Dicionário Comum
Fonte: Priberam
Empistolar: verbo transitivo Recomendar, proteger, favorecer; dar pistolão: fazer-se empistolar por pessoa influente.
Epístola: substantivo feminino Religião Novo testamento. Refere-se as primeiras cartas escritas pelos apóstolos e direcionadas as primeiras comunidades cristãs.
Liturgia. Texto lido ou cantado em celebrações (missas) católicas e retirado do Antigo ou do Novo Testamento.
Por Extensão Qualquer correspondência, cartas etc.
[Literatura] Texto de teor poético escrito no formato de uma carta.
Etimologia (origem da palavra epístola). Do grego epistolé.és.
Epistolado:
e·pis·to·lar 2
-
(
epístola + -ar)
verbo transitivo
Narrar em epístolas.
e·pis·to·lar 1(
latim epistolaris, -e)
adjectivo de dois géneros
adjetivo de dois géneros
Relativo ao género literário cuja forma é a carta (ex.: romance epistolar).
Epistolando:
e·pis·to·lar 2
-
(
epístola + -ar)
verbo transitivo
Narrar em epístolas.
e·pis·to·lar 1(
latim epistolaris, -e)
adjectivo de dois géneros
adjetivo de dois géneros
Relativo ao género literário cuja forma é a carta (ex.: romance epistolar).
Epistolar: adjetivo Relativo à maneira de escrever cartas: estilo, gênero epistolar.
[Literatura] Próprio de epístola, da narração de algo por meio de cartas.
[Literatura] Gênero literário cuja forma é a carta.
Etimologia (origem da palavra epistolar). Do latim epistolaris.e.
verbo transitivo direto Fazer narração de alguma coisa por meio de cartas; epistolizar: epistolar os acontecimentos do dia a dia.
verbo intransitivo Escrever cartas, epístolas; enviar cartas; epistolizar: seu trabalho era epistolar.
Etimologia (origem da palavra epistolar). Epístola + ar.
Epistolário: substantivo masculino Coleção de cartas ou epístolas.
Pistola: substantivo feminino Arma de fogo leve, de cano curto, que se dispara com uma só mão.
Pulverizador de tinta.
Nome de várias moedas antigas, especialmente uma moeda de ouro francesa, de valor variável, e outra espanhola, também de ouro, que valia dois escudos.
[Chulismo] Pênis.
Pistola-metralhadora:
pistola-metralhadora
| s. f.
pis·to·la·-me·tra·lha·do·ra
|ô|
|ô|
nome feminino
[Armamento]
Arma automática, portátil, individual, de pouca precisão, podendo efectuar tiros de rajada, utilizada em combate a pequena distância.
Plural: pistolas-metralhadoras.
Pistolaço: substantivo masculino Variação de pistolada.Etimologia (origem da palavra pistolaço). Pistola + aço.
Pistolada: substantivo feminino Tiro de pistola.
Etimologia (origem da palavra pistolada). Pistola + ada.
Pistolão: substantivo masculino Pistola grande.
[Brasil] Fig. Pessoa influente que intervém em favor de outra.
Dicionário Bíblico
Fonte: Dicionário Adventista
Colossenses (epistola aos): Esta epístola foi escrita durante o tempo em que Paulo esteve preso em Roma pela primeira vez, e foi, provavelmente, também por essa ocasião que ele escreveu as cartas dirigidas aos Efésios e a Filemom, sendo as três cartas mandadas pelos mesmos mensageiros, Tíquico e onésimo. Este último estava de volta à casa de seu senhor Filemom, residente em Colossos. Por conseqüência, devia ter sido escrita pelo ano 62. o seu objetivo é manifesto. A descrição da igreja feita por Epafras, o seu fundador, que tinha sido mandado pelos colossenses a Roma com o fim de confortar Paulo e dar-lhe informações da sua situação, era no seu todo satisfatória. Todavia, parece ter havido algum perigo nos ensinamentos dos falsos doutores que pretendiam harmonizar o Cristianismo com as especulações dos filósofos. Negavam a suprema dignidade de Cristo, atribuindo aos anjos não só a criação (1.16), mas também a obra mediadora de redenção entre Deus e o homem e além disso haviam introduzido na igreja o culto dos anjos (2.18). Há, também, claras referências à influência perturbadora dos mestres judaizantes e dos ascetas (2.16 – 3.11, 18,19). Corrigir e refutar os mencionados erros foi o fim desta epístola. Na sua exposição o Apóstolo faz-lhes ver que nem as especulações dos filósofos, nem as tradições humanas, nem as austeridades, poderiam levantar a alma acima dos atos grosseiros e habilitá-la a realizar propósitos invisíveis e eternos. Mas em Cristo há perfeita salvação: porquanto a fé Nele nos reconcilia com Deus, e, pondo-nos em relação com um Redentor celestial, guia os nossos pensamentos e desejos para assuntos superiores. o pensamento essencial da epístola é: ‘Cristo é tudo e em todos.’ Como na epístola aos Efésios, aparece aqui também o seu termo favorito ‘riquezas’, nestas e outras expressões: ‘a riqueza da glória deste mistério’ (1,27) – ‘toda riqueza da forte convicção’ (2,2) – e na forma adverbial ‘Habite ricamente em vós a palavra de Cristo’ (3.16). A semelhança entre esta epístola e a escrita aos Efésios mostra que tendências parecidas se manifestavam nas duas igrejas – e pode, também, atribuir-se a analogia ao fato de, sendo as duas epístolas enviadas pelo mesmo tempo, haverem naturalmente ocorrido as mesmas idéias e ainda as mesmas expressões. E, na verdade, as duas epístolas devem ser lidas juntamente. Uma é comentário da outra. Uma diferença, contudo, de tom enfático se nota nelas. São Paulo, levado pela controvérsia, sustenta com firmeza nesta epístola a natureza de Cristo e o que Ele é para com a Sua igreja – ao passo que na carta aos Efésios é explicada a unidade da igreja e o seu glorioso destino nos desígnios do seu divino fundador.
Corintios (epistolas aos): Como resultado dos trabalhos de Paulo e de Apolo foi formada em Corinto uma numerosa e florescente igreja – e doutrinadores eram ali colocados para instruir os convertidos, sendo regularmente observados os preceitos cristãos. Todavia, não muito depois, foi perturbada a paz desta igreja por certas pessoas que procuravam enxertar naquele ramo do Cristianismo os refinamentos da filosofia humana. Esses indivíduos tentaram depreciar o Apóstolo, descrevendo-o como pregador sem estilo e sem arte oratória, e pondo mesmo em dúvida a sua autoridade apostólica. Além disso, defendiam a vida licenciosa de cada um, sob pretexto de liberdade cristã. Destes ensinamentos resultaram divisões e irregularidade, não tardando que a igreja decaísse do seu primitivo estado de fé e amor. o estado dos cristãos de Corinto muito se assemelhava, de fato, ao daqueles que em todos os tempos abandonam os erros e baixezas do paganismo. Com efeito, a santidade da vida cristã trabalha dentro deles, mas duros conflitos surgem entre a verdade do novo caminho e os inveterados males. Era esta a situação da igreja de Corinto, que Paulo procurou melhorar nas duas epístolas que dirigiu aos coríntios. A primeira epístola foi escrita de Éfeso, não muito depois de ter S. Paulo saído de Corinto. A DATA em que foi escrita deve ter sido o ano 57. Embora esta epístola seja denominada a primeira aos Corintios, evidentemente outra a precedeu, que não chegou aos nossos dias, mas à qual se faz referência em 5.9. Essa primeira carta, ou se cruzou com alguma dos coríntios, ou estes, depois de recebida a de Paulo, lhe escreveram, pedindo os seus conselhos e instruções sobre alguns pontos (7.1). o fim da epístola foi corrigir os males que prevaleciam entre os cristãos de Corinto, e de que o Apóstolo fora informado por alguns dos seus membros (1.11 – 5.1 – 11.18). Causou-lhe tão grande cuidado aquele espírito de desordem, que ele deliberou mandar a Corinto o seu discípulo Timóteo (4.1l –
At 19:22). os males que Paulo procurou corrigir eram os seguintes: divisão entre eles por espírito de partido – inclinação pela chamada filosofia – a imoralidade – os recursos aos tribunais gentílicos – a imodéstia feminina – o tornar a ceia do Senhor uma ocasião de jovialidades – o abuso do dom de línguas – e negar a Ressurreição de Jesus Cristo. os pontos acerca dos quais tinham sido pedidas instruções, eram: o casamento, a circuncisão e a escravidão – a comida de carnes oferecidas em sacrifício aos ídolos – e as coletas para os santos de Jerusalém. E, à medida que vai expondo a boa doutrina, não deixa de instruir os crentes sobre a aplicação dos mais altos princípios a todas a particularidades da vida pessoal ou da igreja. os tópicos especiais da primeira epístola são: o evangelho como sabedoria de Deus (1 a
3) – a supremacia do amor
(13). – e a doutrina da ressurreição (15). Em nenhuma epístola do Apóstolo se manifesta o seu próprio caráter de um modo mais brilhante do que nesta. A afirmação da sua autoridade apostólica é belamente apresentada com humildade e piedosa desconfiança de si mesmo (2.3 – e 9.16, 27). Ele combina a fidelidade com a mais alta ternura (3.2 – 4.14 – 6.12), e quaisquer que sejam os seus dons, ele a todos prefere o amor (13.1). A segunda epístola. Paulo partiu de Éfeso não muito depois de ter escrito a primeira epístola, e foi para Trôade. Aqui ele esperava encontrar Tito (que havia mandado a Corinto), para informar-se do estado da igreja e do efeito produzido pela sua primeira carta. Mas não o achando aí, dirigiu-se para a Macedônia, onde a sua ansiedade foi aliviada com a chegada de Tito. Por este evangelista soube Paulo que as suas leais repreensões tinham despertado na alma dos cristãos de Corinto uma piedosa tristeza, levando-os a considerar proficuamente a boa disciplina da igreja. Mas, infelizmente, haviam-se manifestado sintomas de outra espécie. o partido, que tinha a orientação dos falsos mestres, estava ainda deprimindo a autoridade apostólica de Paulo e desvirtuando as suas intenções e conduta: faziam uso da primeira carta do Apóstolo para levantar novas acusações contra ele, pois afirmavam que não tinha cumprido a promessa de voltar a Corinto, e havia adotado uma maneira de escrever muito autoritária, não concordando esse procedimento com a forma desprezável da sua pessoa e do seu modo de falar. Em conseqüência disto escreveu o Apóstolo a segunda epístola com o fim de prosseguir na obra de reforma, firmar ainda mais a sua autoridade contra os falsos doutores, e preparar os coríntios para sua desejada visita, que havia de realizar-se quando tudo estivesse em ordem e preparadas as prometidas contribuições para os seus irmãos necessitados. Em nenhuma parte foi o próprio coração de Paulo mais sensivelmente posto a descoberto do que nesta epístola. A linguagem de recomendação, de amor e de reconhecimento acha-se confundida com palavras de censura, indignação e desgosto. o principal objetivo da epístola foi animar e tranqüilizar a parte mais sã dos membros da igreja, de defendê-los contra as tentativas dos falsos mestres para os desviarem do verdadeiro caminho evangélico. Paulo estabelece a sua autoridade apostólica e aduz, como credencial da sua missão, os seus trabalhos, sofrimentos, perigos e revelações divinas. Que esta epístola produziu, em geral, bom efeito, podemos inferi-lo da corrente de tranqüilidade que perpassa pela epistola aos Romanos, escrita de Corinto alguns meses depois, não tendo nós nenhuma informação em contrário. Para conhecimento de muitos pormenores da vida do Apóstolo, é esta epístola a nossa única fonte de informações.
Efésios (epistola aos): A DATA em que foi escrita a epístola do Apóstolo Paulo pode ser deduzida da narrativa. Foi escrita pelo mesmo tempo em que o foram as dirigidas aos Colossenses e a Filemom, quando Paulo era prisioneiro em Roma. Ele está antevendo a rápida decisão do seu caso, e o seu termo, ou na morte, ou, como julga mais provável, no seu livramento (
Fp 1:25-27 – 2.23,24). Parece, também, que os filipenses tiveram tempo de ouvir falar da sua prisão e haviam, por isso, contribuído com certa quantia para auxiliar o Apóstolo – mais tarde foram informados da doença do seu mensageiro Epafrodito em Roma, recebendo posteriormente S. Paulo notícias dos seus cuidados a respeito deles (
Fp 2:25-30 – 4.10 a 18). Sem dúvida a carta foi escrita de Roma pelo ano 62 ou 63d.C. (60 ou 61 na cronologia revista). E é provável que, na sua origem, fosse a epístola aos Efésios uma carta circular (epístola de Laodicéia,
Cl 4:16), que devia ser dirigida a todas as igrejas da Ásia Menor. A ocasião da epistola faz lembrar o ministério de S. Paulo em Éfeso. A sua primeira visita a Éfeso foi por pouco tempo, incluindo apenas um sábado, quando lá estava de volta, na sua segunda viagem missionária. Mas a obra por ele principiada entre os judeus foi sustentada por Aqúila e Priscila, e também por Apolo (
At 18:19-21,24,
26) – e de tal modo trabalharam estes cooperadores de Paulo, que este achou, já na sua segunda visita, algumas preparações para os seus posteriores trabalhos. E continuou trabalhando por mais de dois anos, não obstante fortes perseguições (
At 20:19 – 1 Co 15.32), e pôde colher notáveis frutos do seu trabalho entre judeus e gentios, não somente na cidade, mas por toda a província (
At 19:10). E desta maneira foram fundadas as ‘sete igrejas da Ásia’. Na sua evangelização zelosa e persistente (
At 20:18-20), Paulo organizou na própria cidade de Éfeso uma grande e florescente igreja, à qual, no ano seguinte, na sua última viagem a Jerusalém, por meio dos seus anciãos ou presbíteros ele dirigiu solenes palavras de despedida (
At 20:17-35). Depois confiou esta igreja ao cuidado de Timóteo (1 Tm 1.3). As palavras da epístola têm um caráter distintivo. Não é bem uma epístola de feição pessoal, no mesmo grau em que foram compostas as outras cartas do mesmo autor. E, por outro lado, é notável pelos seus considerados e cuidadosos delineamentos sobre o proclamado Evangelho de Paulo. A sua linguagem é a de um coração apaixonado pela verdade, manifestando um ardente espírito, católico nos seus propósitos e generoso em todos os seus aspectos. Há muitos pontos de relação entre a linguagem da epístola aos Efésios e a da enviada aos Colossenses – e, também, é digno de nota o uso de algumas palavras e frases, que se lêem nestas mesmas cartas. Cinco vezes ocorre na epístola aos Efésios a hase ‘lugares celestiais’ ou ‘regiões celestiais’ – e não menos de doze vezes se encontra a palavra ‘graça’. A palavra ‘riqueza’ é, igualmente, por vezes empregada: ‘riqueza da sua graça’ (1.7 – 2,7) – ‘riqueza da glória’ (1.18 – 3,16) – ‘riquezas de Cristo’ (3.8). ‘Mistério’, no sentido de segredo outrora oculto, mas agora revelado, é termo de uso freqüente nas epístolas de Paulo, mas especialmente característico desta epístola, em que é empregado cinco vezes (1.9 – 3.3, 4,9 – 6.19), e sempre enfaticamente. A comparação que faz entre a igreja e um edifício suntuoso, e também a alegoria tirada da armadura de um soldado romano, são belamente expressivas nesta epístola (2.20 a 22 – e 6.13 a 17). A omissão de saudações pessoais foi já observada.Toda a matéria versada na epístola está dividida em duas partes principais: os capítul
os 1:3 são principalmente doutrinais – e
os 4:6 são quase inteiramente práticos.
Filemom, epistola a: o fim da epístola é claramente manifestado. onésimo, um escravo de Filemom, tinha-se evadido da casa do seu senhor, e foi para Roma. Nesta cidade recebeu o conhecimento do Evangelho por meio da pregação de Paulo. o Apóstolo apreciava o seu caráter, e alegremente o teria conservado no seu próprio serviço – mas pensou que era melhor voltar o fugitivo para casa do seu amo. Foi, pois, onésimo mandado com Tíquico a Colossos (60,61 – ou 62, 63 d.C.), levando uma especial recomendação nas palavras da epístola – Paulo faz ver a Filemom, de uma maneira muito amável qual o dever do senhor cristão para com um escravo que era agora um ‘irmão caríssimo’ (10,16). A carta é um modelo de cortesia e de liberdade nas relações de amizade cristã.
Gálatas (epistola aos): A causa da epístola é manifesta pelo seu conteúdo. As igrejas da Galácia constavam, em parte, de judeus convertidos – mas é provável que na sua maioria fossem formadas de gentios, que tinham abraçado o Cristianismo (4.8), e que, segundo parece, tinham bastantes luzes do Antigo Testamento (*veja 4.21 a 31). Eles receberam logo o Evangelho com prontidão e alegria, e por certo espaço de tempo perseveraram fielmente nas doutrinas apostólicas (5.7). Mas não muito depois da segunda visita do Apóstolo às igrejas da Galácia, alguns mestres judaizantes (provavelmente emissários do partido fariseu em Jerusalém: *veja
At 15:1-2) visitaram as igrejas da Galácia, e ensinavam que os gentios convertidos deviam submeter-se à circuncisão, e observar o ritual mosaico para se salvarem. A própria autoridade de Paulo foi por esses atacada, julgando-a inferior à de Pedro e à dos outros apóstolos, a quem, segundo as suas afirmações, eles seguiam (caps. 1 a 2). Além disso, acusavam-no de não ser correto, visto como, observando ele próprio a lei enquanto se achava entre os judeus, persuadia aos gentios que a ela renunciassem (5.11). E apresentadas assim as coisas, conseguiram espalhar a semente da discórdia e da divisão (5.15), desviando do caminho direito muitos cristãos da Galácia (1.6 – 3.1 – 4.9), que receberam as idéias dos seus novos doutrinadores, com o mesmo zelo queem outros tempos tinham mostrado, quando ouviram as pregações do seu pai espiritual Contra estes erros Paulo já tinha protestado pessoalmente (1.9 – 4,16) – mas sabendo que eles estavam ganhando rapidamente terreno, escreveu esta epístola. Esta epístola, pelo seu objetivo, pela maneira abrupta e severa como principia, e pelas enérgicas e ternas acusações que encerra, mostra quão grande era a preocupação do Apóstolo a respeito das perigosas doutrinas que era urgente combater. o seu principal fim era provar que os judaizantes, com os seus erros doutrinários, não faziam mais que destruir a própria vida e alma do Cristianismo – e então prepara o caminho para a demonstração, rebatendo as falsidades que os adversários tinham propagado a seu respeito, e com energia sustentando a sua missão e autoridade apostólicas. o principal contraste entre o método desta epístola e o da epístola aos Romanos é que o grande tópico de justificação faz parte, nesta epístola, de um particularizado argumento, sem referência a quaisquer circunstâncias especiais – ao passo que na dirigida aos Gálatas tudo é tratado em controvérsia, com claras referências aos mestres judaizantes. o Apóstolo não está aqui formando argumentos contra os gentios, que consideravam as boas obras como um direito à recompensa divina, nem contra os judeus incrédulos que rejeitavam o Cristianismo, persistindo na sua obediência à Lei como único caminho de justificação – toda a sua argumentação era contra aqueles judeus que, fazendo profissão de ter abraçado o Evangelho, ensinavam, contudo, que não só a fé em Cristo, mas também a observância da lei cerimonial eram necessárias para a salvação. E então ele demonstra que essa lei nunca fora designada para esse fim, que estava já ab-rogada, e que aqueles que observavam as suas determinações com o fim de assegurar o favor de Deus estavam, por esse fato, abandonando o único caminho da salvação. os erros que ele considerava como subversivos do Evangelho tinham sido propagados por homens que professavam o Cristianismo sem compreender os seus essenciais princípios – e a esses mestres ‘nem ainda por uma hora’ queria estar em sujeição. os mal compreendidos preceitos da lei mosaica, que Paulo apresenta nos caps. 14 a 15 da epístola aos Romanos, como assuntos próprios da tolerância da parte dos que estavam mais bem informados, são os daqueles cristãos, sinceros, mas não inteiramente esclarecidos, que na verdade viam a sua salvação somente em Jesus Cristo, mas ainda não estavam satisfeitos com respeito à abolição do ritual judaico. A epistola acha-se naturalmente dividida em três partes, compreendendo cada uma delas dois capítulos. As duas primeiras divisões são principalmente de controvérsia, e a terceira consta de doutrinas práticas e exortativas.
i. Paulo afirma e prova a sua chamada divina, e a sua autoridade como apóstolo de Jesus Cristo (1, 2).
ii. Estabelece o seu principal argumento, que a nossa justificação é inteiramente pela fé, e não pelas obras da lei (3, 4).
iii. Conclui com certos conselhos e direções práticas, e faz um resumo dos principais tópicos da epístola (5, 6).
Hebreus (epistola aos): Esta epístola foi certamente dirigida a cristãos hebreus, que habitavam uma qualquer cidade ou região, e haviam formado uma sociedade organizada ou igreja, tendo tido os seus pastores já falecidos, e possuindo agora mestres, a quem por conselho do autor deviam os crentes obedecer (*veja 13.l, 17, 24). Tem sido geralmente aceita a opinião de que esses cristãos residiam na Palestina, talvez em Jerusalém, ou na Cesaréia – mas alguns críticos julgam que a epístola foi dirigida aos judeus convertidos de Alexandria. Há, também, quem afirme que ela foi destinada aos romanos, que tinham recebido a fé cristã, dizendo outros escritores que era em Antioquia que se achavam aqueles a quem a carta foi primeiramente mandada. Quando e onde foi escrita. Não podemos, de uma maneira determinada, saber quando e onde foi esta epístola escrita. Apenas uma indicação de lugar, e essa duvidosa, nos é dada (13.24): ‘ os da itália vos saúdam.’ Mas isto pode significar tanto aqueles com quem o escritor vivia em Roma, como certos italianos, que em qualquer parte estivessem com o autor. Com referência à DATA da epístola, concorda-se geralmente que foi escrita não depois da destruição de Jerusalém, mas na proximidade desse acontecimento. o autor fala do ritual levítico, como estando ainda em toda a sua força. o seu autor. Com respeito a saber-se quem tenha escrito a epístola, foi sempre, desde os tempos primitivos da igreja, uma coisa muito incerta. Tem sido atribuída a S. Paulo, nas traduções mais antigas. Com respeito à comunidade, à qual foi primeiramente endereçada a epístola, encontram-se nestas pequenas alusões, que podem dirigir, quando não possam inteiramente resolver, a nossa inquirição. Segundo o que se lê em 13.7, parece que se trata de uma sociedade organizada ou igreja, que tivesse existido por algum tempo, tendo os membros dessa igreja os seus mestres, a quem era devida a obediência (13.17). Estas observações, porém, tanto se podem aplicar aos cristãos judeus da Palestina (entre os quais os de Jerusalém ou de Cesaréia), como os da Dispersão. Esta epístola, quanto à sua matéria, pode dividir-se em duas partes principais: a primeira é principalmente doutrinal (1 a 10,18) – a segunda é principalmente prática (10.19 a 13).
i. Na primeira parte prova-se a suprema autoridade e glória da dispensação cristã, fazendo ver quanto é superior o seu Mediador, o Eterno Filho de Deus, aos mediadores do antigo pacto, quer sejam espirituais, como os anjos, quer terrestres, como Moisés. Embora fossem grandes os Seus sofrimentos, e Se humilhasse até à morte, isso, longe de diminuir a Sua glória de Mediador, foi o grande meio de realizar a Sua grandiosa obra de redenção (1 a 4.13). A comparação de Cristo com Moisés e com Josué é seguida de outra com Arão. Primeiramente o autor faz ver que Cristo, como Arão era verdadeiro sacerdote, que Deus nomeou, e verdadeiro representante do homem – e depois se mostra que Jesus Cristo sobrepuja em muito a Arão na qualidade de sacerdote, reproduzindo o mais antigo e mais nobre sacerdócio do rei-sacerdote Melquisedeque. A nova economia, de que Jesus é a Cabeça, invalida e ab-roga a antiga, provando-se isso com o próprio A.T. E a eficácia intrínseca e perpétua do Seu único sacrifício, como perfeita propiciação pelo pecado, é posta em contraste com a virtude típica e cerimonial daqueles sacrifícios muitas vezes repetidos os quais estavam já terminando (4.14 a 10.18).
ii. A argumentação precedente acha-se entremeada de conselhos práticos e avisos solenes. E, na conclusão da epístola, são vivamente exortados os hebreus a continuarem a sua vida de fé com paciência e alegre confiança, no meio de provações presentes. Prova-se que a fé é virtude essencial na participação das prometidas bênçãos de Deus – e é exibida a sua ação e eficácia numa longa linha de heróis, mártires, e confessores, que termina em Jesus, o grandioso exemplar. E são os cristãos hebreus encorajados a sofrer também as suas provações, como sendo um paternal castigo, que devia produzir o mais alto bem. os gloriosos privilégios do Novo Pacto são apresentados, para fazer conhecer o terrível perigo da apostasia (10.19 a 12). Seguem-se algumas exortações para cumprimento de especiais deveres, preceitos e regras da vida, sendo esta recomendação feita com precipitação paulina. E fecha o escritor a notável epístola à maneira do apóstolo S. Paulo, com uma doxologia e bênção (13).
João (primeira epistola de): Este livrodo N.T. tem mais a natureza de uma dissertação sobre a crença e deveres dos cristãos do que a de uma carta enviada a certa igreja. Não tem saudações ou quaisquer alusões pessoais. É uma ‘epístola universal’, visto que é dirigida à igreja em geral. A autoria é atribuída a João por alguns dos mais antigos escritores cristãos. A semelhança que se observa tanto nas idéias como na linguagem, entre o quarto Evangelho e a carta de que se trata, favorece essa crença. Com efeito, esta epístola tem todo o caráter de um suplemento e comentário do Evangelho. Cp., e.g.,1.4 com 16.24 – 2.3 com 14.15 – 2.8 com 13.34 – 2.11 com 12.35. A epístola parece, pelo que expõe, ter sido escrita por uma pessoa que viu Jesus e observou as Suas obras (1.1 a 4 e 4.14). Crê-se que foi escrita em Éfeso, mas não se sabe a DATA precisa. É muito provável que seja dos fins do século primeiro, atendendo aos erros que ali são condenados. o objeto da epistola está exposto pelo autor (5,13) – ele procura confirmar e reforçar o Evangelho, assegurando aos crentes que eles têm a vida eterna. Para conseguir o seu fim, entra o autor em controvérsia com os adversários. E, realmente, quase no início da vida da igreja, falsas doutrinas se haviam introduzido no seu seio. Havia quem pusesse em dúvida a divina dignidade de Jesus, negando que Ele fosse o Filho de Deus. Aos que assim falavam, chama o Apóstolo de enganadores e o anticristo (2.22 – 4.15 – 5.1). Havia outros que negavam a humanidade de Jesus, contradizendo, deste modo, a real comunicação social de Cristo com os homens (
Hb 2:16 – 4.15, e a realidade da Sua morte e da Sua propiciação. A encarnação de Jesus era, na opinião desses, mera aparência, e a história da Sua vida não passava de um mito. o Apóstolo desfaz estas falsas idéias de modo enérgico (4.3), declara que ele próprio pôde tocar o corpo de Jesus (1.1), e alude em termos claros à água e ao sangue que jorravam do lado, que foi penetrado pela lança. Uma terceira corrente de idéias se manifestava, sustentando alguns que bastava adorar a Deus com o espírito, havendo indulgência para o corpo. o Apóstolo refuta esta doutrina imoral, pois declara que todo pecado é iniqüidade (3,4) – e que a comunhão com Deus purifica o cristão, e somente nesta pureza é que podemos ser reconhecidos como Seus filhos (2.5 – 3.8 a 10 – 4.13 – 5.11). os pontos de que trata a epístola abundam em ensinamentos positivos sob três aspectos:
i. A epistola nos ensina qual a natureza da comunhão com Deus (1.3). Ele é luz (1.5), e amor: e a comunhão implica conformidade com os Seus atributos. Visto que Deus é luz, o homem deve ser purificado e remido (1.l a 2.2), e além disso deve ser santo (2.3 a 7). E como é amor, devemos amar-nos uns aos outros (2.10). Mas se Cristo for negado, todas estas bênçãos se perdem (2.22 a 24).
ii. A epistola nos ensina qual a felicidade e os deveres de um filho de Deus. o nosso privilégio de cristãos é não somente a comunhão com Deus, mas a nossa adoção como filhos. Deus é justo, e por isso devem os Seus filhos ser também justos (2.29 a 3.3). Cristo veio para tirar o pecado do mundo, e Nele não há pecado – como Ele é, devemos nós ser (3.4 a 10). Ele deu a Sua vida por nós, e então deve o Seu amor ser o nosso modelo (3.11 a 18). Se tivermos o Espírito de Cristo, participaremos das outras bênçãos cristãs (3.19 a 24). ora, se Cristo for negado, quanto à Sua natureza humana em especial, essas bênçãos serão perdidas (3.19 a 4.6).
iii. Deus não é somente luz: Deus é amor (4.7,8). o amor, parte essencial da Sua natureza, manifesta-se na missão e caráter de Seu Filho, e é condição necessária da filiação (4.21). Amar a Deus e ao próximo, a fé em Cristo, e uma confiança tal que nos conserve a paz são entre outros os resultados dessa revelação. ora, se verdadeiramente crermos que Deus dá a vida eterna, e que essa vida está em Seu Filho, seremos santos e felizes, seremos perdoados e santificados. Mas se rejeitarmos esta verdade, ou qualquer parte dela, ficaremos sem a esperança, e estaremos, como o mundo, em maldade (5.19).
João (segunda epistola de): Esta carta é dirigida a uma ‘senhora eleita e aos seus filhos’ (vers. 1), a quem os filhos da sua ‘eleita irmã’ mandam saudações (vers. 13). Pensam alguns que sob esta figura o Apóstolo escreveu a uma igreja particular, ou à igreja em geral, mandando saudações da igreja irmã. Mas, geralmente, concordam os críticos em se tratar de uma carta dirigida a certa pessoa, exatamente como a terceira epistola. Com respeito às palavras ‘a senhora eleita’, sustentam alguns expositores que a tradução devia ser ‘a eleita Kiria’, sendo outros de opinião de que se devia dizer ‘a senhora Eleita’.
João (terceira epistola de): Esta cartaé precisamente pessoal (vers. 1), sendo um exemplo da apostólica correspondência particular. E dirigida ao ‘amado Gaio’ (vers. 1), que pode ter sido aquele Gaio de que se fala em
Rm 16:23, e, possivelmente, também o de 1 Co 1.14 – ou ainda o Gaio de
At 19:29, e mesmo o de
At 20:4-5, que é, talvez, idêntico ao de
Rm 16:23. Mas, tratando-se de um nome comum, é possível que se trate de outra pessoa. o autor desta epístola foi, sem dúvida, quem escreveu a segunda epístola. A sua DATA e o lugar em que foi escrita não se podem determinar. o seu objeto foi felicitar Gaio, e avisá-lo contra um tal Diótrefes, recomendando ao mesmo tempo Demétrio à sua amizade.
Judas (epistola de): A autoria desta epístola tem sido atribuída a duas pessoas com o nome de Judas. Uma destas é o apóstolo Judas, também chamado Lebeu, e Tadeu (
Mt 10:3 –
Jo 14:22) – mas não há prova alguma de que este apóstolo fosse o ‘irmão de Tiago’, como a si próprio o escritor da epístola se denomina. Em
Lc 6:16 e
At 1:13 em algumas versões, a palavra ‘irmão’ não está no original – e seria mais conforme com o uso geral da linguagem, e particularmente dos escritores do N.T., se a palavra ‘filho’ fosse empregada em lugar da outra. Além disso, se o escritor desta epístola tivesse sido apóstolo, ele não julgaria necessário apresentar-se como ‘irmão de Tiago’ – nem se distinguiria dos apóstolos, como as palavras do vers. 17 parecem indicar. Disto tudo se conclui que aquele Tiago, mencionado no vers. 1, era realmente o ‘irmão do Senhor’ (
Gl 1:19 – veja também
Mc 6:3), o qual tem um trabalho distinto na última parte da idade apostólica. E nesta consideração teria estado Judas em relação com Jesus Cristo (
Mt 13:55, e
Mc 6:3), pertencendo Judas e Tiago, provavelmente, ao número daqueles irmãos do Senhor que estiveram com os apóstolos depois da Sua ascensão (
At 1:14 – 1 Co 9.5). (*veja irmãos do Senhor.) Sobre a vida de Judas não temos informações certas. os seus descendentes são mencionados por Eusébio. Conta este escritor que quando o imperador Domiciano mandou que fossem mortos todos os descendentes de Davi, ‘alguns dos heréticos acusaram os descendentes de Judas de pertencerem à família, de Davi, visto como era Judas irmão, segundo a carne, do Salvador e por sua vez descendia Jesus daquele rei’. E depois refere-se à boa confissão da fé cristã, que eles fizeram na presença dos seus perseguidores (Eccl. Hist. iii.20). Não parece que a Epistola tenha sido dirigida a qualquer igreja. Segundo a antiga tradição, trabalhou Judas entre aqueles povos ao oriente da Judéia, e desse fato concluem alguns que a epístola foi mandada aos cristãos que por aquelas regiões se encontravam. Supõem outros que foi escrita para os cristãos da Palestina. Quanto à data, pode ela inferir-se da natureza das heresias e das práticas nocivas que aí são combatidas, e do modo como o autor fala da pregação dos apóstolos, mostrando que a epístola é mais referente ao passado do que ao presente. Parece, então, ter sido escrita no último período apostólico, poucos anos antes da destruição de Jerusalém, talvez cerca do ano 67 d.C. É obvia a relação desta epístola com a 2ª de Pedro. Há, entre as duas epístolas, uma notável semelhança, tanto no pensamento como na linguagem. A elegância do estilo na epístola de Judas, a sua particular forma e vigor nos pensamentos e linguagem, e a sua coerência de idéias, tudo nos leva a crer que a carta é toda original. E, por outro lado, o cap. 2 da 2ª de Pedro, onde se revela a semelhança com a epístola de Judas, parece ser diferente do estilo simples de Pedro. Há, também, na epístola de Pedro algumas expressões que precisam comparar-se com os lugares paralelos de Judas para se compreender a sua significação. Cp. 2 Pe 2.11 com Jd 9. No seu todo a epístola de Judas parece ter sido escrita primeiramente e Pedro, seguindo-a até certo ponto, usa-a de um modo independente, resumindo alguns pensamentos e acrescentando novas particularidades. o fim especial desta epístola parece ter sido acautelar os cristãos contra os falsos doutores que faziam consistir toda a religião na crença especulativa e profissão exterior, procurando arrastar os seus discípulos à insubordinação e licenciosidade. A carta pode dividir-se em duas partes: a primeira trata do castigo dos falsos mestres (vers. 5 a 7), e a segunda, do seu caráter em geral (8 a 19). Para ilustrar a doutrina que apresenta, ele recorre, como Paulo em certos casos (2 Tm 3.8,
At 17:28, e
Tt 1:12), a fontes diferentes das Escrituras. A referência à disputa entre Miguel e o diabo acerca do corpo de Moisés foi, segundo se diz, tirada da Assunção de Moisés, apocalíptica obra judaica, que se supõe ter sido escrita pelo ano 50 d.C., existindo dela apenas fragmentos. A obra etíope, Livro de Enoque, que é citada no vers. 14, era bem conhecida nos tempos em que foi escrito o Novo Testamento, notando-se coincidências de pensamento e linguagem em algumas das epistolas paulinas, na epístola aos Hebreus, e no Apocalipse. A característica da epístola é o emprego que o autor faz dos trios. observe-se nos vers. 1 e 2 a triplicação da saudação e da bênção. Três exemplos de justiça divina são citados: o dos israelitas incrédulos, o dos anjos rebeldes, e das cidades da planície, vers. 5 a 7. Três tipos de maldade, a de Caim, a de Balaão, e a de Coré, vers. 11. Três classes de homens maus: murmuradores, queixosos da sua sorte, obstinados. Três maneiras de proceder para com os que erram: ‘compadecei-vos de alguns que estão na dúvida’ – ‘salvai-os, arrebatando-os do fogo’ – ‘Sede também compassivos em temor’, v*veja 22 e 23.
Pedro (primeira epistola de): Esta epístola acha-se entre os escritos, cuja autenticidade era por todos reconhecida na igreja primitiva. A prova interna também nos indica Pedro como seu autor. A DATA da epístola é geralmente fixada entre 64 e 67 d.C. A epistola foi dirigida aos cristãos judaicos, dispersos pelas diversas províncias da Ásia Menor, embora ela inclua referências aos gentios convertidos que as suas igrejas continham (1.14 – 4.3). Toda a matéria da epístola pode dividir-se em duas partes, não incluindo a saudação (1.1,2), a introdução (1.3 a 12), e a conclusão (5.13,14).
i. Exortações gerais para que haja entre todos amor, e em todos santidade (1.
13 2:10). Mostra-se, especialmente nesta parte da epístola, que não estão perdidos os privilégios e distinções da antiga igreja, mas reproduzidos de uma forma mais alta, e conferidos a todos os crentes. São estes a geração escolhida, eleitos em Cristo (1,2) – têm uma terra de promissão, incorruptível e sempre bela, por sua ‘herança’ (1,4) – são o povo adquirido de Deus (2,9) – permanece o templo, que é uma casa espiritual, sendo Cristo a pedra principal (2.4,5) – têm um altar e um sacrifício, o precioso sangue de Cristo (1.18,19) – os próprios crentes são o sacerdócio real e santo (2.5,9) – e finalmente os profetas escreveram e falaram da igreja cristã.
ii. Exortações particulares sobre deveres especiais (2.11 a 5.12). Embora tenha a epístola um fim prático, não deixa de ser tão evangélica como se tivesse sido principalmente doutrinal. Em toda parte nela se aponta para Cristo – para a sua expiação, anunciada pelos profetas, e contemplada pelos anjos antes da criação do mundo – para a Sua ressurreição, e ascensão – para os dons do Espírito Santo – para o exemplo do Salvador, que por nós sofreu – e para o dia terrível do julgamento final. À semelhança de Paulo, ele insiste sobre a doutrina do Evangelho, como geradora da santidade e da paciência – e, ainda como aquele Apóstolo, ele procura levar cada cristão ao cumprimento dos seus respectivos deveres, tendo em alta consideração os nossos privilégios, como crentes em Cristo. A honrosa referência a Paulo (2 Pe 3.15), que publicamente o tinha censurado, e havia exposto a censura na sua epístola aos Gálatas, aos quais o próprio Pedro estava agora escrevendo (
Gl 2:11 – 1 Pe 1.1 – 2 Pe 3.1), é uma prova de verdadeira humildade. Deste modo pôs ele em prática o seu próprio preceito (1 Pe 5.5), não tendo esquecido, na verdade, as lições dos últimos dias do Divino Mestre. A sua explícita referência a Cristo, como sendo o Divino Salvador, a verdadeira Pedra fundamental da igreja (2.4 a 7), parece aludir ao nome que lhe havia sido dado, para antecipadamente refutar a doutrina medieval de que Pedro é o fundamento da igreja. Algumas características da epistola são: o seu ensinamento de que a esperança se acha baseada na ressurreição (1.3,6,7,9,11, 13, etc.) – o dever de sermos pacientes no sofrimento e na provação (1.6,7 – 2.19 a 21 – 3.13 a 18 – 4.12,13,19) – e o uso do termo graça para toda a revelação cristã (1.10,13 – 3.7 – 4.10 – 5.12). o título de ‘Sumo Pastor’, aplicado a Cristo (5.4), é, também, particular desta epístola.
Pedro (segunda epistola de): Esta epístola não foi geralmente aceita como canônica pela igreja primitiva. Eusébio a coloca entre os livros, cuja autenticidade se discutia, mas a autoria é reclamada por Pedro no próprio livro (1.1 – 3.1). o autor escreve como homem já idoso, aproximando-se do seu fim (1.14), o qual já antes tinha dirigido uma epístola aos mesmos leitores (3.1). A linguagem da epístola, especialmente no primeiro capítulo, comparando-a com es discursos de Pedro nos Atos, e com o estilo da primeira epístola, nos revela ser o mesmo apóstolo o seu autor. Quanto à data, pode o livro ter sido escrito pouco antes da sua morte (1.14). Se aceitarmos a crença tradicional de que Pedro morreu em Roma, a carta teria aparecido não antes do ano 64 d.C., nem depois do ano 70. Toda a matéria da epístola pode ser assim resumida: o Apóstolo, depois do prefácio e saudação, exorta os seus leitores a que perseverem na verdade, para não caírem nos erros e infidelidade daqueles tempos. E o melhor preservativo para isso é, como lhes diz, uma piedade progressiva (1.3 a 11). Além disso, eles encontrarão uma prova clara da verdade das Escrituras no cumprimento das profecias e no testemunho irrefragável dos santos de Deus (1.16 a 21). Em termos enérgicos, ele avisa os falsos mestres e os que principiaram a atendê-los, a respeito da sua culpa e perigosa propaganda (2.1 a
22) – e lhes assegura que a segunda vinda do Senhor, embora seja com grande demora, e através de longos sofrimentos, é tão certa como o dilúvio (3.1 a 3). Em seguida aconselha os cristãos a que sejam diligentes e santos (3.14 a 18). Apelando para os ensinamentos de Paulo, como confirmação das suas idéias, nota que eles tinham sido torcidos por certos homens com o fim de coonestarem as mais perniciosas práticas – mas esse mal devia ser remediado pelo racional conhecimento das Escrituras, devendo existir sempre nos crentes uma boa disposição para aprender e o espírito de humildade (3.15, 16). Nota-se em algumas passagens, uma certa relação entre esta epístola e a de Judas (por exemplo, 2.4 e Jd 6 – 2.6 e Jd 7 – 2.11 e Jd 9 – 2.1l e Jd 12). (*veja Judas (Epístola de.) ‘Conhecimento’ é a nota fundamental da epístola. Como pormenor interessante e importante, indicador de ter sido o mesmo o autor desta epístola e da primeira, é o emprego da palavra ‘santo’ e ‘conversação’ (maneira de viver), e o termo ‘poder’ aplicado a Deus (1 Pe 2.9, e 2 Pe 1.3). Há, ainda, outras admiráveis duplicações de termos nas duas epístolas Devemos notar que aquilo a que se tem dado o nome de ‘alusões retrospectivas’ está de perfeita harmonia com o caráter simples e manifesto de Pedro. Considere-se o uso que ele faz das expressões ‘engodando almas inconstantes’ e ‘engodam lançam a isca) com paixões carnais’ (2.18).
Romanos (epistola aos): Esta carta foi dirigida a ‘todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos’ (
Rm 1:7). Quanto a Paulo, nada se encontra nos Atos (cap. 28), que nos possa fazer acreditar que não havia cristãos em Roma, quando o Apóstolo ali chegou. os ‘irmãos’ a que se faz referência em 28.15 devem ser naturalmente cristãos, não havendo razão para serem identificados com os ‘principais dos judeus’ de 28.17. A própria epístola nos fornece a prova de que não foi S. Paulo o fundador da igreja de Roma, sugerindo-nos que ela já existia certamente quando o Apóstolo pensava em visitar os cristãos dali. Nem se pode sustentar essa teoria da origem paulina da igreja com quaisquer expressões de outras epístolas. Em nenhuma parte chama ele aos romanos os seus filhos (cp.com 1 Co 4.14 e
Gl 4:19). Havia cristãos judaicos na crença, mas pagãos na sua origem – existiam lá israelitas, porque o Apóstolo discute com eles, como sendo judeus – e eram membros da igreja alguns gentios, porque ele, de um modo expresso, se dirige a eles como pertencentes à família gentílica (Cp 2.17 e 4.16, e 17, etc., com 1.13 a 15 – 11.13 a 15, etc.). Desde o princípio foi a autoria da epístola aos Romanos atribuída a Paulo, o apóstolo, não parecendo ter-se levantado dúvidas até ao ano de 1792. o lugar e a DATA desta epístola são precisamente determinados pelos seguintes fatos: Paulo ainda não tinha estado em Roma (1.11,13,15). A sua intenção era visitar esta cidade, depois de ter visitado Jerusalém (15.23 a
28) – e foi sempre este o seu pensamento durante os três meses da sua residência em Corinto (
At 19:21). Ele estava para levar uma coleta da Macedônia e da Acaia para Jerusalém (
Rm 15:26-31) – e efetivamente levou de Corinto esse dinheiro para os pobres de Jerusalém, no fim da sua visita (
At 24:17). Quando Paulo escreveu a epístola estavam com ele Timóteo, Sosípatro, Gaio e Erasto (
Rm 16:21-23). Gaio foi seu hospedeiro em Corinto
1Co 1:14). Erasto era coríntio, e pouco tempo antes tinha sido mandado de Éfeso com Timóteo para a Macedônia pelo caminho de Corinto (
At 19:22-1 Co 16.10,11). E os outros três são expressamente mencionados em
At 20:4, como companheiros de Paulo em Corinto. Além disso, Febe, que geralmente se supõe ter sido a portadora da epístola, era membro daquela igreja, estabelecida no porto coríntio de Cencréia (16.1). Por conseqüência, ao mesmo tempo que Paulo se estava preparando para visitar Jerusalém, partia em direção oposta de Corinto para Roma uma das pessoas convertidas pela sua pregação, levando consigo a epístola para os cristãos romanos. A data, pois, da carta deve ser, pelo que acabamos de dizer, o ano 56 ou 57 em qualquer mês do inverno, tendo sido mandada de Corinto.
Tessalonicenses (epistolas aos): Em relação à igreja, à qual foram dirigidas estas cartas, *veja a palavra Tessalônica. E a respeito da sua autoria, afirma-se com segurança que foram escritas por S. Paulo. Com toda a probabilidade foram elas as primeiras epístolas de S. Paulo. A sua DATA deve fixar-se pelo tempo da sua segunda viagem missionária, em que se efetuou a sua primeira visita à Europa, devendo, pois, ter sido entre 49 a 51 d.C., ou talvez entre 51 a 53 d.C. Em Corinto é que as cartas foram escritas, e depreende-se o seu objeto da sua exposição doutrinal. o Evangelho tinha sido, pela primeira vez, pregado em Tessalônica por Paulo e Silas, pouco depois de terem saído da prisão em Filipos. Na verdade, do que diz a epístola parece concluir-se que a igreja constava principalmente de gentios (1 Ts 1.9), que certamente se haviam convertido depois de ele ter falado por três semanas. As referências do Apóstolo à sua maneira de viver entre os tessalonicenses implica uma residência demorada naquela cidade. Paulo dirigiu-se primeiramente aos judeus, como costumava fazer, e depois, com resultado ainda maior, aos gentios. Forçado a sair da cidade pela violência dos judeus, deixou Paulo a nova igreja em dificuldades. A sua ansiedade era grande a esse respeito, e por isso, estando em Atenas, mandou ali Timóteo com o fim de animar e confortar aqueles crentes, pois estavam expostos a grandes perseguições (1 Ts 3.1,2). Timóteo, cumprida a sua missão, foi encontrar-se com S. Paulo em Corinto, e descreveu-lhe a firmeza de fé dos cristãos de Tessalônica, o que foi para o Apóstolo motivo de alegria e satisfação (1 Ts 3.6 a 9), sendo nele despertado o desejo de visitá-los novamente. Mas, tendo sido por vezes contrariado nos seus planos a este respeito, escreveu então de Corinto a primeira Epístola. os pontos da primeira epistola constituem duas partes:
(1). Na primeira parte (1 a 3), o Apóstolo mostra a sua satisfação e alegria pela maneira como os tessalonicenses tinham recebido o Evangelho, e pela sua fidelidade e constância no meio das perseguições, que tanto deviam afligi-los – justifica o seu procedimento e o dos seus cooperadores na pregação do Evangelho, e declara quanto lhe interessavam aqueles crentes que muito estimava.
(2). o restante da epístola está cheio de admoestações práticas – avisos contra o pecado, em que era notável aquela cidade – exortações para que cultivassem todas as virtudes cristãs, devendo eles observar de um modo especial uma vida vigilante, sóbria e santa, de forma que fossem belas e esperançosas as condições do seu viver (4.1 a 12, e 5). Palavras especiais de consolação são dirigidas àqueles que choravam a morte dos seus queridos. Fala-lhes, com a sua autoridade apostólica, da ressurreição das pessoas piedosas quando viesse Cristo, a que se havia de seguir uma transformação de vida – e exorta-os a que se animem nesta gloriosa esperança (4.
13 5:11), acrescentando a estas considerações uma série de breves conselhos, que são um resumo do evangelho prático (5.12 a 23). Termina, depois de lhes recomendar que se abstivessem ‘de toda forma de mal’, com saudação e bênção (5.22 a 28). A Segunda Epístola foi escrita não muito depois da primeira. o seu principal objeto foi corrigir a crença, existente entre os cristãos de Tessalônica, de que o aparecimento do Salvador e o fim do mundo estavam próximos – e, além disso, quis o Apóstolo protestar contra qualquer má aplicação da doutrina ensinada. Com efeito, o erro daqueles crentes baseava-se, em parte, na má interpretação dada a algumas expressões da sua primeira epístola – e parece ter sido sustentado por alguns que pretendiam ser inspirados, chegando mesmo a escrever cartas fictícias em nome do Apóstolo. Havia, também, alguns indivíduos que sob pretexto de religião desprezavam as suas ocupações seculares, entregando-se a uma vida desregrada. os pontos da segunda epístola são os seguintes: Depois da saudação, o autor dá graças a Deus pelo caráter cristão dos crentes tessalonicenses e pela sua firmeza na oração (1.2 a 11,12) e refere-se ao erro de quererem alguns antecipar o dia do Senhor. Lembrando aos cristãos da Tessalônica o que lhes tinha ensinado, quando estava com eles, diz-lhes que esses ensinamentos se referem mais ao inesperado do acontecimento do que à sua proximidade, e que o grande fato havia de ser precedido da ‘apostasia’, e do temporário domínio do homem do pecado, esse espiritual usurpador, que, depois de removidos certos obstáculos, havia de estabelecer um sistema de erro e engano, pelo qual seriam muitos desviados (2.1 a
12) do verdadeiro caminho. Vêm depois as ações de graças e as exortações práticas (2.
13 3:5), seguidas de conselhos quanto ao modo de tratar com membros desordenados, e as últimas mensagens e saudações (3.6 a 18). A feição característica das duas epístolas é a ausência de uma geral exposição doutrinária e a insistência nas ‘últimas coisas’: a vinda do Senhor (1 Ts 1 a 2.19 – 3.13 – 4.15 a 5.3,23 – 2 Ts 1.7 a 2,12) – a ressurreição e glória futura dos crentes (1 Ts 4.13 a 18 – 5.10 – 2 Ts 15 – 2.14). Quanto à passagem de 2 Ts 2.6 a 10, *veja Anticristo.
Tiago (epistola universal de): A autoria desta epistola tem sido discutida – é contudo geralmente aceito que não foi Tiago, o irmão de João, quem a escreveu, embora alguns antigos e modernos expositores lha atribuíssem, mas sim esse Tiago (ou Jacó) que, depois da morte do primeiro (
At 12:2), é mencionado como presidente da igreja de Jerusalém, e é chamado por Paulo ‘o irmão do Senhor’ (
At 12:17 – 15.13 a 29 – 21.18 a 25 – Gl l. 19). Tudo bem considerado, o que parece provável é que Tiago, o autor desta epístola, era o filho de José e Maria, e por conseqüência um dos irmãos de Jesus. Esta epístola é dirigida aos judeus, particularmente aos que eram cristãos: talvez àqueles que, tendo abraçado a fé cristã, no grande dia de Pentecoste (
At 2:5-11), haviam voltado às suas casas nas várias partes do império Romano. os destinatários podem, pois, ser não só esses, de quem se acaba de falar, mas também os que Tiago conhecia muito bem pelas visitas deles a Jerusalém em ocasiões de festividades. Pelo que podemos deduzir do que está escrito na epístola, parece terem vivido esses judeus convertidos em condições de exterior aflição, faltando-lhes as felicidades temporais. Além disso, parece ter-lhes faltado também a paciência e a submissão para com Deus, não havendo neles piedosa vigilância sobre si mesmos e o amor aos seus semelhantes. o principal assunto desta epístola é o caráter de vida do verdadeiro cristão, que deve ser ‘praticante da palavra’, perseverando na ‘lei perfeita da liberdade’, em contraste com o espírito e conduta do que meramente professa o Cristianismo. Numerosas ilustrações são expostas nas várias relações e condições da vida real, adaptadas às circunstâncias e necessidades de diferentes classes de pessoas. Para as diversas provações da vida ali se encontram palavras consoladoras e de animação, juntamente com veementes exortações à prática das virtudes mstãs. E a isto se acrescentam admoestações e reprovações, havendo em vista aqueles que desonram a religião, dizendo que a professam, mas sem a praticarem. o estilo da epístola é sentencioso e enérgico, pitoresco e rico de figuras. De modo notável se assemelha, na matéria e na forma, aos ensinamentos de Jesus, especialmente no Sermão da Montanha (
Mt 5:7), havendo evidentes alusões a algumas partes dessa maravilhosa exposição. ‘Sabedoria’ é uma das palavras essenciais desta epístola, podendo comparar-se o seu estilo ao dos livros de sabedoria (Hocmá) do A.T. *veja 1.5 a 8 e 3.13 a 18, onde se encontra uma enumeração das qualidades da falsa sabedoria e da verdadeira. Nota-se, de igual modo, a importância com que são tratados certos assuntos: a fé e palavras – a oração 1.5 a 7 – 4.8 – 5.13 a18 – a tentação, 1.2,12,13,14. Não obstante a severidade do estilo retórico, nota-se o constante recurso à palavra ‘irmãos’.
Timóteo (epistolas a): Desde o primeiroséculo até aos nossos dias tem sido atribuída a Paulo a autoria destas epístolas. A DATA em que foi escrita a primeira epístola deve fixar-se em certo espaço de tempo depois da primeira prisão do Apóstolo em Roma, possivelmente no ano 66. o lugar pode ter sido Trôade, talvez em casa de Carpo (Cf 2 Tm 4.13). o propósito pode deduzir-se do seu conteúdo. São dois os objetivos principais desta epístola:
i. Destruir as falsas doutrinas dos mestres judaicos que, sob pretexto de fidelidade à Lei, ensinavam mandamentos que estavam em desacordo com os santos preceitos mosaicos.
ii. Guiar e animar Timóteo no desempenho da sua missão, dando-lhe esclarecimentos
(1). sobre as devoções públicas, 2.1 a 8 –
(2). sobre os deveres e comportamento das mulheres cristãs, 2.9,12 (cp com 1 Co 11.3 a 16 – e 14.34 a 40 – e 1 Pe 3.1 a
6) –
(3). sobre os que tinham cargos eclesiástic
os 3:1-13 –
(4). sobre o seu próprio ensino, 3.14 e 4 –
(5). sobre a sua santidade pessoal, 4.11 a 16 –
(6). e sobre a direção da sua igreja na maneira de tratar os transgressores, as viúvas, os bons e os maus anciãos, os escravos e os ricos, indicando os deveres destas diversas classes de pessoas, 5,6. (cp com
Tt 1:10-3.11). Com os ensinamentos que o Apóstolo fornece ao seu discípulo acham-se também vivas e afetuosas recomendações, referências à própria conversão de Paulo, e solenes previsões sobre a vinda de Cristo. Quanto à segunda epístola, a última de S. Paulo, deve ter sido escrita por ocasião do seu segundo cativeiro em Roma, não muito antes do seu martírio, talvez nos primeiros meses do ano 67. o espaço de tempo que medeia entre as duas prisões de Paulo, parece tê-lo passado o Apóstolo na Ásia (
Fm 1:22), depois na Macedônia (1 Tm 1.3), invernando em Nicópolis do Epiro (
Tt 3:12). A razão por que o Apóstolo voltou a Roma não o diz ele – apenas sabemos que ele foi logo preso como malfeitor (2 Tm 2.9). Toda a carta acha-se revestida de particular interesse, compreendendo os últimos conselhos do Apóstolo. Depois de uma afetuosa saudação com ação de graças (1.1 a 5), aconselha Timóteo a que seja corajoso, zeloso, e firme no ministério (1.6 a
14) – fala-lhe de alguns que se tinham mostrado infiéis, e recorda as boas obras de onesíforo (1.15 a
18) – exorta-o a ter paciência, fazendo alusão aos seus próprios sofrimentos pelo Evangelho (2.1 a 13), e a ser fiel no ministério, manifestando pessoal retidão (2.14 a
26) – anuncia tempos perigosos com respeito aos ‘últimos dias’ (3.1 a
9) – e volta a fazer exortações (3.10 a 4.5), terminando por certas mensagens pessoais. Encontramos nas epístolas a Timóteo e a Tito – Epístolas pastorais – a mais clara revelação que a Escritura nos oferece a respeito do caráter, qualificações e deveres do niinistro cristão. Estas epístolas encerram, também, a mais completa previsão da corrupção do Cristianismo, em tempos próximos dos seus, e da extensiva infiuência da infidelidade, a que a Escritura chama os últimos tempos. É digno de nota que Policarpo, que escreveu pelo ano 117 d.C., tivesse citado a primeira epístola a Timóteo, cap. 6, vers. 7.
Tito (epistola a): Esta carta juntamente com as duas dirigidas a Timóteo constituem as chamadas epístolas pastorais. Quanto ao lugar em que foi escrita, e à data, é provável que Paulo, na sua viagem para a Ásia, depois da sua primeira prisão em Roma, desembarcasse em Creta e deixasse ali Tito, e que mais tarde escrevesse da Macedônia, quando estava em caminho para Nicópolis da Trácia, a epístola de que estamos tratando. Há, também, a opinião de que Tito, conformemente aos desejos de Paulo, fosse ter com este em Nicópolis, acompanhando-o depois na sua última viagem a Roma, e permanecendo com ele nesta cidade durante parte do tempo da segunda prisão (2 Tm 4.10). E nessa ocasião foi enviado à Dalmácia para pregar o Evangelho, ou visitar as igrejas que já ali estavam formadas. Nada sabemos com certeza a respeito da origem da igreja de Creta. o que é provável é que, estando alguns judeus desta ilha em Jerusalém, no dia de Pentecoste em que Pedro pregou o seu famoso sermão, fosse ali levada a religião cristã por alguns convertidos entre eles. Parece, também, deduzir-se da epístola, que Paulo trabalhou ali, e provavelmente com bons resultados, não lhe sendo possível, contudo, pôr em ordem os negócios das igrejas pelo fato de ser obrigado a partir apressadamente. A missão de que Tito foi encarregado em Creta parece ter sido difícil, visto que o povo era de caráter volúvel, dissimulado e rixoso. os cretenses eram notoriamente conhecidos como licenciosos, passando uma vida de intemperança (1.12). Há uma notável semelhança entre esta epístola e a 1ª a Timóteo, supondo-se, por isso, que elas foram escritas na mesma ocasião. os ensinamentos podem ser resumidos da seguinte maneira: S. Paulo descreve as qualidades requeridas naqueles que deviam seguir a carreira do ministério, qualidades muito necessárias, por causa dos falsos mestres, cujos princípios doutrinários eram perigosos, e em razão, também, do caráter geral dos cretenses (cap 1). Em seguida dá a Tito várias instruções, que ele devia transmitir a diversas classes de pessoas: prescreve aos anciãos e aos jovens as virtudes que deviam rigorosamente distingui-los – exorta Tito, que era jovem, a que fosse um exemplo vivo das virtudes que tinha de recomendar – ensina os servos a serem obedientes e fiéis – porquanto o Evangelho da salvação era para os indivíduos de todas as classes e condições, a fim de os tornar santos neste mundo, e prepará-los para melhor e mais elevada vida (cap 2). instrui depois Tito sobre a obediência às autoridades constituídas, devendo ele aconselhar aos cristãos um comportamento pacífico e bondoso, e lembrar-lhes a sua primitiva perversidade e os dons que tinham alcançado pela livre graça de Deus. o Apóstolo insiste na obrigação que todos os crentes têm de ser eminentes em boas ações – e, depois de acautelar Tito para que não entrasse em investigações frívolas, nem se metesse em discussões inúteis, após derradeiras instruções, fecha a epístola com saudações e uma bênção (cap 3). Merece considerar-se nesta epístola o fato de ser exortada a gente da classe mais humilde a ornar a doutrina do Evangelho, e o de, sendo a nossa salvação atribuída exclusivamente à graça (2.11), à bondade, e ao amor de Deus (3.4), ser esta circunstância a base das mais instantes recomendações da santidade (2.14 a 3.8).
Dicionário da Bíblia de Almeida
Fonte: Sociedade Bíblica do Brasil
Colossenses, epístola aos: Colossenses, Epístola Aos Uma das EPÍSTOLAS DA PRISÃO (
Cl 4:3), escrita para combater falsas doutrinas. Nessa carta Paulo insiste em que somente por Cristo é que Deus perdoa e salva. Os seguidores de Cristo têm uma nova vida por estarem unidos com ele, e essa vida se manifesta no amor mútuo (3.12-14).
Coríntios, primeira epístola aos: Coríntios, Primeira Epístola Aos Carta que Paulo escreveu aos cristãos de CORINTO para tratar de vários e sérios problemas que os estavam perturbando. A igreja estava dividida, e nela havia questões de doutrinas e a respeito da vida cristã. Nos caps. 12—14 Paulo trata dos DONS do Espírito, o maior dos quais é o AMOR (cap. 13). O cap. 15 trata da RESSURREIÇÃO.
Coríntios, segunda epístola aos: Coríntios, Segunda Epístola Aos Carta que Paulo escreveu da Macedônia, durante sua terceira viagem missionária. É a carta mais pessoal e menos doutrinária que Paulo escreveu, com exceção de Filemom. Ele a escreveu à luz das informações que lhe foram dadas por Tito. Nos caps. 10—12 Paulo defende a sua autoridade apostólica, que estava sendo posta em dúvida pelos seus adversários.
Efésios, epístola aos: Efésios, Epístola Aos Carta que Paulo escreveu quando estava na prisão (4.1). O assunto da carta é o plano de Deus, de unir, no tempo certo, debaixo da autoridade de Cristo, tudo o que há no céu e na terra (1.10). Na primeira parte (caps. 1—
3) o apóstolo fala sobre como os cristãos são um só povo por causa da morte de Cristo na cruz e como o Espírito Santo lhes dá o poder para continuarem a viver unidos. Na segunda parte (caps. 4—
6) Paulo fala sobre a nova vida que os seguidores de Cristo têm por estarem unidos com ele. E fala também sobre como essa vida se manifesta no relacionamento que eles têm uns com os outros. É bem provável que esta carta tenha sido escrita não somente para os cristãos de Éfeso, mas também para os de outras cidades. A falta da frase “que vivem em Éfeso” (1,1) em alguns dos melhores manuscritos gregos confirma essa possibilidade.
Epístolas da prisão: Epístolas Da Prisão As quatro cartas (Ef, Fp, Cl e Fm) que Paulo escreveu durante os 2 anos em que esteve preso em Roma pela primeira vez (61-63 d.C.; (
At 28:30-31).
Epístolas de paulo: Epístolas De Paulo As treze cartas que Paulo escreveu: Rm, 1Co, 2Co, Gl, Ef, Fp, Cl, 1Ts, 2Ts, 1Tm, 2Tm, Tt e Fm.
Epístolas gerais: Epístolas Gerais As sete cartas conhecidas como gerais, universais ou católicas: Tg, 1Pe, 2Pe, 1Jo, 2Jo, 3Jo e Jd. As cartas de Paulo foram escritas a determinadas igrejas ou pessoas; as cartas gerais foram escritas para as igrejas em geral. 2Jo e 3Jo entram nessa classificação por virem junto com 1Jo. A EPÍSTOLA AOS HEBREUS também pode ser colocada nesse grupo.
Epístolas pastorais: Epístolas Pastorais Cartas relacionadas com os ministros de Deus: sua maneira de ser, seus privilégios e seus deveres. São as seguintes: 1Tm, 2Tm e Tt.
Filemom, epístola a: Filemom, Epístola A Carta escrita por Paulo na prisão, na qual pede a Filemom que receba Onésimo, escravo fugido e agora convertido (vers. 17). Essa carta é um belo exemplo de cortesia e carinho. Paulo não discute os direitos que as leis daquele tempo davam aos donos de escravos. Para resolver a questão de como tratar um escravo fugido, Paulo aplica a mais alta lei que existe, a lei do amor cristão.
Filipenses, epístola aos: Filipenses, Epístola Aos Carta que Paulo escreveu de Roma, na prisão, à igreja de FILIPOS, para a qual estavam entrando pessoas que ensinavam HERESIAS. E também alguns líderes da igreja tinham ficado contra Paulo. Ele agradece a ajuda que havia recebido dos irmãos de Filipos e expressa o seu amor por eles. Fala também da confiança, alegria, união e firmeza que devem ser as marcas dos seguidores de Jesus. Estes devem imitar o exemplo do próprio Cristo, que seguiu o caminho da humildade e da obediência ao Pai. Esse caminho o levou à morte na cruz e depois à altíssima posição de Senhor de todos (2.5-11).
Gálatas, epístola aos: Gálatas, Epístola Aos Carta escrita por Paulo às igrejas da GALÁCIA para combater um grupo que ensinava o seguinte: um não-judeu só pode se tornar cristão se obedecer às leis dos judeus, especialmente a da CIRCUNCISÃO (v. (
At 15:1-33). Paulo ataca essa HERESIA, esse “outro evangelho”. Ele defende a sua autoridade de apóstolo e ensina que a salvação depende da fé e não daquilo que a Lei de Moisés manda fazer. Paulo mostra como Abraão foi salvo não por causa das suas obras, mas pela sua fé. E termina falando da liberdade que têm aqueles que crêem em Cristo (5.1).
Hebreus, epístola aos: Hebreus, Epístola Aos Carta escrita a cristãos de origem judaica para mostrar-lhes que a fé cristã é superior à fé judaica. A nova ALIANÇA é superior à antiga. Jesus é a revelação completa e eterna de Deus. Ele é o Filho de Deus, superior aos profetas do AT, aos anjos e a Moisés e Josué. Ele é o eterno sumo sacerdote que se ofereceu a si mesmo como sacrifício perfeito a Deus a fim de tirar os pecados da humanidade. À luz do exemplo dos heróis da fé (cap. 11), os cristãos também devem permanecer firmes na verdade que abraçaram.
Jeremias, epístola de: Jeremias, Epístola De Acréscimo APÓCRIFO ao livro de BARUQUE (cap. 6). É PSEUDEPIGRÁFICO, e nele se condena a idolatria.
João, primeira epístola de: João, Primeira Epístola De Carta escrita para prevenir os seus leitores contra falsos mestres e aconselhá-los a permanecerem firmes na fé e no amor. Os falsos mestres eram seguidores do GNOSTICISMO, que ensinava que Jesus Cristo não se tornou um ser humano realmente, mas tinha somente a aparência de homem (2.22-23; 4:1-3; 5:6-9). Essa falsa doutrina, diz o autor, vem do espírito do ANTICRISTO. A carta foi escrita no final do primeiro século d.C., e desde logo as três cartas que levam o nome de João foram atribuídas ao autor do Evangelho de João.
João, segunda epístola de: João, Segunda Epístola De Pequena carta escrita por um PRESBÍTERO (v. JOÃO, PRIMEIRA EPÍSTOLA DE) e dirigida “à senhora eleita”, que alguns pensam ser uma mulher piedosa, enquanto outros a consideram uma igreja. Ele pede aos leitores que amem uns aos outros e que tomem cuidado com certas doutrinas falsas que estão sendo espalhadas pelo mundo.
João, terceira epístola de: João, Terceira Epístola De Carta escrita pelo mesmo PRESBÍTERO que escreveu a segunda epístola, e enviada a Gaio, dirigente de uma igreja. O autor elogia Gaio por dar testemunho da verdade e dar abrigo a irmãos perseguidos. Ele condena um certo Diótrefes e dá bom testemunho a respeito de Demétrio.
Judas, epístola de: Judas, Epístola De Breve carta escrita por Judas, o “irmão de Tiago” (Jud 1), sendo ambos provavelmente irmãos de Jesus. Foi dirigida a uma igreja ou grupo de igrejas, que estavam sendo vítimas dos ensinamentos de falsos mestres (Jd 4). O autor repreende o comportamento imoral desses perturbadores e aconselha os leitores a se manterem firmes na fé. Essa epístola é um dos livros ANTILEGÔMENA e é muito semelhante
Pedro, primeira epístola de: Pedro, Primeira Epístola De Carta escrita para os cristãos que viviam em cinco PROVÍNCIAS romanas que ficavam numa região que hoje faz parte da Turquia. O apóstolo está em Roma (5.13,
v. BABILÔNIA 2). Os cristãos que estão sendo perseguidos por causa de sua fé devem sofrer como Cristo sofreu (2.21-25), viver para a glória de Deus (1.7,15-16) e anunciar o evangelho (2.9).
Pedro, segunda epístola de: Pedro, Segunda Epístola De Carta em que são condenados falsos mestres que ensinavam doutrinas erradas e levavam as pessoas a se entregarem a todo tipo de imoralidades e de vícios. Além disso, esses falsos mestres negavam a SEGUNDA VINDA DE CRISTO (cap. 3). À vista da esperança de um novo céu e de uma nova terra, os cristãos devem viver uma vida de pureza e de paz com Deus (3.13-14).
Romanos, epístola aos: Romanos, Epístola Aos Carta em que o apóstolo Paulo apresenta, de modo completo e ordenado, aos fiéis de Roma o seu entendimento do evangelho, que é o poder de Deus para a salvação dos que o aceitam (1.16-17). Na primeira parte da carta (1.18—11.36), Paulo mostra que todos, judeus e GENTIOS, são pecadores e precisam de salvação. Pela fé em Cristo, as pessoas começam uma vida nova, dirigida pelo Espírito Santo (cap. 8). Na segunda parte (12.1—15.13), Paulo diz como os cristãos devem tratar uns aos outros e como agir em relação às autoridades. A carta termina com saudações e com uma oração de louvor a Deus (15.14—16.27).
Tessalonicenses, primeira epístola aos: Tessalonicenses, Primeira Epístola Aos Carta escrita por Paulo para animar os cristãos de TESSALÔNICA a continuarem firmes na fé e a viverem de um modo que agrada a Deus, não se preocupando com a ressurreição dos mortos nem com o tempo da volta de Cristo.
Tessalonicenses, segunda epístola aos: Tessalonicenses, Segunda Epístola Aos Carta escrita por Paulo para corrigir falsas posições quanto à volta de Cristo. Alguns diziam que o Dia do Senhor já havia chegado. Outros, certos de que Jesus voltaria logo, estavam largando o seu trabalho e vivendo à custa dos outros (3.10). Paulo fala do ANTICRISTO, que será derrotado por Deus (2.7-12). E pede que os tessalonicenses fiquem firmes na fé, não dando ouvidos a ensinamentos falsos.
Tiago, epístola de: Tiago, Epístola De Carta em que os seguidores de Cristo são encorajados a pôr em prática os princípios cristãos de vida. O autor, que se chama de “mestre” (3.1), fala de pobreza e riqueza, tentação, preconceito, maneira de viver, o falar, o agir, o criticar, orgulho e humildade, paciência, oração e fé. Não basta crer; é preciso também agir (2.26).
Timóteo, primeira epístola a: Timóteo, Primeira Epístola A Carta pastoral em que Paulo aconselha Timóteo a evitar doutrinas falsas sobre alimentos e casamento (1.3-4; 4:1-6; 6:3-5). Há também orientação para os líderes da igreja no seu trabalho e na sua vida e para os cristãos em geral (2.2—3.
13 5:1—6.2; 6:17-19).
Timóteo, segunda epístola a: Timóteo, Segunda Epístola A Carta que trata dos deveres de Timóteo como pastor. Paulo sente que a sua vida está chegando ao fim. Por isso ele dá conselhos ao seu colega e amigo Timóteo para que cumpra o seu ministério (4.5), imitando a sua fé, o seu amor e a sua perseverança (3.10-11; 4:5-8).
Tito, epístola a: Tito, Epístola A Carta em que Paulo trata da maneira de agir e dos deveres de vários grupos nas igrejas (cap. 2; 3:1-11) e dos seus dirigentes (1.5-9). E Tito deve ser um exemplo para todos (2.7-8).