Enciclopédia de Habacuque 1:1-1

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

hc 1: 1

Versão Versículo
ARA Sentença revelada ao profeta Habacuque.
ARC O PESO que viu o profeta Habacuque.
TB Oráculo que o profeta Habacuque viu.
HSB הַמַּשָׂא֙‪‬‪‬ אֲשֶׁ֣ר חָזָ֔ה חֲבַקּ֖וּק הַנָּבִֽיא׃
BKJ O peso que Habacuque, o profeta, viu.
LTT O peso (sentença profética) que viu o profeta Habacuque.
BJ2 Oráculo[a] que o profeta Habacuc recebeu em visão.
VULG Onus quod vidit Habacuc propheta.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Habacuque 1:1

Isaías 22:1 Peso do vale da Visão. Que tens, agora, para que assim totalmente subisses aos telhados?
Naum 1:1 Peso de Nínive. Livro da visão de Naum, o elcosita.

Mapas Históricos

Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados ​​para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.

JOSIAS E A ASCENSÃO DA BABILÔNIA

639-605 a.C.
JOSIAS
Josias (639. 609 .C.) foi coroado rei de Judá aos oito anos de idade. O escritor de Crônicas observa que, no oitavo ano de seu reinado (632 a.C.), Josias "começou a buscar o Deus de Davi, seu pai" (2Cr 34:3). Entre o décimo segundo e décimo oitavo ano (628-622 a.C.), Josias se dedicou a um programa de reforma radical. Despedaçou ou queimou objetos, altares e ídolos pagãos, erradicou os sacerdotes pagãos e'prostitutos cultuais, profanou os altos e remove elementos pagãos que haviam sido colocados no templo do Senhor. Seu programa abrangeu não apenas Jerusalém, mas também as cidades dos territórios de Manassés, Efraim e Simeão. A reforma chegou até ao território de Naftali que, em outros tempos, havia pertencido ao reino do norte, Israel, mas sobre o qual o rei de Judá pôde exercer influência devido ao enfraquecimento do poder da Assíria. Josias profanou o alto em Betel instituído por Jeroboão, filho de Nabate, ao queimar os ossos dos sacerdotes de deuses estrangeiros em seus altares pagãos.' No décimo oitavo ano do reinado de Josias, o sumo sacerdote Hilquias encontrou uma cópia do Livro da Lei no templo do Senhor? Não se sabe ao certo a natureza desse livro, mas ao ouvir a leitura de suas palavras, Josias rasgou as vestes e exclamou:
"Grande é o furor do Senhor que se acendeu contra nós, porquanto nossos pais não deram ouvidos às palavras deste livro" (2Rs 22:13). A fim de cumprir as prescrições do Livro da Lei, Josias aboliu os médiuns e feiticeiros, os ídolos do lar e todas as outras abominações vistas na terra de Judá e em Jerusalém.
O escritor de Reis afirma que nem mesmo a reforma ampla de Josias foi suficiente para evitar o julgamento iminente do Senhor e cita as palavras da profetisa Hulda: "Eis que trarei males sobre este lugar e sobre os seus moradores, a saber, todas as palavras do livro que leu o rei de Judá. Visto que me deixaram e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem à ira com todas as obras das suas mãos, o meu furor se acendeu contra este lugar e não se apagará" (2Rs 22:16-17). Para seu consolo, Josias recebeu a garantia de que não testemunharia a calamidade vindoura.


A MORTE DE JOSIAS
A queda da Assíria em 612 a.C.havia provocado um desequilíbrio no poder no Oriente Próximo, Preocupado com a força crescente da Babilônia, o faraó Neco (610-595 a.C.) enviou um exército à Síria para ajudar o que restava das forças assírias e conter os babilônios, afirmando ter recebido essa ordem de Deus. Josias não acreditou no discurso do rei egípcio e o confrontou em Megido, no norte de Israel, em 609 .C., onde morreu em combate. Sua morte prematura aturdiu a nação. Jeremias compôs lamentos' e, cento e trinta anos depois, o profeta Zacarias faria referência à morte de Josias como uma ocasião de grande pranto.

HABACUQUE
A morte de Josias interrompeu de forma brusca o programa de reformas em Judá. Deus parecia ter abandonado seu povo e reis subseqüentes não manifestaram nenhum desejo de seguir ao Senhor. Neco não ficou satisfeito com o governo de Jeoacaz, filho de Josias. Por isso, em Ribla, na Síria, ordenou que fosse substituído por seu irmão Jeoaquim (Eliaquim). Consternado com a destruição e violência ao seu redor, o profeta Habacuque clamou ao Senhor e recebeu uma resposta inesperada: "Vede entre as nações, olhai, maravilhai-vos e desvanecei, porque realizo, em vossos dias, obra tal, que vós não crereis, quando vos for contada. Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcham pela largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas. Eles são pavorosos e terríveis, e criam eles mesmos o seu direito e a sua dignidade. Os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, mais ferozes do que os lobos no anoitecer são os seus cavaleiros que se espalham por toda parte; sim, os seus cavaleiros chegam de longe, voam como águia que se precipita a devorar-lhes todos vêm para fazer violência. Habacuque 1:5-90

NABUCODONOSOR ASSUME O PODER
Avançado em anos, Nabopolassar, rei da Babilônia, colocou o exército sob o comando de seu filho e sucessor ao trono, Nabucodonosor. Em 605 a.C, Nabucodonosor derrotou o exército egípcio em Carquemis, junto ao rio Eufrates (próximo à atual fronteira entre a Turquia e a Síria).? Marchando para para o sul, Nabucodonosor invadiu Judá na tentativa de garantir a lealdade de Jeoaquim de Judá, o antigo vassalo e aliado de Neco.
Quando Jeoaquim estava prestes a se render, Nabucodonosor foi informado da morte de seu pai e voltou à Babilônia pelo caminho do deserto, levando consigo alguns objetos do templo do Senhor e vários jovens da família real e da nobreza de Judá. Quatro desses jovens se mostraram conselheiros valiosos para o novo rei: Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Essa foi a primeira e menor de quatro deportações que acabariam resultando no exílio dos habitantes de Judá na Babilônia.

Vista da planicie de Jezreel (Esdraelom) do alto do monte de Megido
Vista da planicie de Jezreel (Esdraelom) do alto do monte de Megido
Neco luta contra Josias e Nabucodonasor Entre 609 e 605 a.C., Judá enfrentou ameaças de duas frentes: Neco, rei do Egito, matou Josias, rei de Judá, na batalha de Megido em 609 a.C; Nabucodonosor, príncipe da Babilônia, derrotou o Egito em Carquemis
Neco luta contra Josias e Nabucodonasor Entre 609 e 605 a.C., Judá enfrentou ameaças de duas frentes: Neco, rei do Egito, matou Josias, rei de Judá, na batalha de Megido em 609 a.C; Nabucodonosor, príncipe da Babilônia, derrotou o Egito em Carquemis
Uma reconstituição da porta de Ishtar, da Babilônia, representada em sua forma final, depois de ter sido revestida com tijolos vitrificados mostrando touros e dragões (sirrush).
Uma reconstituição da porta de Ishtar, da Babilônia, representada em sua forma final, depois de ter sido revestida com tijolos vitrificados mostrando touros e dragões (sirrush).

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Tabela: Profetas e Reis de Judá e de Israel (Parte 1)

Reis do Reino de duas tribos, ao sul Reino de Judá
997 a.C.

Roboão: 17 anos

980

Abias (Abião): 3 anos

978

Asa: 41 anos

937

Jeosafá: 25 anos

913

Jeorão: 8 anos

c. 906

Acazias: 1 ano

c. 905

Rainha Atalia: 6 anos

898

Jeoás: 40 anos

858

Amazias: 29 anos

829

Uzias (Azarias): 52 anos

Reis do Reino de dez tribos, ao norte Reino de Israel
997 a.C.

Jeroboão: 22 anos

c. 976

Nadabe: 2 anos

c. 975

Baasa: 24 anos

c. 952

Elá: 2 anos

Zinri: 7 dias (c. 951)

Onri e Tibni: 4 anos

c. 947

Onri (sozinho): 8 anos

c. 940

Acabe: 22 anos

c. 920

Acazias: 2 anos

c. 917

Jeorão: 12 anos

c. 905

Jeú: 28 anos

876

Jeoacaz: 14 anos

c. 862

Jeoacaz e Jeoás: 3 anos

c. 859

Jeoás (sozinho): 16 anos

c. 844

Jeroboão II: 41 anos

Lista de profetas

Joel

Elias

Eliseu

Jonas

Amós


Tabela: Profetas e Reis de Judá e de Israel (Parte 2)

Reis do reino de Judá (continuação)
777 a.C.

Jotão: 16 anos

762

Acaz: 16 anos

746

Ezequias: 29 anos

716

Manassés: 55 anos

661

Amom: 2 anos

659

Josias: 31 anos

628

Jeoacaz: 3 meses

Jeoiaquim: 11 anos

618

Joaquim: 3 meses e 10 dias

617

Zedequias: 11 anos

607

Jerusalém e seu templo são destruídos pelos babilônios durante o reinado de Nabucodonosor. Zedequias, o último rei da linhagem de Davi, é tirado do trono

Reis do reino de Israel (continuação)
c. 803 a.C.

Zacarias: reinado registrado de apenas 6 meses

Em algum sentido, Zacarias começou a reinar, mas pelo visto seu reinado não foi plenamente confirmado até c. 792

c. 791

Salum: 1 mês

Menaém: 10 anos

c. 780

Pecaías: 2 anos

c. 778

Peca: 20 anos

c. 758

Oseias: 9 anos a partir de c. 748

c. 748

Parece que foi somente em c. 748 que o reinado de Oseias foi plenamente estabelecido ou recebeu o apoio do monarca assírio Tiglate-Pileser III

740

A Assíria conquista Samaria e domina 1srael; o reino de Israel de dez tribos, ao norte, chega ao seu fim

Lista de profetas

Isaías

Miqueias

Sofonias

Jeremias

Naum

Habacuque

Daniel

Ezequiel

Obadias

Oseias


Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita

Não foram encontradas referências em Livro Espírita.

Referências em Outras Obras

Não foram encontradas referências em Outras Obras.

Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Introdução ao Livro de Habacuque
O Livro de

HABACUQUE

H. Ray Dunning

Introdução

  1. O Profeta

O conhecimento que possuímos sobre a pessoa de Habacuque é muito pouco. O livro menciona apenas o nome do profeta e, na Bíblia, ocorre somente aqui. Há tradições que em grande medida são fantasiosas, mas, talvez, haja alguma partícula de verdade histó-rica. Até a derivação de seu nome admite várias possibilidades.

Primeiramente, o nome é bem parecido com a palavra assíria humbalcuku, que é o nome de uma flor. Também está relacionado com a palavra hebraica que significa "aper-tar" ou "abraçar". Este ponto de vista foi sustentado por Jerônimo e mantido por Martinho Lutero, que o verteu a uma interpretação interessante: "Ele abraça o seu povo e o leva nos braços, ou seja, o consola e o levanta, como alguém que abraça a criança ou pessoa chorona para acalmá-la com a garantia de que, se Deus quiser, tudo vai melhorar".

Jerônimo interpretou o nome de forma a indicar o amor do profeta por Deus ou que discutiu com Deus para fazer alegações lógicas e persuasivas. A tradição rabínica tam-bém é de opinião que "abraçar" é o sentido do radical de seu nome, e apresenta Habacuque como filho da mulher sunamita que Eliseu restaurou à vida (II Reis 4:16-37). Isto está parcialmente baseado na possibilidade de que a forma abstrata do nome signifique "que-rido", "pessoa bem amada". Mas aqui estamos no reino da imaginação.

De 3.19, conjectura-se que Habacuque tinha qualificações oficiais para tomar parte no canto litúrgico do Templo, ou seja, era integrante do coro do Templo. O arranjo musi-cal do capítulo 3 apóia esta opinião. Neste caso, pertencia a uma das famílias dos levitas que tinha a incumbência de cuidar da música do Templo.

Habacuque é exemplo da ocorrência rara em que um dos profetas é chamado "o profeta" (1.1, nabi). Este título nos leva a crer que as pessoas reconheciam que era um profeta profissional.

Há outra fonte de informação intitulada Leis dos Profetas. Data de cerca de fins do século IV, mas de autoria incerta e de texto considerado bastante ambíguo. Esta obra relata que, quando Nabucodonosor veio contra Jerusalém, Habacuque fugiu para um lugar chamado Ostraquine, no litoral egípcio. Depois que os caldeus foram embora, vol-tou para sua pátria, onde morreu e foi enterrado, dois anos antes dos judeus exilados voltarem da Babilônia em 537 a.C.

  1. O Período

A mensagem de Habacuque não está limitada a tempo; contudo, sua época levanta as perguntas que ele faz. Era contemporâneo do profeta Jeremias, cujo livro é datado tradicionalmente ao redor de 600 a.C., não muito tempo antes do cativeiro babilônico em 586 a.C. A questão da data é mais importante no estudo deste livro do que em muitos outros. Na realidade, está estreitamente relacionada com a interpretação da mensagem. Se conseguíssemos determinar conclusivamente quem eram os povos que preocupavam Habacuque, poderíamos situá-lo historicamente com mais precisão. Este é um dos problemas complicados do Antigo Testamento. Não há fonte extrabíblica pela qual possa-mos definir quem eram os inimigos. Esta falta obriga o estudante a depender totalmente do teor da profecia, o que está longe de ser conclusivo. O principal problema é identificar o "ímpio" a quem denuncia no primeiro parágrafo (1.4). O único consenso geral sobre a data é que o livro está situado entre 697 e 586 a.C.

Os rolos do mar Morto, coletânea de escritos descoberta em 1947/1948 nas proximi-dades do mar Morto, exercem muita influência em grande parte do estudo do Antigo Testamento. Entre os documentos, há um comentário sobre o livro de Habacuque. Este comentário é considerado a prova mais antiga "do texto de Habacuque talvez por muitos séculos".2 Os estudiosos o datam no século I a.C. Por conseguinte, tem grande peso nas interpretações mais recentes de Habacuque.

Taylor'destaca três questões, as quais afirmam que os rolos do mar Morto elucidaram:

  1. O capítulo 3 não era parte original do livro. O comentário só tratou dos capítulos 1:2; nada fala sobre o capítulo 3. A maneira como o livro foi enrolado invalida a objeção de que o capítulo 3 tenha sido arrancado. Isto não quer dizer que Habacuque não foi o autor do capítulo 3. A posição de J. H. Eaton é que o profeta o compôs mais tarde como salmo litúrgico e, subseqüentemente, o acrescentou à obra original. É plausível.
  2. O uso do nome "caldeus" em 1.6 é genuíno. Este era um dos principais pontos de debate. Ao considerar uma palavra estreitamente relacionada como substituto (chittim), certos expositores esforçaram-se em interpretar que os vingadores que o Senhor utiliza-va eram os gregos de Alexandre, o Grande. O comentário encontrado entre os rolos do mar Morto teria tido toda razão em usar esta palavra substituta, mas retém a leitura tradicional. Pelo visto, isto é bastante decisivo em limitar a interpretação da passagem ao período dos caldeus.
  3. O livro de Habacuque teve muitos textos variantes até o século I a.C. Isto permite que as numerosas pretensas composições ao longo dos anos foram examinadas exausti-vamente por muitos estudiosos. É óbvio que este texto variou ao ser copiado, mas grande parte das alterações nas passagens para se ajustar às várias teorias é bastante arbitrá-ria e imaginativa.

C. Os Problemas

Dois problemas incomodam o profeta. Ambos têm a ver com a maneira com que Deus lida com os homens. Habacuque é um dos poucos que foram ousados em argumen-tar e discutir com Deus. Talvez o versículo fundamental seja 2.1: "Sobre a minha guarda estarei, e sobre a fortaleza me apresentarei, e vigiarei, para ver o que fala comigo e o que responderei, quando eu for argüido".

A resposta crucial está em 2.4b: "Mas o justo, pela sua fé, viverá".


Beacon - Comentários de Habacuque Capítulo 1 do versículo 1 até o 17
SEÇÃO I

A QUEIXA DE HABACUQUE

Habacuque 1:1-4

  1. TÍTULO, 1.1

Embora Habacuque seja chamado profeta (nabi), não é um mensageiro no sentido tradicional. A função do profeta era falar com o povo em nome de Deus para proclamar a vontade divina que foi recebida em revelação especial. No caso dele, vemos justamente o inverso: Fala com o Senhor em nome do povo. Mantém um discurso com Deus e o faz de maneira tal que quase chegamos a classificá-lo de cético em vez de profeta. "Este é o começo da especulação em Israel".'

É possível que o que realmente temos aqui seja um vislumbre da vida interior de um profeta; os conflitos secretos antes da proclamação. De certo modo, um tanto quanto diferente, temos a mesma coisa no caso de Oséias, cujos problemas matrimoniais lhe prepararam o coração para a mensagem que tinha de anunciar. Com Habacuque, pode ser a elaboração trabalhosa, na bigorna da vida, de um ponto teológico fundamental de sua pregação pública. Esta idéia estaria de acordo com a argumentação de Davidson,2 a qual defende que o verdadeiro tema do livro é a destruição dos caldeus narrada no capítulo 2.

Peso (1; "oráculo", ECA; "sentença", ARA; "mensagem", NTLH; "advertência", NVI) implica revelação. Refere-se muitas vezes a acontecimentos futuros e também é usado com relação ao pronunciamento de destruição (cf. Ob 1).

  1. O PROBLEMA DO PROFETA, 1:2-4

É precisamente no ponto de identificar a ocasião da queixa que surge a maior diver-sidade de interpretações. Há pelo menos cinco opiniões nitidamente diferentes, cada qual com uma defesa elaborada de sua posição. A interpretação que requer mais malaba-rismo do texto é a que identifica o ímpio (4) com os próprios caldeus. Porém, o estabele-cimento da veracidade da leitura do versículo 6 no tempo futuro, sensatamente elimina esta identificação. O candidato mais provável, ainda que com pouca probabilidade, é o Egito. Se a profecia for colocada durante o primeiro reinado de Jeoaquim, há boas razões para o Egito ser o objeto da queixa de Habacuque. O referido rei de Judá era vassalo do Egito durante o reinado de Faraó-Neco, que há pouco matara Josias e estabelecera posi-ção segura na Ásia a leste da Palestina.

Outra resposta mais provável e que recebe apoio considerável é identificar o ímpio com a Assíria, que fora o foco da atenção de Naum. Este terror das nações oprimia Judá e exercia grande influência em seus assuntos internos. Igualmente foram os caldeus que deram um fim a esta grande e temível nação.

Há um argumento a favor da opinião de que a queixa é dirigida à interferência estrangeira: a ausência de exortação ao arrependimento. Supõe-se que haveria tal exor-tação se a queixa fosse por causa das "maldades nacionais".3 Seguir esta linha de argu-mentação leva à conclusão de que

1) a profecia foi escrita durante os dias de Josias, quando a idolatria era proibida; e que

2) o profeta levantava um lamento por seu povo em virtude da opressão imerecida que os estrangeiros exerciam sobre eles.

Contudo, é muito provável que esta queixa seja ocasionada pelo mal dentro da pró-pria nação do profeta de Judá. Esta é a interpretação tradicional e a que faz mais sentido no quadro geral, como revela a natureza da segunda queixa.

Até quando? (2), o profeta clama, mas Deus não ouve. Então questiona o Senhor. Por que é que Deus nada faz? Trata-se do problema clássico: "A verdade está sempre no patíbulo. O mal está sempre no trono". A situação excruciante surge da vasta discrepân-cia entre fé e fato. Se Deus é justo e soberano, por que o justo sofre enquanto o ímpio prospera? Esta é a pergunta feita por milhares de pessoas de todas as épocas. O proble-ma que Habacuque trata em nível nacional é o mesmo que o livro de Jó menciona na esfera pessoal. É mais fácil lidar com o problema em nível pessoal; portanto, a prova para a fé de Habacuque é muito mais severa.

Só quem possui fé em um Deus bom tem problema com relação ao governo do mun-do. Quem acredita em politeísmo ou numa deidade indiferente ou má, não tem problema com as injustiças flagrantes no mundo. É a fé monoteísta que tem de lutar por sua exis-tência em face dos fatos que a desafiam.

Muitos julgam que é um atrevimento questionar a operação de Deus. Esta posição é falsa e a prova é a inclusão das reclamações de Jó e Habacuque na Bíblia. Se precisarmos de mais provas, ouçamos o grito do Calvário: "Deus meu, Deus meu, por que me desampa-raste?" (Mt 27:46; Mac 15.34). Provavelmente, é mais errado abafar as dúvidas sinceras do que dar expansão a elas no esforço sério de achar uma pista para o significado da vida. G. A. Smith tinha razão quando observou em um dos seus comentários incisivos: "Não são os temperamentos mais rudes, mas os mais excelentes que são expostos ao ceticismo".

No versículo 2, o profeta usa dois verbos para denotar clamor. O primeiro (clama-rei) é usado especialmente como clamor de ajuda; o segundo (gritarei) significa gritar quando a pessoa leva um susto. Ambos os verbos também são empregados em 19:7.

As injustiças civis eram abundantes (3), situação também prevalecente no século VIII a.C., nos dias de Amós e Oséias que clamaram com veemência contra tais perversões. Há três pares de substantivos usados para destacar a situação: iniqüidade e ve-xação (perversão), destruição e violência, e contenda e litígio (cf. Is 58:4). Esta é a paráfrase do versículo: "Será que eu tenho de assistir a todo esse pecado e a toda essa tristeza à minha volta para sempre? Para qualquer lugar que olhe, existe violência e chantagem. Homens que dão a vida por uma discussão e uma briga" (BV).

A lei (4) é a Torá, o termo judaico para referir-se à lei de Moisés. Sentença e juízo (ambos tradução de mishpat) dizem respeito à prática ou costume estabelecido. 4 A Torá era o manancial de toda a justiça legal, mas aqui as pessoas eram despojadas de seus benefícios, principalmente porque o ímpio cerca o justo. O verbo hebraico traduzido por se afrouxa quer dizer "fica entorpecida" ou "fica paralisada" (cf. Gn 45:26, onde é traduzido por "desmaiou"). Esta era a situação que vigorava durante o reinado de Manassés, com um partido governante que não temia a Deus. A verdadeira liberdade e justiça estão firmemente baseadas na religiosidade e na retidão. Sempre que estas ca-racterísticas estão ausentes, a justiça é pervertida. Habacuque deduz que mesmo onde haja algo semelhante à justiça, sai o juízo pervertido (o julgamento "sai pervertido", Smith-Goodspeed; cf. "a justiça é torcida", ARA). O ímpio torce o julgamento "justo" para seus próprios fins.

SEÇÃO II

A RESPOSTA DE DEUS

Habacuque 1:5-11

  1. A OBRA DE DEUS, 1:5

A resposta de Deus para Habacuque é esta certeza consoladora: Eu estou emepenhado. A frase vede entre as nações mostra o lugar onde o Senhor trabalha. A mesma palavra é traduzida no versículo 13 por "os que procedem aleivosamente". Diversos expositores sugerem que o versículo 5 deveria ter a leitura: "Vede, incrédulos" (i.e., judeus incrédu-los; 1 cf. Atos 13:41: "Olhem, escarnecedores", onde a NVI segue a LXX). 2

No original hebraico, o aviso: maravilhai-vos, e admirai-vos contém duas formas do mesmo verbo. Taylor sugere a seguinte reprodução: "Estremecei e ficai horrorizados". 3

O profeta declara: Vós não crereis no que Deus fará. Era inacreditável que a colos-sal estátua de ferro da Assíria tivesse pés de barro e logo estatelaria no chão.4 Ou, talvez fosse incrível aos judeus que Deus lhes entregasse nas mãos uma nação estrangeira -que tinha o Templo, os sacrifícios e a cidade de Davi.

A frase em vossos dias limita a profecia à vida das pessoas a quem o profeta se dirigia, se quisermos manter a integridade do livro.

  1. O INSTRUMENTO DA OBRA DE DEUS, 1:6-11

O vocábulo caldeus (6) é derivado da palavra hebraica kasdim, que é o termo babilônico e assírio kaldu mencionado nas inscrições assírias de cerca de 880 a.C. Os kaldu habitavam na região mais baixa da Babilônia. Em 721 a.C., Merodaque-Baladã tornou-se rei e reinou por 12 anos (Is 39:1). De acordo com as inscrições, foi chamado rei da terra dos kaldu. Sob o reinado de Nabopolassar e Nabucodonosor, os kaldu tornaram se a classe governante na Babilônia. A princípio, há indícios de que Nabopolassar foi vice-rei da Babilônia durante o reinado de Assurbanipal da Assíria e seu sucessor. Du-rante uma insurreição de povos vassalos do sul, provavelmente em 612 ou 611 a.C., juntou forças com os rebeldes e declarou independência da Assíria.

Pela época da data tradicional de Habacuque, já fazia 20 anos que Nabopolassar estava no trono e era bem conhecido em Judá. Esta data limita a significação profética da primeira visão. No esforço de explicar isto, Driver sustenta que a palavra suscito significa: "Estou suscitando para estabelecer e confirmar", para dizer que a Babilônia ainda não estava em posição de desafiar o domínio da Assíria.

Em seguida, Habacuque passa a fazer uma descrição dos invasores caldeus.

  1. Seu Caráter (1,6)

Os caldeus eram nação amarga e apressada, "uma nação selvagem e ameaçadora dominada por impulsos violentos, que sem pensar cometiam ações terríveis".5

  1. Sua Arrogância (1,7)

A declaração: Dela mesma sairá o seu juízo e a sua grandeza, é mais bem traduzida por "criam eles mesmos o seu direito e a sua dignidade" (ARA). Os caldeus tornaram-se "lei para si mesmos" (cf. NTLH), ao presumirem superioridade política. Juízo é mishpat, que ocorre no versículo 4 (ver comentários ali) ; aqui indica direito legal e moral. O direito internacional não era um conceito para tais tribos bárbaras, nem havia a idéia de lei natural que estipulasse os cânones universais da justiça. O poder era o que determinavam, e os padrões de justiça eram erigidos em sua supremacia militar.

  1. Sua Tática (1,8)

Os leopardos estão entre os animais mais velozes de todos e que ficam à espreita de suas presas, sobre as quais pulam inesperadamente. Os lobos à tarde são mencionados duas vezes nas Escrituras (cf. Sf 3:3). Eram símbolos de ferocidade "por causa das súbi-tas destruições que, na avidez da fome, cometiam nos rebanhos naquela hora do dia".6 Os seus cavaleiros espalham-se por toda parte tem esta interpretação: "As suas tropas de cavalos marcham orgulhosamente" (BV). As águias referem-se aos abutres, não aos urubus que se alimentam de carne putrefata; trata-se do abutre que, em vôos ou de pontos altos, vasculha o território em busca de presas vivas.

  1. Suas Conquistas (1,9)

Este é um dos versículos mais difíceis do livro. A primeira frase está devidamente inteligível, mas a seguinte é dúbia, e deixa o texto ambíguo. Esta tradução: "O terror deles vai adiante deles" (RSV), é reconhecidamente uma emenda do texto. Certos comen-taristas dão o significado de que a conquista do território é tão veloz e ávida que parece que o engolem. Esta interpretação apóia-se na palavra hebraica traduzida por buscará. Está relacionada a um verbo que em Gênesis 24:17 é traduzido por: "Deixa-me beber", ou literalmente, "obriga alguém a engolir eles". Como o vento oriental, cujo poder de secar é tão eficaz que parece beber a umidade, "sorvem" suas vítimas.

A interpretação mais consistente diz que esta passagem refere-se às conquistas, que se assemelhavam ao forte vento oriental que irredutivelmente avançava.

  1. Sua Invencibilidade (1,10)

Não há poder que resista à vitória arrasadora dos caldeus. Eles marcharão com menosprezo sobre todos que ousarem resistir. Amontoando terra diz respeito à tática militar de fazer montículos até à altura do muro dos defensores. Assim, os guerreiros atacantes estavam em nível com os defensores e anulavam a proteção dos muros.

  1. Sua Exaltação (1,11)

A primeira frase é excessivamente difícil.' Pelo visto, há três etapas na auto-exaltação dos caldeus:

1) Estavam tão cheios de orgulho por terem tomado as fortalezas que muda-ram de direção e passaram para novas conquistas, talvez para Judá.
2) E se farão cul-pados é tradução apoiada por Lehrman.

3) 0 terceiro passo é fortalecer o seu deus. Este é o consenso, em oposição a atribuindo este poder ao seu deus. Em todo caso, signi-fica que, ao divinizar seu próprio poder, se tornaram culpados de negar a Deus.

Eaton argumenta que esta descrição (6-11) não estabelece com precisão o avanço dos exércitos babilônicos. Se este julgamento for aceito, não há porque nos inquietar. A visão de Habacuque é uma descrição do tipo apocalíptico de uma visitação de julgamento. Certos expositores defendem que estes invasores são figuras apocalípticas sem terem contrapartes históricas em particular. Talvez, a posição aceitável seja que, mesmo que esta não seja descrição histórica detalhada, é referência a um determinado povo e sua tarefa como instrumento de Deus.
Temos aqui, implicitamente, uma filosofia da história que se harmoniza com os vis-lumbres dos grandes profetas, como Isaías. Deus é o Senhor da história, que transforma a fúria dos homens em Seu louvor. O Todo-Poderoso usa os homens que têm outros objetivos e atribuem seu poder a outras fontes para atingir seus propósitos na história. Assim, seu governo está seguro e, ao mesmo tempo, as nações permanecem responsáveis por suas ações. Contudo, esta fé levanta outro problema, talvez até mais grave para Habacuque, o qual ele continua a questionar.

SEÇÃO III

HABACUQUE REPLICA A DEUS

Habacuque 1:12-17

Agora, a pergunta de Habacuque não é: Por que este tipo de mundo?, mas: Por que o Senhor é como é? Este é um novo tipo de especulação em Israel. O profeta tem uma fé básica no tipo de Deus conhecido por Israel, e soa-lhe incompatível que o Todo-poderoso use um instrumento tão injusto como os caldeus. Nós não morreremos (12) pode ter a leitura: "Tu não morrerás" (Moffatt; cf. NVI; NTLH). Se esta leitura for mantida, torna-se expressão de fé apesar das dúvidas do profeta. O significado também se ajusta à última parte do versículo que relata por que Deus estabeleceu a nação caldéia — para castigar, ou seja, para corrigir seu povo.

Habacuque não tem dúvida sobre a santidade de Deus. Esta característica divina é de natureza absoluta e moral: Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação ("maldade", NVI) não podes contemplar (13). A santidade de Deus não pode tolerar o pecado e qualquer forma de mal. Mas o problema é que o povo escolhido para ser castigado é mais justo que o povo que administra o castigo. O medo toma conta do coração do profeta ao ver o avanço voraz dos caldeus e perceber que logo o seu povo, até o remanescente fiel, será apanhado na rede.

Os homens tornam-se como os desgraçados peixes do mar (14), ou as minhocas (cf. "cardumes", BV), sem líder diante do avanço inexorável. O quadro da pesca é desenvolvi-do. O pescador (a Caldéia) os apanha com o anzol (15) e atrai muitos peixes do mar com a rede e a rede varredoura ("arrastão", ECA). Este processo continua até encher as redes. Depois, amontoa os peixes na praia para que morram.'

Sacrificar até sua rede (16) deve ser comparado ao versículo 11, e indica que adora-vam sua força e poder. Queimar incenso ao seu arrastão sugere que viviam no luxo, regozijando-se em auto-adoração, fazendo da força seu deus.

Desesperado, Habacuque conclui seu lamento no versículo 17 com estas palavras comoventes (tradução de Smith-Goodspeed) :

Continuará ele esvaziando sua rede para sempre, E nunca cessará de aniquilar as nações?


Champlin

Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
Champlin - Introdução ao Capítulo 1 do Livro de Habacuque
Introdução ao Livro O profeta e o seu meio Deste personagem bíblico sabemos apenas que foi profeta e que se chama Habacuque (Hc 1:1; Hc 3:1). O seu livro, oitavo entre os doze chamados de “profetas menores”, não traz qualquer, ainda que mínima, informação pessoal, nem o seu nome é mencionado em qualquer outro livro do Antigo ou do Novo Testamento. Com base na referência que se faz aos “caldeus, nação amarga e impetuosa” (Hc 1:6), alguns têm deduzido que Habacuque profetizou em algum tempo próximo à destruição de Nínive (612 a.C.); contudo, devido à falta de qualquer documento que permita fixar a data com exatidão, há também os que pensam que a atividade do profeta deve ser fixada entre o ano 605 a.C., princípio do reinado de Nabucodonosor na Babilônia (conforme Jr 25:1), e 597 a.C., ano da queda de Jerusalém (conforme 2Rs 24:10-12). As dificuldades para datar a sua atividade profética aumentam por causa do simbolismo que mais tarde adquiriu a imagem da Babilônia, nome que chegou a ser exemplo máximo de opressão, maldade e violência (conforme Ap 18:1, a profecia é formada por três seções bem distintas. A primeira delas (Hc 1:2-4) é uma espécie de diálogo entre Deus e o profeta. Habacuque clama por causa da violência e da injustiça praticadas diante dos seus próprios olhos pelas pessoas da sua nação (Hc 1:2-4); e o SENHOR lhe responde afirmando que a maldade será castigada e que os caldeus serão o braço executor do castigo (Hc 1:5-11). Mas essa resposta torna o profeta ainda mais confuso, pois não compreende como Deus pode valer-se dos cruéis caldeus para invadir e arrasar o país: “por que, pois... te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que ele?” (Hc 1:13). Na segunda parte (Hc 2:5-20), Deus convida o profeta a confiar inteiramente nele. Virá o dia em que também os caldeus serão abatidos. A sua própria soberba os consumirá quando tiver chegado a ocasião do triunfo da justiça, quando o mau receber o pagamento que merece, ao mesmo tempo em que “o justo viverá pela sua fé” (Hc 2:4; conforme Rm 1:17; Gl 3:11; He 10:38). O cap. Hc 3:1 constitui a terceira seção do livro. É uma oração em forma de salmo, composta para cantar a glória do SENHOR e para expressar, em uma vibrante linguagem poética, a confiança do profeta na proteção que lhe dispensará o Deus da sua salvação, o SENHOR que é a sua fortaleza (Hc 3:18-19). Esboço: 1. Diálogo entre Habacuque e Deus (Hc 1:1-4) a. Habacuque queixa-se da injustiça (Hc 1:1-4) b. Resposta de Deus: Judá será castigado (Jd 1:1.Jd 1:5-11) d. Resposta de Deus: o castigo virá, mas o justo viverá pela fé (Hc 2:1-5) 2. Cinco ais sobre os caldeus (Hc 2:6-20) 3. Oração de Habacuque (Hc 3:1-19)

Champlin - Comentários de Habacuque Capítulo 1 versículo 1
Sobre o cabeçalho dos livros proféticos, ver Is 1:1,

Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Introdução ao Livro de Habacuque
O Livro de HABACUQUE

Autor

As únicas informações confiáveis sobre Habacuque e sua atividade profética nos vêm deste livro. O significado de seu nome é incerto. Pode estar ligado a uma palavra hebraica que possui o sentido de “abraçar”, ou ao nome de uma planta assíria, o hambacucu. O primeiro parece referir a sua proximidade com Deus; o último pode sugerir a influência da cultura assíria na sociedade judaica. A referência a Habacuque como “o profeta” em 1.1, pode implicar em que ele era uma figura muito conhecida. Sua utilização do culto e da tradição de sabedoria de Israel em suas pregações deu margem à noção duvidosa de que ele tenha sido um profeta ligado ao templo de Jerusalém, embora a idéia de que ele tenha trabalhado em Jerusalém seja bastante atraente. Entretanto, podemos estar certos de encontrar em seu livro um verdadeiro profeta, com um zelo apaixonado pela glória do Senhor. Sua “mensagem” ou “oráculo” (1.1 e referência lateral) é notável pelo fato de não ser voltada para o povo, mas uma resposta a seus próprios questionamentos angustiosos.

Data e Ocasião

Uma prova objetiva para a datação da atividade profética de Habacuque é encontrada em 1.6. A referência aos caldeus ou neobabilônios como o novo poder ameaçador, indica o período que sucede ao colapso do Império Assírio (612-605 a.C.), mas antes que os exércitos caldeus, de Nabucodonosor II, tornassem Jerusalém e deportassem o jovem rei Joaquim para a Babilônia em 597 a.C. (2Rs 24:8-17). Aparentemente, Habacuque ministrou durante o reinado de Jeoaquim (609-598 a.C.) e era um contemporâneo mais jovem de Jeremias.

Um importante acontecimento durante esse período foi a batalha de Carquemis em 605 a.C., quando o Faraó-Neco II e seu exército egípcio, que tinham vindo auxiliar os assírios contra os babilônios, foram totalmente derrotados por Nabucodonosor II. Pouco mais tarde, também Judá, como outros reinos outrora independentes da Siro-Palestina, foram subjugados pelos neobabilônios. A visão inspirada de Habacuque, portanto, pode ser datada como pertencendo ao período entre 605 e 600 a.C., quando os babilônios se tornaram a força dominante no cenário internacional, rechaçando impiedosamente qualquer oposição (1.5-17).

Esse período de ameaça internacional coincide com uma crescente deterioração moral e espiritual em Judá. O reino nefasto de Jeoaquim criou um triste contraste com o de seu pai, o bom rei Josias (13 24:22-19'>Jr 22:13-19; 26.20-23). Desdenhando insolentemente as leis da aliança, o povo de Judá aos poucos foi perdendo seu caráter singular (1.2-4).

Características e Temas Os profetas não eram apenas inspirados pregadores das mensagens de Deus ao seu povo; eles também partilhavam o desagrado do Senhor por seu mundo corrompido e de sua profunda inquietação pela inconstância do seu povo. Nesse sentido, Habacuque se assemelha muito a Jeremias. Porém ainda mais evidente do que em Jeremias, o diálogo de Habacuque com Deus e suas constantes orações (2.1; 3.2,16) assumem o lugar da pregação profética no cerne de sua mensagem.

Habacuque, um homem com um zelo apaixonado pela honra de Deus (1.12; 3.3), viveu uma profunda crise espiritual devido à aparente indiferença de Deus às terríveis condições espirituais de seu povo (1.2-4). A ausência da vida e da obediência segundo a aliança ofereciam grande perigo para o povo de Deus; porém, mais do que isso, era uma rejeição da aliança e um insulto contra o próprio Deus. Ciente de que apenas a intervenção divina poderia mudar essa situação de morte, Habacuque era insistente em seu apelo ao Juiz celeste, mesmo quando parecia ser em vão (1.2). Em resposta a Habacuque, Deus revelou que os caldeus que surgiam no cenário da história (1,6) seriam o seu instrumento de castigo. Essa cura parecia ainda pior do que a doença, o que só fez aumentar a angústia do profeta (1.12-17). Como poderia o Deus Santo, que não pode tolerar o pecado (1.13), valer-se de pessoas tão ímpias para realizar os seus propósitos? Será que Deus realmente distingue o bem e o mal em sua soberania sobre a história?

Convicto de que os acontecimentos da história não eram determinados por um destino cego mas pelo Deus justo e santo de Israel, Habacuque esperou no Senhor até receber as respostas às suas indagações (2.1). A resposta de Deus veio através de uma visão, apresentada em 2.2,3, que oferece uma perspectiva verdadeira da história e a promessa divina quanto aos seus resultados. Essa resposta não soluciona todos os seus dolorosos questionamentos, mas ensina o povo de Deus o caminho da vida em aliança imediatamente (2.3,4). Isso significa o caminho da perseverança na esperança, aguardando com confiança o cumprimento das promessas infalíveis de Deus. Embora os caminhos do Senhor sejam inescrutáveis, seus propósitos são coerentes. Eles culminam na vida verdadeira para os que são fiéis, mas em lamento e morte para os arrogantes e auto-suficientes (2.4). A presença de Deus em seu templo o confirma como Senhor da história e nos assegura de que no final, sua legítima reivindicação ao domínio do mundo inteiro será universalmente conhecida (2.14,20; Is 45:21-15; 1Co 15:24-28).

A revelação da soberania de Deus sobre a história transforma o lamento de Habacuque em um hino de alegria (3.2-20). Ao invés de esperar passivamente pela intervenção de Deus, ele agora ora de maneira positiva para que Deus aja de acordo com as obras e qualidades que ele demonstrou no Êxodo e no Sinai.



Antecipando o futuro, em sua oração Habacuque celebra a vinda do Senhor (3.3-7); seu juízo contra a natureza e as nações (3.8-12), e seu triunfo sobre toda a oposição (3.13-15). A partir da sua perspectiva de fé, mesmo a ameaça de uma grande calamidade não pode arrefecer a arrebatadora expectativa de Habacuque pela salvação que há de vir, uma salvação garantida pela fidelidade de Deus a si mesmo e à sua revelação (3.17-19).

Paulo utiliza Habacuque 2:4 como texto fundamental para a proclamação da boa nova (Rm 1:17; Gl 3:11; conforme Hb 10:35-39). Como Habacuque (cap. 1), Paulo sabia que o pecado é incompatível com a santidade de Deus e que a tensão fatal entre esses opostos só pode ser resolvida através da intervenção divina. A palavra profética dada a Habacuque (cap.
2) revela, em princípio, a forma como Deus lidaria com a incompatibilidade entre o pecado e santidade. A cruz de Cristo e o juízo final são o cumprimento da sua revelação. Como Habacuque, Paulo afirma que a verdadeira vida só é possível num relacionamento de total dependência do Senhor. Essa dependência, baseada na fidelidade a nosso Deus, transforma nossa existência neste mundo, preenchendo nossas vidas com alegria e a certeza da fidelidade de Deus a suas promessas (2.3; 3:17-19).

Por essa razão Habacuque pode ser chamado o “pai” da Reforma. Os conceitos-chave de sua pregação, conforme são assumidos por Paulo, influenciaram profundamente a Calvino e a Lutero, terminado por tornar-se ao slogan da Reforma. Somente a perspectiva da fé, da confiança perseverante e obediência em Deus, dá sentido à existência do homem neste mundo, entre o “já” do cumprimento das promessas de Deus e o “ainda não” de sua realização final.

Esboço de Habacuque

I. Introdução (1.1)
II. Primeiro lamento: o povo de Deus se afastou da vida na aliança (1.2-4)
III. Primeira resposta: O Senhor envia os babilônios (1.5-11)
IV. Segundo lamento: Por que os ímpios babilônios (1.12-17)?
V. Segunda resposta: vida para os fiéis e aflição para os ímpios (cap. 2)

A. A distinção crucial é revelada (2.1-5)

B. Da aflição a adoração (2.6-20)

VI. A oração do profeta (cap. 3)

A. Invocação (3.1,2)

B. A auto-revelação de Deus (3.3-15)

C. A expectativa jubilosa da fé (3.16-19)


Vivendo pela Fé (2.4)

A resposta do profeta às difíceis perguntas propostas a eles. O justo viverá pela fé.

Pergunta 1:

Por que Deus não retribui ao ímpio e às injustiças na terra (1.2-4)?

Resposta.

Ele não tardará a retribuir usando a Babilônia como instrumento de castigo (1.5-11).

Pergunta 2:

Por que Deus se vale dos ímpios babilônios para castigar aqueles que são mais justos do que eles (1.12,13)?

Resposta.

Deus escolheu este plano de ação (2.2,3). A pessoa justa viverá pela fé em Deus (2.4). Ai daqueles que são injustos! (2.6-20).


Genebra - Comentários de Habacuque Capítulo 1 do versículo 1 até o 17
*

1.1

ao profeta Habacuque. Ver Introdução: Autor.

Sentença. Ou, “oráculo”, “profecia”, é geralmente um termo técnico usado para indicar profecia de julgamento contra uma nação estrangeira (Is 13:1; 15:1; Na 1.1; Ml 1:1, nota).

revelada. A mensagem divina tomou a forma de uma revelação sobrenatural declarada à visão ou audição interior do profeta (Mq 1:1).

* 1.2-4

A primeira queixa de Habacuque: o profeta está aflito e angustiado por ver como o povo de Deus continuamente se desviava de uma vida alicerçada na Aliança. Ele não vivia mais como um povo salvo e escolhido (Êx 19:4-6). Mas Habacuque está ainda mais inquieto pela aparente inatividade do Senhor. Qualquer violação da Aliança deveria trazer maldições e julgamento (Dt 28:15-68). Desta maneira, ele apelava ao Senhor, numa linguagem que lembra a dos salmos de lamentação individual, para reparar uma situação aparentemente sem solução. O diálogo apaixonante de Habacuque e sua luta angustiada com o Senhor dominam a primeira parte do livro (1.2-2.20).

* 1.2

Até quando. A pergunta impaciente, característica dos salmos de lamentação (Sl 13:2; 62:3; Jr 47:6), indica a insistência e perseverança no apelo do profeta ao Senhor, o Juiz final nas questões de desobediência à sua Aliança.

clamarei eu. Isto indica o alto clamor de alguém em profunda aflição (Sl 22:24; 30:2).

Violência. Este termo resume a transgressão deliberada, brutal e insensível dos direitos e privilégios dos membros da comunidade da Aliança.

não salvarás. Habacuque observa dolorosamente a aparente indiferença e inatividade do Senhor em face do sofrimento injusto.

* 1.3

Por que. A pergunta dá continuidade à queixa (conforme Lm 5:20).

opressão. Lit. “trabalho” ou “labuta” que leva à angústia, à exaustão, e ao desespero.

contendas, e o litígio. A maldade sem controle resulta numa comunidade dividida repleta de suspeitas, acusações, e ataques pessoais.

* 1.4 a lei se afrouxa. Lit. “A lei está entorpecida.” A palavra para “lei” (hebraico torah) denota o padrão divinamente revelado para a vida dentro da Aliança. O poder e a influência dos ímpios tinham deixado a lei ineficaz.

o perverso. Aqueles em Israel que rejeitavam a vontade e a lei do Senhor.

* 1.5-11 A primeira resposta de Deus: o Senhor enviará os babilônios para julgar seu povo. Ele usa instrumentos incomuns contra seu povo infiel — os terríveis babilônios (conforme Is 10:5, 6).

* 1.5 maravilhai-vos... não crereis. O método de Deus — a vitória dos perversos sobre os “mais justos” (v. 13) — iria colocar uma pedra de tropeço para a fé dos que ouviam Habacuque.

*

1.6 suscito. O Deus soberano de Israel controla toda potência da História, incluindo os agressivos caldeus.

caldeus. Também chamados de babilônios, ou neo-babilônios, os caldeus atingiram o poder quando o Império assírio caiu. Nínive, a capital da Assíria, foi destruída em 612 a.C. Os caldeus governaram até que sua capital, a Babilônia, foi destruída pelos persas em 539.

* 1.7 eles mesmos... direito. Isto descreve a arrogância do inimigo por vir, cujos padrões de ação e honra eram inteiramente egoístas.

* 1.8, 9

Figuras intensas retratam a velocidade e resolução desses guerreiros ferozes e conquistadores.

* 1.10 Eles escarnecem dos reis. Os assustadores exércitos babilônios olham para os obstáculos como desafios e tratam sua oposição com menosprezo.

amontoando terra, as tomam. Rampas de cerco construídas pelos invasores para obter acesso aos muros fortificados de uma cidade.

* 1.11 cujo poder é o seu deus. Ou, “este seu poder e seu deus.” O orgulho, especialmente a deificação do seu próprio poder, é uma ofensa contra Deus, o único que merece nossa adoração.

* 1.12-17 A segunda queixa de Habacuque: o plano do Senhor de usar os perversos babilônios para punir Israel parece estar em flagrante oposição ao próprio caráter revelado de Deus.

*

1.12 desde a eternidade. Sendo o eterno Deus da História e Senhor do seu povo, ele tem liberdade de escolher os agentes do castigo. Mas apesar de afirmar esta verdade, a revolta de Habacuque a nega.

meu Deus, ó meu Santo. Um relacionamento pessoal com o Deus incomparável, o Santo, faz com que a confusão se torne em convicção de que a angústia presente não será o fim. E Habacuque vai ainda livrar-se da confusão em que se encontra.

ó Rocha. Este antigo nome mosaico para Deus enfatiza a fidedignidade e proteção divinas (Dt 32:4, nota).

* 1:14

Por que fazes. Uma ousada acusação de Habacuque. Se o Senhor tolera as más ações dos babilônios, ele se torna responsável pela sorte de suas vítimas.

homens como os peixes. A figura da Babilônia como um pescador pegando peixes indefesos é desenvolvida nos vs. 14-17. A pesca era uma importante atividade na Babilônia, que estava localizada na região dos rios Tigre e Eufrates e era delimitada ao sul pelo Golfo Pérsico. Alguns antigos afrescos de parede encontrados no Oriente Médio retratam governantes vitoriosos levando seus cativos em redes de pescaria.

não têm quem os governe. Não havia quem os protegesse. Reis no antigo Oriente eram vistos como os protetores do seu povo (1Sm 8:20). Uma acusação implícita também pode estar presente aqui, visto que o Senhor era o Rei e protetor do seu povo (Dt 33:5; Is 63:18, 19).

*

1.16 sacrifício. Os instrumentos de seu sucesso são idolatrados e adorados (v. 11, nota).



Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Introdução ao Livro de Habacuque
Habacuc

Cronologia

Jeremías começa a profetizar 627 a.C.

Habacuc começa a profetizar 612

Morre em batalha o rei Josías 609

Daniel levado a cativeiro em Babilônia 605

Ezequiel entre os cativos em Babilônia. Sedequías sobe ao trono 597

Finaliza o ministério do Habacuc 588

Cai Judá, Jerusalém destruída 586

DADOS ESSENCIAIS:

PeROPÓSITO:

Mostrar que Deus ainda tem as rédeas do mundo a pesar do aparente triunfo do mal

AUTOR:

Habacuc

DESTINATÁRIOS:

Judá (reino do sul) e o povo de Deus em todas partes

DATA:

Entre 612 e 588 a.C.

MARCO HISTORICO:

Babilônia se convertia em potência mundial dominante e Judá logo experimentaria esta força destrutiva

VERSÍCULO CHAVE:

< OH Jeová, ouvi sua palavra, e temi. OH Jeová, aviva sua obra em meio dos tempos, em meio dos tempos faz-a conhecer; na ira te lembre da misericórdia > (3.2).

PESSOAS CHAVE:

Habacuc, os caldeos (babilonios)

LUGAR CHAVE:

Judá

DAS inocentes duvida da infância até as complexas discussões universitárias, a vida está cheia de interrogantes. Com nosso como, por que e quando procuramos por toda parte uma resposta que nos satisfaça. Mas não todas as perguntas têm respostas perfeitamente envoltas e atadas. Essas perguntas que não recebem resposta originam mais pergunta e constantes e espiritualmente destrutivas dúvidas. Alguns se conformam com as dúvidas e seguem adiante. Outros se voltam cínicos e se endurecem. Mas há quem rechaça essas opções e seguem perguntando, procurando resposta.

Habacuc era um homem que queria resposta. Perturbado pelo que observava, formulava perguntas difíceis. Estas perguntas não eram simples exercícios intelectuais nem queixa amargas. Habacuc via um mundo que morria e lhe partia o coração. por que existe o mal no mundo? por que os maus parecem estar ganhando? Sem medos nem vacilações apresentou seus queixa diretamente a Deus. E lhe respondeu com uma avalanche de provas e predições.

Neste livro aparecem as perguntas do profeta e as respostas de Deus. Ao voltar cada página, enfrentamo-nos imediatamente a estes lamentos: < Até quando, OH Jeová, clamarei, e não ouvirá; e darei vozes a ti por causa da violência, e não salvará? por que me faz ver iniqüidade, e faz que veja moléstia? Destruição e violência estão diante de mim, e pleito e luta se levantam > (1.2, 3). Na verdade, a maior parte do primeiro capítulo se dedica a suas perguntas. Ao começar o capítulo dois, Habacuc declara que esperará para escutar as respostas de Deus a suas interrogantes. Então Deus começa a falar, lhe dizendo ao profeta que escriba sua resposta com grandes letras para que todos vejam e compreendam. Deus lhe diz que poderia parecer que os malvados triunfam, mas ao final serão julgados e os retos prevalecerão. Possivelmente não aconteça logo, mas acontecerá. As respostas de Deus enchem o capítulo dois. Habacuc conclui seu livro com uma oração de triunfo. Tendo resposta a suas interrogantes e uma nova compreensão do poder e amor de Deus, Habacuc se regozija em Deus e no que ele fará. < Contudo, eu me alegrarei no Jeová, e me gozarei no Deus de minha salvação. Jeová o Senhor é minha fortaleza, o qual faz meus pés como de ciervas, e em minhas alturas me faz andar > (3.18, 19).

Escute as profundas interrogantes que com valentia Habacuc levou ante Deus e pense que você também pode levar suas dúvidas e interrogantes a ele. Escute as respostas de Deus e regozije-se porque ele está obrando no mundo e em sua vida.

Bosquejo

1. Queixa do Habacuc (1.1-2,20)

2. Oração do Habacuc (3.1-19)

Quando Habacuc estava preocupado, levava suas preocupações diretamente a Deus. depois de receber as respostas de Deus, correspondia com uma oração de fé. O exemplo do Habacuc nos deve respirar quando enfrentamos luta para passar da dúvida à fé. Não devemos ter medo de lhe perguntar a Deus. O problema não está na forma em que Deus atua, a não ser no entendimento limitado que temos dele.

Megatemas

TEMA

EXPLICACION

IMPORTÂNCIA

Luta e dúvida

Habacuc perguntou a Deus por que os malvados do Judá não recebiam o castigo por seu pecado. Não entendia como um Deus justo permitia que existisse uma maldade assim. Deus prometeu que utilizaria aos babilonios para castigar ao Judá. Quando Habacuc clamou pedindo respostas em seus momentos de luta, Deus lhe respondeu com palavras de esperança.

Deus quer que vamos a ele com nossas lutas e dúvidas. Mas possivelmente suas respostas não sejam as que esperamos. Deus nos sustenta revelando-se. A confiança nele nos leva a uma esperança aprazível, não a uma resignação amarga.

Soberania de Deus

Habacuc perguntou a Deus por que ia utilizar aos malvados babilonios para castigar a seu povo. Deus disse que também castigaria aos babilonios depois que cumprisse seu propósito.

Deus segue levando as rédeas deste mundo a pesar do aparente triunfo do mal. Deus não passa por cima o pecado. Algum dia governará toda a terra com uma justiça perfeita.

Esperança

Deus é o Criador; ele é todo-poderoso. Tem um plano e o levará a cabo. Castigará o pecado. ele é nossa fortaleza e nosso refúgio. Podemos confiar em que nos amará e cuidará nossa relação com ele para sempre.

Esperança significa ir além de nossas desagradáveis experiências diárias, até o gozo de conhecer deus. Vivemos porque confiamos nele, não pelos benefícios, nem a felicidade, nem o êxito que possamos experimentar na vida. Nossa esperança provém de Deus


Matthew Henry - Comentários de Habacuque Capítulo 1 do versículo 1 até o 17
HABACUC profetizou para o Judá desde 612-589 a.C.

Ambiente da época: Os últimos quatro reis do Judá foram homens malvados que rechaçaram a Deus e oprimiram a seu povo. Babilônia invadiu Judá duas vezes antes de que finalmente a destruíra em 586. Era um momento de temor, opressão, perseguição, imoralidade e falta de lei.

Mensagem principal : Habacuc não entendia por que Deus parecia não fazer nada com a maldade da sociedade. Logo se deu conta que unicamente a fé em Deus daria respostas a suas perguntas.

Importância da mensagem : Em vez de questionar os caminhos de Deus, devemos nos dar conta de que O é totalmente justo, e devemos acreditar que O está ao leme e que algum dia o mal será finalmente destruído.

Profetas contemporâneos : Jeremías (627-596) Daniel (605-536) Ezequiel (593-571)

1:1 Habacuc viveu no Judá durante o reinado do Joacim (2 Rseis 23:36-24.5). Profetizou entre a queda do Nínive (capital de Assíria) em 612 a.C. e a invasão do Judá em 589 a.C. Com Assíria desorganizada, Babilônia se convertia na potência mundial dominante. Este livro narra o diálogo do profeta com Deus ao lhe perguntar: "por que Deus parece indiferente ante o mal? por que parecesse como se a gente malvada fica sem castigo?" Embora outros livros proféticos levam a Palavra de Deus ao homem, este livro leva as perguntas do homem a Deus.

1.2-4 Habacuc, entristecido pela corrupção que via seu redor, derrubou seu coração a Deus. Na atualidade, a injustiça segue flagrante, mas não permita que a preocupação o faça duvidar de Deus nem se revele em seu contrário. Pelo contrário, estude a mensagem que deu ao Habacuc e reconheça os planos e propósitos do a longo prazo. Pense que Deus faz o que é bom, embora não entenda por que obra dessa forma.

1:5 Deus respondeu às perguntas e preocupações do Habacuc lhe assegurando que realizaria maravilhas que o assombrariam. Quando as circunstâncias que nos rodeiam se voltam quase insuportáveis, perguntamo-nos se Deus nos esqueceu. Entretanto, recordemos que O está ao leme. Tem um plano e julgará aos malfeitores a seu tempo. Se formos na verdade humildes, estaremos dispostos a aceitar a resposta de Deus e a esperar o momento.

1.5ss Deus disse aos habitantes de Jerusalém que se surpreenderiam do que estava a ponto de fazer. O povo veria uma série de feitos incríveis: (1) Judá, seu próprio reino independente e próspero, logo seria uma nação submetida; (2) Egito, uma potência mundial durante séculos, seria esmagada quase por completo; (3) Nínive, capital do Império Assírio, seria tão saqueada que o povo esqueceria onde estava localizada; e (4) os caldeos (babilonios) levantariam-se com grande poder. Eram palavras realmente surpreendentes, mas o povo viu seu cumprimento.

1:6 Os caldeos (babilonios), que viviam ao noroeste do golfo Pérsico, surgiram com grande poder ao redor de 630 a.C. e começaram a impor-se no Império Assírio. Já para 605 a.C. tinham conquistado a Assíria e Egito para converter-se na primeira potência mundial. Entretanto, eram tão malvados como os assírios porque procuravam cativos (1.9), estavam orgulhosos de suas táticas de guerra (1,10) e confiavam em seu poderio militar (1.11).

1:10 Os exércitos podiam conquistar cidades fortificadas porque construíam aterros, maciço de terra que acumulavam contra as muralhas.

1:11 Os babilonios estavam orgulhosos de seu poderio militar, estratégia, seus exércitos e armas. Como não respeitavam ao ser humano, seus exércitos levavam a sua nação riquezas, botas de cano longo, prisioneiros e tributos das nações conquistadas. Tal é a essência da idolatria: pedir aos deuses que fabricou sua ajuda para obter o que desejam. A essência do cristianismo é lhe pedir ao Deus que nos fez que nos ajude a obter o que desejamos. A meta da idolatria é sua glória; a meta do cristianismo é a glória de Deus.

1:13 Judá receberia seu castigo de mãos dos babilonios. Habacuc se sentiu consternado porque Deus ia utilizar a uma nação mais malvada que Judá para castigá-la. Mas os babilonios não sabiam que Deus os utilizava para que Judá voltasse para O e o orgulho de Babilônia por suas vitórias seria sua ruína. O mal é autodestructivo e nunca está fora do alcance de Deus. O pode utilizar qualquer instrumento, embora seja pouco comum, para nos corrigir ou nos castigar. Quando nos merecemos o castigo ou a disciplina, como podemos nos queixar pela classe de "vara" com a que Deus nos castiga?


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Introdução ao Livro de Habacuque
O livro de Habacuque

Por Claude A. Ries

Esboço

I. Habacuque pergunta por que Deus permite tirania de errado (Hc 1:1)

C. Jeová dá uma resposta parcial (1: 5-11)

D. Habacuque Afirma Fé, mas continua Perplexos (1: 12-2: 1)

. II Jeová dá resposta completa (Hc 2:2)

A. Respostas Jeová da Torre (2: 2-5)

B. Jeová pronuncia desgraças em Evildoers (2: 6-19)

. 1 Ai Upon a ambição egoísta que (2: 6-8)

. 2 Ai Upon a Covetous (2: 9-11)

. 3 Ai Upon a Violent (2: 12-14)

. 4 Ai Upon a Insolente (2: 15-17)

. 5 Ai Após os idólatras (2: 18-19)

C. Jeová Reigns: Deixe-Man Be Still (Hc 2:20)

. III Habacuque EXULTA RESPOSTA SOBRE JEOVÁ (Hc 3:1)

A. Título e Introdução (3: 1-2)

B. As atividades de Jeová em História e Natureza (3: 3-15)

1. Goings de Jeová em Glória, Brilho e Alimentação (3: 3-5)

. 2 Goings de Jeová em julgamento sobre as nações (3: 6-11)

. 3 Goings de Jeová na História de Israel (3: 12-15)

C. Interlude: O Profeta está com medo, mas confiante (Hc 3:16)

D. Habacuque exulta em face da adversidade (3: 17-19)

Introdução

Não se pode entrar no espírito e verdades profundas dos Profetas Menores, sem sentir seu up-to-dateness e relevância para o nosso dia. Isto é especialmente verdadeiro de Habacuque. Habacuque, o trabalho dos profetas, foi contemporâneo de Jeremias.Ambos Jó e Habacuque lidar com o problema já vexatório: Por que os maus prosperam e os justos sofrem? Com Jó era pessoal. Com Habacuque foi nacional. Ambos são muito perplexo, mas encontrar as suas respostas, não em racionalizações intelectuais, mas em simples confiança em Jeová. Fé deu sua facilidade coração e de paz. Para colocá-lo nas palavras de Raymond Calkins: "... ele tem preensão da mão de Deus e veio para a experiência de sua presença amorosa ... (conforme 42:5 , Hc 1:14-17 .) ... Um editor do período de 500-200 AC incorporado com esse oráculo um salmo (1: 2- 4 , Hc 1:12-A , 13 ; 2: 1-4 .) que ele achava apropriado ... Muito provavelmente no período grego outro ou, eventualmente, o mesmo editor acrescentou as desgraças Dt 2:6) parece corresponder com esta referência. Estudiosos evangélicos colocar a data, em geral, em um dos seguintes períodos: os dias de Manassés, Josias, ou Joaquim. Grosso modo, é de cerca de 600 AC (Driver), 627-586 AC (GA Smith), 608-597 AC (JH Corvo), 640-609 AC (Wycliffe), 603 AC (GL Robinson).

III. PROPÓSITO

No enunciado de uma grande verdade primal, George L. Robinson encontra o propósito fundamental do livro em "a doutrina da justificação pela fé (Hc 2:4) deve viver (He 10:35) por sua (Gl 3:11. ).

Habacuque foi o profeta que cantou na noite!

Comentário sobre Habacuque


Wesley - Comentários de Habacuque Capítulo 1 do versículo 1 até o 17
I. Habacuque pergunta por que Deus permite tirania de errado (Hc 1:1)

2 Senhor, como clamarei eu, e tu não ouvir? Eu clamo a ti, da violência, e tu não salvarás. 3 Por que tu me mostrar a iniqüidade, e olhai para a perversidade? para a destruição ea violência estão diante de mim; e há contendas, eo litígio se levantasse. 4 Portanto, a lei se afrouxa, ea justiça nunca se manifesta; para o ímpio cerca o justo; portanto, a justiça é pervertida.

Habacuque fala em linha reta desde o ombro até o Senhor e não é repreendido por Ele. Como clamarei eu, e tu não me escutarás? Habacuque em desespero soluça: . Eu choro ... eu grito Aqui são duas palavras distintas para chorar: (1) chorar em perigo para ajudar (shawa' ; conforme Sl 18:6 ; Sl 22:24 ; 19:7 ). Em 19:7)

5 Eis que vos entre as nações, e olhar, e me pergunto maravilhosamente; Eu estou trabalhando para uma obra em vossos dias, o que vocês não vão acreditar que ele for contada. 6 Pois eis que suscito os caldeus, essa nação feroz e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra, para possuir habitação -Locais que não são suas. 7 Eles são terríveis e terrível; seu julgamento e sua dignidade proceder a partir de si mesmos. 8 Os seis cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, se mais ferozes do que os lobos a tarde; e os seus cavaleiros pressionar orgulhosa em: sim, os seus cavaleiros vêm de longe; eles voam como a águia que se apressa a devorar. 9 Eles vêm todos eles para a violência; o conjunto de suas faces é para a frente; e eles ajuntam cativos como areia. 10 Escarnecem dos reis, e dos príncipes fazem zombaria a ele; ele derideth todas as fortalezas; para ele amontoa pó, e toma-a. 11 Em seguida, ele deve varrer por como um vento, e deve passar sobre, e ser culpado, mesmo que ele cujo poder é o seu deus.

Jeová responde de Habacuque "porquê" com, Eis que ... Eu estou trabalhando [nos bastidores] uma obra em vossos dias, o que vocês não vão acreditar que ele for contada. Eis que ... olha ... maravilha: . aqui estão três imperativos Eis que vos entre as nações, diz o Senhor. Ele os convida a observar Suas operações entre as nações que estão prontos para julgamento. Judá não será exceção (conforme Jr 25:32. ). Olha, e maravilhai (conforme : Is 29:9. , Is 29:10 ;) porque eu estou trabalhando uma obra em vossos dias, o que vocês não vão acreditar ainda que seja disse. manifestações divinas são frequentemente classificado como de trabalho (conforme Hc 3:2 , Hc 3:12 ; . Sl 44:1 ). Pois eis que suscito os caldeus. Lo é outra palavra enfática para a atenção (conforme "ai", "lo", "ir" de Is 6:1. , KJV).

Assegurando-se da realidade de Deus, ele proclama corajosamente, nós não morreremos (v. Hc 1:12 ), não importa o que pode acontecer. E neste dia de tumulto e maldade grosseira e descarada, nós também precisamos de uma nova visão de Deus. Nós, também, preciso vê-lo tão pessoal, soberano, santo, eterno, todo-cuidar-o Jeová de manutenção da aliança. A Igreja primitiva, também, enfrentou dias mais difíceis, mas fez exploits porque tinha uma visão semelhante de e fé em Deus (conforme At 4:24 ).

Para Habacuque Deus era real, e não menos assim foram as tristes realidades sobre ele. Estes confundiu até mesmo como eles fizeram o salmista (Sl 73:1 ).

Nos versículos 14:17 , vemos como realisticamente ele enfrentou seus problemas, os caldeus diabólicas (babilônios), que ainda adoravam os instrumentos de destruição. "Será que tudo isso acontecendo para sempre? ? Deve mal nunca triunfará "Habacuque vem corajosamente a Deus e diz-lhe tudo (conforme Lc 11:5 ). A palavra-chave aqui é "importunação", ou seja, sem pudor; ou seja, não tendo nada que cause vergonha. E é por isso Habacuque podia falar tão abertamente a Deus!


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Introdução ao Livro de Habacuque
Habacuoue

Você já observou a injustiça e a vio-lência deste mundo e perguntou-se: "Por que Deus não faz alguma coi-sa a respeito de tudo isso?". Parece que o perverso prospera, e o justo, sofre. As pessoas devotas oram, mas parece que as orações delas não fazem nenhum bem. O relato de Habacuque encara esse problema e esclarece-o. Observe os três atos desse drama pessoal em que o pro-feta enfrenta suas dúvidas e encon-tra certeza em sua fé.


Wiersbe - Comentários de Habacuque Capítulo 1 do versículo 1 até o 17
I. O profeta questiona (1)

A. Por que Deus está em silêncio e inativo? (vv. 1-4)

Esse é o primeiro problema que con-funde o profeta. Ele olhou para o mun-do e viu violência (1:2-3,9; 2:8,17), iniqüidade, opressão, contenda e lití-gio. A lei não era imposta, não havia proteção legal para o inocente que era sentenciado como culpado. As cortes eram manipuladas por advoga-dos egoístas e juizes cruéis. Toda a na-ção sofria por causa da perversidade do governo. No entanto, parecia que Deus não fazia nada a respeito disso. Ao lado desses problemas internos, havia a ameaça do Império Babilônio que assolava o cenário político.

Nos versículos 5:11, Deus res-ponde ao profeta: "Realizo, em vos-sos dias, obra tal, que vós não cre-reis, quando vos for contada. Pois eis que suscito os caldeus [...] para apoderar-se de moradas que não são suas [para conquistar as nações e ser meu instrumento de disciplina para o povo]". Como é verdadeiro que Deus opera em nosso mundo, e nós não percebemos isso (Rm 8:28; 2Co 4:17). Em At 13:41, Pau-lo cita o versículo 1:5 e aplica-o à propagação do evangelho entre os gentios. Nesses versículos, o Senhor descreve o exército caldeu, e a ima-gem não é das mais bonitas. Eles são amargos e impetuosos, pavorosos e terríveis, "voam como águia que se precipita a devorar". Não é neces-sário contar a Habacuque como os caldeus são terríveis, pois ele já sa-bia como eles eram perversos.

B. Como Deus pode usar uma nação tão pecadora para uma causa santa? (vv. 12-17)

A resposta que Deus fornece, nos versículos 5:11, apenas cria novos problemas para Habacuque. Ele não entendia como o Senhor podia usar uma nação tão perversa para disci-plinar seu povo escolhido, os judeus. Habacuque afirma algo em que quer dizer isto: "É verdade que nós pe-camos e merecemos o castigo, mas os caldeus são muito mais perversos que nós. Se alguém merece discipli-na, estes são os caldeus". Um Deus santo pode sentar e assistir a seu povo ser pego como peixe ou pisado como inseto (vv. 14-15)? Os caldeus poderíam se vangloriar desta forma: "Nossos deuses deram-nos vitória. Jeová não é o Deus verdadeiro".

Não há nada de errado com o fato de o crente lutar com os proble-mas da vida e tentar resolvê-los. Às vezes, parece que Deus não se im-porta com seu povo, que abandonou os seus e ajuda os pagãos. Muitos milhões de crentes foram martiriza- dos por causa de sua fé. Podemos adorar, crer e servir com honestida-de a um Senhor cujos caminhos são aparentemente tão contraditórios?


Russell Shedd

Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
Russell Shedd - Introdução ao Livro de Habacuque
Habacuque

Análise

O profeta-filósofo, Habacuque, sentia-se perturbado acerca da intensa impiedade de Judá. Mas, em contraste com seu contemporâneo, Jeremias, preocupava-se mais com a aparente relutância de Deus em julgar, do que com a falta de arrependimento do povo. Destruição, violência e desconsideração para com a lei de Deus floresciam desenfreadamente (1:2-4), a despeito dos ardentes apelos do profeta para a intervenção de Deus.
Deus replicou a Habacuque que ele não teria de esperar por muito tempo para receber a resposta: os ferozes e violentos caldeus (babilônios) seriam a vara que Deus usaria para castigar e açoitar a Judá, perante os próprios olhos de Habacuque (1.5, 6).
Em lugar de suspender a carga do profeta, essa resposta a aumentou, pois Habacuque se viu a braços com um segundo e mais complicado problema: Como é que Deus, cujos olhos são por demais puros para contemplar o erro, ficaria impassível enquanto uma nação ímpia e sedenta de sangue engolfaria um povo mais justo que ela (1.13)? E o profeta procurou um lugar solitário para esperar pela resposta de Deus (2.1).
A resposta é dada numa das mais grandiosas declarações das Escrituras: O justo viverá pela sua fé (ou fidelidade). Os justos serão preservados no dia da tribulação, visto terem dependido de Deus, pelo que também Deus podia depender deles. Retribuição súbita e certa será a porção dos altivos invasores, que assim compreenderão a inutilidade da tirania e a vaidade da idolatria (2:6-19). A resposta termina com uma ordem de silêncio universal perante o soberano Senhor (2.20).
Sendo-lhe assegurado que a justiça triunfará, o profeta eleva o seu coração numa oração para que Deus opere novamente uma obra poderosa, conforme operara no Êxodo e no monte Sinai (3:2-15). Após contemplar o majestoso resplendor do Onipotente, Habacuque reafirma sua confiança no Deus de sua salvação em uma das mais comoventes confissões das Escrituras Sagradas (3:17-19).

Autor

Nada se sabe a respeito do profeta Habacuque, a não ser as qualidades pessoais que podem ser discernidas em seu escrito. Somente ele, nas Escrituras, recebe tal nome, que pode significar "abraçado" mas que mais provavelmente se deriva do nome de uma planta. Várias datas, de 700 a 300,a.C., têm sido sugeridas para a compilação desse livro, mas o período mais provável é aquele que medeia entre 605 a.C., a data da vitória de Nabucodonosor sobre egípcios, em Carquemis, na Síria, e 597 a.C., quando os babilônios invadiram Judá.


Russell Shedd - Comentários de Habacuque Capítulo 1 do versículo 1 até o 17
1:1-4 O clamor do profeta a Deus.
1.1 Habacuque. A vida particular deste profeta assim como a dos outros profetas menores e pouco conhecida (conforme NCB, p. 892).

1.2 O enigma da oração não respondida. O enigma para Habacuque era o silêncio, a aparente inatividade e despreocupação da parte de Deus em vista do pecado.
1:3-5 Habacuque, olhando ao redor, vendo o pecado espalhado por todas as direções, ficou perplexo em face do porque de Deus não agir. O livro inicia com uma interrogação e termina com uma exclamação (conforme 1.2 com 3.19). Este tem sido o clamor dos crentes em todas as épocas. Deus, porém, sempre responde, no tempo determinado por sua vontade.
1.5- 11 Resposta do Senhor à oração de Habacuque.

1.5 O Senhor vai responder a oração de Habacuque de maneira não conhecida ou imaginada por ele (conforme At 13:40-44).

1.6 Deus irá levantar os caldeus para punir o seu povo desobediente. Caldeus. Uma tribo de semitas (também chamados babilônios), que ocupara a região entre a Babilônia e o Golfo Pérsico. Fortificando-se, marchou contra os assírios c. 630 a.C. Vinte e cinco anos mais tarde tinha conquistado a maior parte do Oriente Próximo.

1.6- 11 Os caldeus viriam a ser o instrumento nas mãos do Senhor para julgar e humilhar tanto os judeus como as outras nações que se esqueceram de Deus.
1.6- 8 O instrumento descrito.
1.9- 10 O instrumento atuando.
1.11 O última pecado do instrumento.
1.12- 17 O segundo enigma de Habacuque. Note a série de perguntas que Habacuque lança a Deus nestes versículos.
1.12 Não morreremos. Habacuque sabe, que, mesmo que Deus castigue a Israel, Ele não irá destruir por completo o seu povo eleito.

1.13- 17 Habacuque fica perplexo ao saber que o Senhor usará um povo sem o temor de Deus como o seu instrumento de punição e pergunta a Deus por quanto tempo os caldeus continuarão na ascendência.


NVI F. F. Bruce

Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
NVI F. F. Bruce - Introdução ao Livro de Habacuque
Habacuque

ALAN G. NUTE

Introdução

Habacuque é excepcional por causa da honestidade intelectual e da integridade moral e espiritual com que ele enfrenta questões profundas. Ele lida com elas de uma forma que só pode ser considerada corajosa. O conflito que irrompe no seu coração e mente é ocasionado pela incapacidade de conciliar as realidades trágicas da situação histórica com a convicção de que toda a história está sob o controle direto de um Deus soberano, onipotente e santo. Os fatos inegáveis parecem contradizer abertamente uma crença fundamental e estimada. Habacuque acha que é impossível ignorar o problema; aliás, a necessidade de resolvê-lo torna-se para ele algo imperativo e urgente.
A profecia começa com uma tempestade de questionamentos e queixas angustiantes. A medida que prossegue, a sua turbulência encontra um eco nos eventos tempestuosos do êxodo, descritos vividamente de forma poética no cap. 3. Finalmente, no entanto, a tempestade se acalma, e Habacuque emerge tranqüilo e confiante. Numa ode memorável e triunfante, ele exclama: “ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação”. Esse alvo foi atingido não em virtude do desenrolar bem-sucedido do mistério, mas por meio da resposta à revelação central do v. 4 do cap. 2: “o justo viverá pela sua fidelidade [fé]”.

O profeta

Quem escutar às escondidas esse intercâmbio agonizante com Deus deve sentir, no final, que “conhece” Habacuque. Contudo, em outros aspectos, o profeta permanece um estranho quase completo. O seu nome é associado ao nome assírio de uma planta; também se conjectura que deriva de uma raiz hebraica que significa “apertar” ou “abraçar”. Este último significado não seria inadequado para alguém que, como Jacó, se agarra àquele com quem lutou desesperadamente. Sem dúvida, foi esse significado que deu origem à conjectura que identifica Habacuque com o filho da mulher sunamita (2Rs 4:16). Tanto esta quanto a sugestão que o associa com a sentinela de Isaías (Is 21:6; conforme Hc 2:1 e Zc 1:1,Jr 23:22).

Contexto histórico

O contexto da profecia é objeto de considerável debate, e diversas teorias foram propostas. A única pista segura pode ser encontrada na referência aos babilônios (1.6); mesmo assim, alguns estudiosos argumentam que esse termo deveria ser lido kittim (gregos cipriotas), e não kasdim (babilônios, ou caldeus). Essa emenda teria o efeito de colocar a profecia nos dias de Alexandre, o Grande (final do século IV a.C.). Alguns dizem que isso se harmonizaria melhor com o texto hebraico Dt 1:9, mas, como é extremamente difícil estabelecer a formulação exata desse versículo, parece um fundamento precário demais para essa alteração tão radical, especialmente porque há sérias dúvidas acerca da mudança no v. 6. Em geral, há uma boa medida de concordância sobre o fato de que os kasdim eram a nova potência sob o comando do caldeu Nabopolassar, que derrotaram e substituíram o Império Assírio perto do final do século VII a.C. Nínive, a capital da Assíria, caiu diante dos caldeus e seus aliados em agosto de 612 a.C.; depois disso, o império dos babilônios foi bem e solidamente estabelecido.

Qualquer tentativa de datação da profecia precisa responder a uma questão crucial: A descrição que Habacuque faz dos caldeus é uma previsão profética ou um registro simples e direto dos fatos já bem conhecidos na época? O texto sugere a segunda opção. Se esse for o caso, a profecia provavelmente foi anunciada pouco antes ou pouco depois da batalha de Carquemis (605 a.C.) quando as tropas dos caldeus, lideradas pelo filho de Nabopolassar, o príncipe herdeiro Nabuco-donosor, derrotaram os egípcios. O fato de o profeta ser advertido de que vai ficar chocado com as notícias que estão para lhe ser reveladas (1,5) sugere uma data antes, e não depois, desse evento. Depois de 605 a.C., Habacuque, em concordância com os seus contemporâneos, deve ter ficado muito consciente de que a subjugação de Judá pelos caldeus era inevitável. Era somente uma questão de tempo.
Outro aspecto importante nessa discussão é a identificação dos responsáveis pela injustiça e opressão que provocam a queixa inicial do profeta (1:2-4). A defesa do ponto de vista de um inimigo externo, como os assírios, infligir essas condições a Israel baseia-se em geral num deslocamento do texto. Diversas reorganizações do texto foram propostas, mas essa provavelmente é a forma mais insatisfatória de lidar com a dificuldade. Alguns comentaristas não usam esse artifício, mas mesmo assim defendem que um inimigo externo está em vista aqui. Isso torna o argumento dos parágrafos seguintes menos convincente do que quando os problemas são considerados internos. Esta é a interpretação mais geral, e é a adotada aqui.

A morte prematura de Josias, que de forma inexplicável tentou interferir no avanço do faraó Neco contra a já enfraquecida Assíria (609 a.C.), levou Israel para debaixo do controle egípcio. Isso também significou o abandono das reformas introduzidas por Josias. Por mais ineficientes que tivessem sido, o estado de coisas que se seguiu mostrou-se infinitamente pior. O povo escolheu Jeoacaz como rei. Depois de alguns meses, o faraó Neco o depôs, levou-o acorrentado para o Egito e o substituiu por outro filho de Josias,

Jeoaquim (2Cr 36:4). Os males que haviam marcado o reinado de Manassés agora refluíram. A corrupção e a crueldade eram desmedidas, e as vítimas não encontravam reparação. O retrato breve e agonizante que Habacuque faz da situação nos seus dias (1,24) corresponde de forma muito adequada a esse período trágico da história de Judá.

Apoio para esse contexto da profecia pode ser encontrado também em alguns paralelos entre Habacuque e Jeremias que indicam que eles podem ter sido contemporâneos. O retrato que Jeremias faz do caráter do desprezível Jeoaquim e da natureza opressora do seu reinado (Jr 22:13-24) corresponde quase exatamente às condições que Habacuque lamenta

(1.3,4). Além disso, a reação deles é quase idêntica. Jeremias também questiona e discute com Deus enquanto se debate com o problema intratável da prosperidade dos ímpios Qr 12:1-4; v. tb. 13 17:15-10-18; 20:7-18).
Um teste para a credibilidade da situação histórica imaginada é se ela provê uma estrutura e um quadro de referência para o diálogo que se desenvolve no livro; e isso, de preferência, sem uma reordenação do texto. Visto contra o pano de fundo esboçado acima, o fio do diálogo do cap. 1 se desenvolveria como segue. Habacuque se queixa amargamente porque o Senhor falhou em intervir e corrigir os amplamente espalhados abusos em Judá, contra os quais ele tem feito protestos persistentes e urgentes a Deus (v. 2-4). A resposta de Deus tem o sentido de que algo já foi feito em relação a essa questão. Por mais incrível que isso possa parecer a seu servo, Deus já escolheu e preparou a Babilônia para ser a ferramenta nas suas mãos para o castigo do seu povo. Além disso, ele está na iminência de usá-los dessa forma (v. 5-11). Isso gera uma expressão de horror por parte do profeta. Ele considera inconcebível que um Deus santo estaria disposto a usar essa nação tão orgulhosa, voraz e idólatra para a realização dos seus propósitos (v. 12-17). Em relação aos cap. 2 e 3, o contexto histórico não é tão importante.
Para alguns estudiosos, o problema se resolve ao se considerar os eventos e a reação de Habacuque a eles um simples mosaico, livres de uma seqüência cronológica. Isso certamente tem a vantagem de atenuar algumas das dificuldades mais patentes que o texto apresenta. Mas, não importa a abordagem que se adote, não há necessidade de considerar a profecia algo diferente do que um todo coerente.

Valor

Felizmente, o verdadeiro valor do livro não depende de nenhuma dessas considerações. A sua lição principal, como também a sua relevância permanente, são descobertas quando se traça o caminho pelo qual o profeta finalmente chega à paz da fé. Desde a comunidade de Cunrã (que nos forneceu os primeiros comentários de Habacuque) até os dias de hoje, quando homens tentam refletir sobre o problema antiqüíssimo do mal e tentam associar os fatos duros da história com um Deus de justiça e de poder que mantém tudo sob o seu controle, eles se sentem atraídos a Habacuque. Nesse registro cativante, encontram um indivíduo que está veementemente tentando desenvolver uma teodicéia. Mais importante, eles ouvem a palavra que exige, como também inculca, as virtudes da fé e da paciência. Como o NT mostra, esse é o desafio principal e eterno do livro (Rm 1:17; Gl 3:11; He 10:37,He 10:38).

ANÁLISE

I. UM DIÁLOGO DRAMÁTICO (1.1—2.10)


1)    Título (1.1)

2)    Habacuque protesta contra Deus (1:2-4)

3)    Deus responde (1:5-11) - (3:1-16)

4)    O profeta objeta (1:12-17)

5)    Deus responde (2:1-5)

6)    O cântico dos cinco ais (2:6-19)

7)    Pós-escrito (2.20)
II. UM SALMO (3:1-19)

1) 0 Deus do julgamento e da salvação

2)    A confiança dos piedosos (3:17-19)
I. UM DIÁLOGO DRAMÁTICO (1.1—2.20)


NVI F. F. Bruce - Comentários de Habacuque Capítulo 1 do versículo 1 até o 17

1)    Título (1.1)

A introdução é caracterizada pela simplicidade e por um senso de autoridade espiritual. O nome e o ofício de Habacuque são mencionados, mas a atenção se concentra na natureza e origem de sua mensagem. O termo Advertência (algumas versões trazem “oráculo”) indica um comunicado divino recebido para ser transmitido como uma declaração solene e marcada pela autoridade. “Peso” (ARG, ACF) destaca a responsabilidade que é transferida para o agente humano. (V. uma análise detalhada de massã' em Zacarias, TOTT, p. 162-3, nota adicional). A expressão revelada deixa propositadamente vago o meio pelo qual essa revelação foi transmitida (conforme Jl 3:7).


2)    Habacuque protesta contra Deus (1:2-4)

As condições: Um espírito de anarquia está amplamente difundido, e, como hoje, usa como armas a destruição e a violência. Gomo resultado da amargura entre facções rivais, há luta e conflito por todo lado\ em todos os lugares, predomina o caos moral. Não muito tempo antes, sob Josias, a lei (torah) havia sido redescoberta e reaplicada à vida da comunidade (2Rs 21:0). Agora ela é novamente inoperante (se enfraquece-, “se afrouxa”, ARA; lit. “está entorpecida”). Designada por Deus para a orientação da vida do seu povo em questões morais e também rituais, ela está sendo abertamente escarnecida e desconsiderada e, por conseqüência, levada ao descrédito. Em todos os lugares, parece que o poder está do lado das pessoas erradas, de maneira que os “maus levam vantagem sobre os bons” (NTLH). Os justos em vão esperam por apoio ou reparação do tribunal. A justiça que eles esperam não é nada mais do que uma caricatura dela, pois é pervertida. Os defensores da verdade e da pureza que ainda há são escarnecidos ou ignorados. A lei (torah) é rejeitada, e, por conseqüência, a justiça (mispât) é abandonada.

0 efeito: Para Habacuque, a repugnância desse trágico estado de coisas é acentuada porque ele enxerga a situação de forma muito clara (v. 3a). Aliás, ele praticamente censura Deus por compeli-lo a olhar para a condição desesperadora do seu povo. Uma atitude escapista (conforme Sl 55:6,Sl 55:7; Jr 9:2) é impossível. A sensibilidade tanto para as mazelas quanto para as necessidades da sociedade surge do relacionamento com Deus.

Contudo, o maior problema e a causa que está na raiz da sua angústia são que Deus parece tanto silencioso — sem que tu ouças — quanto inativo — sem que tragas salvação (v. 2). E isso, muito mais do que a falta de obediência à lei, a injustiça e a opressão que causam a perplexidade do profeta. O seu grito é Até quando...? (conforme Sl 89:46; Jr 12:4; Zc 1:12Ap 6:10). As suas intercessões têm sido urgentes e sofridas, e de fato o seu terror explode às vezes em um grito de exclamação: Violência! (uma oração de uma palavra). Ele está confuso e magoado porque o Deus que ele conhece e a quem ele chama pelo nome da aliança, JavéSenhor, não intervém. Mas o pior está por vir: “os enigmas da condução divina da história estão se tornando ainda mais obscuros” (von Rad, p. 190).


3) Deus responde (1:5-11)

Olhem as nações: (conforme “Por que me fazes ver a injustiça...?”, v. 3). O olhar de Habacuque precisa de uma mudança de direção. Também requer ser focalizado, como sugere o imperativo Olhem. A resposta que ele recebe corresponde à dupla queixa que ele fez. Deus lhe informa que, apesar de todas as aparências, ele não está inativo — nos dias de vocês farei algo. E se ele esteve silencioso foi só por causa da relutância do profeta e do povo que ele representa em aceitar a solução que Deus está propondo — não creriam se lhes fosse contado (conforme Is 53:1). Deus não estava afastado, como imaginava Habacuque, deixando que as coisas acontecessem sem a sua supervisão. Ele já havia começado a agir, mas de maneira que se mostraria inacreditável e inaceitável. A duplicação Olhem [...] fiquem atônitos e pasmem indica a Habacuque como ele ficaria completamente aturdido quando fosse confrontado com a incompreensibilidade do plano de Deus. As idéias preconcebidas podem bem ter tornado mais difícil para ele aceitar a resposta de Deus, mas as suas orações não podem ser consideradas infrutíferas.

Observação: Paulo usa esse versículo no seu sermão na sinagoga em Antioquia da Pi-sídia (At 13:40,At 13:41). Ele o cita da LXX, “que se adaptava mais ao seu propósito” (F. F. Bruce, ActsThe English Text, p. 279), e prossegue em aplicá-lo à extraordinária salvação oferecida pelo evangelho, como também ao terrível julgamento que aguarda os que a rejeitam.

Os versículos seguintes (6-11) descrevem a arma forjada pelo Todo-poderoso como a vara da sua ira (Is 10:5). E suficiente para fazer tremer o coração mais valente. Estou trazendo: a ARA diz: “Pois eis que suscito”, uma tradução mais próxima do original hebraico. Mas isso dificilmente estaria se referindo ao estabelecimento da Babilônia como potência mundial, mas ao fato de que a sua atenção está se voltando agora para Judá. Por isso, a NVI aqui traduz melhor a idéia do original. Em relação ao retrato que se faz nesses versículos das forças babilônias, tem-se dito que “não está em harmonia com o real progresso e a verdadeira natureza dos exércitos de Na-bopolassar depois de 625” (Eaton, p. 89). Isso, no entanto, não parece dar reconhecimento suficiente à natureza poética e dramática desse retrato do inimigo.

E provável que Habacuque já soubesse da imensa força militar e da natureza dos babilônios. A crueldade e determinação deles eram tais que nada parecia poder barrá-los. Movidos por ambição egoísta e por ganância, eles vêm para apoderar-se de moradias que não [lhes] pertencem. A ameaça de invasão por eles deixa a população aterrorizada (v. 7a, 9a). Eles não reconhecem nenhum tratado internacional de conduta militar, não prestam contas a nenhum poder superior; é uma nação que cria a sua própria justiça e promove a sua própria honra. A natureza desses padrões, que eles determinam sozinhos, pode ser aferida do pânico que eles inspiram.

Imagens muito fortes são usadas para retratar a cavalaria do inimigo: como leopardos por causa da rapidez e a brusquidão com que se lançam sobre as suas vítimas, como lobos no crepúsculo por causa da crueldade e da implacabilidade com que perseguem o seu inimigo, e como ave de rapina que mergulha para devorar a presa por causa da imprevisão do seu ataque.

Embora o texto dos versículos restantes desse parágrafo (9-11) seja incerto, o retrato que transmite não é. violência é melhor traduzido por “despojo” (v. 9a). A expressão seguinte é considerada pela maioria dos tradutores uma referência aos “rostos” do inimigo (conforme ARA, ARC e ACF). “Um mar de faces avança” (NEB), “as suas faces ardentes como o vento oriental” (JB em inglês). Se optarmos pela última, a figura de uma tempestade de areia pode estar por trás da afirmação seguinte: fazendo tantos prisioneiros como a areia da praia. A deportação em massa segue o ataque. Eles não são intimidados por homens de renome nem detidos pela fortaleza mais robusta, constroem rampas de terra e por elas as conquistam é uma referência aos montes de terra feitos no cerco diante da cidade murada, possibilitando o avanço dos invasores para que assaltassem a fortaleza (conforme Jr

32.24). A descrição chega ao seu clímax com as palavras passam como o vento e prosseguem.

A sua carreira de conquistas é tão devastadora quanto um furacão. Em todo esse esboço das forças babilônias, a marca predominante é a do seu avanço rápido e irresistível.
O princípio segundo o qual eles operam é o que tem motivado muitos déspotas antes e depois deles — “o poder define o direito” (v. 7b). No caso deles, no entanto, esse mal é aumentado e tornado mais abominável pelo fato de que deifícam e adoram a sua invencibilidade — têm por deus a sua própria força (v. 11). E isso, acima de tudo, que os faz merecer o veredicto: homens carregados de culpa. Não é de admirar, então, que essa seção precisasse ser prefaciada com a declaração: fiquem atônitos e pasmem; pois nos dias de vocês farei algo em que não creriam se lhes fosse contado (v. 5). Deus fala desse panorama horrendo como uma ação sua, direta e pessoal (observe a repetição da primeira pessoa: “farei”, “estou”; v. 5,6). Não se pode esperar disso tudo outro efeito sobre o seu servo que não uma profunda perplexidade.


4) O profeta objeta (1:12-17)

Habacuque, pronto para expressar a sua objeção à estratégia divina, primeiro se fortalece na reafirmação da sua fé. (1) Deus é eterno. Ele, sem dúvida, encontra conforto nessa verdade (conforme Dt 33:27; Sl 90:1). O corolário “nós não morreremos” (nr. da NVI; o texto traz tu não morrerás\ conforme Ml 3:6) pode bem representar uma emenda feita por um escriba antigo para quem a associação entre “Deus” e “morrer” era considerada irreverência (conforme “tu és imortal”, NTLH). (2) Senhor —    aquele que pelo amor leal da aliança se compromete a abençoar o seu povo. (3) Deus —    supremo, poderoso, confiável. (4) Santo — santo no seu caráter e justo nas ações (uma convicção da qual o profeta se nega a abrir mão). (5) Rocha — o refúgio permanente de todos os que confiam nele. Assim, Habacuque recita o que ele sabe de Deus e, empregando duas vezes o pronome pessoal possessivo meu, se apega àquela grande realidade. Além disso, ele confirma que entendeu o plano que Deus lhe revelou, isto é, que os babilônios vão ser uma ferramenta para aplicar o castigo (v. 12b). Essa combinação entre fé e compreensão constitui, por um lado, o fundamento em que ele se apóia para enfrentar a crise, e, por outro, a causa da sua perplexidade. Essa perplexidade ele agora traz a público.

O rumo proposto por Deus parece estar em contradição aberta com o seu caráter. Como pode aquele cujos olhos sempre devoraram o mal (Ap 1:14) “suportar” a traição de homens maus? v. 13. perversos-, (“infiéis”, RSV; conforme fidelidade, 2.4b). Anteriormente Habacuque tinha lamentado que os ímpios prejudicam os justos (v. 4); agora ele encara o fato de que os ímpios devoram os que são mais justos que eles. Vítimas inocentes vão sofrer um destino pior do que antes, e Deus aparentemente não é nada mais do que um espectador — calado. O que é muito mais desconcertante ainda é que ele está ativamente usando um agente impuro na execução do seu propósito (v. 12b,14). A relação imediata entre as ações de Deus e as dos homens é destacada pela referência a ambos com a mesma metáfora (conforme o “tu” implícito com respeito a Deus, v. 14; ele e sua com respeito aos caldeus, v. 1517). Com o seu protesto a plenos pulmões, precisamos questionar se o profeta não foi longe demais na sua censura a Deus (v. 14), e se não se infiltrou uma medida de exagero no retrato do pescador reverenciando a sua rede. A irrupção chega ao clímax com a pergunta desafiadora que é lançada diante de Deus para que a responda (v. 17).


Moody

Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
Moody - Comentários de Habacuque Capítulo 1 versículo 1

INTRODUÇÃO

O Autor. Do próprio Habacuque nada se sabe, exceto o que se pode deduzir deste livro que leva o seu nome. Ele é chamado de "o profeta", sendo possível, portanto, que além de possuir o dom da profecia fosse também membro do grupo de profetas profissionais. Algumas observações musicais feitas ao salmo contido no capítulo dão a idéia de que ele tenha profetizado no Templo, como os homens que foram mencionados em 1Cr 25:1.

Coisa precária é dizermos algo sobre o caráter do profeta com base na sua obra. Seu nome parece derivar de uma raiz hebraica que significa "abraçar". Jerônimo (quinto século d.C.) declarou que o profeta era chamado "O Abraçador", por causa do seu amor a Deus ou porque lutou com Deus. Uma tradição rabínica liga o nome com 2Rs 4:16 e diz que Habacuque era filho da sunamita. É claro que isto não passa de fantasia e a não ser que o nome do profeta fosse dado em antecipação ao seu ministério, como no caso de Jesus (Mt 1:21), qualquer conjectura quanto ao seu significado, embora interessante, é absolutamente sem sentido. Habacuque foi citado na lenda apócrifa de Bel e o Dragão salvando Daniel da cova dos leões uma segunda vez. Não necessitamos dar crédito a esta ou outras tradições que declaram que Habacuque fugiu para a Arábia quando Jerusalém caiu e retornou à Palestina depois do exílio babilônico. Essas histórias, entretanto, apontam para o momento aproximado em que o profeta ministrou.

Data. O momento exato da autoria da profecia tem sido objeto de conjecturas como também a pessoa do profeta. Mestres competentes têm sugerido datas que vão desde 650 A.C. (C.F. Keil, Commentary on the Minor Prophets, pág.
410) a 330 A.C. (E. Sellin, Introduction to the Old Testament, pág, 183). Por diversos motivos a primeira data parece ser um tanto precoce, uma vez que coincide com o período do domínio assírio em Judá; enquanto a última está intimamente relacionada com a opinião de que os exércitos invasores descritos no primeiro capítulo da profecia não foram os caldeus mas os gregos sob a liderança de Alexandre, o Grande. A conclusão mais satisfatória parece ser que a profecia foi escrita em um período quando os caldeus ou babilônios estavam começando a ficar indóceis contra o poder assírio e talvez até mesmo a demonstrar a sua força. Colocar a composição do livro bem mais tarde do que isto, seria presumir que não foi realmente um predição da invasão de Judá pelos caldeus mas uma referência ao que realmente já tinha acontecido e portanto uma simples explicação da presença dos babilônios no ocidente como instrumento do Senhor. A melhor conclusão parece ser que a profecia foi escrita quase no fim do reinado de Josias (640-609 A.C.), de preferência depois da destruição de Nínive pelas forças dos babilônios, medos e citas combinados em 612 A.C. Essa época parece plausível por dois motivos. Uma é que o profeta parece surpreso em saber que os caldeus foram escolhidos por Deus para castigarem a Judá desobediente; afinal, o bom Rei Josias não era próbabilônico em suas simpatias políticas e não procurou atrapalhar o avanço de Faraó-Neco quando este pretendia lutar contra os babilônios em 609 A.C.? O outro motivo é que o despertar do poder caldeu fosse suficientemente evidente para que a descrição do profeta tivesse significado para os seus ouvintes. Certamente o livro deveria datar de antes de 605 A.C. , quando Nabucodonosor fez sua primeira invasão da Palestina e levou Daniel e outros como prisioneiros para a Babilônia.

Problema do Capítulo 3. Tem-se argumentado às vezes que o capítulo 3, que é um salmo, não foi escrito por Habacuque. As observações musicais encontradas no capítulo mostram que era destinada ao uso do culto no templo. Isto tem levado alguns mestres, que preferem achar que o culto no templo logrou pureza comparativa e uma teologia avançada só no período após o Exílio, a datar o salmo do período pósexílico. Mais apoio para o argumento parece haver no fato do comentário a Habacuque encontrado entre os Códices de Qumran não fazer referência ao terceiro capítulo de Habacuque. Esta aparente ignorância de Habacuque 3 pode ser explicada, entretanto, pelo fato dos escritores do comentário estarem tentando explicar os dois primeiros capítulos com referência aos acontecimentos do seu próprio período. Não acharam que o salmo de Habacuque fosse adequado ao seu propósito. O uso de anotações litúrgicas dificilmente constituem evidências conclusivas a favor da origem pós-exílica de qualquer obra. Considerando que alguns dos salmos mais antigos contêm tais anotações, parece que faziam parte de tal literatura consideravelmente antes do Exílio.

Raridade do Livro. Uma vez que o conteúdo do terceiro capítulo fornece um clímax triunfante aos problemas colocados nos dois primeiros capítulos, temos uma teodicéia através de todo o livro. A estrutura desta profecia é diferente de todo o Velho Testamento, no que se refere ao conteúdo teológico. Nos dois primeiros capítulos há um diálogo entre o Senhor e o profeta, no qual este último não apenas se queixa do mal, como alguns Salmistas, mas também desafia o Senhor a indicar como Ele, o Santo, pode tolerar esse mal. Este diálogo deve ser considerado transpirando o reino da visão (cons. Hc 1:1 e Hc 2:2). O terceiro capítulo é uma oração, na qual o profeta começa pedindo ao Senhor que confirme na história o propósito que já anunciou, fazendo a Sua obra sobreviver através dos anos. Após esta oração, Habacuque recebe uma visão de Deus manifestando o Seu poder e a Sua glória na terra mais ou menos da mesma forma como se manifestou na experiência do Êxodo no Monte Sinai. O resultado da visão é uma mistura de temor e confiança da parte do profeta.

COMENTÁRIO

Habacuque 1

I. Introdução. Hc 1:1.

1. Sentença. Muitos pronunciamentos proféticos são descritos como "sentença", particularmente quando há denúncia de caráter sinistro ou ameaçador. Aqui o profeta deplora a iminente subjugação e devastação do seu próprio povo, de modo que há um aspecto agourento no que se lhe refere. Ao mesmo tempo a sentença é contra os orgulhosos caldeus, cuja força está no seu deus (Hc 1:11). Revelada. A palavra hazâ, "ver", um termo mais ou menos técnico, indica que esta é uma revelação. O Espírito de Deus imprime a mensagem no âmago da consciência dos profetas com tanta força e clareza como se tivessem visto algo com os olhos físicos. Em 1Rs 22:17 Micaías diz: "Eu vi todo Israel disperso..."


Francis Davidson

O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
Francis Davidson - Introdução ao Livro de Habacuque
HABACUQUE

INTRODUÇÃO

I. AUTOR

Nada sabemos a respeito de Habacuque fora das informações prestadas neste livro, mas mesmo aqui ele não nos fornece sua genealogia nem nos diz quando profetizou. O próprio nome é aparentado de um vocábulo assírio, que significa uma planta ou vegetal. Na Septuaginta, seu nome aparece como Ambakoum. Jerônimo a derivou de uma raiz hebraica que significa "segurar", e disse que: "ele é chamado "Abraço" ou por causa de seu amor ao Senhor, ou porque lutava contra Deus". Lutero, e muitos comentadores modernos, têm favorecido a mesma derivação. Certamente não é derivação inapropriada, pois neste pequeno livro vemos um homem, em ânsia mortal, em luta com o grande problema da teodicéia-a justiça divina-em um mundo desordenado. Encontramos a mesma espécie de conflito no mais volumoso livro de Jó.

Habacuque foi o primeiro profeta a impugnar não a Israel, porém a Deus. O livro contém um solilóquio entre ele mesmo e o Todo-Poderoso. O que o deixava perplexo era a aparente discrepância entre a revelação e a experiência. Ele procurava explicação para isso. Nenhuma resposta direta é dada à sua interrogação, mas é-lhe assegurado que a fé paciente terminará saindo vencedora (Hc 2:4). Ele expressa sua fé mui vividamente, em Hc 3:17-35, onde o sentimento encontra um eco mais recente, no hino de William Cowper: "Deus é Seu próprio intérprete, e Ele deixará claro".

Por causa do arranjo musical do capítulo 3, alguns têm pensado que Habacuque foi levita. É possível que ele tenha sido membro de um grupo profissional de profetas, associados ao templo (1Cr 25:1). Ele é o único dos profetas canônicos que a si mesmo chama de "profeta" (Hc 1:1), e julga-se que isso indica posição profissional.

Habacuque aparece na história apócrifa de Bel e o Dragão, como aquele que livrou Daniel da cova dos leões pela segunda vez; porém, tudo isso não passa da lenda.

II. DATA E OCASIÃO

Em Hc 1:6 somos informados que Deus estava levantando os caldeus (isto é, os babilônios) como um instrumento de castigo. Sem dúvida isso se refere ao império babilônico revivificado, que derrubou o enfraquecido império assírio no fim do quinto século A.C. Nínive foi destruída em 612 A.C. e Nabucodonosor, rei da Babilônia, derrotou Faraó Neco, do Egito, em Carquemis, em 605 A.C.

Três anos antes dessa batalha, Faraó Neco matou Josias, rei de Judá, em Megido (2Rs 23:29-12; 2Cr 35:20 e segs.), e estabeleceu reis títeres sobre o trono de Judá, porém, nem Faraó Neco nem eles eram adversários para o crescente poder da Babilônia, e assim, durante os vinte anos seguintes, Judá ficou à mercê dos caldeus e foi finalmente levado em cativeiro, em 586 A. C.

As profecias de Habacuque se referem claramente a esse período e podem ter sido entregues a público ou antes ou depois da batalha de Carquemis. Em ambos os casos, Habacuque teria sido contemporâneo de Jeremias (627-586 A. C.).

Em favor da data mais antiga temos a sugestão, em Hc 1:5, que o levantamento dos caldeus ainda era acontecimento futuro e, no tempo em que o profeta falou, era ainda algo que fazia as pessoas se admirarem (E. B. Pusey, por exemplo, data a profecia tão cedo como o fim do reinado de Manassés, isto é, tão recuada como a frase em vossos dias, em Hc 1:5, permite); em favor de uma data depois de 605 A. C. temos a descrição detalhada dos métodos de guerra dos caldeus, como algo já bem conhecido (Hc 1:7-35).

O reinado do mau rei, Manassés fora "uma época que provou a fé das almas piedosas" (Kirkpatrick). A reforma sob o rei Josias (637-608 A. C.) se tinha mostrado ineficaz, pelo que a iniqüidade e a perversidade (Hc 1:3) da desviada Judá deveriam ser castigadas. Por esse motivo Deus estava levantando os caldeus.

Esse o ponto de vista geral dos eruditos. Alguns, entretanto, referem Hc 1:2-35 não à desviada Judá, mas a algum opressor pagão. Esse opressor poderia ser a própria Caldéia; nesse caso, o texto teria de ser rearranjado para que os versículos 5:11 precedessem os versículos 2:4 (Giesebrecht) ou deveriam ser eliminados (Wellhausen). Ou o opressor poderia ter sido a Assíria: assim pensa Budde, que coloca os versículos 6:11 após Hc 2:2-35, e data a profecia logo depois de 625 A. C., quando Nabopolassar, o caldeu, se tornou independente da Assíria. Mas, nesse caso, por que a Assíria não é mencionada? Em terceiro lugar, há a possibilidade de referir-se ao Egito: assim pensa G. Adam Smith, que compara Hc 1:2-35 com 2Rs 23:33-12.

Porém, a queixa de Habacuque, em Hc 1:12-35 ao povo de Judá.

Um crítico conservador, W. A. Wordsworth, situa a entrega da profecia um século antes, fazendo Habacuque ser contemporâneo de Isaías, com cujas profecias encontra ele muitas afinidades em Habacuque. A data fixadora é, então, a captura de Babilônia pelo caldeu Merodaque-Baladã, em 721 A. C. Outros, com certa base de apoio à sua posição da parte das versões gregas, omitem inteiramente a palavra "caldeus", em Hc 1:6, ou então, juntamente com Duhm, substituem-na pela palavra "Quitim", isto é, gregos cipriotas, assim colocando o livro nos dias de Alexandre, o Grande, cerca de 333 A C. Tais pontos de vista exigem considerável manuseio no texto e não são muito plausíveis. Mas é interessante notar que os Papiros do Mar Morto, recentemente descobertos, que contêm o comentário de Habacuque embora lhe falte a primeira metade de Hc 1:6 traz a seguinte nota a respeito: "interprete-se (isso) como os Quitim, cujo temor está sobre todas as nações". Isso, entretanto, pode ter sido apenas uma "aplicação moderna" de uma situação mais antiga.

Parece melhor, por conseguinte, situar a data do livro de Habacuque cerca de 600 A. C., ou um pouco antes.

III. TEXTO E COMPOSIÇÃO

O significado do texto hebraico nem sempre é claro e a Septuaginta apresenta algumas poucas mas interessantes variações, como, por exemplo, a grande afirmativa em Hc 2:4, que, em um texto da Septuaginta é "totalmente messiânica" (T. W. Manson). Ver anotação in loco. A incerteza quanto a quem se referem várias passagens, tem levado muitos críticos a rearranjar o texto e, em alguns casos, até a dividir a autoria do livro. Para alguns, Habacuque seria o autor dos capítulos 1:2; para outros, seria ele o autor do capítulo 1 e da maior parte do capítulo 2, enquanto que o capítulo 3 seria um poema posterior, do período persa ou dos macabeus. Mas muitos, à semelhança de Kirkpatrick, de J. Peterson, e de outros, preferem considerar o livro como um todo artístico e relacionado.

Parece que a intenção da profecia era de ser lida e não de ser ouvida (ver Hc 2:2). Tem mais a natureza de um poema especulatório e meditativo do que um sermão ou discurso público. O salmo, no capítulo 3, evidentemente tinha o propósito de encorajar o povo de Deus em período de adversidade.


Francis Davidson - Comentários de Habacuque Capítulo 1 versículo 1
I. INTRODUÇÃO Hc 1:1.

Profetas Menores

Justiça e Esperança, Mensagem dos profetas menores por Dionísio Pape, da Aliança Bíblica Universitária
Profetas Menores - Introdução ao Livro de Habacuque
  • O AGENTE PUBLICITÁRIO DO SENHOR
  • HABACUQUE

    Em todos os anais da história do Oriente Médio, nunca haviam sido registrados acontecimentos políticos tão assustadores. O império assírio chegava ao apogeu do seu poderio militar, esmagando com crueldade desumana todas as nações do crescente fértil formado pelos vales dos Rios Tigre e Eufrates a leste, e pelo vale do Rio Jordão a oeste. Em 612 a.C, esse império aparentemente invencível foi atolado pelo temível exército caldeu, oriundo da Babilônia, que logo assumiu a posição inconteste de superpotência no berço da civilização. A outra superpotência, o Egito, sentiu-se ameaçada, e em 605 a.C. enviou um poderoso exército ao norte, para refrear o programa expansionista caldeu.
    O pequenino reino de Judá, país satélite na órbita do Egito, viu com satisfação as unidades blindadas egípcias atravessarem a sua terra santa, para se lançarem contra as famigeradas divisões dos caldeus. Assustado, Judá sentiu de perto o drama de sua forçosa participação na gigantesca luta entre as superpotências mundiais. Que tragédia que, em cada século e em cada década, algum país pequeno tenha que conhecer o horror de achar-se entre o quebra-nozes das superpotências! Como a Hungria em 1956, a Tchecoslováquia em 1968, e o Afeganistão em 1980, Judá teve que enfrentar a perda da sua autonomia no grande jogo da política mundial.
    A Bíblia nos ensina que o Senhor não tem favoritos. Ele não poupa o seu povo da dura experiência da condição humana. A fé no Senhor não é apólice de seguro contra os males comuns. O crente sofre tanto quanto o descrente. Surge então a pergunta: por que é que Deus não age em favor dos seus? Eis o problema do crente Habacuque, que vivia mergulhado no remoinho causado pelos trágicos acontecimentos políticos da época.

    O magnífico exército egípcio, sob o comando do Faraó Neco, atravessou o deserto do Sinai. Passando por Judá, seguiu a estrada principal ao norte, e chegou a Carquemis na Síria, onde enfrentou as forças babilônicas. Numa batalha decisiva em 605 a.C, os egípcios foram derrotados, e recuaram para a sua terra. Os vencedores babilônicos não perderam tempo em seguir os egípcios, ocupando toda a região de Israel e Judá. A cidade santa de Jerusalém foi cercada, e no mesmo ano estudantes judaicos foram levados como reféns para a Babilônia. Entre os exilados se encontravam Daniel e seus famosos colegas Sadraque, Mesaque e Abede-Nego (Dn 1:1). Embora fossem os mais espirituais de todos os estudantes de Judá, Deus não os poupou, mas permitiu que sofressem a mesma sorte angustiante que os demais estudantes descrentes de Judá, tecendo assim na sua soberania um plano todo especial para eles no cativeiro.

    Pregador já conhecido como "o profeta" (Hc 1:1), Habacuque não sofreu a mesma sorte por ser mais idoso. Como observador do drama da destruição da pátria, este servo de Deus, na sua perplexidade, tentou conciliar a sua fé num Deus bondoso com a realidade cruel da invasão da Terra da Promissão. Se Deus é realmente o Soberano moral do universo e ao mesmo tempo o Deus de Judá, por que é que ele permitiu que a ímpia Babilônia prosperasse e o povo eleito de Judá fosse por ela calcado?


    Profetas Menores - Introdução ao Capítulo 1 do Livro de Habacuque


    O Profeta Protestou a Deus (Cap. 1)

    Como homem de fé, Habacuque orou ao Senhor em tempo de angústia, mas Deus não lhe respondeu. No passado ele conhecia a delícia da comunhão a dois com Deus. Mas agora Deus silenciava, e isto quando o profeta contemplava o desmoronamento da pátria amada. O Governador moral do mundo devia preocupar-se com as infrações à sua santa lei. No entanto, em meio aos cuidados de uma situação perigosa e violenta, o profeta afirmava que Deus nem ouvia nem salvava:

    "Até quando, SENHOR, clamarei eu,
    e tu não escutarás?
    Gritar-te-ei: Violência!
    e não salvares?" (Hc 1:2)

    Se Deus permite todas as coisas, por que é que ele não faz cessar a guerra? Há iniqüidade, opressão, destruição e violência na terra, e os males não são julgados por este Deus todo-poderoso que se declara santo e justo (v. 3). Habacuque sentia que a inoperância das leis de Deus levava o povo a abandoná-las:

    "Por esta causa a lei se afrouxa." (Hc 1:4)

    Em conseqüência, há uma inversão nos valores morais: "O perverso cerca o justo, e a justiça é torcida." O triunfo do mal no mundo arrastou o profeta perplexo a um profundo pessimismo.
    Quando Deus lhe respondeu, afinal, a resposta parecia ser inacreditável. Ele advertiu Habacuque que a verdade sobre a situação era pior do que ele pensava, e dava para ele desmaiar!

    "Desvanecei, porque realizo em vossos dias obra tal que vós não crereis, quando vos for contada." (Hc 1:5)

    A Babilônia, essa nação amarga e impetuosa, foi suscitada, não por Satanás, mas por Deus:

    "Eis que eu suscito os caldeus." (Hc 1:6)

    Longe de ignorar a maldade opressora dos caldeus, Deus descreveu objetivamente aquela nação como "pavorosa e terrível" (Hc 1:7). Ela mesma criou o seu direito, não reconhecendo os direitos dos outros. A descrição divina da invencibilidade absoluta dos caldeus se lê quase como um elogio ao povo inimigo. Se os caldeus "reúnem os cativos como areia, ... escarnecem dos reis, ... e riem-se de todas as fortalezas" (Hc 1:9-10), o profeta só podia entender que o povo de Judá, junto com o seu rei na fortaleza de Jerusalém cairia nas garras dos caldeus, com a inteira aquiescência do Senhor.
    Habacuque não pôde conter-se perante tamanha injustiça. Dirigiu uma prece ao Senhor, protestando-lhe a passividade divina:

    "Não és tu desde a eternidade,
    ó Senhor meu Deus, ó meu Santo?" (Hc 1:12)

    Se Deus é eterno, por conseguinte é imutável. O Deus santo não permitiria o extermínio do seu povo, com os demais povos subjugados. O profeta bradou com fé:

    "Não morreremos!" (Hc 1:12)

    Embora fosse um castigo severo que Deus permitia, o profeta confiava na salvação final do povo de Deus. Mas este Deus é tão santo que não via o mal perpetrado contra Judá:

    "Tu és tão puro de olhos,
    que não podes ver o mal." (Hc 1:13)

    Surgiu no coração perplexo do profeta a grande pergunta: por quê? Por quê? Por que um Deus santo não contempla a miséria do seu povo?

    "Por que fazes os homens como os peixes do mar?" (Hc 1:14)

    Com ousadia Habacuque acusou o Senhor de tratar o seu povo como meros peixes. Os répteis não têm quem os governe, mas os homens de Judá reconheciam o Senhor como o Governador moral da nação. Judá fora tirado com anzol, e estava na rede varredoura dos caldeus (Hc 1:15).
    A Babilônia, como pescador, se alegrava e se regozijava, atribuindo o seu êxito às divindades pagãs. Corajosamente, Habacuque lançou a última palavra de desafio ao Santo Deus de Israel:

    "Acaso continuará, por isso,
    esvaziando a sua rede,
    e matando sem piedade os povos?" (Hc 1:17)

    A angustiante tensão entre a fé num Deus de amor e a realidade de uma situação política de injustiça berrante e de violência imerecida não é fenômeno só do período de Habacuque. É um problema básico de todos os séculos. No século XX, desde o fim da II Guerra Mundial, mais de um bilhão de almas — quase a terça parte da população do nosso planeta — tiveram que submeter a cerviz ao jugo comunista ateu. Certamente o Afeganistão não será o último país a perder a sua independência e a sua liberdade religiosa. A metade do mundo vive sob regimes ateus que oprimem toda e qualquer religião. E milhões de almas piedosas, crentes num Deus soberano e bondoso, respiram com Habacuque: "Por quê?" "Os ateus continuarão matando sem piedade os povos?"


    Dicionário

    Habacuque

    -

    Foi profeta, autor do livro que tem seu nome. Pouco se conhece ao certo a respeito da sua personalidade e do tempo em que viveu e nada se sabe relativamente à sua tribo, ao seu parentesco, e à sua ocupação. Visto que não faz menção da Assíria, mas fala do poder caldaico, que ia crescendo com rapidez espantosa, conclui-se disso que ele profetizou em Judá durante o reinado de Joaquim pouco antes da invasão de Nabucodonosor (1.6; 2.3). E por isso devia ter sido contemporâneo de Jeremias. *veja um exemplo das lendas, que a seu respeito corriam entre os judeus no livro apócrifo, Bel e o Dragão, vers. 33 a 39.

    (Heb. “abraço”). Muito pouco ou nada se sabe explicitamente sobre Habacuque, embora se possa inferir alguns dados. Primeiro, ele não só era profeta, como também um poeta talentoso. Na verdade seu livro compõe-se de uma série de oráculos (Hc 1:2) e uma oração (Hc 3), do tipo que pode ser comparado aos Salmos 4:6-7 (cf. Hc 3:19). Além disso, existem indicações de que ele provavelmente estivesse envolvido em algum ministério no Templo e fosse levita. Além das alusões aos instrumentos musicais e aos diretores de música (Hc 3:19) — ambos elementos centrais na adoração do Templo — o livro fala sobre Yahweh estar no Templo (Hc 2:20) e também emprega o termo litúrgico Selah (Hc 3:13).

    O que se sabe com certeza é que Habacuque viveu e desenvolveu seu ministério nos primórdios do surgimento da Babilônia no poder central do Oriente Próximo. Yahweh diz que está suscitando os caldeus (Hc 1:6), onde o tempo verbal aparece numa forma que sugere algo que já está a caminho. O primeiro sinal inequívoco disto aconteceu em 626 a.C., com a inauguração do reinado de Nabopolassar sobre a Babilônia. Por volta de 605 a.C. ele e seu filho Nabucodonosor já tinham eliminado completamente os assírios da História e estabelecido o poderoso Império Caldeu. Habacuque testemunhou todos esses eventos com seus próprios olhos, aparentemente depois que o poderio babilônio já estava consolidado (Hc 1:711). A possível data de seu ministério está entre 620 a 612 a. C., à luz de todas essas evidências.

    A vinda iminente da Babilônia contra Judá levanta uma das maiores questões teológicas do livro, ou seja, como o ímpio (i.e., os caldeus) pode prosperar e o justo (i.e., Judá) sofrer, se Deus é justo (Hc 1:24). Este mesmo problema ocupa grande parte dos debates no livro de Jó. A resposta para esta questão encontra-se no caráter de Deus, o qual, a seu tempo, vindicará sua justiça. Enquanto isso, o Senhor declara ao profeta que “o justo pela sua fé viverá” (Hc 2:4), uma resolução teológica destacada por Paulo (Rm 1:17; Gl 3:11), a qual constitui o coração e a base da salvação. O que parece injusto à luz do aqui e agora encontra a compensação perfeita no tempo da reconciliação final de Deus. E.M.


    Habacuque [Abraço] - Profeta que viveu no tempo em que os CALDEUS, em 612 a.C., derrotaram os assírios e se tornaram o império mais poderoso do mundo (1.6). Talvez fizesse parte do grupo de músicos do Templo (3.1), que nesse tempo ainda estava de pé (2.20). V. HABACUQUE, LIVRO DE.

    Peso

    substantivo masculino Qualidade de um corpo pesado: o peso de um caminhão.
    Resultado da ação do peso sobre um corpo.
    Pedaço de metal de um peso determinado que serve para pesar outros corpos, usado como padrão em balanças.
    Corpo pesado suspenso pelas correntes de um relógio para lhe dar movimento.
    Figurado Tudo aquilo que fatiga, oprime, atormenta: o peso dos negócios, do remorso, dos anos.
    Figurado O que tem força, importância, consideração: isto dá peso ao argumento.
    Figurado Influência que algo ou alguém exerce sobre outra coisa ou pessoa: suas palavras tiveram peso nessa decisão.
    Qualquer objeto relativamente pesado que, sobreposto a papéis, evita que eles voem; pesa-papéis.
    Figurado Obrigação árdua; responsabilidade dura; fardo: cuidar dos irmãos foi para ela um peso.
    [Esporte] Categoria de boxe que divide as competições: peso pena, peso médio, peso pesado.
    [Esporte] Esfera metálica de 7,257 kg (4 kg para as competições femininas) que se lança com um braço o mais longe possível.
    Economia Moeda da Argentina, da Colômbia, do Chile, de Cuba, da Guiné-Bissau, do Uruguai, do México, da República Dominicana e das Filipinas.
    Quantidade de carne, ou de outro produto: peso do tecido, da carne.
    expressão A peso de ouro. Muito caro.
    Ter dois pesos e duas medidas. Julgar de forma desigual de acordo com o interesse.
    Ter peso. Ter autoridade, ter as qualidades necessárias.
    Homem de peso. Homem de mérito, de consideração.
    Peso molecular. Peso de uma molécula-grama de um corpo.
    Peso morto. Peso de um aparelho, de um veículo, que absorve uma parte do trabalho útil; fardo inútil.
    Peso específico ou volumétrico de um corpo. Quociente do peso de um corpo por seu volume.
    Etimologia (origem da palavra peso). Do latim pensum.

    Peso
    1) Objeto usado para medir a massa de um corpo (Dt 25:13).


    2) Mensagem (Is 22:1, RC).


    3) Intensidade (2Co 4:17).


    Profeta

    Porta-voz de Deus, que recebe uma mensagem da parte de Deus e proclama a um grupo específico de ouvintes.

    [...] enviado de Deus com a missão de instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual. Pode, pois, um homem ser profeta, sem fazer predições. [...]
    Referencia: KARDEC, Allan• O Evangelho segundo o Espiritismo• Trad• de Guillon Ribeiro da 3a ed• francesa rev•, corrig• e modif• pelo autor em 1866• 124a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 21, it• 4

    O verdadeiro profeta é um homem de bem, inspirado por Deus. Podeis reconhecê-lo pelas suas palavras e pelos seus atos. [...]
    Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita• Trad• de Guillon Ribeiro• 86a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - q• 624

    Em sentido restrito, profeta é aquele que adivinha, prevê ou prediz o futuro. No Evangelho, entretanto, esse termo tem significação mais extensa, aplicando-se a todos os enviados de Deus com a missão de edificarem os homens nas coisas espirituais, mesmo que não façam profecias.
    Referencia: CALLIGARIS, Rodolfo• O Sermão da Montanha• 16a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Pelos seus frutos os conhecereis

    Em linguagem atual, poderíamos definir os profetas como médiuns, indivíduos dotados de faculdades psíquicas avantajadas, que lhes permitem falar e agir sob inspiração espiritual.
    Referencia: SIMONETTI, Richard• A voz do monte• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2003• - Profetas transviados


    Profeta Pessoa que profetiza, isto é, que anuncia a mensagem de Deus (v. PROFECIA). No AT, os profetas não eram intérpretes, mas sim porta-vozes da mensagem divina (Jr 27:4). No NT, o profeta falava baseado na revelação do AT e no testemunho dos apóstolos, edificando e fortalecendo assim a comunidade cristã (At 13:1; 1Co 12:28-29; 14.3; Fp 4:11). A mensagem anunciada pelo profeta hoje deve estar sempre de acordo com a revelação contida na Bíblia. João Batista (Mt 14:5; Lc 1:76) e Jesus (Mt 21:11-46; Lc 7:16; 24.19; Jo 9:17) também foram chamados de profetas. Havia falsos profetas que mentiam, afirmando que as mensagens deles vinham de Deus (Dt 18:20-22; At 13:6-12; 1Jo 4:1).

    ====================

    O PROFETA

    O novo Moisés, o profeta prometido (Dt 18:15-18). Pode ser aquele que deveria anunciar a vinda do MESSIAS (Mt 11:9-10) ou então o próprio Messias (Mt 21:9-11; Lc 24:19-21; Jo 6:14; 7.40).

    =====================

    OS PROFETAS

    Maneira de os israelitas se referirem à segunda divisão da Bíblia Hebraica (Mt 5:17). Esses livros são os seguintes: Js, Jz 1:2Sm, 1 e 2Rs 1s, Jr, Ez e os doze profetas menores. Embora o nosso AT contenha os mesmos livros que estão na Bíblia Hebraica, a ordem em que eles estão colocados não é a mesma.


    Profeta No judaísmo, o profeta é o escolhido por Deus para proclamar sua palavra em forma de exortação e, outras vezes, como advertência de castigo. A mensagem profética não estava necessariamente ligada ao anúncio de acontecimentos futuros.

    Embora Moisés fosse o maior de todos os profetas (Dt 34:10), o período principal da atividade profética estende-se de Samuel (séc. XI a.C.) até Malaquias (séc. V a.C.). As fontes destacam dois tipos de profetas.

    O primeiro (Samuel, Natã, Elias, Eliseu) não deixou obras escritas e, ocasionalmente, viveu em irmandades proféticas conhecidas como “filhos dos profetas”.

    O segundo (Amós 1saías, Jeremias etc.) deixou obras escritas. A atividade profética estendia-se também às mulheres, como foi o caso de Maria (Ex 15:20), Débora (Jz 4:4) e Hulda (2Rs 2:14) e a não-judeus, como Balaão, Jó etc. Conforme os rabinos, a presença de Deus ou Shejináh abandonou Israel após a morte do último profeta (Yoma 9b), desaparecendo o dom de profecia depois da destruição do Templo (BB 12b).

    Nos evangelhos, Jesus é apresentado como o Profeta; não um profeta melhor, mas o Profeta escatológico anunciado por Moisés em Dt 18:15-16, que surgiria no final dos tempos e que não seria inferior a Moisés, porque significaria o cumprimento das profecias anteriores (Jo 6:14ss.; Mc 13:22 e par.; Mt 13:57 e par.; 21,11; 21,46 e par.; Lc 7:39; 13,33; Jo 4:44). A isso acrescentem-se os textos em que se emprega a expressão Amém (mesmo não as limitando a um cariz profético). A expectativa desse “Profeta” devia ser comum na época de Jesus, como se deduz de Jo 1:21. Essa pessoa tem também um paralelo evidente na doutrina samaritana do “taheb” (o que regressa ou o restaurador), uma espécie de Moisés redivivo (Jo 4:19.25). Também nos deparamos com uma figura semelhante na teologia dos sectários de Qumrán e no Testamento dos Doze patriarcas, embora já apresentando essenciais diferenças.

    L. A. Schökel, o. c.; A. Heschel, o. c.; I. I. Mattuck, El pensamiento de los profetas, 1971; G. von Rad, Teología...; vol. II; J. D. G. Dunn, “Prophetic I-Sayings and the Jesus Tradition: The Importance of Testing Prophetic Utterances within Early Christianity” em NTS, 24, 1978, pp. 175-198; D. Hill, New Testament Prophecy, Atlanta 1979; D. E. Aune, Prophecy in Early Christianity, Grand Rapids 1983; G. f. Hawthorne, The Presence and the Power: The Significance of the Holy Spirit in the Life and Ministry of Jesus, Dallas, 1991; C. Vidal Manzanares, El judeo-cristianismo...; Resenha Bíblica, n. 1, Los profetas, Estella 1994.


    Strongs

    Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
    (sentença profética)
    Habacuque 1: 1 - Texto em Hebraico - (HSB) Hebrew Study Bible

    O peso (sentença profética) que viu o profeta Habacuque.
    Habacuque 1: 1 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

    625 a.C.
    H2265
    Chăbaqqûwq
    חֲבַקּוּק
    um profeta de Israel que escreveu o livro com o mesmo nome; provavelmente viveu no
    (Habakkuk)
    Substantivo
    H2372
    châzâh
    חָזָה
    ver, perceber, olhar, observar, profetizar, providenciar
    (shall provide)
    Verbo
    H4853
    massâʼ
    מַשָּׂא
    carga, porte, tributo, fardo, carregamento
    (his burden)
    Substantivo
    H5030
    nâbîyʼ
    נָבִיא
    porta-voz, orador, profeta
    ([is] a prophet)
    Substantivo
    H834
    ʼăsher
    אֲשֶׁר
    que
    (which)
    Partícula


    חֲבַקּוּק


    (H2265)
    Chăbaqqûwq (khab-ak-kook')

    02265 חבקוק Chabaqquwq

    reduplicação de 2263; n pr m Habacuque = “abraço”

    1. um profeta de Israel que escreveu o livro com o mesmo nome; provavelmente viveu no décimo segundo ou décimo terceiro ano de reinado do rei Josias

    חָזָה


    (H2372)
    châzâh (khaw-zaw')

    02372 חזה chazah

    uma raiz primitiva; DITAT - 633; v

    1. ver, perceber, olhar, observar, profetizar, providenciar
      1. (Qal)
        1. ver, observar
        2. ver como um vidente em estado de êxtase
        3. ver, perceber
          1. com a inteligência
          2. ver (por experiência)
          3. providenciar

    מַשָּׂא


    (H4853)
    massâʼ (mas-saw')

    04853 משא massa’

    procedente de 5375; DITAT - 1421d,1421e; n m Massá = “fardo” n pr m

    1. carga, porte, tributo, fardo, carregamento
      1. carga, fardo
      2. elevação, levantamento, motivo pelo qual a alma se eleva
      3. porte, carregamento
      4. tributo, aquilo que é carregado ou trazido ou levado
    2. declaração, oráculo, peso
    3. (BDB) um filho de Ismael

    נָבִיא


    (H5030)
    nâbîyʼ (naw-bee')

    05030 נביא nabiy’

    procedente de 5012; DITAT - 1277a; n m

    1. porta-voz, orador, profeta
      1. profeta
      2. falso profeta
      3. profeta pagão

    אֲשֶׁר


    (H834)
    ʼăsher (ash-er')

    0834 אשר ’aher

    um pronome relativo primitivo (de cada gênero e número); DITAT - 184

    1. (part. relativa)
      1. o qual, a qual, os quais, as quais, quem
      2. aquilo que
    2. (conj)
      1. que (em orações objetivas)
      2. quando
      3. desde que
      4. como
      5. se (condicional)