Enciclopédia de I Reis 11:1-1

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

1rs 11: 1

Versão Versículo
ARA Ora, além da filha de Faraó, amou Salomão muitas mulheres estrangeiras: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e heteias,
ARC E O rei Salomão amou muitas mulheres estranhas, e isso além da filha de Faraó, moabitas, amonitas, idumeias, sidônias e heteias.
TB Ora, além da filha de Faraó, amou Salomão muitas mulheres estrangeiras: mulheres moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e heteias,
HSB וְהַמֶּ֣לֶךְ שְׁלֹמֹ֗ה אָהַ֞ב נָשִׁ֧ים נָכְרִיּ֛וֹת רַבּ֖וֹת וְאֶת־ בַּת־ פַּרְעֹ֑ה מוֹאֲבִיּ֤וֹת עַמֳּנִיּוֹת֙ אֲדֹ֣מִיֹּ֔ת צֵדְנִיֹּ֖ת חִתִּיֹּֽת׃
BKJ O rei Salomão, porém, amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó, mulheres dos moabitas, amonitas, edomitas, sidônios, e dos heteus;
LTT E o rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e heteias,
BJ2 Além da filha de Faraó, o rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias,
VULG Et rex Ægypti congregavit exercitum, sicut arena quæ est circa oram maris, et naves multas : et quærebat obtinere regnum Alexandri dolo, et addere illud regno suo.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de I Reis 11:1

Mapas Históricos

Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados ​​para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.

SALOMÃO

(970-930 a.C.)
SALOMÃO SE TORNA REI
Assim que sucedeu seu pai, Davi, no trono de Israel, Salomão (970-930 a.C.) tomou medidas severas para remover aqueles que poderiam desafiar sua autoridade. Seu meio-irmão, Adonias, que havia tentado tomar o trono anteriormente, foi executado. Abiatar foi substituído por Zadoque na função de sumo sacerdote. Com a permissão de Salomão, Benaia matou Joabe, o comandante do exército de Davi, e assumiu esse cargo.

SALOMÃO PEDE SABEDORIA
Salomão se dirigiu ao "alto" ou santuário em Gibeão onde o tabernáculo foi montado após ser salvo do ataque dos filisteus a Siló.' Depois de Salomão ter oferecido mil holocaustos, o Senhor lhe apareceu em um sonho e lhe disse para pedir o que quisesse. Consciente de sua inexperiência e sentindo o peso das responsabilidades, Salomão pediu um coração discernente para governar o povo e distinguir entre o certo e o errado. O Senhor se agradou desse pedido e o atendeu, prometendo ainda vida longa, riqueza, honra e a morte de seus inimigos.

UM HOMEM DE PAZ
Salomão era um homem de paz. Aliás, seu nome significa "pacífico". Sob seu governo, Israel prosperou e se enriqueceu como nunca antes. O livro de Reis apresenta Israel como um povo numeroso, feliz e satisfeito, vivendo em segurança numa terra onde cada família tinha sua própria vinha e figueira.

A POLÍTICA INTERNACIONAL DE SALOMÃO
Logo no início de seu reinado, Salomão fez uma aliança com o Egito e se casou com a filha do faraó. O rei em questão provavelmente era Simon (979-960 a.C.), da fraca vigésima primeira dinastia: O faraó atacou e queimou a cidade cananéia de Gezer, matou seus habitantes e deu- a como presente de casamento para sua filha e como um pequeno acréscimo ao território de Salomão.‡ Não se sabe ao certo o que provocou essa intervenção egípcia. Talvez com a morte de Davi, Os egípcios esperassem poder se restabelecer na Palestina, mas, ao se depararem com um governo mais poderoso do que imaginavam, julgaram prudente firmar uma aliança de paz.
Salomão encontrou um aliado valioso em Hirão, rei da cidade fenícia de Tiro, na costa do Líbano. Hirão forneceu ao rei de Israel cedro e outras madeiras para seus projetos de construção em troca de azeite de oliva. Salomão deu a Hirão vinte cidades numa região fronteiriça predominantemente não-israelita da Galileia. Hirão não se impressionou e chamou-as de Cabul (isto é, " desprezíveis"). Posteriormente, Salomão recuperou estas cidades.

A ADMINISTRAÇÃO DE SALOMÃO
A corte de Salomão era suprida diariamente com quatro toneladas de farinha fina e oito toneladas de farinha comum, trinta cabeças de gado, cem carneiros e bodes, bem como veados, gazelas, corços e aves cevadas. Ao contrário de Davi, Salomão não realizou campanhas de conquista militar. À medida que suas despesas se tornaram mais altas, Salomão aumentou a tributação, levando seus súditos a pagar impostos pesados e reorganizando a terra em doze distritos administrativos, cada um com seu próprio governador. Cada distrito era responsável por suprir a corte durante um mês. Apesar de, em alguns casos, esses distritos coincidirem com os antigos territórios das tribos, divisão administrativa desconsiderou a maior parte das fronteiras tribais e incluiu territórios cananeus, pois Salomão desejava integrar a população cananéia em seu reino. É possível que Judá também tivesse seu próprio governador, responsável pelo recolhimento dos impostos.

TRABALHOS FORÇADOS
Quanto as não-israelitas que permaneceram no território controlado por Israel, "a esses fez Salomão trabalhadores forçados" e "tinha também Salomão setenta mil que levavam as cargas e oitenta mil que talhavam pedra nas montanhas" (1RS 5:15). Os israelitas também tinham de trabalhar. Trina mil foram enviados ao Líbano para cortar madeira e passavam um mês lá e dois meses em Israel. O trabalho forçado, do qual o povo se ressentiu tanto, contribuiu de forma significativa para a divisão do reino de Salomão logo depois de sua morte.

Os distritos administrativos de Salomão
Israel passou por mudanças profundas sob o governo de Salomão. As antigas estruturas tribais não eram suficientes para suprir a demanda fiscal de um Estado em expansão. Assim, Salomão criou distritos administrativos, desconsiderando, em muitos casos, as antigas divisões territoriais das tribos. No mapa da página oposta, os números ao lado dos nomes dos governadores se referem ao versículo correspondente em I Reis 4.

Literatura Sapiencial
SALOMÃO COMO AUTOR DE TEXTOS SAPIENCIAIS
De acordo com o escritor do livro de Reis, "Deu também Deus a Salomão sabedoria, grandíssimo entendimento e larga inteligência como a areia que está na praia do mar. Era a sabedoria de Salomão maior do que a de todos os do Oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios".° A história sobre como Salomão discerniu quem era a verdadeira mãe de um bebê é um exemplo prático de sua sabedoria. 10 O escritor de Reis também atribui a Salomão a autoria de três mil provérbios e mil e cinco canções e registra o interesse do rei em botânica e zoologia. Várias obras chamadas de "literatura sapiencial" são atribuídas a Salomão:

Provérbios
O livro hebraico de Provérbios é repleto de ditados sábios e incisivos, organizados em coletâneas:
• os provérbios de Salomão formam o núcleo do livro (PV 1:1-22 16)

• provérbios de Salomão (PV 25:1 PV 29:27) copiados pelos homens de Ezequias, rei de Judá (715-686 a.C.)

• "Preceitos e admoestações dos sábios" (PV 22:17 EC 24:22)

• "Mais alguns provérbios dos sábios" (PV 24:23-34)

• "As Palavras de Agur" (PV 30:1-33)

• "Conselhos para o rei Lemuel" (PV 31:1-9)

• "O louvor da mulher virtuosa" (PV 31:10-31)

Coletâneas de provérbios eram conhecidas a Mesopotâmia e no Egito no terceiro milênio a.C. No livro bíblico de Provérbios, os "Preceitos e admoestações dos sábios" são particularmente interessantes, pois podem ser comparados com a coletânea egípcia de provérbios conhecida como "Ensinos de Amenemope" , provavelmente escrita por volta de 1100 a.C. no máximo até o final da vigésima primeira dinastia em 945 a.C. O "Ensinamento de Amenemope" é divido em trinta seções e há quem sugira, provavelmente de forma indevida, que o texto de Provérbios 22:20 deveria ser emendado de acordo com esta coletânea e que os  "Preceitos e admoestações dos sábios" também teria de ser dividido em trinta seções. Para alguns estudiosos, o autor de "Preceitos e admoestações dos sábios" usou material de Amenemope. É igualmente possível, porém, que ambos tenham se baseado numa herança comum mais antiga de conselhos sábios.

ECLESIASTES
O significado do título hebraico do livro chamado tradicionalmente de Eclesiastes é incerto. Pode significar "orador" (numa assembleia) ou "colecionador de ditados". O autor é identificado no versículo de abertura apenas como "filho de Davi". Sem dúvida, os grandes projetos do autor e suas declarações em 2.7 de que tinha mais bois e ovelhas do que qualquer outro em Jerusalém antes dele, coincide com a descrição de Salomão que sacrificou vinte e dois mil bois e cento e vinte mil ovelhas na dedicação do templo.

CÂNTICO DOS CÂNTICOS
O interesse de Salomão pela natureza também é expressado por meio das diversas images extraídas do mundo natural no livro erótico de "Cântico dos Cânticos". Por exemplo, "Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales" (Ct 2:1). Os versículos de abertura atribuem a obra a Salomão.

OUTRAS OBRAS DA LITERATURA SAPIENCIAL
É difícil atribuir uma data e um lugar de origem ao livro de Jó. Sem dúvida, ele e seus amigos não eram israelitas e o estilo de vida de Jó corresponde ao do período patriarcal. O livro explora uma pergunta de importância perene: "Por que sofrem os inocentes?"

MADEIRA
Como Salomão outros governantes do Antigo Oriente Próximo também usaram a madeira das florestas do Líbano. Neste relevo em pedra de Khorsabad, Iraque, pode-se ver trabalhadores assírios sob o comando do rei Sargão (722-705 a.C.) transportando madeira pelo mar.

SILÓ
Siló era um importante centro religioso e administrativo no tempo de Samuel. Também era o local onde se encontrava o tabernáculo antes de ser transferido para Gibeão.

Os distritos administrativos de Salomão
Os distritos administrativos de Salomão
trabalhadores assírios sob o comando do rei Sargão
trabalhadores assírios sob o comando do rei Sargão
Siló era um importante centro religioso e administrativo no tempo de Samuel.
Siló era um importante centro religioso e administrativo no tempo de Samuel.

Os REIS DE ISRAEL

930-741 a.C.
A DINASTIA DE ONRI
Como vimos anteriormente, Israel, o reino do norte, foi caracterizado por um governo instável no qual o trono foi tomado por vários usurpadores. Um deles, chamado Onri, estabeleceu uma dinastia que proporcionou estabilidade relativa a Israel. Apesar da Bíblia dedicar apenas seis versículos ao reinado de Onri (880-873 a.C.),' outras fontes deixam claro que ele foi um rei importante. A conquista de Moabe por Onri encontra-se registrada na famosa Pedra Moabita, hoje no museu do Louvre, em Pais (ver abaixo). Foi Onri quem estabeleceu Samaria como capital de Israel, o que explica o fato dos assírios chamarem Israel de "casa de Onri" muito tempo depois da extinção dessa dinastia.
Onri foi sucedido por seu filho Acabe (873-853 aC.). O primeiro livro de Reis afirma a seu respeito: "Fez Acabe, filho de Onri, o que era mau perante o Senhor, mais do que todos os que foram antes dele" (1Rs 16:30) e ressalta que Jezabel, a esposa fenícia de Acabe, promoveu a idolatria em Israel. Escavações realizadas em Samaria revelaram vários fragmentos de marfim entalhado, provavelmente da " casa de marfim"2 de Acabe, que mostram influências fenícias e egípcias. Num episódio bastante conhecido, Acabe e Jezabel foram repreendidos pelo profeta Elias por mandar matar Nabote, o jezreelita, a fim de obter sua vinha: cães lamberiam o sangue de Acabe no lugar onde haviam lambido o sangue de Nabote e devorariam Jezabel dentro dos muros de Jezreel.' Quando Acabe morreu em combate e foi levado de carro até Samaria, de fato, os cães lamberam o sangue no seu carro.

A DINASTIA DE JEÚ
O profeta Elias atendeu à ordem do Senhor e ungiu a Jeú, o comandante do exército, como rei de Israel. Num golpe sangrento, Jeú exterminou a dinastia de Onri e matou não apenas Jorão, rei de Israel, mas também Acazias, rei de Judá. Também executou os sacerdotes de Baal, os filhos de Acabe que haviam sobrevivido e a viúva de Acabe, Jezabel, da qual restou apenas o crânio, os pés e as mãos, pois o resto de seu corpo foi devorado pelos cães.°
Logo no início de seu reinado, Jeú (841-813 a.C.), ou seu embaixador, pagou tributo ao rei assírio Salmaneser III (859-824 a.C.), conforme retratado no famoso Obelisco Negro de Salmaneser, da cidade assíria de Nimrud. Uma inscrição identifica Jeú como "Jeú, filho de Onri". Cortesãos numa longa fila trazem tributos: ouro, prata e frutas. Pode-se observar, portanto, que Israel foi obrigado a reconhecer o poder crescente da Assíria. Jeroboão II (781-753 a.C.), bisneto de Jeú, aproveitou um período em que a Assíria se encontrava enfraquecida conquistou grande parte da Síria para Israel, conforme havia sido predito pelo profeta Jonas. O reino de Jeroboão II foi caracterizado por prosperidade crescent, acompanhada de idolatria. O profeta Amós apresenta uma descrição vívida:
"(Vós] que dormis em camas de marfim, e vos espreguiçais sobre o vosso leito, e comes os cordeiros do rebanho e os bezerros do cevadouro; que cantais à toa no som da lira e inventais, como Davi, instrumentos músicos para vós mesmos; que bebeis vinho em taças e vos ungis com o mais excelente óleo.
Amós 6:4-6
Entalhes suntuosos de marfim e grandes construções encontradas em Samaria, a capital israelita, são provas arqueológicas dessa prosperidade. Além disso, 102 óstracos escritos em hebraico foram encontrados em Samaria e provavelmente podem ser datados do reinado de Jeroboão II. As inscrições registram recibos de vinho e azeite, provavelmente referentes ao pagamento de impostos de propriedades nos arredores de Samaria.

Um selo magnífico de jaspe com a inscrição "Pertencente a Shema, servo de Jeroboão" (referindo-se provavelmente a Jeroboão I) foi encontrado em Megido. Como o profeta Amós predisse, essa prosperidade não seria duradoura: "Mas não vos afligis com a ruína de José. Portanto, agora, ireis em cativeiro entre os primeiros que forem levados cativos, e cessarão as pândegas dos espreguiçadores.
Amós 6.6h-7
O Senhor tinha dito a Jeú que sua dinastia duraria apenas quatro gerações. Zacarias, filho de Jeroboão Il, foi assassinado por Salum. Este tomou o trono, mas o ocupou por apenas um mês antes de sucumbir a outro usurpador chamado Menaém (752-741 a.C.). Para infelicidade de Israel, os assírios voltaram a ganhar força no reinado de Tiglate-Pileser III (746-727 a.C.) e, trinta anos depois da morte de Teroboão II, os israelitas foram exilados na Assíria.

ESTÁBULOS EM MEGIDO?
Escavações em Megido revelaram um grande conjunto de construções, identificados, por vezes, como estábulos com capacidade para até 450 cavalos. De cada lado de uma passagem central com 3 m de largura havia duas fileiras de colunas de pedra que sustentavam o telhado e, supostamente, serviam como postes as quais os cavalos podiam ser amarrados. As instalações também contavam com cochos, armazéns de cereais e tanques de água feitos de tijolos de barro. Logo depois de sua descoberta, o local foi associado a Salomão, em parte devido à referência às suas "cidades para carros" em I Reis 10:26. Essa atribuição não é mais defensável, pois pode-se observar que a extremidade sudeste do conjunto foi construída sobre um edifício do tempo de Salomão. Hoje em dia, esse complexo é considerado obra de Acabe, conhecido por ter usado dois mil carros na batalha contra os assírios em Qarqar, no rio Orontes na Síria em 853 a.C.O consenso entre os estudiosos é de que, na verdade, as instalações não são estábulos, mas sim, armazéns como aqueles ao redor das construções. Edifícios semelhantes encontrados em Hazor também passaram a ser considerados armazéns.

A Pedra Moabita (ou estela de Mesa)
Em 1868, F. A. Klein, um missionário alemão que morava em Jerusalém, viu uma placa encontrada na cidade de Dhiban (a Dibom bíblica) na atual Jordânia, com c. de 1,1 m de altura e 34 linhas de inscrições. Durante as negociações para comprar a pedra, C. S. Clermont-Ganneau, representante do museu do Louvre, conseguiu fazer um molde das inscrições, uma decisão prudente, pois, algum tempo depois, os proprietários da pedra colocaram-na no fogo e derramaram água fria para que se partisse em fragmentos. Alguns destes fragmentos nunca mai foram encontrados, porém o molde permitiu recuperar o texto parcialmente. Gravada em c. 830 a.C. por Mesa, rei de Moabe, a inscrição na língua moabita (que possui semelhanças com o hebraico) registra: "Onri era rei de Israel e oprimiu Moabe por muitos dias" (linhas 4-5). Mesa continua: "E Onri tomou posse da terra de Medeba e viveu nela durante seus dias e metade dos dias de seu filho quarenta anos" (linhas 7-8). Por fim, Mesa conseguiu se livrar desse domínio israelita.° Ele registra que tomou alguns dos utensílios do Senhor: "Tire de lá os utensílios do Senhor" (linhas 17-18). Esta é a primeira menção extra-bíblica das quatro consoantes hebraicas (YHWH) que constituem o nome do Senhor.

Guerra entre Israel e os moabitas

 

sinete de jaspe, pertencente a Sema, servo de Jeroboão Il (781-753 a.C.), Megido.
sinete de jaspe, pertencente a Sema, servo de Jeroboão Il (781-753 a.C.), Megido.
A Pedra Moabita (ou estela de Mesa)
A Pedra Moabita (ou estela de Mesa)
Entalhe em marfim encontrado em Samaria. Mostra uma esfinge alada em meio a uma plantação de lótus, usando peruca e salote estampado.
Entalhe em marfim encontrado em Samaria. Mostra uma esfinge alada em meio a uma plantação de lótus, usando peruca e salote estampado.
Guerra entre Israel e os moabitas
Guerra entre Israel e os moabitas
Edifício com colunas em Hazor. Outrora considerado um estábulo, hoje é identificado como um armazém.
Edifício com colunas em Hazor. Outrora considerado um estábulo, hoje é identificado como um armazém.

PALESTINA - DISTRITOS GEOPOLÍTICOS

Antes de nos envolvermos numa análise mais aprofundada dos aspectos topográficos naturais da Palestina, é necessário definir e, em poucas palavras, delinear certos termos que as Escrituras usam para designar as várias subdivisões geográficas e/ou geopolíticas da terra. Mas, para isso, será proveitoso introduzir, primeiro, dois vocábulos geográficos modernos que, às vezes, são empregados para designar essa terra: Cisjordânia ("deste lado o lado ocidental do rio Jordão") e Transjordânia ("do outro lado [o lado oriental] do rio Jordão"). Já vimos como, em várias épocas, o rio Jordão serviu de fronteira tanto geográfica quanto política. E, antes de prosseguir, é fundamental entender a natureza temporária dessas subdivisões. As fronteiras de um distrito específico podem ter variado ao longo dos séculos, e não é possível estabelecê-las com precisão em cada período. Esse problema é especialmente agravado quando se tenta determinar as fronteiras de um distrito que existiu durante um longo período da história bíblica, talvez durante mais de um milênio. Além do mais, é necessário levar em conta que uma mesma área geográfica frequentemente tinha nomes diferentes em períodos diferentes.

CISJORDÂNIA
De uma perspectiva geopolítica, pode-se dizer que a Cisiordânia esteve dividida em quatro distritos durante a maior parte da história bíblica. Indo do norte para o sul, essas quatro secções foram: Fenícia, Galileia, Samaria e Judá/Judeia.

FENÍCIA
No Antigo Testamento, a Fenícia é em geral definida como uma área litorânea estreita, que se estendia por cerca de 200 quilômetros, desde o rio el-Kabir até o monte Carmelo, e, no lado oriental, era flanqueada pelas montanhas do Líbano e da Galileia. Na época do Novo Testamento, o monte Carmelo já havia caído nas mãos de monarcas de Tiro,62 de sorte que, para o lado sul, a Fenícia chegava até a planície de Dor. A Fenícia foi o cenário de dois milagres da Bíblia: em Sarepta, Eliseu ressuscitou o filho de uma viúva, o qual havia parado de respirar (1Rs 17:8-24), e, na região de Tiro e Sidom, Jesus curou a filha de uma mulher siro-fenícia (Mc 7:24-30). A Fenícia também recebeu várias das primeiras viagens apostólicas.

GALILEIA
Imediatamente a leste da região sul da Fenícia, ficava o distrito da Galileia, o território mais setentrional que o Israel antigo chegou a ocupar. A área central da Galileia se estendia do rio Litani e da região de Dá, no norte, até o vale de Jezreel, no sul, medindo cerca de 80 quilômetros de norte a sul e uns 40 quilômetros de leste a oeste. Em todas as épocas, o distrito esteve dividido por um estreito vale lateral que acompanhava uma falha geológica que saía de Aco/Ptolemaida, rumava para o leste e chegava até a moderna Rosh Pinna (apenas cerca de 16 quilômetros ao norte do mar da Galileia). Esse vale de Beth Kerem divide a Galileia em duas subdivisões: Alta Galileia e Baixa Galileia.3 A distinção é geográfica e não administrativa. O terreno acidentado e praticamente intransponível da Alta Galileia chega a mais de 1.000 metros de altitude, e parte de sua região central é a mais elevada de toda a Cisiordânia (o iebel Jarmuk fica mais de 1.200 metros acima do nível do mar). Na Baixa Galileia, os cumes ficam abaixo de 600 metros de altura. A maioria das referências à Galileia, inclusive todas as do Novo Testamento, é à Baixa Galileia. Por causa de sua localização no norte, a Galileia talvez fosse mais vulnerável à assimilação cultural e ao domínio militar (Is 9:1; Mt 4:15-16; 2Rs 15:29). Embora a Galileia tenha sido habitada pelas tribos de Naftali, Issacar, Zebulom e talvez parte de Aser durante o período da ocupação, a partir do cativeiro babilônico (1Rs 9:10-14) a sua população gentílica passou a ser majoritária. Por isso, o distrito era suspeito tanto do ponto de vista ideológico (Jo 1:46; cp. 7.41,52) quanto do linguístico (Mt 26:73b). Apesar disso, a Galileia se tornou muito importante, igualmente, para judeus e cristãos. Para os judeus, após a destruição de Jerusalém em 70 d.C., a cidade de Tiberíades se converteu, pouco a pouco, no centro da erudição talmúdica; ali o Sinédrio se reuniu pela última vez e a Mishná foi editada; ali se concentraram as famílias de Ben Asher e Ben Naphtali, da tradição massorética; ali também o venerado Códice Aleppo (a mais antiga e mais completa Bíblia hebraica existente) foi criado e é onde se encontram os túmulos dos sábios judeus Maimônides, rabino Akiva e Johanan ben Zekkai. Para os cristãos, a Galileia foi um centro das atividades de Jesus. Ele passou a infância no pacato vilarejo de Nazaré, baseou seu ministério no importante centro de Cafarnaum e, o que talvez seja o mais interessante, ali realizou a maioria de seus milagres públicos.

SAMARIA
Ao sul da Galileia, fica a terceira subdivisão: Samaria. Anteriormente era conhecida como região montanhosa de Efraim (Is 17:15-19.50; Jz 3:27-4.5; 1Sm 1:1-9.4; 1Rs 4:8-2Rs 5,22) e não deve ser confundida com a região montanhosa de Judá (v. a seguir). Por fim, o distrito de Samaria ganhou esse nome devido à terceira e última capital do Reino do Norte (1Rs 16:24). A região central de Samaria se estendia da borda do vale de Jezreel, rumo ao sul, chegando até as proximidades de uma linha topográfica natural que, saindo de Jericó para o oeste, passava pelo uádi Makkuk e ia até Ofra. A partir dali, a fronteira avancava além de Betel e Bete-Horom Superior, onde começava sua descida até Aijalom (cp. ]s 10.11,12) para, então, terminar na planície Costeira, em frente de Gezer. Assim, a Samaria abrangia uma área aproximada de 65 quilômetros de norte a sul e uns 50 quilômetros de leste a oeste (com base na descrição feita por Josefo, infere-se que a Samaria do Novo Testamento foi ligeiramente reduzida em sua área ao sul) 64 O centro geográfico natural de Samaria era a cidade de Siquém, situada no vale entre o monte Ebal e o monte Gerizim, e adjacente à atual cidade de Nablus. Ali a principal estrada rumo ao norte procedente de Jerusalém (estrada da Serra Central) se conectava com uma estrada secundária (estrada lateral de Efraim), que ligava Samaria tanto ao Mediterrâneo quanto ao rio Jordão. Por isso, não é de surpreender que Siquém tenha testemunhado períodos de ocupação prolongada que remontam a 4000 a.C. Durante boa parte do segundo milênio a.C., Siquém competiu com Jerusalém pela supremacia sobre a Palestina central. Esse local foi o primeiro lugar onde Abraão erigiu um altar e adorou ao Senhor em Canaã (Gn 12:6); onde os ossos de José finalmente encontraram descanso (Is 24:32; cp. Gn 50:25-26: Êx 13.19): onde, pela primeira vez 1srael tentou instituir a monarquia (Iz 9); onde aconteceu a divisão da monarquia unida de Israel (1Rs 12:1-16): onde esteve localizada a primeira capital do reino setentrional de Israel (1Rs 12:25) e onde lesus confrontou uma mulher iunto ao poco (Jo 4:5). Embora ofuscada pela cidade de Samaria durante a maior parte do período da monarquia dividida, a ascendência de Siquém foi reafirmada depois que os assírios deram fim ao Reino do Norte, em 722 a.C. Cativos estrangeiros foram estabelecidos em cidades samaritanas (2Rs 17:24-34). Alguns dos refugiados adotaram vários elementos da fé judaica e, com o tempo, passaram a se considerar judeus (e.g., Ed 4:2). Mas sua tentativa de se tornarem membros da comunidade judaica foi em grande medida repudiada pelos judeus pós-exílicos, o que gerou uma hostilidade religiosa que durou todo o restante do período bíblico (Lc 9:52-53; Jo 4:9-8.48). Assim mesmo, o samaritanismo sobreviveu aos séculos. Um relato medieval localizou em Damasco cerca de 400 samaritanos. Estimativas atuais sobre a população samaritana em Israel vão de 550 a 800 pessoas que, todos os anos, continuam a celebrar a Páscoa no alto do monte Gerizim, o monte sagrado deles (Jo 4:20).

JUDÁ
A quarta principal subdivisão geopolítica da Cisiordânia era Judá, que relatos históricos mais antigos chamavam de região montanhosa de Judá (Js 11:21-15.48; 20.7; 21.11; cp. 2C 21.11; 27.4; Lc 1:65). De acordo com II Reis 23:8, Judá ia de Geba, uma cidade estratégica localizada cerca de 8 quilômetros ao norte de Jerusalém, até tão ao sul quanto Berseba (Zc 14:10). Assim, quando compreendido também no contexto do limite norte de Israel na cidade de Da, isso está de acordo com a fórmula recorrente no Antigo Testamento ("de Da até Berseba"), que denota as fronteiras efetivas da região central de Israel (Jz 20:1-1Sm 3.20 2Sm 3:10-17.11; 24.2,15; 1Rs 4:25). Ainda é possível delinear especificamente a região central de Judá a partir de seu eixo lateral, indo para o leste até a descida abrupta para o deserto de Judá (Jesimom [Nm 21:20; cp. 1Sm 26:1 - Haquila, em frente de Jesimom]) e para o oeste até a descida íngreme e rochosa que termina num valado estreito que a separa da Sefelá (v. a seguir). A região central de ludá media não mais de 80 quilômetros de norte a sul e apenas uns 30 quilômetros de leste a oeste. Só raramente Judá atraiu o interesse dos construtores de impérios, pois era um território bem pequeno, em grande parte constituído de amplas áreas de terra incultivável, que ficava bastante isolado das rotas internacionais e nunca experimentou prosperidade material independente. Um estudioso descreveu Judá como uma terra isolada que promovia um estilo de vida pastoril e era o ambiente para fortalezas, altares e vilarejos.

IDUMEIA
Além das quatro principais entidades geopolíticas da Cisjordânia, a província da Idumeia desempenhou um papel secundário na política do período pós-exílico e do Novo Testamento. Idumeia é o nome grego aplicado especificamente a refugiados edomitas que fugiram para o noroeste para evitar a crescente pressão feita por seus vizinhos nabateus. Embora oscilasse bastante, ora separado da Judeia, ora a ela reanexado, o território idumeu chegou a cobrir a região que vai de Bete-Zur, perto de Hebrom, até Berseba, sua extremidade sul, e do mar Morto até os limites da planície da Filístia. Por fim, governantes macabeus subjugaram a Idumeia. Um deles (Alexandre laneu) nomeou Antipatro, um chefe local, para governar a região. É irônico que Herodes, o Grande, no devido tempo descendesse de Antípatro. Na condição de "rei dos judeus" (Mt 2:1), Herodes não se dispôs muito a descentralizar sua autoridade.

TRANSJORDÂNIA
A Transjordânia do Antigo Testamento é constituída de cinco entidades geopolíticas. Do norte para o sul, elas são. Basa, Gileade, Mishor, Moabe e Edom. O termo "Transjordânia" define especificamente a área que vai do monte Hermom até o golfo de Ácaba (cerca de 400 quilômetros de distância) e do vale do Jordão até as margens do deserto Oriental (entre 50 e 130 quilômetros). A natureza geopolítica dessa região é, na realidade, muito mais complicada do que a da vizinha Cisjordánia. Tentar, numa única análise, tratar da Transiordânia tanto do Antigo quanto do Novo Testamento é possível apenas em parte e, com certeza, trata-se de uma tarefa suscetível a imprecisão. Mas também aqui o propósito básico é fornecer a localização aproximada de entidades geopolíticas mencionadas nas Escrituras.

BASÃ
Basà significa "terra frutífera/plana" (Js 9:10-1Rs 4.13; 2Rs 10:33) e é o nome do território que as forças de Israel tomaram do controle de Ogue (Nm 21:33-35). Incluía 60 cidades muradas (Dt 3:4-5) e foi designado para Manassés Oriental (Dt 3:13). Do norte para o sul, Basa se estendia por aproximadamente 55 quilômetros, do monte Hermom (Js 12:45) até o rio Yarmuk,67 e, para o leste, chegava até Quente (Nm 32:42) e Salca (Dt 3:10), cidades situadas no monte Haura. Na época do Novo Testamento, a região ao norte do Yarmuk consistia basicamente nas províncias que formavam a tetrarquia de Herodes Filipe, filho de Herodes, o Grande.

GILEADE
A segunda entidade básica da Transjordânia é Gileade. Embora pareça que a Bíblia às vezes empregue essa palavra num sentido genérico, referindo-se a toda a Transiordânia ocupada (Dt 34:1-4; Js 22:9), a entidade geopolítica Gileade designa especificamente o domo elevado, montanhoso e ovalado que, do ponto de vista topográfico, é uma extensão oriental da elevação de Samaria (Jz 10:4-1Sm 13 7:25m 2.9; 2Rs 10:33). Esse domo começa a se elevar a apenas uns poucos quilômetros ao sul do Yarmuk e se estende na direção sul, chegando aproximadamente até o uádi Husban. que deságua no Jordão em frente a Jericó.
Longitudinalmente, o domo de Gileade era dividido por um desfiladeiro profundo, escavado pelo rio Jaboque, que separou Gileade em duas metades (cp. Js 12:5-13.31, a metade norte; Dt 3:12; Is 12:2, a metade sul). Na fronteira oriental, é possível delimitar Gileade apenas negativamente: não incluía a terra de Amom (Nm 21:23-24; Jz 11:13; cp. 1Sm 11:1-4), de modo que, em seu quadrante sudeste, não alcançava o deserto Oriental.
Em contraste com o significado do nome de seus vizinhos ao norte (Basa significa "terra plana") e ao sul (Mishor significa "planalto/chapada*), o provável significado do nome Gileade (terra acidentada") pode ajudar a esclarecer suas fronteiras.
Assim delineada, a região montanhosa de Gileade (Gn 31:21-23,25; Dt 3:12) cobria uma área de aproximadamente 55 quilômetros de norte a sul e não mais de uns 50 quilômetros de leste a oeste. Quase todo o norte de Gileade se tornou parte da herança de Manassés Oriental, ao passo que o sul foi entregue à tribo de Gade . A totalidade do domo foi de fato colonizada por Israel, provavelmente porque a altitude elevada permitia chover o suficiente para criar condições para um pouco de florestamento, agricultura e criação de animais (2Sm 18:6; Nm 32:1-4, 16,26; Js 22:8). Embora não saibamos sua exata natureza, o "bálsamo de Gileade", que tinha propriedades medicinais, era muito valorizado na Antiguidade (Jr 8:22-46.11; cp. Gn 37:25). Muitas cidades gregas que haviam sido estabelecidas durante o período alexandrino formaram um núcleo transjordaniano de oposição (em grande parte malsucedida) à independência judaica obtida pelos asmoneus. Mas, quando as legiões de Pompeu deram fim ao domínio asmoneu, muitas daquelas cidades foram devolvidas a seus compatriotas helênicos. Em alguns casos, certas cidades consideraram necessário constituir ligas para proteção mútua contra os vizinhos não gregos, assim como também estavam unidas em termos econômicos e sociais. Uma dessas confederações, conhecida como Decápolis ("dez cidades"), era constituída de localidades situadas principalmente ao longo das estradas comerciais do centro e do norte da Transiordânia.
Esse grupo é mencionado tanto na Bíblia (Mt 4:25: Mc 5:20-7.
31) quanto em fontes clássicas. No período do Novo Testamento, as cidades provavelmente incluíam, do norte para o sul, Damasco, Rafana, Canata, Hipos, Gadara, Citópolis, Pela, Diom, Gerasa e Filadélfia? Embora o propósito de uma confederação helenística assim tão pouco estruturada se choque com qualquer tentativa de definir fronteiras geográficas claras, é possível concluir que a região central da Decápolis se estendia transversalmente à região montanhosa de Gileade.

MISHOR
Ao sul da Gileade do Antigo Testamento, ficava o Mishor ("planalto", p. ex., Dt 3:10-4.43; Js 20:8), que se estendia por cerca de 40 quilômetros, desde Hesbom (Is 13:10) e Medeba (Is 13:16), no norte, até as cidades de Aroer (Is 13:9) e Dibom (Jr 48:22), situadas no sul, logo ao norte do cânion do Arnom e perto da Estrada Real. Outras cidades localizadas no Mishor eram Nebo (Ir 48.22). Sitim (onde os israelitas tiveram relações sexuais ilícitas com mulheres moabitas INm 25:1s.|).
Bete-Peor (perto de onde Moisés foi sepultado [Is 13:20; Dt 34:6] e onde Balaão pronunciou suas bêncãos desfavoráveis [Nm 22:41-23.13,141) e Bezer, uma das cidades israelitas de refúgio (Dt 4:43). O Mishor se tornou a heranca da tribo de Rúben. No entanto, como do ponto de vista geográfico o Mishor ficava a meio caminho entre a região central de Israel e a região central de Moabe, a luta para controlá-lo teve início ainda no período dos juízes (Jz 3:12-30, implícito). prosseguindo na época da monarquia unida (1Sm 14:47;25m 8.2,12) e chegando até os dias de Acabe e do rei moabita Messa. Mas, no pensamento dos profetas, o controle israelita da região do Mishor havia sido cedido aos mobitas (Is 15:1-9; 16.8,9; Jr 48:1-5,21-25,34-36,45-47; Ez 25:8-11). E provável que esse vaivém político ajude a explicar por que, apesar de descenderem do primogênito de Jacó (Gn 29:32-49.3,4), os rubenitas aparentemente foram incapazes de desempenhar um papel importante na história posterior de Israel.

MOABE/PEREIA
O planalto mais elevado que, partindo do Arnom, estendia-se para o sul, chegando até o ribeiro de Zerede, era a região mais importante e central do território moabita, tendo como capital a cidade de Quir-Haresete (2Rs 3:25; Is 16:7; cp. Nm 22:36; Is 15:1 ['Quir de Moabe", que é a forma encontrada na ARA, significa "cidade de Moabe"|). Durante o período do Novo Testamento, o distrito da Pereia? ocupava a região ocidental daquilo que havia sido o Mishor e Moabe. O historiador Josefo escreveu que, no norte, o distrito de Pereia chegava até a cidade de Pela e, no sul, até Maqueronte (uma cidade-fortaleza de onde se avistava o mar Morto e onde Herodes Antipas decapitou João Batista). Além disso, Josefo relata que Pereia começava no rio Jordão e ia para o leste, chegando até Filadélfia, e informa que a capital da Pereia era Gadara (T. Gadur, que não se deve confundir com a Gadara da Decápolis [Umm Qeis]) 73 Causam perplexidade as fronteiras norte e leste informadas por Josefo, pois tanto Pela quanto Filadélfia faziam parte da região da Decápolis. Talvez sua descrição signifique que as fronteiras das cidades-estados de Pela e Filadélfia encostavam na Pereia. De qualquer maneira, os geógrafos bíblicos justificadamente seguem critérios arqueológicos e topográficos, estabelecendo a fronteira oriental basicamente numa linha norte-sul que começa no norte, nas vizinhanças do jebel Munif, no alto Arnom. Parece que, dali, a fronteira norte acompanhou os contornos a jusante do uádi Yabis até sua foz no rio Jordão, em frente a Enom.

EDOM
O último distrito transiordaniano a ser listado é Edom, às vezes conhecido como Seir (Gn 32:3; Nm 24:18: Jz. 5.4; Is 21:11) ou monte Seir (Gn 14:6; Dt 1:2-2.5). Edom designa a terra e o reino situados no alto da estreita e longa cadeia de montanhas imponentes que, partindo do ribeiro de Zerede, dirige-se para o sul, quase até o golfo de Ácaba. No entanto, as terras centrais de Edom, saindo do ribeiro de Zerede, estendiam-se para o sul por cerca de 110 quilômetros até um planalto de onde se avista o uádi Hasma, parte de uma enorme dissecação no solo recoberta de areia, a qual se estendia na direção sudeste e era a porta de entrada para o sul da Arábia. A maioria dos cumes de Edom ultrapassa os 1:200 metros acima do nível do mar e, em mais da metade de sua extensão longitudinal, o terreno elevado fica acima dos 1:500 metros. E esse cenário assustador ficava claramente limitado, a oeste, pela Arabá e, a leste, pelas planícies do deserto Oriental. O resultado é que Edom propriamente dito media apenas 16 a 24 quilômetros num eixo leste-oeste, tendo, ao longo da serra altaneira, uma série de fortalezas e cidades que basicamente acompanhavam a Estrada Real. A combinação de fortificações tanto naturais quanto feitas pelo homem tornava Edom uma barreira intransponível para tráfego lateral. Cerca de 40 quilômetros ao sul de Zerede, uma falha geológica criou um cánion que, partindo da A rabá, abre-se em leque para o leste por mais ou menos 14 quilômetros. No fim desse uádi notável, ficava a antiga Punom, um centro importante de mineração de cobre e onde, de acordo com a Biblia (Nm 33:42), os israelitas acamparam durante a viagem de Cades-Barneia para as planícies de Moabe. Moisés solicitou ao rei de Edom permissão para que Israel atravessasse o território edomita para chegar à Estrada Real (Nm 20:14-21). Mas o rei rejeitou o pedido, o que exigiu que o grupo israelita vigiasse cerca de 160 quilômetros a mais por terreno árido e num calor escaldante, apenas para desviar de Edom (Dt2.1-8).
Sem dúvida, essa derrota psicológica foi relacionada com o incidente das "serpentes ardentes" (Nm 21:4-9; 33:42-49), em que Moisés foi forçado a erguer uma serpente de cobre nesse deserto. Com base no contexto geográfico, é possível entender por que a recusa do rei edomita não foi desafiada, apesar de ser improvável que os edomitas fossem numericamente superiores aos israelitas. Os penhascos imensos e as gargantas íngremes de Edom, mesmo nas encostas menos escarpadas do desfiladeiro de Punom, eram um alvo inacessível que, por capricho edomita, continuaria em esplêndido isolamento (Ob3). Situado junto às montanhas edomitas ocidentais e cerca de 32 quilômetros ao sul de Punom, há um cânion que se parece com uma cratera e contém as impressionantes ruínas de Petra, a fabulosa capital do Reino Nabateu, mais tarde ocupada pelos romanos.? Embora não se saiba quais foram seus ancestrais, os nabateus vieram a ocupar Edom no terceiro século a.C. e, já no primeiro século a.C., sua influência era sentida desde Damasco até Gaza e também até o interior da Arábia. Boa parte de seu poder era resultado do controle que exerciam sobre parte de uma lucrativa rede comercial que, àquela época, estendia-se do interior da atual Arábia Saudita até o Mediterrâneo Ocidental Chegava-se a Petra através de um estreito corredor de cerca de 1.600 metros, flanqueado em ambos os lados por elevados penhascos perpendiculares que, em alguns lugares, quase se tocavam. A bacia onde se situava a cidade propriamente dita era cercada de desfiladeiros de arenito, nos quais foram escavados estruturas e túmulos daquilo que, na Antiguidade, foi uma cidade de grande riqueza.
Por cerca de 65 quilômetros para o sul a partir da região central de Edom, descendo do uádi Hasma para o uádi Yutm, próximo ao golfo de Ácaba, fica uma cadeia bem estreita de intransitáveis montanhas de granito. Essas montanhas de Midia elevam-se a alturas que chegam perto de 1.750 metros acima do nível do mar. Nessa região, vestígios arqueológicos revelam uma cultura totalmente distinta de sua contraparte palestina e que é, às vezes, descrita como midianita. É nesta "cultura midianita que alguns estudiosos acreditam que Moisés talvez tenha se refugiado quando fugiu do faraó e ali serviu a seu sogro, um sacerdote de Midia (Ex 2:15-17:3.1).

Distritos do Antigo Testamento
Distritos do Antigo Testamento
Distritos do Novo Testamento
Distritos do Novo Testamento

ESTRADAS E TRANSPORTE NO MUNDO BÍBLICO

UMA QUESTÃO DE RECONSTRUÇÃO
Uma questão legítima que poderá ser levantada é sobre a possibilidade de se chegar a uma ideia relativamente confiável dos sistemas de transportes existentes desde os tempos bíblicos mais antigos. Antes do período romano, praticamente se desconhece a existência de até mesmo um pequeno trecho de um caminho ou estrada pavimentado ligando cidades antigas. E não há atestação de que, antes desse período, tenham existido quaisquer mapas de estradas no Crescente Fértil. No entanto, apesar das questões extremamente variadas e complexas que precisam ser levadas em conta quando se aborda esse assunto de forma abrangente, estudiosos que têm procurado delinear estradas antigas tendem a seguir uma combinação de quatro tipos de indícios: (1) determinismo geográfico; (2) documentação escrita; (3) testemunho arqueológico; (4) marcos miliários romanos. Determinismo geográfico se refere aos fatores fisiográficos e/ou hidrológicos em grande parte imutáveis existentes no antigo mundo bíblico e que determinavam as rotas seguidas por caravanas, migrantes ou exércitos. Esses caminhos permaneceram relativamente inalterados durante longos períodos (exceto onde a geopolítica os impedia ou em casos isolados de circulação ilegal). Parece que, em geral, as regiões de baixada ou planície ofereciam menores obstáculos ao movimento humano e maior oportunidade para o desenvolvimento de redes de transporte ou movimentação de tropas. Em contraste, cânions profundos, cavados por rios que às vezes se transformavam em corredeiras, eram um obstáculo a ser evitado em viagens. Caso fossem inevitáveis, deviam ser atravessados a vau em lugares que oferecessem dificuldade mínima. As barreiras representadas por pântanos infestados de doenças, a esterilidade e o calor escaldante de zonas desérticas e as áreas estéreis de lava endurecida eram obstáculos descomunais, a serem evitados a qualquer custo.
Encostas de montanhas com florestas densas, muitas vezes com desfiladeiros sinuosos, eram regularmente cruzados em canais, por mais estreitos ou perigosos que eles fossem. Por sua vez, os trechos em que as serras podiam ser percorridas por grandes distâncias sem a interrupção de desfiladeiros ou vales tendiam a ser usados em viagens durante todos os períodos. A necessidade de se deslocar de uma fonte de água doce abundante a outra foi, durante todas as eras, um pré-requísito para viagens. De maneira que, muito embora não disponhamos de um mapa antigo do mundo bíblico, ainda assim é possível inferir logicamente e com alto grau de probabilidade a localização das principais estradas, em especial quando o princípio do determinismo geográfico pode ser suplementado por outros tipos de indício.
A documentação escrita ajuda com frequência a delinear uma estrada com maior precisão. Esse tipo de indício pode estar na Bíblia, em fontes extrabíblicas antigas, escritores clássicos, antigos itinerários de viagem, geógrafos medievais ou viajantes pioneiros mais recentes. Algumas fontes escritas buscam fazer um levantamento de uma área de terra ou traçar um itinerário e, para isso, empregam tanto medidas de distância quanto direções; citam a distância entre dois ou mais pontos conhecidos de uma forma que pode ser reconstruída apenas mediante a pressuposição de uma rota específica entre esses pontos. Às vezes, essas fontes podem descrever uma rota em termos do tipo de terreno no meio do caminho (ao longo de uma determinada margem de um rio; perto de um cânion, vau, poco de betume ou oásis; ao lado de um determinado canal, ilha ou montanha etc.) ou um ponto de interesse situado ao longo do caminho e digno de menção. Cidades ao longo de uma rota podem ser descritas como parte de um distrito em particular ou como contíguas a uma determinada província, partilhando pastagens comuns, enviando mensagens por meio de sinais de fogo ou ficando simultaneamente sob o controle de certo rei. Distâncias aproximadas entre cidades, junto com uma rota presumida, podem ser inferidas a partir de textos que falam de um rei ou de um mensageiro que toma sua ração diária no ponto A no primeiro dia, no ponto B no dia seguinte, no ponto C no terceiro dia e assim por diante. Um exército ou caravana pode receber certo número de rações diárias a fim de percorrer um determinado trajeto, ou o texto pode dizer que uma viagem específica levou determinado número de dias para terminar.

No conjunto, fontes textuais não foram escritas com o propósito de ajudar alguém a delinear com absoluta certeza o trajeto de estradas. São fontes que tratam de assuntos extremamente diversos. Os detalhes geográficos oferecidos são muitos, variados e às vezes incorretos. Elas não oferecem o mesmo grau de detalhamento para todas as regiões dentro do mundo bíblico. Mesmo assim, seu valor cumulativo é fundamental, pois, com frequência, dão detalhes precisos que permitem deduzir com bastante plausibilidade o curso de uma estrada ou oferecem nuanças que podem ser usadas com proveito quando combinadas com outros tipos de indícios. Além do determinismo geográfico e da documentação escrita, o testemunho arqueológico pode ajudar a determinar o curso de antigas estradas. Identificar uma cidade antiga mediante a descoberta de seu nome em dados arqueológicos escavados no lugar ajuda a esclarecer textos que mencionam o local e proporciona um ponto geográfico fixo. Porque Laís/Da (T. el-Qadi) foi identificada positivamente a partir de uma inscrição encontrada em escavações no local, uma especificidade maior foi automaticamente dada a viagens como as empreendidas por Abraão (Gn
14) ou Ben-Hadade (1Rs 15:2Cr 16). Mesmo nas vezes em que o nome de uma cidade antiga permanece desconhecido, é útil quando vestígios arqueológicos revelam o tipo de ocupação que pode ter havido no lugar. Por exemplo, um palácio desenterrado permite a inferência de que ali existiu a capital de um reino ou província, ao passo que um local pequeno, mas muito fortificado, pode indicar um posto militar ou uma cidade-fortaleza. Quando se consegue discernir uma sequência de lugares semelhantes, tal como a série de fortalezas egípcias da época do Reino Novo descobertas no sudoeste de Gaza, é possível traçar o provável curso de uma estrada na região. Numa escala maior, a arqueologia pode revelar padrões de ocupação durante períodos específicos. Por exemplo, na 1dade do Bronze Médio, muitos sítios em Canaã parecem ter ficado junto a vias de transporte consolidadas, ao passo que, aparentemente, isso não aconteceu com povoados da Idade do Bronze Inicial. Da mesma forma, um ajuntamento de povoados da Idade do Bronze Médio alinhou-se ao longo das margens do Alto Habur, na Síria, ao passo que não se tem conhecimento de um agrupamento assim nem imediatamente antes nem depois dessa era.
Esse tipo de informação é útil caso seja possível ligar esses padrões de ocupação às causas para ter havido movimentos humanos na área. De forma que, se for possível atribuir a migrações a existência desses sítios da Idade do Bronze Médio, e os locais de migração são conhecidos, os dados arqueológicos permitem pressupor certas rotas que tinham condições de oferecer pastagens para animais domesticados e alimentos para os migrantes, ao mesmo tempo que praticamente eliminam outras rotas. É claro que havia muitos fatores climatológicos e sociológicos que levavam a migrações na Antiguidade, mas o fato é que, enquanto viajavam, pessoas e animais tinham de se alimentar com aquilo que a terra disponibilizava.
Às vezes a arqueologia permite ligar o movimento de pessoas ao comércio. A arqueologia pode recuperar obietos estranhos ao local onde foram encontrados (escaravelhos egípcios, sinetes cilíndricos mesopotâmicos etc.) ou descobrir produtos primários não nativos do Crescente Fértil (estanho, âmbar, cravo, seda, canela etc.). Para deduzir o percurso de estradas, seria então necessário levar em conta o lugar de onde procedem esses objetos ou produtos primários, a época em que foram comercializados e a localização de mercados e pontos intermediários de armazenagem. Onde houve tal comércio, durante um longo período (por exemplo, a rota báltica do âmbar vindo da Europa, a rota da seda proveniente do sudeste asiático ou a rota de especiarias do oeste da Arábia Saudita), é possível determinar rotas de produtos primários razoavelmente estabelecidas. Com frequência essa informação arqueológica pode ser ligeiramente alterada por documentos escritos, como no caso de textos que tratam do itinerário de estanho e indicam claramente os locais de parada nesse itinerário através do Crescente Fértil, durante a Idade do Bronze Médio.
Outra possibilidade é, por meio da arqueologia, ligar a uma invasão militar movimentos humanos para novos lugares. Isso pode ocorrer talvez com a descoberta de uma grande estela comemorativa de vitória ou de uma camada de destruição que pode ser sincronizada com uma antemuralha de tijolos cozidos, construída encostada no lado externo do muro de uma cidade. As exigências da estratégia militar, a manutenção das tropas e a obtenção de suprimentos eram de tal monta que algumas regiões seriam quase invulneráveis a qualquer exército. Em tempos recentes, estudiosos que buscam delinear vias e estradas antigas passaram a se beneficiar da possibilidade de complementar seus achados arqueológicos com fotografias aéreas e imagens de satélite, podendo assim detectar vestígios ou até mesmo pequenos trechos de estradas que não foram totalmente apagados. Um quarto tipo de indício usado na identificacão de estradas antigas são os marcos miliários romanos, embora erigir marcos ao longo das estradas antedate ao período romano (Jr 31:21).153 Até hoie iá foram encontrados entre 450 e 500 marcos miliários romanos no Israel moderno. e quase 1.000 foram descobertos pela Ásia Menor 154 No Israel moderno, existem marcos miliários construídos já em 69 d.C.; no Líbano moderno, conhecem-se exemplares de uma data tão remota como 56 d.C. Por sua vez, marcos miliários da Ásia Menor tendem a ser datados de um período romano posterior, e não parece que a maioria das estradas dali tenha sido pavimentada antes da "dinastia flaviana", que comecou com Vespasiano em 69 d.C. - uma dura realidade que é bom levar em conta quando se consideram as dificuldades de viagem pela Ásia Menor durante a época do apóstolo Paulo.
Em geral, esses marcos miliários assinalam exatamente a localizacão de estradas romanas, que frequentemente seguiam o curso de estradas muito mais antigas. A localização e as inscricões dos marcos miliários podem fornecer provas de que certas cidades eram interligadas na mesma sequência registrada em textos mais antigos. Por exemplo, cerca de 25 marcos miliários localizados junto a 20 diferentes paradas foram descobertos ao longo de um trecho de uma estrada litorânea romana entre Antioquia da Síria e a Ptolemaida do Novo Testamento. Tendo em conta que algumas das mesmos cidades localizadas ao longo daquela estrada foram do acordo com textos assírios, visitadas pelo rei Salmaneser II 20 voltar de sua campanha militar em Istael (841 a.C.)
, os marcos miliários indicam a provável estrada usada pelo monarca assírio. Nesse caso, essa inferência s explicitamente confirmada pela descoberta do monumento a vitória de Salmaneser, esculpido num penhasco junto a co do rio Dos, logo ao sul da cidade libanesa de Biblos. De modo semelhante, esses mesmos marcos miliários permitem determinar as fases iniciais da famosa terceira campanha militar de Senaqueribe (701 a.C.), em que o monarca assírio se gaba de que "trancou Ezequias em ¡erusalém como a um pássaro numa gaiola". Igualmente, esses marcos de pedra permitem delinear o trajeto que Ramsés II, Ticlate-Pileser III, Esar-Hadom, Alexandre, o Grande, Cambises II, Céstio Galo, Vespasiano e o Peregrino de Bordéus percorreram em Canaã.

DIFICULDADES DE VIAGEM NA ANTIGUIDADE
Os norte-americanos, acostumados a um sistema de estradas interestaduais, ou os europeus, que percorrem velozmente suas autoestradas, talvez achem difícil entender a noção de viagem na Bíblia. Hoje, as viagens implicam uma "Jura realidade", com bancos estofados em couro, suspensão de braço duplo, revestimento de nogueira no interior do automóvel e sistemas de som e de controle de temperatura.
Uma vasta gama de facilidades e serviços está prontamente acessível a distâncias razoáveis. A maioria das estradas de longa distância tem asfalto de boa qualidade, boa iluminação, sinalização clara e patrulhamento constante. Centenas de cavalos de forca nos transportam com conforto e velocidade. Quando paramos de noite, podemos, com bastante facilidade, conseguir um quarto privativo com cama, TV a cabo, servico de internet. banheiro privativo com água quente e fria e outras facilidades. Em poucos instantes, podemos encontrar um grande número de restaurantes e lanchonetes, com variados alimentos que iá estarão preparados para nós. Podemos levar conosco música e leitura prediletas, fotografias de parentes, cartões de crédito e mudas de roupa limpa. Podemos nos comunicar quase que instantaneamente com os amigos que ficaram - temos ao nosso dispor fax, SMS, e-mail e telefone. E não prestamos muita atenção ao perigo de doenças transmissíveis ou à falta de acesso a medicamentos.
Como as viagens eram profundamente diferentes na época da Bíblia! Na Antiguidade, às vezes até as principais estradas internacionais não passavam de meros caminhos sinuosos que, depois das chuvas de inverno. ficavam obstruídos pelo barro ou não passavam de um lodacal e. durante os muitos meses de calor abafado e escaldante, ficavam repletos de buracos.
Em certos pontos daquelas estradas, os viajantes precisavam atravessar terreno difícil, quase intransponível. Quem viajava podia ter de enfrentar os riscos de falta de água, clima pouco seguro, animais selvagens ou bandoleiros.
Tais dificuldades e perigos ajudam a explicar por que, na Antiguidade, a maior parte das viagens internacionais acontecia em caravanas Viaiar em grupo oferecia alguma protecão contra intempéries e agentes estrangeiros. Um considerável volume de dados provenientes da Mesopotâmia e da Ásia Menor indica que, em geral, as caravanas eram grandes e quase sempre escoltadas por guardas de segurança armados para essa tarefa. Exigia-se que os caravanistas permanecessem estritamente na rota predeterminada. Não era incomum caravanas incluírem até 100 ou 200 jumentos, alguns carregando produtos preciosíssimos (cp. Gn 37:25; Jz 5:6-7; 1Rs 10:2; J6 6:18-20; Is 21:13-30.6; Lc 2:41-45). 156 Caravanas particulares são atestadas raras vezes na Antiguidade.
Viajantes ricos tinham condições de comprar escravos para servirem de guardas armados (Gn 14:14-15), mas pessoas mais pobres andavam em grupos ou então se incorporavam a um grupo governamental ou comercial, que se dirigia a um destino específico. Os dados também mostram que muitas viagens aconteciam sob a proteção da escuridão: viajar à noite livrava do calor sufocante do sol do meio-dia e diminuía a probabilidade de ser detectado por salteadores e bandoleiros.
Aliás, pode ser que a viagem à noite tenha contribuído diretamente para a ampla difusão do culto à Lua, a forma mais comum de religião em todo o Crescente Fértil.
Outro fator a se considerar sobre viagens por terra durante o período bíblico é a distância limitada que era possível percorrer num dia. Na realidade, as distâncias podiam variar devido a uma série de fatores: diferentes tipos de terreno, número e tipo de pessoas num determinado grupo de viajantes, tipo de equipamento transportado e alternância das estações do ano. Em função disso, o mundo antigo tinha conhecimento de distâncias excepcionais cobertas num único dia. Heródoto fez uma afirmação famosa sobre mensageiros viajando a grande velocidade pela Estrada Real da Pérsia Tibério percorreu a cavalo cerca de 800 quilômetros em 72 horas, para estar junto ao leito de seu irmão Druso, que estava prestes a morrer. 58 E alguns textos antigos contam que, durante o período romano, correios do império chegavam a percorrer, em média, quase 160 quilômetros por dia. Mas essas foram excecões raras no mundo bíblico e devem ser assim reconhecidas.
Os dados são, em geral, uniformes, corroborando que, no mundo bíblico, a iornada de um dia correspondia a uma distância de 27 a 37 quilômetros, com médias ligeiramente mais altas quando se viajava de barco rio abaixo. 16 Médias diárias semelhantes continuaram sendo, mais tarde, a norma em itinerários dos períodos clássico, árabe e medieval, do Egito até a Turquia e mesmo até o Irá. Mesmo cem anos atrás, relatos de alguns itinerários e viagens documentam médias diárias semelhantemente baixas. Vários episódios da Bíblia descrevem o mesmo deslocamento limitado em viagens:


Por outro lado, caso tivessem seguido o trajeto mais longo, acompanhando o rio Eufrates até Imar e, dali, prosseguido pela Grande Estrada Principal adiante de Damasco (a rota normal), teriam conseguido uma média diária mais típica. Distâncias diárias semelhantes também são válidas para o Novo Testamento. 163 Em certa ocasião, Pedro viajou 65 quilômetros de Jope a Cesareia e chegou no segundo dia ao destino (At 10:23-24). A urgência da missão do apóstolo permite inferir que ele pegou um caminho direto e não fez nenhuma parada intermediária (mais tarde, Cornélio disse que seus enviados levaram quatro dias para fazer a viagem de ida e volta entre Jope e Cesareia [At 10:30.) Em outra oportunidade, uma escolta militar levou dois dias de viagem para transportar Paulo às pressas para Cesareia (At 23:23-32), passando por Antipátride, uma distância de cerca de 105 quilômetros, considerando-se as estradas que os soldados mais provavelmente tomaram. Segundo Josefo, era possível viajar em três dias da Galileia a Jerusalém, passando pela Samaria (uma distância de cerca de 110 quilômetros).

A LOCALIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS ESTRADAS
A GRANDE ESTRADA PRINCIPAL
Aqui chamamos de Grande Estrada Principal aquela que, no mundo bíblico, era, sem qualquer dúvida, a estrada mais importante. 165 Essa estrada ia do Egito à Babilônia e a regiões além, e, em todas as épocas, interligava de forma vital todas as partes do Crescente Fértil. A estrada começava em Mênfis (Nofe), perto do início do delta do Nilo, e passava pelas cidades egípcias de Ramessés e Sile, antes de chegar a Gaza, um posto fortificado na fronteira de Canaã. Gaza era uma capital provincial egípcia de extrema importância e, com frequência, servia de ponto de partida para campanhas militares egípcias em todo o Levante. Esse trecho sudoeste da estrada, conhecido pelos egípcios como "caminho(s) de Hórus", era de importância fundamental para a segurança do Egito. De Gaza, a estrada se estendia até Afeque/ Antipátride, situada junto às nascentes do rio Jarcom; essa efusão era um sério obstáculo ao deslocamento e forçava a maior parte do tráfego a se desviar continente adentro, isto é, para o leste. Prosseguindo rumo ao norte, a estrada se desviava das ameaçadoras dunas de areia e do pântano sazonal da planície de Sarom até que se deparava inevitavelmente com a barreira que era a serra do monte Carmelo. Gargantas que atravessavam a serra permitiam passar da planície de Sarom para o vale de Jezreel. A mais curta delas, hoje conhecida como estreito de Aruna (n. 'Iron), era a mais utilizada. O lado norte dessa garganta estreita dava para o vale de lezreel e era controlado pela cidade militar de Megido.
Em Megido, a estrada se dividia em pelo menos três ramais. Um levava para Aco, no litoral, e então seguia para o norte, acompanhando o mar até chegar a Antioquia da Síria. Um segundo ramal começava em Megido e se estendia na diagonal, cruzando o vale de Jezreel numa linha criada por uma trilha elevada de origem vulcânica. Passava entre os montes Moré e Tabor e chegava às proximidades dos Cornos de Hattin, onde virava para o leste, percorria o estreito de Arbela, com seus penhascos íngremes, e finalmente irrompia na planície ao longo da margem noroeste do mar da Galileia. Uma terceira opção saía de Megido, virava para o leste, seguia o contorno dos flancos do norte das serras do monte Carmelo e monte Gilboa, antes de chegar a Bete-Sea, uma cidade-guarnição extremamente fortificada. É provável que, durante a estação seca, esse trecho margeasse o vale, mas, nos meses de inverno, seguisse por um caminho mais elevado, para evitar as condições pantanosas. Em Bete-Sea, a Grande Estrada Principal dava uma guinada para o norte e seguia ao longo do vale do Jordão até chegar à extremidade sul do mar da Galileia, onde ladeava o mar pelo lado oeste, até chegar a Genesaré, perto de Cafarnaum. Durante a época do Novo Testamento, muitos viajantes devem ter cruzado o lordão logo ao norte de Bete-Seã e atravessado o vale do Yarmuk e o planalto de Gola, até chegar a Damasco.
De Genesaré, a Grande Estrada Principal subia a margem ocidental do Alto Jordão e chegava perto da preeminente cidade-fortaleza de Hazor, que protegia as áreas mais setentrionais de Canaã. Perto de Hazor, a estrada virava para o nordeste, na direção de Damasco, ficando próxima às saliências da serra do Antilíbano e tentando evitar as superfícies basálticas da alta Golã e do Haurã.
De Damasco, seguia um caminho para o norte que contornava as encostas orientais do Antilibano até chegar à cidade de Hamate, às margens do rio Orontes. Aí começava a seguir um curso mais reto para o norte, passando por Ebla e chegando a Alepo, onde fazia uma curva acentuada para o leste, na direção do Eufrates. Chegando ao rio, em Emar, a estrada então, basicamente, acompanhava o curso da planície inundável do Eufrates até um ponto logo ao norte da cidade de Babilônia, onde o rio podia ser atravessado a vau com mais facilidade.
Avançando daí para o sul, a estrada atravessava a região da Babilônia, passando por Uruque e Ur e, finalmente, chegando à foz do golfo Pérsico.

A ESTRADA REAL
Outra rodovia importante que atravessava as terras bíblicas era conhecida, no Antigo Testamento, como Estrada Real (Nm 20:17-21.
22) e, fora da Bíblia, como estrada de Trajano (via Nova Traiana). Foi o imperador Trajano que transformou essa rota numa estrada de verdade, no segundo século d.C. A estrada começava no golfo de Ácaba, perto de Eziom-Geber, e, em essência, seguia pelo alto do divisor de águas de Edom e Moabe, passado pelas cidades de Petra, Bora, Quir-Haresete, Dibom e Hesbom, antes de chegar a Amã
Saindo de Ama, atravessava os planaltos de Gileade e Basã para chegar até Damasco, onde se juntava à Grande Estrada Principal.

A ANTIGA ESTRADA ASSÍRIA DE CARAVANAS
Usada para o transporte comercial e militar de interesse assírio até a Ásia Menor, a Antiga Estrada Assíria de Caravanas é conhecida desde o início do segundo milênio a.C. A partir de quaisquer das cidades que serviram sucessivamente de capitais da Assíria, o mais provável é que a estrada avançasse para o oeste até chegar às vizinhanças do jebel Sinjar, de onde seguia bem na direção oeste e chegava à base do triângulo do rio Habur. A estrada então acompanhava o curso de um dos braços do Habur até além de T. Halaf, chegando a um lugar próximo da moderna Samsat, onde era possível atravessar mais facilmente o Eufrates a vau. Dali, a estrada seguia por um importante desfiladeiro nos montes Taurus (exatamente a oeste de Malatya), atravessava a planície Elbistan e, por fim, chegava à estratégica cidade hitita de Kanish. Uma extensão da estrada então prosseguia, atravessando o planalto Central da Anatólia e passando por aqueles lugares que, mais tarde, tornaram-se: Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia. Em sua descida para o litoral egeu, a estrada cruzava lugares que, posteriormente, vieram a ser: Laodiceia, Filadélfia, Sardes e Pérgamo. De Pérgamo, a estrada corria basicamente paralela ao litoral egeu e chegava à cidade de Troia, localizada na entrada da Europa.

VIAGEM POR MAR
As viagens marítimas no Mediterrâneo parecem não ter sofrido muita variação durante o período do Antigo Testamento. Com base em textos de Ugarit e T. el-Amarna, temos conhecimento de que, na 1dade do Bronze Final, existiram navios com capacidade superior a 200 toneladas. E, no início da Idade do Ferro, embarcações fenícias atravessavam o Mediterrâneo de ponta a ponta. Inicialmente, boa parte da atividade náutica deve ter ocorrido perto de terra firme ou entre uma ilha e outra, e, aparentemente, os marinheiros lançavam âncora à noite. A distância diária entre pontos de ancoragem era de cerca de 65 quilômetros (e.g., At 16:11-20,6,14,15). Frequentemente os primeiros navegadores preferiam ancorar em promontórios ou ilhotas próximas do litoral (Tiro, Sidom, Biblos, Arvade, Atlit, Beirute, Ugarit, Cartago etc.); ilhas podiam ser usadas como quebra-mares naturais e a enseada como ancoradouro. O advento do Império Romano trouxe consigo uma imensa expansão nos tipos, tamanhos e quantidade de naus, e desenvolveram-se rotas por todo o mundo mediterrâneo e além. Antes do final do primeiro século da era cristã, a combinação de uma força legionária empregada em lugares remotos, uma frota imperial naval permanente e a necessidade de transportar enormes quantidades de bens a lugares que, às vezes, ficavam em pontos bem distantes dentro do império significava que um grande número de naus, tanto mercantes quanto militares, estava singrando águas distantes. Desse modo, as rotas de longa distância criavam a necessidade de construir um sistema imperial de faróis e de ancoradouros maiores, com enormes instalações de armazenagem.

Rotas de Transporte do mundo bíblico
Rotas de Transporte do mundo bíblico
Rotas Marítimas do mundo Greco-Romano
Rotas Marítimas do mundo Greco-Romano
As estradas da Palestina
As estradas da Palestina

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Reino de Davi e de Salomão

Informações no mapa

Tifsa

Rio Eufrates

HAMATE

SÍRIA (ARÃ)

Hamate

Rio Orontes

Ribla

Zedade

ZOBÁ, ARÃ-ZOBÁ

Tadmor (Palmira)

Zifrom

Hazar-Enã

Lebo- Hamate

Gebal

Cobre

Berotai

Deserto da Síria

Sídon

SIDÔNIOS (FENÍCIA)

Cadeia do Líbano

BETE-REOBE

Cadeia do Antilíbano

Damasco

Mte. Hermom

Tiro

Abel

MAACÁ, ARÃ-MAACÁ

Basã

Terra de Cabul?

Hazor

Argobe

GESUR

Dor

Vale de Jezreel

En-Dor

Helão

Megido

Mte. Gilboa

Lo-Debar

Rogelim

Bete-Seã

Jabes-Gileade?

Salcá

Tobe

Sucote

Maanaim

Jope

Silo

Gileade

Ramá

Zereda

Rabá

Gezer

Gilgal

AMOM

Ecrom

Jerusalém

Hesbom

Gate

Belém

Medeba

FILÍSTIA

Gaza

Hebrom

En-Gedi

Aroer

Ziclague

Jatir

Betel

MOABE

Berseba

Ramote

Mispa

Aroer

Vale do Sal?

Torrente do Egito

Neguebe

Tamar

Cobre

Punom

EDOM

Deserto de Parã

Deserto da Arábia

Eziom-Geber

Elote, Elate

Bete-Horom Baixa

Bete-Horom Alta

Gezer

Gibeão

Geba

Quiriate-Jearim

Gibeá

Anatote

Baurim

Nobe

Baal-Perazim

Ecrom

Bete-Semes

Jerusalém

Fonte de Giom

Poço de En-Rogel

Gate

Vale de Elá

Azeca

Socó

Belém

Adulão

Queila

Gilo

Tecoa

Deserto de Judá

Cisterna de Sirá

Hebrom

Jesimom

Zife

Horesa

Estemoa

Carmelo

Maom

Informações no mapa

Reino de Davi

Reino de Salomão

Importações

Exportações

Para os hititas e a Síria: cavalos, carros de guerra

De Társis: ouro, prata, marfim, macacos, pavões

De Tiro: cedro, junípero, ouro

Para Tiro: cevada, trigo, vinho, azeite

Do Egito: cavalos, carros de guerra

De Ofir: ouro, pedras preciosas, madeira

Da Arábia: ouro, prata


Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita

Não foram encontradas referências em Livro Espírita.

Referências em Outras Obras

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Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de I Reis Capítulo 11 do versículo 1 até o 43
G. APOSTASIA E DECLÍNIO, 11:1-43

A tragédia da vida de Salomão não foi uma catástrofe pessoal repentina, mas a diminuição gradual de sua completa devoção a Deus. Isto está relacionado com os inte-resses das suas esposas, que no final resultaram em sua própria adoração idólatra (8). Ele trilhou o repetido caminho para longe de Deus: o conhecimento do coração tornou-se somente um entendimento da mente, e o conhecimento da mente finalmente deu lugar à apostasia total. A sua vida ilustra vividamente a verdade de que "uma grande sabedoria e um conhecimento cultivado de Deus", não são uma garantia de lealdade contínua a Deus".

Além disso, a vida de Salomão ensina que as grandes bênçãos e oportunidades que Deus dá também possuem ameaças ocultas para o relacionamento do qual nascem essas dádivas e oportunidades. As nossas próprias bênçãos podem solapar a fé naquele que nos outorgou essas vitórias. É evidente que um relacionamento adequado de um indivíduo com Deus sempre se apóia na obediência continuada, consciente, disposta. Quando falta obediência, a alternativa é a desobediência — até mesmo a idolatria, como foi o caso de Salomão. Tal desobediência traz o julgamento divino.

1. A Apostaria de Salomão Devido às suas Muitas Esposas (11:1-8)

O fato de Salomão ter muitas esposas era contrário à política para os reis israelitas (cf. Dt 17:17). Isto é aparentemente o que o historiador tinha em mente quando reviu este aspecto do reinado do filho de Davi (2). Nos últimos anos de Salomão, ele gradual-mente aceitou e participou daquilo que no início apenas perdoava. Construiu lugares de adoração para as suas mulheres estrangeiras (8) para que elas pudessem venerar os seus deuses em Jerusalém; então ele as acompanhou em sua adoração pagã (5,7,8) 61. O seu coração não era perfeito (4) "completamente fiel" (cf.
6) como o coração de Davi. O seu coração estava dividido em sua lealdade, e ele desobedecia em um assunto crucial, ao passo que isso nunca aconteceu com Davi.

  1. As Palavras Iradas de Deus a Salomão (11:9-13)

Deus, que é santo, não abre exceções com respeito ao pecado e à injustiça. Esta mensagem a respeito da ira divina provavelmente veio por intermédio de Aias, o profeta (cf. 26-40). Era uma palavra basicamente de julgamento, embora não destituída de mise-ricórdia. A punição devida à idolatria de Salomão seria evidente na divisão de seu reino pouco tempo após a sua morte (11,12). Ele teve que conviver com o pensamento de que a maior parte daquilo que ele tentara construir e estabelecer não duraria muito. Talvez este tenha sido o verdadeiro castigo para ele. A nota de misericórdia estava na declara-ção de que o seu reino não seria completamente destruído: uma tribo permaneceria como testemunha da misericórdia de Deus, por amor de meu servo Davi (13).

  1. Os Adversários como Instrumentos do Julgamento (11:14-40)

Os acontecimentos que envolveram Hadade (14), Rezom (23) e Jeroboão (26) são usados para ilustrar a verdade de que Deus enviou o julgamento divino sobre o rei basica-mente por meio daqueles que se levantaram contra ele. Esta é outra maneira pela qual o reinado de Salomão serve de exemplo para a compreensão e a interpretação da história dos tempos posteriores. A idolatria foi o problema do filho de Davi; foi também o assunto crucial com os dois reinos, o do Norte e o do Sul. Da mesma forma como Deus puniu o idólatra Salomão por meio de seus adversários, Ele também castigou os dois reinos idóla-tras das tribos divididas através de adversários estrangeiros — os assírios e os babilônios.

  1. "Hadade, o edomita" (11:14-22). Edom, ao sul de Israel, tinha sido um Estado vassalo desde a época em que foi dominado por Joabe, sob o comando de Davi (2 Sm 8.13,14). Hadade (14) era da semente do rei, isto é, era um membro da família real. Ele conseguiu fugir para o Egito onde não somente encontrou segurança, mas também as graças do Faraó (17-20). Quando soube que Davi e Joabe tinham morrido, voltou à sua terra natal (21,22). Se ele ouviu as notícias pouco tempo após a morte de Davi e retornou logo em seguida, não é necessário supor que ele imediatamente planejou e liderou uma revolta contra Salomão. Quando finalmente liderou os edomitas em uma tentativa de remover o filho de Davi do trono, havia mais do que o próprio interesse do edomita envol-vido; havia também a mão de Deus (14).
  2. Rezom, o sírio (arameu) (11:23-25). Rezom, talvez uma variante de Heziom (15,18) 62, tinha começado a sua carreira militar subordinado a Hadadezer de Zobá, der-rotado por Davi (2 Sm 8:3-8). Parece que ele fugiu naquela época, e tornou-se o líder de um grupo de saqueadores que ele usou para se estabelecer em Damasco, a nordeste de Israel. Foi adversário... por todos os dias de Salomão (25). O seu contínuo assédio e crescente poder, nos últimos anos do reinado de Salomão, ameaçaram dividir o controle israelita nos estados sírios. Na verdade, foi pouco tempo depois do final do governo de Salomão, provavelmente junto com a revolta de Jeroboão e a invasão de Sisaque, que Israel perdeu todo o controle do território sírie. Deus usou isso como um julgamento sobre Salomão (23).
  3. "Jeroboão, filho de Nebate" (11:26-40). Jeroboão era um israelita, em contraste com os outros, que se tornaram adversários estrangeiros de Salomão. Para acompanhar o estilo narrativo dos dois acontecimentos anteriores, afirma-se que Jeroboão era adversário de Salomão (26; cf. 14 e 23). A seguir são apresentados os detalhes (27-40; cf. 15-22 e 24,25).

Jeroboão, filho de Nebate (26) de Zereda em Efraim (localização específica desco-nhecida) tinha sido designado pelo profeta Aias (29) de Siló para governar a porção do reino que se separaria da casa de Salomão (30,31) 64. Ainda jovem, Jeroboão estava nas graças de Salomão. Salomão... o pôs sobre todo o cargo da casa de José (28) signi-fica "supervisor de todo o trabalho recrutado" (Berk.). Ao agir prematuramente com base nas palavras do profeta, Jeroboão levantou a mão contra o rei (27), isto é, cometeu algum tipo de ato de traição. Como Davi, ele tinha sido escolhido pela mensagem profé-tica para suceder um governante desobediente depois da morte dele; mas, diferentemen-te de Davi, não aguardou o momento de Deus e, ao invés disso, tentou fazê-lo no seu próprio tempo. Portanto, teve que fugir para o Egito para não perder a vida (40).

Os dez pedaços (31) da roupa, que representavam as dez tribos que seriam a parte que se separaria de Salomão, eram simbólicos. Eles indicavam que o maior número par-ticiparia da rebelião. A menção de uma tribo (32) reservada para Davi em Jerusalém deixa isto claro'.

A referência a Davi tendo uma lâmpada... em Jerusalém (36) é repetida em 15.4; II Reis 8:19; e II Crônicas 21:7. A explicação talvez esteja em II Samuel 21:17. A lei de Davi, considerada a "lâmpada de Israel", desejada por Abisai e outros, não seria apaga-da, e, de acordo com a promessa de II Samuel 7:16, não seria extinta.

A promessa de Deus a Jeroboão relativa a uma casa firme (38), em comparação à de Davi, aparentemente sugere uma estabilidade no trono para a parte que se desinte-grasse do reino de Salomão durante o período planejado pelo Senhor para a separação. Deus não pretendia que o afastamento fosse permanente (39). As condições para esta estabilidade eram as mesmas que foram expressas para Davi e Salomão: se ouvires tudo o que eu te mandar (38).

Sisaque, rei do Egito, para quem Jeroboão fugira, invadiu Judá durante o reinado de Roboão (veja comentários sobre 14.25).

4. O Fim do Reinado de Salomão (11:41-43)

A narrativa do governo de Salomão é encerrada conforme o padrão característico dos relatos dos livros dos Reis. O seu reinado de quarenta anos (42) é geralmente reconhe-cido como genuinamente histórico, e não meramente um número arredondado.


Champlin

Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
Champlin - Comentários de I Reis Capítulo 11 versículo 1
Este cap. apresenta o lado negativo do brilhante reinado de Salomão. A conduta desse rei se opõe à de Davi, o seu pai (conforme v. 6), o qual se manteve fiel aos princípios estabelecidos em Deuteronômio:
Um só Deus, uma só Lei, um só Templo, um só Povo e uma só Terra. Com o pecado de Salomão, se quebraram todos esses princípios:
Salomão seguiu outros deuses (vs. 4-5), desobedeceu à Lei (v. 11), adorou em vários santuários (v. 7) e, como resultado de tudo isto, o reino se dividiu, e a terra de Israel nunca mais foi uma só (vs. 29-39). Neste cap. destaca-se o aspecto religioso; em 1Rs 12:4 se manifestará a injustiça social.1Rs 11:1 Moabitas... hetéias:
Todas estas mulheres provinham de povos vizinhos de Israel:
Moabe, Amom, Edom, a leste; Sidom, a noroeste, sobre a costa mediterrânea. Sobre as hetéias, ver Js 1:4, Os casamentos de Salomão com essas mulheres deviam ser realizados, na grande maioria, para ratificar acordos políticos e comerciais. Ver 1Rs 3:1,

Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de I Reis Capítulo 11 do versículo 1 até o 43
*

11:1

amou Salomão muitas mulheres estrangeiras. Se na primeira parte de seu reinado Salomão "amava ao SENHOR, andando nos preceitos de Davi, seu pai" (3.3), mais tarde ele "amou muitas mulheres estrangeiras". Os casamentos diplomáticos entre as dinastias de vários reinos eram comuns no antigo Oriente Próximo, como um meio de ratificar tratados, mas a multiplicação de esposas régias é algo proibido, em Dt 17:17. Além disso, havia proibições contra casar-se com mulheres estrangeiras nas terras que Israel deveria possuir (Êx 34:16; Dt 7:1-4; Js 23:12,13).

* 11:2

vos perverteriam o coração. Esta expressão alude à advertência que se encontra em Dt 7:4.

* 11:4

como fora o de Davi, seu pai. Davi é consistentemente apresentado como um rei-modelo (3.14; 9.4; 14.8; 15.3; 2Rs 8:19; 22:2). Ele não era perfeito (2Sm 11 e 12; 24:1-15; 1Rs 15:5), mas quando pecava, seu arrependimento era exemplar (2Sm 12:16,17; 24.10-17). A devoção de Davi a Deus não tinha paralelo.

* 11:5

Astarote. Essa era a deusa fenícia do amor e da fertilidade, que os gregos chamavam de Astarte (conforme Jz 2:13; 2Rs 23:13).

Milcom. Também chamado Moloque (referência lateral). Ele era o deus nacional dos amonitas.

* 11:6

fez Salomão o que era mau. Os muitos pecados de Salomão violavam princípios fundamentais da religião dos israelitas: a multiplicação de esposas (v. 1, nota), a adoração a outros deuses (Êx 20:3,5) a edificação de santuários para deuses estrangeiros (vs. 7,8; Êx 20:4).

* 11:7

Camos. Esse era o deus nacional dos moabitas (2Rs 3:26,27). Ver "Sincretismo e Idolatria", em Os 2:13.

* 11:10

a outros deuses. Ver 3.14; 9:6-9.

* 11:11

tirarei de ti este reino. Ver os vs. 29-39.

* 11:12

não o farei nos teus dias. O grande amor de Deus por Davi levou-o a abrandar seu julgamento sobre Salomão em dois aspectos: primeiro, Deus adiou a divisão do reino até que o filho de Salomão começasse a reinar; e segundo, Deus não removeu o reino inteiro da dinastia davídica (v. 13).

* 11:13

uma tribo. Provavelmente devemos pensar em Judá (12.20; 2Rs 17:18). Se Judá já estava subentendida, sem ter sido mencionada, outra tribo é indicada aqui, tal como Benjamim (12.21), ou Simeão.

por amor de Jerusalém. Jerusalém era a cidade escolhida por Deus, o local do santuário central de Israel, antecipado em Deuteronômio 12 e construído por Salomão. Jerusalém é um símbolo central do amor de Deus por seu povo e a comunhão entre Deus e seu povo por toda a Bíblia (Sl 68:29; 122.2-6; 135:21; 137.5-7; Is 62:1; Dn 9:25; Ap 3:12 e 21.2,10).

* 11:15

estando Davi em Edom. Ver 2Sm 8:14. Uma vitória anterior de Joabe foi revertida, pois Hadade voltou de seu exílio no Egito e se rebelou com sucesso contra Salomão (v. 25).

* 11:18

de Midiã. Os midianitas viviam a leste de Moabe e Edom.

Parã. Essa área ficava na península do Sinai, a sudeste de Cades.

deu a Hadade uma casa. Tendo percebido o poder emergente de Davi, Faraó estava disposto a abrigar os inimigos de Davi, na esperança de que, algum dia, eles poderiam reduzir o poder de Israel (v. 21). Os tratados antigos proibiam prover asilo a rebeldes políticos.

* 11:22

deixa-me ir. Após a morte de Davi, Hadade quis retornar à sua própria terra, a despeito das objeções de Faraó, provavelmente porque ele queria liberá-la do domínio israelita (v. 25).

* 11:23

outro adversário. Anteriormente, Salomão podia jactar-se de que em seu reino não havia "nem inimigo, nem adversidade alguma" (5.4). Mas agora Deus o afligia com uma sucessão de inimigos.

Hadadezer, rei de Zobá. Quanto à conquista por Davi de Hadadezer e da Síria, ver 2Sm 8:3-6; 10.15-19.

* 11:24

Damasco. De sua base em Damasco, Rezom persistentemente causava dificuldades a Salomão.

* 11.26-43

Jeroboão se rebela contra Salomão e escapa para o Egito, até à morte de Salomão.

* 11:26

Jeroboão, filho de Nebate... levantou a mão contra o rei. Ao passo que Hadade e Rezom eram inimigos externos levantados por Deus, Jeroboão, um efraimita, foi um adversário interno.

Zeredá. A quase 34 km de Jope, no território de Efraim.

* 11:27

a Milo. Ver nota em 9.15.

* 11:28

sobre todo o trabalho forçado da casa de José. Jeroboão estava encarregado dos trabalhadores que Salomão convocara das tribos de Efraim e Manassés (5.13-16) e estava bem consciente acerca do ressentimento que essas duas tribos sentiam contra Salomão (12.4).

* 11:29

silonita. Siló era em Efraim, a cerca de 19 km a leste de Zeredá.

* 11:30

rasgou-a em doze pedaços. Aías realizou um ato simbólico, ou seja, encenou uma parábola. Esses atos pitorescos dramatizam a realidade da palavra falada e das intervenções de Deus na história (conforme 22.11; Is 20; 13 1:24-13.11'>Jr 13:1-11). Nesse caso, os pedaços rasgados da veste de Aías ilustram a iminente divisão do reino.

* 11:31

Toma dez pedaços. Em nome do Senhor, Aías convocou Jeroboão para que tomasse dez dos doze pedaços, que simbolizavam as dez tribos do norte, sobre as quais, em muito breve, Jeroboão tornar-se-ia o rei. Assim como no caso das rebeliões anteriores de Hadade e Rezom, a insurreição de Jeroboão foi um julgamento divino contra Salomão.

* 11:32

uma tribo. Ver nota no v. 13.

* 11:34

Fá-lo-ei príncipe. Ver nota no v. 12.

* 11:35

da mão do seu filho. Ou seja, do sucessor de Salomão, Roboão (12.1-24).

* 11.36

para que Davi, meu servo, tenha sempre uma lâmpada. A metáfora de uma lâmpada significa a permanência da dinastia davídica na cidade de Jerusalém (15.4; 2Sm 21:17; 2Rs 8:19; 2Cr 21:7; Sl 132:17).

* 11:37

sobre tudo o que desejar a tua alma. Uma promessa semelhante foi dada a Davi (2Sm 3:21).

rei sobre Israel. Ou seja, sobre as dez tribos do norte. Durante o período do reino dividido, o termo "Israel", na maior parte das vezes designa essas dez tribos. E "Judá" denota o domínio ainda governado pelos descendentes de Davi.

* 11:38

Se ouvires tudo o que eu te ordenar. Jeroboão seria sujeitado às mesmas estipulações da aliança que operaram nos casos de Saul, Davi e Salomão (2.3,4 e notas).

eu serei contigo. Essas palavras servem como segurança da presença e sustentação de Deus (Dt 31:8; Jz 2:18; 6:12,16; 1Sm 3:19; 2Sm 5:10 e 7.9). Aías espera que Jeroboão seja mais leal do que fora Salomão.

* 11:39

todavia, não para sempre. Essa frase antevê restauração do poder davídico. Tal restauração foi tentada por Josias, rei de Judá, mas ele não pôde completá-la (2Rs 22:23). Os profetas também anteviam uma renovação do governo davídico (Jr 30:9; Ez 34:23; 37.15-28; Os 3:5; Am 9:11). Essas esperanças se cumpriram em Jesus Cristo, o Messias (Mt 1:1; Mc 1:1).

* 11:40

Sisaque. Sisaque foi o primeiro rei sobre a vigésima segunda dinastia egípcia e governou de 945 a 924 a.C. (1Rs 14:25,26). Salomão casou-se com a filha de um Faraó da vigésima primeira dinastia (3.1, nota).

* 11:41

livro da história de Salomão? Essa foi uma das fontes informativas (não mais existente) usada pelo autor de 1 e II Reis. Outras fontes informativas oficiais são mencionadas em 14.19 e 29.

* 11:42

quarenta anos. Aproximadamente de 970 a 930 a.C.



Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de I Reis Capítulo 11 do versículo 1 até o 43
11:2 Apesar de que Salomão tinha claras instruções de Deus de não casar-se com mulheres de nações estrangeiras, decidiu não fazer caso dos mandatos de Deus. casou-se não só com uma, mas também com muitas mulheres, que à larga o separaram de Deus. Deus conhece nossos pontos fortes e nossas debilidades, e seus mandatos são sempre para nosso bem. Quando as pessoas ignoram os mandatos de Deus, surgem conseqüências negativas inevitáveis. Não basta conhecendo a Palavra de Deus nem mesmo acreditá-la. Devemos segui-la e aplicá-la às atividades e decisões da vida diária. Tome a sério os mandatos de Deus. Ao igual a Salomão, o homem mais sábio que jamais tenha existido, não somos tão fortes como acreditam.

11:3 Apesar de toda sua sabedoria, Salomão tinha alguns pontos débeis. Não conseguia negar-se aos desejos luxuriosos nem deixava de transigir com suas algemas pagãs. Já seja que se casasse para fortalecer as alianças políticas ou para obter um prazer pessoal, estas algemas estrangeiras o levaram a idolatria. Pode que você tenha uma fé firme, mas também tem pontos débeis, e é através deles que chega a tentação. Fortalézcase porque uma cadeia só é tão forte como o são seus elos mais débeis. Se uma pessoa tão forte e tão sábia como Salomão caiu, você também pode cair.

11:4 Salomão dirigiu grandes pressione ao dirigir o governo, mas não pôde dirigir as pressões de suas algemas que queriam que ele adorasse a seus ídolos. Dentro do matrimônio e de outras relações, é difícil resistir a pressão a transigir. Nosso amor nos leva a nos identificar com os desejos daqueles que queremos.

Ao enfrentar-se a tal pressão, Salomão ao princípio mantendo pura sua fé. Logo, tolerou a prática mais estendida da idolatria. Finalmente, ele mesmo se viu envolto nela e encontrou uma explicação racional ao perigo potencial que significava para ele e para seu reino. Deus nos pede que não nos casemos com pessoas que não possuem nosso mesmo compromisso com O, devido a que por natureza desejamos agradar e nos identificar com aqueles que amamos.

11.5-8 Astoret era a deusa que simbolizava o poder reprodutivo: uma amante do deus Baal. Milcom pode ser outro nome para o Moloc, o deus nacional dos amonitas, chamado "abominável" porque seus ritos de adoração incluíam o sacrifício de meninos. Quemos era o deus nacional dos moabitas. Os israelitas foram advertidos contra adorar a outros deuses em geral e ao Moloc em particular (Ex 20:1-6; Lv 18:21; Lv 20:1-5).

11:9, 10 Salomão não se separou de Deus de uma só vez ou em um breve momento. Sua frieza espiritual começou com um breve afastamento das leis de Deus (3.1). Ao passar os anos, esse pequeno pecado cresceu até que causou a queda do Salomão. Um pecado ao parecer insignificante, pode ser o primeiro passo para afastar-se de Deus. Não são quão pecados não conhecemos, a não ser os pecados que desculpamos os que causam os maiores problemas. Nunca devemos permitir que um pecado passe sem ser questionado. Existe em sua vida algum pecado que se estende como um câncer mortal? Não o justifique. Confesse-o a Deus e lhe peça fortaleça para resistir a tentação.

11.11-13 O reino poderoso e glorioso do Salomão, que pôde ter sido bento eternamente, pelo contrário estava chegando a seu fim. Salomão tinha as promessas de Deus, seu guia, e as respostas a suas orações e ainda assim permitiu que o pecado permanecesse ao redor dele. À larga, esse pecado o corrompeu até o ponto que já não estava interessado em Deus. O Salmo 127, escrito pelo Salomão, expressa: "Se Jeová não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam". Salomão tinha começado a pôr os alicerces com Deus, mas não continuou fazendo-o em seus últimos anos. Como conseqüência, perdeu-o tudo. Não basta começando corretamente a construir nosso matrimônio, carreira ou igreja sobre os princípios de Deus, devemos nos manter fiéis a Deus até o final (Mc 13:13). Deus deve ter o controle de nossas vidas desde o começo até o fim.

AMIGOS E INIMIGOS : A reputação do Salomão trouxe aclamação e riquezas de muitas nações, mas ele desobedeceu a Deus ao casar-se com mulheres pagãs e ao adorar a seus deuses. portanto, Deus levantou inimigos como Hadad do Edom e Rezón de Sova (atualmente Síria). Jeroboam da Sereda foi outro inimigo que à larga dividiria este poderoso reino.

11.14-22 Edom era o reino ao sudeste do Mar Morto. Davi tinha acrescentado esta nação a seu império (2Sm 8:13-14). Tinha uma importância estratégica porque controlava a rota ao Mar Vermelho. A revolta do Edom estorvava a paz do reinado do Salomão.

11.29-39 O profeta Ahías predisse a divisão do reino do Israel. depois da morte do Salomão, dez das doze tribos do Israel seguiriam ao Jeroboam. As outras dois, Judá e Benjamim, permaneceriam leais ao Davi. Judá, a tribo maior, e Benjamim, a mais pequena, foram freqüentemente mencionadas como uma só tribo já que compartilhavam a mesma fronteira. Tanto Jeroboam como Ahías eram do Efraín, a mais proeminente das dez tribos rebeldes. (Para mais informação sobre o reino dividido veja-a nota a 12.20).

11:41 Não se sabe nada do livro dos fatos do Salomão". Veja-se também a nota a 14.19.


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de I Reis Capítulo 11 do versículo 1 até o 43

B. NÃO RELIGIOSOS (


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de I Reis Capítulo 11 do versículo 1 até o 43
Leia Dt 17:16-5 para conhecer as instruções do Senhor para o rei e veja como Salomão desobedece a essas instruções. Ele multiplica o número de cavalos e de carros, a quantidade de dinheiro e de esposas. Talvez Salomão pensas-se que a construção do templo fora suficiente para sua vida espiritual e, agora, ele podia se dar ao luxo de navegar sobre as bênçãos passadas. Eclesiastes 2 revela o interesse de Salomão por ganhos materiais.

  1. Apostasia deliberada (11)

É inacreditável que o homem que escreveu Pv 5:20-20 e 6:20- 24 pudesse multiplicar o número de esposas e de concubinas provenien-tes de nações pagãs. A poligamia, em si mesma, já era bastante ruim (isso causara problemas sem fim para seu pai, Davi), mas casar com mulheres de terras pagãs era apos-tasia deliberada. Veja Deuteronô-mio 7:1-14. Qual o motivo da repe-tição desse pecado? O coração de Salomão não era fiel a Deus (11:4). Deus queria "integridade de cora-ção" (9:4), o que quer dizer um co-ração sincero e inteiro para a glória de Deus. Contudo, Salomão tinha o coração dividido — ele, enquan-to tentava servir ao Senhor, amava o mundo. Que tragédia que o ho-mem que construiu o templo para o único Deus verdadeiro começasse a adorar em altares pagãos! O Senhor indignou-se com isso; portanto, mandou diversos estatutos a fim de trazer o rei errante de volta à fé.

  1. A mensagem de advertência (vv. 1-13)

Deus ameaçou tirar o reino de Salo-mão para dá-lo a outra pessoa. Pen-saríamos que essa advertência traria Salomão de volta ao bom senso, mas, aparentemente, isso não acon-teceu. Se a pessoa não escuta a Pa-lavra, então o Senhor tem de tomar medidas mais drásticas.

  1. A invasão de Edom (vv. 14-22)

Agora, a guerra perturba o reino de descanso de Salomão. Tiago 4 apre-senta a explicação espiritual disso. Aparentemente, as alianças de Salo-mão com o faraó não conseguiram muita coisa, porque o Egito torna-se aliado dos edomitas.

  1. O problema com Rezom (vv. 23-25)

Durante muitos anos, esse bando de guerreiros atormentou as fronteiras de Salomão. O rei apóstata perdia terreno com rapidez.

  1. A rivalidade com Jeroboão (vv. 26-43)

O próprio Salomão pôs Jeroboão em posição melhor por causa de sua valentia e capacidade. Mas Deus escolheu esse jovem obscuro para ser o rei de dez tribos. A única tribo remanescente era Judá, mas esse reino do sul incluía a pequena tribo de Benjamim (12:21). Quando Salomão soube que tinha um rival, tentou matá-lo. O rei devia saber que o povo estava sobrecarregado por causa dos impostos pesados e do programa de trabalho forçado (veja 12:6-11). Na verdade, Adorão era superintendente "dos que traba-lhavam forçados", e o povo apedre-jou-o (12:1 8).

Roboão, com a morte de Salo-mão, reinou no lugar do pai. Esses anos posteriores, se Salomão tives-se permanecido verdadeiro com o Senhor, seriam cheios de bênção e vitória, não de castigo e derrota. Ele deixou para o filho o problema de reconquistar o amor do povo e de aumentar os pesados impostos que ajudaram Salomão a ficar tão rico. Sim, Israel parecia gozar de grande glória e esplendor, mas nem tudo ia tão bem. Era uma glória vazia que não poderia durar. Apocalip-se 3:1 7-18 apresenta uma descri-ção que se ajusta bem à situação.


Russell Shedd

Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
Russell Shedd - Comentários de I Reis Capítulo 11 do versículo 1 até o 43
11.1 Mulheres estrangeiras. Deus proibira, o casamento misto entre seu povo e outros povos estrangeiros (Êx 34:16; Dt 7:3-5). É possível que uma boa parte daquelas mulheres fosse penhor de alianças políticas. Mas de qualquer forma, elas ganharam uma preeminência tão grande sobre a consciência e as emoções de Salomão, que, no decurso dos anos, sua fé arrefeceu, pervertendo-lhe a consciência, e abalando àquela mesma fé que era fonte de tudo quanto ele era e possuía (2:3-4 e 3:11-4), instigando à ira divina que não se fez por esperar (11:9-11). Entre os santuários pagãos erigidos pelo rei, alguns perduraram ainda por mais de três séculos, até sua destruição por ocasião da reforma feita pelo rei Josias (2Rs 23:13).

11.5 Astarote, deusa dos sidônios. Constava entre a mitologia dos cananitas como esposa de Baal; Sidom era o reduto de tudo o que restava da cultura de Canaã. A narrativa bíblica passa a ocupar-se mais de Sidom e menos dos cananitas após a destruição de Gezer (9,16) e da escravização dos derradeiros elementos das tribos cananéias (9:20-21). A tentação não viria mais do povo pagão da terra, mas emanava agora de Sidom.

11.7 Camos... Moloque. Estes nomes são divindades adoradas sob a forma de ídolos (abominações) em Moabe e em Amom. A idolatria de Salomão torna-se mais repugnante quando se lembra que a ambos estes ídolos ofereciam-se sacrifícios humanos (2Rs 3:27; 2Rs 23:10; Jr 7:31 e 32.35). Embora não haja nenhuma indicação de que Salomão permitiria tais sacrifícios durante o seu reinado, sabe-se que erigira no próprio Monte das Oliveiras um santuário ao ídolo perante o qual tais sacrifícios eram praticados. E tudo isto com o fito de agradar suas mil mulheres!

11.13 Por amor de Davi. Aos que quisessem continuar na tradição na fidelidade a Davi, não haveria senão o Templo e a cidade.
11.14 Hadade. Sabe-se de mais de três reis edomitas que tinham esse nome. São descendentes de Esaú (Gn 36:43), porém não consta que algum deles adorasse a Deus. Deus pode fazer uso dos Seus instrumentos sem exigir que eles fiquem cônscios disso (Is 45:4; Ez 4:17).

11.21 Deixa-me voltar. A morte de Davi e do seu poderoso general Joabe, criou em Hadade a coragem de reassumir suas funções reais em Edom. É claro que desde a infância fora um inimigo em potencial de Israel, mas, somente depois da infidelidade de Salomão foi que Deus lhe permitiu tal possibilidade.

11.23 Adversário. A palavra hebraica é satan, que quer dizer "inimigo" e "acusador" em geral, mas que somente em três partes do Antigo Testamento, se subentende o adversário sobrenatural das nossas almas: 1:0. Rezom. A palavra significa "príncipe", mas Rezom também foi um escravo que se tornou bandoleiro. O bando de marginais crescera muito ao ponto de apossar-se da cidade de Damasco (o que foi um importante acontecimento na história da época, pois aquela cidade existe desde o tempo de Abraão (Gn 14:15) até ao dia de hoje, dominando, então, uma parte da estrada real que estendia-se desde o Egito até à Assíria).

11.26 Jeroboão. Se Deus não se indignasse contra Salomão (9), jamais teria permitido que Jeroboão levantasse a mão contra o rei, isto é, que movesse a rebelião, não descrita aqui.

11.31 A ti darei dez tribos. Conforme este número, a tribo de Benjamim, em cujo território está a cidade de Jerusalém, é considerada absorvida pela tribo de Judá. Esta tribo é dupla, e ficará nas mãos do filho de Salomão (32).

11.33 Não andou nos meus caminhos. A continuação de toda promessa que Deus fizera a Davi e a Salomão, com referência a prosperidade real, dependia da fidelidade destes reis aos preceitos divinos (9.4). Ora, Jeroboão, levantado por Deus para castigar a Salomão e a sua descendência (31), podia ter chegado a ser um grande rei, se tivesse observado os ensinos que Davi dera a Salomão, 2:3-4, cuja base era a de agir de conformidade com a Palavra de Deus. Mas Jeroboão usando a sabedoria política e não aquela que vem do temor a Deus, escolheu o caminho da idolatria (12:26-28), perdendo as bênçãos contidas nas promessas descritas no v. 38.

• N. Hom. 11.36 A fidelidade de Deus, quando o homem é infiel, como no caso de Salomão, é como uma lâmpada que nunca se apaga. Assim a dinastia de Davi era como uma lâmpada em Israel, porque era prova da absoluta infalibilidade da aliança divina (2Sm 7:14-10; Nu 23:19). Era costume oriental, conservar na casa uma lâmpada acesa à noite toda, a menos que não houvesse moradores na mesma. Assim; também a luz que dimanava então da fidelidade de Davi, apontava para o ideal de uma teocracia; um rei inteiramente submisso à vontade de Deus, reinando sob a direção divina (15.4; Pv 13:9). Concernente a este versículo acha-se também um pensamento sobre Jesus, o maior dos herdeiros do cetro de Judá (Gn 49:10; Jo 1:9 e 8.12).

11.40 Até à morte de Salomão. O Egito estava servindo como asilo político para vários futuros inimigos de Israel. Quer dizer que, nas épocas da história do mundo, nas quais o Egito não tivera poder para ascender como um grande império, foi a sede de tramas latentes de golpes políticos.

11.41 Livro do História de Salomão. Trata-se, provavelmente, dos arquivos oficiais de Salomão, que talvez seriam bem conhecidos na época em que o livro dos Reis foi escrito.


NVI F. F. Bruce

Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
NVI F. F. Bruce - Comentários de I Reis Capítulo 11 do versículo 1 até o 43
Final inglório (11:1-43)

O autor prepara o cenário para a ruptura no cap. 12. Apesar das aparências externas douradas, nem tudo ia bem. A paz havia sido assegurada por meio de uma rede de alianças seladas por casamentos políticos. A intriga e o oportunismo tinham provocado rachaduras no império (v. 14-40). O prejuízo para o país é visto tanto como um resultado quanto um castigo pelo fato de o rei ter negligenciado os mandamentos de Moisés.
v. 1. O rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras-, a LXX (seguida pela NEB) omite “estrangeiras” e acrescenta o v. 3a aqui, sugerindo um registro oficial de aprovação, antes da condenação do editor. A menção de mulheres sidônias é atestada pela declaração de Menandro de Tiro de que Salomão casou com uma filha de Hirão, e uma mulher amonita era mãe de Roboão (14.21). A LXX acrescenta “araméias” para completar a lista dos países vizinhos. A poligamia não era proibida (Dt 21:5), mas parece ter sido rara entre as pessoas comuns (conforme De Vaux, p. 25). Os números setecentas e trezentas (v. 3) podem ser comparados com Ct 6:8 (“sessenta rainhas, oitenta concubinas”). Montgomery dá uma lista do registro de outros haréns de tamanho considerável, v. 4. A medida que Salomão foi envelhecendo, suas mulheres o induziram a voltar-se para outros deuses-, mostra o resultado final da desobediência inicial contra a qual o mandamento (v. 2) tinha advertido; aqui temos o retrato patético de um homem que conseguiu orar (8,23) e se comprometeu a não aceitar nenhum deus das nações vizinhas. Os v. 7,8 o descrevem construindo santuários para todas as suas esposas, mas o v. 5 o acusa de também praticar a idolatria, v. 5. Astarote é a deusa cananéia da fertilidade Astarte (com vogais de bõset, “vergonha”), deusa (heb. “deus”, pois não há feminino desse substantivo no heb.) dos sidônios, mas adorada como consorte de Camos (deus dos moabitas, v. 7) e Moloque (dos amonitas, provavelmente revocalizado de malik, “rei”). repugnante deus (siqqüs, da raiz “detestar”, “abominar”): a NTLH traz “o nojento deus”; a LXX suaviza para “deus” (ídolo), v. 8. queimavam incenso e ofereciam sacrifícios: Gray sugere que as palavras são usadas de forma desdenhosa: “fazendo fumaça e promovendo matança”. O texto todo transborda desprezo pelos cultos estrangeiros, v. 9. O Senhor irou-se: uma triste ironia, especialmente em vista da oração de 8.46. v. 11. minha aliança que tinha sido o orgulho de

Salomão é agora a sua destruição. O castigo é adiado (v. 12) e abrandado (v. 13) por amor de Davi, meu servo, e [...] de Jerusalém (conforme 1Sm

15.27,28 acerca de castigo semelhante).

Rachaduras no império: a fuga e o retomo de Hadade (11:14-22)
v. 14.
o Senhor levantou [...] um adversá-rio\ sãtãn é usado geralmente para designar oposição e, mais tarde, como nome próprio do principal oponente de Deus. O desdobramento político é considerado castigo de Deus. Os detalhes da campanha de Davi contra os edomitas são acrescentados a 2Sm 8:13, e as referências tanto à matança (v.

15,16) quanto à escravidão (2Sm 8:14) podem indicar que o presente registro seja uma hipérbole. Hadade e sua escolta, no mínimo, sobreviveram, e ele chegou ao Egito ainda menino (“jovem”, v. 17). A satisfação do faraó em dar abrigo a agitadores em potencial de Israel pode ser observada também com Jeroboão (v. 40), mas os v. 21,22 sugerem que ele não enviou Hadade de volta propositadamente para causar problemas. Com apoio na versão grega, que tem “Edom” em lugar de Síria (i.e., Arã), argumenta-se que o v. 25b deveria vir imediatamente após o v. 22. Assim, a BJ insere aqui o v. 25b e traz “Eis o mal que fez Adad: tratou Israel como inimigo e reinou sobre Edom”. Talvez as suas intenções fossem incomodar, mas ele não interferiu nas atividades comerciais de Salomão e no cobre um pouco mais ao sul. Rezom de Damasco (11:23-25) v. 23. Rezom aproveitou-se da vitória de Davi em Zobá (2Sm 8:3); ele e os seus rebeldes [...] foram para Damasco, onde se instalaram e assumiram o controle (v. 24). Davi talvez não tenha visto ameaça nisso, mas na época de Salomão a domesticação do camelo estava mudando as rotas comerciais e logo colocou Damasco em evidência, com um ponto de travessia do Eufrates em Mari. Salomão, no entanto, continuou a usar e fortalecer a antiga via que passava por Hamate (2Cr 8:3,2Cr 8:4) que conduzia ao ponto de travessia do Eufrates em Tifsa (4.24); este foi mais um erro de julgamento que teve conseqüências sérias.

Jeroboão é designado rei das dez tribos (11:26-40)
v. 26.
Jeroboão era efraimita — a tribo ciumenta (Is 11:13) que havia sofrido a sua cota de tormento em virtude dos grandiosos planos de construção e de empreendimentos municipais de Salomão. Torna-se evidente que a divisão declarada do reino seguiu séculos de desconfiança e inveja (Ellison, The Prophets of Israel, vê as raízes disso no tempo de Aça.) A menção do Milo (“aterro”, v. 27) talvez esteja aí para datar o incidente da metade do reinado de Salomão (9.24); Sisaque (v. 40) começou o seu reinado em 945, o vigésimo quinto ano de Salomão, v. 28. Jeroboão era homem capaz (ou “um homem de propriedades”) e fazia bem o seu trabalho, por isso Salomão encarregou-o de todos os que faziam trabalho forçado {sebel, “transportadores de carga”, como em 5.15, e não mas, “tropas recrutadas”) pertencentes às tribos de José com posição e contatos em Jerusalém (v. 29). Atas, o profeta de Siló, aparece em um papel ambíguo: como profeta de juízo sobre Salomão, mas de promessa duvidosa para Jeroboão (v. 37,38). A condição — e falta de unção — contrasta de forma crassa com o alegre reconhecimento que Samuel fez de Davi quando Saul fracassou (1Sm 16:12,1Sm 16:13). Siló era o local da arca e centro da liga tribal nos primórdios. Não há dúvida de que Aías compartilhava da desconfiança profética em relação aos reis, especialmente monarcas como Salomão. As referências são todas ao meu servo Davi (v. 32ss). A capa nova (v. 29) possivelmente havia sido de Jeroboão (O TM traz “agora ele tinha se vestido...”), o que faria da ação de tirá-la e de rasgá-la ainda mais dramática. O alinhamento das tribos é um aspecto problemático. Os doze pedaços (v. 30) referem-se aos 12 filhos originais de Jacó. José havia se tornado em duas tribos, Efraim e Manassés, e a tribo de Levi estava dispersa em muitas cidades. Assim, a divisão territorial da conquista foi em 12 áreas, e a lembrança do número doze por parte de Aías talvez foi um retorno desafiador a essa liga no lugar dos distritos de Salomão. A tribo de Simeão havia sido absorvida por Judá (Js 19:1-6), de forma que os números dez tribos (v. 31) e uma tribo (v.


32) são de difícil explicação. A LXX harmoniza com “duas cidades” no v. 32. Se a tribo de Simeão for excluída (ou contada como uma com a tribo de Judá), o oráculo sugere que Benjamim se juntou à divisão (v. 12.20, em que a LXX acrescenta: “e Benjamim”, para ser coerente com o “duas” anterior — mas o TM traz “Benjamim” em 12.21). Poderíamos esperar que Benjamim, a tribo de Saul, tivesse laços fortes com o Norte contra Judá. Jerico estava fortemente ligada ao Norte, mas, especialmente, a confederação de Gibeá e as cidades levíticas permaneceram aliadas a Jerusalém. A área se tornou uma região fronteiriça e cenário de escaramuças

(14.30). Cray sugere que Simeão manteve os vínculos com o Norte — em virtude das peregrinações para Berseba em Jl 5:5 — assim, Benjamim é uma tribo que ficou com Judá. v. 34. eú o fiz governante'. nãsí\ menos forte do que melek, rei. sempre repete o aspecto atenuante apresentado em 11.12. v. 37. A promessa a Jeroboão: eu o farei reinar sobre tudo o que o seu coração desejar traz um tom agourento, rei de Israel (aqui usado inequivocamente como referência às tribos do Norte) estava mais próximo do coração de Jeroboão do que Se você fizer tudo o que eu lhe ordenar (v. 38). v. 40. Salomão tentou matar Jeroboão quando os seus informantes lhe trouxeram notícias acerca da reação de Jeroboão (v. 27). A LXX traz um longo acréscimo após 12.24 acerca de preparativos detalhados mas pouco promissores para a revolta. A sugestão de que Jeroboão não era “politicamente confiável” teria sido suficiente para provocar a ira de Salomão e a fuga de Jeroboão.

A morte de Salomão (11:41-43)
A fórmula Os demais acontecimentos (v. 41) resume cada reinado, apresentando registros paralelos, v. 43. descansou com os seus antepassados-, v.comentário Dt 2:10. Apesar da sua glória, “o reinado político de Salomão havia selado a condenação do reino” (H. J. Blair). A ruptura (11.43)

11.43. E o seu filho Roboão foi o seu sucessor. o princípio da sucessão é a filiação, mas o

texto não diz se foi o filho mais velho, nem que Salomão o tenha designado. Os detalhes comuns registrados nos anais são apresentados no breve resumo do seu reinado em
14:21-31 depois de tratar de Jeroboão (contrário à prática comum segundo a qual o monarca reinante era tratado primeiro).


Dúvidas

Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e Contradições da Bíblia, por Norman Geisler e Thomas Howe
Dúvidas - Comentários de I Reis Capítulo 11 versículo 1
1Rs 11:1 - Por que Deus permitiu que Salomão tivesse tantas mulheres, se ele condena a poligamia?


PROBLEMA:
Em 1Rs 11:3, lemos que Salomão tinha 700 mulheres e 300 concubinas. Mas as Escrituras repetidamente nos advertem contra manter mais de uma mulher (Dt 17:17) e violar o princípio da monogamia - um homem para uma mulher (conforme 1Co 7:2).

SOLUÇÃO: A monogamia é o padrão de Deus para os homens. Isso está claro nos seguintes fatos: (1) Desde o princípio Deus estabeleceu este padrão ao criar o relacionamento monogâmico de um homem com uma mulher, Adão e Eva (Gn 1:27; Gn 2:21-25).

A poligamia nunca foi estabelecida por Deus para nenhum povo, sob circunstância alguma. De fato, a Bíblia revela que Deus puniu severamente aqueles que a praticaram, como se pode ver pelo seguinte: (1) A primeira referência à poligamia ocorreu no contexto de uma sociedade pecadora em rebelião contra Deus, na qual o assassino “Lameque tomou para si duas esposas" (Gn 4:19,Gn 4:23). (2) Deus repetidamente advertiu ou polígamos quanto às conseqüências de seus atos: “para que o seu coração se não desvie" de Deus (Dt 17:17; conforme 1Rs 11:2). (3) Deus nunca ordenou a poligamia - como o divórcio, ele somente a permitiu por causa da dureza do coração do homem (Dt 24:1; Mt 19:8). (4) Todo praticante da poligamia na Bíblia, incluindo Davi e Salomão (1Cr 14:3), pagou um alto preço por seu pecado. (5) Deus odeia a poligamia, assim como o divórcio, porque ela destrói o seu ideal para a família (conforme Ml 2:16).

Em resumo, a monogamia é ensinada na Bíblia de várias maneiras: (1) pelo exemplo precedente, já que Deus deu ao primeiro homem apenas uma mulher; (2) pela proporção, já que as quantidades de homens e mulheres que Deus traz ao mundo são praticamente iguais; (3) por preceito, já que tanto o AT como o NT a ordenam (veja os versículos acima); (4) pela punição, já que Deus puniu aqueles que violaram o seu padrão (1Rs 11:2); e (5) por prefiguração, já que o casamento de um homem com uma mulher é uma tipologia de Cristo e sua noiva, a Igreja (Ef 5:31-32). Apenas porque a Bíblia relata o pecado de poligamia praticado por Salomão, não significa que Deus a aprove.


Francis Davidson

O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
Francis Davidson - Comentários de I Reis Capítulo 11 do versículo 1 até o 13
VII. AS TRIBULAÇÕES DE SALOMÃO 1Rs 11:1-43

Pensa-se, geralmente, que as adversidades aqui descritas surgiram já no fim do reinado de Salomão. Mas não é esse o caso com Hadade (21) nem, provavelmente, com Rezom. É contudo possível que esses homens só muito mais tarde se tornassem uma séria ameaça. Não existe em Crônicas qualquer passagem paralela a esta.

a) A poligamia de Salomão e seus resultados (1Rs 11:1-13)

O fato de as mulheres de Salomão ultrapassarem em número as suas concubinas (3) prova que a magnitude do seu harém não era mera conseqüência de uma sensualidade desenfreada. Os casamentos eram, principalmente, alianças políticas, o que implicava ter Salomão de tolerar e até sustentar as religiões de todas as suas mulheres estrangeiras. A princípio, os cultos pagãos ter-se-iam limitado à intimidade do palácio; mas, à medida que se adaptava a esses hábitos e o número das suas mulheres pagãs aumentava, Salomão ia permitindo que a esses cultos fosse dada expressão pública. Note-se que se não diz terem eles exercido qualquer influência no povo. Tratava-se de alguma coisa que, de momento, só à corte interessava. A despeito das reformas levadas a cabo por Asa e Ezequias, os santuários pagãos de Salomão permaneceram até ao tempo de Josias (2Rs 23:13). Era mais fácil destruí-los que matar a memória dos cultos que neles se faziam; por isso eram constantemente restaurados. (Ver apêndice II).


Dicionário

Além

advérbio Que se localiza no lado oposto de; que está para o lado de lá; acolá: observava os pássaros que além seguiam voando.
Muito adiante: o mar permanece além.
Situado num lugar muito longe; excessivamente longe: quando jovem, ele queria ir muito além.
Para o lado de fora; que segue para o exterior; afora: seguia pelo campo além.
substantivo masculino O mundo em que os espíritos habitam: sobre o além nada se sabe.
Etimologia (origem da palavra além). De origem duvidosa.

adiante, depois, após. – Além, aqui, designa situação do que se encontra “depois de alguma outra coisa e em relação ao lugar que ocupamos nós: é antônimo de aquém. – Adiante é também aplicado para designar ordem de situação; mas é um pouco mais preciso que além, e sugere ideia de “posto à frente de alguma coisa”, também relativamente a nós. É antônimo de atrás, ou para trás. – Depois quer dizer – “em seguida, posterior a alguma coisa”; e é antônimo de antes. – Após é de todos os do grupo o mais preciso: diz – “logo depois, imediatamente depois”.

Além O mundo dos mortos (Ec 9:10, RA).

Amonitas

Descendentes de Ló (Gn 19:38), semíticos, habitantes da região nordeste do mar Morto.

Amonitas Descendentes de AMOM 1, que moravam a leste de Moabe. Eram um povo cruel, guerreiro e inimigo de Israel (Jz 10:6—11.33; 1Sm 11).

Edomitas

Edomitas Os moradores de EDOM (Jz 11:17).

Estranhar

verbo transitivo Achar estranho, fora do comum.
Não se acomodar com: estranhar a cama nova.
Causar espanto ou admiração a: estranhei seu mau comportamento.
Tratar com esquivança, fugir (principalmente falando das crianças em relação às pessoas a que não estão acostumadas).
Achar censurável.
Repreender.

Faraó

casa grande

Título comumente utilizado na Bíblia para os reis do Egito, que significa “casa grande”. Existem evidências concretas de fontes egípcias de que a palavra “faraó” podia ser usada simplesmente como um título, como é encontrada freqüentemente na Bíblia. Vários faraós são mencionados nas Escrituras e muito raramente são identificados (Neco é identificado em II Reis 23:29-33 como o rei do Egito que matou o rei Josias). O primeiro faraó citado foi o encontrado por Abraão quando foi ao Egito e temeu pela própria segurança, por causa da esposa Sara (Gn 12:15-17; etc.). Outro muito proeminente foi o que reinou na época do nascimento de Moisés e tornou a vida dos israelitas insuportável. Nem sempre é possível identificar com certeza um faraó em particular, por meio da lista dos reis do Egito, principalmente porque não existem detalhes suficientes nas Escrituras ou porque os eventos registrados na Bíblia foram tão insignificantes para os egípcios que não foram registrados em seus anais.

P.D.G.


Faraó [A Grande Casa] - Título que no Egito queria dizer “rei”. Oito faraós são mencionados nas seguintes passagens bíblicas:

1) (Gn 12:10-20:)

2) (Gen 39—50:
3) (Exo 1—15:
4) (1Cr 4:17) (RA), 18 (RC).

5) (1Rs 3:1); 9.16; 11.1,6) (2Rs 18:21:
7) (2Rs 23:29-35:)

8) (Jr 44:30);

Farão

substantivo deverbal Ação de fazer; ato de realizar ou de possuir a vontade de desenvolver alguma coisa: eles farão a festa esta semana; os times farão amanhã o maior jogo do campeonato; alguns políticos farão promessas vãs.
Ação de alterar ou modificar a aparência de: eles farão mudanças na igreja.
Ato de desenvolver ou de realizar algum tipo de trabalho: eles farão o projeto.
Ação de alcançar certa idade: eles farão 30 anos amanhã!
Etimologia (origem da palavra farão). Forma regressiva de fazer.

Filha

Filha
1) Pessoa do sexo feminino em relação aos pais (At 21:9).


2) Descendente (Lc 1:5).


3) Mulher (Gn 28:6; Lc 23:28).


4) O povo, representado por uma jovem (Is 22:4; Jr 4:31; Lm 2:2).


A palavra, segundo o uso que temna Escritura, quer algumas vezes dizer neta, ou outra descendente. ‘Filha de Belial’ (1 Sm 1,16) simplesmente significa ‘Filha da indignidade’, isto é, mulher indigna. A palavra ‘filha’ é, também, freqüentemente usada a respeito das cidades. Sobre a herança das filhas, *veja Nm 27:6-11.

substantivo feminino Pessoa do sexo feminino, considerada em relação a seu pai ou a sua mãe.
Figurado Nascida, descendente, natural.

Mulheres

fem. pl. de mulher

mu·lher
(latim mulier, -eris)
nome feminino

1. Ser humano do sexo feminino ou do género feminino (ex.: o casal teve três filhos: duas mulheres e um homem; a mulher pode ovular entre a menarca e a menopausa; mulher transgénero).

2. Pessoa do sexo ou género feminino depois da adolescência (ex.: a filha mais nova já deve estar uma mulher). = MULHER-FEITA, SENHORA

3. Pessoa do sexo ou género feminino casada com outra pessoa, em relação a esta (ex.: o padre declarou-os marido e mulher). = CÔNJUGE, ESPOSA

4. Pessoa do sexo ou género feminino com quem se mantém uma relação sentimental e/ou sexual (ex.: eu e a minha mulher escolhemos não casar). = COMPANHEIRA, PARCEIRA

5. Conjunto de pessoas do sexo ou género feminino (ex.: defesa dos direitos da mulher).

adjectivo de dois géneros
adjetivo de dois géneros

6. Que tem qualidades ou atributos considerados tipicamente femininos (ex.: considera-se muito mulher em tudo).


de mulher para mulher
Entre mulheres, com frontalidade e franqueza, de modo directo (ex.: vamos falar de mulher para mulher; conversa de mulher para mulher).

mulher da vida
[Depreciativo] Meretriz, prostituta.

mulher de armas
Figurado Aquela que demonstra coragem, força, espírito de luta (ex.: é uma mulher de armas que luta persistentemente pelos seus valores e objectivos). = CORAJOSA, GUERREIRA, LUTADORA

mulher de Deus
Figurado Aquela que é bondosa, piedosa.

[Informal, Figurado] Locução, usada geralmente de forma vocativa, para exprimir impaciência ou espanto (ex.: preste atenção, mulher de Deus!).

mulher de Estado
[Política] Líder que governa com competência, empenho e conhecimento dos assuntos políticos (ex.: a antiga primeira-ministra foi uma grande mulher de Estado). = ESTADISTA

mulher de lei(s)
Aquela que é especialista em leis. = ADVOGADA, LEGISTA

mulher de letras
Literata, escritora.

mulher de negócios
Aquela que se dedica profissionalmente a actividades empresariais ou comerciais, gerindo o seu negócio ou o de outrem. = EMPRESÁRIA

mulher de partido
[Política] Aquela que participa activamente na vida e nas decisões do grupo político a que pertence (ex.: acima de tudo, é uma mulher de partido, apesar de não conviver bem com a disciplina partidária).

[Antigo, Depreciativo] Mulher que exerce a prostituição. = MERETRIZ, PROSTITUTA

mulher fatal
Mulher muito sensual e sedutora. = VAMPE

mulher pública
Aquela que desempenha funções de interesse público, sobretudo na política ou na administração de um Estado ou de um país (ex.: como mulher pública, a vereadora defendeu sempre os interesses da população que a elegeu).

[Antigo, Depreciativo] Meretriz, prostituta.


Rei

substantivo masculino Monarca; aquele que detém o poder soberano num reino.
Por Extensão Indivíduo que exerce o poder absoluto em: rei da empresa.
Figurado O que se sobressai em relação aos demais: o rei do basquete.
Figurado Aquele que tende expressar certa característica: é rei da mentira.
Ludologia. A peça mais importante de um jogo de xadrez.
Ludologia. Num baralho, cada uma das quadro cartas que contém as figuras reais de cada naipe: rei de copas.
substantivo masculino plural Reis. Dia de Reis. Dia em que se celebra a adoração do Menino Jesus pelos Reis Magos.
Gramática Feminino: rainha.
Etimologia (origem da palavra rei). Do latim rex.regis.

substantivo masculino Monarca; aquele que detém o poder soberano num reino.
Por Extensão Indivíduo que exerce o poder absoluto em: rei da empresa.
Figurado O que se sobressai em relação aos demais: o rei do basquete.
Figurado Aquele que tende expressar certa característica: é rei da mentira.
Ludologia. A peça mais importante de um jogo de xadrez.
Ludologia. Num baralho, cada uma das quadro cartas que contém as figuras reais de cada naipe: rei de copas.
substantivo masculino plural Reis. Dia de Reis. Dia em que se celebra a adoração do Menino Jesus pelos Reis Magos.
Gramática Feminino: rainha.
Etimologia (origem da palavra rei). Do latim rex.regis.

l. o título de rei, na significação de suprema autoridade e poder, usa-se a respeito de Deus (Sl 10:16 – 47.7 – 1 Tm 1.17). 2. Este título foi aplicado a Jesus Cristo, como rei dos judeus (Mt 27:11-37, e refs.). 3. No A.T. o título de rei emprega-se em um sentido muito lato, não só falando dos grandes potentados da terra, como os Faraós do Egito (Gn 41:46) e o rei da Pérsia (Ed 1:1), mas tratando-se também de pequenos monarcas, como o rei de Jericó (Js 2:2 – cp com Jz 1:7). 4. Também se usa o título: a respeito do povo de Deus (Ap 1:6) – e da morte, como quando se diz ‘rei dos terrores’ (18:14) – e do ‘crocodilo’, como na frase ‘é rei sobre todos os animais orgulhosos’ (41:34). 5. Na história dos hebreus sucedeu o governo dos reis ao dos juizes. A monarquia, existente nos povos circunvizinhos, foi uma concessão de Deus (1 Sm 8.7 – 12.12), correspondendo a um desejo da parte do povo. Esse desejo, que já havia sido manifestado numa proposta a Gideão (Jz 8:22-23), e na escolha de Abimeleque para rei de Siquém (Jz 9:6), equivalia à rejeição da teocracia (1 Sm 8.7), visto como o Senhor era o verdadeiro rei da nação (1 Sm 8.7 – is 33:22). A própria terra era conservada, como sendo propriedade divina (Lv 25:23). Todavia, não foi retirado o cuidado de Deus sobre o seu povo (1 Sm 12.22 – 1 Rs 6.13). A monarquia assim constituída era hereditária, embora a sucessão não fosse necessariamente pela linha dos primogênitos, pois Davi nomeou Salomão como seu sucessor de preferência a Adonias, que era o seu filho mais velho nessa ocasião. A pessoa do rei era inviolável (1 Sm 24.5 a 8 – 2 Sm 1.14). Quando a coroa era colocada na cabeça do monarca, ele formava então um pacto com os seus súditos no sentido de governá-los com justiça (2 Sm 5.3 – 1 Cr 11.3), comprometendo-se os nobres a prestar obediência – e confirmavam a sua palavra com o beijo de homenagem (1 Sm 10.1). os rendimentos reais provinham dos campos de trigo, das vinhas, e dos olivais (1 Sm 8.14 – 1 Cr 27.26 a 28), e do produto dos rebanhos (1 Sm 21.7 – 2 Sm 13.23 – 1 Cr 27.29 a 31 – 2 Cr 26.10), pertencendo aos reis a décima parte nominal do que produziam os campos de trigo, as vinhas, e os rebanhos (1 Sm 8.15 e 1l). A renda do rei também se constituía do tributo que pagavam os negociantes que atravessavam o território hebraico (1 Rs 10,15) – dos presentes oferecidos pelos súditos (1 Sm 10:27 – 16.20 – 1 Rs 10.25 – Sl 72:10) – e dos despojos da guerra e as contribuições das nações conquistadas (2 Sm 8.2,7,8,10 – 1 Rs 4.21 – 2 Cr 27.5). Além disso, tinha o rei o poder de exigir o trabalho forçado, o que era para ele causa de aumentarem os seus bens. Devia, também, Salomão ter auferido lucros das suas empresas comerciais pelo mar (1 Rs 1020 – Davi, rei em Hebrom (2 Sm 2.1 a 4). 22.17,18 – 2 Sm 1.15).

Rei
1) Governador de um IMPÉRIO 1, (At 1:2), de um país (1Sm 8:5; Mt 2:1) ou de uma cidade-estado (Gn 14:2). Ocorrendo a morte do rei, um descendente seu o sucede no trono (1Rs 2:11-12).


2) Título de Deus (Ml 1:14) e de Jesus (Mt 21:5; Ap 7:14; 19.16).


3) Rei do Egito,
v. FARAÓ.


Reí

(Heb. “amigável”). Um dos homens que, junto com o sacerdote Zadoque e o profeta Natã, entre outros, permaneceram fiéis ao desejo de Davi de colocar seu filho Salomão no trono, como seu sucessor (1Rs 1:8). Outro filho do rei, Adonias, tentou usurpar o reino; Salomão, entretanto, seguiu cuidadosamente os conselhos de Natã e de Zadoque e garantiu seu direito à sucessão. Para mais detalhes, veja Natã.


Salomão

Nome Hebraico - Significado: O pacífico.

Nome Hebraico - Significado: O pacífico.

Nome Hebraico - Significado: O pacífico.

O nome Salomão está associado à palavra que significa “paz”, com a qual compartilha as mesmas consoantes. Também tem ligação com o nome da cidade de Davi, Jerusalém, com a qual também compartilha três consoantes. Essas duas identificações lembram as características desse rei de Israel e de Judá que são mais bem conhecidas: um reino pacífico presidido por um monarca mundialmente famoso por sua sabedoria em manter tal estado de paz; e uma cidade próspera que atraía a riqueza e o poder de todas as nações ao redor e cuja prosperidade foi resumida na construção da casa de Deus, o magnífico Templo de Jerusalém. Esses mesmos elementos foram lembrados no Novo Testamento, onde Jesus referiu-se à sabedoria de Salomão que atraiu a rainha de Sabá (Mt 12:42; Lc 11:31) e onde o Templo de Salomão foi preservado nos nomes dados a partes do Santuário construído por Herodes (Jo 10:23; At 3:11; At 5:12). O Novo Testamento, entretanto, também menciona as conseqüências desastrosas desses aspectos gloriosos da vida de Salomão. Apesar de toda sua riqueza, Jesus disse aos seus ouvintes que ele não podia ser comparado com um lírio do vale (Mt 6:29; Lc 12:27), o qual mostra uma beleza que lhe foi dada pelo Pai celestial, amoroso e cuidadoso. Em contraste, o esplendor de Salomão demonstrava a ganância brutal do trono, o apoio de aliados pagãos e a adoração de outras divindades, além de um regime opressor que destruiu a confiança e a boa vontade das tribos do norte de Israel e que abusava dos súditos do reino o qual Davi criara. O mesmo pode ser dito do Templo de Salomão. O mais significativo quanto a ele, conforme Estêvão observou (At 7:47-48), era a tentativa perigosa de “domesticar” o Deus de Israel, ao colocá-lo dentro de uma “caixa”, sobre a qual o rei teria o controle para escolher a adoração e a obediência a Deus ou a outras divindades, ao seu bel-prazer.

A história de Salomão está registrada em I Reis 1:11 e I Crônicas 28 a II Crônicas 9. Todos os textos registram o esplendor de seu reino. O relato de Reis, entretanto, também demonstra a queda gradual do rei na apostasia. Isso é demonstrado por meio da ênfase em três pronunciamentos de Deus, quando cada um deles introduz uma nova fase na vida de Salomão e mostra o julgamento do Senhor sobre o que acontecera. Para entender a vida e a obra desse grande personagem bíblico, examinemos as quatro partes da vida de Salomão, divididas pelas três aparições divinas: a garantia do trono para Salomão (1Rs 1:2); a sabedoria de Salomão e suas realizações (1Rs 3:8); a fama internacional de Salomão e a conseqüente apostasia (1Rs 9:11-8); e os oponentes de Salomão (1Rs 11:9-43).

A garantia do trono

De acordo com os registros bíblicos, Salomão era o décimo filho de Davi e o segundo de Bate-Seba com o rei, pois o primeiro morreu, como castigo pelo pecado de adultério e homicídio de Urias, marido dela (2Sm 11). A história de como os filhos mais velhos de Davi morreram antes de subirem ao trono ocupa boa parte do relato da vida e morte deste rei (2Sm 10:1Rs 2). Num certo sentido, esse material justifica a legitimidade da escolha de Salomão como sucessor de Davi, apesar de não ser o filho mais velho.

Os relatos da escolha de Salomão e sua coroação em Crônicas e Reis enfatizam duas perspectivas diferentes. Em I Crônicas 28:29, ele é ungido rei numa solenidade pública. Ali, é declarado o sucessor de Davi divinamente escolhido. Essa, porém, não é a visão de I Reis 1, a qual descreve uma cerimônia bem diferente, realizada às pressas e sem qualquer preparativo prévio. Crônicas mostra o que aconteceu exteriormente, quando Salomão foi feito rei “pela segunda vez”. I Reis 1 dá uma ideia do que realmente aconteceu nos bastidores.

Adonias assumira o controle da situação, ao declarar-se rei, e era preciso agir rápido, para impedir que Salomão subisse ao trono. Bate-Seba, entretanto, atuou sob a direção de Natã, embora buscasse seus próprios interesses. Sua mensagem para Davi foi a de mostrar como a atitude de Adonias era contrária às intenções declaradas do rei (1Rs 1:17-21). A própria declaração do profeta para Davi era um argumento de que Adonias desafiava a autoridade do rei: “Viva o rei Adonias!” (vv. 22-27). Existem, porém, dois problemas aqui. Primeiro, o fato de que em nenhum lugar antes a história menciona tal promessa feita a Bate-Seba. Mesmo no livro de Crônicas, onde Davi refere-se a Salomão como uma escolha feita por meio de revelação divina (1Cr 22:9), não há nenhuma menção anterior a isso. Perguntamo-nos até que ponto foi realmente revelação divina e até onde foi sugestão de Natã. Segundo, a afirmação do profeta de que o povo clamava “Viva o rei Adonias” não tem apoio no relatório dos vv. 5 a 9. A declaração esconde um pouco os detalhes, desde que os relatados por Bate-Seba e Natã foram confirmados pela descrição das ações de Adonias. Embora ele quisesse ser rei, em nenhum lugar o relato declara que foi proclamado, mas, sim, que ele simplesmente fazia os preparativos.

De qualquer maneira, Davi concordou com os pedidos de Natã e Bate-Seba. Salomão foi confirmado rei numa cerimônia rápida e recebeu a bênção do pai. Isso foi suficiente para dissolver qualquer oposição. Natã manteve sua posição e seus filhos ocuparam excelentes cargos durante este reinado. Adonias foi repreendido. Posteriormente, tornou-se um dos que foram caçados e mortos por Benaia, por ordem de Salomão (1Rs 2:13-25). Essas instruções introduzem a tarefa do novo rei de cumprir a última vontade de seu pai (1Rs 2:1-9,26-46). Mesmo assim, I Reis 2 é uma história terrível de vingança e matança. Perguntamo-nos que tipo de rei seria este, com um reinado que começava com tantos assassinatos. O fato de que Deus apareceria a ele e o abençoaria não seria devido a nenhum mérito de sua parte. Foi uma manifestação da graça divina e da fidelidade à aliança feita com Davi e seus descendentes, com a promessa de uma dinastia em Jerusalém (2Sm 7:4-17). Salomão era o herdeiro dessa dádiva.

Sua sabedoria e realizações

O reinado de Salomão começou com alianças poderosas e uma grande construção civil na capital (1Rs 3:1). Ele se dedicou ao serviço do Senhor (v. 3). Viajou para o norte de Jerusalém. Em Gibeom, o Senhor apareceu-lhe em sonho e permitiu que escolhesse o que desejava receber. Salomão solicitou “um coração entendido” (v. 9), o qual é o centro da vontade. Ter um bom entendimento significa possuir um coração que ouve a Palavra de Deus e responde em obediência. Ele também precisava ouvir e atender às necessidades dos súditos. Salomão especificou o pedido com uma referência à habilidade de discernir “entre o bem e o mal”. Nesse contexto, isso significa mais do que o conhecimento do certo e do errado — antes, é algo disponível para todas as pessoas. Envolvia a habilidade de captar a essência de um problema e entender exatamente o que se passava na mente das pessoas ao redor. Envolvia a habilidade de reagir bem diante das situações mais difíceis e governar com sabedoria. Isso faz um contraste com os últimos dias de Davi e os eventos dos dois capítulos anteriores. Ele nada sabia a respeito da rebelião de Adonias. Não lembrava que escolhera Salomão, o qual foi apanhado no meio da política brutal do palácio e já começara a participar do mesmo jogo. Ali, porém, diante de Deus, buscou a habilidade de mudar o rumo e alterar o universo político de maneira que as virtudes do Senhor e da aliança divina fossem dominantes — em vez dos valores nos quais prevalecia a lei do mais forte.

A resposta de Deus foi aprovadora (vv. 10-14). Era a coisa correta a pedir. Em vez de pedidos egoístas, como longevidade, riqueza ou segurança, Salomão solicitou algo que era apropriado ao seu chamado como governante do povo de Deus. Por esta razão o Senhor alegremente lhe concedeu discernimento e acrescentou bênçãos adicionais que Salomão não pedira. Uma condição, entretanto, foi apresentada junto com as bênçãos: “Se andares nos meus caminhos, e guardares os meus estatutos e mandamentos, como andou Davi, teu pai” (v.14). Era a única coisa que Salomão precisava fazer.

A bênção de um coração entendido já começava a fazer efeito. Afinal, a habilidade de Salomão de ouvir a Deus foi demonstrada por sua presença em Gibeom e a aparição divina a ele. Sua maneira especial de ouvir o povo seria demonstrada na história das duas mães que reclamavam o mesmo bebê (vv. 16-26). A famosa decisão do rei, quando ameaçou dividir a criança ao meio para assim descobrir qual era a verdadeira mãe, demonstrou a todos que “havia nele a sabedoria de Deus para fazer justiça” (v. 28). Exemplos adicionais são apresentados nos capítulos seguintes. Salomão organizou seu próspero reino (1Rs 4:1-21), sua corte (1Rs 4:22-28) e escreveu provérbios e outras literaturas sobre a sabedoria (1Rs 4:29-34; cf. Pv 1:1; Pv 10:1; Pv 25:1; Ct 1:1 e os títulos dos Sl 72:127). A maior demonstração da sabedoria de Salomão, entretanto, foi a construção do Templo do Senhor Deus de Israel. I Reis 5:7 contém os detalhes das negociações, dos preparativos, do início e fim da obra. A sua inauguração foi celebrada com a introdução da Arca da Aliança na parte santíssima da estrutura (1Rs 8:1-11). Esse ato foi seguido pela bênção de Salomão sobre o povo e sua oração dedicatória, onde falou das promessas que Deus fizera a Davi, seu pai, e intercedeu pelo bem-estar do povo e da terra (1Rs 8:12-66).

A fama internacional e a consequente apostasia

A segunda aparição de Deus veio após a dedicação do Templo e a observação de que Salomão tinha “acabado de edificar a casa do Senhor... e tudo o que lhe veio à vontade fazer” (1Rs 9:1). Desta vez a mensagem do Todo-poderoso compõe-se de advertências de juízo sobre o povo e o Templo, se Salomão e seus descendentes não seguissem a Deus de todo coração (vv. 6-9). Ainda assim a bênção do Senhor permanece e é prometida como resultado da obediência e do culto fiel (vv. 3-5). Novamente isso é exemplificado no livro de Reis por duas narrativas que descrevem as realizações internacionais, imperiais e religiosas de Salomão. Diferentemente, porém, dos relatos anteriores de seu sucesso incondicional, a última narrativa introduz um elemento de grande tensão. Os problemas começam a surgir, embora somente no final do segundo período a raiz causadora torne-se mais explícita.

No primeiro período, o pagamento de Salomão a Hirão é descrito como um exemplo de suas relações internacionais (vv. 10-14). O rei de Tiro, entretanto, não ficou satisfeito com tal pagamento. Numa atitude imperialista, Salomão alistou os cananeus remanescentes na terra para fazer parte de sua equipe de construção do Templo (vv. 15-24). Aqui também nos perguntamos como a utilização do trabalho escravo pôde manter a paz no reino. Ainda mais inquietante é a informação de que os cananeus permaneciam na terra muito tempo depois de Israel ter recebido ordem de erradicá-los. Deus permitira que continuassem em Canaã, para testar os israelitas, ou seja, se permaneceriam ou não fiéis ou se adorariam outros deuses (Jz 3:1-4). Salomão passaria no teste? Suas realizações religiosas são resumidas num breve comentário sobre como oferecia sacrifícios no Templo três vezes por ano (1Rs 9:25). Seria um relato louvável, desde que ele cumprisse o mandamento de Deus de ir diante do Senhor três vezes por ano (Ex 23:14). Para um rei, entretanto, oferecer holocaustos no lugar dos sacerdotes escolhidos por Deus era um pecado. O reino foi tirado de Saul por causa disso (1Sm 13:8-14).

No segundo período de suas realizações, as relações internacionais de Salomão concentram-se na visita da rainha de Sabá (1Rs 9:26-10:13). Embora fosse uma cena feliz, com a rainha maravilhada com a grandeza do reino de Salomão e agradecida ao Deus que ele adorava, também era um quadro que reunia dois governantes de dois países pagãos: ela e o rei de Tiro. Tal reunião seria condenada mais tarde pelos profetas como responsável pelos pecados dos reis de Jerusalém (Is 7). Do ponto de vista imperialista, a riqueza e a grandeza de Salomão são novamente enfatizadas com uma nota especial sobre seu trono, os tributos que recebia e suas defesas (1Rs 10:14-29). Ainda esses eventos, assim como a discussão anterior sobre o trabalho escravo, prefiguram o pedido que as tribos da região Norte de Israel fariam ao filho de Salomão para que reduzisse a intensidade do labor que era exigido deles (1Rs 12:4). No final, esse problema serviria de base para a divisão do reino. No campo religioso, as esposas estrangeiras de Salomão fizeram com que ele se desviasse de seguir ao verdadeiro Deus de Israel (1Rs 11:1-10). No final, o “coração entendido” de Salomão tornou-se um coração dividido (1Rs 11:4-9).

Os oponentes de Salomão

A terceira palavra do Senhor a Salomão veio como um julgamento por seus pecados (1Rs 11:11-13). O reino seria dividido e tirado do controle da dinastia de Davi. Ainda assim, mesmo no juízo pela desobediência explícita de Salomão à aliança, o Senhor permaneceu misericordioso. A ameaça foi feita junto com a promessa de que isso não aconteceria durante sua vida e a dinastia de Davi não perderia totalmente o reino. Diferentemente das outras duas visitas do Senhor, esta não é seguida por exemplos de sabedoria e glória de Salomão. O ponto principal de sua história constitui-se de divisão e perda (1Rs 11:14-42). O império começou a desaparecer. Ao Sul, Hadade, o edomita, era apoiado pelo rei do Egito. Fomentou uma rebelião contra o filho de Davi. Ao Norte, Rezom, o sírio, criou um exército rebelde que operava a partir de Damasco. Dentro das próprias fronteiras de Israel, Jeroboão foi procurado por um profeta. Salomão o tinha nomeado superintendente do trabalho escravo na região norte do reino. O filho de Davi tentou matá-lo, mas ele fugiu para o Egito e permaneceu lá até a morte do rei de Israel. Embora algumas dessas rebeliões tivessem começado antes da terceira palavra de Deus a Salomão, os relatos de Reis as organizam com o obje1tivo de nos mostrar a verdadeira origem delas no coração do filho de Davi, ao adotar a deslealdade ao Deus de Israel.

Resumo

Salomão só foi bem-sucedido no aspecto de possuir um coração entendido — ouvir as outras pessoas para fazer os julgamentos mais sábios e compartilhar com outros sua sabedoria. No entanto, ele não teve sucesso no outro aspecto, ou seja, ouvir e obedecer à vontade de Deus. No final, isso distorceu sua vida e suas atitudes. Nenhuma quantidade de sabedoria, iluminação ou sensibilidade para com os outros jamais substitui um coração voltado para Deus. Salomão foi o monarca mais bem-sucedido do mundo, mas sua vida não foi considerada um sucesso em termos de verdades eternas. Ele é um exemplo, copiado repetidamente de forma lamentável, de uma pessoa que fracassou em manter-se fiel a Deus até o fim. R.H.


Salomão [Pacífico] - O terceiro rei do reino unido de Israel. Ele reinou de 970 a 931 a.C., em lugar de Davi, seu pai. Sua mãe foi BATE-SEBA (2Sm 12:24);
v. JEDIDIAS). Salomão foi um rei sábio e rico. Administrou bem o seu reino, construiu o TEMPLO, mas no final da sua vida foi um fracasso (1Ki 1—11). V. o mapa O REINO DE DAVI E DE SALOMÃO.

Salomão Filho de Davi e Betsabéia, rei de Israel durante o séc. X a.C. Mateus coloca-o entre os antepassados de Jesus (Mt 1:7-16). Jesus referiu-se a ele como exemplo de sabedoria (Mt 12:42; Lc 11:31) e opulência (Mt 6:29; Lc 12:27). Sem dúvida, Jesus era mais do que Salomão (Mt 12:42; Lc 11:31) e, por isso, o cuidado que devia esperar do Pai era superior à magnificência do monarca israelita (Mt 6:28-34).

Strongs

Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
I Reis 11: 1 - Texto em Hebraico - (HSB) Hebrew Study Bible

E o rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e heteias,
I Reis 11: 1 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

939 a.C.
H130
ʼĔdômîy
אֱדֹמִי
()
H1323
bath
בַּת
filha
(and daughers)
Substantivo
H157
ʼâhab
אָהַב
amar
(you love)
Verbo
H2850
Chittîy
חִתִּי
a nação descendente de Hete, o segundo filho de Canaã; de habitantes da Anatólia central
(the Hittites)
Substantivo
H4125
Môwʼâbîy
מֹואָבִי
um cidadão de Moabe
(but the Moabites)
Adjetivo
H4428
melek
מֶלֶךְ
rei
(king)
Substantivo
H5237
nokrîy
נׇכְרִי
estrangeiro, alheio
(foreigners)
Adjetivo
H5984
ʻAmmôwnîy
עַמֹּונִי
()
H6547
Parʻôh
פַּרְעֹה
do/de Faraó
(of Pharaoh)
Substantivo
H6722
Tsîydônîy
צִידֹנִי
()
H7227
rab
רַב
muito, muitos, grande
([was] great)
Adjetivo
H8010
Shᵉlômôh
שְׁלֹמֹה
filho de Davi com Bate-Seba e terceiro rei de Israel; autor de Provérbios e Cântico dos
(and Solomon)
Substantivo
H802
ʼishshâh
אִשָּׁה
mulher, esposa, fêmea
(into a woman)
Substantivo
H853
ʼêth
אֵת
-
( - )
Acusativo


אֱדֹמִי


(H130)
ʼĔdômîy (ed-o-mee')

0130 אדמי ’Edomiy אדומי ’Edowmiy

patronímico procedente de 123; adj

  1. Edomita

בַּת


(H1323)
bath (bath)

01323 בת bath

procedente de 1129 e 1121; DITAT - 254b n f

  1. filha
    1. filha, menina, filha adotiva, nora, irmã, netas, prima, criança do sexo feminino
      1. como forma educada de referir-se a alguém n pr f
      2. como designação de mulheres de um determinado lugar
  2. moças, mulheres
    1. referindo-se a personificação
    2. vilas (como filhas procedentes de cidades)
    3. descrição de caráter

אָהַב


(H157)
ʼâhab (aw-hab')

0157 אהב ’ahab ou אהב ’aheb

uma raiz primitiva; DITAT - 29; v

  1. amar
    1. (Qal)
      1. amor entre pessoas, isto inclui família e amor sexual
      2. desejo humano por coisas tais como alimento, bebida, sono, sabedoria
      3. amor humano por ou para Deus
      4. atitude amigável
        1. amante (particípio)
        2. amigo (particípio)
      5. o amor de Deus pelo homem
        1. pelo ser humano individual
        2. pelo povo de Israel
        3. pela justiça
    2. (Nifal)
      1. encantador (particípio)
      2. amável (particípio)
    3. (Piel)
      1. amigos
      2. amantes (fig. de adúlteros)
  2. gostar

חִתִּי


(H2850)
Chittîy (khit-tee')

02850 חתי Chittiy

procedente de 2845; DITAT - 776a; n patr m Heteu = “descendente de Hete”

  1. a nação descendente de Hete, o segundo filho de Canaã; de habitantes da Anatólia central

    (atual Turquia), vieram a ser, mais tarde, habitantes do norte do Líbano


מֹואָבִי


(H4125)
Môwʼâbîy (mo-aw-bee')

04125 מואבי Mow’abiy fem. מהאביה Mow’abiyah ou מהאבית Mowabiyth

patronímico procedente de 4124; DITAT - 1155a; adj Moabita = “do pai: que pai?”

  1. um cidadão de Moabe
  2. um habitante da terra de Moabe

מֶלֶךְ


(H4428)
melek (meh'-lek)

04428 מלך melek

procedente de 4427, grego 3197 Μελχι; DITAT - 1199a; n m

  1. rei

נׇכְרִי


(H5237)
nokrîy (nok-ree')

05237 נכרי nokriy

procedente de 5235 (segunda forma); DITAT - 1368c; adj

  1. estrangeiro, alheio
    1. estrangeiro
    2. estrangeiro (substantivo)
    3. mulher estrangeira, meretriz
    4. desconhecido, não familiar (fig.)

עַמֹּונִי


(H5984)
ʻAmmôwnîy (am-mo-nee')

05984 עמוני Àmmowniy

patronímico procedente de 5983; DITAT - 1642a; adj Ammonitas = veja Amom “tribal”

  1. descendentes de Amom e habitantes de Amom

פַּרְעֹה


(H6547)
Parʻôh (par-o')

06547 פרעה Par oh̀

de origem egípcia, grego 5328 φαραω; DITAT - 1825; n. m.

Faraó = “casa grande”

  1. o título comum do rei do Egito

צִידֹנִי


(H6722)
Tsîydônîy (tsee-do-nee')

06722 צידני Tsiydoniy

procedente de 6721; adj. gentílico Sidônios = ver Sidom, “caça”

  1. morador de Sidom

רַב


(H7227)
rab (rab)

07227 רב rab

forma contrata procedente de 7231, grego 4461 ραββι; DITAT - 2099a,2099b adj.

  1. muito, muitos, grande
    1. muito
    2. muitos
    3. abundante
    4. mais numeroso que
    5. abundante, bastante
    6. grande
    7. forte
    8. maior que adv.
    9. muito, excessivamente n. m.
  2. capitão, chefe

שְׁלֹמֹה


(H8010)
Shᵉlômôh (shel-o-mo')

08010 שלמה Sh elomoĥ

procedente de 7965, grego 4672 σολομων; DITAT - 2401i; n pr m Salomão = “paz”

  1. filho de Davi com Bate-Seba e terceiro rei de Israel; autor de Provérbios e Cântico dos Cânticos

אִשָּׁה


(H802)
ʼishshâh (ish-shaw')

0802 אשה ’ishshah

procedente de 376 ou 582; DITAT - 137a; n f

  1. mulher, esposa, fêmea
    1. mulher (contrário de homem)
    2. esposa (mulher casada com um homem)
    3. fêmea (de animais)
    4. cada, cada uma (pronome)

אֵת


(H853)
ʼêth (ayth)

0853 את ’eth

aparentemente uma forma contrata de 226 no sentido demonstrativo de entidade; DITAT - 186; partícula não traduzida

  1. sinal do objeto direto definido, não traduzido em português mas geralmente precedendo e indicando o acusativo