Enciclopédia de Habacuque 1:1-1
Índice
- Perícope
- Referências Cruzadas
- Mapas Históricos
- Apêndices
- Tabela: Profetas e Reis de Judá e de Israel (Parte 1)
- Tabela: Profetas e Reis de Judá e de Israel (Parte 2)
- Livros
- Comentários Bíblicos
- Beacon
- Champlin
- Genebra
- Matthew Henry
- Wesley
- Wiersbe
- Russell Shedd
- NVI F. F. Bruce
- Moody
- Francis Davidson
- Profetas Menores
- Dicionário
- Strongs
Perícope
hc 1: 1
Versão | Versículo |
---|---|
ARA | Sentença revelada ao profeta Habacuque. |
ARC | O PESO que viu o profeta Habacuque. |
TB | Oráculo que o profeta Habacuque viu. |
HSB | הַמַּשָׂא֙ אֲשֶׁ֣ר חָזָ֔ה חֲבַקּ֖וּק הַנָּבִֽיא׃ |
BKJ | O peso que Habacuque, o profeta, viu. |
LTT | |
BJ2 | Oráculo |
VULG |
As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Habacuque 1:1
Referências Cruzadas
Isaías 22:1 | Peso do vale da Visão. Que tens, agora, para que assim totalmente subisses aos telhados? |
Naum 1:1 | Peso de Nínive. Livro da visão de Naum, o elcosita. |
Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.
Mapas Históricos
JOSIAS E A ASCENSÃO DA BABILÔNIA
Josias (639. 609 .C.) foi coroado rei de Judá aos oito anos de idade. O escritor de Crônicas observa que, no oitavo ano de seu reinado (632 a.C.), Josias "começou a buscar o Deus de Davi, seu pai" (2Cr
"Grande é o furor do Senhor que se acendeu contra nós, porquanto nossos pais não deram ouvidos às palavras deste livro" (2Rs
O escritor de Reis afirma que nem mesmo a reforma ampla de Josias foi suficiente para evitar o julgamento iminente do Senhor e cita as palavras da profetisa Hulda: "Eis que trarei males sobre este lugar e sobre os seus moradores, a saber, todas as palavras do livro que leu o rei de Judá. Visto que me deixaram e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem à ira com todas as obras das suas mãos, o meu furor se acendeu contra este lugar e não se apagará" (2Rs
A MORTE DE JOSIAS
A queda da Assíria em 612 a.C.havia provocado um desequilíbrio no poder no Oriente Próximo, Preocupado com a força crescente da Babilônia, o faraó Neco (610-595 a.C.) enviou um exército à Síria para ajudar o que restava das forças assírias e conter os babilônios, afirmando ter recebido essa ordem de Deus. Josias não acreditou no discurso do rei egípcio e o confrontou em Megido, no norte de Israel, em 609 .C., onde morreu em combate. Sua morte prematura aturdiu a nação. Jeremias compôs lamentos' e, cento e trinta anos depois, o profeta Zacarias faria referência à morte de Josias como uma ocasião de grande pranto.
HABACUQUE
A morte de Josias interrompeu de forma brusca o programa de reformas em Judá. Deus parecia ter abandonado seu povo e reis subseqüentes não manifestaram nenhum desejo de seguir ao Senhor. Neco não ficou satisfeito com o governo de Jeoacaz, filho de Josias. Por isso, em Ribla, na Síria, ordenou que fosse substituído por seu irmão Jeoaquim (Eliaquim). Consternado com a destruição e violência ao seu redor, o profeta Habacuque clamou ao Senhor e recebeu uma resposta inesperada: "Vede entre as nações, olhai, maravilhai-vos e desvanecei, porque realizo, em vossos dias, obra tal, que vós não crereis, quando vos for contada. Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcham pela largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas. Eles são pavorosos e terríveis, e criam eles mesmos o seu direito e a sua dignidade. Os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, mais ferozes do que os lobos no anoitecer são os seus cavaleiros que se espalham por toda parte; sim, os seus cavaleiros chegam de longe, voam como águia que se precipita a devorar-lhes todos vêm para fazer violência. Habacuque
NABUCODONOSOR ASSUME O PODER
Avançado em anos, Nabopolassar, rei da Babilônia, colocou o exército sob o comando de seu filho e sucessor ao trono, Nabucodonosor. Em 605 a.C, Nabucodonosor derrotou o exército egípcio em Carquemis, junto ao rio Eufrates (próximo à atual fronteira entre a Turquia e a Síria).? Marchando para para o sul, Nabucodonosor invadiu Judá na tentativa de garantir a lealdade de Jeoaquim de Judá, o antigo vassalo e aliado de Neco.
Quando Jeoaquim estava prestes a se render, Nabucodonosor foi informado da morte de seu pai e voltou à Babilônia pelo caminho do deserto, levando consigo alguns objetos do templo do Senhor e vários jovens da família real e da nobreza de Judá. Quatro desses jovens se mostraram conselheiros valiosos para o novo rei: Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Essa foi a primeira e menor de quatro deportações que acabariam resultando no exílio dos habitantes de Judá na Babilônia.
Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.
Apêndices
Tabela: Profetas e Reis de Judá e de Israel (Parte 1)
Roboão: 17 anos
980Abias (Abião): 3 anos
978Asa: 41 anos
937Jeosafá: 25 anos
913Jeorão: 8 anos
c. 906Acazias: 1 ano
c. 905Rainha Atalia: 6 anos
898Jeoás: 40 anos
858Amazias: 29 anos
829Uzias (Azarias): 52 anos
Jeroboão: 22 anos
c. 976Nadabe: 2 anos
c. 975Baasa: 24 anos
c. 952Elá: 2 anos
Zinri: 7 dias (c. 951)
Onri e Tibni: 4 anos
c. 947Onri (sozinho): 8 anos
c. 940Acabe: 22 anos
c. 920Acazias: 2 anos
c. 917Jeorão: 12 anos
c. 905Jeú: 28 anos
876Jeoacaz: 14 anos
c. 862Jeoacaz e Jeoás: 3 anos
c. 859Jeoás (sozinho): 16 anos
c. 844Jeroboão II: 41 anos
Lista de profetas
Joel
Elias
Eliseu
Jonas
Amós
Tabela: Profetas e Reis de Judá e de Israel (Parte 2)
Jotão: 16 anos
762Acaz: 16 anos
746Ezequias: 29 anos
716Manassés: 55 anos
661Amom: 2 anos
659Josias: 31 anos
628Jeoacaz: 3 meses
Jeoiaquim: 11 anos
618Joaquim: 3 meses e 10 dias
617Zedequias: 11 anos
607Jerusalém e seu templo são destruídos pelos babilônios durante o reinado de Nabucodonosor. Zedequias, o último rei da linhagem de Davi, é tirado do trono
Zacarias: reinado registrado de apenas 6 meses
Em algum sentido, Zacarias começou a reinar, mas pelo visto seu reinado não foi plenamente confirmado até c. 792
c. 791Salum: 1 mês
Menaém: 10 anos
c. 780Pecaías: 2 anos
c. 778Peca: 20 anos
c. 758Oseias: 9 anos a partir de c. 748
c. 748Parece que foi somente em c. 748 que o reinado de Oseias foi plenamente estabelecido ou recebeu o apoio do monarca assírio Tiglate-Pileser III
740A Assíria conquista Samaria e domina 1srael; o reino de Israel de dez tribos, ao norte, chega ao seu fim
Lista de profetas
Isaías
Miqueias
Sofonias
Jeremias
Naum
Habacuque
Daniel
Ezequiel
Obadias
Oseias
Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.
Livros
Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.
Comentários Bíblicos
Beacon
HABACUQUE
H. Ray Dunning
Introdução
- O Profeta
O conhecimento que possuímos sobre a pessoa de Habacuque é muito pouco. O livro menciona apenas o nome do profeta e, na Bíblia, ocorre somente aqui. Há tradições que em grande medida são fantasiosas, mas, talvez, haja alguma partícula de verdade histó-rica. Até a derivação de seu nome admite várias possibilidades.
Primeiramente, o nome é bem parecido com a palavra assíria humbalcuku, que é o nome de uma flor. Também está relacionado com a palavra hebraica que significa "aper-tar" ou "abraçar". Este ponto de vista foi sustentado por Jerônimo e mantido por Martinho Lutero, que o verteu a uma interpretação interessante: "Ele abraça o seu povo e o leva nos braços, ou seja, o consola e o levanta, como alguém que abraça a criança ou pessoa chorona para acalmá-la com a garantia de que, se Deus quiser, tudo vai melhorar".
Jerônimo interpretou o nome de forma a indicar o amor do profeta por Deus ou que discutiu com Deus para fazer alegações lógicas e persuasivas. A tradição rabínica tam-bém é de opinião que "abraçar" é o sentido do radical de seu nome, e apresenta Habacuque como filho da mulher sunamita que Eliseu restaurou à vida (II Reis
De 3.19, conjectura-se que Habacuque tinha qualificações oficiais para tomar parte no canto litúrgico do Templo, ou seja, era integrante do coro do Templo. O arranjo musi-cal do capítulo 3 apóia esta opinião. Neste caso, pertencia a uma das famílias dos levitas que tinha a incumbência de cuidar da música do Templo.
Habacuque é exemplo da ocorrência rara em que um dos profetas é chamado "o profeta" (1.1, nabi). Este título nos leva a crer que as pessoas reconheciam que era um profeta profissional.
Há outra fonte de informação intitulada Leis dos Profetas. Data de cerca de fins do século IV, mas de autoria incerta e de texto considerado bastante ambíguo. Esta obra relata que, quando Nabucodonosor veio contra Jerusalém, Habacuque fugiu para um lugar chamado Ostraquine, no litoral egípcio. Depois que os caldeus foram embora, vol-tou para sua pátria, onde morreu e foi enterrado, dois anos antes dos judeus exilados voltarem da Babilônia em 537 a.C.
- O Período
A mensagem de Habacuque não está limitada a tempo; contudo, sua época levanta as perguntas que ele faz. Era contemporâneo do profeta Jeremias, cujo livro é datado tradicionalmente ao redor de 600 a.C., não muito tempo antes do cativeiro babilônico em 586 a.C. A questão da data é mais importante no estudo deste livro do que em muitos outros. Na realidade, está estreitamente relacionada com a interpretação da mensagem. Se conseguíssemos determinar conclusivamente quem eram os povos que preocupavam Habacuque, poderíamos situá-lo historicamente com mais precisão. Este é um dos problemas complicados do Antigo Testamento. Não há fonte extrabíblica pela qual possa-mos definir quem eram os inimigos. Esta falta obriga o estudante a depender totalmente do teor da profecia, o que está longe de ser conclusivo. O principal problema é identificar o "ímpio" a quem denuncia no primeiro parágrafo (1.4). O único consenso geral sobre a data é que o livro está situado entre 697 e 586 a.C.
Os rolos do mar Morto, coletânea de escritos descoberta em 1947/1948 nas proximi-dades do mar Morto, exercem muita influência em grande parte do estudo do Antigo Testamento. Entre os documentos, há um comentário sobre o livro de Habacuque. Este comentário é considerado a prova mais antiga "do texto de Habacuque talvez por muitos séculos".2 Os estudiosos o datam no século I a.C. Por conseguinte, tem grande peso nas interpretações mais recentes de Habacuque.
Taylor'destaca três questões, as quais afirmam que os rolos do mar Morto elucidaram:
- O capítulo 3 não era parte original do livro. O comentário só tratou dos capítulos
1: ; nada fala sobre o capítulo 3. A maneira como o livro foi enrolado invalida a objeção de que o capítulo 3 tenha sido arrancado. Isto não quer dizer que Habacuque não foi o autor do capítulo 3. A posição de J. H. Eaton é que o profeta o compôs mais tarde como salmo litúrgico e, subseqüentemente, o acrescentou à obra original. É plausível.2 - O uso do nome "caldeus" em 1.6 é genuíno. Este era um dos principais pontos de debate. Ao considerar uma palavra estreitamente relacionada como substituto (chittim), certos expositores esforçaram-se em interpretar que os vingadores que o Senhor utiliza-va eram os gregos de Alexandre, o Grande. O comentário encontrado entre os rolos do mar Morto teria tido toda razão em usar esta palavra substituta, mas retém a leitura tradicional. Pelo visto, isto é bastante decisivo em limitar a interpretação da passagem ao período dos caldeus.
- O livro de Habacuque teve muitos textos variantes até o século I a.C. Isto permite que as numerosas pretensas composições ao longo dos anos foram examinadas exausti-vamente por muitos estudiosos. É óbvio que este texto variou ao ser copiado, mas grande parte das alterações nas passagens para se ajustar às várias teorias é bastante arbitrá-ria e imaginativa.
C. Os Problemas
Dois problemas incomodam o profeta. Ambos têm a ver com a maneira com que Deus lida com os homens. Habacuque é um dos poucos que foram ousados em argumen-tar e discutir com Deus. Talvez o versículo fundamental seja 2.1: "Sobre a minha guarda estarei, e sobre a fortaleza me apresentarei, e vigiarei, para ver o que fala comigo e o que responderei, quando eu for argüido".
A resposta crucial está em 2.4b: "Mas o justo, pela sua fé, viverá".
A QUEIXA DE HABACUQUE
- TÍTULO, 1.1
Embora Habacuque seja chamado profeta (nabi), não é um mensageiro no sentido tradicional. A função do profeta era falar com o povo em nome de Deus para proclamar a vontade divina que foi recebida em revelação especial. No caso dele, vemos justamente o inverso: Fala com o Senhor em nome do povo. Mantém um discurso com Deus e o faz de maneira tal que quase chegamos a classificá-lo de cético em vez de profeta. "Este é o começo da especulação em Israel".'
É possível que o que realmente temos aqui seja um vislumbre da vida interior de um profeta; os conflitos secretos antes da proclamação. De certo modo, um tanto quanto diferente, temos a mesma coisa no caso de Oséias, cujos problemas matrimoniais lhe prepararam o coração para a mensagem que tinha de anunciar. Com Habacuque, pode ser a elaboração trabalhosa, na bigorna da vida, de um ponto teológico fundamental de sua pregação pública. Esta idéia estaria de acordo com a argumentação de Davidson,2 a qual defende que o verdadeiro tema do livro é a destruição dos caldeus narrada no capítulo 2.
Peso (1; "oráculo", ECA; "sentença", ARA; "mensagem", NTLH; "advertência", NVI) implica revelação. Refere-se muitas vezes a acontecimentos futuros e também é usado com relação ao pronunciamento de destruição (cf. Ob 1).
- O PROBLEMA DO PROFETA, 1:2-4
É precisamente no ponto de identificar a ocasião da queixa que surge a maior diver-sidade de interpretações. Há pelo menos cinco opiniões nitidamente diferentes, cada qual com uma defesa elaborada de sua posição. A interpretação que requer mais malaba-rismo do texto é a que identifica o ímpio (4) com os próprios caldeus. Porém, o estabele-cimento da veracidade da leitura do versículo 6 no tempo futuro, sensatamente elimina esta identificação. O candidato mais provável, ainda que com pouca probabilidade, é o Egito. Se a profecia for colocada durante o primeiro reinado de Jeoaquim, há boas razões para o Egito ser o objeto da queixa de Habacuque. O referido rei de Judá era vassalo do Egito durante o reinado de Faraó-Neco, que há pouco matara Josias e estabelecera posi-ção segura na Ásia a leste da Palestina.
Outra resposta mais provável e que recebe apoio considerável é identificar o ímpio com a Assíria, que fora o foco da atenção de Naum. Este terror das nações oprimia Judá e exercia grande influência em seus assuntos internos. Igualmente foram os caldeus que deram um fim a esta grande e temível nação.
Há um argumento a favor da opinião de que a queixa é dirigida à interferência estrangeira: a ausência de exortação ao arrependimento. Supõe-se que haveria tal exor-tação se a queixa fosse por causa das "maldades nacionais".3 Seguir esta linha de argu-mentação leva à conclusão de que
1) a profecia foi escrita durante os dias de Josias, quando a idolatria era proibida; e que
2) o profeta levantava um lamento por seu povo em virtude da opressão imerecida que os estrangeiros exerciam sobre eles.
Contudo, é muito provável que esta queixa seja ocasionada pelo mal dentro da pró-pria nação do profeta de Judá. Esta é a interpretação tradicional e a que faz mais sentido no quadro geral, como revela a natureza da segunda queixa.
Até quando? (2), o profeta clama, mas Deus não ouve. Então questiona o Senhor. Por que é que Deus nada faz? Trata-se do problema clássico: "A verdade está sempre no patíbulo. O mal está sempre no trono". A situação excruciante surge da vasta discrepân-cia entre fé e fato. Se Deus é justo e soberano, por que o justo sofre enquanto o ímpio prospera? Esta é a pergunta feita por milhares de pessoas de todas as épocas. O proble-ma que Habacuque trata em nível nacional é o mesmo que o livro de Jó menciona na esfera pessoal. É mais fácil lidar com o problema em nível pessoal; portanto, a prova para a fé de Habacuque é muito mais severa.
Só quem possui fé em um Deus bom tem problema com relação ao governo do mun-do. Quem acredita em politeísmo ou numa deidade indiferente ou má, não tem problema com as injustiças flagrantes no mundo. É a fé monoteísta que tem de lutar por sua exis-tência em face dos fatos que a desafiam.
Muitos julgam que é um atrevimento questionar a operação de Deus. Esta posição é falsa e a prova é a inclusão das reclamações de Jó e Habacuque na Bíblia. Se precisarmos de mais provas, ouçamos o grito do Calvário: "Deus meu, Deus meu, por que me desampa-raste?" (Mt
No versículo 2, o profeta usa dois verbos para denotar clamor. O primeiro (clama-rei) é usado especialmente como clamor de ajuda; o segundo (gritarei) significa gritar quando a pessoa leva um susto. Ambos os verbos também são empregados em Jó
As injustiças civis eram abundantes (3), situação também prevalecente no século VIII a.C., nos dias de Amós e Oséias que clamaram com veemência contra tais perversões. Há três pares de substantivos usados para destacar a situação: iniqüidade e ve-xação (perversão), destruição e violência, e contenda e litígio (cf. Is
A lei (4) é a Torá, o termo judaico para referir-se à lei de Moisés. Sentença e juízo (ambos tradução de mishpat) dizem respeito à prática ou costume estabelecido. 4 A Torá era o manancial de toda a justiça legal, mas aqui as pessoas eram despojadas de seus benefícios, principalmente porque o ímpio cerca o justo. O verbo hebraico traduzido por se afrouxa quer dizer "fica entorpecida" ou "fica paralisada" (cf. Gn
SEÇÃO II
A RESPOSTA DE DEUS
- A OBRA DE DEUS, 1:5
A resposta de Deus para Habacuque é esta certeza consoladora: Eu estou emepenhado. A frase vede entre as nações mostra o lugar onde o Senhor trabalha. A mesma palavra é traduzida no versículo 13 por "os que procedem aleivosamente". Diversos expositores sugerem que o versículo 5 deveria ter a leitura: "Vede, incrédulos" (i.e., judeus incrédu-los; 1 cf. Atos
No original hebraico, o aviso: maravilhai-vos, e admirai-vos contém duas formas do mesmo verbo. Taylor sugere a seguinte reprodução: "Estremecei e ficai horrorizados". 3
O profeta declara: Vós não crereis no que Deus fará. Era inacreditável que a colos-sal estátua de ferro da Assíria tivesse pés de barro e logo estatelaria no chão.4 Ou, talvez fosse incrível aos judeus que Deus lhes entregasse nas mãos uma nação estrangeira -que tinha o Templo, os sacrifícios e a cidade de Davi.
A frase em vossos dias limita a profecia à vida das pessoas a quem o profeta se dirigia, se quisermos manter a integridade do livro.
- O INSTRUMENTO DA OBRA DE DEUS, 1:6-11
O vocábulo caldeus (6) é derivado da palavra hebraica kasdim, que é o termo babilônico e assírio kaldu mencionado nas inscrições assírias de cerca de 880 a.C. Os kaldu habitavam na região mais baixa da Babilônia. Em 721 a.C., Merodaque-Baladã tornou-se rei e reinou por 12 anos (Is
Pela época da data tradicional de Habacuque, já fazia 20 anos que Nabopolassar estava no trono e era bem conhecido em Judá. Esta data limita a significação profética da primeira visão. No esforço de explicar isto, Driver sustenta que a palavra suscito significa: "Estou suscitando para estabelecer e confirmar", para dizer que a Babilônia ainda não estava em posição de desafiar o domínio da Assíria.
Em seguida, Habacuque passa a fazer uma descrição dos invasores caldeus.
- Seu Caráter (1,6)
Os caldeus eram nação amarga e apressada, "uma nação selvagem e ameaçadora dominada por impulsos violentos, que sem pensar cometiam ações terríveis".5
- Sua Arrogância (1,7)
A declaração: Dela mesma sairá o seu juízo e a sua grandeza, é mais bem traduzida por "criam eles mesmos o seu direito e a sua dignidade" (ARA). Os caldeus tornaram-se "lei para si mesmos" (cf. NTLH), ao presumirem superioridade política. Juízo é mishpat, que ocorre no versículo 4 (ver comentários ali) ; aqui indica direito legal e moral. O direito internacional não era um conceito para tais tribos bárbaras, nem havia a idéia de lei natural que estipulasse os cânones universais da justiça. O poder era o que determinavam, e os padrões de justiça eram erigidos em sua supremacia militar.
- Sua Tática (1,8)
Os leopardos estão entre os animais mais velozes de todos e que ficam à espreita de suas presas, sobre as quais pulam inesperadamente. Os lobos à tarde são mencionados duas vezes nas Escrituras (cf. Sf
- Suas Conquistas (1,9)
Este é um dos versículos mais difíceis do livro. A primeira frase está devidamente inteligível, mas a seguinte é dúbia, e deixa o texto ambíguo. Esta tradução: "O terror deles vai adiante deles" (RSV), é reconhecidamente uma emenda do texto. Certos comen-taristas dão o significado de que a conquista do território é tão veloz e ávida que parece que o engolem. Esta interpretação apóia-se na palavra hebraica traduzida por buscará. Está relacionada a um verbo que em Gênesis
A interpretação mais consistente diz que esta passagem refere-se às conquistas, que se assemelhavam ao forte vento oriental que irredutivelmente avançava.
- Sua Invencibilidade (1,10)
Não há poder que resista à vitória arrasadora dos caldeus. Eles marcharão com menosprezo sobre todos que ousarem resistir. Amontoando terra diz respeito à tática militar de fazer montículos até à altura do muro dos defensores. Assim, os guerreiros atacantes estavam em nível com os defensores e anulavam a proteção dos muros.
- Sua Exaltação (1,11)
A primeira frase é excessivamente difícil.' Pelo visto, há três etapas na auto-exaltação dos caldeus:
1) Estavam tão cheios de orgulho por terem tomado as fortalezas que muda-ram de direção e passaram para novas conquistas, talvez para Judá.
2) E se farão cul-pados é tradução apoiada por Lehrman.
3) 0 terceiro passo é fortalecer o seu deus. Este é o consenso, em oposição a atribuindo este poder ao seu deus. Em todo caso, signi-fica que, ao divinizar seu próprio poder, se tornaram culpados de negar a Deus.
Eaton argumenta que esta descrição (6-11) não estabelece com precisão o avanço dos exércitos babilônicos. Se este julgamento for aceito, não há porque nos inquietar. A visão de Habacuque é uma descrição do tipo apocalíptico de uma visitação de julgamento. Certos expositores defendem que estes invasores são figuras apocalípticas sem terem contrapartes históricas em particular. Talvez, a posição aceitável seja que, mesmo que esta não seja descrição histórica detalhada, é referência a um determinado povo e sua tarefa como instrumento de Deus.
Temos aqui, implicitamente, uma filosofia da história que se harmoniza com os vis-lumbres dos grandes profetas, como Isaías. Deus é o Senhor da história, que transforma a fúria dos homens em Seu louvor. O Todo-Poderoso usa os homens que têm outros objetivos e atribuem seu poder a outras fontes para atingir seus propósitos na história. Assim, seu governo está seguro e, ao mesmo tempo, as nações permanecem responsáveis por suas ações. Contudo, esta fé levanta outro problema, talvez até mais grave para Habacuque, o qual ele continua a questionar.
SEÇÃO III
HABACUQUE REPLICA A DEUS
Agora, a pergunta de Habacuque não é: Por que este tipo de mundo?, mas: Por que o Senhor é como é? Este é um novo tipo de especulação em Israel. O profeta tem uma fé básica no tipo de Deus conhecido por Israel, e soa-lhe incompatível que o Todo-poderoso use um instrumento tão injusto como os caldeus. Nós não morreremos (12) pode ter a leitura: "Tu não morrerás" (Moffatt; cf. NVI; NTLH). Se esta leitura for mantida, torna-se expressão de fé apesar das dúvidas do profeta. O significado também se ajusta à última parte do versículo que relata por que Deus estabeleceu a nação caldéia — para castigar, ou seja, para corrigir seu povo.
Habacuque não tem dúvida sobre a santidade de Deus. Esta característica divina é de natureza absoluta e moral: Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação ("maldade", NVI) não podes contemplar (13). A santidade de Deus não pode tolerar o pecado e qualquer forma de mal. Mas o problema é que o povo escolhido para ser castigado é mais justo que o povo que administra o castigo. O medo toma conta do coração do profeta ao ver o avanço voraz dos caldeus e perceber que logo o seu povo, até o remanescente fiel, será apanhado na rede.
Os homens tornam-se como os desgraçados peixes do mar (14), ou as minhocas (cf. "cardumes", BV), sem líder diante do avanço inexorável. O quadro da pesca é desenvolvi-do. O pescador (a Caldéia) os apanha com o anzol (15) e atrai muitos peixes do mar com a rede e a rede varredoura ("arrastão", ECA). Este processo continua até encher as redes. Depois, amontoa os peixes na praia para que morram.'
Sacrificar até sua rede (16) deve ser comparado ao versículo 11, e indica que adora-vam sua força e poder. Queimar incenso ao seu arrastão sugere que viviam no luxo, regozijando-se em auto-adoração, fazendo da força seu deus.
Desesperado, Habacuque conclui seu lamento no versículo 17 com estas palavras comoventes (tradução de Smith-Goodspeed) :
Continuará ele esvaziando sua rede para sempre, E nunca cessará de aniquilar as nações?
Champlin
Genebra
Autor
As únicas informações confiáveis sobre Habacuque e sua atividade profética nos vêm deste livro. O significado de seu nome é incerto. Pode estar ligado a uma palavra hebraica que possui o sentido de “abraçar”, ou ao nome de uma planta assíria, o hambacucu. O primeiro parece referir a sua proximidade com Deus; o último pode sugerir a influência da cultura assíria na sociedade judaica. A referência a Habacuque como “o profeta” em 1.1, pode implicar em que ele era uma figura muito conhecida. Sua utilização do culto e da tradição de sabedoria de Israel em suas pregações deu margem à noção duvidosa de que ele tenha sido um profeta ligado ao templo de Jerusalém, embora a idéia de que ele tenha trabalhado em Jerusalém seja bastante atraente. Entretanto, podemos estar certos de encontrar em seu livro um verdadeiro profeta, com um zelo apaixonado pela glória do Senhor. Sua “mensagem” ou “oráculo” (1.1 e referência lateral) é notável pelo fato de não ser voltada para o povo, mas uma resposta a seus próprios questionamentos angustiosos.
Data e Ocasião
Uma prova objetiva para a datação da atividade profética de Habacuque é encontrada em 1.6. A referência aos caldeus ou neobabilônios como o novo poder ameaçador, indica o período que sucede ao colapso do Império Assírio (612-605 a.C.), mas antes que os exércitos caldeus, de Nabucodonosor II, tornassem Jerusalém e deportassem o jovem rei Joaquim para a Babilônia em 597 a.C. (2Rs
Um importante acontecimento durante esse período foi a batalha de Carquemis em 605 a.C., quando o Faraó-Neco II e seu exército egípcio, que tinham vindo auxiliar os assírios contra os babilônios, foram totalmente derrotados por Nabucodonosor II. Pouco mais tarde, também Judá, como outros reinos outrora independentes da Siro-Palestina, foram subjugados pelos neobabilônios. A visão inspirada de Habacuque, portanto, pode ser datada como pertencendo ao período entre 605 e 600 a.C., quando os babilônios se tornaram a força dominante no cenário internacional, rechaçando impiedosamente qualquer oposição (1.5-17).
Esse período de ameaça internacional coincide com uma crescente deterioração moral e espiritual em Judá. O reino nefasto de Jeoaquim criou um triste contraste com o de seu pai, o bom rei Josias (13
Características e Temas Os profetas não eram apenas inspirados pregadores das mensagens de Deus ao seu povo; eles também partilhavam o desagrado do Senhor por seu mundo corrompido e de sua profunda inquietação pela inconstância do seu povo. Nesse sentido, Habacuque se assemelha muito a Jeremias. Porém ainda mais evidente do que em Jeremias, o diálogo de Habacuque com Deus e suas constantes orações (2.1; 3.2,16) assumem o lugar da pregação profética no cerne de sua mensagem.
Habacuque, um homem com um zelo apaixonado pela honra de Deus (1.12; 3.3), viveu uma profunda crise espiritual devido à aparente indiferença de Deus às terríveis condições espirituais de seu povo (1.2-4). A ausência da vida e da obediência segundo a aliança ofereciam grande perigo para o povo de Deus; porém, mais do que isso, era uma rejeição da aliança e um insulto contra o próprio Deus. Ciente de que apenas a intervenção divina poderia mudar essa situação de morte, Habacuque era insistente em seu apelo ao Juiz celeste, mesmo quando parecia ser em vão (1.2). Em resposta a Habacuque, Deus revelou que os caldeus que surgiam no cenário da história (1,6) seriam o seu instrumento de castigo. Essa cura parecia ainda pior do que a doença, o que só fez aumentar a angústia do profeta (1.12-17). Como poderia o Deus Santo, que não pode tolerar o pecado (1.13), valer-se de pessoas tão ímpias para realizar os seus propósitos? Será que Deus realmente distingue o bem e o mal em sua soberania sobre a história?
Convicto de que os acontecimentos da história não eram determinados por um destino cego mas pelo Deus justo e santo de Israel, Habacuque esperou no Senhor até receber as respostas às suas indagações (2.1). A resposta de Deus veio através de uma visão, apresentada em 2.2,3, que oferece uma perspectiva verdadeira da história e a promessa divina quanto aos seus resultados. Essa resposta não soluciona todos os seus dolorosos questionamentos, mas ensina o povo de Deus o caminho da vida em aliança imediatamente (2.3,4). Isso significa o caminho da perseverança na esperança, aguardando com confiança o cumprimento das promessas infalíveis de Deus. Embora os caminhos do Senhor sejam inescrutáveis, seus propósitos são coerentes. Eles culminam na vida verdadeira para os que são fiéis, mas em lamento e morte para os arrogantes e auto-suficientes (2.4). A presença de Deus em seu templo o confirma como Senhor da história e nos assegura de que no final, sua legítima reivindicação ao domínio do mundo inteiro será universalmente conhecida (2.14,20; Is
A revelação da soberania de Deus sobre a história transforma o lamento de Habacuque em um hino de alegria (3.2-20). Ao invés de esperar passivamente pela intervenção de Deus, ele agora ora de maneira positiva para que Deus aja de acordo com as obras e qualidades que ele demonstrou no Êxodo e no Sinai.
Antecipando o futuro, em sua oração Habacuque celebra a vinda do Senhor (3.3-7); seu juízo contra a natureza e as nações (3.8-12), e seu triunfo sobre toda a oposição (3.13-15). A partir da sua perspectiva de fé, mesmo a ameaça de uma grande calamidade não pode arrefecer a arrebatadora expectativa de Habacuque pela salvação que há de vir, uma salvação garantida pela fidelidade de Deus a si mesmo e à sua revelação (3.17-19).
Paulo utiliza Habacuque
2) revela, em princípio, a forma como Deus lidaria com a incompatibilidade entre o pecado e santidade. A cruz de Cristo e o juízo final são o cumprimento da sua revelação. Como Habacuque, Paulo afirma que a verdadeira vida só é possível num relacionamento de total dependência do Senhor. Essa dependência, baseada na fidelidade a nosso Deus, transforma nossa existência neste mundo, preenchendo nossas vidas com alegria e a certeza da fidelidade de Deus a suas promessas (2.3; 3:17-19).
Por essa razão Habacuque pode ser chamado o “pai” da Reforma. Os conceitos-chave de sua pregação, conforme são assumidos por Paulo, influenciaram profundamente a Calvino e a Lutero, terminado por tornar-se ao slogan da Reforma. Somente a perspectiva da fé, da confiança perseverante e obediência em Deus, dá sentido à existência do homem neste mundo, entre o “já” do cumprimento das promessas de Deus e o “ainda não” de sua realização final.
Esboço de Habacuque
I. Introdução (1.1)
II. Primeiro lamento: o povo de Deus se afastou da vida na aliança (1.2-4)
III. Primeira resposta: O Senhor envia os babilônios (1.5-11)
IV. Segundo lamento: Por que os ímpios babilônios (1.12-17)?
V. Segunda resposta: vida para os fiéis e aflição para os ímpios (cap. 2)
A. A distinção crucial é revelada (2.1-5)
B. Da aflição a adoração (2.6-20)
VI. A oração do profeta (cap. 3)
A. Invocação (3.1,2)
B. A auto-revelação de Deus (3.3-15)
C. A expectativa jubilosa da fé (3.16-19)
Vivendo pela Fé (2.4)
A resposta do profeta às difíceis perguntas propostas a eles. O justo viverá pela fé.
Pergunta 1:
Por que Deus não retribui ao ímpio e às injustiças na terra (1.2-4)?
Resposta.
Ele não tardará a retribuir usando a Babilônia como instrumento de castigo (1.5-11).
Pergunta 2:
Por que Deus se vale dos ímpios babilônios para castigar aqueles que são mais justos do que eles (1.12,13)?
Resposta.
Deus escolheu este plano de ação (2.2,3). A pessoa justa viverá pela fé em Deus (2.4). Ai daqueles que são injustos! (2.6-20).
1.1
ao profeta Habacuque. Ver Introdução: Autor.
Sentença. Ou, “oráculo”, “profecia”, é geralmente um termo técnico usado para indicar profecia de julgamento contra uma nação estrangeira (Is
revelada. A mensagem divina tomou a forma de uma revelação sobrenatural declarada à visão ou audição interior do profeta (Mq
* 1.2-4
A primeira queixa de Habacuque: o profeta está aflito e angustiado por ver como o povo de Deus continuamente se desviava de uma vida alicerçada na Aliança. Ele não vivia mais como um povo salvo e escolhido (Êx
* 1.2
Até quando. A pergunta impaciente, característica dos salmos de lamentação (Sl
clamarei eu. Isto indica o alto clamor de alguém em profunda aflição (Sl
Violência. Este termo resume a transgressão deliberada, brutal e insensível dos direitos e privilégios dos membros da comunidade da Aliança.
não salvarás. Habacuque observa dolorosamente a aparente indiferença e inatividade do Senhor em face do sofrimento injusto.
* 1.3
Por que. A pergunta dá continuidade à queixa (conforme Lm
opressão. Lit. “trabalho” ou “labuta” que leva à angústia, à exaustão, e ao desespero.
contendas, e o litígio. A maldade sem controle resulta numa comunidade dividida repleta de suspeitas, acusações, e ataques pessoais.
* 1.4 a lei se afrouxa. Lit. “A lei está entorpecida.” A palavra para “lei” (hebraico torah) denota o padrão divinamente revelado para a vida dentro da Aliança. O poder e a influência dos ímpios tinham deixado a lei ineficaz.
o perverso. Aqueles em Israel que rejeitavam a vontade e a lei do Senhor.
* 1.5-11 A primeira resposta de Deus: o Senhor enviará os babilônios para julgar seu povo. Ele usa instrumentos incomuns contra seu povo infiel — os terríveis babilônios (conforme Is
* 1.5 maravilhai-vos... não crereis. O método de Deus — a vitória dos perversos sobre os “mais justos” (v. 13) — iria colocar uma pedra de tropeço para a fé dos que ouviam Habacuque.
*
1.6 suscito. O Deus soberano de Israel controla toda potência da História, incluindo os agressivos caldeus.
caldeus. Também chamados de babilônios, ou neo-babilônios, os caldeus atingiram o poder quando o Império assírio caiu. Nínive, a capital da Assíria, foi destruída em 612 a.C. Os caldeus governaram até que sua capital, a Babilônia, foi destruída pelos persas em 539.
* 1.7 eles mesmos... direito. Isto descreve a arrogância do inimigo por vir, cujos padrões de ação e honra eram inteiramente egoístas.
* 1.8, 9
Figuras intensas retratam a velocidade e resolução desses guerreiros ferozes e conquistadores.
* 1.10 Eles escarnecem dos reis. Os assustadores exércitos babilônios olham para os obstáculos como desafios e tratam sua oposição com menosprezo.
amontoando terra, as tomam. Rampas de cerco construídas pelos invasores para obter acesso aos muros fortificados de uma cidade.
* 1.11 cujo poder é o seu deus. Ou, “este seu poder e seu deus.” O orgulho, especialmente a deificação do seu próprio poder, é uma ofensa contra Deus, o único que merece nossa adoração.
* 1.12-17 A segunda queixa de Habacuque: o plano do Senhor de usar os perversos babilônios para punir Israel parece estar em flagrante oposição ao próprio caráter revelado de Deus.
*
1.12 desde a eternidade. Sendo o eterno Deus da História e Senhor do seu povo, ele tem liberdade de escolher os agentes do castigo. Mas apesar de afirmar esta verdade, a revolta de Habacuque a nega.
meu Deus, ó meu Santo. Um relacionamento pessoal com o Deus incomparável, o Santo, faz com que a confusão se torne em convicção de que a angústia presente não será o fim. E Habacuque vai ainda livrar-se da confusão em que se encontra.
ó Rocha. Este antigo nome mosaico para Deus enfatiza a fidedignidade e proteção divinas (Dt
* 1:14
Por que fazes. Uma ousada acusação de Habacuque. Se o Senhor tolera as más ações dos babilônios, ele se torna responsável pela sorte de suas vítimas.
homens como os peixes. A figura da Babilônia como um pescador pegando peixes indefesos é desenvolvida nos vs. 14-17. A pesca era uma importante atividade na Babilônia, que estava localizada na região dos rios Tigre e Eufrates e era delimitada ao sul pelo Golfo Pérsico. Alguns antigos afrescos de parede encontrados no Oriente Médio retratam governantes vitoriosos levando seus cativos em redes de pescaria.
não têm quem os governe. Não havia quem os protegesse. Reis no antigo Oriente eram vistos como os protetores do seu povo (1Sm
*
1.16 sacrifício. Os instrumentos de seu sucesso são idolatrados e adorados (v. 11, nota).
Matthew Henry
1. Queixa do Habacuc (1.1-2,20)
2. Oração do Habacuc (3.1-19)
Quando Habacuc estava preocupado, levava suas preocupações diretamente a Deus. depois de receber as respostas de Deus, correspondia com uma oração de fé. O exemplo do Habacuc nos deve respirar quando enfrentamos luta para passar da dúvida à fé. Não devemos ter medo de lhe perguntar a Deus. O problema não está na forma em que Deus atua, a não ser no entendimento limitado que temos dele.
Megatemas TEMA EXPLICACION IMPORTÂNCIA Luta e dúvida Habacuc perguntou a Deus por que os malvados do Judá não recebiam o castigo por seu pecado. Não entendia como um Deus justo permitia que existisse uma maldade assim. Deus prometeu que utilizaria aos babilonios para castigar ao Judá. Quando Habacuc clamou pedindo respostas em seus momentos de luta, Deus lhe respondeu com palavras de esperança. Deus quer que vamos a ele com nossas lutas e dúvidas. Mas possivelmente suas respostas não sejam as que esperamos. Deus nos sustenta revelando-se. A confiança nele nos leva a uma esperança aprazível, não a uma resignação amarga. Soberania de Deus Habacuc perguntou a Deus por que ia utilizar aos malvados babilonios para castigar a seu povo. Deus disse que também castigaria aos babilonios depois que cumprisse seu propósito. Deus segue levando as rédeas deste mundo a pesar do aparente triunfo do mal. Deus não passa por cima o pecado. Algum dia governará toda a terra com uma justiça perfeita. Esperança Deus é o Criador; ele é todo-poderoso. Tem um plano e o levará a cabo. Castigará o pecado. ele é nossa fortaleza e nosso refúgio. Podemos confiar em que nos amará e cuidará nossa relação com ele para sempre. Esperança significa ir além de nossas desagradáveis experiências diárias, até o gozo de conhecer deus. Vivemos porque confiamos nele, não pelos benefícios, nem a felicidade, nem o êxito que possamos experimentar na vida. Nossa esperança provém de DeusWesley
Por Claude A. Ries
Esboço
I. Habacuque pergunta por que Deus permite tirania de errado (HcIntrodução
Não se pode entrar no espírito e verdades profundas dos Profetas Menores, sem sentir seu up-to-dateness e relevância para o nosso dia. Isto é especialmente verdadeiro de Habacuque. Habacuque, o trabalho dos profetas, foi contemporâneo de Jeremias.Ambos Jó e Habacuque lidar com o problema já vexatório: Por que os maus prosperam e os justos sofrem? Com Jó era pessoal. Com Habacuque foi nacional. Ambos são muito perplexo, mas encontrar as suas respostas, não em racionalizações intelectuais, mas em simples confiança em Jeová. Fé deu sua facilidade coração e de paz. Para colocá-lo nas palavras de Raymond Calkins: "... ele tem preensão da mão de Deus e veio para a experiência de sua presença amorosa ... (conforme Jó
III. PROPÓSITO
No enunciado de uma grande verdade primal, George L. Robinson encontra o propósito fundamental do livro em "a doutrina da justificação pela fé (Hc
Habacuque foi o profeta que cantou na noite!
Comentário sobre Habacuque
Habacuque fala em linha reta desde o ombro até o Senhor e não é repreendido por Ele. Como clamarei eu, e tu não me escutarás? Habacuque em desespero soluça: . Eu choro ... eu grito Aqui são duas palavras distintas para chorar: (1) chorar em perigo para ajudar (shawa' ; conforme Sl
Jeová responde de Habacuque "porquê" com, Eis que ... Eu estou trabalhando [nos bastidores] uma obra em vossos dias, o que vocês não vão acreditar que ele for contada. Eis que ... olha ... maravilha: . aqui estão três imperativos Eis que vos entre as nações, diz o Senhor. Ele os convida a observar Suas operações entre as nações que estão prontos para julgamento. Judá não será exceção (conforme Jr
Assegurando-se da realidade de Deus, ele proclama corajosamente, nós não morreremos (v. Hc
Para Habacuque Deus era real, e não menos assim foram as tristes realidades sobre ele. Estes confundiu até mesmo como eles fizeram o salmista (Sl
Nos versículos
Wiersbe
Você já observou a injustiça e a vio-lência deste mundo e perguntou-se: "Por que Deus não faz alguma coi-sa a respeito de tudo isso?". Parece que o perverso prospera, e o justo, sofre. As pessoas devotas oram, mas parece que as orações delas não fazem nenhum bem. O relato de Habacuque encara esse problema e esclarece-o. Observe os três atos desse drama pessoal em que o pro-feta enfrenta suas dúvidas e encon-tra certeza em sua fé.
A. Por que Deus está em silêncio e inativo? (vv. 1-4)
Esse é o primeiro problema que con-funde o profeta. Ele olhou para o mun-do e viu violência (1:2-3,9; 2:8,17), iniqüidade, opressão, contenda e lití-gio. A lei não era imposta, não havia proteção legal para o inocente que era sentenciado como culpado. As cortes eram manipuladas por advoga-dos egoístas e juizes cruéis. Toda a na-ção sofria por causa da perversidade do governo. No entanto, parecia que Deus não fazia nada a respeito disso. Ao lado desses problemas internos, havia a ameaça do Império Babilônio que assolava o cenário político.
Nos versículos
B. Como Deus pode usar uma nação tão pecadora para uma causa santa? (vv. 12-17)
A resposta que Deus fornece, nos versículos
Não há nada de errado com o fato de o crente lutar com os proble-mas da vida e tentar resolvê-los. Às vezes, parece que Deus não se im-porta com seu povo, que abandonou os seus e ajuda os pagãos. Muitos milhões de crentes foram martiriza- dos por causa de sua fé. Podemos adorar, crer e servir com honestida-de a um Senhor cujos caminhos são aparentemente tão contraditórios?
Russell Shedd
Análise
O profeta-filósofo, Habacuque, sentia-se perturbado acerca da intensa impiedade de Judá. Mas, em contraste com seu contemporâneo, Jeremias, preocupava-se mais com a aparente relutância de Deus em julgar, do que com a falta de arrependimento do povo. Destruição, violência e desconsideração para com a lei de Deus floresciam desenfreadamente (1:2-4), a despeito dos ardentes apelos do profeta para a intervenção de Deus.
Deus replicou a Habacuque que ele não teria de esperar por muito tempo para receber a resposta: os ferozes e violentos caldeus (babilônios) seriam a vara que Deus usaria para castigar e açoitar a Judá, perante os próprios olhos de Habacuque (1.5, 6).
Em lugar de suspender a carga do profeta, essa resposta a aumentou, pois Habacuque se viu a braços com um segundo e mais complicado problema: Como é que Deus, cujos olhos são por demais puros para contemplar o erro, ficaria impassível enquanto uma nação ímpia e sedenta de sangue engolfaria um povo mais justo que ela (1.13)? E o profeta procurou um lugar solitário para esperar pela resposta de Deus (2.1).
A resposta é dada numa das mais grandiosas declarações das Escrituras: O justo viverá pela sua fé (ou fidelidade). Os justos serão preservados no dia da tribulação, visto terem dependido de Deus, pelo que também Deus podia depender deles. Retribuição súbita e certa será a porção dos altivos invasores, que assim compreenderão a inutilidade da tirania e a vaidade da idolatria (2:6-19). A resposta termina com uma ordem de silêncio universal perante o soberano Senhor (2.20).
Sendo-lhe assegurado que a justiça triunfará, o profeta eleva o seu coração numa oração para que Deus opere novamente uma obra poderosa, conforme operara no Êxodo e no monte Sinai (3:2-15). Após contemplar o majestoso resplendor do Onipotente, Habacuque reafirma sua confiança no Deus de sua salvação em uma das mais comoventes confissões das Escrituras Sagradas (3:17-19).
Autor
Nada se sabe a respeito do profeta Habacuque, a não ser as qualidades pessoais que podem ser discernidas em seu escrito. Somente ele, nas Escrituras, recebe tal nome, que pode significar "abraçado" mas que mais provavelmente se deriva do nome de uma planta. Várias datas, de 700 a 300,a.C., têm sido sugeridas para a compilação desse livro, mas o período mais provável é aquele que medeia entre 605 a.C., a data da vitória de Nabucodonosor sobre egípcios, em Carquemis, na Síria, e 597 a.C., quando os babilônios invadiram Judá.
1.1 Habacuque. A vida particular deste profeta assim como a dos outros profetas menores e pouco conhecida (conforme NCB, p. 892).
1.2 O enigma da oração não respondida. O enigma para Habacuque era o silêncio, a aparente inatividade e despreocupação da parte de Deus em vista do pecado.
1:3-5 Habacuque, olhando ao redor, vendo o pecado espalhado por todas as direções, ficou perplexo em face do porque de Deus não agir. O livro inicia com uma interrogação e termina com uma exclamação (conforme 1.2 com 3.19). Este tem sido o clamor dos crentes em todas as épocas. Deus, porém, sempre responde, no tempo determinado por sua vontade.
1.5- 11 Resposta do Senhor à oração de Habacuque.
1.5 O Senhor vai responder a oração de Habacuque de maneira não conhecida ou imaginada por ele (conforme At
1.6 Deus irá levantar os caldeus para punir o seu povo desobediente. Caldeus. Uma tribo de semitas (também chamados babilônios), que ocupara a região entre a Babilônia e o Golfo Pérsico. Fortificando-se, marchou contra os assírios c. 630 a.C. Vinte e cinco anos mais tarde tinha conquistado a maior parte do Oriente Próximo.
1.6- 11 Os caldeus viriam a ser o instrumento nas mãos do Senhor para julgar e humilhar tanto os judeus como as outras nações que se esqueceram de Deus.
1.6- 8 O instrumento descrito.
1.9- 10 O instrumento atuando.
1.11 O última pecado do instrumento.
1.12- 17 O segundo enigma de Habacuque. Note a série de perguntas que Habacuque lança a Deus nestes versículos.
1.12 Não morreremos. Habacuque sabe, que, mesmo que Deus castigue a Israel, Ele não irá destruir por completo o seu povo eleito.
1.13- 17 Habacuque fica perplexo ao saber que o Senhor usará um povo sem o temor de Deus como o seu instrumento de punição e pergunta a Deus por quanto tempo os caldeus continuarão na ascendência.
NVI F. F. Bruce
ALAN G. NUTE
Introdução
Habacuque é excepcional por causa da honestidade intelectual e da integridade moral e espiritual com que ele enfrenta questões profundas. Ele lida com elas de uma forma que só pode ser considerada corajosa. O conflito que irrompe no seu coração e mente é ocasionado pela incapacidade de conciliar as realidades trágicas da situação histórica com a convicção de que toda a história está sob o controle direto de um Deus soberano, onipotente e santo. Os fatos inegáveis parecem contradizer abertamente uma crença fundamental e estimada. Habacuque acha que é impossível ignorar o problema; aliás, a necessidade de resolvê-lo torna-se para ele algo imperativo e urgente.
A profecia começa com uma tempestade de questionamentos e queixas angustiantes. A medida que prossegue, a sua turbulência encontra um eco nos eventos tempestuosos do êxodo, descritos vividamente de forma poética no cap. 3. Finalmente, no entanto, a tempestade se acalma, e Habacuque emerge tranqüilo e confiante. Numa ode memorável e triunfante, ele exclama: “ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação”. Esse alvo foi atingido não em virtude do desenrolar bem-sucedido do mistério, mas por meio da resposta à revelação central do v. 4 do cap. 2: “o justo viverá pela sua fidelidade [fé]”.
O profeta
Quem escutar às escondidas esse intercâmbio agonizante com Deus deve sentir, no final, que “conhece” Habacuque. Contudo, em outros aspectos, o profeta permanece um estranho quase completo. O seu nome é associado ao nome assírio de uma planta; também se conjectura que deriva de uma raiz hebraica que significa “apertar” ou “abraçar”. Este último significado não seria inadequado para alguém que, como Jacó, se agarra àquele com quem lutou desesperadamente. Sem dúvida, foi esse significado que deu origem à conjectura que identifica Habacuque com o filho da mulher sunamita (2Rs
Contexto histórico
O contexto da profecia é objeto de considerável debate, e diversas teorias foram propostas. A única pista segura pode ser encontrada na referência aos babilônios (1.6); mesmo assim, alguns estudiosos argumentam que esse termo deveria ser lido kittim (gregos cipriotas), e não kasdim (babilônios, ou caldeus). Essa emenda teria o efeito de colocar a profecia nos dias de Alexandre, o Grande (final do século IV a.C.). Alguns dizem que isso se harmonizaria melhor com o texto hebraico Dt
Qualquer tentativa de datação da profecia precisa responder a uma questão crucial: A descrição que Habacuque faz dos caldeus é uma previsão profética ou um registro simples e direto dos fatos já bem conhecidos na época? O texto sugere a segunda opção. Se esse for o caso, a profecia provavelmente foi anunciada pouco antes ou pouco depois da batalha de Carquemis (605 a.C.) quando as tropas dos caldeus, lideradas pelo filho de Nabopolassar, o príncipe herdeiro Nabuco-donosor, derrotaram os egípcios. O fato de o profeta ser advertido de que vai ficar chocado com as notícias que estão para lhe ser reveladas (1,5) sugere uma data antes, e não depois, desse evento. Depois de 605 a.C., Habacuque, em concordância com os seus contemporâneos, deve ter ficado muito consciente de que a subjugação de Judá pelos caldeus era inevitável. Era somente uma questão de tempo.
Outro aspecto importante nessa discussão é a identificação dos responsáveis pela injustiça e opressão que provocam a queixa inicial do profeta (1:2-4). A defesa do ponto de vista de um inimigo externo, como os assírios, infligir essas condições a Israel baseia-se em geral num deslocamento do texto. Diversas reorganizações do texto foram propostas, mas essa provavelmente é a forma mais insatisfatória de lidar com a dificuldade. Alguns comentaristas não usam esse artifício, mas mesmo assim defendem que um inimigo externo está em vista aqui. Isso torna o argumento dos parágrafos seguintes menos convincente do que quando os problemas são considerados internos. Esta é a interpretação mais geral, e é a adotada aqui.
A morte prematura de Josias, que de forma inexplicável tentou interferir no avanço do faraó Neco contra a já enfraquecida Assíria (609 a.C.), levou Israel para debaixo do controle egípcio. Isso também significou o abandono das reformas introduzidas por Josias. Por mais ineficientes que tivessem sido, o estado de coisas que se seguiu mostrou-se infinitamente pior. O povo escolheu Jeoacaz como rei. Depois de alguns meses, o faraó Neco o depôs, levou-o acorrentado para o Egito e o substituiu por outro filho de Josias,
Jeoaquim (2Cr
Apoio para esse contexto da profecia pode ser encontrado também em alguns paralelos entre Habacuque e Jeremias que indicam que eles podem ter sido contemporâneos. O retrato que Jeremias faz do caráter do desprezível Jeoaquim e da natureza opressora do seu reinado (Jr
(1.3,4). Além disso, a reação deles é quase idêntica. Jeremias também questiona e discute com Deus enquanto se debate com o problema intratável da prosperidade dos ímpios Qr 12:1-4; v. tb. 13
Um teste para a credibilidade da situação histórica imaginada é se ela provê uma estrutura e um quadro de referência para o diálogo que se desenvolve no livro; e isso, de preferência, sem uma reordenação do texto. Visto contra o pano de fundo esboçado acima, o fio do diálogo do cap. 1 se desenvolveria como segue. Habacuque se queixa amargamente porque o Senhor falhou em intervir e corrigir os amplamente espalhados abusos em Judá, contra os quais ele tem feito protestos persistentes e urgentes a Deus (v. 2-4). A resposta de Deus tem o sentido de que algo já foi feito em relação a essa questão. Por mais incrível que isso possa parecer a seu servo, Deus já escolheu e preparou a Babilônia para ser a ferramenta nas suas mãos para o castigo do seu povo. Além disso, ele está na iminência de usá-los dessa forma (v. 5-11). Isso gera uma expressão de horror por parte do profeta. Ele considera inconcebível que um Deus santo estaria disposto a usar essa nação tão orgulhosa, voraz e idólatra para a realização dos seus propósitos (v. 12-17). Em relação aos cap. 2 e 3, o contexto histórico não é tão importante.
Para alguns estudiosos, o problema se resolve ao se considerar os eventos e a reação de Habacuque a eles um simples mosaico, livres de uma seqüência cronológica. Isso certamente tem a vantagem de atenuar algumas das dificuldades mais patentes que o texto apresenta. Mas, não importa a abordagem que se adote, não há necessidade de considerar a profecia algo diferente do que um todo coerente.
Valor
Felizmente, o verdadeiro valor do livro não depende de nenhuma dessas considerações. A sua lição principal, como também a sua relevância permanente, são descobertas quando se traça o caminho pelo qual o profeta finalmente chega à paz da fé. Desde a comunidade de Cunrã (que nos forneceu os primeiros comentários de Habacuque) até os dias de hoje, quando homens tentam refletir sobre o problema antiqüíssimo do mal e tentam associar os fatos duros da história com um Deus de justiça e de poder que mantém tudo sob o seu controle, eles se sentem atraídos a Habacuque. Nesse registro cativante, encontram um indivíduo que está veementemente tentando desenvolver uma teodicéia. Mais importante, eles ouvem a palavra que exige, como também inculca, as virtudes da fé e da paciência. Como o NT mostra, esse é o desafio principal e eterno do livro (Rm
ANÁLISE
I. UM DIÁLOGO DRAMÁTICO (1.1—2.10)
1) Título (1.1)
2) Habacuque protesta contra Deus (1:2-4)
3) Deus responde (1:5-11) - (3:1-16)
4) O profeta objeta (1:12-17)
5) Deus responde (2:1-5)
6) O cântico dos cinco ais (2:6-19)
7) Pós-escrito (2.20)
II. UM SALMO (3:1-19)
1) 0 Deus do julgamento e da salvação
2) A confiança dos piedosos (3:17-19)
I. UM DIÁLOGO DRAMÁTICO (1.1—2.20)
1) Título (1.1)
A introdução é caracterizada pela simplicidade e por um senso de autoridade espiritual. O nome e o ofício de Habacuque são mencionados, mas a atenção se concentra na natureza e origem de sua mensagem. O termo Advertência (algumas versões trazem “oráculo”) indica um comunicado divino recebido para ser transmitido como uma declaração solene e marcada pela autoridade. “Peso” (ARG, ACF) destaca a responsabilidade que é transferida para o agente humano. (V. uma análise detalhada de massã' em Zacarias, TOTT, p. 162-3, nota adicional). A expressão revelada deixa propositadamente vago o meio pelo qual essa revelação foi transmitida (conforme Jl
2) Habacuque protesta contra Deus (1:2-4)
As condições: Um espírito de anarquia está amplamente difundido, e, como hoje, usa como armas a destruição e a violência. Gomo resultado da amargura entre facções rivais, há luta e conflito por todo lado\ em todos os lugares, predomina o caos moral. Não muito tempo antes, sob Josias, a lei (torah) havia sido redescoberta e reaplicada à vida da comunidade (2Rs
0 efeito: Para Habacuque, a repugnância desse trágico estado de coisas é acentuada porque ele enxerga a situação de forma muito clara (v. 3a). Aliás, ele praticamente censura Deus por compeli-lo a olhar para a condição desesperadora do seu povo. Uma atitude escapista (conforme Sl
Contudo, o maior problema e a causa que está na raiz da sua angústia são que Deus parece tanto silencioso — sem que tu ouças — quanto inativo — sem que tragas salvação (v. 2). E isso, muito mais do que a falta de obediência à lei, a injustiça e a opressão que causam a perplexidade do profeta. O seu grito é Até quando...? (conforme Sl
3) Deus responde (1:5-11)
Olhem as nações: (conforme “Por que me fazes ver a injustiça...?”, v. 3). O olhar de Habacuque precisa de uma mudança de direção. Também requer ser focalizado, como sugere o imperativo Olhem. A resposta que ele recebe corresponde à dupla queixa que ele fez. Deus lhe informa que, apesar de todas as aparências, ele não está inativo — nos dias de vocês farei algo. E se ele esteve silencioso foi só por causa da relutância do profeta e do povo que ele representa em aceitar a solução que Deus está propondo — não creriam se lhes fosse contado (conforme Is
Observação: Paulo usa esse versículo no seu sermão na sinagoga em Antioquia da Pi-sídia (At
Os versículos seguintes (6-11) descrevem a arma forjada pelo Todo-poderoso como a vara da sua ira (Is
E provável que Habacuque já soubesse da imensa força militar e da natureza dos babilônios. A crueldade e determinação deles eram tais que nada parecia poder barrá-los. Movidos por ambição egoísta e por ganância, eles vêm para apoderar-se de moradias que não [lhes] pertencem. A ameaça de invasão por eles deixa a população aterrorizada (v. 7a, 9a). Eles não reconhecem nenhum tratado internacional de conduta militar, não prestam contas a nenhum poder superior; é uma nação que cria a sua própria justiça e promove a sua própria honra. A natureza desses padrões, que eles determinam sozinhos, pode ser aferida do pânico que eles inspiram.
Imagens muito fortes são usadas para retratar a cavalaria do inimigo: como leopardos por causa da rapidez e a brusquidão com que se lançam sobre as suas vítimas, como lobos no crepúsculo por causa da crueldade e da implacabilidade com que perseguem o seu inimigo, e como ave de rapina que mergulha para devorar a presa por causa da imprevisão do seu ataque.
Embora o texto dos versículos restantes desse parágrafo (9-11) seja incerto, o retrato que transmite não é. violência é melhor traduzido por “despojo” (v. 9a). A expressão seguinte é considerada pela maioria dos tradutores uma referência aos “rostos” do inimigo (conforme ARA, ARC e ACF). “Um mar de faces avança” (NEB), “as suas faces ardentes como o vento oriental” (JB em inglês). Se optarmos pela última, a figura de uma tempestade de areia pode estar por trás da afirmação seguinte: fazendo tantos prisioneiros como a areia da praia. A deportação em massa segue o ataque. Eles não são intimidados por homens de renome nem detidos pela fortaleza mais robusta, constroem rampas de terra e por elas as conquistam é uma referência aos montes de terra feitos no cerco diante da cidade murada, possibilitando o avanço dos invasores para que assaltassem a fortaleza (conforme Jr
32.24). A descrição chega ao seu clímax com as palavras passam como o vento e prosseguem.
A sua carreira de conquistas é tão devastadora quanto um furacão. Em todo esse esboço das forças babilônias, a marca predominante é a do seu avanço rápido e irresistível.
O princípio segundo o qual eles operam é o que tem motivado muitos déspotas antes e depois deles — “o poder define o direito” (v. 7b). No caso deles, no entanto, esse mal é aumentado e tornado mais abominável pelo fato de que deifícam e adoram a sua invencibilidade — têm por deus a sua própria força (v. 11). E isso, acima de tudo, que os faz merecer o veredicto: homens carregados de culpa. Não é de admirar, então, que essa seção precisasse ser prefaciada com a declaração: fiquem atônitos e pasmem; pois nos dias de vocês farei algo em que não creriam se lhes fosse contado (v. 5). Deus fala desse panorama horrendo como uma ação sua, direta e pessoal (observe a repetição da primeira pessoa: “farei”, “estou”; v. 5,6). Não se pode esperar disso tudo outro efeito sobre o seu servo que não uma profunda perplexidade.
4) O profeta objeta (1:12-17)
Habacuque, pronto para expressar a sua objeção à estratégia divina, primeiro se fortalece na reafirmação da sua fé. (1) Deus é eterno. Ele, sem dúvida, encontra conforto nessa verdade (conforme Dt
O rumo proposto por Deus parece estar em contradição aberta com o seu caráter. Como pode aquele cujos olhos sempre devoraram o mal (Ap
Moody
INTRODUÇÃO
O Autor. Do próprio Habacuque nada se sabe, exceto o que se pode deduzir deste livro que leva o seu nome. Ele é chamado de "o profeta", sendo possível, portanto, que além de possuir o dom da profecia fosse também membro do grupo de profetas profissionais. Algumas observações musicais feitas ao salmo contido no capítulo dão a idéia de que ele tenha profetizado no Templo, como os homens que foram mencionados em 1Cr
Coisa precária é dizermos algo sobre o caráter do profeta com base na sua obra. Seu nome parece derivar de uma raiz hebraica que significa "abraçar". Jerônimo (quinto século d.C.) declarou que o profeta era chamado "O Abraçador", por causa do seu amor a Deus ou porque lutou com Deus. Uma tradição rabínica liga o nome com 2Rs
Data. O momento exato da autoria da profecia tem sido objeto de conjecturas como também a pessoa do profeta. Mestres competentes têm sugerido datas que vão desde 650 A.C. (C.F. Keil, Commentary on the Minor Prophets, pág.
410) a 330 A.C. (E. Sellin, Introduction to the Old Testament, pág, 183). Por diversos motivos a primeira data parece ser um tanto precoce, uma vez que coincide com o período do domínio assírio em Judá; enquanto a última está intimamente relacionada com a opinião de que os exércitos invasores descritos no primeiro capítulo da profecia não foram os caldeus mas os gregos sob a liderança de Alexandre, o Grande. A conclusão mais satisfatória parece ser que a profecia foi escrita em um período quando os caldeus ou babilônios estavam começando a ficar indóceis contra o poder assírio e talvez até mesmo a demonstrar a sua força. Colocar a composição do livro bem mais tarde do que isto, seria presumir que não foi realmente um predição da invasão de Judá pelos caldeus mas uma referência ao que realmente já tinha acontecido e portanto uma simples explicação da presença dos babilônios no ocidente como instrumento do Senhor. A melhor conclusão parece ser que a profecia foi escrita quase no fim do reinado de Josias (640-609 A.C.), de preferência depois da destruição de Nínive pelas forças dos babilônios, medos e citas combinados em 612 A.C. Essa época parece plausível por dois motivos. Uma é que o profeta parece surpreso em saber que os caldeus foram escolhidos por Deus para castigarem a Judá desobediente; afinal, o bom Rei Josias não era próbabilônico em suas simpatias políticas e não procurou atrapalhar o avanço de Faraó-Neco quando este pretendia lutar contra os babilônios em 609 A.C.? O outro motivo é que o despertar do poder caldeu fosse suficientemente evidente para que a descrição do profeta tivesse significado para os seus ouvintes. Certamente o livro deveria datar de antes de 605 A.C. , quando Nabucodonosor fez sua primeira invasão da Palestina e levou Daniel e outros como prisioneiros para a Babilônia.
Problema do Capítulo 3. Tem-se argumentado às vezes que o capítulo 3, que é um salmo, não foi escrito por Habacuque. As observações musicais encontradas no capítulo mostram que era destinada ao uso do culto no templo. Isto tem levado alguns mestres, que preferem achar que o culto no templo logrou pureza comparativa e uma teologia avançada só no período após o Exílio, a datar o salmo do período pósexílico. Mais apoio para o argumento parece haver no fato do comentário a Habacuque encontrado entre os Códices de Qumran não fazer referência ao terceiro capítulo de Habacuque. Esta aparente ignorância de Habacuque 3 pode ser explicada, entretanto, pelo fato dos escritores do comentário estarem tentando explicar os dois primeiros capítulos com referência aos acontecimentos do seu próprio período. Não acharam que o salmo de Habacuque fosse adequado ao seu propósito. O uso de anotações litúrgicas dificilmente constituem evidências conclusivas a favor da origem pós-exílica de qualquer obra. Considerando que alguns dos salmos mais antigos contêm tais anotações, parece que faziam parte de tal literatura consideravelmente antes do Exílio.
Raridade do Livro. Uma vez que o conteúdo do terceiro capítulo fornece um clímax triunfante aos problemas colocados nos dois primeiros capítulos, temos uma teodicéia através de todo o livro. A estrutura desta profecia é diferente de todo o Velho Testamento, no que se refere ao conteúdo teológico. Nos dois primeiros capítulos há um diálogo entre o Senhor e o profeta, no qual este último não apenas se queixa do mal, como alguns Salmistas, mas também desafia o Senhor a indicar como Ele, o Santo, pode tolerar esse mal. Este diálogo deve ser considerado transpirando o reino da visão (cons. Hc
COMENTÁRIO
Habacuque 1
I. Introdução. Hc
1. Sentença. Muitos pronunciamentos proféticos são descritos como "sentença", particularmente quando há denúncia de caráter sinistro ou ameaçador. Aqui o profeta deplora a iminente subjugação e devastação do seu próprio povo, de modo que há um aspecto agourento no que se lhe refere. Ao mesmo tempo a sentença é contra os orgulhosos caldeus, cuja força está no seu deus (Hc
Francis Davidson
INTRODUÇÃO
I. AUTOR
Nada sabemos a respeito de Habacuque fora das informações prestadas neste livro, mas mesmo aqui ele não nos fornece sua genealogia nem nos diz quando profetizou. O próprio nome é aparentado de um vocábulo assírio, que significa uma planta ou vegetal. Na Septuaginta, seu nome aparece como Ambakoum. Jerônimo a derivou de uma raiz hebraica que significa "segurar", e disse que: "ele é chamado "Abraço" ou por causa de seu amor ao Senhor, ou porque lutava contra Deus". Lutero, e muitos comentadores modernos, têm favorecido a mesma derivação. Certamente não é derivação inapropriada, pois neste pequeno livro vemos um homem, em ânsia mortal, em luta com o grande problema da teodicéia-a justiça divina-em um mundo desordenado. Encontramos a mesma espécie de conflito no mais volumoso livro de Jó.
Habacuque foi o primeiro profeta a impugnar não a Israel, porém a Deus. O livro contém um solilóquio entre ele mesmo e o Todo-Poderoso. O que o deixava perplexo era a aparente discrepância entre a revelação e a experiência. Ele procurava explicação para isso. Nenhuma resposta direta é dada à sua interrogação, mas é-lhe assegurado que a fé paciente terminará saindo vencedora (Hc
Por causa do arranjo musical do capítulo 3, alguns têm pensado que Habacuque foi levita. É possível que ele tenha sido membro de um grupo profissional de profetas, associados ao templo (1Cr
Habacuque aparece na história apócrifa de Bel e o Dragão, como aquele que livrou Daniel da cova dos leões pela segunda vez; porém, tudo isso não passa da lenda.
II. DATA E OCASIÃO
Em Hc
Três anos antes dessa batalha, Faraó Neco matou Josias, rei de Judá, em Megido (2Rs
As profecias de Habacuque se referem claramente a esse período e podem ter sido entregues a público ou antes ou depois da batalha de Carquemis. Em ambos os casos, Habacuque teria sido contemporâneo de Jeremias (627-586 A. C.).
Em favor da data mais antiga temos a sugestão, em Hc
O reinado do mau rei, Manassés fora "uma época que provou a fé das almas piedosas" (Kirkpatrick). A reforma sob o rei Josias (637-608 A. C.) se tinha mostrado ineficaz, pelo que a iniqüidade e a perversidade (Hc
Esse o ponto de vista geral dos eruditos. Alguns, entretanto, referem Hc
Porém, a queixa de Habacuque, em Hc
Um crítico conservador, W. A. Wordsworth, situa a entrega da profecia um século antes, fazendo Habacuque ser contemporâneo de Isaías, com cujas profecias encontra ele muitas afinidades em Habacuque. A data fixadora é, então, a captura de Babilônia pelo caldeu Merodaque-Baladã, em 721 A. C. Outros, com certa base de apoio à sua posição da parte das versões gregas, omitem inteiramente a palavra "caldeus", em Hc
Parece melhor, por conseguinte, situar a data do livro de Habacuque cerca de 600 A. C., ou um pouco antes.
III. TEXTO E COMPOSIÇÃO
O significado do texto hebraico nem sempre é claro e a Septuaginta apresenta algumas poucas mas interessantes variações, como, por exemplo, a grande afirmativa em Hc
Parece que a intenção da profecia era de ser lida e não de ser ouvida (ver Hc
Profetas Menores
HABACUQUE
Em todos os anais da história do Oriente Médio, nunca haviam sido registrados acontecimentos políticos tão assustadores. O império assírio chegava ao apogeu do seu poderio militar, esmagando com crueldade desumana todas as nações do crescente fértil formado pelos vales dos Rios Tigre e Eufrates a leste, e pelo vale do Rio Jordão a oeste. Em 612 a.C, esse império aparentemente invencível foi atolado pelo temível exército caldeu, oriundo da Babilônia, que logo assumiu a posição inconteste de superpotência no berço da civilização. A outra superpotência, o Egito, sentiu-se ameaçada, e em 605 a.C. enviou um poderoso exército ao norte, para refrear o programa expansionista caldeu.
O pequenino reino de Judá, país satélite na órbita do Egito, viu com satisfação as unidades blindadas egípcias atravessarem a sua terra santa, para se lançarem contra as famigeradas divisões dos caldeus. Assustado, Judá sentiu de perto o drama de sua forçosa participação na gigantesca luta entre as superpotências mundiais. Que tragédia que, em cada século e em cada década, algum país pequeno tenha que conhecer o horror de achar-se entre o quebra-nozes das superpotências! Como a Hungria em 1956, a Tchecoslováquia em 1968, e o Afeganistão em 1980, Judá teve que enfrentar a perda da sua autonomia no grande jogo da política mundial.
A Bíblia nos ensina que o Senhor não tem favoritos. Ele não poupa o seu povo da dura experiência da condição humana. A fé no Senhor não é apólice de seguro contra os males comuns. O crente sofre tanto quanto o descrente. Surge então a pergunta: por que é que Deus não age em favor dos seus? Eis o problema do crente Habacuque, que vivia mergulhado no remoinho causado pelos trágicos acontecimentos políticos da época.
O magnífico exército egípcio, sob o comando do Faraó Neco, atravessou o deserto do Sinai. Passando por Judá, seguiu a estrada principal ao norte, e chegou a Carquemis na Síria, onde enfrentou as forças babilônicas. Numa batalha decisiva em 605 a.C, os egípcios foram derrotados, e recuaram para a sua terra. Os vencedores babilônicos não perderam tempo em seguir os egípcios, ocupando toda a região de Israel e Judá. A cidade santa de Jerusalém foi cercada, e no mesmo ano estudantes judaicos foram levados como reféns para a Babilônia. Entre os exilados se encontravam Daniel e seus famosos colegas Sadraque, Mesaque e Abede-Nego (Dn
Pregador já conhecido como "o profeta" (Hc
O Profeta Protestou a Deus (Cap. 1)
Como homem de fé, Habacuque orou ao Senhor em tempo de angústia, mas Deus não lhe respondeu. No passado ele conhecia a delícia da comunhão a dois com Deus. Mas agora Deus silenciava, e isto quando o profeta contemplava o desmoronamento da pátria amada. O Governador moral do mundo devia preocupar-se com as infrações à sua santa lei. No entanto, em meio aos cuidados de uma situação perigosa e violenta, o profeta afirmava que Deus nem ouvia nem salvava:
"Até quando, SENHOR, clamarei eu,
e tu não escutarás?
Gritar-te-ei: Violência!
e não salvares?" (Hc
Se Deus permite todas as coisas, por que é que ele não faz cessar a guerra? Há iniqüidade, opressão, destruição e violência na terra, e os males não são julgados por este Deus todo-poderoso que se declara santo e justo (v. 3). Habacuque sentia que a inoperância das leis de Deus levava o povo a abandoná-las:
"Por esta causa a lei se afrouxa." (Hc
Em conseqüência, há uma inversão nos valores morais: "O perverso cerca o justo, e a justiça é torcida." O triunfo do mal no mundo arrastou o profeta perplexo a um profundo pessimismo.
Quando Deus lhe respondeu, afinal, a resposta parecia ser inacreditável. Ele advertiu Habacuque que a verdade sobre a situação era pior do que ele pensava, e dava para ele desmaiar!
"Desvanecei, porque realizo em vossos dias obra tal que vós não crereis, quando vos for contada." (Hc
A Babilônia, essa nação amarga e impetuosa, foi suscitada, não por Satanás, mas por Deus:
"Eis que eu suscito os caldeus." (Hc
Longe de ignorar a maldade opressora dos caldeus, Deus descreveu objetivamente aquela nação como "pavorosa e terrível" (Hc
Habacuque não pôde conter-se perante tamanha injustiça. Dirigiu uma prece ao Senhor, protestando-lhe a passividade divina:
"Não és tu desde a eternidade,
ó Senhor meu Deus, ó meu Santo?" (Hc
Se Deus é eterno, por conseguinte é imutável. O Deus santo não permitiria o extermínio do seu povo, com os demais povos subjugados. O profeta bradou com fé:
"Não morreremos!" (Hc
Embora fosse um castigo severo que Deus permitia, o profeta confiava na salvação final do povo de Deus. Mas este Deus é tão santo que não via o mal perpetrado contra Judá:
"Tu és tão puro de olhos,
que não podes ver o mal." (Hc
Surgiu no coração perplexo do profeta a grande pergunta: por quê? Por quê? Por que um Deus santo não contempla a miséria do seu povo?
"Por que fazes os homens como os peixes do mar?" (Hc
Com ousadia Habacuque acusou o Senhor de tratar o seu povo como meros peixes. Os répteis não têm quem os governe, mas os homens de Judá reconheciam o Senhor como o Governador moral da nação. Judá fora tirado com anzol, e estava na rede varredoura dos caldeus (Hc
A Babilônia, como pescador, se alegrava e se regozijava, atribuindo o seu êxito às divindades pagãs. Corajosamente, Habacuque lançou a última palavra de desafio ao Santo Deus de Israel:
"Acaso continuará, por isso,
esvaziando a sua rede,
e matando sem piedade os povos?" (Hc
A angustiante tensão entre a fé num Deus de amor e a realidade de uma situação política de injustiça berrante e de violência imerecida não é fenômeno só do período de Habacuque. É um problema básico de todos os séculos. No século XX, desde o fim da II Guerra Mundial, mais de um bilhão de almas — quase a terça parte da população do nosso planeta — tiveram que submeter a cerviz ao jugo comunista ateu. Certamente o Afeganistão não será o último país a perder a sua independência e a sua liberdade religiosa. A metade do mundo vive sob regimes ateus que oprimem toda e qualquer religião. E milhões de almas piedosas, crentes num Deus soberano e bondoso, respiram com Habacuque: "Por quê?" "Os ateus continuarão matando sem piedade os povos?"
Dicionário
Habacuque
-Foi profeta, autor do livro que tem seu nome. Pouco se conhece ao certo a respeito da sua personalidade e do tempo em que viveu e nada se sabe relativamente à sua tribo, ao seu parentesco, e à sua ocupação. Visto que não faz menção da Assíria, mas fala do poder caldaico, que ia crescendo com rapidez espantosa, conclui-se disso que ele profetizou em Judá durante o reinado de Joaquim pouco antes da invasão de Nabucodonosor (1.6; 2.3). E por isso devia ter sido contemporâneo de Jeremias. *veja um exemplo das lendas, que a seu respeito corriam entre os judeus no livro apócrifo, Bel e o Dragão, vers. 33 a 39.
(Heb. “abraço”). Muito pouco ou nada se sabe explicitamente sobre Habacuque, embora se possa inferir alguns dados. Primeiro, ele não só era profeta, como também um poeta talentoso. Na verdade seu livro compõe-se de uma série de oráculos (Hc
O que se sabe com certeza é que Habacuque viveu e desenvolveu seu ministério nos primórdios do surgimento da Babilônia no poder central do Oriente Próximo. Yahweh diz que está suscitando os caldeus (Hc
A vinda iminente da Babilônia contra Judá levanta uma das maiores questões teológicas do livro, ou seja, como o ímpio (i.e., os caldeus) pode prosperar e o justo (i.e., Judá) sofrer, se Deus é justo (Hc
Habacuque [Abraço] - Profeta que viveu no tempo em que os CALDEUS, em 612 a.C., derrotaram os assírios e se tornaram o império mais poderoso do mundo (1.6). Talvez fizesse parte do grupo de músicos do Templo (3.1), que nesse tempo ainda estava de pé (2.20). V. HABACUQUE, LIVRO DE.
Peso
substantivo masculino Qualidade de um corpo pesado: o peso de um caminhão.Resultado da ação do peso sobre um corpo.
Pedaço de metal de um peso determinado que serve para pesar outros corpos, usado como padrão em balanças.
Corpo pesado suspenso pelas correntes de um relógio para lhe dar movimento.
Figurado Tudo aquilo que fatiga, oprime, atormenta: o peso dos negócios, do remorso, dos anos.
Figurado O que tem força, importância, consideração: isto dá peso ao argumento.
Figurado Influência que algo ou alguém exerce sobre outra coisa ou pessoa: suas palavras tiveram peso nessa decisão.
Qualquer objeto relativamente pesado que, sobreposto a papéis, evita que eles voem; pesa-papéis.
Figurado Obrigação árdua; responsabilidade dura; fardo: cuidar dos irmãos foi para ela um peso.
[Esporte] Categoria de boxe que divide as competições: peso pena, peso médio, peso pesado.
[Esporte] Esfera metálica de 7,257 kg (4 kg para as competições femininas) que se lança com um braço o mais longe possível.
Economia Moeda da Argentina, da Colômbia, do Chile, de Cuba, da Guiné-Bissau, do Uruguai, do México, da República Dominicana e das Filipinas.
Quantidade de carne, ou de outro produto: peso do tecido, da carne.
expressão A peso de ouro. Muito caro.
Ter dois pesos e duas medidas. Julgar de forma desigual de acordo com o interesse.
Ter peso. Ter autoridade, ter as qualidades necessárias.
Homem de peso. Homem de mérito, de consideração.
Peso molecular. Peso de uma molécula-grama de um corpo.
Peso morto. Peso de um aparelho, de um veículo, que absorve uma parte do trabalho útil; fardo inútil.
Peso específico ou volumétrico de um corpo. Quociente do peso de um corpo por seu volume.
Etimologia (origem da palavra peso). Do latim pensum.
Peso
1) Objeto usado para medir a massa de um corpo (Dt
2) Mensagem (Is
3) Intensidade (2Co
Profeta
Porta-voz de Deus, que recebe uma mensagem da parte de Deus e proclama a um grupo específico de ouvintes.[...] enviado de Deus com a missão de instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual. Pode, pois, um homem ser profeta, sem fazer predições. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• O Evangelho segundo o Espiritismo• Trad• de Guillon Ribeiro da 3a ed• francesa rev•, corrig• e modif• pelo autor em 1866• 124a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 21, it• 4
O verdadeiro profeta é um homem de bem, inspirado por Deus. Podeis reconhecê-lo pelas suas palavras e pelos seus atos. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita• Trad• de Guillon Ribeiro• 86a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - q• 624
Em sentido restrito, profeta é aquele que adivinha, prevê ou prediz o futuro. No Evangelho, entretanto, esse termo tem significação mais extensa, aplicando-se a todos os enviados de Deus com a missão de edificarem os homens nas coisas espirituais, mesmo que não façam profecias.
Referencia: CALLIGARIS, Rodolfo• O Sermão da Montanha• 16a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Pelos seus frutos os conhecereis
Em linguagem atual, poderíamos definir os profetas como médiuns, indivíduos dotados de faculdades psíquicas avantajadas, que lhes permitem falar e agir sob inspiração espiritual.
Referencia: SIMONETTI, Richard• A voz do monte• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2003• - Profetas transviados
Profeta Pessoa que profetiza, isto é, que anuncia a mensagem de Deus (v. PROFECIA). No AT, os profetas não eram intérpretes, mas sim porta-vozes da mensagem divina (Jr
====================
O PROFETA
O novo Moisés, o profeta prometido (Dt
=====================
OS PROFETAS
Maneira de os israelitas se referirem à segunda divisão da Bíblia Hebraica (Mt
Profeta No judaísmo, o profeta é o escolhido por Deus para proclamar sua palavra em forma de exortação e, outras vezes, como advertência de castigo. A mensagem profética não estava necessariamente ligada ao anúncio de acontecimentos futuros.
Embora Moisés fosse o maior de todos os profetas (Dt
O primeiro (Samuel, Natã, Elias, Eliseu) não deixou obras escritas e, ocasionalmente, viveu em irmandades proféticas conhecidas como “filhos dos profetas”.
O segundo (Amós 1saías, Jeremias etc.) deixou obras escritas. A atividade profética estendia-se também às mulheres, como foi o caso de Maria (Ex
Nos evangelhos, Jesus é apresentado como o Profeta; não um profeta melhor, mas o Profeta escatológico anunciado por Moisés em Dt
L. A. Schökel, o. c.; A. Heschel, o. c.; I. I. Mattuck, El pensamiento de los profetas, 1971; G. von Rad, Teología...; vol. II; J. D. G. Dunn, “Prophetic I-Sayings and the Jesus Tradition: The Importance of Testing Prophetic Utterances within Early Christianity” em NTS, 24, 1978, pp. 175-198; D. Hill, New Testament Prophecy, Atlanta 1979; D. E. Aune, Prophecy in Early Christianity, Grand Rapids 1983; G. f. Hawthorne, The Presence and the Power: The Significance of the Holy Spirit in the Life and Ministry of Jesus, Dallas, 1991; C. Vidal Manzanares, El judeo-cristianismo...; Resenha Bíblica, n. 1, Los profetas, Estella 1994.
Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
Strongs
חֲבַקּוּק
(H2265)
reduplicação de 2263; n pr m Habacuque = “abraço”
- um profeta de Israel que escreveu o livro com o mesmo nome; provavelmente viveu no décimo segundo ou décimo terceiro ano de reinado do rei Josias
חָזָה
(H2372)
uma raiz primitiva; DITAT - 633; v
- ver, perceber, olhar, observar, profetizar, providenciar
- (Qal)
- ver, observar
- ver como um vidente em estado de êxtase
- ver, perceber
- com a inteligência
- ver (por experiência)
- providenciar
מַשָּׂא
(H4853)
procedente de 5375; DITAT - 1421d,1421e; n m Massá = “fardo” n pr m
- carga, porte, tributo, fardo, carregamento
- carga, fardo
- elevação, levantamento, motivo pelo qual a alma se eleva
- porte, carregamento
- tributo, aquilo que é carregado ou trazido ou levado
- declaração, oráculo, peso
- (BDB) um filho de Ismael
נָבִיא
(H5030)
procedente de 5012; DITAT - 1277a; n m
- porta-voz, orador, profeta
- profeta
- falso profeta
- profeta pagão
אֲשֶׁר
(H834)
um pronome relativo primitivo (de cada gênero e número); DITAT - 184
- (part. relativa)
- o qual, a qual, os quais, as quais, quem
- aquilo que
- (conj)
- que (em orações objetivas)
- quando
- desde que
- como
- se (condicional)