Enciclopédia de I Samuel 16:6-6

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

1sm 16: 6

Versão Versículo
ARA Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o Senhor o seu ungido.
ARC E sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe, e disse: Certamente está perante o Senhor o seu ungido.
TB Tendo eles entrado, olhou para Eliabe e disse: Por certo está na presença de Jeová o seu ungido.
HSB וַיְהִ֣י בְּבוֹאָ֔ם וַיַּ֖רְא אֶת־ אֱלִיאָ֑ב וַיֹּ֕אמֶר אַ֛ךְ נֶ֥גֶד יְהוָ֖ה מְשִׁיחֽוֹ׃
BKJ E sucedeu que, quando eles chegaram, ele olhou para Eliabe, e disse: Certamente, o ungido do SENHOR está diante dele.
LTT E sucedeu que, entrando eles, ele (Samuel) contemplou Eliabe, e disse ①: Certamente está perante o SENHOR o Seu ungido.
BJ2 Logo que chegaram, quando Samuel viu Eliab, disse consigo: "Certamente Iahweh tem o seu ungido perante ele!"

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de I Samuel 16:6

Juízes 8:18 Depois, disse a Zeba e a Salmuna: Que homens eram os que matastes em Tabor? E disseram: Qual tu, tais eram eles; cada um, na aparência, como filhos de um rei.
I Samuel 17:13 Foram-se os três filhos mais velhos de Jessé e seguiram a Saul à guerra; e eram os nomes de seus três filhos, que foram à guerra, Eliabe, o primogênito, e o segundo, Abinadabe, e o terceiro, Samá.
I Samuel 17:22 E Davi deixou a carga que trouxera na mão do guarda da bagagem e correu à batalha; e, chegando, perguntou a seus irmãos se estavam bem.
I Reis 12:26 E disse Jeroboão no seu coração: Agora, tornará o reino à casa de Davi.
I Crônicas 2:13 e Jessé gerou a Eliabe, seu primogênito, e Abinadabe, o segundo, e Simeia, o terceiro,
I Crônicas 27:18 sobre Judá, Eliú, dos irmãos de Davi; sobre Issacar, Onri, filho de Micael;

Notas de rodapé da LTT

As notas de rodapé presentes na Bíblia versão LTT, Bíblia Literal do Texto Tradicional, são explicações adicionais fornecidas pelos tradutores para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas são baseadas em referências bíblicas, históricas e linguísticas, bem como em outros estudos teológicos e literários, a fim de fornecer um contexto mais preciso e uma interpretação mais fiel ao texto original. As notas de rodapé são uma ferramenta útil para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira compreender melhor o significado e a mensagem das Escrituras Sagradas.
 ①

disse baixinho, para si mesmo? Ou para o pai, Jessé?.


Mapas Históricos

Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados ​​para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.

A AMEAÇA FILISTÉIA

séculos XII a XI a.C.
QUEM ERAM OS FILISTEUS
Sem dúvida, os filisteus representavam a ameaça mais séria à nação de Israel. Em seu quinto ano de reinado - 1180 a.C. Ramsés Ill, rei do Egito, derrotou os "povos do mar" numa batalha naval corrida, provavelmente, na foz do Nilo. Seus atos foram registrados em relevos entalhados nas paredes do templo consagrado a Amon em Medinet Habu, na margem ocidental do Nilo, próximo a Tebas. Esses relevos mostram os povos do mar chegando no Egito em carroções e embarcações .com suas famílias e pertences (parte do povo se deslocou por terra, acompanhando a costa do Levante). Um dos grupos dos povos do mar, chamado de pereset, é retratado usando adornos para a cabeça feitos com penas ou pedaços de junco alinhados perpendicularmente a uma faixa horizontal. Esse grupo corresponde as filisteus do Antign Testamento.
Um dos símbolos pictográficos encontrados num disco de argila em Festo, Creta, datado do século XVII a.C., mostra um adorno para a cabeça bastante parecido com os de Medinet Habu. Esta semelhança e a referência de Amós a Caftor' como local de procedência dos filisteus indicam que eram um grupo de origem cretense. A designação Caftor é equiparada com o nome egípcio Keftyw ("Creta"). E provável que os filisteus tenham sido expulsos de Creta por outros povos do mar, cuja identidade não vem ao caso aqui. Porém, estudos de anéis anuais de árvores europeias e mudanças de nível em turfeiras e lagos sugerem a ocorrência de uma crise no clima da Europa c. 1200 a.C., fato que pode ter desencadeado as migrações.
Os egípcios afirmavam ter conquistado uma grande vitória em sua batalha contra os povos do mar. O Papiro de Harris de Ramsés IV (1153-1147 a.C.) - um papiro com 40 m de comprimento no qual se encontram registrados os acontecimentos do reinado de Ramsés III - declara: "Derrotei todos aqueles que ultrapassaram os fronteiras do Egito, vindos de suas terras. Aniquilei o povo danuna vindo de suas ilhas, os tiekker e os pereset (filisteus)... os sherden e os weshwesh do mar foram exterminados". Os filisteus derrotados se assentaram na planície costeira do sul da Palestina, daí o nome dessa região.

A CULTURA FILISTÉIA
À chegada dos filisteus na Palestina é marcada em termos arqueológicos por suas cerâmicas peculiares (Período Micênico HIC1b), bastante semelhantes a exemplares egeus. Os filisteus foram o primeiro povo a usar o ferro na Palestina e, portanto, arqueologicamente, sua chegada também é marcada pela transição da Idade do Bronze para a Idade do Ferro. Devido ao monopólio desse metal pelos filisteus, os israelitas se tornarem dependentes de seus ferreiros para afar ferramentas. Cinco cidades filistéias importantes foram fundadas na costa do Mediterrâneo ou próximo a esta: Gaza, Asquelom, Asdode, Ecrom e Gate. O governante da cidade era chamado, em hebraico, de seren, um termo usado apenas para governantes filisteus e associado, por meio da língua grega, à palavra "tirano".

SANSÃO
O juiz Sangar libertou Israel dos filisteus, mas quem recebe destaque é Sansão, o juiz com forças sobre-humanas demonstradas quando ele matou mil homens com a queixada de um jumento e carregou a porta da cidade de Gaza até o alto de um monte? que julgou sobre Israel durante doze anos.* Seu ponto fraco, a atração por mulheres estrangeiras, o levou a perder os cabelos, a força e a visão. Apesar de seus atos de heroísmo dramáticos, Sansão não livrou Israel da opressão filistéia.

SAMUEL
Os filisteus representavam uma ameaça inigualável.' Eram soldados disciplinados possuíam armas superiores às dos israelitas. Cansados de invadir e saquear periodicamente o território de Israel, procuraram conquistá-lo em caráter definitivo. Deslocando-se do litoral para o interior, ocuparam grande parte dos montes da região central. Foi nesse contexto que Samuel cresceu na cidade de Siló, na região montanhosa de Efraim. Ali ficava o tabernáculo, ao qual haviam sido acrescentadas algumas construções permanentes," formando um complexo chamado de "templo do Senhor"." Durante sua juventude, Samuel foi instruído pelo sacerdote idoso Eli. Ao atingir a idade adulta, Samuel foi reconhecido como profeta do Senhor em todo o Israel, desde Da até Berseba. Também atuou como juiz, percorrendo um circuito que incluía Betel, Gilgal, Mispa e Ramá, a cidade onde morava.

OS FILISTEUS TOMAM A ARCA
De acordo com o livro de Samuel, depois que os filisteus mataram quatro mil israelitas no campo de batalha em Afeca, o povo pediu que a arca da Aliança fosse trazida de Siló para o acampamento israelita em Ebenézer (possivelmente Izbet Sarteh). Quando os filisteus ouviram os gritos de júbilo dos israelitas, pensaram que um deus havia chegado ao acampamento de Israel. Na batalha subsequente, os israelitas foram massacrados: trinta mil soldados, inclusive os dois filhos rebeldes de Eli, morreram e a arca da aliança foi tomada. Ao receber essa notícia, Eli caiu da cadeira onde estava assentado, quebrou o pescoço e morreu. Sua nora também morreu durante o parto, exclamando: "Foi-se a glória de Israel" (1Sm 4:22).
jarro de cerveja filisteu, com coador embutido para remover as cascas da cevada. Asdode, século XIl a.C
jarro de cerveja filisteu, com coador embutido para remover as cascas da cevada. Asdode, século XIl a.C
O mapa mostra o circuito percorrido por Samuel nos montes ao norte de Jerusalém ao exercer a função de juiz.
O mapa mostra o circuito percorrido por Samuel nos montes ao norte de Jerusalém ao exercer a função de juiz.
A chegada dos filisteus A chegada dos filisteus na costa da Palestina foi parte de uma migração mais ampla de um grupo chamado de Povos do Mar, os quais o rei egipcio Ramsés Ill derrotou numa batalha naval na foz do rio Nilo, em 1180 a.C.
A chegada dos filisteus A chegada dos filisteus na costa da Palestina foi parte de uma migração mais ampla de um grupo chamado de Povos do Mar, os quais o rei egipcio Ramsés Ill derrotou numa batalha naval na foz do rio Nilo, em 1180 a.C.
esquife antropóide feito de argila, encontrado em Bete-Seá; século XIl a XI a.C.
esquife antropóide feito de argila, encontrado em Bete-Seá; século XIl a XI a.C.
batalha naval entre Ramsés Ill e os Povos do Mar (1180 a.C.). Relevo do templo de Amon em Medinet Habu, Egito. Os guerreiros filisteus são representados usando seus ornamentos característicos a cabeça.
batalha naval entre Ramsés Ill e os Povos do Mar (1180 a.C.). Relevo do templo de Amon em Medinet Habu, Egito. Os guerreiros filisteus são representados usando seus ornamentos característicos a cabeça.

Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita

Não foram encontradas referências em Livro Espírita.

Referências em Outras Obras

Não foram encontradas referências em Outras Obras.

Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de I Samuel Capítulo 16 do versículo 1 até o 23
SEÇÃO III

SAUL E DAVI

I Samuel 16:1

31:13

A última metade de I Samuel prossegue com a história de Saul, mas apresenta Davi como o seu sucessor divinamente escolhido, e preocupa-se principalmente com as relações entre os dois.

A. A UNÇÃO E A GRAÇA NA 1NFÂNCIA DE DAVI, 16:1-17.58

A tristeza de Samuel devido à rejeição de Saul foi interrompida por uma nova missão. A dinastia de Saul não podia continuar. O profeta precisava afastar-se do passado e de suas situações, e olhar para o futuro, quando se cumpririam os próximos objetivos de Deus.

1. Samuel é Enviado à Casa de Jessé (16:1-13)

A escolha de Deus, do sucessor de Saul seria encontrada entre os oito filhos de Jessé, o belemita (1). Jessé era o neto de Boaz e Rute, a moabita (Rt 4:17). É interessante observar que a mãe de Boaz também não era de Israel. Ela era Raabe, de Jericó, um fato que Mateus destaca em sua relação da genealogia de Jesus (Mt 1:5).

Samuel com razão temia a vingança de Saul, se o rei soubesse de sua ida a Belém. Então, o Senhor o instruiu a organizar um sacrifício e um banquete que fossem relacio-nados à sua visita naquela localidade. A vinda inesperada de Samuel produziu conster-nação entre os anciãos da pequena cidade, porque ele representava a amedrontadora presença de Deus. Mas o profeta lhes assegurou que vinha em missão de paz: Santificai-vos, e santificou ele a Jessé e os seus filhos (5; "consagrou" ou "purificou") – o uso ritual da palavra "santificar", que poderia significar "consagrar" ou "separar" (cf. 7.1, co-mentário). Isto provavelmente envolvia uma lavagem ritual daqueles assim consagrados.

Quando Jessé chamou o seu filho mais velho, Eliabe, Samuel pensou que certamen-te o jovem alto de postura nobre fosse o ungido do Senhor (6; cf. 10.1, comentário). Mas a ele foi recordado que o Senhor não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração (7). Esta é uma obser-vação importante que devemos recordar, porque somos rápidos para julgar pelas aparên-cias, quando elas podem ser muito enganadoras. Depois que a mesma coisa já havia acontecido com sete dos filhos de Jessé, Samuel perguntou: Acabaram-se os jovens? (11). Ainda havia o menor, e eis que apascenta as ovelhas — uma tarefa servil desig-nada ao filho menos importante ou aos empregados do dono da casa. Davi foi chamado, e quando chegou, viu-se que era ruivo, e formoso de semblante (em hebraico "bonito aos olhos") e de boa presença (12) — "uma complexão ruiva, os olhos brilhantes e uma aparência atraente" (Berk.) 1.

Conforme fora instruído, Samuel tomou o vaso do azeite e ungiu-o no meio dos seus irmãos (13). Ao considerarmos a atitude dos irmãos, refletida em 17.28, não é certo que eles soubessem o significado da unção, uma cerimônia usada na designação de sacerdotes e profetas, e também de reis. Desde aquele dia em diante, o Espírito do Senhor se apoderou de Davi — para dotá-lo com sabedoria e poder, e deu-lhe orienta-ção para o cumprimento dos propósitos de Deus para a sua vida. Samuel se levantou e tornou a Ramá, o seu lar. A próxima menção a ele é encontrada em 19.18, quando Davi fugia de Saul.

"O que Deus observa" é visto tanto negativa como positivamente em 6-13. O Se-nhor não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, 7. O Senhor não procura (1) semblantes formosos, 7; (2) estatura física, 7; (3) idade ou maturidade, 11; (4) condição ou posição, 11. O Senhor olha para o coração, 7; e derra-ma o seu Espírito sobre aqueles que Ele aceita (13).

2. Davi e Saul se Encontram (16:14-23)

O relato agora se dedica ao primeiro encontro entre Saul e Davi. As primeiras relações entre os dois são difíceis de compreender. A narrativa é breve e a ordem cronológica não é sempre rigorosamente mantida'. Mas a idéia principal é clara. Davi crescia em estatura e em promessas, ao passo que Saul se deteriorava. O Espírito do Senhor, que estava sobre Davi, se retirou de Saul, e o assombrava (em hebraico, bdath, "aterrorizar, atemori-zar") um espírito mau, da parte do Senhor (14). O fato de que o espírito do mal fosse da parte do Senhor somente significava que Deus permitiu o ataque de poderes malig-nos que resultaram em alguma coisa muito parecida com insanidade. Para aliviar a me-lancolia do rei, Davi foi trazido à corte como um talentoso tocador de harpa. Embora ainda fosse um pastor, o filho mais jovem de Jessé é apresentado pelo seu amigo à corte como alguém que sabe tocar (talentoso)... e de gentil presença; o Senhor é com ele (18). A expressão: valente, e homem de guerra, e sisudo em palavras (no hebraico, "fala") provavelmente faz referência a Jessé, o pai, uma vez que Davi nessa época ainda era um jovem inexperiente. A expressão foi seu pajem de armas (21) é uma rápida previsão dos eventos posteriores resumidos em 18.5, depois da derrota de Golias.

O som da harpa tocada por Davi teve o seu efeito desejado (23) e aparentemente o rei temporariamente melhorou o suficiente para permitir que Davi retornasse à sua casa, onde de novo cuidou das ovelhas de seu pai (17.15). A harpa (em hebraico, kinnor) é o instrumento musical mais antigo mencionado na Bíblia Sagrada. Era um instru-mento portátil (cf. 10.5), com oito ou dez cordas que eram tocadas com uma palheta ou com os dedos. Em termos dos nomes dos instrumentos musicais de hoje, seria prova-velmente chamada de lira.


Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de I Samuel Capítulo 16 do versículo 1 até o 23
*

16.1—31.13 Esses capítulos narram a ascensão de Davi ao poder, e a perda do poder de Saul, bem como a sua morte. A ascensão de Davi é marcada pela sua unção por Samuel e seu período no serviço de Saul (caps. 16—18), sua fuga de Saul (caps. 19–23), seu cuidado em não cometer o crime de sangue (caps. 24—26), e sua fuga aos filisteus (caps. 27—31).

* 16.1 belemita. Belém, mencionada pela primeira vez em Gn 35:19, é a cidade natal de Davi (17.12, 15). Quanto à relevância dessa localidade para o Messias ("o ungido"), ver Mq 5:2; Mt 2:5, 6; Jo 7:42.

me provi. A seleção de um rei para "mim" (o Senhor) contrasta com a escolha de um rei para "eles" (o povo) em 8.22 (8.18; 12.13).

* 16:2

Vim para sacrificar. Embora essa declaração seja verdadeira em si, não revela o motivo principal para a viagem de Samuel a Belém (v. 1). É bem provável que haja um tom irônico na ordem que o Senhor deu a Samuel, justamente por ter sido dada não muito depois de Saul ter alegado que poupou o melhor dos animais somente "para os sacrificar" (15.15, 21). Casos de "informação incompleta" como este precisam ser aquilatados dentro das suas circunstâncias específicas (20.6; 21.2; 27.10; 2Sm 16:17-19; Js 2:4 e notas).

* 16.3 ungir. Ver nota em 2.10.

*

16:4

os anciãos da cidade, tremendo. Ver a reação semelhante de Aimeleque quanto Davi chegou sozinho em Nobe (21.1). Não é mencionado nenhum motivo para o grande temor dos anciãos. Provavelmente tinha a ver com a função profética de Samuel como instrumento do juízo divino.

* 16.7 nem para a sua altura, porque o rejeitei. A referência à "estatura" como uma medida errônea para classificar a qualificação de um indivíduo para ser rei, juntamente com o aviso de que esse filho de Jessé é "recusado," faz relembrar Saul, cuja altura era notável (9.2; 10,23) mas que foi rejeitado (15.23, 26).

o SENHOR, o coração. É axiomático que os padrões divinos são interiores, e não exteriores (13.14, nota; Rm 2:28, 29). Ver "Deus Vê e Conhece: Onisciência Divina", índice.

* 16.13 no meio de seus irmãos. É provável que os anciãos também tenham presenciado a unção de Davi (vs. 4, 5). A ênfase na presença dos irmãos nesse evento talvez lance luz sobre o comportamento de Eliabe em 17.28.

o Espírito do SENHOR se apossou de Davi. Ver notas em 10.6; 11.6. O revestimento de Davi pelo Espírito "daquele dia em diante" destaca-o de Saul (e também de Sansão) sobre quem o Espírito vinha apenas esporadicamente.

* 16.14 Tendo-se retirado de Saul o Espírito do SENHOR. A presença do Espírito de Deus, que confere poder e validade, deve ter sido removida de Saul na ocasião da sua rejeição definitiva como rei no cap. 15 (conforme também v. 1).

um espírito maligno. Conforme 1Rs 22:21-23. A palavra hebraica pode descrever algo que perturba, aflige, ou que é danoso.

*

16.18 homem de guerra. Esse relatório talvez pareça estar em conflito com a declaração de Saul em 17.33 de que Davi, sendo só um jovem na ocasião, não estava em pé de igualdade com Golias. Pode-se dizer, como resposta, que a recomendação feita de Davi era, decerto, um exagero, assim como uma carta de referência nos dias de hoje. Por outro lado, Saul estava comparando Davi com Golias, e relutava em tomar o risco de mandar alguém contra o gigante filisteu.

o SENHOR é com ele. Esse fato, mais do que qualquer qualidade humana, explicará a ascensão persistente (embora custosa) de Davi ao poder, ao passo que o crescente reconhecimento de Saul de que Davi havia sido preferido a ele desempenhará um papel considerável na sua própria desintegração psicológica (3.19; 17.37; 18.12, 28, 29; 20.13; 2Sm 7:9 e notas).

* 16.19 Envia-me Davi, teu filho, o que está com as ovelhas. Saul, sem o saber, convida seu futuro substituto a fazer parte da sua corte. A ascensão de Davi ao poder é dirigida providencialmente, e não é resultado do esforço humano ou da cobiça pelo poder.

*

16.21 este o amou muito. Não fica claro no texto se essas palavras descrevem a atitude de Saul para com Davi ou de Davi em relação a Saul. Note, também, o modo de Jônatas corresponder a Davi (18.1, 3; 20.17), bem como o de Mical (18.20, 28), do povo (18.16), e possivelmente até mesmo os demais servos de Saul (18.22). O sendido provável é o de que "Saul amou a Davi" (ver o v. 22).


Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de I Samuel Capítulo 16 do versículo 1 até o 23
16:5 Samuel santificou ao Isaí e a seus filhos para prepará-los para apresentar-se ante Deus em adoração ou para oferecer um sacrifício. se desejar mais informação a respeito da cerimônia de purificação, vejam-se Gn 35:2; Ex 19:10, Ex 19:14 e a nota a Js 3:5.

16:7 Saul era alto e atrativo. Era um homem que impressionava por sua boa aparência. Samuel pôde ter estado procurando alguém que se parecesse com o Saul para ser o seguinte rei do Israel, mas Deus lhe advertiu que não julgasse só pelas aparências. Quando a gente julga só pelas aparências externas, podem passar por cima a indivíduos que carecem de qualidades físicas particulares que a sociedade admira nesse momento. Mas a aparência não revela o que a gente é em realidade, nem seus verdadeiros valores.

Felizmente, Deus julga pela fé e o caráter, não pelas aparências. E devido a que só Deus pode ver o interior, só O pode julgar às pessoas com precisão. A maioria das pessoas investem horas cada semana em manter sua aparência externa. Deveriam fazer ainda mais para desenvolver seu caráter interior. Enquanto todo mundo pode ver sua cara, só você e Deus sabem como é por dentro. Que passos está tomando para melhorar a atitude de seu coração?

16:13 Davi foi ungido rei, mas se fez em segredo. Não foi coroado a não ser até muito tempo depois (2Sm 2:4; 2Sm 5:3). Saul seguia sendo legalmente o rei, mas Deus estava preparando ao Davi para suas responsabilidades futuras. O azeite da unção que foi derramado sobre a cabeça do Davi simbolizava santidade. Era utilizado para apartar pessoas ou objetos para o serviço a Deus. Cada rei e supremo sacerdote do Israel era ungido com azeite. Isto os comissionava como representantes de Deus ante a nação. Apesar de que Deus rechaçou o reinado do Saul ao não permitir que nenhum de seus descendentes se sentassem no trono do Israel, Saul mesmo permaneceu em seu posto até sua morte.

16:14 O que era este espírito mau que o atormentava de parte do Jeová? Possivelmente Saul estivesse simplesmente deprimido. Ou possivelmente, o Espírito Santo tinha deixado ao Saul e Deus permitiu que um espírito iníquo (um demônio) atormentasse-o como castigo por sua desobediência (isto demonstraria o poder de Deus sobre o mundo espiritual: 1Rs 22:19-23). De todos os modos Saul se estava enlouquecendo, pelo qual tentou matar ao Davi.

16:15, 16 As harpas eram instrumentos musicais populares nos dias do Saul, e sua música segue sendo conhecida por suas qualidades sedativos. As harpas mais singelas eram de só duas peças de madeira atadas entre si em ângulos. As cordas se estendiam entre as madeiras para dar à harpa uma forma triangular. As cordas simples podiam fazer-se com folhas de ervas retorcidas, entretanto as melhores cordas se faziam de intestinos secos de animais. As harpas podiam ter até quarenta cordas e soavam mais forte que os pequenos instrumentos de três ou quatro cordas chamados liras. Davi, conhecido por suas habilidades como pastor e sua valentia, era além disso um talentoso harpista e músico que à larga escreveria muitos dos salmos encontrados na Bíblia.

16.19-21 Quando Saul pediu ao Davi que se unisse a seu serviço, obviamente não sabia que Davi tinha sido ungido rei em segredo (16.12). O convite do Saul representou uma oportunidade excelente para que o jovem, futuro rei, obtivera informação de primeira mão a respeito da maneira em que se guiava uma nação (Davi ia e vinha diante do Saul, 17.15).

Algumas vezes nossos planos, até aqueles que acreditam que Deus aprovou, têm que esperar por tempo indefinido. Ao igual a Davi, podemos aproveitar este tempo de espera. Podemos escolher aprender e crescer em nossas circunstâncias pressente, qualquer que estas sejam.


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de I Samuel Capítulo 16 do versículo 1 até o 23

DAVI A. ungido por Samuel (


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de I Samuel Capítulo 16 do versículo 1 até o 23
Agora entramos no estudo da vida de Davi, "um homem segundo o [...] coração [de Deus]" (NVI). Da mesma forma que Saul é um retra-to da vida carnal, Davi é a imagem da vida espiritual do crente que ca-minha pela fé no Senhor. É verdade que Davi pecou. Entretanto, Davi, diferentemente de Saul, confessou seus pecados e tentou restaurar seu relacionamento com Deus. Nesses capítulos, vemos três cenas da vida anterior de Davi.

  • O filho obediente (16:1 -13)
  • Que afirmação solene: "Eu o [Saul] rejeitei" (NVI). O povo ainda não sabia dessa rejeição, e Saul ain-da "fingia ser" o rei da terra. Deus pode rejeitar a pessoa, e os homens ainda o aceitarem, mas, por fim, o julgamento do Senhor cai sobre a pessoa. Saul era tão perigoso que Samuel delineou um plano para es-capar da fúria dele quando visitasse Belém. Veja 22:17-19 para ter uma amostra da fúria ciumenta de Saul.

    Quando Samuel, sob orien-tação de Deus, chegou à casa de Jessé a fim de convidá-lo para o sacrifício, Davi nem mesmo estava lá! Ele estava nos campos cuidando das ovelhas. Não podemos deixar de nos impressionar com a obedi-ência e a humildade de Davi. Ele, como "o mais moço" da família, ti-nha uma posição muito baixa, mas era fiel a seu pai e ao Senhor. A vida de Davi ilustraMt 25:21 — ele inicia como servo e termina como governante; ele foi fiel com umas poucas ovelhas e, depois, herdou uma nação inteira; ele sabia como trabalhar, portanto Deus lhe deu o regozijo. Compare com a trajetória do filho pródigo, em Lc 15:0 delineia a fórmula de sucesso que Deus ado-ta, e vemos a prova disso na vida de Davi.

    Samuel estava prestes a come-ter o erro de avaliar os homens por seus atributos físicos (veja 10:24), quando Deus o lembrou de que o importante é o coração. Leia Provér-bios 4:23. Chamaram Davi no cam-po, e, quando ele chegou, o Senhor disse a Samuel: "Este é ele"! Davi ti-nha pele clara e cabelos ruivos. Sua boa aparência e sua entrega de co-ração eram uma combinação mag-nífica. Ele era o oitavo filho, e oito é o número do novo início. A unção com azeite trouxe-lhe uma unção especial do Espírito de Deus, e, a partir desse momento, ele foi um homem de Deus. É pouco provável que, naquele dia, Davi e sua família tenham entendido a importância da unção. Com certeza, no momento oportuno, Samuel explicaria isso a Davi.

  • O servo humilde (16:14-23)
  • Que contraste trágico: o Espírito vem sobre Davi, mas sai de Saul! Deus permite que um espírito ma-ligno atormente Saul e, às vezes, ele age como louco. Veja 18:10 e 19:9. Seu comportamento estranho faz com que seus servos sugiram que ele chame um músico habili-doso para acalmá-lo. É muito triste que os servos de Saul lidem com os sintomas, mas não com a causa do problema, pois a música nunca mudaria o coração pecador de Saul. É verdade, o rei "sentia alívio" com a música, mas podia ser uma falsa paz. Os servos deviam orar para que Saul fosse reto para com Deus!

    Davi era exatamente o homem que Saul precisava, e um dos servos sugeriu-o a ele. Vemos o reconhe-cimento das habilidades de Davi, contudo ele não promove a si mes-mo: Deus é quem faz isso. Leia com atenção Pv 22:29 e 1Pe 5:6. Hoje, muitos jovens tentam pôr-se em posição de proeminência sem primeiro testar-se nos assun-tos de menor importância em casa. Davi veio para a corte e, de imedia-to, tornou-se o favorito do rei. É cla-ro que se Saul soubesse que Deus escolhera Davi para ser rei tentaria matar o rapaz na hora. Saul, quan-do descobriu isso, começou a per-seguir Davi e a caçá-lo nos desertos de Israel.

    Davi não ficou em caráter per-manente na corte; lemos em 1 7:15: "Davi, porém, ia a Saul e voltava, para apascentar as ovelhas de seu pai". Ele visitava a corte quando era necessário, mas não descuida-va de suas responsabilidades em casa. Que humildade! Ele é um rapaz dotado, escolhido para ser rei, ungido de Deus, contudo ainda cuida das ovelhas e trabalha como servo! Não é de admirar que Deus usasse Davi.


    Russell Shedd

    Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
    Russell Shedd - Comentários de I Samuel Capítulo 16 do versículo 1 até o 23
    16.1 Me provi de um rei. Agora é Deus que provê um rei: Davi (13). Cronologia. A ordem cronológica dos eventos históricos de 1 Sm é a seguinte: 1:1-15.35; 17:12-15; 16:1-13 17:1-11, 16-58; 16:14-23. Embora os eventos não estejam em ordem cronológica, são fiéis. Do cap. 18 em diante, a ordem é relativamente certa. O episódio Dt 28:7-5 foi escrito por um gentio, servo de Saul; sendo, porém, uma crônica do reino, entrou no cânon Sagrado. Os manuscritos do Mar Morto revelam outro texto hebraico original, de cunho mais popular. E tudo indica que a LXX (texto grego) é uma tradução desse original (e não do texto heb. "Massorético"), mormente no que se refere ao livro de Samuel. Os caps. 17 e 18 da LXX omitem os seguintes trechos 17:12-31, 41, 48b, 50, 55-58; 18:1-5, 6a, 8c, 10-11, 17-19, 26c, 30.

    16.2,3 Saul o saberá e me matará. Há coisas que, em certas ocasiões, fazem-se em silêncio.

    16.5 Santificai-vos. Consistia em mudar de roupa, lavar os corpos e preparar as mentes para a meditação e oração (Êx 19:14-15).

    16.12 Ruivo, "vermelho", sinônimo de bonito. Era o oitavo filho; caçula e não o primogênito.

    16.13 Davi, "amigo" ou "amado". Nome único na Bíblia. • N Hom. O Espírito do Senhor se apossou de Davi. Multiplicou-se a capacidade de Davi (17:33-37);
    2) Aumentou-se-lhe a inteligência e a perspicácia (18.5; ver 17:34-36n e 49-50n). Samuel se levantou e foi para Ramá. Com isso, praticamente, termina o seu juizado. Está com 80 amos de idade.

    16.14 O espírito maligno. Todo o fenômeno que fugia ao controle da mente humana era atribuído à ação de um "espírito"; como também, eram do "espírito" todas as coisas indefiníveis, incomuns e estranhas. Provavelmente, a doença de Saul era uma hipocondria ou uma esquizofrenia, ou, talvez ambas.

    16.15 Os servos de Saul. Os médicos da corte.

    16.16 Que saiba tocar. A cura pela música era terapia antiga.

    16.21 Escudeiro. Carregava o escudo do rei (31.4). Eram famosos por sua destreza e força(14:13-14). Os escudeiros dos carros de guerra egípcios e assírios protegiam o companheiro, nas refregas.

    16.23 Harpa. Instrumento musical portátil, parecido com a nossa lira, de som agradável e doce. Era o instrumento que os israelitas dependuravam nos salgueiros da Babilônia (Sl 137:2).


    NVI F. F. Bruce

    Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
    NVI F. F. Bruce - Comentários de I Samuel Capítulo 16 do versículo 1 até o 23
    IV SAUL E DAVI (16.1—31.13)

    1) Davi é aceito e depois rejeitado por Saul (16.1—20.42)
    a)    Samuel unge Davi (16:1-13)
    A posição de Samuel se tornou complicada; Saul ainda era rei por aclamação popular, embora tivesse sido rejeitado por Javé como líder carismático. Ele havia conduzido a instituição da monarquia e colocado Saul no trono. Agora Javé lhe ordena que unja o sucessor de Saul, uma tarefa perigosa: Como poderei ir.? (v. 2), ele pergunta quando recebe a orientação para ir à casa de Jessé em Belém levando consigo o seu chifre de óleo, visto que o novo líder seria um dos filhos de Jessé. Deveria levar um novilho para o sacrifício e também assegurar aos líderes de Belém suas intenções pacíficas, convidando-os a participar do sacrifício, depois de se consagrarem (i.e., realizarem o ritual de purificação).

    v. 6-13. A história da unção de Davi é bem conhecida. Na sua chegada, Samuel encontrou primeiro Eliabe, um homem alto e vistoso (a descrição lembra a nossa impressão de Saul); Samuel já pensa que a busca pelo homem segundo o coração de Deus está concluída. Mas Javé lhe mostra o seu erro: Não considere sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração (v. 7). Abinadabe, Sarna e outros quatro foram apresentados, mas Samuel perguntou se Jessé tinha mais filhos. O pai disse, quase se desculpando; Ainda tenho o caçula, mas ele está cuidando das ovelhas (v. 11). Foram buscar Davi; Ele era ruivo [ou “moreno”], de belos olhos e boa aparência (v. 12).

    A busca de Samuel havia chegado ao fim; ele o ungiu na presença de seus irmãos (v. 13, mas conforme comentário de 17.28). Davi não recebeu somente a unção, mas, como Saul antes dele, a capacitação poderosa do Espírito (10.6,

    10). Depois de ter confirmado a escolha de Javé, pois Samuel não teve participação na escolha, ele voltou para Ramá.
    b)    Davi na corte de Saul (16:14-23)
    O Espírito não somente veio sobre Davi,
    mas também se retirou de seu predecessor, deixando um vácuo que foi preenchido por um espírito maligno, vindo da parte do Senhor (v. 14). “A capacitação carismática reservada para o rei de Israel havia passado para Davi, deixando Saul não simplesmente impotente, mas demente e confuso, de forma que ele precisava do conforto da música” (McKane, p. 108). O espírito maligno era da parte do Senhor; sem dúvida, no sentido de que em última instância todas as coisas passam pelo controle de Javé (conforme Is 45:7; lRs 22:19-23). A convocação de um músico, um homem que saiba tocar harpa (v. 16), foi a receita sugerida pelos cortesãos, talvez familiarizados com esses fenômenos; um deles, com a solicitude que lembra a da serva de Naamã (2Rs 5:2,2Rs 5:3), sugere uma possível fonte de ajuda. Ele havia conhecido Davi, ou ouvido falar dele, como um homem de diversos dons, que, além de guerreiro valente, sabia tocar harpa (v. 18). Foram buscá-lo, e ele veio trazendo presentes (pães, [...] vinho e um cabrito', conforme 1.24; 10,3) de Jessé, e logo se mostrou indispensável para Saul, tornando-se o seu escudeiro (v. 21) ou ajudante pessoal. Ele entrou para o serviço permanente de Saul (v. 22) e estava disponível quando a desordem do rei ocorria.


    Francis Davidson

    O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
    Francis Davidson - Comentários de I Samuel Capítulo 16 do versículo 1 até o 23
    III. SAUL E DAVI1Sm 16:1-9). O Senhor disse a Samuel que acabasse com as lamentações pelo afastamento de Saul do trono israelita, e se dirigisse a Belém para ungir o seu sucessor (1). Mas Saul era vingativo e tornava perigosa a missão do profeta (cfr. 1Sm 22:18-9). Era por isso conveniente dizer que ia sacrificar ao Senhor (2). Justifica-se plenamente essa atitude, pois nada obsta a que se oculte uma primeira intenção, anunciando apenas a segunda. Entretanto, Davi ir-se-ia preparando para receber as instruções que lhe seriam dadas por Samuel, relativas ao futuro trono.

    >1Sm 16:7

    O Senhor, que olha para o coração (7) e não para as aparências, não escolheu Eliabe nem qualquer dos outros seis jovens que desfilaram perante o profeta (6-10). A escolha caiu sobre um pastor, o mais jovem, ruivo e formoso de semblante e de boa presença (12). O heb. e os LXX dizem "de lindos olhos". Então Samuel o ungiu e o espírito do Senhor se apoderou dele (13), para treiná-lo para a sua grande tarefa.

    >1Sm 16:14

    2. SAUL É ATORMENTO POR UM ESPÍRITO MALIGNO (1Sm 16:14-9). Enquanto Davi progredia nos caminhos do Senhor, Saul era assombrado por um espírito maligno, uma vez que dele se afastara o espírito do Senhor (14). Grande castigo de Deus, sem dúvida! E era tal o sofrimento desse rei que só o suavizava o som harmonioso da harpa. Mas quem lhe tocaria esse instrumento? Logo houve quem se lembrasse de Davi, que a muitas outras qualidades aliava a de ser exímio harpista. Depois dos costumados presentes, em sinal de profundo respeito (20), Davi foi à presença de Saul que o amou muito (21). De acordo com a natureza das narrações hebraicas o historiador segue até ao fim o tema principal e volta depois a preencher lacunas e a salientar pormenores. Talvez estes versículos possam referir-se aos acontecimentos que se seguiram à morte do gigante Golias.

    3. BREVE INTRODUÇÃO AOS CAPÍTULOS 17 E 18. O texto destes capítulos apresenta várias dificuldades. Os LXX, tal como se apresenta o manuscrito do Códice B do Vaticano, omite os seguintes versículos que se encontram no texto hebraico: 1Sm 17:12-9, 1Sm 17:41, 1Sm 17:48, 1Sm 17:50, 1Sm 17:55-9 conta como Saul chamou Davi para tocar harpa: a boa impressão que lhe causou o jovem artista, logo nomeado pagem de armas. Era uma posição de honra e de confiança. Mas parece haver contradição com o capítulo 17, onde Davi aparece ausente do exército num transe difícil para Israel. Apenas vai ao acampamento levar os víveres aos irmãos e ao mesmo tempo trazer notícias ao pai, já de avançada idade. Por um lado, os irmãos achavam absurdo que seu irmão mais novo entrasse nos combates; por outro, nem o rei, nem Abner reconhecem Davi, o que é de estranhar, sendo ele da intimidade de Saul e mesmo seu pajem de armas.
    2) 1Sm 17:12 e segs. é uma repetição do que já se dissera no capítulo 16.
    3) 1Sm 18:1-9 narra por ordem diferente o mesmo que os vers. 13-14.
    4) 1Sm 18:8-9 parece deslocado. Saul dificilmente nutriria tais sentimentos de ódio, pelo menos nessa altura. O certo é que o versículo 13 alude ao bom tratamento que teve para com Davi.
    5) 1Sm 18:19, onde se diz ter sido Merabe dada em casamento a Adriel, parece contradizer-se com 2Sm 21:8, onde Mical se afirma ter dado a Adriel cinco filhos.

    Tais são as alegadas discrepâncias. Devemo-nos relembrar, entretanto, no que diz respeito ao texto hebraico, que os livros de Samuel foram compilados baseados em vários documentos. Estes não foram ordenados em sua presente forma senão depois de ter-se passado um período considerável de tempo. As escolas de profetas certamente foram treinando gradualmente homens capazes de conservar um registro em ordem sobre a história da nação. Sabemos que houve muitos anais, como, por exemplo, o Livro de Jaser, o Livro das Guerras do Senhor, os registros de Gade, e outras narrativas. Sem dúvida que muito material histórico foi preservado pelas diversas escolas de profetas. Baseada nesses materiais é que a narrativa foi compilada. Houve pouca tentativa para escrevê-la na ordem estritamente cronológica. Visto que a história foi compilada de vários documentos, não é surpreendente que encontremos certas informações repetidas, como em 1Sm 17:12.

    Não nos esquecendo desses fatos, não é muito difícil explicar as aparentes discrepâncias no texto hebraico. A seguinte explanação tem sido apresentada por vários escritores: 1. 1Sm 16:15-9 se refere a uma visita breve, casual, de Davi, à corte, na qualidade de jovem trovador quando em seus verdes anos. Sua descrição como valente e animoso (18) se refere a tais episódios como aquele com o leão e o urso; e o termo homem de guerra (18) deve ser considerado como descrição de sua potencialidade como jovem de coragem. A desordem mental de Saul impediu que tivesse prestado muita atenção ao jovem. 2. Quando Saul melhorou, Davi retornou a Belém, e isso é referido em 1Sm 17:15: Talvez ele tenha permanecido ali pelo espaço de alguns anos, e assim transformou-se de adolescente em homem jovem, quando Saul o viu em seguida, por ocasião da morte de Golias. 3. 1Sm 16:19-9 se refere ao que sucedeu após a vitória sobre o gigante, quando Saul, cheio de admiração, tomou Davi permanentemente para seu serviço na corte, como escudeiro e harpista. O escritor, neste ponto, leva sua narrativa a uma conclusão, como se isso tivesse sucedido imediatamente em seguida ao que fora registrado nos versículos anteriores. Isso não é incomum no hebraico. 4. Em 1Sm 17:31 e segs., Davi é apresentado a Saul como guerreiro. O rei não reconhece no desempenado mancebo o trovador adolescente de alguns anos atrás. E Abner, na qualidade de comandante em chefe, certamente que não tinha prestado muita atenção a um pequeno músico. 5. Segundo esse ponto de vista, teria sido muito natural que o rei interrogasse quem era o pai de Davi, seu futuro genro (1Sm 17:55, 1Sm 17:58).

    Existem outros modos mediante os quais diferentes escritores têm procurado harmonizar os termos do texto hebraico, mas, o que já dissemos demonstra que é possível uma explicação. Se ao menos conhecêssemos mais a respeito das circunstâncias, provavelmente nossas dificuldades desapareceriam. Deve ser adicionado, porém, que alguns dos versículos que já citamos como ausentes do texto da Septuaginta também estão ausentes em alguns poucos outros manuscritos. Apesar de que 1Sm 17:12-9 se acha presente no manuscrito Alexandrino A, é claro que tal trecho foi ali inserido. A maioria dos manuscritos, entretanto, seguem mais de perto o texto hebraico que os LXX. Hoje em dia há mais hesitação em pôr de lado o texto hebraico massorético, em favor da Septuaginta, que na geração passada. Ver igualmente o Apêndice II.


    Dicionário

    Dissê

    1ª pess. sing. pret. perf. ind. de dizer
    3ª pess. sing. pret. perf. ind. de dizer

    di·zer |ê| |ê| -
    (latim dico, -ere)
    verbo transitivo

    1. Exprimir por meio de palavra, por escrito ou por sinais (ex.: dizer olá).

    2. Referir, contar.

    3. Depor.

    4. Recitar; declamar (ex.: dizer poemas).

    5. Afirmar (ex.: eu digo que isso é mentira).

    6. Ser voz pública (ex.: dizem que ele é muito honesto).

    7. Exprimir por música, tocando ou cantando.

    verbo intransitivo

    8. Condizer, corresponder.

    9. Explicar-se; falar.

    10. Estar (bem ou mal) à feição ou ao corpo (ex.: essa cor não diz bem). = CONVIR, QUADRAR

    verbo pronominal

    11. Intitular-se; afirmar ser.

    12. Chamar-se.

    13. Declarar o jogo que se tem ou se faz.

    nome masculino

    14. Expressão, dito (ex.: leu os dizeres do muro).

    15. Estilo.

    16. Maneira de se exprimir.

    17. Rifão.

    18. Alegação, razão.


    quer dizer
    Expressão usada para iniciar uma explicação adicional em relação a algo que foi dito anteriormente. = ISTO É, OU SEJA

    tenho dito
    Fórmula com que se dá por concluído um discurso, um arrazoado, etc.


    Eliabe

    Deus é pai. l. Era filho de Helom e chefe da tribo de Zebulom quando foram enumeradas as tribos no deserto do Sinai (Nm l.9). 2. Filho de Palu (Nm 26:8), e pai de Datã e Abirã (Nm 16:1). Era membro de uma das principais famílias da tribo de Rúben, e os seus filhos foram os principais instigadores da revolta contra Moisés (Nm 16:1-12Dt 11:6). 3. o filho mais velho de Jessé e irmão de Davi (1 Sm 16.6). Ele é chamado Eliú em 1 Cr 27.18. A sua neta Maalate casou com Roboão (2 Cr 11.18). 4. Levita que viveu no tempo de Davi – era porteiro e também músico (1 Cr 15.18 – 16.5). 5. indivíduo da tribo de Gade, e chefe do seu povo. Era dotado de caráter guerreiro, e uniu os seus destinos aos de Davi, quando este fugia de Saul para o deserto (1 Cr 12.9). 6. Levita, da família de Coate, e filho de Naate, de quem descendeu o profeta Samuel (1 Cr 6.27). Noutras narrações genealógicas é ele chamado Eliú (1 Sm 1.1), e Eliel (1 Cr 6.34).

    1. Filho de Helom e líder da tribo de Zebulom, um dos homens escolhidos para ajudar Moisés e Arão a fazer o recenseamento do povo no Sinai (Nm 1:9; Nm 2:7; Nm 7:24-29; Nm 10:16).


    2. Pai de Datã e Abirão, da tribo de Rúben. Seus filhos lideraram uma rebelião contra Moisés e Arão (Nm 16:1-12; Nm 26:8-9; Dt 11:6). Para mais detalhes, veja Coré.


    3. Ancestral de Samuel, pai de Jeroão e filho de Naate. Era da tribo de Levi (1Cr 6:27).


    4. Filho mais velho de Jessé e irmão de Davi (1Sm 16:6-1Sm 17:13; 1Cr 2:13). Samuel lamentava a desobediência de Saul quando Deus falou com ele e o enviou para ungir o novo rei de Israel. O profeta seguiu a direção do Senhor e foi para Belém. Quando viu Eliabe, pensou que encontrara o ungido de Deus, pois o rapaz era alto, de boa aparência e o primogênito de Jessé. O Senhor então disse as palavras que são repetidas através dos séculos: “O homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1Sm 16:7). Encontramos Eliabe novamente na história de Davi e Golias. Estava com ciúmes do irmão mais novo; tinha inveja da bondade do coração dele (1Sm 17:28). Ele e os outros seus irmãos apenas assistiram, enquanto Davi matou o filisteu no nome e para honra do Senhor. A filha de Eliabe, Abiail, casou-se com um dos filhos de Davi (2Cr 11:18).


    5. O terceiro no comando dos gaditas, no exército de Davi, em Ziclague. Esse grupo de soldados havia desertado do exército de Saul (1Cr 12:9).


    6. Um dos levitas que tocaram harpa quando a Arca da Aliança foi levada para Jerusalém, durante o reinado de Davi (1Cr 15:18-20; 1Cr 16:5). S.C.


    Eliabe [Deus É Pai] - Irmão mais velho de Davi (1Sm 16:6); 17.28). Em (1Cr 27:18) ele é chamado de Eliú.

    Senhor

    substantivo masculino Proprietário, dono absoluto, possuidor de algum Estado, território ou objeto.
    História Aquele que tinha autoridade feudal sobre certas pessoas ou propriedades; proprietário feudal.
    Pessoa nobre, de alta consideração.
    Gramática Forma de tratamento cerimoniosa entre pessoas que não têm intimidade e não se tratam por você.
    Soberano, chefe; título honorífico de alguns monarcas.
    Figurado Quem domina algo, alguém ou si mesmo: senhor de si.
    Dono de casa; proprietário: nenhum senhor manda aqui.
    Pessoa distinta: senhor da sociedade.
    Antigo Título conferido a pessoas distintas, por posição ou dignidade de que estavam investidas.
    Antigo Título de nobreza de alguns fidalgos.
    Antigo O marido em relação à esposa.
    adjetivo Sugere a ideia de grande, perfeito, admirável: ele tem um senhor automóvel!
    Etimologia (origem da palavra senhor). Do latim senior.onis.

    o termo ‘Senhor’, no A.T., paraexprimir Jeová, está suficientemente compreendido nesta última palavra – e, como tradução de ãdôn, não precisa de explicação. Em Js 13:3, e freqüentemente em Juizes e Samuel, representa um título nativo dos governadores dos filisteus, não se sabendo coisa alguma a respeito do seu poder. o uso de ‘Senhor’ (kurios), no N.T., é interessante, embora seja muitas vezes de caráter ambíguo. Nas citações do A.T., significa geralmente Jeová, e é também clara a significaçãoem outros lugares (*vejag. Mt 1:20). Mas, fora estas citações, há muitas vezes dúvidas sobre se a referência é a Deus como tal (certamente Mc 5:19), ou ao Salvador, como Senhor e Mestre. Neste último caso há exemplos do seu emprego, passando por todas as gradações: porquanto é reconhecido Jesus, ou como Senhor e Mestre no mais alto sentido (Mt 15:22 – e geralmente nas epístolas – *veja 1 Co 12.3), ou como doutrinador de grande distinção (Mt 8:21 – 21.3), ou ainda como pessoa digna de todo o respeito (Mt 8:6). Deve-se observar que kurios, termo grego equivalente ao latim “dominus”, era o título dado ao imperador romano em todas as terras orientais, em volta do Mediterrâneo. E isto serve para explicar o fato de aplicarem os cristãos ao Salvador esse título, querendo eles, com isso, acentuar na sua mente e na das pessoas que os rodeavam a existência de um império maior mesmo que o de César. Com efeito, o contraste entre o chefe supremo do império romano e Aquele que é o Senhor de todos, parece apoiar muitos dos ensinamentos do N.T. Algumas vezes se usa o termo ‘Senhor’ (Lc 2:29At 4:24, etc.) como tradução de despõtes, que significa ‘dono, amo’, sugerindo, quando se emprega a respeito dos homens, que ao absoluto direito de propriedade no mundo antigo estava inerente uma verdadeira irresponsabilidade. (*veja Escravidão.)

    [...] o Senhor é a luz do mundo e a misericórdia para todos os corações.
    Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Pelo Evangelho


    Senhor
    1) (Propriamente dito: hebr. ADON; gr. KYRIOS.) Título de Deus como dono de tudo o que existe, especialmente daqueles que são seus servos ou escravos (Sl 97:5; Rm 14:4-8). No NT, “Senhor” é usado tanto para Deus, o Pai, como para Deus, o Filho, sendo às vezes impossível afirmar com certeza de qual dos dois se está falando.


    2) (hebr. ????, YHVH, JAVÉ.) Nome de Deus, cuja tradução mais provável é “o Eterno” ou “o Deus Eterno”. Javé é o Deus que existe por si mesmo, que não tem princípio nem fim (Ex 3:14; 6.3). Seguindo o costume que começou com a SEPTUAGINTA, a grande maioria das traduções modernas usa “Senhor” como equivalente de ????, YHVH (JAVÉ). A RA e a NTLH hoje escrevem “SENHOR”. A forma JAVÉ é a mais aceita entre os eruditos. A forma JEOVÁ (JEHOVAH), que só aparece a partir de 1518, não é recomendável por ser híbrida, isto é, consta da mistura das consoantes de ????, YHVH, (o Eterno) com as vogais de ???????, ADONAI (Senhor).


    Senhor Termo para referir-se a YHVH que, vários séculos antes do nascimento de Jesus, havia substituído este nome. Sua forma aramaica “mar” já aparecia aplicada a Deus nas partes do Antigo Testamento redigidas nesta língua (Dn 2:47; 5,23). Em ambos os casos, a Septuaginta traduziu “mar” por “kyrios” (Senhor, em grego). Nos textos de Elefantina, “mar” volta a aparecer como título divino (pp. 30 e 37). A. Vincent ressaltou que este conteúdo conceitual já se verificava no séc. IX a.C. Em escritos mais tardios, “mar” continua sendo uma designação de Deus, como se vê em Rosh ha-shanah 4a; Ber 6a; Git 88a; Sanh 38a; Eruv 75a; Sab 22a; Ket 2a; Baba Bat 134a etc.

    Em algumas ocasiões, Jesus foi chamado de “senhor”, como simples fórmula de cortesia. Ao atribuir a si mesmo esse título, Jesus vai além (Mt 7:21-23; Jo 13:13) e nele insere referências à sua preexistência e divindade (Mt 22:43-45; Mc 12:35-37; Lc 20:41-44 com o Sl 110:1). Assim foi também no cristianismo posterior, em que o título “Kyrios” (Senhor) aplicado a Jesus é idêntico ao empregado para referir-se a Deus (At 2:39; 3,22; 4,26 etc.); vai além de um simples título honorífico (At 4:33; 8,16; 10,36; 11,16-17; Jc 1:1 etc.); supõe uma fórmula cúltica própria da divindade (At 7:59-60; Jc 2:1); assim Estêvão se dirige ao Senhor Jesus no momento de sua morte, o autor do Apocalipse dirige a ele suas súplicas e Tiago acrescenta-lhe o qualificativo “de glória” que, na verdade, era aplicado somente ao próprio YHVH (Is 42:8). Tudo isso permite ver como se atribuíam sistematicamente a Jesus citações veterotestamentárias que originalmente se referiam a YHVH (At 2:20ss.com Jl 3:1-5).

    Finalmente, a fórmula composta “Senhor dos Senhores” (tomada de Dt 10:17 e referente a YHVH) é aplicada a Jesus e implica uma clara identificação do mesmo com o Deus do Antigo Testamento (Ap 7:14; 19,16). Tanto as fontes judeu-cristãs (1Pe 1:25; 2Pe 1:1; 3,10; Hc 1:10 etc.) como as paulinas (Rm 5:1; 8,39; 14,4-8; 1Co 4:5; 8,5-6; 1Ts 4:5; 2Ts 2:1ss. etc.) confirmam essas assertivas.

    W. Bousset, Kyrios Christos, Nashville 1970; J. A. Fitzmyer, “New Testament Kyrios and Maranatha and Their Aramaic Background” em To Advance the Gospel, Nova York 1981, pp. 218-235; L. W. Hurtado, One God, One Lord: Early Christian Devotion and Ancient Jewish Monotheism, Filadélfia 1988; B. Witherington III, “Lord” em DJG, pp. 484-492; O. Cullmann, o. c.; C. Vidal Manzanares, “Nombres de Dios” en Diccionario de las tres...; Idem, El judeo-cristianismo...; Idem, El Primer Evangelio...


    Suceder

    verbo transitivo indireto Vir depois; seguir-se: ao dia sucede à noite.
    Ser sucessor; assumir, por direito de sucessão, por nomeação ou por eleição, as funções antes ocupadas por outrem: o papa Paulo VI sucedeu a João 23.
    verbo intransitivo Acontecer, ocorrer: sucedeu que a minha ausência não foi notada; sucederam coisas misteriosas naquela noite.
    Ocorrer algo com alguém: já não se lembra do que lhe sucedeu ontem.
    verbo pronominal Acontecer sucessivamente: após o primeiro, sucederam-se muitos encontros.
    verbo transitivo indireto Ser solicitado por uma obrigação legal, testamento ou inventário: não tinha herdeiros que o sucedesse na herança.
    Etimologia (origem da palavra suceder). Do latim succedere, ocorrer depois de.

    suceder
    v. 1. tr. ind., Intr. e pron. Vir ou acontecer depois; seguir-se. 2. tr. ind. e Intr. Acontecer, dar-se (algum fato). 3. tr. ind. Produzir efeito, ter bom resultado. 4. tr. ind. Ir ocupar o lugar de outrem; substituir. 5. tr. ind. Tomar posse do que pertencia ao seu antecessor. Na acepção de acontecer, realizar-se, vir depois, é defectivo e só se conjuga nas 3.ª³ pessoas.

    Ungido

    Dedicado à Deus

    Strongs

    Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
    (Samuel)
    I Samuel 16: 6 - Texto em Hebraico - (HSB) Hebrew Study Bible

    E sucedeu que, entrando eles, ele (Samuel) contemplou Eliabe, e disse ①: Certamente está perante o SENHOR o Seu ungido.
    I Samuel 16: 6 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

    1024 a.C.
    H1961
    hâyâh
    הָיָה
    era
    (was)
    Verbo
    H3068
    Yᵉhôvâh
    יְהֹוָה
    o Senhor
    (the LORD)
    Substantivo
    H389
    ʼak
    אַךְ
    (only)
    Advérbio
    H446
    ʼĔlîyʼâb
    אֱלִיאָב
    filho de Helom, líder de Zebulom no deserto
    (Eliab)
    Substantivo
    H4899
    mâshîyach
    מָשִׁיחַ
    ungido, o ungido
    (who is anointed)
    Substantivo
    H5048
    neged
    נֶגֶד
    o que é notável, o que está na frente de adv
    (suitable)
    Substantivo
    H559
    ʼâmar
    אָמַר
    E disse
    (And said)
    Verbo
    H7200
    râʼâh
    רָאָה
    e viu
    (and saw)
    Verbo
    H853
    ʼêth
    אֵת
    -
    ( - )
    Acusativo
    H935
    bôwʼ
    בֹּוא
    ir para dentro, entrar, chegar, ir, vir para dentro
    (and brought [them])
    Verbo


    הָיָה


    (H1961)
    hâyâh (haw-yaw)

    01961 היה hayah

    uma raiz primitiva [veja 1933]; DITAT - 491; v

    1. ser, tornar-se, vir a ser, existir, acontecer
      1. (Qal)
        1. ——
          1. acontecer, sair, ocorrer, tomar lugar, acontecer, vir a ser
          2. vir a acontecer, acontecer
        2. vir a existir, tornar-se
          1. erguer-se, aparecer, vir
          2. tornar-se
            1. tornar-se
            2. tornar-se como
            3. ser instituído, ser estabelecido
        3. ser, estar
          1. existir, estar em existência
          2. ficar, permanecer, continuar (com referência a lugar ou tempo)
          3. estar, ficar, estar em, estar situado (com referência a localidade)
          4. acompanhar, estar com
      2. (Nifal)
        1. ocorrer, vir a acontecer, ser feito, ser trazido
        2. estar pronto, estar concluído, ter ido

    יְהֹוָה


    (H3068)
    Yᵉhôvâh (yeh-ho-vaw')

    03068 יהוה Y ehovaĥ

    procedente de 1961; DITAT - 484a; n pr de divindade Javé = “Aquele que existe”

    1. o nome próprio do único Deus verdadeiro
      1. nome impronunciável, a não ser com a vocalização de 136

    אַךְ


    (H389)
    ʼak (ak)

    0389 אך ’ak

    relacionado com 403; DITAT - 84; adv

    1. de fato, certamente (enfático)
    2. no entanto, apenas, contudo, mas (restrito)

    אֱלִיאָב


    (H446)
    ʼĔlîyʼâb (el-ee-awb')

    0446 אליאב ’Eliy’ab

    procedente de 410 e 1; n pr m

    Eliabe = “meu Deus é pai” ou “Deus é pai”

    1. filho de Helom, líder de Zebulom no deserto
    2. um chefe rubenita, pai de Dotã e Abirão
    3. o irmão mais velho de Davi
    4. um músico levita
    5. um soldado gadita de Davi
    6. um coatita

    מָשִׁיחַ


    (H4899)
    mâshîyach (maw-shee'-akh)

    04899 משיח mashiyach

    procedente de 4886, grego 3323 Μεσσιας; DITAT - 1255c; n m

    1. ungido, o ungido
      1. referindo-se ao Messias, príncipe messiânico
      2. referindo-se ao rei de Israel
      3. referindo-se ao sumo sacerdote de Israel
      4. referindo-se a Ciro
      5. referindo-se aos patriarcas como reis ungidos

    נֶגֶד


    (H5048)
    neged (neh'-ghed)

    05048 נגד neged

    procedente de 5046; DITAT - 1289a; subst

    1. o que é notável, o que está na frente de adv
    2. na frente de, direto em frente, diante, na vista de
    3. na frente de alguém, direto
    4. diante da sua face, à sua vista ou propósito com prep
    5. o que está na frente de, correspondente a
    6. na frente de, diante
    7. à vista ou na presença de
    8. paralelo a
    9. sobre, para
    10. em frente, no lado oposto
    11. a uma certa distância prep
    12. da frente de, distante de
    13. de diante dos olhos de, oposto a, a uma certa distância de
    14. defronte, em frente de
    15. tão longe quanto a distância de

    אָמַר


    (H559)
    ʼâmar (aw-mar')

    0559 אמר ’amar

    uma raiz primitiva; DITAT - 118; v

    1. dizer, falar, proferir
      1. (Qal) dizer, responder, fala ao coração, pensar, ordenar, prometer, intencionar
      2. (Nifal) ser falado, ser dito, ser chamado
      3. (Hitpael) vangloriar-se, agir orgulhosamente
      4. (Hifil) declarar, afirmar

    רָאָה


    (H7200)
    râʼâh (raw-aw')

    07200 ראה ra’ah

    uma raiz primitiva; DITAT - 2095; v.

    1. ver, examinar, inspecionar, perceber, considerar
      1. (Qal)
        1. ver
        2. ver, perceber
        3. ver, ter visão
        4. examinar, ver, considerar, tomar conta, verificar, aprender a respeito, observar, vigiar, descobrir
        5. ver, observar, considerar, examinar, dar atenção a, discernir, distinguir
        6. examinar, fitar
      2. (Nifal)
        1. aparecer, apresentar-se
        2. ser visto
        3. estar visível
      3. (Pual) ser visto
      4. (Hifil)
        1. fazer ver, mostrar
        2. fazer olhar intencionalmente para, contemplar, fazer observar
      5. (Hofal)
        1. ser levado a ver, ser mostrado
        2. ser mostrado a
      6. (Hitpael) olhar um para o outro, estar de fronte

    אֵת


    (H853)
    ʼêth (ayth)

    0853 את ’eth

    aparentemente uma forma contrata de 226 no sentido demonstrativo de entidade; DITAT - 186; partícula não traduzida

    1. sinal do objeto direto definido, não traduzido em português mas geralmente precedendo e indicando o acusativo

    בֹּוא


    (H935)
    bôwʼ (bo)

    0935 בוא bow’

    uma raiz primitiva; DITAT - 212; v

    1. ir para dentro, entrar, chegar, ir, vir para dentro
      1. (Qal)
        1. entrar, vir para dentro
        2. vir
          1. vir com
          2. vir sobre, cair sobre, atacar (inimigo)
          3. suceder
        3. alcançar
        4. ser enumerado
        5. ir
      2. (Hifil)
        1. guiar
        2. carregar
        3. trazer, fazer vir, juntar, causar vir, aproximar, trazer contra, trazer sobre
        4. fazer suceder
      3. (Hofal)
        1. ser trazido, trazido para dentro
        2. ser introduzido, ser colocado