elegia (heb. qinãK), que “dá à poesia um cunho de cadência melancólica” (McKane, p. 176). v. 19. Como caíram os guerreiros: é o tema do poema no início e no fim (v. 27), como também no meio (v. 25). Os “guerreiros” são principalmente Saul e Jônatas; somos lembrados do seu heroísmo (v. 22), dos benefícios que eles proporcionaram aos seus súditos (v. 24) e da afeição profunda que Davi e Jônatas tinham um pelo outro. Não há moralismo nem espirituali-zação, mas somente o grande pesar de um homem profundamente sensibilizado. E uma passagem de grande beleza literária mesmo na tradução.

    II. O REINADO DO REI DAVI (2.1—8.18)

    1) Davi é rei de Judá em Hebrom (2.1—4.12)
    a) Davi e Is-Bosete, reis rivais (2.1—3.1)


    Francis Davidson

    O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
    Francis Davidson - Comentários de II Samuel Capítulo 1 do versículo 1 até o 27
    IV. DAVI COMO REI. 2Sm 1:1-10). A divisão de Samuel em dois livros é artificial e não existia no texto hebraico. Continua-se aqui a narrativa dos últimos capítulos Dt 1:0). Dois dias depois do regresso de Davi a Ziclague, após a grande vitória que se descreve em 1Sm 30:0) que dá a conhecer o trágico desastre de Gilboa (1Sm 31:0 carros e capitães de cavalaria apertavam com Saul ao passo que em 1Sm 31:3 Saul é alcançado por frecheiros. De que se lê em 1Sm 31:3-9 poder-se-ia concluir, se bem que sob certas reservas, que Saul fora ferido pelos frecheiros; 2Sm 1:6 descreve Saul como estando encostado sobre a sua lança. Podia estar ferido e precisamente por isso apoiado à lança, embora alguns comentadores afirmem que nada, nas descrições que dele se fazem, autoriza a suposição de que estivesse ferido. É uma interpretação pouco razoável. No que diz respeito à possibilidade de ferimentos, tanto a presente narrativa como a de 1Sm 31:0. Muito têm abusado destes pontos, os comentadores que procuram discrepância nos dois livros de Samuel. Por outro lado, Saul poderia ter sofrido muito às mãos dos frecheiros (1Sm 31:3) aos quais, facilmente, se seguiriam carros e capitães de cavalaria (2Sm 1:6). Se é certo que Gilboa situava-se numa região montanhosa, sabe-se, todavia, que muitos carros de guerra operavam em lugares de acesso identicamente difícil. Depois o amalequita conta como, a pedido do próprio Saul, matou-o ao ver que carros e capitães de cavalaria seguiam-no (6) e que uma grande angústia (heb. shabhas, entorpecimento, vertigem) se apoderara dele (9). Em 1Sm 31:4 Saul suicida-se, mas, em ambos os casos, o seu desejo é evitar cair vivo nas mãos do inimigo, que, sem dúvida, o torturaria e dele escarneceria impiedosamente. É o que mais acentuadamente se nos descreve em 1Cr 10:4.

    >2Sm 1:10

    Certos comentadores tiram indevida partida das discrepâncias existentes entre a narrativa do amalequita e a de 1Sm 31:0; 1Sm 26:9, 1Sm 26:11, 1Sm 26:16); e ordenou que se matasse o homem que confessava ter morto Saul. A sentença parece ter sido bem pesada uma vez que o homem não foi executado senão depois de terminado o jejum, o qual se prolongou até ao fim do dia.

    >2Sm 1:17

    2. O PRANTO DE DAVI POR SAUL E JÔNATAS (2Sm 1:17-10). É esta uma das mais belas e comoventes odes que jamais se escreveram, plena de generosidade para com Saul que tão amargamente fizera sofrer Davi. A nossa versão chama-lhe pranto (17). Em hebraico a palavra é qinah, isto é, um cântico ou elegia fúnebre. (Cfr. 2Sm 3:33-10). Dizendo ele que ensinassem aos filhos de Judá o uso do arco. Leia-se: "Dizendo ele que ensinassem aos filhos de Judá o arco". A nossa versão deve estar incorreta uma vez que os judeus eram já peritos no uso do arco. Almeida insere a expressão "o uso de" e outra versão "a canção de". Nenhuma se encontra no texto hebraico. É hoje geralmente aceita a interpretação que identifica a elegia com "o arco". Era pois a elegia que devia ser ensinada aos filhos de Judá. O livro do Reto (18). Cfr. Js 10:12-6; 1Rs 8:12 (Septuaginta). Este livro parece ter sido uma coletânea de baladas nacionais exaltando os feitos de heróis israelitas. Alguns investigadores relacionam o nome de Reto ou Jasher com Jesurum, denominação poética de Israel (cfr. Dt 32:15).

    >2Sm 1:19

    Ah! ornamento de Israel! nos teus altos fui ferido (19). A palavra traduzida por ornamento é em hebraico Sebhi. Há quem traduza a palavra por "gazela" argumentando ser Jônatas conhecido por este nome. Não está comprovada a razão de semelhante argumento. Certa versão segue a Vulgata e toma "Israel" como vocativo: "A tua glória (sebhi), ó Israel, foi ferida nos teus altos". Outros investigadores recusam-se a aceitar "Israel" no vocativo e traduzem: "Ferida nos teus altos a glória de Israel, como caíram os valentes!" As muitas sugestões dos comentadores a propósito do versículo 19, pouco adiantam. A "glória" ou "ornamento" de Israel são designações metafóricas de Saul e Jônatas. Os versículos 20:21 são intensamente poéticos. O versículo 20 é, na Septuaginta: "Não publiqueis as boas novas". É uma versão correta. A Davi repele a simples idéia de que a grande humilhação nacional seja conhecida dos filisteus, cujas mulheres, de acordo com a tradição, acolheriam a notícia com cantares e danças. Gate e Ascalom eram cidades de importância. Nem... campos de ofertas alçadas (21), Heb. terumoth (conforme Lv 7:14, 32). A Vulgata traduz "campos das primícias", isto é, campos de milho como o que se utilizava nas ofertas alçadas. Como Gilboa não produz milho, a versão "Vós, florestas e montanhas de morte" tem sido aceita por alguns. Mas não se justifica a alteração uma vez que o objetivo poético é precisamente acentuar a desolação de Gilboa, a qual não pode produzir "ofertas". Aí desprezivelmente foi arrojado o escudo dos valentes, o escudo de Saul, como se não fora ungido com óleo (21). A Vulgata faz referir a unção a Saul. Trata-se, contudo, de uma versão que não está de harmonia com o hebraico onde se lê: "aí foi aviltado o escudo dos heróis: o escudo de Saul não ungido com óleo". A unção refere-se aqui ao escudo, de acordo com a tradição judaica de ungir os escudos com óleo antes da batalha (Is 21:5) para os fazer brilhar. Agora esse escudo está profanado, coberto de sangue e de pó. O escudo de Saul é tomado como honroso emblema do chefe militar. Não se justifica, pois, a atribuição da unção a Saul.

    >2Sm 1:23

    Saul e Jônatas tão amados e queridos na sua vida (23) ou, de acordo com outras versões, "Saul e Jônatas eram deleitáveis e desejáveis na sua vida". Em hebraico os adjetivos são acompanhados de artigos. Por isso certos tradutores verteram: "Saul e Jônatas, os deleitáveis e desejáveis, inseparáveis na vida e na morte". A primeira versão é, contudo, apoiada pelas versões antigas e pela maioria dos comentadores. A Bíblia de Cambridge traduz "amantes e amáveis".

    >2Sm 1:24

    Vós, filhas de Israel (24). As mulheres haviam sido enriquecidas por Saul que as cobrira de preciosos ornamentos. Essas mulheres haviam já celebrado, com danças, as suas vitórias. Chegara agora o momento de chorarem. Era um apelo adequado a ocasião. Como caíram os valentes (25). Leia-se: "Como caíram os heróis" -comovente refrão dos versículos 19:25-27 que empresta gravidade e força a toda a elegia. Alguns comentadores invocam a irremediável deturpação da elegia no texto hebraico. Mas muitas das emendas por eles propostas apenas nos criam novas dificuldades. Estivera o texto tão corrompido como eles afirmam, a elegia não chegaria até nós tão incomparavelmente bela e pungente. Tem-se observado que o poema se caracteriza por uma absoluta ausência de sentimento religioso, que são puramente humanos os sentimentos nele expressos. A tal interpretação passa, contudo, despercebido o extraordinário amor a Saul-um inimigo -,a sublime emoção que permeia todo o poema, o profundo respeito a Saul simplesmente porque ele fora o rei ungido de Deus. O amor a Jônatas é um amor quase ímpar entre os homens. O poema não revela sentimentos religiosos: os sentimentos que nele se exprimem são cristãos. Mais não se poderia pedir.


    Dicionário

    Como

    como adv. 1. De que modo. 2. Quanto, quão. 3. A que preço, a quanto. Conj. 1. Do mesmo modo que. 2. Logo que, quando, assim que. 3. Porque. 4. Na qualidade de: Ele veio como emissário. 5. Porquanto, visto que. 6. Se, uma vez que. C. quê, incomparavelmente; em grande quantidade: Tem chovido como quê. C. quer, loc. adv.: possivelmente. C. quer que, loc. conj.: do modo como, tal como.

    assim como, do mesmo modo que..., tal qual, de que modo, segundo, conforme. – A maior parte destas palavras podem entrar em mais de uma categoria gramatical. – Como significa – “de que modo, deste modo, desta forma”; e também – “à vista disso”, ou – “do modo que”. Em regra, como exprime relação comparativa; isto é – emprega-se quando se compara o que se vai afirmar com aquilo que já se afirmou; ou aquilo que se quer, que se propõe ou se deseja, com aquilo que em mente se tem. Exemplos valem mais que definições: – Como cumprires o teu dever, assim terás o teu destino. – O verdadeiro Deus tanto se vê de dia, como de noite (Vieira). – Falou como um grande orador. – Irei pela vida como ele foi. – Assim como equivale a – “do mesmo modo, de igual maneira que”... Assim como se vai, voltar-se-á. Assim como o sr. pede não é fácil. Digo-lhe que assim como se perde também se ganha. Destas frases se vê que entre como e assim como não há diferença perceptível, a não ser a maior força com que assim como explica melhor e acentua a comparação. – Nas mesmas condições está a locução – do mesmo modo que... Entre estas duas formas: “Como te portares comigo, assim me portarei eu contigo”; “Do mesmo modo que te portares comigo, assim (ou assim mesmo) me portarei contigo” – só se poderia notar a diferença que consiste na intensidade com que aquele mesmo modo enuncia e frisa, por assim dizer, a comparação. E tanto é assim que em muitos casos 290 Rocha Pombo não se usaria da locução; nestes, por exemplo: “Aqueles olhos brilham como estrelas”; “A menina tem no semblante uma serenidade como a dos anjos”. “Vejo aquela claridade como de um sol que vem”. – Tal qual significa – “de igual modo, exatamente da mesma forma ou maneira”: “Ele procedeu tal qual nós procederíamos” (isto é – procedeu como nós rigorosamente procederíamos). Esta locução pode ser também empregada como adjetiva: “Restituiu-me os livros tais quais os levara”. “Os termos em que me falas são tais quais tenho ouvido a outros”. – De que modo é locução que equivale perfeitamente a como: “De que modo quer o sr. que eu arranje o gabinete?” (ou: Como quer o sr. que eu arranje...). – Segundo e conforme, em muitos casos equivalem também a como: “Farei conforme o sr. mandar” (ou: como o sr. mandar). “Procederei segundo me convier” (ou: como me convier).

    Davi

    Nome Hebraico - Significado: Amado.

    o segundo e o mais ilustre dos reis de israel. Era filho de Jessé, bisneto de Rute, e nasceu em Belém, sendo o mais novo de uma família de dez. Davi, na sua mocidade, foi pastor, ocupação que nos países orientais era geralmente exercida pelos escravos, pelas mulheres, ou pelos íntimos da família. Apesar de tudo isto foi ungido por Samuel para ser rei de israel. Como era hábil tocador de harpa, foi chamado por Saul com o fim de suavizar a melancolia do infeliz monarca (1 Sm 16). o lugar do recontro de Davi com Golias foi Efes-Damim (1 Sm 17), que fica entre os montes da parte ocidental de Judá – e o ribeiro que corria entre dois exércitos era o Elá, ou ‘o Terebinto’, que hoje tem o nome de Wady Es-Sunt. A fama que Davi adquiriu pelo fato de ter vencido o gigante, se por um lado motivou o seu casamento com Mical, filha do rei, foi, também, causa de ter Saul maliciosos ciúmes do jovem guerreiro. Todavia, o rei nomeou Davi capitão da sua real guarda, posição somente inferior à de Abner, o general do exército, e à de Jônatas, o presuntivo herdeiro do trono. Davi e Jônatas vieram a ser dedicados amigos, mas a louca inveja e os maus intentos do rei arrastaram por fim Davi para o exílio. Ele foi ter primeiramente com o sacerdote Aimeleque, mas depois refugiou-se na corte de Aquis, o filisteu monarca de Gate, e dali pôde livrar-se, fingindo-se louco (1 Sm 19 a 21). Retirando-se de Gate, escondeu-se Davi na caverna de Adulão – e foi depois para uma fortaleza perto de En-Gedi – e mais tarde apareceu no bosque de Herete ao sul de Judá. Aqui se juntou a Davi um grupo de homens dedicados, que de boa vontade compartilhavam os seus perigos. É verdade que pertencer ao partido de Davi era uma situação perigosa, e isso se patenteou no assassinato de Aimeleque e dos sacerdotes que Doegue o idumeu, perpetrou por mandado de Saul (1 Sm 22). os amigos de Davi entraram na fortificada cidade de Queila, e esperava Saul apanhá-los ali de surpresa (1 Sm 23). Em contraste com a furiosa perseguição, movida contra Davi, manifesta-se a cavalheiresca atenção do fugitivo para com ‘o ungido do Senhor’, como se mostrou quando ele poupou a vida de Saul no deserto de En-Gedi (1 Sm 24), e no deserto de Zife (1 Sm 26). Foi para esta nobre disposição que Abigail apelou no caso do insensato Nabal (1 Sm 25). Por algum tempo achou Davi abrigo junto de Aquis, rei de Gate, e então Saul não o procurou mais (1 Sm 27.4). Na ausência de Davi, foi tomada Ziclague e incendiada pelos amalequitas – mas Davi perseguiu os invasores, derrotou-os, e assim pôde livrar do cativeiro muitas pessoas, entre as quais estavam as suas próprias mulheres (1 Sm 30). Depois da desastrosa batalha de Gilboa (1 Sm 31), proferiu Davi aquela tocante lamentação a respeito de Saul e Jônatas (2 Sm 1). Davi veio a ser, então, rei de Judá – foi ungido em Hebrom (2 Sm 2), e reinou ali por mais de sete Prolongada guerra houve entre a casa de Saul e a casa de Davi (2 Sm 3.1). Mas, depois do assassinato de is-Bosete, filho de Saul (2 Sm 4), ato que foi fortemente desaprovado por Davi, tornou-se ele rei de todo o povo de israel (2 Sm 5). Pensou, então, em conquistar uma fortaleza, a única que no centro daquela terra tinha resistido às forças do povo escolhido. Por meio de um repentino assalto foi tomada a cidade de Jebus, sendo daí para o futuro conhecida pelo seu antigo nome Jerusalém, e também pelo nome de Sião (2 Sm 5). Esta cidade foi grandemente fortificada, tornando-se a capital do reino. A arca foi transportada com grande solenidade de Quiriate-Jearim sendo construída uma nova tenda ou tabernáculo para recebê-la (2 Sm 6). A prosperidade continuou a bafejar as armas de Davi – mas no meio de tantos triunfos, quando o seu exército estava cercando Rabá, caiu ele nas profundezas do pecado, planejando a morte de Urias, depois de ter cometido adultério com Bate-Seba (2 Sm 11). Convencido da sua grave falta, arrependeu-se, implorando a misericórdia do Senhor, e foi perdoado – mas a parte restante da sua vida foi amargurada com questões de família. Absalão, seu filho muito amado, revoltou-se contra ele, e por algum tempo Davi teve de exilar-se – mas por fim morreu o ingrato e revoltado israelita, que tanto martirizou seu pai (2 Sm 15 a 18). o insensato procedimento do rei, na numeração do povo, enevoou ainda mais a vida de Davi (2 Sm 24). Finalmente, depois de ter Adonias pretendido o trono, abdicou Davi em favor de Salomão, confiando-lhe, além disso, a tarefa de edificar o templo, para o qual ele tinha reunido muitos materiais. E, depois das recomendações finais ao seu sucessor, descansou com seus pais, ‘e foi sepultado na cidade de Davi’ (1 Rs 1 e 2). A vida de Davi acha-se cheia de incidentes românticos e de contrastes surpreendentes. É, realmente, uma história humana, que manifesta tanto a fraqueza como a força de uma alma de extraordinária capacidade. o ter sido qualificado Davi como homem ‘segundo o coração de Deus’ (1 Sm 13.14 e At 13:22) não significa, de forma alguma, que Davi fosse homem perfeito, mas somente que ele era um agente escolhido do Senhor para os Seus profundos desígnios. os pecados de Davi foram causa de graves acontecimentos na sua vida, mas nele se via um homem que se humilhou a si mesmo em grande arrependimento na convicção de haver pecado (2 Sm 12). Sobre o caráter geral de Davi diz o deão Stanley o seguinte: ‘Tendo em vista a complexidade dos elementos que constituem o caráter de Davi, a paixão, a ternura, a generosidade, a altivez, as suas qualidades de soldado, pastor, poeta, estadista, sacerdote, profeta, rei – considerando ainda nesse homem extraordinário o amigo romântico, o guia cavalheiresco, o pai dedicado, não se encontra em todo o A.T. outra pessoa com a qual ele se possa comparar… É ele o tipo e a profecia de Jesus Cristo. Não se chama a Jesus o filho de Abraão, ou o filho de Jacó, ou o filho de Moisés, mas sim o ‘filho de Davi’.

    Dados Gerais

    Davi é o nome do maior rei de Israel e o ancestral humano do Senhor Jesus. Sua história, suas realizações e seus problemas receberam um tratamento extensivo, de I Samuel 16 a II Reis 1 e em I Crônicas 2:29. O significado do nome ainda é incerto. A conexão com a palavra acadiana dawidûm (chefe, comandante) é atraente, embora duvidosa. É mais provável que esteja associado com a raiz hebraica dwd (amor), para dar o significado de “amado”. Alguns sugerem que Davi seja um cognome real e que seu nome é Elanã (Heb. “Deus é gracioso”), o herói que matou Golias (2Sm 21:19). Embora essa solução possa resolver a aparente discrepância entre I Samuel 17, cujo texto relata que Davi matou Golias, e II Samuel 21:19, o qual menciona que foi Elanã quem matou o gigante, cria outro problema: por que então Elanã seria relacionado na lista dos heróis de Davi? Outra sugestão é feita a partir de I Crônicas 20:5, que identifica Elanã como o herói que matou Lami, irmão de Golias. Desde que não se tem certeza se foi em II Samuel 21:19 ou em I Crônicas 20:5 que houve uma corrupção textual, a identificação de Elanã é incerta.

    Antecedentes

    Davi era o mais novo dos oito filhos de Jessé, um efrateu de Belém (1Sm 17:11-12). Jessé era descendente da tribo de Judá e bisneto de Boaz e Rute, a moabita (Rt 4:18-22; cf. 1Cr 2:1-15; Mt 1:2-6; Lc 3:31-38).

    Na juventude, Davi cuidava dos rebanhos da família. Como pastor, aprendeu a cuidar dos animais, bem como a protegê-los dos predadores. Essa experiência o ensinou a depender do Senhor, conforme afirmou para Saul: “O Senhor que me livrou das garras do leão, e das garras do urso, me livrará da mão deste filisteu” (1Sm 17:37).

    Davi era também um bom músico. Quando Saul sofria de depressão e crises de melancolia, seus servos, conhecendo a reputação desse jovem, mandaram chamá-lo (1Sm 16:16). Um deles disse: “Vi um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar bem, e é forte e valente, homem de guerra, sisudo em palavras, e de boa aparência. E o Senhor é com ele” (v. 18). Esse texto relaciona várias características de Davi: seu talento musical, sua bravura, eloquência, boa aparência, mas, acima de tudo, a presença do Senhor em sua vida.

    Davi eleito por Deus para ser rei

    Davi era notável, tanto por seu amor a Deus como por sua aparência física (1Sm 16:12). Depois que Saul foi rejeitado por seus atos de desobediência (1Sm 15:26), o Senhor incumbiu Samuel da tarefa de ungir um dos filhos de Jessé. Os mancebos passaram um por vez diante do profeta, mas nenhum deles foi aprovado por Deus. Depois que os sete mais velhos foram apresentados a Samuel, ele não entendeu por que o Senhor o enviara a ungir um rei naquela casa. O profeta procurava um candidato que se qualificasse por sua estatura física. Afinal, anteriormente tinha dito ao povo que Saul preenchia os requisitos, devido à sua bela aparência: “Vedes o homem que o Senhor escolheu? Não há entre o povo nenhum semelhante a ele” (1Sm 10:24).

    Jessé disse a Samuel que seu filho mais novo, chamado Davi, ainda cuidava dos rebanhos. Depois que foi trazido diante do profeta, ele teve certeza que aquele jovem atendia aos padrões de Deus, pois “o Senhor não vê como vê o homem. O homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1Sm 16:7). Davi recebeu duas confirmações de sua eleição: Samuel o ungiu numa cerimônia familiar e o Espírito do Senhor veio sobre ele de maneira poderosa (v.13).

    Davi com Saul

    Os caps. 16 a 31 de I Samuel são uma antologia solta de histórias, que, como coletânea, receberam o título de “A história da exaltação de Davi”. O propósito dessas narrativas é defender Davi das acusações de ter agido de maneira subversiva, usurpando o trono da família de Saul, sendo responsável pelas mortes de Saul, Jônatas, Abner e Is-Bosete. Deus operava claramente em todas as circunstâncias da vida de Davi, que o elevaram da posição de pastor de ovelhas a músico no palácio do rei, de lutar contra animais selvagens até suas vitórias sobre os filisteus e de herói nacional a refugiado político.

    Primeiro, Davi foi convidado para servir ao rei Saul como músico. Saul sofria de melancolia, porque o Espírito do Senhor o abandonara (1Sm 16:14). Na corte, Davi agradou ao rei, o qual o nomeou seu escudeiro (v. 21).

    Segundo, Deus agiu rapidamente, quando os filisteus atacaram 1srael (1Sm 17). O gigante filisteu, chamado Golias, desafiava Saul e todo o Israel várias vezes por dia, por um espaço de 40 dias (1Sm 17:16). Aconteceu de Davi levar suprimentos para seus irmãos que estavam no acampamento de guerra e teve oportunidade de ouvir o desafio do gigante. Movido por seu zelo pelo Senhor, seu amor pelo povo e pela alta recompensa — riqueza, casamento com a filha do rei Saul e a isenção de pagar impostos — Davi apresentou-se como voluntário para enfrentar Golias naquela batalha. O Senhor estava com ele. Davi triunfou sobre o filisteu, ao matá-lo com uma funda e uma pedra (1Sm 17:50).

    Terceiro, Davi foi convidado para morar no palácio real (1Sm 18:2). Os membros da família do rei o amavam. “A alma de Jônatas ligou-se com a de Davi, e Jônatas o amou como à sua própria alma” (v. 1). Este filho de Saul chegou ao ponto de fazer uma “aliança” com Davi (v. 3). Como expressão de seu profundo amor e respeito pelo filho de Jessé, deu-lhe suas roupas e armadura (v. 4). Mical também amava Davi (v. 20).

    Como sempre acontece, quando muitas coisas boas surgem, a fortuna tornou-se em sina. A fama de Davi cresceu rapidamente. Por toda a nação, as mulheres louvavam seu nome e faziam comparações positivas entre o jovem e o rei: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares” (1Sm 18:7). Esse contraste suscitou o ciúme do rei (v. 8). Ele sabia que seus dias como monarca estavam contados e tinha de proteger o trono para sua família. Assim começaram as atitudes de hostilidade explícita contra Davi. O narrador de I Samuel escreveu: “Daquele dia em diante, Saul trazia Davi sob suspeita” (v. 9).

    O ciúme de Saul deixou-o cego. Foi extremamente desleal, pois voltou atrás em sua promessa de dar a filha mais velha, Merabe, em casamento a Davi (1Sm 18:17). Exigiu que o jovem enfrentasse os filisteus em batalha, na esperança de que perdesse a vida. Davi, ainda relutante em aceitar casar-se com um membro da família real, procurou imediatamente agradar ao rei. Nesse meio tempo, Merabe foi dada a outro homem (1Sm 18:19). De maneira vil, Saul desafiou-o a demonstrar sua bravura e seu valor novamente, mediante a matança de 100 filisteus, como um tipo de dote. Estava aborrecido por ser obrigado a dar Mical como esposa para Davi, porque sabia que o Senhor estava com ele e via o amor da filha por Davi como traição contra seu reinado (1Sm 18:28).

    Quarto, por meio de sua amizade com o filho do rei, Davi foi avisado com antecedência do profundo ódio de Saul contra ele, bem como de seus planos de matá-lo. Jônatas amava de verdade o filho de Jessé (1Sm 19:1) e não se preocupava com suas proezas militares, nem com sua crescente popularidade. Intercedeu em favor dele e o convidou para voltar ao palácio (v. 7), mas gradualmente percebeu que seu pai realmente estava determinado a matá-lo. O rei fez algumas tentativas para eliminar Davi no palácio (v. 10) e até mesmo na própria casa do genro (v. 11). Davi e Jônatas foram obrigados a se separar. O filho do rei sabia que Davi corria risco de vida; compreendia também que Deus tinha um plano especial para a vida do amigo. Os dois fizeram uma aliança para toda a vida e se separaram (1Sm 20:16-42).

    Saul contra Davi

    Saul fez tudo para livrar-se de Davi. Expulso da corte, o filho de Jessé buscou refúgio junto a Aquis, rei filisteu de Gate. Temeroso de que a boa vontade do anfitrião mudasse a qualquer momento, foi para Adulão (1Sm 22). Ali, liderou um bando de foras-dalei. Trouxe sua família para a segurança de Moabe e retornou, a fim de enfrentar os perigos de sua vida de eLivros. Qualquer um que tentasse colaborar com Davi era morto por Saul, como aconteceu com os sacerdotes de Nobe (1Sm 21:22). Para onde quer que ele fosse, o rei ficava sabendo e o perseguia.

    Enquanto isso, o apoio a Davi crescia cada vez mais. Bandidos, muitos deles guerreiros habilidosos, reuniram-se a ele. Abiatar, um sacerdote que escapou do massacre em Nobe, e o profeta Gade também se uniram a Davi. Este, por suas muitas façanhas, fazia com que as pessoas ficassem em débito para com ele. Reduziu a ameaça dos filisteus, como fez, por exemplo, em Queila (1Sm 23). Ele e seu homens também tornaram-se defensores dos moradores de Judá que eram constantemente ameaçados por saqueadores estrangeiros e viviam da parte que recebiam das colheitas, rebanhos e do gado que ajudavam a proteger. Nem todos os criadores, porém, estavam dispostos a compartilhar com eles alguma coisa. Nabal, um rico fazendeiro, tinha recebido tal proteção de Davi e seus homens, mas era avarento demais para recompensá-los pelo trabalho (1Sm 25). O filho de Jessé ficou furioso, mas Abigail, esposa de Nabal, foi ao seu encontro com vários presentes. Depois da morte do marido, ela se tornou esposa de Davi (1Sm 25:42).

    Por duas vezes Davi teve oportunidade de vingar-se de Saul, mas, ao invés de matá-lo, poupou sua vida. Sua existência tornou-se tão opressiva que foi obrigado a buscar refúgio com Aquis, rei de Gate. Recebeu a cidade de Ziclague para morar com seus homens, de onde ajudava Saul a reduzir as forças dos filisteus (1Sm 27). Aquis tinha tamanha confiança na lealdade de Davi, que o levou consigo como parte de suas tropas numa batalha em Gilboa, contra os israelitas (1Sm 28). Os filisteus não deveriam ficar apreensivos pelo conflito de interesses; Davi lutaria contra seu próprio povo (1Sm 29). No entanto, ele retornou a Ziclague e descobriu que a cidade fora saqueada e incendiada e a população, levada cativa pelos amalequitas. Enquanto os filisteus esmagavam os israelitas no norte, Davi perseguiu os invasores e colocou um fim em suas hostilidades.

    Davi é exaltado ao reino

    Saul e Jônatas foram mortos na batalha em Gilboa (2Sm 1:4). Ao invés de comemorar este acontecimento, Davi chorou pelo rei e por seu amigo (2Sm 1:19-27). As notícias sobre a morte de Saul correram rápido, mas as reações foram bem diferentes em todo país. As tribos do Norte reconheceram 1s-Bosete, filho do rei, como o legítimo representante do trono (2Sm 2:8-9). A tribo de Judá permaneceu leal a Davi e separou-se da união, ao tornar Hebrom a capital do novo reino (2Sm 2:3-4).

    Não demorou muito para que o povo descobrisse a incompetência de Is-Bosete. Abner, seu comandante militar, junto com outros cidadãos importantes, procurou Davi e abriu negociações com ele, as quais foram interrompidas quando Joabe assassinou Abner, em vingança pela morte de seu irmão. O enfraquecimento do Norte encorajou a morte de Is-Bosete e as tribos voltaram à união sob o reino de Davi (2Sm 5:1-3).

    Esse reino, agora unificado, primeiro teve Hebrom como seu centro. Mas, desejoso de ter uma localização melhor e reconhecedor do problema estratégico gerado pela proximidade dos cananeus, Davi determinou a conquista de Jerusalém. A cidade nunca pertencera aos israelitas e localizava-se num ponto estratégico, em um cruzamento entre o leste e o oeste, o norte e o sul. Joabe, o comandante militar, liderou uma campanha bem-sucedida contra aquela localidade e a conquistou para o rei.

    Davi consolidou seu reino, ao fazer de Jerusalém sua capital administrativa. Era uma cidade neutra, pois não tinha qualquer ligação especial nem com as tribos do Norte nem com as do Sul (2Sm 5:9-10). O crescimento do poderio de Davi não passou despercebido. Hirão, rei de Tiro, enviou seus carpinteiros e pedreiros, a fim de construir um palácio para ele (2Sm 5:11). Esse ato firmou o relacionamento entre os dois reis. Por incrível que pareça, o fortalecimento da posição do filho de Jessé ameaçou a paz relativa de que Israel gozava. Os filisteus não perturbaram o país durante os dois primeiros anos do reinado de Davi. Com o crescimento de seu poder, entretanto, decidiram acabar com sua grande popularidade. O rei resistiu a cada ataque com sucesso e finalmente definiu a fronteira do reino na planície costeira (2Sm 5:19-25).

    Jerusalém como centro do reino de Davi

    A paz estabelecida em Israel encorajou Davi a persuadir as tribos a reconhecer Jerusalém como centro religioso, ao levar para lá a Arca da Aliança, o símbolo central do relacionamento e da aliança do povo com Deus (2Sm 6). (Veja o verbete Aliança.) Após encontrar descanso em Jerusalém, Davi buscou a aprovação do Senhor para providenciar um centro definitivo ao culto e à adoração em Israel, por meio da construção de um Templo (2Sm 7). Deus modificou a oferta de Davi, pois concedeu a ele uma “casa” (dinastia) e permitiu que seu filho construísse uma “casa” permanente para o Senhor. A promessa de uma dinastia foi incorporada a uma aliança de concessão. A proposta concedia a Davi um lugar perpétuo no reino de Deus, ao colocar sobre ele o privilégio de ser um “filho” de Deus. O Salmo 2 celebra a condição do filho como o que experimenta uma posição privilegiada e recebe autoridade para estabelecer o reino de Deus (veja Sl 72), submeter as nações, quando necessário pela força, e trazer as bênçãos do Senhor sobre todos os fiéis, em todas as partes da Terra. Essas promessas cumprem a aliança que Deus fez com Davi. O Pacto Davídico é uma administração soberana, feita pela graça, segundo a qual o Senhor ungiu Davi e sua casa para estabelecer seu reino e efetivamente trazer um reinado de paz, glória e bênção. Jesus e os apóstolos afirmaram que essas promessas encontram seu foco e recebem sua confirmação em Cristo (o “Messias”). Ele é o “ungido” que recebeu autoridade e poder (Mt 28:20; At
    2) do alto sobre toda a criação, inclusive a Igreja (Cl 1).

    Encorajado pelas promessas de Deus e feliz pela consolidação do destaque de Israel entre as nações, Davi seguiu adiante. Fortaleceu Jerusalém, desenvolveu uma administração de governo centralizada, expulsou as forças invasoras e foi agressivo no estabelecimento da paz em Israel. Subjugou os filisteus, moabitas, edomitas e amonitas (2Sm 12:29-31). Cobrou impostos dos arameus e das nações que decidiu não subjugar (2Sm 8;10). Depositou a maior parte dos tributos e espólios no fundo para a construção do Templo (2Sm 8:11-12). Embora fosse severo em sua justiça para com as nações, o rei foi generoso no trato com Mefibosete, filho de Jônatas. Providenciou-lhe um lugar e garantiu-lhe um sustento vitalício (2Sm 9). Provavelmente esse período foi marcado por uma severa crise de fome (2Sm 21:1). A dificuldade era tão grande que Davi pediu uma explicação ao Senhor. Foi-lhe revelado que a escassez de alimento era resultado do juízo de Deus, pelo equivocado zelo de Saul, ao tentar aniquilar os gibeonitas (2Sm 21:2), povo que buscara e recebera proteção de Israel, na época de Josué (Js 9:15-18-26). A morte de sete descendentes de Saul, sem incluir Mefibosete, satisfez a exigência de justiça feita pelos gibeonitas. Deus graciosamente removeu a maldição e renovou a terra com chuva abundante. Davi levou os ossos de Saul, Jônatas e dos sete que foram mortos e os enterrou na sepultura de Quis (2Sm 21:14).

    A queda de Davi

    A partir deste ponto, a história de Davi é uma mistura de tragédia e providência divina. Ele se tornou um personagem trágico. Elevado pela graça de Deus a uma posição de imenso poder, desejou ardentemente Bate-Seba, com quem teve relações sexuais; ao saber que estava grávida, tentou encobrir seu pecado, ordenou que Urias, o marido dela, fosse morto no campo de batalha e casou-se com ela legalmente (2Sm 11). O profeta Natã proferiu um testemunho profético, condenando a concupiscência e a cobiça de Davi e seu comportamento vil (2Sm 12). O rei confessou seu pecado e recebeu perdão (2Sm 12:13; cf. Sl 32:51), mas sofreu as conseqüências de sua perfídia pelo resto da vida. O bebê que nasceu da união com Bate-Seba ficou doente e morreu.

    Conseqüentemente, Davi experimentou instabilidade e morte em sua família. Amnom violentou a própria irmã, Tamar, e causou a desgraça dela (2Sm 13); foi assassinado por Absalão, irmão da jovem. Este fugiu para salvar a vida e permaneceu eLivros por dois anos. Davi almejava revê-lo e foi encorajado por Joabe, o qual o enganou, ao forçá-lo a seguiu um conselho que lhe fora dado por uma mulher de Tecoa. Esta, orientada por Joabe, fora ao rei pedindo proteção para o filho que assassinara o irmão. Joabe trouxe Absalão de volta, mas não ao palácio real. Depois de dois anos, o filho do rei voltou ao palácio, conquistou a simpatia do povo e pensou numa maneira de reconquistar o favor do pai (2Sm 14).

    Como resultado, Davi experimentou uma guerra civil dentro do país. Absalão tivera tempo para elaborar planos, a fim de perturbar a ordem. Durante quatro anos, preparara-se cuidadosamente para o momento em que o povo o apoiaria, em detrimento de seu velho pai. Absalão foi coroado rei em Hebrom e rapidamente partiu em direção a Jerusalém (2Sm 15). Davi saiu da capital com um grupo de seguidores e deixou vários conselheiros de confiança para trás (Abiatar, Zadoque e Husai). Husai dava conselhos equivocados a Absalão e enviava mensageiros a Davi, a fim de informar todos os movimentos dele (2Sm 17). A guerra trouxe resultados desastrosos para as forças do filho do rei, o qual morreu pendurado em uma árvore pelos cabelos. A vitória foi clara, mas Davi sofreu mais com a perda de Absalão do que sentiu alegria pela vitória.

    O rei voltou para Jerusalém com o apoio dos habitantes do Sul do país, os quais anteriormente haviam seguido Absalão. As tribos do Norte sentiram-se traídas pela falta de respeito demonstrada pelos moradores do Sul, pois elas também tinham apoiado o rei e dado a extensão de seu território nas mãos dele; por isso, precisavam ser ouvidas. A tribo de Judá alegou que o rei lhes pertencia e ofendeu os habitantes do Norte com a sua insolente arrogância (2Sm 19:40-43).

    Conseqüentemente, a união entre as tribos ficou enfraquecida ao extremo. A dissidência rapidamente cresceu e culminou em outra guerra civil, sob a liderança de Seba, filho de Bicri, da tribo de Benjamim. Davi enviou Amasa para recrutar guerreiros de Judá, a fim de sufocar a rebelião. Como este demorou muito a retornar, o rei comissionou Abisai para perseguir Seba. (Joabe perdera o favor do rei e o cargo, por ter matado Absalão, e agora estava sob as ordens de Abisai.) Quando Amasa, que se aliara a Seba, e Joabe se encontraram, este o matou e reassumiu o comando das tropas. Perseguiu a Seba até Abel-Bete-Maaca e sitiou a cidade. Uma mulher sábia salvou a cidade, ao comprometer-se a atirar a cabeça de Seba por cima do muro. Joabe retornou a Jerusalém como general, com o crédito de ter acabado com a rebelião (2Sm 20:23).

    Os últimos dias de Davi

    No término de sua vida, Davi tinha realizado o objetivo de solidificar Israel contra os filisteus, ao sudoeste; os edomitas, ao sudeste; os moabitas e amonitas, ao leste; e os arameus, ao norte. Havia estendido seu reino por todas as áreas da terra que fora prometida a Abraão (Gn 15:18-19). Desenvolveu uma administração eficiente, pela qual era capaz de governar esse vasto império. Um excelente exército era mantido constantemente de prontidão, para assegurar a paz e a estabilidade dentro do reino. Por causa de seu sucesso, Davi confiou em si mesmo e decidiu fazer um censo.

    Isso desagradou ao Senhor, que enviou uma praga contra o reino. O próprio rei foi o responsável pela morte de muitos inocentes. Por isso, comprou um campo e ofereceu um sacrifício a Deus, que expressava arrependimento por sua presunção. Esse local, a eira de Araúna, no futuro se tornaria o lugar onde Salomão construiria o Templo (2Sm 24:1-25).

    Davi ordenou que Salomão fosse ungido rei, após ouvir que seu filho Adonias fizera uma tentativa de usurpar o trono (1Rs 1:1-2:12). Preveniu o seu sucessor sobre várias pessoas que poderiam comprometer a estabilidade de seu reinado: Joabe, o comandante, e Simei, o rebelde (1Rs 2:8-9). Incumbiu-o de permanecer fiel a Deus, porque no Senhor estava a fonte do poder e a perpetuidade da dinastia.

    Conclusão

    Davi era humano, mas permaneceu fiel ao Senhor durante toda sua vida. Embora tenha pecado tragicamente contra Deus e o próximo, era um homem humilde. A sua força estava no Senhor, desde o princípio até o fim de seus dias. Os salmos atribuídos a ele falam desta verdade. Tal afirmação sobre sua confiança em Deus é também encontrada no final de II Samuel: “O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador. Meu Deus é a minha rocha, em quem me refugio; o meu escudo, e força da minha salvação. Ele é o meu alto retiro, meu refúgio e meu Salvador — dos homens violentos me salvaste” (2Sm 22:2-3). Os cânticos compostos por ele também trazem a correlação entre a humildade, a obediência e a bondade de Deus. Conforme Davi escreveu: “Com o puro te mostras puro, mas com o perverso te mostras sagaz. Livras o povo humilde, mas teus olhos são contra os altivos, e tu os abates” (2Sm 22:27-28). O Senhor não apenas mostrou seu poder para Davi e seus contemporâneos, mas também comprometeu-se a proteger todo o seu povo por meio do ungido, que descenderia do referido rei. Essa é a essência da Aliança Davídica.

    Os escritores do NT testemunham sobre a conexão entre Davi e Cristo. A genealogia de Jesus recua até o filho de Jessé (Mt 1:1). Ele é o governante sobre o trono de Davi, cujo reino se estende até os confins da Terra. É o cabeça da Igreja (Cl 1:18) e trará todas as nações ao conhecimento de sua soberania (1Co 15:25; cf. At 2:35). Ele estabelecerá o reino de Deus sobre a Terra (1Co 15:27-28) e, por esse motivo, cumpre as promessas em benefício de todo o povo do Senhor, tanto judeus como gentios.

    W.A. e V.G.


    Davi [Amado] - O segundo rei do reino unido de Israel. Ele reinou de 1010 a 970 a.C. Tomou Jerusalém e a tornou a capital religiosa do reino. Levou a arca para lá (2Sa
    6) e organizou os serviços de adoração (1Ch 15—16). Ampliou o reino (2Sm 8:10-12) e ajuntou materiais para a construção do TEMPLO (1Ch 22). Foi governador, guerreiro, músico e poeta. E foi um dos antepassados de Jesus (Mt 1:1). V. SAMUEL, SEGUNDO LIVRO DE e o mapa OS REINOS DE SAUL, DAVI E S

    Davi O segundo rei de Israel (final do séc. XI e início do séc. X a.C.). De sua descendência viria o messias — daí ele ser chamado “Filho de Davi” (Mt 9:27; 12,23; 15,22; 20,30ss.; Mc 11:10) — que também deveria nascer em sua cidade natal: Belém (Mq 5:2). Tanto Lucas como Mateus relacionam Jesus com a estirpe messiânica e o fato deve ser reconhecido como histórico, ainda que seja bem provável que não fosse importante o ramo a que pertencia.

    Como outros tantos judeus de sua época, Jesus enfatizou a ascendência davídica do messias, o seu caráter preexistente, baseado em uma leitura peculiar do Salmo 110, que tem paralelos, entre outros, com os essênios de Qumrán (Mt 22:41ss.).


    Dissê

    1ª pess. sing. pret. perf. ind. de dizer
    3ª pess. sing. pret. perf. ind. de dizer

    di·zer |ê| |ê| -
    (latim dico, -ere)
    verbo transitivo

    1. Exprimir por meio de palavra, por escrito ou por sinais (ex.: dizer olá).

    2. Referir, contar.

    3. Depor.

    4. Recitar; declamar (ex.: dizer poemas).

    5. Afirmar (ex.: eu digo que isso é mentira).

    6. Ser voz pública (ex.: dizem que ele é muito honesto).

    7. Exprimir por música, tocando ou cantando.

    verbo intransitivo

    8. Condizer, corresponder.

    9. Explicar-se; falar.

    10. Estar (bem ou mal) à feição ou ao corpo (ex.: essa cor não diz bem). = CONVIR, QUADRAR

    verbo pronominal

    11. Intitular-se; afirmar ser.

    12. Chamar-se.

    13. Declarar o jogo que se tem ou se faz.

    nome masculino

    14. Expressão, dito (ex.: leu os dizeres do muro).

    15. Estilo.

    16. Maneira de se exprimir.

    17. Rifão.

    18. Alegação, razão.


    quer dizer
    Expressão usada para iniciar uma explicação adicional em relação a algo que foi dito anteriormente. = ISTO É, OU SEJA

    tenho dito
    Fórmula com que se dá por concluído um discurso, um arrazoado, etc.


    Estender

    verbo transitivo direto e pronominal Tornar mais amplo no tempo ou no espaço; alongar: estender a estadia; o mar estende-se de modo infinito.
    Fazer ficar maior; aumentar-se: ele estendeu suas capacidades; seu talento estendia-se com o tempo.
    Causar a propagação de; espalhar-se: estendeu a educação aos territórios mais remotos; a tragédia se estendeu pela cidade.
    Dispor-se de modo horizontal; ficar deitado; deitar-se: estendeu-se na cama; estendeu-a no berço.
    Causar a divulgação de; fazer com que fique conhecido; divulgar: estender críticas; a fofoca estendeu-se por todo o bairro.
    verbo transitivo direto e intransitivo Alongar fazendo com que se torne maior ou mais largo: os fios de metal se estendem por toda a propriedade.
    verbo bitransitivo e pronominal Conter em sim; abarcar, abranger: estende seus insultos a todos; sua vontade se estende a múltiplos trabalhos.
    verbo transitivo direto Esticar, geralmente, uma parte do corpo: estender as pernas.
    Figurado Direcionar os olhos para longe: sua visão estendia pelo horizonte.
    Abrir totalmente; desdobrar, desenrolar: estendeu o lençol sobre a cama.
    Colocar roupas no varal para secá-las: ela estendia os vestidos.
    Derrubar; fazer com que seja derrubado ao chão: estendeu-a com o tapa.
    Fazer a preparação do cavalo para corrida.
    [Popular] Lançar o laço para enlaçar a rês.
    verbo bitransitivo Entregar alguma coisa a alguém: estendi-lhe o presente.
    Demonstrar a dedicação; dedicar: seu esforço estendia noite afora.
    Dar ou presentear; cumprimentar: estendo meus parabéns ao noivo.
    verbo pronominal Prolongar-se na realização de alguma coisa; demorar-se: estendeu-se no desenvolvimento do exame.
    Falar ou escrever de maneira prolixa: estendeu-se sobre aquele tópico e não parava de falar.
    Etimologia (origem da palavra estender). Do latim extendo.is.

    Estender
    1) Levantar (Ed 9:5; Jo 21:18).


    2) Mover para a frente, oferecendo (Sl 18:16, RA; At 4:30).


    3) Espalhar; desdobrar (9:8).


    Matar

    Dicionário Comum
    verbo transitivo direto e intransitivo Assassinar; tirar a vida de alguém; provocar a morte de: matou o bandido; não se deve matar.
    verbo pronominal Suicidar-se; tirar a própria vida: matou-se.
    verbo transitivo direto Destruir; provocar destruição: a chuva matou a plantação.
    Arruinar; causar estrago: as despesas matam o orçamento.
    Trabalhar sem atenção ou cuidado: o padeiro matou o bolo da noiva.
    Fazer desaparecer: a pobreza acaba matando os sonhos.
    Saciar; deixar de sentir fome ou sede: matou a fome.
    [Informal] Gastar todo o conteúdo de: matou a comida da geladeira.
    [Informal] Diminuir a força da bola: matou a bola no peito.
    verbo transitivo direto e intransitivo Afligir; ocasionar sofrimento em: suas críticas mataram o escritor; dizia palavras capazes de matar.
    Cansar excessivamente: aquela faculdade o matava; o ócio mata.
    verbo pronominal Sacrificar-se; fazer sacrifícios por: eles se matavam pelos pais.
    Etimologia (origem da palavra matar). De origem questionável.
    verbo transitivo direto Costura. Realizar mate, unir duas malhas em uma só.
    Etimologia (origem da palavra matar). Mate + ar.
    Fonte: Priberam

    Dicionário Etimológico
    de origem controversa, este vocábulo pode ser vindo tanto do latim mactare, imolar as vítimas sagradas, quanto do árabe mat, morto. Deriva da expressão religiosa "mactus esto": "santificado sejas", ou "honrado sejas", que se dizia aos deuses enquanto se imolava uma vítima (um animal, obviamente); daí resultou o verbo "mactare", que significava "imolar uma vítima aos deuses" e, depois, qualquer tipo de assassinato.
    Fonte: Dicionário Etimológico 7Graus

    Mão

    Mão Símbolo do poder de Deus, digno de confiança (Mt 4:6). O Pai colocou tudo nas mãos de Jesus (Mt 3:12; Lc 3:17; Jo 3:45; 13,3), do qual provém a onipotência do Filho (Jo 10:28ss). Em Jesus, o uso das mãos está ligado à bênção (Mt 19:13-15; Mc 10:16; Lc 24:50) e à cura (Mc 6:5; 8,23-25; Lc 4:40; 13,13); o mesmo pode ser observado em seus discípulos (Mt 9:18; Mc 7:32; 16,18).

    As mãos eram empregadas tanto metaforicamente como cerimonialmente.
    (a): Beijar a mão de alguém era um ato de adoração (31:26-27): ‘Se olhei para o sol, quando resplandecia,…beijos Lhe atirei com a mão… ‘ *veja também 1 Rs 19.18.
    (b): Prestar juramento era acompanhado em todas as nações do ato de levantar a mão.
    (c): Dar a mão sempre significou paz, amizade e confiança (2 Rs 10.15).
    (d): Sentar-se alguém à mão direita era indicio de alta mercê (Sl 16:11 – 77.10), sendo o Filho de Deus muitas vezes representado como estando sentado à mão direita de Seu Pai (Hb 1:13 – *veja também Sl 110:1). Satanás estava à mão direita do sumo sacerdote Josué como acusador (Zc 3:1) – mas, sob outro ponto de vista, o Salmista diz: ‘o Senhor, tenho-o sempre à minha presença – estando ele à minha direita não serei abalado’ (Sl 16:8).
    (e): A imposição das mãos compreende-se de diferentes maneiras no Antigo e Novo Testamento. Muitas vezes se toma no sentido de ordenação e consagração de sacerdotes e ministros entre judeus e cristãos (Nm 8:10At 6:6 – 13.3 – 1 Tm 4.14). Deus designou Moisés para pôr as suas mãos sobre Josué, como seu sucessor (Nm 27:18). Jacó pôs as suas mãos sobre Efraim e Manassés, quando os abençoava (Gn 48:14). Quando o sumo sacerdote proferia a bênção, ele tinha a sua mão levantada sobre o povo (Lv 9:22). Semelhantemente, quando os israelitas apresentavam no tabernáculo ofertas pelos pecados, os sacerdotes punham as suas mãos sobre as vítimas, para expiação (Lv 1:4). Neste testemunho o ofertante reconhecia pelos seus pecados que era digno da morte, sendo compreendido que esses pecados apagavam-se no sacrifício, consagrando-se ele a Deus. A mão das testemunhas se levantava contra o idólatra para executar a sentença de morte (Dt 13:9 – 17.7). o nosso Salvador pôs as mãos sobre as cabeças das crianças, quando as abençoava (Mc 10:16) – e o Espirito Santo era conferido aos que eram batizados, pela imposição das mãos dos apóstolos (At 8:17 – 19.6). Pilatos lavou as mãos em sinal de inocência (Mt 27:24).

    Mão Medida de comprimento igual a 7,4 cm. É a medida da palma da mão na base dos dedos. É 1/3 do PALMO e 1/6 do CÔVADO (Ex 37:12), RC; RA, quatro dedos).

    Não

    advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
    Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
    Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
    Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
    Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
    substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
    Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.

    advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
    Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
    Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
    Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
    Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
    substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
    Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.

    Senhor

    substantivo masculino Proprietário, dono absoluto, possuidor de algum Estado, território ou objeto.
    História Aquele que tinha autoridade feudal sobre certas pessoas ou propriedades; proprietário feudal.
    Pessoa nobre, de alta consideração.
    Gramática Forma de tratamento cerimoniosa entre pessoas que não têm intimidade e não se tratam por você.
    Soberano, chefe; título honorífico de alguns monarcas.
    Figurado Quem domina algo, alguém ou si mesmo: senhor de si.
    Dono de casa; proprietário: nenhum senhor manda aqui.
    Pessoa distinta: senhor da sociedade.
    Antigo Título conferido a pessoas distintas, por posição ou dignidade de que estavam investidas.
    Antigo Título de nobreza de alguns fidalgos.
    Antigo O marido em relação à esposa.
    adjetivo Sugere a ideia de grande, perfeito, admirável: ele tem um senhor automóvel!
    Etimologia (origem da palavra senhor). Do latim senior.onis.

    o termo ‘Senhor’, no A.T., paraexprimir Jeová, está suficientemente compreendido nesta última palavra – e, como tradução de ãdôn, não precisa de explicação. Em Js 13:3, e freqüentemente em Juizes e Samuel, representa um título nativo dos governadores dos filisteus, não se sabendo coisa alguma a respeito do seu poder. o uso de ‘Senhor’ (kurios), no N.T., é interessante, embora seja muitas vezes de caráter ambíguo. Nas citações do A.T., significa geralmente Jeová, e é também clara a significaçãoem outros lugares (*vejag. Mt 1:20). Mas, fora estas citações, há muitas vezes dúvidas sobre se a referência é a Deus como tal (certamente Mc 5:19), ou ao Salvador, como Senhor e Mestre. Neste último caso há exemplos do seu emprego, passando por todas as gradações: porquanto é reconhecido Jesus, ou como Senhor e Mestre no mais alto sentido (Mt 15:22 – e geralmente nas epístolas – *veja 1 Co 12.3), ou como doutrinador de grande distinção (Mt 8:21 – 21.3), ou ainda como pessoa digna de todo o respeito (Mt 8:6). Deve-se observar que kurios, termo grego equivalente ao latim “dominus”, era o título dado ao imperador romano em todas as terras orientais, em volta do Mediterrâneo. E isto serve para explicar o fato de aplicarem os cristãos ao Salvador esse título, querendo eles, com isso, acentuar na sua mente e na das pessoas que os rodeavam a existência de um império maior mesmo que o de César. Com efeito, o contraste entre o chefe supremo do império romano e Aquele que é o Senhor de todos, parece apoiar muitos dos ensinamentos do N.T. Algumas vezes se usa o termo ‘Senhor’ (Lc 2:29At 4:24, etc.) como tradução de despõtes, que significa ‘dono, amo’, sugerindo, quando se emprega a respeito dos homens, que ao absoluto direito de propriedade no mundo antigo estava inerente uma verdadeira irresponsabilidade. (*veja Escravidão.)

    [...] o Senhor é a luz do mundo e a misericórdia para todos os corações.
    Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Pelo Evangelho


    Senhor
    1) (Propriamente dito: hebr. ADON; gr. KYRIOS.) Título de Deus como dono de tudo o que existe, especialmente daqueles que são seus servos ou escravos (Sl 97:5; Rm 14:4-8). No NT, “Senhor” é usado tanto para Deus, o Pai, como para Deus, o Filho, sendo às vezes impossível afirmar com certeza de qual dos dois se está falando.


    2) (hebr. ????, YHVH, JAVÉ.) Nome de Deus, cuja tradução mais provável é “o Eterno” ou “o Deus Eterno”. Javé é o Deus que existe por si mesmo, que não tem princípio nem fim (Ex 3:14; 6.3). Seguindo o costume que começou com a SEPTUAGINTA, a grande maioria das traduções modernas usa “Senhor” como equivalente de ????, YHVH (JAVÉ). A RA e a NTLH hoje escrevem “SENHOR”. A forma JAVÉ é a mais aceita entre os eruditos. A forma JEOVÁ (JEHOVAH), que só aparece a partir de 1518, não é recomendável por ser híbrida, isto é, consta da mistura das consoantes de ????, YHVH, (o Eterno) com as vogais de ???????, ADONAI (Senhor).


    Senhor Termo para referir-se a YHVH que, vários séculos antes do nascimento de Jesus, havia substituído este nome. Sua forma aramaica “mar” já aparecia aplicada a Deus nas partes do Antigo Testamento redigidas nesta língua (Dn 2:47; 5,23). Em ambos os casos, a Septuaginta traduziu “mar” por “kyrios” (Senhor, em grego). Nos textos de Elefantina, “mar” volta a aparecer como título divino (pp. 30 e 37). A. Vincent ressaltou que este conteúdo conceitual já se verificava no séc. IX a.C. Em escritos mais tardios, “mar” continua sendo uma designação de Deus, como se vê em Rosh ha-shanah 4a; Ber 6a; Git 88a; Sanh 38a; Eruv 75a; Sab 22a; Ket 2a; Baba Bat 134a etc.

    Em algumas ocasiões, Jesus foi chamado de “senhor”, como simples fórmula de cortesia. Ao atribuir a si mesmo esse título, Jesus vai além (Mt 7:21-23; Jo 13:13) e nele insere referências à sua preexistência e divindade (Mt 22:43-45; Mc 12:35-37; Lc 20:41-44 com o Sl 110:1). Assim foi também no cristianismo posterior, em que o título “Kyrios” (Senhor) aplicado a Jesus é idêntico ao empregado para referir-se a Deus (At 2:39; 3,22; 4,26 etc.); vai além de um simples título honorífico (At 4:33; 8,16; 10,36; 11,16-17; Jc 1:1 etc.); supõe uma fórmula cúltica própria da divindade (At 7:59-60; Jc 2:1); assim Estêvão se dirige ao Senhor Jesus no momento de sua morte, o autor do Apocalipse dirige a ele suas súplicas e Tiago acrescenta-lhe o qualificativo “de glória” que, na verdade, era aplicado somente ao próprio YHVH (Is 42:8). Tudo isso permite ver como se atribuíam sistematicamente a Jesus citações veterotestamentárias que originalmente se referiam a YHVH (At 2:20ss.com Jl 3:1-5).

    Finalmente, a fórmula composta “Senhor dos Senhores” (tomada de Dt 10:17 e referente a YHVH) é aplicada a Jesus e implica uma clara identificação do mesmo com o Deus do Antigo Testamento (Ap 7:14; 19,16). Tanto as fontes judeu-cristãs (1Pe 1:25; 2Pe 1:1; 3,10; Hc 1:10 etc.) como as paulinas (Rm 5:1; 8,39; 14,4-8; 1Co 4:5; 8,5-6; 1Ts 4:5; 2Ts 2:1ss. etc.) confirmam essas assertivas.

    W. Bousset, Kyrios Christos, Nashville 1970; J. A. Fitzmyer, “New Testament Kyrios and Maranatha and Their Aramaic Background” em To Advance the Gospel, Nova York 1981, pp. 218-235; L. W. Hurtado, One God, One Lord: Early Christian Devotion and Ancient Jewish Monotheism, Filadélfia 1988; B. Witherington III, “Lord” em DJG, pp. 484-492; O. Cullmann, o. c.; C. Vidal Manzanares, “Nombres de Dios” en Diccionario de las tres...; Idem, El judeo-cristianismo...; Idem, El Primer Evangelio...


    Temer

    Dicionário Comum
    verbo transitivo direto , transitivo indireto, intransitivo e pronominal Ter ou expressar muito medo, fobia, temor; recear: tememos um desastre ecológico; não se deve temer das medidas de austeridade; o corajoso não teme; não se teme as injustiças da vida.
    verbo transitivo indireto Expressar receios, preocupação; preocupar-se: temia pela morte da mãe.
    verbo transitivo direto Por Extensão Demonstrar muito respeito, obediência ou reverência por: temia dogmas religiosos.
    Etimologia (origem da palavra temer). Do latim timerere.
    Fonte: Priberam

    Dicionário de Sinônimos
    recear, suspeitar, desconfiar. – Temer, aqui, é “crer na probabilidade de um mal ou contratempo qualquer: temo que ele se desdiga; temo que me censurem”. – Recear é temer o engano, a falsidade, o mal que outrem nos pode fazer, ou o prejuízo que nos pode causar, sem que, porém, tenhamos grandes fundamentos que justifiquem o nosso receio: receamos que não venha; os escarmentados receiam tudo de todos. – Suspeitar é formar um mau juízo em virtude de indícios ou antecedentes: “suspeito que ele me engana”. (Bruns.) – Parece haver, do último para o primeiro, uma perfeita gradação na força expressiva destes verbos: suspeitamos desconfiando, isto é, inquietando-nos ligeiramente; receamos preocupando-nos; tememos pondo-nos em guarda, quase afligindo-nos. – Desconfiar é menos que recear e temer, mas é mais que suspeitar. Desconfia aquele que tem já algum motivo um tanto sério para, conquanto, esse motivo não atinja diretamente a pessoa ou coisa de que se desconfia. No meio de bandidos desconfiaríamos de um santo. Desconfiaríamos de um homem de bem que convivesse com velhacos. O marechal confiava desconfiando.
    Fonte: Dicio

    Ungido

    Dedicado à Deus

    Strongs

    Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
    II Samuel 1: 14 - Texto em Hebraico - (HSB) Hebrew Study Bible

    E Davi lhe disse: Como não temeste tu estender a mão para matares ao ungido do SENHOR?
    II Samuel 1: 14 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

    1010 a.C.
    H1732
    Dâvid
    דָּוִד
    de Davi
    (of David)
    Substantivo
    H3027
    yâd
    יָד
    a mão dele
    (his hand)
    Substantivo
    H3068
    Yᵉhôvâh
    יְהֹוָה
    o Senhor
    (the LORD)
    Substantivo
    H3372
    yârêʼ
    יָרֵא
    temer, reverenciar, ter medo
    (and I was afraid)
    Verbo
    H349
    ʼêyk
    אֵיךְ
    como? interj
    (and how)
    Advérbio
    H3808
    lôʼ
    לֹא
    não
    (not)
    Advérbio
    H413
    ʼêl
    אֵל
    até
    (unto)
    Prepostos
    H4899
    mâshîyach
    מָשִׁיחַ
    ungido, o ungido
    (who is anointed)
    Substantivo
    H559
    ʼâmar
    אָמַר
    E disse
    (And said)
    Verbo
    H7843
    shâchath
    שָׁחַת
    destruir, corromper, arruinar, deteriorar
    (Now was corrupt)
    Verbo
    H7971
    shâlach
    שָׁלַח
    enviar, despedir, deixar ir, estender
    (he put forth)
    Verbo
    H853
    ʼêth
    אֵת
    -
    ( - )
    Acusativo


    דָּוִד


    (H1732)
    Dâvid (daw-veed')

    01732 דוד David raramente (forma plena) דויד Daviyd

    procedente do mesmo que 1730, grego 1138 δαβιδ; DITAT - 410c; n pr m Davi = “amado”

    1. filho mais novo de Jessé e segundo rei de Israel

    יָד


    (H3027)
    yâd (yawd)

    03027 יד yad

    uma palavra primitiva; DITAT - 844; n f

    1. mão
      1. mão (referindo-se ao homem)
      2. força, poder (fig.)
      3. lado (referindo-se à terra), parte, porção (metáfora) (fig.)
      4. (vários sentidos especiais e técnicos)
        1. sinal, monumento
        2. parte, fração, porção
        3. tempo, repetição
        4. eixo
        5. escora, apoio (para bacia)
        6. encaixes (no tabernáculo)
        7. um pênis, uma mão (significado incerto)
        8. pulsos

    יְהֹוָה


    (H3068)
    Yᵉhôvâh (yeh-ho-vaw')

    03068 יהוה Y ehovaĥ

    procedente de 1961; DITAT - 484a; n pr de divindade Javé = “Aquele que existe”

    1. o nome próprio do único Deus verdadeiro
      1. nome impronunciável, a não ser com a vocalização de 136

    יָרֵא


    (H3372)
    yârêʼ (yaw-ray')

    03372 ירא yare’

    uma raiz primitiva; DITAT - 907,908; v

    1. temer, reverenciar, ter medo
      1. (Qal)
        1. temer, ter medo
        2. ter admiração por, ser admirado
        3. temer, reverenciar, honrar, respeitar
      2. (Nifal)
        1. ser temível, ser pavoroso, ser temido
        2. causar espanto e admiração, ser tratado com admiração
        3. inspirar reverência ou temor ou respeito piedoso
      3. (Piel) amedrontar, aterrorizar
    2. (DITAT) atirar, derramar

    אֵיךְ


    (H349)
    ʼêyk (ake)

    0349 איך ’eyk também איכה ’eykah e איככה ’eykakah

    forma alongada procedente de 335; DITAT - 75 adv interrog

    1. como? interj
    2. como! (em lamentação)
    3. expressão de satisfação

    לֹא


    (H3808)
    lôʼ (lo)

    03808 לא lo’

    ou לו low’ ou לה loh (Dt 3:11)

    uma partícula primitiva; DITAT - 1064; adv

    1. não
      1. não (com verbo - proibição absoluta)
      2. não (com modificador - negação)
      3. nada (substantivo)
      4. sem (com particípio)
      5. antes (de tempo)

    אֵל


    (H413)
    ʼêl (ale)

    0413 אל ’el (mas usado somente na forma construta reduzida) אל ’el

    partícula primitiva; DITAT - 91; prep

    1. para, em direção a, para a (de movimento)
    2. para dentro de (já atravessando o limite)
      1. no meio de
    3. direção a (de direção, não necessariamente de movimento físico)
    4. contra (movimento ou direção de caráter hostil)
    5. em adição a, a
    6. concernente, em relação a, em referência a, por causa de
    7. de acordo com (regra ou padrão)
    8. em, próximo, contra (referindo-se à presença de alguém)
    9. no meio, dentro, para dentro, até (idéia de mover-se para)

    מָשִׁיחַ


    (H4899)
    mâshîyach (maw-shee'-akh)

    04899 משיח mashiyach

    procedente de 4886, grego 3323 Μεσσιας; DITAT - 1255c; n m

    1. ungido, o ungido
      1. referindo-se ao Messias, príncipe messiânico
      2. referindo-se ao rei de Israel
      3. referindo-se ao sumo sacerdote de Israel
      4. referindo-se a Ciro
      5. referindo-se aos patriarcas como reis ungidos

    אָמַר


    (H559)
    ʼâmar (aw-mar')

    0559 אמר ’amar

    uma raiz primitiva; DITAT - 118; v

    1. dizer, falar, proferir
      1. (Qal) dizer, responder, fala ao coração, pensar, ordenar, prometer, intencionar
      2. (Nifal) ser falado, ser dito, ser chamado
      3. (Hitpael) vangloriar-se, agir orgulhosamente
      4. (Hifil) declarar, afirmar

    שָׁחַת


    (H7843)
    shâchath (shaw-khath')

    07843 שחת shachath

    uma raiz primitiva; DITAT - 2370; v.

    1. destruir, corromper, arruinar, deteriorar
      1. (Nifal) estar inutilizado, estar deteriorado, estar corrompido, estar estragado, estar ferido, estar arruinado, estar apodrecido
      2. (Piel)
        1. deteriorar, aruinar
        2. perverter, corromper, agir corruptamente (moralmente)
      3. (Hifil)
        1. deteriorar, arruinar, destruir
        2. perverter, corromper (moralmente)
        3. destruidor (particípio)
      4. (Hofal) deteriorado, arruinado (particípio)

    שָׁלַח


    (H7971)
    shâlach (shaw-lakh')

    07971 שלח shalach

    uma raiz primitiva; DITAT - 2394; v

    1. enviar, despedir, deixar ir, estender
      1. (Qal)
        1. enviar
        2. esticar, estender, direcionar
        3. mandar embora
        4. deixar solto
      2. (Nifal) ser enviado
      3. (Piel)
        1. despedir, mandar embora, enviar, entregar, expulsar
        2. deixar ir, deixar livre
        3. brotar (referindo-se a ramos)
        4. deixar para baixo
        5. brotar
      4. (Pual) ser mandado embora, ser posto de lado, ser divorciado, ser impelido
      5. (Hifil) enviar

    אֵת


    (H853)
    ʼêth (ayth)

    0853 את ’eth

    aparentemente uma forma contrata de 226 no sentido demonstrativo de entidade; DITAT - 186; partícula não traduzida

    1. sinal do objeto direto definido, não traduzido em português mas geralmente precedendo e indicando o acusativo