Enciclopédia de Jó 5:8-8

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

jó 5: 8

Versão Versículo
ARA Quanto a mim, eu buscaria a Deus e a ele entregaria a minha causa;
ARC Mas quanto a mim eu buscaria a Deus, e a Ele dirigiria a minha fala.
TB Porém, quanto a mim, eu buscaria a Deus
HSB אוּלָ֗ם אֲ֭נִי אֶדְרֹ֣שׁ אֶל־ אֵ֑ל וְאֶל־ אֱ֝לֹהִ֗ים אָשִׂ֥ים דִּבְרָתִֽי׃
BKJ Eu buscaria a Deus; e a Deus eu entregaria a minha causa;
LTT Porém eu buscaria a Deus; e a Deus entregaria a minha causa.
BJ2 Mesmo assim eu recorreria a Deus, a Deus entregaria a minha causa.[o]
VULG Quam ob rem ego deprecabor Dominum, et ad Deum ponam eloquium meum :

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Jó 5:8

Gênesis 32:7 Então, Jacó temeu muito e angustiou-se; e repartiu em dois bandos o povo que com ele estava, e as ovelhas, e as vacas, e os camelos.
II Crônicas 33:12 E ele, angustiado, orou deveras ao Senhor, seu Deus, e humilhou-se muito perante o Deus de seus pais,
Jó 8:5 Mas, se tu de madrugada buscares a Deus e ao Todo-Poderoso pedires misericórdia,
Jó 22:21 Une-te, pois, a Deus, e tem paz, e, assim, te sobrevirá o bem.
Jó 22:27 Tu orarás a ele, e ele te ouvirá; e pagarás os teus votos.
Salmos 37:5 Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará.
Salmos 50:15 E invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.
Salmos 77:1 Clamei a Deus com a minha voz; a Deus levantei a minha voz, e ele inclinou para mim os ouvidos.
Jonas 2:1 E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe.
II Timóteo 1:12 por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho, porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia.
I Pedro 2:23 o qual, quando o injuriavam, não injuriava e, quando padecia, não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente,
I Pedro 4:19 Portanto, também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe a sua alma, como ao fiel Criador, fazendo o bem.

Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita

Não foram encontradas referências em Livro Espírita.

Referências em Outras Obras

Não foram encontradas referências em Outras Obras.

Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Jó Capítulo 5 do versículo 1 até o 27
Chama agora; há alguém que te responda? (5.1). A inferência é que não há ninguém para escutar a acusação de Jó contra Deus. Os santos são os anjos —seres celestiais que, supostamente, são úteis aos homens. Elifaz zomba de Jó por ele não ser capaz de encontrar nenhum "santo" para interceder a Deus em seu favor. Elifaz defende a idéia de que o Deus santo é inacessível e bem distante das criaturas mortais.

No versículo 2, uma declaração proverbial em relação à destruição do louco é inclu-ída para advertir Jó de que o contínuo queixume quanto à sua condição vai apenas pio-rar as coisas. Elifaz teve a oportunidade de observar esse louco quando ele parecia lançar raízes (3) e prosperar. No entanto, subitamente tudo ruiu ao seu redor e sua habitação foi amaldiçoada. Moffat traduz isso desta forma: "Um homem insensato pode lançar raízes — tenho visto isso — mas subitamente seus galhos apodrecem". Não ape-nas isso, mas seus filhos carecem de segurança — eles são despedaçados às portas (4). A porta da cidade era o lugar onde os anciãos da vila se reuniam para ouvir as queixas e julgar as causas. Os filhos do louco (tolo) não têm quem os defenda ao procurar a restauração das suas posses. Não há quem os livre (4). Até dentre os espinhos a tira (5) é obscuro no hebraico, mas o significado do versículo parece claro. Fome e espi-nhos abriram seu caminho, e mesmo aquilo que eles poderiam de alguma forma obter é facilmente tirado por aqueles que roubam e saqueiam. Dessa forma, a loucura do pai é passada para os filhos com resultados desastrosos.

Apesar do fato de que o mal parece permear o mundo, ele não é produto da natureza intrínseca das coisas: Porque do pó não procede a aflição (6). Isso não é acidental nem está totalmente fora do controle do homem. O homem nasce para o trabalho (7), ou, "O homem nasce para as dificuldades", isto é, ele atrai o mal tão certamente como as faíscas das brasas se levantam para voar. É da natureza do homem, por meio do seu próprio pecado, trazer dificuldades sobre si mesmo.' Assim, gentil mas intencionalmen-te, Elifaz procura mostrar a Jó a causa do seu sofrimento.

Tendo apresentado a causa, Elifaz procura então mostrar de que maneira a cura para o sofrimento pode ser encontrada. Eu buscaria a Deus, e a ele dirigiria a mi-nha fala ("a minha causa", NVI, 8). Ele é um Ser de grande poder e digno de confiança (9-10), porque Ele providencialmente coloca os abatidos (11) num lugar alto e traz se-gurança aos enlutados. Não só isso, mas Ele também frustra o caminho dos astutos -aqueles que confiam na sabedoria humana (12-14). O versículo 13a é o único texto de Jó que é citado no Novo Testamento.' Paulo cita em I Coríntios 3:19 que a sabedoria mais elevada do mundo não é nada comparada com a sabedoria de Deus.

d) O sofrimento é a instrução de Deus (5:17-27). Não se deve confiar em Deus apenas no meio da aflição, mas Ele deveria ser louvado no meio dela. O sofrimento é a evidência da correção e do castigo (17) de Deus. É verdade que Deus permite que o homem sofra dor, mas Ele também fornece os meios para a cura (18).

Com essa premissa elaborada claramente, Elifaz faz a lista das muitas angústias das quais a pessoa que confia em Deus será salva (19-26). Seis 1:1 sétima (19) é um exemplo do uso de números em um sentido indefinido, referindo-se a vários ou muitos. "O significado é que seis seria um número elevado, mas sete é ainda maior".9 Quando alguém procura encontrar as sete "desgraças" nesse texto, é impossível compor uma lista exata delas. As angústias enumeradas são as seguintes: fome e guerra (20), o açoite da lín-gua (calúnia) e assolação (21), feras da terra (22), e talvez estiagem (23). Além de escapar dessas pragas, aquele que confia em Deus viverá em paz (24), sua posteridade (25) será multiplicada e ele viverá em pleno vigor até a velhice (26). Os tradutores da KJV parecem não ter acertado o significado exato na tradução do v. 24b. A tradução melhor é a da ARC: "e visitarás a tua habitação, e nada te faltará" (cf. Berkeley e RSV).

Elifaz conclui com a declaração de que as suas palavras são verdadeiras; elas foram testadas e provadas. Jó deveria, portanto, meditar nelas para o seu próprio bem (27).

Nos versículos 17:27 podemos encontrar "Os frutos pacíficos de tribulações sofridas da forma correta":

1) Um homem afligido pode ser bem-aventurado (17) ;

2) Deus faz a chaga para poder curá-la (18) ;

3) Deus pode libertar o justo (19-21) ;

4) O universo está ligado ao homem criado por Deus (22) ;

5) A retidão traz bênçãos para o lar (24-25) ;
6) O reto vive e morre bem (26-27) — A. Maclaren.


Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de Jó Capítulo 5 do versículo 1 até o 27
*

5:1

para qual dos santos anjos te virarás? Nenhum dos "filhos de Deus", os anjos santos, ousaria ajudar a Jó.

* 5:7

o homem nasce para o enfado. O ponto de Elifaz é que as tribulações não surgem espontaneamente, como uma erva daninha qualquer, mas foi plantada por aqueles que a colherem.

como as faíscas das brasas voam para cima. Lit., "os filhos de Resefe voam para cima". Resefe era o deus da pestilência e da destruição. Uma frase semelhante é usada em Ct 8:6, onde o amor é descrito como "brasas de fogo". Em outros lugares, essa expressão idiomática é usada para indicar os relâmpagos (Sl 78:48) bem como a pestilência (Dt 32:24; Hc 3:5.).

* 5.17-26 Esta referência é à natureza disciplinadora do sofrimento humano, o único lugar nas declarações dos três conselheiros onde o assunto é ao menos tocado.

* 5:19

De seis... na sétima. Uma expressão poética que significa "muitas".

* 5:23

com as pedras do campo terás a tua aliança. As tentativas para explicar tal aliança como uma linguagem meramente figurada não satisfazem o contexto. Alguns estudiosos interpretam aqui: "Aliança com a prole do campo", visto que o outro lado do paralelismo diz: "Os animais da terra viverão em paz contigo". Visto que os animais selvagens com frequência matam os animais domésticos, isso se ajusta ao contexto inteiro, pois no v. 22 Elifaz dissera que Jó não tinha necessidade de temer as feras da terra.

* 5:25

se multiplicará a tua descendência. Considerando que Jó havia perdido todos os seus filhos, essa declaração foi tanto desnecessária quanto cruel.

* 5:26 Neste ponto, nem Jó e nem Elifaz teriam imaginado que essa declaração se cumpriria no caso de Jó.

*

5:27

Eis que isto já o havemos inquirido, e assim é. Essa declaração final mostra-nos que Elifaz estava em erro. Ele pensava que compreendia o que estava acontecendo com Jó, mas na verdade não o entendia. Tal alegação revela arrogância espiritual.


Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de Jó Capítulo 5 do versículo 1 até o 27
5:8 Os três amigos do Jó cometeram o engano de supor que Jó tinha cometido um grande pecado e que essa era a causa de seu sofrimento. Nem eles nem Jó sabiam a respeito da conversação de Satanás com Deus (1.6-2.8). É inerente à natureza humana o culpar às pessoas por seus próprios problemas, mas a história do Jó deixa muito claro que não sempre a culpa está associada com quem é afligidos por problemas.

5:13 Paulo citaria mais adiante parte deste versículo (1Co 3:19) e é a única vez em que se menciona concretamente ao Jó no Novo Testamento. Mesmo que Deus repreendeu ao Elifaz por haverdado um mau conselho ao Jó (1Co 42:7), não tudo o que ele disse era incorreto. A parte que citou Paulo foi correta: os homens freqüentemente caem em suas próprias armadilhas ("na astúcia deles"). Isto ilustra como devem usá-las Escrituras para explicar e fazer comentários de si mesmos. Devemos nos familiarizar com a intenção completa da Palavra de Deus para poder compreender adequadamente as porções difíceis que há nela.

5:17 Elifaz estava no correto: é uma bênção ser disciplinado Por Deus quando fazemos algo mau. Seu conselho, entretanto, não se aplicava ao Jó. Como sabemos desde o começo do livro, o sofrimento do Jó não era o resultado de algum grande pecado. Em ocasiões damos às pessoas conselhos excelentes só para nos dar conta que não se aplicam a eles e que, portanto, não são úteis. Todos aqueles que dão conselhos a partir da Palavra de Deus devem tomar cuidado de compreender totalmente a situação de uma pessoa antes de dar seu conselho.

5.17-26 As palavras do Elifaz em 5.17, 18 mostram um ponto de vista de disciplina que quase foi esquecido na atualidade: a dor pode nos ajudar a crescer. Estas são palavras adequadas para recordar quando enfrentarmos a alguma perda ou a tempos difíceis. Devido a Jó não compreendia o porquê de seu sofrimento, sua fé em Deus teve a oportunidade de crescer. Por outro lado, não devemos cometer o engano do Elifaz. Deus não elimina todas as dificuldades quando o seguimos muito de perto, e o bom comportamento não sempre é recompensado com a prosperidade. Recompensa por fazer o bem e castigos por fazer o mau estão nas mãos de Deus e som jogo de dados de acordo com seu tempo. O complô de Satanás é nos fazer duvidar da boa vontade de Deus para nós.


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de Jó Capítulo 5 do versículo 1 até o 27
Elifaz procede de acusação contra Jó por insinuação no capítulo 4 ao ridículo na abertura do capítulo 5 .

c. Invective Elifaz 'Against Jó (5: 1-7)

1 Ligue agora; existe algum que vai te responder?

E para qual dos santos queres virar?

2 Para vexame mata o homem tolo,

E inveja mata o tolo.

3 Tenho visto o enraizamento tolo:

Mas logo amaldiçoei a sua habitação.

4 Seus filhos estão longe da segurança,

E eles são pisados ​​nas portas,

Também não há qualquer para entregá-los:

5 A sua messe a fome devora,

E toma-a, mesmo fora dos espinhos;

E o laço gapeth porque os seus bens.

6 Porque a aflição não procede do pó,

Nem a tribulação brota da terra;

7 Mas o homem nasce para a tribulação,

À medida que as faíscas voam para cima.

Há poucas armas que são mais nítida ou mais eficaz do que o corte ridículo. Uso Elifaz deste dispositivo perverso contra Jó no versículo 1 é uma reminiscência de emprego de Elias dele contra os profetas de Baal no Monte Carmelo (1Rs 18:27 ). É a se repetir muitas vezes nos discursos que se seguem. Observações Blackwood, "Elifaz oscila com verdadeiro entusiasmo para o caminho que os edredons trilhar com tanta confiança irritante." Resulta Elifaz menção anterior de anjos (4:18) que ele alude aqui para anjos (os santos , qadash - "set designados para o Jó de Deus "; conforme 15:15) como mediadores destinados de Jó entre ele e Deus. Mas se, como é indicado em 4:18 , Deus não confia em seus servos e cobra seus anjos, com loucura, então eles vão pagar Jó ajuda nenhuma mediadora, se ele tem a intenção de recorrer a eles. Duas falhas caracterizar argumento Elifaz ': Deus não tão carregado Seus anjos, e não há nenhuma evidência de que Jó destina mediação através deles para ter acesso a Deus. Foi pensado por alguns que Elifaz é simplesmente impressionante Jó que o recurso à experiência humana confirma seu próprio argumento contra Jó.

A tradução de Moffatt do versículo 2 parece dar-nos a chave para o significado dos seguintes versos de arenga Elifaz contra Jó: "Paixão assim [de Jó] é inútil, fatal; 'Tis de morte para um tolo para inflamar-se contra Deus. "Elifaz interpreta lamento de Jó (cap.4:1) como uma explosão de ira apaixonada contra Deus por causa de suas aflições. Em seguida, ele argumenta que tais ataques contra a justiça de Deus, como ele supõe Jó ser culpado de, pode servir nenhum outro propósito além de auto-destruição. Seu argumento é válido, mas a sua aplicação a Jó é inválido, uma vez que Jó não é culpado de suas acusações.

Com base no seu argumento de que Jó desafiou Deus, Elifaz relata, por implicação, calamidades anteriores de Jó. Metaforicamente ele descreve antiga prosperidade de Jó como uma árvore que se enraíza e floresce por um tempo, e então, como se ferido por uma doença mortífera, suas folhas caem e sua decadência ramos e cair fora deixando nada além de uma feio, sem vida, esqueleto estéril (v. 5:3 ). De metáfora ele volta à realidade, e na descrição revelou ele abre de novo as feridas de Jó de tristeza, lembrando-lhe da trágica perda de seus filhos (v. 5:4) e a pilhagem e devastação em suas posses pelos saqueadores do deserto (veja 1: 13-19 ).

Não é a principal fonte de calamidades, Elifaz argumenta, é para ser encontrado em cósmica da natureza (v. 5:6 ), mas eles são o resultado de evildoing pessoal do homem (v. 5:7 ). O problema ('amal) aqui "é o resultado do pecado em experiência humana. "Affliction ('awen) significa, literalmente, "nada ou vaidade".

Alguns críticos mais velhos considerou que as palavras do versículo 7 deve ler ", como os abutres" ou "águias voam para cima", o que, naturalmente, iria dirigir a atenção sobre a obstinação do homem, como o vôo proposital das aves poderosas, como o procurador da sua calamidades. No entanto, esta interpretação parece improvável. A disposição natural das faíscas de ascender é mais de acordo com a filosofia determinista natural de argumentos Elifaz em geral. Assim, as calamidades do homem são o resultado natural do mal, Elifaz estaria dizendo.

Este argumento, claro, representa apenas uma verdade parcial. É possível que todo o mal no universo, tanto cósmica e moral, podem ser rastreados indiretamente ao pecado original, ao mau uso da liberdade moral em desobediência a Deus. No entanto, quando considerado em relação ao homem individual, como Elifaz certamente significa que fazer no caso de Jó, ele simplesmente não é verdade. Há muitos males, tais como tornados destrutivos, vulcões, terremotos, maremotos, fome, pestes, guerras, acidentes e doenças, para dar apenas uma lista parcial, a partir do qual os homens sofrem e para as quais eles não são de forma diretamente responsável. No entanto, Elifaz pensa, na filosofia de seu país, de uma lei inalterável da justiça cujo funcionamento nos assuntos dos homens é estabelecido por seus resultados em suas vidas. Assim, mais uma vez o seu raciocínio empírico dos efeitos observáveis ​​para certas causas trai a sua afinidade, se não a identidade, com a doutrina hindu da lei do karma . Como Blackwood observa, "É verdade que a tristeza tem, uma conexão íntima com o mal inevitável. Mas nem toda a tristeza tem. É verdade que a dor pode ter um valor terapêutico. Mas nem toda dor tem. "Assim generalização Elifaz 'não é nem válida, nem verdade.

d. Advice Elifaz a Jó (5: 8-17)

8 Mas, quanto a mim, eu buscaria a Deus,

Ea Deus entregaria a minha causa;

9 Quem faz coisas grandes e insondáveis,

Maravilhas sem número:

10 Quem dá a chuva sobre a terra,

E envia águas sobre os campos;

11 Assim que ele põe num lugar alto os que são baixos,

E os que choram são exaltados à segurança.

12 Ele frustra as maquinações dos astutos,

Assim que as suas mãos não possam levar a sua empresa.

13 Ele apanha os sábios na sua própria astúcia;

E o conselho dos perversos se precipita.

14 Eles se reúnem com a escuridão durante o dia,

E tatear ao meio-dia, como de noite.

15 Mas Deus livra da espada de sua boca,

Mesmo o necessitado da mão dos poderosos.

16 Então os pobres tem esperança,

E a iniqüidade tapa a boca.

17 Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus corrige;

Portanto, não desprezes a correção do Todo-Poderoso.

Conselhos Elifaz a Jó é típico do conselheiro do aflito que não tenha compreendido real condição de seu paciente e precisa, e, portanto, não pode compreender o seu ponto de vista. "Se eu estivesse no seu lugar, gostaria de voltar para Deus, e diante de Deus põe o meu caso" (Moffatt), Elifaz aconselha aflitos Jó. O fato é que ele não é, e nunca foi no lugar de Jó e, conseqüentemente, não pode saber o que ele faria se estivesse em circunstâncias de Jó. O doente pode ter pouco conforto do candidato a edredom que não entende sua situação. Esse conselho é de pouco valor, e na verdade só pode adicionar à sua miséria.

Terrien observa que versículos 9:11 "formar uma doxologia que justifica a idéia de um recurso para o Supremo, descrevendo tanto o seu poder ea sua justiça". No entanto, parece que este tema é realizado através de versículo 16 . Mas novamente Elifaz está cometendo a falácia lógica de generalização apressada. O que ele diz aqui não é verdade em todos os casos. Deus tem suas próprias razões para permitir aflição e sofrimento para vir até mesmo os homens bons. Ninguém pode ler as experiências dos grandes homens e mulheres de fé registrado em He 11:1. , He 11:16 , He 11:39; conforme He 12:1. ). Mais uma vez, deve-se afirmar que, enquanto há verdade no que Elifaz disse, aqui, não é verdade isenta de erro grave. Tal verdade, já que contém não é aplicável ao caso de Jó. Embora a declaração no versículo 17 é bem verdade no contexto apropriado, permanece ainda a ser provado que as aflições de Jó são castigos de Deus para sua correção, como Elifaz implica. Sua implicação simplesmente não está de acordo com a própria avaliação de Deus de Seu servo Jó no prólogo (1:1 ; 2:3)

18 Pois ele faz a ferida, e cura-;

Ele fere, e as suas mãos curam.

19 Ele te livrará Em seis angústias;

Sim, em sete não tocará mal de ti.

20 Na fome te livrará da morte;

E na guerra do poder da espada.

21 Serás escondeu do flagelo da língua;

Nem te ter medo de destruição quando vier.

22 Da assolação e da escassez tu rir;

Nem te tenha medo da besta da terra.

23 Porque hás de ser em conluio com as pedras do campo;

E as feras do campo estarão em paz contigo.

24 e saberás que a tua tenda está em paz;

E te visitar o teu rebanho e te falta nada.

25 Também saberás que as sementes de tua será grande

E a tua descendência como a erva da terra.

26 Tu caminharão à tua sepultura em um maior idade,

Assim como o feixe de grãos em a seu tempo.

27 Lo isso, temos buscado isso, por isso, é;

Ouvi-lo, e sei-o para teu bem.

A erudição e astúcia de Elifaz estão fora de questão. Seus argumentos contra Jó são cuidadosamente pensado e organizado com maestria. Sua lógica é calcular e contundente, se às vezes falacioso. Sentindo que seus argumentos anteriores falharam de seu propósito de trazer Jó para uma admissão de pecado para o qual ele está sofrendo justa retribuição, Elifaz agora se volta para um novo dispositivo pelo qual ele espera ganhar o seu ponto.

Se Jó irá mas capitular, admitir sua culpa e buscar a Deus depois da fórmula de seu oponente, então Elifaz ele promete bênçãos sete vezes (v. 5:19 ), além da cura de sua aflição física (v. 5:18 ). Essas bênçãos foram para incluir disposição na fome, a proteção na guerra, a libertação do "flagelo da praga" (Moffatt), a libertação do medo da morte por animais selvagens, a segurança da habitação doméstica, a liberdade da perda por roubo, numerosa posteridade, e, finalmente, uma idade avançada com a morte ea sepultura no final. No final da lista de promessas, Elifaz declara, com uma nota de finalidade autoritário dogmática: Lo isso, temos buscado isso, por isso, é; Ouvi-lo, e saber tu-a para ti (v. 5:27 ). Faz-nos lembrar o apelo de Satanás para Cristo no deserto da tentação: "Todas estas coisas te darei, se, prostrado, me adorares" (Mt 4:9 , que é a expressão poética perfeita para a morte de um homem com idade dos deuses. "

Elifaz tem, não muito diferente de algumas marcas de religião popular moderna, alguns dos quais passam sob o nome do cristianismo, religião comercializada e os benefícios oferecidos a Jó se ele vai render o ponto de sua argumentação e negar a sua integridade. Blackwood diz:

É este o motivo de devoção? Será que o homem culto, a fim de ter paz de espírito, a liberdade de inibições, e sucesso? Este foi o argumento de Satanás no prólogo. Elifaz, sem saber, concorda com a Satanás. ... Pode ser que haja uma razão profunda para o fracasso Elifaz '? É o seu problema, talvez, que ele realmente não ama a Deus?

Blackwood descobre uma série de proposições que emergem de uma análise do primeiro discurso Elifaz, que proposições aparecem repetidamente, não só nos discursos posteriores de Elifaz, mas nas de outros controversialists de Jó também. Eles estão listados aqui em uma forma ligeiramente modificada.

(1) A justiça sempre recebe sua recompensa na prosperidade e bênção temporal.

(2) Deus é transcendente (embora deve-se notar que esta visão é inconsistente com a doutrina de outra forma implícita Elifaz de panteísmo).

(3) O homem é mal e, portanto, indigno do amor divino pessoal e graça.

(4) os males humanos, como calamidades, doenças, sofrimento e tristeza, são os resultados do pecado do homem, ou não, ele é capaz de identificar o seu pecado.

(5) O mal é sempre punida pela lei da justiça retributiva.

(6) O sofrimento pode ter um valor disciplinar para o homem, caso seja utilizada corretamente.

(7) Deus honra submissão à Sua vontade.

Será reconhecido que algumas dessas proposições contêm certas verdades aplicáveis ​​à fé hebraico-cristã. No entanto, alguns também contêm alguns erros que não são aprovados pela fé hebraico-cristã.

A primeira proposição representa uma noção comercializada da religião que é antiético para uma compreensão correta de Deus em Sua relação com o homem.

A transcendência de Deus é uma verdade encarnada, tanto no hebraico e religiões cristãs. No entanto, se forem tomadas sem a imanência de Deus, como Elifaz faz, ele remove Deus a partir dos assuntos do homem e torna-Lo remoto. Essa transcendência indevida sempre foi uma característica da religião muçulmana, que também teve a sua origem no mesmo país. No entanto, contraditório que possa parecer, esta doutrina da transcendência de alguma forma foi resolvida através de uma soberania absoluta de que, por sua vez identificada a Deus com todas as coisas e resolveu-se em doutrina do panteísmo.

Homem é mau e indigno do amor e da graça de Deus. Mas Elifaz sobrevaloriza a maldade humana, a ponto de criar um abismo intransponível entre o homem e Deus. Sua deficiência principal é que ele não tem um conceito adequado de mediação entre Deus eo homem.

Simplesmente não é verdade que todos os males humanos e tristezas são o resultado direto do pecado individual ou até mesmo coletivo. Há muitas calamidades que recaem sobre os homens para que eles não são de forma diretamente responsável.

O raciocínio do efeito para a causa, representado no ponto cinco, o que torna tudo humanos sofrendo o resultado de uma lei moral cósmica, tem maior afinidade com o Hindu karma do que com a religião hebraica-cristã.

Esse sofrimento pode ter um valor disciplinar é verdade, mas para sustentar que todo sofrimento tem a disciplina como objetivo não é verdade.

Que Deus honra submissão à Sua vontade é verdade, mas a maneira pela qual Elifaz aplica este princípio à Jó não é válido.

Teremos causa a considerar esses princípios ainda mais como eles aparecem nos discursos posteriores.


Russell Shedd

Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
Russell Shedd - Comentários de Jó Capítulo 5 do versículo 1 até o 27
5:1-17 Elifaz continua repreendendo a Jó nos vv. 1-7 e depois nos vv. 8-27, procura confortá-lo. Fala que Jó deve se submeter a Deus para ser aliviado do seu sofrimento, pois ninguém mais pode ajudá-lo. A vida é difícil, e Jó precisa se acomodar às suas circunstâncias. Deus derruba os astutos e mostra compaixão aos humildes. Já que ninguém é justo perante Deus, seria tolice mostrar ressentimento contra a sorte que Deus nos dá.
5.1 Santos anjos. Heb qedõshim, "santos". Intercessores, homens justos que já foram morar com Deus, mas que nada fariam para desviar o curso da justiça de Deus na terra.

5.3 Maldita a sua habitação. O lar sem Deus, é uma angústia contínua.

5.4 Às portas. O local da cidade onde se julgavam pendências legais.

5.5 Intrigante. Heb çammm "armadilha", ou talvez çemem, "sedentos" interpretação esta que concorda com "faminto", acima.

5.6.7 A aflição não é coisa que germina sem causa: é a conseqüência e o produto natural da maldade humana.
5.8 Elifaz, apesar de ser o mais compreensivo dos três amigos, não chega a ser consolador porque não reconhece a extraordinária submissão a Deus já demonstrada por Jó (1.21 e 2.10). A facilidade com que admite os sofrimentos de Jó como fruto de seu pecado pessoal, impede de atuar como verdadeiro consolador.
5.10 A chuva impede que os pobres sitiantes sejam levados à falência pelos que espreitavam por sua queda (v. 12).
5.14 A total confusão e desorientação dos ímpios conspiradores.
5:22-27 Esta é uma passagem da mais inspirada consolação, só que para Jó, naquele contexto, era uma consolação amarga, porque nela subentendia-se que Jó era grande pecador.
5.23 Aliança. A promessa que Oséias proclamaria, com relação aos últimos tempos (Os 2:20), aqui está sendo aplicada individualmente. O homem havia caído por se relacionar erroneamente com a natureza quando se deixou engodar pela serpente e pela atração da árvore; só dentro do plano de Deus, em plena comunhão com Ele, é que o homem pode voltar a ser cabeça da criação, em paz com Deus, consigo mesmo e com a natureza.

5.26 A seu tempo. Elifaz afirma que já não iria morrer daquela doença; e que sua morte não seria derrota de quem caiu na decrepitude: seria a vitória de quem estaria considerado maduro e pronto para ser colhido para as habitações eternas.


NVI F. F. Bruce

Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
NVI F. F. Bruce - Comentários de Jó Capítulo 5 do versículo 1 até o 27
(4)    Na verdade, o homem deve contar com o sofrimento (5:1-7)
O sofrimento como castigo por mau comportamento só pode ser esperado, Elifaz reflete; os homens, sendo imperfeitos, trazem sofrimento sobre Sl mesmos (BJ: “E o homem que gera a miséria” [v. 7a], melhor do que a versão da NVI: “o homem nasce para as dificuldades”). Esse ciclo de causa e efeito é especialmente claro no caso dos maus (v. 2) cujo comportamento obstinado (NVI: ressentimento) lhes traz ruína. Os v. 4ss simplesmente desenvolvem esse retrato do tolo e não estão sendo aplicados a Jó, embora a referência aos filhos do tolo (v.
- 4a) seja falta de tato nessas circunstâncias (conforme v. 25). Agora, até mesmo os justos, como Jó, não podem esperar escapar totalmente desse tipo de sofrimento — a aflição não surge de Sl mesma (v. 6), mas é gerada pelo homem (v. 7); não há razão, portanto, de Jó apelar aos anjos para salvação (seres celestes; v. 1), pois eles também estão conscientes desse nexo inescapável entre causa e efeito. O v. 5 é obscuro, especialmente a segunda linha; a impressão geral é que a sua riqueza serve para alimentar outros. v. 7. fagulhas ou talvez “águias” (BJ).

(5)    Para ser bem prático, tudo que você pode fazer é entregar o seu caso a Deus (5:8-16)
Retomando o seu tema anterior de que Jó é essencialmente um homem piedoso e, assim, não deve desanimar (4:2-6), Elifaz recomenda paciência a Jó: se eu fosse você, ele diz, deixaria as coisas nas mãos de Deus (v. 8), pois ele é o grande Deus que consegue reverter destinos (v. 11-16). Elifaz inicia mais um topos, dessa vez acerca da reversão de destino que Deus realiza na vida dos homens; isso se aplica a Jó somente no fato de que Jó tem razões para esperar em Deus que ele também seja tratado como os humildesos que pranteiam (v. 11), como o oprimido e os pobres (v. 15,16). Essa é a parte do conselho dos amigos que Jó segue (apresentaria a ele a minha causa), embora ele quase nem necessite de Elifaz para encorajá-lo a fazer isso. A sua causa é tanto a sua situação de perigo quanto a sua causa no sentido jurídico, que Jó vai apresentar a Deus na continuação do diálogo (conforme 7:11-21; 10:18-22; 12:18-23).

v. 8. eu apelaria para Deus é colocado aqui em contraste com qualquer apelo aos “seres celestes” do v. 1. Os v. 11-16 emolduram os atos destrutivos de Deus (v. 12ss) com os seus atos salvíficos (v. 11,15), de forma que o efeito principal desse retrato de Deus é dar esperança aos pobres (v. 16; conforme e contraste com Lc 1:51ss).

(6)    Se você fizer isso, Deus vai restaurá-lo (5:17-27)
Se Jó somente esperar pacientemente pela ação de Deus, ele vai descobrir que está passando por sofrimento disciplinar (v. 17), pois “Deus fere, mas ele mesmo faz o curativo” (v. 18; NTLH); Deus é o “cirurgião celestial” (Stevenson). Elifaz novamente se empolga com o topos das “bênçãos dos justos”, um poema lindo e que tem seus próprios méritos, embora seja singularmente inadequado para a situação de Jó quando fala da promessa de que os seus filhos serão muitos (v. 25a)!

O v. 23a pode significar que Jó “terá uma aliança com as pedras para poupar os seus campos” (NEB). O v. 26 retrata de forma bela a tranqüilidade da morte quando ocorre na idade certa, ao contrário da morte prematura dos ímpios. A conclusão do segundo discurso de Elifaz, o v. 27, Rowley caracteriza corretamente como “um tanto suntuosa e papal [...] uma característica comum das mentes fechadas”.


Moody

Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
Moody - Comentários de Jó Capítulo 4 do versículo 1 até o 22


1) Primeiro Ciclo de Debates. 4:1 - 14:22.

a) Primeiro Discurso de Elifaz. 4:1 - 5:27.


Moody - Comentários de Jó Capítulo 4 do versículo 1 até o 24

III. Juízo : O Caminho da Sabedoria Obscurecido e Iluminado. 4:1 - 41:34.

A. O Veredito dos Homens. 4:1-24.

Considerando que o diálogo de Jó com seus amigos relacionava-se mais com a lamentação de Jó do que diretamente com suas calamidades, a missão dos amigos assume mais os ares de um julgamento do que de consolo pastoral e continua assim progressivamente em cada sucessivo ciclo de discursos. (Em relação à estrutura cíclica do diálogo, veja o Esboço acima.) Os amigos assentaram-se como em um conselho de anciãos para julgarem o ofensor clamoroso. A avaliação da culpa de Jó envolve discussão dos aspectos mais amplos do problema da teodicéia, mas sempre com o caso particular de Jó e a condenação à vista. Portanto, para Jó o debate não consiste em um estudo imparcial e acadêmico do sofrimento em geral, mas uma nova e dolorosa fase dos seus sofrimentos. Os amigos são enganados por seu apego à tradicional teoria, ajudando e favorecendo a Satanás em sua hostilidade contra Deus, e obscurecendo o caminho da sabedoria para Jó, o servo de Deus. Mas o debate serve para silenciar esta sabedoria do mundo e assim prepara o caminho para a apresentação da via de acesso da aliança para a sabedoria, que são apresentados nos discursos de Eliú e o Senhor. Novamente, no apelo que Jó faz dos vereditos humanos ao supremo tribunal, expresso em seu apaixonado anseio de expor o seu caso diante do Senhor, o debate busca a manifestação visível de Deus.


Moody - Comentários de Jó Capítulo 5 do versículo 8 até o 27

8-27. Elifaz insiste com a vítima murmuradora a que se submeta confiantemente a Deus. O conceito central de sua exortação é a beatitude do homem castigado (v. 5:17). Ele descreve a bondade dos maravilhosos caminhos de Deus (vs. 5:8-16), profetiza sobre a felicidade que se segue após o arrependimento (vs. 5:18-26) e acrescenta uma garantia confiante à sabedoria que oferece (v. 5:27).


Francis Davidson

O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
Francis Davidson - Comentários de Jó Capítulo 5 do versículo 1 até o 27
5:1

O apelo de Jó não será escutado, não será atendido por nenhum dos anjos (5.1). São palavras que encerram um solene aviso para as pessoas moralmente e espiritualmente insensatas que, querendo fugir aos castigos de Deus (5:17) se voltam para os santos na esperança de que estes os atendam. Ira (2). Melhor, "irritação". Zêlo (2). Melhor, "indignação". Tal impaciência apenas conduz a mais calamidades, verdade que Elifaz deduz da sua observação da vida (3-5). Às portas (4); as portas da cidade, lugar em que, no oriente, se executavam as sentenças. De entre os espinhos (5); é uma referência às incursões dos nômades que, para assaltarem os campos, rompiam as vedações de espinhos que os cercavam e protegiam. A aflição não germina espontaneamente, diz Elifaz; procede da maldade do coração humano tão inevitavelmente como as faíscas das brasas (6-7).

>5:8

3. ELIFAZ EXORTA JÓ A QUE SUPLIQUE O AUXÍLIO DIVINO (5:8-18). Nos versículos 9:16 Elifaz exalta o poder, a bondade e a justiça de Deus. Aceitar, diz ele, o castigo de um tal Deus-castigo possivelmente enviado para corrigir algum defeito do caráter-é ter a certeza de que tudo acabará bem. O Todo-Poderoso fere para curar (18). Suporte-se a dor e a cura se estenderá a toda e qualquer aflição; os campos, os rebanhos, o lar, tudo será atingido pela prosperidade, uma prosperidade que se prolongara até à velhice e será o seu deleite. O homem em harmonia com Deus está também em harmonia com a natureza. No versículo 19 os números usam-se figurativamente para exprimir uma idéia de ilimitação: "o Senhor te livrará de todas as angústias, quaisquer que elas sejam; em nenhum caso o mal te tocará". Visitarás (24). Segundo certa versão, "Visitarás o teu redil e nada te faltará".

Muito, em Elifaz, suscita a nossa admiração. Em primeiro lugar, mostra-se o mais compreensivo dos três amigos de Jó. Não toca, rudemente, nas suas feridas. Toca nelas não como inimigo mas como amigo, amigo fiel. Em segundo lugar surge, não como um homem orgulhoso, soprado de filosofia humana, mas como alguém que possui, de fato, uma experiência de Deus. Ele sente que Deus lhe falou acerca do sofrimento e é essa a razão por que sente igualmente o dever de falar a Jó. As suas palavras estão repassadas de idéias e sentimentos que nos são familiares e que encontramos noutras Escrituras. Compare-se 5:13 com 1Co 3:19 (a única citação clara do livro de Jó que se encontra no Novo Testamento). Compare-se 5:17 com Sl 94:12; Pv 3:11; He 12:5 etc.

Mas apesar de ser o mais compreensivo dos três amigos, o seu lenitivo falha ainda. Não reconhece a extraordinária submissão a Deus já demonstrada por Jó (1:21; 2:10). Nas suas palavras não se desenha uma simpatia direta e clara. Certo comentador chama-lhe "um teólogo arrefecido pelo seu credo". Assemelha-se a um comandante que, sem uma palavra de louvor pelo esforço já despendido, incitasse a esforço ainda maior o soldado já esgotado pela fadiga e pela angústia. A facilidade com que conclui que os sofrimentos de Jó são fruto do seu pecado pessoal, impede-o de atuar como verdadeiro consolador. Não errava ao afirmar que possuía uma explicação divina para o sofrimento humano. A experiência demonstra, até à saciedade, que o homem, ao pecar, promove, de inúmeras formas, a angústia e a tribulação que depois o atingem. Elifaz era, portanto, o porta-voz da revelação divina; mas é ao concluir que essa revelação se aplica a todo o sofrimento humano, ao sofrimento em geral, que Elifaz erra. Ao diagnosticar assim o caso de Jó, a palavra de Elifaz não é já a palavra de Deus mas a imperfeita e falível palavra do homem. Elifaz não ouviu o que nós ouvimos, não esteve onde nós estivemos; desconhece o diálogo que se travou entre Deus e o acusador naqueles lugares celestiais onde se decidem questões cuja existência nem ele nem Jó podem adivinhar. Não pode dizer, com Paulo, numa salutar e humilde confissão das limitações do conhecimento humano: "Agora vemos por espelho, em enigma". Quantas vezes deve o homem encontrar lugar para a mesma confissão no campo religioso, nomeadamente, para o problema do sofrimento!


Dicionário

Buscar

verbo transitivo direto Pesquisar; analisar com minúcia; examinar exaustivamente: buscava as melhores cidades europeias.
Esforçar-se excessivamente para encontrar algo ou alguém: buscava o conceito num livro; buscava o código postal da cidade.
Conseguir ou conquistar: buscava o incentivo do pai.
Empenhar; tentar obter algo com esforço: buscava a aprovação do pai.
Dirigir-se para; caminhar em direção a: os insetos buscam as plantas.
Imaginar; tentar encontrar uma saída mental: buscou se apaixonar.
verbo transitivo direto e bitransitivo Pegar; colocar as mãos sobre: o pai buscou os filhos; o menino buscou-lhe um copo de água.
verbo pronominal Utilizar-se de si mesmo para: buscou-se para a vitória.
Seguir a procura de alguém: buscavam-se na tempestade.
Etimologia (origem da palavra buscar). De origem controversa.

procurar. – Destes dois verbos diz muito judiciosamente Bruns.: “Pretendem alguns que em buscar há mais diligência ou empenho que em procurar: não nos parece que tenha fundamento essa distinção. Buscar inclui sempre a ideia de movimento por parte de quem busca; procurar não inclui nem exclui essa ideia. Busca-se ou procura-se por toda parte aquilo de que se necessita. Procura-se (mas não se busca) uma palavra no dicionário. O que nos parece Dicionário de Sinônimos da Língua Portuguesa 245 acertado estabelecer é que quem procura sabe que existe o que anda procurando; enquanto que aquele que busca ignora se há o que anda buscando. Um inquilino procura casa para onde mudar-se; um necessitado busca ou procura um emprego”.

Deus

substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

Do latim deus, daus, que significa “ser supremo” ou “entidade superior”.


i. os nomes de Deus. A palavra portuguesa Deus, que tem a mesma forma na língua latina, representa alguns nomes da Bíblia, referentes ao Criador.
(a): o termo de uso mais freqüente é Elohim, que restritamente falando, é uma forma do plural, derivando-se, presumivelmente, da palavra eloah. Mas, embora seja plural, é certo que, quando se refere ao único verdadeiro Deus, o verbo da oração, de que Elohim é o sujeito, e o nome predicativo vão quase invariavelmente para o singular. As principais exceções são quando a pessoa que fala, ou aquela a quem se fala, é um pagão (Gn 20:13 – 1 Sm 4.8).
(b): El, provavelmente ‘o único que é forte’, também ocorre freqüentemente. E encontra-se este nome com adições: El-Elyon, ‘o Deus Altíssimo’ (Gn 14:18) – El-Shaddai, ‘o Deus Todo-poderoso’ (Gn 17:1) – e entra na composição de muitos vocábulos hebraicos (por exemplo Eliabe, Micael).
(c): Adonai, Senhor, ou Superior. Esta palavra e as duas precedentes eram empregadas quando se queria significar o Deus da Humanidade, sem especial referência ao povo de israel.
(d): Todavia, Jeová, ou mais propriamente Jahveh, o Senhor, o Ser que por Si mesmo existe, o Ser absoluto, que é sempre a Providência do Seu povo, designa Aquele que num especial sentido fez o pacto com o povo de israel.
(e): outro nome, ou antes, titulo, ‘o Santo de israel’ (is 30:11) merece ser aqui mencionado, porque ele nos manifesta o alto ensino moral dos profetas, fazendo ver aos israelitas que o Senhor, a Quem eles adoravam, estava muito afastado dos ordinários caminhos do homem, e portanto era necessário que o Seu povo fosse como Ele, odiando o pecado. É sob este título que o Senhor é reconhecido como uma pedra de toque não só da pureza cerimonial, mas também da pureza ética.
(f): Pai. Nas primitivas religiões semíticas, este termo, enquanto aplicado aos deuses, tinha uma base natural, pois que os povos acreditavam que eram descendentes de seres divinos. Todavia, no A.T. é Deus considerado como o Pai do povo israelita, porque Ele, por atos da Sua misericórdia, o constituiu em nação (Dt 32:6os 11:1 – *veja Êx 4:22). De um modo semelhante é Ele chamado o Pai da geração davídica de reis, porque Ele a escolheu e a tornou suprema (2 Sm 7.14 – Sl 2:7-12 – 89.27). Mais tarde se diz que Deus Se compadece dos que o temem (isto refere-se particularmente aos israelitas e aos que aceitam a religião de israel), como um pai se compadece dos seus filhos (Sl 103:13Mt 3:17).
ii. A doutrina de Deus. Certas considerações nos são logo sugeridas sobre este ponto.
(a): Em nenhuma parte da Bíblia se procura provar a existência de Deus. A crença no Criador é doutrina admitida. Nunca houve qualquer dúvida a respeito da existência da Divindade, ou da raça humana em geral. Entre os argumentos que podemos lembrar para provar a existência do Criador, devem ser notados: a relação entre causa e efeito, conduzindo-nos à grande Causa Primeira – a personalidade, a mais alta forma de existência que se pode conceber, de sorte que uma Causa Primeira, que carecesse de personalidade, seria inferior a nós próprios – a idéia de beleza, de moralidade, de justiça – o desejo insaciável, inato em nós, de plena existência que nunca poderia ser satisfeita, se não houvesse Aquele Supremo Ser, Luz, Vida e Amor, para onde ir.
(b): Deus é um, e único (Dt 6:4, doutrina inteiramente aceita por Jesus Cristo, Mc 12:29). Porquanto se houvesse mais que uma Divindade, haveria, de certo, conflito entre esses seres todo-onipotentes. Por isso, contrariamente ao dualismo de Zoroastro, segundo o qual há dois seres supremos, um bom e outro mau, a Bíblia ensina que Deus tem a autoridade suprema mesmo sobre o mal (is 45:6-7). Este fato fundamental da Unidade de Deus não está em contradição com a doutrina cristã da Trindade, antes pelo contrário, a salvaguarda.
(c): Deus é o Criador e o Conservador de tudo (Gn 1:1At 17:24Ap 4:11 – e semelhantemente Jo 1:3 – Col 1.16, onde o imediato Agente é a Segunda Pessoa da Trindade). Todos os dias estamos aprendendo, com clareza de percepção, que a matéria não é coisa morta e sem movimento, que as próprias pedras tremem pela sua energia, sustentando a sua coesão pelas formidáveis e ativas forças que sem interrupção nelas operam. o nosso conhecimento, cada vez mais aperfeiçoado, sobre os métodos de Deus na Criação, leva-nos a um louvor cada vez mais elevado.
(d): Estamos, também, sabendo mais com respeito à relação de Deus para conosco, como governador e conservador de tudo. Relativamente a este assunto há duas verdades, nenhuma das quais deverá excluir a outra:
(1). Ele é transcendente, isto é, superior ao universo, ou acima dele (*veja is 40:22 – 42.5 – 1 Tm 6.16).
(2). É igualmente importante notar que Deus é imanente, isto é, está na matéria, ou com ela. Nesta consideração, nós e todos os seres vivemos Nele (At 17:28 – *veja também Jo 1:3-4) – e Ele em nós está pelo simples fato de que sendo Espírito (Jo 4:24) é dotado de onipresença.
iii. A adoração a Deus. Se a religião é, na verdade, uma necessidade natural, o culto é sua forma visível. Porquanto, embora possamos supor a priori que nos podemos colocar na presença da Divindade sem qualquer sinal exterior, é isto, contudo, tão incompatível como a natureza humana, e tão contrário às exigências da religião, visto como esta pede a adoração a Deus com toda a nossa complexa personalidade, que não é possível admitir-se tal coisa. É certo que Jesus Cristo disse: ‘Deus é Espirito – e importa que os seus adoradores o adorem em espirito e em verdade’ (Jo 4:24). (*veja Altar, Baal, igreja, Eloí, Espírito Santo, Jewá, Jesus Cristo, Senhor, Senhor dos Exércitos, Tabernáculo, Templo, Trindade, Adoração.)

Introdução

(O leitor deve consultar também os seguintes verbetes: Cristo, Espírito Santo, Jesus, Senhor.) O Deus da Bíblia revela-se em sua criação e, acima de tudo, por meio de sua Palavra, as Escrituras Sagradas. De fato, a Bíblia pode ser definida como “a autorevelação de Deus ao seu povo”. É importante lembrar que as Escrituras mostram que o conhecimento que podemos ter de Deus é limitado e finito, enquanto o Senhor é infinito, puro e um Espírito vivo e pessoal, ao qual ninguém jamais viu. Freqüentemente a Bíblia usa antropomorfismos (palavras e ideias extraídas da experiência das atividades humanas, emoções, etc.) numa tentativa de nos ajudar a entender melhor Deus. Esse recurso pode ser realmente muito útil, embora o uso de descrições e termos normalmente aplicados aos seres humanos para referir-se ao Senhor eterno e infinito sempre deixe algo a desejar. Alguém já disse que “conhecer a Deus”, até o limite de que somos capazes por meio de sua Palavra, é o cerne da fé bíblica. De acordo com as Escrituras, todas as pessoas, durante toda a história, estão de alguma maneira relacionadas com o Senhor, seja numa atitude de rebelião e incredulidade, seja de fé e submissão.

Homens e mulheres existem na Terra graças ao poder criador e sustentador de Deus; a Bíblia ensina que um dia todos estarão face a face com o Senhor, para o julgamento no final dos tempos. A natureza de Deus e seus atributos são, portanto, discutidos de diversas maneiras nas Escrituras Sagradas, de modo que Ele será mais bem conhecido por meio da forma como se relaciona com as pessoas. Por exemplo, aprende-se muito sobre Deus quando age no transcurso da história, em prol do sustento e da defesa de seu povo, e leva juízo sobre os que pecam ou vivem em rebelião contra Ele. Muito sabemos sobre o Senhor por meio dos nomes aplicados a Ele na Bíblia e quando sua criação é examinada e discutida. Acima de tudo, aprendemos de Deus quando estudamos sobre Jesus, o “Emanuel” (Deus conosco).

As seções seguintes proporcionam apenas um resumo do que a Bíblia revela sobre Deus. Uma vida inteira de estudo, fé e compromisso com o Senhor, por intermédio de Cristo, ainda deixaria o crente ansioso por mais, especialmente pelo retorno de Jesus, pois concordamos com a declaração do apóstolo Paulo: “Agora conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13:12).

A existência do único Deus

A Bíblia subentende a existência de Deus. Não há discussão alguma sobre isso em suas páginas, pois trata-se de um livro onde o Senhor revela a si mesmo. Somente o “tolo”, a pessoa maligna e corrupta, diz “no seu coração: Não há Deus” (Sl 14:1-53.1; veja O tolo e o sábio). A existência de Deus é freqüentemente afirmada nos contextos que advertem contra a idolatria. Sempre é dada uma ênfase especial ao fato de que somente o Senhor é Deus e não existe nenhum outro. Deuteronômio 6:4 declara: “Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Deuteronômio 32:39 diz: “Vede agora que Eu sou, Eu somente, e não há outro Deus além de mim. Eu causo a morte, e restituo a vida; eu firo, e eu saro, e não há quem possa livrar das minhas mãos”. Por essa razão, a idolatria é considerada um grande pecado (cf. 1 Co 8.4). Envolver-se com ela é viver e acreditar na mentira, numa rejeição direta da revelação do único Deus verdadeiro. Esperava-se que o povo de Israel testemunhasse para as nações ao redor que existia apenas um único Senhor e que não havia nenhum outro deus. Isso seria visto especialmente no poder de Deus para proporcionar a eles os meios para vencerem as batalhas contra inimigos mais fortes, no tempo de paz, na extensão das fronteiras (contra o poder de outros assim chamados deuses) e em sua justiça e juízo sobre todos os que se desviavam dele, ou rejeitavam seus caminhos ou seu povo. As nações ao redor precisavam aprender com Israel que os seus deuses eram falsos e que na verdade adoravam demônios (1Co 10:20).

Os escritores dos Salmos e os profetas também proclamaram que somente o Senhor é Deus e que Ele pré-existe e auto-subsiste. O Salmo 90:2 diz: “Antes que os montes nascessem, ou que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. Em Isaías, lemos: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus” (Is 44:6). “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus. Eu te fortalecerei, ainda que não me conheças” (Is 45:5; veja também 45.21; etc.). Jeremias disse: “Mas o Senhor Deus é o verdadeiro Deus; ele mesmo é o Deus vivo, o Rei eterno. Do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação” (Jr 10:10).

No Novo Testamento, novamente a autoexistência eterna de Deus é subentendida: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:14). Paulo argumentou em sua pregação para os atenienses: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17:28). O apóstolo fez um apelo aos habitantes de Listra, a fim de que reconhecessem a existência do único Deus verdadeiro, pois “não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas dos céus, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações” (At 14:17). Em Romanos 1:19-20, há o pressuposto de que mesmo os que são maus e rejeitam a Deus podem ser considerados em débito, “visto que o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis”.

Como em João 1, mencionado anteriormente, é no Novo Testamento que aprendemos sobre Jesus e começamos a entender mais sobre o próprio Deus, sua preexistência e sua auto-existência. Colossenses 1:17 descreve a preexistência de Cristo como “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15). Tanto Deus, o Pai, como Jesus são considerados eternos em sua existência: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1:8-11.15, 17; 2 Pe 3.8). Hebreus 13:8 também fala de Jesus: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e eternamente”.

O Deus criador

A autoexistência de Deus, bem como sua eternidade, também são sinalizadas na criação, a qual Ele fez do “ex nihilo” (a partir do nada; veja Gn 1; Rm 4:17; Hb 11:3). A Bíblia não admite a ideia do nada existindo lado a lado com o Senhor através da eternidade. Não há ensino, por exemplo, de que a matéria sempre existiu, ou que o mal sempre permaneceu como uma alternativa ao lado de Deus. O Todo-poderoso sempre existiu e sempre existirá; Ele é o Criador. O que existe traz outras coisas à existência. O racionalismo pode argumentar que, se algo existe, deve ter o poder da auto-existência dentro de si. A Bíblia mostra que o ser que auto-existe é Deus e somente Ele é o Senhor. Porque Deus existe, a vida veio à existência e surgiu a criação. No Senhor há vida e luz. Somente Ele tem a vida em si mesmo e habita na luz e na glória eternamente.

O ato de Deus na criação é descrito em muitos lugares da Bíblia. De maneira notável, Gênesis 1:2 descrevem a Palavra de Deus que traz tudo o que conhecemos à existência. Esses capítulos demonstram claramente que o Senhor já existia antes da criação e foi por meio de sua palavra e seu poder que o mundo veio à existência. Também revelam que Deus não iniciou simplesmente o processo e o concluiu, ou ainda não o concluiu, com o que conhecemos neste mundo hoje. Ele interferiu ativamente, várias vezes, para criar a luz, o sol, a lua, a água, a vegetação, os peixes, os mamíferos, os pássaros e a humanidade. Em Gênesis 1, essa obra ativa de Deus durante todo o período da criação pode ser notada nas duas frases: “E disse Deus: Haja...” e “E viu Deus que isso era bom”. Em Gênesis 2, a obra e as palavras do “Senhor Deus” são mencionadas repetidamente. O Salmo 33:4-9 personaliza a “palavra de Deus” como a que criou e “é reta e verdadeira; todas as suas obras são fiéis... Pela palavra do Senhor foram feitos os céus... Tema toda a terra ao Senhor... Pois ele falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu”. Jeremias afirma: “Pois ele (o Senhor) é o criador de todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança; Senhor dos Exércitos é o seu nome” (Jr 10:16-51.19; veja também 26:7; Sl 102:25-104.24; Ne 9:6; etc.).

No NT, o escritor da carta aos Hebreus lembra os crentes que “pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que o visível não foi feito do que se vê” (Hb 11:3). Louvor e adoração são devidos a Deus, o Pai, e a Jesus, a Palavra de Deus, pela criação e pelo seu contínuo sustento de todas as coisas criadas. Desde que a criação deriva sua vida e existência do próprio Deus, se o Senhor não a sustentasse, ela deixaria de existir (Ap 4:11; Jo 1:1-3; 1 Co 8.6; Cl 1:16-17; Hb 1:2-2 Pe 3.5; etc.).

Essa obra da criação, a qual necessita do poder sustentador do Senhor, proporciona a evidência da soberania e do poder de Deus sobre todas as coisas. Ele está presente em todos os lugares, a fim de sustentar e vigiar sua criação, realizar sua justiça, amor e misericórdia, trazer à existência e destruir, de acordo com sua vontade e seus propósitos. A doxologia de Romanos 1:1-36 oferece a resposta adequada do crente na presença do Deus criador, sustentador e que existe por si: “Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória, pois, a ele eternamente. Amém” (v.36).

O Deus pessoal

O Criador do Universo e de todas as coisas, que sustém o mundo e todas as pessoas, revela-se a si mesmo como um “Deus pessoal”. A palavra “pessoal” não é aplicada a Ele em nenhum outro lugar da Bíblia e é difícil nossas mentes finitas assimilarem o que essa expressão “pessoal” significa, ao referir-se ao Senhor. Ainda assim, é dessa maneira que Ele é consistentemente revelado. Deus é um ser auto-existente e autoconsciente. Qualidades que indicam um ser pessoal podem ser atribuídas a Deus. Ele é apresentado como possuidor de liberdade, vontade e propósitos. Quando colocamos esses fatores na forma negativa, o Senhor nunca é descrito nas Escrituras da maneira que as pessoas o apresentam hoje, como uma energia ou uma força sempre presente. Deus revela a si mesmo como um ser pessoal no relacionamento entre Pai, Filho e Espírito Santo (veja mais sobre a Trindade neste próprio verbete) e em seu desejo de que seu povo tenha um relacionamento real com o “Deus vivo”. Sua “personalidade”, é claro, é Espírito e, portanto, não está limitada da mesma maneira que a humana. Porque é pessoal, entretanto, seu povo pode experimentar um relacionamento genuíno e pessoal com Ele. Deus, por ser bom, “ama” seu povo e “fala” com ele. O Senhor dirige os seus e cuida deles. O Salmo 147:10-11 dá alguns sentimentos de Deus, como um ser pessoal: “Não se deleita na força do cavalo, nem se compraz na agilidade do homem. O Senhor se agrada dos que o temem, e dos que esperam no seu constante amor” (veja também Sl 94:9-10). Efésios 1:9-11 mostra como a vontade e os propósitos de Deus são especialmente colocados à disposição dos que Ele “escolheu”, aos quais ele “ama”. O Senhor é aquele que conhece seu povo (1Co 8:3) e pode ser chamado de “Pai” pelos que vivem por ele (v.6). A revelação de Deus em Jesus novamente mostra como Ele é um Deus “pessoal”, tanto no relacionamento de Cristo e do Pai (como o Filho faz a vontade do Pai e fala as suas palavras), como na maneira pela qual o Pai mostrou seu amor pelo mundo, quando deu “o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16-14:15-31; 15.9,10; etc.).

O Deus providencial

Já que Deus é eterno, auto-existente e o Criador do Universo, não é de admirar que um dos temas mais freqüentes na Bíblia refira-se à soberana providência do Senhor. Deus é visto como o rei do Universo, o que fala e tudo acontece, que julga e as pessoas morrem, que mostra seu amor e traz salvação. Ele é o Senhor (veja Senhor) que controla o mundo e exige obediência. Busca os que farão parte de seu povo. É neste cuidado providencial por seu mundo e seu povo que mais freqüentemente descobrimos na Bíblia os grandes atributos divinos de sabedoria, justiça e bondade. Aqui vemos também sua verdade e seu poder. As Escrituras declaram que Deus tem o controle total sobre tudo, ou seja, sobre as pessoas, os governos, etc. Ele é chamado de Rei, pois estabelece reinos sobre a Terra e destrói-os, de acordo com seu desejo. Sua soberania é tão grande, bem como sua providência, em garantir que sua vontade seja realizada, que mesmo o mal pode ser revertido e usado pelo Senhor, para realizar seus bons propósitos.

Os escritores da Bíblia demonstram com convicção que Deus governa sobre toda a criação; assim, os conceitos do destino e do acaso são banidos. À guisa de exemplo, uma boa colheita não acontece por acaso, mas é providenciada pelo Senhor. É Deus quem promete: “Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn 8:22). Por outro lado, o Senhor mantém tal controle sobre a criação que pode suspender a colheita dos que vivem no pecado ou se rebelam contra Ele (Is 5:10). Nos dias do rei Acabe, de Israel, Deus suspendeu a chuva e o orvalho, por meio de “sua palavra”, como castigo sobre o monarca e o povo (1Rs 17:1). A fome foi extremamente severa, mas a providência particular e amorosa do Senhor por seu povo fez com que suprisse as necessidades do profeta Elias de maneira miraculosa (1Rs 17:18).

A Bíblia preocupa-se muito em mostrar a providência de Deus, que pode ser vista no seu relacionamento com seu povo (veja 2 Cr 16.9). Paulo fala sobre isso quando diz: “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). Aqui vemos que não somente o cuidado soberano do Senhor sempre é feito segundo a sua vontade e seu propósito, mas também que esse desejo preocupa-se especialmente com seu povo, mediante o cuidado e a proteção. O poder de Deus é tão grande que em “todas as coisas” Ele trabalha para atingir seus fins. Tal entendimento da providência do Senhor leva à conclusão inevitável de que mesmo o que começou por meio do mal, ou emanado de nossos próprios desejos pecaminosos, pode ser revertido por Deus, enquanto Ele trabalha incessantemente para completar e realizar sua vontade. Essa fé e confiança no cuidado providencial do Senhor não eram conceitos novos nos dias de Paulo. Quando José foi capturado por seus irmãos e vendido como escravo para o Egito, não foi o acaso que finalmente o levou a ser governador egípcio, num momento em que o povo de Deus precisava ser preservado da fome terrível. Tudo foi parte da vontade do Senhor. Posteriormente, ao discutir o assunto com seus irmãos amedrontados, José disse: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida” (Gn 50:20). O cuidado providencial de Deus por Jó, quando Satanás desejava atacá-lo e destruí-lo, também é uma prova do poder soberano do Senhor, mesmo sobre o mundo dos espíritos, inclusive Satanás (1:2). Deus até mesmo controlou as ações do rei da Pérsia em favor de seu povo (Is 44:28-45:1-7).

Em nenhum outro contexto o cuidado providencial de Deus pode ser visto com tanta clareza como na provisão da salvação para o seu povo, por meio da morte expiatória de Jesus Cristo. A ação mais perversa de Satanás e o mais terrível de todos os pecados cometidos pelos seres humanos levaram à crucificação do Filho de Deus. Isso, porém, fora determinado pela vontade de Deus, e Ele reverteu aquele ato terrível para proporcionar expiação a todo aquele que se voltar para o Senhor (At 2:23-24). Esse desejo de Deus foi realizado “segundo as Escrituras”. Certamente o Senhor freqüentemente é visto agindo de maneira providencial e com poder soberano, de acordo com sua Palavra (Rm 5:6-1 Co 15.3; 2 Co 5.15).

A providência do Senhor também é vista na maneira como chama as pessoas para si. Toda a Trindade está envolvida nesta obra de atrair e cuidar do povo de Deus (Jo 17:11-12, 24; Ef 1:3-14; Cl 1:12-14; etc.). A reflexão sobre a soberania do Senhor sobre tudo, seu poder total de realizar o que sua vontade determina, sua providência na natureza, na humanidade de modo geral e especialmente em relações aos redimidos, nos leva novamente a louvá-lo e bendizê-lo (Sl 13:9-13-16; 145.1, 13 16:1 Pe 5.7; Sl 103).

O Deus justo

A Bíblia mostra-nos um Senhor “justo”. Isso faz parte de sua natureza e tem que ver com sua verdade, justiça e bondade. Em termos práticos, o reconhecimento da justiça de Deus nas Escrituras permite que as pessoas confiem em que sua vontade é justa e boa e podem confiar nele para tomar a decisão ou a ação mais justa. Ele é justo como Juiz do mundo e também na demonstração de sua misericórdia. Mais do que isso, sua vontade eterna é inteiramente justa, íntegra e boa. É uma alegria para homens e mulheres pecadores saberem que podem voltar-se para um Deus justo e receber misericórdia. É motivo de temor para os que se rebelam que o justo Juiz julgará e condenará.

O povo de Deus (“o povo justo”, formado pelos que foram perdoados por Deus) freqüentemente apela para sua justiça. Por exemplo, o salmista orou, para pedir misericórdia ao Senhor, quando parecia que as pessoas más prevaleciam. Achou estranho que os perversos prosperassem quando o “justo” padecia tanto sofrimento. Portanto, apelou para a justiça de Deus, para uma resposta ao seu dilema: “Tenha fim a malícia dos ímpios, mas estabeleça-se o justo. Pois tu, ó justo Deus, sondas as mentes e os corações” (Sl 7:9-11). “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha retidão. Na angústia dá-me alívio; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração” (Sl 4:1-129.4; 2 Ts 1.6). É mediante sua justiça que Deus mostra misericórdia ao seu povo (Sl 116:4-6; 37.39).

Por vezes, entretanto, o povo de Deus tentou questionar o Senhor, quando parecia que Ele não os ajudava, ou estava do lado de outras nações. A resposta de Deus era que, se o Senhor lhes parecia injusto, é porque eles haviam-se entregado à incredulidade e ao pecado. As ações do Senhor são sempre justas, mesmo quando resultam em juízo sobre seu próprio povo. Veja, por exemplo, Ezequiel 18:25 (também
v. 29): “Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é justo. Ouvi agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho justo? Não são os vossos caminhos injustos?”.

Deus pode ser visto como justo em tudo o que faz. Isso se reflete em sua Lei, a qual é repetidamente definida como “justa” (Sl 119; Rm 7:12). Deuteronômio 32:4 resume a justiça do Senhor desta maneira: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, e todos os seus caminhos são justiça. Deus é a verdade, e não há nele injustiça. Ele é justo e reto”.

Enquanto o povo de Deus ora, vê a justiça divina em seus atos de misericórdia e socorro para com eles e em seu juízo sobre os inimigos; assim, reconhecem que a justiça do Senhor permite que Ele traga disciplina sobre eles, quando pecam. Em II Crônicas 12, o rei Roboão e os líderes de Israel finalmente foram obrigados a admitir que, por causa do pecado e da rebelião deles contra Deus, Faraó Sisaque teve permissão para atacar Judá e chegar até Jerusalém. Deus os poupou da destruição somente quando se humilharam e reconheceram: “O Senhor é justo” (v. 6). Na época do exílio babilônico, os líderes tornaram-se particularmente conscientes deste aspecto da justiça de Deus. Daniel expressou dessa maneira: “Por isso, o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós, porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as obras que faz; contudo, não obedecemos à sua voz” (Dn 9:14; veja também Ed 9:15).

Os profetas olhavam adiante para ver a revelação da justiça de Deus no futuro reino do Messias: “Vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo, um rei que reinará e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra” (Jr 23:5; Is 9:7-11.4; etc. veja Lc 1:75; At 22:14). Paulo falou sobre a obra de Cristo em termos da revelação da justiça de Deus. Na morte de Jesus, pode-se ver o juízo do Senhor sobre o pecado e a manifestação de seu amor e misericórdia sobre os que são perdoados. Deus não comprometeu nem sua justiça que exige a morte pelo pecado, nem sua aliança de amor para com o seu povo, que promete perdão e misericórdia. Desta maneira, o Senhor permanece justo e íntegro na salvação (Rm 1:17-2.5,6; 3.5, 20-26; etc.).

Ao falar sobre os últimos dias e o retorno de Cristo, quando Deus vindicará seu nome diante de todo o mundo, inclusive os ímpios, será sua justiça que uma vez mais será notada e levará seu povo, que está ansioso por essa revelação, a louvá-lo (Ap 15:3-16.7).

O Deus amoroso

É justo que haja uma seção separada sobre este atributo, o mais maravilhoso do Senhor da Bíblia, ainda que tradicionalmente o amor de Deus seja visto como um aspecto de sua “bondade”. Várias vezes as Escrituras dizem que o Senhor “ama” ou mostra “amor” à sua criação, especialmente para o seu povo. É parte da natureza de Deus, pois ele é “bom” e é “amor”. O Senhor faz o que é bom (2Sm 10:12-1 Cr 19.13; Sl 119:68), porém, mais do que isso, ele é bom. Em outras palavras, a bondade é tão parte dele e de seu ser que o salmista disse: “Pois o teu nome é bom” (Sl 52:9-54.6; este vocábulo “nome” refere-se a todo o caráter do próprio Deus). Jesus disse: “Ninguém há bom, senão um, que é Deus” (Lc 18:19). Assim, se alguém deseja saber o que significa bondade e amor, deve olhar para o Senhor. I João 4:8-16 diz: “ Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor... E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor. Quem está em amor está em Deus, e Deus nele”.

Deus é a fonte da bondade. Tiago 1:17 diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. O texto não só mostra que o Senhor é a fonte daquilo que é bom, como ensina que Deus é sempre bom. Não existe um lado “sombrio” no Senhor, nenhuma base para a visão oriental de que o bem e o mal existem lado a lado, e juntos formam algo chamado “deus”.

A bondade de Deus, tão freqüentemente chamada de seu “amor”, é vista de muitas maneiras neste mundo. É evidente que no universo é algo generalizado, ou na manutenção da própria vida, da justiça, da ordem na criação, ou mesmo na provisão da luz do Sol e da chuva, do tempo de semear e de colher (Sl 33:5; Mt 5:45; At 17:25). Sua bondade, entretanto, é mais evidente em seu amor e fidelidade para com seu povo, a quem Ele protege, cuida e livra do juízo. Seu amor fiel por seu povo às vezes é chamado de “aliança de amor” ou “amor fiel”, pois Deus prometeu amar seu povo para sempre. Os israelitas repetidamente louvavam ao Senhor por seu amor eterno, extraordinário e não merecido, demonstrado através de toda a história de Israel (1Cr 16:34-2 Cr 5.13 7:3; Ed 3:11; Sl 118:1-29; Jr 33:11). É digno de nota como os vocábulos “bom” e “amor” aparecem juntos de maneira tão frequente, quando aplicados a Deus.

Os que buscam a Deus experimentam sua bondade e amor, pois encontram sua salvação (Lm 3:25). O seu povo o louva acima de tudo pelo amor demonstrado em sua misericórdia e perdão dos pecados. Foi para a bondade do Senhor que o rei Ezequias apelou, quando pediu perdão pelo povo de Israel, que adorava a Deus sem ter passado pelo ritual da purificação. “Ezequias, porém, orou por eles, dizendo: O Senhor, que é bom, perdoe a todo aquele que dispôs o coração para buscar o Senhor...” (2Cr 30:18; Nm 14:19). O próprio Deus, ao falar por meio do profeta Oséias, adverte, a respeito da contínua rebelião do povo: “eu não tornarei mais a compadecer-me da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei” (Os 1:6).

A salvação de Deus para seu povo é sua mais profunda e fantástica demonstração de bondade e amor. Jesus foi oferecido pelo Pai como sacrifício pelo pecado de todo o que crê. Talvez o mais famoso versículo da Bíblia, João 3:16, expresse o sentimento desse dom de Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O dom é ainda mais extraordinário, pois “Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8; Tt 3:4-1 Jo 3:16). O povo de Deus sabe que não merece este sacrifício. A natureza do amor divino, dado a pessoas que não são merecedoras, freqüentemente é expressa por meio do vocábulo “graça”.

O amor de Deus também é visto por seu povo na maneira como Ele dá o seu Espírito Santo, de tal forma que todos possam conhecê-lo e responder-lhe em amor (Rm 5:5). Eles também experimentam o amor divino em seu cuidado providencial. Isso pode significar que o amor será em forma de disciplina (Ap 3:19), mas também representa o fato de que “todas as coisas” cooperam para o bem do povo de Deus, dos que são chamados segundo o seu propósito. Nada poderá separá-los do amor de Deus e de Cristo (Rm 8:28-35, 39; veja a seção anterior “O Deus providencial”). Ao meditar sobre sua graça a favor de todos, para os levar à salvação, eles o louvam pela maneira como os escolheu e os predestinou para serem filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade (Ef 1:4-6; 1 Jo 3:1). Essa grande obra de salvação é feita “segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo” (v. 9).

“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2:4-5). O problema é como uma mente humana pode assimilar a profundidade desse amor, pois “excede todo o entendimento” (Ef 3:18-19).

O Deus salvador

O amor de Deus é visto proeminentemente em sua salvação por meio de Jesus (“Jesus” significa “o Senhor salva”; veja Jesus). O Senhor é corretamente descrito como “Deus salvador”. A Bíblia ensina que toda a humanidade é pecadora e necessita de redenção, que só é efetivada pela ação salvadora de Deus. O AT refere-se ao Senhor como “Libertador”, “Redentor” e “Salvador”, tanto da nação como dos indivíduos. Ambos necessitam de perdão, se não querem receber juízo. Uma lição necessária à compreensão de todas as pessoas é que somente Deus é Todo-poderoso, soberano e justo; portanto, o único que pode salvar: “E não há outro Deus senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim” (Is 45:21-43.11). Às vezes, o povo de Israel voltava-se para outras nações em busca de proteção e salvação; essa atitude, entretanto, invariavelmente falhava, ao passo que o Senhor ensinava que somente Ele era o Salvador (Dt 32:15-24; 1 Cr 16:34-36; Is 17:10).

A promessa que Deus faz ao seu povo é que “quando clamarem ao Senhor, por causa dos opressores, ele lhes enviará um salvador e um defender, que os livrará” (Is 19:20-43.3; 45.15). Os homens e mulheres fiéis, mencionados no AT, todos conheceram a atividade salvadora e libertadora de Deus, tanto nas batalhas como no perdão dos pecados. O êxodo do Egito tornou-se o grande evento na história de Israel, que ofereceu às gerações futuras um memorial e uma ilustração da salvação e redenção operadas pelo Senhor. Deus redimiu seu povo do Egito porque o amava: “Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte, e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito” (Dt 7:8).

Aquele acontecimento histórico proporcionou às gerações futuras uma evidência de que Deus tem o poder para salvar e libertar; essa verdade tornou-se a base em que podiam apelar para o Senhor salvá-los e livrá-los novamente em outras situações adversas (Êx 6:6; Dt 9:26; Sl 106:10). A libertação do Egito, porém, proporcionou também uma advertência, que mostra os acontecimentos no deserto para os que “esqueceram seu Deus”: “Pondo-os ele à morte, então o procuravam; voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. Lembravam-se de que Deus era a sua rocha, de que o Deus Altíssimo era o seu Redentor” (Sl 78:34-35; veja também 1 Cr 10:1-12). O próprio Deus mostrou a sua obra salvadora, ao levá-los do Egito para Canaã, e esperava fidelidade e serviço do seu povo redimido (Dt 13:5-15.15; 24.18; Os 13:4).

Assim como precisavam de uma redenção física e libertação, os israelitas necessitavam também de perdão dos pecados; nisto também o Senhor provou ser o Salvador e Redentor do seu povo. Louvavam o seu nome pelo seu perdão e sabiam que podiam submeter-se à justiça de Deus e que Ele os salvaria (Dt 21:8; Sl 31:5-34.22; 44.26; Is 54:5-59.20).

Os profetas olhavam para o futuro, para o dia em que um Salvador e Redentor viria para o povo de Deus: “O Redentor virá a Sião e aos que se desviarem da transgressão em Jacó, diz o Senhor” (Is 59:20). Isaías olhava adiante, para o dia do advento do Messias, quando o povo o louvaria: “Graças te dou, ó Senhor. Ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolaste. Certamente Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei. O Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação” (Is 12:1-3; veja Jr 23:6; Zc 9:9).

Jesus foi o cumprimento de tais promessas. Ele era o Deus Salvador que veio à Terra para salvar e redimir. Quando seu nascimento foi anunciado, sua atividade salvadora e redentora imediatamente dominou as palavras dos anjos, de Zacarias e de Maria. As profecias concernentes à salvação do povo de Deus, com o advento do rei da linhagem de Davi, são anexadas às promessas do perdão de pecados e salvação do juízo de Deus. Toda a “história da salvação”, como alguns a têm chamado, chega ao seu grande clímax com o advento daquele que seria chamado de “Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1:21; Lc 1:46-47, 68-75; 2.11, 30-32, 38; etc.).

O Deus salvador é revelado plenamente em Jesus. Nele, e em ninguém mais, há salvação (Lc 3:6-19.9,10; At 4:12; Hb 2:10). De fato, os vocábulos “salvar” e “salvação” referem-se a toda a obra salvadora de Cristo, desde sua encarnação, morte e ressurreição, até sua glorificação. Sua obra salvadora é considerada como um acontecimento realizado em três tempos: passado (na cruz, quando os crentes foram “justificados”; Rm 5:1-8.24; Ef 2:8-2 Tm 1.9); presente (com a operação progressiva do Espírito Santo na vida do crente, no processo de santificação, 1 Co 1.18; 2 Co 2,15) e futuro (no dia do julgamento, quando os crentes serão salvos da justa ira de Deus e serão glorificados; Rm 5:9-10).

A meditação sobre quem é o Senhor sempre tem levado à doxologia; assim, Judas 25 expressa o louvor a Deus como Salvador, por meio de Jesus Cristo: “Ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

O Deus Pai

Conforme já vimos, Deus é bom e é amor; portanto, é também “Pai”. Ele é a fonte de todas as coisas e, nesse sentido, é Pai. É o Pai da criação de Israel — o povo da sua aliança e dos cristãos. Acima de tudo, ele é o Pai de seu único Filho Jesus Cristo. Numa época em que muitas vezes se pergunta se o Senhor realmente deveria ser chamado de “Pai”, pois isso pode parecer uma postura “machista”, é importante notar novamente que Deus é Espírito. Portanto, é totalmente errado descrevê-lo como masculino ou feminino. De fato, lemos sobre o Pai como o Deus “que te gerou” (Dt 32:18) — o que dificilmente seria considerada como uma ação masculina! A paternidade humana deriva de Deus e não vice-versa. Chamar Deus de “Pai” sem dúvida é correto do ponto de vista bíblico e, devidamente entendido, tem muito a dizer para corrigir os muitos abusos que são presenciados atualmente, cometidos pelos pais humanos.

Primeiro, Deus é ocasionalmente referido, num sentido genérico, como Pai de todas as pessoas, pois elas são geradas por Ele (Ml 2:10; At 17:28-29; Hb 12:9). Segundo, a paternidade de Deus sobre Israel é mencionada ou subentendida. Como Pai, o Senhor tem o direito de ser obedecido. Deuteronômio 3:2-6 dá alguma indicação desse relacionamento: “Corromperam-se conta ele; já não são seus filhos, e isso é a sua mancha, geração perversa e depravada é. É assim que recompensas ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu Pai, que te adquiriu, que te fez e te estabeleceu?” É o relacionamento pactual com seu povo que está especialmente em destaque aqui. O Senhor toma (cria) Israel, ao fazer dele o seu povo peculiar e ao adotá-lo amorosamente como pai, na esperança de receber de volta amor e obediência (Ml 1:6). Deus adverte Israel de que será rejeitado, se porventura desprezar seu Pai (v. 18). Assim, Israel é o seu “filho primogênito” e, se obedecer, receberá a proteção do Senhor. Por exemplo, Deus exige de Faraó: “Israel é meu filho, meu primogênito. Deixa ir o meu filho” (Êx 4:22-23; Os 11:1).

O fato de Deus apresentar-se como Pai de Israel significa que tem o direito de esperar em resposta uma sincera comunhão com o filho. Lamentavelmente, na maior parte do tempo, encontrou um povo rebelde. Deus diz em Isaías 1:2: “Criei filhos, e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim”. Tanto este profeta como Jeremias, entretanto, olham para o futuro, para um tempo em que o Senhor será o Pai de um filho que corresponde. Deus então mostrará a Israel seu cuidado e seu amor: “Guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho reto em que não tropeçarão, porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito” (Jr 31:9). Um filho humilde admitirá que o Pai tem direitos: “Mas agora, ó Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro, tu és o nosso oleiro; somos todos obra das tuas mãos. Não te enfureças tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniqüidade. Olha, nós te pedimos, todos nós somos o teu povo” (Is 64:8-9; veja também 45.10,11; 63.16). Como Pai e Deus da Aliança, quando seu filho chamar, ele responderá: “Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, a rocha da minha salvação... O meu amor lhe manterei para sempre, e a minha aliança lhe será firme” (Sl 89:26-28).

Deus também é o Pai do rei de Israel, de uma maneira especial, pois ele representa o povo. A aliança que o Senhor fez com o rei Davi estabeleceu que Deus seria o “Pai” dos descendentes dele: “Eu serei seu Pai e ele será meu filho”. O salmista destaca esse tema. Por exemplo, o Salmo 2:7 diz: “Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (veja também Sl 89:26-27). Posteriormente, essas passagens sobre o filho assumiram um significado messiânico, quando as pessoas olhavam para o futuro, para o advento do rei ungido da linhagem de Davi. De fato, mais tarde foram aplicadas a Jesus Cristo (At 13:33; Hb 1:5).

Deus é “Pai” unicamente de Jesus, o qual é descrito como “o Filho unigênito de Deus” (veja Jesus). Esta filiação está relacionada ao seu nascimento virginal (Lc 1:35), mas essa não é a única origem. O Pai anuncia claramente a condição de Jesus, em seu batismo: “Então ouviu-se esta voz dos céus: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mc 1:11). Isso, porém, serviu apenas para confirmar publicamente o que já era verdade. De fato, o NT indica uma comunhão permanente entre o Deus Pai, como “pai”; e o Deus Filho, como “filho”. Esse relacionamento eterno é indicado em João 1:18: “Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem o revelou”. Em João 17 Jesus dirige-se a Deus como “Pai” e olha para o futuro, quando receberá novamente “a glória que me deste, porque me amaste antes da criação do mundo” (vv. 24,25; 1 Jo 4:9).

O acesso a Deus como “Pai” só é possível por meio de Cristo: “Ninguém vem ao Pai, senão por mim”, disse Jesus (Jo 14:6). Isso também aponta o caminho para a filiação a Deus para todos os cristãos.

Deus como Pai de todos os cristãos é o complemento de sua paternidade a ser mencionada aqui. O Senhor é o Pai de todo o que tem fé em Cristo. Parte da plenitude da salvação, aplicada aos crentes pelo Espírito Santo, é a condição de “adoção” de filhos (Rm 8:23; Ef 1:5), mediante a qual podem utilizar o nome mais pessoal de “Aba” (Papai), ao dirigir-se a Deus (Rm 8:14-17; Gl 4:6). É importante notar que em ambos os textos a “filiação” também está intimamente ligada à herança. Assim como Jesus, o Filho, é herdeiro da glória de Deus, Paulo diz que os filhos adotados são “co-herdeiros de Cristo, se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8:17). É possível para todo o que crê em Cristo conhecer o Pai (Gl 3:26), pois Jesus lhes revela (Jo 14:6-9). Cristo mostrou o Pai ao mundo: “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo. Antes, é o Pai que está em mim quem faz as obras” (v.10).

Novamente, a única resposta apropriada por parte do cristão, diante da ideia de ser feito filho de Deus, é o louvor: “Vede quão grande amor nos concedeu o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. E somos mesmo seus filhos! O mundo não nos conhece porque não o conheceu. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque assim como é, o veremos” (1Jo 3:1-2).

Os nomes de Deus

Enquanto nas modernas culturas ocidentais o nome realmente só é usado para distinguir uma pessoa de outra, os registrados na Bíblia são utilizados para representar totalmente a pessoa ou indicar aspectos de seu caráter ou de seu objetivo na vida (veja seção Os nomes e seus significados na 1ntrodução). Em nenhum outro lugar isso pode ser visto mais claramente do que na expressão “nome do Senhor”, que ocorre aproximadamente 100 vezes nas Escrituras. É uma frase que sintetiza o que nunca pode ser totalmente resumido — ou seja, o próprio Deus.
O Nome. Quando Gênesis 4:26 diz: “Foi nesse tempo que os homens começaram a invocar o nome do Senhor”, não quer dizer simplesmente que as pessoas aprenderam a usar o nome “Senhor”. O texto indica que elas começaram a adorar ao Senhor por tudo o que Ele é. Quando a Lei diz: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, pois o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20:7), claramente tem em mente mais do que as ocasionais expressões irreverentes (embora, é claro, sua proibição esteja incluída no mandamento). A lei afirma que o próprio Senhor não deve ser considerado com desdém. Não pode ser tratado da mesma maneira que os ídolos pagãos, mencionados no mandamento anterior. Jamais deve ser invocado como um poder mágico ou ser referido numa adoração que não é centralizada exclusivamente nele.

Assim, uma referência ao “Nome” do Senhor leva consigo uma indicação da própria natureza de Deus. Em Êxodo 23:20, o “Nome” de Deus está presente no anjo enviado para liderar o povo de Israel. Também é correto concluir que tal ser trata-se de uma “teofania”, por meio da qual o Senhor de alguma maneira era experimentado ou visto na presença do anjo (veja Teofanias).

Quando a Bíblia fala em “invocar” o nome de Deus, geralmente é num contexto de exortação para se adorar ao Senhor totalmente, em toda a vida e vê-lo como o Deus soberano e transcendente que é: pessoal, amoroso e fiel, que está presente em todas as áreas de seu domínio (2Rs 5:11; Sl 17:7; Jl 2:32; Sf 3:9).

Fazer alguma coisa no “nome do Senhor” é realizar algo no lugar do próprio Deus ou fazer com todo o endosso de sua presença e em obediência à sua ordem. Dessa maneira, os sacerdotes e levitas ministravam “no nome do Senhor” e os profetas falavam “no nome do Senhor”; não que eles alegassem ser Deus, mas isso significava que falavam e operavam com sua total autoridade e poder por trás deles. Até o mesmo o rei Davi lutou “em nome do Senhor” (Dt 18:17-22; 21.5; 1 Sm 17.45; 1 Rs 18.24; etc.). Quando os israelitas desejavam afirmar a presença de Deus com a Arca da Aliança, faziam isso mediante a invocação do “Nome do Senhor dos Exércitos” (2Sm 6:2). Salomão falava em construir um Templo “ao nome do Senhor” (1Rs 8:20). Dessa maneira, o nome é um meio de descrever a plenitude, a transcendência e a presença do próprio Deus.

É interessante notar que no NT o “nome” pertence a Jesus, para lembrar os textos do AT que se referiam a tudo o que Deus é. Se o nome é de Deus e Jesus é chamado pelo “nome”, então tudo o que pertence a Deus está em Jesus e tudo o que Deus é, Cristo também é (compare Joel 2:32 com Atos 2:21; Romanos 10:13). Assim como a autoridade e o poder de Deus são vistos em seu “nome”, o mesmo acontece com Jesus. É “no nome de Jesus” que as pessoas são desafiadas ao arrependimento, batismo e a receber perdão. A fé precisa ser “no nome de Jesus” (At 2:38-3.16; 9.21). É “no nome de Jesus” que os apóstolos curavam e a Igreja orava (At 3:6; Tg 5:14).

Em adição a essa maneira abrangente de referir-se à plenitude de Deus, vários nomes específicos são atribuídos ao Senhor na Bíblia e nos ajudam a entendê-lo melhor. Diferentemente de todos os “nomes”, eles enfatizam aspectos da natureza e do caráter de Deus, a fim de afirmar e enriquecer o que já foi mencionado anteriormente.
El, Elohim. Um nome comum usado para o Senhor e geralmente traduzido como “Deus” (Elohim é a forma plural). A raiz deste vocábulo provavelmente significa “poder”. Este termo era utilizado em outras culturas e religiões para descrever uma grande divindade. Na Bíblia, porém, o nome é aplicado ao único Deus — “El Elohe Israel”, [Deus, o Deus de Israel] (Gn 33:20). Nas Escrituras, Ele é o “Deus do céu e da terra” (Gn 24:3); “o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”; o “Deus dos hebreus” (Êx 3:18); o “Deus dos deuses”; “Deus da verdade” (Sl 31:5) e, é claro, “Deus da glória” (Sl 29:3).

A forma plural às vezes refere-se a outros deuses, mas também é usada na Bíblia para o único Deus, embora o termo esteja no plural. A forma plural indica a plenitude do Senhor. Ele é totalmente distinto das pessoas criadas, em seu ser (Nm 23:19).

O vocábulo “El” também aparece em formas como “El Shaddai” (Deus Todo-poderoso”; Gn 17:1; Êx 6:3. Para mais detalhes, veja a seção “O Deus de Abraão”, no artigo sobre Abraão); “El Elyom” (Deus Altíssimo; Dt 32:8; Dn 7:18-22; etc.); “El Betel” (Deus de Betel; Gn 35:7); e “El Olam” (Deus Eterno; Gn 21:33; veja também Sl 90:2).
Yahweh (o Senhor). O vocábulo Yahweh, que geralmente é traduzido como “Senhor”, em nossas versões da Bíblia em Português, tem sido corretamente chamado de “o nome da aliança de Deus”. Foi por este título que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó escolheu revelar-se a Moisés (Êx 6:3). Sem dúvida, os seguidores fiéis do Senhor já o conheciam por este nome antes da revelação da sarça ardente, mas com Moisés há mais revelações da fidelidade de Yahweh à aliança e de sua comunhão íntima com seu povo. O nome em si é derivado do verbo hebraico “ser”. Moisés imaginou pessoas que lhe perguntariam pelo nome do Deus que lhe apareceu, quando voltasse para seu povo. O Senhor lhe respondeu: “EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3:14; veja
v. 15). Yahweh, portanto, significa algo como “Ele é” ou talvez “Ele traz à existência”.

Como o nome revelado de Deus, o título “Yahweh” trazia uma declaração da existência contínua do Senhor e sua presença permanente com seu povo. Foi Ele quem se apresentou a Moisés e ao povo de Israel através das gerações como o Deus da aliança, o que sempre seria fiel às suas promessas em favor de seu povo. Foi sob este nome que o povo da aliança adorou a Deus. No NT, os cristãos entenderam que o Senhor da aliança era Jesus Cristo e, assim, ideias e atributos do AT que pertenciam a Yahweh foram trazidos e aplicados a Jesus. Para uma discussão mais detalhada do grande significado deste nome, veja Senhor.
Adonai (Senhor). Com o significado de “Senhor” ou “Mestre”, este termo é aplicado a seres humanos em posição de autoridade. Quando relacionado a Deus, entretanto, geralmente é usado junto com o nome Yahweh. Isso apresenta algumas dificuldades na tradução. Não é fácil ler a frase “O senhor senhor”! Assim, geralmente traduz-se como “Senhor Deus” (2Sm 7:28; Is 28:16-56.8; etc.).
Rocha. A fidelidade, a confiabilidade e a graça salvadora do Deus da aliança são ocasionalmente descritas por meio do epíteto “Rocha” (Dt 32:4-15, 18; 2 Sm 22.3, 47; Sl 62:7; Hc 1:12; etc.).
Outros nomes. Embora algumas vezes sejam tomados como nomes, muitos outros termos aplicados a Deus são adjetivos. São usados para descrever o Senhor, atribuir louvor ao seu nome e diferenciá-lo dos deuses pagãos. Juízes 6:24 diz que “o Senhor é paz”. Outros textos falam sobre Deus como “o Santo” ou “o Santo de Israel”, a fim de estabelecer um elo no AT entre a sua santidade e a necessidade de que o seu povo seja santo (6:10; Pv 9:10; Is 12:6). Deus também é conhecido como o “Rei” (veja Rei), o “Senhor Todo-poderoso”, “o Senhor é minha Bandeira”, entre outros.
Jeová. Este termo é pouco citado nas modernas versões da Bíblia. Deve, contudo, ser mencionado aqui como um nome que ainda sobrevive em algumas traduções. É suficiente dizer que, em hebraico, o termo YHWH aparece e, na maioria das vezes, é traduzido como SENHOR, em nossas versões, ou colocam-se vogais e assim lê-se Yahweh (o que alguns colaboradores deste volume têm feito). Jeová deriva de uma leitura equivocada de Yahweh. O pano de fundo do problema com o nome “Jeová” é explicado no verbete Senhor.


A Trindade

O cristianismo tradicionalmente argumenta que muitas evidências bíblicas revelam Deus em três pessoas distintas. Para alguns, tal definição do Senhor tem causado sérios problemas. A história da Igreja é permeada pelo surgimento de seitas que não reconheciam Jesus Cristo como Deus ou que se recusavam a aceitar a visão trinitária do Senhor; outras não viam um dos componentes da Trindade como totalmente Deus, ou negavam que houvesse distinções entre as três pessoas. Outros grupos estão totalmente fora do ensino bíblico e entram efetivamente no mundo do triteísmo, uma noção negada explicitamente na Bíblia, como, por exemplo, na oração da “Shema” (Dt 6:4). Embora o termo “trindade” não seja mencionado nas Escrituras, os cristãos sempre creram que somente ele pode fazer justiça à revelação bíblica da “plenitude” de Deus. Começando com o AT, os cristãos apontam indicações que pressagiam um ensino mais detalhado no NT. Muitas passagens conduzem para a pluralidade relacionada com o que é o “único Deus”. Muitos textos sugerem uma identificação do Messias que virá com o próprio Deus. Ele será chamado de Deus Poderoso, governará em completa soberania e será eterno — atributos divinos (Is 9:6-7; Sl 2; etc.). Mas indicações também estão presentes na compreensão da própria criação, no AT. Embora algumas pessoas neguem seu significado, é interessante notar que o Senhor refere-se a si mesmo com o termo plural “elohim” em certas passagens. Em Gênesis 1, é Deus quem cria, por meio de sua Palavra e pelo seu Espírito (Gn 1:1-3). Às vezes essa referência no plural parece ainda mais notável, feita de forma explícita com o uso de verbos e pronomes nas pessoas do plural; por exemplo, “Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem...” (Gn 1:26-3.22; 11.7; Is 6:8). Existe também uma personalização da “Palavra de Deus” que criou os céus (Sl 33:6). Algo semelhante ocorre em Provérbios 8, onde a sabedoria do Senhor é personalizada como o próprio Deus que opera no mundo, concede vida e envolve-se com a própria criação (principalmente Pv 8:12-21).

Alguns sugerem que “o anjo do Senhor” também deve ser identificado com Deus e ainda assim é distinto dele (Êx 3:2-6; veja também Anjo do Senhor). Em Isaías 63:1014, o Espírito Santo é identificado como Agente de Deus. Esse tipo de evidência espera por sua interpretação mais completa no NT (veja também Teofanias).

No NT, aspectos da doutrina da Trindade surgem primeiro quando os discípulos e seguidores de Jesus reconhecem as obras e as palavras de Deus nas atitudes de Jesus. Realmente, o problema dos líderes religiosos daquela época foi justamente que algumas das coisas que Cristo fazia e dizia só seriam feitas e ditas por Deus; portanto, eles alegavam que Jesus blasfemava, ao tentar passar por Deus. Por exemplo, Cristo perdoou os pecados do paralítico, algo que os escribas acreditavam que somente Deus era capaz de fazer; portanto, era uma blasfêmia. Jesus então demonstrou sua autoridade divina, ao curar o homem completamente (Mt 9:2-6). João 8 é especialmente esclarecedor sobre essa questão e traz uma série de declarações feitas por Jesus. Sua alegação de pertencer a Deus e ser enviado por Ele (vv. 14, 23), de partir para um lugar desconhecido dos líderes religiosos (v. 14), intimamente combinada com o uso da expressão “Eu Sou” e sua declaração de ter existido antes de Abraão (vv. 24, 28, 58, etc.), tudo isso ocasionou uma acusação de blasfêmia e a tentativa de apedrejamento — a punição para aquela transgressão (v. 59). Jesus aceitou a confissão de Pedro de que Ele era o Cristo (Mc 8:29-30) e alegou ter “todo” poder e autoridade antes de fazer uma das principais declarações trinitárias da Bíblia: “Ide... batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28:18).

Em todo o NT, ambos, o Espírito Santo e Jesus, são apresentados como seres divinos. João 1:1-14 fala de Cristo como preexistente. Romanos 9:5 geralmente é destacado por alguns teólogos, mas provavelmente a leitura deveria ser essa: “Cristo, que é Deus sobre todos, seja louvado...” (veja também Cl 2:9; Hb 1:9-10; etc.). O Espírito Santo também é visto como Deus (veja At 5:3-4; Jo 15:26; Mc 3:29-2 Co 3.17; etc.).

São também interessantes as passagens do NT onde os escritores apostólicos aplicam a Jesus o nome de Yahweh do AT (Senhor). Veja, por exemplo, Romanos 1:0-13, onde a confissão da fé em Cristo é provada como confissão de fé em Deus, por uma referência que aponta para o AT e menciona Yahweh. Vários textos merecem um exame cuidadoso, pois trazem o entendimento do AT sobre Yahweh ou aplicam declarações concernentes a Yahweh, no AT, e a Jesus, no NT. Por exemplo, veja João 1:2-41 (cf. Is 6:10); Atos 2:34-36; I Coríntios 1:30-31; 12.3; Filipenses 2:9-11 (cf. Is 45:23), etc.

Em muitas passagens bíblicas, a ideia do Deus trino é no mínimo implícita nos textos do NT, se não explícita. O batismo de Jesus envolveu o Filho, o Pai e o Espírito Santo (Mt 3:13-17). O mencionado em Mateus 28:19 é em nome das três pessoas da Trindade. Jesus referiu-se ao Espírito Santo como “outro Consolador”. Assim como o Pai enviou Cristo, Ele mandaria o Espírito Santo (Jo 14:15-23). Veja também a obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo na vida do crente (Ef 3:14-19).

As Escrituras revelam uma figura de Deus em três pessoas e a isso nós chamamos de “Trindade”. O Pai não é maior do que o Filho e ambos são distintos do Espírito Santo, embora exista um ensino claro tanto no AT como no NT de que Deus é único. Existem três pessoas, mas apenas um Senhor. Tal ensino, quando apresentado em conjunto, implica um modo de existência longe do que nossa mente humana possa entender. É por esta razão que todas as analogias humanas invariavelmente fracassam quando se trata de explicar o que significa a Trindade.

Os cristãos estão convencidos de que negar essa doutrina é renunciar à clara evidência bíblica sobre o próprio Deus. Um escritor resumiu o ensino bíblico dessa maneira: “A doutrina da Trindade não explica plenamente o misterioso caráter de Deus. Pelo contrário, estabelece as fronteiras, fora das quais não devemos andar... Isso exige que sejamos fiéis à revelação bíblica que em um sentido Deus é um e num sentido diferente ele é três” (R. C. Sproul).

Conclusão

O Deus da Bíblia é revelado como Eterno, Majestoso, Transcendente, Onipotente e Onisciente. Também é descrito como o Criador de todo o Universo e das pessoas e, neste contexto, revela a si mesmo em sua Palavra como um Deus pessoal, amoroso e soberano, um Deus justo, verdadeiro e íntegro. Deus é revelado como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É o Deus presente com seu povo (Emanuel, Deus conosco) e atuante em toda a criação, embora de modo algum seja absorvido por ela, como certas religiões orientais ensinam. Embora seja um Deus santo, separado e distinto da criação e das criaturas, não permite que o mundo se perca totalmente em seu pecado, sem nenhuma esperança de redenção; pelo contrário, revela a si mesmo como um Deus de amor que salva e redime todo aquele que o busca. Sua graça salvadora é vista claramente em sua vinda aqui na Terra: Jesus, o Filho de Deus, veio para ser o Salvador e Redentor da humanidade. Esta dádiva é experimentada por meio de sua Palavra (a Bíblia) e da presença do Espírito Santo no coração e na vida daqueles que crêem nele. Quanto mais a Bíblia é lida, fica mais claro que todo o seu povo é exortado repetidamente a cantar louvores ao Deus Todo-poderoso que, embora seja transcendente, está presente, a fim de sustentar, cuidar e salvar. “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

P.D.G.


Deus [hebr. El, Elah, Eloah, Elohim; gr. theós]

O nome mais geral da Divindade (Gn 1:1; Jo 1:1). Deus é o Ser Supremo, único, infinito, criador e sustentador do universo. É espírito pessoal e subsiste em três pessoas ou distinções: Pai, Filho e Espírito Santo (v. TRINDADE). É santo, justo, amoroso e perdoador dos que se arrependem. O ateu diz que Deus não existe; o agnóstico diz que não podemos saber se Deus existe ou não; o crente sabe que Deus existe e afirma: “... nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17:28).

==========================

NOMES DE DEUS

Nas Escrituras Sagradas Deus é chamado por vários nomes e cognomes (títulos), que seguem alistados na ordem decrescente do número de ocorrências:


1) SENHOR (hebr. JAVÉ, ???? - Gn 2:4);


2) DEUS (Gn 1:1);


3) SENHOR DOS EXÉRCITOS (Jr 33:11);


4) Pai (Is 63:16; Mt 6:8-9);


5) SENHOR (propriamente dito - Sl 114:7);


6) SANTO de ISRAEL (Is 1:4);


7) ALTÍSSIMO (Gn 14:18);


8) Todo-poderoso (Gn 49:25; 2Co 6:18);


9) Deus Vivo (Os 1:10; 1Ts 1:9);


10) Rei (Sl 24; 1Tm 6:15);


11) Rocha (Dt 32:18; Is 30:29);


12) REDENTOR (19:25);


13) SALVADOR (Sl 106:21; Lc 1:47);


14) Juiz (Gn 18:25; 2Tm 4:8);


15) O Poderoso (Gn 49:24, RA; RC, Valente);


16) O PRIMEIRO E O ÚLTIMO (Ap 22:13);


17) ETERNO DEUS (Is 40:28);


18) Pastor (Gn 49:24);


19) ANCIÃO DE DIAS (Dn 7:9);


20) O Deus de BETEL (Gn 31:13);


21) O Deus Que Vê (Gn 16:13).


Deus O judaísmo apresentava uma visão estritamente monoteísta da divindade. As afirmações a respeito que aparecem no Antigo Testamento não podem ser mais explícitas. Antes e depois dele não houve nem haverá outros deuses (Is 43:10-11). Tudo criou sem ajuda nem presença de ninguém (Is 44:24; 45,12). É o primeiro e o último (Is 44:6), clemente e misericordioso (Sl 111:4), o que cuida dos oprimidos (Sl 113:7), o que cura todas as dores e perdoa todas as iniqüidades (Sl 103:3).

Foi ele quem entregou a Torá a Moisés no Sinai (Êx 19:20) e que estabeleceu uma Aliança Eterna com Israel como povo seu. Ele que falou através dos profetas, ele que não pode ser representado por nenhum tipo de imagem, desenho ou pintura (Ex 20:4ss.) etc.

Deste Deus se esperava que enviaria seu messias e que no final dos tempos ressuscitaria os justos e injustos, proporcionando recompensa eterna aos primeiros e castigo vergonhoso e consciente aos segundos (Dn 12:2).

Nos evangelhos encontramos uma aceitação de todas essas afirmações. Deus é único (Mc 12:29ss.), é o Deus dos patriarcas (Mt 22:32), é o único que pode receber culto e serviço (Mt 6:24; Lc 4:8). Para ele tudo é possível (Mt 19:26; Lc 1:37). Ainda que faça brilhar o sol sobre justos e injustos (Mt 5:45), só é Pai daqueles que recebem Jesus (Jo 1:12). Essa relação de paternidade entre Deus e os seguidores de Jesus explica por que ele é tratado como Pai (Mt 11:25ss.; Mc 14:36; Lc 23:34.46; Jo 11:41; 17, 1.5.11). A ele se deve dirigir no oculto do coração e sem usar contínuas repetições como os pagãos (Mt 6:4.
18) e nele se deve confiar sem sombra de dúvida (Mt 6:26-32; 10,29-31; Lc 15). E podemos então chegar a conhecê-lo porque se nos revelou em Jesus (Jo 1:18).

Esse monoteísmo com o qual Deus é contemplado no Novo Testamento encontra-se, não obstante, selecionado através da fé na Trindade, que afirma uma pluralidade de pessoas no âmago da única divindade. Existem precedentes da crença na divindade do messias no judaísmo, assim como da atuação de Deus em várias pessoas. De fato, o judeu-cristianismo posterior — tal como registra o Talmude — apenas se referiu a elas para defender sua essência judaica. Assim, no Antigo Testamento, atribui-se ao Messias o título divino de El-Guibor (Is 9:5-6); Deus se expressa em termos plurais (Gn 1:26-27; Is 6:8); o malak YHVH ou o anjo de YHVH não é senão o próprio YHVH (Jz 13:20-22) etc, expressões que foram interpretadas como sinais da revelação da Trindade.

Nos evangelhos encontramos de fato afirmações nesse sentido que não podem ser consideradas equívocas. Por exemplo: Jesus é denominado Deus (Jo 1:1; 20-28 etc.); afirma-se que o Filho de Deus é igual a Deus (Jo 5:18); ressalta-se que era adorado pelos primeiros cristãos (Mt 28:19-20 etc.), recebe a designação de “Verbo”, termo procedente dos targuns aramaicos para referir-se ao próprio YHVH (Jo 1:1) etc.

Tem-se discutido se todos esses enfoques procedem realmente do próprio Jesus ou se, ao contrário, devem ser atribuídos à comunidade primitiva. Também se questiona o seu caráter judaico.

Atualmente, sabemos que esses pontos de vista não se originaram do helenismo, mas do judaísmo contemporâneo de Jesus (m. Hengel, A. Segal, C. Vidal Manzanares etc.). A característica que difere o cristianismo das outras doutrinas é afirmar essa hipóstase do Deus único, encarnado em Jesus. A este também retrocede todas as interpretações sobre sua pessoa. Para essa interpretação, defendem-se passagens de indiscutível autenticidade histórica, como a de Lc 10:21-22, assim como as de auto-identificação que Jesus atribui a si, como a Jokmah hipostática dos Provérbios (Lc 7:35; 11,49-51) e como o “Kyrios” (Senhor) do Antigo Testamento (Lc 12:35-38; 12,43ss.). Essas passagens de fato fazem parte da fonte Q, o que indica sua antigüidade.

m. Hengel, El Hijo de Dios, Salamanca 1978; A. Segal, Paul, The Convert, New Haven e Londres 1990; m. Gilbert - J. N. Aletti, La Sabiduría y Jesucristo, Estella; C. Vidal Manzanares, El primer Evangelio...; Idem, El judeo-cristianismo palestino...


Fala

substantivo feminino Ato ou faculdade de falar.
Alocução, discurso.
Voz, palavra, frase.
Expressão, comunicação, significado.
Modo de falar, tom, estilo.
Idioma, dialeto, jargão.
Teatro Trecho de diálogo ou monólogo, dito de uma vez pelo mesmo ator.
Linguística Atualização, peculiar a cada pessoa, da capacidade geral da linguagem. (Opõe-se à noção de língua.).

Strongs

Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
Jó 5: 8 - Texto em Hebraico - (HSB) Hebrew Study Bible

Porém eu buscaria a Deus; e a Deus entregaria a minha causa.
Jó 5: 8 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

Antes de 2100 a.C.
H1700
dibrâh
דִּבְרָה
()
H1875
dârash
דָּרַשׁ
recorrer a, procurar, procurar com cuidado, inquirir, requerer
(will I require [an accounting])
Verbo
H199
ʼûwlâm
אוּלָם
Mas
(but)
Advérbio
H410
ʼêl
אֵל
deus, semelhante a deus, poderoso
(unto God)
Substantivo
H413
ʼêl
אֵל
até
(unto)
Prepostos
H430
ʼĕlôhîym
אֱלֹהִים
Deus
(God)
Substantivo
H589
ʼănîy
אֲנִי
E eu
(And I)
Pronome
H7760
sûwm
שׂוּם
pôr, colocar, estabelecer, nomear, dispor
(and he put)
Verbo


דִּבְרָה


(H1700)
dibrâh (dib-raw')

01700 דברה dibrah

fem. de 1697; DITAT - 399e; n m

  1. causa, maneira, razão

דָּרַשׁ


(H1875)
dârash (daw-rash')

01875 דרש darash

uma raiz primitiva; DITAT - 455; v

  1. recorrer a, procurar, procurar com cuidado, inquirir, requerer
    1. (Qal)
      1. recorrer a, freqüentar (um lugar), (pisar em um lugar)
      2. consultar, inquirir de, procurar
        1. referindo-se a Deus
        2. referindo-se a deuses pagãos, necromantes
      3. buscar a divindade por meio de oração e adoração
        1. Deus
        2. divindades pagãs
      4. procurar (com uma exigência), demandar, requerer
      5. investigar, inquirir
      6. perguntar por, requerer, demandar
      7. praticar, estudar, seguir, buscar com aplicação
      8. procurar com cuidado, preocupar-se com
    2. (Nifal)
      1. permitir que alguém seja interrogado, consultado (somente referindo-se a Deus)
      2. ser procurado
      3. ser requerido (referindo-se a sangue)

אוּלָם


(H199)
ʼûwlâm (oo-lawm')

0199 אולם ’uwlam

aparentemente procedente de 194; DITAT - 47; adv

  1. mas, porém de fato (uma adversativa muito forte)
  2. contudo, por outro lado

אֵל


(H410)
ʼêl (ale)

0410 אל ’el

forma contrata de 352, grego 2241 ηλι e 1664 ελιουδ; DITAT - 93a; n m

  1. deus, semelhante a deus, poderoso
    1. homens poderosos, homens de posição, valentes poderosos
    2. anjos
    3. deus, deus falso, (demônios, imaginações)
    4. Deus, o único Deus verdadeiro, Javé
  2. coisas poderosas na natureza
  3. força, poder

אֵל


(H413)
ʼêl (ale)

0413 אל ’el (mas usado somente na forma construta reduzida) אל ’el

partícula primitiva; DITAT - 91; prep

  1. para, em direção a, para a (de movimento)
  2. para dentro de (já atravessando o limite)
    1. no meio de
  3. direção a (de direção, não necessariamente de movimento físico)
  4. contra (movimento ou direção de caráter hostil)
  5. em adição a, a
  6. concernente, em relação a, em referência a, por causa de
  7. de acordo com (regra ou padrão)
  8. em, próximo, contra (referindo-se à presença de alguém)
  9. no meio, dentro, para dentro, até (idéia de mover-se para)

אֱלֹהִים


(H430)
ʼĕlôhîym (el-o-heem')

0430 אלהים ’elohiym

plural de 433; DITAT - 93c; n m p

  1. (plural)
    1. governantes, juízes
    2. seres divinos
    3. anjos
    4. deuses
  2. (plural intensivo - sentido singular)
    1. deus, deusa
    2. divino
    3. obras ou possessões especiais de Deus
    4. o (verdadeiro) Deus
    5. Deus

אֲנִי


(H589)
ʼănîy (an-ee')

0589 אני ’aniy

forma contrata de 595; DITAT - 129; pron pess

  1. eu (primeira pess. sing. - normalmente usado para ênfase)

שׂוּם


(H7760)
sûwm (soom)

07760 שום suwm ou שׁים siym

uma raiz primitiva; DITAT - 2243; v.

  1. pôr, colocar, estabelecer, nomear, dispor
    1. (Qal)
      1. pôr, colocar, depositar, pôr ou depositar sobre, deitar (violentamente) as mãos sobre
      2. estabelecer, direcionar, direcionar para
        1. estender (compaixão) (fig.)
      3. pôr, estabelecer, ordenar, fundar, designar, constituir, fazer, determinar, fixar
      4. colocar, estacionar, pôr, pôr no lugar, plantar, fixar
      5. pôr, pôr para, transformar em, constituir, moldar, trabalhar, fazer acontecer, designar, dar
    2. (Hifil) colocar ou fazer como sinal
    3. (Hofal) ser posto