Enciclopédia de Isaías 1:9-9

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

is 1: 9

Versão Versículo
ARA Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado alguns sobreviventes, já nos teríamos tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra.
ARC Se o Senhor dos Exércitos nos não deixara algum remanescente, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra.
TB Se Jeová dos Exércitos não nos tivesse deixado alguns de resto, teríamos sido como Sodoma, ter-nos-íamos tornado tais como Gomorra.
HSB לוּלֵי֙ יְהוָ֣ה צְבָא֔וֹת הוֹתִ֥יר לָ֛נוּ שָׂרִ֖יד כִּמְעָ֑ט כִּסְדֹ֣ם הָיִ֔ינוּ לַעֲמֹרָ֖ה דָּמִֽינוּ׃ ס
BKJ Se o SENHOR dos Exércitos não tivesse deixado para nós um remanescente muito pequeno, nós teríamos sido como Sodoma e semelhantes a Gomorra.
LTT Se o SENHOR dos Exércitos não nos tivesse deixado um muito pequeno remanescente, como Sodoma teríamos sido tornados, e teríamos sido tornados semelhantes a Gomorra.
BJ2 Não tivesse Iahweh dos Exércitos nos deixado alguns sobreviventes, estaríamos como Sodoma, seríamos semelhantes a Gomorra.
VULG Nisi Dominus exercituum reliquisset nobis semen, quasi Sodoma fuissemus, et quasi Gomorrha similes essemus.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Isaías 1:9

Gênesis 18:26 Então, disse o Senhor: Se eu em Sodoma achar cinquenta justos dentro da cidade, pouparei todo o lugar por amor deles.
Gênesis 18:32 Disse mais: Ora, não se ire o Senhor que ainda só mais esta vez falo: se, porventura, se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei, por amor dos dez.
Gênesis 19:24 Então, o Senhor fez chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra.
Deuteronômio 29:23 e toda a sua terra abrasada com enxofre e sal, de sorte que não será semeada, e nada produzirá, nem nela crescerá erva alguma, assim como foi a destruição de Sodoma e de Gomorra, de Admá e de Zeboim, que o Senhor destruiu na sua ira e no seu furor;
I Reis 19:18 Também eu fiz ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que se não dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou.
Isaías 6:13 Mas, se ainda a décima parte dela ficar, tornará a ser pastada; como o carvalho e como a azinheira, que, depois de se desfolharem, ainda ficam firmes, assim a santa semente será a firmeza dela.
Isaías 10:20 E acontecerá, naquele dia, que os resíduos de Israel e os escapados da casa de Jacó nunca mais se estribarão sobre o que os feriu; antes, se estribarão sobre o Senhor, o Santo de Israel, em verdade.
Isaías 17:6 Mas ainda ficarão nele alguns rabiscos, como no sacudir da oliveira: duas ou três azeitonas na mais alta ponta dos ramos e quatro ou cinco nos ramos mais exteriores de uma árvore frutífera, diz o Senhor Deus de Israel.
Isaías 24:13 Porque será no interior da terra, no meio destes povos, como a sacudidura da oliveira e como os rabiscos, quando está acabada a vindima.
Isaías 37:4 Porventura, o Senhor, teu Deus, terá ouvido as palavras de Rabsaqué, a quem enviou o rei da Assíria, seu amo, para afrontar o Deus vivo e para o vituperar com as palavras que o Senhor, teu Deus, tem ouvido; faze oração pelo resto que ficou.
Isaías 37:31 Porque o que escapou da casa de Judá e ficou de resto tornará a lançar raízes para baixo e dará fruto para cima.
Lamentações de Jeremias 3:22 As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim.
Lamentações de Jeremias 4:6 Porque maior é a maldade da filha do meu povo do que o pecado de Sodoma, a qual se subverteu como em um momento, sem que trabalhassem nela mãos algumas. Zain.
Ezequiel 6:8 Mas deixarei um resto, para que haja alguns que escapem da espada entre as nações, quando fordes espalhados pelas terras.
Ezequiel 14:22 Mas eis que alguns restarão nela, que serão levados para fora, assim filhos como filhas; eis que eles virão a vós, e vereis o seu caminho e os seus feitos; e ficareis consolados do mal que eu trouxe sobre Jerusalém e de tudo o que trouxe sobre ela.
Joel 2:32 E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como o Senhor tem dito, e nos restantes que o Senhor chamar.
Amós 4:11 Subverti alguns dentre vós, como Deus subverteu a Sodoma e Gomorra, e vós fostes como um tição arrebatado do incêndio; contudo, não vos convertestes a mim, disse o Senhor.
Habacuque 3:2 Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia.
Sofonias 2:9 Portanto, tão certo como eu vivo, diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, Moabe será como Sodoma, e os filhos de Amom, como Gomorra, campo de urtigas, e poços de sal, e assolação perpétua; o resto do meu povo os saqueará, e o restante do meu povo os possuirá.
Zacarias 13:8 E acontecerá em toda a terra, diz o Senhor, que as duas partes dela serão extirpadas e expirarão; mas a terceira parte restará nela.
Mateus 7:14 E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.
Lucas 17:29 Mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre, consumindo a todos.
Romanos 9:27 Também Isaías clamava acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.
Romanos 9:29 E como antes disse Isaías: Se o Senhor dos Exércitos nos não deixara descendência, teríamos sido feitos como Sodoma e seríamos semelhantes a Gomorra.
Romanos 11:4 Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil varões, que não dobraram os joelhos diante de Baal.
II Pedro 2:6 e condenou à subversão as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente;

Mapas Históricos

Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados ​​para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.

HIDROLOGIA, SOLO E CHUVAS NA PALESTINA

HIDROLOGIA
Não é nenhuma coincidência que o principal deus do Egito (Amom-Rá) era uma divindade solar, o que também era o caso do líder do panteão mesopotâmico (Marduque) 108 Em contraste, o grande deus de Canaã (Baal) era um deus da chuva/fertilidade. Aí está um mito com consequências profundas e de longo alcance para quem quisesse viver em Canaã, mito que controlava boa parte da cosmovisão cananeia e, às vezes, até o pensamento israelita. O mito é um reflexo direto de certas realidades hidrológicas dessa terra. Dito de modo simples, nunca é preciso chover no Egito nem na Mesopotâmia. Cada uma dessas terras antigas recebeu uma rica herança: um grande rio. Do Nilo e do Eufrates, respectivamente, as civilizações egípcia e mesopotâmica tiravam seus meios de subsistência, irrigavam suas plantações e davam água a seus rebanhos e manadas. Cada um desses rios fornecia um enorme suprimento de água doce, mais do que poderia ser consumido pelas sociedades que eles alimentavam e sustentavam. Enquanto houvesse chuva suficiente a centenas e centenas de quilômetros de distância, nas montanhas da Etiópia e Uganda (no caso do Nilo) e nas regiões montanhosas e acidentadas do leste da Turquia (no caso do Eufrates).
não seria necessário chover no Egito nem em boa parte da Mesopotâmia. E, na verdade, raramente chovia! Naquelas regiões, a sobrevivência dependia do sustento proporcionado por rios que podiam ser usados com proveito no ambiente parecido com o de uma estufa, criado pelo calor do sol ao longo de suas margens.
Num contraste gritante com isso, em Canaã a sobrevivência dependia justamente da chuva. Nessa terra não havia nenhum grande rio, e os parcos recursos fluviais eram incapazes de atender às necessidades dos habitantes. É certo que o rio Jordão atravessava essa terra, mas, do mar da Galileia para o sul. ele ficava numa altitude tão baixa e estava sempre tão cheio de substâncias químicas que, em essência, a sociedade cananeia estava privada do eventual sustento que o lordão poderia lhe proporcionar. Em meio à têndência histórica de civilizações surgirem ao longo das margens de rios, o Jordão aparece como evidente exceção Fora o lordão. em Canaã havia apenas um pequeno volume de água doce subterrânea. Na Antiguidade, o rio Jarcom, que se forma nas fontes perto de Afeque e deságua no Mediterrâneo logo ao norte de Jope, produzia umidade suficiente para forcar viajantes a se deslocarem mais para dentro do continente, mas só no século 20 seus recursos foram finalmente aproveitados. O rio Ouisom, que drena parte do vale de Jezreel antes de desaguar no Mediterrâneo, na altura da planície de Aco, na maior parte do ano é pouco mais do que um riacho. E o rio Harode, que deságua no lordão em frente de Bete-Sea, mana de uma única fonte situada no sopé do monte Gilboa. De modo que os cananeus e até mesmo a comunidade da aliança de Deus experimentariam, nessa terra, a sobrevivência ou a morte, colheitas boas ou más, a fertilidade ou a seca, justamente como consequência de tempestades que podiam lançar sua chuva numa terra que, de outra forma, era incapaz de suster a existência humana. Para os autores das Escrituras, um padrão recorrente, até mesmo estereotipado, é pregar que a fé produz bênçãos enquanto a falta de fé resulta em condenação. Talvez nada mais ressaltasse esse padrão com tanta força do que a dependência da chuva. Por exemplo, perto do momento de Israel se tornar nação, o povo foi instruído sobre as consequências da fé: "Se [.] guardardes os meus mandamentos [..) eu vos darei chuvas no tempo certo, a terra dará seu produto [...] Mas, se não me ouvirdes [...] farei que o céu seja para vós como ferro, e a terra, como bronze [...] a vossa terra não dará seu produto" (Lv 26:3-20). Mais tarde, quando estava na iminência de se lancar em sua missão de ocupar Canaã, o povo recebeu as descrições mais vívidas e completas das características hidrológicas daquela terra. "Pois a terra na qual estais entrando para tomar posse não é como a terra do Egito, de onde saístes, em que semeáveis a semente e a regáveis a pé [referência ou a um tipo de dispositivo usado para puxar água que era movimentado com os pés ou a comportas de irrigação que podiam ser erguidas com os pés para permitir que as águas entrassem em canais secundários], como se faz a uma horta; a terra em que estais entrando para dela tomar posse é terra de montes e de vales, que bebe as águas da chuva do céu; terra cuidada pelo SENHOR, teu Deus, cujos olhos estão continuamente sobre ela, desde o princípio até o fim do ano" (Dt 11:10-12).
O autor bíblico passa então a fazer um contraste entre a fé e a fertilidade (v. 13-17). Na prática, sua mensagem era a de que, se os israelitas obedecessem aos mandamentos de Deus, ele lhes enviaria tanto as primeiras como as últimas chuvas, a fim de que o povo pudesse armazenar cereais, vinho e azeite. Mas, caso seus corações manifestassem falta de fé, na sua ira Deus trancaria os céus e não haveria nenhuma chuva. Então, parece claro que naquela terra a fertilidade dependia da fé e a própria vida estava em risco devido à falta de chuva, o que resultava em seca e fome. Ademais, os dois textos acima apresentam uma mensagem que é repetida em muitas outras passagens, em cada seção e gênero de literatura biblica: é Deus que, na sua benevolência - mediante a dádiva da bênção da chuva - sustenta a vida na terra da promessa (e.g., Dt 28:12-2Cr 7.13,14; J6 5.10; 28.25,26; 36.27,28; SI 65:9-13 135:7-147.8,18; Is 30:23-25; Ez 34:26; Os 6:3; Am 9:6; Zc 10:1; MI 3.10; Mt 5:45; At 14:17; Hb 6:7). De modo análogo, Deus tem a prerrogativa soberana de reter a chuva como sinal de sua insatisfação e juízo (e.g., Dt 28:22-24; 1Rs 8:35-36; 17.1; 2Cr 6:26-27; Jó 12.15; Is 5:6; Jr 3:3-14:1-6; Am 4:7-8; Zc 14:17). 110 Parece que os autores das Escrituras empregaram essa realidade teológica justamente por causa das implicações hidrológicas dinâmicas que teriam sido por demais óbvias para quem quer que tentasse sobreviver em Canaã. Para o israelita antigo, a chuva era um fator providencialmente condicionado.
As vezes, na história de Israel, Deus ficou tão descontente com o comportamento de seu povo que não lhes deu nem a chuva nem o orvalho (e.g., 1Rs 17:1; Ag 1:10-11; cp. Gn 27:39-25m 1.21; Is 26:19; Os 14:5; Jó 29.19). 112 Com certeza, poucos agricultores na América do Norte ou Europa tiveram boas colheitas principalmente como resultado de orvalho.
Entretanto, no Israel antigo, onde a água era escassa e inacessível, exceto aquela proveniente do céu, em certas estações do ano o crescimento das plantações dependia totalmente da formação do orvalho. Isso era ainda mais válido quando uvas e figos estavam amadurecendo no início do outono, logo antes das "primeiras chuvas" 13 Em circunstâncias normais, a cada ano, a planície Costeira ao sul de Gaza, o vale de lezreel no centro (Iz 6:36-40), o elevado monte Carmelo e o Neguebe Ocidental experimentam - todos eles - cerca de 250 noites de orvalho. Alguns estudiosos têm, com bons motivos, chegado a afirmar que a conexão entre chuva, fé e vida pode ser a melhor explicação por que, depois de atravessarem o Jordão e passarem a residir em Canaã, os israelitas puderam apostatar com tanta rapidez e de modo tão completo. Talvez nenhuma geração de israelitas que viveu antes da época de Cristo tenha experimentado de forma mais convincente o elemento do milagre divino do que aqueles que participaram da ocupação de sua terra. Contudo, seus filhos e netos ficaram rápida e completamente fascinados pelo deus Baal e pelo baalismo cananeu (z 6:25-32; 15m 4:5-8; 1Rs 16:32-33; 19:10-14), e o sincretismo deles se tornou o tema triste e recorrente do livro de Juízes. Aqueles dessa geração posterior não deram ouvidos às exortações proféticas e logo descobriram que, na prática, eram cananeus - pessoas que, por meio do culto da fertilidade, procuravam garantir que houvesse chuva suficiente. O baalismo cananeu estava envolvido com uma cosmovisão cíclica (e não com uma linear), em que o mundo fenomênico, a saber, as forças da natureza, era personificado. Dessa maneira, os adeptos do baalismo eram incapazes de perceber que as estações do ano eram de uma periodicidade regular e mecânica. A variação e a recorrência das estações eram vistas em termos de lutas cósmicas. Quando a estação seca da primavera começava com a consequente cessação de chuva e a morte da vegetação, inferiam erroneamente que o deus da esterilidade (Mot) havia assassinado seu adversário, Baal. Por sua vez, quando as primeiras chuvas do outono começavam a cair, tornando possível a semeadura e, mais tarde, a colheita, de novo o baalismo cometia o erro de inferir que o deus da fertilidade (Baal) havia ressuscitado e retornado à sua posição proeminente.
Ademais, o fracasso do baalismo cananeu em perceber que a variação das estações era governada pela inevitabilidade das leis da Natureza levou à crença de que o resultado das lutas cósmicas era incerto e que os seres humanos podiam manipulá-lo. Como consequência, quando desejavam que suas divindades realizassem certas ações, os cananeus acreditavam que podiam persuadi-las a isso, realizando eles próprios as mesmas ações num contexto cultual, uma prática conhecida hoje em dia como "magia imitativa ou simpática". Para eles, o triunfo contínuo de Baal equivalia à garantia de fertilidade duradoura. Esse desejo deu origem à prostituição cultual, em que, conforme acreditavam, as ações de um homem ou uma mulher consagrados a essa atividade ativamente antecipavam e causavam o intercurso de Baal com a terra e dele participavam (entendiam que a chuva era o sêmen de Baal). De acordo com a adoração da fertilidade em Canaã, quando Baal triunfava, as mulheres ficavam férteis, os rebanhos e manadas reproduziam em abundância e a lavoura era repleta de cereais. Os profetas, a começar por Moisés, atacaram fortemente a adoção indiscriminada dessa abominação (Dt 4:26; cp. Jr 2:7-8,22,23; 11.13; Os 4:12-14; Mq 1:7). Mas, apesar de todas as advertências, ao que parece a realidade hidrológica da terra levou os israelitas a suporem que também necessitavam de rituais cananeus para sobreviver num lugar que dependia tanto da chuva (1Sm 12:2-18; 1Rs 14:22-24; 2Rs 23:6-7; 2Cr 15:16: Jr 3:2-5; Ez 8:14-15; 23:37-45). Israel logo começou a atribuir a Baal, e não a lahweh, as boas dádivas da terra (Is 1:3-9; Jr 2:7; Os 2:5-13) e, por fim, os israelitas chegaram ao ponto de chamar lahweh de "Baal" (Os 2:16). O tema bíblico recorrente de "prostituir-se" tinha um sentido muito mais profundo do que uma mera metáfora teológica (Jz 2:17-8.27,33; 1Cr 5:25; Ez 6:9; Os 4:12-9.1; cp. Dt 31:16-1Rs 14.24; 2Rs 23:7). Além do mais, no fim, a adoção dessa degeneração contribuiu para a derrota e o exílio de Israel (e.g., 1Cr 5:26-9.1; SI 106:34-43; Jr 5:18-28; 9:12-16; 44:5-30; Ez 6:1-7; 33:23-29).
É muito provável que a expressão característica e mais comum que a Bíblia usa para descrever a herança de Israel - "terra que dá leite e mel" - trate igualmente dessa questão de dependência da chuva. Os ocidentais de hoje em dia conseguem ver, nessa metáfora, uma conotação de fertilidade e abundância exuberantes, de um paraíso autêntico ou de um jardim do Éden luxuriante. Mas a expressão pinta um quadro bem diferente. Para começar, o "princípio da primeira referência pode ser relevante para essa metáfora: quando a expressão surge pela primeira vez no cânon e na história de Israel, é especificamente usada para contrastar a vida de Israel no Egito com a vida tal como seria em Canaã (Êx 3.8,17). E, embora também se empregue a metáfora para descrever a terra da aliança de Deus com Israel (Dt 6:3-31.20; Is 5:6; Jr 11:5), de igual forma as Escrituras, mais tarde, utilizam a metáfora para tornar a apresentar esse forte contraste entre o Egito e Cana (e.g., Dt 11:9-12; 26.8,9; Jr 32:21-23; Ez 20:6). Nesse aspecto, o texto de Deuteronômio 11:8-17 é especialmente revelador: aí a terra de leite e mel será um lugar em que a fertilidade estará condicionada à fé em contraste com a fertilidade garantida do Egito.
Os produtos primários envolvidos também parecem não apontar para a noção de fertilidade exuberante (cp. Is 7:15-25). A palavra para "leite" (halab) é usada com frequência para designar o leite de cabra e ovelha (Êx 23.19; Dt 14:21-1Sm 7.9; Pv 27:26-27), raramente para se referir ao leite de vaca (Dt 32:14) e nunca ao de camela. Ocasionalmente a palavra para "mel" (debash) é interpretada como referência a uma calda ou geleia feita de uvas ou tâmaras ou secretada por certas árvores, mas é quase certo que, nesse contexto, deve se referir ao mel de abelha. A palavra é usada especificamente com abelhas (d°bórá, cp. Jz 14:8-9) e aparece com vários vocábulos diferentes que designam favo (Pv 24:13; Ct 4:11; cp. 1Sm 14:25-27; SI 19.10; Pv 16:24; Ct 5:1). Na descrição encontrada em textos egípcios mais antigos, Canaã tinha seu próprio suprimento de mel,16 uma observação importante à luz do fato bem estabelecido de que a apicultura doméstica era conhecida no Egito desde tempos remotos. Escavações arqueológicas realizadas em 2007 na moderna Rehov/Reobe, logo ao sul de Bete-Sea, encontraram vestígios inconfundíveis de apicultura doméstica em Canaã, datada radiometricamente do período da monarquia unida. Além de mel, restos tanto de cera de abelha quanto de partes de corpos de abelha foram tirados do apiário, e acredita-se que as fileiras de colmeias achadas ali até agora eram capazes de produzir até 450 quilos de mel todos os anos.
Os produtos primários indicados na metáfora que descreve a terra têm de ser leite de cabra e mel de abelha: os dois itens são produtos de condições topográficas e econômicas idênticas (Is 7:15-25; J6 20,17) e de áreas de pastagem não cultivadas. Nenhum é produto de terra cultivada. Diante disso, deve-se concluir que os produtos primários de leite e mel são de natureza pastoril e não agrícola. Portanto, a terra é descrita como uma esfera pastoril.
É possível perceber o peso dessa última observacão quando se contrastam o leite e o mel com os produtos primários do Egito, citados na Bíblia (Nm 11:4-9). Enquanto andava pelo deserto, o povo de Israel se desiludiu com a dieta diária e monótona de maná e passou a desejar a antiga dieta no Egito (peixe, pepino, melão, alho-poró, cebola e alho). Além de peixe, os alimentos pelos quais ansiavam eram aqueles que podiam ser plantados e colhidos. Em outras palavras. enquanto estavam no Egito, a dieta básica dos israelitas era à base de produtos agrícolas e nada há nesse texto sobre a ideia de pastoralismo. O Egito parece ser apresentado basicamente como o lugar para o lavrador trabalhar a terra, ao passo que a terra da heranca de Israel é basicamente apresentada como o lugar para o pastor criar animais. Isso não quer dizer que não houvesse pastores no Egito (ep. Gn 46:34) nem que não houvesse lavradores em Canaã (cp. Mt 22:5); mas dá a entender que o Egito era predominantemente um ambiente agrícola, ao passo que Canaã era predominantemente de natureza pastoril. Ao se mudar do Egito para uma "terra que dá leite e mel", Israel iria experimentar uma mudanca impressionante de ambiente e estilo de vida É provável que isso também explique por que a Bíblia quase não menciona lavradores, vacas e manadas e, no entanto, está repleta de referências pastoris:


Desse modo, dizer que a terra dava "leite e mel" servia a três propósitos básicos. A expressão: (1) descrevia a natureza distintamente pastoril do novo ambiente de Israel; (2) fazia um contraste entre aquele ambiente e o estilo de vida que Israel havia tido no Egito; (3) ensinava o povo que a fertilidade/ sobrevivência em sua nova terra seria resultado da fé e consequência da obediência. Os israelitas não seriam mais súditos egípcios vivendo no Egito, mas também não deveriam se tornar súditos cananeus vivendo em Canaã. Deviam ser o povo de Deus, povo que teria de viver uma vida de fé nesse lugar que Deus escolhera e que dependia tanto de chuva (as vezes denominada geopiedade). À luz dos difíceis condições hidrológicas da terra, a necessidade de conservar os escassos suprimentos de água devia ser determinante. Por esse motivo, a Bíblia está repleta de referências à água e a itens relacionados, com aplicações tanto positivas quanto negativas. Encontramos menção a:


Na época do Novo Testamento, tecnologias hídricas gregas e romanas aliviaram em parte a dificílima situação de abastecimento de água para algumas cidades principais.
O Império Romano foi particularmente bem-sucedido em transportar água, às vezes por muitos quilômetros, desde sua(s) fonte(s) até as principais áreas urbanas. Uma tecnologia sofisticada criou aquedutos tanto abertos quanto fechados - canais de água que podiam ter várias formas de canalização (pedra, terracota, chumbo, bronze e até madeira). Alguns dos canais foram construídos acima da superfície e outros, abaixo.
Além do enorme trabalho exigido pelas imensas construções, esses sistemas também requeriam considerável capacidade e sofisticação de planejamento. Os romanos tiraram vantagem da força da gravidade, mesmo durante longas distâncias, em terreno irregular ou montanhoso. Em certos intervalos, colocaram respiradouros para reduzir problemas de pressão da água ou do ar e para possibilitar que os trabalhadores fizessem o desassoreamento. Também utilizaram sifões para permitir que a água subisse até recipientes acima de um vale adjacente, mas abaixo do nível da fonte da água. Junto com uma rede de aquedutos, os romanos criaram muitos canais abertos, comportas, redes de esgoto, diques e reservatórios de água.
Como resultado, a maioria da população urbana do Império Romano desfrutava de banhos públicos, latrinas e fontes. Alguns tinham acesso a piscinas e até mesmo lavagem de louça. Na Palestina em particular, introduziu-se o banho ritual (mikveh).

Os solos da Palestina
Os solos da Palestina
Montanhas e rios da Palestina
Montanhas e rios da Palestina
Índice pluviométrico na Palestina
Índice pluviométrico na Palestina

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Gênesis e as viagens dos patriarcas

Informações no mapa

Carquemis

Alepo

Ebla

Hamate

Tadmor (Palmira)

Hobá

Sídon

Damasco

GRANDE MAR

Tiro

Asterote-Carnaim

Megido

Dotã

Siquém

Sucote

Penuel

Betel

Gileade

Belém

CANAÃ

Gaza

Hebrom

MOABE

Torrente do Egito

Gerar

Berseba

Poço de Reobote

Bozra

Sur

Poço de Beer-Laai-Roi

Gósen

Ramessés

Om

Mênfis

EGITO

Rio Nilo

Cades, En-Mispate

Deserto de Parã

EDOM, SEIR

Temã

Avite

El-Parã (Elate)

Harã

PADÃ-ARÃ

Rio Eufrates

Mari

ASSÍRIA

Nínive

Calá

Assur

Rio Hídequel (Tigre)

MESOPOTÂMIA

ELÃO

Babel (Babilônia)

SINEAR (BABILÔNIA)

CALDEIA

Ereque

Ur

Siquém

Sucote

Maanaim

Penuel, Peniel

Vale do Jaboque

Rio Jordão

Betel, Luz

Ai

Mte. Moriá

Salém (Jerusalém)

Belém, Efrate

Timná

Aczibe

Manre

Hebrom, Quiriate-Arba

Caverna de Macpela

Mar Salgado

Planície de Savé-Quiriataim

Berseba

Vale de Sidim

Neguebe

Zoar, Bela

?Sodoma

?Gomorra

?Admá

?Zeboim


Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita

Não foram encontradas referências em Livro Espírita.

Referências em Outras Obras


CARLOS TORRES PASTORINO

is 1:9
Sabedoria do Evangelho - Volume 5

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 1
CARLOS TORRES PASTORINO

LC 10:1-16


1. Depois disso, o Senhor consagrou outros setenta e dois e enviouos de dois em dois adiante de si, a todas as cidades e lugares, aonde ele estava para ir.

2. E disse-lhes. "A seara, em verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, portanto, ao Senhor da seara que envie trabalhadores para sua seara.

3. Ide, mas atenção! Eu vos envio como cordeiros no meio de lobos.

4. Não leveis bolsa, nem alforje nem sandálias; e a ninguém saudeis pelo caminho.

5. Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro. "Paz a esta casa",

6. e se ali houver algum filho de paz, sobre ele repousará vossa paz; e se não houver, ela tornará para vós.

7. Permanecei nessa mesma casa, comendo e bebendo o que vos oferecerem, porque o trabalhador é digno de sua recompensa. Não vos mudeis de casa em casa.

8. Em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei o que vos oferecerem,

9. curai os enfermos que nela houver e dizei: "aproximou-se sobre vós o reino de Deus";

10. mas no cidade em que entrardes e não vos receberem, saindo pelas suas praças, dizei:

11. até o pó que da vossa cidade se nos pegou aos pés, nós vo-lo sacudimos; todavia, sabei que o reino de Deus se aproximou.

12. Digo-vos que, naquele dia, haverá mais tolerância para Sodoma do que para aquela cidade.

13. Ai de ti, Corazin! Ai de ti, Betsaida! porque se em Tiro e em Sidon se tivessem manifestado as forças que se manifestaram em vós, de há muito sentadas em saco e cinza teriam modificado a mente.

14. No entanto, haverá mais tolerância para Tiro e para Sidon no dia da triagem, do que para vós.

15. E tu, Cafarnaum acaso te exaltarás até o céu? Descerás até o hades.

16. Quem vos ouve, me ouve; quem vos rejeita, me rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou".

MT 11:20-24


20. Começou então a invetivar as cidades onde se manifestaram suas maiores forças, porque não modificaram sua mente:

21. "Ai d. e ti, Corazin! Ai de ti, Betsaída! porque se em Tiro e em Sidon se tivessem manifestado as forças que em vós se manifestaram, de há muito elas teriam modificado sua mente em saco e cinza.

22. Mas digo-vos que no dia da triagem haverá mais tolerância para Tiro e Sidon, que para vós.

23. E tu, Cafarnaum, acaso te exaltarás até o céu? Cairás até o hades; porque se em Sodoma se tivessem manifestado as forças que em ti se manifestaram, ela teria permanecido até hoje.

24. Digo-vos, porém, que no dia da triagem haverá mais tolerância para a terra de Sodoma, que para ti".



Comecemos o comentário por Lucas que nos apresenta um pormenor com exclusividade: a consagração dos setenta e dois discípulos.


O verbo anadeíknymi usado por Lucas (anadeíxen) exprime literalmente "mostrar elevando", ou "mostrar no alto" e, nas escolas iniciáticas expressa a consagração da criatura ao grau do sacerdócio onde se permanece "em evidência" perante o público.


Há uma variante séria: setenta? ou setenta e dois?


Os códices B, D, M, R, os minúsculos a, c, e, a Vulgata, as versões siríacas curetoniana e sinaítica, e a armênia, trazem setenta e dois.


Os códices aleph, A, C, L, X, gama, delta, psi, pi, os minúsculos b, í, g, e as versões siríacas gótica e etiópica, escrevem setenta.


Parece aos hermeneutas que setenta foi uma correção, para estabelecer paralelismo com o Antigo Testamento, como o diz expressamente Tertuliano (Patr. Lat. v. 2, c. 418) ao salientar a semelhança entre os doze apóstolos e os setenta discípulos, com as doze fontes e as setenta palmeiras de Elim (EX 15:27 e NM 33:9).


Realmente o número setenta é frequente, como se vê no caso dos setenta anciãos (EX 24:1, EX 24:9; NM 11:16ss; Ez. 8:11) que se transformaram nos setenta membros do Sinédrio (Fl. Josefo, Bell. Jud.


2, 20, 5 e Vita, 14); os setenta reis (Juízes, 1:7); os setenta sacerdotes de Baal (DN 14:9); os setenta anos normais da vida humana (Salmo 89;10); os setenta siclos de resgate (NM 7:13), os setenta cúbitos de altura do Templo (Ez. 41:12), etc.


Infelizmente não nos foram conservados os nomes desses discípulos da Segunda "leva", embora dentre eles tenham sido propostos os substitutos de Judas (José Barsabbas, o Justo, e Matias). tendo este último (AT 1:21-26). Eusébio (Hist. Eccl 1,12) cita alguns nomes colhidos na tradição oral.


Jesus os enviou (apésteilen) para onde? O evangelista não o esclarece, embora diga que "iam aonde Jesus estava para ir". Não se trata, porém (como em LC 9:52) de preparar-Lhe pousada, mas apenas para conquistar novos adeptos. Em vista do episódio de Marta e Maria (MT 10:38-42) que está próximo a este, supõe Lagrange que estavam nos arredores de Jerusalém.


Foram enviados dois a dois, como ocorrera com os Emissários (MC 6:7, vol. 3) e como parece se tornaria praxe daí por diante (cfr. AT 13:2; AT 15:27, AT 15:39, AT 15:40; 17:14; 19:22).


Jesus demonstra querer apressar-se para que, antes de partir deixe três gerações de discípulos preparados.


Ordena-lhes, pois, que orem para que venham muitos outros (cfr. Mt. 9:37, 38) para serem preparados trabalhadores. Evidentemente, nem todos os convidados se mostraram aptos para o serviço. Disso já se queixara Gregório Magno (P. L. v. 76, c. 1139): ecce mundus est sacerdotibus plenus, sed tamen in messe Dei rarus valde reperitur operator; quia officium quidem sacerdotalem suscipimus, sed opus officii non implemus, isto é: "eis que o mundo está cheio de sacerdotes, e no entanto, na seara de Deus raríssimo é o trabalhador; porque recebemos, na verdade, o encargo sacerdotal, mas não cumprimos os deveres do encargo".


Da alocução preparatória, conserva-nos Lucas alguns excertos: são eles avisados de que serão como cordeiros entre os lobos, já que não disporão das mesmas armas que os adversários nem poderiam pensar em desforços nem vinganças (cfr. LC 9:54).


As instruções ministradas à primeira leva dos doze (cfr. MT 10:5-16; MC 6:7-11 e LC 9:1-6; vol. 3) são aqui repetidas: nem bolsa, nem dinheiro, nem alforges, nem sandálias, ou seja, nenhuma preocupação com o preparo da viagem; confiança absoluta na Providência divina; pobreza total e nenhuma perda de tempo para cumprimentar nem para conversar com amigos. Ao entrar na casa para anunciar o reino de Deus, a saudação será uma emissão de fluidos de paz. A expressão aqui é mais completa que em MT 10:12 (veja vol. 3). E temos a garantia assegurada de que essa emissão atingirá seu objetivo, envolvendo e penetrando os que estiverem aptos a recebê-la. E se acaso ninguém for digno, o jato emitido voltará para quem o irradiou.


Também não deverão mudar de casa em casa para não desapontar nem magoar seus primeiros hospedeiros e também para fixar um centro de sua pregação, onde possam ser facilmente encontrados, por quem quiser ouvi-los. Na casa em que se fixarem, poderão aceitar alimentos sem constrangimento) cfr. MT 10:10), pois "o operário é digno de seu salário". Observemos que Lucas emprega o termo misthós (salário) ao passo que Mateus, no trecho que acabamos de citar, emprega trophes (alimento); Paul Vulliaud, "La Clé Traditionnelle des Évangiles", pág. 137, sugere que essa divergência se prende às palavras m"hiro (seu salário) e m’hiato (seu alimento) que só diferem em uma letra no hebraico. A ideia é repetida em outros pontos do Novo Testamento, de que, quem dá o pão espiritual, pode receber sem escrúpulo o pão material; no entanto, cremos que isso não justifique a "venda" de pregações e atos religiosos por dinheiro (mesmo que se procure enganar a Deus e a si mesmo, utilizando sinônimos e eufemismos: "troca" ou "espórtula", etc.) . Eis outros locais: "não amarrarás a boca do boi quando debulha" (DT 25:4, citado em 1. " Cor. 9:9 e em 1. ª Tim. 5:18); "digno é o trabalhador de seu salário"

(1. ª Tim. 5:18); "Será que não temos o direito de comer e beber"? (1. ª Cor. 9:4); e mais adiante: "O Senhor ordenou aos que pregam o Evangelho, que vivam do Evangelho" (1. ª Cor. 9:14).


Esse princípio vale não apenas para a casa que o hospeda, mas para toda a cidade. E para que também se dê além do pão do Espírito, a predisposição para ele, o Emissário terá o poder de curar os enfermos, como faziam os terapeutas essênios. Aqui, porém, não são citados o poder de ressuscitar os mortos", nem a proibição de pregar fora de Israel (esta última, aliás, também não enumerada por Lucas no cap,

9).


Entretanto, onde não fosse encontrada receptividade, se retirassem sem mágoa, mas também sem levar coisa alguma da cidade, nem mesmo a poeira na sola das sandálias. Não obstante a mensagem devia ser entregue, de que o reino de Deus se aproximou deles.


A culpa da rejeição é grave. E, em estilo oriental, são trazidas à meditação comparações vivas e chocantes entre cidades: Corazin e Betsaida opostas a Tiro e Sidon, e Cafarnaum oposta a Sodoma.


Corazin, cidade da Galileia, na ponta norte do Lago de Tiberíades, um pouco a leste de Cafarnaum. É identificada com as ruínas de Khisbet Kerázeh, a 4 km ao norte de Tell Houm.


Betsaida, hoje El-Aradj, a 2 km a leste de onde João se lança no Lago Tiberíades e na margem deste. É a Betsaida-Júlias, de Felipe, construída em homenagem à filha de Augusto (cfr. vol. 1 e vol. 3).


Tiro, hoje Sour, cidade da Fenícia, no litoral mediterrâneo.


Sidon, hoje Saida, capital desse país, 18 km ao norte de Tiro, também porto do Mediterrâneo (cfr. MT 15:21 e MC 7:24; vol 4).


Cafarnaum "cidade de Jesus" (vol. 2, ver também vol. 1 e vol. 2), situada na Galileia, a 60 km ao norte de Jerusalém.


Sodoma, antiga cidade, celebre por sua destruição pelo fogo, na época de Abraão e sempre citada como exemplo (cfr. GN 10:19; GN 13:10, GN 13:12, GN 13:13; 14:2, 8, 10, 11, 17, 21; 18:16, 20, 22, 26; 19:1, 24, 28; DT 19:23; DT 32:32; IS 1:9, IS 1:10; 3:9; 13:19; JR 23:14; JR 49:18; JR 50:40; Thre 4:6; Ez. 16:46, 48, 49, 53, 55,

56; SF 2:9; Amós, 4:11; MT 10:15; MT 11:23, MT 11:24; LC 10:12; LC 17:29; RM 9:29; 2PE 2:6; JD 7 e AP 11:8).


As oposições são feitas no estilo figurado, da suposição do que teria sucedido se uma causa tivesse sido interposta, e lançado o resultado no futuro, "no dia da triagem". Já vimos que "triagem" é o sentido certo da palavra krísis, geralmente traduzida por "julgamento" ou "juízo" (cfr. vol. 2 e vol. 3). Se tudo o que foi feito em Corazin e Betsaida, deixando-as surdas e empedernidas, tivesse sido realizado em Tiro e Sidon - cidades "pagãs" - estas teriam radicalmente modificado sua mente (metanóêsen).


Porque em Corazin e Betsaida, como em Cafarnaum, Jesus "manifestara ("fizera nascer" egénonto) as suas maiores forças" (kai pleístai dynámeis autóu). Cafarnaum, então, poderia Ter sido "exaltada até o céu", em virtude de nela Ter residido por três anos o Mestre; mas por tê-lo rejeitado, cairia até o "hades": ao recusar a luz, escolhera as trevas. Trata-se evidentemente de comparações "por absurdo", pois se refletissem a realidade, sem dúvida o Cristo teria pregado naquelas cidades, e não nestas. Anotemos, porém, que em nenhum ponto do Novo Testamento se fala da pregação de Jesus em Corazin; deduzimos, daí quanto as narrativas são resumidas a respeito da ação de Jesus no planeta (cfr. JO 21:25).


Aos setenta e dois, tanto quanto fizera aos doze, é atribuída delegação plena, no mesmo pé de igualdade: todos são Emissários ("apóstolos") que representam Jesus como embaixadores plenipotenciários: " quem vos ouve é como se a mim mesmo ouvira; quem vos rejeita, a mim mesmo rejeita; e quem me ouve ou rejeita, está ouvindo ou rejeitando o Cristo, uno com o Pai, que impulsionou ou "enviou" o Filho. E esta verdade vale ate hoje, para os que receberam a tarefa da pregação falada ou escrita.


A expressão "sentadas em saco e cinza" é tipicamente bíblica: v’schaq va-epher iatsiah, (Isaias 58:5).


Esta lição é preciosa, porque nos revela o plano executado por Jesus, quando de sua estada na Terra.


Em primeiro lugar, convoca doze elementos e lhes dá um curso intensivo de iniciação, revelando-lhes os "segredos do reino". Aptos a passar adiante os ensinos, são eles enviados dois a dois. Cada dupla consegue (naturalmente por indicação de Jesus), exatamente mais doze elementos, sobre os quais.


possívelmente, exercessem direção. Seis vezes doze, formaram, então, os setenta e dois discípulos convocados, que se aproximaram do Mestre para ouvir-Lhe os ensinos e serem, por sua vez, iniciados nos "mistérios do reino". Daí a necessidade que Pedro sentiu (AT 1:21) de designar um substituto para Judas, a fim de chefiar o grupo dos doze que ficara acéfalo e poder, dessa forma, prosseguir no trabalho silencioso.


Agora, novamente, Jesus envia os setenta e dois, em duplas. São, por conseguinte, trinta e seis grupos, cada um dos quais convocará doze novos iniciados, perfazendo, portanto, o total de 432 discípulos, que estariam espiritualmente aptos a divulgar o ensino iniciático do Mestre. Cremos que esta nova teoria não poderá ser tachada de imaginação nossa, já que, na 1. ª Cor 15:5-3, Paulo relata que os "discípulos" englobavam exatamente os setenta e dois MAIS os quatrocentos e trinta e dois (que somam 504), quando diz: "Apareceu (Jesus) a Cefas, e depois aos doze: depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez". Ora, "irmãos" (adelphoí) era o termo técnico para designar os companheiros de iniciação. Portanto, quando Jesus desencarnou, deixou, ao todo, 516 discípulos já iniciados e pronto para o trabalho da divulgação de Sua doutrina, garantindo, assim, a continuidade do ensino. Estivesse, pois, a humanidade preparada, e dentro de poucos anos mais a Terra se teria podido transformar pois no 12. º envio dessas duplas (dois já haviam sido feitos), teríamos 4. 353. 564. 672 "irmãos", ou seja, a população toda do planeta! Mas a humanidade se encontrava (e se encontra ainda!) muito retardada no caminho evolutivo. Aguardemos com paciência, até que a Lei se cumpra.


Essa maneira de agir explica-nos por que Jesus escolheu pequena aldeia desconhecida e se manifestou a homens socialmente sem posição destacada, pois já eram humildes por sua própria condição. E por isso o cristianismo se difundiu entre o povo pequeno, mais apto a receber a lição e a transmiti-la.


Não eram as grandes pregações nos centros populosos e cosmopolitas, que visassem a uma impressão e a um aplauso externo, mas facilmente sufocáveis pela bacanal do "mundo". Jamais interessou ao Mestre, que SABIA como agir, a aprovação exterior da personagem transitória: Ele queria a transformação íntima e profunda, a CRISTIFICAÇÃO REAL. E por isso tem sempre falhado os grandes pregadores de multidões, e têm obtido êxito os Mestres escondidos e silenciosos, quase anônimos das grutas da Índia... Todas as vezes que o culto se propaga horizontalmente entre milhares de crentes, crescendo em número, com pompas e rumores e trombetas, observamos que se trata de um movimento de superfície que encrespa as águas, mas não as revolve, que entusiasma, mas não dura. Frutos só poderão ser colhidos, quando o trabalho é realizado verticalmente, na profundidade do ser. Daí a decepção de tantos pregadores célebres, que falam a milhares de criaturas entusiasmadas e dispostas a sacrifícios "naquela hora", mas que não chegam a transformar nenhuma: as sementes lançadas se esriolam ao sol, ou são comidas pelas aves do céu, ou sufocadas pelas ervas daninhas (cfr. vol. 3).


Que os setenta e dois foram iniciados mostra-nos o verbo anadeíknymi: "elevar, mostrar no alto", e portanto, "consagrar como sacerdote".


As instruções, iguais às do primeiro lote de doze, revelam que estavam no mesmo grau, tanto que lhes foi confiada tarefa igual. Os requisitos foram os mesmos para os dois grupos. O termo "enviou" (apéstelen) é o mesmo. Por que só dão aos primeiros o título de "apóstolos"? Todos os oitenta e quatro o foram, legítima e oficialmente consagrados por Jesus. A Tradição não os reconheceu? Observemos um fato: o mais antigo documento da tradição escrita, a DIDACHÊ, em seu cap. 11, vers. 3 a 6. diz: "enquanto aos apóstolos e profetas, agi conforme a doutrina do Evangelho. Ora, qualquer apóstolo que chegue a vós, recebei-o como (vindo) do Senhor. No entanto, não permanecerá mais que um dia só. Se houver necessidade, mais um dia. Mas se ficar três dias, é falso profeta. Ao sair o apóstolo, nada leve consigo, a não ser pão, até a nova hospedagem. Se pedir dinheiro, é falso profeta". Raciocinemos.


Se houvesse apenas os doze, a comunidade cristã os conheceria imediatamente, e saberia quais eram os verdadeiros apóstolos. Como, entretanto, eram mais de quinhentos, fácil seria que algum aventureiro se apresentasse como sendo "apóstolo", não no sendo.


No vers. 9, de Lucas, traduzimos o verbo éggiken (perfeito de eggízó) por "aproximou-se", e não como nas traduções correntes: "está próximo"; e também eph’humín, traduzimos por "sobre vós", literalmente. Pode parecer algo duro", no português, mas exprime a ideia original: o reino dos céus, que é a realização interna, no coração já fez sua aproximação, chegando do Alto, das vibrações mais elevadas, para atrair a si o Espírito, convidando-o a corresponder ao chamado e unificar-se com o Amado.


Para apenas acenar ao sentido dos termos usados: Corazin significa "o Segredo" e Betsaida, "Casa dos Frutos". Realmente elas revelam a chave usada pelo Mestre: buscar os frutos em segredo, pela iniciação INTERNA. E lamenta-se: quem sabe se não obteria maior êxito se o tivesse feito em Tiro, ou "força" ou em Sidon, a "caçada" (vol. 4), ou seja, se lançasse à humanidade uma "cacada à força"?


Quem sabe se ao invés de "Casa do Consolador" (Cafarnaum) se agisse na "aridez" (Sodoma), isto é, com dureza, os resultados teriam sido melhores?


Depois do desabafo, vem a confirmação de que os setenta e dois estavam no grau do sacerdócio, capazes de passar adiante a iniciação: é a alusão ao logos akoês, à "palavra ouvida": quem vos ouve, me ouve, e quem me ouve, ouve meu o Pai". A linha da tradição (parádosis) iniciática divina prossegue na Humanidade. O essencial é que a "palavra ouvida" seja realmente o Logos DIVINO, e não o logos dos homens. Quando o ensino (logos) é verdadeiro e testificado pelo CRISTO, sua rejeição apresenta consequências graves: o afastamento da vibração divina, que é repelida, e a queda nas ilusões de falsas e vazias teorias humanas, que a nada conduzem, que nada constróem, que levam à perdição.


COINCIDÊNCIAS


Há certas coincidências em nossos vidas que nos causam impressão. Eis alguns exemplos, cuja descoberta nos alegrou:

1) Nos comentários evangélicos ("Sabedoria do Evangelho") adotamos o princípio (vol. 1) de escrever com E (maiúsculo) a palavra Espírito, quando nos referíamos à Individualidade; e com "e" (minúsculo), espírito, quando quiséssemos designar a personagem, a psychê. Ora, no ano passado (1967) chegou a nossas mãos o volume "The Hidden Wisdom in the Holy Bible", da autoria de Geofrey Hodson (The Theosophical Publishing House, Adyar, Madras 20, Índia, 1963). Lemos aí, na pág. 58, nota I: "Throughout this work, in order to reduce ambiguity concerning the meaning of this term to a minimum, a capital initial is used when the unfolding, immortal, spiritual principle of man is meant, e. g. Spiritual Soul. The term "Ego" is also used to denote this centre of the sense of individuality in man. A small "s" is used when the psyche, the mental and emotional aspects of the mortal personality, are referred, - e. g. soul". A única diferença é que, na personalidade, denominaríamos aspecto "Intelectual", e não "mental".


2) Outro ponto de coincidência ocorre quando consideramos em nossos comentários, como símbolo da individualidade no homem (do homem-futuro) a figura de Jesus, ou seja, quando os evangelistas atribuem esta ou aquela ação a Jesus, e quando Jesus age deste ou daquele modo, isso representa em nós o que deve fazer a individualidade, o Eu Profundo (vol. 1). Lemos em Hodson: "Jesus Christ Who personifies God’s Spirit and presence within man" (pág. 63).


3) Quando dissemos que as pessoas citadas historicamente nas Escrituras representavam, além de seu papel histórico, a caracterização de uma qualidade ou defeito humano, ou um veículo, um plano de consciência (vol. 1). Na obra citada, lemos: "The second key is that each of the persons introduced into the stories represents a condition of consciousness and a quality of character. All actors are personifications of human nature, of attributes, principles, powers, faculties, limitations, weaknesses and errors of man" (pág. 63).


4) Afirmamos ainda (vol. 3) que até mesmo a história do povo hebreu, como outras, representavam os passos da evolução do Espírito. Eis o que diz o autor na página 90: "The third key is that each stary is thus regarded as a graphic description of the human soul as it passes through the various phases of its evolutionary Journey to the romised Land, or Cosmic Consciousness - the goal and summit of human attainment".


5) Quando comentamos o caso da "Samaritana", salientamos (vol. 2) a incongruência do pedido de Jesus: "Chama teu marido", esclarecendo que isso alertava para um sentido mais profundo. Citemos Hudson (página 93): "incongruities are clues to deeper meanings", o que é explicado longamente nas páginas seguintes.


6) Dissemos que os fatos narrados nas Escrituras se realizaram mesmo (vol. 1) e o simbolismo deles é extraído por quem o consiga. Mas o simbolismo não invalida a realização dos fatos, como pretendem alguns ocultistas. Escreve Hodson (pág. 208): "Thus whilst the historicity of Bible is not contested, the idea is advanced that the related incidents have both a temporal, historical significance AND a timeless meaning, universal and human".


Em numerosos outros pontos a obra de Hodson concorda com a nossa "Sabedoria do Evangelho", embora divirja em muitos outros. Dissemos, no início, que esse fato muito nos alegrou. Com efeito, verificamos que as mesmas ideias foram captadas por várias criaturas, em continentes diferentes e longínquos; e não sabemos se terão aparecido as mesmas ideias em outros lugares, pois assim como essa obra levou quatro anos a chegar a nossas mãos, outras podem ter sido divulgadas sem que as conheçamos.


Alegra-nos o fato, pois segundo Allan Kardec, quando as mensagens são recebidas por diversas pessoas, em lugares diferentes, isso constitui uma prova de sua autenticidade. E uma confirmação indireta do que escrevemos, conforta-nos o espírito, porque nos demonstra que estamos sendo fiéis pelo menos nesses pontos, : não traindo o pensamento emitido do Alto.



Locais

Estes lugares estão apresentados aqui porque foram citados no texto Bíblico, contendo uma breve apresentação desses lugares.

GOMORRA

Atualmente: ISRAEL
Gomorra – ver Sodoma
Mapa Bíblico de GOMORRA


SODOMA

Atualmente: ISRAEL
E GOMORRA Cidades localizadas provavelmente, ao sul do Mar Morto. É possível que tenha ocorrido uma erupção vulcânica, com lançamento de enxofre, sais minerais e gazes incandescentes, erupção essa acompanhada por terremoto, provocando a destruição total daquelas cidades.
Mapa Bíblico de SODOMA



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Isaías Capítulo 1 do versículo 2 até o 31
  1. Estupidez Moral (1:2-9)

Aqui o Deus eterno protesta diante de todo o universo contra seu povo estúpido e desobediente. Os céus e a terra (2) são convocados a ouvir enquanto a ação jurídica divina está sendo anunciada. O pecado tem sua implicação cósmica; e a natureza está debaixo de maldição por causa do pecado. No entanto, Isaías não é o primeiro a convocar céus e terra para testemunhar enquanto Deus argumenta com os pecadores (cf. Dt 30:19-32.1; Sl 50:1-6; Mq 1:2-6:1-2).

Isaías descreve Deus como um pai cujos filhos [...] prevaricaram contra seu pró-prio pai (2). Israel, por outro lado, é contrastado com os animais tolos de carga que pelo menos sabem de onde vem seu alimento e como voltar para a manjedoura do seu dono. A falta de discernimento das pessoas é tamanha que Deus se queixa: Israel não tem conhecimento (3).'

Ai da nação pecadora (4) ! Eles, como animais de carga, estão carregados de iniqüidade e se tornaram uma verdadeira "semente de malignos". Designados para serem uma semente sagrada, eles não somente têm se tornado filhos sem lei mas corruptores de outros. Eles deixaram o SENHOR, trataram-no com desprezo e torna-ram-se completamente alheios. Os homens na sua decadência primeiro abandonaram, depois rejeitaram, e, finalmente, apostataram da verdade.

No sistema mosaico, açoites aguardavam o transgressor da lei, mas aqui é retratada uma pessoa que já não tem lugar no corpo para ser castigado (5), tantos são os seus pecados. Repleto de feridas [...] e chagas (6) não tratadas, não há lugar para novos açoites. Mesmo assim, a sua rebeldia continua.

Isaías visualiza o castigo pelo pecado que finalmente virá sobre Judá. A vossa terra está assolada (7) por causa das invasões estrangeiras, as cidades, abrasadas pelo fogo e os campos devorados diante deles. A cidade permanente seria reduzida a uma habitação temporária, como uma cabana na vinha (8) ou uma choupana numa plantação de pepi-nos.' Exceto pelo fato de que o Deus das hostes angelicais manteve vivos alguns sobrevi-ventes (9), destruição completa seria o destino deles, como ocorreu com Sodoma e Gomorra. De maneira significativa, esse pequeno remanescente constitui a grandiosa minoria de Deus e torna-se a semente de um novo começo (cf. Int., "Sua mensagem").

  1. Hipocrisia Piedosa (1:10-17)

Isaías dirige-se aos líderes e ao povo de Jerusalém como se fossem os príncipes de Sodoma e o povo de Gomorra (10). Ele então aponta o sacrilégio dos sacrifícios desacompanhados de obediência de coração e vida (11). A gordura e o sangue eram separados para a adoração a Deus nesse tipo de sacrifício de animais. Mas o Eterno declara seu aborrecimento e náusea com essas formas, pelo fato de virem de adoradores insinceros. Verdadeira adoração é mais do que mera "participação no templo", e para contemplar a face de Deus requer-se mais do que um presente qualquer (12). Iniqüidade e ajuntamento solene não combinam (13) ; incenso e invocação são abomináveis quando desprovidos de verdadeira sinceridade. Por isso, Deus expressa repugnância pelas suas Festas da Lua Nova e as solenidades na devida estação (14).

Quando vamos adorar, Deus recorda o que nossas mãos têm feito quando não estão orando. Ele se recusa a observar as mãos levantadas ou ouvir as petições piedosas de homens cujas mãos estão cheias de sangue (15). Assim eram as mãos estendidas no Templo — vermelhas com o sangue dos animais que haviam sido sacrificados por ganân-cia, lascívia e desejo de vingança. Isaías, como Paulo, clama pelo levantar de mãos san-tas em oração (1 Tm 2.8). E, semelhantemente ao salmista, ele sabe que somente pessoas com as mãos limpas e o coração puro poderão estar diante da presença santa de Deus (Sl 24:3-4). Para todos que têm as mãos manchadas a ordem divina é a seguinte: Lavai-vos, purificai-vos (16). "Parem com sua maldade" (Sam Jones). Isso requer a ação do Espí-rito Santo. O povo de Deus deve praticar o que é reto (17), i.e., tornar-se defensor da justiça e confrontador de toda opressão.

  1. Perdão Oferecido (1:18-20)

Deus exige a ação judicial divina. Vinde, então e vamos julgar a causa (18; lit.). Mas o ultimato divino é de graça e misericórdia — "Arrependa-se e seja perdoado!" Escarlata e carmesim eram as cores das vestes usadas pelos príncipes a quem Isaías pregava. A promessa é que, mesmo que nossos pecados sejam profundamente impregnados e tão irremovíveis como a mancha de sangue, a graça pode restaurar o caráter à brancura moral e à pureza. Assim, João se refere àqueles cujas vestes foram lavadas no sangue da "lava-gem da regeneração" e no batismo purificador com o Cordeiro de Deus (Ap 3:4-5; 7.14).

"Pecados como a Escarlate que se tornam Brancos como a Neve" é o tema de 1:4-18, em que notamos:

1) a condenação do pecado por Deus, vv. 4-6;

2) o convite de Deus aos pecadores, v. 18a; e

3) a promessa de salvação por Deus, v. 18b (G. B. Williamson).

O grande se do versículo 19 deixa claro que Deus tem honrado a alma do homem ao dar a ele uma parcela da sua própria salvação. Ele não pode perdoar uma pessoa não arrependida. Mas no caso de verdadeiro arrependimento, a bênção acompanha o perdão espiritual. Mas, se recusardes [...] sereis devorados (20) ; Isaías coloca diante dos seus ouvintes a alternativa de "comer" ou ser "comido" — a salvação ou a espada.

  1. Corrupção Cívica (1:21-23)

Isaías lamenta com tristeza: Como (21), assim como a palavra de abertura de cada um dos quatro capítulos de Lamentações, é uma expressão de pesar, assombro e angús-tia, tudo em um suspiro significativo. Como se fez prostituta a cidade fiel! Tal é a figura gráfica da infidelidade de Jerusalém. A cidade que já fora a habitação da retidão e justiça, a amada cidade se tornou a fortaleza de opressão e assassinos. A prostituição atual também penetrou amplamente no ritual de muitas das formas de idolatria que os israelitas foram tentados a adotar (Nm 25:1-2). A prata (22) do caráter genuíno foi mis-turada com chumbo, e o vinho da verdade diluído em falsidade. Príncipes rebeldes se unem com ladrões (23), e a maldade prevalece nos lugares altos. Cada um deles ama os subornos e a corrupção da nação começa com seus governantes. Nessa situação, nada pode ser realizado sem dar um baksheesh (gratificação ou suborno). E visto que cada um pede por ele, a causa das viúvas e do órfão não recebe a devida atenção, porque "presentes de paz" são mais desejados do que a própria paz.

  1. Justiça Redentora (1:24-31)

Portanto, Deus, que é conhecido como O SENHOR Deus dos Exércitos, o Forte de Israel (24), fala em indignação: "Ai! Com vingança vou liberar meu ofendido senso de justiça" (paráfrase). Mas, embora a paciência se torne em castigo, é para que haja salva-ção. Deus castiga para que possa salvar, e pune para poder curar. A promessa de restau-ração para a santidade (25-26) envolve uma depuração espiritual que resulta em fideli-dade e justiça. A cidade infiel pode então ser chamada de cidade fiel. E voltarei contra ti a minha mão (25) indica uma parte do processo de refinamento com o objetivo de tirar todas as impurezas da superfície. Quando o "Refinador" divino tirar toda a "escó-ria", permanecerá apenas o metal puro. O julgamento de Deus nunca é apenas punitivo; ele sempre é redentor e culmina em limpeza. Assim, Sião será remida com juízo (jus-tiça) e os que se voltam para ela, com justiça (27). No entanto, a apostasia traz destruição (28), "porque o nosso Deus é um fogo consumidor" (Hb 12:29).

Uma vez que esse processo de refinamento tenha seu início, o povo de Deus para sempre se envergonhará daqueles postes-ídolos de carvalhos onde praticavam suas idolatrias perversas e também dos jardins que os circundavam (29). Essas cenas de cerimônias impuras, escolhidas em vez do santuário do Senhor, deveriam se tornar uma parte sórdida das suas memórias. Eles se lembrariam delas não como lugares agradá-veis, mas como jardins sem água, com folhas murchas e solo ressequido (30). Aqui há perigo de fogo em tempos de seca — como estopai e a faísca. Eles são altamente com-bustíveis (31). O pecado é o instrumento de destruição, e todo aquele que for enganado por ele, mostra que não é sábio. Os poderosos e orgulhosos que praticam a idolatria com freqüência morrem com o ídolo que eles mesmos fizeram; ambos arderão juntamente, e não haverá quem os apague.


Champlin

Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
Champlin - Comentários de Isaías Capítulo 1 versículo 9
Alguns sobreviventes:
Ver Is 4:2-6,Is 1:9 Citado em Rm 9:29; conforme Gn 19:1-29.

Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de Isaías Capítulo 1 do versículo 1 até o 31
*

1:1

Visão de Isaías. O título refere-se ao livro inteiro de Isaías. “Visão” significa que o livro é uma revelação de Deus.

Isaías. “O Senhor salva” (8.18).

reis de Judá. Ver Introdução: Data e Motivo.

* 1:2

ó céus... ó terra. A totalidade da criação dará testemunho contra Israel de que o Senhor os havia advertido de que eles seriam julgados se quebrassem o seu pacto com Ele (Dt 30:19; 32:1).

o SENHOR. Esse nome aponta para a revelação pessoal de Deus a Israel, bem como a sua solene promessa de que ele seria o Deus deles (Êx 3:15).

filhos. Eles eram filhos por criação, por eleição e pela aliança (45.11; 49.7; 64.8; Dt 32:6,18; Ml 2:10).

revoltados. A rebelião é uma transgressão voluntariosa contra o governo soberano e gracioso do Senhor (1.28; 43.27; 48.8; 59.13).

* 1:4

Ai. Essa é uma partícula enfática no original hebraico, usada em contextos de lamentação (1.4), porém, mais frequentemente ainda em ameaças (“ai”, 3.9,11; 5.11,18,20,21). O lamento em staccato censura a insensatez e a maldade dos filhos de Deus.

Santo de Israel. Ao usar essa designação especial Isaías chamou atenção para o esplendor do Senhor, ímpar e inspirador de respeito. Essa expressão ocorre por vinte e seis vezes em Isaías (p.ex., 5.19,24; 41.14,16,20; 60.9,14). Ver também as expressões “Santo de Jacó” (29.23), “o Santo” (10.17; 40.25), e “teu Santo” (43.15).

* 1:5

Por que. Mais prédica tão somente endurece os pecadores impenitentes.

* 1,5,6

feridos... feridas. O povo de Israel estava incapacitado de recuperar-se do castigo de Deus. A imagem da nação que sofria nos traz à mente a figura do Servo sofredor de Deus (53.4,5), o qual suportou o julgamento divino em Seu próprio corpo, como oferenda vicária (isto é, como substituto por outros).

* 1:8

A filha de Sião. Essa expressão, no hebraico, é uma personificação de Jerusalém. Sião era a colina que fora capturada por Davi (2Sm 5:7), mas esse termo geralmente representa a totalidade de Jerusalém, ou mesmo a totalidade de Judá e Israel.

Choça na vinha. Um abrigo temporário (referência lateral) usado pelos vigias durante a colheita. Ver 4.6, nota.

* 1:9

o SENHOR dos Exércitos. Essa designação de Deus apresenta-o como um guerreiro divino (13 4:30-27; 40.10; 42.13 25:59-17; 66.15,16), o comandante de todas as suas tropas, tanto as do céu quanto as da terra. A sobrevivência de Israel, em última análise, não se devia à fraqueza do adversário, mas ao poder soberano de Deus.

alguns sobreviventes. O Senhor não reverteria a sua promessa. Mesmo em meio ao julgamento, ele preservará um remanescente. Paulo citou esse versículo em Rm 9:29, apresentando a idéia de um remanescente tirado de um grupo maior, como uma expressão da graça eletiva de Deus. Em Rm 9:27, Paulo citou do ensino de Isaías sobre o remanescente, em 10:20-23. Ver também Is 4:3; 7:3, e nota; 11.11,12,16; 28.5; 37.31,32; 46.3.

Sodoma... Gomorra. O povo de Deus tinha-se tornado como os iníquos habitantes da terra de Canaã, cujas cidades tinham sido destruídas (1.10; Gn 18:20,21; 19:24,25). A sorte de Sodoma e Gomorra tipifica o terrível juízo divino contra os reinos deste mundo (3.9; 13.19; Lc 17:28,29; 2Pe 2:6-10; Jd 7 e Ap 11:8).

* 1:11

sacrifícios. Essas eram as observâncias centrais e visíveis da religião do Antigo Testamento. Embora Deus é quem tivesse ordenado que fossem realizados, esses sacrifícios não tinham valor sem a obediência de todo o coração (vs. 16,17; 1Sm 15:22,23; Sl 51:16,17; Mq 6:6-8; Mt 23:23).

não me agrado. Ao Senhor desgostava os sacrifícios oferecidos por aqueles que eram praticantes do mal (v. 16), o que ele expressou com intensidade cada vez maior: “não posso suportar” (v. 13); “a minha alma as aborrece” (v. 14).

* 1.16-18

órfão... viúvas. A preocupação com os necessitados é uma demonstração prática da verdadeira piedade (v. 23; 58.7; Sl 9:18, nota; Jr 22:16; Tg 1:27).

* 1:18

escarlata. Essa cor representa mãos “cheias de sangue” (v. 15).

brancos como a neve. Deus pode tirar de nós a mácula do pecado, sem comprometer a sua justiça, porque Jesus Cristo levou sobre si o castigo divino contra os pecadores (53.4-6; Rm 3:21-26).

* 1:19-20 O evangelho é uma espada de dois gumes: a vida eterna (v. 19) ou a morte eterna (v. 20; 66.24).

* 1:21

fiel! A piedade é demonstrada através da perseverança, da estabilidade e da coerência na obediência à vontade de Deus. Através do processo purificador, o Senhor haverá de renovar um remanescente que constituirá, novamente, uma “cidade fiel” (v. 26), porquanto ele é fiel (49.7; 55.3).

prostituta. No campo da religião, uma “prostituta” é uma pessoa idólatra, alguém que se esqueceu de Deus para servir aos ídolos (Jr 2:20; 3:1; Os 2:2; 3:1; Ez 16:23-30). Os pecados mencionados (vs. 21-23) são todos evidências de que o povo de Deus o havia abandonado.

justiça... retidão. Justiça significa relacionamentos corretos entre o povo. Ela é violada por meio do assassinato, da rebeldia, do furto e do suborno (vs. 21-23). A verdadeira justiça defende a causa dos órfãos e das viúvas tanto quanto a causa daqueles que podem subornar e dar recompensas. Os inimigos da justiça podem baixar leis que facilitem suas transgressões (10.1). A despeito de todos esses obstáculos, Deus prometeu restaurar a retidão na terra (v. 26; 32.1; 33.5,6; 42:1-4).

* 1:22

A tua prata... o teu licor. Essas são figuras simbólicas para os governantes injustos de Jerusalém (v. 23).

* 1:23

o suborno. A prática do suborno é fortemente condenada na Lei de Deus, visto que essa prática fomenta a injustiça e a discriminação (conforme Is 5:23; Êx 23:8; Dt 16:19).

* 1:24

o SENHOR. Isto é, o Proprietário, Deus, o Soberano, restaurará a justiça removendo os seus inimigos, os líderes injustos de Jerusalém.

* 1:26

como no princípio. A nova era será uma restauração, trazendo a continuação miraculosa e a renovação para a comunidade da Aliança. A liderança e o povo viverão em harmonia com a vontade de Deus (24.23; 32.1).

Cidade de justiça. A nova comunidade será composta de homens e mulheres que põem em prática a retidão e demonstrarão fidelidade a Deus e a outros seres humanos (1.21, nota).

* 1:27

redimida. Esse verbo indica o ato de “resgate”, a transferência de possessão para outrem, através do pagamento de um determinado preço. O arrependido, que virar as costas para a idolatria e a injustiça, encontrará liberdade de Satanás, do pecado e da morte, através da retidão de Cristo, que lhes é imputada e aplicada aos seus corações pelo Espírito Santo.

* 1:29

envergonhareis... confundidos. Aquilo que o povo considera honroso, será desmascarado como inútil. Os pecadores verão quão errados eles foram quando chegarem à perdição eterna (26.11; 44.9,11; 65.13 66:5).

carvalhos... jardins. Ver referência lateral. Esses eram lugares de ritos de fertilidade e de adoração pagã que o povo tinha escolhido, em preferência ao culto a Deus (65.3 e nota; 66.17).

* 1:30

que não tem água. A seca e o fogo são metáforas para indicar o julgamento. No livro de Isaías, a água significa a salvação livre, graciosa e abundante (11.9; 32.2; 41.18; 55.1; 58.11). A ausência de água significa separação das bênçãos de Deus (3.1; 50.2).

* 1:31

arderão. Ver nota em 4.4.


Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de Isaías Capítulo 1 do versículo 1 até o 31
Isaias

Serve como um profeta do Judá desde 740-681 a.C.

Ambiente da época: A sociedade sofria grandes transtornos. Sob o reinado do Acaz e Manasés o povo se voltou idólatra e inclusive se chegou a sacrificar meninos.

Mensagem principal: A pesar do inevitável castigo através de outras nações, o povo pôde seguir desfrutando de uma relação especial com Deus.

Importância da mensagem: Às vezes temos que sofrer o castigo e a disciplina antes de que Deus nos restaure.

Profetas contemporâneos: Oseas (753-715) Miqueas (742-687)

1:1 Isaías profetizou durante o tempo em que o Israel estava dividida em dois reino: Israel no norte e Judá no sul. O reino do norte pecou em grande maneira contra Deus e o reino do sul ia na mesma direção: perversão da justiça, opressão ao pobre, afastamento de Deus para ir em detrás dos ídolos e a busca de ajuda militar nas nações pagãs em lugar de procurá-la em Deus. Isaías chegou primeiro como profeta ao Judá, mas sua mensagem também foi para o reino do norte. Algumas vezes "o Israel" se refere aos dois reino. Isaías chegou a ver a destruição e o cativeiro do reino do norte em 722 a.C. Assim que seu ministério começou com uma advertência.

1.2-4 Aqui "o Israel" se refere ao reino do sul, Judá. O povo do Judá estava pecando em grande maneira e não queria conhecer nem entender a Deus. Através do Isaías, o Senhor apresentou seus cargos contra Judá devido a que se rebelaram e o abandonaram (Deuteronomio 28). Com a violação do pacto moral e espiritual se buscavam o castigo. Deus lhes deu prosperidade e não o serviram. Enviou-lhes advertências e não quiseram ouvir. O fogo do julgamento cairia sobre eles (veja-se 1.7).

1.4-9 Enquanto o povo do Judá seguisse pecando, não teria a ajuda de Deus e estaria isolado. Quando se sentir sozinho e separado de Deus, recorde que O não o abandona. Nossos pecados nos separam do. A única padre segura para esta classe de solidão é a restauração das relações com Deus mediante confissão de pecado, obediência a seus mandatos e comunicação regular com O (vejam-se Sl 140:13; Is 1:16-19; 1Jo 1:9).

1:7 Se estava produzindo esta destruição nesse tempo? Ao Judá a atacaram muitas vezes durante a vida do Isaías. Ser comidos (devastados) por estrangeiros era o pior tipo de castigo. Possivelmente este versículo seja uma ilustração dos resultados destas invasões ou uma predição da invasão assíria que sofreria o Israel. É muito provável que assinale a futura invasão do Judá pelos babilonios assim como a queda de Jerusalém em 586 a.C.

1:9 Sodoma e Gomorra foram duas cidades que Deus destruiu completamente devido a sua grande maldade (Gn 19:1-25). mencionam-se em outras partes da Bíblia como exemplo do castigo de Deus pelo pecado (Jr_50:40; Ez 16:46-63; Mt 11:23-24; Jd 1:7). Ficaria "um resto pequeno" de sobreviventes que Deus perdoaria porque eram fiéis.

1:10 Isaías comparou aos governantes e povo do Judá com os governantes e povos da Sodoma e Gomorra. Para escutar o que Deus queria dizer, o povo tinha que emprestar atenção e estar disposto a obedecer. Quando não entendermos a mensagem possivelmente se deva a que não emprestamos atenção nem esperamos que O nos fale.

1.10-14 Deus estava descontente com os sacrifícios, mas não revogava o sistema de sacrifícios que iniciou com o Moisés. Pelo contrário, estava fazendo um chamado a uma fé e devoção sinceras. Os líderes cumpriam com muito cuidado os tradicionais sacrifícios e oferendas nas celebrações santas, mas seguiam sendo infiéis a Deus em seus corações. Os sacrifícios deviam ser um sinal externo de fé interna, mas se faltava a fé em Deus, os sinais externos seriam vazios. Então, por que continuaram oferecendo sacrifícios? Como muitos na atualidade, depositavam mais fé nos rituais de sua religião que no Deus que adoravam. Examine suas próprias práticas religiosas: surgem de sua fé no Deus vivente? Deus não sente prazer de nossas expressões externas se falta a fé interna (vejam-se Dt 10:12-16; 1Sm 15:22-23; Sl 51:16-19; Os 6:6).

1:13 "Lua nova e dia de repouso" se referem a oferendas mensais (Nu 28:11-14) e dias de repouso semanais e anuais especiais durante o Dia de Expiação e a Festa dos Tabernáculos (Lv 16:31; Lv 23:34-39). Veja uma lista de todas as festas no quadro do Levítico 23. Apesar de que o povo não se envergonhava por seus pecados, continuava oferecendo sacrifícios pelo perdão. As oferendas e os sacrifícios não significam nada ante Deus quando surgem de um coração corrupto. Deus quer que o amemos, confiemos no e nos separemos do pecado. depois disto, O se agradará de nossos "sacrifícios" de tempo, dinheiro e serviço.

1:18 Grão ou carmesim era a cor vermelha intensa de uma tintura que virtualmente era impossível tirar da roupa. Talvez as mãos ensangüentadas dos homicidas se visualizavam aqui (veja-se 1.15, 21). Do mesmo modo, a mancha do pecado parece ser permanente. Entretanto, Deus pode tirar a mancha do pecado de nossa vida tal e como o prometeu aos israelitas. Não temos que ir pela vida manchados para sempre. A Palavra de Deus nos assegura que se estivermos dispostos e somos obedientes, Cristo nos perdoará e arrancará nossas manchas mais indeléveis (Sl 51:1-7).

1:21, 22 A "cidade fiel" se refere a Jerusalém, que representa a toda Judá. Deus compara a conduta de seu povo a de uma rameira. O povo deu as costas à adoração do Deus verdadeiro para adorar ídolos. Sua fé era pobre, impura e adulterada. A idolatria, já seja externa ou interna, é adultério espiritual, pois o idólatra viola seu compromisso com Deus por ir atrás de outra coisa. Jesus chamou adulteros às pessoas de seus dias, mesmo que eram estritos no religioso. A Igreja é a "Esposa" de Cristo (Ap 19:7) e pela fé podemos nos revestir com sua justiça. tem-se voltado impura sua fé? Peça a Deus que o restaure. Mantenha sua devoção ao forte e pura.

1:25 Deus prometeu refinar a seu povo como um metal em uma fundição. Este processo requer fundir o metal e limpar o de escórias até que o trabalhador veja sua própria imagem no metal líquido. Devemos ter a disposição de nos submeter a Deus, lhe permitindo limpar nosso pecado ou nossa imperfeição até que reflitamos sua imagem.

1:29, 30 Através da história, o carvalho foi um símbolo de fortaleza, mas o povo as adorava. Ezequiel menciona que as arvoredos de carvalhos se usavam como lugares de adoração idolátrica (Ez 6:13). É você devoto dos símbolos de fortaleza e poder que se opõem a Deus, querendo tomar o lugar do em sua vida? Possui interesses e compromissos onde seu amor por eles linda com a adoração? Que Deus seja sua primeira lealdade. Todo o resto desaparecerá com o tempo e se consumirá sob seu escrutínio.

1:31 Uma faísca na estopa acende um fogo rápido e devorador. Deus compara aos homens fortes cujas más ações os devoram até arder como a estopa. Nossas vidas podem destruir-se logo por uma pequena mas mortal faísca de maldade. Que perigos de "incêndios" potenciais deve retirar de sua vida?


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de Isaías Capítulo 1 do versículo 1 até o 31
I. repreendo e PROMESSA (Is 1:1)

Este capítulo apresenta a maioria das grandes idéias cobertos por todo o livro, e, portanto, serve para introduzir não apenas nesta seção, mas o todo. Há aqui descrição e condenação do pecado, o aviso do juízo vindouro, apelar para o arrependimento, e garantia do perdão e da bênção. Estes são os temas que se repetem tantas vezes em tudo o que Isaías escreveu.

1. Título (Is 1:1)

2 Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra; para o Senhor falou: Eu tenho alimentado e educado os filhos, e eles se rebelaram contra mim. 3 O boi conhece o seu possuidor, eo jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende. 4 Ah, nação pecadora , povo carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos que praticam a corrupção! Deixaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, que estão afastados e ido para trás. 5 Por que haveis de ainda ser atingidas, para que vos revolta mais e mais? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. 6 Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, mas feridas, contusões e chagas vivas: eles não foram fechadas, nem atadas, nem amolecidas com óleo. 7 vosso país está assolado; suas cidades se queimaram com o fogo; a vossa terra os estranhos a devoram em vossa presença, e está devastada, numa subversão de estranhos. 8 E a filha de Sião é deixada como a cabana na vinha, como a choupana no pepinal, como uma cidade sitiada. 9 Se o Senhor dos exércitos não nos deixara para nós um pequeno remanescente, que deveria ter sido como Sodoma, que deveria ter sido como a Gomorra.

. Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra Isso soa muito parecido com Dt 32:1 . Para aumentar a solenidade da mensagem, Deus lembra o povo por esta personificação dos montes da Judeia que suas más ações são gravadas de forma indelével nas páginas da história e vai condená-los. Ou Deus declara a todos os céus ea terra a ingratidão e pecaminosidade do povo Ele foi lidando. O próprio Deus vai falar ao seu povo, e repreendê-los pessoalmente por seus pecados.

1. Condenação de Deus do seu povo (1: 2-3)

A mensagem de Deus para que declarou solenemente sons como up-to-date como se estivesse preparado como parte do sermão do próximo domingo. Filhos rebeldes são encontrados em todos os tempos, eo pathos de fundamento de pai é mais tocante. No entanto, este não é um pai terreno, mas o Deus-Criador Si mesmo; e nós somos as crianças. O amor, misericórdia e graça salvadora de Deus são mostrados como certamente nesta acusação do pecado, como em qualquer chamada para a salvação. O fato de que Deus cuida é mais surpreendente.

A atitude de Deus é iluminada pela ênfase da ordem das palavras em hebraico: "Sons Tenho criados e educados, mas 'tis eles que se rebelaram contra mim! "A reação dos filhos agora é contrastada com a de animais irracionais.

Deus se queixa de que os animais mudos, os animais do campo, demonstrar uma fidelidade e humilde dependência de seu mestre que Israel se recusa a ter para com o Criador. Em contraste com esses animais, o homem pecador parece estúpido (Acaso não sei) e impensada (não entende ).

Amós (Am 3:1-2 ; 28-31) e restauração (vv. Is 1:25-27 ). É a punição com a finalidade de purificação e de redenção, mas alguns vão ser rebelde e serão destruídos (vv. Is 1:28-31 ). Aqueles que se arrependem por causa da punição será restaurado (vv. Is 1:25-27 ). Então, mais uma vez, como nos versos Is 1:19-20 , temos dois destinos oferecidos ao povo para que eles escolham que será deles.

A previsão de julgamento é feito tudo o mais solene pela multiplicação anormal de nomes de Deus no versículo 24 : . Senhor, o SENHOR dos Exércitos, o Poderoso de Israel O hebraico é 'adon (Senhor ), YHWH (Jeová ), tseba'oth (anfitriões ). A KJV representa as duas primeiras palavras por "Senhor" e "Senhor". Desde tseba'oth , como usado aqui, é provavelmente o equivalente a "todo-poderoso", toda a expressão pode ser parafraseada: "O Senhor Deus onipotente, o Poderoso Aquele que é Israel. "Desta forma Isaías sublinha a solenidade e certeza da previsão do julgamento que está a ser pronunciado.

Os inimigos de Deus nesta passagem não eram nações inimigas que ameaçavam 1srael, mas sim as pessoas perversas dentro da nação escolhida. Deus não estava chamando inimigos aqueles a quem o povo chamado inimigos. E Deus, por essa razão tinha que procurar dar-lhes uma perspectiva diferente. É sempre assim. Ele é tão verdadeiro hoje como era no tempo de Isaías, que tendem a colocar a culpa por toda a maldade nos outros, em vez de olhar para o mal dentro. A nação culpa outras nações, eo indivíduo culpa de outras pessoas. Mas Deus aponta o verdadeiro inimigo pelo pecado.

O julgamento de Deus que está previsto neste caso não vai resultar em destruição, mas de purificação por remoção dos ímpios e sua maldade. Em seguida, a cidade será restaurado à sua antiga glória. A cidade fiel (v. Is 1:21) tinha se tornado uma prostituta, mas agora ele será chamado, A cidade de justiça, cidade fiel (v. Is 1:26 ); sua prata tornou-se em escória, mas Deus diz que Ele vai limpar bem a tua escória (v. Is 1:25 ). No entanto, versículos 28:30 deixar claro que aqueles que não irá se arrepender e mudar os seus caminhos será totalmente destruído. Se eles persistirem em sua impiedade e idolatria, eles serão destruídos com os seus ídolos. (Parece bastante certo que os carvalhos e os jardins do versículo 29 referem-se a árvores sagradas de cananeu natureza-culto.)

O tipo de purificação pelo fogo divino que é retratado como fundição no versículo 25 não é gentil. Mas esse tipo de limpeza drástica divina é a única coisa que pode ajudar um mundo como em que vivemos. A ciência, filosofia, psicologia e sociologia pode analisar a maldade trágica do homem, mas nunca pode redimir o homem dela. O segredo da paz entre os homens é um segredo espiritual, e somente Deus pode dar. Então, nós faria bem para orar pelo fogo purificador de Deus, doloroso que isso possa ser. "Cria em mim um coração puro, ó Deus; e renova um espírito reto dentro de mim "( Sl 51:10 ).


Russell Shedd

Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
Russell Shedd - Comentários de Isaías Capítulo 1 do versículo 1 até o 31
1.1 Visão. Heb hazôn, conteúdo de uma revelação ou comunicação divina endereçada aos homens. A palavra era usada em outra forma para significar "vidente", nome antigamente dado aos profetas. De Isaías. O próprio livro define o nome do seu autor. Uzias... Judá. Estes quatro reis governaram sucessivamente sobre Judá em Jerusalém, na última parte do oitavo século antes de Cristo. Seus reinados se descrevem nos trechos bíblicos citados no rodapé.

1.2 O Senhor é quem fala. Um testemunho da inspiração da Bíblia.

1.8 Choça... no pepinal. Estas choças e palhoças construíam-se nas vinhas e nas hortas para serem ocupadas temporariamente pelos colhedores durante a colheita, sendo abandonadas durante o resto do ano. Da mesma forma, Jerusalém seria abandonada, depois de deixar de tomar parte no propósito divino, o de ser uma cidade missionária.

1.9 Sobreviventes. Já aqui aparece a doutrina de um remanescente fiel que, séculos mais tarde, sobreviveria aos castigos e ao Cativeiro, assunto que se desenvolve mais amplamente na segunda metade do livro. Sodoma... Gomorra. Conforme Gn 18:16-19.28; Jr 23:14). Perante a justiça divina, ninguém sairia impune (Sl 130:3), mas o próprio Deus se oferece a nos revestir da brancura da santidade, ao invés da cor de carmesim que representa nossa vida de pecados.

1.21 Prostituta. Uma cidade cujos habitantes são infiéis a Deus, infiéis à sua vocação, apóstatas e idólatras, é prostituta perante Deus. Descrições semelhantes se lêem em Jr 36:1 Jr 36:0; Ez 16 e 23.

1:21-25 O metal não purificado pouco valor tem; o caráter humano, não liberto dos vícios, não supera o caráter do irracional.
1.26 Restituir-te-ei os teus juízes. Na época da teocracia, Deus colocou juízes sobre a seu povo, para guiá-lo segundo a vontade divina, impondo à verdadeira justiça. Na igreja de Cristo, no NT, Jesus é o Senhor soberano (Mt 19:28), e os apóstolos, os guias do povo de Deus. Possivelmente, pois, isto se refere ao NT, escrito pelos apóstolos, e que agora, juntamente com o AT, se constitui em nossa única norma de doutrina e de vida, de fé e de conduta.

1.29 Carvalhos... jardins. Trata-se dos lugares onde se praticavam os ritos do culto pagão, uma mistura de idolatria com pecados sensuais. São os "altos", tantas vezes mencionados na Bíblia (conforme 1Rs 14:23; Jz 3:7); nestes altas havia postes-ídolos que os israelitas deveriam cortar (Êx 34:13), senão, eles mesmos seriam derrubados (vv. 30 e 31 deste mesmo capítulo de Isaías).

1.31 Estopa. Parte mais grossa do linho, que se separa por meio do sedeiro; depois elimina-se a mesma como um detrito.


NVI F. F. Bruce

Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
NVI F. F. Bruce - Comentários de Isaías Capítulo 1 do versículo 1 até o 31
Isaías

I. ORÁCULOS PARA JUDÁ E JERUSALÉM

(1.1—12.6)

Os primeiros 12 capítulos de Isaías contêm tanto um registro dos seus ensinos quanto uma espécie de relato de um período da sua vida; a maior parte do material é datada do período inicial do seu ministério. O tema central é a condição moral e religiosa de Jerusalém; o profeta oferece uma análise penetrante da Jerusalém em que ele vivia e contrasta a realidade sombria contemporânea com as glórias futuras que Deus planejou para a cidade. Muitos oráculos breves foram compilados e colocados em ordem para apresentar esse contraste de forma completa e eficaz.

1) Jerusalém, presente e futuro (1.1—
5.30)
Os caps. 1—5 não apresentam nenhum material biográfico; eles servem como prefácio do livro, e chamam atenção para a seriedade da situação em Judá e Jerusalém. O que o profeta queria inculcar na mente dos seus contemporâneos de diversas formas e em diferentes ocasiões é apresentado como um todo ao leitor, dando-nos um retrato impressionante da sociedade em que Isaías vivia. Para essa sociedade, o profeta predisse primeiro o castigo e depois a transformação.
a) O título (1.1)
O versículo inicial apresenta ao leitor o profeta — a sua família, a esfera do seu ministério e a sua época (v. Introdução). O termo Visão, em vista do seu escopo, significa algo como “revelação”, em vez de uma única experiência visionária; é um termo que autentica o profeta e a sua profecia. E provável que esse título esteja relacionado aos caps. 1—12 somente, em virtude da frase a respeito de Judá e Jerusalém; os caps. 13—23 são oráculos, que têm títulos individuais, a respeito de nações estrangeiras.

b) A enfermidade de Judá (1:2-31)
O capítulo apresenta ao leitor a situação que defrontou Isaías durante todo o seu longo ministério; um retrato sombrio dos pecados e deficiências de Judá é pintado por meio do uso de breves parágrafos da pregação do profeta. Os v. 7,8 estão relacionados à situação que seguiu a invasão de Senaqueribe durante o reinado de Ezequias em 701 a.C.; mas não podemos datar a maioria dos breves oráculos compilados nesse capítulo. Eles são expressos numa variedade de formas. Os v. 2,3 lembram o tribunal (os céus e a terra são chamados como testemunhas) e assim também os v. 18ss (vamos refletir— i.e., apresentem argumentos). Outras partes do capítulo são lamentos (v. 4-9,21ss); o Ah do v. 4 e a expressão Vejam como do v. 21 são a linguagem da lamentação. Em terceiro lugar, há oráculos de desafio direto à nação (v. 10

17,24-31).
O retrato sombrio não é impessoal nem totalmente sem esperança; repetidamente o profeta faz um apelo direto a seu povo, para que mudem de atitude e comportamento. Enquanto a situação exata deixada pelos exércitos de Senaqueribe era transitória, o futuro político geral para Judá ainda seria de fraqueza e perigo, invasão e conquista, durante os séculos seguintes; e a apostasia e as injustiças sociais de Judá também duraram um longo período. Por isso, a palavra do profeta teve função e relevância em Judá muito tempo depois do seu contexto original; e, aliás, as suas palavras constituem um desafio a qualquer comunidade em qualquer época.
v. 2-23. Com o intuito de ampliar a metáfora do profeta, poderiamos descrever os v. 2-9 como o diagnóstico da enfermidade da nação, os v. 10-23 como a receita para a cura, e os v. 24-31 como o prognóstico. A enfermidade é dupla: é moral e religiosa (v. 2ss) e também psicológica (v. 5-9). O relacionamento de amor entre Deus e o seu povo foi rompido por causa da estupidez e desobediência voluntária do povo. Isaías ressalta desde o início a santidade de Deus; o Santo de Israel (v. 4) é uma expressão-chave em todo o livro. O desastre físico, por outro lado, deve ter sido muito óbvio a todos; Jerusalém tinha escapado de ser capturada, mas o restante de Judá fora devastado pelos exércitos assírios. Por meio de comparações muito hábeis, o profeta retrata de forma muito vívida essa situação (v. 8) e sutilmente realça a causa moral do desastre com a referência às cidades ímpias de Sodoma e Gomorra (v. 9,10). Muitos judeus provavelmente consideraram essa comparação censurável; a nação não estava observando de forma meticulosa as exigências rituais da adoração a Deus? E verdade, responde Isaías; mas Deus rejeita toda essa parafernália de observância exterior, a não ser que seja acompanhada de justiça social e de consideração pelos desprivilegiados (v. 17). Esse foi um tema constante de todos os profetas do século VIII (e.g., Dn 6:6-28; Am 4:1-5; Mq 3:19ss). É notável que a acusação de infidelidade total a Deus (prostituta, v.


21) — mais típica de Oséias do que de Isaías — esteja fundamentada mais na injustiça social do que na idolatria mencionada anteriormente no v. 29.
O profeta oferece uma escolha à nação (v. 18ss). Jerusalém e Judá podem ser libertos dos seus pecados e podem usufruir a prosperidade se (e somente se) a nação escolher o caminho da obediência {Se vocês estiverem dispostos a obedecer). Se não, nada além de guerra e invasão pode ser esperado.

v. 24-31. Nesse parágrafo, não há nada condicional; as intenções definitivas e inabaláveis de Deus para com a sua cidade santa são afirmadas claramente. Os verdadeiros inimigos (v. 24) de Jerusalém não são externos, mas aqueles dentro da capital que a esvaziaram de justiça e de procedimentos corretos. Por isso, a necessidade da cidade não é de paz mas de justiça e de retidão (v. 27); ela precisa de purgação e purificação, para que possa ser chamada verdadeiramente de cidade fiel (v. 26). No contexto, redimida (v. 27) é aproximadamente equivalente a “purificada”. Finalmente faz-se a acusação de idolatria (v. 29ss); os detalhes mencionados estão relacionados às práticas cultuais de fertilidade dos cananeus. (O sentido desses versículos fica ainda mais claro na NTLH.) Isaías não dá indicação alguma de quando essa transformação deve ocorrer; de fato, suas palavras são um apelo a seus contemporâneos para que iniciem a transformação.


Francis Davidson

O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
Francis Davidson - Comentários de Isaías Capítulo 1 do versículo 1 até o 31
CAPÍTULOS 1:39

I. PROFECIAS REFERENTES A JUDÁ E JERUSALÉMIs 1:1-23). Esta introdução de Isaías assume a forma de um grande julgamento-a grande acusação, como Ewald lhe chama, formulada contra o povo escolhido. Deus é ao mesmo tempo queixoso e juiz. Céu e terra são chamados a apoiar a queixa (2), sendo o profeta a principal testemunha. A acusação feita contra o povo escolhido é de rebelião absoluta nascida do seu coração ímpio e antinatural. Aí se radicavam todos os males que assolavam o país. Embora a mensagem do Senhor Deus tivesse sido transmitida pela boca dos profetas Amós e Oséias, não lhe haviam dado ouvidos, e a perversidade daquele povo conduzira a muitas infrações patentes da lei moral. O resultado de tal estado de coisas é que Aquele que os havia criado e mantido continuava desconhecido e a desgraça que se abatera sobre o país constitui testemunho eloqüente da realidade deste afastamento da fé.

Fala o Senhor (2). É significativo que, no próprio começo deste livro, Isaías acentua o fato de ele conter a mensagem autêntica do Senhor Deus (ver Sl 1:4; Dt 32:1). Note-se a ênfase desta afirmação de rebeldia: "Criei filhos e exalcei-os, mas eles prevaricaram contra Mim". O boi... o jumento (2). Os próprios animais do campo são capazes de demonstrar uma dependência e uma dedicação mais natural e mais perfeita do que o povo escolhido do Senhor. O Santo de Israel (4); esta expressão aplicada ao Senhor não ocorre antes do tempo de Isaías. É provável que seja criação sua. A visão que lhe veio dentro do Templo foi de um Senhor sentado num alto e sublime trono (Is 6:1), de um Senhor superlativamente santo (Is 6:3); e foi, sem dúvida, movido por essa inspiração no próprio início do seu ministério que Isaías continuou a referir-se a Deus como o Santo de Israel. Não é possível determinar todo o significado desta expressão para Isaías, mas provinha de alguém que vira o Senhor e que, em todo o seu ministério subseqüente, se consagra a dar ao seu povo igual consciência da majestade e poder dAquele a quem ele contemplara dentro do santuário. Temos aqui como que um relicário da glória e beleza da santidade, tudo compreendido na personalidade de Deus, o autor do Concerto.

>Is 1:5

Se mais vos rebelaríeis? (5). A vossa terra está assolada... (7). Durante a vida de Isaías, ocorreram pelo menos três invasões do solo sagrado de Judá, uma delas pelas forças combinadas de Israel e da Síria cerca de 734 a.C., e as outras pelas forças dos assírios -a primeira sob o comando de Sargom em 712 a.C., e a outra sob o comando de Senaqueribe em 701 a.C. (Ver apêndice 3 do livro de Reis, "Os Grandes Impérios no Período da Monarquia"). O ataque sírio vem mencionado no capítulo 7, e os outros nos capítulos 22:26. Numa subversão de estranhos (7). Uma variante sugerida por Ewald produz um efeito muito mais forte: "... numa subversão como a de Sodoma". Filha de Sião (8). Trata-se de uma personificação, aludindo a referência à Cidade Santa. Esta expressão não é infreqüente nos escritos mais especificamente poéticos do Velho Testamento. Ver 2Rs 19:21; Sl 45:12. Cheyne salienta que em Lm 2:8 esta expressão parece designar a cidade sem quaisquer habitantes; enquanto que em Mq 4:10 parece aplicar-se aos habitantes sem a cidade. O quadro evocado é o de Jerusalém desolada, contemplando as ruínas que ficaram depois de a violenta maré da batalha e da invasão se ter perdido à distância. No vers. 8 as várias idéias da cabana, da choupana, ambas abrigos toscos erguidos nos campos durante a colheita e da cidade sitiada são todas quadros de solidão. Já como Sodoma seríamos, isto é, teríamos sido totalmente destruídos. Assim, logo no princípio do seu livro, Isaías introduz uma expressão significativa, o remanescente (9). A promessa divina desde eras passadas diz respeito à continuidade da raça escolhida e Àquele que sairia do meio do povo de Israel. A ênfase recai sobre a soberania do propósito divino. É o Senhor que deixa um remanescente. É pela Sua graça que a nação não é totalmente derrubada numa catástrofe semelhante à que engoliu Sodoma e Gomorra. Ver nota sobre Is 7:3.

>Is 1:10

3. FORMALISMO NA ADORAÇÃO E A EXIGÊNCIA DIVINA (Is 1:10-23). Nesta parte das suas profecias, Isaías descreve as muitas maneiras como os filhos de Israel, aqui ousadamente designados como o povo de Gomorra (10), procuravam o favor de Deus sem de qualquer forma satisfazer os altos e santos requisitos dos mandamentos. Oblações, luas novas, sábados, incenso, o sangue de bezerros e a gordura de carneiros, a assembléia convocada e o encontro solene (11-14). Estavam patentes aqui todos os adornos externos da vida religiosa, mas faltava o essencial da fé, e o povo observava um aparato vão sem o espírito que constitui o cumprimento de toda a lei. Contrastando com esta terrível negação da fé, o profeta expõe a lei eterna e os requisitos do Santo de Israel (16-17). O fundamental era a retidão e o cumprimento da ordem de atender necessidades como as dos órfãos e das viúvas. Temos aqui uma das mais nobres passagens de Isaías, freqüentemente comparada com as severas e inequívocas profecias de Amós (ver Jl 5:15, etc.).

>Is 1:12

Pisar os Meus átrios (12). Esta tradução não reproduz todo o conteúdo do original, a que anda aliada uma idéia de afronta. O sentido é pisar a pés os átrios do Senhor. Surgir perante o trono do Senhor Deus com toda a aparência de constituir um insulto para o céu e uma afronta para toda a glória da revelação do divino poder e santidade. Solenidades (14). Eram estas as festividades engastadas no próprio coração da lei e mandamentos de Deus. Quando delas andava ausente o estado de espírito que as transformava na expressão de um amor e de uma dedicação que procuravam tão-somente a Deus, até os sábados, a festa do Pentecostes, a festa da Páscoa, das trombetas e dos tabernáculos, o dia da propiciação-tudo se Lhe tornava odioso, uma ofensa contra o Seu glorioso mandamento. Sangue (15), em hebraico, "sangues", isto é, manchas de sangue. Lavai-vos, purificai-vos (16). Não bastava a purificação cerimonial; esta tinha de ser acompanhada de uma reforma positiva. Praticai o que é reto (17). Este versículo coloca-nos perante alguns dos males sociais que Isaías tanto se esforçava por condenar. Ver o vers. 23 mais abaixo.

>Is 1:18

4. CONDIÇÕES DE BÊNÇÃO (Is 1:18-23). Com estas palavras, apresenta-se ao povo o ponto crucial da questão. Note-se a maneira como Isaías acentua o poder da razão. "Deus discute com o homem -eis o primeiro artigo de religião para Isaías. O profeta salienta mais o aspecto intelectual do sentido moral do que o outro, sendo característica de toda a sua carreira a freqüência com que neste capítulo emprega as palavras saber, considerar, raciocinar" (G. A. Smith, Isaiah, pág. 10). Vinde então e arguí-Me (18). Cheyne traduz esta frase da seguinte forma: "Vinde agora, encerremos o nosso raciocínio". Por outras palavras, só há uma resposta final à rebelião do homem-o perdão livre de Deus.

A oferta de perdão aqui feita não constitui a continuação de um raciocínio de conjunto, mas o final de um debate e a conciliação de uma dissensão: Escarlate... carmesim (18), termos praticamente sinônimos que designam o vermelho vivo obtido da cochonilha (um inseto) e que contrastam fortemente com a cor da neve e da lã natural, não-tingida.

>Is 1:21

5. CASTIGO E REDENÇÃO (Is 1:21-23). Esta passagem suplementar no final do primeiro capítulo exprime de forma concentrada a certeza do castigo divino para todos quantos desobedecem e se revoltam (Is 21:24-28-31), e a certeza da redenção do Senhor, que será bem real e não tardará (25-27). Virão certamente tribulações, mas serão definitivamente arredadas, e o Senhor Deus remirá Sião e o remanescente do povo.

>Is 1:23

Os teus príncipes são rebeldes... (23). A forma como as classes dirigentes se haviam entregado à corrupção e à opressão é sempre descrita em termos ousados por Isaías. A doença partia da cabeça e alastrava por toda a estrutura política. Ver o vers. 17 acima. Purificai inteiramente (25), literalmente, com um álcali, tendo o profeta ido buscar a metáfora aos processos de fundição. Ver vers. 22. Ao fazer ligas de prata, costumava-se usar estanho ou chumbo. Os carvalhos e os jardins (29) estavam associados com a idolatria e ritos pagãos.


Dicionário

Como

como adv. 1. De que modo. 2. Quanto, quão. 3. A que preço, a quanto. Conj. 1. Do mesmo modo que. 2. Logo que, quando, assim que. 3. Porque. 4. Na qualidade de: Ele veio como emissário. 5. Porquanto, visto que. 6. Se, uma vez que. C. quê, incomparavelmente; em grande quantidade: Tem chovido como quê. C. quer, loc. adv.: possivelmente. C. quer que, loc. conj.: do modo como, tal como.

assim como, do mesmo modo que..., tal qual, de que modo, segundo, conforme. – A maior parte destas palavras podem entrar em mais de uma categoria gramatical. – Como significa – “de que modo, deste modo, desta forma”; e também – “à vista disso”, ou – “do modo que”. Em regra, como exprime relação comparativa; isto é – emprega-se quando se compara o que se vai afirmar com aquilo que já se afirmou; ou aquilo que se quer, que se propõe ou se deseja, com aquilo que em mente se tem. Exemplos valem mais que definições: – Como cumprires o teu dever, assim terás o teu destino. – O verdadeiro Deus tanto se vê de dia, como de noite (Vieira). – Falou como um grande orador. – Irei pela vida como ele foi. – Assim como equivale a – “do mesmo modo, de igual maneira que”... Assim como se vai, voltar-se-á. Assim como o sr. pede não é fácil. Digo-lhe que assim como se perde também se ganha. Destas frases se vê que entre como e assim como não há diferença perceptível, a não ser a maior força com que assim como explica melhor e acentua a comparação. – Nas mesmas condições está a locução – do mesmo modo que... Entre estas duas formas: “Como te portares comigo, assim me portarei eu contigo”; “Do mesmo modo que te portares comigo, assim (ou assim mesmo) me portarei contigo” – só se poderia notar a diferença que consiste na intensidade com que aquele mesmo modo enuncia e frisa, por assim dizer, a comparação. E tanto é assim que em muitos casos 290 Rocha Pombo não se usaria da locução; nestes, por exemplo: “Aqueles olhos brilham como estrelas”; “A menina tem no semblante uma serenidade como a dos anjos”. “Vejo aquela claridade como de um sol que vem”. – Tal qual significa – “de igual modo, exatamente da mesma forma ou maneira”: “Ele procedeu tal qual nós procederíamos” (isto é – procedeu como nós rigorosamente procederíamos). Esta locução pode ser também empregada como adjetiva: “Restituiu-me os livros tais quais os levara”. “Os termos em que me falas são tais quais tenho ouvido a outros”. – De que modo é locução que equivale perfeitamente a como: “De que modo quer o sr. que eu arranje o gabinete?” (ou: Como quer o sr. que eu arranje...). – Segundo e conforme, em muitos casos equivalem também a como: “Farei conforme o sr. mandar” (ou: como o sr. mandar). “Procederei segundo me convier” (ou: como me convier).

Gomorra

Submersão. Uma das cinco cidades da planície (Gn 10:19 – 13.10), que se opuseram à invasão de Quedorlaomer (Gn 14:2-11) – foi destruída com fogo e enxofre (Gn 19:24-28) – era proverbial a sua maldade (Gn 18:20Dt 29:23 – 32.32 – is 1:9-10Jr 23:14 – 49.18 – Rm 9:29) – o que lhe aconteceu foi um aviso contra o pecado (Dt 29:23Mt 10:15Mc 6:11 – 2 Pe 2.6 – Jd
7) – e nela foi visto um precedente para a destruição de Babilônia, de Edom, de Moabe e de israel (is 13:19Jr 50:40Jr 49:18Sf 2:9Am 4:11). As cidades da planície estavam situadas no vale do Jordão, perto da extremidade norte do mar Morto. Todas essas cidades foram envolvidas na terrível catástrofe, à exceção de Zoar, que tem sido identificada com a moderna Tell esh-Shaghur, nas faldas dos montes de Moabe.

Gomorra Cidade que ficava na planície ao sul do mar Morto. Foi destruída por causa da maldade dos seus moradores (Gn 19:24-28).

Não

advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.

advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.

Remanescente

adjetivo Aquilo que remanesce, que sobra ou resta: água remanescente da enchente.
substantivo masculino Resto, sobra, sobejo; o que fica do todo após a retirada de uma parte: depois de beber o refrigerante ainda tinha gelo remanescente em seu copo.
Pessoa que permanece depois do fim de algo, que sobrevive: era a última remanescente a falar aquele raro idioma.
Etimologia (origem da palavra remanescente). Do latim remanesce + nte.

A palavra remanescente vem do verbo em latim remanere, que significa ficar para trás ou sobrar. Remanere é a junção de:

O que resta; restante.

Remanescente SOBREVIVENTE (Rm 9:27);
v. RESTANTE e RESTO).

Senhor

Senhor
1) (Propriamente dito: hebr. ADON; gr. KYRIOS.) Título de Deus como dono de tudo o que existe, especialmente daqueles que são seus servos ou escravos (Sl 97:5; Rm 14:4-8). No NT, “Senhor” é usado tanto para Deus, o Pai, como para Deus, o Filho, sendo às vezes impossível afirmar com certeza de qual dos dois se está falando.


2) (hebr. ????, YHVH, JAVÉ.) Nome de Deus, cuja tradução mais provável é “o Eterno” ou “o Deus Eterno”. Javé é o Deus que existe por si mesmo, que não tem princípio nem fim (Ex 3:14; 6.3). Seguindo o costume que começou com a SEPTUAGINTA, a grande maioria das traduções modernas usa “Senhor” como equivalente de ????, YHVH (JAVÉ). A RA e a NTLH hoje escrevem “SENHOR”. A forma JAVÉ é a mais aceita entre os eruditos. A forma JEOVÁ (JEHOVAH), que só aparece a partir de 1518, não é recomendável por ser híbrida, isto é, consta da mistura das consoantes de ????, YHVH, (o Eterno) com as vogais de ???????, ADONAI (Senhor).


Senhor Termo para referir-se a YHVH que, vários séculos antes do nascimento de Jesus, havia substituído este nome. Sua forma aramaica “mar” já aparecia aplicada a Deus nas partes do Antigo Testamento redigidas nesta língua (Dn 2:47; 5,23). Em ambos os casos, a Septuaginta traduziu “mar” por “kyrios” (Senhor, em grego). Nos textos de Elefantina, “mar” volta a aparecer como título divino (pp. 30 e 37). A. Vincent ressaltou que este conteúdo conceitual já se verificava no séc. IX a.C. Em escritos mais tardios, “mar” continua sendo uma designação de Deus, como se vê em Rosh ha-shanah 4a; Ber 6a; Git 88a; Sanh 38a; Eruv 75a; Sab 22a; Ket 2a; Baba Bat 134a etc.

Em algumas ocasiões, Jesus foi chamado de “senhor”, como simples fórmula de cortesia. Ao atribuir a si mesmo esse título, Jesus vai além (Mt 7:21-23; Jo 13:13) e nele insere referências à sua preexistência e divindade (Mt 22:43-45; Mc 12:35-37; Lc 20:41-44 com o Sl 110:1). Assim foi também no cristianismo posterior, em que o título “Kyrios” (Senhor) aplicado a Jesus é idêntico ao empregado para referir-se a Deus (At 2:39; 3,22; 4,26 etc.); vai além de um simples título honorífico (At 4:33; 8,16; 10,36; 11,16-17; Jc 1:1 etc.); supõe uma fórmula cúltica própria da divindade (At 7:59-60; Jc 2:1); assim Estêvão se dirige ao Senhor Jesus no momento de sua morte, o autor do Apocalipse dirige a ele suas súplicas e Tiago acrescenta-lhe o qualificativo “de glória” que, na verdade, era aplicado somente ao próprio YHVH (Is 42:8). Tudo isso permite ver como se atribuíam sistematicamente a Jesus citações veterotestamentárias que originalmente se referiam a YHVH (At 2:20ss.com Jl 3:1-5).

Finalmente, a fórmula composta “Senhor dos Senhores” (tomada de Dt 10:17 e referente a YHVH) é aplicada a Jesus e implica uma clara identificação do mesmo com o Deus do Antigo Testamento (Ap 7:14; 19,16). Tanto as fontes judeu-cristãs (1Pe 1:25; 2Pe 1:1; 3,10; Hc 1:10 etc.) como as paulinas (Rm 5:1; 8,39; 14,4-8; 1Co 4:5; 8,5-6; 1Ts 4:5; 2Ts 2:1ss. etc.) confirmam essas assertivas.

W. Bousset, Kyrios Christos, Nashville 1970; J. A. Fitzmyer, “New Testament Kyrios and Maranatha and Their Aramaic Background” em To Advance the Gospel, Nova York 1981, pp. 218-235; L. W. Hurtado, One God, One Lord: Early Christian Devotion and Ancient Jewish Monotheism, Filadélfia 1988; B. Witherington III, “Lord” em DJG, pp. 484-492; O. Cullmann, o. c.; C. Vidal Manzanares, “Nombres de Dios” en Diccionario de las tres...; Idem, El judeo-cristianismo...; Idem, El Primer Evangelio...


substantivo masculino Proprietário, dono absoluto, possuidor de algum Estado, território ou objeto.
História Aquele que tinha autoridade feudal sobre certas pessoas ou propriedades; proprietário feudal.
Pessoa nobre, de alta consideração.
Gramática Forma de tratamento cerimoniosa entre pessoas que não têm intimidade e não se tratam por você.
Soberano, chefe; título honorífico de alguns monarcas.
Figurado Quem domina algo, alguém ou si mesmo: senhor de si.
Dono de casa; proprietário: nenhum senhor manda aqui.
Pessoa distinta: senhor da sociedade.
Antigo Título conferido a pessoas distintas, por posição ou dignidade de que estavam investidas.
Antigo Título de nobreza de alguns fidalgos.
Antigo O marido em relação à esposa.
adjetivo Sugere a ideia de grande, perfeito, admirável: ele tem um senhor automóvel!
Etimologia (origem da palavra senhor). Do latim senior.onis.

[...] o Senhor é a luz do mundo e a misericórdia para todos os corações.
Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Pelo Evangelho


o termo ‘Senhor’, no A.T., paraexprimir Jeová, está suficientemente compreendido nesta última palavra – e, como tradução de ãdôn, não precisa de explicação. Em Js 13:3, e freqüentemente em Juizes e Samuel, representa um título nativo dos governadores dos filisteus, não se sabendo coisa alguma a respeito do seu poder. o uso de ‘Senhor’ (kurios), no N.T., é interessante, embora seja muitas vezes de caráter ambíguo. Nas citações do A.T., significa geralmente Jeová, e é também clara a significaçãoem outros lugares (*vejag. Mt 1:20). Mas, fora estas citações, há muitas vezes dúvidas sobre se a referência é a Deus como tal (certamente Mc 5:19), ou ao Salvador, como Senhor e Mestre. Neste último caso há exemplos do seu emprego, passando por todas as gradações: porquanto é reconhecido Jesus, ou como Senhor e Mestre no mais alto sentido (Mt 15:22 – e geralmente nas epístolas – *veja 1 Co 12.3), ou como doutrinador de grande distinção (Mt 8:21 – 21.3), ou ainda como pessoa digna de todo o respeito (Mt 8:6). Deve-se observar que kurios, termo grego equivalente ao latim “dominus”, era o título dado ao imperador romano em todas as terras orientais, em volta do Mediterrâneo. E isto serve para explicar o fato de aplicarem os cristãos ao Salvador esse título, querendo eles, com isso, acentuar na sua mente e na das pessoas que os rodeavam a existência de um império maior mesmo que o de César. Com efeito, o contraste entre o chefe supremo do império romano e Aquele que é o Senhor de todos, parece apoiar muitos dos ensinamentos do N.T. Algumas vezes se usa o termo ‘Senhor’ (Lc 2:29At 4:24, etc.) como tradução de despõtes, que significa ‘dono, amo’, sugerindo, quando se emprega a respeito dos homens, que ao absoluto direito de propriedade no mundo antigo estava inerente uma verdadeira irresponsabilidade. (*veja Escravidão.)

Seriar

verbo transitivo Dispor em séries; classificar, ordenar: seriar as questões.

seriar
v. tr. dir. 1. Dispor ou ordenar em série. 2. Classificar por séries.

Sodoma

-

-

Uma das principais cidades da planície, que se opuseram à invasão de Quedorlaomer (Gn
14) – e foi residência de Ló (Gn 13:12-13). Pelos seus crimes de soberba, intemperança, ociosidade, e luxúria (Ez 16:49-50 – 2 Pe 2.6 a 9 – Jd
7) foi destruída, juntamente com Gomorra, Zeboim e Admá, cidades vizinhas – e foi tal a ruína destas cidades, que não se encontra vestígio de qualquer delas (Gn 19). (*vejaGomorra, Vinha.)

Sodoma [Lugar de Cal] - Uma das cinco cidades do vale de SIDIM, destruída por causa de sua pecaminosidade (Gn 13:10); 14; 18.16—19.29; (Jd 7).

Strongs

Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
Isaías 1: 9 - Texto em Hebraico - (HSB) Hebrew Study Bible

Se o SENHOR dos Exércitos não nos tivesse deixado um muito pequeno remanescente, como Sodoma teríamos sido tornados, e teríamos sido tornados semelhantes a Gomorra.
Isaías 1: 9 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

739 a.C.
H1819
dâmâh
דָּמָה
parecer, assemelhar
(I thought)
Verbo
H1961
hâyâh
הָיָה
era
(was)
Verbo
H3068
Yᵉhôvâh
יְהֹוָה
o Senhor
(the LORD)
Substantivo
H3498
yâthar
יָתַר
ser deixado, sobrar, restar, deixar
(the remainder)
Verbo
H3884
lûwlêʼ
לוּלֵא
.......
(.. .. ..)
Prepostos
H4592
mᵉʻaṭ
מְעַט
pequenez, pouco, um pouco
(a little)
Substantivo
H5467
Çᵉdôm
סְדֹם
uma cidade dos cananeus, geralmente ligada a Gomorra, localizada na área do mar Morto
(to Sodom)
Substantivo
H6017
ʻĂmôrâh
עֲמֹרָה
Essa forma expressa basicamente uma ação “reflexiva” de Qal ou Piel
(and Gomorrah)
Substantivo
H6635
tsâbâʼ
צָבָא
o que vai adiante, exército, guerra, arte da guerra, tropa
(their vast array)
Substantivo
H8300
sârîyd
שָׂרִיד
sobrevivente, restante, resto
(alive)
Substantivo


דָּמָה


(H1819)
dâmâh (daw-maw')

01819 דמה damah

uma raiz primitiva; DITAT - 437; v

  1. parecer, assemelhar
    1. (Qal) parecer, assemelhar
    2. (Piel)
      1. ser semelhante, comparar
      2. imaginar, pensar
    3. (Hitpael) tornar semelhante
    4. (Nifal)

הָיָה


(H1961)
hâyâh (haw-yaw)

01961 היה hayah

uma raiz primitiva [veja 1933]; DITAT - 491; v

  1. ser, tornar-se, vir a ser, existir, acontecer
    1. (Qal)
      1. ——
        1. acontecer, sair, ocorrer, tomar lugar, acontecer, vir a ser
        2. vir a acontecer, acontecer
      2. vir a existir, tornar-se
        1. erguer-se, aparecer, vir
        2. tornar-se
          1. tornar-se
          2. tornar-se como
          3. ser instituído, ser estabelecido
      3. ser, estar
        1. existir, estar em existência
        2. ficar, permanecer, continuar (com referência a lugar ou tempo)
        3. estar, ficar, estar em, estar situado (com referência a localidade)
        4. acompanhar, estar com
    2. (Nifal)
      1. ocorrer, vir a acontecer, ser feito, ser trazido
      2. estar pronto, estar concluído, ter ido

יְהֹוָה


(H3068)
Yᵉhôvâh (yeh-ho-vaw')

03068 יהוה Y ehovaĥ

procedente de 1961; DITAT - 484a; n pr de divindade Javé = “Aquele que existe”

  1. o nome próprio do único Deus verdadeiro
    1. nome impronunciável, a não ser com a vocalização de 136

יָתַר


(H3498)
yâthar (yaw-thar')

03498 יתר yathar

uma raiz primitiva; DITAT - 936; v

  1. ser deixado, sobrar, restar, deixar
    1. (Qal) remanescente (particípio)
    2. (Nifal) ser deixado, sobrar, ser deixado para trás
    3. (Hifil)
      1. restar, deixar
      2. guardar, preservar vivo
      3. superar, mostrar pré-eminência
      4. mostrar excesso, ter mais do que o suficiente, ter em excesso

לוּלֵא


(H3884)
lûwlêʼ (loo-lay')

03884 לולא luwle’ ou לולי luwley

procedente de 3863 e 3808; DITAT - 1085a; prep conj

  1. a menos que, se não, exceto

מְעַט


(H4592)
mᵉʻaṭ (meh-at')

04592 מעט m e ̂ at̀ ou מעט m e ̂ at̀

procedente de 4591; DITAT - 1228a; subst

  1. pequenez, pouco, um pouco
    1. pequeno, pequenez, pouco, muito pouco, só um pouco
    2. como um pouco, dentro de um pouco, quase, só, dificilmente, rapidamente pouco valor

סְדֹם


(H5467)
Çᵉdôm (sed-ome')

05467 סדם C edom̂

procedente de uma raiz não utilizada significando chamuscar, grego 4670 σοδομα;

DITAT - 1465; n pr loc

Sodoma = “ardente”

  1. uma cidade dos cananeus, geralmente ligada a Gomorra, localizada na área do mar Morto e do rio Jordão; ambas cidades foram destruídas por Deus em julgamento

עֲמֹרָה


(H6017)
ʻĂmôrâh (am-o-raw')

06017 עמרה Àmorah

procedente de 6014; grego 1116 γομορρα; n. pr. loc.

Gomorra = “submersão”

  1. a cidade irmã na maldade com Sodoma, sendo ambas destruídas pelo juízo de Deus com fogo dos céus
    1. referindo-se a iniqüidade (fig.)

צָבָא


(H6635)
tsâbâʼ (tsaw-baw')

06635 צבא tsaba’ ou (fem.) צבאה ts eba’aĥ

procedente de 6633, grego 4519 σαβαωθ; DITAT - 1865a,1865b; n. m.

  1. o que vai adiante, exército, guerra, arte da guerra, tropa
    1. exército, tropa
      1. tropa (de exército organizado)
      2. exército (de anjos)
      3. referindo-se ao sol, lua e estrelas
      4. referindo-se a toda a criação
    2. guerra, arte da guerra, serviço militar, sair para guerra
    3. serviço militar

שָׂרִיד


(H8300)
sârîyd (saw-reed')

08300 שריד sariyd

procedente de 8277; DITAT - 2285a; n. m.

  1. sobrevivente, restante, resto
    1. sobrevivente