Enciclopédia de João 3:30-30

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

jo 3: 30

Versão Versículo
ARA Convém que ele cresça e que eu diminua.
ARC É necessário que ele cresça e que eu diminua.
TB É necessário que ele cresça e que eu diminua.
BGB ἐκεῖνον δεῖ αὐξάνειν, ἐμὲ δὲ ἐλαττοῦσθαι.
HD É necessário ele crescer e eu diminuir.
BKJ Ele deve crescer, mas eu devo diminuir.
LTT É necessário Ele crescer; eu, porém, ser diminuído.
BJ2 É necessário que ele cresça e eu diminua.
VULG Illum oportet crescere, me autem minui.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de João 3:30

Salmos 72:17 O seu nome permanecerá eternamente; o seu nome se irá propagando de pais a filhos, enquanto o sol durar; e os homens serão abençoados nele; todas as nações lhe chamarão bem-aventurado.
Isaías 9:7 Do incremento deste principado e da paz, não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar em juízo e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto.
Isaías 53:2 Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.
Isaías 53:12 Pelo que lhe darei a parte de muitos, e, com os poderosos, repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu.
Daniel 2:34 Estavas vendo isso, quando uma pedra foi cortada, sem mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou.
Daniel 2:44 Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e esse reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos e será estabelecido para sempre.
Mateus 13:31 Outra parábola lhes propôs, dizendo: O Reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem, pegando dele, semeou no seu campo;
Atos 13:36 Porque, na verdade, tendo Davi, no seu tempo, servido conforme a vontade de Deus, dormiu, e foi posto junto de seus pais, e viu a corrupção.
I Coríntios 3:5 Pois quem é Paulo e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um?
II Coríntios 3:7 E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória,
Colossenses 1:18 E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência,
Hebreus 3:2 sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa.
Apocalipse 11:15 E tocou o sétimo anjo a trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre.


Notas de rodapé da Bíblia (HD) - Haroldo Dutra

As notas de rodapé presentes na Bíblia versão Haroldo Dutra são comentários e explicações adicionais fornecidos pelo tradutor para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas de rodapé são baseadas em pesquisas, análises históricas, culturais e linguísticas, bem como em outras referências bíblicas, a fim de fornecer um contexto mais profundo e uma interpretação mais precisa do significado original do texto. As notas de rodapé são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.
João 3 : 30
diminuir
Lit. “fazer/ser feito menor ou inferior; diminuir, decair em importância”.

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Principais acontecimentos da vida terrestre de Jesus

O começo do ministério de Jesus

DATA

LUGAR

ACONTECIMENTO

MATEUS

MARCOS

LUCAS

JOÃO

29 d.C., c. outubro

Rio Jordão, talvez em Betânia do outro lado do Jordão, ou perto dela

Jesus é batizado e ungido; Jeová o reconhece como seu Filho e lhe dá sua aprovação

Mt 3:13-17

Mc 1:9-11

Lc 3:21-38

Jo 1:32-34

Deserto da Judeia

É tentado pelo Diabo

Mt 4:1-11

Mc 1:12-13

Lc 4:1-13

 

Betânia do outro lado do Jordão

João Batista identifica Jesus como o Cordeiro de Deus; os primeiros discípulos se juntam a Jesus

     

Jo 1:15-29-51

Caná da Galileia; Cafarnaum

Primeiro milagre, água transformada em vinho; visita Cafarnaum

     

Jo 2:1-12

30 d.C., Páscoa

Jerusalém

Purifica o templo

     

Jo 2:13-25

Conversa com Nicodemos

     

Jo 3:1-21

Judeia; Enom

Vai à zona rural da Judeia, seus discípulos batizam; João dá seu último testemunho sobre Jesus

     

Jo 3:22-36

Tiberíades; Judeia

João é preso; Jesus viaja para a Galileia

Mt 4:12-14:3-5

Mc 6:17-20

Lc 3:19-20

Jo 4:1-3

Sicar, em Samaria

Ensina samaritanos no caminho para a Galileia

     

Jo 4:4-43


Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita


Emmanuel

jo 3:30
Vinha de Luz

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 76
Página: 165
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

“É necessário que Ele cresça e que eu diminua.” — JOÃO BATISTA (Jo 3:30)


Há sempre um desejo forte de propaganda construtiva no coração dos crentes sinceros.

Confortados pelo pão espiritual de Jesus, esforçam-se os discípulos novos por estendê-lo aos outros. Mas, nem sempre acertam na tarefa. Muitas vezes, movidos de impulsos fortes, tornam-se exigentes ou precipitados, reclamando colheitas prematuras.

O Evangelho, porém, está repleto de ensinamentos nesse sentido.

A assertiva de João Batista, nesta passagem, é significativa. Traça um programa a todos os que pretendam funcionar em serviço de precursores do Mestre, nos corações humanos.

Não vale impor os princípios da fé.

A exigência, ainda que indireta, apenas revela seus autores. As polêmicas destacam os polemistas… As discussões intempestivas acentuam a colaboração pessoal dos discutidores. Puras pregações de palavras fazem belos oradores, com fraseologia preciosa e deslumbrantes ornatos da forma.

Claro que a orientação, o esclarecimento e o ensino são tarefas indispensáveis na extensão do Cristianismo, entretanto, é de importância fundamental para os discípulos que o Espírito de Jesus cresça em suas vidas. Revelar o Senhor na própria experiência diária é a propaganda mais elevada e eficiente dos aprendizes fiéis.

Se realmente desejas estender as claridades de tua fé, lembra-te de que o Mestre precisa crescer em teus atos, palavras e pensamentos, no convívio com todos os que te cercam o coração. Somente nessa diretriz é possível atender ao Divino Administrador e servir aos semelhantes, curando-se a hipertrofia congenial do “eu”.



jo 3:30
Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo João

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 24
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

“É necessário que Ele cresça e que eu diminua.” — JOÃO BATISTA (Jo 3:30)


Há sempre um desejo forte de propaganda construtiva no coração dos crentes sinceros.

Confortados pelo pão espiritual de Jesus, esforçam-se os discípulos novos por estendê-lo aos outros. Mas, nem sempre acertam na tarefa. Muitas vezes, movidos de impulsos fortes, tornam-se exigentes ou precipitados, reclamando colheitas prematuras.

O Evangelho, porém, está repleto de ensinamentos nesse sentido.

A assertiva de João Batista, nesta passagem, é significativa. Traça um programa a todos os que pretendam funcionar em serviço de precursores do Mestre, nos corações humanos.

Não vale impor os princípios da fé.

A exigência, ainda que indireta, apenas revela seus autores. As polêmicas destacam os polemistas… As discussões intempestivas acentuam a colaboração pessoal dos discutidores. Puras pregações de palavras fazem belos oradores, com fraseologia preciosa e deslumbrantes ornatos da forma.

Claro que a orientação, o esclarecimento e o ensino são tarefas indispensáveis na extensão do Cristianismo, entretanto, é de importância fundamental para os discípulos que o Espírito de Jesus cresça em suas vidas. Revelar o Senhor na própria experiência diária é a propaganda mais elevada e eficiente dos aprendizes fiéis.

Se realmente desejas estender as claridades de tua fé, lembra-te de que o Mestre precisa crescer em teus atos, palavras e pensamentos, no convívio com todos os que te cercam o coração. Somente nessa diretriz é possível atender ao Divino Administrador e servir aos semelhantes, curando-se a hipertrofia congenial do “eu”.




André Luiz

jo 3:30
Conduta Espírita

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 13
Página: 57
Waldo Vieira
André Luiz

Escudar-se na humildade constante, ao desenvolver qualquer atividade de propaganda doutrinária, evitando alarde, sensacionalismo, demonstrações publicitárias pretensiosas ou métodos de ação suscetíveis de perturbar a tranquilidade pública.


Sem orientação segura, não há propaganda produtiva.


Com critério e temperança, estender a propaganda libertadora dos postulados espíritas até ao recesso das penitenciárias e das colônias de isolamento sanitário, sem depreciar crenças ou sentimentos.


Os mais doentes requerem maior ajuda.


Incentivar o intercâmbio fraterno entre as pessoas e as organizações doutrinárias, através de cartas e publicações, livros e mensagens, visitas e certames especializados, buscando a unificação das tarefas e o esclarecimento comum.


A permuta de experiências equilibra o progresso geral.


Pelo rádio ou pela imprensa leiga, não se estender demasiadamente, a fim de não afastar o aprendiz incipiente.


A Doutrina deve ser ministrada em pequenas porções.


Para não se desviar das finalidades espíritas, selecionar, com ponderação e bom senso, os meios usados na propaganda, mormente aqueles que se relacionem com atividades comerciais ou mundanas.


Torna-se inútil a elevação dos objetivos, sempre que haja rebaixamento moral nos meios.


Usar com prudência ou substituir toda expressão verbal que indique costumes, práticas, ideias políticas, sociais ou religiosas, contrárias ao pensamento espírita, quais sejam sorte, acaso, sobrenatural, milagre e outras, preferindo-se, em qualquer circunstância, o uso da terminologia doutrinária pura.


Uma palavra inadequada pode macular a bandeira mais nobre.


Arredar de si qualquer ansiedade, no tocante à modificação rápida do ponto de vista dos companheiros.


A fé significa um prêmio da experiência.


Conquanto precisemos batalhar incansavelmente no esclarecimento geral, usando processos justos e honestos, não esquecer que a propaganda principal é sempre aquela desenvolvida pelos próprios atos da criatura, através da exemplificação eloquente de nossa reforma íntima, nos padrões do Evangelho.


A Doutrina Espírita prescinde do proselitismo de ocasião.



Joanna de Ângelis

jo 3:30
Florações Evangélicas

Categoria: Livro Espírita
Ref: 3353
Capítulo: 43
Página: 139
Divaldo Pereira Franco
Joanna de Ângelis
Incontáveis companheiros espíritas, na atualidade, revivem o espírito de serviço cristão que neles se agiganta, conclamando-os ao intérmino labor de preparação da Era Eova. Multiplicam-se eles em formosa sementeira e já se podem observar os resultados positivos da sua atividade proveitosa, a benefício de toda a Seara do Amor. Entre eles corporificam-se a abnegação e a renúncia, emoldurando-lhes os esforços lavrados à base da vivência evangélica na integral harmonia dos seus postulados. Escrevem e pautam a conduta na elevada correção de modos. Falam e aplicam na vida diária os ensinamentos divulgados. Oram e agem no campo da fraternidade transformando palavras em socorro eficiente, que espalham, generosos, em nome do Senhor. Proclamam a excelência do amor e desdobram esforços na compreensão dos espíritos sofredores que buscam amparar no carinho dos sentimentos. Preconizam o perdão e esquecem as ofensas, disseminando a alegria, mesmo quando o pessimismo insiste em dominar, pernicioso. Convém, no entanto, refletirmos com atenção surgem e desaparecem com celeridade, na esfera do serviço ativo, trabalhadores diversos que se dizem fascinados por Jesus ou se apresentam tocados pela excelência da Doutrina Espírita que dizem e aparentam desposar. Todavia, somente alguns perseveram fiéis ao programa encetado, por longo tempo. Enquanto brilham facilidades e o alarde dos aplausos estruge, ei-los a postos. Entrementes, logo são chamados ao testemunho do silêncio, no anonimato ou na ação aparentemente insignificante, debandam rancorosos, com queixas, estremunhados. . . São os que promovem o Espiritismo, Promovendo-se também.
* * *

Paulo, de tal forma se esqueceu de si mesmo, no serviço de Jesus, que exclamou: “Estou crucificado com Cristo; logo já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim". . . Francisco de Assis, servindo ao Senhor com elevada abnegação, olvidou, inclusive, a própria saúde, para doar-se totalmente à lição da renúncia e da humildade por amor a Ele. Vicente de Paula, tocado pela necessidade do próximo, alcançou os extremos da autodoação, trocando a sua pela vida de um galé, a fim de libertá-lo das cadeias que considerava injustas. Joanna d'Arc, convencida do amparo que as suas vozes lhe ofereciam, deixou-se queimar, superando o instinto de conservação da vida física, fiel à Imortalidade. Allan Kardec, conquanto advertido reiteradas vezes pelo espírito generoso do Dr. Demeure, seu médico, então desencarnado, quanto à saúde, dela descurava para trabalhar, rompendo-se-lhe o aneurisma, em plena ação iluminativa de consciências. E João Batista, o Precursor, enunciava em júbilo: “Necessário é que Ele cresça e eu diminua", promovendo-o e apagando-se.
* * *

Cuida de promover a Causa e olvida as transitórias casas a que te vinculas; propagando o Espiritismo em toda a sua pureza, fiel aos postulados Kardequianos, ilumina-te na Sua claridade, deixando a tua pessoa em plano secundário; ampliando o campo para sementação da Verdade não te iludas. . . A promoção da Doutrina que te honra não deve constituir-te motivo de destaque personalista, porque o verdadeiro trabalhador ama na semente a planta futura, e na terra reverdescida encontra a resposta da vida ao esforço desenvolvido. Servindo desinteressadamente não te alcançarão as agressões dos maus — que são transitórios no caminho; e a perseverança da tua atividade, quando outros a deixaram, responderá pela nobreza dos teus propósitos e do teu valor aplicados à fidelidade do ideal que te abrasa. Porque Jesus distendesse o pensamento divino sobre a Terra conturbada, quando pretendiam afetar a Mensagem de que se fizeram Mensageiro Celeste, invectivava, enérgico e pulcro, no entanto, quando se levantavam contra Ele, deixava-se conduzir, confiando no Pai, a ensinar que a Palavra de Vida Eterna é pão insubstituível para a manutenção do espírito, enquanto que aquele que dela se faz portador, entregue à Verdade, não se deve preocupar consigo, por estar nas mãos de Deus que tudo supervisiona e dirige com sabedoria.


“É necessário que Ele cresça, e que eu diminua".

(João, 3:30)


“Não ouso falar do que fiz, porque também os Espíritos têm o pudor de suas obr as".

São Vicente de Paula - (O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Capítulo 13º — Item 12, parágrafo 6)


jo 3:30
Jesus e Vida

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 8
Divaldo Pereira Franco
Joanna de Ângelis

Quando alguém empreende uma realização nobililante, vinculado a um compromisso superior com a vida, não lhe faltam desafios e aflições, que são heranças de comportamentos infelizes do passado e obstáculos naturais que devem ser superados.


Vivendo em uma sociedade egóica e imediatista, experimenta desconfiança e agressões de todo porte, como se uma conspiração houvesse a fim de impedirlhe o desenvolvimento do ideal que acalenta e pelo qual moureja.


Em face dos fatores de perturbação ainda vigentes no grupo social, suspeita-se-lhe da honestidade de propósitos, acreditando-se que se trata de um indivíduo es- I afador ou astuto procurando projeção no cenário em que se encontra, ou mesmo de algum aventureiro que espera lucros rendosos sem grandes investimentos pessoais...


Infelizmente, ainda não há lugar, na atual sociedade, para pessoas sérias portadoras de projetos de enobrecimento para a Humanidade.


É inegável que existem incontáveis exemplos contrários a essa conduta, no entanto, a mais comum é a atitude de suspeição e de arrogância em relação ao inovador, em razão dos conflitos pessoais que dominam a grande mole humana, ainda não liberta das paixões inferiores em que se compraz.


Quando esse labor diz respeito aos valores espirituais dignificantes, a luta se lhe torna mais áspera, porque a maioria prefere a distração e a vulgaridade, mesmo que sob os disfarces de objetivos elevados.


O desrespeito ético em aumento crescente, avassalando setores onde devem prevalecer os sentimentos de ordem e de edificação, testemunha a falsa necessidade dominante pela busca do promíscuo e superficial, nos quais se destacam personalidades enfermas e astros frustrados que se impõem em lideranças doentias...


É compreensível que assim ocorra esse fenômeno de desconsideração pelo bom e pelo belo, substituído pela balbúrdia e zombaria das questões santas, porque se pretende viver o momento do prazer e do desfrutar, em novos comportamentos que disfarçam os terríveis conflitos em que a grande maioria de pessoas se estorcega.


É muito difícil ser coerente entre o que se crê e como se deve agir, buscando-se, por falta de resistências morais, sucedâneos para a conduta leviana sob justificações lamentáveis, mas que agradam aos desavisados.


O Espiritismo é doutrina séria de caráter imortalista, que se destina àqueles que tenham sede de justiça, fome de paz e ânsia de felicidade, cansados das ilusões vivenciadas e dominadas por dores excruciantes de que necessitam libertar-se.


Todos quantos lhe abraçam os postulados são convidados à transformação moral para melhor, tornandose, cada dia, mais saudáveis do que anteriormente, e trabalhando as imperfeições morais, a fim de que possam vivenciar a harmonia e a iluminação de que são objetos os postulados espíritas. No entanto, há uma grande delasagem entre o que se divulga e o que se experiência.


Não são poucos os indivíduos que, no exercício dos ideais libertadores, projetam-se mais através deles, do que lhes fazem a divulgação apagando-se, conforme afirmava João, o batista, em referência a Jesus: É necessário que Ele cresça e que eu diminua. (João 3:30).


Há uma incontida ânsia pela projeção social e humana, em competição doentia, perturbadora, bem con- I rária a essa proposta do Precursor...


É inevitável essa ocorrência, porque os indivíduos consideram os demais através da óptica intelecto-moral de que são portadores.


* * *

Além desses naturais adversários terrestres do ideal ismo libertador, outros existem, que ainda apegados as paixões humanas, embora desencarnados, conspiram incessantemente contra aqueles que são fiéis aos objetivos que abraçam, gerando situações calamitosas, urdindo armadilhas perversas, a fim de colhê-los, asam impedindo-lhes o avanço.


Km um momento, induzem pessoas emocionalmente perturbadas a aproximar-se dos lidadores do hem, inspirando-lhes paixões servis, e quando rechaçadas transformam-se em perseguidoras inclementes.


Vezes outras, tentam seduzi-los com publicidade e fama, arrastando-os para os descaminhos do compromisso, sob aplausos ruidosos em festas de insensatez e de turbação mental.


Habitualmente acercam-se, esses infelizes inimigos de si mesmos, desencarnados em desesperação, gerando, à volta dos trabalhadores, uma psicosfera morbífica, que lhes produz amolentamento e cansaço com prejuízo das realizações que lhes cumpre executar.


Em diversas ocasiões, aproveitadores inescrupulosos cercam-nos, sobrecarregando-os de atividades que não desejam desempenhar, de forma a exauri-los no cumprimento dos deveres

abraçados. Fiscais impiedosos da sua conduta, estão sempre dispostos a apontar-lhes deslizes e erros, sem que façam algo de positivo e útil, considerando-se responsáveis pela vigilância que se impõem. Logo, quando não alcançam as suas metas, abandonam o campo e saem alardeando difamação afrontosa, atirando calúnias sórdidas que encontram guarida na irresponsabilidade de outros tantos que lhes são semelhantes.


A competição pessoal é atiçada por esses adversários do Bem, gerando divisões lamentáveis no grupo em que se encontram, criando dificuldades de todo tipo com fins ignóbeis, no íntimo, em razão da inveja e da magoa por não estarem naquele lugar, sendo os combatentes que não têm coragem de tornar-se.


As armadilhas do mal são contínuas e apresentamse em variadas formas, pois que o seu objetivo é a desistência dos lidadores da verdade, do amor, da divulgação da Luz, da vivência da fraternidade...


Nada obstante, quando os idealistas são sinceros, eles sabem revestir-se de paciência, de coragem e de resignação, confiando mais nos objetivos que devem alcançar, do que nos impedimentos que lhes surgem pela frente.


/<". MS e Vida 61

Entregando-se Àquele que lhes serve de guia e modelo, não se permitem abater pela perseguição insensata, nem rebelar-se contra o aguilhão, porque têm consciência da sua pequenez diante da grandeza da vida, estimulando-se ao avanço, quanto mais obstáculos defrontam.


Reconhecem que não é fácil a empresa a que se en- I regam e que a realizam pelo prazer pessoal de fazê-la crescer no íntimo, por saberem que o Reino de Deus não vem com aparências exteriores, mas é construído no imo do ser, sem que ninguém o veja, nem lhe tome conhecimento.


Assim, nunca te intimidem as calúnias dos companheiros de lutas, nem temas as armadilhas colocadas pelo espírito do mal, tentando colher-te quando desprevenido.


Cuida de entregar-te a Quem serves, e amando, segue adiante, cantando o hino da alegria de servir.


* * *

Mesmo Jesus, que é o Sol de Primeira Grandeza do planeta terrestre, não realizou o Seu ministério, sem a presença constante de inimigos, de adversários soezes e de manipuladores de armadilhas perversas.


... Mandaram então seus discípulos, em companhia dos herodianos, dizer-lhe: Mestre, sabemos que és veraz e que ensinas o caminho de Deus pela verdade, sem levares em conta a quem quer que seja, porque, nos homens, não consideras as pessoas. - Dize-nos, pois, qual a tua opinião sobre isto: É-nos permitido pagar ou deixar de pagar a César o tributo?


Jesus, porém, que lhes conhecia a malícia, respondeu: Hipócritas, por que me tentais?


Apresentai-me uma das moedas que se dão em pagamento ao tributo. E tendo-Lhe eles apresentado um denário, perguntou Jesus: De quem são esta imagem e esta inscrição? - De César, responderam eles. Então, observou-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. (Mateus 22:15-22) As armadilhas humanas colhem somente aqueles que se encontram no mesmo nível dos seus opositores.


Ta, porém, segue adiante, fiel ao dever abraçado.



Wesley Caldeira

jo 3:30
Da Manjedoura A Emaús

Categoria: Livro Espírita
Ref: 11453
Capítulo: 13
Wesley Caldeira
Wesley Caldeira
Para o PRIMEIRO LIVRO DOS REIS, 16:29, Acab foi o mais indigno dos reis até ele. Casado com Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, Acab, instigado por ela, praticou ou, pelo menos, tolerou culto pagão ao deus Baal.
Iahweh, em razão da predileção desses reis pelos sacerdotes pagãos, orientou Elias Tesbita, seu profeta, a se refugiar distante do casal real. Que fosse para as margens do rio Jordão, pois logo Acab e Jezabel mandariam matar os profetas do deus de Israel.
Passados três anos, Iahweh enviou Elias até Acab. Na presença do rei, Elias propôs um desafio (1 REIS, 18:22 a 24):
— “Sou o único dos profetas de Iahweh que fiquei, enquanto os profetas de Baal são quatrocentos e cinquenta. Deem-nos dois novilhos; que eles escolham um para si e depois de esquartejá-lo o coloquem sobre a lenha, sem lhe pôr fogo. Prepararei o outro novilho sem lhe pôr fogo. Invocareis depois o nome do vosso deus, e eu invocarei o nome de Iahweh: o deus que responder enviando fogo, é ele o Deus”.
No dia seguinte, os sacerdotes pagãos sacrificaram um dos novilhos e evocaram o nome de Baal, desde a manhã até o meio-dia. Gritavam em alta voz, retalhavam-se, segundo o seu costume, com canivetes e lancetas até se cobrirem de sangue. Por fim, desistiram.

O profeta Elias, na sua vez, chamou por Iahweh.
Narra o cronista bíblico que um fogo desceu do céu (parapirogenia — combustão espontânea paranormal), devorou o holocausto, a lenha e as pedras do altar. Todo o povo, vendo isso, prostrou-se com o rosto em terra.
Então, sob a direção de Elias, o povo se apoderou dos profetas pagãos e os levou ao rio Quisom. Estando lá, Elias ordenou que todos eles fossem decapitados. (1 REIS, 18:40.)
A rainha Jezabel, ao ser informada do que Elias fizera a seus sacerdotes, jurou vingança, e mandou um mensageiro dizer a ele que os deuses deveriam tratá-la com toda a severidade se ela, no dia seguinte, e na mesma hora, não fizesse a Elias o que ele fizera aos sacerdotes. (1 REIS, 19:2.)
Elias teve medo. A rainha era uma mulher de vontade férrea. Ele fugiu para um lugar onde Jezabel não o pudesse alcançar, senão...
Oito séculos mais tarde. Região da Pereia. Fortaleza Maqueronte.
O nome não aparece na Bíblia. A fortaleza palácio foi erguida sobre uma montanha em forma de cone e, talvez, daí o seu nome grego: Machairos, espada, gládio. Era cercada por vales profundos, e sua enorme muralha fazia lembrar uma coroa de pedras.
Próximo ao ano 90 antes de Jesus, Alexandre Janeu, o rei sacerdote de Jerusalém, construiu ali um castelo, com o objetivo de proteger uma rota comercial. O castelo foi tomado e destruído pelos romanos em 57 a.C. Duas décadas depois, Herodes, o Grande, iniciou sua reconstrução, transformando o lugar em uma fortificação, que César Augusto passou ao herdeiro Herodes Antipas, nomeado tetrarca da Galileia e da Pereia, uma espécie de vice-rei.
Março do ano 29, dia do aniversário de Herodes Antipas, que há pouco regressara de uma viagem à Babilônia, onde integrara uma comitiva do imperador Tibério, liderada pelo governador da Síria, o procônsul Vitelos.
A demora em Maqueronte obrigou Antipas a comemorar seu aniversário na fortaleza.
Foram convidados os grandes de sua corte, seus comandantes, as eminentes personalidades da Galileia, sacerdotes, fariseus, dignitários das cidades gregas e romanos ilustres.
Os convivas ocupavam animadamente a sala do festim, formada de naves, como uma basílica. Colunas talhadas com requinte, tapetes luxuosos de Damasco, esculturas preciosas de Atenas, castiçais de ouro polidos em Cesareia, vasos delicados importados de Roma e outros artefatos raros ornamentavam as galerias. Iguarias de fino gosto eram servidas. Vinhos famosos fluíam de grandes vasos de cerâmica para as crateras e destas para as taças.
A certa altura, a algaravia natural cedeu, aos poucos, ao silêncio e, enfim, à estupefação geral. Uma figura vaporosa de mulher e menina, com aproximados 18 anos, vestida de maneira exótica, começou a marcar um bailado ao compasso dos estalos de suas sandálias de penugem de colibri.
Ninguém melhor do que Gustave Flaubert, o inesquecível autor de Madame Bovary, descreveu o que então se passou.
Em seu conto Herodíade, Flaubert (1974, p. 132-134) narrou:
Seus pés passavam um na frente do outro [...]. Seus braços roliços chamavam alguém que não cessava de fugir. Ela o perseguia, mais leve que uma borboleta, como uma psique curiosa, como uma alma aventureira, e sempre pronta a partir voando.
Os sons fúnebres da flauta fenícia substituíram os crótalos. O desânimo sucedia à esperança. Suas atitudes exprimiam desgostos, e toda a sua pessoa uma tal languidez que não se sabia se ela chorava por um deus, ou se morria em sua carícia. As pálpebras semicerradas, ela se contorcia inteira, balançava o ventre com ondulações de mar agitado, fazia tremer os seios, e o rosto sempre imóvel, e os pés não paravam.
Depois foi o arrebatamento do amor que quer saciar-se. Ela dançou como as sacerdotisas da Índia, como as núbias das cataratas, como as bacantes da Líbia. Requebrava-se totalmente, tal como uma flor agitada pela tempestade. Os brincos saltavam-lhe das orelhas, a seda de suas costas cambiava de cor; dos seus braços, dos seus pés, das suas roupas brotavam faíscas que inflamavam os homens. Uma harpa soou; os presentes receberam-na com aclamações. Sem dobrar os joelhos, abrindo as pernas, ela curvou-se tão bem que o seu queixo roçou o soalho; e os nômades habituados à abstinência, os soldados de Roma peritos em orgias, os avarentos publicanos, os velhos sacerdotes azedados pelas disputas, todos dilatando as narinas, palpitavam de cobiça.
Em seguida, ela girou em volta da mesa de Antipas, freneticamente; e com uma voz que os soluços da volúpia entrecortavam, ele lhe dizia:
— Vem! Vem!
Girava sem parar; os tamborins ressoavam estrepitosamente, a multidão urrava.
Mas o tetrarca gritava mais alto:
— Vem! Vem! Eu te dou Cafarnaum! A planície de Tiberíades! As minhas cidadelas! A metade do meu reino!
Ela jogou-se sobre as mãos, os calcares no ar, percorrendo assim o estrado como um enorme besouro; e, bruscamente, parou.
Sua nuca e suas vértebras faziam um ângulo reto. Os véus de cores que envolviam suas pernas, passando-lhe sobre as costas como arco- íris, quase lhe tapavam o rosto.
Tinha os lábios pintados, as sobrancelhas muito pretas, os olhos quase terríveis, e gotinha de suor em sua fronte era como orvalho sobre o branco mármore.

Ela não falava. Eles se olhavam.
Ouviu-se um estalido de dedos na tribuna.
Ela subiu lá, reapareceu; e, zezeando um pouco, pronunciou estas palavras, com um ar infantil:
— Quero que me dês numa bandeja, a cabeça... Tinha esquecido o nome, mas retomou sorrindo: — A cabeça de Iokanan!
Jezabel realizava sua vingança. Iokanan, o Senhor foi favorável, ou como é mais conhecido, João, o Batista, é Elias reencarnado. Herodes Antipas é Acab de volta à vida corporal. Herodíades, sua mulher, é Jezabel.
João estava preso em Maqueronte fazia dez meses, por ordem de Herodes Antipas e instigação de Herodíades.
Conforme o evangelista Marcos (6:19 e 20):
Herodíades então se voltou contra ele e queria matá-lo, mas não podia, pois Herodes tinha medo de João e, sabendo que ele era um homem justo e santo, o protegia. E quando o ouvia, ficava muito confuso e o escutava com prazer.
O Batista denunciara publicamente o matrimônio adúltero e incestuoso (LEVÍTICO, 18:16; 20:21) de Antipas com Herodíades.
Aos três ou quatro anos, Herodíades foi dada, por Herodes, o Grande, seu avô, como mulher de Filipe, tio de Herodíades e irmão de Herodes Antipas. Filipe, deserdado, tinha uma vida discreta, com o que Herodíades não se conformava. Numa das viagens de Antipas a Roma, como informante de César, ele se hospedou com o irmão e se apaixonou pela cunhada e sobrinha. Antipas prometeu-lhe repudiar a esposa, filha do rei da Arábia. Herodíades se divorciaria de Filipe. Mas a mulher de Antipas, descobrindo tudo, partiu para junto do pai, antes que fosse repudiada, e Herodíades, com a jovem filha Salomé, foi se unir a Antipas na Palestina.

Essa união deu início ao lento declínio do prestígio e poder de Antipas. O rei dos árabes (os nabateus) jurou vingança à afronta. O povo estava escandalizado com a violação das leis nacionais e regras religiosas.
João Batista era o único a repreender Herodes em público pela união ilegítima com Herodíades.
Entre a veneração ao Batista e o temor de que a autoridade do profeta e a estima do povo por ele produzissem motins, Herodes Antipas ordenou a prisão de João.
Flávio Josefo (2005, p. 838) escreveu:
Herodes, temendo que ele, pela influência que exercia sobre eles, viesse a suscitar alguma rebelião, porque o povo estava sempre pronto a fazer o que João ordenasse, julgou que devia prevenir o mal, para depois não ter motivo de se arrepender por haver esperado muito para remediá-lo.
Após ciladas infrutíferas para tirar a vida de João Batista, Herodíades fez de Salomé o ardil bem-sucedido.
Segundo a tradição lendária (fomentada por Jerônimo), Herodíades, quando recebeu nas mãos o troféu tão aguardado, repassado pela filha, sacou um alfinete de ouro e trespassou a língua que tanto quisera silenciar.
Observou Amélia Rodrigues (FRANCO, 1987, p. 42): “Elias resgatava o crime cometido às margens do rio Quizom, quando mandara decepar a cabeça dos adoradores de Baal e, livre, tarefa cumprida, ascendia, agora, os Cimos”.
Quanto a Herodes Antipas, logo adveio sua derrota militar perante o pai da ex-mulher, interpretada pelo povo como punição divina ao assassínio de João Batista, de acordo com Flávio Josefo (2005, p. 838):
Vários judeus julgaram a derrota do exército de Herodes um castigo de Deus, por causa de João, cognominado Batista. Era um homem de grande piedade que exortava os judeus a abraçar a virtude, a praticar a justiça e a receber o batismo, para se tornarem agradáveis a Deus [...] uma grande multidão o seguia para ouvir a sua doutrina [...].
Antipas “era um príncipe preguiçoso e sem valor, favorito e adulador de Tibério” — escreveu Renan (2003, p. 125).
Com a morte de Tibério, protetor de Antipas, o novo imperador, Calígula, admitiu falsas denúncias de que Antipas se armava contra o Império. No ano 37 da Era Cristã, Antipas foi exilado para Lyon, nas Gálias. Herodíades recebeu do imperador autorização para usufruir de seus bens, “mas ela, num gesto nobre, talvez o único em toda a vida, recusou a indulgência, declarando-se disposta a partilhar com Antipas a desgraça, como partilhara com ele a prosperidade. Herodíades teve satisfeita sua vontade: foi enviada para Lyon; os bens do casal passaram assim às mãos de Agripa” (GHIBERTI, 1986, p. 92), irmão de Herodíades, autor das falsas denúncias contra Herodes.
Salomé viveu dois casamentos, o primeiro com Filipe, 30 anos mais velho. Depois, viúva, tornou-se rainha de Aristóbulo, filho de Herodes de Cálcis. Oscar Wilde lhe dedicou um romance; Richard Strauss, uma ópera. Os evangelhos não lhe guardaram nem o nome, que foi dado à posteridade por Flávio Josefo. Um rastro de sua passagem dramática pela Terra foi conservado: uma moeda em que sua imagem aparece com a de Aristóbulo. Nela há uma inscrição: “Do Rei Aristóbulo, da Rainha Salomé”.
As ruínas de Maqueronte, hoje, são chamadas pelos beduínos da região de El Mashnaka, o Palácio Suspenso. Delas, olhando-se para o norte, ao longe, é possível visualizar o trecho do rio Jordão onde João exerceu o mais honroso ministério, o de Anunciador. Ainda estão de pé as paredes da masmorra lúgubre. Do suntuoso salão do festim, restaram alguns alicerces. Nada sobrou do piso em que estalaram as chinelinhas de penugem de colibri da princesa judia.
Por outro lado, diversos recantos da Terra Santa homenageiam a memória do inesquecível servo de Cristo. Sobre a colina da cidade de Samaria, que Herodes, o Grande, reformulou e deu o nome grego do imperador, Sebaste (augusta), uma basílica transformada em mesquita guarda uma tumba que a tradição, desde o século IV, aponta como o sepulcro do Precursor. Junto à margem do Jordão, perto de Jericó, onde João costumava batizar, ergue-se o belo convento de São João, imponente entre os montes áridos da Judeia. Em Ain Karem, vilarejo próximo a Jerusalém, terra natal de João Batista, outro convento foi construído, sobre a gruta que teria pertencido à casa onde ele nasceu.
Em ISAÍAS, 40:3 está escrito: “Voz de alguém que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai na solidão as veredas.” (Bíblia, 1965.)
Malaquias, o último dos profetas do Antigo Testamento, predisse:
Eis que vou enviar o meu mensageiro para que prepare um caminho diante de mim.[...] (3:1.)
Eis que vos enviarei Elias, o profeta, antes que chegue o Dia de Iahweh, grande e terrível. Ele fará voltar o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais. (3:23 e 24.)
Em termos semelhantes, o Espírito Gabriel anunciou o nascimento de João Batista.
Zacarias era um sacerdote modesto, casado com Isabel, muito dignos; ela era descendente de Aarão, irmão de Moisés.
Certa vez, quando Zacarias oficiava no Templo, ele foi sorteado, conforme o ritual sacerdotal, para entrar no santuário, onde deveria fazer a oferta do incenso. Quando se preparava, ocorreu que uma intensa e clara luz se acendeu à direita do altar e tomou a forma humana. Zacarias ficou perturbado e com medo. O Espírito, contudo, aproximou-se mais, e lhe disse (LUCAS, 1:13 a 17 – BÍBLIA, 2000):
— “Não temas, Zacarias, pois teu pedido foi ouvido, e tua mulher Isabel te dará um filho, a quem chamarás João. Ele te encherá de gozo e alegria, e muitos se alegrarão com o seu nascimento. Será grande diante do Senhor; não beberá vinho nem licor. Estará cheio de Espírito Santo desde o ventre materno e converterá muitos israelitas ao Senhor, seu Deus. Irá à frente, com o espírito e o poder de Elias, para reconciliar pais com filhos,

rebeldes com o modo de ver dos honrados; assim preparará para o Senhor um povo bem disposto.”
Salientou a veneranda entidade espiritual: “com o espírito e o poder de Elias”.
Jesus corroboraria a reencarnação de Elias como João Batista.
João estava preso em Maqueronte, e Jesus ampliava os horizontes de suas atividades. João Batista enviou alguns discípulos até Jesus, com uma mensagem (MATEUS, 11:3):
— “És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?”
João fora o primeiro a reconhecer a identidade real de Jesus, após relutantemente ter batizado o Cristo, a pedido deste, que isso solicitou em expressão de solidariedade para com os arrependidos.
− “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti, e tu vens a mim?” (MATEUS, 3:14).
O batismo que, de fato, Jesus deveria viver Ele o revelou quando Salomé, mãe de Tiago e João, propôs-lhe reservar a seus filhos lugares eminentes no reino (MARCOS, 10:38):
— “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber e ser batizados com o batismo com que serei batizado?”
Por que então a mensagem enviada da prisão? Vacilo da fé afligida pelo cativeiro prolongado? ou dificuldades para compreender aquele que, em vez de ameaças, tocava as pessoas com suas curas, lições e devotamento pessoal?
O movimento de discípulos que se formou em torno de João Batista acompanhou com reservas a ascensão de Jesus no cenário hebreu (MATEUS, 9:14):
— “Por que razão nós e os fariseus jejuamos, enquanto os teus discípulos não jejuam?”
Relata o texto joanino outro fragmento desse ciúme.

Surgiu uma discussão dos discípulos de João com um judeu a propósito de purificações. Foram a João e lhe disseram (JOÃO, 3:26 a 30):
— “Rabi, aquele que estava contigo do outro lado do Jordão [...] está batizando e todos vão a ele”.
João respondeu:
— “Um homem nada pode receber a não ser que lhe tenha sido dado do céu. [...]. Quem tem a esposa é o esposo, mas o amigo do esposo, que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do esposo. [...] É necessário que ele cresça e eu diminua”.
Por que então a pergunta em tom de dúvida feita da prisão?
O intuito de João Batista era aproximar seus discípulos de Jesus, pois sua morte não demoraria.
A resposta de Jesus veio elucidativa aos resistentes (MATEUS, 11:4 a 6):
— “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. E bem- aventurado aquele que não ficar escandalizado por causa de mim.”
O final da mensagem se referia sutilmente aos próprios discípulos de João. Após a partida deles, Jesus desvelou a superioridade e a identidade do Batista (MATEUS, 11:7 a 11):
— “Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Mas que fostes ver? Um homem vestido de roupas finas? Mas os que vestem roupas finas vivem nos palácios dos reis. Então, que fostes ver? Um profeta? Eu vos afirmo que sim, e mais do que um profeta. É dele que está escrito: Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente; ele preparará o teu caminho diante de mim. Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu nenhum maior do que João, o Batista, e, no entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele”.

Dos nascidos de mulher, ou seja, dos sujeitos à reencarnação, João Batista era o maior, mas o menor dos já libertos dos ciclos corporais era superior a João.
Para esclarecer a razão das diferenças evolutivas entre os indivíduos, Jesus completou (MATEUS, 11:13 a 15):
— “Porque todos os profetas bem como a Lei profetizaram, até João. E, se quiserdes dar crédito, ele é o Elias que deve vir. Quem tem ouvidos, ouça!”
Significa dizer que, para compreender a Lei e os profetas, é preciso entender que João é Elias de volta, é preciso examinar a Lei e a mensagem dos profetas à luz da reencarnação.
Elias fora poderoso médium de efeitos físicos. Já como João Batista, e após oitocentos anos de transformações pessoais, deixaria um tributo imperecível, como o mais humilde dos servidores encarnados de Jesus.
A personalidade orgulhosa e arrebatada do passado preservou as conquistas da fidelidade e do ardor à causa monoteísta. Acresceu ao patrimônio espiritual a força insuperável da humildade, que se revelou na nova trajetória desde o ventre materno.
Perante Maria, que visitava sua prima Isabel, e mãe de João Batista, mesmo no ventre materno, o venerando Precursor não se conteve. Ao entrar na pequena morada de Zacarias, Maria saudou Isabel, que, ao ouvi- la, sentiu seu filho de seis meses de gestação se agitar. O nascituro lhe envolveu a mente numa enxertia de ternura e comoção. Mediunizada, Isabel deixou que o reencarnante falasse (LUCAS, 1:42 e 43 – BÍBLIA, 2000):
— “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. Quem sou eu, para que me visite a mãe de meu Senhor?”
Cabe questionar, diante da saudação da criança a Maria: quando ela desenvolveu o discernimento, se ela mal iniciara as primeiras fases de organização cerebral? Não se trata de um feto? Esse detalhe evidencia o acerto de Lucas: “com o espírito e poder de Elias”. O Espírito que fora Elias despertou momentaneamente do transe reencarnatório e dirigiu-se a Maria.
Muitas vezes João manifestaria sua encantadora submissão e total dedicação a Jesus.
— “Eu batizo com água. No meio de vós, está alguém que não conheceis, aquele que vem depois de mim, do qual não sou digno de desatar a correia da sandália” (JOÃO, 1:26 e 27).
— “É necessário que ele cresça e eu diminua” (JOÃO 3:30).
Em virtude disso, quando sacerdotes e levitas de Jerusalém o procuraram para perguntar “Então, és Elias?”, ele respondeu: “Não sou”.
E, de fato, não era mais.
Gregório Magno (in PASTORINO, 1964, p. 16) salientou:
João era Elias pelo espírito que o animava, mas não era Elias em pessoa. O que o Senhor diz do espírito de Elias, João nega da pessoa.
O Espírito é a individualidade, o viajante no tempo e no espaço, a realizar seu progresso no rumo da perfectibilidade. A pessoa, ou personalidade, é transitória, e reúne os atributos temporários de que o Espírito se reveste em cada encarnação.
Narra o texto de Lucas que, da meninice à madureza, João Batista cresceu fortalecendo-se espiritualmente, até que se lhe acordou a vocação (LUCAS, 1:80). Buscou o deserto e se preparou para se apresentar a Israel como o grande profeta do Nazareno.
Quando deixou seu isolamento no deserto, no 15o ano do reinado do imperador Tibério (28 a.C.), para iniciar sua missão, muitos traços da personalidade marcante de Elias afluíram na composição da nova personalidade, ao lado dos novos propósitos espirituais, da nova influência familiar, cultural e social da existência que se desenvolvia como João Batista.

À semelhança do profeta antigo, trajava pele de camelo e um cinto de couro em torno dos rins; barba revolta, pele curtida pelo sol inclemente do deserto — aparência que lembrava Elias.
Ele era de linhagem sacerdotal, mas renunciou a suceder seu pai, Zacarias, rompendo, assim, com o Templo.
Com pregação vibrante, ele sensibilizava o povo, salientando o arrependimento como condição indispensável à construção do reinado de Deus na alma.
A palavra grega usualmente traduzida como arrependimento, no discurso de João Batista, é metanoia, formada por metá e noús, respectivamente, reforma e mental, o que oferece uma perspectiva muito mais abrangente e profunda à sua pregação.
João utilizava, em sua prática, rito tradicional nas religiões ancestrais da Palestina, e também em Israel. Era a purificação com a água, ou imersão, ou batismo, que quer dizer mergulho. João propunha que o indivíduo confessasse publicamente seus erros, como forma de romper intimamente com a servidão às próprias fraquezas, e empregava a imersão nas águas do Jordão como símbolo do compromisso de regeneração, o que restringia seu uso aos adultos.
No tempo de João, os israelitas viviam obsessiva preocupação com a purificação pela água. Rabinos, fariseus, sacerdotes, essênios realizavam variados ritos dessa ordem, exigindo-os também do povo. Chegou-se, por isso, até mesmo se supor que João Batista fosse essênio ou tivesse estreitas relações com o grupo de Qumran, o que hoje os especialistas refutam.
O ingresso na comunidade dos essênios era antecedido por uma complexa e demorada iniciação, sendo uma das fases o batismo com água. Para eles, o mergulho em água simbolizava morte e renovação, ou renascimento para uma nova vida.
João Batista reservou o batismo com água a seu ministério individual, anunciando que o Cristo batizaria no fogo do espírito (JOÃO, 1:31 a 33).

Crossan (1995a, p. 49) anotou:
Herodes condenara-o (João, cognominado o Batista) à morte, embora fosse um homem bom e tivesse exortado os judeus a levarem vidas corretas, a praticar a justiça em relação a seus iguais e a piedade em relação a Deus, e assim se unirem no batismo. Em sua concepção isto era uma preliminar necessária se o batismo devesse ser aceitável para Deus. Não devem empregá-lo para obter o perdão por quaisquer pecados que tenham cometido, mas como consagração do corpo, implicando que a alma já estava completamente limpa pelo reto comportamento.
E completou:
Josefo insiste em que o batismo não era um ato mágico ou ritual que removia o pecado, mas uma limpeza física e externa disponível somente depois de uma purificação espiritual e interna já efetuada.
Ou seja, o batismo de João não era para a remissão de pecados.
Nas tradições dos povos antigos, a água e o fogo eram símbolos representando elementos que purificam, renovam e iluminam.
Dionísio é o deus da metamorfose, da transformação, na mitologia grega; seus sacerdotes ao se iniciarem dirigiam-se para o mar ou rio, banhando-se em simbólica busca de purificação. (BRANDÃO, 1991, p. 116.)
Os taoístas, até hoje, realizam cerimônias em que penetram em chamas, atravessando-as, para se libertarem dos condicionamentos humanos.
O fogo, como a água, é uma metáfora da purificação e regeneração. O fogo simboliza a luz da verdade, e purifica a compreensão. A água, representa a bondade, e purifica o desejo.
Se João utilizava a água, era para dar uma ideia de regeneração e reforçar a necessidade de renovação dos sentimentos.
Jesus oferecia a água da vida e o fogo da verdade.
Por isso, inúmeras correntes cristãs não aceitaram o batismo.

Sabe-se que a Igreja primitiva, com o batismo, pretendeu suprimir a barreira dos gentios aos judeus, ao substituir a circuncisão pelo batismo.
O historiador Geoffrey Blainey (professor da Universidade de Harvard e da Universidade de Melbourne) acrescentou que essa igreja também adaptou alguns dos rituais vindos da vida cotidiana dos romanos:
[...] quando um bebê romano chegava ao seu oitavo dia, alguns grãos de sal eram colocados em seus pequeninos lábios, na crença de que o sal afastaria os demônios que, do contrário, poderiam prejudicar a criança. Quando a Igreja Cristã, em seu início, batizava seus novos seguidores, ela benzia um bocado de sal e, imitando o costume romano, dava-o aos batizados. (BLAINEY, 2009, p. 107.)
Em seu próprio esforço de regeneração, João Batista travou luta com o passado reencarnatório e suas sequelas.
Certa feita, questionaram a Francisco Cândido Xavier se a decapitação de João deveria ser interpretada como consequência da lei de causa e efeito. O médium de Pedro Leopoldo respondeu (in WORM, 1992, p. 42):
Cremos que João Batista, o Precursor, era Elias reencarnado. O respeito devido ao Evangelho não nos permite anatomizar o problema da morte de João Batista. Mas perguntamos a nós mesmos, na intimidade das nossas orações, se ele não se teria exonerado do rigor do carma, caso agisse com misericórdia no exercício do que era considerado de justiça para a família de Herodes. É um ponto em minhas reflexões na veneração com que cultivo o amor pelos vultos inesquecíveis do Cristianismo.
O Espírito Humberto de Campos (in XAVIER, 2013a, cap. 2, p. 21 e 22) também refletiu maduramente:
[...] Vestido de peles e alimentando-se de mel selvagem, esclarecendo com energia e deixando-se degolar em testemunho à Verdade, ele precedeu a lição da misericórdia e da bondade. O Mestre dos mestres quis colocar a figura franca e áspera do seu profeta no limiar de seus gloriosos ensinos e, por isso, encontramos em João Batista um dos mais belos de todos os símbolos imortais do Cristianismo. Salomé representa a futilidade do mundo, Herodes e sua mulher, o convencionalismo político e o interesse particular. João era a verdade, e a verdade, na sua tarefa de aperfeiçoamento, dilacera e magoa, deixando-se levar aos sacrifícios extremos.
E concluiu o nobre cronista espiritual:
[...] João Batista foi a voz clamante do deserto. Operário da primeira hora, é ele o símbolo rude da verdade que arranca as mais fortes raízes do mundo, para que o reino de Deus prevaleça nos corações. Exprimindo a austera disciplina que antecede a espontaneidade do amor, a luta para que se desfaçam as sombras do caminho, João é o primeiro sinal do cristão ativo, em guerra contra as próprias imperfeições do seu mundo interior, a fim de estabelecer em si mesmo o santuário de sua realização com o Cristo. Foi por essa razão que dele disse Jesus: “Dos nascidos de mulher, João Batista é o maior de todos”.


Diversos

jo 3:30
Cartas do Coração

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 37
Francisco Cândido Xavier
Diversos

   Segue o Mestre. Não temas. Luta e vem

  Fruir a paz do espírito cristão.

  A ventura real do coração

  Nasce nas fontes do Infinito Bem.


   Cultiva a fé. Não vejas com desdém

  A prova que desfaz a imperfeição.

  Sofrimento é caminho de ascensão

  Para o Divino Lar que fulge além…


   Trabalha, ama e confia. Espera e crê.

  Não te prendas à dúvida, ao porque…

  Semeia o amor, inspira-te em Jesus.


   Guardando o sacrifício por troféu,

  Filhos de Deus, buscando os bens do Céu

  Somos herdeiros da Divina Luz.




Amélia Rodrigues

jo 3:30
Primícias do Reino

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 2
Divaldo Pereira Franco
Amélia Rodrigues
A porta abriu rangendo em ferros gastos e uma figura grotesca assomou à soleira, erguendo o alfange brilhante de encontro ao retalho de luar, que invadira a estreita cela. [8]

A noite serena estava envolta em escumilha franjada de prata e se ouviam, de longe em longe, os surdos sons reveladores da bacanal desenfreada no outro lado.


Maqueronte ou Maquero, a fortaleza sombria erguida nas cumeadas do planalto de Moab, na Pereia, descortinava horizontes ilimitados. De um lado o fosso do mar Morto, caindo mil e duzentos metros abaixo e, além das imensas planícies, o monte Nebo, donde Moisés contemplara a Terra Prometida.


Naquela torre da sinistra cidadela ele já passara dez meses de doloroso cativeiro.


É verdade que não sofrerá suplícios; todavia, isolado dos discípulos amados, a quem no vau de Bethabara ou nos "mananciais da paz", em Citópolis, pregava a necessidade do arrependimento e a penitência, sofria o amargor da punição indébita. Intimamente recordava suas próprias palavras dirigidas aos companheiros, quando estes, algo enciumados, falaram-lhe sobre Jesus: "O homem não pode receber coisa alguma, se do céu não lhe for dada. Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: Não sou o Cristo! Mas fui enviado apenas como precursor. Quem tem a esposa, esse é o esposo. O amigo do esposo, que o acompanha, alegra-se, intimamente, quando ouve a voz do esposo. Pois, esta alegria me coube abundantemente. Convém que ele cresça e que eu diminua. . . " Era março de 29.


Herodes Antipas retornava da viagem encetada à Babilônia, como membro da comitiva de Tibério, que tinha à frente o legado Vitélio, para conseguir as simpatias de Artabano, rei dos Medos, que vencera os Partos em guerra sangrenta e cruel.


Demorando-se em Maqueronte, resolvera ali comemorar o próprio natalício, oferecendo à comitiva principesca e ociosa suntuoso festim, naquele inverno, ao invés de desfrutar o agradável clima de Tiberíades onde passava, invariavelmente, essa quadra do ano.


Ele aguardava aquele instante e para isto se fortalecera em longas e calmas meditações.


Naqueles meses do amargo cativeiro, em hora alguma quebrantara o ânimo firme ou a coragem férrea. Não tergiversou nem jamais temeu; se muitas vidas possuísse, de uma só vez todas daria pelo direito de proclamar os dias de justiça que se avizinhavam a invectivar a degradação dos costumes que se imiscuíra na própria corte, onde o incesto e o adultério campeavam sob o beneplácito condescendente da cordialidade vulgar.


Nos dias transatos de peregrinação pelo deserto, alimentando-se frugalmente e mergulhado em profundos cismares, sentira as mãos fortes e intangíveis do Pai fortalecendo suas fibras, e ouvira no coração as vozes ininteligíveis dos seres angélicos, ordenando-lhe a pregação redentora, para abrir veredas por onde seguisse o Esperado. . .


Aquela era a hora do testemunho: sentia-o interiormente.


Experimentava estranha algidez prenunciadora do momento. Até então estivera recordando todos os acontecimentos.


Desfilaram mentalmente aqueles dias risonhos da infância feliz, sombreada apenas por secreta preocupação acerca de Deus e sobre os homens a crescer através dos dias, exageradamente pelos verdes anos da adolescência.


Quantas vezes, não poderia dizê-lo, escutando as narrativas da Lei, na Sinagoga, ou comentando os Livros Sagrados, sentira-se arrebatado pela necessidade de meditar a sós, perdido pelos áridos e difíceis caminhos das regiões ásperas do deserto montanhoso e adusto! E ao fazê-lo, quantas visões inextricáveis experimentara! . . . .


Em toda inquietação que o atormentava e em toda necessidade de que procurava fugir, sentia que os Céus o conduziam para um destino: o de preparar caminhos para outros pés. . . para o Messias Libertador!


Tudo na sua vida transcorrera de modo incomum. O berço fora-lhe oferecido em circunstâncias transcendentais. Seus pais receberam-no, quando já não o esperavam.


Conhecia o fato narrado pelo próprio Zacarias.


Ansioso por um filho, ele fora ao Templo orar e, ao fazê-lo, surpreendera-se pela presença de um ser espiritual que lhe disse: "Nada receies, Zacarias, pois que a tua oração foi escutada. A tua mulher, Isabel, dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João. Ele será para ti motivo de alegria e regozijo, porquanto será grande no Senhor".


O torpor e o receio invadiram seu pai, estranha mudez adviera-lhe e, depois, o nascimento aguardado.


As mãos de Deus, indiscutivelmente, pousavam sobre o seu lar.


Depois. . .


Ao seguir para o deserto, vestiu-se como o antigo profeta Elias: uma pele de camelo no corpo, em volta dos rins um cinto de couro. . .


Iniciara o ministério por volta do ano 15 do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia e Herodes Ântipas tetrarca da Galileia. . .


Descera os chapadões rochosos e duros da Pereia e viera a Bethabara, perto da embocadura do Mar Morto, onde o Jordão enseja um vau de fácil acesso para as caravanas, e ali começara pregando e lavando as impurezas com a água do rio; expectante, porém, quanto àquele que conduziria os homens, assinalando-os com o fogo da verdade, o sinal da vida eterna.


O clima no inverno é ali delicioso, e as águas velozes passam cantando entre os festões de canas e fetos sob a sombra de tamarindeiros cujo verdor contrasta com o deserto de fogo ardente e nu, mais adiante.


Contava somente trinta anos e estava estuante de força e vigor.


A voz tonitruante brada sem cessar: "Quem vos ensinou a fugir da cólera que vai chegar? O machado corta já as raízes das árvores.


Toda a árvore que não produz bom fruto será cortada e lançada ao fogo".


A evocação fá-lo chorar: saudades daqueles dias de ação preparatória para a chegada d’Ele. . .


* * *

Havia quase cinco séculos que a boca profética ali se calara e uma preocupação geral dominava os corações.


O sangue das vítimas das guerras e das rebeliões incessantes, abafadas a ferro e a fogo, corria abundante e o clamor das vozes ao Senhor era ensurdecedor. O Alto, no entanto, permanecia em silêncio. . .


Ele se sentia, não há como duvidar, "a voz que clama no deserto" e preparava "os caminhos do Senhor". Fora assim mesmo que respondera aos judeus enviados pelos sacerdotes e levitas de Jerusalém, ao lhe indagarem se ele era o Cristo ou o Elias esperado.


Naquele instante, força incomum dominara-o e nobre inflexão modulara-lhe a voz ao proclamar: "Eu batizo com água, mas no meio de vós está desconhecido de vós aquele que virá após mim. Eu nem sou digno de lhe desatar as correias do calçado". Isto fora em Betânia, um pouco além do Jordão, e sentira-se grande na própria pequenez.


No dia seguinte, recordava-o com os olhos nublados de pranto e indizível felicidade interior, a alva se espraiava lentamente e a "Casa da passagem" regurgitava de viajantes. Sob os loendros e tamarindeiros em flor zumbiam miríades de insetos, suaves olores perpassavam no ar.


Pregava as primícias do Reino de Deus com inusitada emoção.


O verbo quente, derramado em catadupas de alento esperançoso, umedecia-lhe os olhos requeimados pelo Sol ardente.


Quando se movimentava no afã de arregimentar almas para o exército que preparava, vira-O de relance, descendo a borda do rio, por sobre a relva verdejante, com os vestidos brilhando de maneira incomum, tendo sobre a cabeça o coffieh. [9] tradicional. O vaso improvisado para o banho lhe escorregara da mão e ele gritou sem poder dominar-se: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é de quem eu dizia: após mim vem um homem que é maior que eu; porque existia antes de mim. Não o conhecia eu; mas, para o tornar conhecido em Israel, é que vim com o batismo d’água" e aproximando-se, disse-lhe:

— Eu é que devia ser batizado por ti, e tu vens a mim?


— Deixa por agora; convém cumprirmos tudo que é justo.


Ele falava com eloquente grandeza espiritual.


Após o ato singelo, ouviu-se uma voz, se dentro ou fora do Espírito, rememorando, não saberia dizê-lo: "Este é o meu Filho querido, no qual pus a minha complacência".


Tudo acontecera em janeiro do ano anterior e parecia tão próximo! . . .


Ele se afastara pelo mesmo caminho por onde transitavam os rebanhos, desaparecendo entre os renques de tamareiras. Não voltara a vê-lo outra vez; não tivera a felicidade de dialogar com Ele.


Uma tranquila confiança empolgara-lhe o Espírito desde então.


Pôs-se a verberar com mais ardor contra a degeneração moral onde esta se encontrasse.


Foi visitar o Tetrarca e sem trepidar invectivou-lhe a conduta.


Como pudera aquele reizete pusilânime e ignóbil trair a filha de Aretas, rei dos Nabateus, que se vira obrigada a buscar refúgio além da Pereia, em Petra, junto ao pai, enquanto ele recebia a esposa do seu meio-irmão, Herodes Filipe I, que vivia em Roma como cidadão, sem qualquer título, e era filha de outro meio-irmão, Aristóbulo, apaixonado como a avó, Mariamne, a asmoneana, assassinada por Herodes, o Grande!. . .


As palavras veementes queimavam, e Antipas o ouvira impressionado.


Fraco, porém, ou indiferente, não tivera o príncipe a nobreza de libertar-se da estranha paixão, nem sequer reagira.


Sabia, no entanto, da ira que empolgara a alma da mulher ferida no seu orgulho e desfaçatez. . .


A noite sonhava muito longe, e o vento frio corria por sobre os montes do Galaad.


Os pífaros agudos varam a noite estrelada, e as sombras no salão de festas da fortaleza dançam retalhadas pelas flamas vermelhas das lâmpadas de cobre e cristal suspensas. . .


As recordações continuam a assaltá-lo na masmorra fria e infecta.


Quantas humilhações que, todavia, não o feriam!


No íntimo recordava: "É necessário que Ele cresça e que eu diminua. . . " Gostaria de ter ouvido, conversando com o Ungido! A mente vinha a lembrança de Moisés, atormentado no alto Nebo, fitando a "terra eleita" sem lobrigar alcançá-la. . .


Com esse receio no coração, nascido talvez dos dias de solitária e triste reclusão, mandara dois discípulos procurarem Jesus de Quem tanto ouvia falar, para saber. . .


A resposta não chegara e a hora era aquela, a sua hora.


O suor começou a escorrer abundante.


Estava, porém, em paz.


Seu Espírito, preparado para o testemunho, não acalentava ilusões. Forjara a esperança nos foles, fornos, bigornas do ascetismo, da dedicação e da confiança totais.


Levantou-se, aspirou o ar tranquilo da noite, examinou a nesga de céu bordado e lavado de luar, fitou o carrasco que o contemplava soturno à porta aberta. A voz soou firme como no passado, embora o desgaste orgânico.


— Estou pronto! — disse.


Ajoelhou-se sobre a palha imunda do cubículo e curvou a cabeça para baixo.


* * *

Na manhã clara, meses antes, na Galileia formosa, os discípulos de João, ansiosos, interrogaram o estranho e nobre Rabi:

— Es tu aquele que há de vir, ou devemos esperar por outro?


— Ide — respondeu, jubiloso — e contai a João o que ouvis e vedes: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos tornam-se limpos, os surdos ouvem; os mortos ressuscitam, e aos pobres é anunciada a Boa-nova. Feliz de quem não se escandalizar de mim.


Logo se afastaram, comovidos e fascinados. O mestre tocado de ternura pelo prisioneiro que O mandara inquirir, falou: Que saístes a ver ao deserto? Um caniço agitado pelo vento? Pois que saístes a ver? Um homem em roupas delicadas? Ora, os que trajam roupas delicadas residem nos palácios dos reis. Por que, pois, saístes? Para verdes um profeta? Sim, declaro-vos eu e mais que um profeta: porque este é de quem está escrito: Eis que envio a preceder-te o meu arauto, a fim de preparar o caminho diante de ti!


A balada da revelação nos lábios do Rabi se emoldura de cristalina beleza, e ele prossegue:

— Em verdade vos digo que entre os filhos de mulher, não surgiu quem fosse maior que João Batista. Entretanto, o menor no Reino dos Céus é maior que ele. Desde os dias de João Batista até hoje o Reino dos Céus sofre violência e os homens violentos o tomam de assalto. Porque todos os profetas e a lei, até João, vaticinaram. Ele, porém — se o quiserdes aceitar — é o Elias que há de vir. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!


Sim, João é Elias reencarnado, abrindo caminhos e preparando estradas!


A verdade está enunciada. Luz nova projeta-se nos dédalos da ignorância multimilenar.


* * *

Em Maqueronte, entre os convidados de toda parte, encontravam-se Herodíade e Salomé, sua filha do consórcio com Filipe I; Agripa, seu irmão, que mais tarde, no império de Calígula, seria nomeado sucessor de Filipe, no seu território, e, posteriormente, quando Antipas foi exilado para Lião, na Gália, sucederia-lhe em sua Tetrarquia. Também lá estava Herodes-Filipe II, o Tetrarca pacífico da Gaulanítida e Traconítida, que em breve tempo casaria com Salomé.


O festim, digno das cortes orientais, excedia em luxo e loucura.


Vitélio, chegando em sua liteira suntuosa, traz consigo todo um exército de bajuladores e serviçais e entra triunfalmente recebido pelo aniversariante.


Os crótalos cantam; as citaras e os Kinnor [10] enchem o ar de estranhas e lânguidas melodias, enquanto os timbales marcam o febril compasso.


Os lampadários estão em todo o seu esplendor e os candelabros, com almotolias de prata e ouro, derramam luz sobre os tapetes da Babilônia, de Tiro, de Sidon e os panos coloridos de Damasco a escorrerem pelas paredes de pedra lavrada.


Jacintos, dálias, rosas e jasmins formam festões coloridos e perfumados em volta, por detrás das mesas de ébano e mogno trabalhadas.


Saduceus e fariseus discutem animadamente, enquanto os suculentos manjares desfilam e atendem aos convivas.


Uma escrava canta estranha e ignota melodia.


Num intervalo, os velários são descerrados.


E subitamente, ante o espanto geral, Salomé, menina-moça, põe-se a dançar. . .


O vinho louro escorria abundante e o bailado de loucura inebriava os príncipes, os fariseus, os convidados em geral.


A dança, uma mistura de ritmos religiosos e pagãos, era também lasciva.


Quando a música se interrompeu e imenso silêncio penetrou triunfante, a bailarina tombou em atitude insólita e luxuriosa.


Antipas, entorpecido pelo vinho e pela sensualidade, exclamou em febre, enlaçando a jovem menina:

— Pede! Pede-me metade do meu reino e eu te darei! Pela mente ambiciosa da garota excitada perpassam as paixões e ansiedades da sua época.


Atordoada, busca a genitora para aconselhar-se, e esta, achando propícia a ocasião, segreda: pede-lhe a cabeça de João. A menina empalidece.


A mãe, autoritária, insiste: pede-lhe! E eu te darei o que quiseres.


Esse João ousou desmoralizar-me diante da ralé e perante o próprio rei, que, acovardado, idumeu supersticioso, não teve altivez de o punir, degolando-o com severidade para servir de exemplo. Limpa-me o nome, filha! Não apenas peço: eu exijo!


O ar pesava, e a expectativa se fez geral.


Alguém gritou: pede-lhe! E rei, e após prometer não poderá recusar. Somos testemunhas. Pede!


Com a voz rouca a menina propôs:

— Dá-me a cabeça de João para que eu possa bailar! Antipas, respeitava e temia o Batista.


Ao ouvir o singular pedido, estremeceu, e quedou-se lívido.


Gargalhada geral explodiu no ar e as vozes, em coro, reclamaram:

— Dá-lhe a cabeça do Batista ou temes ofertá-la?! Atoleimado, o rei chamou um sicário e mandou-o decepara cabeça de João, encarcerado.


No alto, a Lua, em minguante, ocultou-se entre nuvens escuras e um silêncio tétrico se encheu de expectação. . .


(. . .) A lâmina prateada cortou o ar e num baque surdo a cabeça do precursor rolou no piso de pedra. . .


A música voltou a soar e, rodopiando, com uma bandeja de prata na mão espalmada, Salomé entregou a Herodíades o troféu: a cabeça decepada do Batista, que fitava com olhos sem luz a consciência ultrajada dos seus algozes.


Semidesvairada a infeliz mulher pôs-se a gargalhar. . .


Elias resgatava o crime cometido às margens do rio Quizom, quando mandara decepara cabeça dos adoradores de Baal e, livre, tarefa cumprida, ascendia, agora, nos Cimos.


Seus discípulos rogaram a Antipas o cadáver e o sepultaram com carinho.


Em colina longínqua, auscultando a noite silente, Jesus orava.


Dias depois, abandonou as terras de Herodes Antipas e foi semear a Boa-nova em outras terras. . .


Cumpriam-se as Escrituras.


O silêncio que o Precursor fizera ensejava a audição do Messias por toda a Terra, numa nova Era.







Referências em Outras Obras


CARLOS TORRES PASTORINO

jo 3:30
Sabedoria do Evangelho - Volume 1

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 25
CARLOS TORRES PASTORINO
MT 3:13-17

13. Depois veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser mergulhado por ele.


14. Mas João objetava-lhe: "Eu é que preciso ser mergulhado por ti e tu vens a mim"?


15. Respondeu-lhe Jesus: "Deixa por agora; porque assim nos convém cumprir toda justiça". Então ele anuiu.


16. E Jesus tendo mergulhado, saiu logo da água; e eis que se abriram os céus e viu o espírito de Deus descer como pomba sobre ele,


17. e uma voz dos céus disse: "Este é meu filho amado, com quem estou satisfeito".


MC 1:9-11

9. Naqueles dias veio Jesus de Nazaré da Galileia, e foi mergulhado por João no Jordão.


10. Logo ao sair da água, viu os céus se abrirem e o espírito, como pomba, descer sobre ele.


11. E ouviu-se uma voz dos céus: "Tu és meu Filho amado, estou satisfeito contigo".


LC 3:21-22

21. Quando todo o povo havia sido mergulhado, tendo sido Jesus também mergulhado, e estando a orar, o céu abriu-se


22. e o espírito santo desceu como pomba sobre ele em forma corpórea, e veio uma voz do céu: "Tu és meu Filho amado, estou satisfeito contigo. "


Pela cronologia que estudamos, o Mergulho de Jesus deve ter ocorrido cerca de dois a três meses antes da Páscoa do ano 29 (782 de Roma), tendo Jesus perto de 35 anos (Santo Irineu, Patrologia Graeca, vol. 7, col. 783 e seguintes, diz que "no batismo" tinha Jesus 30 anos; no início de sua missão, 40 anos; e à sua morte, 50 anos; baseia-se em motivos místicos e em JO 8:57). A expressão de Lucas "cerca de 30 anos" apenas serve para justificar que Jesus já tinha a idade legal (30 anos) para começar sua" vida pública".


As igrejas orientais celebram, desde o 4. º século, a data do mergulho a 6 de janeiro, no mesmo dia em que comemoram a visita dos magos ou epifania (Duchesne, Origines du culte chrétien, 4. ª edição, páginas 263 e 264).


Pela tradição, parece que o ato foi celebrado na margem direita (ou ocidental) do Jordão, nas cercanias de Jericó.


Os "Pais" da igreja buscam "razões" para o mergulho ou "batismo" de Jesus: para dar exemplo ao povo; por humildade; para autorizar o mergulho de João, aprovando-o: para provocar o testemunho do Espírito, revelando-se ao Batista; para santificar as águas do Jordão com sua presença e com os fluídos que saíam de seu corpo; para confirmar a abolição do rito judaico do "batismo"; para aprovar o rito joanino, etc. João procurou evitar o mergulho de Jesus. O verbo diekóluen está no imperfeito de repetição: "esforçava-se por evitá-lo", com várias razões, dizendo: "eu é que devo ser mergulhado por ti".


João conhecia Jesus perfeitamente. Com efeito, sendo Isabel e Maria "parentas" (primas?), tendo Maria" se apressado a visitar Isabel" em sua gravidez, e com ela morando durante três meses, é evidente que as relações entre as duas famílias eram de intimidade, e Jesus e João se hão de ter encontrado várias vezes, embora, pela prolongada ausência de Jesus (dos 12 aos 35 anos) e pela estada de João no deserto, talvez se não tivessem visto nos, últimos anos.


A resposta de Jesus é incisiva: "deixa por enquanto". A necessidade, salientada por Jesus, de "cumprir toda justiça", tem o sentido de "realizar tudo o que está previsto com justeza", ou "fazer tudo direito como convém".


E João anuiu, realizando o mergulho de Jesus, com o que demonstrou também verdadeira humildade (não a falsa humildade, que se recusa a ajudar um superior, dando-se "como indigno" ...) : houve a tentativa de recusa sincera, mas logo a seguir, dadas as razões, houve anuência, sem afetação.


Agora chegamos aos fatos, que enumeramos para facilitar o comentário: 1) Jesus mergulha e sai imediatamente (eythys) da água. Aqui chamamos a atenção do leitor para o mergulho (batismo) que não era por aspersão nem por derramamento de água na cabeça, mas era realmente mergulho, tanto que Jesus "sai da água", onde havia mergulhado totalmente (com cabeça e tudo), costume que se manteve na igreja católica até, pelo menos, o século XI, notando-se que só era conferido a pessoas adultas, acima da idade da razão. Cirilo de Jerusalém (Catecismo, 20,2) ao discursar aos recém "batizados", diz: "à vossa entrada (no batistério) tirastes a túnica, imagem do homem velho que despistes. Assim desnudados, imitáveis a nudez de Cristo na Cruz... coisa admirável: estáveis nus diante de todos e não tínheis acanhamento: éreis a imagem de nosso primeiro pai, Adão". E na vida de. João Crisóstomo (Patrologia Graeca, vol. 47, col. 10) Paládio escreve: " Era Sábado-santo. A cerimônia do batismo ia começar e os catecúmenos nus esperavam o momento de descer na água. Foi quando irrompeu um bando de soldados que invadiu a igreja para expulsar os fiéis. Corre o sangue e as mulheres fogem nuas, pois lhes não permitiram apanhar suas roupas".


Lucas acrescenta: "estando Jesus a orar", coisa que esse evangelista de modo geral registra (cfr.


LC 5:16; LC 6:12; LC 9:18; LC 11:1; LC 22:24), talvez compreendendo o grande valor da prece e demonstrando que, em todas as ocasiões mais graves, Jesus elevava seu pensamento em prece.


Figura "O MERGULHO DE JESUS" - Desenho de Bida, gravura de L. Massad 2) os céus se abriram - céus ou ar atmosférico. Como se abriram? Daria ideia de que algo tivesse sido visto por trás da abertura. O que? Ou seria apenas uma luz mais forte que tivesse aparecido, dando a impressão de abertura? Marcos usa a expressão "os céus se fenderam" ou "rasgaram" (mesmo termo que se emprega para roupa ou rede que se rompe), verbo que também hoje se diz: "um raio rasgou os céus". Por aqui se vê que céu ou céus exprime a atmosfera, e não um lugar de delícias. 3) é visto o Espírito (Marcos e João), o Espírito de Deus (Mateus), o Espírito o Santo (Lucas). Mas de que forma foi percebido o Espírito? 4) "com a forma (Lucas: corporalmente) de uma pomba". Os quatro evangelistas empregam a conjunção comparativa "COMO". Nenhum deles diz que ERA uma pomba, mas que era COMO uma pomba. O advérbio "corporalmente" (somatikó) empregado por Lucas indica a razão de haver sido comparado o Espírito a uma pomba: era a aparência do corpo de uma pomba. Trata-se da shekinah, luz que desce em forma de V muito aberto: tanto assim que todas as figurações artísticas, desde os mais remotos tempos, apresentam uma pomba de frente, e de asas abertas, e jamais pousada e de asas fechadas. Os artistas possuem forte intuição. 5) descer sobre ele ("e permanecer", João). Todas essas ocorrências narradas (que numeramos de 2 a 5) são fenômenos físicos de vidência. A luz não estava parada, mas se movimentava, descendo sobre Jesus. Essa descida é que empresta a forma maior profundidade ao centro e maior elevação dos lados fazendo que pareça (imagem óptica bem achada) uma pomba em voo. O Espírito desceu sobre Jesus, sem forma, como uma luz que descia. Nele penetrou e permaneceu. Mas parecia, ou era como uma pomba. 6) e ouviu-se uma voz do céu. A própria atmosfera vibrou noutro fenômeno físico de audiência, desta vez com rumor de voz humana, que emitiu um som e articulou palavras claras, audíveis e compreendidas:

"este é meu Filho amado, com quem estou satisfeito", isto é, que aprovei, que me agradou.


Tendo-o chamado "meu Filho", deve supor tratar-se de um Espírito Superior ao de Jesus, que O amava como um pai ama o filho.


A expressão é de carinho. Comum ser dado e recebido esse tratamento por parte de pessoas que não são pais e filhos: sacerdotes assim tratam os fiéis, professores a seus alunos, superiores a seus subordinados, mais velhos a mais moços. E nas reuniões mediúnicas, então, é quase de praxe que assim o "espíritos" tratem os encarnados. Não significa, em absoluto, que a voz tenha sido de DEUS-PAI, simplesmente porque DEUS ABSOLUTO não é antropomórfico, não possui atributos humanos (em que idioma falaria Deus?).


Todos os fenômenos narrados são manifestações de efeitos físicos (vidência e audiência) que frequentemente ocorrem em reuniões espiritistas, com as mesmas características, percebidas por médiuns videntes e clariaudientes: céu que se abre, luzes que descem, vozes que falam. Para quem está habituado a assistir a essas cenas, elas se tornam naturais e familiares, embora sempre impressionem profundamente, pelas revelações que trazem. Autores antigos gregos e romanos, são férteis em narrativas desse gênero.


Quem percebeu esses fenômenos? Apenas João ou todos os presentes? Mateus e Marcos dão-nos a impressão de que só João viu e ouviu. Lucas nada diz: apresenta o fato. O evangelista João coloca as palavras na boca do Batista, como única testemunha ocular, não acenando à voz.


JO 1:29-34

29. No dia seguinte, viu João a Jesus que vinha a ele e disse: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o erro do mundo!


30. Este é o mesmo de quem eu disse: Depois de mim vem um homem, que começou antes de mim, porque existia primeiro que eu ;


31. eu não o sabia, mas para que ele fosse manifestado a Israel, é que eu vim mergulhar na água".


32. E João deu testemunho, dizendo: "Vi o Espírito descer do céu como pomba e permanecer sobre ele.


33. Eu não o sabia, mas aquele que me enviou para mergulhar na água, disse-me: "Aquele sobre quem vires descer o Espirito e ficar sobre ele, esse é o que mergulha num espírito santo".


34. E eu vi e testifiquei que ele é o Escolhido de Deus.


Mantivemos separado o texto de João, embora houvesse repetição de algumas cenas, porque a narrativa diverge dos sinópticos.


Em primeiro lugar, o evangelista que tanta importância dá à numerologia, assinala "no dia seguinte", reportando-se ao interrogatório do sinédrio, coisa de que os outros não cogitam. Não há necessidade, cremos, de interpretar ao pé da letra. Diríamos: "na segunda etapa". Mais adiante (versículo 35) ele repetirá a mesma expressão com o mesmo sentido, revelando então os três passos da evolução do caso: Primeiro, o interrogatório da personalidade (João), estabelecendo seus limites reais; segundo, o mergulho na individualidade, que passa a agir através da personalidade; terceiro, a transferência dos discípulos (de João) que abandonam também a personalidade, para aderirem à individualidade (Jesus).


Mas voltemos ao texto.


João viu Jesus vir até ele. Essa narrativa é posterior ao mergulho de Jesus, contado logo após, como fato já vivido anteriormente (vers’ 32, 33). E ele atesta diante dos discípulos: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o erro do mundo".


Que significará "Cordeiro de Deus"? Seria uma alusão ao cordeiro pascal? ou ao "Servo de Yahweh" (ebed YHWH) segundo Isaías: "como um cordeiro levado à matança e como uma ovelha diante do tosquiador" (IS 53:7) ?


Ao cordeiro se atribuía a qualidade de "expiar os pecados do mundo", coisa que jamais foi atribuída a Jesus (cfr. Strack-Billerbeck, Kommentar zum neuen Testament aus Talmud und Midrasch München, 1924, tomo 2, pág. 368). A semelhança com Isaías é mais aparente que real. Além disso, o verbo empregado por João "tirar o erro" (airein) para esclarecer a verdade, é bem diverso do utilizado por Isaías (pherein) "tomar sobre si o erro, para expiá-lo como vítima". Nem pode admitir-se que, nessa época, se cogitasse de um Messias sofredor. Não obstante, alguns hermeneutas explicam, pelo sentido interno, que no momento da teofania (manifestação divina) do mergulho, João tenha compreendido todo o alcance da missão sacrificial de Jesus, tendo-lhe então aplicado a expressão "Cordeiro de Deus" no sentido exato de Isaías (veja capítulo 52:13-15 e 53:1-12).
Recordemos, de passagem que o latim AGNUS (cordeiro), como símbolo de pureza, aproxima-se de IGNIS (fogo) que, em sânscrito, língua-máter do latim, é AGNÍ com o sentido de fogo purificador, fogo do holocausto. Logo a seguir, João repete a frase sibilina que costumava dizer a seus discípulos: "depois de mim vem um homem, que começou antes de mim, porque existia primeiro que eu". Analisemo-la. " Homem", no. sentido de macho, de varão (ανηρ) . "Vem depois de mim" (οπισω µου), com significado temporal, isto é, aparecerá entre vós depois de mim"; e segue "que começou antes de mim", quer dizer "nasceu na eternidade, tornou-se ser" (γεγονεν, no perfeito) antes de mim (εµπροσθεν µου) .
Alguns interpretam "que me superou", ou "que passou à minha frente". E dá a razão: "porque existia primeiro que eu " (οτι πρωτος µου ην) . Clara aqui a reencarnação, ou, pelo menos, a preexistência dos espíritos. Jesus, COMO HOMEM, existia antes de João: então, COMO HOMEM, tomou corpo. E a conclusão lógica é que, se ficar provado que UM SÓ homem existiu antes do nascimento, fica automaticamente provada a preexistência PARA TODOS. E se a preexistência de UM SÓ espírito for comprovada, ele só poderá nascer na Terra por meio da "encarnação". E se pode realizar esse feito uma vez, poderá realizá-lo quantas vezes quiser ou de que necessitar para sua evolução.

Depois, concedendo uma explicação aos discípulos, o Batista revela-lhes por que fez essas afirmativas.


"Eu não o sabia, mas vim mergulhar na água para que ele fosse manifestado a Israel".


As traduções vulgares trazem "eu não o conhecia". Mas o verbo ηδειν do texto (mais-que-perfeito do perfeito presente do indicativo οιδα do verbo ειδω e portanto com sentido de imperfeito do indicativo), tem o significado primordial de "saber", ou "estar informado".

Então o Batista confessa que não tinha informação ou conhecimento total da missão de seu parente Jesus, mas que tinha vindo à Terra (reencarnado) para que ele, o Messias, pudesse manifestar-se. O testemunho do mergulho de Jesus era imprescindível para que João o reconhecesse como Messias, e como tal o apresentasse ao povo. Com isso, compreendemos melhor a frase de Jesus em Mateus: "deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda justiça", isto é, ajustar-nos ao que está previsto.


E continuam os esclarecimentos, dando o motivo por que soube de que se tratava "vi o Espirito descer do céu COMO pomba e PERMANECER sobre ele" . O pormenor de que o Espírito (não "santo" nem de "Deus", concordando com Marcos) "permaneceu" sobre Jesus, parece ser valioso e será repisado adiante.


Repete: "eu não o sabia", e explica: "mas aquele que me enviou para mergulhar na água, disse-me". A notícia de que "alguém" enviou João Batista à Terra (logo preexistência e reencarnação) é de suma importância e confirma as palavras do evangelista JO 1:6. Quem será esse "alguém" que enviou João à Terra? Acreditamos que o próprio Jesus (Yahweh) antes de encarnar, firmando-lhe na memória um fato típico que não seria esquecido: aquele sobre quem vires descer o Espírito e permanecer sobre ele, esse é o que mergulha num espírito santo" (em grego sem artigo). O sinal foi cumprido no mergulho de Jesus, que o evangelista supõe conhecido e dele não fala.


E conclui: "eu vi e testifiquei que esse é o Escolhido de Deus". As traduções vulgares trazem "Filho de Deus", lição dos manuscritos Borgianus (T), século 5. º; Freerianus (W), século 5. º; Seidelianus II (H), Mosquensis (VI) e Campianus (M) do século 9. º. Mas preferimos a lição o "Escolhido de Deus" (О Εκλεκτος του Θεου), porque é atestada por mais antigos e importantes manuscritos: Papyrus Oxhirincus (Londres, do século 3. º), pelo sinaítico (séc. 4. º), Vercellensis (séc. 4. º), Veronensis (séc. 4. º), e pelas versões siríacas sinaítica (séc. 4. º) e curetoniana (séc. 5. º), pela sahídica, assim como pela Vetus Latina (codex Palatinus, séc. 4. º), bem como por Ambrósio, que foi bispo de Milão no século 4. º.

Além disso, a expressão "Escolhido de Deus" é muito empregada no grego dos LXX e em o Novo Testamento (cfr. IS 43:20; SL 105:4; Sap. 3:9; 2CR 8:15; MT 20:16; MT 22:14; MT 24:22, MT 24:24, MT 24:31; MC 13:20, MC 13:22, MC 13:27; LC 18:7; LC 23:35; JO 1:34 (este); RM 8:33 e RM 16:13; CL 3:12; 1TM 5:21; 2TM 2:10; TT 1:1; 1PE 1:1; 1PE 2:4, 1PE 2:6, 1PE 2:9; 2 JO 1, 13; AP 17:14).


Temos, pois, razões ponderáveis para aceitar nossa versão, que dá a medida das coisas nesse momento: João viu e deu testemunho, de que Ele, Jesus, era o "escolhido de Deus" para a missão de Messias, o Enviado Crístico.


No mergulho de Jesus, encontramos farto material de estudo.


Diz a Teosofia que, no momento do mergulho, o "espírito" de Jesus saiu do corpo, deixando-o para que nele entrasse, como entrou, o "espírito" do Cristo, que aí permaneceu até o momento da crucifica ção.


A ideia está expressa de maneira incompreensível. Mas assim mesmo, através dessas palavras, percebemos a realidade do que houve.


Jesus, como personalidade, manifestou tão grande humildade, que se aniquilou a si mesmo. E o aniquilamento da personalidade, pela renúncia a qualquer vaidade e orgulho, foi tão grande, que não mais agiu daí por diante. E isso fez que, através de Jesus, só aparecesse e só agisse o seu Cristo Interno, isto é, a Sua individualidade Crística, o Eu divino. Essa é a meta de todas as criaturas: "quem quiser seguir-me, negue-se a si mesmo" (MT 16:24), anule sua personalidade, com a humildade máxima, e então poderá seguir a mesma estrada que Jesus, que a viveu antes para dar-nos o exemplo vivo e palpitante de humildade e aniquilamento.


João Batista é o protótipo da personalidade já espiritualizada.


Nasce antes de Jesus, o que exprime que a evolução da personalidade se dá antes da individualidade.


João é "a voz que clama preparando o caminho para o Senhor", ou seja, para a individualidade. Daí dizer (JO 3:30): "é necessário que Ele (Jesus, a individualidade) cresça, e que eu (João, a personalidade) diminua". Não fora esse o sentido, haveria contradição com o que foi antes dito: "é tão grande, que não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias". Se já era tão superior a João, porque teria que CRESCER? E se João era tão pequeno, por que teria que DIMINUIR? Não seria o caso de João dever progredir, aperfeiçoar-se, CRESCER, para tornar-se grande como Jesus? A meta não é o crescimento espiritual? Mas aí se trata é da oposição entre a personalidade e a individualidade: para que a segunda CRESÇA só há um caminho: é fazer que a primeira DIMINUA até ANULARSE.


Só assim podemos compreender essa frase de João. O intelecto iluminado de João percebe a Luz da Verdade, a Bondade do Amor e o Fogo do Poder de Cristo, e o anuncia como o "Cordeiro de Deus", pregando a necessidade da metánoia, isto é, da "reforma mental", a fim de perceber o "reino de Deus" que, diz ele, "se aproxima de vós", ou melhor, porque estais prestes a penetrar os mistérios recônditos do Eu Supremo.


O conhecido "batismo" deve ser entendido no sentido real e pleno da palavra original grega: MERGULHO.


Com efeito, é o mergulho consciente na presença de Deus dentro de nós, em nosso coração, mergulho esse que dá o desenvolvimento pleno à individualidade, ao Espírito.


João, a personalidade, só realiza o "mergulho na água", isto é, o mergulho exterior; mas Jesus (a individualidade) veio exemplificar-nos o mergulho "no fogo" (AGNÍ) da Centelha de Deus em nosso coração - por isso, em nossos comentários acenamos à semelhança da raiz latina AGNUS (cordeiro), em grego "Amnós", com o sânscrito "agní" - e "no Espírito", ou seja, no Eu profundo, nosso verdadeiro Eu espiritual que é o Cristo Cósmico.


ESPÍRITO


Vamos aproveitar para esclarecer a distinção que fazemos das diversas acepções da palavra ESPÍRITO.


Ora o escrevemos entre aspas e com inicial minúscula: o "espírito", e queremos então referir-nos ao termo comum de espírito desencarnado, isto é, ao espírito da criatura que ainda está preso à personalidade, com um rótulo, ou seja, um NOME: por exemplo, o "espírito" de João, o "espírito" de Antônio, etc. Doutras vezes escrevemos a palavra com inicial maiúscula: o Espírito, e com isso significamos a individualidade, ou seja, o trio superior composto de Centelha Divina, Mente e Espírito, mas sem nome, não sujeito a tempo e espaço. Então, quando o Espírito se prende à personalidade, passa a ser o "espírito" de uma criatura humana, encarnada ou desencarnada. O Espírito é o que está em contato com o Eu Profundo, enquanto o "espírito" está em contato com o "eu" pequeno, que tem um nome. Somos forçados a fazer estas distinções para que as ideias fiquem bem claras. Além desses, temos o "Espírito" de Deus, ou o "Espírito" Santo, que é a manifestação cósmica da Divindade, também chamado o Cristo Cósmico, de que todos somos uma partícula, um reflexo; em nós, o Cristo é denominado "Cristo Interno" ou Centelha Divina, e é a manifestação divina em cada um de nós. Não se pense, entretanto, que a reunião de todas as Centelhas divinas ou "mônadas" das criaturas forme o Cristo Cósmico. Não! Ele está imanente (dentro de todos nós), mas é INFINITO e, portanto, é transcendente a todos, porque existe ALÉM de todos infinitamente. O mergulho de que falamos exprime, em primeiro lugar, o ENCONTRO do "espírito" (personalístico) com o seu próprio Esp írito (individualidade), e depois disso, em segundo lugar, a absorção do Espírito no mais recôndito de seu EU profundo, ou seja, a UNIFICAÇÃO do Espírito com o Cristo Interno, com sua consequente INTEGRAÇÃO com o Cristo Cósmico.


Quando a criatura dá esse mergulho profundo, o Espírito de Deus "desce sobre ele e nele permanece", porque a união é definitiva e absorvente. Para conseguir-se o mergulho, temos que ir ao encontro de Deus em nosso coração, mas também temos que aguardar que Deus desça a nós, ou seja, temos que esperar a "ação da graça", para então realizar-se o Encontro Sublime.


A forma de pomba, percebida pelo Batista e por ele salientada, simboliza a paz interior permanente, essa "paz que o mundo não dá" (JO 14:27). E a Voz divina o revela aos ouvidos internos do mensageiro, como o "Filho Amado", como o "escolhido", confessando-se satisfeito com ele.


Esse mergulho foi compreendido por Paulo de Tarso. Escreveu ele: "todos quantos fostes mergulhados em Cristo, vos revestistes de Cristo" (GL 3:27). Desde que o homem mergulha em seu íntimo, passa a ser revestido do Cristo Interno, como foi Jesus. Quase que o interior se torna exterior, e a personalidade, ao anular-se, cede lugar à individualidade que começa a manifestar-se externamente:

"não sou mais eu (personalidade) que vivo: é Cristo (individualidade) que vive em, mim" (GL 2:20).


E acrescenta: "agora Cristo será engrandecido em meu corpo (personalidade), quer pela vida, quer pela morte, pois para mim o viver é Cristo, e o morrer (a personalidade) é lucro" (FP 1:20-21) . E explica: "por isso nós, de agora em diante, não conhecemos a ninguém segundo a carne (a personalidade): ainda que tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, agora, contudo, não O conhecemos mais desse modo; se alguém está em Cristo, é nova criatura; passou o que era velho e se fez novo (2CO 5:16-17). Esclarece mais: "pois morrestes (na personalidade) e vossa vida está escondida com Cristo em Deus " (CL 3:3). E Pedro Apóstolo, localizando a Centelha divina no coração, aconselha: " santificai Cristo em vossos corações" (1PE 3:15).


Nesse estado, após o mergulho interno no coração, a criatura passa a ser o "escolhido" ou o "Filho de Deus", porque purificou (santificou) seu coração de todo apego personalístico ("bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus", MT 5:8), e estão com a "pomba" da paz divina permanente, pacificando-se e pacificando a todos ("bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados Filhos de Deus", MT 5:9). E assim perdem o apego a pai, mãe, esposa, filhos e a si mesmos, e seguem ao Cristo Interno em seus corações ("quem ama - ou se apega - a seu pai ou mãe ou filho ou filha mais do que a mim (Cristo), não é digno de mim... o que acha sua vida (personalística) perdê-laá (porque morrerá um dia), mas o que perde (renuncia) sua vida (personalística) por minha causa, achá-la-á, MT 10:37-39).


O homem que atingiu esse ápice sublime, no mergulho dentro de seu Espírito e do Fogo da Centelha,

"tira o erro do mundo"(liquidai seu carma) e, por seu exemplo de amor e de humildade, revela a todos o Caminho certo, o Caminho Crístico, que leva à Verdade e à Vida (João,14:6).


Paulo ainda explica: "ou ignorais que todos os que fomos mergulhados em Cristo Jesus, mergulhamos na morte dele"? (RM 6:3). Quer dizer, os que tomam contato com a Individualidade, fizeram a personalidade perecer "crucificada na carne" (a Cruz é o símbolo do corpo - de pernas juntas e braços abertos - e exprime o quaternário inferior da personalidade: corpo denso, duplo etérico, corpo astral e intelecto). Por isso: "num só Espírito (Cristo) fomos todos nós mergulhados num corpo" (1CO 12:13). A comparação do mergulho no Espírito é feita, exemplificando-se com o ato oposto, quando o "espírito" mergulha num corpo (reencarnação): assim como ao nascer o "espírito" mer gulha na carne, assim nós todos, embora ainda crucificados na carne, teremos que mergulhar a personalidade no Espírito e no Fogo, fazendo que essa personalidade se aniquile, se anule, pereça.


Com isso, com a anulação da personalidade, será tirado o "erro" do mundo, porque ninguém mais terá pruridos de vaidade, nem sentirá o amor-próprio ferido, nem se magoará, porque SABE que nada externo poderá atingir seu verdadeiro EU, que está em Cristo. Teremos o perdão em toda a sua amplitude, a ausência de raivas e ódios, reinando apenas o Amor e a Humildade em todos. O adversário será dominado. O adversário (diabo ou satanás) é a própria personalidade vaidosa e cheia de empáfia de cada um de nós. Liquidada a personalidade, acaba a separação e acaba o erro no mundo.


jo 3:30
Sabedoria do Evangelho - Volume 2

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 4
CARLOS TORRES PASTORINO
João. 3:25-36

25. Ora, levantou-se uma discussão entre os discípulos de João e um judeu, acerca da purificação.


26. E foram ter com João e disseram-lhe: "Rabbi, aquele que estava contigo além do Jordão, de quem deste testemunho, eis que ali está a mergulhar, e todos vão a ele".


27. Respondeu João: "O homem não pode receber coisa alguma, se do céu não lhe for dada.


28. Vós mesmos me sois testemunhas de que eu disse: Eu não sou o Cristo, mas sou enviado diante dele.


29. O que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que está presente e o ouve, muito se regozija por causa da voz do esposo. Pois este meu gozo está completo:


30. é necessário que ele cresça e que eu diminua".


31. O que vem de cima, está sobre todos; o que vem da Terra, é da Terra; o que vem do céu, está sobre todos.


32. O que ele viu e ouviu, disso dá testemunho, e ninguém recebe seu testemunho.


33. O que recebeu seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro.


34. Porque aquele que Deus enviou, fala as palavras de Deus, já que Deus não dá o Espírito sob medida.


35. O Pai ama o Filho e tudo pôs em sua mão.


36. O que crê no Filho tem a vida imanente; o que porém desobedece ao Filho, não verá a vida, mas sobre ele permanece o acicate de Deus.


Dessa atuação de Jesus, nasce uma disputa de ciúmes entre os discípulos de João e "um judeu". O assunto era a purificação, rito que os fariseus tanto prezavam, e de que salientavam a parte material, ao passo que Jesus sublinhava o lado espiritual. Os discípulos de João repararam na ascendência cada vez maior de Jesus sobre o povo, em prejuízo de João. E vão "fazer queixa" a seu rabbi. Embora reconhecessem que "Jesus estivera com João além do Jordão" (1:28) e que o Batista "dera testemunho em favor dele" (1:32), no entanto a causa do ciúme se manifesta contra toda a lógica: "ele está a mergulhar e todo o mundo vai a ele" ... A expectativa era de suscitar um protesto enraivecido de João, pela "concorr ência desleal" ...


Como é HUMANA essa cena, em todas as épocas! ...


A resposta do Batista é magnífica de humildade e consciência de seu papel na História, e encerra em si preciosa lição de espiritualidade: "nada pode receber o homem, se do céu não lhe vier". Nada. Seja" bem" ou "mal", julgue-se "pobreza" ou "riqueza", atribua-lhe o nome de "poder" ou "escravidão", tudo vem do céu, embora possa parecer "justo" ou "injusto". Quem é capaz de JULGAR? Não podemos fazê-lo. O que nos parece bom pode ser mau e vice-versa. Nem julgar os outros, nem julgar-nos a nós mesmos. Incompetência total, por falta de dados: não penetramos o íntimo de ninguém, nem mesmo o nosso. Então, aprendamos a receber tudo com humildade.


Depois o Batista evoca o testemunho de seus discípulos, de que ele já antes declarara não ser o Cristo, mas apenas um enviado diante dele. Quem tenha consciência da Espiritualidade Superior, jamais se fará passar por quem não é. Embora pululem hoje, como sempre pulularam, os "missionários" divinos e os "mestres", todos se apresentam em seu próprio nome, assumindo, de modo geral, uma atitude muito superior à realidade, ou até mesmo forjando situações para engrandecer sua vaidade. O Batista ensinou com o exemplo, como agir certo: nada de arrogar-se prerrogativas imaginárias, frutos de sonhos vaidosos.


Apresenta, depois, uma alegoria bastante elucidativa: num casamento, é o noivo que possuirá a esposa.


No entanto, o amigo do noivo alegra-se ao sentir-lhe a alegria, de que ele participa integralmente. João é o amigo, que está radiante com a vitória de Jesus; e não o concorrente que se entristece por fica "para trás". Essa alegria atinge o grau máximo, pois é mesmo necessário que Ele (Jesus) cresça aos olhos do povo, e que ele (o Batista) se vá afastando aos poucos; tal como a Estrela d’Alva, que anuncia o Sol e que depois empalidece e morre, para deixar que o Astro-Rei envolva e fecunde a Terra com seu esplendor.


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O evangelista assume, então, a palavra e tece novos comentários, comparando Jesus com o Precursor: o que vem de cima (Filho do Homem) com o que vem da Terra (Filho da Mulher); o Homem Liberto das encarnações (samsara, na Índia, e ghilgul, na Palestina), com o que ainda está preso à roda fatídica do mergulho intermitente no ventre da mulher. O que não exclui que este último possa encontrar-se já no último degrau, pronto a passar para o outro nível, como era o caso de João Batista ("entre os Filhos de Mulher, ninguém é maior que João Batista", MT 11:11 e LC 7:28).


E em sendo assim evoluído, sabe perfeitamente o que se passa no mundo superior, onde permanece nos intervalos de suas descidas à Terra, porque se conserva desperto e consciente, provavelmente já no Plano Mental. E com isso consegue, ao reencarnar, recordar-se perfeitamente de tudo (prova-o, no caso do Batista, a alegria que teve ainda prisioneiro no ventre de Isabel, ao reencontrar Jesus, cfr. LC 1:41 e

44). Por isso, pode o evangelista dizer com segurança: "dá testemunho DO QUE VIU E OUVIU". O Batista viu e ouviu, e veio trazer seu testemunho de que Jesus vem "de cima" ou seja "do céu", das regiões mais elevadas do Espírito; mas, diz ainda, "ninguém recebe o testemunho de João", que afirma ser Jesus o Manifestante Divino do Filho Unigênito de Deus.


Mas, aqueles que recebem o testemunho, confirmam que Deus é verdadeiro (o adjetivo αληθης é a forma negativa do substantivo ληθης que significa "esquecimento", donde "não oculto", ou seja "sincero").

Passa a falar de Jesus: o Enviado (ou Manifestante), cujas palavras são as próprias palavras do Deus Interno, que Ele exterioriza através dos puríssimos canais de Sua humildade e de Seu amor. Isto porque, quando o Espírito está UNO com Deus, não há medida de restrição: "não dá o Espírito sob medida".


O Pai (o AMANTE) ama o Filho (o AMADO) e tudo colocou em Suas mãos. É aí que se declara a razão do livre-arbítrio que foi outorgado aos Filhos de Deus, e que tanto é respeitado pela Divindade que em nós reside: cada um conseguirá sua evolução na proporção de sua livre e espontânea vontade, com a duração maior ou menor, segundo seu alvédrio.


E é por isso que aquele que crê, que se unifica ao Filho (ao Cristo Interno) possui a VIDA IMANENTE; mas quem lhe desobedece, preferindo a matéria, esse não participará da vida espiritual, mas sentirá sempre sobre si o acicate de Deus.


Acicate é o aguilhão que faz os bois morosos caminharem mais rápido. Acicate, pois, moralmente, é a insatisfação que vem de nosso íntimo onde reside Deus, e que nos impele a evoluir bom ou mau grado: se o quisermos, tudo bem; se o não quisermos, o embate contra a Lei causar-nos-á dores e sofrimentos atrozes, que acabarão por fazer-nos encontrar o caminho certo.


A palavra οργη nas traduções comuns é interpretada absurdamente como "ira de Deus", atribuindo à Divindade um dos mais tristes vícios do homem atrasado. Ora, esse substantivo grego exprime literalment "uma agitação interior que expande a alma". Daí se originou o termo "orgasmo" . É exatamente a insatisfação que nos serve de acicate para a conquista das coisas que nos satisfaçam. Essa agitação provém do âmago do coração, ou seja, do Cristo Interno que lá reside, e que nos não deixa parar no marasmo da inação, mas impele-nos a buscar satisfações. O homem, enganado pelas aparências, procuraas nas riquezas, na fama, na glória, no intelectualismo, nos ritos religiosos, ou seja, em tudo o que pertence à personalidade. Por toda a parte o vazio, e, portanto, a dor. Até que, cansado de sofrer, desiludido das aparências, o homem crê, finalmente, nas palavras do Cristo Interno, e então se aproxima da Luz e conquista, enfim, a VIDA IMANENTE.

Precioso esse testemunho de João, pelo qual, mais uma vez, vemos confirmado - como muitas vezes ainda o veremos na continuação nosso ponto de vista a respeito do sentido oculto dos Evangelhos, e sobretudo o de João: a interpretação simbólica e mística que vimos fazendo, é, realmente, o ensinamento profundo de toda a vida do Mestre Inefável, que nos veio revelar o Caminho único para a Verdade e para a Vida (cfr. JO 14:6), isto é, para o Deus Interno, que nos "chama com gemidos inenarr áveis" (Rom. 8:26). Nestes últimos comentários seus, o evangelista é bastante explícito, usando, evidentemente, a linguagem de sua época, mas deixando entrever a realidade. Infelizmente poucos foram os que o tinham compreendido, e esses mesmos não o revelaram senão em meias-palavras. Agora, porém, cremos que já é tempo de "dizer de cima dos telhados, tudo o que nos foi revelado aos ouvidos" (MT 10:27 e LC 12:3).


E todos aqueles que tiverem alcançado certos graus de evolução, perceberão por si mesmos - pela ressonância que estes comentários despertarem em seus corações - que sem sombra de dúvida há um ensinamento mais profundo ("em Espírito de Verdade", JO 4:23-24), oculto sob o véu da letra e sob as aparências dos fatos e dos nomes, e que será percebido por "aqueles que tem olhos de ver, ouvidos de ouvir e coração para entender" (cfr. MC 7:17-18, JO 12:40, e IS 6:10).


jo 3:30
Sabedoria do Evangelho - Volume 3

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 4
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 11:2-19


2. Como João, no cárcere, tivesse ouvido falar das obras de cristo, mandou dois de seus discípulos perguntar-lhe:


3. "És tu o que vem, ou devemos esperar outro"?


4. Respondeu-lhes Jesus: "Ide contar a João o que estais ouvindo e observando:


5. os cegos vêem de novo; os coxos andam; os leprosos ficam limpos; os surdos estão ouvindo; os mortos se levantam e aos mendigos é dirigida a boa-nova;


6. e feliz aquele que não tropeça em mim".


7. Ao partirem eles, começou Jesus a falar ao povo a respeito de João: "Que saístes a ver no deserto? Uma cana sacudida pelo vento?


8. Mas que saístes a ver? Um homem vestido de roupas finas? Os que vestem roupas finas residem nos palácios dos reis.


9. Mas que saístes a ver? Um profeta? Sim, digo-vos, e muito mais que um profeta.


10. É dele que está escrito: "Eis que envio ante tua face meu mensageiro, que preparará teu caminho diante de ti".


11. Em verdade vos digo que não apareceu entre os nascidos de mulher outro maior que João, o Batista (o que mergulha); mas o reino dos céus é maior que ele.


12. Desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é assaltado, e os assaltantes o conquistam,


13. porque todos os profetas e a lei profetizaram até João.


14. E se quereis aceitar (isto), ele mesmo é Elias que estava destinado a vir.


15. O que tem ouvidos, ouça.


16. Mas a que hei de comparar esta geração? É semelhante a meninos sentados nas praças, que gritam aos companheiros:


17. "nós vos tocamos flauta, e não dançastes; entoamos lamentações e não chorastes".


18. Porque veio João não comendo nem bebendo, e dizem: "ele recebeu um espírito desencarnado".


19. Veio o filho do homem comendo e bebendo, e dizem: "eis um homem glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de impostos e pecadores"! E contudo, a sabedoria é justificada por seus filhos". zaram a vontade de Deus quanto a eles, não tendo sido mergulhados por ele.


LC 7:19-35


19. Chamando dois deles (de seus discípulos), João enviou-os a Jesus, para perguntar: "És tu o que deve vir, ou esperaremos outro"?


20. Quando esses homens chegaram a ele, disseram: "João, o Batista, enviou-nos para te perguntar: "és tu o que vem, ou esperaremos outro"?


21. Na mesma hora curou Jesus a muitos de moléstias, de flagelos, e de obsessores, e concedeu vista a muitos cegos.


22. Então respondeu-lhes: "Indo embora, relatai a João o que vistes e ouvistes: os cegos vêem de novo, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos estão ouvindo, os mortos se levantam, e aos mendigos é dirigida a boa-nova.


23. E feliz é o que não tropeça em mim".


24. Tendo ido os mensageiros de João, começou a falar ao povo a respeito de João: "Que saístes a ver no deserto? Uma cana sacudida pelo vento?


25. Mas que saístes a ver? Um homem vestido com roupas finas? Os que se vestem ricamente e vivem no luxo, estão nos palácios dos reis.


26. Mas que saístes a ver? Um profeta? Sim, digo-vos, e muito mais que profeta.


27. É dele que está escrito: "eis que envio ante tua face meu mensageiro, que preparará teu caminho diante de ti".


28. Eu vos digo: entre os nascidos de mulher, não há nenhum maior que João; mas o menor no reino de Deus, é maior que ele".


29. Ao ouvir isto, todo o povo e até os cobradores de impostos reconheceram a justiça de Deus, sendo mergulhados com o mergulho de João;


30. mas os fariseus e 0s doutores da lei desprezaram a vontade de Deus quanto a eles, não tendo sido mergulhados por ele.


31. "A que, pois, compararei os homens desta geração, e a que são eles semelhantes?


32. São semelhantes a meninos que se sentam na praça e gritam uns para os outros: "nós tocamos flauta e não dançastes; entoamos lamentações e não chorastes".


33. Pois veio João, o Batista, não comendo pão nem bebendo vinho e dizeis: "ele recebeu um espírito desencarnado".


34. Veio o filho do homem comendo e bebendo, e dizeis: "eis um homem glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de impostos e pecadores!"


35. Entretanto, a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.


João estava na prisão de Maquérus (veja vol. 2). Daí acompanhava com grande interesse todo o desenvolvimento do ministério de Jesus, sobre o qual é constantemente informado por seus discípulos, que o visitam com frequência. O que mais lhe contam são os prodígios operados pelo novo taumaturgo de Nazaré. João jamais perdeu de vista sua tarefa de precursor e todos os seus atos destinam-se a "preparar o caminho diante dele" (vol. 1).


Que Jesus era o Messias, não havia dúvida para João, que O reconhecera desde o ventre materno (LC 1. 41. vol. 1); era consciente de ser ele o precursor (MT 3:1-6; vol. 1); declarou mesmo que não era digno de desatar-lhe as correias das sandálias (MT 3:11-12; vol 1); declarou até peremptoriamente ser o precursor predito (JO 1:19-28; vol. 1); não queria, mergulhar Jesus, porque se julgava indigno (MT 3:13-15; vol. 1); durante o ato do mergulho viu o sinal do Espírito (MT 3:16-17; vol 1); designou Jesus como o "cordeiro que resgata o carma do mundo " (JO 1:29-33) e taxativamente declara" eu vi e testifiquei que Ele é o escolhido de Deus" (JO 1:34; vol. 1); além de tudo isso, influi nos discípulos que sigam Jesus, declarando-o "o messias" (JO 1:35-37; vol. 1); e quando seus discípulos se queixam de que Jesus está atraindo multidões, João lhes dá a entender que Jesus é o Messias e acrescenta "é necessário que ele cresça e que EU diminua" (JO 3:25-30; vol. 2).


No entanto, apesar de tudo isso, os discípulos de João não viam Jesus com bons olhos e, por ciúmes escandalizavam-se dele". Observe-se que o verbo grego skandalízô en significa literalmente "tropeçar em". Assim o substantivo skándalon era, na armadilha, a peça-chave (o alçapão ou trava), que a fazia detonar. Então, escandalizar era tropeçar na trava, ficando preso na armadilha.


Mas, dizíamos, os discípulos de João tinham ciúmes do êxito crescente de Jesus (coisa tão comum entre espiritualistas!), especialmente quando viram seu próprio mestre na prisão. Observamos que eles criticaram Jesus na questão do jejum (MT 9:14) unindo-se aos piores inimigos de Jesus; vimos que eles foram queixar-se de Jesus ao próprio João, quando então o Batista se limita a recordar-lhes o que lhes havia afirmado a respeito de Jesus (vol. 2).


Na prisão, João percebia que seu fim estava próximo e preocupava-se, em primeiro lugar, em conseguir mais uma oportunidade de exercer oficialmente sua tarefa de precursor; mas além disso, queria aproximar de Jesus seus discípulos, a fim de que estes não prosseguissem, após seu desencarne, no culto de um precursor, ao invés de seguir o verdadeiro Mestre. Para isso, era indispensável uma definição pública de Jesus. E João resolve provocá-la, mas com delicadeza, deixando-lhe o caminho aberto para que Jesus respondesse como julgasse mais oportuno.


Daí a pergunta confiada aos dois mensageiros : "és tu o que vem (ho erchómenos, no particípio presente) ou deverá ser esperado outro"?


Anote-se, para fixar o sentido em que era usada a palavra "anjo" naquela época, que Lucas dá, aos dois discípulos de João que foram mandados a Jesus, o título de "anjos", isto é, mensageiros.


Jesus responde-lhes com fatos, e, na presença deles, realiza as obras preditas pelos antigos profetas de Israel como típicas "daquele que viria"; e depois de fazer, passa a citar as realizações por eles antevistas: quanto aos mortos, IS 26:19; quanto aos surdos e mendigos, IS 29:18; quanto aos cegos e surdos, IS 35:5 e quanto aos infelizes, IS 61:1.


Após as obras e citações, Jesus conclui "feliz o que não tropeça em mim" (makários hoi eàn mé skandaIisth êi), ou seja, o que não se recusar a aceitá-lo, por não compreender Sua missão. A advertência dirige-se abertamente aos discípulos de João que criticavam Jesus. Eles, de mentalidade estreita, fazendo questão fechada de ser vegetarianos e abstêmios de vinho e sexo, "tropeçaram" num Missionário verdadeiro (Jesus), e não no quiseram aceitar, por ser Ele "comilão e beberrão de vinho" (cfr. MT 11:18-19 e LC 7 : 33-34).


Quanto a Jesus, sempre preferiu confirmar Sua missão por meio de Suas obras e de Seus exemplos.


Jesus espera que os discípulos de João se retirem, e então tece o panegírico do precursor, talvez para que os apóstolos e outros seguidores Seus não viessem a pensar que a pergunta de João fora provoca da por alguma dúvida real do precursor. Tanto que a primeira pergunta se refere à falta de fé, à vacilação nas atitudes: a cana sacudida pelo vento. João não é um homem qualquer sem convicções, não é um "grande do mundo", rico e poderoso; e nessa série de perguntas repetidas, a eloquência se exalta: um profeta? sim, diz Jesus, e muito mais do que profeta: o precursor do Messias. Isso é afirmado através da citação de Malaquias (Malaquias 3:11).


Subindo mais ainda, Jesus chega ao clímax, afirmando categoricamente com solenidade: "em verdade vos digo, entre os nascidos de mulher ninguém é maior que João". Já explicamos (vol. 1) o sentido da expressão "filho do homem". Recordemos.


Os gnósticos distinguiam dois graus de evolução: os "nascidos de mulher" ou "filhos de mulher" e os" filhos do homem".


Os "filhos de mulher" são os que ainda estão sujeitos à reencarnação cármica, obrigados a renascer através da mulher, sejam eles involuídos ou evoluídos. Neste passo declara Jesus que dentre todos os que estão ainda sujeitos inevitavelmente ao kyklos anánke (ciclo fatal) da reencarnação, o Batista é o maior de todos.


Já os "filhos do homem" (dos quais Jesus se cita como exemplo logo abaixo, versículo 19) são os que não estão mais sujeitos à reencarnação, só reencarnando quando o querem para determinada missão; e são assim chamados como significando aqueles que já superaram o estágio hominal, sendo, o resultado ou "filho" da evolução humana. Na realidade, Jesus era um dos "filhos do homem", como também outros avatares que vieram à Terra espontaneamente para ajudar à humanidade (tais Krishna, Buda, etc.) .


João, o Batista, cujo Espírito animara, na encarnação anterior a personalidade de Elias o Tesbita, estava sujeito à reencarnação para resgatar o assassinato dos sacerdotes de Baal, junto à torrente de Kishon (cfr. 1RS 18:40 e 1RS 18:19:1), mortos à espada por ordem dele; e por isso a personalidade de João também teve a cabeça decepada à espada (cfr. MT 14:10-11). A Lei de Causa e Efeito é inapelável.


João, portanto, ainda pertencia ao grau evolutivo dos "nascidos de mulher", embora fosse o maior de todos naquela época.


Entretanto, todos aqueles que tenham conquistado o "reino dos céus", isto é, que hajam obtido a união hipostática com o Cristo Interno, são maiores do que ele, no sentido de terem superado essa fase do ciclo reencarnatório: e portanto de haverem atingido o grau de "filhos do homem". Tão importante se revela essa união definitiva com a Divindade!


Surgem depois dois versículos que os comentadores ansiosamente buscam penetrar quanto ao sentido profundo, mas, de modo geral, permanecem na periferia, dizendo que "só os que se esforçam violen tamente conseguem o reino dos céus"; e, na segunda parte, que Jesus colocou aqui João como "marco divisório a encerrar o Antigo Testamento ("toda a Lei e os Profetas até João", como diz Agostinho: videtur Joannes interjectus quidam limes Testamentorum duorum, Patrol. Lat. vol. 38, col. 1328).


E finalmente a grande revelação, irrecusável sob qualquer aspecto: "se quereis aceitar isso (se fordes capazes de compreendê-lo) ele mesmo é Elias, o que devia vir... quem tem ouvidos, ouça (quem puder, compreenda!).


A tradução do vers. 14 não coincide com as comuns. Mas o grego é bem claro: kai (e) ei (se) thélete (quereis) decsásthai (aceitar, inf. pres. ) autós (ele mesmo) estin (é) Hêlías (Elias) ho méllôn (part.


presente de mellô, destinado", "o que estava destinado") érchesthai (inf. pres. : a vir).


A Vulgata traduziu: "et si vultis recipere, ipse est Elias qui venturus est", em que o particípio futuro na conjunção perifrástica dá o sentido de obrigação ou destino do presente do particípio méllôn; acontece que o latim ligou num só tempo de verbo (venturus est) o sentido dos dois verbos gregos (ho méllôn érchesthai). Com essa tradução, porém, o sentido preciso do original ficou algo "arranhado". Se a tradução fora literal, deveríamos ler, na Vulgata (embora com um latim menos ortodoxo): "ipse est Elias debens venire", o que corresponde exatamente à nossa tradução: "ele mesmo é Elias que devia (estava destinado) a vir". Levados pela tradução da Vulgata, os tradutores colocam o futuro do presente (que deverá vir), quando a ação é nitidamente construída no futuro do pretérito.


A previsão do regresso de Elias à Terra (cfr. MT 3:23-24) "eis que vos envio Elias, o profeta, antes que chegue o dia de YHWH grande e terrível: ele reconduzirá o coração dos pais para os filhos e dos filhos para os pais" ... é confirmada no Eclesiástico (48:10) ao elogiar Elias "tu, que foste designado para os tempos futuros como apaziguador da cólera, antes que ela se inflame, conduzindo o coração do pai para o filho".


Alguns pensam tratar-se "do último dia do juízo final", mas Jesus mesmo dá a interpretação autêntica, quando diz: "eu vos declaro que Elias já veio mas não foi reconhecido" ... "e os discípulos entenderam que Ele lhes falava de João Batista" (MT 17:12-13).


Então, não pode restar a mínima dúvida de que Jesus confirma, autoritária e inapelavelmente, que João Batista é a reencarnação de Elias. Embora sejam duas personalidades diferentes, o Espírito (ou individualidade)


é o mesmo. Gregório Magno compreendeu bem o mecanismo quando, ao comentar o passo em que João nega ser Elias (JO 1:21) escreveu: "em outro passo o Senhor, interrogado pelos discípulos sobre a vinda de Elias, respondeu: Elias já veio (MT 17:12) e, se quereis aceitá-lo, é João que é Elias (MT 11:14). João, interrogado, diz o contrário: eu não sou Elias... É que João era Elias pelo Espírito (individualidade) que o animava, mas não era Elias em pessoa (na personalidade). O que o Senhor diz do Espírito de Elias, João o nega da pessoa" (Greg. Magno, Hom. 7 in Evang., Patrol. Lat. vol. 76, col. 1100).


Jesus não precisava entrar em pormenores sobre a reencarnação, pois era essa uma crença aceita normalmente entre os israelitas dessa época, sobretudo pelos fariseus, só sendo recusada pelos saduceus.


Em Lucas há dois versículos próprios a ele, distinguindo amassa e os publicanos, que aceitaram o mergulho de João, e os fariseus e doutores da lei, que não aceitaram a oportunidade da mudança de vida, que Deus lhes oferecia por intermédio de João.


E Jesus prossegue propondo uma parábola, na qual ilustra a contradição de Seus contemporâneos ("desta geração"), que não aceitam a austeridade da pregação de João nem a bondade alegre dos ensinos de Jesus. Ao verem a penitência e abstinência do Batista,, disseram que "estava obsidiado", que" tinha espírito desencarnado"; e ao observarem a leveza de atitudes do Nazareno, taxaram-no de comilão e beberão.


Cabe notar en passant que a obsessão é sempre atribuída em o Novo Testamento a um daímon (espírito desencarnado), em hebraico dibbuck, e jamais ao diábolos (cfr. vol. 1).


Definida a posição de dúvidas e hesitações da humanidade daquela época, (da qual pouco difere a atual) o Mestre conclui com um aforismo: a sabedoria é justificada por seus filhos, ou seja, por seus resultados. Com efeito, o que é produzido pelo sábio é que lhe justifica a sabedoria.


Há fatos que trazem lições preciosas. Aqui temos um.


O intelecto (João) no "cárcere" da carne, ouve as teorias a respeito da individualidade (Jesus) mas, como é de seu feitio raciocinador, quer provas. Não se contenta em ouvir afirmativas de outrem: exige confirmação do próprio. E o meio mais rápido é pedir à própria individualidade que se defina, que apareça, que se declare de origem divina.


Evidentemente, de nada adiantaria mais uma assertiva, embora proveniente da própria individualidade: o intelecto continuaria na dúvida. Inteligentemente a individualidade não responde com palavras, mas com fatos. O intelecto manda dois de seus discípulos, (faculdades de percepção e de observação) para apurar. E a resposta consiste em fatos: "veja, diz a individualidade, como se te modificam as coisas: a cegueira intelectual se abriu para a luz; os ouvidos da compreensão, antes surdos, estão atentos à voz interior; os passos incertos na caminhada evolutiva se tornaram firmes; os resgates cármicos que enfeavam a personalidade vão sendo limpos; a morte da indiferença às coisas espirituais se torna vida entusiástica e, apesar de toda a pobreza dos veículos físicos e do "espírito" é a ele que se dirige a ótima notícia do "reino" ... mas, coitado daquele que, apesar de todas as evidências, não crê e tropeça no conhecimento da individualidade... feliz, porém, aquele que compreende e aceita".


O intelecto recebe as lições e os testemunhos, que lhe comprovam a realidade dos fatos, e retira-se para meditação.


Entretanto, além da lição extraída dos fatos, temos outra, surgida com a Palavra: o Verbo de Deus que se manifesta dentro de nós (JO 1:14).


Em primeiro lugar, com as perguntas insistentes, temos avisos repetidos do que procura o Espírito: nem coisas fúteis (uma cana sacudida pelo vento), nem luxo (homem vestido de roupa, finas) nem mesmo um profeta (médiuns e videntes), mas algo maior que isso: o Espírito quer descobrir o caminho para encontrar seu único Mestre, o Cristo Interno. Para isso, está sempre alerta, a fim de entrar em contato com o "mensageiro" (pequeno mestre) que vem mostrar o caminho e aplainá-lo, para facilitar a busca e o Encontro. A tarefa desse "precursor" e mestre humano (intelecto =, João) é "aplainar as veredas", abaixar os outeiros e elevar os vales e levar o coração dos pais aos filhos e vice-versa (ou seja, harmonizar a mente com todos os veículos que a carregam na jornada evolutiva). O intelecto, portanto, PREPARA o caminho da personalidade, para que ela possa encontrar o Cristo Interno. Ent ão, o intelecto iluminado é o precursor do Cristo Interno, seja esse intelecto o da própria criatura, seja o de criaturas outras que se disponham a "servir" à humanidade. E esses precursores tem vindo várias vezes à Terra, sendo alguns reconhecidos como avatares de lídima estirpe.


Ocorre, entretanto, que muitos dos discípulos desses precursores do Cristo Interno tomam a si, tamb ém, a tarefa de indicar a senda, quer falando, quer escrevendo, quer sobretudo exemplificando.


E aqui temos o exemplo que Jesus dá, de João, o intelecto que preparou realmente o caminho para o Cristo, e que, por isso, foi destacado como "o maior" dentre os que vivem ainda na personalidade.


Não obstante, aquele que tiver dado o Mergulho em profundidade na Consciência Cósmica, dentro de si mesmo, esse será, em sua individualidade, como "filho do homem", maior que qualquer das maiores personalidades. E por isso João é apresentado como "o mergulhador" (o Batista), "o que mergulha", isto é, "o que prepara, através" do mergulho que ele ensina, o caminho para o Encontro com o Cristo Interno".


Jesus, a individualidade, não podia deixar de elogiar esse intelecto iluminado, a fim de chamar nossa atenção a respeito de como processar a aproximação da meta gloriosa. E o evangelista, que aprendera o mergulho de João e por isso encontrara Jesus (a individualidade), comenta que os humildes (povo e publicanos) haviam correspondido ao ensino de João e haviam mergulhado, descobrindo o Cristo em si, mas os orgulhosos (fariseus e doutores) haviam rejeitado esse ensino, desprezando a oportunidade que a Vida (Deus) lhes oferecera, e não tinham aceito o mergulho.


Jesus confirma ainda que a representação do intelecto iluminado (Buddha) em o Novo Testamento é a mesma que fora apresentada, como protótipo no Antigo: Elias.


Depois, numa parábola, avisa a quem possa compreender, que jamais haja decepção, porque a geração que está na Terra ainda não sabe o que quer, por imaturidade mental. Se um dirigente vem com penitências, é rejeitado; e se vem com alegria, também o é. Desde que não concordem com seus pontosde-vista terrenos, os "profetas" ou "precursores" são recusados e levados ao ridículo por qualquer das facções já existentes.


Todavia, são os resultados obtidos que justificam a sabedoria, e não as palavras proferidas, nem as aparências, nem o êxito entre as criaturas, nem o poder, nem a força, nem a santificação externa, proveniente dos outros. O que vale é o resultado íntimo, ou seja, o Encontro Místico, oculto, que se dá n "quarto a portas fechadas", atuando assim "nos céus que estão no secreto, onde habita o Pai".


jo 3:30
Sabedoria do Evangelho - Volume 6

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 28
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 20:20-28


20. Então veio a ele a mãe dos filhos de Zebedeu, com os filhos dela, prostrando-se e rogando algo.

21. Ele disse-lhe, pois: "Que queres"? Respondeu-lhe: "Dize que estes meus dois filhos se sentem um à tua direita e outro à tua esquerda em teu reino"

22. Retrucando, Jesus disse: "Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que estou para beber"? Disseram-lhe: "Podemos"! 23. Disse-lhes: "Sem dúvida bebereis o meu cálice; mas sentar à minha direita ou esquerda, não me compete concedê-lo, mas àquele para quem foi preparado por meu Pai".

24. E ouvindo os dez, indignaram-se contra os dois irmãos.

25. Chamando-os, porém, Jesus disse: "Sabeis que os governadores dos povos os tiranizam e os grandes os dominam.

26. Assim não será convosco; mas quem quiser dentre vós tornar-se grande, será vosso servidor,

27. e quem quiser dentre vós ser o primeiro, será vosso servo,

28. assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua alma como meio-de-libertação para muitos".

MC 10:35-45


35. E aproximaram-se dele Tiago e João os filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: "Mestre, queremos que, se te pedirmos, nos faças".

36. Ele disse-lhes: "Que quereis que vos faça"?

37. Responderam-lhe eles: "Dá-nos que nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda na tua glória".

38. Mas Jesus disse-lhes: "Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu bebo, ou ser mergulhados no mergulho em que sou mergulhado"? 39. Eles retrucaram-lhe: "Podemos"! Então Jesus disse-lhes: "O cálice que eu bebo, bebereis, e sereis mergulhados no mergulho em que sou mergulhado,

40. mas o sentar à minha direita ou esquerda, não me cabe concedê-lo, mas a quem foi dado".

41. E ouvindo isso, os dez começaram a indignarse contra Tiago e João.

42. E chamando-os, disse-lhes Jesus: "Sabeis que os reconhecidos como governadores dos povos os tiranizam e seus grandes os dominam.

43. Não é assim, todavia, convosco: mas o que quiser tornar-se grande dentre vós, será vosso servidor,

44. e o que quiser dentre vós ser o primeiro, será servo de todos.

45. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua alma como meio de libertação para muitos".



Lucas (Lucas 18:34) salientara que os discípulos "nada haviam entendido e as palavras de Jesus permaneciam ocultas para eles, que não tiveram a gnose do que lhes dizia". Mateus e Marcos trazem, logo depois, a prova concreta da verdade dessa assertiva.


Mateus apresenta o episódio como provocado pela mãe de Tiago e de João, com uma circunlocução típica oriental, que designa a mãe pelos filhos: "veio a mãe dos filhos de Zebedeu com os filhos dela", ao invés do estilo direto: "veio a esposa de Zebedeu com seus filhos". Trata-se de Salomé, como sabemos por Marcos (Marcos 15:40) confrontado com Mateus (Mateus 27:56). Lagrange apresenta num artigo (cfr. "L’Ami du Clergé" de 1931, pág. 844) a hipótese de ser Salomé irmã de Maria mãe de Jesus, portanto sua tia.


Sendo seus primos, o sangue lhe dava o direito de primazia. Em nossa hipótese (vol. 3), demos Salomé como filha de Joana de Cuza, esta sim, irmã de Maria. Então Salomé seria sobrinha de Maria e prima em 1. º grau de Jesus (sua "irmã"), sendo Tiago e João "sobrinhos de Jesus", como filhos de sua "irmã"

Salomé. Então, sendo seus sobrinhos, a razão da consanguinidade continuava valendo. Além disso, Salomé como sua irmã, tinha essa liberdade, e se achava no direito de pedir, pois dera a Jesus seus dois filhos e ainda subvencionava com seu dinheiro as necessidades de Jesus e do Colégio apostólico (cfr. LC 8:3 e MC 15:41).


Como na resposta Jesus se dirige frontalmente aos dois, Marcos suprimiu a intervenção materna: realmente eles estavam de pleno acordo com o pedido, tanto que, a seu lado, aguardavam ansiosos a palavra de Jesus. A interferência materna foi apenas o "pistolão" para algo que eles esperavam obter.


Como pescadores eram humildes; mas elevados à categoria de discípulos e emissários da Boa-Nova, acende-se neles o fogo da ambição, que era justa, segundo eles, pois gozavam da maior intimidade de Jesus, que sempre os distinguia, destacando-os, juntamente com Pedro, dos demais companheiros, nos momentos mais solenes (cfr. Mat, 9:1; 17:1; MC 1:29; MC 5:37; MC 9:12; MC 14:33; LC 8:51). Tinham sido, também, açulados pela promessa de se sentarem todos nos doze "tronos", julgando Israel (MT 19:28), então queriam, como todo ser humano, ocupar os primeiros lugares (MT 23:6 e LC 14:8-10).


A cena é descrita com pormenores. Embora parente de Jesus, Salomé lhe reconhece o valor intrínseco e a grandeza, e prostra-se a Seus pés, permanecendo silenciosa e aguardando que o Mestre lhe dirija a palavra em primeiro lugar: "que queres"?


Em Marcos a resposta é dos dois: "Queremos" (thélomen) o que exprime um pedido categórico, não havendo qualquer dúvida nem hesitação quanto à obtenção daquilo que se pede: não é admitida sequer a hipótese de recusa : "queremos"!


Jesus não os condena, não os expulsa da Escola, não os apresenta à execração pública, não os excomunga; estabelece um diálogo amigável, em que lhes mostra o absurdo espiritual do pedido, valendose do episódio para mais uma lição. Delicadamente, porém, é taxativo na recusa. Sabe dizer um NÃO sem magoar, dando as razões da negativa, explicando o porquê é obrigado a não atender ao pedido: não depende dele. Mas não titubeia nem engana nem deixa no ar uma esperança inane.


Pelas expressões de Jesus, sente-se nas entrelinhas a tristeza de quem percebe não estar sendo entendido: "não sabeis o que pedis" Essa resposta lembra muito aquela frase proferida mais tarde, em outras circunstâncias: "Não sabem o que fazem"! (LC 23:34).


Indaga então diretamente: "podeis beber o cálice que estou para beber ou ser mergulhado no mergulho em que sou mergulhado"? A resposta demonstra toda a presunção dos que não sabem, toda a pretensão dos que que ignoram: "podemos"!


Jesus deve ter sorrido complacente diante dessa mescla de amor e de ambição, de disposição ao sacrif ício como meio de conquistar uma posição de relevo! Bem iguais a nós, esses privilegiados que seguiram Jesus: entusiasmo puro, apesar de nossa incapacidade!


Cálice (em grego potêrion, em hebraico kôs pode exprimir. no Antigo Testamento, por vezes, a alegria (cfr. SL 23:5; SL 116:13; Lament 4:21); mas quase sempre é figura de sofrimento (cfr. SL 75:8; 1s.


51:17,22; EZ 23:31-33).


Baptízein é um verbo que precisa ser bem estudado; as traduções correntes insistem em transliterar a palavra grega, falando em batismo e batizar, que assume novo significado pela evolução semântica, no decorrer dos séculos por influência dos ritos eclesiásticos e da linguagem litúrgica. Batismo tomou um sentido todo especial, atribuído ao Novo Testamento, apesar de ignorado em toda a literatura anterior e contemporânea dos apóstolos. Temos que interpretar o texto segundo a semântica da época, e não pelo sentido que a palavra veio a assumir séculos depois, por influências externas.


Estudemos o vocábulo no mais autorizado e recente dicionário ("A Greek English Lexicon", de Liddell

& Scott, revised by Henry Stuart Jones, Londres, 1966), in verbo (resumindo): "Baptizô, mergulhar, imergir: xíphos eis sphagên, "espada mergulhada na garganta" (Josefo Rell. Jud.


2. 18. 4): snáthion eis tò émbryon "espátula no recém-nascido" Soranus, médico do 2. º séc. A. C. 2. 63); na voz passiva: referindo-se à trepanação Galeno, 10, 447. Ainda: báptison seautòn eis thálassau e báptison Dionyson pros tên thálassan, "mergulhado no mar" (Plutarco 2. 166 a e 914 d); na voz passiva com o sentido de "ser afogado", Epicteto, Gnomologium 47. Baptízô tinà hypnôi, "mergulho algu ém no sono" (Anthologia Graeca, Evenus elegíaco do 5. º séc. A. C.) e hynnôi bebantisméns "mergulhado no sono letárgico" (Archígenes, 2. º séc., apud Aécio 63); baptízô eis anaisthesían kaì hypnon," mergulhado na anestesia e no sono " (Josefo, Ant. JD 10, 9, 4); psychê bebaptisménê lypêi" alma mergulhada na angústia" (Libânio sofista, 4. º séc. A. D., Orationes, 64,115)".


Paulo (Rom, 6:3-4) fala de outra espécie de batismo: "porventura ignorais que todos os que fomos mergulhados em Cristo Jesus, fomos mergulhados em sua morte? Fomos sepultados com ele na morte pelo mergulho, para que, como Cristo despertou dentre os mortos pela substância do Pai, assim nós andemos em vida nova".


Até agora tem sido interpretado este trecho como referente aos sofrimentos físicos de Tiago, decapitado em Jerusalém por Herodes Agripa no ano 44 (cfr. AT 12:2) e de João, que morreu de morte natural, segundo a tradição, mas foi mergulhado numa caldeira de óleo fervente diante da Porta Latina (Tertuliano, De Praescriptione, 36 Patrol. Lat. vol. 2, col, 49) e foi exilado na ilha de Patmos (Jerônimo, Patrol. Lat. vol. 26, col. 143).


As discussões maiores, todavia, se prendem à continuação. Pois Jesus confirma que eles beberão seu cálice e mergulharão no mesmo mergulho, mas NÃO CABE a Ele conceder o lugar à sua direita ou esquerda! Só o Pai! Como? Sendo Jesus DEUS, segundo o credo romano, sendo UM com o Pai, NÃO PODE resolver? Só o Pai; E Ele NÃO SABE? Não tem o poder nem o conhecimento do que se passaria no futuro? Por que confirmaria mais uma vez aqui que o Pai era maior que Ele (JO 14:28)?


Como só o Pai conhecia "o último dia" (MT 24:36). Como só o Pai conhecia "os tempos e os momentos" (AT 1:7). Como resolver essa dificuldade? Como uma "Pessoa" da Trindade poderá não ter conhecimento das coisas? Não são três "pessoas" mas UM SÓ DEUS?


Os comentadores discutem, porque estão certos de que o "lugar à direita e à esquerda" se situa NO CÉU. Knabenbauer escreve: neque Messias in terra versans primas in caelo sedes nunc petentibus quibusque assignare potest, ac si vellet Patris aeterni decretum mutare vel abrogare (Cursus Sacrae Scripturae, Paris, 1894, pág. 281), ou seja: "nem o Messias, estando na Terra, pode dar os primeiros lugares no Céu aos que agora pedem, como se pretendesse mudar ou ab-rogar o decreto do Pai eterno".


Outros seguem a mesma opinião, como Loisy, "Les Évangiles Synoptiques", 1908, tomo 2, página 238; Huby, "Êvangile selon Saint Marc", 1924, pág. 241; Lagrange, "L’Évangile selon Saint Marc", 1929,pág. 280, etc. etc.


Os séculos correram sobre as discussões infindáveis, sem que uma solução tivesse sido dada, até que no dia 5 de junho de 1918, após tão longa perplexidade, o "Santo Ofício" deu uma solução ao caso.


Disse que se tratava do que passaria a chamar-se, por uma "convenção teológica", uma APROPRIAÇÃO, ou seja: "além das operações estritamente trinitárias, todas as obras denominadas ad extra (isto é, "fora de Deus") são comuns às pessoas da Santíssima Trindade; mas a expressão corrente - fiel à iniciativa de Jesus - reserva e apropria a cada uma delas os atos exteriores que tem mais afinidade com suas relações hipostáticas".


Em outras palavras: embora a Trindade seja UM SÓ DEUS, no entanto, ao agir "para fora", ao Pai competem certos atos, outros ao Filho, e outros ao Espírito Santo. Não sabemos, todavia, como será possível a Deus agir "para fora", se Sua infinitude ocupa todo o infinito e mais além!


Os dois irmãos, portanto, pretendem apropriar-se dos dois primeiros lugares, sem pensar em André, que foi o primeiro chamado, nem em Pedro, que recebeu diante de todos as "chaves do reino". Como verificamos, a terrível ambição encontrou terreno propício e tentou levar à ruína a união dos membros do colégio apostólico, e isso ainda na presença física de Jesus! Que não haveria depois da ausência Dele?


Swete anota que os dez se indignaram, mas "pelas costas" dos dois, e não diante deles; e isto porque foi empregada pelo narrador a preposição perí, e não katá, que exprimiria a discussão face a face.


Há aqui outra variante. Nas traduções vulgares diz-se: "não me pertence concedê-lo, mas será dado àqueles para quem está destinado por meu Pai". No entanto, o verbo hetoimózô significa mais rigorosamente" preparar ". Ora, aí encontramos hétoímastai, perfeito passivo, 3. ª pessoa singular; portanto," foi preparado".


Jesus entra com a sublime lição da humildade e do serviço, que, infelizmente, ainda não aprendemos depois de dois mil anos: é a vitória através do serviço prestado aos semelhantes. O exemplo vivo e palpitante é o próprio caso Dele: "Vim" (êlthen) indica missão especial da encarnação (cfr. MC 1:38 e 2:17; e IS 52:13 a 53:12). E essa vinda especial foi para SERVIR (diakonêsai), e não para ser servido (diakonêthênai), fato que foi exaustivamente vivido pelo Mestre diante de Seus discípulos e em relação a eles.


O serviço é para libertação (lytron). Cabe-nos estudar o significado desse vocábulo. "Lytron" é, literalmente" meio-de-libertação", a que também se denomina "resgate". O resgate era a soma de dinheiro dada ao templo, ao juiz ou ao "senhor" para, com ela, libertar o escravo. O termo é empregado vinte vezes na Septuaginta (cfr. Hatche and Redpath, "Concordance to the Septuagint", in verbo) e corresponde a quatro palavras do texto hebraico massorético: a kôfer, seis vezes; a pidion e outros derivados de pâdâh, sete vezes; a ga"al ou ge"ullah, cinco vezes, e a mehhir, uma vez; exprime sempre a compensa ção, em dinheiro, para resgatar um homicídio ou uma ofensa grave, ou o preço pago por um objeto, ou o resgate de um escravo para comprar-lhe a liberdade. E a vigésima vez aparece em Números (Números 3:12) quando o termo lytron exprime a libertação por substituição: os levitas podiam servir de lytron, substituindo os primogênitos de Israel no serviço do Templo.

Temos, portanto, aí, a única vez em que lytron não é dinheiro, mas uma pessoa humana, que substitui outra, para libertá-la de uma obrigação imposta pela lei.


Em vista disso, a igreja romana interpretou a crucificação de Jesus como um resgate de sangue dado por Deus ao Diabo (!?), afim de comprar a liberdade dos homens! Confessemos que deve tratar-se de um deus mesquinho, pequenino, inferior ao "diabo", e de tal modo sujeito a seus caprichos, que foi constrangido a entregar seu próprio filho à morte para, com o derramamento de seu sangue, satisfazerlhe os instintos sanguinários; e o diabo então, ébrio de sangue, abriu a mão e permitiu (!) que Deus pudesse carregar para seu céu algumas das almas que lhe estavam sujeitas... Como foi possível que tantas pessoas inteligentes aceitassem uma teoria tão absurda durante tantos séculos? ... Isso poderia ocorrer com espíritos inferiores em relação a homens encarnados, como ainda hoje vemos em certos" terreiros" de criaturas fanatizadas, e como lemos também em Eusébio (Patrol. Graeca, vol. 21, col. 85) que transcreve uma notícia de Philon de Byblos, segundo o qual os reis fenícios, em caso de calamidade, sacrificavam seus filhos mais queridos para aplacar seu "deus", algum "exu" atrasadíssimo.


Monsenhor Pirot (o. c. vol. 9, pág. 530) diz textualmente: "entregando-se aos sofrimentos e à morte, é que Jesus pagará o resgate de nossa pobre humanidade, e assim a livrará do pecado que a havia escravizado ao demônio"!


Uma palavra ainda a respeito de polloí que, literalmente, significa "’muitos". Pergunta-se: por que resgate" de muitos" e não "de todos"? Alguns aduzem que, em vários pontos do Novo Testamento, o termo grego polloí corresponde ao hebraico rabbim, isto é, "todos" (em grego pántes), como em MT 20:28 e MT 26:28; em MC 14:24; em RM 5:12-19 e em IS 53:11-12).


Sabemos que (MT 1:21) foi dado ao menino o nome de Jesus, que significa "Salvador" porque libertar á "seu povo de seus erros"; e Ele próprio dirá que traz a libertação para os homens (LC 4:18).


Esta lição abrange vários tópicos:

  • a) o exemplo a ser evitado, de aspirar, nem mesmo interior e subconscientemente, aos primeiros postos;

  • b) a necessidade das provas pelas quais devem passar os candidatos à iniciação: "beber o cálice" e "ser mergulhados";

  • c) a decisão, em última instância, cabe ao Pai, que é superior a Jesus (o qual, portanto, não é Deus no sentido absoluto, como pretendem os católicos romanos, ortodoxos e reformados);

  • d) a diferença, mais uma vez sublinhada, entre personagem e individualidade, sendo que esta só evolui através da LEI DO SERVIÇO (5. º plano).


Vejamo-lo em ordem.


I - É próprio da personagem, com seu "eu" vaidoso e ambicioso, querer projetar-se acima dos outros, em emulação de orgulho e egoísmo. São estes os quatro vícios mais difíceis de desarraigar da personagem (cfr. Emmanuel, "Pensamento e Vida", cap. 24), e todos os quatro são produtos do intelecto separatista e antagonista da individualidade.


O pedido de Tiago (Jacó) e de João, utilizando-se do "pistolão" de sua mãe, é típico, e reflete o que se passa com todas as criaturas ainda hoje. Neste ponto, as seitas cristãs que se desligaram recentemente do catolicismo (reformados e espiritistas) fornecem exemplos frisantes.


Entre os primeiros, basta que alguém julgue descobrir nova interpretação de uma palavra da Bíblia, para criar mais uma ramificação, em que ele EVIDENTEMENTE será o primeiro, o "chefe".


O mesmo se dá entre os espiritistas. Pululam "centros" e "tendas" que nascem por impulso vaidoso de elementos que se desligam das sociedades a que pertenciam para fundar o SEU centro ou a SUA tenda: ou foram preteridos dos "primeiros lugares à direita e à esquerda" do ex-chefe; ou se julgam mais capazes de realização que aquele chefe que, segundo eles, não é dinâmico; ou discordam de alguma interpretação da doutrina; ou querem colocar em evidência o SEU "guia", que acham não estar sendo bastante "prestigiado" (quando não é o próprio "guia" (!) que quer aparecer mais, e incita o seu" aparelho" a fundar outro centro PARA Ele!); ou a criatura quer simplesmente colocar-se numa posição de destaque de que não desfrutava (embora jamais confesse essa razão); ou qualquer outro motivo, geralmente fútil e produto da vaidade, do orgulho, do egoísmo e da ambição. Competência? Cultura?


Adiantamento espiritual? Ora, o essencial é conquistar a posição de "chefe"! Há ainda muitos Tiagos e Joões, e também muitas Salomés, que buscam para seus filhos ou companheiros os primeiros lugares, e tanto os atenazam com suas palavras e reclamações, que acabam vencendo. Que se abram os olhos e se examinem as consciências, e os exemplos aparecerão por si mesmos.


Tudo isso é provocado pela ânsia do "eu" personalístico, de destacar-se da multidão anônima; daí as" diretorias" dos centros e associações serem constituídas de uma porção de NOMES, só para satisfazer à vaidade de seus portadores, embora estes nada façam e até, por vezes, atrapalhem os que fazem.


O Antissistema é essencialmente separatista e divisionista, e por isso o dizemos " satânico" (opositor).


II - As "provas" são indispensáveis para que as criaturas sejam aprovadas nos exames. E por isso Jesus salienta a ignorância revelada pelo pedido de quem queria os primeiros postos, sem ter ainda superado a" dificuldades do caminho: "não sabeis o que pedis"!


O cálice que deve beber o candidato é amargo: são as dores físicas, os sofrimentos morais, as angústias provocadas pela aniquilação da personalidade e pela destruição total do "eu" pequeno, que precisa morrer para que a individualidade cresça (cfr. JO 3:30); são as calúnias dos adversários e: , sobretudo, dos companheiros de ideal que o abandonam, com as desculpas mais absurdas, acusandoo de culpas inexistentes, embora possam "parecer" verdadeiras: mas sempre falando pelas costas, sem dar oportunidade ao acusado de defender-se: são os martírios que vêm rijos: as prisões materiais (raramente) mas sobretudo as morais: por laços familiares; as torturas físicas (raras, hoje), mas principalmente as do próprio homem, criadas pelo "eu" personalístico, que o incita a largar tudo e a trocar os sacrifícios por uma vida fácil e tranquila, que lhe é tão simples de obter...


Mas, além disso, há outra prova: o MERGULHO na "morte".


Conforme depreendemos do sentido de baptízô que estudamos, pode o vocábulo significar: mergulhar ou imergir na água; mergulhar uma espada no corpo de alguém; mergulhar uma faca para operar cirurgicamente; mergulhar alguém no sono letárgico, ou mergulhar na morte.


Podemos, pois, interpretar o mergulho a que Jesus se refere como sendo: o mergulho no "coração" para o encontro com o Cristo interno; o mergulho que Ele deu na atmosfera terrena, provindo de mundos muito superiores ao nosso; o mergulho no sono letárgico da "morte", para superação do quinto grau iniciático, do qual deveria regressar à vida, tal como ocorrera havia pouco com Lázaro; ou outro, que talvez ainda desconheçamos. Parece-nos que a referência se fez à iniciação.


Estariam os dois capacitados a realizar esse mergulho e voltar à vida, sem deixar que durante ele se rompesse o "cordão prateado"? Afoitamente responderam eles: "podemos"! Confiavam nas próprias forças. Mas era questão de tempo para preparar-se. João teve tempo, Tiago não... Com efeito, apenas doze anos depois dessa conversa, (em 42 A. D.) Tiago foi decapitado, não conseguindo, pois, evitar o rompimento do "umbigo fluídico". Mas João o conseguiu bem mais tarde, quando pode sair com vida (e Eusébio diz "rejuvenescido") da caldeira de óleo fervente, onde foi literalmente mergulhado.


A esse mergulho, então, parece-nos ter-se referido Jesus: mergulho na morte com regresso à vida, após o "sono letárgico" mais ou menos prolongado, que Ele realizaria pouco mais tarde.


Esse mergulho é essencial para dar ao iniciado o domínio sobre a morte (cfr. "a morte não dominará mais além dele", RM 6:9; "por último, porém, será destruída a morte", 1CO 15:26; "a morte foi absorvida pela vitória; onde está, ó morte, tua vitória? onde está, ó morte, teu estímulo"?, 1CO

15:54-55; "Feliz e santo é o que tem parte na primeira ressurreição: sobre estes a segunda morte não tem poder, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele durante os mil anos": AP 20:6). De fato, a superação do quinto grau faz a criatura passar ao sexto, que é o sacerdócio (cfr. vol. 4).


Modernamente o sacerdócio é conferido por imposição das mãos, com rituais específicos, após longa preparação. No catolicismo, ainda hoje, percebemos muitos resquícios das iniciações antigas, como podemos verificar (e o experimentamos pessoalmente). Em outras organizações que "se" denominam" ordens iniciáticas", o sacerdócio é apenas um título pro forma, simples paródia para lisonjear a vaidade daqueles de quem os "Chefes" querem, em retribuição, receber também adulações, para se construírem fictício prestígio perante si mesmos.


O sacerdócio REAL só pode ser conferido após o mergulho REAL, efetivo e consciente, plenamente vitorioso, no reino da morte. Transe doloroso e arriscado para quem não esteja à altura: "podeis ser mergulhados no mergulho em que sou mergulhado"?


A morte, realizada em seu simulacro, no sono cataléptico era rito insubstituível no Egito, onde se utilizava, por exemplo, a Câmara do Rei, na" pirâmide de Quéops, para o que lá havia (e ainda hoje lá está), o sarcófago vazio, onde se deitavam os candidatos. Modernamente, Paul Brunton narra ter vivido pessoalmente essa experiência (in "Egito Secreto"). Também na Grécia os candidatos passavam por essa prova, sob a proteção de Hades e Proserpina, nos mistérios dionisíacos; assim era realizado em Roma (cfr. Vergílio, Eneida, canto VI e Plotino, Enéadas, sobretudo o canto V); assim se, fazia em todas as escolas antigas, como também, vimo-lo, ocorreu com Lázaro.


Superada essa morte, o vencedor recebia seu novo nome, o hierónymos (ou seja, hierós, "sagrado";


ónymos, "nome"), donde vem o nome "Jerônimo"; esse passava a ser seu nome sacerdotal, o qual, de modo geral, exprimia sua especialidade espiritual, intelectual ou artística; costume que ainda se conserva na igreja romana, sobretudo nas Ordens Monásticas (cfr. vol. 5, nota) (1). O catolicismo prepara para o sacerdócio com cerimônias que lembram e "imitam" a morte, da qual surge o candidato, após a "ordenação", como "homem novo" e muitas vezes com nome diferente.


(1) Veja-se, também, a esse respeito: Ephemerides Archeologicae, 1883, pág. 79; C. I. A., III, 900; Luciano, Lexiphanes, 10; Eunapio, In Maximo, pág. 52; Plutarco, De Sera Numinis Vindicta, 22.


III - Já vimos que Jesus, cônscio de Sua realidade, sempre se colocou em posição subalterna e submissa ao Pai, embora se afirmasse "unido a Ele e UNO com Ele" (JO 10:30, JO 10:38; 14:10, 11, 13;


16:15, etc. etc.) .


Vejamos rapidamente alguns trechos: "esta é a vontade do Pai que me enviou" (JO 6:40), logo vontade superior à Sua, e autoridade superior, pois só o superior pode "enviar" alguém; "falo como o Pai me ensinou" (JO 8:28), portanto, o inferior aprende com o superior, com quem sabe mais que ele; "o Pai me santificou" (JO 10. 36), o mais santo santifica o menos santo; "O Pai que me enviou, me ordenou" (JO 12:49), só um inferior recebe ordens e delegações do superior; "falo como o Pai me disse" (JO 12:50), aprendizado de quem sabe menos com quem sabe mais; "o Pai, em mim, faz ele mesmo as obras" (JO 14:11), logo, a própria força de Jesus provém do Pai, e reconhecidamente não é sua pessoal; "o Pai é maior que eu" (JO 14:28), sem necessidade de esclarecimentos; "como o Pai me ordenou, assim faço" (JO 14:31); "não beberei o cálice que o Pai me deu"? (JO 18:11), qual o inferior que pode dar um sofrimento a um superior? "como o Pai me enviou, assim vos envio" (JO 20:21); e mais: "Quem me julga é meu Pai" (JO 8:54); "meu Pai, que me deu, é maior que tudo" (JO 10:29); "eu sou a videira, meu Pai é o viticultor" (JO 15:1), portanto, o agricultor é superior à planta da qual cuida; "Pai, agradeço-te porque me ouviste" (JO 11:41), jamais um superior ora a um inferior, e se este cumpre uma "ordem" não precisa agradecer-lhe; "Pai, salva-me desta hora" (JO 12:27), um menor não tem autoridade para "salvar" um maior: sempre recorremos a quem está acima de nós; e mais: "Pai, afasta de mim este cálice" (MC 14:36); "Pai, se queres, afasta de mim este cálice" (LC 22:42); "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (LC 23:34), e porque, se fora Deus, não diria: "perdoo-lhes eu"? e o último ato de confiança e de entrega total: "Pai, em tuas mãos entrego meu espírito" (LC 23:46), etc.


Por tudo isso, vemos que Jesus sempre colocou o Pai acima Dele: "faça-se a tua vontade, e não a minha" (MT 26:42, LC 22:42). Logo, não se acredita nem quer fazer crer que seja o Deus Absoluto, como pretendeu torná-Lo o Concílio de Nicéia (ano 325), contra os "arianos", que eram, na realidade, os verdadeiros cristãos, e dos quais foram assassinados, em uma semana, só em Roma, mais de 30. 000, na perseguição que contra eles se levantou por parte dos "cristãos" romanos, que passaram a denominar-se "católicos".


Natural que, não sendo a autoridade suprema, nem devendo ocorrer as coisas com a simplicidade suposta pelos discípulos, no restrito cenário palestinense, não podia Jesus garantir coisa alguma quanto ao futuro. Daí não poder NINGUÉM garantir "lugares determinados" no fabuloso "céu", como pretenderam os papas católicos ao vender esses lugares a peso de ouro (o que provocou o protesto veemente de Lutero); nem mesmo ter autoridade para afirmar que A ou B são "santos" no "céu", como ainda hoje pretendem com as "canonizações". Julgam-se eles superiores ao próprio Jesus, que humilde e taxativamente asseverou: "não me compete, mas somente ao Pai"! A pretensão vaidosa dos homens não tem limites! ...


IV - A diferença entre a personagem dominadora e tirânica, representada pelo exemplo dos "governadores de povos" e dos "grandes", e a humildade serviçal da individualidade" é mais uma vez salientada.


Aqueles que seguem o Cristo, têm como essencial SERVIR ATRAVÉS DO AMOR e AMAR ATRAVÉS

DO SERVIÇO.


Essa é a realidade profunda que precisa encarnar em nós. Sem isso, nenhuma evolução é possível.


O próprio Jesus desceu à Terra para servir por amor. E esse amor foi levado aos extremos imagináveis, pois além do serviço que prestou à humanidade, "deu sua alma para libertação de muitos".


Esta é uma das lições mais sublimes que recebemos do Mestre.


Quem não liquidou seu personalismo e passou a "servir", em lugar de "ser servido", está fora da Senda.


DAR SUA ALMA, que as edições vulgares traduzem como "dar sua vida", tem sentido especial. O fato de "dar sua vida" (deixar que matem o corpo físico) é muito comum, é corriqueiro, e não apresenta nenhum significado especial, desde o soldado que "dá sua vida" para defender, muitas vezes, a ambição de seus chefes, até a mãe que "dá sua vida" para colocar mundo mais um filho de Deus; desde o fanático que "dá sua vida" para favorecer a um grupo revolucionário, até o cientista que também "dá sua vida" em benefício do progresso da humanidade; desde o mantenedor da ordem pública que "dá sua vida" para defender os cidadãos dos malfeitores, até o nadador, que "dá sua vida" para salvar um quase náufrago; muitas centenas de pessoas, a cada mês, dão suas vidas pelos mais diversos motivos, reais ou imaginários, bons ou maus, filantrópicos ou egoístas, materiais ou espirituais.


Ora, Jesus não deu apenas sua vida, o que seria pouca coisa, pois com o renascimento pode obter-se outro corpo, até bem melhor que o anterior que foi sacrificado.


Jesus deu SUA ALMA, Sua psychê, toda a Sua sensibilidade amorosa, num sacrifício inaudito, trazendoa de planos elevados, onde só encontrava a felicidade, para "mergulhar" na matéria grosseira de um planeta denso e atrasado, imergindo num oceano revolto de paixões agudas e descontroladas, tendo que manter-se ligado aos planos superiores para não sucumbir aos ataques mortíferos que contra Ele eram assacados. Sua aflição pode comparar-se, embora não dê ainda ideia perfeita, a um mergulhador que descesse até águas profundas do oceano, suportando a pressão incomensurável de muitas toneladas em cada centímetro quadrado do corpo. Pressão tão grande que sufoca, peso tão esmagador que oprime. Nem sempre o físico resiste. E quando essa pressão provém do plano astral, atingindo diretamente a psychê, a angústia é muito mais asfixiante, e só um ser excepcional poderá suportá-la sem fraquejar.


Jesus deu Sua psychê para libertação de muitos. Realmente, muitos aproveitaram o caminho que ele abriu. Todos, não. Quantos se extraviaram e se extraviam pelas estradas largas das ilusões, pelos campos abertos do prazer, aventurando-se no oceano amplo de mâyâ, sem sequer desconfiar que estão passeando às tontas, sem direção segura, e que não alcançarão a pleta neste eon; e quantos, também, despencam ladeira abaixo, aos trambolhões, arrastados pelas paixões que os enceguecem, pelos vícios que os ensurdecem, pela indiferença que os paralisa; e vão de roldão estatelar-se no fundo do abismo, devendo aguardar outras oportunidades: nesta, perderam a partida e não conseguiram a liberdade gloriosa dos Filhos de Deus.


Muitos, entretanto, já se libertaram. São os que se esquecem de si mesmos, os que deixam de existir e se transformam em pão, para alimentar a fome da humanidade: a fome física, a fome intelectual, a fome espiritual; e transubstanciam seu sangue em vinho de sabedoria, em vinho de santidade, em vinho de amor, para inebriar as criaturas com o misticismo puro da plenitude crística, pois apresentam a todos, como Mestre, apenas o Cristo de Deus, e desaparecem do cenário: sua personalidade morre, para surgir o Cristo em seu lugar; seu intelecto cala, para erguer-se a voz diáfana do Cristo; suas emoções apagam-se, para que só brilhe o amor do Cristo. E através deles, os homens comem o Pão Vivo descido do céu, que é o Cristo, e bebem o sangue da Nova Aliança, que é o Cristo, e retemperam suas energias e se alçam às culminâncias da perfeição, porque mergulham nas profundezas da humildade e do amor.


Essa é a libertação, que teve como lytron ("meio-de-libertação") a sublime psychê de Jesus. Para isso, Ele deu Sua psychê puríssima e santa; entregando-a à humanidade que O não entendeu... e quis assassiná-Lo, porque Ele falava uma linguagem incompreensível de liberdade, a linguagem da liberdade, a linguagem da paz, a linguagem da sabedoria e do amor.


Deu sua psychê generosa e amoravelmente, para ajudar a libertar os que eram DELE: células de Seu prístino corpo, que Lhe foram dadas pelo Pai, ao Qual Ele pediu que, onde Ele estivesse, estivessem também aqueles que Lhe foram doados (JO 17:24), para que o Todo se completasse, a cabeça e os membros (cfr. 1CO 12:27). A esse respeito já escrevemos (cfr. vol. 1 e vol. 5).



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36
1. Uma Vida Nova Para um Homem Morto — Nicodemos (Jo 3:1-21)

Uma das infelicidades ocasionais nas divisões de capítulos da Bíblia é uma aparente ruptura no pensamento onde não deveria haver ruptura. O início do capítulo 3 é um excelente exemplo disto. João escreveu que Jesus "sabia o que havia no homem" (Jo 2:25). Mas João prosseguiu dizendo, sem qualquer quebra de linha nem ruptura de pensamen-to, que havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus (1). É como se João estivesse dizendo: "Jesus tinha o conhecimento perfeito das necessidades mais profundas dos homens. Vamos citar alguns exemplos, começando com um homem, o fariseu Nicodemos". Assim, Nicodemos se torna a "evidência A" para ilus-trar o que Jesus conhece sobre os homens.

A palavra para homem tanto em Jo 2:25 quanto em Jo 3:1 é anthropos, que basicamente se refere aos homens como uma classe. É uma palavra genérica. Assim, o que se diz aqui a respeito de Nicodemos, um indivíduo, é dito sobre todos os homens. Esta é uma das muitas universalizações do Evangelho de João. A salvação é para "todos" (16), mas tam-bém é verdade que todos os homens precisam do nascimento que vem do céu (cf. Rm 3:23).

O cuidado com que se descreve a situação de Nicodemos na vida religiosa judaica não é uma coincidência. Ele era um homem entre os fariseus, um príncipe dos ju-deus. Se algum homem, na ordem antiga, conheceu o significado de Deus e dos seus planos e propósitos para o homem, esse foi Nicodemos — ele era profundamente entra-nhado na tradição monoteísta, além dos ensinos da lei, da história de Israel e das procla-mações dos profetas. Mas em algum lugar, de alguma maneira, ele se perdera no cami-nho, e de alguma maneira exemplificava o que havia acontecido com o judaísmo. Assim, uma vez mais, João estabelece um vívido contraste entre a antiga aliança, com todos os seus mal-entendidos, as suas inadequações e suas falhas, e a nova aliança, que assegura a abundância da vida, que tem o Deus vivo e verdadeiro como a sua Fonte.

Este foi ter de noite com Jesus (2). Há uma grande dose de especulação quanto ao motivo pelo qual Nicodemos veio de noite. Alguns dizem ter sido por medo das opini-ões alheias, especialmente de seus colegas. Há algo a ser dito a este respeito, à luz de outras duas ocasiões nas quais ele aparece neste Evangelho. A sua defesa de Jesus em 7.50 parece ser um pouco impessoal, e foi José de Arimatéia quem iniciou o pedido do corpo de Jesus (Jo 19:39). Talvez Nicodemos quisesse uma reunião tranqüila, à noite. Mas uma pergunta melhor sobre esta visita seria: "Por que ele veio, afinal?" A resposta pode explicar por que ele veio de noite. Devido à profunda necessidade da sua alma, ele veio até o Senhor saindo da escuridão na qual ele e os seus companheiros estavam imersos. Compare isto com o ato de Judas. Quando ele deixou Jesus para ir fazer o acordo com os judeus, ele saiu "e era já noite" (13.30). O contraste vívido entre a luz e as trevas aparece regularmente ao longo de todo o Evangelho (cf. Jo 1:5-9; 3.19; 8.12; 9:4-5; 12.35).

Nicodemos disse: Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele (2). Os milagres que Jesus realizara (2,23) indicavam o caminho para Nicodemos e para aqueles que este representava (observe a forma plural sabemos). Por causa desses milagres, eles pensavam que Jesus era um professor especial enviado por Deus. Rabi... és... vindo de Deus. Mas isto não significava que Jesus estava sendo reconhecido como o Messias.'

Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus (3). Com um discernimento claro, Jesus foi direto ao centro do problema de Nicodemos. Era necessário um novo tipo de vida, se alguém quisesse ver a presença de Deus, o seu plano e o seu objetivo para o homem. Westcott diz:

Sem este novo nascimento — esta apresentação a uma conexão vital com uma nova ordem de ser, com a correspondente doação de capacidades — nenhum homem consegue ver — consegue perceber exteriormente — o Reino de Deus. Os nossos poderes naturais não conseguem perceber o que é essencialmente espiritual. É necessária uma nova visão para os assuntos da nova aliança."

Mas essa nova visão é impossível, se a pessoa não tiver a nova vida. Jesus é cuidado-so ao indicar a fonte dessa nova vida. A expressão aquele que não nascer de novo tem, na verdade, um duplo sentido. A palavra traduzida como "de novo" é anothen, que tem vários significados: "de cima", "novamente" e "sob uma nova forma".14 Essa palavra é usada por João com o óbvio significado de "do céu" em Jo 3:31 e Jo 19:11. Esta poderia ter sido a intenção de Jesus aqui. Se o homem espera ter vida no sentido eterno e real, ela deve vir do céu. A vida biológica se recebe dos pais, mas a vida que vem de Deus somente Ele pode dar (1.13), e esta vem de cima. Acredita-se no significado de novo porque a resposta de Nicodemos usa a palavra tornar, ou seja, outra vez, uma segunda vez. Evi-dentemente, isto foi o que Nicodemos entendeu daquilo que Jesus disse. O significado "sob outra forma" fornece uma tradução feliz aqui, porque combina a idéia de alguma coisa nova e diferente — "de cima" — com a idéia de de novo.

Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? pode, porventura, entrar novamente no ventre de sua mãe e nascer? Respon-deu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus (4-5). As perguntas de Nicodemos refletem mais do que simplesmente uma má interpretação da declaração de Jesus. Ele pode ter entendido perfeitamente bem! Como ele poderia acreditar que um homem sen-do velho seria transformado em uma nova criatura? As perguntas podem refletir os seus próprios sentimentos de estar perdido na noite do pecado e da morte, para onde nem mesmo a mais elevada forma de religião foi capaz de trazer luz e vida. Realmente, é inadequada e falsa a religião que não transforma um homem em alguma coisa nova, sem oferecer-lhe um novo nascimento!

A resposta de Jesus a Nicodemos fortalece de uma vez a sua declaração anterior e resume, em uma frase sugestiva, todo o plano de redenção do homem. Aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus (5). A palavra aqui traduzida como aquele é o pronome indefinido tis, que pode significar "qualquer homem". Aqui se faz uma universalização. O que lemos nesta passagem é verdadeiro para qualquer homem, e não apenas para Nicodemos. Mas, por que a mudança de nas-cer de novo (3) para nascer da água e do Espírito (5) ? Um rápido exame do uso da palavra água nesses contextos (Jo 1:33-2:6-7; 4:6-7; 5:2-3; 7:38-39) revela que, neste Evan-gelho, ela é um símbolo da ordem antiga da lei com os seus rituais de batismos, purifica-ções e limpezas. É necessário ter em mente que: 1. Jesus declarou que Ele veio para cumprir, e não para destruir a lei (Mt 5:17) ; 2. Em cada um dos exemplos mencionados acima, a ordem representada pela água não foi destruída — por exemplo, as seis talhas não foram quebradas, mas sim enchidas; 3. Em cada um deles, a água está inserida em um contexto que trata de uma nova ordem — por exemplo, o Espírito (Jo 1:33), o vinho novo (Jo 2:10), "uma fonte de água a jorrar para a vida eterna" (Jo 4:14), a perfeita saúde (5.9), o Espírito (Jo 7:39) ; 4. Neste exemplo (Jo 3:10), Jesus está falando com o "professor de Israel". À vista disso, é fácil entender por que Ele disse nascer da água e do Espírito. É como se Ele dissesse: "Nicodemos, comece onde você está. Mas a realização, a vida e a solução do seu problema mais íntimo só virão através de um nascimento de cima, o nascimento do Espírito!" Compare Jo 3:5 com Jo 19:34 e com I João 5:6-8.

O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito (6). O gerado sempre é semelhante ao que o gerou. A aliança antiga só pode produzir a vida antiga. A escuridão gera a escuridão. A lei, que é para aqueles que estão sem lei, não pode gerar uma vida boa. Se alguém quer ter vida, a fonte deve ser o Espírito. A preposi-ção usada nesta última frase é muito clara. Uma tradução literal seria "O que é nascido a partir do Espírito é espírito".

Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito (7-8). Aqui o argumento, por analogia, é particularmente potente, porque se baseia em um jogo com a palavra pneuma, que significa tanto "vento" quanto "espírito". O fato do vento ninguém pode negar: o seu comportamento — de onde e para onde — nenhum humano, nem mesmo um professor, conhece em sua totalidade. Existe um elemento de mistério. Então, por que alguém de-veria ser "interrompido" pelo elemento do mistério no novo nascimento? "O grande mis-tério da religião não é a punição, mas o perdão do pecado: não é a permanência natural de caráter, mas a regeneração espiritual".15

Nicodemos respondeu e disse-lhe: Como pode ser isso? Jesus respondeu e disse-lhe: Tu és mestre de Israel e não sabes isso? (9-10). A declaração três vezes repetida por Jesus sobre o tema "é necessário nascer de novo" (3,5,7), juntamente com o seu exemplo do fenômeno natural do vento, deixou Nicodemos maravilhado e surpreso. Da mesma maneira, Jesus não pareceu comovido pela falta de compreensão espiritual por parte daquele "professor de Israel". O uso do artigo definido com "professor", que aparece no texto grego, não é acidental. Como Nicodemos representava o melhor do juda-ísmo, uma falha neste ponto mostra a morte espiritual, a escuridão e a ignorância que caracterizavam a antiga aliança. Foi a esta aliança, assim como a Nicodemos, que Jesus veio para dar vida, a vida abundante (Jo 10:10).

Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos, e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? (11‑12). O uso das formas no plural, como dizemos e aceitais, causa alguns problemas para o exegeta. Sabemos... testificamos, segundo Westcott, esta frase se refere a Jesus e àqueles que Ele reunira a sua volta.' Bernard rejeita esta hipótese com base no fato de que esta conexão entre o testemunho de Jesus e o de seus discípulos não é característica do registro de João. Ele argumenta que este uso da forma nós é editorial.17 De qualquer forma, é instrutivo observar que o nós está em vívido contraste com o vós. Dar testemunho é um paralelo à rejeição do testemunho. Assim, a totalidade do testemunho (ou seja, a Encarnação e aqueles que acreditam) está contrastando com a rejeição do testemunho pelos judeus (cf. Jo 1:10-11).

Existem muitos que dividem a experiência do mundo e a espiritual. Coisas terres-tres, para eles, significam a certeza e a realidade. As celestiais significam mistério, o irreal e as superstições. Mas, como Jesus tão claramente indicou para Nicodemos, tudo na vida envolve algum mistério. Até mesmo os cientistas que possuem os maiores conhe-cimentos se intimidam quando enfrentam a questão do significado do universo. Nenhum homem pode viver sem algum tipo de fé em alguém ou em alguma coisa.

Ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu (13). A última parte, que está no céu, não aparece em vários manuscritos antigos. O versículo fala da Encarnação como a única testemunha dotada de autoridade sobre as coisas celestiais (ou seja, as coisas do Espírito). A expressão o que desceu do céu é peculiar a João e se refere claramente à Encarnação (Jo 6:33-38, 41-42, 50-51,58). O uso do título Filho do Homem simplesmente reforça esta afirmação.

E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (14-15). Como alguns dentre o povo de Israel falaram "contra Deus e contra Moisés... o Senhor mandou entre o povo serpentes ardentes" (Nm 21:5-6). Os sobreviventes arrependidos, ameaçados pela morte, apelaram a Moisés. Seguindo as instruções do Senhor, Moisés fez uma serpente de metal e a colocou sobre uma haste que ficava erguida para que os feridos a vissem. Os que olhavam para ela, permaneciam vivos. Assim importa que o Filho do Homem seja levantado; Jesus sabia disto. A necessidade da cruz é dupla. A primeira é o tipo de mundo a que Cristo veio. "A Encarnação, sob as circunstâncias da humanidade, traz consigo a necessidade da Paixão".18 A segun-da é o amor que enviou Jesus. Esse amor é a expressão da natureza divina, um supremo esforço para alcançar e redimir os homens perdidos que estão sob o aguilhão e a sentença de morte. O exemplo como um todo é um tipo de paradoxo que diz: embora a cruz seja um instrumento de morte, nela há vida.

Todo aquele que crê é uma expressão que se refere ao evangelho universal, ou seja, às Boas Novas para todos os homens. Não existem barreiras de nação, de raça ou de tempo. O sacrifício perfeito foi realizado. O homem deve reagir, deve ter fé. O texto grego usa a preposição eis — que significa "em", "dentro", "para dentro" — com o verbo crer. Uma tradução literal seria "todo aquele que deposita a sua fé nele". A fé é a resposta perfeita do homem ao chamado e à reivindicação de Deus a seu respeito.

Esta é a primeira menção à vida eterna, a dádiva que recebem aqueles que têm fé. Que clímax tão adequado para a conversa entre Jesus e Nicodemos, que tinha vindo da escuridão e da morte para aquele que é a Luz e a Vida! A recompensa é a vida eterna.

As autoridades divergem quanto ao ponto onde termina a conversa entre Jesus e Nicodemos. Uns julgam que o fim está no versículo 13, outros no 15, e ainda há outros indicam o versículo 21. No entanto, a maioria dos estudiosos pensa que no versículo 16 têm início a reflexão e o comentário de João sobre o que Jesus disse.

A partir da história de Nicodemos (Jo 3:1-15), Alexander Maclaren levanta a questão "Professor ou Salvador?" 1. A confissão imperfeita (1-2) ; 2. Jesus Cristo lida com a confis-são imperfeita (3-15) ; 3. O corajoso confessor (Jo 7:50-52; 19:38-39).

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (16). Esta é a primeira menção ao amor de Deus neste Evangelho. É um tema dominante no livro, embora pouco se fale até o capítulo 13. Deus amou o mundo de tal maneira. Aqui, novamente, está a idéia do alcance universal. O evangelho é para todos os homens. Ne-nhum deles está excluído. Isto descreve por que Deus fez o que fez. Ele amou! A palavra em grego é egapesen. Este é o amor que se move pelos interesses do outro, sem pensar nos próprios interesses. E um amor que deseja arriscar tudo por alguma vantagem para outra pessoa, que não considera nenhum preço muito alto se outra pessoa puder receber algum benefício. O tempo aoristo do verbo indica que o ato de amor de Deus não é limita-do pelo tempo e simultaneamente é único e completo. É o amor absoluto!

Deu o seu Filho unigênito. Embora este ato seja muito mais freqüentemente des-crito pelo verbo "enviar" (e.g., Jo 3:17-34; 6.29,38-40), aqui a idéia enfatizada é a do presente de Deus para o homem (cf. Jo 4:10). Outra vez, o tempo do verbo dar se refere a um ato absoluto e completo (cf. Hb 10.14). Ele deu o seu Filho unigênito, ou seja, a Dádiva que era mais preciosa, e "o título 'unigênito' é acrescentado para destacar este conceito".'

... Todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. As alterna-tivas estão definidas. Elas são a vida e a morte! A Dádiva de Deus tornou possível que o homem faça a escolha, a resposta da fé. Os verbos perecer e ter estão em tempos dife-rentes no original. O primeiro está em aoristo e significa "de uma vez por todas", expulso para a escuridão exterior. O último está no presente, indicando uma vida eterna presen-te e duradoura.

Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mun-do, mas para que o mundo fosse salvo por ele (17). A palavra condenar pode ser traduzida como "julgar", e isto se aplica ao seu uso nos dois versículos seguintes. O propósito da Dádiva de Deus não era levar os homens a um julgamento, mas sim à salvação. Apesar disso, o julgamento é inevitável, e é o próprio homem que o causa, quando se recusa a aceitar a Dádiva mediadora e expiatória de Deus. "O homem é livre para esco-lher o tormento sem Deus ao invés da felicidade em Deus; é como se ele tivesse o direito de ir para o inferno"."

O julgamento e a condenação não vêm para o homem que tem fé, porque quem crê nele não é condenado (18). A tradução literal seria: "Aquele que põe a sua fé nele [i.e., em Jesus Cristo] não está sendo julgado". Quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. Esta afirmação forte por si mesma adquire um novo peso de advertência quando consideramos o tempo dos dois verbos: está condenado e não crê. No grego, ambos estão em tempo passado perfeito, apresentando um estado presente que é o resultado de uma ação passada. Assim, nesta vida, a condenação é um fato porque quem não crê já foi julgado. A condenação é um estado presente porque o que não crê se recusou a crer.

Existe uma "porta aberta para a vida", a vida de Deus para os homens. Ela tem três características: 1. É o presente de Deus que vem de cima (3,16) ; 2. Só vem para aqueles que têm fé (15-16) ; 3. A alternativa para a vida é o julgamento de Deus (18).
Com o versículo 19, o exemplo passa da vida para a luz, e da falta de fé para as trevas. A razão pela qual os homens passam pelo julgamento e pela condenação é: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más (19; cf. Jo 1:4-9-11; 8.12; 9:4-5).

A descrença e a fé têm as suas conseqüências naturais e inevitáveis, que estão cui-dadosamente descritas nos versículos 20:21. A falta de fé resulta em atos iníquos.

Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas (20). A seqüência está clara — falta de fé, escu-ridão, atos iníquos. A falta de fé e uma existência ligada à iniqüidade andam de mãos dadas. O homem que afirma que não faz diferença em que ele acredita também está dizendo que as ações não têm valor ou significado moral. Por outro lado, e em vívido contraste, está o homem de fé. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus (21). Observe a seqüência — fé, vida, luz, boas obras. Para ter uma vida santa é necessário ser um homem santificado (cf. Mt 7:16-20). As duas coisas são inseparáveis. Uma das palavras-chave no Evangelho de João é verdade. A verdade é sempre pessoal; está sempre baseada na natureza e no caráter de Deus, e é a maneira pela qual o homem deve viver em seu relacionamento tanto com Deus quanto com os demais homens. A verdade deve ser dita e também praticada — quem pratica a verdade.

2. O Novo Mestre (Jo 3:22-36)

Os três primeiros versículos desta seção assinalam uma transição tanto de lugar quanto de pessoas. Jesus tinha estado em Jerusalém, onde realizou muitos milagres, e então conversou com Nicodemos. Depois disso, foi Jesus com os seus discípulos para a terra da Judéia; e estava ali com eles e batizava (22). A expressão para a terra da Judéia, no Novo Testamento, só ocorre aqui e provavelmente se refere "aos distritos do interior da Judéia... algum lugar próximo aos rios rasos nas proximidades de Jerico" (ver o mapa 1).21

Uma vez que toda esta seção está dedicada a uma explicação ampliada do relaciona-mento entre João Batista e Jesus, os dois ocupam o centro da cena, enquanto os judeus, os discípulos de João e os discípulos de Jesus só aparecem em segundo plano. Ora, João batizava também em Enom, junto a Salim, porque havia ali muitas águas; e vinham ali e eram batizados. Porque ainda João não tinha sido lançado na prisão (23-24). Não se sabe onde ficava este local em que João batizava, e que é menci-onado aqui, mas provavelmente não estava situado no Jordão. Normalmente, julga-se que Salim ficava de "seis a oito quilômetros a leste de Siquém, onde hoje existe uma pequena aldeia com o mesmo nome".22 Duas ou três possíveis localizações de Enom fo-ram sugeridas, mas não há certeza sobre nenhuma delas. Talvez a palavra signifique "abundante em fontes" (cf. "havia ali muitas águas").

A época da conversa que se segue fica clara pela seguinte afirmação: João ainda não tinha sido lançado na prisão (24; cf. Mt 4:12; Mac 1.14).

O testemunho que João Batista estava prestes a dar é contrastado com o cenário de uma questão relativa à purificação. Houve, então, uma questão entre os discí-pulos de João e um judeu, acerca da purificação. E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tu des-te testemunho, ei-lo batizando, e todos vão ter com ele (25-26). O velho procedi-mento da religião ritualista, mas vazia e sem poder, é representado aqui pelos judeus (cf. Jo 2:6). Eles colocavam muita ênfase na purificação (lavagem cerimonial) do corpo. O amanhecer de um novo dia, um caminho melhor, uma proclamação profética é repre-sentada por João (cf. Jo 1:33). A consumação é encontrada na pessoa daquele que estava com João além do Jordão.

A resposta de João aos judeus indica que ele soube imediatamente o que eles real-mente queriam saber. "Qual é a sua opinião sobre este homem que está competindo com você, um Homem a quem você batizou, um Homem que está arrebatando a sua multidão?" A resposta de João teve quatro partes. Na primeira, ele lembrou-lhes que todos os homens estão, em última análise, sujeitos à soberania de Deus. O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não for dada do céu (27; cf. 3.3). Na segunda, ele deixou claro o seu verdadeiro relacionamento com o Cristo, lembrando aos seus inquisidores uma afirmação anterior: Eu não sou o Cristo (28; cf. Jo 1:20). Como veremos

posteriormente (ver o comentário sobre 4.26), o autor usa as afirmações do tipo "Eu sou" como afirmações diretas da divindade de Jesus. Da mesma maneira, aqui, a forma nega-tiva da frase de João, eu não sou, é uma renúncia clara e firme, mostrando que João não era o Messias. Contudo, ele reconhece e afirma o seu próprio papel como alguém que está relacionado a Cristo: Sou enviado adiante dele (28). Na terceira parte de sua respos-ta, ele usou o exemplo do noivo, da noiva e do amigo. Devido ao noivo ser quem de fato é, existe uma verdadeira alegria e deleite no coração do amigo. O completo cumprimento e a plenitude da alegria pertencem àqueles que reconhecem Jesus como quem Ele real-mente é, e àqueles que encontram em sua voz a fonte de puro prazer. O amigo... alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já essa minha alegria está cumprida (29; cf. Jo 16:24).

Finalmente, todo o relacionamento é resumido na declaração de auto-anulação de João, feita no verdadeiro espírito de uma vida santificada: É necessário que ele cres-ça e que eu diminua (30).

Alguns estudiosos concordam que o versículo 31 dá início aos comentários do autor sobre aquilo que havia acabado de ocorrer, ao passo que outros argumentam que esta seção (31-36) está fora de lugar e deveria ser colocada imediatamente depois do versículo 21. Lightfoot defende a atual localização desta passagem. Ele declara que ela é "um apêndice adequado para Jo 3:22-30"." Um bom exame do conteúdo desta seção dá sustenta-ção a este ponto de vista. Aquele que vem de cima é sobre todos, e Aquele que vem do céu é sobre todos (31). Estas são frases que obviamente se referem a Jesus, ao passo que aquele que vem da terra é da terra e fala da terra claramente se refere a João. Então se segue uma descrição daquele do céu que é sobre todos.

Ele é, em primeiro lugar, uma Testemunha daquilo que ele viu e ouviu (32). "A mudança do tempo do verbo parece marcar um contraste entre aquilo que pertence à existência (viu, ++raken) e a missão (ouviu, +kousen, e não tinha ouvido) do Filho".' O testemunho, rejeitado por alguns (32), foi recebido por outros (33). Qualquer pessoa que receba o "testemunho o sela, declarando que Deus é verdadeiro" (33, na versão NASB em inglês), "sentindo que aquele cuja Palavra é a verdade é completamente confiável e irá manter as suas promessas, por mais impossíveis que elas pareçam; testemunhando pos-teriormente que as experimentam, e que elas se mostraram verdadeiras na prática, de-claram que Deus realmente expressa os seus planos e cumpre o que diz"."

Aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus (34). Este é a Palavra viva (1.14), trazendo uma completa revelação de Deus (Jo 1:18). Existe uma tríplice razão para isto. 1. Quando Deus dá, Ele o faz espontaneamente e sem limites. "Pois não lhe dá Deus o Espírito por medida" (34; cf. Jo 1:16-4.10; 7:38-39). 2. O Pai ama o Filho (35). O dom espontâneo e completo daquele que encarnou é dado por amor (cf. Jo 3:16). 3. A missão completa de redimir o homem tornou-se responsabilidade do Filho. Não foi estabelecido nenhum outro modo de salvação. O Pai... todas as coisas en-tregou nas suas mãos (35).

Finalmente, o autor deixa a alternativa clara ao comparar a fé e a incredulidade com as suas conseqüências inevitáveis: a vida eterna e a ira de Deus. Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece (36). A fé resulta na vida eterna, que é a possessão atual daquele que acredita, pois o verbo tem está no presente (cf. Jo 5:24-6.47, 54; Rm 8:2-4). A expressão aquele que não crê pode ser traduzida como "aquele que não obedece", ou ainda "quem desobedece". O oposto da fé é, na verdade, a recusa a obedecer. Quando a fé é fraca ou defeituosa, é bom que se dê atenção à obediência. Quan-do uma pessoa obedece, a fé se torna uma conseqüência natural. Para aqueles que se recusam a obedecer, ou o fazem de forma negligente, existe a inevitável ira de Deus. Esta linguagem é um tanto surpreendente depois das elevadas expressões do amor de Deus pelo homem. Mas ela ressalta o fato de que o pecado mais grave do homem é a falta de fé, que é uma desobediência. O amor de Deus não seria mais do que uma fraca indul-gência se Ele não fosse fiel à sua palavra e à sua santa natureza. Gossip se expressa bem, ao dizer:

... Cristo nunca é mais bondoso do que quando os seus olhos — quando Ele olha para nós — se mostram como chamas de fogo e Ele nos fala palavras terríveis; quando Ele não se mostra disposto a ser transigente para conosco, mas exige a obediência instantânea, aqui e agora, sob a pena de nos separarmos dele. Se não nos tivesse amado o suficiente para ser severo conosco, Ele teria perdido a nossa alma. Com temor e humildade precisamos agradecer a Deus, tanto pela sua ira quanto pela sua misericórdia.'


Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36
*

3.1-21

Este é o primeiro dos muitos discursos para instrução registrados por João. De modo típico, ao ser questionado Jesus responde de maneira a conduzir o debate para uma área mais profunda, freqüentemente por meio de equívocos que são esclarecidos para os que se tornam verdadeiros discípulos. A nova compreensão revela Jesus mais plenamente.

* 3:2

de noite. Isso pode denunciar o temor de ser visto, ou poderia ser um sinal de deferência a Jesus, um mestre que não devia ser incomodado durante o dia. Entendido simbolicamente, Nicodemos era uma pessoa que vivia nas trevas deste mundo, e que agora encontra a luz (8.12 conforme 9.4; 11.10;13.30).

Mestre... da parte de Deus. Nicodemos entende que Deus credencia os seus mensageiros, concedendo-lhes poder para realizar milagres, mas este modo de entender está longe de alcançar a verdadeira identidade de Jesus.

* 3:3

não nascer de novo. Ver referência lateral. A tradução "mas nascer de cima" concorda bem com o debate das coisas "da terra" e "do céu", no v. 12, e com a discussão do subir e descer, no v. 13. Este é o sentido do advérbio grego em outros lugares neste Evangelho (Lc 9:11,23). Nicodemos, aparentemente, entendeu que ele significava nascer "uma segunda vez". É possível que ambos os sentidos sejam pretendidos — um novo nascimento, que é um nascimento de cima. Ver nota teológica "Regeneração: O Novo Nascimento", índice.

* 3:5

nascer da água e do Espírito. Alguns entendem que a "água" é a liberação do flúido que acompanha o nascimento físico, mas considerações linguísticas apontam para o entendimento de que "água" e "Espírito" se referem a um único nascimento espiritual. Muitos intérpretes entendem "água " aqui, como água do batismo, mas uma tal referência — antes que o batismo cristão fosse instituído — teria sido sem sentido para Nicodemos. Outros acham que é uma referência ao batismo de João, mas Jesus, em parte alguma, faz do batismo de João uma exigência para a salvação. Provavelmente, a afirmação se refere a passagens do Antigo Testamento nas quais "água" e "espírito" estão ligadas para expressar o derramamento do Espírito de Deus no fim dos tempos (Is 32:15; 44:3; Ez 36:25-27). A presença de uma imagem tão rica do Antigo Testamento, serve de fundo à reprovação que Jesus faz a Nicodemos (v. 10): como “mestre em Israel", ele deveria ter entendido.

* 3.6-8

Esta passagem dá ênfase à prioridade e à soberania de Deus na obra da redenção, e isto não exclui a realidade da resposta humana através do arrependimento e da fé.

* 3:11

te digo... não aceitais o nosso testemunho. O "te" é singular (e se refere a Nicodemos); o "vós" é plural (e se refere a Nicodemos e àqueles que ele representa).

* 3:13

o Filho do homem. Ver nota em Mt 8:20.

que está no céu. Poderia ser dito que Cristo, em sua natureza divina, continuava a habitar no céu, mesmo durante a sua vida na terra. O ponto é que ele tem autoridade para falar das coisas celestiais. Posteriormente, no Evangelho, a origem "celestial" de Jesus se torna a principal matéria de disputa (6.41-42).

* 3:14

Moisés. Nm 21:4-9 registra a história dos 1sraelitas rebeldes que murmuravam e queixavam-se. Deus enviou serpentes abrasadoras para o meio deles, para puni-los. Então Deus disse a Moisés para colocar uma serpente de bronze numa haste com a promessa de que os que olhassem para ela, viveriam.

importa... seja levantado. Aqui está um termo chave neste Evangelho (8.28; 12.32,34), que traz um duplo sentido: o da crucificação e o da exaltação. A morte de Cristo na cruz, sua ressurreição e sua glorificação, juntas revelam a glória de Deus. A palavra "importa" leva-nos a atentar para o soberano propósito de Deus. A crucificação foi a chave do eterno plano de Deus para salvar o seu povo (At 4:27-28).

* 3:16

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira. Alguns insistem na idéia de que Deus enviou Jesus com o propósito de conceder salvação a todos, sem exceção, mas somente como uma possibilidade. Contudo, Jesus deixa bem claro que a salvação daqueles que "o Pai lhe dá" — e somente destes — não é uma mera possibilidade, mas certeza absoluta. E "o que vêm a mim" (6.37-40; 10:14-18; 17,19) "de modo nenhum o lançarei fora". A verdade expressa pela palavra "mundo" é que a obra salvífica de Cristo não é limitada a tempo e lugar, porém aplica-se aos eleitos de todas as partes do mundo. Os que não recebem o remédio que Deus providenciou em Cristo, perecerão. Permanece como verdadeiro que aquele que crê não morrerá (não será separado de Deus), mas viverá na presença de Deus para sempre. Ver "Deus é Amor: Bondade e Fidelidade", no Sl 136:1.

* 3:17

não para que julgasse o mundo. Jesus, em outra parte, diz que o julgamento acompanha a sua vinda ao mundo (9.39). Seu ponto não é que ele não julgará, mas que o tempo do juízo ainda não é chegado. O mundo esteve sempre sob ameaça de juízo, antes que ele viesse, mas, com a sua vinda, a salvação tornou-se uma realidade oferecida a um mundo hostil (Mt 23:37; Rm 5:8).

* 3:18

A descrença não é a única base para a condenação, mas constitui o climax da rebelião que resiste mesmo a graciosa oferta divina da salvação em Cristo. Jesus veio a um mundo que já está condenado por causa de sua rejeição da auto-revelação de Deus (Rm 1:18-32).

* 3:19

os homens amaram mais as trevas do que a luz. Jesus dá a razão para a sua rejeição por parte do mundo: Ele é a luz que revela se a pessoa é justa ou não.

* 3:21

Quem pratica a verdade aproxima-se da luz. Jesus fala em "praticar" a verdade e isto significa que a verdade é matéria tanto de pensamento quanto de prática. Viver pela verdade contrasta-se com fazer o que é mau (v. 20).

* 3.22-36

Há três seções aqui: Nos vs. 22-24 somos informados de que Jesus e seus discípulos foram para a Judéia, onde João Batista estava; nos vs. 25-30, o Batista afirma uma vez mais que todo o seu papel era o de preparar o caminho para Cristo; os vs. 31-36 parecem ser a continuação das palavras do Batista, ou possívelmente, um comentário do autor do Evangelho.

* 3:24

João ainda não tinha sido encarcerado. Ver Mt 14:3-12; Mc 6:17-29.

* 3:26

batizando. Ver "Batismo", em Rm 6:3.

* 3:27

O homem não pode receber. Deus é o Autor de tudo aquilo que recebemos (1Co 4:7)

* 3:31

Quem vem das alturas. Jesus se distingue de todos os seres humanos, que são da terra (v. 13, nota).

* 3:32

ninguém aceita o seu testemunho. João repete a idéia de 1:10-11, idéia de que nem a sua própria nação nem o mundo em geral estavam prontos para receber a Cristo. A barreira é o pecado e a cegueira que só Deus pode penetrar (v. 3; 1.5).

* 3.33 Quem... aceita o testemunho. O mundo recusou a luz, porém, João, imediatamente, menciona aqueles que estão vindo para a luz, especialmente ele próprio como o primeiro expoente da verdade. A pregação de João é a culminância do Antigo Testamento e o começo do Novo Testamento (1.15; Mt 11:11).

* 3:34

Deus não dá o Espírito por medida. Estas palavras podiam certamente ser aplicados ao Espírito que dotou de poder o ministério terreno de Jesus (Lc 3:22; 4:1). Mas é também possível que esses versículos se refiram à plenitude do Espírito, que Jesus dá àqueles que o servem, e alguns estudiosos antigos e modernos têm entendido o texto deste modo. Posteriormente, Jesus é o agente que envia o Espírito (15.26).

* 3:35

O Pai ama ao Filho. Ver 5.20.



Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36
3:1 Nicodemo era fariseu e membro do concílio (chamado Sanedrín), um grupo de líderes religiosos que Jesus e João o Batista criticaram freqüentemente por sua hipocrisia. (se desejar mais informação sobre os fariseus, veja-a nota a Mt 3:7.) Muitos fariseus estavam ciumentos do Jesus porque escavava sua autoridade e rebatia seus pontos de vista. Mas Nicodemo indagava e acreditava que Jesus tinha respostas. Embora era um erudito, foi ao Jesus para instruir-se. Não importa quão inteligente ou educado um seja, deve aproximar-se de Cristo com um coração aberto e disposto a fim de que lhe ensine a verdade a respeito de Deus.

3.1ss Nicodemo foi ao Jesus em que pese a que pôde ter enviado a um de seus assistentes. Quis examinar ao Jesus pessoalmente para distinguir entre feito e rumor. Possivelmente temia que seus colegas, os fariseus, criticassem sua visita, e por isso foi quando já era de noite. Mais tarde, quando entendeu que Jesus era em realidade o Messías, falou abertamente em sua defesa (7.50, 51). Como Nicodemo, devemos examinar ao Jesus pessoalmente; outros não o podem fazer em nosso lugar. Logo, se acreditarem que é o que O diz ser, quereremos falar em público a seu favor.

3:3 O que sabia Nicodemo sobre o Reino? Pelas Escrituras sabia que Deus o regeria, que o restauraria na terra e que pertenceria ao povo de Deus. Jesus revelou a seu devoto fariseu que o Reino seria para todo mundo (3.16), não só para os judeus, e que Nicodemo podia pertencer a ele se pessoalmente nascia de novo (3.5). Este era um conceito revolucionário: o Reino é algo pessoal, não nacional nem étnico, e para entrar nele se requer arrependimento e renascimento espiritual. Jesus mais tarde anunciou que o reino de Deus está no coração dos crentes mediante a presença do Espírito Santo (Lc 17:21). Seu pleno cumprimento será quando Jesus retorne a julgar ao mundo e destrua para sempre ao maligno. (veja-se Apocalipse 21:22).

3:5, 6 "De água e do Espírito" possivelmente se refira (1) ao contraste entre o nascimento físico (água) e o nascimento espiritual (Espírito), ou (2) a ser regenerados pelo Espírito e renascidos pelo batismo. A água também poderia representar a ação faxineira do Espírito Santo de Deus (Tt_3:5). Sem dúvida, Nicodemo deve ter estado familiarizado com as promessas de Deus em Ez 36:25-26. Jesus explica a importância do novo nascimento espiritual, manifestando que não entraremos em Reino por ser bons, mas sim por experimentar esse novo nascimento.

NICODEMO

Deus é especialista em achar e trocar a pessoas que consideramos difíceis de alcançar. No caso do Nicodemo, tomou um pouco de tempo sair da escuridão, mas Deus foi paciente com seu crente "encoberto".

Temeroso de ser descoberto, Nicodemo procurou ver o Jesus de noite. As conversações diurnas entre os fariseus e Jesus tendiam a ser antagônicas, mas Nicodemo na verdade queria aprender. Talvez conseguiu muito mais do esperado: um desafio a uma nova vida! Sabemos muito pouco do Nicodemo, mas sim sabemos que desse encontro noturno saiu um homem trocado. partiu com uma compreensão nova de Deus e de si mesmo.

Nicodemo aparece mais tarde como parte do concílio. Em meio da discussão em que se buscava formas de eliminar ao Jesus, expôs o assunto da justiça. Falou em seu favor apesar de que rechaçaram sua objeção. Começava a trocar.

A última biografia do Nicodemo nos mostra que se une ao José da Arimatea no trâmite de solicitar o corpo do Jesus para sepultá-lo. Tomando em conta o risco que isto significava, Nicodemo dava um passo audaz. Seu crescimento espiritual não se detinha.

Deus procura um crescimento paulatino não uma perfeição foto instantânea. De que maneira seu atual crescimento espiritual concorda com o tempo que leva de conhecer o Jesus?

Pontos fortes e lucros:

-- Um dos poucos líderes religiosos que acreditou no Jesus

-- Um membro do poderoso concílio judeu

-- Um fariseu ao que seduziram o caráter e os milagres do Jesus

-- Com o José da Arimatea, sepulta ao Jesus

Debilidades e enganos:

-- Limitado por seu temor a mostrar-se em público como seguidor do Jesus

Lições de sua vida:

-- A menos que nasçamos outra vez, nunca entraremos no Reino de Deus

-- Deus pode trocar a quem considero inalcançáveis

-- Deus é paciente, mas persistente

-- Se estivermos dispostos, Deus pode nos usar

Dados gerais:

-- Onde: Jerusalém

-- Ocupação: Líder religioso

-- Contemporâneos: Jesus, Anás, Caifás, Pilato, José da Arimatea

Versículo chave:

"Nicodemo lhe disse: Como pode um homem nascer sendo velho? Pode acaso entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe, e nascer?" (Jo 3:4).

A história do Nicodemo se narra em Jo 3:1-21; Jo 7:50-52 e 19.39, 40.

3:6 Quem é o Espírito Santo? Deus é três pessoas em uma: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Deus se fez homem no Jesus a fim de morrer por nossos pecados. Ressuscitou da morte para oferecer salvação a todos mediante a renovação espiritual e o novo nascimento. Quando Jesus subiu ao céu, sua presença física deixou a terra, mas prometeu enviar ao Espírito Santo ao grau que sua presença espiritual continuaria entre os seres humanos (veja-se Lc 24:49). O Espírito Santo pela primeira vez veio para estar a disposição de todos os crentes no Pentecostés (Feitos 2). Nos tempos do Antigo Testamento o Espírito Santo dotava de poder a certas pessoas e só por assuntos determinados, mas agora todos os crentes têm o poder do Espírito Santo ao seu dispor. se desejar mais informação sobre o Espírito Santo, leiam-se 14:16-28; Rm 8:9; 1Co 12:13 e 2Co 1:22.

3:8 Jesus explicou que não podemos controlar a obra do Espírito Santo. O obra de maneiras imprevisíveis ou incompreensíveis. Assim como a gente não pôde controlar seu nascimento físico, tampouco poderá controlar seu nascimento espiritual. É um presente de Deus, dado pelo Espírito Santo (Rm 8:16; 1Co 2:10-12; 1Ts 1:5-6).

3.10, 11 Este professor judeu conhecia muito bem o Antigo Testamento, mas não tinha entendido o que dizia do Messías. Conhecimento não é salvação. Devesse você conhecer a Bíblia, mas algo muito mais importante é entender ao Deus que revela e a salvação que oferece.

3:14, 15 Quando os israelitas vagavam pelo deserto, Deus enviou uma praga de serpentes para castigá-los por sua atitude rebelde. Sentenciado-los a morte por causa da mordida de serpentes podiam curar-se ao obedecer a Deus e olhar à serpente de bronze que se levantou, acreditando que O poderia saná-los se o faziam (veja-se Nu 21:8-9). Olhar ao Jesus em busca de salvação tem os mesmos efeitos. Deus nos preparou este modo de ser salvos dos efeitos mortíferos da "mordida" do pecado.

3:16 Todo o evangelho se centra neste versículo. O amor de Deus não é estático nem egoísta, mas sim se estende e atrai a outros a si. Deus estabelece aqui o verdadeiro molde do amor, a base de toda relação de amor. Se um ama a alguém profundamente, está disposto a lhe dar amor a qualquer preço. Deus pagou, com a vida de seu Filho, o mais alto preço que se pode pagar. Jesus aceitou nosso castigo, pagou o preço de nossos pecados, e logo nos ofereceu uma nova vida que nos comprou com sua morte. Quando pregamos o evangelho a outros, nosso amor deve ser como o seu, e estar dispostos a renunciar a nossa comodidade e segurança para que outros recebam o amor de Deus como nós.

3:16 Muitas pessoas rechaçam a idéia de viver para sempre porque vivem vistas tristes. Mas a vida eterna não é a extensão da miserável vida mortal do homem; vida eterna é a vida de Deus encarnada em Cristo que se dá a todos os que acreditam como garantia de que viverão para sempre. Nessa vida não há morte, enfermidade, inimigo, demônios nem pecado. Quando não conhecemos cristo, tomamos decisões pensando que esta vida é tudo o que temos. Em realidade, esta vida é sozinho o começo da eternidade. Comece, portanto, a avaliar tudo o que lhe acontece de uma perspectiva eterna.

3:16 "Acreditar" é mais que uma reflexão intelectual de que Jesus é Deus. Significa depositar nossa confiança no, que é o único que nos pode salvar. É pôr a Cristo à frente de nossos planos pressente e nosso destino eterno. Acreditar é confiar em sua palavra e depender do para trocar. Se nunca confiou em Cristo, faça sua esta promessa de vida eterna e cria.

3:18 Muitas vezes a gente trata de salvar-se do temente pondo sua fé em coisas que têm ou fazem: boas obras, capacidade ou inteligência, dinheiro ou posses. Mas só Deus pode nos salvar do que na verdade devemos temer: a condenação eterna. Confiamos em Deus reconhecendo a insuficiência de nossos esforços por alcançar a salvação e lhe pedindo que faça sua obra em nosso favor. Quando Jesus fala sobre o "que não crie", refere-se a quem lhe rechaça por completo ou faz caso omisso do, não ao que tem dúvidas momentâneas.

3.19-21 Muitas pessoas não querem que suas vidas fiquem expostas à luz de Deus porque temem o que esta possa revelar. Não querem trocar. Não se surpreenda de que pessoas assim se sintam ameaçadas por seu desejo de obedecer a Deus e fazer o que é bom. Temem que a luz que há em você ponha ao descoberto algo escuro em suas vidas. Não se desanime. Mantenha-se em oração por elas para que compreendam que é melhor viver na luz que na escuridão.

3.25ss Algumas pessoas procuram pontos discrepantes para semear sementes de discórdia, descontente e dúvida. João o Batista terminou esta discussão teológica falando de sua devoção a Cristo. É contraproducente forçar a outros a que criam como nós. É melhor lhes falar de nossa entrega pessoal a Cristo e o que O fez por nós. depois de tudo, quem pode nos refutar isso?

3:26 Os discípulos do João o Batista estavam confundidos porque a gente seguia ao Jesus e não ao João. É fácil que nosso ciúmes germinem quando aumenta a popularidade do ministério de outra pessoa. Entretanto, devemos recordar que nossa verdadeira missão é obter que as pessoas sigam a Cristo e não a nós.

3:27 por que João o Batista seguiu batizando depois que Jesus entrou em cena? por que não se converteu também em discípulo? João explicou que como Deus foi o que lhe deu este trabalho, devia continuá-lo até que o chamasse a fazer outra coisa. O propósito principal do João era conduzir a gente a Cristo. Embora Jesus já tinha começado seu ministério, João podia seguir guiando a gente ao Jesus.

3:30 A disposição do João a minguar em importância mostra sua humildade. Os pastores e outros cristãos podem sentir-se tentados a enfatizar mais o êxito de seu ministério que a Cristo. Cuide-se dos que põem mais ênfase em seus lucros que no Reino de Deus.

3.31-35 O testemunho do Jesus era confiável porque veio do céu e falava do que viu ali. Suas palavras eram as mesmas de Deus. Toda sua vida espiritual depende de como responde a uma só pergunta: "Quem é Jesucristo?" Se aceitar ao Jesus unicamente como um profeta ou um professor, terá que rechaçar seu ensino, posto que O declarou que era o Filho de Deus, inclusive que era Deus mesmo. A essência do Evangelho do João é a verdade dinâmica de que Jesucristo é o Filho de Deus, o Messías, El Salvador, que foi desde o começo e seguirá vivendo para sempre. Este mesmo Jesus nos convidou a aceitá-lo e viver com O eternamente. Quando entendemos quem é Jesus, sentimo-nos compelidos a acreditar o que disse.

3:34 O Espírito de Deus estava sobre o Jesus sem limite e sem medida. portanto, Jesus foi a suprema revelação de Deus à humanidade (Hb_1:2).

3:36 Jesus diz que tudo o que acredita no tem (não diz que terá) vida eterna. A vida eterna se recebe quando um se une à vida de Deus, a qual por natureza é eterna. Assim que a vida eterna começa no momento do nascimento espiritual.

3:36 João, o escritor deste Evangelho, demonstrou que Jesus é o verdadeiro Filho de Deus. Estabelece ante nós a grande alternativa na vida. nos toca escolher hoje a quem obedeceremos (Js 24:15) e Deus quer que o escolhamos ao (Dt 30:15-20). Adiar nossa eleição é decidir não seguir a Cristo. A indecisão é uma decisão fatal.


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36
B. O NASCIMENTO NOVO (3: 1-15)

1 Ora, havia um homem dos fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus; 2 o mesmo veio a ele de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com Ec 3:1 Jesus respondeu, e disse-lhe: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Dt 4:1. ): também a de Ezequiel, que prometeu um novo espírito para ser dado o coração de pedra e substituído por um coração de carne (Ez. 11:19 ).

Nicodemos tinha chegado a Jesus como um oficial da Igreja para ir ao seu pastor-conselheiro em nossos dias, em busca de orientação espiritual. Isso nos ajuda a entender por que ele veio sozinho de noite. Perguntas por seus colegas sobre tais ações poderia ter tido um efeito adverso, porque ele era um homem maduro, se não de idade, que por costume judaico deve ter nenhuma necessidade de buscar novas dimensões em sua religião, tendo sido mergulhada no judaísmo desde a sua juventude . E "de acordo com a visão rabínica, ao contrário do ensino NT, a moral renovação dos homens pertence apenas para o futuro, a única que pode trazer o novo espírito da promessa, ou o novo coração."

No entanto, o seu coração não estava satisfeito. Nicodemus provou ser a exceção à regra entre os líderes religiosos do seu tempo, e ele pode muito bem servir como um exemplo para aqueles que todos os dias que desprezam a humilhar-se pela admissão de pessoal necessidades, os que parecem pensar que a posição eclesiástica é prova suficiente da graça interior e garantia; que às vezes se tornam grandes demais para ser humilde. Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas? disse Jesus. A atitude de Nicodemos implícita, "Sim, Senhor, mas devo ter uma resposta." Ele tornou-se conhecido como o "discípulo secreto", e nós sabemos que ele não deixar o cargo religioso para se tornar um companheiro de viagem do Mestre. No entanto, ele era um discípulo. Sua era uma voz levantada em sinal de protesto contra as táticas do fariseus (Jo 7:50 ), e ele forneceu as especiarias conservantes com que o corpo de Jesus foi tratado após a crucificação (Jo 19:39 ).

Mas o que Jesus quis dizer com a nascer de novo (ou "de cima", que é a tradução mais literal do grego anothen )? O conceito do novo nascimento era uma analogia para a doação ao homem de uma nova vida, que constitui o tema final do Evangelho de João e do ministério de Cristo, o nascimento de pé para a vida nova, da mesma forma que Jesus está a ser dito pão e luz. Estes termos sugerem uma ordem de coisas mais elevadas do que o temporal. Ao referir-se a eles deve-se evitar substituindo o termo para a experiência. Em particular, isto é um perigo no que diz respeito ao novo nascimento. É uma realidade, uma experiência espiritual de realização, mas todas as propriedades do nascimento físico não deve ser atribuída a ele. Para dizer que a renascer um filho de Deus significa sempre ser um, porque é impossível ser por nascer (como no reino natural), é perder completamente a importância do que Jesus está dizendo. Enquanto há, sem dúvida, são semelhanças na experiência do novo nascimento ao nascimento físico (senão Jesus não teria usado o termo), as diferenças entre eles são igualmente evidentes. O que é nascido da carne é carne; e aquele que é nascido do Espírito é espírito (v. Jo 3:6 ). As diferenças não devem ser usados ​​para ensinar coisas sobre a vida cristã que não estão em conformidade com o seu personagem.

Jesus descreveu a experiência como sendo nascer da água e do Espírito. A bela analogia do novo nascimento não precisa ser oneradas com interpretações forçadas, como ver na água uma referência a um fenômeno do processo físico de nascimento. A água que se refere ao rito do batismo. A conversão foi muito intimamente associado com o batismo naqueles primeiros dias, sendo sinônimo de tempo. Batismo, que era um ritual de purificação, tornou-se associado com a conversão cristã como a evidência de ter aceito o Evangelho. A contraparte moderna pode ser visto no trabalho de missões estrangeiras. Entre algumas das pessoas mais primitivas, é costume colocar convertidos em liberdade condicional. A confissão dos pecados e da aceitação do Evangelho deve ser seguido por um período de testes, e não até que os líderes estão convencidos da sinceridade e autenticidade dos candidatos são eles aceitaram para o batismo cristão. Conversão data do batismo, e eles são, então, levado em membros da igreja.

É estranho que necessidade popular só primitiva a ser feita a certeza de seu compromisso e para produzir "frutos dignos de arrependimento." Será que a nossa civilização moderna se tornar um obstáculo para a evangelização eficaz? Tem respeitabilidade se tornar um substituto para viver piedoso? Tem conversão tão pregada por mesmo os evangélicos mais rigorosas foram feitas muito fácil, até que tudo que se precisa fazer é fazer um assentimento verbal ao Evangelho, a fim de ser anunciado como um outro converso? Dr. E. Stanley Jones falou a este ponto quando disse em um sermão New England: "As pessoas que nascem em Boston são susceptíveis de pensar que eles não precisam de nascer de novo."

O novo nascimento é também pelo Espírito-de cima, de natureza espiritual e procedimento. O novo nascimento é a transmissão da vida de Cristo: a vida eterna através de-a agência do Seu Espírito. Um vem em uma vida que tem novas dimensões e qualidades como diferente de, a vida física natural como espírito é de carne e osso. Jesus disse que esta nova vida é como o vento (do grego pneuma significa tanto vento e espírito), que pode ser experimentado, mas não totalmente explicado, quer na sua origem ou, na sua extremidade final. Se não se pode compreender os mistérios do nascimento físico, ou mesmo o phenomeon comum do vento soprando, ambos os quais ele aceita com base em ter experimentado e observados os seus efeitos, é pedir muito que um homem receber o novo nascimento em igualdade de condições? Este argumento de Jesus é uma boa. No entanto, Ele percebeu que nem todos tinham sido explicou-verbal testemunho deve ter uma fundação. E assim Ele carregou Sua reivindicação por falar a verdade de Deus de volta para sua encarnação. É verdade, nenhum homem tinha ido para o céu para obter esta verdade de Deus; mas Ele, o Divino Logos carne tornar-se, tinha vindo de Deus com esta boa notícia. As palavras que Ele falou, um dia, ser justificados por seu ser levantado em morte na cruz. Sua morte tornaria o novo nascimento uma realidade para todos que acreditaram. Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; que todo aquele que crê pode nele tenha a vida eterna (vv. Jo 3:14-15 ). Jesus estava buscando despertar Nicodemus à verdade-verdade, que um dia se tornaria uma experiência de vida se ele só vai acreditar agora.

AMOR DE DEUS C. REDENTORA (3: 16-21)

16 Porque Deus amou o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 17 Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo; mas para que o mundo fosse salvo por ele. 18 Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê tem já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Dt 19:1) João deu a sua filosofia de criação; neste parágrafo temos sua filosofia de salvação. À primeira vista, é difícil saber se essas palavras representam comentários de João sobre a conversa com Nicodemos, ou se Jesus continua a falar. Muito provavelmente, estas são as palavras de João. Ele disse simplesmente que o plano de salvação está enraizada no amor de Deus para o mundo de Sua criação, especialmente o homem. A Encarnação surgiu do amor de Deus, em vez de fora da queda do homem, este último fornecendo apenas a ocasião para a Encarnação e as circunstâncias em que isso ocorreu. O pai se esforça para salvar o filho desobediente, não só porque ele é rebelde, mas porque ele ama-lo como filho. A Encarnação, incluindo sacrifício expiatório de Cristo, demonstrou o amor de Deus para o homem; pecado do homem exigiu a morte de Cristo na Cruz. Afirmação de João é positiva e forte; voltar para o início da necessidade de salvação do homem que ele encontra o amor de Deus já operatório. Ele poderia ter escrito: "No princípio era o amor-o Amor de Deus."

Cristo, o Filho encarnado não veio para condenar o mundo dos homens, por causa do pecado do homem já tinha condenado ele. Isso pode ser observado em todos aqueles que não crêem em Cristo. A incredulidade é pecado. Cristo veio para salvar o homem.Sua vinda trouxe luz, e porque os homens optam por continuar na escuridão do pecado, em vez de andar na luz da justiça, sua condenação é aumentada até o ponto de julgamento. Seus próprios corações pecaminosos condená-los; a luz que há em Cristo os julga.Eles permanecem na escuridão, porque eles odeiam a luz que revela o pecado deles, que eles adoram. Mas aqueles que irão para ser honesto consigo mesmo e com Deus vem para a luz. João poderia ter dito que vir para a luz revela o pecado, que é levado pela luz. Ele diz que a luz expulsa a escuridão, a escuridão não poderia colocá-lo para fora. A muito se voltando para Cristo na fé traz um para a luz e, assim, para uma nova vida.

Deus amou ... que deu o seu Filho unigênito está intimamente relacionado com Necessário vos é nascer de novo, falou a Nicodemos. Todas as manifestações da vida resultam desde o nascimento, a perpetuação da vida já existentes. João não fala do nascimento virginal como tal, mas, no presente contexto, é razoável afirmar que ele tinha em mente. Para ele, a Encarnação foi uma realidade abençoada. Ao dar seu Filho, Deus deu a si mesmo para salvar o homem, e João encontra acordo com esta verdade na declaração de Paulo de que "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo a si mesmo" (2Co 5:19 ). A verdade maravilhosa é que Deus tomou a iniciativa, fez todas as disposições necessárias, pagou a dívida, e espera, como o pai do filho pródigo, para o homem pecador para voltar a Ele com fé. Há lugares e horários para falar da necessidade de arrependimento e outros pré-requisitos condicionais para a experiência da salvação, mas João recolheu tudo em fé; acredito que Deus tem dito, o parecer favorável para que Ele tem feito, dar-lhe uma chance, venha para a luz. "Há vida para um olhar."

João acreditava que o amor de Deus em Cristo foi uma força magnética, especialmente no que é visto na crucificação. Para gregos interessados ​​Jesus disse: "E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim" (00:32 ). Uma analogia para isso pode ser encontrada em grande música e arte. Homens são atraídos para eles e persegui-los com grande paixão e dedicação. Nem todos os homens, no entanto, responder desta maneira, porque nem todos foram "despertados para a arte." Nenhuma forma de arte pode ser criado para apelar às sensibilidades internas de todos os homens, e por isso nem todos podem ser despertados para ele. Há uma história sobre um fazendeiro que passava o tempo aplicadas a sinfonia especular quantas toneladas de feno o salão iria realizar. Mas o Evangelho tem um apelo que corresponde a um, insatisfeito saudade nativa interior para cada homem. Todos os homens são nativamente capaz de aceitar o Evangelho e amar a Cristo. O homem que rejeita Ele é como um homem com gostos musicais pervertida por preconceito ou ignorância deliberada, ou porque ele nunca nutriu seus gostos artísticos, ao invés de como um homem que não teve capacidade de apreciação musical. Além disso, a vontade do homem está envolvido. Ele pode decidir deixar-se exposta ao poder magnético de Cristo, mesmo que ele possa fazê-lo com dúvida. Para os judeus que duvidavam afirmações de Cristo com base na sua falta de treinamento formal Ele disse: "Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo" (Jo 7:17 ). Um homem pode se permitir ser desenhado por e para Cristo. Não existem barreiras que não possam ser superadas pela fé. O Evangelho de Cristo tem tanto de desenho e despertar poderes.

D. TESTEMUNHO AINDA de João Batista (3: 22-30)

22 Depois disto foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia; e estava ali com eles, e batizava. 23 , João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas:. e eles vieram, e foram batizados 24 . Pois João ainda não tinha sido lançado na prisão Dt 25:1 ), onde ele é falado no passado. Aparentemente, ele foi decapitado por Herodes, logo após o início do ministério de Jesus.

E. A COMENTÁRIO SOBRE UMA TESTEMUNHA DE JOÃO (3: 31-36)

31 Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra, e da terra, ele fala: Aquele que vem do céu é sobre todos. 32 O que ele tem visto e ouvido, de que dá testemunho ; e ninguém aceita o seu testemunho. 33 Aquele que aceitou o seu testemunho pôs seu selo para este , que Deus é verdadeiro. 34 Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus:. para que ele não deu o Espírito por medida 35 A Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos. 36 Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas ele que não obedeceu o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.

Esta breve seção é composta de uma série de pensamentos do apóstolo João sobre as palavras finais de João Batista, e estes servem como um comentário sobre o testemunho de Batista. Cristo é a partir de cima, onde o novo nascimento é originário. Ele é soberano sobre todas Seu universo criado. O homem, em contraste (incluindo João Batista) é da terra e fala a língua de terra. Homem é preso à terra; ele é carne. Cristo desceu e tomou o corpo de um homem, a fim de revelar o plano de salvação de Deus. Quando o homem está disposto a aceitar o testemunho de Cristo, ele pode ter a certeza da verdade de Deus. O testemunho de Cristo para que Deus estava fazendo, deve ser perpetuada por seus discípulos, a Igreja. Assim como Cristo foi dotado com o Espírito Santo no início do seu ministério, para que Deus dá o Espírito para aqueles que se tornam testemunhas de Cristo. Deus não está poupando no dom do Espírito. É pelo Espírito que os homens são capazes de testemunhar. Talvez haja uma referência oblíqua aqui para João ser cheio do Espírito de João Batista (conforme Lc 1:15 ).

Assim como Cristo foi supremo na criação Ele é supremo na redenção. Todas as coisas têm sido postas em Suas mãos do Pai. Remanescente de diálogo de Cristo com Nicodemos, João fechado estas reflexões com a promessa de vida eterna a todos os que crêem em Cristo, de fato, a acreditar é que ele seja. A vida eterna é retido a partir do incrédulo, e da ira de Deus torna-se o seu quinhão.


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36
Talvez esse seja o capítulo mais im-portante do evangelho de João, pois trata do novo nascimento. Alguns grupos religiosos fazem tanta con-fusão a respeito desse assunto que muitos membros da igreja abando-nam os líderes religiosos que, como Nicodemos, não têm idéia do que significa nascer de novo.

  1. A necessidade de nascer de novo (3:1-51)
  2. É necessário ver (vivenciar) o reino de Deus (v. 3)

Nicodemos era um homem de mo-ral e religioso, um dos principais mestres dos judeus, contudo não entendia a verdade a respeito do novo nascimento. A mente carnal do pecador não apreende as verda-des espirituais (veja 1Co 2:10-46). Nicodemos foi "de noite", um sím-bolo do homem não-salvo; este está "obscurecido" espiritualmente (veja Ef 4:18 e 2Co 4:3-47). O homem não se apronta para o céu apenas ao ser religioso e ter moral; ele deve nas-cer de novo, isto é, nascer do alto.

Nicodemos confundiu o espi-ritual com o físico (veja v. 4). Ele pensava em termos de nascimento físico, e Cristo falava de nascimento espiritual. Todos nós nascemos em pecado. Nosso "primeiro nascimen-to" nos fez filhos de Adão, e isso significa que somos filhos da ira e da desobediência (Ef 2:1-49). Não há educação, religião ou disciplina que possa mudar a natureza antiga; temos de receber uma nova nature-za de Deus.

  1. É necessário entrar no reino de Deus (v. 5)

Jesus não se referia a um reino terre-no e político com o termo "reino de Deus". EmRm 14:17, Paulo descreve o reino de Deus. O peca-dor entra no reino e na família do Senhor quando crê em Cristo. Ni-codemos, como a maioria de seus amigos judeus, pensava que nascer judeu e viver de acordo com a Lei satisfaziam a Deus (veja Mt 3:7-40; Jo 8:33-43). Todos os homens nas-cem fora do paraíso desde o pecado de Adão descrito em Gênesis 3. Nós só podemos entrar no reino do Se-nhor ao nascer de novo.

  1. A natureza do novo nascimento (3:6-13)
  2. O novo nascimento é um nascimento espiritual (vv. 6-7)

O que nasce da carne (a natureza antiga) é carne e sempre será carne e estará sob a ira do Senhor. O que nasce do Espírito (a nova natureza discutida em 2Pe 1:4) é Espírito e é eterno. Você não pode nascer do Espírito pelos meios físicos. Por isso que, no versículo 5, "nascer da água" não significa a água lite-ral, pois batismo significa aplicar uma substância física (água) em um ser físico. Esse ato jamais realizaria nascimento espiritual (Leia de novo Jo 1:11-43 e 6:63.) "Nascer da água" não se refere à água do batis-mo, pois, na Bíblia, o batismo fala de morte, não de nascimento (Rm 6:1 ss). Ninguém do Antigo Testa-mento seria salvo se o batismo fosse essencial para a salvação, pois não havia batismo sob a Lei. Em He- breus 11, todos os santos citados fo-ram salvos pela fé. Não somos sal-vos pelas obras (Ef 2:8-49), e o batis-mo é uma obra humana. Cristo veio para salvar, mas ele não batizou (Jo 4:2). Por que Paulo se regozija por não ter batizado mais pessoas, se o batismo é necessário para a vida eterna (1Co 1:13)?

Apenas os meios espirituais produzem o novo nascimento. Que meios são esses? O Espírito de Deus Oo 3:6 e 6:
63) e a Pala-vra do Senhor (1Pe 1:23; Jc 1:18). No versículo 5, a água refere-se ao nascimento físico (todo bebê "nas-ce da água"), o fato a que, no ver-sículo 4, Nicodemos se referiu. A pessoa nasce de novo quando o Es-pírito de Deus usa sua Palavra para criar fé e conceder a nova natureza à medida que a pessoa crê. Em ge-ral, o Espírito usa um crente para dar a Palavra a outra pessoa (veja 1Co 4:15), mas apenas o Espírito pode conceder vida.

  1. Ele é um nascimento misterioso (vv. 8-10)

Ninguém pode explicar o vento nem a obra do Espírito. O Espírito e o crente são como o vento. Ni-codemos, instruído na Lei, poderia conhecer a verdade da obra renova-dora do Espírito. Veja Ezequiel 37.

  1. Ele é um nascimento real (w. 11-13)

Muitas coisas são misteriosas, mas não deixam de ser reais. Jesus asse-gura a Nicodemos que o novo nas-cimento não é uma fantasia, é uma realidade. A pessoa, se apenas crer nas palavras de Cristo e recebê-lo, descobre como é real e maravilhoso o novo nascimento.

  1. O fundamento para o novo nascimento (3:14-21)
  2. Cristo teve de morrer (vv. 14-17)

De novo, Cristo reporta Nicodemos ao Antigo Testamento, dessa vez ao relato da serpente de bronze deNu 21:0-l 3. O pecador não ape-nas vive nas trevas, mas também as ama e recusa-se a sair à luz em que seus pecados serão expostos e pode-rão ser perdoados.

  1. A confusão sobre o novo nascimento (3:22-36)

O versículo 25 declara: "Ora, entre os discípulos de João e um judeu suscitou-se uma contenda com respeito à purificação" (grifos do autor). Esse judeu poderia ser Ni- codemos ainda em busca da ver-dade? Nicodemos, como muitas pessoas de hoje, estava confuso em relação ao batismo e às ceri-mônias religiosas. Talvez ele pen-sasse que "nascer da água" sig-nificasse batismo, ou alguns ritos judaicos de purificação. Observe como João Batista encaminha esse judeu a Cristo. A Bíblia usaria esse momento para dizer que o batis-mo é necessário para a salvação, se esse fosse o caso, mas não o faz. Em vez disso, a ênfase recai sobre o crer (v. 36).

É evidente que Nicodemos saiu das trevas e, no fim, tornou-se um cristão que nasceu de novo. Em João 3, vemos Nicodemos nas tre-vas da confusão; emJo 7:45-43, o vemos no aurora da convicção, disposto a dar-lhe uma audiência justa; e em Jo 19:38-43, Nico-demos está na plena luz da con-fissão e identifica-se abertamente com Cristo.


Russell Shedd

Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
Russell Shedd - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36
3.1 Fariseus. Conforme Mc 3:0);
3) "de novo" (Ct 4:9). "De cima" é melhor aqui.

3.4,5 Nicodemos, sendo filho de Abraão, observador meticuloso da lei e na opinião sua, súdito do Reino, não entendeu. Cristo declara que sem a implantação da vida do Espírito não há salvação. Água e do Espírito. Conforme Ez 36:25-27 onde Deus promete transformar o coração por água pura e pelo Seu Espírito. Água pode significar a confissão de Cristo e arrependimento realizados normalmente no batismo baseado na fé (At 2:38).

3.6 Jesus ensina que o homem natural não herdará a vida sobrenatural sem a conversão vinda pelo arrependimento e o Espírito (1.12, 13).
3.7 Importa-vos. O plural, (vos) declara a necessidade de todos.

3.8 Vento (gr pneuma "espírito", "vento"). Tal como o vento atua imprevisível e invisivelmente, mas é percebido em seus efeitos, do mesmo modo o Espírito opera na vida dos filhos de Deus e a controla (Rm 8:14).

3:9-11 Nicodemos não passa de ser um materialista religioso. Nunca experimentara a união interior com Deus (11). Conforme 1.12, 13.

3.13 A revelação da verdade salvadora não depende do homem subir até às alturas, mas da descida (encarnação) do Filho de Deus 8.23, 28; Fp 2:5-50).

3.14 Levantou (gr hupsõsen "elevar", "exaltar"). O Cristo crucificado tem de ser visto pela fé (tipificado na elevação da serpente no deserto). Ao reconhecer a Jesus como substituto sacrificial, o crente recebe a vida celestial dele (conforme 8.28; 12.32).

3.16 O mundo dos homens, alienado e condenado recebe no dom do amor (agape) de Deus a opção da vida eterna. • N. Hom. Salvação,
1) Sua força motriz - o amor;
2) Seu iniciador - Deus;
3) Seu mediador - o Filho unigênito;
4) Seu destinatário - o mundo;
5) Seu beneficiário - todo aquele que crê;
6) Seu galardão - a vida eterna.

3.17 Ainda que o propósito principal da vinda de Cristo ao mundo era trazer a salvação (conforme Ez 33:11), não é possível escapar ao fato que a vinda da luz (Cristo) julga e condena os homens que mais amam o pecado do que a justiça (19).

3.19 As trevas. Metáfora comum no NT para apontar a vida pecaminosa humana, separada de Deus (1Jo 1:6).

3.20,21 Quem escolhe a vida sem Deus abafa a convicção de culpa que o pecado traz. Quem se entrega a Cristo aceita de bom grado a revelação de sua própria pecarninosidade. Pela confissão (isto é praticar a verdade) o pecador se aproxima da luz onde alcança a purificação de "todo pecado" (1Jo 1:9).

3.27 João confirma a verdade que Jesus revelou a Nicodemos. O novo nascimento vem de cima (3n); João foi comissionado por Deus.
3.29 Noivo. Denota os crentes em Cristo (conforme 2Co 11:2; Ef 5:22-49). Noivo. É Cristo. Amigo do noivo. João Batista. No casamento oriental o "amigo" cuidou dos arranjos da festa e presidiu-a. Chegando o noivo ao quarto nupcial, ele se 'retirava alegremente.

3.31 Quem... alturas. Refere-se a Cristo (13). Da terra. João.

3.34 O enviado corresponde ao "Filho unigênito" que Deus "deu" para salvar o mundo (16). Espírito por medida. Veja vv. 5 e 8.

3.35 Confiado.. coisas. Cf. 1 7.2; Mt 28:1 Mt 28:8.

3.36 Se mantém rebelde (gr apeithõn). Esta palavra está colocada em oposição a "crê" indicando que fé em Cristo inclui obediência (2.23n).


NVI F. F. Bruce

Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
NVI F. F. Bruce - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36

2) Jesus e Nicodemos (3:1-21)
O elo com o que precedeu esse incidente parece ser que o nosso Senhor agora demonstra aquela compreensão divina dos homens por meio da sua entrevista com Nicodemos. Mas a mensagem que Jesus leva a ele, embora dirigida ao bem pessoal dele, tem aplicação universal. Os comentários do evangelista (v. 16-21), que colocam a obra de Cristo no seu contexto universal, têm o propósito de ser uma continuação desse desafio apresentado ao indivíduo,
v. 1. Havia um fariseu (v. artigo “Pano de fundo religioso do NT” e verbete “Fariseu” em NBD): Os fariseus estavam representados no Sinédrio. Como um todo, eles não eram tão hipócritas como as pessoas pensam, visto que muitos deles preservaram grande parte do que era o melhor do judaísmo a partir do tempo dos macabeus. 

v. 2. à noite-. Que isso foi para manter a conversa em segredo, está quase além de qualquer dúvida. Isso é lembrado mais tarde (cf. 19,49) quando Nicodemos embalsama o corpo do Senhor. E suas observações cautelosas no Sinédrio (conforme 7.50ss) são dignas de reflexão. Mestre. Conforme 1.49. sabemos-. Parece referir-se àqueles que tinham visto os “sinais” de Jesus (conforme 2.23). Por isso, Nicodemos representa os judeus que são confrontados pela singularidade inescapável do ministério de Jesus, ensinas da parte de Deus: Nicodemos ao menos crê que a pregação de Jesus é de origem divina, se Deus não estiver com ele-. Embora verdadeira, essa expressão é insuficiente como uma declaração de fé (conforme At 10:38; Ex 3:12).

v. 3. Digo-lhe a verdade. Essa fórmula, com freqüência repetida por Jesus (conforme 1.51; 3.5,11; 5.19,24,25; 6.26,32,47,53; 8.34,51,58; 10.1,7; 12.24; 13 16:20-21,38; 14.12; 16.20,23; 21.18), é uma forma do hebraico amm, amm, de uma raiz que significa “ser verdadeiro”, “estar fundamentado”. O amém duplo nos lábios de Jesus é peculiar a João. Por isso, acrescenta contundência às palavras que seguem em cada caso; embora devesse ser observado também que Jesus usou essas palavras em referência a algo que ocorreu antes, sugerindo: “Na verdade, há nisso um significado muito mais profundo do que vocês imaginam”. Se não nascer de novo, ou “de cima” (gr. genmthê anõthen')-. A experiência cristã começa com o nascimento, pois é uma nova existência — uma nova criação (conforme 2Co 5:17; 1Pe 2:25ss, em que água e Espírito denotam purificação e regeneração respectivamente. Uma aplicação de água pode ser, de fato, o ato do batismo de João para o arrependimento, embora o batismo cristão não esteja totalmente excluído, visto que no NT está estreitamente ligado com a concessão do Espírito ao indivíduo (conforme At 2:38). v. 6. carne [...] Espírito'. Há um abismo entre o que é básico para toda natureza humana, a carne, e o que é especialmente divino em sua origem, o espírito. Ambos produzem os seus respectivos frutos (conforme 6:52-55).

v. 7. E necessário que vocês nasçam de novo: A resposta de Jesus, endereçada agora não a uma pessoa mas a muitas, abarca todos os que precisam do novo nascimento, v. 8. 0 vento (gr. pneumá) sopra onde quer. Jesus quer se referir aqui a ambos, ao vento e ao espírito. Assim como o vento é imprevisível, assim no mundo espiritual o homem não pode prever a obra do Espírito. Você o escuta-, Pode ser uma referência tanto ao “barulho” quanto à “voz”, assim levando adiante a analogia, v. 11. nós falamos do que conhecemos'. Nicodemos, embora sendo representante dos estudados e piedosos em Israel, não tinha conseguido compreender o significado da obra de Deus. Jesus agora se identifica {nós) com todos aqueles (não importa se judeus como um todo ou os seus discípulos) que de alguma forma tinham compreendido a ação do Espírito. Eles o haviam visto, isto é, ele lhes tinha sido mediado por experiência pela fé. E o plural (vocês) novamente reflete a generosidade quando falou, por meio de Nicodemos, a todos aqueles judeus que, por qualquer razão, tinham rejeitado o ministério dele.

v. 12. coisas terrenas [...] coisas celestiais'. O primeiro termo (gr. ta epigeia) significa o ensino de Cristo na terra acerca do novo nascimento. As “coisas terrenas” são, portanto, aquelas que de fato se originam em Deus mas têm o seu lugar na terra, algumas vezes compreendidas por meio de analogia humana. As “coisas celestiais” (gr. ta epouranid) não são compreendias por nenhuma analogia terrena. Elas dizem respeito à suprema revelação de Deus em Cristo, e nisso ao mistério do relacionamento do Filho com o Pai. Isso é ampliado no versículo seguinte, v. 13. Ninguém jamais subiu ao céu, a não ser aquele que veio do céw. O Filho do homem (conforme 1,51) é o elo entre o céu e a terra. Por meio da encarnação, são mostradas as coisas celestiais. O que, no entanto, é somente parte da história. Ele ainda está para ser exaltado em poder, embora isso (conforme versículo seguinte) vá ocorrer por meio do sofrimento. (A expressão “que está no céu” [nota textual da NVI], embora omitida por uma série de manuscritos antigos, provavelmente deveria ser deixada no texto. Jesus revelou a vida de Deus, que existe no céu, enquanto estava na terra. O seu lugar de moradia permanente é lá; ele somente “viveu entre nós” (conforme 1.14).) v. 14. Da mesma forma que Moisés levantou a serpente-, Conforme 8.28; 12.32,34. Nessas referências a “levantar”, com a possível exceção de 8.28, duas idéias são conjugadas: Em primeiro lugar, a morte do Senhor na cruz é levantada; mas depois, em João, o Filho do homem retorna ao Pai para ser levantado em exaltação, quando ele vai atrair todas as pessoas para si (conforme versículo seguinte). O levantar é no seu todo uma grande obra dramática; é a obra do Pai quando, desde o momento do levantar na cruz, recebe o Filho de volta para si. v. 15. vida eterna-, Conforme 3.16,36; 4.14,36; 5.24,39; 6.27,40,47,54,68; 10.28; 12.25,50;

17.2,3. Essa vida traz consigo a qualidade da era nova de Deus (conforme Ez 12:2); mas é um presente atual de Deus. A duração não é a idéia principal, embota esteja presente. Cristo é ele mesmo tanto a personificação quanto a garantia dessa vida (conforme ljo 5:12), e o Pai, ao levantar o Filho, concede a ele a autoridade de garantir essa vida a outros (conforme 5.26,27; 17.2,3).

v. 16. Porque Deus tanto amou o mundo-. Passamos agora ao comentário inspirado do autor do evangelho. A obra de Cristo tem a sua origem no amor do Pai; essa é a única “razão” por trás da sua auto-revelação. O amor não é meramente uma ação contínua de Deus. Ele agiu. Em Cristo, ele deu o seu único Filho, a exata imagem de si mesmo. Seu amor é recíproco. Somente aqueles que respondem e recebem o presente de Deus em Cristo podem desfrutá-lo. E, quando o recebem, sua resposta inevitavelmente é a de retribuir com o seu amor a Deus (conforme 14.21,24,25). Isso é novo para os ouvintes judeus. Suas idéias particulares da preferência de Deus por Israel agora abrem caminho para o amor dele revelado por toda a humanidade, o seu Filho Unigê-nito: Conforme 1.18. não pereça (gr. mê apolêtai): Outra palavra característica em João (conforme 6.12,27,39; 10.28; 11.50). Aqui o verbo é usado de forma intransitiva, na voz média, para significar

“estar perdido” ou “sofrer destruição”. Essa é a única alternativa para a vida eterna, pois é separação de Cristo e de Deus. Não há sentido concreto de julgamento ainda (conforme versículo seguinte). Isso segue ipso facto, pois a condenação cai sobre todos os que negam a vida em Cristo (conforme v. 18). v. 17. Deus enviou o seu Filho [...] não para condenar. Conforme 5.27; 9.39ss. O nosso texto traduz de forma sábia o grego krinô por “condenar” (Conforme 12.47,48). v. 19. Cristo, como a verdadeira luz do mundo, mostra aos homens quem eles são na sua essência, v. 21. quem pratica a verdade sabe que não pode haver bondade à parte da Fonte de todo o bem. A fé precisa ser acompanhada de uma nova qualidade de vida que certamente dará crédito a ela (conforme Jc 2:14, Jc 2:17,Jc 2:24).  


3) O testemunho final de João Batista (3:22-36)
v. 22. terra da Judéia-, Essas palavras não ocorrem em nenhum outro lugar no NT. v. 23. João também estava batizando-, Pode parecer conflitante com a tradição sinóptica (conforme Mc 1:14). Mas João deixa claro que João Batista ainda não estava na prisão, enquanto Marcos (1,14) mostra que Jesus não começou o seu ministério na Galiléia antes de João ser preso. O evangelista está registrando aqui um ministério anterior de Jesus na Judéia e em Samaria, entre o seu batismo e sua aparição na Galiléia, dos quais os Sinópticos não têm nada a dizer. Enom e Salim estavam situados no território samaritano (conforme W. F. Albright, Archaeologj of Palestine, 1960, p. 247; NBD, p. 1.125). Nesse estágio, João e Jesus trabalham juntos. O contexto serve para destacar o significado do v. 30. v. 25. urna discussão [...] a respeito da purificação cerimonial-, Isso é (intencionalmente) não especificado. O trecho conduz para a remoção de João como o predecessor de Jesus e como o último representante do judaísmo expectante, v. 27. Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado-, Não há um mínimo sinal de amargura diante da notícia do sucesso de Jesus. Que essa autoridade foi divinamente concedida, João crê que seja algo auto-evidente,

v. 29. O amigo que presta serviço ao noivo-, Uma parábola ilustrativa que mostra o lugar central a ser ocupado por Cristo e, mesmo assim, a posição singular que é concedida a João Batista como “amigo do noivo”, como seu amigo íntimo. A “noiva” pode ser uma referência a Israel (conforme Is 62:4Ez 16:8; Dn 2:19,Dn 2:20) e à Igreja como o novo Israel (2Co 11:2; Ef 5:25ss; Ap 21:2; Ap 22:17), mas essa interpretação não pode ser forçada. Poderia haver aqui alguma alusão à festa de casamento em Caná (conforme v. 25; 2:1-11). Esta é a minha alegria: O cumprimento é associado à alegria diversas vezes em João (conforme 15.11; 16.24; 17.13). A alegria de João Batista é a que vem com a conclusão de sua missão, v. 30. E necessário que ele cresça e eu diminua:.O significado do ministério de João só durou enquanto ele abriu o caminho para a obra mais ampla e eterna de Cristo. Os v. 31-36 quase certamente não foram pronunciados por João Batista. O tema da entrevista com Nicodemos e o da confissão de João Batista são fundidos em um pelo evangelista para resumir a verdade manifesta até aqui em Jesus. v. 31. Aquele que vem do alto (gr. anõtheri) é a designação de Cristo que confirma a natureza da sua obra (conforme 13.1). Nos Sinópticos, “aquele que vem” (conforme Mc 11:9; Mt 11:3 etc.) é um título messiânico, v. 34. sem limitações: A plenitude do Espírito caracterizou o ministério do Senhor na terra, ao passo que os profetas da época do AT receberam o Espírito sob medida, v. 36. a ira de Deus: No NT, em sua maior parte, a ira de Deus é tratada em termos escatológicos. Somente aqui em João, como a vida eterna, ela é colocada no presente à medida que os homens se encontram aí para serem julgados aqui e agora de acordo com o seu relacionamento com Cristo, e, assim, como em Rm 1:18, são colocados numa posição escatológica.


Moody

Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
Moody - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 22 até o 30


5) Outro Testemunho de João Batista. Jo 3:22-30.

O fato de que Jesus e seus discípulos executaram uma obra de pregação e batismo na Judéia, enquanto João e seus discípulos conduziram obra semelhante em outro setor, despertou suspeitas de que os dois estivessem em competição. João o nega enfaticamente, assumindo alegremente um papel de subordinação junto a Jesus.


Moody - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 27 até o 30

27-30. O Batista deplorou qualquer pensamento de rivalidade entre ele e Jesus. Seu lugar, o qual lhe fora dado por Deus (do céu... dada) não era o de Cristo, mas o do precursor (v. Jo 3:28). Sua posição não era a do Esposo, o qual atrairia a si o povo de Deus. Isto estava reservado para outro. Antes, ele era o amigo do Esposo. Tal homem tinha a função de medianeiro nos arranjos do casamento. Sua alegria era vicária participação da felicidade do noivo ao se formar uma nova família. O trabalho de João fora feito apresentando o trabalho de Jesus. Ele só podia batizar com água, não com o Espírito. Ele podia anunciar a vinda do reino, mas não entrar nele. Sua causa tinha de enfraquecer pela ordem natural das coisas, conforme a de Jesus se desenvolvesse (v. Jo 3:30). Era o plano de Deus. E assim Jesus, além de ser superior ao Judaísmo, era também superior ao movimento que se centralizou em João (cons. At 19:1-3).


Francis Davidson

O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
Francis Davidson - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 22 até o 36
b) O testemunho final de João Batista (Jo 3:22-43). João é apenas o amigo do noivo, a quem compete procurar a noiva para o noivo, e preparar todas as coisas necessárias para o casamento.

>Jo 3:29

A responsabilidade inclui a preparação do contrato de casamento e, mais ainda, obriga-o a permanecer diante da câmara nupcial até ouvir a voz do noivo. Foi motivo de alegria para João que o povo se uniu em torno de Jesus, pois isto constituiu o selo do seu próprio ministério (29). "A alegria do precursor na cena evangélica não é diminuída pelo fato de a obra de Jesus ser culminada num ato de sacrifício" (Jo 1:29). (Hoskyns, The Fourth Gospel). Convém que ele cresça e que eu diminua (30). A estrela da manhã entra em ocaso quando nasce o sol na sua glória. E assim que o porta-voz João cede lugar para o Cristo. Nos vers. 31-36, o pensamento torna-se mais abstrato. Com toda probabilidade, estes versos representam as meditações do escritor. O Messias é de origem divina, portanto, único e supremo. O evangelista compara o caráter da obra messiânica com a do Batista, "quem vem da terra" (31). Os ensinos de Cristo dão relevo à Sua origem celestial. Jesus Cristo testificava o que havia visto e ouvido do Pai, e nenhum homem destituído da iluminação divina pode receber este testemunho (32). O homem nascido do Espírito põe à prova a Palavra de Deus, autenticando-a na sua própria experiência (33). Cristo é embaixador de Deus aos homens; portanto, confiar nEle é certificar-se da verdade de Deus. Deus ungiu a Jesus com a plenitude do seu Espírito, em contraste com o revestimento parcial concedido aos profetas antigos (34). Outrossim, Deus deu ao Filho suprema autoridade. Este fato se explica só no seu amor para com Ele (35). O testemunho do evangelista conclui com a mensagem de vida e de juízo. Cristo torna-se relevante aos homens, e a atitude deles em relação à sua pessoa determinará o destino final. Fé no Filho assegura para o homem a posse da vida eterna. Porém, aquele que não crê (ARC), e que se mantém rebelde (ARA), não verá a vida; mas a ira de Deus permanece sobre ele (36). "Pesa sobre ele a Ira de Deus" (Rohden).


John Gill

Adicionados os Comentário Bíblico de John Gill, Ministro Batista
John Gill - Comentários de João Capítulo 3 versículo 30

3:30 É necessário que ele cresça,... Não em estatura de corpo, ou em sabedoria e entendendo da mente, como homem, porque ele já estava na maturidade nestas coisas; mas em fama, crédito, e reputação entre os homens; como ele fez depois na terra da Judeia, por causa dos seus milagres e doutrinas; e depois disso entre os Gentios, pela publicação do seu Evangelho; e vai cada vez mais aumentando, quando ele, e ele só, será exaltado: e ele tem que aumentar no seu ministério da palavra que foi publicada por ele e os seus discípulos, ao longo de todas as cidades de Israel; e o qual, depois da sua ressurreição e ascensão, cresceu e aumentou poderosamente, apesar da oposição feita tanto pelas regras civis e eclesiásticas deles; e o qual, pelos meios dos seus apóstolos, foi espalhado ao longo do mundo Pagão, e cobrirá a terra inteira no futuro, como as águas cobrem o próprio mar:[1] e também no seu reino e interesse, que no princípio era muito pequeno como um grão de semente de mostarda, ou como uma pequena pedra recortada da montanha sem mãos; mas no decorrer do tempo cresceu excessivamente, enchendo a face da terra inteira; porque os reinos deste mundo se tornarão os reinos de nosso Deus, e do seu Cristo; e o domínio dele será de mar a mar, e do rio para os fins da terra; e do aumento disto não haverá fim. E tão igualmente no número dos seguidores dele que no princípio eram apenas poucos na Judeia, mas depois aumentou grandemente, e especialmente entre os Gentios; e será muito numeroso na glória moderna, quando a nação dos Judeus nascerá imediatamente, e a plenitude e forças dos Gentios forem trazidas:

E que eu diminua. Como ele fez em sua estima entre o povo; veja Jo 5:3; e em sua obra e ofício, que agora veio a um fim, cujo precursor foi ele, depois disso ele foi colocado na prisão, e lá assassinado.




Notas:
[1] Conforme Is 11:9


John MacArthur

Comentario de John Fullerton MacArthur Jr, Novo Calvinista, com base batista conservadora
John MacArthur - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36

8. O novo nascimento (João 3:1-10)

Ora, havia um homem dos fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus; este homem veio ter com Jesus de noite e disse-lhe: "Rabi, sabemos que Você veio de Deus como um professor, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele." Jesus respondeu, e disse-lhe: «Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." Perguntou-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer, sendo velho? Ele não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe, e nascer, pode?" Jesus respondeu: "Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, eo que é nascido do Espírito é: espírito. Não se surpreender que eu vos disse: 'Você precisa nascer de novo. " O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sei de onde vem e para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito ". Perguntou-lhe Nicodemos: "Como pode ser isso?" Jesus respondeu, e disse-lhe: "Tu és mestre de Israel e não entende essas coisas?" (3: 1-10)

"Todo mundo falando sobre o céu não está indo lá." Esta linha, a partir de um velho espiritual, descreve com precisão muitos na igreja. Exteriormente eles se identificam com Cristo, mas, interiormente, nunca foram verdadeiramente convertido. Porque eles se apegam a uma falsa profissão de fé, eles se enganam em pensar que eles estão no caminho estreito que leva à vida, quando na realidade eles estão no caminho largo que leva à destruição. Para piorar a situação, a sua auto-engano é muitas vezes reforçado por bem intencionados, mas cristãos sem discernimento que, ingenuamente, abraçá-los como verdadeiros crentes. Tal confusão decorre das pseudo-evangelhos aguado que se propagam a partir de demasiadas púlpitos. A graça barata, o ministério orientado para o mercado, emocionalismo, o subjetivismo, e um inclusivismo indiscriminado tudo se infiltrou na igreja, com consequências devastadoras. Como resultado, quase todas as profissões de fé se afirma como verdadeira, mesmo daqueles cujas vidas se manifestar nenhum sinal de verdadeiro fruto (por exemplo, Lucas 6:43-44). Para muitos, a fé de ninguém deve ser questionada. Enquanto isso, passagens-chave do Novo Testamento a respeito do perigo da falsa fé (eg, Tiago 2:14-26) e da necessidade de auto-exame (13 por exemplo, 2 Cor: 5.) Passar despercebida.

O ministério de nosso Senhor oferece um contraste gritante com a confusão evangélico contemporâneo. Cristo não estava interessado nas respostas rasas ou rápidas pseudo-conversões. Ele se recusou a comprometer a verdade ou dar qualquer falsa esperança. Em vez de tornar mais fácil para as pessoas a acreditar, Jesus virou-se mais perspectivas do que ele recebeu. O jovem rico, por exemplo, ansiosamente procurado Jesus e perguntou-lhe com sinceridade: "Mestre, que coisa boa que eu devo fazer para que eu possa alcançar a vida eterna?" (Mt 19:16). No entanto, a Bíblia diz que ele foi embora de luto e não salvo (v. 22). Para Seus discípulos chocados Jesus explicou mais tarde,

"Em verdade vos digo que, é difícil para um rico entrar no reino dos céus. Mais uma vez eu digo a você, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus. "Quando os discípulos ouviram isto, eles foram muito surpreso e disse: "Então, quem pode ser salvo?" E, olhando para eles, Jesus disse-lhes: "Com pessoas isso é impossível, mas a Deus tudo é possível."(Vv. 23-26)

Como resultado da demanda intransigente de Cristo para o compromisso total ", muitos dos seus discípulos se retiraram e não andavam mais com ele" (Jo 6:66). Ele repetidamente advertiu Seus seguidores do perigo da fé espúria, mesmo por parte daqueles que ministrou em Seu nome:

Nem todo o que me diz: "Senhor, Senhor ', entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está no céu vai entrar. Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? " E então eu lhes direi: "Nunca vos conheci; partem de mim, vós que praticais a iniquidade." (Mateus 7:21-23.)

Jesus explicou também que ser Seu discípulo significava morrer para si mesmo, declarando: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me" (Lc 9:23). Tal custo elevado foi muitas vezes demasiado para candidatos a discípulos:

Como eles estavam indo ao longo da estrada, alguém lhe disse: "Eu te seguirei aonde quer que vá." E Jesus disse-lhe: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça." E ele disse a outro: "Segue-Me." Mas ele disse: "Senhor, permita-me ir primeiro enterrar meu pai." Mas Ele disse-lhe: "Permitir que os mortos sepultem os seus próprios mortos;. Mas como para você, vá em todos os lugares e proclamar o reino de Deus" Outro também disse: "Eu te seguirei, Senhor, mas em primeiro lugar, permita-me dizer adeus para os que estão em casa." Mas Jesus disse-lhe: "Ninguém, depois de colocar a mão no arado e olha para trás é apto para o reino de Deus." (Lucas 9:57-62)

Claramente, uma ênfase em abandonar auto e submetendo a Ele permeado abordagem evangelística de Jesus, tanto em seu ministério público e em suas conversas privadas. João 3:1-10 narra uma dessas interações particulares, uma reunião noturna com o proeminente fariseu Nicodemos. Durante toda a conversa, Jesus se recusou a suavizar a verdade apenas para ganhar a aprovação deste líder religioso influente. Em vez disso, ele falou com clareza e equívocos de Nicodemus e dizer-lhe exatamente o que ele precisava ouvir-confrontando precisão. Diálogo de Cristo com Nicodemos pode ser discutido em três temas: "pergunta de Jesus, Jesus 'Nicodemos visão sobre Nicodemos, e indiciamento de Nicodemos Jesus.

O Inquérito

Ora, havia um homem dos fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus; este homem veio ter com Jesus de noite e disse-lhe: "Rabi, sabemos que Você veio de Deus como um professor, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele." Jesus respondeu, e disse-lhe: «Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." (3: 1-3)

A colocação da pausa capítulo aqui é lamentável, já que a história da interação de Jesus com Nicodemos é logicamente ligada à seção anterior (2: 23-25). Como observado no capítulo 7 deste volume, João 2:23-25 ​​descrito recusa de Jesus a aceitar raso fé, baseada em assinar, já que em sua onisciência, Ele entendeu o coração das pessoas. A história de Nicodemos é um caso em apreço, uma vez que o próprio Nicodemos era um daqueles crentes superficiais cujo coração ele lê como um livro aberto. Em vez de afirmar a sua profissão, o Senhor se recusou a aceitar a fé de Nicodemos, que foi apenas a partir dos sinais que ele tinha testemunhado (v. 2). Jesus apontou-lhe a natureza de transformação da vida de verdadeira fé salvadora.

Nicodemus ("vitória sobre o povo") era um nome grego comum entre os judeus da época de Jesus. Alguns identificaram Nicodemus com um homem rico de que mesmo nome mencionado no Talmud. Mas desde que Nicodemos ainda estava vivo quando Jerusalém foi destruída no ano 70 dC, ele provavelmente teria sido muito jovem para ter sido um membro do Sinédrio, durante o ministério de Jesus quatro décadas antes (conforme 7: 50-51). A implicação do versículo 4, que Nicodemos já era um homem velho, quando ele se encontrou com Jesus argumenta ainda contra essa identificação.

Nicodemos era um membro do partido religioso elite dos fariseus. Seu nome provavelmente deriva de um verbo hebraico que significa "separar"; eles eram os "separados", no sentido de ser zelosos da lei mosaica (e suas próprias tradições orais, que adicionados a ele [conforme Mat. 15: 2-6; Marcos 7:8-13]). Os fariseus se originou durante o período intertestamental, provavelmente como um desdobramento do hassídicos ("piedosos"), que se opôs à helenizante da cultura judaica sob o ímpio rei selêucida Antíoco Epifânio. Ao contrário de seus arqui-rivais os saduceus, que tendiam a ser sacerdotes ou levitas ricos, os fariseus geralmente veio da classe média. Portanto, embora em número reduzido (havia cerca de 6.000 na época de Herodes, o Grande, de acordo com o historiador judeu do primeiro século Josephus), eles tinham grande influência sobre as pessoas comuns (embora, ironicamente, os fariseus muitas vezes visto alguns com desprezo [conforme 07:49]). Apesar de ser o partido da minoria, a sua popularidade com o povo deu-lhes uma influência significativa no Sinédrio (conforme Atos 5:34-40).

Com o desaparecimento dos saduceus em 70 dC (depois que o templo foi destruído) e os zelotes, em 135 dC (depois da revolta de Bar Kochba foi esmagada), os fariseus se tornou a força dominante no judaísmo. Na verdade, até o final do século II dC, com a conclusão da Mishná (a compilação escrita da lei oral, rituais e tradições), o ensino do fariseu tornou-se virtualmente sinônimo de judaísmo.

Ironicamente, foi a sua muito zelo pela lei que fez com que os fariseus se tornar ritualizada e externa. Tendo corações inalteradas, eles só iria substituir a verdadeira religião com a mera modificação de comportamento e ritual. Em resposta a sua pseudo-espiritualidade, Jesus apontou scathingly out: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia ea fidelidade; mas estas são as coisas que você deveria ter feito, sem omitir aquelas "(Mt 23:23; cf.. 6: 1-5; Mt 9:14; Mt 12:2). Pior ainda, a grande diferença entre o seu ensino e sua prática levou a hipocrisia, que tanto Jesus (por exemplo, 23 de Matt 2:3.) E, surpreendentemente, o Talmud (que lista sete classes de fariseus, dos quais seis são hipócritas) denunciou. Como resultado, apesar de seu zelo pela lei de Deus, eles eram "guias cegos" (Mt 15:14), que fizeram seus prosélitos duplamente digno do inferno para que eles mesmos se dirigiam (Mt 23:15) . Mesmo se eles não tivessem sido hipócritas, mantendo a lei nunca poderia tê-los salvo ", porque pelas obras da lei nenhuma carne será justificada" (Rm 3:20;. Conforme 3:28;. Gl 2:16; Gl 3:11, Gl 3:24; Gl 5:4). Ezra, também de acordo com a tradição, que reorganizou corpo depois do exílio (conforme Ed 5:5; 6: 7-8, Ed 6:14; Ed 10:8; Atos 4:1-3; 5: 17-18) e para a realização de ensaios (Mt 26:57; At 22:5), a autoridade direta do Sinédrio, parece ter-se limitado a Judéia (que, aparentemente, exercia nenhum poder sobre Jesus enquanto Ele estava na Galiléia; conforme Jo 7:1), é um começo necessário.

Ao usar o termo respeitoso Rabi, Nicodemos, embora um membro do Sinédrio e um eminente professor (v. 10), se dirigiu a Jesus como um igual. Ele não compartilha a suspeita e hostilidade que muitos de seus colegas líderes religiosos tinham para com Cristo (conforme 7:15, 47-52). Nicodemos, e outros como ele (conforme o plural, nós sabemos), aceitou que Jesus tinha vindo de Deus como um professor -Apesar Ele não tinha recebido treinamento rabínico adequada (7:15). Como Nicodemos reconheceu, "ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele." Como as pessoas na seção anterior (2:23), que ficou impressionado com e acreditava que o poder inegável manifesta em milagres de Jesus foi divino. Sem dúvida, ele também tinha conhecimento do testemunho de João Batista sobre Cristo.Isso, juntamente com a prova deles, pode ter causado a Nicodemos a se perguntar se Jesus era o Messias.

Mas Jesus não estava interessado em discutir Seus sinais, que resultaram apenas na fé superficial. Em vez disso, ele foi direto para o real problema, a transformação do coração de Nicodemos pelo novo nascimento. Jesus respondeu à pergunta não formulada de Nicodemos (conforme Mt 19:16e disse-lhe: "Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." A frase AMEN AMEN ( verdadeiramente, verdadeiramente ) aparece no Novo Testamento apenas no evangelho de João. Ele afirma solenemente a veracidade e importância do que se segue. Neste caso, Jesus usou a frase para apresentar a verdade de vital importância que não há entrada no reino de Deus se alguém não nascer de novo. O novo nascimento, ou regeneração, é o ato de Deus pelo qual Ele concede a vida eterna para aqueles que estão "mortos em nossos delitos e pecados ..." (Ef 2:12Co 5:17; Fm 1:3; Jc 1:18; 1Pe 1:31Pe 1:3; 1Jo 2:291Jo 2:29; 1Jo 3:9: 7; 1Jo 5:1, 1Jo 5:18), tornando-os Seus filhos (João 1, assim: 12-13).

O reino de Deus em seu aspecto universal refere-se ao governo soberano de Deus sobre toda a Sua criação. Nesse sentido mais amplo do termo, todos são parte do reino de Deus, uma vez que "o Senhor estabeleceu o seu trono nos céus, e seu reino domina sobre tudo" (Sl 103:19; Sl 29:10 ; Sl 145:13.; Jr 10:10; Lm 5:19; Dn 4:17, Dn 4:25, Dn 4:32)....

Mas Jesus não está se referindo aqui ao reino universal. Em vez disso, Ele está falando especificamente do reino da salvação, o reino espiritual, onde aqueles que nasceram de novo pelo poder divino por meio da fé agora vivem sob a regência de Deus mediada através do Seu Filho. Nicodemos, como o resto de seus companheiros judeus, ansiosamente aguardado que glorioso reino. Infelizmente, eles pensavam que ser descendentes de Abraão, observando a lei, e realizando rituais religiosos externos (designAdãoente a circuncisão) ganharia deles entrada naquela reino. Mas ao pensar isso, ficaram gravemente enganado, como Jesus deixou claro. Não importa o quão religiosamente ativo alguém pode ser, ninguém pode entrar no reino sem experimentar a regeneração pessoal do novo nascimento (conforme Mt 19:28).

As implicações das palavras de Jesus para Nicodemos foram surpreendentes. Toda a sua vida ele tinha diligentemente observada a lei (conforme Mc 10:20) e os rituais do judaísmo (conforme Gl 1:14). Ele juntou-se aos fariseus ultrareligious, e até mesmo se tornar um membro do Sinédrio. Agora Jesus chamou-o a abandonar tudo isso e começar de novo; a abandonar todo o sistema de justiça obras em que ele tinha colocado a sua esperança; para perceber que o esforço humano foi impotente para salvar. Descrevendo a consternação Nicodemos deve ter sentido, RCH Lenski escreve:

A palavra de Jesus sobre o novo nascimento estilhaça uma vez por todas a cada suposta excelência da realização do homem, todo o mérito dos atos humanos, todas as prerrogativas de parto natural ou estação. O nascimento espiritual é algo que se passa, não é algo que ele produz. À medida que nossos esforços não tinha nada a ver com a nossa concepção natural e nascimento, por isso, de forma análoga, mas em um plano muito maior, a regeneração não é uma obra de nossos. O que um golpe para Nicodemos! Sua sendo um judeu lhe deu nenhuma parte no reino; ele ser um fariseu, estimado mais santo do que outras pessoas, aproveitados ele nada; sua condição de membro do Sinédrio e sua fama como um dos seus escribas foi em vão. Este Rabi da Galiléia calmamente diz que ele ainda não está no reino! Tudo em que ele havia construído suas esperanças em toda uma vida árdua longa aqui afundou em ruína e se tornou um pequeno monte inútil de cinzas. ( A Interpretação dos Evangelho de São João [Reprint; Peabody Mass .: Hendrickson, 1998], 234-35)

A Perspicácia

Perguntou-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer, sendo velho? Ele não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe, e nascer, pode?" Jesus respondeu: "Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, eo que é nascido do Espírito é: espírito. Não se surpreender que eu vos disse: 'Você precisa nascer de novo. " O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sei de onde vem e para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito ". (3: 4-8)

Declaração chocante de Jesus foi muito mais do que Nicodemos tinha esperado. Incrédulo, Nicodemos disse-lhe: "Como pode um homem nascer, sendo velho? Ele não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe, e nascer, pode?" Certamente, este fariseu altamente educado não era tão obtuso como ter mal interpretado as palavras de Jesus em um sentido literal de forma simplista. Ele sabia que nosso Senhor não estava falando sobre ser fisicamente renascer, mas ele respondeu no contexto da analogia do Senhor. Como ele poderia começar tudo de novo, voltar para o começo? Jesus estava dizendo a ele que a entrada para a salvação de Deus não era uma questão de adicionar algo para todos os seus esforços, não cobrindo fora de sua devoção religiosa, mas sim cancelar tudo e começar tudo de novo. Ao mesmo tempo, ele claramente não conseguia entender o significado completo do que isso significava. Suas perguntas transmitir a sua confusão, como ele abertamente admirou-se da impossibilidade de declaração de Cristo. Jesus estava pedindo algo que não era humanamente possível (para nascer de novo); Ele estava fazendo a entrada no reino contingente em algo que não poderia ser obtida através do esforço humano. Mas, se isso fosse verdade, o que significava para o sistema de obras baseadas do Nicodemus? Se o renascimento espiritual, como renascimento físico, era impossível do ponto de vista humano, então onde é que isso deixe este fariseu hipócrita?

Longe de minimizar as exigências do Evangelho, Jesus confrontou Nicodemos com o desafio mais difícil que ele poderia fazer. Não admira que Cristo diria mais tarde aos seus discípulos: "Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus!" (Mc 10:24). Chamando-o de nascer de novo, Jesus desafiou este judeu mais religioso que admitir sua falência espiritual e abandonar tudo o que ele estava confiando em para a salvação. Isso é precisamente o que Paulo fez, como ele declarou em Filipenses 3:8-9:

Mais do que isso, considero tudo como perda, tendo em vista o valor de excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas as coisas, e as considero como lixo, para que eu possa ganhar a Cristo, e pode ser achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus, na base da fé.

Jesus respondeu a confusão de Nicodemus, concebendo a verdade Ele introduziu no versículo 3: "Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." Uma série de interpretações têm sido oferecidos para explicar a frase nascer da água. Alguns vêem dois nascimentos aqui, um natural, e outro espiritual. Os defensores deste ponto de vista interpretar a água como o líquido amniótico que flui desde o ventre um pouco antes do parto. Mas não está claro que os antigos descrito nascimento natural dessa forma. Além disso, a frase não nascer da água e do Espírito é paralelo a frase "nascido de novo" no versículo 3; assim, apenas um nascimento está em vista. Outros vêem na frase nascer da água uma referência ao batismo, quer que o de João Batista, ou o batismo cristão. Mas Nicodemos não teria entendido o batismo cristão (que ainda não existia), nem mal interpretado batismo de João Batista. Nem Jesus abstiveram-se de batizando pessoas (4:
2) se o batismo eram necessárias para a salvação. Outros, ainda, ver a frase como uma referência para as lavagens cerimoniais judaicas, que nascem do Espírito transcende. No entanto, os dois termos não são, em contraste com o outro, mas se combinam para formar um paralelo com a frase "nascido de novo" no versículo 3. (Para um exame cuidadoso das diversas interpretações do nascer da água, ver DA Carson, O Evangelho Segundo para João, O Pillar New Testament Commentary. [Grand Rapids: Eerdmans, 1991], 191-96)

(V. 10). Uma vez que Jesus espera Nicodemus para entender esta verdade, ele deve ter sido algo com o qual ele estava familiarizado Água e Espírito muitas vezes se referem simbolicamente no Antigo Testamento para renovação e purificação espiritual (conforme Nm 19:17-19. ; Is 4:4; 44:. Is 44:3; Is 55:1.; Zc 13:1.)

Foi certamente esta passagem que Jesus tinha em mente, mostrando a regeneração ser uma verdade Antigo Testamento (conforme Dt 30:6) com o qual Nicodemos teria sido familiarizado.Face a este cenário Antigo Testamento, ponto de Cristo era inconfundível: Sem a lavagem espiritual da alma, uma limpeza realizada somente pelo Espírito Santo (Tt 3:5), ninguém pode entrar o reino de Deus.

Jesus continuou, enfatizando, ainda, que esta limpeza espiritual é totalmente uma obra de Deus, e não o resultado do esforço humano: "O que é nascido da carne é carne, eo que é nascido do Espírito é espírito." Assim como só a natureza humana pode gerar a natureza humana, assim também só o Espírito Santo pode efetuar a transformação espiritual. O termo carne ( sarx ) aqui se refere apenas à natureza humana (como acontece em 1: 13-14); Neste contexto, ele não tem a conotação moral negativa que freqüentemente faz nos escritos de Paulo (por exemplo, Rom. 8: 1-8, 12-13). Mesmo se um renascimento físico fosse possível, iria produzir só carne. Assim, somente o Espírito pode produzir o nascimento espiritual necessária para a entrada no reino de Deus. A regeneração é inteiramente Sua obra, sem a ajuda de qualquer esforço humano (conforme Rm 3:25).

Embora as palavras de Jesus foram baseados em revelação do Antigo Testamento, eles correram totalmente contrário a tudo Nicodemos tinha sido ensinado. Por toda a sua vida ele tinha acreditado que a salvação veio através de seu próprio mérito externo. Agora ele achou extremamente difícil pensar o contrário. Ciente de seu espanto, Jesus continuou, "Não se surpreender que eu disse a você:" Você precisa nascer de novo. " O verbo traduzido must é um termo forte; João usou em outro lugar no seu evangelho para se referir à necessidade da crucificação (03:14; 12:34), de João inferioridade do Batista de Cristo (03:30), do método adequado de adorar a Deus (4:
24) , de Jesus que leva o seu ministério (4: 4; 9: 4; 10:16), e da necessidade da ressurreição (20: 9). Era absolutamente necessário para Nicodemus para superar o seu espanto por ser tão errado sobre como um é aceito no reino de Deus e procuram ser nascido de novo se ele estava para entrar. E ele nunca poderia fazê-lo com base em suas próprias obras de justiça.

Então o Senhor ilustrado Seu ponto com um exemplo familiar da natureza: "O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sei de onde vem e para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito ". O vento não pode ser controlada; sopra onde quer. E, embora sua direção geral pode ser conhecido, de onde vem e para onde vai não pode ser determinada com precisão. No entanto, os efeitos do vento pode ser observada. O mesmo é válido para a obra do Espírito. Sua obra soberana de regeneração no coração humano não pode nem ser controlado nem previsto. No entanto, os seus efeitos podem ser vistos nas vidas transformadas daqueles que são nascidos do Espírito.

A acusação

Perguntou-lhe Nicodemos: "Como pode ser isso?" Jesus respondeu, e disse-lhe: "Tu és mestre de Israel e não entende essas coisas?" (3: 9-10)

Embora ele era um professor renomado, Nicodemos provou ser um aluno pobre. Sua pergunta, "Como pode ser isso?" indica que ele tinha feito pouco progresso desde o versículo 4. Apesar de uma maior clarificação de Jesus nos versículos 5:8, Nicodemos ainda não podia aceitar o que estava ouvindo. Ele não podia deixar de ir a seu sistema religioso legalista e perceber que a salvação era um soberano trabalho, graciosa do Espírito de Deus.

Por causa de sua posição como o professor de Israel, Nicodemos poderia ter sido esperado para entender as coisas Jesus tinha dito. Sua falta de entendimento foi imperdoável considerando sua exposição ao Antigo Testamento. O uso do artigo definido antes de professor indica que Nicodemos foi um reconhecido, estabelecido professor em Israel. Jesus encontrou-imperdoável que este estudioso proeminente não estava familiarizado com o novo ensino fundamental aliança do Antigo Testamento sobre a única forma de salvação (conforme 2Tm 3:15). Infelizmente, Nicodemus serve como um exemplo claro do efeito anestesiante que externo, religião legalista tem na percepção espiritual, até mesmo ao ponto de obscurecer a revelação de Deus de uma pessoa.

Sua ignorância também exemplificado falência espiritual de Israel (conforme Rom. 10: 2-3). Nas palavras de Paulo, os judeus, deixando de reconhecer "a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria ... não se sujeitaram à justiça de Deus" (Rm 10:3)

"Em verdade, em verdade vos digo que, falamos do que sabemos e testemunhamos o que vimos, e você não aceitar o nosso testemunho. Se eu te dissesse coisas terrestres, e não credes, como você vai acreditar se eu dizer-lhe coisas celestiais, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu: o Filho do Homem, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que crê será?. Nele tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele Quem nele crê não é julgado;.. mas quem não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus Este é o julgamento, que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Para todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz para que as suas obras sejam manifestas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, para que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus "(3: 11-21).

Ao longo dos últimos séculos, a expectativa de vida foram prorrogadas, as condições de vida melhoraram, e do trabalho feito mais seguro e fácil. Temidas doenças que antes eram generalizadas, como a varíola, poliomielite, e várias pragas, têm sido controladas ou eliminadas. Mecanização (pelo menos nos países desenvolvidos) tomou a labuta e perigo de muitos postos de trabalho, e alguns dos mais tarefas trabalhosas agora são realizadas exclusivamente por máquinas. Naturalmente, os problemas não resolvidos ainda permanecem, incluindo a guerra, a pobreza, a certas doenças incuráveis, as preocupações ambientais, e os novos problemas levantados pela própria tecnologia que ajudou a resolver os antigos. Mas a fé da humanidade no progresso continua em grande parte inabalável. Muitos acreditam ardentemente que, dado tempo suficiente, ciência e tecnologia, um dia, superar todos os demais problemas da humanidade.

Mas, embora o homem tem feito grandes progressos na melhoria da suas condições de vida, o seu problema, o mais premente um ao lado do qual todos os outros pálido em comparação-permanece para sempre além de sua capacidade de resolver. É o mesmo problema intransponível que confrontou Adão e Eva após a queda, ou seja, que todas as pessoas, sem exceção (Rm 3:10.), São pecadores culpados (Rm 5:8; 2Tm 4:82Tm 4:8) por violar sua santa lei (Gl 3:10)...

Desde que a desobediência de Adão mergulhou a raça humana em pecado (Rom. 5: 12-21), Satanás tem incessantemente promovida a mentira de que as pessoas podem vir a Deus em seus próprios termos.Essa mentira, abraçado por todos os que seguem o caminho largo que leva à destruição (Mt 7:13), está no coração de cada religião falsa. Mas a Bíblia é claro que as pessoas não regeneradas não pode salvar a si mesmos; sua condição é absolutamente impossível, humanamente falando (Matt. 19: 25-26). Eles são "mortos em [suas] delitos e pecados" (Ef 2:1), porque "o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo" (2Co 4:4).. Eles são inimigos de Deus (Rm 5:10; Jc 4:4; Cl 1:21; conforme Sl 58:3); ignorante Dele (Sl 10:4; Sl 53:1); hostil a ele (Rm 8:7); sem amor para com Ele (2Tm 3:4;.. Rm 1:30); rebelde em direção a Ele (Sl 5:10; 1Tm 1:91Tm 1:9; Rm 1:18; Ef 5:6;. Fp 3:19.), Porque eles odeiam a luz da verdade espiritual (Jo 3:20) e, portanto, são cegos a ele (Mt 15:14.). Como filhos de Satanás (Mt 13:38; Jo 8:44; 1Jo 3:101Jo 3:10), eles vivem sob seu controle. (Ef 2:2) e "por natureza filhos da ira" (Ef 2:3; Rm 6:17, Rm 6:20) e corrupção (2Pe 2:19), "vasos da ira, preparados para a perdição" (Rm 9:22.).

À luz disso, rituais religiosos, as boas obras, e auto-reforma não pode resolver o problema da morte espiritual (Ef. 2: 8-9; 2Tm 1:92Tm 1:9) operada por Deus na regeneração pode dar vida espiritual aos mortos espiritualmente. Essa era a verdade chocante com que Jesus enfrentou o zeloso fariseu Nicodemos (3: 1-10). Embora o ensinamento do Senhor sobre o novo nascimento estava solidamente fundamentada no Antigo Testamento, Nicodemos estava incrédulo. Ele lutou para aceitar que seus esforços eram inúteis religiosos e precisava ser completamente abandonado como um meio para ganhar o reino de Deus.

Porque Nicodemos respondeu na incredulidade, ele aparentemente se afastou de sua conversa com Jesus convertidos. (Ele se tornou um crente depois, no entanto, como foi observado no capítulo 8 deste volume.) Sua resposta inicial tipifica aqueles que rejeitam o evangelho. Descrença Unrepentant é o pecado que, em última análise condena todos os pecadores perdidos (conforme Mt 12:31-32.), Por menos que confessar o senhorio de Cristo, e se arrepender de todo o pecado, incluindo o pecado de tentar ganhar o céu, eles não podem ser salvos. Neste discurso sobre o significado da salvação, Jesus dirigiu-se ao problema da descrença, desde que a resposta para a incredulidade, e alertou para os resultados de incredulidade.

O Problema da Incredulidade

"Em verdade, em verdade vos digo que, falamos do que sabemos e testemunhamos o que vimos, e você não aceitar o nosso testemunho. Se eu te dissesse coisas terrestres, e não credes, como você vai acreditar se eu dizer-lhe coisas celestiais? " (3: 11-12)

Capítulo 3 começou por contar entrevista noturna de Nicodemos com Jesus. Mas depois de sua pergunta no versículo 9, o renomado fariseu mais nada para a conversa (pelo menos nada que é gravada) adicionado, como o diálogo entre os dois homens se mudou para um discurso de Jesus. Embora Nicodemos duas vezes professou a ignorância do ensinamento de Jesus (3: 4, 9), o seu verdadeiro problema, como mencionado acima, não foi a falta de revelação divina. Ele foi muito educado no Antigo Testamento (3:
10) e tinha acabado de dialogou com o Mestre que foi a fonte da verdade. Nicodemos nãoaceitar a verdade que Jesus testemunhou, porque ele se recusou a acreditar nele. Paulo escreveu: "o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1Co 2:14).. Mesmo aqueles que nunca ouviram o evangelho ainda são culpados por sua ignorância, porque rejeitam a verdade que eles têm (Rom. 1: 18-21).

Em um comunicado introduzida pela declaração solene verdade, em verdade vos digo que (conforme a discussão Dt 3:3.).

O uso que o Senhor do pronome plural você indica que sua repreensão foi além Nicodemus para incluir a nação de Israel, de que Nicodemos era um representante. O povo judeu que não aceita otestemunho de Jesus e Seus verdadeiros seguidores (conforme 01:11); sua incredulidade era o que perpetuou sua ignorância espiritual.

Repreensão pontas de Jesus, "Se eu te dissesse coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais?" abalada auto-justiça de Nicodemos. Sua profissão superficial da fé em Jesus como um mestre enviado de Deus (v. 2) foi sem sentido, como era seu entendimento mal interpretado da salvação (conforme v. 10). Por causa de sua recusa a acreditar, ele não podia sequer imaginar o terreno verdade do novo nascimento, para não mencionar profundas celestiais realidades como a relação do Pai ao Filho (Jo 1:1), ou Seu plano eterno de redenção (Ef 1:1; 2Ts 2:132Ts 2:13; 2Tm 1:92Tm 1:9). Estas raras exceções confirmam a regra. O outro evento único foi a visita do apóstolo Paulo ao "terceiro céu" (2Co 12:2; conforme Jo 6:51). "Eu desci do céu", declarou em Jo 6:38, "não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." Em Jo 6:62 Ele perguntou: "O que então se você vir o Filho do Homem subir para onde estava antes?" Em Jo 8:42 Jesus disse aos seus acusadores: "Se Deus fosse o vosso Pai, você me ama, porque eu saí e vim de Deus, por que eu não vim mesmo por mim mesmo, mas ele me enviou." João prefaciou seu relato de "lavar os pés dos discípulos de Jesus, com a afirmação de que Jesus" tinha vindo de Deus e ia para Deus "(Jo 13:3). Em Sua oração sacerdotal de Jesus orou: "Agora, Pai, glorifica-me junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse" (Jo 17:5.).

Começando no versículo 14, Jesus recorreu a uma ilustração do Antigo Testamento para fazer esse ponto, enfatizando ainda que não havia desculpa para Nicodemos, um perito nas Escrituras, ser ignorante do caminho da salvação. Como um tipo de Sua morte sacrificial na cruz, o Senhor se refere a um incidente registrado em Números 21:5-9:

O povo falou contra Deus e contra Moisés: "Por que você nos tirou do Egito para morrermos no deserto? Pois não há comida e sem água, e nós detestamos este alimento miserável." O Senhor enviou serpentes venenosas entre as pessoas e elas morderam o povo, de modo que muitas pessoas de Israel morreu. Assim, o povo veio a Moisés, e disse: "Pecamos, porquanto temos falado contra o Senhor e você; interceder junto ao Senhor, para que Ele possa remover as serpentes de nós." E Moisés intercedeu pelo povo. Então o Senhor disse a Moisés: "Faça uma serpente de bronze, e configurá-lo em um padrão;. E virá sobre, que todo aquele que for mordido, quando ele olha para ela, viverá" E Moisés fez uma serpente de bronze e defini-lo no padrão; E sucedeu que, se uma serpente mordeu qualquer homem, quando ele olhou para a serpente de bronze, vivia.
O evento aconteceu durante quarenta anos de peregrinação no deserto antes de entrar na Terra Prometida de Israel. Como um julgamento sobre incessante das pessoas reclamando, o Senhor enviou serpentes venenosas para infestar seu acampamento. Em desespero, os israelitas pediu a Moisés para interceder em seu nome. E Pedido oração de Moisés foi respondida com uma exibição da graça divina, como Deus usou de misericórdia para o seu povo rebelde. Ele instruiu Moisés a fazer uma réplica de bronze de uma cobra e elevá-la acima do acampamento em um poste. Aqueles que foram mordidos seriam curados se eles, mas olhei para ele, reconhecendo, assim, sua culpa e expressar a fé no perdão de Deus e poder de cura.
O ponto de analogia de Jesus foi que, assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado (crucificado; conforme 8:28; 0:32, 34). O termo must enfatiza que a morte de Cristo era uma parte necessária do plano de salvação (conforme Mt de Deus 16:21; Mc 8:31; Lc 9:22; Lc 17:25; Lc 24:7; At 2:23; 4: 27-28; At 17:3), e "sem derramamento de sangue não há remissão" (He 9:22). Por isso, Deus, "sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou" (Ef 2:4). Os israelitas atingidas foram curados por obedientemente olhando para além de quaisquer obras ou justiça própria em esperança e dependência sobre a palavra de Deus para a serpente de bronze elevada. Da mesma forma, quem olha na fé só para o Cristo crucificado será curado de mordida mortal do pecado e vai nele tenha a vida eterna.

Este é o primeiro de quinze referências no Evangelho de João para o importante termo vida eterna. Em sua essência, a vida eterna é a participação do crente na vida abençoada, eterna de Cristo (conforme 1:
4) através de sua união com Ele (Rm 5:21; 6:. Rm 6:4, Rm 6:11, Rm 6:23; 1Co 15:221Co 15:22; 2Co 5:172Co 5:17; Gl 2:20; Cl 3:1.): 19-23., 29; 1Co 15:49; Fp 3:20-21.; 1Jo 3:21Jo 3:2) era de que Ele amou o mal, pecaminoso mundo da humanidade caída. Como observado anteriormente neste capítulo, toda a humanidade é totalmente pecaminosa, completamente perdido, e incapaz de salvar a si mesma por qualquer cerimônia ou esforço. Assim, não havia nada no homem que atraiu o amor de Deus. Ao contrário, ele amou, porque Ele soberanamente determinado a fazê-lo. O plano de salvação fluiu de "a bondade de Deus, nosso Salvador e Seu amor pelos homens" (Tt 3:4, 1Jo 4:19). Esse amor é tão grande, maravilhoso, e incompreensível que João, evitando todos os adjetivos, só poderia escrever que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu próprio Filho Amado (conforme 1Jo 3:1 usou o termo mundo de uma maneira similar: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo consigo mesmo, sem contar os pecados dos homens, e Ele nos confiou a palavra da reconciliação." Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo consigo mesmo, não no sentido da salvação universal, mas no sentido de que o mundo não tem outra reconciliador. Que nem todos vão acreditar e se reconciliar resulta do articulado no versículo 20: "Portanto, somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus estivesse fazendo um apelo através de nós, nós te peço, em nome de Cristo, se reconciliarem com Deus." (Para uma discussão mais aprofundada desses versos, ver II Coríntios , o comentário MacArthur Novo Testamento [Chicago: Moody, 2003]).

Não há palavras na linguagem humana que podem expressar adequAdãoente a magnitude do dom salvífico de Deus para o mundo. Até mesmo o apóstolo Paulo se recusou a tentar, declarando que o dom de ser "indescritível" (2Co 9:15). O Pai deu Seu unigênito (único, um de um tipo; conforme a discussão Dt 1:14 no capítulo 3 deste volume) Son -o Aquele de quem Ele declarou: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo —pleased "(Mt 3:17; conforme Mt 12:18; Mt 17:5); Aquele a quem ele "ama ... e todas as coisas entregou nas suas mãos" (Jo 3:35; conforme Jo 5:20; Jo 15:9, Jo 17:26); Aquele a quem Ele "altamente exaltado ... e lhe deu o nome que está acima de todo nome" (Fp 2:9). Em seu majestoso profecia do Servo Sofredor Isaías declarou,

 

Ele foi ferido por causa das nossas transgressões,
Ele foi moído pelas nossas iniqüidades;
O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele,
E por sua pisaduras fomos sarados.
Todos nós como ovelhas, nos desviamos,
Cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho;
Mas o Senhor fez com que a iniqüidade de nós todos

Para cair sobre ele. (Isaías 53:5-6.)

 

Por "enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado e como oferta pelo pecado, [Deus] condenou o pecado na carne" (Rm 8:3). Assim como a prova suprema do amor de Abraão por Deus era a sua vontade de sacrificar seu filho (conforme Gn 22:12, 16-18), assim também, mas em uma escala muito maior, a oferta do Pai o Seu Filho unigênito foi a manifestação suprema do amor salvífico para os pecadores.

Dom da graça da salvação de Deus é livre e só está disponível (Rm 5:15-16; Rm 6:23; 1Jo 5:111Jo 5:11; conforme Is 55:1) para aquele que crê em Cristo (Lc 8:12; Jo 1:12; Jo 5:24; Jo 6:40, Jo 6:47; Jo 8:24; 11: 25-26; 0:46; 20:31; At 2:44; At 4:4; At 9:42; At 13:39, At 13:48; At 16:31; At 18:8; 4: 3-5; Rm 10:4; Gl 3:22; 1Jo 3:231Jo 3:23; 5:. 1Jo 5:1, 1Jo 5:13). A oferta gratuita do evangelho é ampla o suficiente para abarcar o mais vil pecador (1Tm 1:15), ainda estreito o suficiente para excluir todos os que rejeitam Cristo (Jo 3:18). Mas para aqueles que vêm a Ele em Seus termos Jesus deu a maravilhosa promessa: "O que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora" (Jo 6:37).

A garantia dada para aqueles que possuem a vida eterna é que eles nunca vão perecer. salvação Genuina nunca pode ser perdido; verdadeiros crentes serão divinamente preservada e fielmente perseverar (Mt 10:22; Mt 24:13; Lc 8:15; 1 Cor 1:... 1Co 1:8; He 3:6; He 10:39), porque eles são mantidos por O poder de Deus (Jo 5:24; 6: 37-40; 10: 27-29; Rm 5:9; Ef 4:30; He 7:25; Jd 1:24: "Eu não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo." Em Lc 19:10 Ele disse: "O Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido", e Jesus fez uma declaração semelhante em Lucas 5:31-32: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os que estão doentes. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento ". Deus julgará aqueles que rejeitam o Seu Filho (conforme a discussão de v 18 abaixo.); Nesse acórdão, no entanto, não foi a missão do Filho na Sua primeira vinda, mas a consequência dos pecadores rejeitá-lo (João 1:10-12; Jo 5:24, Jo 5:40).

A declaração de Jesus no versículo 17 também repudiou a crença popular de que quando o Messias veio, ele iria julgar as nações e os gentios, mas não os judeus. O profeta Amós já havia advertido contra essa má interpretação tola do Dia do Senhor:

 

Ai de mim, vocês que estão torcendo para o dia do Senhor,
Com que propósito é que o dia do Senhor esteja com você?
Será trevas e não luz;
Como quando um homem foge de um leão
E um urso encontra-lo,
Ou vai para casa, inclina-se a mão contra a parede
E uma cobra morde.
Não vai o dia do Senhor são trevas em vez da luz,

Mesmo melancolia sem brilho nele? (Amós 5:18-20)

 

O ponto da vinda de Jesus não foi para redimir Israel e condenam os gentios, mas para que o mundo fosse salvo por Ele. graciosa oferta de salvação de Deus estendida para além Israel a toda a humanidade.Mais uma vez, Nicodemus (e, por extensão, a nação judaica ele representava) deveria saber que, para no pacto abraâmico Deus declarou: "Abençoarei os que te abençoarem, e aquele que te amaldiçoarem amaldiçoarei. E em todos vós as famílias da terra serão abençoados "(Gn 12:3; Gn 22:18; At 3:25). Gentil salvação foi sempre o propósito de Deus (Is. 42: 6-8; Is 55:1).

Mas aquele que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. Enquanto a sentença final daqueles que rejeitam a Cristo ainda está no futuro (conforme 5: 28-29), o seu julgamento será meramente consumar o que já começou. Os perdidos são condenados porque não acreditava na (lit., "Acredita em") o nome do unigênito Filho de Deus. A fé salvadora vai além da mera aceitação intelectual para os fatos do evangelho e inclui abnegado confiança e submissão ao Senhor Jesus Cristo (Rm 10:9.). Só uma fé genuína produz o novo nascimento (Jo 3:7), e há apenas "um só Mediador entre Deus e os ... os homens, Cristo Jesus, homem "(1Tm 2:5) . A Luz (Cristo; conforme 1: 4-9; 8:12; 9: 5; 12:35) veio ao mundo e ao fazê-lo "todo o homem ilumina" (1: 9). Mas as pessoas se recusaram a vir para a Luz , porque eles amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Como observado anteriormente neste capítulo, os incrédulos não são ignorantes, mas voluntariamente rejeitam a verdade. Portanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz para que as suas obras sejam manifestas. incrédulos odeiam (conforme 7:. 7; Pv 1:29) da Luz, sabendo que vai revelar o seu pecado (conforme Ef 5:13; 1 Tessalonicenses 5:.. 1Ts 5:7). Como resultado, eles selam sua própria condenação porque rejeitam o único que pode salvá-los de sua espiritual escuridão.

Aquele que pratica a verdade, no entanto, de bom grado . vem para a luz, para que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus Crentes odiar o pecado e amar a justiça (I João 2:3-6, 1Jo 2:9; 3: 6 —10). Eles não têm nada a esconder, e, portanto, não há razão para temer o que a luz vai revelar. Jesus definiu o crente genuíno como um que pratica a verdade, porque a verdadeira fé salvadora, invariavelmente, se manifesta em atos ... feitas em Deus. "Pois somos feitura dele," Paulo lembrou aos Efésios ", criados em Cristo Jesus para boas obras, quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas "(Ef 2:10;. conforme Mc 4:20). Os remidos sempre "frutos dignos de arrependimento" (Mt 3:8).

Embora nenhuma resposta poupança é indicado aqui, Nicodemos evidentemente levou séria advertência de Jesus ao coração, uma vez que as referências posteriores de João para ele implica que ele se tornou um verdadeiro seguidor de Cristo (7: 50-51; 19:39). Mas aqueles que provar "dispostos a vir para [Jesus], para que [eles] tenham vida" (5:
40) enfrentam a certeza do julgamento divino, como o escritor de Hebreus adverte solenemente: "Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? ... Veja por que você não negamos o que está falando. Porque, se não escaparam aqueles quando rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos escaparemos nós, que se afastam daquele que nos adverte do céu .... Porque o nosso Deus é um fogo consumidor "(He 2:3, He 12:29).

10. De João a Jesus (João 3:22-36)

Depois destas coisas, Jesus e seus discípulos para a terra da Judéia, e lá ele foi passar um tempo com eles e batizava. João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas; e as pessoas foram chegando e foram sendo batizado-de João ainda não tinha sido lançado na prisão. Por isso, surgiu uma discussão por parte dos discípulos de João e um judeu acerca da purificação. E foram ter com João e disseram-lhe: "Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele." João respondeu e disse: "Um homem não pode receber nada menos que tenha sido dado a ele do céu. Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: 'Eu não sou o Cristo', mas, 'Eu fui enviado na frente dele." Aquele que tem a esposa é o esposo;. Mas o amigo do noivo, que está presente eo ouve, regozija-se muito com a voz do esposo Então, este meu gozo foi feito completo que ele cresça e que eu diminua Ele.. que vem de cima é sobre todos, aquele que vem da terra é da terra e fala da terra Aquele que vem do céu é sobre todos o que tem visto e ouvido, isso testifica;.. e ninguém aceita o seu . testemunho Aquele que recebeu o seu testemunho, o seu selo a isso, que Deus é verdadeiro Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus;. para Ele dá o Espírito sem medida O Pai ama o Filho e entregou todas as coisas. . nas suas mãos Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece ". (3: 22-36)

Durante séculos, os filhos de Israel vivia sob a aliança onerosa Deus fez com seus pais no Monte Sinai. Para além de ser lei absoluta da justiça de Deus, refletindo a Sua própria natureza santa, continha também as marcas originais de sua identidade nacional como povo escolhido de Deus (Dt 7:6). Mas pelo tempo de Jesus, a adesão de Israel de que a aliança tinha degenerado em uma forma externa da moralidade superficial, cerimônia mecânica, ritualismo legalista, e tradição estranha.

Israel também errou ao assumir que a antiga aliança era o meio para a salvação, quando essa nunca foi a intenção de Deus. Seu propósito era confrontar os pecadores com um reflexo de Sua santidade absoluta, a demanda que eles mantenham a lei perfeitamente, e deixá-los de frente para a sua incapacidade para mantê-lo. Isso iria apontá-los a qualquer juízo divino ou a oportunidade de arrepender-se, confiar Sua graça, e receber o perdão Ele ofereceu, desde na nova aliança (Jr 31:34), a ser ratificado pela morte de Cristo. Nas palavras do apóstolo Paulo, "A Lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, para que fôssemos justificados pela fé" (Gl 3:24). A antiga aliança não foi capaz de justificar a ninguém. No entanto, ele apontou para a vinda do Salvador, por meio do qual os pecadores podem ser "reconciliados com Deus" (Rm 5:10).

Cerca de 600 anos antes de o Salvador veio, Deus disse ao Seu povo sobre o novo convênio por meio do profeta Jeremias.

"Eis que vêm dias", declara o Senhor, "quando farei uma nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, e não conforme a aliança que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, o meu pacto que eles invalidaram, apesar de eu era um marido para eles ", diz o Senhor. "Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias", declara o Senhor, "Eu vou colocar a minha lei no seu interior e no seu coração eu vou escrevê-lo; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Eles não vão ensinar novamente, cada um a seu próximo, e cada um a seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor ', porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior deles ", diz o Senhor ", pois lhes perdoarei a sua maldade, e seus pecados não me lembrarei mais." (Jer. 31: 31-34)

Em prometendo a salvação no novo pacto, Deus indicou que a antiga aliança nunca poderia ser a última esperança. Assim, o autor de Hebreus explica: "Quando ele disse, um novo pacto," Ele fez o primeiro obsoleto. Mas o que está se tornando obsoleto e envelhece, perto está de desaparecer "(He 8:13).

A antiga aliança tinha uma certa glória inerente a ela. Isaías escreveu: "O Senhor estava satisfeito por Sua causa da justiça para fazer a lei grande e glorioso" (Is 42:21). E Paulo lembrou aos Coríntios,

Mas, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar o rosto de Moisés, por causa da glória do seu rosto, desaparecendo como era, como é que o Ministério da o Espírito não conseguem ser ainda mais com a glória? Porque, se o ministério da condenação tinha glória, muito mais é que o ministério da justiça abundam em glória. Porque, na verdade o que tinha glória, neste caso, não tem nenhuma glória por causa da glória que supera-lo. Porque, se aquilo que se desvanecia era glorioso, muito mais é o que permanece em glória. (2 Cor. 3: 7-11)

No entanto, como o apóstolo observou nos versículos 7:11, a glória da antiga aliança não era permanente, mas desaparecendo; pretendeu-se dar lugar ao novo.
As Escrituras deixam claro que a nova aliança não é apenas uma revisão da idade. Pelo contrário, é algo novo e completamente diferente, porque só ela fornece salvação. Não há salvação em outros convênios mencionados no Antigo Testamento (Noé, Abraão, Priestly, de Davi, ou Mosaic). O escritor de Hebreus enfatizou o seu carácter distintivo, descrevendo-o com a palavra grega kainos , que refere-se a algo novo em espécie, não posterior no tempo (He 8:13).

Como uma demonstração única de divina graça salvadora, a superioridade da nova aliança para o velho se manifesta de várias maneiras. Por exemplo, tem um mediador melhor, o Senhor Jesus Cristo (He 8:6; conforme He 10:4]); é interno, não está escrito em tábuas de pedra (2Co 3:7) (.. Jr 31:33; He 8:10), mas sobre o coração; ele traz vida espiritual, não a morte espiritual (2Co 3:6.); resulta em justiça, não de condenação (2Co 3:9). (Para uma explicação de Paulo sobre a singularidade da nova aliança, consulte 2 Corinthians, O Comentário MacArthur Novo Testamento. [Chicago: Moody, 2003], rachaduras 7-8.)

A transição entre o ministério de João Batista à de Jesus Cristo, que é o tema desta seção (30 conforme v.), Simbolizava a transição do velho para o novo pacto. Seu pai, Zacarias, entendeu o significado da vinda do Messias relação com a nova aliança, como ele deixa claro em sua profecia cheio do Espírito Santo, em Lucas 1:67-79:

Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo, e profetizou, dizendo:

 

"Bendito seja o Senhor Deus de Israel,
Porque Ele nos visitou e realizou a redenção para o seu povo,
E levantou-se um chifre de salvação para nós
Na casa de Davi, seu servil
Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde de-Velho
A salvação dos nossos inimigos,
E da mão de todos os que nos odeiam;
Para mostrar misericórdia para com nossos pais,
E lembre-se da sua santa aliança,
O juramento que fez a Abraão, nosso pai,
Para conceder-nos que, a ser resgatado da mão de nossos inimigos,
O servíssemos sem temor,
Em santidade e justiça perante ele, todos os nossos dias.
E você, menino, serás chamado profeta do Altíssimo;
Para você irá adiante do Senhor para preparar os seus caminhos;
Para dar ao seu povo conhecimento da salvação
Até o perdão dos seus pecados,
Por causa da misericórdia do nosso Deus,
Com qual o Sunrise do alto nos visitará,
Para brilhar sobre os que jazem nas trevas e na sombra da morte,
Para guiar os nossos passos no caminho da paz ".

Como sacerdote que conhecia a Escritura, Zacharias entendido o Messias estava vindo para cumprir a promessa da nova aliança. Ele estava dizendo que todas as promessas feitas a Davi (v. 69) e Abraão (v. 73) dependia para o seu cumprimento com a chegada do Messias (vv. 77-79). Toda esta profecia é baseada em textos do Antigo Testamento a respeito da linhagem de Davi, Abraão, e novos convênios (60 por exemplo, Isa:. 1-5, 19-21; 61: 1-2, 10; 62: 11-12).

João Batista foi o último profeta sob a antiga aliança (Lc 16:16); Jesus veio como o mediador da Nova Aliança (He 8:6), que Ele ratificado por Sua morte sacrificial (Lc 22:20; 1Co 11:251Co 11:25.).Até este ponto, João tinha desfrutado de uma enorme popularidade (Matt 3:4-6; Marcos 1:4-5), enquanto Jesus permaneceu na obscuridade. Embora Sua purificação do templo (13 43:2-22'>João 2:13-22) tinha quebrado o removeram do anonimato e criou uma sensação, Jesus ainda tinha apenas um punhado de seguidores. Mas isso estava prestes a mudar, como as multidões que tinham sido seguintes João deixou e reuniram-se a Jesus. Assim, Cristo iria passar para a frente, e João iria desaparecer da cena, dando o seu testemunho final para o Messias.

No plano soberano de Deus, o ministério de João sobreposta a de Jesus. Se não tivesse, não teria havido nenhum precursor para apontar a nação para o Messias (40 Isa:. 3; conforme Ml 3:1.). Não se deve imaginar, no entanto, que João e Jesus nunca foram rivais; João claramente compreendida e aceita seu papel subserviente (conforme a discussão deste ponto no capítulo 4 deste volume). No entanto, apesar de João popularidade geral (Mt 14:5) entre as pessoas comuns (Mat. 3: 5-6; Lc 7:29)., Israel-sob a influência de seus líderes religiosos (Mateus 3:7-10; Lc 7:30) —ultimately rejeitou seu testemunho acerca de Jesus (Mateus 27:20-25)..

A frase , depois destas coisas indica que os eventos registrados nesta seção seguido (após um intervalo não especificada) os eventos descritos em 2: 13 3:21 (limpeza de Jesus do templo, seus sinais miraculosos, e seu diálogo com Nicodemos). Depois da Páscoa, Jesus e seus discípulos para a terra da Judéia, o que significa que eles deixaram Jerusalém (que é na Judéia) para a região da Judéia circundante (o texto grego diz literalmente "a terra da Judéia" ou "região").

O propósito de Jesus em Jerusalém, deixando era duplo: passar tempo com seus discípulos, e inaugurando sua pregação que levaram ao seu batismo ministério (embora Jesus não batizou pessoalmente, somente os Seus discípulos; conforme 4: 2). Passar tempo traduz uma forma do verbo diatribō , o que implica que um considerável período de tempo decorrido (conforme seu uso em At 12:19; At 14:3; At 15:35; At 25:14), provavelmente vários meses. Durante este intervalo, os discípulos de Jesus estavam batizando aqueles que vieram para ouvi-lo pregar e atendeu seu chamado para se arrepender (conforme Mt 4:17). Seus batismos prenunciou o batismo cristão, que não foi instituído até depois da morte e ressurreição de Jesus (do qual o batismo cristão é um retrato; conforme Rm 6:3-4.).

Ao mesmo tempo, João também continuou seu batismo ministério em Enom, perto de Salim. Dois locais foram propostos para esse site, um perto de Siquém, na região montanhosa e outro perto de Beth Shean no vale do rio Jordão. Ambos os sites estavam em Samaria, deixando Judéia para Jesus, enquanto João estava ministrando ao norte. Há água abundante em ambos os locais, de acordo tanto com o significado de Aenon (a aramaico transliterado ou palavra hebraica que significa "molas") e a afirmação de que havia muita água lá. Mesmo quando o ministério de Jesus foi ganhando força, grandes multidões de pessoas foram ainda vindo a João e ser batizado.

A nota entre parênteses que João Batista ainda não tinha sido lançado na prisão faz mais do que afirmar o que é auto-evidente; obviamente, João não estava na prisão, ou ele não poderia ter sido abertamente pregando e batizando. O comunicado informa os leitores que este incidente ocorreu entre a tentação de Jesus e a prisão de João, um período de tempo sobre o qual os evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) são silenciosos. Os Sinópticos começar a seu relato do ministério público de Jesus na Galiléia, depois que João já está na prisão (Mt 4:12; Mc 1:14; Lc. 3: 19-20 Ct 4:14).O evangelho de João complementa-los gravando esses eventos anteriores do ministério de Jesus, eventos que foram simultâneas com o ministério de João Batista, em Samaria. O apóstolo João esclarece o tempo aqui para que seus leitores não será confundido. No momento em que João escreveu seu evangelho, os Sinópticos já tinha estado em circulação por muitos anos. Esta nota explicativa deixa claro que o tempo quadro de João não está em conflito com o de Mateus, Marcos, Lucas ou.

Esta passagem pode ser dividido em duas seções: João Batista e o fim da velha idade, seguido por Jesus e o início da nova era.

João Batista e do Fim do Old Age

Por isso, surgiu uma discussão por parte dos discípulos de João e um judeu acerca da purificação. E foram ter com João e disseram-lhe: "Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele." João respondeu e disse: "Um homem não pode receber nada menos que tenha sido dado a ele do céu. Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: 'Eu não sou o Cristo', mas, eu fui enviado na frente dele." Aquele que tem a esposa é o esposo;. Mas o amigo do noivo, que está presente eo ouve, regozija-se muito com a voz do esposo Então, este meu gozo foi feito completo que ele cresça e que eu diminua ".. (3: 25-30)

Em algum momento durante os ministérios simultâneas, mas separadas de João e Jesus surgiu uma discussão entre os discípulos de João e um judeu (o singular "judeu" é a leitura preferida, em vez de os plurais "judeus", como na KJV e NVI ) sobre ritual judaico de purificação (conforme 2: 6). Quer ou não o judeu era um seguidor de Jesus não é clara. A reação dos discípulos de João, no entanto, revela que eles sentiram uma questão mais profunda estava em jogo, ou seja, os méritos relativos do ministério de João batismo em comparação com a de Jesus.

A disputa à tona uma questão que tinha sido, sem dúvida, perturbar os discípulos de João por algum tempo. Durante o período de tempo prolongado (conforme a discussão do v. 22, supra) que João ministrado na proximidade de Jesus, os seguidores de João tinha diminuído gradualmente. Incomodado por de seu mestre a diminuir popularidade (conforme 4: 1), que o seu diferendo com o judeu em destaque, os discípulos de João vieram a João e disseram-lhe: "Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, Eis que ele está batizando, e todos vão ter com ele. " Aparentemente sem vontade até mesmo para citar Jesus, os discípulos invejosos de João viu Jesus como um concorrente, que foi ganhando popularidade em detrimento de seu mestre (o seu uso exagerado de todos revela a extensão de seu viés) . Por incrível que pareça, eles também perderam o propósito do ministério de João, que era apontar a nação para o Messias (conforme 1:. 19ss).

Ao contrário de seus seguidores excessivamente zelosos, no entanto, João não foi incomodado no mínimo, por seu declínio popularidade. Apesar de sua influência inicial enorme, ele sempre manteve-se focada no propósito do seu ministério que ele tinha, provavelmente, conhecido desde a infância, para dar testemunho de Cristo (conforme 1:27, 30). Agora, como seu ministério começou a desacelerar, o propósito de João não vacilou. Seu humilde resposta deve ter assustado os seus discípulos: "Um homem não pode receber coisa a menos que tenha sido dado a ele do céu." Desta forma, ele afirmou e abraçou seu papel subordinado como o arauto do Messias. Deus tinha soberanamente lhe concedeu o seu ministério (conforme Rm 1:5, Lc 1:76; 3: 4-6; At 19:4). No entanto, em se concentrar em sua fidelidade aos líderes, eles não estavam seguindo plenamente o Senhor (mesmo a chamada facção Cristo não estava seguindo-o com uma atitude correta, mas sim a partir de uma falsa sensação de superioridade espiritual). "Cristo está dividido?" Paulo scathingly lhes perguntou: "Paulo não foi crucificado para você, não é? Ou fostes batizados em nome de Paulo?" (V. 13). Mais tarde, na mesma epístola que ele exigiu: "Quando alguém diz:" Eu sou de Paulo ", e outro, 'Eu sou de Apolo,' você não meros homens? Quem é Apolo? E o que é Paulo? Servos por meio de quem você Acredita, assim como o Senhor deu a oportunidade de cada um que eu plantei, Apolo regou, mas Deus estava causando o crescimento "(3: 4-6).. Assim, todo o ministério genuíno é centrada em Cristo ", pois ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo" (v. 11).

João Batista ilustrou seu papel subserviente usando a imagem familiar de um casamento (conforme Mateus 22:2-14; 25:. 1-13; Marcos 2:19-20; Lc 12:36; 14: 8-10; Rev . 19: 7-9). Ele lançou-se não no papel donoivo, mas sim como o Mend do noivo, uma posição semelhante ao padrinho em um casamento moderno. O amigo do noivo supervisionou muitos dos detalhes do casamento, servindo como o mestre de cerimônias (em um casamento da Judeia; casamentos na Galiléia eram um pouco diferentes [DA Carson, O Evangelho Segundo João , o pilar New Testament Commentary (Grand Rapids : Eerdmans, 1991), 211]). Ele foi ainda responsável por trazer a noiva para o noivo para começar a cerimônia de casamento. Tendo feito isso, sua tarefa foi concluída; o foco agora legitimamente mudou dele para o noivo.

Há boas evidências de que, de acordo com a lei da Mesopotâmia antiga o amigo do noivo foi proibido em qualquer circunstância para se casar com a noiva, mesmo que o noivo a rejeitou (Carson, 212; Homer A. Kent Jr. luz na escuridão: Estudos no Evangelho de João [Grand Rapids: Baker, 1974]., 67; JD Douglas, ed, O Dicionário da Bíblia New [Grand Rapids: Eerdmans, 1979], sv, "amigo do noivo").Isso explica a indignação de Samson quando sua noiva foi dada ao seu companheiro (Jz. 14: 20-15: 3). Se isso ainda fosse o caso na época de João, sua descrição de si mesmo como o amigo do noivo reforçou o fato de que ele não vê a si mesmo e Jesus como rivais. Trazendo o remanescente fiel de Israel (retratado no Antigo Testamento como a noiva do Senhor; conforme Is. 54: 5-6; 62: 4-5; Jr 2:2; Jr 2:16 Hos.. —
20) a Cristo foi o ponto culminante do ministério de João como seu precursor.

Ao contrário de seus discípulos ciumentos, João encontrou grande alegria em phasing out para que o ministério de Jesus poderia receber toda a atenção de Israel. Tendo o levou a noiva, o fiel amigo do noivo ... se alegra muito porque ele ouve a voz do esposo que expressa a alegria da noiva. Então, de João alegria foi feito completo , enquanto observava a multidão deixá-lo para Jesus: "Esta é a alegria que João reivindica para si mesmo, a alegria do amigo do noivo, que trata da união, e essa alegria é atingido no de Cristo de boas-vindas para si a pessoas com quem João preparou para ele e dirigido a Ele "(Marcus Dods," João "em W. Robertson Nicoll, ed. Commentary os expositores 'Bíblia [Reprint; Peabody, Mass .: Hendrickson, 2002], 1: 720).

João resumiu sua visão de si mesmo em relação a Jesus no que talvez seja o mais humilde declaração proferida por ninguém nas Escrituras: que ele cresça e que eu diminua. Leon Morris observa: "Ele não é particularmente fácil neste mundo para reunir seguidores sobre uma para um propósito sério. Mas quando eles estão reunidos é infinitamente mais difícil de destacá-las e firmemente insistem que eles vão atrás do outro. É a medida da grandeza de João que ele fez exatamente isso "( O Evangelho Segundo João, O Novo Comentário Internacional sobre o Novo Testamento [Grand Rapids: Eerdmans, 1979], 242).

Deve fala da necessidade divina. Foi a vontade de Deus por João para dar lugar a Jesus; não havia nenhuma razão para que as multidões se pendurar em torno do arauto uma vez que o rei tinha chegado.Porque ele entendeu isso, João Batista aceitou alegremente o plano de Deus para o seu ministério.

Jesus eo início da Nova Era

"Aquele que vem de cima é sobre todos, aquele que vem da terra é da terra e fala da terra Aquele que vem do céu é sobre todos O que ele tem visto e ouvido, isso testifica;.. E ninguém .. aceita o seu testemunho Aquele que recebeu o seu testemunho, o seu selo a isso, que Deus é verdadeiro Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois Ele dá o Espírito sem medida O Pai ama o Filho e entregou. . todas as coisas em sua mão, quem crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece ". (3: 31-36)

Comentaristas discordam sobre se João Batista continua a falar nestes versos, ou se são um comentário editorial pelo apóstolo João (escritores do primeiro século não usar aspas). Mas já que não há nenhuma indicação no texto de uma ruptura no pensamento ou na continuidade, o melhor é ver esses versos como uma continuação do palavras de João Batista para os seus discípulos. Em seu último discurso gravado neste evangelho, João listou cinco razões para seus discípulos (e, por extensão, todo mundo) para aceitar a supremacia absoluta de Jesus Cristo.

Cristo tinha uma origem divina

"Aquele que vem de cima é sobre todos, aquele que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos." (03:31)

O advérbio Anothen ( de cima ) é a mesma palavra traduzida como "nascido de novo" em 3: 3, 7, onde se reflete a origem divina do novo nascimento. Aqui se refere a Cristo como Aquele "que desceu do céu" (3:13; conforme 06:33, 38, 50-51, 58; 08:42; 13 3:16-28; 17: 8; 1Co 15:47;.. Ef 4:10). Como tal, Ele é , acima de tudo, Cristo é soberano sobre o universo em geral, e o mundo dos homens, em particular.

Em contraste, João Batista declarou-se da terra, da terra, e aquele que fala da terra. Ao contrário kosmos ("mundo"),  ( terra ) não traz implicações morais negativos; ele apenas se refere aqui para limitações humanas. A pregação de João era ousada, poderosa e persuasiva, mas ele era apenas um "homem enviado de Deus" (1: 6). Jesus, ao contrário, era Deus encarnado (1: 1, 14), e Seu testemunho da verdade era infinitamente maior do que de João (conforme 5: 33-36). Por causa da origem celestial de Jesus, Ele teve que aumentar, enquanto João teve de diminuir.

Cristo sabia a verdade em primeira mão

"O que ele tem visto e ouvido, isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho." (03:32)

Na Antiga Aliança: "Deus ... falou há muito tempo para os pais, pelos profetas" (He 1:1., Mc 1:22, Mc 1:27). "Em verdade, em verdade vos digo a você", disse Jesus a Nicodemos: "falamos do que sabemos e testemunhamos o que vimos" (03:11). Mais tarde, Ele ensinou: "Aquele que me enviou é verdadeiro; e as coisas que eu ouvi dele, estes eu falar para o mundo" (8:26). Para Seus discípulos, Ele declarou: "Todas as coisas que eu ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer" (15:15; conforme 08:40). Mesmo os inimigos de Jesus reconheceu, "Nunca um homem fala a maneira que este homem fala" (Jo 7:46).

Tragicamente, João lamentou, apesar de Jesus poderoso, autoritário proclamação da verdade, ninguém aceita o seu testemunho. Ecoando as palavras de Jesus a esse mesmo efeito (03:11; conforme 05:43; 12:37), declaração hiperbólica de João Batista enfatizou que o mundo em geral rejeita Jesus e seus ensinamentos. O apóstolo João observou que a rejeição no prólogo do seu Evangelho: "[Jesus] era a luz verdadeira que, vindo ao mundo, ilumina a todo homem, Ele estava no mundo, eo mundo foi feito por ele, eo mundo fez. O conhecem Ele veio para os Seus, e os que estavam os seus não o receberam "(1: 9-11).. "O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus", escreveu Paulo aos Coríntios, "pois lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1Co 2:14). . É porque eles estão mortos em seus delitos e pecados (Ef 2:1; Et 3:10, Et 3:12; 8:.. Et 8:2, Et 8:8, Et 8:10; Dn 6:17) como um sinal de completa aceitação e aprovação. No jargão de hoje, eles assinaram fora nele. Aqueles que têm recebido de Cristo testemunho assim certificar a sua crença de que Deus é verdadeiro quando Ele fala através de Seu Filho, como sempre (conforme Jo 17:17; Rm 3:4), e perecer eternamente (Jo 8:24).

Cristo experimentou o poder do Espírito Santo Sem Limite

"Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois Ele dá o Espírito sem medida." (03:34)

Os profetas antigos que falavam de Deus foram levados, com poderes, e inspirado pelo Espírito Santo; O próprio João Batista foi "cheio do Espírito Santo, enquanto ainda no ventre de sua mãe" (Lc 1:15).No entanto, a capacidade do Espírito para capacitá-los foi limitado por suas naturezas pecaminosas, humanos caídos. Mas Jesus Cristo, Aquele que Deus enviou (3:17, 4:34, 5:24, 30, 36-38; 6:29, 38, 39, 44, 57; 07:16, 28-29, 33; 08:16, 18, ​​26, 29, 42; 9: 4; 10:36; 11:42; 12: 44-45, 49; 13 20:14-24; 15:21; 16: 5; 17: 3, 8, 18, ​​21, 23, 25; 20:21;. Mt 10:40; Mc 9:37; Lc 4:18; Lc 10:16), infalivelmente falou as palavras de Deus , porque Deus deu o Espírito para Ele sem medida (1: 32-33; conforme Is 11:2; Is 61:1), o Pai deu a Ele autoridade suprema sobre todas as coisas na terra e no céu (Mt 11:27; 1Co 15:271Co 15:27; Ef 1:22; Fp 2:1). Essa supremacia é um indicador claro da divindade do Filho.

Afirmação da autoridade absoluta de Jesus de João demonstrou sua atitude humilde, mesmo que o seu ministério proclamação desvanecido no fundo. Tendo cumprido a sua missão nesta terra, João percebeu que seu trabalho seria logo terminou. Na verdade, não muito tempo depois, ele foi preso e decapitado por Herodes Antipas, governador da Galiléia (Mt 14:3-11.).

Mas antes que ele desapareceu de cena, João Batista deu um convite e um aviso de que formar um clímax apropriado, não só para este capítulo, mas também para todo o seu ministério. Como Moisés (Dt 11:26-28; 30: 15-20.), Josué (. Js 24:15), Elias (1Rs 18:21) e Jesus (Jo 3:18), antes dele, ele estabelecido as duas únicas opções disponíveis para os pecadores perdidos: "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece."

A bendita verdade da salvação é que aquele que crê no Filho tem a vida eterna como uma possessão presente, não apenas como uma esperança no futuro. Jesus disse: "Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida" (5:24 ; conforme 1:12; 3: 15-16; 6:47; I João 5:10-13).

Mas, por outro lado, a única que não crê no Filho não verá a vida. A justaposição de crença e desobediência é um lembrete de que o Novo Testamento retrata a crença no evangelho como obediência a Deus, um elemento essencial da fé salvadora (cf . At 6:7). Mas foi para salvar os pecadores, desamparados condenado desde que o destino terrível que Deus enviou Seu Filho para ser o Salvador do mundo (1:29; 3:17; 4:42; Mt 1:21; Rm 5:1; 1Ts 1:101Ts 1:10;. 1Jo 4:141Jo 4:14).

Desta forma, João Batista declarou claramente a soberania e supremacia de Jesus Cristo, enfatizando que somente Ele é capaz de salvar pecadores das conseqüências de sua desobediência. E o que João proclamada com os lábios, ele exemplificou com a sua vida, promovendo ativamente o ministério de Jesus, mesmo à custa de sua própria. Assim, o peso do testemunho de João ainda pode ser sentida hoje, como um aviso para os incrédulos, que eles devem se arrepender e seguir a Cristo, e como um exemplo para os crentes, que eles devem buscar a glória do Salvador, em vez de seu próprio.


Barclay

O NOVO TESTAMENTO Comentado por William Barclay, pastor da Igreja da Escócia
Barclay - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36

João 3

O homem que veio de noite — Jo 3:1-6

Em geral vemos a Jesus rodeado de gente comum, mas neste caso o vemos em contato com um membro da aristocracia de Jerusalém. Sabemos algumas coisas a respeito de Nicodemos.

  1. Nicodemos deve ter sido rico. Ao Jesus morrer, Nicodemos levou para seu corpo, “cem libras de um composto de mirra e aloés” (Jo 19:39), e só um homem rico pôde ter levado isso.
  2. Nicodemos era um fariseu. Em mais de um sentido os fariseus eram a melhor gente de todo o país. Nunca havia mais de seis mil fariseus; compunham o que se conhecia com o nome de chaburah, ou irmandade. Entravam nesta irmandade fazendo um juramento diante de três testemunhas no qual prometiam passar toda sua vida observando cada um dos detalhes da Lei dos escribas.

O que significava isto exatamente? Para o judeu a Lei era a coisa mais sagrada do mundo. A Lei eram os primeiros cinco livros do Antigo Testamento. Criam que a Lei era a mais perfeita palavra de Deus. Acrescentar-lhe ou lhe tirar uma só palavra era um pecado mortal. Agora, se a Lei for a mais completa e perfeita palavra de Deus, isso significa que contém tudo o que um homem necessita para levar uma vida boa. Se não o contiver em forma explícita, deve contê-lo de maneira implícita. Se não está expresso em palavras, deve ser possível deduzi-lo.
Agora, a Lei, tal como está consta de grandes, nobres e amplos princípios que o homem deve elaborar por si mesmo. Mas para os judeus posteriores isto não era suficiente. Diziam: "A Lei é completa; contém todo o necessário para levar uma vida boa; de maneira que na Lei deve haver uma regra e uma regulação para governar todo incidente possível em todo momento possível da vida de todo homem possível". De maneira que se dedicaram a extrair dos grandes princípios da Lei um número infinito de normas e regulamentos para governar toda situação concebível da vida. Em outras palavras, mudaram a Lei dos grandes princípios pelo legalismo de leis e regulamentos laterais.
O melhor exemplo do que faziam se vê na Lei do sábado. A própria Bíblia nos diz simplesmente que devemos lembrar do sábado para santificá-lo, e que esse dia não se deve fazer nenhum trabalho, seja pelos homens, seus serventes ou seus animais. Não contentes com isso, os judeus passaram hora após hora e geração após geração definindo o que era o trabalho e fazendo listas do que se pode e não se pode fazer no dia sábado. O Mishnah é a Lei dos escribas codificada. Os escribas eram os que passavam suas vidas elaborando estas regras e regulamentos. Na Mishnah a seção dedicada ao sábado se estende em não menos de vinte e quatro capítulos. O Talmud é o comentário explicativo sobre a Mishnah, e no Talmud de Jerusalém a seção que explica a Lei do sábado ocupa sessenta e quatro colunas e meia; e no Talmud de Babilônia se estende a cento e cinqüenta e seis fólios duplos. E conta-se que um rabino passou dois anos e meio estudando um só dos vinte e quatro capítulos da Mishnah.

Faziam este tipo de coisas: atar um nó no dia de sábado era trabalhar. Mas precisamos definir o que é um nó. "Estes são os nós que tornam culpado o homem que os faz; o nó de quem conduz camelos e o dos marinheiros; e assim como se é culpado por atá-los, também é faltoso ao desatá-los". Por outro lado, os nós que podiam atar-se e desatar-se com uma só mão eram legais. Mais ainda, uma mulher pode fazer um nó em sua blusa e as cintas de seu chapéu, e as de sua faixa, os cordões dos sapatos ou sandálias, os dos couros para o vinho e o azeite".
Agora vejamos o que sucede. Suponhamos que um homem quisesse baixar um balde num poço para tirar água durante o dia sábado. Não podia lhe atar uma corda, porque fazer um nó em uma corda durante o sábado era ilegal; mas podia atá-lo à faixa de uma mulher e baixá-lo, porque um nó em uma faixa era algo legal. Esse era o tipo de coisas que para os escribas e fariseus eram questões de vida ou morte. Isso era religião; para eles isso era servir e agradar a Deus.

Tomemos o caso de alguém que viajava no sábado. Ex 16:29 diz: “Cada um fique onde está, ninguém saia do seu lugar no sétimo dia”. De maneira que as viagens no sábado se limitavam a dois mil côvados, quer dizer, 900 metros. Mas, se fosse atada uma soga que cruzasse o extremo de uma rua, toda essa rua se convertia em uma casa e qualquer homem podia caminhar uma centena de passos mais à frente do extremo dessa rua. Ou, se um homem depositava a quantidade de alimento suficiente para uma refeição na tarde da sexta-feira em um lugar determinado, tal lugar se tornava tecnicamente em sua casa e no sábado podia caminhar dois mil côvados a partir desse lugar. As regras e regulamentos e as evasões se amontoavam da centenas e milhares.

Tomemos o caso de alguém que carrega um pacote. Jeremias 17:21— 24 dizia: “Guardai-vos por amor da vossa alma, não carregueis cargas no dia de sábado”. De maneira que se fazia necessário definir o que era uma carga. Era definida como refeição que equivalha ao peso de um figo seco, a suficiente quantidade de vinho para misturar em um copo, leite suficiente para um gole, mel suficiente para pôr sobre uma ferida, a suficiente quantidade de azeite para lubrificar um membro pequeno, a suficiente quantidade de água para umedecer um curativo em um olho, e assim por diante. De maneira que era preciso decidir se uma mulher podia levar um alfinete, se um homem podia levar uma perna de pau ou dentadura postiça durante o sábado; ou fazê-lo equivaleria a levar uma carga? Podia-se levantar uma cadeira, ou até uma criatura? E assim continuavam as discussões e as regras.

Os escribas eram os que elaboravam estes regulamentos; e os fariseus eram os que dedicavam suas vidas a obedecê-los. É evidente que, por mais errado que pudesse estar um homem, deve ter sido sincero em extremo se estava disposto a prometer obediência a cada uma das milhares de regras. Isso era exatamente o que os fariseus faziam. O nome fariseu significa o separado; e os fariseus eram aqueles que se separaram de toda a vida comum para poder observar cada detalhe da Lei dos escribas.

Nicodemos era fariseu, e se vê claramente quão surpreendente é que um homem que via assim a bondade e se entregou a esse tipo de vida, convencido de que agradava a Deus, tivesse algum desejo de falar com Jesus.

  1. Nicodemos era um principal entre os judeus. A palavra é archon. Quer dizer o que era membro do Sinédrio. O Sinédrio era um tribunal de setenta membros e era a suprema corte dos judeus. Claro que, sob os romanos, seus poderes eram mais limitados do que tinham sido antes; mas apesar disso, eram extensos. O Sinédrio exercia particularmente a jurisdição religiosa sobre todos os judeus do mundo; e um de seus deveres era o de examinar e julgar a qualquer de quem se suspeitasse que era um falso profeta. Uma vez mais, resulta evidente que é algo surpreendente que Nicodemos se aproximou de Jesus.
  2. Pode ser que Nicodemos pertencesse a uma das mais distinguidas famílias judaicas. Já no ano 63 A. C, quando romanos e judeus estavam em guerra, Aristóbulo, o chefe judeu, tinha enviado a um certo Nicodemos como embaixador a Pompeu, o imperador romano. Muito tempo depois, nos espantosos últimos dias de Jerusalém, o homem que negociou a rendição do forte, foi um tal Gorion, filho do Nicomedes ou Nicodemos. Pode ser que ambos pertencessem à mesma família de nosso Nicodemos, e que fosse uma das famílias mais distintas de Jerusalém. Se isto for certo, é surpreendente que este aristocrata judeu se aproximasse desse profeta errante que tinha sido o carpinteiro de Nazaré para lhe falar sobre sua alma.

Era de noite quando Nicodemos se aproximou de Jesus. É provável que houvesse duas razões para que ocorresse dessa maneira.

  1. Pode ter sido uma medida de precaução. Pode ser que Nicodemos sinceramente não tenha querido comprometer-se e comprometer a seus companheiros do Sinédrio aproximando-se de Jesus à luz do dia. Não devemos condená-lo. O surpreendente é que Nicodemos, com seus antecedentes, aproximou-se de Jesus; era imensamente melhor ir de noite que nunca ir. É um milagre da graça que Nicodemos tenha superado seus preconceitos e sua educação e todo seu conceito da vida para aproximar-se de Jesus.
  2. Mas pode haver outra razão. Os rabinos afirmavam que o melhor momento para estudar a Lei era de noite, quando nada perturbava os homens. Durante o dia Jesus estava rodeado todo o tempo por uma multidão de gente. Pode ser que Nicodemos se aproximou de Jesus de noite porque queria estar completamente a sós com Ele e sem nenhuma interrupção. Pode ter ido de noite porque queria ter a Jesus para si mesmo em forma tal que lhe tivesse sido impossível durante as ocupadas horas do dia.

Nicodemos era um homem confundido, um homem que desfrutava de todas as honras e que, entretanto, notava que algo lhe faltava. Aproximou-se de Jesus para conversar com Ele durante a noite para que, de algum modo, na escuridão da noite, achasse luz.

O HOMEM QUE VEIO DE NOITE

João 3:1-6 (continuação)

Quando João relata as conversações que Jesus mantinha com seus interrogadores, segue certo esquema. Aqui vemos esse esquema com toda clareza. O interrogador diz algo (versículo 2). Jesus responde com uma declaração que é difícil de entender (versículo 3). O interrogador compreende mal a frase (versículo 4). Jesus responde com uma declaração que é ainda mais difícil de compreender (versículo 5). E logo seguem um discurso e uma explicação. João emprega este método ao relatar-nos as conversações que Jesus mantinha com aqueles que iam perguntar-lhe coisas, a fim de que vejamos homens que pensam as coisas e as descobrem por si mesmos e para que nós façamos o mesmo.
Quando Nicodemos se aproximou de Jesus, disse-lhe que ninguém podia evitar sentir-se impressionado pelos sinais e maravilhas que fazia. A resposta de Jesus é que o que importava verdadeiramente não eram os sinais e maravilhas; o que importava era que na vida interior de um homem se produzisse uma mudança tal que só pudesse considerar-se como um novo nascimento.
Quando Jesus disse que um homem deve nascer de novo, Nicodemos o interpretou mal, e essa interpretação errônea surge do fato de que a palavra traduzida por de novo, a palavra grega anothen, tem três significados diferentes. (1) Pode querer dizer desde o começo, por completo, radicalmente. (2) Pode significar de novo, no sentido de pela segunda vez. (3) Pode significar de acima, e, portanto, de Deus. É-nos impossível expressar estes três significados em uma só palavra; e entretanto, os três estão presentes na frase nascer de novo. Nascer de novo significa experimentar uma mudança tão radical que é como um novo nascimento; é como se à alma acontecesse algo que só pode descrever-se como voltar a nascer de novo por completo; e todo esse processo não é um lucro humano, porque provém da graça e o poder de Deus.

Quando lemos o relato e as palavras de Nicodemos, à primeira vista pareceria ter tomado o termo de novo na segunda acepção, e no mais estrito sentido literal. Como pode um homem —disse— voltar a entrar no ventre de sua mãe e nascer pela segunda vez quando já é velho? Mas há algo mais que isso na resposta do Nicodemos. Em seu coração havia um grande desejo insatisfeito. É como se Nicodemos tivesse dito, com um desejo infinito, ansioso: "Você fala de nascer de novo; fala a respeito desta mudança radical, fundamental, que é tão necessário. Eu sei que é necessário: mas em minha experiência é não menos impossível. Não há nada que queria obter mais que isso; mas é o mesmo que você me dissesse, um homem adulto, que entrasse no ventre de minha mãe e nascesse de novo." Não era o caráter desejável desta mudança o que Nicodemos questionava; isso o sabia muito bem; o que questionava era sua possibilidade. Nicodemos se encontra diante do eterno problema: o problema do homem que quer mudar e que não pode efetuar essa mudança por si mesmo.

Esta frase nascer de novo, esta idéia do renascimento, aparece ao longo de todo o Novo Testamento. Pedro fala do Deus que nos fez renascer a uma viva esperança (1Pe 1:3); fala de renascer não de semente corruptível, mas incorruptível (1 Ped. 1:22-23). Tiago fala de Deus que nos faz renascer pela palavra da verdade (Jc 1:18). A Epístola a Tito fala do lavar regenerador (Tt 3:5). Às vezes se faz referência a esta mesma idéia como a uma morte, seguida por uma ressurreição ou recriação. Paulo fala do cristão como alguém que morre com Cristo e ressuscita para a nova vida (Rom. 6:1-11). Refere-se àqueles que logo entraram na 1greja como meninos em Cristo (I Coríntios 3:1-2). Se alguém estiver em Cristo é como se tivesse sido criado de novo (2Co 5:17). Em Cristo há uma nova criação (Gl 6:15). O novo homem é criado segundo Deus na justiça (Efésios 4:22-24). A pessoa que está nos primeiros rudimentos da fé cristã é um menino (Hebreus 5:12-14). Ao longo de todo o Novo Testamento aparece esta idéia de renascimento, recriação.

Agora, de nenhum ponto de vista se trata de uma idéia que fosse estranha a quem a escutasse na época do Novo Testamento. Os judeus sabiam tudo sobre o renascimento. Quando um prosélito se incorporava ao judaísmo, quando um homem de outra fé se tornava judeu, uma vez que fosse aceito dentro do judaísmo, mediante a oração, o sacrifício e o batismo, considerava-se que tinha renascido. "Um prosélito que abraça o judaísmo", diziam os rabinos, "é como um menino recém-nascido". A mudança era tão radical que desapareciam todos os pecados que tinha cometido antes de sua recepção, visto que agora era outra pessoa. Até se sustentava, em um nível teórico, que esse homem podia casar-se com sua própria mãe ou irmã porque era uma pessoa completamente nova e todas as relações anteriores ficavam destruídas.

O judeu conhecia a idéia do renascimento. O grego conhecia a idéia do renascimento e a conhecia muito bem. A manifestação religiosa mais autêntica dos gregos nesta época eram as religiões dos mistérios. Todas as religiões dos mistérios se apoiavam no relato de algum deus que sofria, morria e ressuscitava. Este relato era representado como uma peça de teatro da paixão. O iniciado tinha que passar por um longo curso de preparação, instrução, ascetismo e jejum. Logo se representava o drama com música voluptuosa, um ritual maravilhoso, incenso e tudo o que pudesse exercer alguma influência sobre os sentidos. À medida que avançava a representação, o objetivo do adorador era fazer-se um com o deus, identificar-se com ele, de maneira tal que pudesse passar por todos os sofrimentos do deus e pudesse compartilhar sua vitória e sua vida divina. As religiões dos mistérios ofereciam uma união mística com algum deus. Quando se alcançava essa união, o iniciado era, segundo a linguagem dos mistérios um nascido de novo. Os mistérios fechados contavam entre suas crenças fundamentais: "Não pode haver salvação sem regeneração". Apuleyo, que passou pelo rito de iniciação, disse que tinha experimentado uma "morte voluntária", e que assim alcançou seu "nascimento espiritual" e era como se "tivesse renascido".

Muitas das iniciações dos mistérios se celebravam à meia-noite quando o dia morre e volta a nascer. Na Frígia, depois da iniciação, alimentava-se o iniciado com leite como se fosse um menino recém— nascido. O mundo antigo conhecia muito bem o renascimento e a regeneração. Desejava-o e o buscava em todas as partes. A mais famosa das cerimônias dos mistérios era o taurabolium. O candidato ficava em um poço. Sobre a boca do poço ficava uma tampa gradeada. Sobre esta tampa se matava um touro, degolando-o. O sangue caía e o iniciado levantava a cabeça e se banhava no sangue: lavava-se em sangue; e quando saía do poço era um renatus ad aeternum, renascido para toda a eternidade. Quando o cristianismo veio ao mundo com uma mensagem de renascimento, trazia justamente o que todo mundo estava procurando.

O que significa, então, este renascimento para nós? No Novo Testamento, e em especial no quarto Evangelho, há quatro idéias muito relacionadas entre si. Existe a idéia do renascimento; existe a idéia do Reino de Deus, ao qual o homem não pode entrar a menos que tenha renascido; existe a idéia de ser filhos de Deus: e existe a idéia da vida eterna. Esta idéia de renascer não é privativa do pensamento do quarto Evangelho. Em Mateus temos a mesma verdade fundamental expressa em forma mais simples e vivida: “Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mt 18:3). Estas três idéias estão sustentadas por um pensamento comum.

NASCIDO DE NOVO

João 3:1-6 (continuação)

Comecemos com a idéia do Reino de Deus. O que significa o Reino de Deus? A melhor definição nós a encontramos no Pai Nosso. Há duas petições, uma junto à outra:

Venha o teu reino;

Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu.

Agora, é próprio do estilo judeu repetir as coisas duas vezes, e a segunda forma de dizer uma coisa explica, amplia, repete de maneira distinta o que foi dito primeiro. Qualquer versículo dos Salmos nos mostra este costume judaico que se conhece com o nome técnico de paralelismo:

O SENHOR dos exércitos está conosco;

o Deus de Jacó é o nosso refúgio (Sl 46:7).

Porque eu conheço minhas transgressões,

E o meu pecado está sempre diante de mim (Sl 51:3).

Ele me faz repousar em pastos verdejantes.

Leva-me para junto das águas de descanso (Sl 23:2).

Agora apliquemos esse principio a estas duas petições do Pai Nosso; a segunda petição amplia, explica, desenvolve a primeira; logo chegamos à definição: O Reino de Deus é uma sociedade onde a vontade de Deus se cumpre com tanta perfeição na terra como o é no céu. Portanto, estar no Reino dos céus significa levar uma vida em que submetemos tudo, completa e voluntariamente, à vontade de Deus. Significa ter chegado a um ponto em que aceitamos a vontade de Deus total, completa e perfeitamente.

Agora vamos à idéia de ser filhos de Deus. Em um sentido, ser filhos de Deus é um enorme privilégio. Àqueles que crêem lhes dá o poder de se tornarem filhos (Jo 1:12). Mas a essência do fato de ser filhos é necessariamente a obediência. “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama” (Jo 14:21). A essência do ser filhos de Deus é o amor; e a essência do amor é a obediência. Não podemos dizer com sinceridade que amamos a alguém, e logo fazer coisas que ferem e machucam o coração dessa pessoa. O ser filhos de Deus é um privilégio, mas um privilégio ao que se tem acesso só quando se oferece uma obediência total. Assim chegamos a compreender que o ser filhos de Deus e estar no Reino são uma e a mesma coisa. O filho de Deus e o habitante do Reino são pessoas que aceitaram a vontade de Deus de maneira total, completa, voluntária e definitiva.

Vejamos agora a idéia da vida eterna. A idéia central que está por trás da vida eterna não é a de duração. É muito evidente que uma vida que durasse para sempre poderia ser tanto um céu como um inferno. A idéia que está por trás da vida eterna é a de uma certa qualidade, um tipo determinado de vida. Que tipo de vida? Só há uma pessoa a quem se pode descrever com justiça com o adjetivo eterno (aionios) e essa única pessoa é Deus. A vida eterna é o tipo de vida que Deus vive; é a vida de Deus. Penetrar na vida eterna significa entrar em posse desse tipo de vida que é a vida de Deus. Significa elevar-se por cima das coisas meramente humanas, temporários, passageiras, fugazes, para essa alegria e essa paz que pertencem unicamente a Deus. E é evidente que um homem só pode alcançar esta comunhão e relação íntima com Deus quando lhe entrega esse amor, essa reverência, essa devoção, essa obediência que o põem verdadeiramente em comunhão com Deus.

De maneira que aqui temos três grandes concepções que estão relacionadas entre si: a concepção da entrada ao Reino de Deus, a concepção do caráter de filhos de Deus e a concepção da vida eterna. E todas dependem e resultam da aceitação e a obediência perfeitas à vontade de Deus. É justamente aqui onde aparece a idéia de renascer. O que une estas três concepções é a idéia do renascimento. É indubitável que, tal como somos e com nossas próprias forças, somos incapazes de oferecer esta obediência perfeita a Deus; só quando a graça de Deus nos invade e toma posse de nós e nos muda é que podemos brindar a Deus a reverência e a devoção que devemos lhe oferecer. Jesus Cristo é quem pode operar a mudança em nós; através dele é como renascemos; quando Ele toma posse de nossos coração e de nossa vida se produz a mudança.

Quando isso acontece nascemos da água e do Espírito. Aqui há dois pensamentos. A água é o símbolo da purificação. Quando Jesus toma posse de nossa vida, quando o amamos com todo o coração, os pecados passados são perdoados e esquecidos. O Espírito é o símbolo do poder. Quando Jesus toma posse de nossa vida não se trata somente de que se esqueça e perdoe o passado; se isso fosse tudo, poderíamos voltar outra vez a arruinar nossa vida; mas entra neste vida um poder novo que nos permite ser o que jamais poderíamos ser por nossos próprios meios, e fazer o que não poderíamos fazer por nós mesmos. A água e o Espírito simbolizam o poder purificador e fortalecedor de Cristo, que poda o passado e nos concede a vitória no futuro.

Por último, João nesta passagem estabelece uma lei fundamental. O que nasce da carne é carne e o que nasce do Espírito é Espírito. O homem por si mesmo é carne, e com seu poder está limitado ao que pode fazer a carne. Por si mesmo não pode sentir-se mais que vencido e frustrado; isso nós sabemos muito bem; é o fato universal da experiência humana. Mas a própria essência do Espírito é o poder e a vida que estão além de todo poder e vida humanos; e quando o Espírito se apodera de nós faz o que só ele pode fazer e a vida vencida da natureza humana se transforma na vida triunfante de Deus.
Voltar a nascer significa mudar de tal maneira que só pode descrever-se como um renascimento e uma recriação. A mudança se produz quando amamos a Cristo e lhe damos entrada em nossos corações. Nesse momento nos perdoa o passado e nos prepara para o futuro. A partir de então podemos aceitar autenticamente a vontade de

Deus. E então nos convertemos em cidadãos do Reino; nos tornamos filhos de Deus; entramos na vida eterna, que é a própria vida de Deus.

O DEVER DE SABER E O DIREITO DE FALAR

João 3:7-13

Há dois tipos de incompreensão. Existe a incompreensão do homem que não compreende porque ainda não chegou ao nível de conhecimento e experiência em que pode compreender a verdade. E há a incapacidade genuína para entender, incapacidade que é o resultado inevitável da falta de conhecimento. Quando um homem está neste estado é nosso dever lhe explicar as coisas de tal maneira que seja capaz de compreender o conhecimento que lhe oferece. Mas há uma incapacidade para compreender que obedece ao não querer fazê-lo; há uma incapacidade de ver que provém da negativa de ver.
Um homem pode fechar voluntariamente sua mente a alguma verdade que não deseja ver; pode ser resistente a propósito a um ensino que não quer aceitar. Nicodemos pertencia a este tipo de homens. O ensino a respeito de um novo nascimento proveniente de Deus não devia lhe parecer estranho.

Ezequiel, por exemplo, falou muitas vezes sobre o novo coração que deve criar-se no homem. “Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes e criai em vós coração novo e espírito novo; pois, por que morreríeis, ó casa de Israel?” (Ez 18:31). “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo” (Ez 36:26). Nicodemos era conhecedor das Escrituras e os profetas tinham falado qui e ali a respeito da mesma experiência a que Jesus se referia.

Alguém que não deseja renascer, interpretará mal, voluntariamente, o que significa o renascimento. Alguém que não deseja mudar fechará seus olhos, sua mente e seu coração ao poder que pode mudá-lo. Em última instância, o que acontece com a maioria de nós é que, quando

Jesus vem com seu oferecimento de nos mudar e recriar-nos, se fôssemos honestos, responderíamos: "Não, obrigado; estou muito satisfeito comigo mesmo tal qual sou, e não quero que me mudem".

Mas Nicodemos encontrou outra defesa. Disse, em efeito: "Este renascimento ao qual te referes talvez seja possível, mas não posso compreender como acontece, e o que ocorre depois". A resposta de Jesus se explica pelos dois significados da palavra grega pneuma, que se traduz por espírito. Pneuma é a palavra que significa espírito, mas também se emprega para designar o vento. O mesmo acontece com a palavra hebréia ruach; também significa espírito e vento.

De maneira que Jesus disse a Nicodemos: "Você pode ouvir, ver e sentir o vento (pneuma); mas não você sabe de onde vem nem para onde vai; você pode não entender como e por que sopra o vento; mas você pode ver o que ele faz. Você pode não compreender de onde veio um furacão e para onde vai, mas você pode ver a seqüela de campos arrasados e de árvores caídas que deixa para trás. Há muitas coisas sobre o vento que possivelmente você não entenda; mas todos podemos ver o efeito do vento. Da mesma maneira", prosseguiu Jesus, "o Espírito (pneuma) é exatamente igual. Você pode não saber como trabalha o Espírito; mas você pode ver seu efeito nas vidas dos homens". Jesus disse: "Não estamos falando de uma questão acadêmica, teórica. Estamos falando de coisas que conhecemos e que vimos. Podemos apontar um homem após outro que foi recriado, que renasceu pelo poder, pelo efeito e pela obra do Espírito".

O Dr. John Hutton estava acostumado a falar de um operário que tinha sido um ébrio consuetudinário e se converteu. Seus colegas de trabalho fizeram todo o possível por fazê-lo sentir como um tolo. Sem dúvida, diziam-lhe, "você não pode crer em milagres e coisas por estilo. Certamente você não crê, por exemplo, que Jesus converteu a água em vinho". "Não sei", respondeu o homem, "se converteu à água em vinho quando estava na Palestina, mas o que sim sei é que em minha própria casa Ele converteu a cerveja em móveis".
Há neste mundo quantidade de coisas que usamos todos os dias sem saber como funcionam. Muito poucos entre nós sabem como funciona a eletricidade, a rádio ou o televisor; mas nem por isso negamos sua existência. Muitos de nós dirigimos um carro com um mínimo de conhecimentos a respeito do que ocorre debaixo do capô; mas nossa falta de conhecimento não nos impede de usar e gozar dos benefícios que nos proporciona o carro. Podemos não compreender como trabalha o Espírito; mas qualquer um pode comprovar o efeito do Espírito na vida dos homens; e o único argumento incontestável do cristianismo é uma vida cristã. Nenhum homem pode negar uma religião, uma fé e um poder que podem converter homens maus em justos.
De maneira que Jesus disse a Nicodemos: "Procurei simplificar as coisas para você; empreguei imagens humanas singelas, tiradas da vida cotidiana; e você não compreendeu. Como pode você compreender as coisas mais profundas, se até as mais singelas estão fora de seu alcance?"
Aqui há uma advertência para cada um de nós É fácil sentar-se em grupos de discussão, sentar-se em uma biblioteca e ler livros, é fácil discutir a verdade intelectual do cristianismo; mas o essencial é experimentar o poder do cristianismo. E é fatalmente fácil começar pelo extremo equivocado. É tragicamente fácil ver o cristianismo como algo que se deve discutir e não como algo que é necessário experimentar. Sem dúvida é importante ter uma compreensão intelectual dos pontos gerais da verdade cristã; mas é muito mais importante ter uma experiência vital, viva, do poder de Jesus Cristo.
Quando um homem segue um tratamento indicado por um médico, quando tem que operar-se, quando lhe dá algum remédio, não precisa conhecer a anatomia do corpo humano, o efeito científico da anestesia, a forma em que opera a droga em seu corpo para curá-lo. Noventa e nove por cento dos homens aceitam a cura sem ser capazes de dizer como aconteceu. Em um sentido, o cristianismo também é assim. No coração do cristianismo há um mistério, mas não é o mistério da compreensão intelectual; é o mistério da redenção.

Ao ler o quarto Evangelho se apresenta uma dificuldade. É a dificuldade de discernir quando terminam as palavras de Jesus e quando começam as do autor. João pensou nas palavras de Jesus durante tanto tempo que, em forma insensível, passa delas a seus próprios pensamentos sobre essas palavras. É quase certo que as últimas palavras desta passagem pertencem a João. É como se alguém perguntasse: "Tudo isto que Jesus está dizendo pode ser certo ou não; mas que direito tem de dizê-lo? Que garantia temos de que seja certo?" A resposta de João é simples e profunda. "Jesus", diz, "baixou do céu para nos dizer a verdade de Deus. E, quando viveu com os homens e morreu por eles, voltou para sua glória". João sustentava que o direito que Jesus tinha de falar provinha do fato de que conhecia pessoalmente a Deus, que Jesus tinha vindo diretamente do oculto do céu à Terra, que o que dizia aos homens era literalmente a verdade divina. O direito de Jesus de falar vem diretamente do que Jesus foi e é: a mente de Deus encarnada.

O CRISTO LEVANTADO

João 3:14-15

Aqui João se remonta a uma curiosa história do Antigo Testamento que relatada em Números 21:4-9. Durante sua viagem através do deserto, o povo de Israel murmurava e se queixava de ter saído do Egito. Para castigá-los, Deus lhes mandou uma praga de serpentes ardentes e letais. O povo se arrependeu e clamou por misericórdia, e Deus ordenou ao Moisés que fizesse uma serpente de bronze e a pusesse no meio do lugar onde estavam, sobre um haste; qualquer que olhasse à serpente se salvaria e viveria. Esse relato impressionava muito aos israelitas. Contavam como, em tempos posteriores, essa serpente de bronze se converteu numa imagem e num ídolo, e como nos tempos de Ezequias precisou ser destruída porque o povo a adorada (2Rs 18:4). Os judeus sempre se sentiram um pouco intrigados e perplexos com este incidente, visto que eles tinham absolutamente proibido fazer imagens. Os rabinos lhe davam a seguinte explicação: "Não era a serpente que matava e dava vida. Israel olhava, e enquanto Moisés mantinha a serpente no alto, criam naquele que lhe tinha ordenado agir dessa maneira. Era Deus quem os curava." O poder curador não estava na serpente de bronze. Esta não era mais do que um símbolo e um indicador que os fazia voltar a dirigir seu pensamento para Deus; e quando voltavam seus pensamentos para Deus, ficavam curados.

De maneira que João tomou essa velha história e a usou como tipo, como profecia e como uma espécie de parábola a respeito de Jesus. Diz: "A serpente foi levantada; os homens a olharam; e seus pensamentos se dirigiram a Deus; e, mediante o poder desse Deus em quem confiavam, foram curados. Assim Cristo deve ser levantar; e quando os homens dirijam seus pensamentos para Ele e creiam nele, eles também encontrarão a vida eterna e a salvação".
Há algo maravilhosamente sugestivo nisto. O verbo levantar ou elevar é hupsoun. O estranho a respeito desta palavra é que é usada em dois sentidos a respeito de Jesus. É usada quando se fala de que foi elevado à cruz. E é usada quando se diz que no momento de sua ascensão ao céu foi elevado à glória. É usada com referência à cruz em Jo 8:28; Jo 12:32. A respeito de sua ascensão à glória é usada em At 2:30; At 5:31; Fp 2:9. Houve uma dupla elevação na vida de Jesus: a elevação à cruz, e a elevação à glória. E ambas estão estreitamente relacionadas. Uma não pôde ter acontecido sem a outra. Para Jesus, a cruz era o caminho à glória; se tivesse rechaçado a cruz, se a tivesse evitado, se tivesse tomado alguma medida para escapar dela, como bem poderia tê-lo feito, não teria recebido nenhuma glória. O mesmo acontece conosco. Se quisermos, podemos escolher o caminho fácil; se quisermos, podemos rechaçar a cruz que todo cristão deve carregar; mas se o fazemos, perdemos a glória. É uma das leis inalteráveis da vida que se não há cruz, não há coroa.

Nesta passagem temos duas expressões cujos significados devemos analisar. Não podemos extrair todo o significado que encerram porque ambas significam mais do que jamais poderemos descobrir; mas devemos tentar compreender ao menos uma parte do que significam.

  1. A primeira frase é a que fala de crer em Jesus. O que significa essa frase? Quer dizer pelo menos três coisas.
  2. Significa crer de todo o nosso coração que Deus é como Jesus disse que era. Significa crer que Deus nos ama, crer que se importa conosco, crer que não há nada que Deus deseje mais que nos perdoar, crer que Deus é amor. Para um judeu não resultava fácil crer nisso.

O judeu via Deus fundamentalmente como um Deus que impunha suas leis sobre seu povo e que os castigava se as desobedeciam. O judeu via Deus como o Juiz e o homem como o réu no tribunal de Deus. O judeu via Deus como um ser exigente. Tratava-se de um Deus que exigia sacrifícios e ofertas. Para ter acesso à presença de Deus, o homem devia pagar o preço estipulado por Ele. Era difícil pensar em Deus, não como um juiz que estava esperando impor um castigo, nem como um capataz à espreita, mas sim como um Pai cujo desejo mais íntimo era obter que seus filhos errantes voltassem para seu seio. Custou a vida e morte de Jesus dizer isso aos homens. E não podemos nem sequer começar a ser cristãos se não cremos nisso de todo o coração.

  1. Jesus disse isso, mas que direito tinha para dizê-lo? Como podemos estar certos de que sabia do que estava falando? Que garantia temos de que essa maravilhosa boa nova é verdade? Soa muito bonito para ser verdade. Que prova temos de que é verdade? Aqui chegamos ao segundo articulo de fé. Devemos acreditar que em Jesus está a mente de Deus, Devemos crer que Jesus conhecia tão bem a Deus, que estava tão perto de Deus, que era até tal ponto um com Deus, que podia nos dizer a verdade absoluta sobre seu Pai. Devemos ter certeza de que Jesus sabia do que estava falando, e que disse a verdade sobre Deus, porque a mente de Deus estava nele.
  2. Mas a crença tem um terceiro elemento. Cremos que Deus é um Pai amante. Cremos que isto é verdade porque cremos que Jesus não é outro que Aquele a quem unicamente se pode chamar Filho de Deus, e que portanto o que diz a respeito de Deus é verdade. Então intervém este terceiro elemento. Devemos apostar tudo no fato de que o que Jesus diz é verdade. Seja o que disser, devemos fazê-lo; quando ordena algo, devemos obedecer. Quando nos diz que nos entreguemos sem reservas à misericórdia de Deus, devemos fazê-lo. No que se refere à ação, devemos tomar a Jesus ao pé da letra. Até a mais ínfima ação da vida deve ser realizada em obediência indisputável a Jesus. De maneira que a crença consta destes três elementos: crença em que Deus é o pai amoroso, a crença em que Jesus é o Filho de Deus e que portanto diz a verdade a respeito de Deus e da vida, obediência indisputável e sem hesitações a Jesus, uma vida vivida na certeza de que o que Jesus diz é verdade.
  3. A segunda frase importante é vida eterna. Já vimos que a vida eterna é a vida do próprio Deus. Mas nos perguntemos: se temos a vida eterna, o que é o que temos em nosso poder? Ter a vida eterna muda todas as relações da vida. Todas as relações da vida se vêem envoltas em paz.
  4. Dá-nos paz com Deus. Já não trememos diante de um rei tirânico nem buscamos nos esconder de um juiz severo. Sentimo-nos cômodos com nosso Pai.
  5. Dá-nos paz com os homens. Se fomos perdoados, devemos perdoar. Permite-nos ver os homens como Deus os vê. Converte-nos e a todos os homens em uma grande família unida no amor.
  6. Dá-nos paz com a vida. Se Deus for Pai, está reunindo todas as coisas para o bem. Lessing acostumava dizer que se pudesse formular uma só pergunta à Esfinge, que sabe tudo, seria: "É este um universo amigável?" Quando crêem que Deus é Pai, também crêem que a mão de um pai jamais causará uma lágrima desnecessária a seu filho. Possivelmente não consigamos compreender melhor a vida, mas já não estaremos ressentidos.
  7. Proporciona-nos paz conosco mesmos. Em última instância, um homem teme mais a si que a qualquer outra coisa. Conhece sua própria debilidade; conhece a força de suas tentações; conhece suas tarefas e as exigências da vida. Mas agora sabe que enfrenta tudo isto junto a Deus. Não é ele quem vive, mas sim é Cristo quem vive nele. Há em sua vida uma paz apoiada na fortaleza.
  8. Dá-lhe a segurança de que a maior das alegrias da Terra não é mais que um adiantamento da alegria que virá; que a paz mais profunda que existe sobre a Terra não é mais que uma sombra da paz última que virá. Dá-lhe uma esperança, uma meta, um fim, para o qual se dirige. Dá-lhe uma vida de glorioso assombro na Terra e, entretanto, ao mesmo tempo, uma vida em que o melhor ainda está por chegar.

O AMOR DE DEUS

Jo 3:16

Todos os grandes homens tiveram seus textos favoritos; mas este texto foi denominado "O texto de todos". Aqui está, para todos os corações simples, a própria essência do evangelho.
Este texto nos diz certas coisas muito importantes.
(1) Diz-nos que a origem e a iniciativa de toda salvação se encontram em Deus. Às vezes se apresenta o cristianismo de maneira tal que pareceria que tem que apaziguar a Deus, como se tivéssemos que convencê-lo a perdoar. Em algumas ocasiões os homens falam como se quisessem pintar uma imagem de um Deus severo, iracundo, que não perdoa, legalista; e um Jesus amoroso, gentil, que perdoa tudo. Às vezes alguns apresentam a mensagem cristã de tal maneira que soa como se Jesus tivesse feito algo que mudou a atitude de Deus para com os homens, da condenação ao perdão. Mas este texto nos diz que tudo começou em Deus. Foi Deus quem enviou a seu Filho, e o enviou porque amava os homens. Por trás de todas tas coisas está o amor de Deus.

  1. Diz-nos que a essência do ser de Deus é o amor. É fácil pensar que Deus olha os homens em sua desobediência e rebeldia e diz: "Vou destroçá-los, humilhá-los, flagelá-los, discipliná-los, castigá-los e os açoitarei até que retornem."

É fácil pensar que Deus procura a submissão dos homens para satisfazer seu desejo de poder, ou seu desejo do que poderiamos chamar um universo completamente submisso. Mas o tremendo deste texto é que mostra a Deus agindo, não para seu próprio benefício, e sim para o nosso. Deus não agiu para satisfazer seu desejo de poder. Não agiu para criar um universo submisso. Ele o fez para satisfazer seu amor. Deus não é como um monarca absoluto que trata cada homem como um súdito ao que se deve reduzir a uma abjeta obediência. Deus é o Pai que não pode sentir-se feliz enquanto seus filhos extraviados não tenham voltado para casa. Deus não submete os homens pela força; suspira por eles e os conquista apaixonando-os.

  1. Fala-nos da amplitude do amor de Deus. O que Deus amou tanto foi o mundo. Não se tratava de um país nem da gente boa; não eram somente aqueles que o amavam, mas o mundo. Os que não eram amados e os não amáveis; os solitários que não têm a ninguém que os ame; o homem que ama a Deus e o que jamais pensa nele; o homem que descansa no amor de Deus e o homem que zomba dele: todos estão incluídos neste vasto amor inclusivo, o amor de Deus. Como disse Agostinho: "Deus ama cada um de nós como se não houvesse nenhum outro a quem amar".

AMOR E JUÍZO

João 3:17-21

Aqui nos deparamos com um dos aparentes paradoxos do quarto Evangelho: a paradoxo do amor e o juízo. Acabamos de pensar no amor de Deus, e de repente nos deparamos com o juízo, a condenação e a convicção. João acaba de dizer que foi porque Deus amou tanto o mundo que enviou seu Filho a esse mundo. Mais adiante mostrará a Jesus dizendo: “Eu vim a este mundo para juízo” (Jo 9:39).

Como podem as duas coisas ser verdade?
É possível oferecer a um homem uma experiência que só consta de amor, e que essa experiência resulte em juízo. É possível oferecer a um homem uma experiência cujo único objetivo é produzir alegria e bem— estar, e entretanto, que essa experiência se torne em juízo e condenação.
Suponhamos que amamos a música séria; suponhamos que nos aproximamos mais a Deus no trovejar de uma grande sinfonia que em qualquer outra circunstância. Suponhamos que temos um amigo que não sabe nada a respeito dessa música. Suponhamos que queremos introduzir este amigo nessa experiência fundamental; queremos compartilhá-la com ele; queremos oferecer-lhe este contato com a beleza invisível que nós experimentamos. Nosso único fim é dar a esse amigo a felicidade de uma experiência nova. Levamo-lo a um concerto onde se executa uma sinfonia; e em pouco tempo começa a mover-se e a olhar a seu redor, dando sinais de uma absoluta falta de interesse e, além disso, de aborrecimento. Esse amigo emitiu um juízo sobre si mesmo; não tem nenhuma musicalidade na alma. A experiência que estava destinada a produzir-lhe uma felicidade nova se converteu em um juízo. Isto sempre acontece quando pomos um homem diante da grandeza.
Podemos levar alguém a ver uma obra de arte; podemos levá-lo a ouvir um príncipe dos pregadores; podemos dar-lhe um livro que é um alimento espiritual; podemos levá-lo a contemplar alguma beleza. Sua reação é um juízo. Se não vê nenhuma beleza e não experimenta nenhuma emoção, sabemos que tem um ponto cego em sua alma.
Conta-se que um empregado estava mostrando uma galeria de arte a um visitante. Nessa galeria havia algumas obras de arte que estavam além de qualquer preço, obras de beleza eterna e de gênio indisputável. No fim da visita, o visitante disse: "Bom, suas velhas pinturas não merecem que eu dê uma opinião muito alta". O empregado respondeu com calma: "Senhor, queria lembrar-lhe que estes quadros já não estão em tela de juízo, mas sim o estão os que os olham". Tudo o que tinha feito a reação do homem era demonstrar sua própria lamentável cegueira.
O mesmo ocorre com Jesus. Se, quando um homem se depara com Jesus, sua alma se eleva como em um torvelinho a essa maravilha e beleza, está no caminho da salvação. Mas se ao defrontar-se com Jesus não vê nada belo, está condenado. Sua reação o condenou. Deus enviou a Jesus com amor. Enviou-o para a salvação desse homem. Mas não é Deus quem condenou a esse homem; ele se condenou a si mesmo.
O homem que reage frente Jesus de maneira hostil, preferiu as trevas à luz. O que resulta terrível em uma pessoa realmente boa é que sempre tem em seu interior algum elemento inconsciente de condenação. Quando nos defrontamos com Jesus nos vemos tal qual somos.
Alcibíades, o gênio malcriado de Atenas, era companheiro do Sócrates, mas de vez em quando costumava reprová-lo: "Sócrates, eu o odeio, porque cada vez que o encontro, faz-me ver o que sou". O homem que embarcou em uma tarefa má não quer que se derrame luz sobre essa tarefa nem sobre si mesmo. Mas o homem que está comprometido em algo honorável não se preocupa nem teme a luz.
Conta-se que uma vez um arquiteto se aproximou de Platão e se ofereceu para construir uma casa, por uma determinada soma de dinheiro, e em nenhuma das habitações seria possível ver. Platão lhe disse: "Eu lhe darei o dobro de dinheiro para que construa uma casa em cujas habitações todos possam ver". Só quem age mal não quer ver-se a si mesmo, nem quer que nenhum outro o veja. Esse tipo de homem odiará inevitavelmente a Jesus Cristo, porque Cristo lhe mostrará o que é, e isso é a última coisa que quer ver. O que ama é a escuridão que oculta, não a luz que revela.
Através de sua reação frente Cristo, o homem se revela. Sua reação ante o Jesus Cristo deixa sua alma ao descoberto. S olhe a Cristo com amor, até com ansiedade, há esperanças, mas se não ver nada formoso em Cristo, condenou-se a si mesmo. Aquele que foi enviado em amor se converteu para ele em juízo.

UM HOMEM SEM INVEJA

João 3:22-30

Já vimos que parte do propósito do autor do quarto Evangelho era assegurar-se de que João Batista recebesse o seu lugar exato como precursor de Jesus, mas não um lugar que fosse além disso. Havia ainda aqueles que estavam dispostos a chamar João de mestre e senhor; o autor do quarto Evangelho quer mostrar que João ocupava um lugar elevado, mas que o lugar superior estava reservado só para Jesus. E também quer mostrar que o próprio João jamais alimentou nenhuma outra idéia senão a de que Jesus ocupava o lugar supremo. É por isso que o autor do quarto Evangelho nos mostra a superposição do ministério de João e o de Jesus. Os Evangelhos sinóticos são diferentes: Mc 1:14 nos diz que depois que João foi encarcerado, Jesus começou o seu ministério. Não há necessidade de discutir qual dos relatos está coreto do ponto de vista histórico. O mais provável é que o quarto Evangelho faça sobrepor os dois ministérios para mostrar com toda clareza, mediante o contraste, a supremacia de Jesus.

Há algo que é indubitável: esta passagem nos mostra a beleza da humildade de João Batista Era evidente que o povo estava abandonando a João para seguir a Jesus. Os discípulos de João se sentiam preocupados com este fato. Não lhes agradava ver seu mestre sentar-se no último assento e ocupar um segundo lugar. Não lhes agradava ver que ficava abandonado, enquanto as multidões foram ver e ouvir o novo mestre.
Para João teria sido fácil, em resposta a suas queixas, sentir-se ferido, abandonado e injustamente esquecido. Em algumas ocasiões, a compaixão de um amigo pode ser o pior que nos pode acontecer. Pode nos fazer sentir pena de nós mesmos e nos estimular a crer que não nos tratou com justiça. Mas João estava acima disso. Disse três coisas a seus discípulos.

  1. Disse-lhes que jamais tinha esperado outra coisa. Disse-lhes que, de fato, tinha-lhes assegurado que ele não ocupava a primeira posição mas sim o tinha enviado como um mero arauto, alguém que anuncia, o precursor e preparador do caminho para o maior que havia que vir. A vida seria muito mais fácil se houvesse mais gente disposta a desempenhar o papel secundário e subordinado.

Há tanta gente que procura coisas importantes para fazer... João não era assim. Sabia muito bem que Deus lhe tinha atribuído um lugar secundário e uma tarefa subordinada. Nos evitaríamos muitos ressentimentos e desgostos se nos déssemos conta de que há certas coisas que não são para nós, e se aceitássemos de todo coração, e fizéssemos com todas nossas forças, a tarefa que Deus nos atribuiu.
Fazer uma tarefa secundária para Deus, converte-a em uma grande tarefa. Como o expressou Mrs. Browning: "Todo serviço tem o mesmo valor para Deus". Qualquer trabalho feito para Deus é, necessariamente, um grande trabalho.

  1. Disse-lhes que ninguém pode receber mais que o que Deus lhe deu. Se o novo mestre estava ganhando mais discípulos e seguidores não era porque os estivesse roubando de João, mas sim porque Deus os estava dando a ele.

Havia um ministro americano chamado Spence; em uma época foi popular e sua Igreja estava sempre cheia, mas à medida que os anos passavam povo gente começou a ir embora. Tinha chegado um novo ministro à Igreja da frente, que atraía multidões. Uma tarde houve uma reunião muito pequena na 1greja do Dr. Spence. O ministro olhou a seu pequeno rebanho. "Onde foram todas as pessoas?" perguntou. Houve um silêncio embaraçoso; depois um de seus auxiliares disse: "Creio que foram à Igreja da frente para ouvir o novo pastor". O Dr. novo ficou em silencio durante um momento; depois sorriu. "Bom", disse, "então creio que devemos segui-los". E desceu do púlpito e conduziu os seus paroquianos à outra Igreja.
Quantas invejas, quantas desgostos, quanto ressentimento poderíamos evitar se nos limitássemos a recordar que o êxito de nosso próximo é dado por Deus, e se aceitássemos o veredicto e a escolha de Deus.

  1. Por último, João emprega uma imagem muito viva que qualquer judeu podia reconhecer, porque pertencia à tradição do pensamento judaico. Jesus chamou-se a si mesmo o marido e o amigo do marido. Uma das grandes imagens do Antigo Testamento é a representação de Israel como a noiva de Deus, e de Deus como o noivo de Israel. A união entre Deus e Israel era algo tão íntimo que só podia ser comparado a um casamento. Quando Israel seguia a deuses estranhos era como se fosse culpado de infidelidade ao vínculo conjugal (Ex 34:15, Dt 31:16; Sl 73:27; Is 54:5). O Novo Testamento retomou esta imagem e se referiu à Igreja como a Esposa de Cristo (2Co 11:2; Efésios 5:22-32). Esta era a imagem que João tinha em mente. Jesus viera de Deus; era o Filho de Deus; Israel era sua esposa legítima, e ele era o marido de Israel.

Mas João exigiu para si mesmo um lugar, o lugar de amigo do marido. O amigo do marido, o shoshben, ocupava um lugar de privilégio em uma festa de bodas judaica. Atuava como vínculo entre a esposa e o marido; organizava as bodas; repartia os convites; presidia na festa de bodas. Unia os maridos. E tinha um dever especial. Tinha a obrigação de cuidar o dormitório conjugal e não permitir a entrada de nenhum amante falso. Só abriria a porta quando ouvisse a voz do marido na escuridão e a reconhecesse. Quando ouvia a voz do marido se sentia contente e o deixava entrar, e ia embora feliz porque tinha cumprido sua tarefa e os amantes estavam juntos. Não invejava sentia inveja da esposa nem do marido. Sabia que sua única tarefa tinha sido a de uni-los. E uma vez que tinha completo a tarefa se retirava voluntariamente e com alegria. A tarefa de João foi a de unir a Jesus e Israel; arranjar o casamento entre Cristo, o marido, e Israel, a esposa. Cumprida a tarefa, sentia-se feliz de desaparecer na escuridão porque tinha feito sua obra. Não foi com inveja que disse que Jesus devia crescer e ele devia minguar; disse-o com alegria. Seria bom que algumas vezes lembrássemos que não devemos atrair às pessoas para nós, mas para Jesus Cristo. Não procuramos a lealdade dos homens para nós, e sim para Ele.

AQUELE QUE VEM DO CÉU

João 3:31-36

Como já vimos, uma das dificuldades com que nos encontramos no quarto Evangelho é saber distinguir quando falam os protagonistas e quando adiciona João seu próprio comentário. Estes versículos podem ser palavras pronunciadas por João Batista, mas é mais provável que. trate-se do próprio testemunho e comentário de João, o autor do Evangelho.
João começa por afirmar a supremacia de Jesus. Se quisermos uma informação, devemos nos dirigir à pessoa que possui essa informação. Se queremos receber informação a respeito de uma família, só a obteremos de primeira mão se a solicitarmos de um membro dessa família. Se queremos receber informação sobre uma cidade, só a teremos de primeira mão se dirigirmos a alguém que vem dessa cidade. Do mesmo modo, então, se queremos receber informação sobre Deus, só a obteremos do Filho de Deus. E se quisermos informação sobre o céu e a vida que se leva ali, só a obteremos daquele que vem do céu. Quando Jesus fala do céu e das coisas celestiais, diz João, não se trata de uma versão de segunda mão, não é uma informação que provém de uma fonte secundária, nem de um conto ouvido por aí. Diz-nos o que ele mesmo viu e ouviu. Para dizê-lo com a maior simplicidade, porque Jesus é o único que conhece a Deus, é o único que pode nos dizer algo a respeito dele, e o que nos diz é conforme o evangelho.
A dor de João consiste em que há tão poucos que aceitam a mensagem que Jesus trouxe; mas quando um homem o aceita dá testemunho de que crê que a palavra de Deus é verdadeira. No mundo antigo, se um homem queria dar sua aprovação total de um documento, tal como um contrato, um testamento ou uma constituição, punha seu selo no rodapé. O selo era o sinal de que estava de acordo com o conteúdo e era considerado legal, obrigatório e verdadeiro. Do mesmo modo, quando alguém aceita a mensagem de Jesus, afirma, testemunha e concorda que crê que o que Deus diz é verdadeiro.

João continua: podemos crer o que Jesus diz, porque nele Deus derramou o Espírito em toda sua medida, sem regatear nada. Inclusive os judeus diziam que os profetas recebiam de Deus uma certa medida do Espírito. A medida total do Espírito Deus reservava para seu escolhido. Agora, dentro do pensamento hebraico, o Espírito tinha duas funções a cumprir: em primeiro lugar, revelava a verdade de Deus aos homens; e, em segundo lugar, permitia aos homens reconhecer e compreender essa verdade quando a recebiam. De maneira que dizer que o Espírito estava em Jesus era a forma mais completa possível de dizer que conhece e compreende em forma perfeita a verdade de Deus. Para dizê-lo com outras palavras: ouvir a Jesus é ouvir a própria voz de Deus.

Por último, João volta a pôr os homens frente à opção eterna. Essa opção é a vida ou a morte. Esta opção se apresentou ao Israel ao longo de toda a história. Deuteronômio registra as palavras do Moisés: “Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal ... Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Deuteronômio 30:15-20). Josué reiterou o desafio: “Escolhei, hoje, a quem sirvais” (Js 24:15).

Tem-se dito que toda a vida de um homem se concentra quando chega a uma encruzilhada. Mais uma vez João volta para seu pensamento preferido. O que importa é a reação que o homem tenha frente a Jesus. Se essa reação for o amor e o desejo, esse homem conhecerá a vida. Se for a indiferença e a hostilidade, esse homem conhecerá a morte. Deus lhe ofereceu amor; ao rechaçá-lo, ele se condenou. Não se trata de que Deus tenha feito descer sua ira sobre ele; é que ele atraiu essa ira sobre si.


Dicionário

Crescer

verbo intransitivo Aumentar em tamanho, estatura, intensidade, duração, volume ou quantidade: as crianças crescem rapidamente; aumentar, intumescer, multiplicar: crescem as vozes dos aflitos; o rio cresceu depois das chuvas.
Passar a ficar mais comprido, mais longo; acompridar-se: estava esperando o filho crescer para contar sobre o divórcio.
[Artes] Avolumar-se com o tempo (falando da tinta): após horas de trabalho, a tinta cresceu.
Passar a existir e a se desenvolver: a mata cresceu de repente.
verbo transitivo indireto e intransitivo Passar a possuir uma condição superior (moral, intelectual, na carreira etc.): cresceu na empresa e foi promovido; já é adulto, mas não cresceu.
verbo transitivo indireto Ter uma postura de ataque em relação a; investir: crescer sobre o inimigo.
Etimologia (origem da palavra crescer). Do latim crescere.

Crescer em bondade e entendimento é estender a visão e santificar os objetivos na experiência comum.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Fonte viva• Pelo Espírito Emmanuel• 33a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 67


Diminuir

verbo transitivo Subtrair, deduzir: diminuir 5 de 10.
Tornar menor, reduzir (em dimensões ou em quantidade).
Atenuar, abater, rebaixar, deprimir.

E

conjunção Conjunção que liga palavras e orações com mesma função.
Indica adição: pai e mãe extremosos.
Indica oposição: falou muito, e não disse nada.
Expressa consequência: ele não quis me ouvir e se deu mal.
Denota inclusão: trouxe meus filhos e seus amigos.
Gramática Repetida entre os membros de uma série, dá mais vivacidade à enumeração: a alta, e nobre, e musical prosa de Vieira.
Gramática Indica a variação de sentidos com que nos referimos a pessoas ou coisas do mesmo nome: há amigos e amigos, interesses e interesses.
Gramática Apresenta números compostos: mil oitocentos e vinte e dois.
Gramática Inicia frases bíblicas sem ligação imediata com frase antecedente: E era a hora terceira quando O crucificaram.
Gramática Atribui enfase na frase (sobretudo em interrogações e exclamações): e tu não sabias?
substantivo masculino A quinta letra que compõe o alfabeto e sua segunda vogal: meu nome se inicia com e.
Maneira de representar essa letra (e).
numeral [Matemática] Número e, que corresponde ao quinto número numa série.
Etimologia (origem da palavra e). Do latim et.

conjunção Conjunção que liga palavras e orações com mesma função.
Indica adição: pai e mãe extremosos.
Indica oposição: falou muito, e não disse nada.
Expressa consequência: ele não quis me ouvir e se deu mal.
Denota inclusão: trouxe meus filhos e seus amigos.
Gramática Repetida entre os membros de uma série, dá mais vivacidade à enumeração: a alta, e nobre, e musical prosa de Vieira.
Gramática Indica a variação de sentidos com que nos referimos a pessoas ou coisas do mesmo nome: há amigos e amigos, interesses e interesses.
Gramática Apresenta números compostos: mil oitocentos e vinte e dois.
Gramática Inicia frases bíblicas sem ligação imediata com frase antecedente: E era a hora terceira quando O crucificaram.
Gramática Atribui enfase na frase (sobretudo em interrogações e exclamações): e tu não sabias?
substantivo masculino A quinta letra que compõe o alfabeto e sua segunda vogal: meu nome se inicia com e.
Maneira de representar essa letra (e).
numeral [Matemática] Número e, que corresponde ao quinto número numa série.
Etimologia (origem da palavra e). Do latim et.

Necessário

adjetivo Excessivamente importante; essencial.
Que não se pode dispensar; indispensável: alimentação necessária à vida.
Que não pode ser evitado; que não se pode prescindir; inevitável: a separação foi necessária.
Que precisa ser realizado: foi necessário mudar de escola.
[Filosofia] Diz-se daquilo que não se pode separar por uma hipótese, essência ou proposição.
[Filosofia] Segundo os estoicos, diz-se da premissa que, caracterizada como verdadeira, não pode ser considerada falsa.
[Linguística] Diz-se da essência do signo linguístico que une, de modo arbitrário, a coisa ao nome, o significante ao significado e, se estabelecendo de modo imutável ao falante, pode impedir a ocorrência de alterações ao signo.
Etimologia (origem da palavra necessário). Do latim necessarius.a.um.

preciso, forçoso, conveniente, indispensável, útil, urgente. – “Necessitar indica maior urgência que precisar”; daí a diferença entre necessário e preciso. – Necessário exprime necessidade; e preciso exprime pouco mais que conveniente, pouco menos que necessário. Conveniente diz apenas – “que é de desejar, que será acertado, que está no interesse de...” – Forçoso sugere ideia da força, do império com que se impõe a coisa, de que se trata. – É necessário trabalhar para viver. É preciso que se não falte à repartição amanhã. – É forçoso dispensar um empregado tão pouco assíduo. – É conveniente não sair sem necessidade quando chove. – Indispensável = “que é absolutamente necessário; aquilo sem que não é possível passar”. “Tenho menos que o necessário, pois conto apenas com o indispensável para não morrer de fome” – Útil = “que convém no momento; que serve para alguma coisa; que em certo caso é de proveito”. – Urgente = “que convém, que é necessário e até indispensável no instante preciso”.

Strongs

Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
δεῖ ἐκεῖνος αὐξάνω δέ ἐμέ ἐλαττόω
João 3: 30 - Texto em Grego - (BGB) - Bíblia Grega Bereana

Ele deve crescer, mas eu devo diminuir.
João 3: 30 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

Março e Abril de 28
G1161
δέ
e / mas / alem do mais / além disso
(moreover)
Conjunção
G1163
deî
δεῖ
chutar, dar pontapé em
(and kicked)
Verbo
G1473
egṓ
ἐγώ
exilados, exílio, cativeiro
(captive)
Substantivo
G1565
ekeînos
ἐκεῖνος
duro, estéril, ríspido, frio
(solitary)
Adjetivo
G1642
elattóō
ἐλαττόω
fazer menor ou inferior: em dignidade
(to decrease)
Verbo - presente infinitivo intermediário ou passivo
G837
auxánō
αὐξάνω
fazer cresçer, aumentar
(they grow)
Verbo - presente indicativo ativo - 3ª pessoa do plural


δέ


(G1161)
(deh)

1161 δε de

partícula primária (adversativa ou aditiva); conj

  1. mas, além do mais, e, etc.

δεῖ


(G1163)
deî (die)

1163 δει dei

terceira pessoa do singular presente ativo de 1210; TDNT - 2:21,140; v

  1. é necessário, há necessidade de, convém, é correto e próprio
    1. necessidade encontrada na natureza do caso
    2. necessidade provocada pelas circunstâncias ou pela conduta de outros em relação a nós
    3. necessidade com referência ao que é requerido para atingir algum fim
    4. uma necessidade de lei e mandamento, de dever, justiça
    5. necessidade estabelecida pelo conselho e decreto de Deus, especialmente por aquele propósito seu que se relaciona com a salvação dos homens pela intervenção de Cristo e que é revelado nas profecias do Antigo Testamento
      1. relativo ao que Cristo teve que finalmente sofrer, seus sofrimentos, morte, ressurreição, ascensão

Sinônimos ver verbete 5829 e 5940


ἐγώ


(G1473)
egṓ (eg-o')

1473 εγω ego

um pronome primário da primeira pessoa “Eu” (apenas expresso quando enfático); TDNT - 2:343,196; pron

  1. Eu, me, minha, meu

ἐκεῖνος


(G1565)
ekeînos (ek-i'-nos)

1565 εκεινος ekeinos

de 1563; pron

  1. ele, ela, isto, etc.

ἐλαττόω


(G1642)
elattóō (el-at-to'-o)

1642 ελαττοω elattoo

de 1640; v

  1. fazer menor ou inferior: em dignidade
  2. ser considerado menor ou inferior: em dignidade
  3. decresçer em autoridade ou popularidade

αὐξάνω


(G837)
auxánō (owx-an'-o)

837 αυξανω auxano

uma forma prolongada de um verbo primário; TDNT - 8:517,*; v

  1. fazer cresçer, aumentar
  2. ampliar, tornar grande
  3. cresçer, aumentar
    1. de plantas
    2. de crianças
    3. de uma multidão de pessoas
    4. do crescimento interior do cristão