Enciclopédia de Miquéias 7:17-17

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

mq 7: 17

Versão Versículo
ARA Lamberão o pó como serpentes; como répteis da terra, tremendo, sairão dos seus esconderijos e, tremendo, virão ao Senhor, nosso Deus; e terão medo de ti.
ARC Lamberão o pó como serpentes; como uns répteis da terra, tremendo, sairão dos seus encerramentos; com pavor virão ao Senhor nosso Deus, e terão medo de ti.
TB Como a serpente, lamberão o pó; como répteis da terra, tremendo, sairão dos seus esconderijos; com pavor, virão a Jeová, nosso Deus, e terão medo de ti.
HSB יְלַחֲכ֤וּ עָפָר֙ כַּנָּחָ֔שׁ כְּזֹחֲלֵ֣י אֶ֔רֶץ יִרְגְּז֖וּ מִמִּסְגְּרֹֽתֵיהֶ֑ם אֶל־ יְהוָ֤ה אֱלֹהֵ֙ינוּ֙ יִפְחָ֔דוּ וְיִֽרְא֖וּ מִמֶּֽךָּ׃
BKJ lamberão o pó como serpentes e sairão dos seus buracos como vermes da terra; com pavor virão ao SENHOR nosso Deus, e terão medo de ti.
LTT Lamberão o pó como serpente, como vermes ① da terra, tremendo, sairão dos seus esconderijos; com tremente- pavor virão ao SENHOR nosso Deus, e terão medo de Ti.
BJ2 Que lambam o pó como a serpente, como os animais que rastejam sobre a terra. Que saiam tremendo de suas fortalezas, em direção a Iahweh, nosso Deus,[i] que temam e tenham medo diante de ti.
VULG Lingent pulverem sicut serpentes ; velut reptilia terræ perturbabuntur in ædibus suis. Dominum Deum nostrum formidabunt, et timebunt te.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Miquéias 7:17

Gênesis 3:14 Então, o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás mais que toda besta e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás e pó comerás todos os dias da tua vida.
Êxodo 15:14 Os povos o ouvirão, eles estremecerão; apoderar-se-á uma dor dos habitantes da Filístia.
Josué 2:9 e disse aos homens: Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desmaiados diante de vós.
Josué 9:24 Então, responderam a Josué e disseram: Porquanto com certeza foi anunciado aos teus servos que o Senhor, teu Deus, ordenou a Moisés, seu servo, que vos desse toda esta terra e destruísse todos os moradores da terra diante de vós, tememos muito por nossas vidas por causa de vós. Por isso, fizemos assim.
I Samuel 14:11 Descobrindo-se ambos eles, pois, à guarnição dos filisteus, disseram os filisteus: Eis que já os hebreus saíram das cavernas em que se tinham escondido.
Salmos 9:20 Tu os pões em medo, Senhor, para que saibam as nações que são constituídas por meros homens. (Selá)
Salmos 18:45 Os estranhos decairão e terão medo nas suas fortificações.
Salmos 72:9 Aqueles que habitam no deserto se inclinarão ante ele, e os seus inimigos lamberão o pó.
Isaías 2:19 Então, os homens se meterão nas concavidades das rochas e nas cavernas da terra, por causa da presença espantosa do Senhor e por causa da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar a terra.
Isaías 25:3 Pelo que te glorificará um povo poderoso, e a cidade das nações formidáveis te temerá.
Isaías 49:23 E os reis serão os teus aios, e as suas princesas, as tuas amas; diante de ti, se inclinarão com o rosto em terra e lamberão o pó dos teus pés, e saberás que eu sou o Senhor e que os que confiam em mim não serão confundidos.
Isaías 59:19 Então, temerão o nome do Senhor desde o poente e a sua glória, desde o nascente do sol; vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará contra ele a sua bandeira.
Isaías 60:14 Também virão a ti, inclinando-se, os filhos dos que te oprimiram; e prostrar-se-ão à planta dos teus pés todos os que te desprezaram; e chamar-te-ão a Cidade do Senhor, a Sião do Santo de Israel.
Isaías 64:2 Como quando o fogo inflama a lenha e faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, assim as nações tremessem da tua presença!
Isaías 65:25 O lobo e o cordeiro se apascentarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; e o pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor.
Jeremias 16:16 Eis que mandarei muitos pescadores, diz o Senhor, os quais os pescarão; e depois enviarei muitos caçadores, os quais os caçarão sobre todo monte, e sobre todo outeiro, e até nas fendas das rochas.
Jeremias 33:9 E esta cidade me servirá de nome de alegria, de louvor e de glória, entre todas as nações da terra que ouvirem todo o bem que eu lhe faço; e espantar-se-ão e perturbar-se-ão por causa de todo o bem e por causa de toda a paz que eu lhe dou.
Lamentações de Jeremias 3:29 Ponha a boca no pó; talvez assim haja esperança.
Zacarias 14:5 E fugireis pelo vale dos meus montes (porque o vale dos montes chegará até Azel) e fugireis assim como fugistes do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá; então, virá o Senhor, meu Deus, e todos os santos contigo, ó Senhor.
Apocalipse 3:9 Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás (aos que se dizem judeus e não são, mas mentem), eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo.
Apocalipse 6:15 E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo servo, e todo livre se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas
Apocalipse 18:9 E os reis da terra, que se prostituíram com ela e viveram em delícias, a chorarão e sobre ela prantearão, quando virem a fumaça do seu incêndio.

Notas de rodapé da LTT

As notas de rodapé presentes na Bíblia versão LTT, Bíblia Literal do Texto Tradicional, são explicações adicionais fornecidas pelos tradutores para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas são baseadas em referências bíblicas, históricas e linguísticas, bem como em outros estudos teológicos e literários, a fim de fornecer um contexto mais preciso e uma interpretação mais fiel ao texto original. As notas de rodapé são uma ferramenta útil para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira compreender melhor o significado e a mensagem das Escrituras Sagradas.
 ①

"vermes", ou "coisas rastejantes".


Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita


Léon Denis

mq 7:17
Cristianismo e Espiritismo

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 7
Léon Denis

O pecado original é o dogma fundamental em que repousa todo o edifício dos dogmas cristãos - ideia verdadeira, no fundo, mas falsa em sua forma e desnaturada pela Igreja - verdadeira, no sentido de que o homem sofre com a intuição que conserva das faltas cometidas em suas vidas anteriores e pelas consequências que acarretam para ele. Esse sofrimento, porém, é pessoal e merecido.


Ninguém é responsável pelas faltas de outrem, se nelas não tomou alguma parte. Apresentado em seu aspecto dogmático, o pecado original, que pune toda a posteridade de Adão, isto é, a Humanidade inteira, pela desobediência do primeiro par, para depois salvá-la por meio de uma iniquidade inda maior - a imolação de um justo - é um ultraje à razão e à moral, consideradas em seus princípios essenciais - a bondade e a justiça. Mais contribuiu para afastar o homem da crença em Deus, que todas as agressões e todas as críticas da Filosofia.


Não é, com efeito, impunemente que se tenta separar, no pensamento e na consciência, a ideia de Deus da de justiça. Com isso, o que se logra é lançar a perturbação nas almas e provocar um trabalho mental que conduz, forçosamente, à exclusão de uma dessas duas ideias. Ora, foi a ideia de Deus que esteve quase a perecer, porque o homem não pode ver em Deus senão a mais alta personificação da justiça, do amor e da sabedoria. Todas as perfeições devem encontrar-se reunidas no Ser eterno.


Do seu passado criminoso perdeu o homem a recordação precisa, mas conservou um vago sentimento. Daí proveio essa concepção do pecado original, que se encontra em muitas religiões, e da expiação que ele requer. Dessa concepção errônea derivam as da queda, do resgate e da redenção pelo sangue do Cristo, os mistérios da encarnação, da virgem-mãe, da imaculada conceição, numa palavra, todo o amontoado do Catolicismo. (Nota lxviii: A queda da humanidade em Adão - diz o abade de Noirlieu em seu Catecismo filosófico para uso dos seculares - e a sua reparação em JesusCristo, são os dois grandes fatos sobre que repousa o Cristianismo. Sem o dogma do pecado original não mais se concebe a necessidade do Redentor. Por isso, nada é ensinado mais explicitamente pela Igreja do que a queda de Adão e as suas funestas conseqüências, para todos os seus descendentes.") Todos esses dogmas constituem verdadeira negação da razão e da justiça divinas, desde que tomados ao pé da letra, como o quer a Igreja, e em seu sentido material.


Não é admissível houvesse Deus criado o homem e a mulher com a condição de não se instruírem. Menos admissível, ainda, é que ele tenha, por uma única desobediência, condenado a sua posteridade e a Humanidade inteira à morte e ao inferno. "Que pensar, diz com razão E. Bellemare, de um juiz que condenasse um homem sob o pretexto de que, há milhares de anos, um seu antepassado cometera um crime?" É, entretanto, esse odioso papel que o Catolicismo atribui ao juiz supremo - Deus!


É por motivos tais que se justificou o afastamento e a ojeriza que certos pensadores conceberam pela ideia de Deus. É o que explica, sem a desculpar, a veemente acusação de um célebre escritor: Deus é o mal!


Se considerarmos o dogma do pecado original e da queda qual o é, realmente, isto é, como um mito, uma lenda oriental, exatamente como se depara em todas as cosmogonias antigas; se destruirmos com um sopro tais quimeras, todo o edifício dos dogmas e mistérios imediatamente se desmorona. Que restará, então, do Cristianismo? pode-se-me perguntar. Restará o que ele em si contém de verdadeiramente grande, de vivo e racional, isto é, tudo o que é suscetível de elevar e fortalecer a Humanidade.


Prossigamos em nosso exame. A soberania de Deus, dizem os teólogos, manifesta-se pela predestinação e pela redenção. Sendo Deus absoluto soberano, sua vontade é a causa final e decisiva de tudo quanto ocorre no Universo. Agostinho é o autor desse dogma, que ele institui em sua luta com os maniqueus, partidários de dois princípios opostos: o bem e o mal, e contra Pelágio, que reivindicava os direitos da liberdade humana. Todavia, Agostinho louva-se, para defender o seu dogma, na autoridade de S. Paulo, verdadeiro criador da doutrina da predestinação, cujo enunciado, pouco concludente ao nosso ver, está no capítulo IX da Epístola aos Romanos.


Segundo S. Paulo, cuja teoria foi adotada sucessivamente por Agostinho, pelos reformadores do século XVI e, mais tarde, por Jansen, Pascal, etc., o homem não pode obter a salvação por suas próprias obras, arrastando-o sua natureza, como invariavelmente o arrasta, ao mal.


Essa inclinação funesta é o resultado da queda do primeiro homem e da corrupção que dela deriva para toda a Humanidade, tendo-se tornado a herança de todos os filhos de Adão. É pela concepção que aos filhos se transmite o pecado dos pais. Esse dogma denomina-se traducianismo e as igrejas cristãs parece não perceberem que, com essa afirmação monstruosa, se fazem aliadas do materialismo, que proclama a mesma teoria sob o nome de lei da hereditariedade.


Todos os homens, perdidos pelo pecado de Adão, seriam votados à condenação eterna, se Deus, em sua misericórdia, não tivesse encontrado um meio de os salvar. Esse meio é a redenção.


O filho de Deus se faz homem. Em sua vida terrestre, cumpriu a vontade do Pai e satisfez sua justiça, oferecendo-se em holocausto para salvação de todos os que se ligam à sua igreja.


Desse dogma resulta que os fiéis não são salvos por um exercício da sua livre vontade, nem por seus próprios merecimentos, porque não há livre-arbítrio em face da soberania de Deus, mas por efeito de uma graça que Deus concede a seus eleitos.


Levando esse argumento a todas as suas consequências lógicas, poder-se-ia dizer: É Deus quem atrai os escolhidos e quem endurece os pecadores. Tudo se faz pela predestinação divina.


Adão, por conseguinte, não pecou por seu livre-arbítrio. Foi Deus, absoluto soberano, que o predestinou à queda.


Esse dogma conduz a tão deploráveis resultados, que o próprio Calvino, que o afirmou com todas as suas consequências, o denomina, falando dos homens predestinados à condenação eterna, um "horrível decreto" (decretum horribile). "Mas Deus falou, acrescenta, e a razão deve submeter-se".


Deus falou! Onde e por quem falou ele? Em obscuros textos, obra de uma imaginação perturbada.


E para impor tais opiniões, para as incutir nos espíritos, Calvino não recuou nem ante o emprego da violência! A fogueira de Servet no-lo atesta.


Lógica terrível que, procedendo de verdades mal compreendidas, como dissemos mais acima, confunde-se em seus próprios sofismas e recorre ao ferro e ao fogo, com o fim de se impor e resolver questões inextricáveis, com o fim de elucidar um imbróglio criado pelas paixões e pela ignorância. "Como - redarguia Pelágio a Agostinho - nos perdoa Deus nossos pecados e imputar-nos-ia os de outrem?"

* "Só há um Deus - diz S. Paulo (Nota lxix: I Epístola a Timóteo, II, 5.) e um só mediador (Nota lxx: Essa expressão "mediador" é, além disso, aplicada três vezes a Jesus pelo autor da "Epístola aos Hebreus".) entre Deus e os homens, que é Jesus Cristo, homem. " Mediador, isto é, intermediário, médium incomparável, traço de união que liga a Humanidade a Deus, eis o que é Jesus! Mediador e não redentor, porque a ideia de redenção não suporta exame. E contrária à justiça divina; é contrária à ordem majestosa do Universo. Entre os mundos que rolam no espaço, a Terra não é o único lugar de dor. Outras estâncias há de sofrimento, em que as almas, cativas na matéria, aprendem, como aqui, a dominar seus vícios e adquirir qualidades que lhes permitirão o acesso a mundos mais felizes.


Se o sacrifício de Jesus fosse necessário para salvar a Humanidade terrestre, Deus deveria o mesmo socorro a outras Humanidades desgraçadas. Sendo, porém, ilimitado o número dos mundos inferiores em que dominam as paixões materiais, o filho de Deus seria, por isso mesmo, condenado a sofrimentos e sacrifícios infinitos. É inadmissível semelhante hipótese.


Com o seu sacrifício, dizem outros teólogos, Jesus "venceu o pecado e a morte, porque a morte é o salário do pecado e uma tremenda desordem na Criação". (Nota lxxi: De Pressensé, Jesus Cristo, seu tempo, sua vida, sua obra, pág. 654. Encontra-se essa opinião em muitos autores católicos.) Entretanto, morre-se depois da vinda de Jesus, como antes dele se morria. A morte, considerada por certos cristãos como consequência do pecado e punição do ser, é, todavia, uma lei natural e uma transformação necessária ao progresso e elevação da alma. Não pode ser elemento de desordem no Universo. Julgá-la por esse modo não é insurgir-se contra a divina sabedoria?


É assim que, partindo de um ponto de vista errôneo, os homens da Igreja chegam às mais estranhas concepções. Quando afirmam que, por sua morte, Jesus se ofereceu a Deus em holocausto, para o resgate da Humanidade, não equivale isso a dizer, na opinião dos que creem na divindade do Cristo, que se ofereceu a si mesmo? E do que terá ele resgatado os homens? Não é das penas do inferno, pois que todos os dias nos repetem que os indivíduos que morrem em estado de pecado mortal são condenados às penas eternas.


A palavra pecado não exprime, em si mesma, senão uma ideia confusa. A violação da lei acarreta a cada ser um amesquinhamento moral, uma reação da consciência, que é uma causa de sofrimento íntimo e uma diminuição das percepções animais. Assim, o ser pune-se a si mesmo. Deus não intervém, porque Deus é infinito; nenhum ser seria capaz de lhe produzir o menor mal.


Se o sacrifício de Jesus resgatou os homens do pecado, porque, então, inda os batizam? Essa redenção, em todo caso, não se pode estender senão unicamente aos cristãos, aos que têm conhecido e aceitado a doutrina do Nazareno. Teria ela, pois, excluído da sua esfera de ação a maior parte da Humanidade? Existem ainda hoje na Terra milhares, milhões de homens que vivem fora das igrejas cristãs, na ignorância das suas leis, privados desse ensino, sem cuja observância, dizem, "não há salvação". Que pensar de opiniões tão opostas aos verdadeiros princípios de amor e justiça que regem os mundos?


Não, a missão do Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da Humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. Nada de exterior a nós poderia fazê-lo. É o que os Espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo. Das esferas de luz, onde tudo é serenidade e paz, desceu o Cristo às nossas obscuras e tormentosas regiões, para mostrar-nos o caminho que conduz a Deus: tal o seu sacrifício. A efusão de amor em que envolve os homens, sua identificação com eles, nas alegrias como nos sofrimentos, constituem a redenção que nos oferece e que somos livres de aceitar. Outros, antes dele, haviam induzido os povos ao caminho do bem e da verdade.


Nenhum o fizera com a singular doçura, com a ternura penetrante que caracteriza o ensino de Jesus. Nenhum soube, como ele, ensinar a amar as virtudes modestas e escondidas. Nisso reside o poder, a grandeza moral do Evangelho, o elemento vital do Cristianismo, que sucumbe ao peso dos estranhos dogmas de que o cumularam.


* * *

O dogma das penas eternas deve prender-nos a atenção. Arma temível nas mãos do padre, nas épocas de fé, ameaça suspensa sobre a cabeça do homem, ele foi para a Igreja um instrumento incomparável de domínio.


Donde procede essa concepção de Satanás e do inferno?


Unicamente das noções falsas que o passado nos legou a respeito de Deus. Toda a Humanidade primitiva acreditou nos deuses do mal, nas potências das trevas, e essa crença traduziu-se em lendas de terror, em imagens pavorosas, que se transmitiram de geração a geração, e inspirando grande número de mitos religiosos. As forças misteriosas da Natureza, em suas manifestações, lançavam o terror no espírito dos homens primitivos.


Em torno de si, na sombra, em toda a parte, julgavam ver formas ameaçadoras, prontas a agarrá-los, a se apoderar deles.


Essas potências malignas foram personificadas, individualizadas pelo homem. Desse modo, criou ele os deuses do mal. E essas remotas tradições, legado das raças desaparecidas, perpetuadas de idade em idade, encontram-se ainda nas atuais religiões.


Daí Satanás, o eterno revoltado, o inimigo eterno do bem, mais poderoso que o próprio Deus, pois que reina como senhor no mundo, e as almas criadas para a felicidade caem, na maior parte, debaixo do seu jugo; - Satanás, a astúcia, a perfídia personificadas; depois, o inferno e suas torturas requintadas, cuja descrição faz desvairarem as imaginações simples.


Assim é que, em todos os domínios do pensamento, o homem terrestre substituiu as claras luzes da razão, que Deus lhe deu como seguro guia, pelas quimeras da sua imaginação desnorteada.


É verdade que nossa época, motejadora e céptica, já não acredita absolutamente no diabo; mas os padres não continuam menos, por esse motivo, a ensinar a sua existência e a do inferno. De tempos a tempos, pode-se ouvir, do alto do púlpito, a descrição dos castigos reservados aos condenados, ou das façanhas de Satanás. E não se trata já de modestas cátedras de aldeia: era sob as abóbadas de Nossa Senhora de Paris, que o padre Janvier, na quaresma de 1907, pronunciava estas palavras: "Imagina muita gente que o demônio não é mais que um símbolo, uma figura literária que não corresponde a coisa alguma na Criação, uma ficção poética, uma palavra que serve para designar o mal e as paixões: é um erro. O demônio, na doutrina católica é um ser perfeitamente real, uma personalidade distinta do resto da Natureza, tendo vida, ação e domínio próprios. O que, porém, é infinitamente mais temível é a ação ordinária, contínua, exercida por Satanás na Criação, a intervenção real e oculta que tem no curso dos sucessos e das estações, na germinação das plantas, no desencadear dos ventos e das tempestades". (Nota lxxii: P Janvier, Explicação da moral católica. O vício e o pecado. - ver também La libre Parole, 3 de novembro de 1907.) Assim se atasca a Igreja nas doutrinas do passado. Continua a proscrever a ciência e o conhecimento, a introduzir em todas as coisas o demônio, até mesmo no domínio da moderna Psicologia.


Ameaça com as chamas eternas todo indivíduo que procura emancipar-se de um Credo que a sua razão e consciência repudiam.


Em suas mãos, o Evangelho do amor se converteu num instrumento de terror.


Justo é, sem dúvida, que a Igreja recomende prudência aos seus fiéis; errada, porém, em lhes proibir as práticas espíritas, a pretexto de que emanam do demônio. É, porventura, demônio o Espírito que se confessa arrependido e pede preces? Demônio o que nos exorta à caridade e ao perdão? Na maioria dos casos, em lugar de ser essa personagem astuciosa e maligna descrita pela Igreja, Satanás seria completamente destituído de bom senso, não percebendo que trabalha contra si.


Se há maus espíritos, aos quais se poderia com razão aplicar esse qualificativo, é preciso também não esquecer que esses demônios são perfectíveis. São, por exemplo, os criminosos que a pena de morte faz passar para a outra vida, com a blasfêmia nos lábios e o ódio no coração. Esses não cessam de dirigir contra os homens sua maléfica influência, que, com mais forte razão, se há de fazer sentir quando se apresentem nas sessões espíritas em que não haja, para os afastar, um conjunto de vontades suficientemente enérgicas.


Mas não basta refletir um momento na obra divina, para repelir toda crença no demônio? Como admitir que o supremo foco do Bem e do Belo, a inesgotável fonte de misericórdia e bondade, tenha podido criar esse ser hediondo e malfazejo? Como acreditar que Deus lhe tenha podido conceder, com a consciência do mal, todo o poder sobre o mundo, e lhe tenha abandonado, como presa fácil, toda a família humana? Não, Deus não podia criar a imensa maioria de seus filhos para os perder, para fazer a sua desgraça eterna; Deus não outorgou o poder a quem mais dele abusaria, ao mais iníquo, ao mais perverso. Isso é inadmissível, indigno de uma alma que crê na justiça e na bondade do Criador. Admitir Satanás e o inferno eterno é insultar a Divindade. De duas uma: ou Deus possui a presciência e soube, de antemão, quais os resultados da sua obra, e, neste caso, executando-a, fez-se o carrasco de suas criaturas; ou não previu esse resultado, não possui a presciência, é falível como a sua própria obra, e então, proclamando a infalibilidade do papa, a Igreja o colocou superior a Deus. É com semelhantes concepções que se induzem os povos ao cepticismo, ao materialismo. A Igreja Romana com um tal princípio incorre nas mais graves responsabilidades.


Quanto aos castigos reservados aos culpados, como sanção penal e para assegurar a execução da lei de justiça, não há necessidade de os criar imaginários.


Se repararmos em torno de nós, veremos que por toda parte, na Terra, a dor nos espreita. Não é necessário sair deste mundo para encontrar sofrimentos proporcionais a todas as faltas, condições expiatórias para todos os culpados. Porque buscar o inferno em regiões quiméricas? O inferno está em torno de nós. Qual o verdadeiro sentido da palavra inferno? Lugar inferior! Ora, a Terra é um dos mundos inferiores do Universo. O destino do homem aqui é muitas vezes cruel, muito grande a soma dos seus males, para que se devam tornar sombrias, por concepções fantásticas, as perspectivas do futuro. Semelhantes ideias são um ultraje lançado a Deus. Não pode haver eternos sofrimentos, mas unicamente sofrimentos temporários, apropriados às necessidades da lei de evolução e de progresso. O princípio das reencarnações sucessivas é mais equitativo que a noção do inferno eterno; torna efetiva a justiça e a harmonia do Universo. É no decurso de novas e penosas existências terrestres que o culpado resgata o seu passado de crimes. A teia do destino é tecida individualmente por nós, na trama das ações boas e más, que todas em nós se refletem através dos tempos, com suas consequências felizes ou funestas. É assim que cada qual prepara o seu céu ou o seu inferno.


A alma, no período inferior de sua evolução, encerrada no círculo das vidas terrestres, hesitante, incerta, oscilante entre diversas atrações, ignorante dos grandiosos destinos que a esperam e do fim da Criação, erra, fraqueja, abandona-se às paixões, às correntes materiais que a arrebatam. Mas, pouco a pouco, pelo desenvolvimento de suas forças psíquicas, de seus conhecimentos, de sua vontade, a alma se eleva, liberta-se das influências inferiores e paira nas regiões divinas.


Tempo virá em que o mal já não será a condição desta existência; em que os seres, purificados pelo sofrimento, depois de haverem recebido a longa educação dos séculos, deixarão a senda obscura para se encaminharem à luz eterna. As Humanidades, vinculadas pelos elos de uma íntima solidariedade e de uma afeição profunda, caminharão de progresso em progresso, de perfeição em perfeição, para o grande foco, para o alvo supremo que é Deus, assim realizando essa obra do Pai, que não quer a perdição, mas a felicidade e a elevação de todos os filhos.


* * *

O argumento principal dos defensores da teoria do inferno é que a ofensa feita pelo homem, ser finito, a Deus, ser infinito, é, por consequência, infinita e merece pena eterna. Ora, qualquer matemático dirá que a relação de uma quantidade finita ao infinito é nula. Poder-se-ia inverter o argumento e dizer que o homem, finito e ignorante, não seria capaz de ofender o infinito, e que a sua ofensa é nula em relação a este. Ele não pode fazer mal senão a si mesmo, retardando a sua elevação e atraindo os sofrimentos que toda ação culposa engendra.


Estarão os chefes da Igreja realmente convencidos da existência do inferno eterno, não verão nele, de preferência, um ilusório espantalho, necessário, porém, à conduta da Humanidade?


É o que se poderia crer, comentando as seguintes palavras de S.


Jerônimo, o tradutor da Vulgata:
... Tais são os motivos em que se apoiam os que querem fazer compreender, que, depois dos suplícios e tormentos, haverá Consolação, o que presentemente se deve ocultar àqueles a quem é útil o temor, a fim de que, receando os suplícios, se abstenham de pecar. (Quae nunc abscondenda sunt ab his quibus timor est utilis, ut, dum suplicia reformidant, peceare desistant). (Nota lxxiii: S. Jerônimo, Obras, edição beneditina de 1704, t. III, col. 514; S. Jerônimo cita os seguintes textos: Romanos, XI, 25, 26, 32; Miquéias, VII, 9, 19, etc.)

É verdade que S. Jerônimo não hesitou em fazer figurar, no texto do Evangelho segundo Mateus, estas expressões: "o fogo eterno, o suplício eterno". Mas as palavras hebraicas que assim foram traduzidas não parece, de modo algum, terem o sentido que os latinos lhes atribuíram. (Nota lxxiv: A palavra eterno, que tão freqüentes vezes se encontra nas Escrituras, parece não dever ser tomada ao pé da letra, mas como uma dessas expressões enfáticas, hiperbólicas, familiares aos orientais. É um erro esquecer que tudo são símbolos e imagens em seus escritos. Quantas promessas, pretensamente eternas, feitas ao povo hebreu ou a seus chefes, não tiveram realização! Onde está essa terra que os israelitas deviam possuir eternamente - in aeternum - (Pentateuco, passim). Onde essas pedras do Jordão, que Deus anunciava deverem ser, para o seu povo, um monumento eterno (Josué, VI, 7)? Onde essa descendência de Salomão, que devia reinar eternamente em Israel (I Paralipom., XXII, 10), e tantas outras, idênticas promessas? Em todos esses casos, a palavra eterno parece simplesmente significar: longa duração. O termo hebraico ôlam, traduzido por eterno, tem como raiz o verbo âlam, ocultar. Exprime um período cujo fim se desconhece. O mesmo acontece à palavra grega aion e à latina aeternitas. Tem esta como raiz aetas, idade, Eternidade, no sentido em que o entendemos hoje, dir-se-ia em grego aidios e em latim sempiternus, de semper, sempre. (Ver abade J. Petit, Résurrection, de abril 1903). As penas eternas significam então: sem duração limitada. Para quem não lhes vê o termo, são eternas. As mesmas formas de linguagem eram empregadas pelos poetas latinos Horácio, Virgílio, Estácio e outros. Todos os monumentos imperiais de que falam devem ser, diziam eles, de eterna duração.) Não pode ser esse o pensamento daquele que disse: "Deus não quer que pereça um só desses pequeninos. " Estas palavras são confirmadas pelos apóstolos: "Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem a ter o conhecimento da verdade. " (S. Paulo, I Timóteo, II, 4) "Deus é o salvador de todos os homens. " (S. Paulo, I Timóteo, IV, 10.) "Deus não quer que homem algum pereça, mas que todos se convertam à penitência. " (S. Pedro, II Epístola, III, 9) Muitos, entre os padres da Igreja, opinam no mesmo sentido.


Primeiro é o mestre de Orígenes, S. Clemente de Alexandria, que diz: "O Cristo Salvador opera finalmente a salvação de todos, e não apenas a de alguns privilegiados. O soberano Mestre tudo dispôs, quer em seu conjunto, quer em seus pormenores, para que fosse atingido esse fim definitivo. " Em seguida, é S. Gregório de Nissa que do modo mais formal se pronuncia contra a eternidade das penas. A seu ver: "Há necessidade de que a alma imortal seja purificada das suas máculas e curada de todas as suas enfermidades. As provações terrestres têm por objetivo operar essa cura, que depois da morte se completa, quando não pôde ser concluída nesta vida. Quando Deus faz sofrer o pecador, não é por espírito de ódio ou de vingança; quer reconduzir a alma a ele, que é a fonte de toda felicidade. O fogo da purificação dura mais que um tempo conveniente e o único fim de Deus é fazer definitivamente participar todos os homens dos bens que constituem a sua essência. " (Nota lxxv: Extraído do Exame critico das doutrinas da religião cristã, de Patrício Laroque. As palavras são citadas em grego.) Em nossos dias é monsenhor Méric, diretor do Seminário de S.


Suplício, que longamente expõe em suas obras a teoria da mitigação dos sofrimentos. E a Igreja, sentindo talvez que a ideia de um inferno eterno fez sua época, não se opôs à divulgação dessa tese.


Radica nas mesmas preocupações a noção do purgatório, termo médio adotado pela Igreja, que recuou ante a enormidade das penas eternas aplicadas a ligeiras faltas. A questão do purgatório é da mais alta importância, podendo constituir um vínculo, um traço de união entre as doutrinas católicas e as do moderno Espiritualismo.


No pensamento da Igreja Romana o purgatório é um lugar não definido, indeterminado. Nada impede o católico de conceber os sofrimentos purificadores da alma sob a forma de vidas planetárias ulteriores, ao passo que o protestante ortodoxo, para adotar a noção das vidas sucessivas, é obrigado a abrir mão de suas convicções, em que o purgatório não é admitido.


Na maioria dos casos, o purgatório é a vida terrestre com as provações que a acidentam. Os primeiros cristãos não o ignoravam.


A Igreja da Idade Média repeliu essa explicação, que teria acarretado a afirmação da pluralidade das existências da alma e a ruína da instituição das indulgências - fonte de grandes proventos para os pontífices romanos. Sabe-se quantos abusos daí se originaram.


Realmente, Satanás não passa de alegoria. Satanás é o símbolo do mal. O mal, porém, não é um princípio eterno, coexistente com o bem. Há de passar. O mal é o estado transitório dos seres em via de evolução.


Não há nem lacuna nem imperfeição no Universo. A obra divina é harmônica e perfeita. Dessa obra o homem não vê senão um fragmento e, todavia, pretende julgá-la através de suas acanhadas percepções. O homem, na vida presente, não é mais que um ponto no tempo e no espaço. Para julgar a Criação, ser-lhe-ia preciso abrangê-la inteiramente, medir a escala dos mundos que é chamado a percorrer e a sucessão das existências que o aguardam no seio dos séculos por vir. Esse vasto conjunto escapa às suas concepções; daí os seus erros; daí a deficiência de suas apreciações.


Quase sempre o que chamamos o mal é apenas o sofrimento; mas este é necessário, porque só ele conduz à compreensão. Por ele aprende o homem a diferençar, a analisar suas sensações.


A alma é uma centelha projetada do eterno foco criador. É pelo sofrimento que ela atinge a plenitude do seu brilho, a plena consciência de si mesma. A dor é como a sombra que faz sobressair e apreciar a luz. Sem a noite, acaso contemplaríamos as estrelas? A dor quebra as algemas das fatalidades materiais e franqueia à alma evasões para a vida superior.


Do ponto de vista físico, o mal, o sofrimento, são muitas vezes coisas relativas e de pura convenção. As sensações variam ao infinito, conforme as pessoas; agradáveis para uns, dolorosas para outros. Há mundos muito diferentes do meio terrestre, nos quais tudo seria penoso para nós, ao passo que outros homens podem neles viver comodamente.


Se fizermos abstração do acanhado meio em que vivemos, o mal já nos não aparecerá como causa fixa, princípio imutável, mas como efeitos passageiros variando com os indivíduos, transformando-se e atenuando-se com o seu aperfeiçoamento.


O homem, ignorante no começo de sua jornada, tem que desenvolver a inteligência e a vontade por meio de constantes esforços. Na luta que empenha contra a Natureza, a energia se lhe retempera, o ser moral se afirma e engrandece. Graças a essa luta é que se realiza o progresso e se efetua a ascensão da Humanidade, subindo, de estância em estância, de degrau em degrau, para o bem e o melhor, conquistando ela própria a sua preponderância sobre o mundo material.


Criado feliz e perfeito, o homem teria ficado confundido na perfeição divina; não teria podido individualizar o princípio espiritual nele existente. Não teria havido no Universo nem trabalho, nem esforços, nem progresso; nada, a não ser a imobilidade, a inércia. A evolução dos seres seria substituída por triste e monótona perfeição. Seria o paraíso católico.


Sob o látego da necessidade, sob o aguilhão da dor, o homem caminha, avança, eleva-se e, de existência em existência, de progresso em progresso, chega a imprimir ao mundo o cunho do seu domínio e inteligência.


O mesmo acontece com o mal moral. Como o mal físico, este não é mais que um aspecto passageiro, uma forma transitória da vida universal. O homem pratica o mal por ignorância, por fraqueza, e os seus atos reagem contra ele. O mal é a luta que se trava entre as potências inferiores da matéria e as potências superiores que constituem o ser pensante, o seu verdadeiro "eu".


Do mal, porém, e do sofrimento nascerão, um dia, a felicidade e a virtude. Quando a alma tiver suplantado as influências materiais, será como se para ela o mal nunca houvesse existido.


Não é, pois, o inferno que luta contra Deus; não é Satanás que arma as ciladas pelo mundo, não; é a alma humana que procura, na sombra, o seu roteiro; ela que envida esforços por afirmar sua personalidade progressiva e, depois de muitos desfalecimentos, quedas e reerguimentos, domina os vícios, conquista a força moral e a verdadeira luz. É assim que, lentamente, de idade em idade, através do fluxo e refluxo das paixões, o progresso se acentua, o bem se realiza.


O império do mal são os mundos inferiores, tenebrosos; é a multidão das almas retardatárias que se agitam nas veredas do erro e do crime, torvelinhando no círculo das existências materiais, e que, ao atrito das provações, sob o látego da dor, emergem lentamente desse pelago de sombra, de egoísmo e de miséria, para se iluminarem aos raios da caridade e da ciência. Satanás é a ignorância, a matéria e suas grosseiras influências; Deus é o conhecimento, a sublime claridade, da qual um raio ilumina toda consciência humana.


A marcha da Humanidade se efetuará em demanda dos elevados cimos. O espírito moderno se libertará, cada vez mais, dos preconceitos do passado. A vida perderá o aspecto cruel dos séculos ferrenhos, para tornar-se o campo fecundo e pacífico, no qual o homem trabalhará no desenvolvimento de suas faculdades e qualidades morais.


Lá não chegamos certamente, ainda; o mal na Terra não está extinto; a luta não terminou. Os vícios e as paixões fermentam no fundo da alma humana. Há que temer ainda conflitos terríveis e tempestades sociais. Por toda parte, surdos ruídos, veementes reivindicações se fazem ouvir.


A luta é necessária nos mundos da matéria, para arrancar o homem ao seu torpor, aos seus grosseiros apetites, para preparar o advento de uma nova sociedade. Como a centelha brota do atrito das pedras de fuzil, assim, ao choque das paixões pode surgir um ideal novo, uma forma superior da justiça, pela qual a Humanidade modelará as suas instituições.


O homem moderno já sente aumentar em si a consciência do seu papel e do seu valor. Em breve ele se sentirá vinculado ao Universo, participando da sua vida imensa; reconhecer-se-á para sempre cidadão do céu. Por sua inteligência, por sua alma, o homem saberá intervir, colaborar na obra universal; tornar-se-á criador por sua vez; far-se-á operário de Deus.


A nova revelação ter-lhe-á ensinado a conhecer-se, a conhecer a natureza da alma, o seu mister e os seus destinos. Ela lhe atestará o duplo poder que possui sobre o mundo da matéria e o do espírito.


Todas as incoerências, todas as aparentes contradições da obra divina ser-lhe-ão esclarecidas. O que denominava mal físico e mal moral, tudo o que se lhe figurava negação do bem, do belo, do justo, se unificará nos contornos de uma obra majestosa e sólida, na harmonia de sábias e profundas leis.


* * *

O homem verá desvanecer-se o sonho aterrador, o pesadelo da condenação; elevará a alma até ao espaço em que se expande o divino pensamento, até ao espaço de onde desce o perdão de todas as faltas, o resgate de todos os crimes, a consolação para todas as dores, até ao espaço radiante em que a misericórdia eterna assenta o seu império.


As potências do inferno se dissiparão para sempre; o reino de Satanás terá findado; a alma, liberta dos seus terrores, rir-se-á dos fantasmas que tanto tempo a amedrontaram.


Deveremos falar da ressurreição da carne, dogma segundo o qual os átomos do nosso corpo carnal, disseminados, dispersos por mil novos corpos, devem reunir-se um dia, reconstituir nosso invólucro e figurar no juízo final?


As leis da evolução material, a circulação incessante da vida, o jogo das moléculas que, em inúmeras correntes, passam de forma em forma, de organismo em organismo, tornam inadmissível essa teoria.


O corpo humano constantemente se modifica; os elementos que o compõem renovam-se completamente em alguns anos. Nenhum dos átomos atuais da nossa carne se tornará a achar na ocasião da morte, por pouco que se prolongue nossa vida, e os que então constituírem o nosso invólucro, serão dispersos aos quatro ventos do infinito.


A maior parte dos padres da Igreja o entendiam de outro modo.


Conheciam eles a existência do perispírito, desse corpo fluídico, sutil, imponderável, que é o invólucro permanente da alma, antes, durante e depois da vida terrestre; denominavam-no corpo espiritual. São Paulo, Orígenes e os sacerdotes de Alexandria afirmavam a sua existência. Na sua opinião, os corpos dos anjos e dos escolhidos, formados com esse elemento sutil, eram "incorruptíveis, delgados, tênues e soberanamente ágeis". (lxxvi) Por isso não atribuíam eles a ressurreição senão a esse corpo espiritual, o qual resume, em sua substância quintessenciada, todos os invólucros grosseiros, todos os revestimentos perecíveis que a alma tomou, depois abandonou, em suas peregrinações através dos mundos.


O perispírito, penetrando com a sua energia todas as matérias passageiras da vida terrestre, é de fato o corpo essencial.


A questão achava-se, por esse modo, simplificada. Essa crença dos primeiros padres no corpo espiritual lançava, além disso, luz vivíssima sobre o problema das manifestações ocultas.


Tertuliano diz (De carne Christi, cap. VI): "Os anjos têm um corpo que lhes é próprio e que se pode transfigurar em carne humana; eles podem, por certo tempo, tornarse perceptíveis aos homens e com eles comunicar visivelmente. " Torne-se extensivo aos espíritos dos mortos o poder que Tertuliano atribui aos anjos e aí teremos explicado o fenômeno das materializações e das aparições!


Por outro lado, se consultarmos com atenção as Escrituras, notaremos que o sentido grosseiro atribuído à ressurreição, em nossos dias, pela Igreja, não se justifica absolutamente. Aí não encontraremos a expressão: ressurreição da carne, mas antes: ressuscitar dentre os mortos (a mortuis resurgere) e, num sentido mais geral: a ressurreição dos mortos (resurrectio mortuorum). É grande a diferença.


Segundo os textos, a ressurreição tomada no sentido espiritual é o renascimento na vida de além-túmulo, a espiritualização da forma humana para os que dela são dignos, e não a operação química que reconstituísse elementos materiais; é a purificação da alma e do seu perispírito, esboço fluídico que conforma o corpo material para o tempo de vida terrestre.


É o que o apóstolo se esforçava por fazer compreender: (Nota lxxvii: I Epístola aos Coríntios XV, 42-50 (traduzido do texto grego); ver também XV, 52-56; Epístola aos Filipenses, III, 21; S. João, V, 28 e 29; S. Inácio, Epístola aos Trallianos, Ix.) "Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção; semeia-se em vileza, ressuscitará em glória; semeia-se em fraqueza, ressuscitará em vigor. E semeado o corpo animal, ressuscitará o corpo espiritual. Eu vo-lo digo, meus irmãos, a carne e o sangue não podem possuir o reino de Deus, nem a corrupção possuirá a incorruptibilidade. " Muitos teólogos adotam essa interpretação, dando aos corpos ressuscitados propriedades desconhecidas da matéria carnal, fazendo-os luminosos, ágeis como Espíritos, sutis como o éter e impassíveis. (Nota lxxviii: Abade Petit, A renovação religiosa, págs. 4 e 53. Ver também nota complementar nº 9.) Tal o verdadeiro sentido da ressurreição dos mortos, como os primeiros cristãos a entendiam. Se vemos, em uma época posterior, aparecer em certos documentos, e em particular no símbolo apócrifo dos apóstolos, a expressão "ressurreição da carne", é isso sempre no sentido da reencarnação (Nota lxxix: Abade Petit, obra citada, pág. 53.)

– isto é, de volta à vida material - ato pelo qual a alma reveste uma nova carne para percorrer o campo de suas existências terrestres.


* * *

O Cristianismo, sob o tríplice aspecto que revestiu em nossos dias - catolicismo romano, protestantismo ortodoxo, ou religião grega –, não se constituiu integralmente em um só momento, como acreditam muitos, mas lentamente, através dos séculos, no meio de hesitações, de lutas encarniçadas e de profundas comoções políticosociais. Cada dogma que se edificava sobre outro vinha afirmar o que os anteriores tempos haviam repelido. O próprio século XIX viu promulgados dois dogmas dos mais contestados e controvertidos: Os da imaculada conceição e da infalibilidade papal, dos quais disse um padre católico de grande merecimento: "inspiram muito pouca veneração, quando se viu como são feitos". (Nota lxxx: Padre Marchal, O Espírito Consolador. pág. 24.) Entretanto, essa obra dos séculos, de que a tradição eclesiástica fez uma doutrina ininteligível, teria podido tornar-se o implemento de uma religião racional, de conformidade com os dados da Ciência e as exigências do senso comum, se, em lugar de tomar cada dogma ao pé da letra, tivessem querido ver uma imagem, um símbolo transparente.


Despojando o dogma cristão do seu caráter sobrenatural, poderse-ia quase sempre encontrar nele uma ideia filosófica, um ensinamento substancial.


A Trindade, por exemplo, definida pela Igreja "um só Deus em três pessoas", não seria, daquele ponto de vista, senão um conceito do espírito representando a Divindade sob três aspectos essenciais: a Lei viva e imutável é o Pai; a Razão ou sabedoria eterna é o Filho; o Amor, potência criadora e fecundante é o Espírito-Santo.


A encarnação do Cristo é a divina sabedoria descendo do céu à Humanidade, nela tomando corpo para constituir um tipo de perfeição moral, oferecido como exemplo aos homens, que ele iniciou na grande lei do sacrifício.


O pecado original, a culpa de que o homem tem a responsabilidade, é a de suas anteriores existências que lhe cumpre extinguir por seus méritos, resignação e intrepidez nas provações.


Assim se poderiam explicar de modo simples, claro, racional, todos os antigos dogmas do Cristianismo, os que procedem da doutrina secreta ensinada nos primeiros séculos, cuja chave se perdeu e cujo sentido ficou desconhecido.


Quanto aos dogmas modernos, neles não se pode ver mais que um produto da ambição sacerdotal. Não foram promulgados senão para tornar mais completa a escravização das almas.


Por profundo, porém, que seja o pensamento filosófico, oculto sob o símbolo, ele não bastaria, doravante, para uma restauração das crenças humanas. As leis superiores e os destinos da alma nos são revelados por vozes muito mais autorizadas que as dos antigos pensadores: são as dos seres que habitam o espaço e vivem dessa vida fluídica, que há de um dia ser a nossa.


Essa revelação há de servir de base às crenças do futuro, porque oferece brilhante demonstração dessa outra vida de que a alma tem sede, desse mundo espiritual a que ela aspira, e que até agora as religiões lhe apresentaram sob formas tão incompletas ou quiméricas.


* * *

A explicação racional dos dogmas pode ser estendida aos sacramentos, instituições respeitáveis, consideradas como figuras simbólicas, como meios de adestramento moral e disciplina religiosa, mas que se não poderiam tomar ao pé da letra, no sentido imposto pela Igreja.


O que dissemos do pecado original nos conduz a considerar o batismo como simples cerimônia iniciática, ou de consagração, porque a água é impotente para limpar de suas máculas a alma.


A confirmação, ou imposição das mãos é o ato de transmissão dos dons fluídicos, do poder do apóstolo a outra pessoa, que ele assim colocava em relação com o invisível. (lxxxi) Esse poder não se justifica senão por merecimentos adquiridos no decurso de anteriores existências.


A penitência e a remissão dos pecados deram origem à confissão, pública a princípio e feita a outros cristãos, ou diretamente a Deus; depois auricular, na Igreja Católica, e dirigida ao padre. Este, constituído árbitro exclusivo, julgou indispensável esse meio para se esclarecerem e discernirem os casos em que era merecida a absolvição. Pode, ele, porém, pronunciar-se jamais com segurança? A contrição do penitente, diz a Igreja, é necessária.


Mas, como assegurar seja suficiente e verdadeira essa contrição? A decisão do padre decorre da confissão das faltas; é sempre certo que essa confissão seja completa?


Se consultarmos todos os textos em que se funda a instituição da confissão (Nota lxxxii: Mateus, III, 6; Lucas, XVIII, 13; Tiago, Epístola, V, 16; João, I Epístola, I, 9; etc.) neles só encontramos uma coisa: é que o homem deve reconhecer as ofensas cometidas contra o próximo; é que ele deve confessar diante de Deus as suas faltas. Desses textos antes resulta esta consideração: a consciência individual é sagrada; só depende de Deus diretamente. Nada aí autoriza a pretensão do padre, de se erigir em julgador.


Que diz S. Paulo, falando da comunhão e dos que dela são dignos? "Examine-se, pois, a si mesmo o homem. " (I Epístola aos Coríntios, XI, 28) Ele guarda silêncio no que respeita à confissão, em nossos dias considerada indispensável em circunstância equivalente. S. João Crisóstomo, em um caso semelhante, diz: "Revelai a Deus vossa vida; confessai vossos pecados a Deus; confessai-os ao vosso juiz, suplicando-lhe, senão com a voz, ao menos mentalmente, e suplicai-lhe de tal sorte que ele vos perdoe. " (Homília. XXXI, sobre a Epístola aos Hebreus.) A confissão auricular nunca foi praticada nos primeiros tempos do Cristianismo; não foi instituída por Jesus, mas pelos homens.


Quanto à remissão dos pecados, deduzida destas palavras do Cristo: "O que for ligado na terra será ligado nos céus", parece que este modo de exprimir se aplica, de preferência, aos hábitos, aos apetites materiais contraídos pelo Espírito durante a vida terrestre, e que o prendem, fluidicamente à Terra depois da morte.


Vem depois a Eucaristia, ou presença real do corpo e do sangue de Jesus Cristo, a hóstia consagrada, o sacrifício da cruz todos os dias renovado sobre os milhares de altares da catolicidade, à voz do padre, e com absorção pelos fiéis, do corpo vivo e sangrento do Cristo, segundo a fórmula do catecismo do concílio de Trento: "Não é somente o corpo de Jesus Cristo que se contém na Eucaristia, com tudo o que constitui um verdadeiro corpo, como os ossos e os nervos; é inteiramente o próprio Jesus Cristo. " Donde provém esse mistério afirmado pela Igreja? De palavras de Jesus, tomadas ao pé da letra, e que tinham caráter puramente simbólico. Esse caráter, ao demais, é claramente indicado na frase por ele acrescentada: "Fazei isto, em memória de mim". (Nota lxxxiii: Lucas, XXII, 19; I Cor., XI, 23-25.) Com isso afasta o Cristo qualquer ideia de presença real. Não pretendeu, evidentemente, falar senão do seu corpo espiritual, personificando o homem regenerado pelo espírito de amor e caridade. A comunhão entre o ser humano e a natureza divina se opera pela união moral com Deus; ela se realiza por enérgicos surtos da alma para seu Pai, por aspirações constantes ao divino foco. Toda cerimônia material é vã, se não corresponde a um estado elevado do coração e do pensamento. Preenchidas essas condições, estabelece ao contrário, como ao começo acontecia, uma relação misteriosa entre o homem fervoroso e o mundo invisível.


Influências magnéticas baixam a esse homem e à assembleia da qual faz parte, e muitos experimentam seus benefícios.


O culto religioso é uma legítima homenagem prestada à Onipotência; é a elevação da alma para o seu Criador, a relação natural e essencial do homem com Deus. As práticas desses cultos são de utilidade; as aspirações que despertam, a poesia consoladora que daí deriva, são um sustentáculo para o homem, uma proteção contra as suas próprias paixões. Para falar, porém, ao espírito e ao coração do crente, deve o culto ser sóbrio em suas manifestações; deve renunciar a qualquer ostentação de riqueza material, sempre prejudicial ao recolhimento e à oração; não deve ceder o menor lugar às superstições pueris. Simples e grande em suas formas, deve dar a impressão da divina majestade.


Nas épocas remotas, o culto exterior quase sempre ultrapassou os limites que lhe assina uma fé pura e elevada. Induzido pelo fanatismo religioso resultante da sua inferioridade moral e da sua ignorância, o homem ofereceu à Divindade sanguinolentos sacrifícios; o padre encerrou o espírito das gerações em trama de terrificantes cerimônias.


Mudaram-se os tempos; a inteligência se desenvolveu; suavizaram-se os costumes; mas a opressão sacerdotal manifesta-se ainda em nossos dias, nesses ritos sob os quais a ideia de Deus se oculta e obscurece, nesse cerimonial cujo esplendor e luxo subjugam os sentidos e desviam o pensamento do elevado fim a que devera encaminhar-se. Não há, sob esse fausto, nessas brilhantes pompas do Catolicismo, um espírito de domínio que tudo procura invadir, enlaçar, e que, sob essas diferentes formas, com tais práticas exteriores se afasta, cada vez mais, do verdadeiro ideal cristão?


É necessário, é urgente que o culto rendido a Deus volte a ser simples e austero em seu princípio, como em suas manifestações.


Quantos progressos se realizariam se o culto, praticado na família, permitisse a todos os seus membros, reunidos e em recolhimento, elevar, num mesmo impulso de fé, pensamentos e corações para o Eterno; se, em determinadas épocas, todos os crentes se reunissem para ouvir, de uma voz autorizada, a palavra da verdade! Então, a doutrina de Jesus, melhor compreendida, seria amada e praticada; o culto, restituído ao seu caráter simples e sincero, exerceria ação eficacíssima nas almas.


A despeito de tudo, o culto romano se obstina em conservar formas adotadas das antigas religiões orientais, formas que nada mais dizem ao coração e são para os fiéis um hábito rotineiro, sem influencia em sua vida moral. Persiste em dirigir-se a Deus, há dois mil anos, em língua que não mais se compreende, com palavras que os lábios murmuram, mas cujo sentido já se não percebe.


Todas essas manifestações tendem a desviar o homem do estudo aprofundado e da reflexão que nele desenvolvessem a vida contemplativa. As longas orações, o cerimonial pomposo, absorvem os sentidos, mantêm a ilusão e habituam o pensamento a funcionar mecanicamente, sem o concurso da razão.


Todas as formas do culto romano são uma herança do passado.


Suas cerimônias, seus vasos de ouro e prata, os cânticos, a água lustral, são legados do Paganismo. Do Bramanismo tomaram o altar, o fogo sagrado que nele arde, o pão e o licor de soma consagrados à Divindade. Do Budismo copiaram o celibato dos padres e a hierarquia sacerdotal.


Uma lenta substituição se produziu, na qual se encontram os vestígios das crenças desaparecidas. Os deuses pagãos tornaram-se demônios. As divindades dos fenícios e dos assírios: Baal-Zebud (Belzebu), Astarot, Lúcifer, foram transformados em potências infernais. Os demônios do Platonismo, que eram Espíritos familiares, tornaram-se diabos. Dos heróis, das personagens veneradas na Gália, na Grécia, na Itália, fizeram santos. Conservaram as festas religiosas dos antigos povos, dandolhes apenas formas diferentes, como a dos Mortos. Por toda parte enxertaram no antigo culto um culto novo, que era a sua reprodução sob outros nomes. Os próprios dogmas cristãos se encontram na Índia e na Pérsia.


O Zendavestá (Nota lxxxiv: Emílio Burnouf, A ciência das religiões, pág. 222.) como a doutrina cristã, contém as teorias da queda e da redenção, a dos anjos bons e maus, a desobediência inicial do homem e a necessidade da salvação mediante a graça.


Sob esse amontoado de formas materiais e concepções envelhecidas, no meio desse incômodo legado de religiões extintas, que constitui o Cristianismo moderno, tem-se dificuldade em reconhecer o pensamento do seu fundador. Os autores do Evangelho não previram, decerto, nem os dogmas, nem o culto, nem o sacerdócio. Nada de semelhante se encontra no pensamento evangélico. Ninguém foi menos imbuído do espírito sacerdotal do que Jesus; ninguém foi menos afeiçoado às formas, às práticas exteriores. Tudo nele é sentimento, elevação do pensamento, pureza do coração, simplicidade.


Nesse ponto, seus sucessores desvirtuaram completamente as suas intenções. Induzidos pelos instintos materiais que na Humanidade predominam, sobrecarregaram a religião cristã de um pomposo aparato, sob o qual foi sufocada a ideia máter. "Mas vós não queirais ser chamados mestres", (Nota lxxxv: Mateus XXIII, 8.) dissera Jesus, e os papas se fazem chamar Santidade e consentem em ser incensados. Esqueceram o exemplo do apóstolo Pedro, quando ao centurião Cornélio, prosternado a seus pés, advertia: "Levanta-te, que eu também sou homem!". (Nota lxxxvi: Atos, X, 26.) Já não consideram que, à semelhança do Mestre, deveriam ter permanecido mansos e humildes de coração; o orgulho os avassalou. Na Igreja se constituiu uma imponente hierarquia, fundada não já nos dons espirituais, como nos primeiros tempos, mas numa autoridade puramente humana. A influência do Alto, única que dirigia a primitiva Igreja, foi sendo pouco a pouco substituída pelo princípio de obediência passiva às regras fixadas. Cedo ou tarde, porém, o pensamento do Mestre, restituído à sua pureza primitiva, fulgirá com um brilho novo. As formas religiosas passarão; as instituições humanas se hão de desmoronar; a palavra do Cristo viverá eternamente para fortalecer as almas e regenerar as sociedades.



Referências em Outras Obras

Não foram encontradas referências em Outras Obras.

Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Miquéias Capítulo 7 do versículo 1 até o 20
C. MIQUÉIAS LAMENTA A CORRUPÇÃO DA NAÇÃO, 7:1-6

Miquéias, depois de entregar fielmente a mensagem de Deus, procura em vão por sinais de arrependimento e mudança em Judá. O que vê lhe enche de tristeza. Poucas pessoas (talvez nenhuma) reagiram favoravelmente à pregação. O profeta compara sua busca ansiosa e desconcertante por justiça ao homem que, faminto por frutas frescas, vai ao vinhedo depois da colheita na esperança de achar, por acaso, algum cacho de uva restante. Encontra uma exuberância de folhas, mas não há cacho de uvas para co-mer (1). Descobre que Judá é moralmente estéril. A pungência de sua angústia fica clara na Septuaginta, onde lemos: "Ai de mim! Porque sou como alguém que junta palha na colheita e como alguém que colhe os respigos de uva na vindima, quando não há cacho para eu comer os primeiros frutos maduros; ai de minha alma!" (cf. NTLH).

Como Diógenes, em Atenas, e Jeremias, em Jerusalém (Jr 5:1), Miquéias procura uma pessoa honesta em Judá (cf. 1, BV). Mas não encontra. Pelo visto, o benigno (2) desapareceu totalmente. Todos estão cheios de ódio e são inteiramente egoístas em suas intenções. Cada indivíduo é por si, e busca enlaçar o companheiro — caça cada um a seu irmão com uma rede. Até fazem de conta que não vêem o assassinato se, com isso, conseguem o que querem.

O príncipe (3) e o juiz, que deveriam ser confiáveis, perderam todo o senso de responsabilidade em orientar e proteger as pessoas. Caíram tanto que chegaram a bus-car suborno e atender os caprichos dos bajuladores. Estes líderes não se entregavam à tentação ocasionalmente, mas deliberadamente tornaram a desonestidade seu progra-ma de ação. Estão em conluio contra as massas. As suas mãos fazem diligentemente o mal. Note como Moffatt interpreta esta frase: "Eles têm dedos ágeis para o jogo sujo".

Fausset diz que tão logo os funcionários públicos expressavam seus desejos ignóbeis, os juízes corruptos estavam prontos a julgar os casos de acordo com as instruções recebi-das. g Deste modo, "entre si frustram a justiça" (Moffatt).

Os indivíduos que deveriam ser os mais dignos de confiança mostraram-se inflexí-veis e frios em seus procedimentos — O melhor deles é como um espinho (4). A confi-ança mútua já não é possível. Não podiam confiar sequer nos amigos mais chegados e na família. A confusão prevalece por toda a nação. A ordem social se desintegra. O salário do pecado é cobrado e, pelo visto, a morte para a nação era inevitável. "O dia que os vigias previram, o dia do castigo chegou; agora vem a destruição absoluta" (4, Phillips; cf. NVI). Estas relações entre pecado e julgamento são mostradas em outras passagens, como Salmo 37:35-38; Provérbios 14:34; Isaías 5:15; Jeremias 17:10-11. O princípio de causa e efeito moral aplicado às pessoas e nações do tempo de Miquéias aplica-se hoje em dia também. Trata-se de princípio verdadeiro em toda e qualquer época.

Jesus citou esta passagem de Miquéias (Mt 10:34-36; Lc 12:51-53) para mostrar que a pregação do Evangelho pode gerar a mesma hostilidade descrita pelo profeta. É tão grande o mal do coração do indivíduo não regenerado que é comum a declaração da verdade de Deus evocar ódio e perseguição a quem a proclama.

Para todo homem casado e para todo jovem que espera ter uma família, há significa-ção particular neste trecho bíblico. Repare que práticas más, feitas fora do âmbito fami-liar, destruíram a confiança na família nos dias de Miquéias. Da mesma forma hoje, ninguém que se engaje em atividades desonestas e egoístas pode pensar que sua família fique intacta. Até a esposa e os filhos perdem o respeito pelo marido e pai que é infiel em suas relações com os outros. Como é que vão saber quando podem confiar nele ou não? O pai que deseja a honra dos filhos tem de ser o primeiro em honestidade e decência.

D. A FÉ DE MIQUÉIAS EM DEUS, 7:7-13

Considerando o estado da nação, Miquéias vislumbra um panorama sombrio. Mas se recusa a ser vencido pela corrupção sórdida que o cerca. Eu, porém, esperarei no SENHOR (7). "E, confiante nele, eu manterei rigorosa vigilância" (ATA; cf. NVI). Não se pode confiar em homens, mas pode-se acreditar inteiramente em Deus. Como o salmista, Miquéias estava ciente que, mesmo quando já não se pode contar com pais e mães, pode-se acreditar em Deus (Si 27.10). Nesta certeza, o profeta se animou.

Mesmo nas trevas, o profeta olharia para o Senhor (7; cf. ARA). Esperei com confi-ança e perspectiva, pois o Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá.

Todos os homens de Deus deveriam tomar a tripla resolução de Miquéias, sobretudo em tempos difíceis. Ela foi:

1) Uma resolução de fé: "Olharei" (ARA) ;

2) Uma resolução de paciência: Esperarei;
3) Uma resolução de esperança: Deus ouvirá.

Pelo fato de Miquéias ter crido que Deus ainda manifestaria seu amor firme pelo seu povo, o profeta ousou falar em nome da nação. Bravamente enfrentou os inimigos que queriam destruir Judá, e, firmemente, asseverou sua convicção de que a luz de Deus ainda brilharia. O povo de Judá veria e reagiria obedientemente à verdade e, assim, estaria de acordo com a fidelidade de Deus (8). Christian, personagem de Bunyan, ao enfrentar Apoliom, que o lançara ao chão no vale da Humilhação, sacou da espada contra quem o atacara, ao mesmo tempo em que citava as palavras confiantes de Miquéias: inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levan-tar-me-ei (8). Que da mesma forma todo crente enfrente o inimigo na hora sombria da tentação e dificuldades.

Em vista dos acontecimentos, Miquéias perdera a batalha no esforço de construir o Reino de Deus. Mas ficou evidente para ele que Deus não perdera a guerra. As pessoas que desejam lutar as batalhas do Senhor ficam empolgadas com a descoberta de Miquéias. Os versos de Maltbie Babcock espelham a verdade eterna:

O mundo é teu, Senhor. Jamais esquecerei

Que embora existam erro e mal
Tu és o eterno Rei

O mundo é teu, Senhor, Pois Cristo já venceu Inimizades destruiu, Unindo terra e céu*

* "O Mundo é Teu, Senhor", Cantor Cristão, n2 45, verso 3, letra em inglês de Maltbie Babcock e em portugu-ês de João Wilson Faustini (São Paulo: Bom Pastor, 2003, 32 reimpressão).

Quando o Senhor Jesus estava na terra demonstrou muitas vezes a habilidade divi-na de trazer livramento quando os homens atingiam o limite de suas forças. Os discípu-los, fustigados pela tempestade no mar, alegraram-se por Cristo ter ido salvá-los (Mc 6:48). O apóstolo, preso e temendo por sua vida, ouviu as palavras inspiradoras de confi-ança: "Paulo, tem ânimo!" (Atos 23:11). Certa noite, enquanto Pedro sofria na prisão, um anjo se postou ao lado dele (Atos 12:5-10). E hoje, nas horas mais difíceis da vida, o povo de Deus pode testemunhar: O SENHOR será a minha luz.

Nesta subdivisão do livro, Miquéias se identifica com o povo e reconhece a justiça e propósito dos castigos de Deus. Penitentemente, os suporta até o dia em que Deus me trará à luz, e eu verei a sua justiça (9). O profeta declara que os inimigos zombadores de Judá serão, no devido tempo, cobertos de confusão (10; "vergonha", ARA). Vê o dia quando os muros (11) de Jerusalém serão reedificados e os exilados que foram espa-lhados para muitas partes da terra serão reunidos à sua pátria (12). "Eles virão da Assíria, do Egito e até da região do rio Eufrates" (12, NTLH; ver Mapa 1), e de todas as nações para as quais fugiram ou foram levados cativos.

Mas antes que cheguem esses dias, a situação ficará difícil — esta terra será posta em desolação (13). O povo ainda colherá os frutos da iniqüidade. Pois, ainda que os pecados sejam perdoados e esquecidos, mesmo assim, Deus não impedirá a colheita subseqüente que segue toda semente semeada (Gl 6:7).

E. A ORAÇÃO DE MIQUÉIAS PELO Povo, 7:14-20

  • Súplica pelo Cuidado Amoroso (7:14-17)
  • Como agricultor, Miquéias sabia como era essencial um pastor fiel ao bem-es‑

    tar do rebanho. Por isso, ele ora:

    "pastoreia o teu povo com o teu cajado,

    o rebanho da tua herança
    que vive à parte numa floresta,
    em férteis pastagens;

    Deixa-o pastar em Basã e em Gileade,
    como antigamente" (14, NVI).

    Carmelo era conhecido por seus vinhedos, ao passo que Basã e Gileade eram noto-riamente conhecidas como terras pastoris férteis.

    Com a restauração de Israel, Miquéias previu as manifestações do poder e liderança de Deus como as ocorridas no mar Vermelho, no monte Sinai e em outros locais ao longo da rota do Êxodo israelita da terra do Egito (15). Em face de tais acontecimentos, as nações (16) circunvizinhas verão e envergonhar-se-ão. Elas se humilharão e reconhecerão o Deus de Israel. Pôr a mão sobre a boca era gesto comum de prova de culpabilidade e aquiescência.

    O pensamento destes acontecimentos maravilhosos leva Miquéias a alegrar-se; ex-pressa seu entusiasmo num salmo de louvor pela misericórdia e fidelidade de Deus.

  • Louvor pelo Amor Firme de Deus (7:18-20)
  • Quem, ó Deus, é semelhante a ti? (18) é uma pergunta repetida numerosas vezes na Bíblia (Êx 15:11; Sl 89:6; Is 40:18-25; 46.5), mas, em geral, em reconhecimento do poder e glória divinos. Aqui, o profeta fala da graça e misericórdia ilimitadas de Deus pelos pecadores.

    Wolfendale faz um comentário sobre a frase que perdoas a iniqüidade: "O perdão que Deus tem é de qualidade tão excelente quanto a satisfazer sua grandeza, bondade e todos os outros atributos de sua natureza; como por exemplo aquele pelo qual Ele é conhecido como Deus. Não é como o perdão limitado, dificil, parcial e amarrado que encontramos entre os homens; mas é pleno, livre, irrestrito, ilimitado, absoluto; como é a natureza e excelências divinas"?'

    O salmo de Miquéias é oportuno e não se restringe a épocas, pois fala da própria essência da salvação, no passado, presente e futuro. Os santos de todos os tempos unem-se com o profeta no seu refrão alegre da redenção. O salmo diz respeito à mensagem evangélica de esperança que se cumpriu com a salvação provida pelo recém-nascido de Belém, sobre quem Miquéias já falara em 5.2. Todos os que são da fé juntam-se com a confiança firme de Miquéias: Darás... a fidelidade e... a benignidade que juraste a nossos pais, desde os dias antigos (20).

    Esta é visão inigualável de "nosso Deus incomparável". Quem, ó Deus, é seme-lhante a ti, que:

    1) Perdoas a iniqüidade e a transgressão, 18;

    2) Concedes misericórdia e compaixão, 18,19;

    3) Dás poder sobre o pecado, 19;

    4) Cumpres tuas promessas antigas, 20 (W. T. Purkiser).


    Genebra

    Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
    Genebra - Comentários de Miquéias Capítulo 7 do versículo 1 até o 20
    *

    7.1-7

    Miquéias lamenta-se que nenhum justo podia ser encontrado (vs. 1-4) e deplorava a resultante convulsão social e nacional que era tanto o resultado como a punição por seus pecados (vs. 4-6). Particularmente notável era a quebra da ordem da família. Miquéias, entretanto, concluiu com a confiança de que após o juízo divino viria a salvação (v. 7).

    * 7:1

    colhidas as frutas do verão. Em sua busca por um homem justo, Miquéias comparou-se a um vindimador que buscava uvas seletas, depois que o melhor da estação das uvas já havia passado.

    *

    7:2

    não há entre os homens um que seja reto. Este versículo explica a alegoria do v. 1.

    *

    7:4

    sentinelas. Uma metáfora que falava sobre os profetas que anunciavam o julgamento vindouro (Ez 3:17; 33:7).

    *

    7:5-6

    Esta passagem foi usada mais tarde na literatura apocalíptica judaica para descrever o conflito que acompanhará o dia final do Senhor, e Jesus citou o v. 6 ao descrever o conflito que resultará de sua vinda (Mt 10:35-39; Lc 12.51-53).

    *

    7.8-20

    Este hino de conclusão consiste em quatro estrofes: (a) Jerusalém, em seu estado caído confessa seu pecado e sua fé no Senhor (vs. 8-10); (b) o profeta promete que a cidade tornar-se-á um redil de ovelhas a oferecer a salvação a um mundo sob julgamento (vs. 11-13); (c) Miquéias ora para que o Senhor novamente venha pastorear o seu povo (v. 14), o que o Senhor promete fazer (v. 15), então Miquéias profetizou que o inimigo incrédulo será conquistado (vs. 16 e 17); e (d) o povo de Israel celebrará o perdão e a fidelidade de Deus com um hino de louvor (vs. 18-20).

    *

    7:8

    trevas. Uma cova sem luz é uma figura simbólica que retrata muito bem uma cidade sob o julgamento divino.

    *

    7:9

    eu verei a sua justiça. A justiça do Senhor será manifestada na salvação da nação fiel de Israel (vs. 8 e 9), bem como na destruição dos seus inimigos incrédulos (v. 10).

    * 7:11

    No dia. Ver 4.1,6; 5:10-15. O último dia é simbolicamente retratado pela restauração das muralhas da cidade de Jerusalém (v. 11); e a extensão dos limites do país aos limites profetizados por Moisés, e desfrutados durante os reinados de Davi e Salomão (v. 12; Gn 15:18; Êx 23:31; Dt 11:24; 1Rs 4:21,25). Ver as referências laterais nos vs. 11 e 12.

    *

    7:13

    a terra será posta em desolação. Fora das fronteiras seguras dos eleitos haverá um julgamento universal. Está em vista, em última análise, o Julgamento Final.

    *

    7:16

    porão a mão sobre a boca... seus ouvidos ficarão surdos. Esses gestos são sinais de humilhação em face do avassalador poder divino. As nações não mais zombarão de Israel, e nem mais darão ouvidos às vanglórias uns dos outros.

    *

    7:18

    Quem, ó Deus, é semelhante a ti. Miquéias, cujo nome significa "quem é como o SENHOR?" (1.1, nota), talvez tenha empregado um jogo de palavras envolvendo o seu próprio nome a fim de enfatizar a graça perdoadora de Deus.

    *

    7:19

    lançará... mar. Da mesma maneira que a jornada de Israel começou quando Deus lançou o exército egípcio no mar Vermelho (v. 15; conforme Êx 15:1-5), assim também ele concluirá a história de Israel lançando suas iniqüidades nas profundezas do mar.

    *

    7:20

    Mostrarás a Jacó a fidelidade. Ou: “mostrará a verdade.” A fidelidade amorosa de Deus aos patriarcas é a base da esperança da Igreja (Rm 4:17; Gl 3:7-9,29).


    Matthew Henry

    Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
    Matthew Henry - Comentários de Miquéias Capítulo 7 do versículo 1 até o 20
    7.1ss Este capítulo começa em penumbra (7.1-6) e termina em esperança (7.7-20). Miqueas observou como se apodrecia a sociedade que o rodeava. Os governantes demandavam presentes; os juizes aceitavam subornos; a corrupção era universal. Entretanto, Deus prometeu tirar seu povo da escuridão do pecado e levá-lo a sua luz. Então o povo o elogiaria por sua fidelidade. Unicamente Deus é perfeitamente fiel.

    7.1-4 Miqueas não pôde encontrar uma pessoa reta em nenhuma parte da terra. Ainda hoje, é difícil encontrar a verdadeira retidão. A sociedade lhe busca explicações racionais ao pecado, e inclusive em ocasiões os cristãos transigem assim que seus princípios cristãos para poder fazer o que querem. É fácil nos convencer de que merecemos uns quantos descansos especialmente quando "todo mundo" o faz. Entretanto, os parâmetros da honestidade provêm de Deus, não da sociedade. Somos honestos porque Deus é verdade, e temos que nos parecer com O.

    7.5, 6 O pecado afetou aos líderes do governo e da sociedade em geral. Enganaram e inclusive arruinaram a família que é o fundamental da sociedade. Como conseqüência disso, a única forma de desencardir ao povo era por meio do castigo de Deus. Isto faria que a nação se voltasse para O e fora restaurada desde seu interior.

    7.7-9 Miqueas mostrou fé em Deus quando proclamou que: (1) esperaria em Deus porque O escuta e salva quando se requer sua ajuda. (2) O tiraria adiante quando os tempos fossem difíceis. (3) Seria paciente em seu castigo devido a que O tiraria da escuridão. (4) seus inimigos seriam castigados. Também nós podemos ter uma relação com Deus que nos permita confiar em Deus como Miqueas. Não se requer um talento especial; simplesmente se necessita fé em Deus e a disposição de atuar apoiado nessa fé.

    7:9 Miqueas se deu conta de que se era paciente e obediente no castigo, Deus perdoaria a seu povo e mostraria sua bondade outra vez (Lm 3:39-41). O castigo não significa rechaço. A nação do Judá era castigada para poder levar a seu povo de novo a Deus, não para afastar o Do. Quando você se em frente a provas devido a seu pecado, não se zangue com Deus nem tenha medo de que o tenha rechaçado. Pelo contrário, volte-se de seu pecado e retorne a Deus.

    7:18 A Deus gosta de ser misericordioso! O não perdoa a contra gosto, mas sim se alegra quando nos arrependemos e oferece perdão a todos os que retornam ao. Hoje você pode confessar seus pecados e receber seu perdão amoroso. Não seja tão orgulhoso e aceite a misericórdia de Deus.

    7:20 Em uma época quando a religião fazia muito pouca diferencia na vida da gente, Miqueas disse que Deus esperava que seu povo fora justo, reto e misericordioso (6.8). O demanda o mesmo dos cristãos da atualidade. Em um mundo que é injusto, devemos atuar com justiça. Em um mundo de grandes quebrantamentos, devemos ser misericordiosos. Em um mundo de soberba e auto-suficiência, devemos caminhar humildemente com Deus. Solo quando vivemos no caminho de Deus nossas vidas começarão a afetar nossos lares, nossa sociedade e nosso mundo.


    Wesley

    Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
    Wesley - Comentários de Miquéias Capítulo 7 do versículo 1 até o 20
    C. moralidade de líderes e ao povo declarada falida (7: 1-6)

    1 Ai de mim! porque estou feito como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima: não há cacho de comer; minha alma quiser o primeiro-ripe fig. 2 o homem piedoso pereceu da terra, e não há outro na vertical entre os homens: todos armam ciladas para sangue; cada um caça a seu irmão com uma rede. 3 As suas mãos estão sobre o mal para o fazerem diligentemente; o príncipe pede, eo juiz está pronto para uma recompensa; e o grande homem, ele faz soar o desejo mau da sua alma; e assim todos eles tecem o. 4 O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que uma sebe de espinhos: o dia dos teus vigias, mesmo tua visitação, é vindo; agora será a sua confusão. 5 A confiança não vos em um vizinho; revesti-vos não a confiança em um amigo; . manter as portas da tua boca daquela que repousa no teu seio 6 Pois o filho despreza o pai, a filha se levanta contra a mãe, a filha-de-lei contra a mãe-de-lei; os inimigos do homem são os da sua própria casa.

    O último capítulo começa com uma palavra divulgação dor bruta e desesperança: Ai . O hebraico é uma palavra incomum para ai, encontrado também em 10:15 . A palavra comum é usada em Mq 2:1) é uma das mais belas do Antigo Testamento. É uma característica marcante de Deus, Sua "bondade" em condescendente com as necessidades de suas criaturas (Genesius), tanto espiritual quanto física (conforme Sl 130:7. ). O homem de Deus é aquele que faz com que o amor a Deus e ao homem a regra dominante de sua vida. Desde que o amor deixou de governar, orgulho e ganância, através de suborno e traição, possuía o príncipe, o juiz, e o grande homem, envenenando a própria fonte da justiça (conforme Mq 2:1 , Mq 2:8 ; Mq 3:2 e Is 57:1)

    7 Mas, quanto a mim, eu vou olhar para o Senhor; Vou esperar para o Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá. 8 não Alegrai-vos contra mim, ó inimigo meu quando eu cair, vou levantar-se; quando me sentar nas trevas, o Senhor será a minha luz.9 Sofrerei a indignação do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa, e execute o meu direito; ele me tirará para a luz , e eu verei a sua justiça. 10 E a minha inimiga verá isso, e vergonha a cobrirá, que me disse: Onde está o Senhor teu Deus? Os meus olhos ver o meu desejo sobre ela; agora ela será pisada como a lama das ruas. 11 Um dia para a construção de teus muros! Naquele dia o decreto ser afastada. 12 Naquele dia virão a ti da Assíria e das cidades do Egito, e do Egito até o Rio, e de mar a mar, e de montanha a montanha. 13 No entanto, deve a terra se tornará em desolação por causa de seus moradores, por causa do fruto das suas ações.

    Mas, quanto a mim. Em meio a todos os pressentimentos de castigos e julgamentos do profeta Miquéias mantém uma fé inabalável em Deus. Vou olhar para o Senhor (marg .: "em Jeová I manter o relógio"). Lembramo-nos de Habacuque: "Eu vou ficar em cima do meu relógio ... e vai olhar ... para ver o que ele vai falar comigo" (Hc 2:1. , KJV). Quando me sentar nas trevas, o Senhor será a minha luz. No versículo 9 nós ver Micah como porta-voz do verdadeiro Israel, de fiéis 1srael personificada. Assim, ele se arrepende e trusts de perdão, aceitação e justiça, como vingança. Como o inimigo vê a reivindicação do povo de Deus, eles se escondem na vergonha, e como escarnecedores serão humilhados e punidos. Agora, o profeta, aguarda com expectativa o momento da reconstrução, ea vinda casa de fiéis 1srael à Palestina a partir das várias nações do mundo. Não está claro se a terra (v. Mq 7:13) é a terra ou Canaã. Se Canaã se entende, então este versículo contém uma palavra de cautela que antes do dia para a construção (v. Mq 7:11 ), o julgamento deve concluir seu trabalho.

    E. A DEFENDE PROFETA PARA LIBERTAÇÃO DE JEOVÁ (7: 14-17)

    14 Alimente o teu povo com a tua vara, o rebanho da tua herança, que habita a sós na floresta no meio do Carmelo; apascentem-se em Basã e Gileade, como nos dias antigos. 15 Tal como nos dias da tua frente para fora da terra do Egito eu mostro-lhes coisas maravilhosas. 16 As nações o verão e se envergonhar de todo o seu poder; porão a mão sobre a boca; os seus ouvidos ficarão surdos. 17 Devem lamber o pó como serpentes; como répteis da terra que, tremendo, saem dos seus esconderijos; virão com medo ao Senhor nosso Deus, e terão medo de ti.

    O profeta agora pede a Jeová como o grande Pastor das ovelhas do teu herança, "o povo do seu pasto" (Sl 95:7)

    18 Quem é Deus semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade, e que passa por cima da transgressão do resto da tua herança? Ele não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade. 19 Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniqüidades; Tu lançarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar. 20 Darás a verdade para Jacó, e a benignidade Abraão, que juraste a nossos pais desde os dias antigos.

    O livro de Miquéias fecha com um hino de louvor delicioso para a fidelidade, misericórdia e bondade do Senhor, particularmente para o resto da tua herança (v. Mq 7:18 ; conforme Ex 15:1 e 12. Isa: 1- 6 ). Qual é a base para os seguros? É o juramento que fez o Senhor a Abraão e Jacó (Gn 22:16) nossos pais desde os dias antigos. Micah, a partir do significado do próprio nome, foi constantemente lembrado, "Quem é semelhante ao Senhor?" Como um hoje pondera os atributos da graça de um Deus assim, ele se alegra com Micah que perdoa a iniqüidade, e que passa por cima ... transgressão (conforme Pv 19:11) ... não retém ... ira para sempre, ... se deleita em benignidade, [tem] compaixão de nós, ... é o que pisa aos pés as nossas iniqüidades; e ... lançar todos os [nossos] pecados nas profundezas do mar ("nosso" em vez de "seu" de acordo com a LXX, Pesh. e Vulgata). Pelos méritos do Messias nasceria em Belém, como Miquéias predisse, a humanidade hoje, judeu ou gentio, pode realizar pessoalmente esses dons de graça do Pai celeste.

    Bibliografia

    Calkins, Raymond. A Mensagem Modern dos Profetas Menores. New York: Harper, 1947.

    Carlson, E. Leslie. " Micah , " O Comentário Wycliffe Bible. Eds. Charles F. Pfeiffer e Everett F. Harrison. Chicago: Moody, 1962.

    Cheyne, TK Micah . "A Bíblia Cambridge para Escolas e Faculdades." Ed. AF Kirkpatrick. Cambridge: University Press, 1909.

    Douglas, George CM Os Seis 1ntermediário Profetas Menores. Edinburgh: T. e T. Clark, nd

    Horton, RF Os Profetas Menores:. Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas e Miquéias "A Bíblia New Century." Ed. Walter F. Adeney. Vol. I. New York: Frowde, nd

    Keil, Carl F. e F. Delitzsch. Comentário Bíblico do Antigo Testamento: Os Doze Profetas Menores. Vol. I. Grand Rapids: Eerdmans, 1961 (Rep.).

    . Morgan, G. Campbell . A Profetas Menores Westwood, NJ: Revell de 1960.

    Raven, JH Antigo Testamento Introdução: Geral e Especial. New York: Revell de 1906.

    Robinson, George L. Os Doze Profetas Menores. New York: Smith, 1930.

    Smith, João MP " Micah , " A Crítica e Exegetical em Micah, Sofonias, Naum, Habacuque, Obadias, e Joel, The International Critical Commentary. Eds. Charles Augustus Briggs, Samuel Rolles Motorista, Alfred Plummer. Nova Iorque: Scribner, 1911.

    Wolfe, Rolland E. "Micah: Introdução e Exegese" Bíblia do intérprete . Vol. VI. New York: Abingdon, 1956.

    Russell Shedd

    Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
    Russell Shedd - Comentários de Miquéias Capítulo 7 do versículo 1 até o 20
    7.4 O dia anunciado par tuas sentinelas. Uma sentinela é um profeta de Deus (conforme Ez

    33.7). O dia do julgamento, do qual tantos profetas tinham falado, estava se aproximando. Para Samaria, veio dentro de uma década; para Jerusalém, levou mais do que um século; mas o julgamento final de todos os homens ainda está no futuro (He 9:27).

    7.6 Esta expressão começou a ser uma realidade na época de Jesus quando uns aceitavam inteiramente, e outros rejeitavam (Mt 10:34-40).

    7.7 Eu, porém, olharei para o Senhor. O profeta mesmo continua a confiar em Deus, enquanto a nação, ao seu redor, incorre na prática do paganismo. Como parte legítima do remanescente fiel, é ele que tem de interceder em favor da sua nação, fazendo sua confissão e sua oração em conjunto com a nação pecaminosa (vv. 8-20).

    7.8 Levantar-me-ei. Conforme Pv 24:16, que fala do cair em aflições.

    7.9 A pessoa piedosa vê a adversidade apenas como espécie de disciplina diária.
    7.14 Basã e Gileade. Sendo um território pacífico de pastagens, aqui simboliza a época do Messias, de Cristo, o Bom Pastor.

    7.18 Os ídolos forjam-se como representações de divindades. A mente humana tenta tecer religiões, mas o perdão e a misericórdia são atributos exclusivos do próprio Deus; e só Ele os revela.
    7.19 Nas profundezas do mar. Esta expressão simboliza um lugar de onde nada poderia voltar. Os pecados perdoados por Deus nunca mais poderão nos acusar, por muito que Satanás assim o queira; seu castigo, suas conseqüências eternas, até suas marcas no caráter, o próprio Deus apaga pelo sacrifício de Cristo na Cruz (Rm 8:31 -49).


    NVI F. F. Bruce

    Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
    NVI F. F. Bruce - Comentários de Miquéias Capítulo 7 do versículo 1 até o 20

    4) O desespero e a esperança do profeta (7:1-7)

    Miquéias fala na primeira pessoa nos versículos iniciais e finais, e nos do meio descreve de forma mordaz a decadência da sociedade na qual ele vivia. No v. 1, ele compartilha o desespero da solidão experimentada anteriormente por Elias (1Rs 19:10). Ele se sente como alguém que colhe frutos de verão de pessoas fiéis a Deus, mas os respigadores não deixam nenhum cacho de uvas e nenhum figo. Enquanto anteriormente Amós havia retratado os piedosos como poucos e sem forças para agir (Jl 5:13), Miquéias vê que eles desapareceram completamente do país, e não há

    um justo sequer para lhe fazer companhia. Em vez disso, os seus compatriotas estão propensos a derramar sangue (v. 2) e são hábeis para fazer o mal (v. 3). Entre os seus líderes, tanto o governante quanto o juiz estão sempre prontos a fazer conchavos com os poderosos e, por suborno, a tramar em conjunto os planos que vão fazê-los atingir o que querem, não importa se isso for o mal (v. 3). Ainda hoje, há muitos cristãos que são obrigados a viver numa sociedade em que esse tipo de abuso é muito comum. Num célebre caso recente, um homem acusado de matar a sua esposa e um grande número de pessoas ao causar um acidente de avião foi absolvido, apesar das evidências esmagadoras da promotoria. O fato de a absolvição ter aberto o caminho para ele receber uma soma enorme do dinheiro do seguro torna extremamente difícil crer que a justiça não tenha sido obstruída nesse caso. Numa situação dessas, até o melhor e o mais correto “não valem mais do que espinheiros” (v. 4, NTLH), mas o dia do castigo de Deus anunciado pelos profetas (sentinelas) não pode ser adiado para sempre, e o tempo da confusão entre eles chegou. Entrementes, um homem não pode confiar nem acreditar nos vizinhos nem nos amigos, e nem mesmo nos próprios familiares, seus filhos e sua esposa (aquela que o abraça). A perspectiva exterior é realmente amedrontadora, e os v. 5,6 talvez reflitam conflitos na própria família de Miquéias. Mas, não obstante tudo isso, ele mantém a sua fé em Deus (o meu Salvador, conforme Hc 3:17-35). Ele vai continuar a esperar no Senhor com a seguinte certeza: o meu Deus me ouvirá (v. 7). Ninguém que segue o Senhor durante muito tempo deixa de ter em algum momento um sentimento de solidão e oposição esmagadora como essa. Essa foi especialmente a sina de Jeremias (Jr 1:18,Jr 1:19; Jr 11:18-24.


    5) A compaixão do Senhor pelo seu povo (7:8-20)

    Nessas palavras finais da sua profecia, Miquéias fala a favor da nação e, em particular, a favor de Jerusalém, que vai tanto receber o maior impacto do castigo de Deus quanto testemunhar a glória principal da restauração que Deus vai operar. Como outras partes do livro (2.12,13; caps. 4; 5), essa seção direciona o seu ímpeto espiritual para a geração que teria de sofrer a angústia do exílio e descobrir a misericórdia de Deus na adversidade.
    v. 8-10. A fé expressa nesses versículos contém a compreensão básica da conduta de Deus para com Israel que capacitou o povo a sobreviver ao colapso político, à deportação e ao exílio. Essa experiência se tornou necessária Por eu ter pecado contra o Senhor. A desobediência arrogante do passado teria de dar lugar à submissão humilde que conteria a semente da esperança futura. Israel tem de suportar com paciência a ira do Senhor e, ao fazê-lo, descobrir que isso é por tempo limitado, até que ele apresente a minha defesa (v. 9). A confiança de que algum dia ele fará isso dá a certeza de que a inimiga não tem direito algum de se alegrar sobre a nação caída, pois vai se levantar novamente (v. 8). Mesmo enquanto suporta as trevas da ira dele, Israel vai descobrir que o Senhor é a sua luz (v. 8) e, por fim, fará o povo sair para a luz (v. 9) da restauração. Isso também vai significar que o Senhor vai estabelecer o direito do povo contra a sua inimiga, que não havia somente derrotado Israel, mas desafiado o Senhor, o seu Deus. A inimiga, por sua vez, será coberta de vergonha e será pisada como o barro nas ruas (v. 10), e aí será a vez de Israel ver a sua queda. A inimiga aqui não é identificada, mas a descrição da sua conduta provavelmente está associada à mensagem assíria de 2Rs 18:28-12.

    v. 11-13. No dia da restauração, Miquéias não vê somente que os muros de Jerusalém serão reconstruídos, mas também as fronteiras que serão ampliadas muito além dos limites diminuídos do território de Judá dos seus dias. Naquele dia, os exilados vão retornar de todas as direções, do leste (Assíria) e do oeste (Egito), para repovoar a terra. Israel vai florescer, enquanto os seus opressores tradicionais serão desolados em consequência de suas ações más (v. 13). v. 14-17. O profeta ora pelo cuidado protetor do Senhor sobre a nação restaurada, assim como um pastor cuida do seu rebanho quando este está à parte numa floresta. Ele pede que tenham liberdade para pastar até mesmo nas terras férteis da Transjordânia em Basã e Gileade, como haviam feito antigamente (v. 14), isto é, na monarquia unida. Gomo resposta, o Senhor promete uma intervenção a favor do seu povo comparável àquela nos dias do êxodo em que você saiu do Egito. Quando o Senhor mostra as suas maravilhas (v. 15), as nações que vêem isso só podem se envergonhar desconcertadas (com a mão sobre a boca, v. 16), humilhadas (Lamberão o pó) e tremendo (v. 17). Mas nenhuma demonstração do poder a favor do seu povo é meramente ostentosa; aqui o propósito é evangelístico, ou seja, para que até as nações que o desafiaram (v. 10) se voltem para o Senhor, o nosso Deus. v. 18-20. Essa confiança no triunfo final da misericórdia sobre o juízo leva Miquéias à sua irrupção final de louvor. Deus pode, aliás precisa, castigar a desobediência, mas ele não permanece irado para semprede novo terá compaixão de nós. Por causa do prazer que ele tem em mostrar amor, sempre haverá um remanescente cujo pecado e transgressão serão perdoados. E o perdão será finalmente completo, e as maldades estarão totalmente eliminadas, e os pecados serão atirados tão longe como se fossem lançados nas profundezas do mar (v. 19). O Senhor é um Deus verdadeiro, e as promessas que ele fez sob juramento aos nossos antepassados (os patriarcas) na antiguidade certamente serão cumpridas, não importam os reveses pelos quais tenham de passar os descendentes do povo. Essa certeza dada a Israel para sustentar o povo ao longo dos seus dias mais tenebrosos retém toda a sua autoridade para a igreja dos nossos dias na proporção em que ela enfrenta o final dos tempos.

    BIBLIOGRAFIA

    Comentários

    Allen, L. C. The Books of Joel, Obadiah, Jonah and Micah. NICOT. Grand Rapids, 1976.

    Archer, G. L. Micah. NBC. 3. ed. London, 1970, p. 752-61.

    Dahlberg, B. T. The Book of Micah. The Interpreter's One-Volume Commentary on the Bible. Nashville, 1971, p. 483-90.

    King, P. J. Micah. The Jerome Biblical Commentary.

    Englewood Cliffs, 1968, p. 283-9.

    Mays, J. L. Micah. OTL. London, 1976.

    Smith, G. A. The Book of the Twelve Prophets. V. I, EB. New York, 1897.

    Smith, J. M. P., Ward, W. H. & Bewer, J. A. Micah, Zephaniah, Nahum, Habakkuk, Obadiah and Joel. ICC. Edinburgh, 1911, p. 3-156.

    Wolfe, R. E. Introduction and Exegesis of Micah. IB6, Nashville, 1956, p. 897-949.

    Obras gerais

    Bright, J. A History of Israel. 2. ed. London, 1972, p. 267-308 [História de Israel, Editora Paulus, 2004],

    Ellison, H. L. Men Spake from God. London, 1952. de Vaux, R. Ancient Israel. New York, 1961 [Instituições de Israel no Antigo Testamento, Edições Vida Nova, 2004].


    Moody

    Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
    Moody - Comentários de Miquéias Capítulo 6 do versículo 1 até o 20


    4) Paulo em suas cartas aos romanos e gálatas ensinou que não existem judeus nem gregos . . . no reino; todos são um e em Cristo todos são da semente de Abraão e herdeiros da Promessa.

    IV. O Litígio de Jeová. 6:1 - 7:20.

    Os capítulos Mq 4:1 e 5 do livro de Miquéias predizem a vinda e a obra do Messias. A profecia se estende à consumação de todas as coisas, que Miquéias viu realizadas através do pecado, juízo e salvação. Nestes dois últimos capítulos o profeta descreve o pecado do povo, como também a luta de Jeová com eles e o Seu juízo sobre eles; ele também prediz que o povo confessará os seus pecados e receberá as bênçãos prometidas. Tudo isto está exposto na forma de um processo judicial. O profeta é o promotor público de Jeová, tendo as montanhas e as colinas (talvez símbolos de justiça imutável) por tribunal e juizes. Jeová argüi através do profeta; o povo replica; as montanhas e as colinas ficam em silencioso julgamento.


    Moody - Comentários de Miquéias Capítulo 7 do versículo 14 até o 17

    F. Oração Final por Israel – Reunida dentre Muitas Nações. Mq 7:14-17.

    Nesta passagem Miquéias ora a Jeová, o Pastor, para que, como nos gloriosos dias do passado, alimente e oriente o seu povo, agora habitando a salvo na floresta: A resposta é uma promessa de ajuda milagrosa, como no êxodo do Egito. O terror caracterizará as nações pagãs na presença dessas manifestações do poder de Deus, e elas se lhe submeterão no mais humilde temor e reverência. Que contraste com sua jactância e arrogância quando atormentavam o povo de Jeová (cons. Os 11:10 e segs.).


    Francis Davidson

    O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
    Francis Davidson - Comentários de Miquéias Capítulo 7 do versículo 7 até o 20
    d) Confissão e doxologia (Mq 7:7-20)

    Em seguida o profeta eleva os olhos do sórdido fracasso moral e da corrupção da sociedade ao seu derredor para as eternas realidades de Deus (7). Em palavras grandiloqüentes ele afirma a esperança que ilumina as trevas da aflição para cada crente (8). Quantos homens bons, pressionados na luta contra o mal avassalador, têm declarado sua fé na vitória final, nessas valentes palavras do versículo 8, como João Bunyan fez com que "Cristão" dissesse em sua obra O Peregrino, quando quase era vencido em sua luta contra Apoliom.

    O profeta confessa que o modo de Deus tratar Seu povo era justo (9). Voltando-se subitamente ele repreende os adversários da nação (10). Então, recuperando a calma, o profeta prevê um dia em que os filhos exilados de Jerusalém voltarão para ela (11-12). Porém, mesmo então, as coisas não serão fáceis (13). Uma vez mais, entretanto, a figura de um pastor e seu rebanho surge na mente do profeta, e ele apela para que Deus mostre Seu cuidado pastoral (14). Os grandes dias do passado haveriam de retornar, pois Deus não havia mudado; e, com um povo arrependido, Ele faria maravilhas aos olhos das nações (15-17).

    >Mq 7:18

    O livro se encerra com uma grande nota. Os últimos três versículos formam um salmo de louvor à eterna misericórdia de Deus. O profeta se eleva acima de todas as considerações locais, e fornece, a cada geração de homens e mulheres em adoração, palavras com as quais se pode bendizer Aquele que não retêm a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade (18).

    A. Fraser.

    L. E. H. Stephens-Hodge.


    Dicionário

    Como

    assim como, do mesmo modo que..., tal qual, de que modo, segundo, conforme. – A maior parte destas palavras podem entrar em mais de uma categoria gramatical. – Como significa – “de que modo, deste modo, desta forma”; e também – “à vista disso”, ou – “do modo que”. Em regra, como exprime relação comparativa; isto é – emprega-se quando se compara o que se vai afirmar com aquilo que já se afirmou; ou aquilo que se quer, que se propõe ou se deseja, com aquilo que em mente se tem. Exemplos valem mais que definições: – Como cumprires o teu dever, assim terás o teu destino. – O verdadeiro Deus tanto se vê de dia, como de noite (Vieira). – Falou como um grande orador. – Irei pela vida como ele foi. – Assim como equivale a – “do mesmo modo, de igual maneira que”... Assim como se vai, voltar-se-á. Assim como o sr. pede não é fácil. Digo-lhe que assim como se perde também se ganha. Destas frases se vê que entre como e assim como não há diferença perceptível, a não ser a maior força com que assim como explica melhor e acentua a comparação. – Nas mesmas condições está a locução – do mesmo modo que... Entre estas duas formas: “Como te portares comigo, assim me portarei eu contigo”; “Do mesmo modo que te portares comigo, assim (ou assim mesmo) me portarei contigo” – só se poderia notar a diferença que consiste na intensidade com que aquele mesmo modo enuncia e frisa, por assim dizer, a comparação. E tanto é assim que em muitos casos 290 Rocha Pombo não se usaria da locução; nestes, por exemplo: “Aqueles olhos brilham como estrelas”; “A menina tem no semblante uma serenidade como a dos anjos”. “Vejo aquela claridade como de um sol que vem”. – Tal qual significa – “de igual modo, exatamente da mesma forma ou maneira”: “Ele procedeu tal qual nós procederíamos” (isto é – procedeu como nós rigorosamente procederíamos). Esta locução pode ser também empregada como adjetiva: “Restituiu-me os livros tais quais os levara”. “Os termos em que me falas são tais quais tenho ouvido a outros”. – De que modo é locução que equivale perfeitamente a como: “De que modo quer o sr. que eu arranje o gabinete?” (ou: Como quer o sr. que eu arranje...). – Segundo e conforme, em muitos casos equivalem também a como: “Farei conforme o sr. mandar” (ou: como o sr. mandar). “Procederei segundo me convier” (ou: como me convier).

    como adv. 1. De que modo. 2. Quanto, quão. 3. A que preço, a quanto. Conj. 1. Do mesmo modo que. 2. Logo que, quando, assim que. 3. Porque. 4. Na qualidade de: Ele veio como emissário. 5. Porquanto, visto que. 6. Se, uma vez que. C. quê, incomparavelmente; em grande quantidade: Tem chovido como quê. C. quer, loc. adv.: possivelmente. C. quer que, loc. conj.: do modo como, tal como.

    Deus

    substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
    Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
    Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
    Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
    Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
    Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
    Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
    Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

    substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
    Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
    Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
    Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
    Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
    Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
    Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
    Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

    Do latim deus, daus, que significa “ser supremo” ou “entidade superior”.


    i. os nomes de Deus. A palavra portuguesa Deus, que tem a mesma forma na língua latina, representa alguns nomes da Bíblia, referentes ao Criador.
    (a): o termo de uso mais freqüente é Elohim, que restritamente falando, é uma forma do plural, derivando-se, presumivelmente, da palavra eloah. Mas, embora seja plural, é certo que, quando se refere ao único verdadeiro Deus, o verbo da oração, de que Elohim é o sujeito, e o nome predicativo vão quase invariavelmente para o singular. As principais exceções são quando a pessoa que fala, ou aquela a quem se fala, é um pagão (Gn 20:13 – 1 Sm 4.8).
    (b): El, provavelmente ‘o único que é forte’, também ocorre freqüentemente. E encontra-se este nome com adições: El-Elyon, ‘o Deus Altíssimo’ (Gn 14:18) – El-Shaddai, ‘o Deus Todo-poderoso’ (Gn 17:1) – e entra na composição de muitos vocábulos hebraicos (por exemplo Eliabe, Micael).
    (c): Adonai, Senhor, ou Superior. Esta palavra e as duas precedentes eram empregadas quando se queria significar o Deus da Humanidade, sem especial referência ao povo de israel.
    (d): Todavia, Jeová, ou mais propriamente Jahveh, o Senhor, o Ser que por Si mesmo existe, o Ser absoluto, que é sempre a Providência do Seu povo, designa Aquele que num especial sentido fez o pacto com o povo de israel.
    (e): outro nome, ou antes, titulo, ‘o Santo de israel’ (is 30:11) merece ser aqui mencionado, porque ele nos manifesta o alto ensino moral dos profetas, fazendo ver aos israelitas que o Senhor, a Quem eles adoravam, estava muito afastado dos ordinários caminhos do homem, e portanto era necessário que o Seu povo fosse como Ele, odiando o pecado. É sob este título que o Senhor é reconhecido como uma pedra de toque não só da pureza cerimonial, mas também da pureza ética.
    (f): Pai. Nas primitivas religiões semíticas, este termo, enquanto aplicado aos deuses, tinha uma base natural, pois que os povos acreditavam que eram descendentes de seres divinos. Todavia, no A.T. é Deus considerado como o Pai do povo israelita, porque Ele, por atos da Sua misericórdia, o constituiu em nação (Dt 32:6os 11:1 – *veja Êx 4:22). De um modo semelhante é Ele chamado o Pai da geração davídica de reis, porque Ele a escolheu e a tornou suprema (2 Sm 7.14 – Sl 2:7-12 – 89.27). Mais tarde se diz que Deus Se compadece dos que o temem (isto refere-se particularmente aos israelitas e aos que aceitam a religião de israel), como um pai se compadece dos seus filhos (Sl 103:13Mt 3:17).
    ii. A doutrina de Deus. Certas considerações nos são logo sugeridas sobre este ponto.
    (a): Em nenhuma parte da Bíblia se procura provar a existência de Deus. A crença no Criador é doutrina admitida. Nunca houve qualquer dúvida a respeito da existência da Divindade, ou da raça humana em geral. Entre os argumentos que podemos lembrar para provar a existência do Criador, devem ser notados: a relação entre causa e efeito, conduzindo-nos à grande Causa Primeira – a personalidade, a mais alta forma de existência que se pode conceber, de sorte que uma Causa Primeira, que carecesse de personalidade, seria inferior a nós próprios – a idéia de beleza, de moralidade, de justiça – o desejo insaciável, inato em nós, de plena existência que nunca poderia ser satisfeita, se não houvesse Aquele Supremo Ser, Luz, Vida e Amor, para onde ir.
    (b): Deus é um, e único (Dt 6:4, doutrina inteiramente aceita por Jesus Cristo, Mc 12:29). Porquanto se houvesse mais que uma Divindade, haveria, de certo, conflito entre esses seres todo-onipotentes. Por isso, contrariamente ao dualismo de Zoroastro, segundo o qual há dois seres supremos, um bom e outro mau, a Bíblia ensina que Deus tem a autoridade suprema mesmo sobre o mal (is 45:6-7). Este fato fundamental da Unidade de Deus não está em contradição com a doutrina cristã da Trindade, antes pelo contrário, a salvaguarda.
    (c): Deus é o Criador e o Conservador de tudo (Gn 1:1At 17:24Ap 4:11 – e semelhantemente Jo 1:3 – Col 1.16, onde o imediato Agente é a Segunda Pessoa da Trindade). Todos os dias estamos aprendendo, com clareza de percepção, que a matéria não é coisa morta e sem movimento, que as próprias pedras tremem pela sua energia, sustentando a sua coesão pelas formidáveis e ativas forças que sem interrupção nelas operam. o nosso conhecimento, cada vez mais aperfeiçoado, sobre os métodos de Deus na Criação, leva-nos a um louvor cada vez mais elevado.
    (d): Estamos, também, sabendo mais com respeito à relação de Deus para conosco, como governador e conservador de tudo. Relativamente a este assunto há duas verdades, nenhuma das quais deverá excluir a outra:
    (1). Ele é transcendente, isto é, superior ao universo, ou acima dele (*veja is 40:22 – 42.5 – 1 Tm 6.16).
    (2). É igualmente importante notar que Deus é imanente, isto é, está na matéria, ou com ela. Nesta consideração, nós e todos os seres vivemos Nele (At 17:28 – *veja também Jo 1:3-4) – e Ele em nós está pelo simples fato de que sendo Espírito (Jo 4:24) é dotado de onipresença.
    iii. A adoração a Deus. Se a religião é, na verdade, uma necessidade natural, o culto é sua forma visível. Porquanto, embora possamos supor a priori que nos podemos colocar na presença da Divindade sem qualquer sinal exterior, é isto, contudo, tão incompatível como a natureza humana, e tão contrário às exigências da religião, visto como esta pede a adoração a Deus com toda a nossa complexa personalidade, que não é possível admitir-se tal coisa. É certo que Jesus Cristo disse: ‘Deus é Espirito – e importa que os seus adoradores o adorem em espirito e em verdade’ (Jo 4:24). (*veja Altar, Baal, igreja, Eloí, Espírito Santo, Jewá, Jesus Cristo, Senhor, Senhor dos Exércitos, Tabernáculo, Templo, Trindade, Adoração.)

    Introdução

    (O leitor deve consultar também os seguintes verbetes: Cristo, Espírito Santo, Jesus, Senhor.) O Deus da Bíblia revela-se em sua criação e, acima de tudo, por meio de sua Palavra, as Escrituras Sagradas. De fato, a Bíblia pode ser definida como “a autorevelação de Deus ao seu povo”. É importante lembrar que as Escrituras mostram que o conhecimento que podemos ter de Deus é limitado e finito, enquanto o Senhor é infinito, puro e um Espírito vivo e pessoal, ao qual ninguém jamais viu. Freqüentemente a Bíblia usa antropomorfismos (palavras e ideias extraídas da experiência das atividades humanas, emoções, etc.) numa tentativa de nos ajudar a entender melhor Deus. Esse recurso pode ser realmente muito útil, embora o uso de descrições e termos normalmente aplicados aos seres humanos para referir-se ao Senhor eterno e infinito sempre deixe algo a desejar. Alguém já disse que “conhecer a Deus”, até o limite de que somos capazes por meio de sua Palavra, é o cerne da fé bíblica. De acordo com as Escrituras, todas as pessoas, durante toda a história, estão de alguma maneira relacionadas com o Senhor, seja numa atitude de rebelião e incredulidade, seja de fé e submissão.

    Homens e mulheres existem na Terra graças ao poder criador e sustentador de Deus; a Bíblia ensina que um dia todos estarão face a face com o Senhor, para o julgamento no final dos tempos. A natureza de Deus e seus atributos são, portanto, discutidos de diversas maneiras nas Escrituras Sagradas, de modo que Ele será mais bem conhecido por meio da forma como se relaciona com as pessoas. Por exemplo, aprende-se muito sobre Deus quando age no transcurso da história, em prol do sustento e da defesa de seu povo, e leva juízo sobre os que pecam ou vivem em rebelião contra Ele. Muito sabemos sobre o Senhor por meio dos nomes aplicados a Ele na Bíblia e quando sua criação é examinada e discutida. Acima de tudo, aprendemos de Deus quando estudamos sobre Jesus, o “Emanuel” (Deus conosco).

    As seções seguintes proporcionam apenas um resumo do que a Bíblia revela sobre Deus. Uma vida inteira de estudo, fé e compromisso com o Senhor, por intermédio de Cristo, ainda deixaria o crente ansioso por mais, especialmente pelo retorno de Jesus, pois concordamos com a declaração do apóstolo Paulo: “Agora conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13:12).

    A existência do único Deus

    A Bíblia subentende a existência de Deus. Não há discussão alguma sobre isso em suas páginas, pois trata-se de um livro onde o Senhor revela a si mesmo. Somente o “tolo”, a pessoa maligna e corrupta, diz “no seu coração: Não há Deus” (Sl 14:1-53.1; veja O tolo e o sábio). A existência de Deus é freqüentemente afirmada nos contextos que advertem contra a idolatria. Sempre é dada uma ênfase especial ao fato de que somente o Senhor é Deus e não existe nenhum outro. Deuteronômio 6:4 declara: “Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Deuteronômio 32:39 diz: “Vede agora que Eu sou, Eu somente, e não há outro Deus além de mim. Eu causo a morte, e restituo a vida; eu firo, e eu saro, e não há quem possa livrar das minhas mãos”. Por essa razão, a idolatria é considerada um grande pecado (cf. 1 Co 8.4). Envolver-se com ela é viver e acreditar na mentira, numa rejeição direta da revelação do único Deus verdadeiro. Esperava-se que o povo de Israel testemunhasse para as nações ao redor que existia apenas um único Senhor e que não havia nenhum outro deus. Isso seria visto especialmente no poder de Deus para proporcionar a eles os meios para vencerem as batalhas contra inimigos mais fortes, no tempo de paz, na extensão das fronteiras (contra o poder de outros assim chamados deuses) e em sua justiça e juízo sobre todos os que se desviavam dele, ou rejeitavam seus caminhos ou seu povo. As nações ao redor precisavam aprender com Israel que os seus deuses eram falsos e que na verdade adoravam demônios (1Co 10:20).

    Os escritores dos Salmos e os profetas também proclamaram que somente o Senhor é Deus e que Ele pré-existe e auto-subsiste. O Salmo 90:2 diz: “Antes que os montes nascessem, ou que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. Em Isaías, lemos: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus” (Is 44:6). “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus. Eu te fortalecerei, ainda que não me conheças” (Is 45:5; veja também 45.21; etc.). Jeremias disse: “Mas o Senhor Deus é o verdadeiro Deus; ele mesmo é o Deus vivo, o Rei eterno. Do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação” (Jr 10:10).

    No Novo Testamento, novamente a autoexistência eterna de Deus é subentendida: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:14). Paulo argumentou em sua pregação para os atenienses: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17:28). O apóstolo fez um apelo aos habitantes de Listra, a fim de que reconhecessem a existência do único Deus verdadeiro, pois “não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas dos céus, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações” (At 14:17). Em Romanos 1:19-20, há o pressuposto de que mesmo os que são maus e rejeitam a Deus podem ser considerados em débito, “visto que o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis”.

    Como em João 1, mencionado anteriormente, é no Novo Testamento que aprendemos sobre Jesus e começamos a entender mais sobre o próprio Deus, sua preexistência e sua auto-existência. Colossenses 1:17 descreve a preexistência de Cristo como “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15). Tanto Deus, o Pai, como Jesus são considerados eternos em sua existência: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1:8-11.15, 17; 2 Pe 3.8). Hebreus 13:8 também fala de Jesus: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e eternamente”.

    O Deus criador

    A autoexistência de Deus, bem como sua eternidade, também são sinalizadas na criação, a qual Ele fez do “ex nihilo” (a partir do nada; veja Gn 1; Rm 4:17; Hb 11:3). A Bíblia não admite a ideia do nada existindo lado a lado com o Senhor através da eternidade. Não há ensino, por exemplo, de que a matéria sempre existiu, ou que o mal sempre permaneceu como uma alternativa ao lado de Deus. O Todo-poderoso sempre existiu e sempre existirá; Ele é o Criador. O que existe traz outras coisas à existência. O racionalismo pode argumentar que, se algo existe, deve ter o poder da auto-existência dentro de si. A Bíblia mostra que o ser que auto-existe é Deus e somente Ele é o Senhor. Porque Deus existe, a vida veio à existência e surgiu a criação. No Senhor há vida e luz. Somente Ele tem a vida em si mesmo e habita na luz e na glória eternamente.

    O ato de Deus na criação é descrito em muitos lugares da Bíblia. De maneira notável, Gênesis 1:2 descrevem a Palavra de Deus que traz tudo o que conhecemos à existência. Esses capítulos demonstram claramente que o Senhor já existia antes da criação e foi por meio de sua palavra e seu poder que o mundo veio à existência. Também revelam que Deus não iniciou simplesmente o processo e o concluiu, ou ainda não o concluiu, com o que conhecemos neste mundo hoje. Ele interferiu ativamente, várias vezes, para criar a luz, o sol, a lua, a água, a vegetação, os peixes, os mamíferos, os pássaros e a humanidade. Em Gênesis 1, essa obra ativa de Deus durante todo o período da criação pode ser notada nas duas frases: “E disse Deus: Haja...” e “E viu Deus que isso era bom”. Em Gênesis 2, a obra e as palavras do “Senhor Deus” são mencionadas repetidamente. O Salmo 33:4-9 personaliza a “palavra de Deus” como a que criou e “é reta e verdadeira; todas as suas obras são fiéis... Pela palavra do Senhor foram feitos os céus... Tema toda a terra ao Senhor... Pois ele falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu”. Jeremias afirma: “Pois ele (o Senhor) é o criador de todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança; Senhor dos Exércitos é o seu nome” (Jr 10:16-51.19; veja também 26:7; Sl 102:25-104.24; Ne 9:6; etc.).

    No NT, o escritor da carta aos Hebreus lembra os crentes que “pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que o visível não foi feito do que se vê” (Hb 11:3). Louvor e adoração são devidos a Deus, o Pai, e a Jesus, a Palavra de Deus, pela criação e pelo seu contínuo sustento de todas as coisas criadas. Desde que a criação deriva sua vida e existência do próprio Deus, se o Senhor não a sustentasse, ela deixaria de existir (Ap 4:11; Jo 1:1-3; 1 Co 8.6; Cl 1:16-17; Hb 1:2-2 Pe 3.5; etc.).

    Essa obra da criação, a qual necessita do poder sustentador do Senhor, proporciona a evidência da soberania e do poder de Deus sobre todas as coisas. Ele está presente em todos os lugares, a fim de sustentar e vigiar sua criação, realizar sua justiça, amor e misericórdia, trazer à existência e destruir, de acordo com sua vontade e seus propósitos. A doxologia de Romanos 1:1-36 oferece a resposta adequada do crente na presença do Deus criador, sustentador e que existe por si: “Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória, pois, a ele eternamente. Amém” (v.36).

    O Deus pessoal

    O Criador do Universo e de todas as coisas, que sustém o mundo e todas as pessoas, revela-se a si mesmo como um “Deus pessoal”. A palavra “pessoal” não é aplicada a Ele em nenhum outro lugar da Bíblia e é difícil nossas mentes finitas assimilarem o que essa expressão “pessoal” significa, ao referir-se ao Senhor. Ainda assim, é dessa maneira que Ele é consistentemente revelado. Deus é um ser auto-existente e autoconsciente. Qualidades que indicam um ser pessoal podem ser atribuídas a Deus. Ele é apresentado como possuidor de liberdade, vontade e propósitos. Quando colocamos esses fatores na forma negativa, o Senhor nunca é descrito nas Escrituras da maneira que as pessoas o apresentam hoje, como uma energia ou uma força sempre presente. Deus revela a si mesmo como um ser pessoal no relacionamento entre Pai, Filho e Espírito Santo (veja mais sobre a Trindade neste próprio verbete) e em seu desejo de que seu povo tenha um relacionamento real com o “Deus vivo”. Sua “personalidade”, é claro, é Espírito e, portanto, não está limitada da mesma maneira que a humana. Porque é pessoal, entretanto, seu povo pode experimentar um relacionamento genuíno e pessoal com Ele. Deus, por ser bom, “ama” seu povo e “fala” com ele. O Senhor dirige os seus e cuida deles. O Salmo 147:10-11 dá alguns sentimentos de Deus, como um ser pessoal: “Não se deleita na força do cavalo, nem se compraz na agilidade do homem. O Senhor se agrada dos que o temem, e dos que esperam no seu constante amor” (veja também Sl 94:9-10). Efésios 1:9-11 mostra como a vontade e os propósitos de Deus são especialmente colocados à disposição dos que Ele “escolheu”, aos quais ele “ama”. O Senhor é aquele que conhece seu povo (1Co 8:3) e pode ser chamado de “Pai” pelos que vivem por ele (v.6). A revelação de Deus em Jesus novamente mostra como Ele é um Deus “pessoal”, tanto no relacionamento de Cristo e do Pai (como o Filho faz a vontade do Pai e fala as suas palavras), como na maneira pela qual o Pai mostrou seu amor pelo mundo, quando deu “o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16-14:15-31; 15.9,10; etc.).

    O Deus providencial

    Já que Deus é eterno, auto-existente e o Criador do Universo, não é de admirar que um dos temas mais freqüentes na Bíblia refira-se à soberana providência do Senhor. Deus é visto como o rei do Universo, o que fala e tudo acontece, que julga e as pessoas morrem, que mostra seu amor e traz salvação. Ele é o Senhor (veja Senhor) que controla o mundo e exige obediência. Busca os que farão parte de seu povo. É neste cuidado providencial por seu mundo e seu povo que mais freqüentemente descobrimos na Bíblia os grandes atributos divinos de sabedoria, justiça e bondade. Aqui vemos também sua verdade e seu poder. As Escrituras declaram que Deus tem o controle total sobre tudo, ou seja, sobre as pessoas, os governos, etc. Ele é chamado de Rei, pois estabelece reinos sobre a Terra e destrói-os, de acordo com seu desejo. Sua soberania é tão grande, bem como sua providência, em garantir que sua vontade seja realizada, que mesmo o mal pode ser revertido e usado pelo Senhor, para realizar seus bons propósitos.

    Os escritores da Bíblia demonstram com convicção que Deus governa sobre toda a criação; assim, os conceitos do destino e do acaso são banidos. À guisa de exemplo, uma boa colheita não acontece por acaso, mas é providenciada pelo Senhor. É Deus quem promete: “Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn 8:22). Por outro lado, o Senhor mantém tal controle sobre a criação que pode suspender a colheita dos que vivem no pecado ou se rebelam contra Ele (Is 5:10). Nos dias do rei Acabe, de Israel, Deus suspendeu a chuva e o orvalho, por meio de “sua palavra”, como castigo sobre o monarca e o povo (1Rs 17:1). A fome foi extremamente severa, mas a providência particular e amorosa do Senhor por seu povo fez com que suprisse as necessidades do profeta Elias de maneira miraculosa (1Rs 17:18).

    A Bíblia preocupa-se muito em mostrar a providência de Deus, que pode ser vista no seu relacionamento com seu povo (veja 2 Cr 16.9). Paulo fala sobre isso quando diz: “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). Aqui vemos que não somente o cuidado soberano do Senhor sempre é feito segundo a sua vontade e seu propósito, mas também que esse desejo preocupa-se especialmente com seu povo, mediante o cuidado e a proteção. O poder de Deus é tão grande que em “todas as coisas” Ele trabalha para atingir seus fins. Tal entendimento da providência do Senhor leva à conclusão inevitável de que mesmo o que começou por meio do mal, ou emanado de nossos próprios desejos pecaminosos, pode ser revertido por Deus, enquanto Ele trabalha incessantemente para completar e realizar sua vontade. Essa fé e confiança no cuidado providencial do Senhor não eram conceitos novos nos dias de Paulo. Quando José foi capturado por seus irmãos e vendido como escravo para o Egito, não foi o acaso que finalmente o levou a ser governador egípcio, num momento em que o povo de Deus precisava ser preservado da fome terrível. Tudo foi parte da vontade do Senhor. Posteriormente, ao discutir o assunto com seus irmãos amedrontados, José disse: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida” (Gn 50:20). O cuidado providencial de Deus por Jó, quando Satanás desejava atacá-lo e destruí-lo, também é uma prova do poder soberano do Senhor, mesmo sobre o mundo dos espíritos, inclusive Satanás (1:2). Deus até mesmo controlou as ações do rei da Pérsia em favor de seu povo (Is 44:28-45:1-7).

    Em nenhum outro contexto o cuidado providencial de Deus pode ser visto com tanta clareza como na provisão da salvação para o seu povo, por meio da morte expiatória de Jesus Cristo. A ação mais perversa de Satanás e o mais terrível de todos os pecados cometidos pelos seres humanos levaram à crucificação do Filho de Deus. Isso, porém, fora determinado pela vontade de Deus, e Ele reverteu aquele ato terrível para proporcionar expiação a todo aquele que se voltar para o Senhor (At 2:23-24). Esse desejo de Deus foi realizado “segundo as Escrituras”. Certamente o Senhor freqüentemente é visto agindo de maneira providencial e com poder soberano, de acordo com sua Palavra (Rm 5:6-1 Co 15.3; 2 Co 5.15).

    A providência do Senhor também é vista na maneira como chama as pessoas para si. Toda a Trindade está envolvida nesta obra de atrair e cuidar do povo de Deus (Jo 17:11-12, 24; Ef 1:3-14; Cl 1:12-14; etc.). A reflexão sobre a soberania do Senhor sobre tudo, seu poder total de realizar o que sua vontade determina, sua providência na natureza, na humanidade de modo geral e especialmente em relações aos redimidos, nos leva novamente a louvá-lo e bendizê-lo (Sl 13:9-13-16; 145.1, 13 16:1 Pe 5.7; Sl 103).

    O Deus justo

    A Bíblia mostra-nos um Senhor “justo”. Isso faz parte de sua natureza e tem que ver com sua verdade, justiça e bondade. Em termos práticos, o reconhecimento da justiça de Deus nas Escrituras permite que as pessoas confiem em que sua vontade é justa e boa e podem confiar nele para tomar a decisão ou a ação mais justa. Ele é justo como Juiz do mundo e também na demonstração de sua misericórdia. Mais do que isso, sua vontade eterna é inteiramente justa, íntegra e boa. É uma alegria para homens e mulheres pecadores saberem que podem voltar-se para um Deus justo e receber misericórdia. É motivo de temor para os que se rebelam que o justo Juiz julgará e condenará.

    O povo de Deus (“o povo justo”, formado pelos que foram perdoados por Deus) freqüentemente apela para sua justiça. Por exemplo, o salmista orou, para pedir misericórdia ao Senhor, quando parecia que as pessoas más prevaleciam. Achou estranho que os perversos prosperassem quando o “justo” padecia tanto sofrimento. Portanto, apelou para a justiça de Deus, para uma resposta ao seu dilema: “Tenha fim a malícia dos ímpios, mas estabeleça-se o justo. Pois tu, ó justo Deus, sondas as mentes e os corações” (Sl 7:9-11). “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha retidão. Na angústia dá-me alívio; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração” (Sl 4:1-129.4; 2 Ts 1.6). É mediante sua justiça que Deus mostra misericórdia ao seu povo (Sl 116:4-6; 37.39).

    Por vezes, entretanto, o povo de Deus tentou questionar o Senhor, quando parecia que Ele não os ajudava, ou estava do lado de outras nações. A resposta de Deus era que, se o Senhor lhes parecia injusto, é porque eles haviam-se entregado à incredulidade e ao pecado. As ações do Senhor são sempre justas, mesmo quando resultam em juízo sobre seu próprio povo. Veja, por exemplo, Ezequiel 18:25 (também
    v. 29): “Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é justo. Ouvi agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho justo? Não são os vossos caminhos injustos?”.

    Deus pode ser visto como justo em tudo o que faz. Isso se reflete em sua Lei, a qual é repetidamente definida como “justa” (Sl 119; Rm 7:12). Deuteronômio 32:4 resume a justiça do Senhor desta maneira: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, e todos os seus caminhos são justiça. Deus é a verdade, e não há nele injustiça. Ele é justo e reto”.

    Enquanto o povo de Deus ora, vê a justiça divina em seus atos de misericórdia e socorro para com eles e em seu juízo sobre os inimigos; assim, reconhecem que a justiça do Senhor permite que Ele traga disciplina sobre eles, quando pecam. Em II Crônicas 12, o rei Roboão e os líderes de Israel finalmente foram obrigados a admitir que, por causa do pecado e da rebelião deles contra Deus, Faraó Sisaque teve permissão para atacar Judá e chegar até Jerusalém. Deus os poupou da destruição somente quando se humilharam e reconheceram: “O Senhor é justo” (v. 6). Na época do exílio babilônico, os líderes tornaram-se particularmente conscientes deste aspecto da justiça de Deus. Daniel expressou dessa maneira: “Por isso, o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós, porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as obras que faz; contudo, não obedecemos à sua voz” (Dn 9:14; veja também Ed 9:15).

    Os profetas olhavam adiante para ver a revelação da justiça de Deus no futuro reino do Messias: “Vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo, um rei que reinará e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra” (Jr 23:5; Is 9:7-11.4; etc. veja Lc 1:75; At 22:14). Paulo falou sobre a obra de Cristo em termos da revelação da justiça de Deus. Na morte de Jesus, pode-se ver o juízo do Senhor sobre o pecado e a manifestação de seu amor e misericórdia sobre os que são perdoados. Deus não comprometeu nem sua justiça que exige a morte pelo pecado, nem sua aliança de amor para com o seu povo, que promete perdão e misericórdia. Desta maneira, o Senhor permanece justo e íntegro na salvação (Rm 1:17-2.5,6; 3.5, 20-26; etc.).

    Ao falar sobre os últimos dias e o retorno de Cristo, quando Deus vindicará seu nome diante de todo o mundo, inclusive os ímpios, será sua justiça que uma vez mais será notada e levará seu povo, que está ansioso por essa revelação, a louvá-lo (Ap 15:3-16.7).

    O Deus amoroso

    É justo que haja uma seção separada sobre este atributo, o mais maravilhoso do Senhor da Bíblia, ainda que tradicionalmente o amor de Deus seja visto como um aspecto de sua “bondade”. Várias vezes as Escrituras dizem que o Senhor “ama” ou mostra “amor” à sua criação, especialmente para o seu povo. É parte da natureza de Deus, pois ele é “bom” e é “amor”. O Senhor faz o que é bom (2Sm 10:12-1 Cr 19.13; Sl 119:68), porém, mais do que isso, ele é bom. Em outras palavras, a bondade é tão parte dele e de seu ser que o salmista disse: “Pois o teu nome é bom” (Sl 52:9-54.6; este vocábulo “nome” refere-se a todo o caráter do próprio Deus). Jesus disse: “Ninguém há bom, senão um, que é Deus” (Lc 18:19). Assim, se alguém deseja saber o que significa bondade e amor, deve olhar para o Senhor. I João 4:8-16 diz: “ Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor... E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor. Quem está em amor está em Deus, e Deus nele”.

    Deus é a fonte da bondade. Tiago 1:17 diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. O texto não só mostra que o Senhor é a fonte daquilo que é bom, como ensina que Deus é sempre bom. Não existe um lado “sombrio” no Senhor, nenhuma base para a visão oriental de que o bem e o mal existem lado a lado, e juntos formam algo chamado “deus”.

    A bondade de Deus, tão freqüentemente chamada de seu “amor”, é vista de muitas maneiras neste mundo. É evidente que no universo é algo generalizado, ou na manutenção da própria vida, da justiça, da ordem na criação, ou mesmo na provisão da luz do Sol e da chuva, do tempo de semear e de colher (Sl 33:5; Mt 5:45; At 17:25). Sua bondade, entretanto, é mais evidente em seu amor e fidelidade para com seu povo, a quem Ele protege, cuida e livra do juízo. Seu amor fiel por seu povo às vezes é chamado de “aliança de amor” ou “amor fiel”, pois Deus prometeu amar seu povo para sempre. Os israelitas repetidamente louvavam ao Senhor por seu amor eterno, extraordinário e não merecido, demonstrado através de toda a história de Israel (1Cr 16:34-2 Cr 5.13 7:3; Ed 3:11; Sl 118:1-29; Jr 33:11). É digno de nota como os vocábulos “bom” e “amor” aparecem juntos de maneira tão frequente, quando aplicados a Deus.

    Os que buscam a Deus experimentam sua bondade e amor, pois encontram sua salvação (Lm 3:25). O seu povo o louva acima de tudo pelo amor demonstrado em sua misericórdia e perdão dos pecados. Foi para a bondade do Senhor que o rei Ezequias apelou, quando pediu perdão pelo povo de Israel, que adorava a Deus sem ter passado pelo ritual da purificação. “Ezequias, porém, orou por eles, dizendo: O Senhor, que é bom, perdoe a todo aquele que dispôs o coração para buscar o Senhor...” (2Cr 30:18; Nm 14:19). O próprio Deus, ao falar por meio do profeta Oséias, adverte, a respeito da contínua rebelião do povo: “eu não tornarei mais a compadecer-me da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei” (Os 1:6).

    A salvação de Deus para seu povo é sua mais profunda e fantástica demonstração de bondade e amor. Jesus foi oferecido pelo Pai como sacrifício pelo pecado de todo o que crê. Talvez o mais famoso versículo da Bíblia, João 3:16, expresse o sentimento desse dom de Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O dom é ainda mais extraordinário, pois “Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8; Tt 3:4-1 Jo 3:16). O povo de Deus sabe que não merece este sacrifício. A natureza do amor divino, dado a pessoas que não são merecedoras, freqüentemente é expressa por meio do vocábulo “graça”.

    O amor de Deus também é visto por seu povo na maneira como Ele dá o seu Espírito Santo, de tal forma que todos possam conhecê-lo e responder-lhe em amor (Rm 5:5). Eles também experimentam o amor divino em seu cuidado providencial. Isso pode significar que o amor será em forma de disciplina (Ap 3:19), mas também representa o fato de que “todas as coisas” cooperam para o bem do povo de Deus, dos que são chamados segundo o seu propósito. Nada poderá separá-los do amor de Deus e de Cristo (Rm 8:28-35, 39; veja a seção anterior “O Deus providencial”). Ao meditar sobre sua graça a favor de todos, para os levar à salvação, eles o louvam pela maneira como os escolheu e os predestinou para serem filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade (Ef 1:4-6; 1 Jo 3:1). Essa grande obra de salvação é feita “segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo” (v. 9).

    “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2:4-5). O problema é como uma mente humana pode assimilar a profundidade desse amor, pois “excede todo o entendimento” (Ef 3:18-19).

    O Deus salvador

    O amor de Deus é visto proeminentemente em sua salvação por meio de Jesus (“Jesus” significa “o Senhor salva”; veja Jesus). O Senhor é corretamente descrito como “Deus salvador”. A Bíblia ensina que toda a humanidade é pecadora e necessita de redenção, que só é efetivada pela ação salvadora de Deus. O AT refere-se ao Senhor como “Libertador”, “Redentor” e “Salvador”, tanto da nação como dos indivíduos. Ambos necessitam de perdão, se não querem receber juízo. Uma lição necessária à compreensão de todas as pessoas é que somente Deus é Todo-poderoso, soberano e justo; portanto, o único que pode salvar: “E não há outro Deus senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim” (Is 45:21-43.11). Às vezes, o povo de Israel voltava-se para outras nações em busca de proteção e salvação; essa atitude, entretanto, invariavelmente falhava, ao passo que o Senhor ensinava que somente Ele era o Salvador (Dt 32:15-24; 1 Cr 16:34-36; Is 17:10).

    A promessa que Deus faz ao seu povo é que “quando clamarem ao Senhor, por causa dos opressores, ele lhes enviará um salvador e um defender, que os livrará” (Is 19:20-43.3; 45.15). Os homens e mulheres fiéis, mencionados no AT, todos conheceram a atividade salvadora e libertadora de Deus, tanto nas batalhas como no perdão dos pecados. O êxodo do Egito tornou-se o grande evento na história de Israel, que ofereceu às gerações futuras um memorial e uma ilustração da salvação e redenção operadas pelo Senhor. Deus redimiu seu povo do Egito porque o amava: “Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte, e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito” (Dt 7:8).

    Aquele acontecimento histórico proporcionou às gerações futuras uma evidência de que Deus tem o poder para salvar e libertar; essa verdade tornou-se a base em que podiam apelar para o Senhor salvá-los e livrá-los novamente em outras situações adversas (Êx 6:6; Dt 9:26; Sl 106:10). A libertação do Egito, porém, proporcionou também uma advertência, que mostra os acontecimentos no deserto para os que “esqueceram seu Deus”: “Pondo-os ele à morte, então o procuravam; voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. Lembravam-se de que Deus era a sua rocha, de que o Deus Altíssimo era o seu Redentor” (Sl 78:34-35; veja também 1 Cr 10:1-12). O próprio Deus mostrou a sua obra salvadora, ao levá-los do Egito para Canaã, e esperava fidelidade e serviço do seu povo redimido (Dt 13:5-15.15; 24.18; Os 13:4).

    Assim como precisavam de uma redenção física e libertação, os israelitas necessitavam também de perdão dos pecados; nisto também o Senhor provou ser o Salvador e Redentor do seu povo. Louvavam o seu nome pelo seu perdão e sabiam que podiam submeter-se à justiça de Deus e que Ele os salvaria (Dt 21:8; Sl 31:5-34.22; 44.26; Is 54:5-59.20).

    Os profetas olhavam para o futuro, para o dia em que um Salvador e Redentor viria para o povo de Deus: “O Redentor virá a Sião e aos que se desviarem da transgressão em Jacó, diz o Senhor” (Is 59:20). Isaías olhava adiante, para o dia do advento do Messias, quando o povo o louvaria: “Graças te dou, ó Senhor. Ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolaste. Certamente Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei. O Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação” (Is 12:1-3; veja Jr 23:6; Zc 9:9).

    Jesus foi o cumprimento de tais promessas. Ele era o Deus Salvador que veio à Terra para salvar e redimir. Quando seu nascimento foi anunciado, sua atividade salvadora e redentora imediatamente dominou as palavras dos anjos, de Zacarias e de Maria. As profecias concernentes à salvação do povo de Deus, com o advento do rei da linhagem de Davi, são anexadas às promessas do perdão de pecados e salvação do juízo de Deus. Toda a “história da salvação”, como alguns a têm chamado, chega ao seu grande clímax com o advento daquele que seria chamado de “Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1:21; Lc 1:46-47, 68-75; 2.11, 30-32, 38; etc.).

    O Deus salvador é revelado plenamente em Jesus. Nele, e em ninguém mais, há salvação (Lc 3:6-19.9,10; At 4:12; Hb 2:10). De fato, os vocábulos “salvar” e “salvação” referem-se a toda a obra salvadora de Cristo, desde sua encarnação, morte e ressurreição, até sua glorificação. Sua obra salvadora é considerada como um acontecimento realizado em três tempos: passado (na cruz, quando os crentes foram “justificados”; Rm 5:1-8.24; Ef 2:8-2 Tm 1.9); presente (com a operação progressiva do Espírito Santo na vida do crente, no processo de santificação, 1 Co 1.18; 2 Co 2,15) e futuro (no dia do julgamento, quando os crentes serão salvos da justa ira de Deus e serão glorificados; Rm 5:9-10).

    A meditação sobre quem é o Senhor sempre tem levado à doxologia; assim, Judas 25 expressa o louvor a Deus como Salvador, por meio de Jesus Cristo: “Ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

    O Deus Pai

    Conforme já vimos, Deus é bom e é amor; portanto, é também “Pai”. Ele é a fonte de todas as coisas e, nesse sentido, é Pai. É o Pai da criação de Israel — o povo da sua aliança e dos cristãos. Acima de tudo, ele é o Pai de seu único Filho Jesus Cristo. Numa época em que muitas vezes se pergunta se o Senhor realmente deveria ser chamado de “Pai”, pois isso pode parecer uma postura “machista”, é importante notar novamente que Deus é Espírito. Portanto, é totalmente errado descrevê-lo como masculino ou feminino. De fato, lemos sobre o Pai como o Deus “que te gerou” (Dt 32:18) — o que dificilmente seria considerada como uma ação masculina! A paternidade humana deriva de Deus e não vice-versa. Chamar Deus de “Pai” sem dúvida é correto do ponto de vista bíblico e, devidamente entendido, tem muito a dizer para corrigir os muitos abusos que são presenciados atualmente, cometidos pelos pais humanos.

    Primeiro, Deus é ocasionalmente referido, num sentido genérico, como Pai de todas as pessoas, pois elas são geradas por Ele (Ml 2:10; At 17:28-29; Hb 12:9). Segundo, a paternidade de Deus sobre Israel é mencionada ou subentendida. Como Pai, o Senhor tem o direito de ser obedecido. Deuteronômio 3:2-6 dá alguma indicação desse relacionamento: “Corromperam-se conta ele; já não são seus filhos, e isso é a sua mancha, geração perversa e depravada é. É assim que recompensas ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu Pai, que te adquiriu, que te fez e te estabeleceu?” É o relacionamento pactual com seu povo que está especialmente em destaque aqui. O Senhor toma (cria) Israel, ao fazer dele o seu povo peculiar e ao adotá-lo amorosamente como pai, na esperança de receber de volta amor e obediência (Ml 1:6). Deus adverte Israel de que será rejeitado, se porventura desprezar seu Pai (v. 18). Assim, Israel é o seu “filho primogênito” e, se obedecer, receberá a proteção do Senhor. Por exemplo, Deus exige de Faraó: “Israel é meu filho, meu primogênito. Deixa ir o meu filho” (Êx 4:22-23; Os 11:1).

    O fato de Deus apresentar-se como Pai de Israel significa que tem o direito de esperar em resposta uma sincera comunhão com o filho. Lamentavelmente, na maior parte do tempo, encontrou um povo rebelde. Deus diz em Isaías 1:2: “Criei filhos, e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim”. Tanto este profeta como Jeremias, entretanto, olham para o futuro, para um tempo em que o Senhor será o Pai de um filho que corresponde. Deus então mostrará a Israel seu cuidado e seu amor: “Guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho reto em que não tropeçarão, porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito” (Jr 31:9). Um filho humilde admitirá que o Pai tem direitos: “Mas agora, ó Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro, tu és o nosso oleiro; somos todos obra das tuas mãos. Não te enfureças tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniqüidade. Olha, nós te pedimos, todos nós somos o teu povo” (Is 64:8-9; veja também 45.10,11; 63.16). Como Pai e Deus da Aliança, quando seu filho chamar, ele responderá: “Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, a rocha da minha salvação... O meu amor lhe manterei para sempre, e a minha aliança lhe será firme” (Sl 89:26-28).

    Deus também é o Pai do rei de Israel, de uma maneira especial, pois ele representa o povo. A aliança que o Senhor fez com o rei Davi estabeleceu que Deus seria o “Pai” dos descendentes dele: “Eu serei seu Pai e ele será meu filho”. O salmista destaca esse tema. Por exemplo, o Salmo 2:7 diz: “Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (veja também Sl 89:26-27). Posteriormente, essas passagens sobre o filho assumiram um significado messiânico, quando as pessoas olhavam para o futuro, para o advento do rei ungido da linhagem de Davi. De fato, mais tarde foram aplicadas a Jesus Cristo (At 13:33; Hb 1:5).

    Deus é “Pai” unicamente de Jesus, o qual é descrito como “o Filho unigênito de Deus” (veja Jesus). Esta filiação está relacionada ao seu nascimento virginal (Lc 1:35), mas essa não é a única origem. O Pai anuncia claramente a condição de Jesus, em seu batismo: “Então ouviu-se esta voz dos céus: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mc 1:11). Isso, porém, serviu apenas para confirmar publicamente o que já era verdade. De fato, o NT indica uma comunhão permanente entre o Deus Pai, como “pai”; e o Deus Filho, como “filho”. Esse relacionamento eterno é indicado em João 1:18: “Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem o revelou”. Em João 17 Jesus dirige-se a Deus como “Pai” e olha para o futuro, quando receberá novamente “a glória que me deste, porque me amaste antes da criação do mundo” (vv. 24,25; 1 Jo 4:9).

    O acesso a Deus como “Pai” só é possível por meio de Cristo: “Ninguém vem ao Pai, senão por mim”, disse Jesus (Jo 14:6). Isso também aponta o caminho para a filiação a Deus para todos os cristãos.

    Deus como Pai de todos os cristãos é o complemento de sua paternidade a ser mencionada aqui. O Senhor é o Pai de todo o que tem fé em Cristo. Parte da plenitude da salvação, aplicada aos crentes pelo Espírito Santo, é a condição de “adoção” de filhos (Rm 8:23; Ef 1:5), mediante a qual podem utilizar o nome mais pessoal de “Aba” (Papai), ao dirigir-se a Deus (Rm 8:14-17; Gl 4:6). É importante notar que em ambos os textos a “filiação” também está intimamente ligada à herança. Assim como Jesus, o Filho, é herdeiro da glória de Deus, Paulo diz que os filhos adotados são “co-herdeiros de Cristo, se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8:17). É possível para todo o que crê em Cristo conhecer o Pai (Gl 3:26), pois Jesus lhes revela (Jo 14:6-9). Cristo mostrou o Pai ao mundo: “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo. Antes, é o Pai que está em mim quem faz as obras” (v.10).

    Novamente, a única resposta apropriada por parte do cristão, diante da ideia de ser feito filho de Deus, é o louvor: “Vede quão grande amor nos concedeu o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. E somos mesmo seus filhos! O mundo não nos conhece porque não o conheceu. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque assim como é, o veremos” (1Jo 3:1-2).

    Os nomes de Deus

    Enquanto nas modernas culturas ocidentais o nome realmente só é usado para distinguir uma pessoa de outra, os registrados na Bíblia são utilizados para representar totalmente a pessoa ou indicar aspectos de seu caráter ou de seu objetivo na vida (veja seção Os nomes e seus significados na 1ntrodução). Em nenhum outro lugar isso pode ser visto mais claramente do que na expressão “nome do Senhor”, que ocorre aproximadamente 100 vezes nas Escrituras. É uma frase que sintetiza o que nunca pode ser totalmente resumido — ou seja, o próprio Deus.
    O Nome. Quando Gênesis 4:26 diz: “Foi nesse tempo que os homens começaram a invocar o nome do Senhor”, não quer dizer simplesmente que as pessoas aprenderam a usar o nome “Senhor”. O texto indica que elas começaram a adorar ao Senhor por tudo o que Ele é. Quando a Lei diz: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, pois o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20:7), claramente tem em mente mais do que as ocasionais expressões irreverentes (embora, é claro, sua proibição esteja incluída no mandamento). A lei afirma que o próprio Senhor não deve ser considerado com desdém. Não pode ser tratado da mesma maneira que os ídolos pagãos, mencionados no mandamento anterior. Jamais deve ser invocado como um poder mágico ou ser referido numa adoração que não é centralizada exclusivamente nele.

    Assim, uma referência ao “Nome” do Senhor leva consigo uma indicação da própria natureza de Deus. Em Êxodo 23:20, o “Nome” de Deus está presente no anjo enviado para liderar o povo de Israel. Também é correto concluir que tal ser trata-se de uma “teofania”, por meio da qual o Senhor de alguma maneira era experimentado ou visto na presença do anjo (veja Teofanias).

    Quando a Bíblia fala em “invocar” o nome de Deus, geralmente é num contexto de exortação para se adorar ao Senhor totalmente, em toda a vida e vê-lo como o Deus soberano e transcendente que é: pessoal, amoroso e fiel, que está presente em todas as áreas de seu domínio (2Rs 5:11; Sl 17:7; Jl 2:32; Sf 3:9).

    Fazer alguma coisa no “nome do Senhor” é realizar algo no lugar do próprio Deus ou fazer com todo o endosso de sua presença e em obediência à sua ordem. Dessa maneira, os sacerdotes e levitas ministravam “no nome do Senhor” e os profetas falavam “no nome do Senhor”; não que eles alegassem ser Deus, mas isso significava que falavam e operavam com sua total autoridade e poder por trás deles. Até o mesmo o rei Davi lutou “em nome do Senhor” (Dt 18:17-22; 21.5; 1 Sm 17.45; 1 Rs 18.24; etc.). Quando os israelitas desejavam afirmar a presença de Deus com a Arca da Aliança, faziam isso mediante a invocação do “Nome do Senhor dos Exércitos” (2Sm 6:2). Salomão falava em construir um Templo “ao nome do Senhor” (1Rs 8:20). Dessa maneira, o nome é um meio de descrever a plenitude, a transcendência e a presença do próprio Deus.

    É interessante notar que no NT o “nome” pertence a Jesus, para lembrar os textos do AT que se referiam a tudo o que Deus é. Se o nome é de Deus e Jesus é chamado pelo “nome”, então tudo o que pertence a Deus está em Jesus e tudo o que Deus é, Cristo também é (compare Joel 2:32 com Atos 2:21; Romanos 10:13). Assim como a autoridade e o poder de Deus são vistos em seu “nome”, o mesmo acontece com Jesus. É “no nome de Jesus” que as pessoas são desafiadas ao arrependimento, batismo e a receber perdão. A fé precisa ser “no nome de Jesus” (At 2:38-3.16; 9.21). É “no nome de Jesus” que os apóstolos curavam e a Igreja orava (At 3:6; Tg 5:14).

    Em adição a essa maneira abrangente de referir-se à plenitude de Deus, vários nomes específicos são atribuídos ao Senhor na Bíblia e nos ajudam a entendê-lo melhor. Diferentemente de todos os “nomes”, eles enfatizam aspectos da natureza e do caráter de Deus, a fim de afirmar e enriquecer o que já foi mencionado anteriormente.
    El, Elohim. Um nome comum usado para o Senhor e geralmente traduzido como “Deus” (Elohim é a forma plural). A raiz deste vocábulo provavelmente significa “poder”. Este termo era utilizado em outras culturas e religiões para descrever uma grande divindade. Na Bíblia, porém, o nome é aplicado ao único Deus — “El Elohe Israel”, [Deus, o Deus de Israel] (Gn 33:20). Nas Escrituras, Ele é o “Deus do céu e da terra” (Gn 24:3); “o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”; o “Deus dos hebreus” (Êx 3:18); o “Deus dos deuses”; “Deus da verdade” (Sl 31:5) e, é claro, “Deus da glória” (Sl 29:3).

    A forma plural às vezes refere-se a outros deuses, mas também é usada na Bíblia para o único Deus, embora o termo esteja no plural. A forma plural indica a plenitude do Senhor. Ele é totalmente distinto das pessoas criadas, em seu ser (Nm 23:19).

    O vocábulo “El” também aparece em formas como “El Shaddai” (Deus Todo-poderoso”; Gn 17:1; Êx 6:3. Para mais detalhes, veja a seção “O Deus de Abraão”, no artigo sobre Abraão); “El Elyom” (Deus Altíssimo; Dt 32:8; Dn 7:18-22; etc.); “El Betel” (Deus de Betel; Gn 35:7); e “El Olam” (Deus Eterno; Gn 21:33; veja também Sl 90:2).
    Yahweh (o Senhor). O vocábulo Yahweh, que geralmente é traduzido como “Senhor”, em nossas versões da Bíblia em Português, tem sido corretamente chamado de “o nome da aliança de Deus”. Foi por este título que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó escolheu revelar-se a Moisés (Êx 6:3). Sem dúvida, os seguidores fiéis do Senhor já o conheciam por este nome antes da revelação da sarça ardente, mas com Moisés há mais revelações da fidelidade de Yahweh à aliança e de sua comunhão íntima com seu povo. O nome em si é derivado do verbo hebraico “ser”. Moisés imaginou pessoas que lhe perguntariam pelo nome do Deus que lhe apareceu, quando voltasse para seu povo. O Senhor lhe respondeu: “EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3:14; veja
    v. 15). Yahweh, portanto, significa algo como “Ele é” ou talvez “Ele traz à existência”.

    Como o nome revelado de Deus, o título “Yahweh” trazia uma declaração da existência contínua do Senhor e sua presença permanente com seu povo. Foi Ele quem se apresentou a Moisés e ao povo de Israel através das gerações como o Deus da aliança, o que sempre seria fiel às suas promessas em favor de seu povo. Foi sob este nome que o povo da aliança adorou a Deus. No NT, os cristãos entenderam que o Senhor da aliança era Jesus Cristo e, assim, ideias e atributos do AT que pertenciam a Yahweh foram trazidos e aplicados a Jesus. Para uma discussão mais detalhada do grande significado deste nome, veja Senhor.
    Adonai (Senhor). Com o significado de “Senhor” ou “Mestre”, este termo é aplicado a seres humanos em posição de autoridade. Quando relacionado a Deus, entretanto, geralmente é usado junto com o nome Yahweh. Isso apresenta algumas dificuldades na tradução. Não é fácil ler a frase “O senhor senhor”! Assim, geralmente traduz-se como “Senhor Deus” (2Sm 7:28; Is 28:16-56.8; etc.).
    Rocha. A fidelidade, a confiabilidade e a graça salvadora do Deus da aliança são ocasionalmente descritas por meio do epíteto “Rocha” (Dt 32:4-15, 18; 2 Sm 22.3, 47; Sl 62:7; Hc 1:12; etc.).
    Outros nomes. Embora algumas vezes sejam tomados como nomes, muitos outros termos aplicados a Deus são adjetivos. São usados para descrever o Senhor, atribuir louvor ao seu nome e diferenciá-lo dos deuses pagãos. Juízes 6:24 diz que “o Senhor é paz”. Outros textos falam sobre Deus como “o Santo” ou “o Santo de Israel”, a fim de estabelecer um elo no AT entre a sua santidade e a necessidade de que o seu povo seja santo (6:10; Pv 9:10; Is 12:6). Deus também é conhecido como o “Rei” (veja Rei), o “Senhor Todo-poderoso”, “o Senhor é minha Bandeira”, entre outros.
    Jeová. Este termo é pouco citado nas modernas versões da Bíblia. Deve, contudo, ser mencionado aqui como um nome que ainda sobrevive em algumas traduções. É suficiente dizer que, em hebraico, o termo YHWH aparece e, na maioria das vezes, é traduzido como SENHOR, em nossas versões, ou colocam-se vogais e assim lê-se Yahweh (o que alguns colaboradores deste volume têm feito). Jeová deriva de uma leitura equivocada de Yahweh. O pano de fundo do problema com o nome “Jeová” é explicado no verbete Senhor.


    A Trindade

    O cristianismo tradicionalmente argumenta que muitas evidências bíblicas revelam Deus em três pessoas distintas. Para alguns, tal definição do Senhor tem causado sérios problemas. A história da Igreja é permeada pelo surgimento de seitas que não reconheciam Jesus Cristo como Deus ou que se recusavam a aceitar a visão trinitária do Senhor; outras não viam um dos componentes da Trindade como totalmente Deus, ou negavam que houvesse distinções entre as três pessoas. Outros grupos estão totalmente fora do ensino bíblico e entram efetivamente no mundo do triteísmo, uma noção negada explicitamente na Bíblia, como, por exemplo, na oração da “Shema” (Dt 6:4). Embora o termo “trindade” não seja mencionado nas Escrituras, os cristãos sempre creram que somente ele pode fazer justiça à revelação bíblica da “plenitude” de Deus. Começando com o AT, os cristãos apontam indicações que pressagiam um ensino mais detalhado no NT. Muitas passagens conduzem para a pluralidade relacionada com o que é o “único Deus”. Muitos textos sugerem uma identificação do Messias que virá com o próprio Deus. Ele será chamado de Deus Poderoso, governará em completa soberania e será eterno — atributos divinos (Is 9:6-7; Sl 2; etc.). Mas indicações também estão presentes na compreensão da própria criação, no AT. Embora algumas pessoas neguem seu significado, é interessante notar que o Senhor refere-se a si mesmo com o termo plural “elohim” em certas passagens. Em Gênesis 1, é Deus quem cria, por meio de sua Palavra e pelo seu Espírito (Gn 1:1-3). Às vezes essa referência no plural parece ainda mais notável, feita de forma explícita com o uso de verbos e pronomes nas pessoas do plural; por exemplo, “Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem...” (Gn 1:26-3.22; 11.7; Is 6:8). Existe também uma personalização da “Palavra de Deus” que criou os céus (Sl 33:6). Algo semelhante ocorre em Provérbios 8, onde a sabedoria do Senhor é personalizada como o próprio Deus que opera no mundo, concede vida e envolve-se com a própria criação (principalmente Pv 8:12-21).

    Alguns sugerem que “o anjo do Senhor” também deve ser identificado com Deus e ainda assim é distinto dele (Êx 3:2-6; veja também Anjo do Senhor). Em Isaías 63:1014, o Espírito Santo é identificado como Agente de Deus. Esse tipo de evidência espera por sua interpretação mais completa no NT (veja também Teofanias).

    No NT, aspectos da doutrina da Trindade surgem primeiro quando os discípulos e seguidores de Jesus reconhecem as obras e as palavras de Deus nas atitudes de Jesus. Realmente, o problema dos líderes religiosos daquela época foi justamente que algumas das coisas que Cristo fazia e dizia só seriam feitas e ditas por Deus; portanto, eles alegavam que Jesus blasfemava, ao tentar passar por Deus. Por exemplo, Cristo perdoou os pecados do paralítico, algo que os escribas acreditavam que somente Deus era capaz de fazer; portanto, era uma blasfêmia. Jesus então demonstrou sua autoridade divina, ao curar o homem completamente (Mt 9:2-6). João 8 é especialmente esclarecedor sobre essa questão e traz uma série de declarações feitas por Jesus. Sua alegação de pertencer a Deus e ser enviado por Ele (vv. 14, 23), de partir para um lugar desconhecido dos líderes religiosos (v. 14), intimamente combinada com o uso da expressão “Eu Sou” e sua declaração de ter existido antes de Abraão (vv. 24, 28, 58, etc.), tudo isso ocasionou uma acusação de blasfêmia e a tentativa de apedrejamento — a punição para aquela transgressão (v. 59). Jesus aceitou a confissão de Pedro de que Ele era o Cristo (Mc 8:29-30) e alegou ter “todo” poder e autoridade antes de fazer uma das principais declarações trinitárias da Bíblia: “Ide... batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28:18).

    Em todo o NT, ambos, o Espírito Santo e Jesus, são apresentados como seres divinos. João 1:1-14 fala de Cristo como preexistente. Romanos 9:5 geralmente é destacado por alguns teólogos, mas provavelmente a leitura deveria ser essa: “Cristo, que é Deus sobre todos, seja louvado...” (veja também Cl 2:9; Hb 1:9-10; etc.). O Espírito Santo também é visto como Deus (veja At 5:3-4; Jo 15:26; Mc 3:29-2 Co 3.17; etc.).

    São também interessantes as passagens do NT onde os escritores apostólicos aplicam a Jesus o nome de Yahweh do AT (Senhor). Veja, por exemplo, Romanos 1:0-13, onde a confissão da fé em Cristo é provada como confissão de fé em Deus, por uma referência que aponta para o AT e menciona Yahweh. Vários textos merecem um exame cuidadoso, pois trazem o entendimento do AT sobre Yahweh ou aplicam declarações concernentes a Yahweh, no AT, e a Jesus, no NT. Por exemplo, veja João 1:2-41 (cf. Is 6:10); Atos 2:34-36; I Coríntios 1:30-31; 12.3; Filipenses 2:9-11 (cf. Is 45:23), etc.

    Em muitas passagens bíblicas, a ideia do Deus trino é no mínimo implícita nos textos do NT, se não explícita. O batismo de Jesus envolveu o Filho, o Pai e o Espírito Santo (Mt 3:13-17). O mencionado em Mateus 28:19 é em nome das três pessoas da Trindade. Jesus referiu-se ao Espírito Santo como “outro Consolador”. Assim como o Pai enviou Cristo, Ele mandaria o Espírito Santo (Jo 14:15-23). Veja também a obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo na vida do crente (Ef 3:14-19).

    As Escrituras revelam uma figura de Deus em três pessoas e a isso nós chamamos de “Trindade”. O Pai não é maior do que o Filho e ambos são distintos do Espírito Santo, embora exista um ensino claro tanto no AT como no NT de que Deus é único. Existem três pessoas, mas apenas um Senhor. Tal ensino, quando apresentado em conjunto, implica um modo de existência longe do que nossa mente humana possa entender. É por esta razão que todas as analogias humanas invariavelmente fracassam quando se trata de explicar o que significa a Trindade.

    Os cristãos estão convencidos de que negar essa doutrina é renunciar à clara evidência bíblica sobre o próprio Deus. Um escritor resumiu o ensino bíblico dessa maneira: “A doutrina da Trindade não explica plenamente o misterioso caráter de Deus. Pelo contrário, estabelece as fronteiras, fora das quais não devemos andar... Isso exige que sejamos fiéis à revelação bíblica que em um sentido Deus é um e num sentido diferente ele é três” (R. C. Sproul).

    Conclusão

    O Deus da Bíblia é revelado como Eterno, Majestoso, Transcendente, Onipotente e Onisciente. Também é descrito como o Criador de todo o Universo e das pessoas e, neste contexto, revela a si mesmo em sua Palavra como um Deus pessoal, amoroso e soberano, um Deus justo, verdadeiro e íntegro. Deus é revelado como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É o Deus presente com seu povo (Emanuel, Deus conosco) e atuante em toda a criação, embora de modo algum seja absorvido por ela, como certas religiões orientais ensinam. Embora seja um Deus santo, separado e distinto da criação e das criaturas, não permite que o mundo se perca totalmente em seu pecado, sem nenhuma esperança de redenção; pelo contrário, revela a si mesmo como um Deus de amor que salva e redime todo aquele que o busca. Sua graça salvadora é vista claramente em sua vinda aqui na Terra: Jesus, o Filho de Deus, veio para ser o Salvador e Redentor da humanidade. Esta dádiva é experimentada por meio de sua Palavra (a Bíblia) e da presença do Espírito Santo no coração e na vida daqueles que crêem nele. Quanto mais a Bíblia é lida, fica mais claro que todo o seu povo é exortado repetidamente a cantar louvores ao Deus Todo-poderoso que, embora seja transcendente, está presente, a fim de sustentar, cuidar e salvar. “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

    P.D.G.


    Deus [hebr. El, Elah, Eloah, Elohim; gr. theós]

    O nome mais geral da Divindade (Gn 1:1; Jo 1:1). Deus é o Ser Supremo, único, infinito, criador e sustentador do universo. É espírito pessoal e subsiste em três pessoas ou distinções: Pai, Filho e Espírito Santo (v. TRINDADE). É santo, justo, amoroso e perdoador dos que se arrependem. O ateu diz que Deus não existe; o agnóstico diz que não podemos saber se Deus existe ou não; o crente sabe que Deus existe e afirma: “... nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17:28).

    ==========================

    NOMES DE DEUS

    Nas Escrituras Sagradas Deus é chamado por vários nomes e cognomes (títulos), que seguem alistados na ordem decrescente do número de ocorrências:


    1) SENHOR (hebr. JAVÉ, ???? - Gn 2:4);


    2) DEUS (Gn 1:1);


    3) SENHOR DOS EXÉRCITOS (Jr 33:11);


    4) Pai (Is 63:16; Mt 6:8-9);


    5) SENHOR (propriamente dito - Sl 114:7);


    6) SANTO de ISRAEL (Is 1:4);


    7) ALTÍSSIMO (Gn 14:18);


    8) Todo-poderoso (Gn 49:25; 2Co 6:18);


    9) Deus Vivo (Os 1:10; 1Ts 1:9);


    10) Rei (Sl 24; 1Tm 6:15);


    11) Rocha (Dt 32:18; Is 30:29);


    12) REDENTOR (19:25);


    13) SALVADOR (Sl 106:21; Lc 1:47);


    14) Juiz (Gn 18:25; 2Tm 4:8);


    15) O Poderoso (Gn 49:24, RA; RC, Valente);


    16) O PRIMEIRO E O ÚLTIMO (Ap 22:13);


    17) ETERNO DEUS (Is 40:28);


    18) Pastor (Gn 49:24);


    19) ANCIÃO DE DIAS (Dn 7:9);


    20) O Deus de BETEL (Gn 31:13);


    21) O Deus Que Vê (Gn 16:13).


    Deus O judaísmo apresentava uma visão estritamente monoteísta da divindade. As afirmações a respeito que aparecem no Antigo Testamento não podem ser mais explícitas. Antes e depois dele não houve nem haverá outros deuses (Is 43:10-11). Tudo criou sem ajuda nem presença de ninguém (Is 44:24; 45,12). É o primeiro e o último (Is 44:6), clemente e misericordioso (Sl 111:4), o que cuida dos oprimidos (Sl 113:7), o que cura todas as dores e perdoa todas as iniqüidades (Sl 103:3).

    Foi ele quem entregou a Torá a Moisés no Sinai (Êx 19:20) e que estabeleceu uma Aliança Eterna com Israel como povo seu. Ele que falou através dos profetas, ele que não pode ser representado por nenhum tipo de imagem, desenho ou pintura (Ex 20:4ss.) etc.

    Deste Deus se esperava que enviaria seu messias e que no final dos tempos ressuscitaria os justos e injustos, proporcionando recompensa eterna aos primeiros e castigo vergonhoso e consciente aos segundos (Dn 12:2).

    Nos evangelhos encontramos uma aceitação de todas essas afirmações. Deus é único (Mc 12:29ss.), é o Deus dos patriarcas (Mt 22:32), é o único que pode receber culto e serviço (Mt 6:24; Lc 4:8). Para ele tudo é possível (Mt 19:26; Lc 1:37). Ainda que faça brilhar o sol sobre justos e injustos (Mt 5:45), só é Pai daqueles que recebem Jesus (Jo 1:12). Essa relação de paternidade entre Deus e os seguidores de Jesus explica por que ele é tratado como Pai (Mt 11:25ss.; Mc 14:36; Lc 23:34.46; Jo 11:41; 17, 1.5.11). A ele se deve dirigir no oculto do coração e sem usar contínuas repetições como os pagãos (Mt 6:4.
    18) e nele se deve confiar sem sombra de dúvida (Mt 6:26-32; 10,29-31; Lc 15). E podemos então chegar a conhecê-lo porque se nos revelou em Jesus (Jo 1:18).

    Esse monoteísmo com o qual Deus é contemplado no Novo Testamento encontra-se, não obstante, selecionado através da fé na Trindade, que afirma uma pluralidade de pessoas no âmago da única divindade. Existem precedentes da crença na divindade do messias no judaísmo, assim como da atuação de Deus em várias pessoas. De fato, o judeu-cristianismo posterior — tal como registra o Talmude — apenas se referiu a elas para defender sua essência judaica. Assim, no Antigo Testamento, atribui-se ao Messias o título divino de El-Guibor (Is 9:5-6); Deus se expressa em termos plurais (Gn 1:26-27; Is 6:8); o malak YHVH ou o anjo de YHVH não é senão o próprio YHVH (Jz 13:20-22) etc, expressões que foram interpretadas como sinais da revelação da Trindade.

    Nos evangelhos encontramos de fato afirmações nesse sentido que não podem ser consideradas equívocas. Por exemplo: Jesus é denominado Deus (Jo 1:1; 20-28 etc.); afirma-se que o Filho de Deus é igual a Deus (Jo 5:18); ressalta-se que era adorado pelos primeiros cristãos (Mt 28:19-20 etc.), recebe a designação de “Verbo”, termo procedente dos targuns aramaicos para referir-se ao próprio YHVH (Jo 1:1) etc.

    Tem-se discutido se todos esses enfoques procedem realmente do próprio Jesus ou se, ao contrário, devem ser atribuídos à comunidade primitiva. Também se questiona o seu caráter judaico.

    Atualmente, sabemos que esses pontos de vista não se originaram do helenismo, mas do judaísmo contemporâneo de Jesus (m. Hengel, A. Segal, C. Vidal Manzanares etc.). A característica que difere o cristianismo das outras doutrinas é afirmar essa hipóstase do Deus único, encarnado em Jesus. A este também retrocede todas as interpretações sobre sua pessoa. Para essa interpretação, defendem-se passagens de indiscutível autenticidade histórica, como a de Lc 10:21-22, assim como as de auto-identificação que Jesus atribui a si, como a Jokmah hipostática dos Provérbios (Lc 7:35; 11,49-51) e como o “Kyrios” (Senhor) do Antigo Testamento (Lc 12:35-38; 12,43ss.). Essas passagens de fato fazem parte da fonte Q, o que indica sua antigüidade.

    m. Hengel, El Hijo de Dios, Salamanca 1978; A. Segal, Paul, The Convert, New Haven e Londres 1990; m. Gilbert - J. N. Aletti, La Sabiduría y Jesucristo, Estella; C. Vidal Manzanares, El primer Evangelio...; Idem, El judeo-cristianismo palestino...


    Lamber

    verbo transitivo Passar a língua em alguma coisa: lamber um prato.
    Figurado Tocar levemente: as ondas lambem os rochedos.
    Executar com requinte (falando-se de uma obra de arte): lamber um quadro.
    Lamber os pés de alguém, assumir atitude servil, humilhante.
    Lamber com os olhos uma coisa, olhá-la com avidez.

    Medo

    substantivo masculino Estado emocional provocado pela consciência que se tem diante do perigo; aquilo que provoca essa consciência.
    Sentimento de ansiedade sem razão fundamentada; receio: medo de tomar manga com leite.
    Grande inquietação em relação a alguma desagradável, a possibilidade de um insucesso etc.; temor: tinha medo de perder o emprego.
    Por Extensão Comportamento repleto de covardia: correu por medo de apanhar.
    Etimologia (origem da palavra medo). Do latim metus.us.

    O medo, que é uma construção mental do intelecto, apresenta-se com todo o séquito de imagens cultivadas largamente e jamais enfrentadas, que se transformam em mecanismos tormentosos de pavor, sem favorecerem as energias capazes de superá-lo. Sendo resultado da ignorância da realidade, consome valiosos recursos de forças emocionais que poderiam ser canalizadas para o equilíbrio e a coragem, facultando melhor compreensão da oportunidade de desenvolvimento do ser integral. Vivenciado emocionalmente, somente quando desestruturado através da reflexão e da meditação profunda dilui-se, cedendo lugar a um estado de paz interior, que estimula ao contínuo avanço e busca de experiências iluminativas. Toda a corte que o segue, formando os estados de terror decorrentes das perdas: do trabalho, do afeto, da família, da saúde, do dinheiro, da traição e da morte, desfaz-se como neblina ante o sol da realidade espiritual que se é, em detrimento da aparência orgânica em que se encontra. Somente através de uma análise bem direcionada é que se pode compreender que o medo não tem sentido, mas exerce terrível pressão sobre o indivíduo, conduzindo-o, em determinadas situações, a estados paroxísticos e alucinantes. Tem-se medo pelo que se ignora, especialmente se a tradição o envolveu nos mitos que remanescem no inconsciente, tomando forma de fantasma destruidor, sempre em busca de mais recentes vítimas para devorá-las. A sua psicologia aturde a organização fisiológica, que dispara hormônios e neuropeptídeos na corrente sangüínea, invadindo todo o corpo que lhe cede à presença transformadora. O medo desencadeia a violência que jaz adormecida como herança animal, aguardando o ensejo de desvelar-se e agredir, mesmo que gerando mecanismos autodestrutivos também naquele que se faz rebelde ou agressor. Criado pelo intelecto, sim, porquanto a criança, que ainda não foi intimidada, não havendo construído imagens mentais afligentes, não tem medo. Quando os adultos lhe apresentam as idéias afligentes, desenhando-lhe nos painéis mentais os clichês que caracterizam o medo, ei-lo que se lhe instala. Pode-se considerar esse sentimento como fundamental, no que concerne a impedir o desenvolvimento espiritual do ser, porquanto é diluente de muitos valores que estimulam o crescimento interior.
    Referencia: FRANCO, Divaldo P• Impermanência e imortalidade• Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Impedimentos à iluminação

    O medo é verdugo impiedoso dos que lhe caem nas mãos. Produz vibrações especiais que geram sintonia com outras faixas na mesma dimensão de onda, produzindo o intercâmbio infeliz de forças deprimentes, congestionantes. À semelhança do ódio, aniquila os que o cultivam, desorganizando-os de dentro para fora. Alçapão traiçoeiro, abre-se, desvelando o fundo poço do desespero, que retém demoradamente as vítimas que colhe...
    Referencia: FRANCO, Divaldo P• Párias em redenção• Pelo Espírito Victor Hugo• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - L• 1, cap• 7

    [...] é inimigo traiçoeiro e forte: esmaga os poderosos e enfurece os fracos.
    Referencia: FRANCO, Divaldo P• Párias em redenção• Pelo Espírito Victor Hugo• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - L• 2, cap• 5

    M [...] O medo é algoz impenitente que destrói, seguro de si, estilhaçando tudo, tudo transformando em maior razão de pavor: pequenos ruídos semelham trovões, o cicio do vento parece voz de fantasma, a própria respiração soa como estertor de gigante, prestes a desferir golpe fatal. [...]
    Referencia: FRANCO, Divaldo P• Sublime expiação• Pelo Espírito Victor Hugo• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1998• - L• 1, cap• 7

    O medo é agente de males diversos, que dizimam vidas e deformam caracteres, alucinando uns, neurotizando outros, gerando insegurança e timidez ou levando a atos de violência irracional. Originário no Espírito enfermo, pode ser examinado como decorrência de três causas fundamentais: a
    Referencia:

    conflitos herdados da existência passada, quando os atos reprováveis e criminosos desencadearam sentimentos de culpa e arrependimento que não se consubstanciaram em ações reparadoras; b
    Referencia:

    sofrimentos vigorosos que foram vivenciados no além-túmulo, quando as vítimas que ressurgiam da morte açodaram as consciências culpadas, levando-as a martírios inomináveis, ou quando se arrojaram contra quem as infelicitou, em cobranças implacáveis; c
    Referencia:

    desequilíbrio da educação na infância atual, com o desrespeito dos genitores e familiares pela personalidade em formação, criando fantasmas e fomentando o temor, em virtude da indiferença pessoal no trato doméstico ou da agressividade adotada.
    Referencia: FRANCO, Divaldo P• Temas da vida e da morte• Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Medo e responsabilidade

    [...] é um adversário terrível.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Luz acima• Pelo Espírito Irmão X [Humberto de Campos]• 9a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 31

    [...] é tão contagioso como qualquer moléstia de perigosa propagação. Classificamos o medo como dos piores inimigos da criatura, por alojar-se na cidadela da alma, atacando as forças mais profundas.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Nosso Lar• Pelo Espírito André Luiz• 56a ed• Rio de Janeiro: FEB• 2006• - cap• 42


    Medo Habitante da MÉDIA (Et 1:19); (Is 13:17); (At 2:9). (Pronuncia-se médo.)

    Pavor

    substantivo masculino Excesso de medo ou temor: ela tem pavor de aranhas; caminha sempre com pavor de ser assaltada.
    Etimologia (origem da palavra pavor). Do latim pavor.oris.

    Pavor TERROR (Js 2:9); (Mc 14:33).

    substantivo masculino Partículas extremamente pequenas e leves que pairam no ar ou se depositam nas coisas; poeira; polvilho.
    Qualquer substância sólida pulverizada (reduzidas a partículas extremamente pequenas): pó de café.
    Os restos de uma pessoa morta: todo ser humano vira pó.
    Coisa sem importância; insignificância.
    [Farmácia] Medicamento seco e moído.
    [Gíria] Cocaína em pó.
    Tabaco em partículas pequenas que, ao ser inalado, faz espirrar; rapé.
    Etimologia (origem da palavra ). Do latim pulvus, pulvum.

    substantivo masculino Partículas extremamente pequenas e leves que pairam no ar ou se depositam nas coisas; poeira; polvilho.
    Qualquer substância sólida pulverizada (reduzidas a partículas extremamente pequenas): pó de café.
    Os restos de uma pessoa morta: todo ser humano vira pó.
    Coisa sem importância; insignificância.
    [Farmácia] Medicamento seco e moído.
    [Gíria] Cocaína em pó.
    Tabaco em partículas pequenas que, ao ser inalado, faz espirrar; rapé.
    Etimologia (origem da palavra ). Do latim pulvus, pulvum.

    Reptar

    verbo transitivo direto Opor ou contestar; expressar oposição a: precisavam reptar as normas legisladas.
    Provocar; fazer um desafio a; lançar provocações contra alguém: reptava os adversários.
    Etimologia (origem da palavra reptar). Do latim reptare.

    Senhor

    substantivo masculino Proprietário, dono absoluto, possuidor de algum Estado, território ou objeto.
    História Aquele que tinha autoridade feudal sobre certas pessoas ou propriedades; proprietário feudal.
    Pessoa nobre, de alta consideração.
    Gramática Forma de tratamento cerimoniosa entre pessoas que não têm intimidade e não se tratam por você.
    Soberano, chefe; título honorífico de alguns monarcas.
    Figurado Quem domina algo, alguém ou si mesmo: senhor de si.
    Dono de casa; proprietário: nenhum senhor manda aqui.
    Pessoa distinta: senhor da sociedade.
    Antigo Título conferido a pessoas distintas, por posição ou dignidade de que estavam investidas.
    Antigo Título de nobreza de alguns fidalgos.
    Antigo O marido em relação à esposa.
    adjetivo Sugere a ideia de grande, perfeito, admirável: ele tem um senhor automóvel!
    Etimologia (origem da palavra senhor). Do latim senior.onis.

    o termo ‘Senhor’, no A.T., paraexprimir Jeová, está suficientemente compreendido nesta última palavra – e, como tradução de ãdôn, não precisa de explicação. Em Js 13:3, e freqüentemente em Juizes e Samuel, representa um título nativo dos governadores dos filisteus, não se sabendo coisa alguma a respeito do seu poder. o uso de ‘Senhor’ (kurios), no N.T., é interessante, embora seja muitas vezes de caráter ambíguo. Nas citações do A.T., significa geralmente Jeová, e é também clara a significaçãoem outros lugares (*vejag. Mt 1:20). Mas, fora estas citações, há muitas vezes dúvidas sobre se a referência é a Deus como tal (certamente Mc 5:19), ou ao Salvador, como Senhor e Mestre. Neste último caso há exemplos do seu emprego, passando por todas as gradações: porquanto é reconhecido Jesus, ou como Senhor e Mestre no mais alto sentido (Mt 15:22 – e geralmente nas epístolas – *veja 1 Co 12.3), ou como doutrinador de grande distinção (Mt 8:21 – 21.3), ou ainda como pessoa digna de todo o respeito (Mt 8:6). Deve-se observar que kurios, termo grego equivalente ao latim “dominus”, era o título dado ao imperador romano em todas as terras orientais, em volta do Mediterrâneo. E isto serve para explicar o fato de aplicarem os cristãos ao Salvador esse título, querendo eles, com isso, acentuar na sua mente e na das pessoas que os rodeavam a existência de um império maior mesmo que o de César. Com efeito, o contraste entre o chefe supremo do império romano e Aquele que é o Senhor de todos, parece apoiar muitos dos ensinamentos do N.T. Algumas vezes se usa o termo ‘Senhor’ (Lc 2:29At 4:24, etc.) como tradução de despõtes, que significa ‘dono, amo’, sugerindo, quando se emprega a respeito dos homens, que ao absoluto direito de propriedade no mundo antigo estava inerente uma verdadeira irresponsabilidade. (*veja Escravidão.)

    [...] o Senhor é a luz do mundo e a misericórdia para todos os corações.
    Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Pelo Evangelho


    Senhor
    1) (Propriamente dito: hebr. ADON; gr. KYRIOS.) Título de Deus como dono de tudo o que existe, especialmente daqueles que são seus servos ou escravos (Sl 97:5; Rm 14:4-8). No NT, “Senhor” é usado tanto para Deus, o Pai, como para Deus, o Filho, sendo às vezes impossível afirmar com certeza de qual dos dois se está falando.


    2) (hebr. ????, YHVH, JAVÉ.) Nome de Deus, cuja tradução mais provável é “o Eterno” ou “o Deus Eterno”. Javé é o Deus que existe por si mesmo, que não tem princípio nem fim (Ex 3:14; 6.3). Seguindo o costume que começou com a SEPTUAGINTA, a grande maioria das traduções modernas usa “Senhor” como equivalente de ????, YHVH (JAVÉ). A RA e a NTLH hoje escrevem “SENHOR”. A forma JAVÉ é a mais aceita entre os eruditos. A forma JEOVÁ (JEHOVAH), que só aparece a partir de 1518, não é recomendável por ser híbrida, isto é, consta da mistura das consoantes de ????, YHVH, (o Eterno) com as vogais de ???????, ADONAI (Senhor).


    Senhor Termo para referir-se a YHVH que, vários séculos antes do nascimento de Jesus, havia substituído este nome. Sua forma aramaica “mar” já aparecia aplicada a Deus nas partes do Antigo Testamento redigidas nesta língua (Dn 2:47; 5,23). Em ambos os casos, a Septuaginta traduziu “mar” por “kyrios” (Senhor, em grego). Nos textos de Elefantina, “mar” volta a aparecer como título divino (pp. 30 e 37). A. Vincent ressaltou que este conteúdo conceitual já se verificava no séc. IX a.C. Em escritos mais tardios, “mar” continua sendo uma designação de Deus, como se vê em Rosh ha-shanah 4a; Ber 6a; Git 88a; Sanh 38a; Eruv 75a; Sab 22a; Ket 2a; Baba Bat 134a etc.

    Em algumas ocasiões, Jesus foi chamado de “senhor”, como simples fórmula de cortesia. Ao atribuir a si mesmo esse título, Jesus vai além (Mt 7:21-23; Jo 13:13) e nele insere referências à sua preexistência e divindade (Mt 22:43-45; Mc 12:35-37; Lc 20:41-44 com o Sl 110:1). Assim foi também no cristianismo posterior, em que o título “Kyrios” (Senhor) aplicado a Jesus é idêntico ao empregado para referir-se a Deus (At 2:39; 3,22; 4,26 etc.); vai além de um simples título honorífico (At 4:33; 8,16; 10,36; 11,16-17; Jc 1:1 etc.); supõe uma fórmula cúltica própria da divindade (At 7:59-60; Jc 2:1); assim Estêvão se dirige ao Senhor Jesus no momento de sua morte, o autor do Apocalipse dirige a ele suas súplicas e Tiago acrescenta-lhe o qualificativo “de glória” que, na verdade, era aplicado somente ao próprio YHVH (Is 42:8). Tudo isso permite ver como se atribuíam sistematicamente a Jesus citações veterotestamentárias que originalmente se referiam a YHVH (At 2:20ss.com Jl 3:1-5).

    Finalmente, a fórmula composta “Senhor dos Senhores” (tomada de Dt 10:17 e referente a YHVH) é aplicada a Jesus e implica uma clara identificação do mesmo com o Deus do Antigo Testamento (Ap 7:14; 19,16). Tanto as fontes judeu-cristãs (1Pe 1:25; 2Pe 1:1; 3,10; Hc 1:10 etc.) como as paulinas (Rm 5:1; 8,39; 14,4-8; 1Co 4:5; 8,5-6; 1Ts 4:5; 2Ts 2:1ss. etc.) confirmam essas assertivas.

    W. Bousset, Kyrios Christos, Nashville 1970; J. A. Fitzmyer, “New Testament Kyrios and Maranatha and Their Aramaic Background” em To Advance the Gospel, Nova York 1981, pp. 218-235; L. W. Hurtado, One God, One Lord: Early Christian Devotion and Ancient Jewish Monotheism, Filadélfia 1988; B. Witherington III, “Lord” em DJG, pp. 484-492; O. Cullmann, o. c.; C. Vidal Manzanares, “Nombres de Dios” en Diccionario de las tres...; Idem, El judeo-cristianismo...; Idem, El Primer Evangelio...


    Serpentes

    substantivo masculino plural Tríbo indígena da América do Norte.

    Terra

    substantivo feminino Geografia Planeta do sistema solar habitado pela espécie humana e por outros seres vivos, está situado na 5ia Láctea e, dentre todos os outros planetas, é o único que possui características favoráveis à vida.
    Camada superficial do globo em que nascem as plantas, por oposição à superfície líquida: os frutos da terra.
    Terreno, com relação à sua natureza: terra fértil.
    País de nascimento; pátria: morrer em terra estrangeira.
    Qualquer lugar, localidade; território, região: não conheço aquela terra.
    Figurado Lugar onde pessoas estão sepultadas; cemitério: repousar em terra sagrada.
    Pó de terra seca no ar; poeira: estou com o rosto cheio de terra.
    [Artes] Diz-se de um estilo de dança em que se dá especial importância aos passos executados ao rés do solo ou sobre as pontas dos pés; opõe-se à dança de elevação, que usa os grandes saltos.
    [Gráficas] Pigmento usado na feitura de tintas, ou as tintas preparadas com esse pigmento.
    expressão Beijar a terra. Cair ao chão: o lutador beijou a terra entes da hora.
    Linha de terra. Em geometria descritiva, interseção do plano horizontal e do vertical de projeção.
    Terra de Siena. Ocre pardo usado em pintura.
    Terra vegetal. Parte do solo misturada com humo, próprio para plantação.
    Terra Santa. Região situada entre o rio Jordão e o mar mediterrâneo; Palestina.
    Etimologia (origem da palavra terra). Do latim terra.

    substantivo feminino Geografia Planeta do sistema solar habitado pela espécie humana e por outros seres vivos, está situado na 5ia Láctea e, dentre todos os outros planetas, é o único que possui características favoráveis à vida.
    Camada superficial do globo em que nascem as plantas, por oposição à superfície líquida: os frutos da terra.
    Terreno, com relação à sua natureza: terra fértil.
    País de nascimento; pátria: morrer em terra estrangeira.
    Qualquer lugar, localidade; território, região: não conheço aquela terra.
    Figurado Lugar onde pessoas estão sepultadas; cemitério: repousar em terra sagrada.
    Pó de terra seca no ar; poeira: estou com o rosto cheio de terra.
    [Artes] Diz-se de um estilo de dança em que se dá especial importância aos passos executados ao rés do solo ou sobre as pontas dos pés; opõe-se à dança de elevação, que usa os grandes saltos.
    [Gráficas] Pigmento usado na feitura de tintas, ou as tintas preparadas com esse pigmento.
    expressão Beijar a terra. Cair ao chão: o lutador beijou a terra entes da hora.
    Linha de terra. Em geometria descritiva, interseção do plano horizontal e do vertical de projeção.
    Terra de Siena. Ocre pardo usado em pintura.
    Terra vegetal. Parte do solo misturada com humo, próprio para plantação.
    Terra Santa. Região situada entre o rio Jordão e o mar mediterrâneo; Palestina.
    Etimologia (origem da palavra terra). Do latim terra.

    os hebreus tinham vários nomes para terra, especialmente Adama e Eretz. Adama, isto é a terra vermelha (Gn 1:25), denota, muitas vezes, terra arável (Gn 4:2). o termo é, também, empregado a respeito de um país, especialmente a Palestina (Gn 47:19Zc 2:12). Quando Naamã pediu uma carga de terra que dois mulos pudessem levar (2 Rs 5.17), ele foi influenciado pela idéia pagã de que o Senhor era um deus local, podendo apenas ser adorado com proveito no seu nativo solo. Eretz é a terra em oposição ao céu, ou a terra seca como distinta do mar (Gn 1:1-10). A palavra é, também, aplicada a toda a terra (Gn 18:18), ou a qualquer divisão dela (Gn 21:32), e mesmo ao chão que uma pessoa pisa (Gn 33:3). A frase ‘profundezas da terra’ (is 44:23) significa literalmente os vales, os profundos recessos, como as cavernas e subterrâneos, e figuradamente a sepultura. No N.T., além do termo vulgar ‘terra’, que corresponde às várias significações já apresentadas, há uma palavra especial que significa ‘ terra habitada’ (Lc 4:5Rm 10:18 – etc.), usando-se esta expressão de um modo especial a respeito do império Romano. Terra, num sentido moral, é oposta ao que é celestial e espiritual (*veja Jo 3:31 – 1 Co 15.47 a 49 – Tg 3:15, etc.).

    terreno, solo, campo. – Terra sugere ideia das qualidades, das propriedades da massa natural e sólida que enche ou cobre uma parte qualquer da superfície da terra. – Terreno refere-se, não só à quantidade, ou à extensão da superfície, como ao destino que se lhe vai dar, ou ao uso a que se adapta. – Solo dá ideia geral de assento ou fundamento, e designa a superfície da terra, ou o terreno que se lavra, ou onde se levanta alguma construção. – Campo é solo onde trabalha, terreno de cultura, ou mesmo já lavrado. Naquela província há terras magníficas para o café; dispomos apenas de um estreito terreno onde mal há espaço para algumas leiras e um casebre; construiu o monumento em solo firme, ou lançou a semente em solo ingrato; os campos já florescem; temos aqui as alegrias da vida do campo.

    [...] berço de criaturas cuja fraqueza as asas da Divina Providência protege, nova corda colocada na harpa infinita e que, no lugar que ocupa, tem de vibrar no concerto universal dos mundos.
    Referencia: KARDEC, Allan• A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo• Trad• de Guillon Ribeiro da 5a ed• francesa• 48a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 6, it• 23

    O nosso mundo pode ser considerado, ao mesmo tempo, como escola de Espíritos pouco adiantados e cárcere de Espíritos criminosos. Os males da nossa Humanidade são a conseqüência da inferioridade moral da maioria dos Espíritos que a formam. Pelo contato de seus vícios, eles se infelicitam reciprocamente e punem-se uns aos outros.
    Referencia: KARDEC, Allan• O que é o Espiritismo: noções elementares do mundo invisível, pelas manifestações dos Espíritos• 52a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 3, it• 132

    Disse Kardec, alhures, que a Terra é um misto de escola, presídio e hospital, cuja população se constitui, portanto, de homens incipientes, pouco evolvidos, aspirantes ao aprendizado das Leis Naturais; ou inveterados no mal, banidos, para esta colônia correcional, de outros planetas, onde vigem condições sociais mais elevadas; ou enfermos da alma, necessitados de expungirem suas mazelas através de provações mais ou menos dolorosas e aflitivas.
    Referencia: CALLIGARIS, Rodolfo• O Sermão da Montanha• 16a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça

    [...] é oficina de trabalho, de estudo e de realizações, onde nos cumpre burilar nossas almas. [...]
    Referencia: CALLIGARIS, Rodolfo• O Sermão da Montanha• 16a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Sede perfeitos

    [...] é o calvário dos justos, mas é também a escola do heroísmo, da virtude e do gênio; é o vestíbulo dos mundos felizes, onde todas as penas aqui passadas, todos os sacrifícios feitos nos preparam compensadoras alegrias. [...] A Terra é um degrau para subir-se aos céus.
    Referencia: DENIS, Léon• Joana d’Arc médium• Trad• de Guillon Ribeiro• 22a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 11

    O mundo, com os seus múltiplos departamentos educativos, é escola onde o exercício, a repetição, a dor e o contraste são mestres que falam claro a todos aqueles que não temam as surpresas, aflições, feridas e martírios da ascese. [...]
    Referencia: EVANGELIZAÇÃO: fundamentos da evangelização espírita da infância e da juventude (O que é?)• Rio de Janeiro: FEB, 1987• -

    [...] A Terra é um mundo de expiações e provas, já em fase de transição para se tornar um mundo de regeneração.
    Referencia: FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA• Departamento de Infância e Juventude• Currículo para as Escolas de Evangelização Espírita Infanto-juvenil• 2a ed• Rio de Janeiro, 1998• - cap• 4

    [...] o Planeta terrestre é o grande barco navegando no cosmo, sacudido, a cada instante, pelas tempestades morais dos seus habitantes, que lhe parecem ameaçar o equilíbrio, a todos arrastando na direção de calamidades inomináveis. Por esta razão, periodicamente missionários e mestres incomuns mergulharam no corpo com a mente alerta, a fim de ensinarem comportamento de calma e de compaixão, de amor e de misericórdia, reunindo os aflitos em sua volta e os orientando para sobreviverem às borrascas sucessivas que prosseguem ameaçadoras.
    Referencia: FRANCO, Divaldo P• Impermanência e imortalidade• Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Corpo e mente

    Quando o homem ora, anseia partir da Terra, mas compreende, também, que ela é sua mãe generosa, berço do seu progresso e local da sua aprendizagem. [...]
    Referencia: FRANCO, Divaldo P• Párias em redenção• Pelo Espírito Victor Hugo• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - L• 3, cap• 1

    Assim se compreende porque a Terra é mundo de “provas e expiações”, considerando-se que os Espíritos que nela habitam estagiam na sua grande generalidade em faixas iniciais, inferiores, portanto, da evolução.
    Referencia: FRANCO, Divaldo P• Temas da vida e da morte• Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Pensamento e perispírito

    Apesar de ainda se apresentar como planeta de provas e expiações, a Terra é uma escola de bênçãos, onde aprendemos a desenvolver as aptidões e a aprimorar os valores excelentes dos sentimentos; é também oficina de reparos e correções, com recursos hospitalares à disposição dos pacientes que lhes chegam à economia social. Sem dúvida, é também cárcere para os rebeldes e os violentos, que expungem o desequilíbrio em processo de imobilidade, de alucinação, de limites, resgatando as graves ocorrências que fomentaram e praticaram perturbando-lhe a ordem e a paz.
    Referencia: FRANCO, Divaldo P• Trilhas da libertação• Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Cilada perversa

    O mundo conturbado é hospital que alberga almas que sofrem anemia de amor, requisitando as vitaminas do entendimento e da compreensão, da paciência e da renúncia, a fim de que entendimento e compreensão, paciência e renúncia sejam os sinais de uma vida nova, a bem de todos.
    Referencia: JACINTHO, Roque• Intimidade• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1994• - Hospital

    [...] É um astro, como Vênus, como seus irmãos, e vagueia nos céus com a velocidade de 651.000 léguas por dia. Assim, estamos atualmente no céu, estivemos sempre e dele jamais poderemos sair. Ninguém mais ousa negar este fato incontestável, mas o receio da destruição de vários preconceitos faz que muitos tomem o partido de não refletir nele. A Terra é velha, muito velha, pois que sua idade se conta por milhões e milhões de anos. Porém, malgrado a tal anciania, está ainda em pleno frescor e, quando lhe sucedesse perecer daqui a quatrocentos ou quinhentos mil anos, o seu desaparecimento não seria, para o conjunto do Universo, mais que insignificante acidente.
    Referencia: MARCHAL, V (Padre)• O Espírito Consolador, ou os nossos destinos• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - 4a efusão

    [...] Por se achar mais distante do sol da perfeição, o nosso mundozinho é mais obscuro e a ignorância nele resiste melhor à luz. As más paixões têm aí maior império e mais vítimas fazem, porque a sua Humanidade ainda se encontra em estado de simples esboço. É um lugar de trabalho, de expiação, onde cada um se desbasta, se purifica, a fim de dar alguns passos para a felicidade. [...]
    Referencia: MARCHAL, V (Padre)• O Espírito Consolador, ou os nossos destinos• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - 8a efusão

    [...] A Terra tem que ser um purgatório, porque a nossa existência, pelo menos para a maioria, tem que ser uma expiação. Se nos vemos metidos neste cárcere, é que somos culpados, pois, do contrário, a ele não teríamos vindo, ou dele já houvéramos saído. [...]
    Referencia: MARCHAL, V (Padre)• O Espírito Consolador, ou os nossos destinos• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - 28a efusão

    Nossa morada terrestre é um lugar de trabalho, onde vimos perder um pouco da nossa ignorância original e elevar nossos conhecimentos. [...]
    Referencia: MENEZES, Adolfo Bezerra de• Uma carta de Bezerra de Menezes• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1994• -

    [...] é a escola onde o espírito aprende as suas lições ao palmilhar o longuíssimo caminho que o leva à perfeição. [...]
    Referencia: MIRANDA, Hermínio C• Reencarnação e imortalidade• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - cap• 23

    [...] o mundo, para muitos, é uma penitenciária; para outros, um hospital, e, para um número assaz reduzido, uma escola.
    Referencia: Ó, Fernando do• Alguém chorou por mim• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 2

    [...] casa de Deus, na específica destinação de Educandário Recuperatório, sem qualquer fator intrínseco a impedir a libertação do homem, ou a desviá-lo de seu roteiro ascensional.
    Referencia: Ó, Fernando do• Uma luz no meu caminho• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 1

    [...] é uma estação de inverno, onde o Espírito vem preparar-se para a primavera do céu!
    Referencia: SILVA JÚNIOR, Frederico Pereira da• Jesus perante a cristandade• Pelo Espírito Francisco Leite Bittencourt Sampaio• Org• por Pedro Luiz de Oliveira Sayão• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Pref•

    Feito o planeta – Terra – nós vemos nele o paraíso, o inferno e o purgatório.O paraíso para os Espíritos que, emigra-dos de mundos inferiores, encontram naTerra, podemos dizer, o seu oásis.O inferno para os que, já tendo possuí-do mundos superiores ao planeta Terra,pelo seu orgulho, pelas suas rebeldias, pelos seus pecados originais a ele desceram para sofrerem provações, para ressurgirem de novo no paraíso perdido. O purgatório para os Espíritos em transição, aqueles que, tendo atingido um grau de perfectibilidade, tornaram-se aptos para guias da Humanidade.
    Referencia: SILVA JÚNIOR, Frederico Pereira da• Jesus perante a cristandade• Pelo Espírito Francisco Leite Bittencourt Sampaio• Org• por Pedro Luiz de Oliveira Sayão• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 1

    Antes de tudo, recorda-se de que o nosso planeta é uma morada muito inferior, o laboratório em que desabrocham as almas ainda novas nas aspirações confusas e paixões desordenadas. [...]
    Referencia: SOARES, Sílvio Brito• Páginas de Léon Denis• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1991• - O Espiritismo e a guerra

    O mundo é uma escola de proporções gigantescas, cada professor tem a sua classe, cada um de nós tem a sua assembléia.
    Referencia: VIEIRA, Waldo• Seareiros de volta• Diversos autores espirituais• Prefácio de Elias Barbosa• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Colegas invisíveis

    A Terra é o campo de ação onde nosso espírito vem exercer sua atividade. [...]
    Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• Nas pegadas do Mestre: folhas esparsas dedicadas aos que têm fome e sede de justiça• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Por que malsinar o mundo?

    [...] é valiosa arena de serviço espiritual, assim como um filtro em que a alma se purifica, pouco a pouco, no curso dos milênios, acendrando qualidades divinas para a ascensão à glória celeste. [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Ação e reação• Pelo Espírito André Luiz• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 1

    A Terra inteira é um templo / Aberto à inspiração / Que verte das Alturas [...].
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Antologia da espiritualidade• Pelo Espírito Maria Dolores• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1985• - cap• 4

    A Terra é a escola abençoada, onde aplicamos todos os elevados conhecimentos adquiridos no Infinito. É nesse vasto campo experimental que devemos aprender a ciência do bem e aliá-la à sua divina prática. Nos nevoeiros da carne, todas as trevas serão desfeitas pelos nossos próprios esforços individuais; dentro delas, o nosso espírito andará esquecido de seu passado obscuro, para que todas as nossas iniciativas se valorizem. [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho• Pelo Espírito Humberto de Campos• 30a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 10

    A Terra é uma grande e abençoada escola, em cujas classes e cursos nos matriculamos, solicitando – quando já possuímos a graça do conhecimento – as lições necessárias à nossa sublimação.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Correio fraterno• Por diversos Espíritos• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 53

    O mundo atual é a semente do mundo paradisíaco do futuro. [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Crônicas de além-túmulo• Pelo Espírito Humberto de Campos• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1986• - cap• 25

    Servidores do Cristo, orai de sentinela! / Eis que o mundo sangrando é campo de batalha, / Onde a treva infeliz se distende e trabalha / O coração sem Deus, que em sombra se enregela.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    No macrocosmo, a casa planetária, onde evolvem os homens terrestres, é um simples departamento de nosso sistema solar que, por sua vez, é modesto conjunto de vida no rio de sóis da Via-Láctea.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    No mundo terrestre – bendita escola multimilenária do nosso aperfeiçoamento espiritual – tudo é exercício, experimentação e trabalho intenso.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    O orbe inteiro, por enquanto, / Não passa de um hospital, / Onde se instrui cada um, / Onde aprende cada qual.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    O mundo, com as suas lutas agigantadas, ásperas, é a sublime lavoura, em que nos compete exercer o dom de compreender e servir.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    O mundo é uma escola vasta, cujas portas atravessamos, para a colheita de lições necessárias ao nosso aprimoramento.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    Apesar dos exemplos da humildade / Do teu amor a toda Humanidade / A Terra é o mundo amargo dos gemidos, / De tortura, de treva e impenitência.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    A Terra é o nosso campo de ação.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    A Terra é a nossa grande casa de ensino. [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    A Terra é uma escola, onde conseguimos recapitular o pretérito mal vivido, repetindo lições necessárias ao nosso reajuste.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    A Terra, em si mesma, é asilo de caridade em sua feição material.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    A Terra é o campo de trabalho, em que Deus situou o berço, o lar, o templo e a escola.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    A Terra é a Casa Divina, / Onde a luta nos ensina / A progredir e brilhar.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    O mundo em que estagiamos é casa grande de treinamento espiritual, de lições rudes, de exercícios infindáveis.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    [...] é um grande magneto, governado pelas forças positivas do Sol. Toda matéria tangível representa uma condensação de energia dessas forças sobre o planeta e essa condensação se verifica debaixo da influência organizadora do princípio espiritual, preexistindo a todas as combinações químicas e moleculares. [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Emmanuel: dissertações mediúnicas sobre importantes questões que preocupam a Humanidade• Pelo Espírito Emmanuel• 25a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 22

    O mundo é caminho vasto de evolução e aprimoramento, onde transitam, ao teu lado, a ignorância e a fraqueza.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Fonte viva• Pelo Espírito Emmanuel• 33a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 71

    O mundo não é apenas a escola, mas também o hospital em que sanamos desequilíbrios recidivantes, nas reencarnações regenerativas, através do sofrimento e do suor, a funcionarem por medicação compulsória.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Justiça Divina• Pelo Espírito Emmanuel• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Doenças da alma

    O Universo é a projeção da mente divina e a Terra, qual a conheceis em seu conteúdo político e social, é produto da mente humana.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Nos domínios da mediunidade• Pelo Espírito André Luiz• 32a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• -

    O mundo é uma ciclópica oficina de labores diversíssimos, onde cada indivíduo tem a sua parcela de trabalho, de acordo com os conhecimentos e aptidões morais adquiridos, trazendo, por isso, para cada tarefa, o cabedal apri morado em uma ou em muitas existências.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Novas mensagens• Pelo Espírito Humberto de Campos• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB• 2005• - Antíteses da personalidade de Humberto de Campos

    A Terra é uma vasta oficina. Dentro dela operam os prepostos do Senhor, que podemos considerar como os orientadores técnicos da obra de aperfeiçoamento e redenção. [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• O Consolador• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - q• 39

    A Terra é um plano de experiências e resgates por vezes bastante penosos. [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• O Consolador• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - q• 338

    A Terra deve ser considerada escola de fraternidade para o aperfeiçoamento e regeneração dos Espíritos encarnados.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• O Consolador• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - q• 347

    [...] é o caminho no qual a alma deve provar a experiência, testemunhar a fé, desenvolver as tendências superiores, conhecer o bem, aprender o melhor, enriquecer os dotes individuais.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• O Consolador• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - q• 403

    O mundo em que vivemos é propriedade de Deus.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Pai Nosso• Pelo Espírito Meimei• 25a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - Lembranças

    [...] é a vinha de Jesus. [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Pão Nosso• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 29

    [...] é uma escola de iluminação, poder e triunfo, sempre que buscamos entender-lhe a grandiosa missão.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Pão Nosso• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 33

    [...] abençoada escola de dor que conduz à alegria e de trabalho que encaminha para a felicidade com Jesus. [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Pontos e contos• Pelo Espírito Irmão X [Humberto de Campos]• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1999• - cap• 28

    Não olvides que o mundo é um palácio de alegria onde a Bondade do Senhor se expressa jubilosa.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Relicário de luz• Autores diversos• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Alegria

    [...] é uma vasta oficina, onde poderemos consertar muita coisa, mas reconhecendo que os primeiros reparos são intrínsecos a nós mesmos.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Renúncia• Pelo Espírito Emmanuel• 34a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - pt• 1, cap• 6

    A Terra é também a grande universidade. [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Reportagens de Além-túmulo• Pelo Espírito Humberto de Campos• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - Do noticiarista desencarnado

    Salve planeta celeste, santuário de vida, celeiro das bênçãos de Deus! ...
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Reportagens de Além-túmulo• Pelo Espírito Humberto de Campos• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 15

    A Terra é um magneto enorme, gigantesco aparelho cósmico em que fazemos, a pleno céu, nossa viagem evolutiva.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Roteiro• Pelo Espírito Emmanuel• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 8

    [...] é um santuário do Senhor, evolutindo em pleno Céu.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Vozes do grande além• Por diversos Espíritos• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2003• - cap• 12

    Agradece, cantando, a Terra que te abriga. / Ela é o seio de amor que te acolheu criança, / O berço que te trouxe a primeira esperança, / O campo, o monte, o vale, o solo e a fonte amiga...
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Vozes do grande além• Por diversos Espíritos• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2003• - cap• 33

    [...] é o seio tépido da vida em que o princípio inteligente deve nascer, me drar, florir e amadurecer em energia consciente [...].
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo• Evolução em dois mundos• Pelo Espírito André Luiz• 23a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 1, cap• 13


    Tremendo

    Tremendo TEMÍVEL (Sl 68:35).

    Strongs

    Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
    Miquéias 7: 17 - Texto em Hebraico - (HSB) Hebrew Study Bible

    Lamberão o pó como serpente, como vermes ① da terra, tremendo, sairão dos seus esconderijos; com tremente- pavor virão ao SENHOR nosso Deus, e terão medo de Ti.
    Miquéias 7: 17 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

    735 a.C.
    H2119
    zâchal
    זָחַל
    encolher, rastejar
    (of serpents)
    Verbo
    H3068
    Yᵉhôvâh
    יְהֹוָה
    o Senhor
    (the LORD)
    Substantivo
    H3372
    yârêʼ
    יָרֵא
    temer, reverenciar, ter medo
    (and I was afraid)
    Verbo
    H3897
    lâchak
    לָחַךְ
    lamber
    (shall lick up)
    Verbo
    H413
    ʼêl
    אֵל
    até
    (unto)
    Prepostos
    H430
    ʼĕlôhîym
    אֱלֹהִים
    Deus
    (God)
    Substantivo
    H4480
    min
    מִן
    de / a partir de / de / para
    (from)
    Prepostos
    H4526
    miçgereth
    מִסְגֶּרֶת
    borda, beira, margem
    (a rim)
    Substantivo
    H5175
    nâchâsh
    נָחָשׁ
    serpente, cobra
    (Now the serpent)
    Substantivo
    H6083
    ʻâphâr
    עָפָר
    terra seca, poeira, pó, cinzas, terra, chão, argamassa, entulho
    ([of] the dust)
    Substantivo
    H6342
    pâchad
    פָּחַד
    temer, tremer, reverenciar, tremer de medo, estar assustado ou aterrorizado
    (and you shall fear)
    Verbo
    H7264
    râgaz
    רָגַז
    tremer, estremecer, enfurecer-se, tiritar, estar agitado, estar perturbado
    (do quarrel)
    Verbo
    H776
    ʼerets
    אֶרֶץ
    a Terra
    (the earth)
    Substantivo


    זָחַל


    (H2119)
    zâchal (zaw-khal')

    02119 זחל zachal

    uma raiz primitiva; DITAT - 545; v

    1. encolher, rastejar
      1. (Qal) rastejante, que se arrasta (particípio) (meton)
    2. temer, estar com medo

    יְהֹוָה


    (H3068)
    Yᵉhôvâh (yeh-ho-vaw')

    03068 יהוה Y ehovaĥ

    procedente de 1961; DITAT - 484a; n pr de divindade Javé = “Aquele que existe”

    1. o nome próprio do único Deus verdadeiro
      1. nome impronunciável, a não ser com a vocalização de 136

    יָרֵא


    (H3372)
    yârêʼ (yaw-ray')

    03372 ירא yare’

    uma raiz primitiva; DITAT - 907,908; v

    1. temer, reverenciar, ter medo
      1. (Qal)
        1. temer, ter medo
        2. ter admiração por, ser admirado
        3. temer, reverenciar, honrar, respeitar
      2. (Nifal)
        1. ser temível, ser pavoroso, ser temido
        2. causar espanto e admiração, ser tratado com admiração
        3. inspirar reverência ou temor ou respeito piedoso
      3. (Piel) amedrontar, aterrorizar
    2. (DITAT) atirar, derramar

    לָחַךְ


    (H3897)
    lâchak (law-khak')

    03897 לחך lachak

    uma raiz primitiva; DITAT - 1103; v

    1. lamber
      1. (Qal) lamber
      2. (Piel) lamber

    אֵל


    (H413)
    ʼêl (ale)

    0413 אל ’el (mas usado somente na forma construta reduzida) אל ’el

    partícula primitiva; DITAT - 91; prep

    1. para, em direção a, para a (de movimento)
    2. para dentro de (já atravessando o limite)
      1. no meio de
    3. direção a (de direção, não necessariamente de movimento físico)
    4. contra (movimento ou direção de caráter hostil)
    5. em adição a, a
    6. concernente, em relação a, em referência a, por causa de
    7. de acordo com (regra ou padrão)
    8. em, próximo, contra (referindo-se à presença de alguém)
    9. no meio, dentro, para dentro, até (idéia de mover-se para)

    אֱלֹהִים


    (H430)
    ʼĕlôhîym (el-o-heem')

    0430 אלהים ’elohiym

    plural de 433; DITAT - 93c; n m p

    1. (plural)
      1. governantes, juízes
      2. seres divinos
      3. anjos
      4. deuses
    2. (plural intensivo - sentido singular)
      1. deus, deusa
      2. divino
      3. obras ou possessões especiais de Deus
      4. o (verdadeiro) Deus
      5. Deus

    מִן


    (H4480)
    min (min)

    04480 מן min

    ou מני minniy ou מני minney (construto pl.) (Is 30:11)

    procedente de 4482; DITAT - 1212,1213e prep

    1. de, fora de, por causa de, fora, ao lado de, desde, acima, do que, para que não, mais que
      1. de (expressando separação), fora, ao lado de
      2. fora de
        1. (com verbos de procedência, remoção, expulção)
        2. (referindo-se ao material de qual algo é feito)
        3. (referindo-se à fonte ou origem)
      3. fora de, alguns de, de (partitivo)
      4. de, desde, depois (referindo-se ao tempo)
      5. do que, mais do que (em comparação)
      6. de...até o, ambos...e, ou...ou
      7. do que, mais que, demais para (em comparações)
      8. de, por causa de, através, porque (com infinitivo) conj
    2. que

    מִסְגֶּרֶת


    (H4526)
    miçgereth (mis-gheh'-reth)

    04526 מסגרת micgereth

    procedente de 5462; DITAT - 1462d; n f

    1. borda, beira, margem
      1. borda, firmeza, beira
      2. firmeza

    נָחָשׁ


    (H5175)
    nâchâsh (naw-khawsh')

    05175 נחש nachash

    procedente de 5172; DITAT - 1347a; n m

    1. serpente, cobra
      1. serpente
      2. imagem (de serpente)
      3. serpente veloz (mitológico)

    עָפָר


    (H6083)
    ʻâphâr (aw-fawr')

    06083 עפר ̀aphar

    procedente de 6080; DITAT - 1664a; n m

    1. terra seca, poeira, pó, cinzas, terra, chão, argamassa, entulho
      1. terra seca ou solta
      2. entulho
      3. argamassa
      4. minério

    פָּחַד


    (H6342)
    pâchad (paw-kkad')

    06342 פחד pachad

    uma raiz primitiva; DITAT - 1756; v.

    1. temer, tremer, reverenciar, tremer de medo, estar assustado ou aterrorizado
      1. (Qal)
        1. estar tremendo de medo
        2. estar assustado
      2. (Piel) estar tremendo muito de medo
      3. (Hifil) fazer tremer de medo

    רָגַז


    (H7264)
    râgaz (raw-gaz')

    07264 רגז ragaz

    uma raiz primitiva; DITAT - 2112; v.

    1. tremer, estremecer, enfurecer-se, tiritar, estar agitado, estar perturbado
      1. (Qal) tremer, estar inquieto, estar agitado, estar perturbado
      2. (Hifil) fazer estremecer, inquietar, enraivecer, incomodar
      3. (Hitpael) agitar-se

    אֶרֶץ


    (H776)
    ʼerets (eh'-rets)

    0776 ארץ ’erets

    de uma raiz não utilizada provavelmente significando ser firme; DITAT - 167; n f

    1. terra
      1. terra
        1. toda terra (em oposição a uma parte)
        2. terra (como o contrário de céu)
        3. terra (habitantes)
      2. terra
        1. país, território
        2. distrito, região
        3. território tribal
        4. porção de terra
        5. terra de Canaã, Israel
        6. habitantes da terra
        7. Sheol, terra sem retorno, mundo (subterrâneo)
        8. cidade (-estado)
      3. solo, superfície da terra
        1. chão
        2. solo
      4. (em expressões)
        1. o povo da terra
        2. espaço ou distância do país (em medida de distância)
        3. planície ou superfície plana
        4. terra dos viventes
        5. limite(s) da terra
      5. (quase totalmente fora de uso)
        1. terras, países
          1. freqüentemente em contraste com Canaã