Enciclopédia de Levítico 24:16-16

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

lv 24: 16

Versão Versículo
ARA Aquele que blasfemar o nome do Senhor será morto; toda a congregação o apedrejará; tanto o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto.
ARC E aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto.
TB Aquele que blasfemar o nome de Jeová certamente será morto; toda a congregação o apedrejará. Será morto tanto o estrangeiro como o natural, quando blasfemar o Nome.
HSB וְנֹקֵ֤ב שֵׁם־ יְהוָה֙ מ֣וֹת יוּמָ֔ת רָג֥וֹם יִרְגְּמוּ־ ב֖וֹ כָּל־ הָעֵדָ֑ה כַּגֵּר֙ כָּֽאֶזְרָ֔ח בְּנָקְבוֹ־ שֵׁ֖ם יוּמָֽת׃
BKJ E aquele que blasfemar o nome do SENHOR certamente morrerá; e toda a congregação certamente o apedrejará; assim como o estrangeiro e o que é nascido na terra, quando blasfemar o nome do SENHOR, será morto.
LTT E aquele que blasfemar o nome do SENHOR, certamente será morto; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do SENHOR, será morto.
BJ2 Aquele que blasfemar o nome de Iahweh deverá morrer, e toda a comunidade o apedrejará. Quer seja estrangeiro ou natural, morrerá, caso blasfeme o Nome.[b]
VULG et qui blasphemaverit nomen Domini, morte moriatur : lapidibus opprimet eum omnis multitudo, sive ille civis, sive peregrinus fuerit. Qui blasphemaverit nomen Domini, morte moriatur.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Levítico 24:16

Êxodo 20:7 Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
I Reis 21:10 E ponde defronte dele dois homens, filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei; e trazei-o fora e apedrejai-o para que morra.
Salmos 74:10 Até quando, ó Deus, nos afrontará o adversário? Blasfemará o inimigo o teu nome para sempre?
Salmos 74:18 Lembra-te disto: que o inimigo afrontou ao Senhor, e que um povo louco blasfemou o teu nome.
Salmos 139:20 Pois falam malvadamente contra ti; e os teus inimigos tomam o teu nome em vão.
Mateus 12:31 Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens.
Mateus 26:66 Que vos parece? E eles, respondendo, disseram: É réu de morte.
Marcos 3:28 Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda sorte de blasfêmias, com que blasfemarem.
João 8:58 Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou.
João 10:33 Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo.
Atos 26:11 E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui.
I Timóteo 1:13 a mim, que, dantes, fui blasfemo, e perseguidor, e opressor; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade.
Tiago 2:7 Porventura, não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado?

Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita


Wesley Caldeira

lv 24:16
Da Manjedoura A Emaús

Categoria: Livro Espírita
Ref: 11463
Capítulo: 23
Wesley Caldeira
Wesley Caldeira
O sumo sacerdote projetava-se como a personagem mais importante da teocracia judaica, na ausência de um rei. Era o mandatário de Iahweh na Terra, detentor da “santidade eterna”.
Dos deveres desse príncipe — além de ser o primeiro representante do povo, na fase sem rei, e além da direção do Templo e do Sinédrio — destacavam-se suas responsabilidades junto à liturgia relacionada ao Dia das Expiações, prescritas por Iahweh a Moisés, notadamente os sacrifícios de animais realizados, sob sua presidência, para purificar os seus e os pecados do povo.
Também lhe competiam diversas atividades cultuais nas festas de peregrinação (Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos).
Joachim Jeremias (2005, p. 208-212) esclarece que o supremo atributo dessa função religiosa era cumprir a expiação pela comunidade. As vestes eclesiásticas do príncipe clerical constituíam um símbolo do Judaísmo, e possuíam virtudes expiatórias. A vestimenta compunha-se de oito peças: túnica de bisso (espécie de linho finíssimo), calção de bisso, turbante, cinto, peitoral, o efó (larga faixa de tecido munida de alças), a túnica por baixo com capuz, o diadema de ouro (colocado sobre o turbante). Cada peça do traje liberava determinados pecados. O diadema de ouro, por exemplo, nos sacrifícios do Templo, expiava a impureza do sangue do animal ofertado e as impurezas do fiel ofertante.
A vida santificada do sumo sacerdote dava à sua morte o poder de expiar homicídios por negligência e mesmo homicídios intencionais praticados por judeus, isentando seus autores de punição.
No tempo de Jesus, tão preciosos paramentos não estavam à disposição irrestrita do sumo pontífice. Desde Herodes, o Grande, passando por seu filho Arquelau, ocorrendo o mesmo durante a administração romana da Judeia, o traje era guardado na Fortaleza Antônia, dentro de Jerusalém.
Mas essa restrição não foi imposta pelos romanos. O sumo sacerdote Hircano mandara construir uma torre perto do Templo e nela passou a guardar o traje, sendo seguido no exemplo por seus sucessores. Quando Herodes subiu ao trono, achou a localização dessa torre muito vantajosa e transformou-a na Fortaleza Antônia — em homenagem a Marco Antônio, o general romano, seu amigo. Herodes determinou que, a partir daí, o traje fosse guardado numa câmara de pedra lacrada com o selo dos sacerdotes, dos guardas do tesouro do Templo e do comandante militar romano, para apenas ser entregue ao sumo sacerdote sete dias antes de cada uma das três grandes festas do ano. Com os romanos, esse procedimento permaneceu de 6 a 37 d.C., até que Lucius Vitellius, buscando reconquistar a confiança dos judeus na administração romana da Judeia, reintegrou a vestimenta à guarda do Templo. Em 44 d.C., o imperador Cláudio, por um pronunciamento real, confirmou a decisão de Vitellius.
Entre os privilégios do cargo de sumo sacerdote, o maior consistia em penetrar no Santo dos Santos. O Santo era formado de uma câmara, com paredes recobertas de ouro, e peças de arte e culto: o imenso candelabro de ouro maciço, de sete braços, a mesa de ouro maciço dos pães da proposição. Naquele recinto poderiam acontecer aparições divinas ao sumo sacerdote.
Yosef Qayyafa (José Caifás), sumo sacerdote em exercício nos anos 18 a 37 d.C., desposara a filha de Anás, ex-sumo sacerdote, de 6 a 15 d.C.

Marcos relata que Jesus, uma vez preso, foi conduzido à presença de Caifás, para interrogatório.
João, porém, informa que a coorte romana e os guardas do Templo, liderados por um tribuno, ataram as mãos de Jesus e o apresentaram primeiro a Anás, sogro de Caifás.
A substituição de um sumo sacerdote não lhe afastava as prerrogativas da função, senão aquela de ingressar no Santo dos Santos e de praticar alguns atos litúrgicos. Permanecia detentor de uma “santidade eterna”. LUCAS, 3:2, quando João Batista inicia suas pregações, trata Anás como sumo sacerdote, ao lado de Caifás. Lucas anotou, em ATOS DOS APÓSTOLOS, 4:6, quando foram presos Pedro e João: “Estava presente o sumo sacerdote Anás, e também Caifás, Jônatas, Alexandre e todos os que eram da linhagem do sumo sacerdote”.
Jônatas e outros quatro filhos de Anás seriam sumos sacerdotes, como também alguns de seus netos. Anás fruía de poder e prestígio, fazia parte dos meios ricos; porém, não desfrutava da melhor reputação. Uma canção difamatória do Talmud dizia:
Ai de mim diante da casa de Boethus: ai de mim diante dos seus bastões! Ai de mim diante da casa de Annas; ai de mim por causa das suas denúncias! Pois eles são sumos sacerdotes e seus filhos tesoureiros e seus genros administradores e seus servos espancam o povo com bastões. (KELLER, 1978, p. 378.)
Jesus é trazido ao palácio de Anás, na parte alta e territorialmente nobre de Jerusalém. A mansão possuía um grande pátio, um porteiro e outros servos. As residências dos sumos sacerdotes ostentavam grande luxo.
Trajando túnica branca, turbante trespassado por fios de ouro, Anás interroga Jesus sobre seus discípulos e sua doutrina. E Jesus lhe responde (JOÃO, 18:20 a 23):
— “Falei abertamente ao mundo. Sempre ensinei na sinagoga e no Templo, onde se reúnem todos os judeus; nada falei às escondidas. Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que lhes falei; eles sabem o que eu disse”.
De fato, um conspirador não atua à luz do dia.
Um dos guardas, ante a serena e sensata consideração de Jesus, bate- lhe no rosto:
— “Assim respondes ao sumo sacerdote?”
Jesus, sem alteração, questiona o agressor:
— “Se falei mal, testemunha sobre o mal; mas, se falei bem, por que me bates?”
O Espírito Camilo interpretou com fina argúcia: a ocasião não podia ser melhor para aquele guarda tirar proveito pessoal, bajulando seu superior, mesmo em exibição de covardia, diante daquele manso. (TEIXEIRA, 1997, p. 92.)
Camilo revelou:
Nas dobras do tempo, contudo, a mão que esbofeteou o Nobre Amigo, veio a tornar-se apoio aos desvalidos numerosos das estradas ásperas do mundo, fazendo-se todo sentimento socorrista, transformado, o violento de outrora, nas vias de testemunho luminoso de amor e fidelidade ao Cristo, nas fileiras do cristianismo adiante. (TEIXEIRA, 1997, p. 95.)
A reação de Anás é enviar Jesus ao sumo sacerdote em exercício.
Do ponto de vista técnico e jurídico, não há necessidade da presença de Jesus perante Anás. O breve relato de João — cena que deve ser encaixada dentro da narrativa dos evangelhos sinópticos — fornece a impressão de um simples interrogatório preliminar, presidido pelo ex- sumo sacerdote. Talvez uma honra a Anás, pelos que querem agradá-lo; talvez um desejo do próprio Anás, quem sabe para ver, de perto, a extraordinária figura do Nazareno. O processo e formal julgamento ocorrerão pela manhã, depois do cantar do galo e das negações de Simão Pedro. LUCAS, 22:66 informa: “Quando se fez dia, reuniu-se o conselho dos anciãos do povo, chefes dos sacerdotes e escribas, e levaram-no para o Sinédrio”.
O Sinédrio, o Grande Conselho de 71 membros, a mais alta corte no campo administrativo e religioso, a suprema instância judiciária judaica, estendia suas atribuições aos judeus do mundo inteiro.
Embora Marcos deixe entender que Jesus foi levado do local de sua prisão até a casa de Caifás, onde o Sinédrio se reuniu para uma sessão noturna; fato é que os escritos de Flávio Josefo e a literatura rabínica não indicaram a existência de qualquer outra reunião do Sinédrio na casa de um sumo sacerdote.
Lucas contrasta com Marcos, pois apresenta a reunião do Conselho pela manhã, na casa do Conselho. Quando a versão lucana disse “levaram- no para o Sinédrio”, subentende-se que Sinédrio apareceu como referência à sede, ao edifício, e não ao Conselho em si. Quando Lucas descreve que Jesus foi preso e introduzido na casa do sumo sacerdote, estaria falando de Anás, em cujo pátio o evangelista descreve as negações de Pedro? O texto “Quando se fez dia [...] levaram-no para o Sinédrio” explicita que Jesus foi transportado da casa de Anás para a sede do Conselho, onde se apresentaram testemunhas contra Jesus e se verificou seu interrogatório.
Paul Winter (1998, p. 62), confrontando Marcos e Lucas, nesse ponto, analisou:
A versão lucense é livre da influência marquense. Não apenas o cenário e a ordem do tempo são diferentes; também o vocabulário varia de tal modo que a priori se torna improvável que o terceiro evangelista tivesse, nesse caso, recorrido ao segundo evangelho como fonte. Segundo Lucas, Jesus foi escarnecido e maltratado depois de sua prisão, mas antes da sessão do Sinédrio; os escarnecedores eram os carcereiros. Segundo Marcos, o escárnio ocorre depois da sessão do Sinédrio no palácio do hierarca, e são alguns membros da Corte Suprema que tomam parte da farsa cruel. Os atos dos membros do Conselho são definidos por Marcos como [...] [cuspir, cobrir, esbofetear] [...]. Em Lucas, aparecem os verbos [...] [zombar,

espancar, cobrir e blasfemar], todos referindo-se ao comportamento dos carcereiros.
Logo, em Lucas, a tradição primitiva foi conservada com mais exatidão.
Sobre o veredicto da corte judaica, contudo, os evangelhos não dissentem: “réu de morte”.
Desde a recuperação de Lázaro procuravam matá-lo. Narra o evangelho atribuído a JOÃO, 11:48 que os sacerdotes principais e fariseus reuniram o Conselho e discutiram sobre os fenômenos que Jesus operava, argumentando uns que a admiração das massas e os já muitos adeptos de sua doutrina representavam perigo para Israel: “[...] todos crerão nele e os romanos virão, destruindo o nosso lugar santo e a nossa nação”. Caifás dirigia aquela sessão do Sinédrio e propôs: “[...] é de vosso interesse que um só homem morra pelo povo e não pereça a nação toda?”. (JOÃO, 11:50.)
Após a expulsão dos vendilhões do Templo, os chefes dos sacerdotes e escribas cogitavam um meio de matá-lo. (MARCOS, 11:18.) Dois dias antes da prisão de Jesus, no pátio da casa de Caifás, uma reunião do alto clero e da nobreza leiga urdia sua prisão e morte, por um modo que não trouxesse tumulto à festa da Páscoa. (MATEUS, 26:3 a 5.)
Por isso, decidida a sua morte antes do trâmite legal do processo, as autoridades judaicas já não estavam preocupadas com as regras e formalidades pertinentes.
Muitos especialistas não creem que Jesus tenha sido conduzido ao Sinédrio para uma sessão regular de trabalhos, após sua passagem pelo palácio de Anás. Jacques Duquesne (2005, p. 237), entre eles, relacionou alguns argumentos:
A acusação não devia ser feita na casa do sumo sacerdote, mas no recinto do Templo (exatamente no “quarto de pedra talhada”); era preciso prorrogar a execução de uma condenação pelo Sinédrio durante 24 horas ao menos, o que não ocorreu; os direitos da defesa tinham de ser respeitados, o que também não ocorreu; Jesus não foi enterrado num dos dois lugares previstos pelo Sinédrio para os condenados à morte. Se os rigorosos fariseus, alguns dos quais certamente eram membros do Sinédrio, tivessem participado da reunião na casa de Caifás, teriam sem dúvida exigido a aplicação estrita das regras, assim como fizeram no ano 62, quando o sumo sacerdote saduceu Ananias convocou o Sinédrio sem avisá-los, para condenar Tiago, irmão de Jesus, e alguns outros cristãos. A desobediência às regras processuais no caso de Tiago tornou a sessão ilegal, e o sumo sacerdote foi punido com a suspensão de suas funções.
Duquesne sugeriu (2005, p. 238), com plausibilidade, que o julgamento de Jesus pelos judeus deve ter sido realizado por uma assembleia de representantes da maioria no Sinédrio (como acontece nos modernos parlamentos), composta pelos mesmos que já haviam decidido sua morte, com a cumplicidade e passividade da maioria, pois era suficiente para uma condenação a presença de 23 juízes dos 71 integrantes.
Marcos conta que eles “procuravam um testemunho contra Jesus para matá-lo”, mas as declarações incriminadoras que se levantaram contra Jesus não eram coerentes. A regra exigia no mínimo dois testemunhos coincidentes. Mateus mencionou algumas testemunhas falsas. E citou duas cujas declarações consistiam em terem ouvido Jesus prometer destruir o Templo e em três dias levantar outro.
Ante a ineficiência dos malsinados esforços probatórios, interfere José Caifás e indaga de Jesus se Ele é o Cristo, o Filho de Deus. Replica- lhe o sereno galileu (MATEUS, 26:64):
— “Tu o disseste. Aliás, eu vos digo que, de ora em diante, vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu”.
Dessa afirmação de Jesus aproveita-se Caifás para declará-lo blasfemo. A pena por blasfêmia prescrita no LEVÍTICO, 24:16 era a morte por apedrejamento. Em que consistiu a blasfêmia? Israel, segundo as profecias, receberia de Iahweh o poder sobre todas as nações. Jesus, com sua afirmativa, propõe que esse poder seria dado a Ele, não a Israel, e, ao mesmo tempo, reconhece implicitamente ser o Messias, constituindo isso valiosa razão política para apresentá-lo a Pilatos, pois seria, então, o libertador da nação, o condutor de Israel à hegemonia política do mundo.
Alguns estudiosos justificam o interesse dos judeus em entregar Jesus ao governante romano baseados na assertiva de Flávio Josefo, segundo a qual o Império, no ano 6 d.C., subtraíra dos judeus o jus gladii, o direito de executar suas sentenças de morte, passando a submetê-las à confirmação do procurador romano. (KELLER, 1978, p. 379.) Uma fórmula jurídica do Talmud parece corroborar a informação de Josefo. João também faz alusão a essa proibição. Conforme João, Pilatos disse aos acusadores de Jesus: “Tomai-o vós mesmos, e julgai-o conforme a vossa Lei”. E responderam ao procurador romano: “Não nos é permitido condenar ninguém à morte”. (JOÃO, 18:31.)
Não é, porém, o que se depreende da morte de Estêvão. Cerca de dois anos depois da crucificação de Jesus, Estêvão é julgado também por blasfêmia (ATOS DOS APÓSTOLOS, 6:11) e, em seguida ao seu discurso de defesa perante o Sinédrio, “[...] arrastando-o para fora da cidade, começaram a apedrejá-lo” (ATOS DOS APÓSTOLOS, 7:58).
Joachim Jeremias (2005, p. 246 e 302) narrou a condenação à morte imposta pelo Sinédrio à filha de um sacerdote surpreendida em adultério, ao tempo de Agripa I (41 a 44 d.C.). Acrescentou o erudito pesquisador que a decisão, nesse caso, obedeceu não ao direito farisaico, mas ao saduceu. O direito farisaico propunha que a pena de morte por fogueira (LEVÍTICO, 21:9) se aplicava internamente, infligida com chumbo derretido derramado pela boca do réu. O direito saduceu defendia queimar os culpados exteriormente, por fogueira tradicional. Assim, a jovem Imarta Bath Tali foi queimada publicamente em Jerusalém.
Incontestável exemplo de autonomia jurídico-criminal se extrai do julgamento e da execução de Tiago. Escreveu Flávio Josefo (2005, p. 925):
Anano [...] era homem ousado e empreendedor, da seita dos saduceus, que, como dissemos, são os mais severos de todos os judeus e os mais rigorosos nos julgamentos. Ele aproveitou [...] para reunir um conselho, diante do qual fez comparecer Tiago, irmão de Jesus, chamado Cristo, e alguns outros; acusou-os de terem desobedecido às leis e os condenou ao apedrejamento.
Parece suficientemente demonstrado o exercício da justiça criminal pelos judeus, com possibilidade de sujeição dos veredictos à pena de morte. Se essa faculdade não foi empregada no caso de Jesus, foi por mera conveniência, qual seja, transferir a responsabilidade de sua morte à autoridade romana, num exercício de autopreservação da elite judaica perante o povo. A aristocracia clerical, especialmente os saduceus, entre os quais se escolhiam o sumo sacerdote e principais dirigentes religiosos, enfrentava um progressivo descontentamento das massas. Seus privilégios e fortunas, criminosamente desfrutados pelo papel de intermediar as relações do Império Romano e do povo subjugado, necessitavam ser protegidos. Os nobres judeus nem podiam tolerar um movimento popular que provocasse desestabilidade social, e consequente intervenção militar romana, nem podiam se indispor ainda mais com o povo.
Paul Winter (1998, p. 41) comentou o impedimento proposto por João:
Se o segundo evangelista tivesse a informação que aparece em JO 18:31b, ele a teria passado a seus leitores para motivar sua história e explicar por que Jesus, já condenado à morte, foi levado a um novo julgamento diante do governador. E teria explicado por que ele, condenado [...] [por blasfemar], foi na verdade executado por conta de uma acusação diferente. [...]. O segundo evangelista teria perspicácia bastante para perceber essa incoerência. Como não menciona qualquer impedimento legal à autoridade do Sinédrio, devemos presumir que ele não sabia de qualquer impedimento.
O Império Romano sempre priorizou a administração indireta, sendo sua política geral deixar à cidade-estado, conquistada ou anexada, a competência para organizar suas instituições judiciárias (na defesa dos interesses que não diziam respeito a Roma), de modo que as questões locais fossem resolvidas por tribunais locais. Por isso, os líderes judeus mais de uma vez mostraram preferência por um governador romano a um príncipe local.
Depois da morte de Herodes, o Grande, embaixadores do Sinédrio foram a Roma dizer a César Augusto que preferiam um prefeito imperial estrangeiro a qualquer dos filhos de Herodes. Dez anos após, fizeram o mesmo quanto a Arquelau, comunicando as arbitrariedades do etnarca e conseguindo sua deposição, para, a partir daí, sujeitarem-se ininterruptamente à administração de procuradores de Roma. Essa preferência só encontra respaldo numa conclusão: os direitos tradicionais dos judeus de autodeterminação eram mais respeitados pelos administradores imperiais. Os romanos não tinham interesse na jurisdição interna dos judeus e só aceitaram mandar um governador para a Judeia com relutância, pela necessidade de proteger as estradas que comunicavam a Síria ao Egito.
Muito provavelmente, os prefeitos romanos se reservavam o poder de julgar e punir infrações capituladas como insurreição, alta traição ou perturbação da ordem pública. Quanto aos temas de ordem religiosa, e nos demais casos previstos na legislação mosaica, a autonomia judaica foi preservada, abrangendo mesmo o poder de julgar sobre vida e morte, e a respectiva execução da sentença, inclusive com diferentes tipos de penas capitais.
É preciso reconhecer, todavia, que, do ponto de vista histórico, não há confirmação sobre a competência legal do Sinédrio para a aplicação da pena capital por autoridade própria. E talvez esse seja um enigma insolúvel, se depender das fontes humanas.
Seja como for, os evangelhos num ponto não deixam dúvidas: no edifício destinado ao desempenho das funções do Grande Sinédrio, o tribunal judaico, ou uma comissão de seus representantes, interpelado por Caifás, julgou Jesus réu de morte.
A sessão judicial foi encerrada e sua condenação aprovada.

O manso então foi ultrajado: cuspiram-lhe no rosto, esbofetearam-no; fizeram zombarias. Cruel brincadeira divertiu os circunstantes: cobriram- lhe o rosto com um pano e, dando-lhe golpes, escarneceram:
— “Faze-nos uma profecia, Cristo: quem é que te bateu?”


Referências em Outras Obras


CARLOS TORRES PASTORINO

lv 24:16
Sabedoria do Evangelho - Volume 5

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 16
CARLOS TORRES PASTORINO

JO 8:31-59


31. Disse, então, Jesus aos judeus que nele tinham crido: "Se permanecerdes no meu ensino, verdadeiramente sois meus discípulos,

32. e tereis a gnose da verdade e a verdade vos libertará".

33. Responderam-lhe eles: "Somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém, como dizes vos tornareis livres"?

34. Replicou-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: todo o que faz o erro é escravo do erro,

35. e o escravo não permanece na casa para a imanência, mas o filho permanece para a imanência.

36. Se, pois, o filho vos libertar sereis realmente livres 37. Sei que sois descendentes de Abraão; mas procurais matar-me, porque meu ensino não penetra em vós.

38. Falo o que vi junto ao meu Pai, mas vós fazeis o que escutastes de vosso pai".

39. Responderam-lhe eles e disseram: "Nosso pai é Abraão". Disse-lhes Jesus: "Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão.

40. Mas agora procurais matar-me a um homem que vos disse a verdade que ouviu de Deus: isso Abraão não fez.

41. Fazeis as obras de vosso pai". Responderam: "Não nascemos de prostituição: temos um Pai, que é Deus".

42. Replicou-lhes Jesus: "Se Deus fosse vosso Pai, vós me amaríeis, porque vim de Deus e estou aqui; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.

43. Por que não conheceis a minha linguagem? Porque não podeis ouvir meu ensino.

44. Vós sois filhos do Adversário, e quereis fazer a vontade de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando fala o mentira fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso como o pai dele 45. Mas porque digo a verdade, não me credes.

46. Quem de vós me argui de erro? Se digo a verdade, porque não me credes?

47. Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; vós não me ouvis por isso, porque não sois de Deus".

48. Responderam os judeus e disseram-lhe. "Não falamos certo que és samaritano e tens espírito"?

49. Retrucou Jesus: "Eu não tenho espírito, mas honro meu Pai e vós me desprezais.

50. Não busco a minha reputação: há quem a busque e decida.

51. Em verdade, em verdade vos digo: se alguém praticar meu ensino, de modo algum verá a morte para a imanência".

52. Disseram-lhe os judeus: "Agora conhecemos que tens espírito. Abraão morreu e os profetas, e tu dizes: se alguém praticar meu ensino de modo algum provará a morte para a imanência;

53. acaso és maior que nosso Pai Abraão, que morreu? E os profetas morreram; quem pretendes ser"?

54. Respondeu Jesus: "Se eu tiver uma opinião sobre mim, minha opinião nada é; quem me julga é meu Pai, o que vós dizeis que é nosso Deus.

55. E não o conhecestes, mas eu o sei, e se disser que não o sei, serei semelhante a vós, mentiroso; mas o sei e pratico seu ensinamento.

56. Abraão, vosso Pai, alegrou-se esperando ver meu dia; viu-o e regozijou-se".

57. Disseram-lhe" então. "Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão"?

58. Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade em verdade vos digo: antes de Abraão ter nascido, EU SOU".

59. Pegaram, então, em pedras para atirar sobre ele, mas Jesus escondeu-se e saiu do templo.



Esta terceira palestra de Jesus - já agora no pátio do templo (único lugar que, por não estar terminada sua construção tinha pedras no chão para serem apanhadas) - dirige-se aos que nele acreditaram, convidandoos amorosamente a confiar Nele e a segui-Lo. Mas é rapidamente tumultuada pelos cépticos que só se fiam no próprio saber e alargam cada vez mais o abismo entre eles e o Mestre, que amorosamente lhes oferece a maior oportunidade de suas vidas. Neste trecho também fomos obrigados a afastar-nos das traduções comuns. Vejamos os versículos em que isso ocorre, procurando justificar nossa opinião.


Vs. 31 - Traduzimos logos por "ensino", e não "palavra", expressão fraca para corresponde, à força da frase e do resultado que promete.


Vs. 32 - Em lugar de "conhecereis", que dá ideia de simples informação intelectual externa que realmente e insuficiente para produzir o resultado prometido preferimos a expressão técnica "tereis a gnose", que exprime o conhecimento profundo e experimental-prático, vivido pela criatura (cfr. vol. 4). Só com a experiência viva é possível a libertação, jamais obtida com as simples leituras informativas, por mais claras e profundas que sejam.


Vs. 34 - A maioria dos códices adota a frase: "quem faz o erro, é escravo do erro". Esse final, todavia, não aparece em D, b, na versão siríaca sinaítica nem em Clemente de Alexandria, que tem apenas: "Quem faz o erro é escravo". Parece que o acréscimo foi trazido por comparação de RM 6:17-20. No encanto, só se desorienta quem ainda é escravo do Antissistema, ao passo que os filhos, unificados com o Cristo não mais se desorientam: são livres.


Vs. 35 - Preferimos traduzir tòn aiôna por "imanência" (cfr. vol 2), pois aqui não se trata de "tempo" nem de "duração", e sim de essência, de modo-de-ser. Deixamos de lado, então, tanto o "eterno", quanto o "para sempre" (que não são o sentido de aiôn), não entendendo mesmo nem o "ciclo" ou" eon". A distinção é feita entre a vida imanente na casa do coração, e a vida material voltada para fora: o escravo sai da casa do coração e fica na rua, vagueando ou errando de léu em léu. Disso foi imagem simbólica o fato narrado em Gênesis, nos cap. 16 e 21, quando também distingue Ismael, filho da escrava egípcia Hagar de Isaac, filho da livre Sarah. Embora fossem ambos da semente de Abraão, o filho livre, Isaac, permaneceu com o pai em casa, enquanto Ismael, filho da escrava (e portanto escravo) foi expulso para o deserto.


Vs. 37 - Em vez de traduzirmos hóti ho logos ho emós ou chôrei en humin, como em geral, por "porque minha palavra não cabe em vós" - expressão que, analisada, não tem sentido - preferimos dar a logos o significado de "ensino" e interpretar chôrei como "penetrar". Há, então, um sentido lógico e racional na frase: o ensino crístico não consegue atravessar a carapaça do conhecimento egoístico do intelecto para penetrar no coração dos ouvinte.


Vs. 38 - Há aí uma distinção sutil no original: a mesma preposição para é usada com o dativo tôi patrí, quando Jesus se refere a Seu Pai (vi junto a meu Pai), e com o genitivo toú patrós, quando fala do pai dos judeus (ouvistes de vosso pai) exprimindo proveniência. Os adjetivos "meu (Pai)", omitido em B, C L, e W, aparece em aleph, D, gama, delta, theta, a, b, c, e, f, ff2, na Vulgata e na versão siríaca curetoniana; assim "vosso (pai)", omitido em E eL, aparece em aleph, C, D, gama, delta, e vulgata.


Vs. 40 - Jesus se diz homem (e não Deus): "Quereis matar-me, a um homem que vos disse a verdade" (nyn dè zêteite me apokréinai ánthrôpon hòs tén alêtheian humin lelálêka).


Vs. 41 - Os ouvintes tomam a acusação como de idolatria, quando arguídos de terem outro pai (outro elohim), coisa que merecia o epíteto de filhos da prostituição" (cfr. Hoséa. 1:2 e 2:4).


Vs. 43 - Não tendo a capacidade iniciática de "ouvir a palavra" (akouein tòn logon), isto é, de perceber o ensino, nem sequer podem compreender a linguagem (ginôskein tên lalían) de Jesus. Era. com efeito, uma linguagem esotérica e alegórica simbólica e mística, só entendida dos preparados para recebê-la.


Vs. 44 - Ainda aqui diábolos é "o adversário" (cfr. vol. 1 e vol. 4). Este é um dos versículos aduzidos como defesa do ensino dualista de Jesus. No entanto, o dualismo aí é apenas aparente, constituindo simplesmente a distorsão causada pelo nosso mergulho na matéria, que interpreta as exterioridades da superfície como sendo a essência. Pelo que vimos estudando até aqui, verificamos que o ensino real de Jesus é MONISTA. O que aparece neste versículo é a teoria "dos opostos", pela qual todo polo positivo tem também seu polo negativo; mas a barra do ímã é uma só, UNA, embora de cada um de seus lados haja um polo: o positivo, o Sistema, Deus; e o negativo, o Antissistema, que é o adversário (Diabo) ou antagonista (Satanás); este porém, não é uma entidade à parte, com substância própria individual, mas somente a projeção do próprio Espírito na matéria. Então, a matéria é o próprio Espírito que se congelou, ao baixar as vibrações e adquirir um peso específico elevado, ficando prisioneiro dela, que lhe é o verdadeiro adversário. Opostos de qualidade, mas uma só substância; opostos de posições mas uma só essência; opostos de realidade; opostos de aparência, mas um só ser; opostos de pontos-devista, mas uma só verdade. A matéria e um prisma que bifurca num dualismo superficial e ilusório, o monismo essencial e verdadeiro do Espirito.


Afirma Jesus que o adversário (isto é, a matéria) é homicida desde o princípio. Realmente, sendo eterno, o Espírito não sabe o que seja morte nem desfazimento, características próprias da matéria. Então, desde o princípio (ap"archés) a matéria é homicida, porque faz o homem morrer fisicamente, fá-lo experimentar a desagradável sensação de perda e dissolução. E além de homicida, é mentiroso, porque na matéria não está a verdade, já que a matéria e ilusão (máyá) transitória, modificando-se constantemente, num equilíbrio instável de todas as suas células, que vivem em contínuas trocas metabólicas.

Vs. 48 - Traduzimos daimómon por "espírito" desencarnado. Era comum atribuir-se à influência de um espírito (geralmente obsessor, sentido constante de daimónion no Novo Testamento, cfr. vol. l) quaisquer incongruências no falar e conceitos que soassem absurdos. A acusação volta no vers. 52, como já fora feita anteriormente (JO 7:20).


Vs. 50 - Traduzimos dóxa como "reputação" (cfr. vol. 1), único sentido que encaixa perfeitamente no contexto. As palavras de Jesus valeram-Lhe a má reputação de obsidiado e samaritano (a esta Jesus não respondeu), e Ele limita-se a dizer que não Lhe interessa Sua reputação vinda de homens, pois só vale a opinião divina do Pai. O que realmente Lhe interessa é dizer a verdade, pensem os ouvintes o que quiserem a Seu respeito. Como vemos, traduzir aqui dóxa por "glória", não caberia absolutamente: Jesus nunca pareceu importar-se com essas vaidades humanas, próprias dos seres involuídos, que afanosamente buscam famas e glórias.


Vs. 51 - Aqui também nos afastamos das traduções vulgares. Achamos sem sentido a expressão "guardar minha palavra". Muito mais razoável "praticar meu ensino", perfeitamente justificado pelo original grego: tòn emòn lógon têrêsêi. A segunda parte: thánaton ou mê theôrêsêi eis tòn aiôna, "de modo algum verá a morte para a imanência". O sentido é real e lógico. O que não pode admitir-se é que o Mestre, que vem dando ensinamentos espirituais tão profundos, venha aqui prometer que, quem cumprir seus ensinos, não morrerá fisicamente! Que importa ao Espírito a morte do corpo? Lembramo-nos de Paulo a dizer (Filp. 1:21): "para mim, viver é Cristo, e morrer, uma vantagem"! Jesus jamais acenaria como prêmio a alguém, o ficar preso à matéria grosseira e inimiga durante toda a eternidade... Não sabemos como possa alguém perceber tão mal seus ensinos.


Vss. 52-53 - Mas os ouvintes entenderam exatamente isso: para eles o verdadeiro "eu" era o corpo físico.


Vs. 54 - Ainda aqui dóxa tem o mesmo sentido do vs. 50: reputação, opinião. Esse mesmo significado tem o verbo daí derivado, doxázô, que é opinar, estimar, avaliar, julgar". Não cabe aqui o sentido "glória".


O sentido é racional e claro: à pergunta deles "quem pensas ser" (literalmente, "quem te fazes", tína seautòn poieís), Jesus responde que não tem opinião a Seu respeito, que não se julga (doxázô) porque uma opinião Dele sobre Si mesmo de nada vale: o Pai é quem opina ou julga a Seu respeito.


Esse Pai, é Aquele exatamente que eles dizem ser nosso Deus.


Vs. 55 - Deixamos a oída o sentido real de "saber", isto é, "ter informação plena e correta de quem é o Pai". Mas, além desse saber, Jesus sublinha com ênfase: "e pratico seus ensinamentos" (kaì tón lógon autoú têrô). A tradução usual "guardo sua palavra" é fraca e sem sentido, nada diz de concreto. Essa que Ele tem, é uma certeza iniludível: se dissesse o contrário seria mentiroso como eles.


Vs. 56 - O original apresenta uma construção estranha: égalliásato hína ídêi tên hêméran tên emên, isto é, "alegrou-se para que visse meu dia". O sentido à essa cláusula final, iniciada por hína só pode ser interpretada por tratar-se de uma ação posterior, tanto que é repetida, logo a seguir, no passado: "viu e regozijou-se". Por isso traduzimo-la pelo sentido lógico: "alegrou-se na esperança de ver". O verbo agalliáô, só usado no presente e no aoristo, é um hápax do grego escriturístico (LXX e Novo Testamento). Essa "alegre esperança de ver" baseava-se, certo, na promessa (GN 12:3 e GN 22:18) de uma descendência de reis e nações.


Vs. 57 - "Ainda não tens cinquenta anos" significa cálculo por exagero (Jesus devia contar mais ou menos 36 anos) e não, como opinava Irineu, repetindo os presbíteros de Papias, que ele "tinha" mais ou menos 50 anos (cfr. adv. Haer. 2, 22, 5, 6; Patrol. Graeca vol. 6 col. 781 ss). Os dados de Lucas (3:23) são mais precisos. O verbo usado, eôrakas (em A, C, D) ou eôrakes (em B, W, theta) é lição melhor que eôrake (em aleph e na versão siríaca sinaítica). Com efeito, é mais compreensível a admiração de que Jesus, que ainda não tinha cinquenta anos, tivesse visto Abraão, do que este ter visto Jesus, o que poderia ter ocorrido na vida espiritual (opinião de Maldonado).


Vs. 58 - As traduções correntes trazem "antes que Abraão fosse (feito) eu sou". Ora, o original diz: prin Abraàm genésthai egô eimi, literalmente: "antes de Abraão nascer EU SOU" (genésthai é infinitivo presente da voz média). Há profunda diferença filosófica entre "ser feito" e "nascer": é feito ou criado aquilo que não existe; nasce na carne o espírito que já existe. Jesus declara categoricamente SER, antes que Abraão nascesse na matéria. Mas com isso confirma in totum sua asserção de ser YHWH.


Vs. 59 - Isso mesmo é que os ouvintes entendem, pois está escrito nos Salmos (Salmos 90:2) e nos provérbios, que YHWH é antes da constituição da Terra. E, segundo a prescrição do Levítico (Levítico 24:16) estava "blasfemando o nome de YHWH", merecendo por isso, a lapidação aí prescrita. Ora, o pátio do templo pelo testemunho de Flávio Josefo (Ant. JD 17, 9, 3) ainda não estava terminado, havendo pelo chão muitas pedras. Fácil apanhá-las para fazer cumprir a lei com as próprias mãos. Mas Jesus esconde-se (ekrybê) e sai do templo: não chegara ainda sua hora.


Nesta terceira palestra aos que Nele haviam acreditado, o Mestre lança amorável mas veemente convite para que viessem fazer parte de Sua "Assembleia do Caminho". A lição anterior é continuada, aprofundando-se os conceitos. Ocorreu, no entanto, que outros "judeus" (elementos religiosos, mas filiados a credos ortodoxos) se achavam presentes e começaram a lançar suas objeções de incredulidade, às quais o Cristo responde carinhosamente. Mas a Voz Espiritual proveniente da pureza diáfana do Sistema não consegue romper a armadura materialística dos que ainda pertenciam ao Anti Sistema. E, como é de hábito nesse pólo negativo, estes encerram qualquer discussão com a violência, e tentam apedrejá-Lo... Típico modo de agir de seres involuídos que, não tendo argumentos, recorrem à força física.


Vejamos o teor dos novos ensinamentos.


Inicialmente, garante que, só permanecendo na realização de Seus ensinos, é que se tornarão realmente Seus discípulos (cfr. JO 15:4 - JO 15:7 - 1JO 2:6 - 1JO 2:24 - 1JO 2:27 e 1JO 2:1JO 3:24); por esse caminho experimental, conseguirão a gnose da Verdade e esta os libertará do peso da matéria na roda das encarnações indefinidamente repetidas. A afirmativa constitui uma garantia que inclui uma promessa. Compreender e realizar o ensino do Cristo, quer manifestado em Jesus há dois mil anos, quer expresso por outros avatares, quer - e sobretudo - falando dentro de nós mesmos: essa é a condição do discipulato perfeito. Ninguém pode dizer-se "discípulo" se não tiver adotado o espírito de Sua Escola e de Seu Mestre (cfr. vol. 4). O aluno pode só aprender intelectualmente as teorias de uma doutrina e até retransmitílas bem aos outros, sem que, no entanto, essa doutrina se torne nele um modo-de-viver. O Discípulo, porém, é o que vive a doutrina, tendo a mesma vivência que o Mestre. Para ser discípulo de Cristo, indispensável é, pois, viver permanentemente, PERMANECER, em Seus ensinos, sem acréscimos nem omissões.


Essa vivência permanente levará à união e, portanto, à gnose experimental da Verdade, possibilitando dessa forma a progressiva libertação do kyklos anánké. É a "salvação" pelo conhecimento, pela sabedoria e pela experiência vivida, conceito fundamental da gnose. O mosaísmo apresenta a salvação por meio da obediência à lei; Paulo substitui a lei pela fé, tornando esta a base e a condição da salvação; mas através do místico João, sabemos que o Cristo, embora não tenha vindo abolir a lei, mas completála (MT 5:17; cfr. vol. 2); e ainda que exija a fé (MT 17:20; vol. 4), coloca acima de tudo uma condição mais elevada: a gnose, a experiência iniciática superior, como última fase para a salvação dos seres evoluídos. São três estágios que o homem atravessa em sua ascensão: a LEI do primarismo da hominização rebelde, onde predomina a sensação (2. º plano, lei da verdade); a FÉ no passo seguinte, onde a supremacia cabe às emoções (3. º plano, lei da justiça); e agora a gnose no plano do intelecto desenvolvido (4. ° plano lei da liberdade). Caminho longo, ascensão lenta, mas estrada segura e infalível. No entanto, os que ainda se encontram no primeiro estágio lutarão contra os do segundo, assim como estes e os do primeiro se unirão contra os que já estão no terceiro estágio. O catolicismo, sucessor direto do judaísmo, exige a obediência a suas determinações e preceitos dogmáticos, e anatematiza o protestantismo que atingiu o nível paulino da fé e do livre exame; mas os dois condenam as "heresias gnósticas" dos espiritualistas, que buscam a salvação pelo Estudo e pela compreensão da Verdade e pela prática experimental.


No campo iniciático, a frase do Cristo assume profundidade excepcional, pois constitui a garantia específica de que, estudando e praticando os ensinos do Deus em-nós (Immanu-El) e permanecendo na vivência de Sua mística, o iniciado atingirá a gnose plena da Verdade que é a unificação permanente com Deus, e se libertará totalmente das injunções do pólo negativo do Antissistema. E outro meio não existe, pois o Cristo - 3. º aspecto da Divindade - é o único Caminho da Verdade (que é o Pai) e da Vida (que é o Espírito Santo), como Ele mesmo o revelou (JO 14:16).


Como sempre ocorre nos agrupamentos humanos, os profanos, por estarem em seu ambiente, são mais audaciosos, porque donos da situação, e levantam mais a voz, ousando contradizer qualquer afirmativa que, pela aferição do gabarito intelectual puramente materialista de sua ignorância ultrapasse a capacidade de seu raciocínio. Senhores absolutos do terreno que lhes pertence (os do Sistema é que aqui na Terra estão fora de seu ambiente) não admitem autoridade maior que a sua, nem julgam possa haver ciência superior à que conhecem. Não entendem a lição, mas torcem o verdadeiro sentido das palavras espirituais para adaptá-las à sua concepção materializada da vida. Neste caso, interpretam a liberdade espiritual de que o Cristo falava, como oposição à escravidão dos corpos físicos; e, como descendentes de Abraão (valor máximo atribuído à personagem na herança do sangue) sabem que jamais foram escravos fisicamente.


Em seu teor elevado, vem o esclarecimento da palavra "liberdade" e daquilo que constitui a verdadeira escravidão, que não é a dos corpos materiais, mas a espiritual, causada pelo desvio do rumo correto, pela perda da rota pela desorientação que faz sair do caminho verdadeiro para a floresta das miragens e ilusões: todo aquele que se desvia da estrada-mestra se torna escravo das ilusões do caminho (sensações, emoções, intelectualismo superficial), pois "vagueia" (veja acima) por sendas que o prendem em seus tentáculos enganadores, desvirtuando a luz da verdade, que lhes aparece fracionada pelo prisma defeituoso da matéria.


A consequência é inevitável: quem vagueia por atalhos, não permanece na casa (na estrada-mestre segura) que é o coração onde habita o Cristo Imanente. Mas o filho, aquele que está permanentemente unido ao Pai, esse vive na imanência divina, sem jamais perder o Contato Sublime. Ora, se o filho, isto é, o Cristo, terceira manifestação divina existente dentro de cada um de nós, conseguir libertarnos dos desvios da ilusão, para trazer-nos ao caminho certo, no imo do coração, então haverá a conquista da liberdade espiritual (embora presos à matéria). Só é realmente livre das injunções satânicas (antagônicas, materiais) aquele que se unificar com o filho, numa total e perfeita simbiose (no sentido etimológico).


Volta-se, então, novamente para a objeção, respondendo agora à primeira parte. Admite saber que, fisicamente, eles são descendentes de Abraão por consanguinidade. Mas espiritualmente não o são, já que tem o senso do homicídio, típico do pólo negativo, procurando destruir o corpo material de seu emissário, Jesus, só porque o ensino crístico não consegue penetrar a capa grosseira de seus intelectos dominados pelo negativismo atrasado do Antissistema.


Aqui percebemos um "alerta" para todos nós, confirmando o "não deis pérolas aos porcos nem coisas santas aos cães" (MT 7:6; vol. 2): se Jesus, trazendo aos homens diretamente, numa filtragem perfeita, o ensino do Cristo de Deus, não conseguiu convencer seus ouvintes, não haveremos de ser nós a pretender convencer as massas da realidade. Aprendemos que, para sermos entendidos, não é mister evolução de nossa parte (podemos ser entendidos mesmo se involuídos), mas é essencial a evolução da parte dos ouvintes, pois só nesse estágio superior sentirão em si o eco daquilo que enunciamos. Portanto, também quando convencemos certas pessoas, com as nossas palavras ou exemplos, e as elevamos evolutivamente - mesmo nas Escolas iniciáticas isso não é obtido em virtude de nosso merecimento, porque sejamos evoluídos, mas porque os ouvintes, eles sim, estão maduros para sintonizar com as verdades que enunciamos, das quais somos meros intérpretes, e quantas vezes imperfeitos!


Vem então o testemunho do próprio Cristo: só fala o que viu junto ao Pai, vivendo a Seu lado, UNO com Ele; enquanto os que O contradizem obedecem a voz do pai deles, que é o adversário. O protesto é imediato e enérgico: "nosso pai é Abraão". E a resposta contundente: "se sois filhos de Abraão agi como vosso pai Abraão. Ora, pensais em destruir meu corpo, só porque falo a verdade. Abraão não faria jamais coisa semelhante", pois agia de conformidade com o sistema, ao passo que eles agem na tônica do Antissistema. Querem matar o "corpo" - Cristo o salienta com palavras claras - destruir "a um homem", não a Ele, o Cristo.


Feridos pela alusão a uma filiação espúria, reclamam para si também a paternidade divina, ao que o Mestre retruca com um argumento ad hominem: se filhos fossem de Deus, ouviriam a palavra de Deus. Mas a sintonia é diferente. A prova é de que, como personagens, são filhos do Antissistema (do adversário), tanto que nem podem entender a linguagem crística. Não há neles, ainda escravos dos elementos do quaternário inferior, a capacidade de instruir-se pelo "ensino ouvido" (lógos akoês).


Concluindo a argumentação, vem a declaração taxativa: "vós sois filhos do adversário".


Se houvesse necessidade de um texto evangélico para confirmar a revelação ubaldiana em "A Grande Síntese", em "Deus e Universo", em "O Sistema" e em "Queda e Salvação", nenhum outro melhor serviria que este. Cristo, a Centelha Divina dentro de cada criatura, provém diretamente de Deus, Pai do Espírito, de onde parte para construir a evolução dele, mergulhando na matéria; ai chegando, a Centelha se envolveu no corpo físico (átomo) e, de seu interior, provocou e impeliu a evolução da matéria, através do inorgânico, do orgânico (células), do vegetal, do animal, até chegar ao hominal e conquistar o intelecto racional; então, verdadeiramente as personagens, com seus corpos físico, etérico, astral e intelectual são filhos do adversário, isto é, filhos da matéria, antagônica (satânica, diabólica) ao Espirito, embora seja da mesma essência que este. O Espírito, filho do Sistema, de Deus; a personagem, com seus veículos, filha da matéria, do adversário. Exatamente como explicado com pormenores nos livros acima citados de Pietro Ubaldi.


Mas o Cristo continua com a mesma lógica irrespondível: "vosso pai era homicida desde o princípio".


De fato, a "morte", isto é, o desfazimento da forma, só se dá na matéria e nos planos inferiores a ela inerentes. O Espírito, filho ou procedente do Sistema, jamais morre. Os veículos inferiores e a personagem de que se reveste o Espírito (filhos ou provenientes do Antissistema) é que estão sujeitos às mutações, ao desfazimento e reconstruções intermitentes. Mais uma vez se confirma a tese: o Antisistema, adversário do sistema é homicida, porque coage o homem a submeter-se a morte.


Outro argumento reafirma a mesma tese: "não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele". Realmente, a Verdade é eterna e imutável: tudo o que é variável e mutável, está no pólo oposto da verdade, que se chama "mentira" (verdade invertida). Diz o Cristo: "Quando fala a mentira fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso como seu pai". Eis aí a teoria completa em poucas palavras incisivas e contundentes, embora com o linguajar possível naquela recuada época. Toda personagem, adversária da individualidade, fala a mentira, porque é mentirosa como seu pai, o Antissistema. E é mentirosa, porque sendo, se faz passar por coisa real; sendo mortal, busca uma imortalidade que não possui; sendo transitória, arroga-se uma perenidade falsa; sendo negativa, pretende ser juiz da positividade do Espírito, chegando por vezes ao cúmulo e negá-lo; sendo ignorante, julga-se dona do conhecimento. "Mentirosa como seu pai".


Mentirosa, também, porque em mutação contínua: o organismo vivo é um conjunto de variações e modificações no ritmo veloz dos segundos, em constantes trocas metabólicas internas e externas, com o ambiente que a circunda: nasce, alimenta-se, cresce, expele excrementos, multiplica-se ou divide-se e finalmente morre para logo adiante renascer, tudo ininterruptamente, sem parada nem repouso.


Nesse equilíbrio instável permanece a Vida estável (o Espírito); nessa matéria orgânica mutabilíssima (mentirosa) vive o Espírito permanente (verdadeiro). A personagem, filha do Antissistema adversário, é "mentirosa como seu pai". E "quando se lhe diz a verdade, não crê".


Por que não crer quando surge alguém que pode desafiar a humanidade a arguir-Lo de erro, e traz a Verdade? Precisamente porque, não sendo de Deus, do Sistema - mas ao invés filho do Antissistema, do adversário - jamais poderão as personagens "ouvir a palavra" de Deus. Posições contrárias.


Qualidades inconciliáveis. Verdade e mentira. Positivo e negativo. Amor e Ódio. Deus e adversário.


O inciso seguinte consiste num desaforo ilógico e na resposta insofismável. Não há obsessão: há a consciência da honra prestada ao Pai; ao passo que o fruto do Antissistema é desonrar ou desprezar o Espírito e tudo o que a ele se refira. Mas, para o Espirito, que importa a reputação, opinião ou o julgamento que dele façam as personagens ignorantes ainda? Basta-lhe a consciência tranquila e a aprovação divina. O recado estava dado até ai. Mas havia necessidade de entregar mais um ensino àqueles que confiavam, mais presentes, ou que confiariam, mais tarde.


"Em verdade, em verdade vos digo" - fórmula solene que sublinha ensinamento profundo e iniciático.


Ei-lo: "quem praticar meu ensino, de modo algum verá a morte para a imanência". A prática dos ensinamentos, a vivência da gnose, é sempre frisada pelo Cristo (cfr. JO 14:15-21, JO 14:23; 15:20 e 17:6).


Morte para a imanência, isto é, morte espiritual, que bem pode assim qualificar-se a separação do Contato Sublime com o Cristo. Quem puser rigorosamente em prática todos os ensinos do Cristo, com Ele se unificando na casa do coração, numa imanência perfeita, esse de modo algum experimentará a perda dessa prerrogativa da imanência, porque já foi absorvido totalmente pelo Cristo de Deus. Esse sentido espiritual procede. Absurdo seria, como anotamos acima, supor que o Cristo se referisse ao desfazimento sem importância de uma forma material transitória por sua própria natureza e constituição íntima. Interpretação mesquinha e materialista de uma sublime verdade espiritual. E esses intérpretes sempre esquecem que o Cristo avisou: "o Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita" (JO 6:63), acrescentando logo a seguir: "As palavras que vos digo, são espírito e são vida".


Essa interpretação falsa e grosseiramente materialista, aceita por muitos hermeneutas, foi justamente a que deram aqueles ouvintes ignaros das grandes verdades espirituais. Tanto que eles desafiam o Cristo de Deus, ao perguntar-Lhe: "quem pensas ser"?


A resposta é uma lição de humildade para todos nós, que nos julgamos gênios, santos, iniciados, adeptos, reencarnação de figuras notáveis do passado, "qualquer opinião que eu tenha sobre mim mesmo nada vale: o Pai é Quem me julga". Quem é afinal esse Pai? o mesmo "que vós dizeis ser nosso Deus". Deus que eles não conhecem, pois o único deus que adoram são eles mesmos. Mas o Cristo SABE, tem a gnose do Pai, e cumpre na pratica todos os Seus ensinos.


Chega, neste ponto, o caso de Abraão, que em sua personagem viveu alegre na expectativa de ver a luz do Cristo. O testemunho de que o conseguiu é dado: "viu e regozijou-se". Também aqui os hermeneutas e exegetas só sabem ver a matéria, e imaginam que dia será esse: o da encarnação (Agostinho, Tomás de Aquino)? o da morte na matéria (João Crisóstomo, Amônio)? Ora, dia é LUZ: é o dia da realização interna, o dia do Encontro Sublime, o dia da unificação total. Abraão sai de sua terra e de sua gente (desliga-se de seus veículos inferiores, de seu corpo) e segue em frente para obedecer à vontade divina; cegamente cumpre a ordem da intuição (Sarah) e expulsa de si os vícios próprios da personagem (o filho de Hagar, a escrava); dispõe-se a sacrificar seu filho (que é sua alegria, Isaac) matando-o (destruindo seu corpo, seu filho único), mas é-lhe explicado que deve apenas sacrificar a parte animal de si mesmo (o cordeiro); tem o maravilhoso Encontro com Melquisedec, o rei do mundo, depois que consegue vencer os quatro reis (os quatro elementos inferiores: físico, etérico, astral, intelectual) que haviam aprisionado os cinco reis, por meio dos três aliados, e se prosterna diante do Rei do Mundo; depois da unificação, até o nome muda, de Abrão para Abraão; e tantos outros símbolos que aparecem nas entrelinhas do Gênesis. Realmente, Abraão viu o DIA, ou seja, a LUZ do Cristo.


A interpretação dos ouvintes volta a ser chã: entendem como sendo idade do corpo físico. Temos a impressão de que o Cristo se cansa dessas criancices e resolve acabar com as tolices das personagens ignorantes lançando-lhes uma resposta que as perturba e descontrola. Mas é a Verdade: "antes de Abraão nascer, EU SOU". É a eternidade sempre presente, diante da transitoriedade temporal de uma vida terrena; é o infinito que não pode comparar-se com o finito; é o ilimitado que não se prende em fronteiras; é a onisciência que anula a ignorância; é o Cristo de Deus, Deus Ele mesmo, que É, perante uma criatura que existiu.


Isso eles compreendem bem. Isso o Cristo falou claro. Mas como reação surge a violência que quer destruir... a matéria, mas que jamais atingirá o Espírito; quer aniquilar a forma, mas sem poder destruir a substância: quer fazer calar a voz produzida pelas cordas vocais, mas sem ter capacidade de eliminar o SOM (Lógos, Verbo, Palavra) que cria e movimenta os universos. Pigmeus impotentes que esbravejam contra o gigante; crianças pretensiosas que desejam apagar o sol com baldes d"água; seres humanos que pretendem fazer desaparecer a Divindade, destruindo-Lhe um templo; trevas que buscam eliminar a Luz, apagando uma vela; meninos da espiritualidade, sem conhecimento, nulos diante do sábio e filósofo, julgando acabar com a Sabedoria ao queimar um livro.


O Cristo esconde-se e sai do templo. Ainda aqui, há uma lição magnífica. Tentemos expô-la.


Assistimos ao trabalho da Individualidade para fazer evoluir a personagem, com seus veículos rebeldes, produto do Antissistema. A figuração do Cristo diante da multidão simboliza bem a individualidade a falar através da Consciência, para despertar a multidão de pequenos indivíduos, representados pelo governo central, que é o intelecto. Imbuído de todo negativismo antagônico, o intelecto leva a rejeitar as palavras da Verdade que para ela, basicamente situada no pólo oposto, soam falsas e absurdas.


O Espirito esforça-se por explicar, responde às dúvidas, esclarece os equívocos, todavia nada satisfaz ao intelecto insaciável de noções de seu plano, onde vê tudo distorcido pela refração que a matéria confere à ideia espiritual, quando esta penetra em seu meio de densidade mas pesada. Quando verifica que não tem argumentos capazes para rebater o que ouve, rebela-se definitivamente e interrompe qualquer ligação com o Eu interno, voltando-se para as coisas exteriores, supondo que a matéria (as pedras) possam anular a força do Espírito. Diante de tal atitude violenta e inconquistável, a individualidade esconde-se, isto é, volta a seu silêncio, abandonando a si mesma a personagem, e saí do templo, ou seja, larga a personagem e passa a viver no Grande-Todo, no UNO, indivisível, sem deixar contudo de vivificar e sustentar a vida daquela criatura mesma que a rejeitou com a violência.


Um dos casos, talvez, em que, temporária ou definitivamente, a Individualidade pode desprender-se da personagem que, por não querer aceitar de modo algum o ensino, continuará sozinha a trajetória (cfr. vol. 4), tornando-se "psíquica", mas "não tendo Espírito" (Judas, 19).


NOTA DO AUTOR


A partir deste ponto, podemos oferecer a nossos leitores bases mais seguras em nossa tradução do texto uriginal grego.


Até a página anterior, seguimos o NOVUM TESTAMENTUM GRAECE, de D. Eberhard Nestle e D. Erwin Nestle; o NOVI TESTAMENTI BIBLIA GRAECA ET LATINA, de J . M.


Bover; a "S. Bible Poliglotte" de Vigouroux; as versões da Escola Bíblica de Jerusalém, da Abadia de Maredsous, a "Versão Brasileira" a Vulgata de Wordsworth e White, e a Análise de Max Zerwick, que eram os textos mais bem informados (só nos faltava o texto de Merck, mas a edição de Bover o colaciona).


Agora, todavia, conseguimos receber o recentíssimo volume THE GREEK NEW TESTAMENT, de Kurt Aland (da Univ. de Munster, Westfalia), Matthew Black (da Univ. de St. Andrews), Bruce M. Metzger (da Univ. de Princeton) e Allen Wikgren (da Univ. de Chicago), com larga colaboração de especialistas de cada setor, de forma a ser um texto realmente autorizado.


A publicação foi feita em 1967, pelo United Bible Sccieties, de Londres (que reúne as Soc.


Bíblicas Americana, Inglesa Estrangeira, Escocesa, Neerlandesa e de Wurttemberg). Traz todas as variantes dos papiros, dos códices unciais, dos minúsculos, da ítala e da vulgata, dos lecionários, das versões antigas (siríacas, coptas, góticas, armênias, etiópicas, georgianas, núbias), dos Pais da Igreja, e de todos os editores, trazendo até as descobertas mais recentes nesse campo. Isso permite ao tradutor apoiar-se com maior segurança em seu trabalho, podendo analisar as variantes e avaliar os pesos de cada manuscrito ou tradução, tirando conclusões mais fiéis ao original.


daqui em diante, pois, seguiremos o texto grego dessa edição. E comprometemo-nos a REVER, à sua luz, e com os dados mais recentes, tudo o que até agora foi traduzido e publicado: qualquer novo testemunho que nos leve a modificar nossa opinião expendida, honestamente a divulgaremos oportunamente, para que continue, neste trabalho audaciosamente iniciado, a mesma qualidade básica essencial: honestidade sincera.


A tradução que sozinho empreendemos do original grego, sob nossa responsabilidade pessoal única, não se filia a nenhuma corrente religiosa antiga ou moderna. O que pretendemos é conseguir penetrar o sentido real, dentro do grego, transladando-o para o português, sem preocupação de concordar nem de discordar com quem quer que seja.


Também não pretendemos ser dogmáticos nem saber mais que outros, mas honestamente dizemos o que pensamos, como estudiosos, trazendo mais uma achega depois de quase cinquenta anos de estudos especializados nesta existência. Mas estamos dispostos a aceitar qualquer crítica e rever qualquer ponto que nos seja provado que foi mal interpretado por nós.


Só pedimos uma coisa: que nos seja reconhecida a honestidade com que trabalhamos e a sinceridade pessoal com que sentimos e nos expressamos.


lv 24:16
Sabedoria do Evangelho - Volume 8

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 28
CARLOS TORRES PASTORINO

JO 19:4-15


4. E saiu de novo Pilatos ao pórtico e lhes disse: Eis que vo-lo trago, para que saibais que nenhuma culpa acho nele.

5. Saiu então Jesus ao pórtico, trazendo a coroa de acácia e o manto de púrpura. E disselhes: Eis o homem!

6. Então, quando o viram, os principais sacerdotes e os oficiais gritaram: Crucifica! Crucifica! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós e crucificai-o, porque eu não acho culpa nele.

7. Responderam-lhes os judeus: Nós temos uma lei, e segundo a lei deve morrer, porque se fez a si mesmo Filho de Deus.

8. Quando então ouviu essa palavra, Pilatos temeu.

9. E entrou no Pretório de novo e disse a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus nenhuma resposta lhe deu.

10. Disse-lhe então Pilatos: Não me falas? Não sabes que tenho poder para te soltar e poder para te crucificar?

11. Respondeu-lhe Jesus: "Não terias nenhum poder sobre mim, se não te fosse dado pelo Alto; por isso, quem me entregou a ti tem maior erro".

12. Depois disso. Pilatos procurava liberá-lo; mas os judeus gritavam, dizendo: Se o libertas, não és amigo de César: todo aquele que se faz rei, contradiz a César!

13. Então Pilatos, ouvindo essas palavras, conduziu para fora Jesus e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Litóstrotos, em hebraico Gábbatha.

14. Era a Parasceve da páscoa, era a hora quase sexta. E disse aos judeus: Eis vosso rei!

15. Estes então gritaram: Tira, tira, crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Crucificarei vosso rei?

Responderam os principais sacerdotes: Não temos rei senão César.




Pilatos continua afirmando convictamente que não encontra culpa no réu a ele apresentado. Essas afirmativas são veementes e reiteradas (cinco vezes em JO 18:32 e JO 18:38 e JO 18:19:4, 6 e 12; quatro vezes em LC 23:4, LC 23:14, LC 23:20 e LC 23:22; Mateus só cita duas, 27:23 e 24 e Marcos, uma, 15:14); ao todo, lemos, nos quatro Evangelhos, DOZE declarações de inocência, proferidas pela autoridade civil em favor do acusado.


Neste capítulo, privativo de João, encontramos o episódio conhecido com o título de "Eis o Homem" (Ecce Homo) tão frequentemente reproduzido pelos artistas plásticos. Pilatos quer libertá-Lo, mas o clero insiste em que seja crucificado. O governador romano resolve colocá-Lo nas mãos do clero. consentindo que eles mesmo O crucifiquem, não obstante não ser a crucificação a pena de morte da lei judaica.


Teria sido, como dizem alguns, covardia de Pilatos, para evitar ser acusado perante o Imperador? De nosso lado vemos, antes, tremendo conflito interno: Pilatos O vê inocente, e SABE que o réu nada fez.


No entanto, recebe aviso da esposa, que não se envolva e deixe que as coisas sigam seu caminho predeterminado: era ceder diante das exigências descabidas de gente invejosa e despeitada. Que fazer?


Com a solércia própria das autoridades clericais de todas as religiões organizadas de todos os tempos, os sacerdotes lançam mais um argumento teológico: "Tem que morrer, porque se fez Filho de Deus: esta é nossa lei". Realmente encontramos essa afirmativa de Jesus nos sinópticos (cfr. MT 26:63-66; MC 14:61-64: LC 22:67-71) e em João (5:18 e 10:33-36). A lei referida pelos sacerdotes está em LV 24:16, mas não fala específica, e sim genericamente: "Aquele que blasfemar o nome de YHWH certamente será morto: toda a congregação o apedreiará (não se fala em crucificação!). Será morto tanto o estrangeiro como o nativo (de Israel) quando blasfemar o nome". Ora, dizer-se "Filho de YHWH" era considerado blasfêmia.


Pilatos comove-se e se amedronta com esse argumento, pois, como bom romano, conhecia a teologia de sua religião (aquilo que os cristãos chamam depreciativamente "mitologia") e sabia que os Grandes Espíritos (a que eles denominavam "deuses") podiam unir-se sexualmente às mulheres "humanas", tendo filhos terrenos - teoria que alguns evangelistas aproveitaram, afirmando (MT 1:20 e LC 1:32) exatamente isso, que Maria engravidou de um deus (o Espírito Santo), de forma a ser interpretado assim segundo a letra.


Pilatos assustou-se, porque sentiu que podia estar diante de um desses espécimes sobre-humanos. Entra, pois, novamente no Pretório, e solicita que o réu esclareça "DONDE É", se de pais terrenos ou se foi gerado por um deus. Mas Jesus silencia, porque não pretende revelar a um profano os arcanos inici áticos.


O governador aborrece-se com esse silencio e, plenamente dentro de sua tônica vibratória terráquea, lança a ameaça que, para as personagens, é decisivo: "Tendo poder (exousía) para soltar-te e para crucificarte". O princípio do Direito Romano estabelecia precisamente isso: Nemo qui condemnare potest, absolvere non potest (Ulpiano, Digesto, 1,17,37), isto é, "quem pode condenar, pode absolver".


Aproveitando a frase, Jesus muda de assunto e dá uma lição extensível a todas as autoridades, ensinandonos a respeitar todo e qualquer poder legitimamente constituído pois, qualquer que seja ele, é sempre concedido pelo Alto, e seus atos, por mais que humanamente pareçam injustos, recebem a inspiração e a chancela de Quem o concedeu ou lhe permitiu o manuseio das rédeas governamentais.


Daí a conclusão óbvia: o clero judaico - pelo menos suas principais figuras que O entregaram para ser supliciado – "tem maior erro" que Pilatos, pois deliberadamente iniciou o processo de condenação.


Esta, embora predita pelos profetas, poderia ter sido resolvida de modo menos cruel, sem que se perdessem seus efeitos espirituais. Mas a cegueira e o sadismo fanático do clero, como em geral ocorre – e que se repetiu à saciedade e com requintes ainda mais sádicos durante a "santa" inquisição - não permitiram nenhum abrandamento, quanto mais o perdão reiteradamente sugerido e quase exigido pela autoridade civil romana.


A hesitação diante daquela luta de consciência faz pender a balança para o lado do perdão. As palavras do réu, judiciosas e serenas, apesar de estar ali preso, e a justificação que trouxeram a Pilatos, reconhecendoo menos culpado em Sua condenação que o clero fanático, evidenciaram Seu equilíbrio perfeito.


E o governador resolve fazer os últimos esforços e enfrenta os sacerdotes judeus dispostos a forçar que prevaleçam seu ponto de vista.


Mas a argúcia clerical é tremenda e quase invencível, porque se trata de uma classe que não tem escrúpulos, já que aceita a liceidade da máxima; "os fins justificam os meios"; o "fim" era livrar-se de Jesus; qualquer "meio", por mais mentiroso e falso, podia ser empregado. E eles o utilizam, ameaçando o governador (que sabia bem com quem estava lidando!): "Se o libertas, não és amigo de César".


O título de "Amigo de César" era quase oficial, como podemos deduzir de diversas fontes: nas inscrições de Thyatira (C. I. G. 3499, 4); em Flávio Josefo (Ant. JD 14, 8, 1), em Epicteto (3. 4. 2 e 4. 18); e também encontramos documentação do contrário, "Não ser amigo de César"; Suetônio, (Tibério, 58): judicia majestatis atrocissime exercuit "(castigou atrozmente os crimes de lesa-majestade") e Tácito (Annales, 3, 38): majestatis crimen omnium accusationum complementum ("o crime de lesa-majestade era complemento de todas as acusações"). E Pilatos já sofrera por isso, conforme lemos extensamente narrado em Philon ("A Embaixada a Gaio", 38:299 a 305).


Diante de todas essas pressões políticas, Pilatos resolve sentar-se no Tribunal, erguido no lugar que João chama Litóstrotos ("calçado de pedras"), acompanhado de Jesus, e apresenta-o aos sacerdotes: " Eis vosso rei"!


Mas a gritaria continuava ininterrupta e esganiçada: Crucifica-o! Intrigado, pergunta Pilatos: "Crucificarei vosso rei"?


E o clero judaico, que jamais aceitara o domínio dos romanos, - porque dizia que seu único rei era YHWH - esse mesmo clero cínico e fanático sai com uma afirmativa esdrúxula: "nosso único rei é César"!


Até que ponto chega a baixeza humana, quando o fanatismo irracional domina as inteligências!


Aqui assistimos ao desenrolar de um dos dramas mais vergonhosos da humanidade, desses que levam as criaturas equilibradas a envergonhar-se de pertencer ao gênero humano.


Mas tudo se torna compreensível, quando lemos a anotação de João: "Era a parasceve da páscoa, era a hora quase Sexta".


Nessas pequenas frases coordenadas assindéticas, encontramos a chave que explica o episódio, iluminandoo com a revelação do segredo iniciático do que se passava realmente. Não obstante ser interpretado por todos como simples informação cronológica, essas duas frases, para quem conhece os rituais cabalísticos das iniciações espirituais, são de clareza meridiana. "Parasceve da Páscoa" interpreta-se como "preparação da páscoa", ou seja, a véspera do sábado em que se comemorava a páscoa, comendo ritualisticamente o Cordeiro Pascal. Mas, por que traduzir "parasceve" e não traduzir "páscoa"? Se dermos atenção ao significado da palavra, sem que haja influência de calendários eclesiásticos, vemos que "páscoa" significa, sem qualquer dúvida, PASSAGEM.


Temos, então: "Era a preparação para a passagem". Que passagem? De um plano vibratório a outro. Todas as vezes em que subimos uma escada, há um átimo de tempo, entre o firmar o pé no degrau superior e levantar o outro do degrau inferior, em que o equilíbrio se torna instável: é o exemplo do que sucede ao passar-se de um plano espiritual inferior a um plano espiritual superior, o que é chamado exatamente INICIAÇÃO, porque o candidato INICIA sua vida em outro plano. Daí o engano em que laboram tantos milhares de criaturas, quando julgam que "iniciação" é uma série de ritos físicos ou materiais, de caminhadas, de tantas outras ações "simbólicas", no plano físico, do que se realiza no espiritual. Mas, se não houver a REALIZAÇÃO espiritual, torna-se vazio qualquer simbolismo físico.


No plano espiritual, qualquer subida produz o mesmo impacto na criatura; e se esta for inepta a subir, desequilibra-se e volta ao degrau inferior: mas se for apta, supera e vence o impacto e se firma no degrau superior: venceu! dominou a "morte", que se deu realmente no plano inferior, para renascer vitorioso (ou "ressuscitar") no plano superior. E de que consta esse "impacto"? Exatamente é traduzido em sofrimentos morais e também, por vezes, em dores materiais, de origem muitas vezes insuspeitada, e de consequências frequentemente não percebidas pela "consciência atual" da personagem encarnada.


As autoridades legitimamente constituídas, com poderes concedidos pelo Alto, tentam, por vezes, evitar ou minorar essas angústias (e o termo é precisamente esse: "angústia", pois se trata de uma passagem ou "páscoa" estreita: "estreita é a porta e apertada a estrada que conduz à vida", MT 7:13).


Mas aqueles que usurpam os poderes por conta própria, agem a serviço do pólo negativo, embora autorizados pelas forças positivas do Bem, e procuram aumentar os sofrimentos. Estabelece-se então a luta entre as duas facções, entre as quais permanece, vítima impoluta mas impotente, o candidato à ascensão.


Estávamos, pois, na "preparação da passagem", que se daria com a vítima pregada no madeiro da cruz (encarnado na matéria), na qualidade - neste caso particular - de um rei-sacerdote, que passaria ao grau de Rei-Sumo-Sacerdote (HB 5:20). E essa passagem é preparada com todas as minúcias, para que nada falte às provas. Que - mister é reconhecê-lo - foram galhardamente vencidas pelo candidato ao Sumo-Sacerdócio.


Não menos significativa a anotação: "era quase a hora sexta", que, na interpretação profana, se diz ser "quase o meio-dia". Mas o sentido espiritual é bem mais profundo: estávamos quase na penúltima etapa. Interessante observar que a anotação seguinte não fala em "hora sétima", finalização normal das iniciações menores, e sim na "hora nona", pois NOVE é o número típico do final da iniciação maior, quando o candidato dá seu último passo na matéria.


Depois dessas considerações, podemos ainda meditar a respeito das duas apresentações que ao réu faz o governador ao povo e ao clero.


Na primeira diz: EIS O HOMEM, e na segunda: EIS VOSSO REI.


A expressão HOMEM é típica da criatura que atingiu sua categoria máxima, "o estado de Homem perfeito" (EF 4:32), mas ainda como tal é visto: ferido e maltratado em sua condição externa de personagem, vítima dos ódios humanos. Mas a expressão VOSSO REI já o mostra sob outro aspecto, na condição interna da individualidade, que atingiu também o mais alto posto iniciático.


Dessa forma, temos o reconhecimento "oficial" dos dois aspectos do ser humano: a personagem (o Homem) e a individualidade (o Rei), ambos como tendo atingido seu ápice.


Portanto, no passo iniciático prestes a ser dado, encontramos o ser completo, constituída essa unidade global pelo "humano" e pelo "divino" existentes em cada criatura encarnada.


E de acordo com o simbolismo iniciático mais rígido, Pilatos vai agir no "lugar chamado Litóstrotos em grego e gábbatha em hebraico", ambas as palavras exprimindo "pedra", ou seja, compreensão literal dos ensinos: só daí e só assim têm capacidade de falar os profanos, para quem o corpo constitui o único ser "real": Diante da magnitude atingida pela criatura, a massa popular, dirigida pelo clero, pede que seja ela retirada do meio deles, quais toupeiras que solicitassem que o sol se ocultasse diante de seus olhos acostumados às trevas subterrâneas, em sua vivência do submundo. As expressões: "tira, tira"! exprimem exatamente esse desejo veemente de que seja retirado do ambiente humano aquele que, por ter elevado sua sintonia interna, "desafina" com a tônica da humanidade, e não pode permanecer entre os retardatários da caminhada evolutiva. São esses elementos superiores considerados "anormais", pois fogem da "aurea mediócritas" e constituem uma condenação viva do modo de agir comum: egoísmo, cobiça, competição, preguiça, ódios, intemperança, maldades. dureza de coração, desvario em tudo.


Induzida pelo clamor público, pela voz interna e até pelo aviso de sua esposa após a experiência onírica, autoridade civil, ameaçada e amedrontada, cede diante da desordem e prefere deixar que se cometa a injustiça, a envolver-se em dificuldades terrivelmente prejudiciais à sua carreira política e social. A contragosto embora, entrega o réu à voracidade canibalesca do clero, sem saber bem o que se passava, sem ter conhecimento do papel que desempenhava em todo esse desenrolar de acontecimentos desagradáveis e cruéis.


Prefere amordaçar sua consciência a ver-se amordaçado pela desgraça de perder a amizade de seu protetor terreno, chefe supremo político de todo o mundo conhecido então, autoridade máxima e incontestável das personagens do mundo ocidental "civilizado".


Outra passagem merecedora de meditação é a que afirma ter Jesus dito que "era Filho de Deus". De plena veracidade a frase. Pilatos não se arrisca a tratar desse assunto perante o público. Sabe da importância real que isso pode implicar. Então, após haver declarado a inocência da personagem diante do povo, retira-se com o réu a um local reservado, para que mais uma vez possa ter o privilégio de entreter-se com Ele. E vai direto ao assunto. Não indaga da filiação terrena; antes, admitindo como certa sua origem extraterrena, emprega palavras perfeitamente adequadas à circunstância: "Donde ÉS tu" (póthen eí sy;). O verbo "vir" (eltheín) suporta uma cidade terrena, um local físico. Assim também o verbo "nascer (gígnomai) indagaria da filiação de pais humanos. Mas "ser" (eimi) supõe tecnicamente uma origem diferente: "Donde ÉS tu, da Terra ou do Alto, és humano ou divino"?


Teria sido a indagação de Pilatos uma ânsia de conhecimento, ou simples curiosidade mórbida, insuflada pela vaidade de estar lidando com um ser superior? Pelo silêncio de Jesus, temos a impressão de a segunda hipótese ser a mais viável: não interessada "dar pérolas a porcos nem coisas santas a cães" (MT 7:6). Mesmo porque, se declarada fora sua proveniência verdadeira extraterrena, talvez Pilatos fincasse pé e soltasse Jesus, quando era mister que seguisse até o fim seu caminho. Ou, quiçá, desse ao governador a crença da realidade, com a esperança de vê-Lo escapar ao sacrifício, e depois, diante das ocorrências, sua decepção o inabilitasse para futuros passos evolutivos.


Silêncio, pois, preservando o segredo. Mesmo porque não teria sido possível uma explicação satisfatória para compreensão total da Verdade: Seu corpo nascera normalmente na Terra, Sua personagem era terrestre, embora Seu Espírito, Sua Individualidade, proviessem de regiões distantes vibratoriamente, de planetas incomparavelmente superiores ao nosso pequeno e atrasado elétron do sistema solar.


Digno de nota, ainda, para meditação, a assertiva: "Quem me entregou a ti, tem maior erro". Evidente que se trata do clero judaico, que O entregou a Pilatos. Mas... não se tratava de antiquíssima predeterminação de fatos indispensáveis, não apenas à evolução de Jesus, como à evolução da Humanidade?


Então, todos os atores desse divino drama sagrado estavam, logicamente, justificados em suas atitudes. Como, pois, falar em "erros" maiores ou menores?


Esse é oportuno esclarecimento em torno da responsabilidade cármica de cada criatura. Ainda quando se age "a serviço" e por determinação expressa das Forças Superiores, no sentido de reajustar diretrizes e "cobrar" dívidas cármicas, ainda assim o agente está sujeito às penalidades legais (da "Lei maior"), pois sua ação é produto de uma distorção de sua mentalização normal, e é essa distorção mental que provocará o resultado doloroso de seu ato. Tanta assim que, se vencer a prova, adquirirá "merecimento": sua ação está sempre, em última análise, sujeita ao "livre-arbítrio".


Procuremos traduzir mais simples e didaticamente este asserto, mediante um exemplo.


Uma criatura precisa, para sua evolução espiritual, de um sofrimento que se traduza em intensa perseguição psicológica de adversários, e que deverá ser superada pela paciência e pelo silêncio que perdoa e beneficia, sem que o serviço jamais seja abandonado, nem mesmo sequer diminuído ou afrouxado. A seu lado, em sua vida, é colocada uma criatura que, por atavismo, tenha contra a vítima queixas do passado ou até da presente vida, por deficiências emocionais. O despeito cresce com o perpassar dos dias, e a atuação contrária psicológica vai macerando e desbastando as resistências da vítima que, nada obstante, a tudo resiste impávido e prossegue em sua tarefa. Inegável que o perseguidor está agindo "a serviço das Forças Superiores. Mas sua atuação é efeito de defeitos inatos e de distorções mentais, que poderiam ser esclarecidas e modificadas, diante da atitude superior e amorosa da vítima. Isso porém não ocorre, por cegueira do perseguidor, que não admite ele não pode compreender.


Ora, os resultados "dolorosos" que esse perseguidor sofrerá por seus atos (por seus "erros", digamos), serão consequência inevitável não tanto de suas ações (permitidas pelas Forças Superiores), mas sim de sua personagem defeituosa e ainda cega. E esta necessitará passar inevitavelmente pelos corretivos posteriores ("castigos" ou ainda "carmas negativos") a fim de reajustar-se com a Lei e poder evoluir, modificando sua mente (metánoia) a fim de "pensar certo" e sobretudo de "libertar-se dos erros" (áphesin tôn hamartiôn).


Nesse sentido podemos admitir vulgar e profanamente a palavra "erros" maiores ou menores, mesmo quando alguém age de acordo com as determinações das Forças do Bem e em cumprimento a tarefas especificamente necessárias para evolução da vítima.


Pergunta-se: e se a criatura, colocada ao lado da vítima, seduzida pela bondade desta, modificar seu comportamento e passar até a ajudá-la? Duas hipóteses poderão ocorrer: ou a Lei providenciará a chegada de outra pessoa que termine o trabalho, ou a própria "conquista" e transformação espiritual do perseguidor constituirão prova de ter a vítima alcançado o grau evolutivo esperado e, além disso, o mérito de haver contribuído para a evolução desse ser.



Locais

Estes lugares estão apresentados aqui porque foram citados no texto Bíblico, contendo uma breve apresentação desses lugares.

MORTO

Atualmente: ISRAEL
O Mar Morto é um grande lago salgado, que possui 80 quilômetros de extensão, por 12 quilômetros de largura e está situado entre ISRAEL e Jordânia numa altitude de 400 metros abaixo do nível do mar. O Mar Morto pode ser comparado a um ralo que recebe todos os minerais que escorrem das montanhas vizinhas trazidos pela chuva: enxofre, potássio, bromo, fosfato, magnésio e sódio. A lama que se forma no fundo, é aproveitada para banhos e cosmética. Em suas águas, seis vezes mais salgadas do que as do oceano, vivem apenas microorganismos muito simples. Praticamente, não há vida.
Mapa Bíblico de MORTO



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Levítico Capítulo 24 do versículo 1 até o 23
SEÇÃO VIII

O ÓLEO SANTO, O PÃO SANTO E O NOME SANTO

Levítico 24:1-23

  • O ÓLEO SANTO, 24:1-4
  • Um grande castiçal (4; "candelabro", NVI) de ouro com sete lâmpadas (ver Diagra-ma A) proporcionava a iluminação do Tabernáculo. O trecho de Êxodo 25:31-40 descreve sua construção, enquanto Êxodo 27:20-21 detalha a composição do azeite (ou óleo) e seu abastecimento. As lâmpadas a óleo tinham de ficar acesas continuamente no Tabernáculo perante o Senhor (3). O castiçal foi colocado no lado sul do lugar santo (ver Diagrama A), compartimento desprovido de outra fonte de luz. Era abastecido com o mais puro azeite de oliveira (2). A significação simbólica deste candelabro talvez esteja na pro-messa de que Israel tinha de ser a luz entre as nações do mundo. A visão registrada em Zacarias 4 apóia esta idéia, como apóia a visão de João em Apocalipse 1:12-20. Confira também a função dos crentes descrita em Filipenses 2:15. Esta função tem de ser perpé-tua e só é possível pela capacitação do Espírito Santo, simbolizado pelo azeite de olivei-ra, puro. A expressão porá em ordem as lâmpadas (4) significa "conservará em or-dem as lâmpadas" (ARA; cf. NVI) no candelabro.

  • O PÃO SANTO, 24:5-9
  • Nesta subdivisão, temos instrução relativa aos pães da proposição. A passagem de Êxodo 25:23-30 descreve a mesa para os pães (ver Diagrama A). Aqui, os sacerdotes ficam sabendo para que serve a mesa pura (6). Eles tinham de fazer doze bolos (5: "pães", ARA) para serem mantidos perante o SENHOR (6) o tempo inteiro. Sobre os pães iam porções de incenso puro (7). De acordo com a tradição judaica, o incenso era queimado no altar do holocausto junto com as ofertas de óleo e vinho quando, a cada semana, os pães velhos eram substituídos por novos. Os pães velhos serviam de alimen-to para os sacerdotes (9). Os pães simbolizariam o fato de que o pão diário do homem é um presente de Deus. Sugerem também que o trabalho das mãos do homem deve ser devolvido a Deus, que dá ao homem aquilo com que ele trabalha.

    C. O NOME SANTO, 24:10-23

    Esta inserção conta a história de um homem que blasfemou o nome do SENHOR e informa a pena resultante. O Decálogo não estabeleceu a pena específica por profanação do nome divino. Por conseguinte, Moisés buscou orientação do SENHOR sobre o que fazer com o culpado. À prisão (12) seria "sob custódia" (ATA). Em Números 15:32-36, é intercalada história semelhante sobre violação da lei sabática. Neste caso de blasfêmia, o envolvido era só meio-israelita, pois seu pai era egípcio (10). Este indivíduo representaria a "mistura de gente" mencionada em Êxodo 12:38. A resposta para ambas as situações mostra que, nesta questão, não há diferença entre o israelita e o não-israelita: Qualquer que amaldiçoar o seu Deus levará sobre si o seu pecado (15).

    Este fato é ilustração de que não havia provisão de sacrifício para quem violasse o próprio Decálogo. Os sacrifícios eram apenas para quem estava em concerto, e a violação do Decálogo significava o repúdio ao concerto. É difícil para as pessoas de hoje entende-rem tamanha severidade pelo que se chama mero pecado verbal. Mas os antigos conside-ravam que os pecados verbais tinham uma realidade genuína. E vale perguntar: O que demonstra a atitude da pessoa para com o sagrado e o Deus santíssimo mais que o modo pelo qual usa as palavras santas? Erdman escreve:

    Nada é mais perigoso ou mais prejudicial para uma comunidade ou nação do que a irreverência às coisas sagradas. A profanação e a blasfêmia são pecados que acarretam culpa invulgar. A reverência a Deus é o fundamento da religião e da moralidade. Há uma mensagem para os nossos dias neste episódio trágico que enfatiza a necessidade de reverenciarmos o Nome Santo.'

    Esta história de blasfêmia é usada para trazer à baila uma série (17-22) de exem-plos da Lei de Talião — o princípio de olho por olho, dente por dente (20). Todas estas informações já foram mencionadas no Pentateuco, mas aqui são repetidas para mostrar que este princípio se estende a israelita e não-israelita (22).

    Muitos argumentam que Jesus repudiou este princípio no Sermão da Montanha; o fato é verdadeiro no que tange à vingança pessoal. Allis tem razão ao asseverar que o propósito deste incidente é firmar uma lei de justiça pública, não de vingança particu-lar, e que a indenização por danos provavelmente toma a forma de multa.' Esta posição é apoiada pelos seguintes fatos:

    1) Só o assassinato (Nm 35:31-32) é excluído de crimes para os quais há resgate; e

    2) a lei mosaica se opunha à mutilação. Não nos esqueça-mos de que o princípio de "olho por olho" é bastante básico a todas as leis civilizadas.

    De fato, não há como jogar uma partida esportiva exceto sob determinadas regras bá-sicas: o que é certo para um jogador é certo para outro e toda violação desta regra tem de receber a devida pena.

    Os procedimentos interpessoais são outra questão. Mas mesmo nesta área, o amor que oferece a outra face diz pouco à parte ofendida, a menos que esta e o ofensor saibam a diferença entre a justiça e a injustiça.


    Genebra

    Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
    Genebra - Comentários de Levítico Capítulo 24 do versículo 1 até o 23
    *

    24:2

    lâmpada. Ver Êx 25:31-40 e notas. Essas lâmpadas faziam parte do candelabro que havia no Lugar Santo. Tendo uma forma semelhante à de uma amendoeira que florescia, o candelabro simbolizava o poder de Deus em outorgar vida e luz.

    * 24:5

    Ver Êx 25:23-30 e notas.

    * 24:10

    filho dum egípcio. Depois de tantos anos de servidão no Egito, casos de casamentos mistos sem dúvida tornaram-se comuns. Ver nota em Êx 12:38.

    * 24:11

    blasfemou. Ver Êx 20:7; 22:28.

    * 24:14

    porão as mãos sobre a cabeça dele. Essa ação foi realizada para se livrarem da culpa que tinham contraído por terem ouvido a blasfêmia.

    * 24:20

    olho por olho, dente por dente. O propósito deste versículo é o de impedir uma vingança exagerada (conforme Gn 4:24). Esta fórmula expressava vividamente o princípio que o castigo deve ser proporcional ao delito. Parece que esse princípio não era cumprido literalmente (Êx 21:26,27; Dt 19:21, nota). A oposição de Jesus contra o mal uso dessa expressão (Mt 5:38) compreendia, não uma anulação desse princípio de equivalência, mas a necessidade de moderar a sua aplicação à luz do mandamento acerca do amor (19.18; conforme Mt 7:12), dentro da visão do reino de Deus (Mt 5:10-12) e do conhecimento da vindoura ira de Deus (Rm 12:17-21; conforme Dt 32:35).


    Matthew Henry

    Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
    Matthew Henry - Comentários de Levítico Capítulo 24 do versículo 1 até o 23
    24:13 O castigo da blasfêmia (amaldiçoar a Deus) parece extremamente severo segundo os parâmetros modernos. Mas mostra quão seriamente espera Deus que tomemos nossa relação com O. Freqüentemente usamos seu nome em uma maldição, ou atuamos como se O não existisse. Devemos cuidar nosso modo de falar e de atuar, tratando a Deus com reverência. Finalmente, será O quem tem a última palavra.

    24.17-22 Este era um código para juizes, não uma ratificação de uma vingança pessoal. Em efeito, o que dizia era que o castigo devia ser acorde ao delito, mas não devia ir mais à frente.


    Wesley

    Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
    Wesley - Comentários de Levítico Capítulo 24 do versículo 1 até o 23
    b. O Holy Luz e Pão (24: 1-9)

    Israel era para ser uma nação santa separado para o Deus santo. Para ajudar a manter este relacionamento sagrado todas as pessoas estavam sempre a observar inúmeras santas convocações exclusivos à história e à vida da nação. Entre eles estava o sábado, um dia semanal de descanso e adoração. Outros dias e festivais sagrados foram estipulados a ser observado anualmente.

    Mas uma vida santa envolve mais de convocações semanais e anuais. Deve ser um assunto diariamente, de hora em hora. Foi assim que entre sábados, os sacerdotes estavam a fazer sacrifícios diários e manter uma rotina constante de serviço no santuário.Duas fases de funções diárias dos sacerdotes são apresentadas a atenção aqui: manter a luz acesa no candelabro de ouro no lugar santo do tabernáculo, e fornecendo os pães da proposição apresentada continuamente sobre uma mesa na mesma sala.

    Por que estas questões devem ser discutidas apenas aqui não é clara. Mas não parece estranho para colocar as descrições dessas funções sacerdotais imediatamente seguintes instruções para a festa de Ação de Graças anual que comemora a colheita de frutas e grãos. Esse posicionamento pode muito bem apontar-se o fato de que os sacerdotes eram dependentes das pessoas que partilham as suas colheitas, se a obra de Deus era para continuar.

    Por isso, nunca é. Se a santidade é caracterizar qualquer nação, a santidade deve caracterizar geralmente os indivíduos que compõem essa nação. Nenhum grupo, nem mesmo uma consagrada, corpo devotado de padres ou pastores, pode fazer uma nação santa. Na situação diante de nós vemos maneiras em que um povo santo e um sacerdócio santo estavam a cooperar na adoração de Deus e na manutenção de uma nação digna de seu nome.

    (1) o azeite da lâmpada (24: 1-4)

    1 E o Senhor disse a Moisés, dizendo: 2 Ordena aos filhos de Israel que te tragam azeite puro, batido, para a luz, para fazer com que uma lâmpada acesa continuamente. 3 Sem o véu do testemunho, na tenda da reunião , Arão a conservará em ordem de manhã à noite diante do Senhor continuamente; este será um estatuto perpétuo nas vossas gerações. 4 Ele deverá manter em ordem as lâmpadas sobre o candelabro de ouro puro diante do Senhor continuamente.

    A lâmpada aqui referida é o candelabro de ouro descrito no Ex 25:31 , que foi para ficar no lado sul do Lugar Santo separado do Santo dos Santos, pelo véu do testemunho (v. Lv 24:3 ). Ele era feito de um único eixo com três ramos de cada lado. Na parte superior do veio central e de cada ramo foi um recipiente de óleo com a forma de uma flor de amêndoa. A luz era manter acesa continuamente em cada um dos sete recipientes de manhã à noite (v. Lv 24:3 ). Era a tarefa de Arão (v. Lv 24:4) e seus filhos (Ex 27:21) paramantê-lo em ordem . Mas era para o povo de fornecimento por ofertas voluntárias do azeite que era para fornecer o combustível para as luzes. O óleo era para ser apenas da melhor qualidade, obtido por simples bater ou contusões as azeitonas em um almofariz ou moinho, sem aplicação de calor (v. Lv 24:2 ).

    Zacarias (4: 1-14) usou um velador semelhante para simbolizar a nação de Israel, a congregação de Deus, como o doador de luz para todo o mundo. A queima de luz no lugar santo do santuário no centro do acampamento de Israel poderia muito bem ser um símbolo similar. E já que o petróleo, a fonte da luz, geralmente é típico do Espírito Santo, a mesma ênfase aparece aqui como em Zacarias. A luz queima efetivamente "não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos" (Zc 4:6. , Mt 5:16 ). Esta verdade é apresentada novamente pelo Revelator que viu em sua visão da Igreja coletiva através dos tempos representados por sete candelabros de entre os quais Cristo andava vestida de manto sacerdotal (Ap 1:1 ).

    (2) O Pão do Santuário (24: 5-9)

    5 E tomarás flor de farinha, e asse doze pães; dois décimos de efa . deve ser um bolo 6 . E os porás em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa pura, perante o SENHOR 7 E porás incenso puro sobre cada linha, que pode ser para os pães como memorial, até mesmo uma oferta queimada ao Senhor. 8 Cada dia de sábado, isso se porá em ordem perante o Senhor continuamente; é em nome dos filhos de Israel, um pacto eterno. 9 E será para Arão e seus filhos; e comerão em lugar santo, pois é coisa santíssima para eles, das ofertas de Jeová feitas por fogo por estatuto perpétuo.

    De pé, no lado norte do Lugar Santo, em frente ao candelabro de ouro, foi uma mesa de ouro descrito no Ex 25:23 . Sobre essa mesa não era para ser um fornecimento constante de pão-doze pães, um para cada tribo de Israel. Este pão, cozido pelos levitas de farinha decorados pelo povo, foi chamado pão, literalmente, "pão do rosto" ou "pão da presença", porque foi colocado perante a face do Senhor, isto é, em Sua presença .

    Os pães eram para ser dispostos em duas linhas, ou talvez duas pilhas de seis pães cada (v. Lv 24:6 e margem). On ou ao lado (v. Lv 24:7 , AOT) cada linha ou pilha de pães não era para ser uma bacia ou uma colher de incenso que era para ser queimado diante do Senhor a cada sábado (provavelmente no altar de ouro do incenso), quando a nova oferta de pão foi colocado em cima da mesa. Ele foi colocado em cima da mesa, de modo que a tabela nunca seria vazia como um memorial permanente para a aliança eterna entre Jeová e seu povo (v. Lv 24:8 ).

    Como a oferta de cereais feita no pátio exterior (2: 1-16 ; 6: 14-23) os pães sobre a mesa no Lugar Santo foram para simbolizar a consagração ao Senhor dos resultados do trabalho das mãos. Os doze pães sobre a mesa, representando toda a nação, deu a entender que o Senhor deseja a consagração da nação, bem como de pessoas de a nação com todo o potencial de sua organização coletiva.

    A mesa sobre a qual o pão foi colocado, feita de madeira de acácia revestida com ouro, é comumente reconhecido como um símbolo de Cristo. Sendo assim, somos lembrados de que apenas como nós ou nossos dons são postos sobre Cristo podem eles ser aceito diante do Senhor.

    c. Punição por blasfêmia (24: 10-23)

    10 E o filho de uma mulher israelita, cujo pai era um egípcio, saiu entre os filhos de Israel; eo filho da mulher israelita e um homem israelita pelejaram no arraial: 11 eo filho da mulher israelita blasfemou o Nome, e praguejou; e trouxeram-no a Moisés. E o nome de sua mãe era Selomite, filha de Dibri, da tribo de Ez 12:1 E eles o puseram na prisão, para que se anunciou-lhes na boca do Senhor.

    13 E o Senhor disse a Moisés, dizendo: 14 Tragam o que tem blasfemado para fora do arraial; e todos os que o ouviram porão as mãos sobre a cabeça dele, e toda a congregação o apedrejará. 15 E tu falarás aos filhos de Israel, dizendo: Quem amaldiçoar a seu Deus levará o seu pecado. 16 E aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente será morto; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, que blasfemar o nome do Senhor ., deverá ser condenado à morte 17 . E aquele que ferir qualquer homem mortalmente certamente será posto à morte 18 E Quem ferir a um animal mortalmente deve fazê-lo, vida por vida. 19 E se um homem desfigurar o seu próximo; como ele fez, assim lhe será feito com ele: 20 violação por violação, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado em um homem, assim se rendeu a ele. 21 E aquele que mata um animal deve torná-lo bom: e aquele que mata um homem deve ser condenado à morte. 22 Tereis uma mesma lei , bem como para o estrangeiro, como para o natural.: pois eu sou o Senhor, teu Deus, 23 E Moisés falou aos filhos de Israel; e eles trouxeram aquele que tinha blasfemado para fora do arraial, e apedrejaram. E os filhos de Israel, fez como o Senhor lhe ordenara.

    Em uma blasfêmia nação santa não pode ser tolerada. Quando, portanto, o filho de uma mulher israelita profanado o nome de Deus, os juízes sabia que algo deve ser feito. Mas o quê? Esta é a primeira menção de um tal pecado. Os juízes provavelmente não havia encontrado tal situação antes.

    Há dois problemas. O que era para ser a pena por blasfêmia? Caso a mesma pena se aplica a todos em Israel, o homem de sangue misto, bem como o israelita de raça pura? O criminoso foi colocado em confinamento até que as autoridades poderiam obter orientação divina.

    O Senhor deixou claro (provavelmente por Urim e Tumim) que a blasfêmia era um pecado abominável, e exigiu a pena de morte. Além disso, a pena deve ser aplicada a todos os que possa ofender, se foram nascido em casa ou peregrinos gentios.

    Os versículos 17:22 acordo com uma série de crimes violentos já discutidos em Ex 21:12 , Ex 21:23 . Eles podem ser inseridos aqui, a fim de destacar por associação a seriedade de blasfêmia, e eles podem ser mencionados também para indicar que a pena de cada um desses pecados deveria ser o mesmo para todas as pessoas em Israel, como era a penalidade por palavrões. Sem exceções deveriam ser permitidas.

    Para nós, a morte parece uma pena indevidamente popa para o crime. É, no entanto, impossível para nós para julgar as leis civis de Israel objetivamente, do nosso ponto de vista. Mas irreverência e desrespeito para com Deus, que profanidade exibe blasfemas, é um pecado grave a qualquer momento, em qualquer lugar, porque a reverência a Deus encontra-se no próprio fundamento da moralidade mesmo com1. Além disso, a profanação é um mal particularmente corruptora. Ela influencia outros rapidamente e de forma trágica. A morte pode ter sido tanto uma pena para livrar a comunidade deste local vil de infecção como a prescrever um pênalti a montagem do delito. Porque, assim como comentários Nataniel Micklem: "Disaster deve descer sobre a terra onde o Nome é amaldiçoado, o senhorio de Deus vivo repudiado, não importa se o agressor é um israelita nativo ou um estrangeiro residente."


    Russell Shedd

    Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
    Russell Shedd - Comentários de Levítico Capítulo 24 do versículo 1 até o 23
    24:1-4 Características do Candelabro:
    1) Era feito de ouro puro;
    2) Era feito para iluminar,
    3) Era mantido com óleo;
    4) Era feito para queimar continuamente. A lâmpada que ilumina à base de óleo pode ser comparada com a revelação de Deus ao homem, que culmina em Cristo, Luz do Mundo, e a iluminação do Espírito Santo.

    24.5 Os pães que o sacerdote oficiante colocava todos os sábados sobre a mesa dourada, no lugar santo, diante do Senhor, eram em número de doze, representando as doze tribos de Israel; decerto eram bem grandes, já que se empregava mais do que quatro litros de farinha em cada pão, 24.3, 6, 7. Eram servidos quentes no lugar santo, no sábado, dia, no qual os antigos eram removidos. Somente os sacerdotes tinham licença de comer daquele pão. Num caso de extrema necessidade, Davi e seus homens quebraram esta lei, 1, Sl 22:6, cf.Mt 12:4. O pão nos lembra, da comunhão restaurada do homem com Deus, através de Cristo, o Pão da Vida,Jo 6:35.

    24.11 O terceiro mandamento proibia de usar o nome do Senhor em vão. A blasfêmia incluía a pecado gravíssimo de deliberado desprezo e desrespeito para com Jeová e para com Sua graça salvadora.

    24.16 No Antigo Testamento, blasfemar, ou zombar do nome de Deus, injuriando assim a Pessoa de Jeová, acarretava na penalidade da morte. A blasfêmias era o, comportamento dos ímpios,Sl 74:18; Is 52:5. A idolatria era também considerada como uma forma de blasfêmia,Is 65:7, porque esse pecado era um desprezo para com o nome do único e verdadeiro Deus. Exemplos da blasfêmia: o rei Senaqueribe da Assíria, 2Rs 19:4, 2Rs 19:10, 2Rs 19:22; e Himeneu, um herético da Igreja antiga, 1Tm 1:20. Os incrédulos têm prazer em acusar os santos da blasfêmia que eles mesmos praticam, conforme os fariseus fizeram com Cristo, Mt 26:65; Lc 22:66-42. De igual modo, os membros da Igreja Apostólica foram acusados de blasfêmia, por afirmar a deidade do Senhor Jesus Cristo, At 6:11-44. Será morto. O pensamento básico aqui não é tanto impor uma penalidade por causa de um pecado grave: a necessidade urgente era a remoção de um foco de infecção na comunidade. O desastre desceria sobre a terra na qual o nome de Deus fosse blasfemado, onde a Majestade do Deus vivo fosse repudiada, não importando que o ofensor fosse um israelita nativo ou um estrangeiro domiciliado em Israel.

    24:17-22 O propósito dessas leis era promover a justiça exata, mas não a vingança. Na maioria dos casos, a pessoa culpada tinha permissão para dar uma justa; compensação pela avaria, pela ferida, ou pela perda. Notemos, a ênfase dada à inteira e justa indenização não obstante não haver aqui a obrigação dos 20% a mais sobre os: danos, que é o caso que se descreve em Lv 5:14; 6:7.


    NVI F. F. Bruce

    Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
    NVI F. F. Bruce - Comentários de Levítico Capítulo 24 do versículo 1 até o 23

    8) Questões acerca do tabernáculo (24:1-9)

    v. 2,3. As orientações para a confecção do candelabro para o tabernáculo são dadas em Ex 25:31-40, e a provisão de azeite para as lâmpadas é mencionada em Ex 27:20,21, em termos bem semelhantes aos usados aqui. Na presente passagem, a intenção é assegurar um suprimento regular de azeite, continuamente-. v.comentário de Ex 27:20. v. 4. as lâmpadas: v. Ex 25:31,32. candelabro de ouro puro é lit. “candelabro puro” como em Ex 31:839:37 (na NVI, como aqui nos dois casos). O uso de puro em conjunção com vários objetos e artigos em Ex 25 e Lv 27 sugere que aqui puro se refere ao material de que era feito o candelabro (ouro puro, como em Ex

    25.31), e não à pureza ritual do candelabro (pace Snaith [NCB] e NEB). Os v. 5-9 tratam dos pães da Presença (conforme Ex 25:30). Nos templos babilónicos, eram fornecidos regularmente 12 pães como comida para os deuses. Em Israel, no entanto, Dn 12:0) são usados nessa seção. Por outro lado, é o único lugar em que o número doze (pães) é citado, dois jarros: na nota de rodapé da NVI aparece 2/ 10 de efa. v. 6. duas fileiras: em lCr 9.32 aparece nas versões antigas “pães da proposição” (mesma raiz hebraica), a mesa de ouro puro: lit. “a mesa pura”; v.comentário do v. 4 e conforme 2Cr 13:11. As instruções acerca da confecção dessa mesa são dadas em Ex 25:2328. v. 7. Conforme a oferta de cereal Dt 2:0).


    9) O caso da blasfêmia (24:10-23)

    As leis acerca da blasfêmia (v. 15,16) e da retaliação e restituição (v. 17-21) são prefaciadas por um caso de blasfêmia que necessitava de parecer judicial. O v. 22 {a mesma lei para o estrangeiro e para o natural da terra) dá o tema comum. v. 10. e de um egípcio: conforme Ex 12.38. O homem era, portanto, um mestiço; “geralmente a blasfêmia é cometida por pagãos” (NBD, p. 144, com várias referências bíblicas), v. 11. O homem blasfemou o Nome, o nome sagrado representado pelo tetragrama e mais tarde considerado sagrado demais até para ser pronunciado. (Tradicionalmente, se lê a palavra ’Adõnãi, “meu Senhor”, sempre que o tetragrama aparece no texto hebraico. Na LXX, ele é representado pela palavra Kyrios, “Senhor”.) v. 12. Moisés não tinha regra pronta para lidar com esse caso (conforme Ex 18:15,16); Ex 22:28 proíbe o insulto a Deus, mas não estabelece nenhuma pena. A condição do homem como mestiço também era um fator complicador do problema, v. 16. Em muitos casos, a blasfêmia incluía muito mais do que o abuso do Nome divino, como é ilustrado na reação de Caifás em Mt 26:65 (conforme v. 66). Essa ampliação do conceito de blasfêmia pode ser discernido já nesse versículo, pois a NEB traz “pronunciar” nas duas ocorrências de blasfemar, e com bom apoio filológico. E de fato um verbo diferente do usado no v. 15 e pode ser comparado com Is 62:2 (“você será chamado por um novo nome que a boca do Senhor lhe dará [lit. ‘pronunciará’]”. Os v. 17-21 apresentam a lex talionis (“lei da retribuição”) em suas diversas aplicações (cf. Êx 21:23ss; Dt 19:21). Esse conceito de retribuição não era peculiar a Israel. Ela consta no Código de Hamurabi que reflete o procedimento jurídico babilónico do início do segundo milênio a.C., mas, no que tange à economia de Deus, foi abolida pelo nosso Senhor (Mt 5:38-40). Apesar de todos os seus aspectos selvagens, podia evitar a cobrança de mais do que os danos causados origina-riamente. A possibilidade de compensação monetária pelos crimes cometidos, com exceção de homicídio, talvez expliquem o fato de que é difícil encontrar exemplos do cumprimento dessa lei no AT. v. 22. O estrangeiro podia se beneficiar de regulamentação especial com base em razões humanitárias (e.g., 23.22), mas nas questões discutidas acima ele é igual ao nativo de Israel perante a lei.


    Moody

    Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
    Moody - Comentários de Levítico Capítulo 17 do versículo 1 até o 34

    II. Como Manter-se em Contato com Deus. 17:1 - 27:34.

    Uma vez estabelecido o desejado relacionamento com Deus, este devia ser mantido. Os capítulos restantes apresentam claramente o meio do judeu individualmente andar, a fim de ser diferente dos pagãos e aceitável ao Senhor.


    Moody - Comentários de Levítico Capítulo 24 do versículo 1 até o 23

    Levítico 24


    2) O Uso Santo dos Objetos. Lv 24:1-23.

    O capítulo pode ser dividido ora três tópicos:
    1) o azeite para o candelabro (vv. 1.4);
    2) o pão da proposição (vv. 5-9); e
    3) blasfêmia e vingança (vv. 10-23).


    Moody - Comentários de Levítico Capítulo 24 do versículo 15 até o 16

    15,16. Estes versículos declaram a lei que foi naquela ocasião ordenada por Deus com referência ao pecado que foi cometido. Levará sobre si o seu pecado. Assumirá toda a responsabilidade e ficará sujeito ao castigo indicado para o caso.


    Francis Davidson

    O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
    Francis Davidson - Comentários de Levítico Capítulo 24 do versículo 10 até o 23
    c) O pecado da blasfêmia e os crimes de violência (Lv 24:10-23).

    O breve episódio recordado nos vers. 10-16 pode ter ocorrido entre as revelações que seguem e precedem esse episódio (cfr. Dt 4:41-5, Nu 15:32-4 para casos semelhantes). Esse meio-israelita fazia parte provavelmente daquela "mistura de gente" de que fala o Êx 12:38. Apareceu... no meio dos filhos de Israel (10). Não indica que tivesse vindo do exterior mas, com certeza, que saiu da casa e meteu-se numa embrulhada e foi tal o seu atrevimento, que não receou profanar um filho de Israel. Cita-se o nome da mãe, para provar que a ela devia a sua presença no arraial. O pai talvez já tivesse morrido, e desconhece-se em absoluto o seu nome. A nós, Cristãos, o que mais interessa é a moralidade, não a pessoa, que nos faz ver neste episódio uma transgressão formal do terceiro mandamento, que aliás não designa o gênero de punição a dar aos transgressores. Por isso foi posto em guarda o filho do egípcio "até que se lhes fizesse declaração pela boca do Senhor" (12). A resposta (cfr. Nu 7:89), trata da situação atual, mas não há dúvida que se mantém o princípio de que em tal matéria entre estrangeiros e naturais não há qualquer distinção (22). Note-se, no entanto, que a blasfêmia vem aqui expressa a par de crimes de natureza violenta, tais como o homicídio e os ferimentos corporais, precisamente para frisar a enormidade do pecado cometido apenas com os lábios. Também poderia supor-se que a blasfêmia é um ato violento e prejudica gravemente aquele contra quem é dirigida (cfr. Êx 21:22; Dt 25:11). Pelo menos é evidente que estas leis, já exaradas em Êx 21:12, 23-36, repetem-se aqui, sobretudo com a finalidade de aplicar a todos os homens as leis relativas à blasfêmia e a outras ofensas graves.

    Com respeito a esta lei de talião, notemos: primeiramente, que é uma lei de justiça exata e não de vingança; em segundo lugar, que não era justiça privada, mas pública; e em terceiro lugar, que excluindo o homicida dos crimes que é possível resgatar (Nu 35:31 e segs.), admite a possibilidade da compensação, normalmente permitida a certas injúrias ou então substituída por uma multa. A objeção de que "não há na história judaica exemplo da lei de represália, de forma a tomarmos à letra o aforismo bíblico-olho por olho, dente por dente" pode ser ou não justificada, embora a mutilação do corpo seja contrária ao espírito da Lei de Moisés. Durante séculos, em muitos países cristãos, a tortura e a mutilação eram muitas vezes praticadas continuamente mesmo sendo contrárias ao espírito e à letra da Lei de Moisés, e o castigo era, não raramente, desproporcional à ofensa.

    Este episódio serve para nos lembrar a gravidade do pecado da profanação, que é um dos maiores males que afligem a humanidade inteira.


    Dicionário

    Apedrejar

    verbo transitivo Atirar pedras contra; lapidar; matar a pedradas.
    Figurado Ofender, insultar.

    lapidar. – Estes dois verbos, que à primeira vista parecem sinônimos perfeitos, distinguem-se, no entanto, deste modo: apedrejar é simplesmente jogar pedras a alguém ou a alguma coisa, correr a pedradas; e lapidar é matar a pedradas. Como hoje se lincha, antigamente se lapidava, isto é, dava-se a morte pelo apedrejamento. Quando se diz que alguém foi apedrejado, enuncia-se apenas a ideia de que sobre essa pessoa se atiraram Dicionário de Sinônimos da Língua Portuguesa 197 pedras. Quando dizemos que Estevão foi lapidado em Jerusalém, afirmamos que Estevão foi morto a pedradas.

    Apedrejar Matar a pedradas (Dt 13:10); (At 7:59).

    Assim

    advérbio Deste modo, desta forma: assim caminha a humanidade.
    Igual a, semelhante a; do mesmo porte ou tamanho de: não me lembro de nenhum terremoto assim.
    Em que há excesso; em grande quantidade: havia gente assim!
    Do mesmo tamanho; desta altura: o meu filho já está assim.
    conjunção Portanto; em suma, assim sendo: você não estudou, assim não conseguiu passar no vestibular.
    Gramática Utilizado para dar continuidade ao discurso ou na mudança de pensamento: vou ao cinema amanhã; assim, se você quiser, podemos ir juntos.
    locução adverbial De valor concessivo-adversativo. Assim mesmo, mesmo assim ou ainda assim; apesar disso, todavia, entretanto: advertiram-no várias vezes, mesmo assim reincidiu.
    locução interjeição Assim seja. Queira Deus, amém; oxalá.
    expressão Assim ou assado. De uma maneira ou de outra.
    Assim que. Logo que: assim que ele chegar vamos embora!
    Assim como. Bem como; da mesma maneira que: os pais, assim como os filhos, também já foram crianças.
    Etimologia (origem da palavra assim). Do latim ad sic.

    Blasfemar

    verbo intransitivo Proferir blasfêmias.
    verbo transitivo Ultrajar com blasfêmias.

    Falar a respeito de Deus ou de assuntos sagrados de modo descuidado, indevido ou afrontoso.

    Blasfemar Dizer palavras ofensivas, isto é, blasfêmias, contra Deus, Jesus Cristo, o Espírito Santo, ou contra qualquer coisa sagrada (Ap 16:11). Também está blasfemando quem diz ter direitos ou poderes que pertencem somente a Deus (Mt 9:3).

    Como

    assim como, do mesmo modo que..., tal qual, de que modo, segundo, conforme. – A maior parte destas palavras podem entrar em mais de uma categoria gramatical. – Como significa – “de que modo, deste modo, desta forma”; e também – “à vista disso”, ou – “do modo que”. Em regra, como exprime relação comparativa; isto é – emprega-se quando se compara o que se vai afirmar com aquilo que já se afirmou; ou aquilo que se quer, que se propõe ou se deseja, com aquilo que em mente se tem. Exemplos valem mais que definições: – Como cumprires o teu dever, assim terás o teu destino. – O verdadeiro Deus tanto se vê de dia, como de noite (Vieira). – Falou como um grande orador. – Irei pela vida como ele foi. – Assim como equivale a – “do mesmo modo, de igual maneira que”... Assim como se vai, voltar-se-á. Assim como o sr. pede não é fácil. Digo-lhe que assim como se perde também se ganha. Destas frases se vê que entre como e assim como não há diferença perceptível, a não ser a maior força com que assim como explica melhor e acentua a comparação. – Nas mesmas condições está a locução – do mesmo modo que... Entre estas duas formas: “Como te portares comigo, assim me portarei eu contigo”; “Do mesmo modo que te portares comigo, assim (ou assim mesmo) me portarei contigo” – só se poderia notar a diferença que consiste na intensidade com que aquele mesmo modo enuncia e frisa, por assim dizer, a comparação. E tanto é assim que em muitos casos 290 Rocha Pombo não se usaria da locução; nestes, por exemplo: “Aqueles olhos brilham como estrelas”; “A menina tem no semblante uma serenidade como a dos anjos”. “Vejo aquela claridade como de um sol que vem”. – Tal qual significa – “de igual modo, exatamente da mesma forma ou maneira”: “Ele procedeu tal qual nós procederíamos” (isto é – procedeu como nós rigorosamente procederíamos). Esta locução pode ser também empregada como adjetiva: “Restituiu-me os livros tais quais os levara”. “Os termos em que me falas são tais quais tenho ouvido a outros”. – De que modo é locução que equivale perfeitamente a como: “De que modo quer o sr. que eu arranje o gabinete?” (ou: Como quer o sr. que eu arranje...). – Segundo e conforme, em muitos casos equivalem também a como: “Farei conforme o sr. mandar” (ou: como o sr. mandar). “Procederei segundo me convier” (ou: como me convier).

    como adv. 1. De que modo. 2. Quanto, quão. 3. A que preço, a quanto. Conj. 1. Do mesmo modo que. 2. Logo que, quando, assim que. 3. Porque. 4. Na qualidade de: Ele veio como emissário. 5. Porquanto, visto que. 6. Se, uma vez que. C. quê, incomparavelmente; em grande quantidade: Tem chovido como quê. C. quer, loc. adv.: possivelmente. C. quer que, loc. conj.: do modo como, tal como.

    Congregação

    substantivo feminino Ação de congregar, de reunir em assembléia.
    Confraria formada por pessoas piedosas, sob invocação de um santo.
    Instituição religiosa.
    Assembléia de prelados incumbidos de examinar certos assuntos na Cúria Romana.
    Conjunto dos professores titulares de um estabelecimento de ensino.

    Esta palavra é mui freqüentemente aplicada a todo o povo hebreu, como sendo ele uma comunidade religiosa (Êx 12:3, etc – Lv 4:13, etc. – Nm 1:2, etc,). Antes da instituição da monarquia, o parlamento da congregação constava do chefe ou pai de cada casa, família e tribo. os delegados tinham o nome de anciãos ou príncipes – exerciam direitos soberanos – e o povo achava-se ligado aos atos desses magistrados, ainda mesmo quando os desaprovava (Js 9:18). outra palavra hebraica se emprega a respeito de uma assembléia, convocada para qualquer fim especial, como, por exemplo, a que se realizava por ocasião de uma das grandes festividades (1 Rs 8.65 – 2 Cr 7.8 – 30.13). Há, ainda, uma terceira palavra hebraica que aparece várias vezes em certas frases. Assim traduzidas: tenda da congregação, tabernáculo do testemunho etc.

    Congregação
    1) Israel considerado como povo ou nação (Ex 12:3).

    2) O povo reunido, especialmente para fins religiosos (1Rs 8:14); (He 10:25,RC).

    Estrangeiro

    substantivo masculino Natural de outro país; aquele que nasceu num país ou nação diferente daquele onde nascemos: muitos estrangeiros visitam o Brasil.
    O que não pertence a uma região, cidade, estado, classe, meio, grupo, família; forasteiro, estranho.
    Aquele que nasceu num país ou região diferente daquele onde vive.
    [Linguística] Idioma de um país diferente do seu; idioma diferente do seu.
    adjetivo Que nasceu ou tem sua origem num país diferente: pessoas estrangeiras; produtos estrangeiros.
    expressão Ser estrangeiro em seu país. Desconhecer suas leis, seus costumes, seus hábitos.
    Etimologia (origem da palavra estrangeiro). Do francês antigo estranger; do espanhol extranjero.

    Estrangeiro GENTIO; não-israelita (Lv 20:2). Javé protegia os estrangeiros (Dt 10:18). Eles podiam fazer parte do povo de Deus (Nu 9:14); 15:14-16;
    v. PROSÉLITO). Os israelitas não deviam explorar os estrangeiros (Lv 19:33), mas amá-los (Dt 10:19) e cuidar deles (Lv 19:10); (Mt 25:35), RC). Mas não podiam unir-se em casam

    Morrer

    verbo intransitivo Cessar de viver, perder todo o movimento vital, falecer.
    Figurado Experimentar uma forte sensação (moral ou física) intensamente desagradável; sofrer muito: ele parece morrer de tristeza.
    Cessar, extinguir-se (falando das coisas morais).
    Diz-se de um som que pouco se vai esvaecendo até extinguir-se de todo.
    Desmerecer, perder o brilho; tornar-se menos vivo (falando de cores).
    Aniquilar-se, deixar de ser ou de ter existência.

    Morto

    adjetivo Que deixou de viver; que morreu; defunto, cadáver.
    Que perdeu a vida ou teve sua vida retirada.
    Que está extinto; que se apagou.
    Privado de animação, de atividade: cidade morta.
    Que não se pode movimentar; inerte, imóvel.
    Desprovido de cor; pálido, desbotado: semblante morto.
    Cheio de cansaço; exausto: cheguei em casa morto!
    Que não se usa mais, que não se fala mais.
    Que busca expressar algo exagerado; ávido: morto de fome.
    Cada um dos dois montes de cartas que, além das inciais, ficam à parte.
    substantivo masculino Aquele que morreu; cadáver, defunto.
    expressão Figurado Estar mais morto do que vivo. Estar prostrado, aniquilado de medo ou cansaço.
    Etimologia (origem da palavra morto). Do latim mortuus.a.um, "defunto".

    [...] [A homenagem aos mortos] é a afirmação solene da certeza de que a sepultura não é o término fatal da vida, mas a porta de entrada para um novo modo de existência.
    Referencia: CALLIGARIS, Rodolfo• Páginas de Espiritismo cristão• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1993• - cap• 8

    [...] Os mortos são os invisíveis, mas não são os ausentes.
    Referencia: DENIS, Léon• No invisível: Espiritismo e mediunidade• Trad• de Leopoldo Cirne• 23a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 3, cap• 26

    Os mortos de que Jesus falava são os que vivem exclusivamente para o corpo e não pelo Espírito e para o Espírito; são aqueles para quem o corpo é tudo e o Espírito nada, aqueles que, tendo ouvidos para ouvir e compreender, não ouvem nem compreendem, que são incapazes de ouvir e compreender, que têm olhos para ver e não vêem, que são incapazes de ver.
    Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 2

    [...] [há] duas categorias de mortos: os que são denominados tal, por haverem deixado a matéria, e os assim chamados por viverem somente a vida animal. A primeira classificação é dos homens; a segunda é de Jesus Cristo.
    Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• Nas pegadas do Mestre: folhas esparsas dedicadas aos que têm fome e sede de justiça• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - O dia dos mortos


    Natural

    adjetivo Que se refere ou pertence à natureza.
    Produzido pela natureza ou de acordo com suas leis.
    Sem intervenção humana: cachoeira natural.
    Que tem sua origem num local determinado: natural do Brasil.
    Sem agrotóxicos nem ingredientes artificiais; orgânico.
    Que é espontâneo; sem afetação; espontâneo, simples, desafetado.
    Que faz parte do indivíduo desde o seu nascimento; congênito, inato.
    Qualidade particular de alguém; peculiar: a música lhe é natural.
    substantivo masculino e feminino Habitante ou originário de um lugar; indígena.
    substantivo masculino Inclinações de uma pessoa; caráter, índole: o natural do homem.
    locução adverbial Ao natural. Conforme à natureza, à realidade, ao original: pintar alguém ao natural.
    Ao natural. Sem tempero, sem preparo, servido sozinho: peixe ao natural.
    Etimologia (origem da palavra natural). Do latim naturalis.e.

    Natural
    1) Que pertence ou vem de uma certa localidade, onde nasceu ou reside (Ex 12:19; At 4:36).


    2) Normal; de acordo com a NATUREZA 1; próprio (Rm 1:26-27; Jd 10, RA).


    3) Perecível, sujeito à morte (1Co 15:44-46, RA).


    4) Que não tem o Espírito Santo; que não é convertido (1Co 2:14).


    Nome

    substantivo masculino Denominação; palavra ou expressão que designa algo ou alguém.
    A designação de uma pessoa; nome de batismo: seu nome é Maria.
    Sobrenome; denominação que caracteriza a família: ofereceu seu nome.
    Família; denominação do grupo de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou possuem relação consanguínea: honrava seu nome.
    Fama; em que há renome ou boa reputação: tinha nome na universidade.
    Apelido; palavra que caracteriza alguém.
    Quem se torna proeminente numa certa área: os nomes do cubismo.
    Título; palavra ou expressão que identifica algo: o nome de uma pintura.
    Gramática Que designa genericamente os substantivos e adjetivos.
    Etimologia (origem da palavra nome). Do latim nomen.inis.

    Entre os hebreus dava-se o nome auma criança, umas vezes quando nascia (Gn 35:18), e outras quando se circuncidava (Lc 1:59), fazendo a escolha ou o pai, ou a mãe (Gn 30:24Êx 2:22Lc 1:59-63). Algumas vezes o nome tinha referência a certas circunstâncias relacionadas com o nascimento ou o futuro da criança, como no caso de isaque (Gn 21:3-6), de Moisés (Êx 2:10), de Berias (1 Cr 7.23). isto era especialmente assim com os nomes compostos de frases completas, como em is 8:3. Acontecia, também, que certos nomes de pessoas sugeriam as suas qualidades, como no caso de Jacó (Gn 27:36) e Nabal (1 Sm 25.25). Eram por vezes mudados os nomes, ou aumentados, em obediência a certas particularidades, como no caso de Abrão para Abraão (Gn 17:5), de Gideão para Jerubaal (Jz 6:32), de Daniel para Beltessazar (Dn 1:7), e de Simão, Pedro (Mt 16:18). Alem disso, devemos recordar que, segundo a mentalidade antiga, o nome não somente resumia a vida do homem, mas também representava a sua personalidade, com a qual estava quase identificado. E por isso a frase ‘em Meu nome’ sugere uma real comunhão com o orador Divino. Houve lugares que receberam o seu nome em virtude de acontecimentos com eles relacionados, como Babel (Gn 11:9), o Senhor proverá (Gn 22:14), Mara (Êx 15:23), Perez-Uzá (2 Sm 6.8), Aceldama (At l.19). Para o nome de Deus, *veja Jeová, Senhor.

    Nome Palavra que designa uma pessoa ou coisa. Nos tempos bíblicos o nome, às vezes, estava relacionado com algum fato relativo ao nascimento (Gn 35:18
    v. BENONI); outras vezes expressava uma esperança ou uma profecia (Os 1:6; Mt 1:21-23). Era costume, no tempo de Jesus, o judeu ter dois nomes, um hebraico e outro romano (At 13:9). Partes dos nomes de Deus entravam, às vezes, na composição dos nomes (v. ELIAS, JEREMIAS, JESUS). Na invocação do nome de Deus chama-se a sua pessoa para estar presente, abençoando (Nu 6:22-27; Mt 28:19; Fp 6:24). Tudo o que é feito “em nome” de Jesus é feito pelo seu poder, que está presente (At 3:6; 4:10-12). Na oração feita “em nome de Jesus” ele intercede por nós junto ao Pai (Jo 15:16; Rm 8:34). Em muitas passagens “nome” indica a própria pessoa (Sl 9:10).

    Senhor

    substantivo masculino Proprietário, dono absoluto, possuidor de algum Estado, território ou objeto.
    História Aquele que tinha autoridade feudal sobre certas pessoas ou propriedades; proprietário feudal.
    Pessoa nobre, de alta consideração.
    Gramática Forma de tratamento cerimoniosa entre pessoas que não têm intimidade e não se tratam por você.
    Soberano, chefe; título honorífico de alguns monarcas.
    Figurado Quem domina algo, alguém ou si mesmo: senhor de si.
    Dono de casa; proprietário: nenhum senhor manda aqui.
    Pessoa distinta: senhor da sociedade.
    Antigo Título conferido a pessoas distintas, por posição ou dignidade de que estavam investidas.
    Antigo Título de nobreza de alguns fidalgos.
    Antigo O marido em relação à esposa.
    adjetivo Sugere a ideia de grande, perfeito, admirável: ele tem um senhor automóvel!
    Etimologia (origem da palavra senhor). Do latim senior.onis.

    o termo ‘Senhor’, no A.T., paraexprimir Jeová, está suficientemente compreendido nesta última palavra – e, como tradução de ãdôn, não precisa de explicação. Em Js 13:3, e freqüentemente em Juizes e Samuel, representa um título nativo dos governadores dos filisteus, não se sabendo coisa alguma a respeito do seu poder. o uso de ‘Senhor’ (kurios), no N.T., é interessante, embora seja muitas vezes de caráter ambíguo. Nas citações do A.T., significa geralmente Jeová, e é também clara a significaçãoem outros lugares (*vejag. Mt 1:20). Mas, fora estas citações, há muitas vezes dúvidas sobre se a referência é a Deus como tal (certamente Mc 5:19), ou ao Salvador, como Senhor e Mestre. Neste último caso há exemplos do seu emprego, passando por todas as gradações: porquanto é reconhecido Jesus, ou como Senhor e Mestre no mais alto sentido (Mt 15:22 – e geralmente nas epístolas – *veja 1 Co 12.3), ou como doutrinador de grande distinção (Mt 8:21 – 21.3), ou ainda como pessoa digna de todo o respeito (Mt 8:6). Deve-se observar que kurios, termo grego equivalente ao latim “dominus”, era o título dado ao imperador romano em todas as terras orientais, em volta do Mediterrâneo. E isto serve para explicar o fato de aplicarem os cristãos ao Salvador esse título, querendo eles, com isso, acentuar na sua mente e na das pessoas que os rodeavam a existência de um império maior mesmo que o de César. Com efeito, o contraste entre o chefe supremo do império romano e Aquele que é o Senhor de todos, parece apoiar muitos dos ensinamentos do N.T. Algumas vezes se usa o termo ‘Senhor’ (Lc 2:29At 4:24, etc.) como tradução de despõtes, que significa ‘dono, amo’, sugerindo, quando se emprega a respeito dos homens, que ao absoluto direito de propriedade no mundo antigo estava inerente uma verdadeira irresponsabilidade. (*veja Escravidão.)

    [...] o Senhor é a luz do mundo e a misericórdia para todos os corações.
    Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Pelo Evangelho


    Senhor
    1) (Propriamente dito: hebr. ADON; gr. KYRIOS.) Título de Deus como dono de tudo o que existe, especialmente daqueles que são seus servos ou escravos (Sl 97:5; Rm 14:4-8). No NT, “Senhor” é usado tanto para Deus, o Pai, como para Deus, o Filho, sendo às vezes impossível afirmar com certeza de qual dos dois se está falando.


    2) (hebr. ????, YHVH, JAVÉ.) Nome de Deus, cuja tradução mais provável é “o Eterno” ou “o Deus Eterno”. Javé é o Deus que existe por si mesmo, que não tem princípio nem fim (Ex 3:14; 6.3). Seguindo o costume que começou com a SEPTUAGINTA, a grande maioria das traduções modernas usa “Senhor” como equivalente de ????, YHVH (JAVÉ). A RA e a NTLH hoje escrevem “SENHOR”. A forma JAVÉ é a mais aceita entre os eruditos. A forma JEOVÁ (JEHOVAH), que só aparece a partir de 1518, não é recomendável por ser híbrida, isto é, consta da mistura das consoantes de ????, YHVH, (o Eterno) com as vogais de ???????, ADONAI (Senhor).


    Senhor Termo para referir-se a YHVH que, vários séculos antes do nascimento de Jesus, havia substituído este nome. Sua forma aramaica “mar” já aparecia aplicada a Deus nas partes do Antigo Testamento redigidas nesta língua (Dn 2:47; 5,23). Em ambos os casos, a Septuaginta traduziu “mar” por “kyrios” (Senhor, em grego). Nos textos de Elefantina, “mar” volta a aparecer como título divino (pp. 30 e 37). A. Vincent ressaltou que este conteúdo conceitual já se verificava no séc. IX a.C. Em escritos mais tardios, “mar” continua sendo uma designação de Deus, como se vê em Rosh ha-shanah 4a; Ber 6a; Git 88a; Sanh 38a; Eruv 75a; Sab 22a; Ket 2a; Baba Bat 134a etc.

    Em algumas ocasiões, Jesus foi chamado de “senhor”, como simples fórmula de cortesia. Ao atribuir a si mesmo esse título, Jesus vai além (Mt 7:21-23; Jo 13:13) e nele insere referências à sua preexistência e divindade (Mt 22:43-45; Mc 12:35-37; Lc 20:41-44 com o Sl 110:1). Assim foi também no cristianismo posterior, em que o título “Kyrios” (Senhor) aplicado a Jesus é idêntico ao empregado para referir-se a Deus (At 2:39; 3,22; 4,26 etc.); vai além de um simples título honorífico (At 4:33; 8,16; 10,36; 11,16-17; Jc 1:1 etc.); supõe uma fórmula cúltica própria da divindade (At 7:59-60; Jc 2:1); assim Estêvão se dirige ao Senhor Jesus no momento de sua morte, o autor do Apocalipse dirige a ele suas súplicas e Tiago acrescenta-lhe o qualificativo “de glória” que, na verdade, era aplicado somente ao próprio YHVH (Is 42:8). Tudo isso permite ver como se atribuíam sistematicamente a Jesus citações veterotestamentárias que originalmente se referiam a YHVH (At 2:20ss.com Jl 3:1-5).

    Finalmente, a fórmula composta “Senhor dos Senhores” (tomada de Dt 10:17 e referente a YHVH) é aplicada a Jesus e implica uma clara identificação do mesmo com o Deus do Antigo Testamento (Ap 7:14; 19,16). Tanto as fontes judeu-cristãs (1Pe 1:25; 2Pe 1:1; 3,10; Hc 1:10 etc.) como as paulinas (Rm 5:1; 8,39; 14,4-8; 1Co 4:5; 8,5-6; 1Ts 4:5; 2Ts 2:1ss. etc.) confirmam essas assertivas.

    W. Bousset, Kyrios Christos, Nashville 1970; J. A. Fitzmyer, “New Testament Kyrios and Maranatha and Their Aramaic Background” em To Advance the Gospel, Nova York 1981, pp. 218-235; L. W. Hurtado, One God, One Lord: Early Christian Devotion and Ancient Jewish Monotheism, Filadélfia 1988; B. Witherington III, “Lord” em DJG, pp. 484-492; O. Cullmann, o. c.; C. Vidal Manzanares, “Nombres de Dios” en Diccionario de las tres...; Idem, El judeo-cristianismo...; Idem, El Primer Evangelio...


    Sera

    abundância

    Será

    substantivo deverbal Ação de ser; ato de se colocar num local, situação ou circunstância determinada no futuro: amanhã ele será o novo diretor.
    Ação de passar a possuir uma identidade ou qualidade intrínseca: ele será médico.
    Ação de apresentar temporariamente determinada forma, estado, condição, aspecto, tempo: um dia ele será rico; o exame será na semana que vem.
    Etimologia (origem da palavra será). Forma Der. de ser.

    substantivo deverbal Ação de ser; ato de se colocar num local, situação ou circunstância determinada no futuro: amanhã ele será o novo diretor.
    Ação de passar a possuir uma identidade ou qualidade intrínseca: ele será médico.
    Ação de apresentar temporariamente determinada forma, estado, condição, aspecto, tempo: um dia ele será rico; o exame será na semana que vem.
    Etimologia (origem da palavra será). Forma Der. de ser.

    (Heb. “abundância”). Filha de Aser, a qual, juntamente com seus irmãos, é listada entre os que desceram ao Egito com Jacó (Gn 46:17; Nm 26:46-1Cr 7:30).


    Strongs

    Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
    Levítico 24: 16 - Texto em Hebraico - (HSB) Hebrew Study Bible

    E aquele que blasfemar o nome do SENHOR, certamente será morto; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do SENHOR, será morto.
    Levítico 24: 16 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

    H1616
    gêr
    גֵּר
    residente temorário
    (a stranger)
    Substantivo
    H249
    ʼezrâch
    אֶזְרָח
    nativo (nascendo do solo)
    (or born)
    Substantivo
    H3068
    Yᵉhôvâh
    יְהֹוָה
    o Senhor
    (the LORD)
    Substantivo
    H3605
    kôl
    כֹּל
    cada / todo
    (every)
    Substantivo
    H4191
    mûwth
    מוּת
    morrer, matar, executar
    (surely)
    Verbo
    H5344
    nâqab
    נָקַב
    furar, perfurar, abrir, determinar
    (Appoint me)
    Verbo
    H5712
    ʻêdâh
    עֵדָה
    a congregação
    (the congregation)
    Substantivo
    H7275
    râgam
    רָגַם
    apedrejar, matar por apedrejamento
    (shall stone him)
    Verbo
    H8034
    shêm
    שֵׁם
    O nome
    (The name)
    Substantivo


    גֵּר


    (H1616)
    gêr (gare)

    01616 גר ger ou (forma completa) גיר geyr (gare)

    procedente de 1481; DITAT - 330a; n m

    1. residente temorário
      1. um habitante temporário, alguém recém-chegado a quem faltam direitos herdados
      2. referindo-se a peregrinos em Israel, embora tenham recebido direitos

    אֶזְרָח


    (H249)
    ʼezrâch (ez-rawkh')

    0249 אזרח ’ezrach

    procedente de 2224 (no sentido de brotar); DITAT - 580b; n m

    1. nativo (nascendo do solo)
      1. referindo-se a homens, israelitas nativos
      2. referindo-se a árvores, nativa (para Israel)

    יְהֹוָה


    (H3068)
    Yᵉhôvâh (yeh-ho-vaw')

    03068 יהוה Y ehovaĥ

    procedente de 1961; DITAT - 484a; n pr de divindade Javé = “Aquele que existe”

    1. o nome próprio do único Deus verdadeiro
      1. nome impronunciável, a não ser com a vocalização de 136

    כֹּל


    (H3605)
    kôl (kole)

    03605 כל kol ou (Jr 33:8) כול kowl

    procedente de 3634; DITAT - 985a; n m

    1. todo, a totalidade
      1. todo, a totalidade de
      2. qualquer, cada, tudo, todo
      3. totalidade, tudo

    מוּת


    (H4191)
    mûwth (mooth)

    04191 מות muwth

    uma raiz primitiva; DITAT - 1169; v

    1. morrer, matar, executar
      1. (Qal)
        1. morrer
        2. morrer (como penalidade), ser levado à morte
        3. morrer, perecer (referindo-se a uma nação)
        4. morrer prematuramente (por negligência de conduta moral sábia)
      2. (Polel) matar, executar, despachar
      3. (Hifil) matar, executar
      4. (Hofal)
        1. ser morto, ser levado à morte
          1. morrer prematuramente

    נָקַב


    (H5344)
    nâqab (naw-kab')

    05344 נקב naqab

    uma raiz primitiva; DITAT - 1409; v

    1. furar, perfurar, abrir, determinar
      1. (Qal)
        1. furar, perfurar
        2. furar, designar
      2. (Nifal) ser furado, ser designado, ser especificado
    2. (Qal) amaldiçoar, blasfemar

    עֵדָה


    (H5712)
    ʻêdâh (ay-daw')

    05712 עדה ̀edah

    procedente de 5707 no sentido original de acessório; DITAT - 878a; n f

    1. congregação, assembléia

    רָגַם


    (H7275)
    râgam (raw-gam')

    07275 רגם ragam

    uma raiz primitiva [veja 7263, 7321, 7551]; DITAT - 2114; v.

    1. apedrejar, matar por apedrejamento
      1. (Qal) apedrejar

    שֵׁם


    (H8034)
    shêm (shame)

    08034 שם shem

    uma palavra primitiva [talvez procedente de 7760 com a idéia de posição definida e conspícua; DITAT - 2405; n m

    1. nome
      1. nome
      2. reputação, fama, glória
      3. o Nome (como designação de Deus)
      4. memorial, monumento