Enciclopédia de João 4:3-3

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

jo 4: 3

Versão Versículo
ARA deixou a Judeia, retirando-se outra vez para a Galileia.
ARC Deixou a Judeia, e foi outra vez para a Galileia.
TB deixou a Judeia e voltou para a Galileia.
BGB ἀφῆκεν τὴν Ἰουδαίαν καὶ ἀπῆλθεν ⸀πάλιν εἰς τὴν Γαλιλαίαν.
HD {ele} deixou a Judeia e partiu novamente para a Galileia.
BKJ ele deixou a Judeia, e partiu novamente para a Galileia.
LTT Então Ele (Jesus) deixou a Judeia e partiu outra vez para dentro da Galileia.
BJ2 deixou a Judéia e retornou à Galiléia.
VULG reliquit Judæam, et abiit iterum in Galilæam.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de João 4:3

Mateus 10:23 Quando, pois, vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do Homem.
Marcos 3:7 E retirou-se Jesus com os seus discípulos para o mar, e seguia-o uma grande multidão da Galileia, e da Judeia,
João 1:43 No dia seguinte, quis Jesus ir à Galileia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me.
João 2:11 Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.
João 3:22 Depois disso, foi Jesus com os seus discípulos para a terra da Judeia; e estava ali com eles e batizava.
João 3:32 E aquilo que ele viu e ouviu, isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho.
João 10:40 e retirou-se outra vez para além do Jordão, para o lugar onde João tinha primeiramente batizado, e ali ficou.
João 11:54 Jesus, pois, já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a terra junto do deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali andava com os seus discípulos.

Mapas Históricos

Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados ​​para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.

A GEOGRAFIA DA PALESTINA

Quando do alto se contempla a Terra Santa, os olhos imediatamente se deslocam para o corredor formado pelo vale do Jordão, que corre toda a extensão da Palestina, no sentido nortesul, do monte Hermom até a Arabá. Apesar da grande sinuosidade em seu curso mais baixo, ao contrário de outros rios, o Jordão é comprimido pelas altas paredes do vale, que fazem parte do vale da Grande Falha. Essa falha pertence a uma falha geológica de 6.500km, que vai da Síria até Moçambique. Milhões de anos atrás, as placas subterrâneas que sustentam os continentes da África e da Ásia avançaram uma contra a outra, fazendo que a crosta terrestre se envergasse e fendesse. Daí os aspectos distintivos da Palestina. A pressão entre as duas placas fez que os sedimentos abaixo da superfície se abaulassem e surgissem no oeste, formando as colinas da Judéia. Na Transjordânia, a placa se inclinou para cima e formou o alto Planalto Oriental. Entre os dois, o sedimento cedeu; daí a superfície do mar Morto estar 400m abaixo do nível do mar, o lugar mais baixo da terra. Para o clima e a vegetação da região, os efeitos desse cataclisma foram enormes. Mesmo com apenas 75km de largura, a Palestina tem altitudes variando entre 1000m (nas montanhas da Judéia) e 400m negativos (no mar Morto). Onde o terreno é baixo, estendendo-se a partir do litoral, prevalecem temperaturas altas e condições desérticas. Nas montanhas, as temperaturas são mais baixas, e as pastagens e cultivos são sustentados por chuvas refrescantes. Visto que o terreno ao norte do mar Morto é montanhoso, os ventos do oeste, vindo do Mediterrâneo, traziam chuvas que sustentavam grandes áreas de floresta. No sul do mar Morto, ventos secos e quentes, vindos da África e da Arábia, formaram os desertos.

O ar quente do Mediterrâneo traz invernos moderados para a zona litorânea, época em que caem 90% das chuvas, mas nas colinas e nas montanhas a temperatura pode chegar a abaixo de zero e pode nevar em lugares como Jerusalém. O verão, de maio a setembro, é quente e seco, passando de 38°C no vale do Jordão e junto ao mar Morto. Entre a região moderada do Mediterrâneo e as condições severas e áridas do deserto, há um clima intermediário de estepe. Nessa região, mais ou menos entre Hebrom e Berseba e na margem ocidental do planalto da Transjordânia, chove todo ano cerca de 20-30 cm, ao passo que as regiões de deserto geralmente recebem menos de 20 cm por ano. Há quem diga que a região passou por mudanças climáticas no decurso do tempo, e isso explicaria a alteração na vegetação nativa. Entretanto, não há indícios arqueológicos para tal. E mais provável que uma sucessão de povos tenha explorado demais os recursos naturais, principalmente a madeira, causando assim a erosão do solo e uma lenta desertificação da área. A necessidade de madeira nas construções e para servir de combustível exauriu o que antes era uma região de carvalhos, de pinheiros e de acácia. (Desde 1948, o governo de Israel tem desenvolvido um enorme programa de reflorestamento, numa tentativa de corrigir a situação.) A utilização descontrolada do terreno por ovelhas e cabras também destruiu o pasto natural, transformando grandes extensões de terra em cerrados. Exceção a esse desmatamento é o centro do vale do Jordão, que permanece uma densa floresta de tamargueiras e de cerrado de espinhos, "a floresta do Jordão" (Jr 12:5). A economia tradicional da Palestina era agrícola. O trabalho de pastores predominava nos terrenos mais pobres e nos mais altos, ao passo que a lavoura se desenvolvia nos vales em que choviam pelo menos 20 cm todos os anos. A rivalidade por causa da terra era muitas vezes fonte de conflito no AT, conforme retratam as histórias de Abraão e de Ló, podendo também explicar o confronto entre Caim e Abel.

 

 

DIAGRAMA DE BLOCOS DA PALESTINA
DIAGRAMA DE BLOCOS DA PALESTINA
MAPA DO RELEVO DA PALESTINA
MAPA DO RELEVO DA PALESTINA
OS DESERTOS EM VOLTA DA PALESTINA E MÉDIA DE CHUVAS ANUAL DA PALESTINA
OS DESERTOS EM VOLTA DA PALESTINA E MÉDIA DE CHUVAS ANUAL DA PALESTINA

O CLIMA NA PALESTINA

CLIMA
À semelhança de outros lugares no mundo, a realidade climática dessa terra era e é, em grande parte, determinada por uma combinação de quatro fatores: (1) configuração do terreno, incluindo altitude, cobertura do solo, ângulo de elevação e assim por diante; (2) localização em relação a grandes massas de água ou massas de terra continental; (3) direção e efeito das principais correntes de ar; (4) latitude, que determina a duração do dia e da noite. Situada entre os graus 29 e 33 latitude norte e dominada principalmente por ventos ocidentais (oceânicos), a terra tem um clima marcado por duas estações bem definidas e nitidamente separadas. O verão é um período quente/seco que vai de aproximadamente meados de junho a meados de setembro; o inverno é um período tépido/úmido que se estende de outubro a meados de junho. É um lugar de brisas marítimas, ventos do deserto, terreno semidesértico, radiação solar máxima durante a maior parte do ano e variações sazonais de temperatura e umidade relativa do ar. Dessa forma, seu clima é bem parecido com certas regiões do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, conforme mostrado no gráfico da página seguinte.
A palavra que melhor caracteriza a estação do verão nessa terra é "estabilidade" Durante o verão, o movimento equatorial do Sol na direção do hemisfério norte força a corrente de jato (que permite a depressão e a convecção de massas de ar e produz tempestades) para o norte até as vizinhanças dos Alpes. Como consequência, uma célula estacionária de alta pressão se desenvolve sobre os Açores, junto com outra de baixa pressão, típica de monção, sobre Irã e Paquistão, o que resulta em isóbares (linhas de pressão barométrica) basicamente norte-sul sobre a Palestina. O resultado é uma barreira térmica que produz dias claros uniformes e impede a formação de nuvens de chuva, apesar da umidade relativa extremamente elevada. O verão apresenta o tempo todo um ótimo clima, brisas regulares do oeste, calor durante o dia e uma seca quase total. No verão, as massas de ar, ligeiramente resfriadas e umedecidas enquanto passam sobre o Mediterrâneo, condensam-se para criar um pouco de orvalho, que pode estimular o crescimento de plantas de verão. Mas as tempestades de verão são, em sua maioria, inesperadas (1Sm 12:17-18). Por outro lado, o inverno se caracteriza pela palavra "instabilidade". Nessa estação, massas de ar mais elevadas se aproveitam do caminho equatorial do Sol na direção do hemisfério sul e ficam tomadas de ar polar extremamente frio. A mistura dessas massas de ar pode criar várias correntes dominantes de alta pressão, e qualquer uma pode, imprevisivelmente, se chocar com o ar que serpenteia pela depressão mediterrânea.

1. A área de alta pressão atmosférica da Ásia é uma corrente direta de ar polar que pode chegar a 1.036 milibares. As vezes atravessa todo o deserto da Síria e atinge a terra de Israel, vindo do leste, com uma rajada de ar congelante e geada (Jó 1.19).
2. A área de alta pressão atmosférica dos Bálcãs, na esteira de uma forte depressão mediterrânea, consegue capturar a umidade de uma tempestade ciclônica e, vindo do oeste, atingir Israel com chuva, neve e granizo. Em geral esse tipo de sistema é responsável pela queda de chuva e neve no Levante (2Sm 23:20-1Cr 11:22; Jó 37:6; SL 68:14; Pv 26:1).
3. Uma área de alta pressão atmosférica um pouco menos intensa do Líbano pode ser atraída na direção do Neguebe e transportar tempestades de poeira que se transformam em chuva.


A própria vala do Mediterrâneo é uma zona de depressão relativamente estacionária, pela qual passam em média cerca de 25 tempestades ciclônicas durante o inverno. Uma corrente de ar mais quente leva cerca de quatro a seis dias para atravessar o Mediterrâneo e se chocar com uma dessas frentes. Caso essas depressões sigam um caminho mais ao sul, tendem a se desviar ao norte de Chipre e fazer chover pela Europa Oriental. Esse caminho deixa o Levante sem sua considerável umidade [mapa 21] e produz seca, que às vezes causa fome. 121 Contudo, quando seguem um caminho ao norte - e bem mais favorável - tendem a ser empurradas mais para o sul por uma área secundária de baixa pressão sobre o mar Egeu e atingem o Levante com tempestades que podem durar de dois a quatro dias (Dt 11:11-1Rs 18:43-45; Lc 12:54). O inverno é, então, a estação chuvosa (SI 29:1-11; Ct 2:11; At 27:12-28.2), que inclui igualmente "as primeiras e as últimas chuvas" (Dt 11:14; Jó 29.23; SI 84.6; Pv 16:15; )r 5.24; Os 6:3; Jl 2:23; Zc 10:1; Tg 5:7) .125 Os dias de chuva mais pesada coincidem com o período do clima mais frio, de dezembro a fevereiro (Ed 10:9-13; Jr 36:22), quando é frequente a precipitação incluir neve e granizo.
Em termos gerais, a precipitação aumenta à medida que se avança para o norte. Elate, junto ao mar Vermelho, recebe 25 milímetros ou menos por ano; Berseba, no Neguebe, cerca de 200 milímetros; Nazaré, na região montanhosa da Baixa Galileia, cerca de 680 milímetros; o jebel Jarmuk, na Alta Galileia, cerca de 1.100 milímetros; e o monte Hermom, cerca de 1.500 milímetros de precipitação (v. no mapa 19 as médias de Tel Aviv, Jerusalém e Jericó]. A precipitação também tende a crescer na direção oeste.
Períodos curtos de transição ocorrem na virada das estações: um entre o final de abril e o início de maio, e outro entre meados de setembro e meados de outubro. Nesses dias, uma massa de ar quente e abrasador, hoje conhecida popularmente pelo nome de "siroco" ou "hamsin", pode atingir a Palestina vinda do deserto da Arábia.127 Essa situação produz um calor tórrido e uma sequidão total, algo parecido com os ventos de Santa Ana, na Califórnia. Conhecida na Bíblia pelas expressões "vento oriental" (Ex 10:13; Is 27:8; Ir 18.17; Ez 19:12; Os 12:1-13.
15) e "vento sul" (Lc 12:55), às vezes um vento siroco pode durar mais de uma semana, ressecando vegetação mais frágil e causando mais do que uma ligeira irritação em seres humanos e animais. Os ventos orientais da Bíblia podiam fazer secar espigas (Gn 41:6), secar o mar (Ex 14:21), causar morte e destruição (Jó 1.19), carregar pessoas (Jó 27.21), naufragar navios (SI 48.7; Ez 27:26) e fazer as pessoas desfalecerem e perderem os sentidos (In 4.8). Em contraste, um "vento norte" favorecia e revigorava a vida (Jó 37.22; Pv 25:23). A palavra suméria para "vento norte" significa literalmente "vento favorável".

ARBORIZAÇÃO
Nos lugares onde a terra recebia chuva suficiente, a arborização da Palestina antiga incluía matas perenes de variedades de carvalho, pinheiro, terebinto, amendoeira e alfarrobeira (Dt 19:5-2Sm 18.6; 2Rs 2:24; Ec 2:6; Is 10:17-19). Mas o mais comum era a terra coberta pelo mato fechado e plantas arbustivas (maquis) típicas da bacia do Mediterrâneo (1s 17.15; 1Sm 22:5; Os 2:14). Com base em análises de uma ampla amostra de pólen e também de restos de plantas e sementes tirados do interior de sedimentos, o mais provável é que, na Antiguidade remota, a arborização original da Palestina fosse bem densa e às vezes impenetrável, exceto nas regiões sul e sudeste, que margeavam o deserto, Os dados atuais apontam, porém, para uma destruição cada vez maior daquelas florestas e vegetação, destruição provocada pelo ser humano, o que começou já por volta de 3000 a.C. Mas três períodos se destacam como particularmente danosos:

(1) o início da Idade do Ferro (1200-900 a.C.);
(2) o final dos períodos helenístico e romano (aprox. 200 a.C.-300 d.C.);
(3) os últimos 200 anos.


O primeiro desses ciclos de destruição é o que mais afeta o relato bíblico que envolve arborização e uso da terra. No início da Idade do Ferro, a terra da Palestina experimentou, em sua paisagem, uma invasão massiva e duradoura de seres humanos, a qual foi, em grande parte, desencadeada por uma leva significativa de novos imigrantes e pela introdução de equipamentos de ferro. As matas da Palestina começaram a desaparecer diante das necessidades familiares, industriais e imperialistas da sociedade. Na esfera doméstica, por exemplo, grandes glebas de terra tiveram de ser desmatadas para abrir espaço para a ocupação humana e a produção de alimentos (Js 17:14-18).
Enormes quantidades de madeira devem ter sido necessárias na construção e na decoração das casas (2Rs 6:1-7; Jr 10:3). Calcula-se que cada família necessitava de uma a duas toneladas de lenha por ano (Js 9:21-27; Is 44:14-17; Ez 15:1-8; Mc 14:54). E o pastoreio de rebanhos temporários de ovelhas e cabras teria arrancado plantas sazonais que eram suculentas, mas sem raiz profunda. Por sua vez, a ocupação da terra teria requerido o apoio de certas indústrias, muitas das quais exigiam enormes recursos de madeira que, com certeza, danificaram o delicado equilíbrio ecológico da Palestina. A madeira era queimada em fornos de cozimento e em fornalhas industriais. Era necessária para a produção e vitrificação de vidro e na manufatura de cal, gesso, tijolos, canos e tubos de terracota, utensílios de cozimento, ferramentas de ferro e tábuas de escrever (alguns textos eram, na realidade, gravados sobre tábuas de madeira). Certos subprodutos de madeira tinham utilidade industrial, como solventes de água, no curtimento e tingimento e na medicina.
Muita madeira era empregada na extração de pedras nas encostas de montanhas e no represamento de cursos d'água. Mais madeira era transformada em carvão para o trabalho de mineração, fundição e forja de metais 130 Grandes quantidades também eram consumidas em sacrifícios nos templos palestinos.
Por fim, ainda outras áreas de floresta eram devastadas como resultado do imperialismo antigo, fosse na produção de instrumentos militares (Dt 20:19-20), fosse em injustificadas atividades de guerra (2Rs 3:25; SI 83.14,15; Is 10:15-19; Jr 6:4-8), fosse no pagamento de tributo compulsório.131 Os efeitos do desmatamento foram marcantes e permanentes. Existem consideráveis indícios de que a concomitante perturbação das camadas superiores do solo da Palestina provocou uma erosão pelo vento e pela água bastante acelerada, com subsequente perda da fertilidade das camadas finas de solo nas encostas. Alguns conservacionistas do solo calculam que, como resultado do desmatamento ocorrido na 1dade do Ferro, mais de 90 centímetros de solo e subsolo foram irrecuperavelmente perdidos da Cadeia Montanhosa Central, o que fez com que a base rochosa de áreas significativas daquele terreno ficasse visível. Uma vez que as camadas superiores do solo foram seriamente comprometidas ou destruídas, os subsolos predominantemente improdutivos não conseguiram regenerar a arborização. Existem indícios convincentes de oscilações climáticas durante o período do Israel bíblico, mas praticamente nenhuma evidência de mudança significativa ou radical do clima. O desflorestamento desenfreado da região, com a consequente deterioração e deslocamento da camada superior fértil, provocou um desgaste gradual e inexorável do meio ambiente. O cenário mudou para pior e até mesmo os modernos esforços de reflorestamento ainda não se mostraram completamente bem-sucedidos.
É bem irônico que as atividades desenvolvidas pelos próprios israelitas tenham contribuído de forma significativa para essa diminuição do potencial dos recursos da terra, na Palestina da Idade do Ferro Antiga. O retrato da arborização da Palestina pintado pela Bíblia parece estar de acordo com esses dados. Embora haja menção frequente a certas árvores tradicionais que mais favorecem o comprometimento e a erosão do solo (oliveira, figueira, sicômoro, acácia, amendoeira, romázeira, terebinto, murta, bálsamo), a Bíblia não faz quase nenhuma referência a árvores que fornecem madeira de lei para uso em edificações (carvalho, cedro, cipreste e algumas espécies de pinheiro). E inúmeras vezes a mencão a estas últimas variedades tinha a ver com outros lugares - frequentemente Basã, monte Hermom ou Líbano (Iz 9.15; 1Rs 4:33; SI 92.12; Is 40:16; Ez 27:5-6; Zc 11:2). Aliás, o abastecimento aparentemente inesgotável de madeira pelo Líbano era famoso no mundo antigo; o Egito começou a importá-la já à época do Reino Antigo.133 Vários reis mesopotâmicos e assírios viajaram para o Líbano para conseguir cedro. Em particular, os reis assírios costumavam se vangloriar de que uma de suas maiores façanhas era terem escalado os cumes do Líbano e derrubado suas imensas árvores (Is 14:8).
Pelo fato de a Palestina praticamente não ter reservas de madeira de lei, Davi, quando se lançou a seus projetos de construção em Jerusalém, achou necessário fazer um tratado com Hirão, rei de Tiro (e.g., 25m 5.11; 1Cr 14:1). Quando deu início a seus inúmeros empreendimentos de construção, Salomão foi forçado a ratificar aquele tratado (1Rs 5:1-18; 7:2-12; 2Cr 2:1-16; 9:10-28). Fenícios de Tiro forneceram a Salomão tanto a matéria-prima quanto a tecnologia para construir sua frota de navios mercantes (1Rs 10:22; cf. Ez 27:5-9, 25-36). Durante todo o período da monarquia, a construção, mesmo em pequena escala, implicava conseguir no exterior a madeira de lei necessária, conforme Jeoás e Josias descobriram (2Rs 12:12-22.6). Certa vez, a madeira que estava sendo usada para construir uma cidade no Reino do Norte foi levada, como um ato de agressão, para construir cidades em Judá (2Cr 16:6).
A disponibilidade de madeira de lei nativa não melhorou no período pós-exílico. Como parte do decreto de Ciro, que permitiu aos judeus voltarem à sua terra para reconstruir o templo, o monarca persa lhes deu uma quantia em dinheiro com a qual deveriam comprar madeira no Líbano (Ed 3:7). Mas suspeita-se que, quando aquela madeira chegou a Jerusalém, foi desperdiçada em residências particulares, em vez de ser usada no templo (Ag 1:8, cp. v. 4). Mais tarde, quando Neemias foi ao rei Artaxerxes pedindo dispensa do cargo na corte para trabalhar para melhorar as condições de vida ao redor de Jerusalém, recebeu do rei cartas que lhe permitiram obter madeira para a reconstrução dos muros e portas da cidade (Ne 2:4-8). Ainda mais tarde, madeira necessária para a imensa empreitada de construção realizada por Herodes em Cesareia Marítima teve de ser importada, provavelmente da Itália. E até mesmo no século 19, quando Charles Warren precisou de tábuas de madeira para dar continuidade a seu trabalho arqueológico em Jerusalém, ele descobriu que madeira ainda estava entre os produtos mais escassos e mais caros da Palestina.

O Clima no Oriente Médio no Verão
O Clima no Oriente Médio no Verão
O Clima no Oriente Médio no Inverno
O Clima no Oriente Médio no Inverno
Tabela do clima da Palestina
Tabela do clima da Palestina

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Principais acontecimentos da vida terrestre de Jesus

O começo do ministério de Jesus

DATA

LUGAR

ACONTECIMENTO

MATEUS

MARCOS

LUCAS

JOÃO

29 d.C., c. outubro

Rio Jordão, talvez em Betânia do outro lado do Jordão, ou perto dela

Jesus é batizado e ungido; Jeová o reconhece como seu Filho e lhe dá sua aprovação

Mt 3:13-17

Mc 1:9-11

Lc 3:21-38

Jo 1:32-34

Deserto da Judeia

É tentado pelo Diabo

Mt 4:1-11

Mc 1:12-13

Lc 4:1-13

 

Betânia do outro lado do Jordão

João Batista identifica Jesus como o Cordeiro de Deus; os primeiros discípulos se juntam a Jesus

     

Jo 1:15-29-51

Caná da Galileia; Cafarnaum

Primeiro milagre, água transformada em vinho; visita Cafarnaum

     

Jo 2:1-12

30 d.C., Páscoa

Jerusalém

Purifica o templo

     

Jo 2:13-25

Conversa com Nicodemos

     

Jo 3:1-21

Judeia; Enom

Vai à zona rural da Judeia, seus discípulos batizam; João dá seu último testemunho sobre Jesus

     

Jo 3:22-36

Tiberíades; Judeia

João é preso; Jesus viaja para a Galileia

Mt 4:12-14:3-5

Mc 6:17-20

Lc 3:19-20

Jo 4:1-3

Sicar, em Samaria

Ensina samaritanos no caminho para a Galileia

     

Jo 4:4-43


Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita


Cairbar Schutel

jo 4:3
Parábolas e Ensinos de Jesus

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 84
Página: -
Cairbar Schutel

“Ao sair Jesus do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Olha, Mestre, que pedras e que edifícios! Disse-lhe Jesus: Vê estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre pedra que Dão seja derribada. “Estando ele sentado no Monte das Oliveiras, defronte do templo, perguntaram-lhe em particular Pedro, Tiago, João e André: Dize-nos quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá quando elas estiverem para se cumprir? Então Jesus começou a dizer-lhes: Vede que ninguém vos engane. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu, e enganarão a muitos. Quando, porém, ouvirdes falar de guerras, e rumores de guerras, não vos assusteis: porque é necessário que assim aconteça mas não é ainda o fim. Pois se levantará nação contra nação, e reino contra reino. Haverá terremotos em vários lugares, e haverá fomes: estas coisas são o princípio das dores. Estais vós de sobreaviso; pois vos hão de entregar aos tribunais e sereis açoitados nas sinagogas, e haveis de comparecer diante dos reis e governadores por minha causa, para lhes servir de testemunho. Mas é necessário que primeiro o Evangelho seja pregado a todas as nações, E quando vos conduzirem para vos entregar, não vos preocupeis com o que haveis de dizer, mas falai o que vos for dado naquela hora, porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo. Um irmão entregará à morte a seu irmão e um pai a seu filho; e os filhos se levantarão contra seus pais e os farão morrer. Sereis também odiados de todos por causa do meu nome;


mas aquele que perseverar até o fim será salvo. “Quando, porém, virdes a abominação da desolação estar onde não deve (quem lê entenda), então os que estiverem na Judeia fujam para os montes; o que se achar no eirado, não desça e nem entre para tirar as coisas de sua casa; e o que estiver no campo, não volte para tomar sua capa. Mas ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles dias! Rogai que não suceda isso no Inverno; porque aqueles dias serão de tribulação, tal qual nunca houve desde o princípio da criação por Deus feita até agora, nem haverá jamais. E se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém seria salvo; mas por causa dos eleitos, que ele escolheu, os abreviou. “Então se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo acolá! não acrediteis; levantar-se-ão falsos Cristos e falsos profetas, e farão milagres e prodígios, para enganar os eleitos se possivel fora. Estais vós de sobreaviso; de antemão vos tenho dito todas as coisas. “Mas naqueles dias, depois daquela atribulação, o Sol escurecerá, a Lua não dará mais claridade, as estrelas cairão do céu e as potestades celestes serão abaladas. Então se há de ver o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. E Ele enviará os anjos e ajuntará os seus eleitos dos quatro ventos, da extremidade da Terra à extremidade do céu. "


(Marcos, XIII, 1-27.)


Este trecho do Evangelho, provavelmente da última fase da vida de Jesus, é digno do nosso estudo e atenção.


Já o Mestre havia lançado o seu libelo contra os escribas e fariseus, os cegos guias de cegos, que irigiam os sepulcros dos profetas a quem seus pais haviam trucidado; aos traficantes das graças de Deus; aos vendilhões do templo. Ele já havia lamentado Jerusalém, que matava os profetas e enviados que transpunham suas portas quando, ao chamarem os discípulos sua atenção para as grandezas do templo, aproveitou-se da oportunidade para proferir, perante eles, o seu Sermão Profético como o chamam os Evangelhos.


Foi nessa ocasião que Jesus falou aos discípulos dos tempos que haviam de chegar e das ocorrências que se desenrolariam no mundo, até a iniciação de uma nova fase de vida para a Humanidade;


Sem outro exórdio que pudesse desviar a atenção dos admiráveis painéis por meio dos quais mostrou aos que o cercavam os fatos que se desenrolariam depois da sua passagem para a Espiritualidade, começou Jesus a falar do grande e suntuoso Templo de Jerusalém, do qual não ficaria pedra sobre pedra.


Era este o final maior dos acontecimentos que estavam próximos, foi justamente o que se realizou.


Do Templo de Jerusalém não ficou pedra sobre pedra, como também não ficará pedra sobre pedra de todos os monumentos que o orgulho, a vaidade e o egoísmo humano edificaram em nome de Deus!


Grande era a missão que cumpria ao Mestre levar a termo, e de retirada do Templo onde Ele havia apostrofado os sacerdotes, o Mestre seguira para o Monte das Oliveiras, sítio predileto onde, por várias vezes, se tinha reunido com seus discípulos, mostrando-lhes do alto do pico, cuja vista abrangia extensos horizontes, as belezas da Natureza matizada pelos reflexos do Sol.


Sentado na relva, melancólico e pensativo, começou então o Mestre a responder às perguntas daqueles que deveriam apostolar a sua causa, salientando os fatos que assinalariam o fim dos tempos do mundo sacerdotal, que precederia o início do mundo espiritual, ou seja da fase iniciativa do Reinado do Espírito sobre a matéria. Tomando como símbolo das grandezas humanas o Templo de Jerusalém, Jesus fez ver a seus discípulos que todas essas pompas luxuosas, que adormecem o Espírito e aniquilam o sentimento, distraem os homens de seus deveres para com Deus e o próximo, impedindo as almas de cumprirem seus deveres evangélicos.


O Mestre já havia também predito os grandes martírios que teria de sofrer, predições que se realizaram à letra; mas que tudo isso era preciso que se cumprisse; e que Ele voltaria ao mundo no tempo da restauração final da sua Palavra. Mas, antes disso, o mundo teria de passar por grandes transformações e a Humanidade por grandes sofrimentos.


Perguntando-lhe os discípulos a época em que ocorreriam esses acontecimentos, Jesus começou por ensiná-los a raciocinar, ensinandolhes a discernir os homens e os Espíritos, a fim de poderem distinguir os tempos preditos. “Cuidado! Ninguém vos engane, porque muitos virão em meu nome dizendo: eu sou o Cristo, e enganarão a muitos. “Se alguém vos disser: eis aqui o Cristo ou ei-lo ali, não acrediteis;


porque hão de levantar-se falsos Cristos e falsos profetas e mostrarão tais sinais e milagres que, se fora possivel, enganariam até os escolhidos. “Se disserem que o Cristo está no deserto, não saiais; se disserem que está no interior da casa não acrediteis porque assim como o relâmpago sai do Oriente para o Ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem. " Com esta exposição Jesus fez ver que a sua vinda não seria como daquela vez, em que fora crucificado; viria em Espírito, presidindo o grande movimento de espiritualização do mundo, tal como se está verificando sob os auspícios do Espiritismo! Frisou bem os mistificadores, que apresentariam “Cristo" fechados em câmaras e no interior das casas, assim como os que aparecem nos desertos, arrebatam multidões curiosas e constituem redutos de fanáticos.


E foi só depois de bem exaltar o sentimento e o raciocínio de seus discípulos, que o Filho de Deus julgou acertado narrar as dores por que o mundo teria de passar e as lutas que seus seguidores teriam de sustentar na obra da regeneração humana. “Haveis, primeiramente, de ouvir rumores de guerra, mas não vos assusteis, porque não é ainda nessa ocasião que virá o fim, pois levantarse-á nação contra nação, reino contra reino, e haverá fome e terremotos em vários lugares; mas tudo isso é o principio das dores. " Esta predição está realizada e continua a se verificar; as guerras que têm assolado ultimamente o planeta não deixam dúvida sobre a realização da previsão. Os ataques contra a palavra apostólica, levando os divulgadores da aos tribunais, têm continuado desde os primeiros tempos do Cristianismo.


Desde os tempos de Nero, prosseguindo sempre, estendendo-se à alçada da Igreja de Roma, que entregava os “hereges" ao braço forte para lhes serem infligidos os maiores suplícios, a história dos inquisidores e da Inquisição, compondo páginas de sangue na História da Humanidade, deixam ver claramente o cumprimento também desse trecho do Evangelho.


A Grande Guerra de 1914-18, que fez mais de 30 milhões de vítimas; a grande peste que levou outras tantas ou ainda mais; as lutas que fervilham em todo o mundo não são mais que os sinais característicos, preditos pelo Nazareno, do fim dos tempos em que o mundo terá de passar por uma completa reforma no que se refere à moral.


Jesus acrescentou que, em virtude da iniquidade a que os homens se entregariam, o amor se esfriaria e não haveria mais caridade; os afetos se extinguiriam e o caráter se abastardaria.


É o que estamos vendo por toda a parte! O luxo, as pompas, a ganância do ouro, o desejo da multiplicação de fortunas; o egoísmo endeusado; e, de outro lado, o desprezo para com os necessitados, para com os enfermos e abandonados!


Em vez de hospitais, erguem-se igrejas; em vez de casas de instrução, constroem-se cadeias; em vez de luz, a Humanidade veste-se de trevas!


Um dos mais característicos “sinais dos tempos" é a Pregação do Evangelho, como está escrito: “Este Evangelho será pregado pelo mundo todo; então virá o fim. " Graças ao Espiritismo, ou seja, aos Espíritos da Verdade, este convite para seguir a Cristo se está realizando como um aviso amoroso da vinda, em Espírito, de Jesus, que restabelecerá na Terra o Reinado do Espírito.


A pregação do Evangelho é o machado posto à raiz das árvores infrutíferas; é a exortação à regeneração dos costumes para a espiritualização dos homens.


Outro característico igual é: “a abominação da desolação predita pelo Profeta Daniel, que se havia de verificar no lugar santo. " É fato bem patente aos olhos de todos: o que os homens chamam lugar santo são as igrejas; e não há quem conteste a desolação que lavra nas igrejas!


Que é atualmente religião? Nada. O que é uma igreja? Um lugar abominável, onde se pode encontrar tudo menos amor a Deus, caridade, amor ao próximo, respeito, moral!


A Igreja atual é um ponto de diversão como qualquer outro, é um botequim de festas onde se mercadejam frangos e leitões.


Que é a religião do povo, hoje?


Onde está a fé, a Esperança, a Caridade, que unem, sustentam, amparam e elevam a massa popular? O que há são tráficos de missas, tráficos de batismos, tráficos de casamentos, tráficos de nascimentos e tráficos de mortos! Tudo é mercadoria, tudo se vende na religião do povo, tudo se mercadeja nas igrejas dessa Babilônia!


A Imortalidade, a comunhão das almas e dos santos, desapareceu do Credo; o Diabo venceu a Divindade: o Inferno tragou o Céu!


Não há crença, não há fé; para a massa do povo, tudo termina com a morte; a Igreja proclamou: pulvis est, et in pulveris reverteris, “és pó e ao pó tornarás", spiritus qui vales non redit. “Os mortos não retornam". O túmulo é então, a última palavra da vida! Eis o sinal certo do fim dos tempos; eis a desolação e a abominação, predita por Jesus, imperando no “lugar santo"!


As últimas predições do Mestre, exaradas no referido capítulo, versam sobre os fenômenos físicos, os sinais no céu. Todos dizem: “o tempo está mudado". De fato, o tempo está mudado e essa mudança foi predita por Jesus há quase dois mil anos, para assinalar o fim do Mundo da Carne e o advento do Mundo do Espírito.


Finalmente, diz o texto: “As estrelas cairão do céu e as potestades serão abaladas. " Essas Estrelas mais não são que os Espíritos Superiores, que viriam tomar parte nessa restauração, mesmo porque só eles serão capazes de abalar as potestades, os governos civis e religiosos, da Terra e do Espaço, que conduziram os homens à degradação em que se acham!


Eles vêm ajuntar os escolhidos dos quatro ventos e chamá-los a formar esse Reino desejado, que pedimos cotidianamente ao Senhor no Pai Nosso.


Vamos concluir, aconselhando o leitor a tomar um lugar nas fileiras do Cristo, porque só assim ficará resguardado dos males futuros que farão ruir o mundo velho com suas paixões, para, removidos os escombros, erguer-se em cada alma uma cátedra onde o Espírito da Verdade possa pontificar!



Referências em Outras Obras


CARLOS TORRES PASTORINO

jo 4:3
Sabedoria do Evangelho - Volume 4

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 13
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 16:24-28


24. Jesus disse então o seus discípulos: "Se alguém quer vir após mim, neguese a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


25. Porque aquele que quiser preservar sua alma. a perderá; e quem perder sua alma por minha causa, a achará.


26. Pois que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Ou que dará o homem em troca de sua alma?


27. Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com seus mensageiros, e então retribuirá a cada um segundo seu comportamento.


28. Em verdade vos digo, que alguns dos aqui presentes absolutamente experimentarão a morte até que o Filho do Homem venha em seu reino. MC 8:34-38 e MC 9:1


34. E chamando a si a multidão, junto com seus discípulos disse-lhes: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


35. Porque quem quiser preservar sua alma, a perderá; e quem perder sua alma por amor de mim e da Boa-Nova, a preservará.


36. Pois que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?


37. E que daria um homem em troca de sua alma?


38. Porque se alguém nesta geração adúltera e errada se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, também dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na glória de seu Pai com seus santos mensageiros". 9:1 E disse-lhes: "Em verdade em verdade vos digo que há alguns dos aqui presentes, os quais absolutamente experimentarão a morte, até que vejam o reino de Deus já chegado em força".


LC 9:23-27


23. Dizia, então, a todos: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me.


24. Pois quem quiser preservar sua alma, a perderá; mas quem perder sua alma por amor de mim, esse a preservará.


25. De fato, que aproveita a um homem se ganhar o mundo inteiro, mas arruinar-se ou causar dano a si mesmo?


26. Porque aquele que se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória, na do Pai e na dos santos mensageiros.


27. Mas eu vos digo verdadeiramente, há alguns dos aqui presentes que não experimentarão a morte até que tenham visto o reino de Deus.


Depois do episódio narrado no último capítulo, novamente Jesus apresenta uma lição teórica, embora bem mais curta que as do Evangelho de João.


Segundo Mateus, a conversa foi mantida com Seus discípulos. Marcos, entretanto, revela que Jesu "chamou a multidão" para ouvi-la, como que salientando que a aula era "para todos"; palavras, aliás, textuais em Lucas.


Achava-se a comitiva no território não-israelita ("pagão") de Cesareia de Filipe, e certamente os moradores locais haviam observado aqueles homens e mulheres que perambulavam em grupo homogêneo.


Natural que ficassem curiosos, a "espiar" por perto. A esses, Jesus convida que se aproximem para ouvir os ensinamentos e as exigências impostas a todos os que ambicionavam o DISCIPULATO, o grau mais elevado dos três citados pelo Mestre: justos (bons), profetas (médiuns) e discípulos (ver vol. 3).


As exigências são apenas três, bem distintas entre si, e citadas em sequência gradativa da menor à maior. Observamos que nenhuma delas se prende a saber, nem a dizer, nem a crer, nem a fazer, mas todas se baseiam em SER. O que vale é a evolução interna, sem necessidade de exteriorizações, nem de confissões, nem de ritos.


No entanto, é bem frisada a vontade livre: "se alguém quiser"; ninguém é obrigado; a espontaneidade deve ser absoluta, sem qualquer coação física nem moral. Analisemos.


Vimos, no episódio anterior, o Mestre ordenar a Pedro que "se colocasse atrás Dele". Agora esclarece: " se alguém QUER ser SEU discípulo, siga atrás Dele". E se tem vontade firme e inabalável, se o QUER, realize estas três condições:

1. ª - negue-se a si mesmo (Lc. arnésasthô; Mat. e Mr. aparnésasthô eautón).


2. ª - tome (carregue) sua cruz (Lc. "cada dia": arátô tòn stáurou autoú kath"hêméran);

3. ª - e siga-me (akoloutheítô moi).


Se excetuarmos a negação de si mesmo, já ouvíramos essas palavras em MT 10:38 (vol. 3).


O verbo "negar-se" ou "renunciar-se" (aparnéomai) é empregado por Isaías (Isaías 31:7) para descrever o gesto dos israelitas infiéis que, esclarecidos pela derrota dos assírios, rejeitaram ou negaram ou renunciaram a seus ídolos. E essa é a atitude pedida pelo Mestre aos que QUEREM ser Seus discípulos: rejeitar o ídolo de carne que é o próprio corpo físico, com sua sequela de sensações, emoções e intelectualismo, o que tudo constitui a personagem transitória a pervagar alguns segundos na crosta do planeta.


Quanto ao "carregar a própria cruz", já vimos (vol. 3), o que significava. E os habitantes da Palestina deviam estar habituados a assistir à cena degradante que se vinha repetindo desde o domínio romano, com muita frequência. Para só nos reportarmos a Flávio Josefo, ele cita-nos quatro casos em que as crucificações foram em massa: Varus que fez crucificar 2. 000 judeus, por ocasião da morte, em 4 A. C., de Herodes o Grande (Ant. Jud. 17. 10-4-10); Quadratus, que mandou crucificar todos os judeus que se haviam rebelado (48-52 A. D.) e que tinham sido aprisionados por Cumarus (Bell. Jud. 2. 12. 6); em 66 A. D. até personagens ilustres foram crucificadas por Gessius Florus (Bell. Jud. 2. 14. 9); e Tito que, no assédio de Jerusalém, fez crucificar todos os prisioneiros, tantos que não havia mais nem madeira para as cruzes, nem lugar para plantá-las (Bell. Jud. 5. 11. 1). Por aí se calcula quantos milhares de crucificações foram feitas antes; e o espetáculo do condenado que carregava às costas o instrumento do próprio suplício era corriqueiro. Não se tratava, portanto, de uma comparação vazia de sentido, embora constituindo uma metáfora. E que o era, Lucas encarrega-se de esclarecê-lo, ao acrescentar "carregue cada dia a própria cruz". Vemos a exigência da estrada de sacrifícios heroicamente suportados na luta do dia a dia, contra os próprios pendores ruins e vícios.


A terceira condição, "segui-Lo", revela-nos a chave final ao discipulato de tal Mestre, que não alicia discípulos prometendo-lhes facilidades nem privilégios: ao contrário. Não basta estudar-Lhe a doutrina, aprofundar-Lhe a teologia, decorar-Lhe as palavras, pregar-Lhe os ensinamentos: é mister SEGUILO, acompanhando-O passo a passo, colocando os pés nas pegadas sangrentas que o Rabi foi deixando ao caminhar pelas ásperas veredas de Sua peregrinação terrena. Ele é nosso exemplo e também nosso modelo vivo, para ser seguido até o topo do calvário.


Aqui chegamos a compreender a significação plena da frase dirigida a Pedro: "ainda és meu adversário (porque caminhas na direção oposta a mim, e tentas impedir-me a senda dolorosa e sacrificial): vai para trás de mim e segue-me; se queres ser meu discípulo, terás que renunciar a ti mesmo (não mais pensando nas coisas humanas); que carregar também tua cruz sem que me percas de vista na dura, laboriosa e dorida ascensão ao Reino". Mas isto, "se o QUERES" ... Valerá a pena trilhar esse áspero caminho cheio de pedras e espinheiros?


O versículo seguinte (repetição, com pequena variante de MT 10:39; cfr. vol. 3) responde a essa pergunta.


As palavras dessa lição são praticamente idênticas nos três sinópticos, demonstrando a impress ão que devem ter causado nos discípulos.


Sim, porque quem quiser preservar sua alma (hós eán thélei tên psychên autòn sõsai) a perderá (apolêsei autên). Ainda aqui encontramos o verbo sôzô, cuja tradução "salvar" (veja vol. 3) dá margem a tanta ambiguidade atualmente. Neste passo, a palavra portuguesa "preservar" (conservar, resguardar) corresponde melhor ao sentido do contexto. O verbo apolesô "perder", só poderia ser dado também com a sinonímia de "arruinar" ou "degradar" (no sentido etimológico de "diminuir o grau").


E o inverso é salientado: "mas quem a perder "hós d"án apolésêi tên psychên autoú), por minha causa (héneken emoú) - e Marcos acrescenta "e da Boa Nova" (kaì toú euaggelíou) - esse a preservará (sósei autén, em Marcos e Lucas) ou a achará (heurêsei autén, em Mateus).


A seguir pergunta, como que explicando a antinomia verbal anterior: "que utilidade terá o homem se lucrar todo o mundo físico (kósmos), mas perder - isto é, não evoluir - sua alma? E qual o tesouro da Terra que poderia ser oferecido em troca (antállagma) da evolução espiritual da criatura? Não há dinheiro nem ouro que consiga fazer um mestre, riem que possa dar-se em troca de uma iniciação real.


Bens espirituais não podem ser comprados nem "trocados" por quantias materiais. A matemática possui o axioma válido também aqui: quantidades heterogêneas não podem somar-se.


O versículo seguinte apresenta variantes.


MATEUS traz a afirmação de que o Filho do Homem virá com a glória de seu Pai, em companhia de Seus Mensageiros (anjos), para retribuir a cada um segundo seus atos. Traduzimos aqui dóxa por "glória" (veja vol. 1 e vol. 3), porque é o melhor sentido dentro do contexto. E entendemos essa glória como sinônimo perfeito da "sintonia vibratória" ou a frequência da tônica do Pai (Verbo, Som). A atribui ção a cada um segundo "seus atos" (tên práxin autoú) ou talvez, bem melhor, de acordo com seu comportamento, com a "prática" da vida diária. Não são realmente os atos, sobretudo isolados (mesmo os heroicos) que atestarão a Evolução de uma criatura, mas seu comportamento constante e diuturno.


MARCOS diz que se alguém, desta geração "adúltera", isto é, que se tornou "infiel" a Deus, traindo-O por amar mais a matéria que o espírito, e "errada" na compreensão das grandes verdades, "se envergonhar" (ou seja "desafinar", não-sintonizar), também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier com a glória do Pai, em companhia de Seus mensageiros (anjos).


LUCAS repete as palavras de Marcos (menos a referência à Boa Nova), salientando, porém, que o Filho do Homem virá com Sua própria glória, com a glória do Pai, e com a glória dos santos mensageiros (anjos).


E finalmente o último versículo, em que só Mateus difere dos outros dois, os quais, no entanto, nos parecem mais conformes às palavras originais.


Afirma o Mestre "alguns dos aqui presentes" (eisin tines tõn hõde hestótõn), os quais não experimentar ão (literalmente: "não saborearão, ou mê geúsôntai) a morte, até que vejam o reino de Deus chegar com poder. Mateus em vez de "o reino de Deus", diz "o Filho do Homem", o que deu margem à expectativa da parusia (ver vol. 3), ainda para os indivíduos daquela geração.


Entretanto, não se trata aqui, de modo algum, de uma parusia escatológica (Paulo avisa aos tessalonicenses que não o aguardem "como se já estivesse perto"; cfr. 1. ª Tess. 2: lss), mas da descoberta e conquista do "reino de Deus DENTRO de cada um" (cfr. LC 17:21), prometido para alguns "dos ali presentes" para essa mesma encarnação.


A má interpretação provocou confusões. Os gnósticos (como Teodósio), João Crisóstomo, Teofilacto e outros - e modernamente o cardeal Billot, S. J. (cfr. "La Parousie", pág. 187), interpretam a "vinda na glória do Filho do Homem" como um prenúncio da Transfiguração; Cajetan diz ser a Ressurreição;


Godet acha que foi Pentecostes; todavia, os próprios discípulos de Jesus, contemporâneos dos fatos, não interpretaram assim, já que após a tudo terem assistido, inclusive ao Pentecostes, continuaram esperando, para aqueles próximos anos, essa vinda espetacular. Outros recuaram mais um pouco no tempo, e viram essa "vinda gloriosa" na destruição de Jerusalém, como "vingança" do Filho do Homem; isso, porém, desdiz o perdão que Ele mesmo pedira ao Pai pela ignorância de Seus algozes (D. Calmet, Knabenbauer, Schanz, Fillion, Prat, Huby, Lagrange); e outros a interpretaram como sendo a difusão do cristianismo entre os pagãos (Gregório Magno, Beda, Jansênio, Lamy).


Penetremos mais a fundo o sentido.


Na vida literária e artística, em geral, distinguimos nitidamente o "aluno" do "discípulo". Aluno é quem aprende com um professor; discípulo é quem segue a trilha antes perlustrada por um mestre. Só denominamos "discípulo" aquele que reproduz em suas obras a técnica, a "escola", o estilo, a interpretação, a vivência do mestre. Aristóteles foi aluno de Platão, mas não seu discípulo. Mas Platão, além de ter sido aluno de Sócrates, foi também seu discípulo. Essa distinção já era feita por Jesus há vinte séculos; ser Seu discípulo é segui-Lo, e não apenas "aprender" Suas lições.


Aqui podemos desdobrar os requisitos em quatro, para melhor explicação.


Primeiro: é necessário QUERER. Sem que o livre-arbítrio espontaneamente escolha e decida, não pode haver discipulato. Daí a importância que assume, no progresso espiritual, o aprendizado e o estudo, que não podem limitar-se a ouvir rápidas palavras, mas precisam ser sérios, contínuos e profundos.


Pois, na realidade, embora seja a intuição que ilumina o intelecto, se este não estiver preparado por meio do conhecimento e da compreensão, não poderá esclarecer a vontade, para que esta escolha e resolva pró ou contra.


O segundo é NEGAR-SE a si mesmo. Hoje, com a distinção que conhecemos entre o Espírito (individualidade) e a personagem terrena transitória (personalidade), a frase mais compreensível será: "negar a personagem", ou seja, renunciar aos desejos terrenos, conforme ensinou Sidarta Gotama, o Buddha.


Cientificamente poderíamos dizer: superar ou abafar a consciência atual, para deixar que prevaleça a super-consciência.


Essa linguagem, entretanto, seria incompreensível àquela época. Todavia, as palavras proferidas pelo Mestre são de meridiana clareza: "renunciar a si mesmo". Observando-se que, pelo atraso da humanidade, se acredita que o verdadeiro eu é a personagem, e que a consciência atual é a única, negar essa personagem e essa consciência exprime, no fundo, negar-se "a si mesmo". Diz, portanto, o Mestre: " esse eu, que vocês julgam ser o verdadeiro eu, precisa ser negado". Nada mais esclarece, já que não teria sido entendido pela humanidade de então. No entanto, aqueles que seguissem fielmente Sua lição, negando seu eu pequeno e transitório, descobririam, por si mesmos, automaticamente, em pouco tempo, o outro Eu, o verdadeiro, coisa que de fato ocorreu com muitos cristãos.


Talvez no início possa parecer, ao experimentado: desavisado, que esse Eu verdadeiro seja algo "externo".


Mas quando, por meio da evolução, for atingido o "Encontro Místico", e o Cristo Interno assumir a supremacia e o comando, ele verificará que esse Divino Amigo não é um TU desconhecido, mas antes constitui o EU REAL. Além disso, o Mestre não se satisfez com a explanação teórica verbal: exemplificou, negando o eu personalístico de "Jesus", até deixá-lo ser perseguido, preso, caluniado, torturado e assassinado. Que Lhe importava o eu pequeno? O Cristo era o verdadeiro Eu Profundo de Jesus (como de todos nós) e o Cristo, com a renúncia e negação do eu de Jesus, pode expandir-se e assumir totalmente o comando da personagem humana de Jesus, sendo, às vezes, difícil distinguir quando falava e agia "Jesus" e quando agia e falava "o Cristo". Por isso em vez de Jesus, temos nele O CRISTO, e a história o reconhece como "Jesus", O CRISTO", considerando-o como homem (Jesus) e Deus (Cristo).


Essa anulação do eu pequeno fez que a própria personagem fosse glorificada pela humildade, e o nome humano negado totalmente se elevasse acima de tudo, de tal forma que "ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na Terra e debaixo da terra" (Filp. 2:10).


Tudo isso provocou intermináveis discussões durante séculos, por parte dos que não conseguiram penetrar a realidade dos acontecimentos, caracterizados, então, de "mistério": são duas naturezas ou uma? Como se realizou a união hipostática? Teria a Divindade absorvido a humanidade?


Por que será que uma coisa tão clara terá ficado incompreendida por tantos luminares que trataram deste assunto? O Eu Profundo de todas as criaturas é o Deus Interno, que se manifestará em cada um exatamente na proporção em que este renunciar ao eu pequeno (personagem), para deixar campo livre à expressão do Cristo Interno Divino. Todos somos deuses (cfr. Salmo 81:6 e JO 10:34) se negarmos totalmente nosso eu pequeno (personagem humana), deixando livre expansão à manifestação do Cristo que em todos habita. Isso fez Jesus. Se a negação for absoluta e completa, poderemos dizer com Paulo que, nessa criatura, "habita a plenitude da Divindade" (CL 2:9). E a todos os que o fizerem, ser-lhes-á exaltado o nome acima de toda criação" (cfr. Filp. 2:5-11).


Quando isto tiver sido conseguido, a criatura "tomará sua cruz cada dia" (cada vez que ela se apresentar) e a sustentará galhardamente - quase diríamos triunfalmente - pois não mais será ela fonte de abatimentos e desânimos, mas constituirá o sofrimento-por-amor, a dor-alegria, já que é a "porta estreita" (MT 7:14) que conduzirá à felicidade total e infindável (cfr. Pietro Ubaldi, "Grande Síntese, cap. 81).


No entanto, dado o estágio atual da humanidade, a cruz que temos que carregar ainda é uma preparação para o "negar-se". São as dores físicas, as incompreensões morais, as torturas do resgate de carmas negativos mais ou menos pesados, em vista do emaranhado de situações aflitivas, das "montanhas" de dificuldades que se erguem, atravancando nossos caminhos, do sem-número de moléstias e percalços, do cortejo de calúnias e martírios inomináveis e inenarráveis.


Tudo terá que ser suportado - em qualquer plano - sem malsinar a sorte, sem desesperos, sem angústias, sem desfalecimentos nem revoltas, mas com aceitação plena e resignação ativa, e até com alegria no coração, com a mais sólida, viva e inabalável confiança no Cristo-que-é-nosso-Eu, no Deus-

Imanente, na Força-Universal-Inteligente e Boa, que nos vivifica e prepara, de dentro de nosso âmago mais profundo, a nossa ascensão real, até atingirmos TODOS, a "plena evolução crística" (EF 4:13).


A quarta condição do discipulato é também clara, não permitindo ambiguidade: SEGUI-LO. Observese a palavra escolhida com precisão. Poderia ter sido dito "imitá-Lo". Seria muito mais fraco. A imitação pode ser apenas parcial ou, pior ainda, ser simples macaqueação externa (usar cabelos compridos, barbas respeitáveis, vestes talares, gestos estudados), sem nenhuma ressonância interna.


Não. Não é imitá-Lo apenas, é SEGUI-LO. Segui-Lo passo a passo pela estrada evolutiva até atingir a meta final, o ápice, tal como Ele o FEZ: sem recuos, sem paradas, sem demoras pelo caminho, sem descanso, sem distrações, sem concessões, mas marchando direto ao alvo.


SEGUI-LO no AMOR, na DEDICAÇÃO, no SERVIÇO, no AUTO-SACRIFÍCIO, na HUMILDADE, na RENÚNCIA, para que de nós se possa afirmar como Dele foi feito: "fez bem todas as coisas" (MC 7. 37) e: "passou pela Terra fazendo o bem e curando" (AT 10:38).


Como Mestre de boa didática, não apresenta exigências sem dar as razões. Os versículos seguintes satisfazem a essa condição.


Aqui, como sempre, são empregados os termos filosóficos com absoluta precisão vocabular (elegantia), não deixando margem a qualquer dúvida. A palavra usada é psychê, e não pneuma; é alma e nã "espírito" (em adendo a este capítulo daremos a "constituição do homem" segundo o Novo Testamento).


A alma (psychê) é a personagem humana em seu conjunto de intelecto-emoções, excluído o corpo denso e as sensações do duplo etérico. Daí a definição da resposta 134 do "Livro dos Espíritos": "alma é o espírito encarnado", isto é, a personagem humana que habita no corpo denso.

Aí está, pois, a chave para a interpretação do "negue-se a si mesmo": esse eu, a alma, é a personagem que precisa ser negada, porque, quem não quiser fazê-lo, quem pretender preservar esse eu, essa alma, vai acabar perdendo-a, já que, ao desencarnar, estará com "as mãos vazias". Mas aquele que por causa do Cristo Interno - renunciar e perder essa personagem transitória, esse a encontrará melhorada (Mateus), esse a preservará da ruína (Marcos e Lucas).


E prossegue: que adiantará acumular todas as riquezas materiais do mundo, se a personalidade vai cair no vazio? Nada de material pode ser-lhe comparado. No entanto, se for negada, será exaltada sobre todas as coisas (cfr. o texto acima citado, Filp. 2:5-11).


Todas e qualquer evolução do Espírito é feita exclusivamente durante seu mergulho na carne (veja atrás). Só através das personagens humanas haverá ascensão espiritual, por meio do "ajustamento sintônico". Então, necessidade absoluta de consegui-lo, não "se envergonhando", isto é, não desafinando da tônica do Pai (Som) que tudo cria, governa e mantém. Enfrentar o mundo sem receio, sem" respeitos humanos", e saber recusá-lo também, para poder obter o Encontro Místico com o Cristo Interno. Se a criatura "se envergonha" e se retrai, (não sintoniza) não é possível conseguir o Contato Divino, e o Filho do Homem também a evitará ("se envergonhará" dessa criatura). Só poderá haver a" descida da graça" ou a unificação com o Cristo, "na glória (tônica) do Pai (Som-Verbo), na glória (tônica) do próprio Cristo (Eu Interno), na glória de todos os santos mensageiros", se houver a coragem inquebrantável de romper com tudo o que é material e terreno, apagando as sensações, liquidando as emoções, calando o intelecto, suplantando o próprio "espírito" encarnado, isto é, PERDENDO SUA ALMA: só então "a achará", unificada que estará com o Cristo, Nele mergulhada (batismo), "como a gota no oceano" (Bahá"u"lláh). Realmente, a gota se perde no oceano mas, inegavelmente, ao deixar de ser gota microscópica, ela se infinitiva e se eterniza tornando-se oceano...

Em Mateus é-nos dado outro aviso: ao entrar em contato com a criatura, esta "receberá de acordo com seu comportamento" (pláxin). De modo geral lemos nas traduções correntes "de acordo com suas obras". Mas isso daria muito fortemente a ideia de que o importante seria o que o homem FAZ, quando, na realidade, o que importa é o que o homem É: e a palavra comportamento exprime-o melhor que obras; ora, a palavra do original práxis tem um e outro sentido.


Evidentemente, cada ser só poderá receber de acordo com sua capacidade, embora todos devam ser cheios, replenos, com "medida sacudida e recalcada" (cfr. Lc. 5:38).


Mas há diferença de capacidade entre o cálice, o copo, a garrafa, o litro, o barril, o tonel... De acordo com a própria capacidade, com o nível evolutivo, com o comportamento de cada um, ser-lhe-á dado em abundância, além de toda medida. Figuremos uma corrente imensa, que jorra permanentemente luz e força, energia e calor. O convite é-nos feito para aproximar-nos e recolher quanto quisermos.


Acontece, porém, que cada um só recolherá conforme o tamanho do vasilhame que levar consigo.


Assim o Cristo Imanente e o Verbo Criador e Conservador SE DERRAMAM infinitamente. Mas nós, criaturas finitas, só recolheremos segundo nosso comportamento, segundo a medida de nossa capacidade.


Não há fórmulas mágicas, não há segredos iniciáticos, não peregrinações nem bênçãos de "mestres", não há sacramentos nem sacramentais, que adiantem neste terreno. Poderão, quando muito, servir como incentivo, como animação a progredir, mas por si, nada resolvem, já que não agem ex ópere operantis nem ex opere operatus, mas sim ex opere recipientis: a quantidade de recebimento estará de acordo com a capacidade de quem recebe, não com a grandeza de quem dá, nem com o ato de doação.


E pode obter-se o cálculo de capacidade de cada um, isto é, o degrau evolutivo em que se encontra no discipulato de Cristo, segundo as várias estimativas das condições exigidas:

a) - pela profundidade e sinceridade na renúncia ao eu personalístico, quando tudo é feito sem cogitar de firmar o próprio nome, sem atribuir qualquer êxito ao próprio merecimento (não com palavras, mas interiormente), colaborando com todos os "concorrentes", que estejam em idêntica senda evolutiva, embora nos contrariem as ideias pessoais, mas desde que sigam os ensinos de Cristo;


b) - pela resignação sem queixas, numa aceitação ativa, de todas as cruzes, que exprimam atos e palavras contra nós, maledicências e calúnias, sem respostas nem defesas, nem claras nem veladas (já nem queremos acenar à contra-ataques e vinganças).


c) - pelo acompanhar silencioso dos passos espirituais no caminho do auto-sacrifício por amor aos outros, pela dedicação integral e sem condições; no caminho da humildade real, sem convencimentos nem exterioridades; no caminho do serviço, sem exigências nem distinções; no caminho do amor, sem preferências nem limitações. O grau dessas qualidades, todas juntas, dará uma ideia do grau evolutivo da criatura.


Assim entendemos essas condições: ou tudo, à perfeição; ou pouco a pouco, conquistando uma de cada vez. Mas parado, ninguém ficará. Se não quiser ir espontaneamente, a dor o aguilhoará, empurrandoo para a frente de qualquer forma.


No entanto, uma promessa relativa à possibilidade desse caminho é feita claramente: "alguns dos que aqui estão presentes não experimentarão a morte até conseguirem isso". A promessa tanto vale para aquelas personagens de lá, naquela vida física, quanto para os Espíritos ali presentes, garantindo-selhes que não sofreriam queda espiritual (morte), mas que ascenderiam em linha reta, até atingir a meta final: o Encontro Sublime, na União mística absoluta e total.


Interessante a anotação de Marcos quando acrescenta: O "reino de Deus chegado em poder". Durante séculos se pensou no poder externo, a espetacularidade. Mas a palavra "en dynámei" expressa muito mais a força interna, o "dinamismo" do Espírito, a potencialidade crística a dinamizar a criatura em todos os planos.


O HOMEM NO NOVO TESTAMENTO


O Novo Testamento estabelece, com bastante clareza, a constituição DO HOMEM, dividindo o ser encarnado em seus vários planos vibratórios, concordando com toda a tradição iniciática da Índia e Tibet, da China, da Caldeia e Pérsia, do Egito e da Grécia. Embora não encontremos o assunto didaticamente esquematizado em seus elementos, o sentido filosófico transparece nítido dos vários termos e expressões empregados, ao serem nomeadas as partes constituintes do ser humano, ou seja, os vários níveis em que pode tornar-se consciente.


Algumas das palavras são acolhidas do vocabulário filosófico grego (ainda que, por vezes, com pequenas variações de sentido); outras são trazidas da tradição rabínica e talmúdica, do centro iniciático que era a Palestina, e que já entrevemos usadas no Antigo Testamento, sobretudo em suas obras mais recentes.


A CONCEPÇÃO DA DIVINDADE


Já vimos (vol, 1 e vol. 3 e seguintes), que DEUS, (ho théos) é apresentado, no Novo Testamento, como o ESPÍRITO SANTO (tò pneuma tò hágion), o qual se manifesta através do Pai (patêr) ou Lógos (Som Criador, Verbo), e do Filho Unigênito (ho hyiós monogenês), que é o Cristo Cósmico.


DEUS NO HOMEM


Antes de entrar na descrição da concepção do homem, no Novo Testamento, gostaríamos de deixar tem claro nosso pensamento a respeito da LOCALIZAÇÃO da Centelha Divina ou Mônada NO CORA ÇÃO, expressão que usaremos com frequência.


A Centelha (Partícula ou Mônada) é CONSIDERADA por nós como tal; mas, na realidade, ela não se separa do TODO (cfr. vol. 1); logo, ESTÁ NO TODO, e portanto É O TODO (cfr. JO 1:1).


O "TODO" está TODO em TODAS AS COISAS e em cada átomo de cada coisa (cfr. Agostinho, De Trin. 6, 6 e Tomás de Aquino, Summa Theologica, I, q. 8, art. 2, ad 3um; veja vol. 3, pág. 145).


Entretanto, os seres e as coisas acham-se limitados pela forma, pelo espaço, pelo tempo e pela massa; e por isso afirmamos que em cada ser há uma "centelha" ou "partícula" do TODO. No entanto, sendo o TODO infinito, não tem extensão; sendo eterno, é atemporal; sendo indivisível, não tem dimensão; sendo O ESPÍRITO, não tem volume; então, consequentemente, não pode repartir-se em centelhas nem em partículas, mas é, concomitantemente, TUDO EM TODAS AS COISAS (cfr. l. ª Cor. 12:6).


Concluindo: quando falamos em "Centelha Divina" e quando afirmamos que ela está localizada no coração, estamos usando expressões didáticas, para melhor compreensão do pensamento, dificílimo (quase impossível) de traduzir-se em palavras.


De fato, porém, a Divindade está TODA em cada célula do corpo, como em cada um dos átomos de todos os planos espirituais, astrais, físicos ou quaisquer outros que existam. Em nossos corpos físicos e astral, o coração é o órgão preparado para servir de ponto de contato com as vibrações divinas, através, no físico, do nó de Kait-Flake e His; então, didaticamente, dizemos que "o coração é a sede da Centelha Divina".


A CONCEPÇÃO DO HOMEM


O ser humano (ánthrôpos) é considerado como integrado por dois planos principais: a INDIVIDUALIDADE (pneuma) e a PERSONAGEM ou PERSONALIDADE; esta subdivide-se em dois: ALMA (psychê) e CORPO (sôma).


Mas, à semelhança da Divindade (cfr. GN 1:27), o Espírito humano (individualidade ou pneuma) possui tríplice manifestação: l. ª - a CENTELHA DIVINA, ou Cristo, partícula do pneuma hágion; essa centelha que é a fonte de todo o Espirito, está localizada e representada quase sempre por kardia (coração), a parte mais íntima e invisível, o âmago, o Eu Interno e Profundo, centro vital do homem;


2. ª - a MENTE ESPIRITUAL, parte integrante e inseparável da própria Centelha Divina. A Mente, em sua função criadora, é expressa por noús, e está também sediada no coração, sendo a emissora de pensamentos e intuições: a voz silenciosa da super-consciência;


3. ª - O ESPÍRITO, ou "individualização do Pensamento Universal". O "Espírito" propriamente dito, o pneuma, surge "simples e ignorante" (sem saber), e percorre toda a gama evolutiva através dos milênios, desde os mais remotos planos no Antissistema, até os mais elevados píncaros do Sistema (Pietro Ubaldi); no entanto, só recebe a designação de pneuma (Espírito) quando atinge o estágio hominal.


Esses três aspectos constituem, englobamente, na "Grande Síntese" de Pietro Ubaldi, o "ALPHA", o" espírito".


Realmente verificamos que, de acordo com GN 1:27, há correspondência perfeita nessa tríplice manifesta ção do homem com a de Deus: A - ao pneuma hágion (Espírito Santo) correspondente a invisível Centelha, habitante de kardía (coração), ponto de partida da existência;


B - ao patêr (Pai Criador, Verbo, Som Incriado), que é a Mente Divina, corresponde noús (a mente espiritual) que gera os pensamentos e cria a individualização de um ser;


C - Ao Filho Unigênito (Cristo Cósmico) corresponde o Espírito humano, ou Espírito Individualizado, filho da Partícula divina, (a qual constitui a essência ou EU PROFUNDO do homem); a individualidade é o EU que percorre toda a escala evolutiva, um Eu permanente através de todas as encarnações, que possui um NOME "escrito no livro da Vida", e que terminará UNIFICANDO-SE com o EU PROFUNDO ou Centelha Divina, novamente mergulhando no TODO. (Não cabe, aqui, discutir se nessa unificação esse EU perde a individualidade ou a conserva: isso é coisa que está tão infinitamente distante de nós no futuro, que se torna impossível perceber o que acontecerá).


No entanto, assim como Pneuma-Hágion, Patêr e Hyiós (Espírito-Santo, Pai e Filho) são apenas trê "aspectos" de UM SÓ SER INDIVISÍVEL, assim também Cristo-kardía, noús e pneuma (CristoSABEDORIA DO EVANGELHO coração, mente espiritual e Espírito) são somente três "aspectos" de UM SÓ SER INDIVÍVEL, de uma criatura humana.


ENCARNAÇÃO


Ao descer suas vibrações, a fim de poder apoiar-se na matéria, para novamente evoluir, o pneuma atinge primeiro o nível da energia (o BETA Ubaldiano), quando então a mente se "concretiza" no intelecto, se materializa no cérebro, se horizontaliza na personagem, começando sua "crucificação". Nesse ponto, o pneuma já passa a denominar-se psychê ou ALMA. Esta pode considerar-se sob dois aspectos primordiais: a diánoia (o intelecto) que é o "reflexo" da mente, e a psychê propriamente dita isto é, o CORPO ASTRAL, sede das emoções.


Num último passo em direção à matéria, na descida que lhe ajudará a posterior subida, atinge-se então o GAMA Ubaldiano, o estágio que o Novo Testamento designa com os vocábulos diábolos (adversário) e satanás (antagonista), que é o grande OPOSITOR do Espírito, porque é seu PÓLO NEGATIVO: a matéria, o Antissistema. Aí, na matéria, aparece o sôma (corpo), que também pode subdividir-se em: haima (sangue) que constitui o sistema vital ou duplo etérico e sárx (carne) que é a carapaça de células sólidas, último degrau da materialização do espírito.


COMPARAÇÃO


Vejamos se com um exemplo grosseiro nos faremos entender, não esquecendo que omnis comparatio claudicat.


Observemos o funcionamento do rádio. Há dois sistemas básicos: o transmissor (UM) e os receptores (milhares, separados uns dos outros).


Consideremos o transmissor sob três aspectos: A - a Força Potencial, capaz de transmitir;


B - a Antena Emissora, que produz as centelas;


C - a Onda Hertziana, produzida pelas centelhas.


Mal comparando, aí teríamos:

a) - o Espirito-Santo, Força e Luz dos Universos, o Potencial Infinito de Amor Concreto;


b) - o Pai, Verbo ou SOM, ação ativa de Amante, que produz a Vida


c) - o Filho, produto da ação (do Som), o Amado, ou seja, o Cristo Cósmico que permeia e impregna tudo.


Não esqueçamos que TUDO: atmosfera, matéria, seres e coisas, no raio de ação do transmissor, ficam permeados e impregnados em todos os seus átomos com as vibrações da onda hertziana, embora seja esta invisível e inaudível e insensível, com os sentidos desarmados; e que os três elementos (Força-
Antena e Onda) formam UM SÓ transmissor o Consideremos, agora, um receptor. Observaremos que a recepção é feita em três estágios:

a) - a captação da onda


b) - sua transformação


c) - sua exteriorização Na captação da onda, podemos distinguir - embora a operação seja uma só - os seguintes elementos: A - a onda hertziana, que permeia e impregna todos os átomos do aparelho receptor, mas que é captada realmente apenas pela antena;


B - o condensador variável, que estabelece a sintonia com a onda emitida pelo transmissor. Esses dois elementos constituem, de fato, C - o sistema RECEPTOR INDIVIDUAL de cada aparelho. Embora a onda hertziana seja UMA, emitida pelo transmissor, e impregne tudo (Cristo Cósmico), nós nos referimos a uma onda que entra no aparelho (Cristo Interno) e que, mesmo sendo perfeita; será recebida de acordo com a perfeição relativa da antena (coração) e do condensador variável (mente). Essa parte representaria, então, a individualidade, o EU PERFECTÍVEL (o Espírito).


Observemos, agora, o circuito interno do aparelho, sem entrar em pormenores, porque, como dissemos, a comparação é grosseira. Em linhas gerais vemos que a onda captada pelo sistema receptor propriamente dito, sofre modificações, quando passa pelo circuito retificador (que transforma a corrente alternada em contínua), e que representaria o intelecto que horizontaliza as ideias chegadas da mente), e o circuito amplificador, que aumenta a intensidade dos sinais (que seria o psiquismo ou emoções, próprias do corpo astral ou alma).


Uma vez assim modificada, a onda atinge, com suas vibrações, o alto-falante que vibra, reproduzindo os sinais que chegam do transmissor isto é, sentindo as pulsações da onda (seria o corpo vital ou duplo etérico, que nos dá as sensações); e finalmente a parte que dá sonoridade maior, ou seja, a caixa acústica ou móvel do aparelho (correspondente ao corpo físico de matéria densa).


Ora, quanto mais todos esses elementos forem perfeitos, tanto mais fiel e perfeito será a reprodução da onda original que penetrou no aparelho. E quanto menos perfeitos ou mais defeituosos os elementos, mais distorções sofrerá a onda, por vezes reproduzindo, em guinchos e roncos, uma melodia suave e delicada.


Cremos que, apesar de suas falhas naturais, esse exemplo dá a entender o funcionamento do homem, tal como conhecemos hoje, e tal como o vemos descrito em todas as doutrinas espiritualistas, inclusive

—veremos agora quiçá pela primeira vez - nos textos do Novo Testamento.


Antes das provas que traremos, o mais completas possível, vejamos um quadro sinóptico:
θεός DEUS
πνεϋµα άγιον Espírito Santo
λόγος Pai, Verbo, Som Criador
υίός - Χριστό CRISTO - Filho Unigênito
άνθρωπος HOMEM
иαρδία - Χριστ

ό CRISTO - coração (Centelha)


πνεϋµα νους mente individualidade
πνεϋµα Espírito
φυΧή διάγοια intelecto alma
φυΧή corpo astral personagem
σώµα αίµα sangue (Duplo) corpo
σάρ

ξ carne (Corpo)


A - O EMPREGO DAS PALAVRAS


Se apresentada pela primeira vez, como esta, uma teoria precisa ser amplamente documentada e comprovada, para que os estudiosos possam aprofundar o assunto, verificando sua realidade objetiva. Por isso, começaremos apresentando o emprego e a frequência dos termos supracitados, em todos os locais do Novo Testamento.


KARDÍA


Kardía expressa, desde Homero (Ilíada, 1. 225) até Platão (Timeu, 70 c) a sede das faculdades espirituais, da inteligência (ou mente) e dos sentimentos profundos e violentos (cfr. Ilíada, 21,441) podendo até, por vezes, confundir-se com as emoções (as quais, na realidade, são movimentos da psychê, e não propriamente de kardía). Jesus, porém, reiteradamente afirma que o coração é a fonte primeira em que nascem os pensamentos (diríamos a sede do Eu Profundo).


Com este último sentido, a palavra kardía aparece 112 vezes, sendo que uma vez (MT 12:40) em sentido figurado.


MT 5:8, MT 5:28; 6:21; 9:4; 11:29; 12:34 13-15(2x),19; 15:8,18,19; 18;35; 22;37; 24:48; MC 2:6, MC 2:8; 3:5;


4:15; 6;52; 7;6,19,21; 8:11; 11. 23; 12:30,33; LC 1:17, LC 1:51, LC 1:66; 2;19,35,51; 3:5; 5:22; 6:45; 8:12,15;


9:47; 10:27; 12:34; 16:15; 21:14,34; 24;25,32,38; JO 12:40(2x); 13:2; 14:1,27; 16:6,22 AT 2:26, AT 2:37, AT 2:46; AT 4:32; 5:3(2x); 7:23,39,51,54; 8;21,22; 11;23. 13:22; 14:17; 15:9; 16;14; 21:13; 28:27(2x);


RM 1:21, RM 1:24; 2:5,15,29; 5:5; 6:17; 8:27; 9:2; 10:1,6,8,9,10; 16:16; 1. ª Cor. 2:9; 4:5; 7:37; 14:25; 2. ª Cor. 1:22; 2:4; 3:2,3,15; 4:6; 5:12; 6:11; 7:3; 8:16; 9:7; GL 4:6; EF 1:18; EF 3:17; EF 4:18; EF 5:19; EF 6:5, EF 6:22;


Filp. 1:7; 4:7; CL 2:2; CL 3:15, CL 3:16, CL 3:22; CL 4:8; 1. ª Tess. 2:4,17; 3:13; 2. ª Tess. 2:17; 3:5; 1. ª Tim. 1:5; 2. ª Tim.


2:22; HB 3:8, HB 3:10, HB 3:12, HB 3:15; HB 4:7, HB 4:12; 8:10; 10:16,22; Tiago, 1:26; 3:14; 4:8; 5:5,8; 1. ª Pe. 1:22; 3:4,15; 2. ª Pe. 1:19; 2:15; 1; 1. ª JO 3;19,20(2x),21; AP 2:23; AP 17:17; AP 18:7.


NOÚS


Noús não é a "fonte", mas sim a faculdade de criar pensamentos, que é parte integrante e indivisível de kardía, onde tem sede. Já Anaxágoras (in Diógenes Laércio, livro 2. º, n. º 3) diz que noús (o Pensamento Universal Criador) é o "’princípio do movimento"; equipara, assim, noús a Lógos (Som, Palavra, Verbo): o primeiro impulsionador dos movimentos de rotação e translação da poeira cósmica, com isso dando origem aos átomos, os quais pelo sucessivo englobamento das unidades coletivas cada vez mais complexas, formaram os sistemas atômicos, moleculares e, daí subindo, os sistemas solares, gal áxicos, e os universos (cfr. vol. 3. º).


Noús é empregado 23 vezes com esse sentido: o produto de noús (mente) do pensamento (nóêma), usado 6 vezes (2. ª Cor. 2:11:3:14; 4:4; 10:5; 11:3; Filp. 4:7), e o verbo daí derivado, noeín, empregado

14 vezes (3), sendo que com absoluta clareza em João (João 12:40) quando escreve "compreender com o coração" (noêsôsin têi kardíai).


LC 24. 45; RM 1:28; RM 7:23, RM 7:25; 11:34; 12:2; 14. 5; l. ª Cor. 1. 10; 2:16:14:14,15,19; EF 4:17, EF 4:23; Filp.


4:7; CL 2:18; 2. ª Tess. 2. 2; 1. ª Tim. 6:5; 2. ª Tim. 3:8; TT 1:15;AP 13:18.


PNEUMA


Pneuma, o sopro ou Espírito, usado 354 vezes no N. T., toma diversos sentidos básicos: MT 15:17; MT 16:9, MT 16:11; 24:15; MC 7:18; MC 8:17; MC 13:14; JO 12:40; RM 1:20; EF 3:4, EF 3:20; 1. ª Tim. 1:7;


2. ª Tim. 2:7; HB 11:13

1. Pode tratar-se do ESPÍRITO, caracterizado como O SANTO, designando o Amor-Concreto, base e essência de tudo o que existe; seria o correspondente de Brahman, o Absoluto. Aparece com esse sentido, indiscutivelmente, 6 vezes (MT 12:31, MT 12:32; MC 3:29; LC 12:10; JO 4:24:1. ª Cor. 2:11).


Os outros aspectos de DEUS aparecem com as seguintes denominações:

a) - O PAI (ho patêr), quando exprime o segundo aspecto, de Criador, salientando-se a relação entre Deus e as criaturas, 223 vezes (1); mas, quando se trata do simples aspecto de Criador e Conservador da matéria, é usado 43 vezes (2) o vocábulo herdado da filosofia grega, ho lógos, ou seja, o Verbo, a Palavra que, ao proferir o Som Inaudível, movimenta a poeira cósmica, os átomos, as galáxias.


(1) MT 5:16, MT 5:45, MT 5:48; MT 6:1, MT 6:4, MT 6:6, MT 6:8,9,14,15,26,32; 7:11,21; 10:20,29,32,33; 11:25,27; 12:50; 13:43; 15:13; 16:17,27; 18:10,14,19,35; 20:23; 23:9; 24:36; 25:34:26:29,39,42,53; MC 8:25; MC 11:25, MC 11:32; MC 11:14:36; LC 2:49; LC 2:6:36;9:26;10:21,22;11:2,13;12:30,32;22:29,42;23:34,46;24:49;JO 1:14, JO 1:18; JO 1:2:16;3:35;4:21,23;5:1 7,18,19,20,21,22,23,26,36,37,43,45,46,27,32,37,40,44,45,46,57,65;8:18,19,27,28,38,41,42,49,54;10:1 5,17,18,19,25,29,30,32,35,38;11:41;12:26,27,28,49,50;13:1,3;14:2,6,7,8,9,10,11,13,16,20,21,24,26,28, 31,15:1,8,9,10,15,16,23,24,26;16:3,10,15,17,25,26,27,28,32;17:1,5,11,21,24,25; 18:11; 20:17,21;AT 1:4, AT 1:7; AT 1:2:33;Rom. 1:7;6:4;8:15;15:6;1. º Cor. 8:6; 13:2; 15:24; 2. º Cor. 1:2,3; 6:18; 11:31; Gól. 1:1,3,4; 4:6; EF 1:2, EF 1:3, EF 1:17; EF 2:18; EF 2:3:14; 4:6; 5:20; FP 1:2; FP 2:11; FP 4:20; CL 1:2, CL 1:3, CL 1:12:3:17; 1. 0 Teõs. 1:1,3; 3:11,13; 2° Tess. 1:1 2; : 2:16; 1. º Tim. 1:2; 2. º Tim. 1:2; TT 1:4; Flm. 3; HB 1:5; HB 12:9; Tiago 1:17, Tiago 1:27:3:9; 1° Pe. 1:2,3,17; 2. º Pe. 1:17, 1. º JO 1:2,3; 2:1,14,15,16, 22,23,24; 3:1; 4:14; 2. º JO 3,4,9; Jud. 9; AP 1:6; AP 2:28; AP 3:5, AP 3:21; 14:1. (2) MT 8:8; LC 7:7; JO 1:1, JO 1:14; 5:33; 8:31,37,43,51,52,55; 14:23,24; 15:20; 17:61417; 1. º Cor. 1:13; 2. º Cor. 5:19; GL 6:6; Filp. 2:6; Cor. 1:25; 3:16; 4:3; 1. º Tess. 1:6; 2. º Tess. 3:1; 2. º Tim. 2:9; Heb. : 12; 6:1; 7:28; 12:9; Tiago, 1:21,22,23; 1. ° Pe. 1:23; 2. º Pe. 3:5,7; 1. º JO 1:1,10; 2:5,7,14; AP 19:13.


b) - O FILHO UNIGÊNITO (ho hyiós monogenês), que caracteriza o CRISTO CÓSMICO, isto é, toda a criação englobadamente, que é, na realidade profunda, um dos aspectos da Divindade. Não se trata, como é claro, de panteísmo, já que a criação NÃO constitui a Divindade; mas, ao invés, há imanência (Monismo), pois a criação é UM DOS ASPECTOS, apenas, em que se transforma a Divindade. Esta, além da imanência no relativo, é transcendente como Absoluto; além da imanência no tempo, é transcendente como Eterno; além da imanência no finito, é transcendente como Infinito.


A expressão "Filho Unigênito" só é usada por João (1:14,18; 13:16,18 e 1. a JO 4:9). Em todos os demais passos é empregado o termo ho Christós, "O Ungido", ou melhor, "O Permeado pela Divindade", que pode exprimir tanto o CRISTO CÓSMICO que impregna tudo, quanto o CRISTO INTERNO, se o olhamos sob o ponto de vista da Centelha Divina no âmago da criatura.


Quando não é feita distinção nos aspectos manifestantes, o N. T. emprega o termo genérico ho theós Deus", precedido do artigo definido.


2. Além desse sentido, encontramos a palavra pneuma exprimindo o Espírito humano individualizado; essa individualização, que tem a classificação de pneuma, encontra-se a percorrer a trajetória de sua longa viagem, a construir sua própria evolução consciente, através da ascensão pelos planos vibratórios (energia e matéria) que ele anima em seu intérmino caminhar. Notemos, porém, que só recebe a denominação de pneuma (Espírito), quando atinge a individualização completa no estado hominal (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 79: "Os Espíritos são a individualização do Princípio Inteligente, isto é, de noús).


Logicamente, portanto, podemos encontrar espíritos em muitos graus evolutivos, desde os mais ignorantes e atrasados (akátharton) e enfermos (ponêrón) até os mais evoluídos e santos (hágion).


Todas essas distinções são encontradas no N. T., sendo de notar-se que esse termo pneuma pode designar tanto o espírito encarnado quanto, ao lado de outros apelativos, o desencarnado.


Eis, na prática, o emprego da palavra pneuma no N. T. :

a) - pneuma como espírito encarnado (individualidade), 193 vezes: MT 1:18, MT 1:20; 3:11; 4:1; 5:3; 10:20; 26:41; 27:50; MC 1:8; MC 2:8; MC 8:12; MC 14:38; LC 1:47, LC 1:80; 3:16, 22; 8:55; 23:46; 24. 37, 39; JO 1:33; JO 3:5, JO 3:6(2x), 8; 4:23; 6:63; 7:39; 11:33; 13:21; 14:17, 26; 15:26; 16:13; 19-30, 20:22; AT 1:5, AT 1:8; 5:3; 32:7:59; 10:38; 11:12,16; 17:16; 18:25; 19:21; 20:22; RM 1:4, RM 1:9; 5:5; 8:2, 4, 5(2x), 6, 9(3x), 10, 11(2x),13, 14, 15(2x), 16(2x), 27; 9:1; 12:11; 14:17; 15:13, 16, 19, 30; 1° Cor. 2:4, 10(2x), 11, 12; 3:16; 5:3,4, 5; 6:11, 17, 19; 7:34, 40; 12:4, 7, 8(2x), 9(2x), 11, 13(2x); 14:2, 12, 14, 15(2x), 16:32; 15:45; 16:18; 2º Cor. 1:22; 2:13; 3:3, 6, 8, 17(2x), 18; 5:5; 6:6; 7:1, 13; 12:18; 13:13; GL 3:2, GL 3:3, GL 3:5; 4:6, 29; 5:5,16,17(2x), 18, 22, 25(2x1); 6:8(2x),18; EF 1:13, EF 1:17; 2:18, 22; 3:5, 16; 4:3, 4:23; 5:18; 6:17, 18; Philp. 1:19, 27; 2:1; 3:3; 4:23; CL 1:8; CL 2:5; 1º Tess. 1:5, 6; 4:8; 5:23; 2. º Tess. 2:13; 1. º Tim. 3:16; 4:22; 2. º Tim. 1:14; TT 3:5; HB 4:12, HB 6:4; HB 9:14; HB 10:29; HB 12:9; Tiago, 2:26:4:4; 1. º Pe. 1:2, 11, 12; 3:4, 18; 4:6,14; 1. º JO 3:24; JO 4:13; JO 5:6(2x),7; Jud. 19:20; AP 1:10; AP 4:2; AP 11:11.


b) - pneuma como espírito desencarnado:


I - evoluído ou puro, 107 vezes:


MT 3:16; MT 12:18, MT 12:28; 22:43; MC 1:10, MC 1:12; 12:36; 13. 11; LC 1:15, LC 1:16, LC 1:41, LC 1:67; 2:25, 27; 4:1, 14, 18; 10:21; 11:13; 12:12; JO 1:32; JO 3:34; AT 1:2, AT 1:16; 2:4(2x), 17, 18, 33(2x), 38; 4:8; 25, 31; 6:3, 10; 7:51, 55; 8:15, 17, 18, 19, 29, 39; 9:17, 31; 10:19, 44, 45, 47; 11:15, 24, 28; 13:2, 4, 9, 52; 15:8, 28; 16:6, 7; 19:1, 2, 6; 20:22, 28; 21:4, 11; 23:8, 9; 28:25; 1. º Cor. 12:3(2x), 10; 1. º Tess. 5:9; 2. º Tess. 2:2; 1. ° Tim. 4:1; HB 1:7, HB 1:14; 2:4; 3:7; 9:8; 10:15; 12:23; 2. º Pe. 1:21; 1. ° JO 4:1(2x), 2, 3, 6; AP 1:4; AP 2:7, AP 2:11, AP 2:17, AP 2:29; 3:1, 6, 13, 22; 4:5; 5:6; 14:13; 17:3:19. 10; 21. 10; 22:6, 17.


II - involuído ou não-purificado, 39 vezes:


MT 8:16; MT 10:1; MT 12:43, MT 12:45; MC 1:23, MC 1:27; 3:11, 30; 5:2, 8, 13; 6:7; 7:25; 9:19; LC 4:36; LC 6:18; LC 7:21; LC 8:2; LC 10:20; LC 11:24, LC 11:26; 13:11; AT 5:16; AT 8:7; AT 16:16, AT 19:12, AT 19:13, AT 19:15, AT 19:16; RM 11:8:1. ° Cor. 2:12; 2. º Cor. 11:4; EF 2:2; 1. º Pe. 3:19; 1. º JO 4:2, 6; AP 13:15; AP 16:13; AP 18:2.


c) - pneuma como "espírito" no sentido abstrato de "caráter", 7 vezes: (JO 6:63; RM 2:29; 1. ª Cor. 2:12:4:21:2. ª Cor. 4:13; GL 6:1 e GL 6:2. ª Tim. 1:7)


d) - pneuma no sentido de "sopro", 1 vez: 2. ª Tess. 2:8 Todavia, devemos acrescentar que o espírito fora da matéria recebia outros apelativo, conforme vimos (vol. 1) e que não é inútil recordar, citando os locais.


PHÁNTASMA, quando o espírito, corpo astral ou perispírito se torna visível; termo que, embora frequente entre os gregos, só aparece, no N. T., duas vezes (MT 14:26 e MC 6:49).

ÁGGELOS (Anjo), empregado 170 vezes, designa um espírito evoluído (embora nem sempre de categoria acima da humana); essa denominação específica que, no momento em que é citada, tal entidade seja de nível humano ou supra-humano - está executando uma tarefa especial, como encarrega de "dar uma mensagem", de "levar um recado" de seus superiores hierárquicos (geralmente dizendo-se "de Deus"): MT 1:20, MT 1:24; 2:9, 10, 13, 15, 19, 21; 4:6, 11; 8:26; 10:3, 7, 22; 11:10, 13; 12:7, 8, 9, 10, 11, 23; 13:39, 41, 49; 16:27; 18:10; 22:30; 24:31, 36; 25:31, 41; 26:53; 27:23; 28:2, 5; MC 1:2, MC 1:13; 8:38; 12:25; 13:27, 32; LC 1:11, LC 1:13, LC 1:18, LC 1:19, 26, 30, 34, 35, 38; 4:10, 11; 7:24, 27; 9:26, 52; 12:8; 16:22; 22:43; 24:23; JO 1:51; JO 12:29; JO 20:12 AT 5:19; AT 6:15; AT 7:30, AT 7:35, AT 7:38, AT 7:52; 12:15; 23:8, 9; RM 8:38; 1. ° Cor. 4:9; 6:3; 11:10; 13:1; 2. º Cor. 11:14; 12:7; GL 1:8; GL 3:19; GL 4:14; CL 2:18; 2. º Tess. 1:7; 1. ° Tim. 3:16; 5:21; HB 1:4, HB 1:5, HB 1:6, HB 1:7, 13; 2:2, 5, 7, 9, 16; 12:22; 13:2; Tiago 2:25; 1. º Pe. 1:4, 11; Jud. 6; AP 1:1, AP 1:20; 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 5, 7, 9, 14; 5:2, 11; 7:1, 11; 8:2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 13; 9:1, 11, 13, 14, 15; 10:1, 5, 7, 8, 9, 10; 11:15; 12:7, 9, 17; 14:6, 9, 10, 15, 17, 18, 19; 15:1, 6, 7, 8, 10; 16:1, 5; 17:1, 7; 18:1, 21; 19:17; 20:1; 21:9, 12, 17; 22:6, 8, 16. BEEZEBOUL, usado 7 vezes: (MT 7. 25; 12:24, 27; MC 3:22; LC 11:15, LC 11:18, LC 11:19) só nos Evangelhos, é uma designação de chefe" de falange, "cabeça" de espíritos involuído.


DAIMÔN (uma vez, em MT 8:31) ou DAIMÓNION, 55 vezes, refere-se sempre a um espírito familiar desencarnado, que ainda conserva sua personalidade humana mesmo além túmulo. Entre os gregos, esse termo designava quer o eu interno, quer o "guia". Já no N. T. essa palavra identifica sempre um espírito ainda não-esclarecido, não evoluído, preso à última encarnação terrena, cuja presença prejudica o encarnado ao qual esteja ligado; tanto assim que o termo "demoníaco" é, para Tiago, sinônimo de "personalístico", terreno, psíquico. "não é essa sabedoria que desce do alto, mas a terrena (epígeia), a personalista (psychike), a demoníaca (demoniôdês). (Tiago, 3:15)


MT 7:22; MT 9:33, MT 9:34; 12:24, 27, 28; 10:8; 11:18; 17:18; MC 1:34, MC 1:39; 3:15, 22; 6:13; 7:26, 29, 30; 9:38; 16:9, 17; LC 4:33, LC 4:35, LC 4:41; 7:33; 8:2, 27, 29, 30, 33, 35, 38; 9:1, 42, 49; 10:17; 11:14, 15, 18, 19, 20; 13:32; JO 7:2; JO 8:48, JO 8:49, JO 8:52; 10:20, 21; AT 17:18; 1. ª Cor. 10:20, 21; 1. º Tim. 4:1; Tiago 2:16; Apoc 9:20; 16:24 e 18:2.


Ao falar de desencarnados, aproveitemos para observar como era designado o fenômeno da psicofonia: I - quando se refere a uma obsessão, com o verbo daimonízesthai, que aparece 13 vezes (MT 4:24;


8:16, 28, 33; 9:32; 12:22; 15:22; Marc 1:32; 5:15, 16, 18; LC 8:36; JO 10:21, portanto, só empregado pelos evangelistas).


II - quando se refere a um espírito evoluído, encontramos as expressões:

• "cheio de um espírito (plêrês, LC 4:1; AT 6:3, AT 6:5; 7:55; 11:24 - portanto só empregado por Lucas);


• "encher-se" (pimplánai ou plêthein, LC 1:15, LC 1:41, LC 1:67; AT 2:4; AT 4:8, AT 4:31; 9:17; 13:19 - portanto, só usado por Lucas);


• "conturbar-se" (tarássein), JO 11:33 e JO 13:21).


Já deixamos bem claro (vol 1) que os termos satanás ("antagonista"), diábolos ("adversário") e peirázôn ("tentador") jamais se referem, no N. T., a espíritos desencarnados, mas expressam sempre "a matéria, e por conseguinte também a "personalidade", a personagem humana que, com seu intelecto vaidoso, se opõe, antagoniza e, como adversário natural do espírito, tenta-o (como escreveu Paulo: "a carne (matéria) luta contra o espírito e o espírito contra a carne", GL 5:17).


Esses termos aparecem: satanãs, 33 vezes (MT 4:10; MT 12:26; MT 16:23; MC 1:13; MC 3:23, MC 3:26; 4:15; 8:33; LC 10:18; LC 11:18; LC 13:16; LC 22:3; JO 13:27, JO 13:31; AT 5:3; AT 26:18; RM 16:20; 1. º Cor. 5:5; 7:5; 2. º Cor. 2:11; 11:14; 12:17; 1. ° Tess. 2:18; 2. º Tess. 2:9; 1. º Tim. 1:20; 5:15; AP 2:9, AP 2:13, AP 2:24; 3:9; 12:9; 20:2, 7); diábolos, 35 vezes (MT 4:1, MT 4:5, MT 4:8, MT 4:11; 13:39; 25:41; LC 4:2, LC 4:3, LC 4:6, LC 4:13; 8:12; JO 6:70; JO 8:44; JO 13:2; AT 10:38; AT 13:10; EF 4:27; EF 6:11; 1. º Tim. 3:6, 7, 11; 2. º Tim. 2:26; 3:3 TT 2:3; HB 2:14; Tiago, 4:7; 1. º Pe. 5:8; 1. º JO 3:8, 10; Jud. 9; AP 2:10; AP 12:9, AP 12:12; 20:2,10) e peirázôn, duas vezes (MT 4:3 e MT 4:1. ª Tess. 3:5).


DIÁNOIA


Diánoia exprime a faculdade de refletir (diá+noús), isto é, o raciocínio; é o intelecto que na matéria, reflete a mente espiritual (noús), projetando-se em "várias direções" (diá) no mesmo plano. Usado 12 vezes (MT 22:37; MC 12:30: LC 1:51; LC 10:27: EF 2:3; EF 4:18; CL 1:21; HB 8:10; HB 10:16; 1. ª Pe. 1:13; 2. ª Pe. 3:1; 1. ª JO 5:20) na forma diánoia; e na forma dianóêma (o pensamento) uma vez em LC 11:17. Como sinônimo de diánoia, encontramos, também, synesis (compreensão) 7 vezes (MC 12:33; LC 2:47; 1. ª Cor. 1:19; EF 3:4; CL 1:9 e CL 2:2; e 2. ª Tim. 2:7). Como veremos logo abaixo, diánoia é parte inerente da psychê, (alma).


PSYCHÊ


Psychê é a ALMA, isto é, o "espírito encarnado (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 134: " alma é o espírito encarnado", resposta dada, evidentemente, por um "espírito" afeito à leitura do Novo Testamento).


A psychê era considerada pelos gregos como o atualmente chamado "corpo astral", já que era sede dos desejos e paixões, isto é, das emoções (cfr. Ésquilo, Persas, 841; Teócrito, 16:24; Xenofonte, Ciropedia, 6. 2. 28 e 33; Xen., Memoráveis de Sócrates, 1. 13:14; Píndaro, Olímpicas, 2. 125; Heródoto, 3. 14; Tucídides, 2. 40, etc.) . Mas psychê também incluía, segundo os gregos, a diánoia ou synesis, isto é, o intelecto (cfr. Heródoto, 5. 124; Sófocles, Édipo em Colona, 1207; Xenofonte, Hieron, 7. 12; Plat ão, Crátilo, 400 a).


No sentido de "espírito" (alma de mortos) foi usada por Homero (cfr. Ilíada 1. 3; 23. 65, 72, 100, 104;


Odisseia, 11. 207,213,222; 24. 14 etc.), mas esse sentido foi depressa abandonado, substituído por outros sinônimos (pnenma, eikôn, phántasma, skiá, daimôn, etc.) .


Psychê é empregado quase sempre no sentido de espírito preso à matéria (encarnado) ou seja, como sede da vida, e até como a própria vida humana, isto é, a personagem terrena (sede do intelecto e das emoções) em 92 passos: Mar. 2:20; 6:25; 10:28, 39; 11:29; 12:18; 16:25, 26; 20:28; 22:37; 26:38; MC 3:4; MC 8:35, MC 8:36, MC 8:37; 10:45; 12:30; 14:34; LC 1:46; LC 2:35; LC 6:9; LC 9:24(2x), 56; 10:27; 12:19, 20, 22, 23; 14:26; 17:33; 21:19; JO 10:11, JO 10:15, JO 10:17, JO 10:18, 24; 12:25, 27; 13:37, 38; 15:13; AT 2:27, AT 2:41, AT 2:43; 3:23; 4:32; 7:14; 14:2, 22; 15:24, 26; 20:10, 24; 27:10, 22, 37, 44; RM 2:9; RM 11:3; RM 13:1; RM 16:4; 1. º Cor. 15:45; 2. º Cor. 1:23; 12:15; EF 6:6; CL 3:23; Flp. 1:27; 2:30; 1. º Tess. 2:8; 5:23; HB 4:12; HB 6:19; HB 10:38, HB 10:39; 12:3; 13:17; Tiago 1:21; Tiago 5:20; 1. º Pe. 1:9, 22; 2:11, 25; 4:19; 2. º Pe. 2:8, 14; 1. º JO 3:16; 3. º JO 2; AP 12:11; AP 16:3; AP 18:13, AP 18:14.


Note-se, todavia, que no Apocalipse (6:9:8:9 e 20:4) o termo é aplicado aos desencarnados por morte violenta, por ainda conservarem, no além-túmulo, as características da última personagem terrena.


O adjetivo psychikós é empregado com o mesmo sentido de personalidade (l. ª Cor. 2:14; 15:44, 46; Tiago, 3:15; Jud. 19).


Os outros termos, que entre os gregos eram usados nesse sentido de "espírito desencarnado", o N. T.


não os emprega com essa interpretação, conforme pode ser verificado:

EIDOS (aparência) - LC 3:22; LC 9:29; JO 5:37; 2. ª Cor. 5:7; 1. ª Tess. 5:22.


EIDÔLON (ídolo) - AT 7:41; AT 15:20; RM 2:22; 1. ª Cor. 8:4, 7; 10:19; 12; 2; 2. ª Cor. 6:16; 1. ª Tess.


1:9; 1. ª JO 5:21; AP 9:20.


EIKÔN (imagem) - MT 22:20; MC 12:16; LC 20:24; RM 1:23; 1. ª Cor. 11:7; 15:49 (2x) ; 2. ª Cor. 3:18; 4:4; CL 1:5; CL 3:10; HB 10:11; AP 13:14; AP 14:2, AP 14:11; 15:2; 19 : 20; 20 : 4.


SKIÁ (sombra) - MT 4:16; MC 4:32; LC 1:79; AT 5:15; CL 2:17; HB 8:5; HB 10:1.


Também entre os gregos, desde Homero, havia a palavra thumós, que era tomada no sentido de alma encarnada". Teve ainda sentidos diversos, exprimindo "coração" quer como sede do intelecto, quer como sede das paixões. Fixou-se, entretanto, mais neste último sentido, e toda, as vezes que a deparamos no Novo Testamento é, parece, com o designativo "força". (Cfr. LC 4:28; AT 19:28; RM 2:8; 2. ª Cor. 12:20; GL 5:20; EF 4:31; CL 3:8; HB 11:27; AP 12:12; AP 14:8, AP 14:10, AP 14:19; 15:1, 7; 16:1, 19; 18:3 e 19:15)


SOMA


Soma exprime o corpo, geralmente o físico denso, que é subdividido em carne (sárx) e sangue (haima), ou seja, que compreende o físico denso e o duplo etérico (e aqui retificamos o que saiu publicado no vol. 1, onde dissemos que "sangue" representava o astral).


Já no N. T. encontramos uma antecipação da moderna qualificação de "corpos", atribuída aos planos ou níveis em que o homem pode tornar-se consciente. Paulo, por exemplo, emprega soma para os planos espirituais; ao distinguir os "corpos" celestes (sómata epouránia) dos "corpos" terrestres (sómata epígeia), ele emprega soma para o físico denso (em lugar de sárx), para o corpo astral (sôma psychikôn) e para o corpo espiritual (sôma pneumatikón) em 1. ª Cor. 15:40 e 44.


No N. T. soma é empregado ao todo 123 vezes, sendo 107 vezes no sentido de corpo físico-denso (material, unido ou não à psychê);


MT 5:29, MT 5:30; 6:22, 25; 10:28(2x); 26:12; 27:58, 59; MC 5:29; MC 14:8; MC 15:43; LC 11:34; LC 12:4, LC 12:22, LC 12:23; 17:37; 23:52, 55; 24:3, 23; JO 2:21; JO 19:31, JO 19:38, JO 19:40; 20:12; Aros. 9:40; RM 1:24; RM 4:19; RM 6:6, RM 6:12; 7:4, 24; 8:10, 11, 13, 23; 12:1, 4; 1. º Cor. 5:13; 6:13(2x), 20; 7:4(2x), 34; 9:27; 12:12(3x),14, 15(2x), 16 (2x), 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 25; 13:3; 15:37, 38(2x) 40). 2. 0 Cor. 4:40; 5:610; 10:10; 12:2(2x); Gól. 6:17; EF 2:16; EF 5:23, EF 5:28; Ft. 3:21; CL 2:11, CL 2:23; 1. º Tess. 5:23; HB 10:5, HB 10:10, HB 10:22; 13:3, 11; Tiago 2:11, Tiago 2:26; 3:2, 3, 6; 1. º Pe. 2:24; Jud. 9; AP 18:13. Três vezes como "corpo astral" (MT 27:42; 1. ª Cor. 15:14, duas vezes); duas vezes como "corpo espiritual" (1. º Cor. 15:41); e onze vezes com sentido simbólico, referindo-se ao pão, tomado como símbolo do corpo de Cristo (MT 26:26; MC 14:22; LC 22:19; RM 12:5; 1. ª Cor. 6:15; 10:16, 17; 11:24; 12:13, 27; EF 1:23; EF 4:4, EF 4:12, EF 4:16; Filp. 1:20; CL 1:18, CL 1:22; 2:17; 3:15).


HAIMA


Haima, o sangue, exprime, como vimos, o corpo vital, isto é, a parte que dá vitalização à carne (sárx), a qual, sem o sangue, é simples cadáver.


O sangue era considerado uma entidade a parte, representando o que hoje chamamos "duplo etérico" ou "corpo vital". Baste-nos, como confirmação, recordar que o Antigo Testamento define o sangue como "a alma de toda carne" (LV 17:11-14). Suma importância, por isso, é atribuída ao derramamento de sangue, que exprime privação da "vida", e representa quer o sacrifício em resgate de erros e crimes, quer o testemunho de uma verdade.


A palavra é assim usada no N. T. :

a) - sangue de vítimas (HB 9:7, HB 9:12, HB 9:13, HB 9:18, 19, 20, 21, 22, 25; 10:4; 11:28; 13:11). Observe-se que só nessa carta há preocupação com esse aspecto;


b) - sangue de Jesus, quer literalmente (MT 27:4, MT 27:6, MT 27:24, MT 27:25; LC 22:20; JO 19:34; AT 5:28; AT 20:28; RM 5:25; RM 5:9; EF 1:7; EF 2:13; CL 1:20; HB 9:14; HB 10:19, HB 10:29; 12:24; 13:12, 20; 1. ª Pe. 1:2,19; 1. ª JO 1:7; 5:6, 8; AP 1:5; AP 5:9; AP 7:14; AP 12:11); quer simbolicamente, quando se refere ao vinho, como símbolo do sangue de Cristo (MT 26:28; MC 14:24; JO 6:53, JO 6:54, JO 6:55, JO 6:56; 1. ª Cor. 10:16; 11:25, 27).


c) - o sangue derramado como testemunho de uma verdade (MT 23:30, MT 23:35; 27:4; LC 13:1; AT 1:9; AT 18:6; AT 20:26; AT 22:20; RM 3:15; HB 12:4; AP 6:10; 14,: 20; 16:6; 17:6; 19:2, 13).


d) - ou em circunstâncias várias (MC 5:25, MC 5:29; 16:7; LC 22:44; JO 1:13; AT 2:19, AT 2:20; 15:20, 29; 17:26; 21:25; 1. ª Cor. 15:50; GL 1:16; EF 6:12; HB 2:14; AP 6:12; AP 8:7; AP 15:3, AP 15:4; 11:6).


SÁRX


Sárx é a carne, expressão do elemento mais grosseiro do homem, embora essa palavra substitua, muitas vezes, o complexo soma, ou seja, se entenda, com esse termo, ao mesmo tempo "carne" e "sangue".


Apesar de ter sido empregada simbolicamente por Jesus (JO 6:51, JO 6:52, JO 6:53, JO 6:54, 55 e 56), seu uso é mais literal em todo o resto do N. T., em 120 outros locais: MT 19:56; MT 24:22; MT 26:41; MC 10:8; MC 13:20; MC 14:38; LC 3:6; LC 24:39; JO 1:14; JO 3:6(2x); 6:63; 8:15; 17:2; AT 2:7, AT 2:26, AT 2:31; RM 1:3; RM 2:28; RM 3:20; RM 4:1; RM 6:19; RM 7:5, RM 7:18, RM 7:25; 8:3, 4(2x), 5(2x), 6, 7, 8, 9, 13(2x); 9:358; 11:14; 13:14; 1. º Cor. 1:2629; 5:5; 6:16; 7:28;10:18; 15:39(2x),50; 2. º Cor. 1:17; 4:11; 5:16; 7:1,5; 10:2,3(2x); 1:18; 12:7; GL 2:16, GL 2:20; 3:3; 4:13, 14, 23; 5:13, 16, 17, 19, 24; 6:8(2x), 12, 13; EF 2:3, EF 2:11, EF 2:14; 5:29, 30, 31; 6:5; CL 1:22, CL 1:24; 2:1, 5, 11, 13, 18, 23; 3:22, 24; 3:34; 1. º Tim. 3:6; Flm. 16; HB 5:7; HB 9:10, HB 9:13; 10:20; 12:9; Tiago 5:3; 1. º Pe. 1:24; 3;18, 21; 4:1, 2, 6; 2. º Pe. 2:10, 18; 1. º JO 2:16; 4:2; 2. º JO 7; Jud. 7, 8, 23; AP 17:16; AP 19:21.


B - TEXTOS COMPROBATÓRIOS


Respiguemos, agora, alguns trechos do N. T., a fim de comprovar nossas conclusões a respeito desta nova teoria.


Comecemos pela distinção que fazemos entre individualidade (ou Espírito) e a personagem transitória humana.


INDIVIDUALIDADE- PERSONAGEM


Encontramos essa distinção explicitamente ensinada por Paulo (l. ª Cor. 15:35-50) que classifica a individualidade entre os "corpos celestiais" (sómata epouránia), isto é, de origem espiritual; e a personagem terrena entre os "corpos terrenos" (sómata epígeia), ou seja, que têm sua origem no próprio planeta Terra, de onde tiram seus elementos constitutivos (físicos e químicos). Logo a seguir, Paulo torna mais claro seu pensamento, denominando a individualidade de "corpo espiritual" (sôma pneumatikón) e a personagem humana de "corpo psíquico" (sôma psychikón). Com absoluta nitidez, afirma que a individualidade é o "Espírito vivificante" (pneuma zoopioún), porque dá vida; e que a personagem, no plano já da energia, é a "alma que vive" (psychê zôsan), pois recebe vida do Espírito que lhe constitui a essência profunda.


Entretanto, para evitar dúvidas ou más interpretações quanto ao sentido ascensional da evolução, assevera taxativamente que o desenvolvimento começa com a personalidade (alma vivente) e só depois que esta se desenvolve, é que pode atingir-se o desabrochar da individualidade (Espírito vivificante).


Temos, pois, bem estabelecida a diferença fundamental, ensinada no N. T., entre psychê (alma) e pneuma (Espírito).


Mas há outros passos em que esses dois elementos são claramente distinguidos:

1) No Cântico de Maria (LC 1:46) sentimos a diferença nas palavras "Minha alma (psychê) engrandece o Senhor e meu Espírito (pneuma) se alegra em Deus meu Salvador".


2) Paulo (Filp. 1:27) recomenda que os cristãos tenham "um só Espírito (pneuma) e uma só alma (psychê), distinção desnecessária, se não expressassem essas palavras coisas diferentes.


3) Ainda Paulo (l. ª Tess. 5:23) faz votos que os fiéis "sejam santificados e guardados no Espírito (pneuma) na alma (psychê) e no corpo (sôma)", deixando bem estabelecida a tríade que assinalamos desde o início.


4) Mais claro ainda é o autor da Carta dos Hebreus (quer seja Paulo Apolo ou Clemente Romano), ao


. utilizar-se de uma expressão sintomática, que diz: "o Logos Divino é Vivo, Eficaz; e mais penetrante que qualquer espada, atingindo até a divisão entre o Espirito (pneuma) e a alma (psychê)" (HB 4:12); aí não há discussão: existe realmente uma divisão entre espírito e alma.


5) Comparando, ainda, a personagem (psiquismo) com a individualidade Paulo afirma que "fala não palavras aprendidas pela sabedoria humana, mas aprendidas do Espírito (divino), comparando as coisas espirituais com as espirituais"; e acrescenta, como esclarecimento e razão: "o homem psíquico (ho ánthrôpos psychikós, isto é, a personagem intelectualizada) não percebe as coisas do Espírito Divino: são tolices para ele, e não pode compreender o que é discernido espiritualmente; mas o homem espiritual (ho ánthrôpos pneumatikós, ou, seja, a individualidade) discerne tudo, embora não seja discernido por ninguém" (1. ª Cor. 2:13-15).


Portanto, não há dúvida de que o N. T. aceita os dois aspectos do "homem": a parte espiritual, a tríade superior ou individualidade (ánthrôpos pneumatikós) e a parte psíquica, o quaternário inferior ou personalidade ou personagem (ánthrôpos psychikós).


O CORPO


Penetremos, agora, numa especificação maior, observando o emprego da palavra soma (corpo), em seu complexo carne-sangue, já que, em vários passos, não só o termo sárx é usado em lugar de soma, como também o adjetivo sarkikós (ou sarkínos) se refere, como parte externa visível, a toda a personagem, ou seja, ao espírito encarnado e preso à matéria; e isto sobretudo naqueles que, por seu atraso, ainda acreditam que seu verdadeiro eu é o complexo físico, já que nem percebem sua essência espiritual.


Paulo, por exemplo, justifica-se de não escrever aos coríntios lições mais sublimes, porque não pode falar-lhes como a "espirituais" (pnenmatikoí, criaturas que, mesmo encarnadas, já vivem na individualidade), mas só como a "carnais" (sarkínoi, que vivem só na personagem). Como a crianças em Cristo (isto é, como a principiantes no processo do conhecimento crístico), dando-lhes leite a beber, não comida, pois ainda não na podem suportar; "e nem agora o posso, acrescenta ele, pois ainda sois carnais" (1. ª Cor. 3:1-2).


Dessa forma, todos os que se encontram na fase em que domina a personagem terrena são descritos por Paulo como não percebendo o Espírito: "os que são segundo a carne, pensam segundo a carne", em oposição aos "que são segundo o espírito, que pensam segundo o espírito". Logo a seguir define a "sabedoria da carne como morte, enquanto a sabedoria do Espírito é Vida e Paz" (Rom, 8:5-6).


Essa distinção também foi afirmada por Jesus, quando disse que "o espírito está pronto (no sentido de" disposto"), mas a carne é fraca" (MT 26:41; MC 14:38). Talvez por isso o autor da Carta aos Hebreus escreveu, ao lembrar-se quiçá desse episódio, que Jesus "nos dias de sua carne (quando encarnado), oferecendo preces e súplicas com grande clamor e lágrimas Àquele que podia livrá-lo da morte, foi ouvido por causa de sua devoção e, não obstante ser Filho de Deus (o mais elevado grau do adeptado, cfr. vol. 1), aprendeu a obediência por meio das coisas que sofreu" (Heb, 5:7-8).


Ora, sendo assim fraca e medrosa a personagem humana, sempre tendente para o mal como expoente típico do Antissistema, Paulo tem o cuidado de avisar que "não devemos submeter-nos aos desejos da carne", pois esta antagoniza o Espírito (isto é constitui seu adversário ou diábolos). Aconselha, então que não se faça o que ela deseja, e conforta os "que são do Espírito", assegurando-lhes que, embora vivam na personalidade, "não estão sob a lei" (GL 5:16-18). A razão é dada em outro passo: "O Senhor é Espírito: onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2. ª Cor. 3:17).


Segundo o autor da Carta aos Hebreus, esta foi uma das finalidades da encarnação de Jesus: livrar a personagem humana do medo da morte. E neste trecho confirma as palavras do Mestre a Nicodemos: "o que nasce de carne é carne" (JO 3:6), esclarecendo, ao mesmo tempo, no campo da psicobiologia, (o problema da hereditariedade: dos pais, os filhos só herdam a carne e o sangue (corpo físico e duplo etérico), já que a psychê é herdeira do pneuma ("o que nasce de espírito, é espírito", João, ibidem). Escreve, então: "como os filhos têm a mesma natureza (kekoinônêken) na carne e no sangue, assim ele (Jesus) participou da carne e do sangue para que, por sua morte, destruísse o adversário (diábolos, a matéria), o qual possui o império da morte, a fim de libertá-las (as criaturas), já que durante toda a vida elas estavam sujeitas ao medo da morte" (HB 2:14).


Ainda no setor da morte, Jesus confirma, mais uma vez, a oposição corpo-alma: "não temais os que matam o corpo: temei o que pode matar a alma (psychê) e o corpo (sôma)" (MT 10:28). Note-se, mais uma vez, a precisão (elegantia) vocabular de Jesus, que não fala em pneuma, que é indestrutível, mas em psychê, ou seja, o corpo astral sujeito a estragos e até morte.


Interessante observar que alguns capítulos adiante, o mesmo evangelista (MT 27:52) usa o termo soma para designar o corpo astral ou perispírito: "e muitos corpos dos santos que dormiam, despertaram".


Refere-se ao choque terrível da desencarnação de Jesus, que foi tão violento no plano astral, que despertou os desencarnados que se encontravam adormecidos e talvez ainda presos aos seus cadáveres, na hibernação dos que desencarnam despreparados. E como era natural, ao despertarem, dirigiram-se para suas casas, tendo sido percebidos pelos videntes.


Há um texto de Paulo que nos deixa em suspenso, sem distinguirmos se ele se refere ao corpo físico (carne) ou ao psíquico (astral): "conheço um homem em Cristo (uma individualidade já cristificada) que há catorze anos - se no corpo (en sômai) não sei, se fora do corpo (ektòs sômatos) não sei: Deus

sabe foi raptado ao terceiro céu" (l. ª Cor. 12:2). É uma confissão de êxtase (ou talvez de "encontro"?), em que o próprio experimentador se declara inapto a distinguir se se tratava de um movimento puramente espiritual (fora do corpo), ou se tivera a participação do corpo psíquico (astral); nem pode verificar se todo o processo se realizou com pneuma e psychê dentro ou fora do corpo.


Entretanto, de uma coisa ele tem certeza absoluta: a parte inferior do homem, a carne e o sangue, esses não participaram do processo. Essa certeza é tão forte, que ele pode ensinar taxativamente e sem titubeios, que o físico denso e o duplo etérico não se unificam com a Centelha Divina, não "entram no reino dos céus", sendo esta uma faculdade apenas de pneuma, e, no máximo, de psychê. E ele o diz com ênfase: "isto eu vos digo, irmãos, que a carne (sárx) e o sangue (haima) NÃO PODEM possuir o reino de Deus" (l. ª Cor. 15:50). Note-se que essa afirmativa é uma negação violenta do "dogma" da ressurreição da carne.


ALMA


Num plano mais elevado, vejamos o que nos diz o N. T. a respeito da psychê e da diánoia, isto é, da alma e do intelecto a esta inerente como um de seus aspectos.


Como a carne é, na realidade dos fatos, incapaz de vontades e desejos, que provêm do intelecto, Paulo afirma que "outrora andávamos nos desejos de nossa carne", esclarecendo, porém, que fazíamos "a vontade da carne (sárx) e do intelecto (diánoia)" (EF 2:3). De fato "o afastamento e a inimizade entre Espírito e corpo surgem por meio do intelecto" (CL 1. 21).


A distinção entre intelecto (faculdade de refletir, existente na personagem) e mente (faculdade inerente ao coração, que cria os pensamentos) pode parecer sutil, mas já era feita na antiguidade, e Jerem ías escreveu que YHWH "dá suas leis ao intelecto (diánoia), mas as escreve no coração" (JR 31:33, citado certo em HB 8:10, e com os termos invertidos em HB 10:16). Aí bem se diversificam as funções: o intelecto recebe a dádiva, refletindo-a do coração, onde ela está gravada.


Realmente a psychê corresponde ao corpo astral, sede das emoções. Embora alguns textos no N. T.


atribuam emoções a kardía, Jesus deixou claro que só a psychê é atingível pelas angústias e aflições, asseverando: "minha alma (psychê) está perturbada" (MT 26:38; MC 14:34; JO 12:27). Jesus não fala em kardía nem em pneuma.


A MENTE


Noús é a MENTE ESPIRITUAL, a individualizadora de pneuma, e parte integrante ou aspecto de kardía. E Paulo, ao salientar a necessidade de revestir-nos do Homem Novo (de passar a viver na individualidade) ordena que "nos renovemos no Espírito de nossa Mente" (EF 4:23-24), e não do intelecto, que é personalista e divisionário.


E ao destacar a luta entre a individualidade e a personagem encarnada, sublinha que "vê outra lei em seus membros (corpo) que se opõem à lei de sua mente (noús), e o aprisiona na lei do erro que existe em seus membros" (RM 7:23).


A mente espiritual, e só ela, pode entender a sabedoria do Cristo; e este não se dirige ao intelecto para obter a compreensão dos discípulos: "e então abriu-lhes a mente (noún) para que compreendessem as Escrituras" (LC 24:45). Até então, durante a viagem (bastante longa) ia conversando com os "discípulos de Emaús". falando-lhes ao intelecto e provando-lhes que o Filho do Homem tinha que sofrer; mas eles não O reconheceram. Mas quando lhes abriu a MENTE, imediatamente eles perceberam o Cristo.


Essa mente é, sem dúvida, um aspecto de kardía. Isaías escreveu: "então (YHWH) cegou-lhes os olhos (intelecto) e endureceu-lhes o coração, para que não vissem (intelectualmente) nem compreendessem com o coração" (IS 6:9; citado por JO 12:40).


O CORAÇÃO


Que o coração é a fonte dos pensamentos, nós o encontramos repetido à exaustão; por exemplo: MT 12:34; MT 15:18, MT 15:19; Marc 7:18; 18:23; LC 6:45; LC 9:47; etc.


Ora, se o termo CORAÇÃO exprime, límpida e indiscutivelmente, a fonte primeira do SER, o "quarto fechado" onde o "Pai vê no secreto" MT 6:6), logicamente se deduz que aí reside a Centelha Divina, a Partícula de pneuma, o CRISTO (Filho Unigênito), que é UNO com o Pai, que também, consequentemente, aí reside. E portanto, aí também está o Espírito-Santo, o Espírito-Amor, DEUS, de que nosso Eu é uma partícula não desprendida.


Razão nos assiste, então, quando escrevemos (vol. 1 e vol. 3) que o "reino de Deus" ou "reino dos céus" ou "o céu", exprime exatamente o CORAÇÃO; e entrar no reino dos céus é penetrar, é MERGULHAR (batismo) no âmago de nosso próprio EU. É ser UM com o CRISTO, tal como o CRISTO é UM com o PAI (cfr. JO 10. 30; 17:21,22, 23).


Sendo esta parte a mais importante para a nossa tese, dividamo-la em três seções:

a) - Deus ou o Espírito Santo habitam DENTRO DE nós;


b) - CRISTO, o Filho (UNO com o Pai) também está DENTRO de nós, constituindo NOSSA ESSÊNCIA PROFUNDA;


c) - o local exato em que se encontra o Cristo é o CORAÇÃO, e nossa meta, durante a encarnação, é CRISTIFICAR-NOS, alcançando a evolução crística e unificando-nos com Ele.


a) -


A expressão "dentro de" pode ser dada em grego pela preposição ENTOS que encontramos clara em LC (LC 17:21), quando afirma que "o reino de Deus está DENTRO DE VÓS" (entòs humin); mas tamb ém a mesma ideia é expressa pela preposição EN (latim in, português em): se a água está na (EM A) garrafa ou no (EM O) copo, é porque está DENTRO desses recipientes. Não pode haver dúvida. Recordese o que escrevemos (vol. 1): "o Logos se fez carne e fez sua residência DENTRO DE NÓS" (JO 1:14).


Paulo é categórico em suas afirmativas: "Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita dentro de vós" (1. ª Cor. 3:16).


Οΰи οίδατε ότι ναός θεοϋ έστε иαί τό πνεϋµα τοϋ θεοϋ έν ϋµϊν οίиεί;

E mais: "E não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo que está dentro de vós, o qual recebestes de Deus, e não pertenceis a vós mesmos? Na verdade, fostes comprados por alto preço. Glorificai e TRAZEI DEUS EM VOSSO CORPO" (1. ª Cor. 6:19-20).


Esse Espírito Santo, que é a Centelha do Espírito Universal, é, por isso mesmo, idêntico em todos: "há muitas operações, mas UM só Deus, que OPERA TUDO DENTRO DE TODAS AS COISAS; ... Todas essas coisas opera o único e mesmo Espírito; ... Então, em UM Espírito todos nós fomos MERGULHADOS en: UMA carne, judeus e gentios, livres ou escravos" (1. ª Cor. 12:6, 11, 13).


Καί διαιρέσεις ένεργηµάτων είσιν, ό δέ αύτός θεός ό ένεργών τα πάντα έν πάσιν... Дάντα δέ ταύτα ένεργεί τό έν иαί τό αύτό πνεύµα... Кαί γάρ έν ένί πνεύµατι ήµείς πάντες είς έν σώµα έβαπτίσθηµεν,
είτε ̉Ιουδαίοι εϊτε έλληνες, είτε δούλοι, εϊτε έλεύθεροι.
Mais ainda: "Então já não sois hóspedes e estrangeiros, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus, superedificados sobre o fundamento dos Enviados e dos Profetas, sendo a própria pedra angular máxima Cristo Jesus: em Quem toda edificação cresce no templo santo no Senhor, no Qual tamb ém vós estais edificados como HABITAÇÃO DE DEUS NO ESPÍRITO" (EF 2:19-22). " Αρα ούν ούиέτι έστε ζένοι иαί πάροιиοι, άλλά έστε συµπολίται τών άγίων иαί οίиείοι τού θεού,
έποιиοδοµηθέντες έπί τώ θεµελίω τών άποστόλων иαί προφητών, όντος άиρογωνιαίου αύτού Χριστόύ
#cite Іησού, έν ώ πάσα οίиοδοµή συναρµολογουµένη αύζει είς ναόν άγιον έν иυρίώ, έν ώ иαί ύµείς
συνοιиοδοµείσθε είς иατοιиητήεριον τού θεού έν πνεµατ

ι.


Se Deus habita DENTRO do homem e das coisas quem os despreza, despreza a Deus: "quem despreza estas coisas, não despreza homens, mas a Deus, que também deu seu Espírito Santo em vós" (1. ª Tess. 4:8).


Тοιγαρούν ό άθετών ούи άνθρωπον άθετεί, άλλά τόν θεόν τόν иαί διδόντα τό πνεύµα αύτού τό άγιον είς ύµάς.

E a consciência dessa realidade era soberana em Paulo: "Guardei o bom depósito, pelo Espírito Santo que habita DENTRO DE NÓS" (2. ª Tim. 1:14). (20)


Тήν иαλήν παραθήиην φύλαζον διά πνεύµατος άγίου τού ένοιиούντος έν ήµϊ

ν.


João dá seu testemunho: "Ninguém jamais viu Deus. Se nos amarmos reciprocamente, Deus permanecer á DENTRO DE NÓS, e o Amor Dele, dentro de nós, será perfeito (ou completo). Nisto sabemos que permaneceremos Nele e Ele em nós, porque DE SEU ESPÍRITO deu a nós" (1. ª JO 4:12-13).


θεόν ούδείς πώποτε τεθέαται: έάν άγαπώµεν άλλήλους, ό θεός έν ήµϊν µένει, иαί ή άγάπη αύτοϋ τε-
τελειωµένη έν ήµϊν έστιν. Εν τουτω γινώσиοµεν ότι έν αύτώ µένοµεν иαί αύτός έν ήµϊν, ότι έи τοϋ
πνεύµατος αύτοϋ δέδώиεν ήµϊ

ν.


b) -


Vejamos agora os textos que especificam melhor ser o CRISTO (Filho) que, DENTRO DE NÓS. constitui a essência profunda de nosso ser. Não é mais uma indicação de que TEMOS a Divindade em nós, mas um ensino concreto de que SOMOS uma partícula da Divindade. Escreve Paulo: "Não sabeis que CRISTO (Jesus) está DENTRO DE VÓS"? (2. ª Cor. 13:5). E, passando àquela teoria belíssima de que formamos todos um corpo só, cuja cabeça é Cristo, ensina Paulo: "Vós sois o CORPO de Cristo, e membros de seus membros" (l. ª Cor. 12:27). Esse mesmo Cristo precisa manifestar-se em nós, através de nós: "vossa vida está escondida COM CRISTO em Deus; quando Cristo se manifestar, vós também vos manifestareis em substância" (CL 3:3-4).


E logo adiante insiste: "Despojai-vos do velho homem com seus atos (das personagens terrenas com seus divisionismos egoístas) e vesti o novo, aquele que se renova no conhecimento, segundo a imagem de Quem o criou, onde (na individualidade) não há gentio nem judeu, circuncidado ou incircunciso, bárbaro ou cita, escravo ou livre, mas TUDO e EM TODOS, CRISTO" (CL 3:9-11).


A personagem é mortal, vivendo a alma por efeito do Espírito vivificante que nela existe: "Como em Adão (personagem) todos morrem, assim em CRISTO (individualidade, Espírito vivificante) todos são vivificados" (1. ª Cor. 15:22).


A consciência de que Cristo vive nele, faz Paulo traçar linhas imorredouras: "ou procurais uma prova do CRISTO que fala DENTRO DE MIM? o qual (Cristo) DENTRO DE VÓS não é fraco" mas é poderoso DENTRO DE VÓS" (2. ª Cor. 13:3).


E afirma com a ênfase da certeza plena: "já não sou eu (a personagem de Paulo), mas CRISTO QUE VIVE EM MIM" (GL 2:20). Por isso, pode garantir: "Nós temos a mente (noús) de Cristo" (l. ª Cor. 2:16).


Essa convicção traz consequências fortíssimas para quem já vive na individualidade: "não sabeis que vossos CORPOS são membros de Cristo? Tomando, então, os membros de Cristo eu os tornarei corpo de meretriz? Absolutamente. Ou não sabeis que quem adere à meretriz se torna UM CORPO com ela? Está dito: "e serão dois numa carne". Então - conclui Paulo com uma lógica irretorquível - quem adere a Deus é UM ESPÍRITO" com Deus (1. ª Cor. 6:15-17).


Já desde Paulo a união sexual é trazida como o melhor exemplo da unificação do Espírito com a Divindade. Decorrência natural de tudo isso é a instrução dada aos romanos: "vós não estais (não viveis) EM CARNE (na personagem), mas EM ESPÍRITO (na individualidade), se o Espírito de Deus habita DENTRO DE VÓS; se porém não tendes o Espírito de Cristo, não sois Dele. Se CRISTO (está) DENTRO DE VÓS, na verdade o corpo é morte por causa dos erros, mas o Espírito vive pela perfeição. Se o Espírito de Quem despertou Jesus dos mortos HABITA DENTRO DE VÓS, esse, que despertou Jesus dos mortos, vivificará também vossos corpos mortais, por causa do mesmo Espírito EM VÓS" (RM 9:9-11). E logo a seguir prossegue: "O próprio Espírito testifica ao nosso Espírito que somos filhos de Deus; se filhos, (somos) herdeiros: herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo" (RM 8:16). Provém daí a angústia de todos os que atingiram o Eu Interno para libertar-se: "também tendo em nós as primícias do Espírito, gememos dentro de nós, esperando a adoção de Filhos, a libertação de nosso corpo" (RM 8:23).


c) -


Finalmente, estreitando o círculo dos esclarecimentos, verificamos que o Cristo, dentro de nós, reside NO CORAÇÃO, onde constitui nosso EU Profundo. É ensinamento escriturístico.


Ainda é Paulo que nos esclarece: "Porque sois filhos, Deus enviou o ESPÍRITO DE SEU FILHO, em vosso CORAÇÃO, clamando Abba, ó Pai" (GL 4:6). Compreendemos, então, que o Espírito Santo (Deus) que está em nós, refere-se exatamente ao Espírito do FILHO, ao CRISTO Cósmico, o Filho Unigênito. E ficamos sabendo que seu ponto de fixação em nós é o CORAÇÃO.


Lembrando-se, talvez, da frase de Jeremias, acima-citada, Paulo escreveu aos coríntios: "vós sois a nossa carta, escrita em vossos CORAÇÕES, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifesto que sois CARTA DE CRISTO, preparada por nós, e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo; não em tábuas de pedra, mas nas tábuas dos CORAÇÕES CARNAIS" (2. ª Cor. 3:2-3). Bastante explícito que realmente se trata dos corações carnais, onde reside o átomo espiritual.


Todavia, ainda mais claro é outro texto, em que se fala no mergulho de nosso eu pequeno, unificandonos ao Grande EU, o CRISTO INTERNO residente no coração: "CRISTO HABITA, pela fé, no VOSSO CORAÇÃO". E assegura com firmeza: "enraizados e fundamentados no AMOR, com todos os santos (os encarnados já espiritualizados na vivência da individualidade) se compreenderá a latitude, a longitude a sublimidade e a profundidade, conhecendo o que está acima do conhecimento, o AMOR DE CRISTO, para que se encham de toda a plenitude de Deus" (EF 3:17).


Кατοιиήσαι τόν Χριστόν διά τής πίστεως έν ταϊς иαρδίαις ύµών, έν άγάπη έρριζωµένοι иαί τεθεµελιωµένοι, ϊνα έζισγύσητε иαταλαβέσθαι σύν πάσιν τοϊςάγίοιςτί τό πλάτος иαί µήиος иαί ύψος
иαί βάθος, γνώσαι τε τήν ύπερβάλλουσαν τής γνώσεως άγάπην τοϋ Χριστοϋ, ίνα πληρωθήτε είς πάν τό πλήρωµα τού θεοϋ.

Quando se dá a unificação, o Espírito se infinitiza e penetra a Sabedoria Cósmica, compreendendo então a amplitude da localização universal do Cristo.


Mas encontramos outro ensino de suma profundidade, quando Paulo nos adverte que temos que CRISTIFICAR-NOS, temos que tornar-nos Cristos, na unificação com Cristo. Para isso, teremos que fazer uma tradução lógica e sensata da frase, em que aparece o verbo CHRIO duas vezes: a primeira, no particípio passado, Christós, o "Ungido", o "permeado da Divindade", particípio que foi transliterado em todas as línguas, com o sentido filosófico e místico de O CRISTO; e a segunda, logo a seguir, no presente do indicativo. Ora, parece de toda evidência que o sentido do verbo tem que ser O MESMO em ambos os empregos. Diz o texto original: ho dè bebaiôn hemãs syn humin eis Christon kaí chrísas hemãs theós (2. ª Cor. 1:21).


#cite Ο δέ βεβαιών ήµάς σύν ύµίν είς Χριστόν иαί χρίσας ήµάς θεό

ς.


Eis a tradução literal: "Deus, fortifica dor nosso e vosso, no Ungido, unge-nos".


E agora a tradução real: "Deus, fortificador nosso e vosso, em CRISTO, CRISTIFICA-NOS".


Essa a chave para compreendermos nossa meta: a cristificação total e absoluta.


Logo após escreve Paulo: "Ele também nos MARCA e nos dá, como penhor, o Espírito em NOSSOS CORAÇÕES" (2. ª Cor. 1:22).


#cite Ο иαί σφραγισάµενος ήµάς иαί δούς τόν άρραβώνα τόν πνεύµατος έν ταϊς иαρδϊαις ήµώ

ν.


Completando, enfim, o ensino - embora ministrado esparsamente - vem o texto mais forte e explícito, informando a finalidade da encarnação, para TÔDAS AS CRIATURAS: "até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, ao Homem Perfeito, à medida da evolução plena de Cristo" (EF 4:13).


Мέρχι иαταντήσωµεν οί πάντες είς τήν ένότητα τής πίστοως. иαί τής έπιγνώσεως τοϋ υίοϋ τοϋ θεοϋ,
είς άνδρα τελειον, είς µέτρον ήλιиίας τοϋ πληρώµατος τοϋ Χριστοϋ.
Por isso Paulo escreveu aos Gálatas: "ó filhinhos, por quem outra vez sofro as dores de parto, até que Cristo SE FORME dentro de vós" (GL 4:19) (Тεиνία µου, ούς πάλιν ώδίνω, µέρχις ού µορφωθή Χριστός έν ύµϊ

ν).


Agostinho (Tract. in Joanne, 21, 8) compreendeu bem isto ao escrever: "agradeçamos e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos", (Christus facti sumus); e Metódio de Olimpo ("Banquete das dez virgens", Patrol. Graeca, vol. 18, col. 150) escreveu: "a ekklêsía está grávida e em trabalho de parto até que o Cristo tome forma em nós, até que Cristo nasça em nós, a fim de que cada um dos santos (encarnados) por sua participação com o Cristo, se torne Cristo". Também Cirilo de Jerusalém ("Catechesis mystagogicae" 1. 3. 1 in Patr. Graeca vol. 33, col. 1. 087) asseverou: " Após terdes mergulhado no Cristo e vos terdes revestido do Cristo, fostes colocados em pé de igualdade com o Filho de Deus... pois que entrastes em comunhão com o Cristo, com razão tendes o nome de cristos, isto é, de ungidos".


Todo o que se une ao Cristo, se torna um cristo, participando do Pneuma e da natureza divina (theías koinônoí physeôs) (2. ª Pe. 1:3), pois "Cristo é o Espírito" (2. ª Cor. 3:17) e quem Lhe está unido, tem em si o selo (sphrágis) de Cristo. Na homilia 24,2, sobre 1. ª Cor. 10:16, João Crisóstomo (Patrol.


Graeca vol. 61, col. 200) escreveu: "O pão que partimos não é uma comunhão (com+união, koinônía) ao corpo de Cristo? Porque não disse "participação" (metoché)? Porque quis revelar algo mais, e mostrar uma associação (synápheia) mais íntima. Realmente, estamos unidos (koinônoúmen) não só pela participação (metéchein) e pela recepção (metalambánein), mas também pela UNIFICAÇÃO (enousthai)".


Por isso justifica-se o fragmento de Aristóteles, supra citado, em Sinésio: "os místicos devem não apenas aprender (mathein) mas experimentar" (pathein).


Essa é a razão por que, desde os primeiros séculos do estabelecimento do povo israelita, YHWH, em sua sabedoria, fazia a distinção dos diversos "corpos" da criatura; e no primeiro mandamento revelado a Moisés dizia: " Amarás a Deus de todo o teu coração (kardía), de toda tua alma (psychê), de todo teu intelecto (diánoia), de todas as tuas forças (dynameis)"; kardía é a individualidade, psychê a personagem, dividida em diánoia (intelecto) e dynameis (veículos físicos). (Cfr. LV 19:18; DT 6:5; MT 22:37; MC 12:13; LC 10:27).


A doutrina é uma só em todos os sistemas religiosos pregados pelos Mestres (Enviados e Profetas), embora com o tempo a imperfeição humana os deturpe, pois a personagem é fundamentalmente divisionista e egoísta. Mas sempre chega a ocasião em que a Verdade se restabelece, e então verificamos que todas as revelações são idênticas entre si, em seu conteúdo básico.


ESCOLA INICIÁTICA


Após essa longa digressão a respeito do estudo do "homem" no Novo Testamento, somos ainda obrigados a aprofundar mais o sentido do trecho em que são estipuladas as condições do discipulato.


Há muito desejaríamos ter penetrado neste setor, a fim de poder dar explicação cabal de certas frases e passagens; mas evitamo-lo ao máximo, para não ferir convicções de leitores desacostumados ao assunto.


Diante desse trecho, porém, somos forçados a romper os tabus e a falar abertamente.


Deve ter chamado a atenção de todos os estudiosos perspicazes dos Evangelhos, que Jesus jamais recebeu, dos evangelistas, qualquer título que normalmente seria atribuído a um fundador de religião: Chefe Espiritual, Sacerdote, Guia Espiritual, Pontífice; assim também, aqueles que O seguiam, nunca foram chamados Sequazes, Adeptos, Adoradores, Filiados, nem Fiéis (a não ser nas Epístolas, mas sempre com o sentido de adjetivo: os que mantinham fidelidade a Seus ensinos). Ao contrário disso, os epítetos dados a Jesus foram os de um chefe de escola: MESTRE (Rabbi, Didáskalos, Epistátês) ou de uma autoridade máxima Kyrios (SENHOR dos mistérios). Seus seguidores eram DISCÍPULOS (mathêtês), tudo de acordo com a terminologia típica dos mistérios iniciáticos de Elêusis, Delfos, Crotona, Tebas ou Heliópolis. Após receberem os primeiros graus, os discípulos passaram a ser denominado "emissários" (apóstolos), encarregados de dar a outros as primeiras iniciações.


Além disso, é evidente a preocupação de Jesus de dividir Seus ensinos em dois graus bem distintos: o que era ministrado de público ("a eles só é dado falar em parábolas") e o que era ensinado privadamente aos "escolhidos" ("mas a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus", cfr. MT 13:10-17 ; MC 4:11-12; LC 8:10).


Verificamos, portanto, que Jesus não criou uma "religião", no sentido moderno dessa palavra (conjunto de ritos, dogmas e cultos com sacerdócio hierarquicamente organizado), mas apenas fundou uma ESCOLA INICIÁTICA, na qual preparou e "iniciou" seus DISCÍPULOS, que Ele enviou ("emissários, apóstolos") com a incumbência de "iniciar" outras criaturas. Estas, por sua vez, foram continuando o processo e quando o mundo abriu os olhos e percebeu, estava em grande parte cristianizado. Quando os "homens" o perceberam e estabeleceram a hierarquia e os dogmas, começou a decadência.


A "Escola iniciática" fundada por Jesus foi modelada pela tradição helênica, que colocava como elemento primordial a transmissão viva dos mistérios: e "essa relação entre a parádosis (transmissão) e o mystérion é essencial ao cristianismo", escreveu o monge beneditino D. Odon CaseI (cfr. "Richesse du Mystere du Christ", Les éditions du Cerf. Paris, 1964, pág. 294). Esse autor chega mesmo a afirmar: " O cristianismo não é uma religião nem uma confissão, segundo a acepção moderna dessas palavras" (cfr. "Le Mystere du Culte", ib., pág. 21).


E J. Ranft ("Der Ursprung des Kathoíischen Traditionsprinzips", 1931, citado por D . O. Casel) escreve: " esse contato íntimo (com Cristo) nasce de uma gnose profunda".


Para bem compreender tudo isso, é indispensável uma incursão pelo campo das iniciações, esclarecendo antes alguns termos especializados. Infelizmente teremos que resumir ao máximo, para não prejudicar o andamento da obra. Mas muitos compreenderão.


TERMOS ESPECIAIS


Aiôn (ou eon) - era, época, idade; ou melhor CICLO; cada um dos ciclos evolutivos.


Akoueíu - "ouvir"; akoueín tòn lógon, ouvir o ensino, isto é, receber a revelação dos segredos iniciáticos.


Gnôse - conhecimento espiritual profundo e experimental dos mistérios.


Deíknymi - mostrar; era a explicação prática ou demonstração de objetos ou expressões, que serviam de símbolos, e revelavam significados ocultos.


Dóxa - doutrina; ou melhor, a essência do conhecimento profundo: o brilho; a luz da gnôse; donde "substância divina", e daí a "glória".


Dynamis - força potencial, potência que capacita para o érgon e para a exousía, infundindo o impulso básico de atividade.


Ekklêsía - a comunidade dos "convocados" ou "chamados" (ékklêtos) aos mistérios, os "mystos" que tinham feito ou estavam fazendo o curso da iniciação.


Energeín - agir por dentro ou de dentro (energia), pela atuação da força (dybamis).


Érgon - atividade ou ação; trabalho espiritual realizado pela força (dynamis) da Divindade que habita dentro de cada um e de cada coisa; energia.


Exêgeísthaí - narrar fatos ocultos, revelar (no sentido de "tirar o véu") (cfr. LC 24:35; JO 1:18; AT 10:8:15:12, 14).


Hágios - santo, o que vive no Espírito ou Individualidade; o iniciado (cfr. teleios).


Kyrios - Senhor; o Mestre dos Mistérios; o Mistagogo (professor de mistérios); o Hierofante (o que fala, fans, fantis, coisas santas, hieros); dava-se esse título ao possuidor da dynamis, da exousía e do érgon, com capacidade para transmiti-los.


Exousía - poder, capacidade de realização, ou melhor, autoridade, mas a que provém de dentro, não "dada" de fora.


Leitourgia - Liturgia, serviço do povo: o exercício do culto crístico, na transmissão dos mistérios.


Legómena - palavras reveladoras, ensino oral proferido pelo Mestre, e que se tornava "ensino ouvido" (lógos akoês) pelos discípulos.


Lógos - o "ensino" iniciático, a "palavra" secreta, que dava a chave da interpretação dos mistérios; a" Palavra" (Energia ou Som), segundo aspecto da Divindade.


Monymenta - "monumentos", ou seja, objetos e lembranças, para manter viva a memória.


Mystagogo – o Mestre dos Mystérios, o Hierofante.


Mystérion - a ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação; donde, o ensino revelado apenas aos perfeitos (teleios) e santos (hágios), mas que devia permanecer oculto aos profanos.


Oikonomía - economia, dispensação; literalmente "lei da casa"; a vida intima de cada iniciado e sua capacidade na transmissão iniciática a outros, (de modo geral encargo recebido do Mestre).


Orgê - a atividade ou ação sagrada; o "orgasmo" experimentado na união mística: donde "exaltação espiritual" pela manifestação da Divindade (erradamente interpretado como "ira").


Parábola - ensino profundo sob forma de narrativa popular, com o verdadeiro sentido oculto por metáforas e símbolos.


Paradídômi - o mesmo que o latim trádere; transmitir, "entregar", passar adiante o ensino secreto.


Parádosis - transmissão, entrega de conhecimentos e experiências dos ensinos ocultos (o mesmo que o latim tradítio).


Paralambánein - "receber" o ensino secreto, a "palavra ouvida", tornando-se conhecedor dos mistérios e das instruções.


Patheín - experimentar, "sofrer" uma experiência iniciática pessoalmente, dando o passo decisivo para receber o grau e passar adiante.


Plêrôma - plenitude da Divindade na criatura, plenitude de Vida, de conhecimento, etc.


Redençãoa libertação do ciclo de encarnações na matéria (kyklos anánkê) pela união total e definitiva com Deus.


Santo - o mesmo que perfeito ou "iniciado".


Sêmeíon - "sinal" físico de uma ação espiritual, demonstração de conhecimento (gnose), de força (dynamis), de poder (exousía) e de atividade ou ação (érgon); o "sinal" é sempre produzido por um iniciado, e serve de prova de seu grau.


Sophía - a sabedoria obtida pela gnose; o conhecimento proveniente de dentro, das experiências vividas (que não deve confundir-se com a cultura ou erudição do intelecto).


Sphrágis - selo, marca indelével espiritual, recebida pelo espírito, embora invisível na matéria, que assinala a criatura como pertencente a um Senhor ou Mestre.


Symbolos - símbolos ou expressões de coisas secretas, incompreensíveis aos profanos e só percebidas pelos iniciados (pão, vinho, etc.) .


Sótería - "salvação", isto é, a unificação total e definitiva com a Divindade, que se obtém pela "redenção" plena.


Teleíos - o "finalista", o que chegou ao fim de um ciclo, iniciando outro; o iniciado nos mistérios, o perfeito ou santo.


Teleisthai - ser iniciado; palavra do mesmo radical que teleutan, que significa "morrer", e que exprime" finalizar" alguma coisa, terminar um ciclo evolutivo.


Tradítio - transmissão "tradição" no sentido etimológico (trans + dare, dar além passar adiante), o mesmo que o grego parádosis.


TRADIÇÃO


D. Odon Casel (o. c., pág. 289) escreve: "Ranft estudou de modo preciso a noção da tradítio, não só como era praticada entre os judeus, mas também em sua forma bem diferente entre os gregos. Especialmente entre os adeptos dos dosis é a transmissão secreta feita aos "mvstos" da misteriosa sôtería; é a inimistérios, a noção de tradítio (parádosis) tinha grande importância. A paraciação e a incorporação no círculo dos eleitos (eleitos ou "escolhidos"; a cada passo sentimos a confirmação de que Jesus fundou uma "Escola Iniciática", quando emprega os termos privativos das iniciações heléntcas; cfr. " muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos" - MT 22. 14), características das religiões grecoorientais. Tradítio ou parádosis são, pois, palavras que exprimem a iniciação aos mistérios. Tratase, portanto, não de uma iniciação científica, mas religiosa, realizada no culto. Para o "mysto", constitui uma revelação formal, a segurança vivida das realidades sagradas e de uma santa esperança. Graças a tradição, a revelação primitiva passa às gerações ulteriores e é comunicada por ato de iniciação. O mesmo princípio fundamental aplica-se ao cristianismo".


Na página seguinte, o mesmo autor prossegue: "Nos mistérios, quando o Pai Mistagogo comunica ao discípulo o que é necessário ao culto, essa transmissão tem o nome de traditio. E o essencial não é a instrução, mas a contemplação, tal como o conta Apuleio (Metamorphoses, 11, 21-23) ao narrar as experiências culturais do "mysto" Lúcius. Sem dúvida, no início há uma instrução, mas sempre para finalizar numa contemplação, pela qual o discípulo, o "mysto", entra em relação direta com a Divindade.


O mesmo ocorre no cristianismo (pág. 290).


Ouçamos agora as palavras de J. Ranft (o. c., pág. 275): "A parádosis designa a origem divina dos mistérios e a transmissão do conteúdo dos mistérios. Esta, à primeira vista, realiza-se pelo ministério dos homens, mas não é obra de homens; é Deus que ensina. O homem é apenas o intermediário, o Instrumento desse ensino divino. Além disso... desperta o homem interior. Logos é realmente uma palavra intraduzível: designa o próprio conteúdo dos mistérios, a palavra, o discurso, o ENSINO. É a palavra viva, dada por Deus, que enche o âmago do homem".


No Evangelho, a parádosis é constituída pelas palavras ou ensinos (lógoi) de Jesus, mas também simbolicamente pelos fatos narrados, que necessitam de interpretação, que inicialmente era dada, verbalmente, pelos "emissários" e pelos inspirados que os escreveram, com um talento superior de muito ao humano, deixando todos os ensinos profundos "velados", para só serem perfeitamente entendidos pelos que tivessem recebido, nos séculos seguintes, a revelação do sentido oculto, transmitida quer por um iniciado encarnado, quer diretamente manifestada pelo Cristo Interno. Os escritores que conceberam a parádosis no sentido helênico foram, sobretudo, João e Paulo; já os sinópticos a interpretam mais no sentido judaico, excetuando-se, por vezes, o grego Lucas, por sua convivência com Paulo, e os outros, quando reproduziam fielmente as palavras de Jesus.


Se recordarmos os mistérios de Elêusis (palavra que significa "advento, chegada", do verbo eléusomai," chegar"), ou de Delfos (e até mesmo os de Tebas, Ábydos ou Heliópolis), veremos que o Novo Testamento concorda seus termos com os deles. O logos transmitido (paradidômi) por Jesus é recebida (paralambánein) pelos DISCÍPULOS (mathêtês). Só que Jesus apresentou um elemento básico a mais: CRISTO. Leia-se Paulo: "recebi (parélabon) do Kyrios o que vos transmiti (parédote)" (l. ª Cor. 11:23).


O mesmo Paulo, que define a parádosis pagã como "de homens, segundo os elementos do mundo e não segundo Cristo" (CL 2:8), utiliza todas as palavras da iniciação pagã, aplicando-as à iniciação cristã: parádosis, sophía, logo", mystérion, dynamis, érgon, gnose, etc., termos que foram empregados também pelo próprio Jesus: "Nessa hora Jesus fremiu no santo pneuma e disse: abençôo-te, Pai, Senhor do céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e hábeis, e as revelaste aos pequenos, Sim, Pai, assim foi de teu agrado. Tudo me foi transmitido (parédote) por meu Pai. E ninguém tem a gnose do que é o Filho senão o Pai, e ninguém tem a gnose do que é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quer revelar (apokalypsai = tirar o véu). E voltando-se para seus discípulos, disse: felizes os olhos que vêem o que vedes. Pois digo-vos que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis, e não ouviram" (LC 10:21-24). Temos a impressão perfeita que se trata de ver e ouvir os mistérios iniciáticos que Jesus transmitia a seus discípulos.


E João afirma: "ninguém jamais viu Deus. O Filho Unigênito que esta no Pai, esse o revelou (exêgêsato, termo específico da língua dos mistérios)" (JO 1:18).


"PALAVRA OUVIDA"


A transmissão dos conhecimentos, da gnose, compreendia a instrução oral e o testemunhar das revelações secretas da Divindade, fazendo que o iniciado participasse de uma vida nova, em nível superior ( "homem novo" de Paulo), conhecendo doutrinas que deveriam ser fielmente guardadas, com a rigorosa observação do silêncio em relação aos não-iniciados (cfr. "não deis as coisas santas aos cães", MT 7:6).


Daí ser a iniciação uma transmissão ORAL - o LOGOS AKOÊS, ou "palavra ouvida" ou "ensino ouvido" - que não podia ser escrito, a não ser sob o véu espesso de metáforas, enigmas, parábolas e símbolos.


Esse logos não deve ser confundido com o Segundo Aspecto da Divindade (veja vol. 1 e vol. 3).


Aqui logos é "o ensino" (vol. 2 e vol. 3).


O Novo Testamento faz-nos conhecer esse modus operandi: Paulo o diz, numa construção toda especial e retorcida (para não falsear a técnica): "eis por que não cessamos de agradecer (eucharistoúmen) a Deus, porque, recebendo (paralabóntes) o ENSINO OUVIDO (lógon akoês) por nosso intermédio, de Deus, vós o recebestes não como ensino de homens (lógon anthrópôn) mas como ele é verdadeiramente: o ensino de Deus (lógon theou), que age (energeítai) em vós que credes" (l. ª Tess. 2:13).


O papel do "mysto" é ouvir, receber pelo ouvido, o ensino (lógos) e depois experimentar, como o diz Aristóteles, já citado por nós: "não apenas aprender (matheín), mas experimentar" (patheín).


Esse trecho mostra como o método cristão, do verdadeiro e primitivo cristianismo de Jesus e de seus emissários, tinha profunda conexão com os mistérios gregos, de cujos termos específicos e característicos Jesus e seus discípulos se aproveitaram, elevando, porém, a técnica da iniciação à perfeição, à plenitude, à realidade máxima do Cristo Cósmico.


Mas continuemos a expor. Usando, como Jesus, a terminologia típica da parádosis grega, Paulo insiste em que temos que assimilá-la interiormente pela gnose, recebendo a parádosis viva, "não mais de um Jesus de Nazaré histórico, mas do Kyrios, do Cristo ressuscitado, o Cristo Pneumatikós, esse mistério que é o Cristo dentro de vós" (CL 1:27).


Esse ensino oral (lógos akoês) constitui a tradição (traditio ou parádosis), que passa de um iniciado a outro ou é recebido diretamente do "Senhor" (Kyrios), como no caso de Paulo (cfr. GL 1:11): "Eu volo afirmo, meus irmãos, que a Boa-Nova que preguei não foi à maneira humana. Pois não na recebi (parélabon) nem a aprendi de homens, mas por uma revelação (apokálypsis) de Jesus Cristo".


Aos coríntios (l. ª Cor. 2:1-5) escreve Paulo: "Irmãos, quando fui a vós, não fui com o prestígio do lógos nem da sophía, mas vos anunciei o mistério de Deus. Decidi, com efeito, nada saber entre vós sen ão Jesus Cristo, e este crucificado. Fui a vós em fraqueza, em temor, e todo trêmulo, e meu logos e minha pregação não consistiram nos discursos persuasivos da ciência, mas numa manifestação do Esp írito (pneuma) e do poder (dynamis), para que vossa fé não repouse na sabedoria (sophía) dos homens, mas no poder (dynamis) de Deus".


A oposição entre o logos e a sophia profanos - como a entende Aristóteles - era salientada por Paulo, que se referia ao sentido dado a esses termos pelos "mistérios antigos". Salienta que à sophia e ao logos profanos, falta, no dizer dele, a verdadeira dynamis e o pnenma, que constituem o mistério cristão que ele revela: Cristo.


Em vários pontos do Novo Testamento aparece a expressão "ensino ouvido" ou "ouvir o ensino"; por exemplo: MT 7:24, MT 7:26; 10:14; 13:19, 20, 21, 22, 23; 15:12; 19:22; MC 4:14, MC 4:15, MC 4:16, MC 4:17, 18, 19, 20; LC 6:47; LC 8:11, LC 8:12, LC 8:13, LC 8:15; 10:39; 11:28; JO 5:24, JO 5:38; 7:40; 8:43; 14:24; AT 4:4; AT 10:44; AT 13:7; AT 15:7; EF 1:13; 1. ª Tess. 2:13; HB 4:2; 1. ª JO 2:7; Ap. 1:3.


DYNAMIS


Em Paulo, sobretudo, percebemos o sentido exato da palavra dynamis, tão usada nos Evangelhos.


Pneuma, o Espírito (DEUS), é a força Potencial ou Potência Infinita (Dynamis) que, quando age (energeín) se torna o PAI (érgon), a atividade, a ação, a "energia"; e o resultado dessa atividade é o Cristo Cósmico, o Kosmos universal, o Filho, que é Unigênito porque a emissão é única, já que espaço e tempo são criações intelectuais do ser finito: o Infinito é uno, inespacial, atemporal.


Então Dynamis é a essência de Deus o Absoluto, a Força, a Potência Infinita, que tudo permeia, cria e governa, desde os universos incomensuráveis até os sub-átomos infra-microscópicos. Numa palavra: Dynamis é a essência de Deus e, portanto, a essência de tudo.


Ora, o Filho é exatamente o PERMEAADO, ou o UNGIDO (Cristo), por essa Dynamis de Deus e pelo Érgon do Pai. Paulo já o dissera: "Cristo... é a dynamis de Deus e a sophía de Deus (Christòn theou dynamin kaí theou sophían, 1. ª Cor. 1:24). Então, manifesta-se em toda a sua plenitude (cfr. CL 2:9) no homem Jesus, a Dynamis do Pneuma (embora pneuma e dynamis exprimam realmente uma só coisa: Deus): essa dynamis do pneuma, atuando através do Pai (érgon) toma o nome de CRISTO, que se manifestou na pessoa Jesus, para introduzir a humanidade deste planeta no novo eon, já que "ele é a imagem (eikôn) do Deus invisível e o primogênito de toda criação" (CL 1:15).


EON


O novo eon foi inaugurado exatamente pelo Cristo, quando de Sua penetração plena em Jesus. Daí a oposição que tanto aparece no Novo Testamento Entre este eon e o eon futuro (cfr., i. a., MT 12:32;


MC 10:30; LC 16:8; LC 20:34; RM 12:2; 1. ª Cor. 1:20; 2:6-8; 3:18:2. ª Cor. 4:4; EF 2:2-7, etc.) . O eon "atual" e a vida da matéria (personalismo); O eon "vindouro" é a vida do Espírito ó individualidade), mas que começa na Terra, agora (não depois de desencarnados), e que reside no âmago do ser.


Por isso, afirmou Jesus que "o reino dos céus está DENTRO DE VÓS" (LC 17:21), já que reside NO ESPÍRITO. E por isso, zôê aiónios é a VIDA IMANENTE (vol, 2 e vol. 3), porque é a vida ESPIRITUAL, a vida do NOVO EON, que Jesus anunciou que viria no futuro (mas, entenda-se, não no futuro depois da morte, e sim no futuro enquanto encarnados). Nesse novo eon a vida seria a da individualidade, a do Espírito: "o meu reino não é deste mundo" (o físico), lemos em JO 18:36. Mas é NESTE mundo que se manifestará, quando o Espírito superar a matéria, quando a individualidade governar a personagem, quando a mente dirigir o intelecto, quando o DE DENTRO dominar o DE FORA, quando Cristo em nós tiver a supremacia sobre o eu transitório.


A criatura que penetra nesse novo eon recebe o selo (sphrágis) do Cristo do Espírito, selo indelével que o condiciona como ingresso no reino dos céus. Quando fala em eon, o Evangelho quer exprimir um CICLO EVOLUTIVO; na evolução da humanidade, em linhas gerais, podemos considerar o eon do animalismo, o eon da personalidade, o eon da individualidade, etc. O mais elevado eon que conhecemos, o da zôê aiónios (vida imanente) é o da vida espiritual plenamente unificada com Deus (pneuma-dynamis), com o Pai (lógos-érgon), e com o Filho (Cristo-kósmos).


DÓXA


Assim como dynamis é a essência de Deus, assim dóxa (geralmente traduzida por "glória") pode apresentar os sentidos que vimos (vol. 1). Mas observaremos que, na linguagem iniciática dos mistérios, além do sentido de "doutrina" ou de "essência da doutrina", pode assumir o sentido específico de" substância divina". Observe-se esse trecho de Paulo (Filp. 2:11): "Jesus Cristo é o Senhor (Kyrios) na substância (dóxa) de Deus Pai"; e mais (RM 6:4): "o Cristo foi despertado dentre os mortos pela substância (dóxa) do Pai" (isto é, pelo érgon, a energia do Som, a vibração sonora da Palavra).


Nesses passos, traduzir dóxa por glória é ilógico, não faz sentido; também "doutrina" aí não cabe. O sentido é mesmo o de "substância".


Vejamos mais este passo (l. ª Cor. 2:6-16): "Falamos, sim da sabedoria (sophia) entre os perfeitos (teleiois, isto é, iniciados), mas de uma sabedoria que não é deste eon, nem dos príncipes deste eon, que são reduzidos a nada: mas da sabedoria dos mistérios de Deus, que estava oculta, e que antes dos eons Deus destinara como nossa doutrina (dóxa), e que os príncipes deste mundo não reconheceram. De fato, se o tivessem reconhecido, não teriam crucificado o Senhor da Doutrina (Kyrios da dóxa, isto é, o Hierofante ou Mistagogo). Mas como está escrito, (anunciamos) o que o olho não viu e o ouvido não ouviu e o que não subiu sobre o coração do homem, mas o que Deus preparou para os que O amam.


Pois foi a nós que Deus revelou (apekalypsen = tirou o véu) pelo pneuma" (ou seja, pelo Espírito, pelo Cristo Interno).


MISTÉRIO


Mistério é uma palavra que modificou totalmente seu sentido através dos séculos, mesmo dentro de seu próprio campo, o religioso. Chamam hoje "mistério" aquilo que é impossível de compreender, ou o que se ignora irremissivelmente, por ser inacessível à inteligência humana.


Mas originariamente, o mistério apresentava dois sentidos básicos:

1. º - um ensinamento só revelado aos iniciados, e que permanecia secreto para os profanos que não podiam sabê-lo (daí proveio o sentido atual: o que não se pode saber; na antiguidade, não se podia por proibição moral, ao passo que hoje é por incapacidade intelectual);


2. º - a própria ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação completa.


Quando falamos em "mistério", transliterando a palavra usada no Novo Testamento, arriscamo-nos a interpretar mal. Aí, mistério não tem o sentido atual, de "coisa ignorada por incapacidade intelectiva", mas é sempre a "ação divina revelada experimentalmente ao homem" (embora continue inacessível ao não-iniciado ou profano).


O mistério não é uma doutrina: exprime o caráter de revelação direta de Deus a seus buscadores; é uma gnose dos mistérios, que se comunica ao "mysto" (aprendiz de mística). O Hierofante conduz o homem à Divindade (mas apenas o conduz, nada podendo fazer em seu lugar). E se o aprendiz corresponde plenamente e atende a todas as exigências, a Divindade "age" (energeín) internamente, no "Esp írito" (pneuma) do homem. que então desperta (egereín), isto é, "ressurge" para a nova vida (cfr. "eu sou a ressurreição da vida", JO 11:25; e "os que produzirem coisas boas (sairão) para a restauração de vida", isto é, os que conseguirem atingir o ponto desejado serão despertados para a vida do espírito, JO 5-29).


O caminho que leva a esses passos, é o sofrimento, que prepara o homem para uma gnose superior: "por isso - conclui O. Casel - a cruz é para o cristão o caminho que conduz à gnose da glória" (o. c., pág. 300).


Paulo diz francamente que o mistério se resume numa palavra: CRISTO "esse mistério, que é o Cristo", (CL 1:27): e "a fim de que conheçam o mistério de Deus, o Cristo" (CL 2:2).


O mistério opera uma união íntima e física com Deus, a qual realiza uma páscoa (passagem) do atual eon, para o eon espiritual (reino dos céus).


O PROCESSO


O postulante (o que pedia para ser iniciado) devia passar por diversos graus, antes de ser admitido ao pórtico, à "porta" por onde só passavam as ovelhas (símbolo das criaturas mansas; cfr. : "eu sou a porta das ovelhas", JO 10:7). Verificada a aptidão do candidato profano, era ele submetido a um período de "provações", em que se exercitava na ORAÇÃO (ou petição) que dirigia à Divindade, apresentando os desejos ardentes ao coração, "mendigando o Espírito" (cfr. "felizes os mendigos de Espírito" MT 5:3) para a ele unir-se; além disso se preparava com jejuns e alimentação vegetariana para o SACRIF ÍCIO, que consistia em fazer a consagração de si mesmo à Divindade (era a DE + VOTIO, voto a Deus), dispondo-se a desprender-se ao mundo profano.


Chegado a esse ponto, eram iniciados os SETE passos da iniciação. Os três primeiros eram chamado "Mistérios menores"; os quatro últimos, "mistérios maiores". Eram eles:

1 - o MERGULHO e as ABLUÇÕES (em Elêusis havia dois lagos salgados artificiais), que mostravam ao postulante a necessidade primordial e essencial da "catarse" da "psiquê". Os candidatos, desnudos, entravam num desses lagos e mergulhavam, a fim de compreender que era necessário "morrer" às coisas materiais para conseguir a "vida" (cfr. : "se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só; mas se morrer dá muito fruto", JO 12:24). Exprimia a importância do mergulho dentro de si mesmo, superando as dificuldades e vencendo o medo. Ao sair do lago, vestia uma túnica branca e aguardava o segundo passo.


2 - a ACEITAÇÃO de quem havia mergulhado, por parte do Mistagogo, que o confirmava no caminho novo, entre os "capazes". Daí por diante, teria que correr por conta própria todos os riscos inerentes ao curso: só pessoalmente poderia caminhar. Essa confirmação do Mestre simbolizava a "epiphanía" da Divindade, a "descida da graça", e o recem-aceito iniciava nova fase.


3 - a METÂNOIA ou mudança da mente, que vinha após assistir a várias tragédias e dramas de fundo iniciático. Todas ensinavam ao "mysto" novato, que era indispensável, através da dor, modificar seu" modo de pensar" em relação à vida, afastar-se de. todos os vícios e fraquezas do passado, renunciar a prazeres perniciosos e defeitos, tornando-se o mais perfeito (téleios) possível. Era buscada a renovação interna, pelo modo de pensar e de encarar a vida. Grande número dos que começavam a carreira, paravam aí, porque não possuíam a força capaz de operar a transmutação mental. As tentações os empolgavam e novamente se lançavam no mundo profano. No entanto, se dessem provas positivas de modifica ção total, de serem capazes de viver na santidade, resistindo às tentações, podiam continuar a senda.


Havia, então, a "experiência" para provar a realidade da "coragem" do candidato: era introduzido em grutas e câmaras escuras, onde encontrava uma série de engenhos lúgubres e figuras apavorantes, e onde demorava um tempo que parecia interminável. Dali, podia regressar ou prosseguir. Se regressava, saía da fileira; se prosseguia, recebia a recompensa justa: era julgado apto aos "mistérios maiores".


4 - O ENCONTRO e a ILUMINAÇÃO, que ocorria com a volta à luz, no fim da terrível caminhada por entre as trevas. Através de uma porta difícil de ser encontrada, deparava ele campos floridos e perfumados, e neles o Hierofante, em paramentação luxuosa. que os levava a uma refeição simples mas solene constante de pão, mel, castanhas e vinho. Os candidatos eram julgados "transformados", e porSABEDORIA DO EVANGELHO tanto não havia mais as exteriorizações: o segredo era desvelado (apokálypsis), e eles passavam a saber que o mergulho era interno, e que deviam iniciar a meditação e a contemplação diárias para conseguir o "encontro místico" com a Divindade dentro de si. Esses encontros eram de início, raros e breves, mas com o exercício se iam fixando melhor, podendo aspirar ao passo seguinte.


5 - a UNIÃO (não mais apenas o "encontro"), mas união firme e continuada, mesmo durante sua estada entre os profanos. Era simbolizada pelo drama sacro (hierõs gámos) do esponsalício de Zeus e Deméter, do qual nasceria o segundo Dionysos, vencedor da morte. Esse matrimônio simbólico e puro, realizado em exaltação religiosa (orgê) é que foi mal interpretado pelos que não assistiam à sua representação simbólica (os profanos) e que tacharam de "orgias imorais" os mistérios gregos. Essa "união", depois de bem assegurada, quando não mais se arriscava a perdê-la, preparava os melhores para o passo seguinte.


6 - a CONSAGRAÇÃO ou, talvez, a sagração, pela qual era representada a "marcação" do Espírito do iniciado com um "selo" especial da Divindade a quem o "mysto" se consagrava: Apolo, Dyonisos, Isis, Osíris, etc. Era aí que o iniciado obtinha a epoptía, ou "visão direta" da realidade espiritual, a gnose pela vivência da união mística. O epopta era o "vigilante", que o cristianismo denominou "epískopos" ou "inspetor". Realmente epopta é composto de epí ("sobre") e optos ("visível"); e epískopos de epi ("sobre") e skopéô ("ver" ou "observar"). Depois disso, tinha autoridade para ensinar a outros e, achando-se preso à Divindade e às obrigações religiosas, podia dirigir o culto e oficiar a liturgia, e também transmitir as iniciações nos graus menores. Mas faltava o passo decisivo e definitivo, o mais difícil e quase inacessível.


7 - a PLENITUDE da Divindade, quando era conseguida a vivência na "Alma Universal já libertada".


Nos mistérios gregos (em Elêusis) ensinava-se que havia uma Força Absoluta (Deus o "sem nome") que se manifestava através do Logos (a Palavra) Criador, o qual produzia o Filho (Kósmo). Mas o Logos tinha duplo aspecto: o masculino (Zeus) e o feminino (Deméter). Desse casal nascera o Filho, mas também com duplo aspecto: a mente salvadora (Dionysos) e a Alma Universal (Perséfone). Esta, desejando experiências mais fortes, descera à Terra. Mas ao chegar a estes reinos inferiores, tornouse a "Alma Universal" de todas as criaturas, e acabou ficando prisioneira de Plutão (a matéria), que a manteve encarcerada, ministrando-lhe filtros mágicos que a faziam esquecer sua origem divina, embora, no íntimo, sentisse a sede de regressar a seu verdadeiro mundo, mesmo ignorando qual fosse.


Dionysos quis salvá-la, mas foi despedaçado pelos Titãs (a mente fracionada pelo intelecto e estraçalhada pelos desejos). Foi quando surgiu Triptólemo (o tríplice combate das almas que despertam), e com apelos veementes conseguiu despertar Perséfone, revelando lhe sua origem divina, e ao mesmo tempo, com súplicas intensas às Forças Divinas, as comoveu; então Zeus novamente se uniu a Deméter, para fazer renascer Dionysos. Este, assumindo seu papel de "Salvador", desce à Terra, oferecendose em holocausto a Plutão (isto é, encarnando-se na própria matéria) e consegue o resgate de Perséfone, isto é, a libertação da Alma das criaturas do domínio da matéria e sua elevação novamente aos planos divinos. Por esse resumo, verificamos como se tornou fácil a aceitação entre os grego, e romanos da doutrina exposta pelos Emissários de Jesus, um "Filho de Deus" que desceu à Terra para resgatar com sua morte a alma humana.


O iniciado ficava permeado pela Divindade, tornando-se então "adepto" e atingindo o verdadeiro grau de Mestre ou Mistagogo por conhecimento próprio experimental. Já não mais era ele, o homem, que vivia: era "O Senhor", por cujo intermédio operava a Divindade. (Cfr. : "não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim", GL 2:20; e ainda: "para mim, viver é Cristo", Filp. 1:21). A tradição grega conservou os nomes de alguns dos que atingiram esse grau supremo: Orfeu... Pitágoras... Apolônio de Tiana... E bem provavelmente Sócrates (embora Schuré opine que o maior foi Platão).


NO CRISTIANISMO


Todos os termos néo-testamentários e cristãos, dos primórdios, foram tirados dos mistérios gregos: nos mistérios de Elêusis, o iniciado se tornava "membro da família do Deus" (Dionysos), sendo chamado.


então, um "santo" (hágios) ou "perfeito" (téleios). E Paulo escreve: "assim, pois, não sois mais estran geiros nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus. ’ (EF 2:19). Ainda em Elêusis, mostrava-se aos iniciados uma "espiga de trigo", símbolo da vida que eternamente permanece através das encarnações e que, sob a forma de pão, se tornava participante da vida do homem; assim quando o homem se unia a Deus, "se tornava participante da vida divina" (2. ª Pe. 1:4). E Jesus afirmou: " Eu sou o PÃO da Vida" (JO 6. 35).


No entanto ocorreu modificação básica na instituição do Mistério cristão, que Jesus realizou na "última Ceia", na véspera de sua experiência máxima, o páthos ("paixão").


No Cristianismo, a iniciação toma sentido puramente espiritual, no interior da criatura, seguindo mais a Escola de Alexandria. Lendo Filon, compreendemos isso: ele interpreta todo o Antigo Testamento como alegoria da evolução da alma. Cada evangelista expõe a iniciação cristã de acordo com sua própria capacidade evolutiva, sendo que a mais elevada foi, sem dúvida, a de João, saturado da tradição (parádosis) de Alexandria, como pode ver-se não apenas de seu Evangelho, como também de seu Apocalipse.


Além disso, Jesus arrancou a iniciação dos templos, a portas fechadas, e jogou-a dentro dos corações; era a universalização da "salvação" a todos os que QUISESSEM segui-Lo. Qualquer pessoa pode encontrar o caminho (cfr. "Eu sou o Caminho", JO 14:6), porque Ele corporificou os mistérios em Si mesmo, divulgando-lhes os segredos através de Sua vida. Daí em diante, os homens não mais teriam que procurar encontrar um protótipo divino, para a ele conformar-se: todos poderiam descobrir e utir-se diretamente ao Logos que, através do Cristo, em Jesus se manifestara.


Observamos, pois, uma elevação geral de frequência vibratória, de tonus, em todo o processo iniciático dos mistérios.


E os Pais da Igreja - até o século 3. º o cristianismo foi "iniciático", embora depois perdesse o rumo quando se tornou "dogmático" - compreenderam a realidade do mistério cristão, muito superior, espiritualmente, aos anteriores: tornar o homem UM CRISTO, um ungido, um permeado da Divindade.


A ação divina do mistério, por exemplo, é assim descrita por Agostinho: "rendamos graças e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos" (Tract. in Joanne, 21,8); e por Metódio de Olímpio: "a comunidade (a ekklêsía) está grávida e em trabalho de parto, até que o Cristo tenha tomado forma em nós; até que o Cristo nasça em nós, para que cada um dos santos, por sua participação ao Cristo, se torne o cristo" (Patrol. Graeca, vol. 18, ccl. 150).


Temos que tornar-nos cristos, recebendo a última unção, conformando-nos com Ele em nosso próprio ser, já que "a redenção tem que realizar-se EM NÓS" (O. Casel, o. c., pág. 29), porque "o único e verdadeiro holocausto é o que o homem faz de si mesmo".


Cirilo de Jerusalém diz: "Já que entrastes em comunhão com o Cristo com razão sois chamados cristos, isto é, ungidos" (Catechesis Mystagogicae, 3,1; Patrol. Graeca,, 01. 33, col. 1087).


Essa transformação, em que o homem recebe Deus e Nele se transmuda, torna-o membro vivo do Cristo: "aos que O receberam, deu o poder de tornar-se Filhos de Deus" (JO 1:12).


Isso fez que Jesus - ensina-nos o Novo Testamento - que era "sacerdote da ordem de Melquisedec (HB 5:6 e HB 7:17) chegasse, após sua encarnação e todos os passos iniciáticos que QUIS dar, chegasse ao grau máximo de "pontífice da ordem de Melquisedec" (HB 5:10 e HB 6:20), para todo o planeta Terra.


CRISTO, portanto, é o mistério de Deus, o Senhor, o ápice da iniciação a experiência pessoal da Divindade.


através do santo ensino (hierôs lógos), que vem dos "deuses" (Espíritos Superiores), comunicado ao místico. No cristianismo, os emissários ("apóstolos") receberam do Grande Hierofante Jesus (o qual o recebeu do Pai, com Quem era UNO) a iniciação completa. Foi uma verdadeira "transmiss ão" (traditio, parádosis), apoiada na gnose: um despertar do Espírito que vive e experimenta a Verdade, visando ao que diz Paulo: "admoestando todo homem e ensinando todo homem, em toda sabedoria (sophía), para que apresentem todo homem perfeito (téleion, iniciado) em Cristo, para o que eu também me esforço (agõnizómenos) segundo a ação dele (energeían autou), que age (energouménen) em mim, em força (en dynámei)". CL 1:28-29.


Em toda essa iniciação, além disso, precisamos não perder de vista o "enthousiasmós" (como era chamado o "transe" místico entre os gregos) e que foi mesmo sentido pelos hebreus, sobretudo nas" Escolas de Profetas" em que eles se iniciavam (profetas significa "médiuns"); mas há muito se havia perdido esse "entusiasmo", por causa da frieza intelectual da interpretação literal das Escrituras pelos Escribas.


Profeta, em hebraico, é NaVY", de raiz desconhecida, que o Rabino Meyer Sal ("Les Tables de la Loi", éd. La Colombe, Paris, 1962, pág. 216/218) sugere ter sido a sigla das "Escolas de Profetas" (escolas de iniciação, de que havia uma em Belém, de onde saiu David). Cada letra designaria um setor de estudo: N (nun) seriam os sacerdotes (terapeutas do psicossoma), oradores, pensadores, filósofos;

V (beth) os iniciados nos segredos das construções dos templos ("maçons" ou pedreiros), arquitetos, etc. ; Y (yod) os "ativos", isto é, os dirigentes e políticos, os "profetas de ação"; (aleph), que exprime "Planificação", os matemáticos, geômetras, astrônomos, etc.


Isso explica, em grande parte, porque os gregos e romanos aceitaram muito mais facilmente o cristianismo, do que os judeus, que se limitavam a uma tradição que consistia na repetição literal decorada dos ensinos dos professores, num esforço de memória que não chegava ao coração, e que não visavam mais a qualquer experiência mística.


TEXTOS DO N. T.


O termo mystérion aparece várias vezes no Novo Testamento.


A - Nos Evangelhos, apenas num episódio, quando Jesus diz a Seus discípulos: "a vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus" (MT 13:11; MC 4:11; LC 8:10).


B - Por Paulo em diversas epístolas: RM 11:25 - "Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério... o endurecimento de Israel, até que hajam entrado todos os gentios".


Rom. 16:15 - "conforme a revelação do mistério oculto durante os eons temporais (terrenos) e agora manifestados".


1. ª Cor. 2:1 – "quando fui ter convosco... anunciando-vos o mistério de Deus".


1. ª Cor. 2:4-7 - "meu ensino (logos) e minha pregação não foram em palavras persuasivas, mas em demonstração (apodeíxei) do pneúmatos e da dynámeôs, para que vossa fé não se fundamente na sophía dos homens, mas na dynámei de Deus. Mas falamos a sophia nos perfeitos (teleiois, iniciados), porém não a sophia deste eon, que chega ao fim; mas falamos a sophia de Deus em mistério, a que esteve oculta, a qual Deus antes dos eons determinou para nossa doutrina". 1. ª Cor. 4:1 - "assim considerem-nos os homens assistentes (hypêrétas) ecônomos (distribuidores, dispensadores) dos mistérios de Deus".


1. ª Cor. 13:2 - "se eu tiver mediunidade (prophéteía) e conhecer todos os mistérios de toda a gnose, e se tiver toda a fé até para transportar montanhas, mas não tiver amor (agápé), nada sou". l. ª Cor. 14:2 - "quem fala em língua (estranha) não fala a homens, mas a Deus, pois ninguém o ouve, mas em espírito fala mistérios". 1. ª Cor. 15:51 - "Atenção! Eu vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados".


EF 1:9 - "tendo-nos feito conhecido o mistério de sua vontade"

EF 3:4 - "segundo me foi manifestado para vós, segundo a revelação que ele me fez conhecer o mistério (como antes vos escrevi brevemente), pelo qual podeis perceber, lendo, minha compreensão no mistério do Cristo".


EF 3:9 - "e iluminar a todos qual a dispensação (oikonomía) do mistério oculto desde os eons, em Deus, que criou tudo".


EF 5:32 - "este mistério é grande: mas eu falo a respeito do Cristo e da ekklésia.


EF 9:19 - "(suplica) por mim, para que me possa ser dado o logos ao abrir minha boca para, em público, fazer conhecer o mistério da boa-nova".


CL 1:24-27 - "agora alegro-me nas experimentações (Pathêmasin) sobre vós e completo o que falta das pressões do Cristo em minha carne, sobre o corpo dele que é a ekklêsía, da qual me tornei servidor, segundo a dispensação (oikonomía) de Deus, que me foi dada para vós, para plenificar o logos de Deus, o mistério oculto nos eons e nas gerações, mas agora manifestado a seus santos (hagioi, iniciados), a quem aprouve a Deus fazer conhecer a riqueza da doutrina (dóxês; ou "da substância") deste mistério nas nações, que é CRISTO EM VÓS, esperança da doutrina (dóxês)".


CL 2:2-3 - "para que sejam consolados seus corações, unificados em amor, para todas as riquezas da plena convicção da compreensão, para a exata gnose (epígnôsin) do mistério de Deus (Cristo), no qual estão ocultos todos os tesouros da sophía e da gnose".


CL 4:3 - "orando ao mesmo tempo também por nós, para que Deus abra a porta do logos para falar o mistério do Cristo, pelo qual estou em cadeias".


2. ª Tess. 2:7 - "pois agora já age o mistério da iniquidade, até que o que o mantém esteja fora do caminho".


1. ª Tim. 3:9 - "(os servidores), conservando o mistério da fé em consciência pura".


1. ª Tim. 2:16 - "sem dúvida é grande o mistério da piedade (eusebeías)".


No Apocalipse (1:20; 10:7 e 17:5, 7) aparece quatro vezes a palavra, quando se revela ao vidente o sentido do que fora dito.


CULTO CRISTÃO


Depois de tudo o que vimos, torna-se evidente que não foi o culto judaico que passou ao cristianismo primitivo. Comparemos: A luxuosa arquitetura suntuosa do Templo grandioso de Jerusalém, com altares maciços a escorrer o sangue quente das vítimas; o cheiro acre da carne queimada dos holocaustos, a misturar-se com o odor do incenso, sombreando com a fumaça espessa o interior repleto; em redor dos altares, em grande número, os sacerdotes a acotovelar-se, munidos cada um de seu machado, que brandiam sem piedade na matança dos animais que berravam, mugiam dolorosamente ou balavam tristemente; o coro a entoar salmos e hinos a todo pulmão, para tentar superar a gritaria do povo e os pregões dos vendedores no ádrio: assim se realizava o culto ao "Deus dos judeus".


Em contraste, no cristianismo nascente, nada disso havia: nem templo, nem altares, nem matanças; modestas reuniões em casas de família, com alguns amigos; todos sentados em torno de mesa simples, sobre a qual se via o pão humilde e copos com o vinho comum. Limitava-se o culto à prece, ao recebimento de mensagens de espíritos, quando havia "profetas" na comunidade, ao ensino dos "emissários", dos "mais velhos" ou dos "inspetores", e à ingestão do pão e do vinho, "em memória da última ceia de Jesus". Era uma ceia que recebera o significativo nome de "amor" (ágape).


Nesse repasto residia a realização do supremo mistério cristão, bem aceito pelos gregos e romanos, acostumados a ver e compreender a transmissão da vida divina, por meio de símbolos religiosos. Os iniciados "pagãos" eram muito mais numerosos do que se possa hoje supor, e todos se sentiam membros do grande Kósmos, pois, como o diz Lucas, acreditavam que "todos os homens eram objeto da benevolência de Deus" (LC 2:14).


Mas, ao difundir-se entre o grande número e com o passar dos tempos, tudo isso se foi enfraquecendo e seguiu o mesmo caminho antes experimentado pelo judaísmo; a força mística, só atingida mais tarde por alguns de seus expoentes, perdeu-se, e o cristianismo "foi incapaz - no dizer de O. Casel - de manterse na continuação, nesse nível pneumático" (o. c. pág. 305). A força da "tradição" humana, embora condenada com veemência por Jesus (cfr. MT 15:1-11 e MT 16:5-12; e MC 7:1-16 e MC 8:14-11; veja atrás), fez-se valer, ameaçando as instituições religiosas que colocam doutrinas humanas ao lado e até acima dos preceitos divinos, dando mais importância às suas vaidosas criações. E D. Odon Casel lamenta: " pode fazer-se a mesma observação na história da liturgia" (o. c., pág. 298). E, entristecido, assevera ainda: "Verificamos igualmente que a concepção cristã mais profunda foi, sob muitos aspectos, preparada muito melhor pelo helenismo que pelo judaísmo. Lamentavelmente a teologia moderna tende a aproximar-se de novo da concepção judaica de tradição, vendo nela, de fato, uma simples transmiss ão de conhecimento, enquanto a verdadeira traditio, apoiada na gnose, é um despertar do espírito que VIVE e EXPERIMENTA a Verdade" (o. c., pág. 299).


OS SACRAMENTOS


O termo latino que traduz a palavra mystérion é sacramentum. Inicialmente conservou o mesmo sentido, mas depois perdeu-os, para transformar-se em "sinal visível de uma ação espiritual invisível".


No entanto, o estabelecimento pelas primeiras comunidades cristãs dos "sacramentos" primitivos, perdura até hoje, embora tendo perdido o sentido simbólico inicial.


Com efeito, a sucessão dos "sacramentos" revela exatamente, no cristianismo, os mesmos passos vividos nos mistérios grego. Vejamos:
1- o MERGULHO (denominado em grego batismo), que era a penetração do catecúmeno em seu eu interno. Simbolizava-se na desnudação ao pretendente, que largava todas as vestes e mergulhava totalmente na água: renunciava de modo absoluto as posses (pompas) exteriores e aos próprios veículos físicos, "vestes" do Espírito, e mergulhava na água, como se tivesse "morrido", para fazer a" catarse" (purificação) de todo o passado. Terminado o mergulho, não era mais o catecúmeno, o profano. Cirilo de Jerusalém escreveu: "no batismo o catecúmeno tinha que ficar totalmente nu, como Deus criou o primeiro Adão, e como morreu o segundo Adão na cruz" (Catechesis Mistagogicae,

2. 2). Ao sair da água, recebia uma túnica branca: ingressava oficialmente na comunidade (ekklêsía), e então passava a receber a segunda parte das instruções. Na vida interna, após o "mergulho" no próprio íntimo, aguardava o segundo passo.


2- a CONFIRMAÇÃO, que interiormente era dada pela descida da "graça" da Força Divina, pela" epifanía" (manifestação), em que o novo membro da ekklêsía se sentia "confirmado" no acerto de sua busca. Entrando em si mesmo a "graça" responde ao apelo: "se alguém me ama, meu Pai o amará, e NÓS viremos a ele e permaneceremos nele" (JO 14:23). O mesmo discípulo escreve em sua epístola: "a Vida manifestou-se, e a vimos, e damos testemunho. e vos anunciamos a Vida Imanente (ou a Vida do Novo Eon), que estava no Pai e nos foi manifestada" (l. ª JO 1:2).


3- a METÁNOIA (modernamente chamada "penitência") era então o terceiro passo. O aprendiz se exercitava na modificação da mentalidade, subsequente ao primeiro contato que tinha tido com a Divindade em si mesmo. Depois de "sentir" em si a força da Vida Divina, há maior compreensão; os pensamentos sobem de nível; torna-se mais fácil e quase automático o discernimento (krísis) entre certo e errado, bem e mal, e portanto a escolha do caminho certo. Essa metánoia é ajudada pelos iniciados de graus mais elevados, que lhe explicam as leis de causa e efeito e outras.


4- a EUCARISTIA é o quarto passo, simbolizando por meio da ingestão do pão e do vinho, a união com o Cristo. Quem mergulhou no íntimo, quem recebeu a confirmação da graça e modificou seu modo de pensar, rapidamenle caminha para o encontro definitivo com o Mestre interno, o Cristo.


Passa a alimentar-se diretamente de seus ensinos, sem mais necessidade de intermediários: alimentase, nutre-se do próprio Cristo, bebe-Lhe as inspirações: "se não comeis a carne do Filho do Homem e não bebeis seu sangue, não tendes a vida em vós. Quem saboreia minha carne e bebe meu sangue tem a Vida Imanente, porque minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é

verdadeiramente bebida. Quem come minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (JO 6:53 ss).


5- MATRIMÔNIO é o resultado do encontro realizado no passo anterior: e o casamento, a FUSÃO, a união entre a criatura e o Criador, entre o iniciado e Cristo: "esse mistério é grande, quero dizê-lo em relação ao Cristo e à ekklêsia", escreveu Paulo, quando falava do "matrimônio" (EF 5:32). E aqueles que são profanos, que não têm essa união com o Cristo, mas antes se unem ao mundo e a suas ilusões, são chamados "adúlteros" (cfr. vol. 2). E todos os místicos, unanimemente, comparam a união mística com o Cristo ti uma união dos sexos no casamento.


6- a ORDEM é o passo seguinte. Conseguida a união mística a criatura recebe da Divindade a consagra ção, ou melhor, a "sagração", o "sacerdócio" (sacer "sagrado", dos, dotis, "dote"), o "dote sagrado" na distribuição das graças o quinhão especial de deveres e obrigações para com o "rebanho" que o cerca. No judaísmo, o sacerdote era o homem encarregado de sacrificar ritualmente os animais, de examinar as vítimas, de oferecer os holocaustos e de receber as oferendas dirigindo o culto litúrgico. Mais tarde, entre os profanos sempre, passou a ser considerado o "intemediário" entre o homem e o Deus "externo". Nessa oportunidade, surge no Espírito a "marca" indelével, o selo (sphrágis) do Cristo, que jamais se apaga, por todas as vidas que porventura ainda tenha que viver: a união com essa Força Cósmica, de fato, modifica até o âmago, muda a frequência vibratória, imprime novas características e a leva, quase sempre, ao supremo ponto, à Dor-Sacrifício-Amor.


7- a EXTREMA UNÇÃO ("extrema" porque é o último passo, não porque deva ser dada apenas aos moribundos) é a chave final, o último degrau, no qual o homem se torna "cristificado", totalmente ungido pela Divindade, tornando-se realmente um "cristo".


Que esses sacramentos existiram desde os primeiros tempos do cristianismo, não há dúvida. Mas que não figuram nos Evangelhos, também é certo. A conclusão a tirar-se, é que todos eles foram comunicados oralmente pela traditio ou transmissão de conhecimentos secretos. Depois na continuação, foram permanecendo os ritos externos e a fé num resultado interno espiritual, mas já não com o sentido primitivo da iniciação, que acabamos de ver.


Após este escorço rápido, cremos que a afirmativa inicial se vê fortalecida e comprovada: realmente Jesus fundou uma "ESCOLA INICIÁTICA", e a expressão "logos akoês" (ensino ouvido), como outras que ainda aparecerão, precisam ser explicadas à luz desse conhecimento.


* * *

Neste sentido que acabamos de estudar, compreendemos melhor o alcance profundo que tiveram as palavras do Mestre, ao estabelecer as condições do discipulato.


Não podemos deixar de reconhecer que a interpretação dada a Suas palavras é verdadeira e real.


Mas há "mais alguma coisa" além daquilo.


Trata-se das condições exigidas para que um pretendente possa ser admitido na Escola Iniciática na qualidade de DISCÍPULO. Não basta que seja BOM (justo) nem que possua qualidades psíquicas (PROFETA). Não é suficiente um desejo: é mistér QUERER com vontade férrea, porque as provas a que tem que submeter-se são duras e nem todos as suportam.


Para ingressar no caminho das iniciações (e observamos que Jesus levava para as provas apenas três, dentre os doze: Pedro, Tiago e João) o discípulo terá que ser digno SEGUIDOR dos passos do Mestre.


Seguidor DE FATO, não de palavras. E para isso, precisará RENUNCIAR a tudo: dinheiro, bens, família, parentesco, pais, filhos, cônjuges, empregos, e inclusive a si mesmo: à sua vontade, a seu intelecto, a seus conhecimentos do passado, a sua cultura, a suas emoções.


A mais, devia prontificar-se a passar pelas experiências e provações dolorosas, simbolizadas, nas iniciações, pela CRUZ, a mais árdua de todas elas: o suportar com alegria a encarnação, o mergulho pesado no escafandro da carne.


E, enquanto carregava essa cruz, precisava ACOMPANHAR o Mestre, passo a passo, não apenas nos caminhos do mundo, mas nos caminhos do Espírito, difíceis e cheios de dores, estreitos e ladeados de espinhos, íngremes e calçados de pedras pontiagudas.


Não era só. E o que se acrescenta, de forma enigmática em outros planos, torna-se claro no terreno dos mistérios iniciáticos, que existiam dos discípulos A MORTE À VIDA DO FÍSICO. Então compreendemos: quem tiver medo de arriscar-se, e quiser "preservar" ou "salvar" sua alma (isto é, sua vida na matéria), esse a perderá, não só porque não receberá o grau a que aspira, como ainda porque, na condição concreta de encarnado, talvez chegue a perder a vida física, arriscada na prova. O medo não o deixará RESSUSCITAR, depois da morte aparente mas dolorosa, e seu espírito se verá envolvido na conturbação espessa e dementada do plano astral, dos "infernos" (ou umbral) a que terá que descer.


No entanto, aquele que intimorato e convicto da realidade, perder, sua alma, (isto é, "entregar" sua vida do físico) à morte aparente, embora dolorosa, esse a encontrará ou a salvará, escapando das injunções emotivas do astral, e será declarado APTO a receber o grau seguinte que ardentemente ele deseja.


Que adianta, com efeito, a um homem que busca o Espírito, se ganhar o mundo inteiro, ao invés de atingir a SABEDORIA que é seu ideal? Que existirá no mundo, que possa valer a GNOSE dos mistérios, a SALVAÇÃO da alma, a LIBERTAÇÃO das encarnações tristes e cansativas?


Nos trabalhos iniciáticos, o itinerante ou peregrino encontrará o FILHO DO HOMEM na "glória" do Pai, em sua própria "glória", na "glória" de Seus Santos Mensageiros. Estarão reunidos em Espírito, num mesmo plano vibratório mental (dos sem-forma) os antigos Mestres da Sabedoria, Mensageiros da Palavra Divina, Manifestantes da Luz, Irradiadores da Energia, Distribuidores do Som, Focos do Amor.


Mas, nos "mistérios", há ocasiões em que os "iniciantes", também chamados mystos, precisam dar testemunhos públicos de sua qualidade, sem dizerem que possuem essa qualidade. Então está dado o aviso: se nessas oportunidades de "confissão aberta" o discípulo "se envergonhar" do Mestre, e por causa de "respeitos humanos" não realizar o que deve, não se comportar como é da lei, nesses casos, o Senhor dos Mistérios, o Filho do Homem, também se envergonhará dele, considerá-lo-á inepto, incapaz para receber a consagração; não mais o reconhecerá como discípulo seu. Tudo, portanto, dependerá de seu comportamento diante das provas árduas e cruentas a que terá que submeter-se, em que sua própria vida física correrá risco.


Observe-se o que foi dito: "morrer" (teleutan) e "ser iniciado" (teleusthai) são verbos formados do mesmo radical: tele, que significa FIM. Só quem chegar AO FIM, será considerado APTO ou ADEPTO (formado de AD = "para", e APTUM = "apto").


Nesse mesmo sentido entendemos o último versículo: alguns dos aqui presentes (não todos) conseguirão certamente finalizar o ciclo iniciático, podendo entrar no novo EON, no "reino dos céus", antes de experimentar a morte física. Antes disso, eles descobrirão o Filho do Homem em si mesmos, com toda a sua Dynamis, e então poderão dizer, como Paulo disse: "Combati o bom combate, terminei a carreira, mantive a fidelidade: já me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia - e não só a mim, como a todos os que amaram sua manifestação" (2. ª Tim. 4:7-8).


jo 4:3
Sabedoria do Evangelho - Volume 5

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 26
CARLOS TORRES PASTORINO
(Fim de dezembro do ano 30)

JO 10:22-39


22. E aconteceu a festa da dedicação em Jerusalém; era inverno.

23. E Jesus passeava no templo, no pórtico de Salomão.

24. Cercaram-no os judeus e diziam-lhe: "Até quando suspendes nossa alma? Se és o Cristo, fala-nos abertamente".

25. Respondeu-lhes Jesus: "Eu vo-lo disse e não credes; as ações que eu faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito.

26. Mas não credes, porque não sois de minhas ovelhas.

27. As minhas ovelhas ouvem minha voz, e eu as conheço e elas me seguem.

28. e eu lhes dou a vida imanente, e nunca jamais se perderão, e ninguém as arrebatará de minha mão:

29. o Pai, que as deu a mim, é maior que tudo, e ninguém pode arrebotar da mão do Pai:

30. eu e o Pai somos um".

31. Os judeus outra vez buscaram pedras para apedrejá-lo.

32. Retrucou-lhes Jesus: "Mostrei-vos muitas belas ações da parte do Pai; por causa de qual ação me apedrejais"?

33. Responderam-lhe os judeus: "Não te apedrejaremos por uma bela ação, mas por blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes um deus".

34. Retrucou-lhes Jesus: "Não está escrito na lei: "Eu disse, vós sois deuses"?

35. Se ele chamou deuses aqueles nos quais se manifestou o ensino de Deus - e a Escritura não pode ser ab-rogada 36. a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo, dizeis "blasfemas", porque eu disse: "sou filho de Deus"?

37. Se não faço as ações de meu Pai, não me creiais,

38. mas se faço, embora não me creiais, crede nas ações, para que conheçais e tenhais a gnose de que o Pai está em mim e eu estou no Pai".

39. E de novo procuravam prendê-lo, mas ele saiu das mãos deles.



Este é mais um dos trechos de importância capital; nas declarações do Mestre. Analisemo-lo cuidadosamente.


O evangelista anota com simplicidade, mas com precisão, a ocasião em que foram prestadas essas declarações de Jesus: a festa da "dedicação" (hebraico: hanukâh, grego: egkainía) era uma festa litúrgica, instituída por Judas Macabeu, em 164 A. C., em comemoração à purificação do templo, da profanação de Antíoco IV Epifânio (cfr. 1. º Mac. 1:20-24, 39 e 4:59; 2. º Mac. 10:1-8; Fl. josefo, Ant. JD 12, 5, 4). Começava no dia 25 de kislev (2. ª metade de dezembro, solstício do inverno) e durava oito dias. Em solenidade, equivalia às festas da Páscoa, de Pentecostes e dos Tabernáculos.


Por ser inverno, Jesus passeava (com Seus discípulos?) no pórtico de Salomão, que ficava do lado do oriente, protegido dos ventos frios do deserto de Judá. Um grupo de judeus aproxima-se, cerca-O, e pede que se pronuncie abertamente: era o Messias, ou não?


Ora, essa resposta não podia ser dada: declarar-se "messias" seria confessar oposição frontal ao domínio romano, segundo a crença geral (o messias deveria libertar o povo israelita); essa declaração traria duas consequências, ambas indesejáveis: atrair a si a malta de políticos ambiciosos e descontentes, ávidos de luta; e, ao mesmo tempo, o ódio dos "acomodados" que usufruíam o favor dos dominadores, e que logo O denunciariam a Pilatos como agitador das massas (e dessa acusação não escapou), para que fosse condenado à morte, como os anteriores pretensos messias. Mas, de outro lado, se negasse a si mesmo o título, não só estaria mentindo, como decepcionaria o povo humilde, que Nele confiava.


Com Sua sábia prudência, no entanto, saiu-se galhardamente da dificuldade, citando fatos concretos, dos quais se poderia facilmente deduzir a resposta; e chegou, por fim, a declarar Sua unificação com a Pai. Portanto, Sua resposta foi muito além da pergunta formulada, para os que tivessem capacidade de entender.


Baseia-se, para responder, em Suas anteriores afirmativas e nas ações (érga) que sempre fez "em nome do Pai". Tanto uma coisa como outra foram suficientes para fazê-Lo compreendido por "Suas ovelhas", que "O seguem fielmente". E a todas elas é dada a Vida Imanente, de forma que elas "não se perderão" (apóllysai, "perder-se", em oposição a sôizô, "salvar-se", e não "morrer", sentido absurdo).


A. razão da segurança é que elas estão "em Sua mão" e, portanto, "na mão do Pai, que é maior que tudo".


Mais uma vez salientamos que zôê aiônios não pode traduzir-se por "vida eterna" (cfr. vol. 2), já que a vida é ETERNA para todos, inclusive na interpretação daqueles que acreditam erroneamente num inferno eterno... Logo, seria uma promessa vã e irrisória. Já a Vida imanente, com o Espírito desperto e consciente, unido a Deus-dentro-de-si, constitui o maior privilégio, a aspiração máxima. que nossa ambicionar um homem na Terra.


O versículo 29 apresenta três variantes principais, das quais adotamos a primeira, pelo melhor e mais numeroso testemunho:

1 - "O Pai, que as deu a mim, é maior que tudo" (hós, masc. e meizôn, masc.) - papiro 66 (ano 200, que traz édôken, aoristo, em vez de dédôken, perfeito, como os códices M e U); K, delta e pi, os minúsculos 1, 118, 131, 209, 28, 33, 565; 700; 892; 1. 009 ; 1. 010; 1. 071 1. 071; 1. 079; 1. 195, 1. 230, 1. 230, 1. 241, 1. 242, 1. 365, 1. 546, 1. 646, 2. 148; os unciais bizantinos (maioria), as versões siríacas sinaítica, peschita e harclense, os Pais Adamâncio, Basílio, Diodoro (4. º séc.), Crisóstomo, Nono e Cirilo de Alexandria (5. º séc.) ; e aparece com o acréscimo do objeto direto neutro autá na família 13, em 1216, 1344 (que tem o mac. oús), e 2174, nas versões coptas boaírica (no manuscrito), saídica, achmimiana, nas armênias e georgianas.


2 - "O que o Pai me deu é maior que tudo" (hó, neutro e meízon, neutro) no códice vaticano (com correção antiga para hós), nas versões latinas ítala e vulgata, na boaírica e gótica, nos Pais Ambrósio e Jerônimo (5. º século).


3 - "O Pai é quem deu a mim o maior que tudo" (hós, masc, e meízon, neutro), nos códices A, X, theta e na versão siríaca palestiniana.


A quarta variante (hó, neutro e meizôn, masc) parece confirmar a primeira, já que não faz sentido em si; talvez distração do copista, esquecendo o "s". Aparece nos códices sinaítico, D, L, W e psi.


A segunda variante, aceita pela Vulgata, é bastante encontradiça nas traduções correntes: "O que o Pai me deu é maior (mais precioso) que tudo". Realmente, esse pensamento do cuidado de Jesus pelo que o Pai Lhe deu, é expresso em JO 6:37-39 e JO 17:24; mas a ideia, que reconhecemos como do texto original, além de caber muito melhor no raciocínio do contexto (estão as ovelhas "na mão do Pai" e nada poderá arrebatá-las, porque Ele é maior que tudo), também é confirmado por JO 14:28.


A seguir explica por que, estando "em Sua mão", automaticamente, estão na mão do Pai: "Eu e o Pai somos UM".


A expressão "estar nas mãos de alguém" é usual no Antigo Testamento. Sendo a mão um dos principais instrumentos físicos da ação, no homem, a mão exprime o "poder de agir" (Ez. 38:35), a "potência" (Josué, 8:20; Juízes, 6:13; 1CR. 18:3; Salmo 75:6; IS 28:2; JR 12:7; 1SM 4:3; 2SM 14:16, etc.) . Assim, estar na mão de alguém" exprime "estar com alguém" (GN 32:14; GN 35:4; Núm,
31:49; DT 33:3; JR 38:10, etc.) ou "estar sob sua proteção ou seu poder" (GN 9:2; GN 14:20; GN 32:17; 43:37; EX 4:21; 2. º Sam, 18:2; 1RS 14:27; 2RS 10:24; 2CR. 25;20; JÓ 8:4; Sab. 3:1). Simbolicamente fala-se na "mão de Deus", que é "poderosa" (Deut 9:26; 26:8; Josué 4:25; l. ª Pe. 5:6) e garante sua ajuda (LC 1:66); ou, quando está sobre alguém o protege (2CR, 30:12; ED, 7:6, 9,

28; 8:18, 22, 31; ED. 2:8, 18; IS 1:25; ZC 13:7. etc,).


A frase "Eu e o Pai somos UM" foi bem compreendida em seu sentido teológico pelos ouvintes, que tentam apedrejá-Lo novamente (cfr. JO 8:59) e "buscavam" (ebástasan) pedras fora do templo, já que não nas havia no pórtico de Salomão.


Mas diferentemente da outra ocasião, Jesus não "se esconde". Ao contrário, enfrenta-os com argumentação lógica, para tentar chamá-los à razão. Eis os argumentos:

1. º - Ele lhes mostrou "muitas belas ações" (pollá érga kalá) vindas do Pai. As traduções correntes transformaram o "belas" em "boas". Por qual delas querem apedrejá-Lo?


A resposta esclarece que não é disso que se trata: é porque "sendo Ele um homem, se faz (poieís seautón) um deus", o que constitui blasfêmia.


2. º - Baseado na "lei", texto preferível (por encontrar-se no papiro 45, em aleph, D e theta) a "na vossa lei" (A, B, L e versões Latinas e Vulgata). O termo genérico "lei" (toráh) englobava as três partes de que eram compostas as Escrituras (toráh, neviim e ketubim). A frase é citada textualmente de um salmo, mas também se encontra no Êxodo uma atribuição dela.


Diz o Salmo (82:6): ani omareti elohim atem, vabeni hheleion kulekem (em grego: egô eípa: theoí éste, kaì hyioì hypsístou pántes), ou seja: "eu disse: vós sois deuses, e filhos, todos, do Altíssimo". Jesus estende a todos os homens o epíteto de elohim (deuses) que, no Salmo (composto por Asaph, no tempo de Josafá, cerca de 890 A. C.) era dirigido aos juízes, que recebiam esse título porque faziam justiça em nome de Deus. Nos trechos do Êxodo (21:6 e 22:8 e 28), a lei manda que o culpado "se apresente ao elohim", isto é, ao juiz.


Tudo isso sabia Jesus, e deviam conhecê-lo os ouvintes, tanto que é esclarecida e justificada a comparação: lá foram chamados deuses "aqueles nos quais o ensino de Deus se manifestava" (os juízes) - e a Escritura (graphê) "não pode ser ab-rogada" (ou dynastai lysthênai). É o sentido de lyô dado por Heródoto (3, 82) e por Demóstenes (31, 12) quando empregam esse verbo com referência à lei.


3. º - Ora, se eles, simples juízes, eram chamados deuses na lei, por que seria Ele acusado de blasfêmia só por dizer-se "filho de Deus" se Ele fora "separado" (hêgíasen, verbo derivado de hágios que, literalmente tem esse significado) ou "consagrado" pelo Pai, e "enviado" ao mundo? E tanto só se dizia" filho", que se referia a Deus dando-Lhe o nome de Pai. 4. º - As ações. Pode dividir-se em dois casos:

a) se não as fizesse, não era digno de crédito:

b) fazendo-as, devia ser acreditado.


Todavia, mesmo que, por absurdo, não acreditassem em Sua palavra, pelo menos as ações praticadas deviam servir para alertá-los, não só a "conhecer" (gnôte) mas até mesmo" a ter a gnose plena (ginôskête, papiro 45, e não pisteuête, "creiais") de que, para fazê-las, era indispensável "que o Pai estivesse Nele e Ele no Pai".
De nada adiantaram os argumentos. Eles preferiam as trevas à luz (JO 3:19-21), pertenciam ao Anti-

Sistema (JO 8:23), porque eram filhos do Adversário" (JO 8:47), logo, não tinham condições espi rituais de perceber as palavras nem de analisar as ações "do Alto". Daí quererem passar à violência física, prendendo-O (cfr. JO 7:1, JO 7:30, JO 7:32 e JO 7:44, e 8:20). Mas, uma vez mais, Ele escapa de suas mãos e sai de Jerusalém (como em JO 4:3 e JO 7:1).


Lição prenhe de ensinamentos.


Jesus passeava no pórtico de Salomão (que significa "pacífico" ou "perfeito") na festa da "dedicação" do templo (corpo) a Deus. Eis a primeira interpretação.


Jesus, o Grande Iniciado, Hierofante da "Assembleia do Caminho", é abordado pelos "religiosos ortodoxos" (judeus), que desejam aberta declaração Sua a respeito de Sua missão. Mas o "homem"

Jesus, que já vive permanentemente unificado com o Cristo Interno, responde às perguntas na qualidade de intérprete desse mesmo Cristo.


Cita as ações que são inspiradas e realizadas pelas forças do Alto (cfr. JO 8:23), suficientes para testificar quem é Ele; mas infelizmente os ouvintes "não são do seu rebanho", e por isso não Lhe ouvem nem reconhecem a voz (cfr. JO 10:14, JO 10:16) . A estas suas ovelhas é dada a vida imanente e elas não se perderão (cfr. JO 8:51), porque ninguém terá força de arrebatá-las de Seu poder, que é o próprio poder do Pai, já que Ele e o Pai são UM.


O testemunho não é aceito. Antes, é julgado "blasfêmia", pois Ele, simples homem, "se faz um deus".


Jesus (o Cristo) retruca que, se todo homem é um deus, segundo o que está na própria Escritura, Ele não está usurpando direitos falsos, quando se diz "filho de Deus", em Quem reconhece "o PAI". Contudo, se não quisessem acreditar Nele, não importava: pelo menos reconhecessem as ações divinas realizadas pelo Pai através Dele, e compreendessem que o Pai está Nele e Ele no Pai, já que, sem essa união, nada teria sido possível fazer.


Inútil tudo: o fanatismo constitui os antolhos do espírito.


Transportemos o ensino para o âmbito da criatura encarnada, e observemos o ceticismo do intelecto, ainda mesmo quando já iluminado pelas religiões ortodoxas ("judeus"), mas ainda moldado pelos dogmas estreitos de peco fanatismo.


A Individualidade (Jesus) é solicitada a manifestar-se ao intelecto, à compreensão racional e lógica do homem. Como resposta, cita as ações espirituais que ele mesmo vem sentindo em sua vida religiosa: o conforto das preces, a consolação nos sofrimentos, a coragem nas lutas contra os defeitos, a energia que o não deixa desanimar, a doçura das contemplações. Mas, sendo o intelecto um produto do Antissistema, não consegue "ouvir-lhe a voz" (akoúein tòn lógon, vol. 4) nem segui-lo, porque não o conhece. Mas se resolver entregar-se totalmente, anulando seu eu pequeno, ninguém poderá derrotálo, porque "o Pai é maior que tudo" e Ele se unificará ao Pai quando se unificar à Individualidade, que já é UNA com o Pai.


O intelecto recusa: julga ser "blasfema" essa declaração, já que o dogma dualista de sua religião lhe ensinou que o homem está "fora de Deus" e, por sua própria natureza, em oposição a Ele: logo, jamais poderá ele ser divino. Politeísmo! Panteísmo! Blasfêmia! ...


O argumento de que todo homem é divino, e que isto consta das próprias Escrituras que servem de base à sua fé, também não abala o intelecto cético, que raciocina teologicamente sobre "unidade de essência e de natureza", sobre "uniões hipostáticas", sobre "ordens naturais e sobrenaturais", sobre" filho por natureza stricto sensu e filhos por adoção", sobre o "pecado de Adão, que passou a todos", etc. etc. E continua sua descrença a respeito da sublimidade do Encontro, só conhecido e experimentado pelos místicos não-teólogos. E, como resultante dessa negação, a recusa do Cristo Interno que, por ver inúteis seus amorosos esforços, "se afasta e sai de Jerusalém".


No campo iniciático, observamos o ensino profundo, em mais um capítulo, manifestado de maneira velada sob as aparências de uma discussão. Eis alguns dos ensinos: Para distinção entre o verdadeiro Eu Profundo e os enganos tão fáceis nesse âmbito, há um modo simples de reconhecimento: as belas ações que vêm do Pai.


Entretanto, uma vez que foi feita a íntegra doação e a entrega confiante, ingressando-se no "rebanho do Cristo", nenhum perigo mais correremos de perder-nos: estamos na mão do Cristo e na mão do Pai. Não há forças, nem do físico nem do astral que nos possam arrebatar de lá. Nada atingirá nosso Eu verdadeiro. As dores e tentações poderão atuar na personagem, mas não atingem a Individualidade.


Já existe a união: nós e o Pai somos UM, indistintamente.


Não há objeções que valham. A própria Escritura confirma que todo homem é um deus, embora temporariamente decaído na matéria. Não obstante, o Pai continua DENTRO DO homem, e o homem DENTRO DO Pai.


Aqui vemos mais uma confirmação da onipresença concomitante de Deus, através de seu aspecto terceiro, de Cristo Cósmico.


O CRISTO CÓSMICO é a força inteligente NA QUAL reside tudo: átomos, corpos, planetas, sistemas estelares, universos sem conta nem limite que nessa mesma Força inteligente, nessa LUZ incriada, nesse SOM inaudível, têm a base de sua existência, e dela recolhem para si mesmos a Vida, captando aquilo que podem, de acordo com a própria capacidade receptiva. Oceano de Luz, de Som, de Força, de Inteligência, de Bondade, QUE É, onde tudo flutua e de onde tudo EX-ISTE.


Mas esse mesmo Oceano penetra tudo, permeia tudo, tudo impregna com Sua vida, com Sua força, com Sua inteligência, com Seu amor.


Nesse Infinito está tudo, e esse Infinito está em tudo: nós estamos no Pai, e o Pai está em nós.


E é Pai (no oriente denominado Pai-Mãe) porque dá origem a tudo, Dele tudo parte e Nele tudo tem a meta última da existência. Partindo desse TODO, vem o movimento, a vibração, a vida, o psiquismo, o espírito, nomes diferentes da mesma força atuante, denominações diversas que exprimem a mesma coisa, e que Só se diferencia pelo grau que conseguiu atingir na evolução de suas manifestações corpóreas nos planos mais densos: é movimento vorticoso no átomo, é vibração no éter, é vida nos vegetais, é psiquismo nos animais, é espírito nos homens. E chegará, um dia, a ser chamado o próprio Cristo, quando atingirmos o ponto culminante da evolução dentro do reino animal: "até que todos cheguemos à unificada fidelidade, à gnose do Filho de Deus, ao estado de Homem Perfeito, à dimensão da plena evolução de Cristo" (EF 4:13).



Locais

Estes lugares estão apresentados aqui porque foram citados no texto Bíblico, contendo uma breve apresentação desses lugares.

GALILÉIA

Atualmente: ISRAEL
Região de colinas áridas e vales férteis, que se estende a leste e norte do Mar da Galiléia
Mapa Bíblico de GALILÉIA


JUDÉIA

Atualmente: ISRAEL
Província romana, localizada a partir de Jerusalém, em direção ao sul. Deserto da Judéia corresponde a faixa de terra despida, pedregosa e de aspecto agreste, que percorre quase toda a costa ocidental do Mar Morto. I Samuel 17:28 e Números 23:28
Mapa Bíblico de JUDÉIA


Judeia

Judeia (do hebraico יהודה "louvor", Yəhuda ; em hebreu tiberiano Yəhûḏāh), em árabe: يهودية, Yahudia, em grego: Ἰουδαία, Ioudaía; em latim: Iudaea) é a parte montanhosa do sul de Israel, entre a margem oeste do mar Morto e o mar Mediterrâneo. Estende-se, ao norte, até as colinas de Golã e, ao sul, até a Faixa de Gaza, correspondendo aproximadamente à parte sul da Cisjordânia.

Atualmente, a Judeia é considerada parte da Cisjordânia pelos árabes, enquanto para o governo israelense a região é a Judeia e a Samaria, excluindo Jerusalém Oriental. A Organização das Nações Unidas utilizou-os em 1948 para se referir à parte sul da atual Cisjordânia.

No terceiro milénio anterior à Era Cristã começaram a surgir as primeiras cidades, certamente em contacto com as grandes civilizações que se desenvolveram nos vales do Nilo e a Mesopotâmia. Quando os hebreus chegaram à terra de Canaan, a região encontrava-se já ocupada pelos cananeus. O povo hebreu, originalmente um clã semita que se refugiara no Egito devido a uma fome em Canaã, passou a ser escravizado após a morte de seu protetor, José do Egito, o que durou por 430 anos. Sob a liderança de Moisés, deixaram o cativeiro no Egito por volta de 1447 a.C., segundo o Livro do Êxodo. De início, fixaram-se nas regiões localizadas a oeste do mar Morto, mas pouco a pouco, liderados por Yehoshua ben Nun, derrotaram os Cananeus, e ocuparam as margens do Mediterrâneo e as terras do norte de Canaan.

No século XII a.C., os chamados povos do mar, entre eles os filisteus, ocuparam as planícies litorâneas. As constantes lutas entre os dois povos terminaram com a vitória dos hebreus.

No século X a.C., Israel aproveitou o enfraquecimento dos grandes impérios vizinhos para expandir o seu território. O país, que alcançou o seu apogeu ao longo dos reinados de David e Salomão, foi mais tarde dividido em dois reinos: Israel, ao norte, fundada pelo Rei Jeroboão I e que fora invadido pelos Assírios, e Judá, ao sul. Israel foi transformado em tributário da Assíria. Logo após subir ao trono, em 721 a.C., Sargão II conquistou o país e deportou a maior parte de seus habitantes. No sul, o reino de Judá conservou sua precária independência até 587 a.C., quando Nabucodonosor II o arrasou e deportou sua população para a Babilónia. Em 539 a.C., quando o xá aquemênida Ciro, o Grande apoderou-se da Babilônia, este permitiu que muitos hebreus pudessem regressar à sua região. Depois da conquista do Império Aquemênida pelo macedônio Alexandre o Grande, a terra de Canaan ficou submetida à influência helenística.

Após a Conquista da região pelos gregos, a Judeia é invadida pelo Império Romano. Com os romanos é que a região ficará conhecida como Palestina. Segundo Flávio Josefo, o nome Palestina ocorre depois das guerras Judaica-Romana.

Mapa Bíblico de Judeia



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de João Capítulo 4 do versículo 1 até o 54
3. A Nova Adoração (Jo 4:1-30)

Os versículos iniciais desta seção são uma transição cuidadosamente escrita, dando explicações sobre o trabalho e o caminho de Jesus. A seqüência é simples. Os fariseus tinham ouvido o que Jesus fazia e que batizava mais discípulos do que João. Quando o Senhor veio a saber disto, Ele deixou a Judéia e foi para a Galiléia (1,3; ver o mapa 1). Aqui há três pontos de interesse. Em primeiro lugar, são os fariseus que representam os judeus hostis; os saduceus ou herodianos não são mencionados pelo nome no Evangelho de João. Em segundo lugar, não há indicação de que o autor desejasse descrever nenhum conhecimento sobrenatural por parte de Jesus. O Senhor veio a saber (1) indica sim-plesmente que os relatos da sua obra eram amplamente conhecidos. Em terceiro lugar, a observação entre parêntesis ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos (2) tinha a finalidade de corrigir os rumores (Jo 3:26-4.1).

E era-lhe necessário passar por Samaria (4). O termo necessário expressa uma obrigação que pode ter uma dupla natureza. A rota mais curta entre a Judéia e a Galiléia era através de Samaria. Entretanto, devido à profunda animosidade entre os judeus e os samaritanos, muitos judeus que iam da Judéia para a Galiléia se encaminha-vam pelo lado leste passando pelo Jordão, pelo norte através da Peréia, e novamente pelo Jordão até a Galiléia. Pode ter ocorrido que, para ganhar tempo, o Senhor Jesus tenha passado por dentro de Samaria. Entretanto, é mais provável que a necessidade expressa aqui esteja relacionada ao propósito e à missão do Senhor. Samaria, e especial-mente a mulher samaritana, precisavam dEle.

Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José. E estava ali a fonte de Jacó (5-6). Séculos de história são trazidos ao cenário (cf. Gn 33:19-48.22; Js 24:32). O objetivo evidente é mostrar que os procedimentos antigos, identificados com Jacó e José, e até mesmo a fonte de Jacó, só adquirem significado e só se cumprem em Cristo Jesus. A maioria das autoridades concorda que Sicar é identificada como a atual aldeia de Askar, ao pé do monte Ebal. Ela está situada cerca de 800 metros ao norte da fonte de Jacó (ver o mapa 1).

Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isso quase à hora sexta (6). Da mesma maneira como é cuidadoso para mostrar a divindade de Jesus, João toma cuidado para destacar a sua perfeita humanidade. Jesus estava cansado da viagem e sentou-se (cf. Jo 1:14-19.28; Hb 4:15). A expressão assentou-se con-tém um advérbio que significa "desta maneira", o que já provocou várias interpretações. Uma é que esta história de Jesus e da samaritana foi contada muitas vezes. Quem a conta poderia demonstrar, ao chegar neste ponto, a postura de Jesus. Jesus... assen-tou-se assim — i.e., desta maneira — junto da fonte. Era isso quase à hora sexta — i.e. , era quase meio-dia, sob o calor do dia e à hora do almoço (cf. 4.8).

a. A Água Velha e a Nova (Jo 4:7-15). A hora e o lugar estão claros. No palco, por assim dizer, está a Figura central, completamente Deus e completamente homem, aquele que conhece todos os homens (2.25). Para a fonte, vem uma mulher de Samaria tirar água (7). A mulher mal suspeitava que neste dia, enquanto estivesse envolvida com a cansativa rotina de carregar água, chegaria o maior tesouro da sua vida (cf. Mt 13:44). Ela nem sequer poderia imaginar que se tornaria a "evidência B" no Evangelho de João, exemplificando que Jesus realmente "sabia o que havia no homem" (Jo 2:25).

A palavra água introduz o tema do diálogo que vem a seguir, e no final se eleva para "significar a água da vida eterna" (cf. Jo 1:33-2:6-7; 3.5).27 Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber (7). Neste supremo exemplo de testemunho pessoal, Jesus inicia a conversa em um ponto em que a mulher poderia entender, em alguma coisa em que ela já estivesse pensando.

Como para explicar por que Jesus pediu água somente para si mesmo, o autor inse-riu uma observação explanatória sobre os discípulos que tinham ido à cidade comprar comida (8).

Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos) ? (9). A resposta da mulher a Jesus foi natural, por causa da hostilidade histórica entre os judeus e os samaritanos, e também por causa de um cho-que contra a moralidade de costumes: o fato de Ele, um homem, pedir alguma gentileza a uma mulher estranha. A palavra original para comunicar "sugere as relações famili-ares, e não as de negócios"."

A resposta de Jesus à mulher afirmou a ignorância dela sobre a sua verdadeira natureza e, ao mesmo tempo, despertou nela uma profunda curiosidade. Se tu conhe-ceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva (10). A palavra para dom, dorea, transmite a idéia de "presente gratuito", ou seja, um presente incondicional (cf. 3.16). "Dom aqui é uma palavra régia, usada como uma referência aos favores de um rei ou de um homem rico. Ela é sempre aplicada ao dom do Espírito no livro de Atos".29 O próprio Senhor é como esse Dom! Mas a mulher não sabia disto. Se o soubesse, teria feito o pedido e Ele a atenderia. O que ela e todos os que pedem com fé poderiam receber é a água viva. Com que cuidado Jesus a levou de onde estava — pensando na água da fonte de Jacó — a um conceito mais eleva-do e satisfatório! A Água viva é aquela que é "perene, que jorra de uma fonte inesgotá-vel, sempre fresca".' Isto ele... daria a ela. Assim, a atenção dela é levada da água até Ele — o que o coloca em um contraste imediato com Jacó e com tudo o que está associado a ele. Como conseqüência, ocorre a pergunta dela: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu maior do que Jacó, o nosso pai? (11-12)

O contraste entre a moda antiga, representada pela fonte de Jacó, e a nova, a água que eu lhe der (14), é vívido e claro nas palavras de Jesus à mulher. A moda antiga, da lei, dos profetas e especificamente a ênfase da samaritana no Pentateuco não eram sufi-cientes para satisfazer as necessidades mais profundas dos homens. Qualquer que beber desta água tornará a ter sede (13). A mulher samaritana sabia muito bem que Jesus estava falando a verdade a respeito dela. Não era apenas que ela vinha diariamen-te, durante anos, até a fonte de Jacó para buscar água; o verdadeiro problema era que durante toda a sua vida a sua religião não tinha matado a sede da sua alma enfraquecida. Muitas pessoas fazem tudo o que a sua religião exige, mas, não tendo nunca bebido daquele que é a Água Viva, sua vida não se modifica, e assim continuam secas e infrutí-feras. A promessa que Jesus faz à mulher é universal: Aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna (14). Aqui está! O superlativo da vida oferecido a uma criatura pecadora, necessitada, ignorante. A forma exterior é substituída por uma nova fonte interior. Os tanques estagnados da alma são transformados em um poço que jorra água. A alma enfraquecida e morta do homem passa a participar da "vida eterna". A mulher pouco entendeu sobre a importância dessa promessa. Ainda pensando em ter-mos do seu monótono e morto mundo materialista, ela respondeu: Senhor, dá-me des-sa água, para que não mais tenha sede e não venha aqui tirá-la (15). Ela teve um vislumbre de luz. A expressão para que não tenha mais sede pode ter sido mais do que uma descrição de uma necessidade física de água.

b. A Vida Antiga e a Nova (Jo 4:16-30). De uma forma repentina e abrupta, Jesus muda o rumo da conversa. Ele passa do apelo e da promessa para a inquisição e para a ordem. Não se pode reivindicar os benefícios do evangelho, uma fonte de água e de vida eterna — sem satisfazer as exigências do evangelho, que são a confissão e o arrependimento. Vai, chama o teu marido e vem cá (16). A pergunta era aguda, atingindo o ponto mais profundo do seu ser, investigando a história do seu triste passado. A sua confissão foi simples e mesmo assim evasiva. Senhor, Não tenho marido (17). Refletindo perfeita-mente o conhecimento que Jesus tinha dos homens (2.25), esta solicitação penetrou nela de forma profunda. Disseste bem: Não tenho marido, porque tiveste cinco mari-dos e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade (17-18).

Aparentemente, a mulher agora estava vivendo com um amante sem o benefício do rito do casamento, possivelmente sem ter se divorciado do último dos seus cinco maridos.

Todas as evidências apontam para uma mulher de pouca moral cuja forma de religião não tinha sido capaz de libertá-la das cadeias dos maus costumes. Jesus reconheceu a sua admissão não como uma evasão, mas sim como uma confissão. Ele disse literalmente: "O que você disse é verdade". Existe um antigo clichê que afirma que a verdade ma-chuca. Seria melhor dizer "A verdade ajuda!" Nenhum homem jamais perdeu ao enfren-tar as completas evidências da verdade (cf. Jo 1:14-19; 3.21; 4.24; 14.6).

Ela agora aclamava aquele que primeiro considerou ser apenas um judeu (4.9). Se-nhor, vejo que és profeta (19). "Esse tipo de conhecimento, e não meramente uma previsão, é a principal característica dos profetas".31 Neste diálogo existe um excelente exemplo da progressão dos ensinos em estágios — a água (4.7), a água viva (4.10), uma fonte de água (4.14). Eles acompanham uma progressão na compreensão da natureza de Jesus — um judeu (4.9), um profeta (4.19), o Cristo (4,29) (cf. Jo 9:11-17, 38).

Tendo admitido o conhecimento de Jesus a seu respeito, a mulher rapidamente mudou o assunto da conversa para um tema que seria mais seguro para ela, e ao mesmo tempo estaria no âmbito de um profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar (20). Esta afirmação reflete um apelo à própria religião que ela professava. Nossos pais adoraram neste monte. Isto reflete também uma tentativa de usar as diversidades e as divisões dentro da religião. A expressão e vós dizeis funciona como uma desculpa para os seus próprios fracassos na vida. Este é um antigo padrão que é utilizado até mesmo em tempos modernos.

Neste monte. O Monte Gerizim tinha um papel significativo na tradição dos samaritanos. Aqui "Abraão preparou o sacrifício de Isaque, e aqui também... ele encon-trou Melquisedeque... e no Pentateuco samaritano, Gerizim, e não Ebal, é a montanha onde se erigiu o altar (Dt 28:4) "."

A questão sobre onde adorar foi respondida pela clássica frase de Jesus sobre a natureza da verdadeira adoração, relacionada com a sua missão. A expressão a hora vem (21,23) deve ser interpretada em termos do seu completo sacrifício, que tornaria possível a verdadeira adoração (cf. Jo 2:4-7.30; 8.20; 12.23; 13 1:17-1). A hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai (21). Esta afirmação também está relacionada com a destruição dos próprios templos dedicados à adoração. O Templo de Jerusalém foi destruído em 70 d.C., e Hircano tinha destruído o templo dos samaritanos em Gerizim em 129 a.C.

Vós adorais o que não sabeis (22). Os samaritanos rejeitavam todo o Antigo Testa-mento, exceto o Pentateuco. A avaliação de Jesus da inferioridade dos seus ritos e adora-ção se reflete no uso do termo neutro o que. O objeto da sua adoração era impessoal, pouco compreendido e vago, não apenas para a mulher, mas também para todos os da sua nação. Não existe uma adoração genuína baseada na ignorância ou no que não se conhe-ce. Tais práticas levam ao fanatismo ou ao legalismo humanístico. Por outro lado, os ju-deus, com quem Jesus se identificava, são reconhecidos como o instrumento da revelação de Deus: Nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus (22).

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem (23). Agora é o momento para que as antigas formas, limitadas em termos de lugar e de nação, sejam transformadas em uma adoração que é ao mesmo tempo pessoal, em espí-rito, e inteligente, em verdade. "Adorar em espirito significa que nós entregamos as nossas vontades à vontade de Deus, os nossos pensamentos e planos aos que Deus tem para nós e para o mundo... Em verdade significa que não estamos adorando uma "ima-gem" de Deus, feita segundo as nossas próprias idéias... somente Cristo nos apresentou ao Deus 'verdadeiro' ou real"?' A palavra-chave em toda esta idéia é Pai. Ele é o Objeto de adoração e aquele que procura os que o adoram em espírito e em verdade. "Quando Deus se revelar como o Pai universal... as limitações de espaço estarão acabadas e tanto o conhecimento quanto a adoração a Deus serão mediados por meios puramente espiri-tuais"." A natureza do objeto de adoração, Deus é Espírito (24; cf. 1 Jo 1:5-4.8), deter-mina as condições necessárias para a adoração. Importa que os que o adoram o ado-rem em espírito e em verdade (24).

A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo (25). A expectativa messiânica samaritana não se base-ava na grande riqueza de predições dos profetas, porque eles só aceitavam o Pentateuco. As esperanças deles provavelmente se baseavam em Escrituras como Gênesis 3:15 e Deuteronômio 18:15. A menção que a mulher faz do Messias, "O Ungido", abriu a porta para a grande auto-revelação de Jesus. Eu o sou, eu que falo contigo (26), ou, literal-mente, "Eu sou, este que está falando com você". Esta é a primeira ocorrência da expres-são "Eu sou", que Jesus usa muitas vezes no Evangelho de João para revelar a sua verdadeira natureza. Algumas delas são afirmações diretas como esta (e.g., 6.20; 8.24, 58). Outras aparecem metaforicamente (e.g., 6.35; 8.12; 14.6). A expressão, em uma ou outra forma, aparece 27 vezes no Evangelho de João. A forma em grego é ego eimi, e é a primeira pessoa do singular, no presente do indicativo do verbo eimi, que transmite a idéia da existência essencial ou do ser. A existência pessoal é intensificada pelo uso do pronome pessoal da primeira pessoa do singular, ego. Isto assume um tremendo signifi-cado quando comparado com a auto-revelação de Deus para Moisés como "Eu sou" (Êx 3:14). Jesus estava dizendo para aquela samaritana: "Este que está falando com você é o `Eu sou', o próprio Deus!" Assim terminou a conversa, e adequadamente, porque já não havia nada mais a dizer. O próprio Deus havia falado.

E nisso vieram os seus discípulos e maravilharam-se de que estivesse fa-lando com uma mulher; todavia, nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela? (27) A surpresa dos discípulos não teve como causa a nacionalidade da mulher nem o seu caráter, porque eles nada sabiam sobre o seu passado. Eles se surpreenderam porque Jesus estava falando com uma mulher. "Um homem não deveria ter uma conversa com uma mulher na rua, nem mesmo com a sua própria esposa, menos ainda com qualquer outra mulher, para que os homens não o caluniassem".' Os discípu-los não fizeram perguntas. Não há necessidade de fazer perguntas a alguém em quem se confia.

A conversa terminara, mas para esta mulher uma nova vida havia começado. A nova vida era marcada por três coisas. A primeira era o abandono da vida antiga, uma religião sem significado, uma sede nunca satisfeita — ela deixou... o seu cântaro (28). Ela já não precisava mais dele, porque agora tinha dentro de si uma inesgotável fonte de água (4.14). A segunda, o seu testemunho era pessoal e produtivo. Ela disse aos homens da cidade: Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito... Saíram, pois, da cidade e foram ter com ele (29-30; cf. 39,42). Finalmente, a pergunta que ela fez aos seus ouvintes era uma mostra da sua própria surpresa e de sua ligeira dúvida -"Não é este o Cristo?" (4.29). A pergunta também serviu para levantar uma importante questão na mente dos homens da aldeia.

O fato de a mulher ter deixado o seu cântaro na fonte sugere que ela deixou todo o seu antigo modo de vida. Uma mensagem intitulada "Abandonando a vida antiga" pode-ria ser estruturada sobre três idéias: 1. Uma nova fonte de alegria e de vida (14) ; 2. Uma nova testemunha (29-31) ; 3. Da desgraça moral à vida produtiva (18,39-42).

4. Os Novos Campos de Colheita (4:31-42)

A conversa entre Jesus e a samaritana começou com a sede física e terminou com a dádiva da água da vida. Então, aqui o apetite físico — Rabi, come (31) — fornece a oportunidade para ensinar os discípulos sobre a verdadeira satisfação das necessidades mais profundas da vida. Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis.... A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra (32, 34). Para que o Filho cumpra a sua missão, Ele precisa obter força do Pai, que o enviou (cf. Jo 5:19-26; 6.57; 8.29). Esta comida divina, com a qual o Filho vive, tem uma dupla natureza. Primeiramente, é fazer a vontade daquele que... enviou o Filho (cf. Sl 40:8; Hb 10:7-10). É evidente que a vontade de Deus é prover e convocar os homens para uma vida santificada (1 Ts 4.3). Em segundo lugar, é a vontade de Deus que o Filho "realize a sua obra" (34, tradução literal; cf. 17;4). "A sua missão é não somente a de ensinar ou de 'anunciar', mas a de realizar a obra da salvação do homem; i.e.,... de reali-zar a transformação de água em vinho, de erigir o novo templo, de trazer (por meio da sua vinda e ascensão) a possibilidade do nascimento +k pne+matoo, de dar a água viva que jorra para a vida eterna — em uma palavra, de abrir para a humanidade uma vida verdadeiramente espiritual ou divina"."

Realizar a sua obra necessariamente envolve olhar a tarefa de uma forma atenci-osa e realista. Uma mulher samaritana tinha vindo, mas lá fora estão as terras que já estão brancas para a ceifa (35). A nação como um todo estava necessitando da dádiva da vida eterna, e já estava pronta para ela. Postergá-la ou atrasá-la intencionalmente é algo fora da realidade. "Não dizeis vós que ainda há quatro meses até que venha a ceifa?" A hora é agora! Se esta geração deve receber o evangelho, esta geração deve levá-lo até o povo.

Se deve haver uma colheita, também deve haver a semeadura, assim como a ceifa, e ambas envolvem um trabalho árduo. Aquele que semeia vê a promessa do final no come-ço; aquele que ceifa percebe os resultados do começo no final. Então ambos se regozi-jam (36), pois o fruto do seu trabalho mútuo é a vida eterna (36). "Não há necessidade de falar, neste contexto, de um antes e um depois, deste homem ou daquele, pois todo o trabalho parecerá um só" (cf. 17:20-23).' Embora exista uma divisão de trabalho — um é o que semeia, e outro, o que ceifa (37) — há uma unidade, pois o produto final é um só. Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho (38). "Todos, sendo ceifeiros, merecem a recompensa que estão recebendo, a partir do trabalho de outros"?'

O perfeito exemplo da seara é encontrado naquilo que aconteceu em Samaria. A mulher testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito (39), com o resultado de que muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele pela (lit., "por causa da") palavra da mulher (39). A semeadura, um testemunho pessoal, produziu frutos, a fé nele. Tal foi o impacto do testemunho da mulher que os samaritanos vieram ver Jesus, e rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias (40).

Por mais importante que o testemunho seja quando procuramos trazer as pessoas a Cristo, ele é, em última análise, apenas um meio de se atingir este objetivo. Cada homem tem de chegar a sua própria confrontação final sobre onde se baseia a sua fé, não no que outra pessoa disse, mas em Cristo e na sua Palavra eterna. Assim foi com estes homens. E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra. E diziam à mulher: Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo (41-42). O que aconteceu aqui foi, ao mesmo tempo, intensamente pessoal -nós cremos... nós mesmos o temos ouvido... sabemos — e caracterizado pela des-truição das barreiras do nacionalismo e do sectarismo religioso. Eles reconheceram a este em quem creram como sendo o Salvador do mundo (42), não apenas um Messi-as para os samaritanos. O primeiro e o último pensamento daquele que crê em Cristo é a missão com alcance mundial.

5. Um Novo Nível de Fé (4:43-54)

Dois dias depois, partiu dali e foi para a Galiléia (43). Os dois dias se refe-rem a sua estada em Samaria (40), e dali a sua saída de Samaria. Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria (44). A sua própria pátria foi interpretada com o seguinte significado: 1. A Galiléia em ge-ral; 2. Nazaré; 3. A baixa Galiléia, não incluindo Cafarnaum; 4. A Judéia. Os três pri-meiros parecem significados improváveis em João, à luz de Jo 1:11 e Jo 7:41-42. A Judéia parece ser o significado mais provável. Westcott escreve: "O Senhor não tinha sido recebido com a devida honra em Jerusalém. A sua reivindicação messiânica não tinha sido bem-vinda. Ele não confiava a si mesmo os judeus dali, e foi forçado a partir. Se muitos o seguiram, podemos estar certos de que não eram os representantes do povo, e a sua fé repousava nos milagres"."

Em contraste com esta resposta artificial e a rejeição final na Judéia, estava a recepção de braços abertos no Norte. Os galileus o receberam, porque viram to-das as coisas que fizera em Jerusalém no dia da festa; porque também eles tinham ido à festa (45).

Ao apresentar o cenário do acontecimento que será descrito, o autor faz menção do primeiro milagre que Jesus realizou em Caná da Galiléia, onde da água fizera vi-nho (46). Isto parece ser um convite para comparar os dois milagres, e eles realmente têm semelhanças intrigantes. Ali (Jo 2:1-11), o relato está centrado na água que se torna vinho; aqui (49) o quase morto volta à vida. Ali é a fé da mãe de Jesus que consegue o milagre; aqui, é a fé do oficial. Os dois acontecimentos passam da tristeza para a alegria, e se tornam a razão para que os outros creiam — ali, os discípulos (2.11), aqui o oficial e toda a sua casa (53).

E havia ali um oficial do rei, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum (46). Segundo Arndt e Gingrich, a palavra traduzida como oficial poderia se referir a "um parente da família real (de Herodes) ", mas provavelmente se refere a "um oficial real".'

As narrativas dos milagres de Jesus em Jerusalém (2,23) tinham evidentemente chegado antes dele à Galiléia, e o primeiro milagre em Caná sem dúvida fora o assunto de muitas conversas em Cafarnaum, que ficava a somente 24 quilômetros (ver o mapa 1). Assim, este oficial, ouvindo... que Jesus vinha da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele e rogou-lhe que descesse e curasse o seu filho, porque já estava à morte (47). A palavra traduzida como foi significa literalmente "ele se foi", indicando que o pai deixou o filho, doente como estava, para ir fazer o seu pedido a Jesus. O verbo rogou está no imperfeito no texto grego, indicando um pedido repetido e continuado.

A resposta de Jesus, embora aparentemente uma recusa, na realidade era um teste para a fé do oficial. Se não virdes sinais e milagres, não crereis (48). Esta é uma questão inquisitiva. Os sinais e milagres são o motivo ou o resultado da fé? Este aconte-cimento espetacular, o milagre, é a experiência estática de uma coisa a ser buscada por si mesma? É o produto de uma fé dinâmica e devidamente embasada, ou é a porta aberta para ela? Ou seja, a fé nele e na sua Palavra? Em João, a palavra milagres aparece somente aqui. As duas palavras, sinais e milagres, combinadas "assinalam os dois principais aspectos do milagre: o aspecto espiritual, pois sugerem alguma verdade mais profunda do que aquela que o olho vê, para o qual eles são, de alguma maneira, símbolos e garantias; e o aspecto externo, pois a sua estranheza arrebata a atenção"»

O apelo renovado do oficial baseou-se na questão da vida e da morte. Ele não estava preparado para entrar em uma discussão teológica quando a sua necessidade imediata parecia tão grande. Senhor, desce, antes que meu filho morra (49). A resposta de Jesus foi um teste ainda maior à fé do homem. Vai, o teu filho vive (50). O oficial viera buscar Jesus (47,49) ; agora tudo o que ele obtinha era a promessa de vida para o seu filho. Ele poderia crer, não tendo visto? (cf. 20.29). É possível confiar na Palavra de Deus sem hesitação? Este homem fez isso! E o homem creu na palavra que Jesus lhe disse e foi-se (50). A sua fé sem hesitação é enfatizada pelo tempo do verbo ser, foi-se, que poderia ser traduzido literalmente como "ele tomou o seu caminho".

Os versículos 51:53 são uma espécie de epílogo para certificar o que já havia sido realizado. O relato dos servos para o oficial: O teu filho vive (51) aparece nos melho-res manuscritos como um discurso indireto — literalmente "que o seu filho estava vivo". O que Jesus havia prometido se cumprira com exatidão! Assim como o teste para a fé do oficial foi feito uma segunda vez, assim também a certificação foi assegurada, sem quaisquer dúvidas. A pergunta do pai sobre a hora em que o filho se achara melhor (52) revela o fato de que era aquela hora a mesma em que Jesus lhe disse: O teu filho vive (53). O que tinha sido a crença na promessa específica de Jesus (50) agora adquire um aspecto mais profundo e amplo da fé pessoal. E creu ele, e toda a sua casa (53).

Jesus fez este segundo milagre [sinal] quando ia da Judéia para a Galiléia (54). A observação da série de sinais em Caná da Galiléia serve para marcar as visi-tas de Jesus ali, que estão relacionadas e intercaladas com viagens a Jerusalém (cf. Jo 2:11-13; 4.3).

Em Jo 4:46-54, encontramos: 1. O nosso Senhor lamentando uma fé inadequada (46-48) ; 2. O nosso Senhor testando, e conseqüentemente fortalecendo, uma fé crescente (49-50) ; 3. Cristo ausente recompensando uma fé que fora testada (51-53). (Alexander Maclaren)


Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de João Capítulo 4 do versículo 1 até o 54
*

4.1-42

O pano de fundo deste incidente é o profundo desprezo que os judeus e os samaritanos sentiam uns pelos outros (v. 9). Não é surpresa que os samaritanos respondessem com inimizade aos judeus. Quando viajavam entre a Galiléia e a Judéia, muitos judeus atravessavam o Jordão, de preferência a passarem por Samaria. Jesus não seguiu esta prática (Lc. 9.52).

* 4:6

Cansado. Jesus sentiu fadiga e mesmo exaustão, por causa de sua natureza humana (Mt 8:24). Ver "A Humanidade de Jesus", em 2Jo 7.

hora sexta. Meio-dia.

* 4:9

os judeus não se dão com os samaritanos. Esta frase poderia ser traduzida também como "os judeus não usam nada em comum com os Samaritanos", referindo-se à legislação que proíbe aos judeus comer ou beber com os samaritanos, que eram mais relaxados na sua maneira de entender o ritual da purificação. A surpresa não foi tanto pelo fato de Jesus estar falando com a samaritana, mas pelo fato de ele beber (água) de um recipiente samaritano.

* 4:10

o dom de Deus. Esta expressão dá ênfase ao fato de que a salvação não é merecida, mas dada (Ef 2:8). O próprio Jesus é o dom de Deus (3.16; Gl 2:20; Ef 5:25).

água viva. No Antigo Testamento, água viva ou corrente era empregada figurativamente como referência à atividade divina (Jr 2:13; Zc 14:8. Ver também v. 14 e 7:37-39).

* 4:11

Como os judeus e Nicodemos antes dela, a mulher samaritana não compreendeu os termos chaves que Jesus usa (v. 15; 2:19-21; 3:3-10).

* 4:13

tornará a ter sede. Jesus contrasta a satisfação transitória com a satisfação eterna, ensinando que todos os prazeres terrenos, mesmo quando legítimos, se desvanecem.

* 4:14

Aqui "eu lhe der" expressa a origem divina da bênção, "uma fonte a jorrar", refere à sua grande abundância; "para a vida eterna" significa duração sem fim.

* 4:18

cinco maridos já tiveste. O conhecimento da vida anterior da mulher samaritana é idêntico ao conhecimento que Jesus revelou a respeito de Natanael (1.48).

* 4:20

Nossos pais adoravam neste monte. Algum tempo depois de o reino do Norte cair sob a Assíria (721 a.C.), uma ruptura surgiu entre os judeus, em Jerusalém, e os israelitas que viviam em Samaria. Estes samaritanos, posteriormente, construíram um templo no Monte Gerizim, que foi destruído cerca de 130 a.C.. Eles continuam a cultuar no Monte Gerizim, mesmo nos tempos modernos.

* 4:23

vem a hora e já chegou. Ver 6.25. Logo virá o tempo em que as divisões entre Judeus e Samaritanos serão removidas (v. 21) e o culto do templo será substituído. O tempo "já chegou" porque Jesus está presente e começou a obra que conduz à presença do Espírito Santo na igreja (7.39; 20.22).

* 4:24

importa que... o adorem em espírito e em verdade. O "verdadeiro" culto é contrastado com o culto regulado pelas disposições temporárias da lei, especialmente a separação entre judeus e gentios e as exigências do culto no templo de Jerusalém. Os aspectos cerimonial e sacrificial da lei não eram falsos; eram temporários e provisórios. O culto "em espírito" é o culto no Espírito Santo. Ele continua a obra começada por Jesus (14.16-18; At 2:33). Marcas proeminentes da era do Espírito são a remoção da barreira entre judeus e gentios, e a capacidade de os cristãos adorarem sem necessidade de templo de qualquer espécie.

* 4:26

Eu sou. Esta é uma ocasião antes do seu julgamento, quando Jesus é citado apresentando-se como o Messias. Talvez insinuações políticas associadas a este título desaconselhassem Jesus a empregá-lo com mais freqüência (conforme 6.14,15).

* 4:27

se admiraram. A atitude dos discípulos reflete tanto o desprezo dos judeus pelos samaritanos como o chauvinismo machista que considerava o ensinar a uma mulher como perda de tempo.

* 4:30

Saíram. O testemunho da mulher foi mais eficiente do que a visita dos doze apóstolos.

* 4:37

Um é o semeador, e outro é o ceifeiro. Jesus torna claro que seus discípulos têm uma responsabilidade diferente da sua. Eles colherão o que Jesus semeou. A frase pode antecipar deliberadamente o que ocorre em 12:23-24.

* 4:42

o Salvador do mundo. Eles reconheceram que Jesus era mais do que um profeta (vs. 19,29,39); ele é o Salvador (1Jo 4:14).

* 4:44

um profeta não tem honras na sua própria terra. "Sua própria terra" é provavelmente a Galiléia mais do que a Judéia (conforme v. 3). A Galiléia é considerada como sendo o lugar de origem de Jesus, neste Evangelho (1.46; 2.1; 7.42,52). Ainda que os galileus o tenham recebido (v. 45) o texto indica que Jesus foi desprezado por eles, porque tinham necessidade de ver “sinais e prodígios", para crer (v. 48; ver Introdução: Dificuldades de Interpretação).

* 4:46

oficial do rei. Um oficial a serviço de Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia (conforme Mt 14:1-12; Lc 23:7).

* 4:50

teu filho vive. Esta foi uma expressão de poder para curar e não meramente uma profecia de que ele se recuperaria.

* 4:52

à hora sétima. Uma hora da tarde.

* 4:54

segundo sinal. Embora Jesus tenha realizado muitos outros sinais (2.23), este é o segundo que teve lugar em Caná da Galiléia (conforme 2.11). A repetição, por três vezes, da expressão "teu filho vive" (vs. 50, 51,
53) mostra o propósito do sinal, que é revelar que Jesus tem poder para dar a vida. Correspondendo a esta repetição é a progressão da fé do oficial (vs. 48,50,53). Este enfoque sobre a vida através do poder da palavra de Jesus prepara o leitor para o discurso seguinte sobre a vida através do Filho (5.19-30).



Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de João Capítulo 4 do versículo 1 até o 54
4.1-3 Já tinha surto a oposição contra Jesus, em especial de parte dos fariseus. sentiam-se molestos com a popularidade e a mensagem de Cristo que contradizia muitas de seus ensinos. Como Jesus logo que começava seu ministério, não era o momento de enfrentar-se abertamente a aqueles líderes, por isso deixou Jerusalém e viajou ao norte, a Galilea.

4:4 Depois que o reino do norte, com seu capital Samaria, caiu em mão dos assírios, deportaram muitos judeus a Assíria e trouxeram estrangeiros para que se estabelecessem ali e ajudassem a manter a paz (2Rs 17:24). Do matrimônio entre aqueles estrangeiros e quão judeus ficaram surgiu uma raça mista, impura na opinião de quão judeus viviam no Judá, o reino do sul. Os judeus puros odiavam essa raça mista, que eram os samaritanos, porque sentiam que traíram a sua gente e a sua nação. Os samaritanos estabeleceram um lugar alterno de adoração no monte Gerizim (2Rs 4:20) paralelo ao templo de Jerusalém, destruído cento e cinqüenta anos atrás.

Os judeus faziam todo o possível por não viajar através da Samaria. Mas Jesus não tinha motivos para viver com sortes restrições culturais. A rota através da Samaria era mais curta e essa foi a que tomou.

4.5-7 O poço do Jacó estava situado dentro da propriedade que tinha pertencido ao Jacó (Gn 33:18-19). Não era um poço de manancial, mas sim a água se acumulava no fundo quando caía a chuva e o rocio. Os poços principalmente estavam localizados nos subúrbios da cidade, junto aos caminhos principais. Duas vezes ao dia, na manhã e na tarde, as mulheres foram tirar água. Esta mulher foi ao meio dia, possivelmente para não encontrar-se com outras pessoas devido a sua reputação. Aqui Jesus deu a esta mulher uma mensagem extraordinária sobre o água pura e fresca que pode satisfazer a sede espiritual para sempre.

4.7-9 Esta mulher (1) era samaritana, membro da odiada raça mista, (2) tinha uma má reputação, e (3) estava em um lugar público. Nenhum judeu respeitável lhe falava com uma mulher baixo estas circunstâncias. Mas Jesus o fez. O evangelho é para todos, sem importar raça, posição social nem pecados cometidos. Devemos estar preparados para estender seu Reino em todo tempo e em qualquer lugar. Jesus cruzava qualquer barreira por pregar as boas novas e, quem o sigo, não podemos fazer menos.

4:10 O que quis dizer Jesus com "água viva"? No Antigo Testamento muitos versículos se referem à sede de Deus como sede de água (Sl 42:1; Is 55:1; Jr 2:13; Zc 13:1). A Deus lhe chama manancial da vida (Sl 36:9) e manancial de águas vivas (Jr_17:13). Ao dizer que podia dar água viva que saciaria para sempre a sede, Jesus declarava ser o Messías. Solo o Messías poderia dar este presente que satisfaz a necessidade da alma.

4.13-15 Muitas coisas espirituais têm seu paralelo nas físicas. Assim como nosso corpo padece de fome e sede, também nossas almas. Mas nossas almas necessitam água e alimento espirituais. A mulher confundiu as duas classes de água porque é muito possível que ninguém lhe tivesse falado antes da fome e a sede espirituais. Não privamos a nossos corpos de comida e água quando os requerem. por que o fazemos com nossas almas? A Palavra vivente, Jesucristo, e a Palavra escrita, a Bíblia, podem satisfazer a fome e a sede da alma.

4:15 A mulher acreditava erroneamente que se recebia a água que Jesus lhe oferecia, não teria que voltar para poço cada dia. Estava interessada na mensagem do Jesus porque pensava que lhe brindava uma vida fácil. Mas se esse fosse sempre o caso, a gente aceitaria a mensagem de Cristo por razões impróprias. Cristo não deveu tirar as dificuldades, a não ser a trocar nosso interior e a nos dar poder para enfrentá-los da perspectiva de Deus.

4:15 A mulher não entendeu de repente o que Jesus dizia. Costa aceitar algo que modifica a base fundamental de nossa vida. Jesus lhe deu tempo para que fizesse perguntas e que juntasse as peças ela mesma. Pregar o evangelho não sempre significa obter resultados imediatos. Quando convidar às pessoas a que permita que Jesus troque sua vida, conceda tempo para que valore o assunto.

4.16-20 Quando esta mulher se deu conta de que Jesus conhecia sua vida privada, em seguida trocou de tema. Freqüentemente a gente se sente molesta quando se fala de seus pecados ou problemas e procura passar a outro assunto. Se alguém nos fizer isso, devêssemos represar de novo a conversação para Cristo. Sua presença tira a luz o pecado e molesta às pessoas, mas só Deus pode perdoar pecados e dar vida nova.

4.20-24 A mulher pôs em discussão um tópico teológico popular: o melhor lugar para adorar. Mas sua pergunta era uma cortina de fumaça para proteger sua profunda necessidade. Jesus conduziu a conversação para um ponto mais importante: a localização do adorador não é nem remotamente mais importante que a atitude do adorador.

4.21-24 "Deus é Espírito" significa que o espaço físico não o limita. Está presente em todo lugar e pode adorar-se em qualquer lugar, a qualquer hora. Não é onde adoramos o que conta, a não ser como adoramos. É nossa adoração em espírito e na verdade? Tem a ajuda do Espírito Santo? Como nos ajuda o Espírito Santo na adoração? O Espírito Santo intercede por nós (Rm 8:26), ensina-nos as palavras de Cristo (Jo 14:26) e nos ajuda a nos sentir amados (Rm 5:5).

4:22 Quando Jesus disse "a salvação vem dos judeus", manifestava que solo por meio do Messías, um judeu, o mundo acharia salvação. Deus prometeu que através da raça judia todas as nações seriam bentas (Gn 12:3). Os profetas do Antigo Testamento declararam que os judeus seriam luz às nações do mundo ao lhes levar o conhecimento de Deus, e anunciaram a vinda do Messías judeu que deveria salvar à nação e ao mundo. A mulher que estava junto ao poço sabia estas coisas, por isso esperava a vinda do Messías. Mas não lhe ocorreu que falava com O!

4:34 A "comida" a que Jesus se refere é o alimento espiritual. Inclui mais que estudo bíblico, oração ou assistência à igreja. Também nos alimentamos fazendo a vontade de Deus e ajudando a que a obra de salvação se complete. Não só nos alimentamos com o que ingerimos, mas também com o que damos em nome de Deus. Em 17.4, Jesus se refere a acabar o trabalho de Deus na terra.

4:35 Algumas vezes os cristãos se desculpam para não atestar a familiares ou amigos dizendo que estes não estão preparados para acreditar. Jesus, entretanto, esclarece que ao redor de nós há uma colheita contínua que espera a ceifa. Não espere que Jesus o encontre desculpando-se. Olhe a seu redor. Achará gente lista para ouvir a Palavra de Deus.

4.36-38 As recompensas que Jesus oferece são a alegria de trabalhar para O e ver a colheita de crentes. Pelo general, o sembrador não vê a não ser a semente, enquanto que o colhedor vê os grandes resultados da semeia. Mas na obra do Jesus, ambos serão recompensados ao ver novos crentes entrar em Reino de Deus. A frase "outros lavraram" (4,38) possivelmente se refira ao Antigo Testamento e ao João o Batista, que preparou o caminho para o evangelho.

4:39 A mulher samaritana contou imediatamente sua experiência a outros. Sem lhes importar sua reputação, muitos aceitaram seu convite e foram ao encontro do Jesus. Talvez tenha pecado em nosso passado de que estamos envergonhados, mas Cristo nos troca. Quando a gente vê estas mudanças, move-a a curiosidade. Use estas oportunidades para lhes apresentar a Cristo.

4.46-49 Este oficial do rei era possivelmente um oficial ao serviço do Herodes. Caminhou uns trinta e dois quilômetros para ver o Jesus e se referiu ao como "Senhor", ficando sob seu mando embora tinha autoridade legal sobre O.

4:48 Este milagre era mais que um favor a aquele oficial: era um sinal para todo mundo. O Evangelho do João está dirigido a toda a humanidade para que criam no Senhor Jesus Cristo. Aquele funcionário do governo tinha a certeza de que o que Jesus dissesse podia realizar-se. Acreditou, e viu um sinal maravilhoso.

4:50 O oficial não só acreditou que Jesus podia sanar, mas sim lhe obedeceu quando lhe disse que se fora a sua casa, demonstrando assim sua fé. Não é suficiente dizer que acreditam que Jesus pode fazer-se carrego de nossos problemas. Precisamos atuar em conseqüência. Quando orar por uma necessidade ou problema, cria que Jesus pode fazer o prometido.

4:51 Os milagres do Jesus não foram simples iluda produtos do otimismo. Apesar de que o oficial tinha a seu filho a trinta e dois quilômetros de distância, sanou quando Jesus o disse. A distância não era um problema porque Cristo domina o espaço. Nunca poderemos pôr muita distância entre nós e Cristo ao grau que não possa nos ajudar.

4:53 Note como se desenvolveu a fé do oficial. Primeiro, acreditou o suficiente para ir pedir lhe ajuda ao Senhor. Segundo, acreditou na segurança das palavras do Jesus de que seu filho sanaria e atuou em correspondência. Terceiro, ele e toda sua casa acreditaram no Jesus. A fé é um presente que se desenvolve na medida que o usamos.


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de João Capítulo 4 do versículo 1 até o 54
F. JESUS ​​ea mulher samaritana (4: 1-26)

1 Quando, pois, o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que Jo 2:1 (ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos), 3 deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia. 4 E ele tem que passar por Samaria. 5 Então ele vem para uma cidade de Samaria, chamada Sicar, perto da parte do campo que Jacó dera a seu filho José: 6 e poço de Jacó estava lá. Jesus, pois, cansado da viagem, sentou-se assim junto do poço. Era cerca da hora sexta. 7 Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber 8 . Pois seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida 9 então a mulher samaritana lhe disse: , Como é que tu, sendo judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos.) 10 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tivesses conhecido o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber; tu lhe terias pedido dele, e ele te daria água viva. 11 A mulher disse-lhe: Senhor, tu não tens com que tirá-la, eo poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? 12 És tu maior ? que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e seus filhos, e seu gado 13 Jesus respondeu, e disse-lhe: Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede; 14 mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna. 15 A mulher disse-lhe: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, nem venha aqui tirá-la. 16 Disse-lhe Jesus. Vai, chama o teu marido e vem cá. 17 A mulher respondeu, e disse-lhe: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Tu disseste bem, eu não tenho marido: 18 para tiveste cinco maridos; ea quem tu agora tens não é teu marido: isto disseste tu verdadeiramente. 19 A mulher disse-lhe: Senhor, vejo que és profeta. 20 Nossos pais adoraram neste monte; e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. 21 Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém, vós vos adorar o Pai. 22 Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus. 23 Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade:. para tal levará o Pai procura para seus adoradores 24 Deus é Espírito, e os que . adoradores o adorem em espírito e em verdade 25 A mulher disse-lhe: Eu sei que vem o Messias (que se chama Cristo.): quando ele vier, ele vai declarar a nós todas as coisas 26 Jesus disse-lhe: I que falar a ti sou ele .

A cidade de Samaria foi fundada por Omri, o sexto rei do Reino de Israel e do chefe de uma dinastia de quatro reis. Ele foi localizado em uma colina de 400 metros nas terras altas centrais palestinos e deu o seu nome ao território circundante. Ele também deu seu nome para as pessoas que habitavam o território. Ele sofreu todas as vicissitudes da terra dos judeus, mas continuou a sobreviver. No tempo de Jesus na terra de Samaria foi anexada à Judéia como um único território sob Tetrarchs do Império Romano. Como resultado da mudança de populações trazidas pelos assírios, com a queda do Reino do Norte, em 721 AC , os samaritanos se tornou de sangue misturado. Em algum momento depois da restauração em 536 AC e à recusa dos judeus para compartilhar com eles a reconstrução do Templo de Jerusalém, um templo rival foi construído no Monte Gerizim, a sudeste da cidade de Samaria curta distância. O Pentateuco serviu como suas Escrituras. Aparentemente, o culto foi realizado lá na época de Cristo.

A mulher de Samaria provavelmente veio do interior de Samaria, em vez de partir da cidade com esse nome. A cidade de Sicar, perto do qual estava o poço de Jacó, onde conversa da mulher com Jesus ocorreu, provavelmente, deve ser identificado com Siquém. Sicar não é mencionado no Antigo Testamento. O campo dada a José por Jacó é, sem dúvida, a parte extra ou "encosta de montanha", que Jacó deu a José acima do que ele deu os outros filhos (Gn 48:22 ).

Diz-se que a rota usual tomada por judeus da Judéia para a Galiléia era a leste do rio Jordão, um desvio ao redor de Samaria. Porque os samaritanos eram de raça mista e adorado em um templo rival, eles eram piores do que os pagãos nas mentes dos judeus e não para ser associado. "Dog" era um nome comum para eles.

Jesus deixou a Judéia, neste momento, aparentemente para evitar mais comparações entre ele e João Batista nas mentes das pessoas. João tinha o registro em frente ao anunciar Jesus como o Messias e se não mais do que uma voz desaparecendo, embora os judeus teria prolongado a discussão sobre os dois batismos. O encontro tinha sido rentável, mas não havia nenhum ponto em Jesus "manter viva a questão, permanecendo em cena. Ele saiu e foi para a Galiléia.

Jesus tomou a rota através de Samaria, porque Ele queria ministrar às pessoas daquela província. Seja por acidente ou por design, ele conheceu uma mulher que veio para o bem da comunidade para obter o abastecimento de água da família. Ela provou ser um bom ouvinte e um propagandista pronto ou testemunha. Este encontro de Jesus com a mulher foi uma das mais bem sucedidas missões gravadas por João, tanto em termos de recepção pronto da mensagem de Cristo e na apreciação com que foi recebido.

Jesus escolheu um momento oportuno para se chegar ao bem, quando as mulheres estariam lá, em vez de os homens com os rebanhos. O dia estava quente, e Ele estava visivelmente quente e cansado. Ele se aproveitou da situação para abrir uma conversa, perguntando a mulher para um copo de água. Os discípulos tinham ido à cidade (Sicar-Siquém) para alimentos; Jesus pode ter enviado eles. Ele ea mulher foram deixados sozinhos. Seu discurso, e talvez até mesmo o Seu vestido, traiu como judeu, e a surpresa da mulher foi imediatamente evidente. Como é que tu, sendo judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? João acrescentou o comentário que os judeus não tinha relações com os samaritanos. Além das barreiras raciais e religiosos, e em parte por causa deles, as mulheres samaritanas eram considerados impuros, e um homem que, tanto quanto falou com um deles foi contaminado por ela. Ao falar com ela Jesus corria o risco de ser considerada impura por aqueles que o conheceram; mas Ele também mostrou que Ele considerou cerimonial religião ineficaz para lidar com sua condição moral e espiritual real. Não é de admirar que Ele era capaz de obter a atenção da mulher ao mesmo tempo. Ela estava muito espantado para obter a água que ele havia pedido.

Jesus logo revelou que a água não era o que ele queria. Ele estava à procura de uma abertura para a Sua mensagem, e ele começou a discursar sobre a água da vida. Ele se ofereceu para dar-lhe água viva, a água da vida eterna. E como Nicodemos, ela era incapaz de compreender mais do que o primeiro significado de suas palavras. No entanto, ela parecia estar tateando em busca de significado oculto. Esse homem tem alguns meios especiais de tirar água de um poço tão profundo? Ou será que ele provar ser um homem maior do que Jacó (que tinha fornecido o bem) e abastecimento de água de alguma outra forma? (V. 11-12 ). Ignorando o possível nota de sarcasmo em seu discurso, Jesus disse-lhe que a água que Ele daria a ela traria para sua vida eterna. Poço de Jacó água pode saciar apenas a sede física e ajudar a sustentar a vida física. A água que Jesus ofereceu iria matar a sede da alma e produzir a vida que seria eterna. O poço de água representou o ceremonialism Velho; Jesus estava trazendo na nova era da graça. Ele ofereceu a sua vida a partir de cima, a vida do Espírito, assim como Ele teve a Nicodemos, a quem Ele falou em termos do novo nascimento.

A vida eterna tem qualidades morais, bem como qualidades de extensão além do tempo. Jesus tentou fazer valer esta verdade sobre a mulher, pois Ele tinha visto seu coração começando a se abrir, a fé começa a tomar conta de suas palavras. Na única língua que ela sabia que ela pediu para a água, não só para si, mas para os outros, para a sua água era para ser compartilhado-as bem servidas todas as pessoas da comunidade e até mesmo viandantes como Jesus. Senhor, dá-me dessa água , que não mais tenha sede, nem venha aqui tirá-la. Jesus não disse, como se poderia esperar, "Eu sou a água da vida." Em outras ocasiões Ele afirmava ser o pão da vida e à luz do mundo. Mas, neste caso, Ele estava se dirigindo a alguém que tinha começado a sondar além da analogia já feita entre o poço de água e a água prometeu. Ela tinha começado a ver o religioso, mesmo espiritual, significado em que Jesus estava dizendo. E a linguagem não precisava ter sido desconhecido para ela, ela pode ter sido lembrado de Moisés trazendo água da rocha, ou de Isaías gritando: "com alegria tirareis águas das fontes da salvação." Sua verdadeira atitude tornou-se evidente quando ela não fez qualquer tentativa para justificar a sua vida amorosa solta quando Jesus revelou que ele sabia sobre isso (sem dúvida por uma visão divina, que é mais evidente no Evangelho de João que no Sinópticos). Por isso, ela sabia que Ele era um profeta e imediatamente virou a conversa para a religião. Nossos pais adoravam neste monte; e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar . Em poucas palavras bem escolhidas Jesus expôs as insuficiências de ambos Samaritano e adoração Jerusalém, que diferiram muito pouco um do outro, ambos pertencentes ao antigo ceremonialism. Não que esse culto não tinha lugar tanto na revelação de Deus ao homem ou ao alcance do homem a Deus. Mas o judaísmo tinha a vantagem de ser o meio especial da revelação de salvação para o mundo de Deus, por meio de que a revelação do Messias havia sido prometido. Quando o Messias veio, tanto samaritanismo eo judaísmo teria que ceder, porque a verdadeira adoração, então, tornar-se espiritual, em vez de permanecer cerimonial.

A mulher estava aparentemente bem versados ​​no Antigo Testamento, mesmo para além do Pentateuco, que era o limite do Samaritano canon. A promessa de um Messias era familiar para ela. Eu sei que o Messias vier, ela disse. A reverência silenciosa vem na narrativa neste ponto. Jesus estava prestes a fazer o mais simples possível declaração de Sua divina origem e que, para uma mulher que não era do povo eleito. Este Jesus declaração não tinha sido eliminados para fazer a Nicodemos, membro do Sinédrio, o Conselho Judaico. A diferença reside na receptividade dos mais abordados. Muitas vezes acontece que aqueles que tiveram a maior oportunidade de ganhar a verdade são mais maçantes de compreensão do que os outros que vêm a ele pela primeira vez. A diferença aqui é entre um oficial religiosa judaica e uma dona de casa Ct 1:1 ).

Deus também é leve, que fala da verdade revelada ou de Deus revelando-se. Cristo veio como a luz do mundo. Tiago diz que não há variação em Deus ", nem sombra de variação" (Jc 1:17 ). No escuro, sem falsidade, sem imperfeições são encontradas nele. Ele é a verdade-verdade revelada. Andar na luz é andar na verdade de Deus em Cristo.

É bom pensar de culto em espírito e em verdade como adoração exercidas no espírito de amor e sobre a base da verdade revelada. Culto, especialmente o culto público, é um louvor reunindo para a comunhão e edificação mútua e para dar e honra a Deus. A sua verdadeira intenção e propósito são perdidas quando o espírito de amor está ausente. Culto cerimonial, como Nicodemos ea Samaritana sabia adoração sob a Antiga Aliança, culto que tinha servido ao seu propósito e não podia mais levar os homens à presença de Deus, poderia ser realizada se os participantes praticaram amor uns pelos outros e para Deus ou não. Mas a adoração sob a Nova Aliança deve estar no espírito de amor, tanto para Deus e para o homem. Jesus ensinou que as diferenças entre irmãos devem ser esclarecidas antes de adoração é aceitável (Mt 5:23. ).

De maneira semelhante culto cristão deve ser realizado de acordo com a verdade de Deus, como foi revelado em Cristo. Além disso, a adoração deve constituir a busca da verdade. As bênçãos do culto são uma sensação de aceitação e garantia de que vem da presença de Deus, mas a adoração deve significar mais do que isso. Adorar em verdade trará uma nova luz em que o adorador vai andar. A verdade pode vir "íntimo e penetrante" e ser mais séria do que alegre como se vê dentro de si atitudes e relacionamentos que são não cristão. Pode "Rock Um nos calcanhares" ou "drive-lo de joelhos", "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes" (He 4:12 ). Culto em espírito e em verdade é solicitado-amor e adoração saturado de amor que traz a luz da verdade de Deus sobre o coração ea vida Dt 1:1)

27 E nisto vieram os seus discípulos; e se admiravam de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe disse: Que procuras? ? ou: Por que falas com ela 28 Então a mulher deixou o cântaro, e foi à cidade e disse ao povo: 29 Vinde, vede um homem que me disse tudo o que sempre fiz: isso pode ser o Cristo? 30 Saíram da cidade, e foram ter com ele. 31 E entretanto os seus discípulos lhe rogavam, dizendo: Rabi, come. 32 Mas ele lhes disse: Uma comida tenho para comer que vós não conheceis.33 Então os discípulos diziam uns aos outros: Acaso alguém lhe trouxe alguma coisa para comer? 34 Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra. 35 Não dizeis vós que ainda há quatro meses e , em seguida,vem a colheita? Eis que eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede os campos, que já estão brancas para a ceifa. 36 Aquele que ceifa recebe galardão, e ajunta fruto para a vida eterna; que o que semeia eo que ceifa juntamente se regozijem. 37 Por aqui está a dizer verdade, Um semeia, e outro o que ceifa. 38 Eu vos enviei a ceifar onde não trabalhaste; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho.

39 E desde aquela cidade muitos dos samaritanos creram nele por causa da palavra da mulher, que testificou: Disse-me todas as coisas que fiz. 40 Então, quando os samaritanos vieram a ele, rogaram-lhe que ficasse com eles: . e ficou ali dois dias 41 E muitos mais creram por causa da sua palavra; 42 e diziam à mulher: Já que acreditamos, não por causa da tua palavra para nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo.

Assim que os discípulos voltaram com alimentos a mulher deixou para a cidade. Conversa como ela e Jesus engajados é mimada quando outros estão presentes. Foi-coração-privada para o coração. Algumas verdades não se encaixam discurso público.Problemas de algumas pessoas são mais bem atendidos em entrevistas particulares. A dependência em serviços públicos em detrimento de aconselhamento pessoal por parte do pastor e da igreja não pode deixar de deixar muitos intocado dos problemas mais profundos das pessoas. Jesus foi o Mestre da entrevista pessoal.

Deixando seu pote de água (para ela planejava voltar), a mulher correu para Sicar para dizer a seus amigos do profeta a quem ela metade acreditava que era o Messias judeu. Muitos acreditavam que o que ela disse a eles; mas é duvidoso que sua fé foi mais longe do que a dela em relação a messianidade de Cristo. Outros vieram para o bem e foram persuadidos a acreditar no que o próprio Jesus disse a eles. O que ouvi dele confirmou o que a mulher tinha dito. Talvez o preconceito contra os judeus os impediu de falar de Cristo como o Messias, eles chamaram de o Salvador do mundo (v. Jo 4:42 ). Mas, de maior importância é o fato de que eles acreditavam mais prontamente e de coração do que os judeus.

O segundo resultado desta entrevista com a mulher é vista como Jesus falou com os discípulos após o seu regresso. Pode não ser adequada para dizer que eles eram unappreciative da grandeza da ocasião. Eles não tinha ouvido a conversa, e para o momento em que eles foram totalmente absorvidos com os preparativos para o jantar. Eles não conseguiram pegar qualquer um a atmosfera do que havia acontecido; o próprio ar deve ter sido cobrado como com eletricidade. O registro implica que os discípulos tinham começado a comer antes que a mulher deixou. Quando Jesus se absteve de comer eles insistiram com comida sobre Ele, inconsciente de sua preocupação. Uma comida tenho para comer que vós não conheceis . Eles não sabiam o que ele quis dizer. Os samaritanos tinham vindo a aceitar a Cristo de uma forma não condizente com este primeiro grupo de discípulos. Os discípulos tinham Ele aceita como Rabbi (professor- Jo 1:38 ), e pediu para segui-Lo noviciados como interessadas. Eles não esteve presente para ouvir tanto o ensino sobre o novo nascimento ou sobre a água da vida. Sua resposta à recusa de Jesus para comer- Acaso alguém lhe trouxe de comer -compares bem com a de Nicodemos: "Como pode um homem nascer, sendo velho?" A mulher tinha demonstrado uma visão mais aguçada e percepção espiritual do que qualquer um recorde-se de João para este tempo. Talvez fosse porque ela era uma mulher; ou porque ela não era judia. Ela teria tido alguma compreensão das próximas palavras de Jesus aos seus discípulos: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra (v. Jo 4:34 ). Para os discípulos, isso era algo para ser lembrado e compreendido em uma data posterior.

Deve-se observar, no entanto, que a disponibilidade de compreensão parecia não ser de tão grande importância para Jesus como para nós neste dia de prioridades, QI, e Questionário Kids. A mulher samaritana não é ouvido de novo nos Evangelhos. Foi de grande importância que os discípulos chegar a uma compreensão plena de Jesus e Sua missão no que diz respeito à sua parte nela e sua dedicação a ele. E assim, Jesus apontou para os campos de cereais não amadurecidas e tirou uma lição. Ao contrário do grão, a colheita espiritual já estava maduro para a recolha, como evidenciado pelas pessoas que afluem para fora da cidade. Eles, os discípulos, estavam a ser ceifeiros na seara de Deus, a sua recompensa seria certo, e que iria se alegrar com aqueles que tinham ido antes deles no programa de salvação de Deus. Jesus pensou em ambos semear e colher acontecendo simultaneamente. Cada homem colhe onde outro semeou e por sua vez as porcas para outro para colher. Um homem, as plantas mais águas, e ainda outro o que ceifa, mas é "Deus que dá o crescimento" (1Co 3:7)

43 E, depois de dois dias, saiu dali para a Galiléia. 44 Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria. 45 Então, quando ele veio para a Galileia, os galileus o receberam, vistas todas as coisas que ele fez em Jerusalém no dia da festa; pois também eles tinham ido à festa.

46 Foi, então, outra vez a Caná da Galiléia, onde da água fizera vinho. E havia um nobre, cujo filho estava enfermo em Cafarna1. 47 Quando ele soube que Jesus tinha vindo da Judéia para a Galiléia, foi a ele, e rogou -lhe que descesse, e curasse o seu filho; pois ele estava no ponto de morte. 48 , portanto, Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e prodígios, ye de nenhuma maneira terá acreditar. 49 O nobre diz-lhe: Senhor, desce, antes que meu filho morra. 50 Jesus disse- lhe: Vai-te; teu filho vive. O homem creu na palavra que Jesus lhe dissera, e ele seguiu o seu caminho. 51 E como ele já ia descendo, os seus servos o conheci, dizendo que seu filho vivia. 52 Perguntou-lhes a hora em que ele começou a alterar. Disseram-lhe, pois Ontem à hora sétima a febre o deixou. 53 Então o pai sabia que era a hora em que Jesus lhe disse: O teu filho vive:. e creu ele e toda a sua casa 54 Esta é novamente o segundo sinal de que Jesus, ao voltar da Judéia para a Galiléia.

Depois de dois dias em Samaria, a pedido do povo de Sicar, Jesus continuou seu caminho para a Galiléia. As palavras de Jesus neste time- um profeta não tem honra na sua própria pátria -foram provavelmente falado em referência a Judéia e como parte de Sua razão para ter saído há poucos dias antes. Eles também indicam a atitude de resistência que Jesus foi encontrando e que iria continuar. Eles também são algo reminiscente da afirmação de João: "Veio para o que suas próprias coisas ou [casa] e os que estavam a sua não o receberam" (Jo 1:11 ). Quando ele chegou na Galileia, os galileus o recebeu, provavelmente, aqueles que tinham observado quando Ele limpou o templo na festa da Páscoa. Foi dito que eles acreditavam nEle então. Jesus, no entanto, não passou entre eles como entre amigos e discípulos por Ele sabia que a superficialidade da sua fé (Jo 2:24 ). Este foi mais de uma visita casual do que uma turnê planejada. Ele cumpriu sua missão na Samaria e foi passar alguns dias em território familiar, antes de retornar a Jerusalém para uma festa "sem nome".

Durante a visita, Jesus curou o filho de um nobre ou um oficial romano em Cana, completando assim seu testemunho inicial para os três grupos principais de representação na Palestina: judeus, samaritanos e gentios (todos os não-judeus eram gentios). O segundo milagre na pequena cidade de Cana dá evidência do grau de fé que Ele encontrou lá como contra a Nazaré, sua casa de infância (Mt 13:53 ). Cada confronto de Jesus com uma pessoa individual teve suas características distintas, embora o objetivo final em cada caso era o mesmo, o desenvolvimento da fé Nele. Jesus nunca se aproximou de duas pessoas exatamente da mesma maneira. Este homem de Cana queria que Jesus curasse o seu filho; Jesus queria que o homem a crer Nele. O homem confessou,curar meu filho . Em essência, Jesus respondeu: "A fé é necessária e você não vai acreditar até ver pela primeira vez um milagre." A resposta do pai mostrou que ele era uma exceção para o comum das pessoas, ele aceitou a promessa de Cristo que seu filho iria viver e ele voltou para sua casa. O resultado foi que a criança foi restaurado para a saúde, a fé do pai foi vindicado, e toda a família se tornaram crentes. O contraste entre este oficial do Tribunal Romano e os galileus que tinham visto Jesus em Jerusalém mostra que a fé com base apenas nas ocorrências (milagres) nem sempre é forte nem genuína. João aqui revelado progressos na apresentação de Cristo da verdade redentora. Milagres têm o seu lugar como um meio de fé, mas em última análise, a fé deve vir através de uma visão sobre a pessoa e obra de Cristo, para os cristãos não podem viver por milagres sozinho. Na verdade, a fé não é realmente fé até que ele tenha ido além da capacidade de ver. No final do ministério de Cristo, após a ressurreição, Ele falou esta verdade para Tomé, que queria um apoio concreto para a sua fé: "Porque me viste, creste; bem-aventurados os que não viram, creram" (Jo 20:29 ).


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de João Capítulo 4 do versículo 1 até o 54
Esse capítulo tem duas seções: (1) o ministério de Cristo para com a mulher samaritana (4:1-42); e (2) o milagre que Cristo fez para o oficial do rei (4:43-54). Em um sentido, as duas experiências envolvem mila-gres, pois a transformação da mu-lher pecadora foi tão maravilhosa quanto a cura a "longa distância" do filho do oficial.

  1. O ministério de Cristo para com a samaritana (4:1 -43)

Os samaritanos eram uma "raça mista", parte judia e parte gentia. Assim, eram considerados proscri- tos, e os judeus os desprezavam. Em Samaria, eles tinham um sistema re-ligioso próprio, que rivalizava com as afirmações dos judeus (4:20-24), e acreditavam na vinda do Messias (4:25). Jesus precisava "atravessar a província de Samaria" (v. 4) porque Deus planejara que essa pecadora se encontrasse com ele e achasse a água da vida em Cristo. No relato da conversa, vemos o caminho que essa mulher percorreu para crer em Jesus Cristo.

  1. "Sendo tu judeu" (vv. 1-9)

Surpreendeu-a o fato de um rabi ju-deu pedir um favor a uma mulher, muito mais a uma samaritana. Ela não sabia nada mais a respeito de

Jesus além do fato de que era um judeu e de que tinha sede. O pe-cador, cego para Cristo, está mais interessado nos assuntos da vida (como pegar água) que nas coisas da eternidade.

  1. "És tuporventura, maior do que Jacó, o nosso pai?" (vv. 10-15)

No versículo 10, Jesus diz-lhe que ela ignora duas coisas: a dádiva de Deus (salvação) e a identidade do Salvador que estava à frente dela. Jesus fala de água viva — a água da vida —, mas ela interpreta isso de forma literal. É típico do pecador confundir o físico com o espiritual! Nicodemos pensou que Jesus falava de nascimento físico (3:4), e, mais adiante, até mesmo os discípulos pensaram que ele falava de alimen-to literal (4:31-34). Jesus diz que as coisas do mundo não satisfazem, e que, sem Cristo, os homens sempre "tornarfão] a ter sede". Lc 16:19-42).

Devemos prestar atenção ao exemplo que Cristo estabelece como ganhador de almas. Ele não permite que preconceitos pessoais ou necessidades físicas o atrapa-lhem nessa tarefa. Ele recebe essa mulher de forma amigável e não a força a tomar uma decisão. Com sabedoria, ele dirige a conversa e permite que a Palavra faça efeito no coração dela. Ele lida com ela em particular e, de forma amorosa, aponta-lhe o caminho da salvação. Ao falar com ela a respeito de algo comum e que estava em pauta — água —, e ao usar isso como uma imagem da vida eterna, ele prende a atenção dela. (Da mesma forma que, no frio da noite, falou com Ni- codemos a respeito de vento.) Ele não evitou falar de pecado, mas a fez encarar suas necessidades.

  1. O milagre de Cristo para o oficial do rei (4:43-54)

Esse é o segundo dos sete sinais que João apresenta. Esses sinais mostram a forma como a pessoa é salva e os efeitos da salvação. (Leia as notas introdutórias a João.) Os dois primeiros sinais acontecem em Caná, na Galiléia. A transfor-mação da água em vinho ilustra que a salvação é por meio da Pala-vra. Nesse capítulo, a cura do filho do oficial mostra que a salvação vem pela fé.

O filho está à morte em Cafar- naum, a cerca Dt 27:0, veja uma reação semelhante de Marta.) Je-sus não foi com o homem; em vez disso, disse-lhe estas palavras: "Vai, [...] teu filho vive". O homem creu na Palavra!

O versículo 52 ("ontem") indi-ca que o homem permaneceu um dia inteiro em Caná, pois o trajeto de volta para sua casa não levaria mais de três ou quatro horas. O me-nino curou-se às 13 horas, e no dia seguinte o pai chegou em casa. Isso prova que teve fé verdadeira na pa-lavra de Cristo, pois não se apressou em ir para casa a fim de ver o que acontecera. Essa é a forma como somos salvos — ao pôr nossa fé na Palavra de Deus. "Cristo diz isso, eu creio nisso, e isso encerra a ques-tão!" Aparentemente, o oficial ficou em Caná, cuidou de alguns negó-cios e foi para casa no dia seguinte. Ele teve "gozo e paz [...] [em seu] crer" (Rm 15:13) porque sua con-fiança repousava apenas na palavra de Cristo. Ele não ficou surpreso quando o servo disse-lhe "que o seu filho vivia". Ele apenas perguntou a que horas isso aconteceu e verificou que foi no momento em que Cristo disse a palavra salvadora. O resulta-do disso: toda a sua família creu em Cristo. "A fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo" (Rm 10:17).

No versículo 48, Jesus apresen-ta a razão por que as pessoas não crêem: elas querem ver sinais e vi- venciar prodígios. Lembre-se que Satanás pode realizar sinais e pro-dígios com a finalidade de enganar as pessoas (2Co 2:9-47). Você está em terreno perigoso se sua salvação fundamentar-se em sentimentos, em sonhos, em visões, em vozes ou em qualquer outra evidência carnal. A única coisa que nos garante a vida eterna é a fé na Palavra. (Veja 1Jo 5:9-62.)


Russell Shedd

Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
Russell Shedd - Comentários de João Capítulo 4 do versículo 1 até o 54
4.2 Jesus mesmo não batizava. Os evangelhos frisam que Cristo batizaria com o Espírito Santo não com água (Mt 3:11; Lc 3:16).

4.4 Necessário... A rota normal dos judeus circundava a província de Samaria seguindo o vale do Jordão para o norte. Jesus põe em práticaAt 1:8. Começa Seu ministério em Jerusalém (cap.
3) passa para Judéia (3:22-36); em seguida leva as boas novas a Samaria e depois entra em contato com o mundo gentio (4:46-54).

4.5 Sicar. "Os arqueólogos" a identificam com Siquém Gn 33:19).

4.6 Cansado. A humanidade de Jesus é notável nesta passagem. Ele se cansa, tem sede (7) e fome (8.31). Hora sexta - meio dia

4.7 Jesus se desassocia dos costumes da época:
1) Fala com uma mulher - os fariseus evitavam qualquer contato com mulheres não parentes.
2) Teve contato com uma samaritana - na opinião dos rabinos todos os samaritanos eram ritualmente imundos.
3) Ensinou uma mulher - os fariseus opinaram que seria melhor queimar a Torá (a Lei de Deus) do que entregara a uma mulher. • N. Hom. Jesus Ganhador de Almas
1) Abre o diálogo fazendo um pedido;
2) Suscita curiosidade (9);
3) Provoca interesse profundo (10);
4) Transforma o interesse em convicção de pecado (16-18; conforme Lc 5:8);
5) Revela quem Ele é (19, 26);
6) Cria o desejo de testemunhar (28, 29)

4.10 Água viva. No sentido natural significava água potável que flui de fonte ou dentro de um poço. Espiritualmente significa a salvação ("dom de Deus") em Cristo, fonte de vida eterna a jorrar (14; conforme 19,34) naqueles que vêm para Ele e crêem nele (7; 37, 38). A água simboliza o Espírito Santo em 7; 39.

4.12 Jacó. Conforme 1.47, 48n. O poço dado por Jacó, com cerca Dt 30:0, Cl 1:17).

4.14 Jesus cumpre as promessas messiânicas (conforme Is 12:3; Is 35:7; Is 49:10).

4.15 Como Nicodemos (3.4,
9) a mulher pensa em termos materiais. Uma vez convicta do seu pecado (16-18). O modo de pensar mudou.
4.19 És profeta. Conforme Dt 18:15, Dt 18:18.

4.20 Neste monte. Seria Gerizim, o monte, de bênção (Dt 11:29; Dt 27:12) onde os samaritanos instalaram um templo rival e culto alheio ao de Jerusalém.

4.21,23 A hora vem... e já chegou. Denota a nova era messiânica inaugurada por meio da nova aliança tornada válida no sacrifício de Jesus Cristo (He 9:11-58). • N. Hom. A Verdadeira Adoração,
1) A questão do local é insignificante (21; At 7:48s).
2) O objeto é o Deus que se .revela na história, na Bíblia e sumamente em Cristo.
3) O modo:, a) em espírito (Jo 3:5, Jo 3:6; Jo 16:13); b) em verdade (8.32; 14.6; 17.17).

4.25,26 Messias. Cf.1.41n. Eu o sou... Conforme 52.6.

4.34 A comida ou sustento de Cristo é sua vida entregue totalmente à vontade do Pai (6.55; Mt 4:4; Dt 8:3; Sl 40:6-81- He 10:5-58). Realizar (gr teleiõsõ, "consumar"). Conforme 19.30 com 9.4 e 17.4.

4.35 Campos... branqueiam. Jesus fala dos samaritanos vindos para ouvir a mensagem da salvação (conforme 8.5, 6).

4.36,37 Um é o semeador. Indica o próprio Cristo que semeia Sua vida na morte (para produzir "muito fruto" 12.24).

4.38 Outros trabalharam. Historicamente os patriarcas e profetas do AT prepararam o solo. Presentemente era o Senhor que semeou as boas novas entre os samaritanos. Os discípulos são convocados a ceifar o fruto na hora (conforme At 8:4-44; Jl 9:13).

4.39,42 Contato pessoal com Cristo é essencial para a fé madura. Salvador do mundo. Esta frase rara aparece também em 1Jo 4:14. Ainda que "a salvação vem dos judeus" (22), os samaritanos reconheceram que a salvação de Cristo se estende para toda raça (conforme Is 45:2, Is 45:3). • N. Hom. Três Passos da Fm 1:0, Mt 13:57; Mc 6:1, Mc 6:4, etc.). Não tem honras. Jesus foi para a Galiléia para evitar choques precipitados com Seus inimigos na Judéia.

4.46 Oficial (gr basilikos. Josefo usa este termo para qualquer servo do rei). Talvez fosse gentil (conforme 44n). Teria sido Cuza, procurador de Herodes (Lc 3:3), ou Manaém, seu colaço (At 13:1)?

4.48 Jesus era ciente da fé superficial do oficial e da multidão em volta, fé essa que dependia de vista (20.29).

4.5o Jesus não entra em contato direto.com gentios necessitados (conforme 12.20s; Mc 7:24-41;- Mt 8:5-40; Lc 7:1-42); cura- os a distância.

4.52 Ontem à hora sétima. Se foi a hora romana seria às 19 horas, que explicaria a demora do pai em voltar para casa.


NVI F. F. Bruce

Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
NVI F. F. Bruce - Comentários de João Capítulo 4 do versículo 1 até o 54

4) A mulher samaritana (4:1-42)

Os samaritanos são mencionados com certa freqüência nos Evangelhos (conforme Lc 9:5156; Lc 10:29-42). Está no fato de que ambas as curas foram realizadas de certa distância, v. 44. em sua própria terra (patris) deve significar aqui não Nazaré, na Galiléia, como geralmente significa nos Sinópticos (conforme Mc 6:4 etc.), mas, em vista do contexto messiânico, Jerusalém, na Judéia, considerada por todos os judeus seu próprio lar. v. 48. Os sinais que Jesus realiza só têm a intenção de serem indicadores do caminho para a compaixão de Deus. Eles não são suficientes como único fundamento para a fé. v. 50. O homem confiou na palavra de Jesus: Mesmo assim, sua fé ainda não era fé salvífica. Era somente, até então, segurança de que Jesus era genuíno (conforme v. 53). v. 52. à uma da tarde: tradução do grego “sétima hora”, v. 53. Assim, creram ele e todos os de sua casa: Isso agora era fé absoluta que dava valor à sua crença anterior sem que tivesse visto (conforme 20.29). v. 54. o segundo sinal miraculoso: Conforme 2.11.


Moody

Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
Moody - Comentários de João Capítulo 4 do versículo 1 até o 4

1-4. A crescente popularidade de Jesus, que excedia a de João, começou a alcançar os ouvidos dos fariseus. Para evitar problemas com eles nessa ocasião, Jesus determinou deixar a área e ir para a Galiléia. Ali fez a maior parte de seu trabalho, de acordo com o registro dos Sinóticos.

Era-lhe necessário atravessar a província de Samaria. Em João, essa palavra costuma apontar uma necessidade divina, e pode ser o caso aqui, indicando a necessidade de lidar com os samaritanos, abrindo-lhes as portas da vida. Além disso, há a necessidade mais evidente de alcançar a Galiléia através de uma rota mais reta.


Moody - Comentários de João Capítulo 4 do versículo 1 até o 42

João 4

E. Missão na Samaria. Jo 4:1-42.

Samaria, um território que os judeus evitavam se possível, tornouse o cenário de um triunfo espiritual: um poço, uma mulher, um testemunho, a colheita dos samaritanos que creram. Tanto o samaritanismo quanto o judaísmo precisavam do corretivo de Cristo; precisavam ser substituídos pela vida do novo nascimento.


Francis Davidson

O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
Francis Davidson - Comentários de João Capítulo 4 do versículo 1 até o 3
Jo 4:1

O destino final do desobediente será experimentado em termos de punição eterna. Jesus deixa a Jordânia e volta para a Galiléia, sabendo que o movimento das multidões em torno da sua pessoa provocará a hostilidade dos fariseus (1). Esta volta à Galiléia pode marcar o início do seu ministério, tal qual apresentado nos Evangelhos sinóticos. Ainda que Jesus não batizava (2). Esta clara declaração parece entrar em choque com Jo 3:26. A explicação desta aparente contradição encerra-se no fato que, embora Jesus mesmo não batizasse com água, Ele revestiu o ato físico com seu real significado. Possivelmente, os discípulos não tinham percebido o seu significado cristão, apesar de Jesus ter dado ao rito sua verdadeira forma espiritual e celestial (Jo 3:5).


John Gill

Adicionados os Comentário Bíblico de John Gill, Ministro Batista
John Gill - Comentários de João Capítulo 4 versículo 3

Ele deixou a Judéia,... Onde ele tinha estado por algum tempo: na festividade da páscoa que subiu a Jerusalém, e depois de uma curta estadia ali, ele entrou no país da Judéia, onde ele ficou um pouco mais de tempo; em ambos no espaço de tempo de, mais ou menos, oito meses; porque faltava agora quatro meses para a colheita, que começava na páscoa; vejaJo 2:13. E agora, visto que os Fariseus tinham se familiarizado com seu sucesso nessas partes, ele deixou o local; não por causa do medo deles, mas para não irritá-los e provocá-lo, pois poderia excitar a malícia deles e inveja contra ele, o que o colocaria a sua vida em perigo; ao passo que seu tempo ainda não havia chegado, e ele tinha outro trabalho a fazer em outros lugares:

E partiu de novo para a Galiléia;... Onde ele tinha passado uma maior parte do seu tempo, em vida privada; de onde ele veio ao Jordão até João para ser batizado por ele e depois disso foi para lá novamente, onde ele operou o seu primeiro milagre: tendo estado agora na Judéia algum tempo, volta novamente para a Galiléia; e desta sua viagem para lá, depois da prisão de João, é dado um relato em Mt 4:12. A versão Persa omite a palavra “novamente”, e assim faz também a cópia Alexandrina e muitas cópias; mas é por outras cópias retida a palavra, e muito corretamente.



Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible




John MacArthur

Comentario de John Fullerton MacArthur Jr, Novo Calvinista, com base batista conservadora
John MacArthur - Comentários de João Capítulo 4 do versículo 1 até o 54

11. A água viva (João 4:1-26)

Portanto, quando o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João (embora o próprio Jesus não batizava, mas os seus discípulos eram), deixou a Judéia e foi outra vez para a Galiléia. E Ele teve que passar por Samaria. Então, Ele veio para a cidade de Samaria, chamada Sicar, perto da parte do campo que Jacó dera a seu filho José; o poço de Jacó estava lá. Então Jesus, cansado da viagem, estava sentado assim junto do poço. Era cerca da hora sexta. Veio uma mulher de Samaria tirar água. Jesus disse-lhe: "Dá-me de beber." Para seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. Portanto, a mulher samaritana lhe disse: "Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber desde que eu sou mulher samaritana?" (Porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos.) Respondeu Jesus, e disse-lhe: "Se tu conhecesses o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe teria pedido a Ele, e Ele teria lhe dado água viva. " Ela disse-lhe: "Senhor, tu não tens com que tirá-e o poço é fundo;?, Onde, em seguida, você começa a água viva Você não é maior do que o nosso pai Jacó, é você, que nos deu o poço, bebendo de ele próprio e seus filhos e seu gado? " Jesus respondeu, e disse-lhe: "Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de águas vivas para a vida eterna. " A mulher disse-lhe: "Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede nem vir até aqui para desenhar." Ele disse a ela: "Vai, chama o teu marido e vem cá." A mulher respondeu, e disse: "Eu não tenho marido." Jesus disse-lhe: "Você disse corretamente," Eu não tenho marido ', pois tiveste cinco maridos, e aquele que agora tens não é teu marido;. Presente que você disse verdadeiramente " A mulher disse-lhe: "Senhor, vejo que és profeta." Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. "Jesus disse-lhe:" Mulher, crer em Mim, uma hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; para estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito, e os que o adoram o adorem em espírito e em verdade "A mulher disse-lhe:" Eu sei que vem o Messias (que se chama Cristo.);. quando isso vier, Ele vai declarar todas as coisas para nós "Jesus lhe disse:" Eu, que falo a você sou Ele "(4: 1-26).

A esperança do Messias está no coração do Velho Testamento. A partir do terceiro capítulo do Gênesis (Gn 3:15) para o terceiro capítulo de Malaquias (Ml 3:1, 44-45).

Como as gerações de Israel tornou-se familiarizado com essas passagens, eles levaram as promessas de Deus para o coração. Embora eles esperaram ansiosamente, ano após ano, para a sua vinda do Salvador, o seu sentimento de expectativa só aumentou com o passar dos séculos. Assim, no momento do nascimento de Jesus, a antecipação sobre o Messias havia chegado a um ponto mais alto.
Mas, em seguida, o impensável aconteceu. O Messias veio, e Israel rejeitaram. Sob a influência de seus líderes religiosos, as pessoas se recusaram a abraçar aquele para quem eles estavam esperando e em vez disso o assassinou.
Não era que a prova não era clara. De fato, "o Velho Testamento, escrito ao longo de um período de mil anos, contém quase três centenas de referências à vinda do Messias. Todos estes foram cumpridas em Jesus Cristo, e estabelecer uma sólida confirmação de suas credenciais como o Messias. " (Josh McDowell, A nova evidência de que Exige um Veredito [Nashville: Tomé Nelson, 1999], 164). Em vez disso, era que o estabelecimento religioso de Israel se sentiram ameaçados por Jesus 'ministério Ele desafiou sua autoridade e confrontou a sua hipocrisia.

Em resposta, os fariseus teimosamente se recusou a acreditar que a verdade sobre ele (07:48). Eles abertamente contrariada Seus ensinamentos, e desprezado qualquer que O seguiam. Quando ouviram as multidões atônitos perguntando sobre Jesus: "Este homem não pode ser o Filho de Davi [isto é, o Messias], pode?" (Mt 12:23), os fariseus, indignado declarou: "Este homem expulsa os demônios só por Belzebu o príncipe dos demônios" (v. 24). O próprio fato de que Ele expulsava os demônios era uma poderosa evidência de sua autenticidade. No entanto, os líderes religiosos eram tão obstinado em sua incredulidade que eles tentaram transformar até mesmo que contra Ele.

Eventualmente, no ato mais hediondo e apóstata em sua história, Israel emitiu o seu Messias em "mãos de homens ímpios e colocá-lo à morte" (At 2:23):

Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram a multidão a pedir Barrabás e colocar Jesus à morte. Mas o governador disse-lhes: "Qual dos dois quereis que eu vos solte?" E eles disseram: "Barrabás". Disse-lhes Pilatos: "Então, o que devo fazer com Jesus, chamado Cristo?" Todos disseram: "Crucifica-o!" E ele disse: "Mas que mal fez ele?" Mas eles gritavam ainda mais, dizendo: "Crucifica-o!" Quando Pilatos viu que ele estava realizando nada, mas sim que um tumulto estava começando, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: "Eu sou inocente do sangue deste homem; ver para que vocês mesmos." E todo o povo disse: "o seu sangue será sobre nós e sobre nossos filhos!" (Mt 27:1), de Jacó (Dt 18:18; conforme Atos 3:22-23.), De Judá (Gn 49:10), de Jesse (Is. 11: 1-2; conforme v 10; Rm 15:12), e de Davi (Jr 23:1 ; 2 Sam 7:12-14; He 1:5.; He 7:14; conforme Lc 1:32; 3:.. 31-33; Rm 1:3). Jeconias seria sem filhos, no sentido de que nenhum de seus descendentes iria sentar-se no trono de Israel. No entanto, Deus prometeu que o Messias reinará como rei de Israel no trono de Davi (2Sm 7:12; Jer. 23: 5-6.; Conforme Lc 1:32). Esse enigma aparente foi resolvida em Jesus Cristo. Ele era descendente de a, linha salomônica real através de sua legal (embora não biológica) pai, José (Mateus 1:11-12.). Mas Sua descendência física de Davi veio através de outro dos filhos de Davi, Nathan, o ancestral de sua mãe, Maria (Lc 3:31). Assim, o nascimento virginal de Jesus lhe permitiu ser tanto o herdeiro legal do trono de Davi e seu descendente biológica (como Deus havia prometido; conforme 13 22:44-13:23'>Atos 13:22-23), ao mesmo tempo, evitando a maldição sobre a linha a família de Jeconias.

A identidade do Messias pode ser ainda mais limitado pelas previsões específicas sobre o Seu nascimento.

Primeiro, ele tinha que ter nascido em um lugar específico: "Mas tu, Belém Efrata, pequena demais para estar entre os clãs de Judá, de ti One sairá para Mim de reinar em Israel, e cujas saídas são. há muito tempo, desde os dias da eternidade "(Mq 5:2..). A Bíblia registra que "Jesus nasceu em Belém da Judéia" (Mt 2:1).

Em segundo lugar, o Messias tinha que ter nascido dentro de um prazo específico. Uma vez que Ele era para ser da tribo de Judá (conforme Gn 49:10), Ele tinha que vir antes das tribos individuais perderam a sua identidade após a destruição do templo romano com todos os seus registros genealógicos. Na verdade, a profecia de Daniel das setenta semanas, na verdade, previu que o Messias seria morto antes que o templo foi destruído (Dn 9:26). Essa incrível profecia também destacou o dia exato, quase cinco séculos no futuro, que o Messias se apresentaria a nação (09:25). Naquele mesmo dia, Jesus entrou em Jerusalém para a adulação das multidões saudando-o como o Messias (Mateus 21:1-11.).

Finalmente, o Messias nasceria em circunstâncias únicas e milagrosas para uma pessoa especial: "Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e ela vai chamará Emanuel" (Is 7:14). Jesus Cristo na história humana nasceu de uma virgem:

Mas quando ele tinha considerado isso, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, dizendo: "José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que foi concebido no seu é do Espírito Santo Ela dará à luz um Filho;. e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados ". Ora, tudo isto aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo Senhor por intermédio do profeta:

"Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel", que traduzido significa: "Deus conosco". E José acordou de seu sono e fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu Maria como sua esposa, mas manteve virgem até que ela deu à luz um filho; e ele pôs o nome de Jesus. (Mt 1:1; Mat. 4: 12-16; Mt 9:35).

A morte do Messias também foi predito em grande detalhe, e Jesus cumpriu todas as profecias. O Velho Testamento predisse que o Messias seria traído por alguém próximo a ele. Sl 41:9). Mesmo a quantidade exata Judas foi pago, trinta moedas de prata (Mateus 26:14-15.), Foi prevista no Antigo Testamento (11:12 Zech.).

O Antigo Testamento profetizou que o Messias seria executado com homens ímpios: "Por isso, vou colocar-Lhe uma parte com os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes, porque Ele derramou a sua alma até a morte, e foi contado com o transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu "(Is 53:12.); quando Cristo foi crucificado ", dois ladrões foram crucificados com Ele, um à direita e outro à esquerda" (Mt 27:38). (. Sl 34:20) Apesar de nenhum dos Seus ossos seria quebrado, o Messias seria traspassado (Zc 0:10.), Que foi exatamente o que aconteceu com Jesus (João 19:33-34, 36-37). Finalmente, o Messias havia de ser enterrado no túmulo de um homem rico (Is 53:9).

A prova, então, de forma inequívoca e esmagadoramente aponta para Jesus de Nazaré como o Messias. Só Ele cumpriu essas e todas as outras profecias messiânicas do Antigo Testamento.

O apóstolo João, obviamente entendeu a evidência convincente de que confirmou a autenticidade de Jesus. Na verdade, a razão pela qual ele escreveu seu evangelho era para confirmar a obvious— "que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus" (Jo 20:31). E isso está de acordo com esta Proposito que João relata a história do encontro de Jesus com a mulher samaritana.

A reação da mulher a Jesus, como relatado no relato de João, sugere fortemente que ela abraçou-Lo como seu Senhor e Salvador. Mas sua conversão não é o ponto principal desta passagem. A verdade central desta seção é encontrada na revelação de Jesus de Si mesmo como o Messias (v 26).. Fê-lo aqui pela primeira vez e para uma mais improvável não-judeu.

Mas por que ele decidir não declarar Seu primeiro messiahship às-alvo os líderes religiosos judeus mais politicamente corretos e influentes? Por que escolher para revelar a verdade a um monumental, desprezado, imoral, Samaritana obscuro? A resposta está na verdade arrebatadora que na questão da salvação, "Deus não é um para mostrar parcialidade" (At 10:34; conforme Dt 10:17; 2 Crônicas 19:... 2Cr 19:7; Rm 2:11; Rm 10:12; Gl 2:6; Ef 6:9).

O contraste entre a mulher samaritana e Nicodemos, por exemplo, foi impressionante. Ele era um judeu devoto religioso; ela era uma samaritana imoral. Ele era um teólogo aprendidas; ela era uma mulher camponesa ignorante. Ele reconheceu Jesus como um mestre enviado por Deus; ela não tinha idéia de quem ele era. Ele era rico; ela era pobre. Ele era um membro da elite social de Israel; ela era a escória da sociedade Samaritan-um pária entre os párias, já que os judeus consideravam todos os samaritanos como párias imundos.
Revelação de Jesus de si mesmo a essa mulher demonstrou que o amor salvífico de Deus não conhece limites; ele transcende todas as barreiras de raça, gênero, etnia e tradição religiosa. Em contraste com o amor humano, o amor divino é indiscriminada e abrangente (conforme 3,16). Que Jesus escolheu para fazer-se conhecido primeiro, não só para um samaritano, mas também a uma mulher, era uma dura repreensão aos membros da elite religiosa de Israel, que rejeitaram mesmo quando Ele fez revelar a eles.
A história do encontro do Senhor com a mulher no poço se desdobra em quatro cenas: as circunstâncias, o contato, a convicção, e do Cristo.

As Circunstâncias

Portanto, quando o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e batizava mais discípulos do que João (embora o próprio Jesus não batizava, mas os seus discípulos eram), deixou a Judéia e foi outra vez para a Galiléia. E Ele teve que passar por Samaria. Então, Ele veio para a cidade de Samaria, chamada Sicar, perto da parte do campo que Jacó dera a seu filho José; o poço de Jacó estava lá. Então Jesus, cansado da viagem, estava sentado assim junto do poço. Era cerca da hora sexta. (4: 1-6)

Palavra de Jesus 'crescente popularidade atingiu os fariseus, que ouviram que Ele fazia e batizava mais discípulos do que

João. A nota entre parênteses que o próprio Jesus não batizava, mas os seus discípulos, é impossível conciliar com a doutrina da regeneração batismal, o falso ensino de que o batismo é necessário para a salvação. Certamente o Senhor Jesus Cristo, que veio para "buscar e salvar o que estava perdido" (Lc 19:10), Ele mesmo seria ter feito tudo o que era necessário para trazer os pecadores para a salvação.

Tal como tinham feito com João (conforme 1: 19-25), as autoridades judaicas (particularmente os fariseus; conforme 1: 24-25) viram Jesus com desconfiança. Ele também anunciou o Reino de Deus, chamados para o arrependimento (Mt 4:17), e batizou (através de seus discípulos) aqueles que se arrependeram (conforme a discussão Dt 1:26 no capítulo 4 deste volume). Como observado no capítulo anterior deste volume, alguns dos discípulos de João Batista também foram perturbados por Jesus 'crescente popularidade à custa de seu mestre. Embora João confirmou que seu ministério foi dando lugar ao ministério de Jesus (03:30), que ainda não era hora de o precursor a desaparecer completamente da cena. Seu trabalho não foi feito.

Por isso, o Senhor deixou a Judéia e partiu novamente para a Galiléia. Ele não queria que uma rivalidade pública para desenvolver entre seus seguidores e as de João. Ele também sabia que, no plano soberano de seu pai, um confronto público com as autoridades judaicas ainda era prematuro (conforme 07:30; 08:20).

Em seu retorno à Galiléia, Jesus teve que passar por Samaria. Não era necessidade geográfica que o obrigou a fazê-lo, apesar do fato de que ele foi o mais direto de várias rotas. A estrada através Samaria foi menor do que a estrada costeira ou a estrada no lado leste do rio Jordão, que é por isso que muitos judeus viajou com ele, especialmente na época das grandes festas religiosas. Mas tão grande era o seu desdém para os samaritanos que os judeus mais rigorosas evitado viajar através Samaria completamente. Eles preferiram, em vez de ser contaminado por um mal menor, assim eles iriam atravessar o Jordão e viajar até seu banco leste com a região, em grande parte Gentil de Berea. Eles, então, cruzar de volta para a Galiléia ao norte de Samaria. Jesus poderia facilmente ter ido por esse caminho.

Mas o Senhor foi obrigado a passar por Samaria e parar numa certa aldeia, não para poupar tempo e passos, mas porque ele tinha um compromisso divino lá. João freqüentemente usado o verbo dei ( teve que ) para falar de Jesus cumprindo a missão que Lhe foi dado pelo Pai (3:14; 9: 4; 10:16; 12:34; 20: 9). Ele sempre foi consciente de fazer a vontade do Pai, que foi por isso que Ele veio à terra (06:38; conforme 04:34; 05:30; 17: 4; Mt 26:39.).

Como Ele viajou para o norte em direção a Galiléia, Jesus chegou a uma cidade de Samaria, chamada Sicar (provavelmente a vila moderna de Askar), localizada na encosta do Monte Ebal, em frente Mt.Garizim. (Conforme Dt 11:29;.. 08:33 Josh) Samaria era a capital do reino do norte, chamado Israel. A nação dividida em duas após o reinado de Salomão. Rei Omri nomeada a cidade a capital do reino do norte (1Rs 16:24). O nome veio para se referir a toda a região e, por vezes, a todo o reino do norte, que foi para o cativeiro em 722 aC (II Reis 17:1-6). Nas mãos dos assírios Sicar, uma cidade no distrito de Samaria, estava perto da parte do campo que Jacó dera a seu filho José. Quando ele voltou para a terra de Canaã depois de vinte anos em Haran (Gn 27:43; Gn 31:38), Jacó comprou um pedaço de terra perto da cidade do Velho Testamento de Siquém (33: 18-19), não muito longe de Sicar. Então, pouco antes de sua morte, Jacó legou essa propriedade para seu filho José (Gn 48:22; "porção" [Hb.,shechem ] lit. significa "ombro", ou "cume"). Muitos anos depois, José foi enterrado lá depois de Israel conquistou a terra sob Josué (Js 24:32). Era, portanto, um local familiar e importante para os judeus e samaritanos.

De acordo com a antiga tradição bem atestada, o poço de Jacó era cerca de meia milha ao sul de Sicar. A localização exata tem sido bem estabelecida pela tradição, e para o bem fica hoje perto de uma igreja ortodoxa inacabado. Era um poço profundo (aprox. 100 pés), alimentado por uma mola de corrida (a palavra traduzida como "bem" em vv. 11-12 refere-se a uma cisterna ou canoa bem, enquanto a palavra usada aqui denota uma mola ou fonte). A sexta hora, por cômputo judaico, teria sido a sexta hora após o nascer do sol em cerca Dt 6:12; isto é, meio-dia. Jesus, sendo cansado da viagem, estava sentado, assim, pelo bem. Como a Palavra divina encarnada (01:
14) Jesus era sem pecado (8:46;. 2Co 5:21; 1Pe 2:221Pe 2:22; 1Jo 3:51Jo 3:5). ( João 1:11, O New Commentary americano [Nashville: Broadman & Holman, 2002], 201)

O palco estava montado; Jesus estava no lugar certo e na hora certa para um encontro na vontade de Deus. Ele era, na realidade, mantendo um compromisso divino que Ele mesmo tinha feito antes da fundação do mundo.

O Contato

Veio uma mulher de Samaria tirar água. Jesus disse-lhe: "Dá-me de beber." Para seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. Portanto, a mulher samaritana lhe disse: "Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber desde que eu sou mulher samaritana?" (Porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos.) Respondeu Jesus, e disse-lhe: "Se tu conhecesses o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe teria pedido a Ele, e Ele teria lhe dado água viva. " Ela disse-lhe: "Senhor, tu não tens com que tirá-e o poço é fundo;?, Onde, em seguida, você começa a água viva Você não é maior do que o nosso pai Jacó, é você, que nos deu o poço, bebendo de ele próprio e seus filhos e seu gado? " Jesus respondeu, e disse-lhe: "Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de águas vivas para a vida eterna. " A mulher disse-lhe: "Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede nem vir até aqui para desenhar." (4: 7-15)

Como Jesus sentou-se ao lado do bem naquela noite, cansado e com sede de sua viagem, veio uma mulher de Samaria tirar água. O frio da noite foi o tempo em que as mulheres habitualmente efectuados que chore (Gn 24:11). Esta mulher veio ao meio-dia, talvez por causa de seu desejo de evitar a vergonha pública. O que também foi incomum era que esta mulher veio uma longa distância a este bem quando havia outras fontes de água mais próximo da aldeia. Mas ela, por razões que em breve se tornará evidente, era um pária. Ela prefere caminhar a distância extra na hora mais quente do dia de enfrentar a hostilidade e desprezo das outras mulheres na mais estreita bem cedo ou no final do dia.

Simples pedido do Senhor, "Dá-me de beber", estava em que a cultura de uma violação chocante de costume social. Homens não falam com as mulheres em público, nem mesmo suas esposas. Nem associado rabinos com as mulheres imorais (conforme Lc 7:39). O mais significativo de tudo nesta situação, os judeus costumam não queria nada com os samaritanos (conforme a discussão do v. 9 abaixo). Mas Jesus quebrou todas essas barreiras. A nota entre parênteses que os discípulos tinham ido à cidade comprar comida explica por que Jesus estava sentado no poço por si mesmo. Ele também indica que nosso Senhor não prestar atenção aos tabus dos judeus estritos, que não comem alimentos manipulados por samaritanos.

Surpreso que Jesus falou com ela, a mulher samaritana disse com espanto, "Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber desde que eu sou mulher samaritana?" Como mencionado acima, era culturalmente incorreto para um homem , especialmente um rabino, para falar com qualquer mulher, especialmente um pária imoral. Mas a sua pergunta revela que o que ela achou mais surpreendente foi que Jesus, sendo judeu, iria falar com ela, um

Samaritana uma vez que, como João explicou de um jeito discreto, os judeus não se comunicavam com os samaritanos. Ainda mais surpreendente foi a Sua vontade de se contaminar cerimonialmente por beber de seu pote de água, já que ele havia nenhum navio de Sua própria a partir do qual a beber (v . 11). (A palavra traduzida negociações em nota explicativa de João literalmente significa "usar os mesmos utensílios.") Mas Jesus foi o infinitamente santo Deus em carne humana. Ele não pode ser contaminado por um pote de água Samaritano. O que quer que Ele tocou-mesmo cadáveres (Lucas 7:12-15) ou leprosos (Mateus 8:2-3.) —não Manchar-lo, mas em vez disso tornou-se limpo.

A rivalidade entre os judeus e os samaritanos vinha acontecendo há séculos. Após a queda do reino do norte para os assírios, as dez tribos de

Israel [foram] levados para o exílio de sua terra para a Assíria ... [e] o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia e de Cuta e de Awa de Hamate e Sephar-vaim, e estabeleceu-los nas cidades de Samaria no lugar dos filhos de Israel. Então eles tomaram Samaria e viviam em suas cidades. (II Reis 17:23-24).

Os estrangeiros não-judeus casaram-se com a população de judeus que não haviam sido deportados, formando uma raça mista conhecida como os samaritanos (o nome deriva da região e capital de cidade, ambos chamados Samaria). Os novos colonizadores trouxeram sua religião idólatra com eles (II Reis 17:29-31), que tornou-se misturaram com o culto do Senhor (vv 25-28, 32-33, 41).. Com o tempo, no entanto, os samaritanos abandonaram seus ídolos e adoraram ao Senhor sozinho, à sua maneira (por exemplo, eles aceitaram apenas o Pentateuco como Escritura canônica, e adoraram a Deus no monte Garizim, não em Jerusalém).

Quando os exilados judeus voltaram para Jerusalém sob Esdras e Neemias, a sua primeira prioridade era para reconstruir o templo. Professando lealdade para com o Deus de Israel, os samaritanos ofereceram a sua assistência (Esdras 4:1-2). Recusa cega dos judeus (Ed 4:3, Ne 4:7 ss.). Desapontado em sua tentativa de adorar em Jerusalém, os samaritanos construíram seu próprio templo no monte Garizim (c. 400 aC). Os judeus mais tarde destruiu o templo durante o período intertestamental, piorando ainda mais as relações entre os dois grupos.

Depois de séculos de desconfiança, houve uma profunda animosidade entre os judeus e os samaritanos. O escritor do livro apócrifo de Eclesiástico expressa o desprezo e desdém os judeus sentiam para os samaritanos. Afirmar que Deus detestava o povo samaritano, ele ironicamente se refere a eles como "as pessoas estúpidas vivendo em Siquém" (50: 25-26). Os líderes judeus da época de Jesus manifestado este mesmo preconceito. Na verdade, quando eles queriam insultar Jesus, o pior que podia fazer era chamá-lo de um samaritano (08:48). Os samaritanos, claro, retribuiu hostilidade, como os judeus "foi ilustrado quando uma das suas aldeias recusou-se a receber Jesus porque Ele estava a caminho de Jerusalém (Lucas 9:51-53).

Em resposta à consulta da mulher, Jesus respondeu, e disse-lhe: "Se tu conhecesses o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe teria pedido a Ele, e Ele teria dado água viva. " A resposta do Senhor virou o jogo em cima dela. Quando a conversa começou, Ele era a sede um, e ela a um com a água. Agora Ele falou como se ela fosse a sede um e Ele o único com a água. A resposta da mulher refletida sua confusão. Ainda pensando em termos de água física, ela perguntou, "Senhor, você não tem nada para tirar, eo poço é fundo (conforme a discussão de v 6 acima.); onde, em seguida, você começa a água viva? " Ela não entendia que Jesus estava falando sobre as realidades espirituais. A água viva que Ele lhe ofereceu foi a salvação em toda a sua plenitude, incluindo o perdão do pecado e da habilidade e desejo de viver uma vida obediente que glorifica a Deus.

O Antigo Testamento usa a metáfora de água viva para descrever a limpeza espiritual e de vida nova que vem a salvação através do poder transformador do Espírito Santo. Desobediente Israel era culpado de ter estupidamente "[Deus], ​​o manancial de águas vivas, e cavaram para si cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas abandonado" (Jr 2:13). Mais tarde, Jeremias advertiu que "todos os que abandonar [o Senhor] será confundido. Aqueles que se afastam na terra será escrito, porque eles deixaram, o manancial de águas vivas, o Senhor" (17:13). Ambas as passagens enfatizar que Deus é a única fonte de salvação; Só Ele é a "fonte da vida" (Sl 36:9.) . Is 55:1; conforme Is 44:3). Escritura não sabe nada de uma salvação sem arrependimento, e que sempre envolve abandonar o pecado (At. 26: 19-20; 1Ts 1:91Ts 1:9.; Rom 3: 5-8; 6: 1-2.). Pelo contrário, Ele "entregou a si mesmo por nós para nos remir de toda iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras" (Tt 2:14; conforme At 3:26; Ef. 5: 25-27; Colossenses 1:20-23). Como resultado, aqueles que vêm a Ele e verdadeiramente receber a água viva da salvação eterna "foram libertados do pecado, [e se tornar] escravos da justiça ... e escravizados a Deus" (Rm 6:18, Rm 6:22;. Cf .. Ef 6:6; 1Pe 2:161Pe 2:16). Jesus respondeu ao interesse da mulher, oferecendo-lhe a oportunidade de confessar seus pecados e receber o perdão para ser purificado e entregue-se da iniqüidade para a justiça.

Chocado e envergonhado pela realização enervante que Jesus sabia tudo sobre sua vida moralmente degradada, a mulher respondeu evasivamente, "Eu não tenho marido." Embora ela não estava mentindo, ela não estava contando toda a verdade. Mas sua tentativa desesperada de esconder seu pecado de Jesus foi inútil; Sua resposta devastadora forçou-a a enfrentá-lo: "Você disse corretamente," Eu não tenho marido ', pois tiveste cinco maridos, e aquele que agora tens não é teu marido, o que você disse verdadeiramente. " Embora louvando —la por sua veracidade (na medida em que fui), Jesus, no entanto, desmascarado seu pecado. Também deve-se notar que, recusando-se a chamar o homem que ela estava vivendo com seu marido, Jesus rejeitou a noção de que a simples convivência constitui um casamento.A Bíblia vê o casamento como um formal, legal, aliança público entre um homem e uma mulher (Matt. 19: 5-6).

Abalado pelo conhecimento incrivelmente precisas de Jesus de sua vida pecaminosa, a mulher disse: "Senhor, vejo que és profeta." chamando-o de um profeta, ela afirmou que seu conhecimento de seu estilo de vida sórdida foi preciso. Já não é que ela tenta esconder seu pecado; em vez disso, esta declaração constitui uma confissão de que ela estava voltando do seu pecado, com a esperança de receber a água da vida eterna.

O Cristo

"Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar", Jesus disse-lhe: "Mulher, crê-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém vai você adorarão o Pai Vós adorais o que não conheceis;. nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade;. para tal pessoas que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito, e os que o adoram o adorem em espírito e em verdade ". A mulher disse-lhe: "Eu sei que vem o Messias (que se chama o Cristo); quando isso vier, Ele vai declarar todas as coisas para nós", disse-lhe Jesus: "Eu que falar com você sou Ele." (4: 20-26)

Depois de ter sido condenado por seu pecado e necessidade de perdão, e ter se arrependido e concordou com a acusação de Jesus, a mulher perguntou onde ela deve ir ao encontro de Deus e buscar a Sua graça e salvação. Uma vez que Jesus era, obviamente, um profeta de Deus, ela argumentou que Ele saberia, então ela disse: "Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar." O comentário dela destacou um dos os principais pontos de discórdia entre judeus e samaritanos. Ambos acreditavam que sob a antiga aliança Deus dirigiu Seu povo para adorá-Lo em um local específico (conforme Dt 12:5; Dt 26:2), e foi a partir monte Garizim que os israelitas proclamou as bênçãos da obediência aos mandamentos de Deus (Dt 11:29.). Os judeus, aceitando a completa cânone do Antigo Testamento, reconheceu que Deus tinha escolhido Jerusalém como o lugar onde estava a ser adorado (2Cr 6:6; 78:. 68-69; Sl 132:13; 9: 3-5); e, em segundo, a fonte da salvação, ou seja, o Messias era um judeu (Rm 9:5), "pois um espírito não tem carne nem ossos" (Lc 24:39). Ele é "o Deus invisível" (Cl 1:15; conforme 1Tm 1:171Tm 1:17; He 11:27..), Que "habita em luz inacessível [conforme Sl 104:2;. conforme Ex 33:20;. Jo 1:18; Jo 6:46). Se Ele não tivesse revelado nas Escrituras e em Jesus Cristo, Deus seria absolutamente incompreensível.

Porque Deus é espírito, aqueles que realmente adoram o adorem em espírito e em verdade. A verdadeira adoração não consiste em mera conformidade exterior às normas e deveres religiosos (Is 29:13; 48:.. Is 48:1; Jer 12: 1-2 .; Mateus 15:7-9), mas emana do interior do espírito. Ele também deve ser coerente com a verdade que Deus revelou sobre Si mesmo em Sua Palavra. Os extremos da ortodoxia morta (verdade e nenhum espírito) e heterodoxia zeloso (espírito e nenhuma verdade) devem ser evitados.

Ainda incapaz de compreender plenamente o que Jesus estava dizendo a ela, a mulher disse-lhe: "Eu sei que vem o Messias (que se chama o Cristo); quando isso vier, Ele vai declarar todas as coisas para nós." Ela ainda estava confuso , mas expressou sua esperança de que um dia o Messias (cuja vinda os samaritanos também antecipou, com base em Dt 18:18) seria esclarecer todas essas questões religiosas vexatório.

A história chegou ao seu poderoso clímax dramático na resposta de Jesus, "eu que falo a você sou Ele." Ele evitou uma declaração tão direta ao povo judeu (conforme Mt 16:20), por causa da política e crassly militaristas expectativas que tinham para o Messias; eles esperavam para alguém que levaria uma revolta para se libertar do jugo dos romanos odiados (conforme Jo 6:15). A fé desta mulher samaritana, por outro lado, não foi obstruída por esses equívocos autodenominados (como a sua resposta no v. 29 indica). A palavra Ele não está no texto original. Nosso Senhor, na verdade, disse, "eu que falo a você sou." Aqui é outra das declarações "Eu Sou" que são tão comuns neste evangelho (conforme 8:58). Vinte e três vezes o nosso Senhor diz: "eu sou", e sete vezes acrescenta metáforas ricas (conforme 6:35, 41, 48, 51; 08:12; 10: 7, 9, 11, 14; 11:25; 14: 6; 15: 1, 5).

As palavras de Jesus deve ter balançado a mulher para o núcleo de seu ser. O homem que poucos minutos antes havia feito um simples pedido de um copo de água já afirmou ser o Messias esperado. Ao contrário de Nicodemos, que não sabia nada de quaisquer sinais e milagres que Jesus tinha realizado. Mas apenas por causa do que ele sabia sobre ela a mulher não duvidar da veracidade de sua afirmação.Isso foi ótimo, dado por Deus a confiança. Na verdade, ela foi e proclamou-o em sua vila, fato que sugere fortemente que ela tinha realmente vir a fé salvadora.

Conversa de Jesus com a mulher no poço ilustra três verdades inegociáveis ​​sobre a salvação. Em primeiro lugar, a salvação vem somente para aqueles que reconhecem sua necessidade desesperada de vida espiritual que eles não têm. Água viva será recebida somente por aqueles que percebem que eles são espiritualmente sede. Em segundo lugar, a salvação vem somente para aqueles que confessar e se arrepender de seus pecados e desejo perdão. Antes desta mulher promíscua pudesse abraçar o Salvador, ela teve de reconhecer todo o peso da sua iniqüidade. E, terceiro, a salvação vem somente para aqueles que abraçam a Jesus Cristo como o Messias e do pecado portador. Afinal de contas, a salvação é encontrada em nenhum outro (conforme 14: 6; At 4:12).

12. O Salvador do Mundo (João 4:27-42)

Neste ponto, seus discípulos vieram, e eles ficaram maravilhados que Ele estava falando com uma mulher, mas ninguém disse: "O que você busca?" ou "Por que você fala com ela?"Assim, a mulher deixou o seu cântaro, e foi à cidade e disse aos homens: "Vinde, vede um homem que me disse tudo o que eu tenho feito;? ​​Isso não é o Cristo, que é" Eles saíram da cidade, e foram ter com ele. Enquanto isso, os discípulos estavam incitando-o, dizendo: "Mestre, come." Mas Ele disse-lhes: "Eu tenho um alimento para comer que vós não conheceis".Então os discípulos diziam uns aos outros: "Ninguém lhe trouxe de comer, não é?" Jesus disse-lhes: "Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra. Você não diz, que ainda há quatro meses, e depois que venha a ceifa? Eis que eu vos digo, elevador os vossos olhos e vede os campos, que já estão brancos para a colheita já que ceifa é receber os salários e está recolhendo frutos para a vida eterna;. de modo que o que semeia como o que ceifa juntamente se regozijem Pois neste caso, o ditado. é verdade, 'Um semeia e outro o que ceifa. " Eu vos enviei a ceifar onde não trabalhaste; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho ". De que cidade muitos dos samaritanos creram nele por causa da palavra da mulher, que testificou: "Ele me disse que todas as coisas que eu fiz." Então, quando os samaritanos foram ter com Jesus, eles estavam pedindo-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias. Muitos mais creram por causa da sua palavra; e eles estavam dizendo para a mulher: "Já não é por causa do que você disse que nós acreditamos que, para nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo." (4: 27-42)

Israel é um país abençoado por Deus com exclusividade. De nenhum outro povo que Ele disse: "Você só tenho escolhido entre todas as famílias da terra" (Am 3:2.; Lv 20:26; Lc 1:54; Jo 4:22; Rm 1:16; 3: 1-2.).

Como povo escolhido de Deus, os israelitas receberam promessas singulares e bênçãos. Por exemplo, Deus assegurou a Abraão que seus descendentes iriam se tornar uma grande nação, e que através deles as outras "famílias da terra serão abençoados" (Gn 12:1-3; conforme At 3:25). Deus também trouxe-os "a uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel" (Ex 3:8; 13 14:1-13:17'>Gn 13:14-17; Gn 15:18; Gn 17:8.; Dt 30:5; conforme 20:. 1-4; Dt 23:14; Dt 28:7).

Infelizmente, a desobediência de Israel causaram a nação a ser oprimido por seus inimigos (conforme Lev 26: 15-17; Dt 4:27; 28:.. 64-66; Jz 2:16; Isa. 1: 7-8.; 5: 5-7) e, eventualmente, conquistado e enviado para o exílio (Lev. 26: 33-37; Dt 4:27; 2 Reis 17:. 6-23; 2Rs 18:11; 2Rs 25:21; Sl 44:11;. Jr 9:16; Lm 1:1; Ez 12:15; 20: 23-24; Ez 22:15; Ez 36:19; Am 5:27; Am 7:11, Am 7:17; Zc 7:14).. No entanto, as promessas de Deus para abençoar a nação permaneceu em vigor, assim como o fazem hoje (Jer 33: 20-26; Rm 9:1). Apesar desobediência contínua de Israel e derrota subsequente, a promessa de Deus nunca vacilou:

 

Assim diz o Senhor,
Quem dá o sol para luz do dia
E a ordem fixa da lua e das estrelas para luz da noite,
Quem agita o mar, de modo que suas ondas rujam;
O Senhor dos exércitos é o seu nome:
"Se esta ordem fixa afasta
Desde antes de mim ", diz o Senhor,
"Então os filhos de Israel também cessará
De ser uma nação diante de mim para sempre "
Assim diz o Senhor,
"Se os céus em cima pode ser medido
E os fundamentos da terra cá em baixo,
Então eu também rejeitarei toda a descendência de Israel

Por tudo o que eles têm feito ", diz o Senhor (Jer. 31: 35-37).

 

Como povo escolhido de Deus, Israel tem todas as vantagens. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, diz: "Então, o que a vantagem do judeu Ou qual é o benefício da circuncisão grande em todos os aspectos Em primeiro lugar, porque lhe foram confiados os oráculos de Deus?". (Rom. 3: 1-2). Eles também são os únicos ", a quem pertence a adoção de filhos, ea glória, a aliança ea promulgação da Lei, eo culto, e as promessas, de quem são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente Amém "(Rm. 9: 4-5).. Em Sua bondade gracioso, Deus concedeu a Israel privilégios que nenhuma outra nação já apreciado.

O Senhor Jesus Cristo resumiu o privilégio mais significativo Israel recebeu quando Ele disse à mulher samaritana que "a salvação vem dos judeus" (04:22). Como observado no capítulo anterior deste volume, que a verdade tem um duplo significado: a de que o evangelho foi pregado primeiramente aos judeus (Mateus 10:5-7; Mt 15:24; Lc 24:47; At 1:8; Rm 1:16), e que o Messias veio a nação de Israel (Gn 49:10; Is 11:1), a Bíblia promete salvação para eles também. Is 45:22 registra gracioso convite de Deus, "Vire-se para mim e sejam salvos, todos os confins da terra; porque eu sou Deus, e não há outro." Mais tarde, em Isaías, Deus disse profeticamente ao Messias: "Ele é muito pequeno uma coisa que você deve ser meu servo, para levantar as tribos de Jacó e para restaurar os preservados de Israel; eu também vai fazer você uma luz das nações para que a minha salvação chegue até o fim da terra "(49: 6; conforme 42: 6; Lc 2:32). O apóstolo Paulo citou este versículo em At 13:47 como o seu mandato por pregar o evangelho aos gentios. E o próprio Jesus, após Sua ressurreição, declarou que "o arrependimento para a remissão dos pecados seria proclamado em seu nome a todas as nações, começando por Jerusalém" (Lc 24:47; conforme At 1:8.; Lucas 14:16-24). Foi a incredulidade e impenitência dos judeus que os desligados de bênção divina no tempo de Elias e Eliseu e causadas poder e bênção de Deus para ir para párias (Lucas 4:25-30). Esta mesma incredulidade defini-los contra o seu único Salvador.

A história que se desenrola nesta seção revela cinco sutis, provas ainda inconfundíveis que corroboram a afirmação de Jesus ser o Messias: Seu controle impecável de circunstâncias, o seu impacto sobre a mulher, sua intimidade com o Pai, a sua visão sobre as almas dos homens, e Sua impressão sobre os samaritanos.

Impecável Controle de Circunstâncias de Cristo

Neste ponto, seus discípulos vieram, e eles ficaram maravilhados que Ele estava falando com uma mulher, mas ninguém disse: "O que você busca?" ou "Por que você fala com ela?"(04:27)

O grego frase touto epi ( neste ponto; ou "naquele momento") capta o domínio completo da situação de Jesus. Os discípulos vieram de volta da compra de alimentos em Sicar (v. 8) no exato momento em Jesus revelou Sua messianidade à mulher samaritana. Se tivessem retornado mais cedo, teriam interrompeu a conversa antes de chegar a sua conclusão dramática; teve eles voltaram mais tarde, eles teriam perdido ouvir declaração de Jesus. Divina Providência estava no trabalho.

Os discípulos ficaram espantados ao ver que Jesus estava falando com uma mulher -a violação chocante das normas sociais, como foi observado no capítulo anterior deste volume. No judaísmo, acreditava-se que, para um rabino para falar com uma mulher era no máximo um desperdício de tempo, e, na pior, uma distração de estudar a Torá-o que poderia levar à condenação eterna. Que ela era um samaritano fez a ação do Senhor ainda mais surpreendente. E se soubessem fundo imoral da mulher, os discípulos teria sido completamente atordoado. Como poderia o seu Mestre tem nada a ver com essa pessoa? De todas as pessoas, por que Ele iria escolher para revelar Sua messianidade com ela? No entanto, o seu respeito por Jesus era tal que eles sabiam melhor do que interromper a conversa. Portanto, ainda que estes eram exatamente seus pensamentos, eles não perguntar à mulher, "O que você busca?" ou pedir a Jesus, "Por que você fala com ela?" Eles já tinham conhecimento de que Jesus não estava vinculada por expectativas judaicas, tradições e preconceitos, e que ele tinha boas razões para fazer o que Ele fez.

Houve uma importante lição aqui para os discípulos de aprender. Embora o evangelho seria pregado primeiro a Israel (Matt. 10: 5-6; Mt 15:24), não seria pregado exclusivamente a Israel (Is 59:20-60: 3; Rm 1:16..). Ele iria atravessar todas as barreiras culturais-um conceito que foi difícil para muitos judeus a aceitar. A história inesquecível de recusa dramática de Jonas para obedecer quando Deus o chamou para pregar em Nínive demonstra atitude anti-missionário dos judeus. Na verdade, Jonas correu na direcção oposta. Sua desobediência não resultarem de medo para sua própria segurança, mas a partir de uma falta de vontade de ver seus inimigos (os assírios odiados) misericórdia experiência de Deus. O próprio profeta admitiu que esta foi a sua motivação: "[Jonas] orou ao Senhor e disse:" Por favor, Senhor, não foi isso o que eu disse quando eu ainda estava no meu próprio país Portanto, a fim de evitar esta fugi para Társis? , pois eu sabia que és um Deus clemente e compassivo, lento para a ira e grande em benignidade, e que se arrepende do calamidade "(Jn 4:2;.. Gl 3:28).

Como explicou a verdade a esta mulher, conversa do Senhor não foi forçado, apressado, ou manipuladora. Em vez disso, Jesus soberanamente orquestrado o calendário de eventos para que os discípulos chegaria no momento oportuno. Como Deus em carne humana, controle providencial de Jesus sobre a situação não é nenhuma surpresa, já que Deus soberanamente orquestra todos os eventos.

A história está sob controle absoluto de Deus, pré-escrita na eternidade passada. Paulo disse aos filósofos pagãos em Atenas que Deus determinou os tempos designados de todas as nações (At 17:26; conforme At 1:7; Rm 15:1), proclamando a verdade a um pecador perdido deu o Senhor muito mais satisfação (conforme Lc 15:10; Lc 19:10) do que qualquer alimento físico poderia fornecer (conforme 23:12). Jesus frequentemente referido o Pai como Aquele que enviou Ele (05:24, 30, 36-37; 6: 38-39, 44, 57; 07:16, 28, 29, 33; 08:16, 18, ​​26 , 29, 42; 9: 4; 11:42; 12: 44-45, 49; 13 20:14-24; 15:21; 16: 5; 17: 8, 18, ​​21, 23, 25; 20 .: 21; Mt 10:40; Mc 9:37; Lc 4:18; Lc 9:48; Lc 10:16); Seu objetivo durante Seu ministério terreno foi realizar a sua obra (conforme 05:17, 36; 9: 4; 10:25, 32, 37-38; 14:10; 17:
4) da salvação (6: 38-40 ; Mt 1:21; Lc. 5: 31-32; Lc 19:10; 1Jo 4:91Jo 4:9; 13 3:40-13:8'>13 3:8., 13 24:40-13:32'>24-32; Marcos 4:26-32), Jesus impressionou em os discípulos a urgência de alcançar os perdidos. Não havia necessidade de esperar quatro meses; os espirituais campos já estavam brancos para a ceifa. Os discípulos tinham apenas para levantar os seus olhos e olhe ao samaritanos vindo em direção a eles (v. 30), a sua roupa branca formando um contraste impressionante contra o verde brilhante do grão de amadurecimento e parecendo cabeças brancas nas hastes que indicavam o tempo para a colheita.

Embora os samaritanos ainda não tinha atingido o bem, Jesus conhecia o coração dos homens e cujo estava pronto para a salvação (conforme 1: 47-49; 2: 24-25; 6:64), assim como ele tinha conhecido a história da vida silenciosa de a mulher (vv. 16-18). Tal visão sobrenatural foi uma manifestação de Sua divindade (conforme 1Sm 16:7). Ao contar aos discípulos que aquele que colhe está recebendo salários e está recolhendo frutos para a vida eterna do Senhor destacou a responsabilidade de participar da colheita de almas. Eles receberiam seus salários, a alegria gratificante de recolher frutos para a eternidade (conforme Lc 15:7).

Impression de Cristo na samaritanos

De que cidade muitos dos samaritanos creram nele por causa da palavra da mulher, que testificou: "Ele me disse que todas as coisas que eu fiz." Então, quando os samaritanos foram ter com Jesus, eles estavam pedindo-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias. Muitos mais creram por causa da sua palavra; e eles estavam dizendo para a mulher: "Já não é por causa do que você disse que nós acreditamos que, para nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo." (4: 39-42)

Após o interlúdio de versículos 31:38, os samaritanos reinserir a narrativa como a história constrói a um poderoso conclusão. Muitos dos aldeões creram nele por causa da palavra da mulher, que testificou: "Ele me disse que todas as coisas que eu fiz." Certamente, podemos supor que ela deu os detalhes de seu conhecimento sobrenatural, não apenas este comentário resumo. Esse conhecimento sobrenatural dos detalhes de seu passado liquidado para eles que Ele era de fato o Messias. Portanto, quando eles chegaram perto de Jesus junto ao poço, eles foram continuamente pedindo-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias. Durante esse tempo muitos mais creram por causa da sua palavra. Embora eles foram influenciados pelo testemunho da mulher, ao ouvir do próprio Jesus foi o argumento decisivo. Então eles estavam dizendo a ela, "Já não é por causa do que você disse que nós acreditamos que, para nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo." Essas palavras não tinham a intenção de denegrir o seu testemunho , mas sim para indicar que o seu tempo com Jesus confirmou.

A confissão samaritanos 'de Jesus como o Salvador do mundo (conforme 2Co 5:19; 1 Jo 2:1)

Após os dois dias Ele saiu de lá para a Galiléia. Para Jesus mesmo testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria. Então, quando ele veio para a Galileia, os galileus o receberam, vistas todas as coisas que Ele fez em Jerusalém para a festa; para eles próprios também foi para a festa. Por isso, Ele veio novamente a Caná da Galiléia, onde tinha feito a água em vinho. E havia um oficial do rei, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum. Quando ele soube que Jesus tinha vindo da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele e estava implorando-lhe que descesse e curasse o seu filho; pois ele estava no ponto de morte. Então Jesus lhe disse: "Se não virdes sinais e prodígios, você simplesmente não vai acreditar." O oficial do rei, disse-lhe: "Senhor, desce, antes que meu filho morra." Jesus disse-lhe: "Vá;. Teu filho vive" O homem creu na palavra que Jesus falou com ele e começou. Como ele já ia descendo, os seus escravos conheci, dizendo que seu filho estava vivo. Então perguntou-lhes a hora em que ele começou a ficar melhor. Então eles disseram-lhe: "Ontem à hora sétima a febre o deixou." Então, o pai sabia que era a hora em que Jesus lhe disse: "Seu filho vive"; e ele mesmo acreditou e toda a sua casa. Este é novamente um segundo sinal de que Jesus realizou quando Ele tinha vindo da Judéia para a Galiléia. (4: 43-54)

O evangelho de João é eminentemente o evangelho de crença. Ele escreveu seu registro inspirado para que seus leitores "creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo [eles], tenhais vida em seu nome" (20:31). O verbo pisteuo ("acreditar") aparece quase 100 vezes neste evangelho, e a esmagadora maioria das suas ocorrências referem-se a acreditar Salvadora no Senhor Jesus Cristo (por exemplo, 1:12; 06:29; 08:30; 12:44 ; 14: 1; 17:20). Através de acreditar nas pessoas a se tornar filhos de Deus (1:12; 12:36), obter a vida eterna (3: 15-16, 36; 06:40, 47), evitar o julgamento (3:18; 5:24), participar da ressurreição da vida (11:25; conforme 5:29), possuem habitação do Espírito Santo (7: 38-39), são entregues a partir de escuridão espiritual (0:46), e encontrar a capacitação para o serviço espiritual (14 : 12).

Além disso, Deus ordena que as pessoas acreditam em seu Filho. Quando perguntado pela multidão, "O que vamos fazer, para que possamos realizar as obras de Deus?" (Jo 6:28), Jesus respondeu: "Esta é a obra de Deus, que creiais naquele que por ele foi enviado" (v 29; conforme 03:18; 14: 1.). Mas a verdade trágico é que a maioria das pessoas se recusam a acreditar em Jesus Cristo. No Sermão da Montanha Ele advertiu, "larga é a porta e o caminho é largo que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Porque a porta é pequena e o caminho é estreito que conduz à vida, e não há São poucos os que a encontram "(13 40:7-14'>Mateus 7:13-14; conforme 13 23:42-13:30'>Lc. 13 23:30). Expressando essa mesma verdade do ponto de vista da soberania divina Ele declarou: "Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos" (Mt 22:14;. Conforme Jo 10:26). Apesar de suas boas ações ou zelo religioso, os incrédulos nunca pode agradar a Deus (Rm 8:8). Em João 16:8-9 Jesus disse do Espírito Santo: "Ele, quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo; quanto ao pecado, porque não crêem em mim."

Um "coração do mal, descrente" (He 3:12) caracteriza as pessoas-a unregenerate coração que ama a escuridão do pecado e detesta a luz do Evangelho (João 3:19-20). Incredulidade do coração também é composta por Satanás, "o deus deste mundo [que] cegou os entendimentos dos incrédulos para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo" (2Co 4:4). Por exemplo, o Antigo Testamento registra que, enquanto o Faraó endureceu o seu coração (Ex 8:15, Ex 8:32; Ex 9:34; 1Sm 6:61Sm 6:6; 7:. Ex 7:3; Ex 9:12; Ex 10:1, Ex 10:27; Ex 11:10; Ex 14:4).

Na sua essência, a incredulidade é uma rejeição da verdade salvífica de Deus contida nas Escrituras. Assim, Jesus disse aos judeus incrédulos: "Porque eu falo a verdade, você não acredita em mim. Qual de vocês Me convence de pecado? Se eu falar a verdade, por que você não acredita em mim?" (João 8:45-46). A incredulidade é a rejeição de Jesus Cristo, que é a verdade de Deus encarnado (Jo 14:6; He 3:12.). O povo de Israel rejeitou sinais miraculosos de Jesus, tal como tinham igualmente rejeitados grandes obras de Deus em toda a sua história (Sl 78:32;. Conforme v 22;.. Nu 14:11;. Dt 1:32; Dt 9:23 ; 2Rs 17:142Rs 17:14; Lc 22:67; At 14:1; Hb 3:18-19).

Os relatos evangélicos descrevem vários níveis de incredulidade. Em primeiro lugar, houve incredulidade devido à falta de exposição. Esta foi a incredulidade do coração preparado e pronto, apenas esperando a revelação da verdade de Deus. Este é o nível mais raso de incredulidade, exigindo apenas o conhecimento da glória do esplendor da pessoa de Cristo a ser superado. Por exemplo, quando João Batista apontou para Cristo André e João (1: 35-37), eles imediatamente seguiram-no-mesmo que ele ainda não tinha sequer falado com eles. Seu conhecimento do Antigo Testamento e seu amor a Deus os fez pronto.
Segundo, havia descrença devido à falta de informações. Este tipo de incredulidade necessário mais do que a mera exposição à pessoa de Cristo; aqueles a este nível foram menos preparado e teve de ouvir Suas palavras para ser persuadido. A mulher samaritana no poço não estava impressionado com a aparência de Jesus ou expostos a qualquer um dos seus milagres; Para ela, ele parecia ser apenas mais um rabino judeu. Mas depois ela experimentou Seu conhecimento sobrenatural a respeito de seu pecado (4: 16-19); Sua declaração direta de que Ele era o Messias (4:
26) foi convincente. Suas palavras também convenceu muitos de seus conterrâneos para crer nEle (4: 41-42).

Em terceiro lugar, havia descrença devido a uma percepção de falta de provas. Aqueles que se enquadram nesta categoria tinha ouvido as reivindicações de Cristo, mas a evidência de que essas alegações eram verdadeiras desejado. Os Evangelhos descrevem-nos como aqueles que precisam para ver as obras de Cristo. O próprio Jesus ofereceu Seus milagres como prova de que Ele era o Messias (Lucas 7:20-22; Jo 5:36; Jo 10:25, 37-38; Jo 14:11; conforme At 2:22). Embora os milagres que atestam Cristo realizados não trouxe todos os que os observados para a fé salvadora (2: 23-25; 0:37; Lc 4:23), eles não convencer alguns. Eles foram suficientes para convencer a Nicodemos que Jesus foi enviado por Deus (3: 2), e começar a ele no caminho para a fé salvadora (ver cap 8 deste volume.).

Mas havia um quarto nível de incredulidade encontrada no deliberada de coração endurecido-ness extremamente religiosa e hipócrita, ou seja, devido à incredulidade. Aqueles a este nível se recusou a acreditar em Cristo e do evangelho da graça, e nenhuma quantidade de evidência seria convencê-los de outra forma. Eles sabiam quem era Jesus; eles entenderam Seus ensinamentos; eles estavam cientes da esmagadora evidência; ainda que teimosamente rejeitou suas alegações. Jesus alertou para as consequências dessa obstinada incredulidade, quando disse: "A menos que você acredita que eu sou, morrereis nos vossos pecados" (08:24). Os fariseus exemplificou esse nível final de incredulidade hipócrita quando concluíram de Jesus: "Este homem expulsa os demônios só por Belzebu o príncipe dos demônios" (Mt 12:24). Eles decidiram, exatamente o oposto da verdade, que Jesus era satânico. Essa incredulidade deliberada é o tipo mais mortal. Porque essas pessoas, que pensam ter conseguido justiça, continuamente rejeitam todas as provas para o evangelho de Deus mostra-los e odeiam a realidade que eles são espiritualmente pobres, cegos, escravizados e oprimidos com o pecado (conforme Lc 4:16-30) . Sua incredulidade nunca vai dar lugar ao arrependimento e à fé salvadora (conforme Mt 12:31-32.; Hb 6:4-8.).

Como começar o seu ministério galileu, Jesus encontrou algumas pessoas no terceiro nível da incredulidade. Os galileus não ficaram impressionados com sua pessoa ou suas palavras; Ele cresceu entre eles, e eles pensavam que sabiam quem Ele era (conforme Mt 13:1.; Lucas 7:2-10), as diferenças significativas entre as duas histórias descarta essa possibilidade.Por exemplo, o homem nesta história era um oficial do rei, enquanto o centurião era um soldado; o funcionário pediu a cura para seu filho, enquanto o centurião intercedeu em favor de seu servo; e fé do funcionário não foi elogiado por Jesus (v 48)., enquanto que a fé do centurião era (Lc 7:9; At 3:26; At 13:46; Rm 1:16). O povo judeu eram o principal foco do ministério de Jesus (Mateus 10:5-6; Mt 15:24.).

A declaração proverbial um profeta não tem honra na sua própria pátria (conforme Lc 4:24) contrasta aceitação de Jesus pelos samaritanos com Sua rejeição geral pelo povo judeu (01:11). Ele também explica Seu motivo para o retorno à sua região de origem da Galiléia (como a conjunção gar [para] indica). À primeira vista, parece um tanto desconcertante que Jesus foi para a Galileia, porque, como Elemesmo testificou, Ele receberia nenhuma honra lá. A questão, porém, é que Jesus não foi pego de surpresa quando muitos em sua região natal rejeitaram. Ele foi para lá sabendo que Ele seria dada uma recepção fria, especialmente em Nazaré, onde tinha sido levantada (Lc 4:1ff). Mas alguns na Galiléia iria acreditar e, portanto, honrá-lo.

A declaração de João, por isso, quando Ele veio para a Galileia, os galileus o receberam, não significa que eles acreditavam Salvadora em Jesus como o Messias. Oun ( tão ) remete para a declaração de Jesus no versículo anterior, e confirma que os galileus não fez honrá-lo por quem Ele realmente era. Pelo contrário, depois de ter visto todas as coisas que Ele fez em Jerusalém no dia da festa (conforme 2:23), saudaram-lo apenas como um fazedor de milagres. Eles estavam curiosos, ansiosamente esperando para ver Jesus realizar algumas façanhas mais sensacionais. Assim, o apóstolo João escreve com um senso de ironia; recepção de Jesus os galileus 'não era genuíno, mas superficial e raso.

Incredulidade Confrontado

Por isso, Ele veio novamente a Caná da Galiléia, onde tinha feito a água em vinho. E havia um oficial do rei, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum. Quando ele soube que Jesus tinha vindo da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele e estava implorando-lhe que descesse e curasse o seu filho; pois ele estava no ponto de morte. Então Jesus lhe disse: "Se não virdes sinais e prodígios, você simplesmente não vai acreditar." O oficial do rei, disse-lhe: "Senhor, desce, antes que meu filho morra." (4: 46-49)

O fato de que Jesus encontrou um oficial do rei, em Caná da Galiléia, onde tinha feito a água em vinho (conforme 2: 1-11) só contribuiu para a ironia da situação. Este foi o lugar onde Jesus tinha realizado seu primeiro milagre. No entanto, em vez de exibir verdadeira crença nele, por causa de seu inegável poder sobrenatural, as pessoas simplesmente exibido um desejo de ver mais milagres. Como este incidente demonstra, a recepção dos galileus, como a da maioria dos judeus (2: 23-25), era curioso, emoção em busca, não-poupança, interesse superficial, baseado em assinar. A conjunção oun ( portanto ) introduz a história do funcionário real e apresenta-o como um exemplo daqueles galileus que viram Jesus não era o Messias, mas apenas como um fazedor de milagres (conforme a discussão do v. 48 abaixo).

oficial do rei ( basilikos ) era mais provável no serviço de Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia, de 4 aC a ad 39. (É improvável que ele estava a serviço do imperador, desde a Galiléia não era parte de uma província imperial.) Antipas era um filho de Herodes, o Grande, que governou a Palestina na época do nascimento de Cristo. Após a morte de seu pai, Antipas foi feito governante da Galiléia. Embora Roma negou-lhe o título real formal, Antipas foi, no entanto, comumente referido como um rei (Mt 14:9). Alguns têm especulado que este oficial do rei foi "Cuza, procurador de Herodes" (Lc 8:3; Mc 6:3) e a mulher siro-fenícia (Marcos 7:24-30), assumiu Jesus tinha que estar fisicamente presente para curar seu filho. Em segundo lugar, ele esperava que Jesus tinha o poder de curar a doença de seu filho, mas não tinha esperança de que ele poderia ressuscitá-lo dentre os mortos. Essas duas hipóteses foram atrás de sua insistência de que Jesus veio de uma vez antes que fosse tarde demais. Ao contrário do jovem rico (Marcos 10:17-22), ele não estava em busca da verdade espiritual, mas em vez disso foi movida por uma necessidade física e emocional esmagadora. Seu objetivo em vir para Jesus não era obter a salvação eterna para si, mas a cura física para o seu filho morrer.

Confrontado com medo, débil, a fé imperfeita do funcionário real e da incredulidade dos galileus em geral, Jesus emitiu uma severa repreensão: "Se não virdes sinais e prodígios, você simplesmente não vai acreditar." O NASB justamente adiciona a palavra em itálico pessoas , já que o verbo traduzido see é plural. Repreensão de Jesus compreendeu o oficial do rei, e todos os galileus, cujo fé falho desconsiderada Sua mensagem e missão de salvação e preferiu se concentrar na milagres sensacionais Ele realizados em seu nome.

O oficial do rei ignorou a avaliação de Jesus dele e de seus colegas galileus. Única e exclusivamente, ele abriu seu coração, exclamando: "Senhor, desce a Cafarnaum antes que meu filho (, um termo carinhoso mais agradável do que "filho" [vv. 46-47]) morre. " Apesar de sua repreensão caule da tipo de fé diante dEle, o Senhor graciosamente realizou o milagre, consequentemente desenho fé do funcionário para um nível superior. Ao curar seu filho fisicamente, o Grande Médico mudou-se para curar o pai espiritualmente.

Incredulidade Conquistada

Jesus disse-lhe: "Vá;. Teu filho vive" O homem creu na palavra que Jesus falou com ele e começou. Como ele já ia descendo, os seus escravos conheci, dizendo que seu filho estava vivo. Então perguntou-lhes a hora em que ele começou a ficar melhor. Então eles disseram-lhe: "Ontem à hora sétima a febre o deixou." Então, o pai sabia que era a hora em que Jesus lhe disse: "Seu filho vive"; e ele mesmo acreditou e toda a sua casa. Este é novamente um segundo sinal de que Jesus realizou quando Ele tinha vindo da Judéia para a Galiléia. (4: 50-54)

Em vez de concordar em voltar a Cafarnaum com ele, como o oficial havia implorado para ele fazer, Jesus apenas disse-lhe: "Vai, teu filho vive." No mesmo instante, o menino foi curado (vv 52-53.).Mesmo que ele não tinha a confirmação de que, o homem , no entanto, acreditava que a palavra que Jesus falou com ele. As palavras do Senhor a ele o tinha deslocado a partir do terceiro nível de descrença (que precisa de milagres) para o segundo (que acredita que a palavra de Cristo). Sem qualquer prova tangível de que seu filho foi curado, tomou Jesus em Sua palavra e partiu para casa.

Deixando de Cana, na região montanhosa de Galileu, o funcionário foi para baixo em direção a Cafarnaum, na costa norte do Mar da Galiléia (cerca de 700 pés abaixo do nível do mar). No caminho, os seus escravos o conheci, já tendo deixado a cidade para encontrá-lo e dizer-lhe a boa notícia de que seu filho estava vivo (ou seja, de que ele havia se recuperado, não apenas que ele ainda não havia morrido).Overjoyed, o homem perguntou-lhes a hora em que ele começou a ficar melhor. Os servos respondeu: "Ontem à hora sétima a febre o deixou." A sétima hora teria sido o início da tarde, em algum momento entre 1 e 3 horas, no mais amplo ajuste de contas. Até o momento ele deixou Cana e chegou nas imediações de Cafarnaum, foi depois da meia-noite ( ontem). É possível que a palavra de Jesus para ele aliviou sua ansiedade sobre seu filho, que lhe permite permanecer em Cana, talvez para ouvir e ver mais do Senhor e entender a Sua mensagem. Isso teria sido crítico, pois o levou a acreditar plenamente em Jesus quando seus servos relatou a cura completa de seu filho, confirmando as afirmações do Senhor (v. 53).

Era o tempo de recuperação de seu filho que o verificado para o pai que um milagre havia acontecido, porque ele sabia que a cura de seu filho tinha acontecido naquele muito hora em que Jesus tinha dito a ele: "Seu filho vive." Quando ele ouviu a notícia, o funcionário real creu ele, juntamente com cada membro de toda a sua família (conforme At 11:14; At 16:15, 31-34; At 18:8; 1Co 16:15.).

João concluiu esta conta com a nota de rodapé, Este é novamente um segundo sinal de que Jesus realizou quando Ele tinha vindo da Judéia para a Galiléia. Este ato de cura foi a segunda das oito principais sinais de que João registra como prova de que Jesus era o Messias. Ele também foi o segundo sinal (o primeiro tenha sido efectuado nas bodas de Cana [2: 1-11]) Ele tinha realizado na Galiléia.Que não foi o segundo milagre de Jesus em geral fica claro a partir 02:23. Neste caso, a verificação impressionante do poder de Jesus levantou o real oficial todo o caminho do sinal de procura de incredulidade a verdadeira fé salvadora.


Barclay

O NOVO TESTAMENTO Comentado por William Barclay, pastor da Igreja da Escócia
Barclay - Comentários de João Capítulo 4 do versículo 1 até o 54

João 4

Rompendo barreiras — Jo 4:1-9

Em primeiro lugar, situemo-nos no ambiente desta cena. A região da Palestina só tem 200 quilômetros do Norte ao Sul. Porém, na época de Jesus, dentro desses 200 quilômetros havia três divisões muito claras. No Norte estava Galiléia, no Sul Judéia, e no meio Samaria. Nesta etapa de seu ministério Jesus não queria ver-se envolto em uma controvérsia sobre o batismo, de maneira que decidiu abandonar no momento a Judéia e transladar suas atividades a Galiléia. Entre os judeus e os samaritanos havia uma inimizade de séculos, cujas causas veremos imediatamente. Mas, apesar de tudo, a forma mais rápida de passar da Judéia a Galiléia era atravessar Samaria. A viagem da Judéia a Galiléia se podia fazer em três dias, se se passava por Samaria. A outra possibilidade era cruzar o Jordão, subir pela costa Leste do rio, não entrar em Samaria, voltar a cruzar o Jordão, ao norte de Samaria e então entrar na Galiléia. É obvio que esta rota levava o dobro de tempo. De maneira que Jesus tinha que passar por Samaria se queria ir a Galiléia pelo caminho mais curto.
No caminho chegaram à cidade de Sicar. Perto de Sicar o caminho a Samaria se bifurca. Um dos caminhos se dirige ao Noroeste, a

Scitópolis; o outro vai primeiro para o Oeste, a Nablus e depois para o Norte, a Enganim. Justo na bifurcação do caminho está até o dia de hoje o poço que se conhece pelo nome de poço de Jacó. Tratava-se de uma zona muito rica em lembranças judaicas. Aí havia uma parte de terra que Jacó tinha comprado (Gênesis 33:18-19). Em seu leito de morte, Jacó deixou essa terra a José (Gn 48:52). E, depois da morte de José no Egito, levaram seu corpo a Palestina e o ali o sepultaram (Js 24:32) De maneira que se reuniam muitas lembranças judaicas em torno desta zona. O poço tinha mais de trinta metros de profundidade. Não se trata de uma vertente; é um poço no qual se filtra a água e ali se junta. Mas não resta dúvida de que se tratava de um poço do qual ninguém podia tirar água se não tinha algo com o que fazê-lo.

Quando Jesus e seu pequeno grupo chegaram à bifurcação dos caminhos, Jesus se sentou para descansar pois estava cansado da viagem. Era meio-dia. O dia judaico vai das seis da manhã até as seis da tarde e a hora sexta são as doze do meio-dia. De maneira que o calor chegou a seu grau máximo, e Jesus se sentia fatigado e sedento pela marcha. Seus discípulos foram comprar alguma comida na aldeia samaritana. Algo deve ter começado a acontecer. Antes de encontrar-se com Ele é muito pouco provável que lhes houvesse sequer ocorrido comprar comida em alguma população samaritana. Pouco a pouco, até possivelmente de maneira inconsciente, estavam quebrando as barreiras.
De maneira que, enquanto Jesus estava sentado, uma mulher samaritana se aproximou do poço. Por que teria que vir a esse poço, é algo misterioso, visto que estava a quase um quilômetro de Sicar onde deve ter vivido, e ali havia água. Pode ser que tenha sido um pária moral de tal calibre que até as mulheres da aldeia a expulsavam do poço do lugar e tinha que ir até ali para tirar água? Jesus lhe pediu que lhe desse água para beber. A mulher se voltou surpreendida. "Eu sou samaritana", disse. "Você é judeu. Como é que me pede que te dê água para beber?"
E então João passa a explicar aos gregos, para aqueles que escrevia o Evangelho, que não havia nenhum tipo de intercâmbio entre judeus e samaritanos. Não resta dúvida que o que temos no texto não é mais que o resumo mais breve possível do que deve ter sido uma longa conversação. É evidente que houve muito mais neste encontro do que se registra aqui. Se nos permite usar uma analogia, isto é como a minuta de uma reunião de uma comissão em que só se registram os pontos mais importantes. Creio que a mulher samaritana deve ter aberto sua alma ao estrangeiro. De que outra forma Jesus pode ter-se informado a respeito de seus complicados problemas domésticos? Era uma das contadas vezes em sua vida em que encontrava a alguém em cujo olhar havia amabilidade em lugar de uma superioridade crítica; e lhe abriu seu coração.

Há poucos relatos do Evangelho que mostrem tanto sobre a personalidade de Jesus como este.

  1. Mostra-nos o caráter real de sua humanidade. Jesus se sentia cansado pelo caminho, e se sentou junto ao poço, esgotado.

É muito significativo que João, que sublinha a absoluta deidade do Jesus Cristo mais que qualquer dos outros evangelistas, também sublinhe a fundo sua humanidade. João não nos apresenta um personagem livre do cansaço e esgotamento, o esforço e a luta próprios de nosso caráter humano. Mostra a alguém para quem a vida era um esforço, tal como o é para nós; mostra a alguém que também se sentia cansado e que também devia prosseguir.

  1. Mostra-nos a calidez de sua compaixão. A mulher samaritana teria fugido envergonhada de um líder religioso qualquer, de um dos líderes eclesiásticos ortodoxos da época. Ela o teria evitado. Se por uma casualidade muito pouco provável um deles lhe tivesse dirigido a palavra, ela o teria enfrentado com um silêncio envergonhado e até hostil. Mas para Jesus foi a coisa mais natural do mundo falar com esta mulher. Por fim tinha encontrado alguém que não era um juiz, mas um amigo, alguém que não condenava, mas sim compreendia.
  2. Mostra a Jesus como alguém que rompe barreiras. A luta entre judeus e samaritanos era uma história muito, muito velha. Em 722 A. C. os assírios tinham invadido, capturado e subjugado o reino de Samaria, no Norte. Fizeram o que costumavam fazer os conquistadores naquela época: transladaram quase toda a população a Média (2Rs 17:6). E trouxeram para esse lugar gente de Babilônia, de Cuta, da Ava, de Hamate e de Sefarvaim (2Rs 17:24). Agora, é impossível transladar a todo um povo. Alguns dos habitantes do reino do Norte ficaram nesse mesmo lugar. Como é inevitável, começaram a casar-se com os estrangeiros; e nessa forma cometeram um pecado que é imperdoável para qualquer judeu. Perderam sua pureza racial.

Até o dia de hoje, em uma família judia ortodoxa, se um filho ou uma filha se casa com um gentio, celebra-se seu funeral. Essa pessoa está morta aos olhos do judaísmo ortodoxo. De maneira que a grande maioria dos habitantes de Samaria e do reino do Norte foram a Média. Jamais voltaram; foram assimilados ao lugar onde foram levados e são as dez tribos perdidas. Os que permaneceram no país se casaram com estrangeiros que chegaram e perderam o direito de ser chamados judeus.
Depois de um tempo, o reino do Sul, cuja capital era Jerusalém, sofreu uma invasão e uma derrota semelhantes. Também os seus habitantes foram levados a Babilônia; mas não perderam sua identidade; permaneceram inalteravelmente judeus. Depois vieram os dias de Esdras e Neemias e os exilados voltaram para Jerusalém graças ao rei da Pérsia. Sua tarefa imediata foi reparar e reconstruir o templo, que estava destroçado. Os samaritanos vieram a oferecer sua ajuda para esta tarefa sagrada. Sua ajuda foi orgulhosamente rechaçada. Tinham perdido sua herança judaica e não tinham nenhum direito de compartilhar a reconstrução da casa de Deus. Indignados por este rechaço, voltaram-se com amargura contra os judeus de Jerusalém. Essa briga ocorreu ao redor do ano 450 A. C. e nos dias de Jesus aquela inimizade era tão profunda como sempre.

Agravou-se quando o judeu renegado Manassés se casou com a filha do samaritano Sambalate (Ne 13:28) e se dedicou a construir um templo que rivalizava com o de Jerusalém, no monte Gerizim que estava no centro do território samaritano e que é ao que se refere a mulher samaritana. Mais tarde, na época dos Macabeus, no ano 129 A. C., o general e caudilho judeu João Hircano comandou um ataque contra Samaria e saqueou e destroçou o templo do monte Gerizim.

Havia um profundo ódio entre judeus e samaritanos. Os judeus os chamavam depreciativamente chutitas, que era o nome de um dos povos que tinham instalado os assírios nessa região. Os rabinos judeus diziam: "Nenhum homem deve comer o pão dos chutitas porque quem come de seu pão é como aquele que come carne de porco." O Eclesiástico mostra Deus dizendo: “Há duas nações que minha alma detesta, e uma terceira nem sequer é nação: os habitantes de Seir, os filisteus e o povo estúpido que mora em Siquém” (Eclesiástico 50:25-26, Bíblia de Jerusalém).

Siquém era uma das mais famosas cidades samaritanas. O ódio era devolvido com interesse. Conta-se que o rabino Jocanán passava por Samaria quando ia orar a Jerusalém. Passou pelo monte Gerizim. Viu-o um samaritano e lhe perguntou: "Para onde vai?" "Vou a Jerusalém", disse, "a orar." O samaritano respondeu: "Não seria melhor que orasse nesta montanha Santa (o monte Gerizim) antes que nessa casa maldita?" Os peregrinos que foram da Galiléia a Jerusalém deviam passar por Samaria se, como vimos, viajavam pela rota mais rápida; e os samaritanos sentiam prazer em lhes obstar o caminho.
A desavença entre judeus e samaritanos tinha mais de 400 anos. Mas se desenvolvia com o mesmo ressentimento e amargura de sempre. Não é surpreendente que a mulher samaritana sentisse algo estranho quando Jesus, um judeu, falou com ela, uma samaritana.

  1. Mas havia até outra forma em que Jesus estava derrubando barreiras. A samaritana era uma mulher. Os rabinos estritos proibiam que um rabino saudasse uma mulher em público. Um rabino nem sequer podia falar em público com sua própria mulher, sua filha ou sua irmã. Até havia fariseus ao quais se apelidavam: "Os fariseus machucados e sangrantes" porque fechavam os olhos quando viam uma mulher pela rua e assim batiam a cabeça em paredes e casas! Para um rabino o fato que o vissem falando em público com uma mulher significava o fim de sua reputação, e entretanto, Jesus falou com esta mulher. Não só era mulher; tratava-se de uma mulher cuja personalidade era muito conhecida. Nenhum homem decente, e menos um rabino, deixou-se ver em sua companhia ou falando com ela; mas Jesus sim.

Para um judeu este relato era surpreendente. Aqui estava o Filho de Deus cansado, esgotado e sedento. Aqui estava o mais santo dos homens ouvindo compreensivamente uma triste historia. Aqui estava Jesus rompendo as barreiras do nacionalismo e do costume judaico ortodoxo. Aqui está o começo da universalidade do evangelho; aqui está Deus amando o mundo de tal maneira, não em teoria, mas em ação.

A ÁGUA VIVA

João 4:10-15

Devemos notar que esta conversação com a mulher samaritana segue exatamente o mesmo esquema que a conversação com Nicodemos. Jesus faz uma afirmação. A afirmação não se entende e pe tomada em um sentido incorreto. Jesus repete a afirmação de maneira ainda mais clara. Volta a ser mal compreendida; e então Jesus obriga a pessoa com quem está falando a descobrir e enfrentar a verdade por si mesma. Essa era a forma como Jesus costumava ensinar; e era uma forma muito efetiva, porque, como disse alguém: "Há certas verdades que o homem não pode aceitar; deve descobri-las por si mesmo".

Tal como fez Nicodemos, a mulher tomou as palavras de Jesus em seu sentido literal, quando devia compreendê-las no plano espiritual. Jesus falou de água viva. Agora, na linguagem comum, para o judeu água viva significava água corrente. Tratava-se da água que fluía em um arroio, por oposição à água estancada em uma cisterna ou em um pântano. Como já vimos, este poço não era um lugar onde houvesse águas vivas, mas sim a água se filtrava de uma capa subterrânea. Para o judeu, a água viva, corrente, de um arroio sempre era a melhor. De maneira que o que a mulher disse foi: "Oferece-me água pura de um arroio. De onde a tirará?" e passou a falar de "nosso pai Jacó".

É obvio, os judeus teriam negado com a maior ênfase que Jacó foi o pai dos samaritanos, mas uma das coisas que afirmavam os samaritanos era que descendiam de José, filho de Jacó, por Efraim e Manassés. Em realidade, a mulher diz a Jesus: "Esta é uma conversação blasfema. Nosso grande antepassado Jacó, ao vir a este lugar, teve que cavar este poço para obter água para sua família e seus animais. "Pretende ser capaz de tirar água fresca e corrente de um arroio? Se for assim, pretende ser mais sábio e poderoso que Jacó. Isso é algo que ninguém tem o direito de afirmar".
Quando a pessoa ia viajar costumava levar um balde feito com a pele de algum animal para poder tirar água de qualquer poço junto ao qual se detivessem. Não resta dúvida de que o grupo de Jesus tinha um desses baldes; e tampouco resta dúvida de que os discípulos o tinham levado a aldeia. A mulher viu que Jesus não tinha esse balde de couro dos viajantes e então volta a dizer: "Não precisa falar de tirar água e me dar água. Vejo com meus próprios olhos que você não tem balde com que tirar a água".

H. B. Tristam começa seu livro Eastern Customs in Bible Lands (Costumes orientais nas terras bíblicas) com esta experiência pessoal. Estava sentado junto a um poço na Palestina ao lado do cenário da estalagem que aparece na história do Bom Samaritano.

"Uma mulher árabe desceu da serra para tirar água; desdobrou e abriu sua bolsa de couro de cabra, depois desatou uma corda e a atou a um balde muito pequeno de couro que levava consigo; com este balde encheu o couro muito lentamente, atou-lhe a boca, o pôs sobre o ombro e, com o balde na mão, subiu a costa. Fiquei pensando na mulher de Samaria junto ao poço de Jacó, quando um árabe que viajava a pé, subindo a íngreme ladeira que vem de Jericó, com calor e cansado da viagem, desviou-se até o poço, ajoelhou-se e olhou para baixo com ansiedade. Mas não tinha ‘com o que tirá-la e o poço era fundo’. Passou a boca pela umidade que tinha deixado a água que derramou a mulher que veio antes dele e, desiludido, prosseguiu em seu caminho”.

Isso era exatamente no que estava pensando a mulher quando disse a Jesus que não tinha com o que tirar a água das profundidades do poço.
Mas os judeus empregavam a palavra água em outro sentido. Estavam acostumados a falar da sede de Deus que a alm sentia; e muito freqüentemente falavam de acalmar essa sede com água viva. Jesus não estava usando expressões incompreensíveis. Estava empregando palavras que qualquer que tivesse percepção espiritual deveria ter compreendido.

No Apocalipse a promessa é: “Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida” (Ap 21:6). O Cordeiro os conduzirá a fontes de água da vida (Ap 7:17). A promessa era que o povo escolhido tiraria com alegria águas das fontes da salvação (Is 12:3). O salmista falava de sua alma sedenta do Deus vivo (Sl 42:1). A promessa de Deus era: “Porque derramarei água sobre o sedento” (Is 44:3). O chamado dizia que todo aquele que estivesse sedento devia ir às águas e beber gratuitamente (Is 55:1). Jeremias se queixava de que o povo tinha abandonado a Deus, fonte de água viva, e havia cavado para si cisternas rotas que não podiam conter a água (Jr 2:13). Ezequiel teve sua visão do rio da vida (Ez. 47:1-12). No novo mundo haveria um manancial aberto para a purificação (Zc 13:1). As águas sairiam de Jerusalém (Zc 14:8).

Às vezes os rabinos identificavam esta água viva com a sabedoria da Lei; outras vezes a identificavam nada menos que com o Espírito Santo de Deus. Toda a linguagem pictórica religiosa dos judeus estava cheio desta idéia da sede da alma que só podia satisfazer-se com a água viva que era o dom de Deus. Mas a mulher preferiu entender estas palavras na mais crua forma literal. Era cega porque não queria ver.

Mas Jesus passou a fazer uma afirmação ainda mais surpreendente. Disse que ele podia lhe dar água viva que lhe tiraria a sede para sempre. Mais uma vez mais a mulher tomou ao pé da letra; mas de fato era nada menos que uma afirmação messiânica. Na visão profética da época por vir, da idade de Deus, prometia-se: "Não terão fome nem sede" (Is 49:10). Deus e ninguém mais, possuía a fonte viva da água que saciava toda sede. "Contigo está o manancial da vida", tinha exclamado o salmista (Sl 36:9). O rio da vida sairá do mesmo trono de Deus (Ap 22:1). O Senhor é a bebedouro viva (Jr 17:13). Na época messiânica o lugar seco se converterá em lago e o deserto em mananciais de água (Is 35:7). Quando Jesus dizia que trazia para os homens a água que apaga para sempre toda sede, não fazia mais que afirmar que era o Ungido de Deus que teria que introduzir a nova era.

Mais uma vez a mulher não o viu. E, segundo minha opinião, esta vez falou em brincadeira, como seguindo a onda com alguém que estava um tanto louco. "Dê-me dessa água", disse, "assim não voltarei a ter sede e não precisarei caminhar até o poço todos os dias". Estava zombando com um tipo de sarcástico menosprezo das coisas eternas.
No coração de tudo isto se encontra a verdade fundamental de que no coração humano há uma sede de algo que só Jesus Cristo pode satisfazer.
Em um de seus livros, Sinclair Lewis apresenta um respeitável pequeno comerciante que se anima a expressar esta grande verdade. Está falando com a moça que ama. Ele diz: "Por fora todos parecemos muito diferentes; mas muito no fundo somos todos iguais. Os dois nos sentimos muito infelizes por algo, e não sabemos o que é."
Em todo homem existe esse desejo insatisfeito e sem nome; esse vazio descontente; essa carência; essa frustração; esse desejo que às vezes faz com que alguém encolha os ombros, sem saber por que.
Em Sorrel and Son (Sorrel e filho), Warwick Deeping apresenta um diálogo entre Sorrel e seu filho. O moço está falando sobre a vida. Diz que é como caminhar tateando em uma névoa encantada. A névoa se abre por um momento; a gente vê a Lua ou o rosto de uma garota; a gente pensa que quer a Lua ou o rosto; e depois a névoa volta a baixar, e o deixa a alguém procurando algo que não sabe muito bem o que é.

Agostinho fala de "nossos corações que estão inquietos até que descansam em ti". Um elemento da situação humana é o fato que não podemos encontrar a felicidade nas coisas que essa situação humana nos oferece. Jamais estamos a salvo do desejo de eternidade que Deus pôs na alma do homem. Existe uma sede que só podem aplacar as águas da eternidade, e que só Jesus Cristo pode satisfazer.

CONFRONTANDO A VERDADE

João 4:15-21

Vimos como a mulher, com certa frivolidade e como, em brincadeira, pediu a Jesus que lhe desse a água viva para que não voltasse a ter sede e para ver-se livre de ter que fazer a cansativa caminhada até o poço. E depois, de repente, e com toda crueldade, Jesus a fez voltar à realidade. Tinha passado o momento de brincar com as palavras, o momento das brincadeiras. "Vê", disse Jesus, "procure o seu marido e volte com ele." A mulher ficou paralisado como se tivesse experimentado uma dor repentina; crispou-se como se tivesse recebido um golpe, ficou tão pálida como alguém que vê uma visão; e isso era o que lhe havia acontecido, porque de repente se viu si mesma. Nesse momento se viu obrigada a enfrentar-se a si mesmo e à ligeireza e imoralidade e a absoluta falta de dignidade de sua vida.

No cristianismo há duas revelações: a revelação de Deus e a revelação de nós mesmos. Ninguém se vê realmente a si mesmo até que não vá por si mesmo à presença de Cristo; e então o que vê o deixa aturdido. Para expressá-lo de outro modo: o cristianismo começa com um sentido de pecado. Começa com uma repentina tomada de consciência de que a vida, tal como a estamos vivendo, não nos leva a lugar nenhum. Despertamos a nós mesmos e despertamos a nossa necessidade de Deus.
Alguns têm sustentado, devido a esta menção dos cinco maridos, que este relato não ocorreu em realidade mas se trata de uma alegoria.

Vimos que quando os habitantes primitivos de Samaria foram exilados e transportados a Média, vieram outros cinco povos a esse lugar. Nesse relato lemos que cada um destes povos trouxe consigo seus próprios deuses (2Rs 17:29); e se tem sustentado que a mulher representa Samaria; os cinco maridos representam aos cinco falsos deuses com aqueles que por assim dizer, casaram-se os samaritanos. O sexto marido representaria o Deus verdadeiro; mas, como disse Jesus, adoram-no, não na verdade, mas em ignorância; e portanto não estão casados com Ele. Pode ser que neste relato, haja uma referência à infidelidade dos samaritanos para com Deus; mas a história é muito vívida para que se trate de uma alegoria elaborada. É muito parecida à vida real.

Alguém afirmou que a profecia é a crítica apoiada na esperança. Um profeta assinala a um homem ou a uma nação o que está mal, mas não o faz para provocar o desespero neles e sim para lhes indicar o caminho da emenda e da retidão de vida. Do mesmo modo, Jesus começou por assinalar a esta mulher sua situação pecaminosa; mas passou a falar-lhe da verdadeira adoração em que nossas almas podem encontrar a Deus.
A pergunta da mulher nos soa como algo estranho. Diz, e não há dúvida de que se sente turvada ao dizê-lo: "Nossos pais dizem que devemos adorar aqui, no monte Gerizim; você diz que devemos adorar em Jerusalém; o que devo fazer?"

Os samaritanos adaptavam a história como mais lhes convinha. Ensinavam que tinha sido no monte Gerizim onde Abraão tinha estado disposto a sacrificar a Isaque. Ensinavam que aí era onde Melquisedeque tinha aparecido a Abraão. Afirmavam que Moisés tinha edificado um altar pela primeira vez no monte Gerizim e tinha devotado sacrifícios a Deus quando o povo entrou na terra prometida, o que na verdade tinha acontecido no monte Ebal (Dt 27:4). Manipulavam o texto das Escrituras e a história para dar glória ao monte Gerizim. A mulher tinha sido educada na consideração do monte Gerizim como o mais sagrado dos lugares e no desprezo por Jerusalém.

Agora, o que ela estava pensando era o seguinte. Estava dizendo em seu íntimo: "Sou uma pecadora perante Deus; devo fazer uma oferta a Deus por meu pecado; devo levar essa oferta à casa de Deus para me justificar perante seus olhos; onde tenho que levá-la?" Para ela, como para todos seus contemporâneos, a única forma de apagar o pecado era o sacrifício. Seu grande problema era onde oferecer esse sacrifício. Neste momento não está discutindo os méritos do templo do monte Gerizim e os do templo do monte Sião; tudo o que quer saber é: Onde posso encontrar a Deus?

A resposta de Jesus foi que estava chegando a seu fim a época das velhas rivalidades fabricadas pelos homens; e estava chegando o momento em que o homem encontraria a Deus em todas partes. Sofonias tinha tido a visão de que todos as pessoas adorariam a Deus “cada uma do seu lugar” (Sf 2:11). Malaquias tinha sonhado que em todos os lugares se ofereceria incenso como oferta limpa em nome de Deus (Ml 1:11). A resposta que Jesus deu à mulher foi que não tinha que ir a nenhum lugar especial para encontrar a Deus, nem ao monte Gerizim nem ao monte Sião; que não tinha necessidade de oferecer sacrifício em algum lugar especial. A resposta de Jesus foi que a verdadeira adoração encontra a Deus em todas partes.

A ADORAÇÃO VERDADEIRA

João 4:22-26

Jesus havia dito à mulher samaritana que as velhas rivalidades estavam em vias de desaparecer, que estava chegando o dia em que a controvérsia a respeito dos respectivos méritos do monte Gerizim e do monte Sião seria algo sem pertinência; que aquele que na verdade procurasse a Deus o encontraria em qualquer parte. Mas apesar de tudo isso, Jesus sublinhou o fato de que o povo judeu ocupava um lugar único no plano e na revelação de Deus.

Diz que os samaritanos adoram em ignorância. Em um sentido isso é verdade. Os samaritanos só aceitavam o Pentateuco, os cinco primeiros livros do Antigo Testamento. Rechaçavam todo o resto do Antigo Testamento. Portanto, tinham rechaçado todas as grandes mensagens dos profetas e toda a devoção suprema dos Salmos. De fato, possuíam uma religião truncada, porque sua Bíblia era uma Bíblia truncada; de fato, tinham rechaçado o conhecimento que estava a seu alcance e que poderiam ter possuído. Mais ainda, os rabinos judeus sempre tinham acusado os samaritanos de professar nada mais que uma adoração supersticiosa do Deus verdadeiro. Sempre repetiam que a adoração dos samaritanos não se apoiava no amor e o conhecimento e sim na ignorância e o temor.

Como já vimos, quando estes povos estrangeiros foram viver a Samaria, levaram com eles seus próprios deuses (2Rs 17:19). Diz que um sacerdote do Betel foi dizer-lhes como tinham que temer ao Senhor (2Rs 17:28). Mas, de fato, o mais provável é que se limitaram a agregar Jeová à sua lista de deuses porque sentiam um temor supersticioso de excluí-lo. Depois de tudo, era o Deus da terra onde viviam e podia ser perigoso não incluí-lo na adoração.

Assim, pois, em uma adoração falsa podemos detectar três falhas.

  1. Uma adoração falsa seleciona o que quer saber e entender a respeito de Deus e omite o que não quer. Os samaritanos tomavam o que queriam das Escrituras e não prestavam atenção ao resto. Uma das coisas mais perigosas do mundo é uma religião parcial. É muito fácil aceitar e crer nas verdades de Deus que convêm e não prestar nenhuma atenção ao resto.

Vimos, por exemplo, que há pensadores, homens de igreja e políticos que justifiquem o apartheid e a segregação racial apelando a algumas passagens das Escrituras, enquanto esquecem com toda conveniência as partes muito mais numerosas que o proíbem.

Em uma grande cidade houve um ministro que organizou um petição para ajudar a um homem a quem se condenou por certo delito. Pareceu-lhe que se tratava de uma circunstância na qual devia intervir a misericórdia cristã. Soou o telefone e uma voz de mulher lhe disse: “Sinto-me sobressaltada de que você, um ministro, brinde sua ajuda para esta petição de misericórdia”. “Por que teria que sentir-se surpreendida?” perguntou o ministro. A voz disse: “Suponho que você conhece sua Bíblia espero”, respondeu ele. “Então”, disse a voz, “não sabe que a Bíblia diz ‘Olho por olho e dente por dente’?”
Aqui temos a uma mulher que tomava a parte da Bíblia que lhe convinha nesse momento e se esquecia do grande ensino de misericórdia que Jesus impartiu no Sermão da Montanha. Faríamos bem em recordar que, embora nenhum homem conseguirá chegar jamais à verdade absoluta, devemos tender para ela, e não pegar fragmentos que se encaixam a nossas necessidades e a nossa situação.

  1. Uma adoração falsa é uma adoração ignorante. A adoração deveria ser a aproximação a Deus por parte do homem total. O homem tem uma mente e tem o dever de fazê-la trabalhar. A religião pode começar com uma resposta emocional; mas chega o momento em que terá que pensar essa resposta emocional.

E. F. Scott disse que a religião é muito mais que um mero exercício forçado do intelecto mas que, de todos os modos, uma grande parte do fracasso religioso não se deve a outra coisa que à preguiça intelectual. Deixar de pensar as coisas é um pecado. Em última instância a religião não está a salvo até que o homem possa dizer, não só o que crê, mas também por que crê. A religião é esperança, mas é uma esperança sustentada pela razão (1Pe 3:15).

  1. Uma adoração falsa é uma adoração supersticiosa. É uma adoração que se faz não por um sentimento de necessidade nem por algum desejo autêntico, a não ser, basicamente, porque o homem teme que poderia ser perigoso não oferecer essa adoração. Mais de uma pessoa se negará a passar debaixo de uma escada; muita gente se sentirá satisfeita quando um gato preto lhe cruza o caminho; muitos recolhem um alfinete convencidos de que lhes trará boa sorte; mais de uma pessoa se sentirão incômodas quando houver treze sentados na mesma mesa onde ele está. Não crê nestas superstições mas sente que pode haver algo de verdade nelas e que é melhor estar a salvo. Muita gente apóia sua religião em um vago temor do que poderia acontecer se não prestarem atenção a Deus. Mas a verdadeira religião não se apóia no medo, e sim no amor a Deus em gratidão pelo que tem feito, e no desejo de estar com Deus para poder achar a vida. Há muita religião que é uma espécie de ritual supersticioso para evitar a possível ira dos deuses imprevisíveis.

Assim, Jesus assinalou a verdadeira adoração. Deus — disse — é Espírito. No momento que um homem compreende isto, uma luz potente o invade. Se Deus for Espírito, não está limitado às coisas; e portanto, a adoração de ídolos não só é algo inútil, mas também é um insulto à própria natureza de Deus. Se Deus for Espírito, não está limitado a lugares; de maneira que limitar a adoração de Deus a Jerusalém ou a qualquer outro lugar é pôr limite a algo que por sua própria natureza ultrapassa todo limite. Se Deus for Espírito, os dons que alguém lhe oferece devem provir do espírito. Os sacrifícios animais, as coisas feitas pelos homens resultam insuficientes e inadequadas. Os únicos dons que se ajustam à natureza de Deus são os dons do espírito — o amor, a lealdade, a obediência e a devoção. O espírito do homem é sua parte superior. Isso é o que permanece quando a parte física desapareceu. Essa é a entidade que sonha os sonhos e vê as visões, que, devido à debilidade e às falhas do corpo e da parte física do homem, podem não cumprir-se. O espírito do homem é a fonte e origem de seus sonhos, pensamentos, ideais e desejos. A adoração autêntica, genuína, dá-se quando o homem, através de seu espírito, chega à amizade e intimidade com Deus. A adoração genuína e autêntica não consiste em chegar a um lugar determinado; nem em passar por um ritual ou liturgia determinados; nem sequer significa trazer certos dons. A adoração autêntica se dá quando o espírito, a parte imortal e invisível do homem, encontra-se e fala com Deus, que é imortal e invisível.

Assim, pois, esta passagem termina com a grande declaração. Ante os olhos dessa mulher samaritana se apresentou uma visão que a assustou e a intrigou. Havia coisas que estavam além de sua capacidade de compreensão, coisas cheias de mistério. Tudo o que pôde dizer foi: "Quando vier o Messias, o Cristo, o Ungido de Deus, Ele nos declarará todas as coisas". Jesus lhe disse: "Eu sou, que fala contigo". É como se houvesse dito: não se trata de um sonho da verdade, é a própria verdade.

COMPARTILHANDO O ASSOMBRO

João 4:27-30

Não é estranho que os discípulos se sentissem assombrados e intrigados quando ao voltar de sua tarefa na cidade de Sicar, encontraram a Jesus falando com a mulher samaritana. Já vimos a idéia que tinham os judeus sobre a mulher. O preceito rabínico dizia: "Que ninguém fale com uma mulher na rua, nem sequer com sua própria esposa". Os rabinos desprezavam a mulher e a consideravam incapaz de receber qualquer tipo de ensino, por isso diziam: "É melhor queimar as palavras da lei antes que dá-las às mulheres". Uma de suas frases comuns era: "Cada vez que um homem prolonga sua conversação com uma mulher faz mal a si mesmo, deixa de cumprir a Lei e por último herda o Geena". Segundo as pautas rabínicas, Jesus não poderia fazer algo menos ortodoxo que falar com essa mulher. Aqui vemos Jesus derrubando barreiras.
Depois vem um detalhe curiosamente revelador. É algo que não poderia provir de alguém que não tivesse compartilhado esta cena. Por mais surpreendidos que estivessem os discípulos não tiveram a idéia de perguntar à mulher o que procurava, ou de perguntar a Jesus por que estava falando com ela. Estavam começando a conhecer a Jesus. E já tinham chegado à conclusão de que por surpreendentes que fossem seus atos, se ele os fazia, não tinha que serem questionados. A pessoa deu um grande passo ao discipulado quando aprendeu a dizer: "Quem sou eu para questionar as atitudes e as exigências de Jesus. Meus preconceitos e convenções devem desaparecer ante seus atos e mandamentos".

A esta altura, a mulher já estava a caminho da aldeia sem seu cântaro. O fato de deixar o cântaro demonstra duas coisas. Demonstra que tinha pressa em compartilhar essa experiência extraordinária e que não sonhava em fazer outra coisa senão retornar ao mesmo lugar. Toda a atitude desta mulher samaritana nos diz muito a respeito da experiência cristã autêntica.

  1. Sua experiência começou ao ver-se obrigada a confrontar-se consigo mesma e ver-se tal qual era. O mesmo aconteceu com Pedro. Depois da pesca milagrosa, quando Pedro descobriu algo da majestade de Jesus, tudo o que pôde dizer foi: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lc 5:8). Mais de uma vez nossa experiência cristã começará com uma desagradável sensação de desgosto conosco mesmos. Em geral, a última coisa que vê o homem é a si mesmo. E em geral acontece que o primeiro que Cristo faz para ajudar a um homem é obrigá-lo a fazer o que esse mesmo homem se negou a fazer durante toda sua vida: ver-se a si mesmo.
  2. A mulher samaritana se sentiu esmagada pela capacidade de Cristo para ver em seu coração. Estava assombrada por seu Intimo conhecimento do coração humano, e de seu coração em particular. Ao salmista o espantava o mesmo pensamento: “De longe entendes o meu pensamento... Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó SENHOR, tudo conheces” (Salmo 139:1-4).

Conta-se que uma vez uma garotinha escutou um sermão de C. H. Spurgeon e ao finalizar, sussurrou a sua mãe: "Mamãe, como sabe ele o que acontece em casa?"
Não há nenhum disfarce nem cortina que seja impenetrável ao olhar de Cristo. Ele tem o poder de ver as profundezas do coração humano. Não se trata de que só veja o que tem de mal nesse coração; também vê o herói dormido na alma de cada um dos homens. É como o cirurgião que vê o mal e o doente, mas que também vê a saúde que seguirá quando se tirar a parte má.

  1. O primeiro instinto da mulher samaritana foi compartilhar sua descoberta. Tendo descoberto a essa pessoa assombrosa, sentiu-se compelida a compartilhar com outros sua descoberta. A vida cristã se apóia nos pilares gêmeos da descoberta e da comunicação. Nenhum descobrimento é completo até que nossos corações se encham do desejo de compartilhá-lo, e não podemos comunicar a Cristo a outros até que o temos descoberto para nós mesmos. Os dois grandes passos da vida cristã são, em primeiro lugar, encontrar, e em segundo, dizer.
  2. Esse mesmo desejo de contar sua descoberta a outros, matou o sentimento de vergonha humana que a mulher experimentava. Sem dúvida se tratava de uma perdida; alguém que estava na boca do povo; o mesmo fato de que tirasse a água deste poço tão distante demonstra como evitava a companhia de suas vizinhas e como evitavam elas a sua. Mas agora correu a lhes contar experimentava. Uma pessoa pode ter algum problema que o faz sentir-se envergonhado e que o mantém em segredo, mas uma vez que se cura, freqüentemente se sente tão maravilhada e agradecida que o conta a todo o mundo. Um homem pode esconder seu pecado, mas uma vez que encontra a Jesus Cristo como Salvador, seu primeiro instinto é dizer a outros: "Vejam o que era, e olhem o que sou agora; isto é o que Cristo fez por mim".

A COMIDA QUE MAIS SATISFAZ

João 4:31-34

Mais uma vez, esta passagem segue a estrutura normal das conversações do quarto Evangelho. Jesus diz algo que se entende em um sentido equivocado. Diz algo que tem um significado profundo e espiritual. Em um primeiro momento toma ao pé da letra e logo vai mostrando gradualmente seu significado que por último se compreende.

Isto é o mesmo que fez Jesus quando falou com Nicodemos sobre o novo nascimento, e quando falou com a mulher sobre o água que acalmava a sede para sempre.

A esta altura dos acontecimentos, os discípulos tinham retornado com comida e pediam a Jesus que comesse. Tinham-no deixado tão cansado e exausto que se sentiam preocupados ao ver que não parecia sentir desejos de comer as provisões que tinham trazido. Sempre é surpreendente comprovar que uma tarefa grande pode elevar ao homem além das necessidades corporais.
Durante toda sua vida, Wilberforce, que libertou os escravos, foi um homem pequeno, insignificante e doentio. Quando se levantava para dirigir a palavra à Câmara dos Comuns, em um primeiro momento outros membros se riam perante esta pessoa estranha e pequena; mas quando o fogo e o poder o dominavam, estavam acostumados a alagar o recinto para ouvi-lo falar. Estavam acostumados a dizer: "O pequeno peixe se convertia em um baleia". Sua mensagem, sua tarefa, a chama da verdade, e o dinamismo do poder, conquistavam a sua debilidade física.
Há uma imagem do John Knox pregando quando era ancião. Era um homem acabado; estava tão fraco que quase tinham que levantá-lo até o púlpito e deixá-lo apoiado no suporte de livro. Mas antes de ter passado muito tempo a voz recuperava seu antigo ressonar como de trompetistas e parecia "que ia romper o púlpito em mil pedaços e saltar fora". A mensagem o enchia com uma espécie de força divina e sobrenatural.
A resposta de Jesus a seus discípulos foi que ele tinha uma comida da qual eles não sabiam nada. Em sua simplicidade, perguntaram entre si se alguém teria lhe trazido de comer. Então lhes disse: "Minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou". A chave suprema da vida de Jesus é a submissão à vontade de Deus. O caráter único de Jesus reside no fato de que foi a única pessoa que sempre foi e será perfeitamente obediente à vontade de Deus. Pode-se dizer com exatidão que Jesus foi a única pessoa em todo mundo que jamais fez o que quis, e que sempre fez o que Deus queria . Era o enviado de Deus.
Vez por outra, o quarto Evangelho diz que Jesus foi enviado por Deus. No quarto Evangelho há duas palavras gregas para expressar esta idéia. A palavra apostellein, que aparece dezessete vezes, e pempein, que ocorre vinte e sete vezes. Quer dizer que o quarto Evangelho diz, ou mostra a Jesus dizendo, não menos de quarenta e quatro vezes, que Jesus foi enviado por Deus. Era alguém que obedecia ordens. Era o homem de Deus. Logo, uma vez que veio, falou uma e outra vez, da obra que lhe foi encarregada. Em Jo 5:36 fala das obras que o Pai lhe deu para cumprir. Em Jo 17:4 a única coisa que diz é que acabou a obra que o Pai lhe deu para cumprir. Quando fala de tirar e pôr sua vida, de viver e morrer, diz: "Este mandamento recebi de meu Pai" (Jo 10:18). Sempre fala, como neste caso, da vontade de Deus. “Eu desci do céu,” diz, “não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6:38). "Eu faço sempre", diz, "o que lhe agrada" (Jo 8:29). Em Jo 14:23, valendo-se de sua experiência pessoal e de seu próprio exemplo, afirma que a única prova de amor é obedecer os mandamentos dAquele a quem se diz amar. Esta obediência de Jesus não era algo que brilhava em um momento e em outros morria. Não se tratava, como acontece conosco, de uma experiência espasmódica. Era a própria essência e o ser, o cerne e a medula, a dinâmica e a força que movia sua vida.

Seu grande desejo é que nós sejamos como Ele.

  1. Obedecer a vontade de Deus é o único caminho que nos conduzirá à paz. Não pode haver paz quando não estamos de acordo com o Rei do Universo.
  2. A obediência à vontade de Deus é o único caminho que nos conduzirá à felicidade. Não pode haver nenhum tipo de felicidade quando pomos nossa ignorância humana contra a sabedoria de Deus.
  3. A obediência à vontade de Deus é o único caminho que nos permitirá alcançar poder. Quando seguimos nosso próprio caminho não podemos depender mais que de nossas forças, e portanto deprimimos em forma inevitável. Quando seguimos o caminho de Deus, contamos com seu poder, e nessa forma nos asseguramos a vitória.

O SEMEADOR, A COLHEITA E OS CEIFEIROS

João 4:35-38

Tudo o que estava ocorrendo em Samaria tinha sugerido a Jesus a visão de um mundo que era preciso colher para Deus. Quando disse: "Ainda faltam quatro meses para a ceifa", não devemos pensar que se referia à época do ano que passava nesse momento em Samaria. Se fosse assim, teria sido em meados de janeiro. Não teria feito um calor exaustivo, a água não teria sido escassa, não teria havido necessidade de procurar um poço para encontrar água, teria sido a estação das chuvas, e a água teria abundado em todas partes. Jesus está citando um ditado popular. Os judeus dividiam o ano agrícola em seis partes. Cada divisão constava de dois meses: a época da semeadura, o inverno, a primavera, a época da colheita, o verão e a estação mais quente.
O que Jesus está dizendo é: "Vocês têm um ditado popular; se plantarem a semente, devem esperar pelo menos quatro meses para começar a colher". E depois Jesus levantou a vista. Sicar está em meio de uma região que ainda hoje é famosa por seu trigo. A terra apta para a agricultura é muito escassa na Palestina, lugar cheio de pedras e rochas. Quase em nenhum outro lugar do país se podiam ver campos de trigo. De maneira que Jesus passeou seu olhar e seu braço a seu redor. "Olhem", disse, "os campos estão brancos e preparados para a ceifa. Demoraram quatro meses em crescer; mas em Samaria há uma colheita que está pronta para segar agora”. Jesus está pensando no contraste entre a natureza e a graça. Na colheita comum, os homens semeavam e esperavam; em Samaria as coisas tinham acontecido com tão divina celeridade que logo que foi semeada a palavra, a ceifa já estava esperando.

H. V. Morton faz uma sugestão muito interessante a respeito desta passagem sobre os campos brancos preparados para a colheita. Ele mesmo estava sentado neste lugar onde se encontrava o poço. Enquanto estava ali viu sair às pessoas da aldeia e começar a subir a costa. Vinham em pequenos grupos e vestiam túnicas brancas. Essas túnicas se destacavam contra a terra e o céu. Pode ser que justo neste momento do relato, o povo começou a dirigir-se para Jesus, em resposta ao anúncio da mulher. À medida que se moviam através dos campos com suas túnicas brancas, possivelmente Jesus disse: "Olhem os campos! Vejam agora! Estão brancos para a ceifa!" A multidão vestida de branco era a colheita que estava desejando segar para Deus.
De maneira que Jesus prosseguiu para demonstrar que o incrível tinha acontecido. O semeador e o ceifeiro podiam desfrutar ao mesmo tempo. Tratava-se de algo que ninguém podia esperar. Para o judeu, a época da semeadura era um momento duro, de trabalho; a época da alegria era o momento da ceifa.

“Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes” (Salmo 126:5-6). Mas aqui há algo mais que está escondido debaixo da superfície. Os judeus sonhavam com a idade de ouro, a idade por vir, a idade de Deus, quando o mundo seria o mundo de Deus, quando desapareceriam a dor e o pecado, e Deus reinaria supremo. Amós apresenta sua imagem dessa época: “Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que o que lavra segue logo ao que ceifa, e o que pisa as uvas, ao que lança a semente” (Am 9:13). “A debulha se estenderá até à vindima, e a vindima, até à sementeira” (Lv 26:5). Sonhava-se que nessa idade de ouro, a semeadura e a ceifa, a plantação e a colheita ocorreriam muito de perto. Haveria tal fertilidade que terminariam os dias em que era preciso esperar.

Vemos, pois, o que Jesus está fazendo aqui com todo amor. Suas palavras não fazem mais que afirmar que com ele amanheceu a idade de ouro; o tempo de Deus está aqui; o tempo em que terminou a espera, foi dito a palavra, foi semeada a semente e a ceifa aguarda.
Mas havia outro aspecto; e Jesus sabia. "Há outro provérbio", disse, "e também diz a verdade: a gente semeia e outro ceifa". E passou a fazer duas aplicações do mesmo.

  1. Disse a seus discípulos que levantariam uma colheita que não se produziu por seu trabalho. Quis dizer que ele estava semeando a semente, que em sua cruz estava semeada toda a semente do amor e do poder de Deus, e que chegaria o dia em que seus discípulos percorreriam o mundo e recolheriam a ceifa que tinha semeado com sua vida, sua morte e sua cruz.
  2. Disse-lhes que chegaria o dia em que eles semeariam e seriam outros que fariam a ceifa. Chegaria um momento em que a Igreja cristã enviaria seus evangelistas; jamais veriam a colheita; alguns morreriam como mártires, mas o sangue dos mártires seria a semente da Igreja. É como se houvesse dito: "Algum dia vocês trabalharão e não verão o resultado de seu esforço. Algum dia semearão e irão do lugar antes que se levante a colheita. Não temam! Jamais se desanimem! A semeadura não se fará em vão; não se esbanjará a semente! Outros verão a colheita que vocês não verão".

De maneira que nesta passagem se apresentam duas coisas.

  1. Existe a lembrança de uma oportunidade. A colheita espera que a ceifem para Deus. Há momentos na história em que os homens estão curiosa e estranhamente sensíveis a Deus. Que tragédia seria que a Igreja cristã não ceifasse a colheita de Cristo!
  2. Existe a lembrança de um desafio. Muitos homens estão destinados a semear mas não a ceifar. Mais de um ministério tem êxito, não por seu próprio mérito e poder, mas graças a algum santo homem que viveu e pregou, morreu e deixou atrás de si uma influência que foi maior em sua ausência que em sua presença. São muitos os homens que devem trabalhar e jamais vêem os frutos de seus esforços.

Uma vez me levaram a visitar um lugar que era famoso por seus plantações. O dono amava a extensão que tinha plantado e conhecia os nomes de cada planta. Mostrou-me alguns brotos que demorariam vinte e cinco anos em crescer. Ele tinha quase setenta e cinco anos. Jamais veria a beleza dessas plantas, mas alguém a veria.

Nenhuma palavra pronunciada para Cristo, nenhuma tarefa feita em seu nome, fracassam jamais. Se nós não virmos os frutos de nossas obras, outros os verão. Na vida cristã não há lugar para o desespero.

O SALVADOR DO MUNDO

João 4:39-42

Nos eventos que tiveram lugar em Samaria temos o esquema segundo o qual freqüentemente se propaga o evangelho. No desenvolvimento da fé por parte dos samaritanos houve três etapas.

(1) A introdução. A mulher apresentou os samaritanos a Cristo. Aqui vemos bem claro a necessidade que Deus tem de nós. Como disse Paulo: "E como ouvirão sem haver quem pregue?" (Rm 10:14). A palavra de Deus deve transmitir-se de um homem a outro. Deus não pode fazer chegar sua mensagem àqueles que jamais o ouviram se não houver alguém que o transmita.

Nosso dever consiste nesse privilégio especial e nessa terrível responsabilidade de levar os homens a Cristo. Não se pode efetuar a apresentação se não houver um homem que a faça. Mais ainda, essa apresentação se faz sobre a base do testemunho pessoal.
A exclamação da mulher de Samaria foi: "Vejam o que fez comigo e para mim". Não chamou a seus vizinhos a uma teologia e a uma teoria; chamou-os um poder dinâmico, transformador e recriador. A Igreja só se poderá expandir até que os reinos do mundo se convertam nos reino do Senhor quando os homens e mulheres tenham uma experiência pessoal do poder de Cristo, e quando transmitirem essa experiência a outros.

  1. Houve uma intimidade mais estreita e um conhecimento crescente. Uma vez apresentados a Cristo, os samaritanos procuraram sua companhia. Pediram-lhe que ficasse com eles para que pudessem aprender mais sobre Ele e chegassem a conhecê-lo melhor. É certo que se deve apresentar o homem a Cristo, mas também é certo que uma vez que foi apresentado deve continuar vivendo por si mesmo em presença de Cristo. É possível levar um homem à presença de Cristo, mas depois disso o homem deve passar por si mesmo a descobrir a Cristo por seus próprios meios. Ninguém pode viver uma experiência em nome de outro. Outros podem nos situar perante a experiência, mas não podem vivê-la por nós. Outros podem nos conduzir à amizade de Cristo, mas nós devemos procurar e desfrutar dessa amizade por nossa conta.
  2. Produziu-se a descoberta e a entrega. E aqui vemos o que significa essa descoberta. Os samaritanos descobriram em Cristo o Salvador do mundo. Não é muito provável que eles mesmos o tenham expresso nessas palavras. Devemos lembrar que João escreve vários anos depois, e expressa a descoberta dos samaritanos em suas próprias palavras, palavras que encerram a descoberta de toda uma vida vivida com Jesus Cristo e pensando nele. Encontramos este título somente em João. Encontramo-lo nesta passagem e em 1Jo 4:14. Em sua opinião era o título por excelência pelo qual se devia conhecer a Cristo.

João não inventou o título. No Antigo Testamento Deus muitas vezes era chamado o Deus de Salvação, o Salvador, o Deus salvador. A muitos deuses gregos foi atribuído este título de Salvador. No momento em que João escreve, era o título do imperador romano. Os imperadores eram investidos com o título de Salvador do Mundo. É como se João tivesse dito: "Tudo aquilo que sonharam, desejaram e esperaram, fez-se carne em Jesus". Fazemos bem em recordar este título. Jesus não era meramente um profeta, que veio com uma mensagem de Deus. Não veio só com a exortação acesa e a verdade flamejante do profeta. Jesus não era só um psicólogo perito, com uma surpreendente percepção e um grande conhecimento da natureza humana, e com uma faculdade extraordinária para ler a mente humana.

É certo que isso foi o que demonstrou no caso da mulher samaritana, mas demonstrou algo mais. Jesus não era um mero patrão e exemplo. Não veio somente para mostrar aos homens em que forma é preciso viver e a deixar uma demonstração de como fazê-lo. Um grande exemplo pode ser algo que descoroçoa e frustra quando nos vemos incapazes de segui-lo. Jesus era um Salvador. Quer dizer, resgatou os homens da situação má e desesperada em que se encontravam. Rompeu as cadeias que os atavam ao passado e lhes deu um poder e uma presença que os capacitava a enfrentar o futuro.

De fato, a mulher samaritana é o grande exemplo de seu poder salvador. Sem dúvida, a cidade onde vivia a teria catalogado como uma pessoa que estava além de toda possibilidade de reforma. E, não resta dúvida que ela mesma teria reconhecido que jamais poderia viver uma vida respeitável. Mas veio Jesus e a resgatou em duas formas: fez com que pudesse romper com o passado e lhe abriu um novo futuro. Nenhum título é adequado para descrever a Jesus além do título de Salvador do mundo.

O ARGUMENTO INCONTESTÁVEL João 4:43-45

Os três Evangelhos sinóticos consignam a declaração de Jesus a respeito de que nenhum profeta tem honra em sua própria terra (Mc 6:4; Mt 13:57; Lc 4:24). Tratava-se de um antigo provérbio que tinha mais ou menos o mesmo significado que "a familiaridade faz desaparecer o respeito". Mas João o introduz em um momento muito estranho. Os outros evangelhos o apresentam em momentos em que em realidade os compatriotas de Jesus o rechaçavam; João o apresenta em um momento em que de fato o aceitavam. Pode ser que João esteja lendo o pensamento de Jesus.

Já vimos que Jesus tinha abandonado Judéia e se dirigiu a Galiléia para evitar a controvérsia provocada por sua popularidade cada vez maior. Ainda não tinha chegado o momento do conflito (João 4:1-4). Pode ser que o tremendo êxito que obteve em Samaria surpreendesse a Jesus; suas palavras a respeito da colheita assombrosa têm o eco de uma alegre surpresa. Pode ser que Jesus se dirigiu a Galiléia em busca de repouso e solidão porque não esperava que seus compatriotas lhe respondessem. E pode ser que na Galiléia tenha ocorrido exatamente o mesmo que em Samaria, que contra tudo o que se esperava seu ensino teria provocado uma onda de respostas. Devemos escolher entre explicar esta frase nesta forma, ou supor que, de algum modo, deslizou-se em um lugar que não lhe corresponde.

Seja como for, esta passagem e o anterior nos dão o argumento incontestável a favor de Cristo. Os samaritanos creram em Jesus, não pelas palavras de outro, mas sim porque eles mesmos o tinham ouvido falar e jamais tinham ouvido nada parecido às coisas que Ele dizia. Os galileus creram em Jesus, não pelos relatos de outras pessoas, mas sim porque o tinham visto fazer coisas em Jerusalém que jamais haviam sonhado que um homem pudesse fazer. Os samaritanos tinham ouvido Jesus falar; os da Galiléia tinham visto Jesus agir, e as palavras que pronunciou e as coisas que fez foram argumentos diante dos quais não cabia resposta.
Aqui temos uma das grandes verdades da vida cristã. O único argumento em favor do cristianismo é uma experiência cristã. Às vezes pode acontecer que devamos debater com as pessoas até que caiam as barreiras intelectuais que eles construíram e se renda a fortaleza que têm em suas mentes. Pode acontecer que em algumas ocasiões devamos apresentar o cristianismo de maneira tal que a convicção intelectual venha a seguir de tal apresentação. Mas na maioria dos casos, a única possibilidade de convicção que temos é dizer: "Sei como é Jesus e o que pode fazer. Tudo o que posso lhes pedir que façam é que o experimentem por vocês mesmos e vejam o que acontece".

Em última instância, ninguém pode convencer a outra pessoa do que significa uma determinada experiência; tudo o que se pode fazer é convidá-la a dar os passos necessários que lhe permitirão viver a mesma experiência. É certo que às vezes deve existir a compreensão intelectual. Mas a evangelização cristã efetiva começa em realidade quando podemos dizer: "Sei o que Cristo fez por mim", e quando passamos a dizer: "Provem e vejam o que pode fazer por vocês".

Aqui é onde em realidade sentimos sobre nossos ombros a tremenda responsabilidade pessoal. É muito pouco provável que alguém se anime a fazer a experiência a menos que nossas próprias vidas dêem provas do valor de dita experiência. Não serve de muito dizer às pessoas que Cristo lhes trará alegria, paz e poder, se nossas próprias vidas estiverem tristes pelo descontentamento e a insatisfação, ansiosas e preocupadas, frustradas e vencidas. Para que possamos atrair homens a Cristo nossas vidas devem ser tais que em realidade tenha algum sentido dizer: "Vejam o que Jesus Cristo fez comigo". Outros só se convencerão de que vale a pena provar, quando virem que para nós a prova deu como resultado uma experiência indiscutivelmente desejável.

A FÉ DE UM OFICIAL DO REI

João 4:46-54

A maioria dos comentaristas consideram que esta passagem ás outra versão da cura do servo do centurião que aparece em Mateus 8:5-13 e em Lucas 7:1-10. Pode ser que seja assim, mas existem diferenças que justificam o que nós tomamos como uma história distinta. Na conduta deste oficial do rei há certos rasgos que servem de exemplo a todos os homens.

(1) Aqui temos um cortesão que vai a um carpinteiro. Em grego, o homem é chamado basilikos. A palavra pode inclusive significar que era um rei pequeno. Mas a usa para designar a um oficial real, e este homem ocupava uma posição proeminente na corte do Herodes. Por outro lado,

Jesus não tinha maior status que o de ser o filho do carpinteiro da aldeia de Nazaré. Além disso, Jesus estava em Caná e este homem vivia em Capernaum, e Caná está a mais de trinta quilômetros de Cafarnaum. Isso explica por que demorou tanto tempo em voltar para sua casa. De maneira que aqui nos encontramos com um cortesão que viaja mais de trinta quilômetros para pedir a ajuda de um carpinteiro.

Não podia haver uma cena menos provável no mundo que a de um importante oficial do rei fazendo trinta quilômetros para pedir um favor ao carpinteiro de uma aldeia. Primeiro e sobretudo, este cortesão "engoliu" seu orgulho. Necessitava algo, e nem a convenção nem o costume puderam detê-lo quando se propôs expor sua necessidade a Cristo. Não cabe a menor dúvida de que sua ação causaria sensação mas não lhe importava o que as pessoas dissessem se obtinha a ajuda que tanto desejava. Se quisermos a ajuda que Cristo nos pode dar devemos ser o suficientemente humildes para engolir o orgulho e não nos preocupar com o que os outros possam dizer. O mais importante é um sentimento tal de necessidade que faça que o orgulho e as convenções não ocupem nenhum lugar em nossas vidas.
(2) Estamos diante de um cortesão que se negava a sentir-se descoroçoado. Jesus o encarou com a afirmação, que à primeira vista pode parecer muito brusca, a respeito de que o povo gente não creria se não lhe mostrassem sinais e maravilhas. Pode ser que o objetivo de Jesus ao pronunciar essa frase não fosse dirigir-se ao oficial, e sim à multidão que deve ter-se reunido para ver o resultado deste surpreendente evento. Deviam estar de boca aberta e os olhos fixos nos dois personagens para ver o que aconteceria. Possivelmente Jesus estava falando com essa gente ávida de sensacionalismo. Mas Jesus tinha uma forma de assegurar-se de que uma pessoa falava sério. Fez o mesmo com a mulher cananéia (Mateus 15:21-28). Se o homem tivesse dado meia volta irritado e petulante; se tivesse sido muito orgulhoso para aceitar uma correção; se tivesse abandonado a empresa desesperado, nesse mesmo momento. Jesus saberia que sua fé não era autêntica. O homem deve estar seguro antes de receber a ajuda de Cristo.

  1. Estamos diante de um cortesão que tinha fé. Deve ter-lhe sido difícil dar a volta e voltar para sua casa com a segurança que Jesus lhe tinha dado de que seu filhinho viveria. Na atualidade, o povo está começando a aceitar o poder do pensamento e da telepatia de maneira tal que ninguém rechaçaria este milagre simplesmente porque se produziu à distância. Mas deve ter sido difícil para o oficial. Entretanto, teve a fé suficiente para dar meia volta e voltar a andar esse caminho de trinta quilômetros com nada mais que a segurança que Jesus lhe tinha dado para consolar seu coração. É da mesma essência da fé crer que o que Jesus diz é verdade. Ocorre muito freqüentemente que experimentamos como que um desejo vago, nebuloso, de que as promessas de Jesus sejam certas. A única forma de penetrar nelas é crer nelas com a ansiosa intensidade de um homem que se afoga. Se Jesus disser algo, não é questão de que "pode ser certo"; ”deve ser certo".
  2. Estamos diante de um cortesão que se rendeu. Não se trata de um homem que obteve o que quis de Cristo e depois se esqueceu. Ele e toda sua casa creram. Tal coisa não lhe deve ter resultado fácil visto que a idéia de Jesus como o Ungido de Deus deve ter arrasado com todas as suas convicções anteriores. Deve ter sido um fato surpreendente que o carpinteiro de Nazaré fosse o Messias. Tampouco deve ter sido fácil professar a fé em Jesus na corte do Herodes. Teria que suportar as brincadeira e as risadas; e sem dúvida haveria aqueles que pensariam que se tornou um tanto louco.

Mas este oficial era um homem que enfrentava os atos e os aceitava. Tinha visto o que Jesus podia fazer; e a única coisa que restava a fazer era render-se a Ele. Tinha começado com um sentimento desesperado de necessidade, essa necessidade tinha sido satisfeita, e seu sentimento de necessidade se converteu em um amor total e pleno, e assim deve acontecer sempre no progresso da vida cristã.

A maior parte dos estudiosos do Novo Testamento consideram que nesta parte do quarto Evangelho os capítulos não estão na ordem correta e que de algum modo foi mal situado. Sustentam que o capítulo 6 deveria estar antes do capítulo 5. A razão que dão é a seguinte. O capítulo 4 termina com Jesus na Galiléia (Jo 4:54). O capítulo 5 começa com Jesus em Jerusalém. O capítulo 6 nos volta a mostrar a Jesus na Galiléia. O capítulo 7 começa dando a entender que Jesus acaba de chegar a Galiléia em vista da oposição que encontrou em Jerusalém. As mudanças entre Jerusalém e Galiléia se fazem muito difíceis de seguir. Por outro lado, o capítulo 4 termina com estas palavras (Jo 4:54): “Foi este o segundo sinal que fez Jesus, depois de vir da Judéia para a Galiléia”. O capítulo 6 começa assim (Jo 6:1): “Depois disso, partiu Jesus para o outro lado do mar da Galiléia”, o qual é uma seqüência muito natural. O capítulo 5 mostra a Jesus subindo a Jerusalém para uma festa e um encontro que produziu sérios problemas com as autoridades judias. De fato, nos diz que a partir desse momento começaram a persegui-lo (Jo 5:10). Logo o capítulo 7 começa dizendo que Jesus foi a Galiléia e que “não desejava percorrer a Judéia, visto que os judeus procuravam matá— lo” (Jo 7:1). Não cabe dúvida de que a seqüência dos acontecimentos resulta muito mais clara se lermos o sexto capítulo antes do quinto. Em nosso comentário, não alteramos a ordem; mas devemos fazer notar que muitos estudiosos do Novo Testamento consideram que a ordem deveria ser: capítulo 4, capítulo 6 e capítulo 5, e que esta ordem dá uma seqüência mais natural e mais fácil dos acontecimentos.


Dicionário

Galiléia

Uma das províncias da Palestina. Compreendia aquele território que foi repartido pelas tribos de issacar, Zebulom, Naftali e Aser, e também uma parte de Dã, e da Peréia além do rio. os seus limites eram: ao norte o Antilíbano – ao ocidente a Fenícia – ao sul ficava a Samaria – e tinha do lado do oriente o mar da Galiléia e o rio Jordão. A Galiléia superior era designada pelo nome de Galiléia dos Gentios, constando a sua população de egípcios, árabes, fenícios, e também de judeus. A Galiléia era bastante povoada, e os seus habitantes laboriosos, sendo, por isso, uma província rica, que pagava de tributo 200 talentos aos governadores romanos. A Cristo chamavam o galileu (Mt 26:29), porque Ele tinha sido educado nessa parte da Palestina, e ali viveu, ensinou as Suas doutrinas, e fez a chamada dos Seus primeiros discípulos (Mt 4:13-23Mc 1:39Lc 4:44 – 8.1 – 23.5 – Jo 7:1). A Galiléia tornou-se um nome de desprezo tanto para os gentios como para os judeus, porque os seus habitantes eram uma raça mista, que usava de um dialeto corrompido, originado no fato de se misturarem os judeus, que depois do cativeiro ali se tinham estabelecido, com os estrangeiros gentios (Jo 1:46 – 7.52 – At 2:7). A maneira como Pedro falava, imediatamente indicava a terra do seu nascimento (Mt 26:69-73Mc 14:70). Durante toda a vida de Cristo foi Herodes Antipas o governador ou tetrarca da Galiléia. Ainda existem em muitas das antigas cidades e vilas as ruínas de magníficas sinagogas, que são uma prova de prosperidade dos israelitas e do seu número naqueles antigos tempos.

Galiléia Uma das PROVÍNCIAS da terra de Israel. Sua parte norte era chamada de “Galiléia dos gentios” porque ali moravam muitos estrangeiros (Is 9:1). Jesus era chamado de “o Galileu” (Mt 26:69) por ter sido criado na Galiléia e por ter ali ensinado as suas doutrinas e escolhido os primeiros apóstolos (Mt 4:18-22). Os galileus tinham fama de culturalmente atrasados. No tempo de Cristo era HERODES Antipas quem governava a Galil

Galiléia Região ao norte da Palestina, habitada por um considerável número de povos pagãos após a deportação de Israel para a Assíria, principalmente durante o período dos macabeus. Por isso, era denominada a “Galiléia dos gentios” (Mt 4:15), embora no séc. I a.C., o povo judeu já se encontrasse mais fortalecido. Conquistada por Pompeu, passou, em parte, aos domínios de Hircano II. Herodes, o Grande, reinou sobre ela e, após seu falecimento, fez parte da tetrarquia de Herodes Antipas. Finalmente, seria anexada à província romana da Judéia.

E. Hoare, o. c.; f. Díez, o. c.


Judeia

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latim: terra dos judeus

Judéia

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Judéia PROVÍNCIA para onde os judeus voltaram depois do CATIVEIRO. A maioria dos que voltaram era da tribo de Judá, e por isso o território que ocuparam passou a ser chamado de Judéia. No tempo de Cristo, o termo se referia à parte sul das três regiões em que a província romana da Palestina era dividida. As outras duas eram Galiléia e Samaria. A Judéia fazia parte do proconsulado romano da Síria e era governada por um procurador. Media quase 90 km de norte a sul e, aproximadamente, a mesma distância de leste a oeste. Estendia-se do mar Morto ao mar Mediterrâneo e da altura de Jope até o extremo sul do mar Morto. Mesmo assim, até nessa época, o nome Judéia às vezes indicava toda a Palestina (Lc 1:5); 4.44; 7.17; (At 10:37).

Judéia Denominação greco-latina do território que antigamente formava o reino de Judá e foi utilizada somente durante o domínio romano (Lc 5:17; Jo 4:3). A partir de 44, a Galiléia fez parte da Judéia e o termo começou a designar toda a Palestina.

Vez

substantivo masculino Dado momento; certa ocasião, circunstância ou período de tempo: uma vez ele apareceu na loja e fez um escândalo enorme.
Turno; momento que pertence a alguém ou a essa pessoa está reservado: espere a sua vez!
Ocasião; tendência para que algo se realize; em que há oportunidade: deste vez irei à festa!
Acontecimento recorrente; ocorrência de situações semelhantes ou iguais: ele se demitiu uma vez; já fui àquele restaurante muitas vezes.
Parcela; usado para multiplicar ou comparar: vou pagar isso em três vezes; três vezes dois são seis.
locução adverbial Às vezes ou por vezes: só vou lá de vez em quando.
De uma vez por todas. Definitivamente: ele foi embora de uma vez por todas.
De vez em quando ou de quando em vez. Quase sempre: vou ao trabalho de vez em quando.
De vez. De modo final: acabei de vez com meu casamento!
Desta vez. Agora; neste momento: desta vez vai ser diferente.
locução prepositiva Em vez de, em lugar de.
Era uma vez. Em outro tempo: era uma vez um rei que.
Uma vez na vida e outra na morte. Muito raramente: tenho dinheiro uma vez na vida e outra na morte.
Etimologia (origem da palavra vez). Do latim vice.

vez (ê), s. f. 1. Unidade ou repetição de um fato: Uma vez. Cinco vezes. 2. Tempo, ocasião, momento oportuno para agir: Falar na sua vez. 3. Ensejo, oportunidade. 4. Dose, pequena porção, quinhão.

Strongs

Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
ἀφίημι Ἰουδαία ἀπέρχομαι πάλιν εἰς Γαλιλαία
João 4: 3 - Texto em Grego - (BGB) - Bíblia Grega Bereana

ele deixou a Judeia, e partiu novamente para a Galileia.
João 4: 3 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

Março e Abril de 28
G1056
Galilaía
Γαλιλαία
da Galiléia
(of Galilee)
Substantivo - Feminino no Singular genitivo
G1519
eis
εἰς
(A
(disputed)
Verbo
G2449
Ioudaía
Ἰουδαία
ser sábio
(let us deal wisely)
Verbo
G2532
kaí
καί
desejo, aquilo que é desejável adj
(goodly)
Substantivo
G3588
ho
para que
(that)
Conjunção
G3825
pálin
πάλιν
Seu coração
(his heart)
Substantivo
G565
apérchomai
ἀπέρχομαι
declaração, discurso, palavra
(to my speech)
Substantivo
G863
aphíēmi
ἀφίημι
um comandante geteu procedente de Gate no exército de Davi
(the Ittai)
Substantivo


Γαλιλαία


(G1056)
Galilaía (gal-il-ah'-yah)

1056 γαλιλαια Galilaia

de origem hebraica 1551 הגליל; n pr loc

Galiléia = “circuito”

  1. nome de uma região do norte da Palestina, cercada ao norte pela Síria, ao oeste por Sidom, Tiro, Ptolemaida e seus territórios e o promontório do Carmelo, ao sul, pela

    Samaria e ao leste, pelo Jordão. Era dividida em alta Galiléia e baixa Galiléia


εἰς


(G1519)
eis (ice)

1519 εις eis

preposição primária; TDNT - 2:420,211; prep

  1. em, até, para, dentro, em direção a, entre

Ἰουδαία


(G2449)
Ioudaía (ee-oo-dah'-yah)

2449 Ιουδαια Ioudaia

feminino de 2453 (com a implicação de 1093); TDNT - 3:356,372; n pr loc Judéia = “seja louvado”

num sentido restrito, a parte sul da Palestina, localizada ao ocidente do Jordão e do Mar Morto, para distingui-la de Samaria, Galiléia, Peréia, e Iduméia

num sentido amplo, refere-se a toda a Palestina


καί


(G2532)
kaí (kahee)

2532 και kai

aparentemente, uma partícula primária, que tem uma ação aditiva e algumas vezes também uma força acumulativa; conj

  1. e, também, até mesmo, realmente, mas


(G3588)
ho (ho)

3588 ο ho

que inclue o feminino η he, e o neutro το to

em todos as suas inflexões, o artigo definido; artigo

  1. este, aquela, estes, etc.

    Exceto “o” ou “a”, apenas casos especiais são levados em consideração.


πάλιν


(G3825)
pálin (pal'-in)

3825 παλιν palin

provavelmente do mesmo que 3823 (da idéia de repetição oscilatória); adv

  1. de novo, outra vez
    1. renovação ou repetição da ação
    2. outra vez, de novo

      outra vez, i.e., mais uma vez, em adição

      por vez, por outro lado


ἀπέρχομαι


(G565)
apérchomai (ap-erkh'-om-ahee)

565 απερχομαι aperchomai

de 575 e 2064; TDNT - 2:675,257; v

  1. ir embora, partir
    1. partir a fim de seguir alguém, ir após ele, seguir seu partido, segui-lo como um líder
  2. passar, terminar, abandonar
    1. de deixar maldades e sofrimentos
    2. de coisas boas roubadas de alguém
    3. de um estado transitório das coisas

ἀφίημι


(G863)
aphíēmi (af-ee'-ay-mee)

863 αφιημι aphiemi

de 575 e hiemi (enviar, uma forma intensiva de eimi, ir); TDNT - 1:509,88; v

  1. enviar para outro lugar
    1. mandar ir embora ou partir
      1. de um marido que divorcia sua esposa
    2. enviar, deixar, expelir
    3. deixar ir, abandonar, não interferir
      1. negligenciar
      2. deixar, não discutir agora, (um tópico)
        1. de professores, escritores e oradores
      3. omitir, negligenciar
    4. deixar ir, deixar de lado uma dívida, perdoar, remitir
    5. desistir, não guardar mais
  2. permitir, deixar, não interferir, dar uma coisa para uma pessoa
  3. partir, deixar alguém
    1. a fim de ir para outro lugar
    2. deixar alguém
    3. deixar alguém e abandoná-lo aos seus próprios anseios de modo que todas as reivindicações são abandonadas
    4. desertar sem razão
    5. partir deixando algo para trás
    6. deixar alguém ao não tomá-lo como companheiro
    7. deixar ao falecer, ficar atrás de alguém
    8. partir de modo que o que é deixado para trás possa ficar,
    9. abandonar, deixar destituído