Enciclopédia de Marcos 1:13-13

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

mc 1: 13

Versão Versículo
ARA onde permaneceu quarenta dias, sendo tentado por Satanás; estava com as feras, mas os anjos o serviam.
ARC E ali esteve no deserto quarenta dias, tentado por Satanás. E vivia entre as feras, e os anjos o serviam.
TB Ali ficou quarenta dias tentado por Satanás; estava com as feras, e os anjos o serviam.
BGB καὶ ⸀ἦν ἐν τῇ ἐρήμῳ ⸂τεσσεράκοντα ἡμέρας⸃ πειραζόμενος ὑπὸ τοῦ Σατανᾶ, καὶ ἦν μετὰ τῶν θηρίων, καὶ οἱ ἄγγελοι διηκόνουν αὐτῷ.
HD Estava no deserto quarenta dias, sendo tentado por Satanás; estava com as feras, e os anjos começaram a servi-lo.
BKJ E ele esteve ali no deserto quarenta dias, tentado por Satanás; e estava entre as feras, e os anjos o serviam.
LTT E Ele (Jesus) estava ali no deserto quarenta dias, sendo posto à prova por Satanás. E (Jesus) estava com as feras, e os anjos O serviam.
BJ2 E Ele esteve no deserto quarenta dias, sendo tentado por Satanás; e vivia entre as feras, e os anjos o serviam.
VULG Et erat in deserto quadraginta diebus, et quadraginta noctibus : et tentabatur a Satana : eratque cum bestiis, et angeli ministrabant illi.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Marcos 1:13

Êxodo 24:18 E Moisés entrou no meio da nuvem, depois que subiu o monte; e Moisés esteve no monte quarenta dias e quarenta noites.
Êxodo 34:28 E esteve Moisés ali com o Senhor quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras do concerto, os dez mandamentos.
Deuteronômio 9:11 Sucedeu, pois, que, ao fim dos quarenta dias e quarenta noites, o Senhor me deu as duas tábuas de pedra, as tábuas do concerto.
Deuteronômio 9:18 E me lancei perante o Senhor, como dantes; quarenta dias e quarenta noites, não comi pão e não bebi água, por causa de todo o vosso pecado que havíeis pecado, fazendo mal aos olhos do Senhor, para o provocar à ira.
Deuteronômio 9:25 E prostrei-me perante o Senhor aqueles quarenta dias e quarenta noites em que estava prostrado; porquanto o Senhor dissera que vos queria destruir.
I Reis 19:5 E deitou-se e dormiu debaixo de um zimbro; e eis que, então, um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come.
Mateus 4:10 Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás.
Mateus 26:53 Ou pensas tu que eu não poderia, agora, orar a meu Pai e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?
I Timóteo 3:16 E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória.
Hebreus 2:17 Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.
Hebreus 4:15 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.


Notas de rodapé da Bíblia (HD) - Haroldo Dutra

As notas de rodapé presentes na Bíblia versão Haroldo Dutra são comentários e explicações adicionais fornecidos pelo tradutor para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas de rodapé são baseadas em pesquisas, análises históricas, culturais e linguísticas, bem como em outras referências bíblicas, a fim de fornecer um contexto mais profundo e uma interpretação mais precisa do significado original do texto. As notas de rodapé são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.
Marcos 1 : 13
Satanás
ΣατανᾶςΣατανᾶν (Satanás / Sanatan) Lit. “adversário”. Palavra de origem semítica.

Marcos 1 : 13
servi-lo
Lit. “servir à mesa, serviço doméstico (pessoal); suprir, prover; cuidar; auxiliar, apoiar, ajudar”. O verbo se encontra no imperfeito ingressivo, transmitindo a idéia de início da ação no passado.


Gematria

Gematria é a numerologia hebraica, uma técnica de interpretação rabínica específica de uma linhagem do judaísmo que a linhagem Mística.

Quarenta (40)

 


E quarenta dias foi tentado pelo diabo, e naqueles dias não comeu coisa alguma; e, terminados eles, teve fome.

(Mateus 4:2 - Marcos 1:13 - Lucas 4:2)

 


E comeram os filhos de Israel maná quarenta anos, até que entraram em terra habitada: comeram maná até que chegaram aos termos da terra de Canaã.

(Êxodo 16:35)

 


Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz.

(Gênesis 7:4)

 


No alfabeto hebraico as letras têm correspondentes numéricos e vice-versa. O número 40 possui um correspondente alfabético: uma letra chamada "Mem" (מ). 

Essa letra seria um paralelo a nossa letra "eme".

Água, em hebraico, é "main" (מים) e a primeira letra, o "mem" possuía uma grafia mais primitiva mais parecida com as ondas.

Quando o autor bíblico insere o número 40, está chamando a atenção do estudioso para o tema central. Quando o assunto é deserto, o tema central é a água.

As letras, no hebraico, além dos fonemas, possuem significados e ainda outro significado oculto, e quase sempre cifrado, pelo número correspondente.

O que precisamos saber aqui é que o 40, nessas passagens, refere-se a água, O 40 está pedindo ao estudioso que reflita sobre o significado da água para o morador do deserto e, a partir desse ponto, extrair os sentidos espirituais do que representa a água para quem mora no deserto. O primeiro significado é a Fertilidade e a Destruição.

Para se entender esse significado, precisa-se antes entender como é o deserto de Israel. Quando pensamos em deserto, a primeira imagem que nos vem na cabeça é a do deserto do Saara, mas o deserto de Israel, apresentado na Bíblia, não é esse.

O Saara é liso, cheio de dunas que se movem com o vento, feito de areia.

O deserto de Israel é diferente. Rochoso, cheio de escarpas, abismos, precipícios, penhascos, desfiladeiros, montanhas, vales. É seco e árido com pouquíssima vegetação. 

Essa região possui dois climas bem distintos. Uma grande parte do ano, essa região permanece árida e muito seca e no outro período com chuvas.

No topo das cadeias montanhosas da região do Líbano, sobretudo no topo do monte Líbano, tem acúmulo de gelo e neve. Em um certo período do ano, a neve derrete e escorre pelos penhascos, e vai escoando por toda a Palestina até chegar no mar Morto.

Movimentos parecidos com esses acontecem em outros montes da região, como no monte Sinai. Nessas regiões rochosas cheia de precipícios, a água desce levando tudo: gente, rebanhos, casas.

No tempo de Jesus, quando alguém olhava para o céu e via nuvens escuras, tremiam de medo.

Sabiam que viria um período de destruição. Quando uma chuva se aproximava, os pastores corriam com seus rebanhos para os montes mais altos.

Depois, quando a chuva passava, o subsolo, no lençol freático, ficava cheio de água. O solo ficava fértil. Nessa época, depois das chuvas, podia-se furar poços e explorar a água pelo resto do ano.

A água trazia um caos e destruição. Depois, trazia vida. Viver, depois das chuvas, ficava mais fácil.

Então, para o povo hebreu, água (מים) representa transformação através de grandes abalos, transtornos, confusões.

Outro período da vida do deserto é o árido.

Quando Jesus foi peregrinar no deserto, foi no período árido. Saiu da Galileia para Jerusalém pelo deserto. Naquele tempo, existiam diversos caminhos que levavam à Judeia quem vinha de Galileia. O caminho mais difícil era o que passava pelo deserto. Esse foi o caminho escolhido por Jesus (possivelmente junto com João Batista). Nessas travessias, no período árido, uma moringa de água representa outra coisa: conforto e consolo.

A água, então, representa a força transformadora de Deus (a força renovadora, revitalizadora), mas também o poder que Deus têm de consolar, confortar, aliviar o sofrimento.

No caso da peregrinação de Jesus no deserto, teve um componente adicional. A tentação.
 

Mateus 4:1

ENTÃO foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. 

Nos primeiros capítulos da obra "O céu e o inferno", Kardec nos lembra que "demônio" é aquela má tendência que todos nós temos no nosso psiquismo. É aquele impulso infeliz em mim que ainda não presta.

Quando Jesus aceita conviver como um ser humano, aceita também enfrentar tudo o que o ser humano enfrenta, como pegar uma gripe. Ele também aceitou conviver com todo o tipo de seres humanos: encarnados e desencarnados.

Jesus aceitou conviver com o Pilatos, aceitou conviver com aquele soldado que colocou a coroa de espinhos a cabeça dele e aceitou, também, conviver com os espíritos desencarnados que vimem ao nosso redor. Jesus foi, então, "assediado" por um espírito desencarnado:

Mateus 4:2

E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;

Jesus, como tinha aceitado todas as agruras da experiência humana, sentiu fome e a entidade infeliz disse:

Mateus 4:3

Disse-lhe o diabo: Se és filho de Deus, dize a esta pedra que se torne pão. 

A entidade fez uma alusão à passagem do povo pelo deserto conduzido por Moisés, que ficou peregrinando 40 anos o deserto e receberam de Deus o maná.

Jesus, peregrinando 40 dias no deserto, recebeu do diabo a oferta de pão.

Fica claro que, no deserto, tanto Deus quando o Diabo oferecem comida.

Mateus 4:4

Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
 

O maná não é pão. Mana é farinha, ou seja, um ingrediente. Deus não mandava a comida pronta, mandava um ingrediente. Quando vem das mãos de Deus, não vem pão, vem farinha e o homem precisa trabalhar para transformar o ingrediente em comida. Isso porquê deus nunca nos dá uma coisa pronta. Deus não oferece facilidades, mas a matéria-prima. 

Para poder ter pão, o homem precisava trabalhar.

Já o Diabo, oferece facilidade. Representa a porta larga.

Quando uma facilidade é apresentada na nossa vida, devemos ter cuidado pois é a tentação que chegou.

A dificuldade é Deus. Chamemos as dificuldades de "propostas de serviço". É a oportunidade de trabalho durante a nossa travessia da Galileia para Jerusalém.

Durante as nossas travessias do Egito para Canaã.

Do diagnóstico à alta.

O socorro de Deus chega em forma de convite ao trabalho.

Quando um paciente sofre de diverticulite, pode ter dois tipos de propostas médicas.

Um médico pode dizer ao paciente que a proposta de cura é caminhar, comer muita fibra e beber bastante água.

O paciente vai precisar ter disciplina e perseverança. Vai precisar se esforçar. O paciente precisa trabalhar pela sua própria cura, pois a medicina sã exige que o paciente tenha disciplina, empenho, força de vontade para melhorar, exige dieta, esforço físico. Não tem mágica. A cura não acontece num estalo de dedos.

Agora, se outro médico pode dizer que existe um remédio, muito caro, mas que garante que nunca mais o paciente terá diverticulite na vida. Neste caso, precisamos ter cuidado, pois se você está no meio do deserto, desesperado e sofrendo propostas tentadoras, este pode ser o Diabo.

Entre a matrícula na faculdade até o diploma de formatura existe uma outra trajetória no deserto. Nessa trajetória, para enfrentar as dificuldades de uma matéria difícil, virá das mãos de Deus, através do professor, as oportunidades de estudar aos domingos em aulas extras para ajudar com o estudo a matéria.

Também virá aquele professor indecoroso que oferecerá a facilidade de aprovar o aluno em troca de dinheiro.

Vai ter sempre uma porta larga e outra estreita. A cura, de verdade, vem sempre pala porta estreita.

Neste ponto, podemos dizer que o 40 significa a transformação que ocorre pelo esforço realizado para passar pela porta estreita quando uma dificuldade é apresentada, mas superada com esforço e trabalho.

Se nessa transformação você for tentado a seguir por uma porta larga, não fará esforço e não será transformado.

 



Mapas Históricos

Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados ​​para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.

Região da Sefalá

VALE DO RIFTE DO JORDÃO
As forças geológicas dominantes que esculpiram as características mais proeminentes do Levante são mais visíveis no Vale do Rifte do Jordão. Estendendo-se para além do Levante, a fissura geológica é conhecida como Vale do Rifte Afro-Árabe. Um bloco rebaixado confinado por duas falhas geológicas paralelas começa no sudeste da Turquia e se estende para o sul, atravessando o Levante e chegando até o golfo de Ácaba. A partir daí, a fratura avança para o sul, numa linha que corre paralela ao mar Vermelho, até a Etiópia, resultando na separação entre a península Árabe e a África. Na base do mar Vermelho, a própria falha geológica se divide: um braço oriental faz separação entre, de um lado, a placa Árabe e, de outro, a placa Somali e o "Chifre da África" e se estende até as profundezas do oceano Indico; um braço ocidental começa a penetrar diagonalmente na Etiópia, Quênia, Uganda, Tanzânia, Malaui e Moçambique. Conhecida naqueles segmentos como o "Grande Vale do Rifte Africano", essa rachadura geológica é a responsável pela criação dos lagos mais alongados da África Oriental (Turkana, Alberto, Eduardo, Kivu, Tanganica, Malaui), pela formação do lago Vitória e por fazer a ilha de Madagascar se separar do continente africano, Aqui, entalhada na crosta terrestre, há uma falha geológica que, sozinha, estende-se continuamente por mais de 6.400 quilômetros - 60 graus de latitude ou cerca de um sexto da circunferência da Terra. Pelo que se sabe, essa falha representa também a mais profunda fissura na superfície da Terra, e o ponto mais profundo ao longo do corte continental fica às margens do mar Morto. Aí, ao lado da margem ocidental, uma sucessão de falhas secundárias, bem próximas umas das outras e que correm em paralelo com a falha principal, tem dado aos cientistas oportunidade de estudar e avaliar a profundidade de deslocamento. Perfurações demonstraram ocorrência de deslocamentos verticais que chegam 3:580 metros e testes geofísicos realizados na região têm levado a estimativas de até 7 mil metros de espessura. A região ao redor do mar Morto iá fica numa altitude extremamente baixa (420 metros abaixo do nível do mar), o que leva a se estimar que depósitos não consolidados sobre o leito cheguem abaixo do nível do Mediterrâneo, alcançando quase 7.600 metros. Em outras palavras, se alguém escavasse em certos lugares ao longo do mar Morto, encontraria apenas aluvião sedimentar descendo até aproximadamente 7.560 metros, antes de, finalmente, encontrar estratificação rochosa." Espalhando-se em todas as direções a partir desta "fissura-mãe", existem dezenas de fraturas secundárias que tornam a região ao redor um mosaico geológico; algumas dessas ramificações criaram, elas mesmas, vales laterais (Harode, Far'ah, Jezreel). De acordo com registros sismográficos, cerca de 200 a 300 "microterremotos" são atualmente registrados todos os dias em Israel. É claro que a imensa maioria desses abalos é humanamente indetectável. Às vezes, no entanto, um terremoto devastador atinge essa terra, como é o caso de alguns mencionados a seguir.


1) Há relatos de que, em 7 e 8 de dezembro de 1267, um abalo desmoronou o rochedo íngreme existente ao lado do rio Jordão, em Damiya, o que causou o represamento do Jordão durante cerca de 10 horas.

2) Por volta do meio-dia de 14 de janeiro de 1546, ocorreu um terremoto cujo epicentro foi perto da cidade samaritana de Nablus (Siquém), de novo interrompendo a vazão do rio Jordão - desta vez durante cerca de dois dias.

3) Em 1.° de janeiro de 1837, um forte terremoto, com múltiplos epicentros, atingiu Israel e Jordânia. Na Galileia, quatro mil moradores da cidade de Safed foram mortos, bem como outros mil nas regiões ao redor. Toda a aldeia de Gush Halav foi destruída. No centro de Israel, duas ruas residenciais desapareceram completamente em Nablus, e um hotel desabou em Jericó, provocando ainda mais mortes. Os dois lados do que atualmente é conhecido como ponte Allenby foram deslocados.

Até mesmo em Amã, a mais de 160 quilômetros de distância, há registros de muitos danos causados por esse tremor.
4) Em 11 de julho de 1927, houve um terremoto no início da tarde, seu epicentro parece ter sido em algum ponto do lado norte do mar MortoS Há informações de que esse tremor provocou o desabamento de um paredão de terra de 45 metros, próximo de Damiya. Esse desabamento destruiu uma estrada e represou o Jordão durante 21 horas e meia (embora esta seja uma informação de segunda mão que, em anos recentes, tem sido questionada). Não se pode excluir a possibilidade de que um acontecimento semelhante tenha ocorrido quando Israel atravessou o Jordão "a seco" (Js 3:7-17).
Depois de fazer um levantamento do Vale do Rifte do Jordão como um todo, examinemos suas várias partes.
Primeiro, a uma altitude de 2.814 metros, o monte Hermom tem uma precipitação anual de 1.520 milímetros de chuva e permanece coberto de neve o ano todo (cp. Jr 18:14).
Descendo pelas encostas ou borbulhando em seu sopé, existem centenas de fontes e regatos que se juntam para formar os quatro principais cursos d'água que dão origem ao Jordão. O curso d'água mais a oeste - Ayun (n. Bareighit) - surge perto da moderna Metulla, cidade fronteiriça israelense, e segue quase diretamente para o sul. Não longe dali, fica o curso maior, o rio Senir (n. Habani), que tem origem no lado ocidental do Hermom, em frente à aldeia libanesa de Hasbiyya. O rio Da/Leda nasce no sopé do sítio bíblico de Dá (n. Qadi), e o rio Hermom (n. Banias) aflora das cavernas próximas ao local da moderna Banyas. Quando, por fim, juntam-se para formar um único curso d'água perto do lago Hula, as águas já desceram a uma altitude aproximada de apenas 90 metros acima do nível do mar.
Prosseguindo seu fluxo descendente, as águas chegam ao mar da Galileia (Mt 4:18-15.29; Mc 1:16-7.31; Jo 6:1), que também é conhecido por outros nomes: Quinerete (Nm 34:11; Dt 3:17; Js 12:3-13.27), Genesaré (Lc 5:1), Tiberíades (Jo 6:1-21.
1) ou simplesmente "o mar" (Mt 9:1; Jo 6:16). O mar da Galileia é um lago interior de água doce com medidas aproximadas de 21 quilômetros de norte a sul, 13 quilômetros de leste a oeste e cerca de 46 metros de profundidade. A superfície desse lago fica aproximadamente 212 metros abaixo do nível do mar, o que faz com ele seja a mais baixa massa de água doce no planeta.
Flanqueado pela região montanhosa da Baixa Galileia a oeste e pelo Gola a leste, no mar da Galileia deve ter havido intensa atividade ao longo de todo o período bíblico.
Cafarnaum, próxima de onde passa a Grande Estrada Principal, revela indícios de ocupação já em 8000 a.C. e pelo menos 25 outros locais na Baixa Galileia foram ocupados já na 1dade do Bronze Inicial. Mas foi no período romano que a atividade humana na região alcançou o ápice. Os rabinos afirmavam: "O Senhor criou sete mares, mas o mar de Genesaré é seu deleite.
O mar da Galileia também deleitou Herodes Antipas, que, as suas margens, construiu a cidade de Tiberíades, com seus inúmeros adornos arquitetônicos de grandeza romana.
Nas proximidades, foram construídos banhos romanos em Hamate, um hipódromo em Magdala (Tariqueia), bem como muitas aldeias, casas suntuosas, muitas ruas pavimentadas e numerosas arcadas. Desse modo, na época do Novo Testamento, o mar estava experimentando tempos de relativa prosperidade, em grande parte relacionada com uma florescente indústria pesqueira que, estima-se, chegava a apanhar 2 mil toneladas de peixe. Em meados da década de 1980, quando o nível da água ficou bem baixo, descobriu-se mais de uma dúzia de portos romanos circundando o mar da Galileia. Essa prosperidade se reflete em vários incidentes narrados nos Evangelhos e que aconteceram perto do Mar. Por exemplo, a parábola de Jesus sobre um rico tolo que achou recomendável derrubar seus celeiros e construir outros ainda maiores foi proferida às margens do Mar (Lc 12:16-21). Sua parábola sobre o joio e o trigo gira em torno da prosperidade de um chefe de família que possuía celeiros e servos (Mt 13:24- 43). Como parte do Sermão do Monte - que, de acordo com a tradição, foi pregado na área logo ao norte de Tabga -, Jesus tratou dos assuntos: dar esmolas e acumular bens terrenos (Mt 6:1-4,19-34). E sua famosa pergunta nas proximidades de Cesareia de Filipe - "Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?" - foi dirigida a ouvintes galileus, alguns dos quais, sem dúvida alguma, possuíam grandes riquezas ou conheciam alguém que possuía (Mc 8:27-37; Lc 9:23-25).
Há uma distância em linha reta de apenas 120 quilômetros separando o mar da Galileia e o mar Morto. No entanto, entre um e outro, o rio Jordão serpenteia por cerca de 240 quilômetros (observe-se, que é possível que, da Antiguidade bíblica para cá, tenha ocorrido uma mudanca no ponto em que o Jordão entra no mar da Galileia e no ponto em que dele sai). Aí o rebaixado Vale do Rifte, às vezes chamado de "o Ghor" ("depressão"), varia de largura, entre 3,2 e 6,4 quilômetros, embora alargue nas bacias de Bete-Sea e Jericó. O próprio Jordão corre ao longo do leito sinuoso mais baixo do Ghor - atravessando uma mata fechada, baixa e emaranhada de tamargueiras, álamos e oleandros, espinheiros pontudos e toras espalhadas e podres trazidas pela água (2Rs 6:2-7). Esse leito às vezes é chamado de "floresta do Jordão" (Jr 12:5-49.19; 50.44; Zc 11:3).
Alguns textos bíblicos dão a entender que, na Antiguidade, animais selvagens habitavam essa mata fechada (1Sm 17:34-36 (implicitamente]; 2Rs 2:24; Mc 1:13). Restos de esqueletos de várias espécies de animais selvagens foram exumados do leito do vale e, em tempos modernos, viajantes relataram terem avistado, na região, leões, ursos, leopardos, lobos, chacais, hienas e uma ampla variedade de aves aquáticas.? Além disso, muitas cidades árabes modernas no vale ou nas proximidades parecem ter o nome de animais selvagens e o mapa de Medeba (um mosaico de chão, do sexto século d.C., com o desenho de um mapa - a mais antiga representação conhecida da região) mostra um leão rondando, à espreita, no vale.2 Não há nenhum indício de que, antes do sexto século d.C., tenham existido pontes cruzando o Jordão, de modo que é preciso imaginar que, durante o período bíblico, a maneira normal de atravessar o rio era a nado, algo que exigia grande esforço e era potencialmente perigoso (Jz6.33; 1Sm 13:7-31:11-13; 2Sm 2:29-10.17; 17.22; 24.5), o que provavelmente acontecia com mais frequência nos inúmeros vaus ao longo do rio (Js 2:7; Jz 3:28-12.5,6).
No fim de seu curso, o rio Jordão desaguava no mar Morto ou, tal como é chamado na Bíblia, mar Salgado (Gn 14:3; Nm 34:3-12; Dt 3:17; Js 3:16-12.3; 15.2,5; 18.9), mar da Arabá (Dt 3:17-4.49; Js 3:16-12.3; 2Rs 14:25) ou mar do Oriente (Ez 47:18: I1 2.20; Zc 14:8). O nome "mar Morto" aparece em textos gregos a partir do início do século primeiro,3 e aparentemente foi introduzido na tradição crista por meio da obra de São Jerônimo." Com a superfície da água a 420 metros abaixo do nível do mar (e baixando ainda mais ano a ano!), o mar Morto é, de longe, a depressão continental mais baixa do planeta. À guisa de comparação, a grande depressão de Turfan - que, com exceção do mar Morto, é o ponto mais baixo da Ásia continental - fica 150 metros abaixo do nível do mar. Na África, o ponto mais baixo (a depressão de Qattara, situada no Saara) está 156 metros abaixo do nível do mar. O ponto mais baixo da América do Norte (o vale da Morte, na Califórnia) se encontra 86 metros abaixo do nível do mar.
O mar Morto é um lago sem saída (sem acesso para os oceanos) que mede cerca de 16 quilômetros de largura, aproximadamente 80 quilômetros de comprimento e alcança uma profundidade de pouco mais de 300 metros em um ponto de sua bacia norte. Contrastando fortemente com isso, nos dias atuais a bacia rasa no sul não tem água, mas é quase certo que teve um mínimo de 3 a 9 metros de água durante toda a era bíblica. A altitude extremamente baixa do mar Morto cria uma imensa e extensa bacia de captação de aproximadamente 70 mil quilômetros quadrados, o que faz dele o maior sistema hidrológico do Levante em área. Antes da construção de açudes e da escavação de canais de drenagem nessa área de captação, durante o século 20.9 calcula-se que o mar Morto recebia um total de 2,757 bilhões de metros cúbicos anuais de água, o que teria exigido uma média diária de evaporação na ordem de 5,47 milhões de metros cúbicos a fim de manter um equilíbrio no nível da água. Antes que houvesse esses modernos esforços de conservação, o despejo de água apenas do sistema do rio Jordão era de cerca de 1,335 bilhão de metros cúbicos por ano, o que significa que, durante a maior parte da Antiguidade bíblica, o Baixo Jordão deve ter tido uma vazão com o volume aproximado de rios como o Colorado ou o Susquehanna, ao passo que, hoje, sua vazão é de apenas uma fração disso. O mar Morto também é o lago mais hipersalino do mundo.
A salinidade média dos oceanos é de 3,5%. O Grande Lago Salgado, nos Estados Unidos, tem aproximadamente 18% de sal, e a baía Shark, na Austrália, tem um índice de salinidade pouco superior a 20%. Mas vários fatores combinam para criar, no mar Morto, uma salinidade hídrica que vai de 26 a 35%: (1) ele é alimentado por alguns cursos d'água que têm uma salinidade incomum, passando por solo nitroso e fontes sulfurosas; (2) é contaminado pela adição de sais químicos encontrados na falha geológica que existe embaixo dele (cloreto de sódio, cloreto de cálcio. cloreto de potássio. brometo de magnésio); (3) é exposto à contaminação resultante da erosão do monte Sedom, que é um plugue de rocha salina muito profundo e massivamente poroso que se estende por 8 quilômetros ao longo de sua margem sudoeste. O elevado teor de sal impede a vida aquática no mar Morto.com exceção de uns poucos micro-organismos (bactérias simples, algas verdes e vermelhas, protozoários) descobertos recentemente  Contudo, ao longo da história, os minerais do mar Morto às vezes levaram a um aumento do valor das propriedades ao redor. Pelo menos desde o período neolítico um produto primário bastante valorizado é o betume. uma forma de petróleo endurecido por meio da evaporação e oxidação. utilizado para vedar e colar, confeccionar cestos, na medicina e na fabricação de tijolos de barro. Betume do mar Morto foi empregado como conservante em múmias do Egito antigo. Durante o período do Novo Testamento, os nabateus controlavam o comércio do betume do mar Morto, e há uma teoria de que a ânsia de Cleópatra em controlar o comércio de betume estimulou seu desejo de governar a região ao redor do mar Morto.
Também havia grande procura pelo bálsamo do mar Morto, o perfume e medicamento mais apreciado no mundo clássico.  Dizem que Galeno, o eminente médico do segundo século d.C. ligado ao famoso Asclépio, em Pérgamo, viajou de sua cidade na Ásia Menor até o mar Morto com o propósito específico de voltar com o "bálsamo verdadeiro" O cloreto de potássio, outro mineral do mar Morto, tornou-se popular no século 20 devido ao emprego na fabricação de fertilizantes químicos. Ao mesmo tempo, banhos nas fontes termominerais ao longo das margens do mar Morto tornaram-se um tratamento popular para vários problemas de pele, especialmente a psoríase. Com isso, talvez se possa dizer que, em tempos recentes, o mar Morto passou a viver. Na Antiguidade, porém, a descrição sinistra do precipício do mar Morto se reflete nas páginas das Escrituras. A destruição de Sodoma e Gomorra (Gn
19) ocorreu bem próximo desse mar. Embora haja interpretações diferentes sobre a natureza exata da destruição que caiu sobre as duas cidades, seja como erupção vulcânica seja como explosão espontânea de bolsões de betume abaixo da superfície do solo, colunas cársticas de sal (conhecidas como "mulher de L6") são um fenômeno frequente na região do mar Morto. Pode-se quase adivinhar que o deserto uivante ao redor do mar Morto deve ter proporcionado um refúgio apropriado para o fugitivo Davi (1Sm 21:31), bem como para os essênios de Qumran e os marginalizados judeus insurgentes da Primeira Revolta Judaica. Foi num lugar estéril e árido assim que Jesus enfrentou suas tentações (Mt 4:1-11); talvez esse tipo de ambiente sombrio tenha contribuído para a angústia que sofreu.
Por outro lado, o profeta Ezequiel (47.1-12; Zc
148) vislumbrou um tempo quando até mesmo as águas salgadas do mar Morto passarão por uma recriação total e não serão mais sombrias e sem vida, mas estarão plenas de vitalidade. Começando com o Sebkha (pântanos salgados) ao sul do mar Morto, o Grande Vale do Rifte forma uma espécie de vala arredondada que se estreita até chegar ao golfo de Ácaba. Ali começa a se alargar de novo, na direção do mar Vermelho, e o golfo é flanqueado por encostas escarpadas e penhascos altos que superam os 750 metros de altura. Por sua vez, no golfo de Ácaba, a apenas 1,6 quilômetro de distância desses penhascos, há abismos cuja profundidade da água ultrapassa os 1:800 metros.

PLANALTO DA TRANSJORDÂNIA
A quarta zona fisiográfica, a que fica mais a leste, é conhecida como Planalto da Transjordânia. A região do planalto ladeia imediatamente a Arabá, e é chamada na Bíblia de "além do Jordão" (Gn 50:10; Nm 22:1; Dt 1:5; Js 1:14-1Sm 31.7; 1Cr 12:37). No geral, a topografia da Transjordânia é de natureza mais uniforme do que a da Cisjordânia. A elevada chapada da Transjordânia tem cerca de 400 quilômetros de comprimento (do monte Hermom até o mar Vermelho), de 50 a 130 quilômetros de largura e alcança altitudes de 1.500 metros acima do nível do mar. A sua significativa precipitação escavou quatro desfiladeiros profundos e, em grande parte, laterais, ao longo dos quais correm os rios Yarmuk, Jaboque, Arnom e Zerede. Cobrindo uma base de arenito que fica exposta nessas quatro ravinas cavernosas e em uns poucos segmentos no sul, no norte a superfície da Transjordânia é composta basicamente de calcário, com uma fina camada de basalto cobrindo a área ao norte do Yarmuk. A região elevada prossegue na direção sul com afloramentos de granito que formam o muro oriental da Arabá. Por esse motivo, na época de atividade agrícola, as regiões do norte da Transjordânia são férteis, pois o solo mais bem irrigado consegue produzir grandes quantidades de diferentes cereais, especialmente trigo (cp. Am 4:1-3). Durante o periodo romano. essa região produziu e forneceu cereais para toda a província siro-palestina. A leste do principal divisor de águas, que fica a uma altitude de cerca de 1.800 metros e a uma distância entre 25 e 65 quilômetros do Rifte do Jordão, há uma transicão repentina da estepe para o deserto Oriental. Por exemplo, muitas partes do domo de Gileade têm grande quantidade de fontes e ribeiros com boa; agua potável, ao passo que a leste do divisor de águas há necessidade de cisternas. A abundância sazonal das plantações de cereais cede lugar para a pastagem superficial e intermitente de que se alimentam os animais pertencentes aos nomades migrantes.

UMA TERRA SEM RECURSOS
A terra designada para o Israel bíblico possui bem poucos recursos físicos e econômicos. Ela não contem praticamente nenhum metal precioso (pequenas quantidades de minério de cobre de baixo valor e um pouco de ferro e manganês) e uma gama bem limitada de minerais (alguns da área do mar Morto tendem a evaporar). Descobriu-se gás natural no Neguebe. Apesar de repetidas afirmações em contrário, ali não foram encontrados campos significativos de petróleo. A terra tem escassos recursos de madeira de lei e não tem suprimento suficiente de água doce (v. seções seguintes sobre hidrologia e arborização).
Região da Defalá
Região da Defalá
A falha Geológica afro-árabe
A falha Geológica afro-árabe
O Mar da Galileia
O Mar da Galileia
O Mar Morto
O Mar Morto

O CLIMA NA PALESTINA

CLIMA
À semelhança de outros lugares no mundo, a realidade climática dessa terra era e é, em grande parte, determinada por uma combinação de quatro fatores: (1) configuração do terreno, incluindo altitude, cobertura do solo, ângulo de elevação e assim por diante; (2) localização em relação a grandes massas de água ou massas de terra continental; (3) direção e efeito das principais correntes de ar; (4) latitude, que determina a duração do dia e da noite. Situada entre os graus 29 e 33 latitude norte e dominada principalmente por ventos ocidentais (oceânicos), a terra tem um clima marcado por duas estações bem definidas e nitidamente separadas. O verão é um período quente/seco que vai de aproximadamente meados de junho a meados de setembro; o inverno é um período tépido/úmido que se estende de outubro a meados de junho. É um lugar de brisas marítimas, ventos do deserto, terreno semidesértico, radiação solar máxima durante a maior parte do ano e variações sazonais de temperatura e umidade relativa do ar. Dessa forma, seu clima é bem parecido com certas regiões do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, conforme mostrado no gráfico da página seguinte.
A palavra que melhor caracteriza a estação do verão nessa terra é "estabilidade" Durante o verão, o movimento equatorial do Sol na direção do hemisfério norte força a corrente de jato (que permite a depressão e a convecção de massas de ar e produz tempestades) para o norte até as vizinhanças dos Alpes. Como consequência, uma célula estacionária de alta pressão se desenvolve sobre os Açores, junto com outra de baixa pressão, típica de monção, sobre Irã e Paquistão, o que resulta em isóbares (linhas de pressão barométrica) basicamente norte-sul sobre a Palestina. O resultado é uma barreira térmica que produz dias claros uniformes e impede a formação de nuvens de chuva, apesar da umidade relativa extremamente elevada. O verão apresenta o tempo todo um ótimo clima, brisas regulares do oeste, calor durante o dia e uma seca quase total. No verão, as massas de ar, ligeiramente resfriadas e umedecidas enquanto passam sobre o Mediterrâneo, condensam-se para criar um pouco de orvalho, que pode estimular o crescimento de plantas de verão. Mas as tempestades de verão são, em sua maioria, inesperadas (1Sm 12:17-18). Por outro lado, o inverno se caracteriza pela palavra "instabilidade". Nessa estação, massas de ar mais elevadas se aproveitam do caminho equatorial do Sol na direção do hemisfério sul e ficam tomadas de ar polar extremamente frio. A mistura dessas massas de ar pode criar várias correntes dominantes de alta pressão, e qualquer uma pode, imprevisivelmente, se chocar com o ar que serpenteia pela depressão mediterrânea.

1. A área de alta pressão atmosférica da Ásia é uma corrente direta de ar polar que pode chegar a 1.036 milibares. As vezes atravessa todo o deserto da Síria e atinge a terra de Israel, vindo do leste, com uma rajada de ar congelante e geada (Jó 1.19).
2. A área de alta pressão atmosférica dos Bálcãs, na esteira de uma forte depressão mediterrânea, consegue capturar a umidade de uma tempestade ciclônica e, vindo do oeste, atingir Israel com chuva, neve e granizo. Em geral esse tipo de sistema é responsável pela queda de chuva e neve no Levante (2Sm 23:20-1Cr 11:22; Jó 37:6; SL 68:14; Pv 26:1).
3. Uma área de alta pressão atmosférica um pouco menos intensa do Líbano pode ser atraída na direção do Neguebe e transportar tempestades de poeira que se transformam em chuva.


A própria vala do Mediterrâneo é uma zona de depressão relativamente estacionária, pela qual passam em média cerca de 25 tempestades ciclônicas durante o inverno. Uma corrente de ar mais quente leva cerca de quatro a seis dias para atravessar o Mediterrâneo e se chocar com uma dessas frentes. Caso essas depressões sigam um caminho mais ao sul, tendem a se desviar ao norte de Chipre e fazer chover pela Europa Oriental. Esse caminho deixa o Levante sem sua considerável umidade [mapa 21] e produz seca, que às vezes causa fome. 121 Contudo, quando seguem um caminho ao norte - e bem mais favorável - tendem a ser empurradas mais para o sul por uma área secundária de baixa pressão sobre o mar Egeu e atingem o Levante com tempestades que podem durar de dois a quatro dias (Dt 11:11-1Rs 18:43-45; Lc 12:54). O inverno é, então, a estação chuvosa (SI 29:1-11; Ct 2:11; At 27:12-28.2), que inclui igualmente "as primeiras e as últimas chuvas" (Dt 11:14; Jó 29.23; SI 84.6; Pv 16:15; )r 5.24; Os 6:3; Jl 2:23; Zc 10:1; Tg 5:7) .125 Os dias de chuva mais pesada coincidem com o período do clima mais frio, de dezembro a fevereiro (Ed 10:9-13; Jr 36:22), quando é frequente a precipitação incluir neve e granizo.
Em termos gerais, a precipitação aumenta à medida que se avança para o norte. Elate, junto ao mar Vermelho, recebe 25 milímetros ou menos por ano; Berseba, no Neguebe, cerca de 200 milímetros; Nazaré, na região montanhosa da Baixa Galileia, cerca de 680 milímetros; o jebel Jarmuk, na Alta Galileia, cerca de 1.100 milímetros; e o monte Hermom, cerca de 1.500 milímetros de precipitação (v. no mapa 19 as médias de Tel Aviv, Jerusalém e Jericó]. A precipitação também tende a crescer na direção oeste.
Períodos curtos de transição ocorrem na virada das estações: um entre o final de abril e o início de maio, e outro entre meados de setembro e meados de outubro. Nesses dias, uma massa de ar quente e abrasador, hoje conhecida popularmente pelo nome de "siroco" ou "hamsin", pode atingir a Palestina vinda do deserto da Arábia.127 Essa situação produz um calor tórrido e uma sequidão total, algo parecido com os ventos de Santa Ana, na Califórnia. Conhecida na Bíblia pelas expressões "vento oriental" (Ex 10:13; Is 27:8; Ir 18.17; Ez 19:12; Os 12:1-13.
15) e "vento sul" (Lc 12:55), às vezes um vento siroco pode durar mais de uma semana, ressecando vegetação mais frágil e causando mais do que uma ligeira irritação em seres humanos e animais. Os ventos orientais da Bíblia podiam fazer secar espigas (Gn 41:6), secar o mar (Ex 14:21), causar morte e destruição (Jó 1.19), carregar pessoas (Jó 27.21), naufragar navios (SI 48.7; Ez 27:26) e fazer as pessoas desfalecerem e perderem os sentidos (In 4.8). Em contraste, um "vento norte" favorecia e revigorava a vida (Jó 37.22; Pv 25:23). A palavra suméria para "vento norte" significa literalmente "vento favorável".

ARBORIZAÇÃO
Nos lugares onde a terra recebia chuva suficiente, a arborização da Palestina antiga incluía matas perenes de variedades de carvalho, pinheiro, terebinto, amendoeira e alfarrobeira (Dt 19:5-2Sm 18.6; 2Rs 2:24; Ec 2:6; Is 10:17-19). Mas o mais comum era a terra coberta pelo mato fechado e plantas arbustivas (maquis) típicas da bacia do Mediterrâneo (1s 17.15; 1Sm 22:5; Os 2:14). Com base em análises de uma ampla amostra de pólen e também de restos de plantas e sementes tirados do interior de sedimentos, o mais provável é que, na Antiguidade remota, a arborização original da Palestina fosse bem densa e às vezes impenetrável, exceto nas regiões sul e sudeste, que margeavam o deserto, Os dados atuais apontam, porém, para uma destruição cada vez maior daquelas florestas e vegetação, destruição provocada pelo ser humano, o que começou já por volta de 3000 a.C. Mas três períodos se destacam como particularmente danosos:

(1) o início da Idade do Ferro (1200-900 a.C.);
(2) o final dos períodos helenístico e romano (aprox. 200 a.C.-300 d.C.);
(3) os últimos 200 anos.


O primeiro desses ciclos de destruição é o que mais afeta o relato bíblico que envolve arborização e uso da terra. No início da Idade do Ferro, a terra da Palestina experimentou, em sua paisagem, uma invasão massiva e duradoura de seres humanos, a qual foi, em grande parte, desencadeada por uma leva significativa de novos imigrantes e pela introdução de equipamentos de ferro. As matas da Palestina começaram a desaparecer diante das necessidades familiares, industriais e imperialistas da sociedade. Na esfera doméstica, por exemplo, grandes glebas de terra tiveram de ser desmatadas para abrir espaço para a ocupação humana e a produção de alimentos (Js 17:14-18).
Enormes quantidades de madeira devem ter sido necessárias na construção e na decoração das casas (2Rs 6:1-7; Jr 10:3). Calcula-se que cada família necessitava de uma a duas toneladas de lenha por ano (Js 9:21-27; Is 44:14-17; Ez 15:1-8; Mc 14:54). E o pastoreio de rebanhos temporários de ovelhas e cabras teria arrancado plantas sazonais que eram suculentas, mas sem raiz profunda. Por sua vez, a ocupação da terra teria requerido o apoio de certas indústrias, muitas das quais exigiam enormes recursos de madeira que, com certeza, danificaram o delicado equilíbrio ecológico da Palestina. A madeira era queimada em fornos de cozimento e em fornalhas industriais. Era necessária para a produção e vitrificação de vidro e na manufatura de cal, gesso, tijolos, canos e tubos de terracota, utensílios de cozimento, ferramentas de ferro e tábuas de escrever (alguns textos eram, na realidade, gravados sobre tábuas de madeira). Certos subprodutos de madeira tinham utilidade industrial, como solventes de água, no curtimento e tingimento e na medicina.
Muita madeira era empregada na extração de pedras nas encostas de montanhas e no represamento de cursos d'água. Mais madeira era transformada em carvão para o trabalho de mineração, fundição e forja de metais 130 Grandes quantidades também eram consumidas em sacrifícios nos templos palestinos.
Por fim, ainda outras áreas de floresta eram devastadas como resultado do imperialismo antigo, fosse na produção de instrumentos militares (Dt 20:19-20), fosse em injustificadas atividades de guerra (2Rs 3:25; SI 83.14,15; Is 10:15-19; Jr 6:4-8), fosse no pagamento de tributo compulsório.131 Os efeitos do desmatamento foram marcantes e permanentes. Existem consideráveis indícios de que a concomitante perturbação das camadas superiores do solo da Palestina provocou uma erosão pelo vento e pela água bastante acelerada, com subsequente perda da fertilidade das camadas finas de solo nas encostas. Alguns conservacionistas do solo calculam que, como resultado do desmatamento ocorrido na 1dade do Ferro, mais de 90 centímetros de solo e subsolo foram irrecuperavelmente perdidos da Cadeia Montanhosa Central, o que fez com que a base rochosa de áreas significativas daquele terreno ficasse visível. Uma vez que as camadas superiores do solo foram seriamente comprometidas ou destruídas, os subsolos predominantemente improdutivos não conseguiram regenerar a arborização. Existem indícios convincentes de oscilações climáticas durante o período do Israel bíblico, mas praticamente nenhuma evidência de mudança significativa ou radical do clima. O desflorestamento desenfreado da região, com a consequente deterioração e deslocamento da camada superior fértil, provocou um desgaste gradual e inexorável do meio ambiente. O cenário mudou para pior e até mesmo os modernos esforços de reflorestamento ainda não se mostraram completamente bem-sucedidos.
É bem irônico que as atividades desenvolvidas pelos próprios israelitas tenham contribuído de forma significativa para essa diminuição do potencial dos recursos da terra, na Palestina da Idade do Ferro Antiga. O retrato da arborização da Palestina pintado pela Bíblia parece estar de acordo com esses dados. Embora haja menção frequente a certas árvores tradicionais que mais favorecem o comprometimento e a erosão do solo (oliveira, figueira, sicômoro, acácia, amendoeira, romázeira, terebinto, murta, bálsamo), a Bíblia não faz quase nenhuma referência a árvores que fornecem madeira de lei para uso em edificações (carvalho, cedro, cipreste e algumas espécies de pinheiro). E inúmeras vezes a mencão a estas últimas variedades tinha a ver com outros lugares - frequentemente Basã, monte Hermom ou Líbano (Iz 9.15; 1Rs 4:33; SI 92.12; Is 40:16; Ez 27:5-6; Zc 11:2). Aliás, o abastecimento aparentemente inesgotável de madeira pelo Líbano era famoso no mundo antigo; o Egito começou a importá-la já à época do Reino Antigo.133 Vários reis mesopotâmicos e assírios viajaram para o Líbano para conseguir cedro. Em particular, os reis assírios costumavam se vangloriar de que uma de suas maiores façanhas era terem escalado os cumes do Líbano e derrubado suas imensas árvores (Is 14:8).
Pelo fato de a Palestina praticamente não ter reservas de madeira de lei, Davi, quando se lançou a seus projetos de construção em Jerusalém, achou necessário fazer um tratado com Hirão, rei de Tiro (e.g., 25m 5.11; 1Cr 14:1). Quando deu início a seus inúmeros empreendimentos de construção, Salomão foi forçado a ratificar aquele tratado (1Rs 5:1-18; 7:2-12; 2Cr 2:1-16; 9:10-28). Fenícios de Tiro forneceram a Salomão tanto a matéria-prima quanto a tecnologia para construir sua frota de navios mercantes (1Rs 10:22; cf. Ez 27:5-9, 25-36). Durante todo o período da monarquia, a construção, mesmo em pequena escala, implicava conseguir no exterior a madeira de lei necessária, conforme Jeoás e Josias descobriram (2Rs 12:12-22.6). Certa vez, a madeira que estava sendo usada para construir uma cidade no Reino do Norte foi levada, como um ato de agressão, para construir cidades em Judá (2Cr 16:6).
A disponibilidade de madeira de lei nativa não melhorou no período pós-exílico. Como parte do decreto de Ciro, que permitiu aos judeus voltarem à sua terra para reconstruir o templo, o monarca persa lhes deu uma quantia em dinheiro com a qual deveriam comprar madeira no Líbano (Ed 3:7). Mas suspeita-se que, quando aquela madeira chegou a Jerusalém, foi desperdiçada em residências particulares, em vez de ser usada no templo (Ag 1:8, cp. v. 4). Mais tarde, quando Neemias foi ao rei Artaxerxes pedindo dispensa do cargo na corte para trabalhar para melhorar as condições de vida ao redor de Jerusalém, recebeu do rei cartas que lhe permitiram obter madeira para a reconstrução dos muros e portas da cidade (Ne 2:4-8). Ainda mais tarde, madeira necessária para a imensa empreitada de construção realizada por Herodes em Cesareia Marítima teve de ser importada, provavelmente da Itália. E até mesmo no século 19, quando Charles Warren precisou de tábuas de madeira para dar continuidade a seu trabalho arqueológico em Jerusalém, ele descobriu que madeira ainda estava entre os produtos mais escassos e mais caros da Palestina.

O Clima no Oriente Médio no Verão
O Clima no Oriente Médio no Verão
O Clima no Oriente Médio no Inverno
O Clima no Oriente Médio no Inverno
Tabela do clima da Palestina
Tabela do clima da Palestina

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Principais acontecimentos da vida terrestre de Jesus

O começo do ministério de Jesus

DATA

LUGAR

ACONTECIMENTO

MATEUS

MARCOS

LUCAS

JOÃO

29 d.C., c. outubro

Rio Jordão, talvez em Betânia do outro lado do Jordão, ou perto dela

Jesus é batizado e ungido; Jeová o reconhece como seu Filho e lhe dá sua aprovação

Mt 3:13-17

Mc 1:9-11

Lc 3:21-38

Jo 1:32-34

Deserto da Judeia

É tentado pelo Diabo

Mt 4:1-11

Mc 1:12-13

Lc 4:1-13

 

Betânia do outro lado do Jordão

João Batista identifica Jesus como o Cordeiro de Deus; os primeiros discípulos se juntam a Jesus

     

Jo 1:15-29-51

Caná da Galileia; Cafarnaum

Primeiro milagre, água transformada em vinho; visita Cafarnaum

     

Jo 2:1-12

30 d.C., Páscoa

Jerusalém

Purifica o templo

     

Jo 2:13-25

Conversa com Nicodemos

     

Jo 3:1-21

Judeia; Enom

Vai à zona rural da Judeia, seus discípulos batizam; João dá seu último testemunho sobre Jesus

     

Jo 3:22-36

Tiberíades; Judeia

João é preso; Jesus viaja para a Galileia

Mt 4:12-14:3-5

Mc 6:17-20

Lc 3:19-20

Jo 4:1-3

Sicar, em Samaria

Ensina samaritanos no caminho para a Galileia

     

Jo 4:4-43


Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita

Não foram encontradas referências em Livro Espírita.

Referências em Outras Obras


CARLOS TORRES PASTORINO

mc 1:13
Sabedoria do Evangelho - Volume 1

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 26
CARLOS TORRES PASTORINO
MT 4:1-11

1. Então foi levado Jesus pelo espírito ao deserto para ser posto à prova pelo adversário.


2. E tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.


3. Chegando o tentador disselhe: "se és filho de Deus, dize que estas pedras se tornem em pães".


4. Mas Jesus respondeu: "Está escrito: "Não só de pão viverá o homem, mas de tudo o Que sai da boca de Deus".


5. Então o adversário o levou à cidade santa e o colocou sobre o pináculo do templo,


6. e disse-lhe: "se és filho de Deus, lança-te daqui abaixo, porque está escrito: "a seus anjos ordenará a teu respeito e eles te susterão em suas mãos, para não tropeçares em alguma pedra".


7. Tornou-lhe Jesus: "Também está escrito: não tentarás o Senhor teu Deus",


8. De novo o adversário o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o apreço deles,


9. e disse-lhe: "tudo isto te darei se, prostrado, me adorares".


10. Respondeu-lhe Jesus: "Vai para trás, antagonista, porque está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele darás culto".


11. Então o adversário o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviam.


LC 4:1-13

1. Cheio de um espírito santo, voltou Jesus do Jordão e foi levado com o espírito ao deserto,


2. durante quarenta dias, sendo experimentado pelo adversário. E nada comeu nesses dias; mas, passados eles, teve fome.


3. Então lhe disse o adversário: "se és Filho de Deus, manda que esta pedra se torne em pão".


4. Respondeu-lhe Jesus: "Está escrito que não só de pão viverá o homem".


5. E levando-o a uma altura, mostrou-lhe num relance de tempo todos os reinos habitados.


6. Disse-lhe o adversário: "dar-te-ei o domínio absoluto e o apreço deles, porque eles me foram entregues e os dou a quem eu quiser;


7. se tu, pois, me adorares, tudo será teu".


8. Respondeu Jesus: "Está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele darás culto".


9. Então o levou a Jerusalém e o colocou sobre o pináculo do templo e lhe disse : "se és filho de Deus, lança-te daqui abaixo,


10. porque está escrito: "a os seus anjos ordenará a teu respeito para te guardarem,


11. e "eles te susterão nas mãos para não tropeçares em alguma pedra".


12. Respondendo disse-lhe: "dito esta que não tentarás ao Senhor teu Deus".


13. Tendo o adversário acabado toda sorte de tentação, apartou-se dele até ocasião oportuna.


MC 1:12-13

12. Imediatamente o espírito o imliu para o deserto,


13. e ali ficou quarenta dias tentado pelo antagonista; e estava com as feras e os anjos o serviam.


Estudemos, inicialmente, três palavras que aparecem no texto, uma hebraica e duas gregas. E completaremos logo a seguir o estudo de um assunto que tem sido mal conduzido, por interpretações viciosas.


SATÃ ou SATANÁS - Em hebraico aparece (...) (satan) e em aramaico (...) (sitená), mas também se encontram as duas palavras iniciadas por samech: (...) Essa palavra significa literalmente "o opositor, o antagonista, o adversário, ou seja A PESSOA QUE SE OPÕE.


Foi transliterado em muitos lugares para o grego σατανάς.
No entanto, desde os Setenta até o Novo Testamento, essa palavra aparece também traduzida em grego, por uma equivalente: DIABO - que é o adjetivo διάβολος,ος,ον O verbo grego διαβάλλω - composto da partícula διά (que exprime separação em duas ou mais direções) e o verbo simples βάλλω (que quer dizer "lançar, jogar, impelir") - tem o sentido de "desunir, separar"; daí derivam outros sentidos, como "intrigar", donde: "acusar, caluniar, opor-se".
Esse verbo é usado, nestes trechos que estamos comentando, duas vezes na forma simples: βάλε - lança-te (MT 4:6 e LC 4:9) e uma vez no composto: έиβάλλει - impeliu (MC 1:12).
Desse verbo derivam: a) o substantivo διαβολή, ης (f.), que significa "divisão, desunião", donde "intriga, acusação, calúnia", e b) o adjetivo διάβολος,ος,ον com o sentido "que separa, que divide", donde "adversário, opositor, provocador, acusador, caluniador".
TENTADOR - Em grego é um verbo ζαdιзд (só conjugado no presente e no aoristo), cujo particípio presente é substantivado: o πειραζων . O verbo quer dizer "experimentar, tentar, pôr à prova" e o partic ípio tem o sentido de "o tentador".

Concluímos, pois, que há sinonímia entre os dois primeiros, e sempre os traduziremos assim: "o antagonista" (satanás) ; "o adversário" (diabo) e "o tentador".


Antes de prosseguir, todavia, expliquemos o sentido REAL atribuído pelo Novo Testamento às palavra "antagonista", "adversário" e "tentador".


Todos os três epítetos referem-se à PERSONALIDADE: é o quaternário inferior que, pela encarnação, estabelece a separação, a divisão, a desunião entre as criaturas, e que se opõe à espiritualização;


é o adversário e antagonista da evolução, que tenta o homem para que volte sempre à matéria. O Espírito (Cristo) é um só em todos ("um só Espírito há", EF 4:4), porque o Foco Incriado (Deus) é um só ("há um só Deus e Pai de todos", EF 4:6). Quando as Centelhas se afastam do Foco, se esfriam ou congelam (por estarem distantes vibratoriamente do calor) e se cristalizam na matéria densa opaca (que é "trevas" por distanciamento vibratório do Foco de Luz). Então, as Centelhas ficam separadas umas das outras pelo corpo denso de que se revestiram, seja ele mineral, vegetal ou animal; não obstante, mesmo sendo a personalidade "o antagonista, o adversário", continua sendo "Lúcifer", ou seja, o "portador da luz", porque tem dentro de si a Luz Divina. Divididas e separadas em corpos diferentes, estabelece-se toda a sequência de contrastes, egoísmos, vaidades, ciúmes, ódios, etc.


O trabalho evolutivo consiste na reunificação de todos em UM; em outros termos, no AMOR total entre todos, sem distinções e qualquer espécie. O que se opõe a esse AMOR-UNIÃO e a personalidade, que é o "antagonista" (satanás), o "adversário" (diabo), o "tentador", que atrai o espírito para a separação, querendo sobrepujar os demais.


A personalidade é que, separada como está, distingue o "eu" do "tu", opondo o "eu" a "todo o resto".


Quando conseguirmos reunir, ou melhor, reunificar tudo NUM só Cristo ("para que sejam UM comigo, assim como sou UM contigo, Pai", JO 17:22) teremos alcançado a meta da evolução. E então a personalidade (opositor, diabo, satanás, tentador) e sua consequência inevitável, a morte, estarão dominadas e vencidos: "a morte foi aniquilada pela vitória (cfr. IS 25:8). Onde está ó morte a tua vitória? (cfr. Oséas, 13:14). Onde está ó morte o teu aguilhão (teu estimulante)? O aguilhão da morte é a queda (o erro, a involução na matéria), e a força da queda é a lei (da evolução)", lemos em Paulo (1CO 15:54-55).


No entanto, há outras palavras vulgarmente tidas como sinônimos de diabo e satanás, mas que nada têm que ver com esse sentido. Esclareçamos logo.


DEMÔNIO- Nada autoriza a confundi-lo com os termos acima.


O substantivo grego δαιµων, ονος (masc. e fem.) é simplesmente um espírito desencarnado, de homem ou de mulher, podendo ser bom (guia), regular (familiar) ou perverso (obsessor). A literatura grega é farta de exemplos dos três graus, embora os dois primeiros sejam os mais comuns, ao passo que nos Evangelhos o mais comum é o terceiro. Platão usa o adjetivo δαιµονιος; ao lado do substantivo
σωφια para exprimir "a sabedoria divina" ... (Crat, 396 d) e Herodoto (4, 126 e 7, 48) emprega o mesmo adjetivo ao lado de "homem", no sentido de "homem excelente". O próprio Platão (Ap. 40 a) refere que Sócrates dizia ter um "guia" (δαίµων) que o ajudava em todas as dificuldades da vida, aconselhandoo para o bem.
Os verbos δαιµονίζοµαι e δαιµόνω significam "receber espírito", ou "estar sob a ação de um espírito desencarnado", fosse ele bom ou mau.
Do substantivo, deriva o adjetivo δαιµόνιος, ος (α), ον que significa "maravilhoso, extraordinário"; esse adjetivo é substantivado em το δαιµόνιον, para exprimir "espírito desencarnado", ou seja, o ser que está na escala entre Deus e o homem. Observe-se que em o Novo Testamento só é usada essa forma do adjetivo substantivado, aparecendo o substantivo δαίµων apenas em MT 4:3.
Demônio, pois, é apenas um "espírito desencarnado", com três graus de evolução: bons e regulares (nos autores profanos) e pouco elucidados (nos autores do Novo Testamento), Mas há ainda duas outras espécies de "espíritos" citados: IMPURO - πνεΰµα άиάθαρτον com o sentido exato de "não-purificado" ainda, ou melhor, de "atrasado", de não-evoluído.
MAU - πνεΰµα πονερόν, que preferimos chamar "sofredor". Com efeito, πονερός tem esse sentido: " sofredor, infeliz, defeituoso ", donde passou a "mau"; tanto assim que o substantivo exprime "o sofrimento", e daí "o mal" porque, segundo a concepção terrena, todo sofrimento é um mal. Mas ambos são derivados do substantivo πόνος, que quer dizer "esforço", donde "fadiga", e daí "sofrimento" (compare com o latim poena e o português "pena").
SANTO - Quando, porém, o "espírito" é bom, esclarecido, ou melhor, iluminado, o Novo Testamento o chama "santo" (άγιος), isto é, puro, sadio, são.

Resumindo, temos as seguintes qualificações para os espíritos humanos desencarnados, de acordo com seus graus evolutivos: 1) - santo - sadio, bom, iluminado, superior a nós; 2) - demônio - regular, não-esclarecido, familiar, igual a nós; 3) - sofredor - que está sofrendo, mas esforçando-se por melhorar; 4) - impuro, isto é, atrasado - não evoluído ainda, e que se obstina no erro.


A estes, podemos acrescentar mais um termo: é um espírito humano desencarnado, já iluminado (santo) que tem missão especial: e um mensageiro, um encarregado de tarefa especial junto aos homens; denominado, então, ANJO.


Passemos, agora, aos comentários exegéticos dos trechos, procurando ater-nos à cronologia. das ocorr ências.


(1) Lucas diz que "Jesus voltou do Jordão cheio de um espírito santo" (em grego sem artigo; portanto, é indeterminado, um epíteto comum: um espírito bom, iluminado), e foi com o (com esse) espírito para o deserto. Aí temos mais uma vez a preposição grega en, com valor associativo, que comentamos nas págs. 32 e 80.


(2) Mateus afirma simplesmente que "foi conduzido ao deserto pelo espírito" (agente da passiva, com a preposição "hypó", que literalmente daria o sentido "sob um espírito", podendo entender-se: conduzido sob a influência do espírito, ou ainda "incorporado").


(3) O "deserto" não foi localizado até hoje. Pela tradição seria o "Monte da Quarentena" (Djebel Karantal) a 4 quilômetros a nordeste da moderna Jericó, lugar ermo e cheio de grutas naturais. O deserto, segundo informam as Escrituras, era o local preferido dos espíritos atrasados (cfr. MT 12:43; LC 11:24; IS 13:21 e IS 34:14; Bar. 4:35 e 2CR 8:3).


(4) Temos a notícia do jejum de quarenta dias e quarenta noites. Não se trata de um hebraísmo essa repetição, mas salienta o narrador que Jesus não comeu nem de dia nem de noite; há razão para essa afirmativa, pois no oriente, depois de ocultar-se o sol, os jejuadores podiam alimentar-se, como ainda se usa hoje no Ramadan.


(5) Por que quarenta? É um número simbólico e cabalístico, que vemos repetido no Velho Testamento: o dilúvio dura quarenta dias (GN 7:17); Moisés jejua no Sinai, por duas vezes, durante quarenta dias de cada vez (DT 9:9 e DT 9:18); os israelitas ficam 40 anos a peregrinar pelo deserto (NM 14:33) ; Elias jejua 40 dias (1RS 19:8); David e Salomão reinam quarenta anos cada um

(1RS 2:11 e 1RS 11:42) e outros passos ainda. Na própria vida de Jesus temos esse jejum e mais tarde sua permanência na Terra entre a ressurreição e a ascensão, durante quarenta dias (AT 1:3).


Deve haver algum significado nesse número.


(6) Depois assinalam os evangelistas que Jesus teve fome.


(7) Aparece então o "tentador". Discutem os hermeneutas se Lhe apareceu sob forma humana corpórea, se "pegou" mesmo a pedra com sua mão, ou se a cena se passou em "pensamento". Na primeiSABEDORIA DO EVANGELHO ra hipótese teríamos um fenômeno de materialização, e assim costumam representá-la os pintores.


Na segunda, seria apenas um fato intelectual. Não discutiremos essas minúcias, pois o fato será esclarecido no comentário simbólico, compreendendo-se que se trata de "pensamentos", que, aliás, nem sequer chegaram a tomar consistência, tão rapidamente foram esmagados pelo Espírito de Jesus.


(8) A seguir são enumeradas as "tentações". Parece-nos mais lógica a sequência dada por Mateus: I - de EGOÍSMO - transformar as pedras em pães, para saciar a própria fome. Trata-se do desejo animal de satisfazer à "fome", isto é, aos apetites egoístas do quaternário inferior. A resposta de Jesus, extraída de Deuteronômio 8:3, faz-nos compreender que a alimentação espiritual da tríade superior também pode saciar, essas "fomes".


II - de VAIDADE - lançar-se de grande altura, confiando que Deus mandará "mensageiros" para ajud á-lo. O adversário apresenta-se com uma frase do Salmo 91:11-12, mas Jesus lhe responde com outra do Deuteronômio 6:16. É a tentação de ceder à vaidade de demonstrações taumatúrgicas, onde não haja necessidade delas, confiando em proteções "especiais" superiores.


III - de ORGULHO - usar qualquer meio bajulatório para obter fama e poder de domínio. Volta Jesus com um versículo do Deuteronômio 6:13, mostrando que Deus está acima de tudo e só a Ele podemos e devemos prestar culto, reverência e obediência, não devendo utilizar-nos de meios escusos para adquirir vantagens nem pessoais nem para grupos.


(9) Discute-se também se o "diabo" carregou Jesus em suas mãos, para levá-lo a Jerusalém, colocandoo sobre o pináculo do Templo; e se O transportou carregando-O para o cume da montanha; e pergunta-se qual seria essa montanha, "de onde se viam todos os reinos do mundo" ... As soluções oferecidas por alguns comentadores são lamentáveis do ponto de vista do bom senso. Acreditamos que a explicação não esteja na "letra" e sim no "espírito" ou seja, no sentido global das "tentações".


(10) O sentido de "mostrou os reinos do mundo e o apreço deles" em Mateus; e a expressão: "darteei o domínio absoluto e o apreço deles", podem resumir-se: "o domínio das criaturas, e o apreço ou fama que obteria entre elas". A palavra grega δόζαν, derivada do verbo δοиεω tem vários sentidos: 1) aparência; 2) opinião; crença; 3) doutrina, ensino (por oposição a άληθεια "verdade pura"; a γνώσις "conhecimento adquirido; e a έπιστήµη "ciência"); 4) apreço, reputação, donde 5) glória.
(11) Em Mateus, no final do episódio, Jesus usa uma expressão autoritária: "retira-te, antagonista", que foram as mesmas palavras dirigidas a Pedro, quando este se opunha à revelação do sofrimento de Jesus (MC 8:33). O verbo grego υπαγε tem o sentido exato de "retira-te submetendo-te, capitula, rende-te, subordina-te", porque é composto de υπο (para baixo) e αγω (agir, ir).

(12) A conclusão é que, afastado o adversário, os anjos apresentaram-se para servir a Jesus.


No trecho resumidíssimo de Marcos há um pormenor: Jesus, no deserto, "estava com as feras" e com os anjos, que O serviam. Na Palestina da época, as feras que perambulavam eram chacais, lobos, raposas, gazelas e, menos provavelmente, hienas, panteras e leopardos.


Mais alguns ensinamentos de profundo alcance, nesta lição da Boa Nova.


Após ter a individualidade (Jesus) realizado o Sublime Encontro ou Mergulho no Fogo, Cristo Interior, é ela levada para consolidar essa união no "deserto", onde permanece em oração e meditação.


Realmente, só no isolamento podemos conseguir uma fixação e vibrações em faixas tão delicadas de frequência tão elevada. Qualquer distração faria fugir a sintonia. E o burburinho ocasionaria distra ção. Por isso, quando o Momento Sublime se apresenta, o Discípulo é levado pelo Espírito (individualidade) ao isolamento, onde viverá em oração e meditação. Isso ocorria muito entre eremitas e cenobitas em tempos idos. Hoje ainda é frequente no Oriente. (Índia e Tibet) embora menos comum no Ocidente, onde existe, porém, nos conventos das Trapas.


O "deserto" exprime um lugar "sem habitantes". O planeta Terra é de fato um local em que não são vistos os "espíritos". Nesse sentido, é um deserto de espiritualidade, embora seja densamente habitado por criaturas físicas. Qualquer espírito elevado, que saia de seu "hábitat" natural no mundo dos espíritos e venha à Terra, penetra realmente num deserto e, como diz Marcos, "vive entre as feras", embora "os anjos o sirvam", ou seja, os "espíritos" bons jamais o deixem abandonado.


O número quarenta tem um significado especial: exprime o arcano do plano físico, sublinhando seu caráter material. Representa a esfera da concretização das formas nervosas, isto é, a materialização (encarnação) do astral e do etérico. "Quarenta" significa também a "luta do espírito com o mundo exterior", ou seja, a realização da Mônada ou Centelha divina do lado de fora de si mesma. O discípulo, no Caminho, sabe, porém, que todos os estados materiais (o deserto) são efêmeros e cessarão um dia. E apesar de só haver dificuldades, sabe que essas dificuldades são momentâneas e não impedir ão a ascensão que buscamos (cfr. Serge Marcotoune, "La Science Secrete des Initiés", pág. 203 ss., éd. André Delpeuch, Paris, 1928).


Então, os quarenta dias no deserto, entre feras (mas servido pelos anjos) é a vida da Centelha divina no planeta Terra, entre criaturas involuídas.


E sua passagem pela Terra tem justamente a finalidade de "ser tentada", ou melhor, ser "experimentada" através do "espírito" a que deu nascimento. Assim como em nossas escolas ninguém é promovido de ano sem prestar exames, assim na vida espiritual ninguém ascende de plano sem passar pelos "exames" das provações. E é exatamente por isso que se torna imprescindível a encarnação no plano físico. Com efeito, se a encarnação pudesse ser dispensável, acreditamos que muitos "espíritos"
não viriam ao planeta, e evoluiriam diretamente no mundo espiritual (doutrina aceita por Swedenborg): uma vez abandonada a matéria, nunca mais a ela voltariam. A teoria pode ser sedutora, mas não corresponde aos FATOS comprovados. Ora, contra fatos não há argumentação filosófica que se sustente. E os fatos, cientificamente experimentados e comprovados, demonstram que o "espírito"

vem à Terra a cada novo passo que tenha que conquistar. Como não podemos admitir que a Sabedoria da Vida obrigue a passos inúteis, concluímos que a única via de acesso a novos planos seja atrav és da materialização temporária na Terra, com esquecimento do passado, para que, como nova criatura (nova personalidade), possa assumir a responsabilidade de seus atos, merecendo assim integralmente a melhoria a que fez jus (ou a consequência dolorosa de seus erros).


Uma vez na matéria, o Espírito (individualidade) está preso ao "tentador", que pode chamar-se "diabo" ou "satanás", mas é simplesmente a PERSONALIDADE, o quaternário inferior. E por mais consciente que esteja o Espírito (individualidade), as "tentações" (experimentações ou provas) são inevit áveis, porque são inerentes à própria personalidade, são a condição "sine qua non" da encarnação ou "crucificação" na matéria. O Espírito, com seu mergulho no quaternário, assume novo "eu", um" eu" externo e pequeno, que é porém o "eu" que se manifesta consciente de si e que, por isso, assume a liderança da consciência. Esse "eu" menor (ou "espírito") abafa o Espírito (individualidade) e o Eu Profundo, e passa a agir como se fora o único chefe, comandando o processo evolutivo: o "eu" menor quer agir por si e dirigir tudo, não tomando conhecimento de que exista outro "EU" superior a ele: é, por isso, o verdadeiro adversário ou antagonista do Espírito (individualidade) e do EU REAL, que se vê escondido e sediado no coração (embora em outra dimensão), forcejando por agir - o que nem sempre consegue. Dessa luta titânica entre o "eu" pequeno ou personalidade (o "espírito") e o Espírito, ou individualidade, vai resultar o progresso. Se o "eu" pequeno vence, o Espírito derrotado terá que voltar mais tarde à matéria, com outro "eu" pequeno diferente, para ver se consegue conquistar a palma da vitória. E um dia obterá inevitavelmente o triunfo, embora demore séculos ou milênios nessa árdua batalha interna, tão bem descrita no Bhagavad-Gita. Quando o "eu" pequeno se anula pela humildade, dando ansas à individualidade de dirigi-lo, a vitória do Espírito se afirma, e ele prossegue para o plano superior seguinte.


Dessa luta (tentação) dá-nos conta o relato evangélico.


Depois de "mergulhar" na água (de renascer através do mergulho no líquido amniótico) o Espírito é levado ao "deserto (aos embates da Terra) para ficar em contato com as "feras" (homens atrasados, pequenos "eus" ferozes e egoístas), permanecendo "quarenta" dias e quarenta noites (permanecendo na matéria) em jejum absoluto (em isolamento total do EU REAL). É aí que o Espírito encontra o antagonista personalizado (satanás, nosso próprio "eu" menor) que quer arrastá-lo a seus caprichos.


Surgem então as três "tentações" principais, as mais difíceis de vencer por qualquer pessoa (o arcano 3 representa a "obra completa", e dá o resumo esquemático de um todo). Com efeito, as três provas citadas englobam os três aspectos da personalidade: as sensações (etérico), as emoções (astral) e o intelecto (mental concreto). 1. º TENTAÇÃO - O egoísmo na luta da sobrevivência e do bem estar, da satisfação das necessidades básicas da criatura humana: a fome, o repouso, as ânsias fisiológicas do sexo, as angústias das sensa ções chamadas "físicas", mas na realidade pertencentes ao duplo etérico. Então, o Espírito é instado a ceder aos desejos egoísticos dos sentidos do "eu" menor dando-lhe a "alimentação" que o satisfa ça, simbolizada no "pão" que mata a fome. O ato de "matar a fome" faz bem compreender a índole dessa tentação, muito mais vasta que a simples fome estomacal: trata-se de SACIAR os instintos inferiores do etérico que se manifesta através do corpo denso.


Além disso, outro aspecto transparece: preso no mundo material das formas, o "espírito" (personalidade) tenta transformar as "pedras" (que exprimem os ensinamentos interpretados à letra) em "pão", isto é, em alimento. Explicamos: o "espírito", ao invés de adorar espiritualmente ("em Espírito de verdade", JO 4:23 e 24), pretere a exteriorização material da religião, que lhe possa satisfazer aos sentidos físicos, aos instintos sensoriais, emocionais e intelectuais, e por isso transforma os vãos do espírito em "pães" materiais, visíveis e sensíveis, chegando ao clímax de pretender transformar o próprio Deus em pão. Todo seu espiritualismo reduz-se a liturgias e ritos, a atos externos e poderes ocultos de magia, de vaidade, de vestimentas diferentes e exóticas, de tudo o que satisfaça à "separação", ao luxo, à ostentação da "pompa de satanás" (que é exatamente a vaidade das criaturas humanas), assim, a espiritualização nesse grau visa à elevação do próprio "eu" pequeno, em detrimento de todos os outros "eus", julgados "outras" pessoas. E a criatura cega transforma os preceitos evangélicos, interpretados ao pé da letra (pedras) em satisfações egolátricas de instinto que lhes saciem a fome de vaidade (pães).


O combate a essa tentação é feito pela auto-disciplina, isto é, pela disciplina que o Espírito, guiado pelo EU REAL impõe ao "eu" menor, fazendo-lhe ver que o Homem (integral) vive de tudo o que vem de Deus, desse Deus residente no coração do homem, e não apenas das exterioridades transitórias da personalidade efêmera. 2. ª TENTAÇÃO - A vaidade própria do "eu" personalístico que se julga separado, diferente, e sempre (são raríssimas as exceções!) superior a todos os demais, é outra das mais difíceis provas a ser superada pelo "espírito" mergulhado na Cruz da personalidade ("cruz", quatro pontas, significando o quaternário inferior). " Lançar-se do pináculo do templo" (emoção de grandes efeitos mágicos) na certeza de que Deus o protege em tudo, mesmo nas loucuras insensatas de pretensões vaidosas, por um privilégio a que se julga "com direito". De fato, o desenvolvimento do corpo astral aguça as emoções e as hipertrofia de tal forma, que elas empanam o raciocínio equilibrado, toldam a razão, fazem perder o senso das propor ções" Nas criaturas emocionalmente desequilibradas vemos a ânsia de "operar milagres"; a rebeli ão contra a autoridade da Razão superior, a pretensão egocêntrica de que "ele" sabe e os outros são ignorantes; a ambição de possuir poderes para comandar movimentos religiosos; o desejo de se "chefe" espiritual ou religioso, nem que seja de um pugilo de criaturas que se fascinam por suas palavras, e as acompanham cegamente, tributando-lhes elogios a cada palavra que proferia, e que ele aceita, com gratidão, porque lhe acaricia a vaidade.


Essa a razão de vermos, desde que a história regista os acontecimentos da sociedade humana, essa constante fragmentação religiosa, que se opera logo após o desaparecimento do "Mensageiro" divino que as revelou. Numerosas são as criaturas que se julgam "taumaturgos", com poderes sobre os" anjos " e, rebelando-se contra o meio ambiente, instituem a própria seita. Daí verificarmos que esses homens não defendem ideias novas, divulgando-as em estudos e pesquisas impessoais, mas antes, querem logo iniciar grupos novos e dissidentes, dos quais passam eles ser o chefe, o cabeça. Quantas" heresias " se multiplicaram nos primeiros séculos do cristianismo, quantas seitas pulularam nos meios evangélicos, quantos movimentos teosóficos e rosa-cruzes que se combatem, quantos milhares de" centros" espíritas se fragmentam do pensamento original, criando "inovações", quase nunca com sentido lógico, quase sempre sem razão de ser; mas o móvel subconsciente e o desejo de "chefiar"

alguma coisa, de "separar-se" do grupo, de concorrer demonstrando gozar de proteções especiais do mundo espiritual. Não é esta uma característica apenas das criaturas encarnadas: também os desencarnados que carregam para além do túmulo, no "espírito", seus defeitos personalísticos, também eles gostam muito de criar seus "grupinhos", onde possam pontificar, conseguindo no mundo astral o que não conseguiram na Terra; aproveitam médiuns invigilantes, e aí temos outra "facção" a surgir.


E é típico exigirem "separação", proibirem estudos e leituras, colocando livros no índex particular, e garantindo que a "salvação" (ou pelo menos especiais privilégios) só se dará dentro daquele pugilo.


Como isto se passa no mundo material, que é o mundo da divisão, é natural que arrastem após si todos os que sintonizam com o "separatismo", cedendo à tentação de "atirar-se do pináculo do templo"

da Verdade, para os labirintos barônticos do personalismo satânico.


Outro ângulo dessa tentação é a ambição de poderes mágicos, a crença de que "gestos" e atos físicos criem efeitos espirituais; a pretensão de dominar "espíritos" e elementais, sem pensar nos resultados que daí possam advir. Os poderes "ocultos", que envaidecem e separam as criaturas, é aspecto importante dessa prova de fogo por que todos os que já desenvolveram o corpo emocional (astral) têm que passar.


O combate a essa tentação, isto é, a vitória sobre essa prova, esse "exame" - a que só é submetida certa classe de pessoas mais evoluídas que as da anterior tentação porque já desenvolveram o corpo astral - é realizada com a auto-renúncia do "eu" menor: "não tentarás o Senhor teu Deus" exprime, pois, "não quererás ser superior ao teu EU REAL, não pretenderás exigir dele favores especiais nem quererás impor-te a ele". Renunciar à própria vaidade de querer ser chamado "pai" ou "mestre" ("a ninguém na Terra chameis vosso pai, porque só UM é vosso Pai: aquele que está nos céus; nem queirais ser chamados mestres, porque um só é vosso mestre: o Cristo" MT 23:9-10), esse Cristo Interno que está dentro de TODOS, e não apenas de alguns privilegiados.


Jesus deu-nos o exemplo típico dessa vitória: pregou um IDEAL, mas não chefiou nenhum movimento religioso; atendeu aos judeus, sem afastá-los de Moisés; socorreu à siro-fenícia, sem arrancá-la de seus ídolos; elogiou o centurião romano, sem exigir o seu repúdio a Júpiter; e, no exemplo da "caridade perfeita", citou o samaritano, de religião diferente da Sua. E de tal forma renunciou à Sua personalidade, que o Cristo agiu plenamente através dele ("Nele habitou corporalmente toda a plenitude da Divindade" CL 2:9) de tal maneira, que, durante séculos, foi Ele confundido com o próprio Deus.


E isso foi conseguido com o Seu mergulho humilde nas águas da matéria, na Sua encarnação como ser humano: "aniquilou-se tomando a forma de servo, feito semelhante aos homens e, sendo reconhecido como homem, humilhou-se, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz" (FP 2:7-8). 3. ª TENTAÇÃO - Esta é a experimentação que as criaturas encarnadas (presas à personalidade, crucificadas no quaternário inferior) têm maior dificuldade em superar. Não é mais no duplo etérico, com as sensações; nem no astral, com as emoções, mas no mais terrível de todos os adversários, maior que os prazeres (sensações), maior que a vaidade (emoções): trata-se do INTELECTO, isto é, do ORGULHO de julgar-se melhor que os "outros". Daí parte a oposição máxima, não mais no mesmo plano, de "ser diferente", mas num plano "acima", de ser superior. Todas as criaturas se julgam ACIMA DOS OUTROS. Pode tratar-se de um ignorante: há um ponto em que "não cede", há sempre um aspecto em que "ninguém o iguala". Por ínfima que seja a criatura, embora reconhecendo a superioridade de outrem num ou noutro pormenor, descobre sempre algo em que ninguém lhe é superior.


Daí a crítica e o julgamento que sempre todos nos acreditamos autorizados a fazer.


E a ambição orgulhosa do mando ataca a todos, ao lado da ambição de posses materiais (riquezas) que lhes dê prestígio e superioridade no mundo material, para garantir-lhe a força da superioridade.


Todos querem ter mais e melhor do que o vizinho. Se o não conseguirem, não importa: são "mais educados", "mais generosos", "mais inteligentes", "mais fortes", "mais saudáveis", ou "gozam de amizades mais ilustres", qualquer coisa se arrumará, pela qual eles "não se trocam" pelo fulano...


Comum é que o chefe religioso venha a ambicionar logo a seguir o domínio político, para ampliar sua ascendência sobre as massas e fazer crescer sua autoridade "carismática", outorgada por Deus. Os meios para conseguí-lo não lhe ferem o escrúpulo. E uma vez guindados ao poder, não mais desejam apear. Nem sempre isso ocorrerá visando a uma nação: pode ser apenas pequeno grupo e até uma família reduzida. Isso explica o desgosto dos pais ao verem seus filhos crescerem e se independizarem.


Daí a rebeldia dos filhos, em certa idade, sentindo também a "tentação" do mando, pretendendo derrubar os pais do pedestal em que se encontram.


Provenientes desse "messianismo" do poder, os ditadores, da direita, da esquerda ou do centro cercearem a liberdade dos súditos, certos de que só eles, e os que os aplaudem, são "iluminados", têm sabedoria e compreensão, constituindo "os outros" um rebanho sem espírito. Desconhecem que cada criatura tem Deus dentro de si: para eles, Deus está só com eles, porque eles são os "protegidos", colocados "pela Divindade" acima de todos os mortais.


Não estamos falando de "alguns" homens, mas de TODAS AS CRIATURAS HUMANAS. Sem exceção, somos todos experimentados nesse setor.


Para superar essa "tentação" há um só remédio: o auto-sacrificio, não mais adorando a personalidade (satanás), mas unicamente cultuando a Deus que está DENTRO DE NÓS, como também DENTRO DE TODAS AS CRIATURAS: moços e velhos, homens maduros e crianças, mulheres e homens, brancos.


e negros, ignorantes e sábios, santos e criminosos.


Quando compreendermos e "sentirmos" isso, sacrificaremos nosso personalismo, e ligaremos nosso" espírito " ao EU REAL. Colocaremos a personalidade em seu lugar, submetendo-a, como o fez Jesus: " rende-te, satanás", submete-te à individualidade!


Prestar culto à personalidade (satanás) é IDOLATRIA, e praticara idolatria é, seguindo as Escrituras, pecar por adultério contra Deus. O Espirito tem que estar ligado ao EU REAL e não à personalidade; se ele se afasta do primeiro para ligar-se ao segundo, está cometendo adultério, está separando o que Deus uniu ("O que Deus uniu o homem não separe", MT 19:6 e Mc. 10:9).


Só o sacrifício, com a submissão do "eu" menor, é que pode conferir a vitória sobre o orgulho da personalidade, que desejaria dominar e submeter a si a individualidade, pedindo: "adore-me!"

Quando, porém, o homem vence as três etapas, dominando as sensações, as emoções e o intelecto, ele vê que os anjos de Deus vêm servi-lo, e o "eu menor" (satanás o antagonista), se retira vencido, até o" momento oportuno", porque outras provas ainda virão, todas elas ensinadas nos Evangelhos.


mc 1:13
Sabedoria do Evangelho - Volume 4

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 13
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 16:24-28


24. Jesus disse então o seus discípulos: "Se alguém quer vir após mim, neguese a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


25. Porque aquele que quiser preservar sua alma. a perderá; e quem perder sua alma por minha causa, a achará.


26. Pois que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Ou que dará o homem em troca de sua alma?


27. Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com seus mensageiros, e então retribuirá a cada um segundo seu comportamento.


28. Em verdade vos digo, que alguns dos aqui presentes absolutamente experimentarão a morte até que o Filho do Homem venha em seu reino. MC 8:34-38 e MC 9:1


34. E chamando a si a multidão, junto com seus discípulos disse-lhes: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


35. Porque quem quiser preservar sua alma, a perderá; e quem perder sua alma por amor de mim e da Boa-Nova, a preservará.


36. Pois que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?


37. E que daria um homem em troca de sua alma?


38. Porque se alguém nesta geração adúltera e errada se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, também dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na glória de seu Pai com seus santos mensageiros". 9:1 E disse-lhes: "Em verdade em verdade vos digo que há alguns dos aqui presentes, os quais absolutamente experimentarão a morte, até que vejam o reino de Deus já chegado em força".


LC 9:23-27


23. Dizia, então, a todos: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me.


24. Pois quem quiser preservar sua alma, a perderá; mas quem perder sua alma por amor de mim, esse a preservará.


25. De fato, que aproveita a um homem se ganhar o mundo inteiro, mas arruinar-se ou causar dano a si mesmo?


26. Porque aquele que se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória, na do Pai e na dos santos mensageiros.


27. Mas eu vos digo verdadeiramente, há alguns dos aqui presentes que não experimentarão a morte até que tenham visto o reino de Deus.


Depois do episódio narrado no último capítulo, novamente Jesus apresenta uma lição teórica, embora bem mais curta que as do Evangelho de João.


Segundo Mateus, a conversa foi mantida com Seus discípulos. Marcos, entretanto, revela que Jesu "chamou a multidão" para ouvi-la, como que salientando que a aula era "para todos"; palavras, aliás, textuais em Lucas.


Achava-se a comitiva no território não-israelita ("pagão") de Cesareia de Filipe, e certamente os moradores locais haviam observado aqueles homens e mulheres que perambulavam em grupo homogêneo.


Natural que ficassem curiosos, a "espiar" por perto. A esses, Jesus convida que se aproximem para ouvir os ensinamentos e as exigências impostas a todos os que ambicionavam o DISCIPULATO, o grau mais elevado dos três citados pelo Mestre: justos (bons), profetas (médiuns) e discípulos (ver vol. 3).


As exigências são apenas três, bem distintas entre si, e citadas em sequência gradativa da menor à maior. Observamos que nenhuma delas se prende a saber, nem a dizer, nem a crer, nem a fazer, mas todas se baseiam em SER. O que vale é a evolução interna, sem necessidade de exteriorizações, nem de confissões, nem de ritos.


No entanto, é bem frisada a vontade livre: "se alguém quiser"; ninguém é obrigado; a espontaneidade deve ser absoluta, sem qualquer coação física nem moral. Analisemos.


Vimos, no episódio anterior, o Mestre ordenar a Pedro que "se colocasse atrás Dele". Agora esclarece: " se alguém QUER ser SEU discípulo, siga atrás Dele". E se tem vontade firme e inabalável, se o QUER, realize estas três condições:

1. ª - negue-se a si mesmo (Lc. arnésasthô; Mat. e Mr. aparnésasthô eautón).


2. ª - tome (carregue) sua cruz (Lc. "cada dia": arátô tòn stáurou autoú kath"hêméran);

3. ª - e siga-me (akoloutheítô moi).


Se excetuarmos a negação de si mesmo, já ouvíramos essas palavras em MT 10:38 (vol. 3).


O verbo "negar-se" ou "renunciar-se" (aparnéomai) é empregado por Isaías (Isaías 31:7) para descrever o gesto dos israelitas infiéis que, esclarecidos pela derrota dos assírios, rejeitaram ou negaram ou renunciaram a seus ídolos. E essa é a atitude pedida pelo Mestre aos que QUEREM ser Seus discípulos: rejeitar o ídolo de carne que é o próprio corpo físico, com sua sequela de sensações, emoções e intelectualismo, o que tudo constitui a personagem transitória a pervagar alguns segundos na crosta do planeta.


Quanto ao "carregar a própria cruz", já vimos (vol. 3), o que significava. E os habitantes da Palestina deviam estar habituados a assistir à cena degradante que se vinha repetindo desde o domínio romano, com muita frequência. Para só nos reportarmos a Flávio Josefo, ele cita-nos quatro casos em que as crucificações foram em massa: Varus que fez crucificar 2. 000 judeus, por ocasião da morte, em 4 A. C., de Herodes o Grande (Ant. Jud. 17. 10-4-10); Quadratus, que mandou crucificar todos os judeus que se haviam rebelado (48-52 A. D.) e que tinham sido aprisionados por Cumarus (Bell. Jud. 2. 12. 6); em 66 A. D. até personagens ilustres foram crucificadas por Gessius Florus (Bell. Jud. 2. 14. 9); e Tito que, no assédio de Jerusalém, fez crucificar todos os prisioneiros, tantos que não havia mais nem madeira para as cruzes, nem lugar para plantá-las (Bell. Jud. 5. 11. 1). Por aí se calcula quantos milhares de crucificações foram feitas antes; e o espetáculo do condenado que carregava às costas o instrumento do próprio suplício era corriqueiro. Não se tratava, portanto, de uma comparação vazia de sentido, embora constituindo uma metáfora. E que o era, Lucas encarrega-se de esclarecê-lo, ao acrescentar "carregue cada dia a própria cruz". Vemos a exigência da estrada de sacrifícios heroicamente suportados na luta do dia a dia, contra os próprios pendores ruins e vícios.


A terceira condição, "segui-Lo", revela-nos a chave final ao discipulato de tal Mestre, que não alicia discípulos prometendo-lhes facilidades nem privilégios: ao contrário. Não basta estudar-Lhe a doutrina, aprofundar-Lhe a teologia, decorar-Lhe as palavras, pregar-Lhe os ensinamentos: é mister SEGUILO, acompanhando-O passo a passo, colocando os pés nas pegadas sangrentas que o Rabi foi deixando ao caminhar pelas ásperas veredas de Sua peregrinação terrena. Ele é nosso exemplo e também nosso modelo vivo, para ser seguido até o topo do calvário.


Aqui chegamos a compreender a significação plena da frase dirigida a Pedro: "ainda és meu adversário (porque caminhas na direção oposta a mim, e tentas impedir-me a senda dolorosa e sacrificial): vai para trás de mim e segue-me; se queres ser meu discípulo, terás que renunciar a ti mesmo (não mais pensando nas coisas humanas); que carregar também tua cruz sem que me percas de vista na dura, laboriosa e dorida ascensão ao Reino". Mas isto, "se o QUERES" ... Valerá a pena trilhar esse áspero caminho cheio de pedras e espinheiros?


O versículo seguinte (repetição, com pequena variante de MT 10:39; cfr. vol. 3) responde a essa pergunta.


As palavras dessa lição são praticamente idênticas nos três sinópticos, demonstrando a impress ão que devem ter causado nos discípulos.


Sim, porque quem quiser preservar sua alma (hós eán thélei tên psychên autòn sõsai) a perderá (apolêsei autên). Ainda aqui encontramos o verbo sôzô, cuja tradução "salvar" (veja vol. 3) dá margem a tanta ambiguidade atualmente. Neste passo, a palavra portuguesa "preservar" (conservar, resguardar) corresponde melhor ao sentido do contexto. O verbo apolesô "perder", só poderia ser dado também com a sinonímia de "arruinar" ou "degradar" (no sentido etimológico de "diminuir o grau").


E o inverso é salientado: "mas quem a perder "hós d"án apolésêi tên psychên autoú), por minha causa (héneken emoú) - e Marcos acrescenta "e da Boa Nova" (kaì toú euaggelíou) - esse a preservará (sósei autén, em Marcos e Lucas) ou a achará (heurêsei autén, em Mateus).


A seguir pergunta, como que explicando a antinomia verbal anterior: "que utilidade terá o homem se lucrar todo o mundo físico (kósmos), mas perder - isto é, não evoluir - sua alma? E qual o tesouro da Terra que poderia ser oferecido em troca (antállagma) da evolução espiritual da criatura? Não há dinheiro nem ouro que consiga fazer um mestre, riem que possa dar-se em troca de uma iniciação real.


Bens espirituais não podem ser comprados nem "trocados" por quantias materiais. A matemática possui o axioma válido também aqui: quantidades heterogêneas não podem somar-se.


O versículo seguinte apresenta variantes.


MATEUS traz a afirmação de que o Filho do Homem virá com a glória de seu Pai, em companhia de Seus Mensageiros (anjos), para retribuir a cada um segundo seus atos. Traduzimos aqui dóxa por "glória" (veja vol. 1 e vol. 3), porque é o melhor sentido dentro do contexto. E entendemos essa glória como sinônimo perfeito da "sintonia vibratória" ou a frequência da tônica do Pai (Verbo, Som). A atribui ção a cada um segundo "seus atos" (tên práxin autoú) ou talvez, bem melhor, de acordo com seu comportamento, com a "prática" da vida diária. Não são realmente os atos, sobretudo isolados (mesmo os heroicos) que atestarão a Evolução de uma criatura, mas seu comportamento constante e diuturno.


MARCOS diz que se alguém, desta geração "adúltera", isto é, que se tornou "infiel" a Deus, traindo-O por amar mais a matéria que o espírito, e "errada" na compreensão das grandes verdades, "se envergonhar" (ou seja "desafinar", não-sintonizar), também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier com a glória do Pai, em companhia de Seus mensageiros (anjos).


LUCAS repete as palavras de Marcos (menos a referência à Boa Nova), salientando, porém, que o Filho do Homem virá com Sua própria glória, com a glória do Pai, e com a glória dos santos mensageiros (anjos).


E finalmente o último versículo, em que só Mateus difere dos outros dois, os quais, no entanto, nos parecem mais conformes às palavras originais.


Afirma o Mestre "alguns dos aqui presentes" (eisin tines tõn hõde hestótõn), os quais não experimentar ão (literalmente: "não saborearão, ou mê geúsôntai) a morte, até que vejam o reino de Deus chegar com poder. Mateus em vez de "o reino de Deus", diz "o Filho do Homem", o que deu margem à expectativa da parusia (ver vol. 3), ainda para os indivíduos daquela geração.


Entretanto, não se trata aqui, de modo algum, de uma parusia escatológica (Paulo avisa aos tessalonicenses que não o aguardem "como se já estivesse perto"; cfr. 1. ª Tess. 2: lss), mas da descoberta e conquista do "reino de Deus DENTRO de cada um" (cfr. LC 17:21), prometido para alguns "dos ali presentes" para essa mesma encarnação.


A má interpretação provocou confusões. Os gnósticos (como Teodósio), João Crisóstomo, Teofilacto e outros - e modernamente o cardeal Billot, S. J. (cfr. "La Parousie", pág. 187), interpretam a "vinda na glória do Filho do Homem" como um prenúncio da Transfiguração; Cajetan diz ser a Ressurreição;


Godet acha que foi Pentecostes; todavia, os próprios discípulos de Jesus, contemporâneos dos fatos, não interpretaram assim, já que após a tudo terem assistido, inclusive ao Pentecostes, continuaram esperando, para aqueles próximos anos, essa vinda espetacular. Outros recuaram mais um pouco no tempo, e viram essa "vinda gloriosa" na destruição de Jerusalém, como "vingança" do Filho do Homem; isso, porém, desdiz o perdão que Ele mesmo pedira ao Pai pela ignorância de Seus algozes (D. Calmet, Knabenbauer, Schanz, Fillion, Prat, Huby, Lagrange); e outros a interpretaram como sendo a difusão do cristianismo entre os pagãos (Gregório Magno, Beda, Jansênio, Lamy).


Penetremos mais a fundo o sentido.


Na vida literária e artística, em geral, distinguimos nitidamente o "aluno" do "discípulo". Aluno é quem aprende com um professor; discípulo é quem segue a trilha antes perlustrada por um mestre. Só denominamos "discípulo" aquele que reproduz em suas obras a técnica, a "escola", o estilo, a interpretação, a vivência do mestre. Aristóteles foi aluno de Platão, mas não seu discípulo. Mas Platão, além de ter sido aluno de Sócrates, foi também seu discípulo. Essa distinção já era feita por Jesus há vinte séculos; ser Seu discípulo é segui-Lo, e não apenas "aprender" Suas lições.


Aqui podemos desdobrar os requisitos em quatro, para melhor explicação.


Primeiro: é necessário QUERER. Sem que o livre-arbítrio espontaneamente escolha e decida, não pode haver discipulato. Daí a importância que assume, no progresso espiritual, o aprendizado e o estudo, que não podem limitar-se a ouvir rápidas palavras, mas precisam ser sérios, contínuos e profundos.


Pois, na realidade, embora seja a intuição que ilumina o intelecto, se este não estiver preparado por meio do conhecimento e da compreensão, não poderá esclarecer a vontade, para que esta escolha e resolva pró ou contra.


O segundo é NEGAR-SE a si mesmo. Hoje, com a distinção que conhecemos entre o Espírito (individualidade) e a personagem terrena transitória (personalidade), a frase mais compreensível será: "negar a personagem", ou seja, renunciar aos desejos terrenos, conforme ensinou Sidarta Gotama, o Buddha.


Cientificamente poderíamos dizer: superar ou abafar a consciência atual, para deixar que prevaleça a super-consciência.


Essa linguagem, entretanto, seria incompreensível àquela época. Todavia, as palavras proferidas pelo Mestre são de meridiana clareza: "renunciar a si mesmo". Observando-se que, pelo atraso da humanidade, se acredita que o verdadeiro eu é a personagem, e que a consciência atual é a única, negar essa personagem e essa consciência exprime, no fundo, negar-se "a si mesmo". Diz, portanto, o Mestre: " esse eu, que vocês julgam ser o verdadeiro eu, precisa ser negado". Nada mais esclarece, já que não teria sido entendido pela humanidade de então. No entanto, aqueles que seguissem fielmente Sua lição, negando seu eu pequeno e transitório, descobririam, por si mesmos, automaticamente, em pouco tempo, o outro Eu, o verdadeiro, coisa que de fato ocorreu com muitos cristãos.


Talvez no início possa parecer, ao experimentado: desavisado, que esse Eu verdadeiro seja algo "externo".


Mas quando, por meio da evolução, for atingido o "Encontro Místico", e o Cristo Interno assumir a supremacia e o comando, ele verificará que esse Divino Amigo não é um TU desconhecido, mas antes constitui o EU REAL. Além disso, o Mestre não se satisfez com a explanação teórica verbal: exemplificou, negando o eu personalístico de "Jesus", até deixá-lo ser perseguido, preso, caluniado, torturado e assassinado. Que Lhe importava o eu pequeno? O Cristo era o verdadeiro Eu Profundo de Jesus (como de todos nós) e o Cristo, com a renúncia e negação do eu de Jesus, pode expandir-se e assumir totalmente o comando da personagem humana de Jesus, sendo, às vezes, difícil distinguir quando falava e agia "Jesus" e quando agia e falava "o Cristo". Por isso em vez de Jesus, temos nele O CRISTO, e a história o reconhece como "Jesus", O CRISTO", considerando-o como homem (Jesus) e Deus (Cristo).


Essa anulação do eu pequeno fez que a própria personagem fosse glorificada pela humildade, e o nome humano negado totalmente se elevasse acima de tudo, de tal forma que "ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na Terra e debaixo da terra" (Filp. 2:10).


Tudo isso provocou intermináveis discussões durante séculos, por parte dos que não conseguiram penetrar a realidade dos acontecimentos, caracterizados, então, de "mistério": são duas naturezas ou uma? Como se realizou a união hipostática? Teria a Divindade absorvido a humanidade?


Por que será que uma coisa tão clara terá ficado incompreendida por tantos luminares que trataram deste assunto? O Eu Profundo de todas as criaturas é o Deus Interno, que se manifestará em cada um exatamente na proporção em que este renunciar ao eu pequeno (personagem), para deixar campo livre à expressão do Cristo Interno Divino. Todos somos deuses (cfr. Salmo 81:6 e JO 10:34) se negarmos totalmente nosso eu pequeno (personagem humana), deixando livre expansão à manifestação do Cristo que em todos habita. Isso fez Jesus. Se a negação for absoluta e completa, poderemos dizer com Paulo que, nessa criatura, "habita a plenitude da Divindade" (CL 2:9). E a todos os que o fizerem, ser-lhes-á exaltado o nome acima de toda criação" (cfr. Filp. 2:5-11).


Quando isto tiver sido conseguido, a criatura "tomará sua cruz cada dia" (cada vez que ela se apresentar) e a sustentará galhardamente - quase diríamos triunfalmente - pois não mais será ela fonte de abatimentos e desânimos, mas constituirá o sofrimento-por-amor, a dor-alegria, já que é a "porta estreita" (MT 7:14) que conduzirá à felicidade total e infindável (cfr. Pietro Ubaldi, "Grande Síntese, cap. 81).


No entanto, dado o estágio atual da humanidade, a cruz que temos que carregar ainda é uma preparação para o "negar-se". São as dores físicas, as incompreensões morais, as torturas do resgate de carmas negativos mais ou menos pesados, em vista do emaranhado de situações aflitivas, das "montanhas" de dificuldades que se erguem, atravancando nossos caminhos, do sem-número de moléstias e percalços, do cortejo de calúnias e martírios inomináveis e inenarráveis.


Tudo terá que ser suportado - em qualquer plano - sem malsinar a sorte, sem desesperos, sem angústias, sem desfalecimentos nem revoltas, mas com aceitação plena e resignação ativa, e até com alegria no coração, com a mais sólida, viva e inabalável confiança no Cristo-que-é-nosso-Eu, no Deus-

Imanente, na Força-Universal-Inteligente e Boa, que nos vivifica e prepara, de dentro de nosso âmago mais profundo, a nossa ascensão real, até atingirmos TODOS, a "plena evolução crística" (EF 4:13).


A quarta condição do discipulato é também clara, não permitindo ambiguidade: SEGUI-LO. Observese a palavra escolhida com precisão. Poderia ter sido dito "imitá-Lo". Seria muito mais fraco. A imitação pode ser apenas parcial ou, pior ainda, ser simples macaqueação externa (usar cabelos compridos, barbas respeitáveis, vestes talares, gestos estudados), sem nenhuma ressonância interna.


Não. Não é imitá-Lo apenas, é SEGUI-LO. Segui-Lo passo a passo pela estrada evolutiva até atingir a meta final, o ápice, tal como Ele o FEZ: sem recuos, sem paradas, sem demoras pelo caminho, sem descanso, sem distrações, sem concessões, mas marchando direto ao alvo.


SEGUI-LO no AMOR, na DEDICAÇÃO, no SERVIÇO, no AUTO-SACRIFÍCIO, na HUMILDADE, na RENÚNCIA, para que de nós se possa afirmar como Dele foi feito: "fez bem todas as coisas" (MC 7. 37) e: "passou pela Terra fazendo o bem e curando" (AT 10:38).


Como Mestre de boa didática, não apresenta exigências sem dar as razões. Os versículos seguintes satisfazem a essa condição.


Aqui, como sempre, são empregados os termos filosóficos com absoluta precisão vocabular (elegantia), não deixando margem a qualquer dúvida. A palavra usada é psychê, e não pneuma; é alma e nã "espírito" (em adendo a este capítulo daremos a "constituição do homem" segundo o Novo Testamento).


A alma (psychê) é a personagem humana em seu conjunto de intelecto-emoções, excluído o corpo denso e as sensações do duplo etérico. Daí a definição da resposta 134 do "Livro dos Espíritos": "alma é o espírito encarnado", isto é, a personagem humana que habita no corpo denso.

Aí está, pois, a chave para a interpretação do "negue-se a si mesmo": esse eu, a alma, é a personagem que precisa ser negada, porque, quem não quiser fazê-lo, quem pretender preservar esse eu, essa alma, vai acabar perdendo-a, já que, ao desencarnar, estará com "as mãos vazias". Mas aquele que por causa do Cristo Interno - renunciar e perder essa personagem transitória, esse a encontrará melhorada (Mateus), esse a preservará da ruína (Marcos e Lucas).


E prossegue: que adiantará acumular todas as riquezas materiais do mundo, se a personalidade vai cair no vazio? Nada de material pode ser-lhe comparado. No entanto, se for negada, será exaltada sobre todas as coisas (cfr. o texto acima citado, Filp. 2:5-11).


Todas e qualquer evolução do Espírito é feita exclusivamente durante seu mergulho na carne (veja atrás). Só através das personagens humanas haverá ascensão espiritual, por meio do "ajustamento sintônico". Então, necessidade absoluta de consegui-lo, não "se envergonhando", isto é, não desafinando da tônica do Pai (Som) que tudo cria, governa e mantém. Enfrentar o mundo sem receio, sem" respeitos humanos", e saber recusá-lo também, para poder obter o Encontro Místico com o Cristo Interno. Se a criatura "se envergonha" e se retrai, (não sintoniza) não é possível conseguir o Contato Divino, e o Filho do Homem também a evitará ("se envergonhará" dessa criatura). Só poderá haver a" descida da graça" ou a unificação com o Cristo, "na glória (tônica) do Pai (Som-Verbo), na glória (tônica) do próprio Cristo (Eu Interno), na glória de todos os santos mensageiros", se houver a coragem inquebrantável de romper com tudo o que é material e terreno, apagando as sensações, liquidando as emoções, calando o intelecto, suplantando o próprio "espírito" encarnado, isto é, PERDENDO SUA ALMA: só então "a achará", unificada que estará com o Cristo, Nele mergulhada (batismo), "como a gota no oceano" (Bahá"u"lláh). Realmente, a gota se perde no oceano mas, inegavelmente, ao deixar de ser gota microscópica, ela se infinitiva e se eterniza tornando-se oceano...

Em Mateus é-nos dado outro aviso: ao entrar em contato com a criatura, esta "receberá de acordo com seu comportamento" (pláxin). De modo geral lemos nas traduções correntes "de acordo com suas obras". Mas isso daria muito fortemente a ideia de que o importante seria o que o homem FAZ, quando, na realidade, o que importa é o que o homem É: e a palavra comportamento exprime-o melhor que obras; ora, a palavra do original práxis tem um e outro sentido.


Evidentemente, cada ser só poderá receber de acordo com sua capacidade, embora todos devam ser cheios, replenos, com "medida sacudida e recalcada" (cfr. Lc. 5:38).


Mas há diferença de capacidade entre o cálice, o copo, a garrafa, o litro, o barril, o tonel... De acordo com a própria capacidade, com o nível evolutivo, com o comportamento de cada um, ser-lhe-á dado em abundância, além de toda medida. Figuremos uma corrente imensa, que jorra permanentemente luz e força, energia e calor. O convite é-nos feito para aproximar-nos e recolher quanto quisermos.


Acontece, porém, que cada um só recolherá conforme o tamanho do vasilhame que levar consigo.


Assim o Cristo Imanente e o Verbo Criador e Conservador SE DERRAMAM infinitamente. Mas nós, criaturas finitas, só recolheremos segundo nosso comportamento, segundo a medida de nossa capacidade.


Não há fórmulas mágicas, não há segredos iniciáticos, não peregrinações nem bênçãos de "mestres", não há sacramentos nem sacramentais, que adiantem neste terreno. Poderão, quando muito, servir como incentivo, como animação a progredir, mas por si, nada resolvem, já que não agem ex ópere operantis nem ex opere operatus, mas sim ex opere recipientis: a quantidade de recebimento estará de acordo com a capacidade de quem recebe, não com a grandeza de quem dá, nem com o ato de doação.


E pode obter-se o cálculo de capacidade de cada um, isto é, o degrau evolutivo em que se encontra no discipulato de Cristo, segundo as várias estimativas das condições exigidas:

a) - pela profundidade e sinceridade na renúncia ao eu personalístico, quando tudo é feito sem cogitar de firmar o próprio nome, sem atribuir qualquer êxito ao próprio merecimento (não com palavras, mas interiormente), colaborando com todos os "concorrentes", que estejam em idêntica senda evolutiva, embora nos contrariem as ideias pessoais, mas desde que sigam os ensinos de Cristo;


b) - pela resignação sem queixas, numa aceitação ativa, de todas as cruzes, que exprimam atos e palavras contra nós, maledicências e calúnias, sem respostas nem defesas, nem claras nem veladas (já nem queremos acenar à contra-ataques e vinganças).


c) - pelo acompanhar silencioso dos passos espirituais no caminho do auto-sacrifício por amor aos outros, pela dedicação integral e sem condições; no caminho da humildade real, sem convencimentos nem exterioridades; no caminho do serviço, sem exigências nem distinções; no caminho do amor, sem preferências nem limitações. O grau dessas qualidades, todas juntas, dará uma ideia do grau evolutivo da criatura.


Assim entendemos essas condições: ou tudo, à perfeição; ou pouco a pouco, conquistando uma de cada vez. Mas parado, ninguém ficará. Se não quiser ir espontaneamente, a dor o aguilhoará, empurrandoo para a frente de qualquer forma.


No entanto, uma promessa relativa à possibilidade desse caminho é feita claramente: "alguns dos que aqui estão presentes não experimentarão a morte até conseguirem isso". A promessa tanto vale para aquelas personagens de lá, naquela vida física, quanto para os Espíritos ali presentes, garantindo-selhes que não sofreriam queda espiritual (morte), mas que ascenderiam em linha reta, até atingir a meta final: o Encontro Sublime, na União mística absoluta e total.


Interessante a anotação de Marcos quando acrescenta: O "reino de Deus chegado em poder". Durante séculos se pensou no poder externo, a espetacularidade. Mas a palavra "en dynámei" expressa muito mais a força interna, o "dinamismo" do Espírito, a potencialidade crística a dinamizar a criatura em todos os planos.


O HOMEM NO NOVO TESTAMENTO


O Novo Testamento estabelece, com bastante clareza, a constituição DO HOMEM, dividindo o ser encarnado em seus vários planos vibratórios, concordando com toda a tradição iniciática da Índia e Tibet, da China, da Caldeia e Pérsia, do Egito e da Grécia. Embora não encontremos o assunto didaticamente esquematizado em seus elementos, o sentido filosófico transparece nítido dos vários termos e expressões empregados, ao serem nomeadas as partes constituintes do ser humano, ou seja, os vários níveis em que pode tornar-se consciente.


Algumas das palavras são acolhidas do vocabulário filosófico grego (ainda que, por vezes, com pequenas variações de sentido); outras são trazidas da tradição rabínica e talmúdica, do centro iniciático que era a Palestina, e que já entrevemos usadas no Antigo Testamento, sobretudo em suas obras mais recentes.


A CONCEPÇÃO DA DIVINDADE


Já vimos (vol, 1 e vol. 3 e seguintes), que DEUS, (ho théos) é apresentado, no Novo Testamento, como o ESPÍRITO SANTO (tò pneuma tò hágion), o qual se manifesta através do Pai (patêr) ou Lógos (Som Criador, Verbo), e do Filho Unigênito (ho hyiós monogenês), que é o Cristo Cósmico.


DEUS NO HOMEM


Antes de entrar na descrição da concepção do homem, no Novo Testamento, gostaríamos de deixar tem claro nosso pensamento a respeito da LOCALIZAÇÃO da Centelha Divina ou Mônada NO CORA ÇÃO, expressão que usaremos com frequência.


A Centelha (Partícula ou Mônada) é CONSIDERADA por nós como tal; mas, na realidade, ela não se separa do TODO (cfr. vol. 1); logo, ESTÁ NO TODO, e portanto É O TODO (cfr. JO 1:1).


O "TODO" está TODO em TODAS AS COISAS e em cada átomo de cada coisa (cfr. Agostinho, De Trin. 6, 6 e Tomás de Aquino, Summa Theologica, I, q. 8, art. 2, ad 3um; veja vol. 3, pág. 145).


Entretanto, os seres e as coisas acham-se limitados pela forma, pelo espaço, pelo tempo e pela massa; e por isso afirmamos que em cada ser há uma "centelha" ou "partícula" do TODO. No entanto, sendo o TODO infinito, não tem extensão; sendo eterno, é atemporal; sendo indivisível, não tem dimensão; sendo O ESPÍRITO, não tem volume; então, consequentemente, não pode repartir-se em centelhas nem em partículas, mas é, concomitantemente, TUDO EM TODAS AS COISAS (cfr. l. ª Cor. 12:6).


Concluindo: quando falamos em "Centelha Divina" e quando afirmamos que ela está localizada no coração, estamos usando expressões didáticas, para melhor compreensão do pensamento, dificílimo (quase impossível) de traduzir-se em palavras.


De fato, porém, a Divindade está TODA em cada célula do corpo, como em cada um dos átomos de todos os planos espirituais, astrais, físicos ou quaisquer outros que existam. Em nossos corpos físicos e astral, o coração é o órgão preparado para servir de ponto de contato com as vibrações divinas, através, no físico, do nó de Kait-Flake e His; então, didaticamente, dizemos que "o coração é a sede da Centelha Divina".


A CONCEPÇÃO DO HOMEM


O ser humano (ánthrôpos) é considerado como integrado por dois planos principais: a INDIVIDUALIDADE (pneuma) e a PERSONAGEM ou PERSONALIDADE; esta subdivide-se em dois: ALMA (psychê) e CORPO (sôma).


Mas, à semelhança da Divindade (cfr. GN 1:27), o Espírito humano (individualidade ou pneuma) possui tríplice manifestação: l. ª - a CENTELHA DIVINA, ou Cristo, partícula do pneuma hágion; essa centelha que é a fonte de todo o Espirito, está localizada e representada quase sempre por kardia (coração), a parte mais íntima e invisível, o âmago, o Eu Interno e Profundo, centro vital do homem;


2. ª - a MENTE ESPIRITUAL, parte integrante e inseparável da própria Centelha Divina. A Mente, em sua função criadora, é expressa por noús, e está também sediada no coração, sendo a emissora de pensamentos e intuições: a voz silenciosa da super-consciência;


3. ª - O ESPÍRITO, ou "individualização do Pensamento Universal". O "Espírito" propriamente dito, o pneuma, surge "simples e ignorante" (sem saber), e percorre toda a gama evolutiva através dos milênios, desde os mais remotos planos no Antissistema, até os mais elevados píncaros do Sistema (Pietro Ubaldi); no entanto, só recebe a designação de pneuma (Espírito) quando atinge o estágio hominal.


Esses três aspectos constituem, englobamente, na "Grande Síntese" de Pietro Ubaldi, o "ALPHA", o" espírito".


Realmente verificamos que, de acordo com GN 1:27, há correspondência perfeita nessa tríplice manifesta ção do homem com a de Deus: A - ao pneuma hágion (Espírito Santo) correspondente a invisível Centelha, habitante de kardía (coração), ponto de partida da existência;


B - ao patêr (Pai Criador, Verbo, Som Incriado), que é a Mente Divina, corresponde noús (a mente espiritual) que gera os pensamentos e cria a individualização de um ser;


C - Ao Filho Unigênito (Cristo Cósmico) corresponde o Espírito humano, ou Espírito Individualizado, filho da Partícula divina, (a qual constitui a essência ou EU PROFUNDO do homem); a individualidade é o EU que percorre toda a escala evolutiva, um Eu permanente através de todas as encarnações, que possui um NOME "escrito no livro da Vida", e que terminará UNIFICANDO-SE com o EU PROFUNDO ou Centelha Divina, novamente mergulhando no TODO. (Não cabe, aqui, discutir se nessa unificação esse EU perde a individualidade ou a conserva: isso é coisa que está tão infinitamente distante de nós no futuro, que se torna impossível perceber o que acontecerá).


No entanto, assim como Pneuma-Hágion, Patêr e Hyiós (Espírito-Santo, Pai e Filho) são apenas trê "aspectos" de UM SÓ SER INDIVISÍVEL, assim também Cristo-kardía, noús e pneuma (CristoSABEDORIA DO EVANGELHO coração, mente espiritual e Espírito) são somente três "aspectos" de UM SÓ SER INDIVÍVEL, de uma criatura humana.


ENCARNAÇÃO


Ao descer suas vibrações, a fim de poder apoiar-se na matéria, para novamente evoluir, o pneuma atinge primeiro o nível da energia (o BETA Ubaldiano), quando então a mente se "concretiza" no intelecto, se materializa no cérebro, se horizontaliza na personagem, começando sua "crucificação". Nesse ponto, o pneuma já passa a denominar-se psychê ou ALMA. Esta pode considerar-se sob dois aspectos primordiais: a diánoia (o intelecto) que é o "reflexo" da mente, e a psychê propriamente dita isto é, o CORPO ASTRAL, sede das emoções.


Num último passo em direção à matéria, na descida que lhe ajudará a posterior subida, atinge-se então o GAMA Ubaldiano, o estágio que o Novo Testamento designa com os vocábulos diábolos (adversário) e satanás (antagonista), que é o grande OPOSITOR do Espírito, porque é seu PÓLO NEGATIVO: a matéria, o Antissistema. Aí, na matéria, aparece o sôma (corpo), que também pode subdividir-se em: haima (sangue) que constitui o sistema vital ou duplo etérico e sárx (carne) que é a carapaça de células sólidas, último degrau da materialização do espírito.


COMPARAÇÃO


Vejamos se com um exemplo grosseiro nos faremos entender, não esquecendo que omnis comparatio claudicat.


Observemos o funcionamento do rádio. Há dois sistemas básicos: o transmissor (UM) e os receptores (milhares, separados uns dos outros).


Consideremos o transmissor sob três aspectos: A - a Força Potencial, capaz de transmitir;


B - a Antena Emissora, que produz as centelas;


C - a Onda Hertziana, produzida pelas centelhas.


Mal comparando, aí teríamos:

a) - o Espirito-Santo, Força e Luz dos Universos, o Potencial Infinito de Amor Concreto;


b) - o Pai, Verbo ou SOM, ação ativa de Amante, que produz a Vida


c) - o Filho, produto da ação (do Som), o Amado, ou seja, o Cristo Cósmico que permeia e impregna tudo.


Não esqueçamos que TUDO: atmosfera, matéria, seres e coisas, no raio de ação do transmissor, ficam permeados e impregnados em todos os seus átomos com as vibrações da onda hertziana, embora seja esta invisível e inaudível e insensível, com os sentidos desarmados; e que os três elementos (Força-
Antena e Onda) formam UM SÓ transmissor o Consideremos, agora, um receptor. Observaremos que a recepção é feita em três estágios:

a) - a captação da onda


b) - sua transformação


c) - sua exteriorização Na captação da onda, podemos distinguir - embora a operação seja uma só - os seguintes elementos: A - a onda hertziana, que permeia e impregna todos os átomos do aparelho receptor, mas que é captada realmente apenas pela antena;


B - o condensador variável, que estabelece a sintonia com a onda emitida pelo transmissor. Esses dois elementos constituem, de fato, C - o sistema RECEPTOR INDIVIDUAL de cada aparelho. Embora a onda hertziana seja UMA, emitida pelo transmissor, e impregne tudo (Cristo Cósmico), nós nos referimos a uma onda que entra no aparelho (Cristo Interno) e que, mesmo sendo perfeita; será recebida de acordo com a perfeição relativa da antena (coração) e do condensador variável (mente). Essa parte representaria, então, a individualidade, o EU PERFECTÍVEL (o Espírito).


Observemos, agora, o circuito interno do aparelho, sem entrar em pormenores, porque, como dissemos, a comparação é grosseira. Em linhas gerais vemos que a onda captada pelo sistema receptor propriamente dito, sofre modificações, quando passa pelo circuito retificador (que transforma a corrente alternada em contínua), e que representaria o intelecto que horizontaliza as ideias chegadas da mente), e o circuito amplificador, que aumenta a intensidade dos sinais (que seria o psiquismo ou emoções, próprias do corpo astral ou alma).


Uma vez assim modificada, a onda atinge, com suas vibrações, o alto-falante que vibra, reproduzindo os sinais que chegam do transmissor isto é, sentindo as pulsações da onda (seria o corpo vital ou duplo etérico, que nos dá as sensações); e finalmente a parte que dá sonoridade maior, ou seja, a caixa acústica ou móvel do aparelho (correspondente ao corpo físico de matéria densa).


Ora, quanto mais todos esses elementos forem perfeitos, tanto mais fiel e perfeito será a reprodução da onda original que penetrou no aparelho. E quanto menos perfeitos ou mais defeituosos os elementos, mais distorções sofrerá a onda, por vezes reproduzindo, em guinchos e roncos, uma melodia suave e delicada.


Cremos que, apesar de suas falhas naturais, esse exemplo dá a entender o funcionamento do homem, tal como conhecemos hoje, e tal como o vemos descrito em todas as doutrinas espiritualistas, inclusive

—veremos agora quiçá pela primeira vez - nos textos do Novo Testamento.


Antes das provas que traremos, o mais completas possível, vejamos um quadro sinóptico:
θεός DEUS
πνεϋµα άγιον Espírito Santo
λόγος Pai, Verbo, Som Criador
υίός - Χριστό CRISTO - Filho Unigênito
άνθρωπος HOMEM
иαρδία - Χριστ

ό CRISTO - coração (Centelha)


πνεϋµα νους mente individualidade
πνεϋµα Espírito
φυΧή διάγοια intelecto alma
φυΧή corpo astral personagem
σώµα αίµα sangue (Duplo) corpo
σάρ

ξ carne (Corpo)


A - O EMPREGO DAS PALAVRAS


Se apresentada pela primeira vez, como esta, uma teoria precisa ser amplamente documentada e comprovada, para que os estudiosos possam aprofundar o assunto, verificando sua realidade objetiva. Por isso, começaremos apresentando o emprego e a frequência dos termos supracitados, em todos os locais do Novo Testamento.


KARDÍA


Kardía expressa, desde Homero (Ilíada, 1. 225) até Platão (Timeu, 70 c) a sede das faculdades espirituais, da inteligência (ou mente) e dos sentimentos profundos e violentos (cfr. Ilíada, 21,441) podendo até, por vezes, confundir-se com as emoções (as quais, na realidade, são movimentos da psychê, e não propriamente de kardía). Jesus, porém, reiteradamente afirma que o coração é a fonte primeira em que nascem os pensamentos (diríamos a sede do Eu Profundo).


Com este último sentido, a palavra kardía aparece 112 vezes, sendo que uma vez (MT 12:40) em sentido figurado.


MT 5:8, MT 5:28; 6:21; 9:4; 11:29; 12:34 13-15(2x),19; 15:8,18,19; 18;35; 22;37; 24:48; MC 2:6, MC 2:8; 3:5;


4:15; 6;52; 7;6,19,21; 8:11; 11. 23; 12:30,33; LC 1:17, LC 1:51, LC 1:66; 2;19,35,51; 3:5; 5:22; 6:45; 8:12,15;


9:47; 10:27; 12:34; 16:15; 21:14,34; 24;25,32,38; JO 12:40(2x); 13:2; 14:1,27; 16:6,22 AT 2:26, AT 2:37, AT 2:46; AT 4:32; 5:3(2x); 7:23,39,51,54; 8;21,22; 11;23. 13:22; 14:17; 15:9; 16;14; 21:13; 28:27(2x);


RM 1:21, RM 1:24; 2:5,15,29; 5:5; 6:17; 8:27; 9:2; 10:1,6,8,9,10; 16:16; 1. ª Cor. 2:9; 4:5; 7:37; 14:25; 2. ª Cor. 1:22; 2:4; 3:2,3,15; 4:6; 5:12; 6:11; 7:3; 8:16; 9:7; GL 4:6; EF 1:18; EF 3:17; EF 4:18; EF 5:19; EF 6:5, EF 6:22;


Filp. 1:7; 4:7; CL 2:2; CL 3:15, CL 3:16, CL 3:22; CL 4:8; 1. ª Tess. 2:4,17; 3:13; 2. ª Tess. 2:17; 3:5; 1. ª Tim. 1:5; 2. ª Tim.


2:22; HB 3:8, HB 3:10, HB 3:12, HB 3:15; HB 4:7, HB 4:12; 8:10; 10:16,22; Tiago, 1:26; 3:14; 4:8; 5:5,8; 1. ª Pe. 1:22; 3:4,15; 2. ª Pe. 1:19; 2:15; 1; 1. ª JO 3;19,20(2x),21; AP 2:23; AP 17:17; AP 18:7.


NOÚS


Noús não é a "fonte", mas sim a faculdade de criar pensamentos, que é parte integrante e indivisível de kardía, onde tem sede. Já Anaxágoras (in Diógenes Laércio, livro 2. º, n. º 3) diz que noús (o Pensamento Universal Criador) é o "’princípio do movimento"; equipara, assim, noús a Lógos (Som, Palavra, Verbo): o primeiro impulsionador dos movimentos de rotação e translação da poeira cósmica, com isso dando origem aos átomos, os quais pelo sucessivo englobamento das unidades coletivas cada vez mais complexas, formaram os sistemas atômicos, moleculares e, daí subindo, os sistemas solares, gal áxicos, e os universos (cfr. vol. 3. º).


Noús é empregado 23 vezes com esse sentido: o produto de noús (mente) do pensamento (nóêma), usado 6 vezes (2. ª Cor. 2:11:3:14; 4:4; 10:5; 11:3; Filp. 4:7), e o verbo daí derivado, noeín, empregado

14 vezes (3), sendo que com absoluta clareza em João (João 12:40) quando escreve "compreender com o coração" (noêsôsin têi kardíai).


LC 24. 45; RM 1:28; RM 7:23, RM 7:25; 11:34; 12:2; 14. 5; l. ª Cor. 1. 10; 2:16:14:14,15,19; EF 4:17, EF 4:23; Filp.


4:7; CL 2:18; 2. ª Tess. 2. 2; 1. ª Tim. 6:5; 2. ª Tim. 3:8; TT 1:15;AP 13:18.


PNEUMA


Pneuma, o sopro ou Espírito, usado 354 vezes no N. T., toma diversos sentidos básicos: MT 15:17; MT 16:9, MT 16:11; 24:15; MC 7:18; MC 8:17; MC 13:14; JO 12:40; RM 1:20; EF 3:4, EF 3:20; 1. ª Tim. 1:7;


2. ª Tim. 2:7; HB 11:13

1. Pode tratar-se do ESPÍRITO, caracterizado como O SANTO, designando o Amor-Concreto, base e essência de tudo o que existe; seria o correspondente de Brahman, o Absoluto. Aparece com esse sentido, indiscutivelmente, 6 vezes (MT 12:31, MT 12:32; MC 3:29; LC 12:10; JO 4:24:1. ª Cor. 2:11).


Os outros aspectos de DEUS aparecem com as seguintes denominações:

a) - O PAI (ho patêr), quando exprime o segundo aspecto, de Criador, salientando-se a relação entre Deus e as criaturas, 223 vezes (1); mas, quando se trata do simples aspecto de Criador e Conservador da matéria, é usado 43 vezes (2) o vocábulo herdado da filosofia grega, ho lógos, ou seja, o Verbo, a Palavra que, ao proferir o Som Inaudível, movimenta a poeira cósmica, os átomos, as galáxias.


(1) MT 5:16, MT 5:45, MT 5:48; MT 6:1, MT 6:4, MT 6:6, MT 6:8,9,14,15,26,32; 7:11,21; 10:20,29,32,33; 11:25,27; 12:50; 13:43; 15:13; 16:17,27; 18:10,14,19,35; 20:23; 23:9; 24:36; 25:34:26:29,39,42,53; MC 8:25; MC 11:25, MC 11:32; MC 11:14:36; LC 2:49; LC 2:6:36;9:26;10:21,22;11:2,13;12:30,32;22:29,42;23:34,46;24:49;JO 1:14, JO 1:18; JO 1:2:16;3:35;4:21,23;5:1 7,18,19,20,21,22,23,26,36,37,43,45,46,27,32,37,40,44,45,46,57,65;8:18,19,27,28,38,41,42,49,54;10:1 5,17,18,19,25,29,30,32,35,38;11:41;12:26,27,28,49,50;13:1,3;14:2,6,7,8,9,10,11,13,16,20,21,24,26,28, 31,15:1,8,9,10,15,16,23,24,26;16:3,10,15,17,25,26,27,28,32;17:1,5,11,21,24,25; 18:11; 20:17,21;AT 1:4, AT 1:7; AT 1:2:33;Rom. 1:7;6:4;8:15;15:6;1. º Cor. 8:6; 13:2; 15:24; 2. º Cor. 1:2,3; 6:18; 11:31; Gól. 1:1,3,4; 4:6; EF 1:2, EF 1:3, EF 1:17; EF 2:18; EF 2:3:14; 4:6; 5:20; FP 1:2; FP 2:11; FP 4:20; CL 1:2, CL 1:3, CL 1:12:3:17; 1. 0 Teõs. 1:1,3; 3:11,13; 2° Tess. 1:1 2; : 2:16; 1. º Tim. 1:2; 2. º Tim. 1:2; TT 1:4; Flm. 3; HB 1:5; HB 12:9; Tiago 1:17, Tiago 1:27:3:9; 1° Pe. 1:2,3,17; 2. º Pe. 1:17, 1. º JO 1:2,3; 2:1,14,15,16, 22,23,24; 3:1; 4:14; 2. º JO 3,4,9; Jud. 9; AP 1:6; AP 2:28; AP 3:5, AP 3:21; 14:1. (2) MT 8:8; LC 7:7; JO 1:1, JO 1:14; 5:33; 8:31,37,43,51,52,55; 14:23,24; 15:20; 17:61417; 1. º Cor. 1:13; 2. º Cor. 5:19; GL 6:6; Filp. 2:6; Cor. 1:25; 3:16; 4:3; 1. º Tess. 1:6; 2. º Tess. 3:1; 2. º Tim. 2:9; Heb. : 12; 6:1; 7:28; 12:9; Tiago, 1:21,22,23; 1. ° Pe. 1:23; 2. º Pe. 3:5,7; 1. º JO 1:1,10; 2:5,7,14; AP 19:13.


b) - O FILHO UNIGÊNITO (ho hyiós monogenês), que caracteriza o CRISTO CÓSMICO, isto é, toda a criação englobadamente, que é, na realidade profunda, um dos aspectos da Divindade. Não se trata, como é claro, de panteísmo, já que a criação NÃO constitui a Divindade; mas, ao invés, há imanência (Monismo), pois a criação é UM DOS ASPECTOS, apenas, em que se transforma a Divindade. Esta, além da imanência no relativo, é transcendente como Absoluto; além da imanência no tempo, é transcendente como Eterno; além da imanência no finito, é transcendente como Infinito.


A expressão "Filho Unigênito" só é usada por João (1:14,18; 13:16,18 e 1. a JO 4:9). Em todos os demais passos é empregado o termo ho Christós, "O Ungido", ou melhor, "O Permeado pela Divindade", que pode exprimir tanto o CRISTO CÓSMICO que impregna tudo, quanto o CRISTO INTERNO, se o olhamos sob o ponto de vista da Centelha Divina no âmago da criatura.


Quando não é feita distinção nos aspectos manifestantes, o N. T. emprega o termo genérico ho theós Deus", precedido do artigo definido.


2. Além desse sentido, encontramos a palavra pneuma exprimindo o Espírito humano individualizado; essa individualização, que tem a classificação de pneuma, encontra-se a percorrer a trajetória de sua longa viagem, a construir sua própria evolução consciente, através da ascensão pelos planos vibratórios (energia e matéria) que ele anima em seu intérmino caminhar. Notemos, porém, que só recebe a denominação de pneuma (Espírito), quando atinge a individualização completa no estado hominal (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 79: "Os Espíritos são a individualização do Princípio Inteligente, isto é, de noús).


Logicamente, portanto, podemos encontrar espíritos em muitos graus evolutivos, desde os mais ignorantes e atrasados (akátharton) e enfermos (ponêrón) até os mais evoluídos e santos (hágion).


Todas essas distinções são encontradas no N. T., sendo de notar-se que esse termo pneuma pode designar tanto o espírito encarnado quanto, ao lado de outros apelativos, o desencarnado.


Eis, na prática, o emprego da palavra pneuma no N. T. :

a) - pneuma como espírito encarnado (individualidade), 193 vezes: MT 1:18, MT 1:20; 3:11; 4:1; 5:3; 10:20; 26:41; 27:50; MC 1:8; MC 2:8; MC 8:12; MC 14:38; LC 1:47, LC 1:80; 3:16, 22; 8:55; 23:46; 24. 37, 39; JO 1:33; JO 3:5, JO 3:6(2x), 8; 4:23; 6:63; 7:39; 11:33; 13:21; 14:17, 26; 15:26; 16:13; 19-30, 20:22; AT 1:5, AT 1:8; 5:3; 32:7:59; 10:38; 11:12,16; 17:16; 18:25; 19:21; 20:22; RM 1:4, RM 1:9; 5:5; 8:2, 4, 5(2x), 6, 9(3x), 10, 11(2x),13, 14, 15(2x), 16(2x), 27; 9:1; 12:11; 14:17; 15:13, 16, 19, 30; 1° Cor. 2:4, 10(2x), 11, 12; 3:16; 5:3,4, 5; 6:11, 17, 19; 7:34, 40; 12:4, 7, 8(2x), 9(2x), 11, 13(2x); 14:2, 12, 14, 15(2x), 16:32; 15:45; 16:18; 2º Cor. 1:22; 2:13; 3:3, 6, 8, 17(2x), 18; 5:5; 6:6; 7:1, 13; 12:18; 13:13; GL 3:2, GL 3:3, GL 3:5; 4:6, 29; 5:5,16,17(2x), 18, 22, 25(2x1); 6:8(2x),18; EF 1:13, EF 1:17; 2:18, 22; 3:5, 16; 4:3, 4:23; 5:18; 6:17, 18; Philp. 1:19, 27; 2:1; 3:3; 4:23; CL 1:8; CL 2:5; 1º Tess. 1:5, 6; 4:8; 5:23; 2. º Tess. 2:13; 1. º Tim. 3:16; 4:22; 2. º Tim. 1:14; TT 3:5; HB 4:12, HB 6:4; HB 9:14; HB 10:29; HB 12:9; Tiago, 2:26:4:4; 1. º Pe. 1:2, 11, 12; 3:4, 18; 4:6,14; 1. º JO 3:24; JO 4:13; JO 5:6(2x),7; Jud. 19:20; AP 1:10; AP 4:2; AP 11:11.


b) - pneuma como espírito desencarnado:


I - evoluído ou puro, 107 vezes:


MT 3:16; MT 12:18, MT 12:28; 22:43; MC 1:10, MC 1:12; 12:36; 13. 11; LC 1:15, LC 1:16, LC 1:41, LC 1:67; 2:25, 27; 4:1, 14, 18; 10:21; 11:13; 12:12; JO 1:32; JO 3:34; AT 1:2, AT 1:16; 2:4(2x), 17, 18, 33(2x), 38; 4:8; 25, 31; 6:3, 10; 7:51, 55; 8:15, 17, 18, 19, 29, 39; 9:17, 31; 10:19, 44, 45, 47; 11:15, 24, 28; 13:2, 4, 9, 52; 15:8, 28; 16:6, 7; 19:1, 2, 6; 20:22, 28; 21:4, 11; 23:8, 9; 28:25; 1. º Cor. 12:3(2x), 10; 1. º Tess. 5:9; 2. º Tess. 2:2; 1. ° Tim. 4:1; HB 1:7, HB 1:14; 2:4; 3:7; 9:8; 10:15; 12:23; 2. º Pe. 1:21; 1. ° JO 4:1(2x), 2, 3, 6; AP 1:4; AP 2:7, AP 2:11, AP 2:17, AP 2:29; 3:1, 6, 13, 22; 4:5; 5:6; 14:13; 17:3:19. 10; 21. 10; 22:6, 17.


II - involuído ou não-purificado, 39 vezes:


MT 8:16; MT 10:1; MT 12:43, MT 12:45; MC 1:23, MC 1:27; 3:11, 30; 5:2, 8, 13; 6:7; 7:25; 9:19; LC 4:36; LC 6:18; LC 7:21; LC 8:2; LC 10:20; LC 11:24, LC 11:26; 13:11; AT 5:16; AT 8:7; AT 16:16, AT 19:12, AT 19:13, AT 19:15, AT 19:16; RM 11:8:1. ° Cor. 2:12; 2. º Cor. 11:4; EF 2:2; 1. º Pe. 3:19; 1. º JO 4:2, 6; AP 13:15; AP 16:13; AP 18:2.


c) - pneuma como "espírito" no sentido abstrato de "caráter", 7 vezes: (JO 6:63; RM 2:29; 1. ª Cor. 2:12:4:21:2. ª Cor. 4:13; GL 6:1 e GL 6:2. ª Tim. 1:7)


d) - pneuma no sentido de "sopro", 1 vez: 2. ª Tess. 2:8 Todavia, devemos acrescentar que o espírito fora da matéria recebia outros apelativo, conforme vimos (vol. 1) e que não é inútil recordar, citando os locais.


PHÁNTASMA, quando o espírito, corpo astral ou perispírito se torna visível; termo que, embora frequente entre os gregos, só aparece, no N. T., duas vezes (MT 14:26 e MC 6:49).

ÁGGELOS (Anjo), empregado 170 vezes, designa um espírito evoluído (embora nem sempre de categoria acima da humana); essa denominação específica que, no momento em que é citada, tal entidade seja de nível humano ou supra-humano - está executando uma tarefa especial, como encarrega de "dar uma mensagem", de "levar um recado" de seus superiores hierárquicos (geralmente dizendo-se "de Deus"): MT 1:20, MT 1:24; 2:9, 10, 13, 15, 19, 21; 4:6, 11; 8:26; 10:3, 7, 22; 11:10, 13; 12:7, 8, 9, 10, 11, 23; 13:39, 41, 49; 16:27; 18:10; 22:30; 24:31, 36; 25:31, 41; 26:53; 27:23; 28:2, 5; MC 1:2, MC 1:13; 8:38; 12:25; 13:27, 32; LC 1:11, LC 1:13, LC 1:18, LC 1:19, 26, 30, 34, 35, 38; 4:10, 11; 7:24, 27; 9:26, 52; 12:8; 16:22; 22:43; 24:23; JO 1:51; JO 12:29; JO 20:12 AT 5:19; AT 6:15; AT 7:30, AT 7:35, AT 7:38, AT 7:52; 12:15; 23:8, 9; RM 8:38; 1. ° Cor. 4:9; 6:3; 11:10; 13:1; 2. º Cor. 11:14; 12:7; GL 1:8; GL 3:19; GL 4:14; CL 2:18; 2. º Tess. 1:7; 1. ° Tim. 3:16; 5:21; HB 1:4, HB 1:5, HB 1:6, HB 1:7, 13; 2:2, 5, 7, 9, 16; 12:22; 13:2; Tiago 2:25; 1. º Pe. 1:4, 11; Jud. 6; AP 1:1, AP 1:20; 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 5, 7, 9, 14; 5:2, 11; 7:1, 11; 8:2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 13; 9:1, 11, 13, 14, 15; 10:1, 5, 7, 8, 9, 10; 11:15; 12:7, 9, 17; 14:6, 9, 10, 15, 17, 18, 19; 15:1, 6, 7, 8, 10; 16:1, 5; 17:1, 7; 18:1, 21; 19:17; 20:1; 21:9, 12, 17; 22:6, 8, 16. BEEZEBOUL, usado 7 vezes: (MT 7. 25; 12:24, 27; MC 3:22; LC 11:15, LC 11:18, LC 11:19) só nos Evangelhos, é uma designação de chefe" de falange, "cabeça" de espíritos involuído.


DAIMÔN (uma vez, em MT 8:31) ou DAIMÓNION, 55 vezes, refere-se sempre a um espírito familiar desencarnado, que ainda conserva sua personalidade humana mesmo além túmulo. Entre os gregos, esse termo designava quer o eu interno, quer o "guia". Já no N. T. essa palavra identifica sempre um espírito ainda não-esclarecido, não evoluído, preso à última encarnação terrena, cuja presença prejudica o encarnado ao qual esteja ligado; tanto assim que o termo "demoníaco" é, para Tiago, sinônimo de "personalístico", terreno, psíquico. "não é essa sabedoria que desce do alto, mas a terrena (epígeia), a personalista (psychike), a demoníaca (demoniôdês). (Tiago, 3:15)


MT 7:22; MT 9:33, MT 9:34; 12:24, 27, 28; 10:8; 11:18; 17:18; MC 1:34, MC 1:39; 3:15, 22; 6:13; 7:26, 29, 30; 9:38; 16:9, 17; LC 4:33, LC 4:35, LC 4:41; 7:33; 8:2, 27, 29, 30, 33, 35, 38; 9:1, 42, 49; 10:17; 11:14, 15, 18, 19, 20; 13:32; JO 7:2; JO 8:48, JO 8:49, JO 8:52; 10:20, 21; AT 17:18; 1. ª Cor. 10:20, 21; 1. º Tim. 4:1; Tiago 2:16; Apoc 9:20; 16:24 e 18:2.


Ao falar de desencarnados, aproveitemos para observar como era designado o fenômeno da psicofonia: I - quando se refere a uma obsessão, com o verbo daimonízesthai, que aparece 13 vezes (MT 4:24;


8:16, 28, 33; 9:32; 12:22; 15:22; Marc 1:32; 5:15, 16, 18; LC 8:36; JO 10:21, portanto, só empregado pelos evangelistas).


II - quando se refere a um espírito evoluído, encontramos as expressões:

• "cheio de um espírito (plêrês, LC 4:1; AT 6:3, AT 6:5; 7:55; 11:24 - portanto só empregado por Lucas);


• "encher-se" (pimplánai ou plêthein, LC 1:15, LC 1:41, LC 1:67; AT 2:4; AT 4:8, AT 4:31; 9:17; 13:19 - portanto, só usado por Lucas);


• "conturbar-se" (tarássein), JO 11:33 e JO 13:21).


Já deixamos bem claro (vol 1) que os termos satanás ("antagonista"), diábolos ("adversário") e peirázôn ("tentador") jamais se referem, no N. T., a espíritos desencarnados, mas expressam sempre "a matéria, e por conseguinte também a "personalidade", a personagem humana que, com seu intelecto vaidoso, se opõe, antagoniza e, como adversário natural do espírito, tenta-o (como escreveu Paulo: "a carne (matéria) luta contra o espírito e o espírito contra a carne", GL 5:17).


Esses termos aparecem: satanãs, 33 vezes (MT 4:10; MT 12:26; MT 16:23; MC 1:13; MC 3:23, MC 3:26; 4:15; 8:33; LC 10:18; LC 11:18; LC 13:16; LC 22:3; JO 13:27, JO 13:31; AT 5:3; AT 26:18; RM 16:20; 1. º Cor. 5:5; 7:5; 2. º Cor. 2:11; 11:14; 12:17; 1. ° Tess. 2:18; 2. º Tess. 2:9; 1. º Tim. 1:20; 5:15; AP 2:9, AP 2:13, AP 2:24; 3:9; 12:9; 20:2, 7); diábolos, 35 vezes (MT 4:1, MT 4:5, MT 4:8, MT 4:11; 13:39; 25:41; LC 4:2, LC 4:3, LC 4:6, LC 4:13; 8:12; JO 6:70; JO 8:44; JO 13:2; AT 10:38; AT 13:10; EF 4:27; EF 6:11; 1. º Tim. 3:6, 7, 11; 2. º Tim. 2:26; 3:3 TT 2:3; HB 2:14; Tiago, 4:7; 1. º Pe. 5:8; 1. º JO 3:8, 10; Jud. 9; AP 2:10; AP 12:9, AP 12:12; 20:2,10) e peirázôn, duas vezes (MT 4:3 e MT 4:1. ª Tess. 3:5).


DIÁNOIA


Diánoia exprime a faculdade de refletir (diá+noús), isto é, o raciocínio; é o intelecto que na matéria, reflete a mente espiritual (noús), projetando-se em "várias direções" (diá) no mesmo plano. Usado 12 vezes (MT 22:37; MC 12:30: LC 1:51; LC 10:27: EF 2:3; EF 4:18; CL 1:21; HB 8:10; HB 10:16; 1. ª Pe. 1:13; 2. ª Pe. 3:1; 1. ª JO 5:20) na forma diánoia; e na forma dianóêma (o pensamento) uma vez em LC 11:17. Como sinônimo de diánoia, encontramos, também, synesis (compreensão) 7 vezes (MC 12:33; LC 2:47; 1. ª Cor. 1:19; EF 3:4; CL 1:9 e CL 2:2; e 2. ª Tim. 2:7). Como veremos logo abaixo, diánoia é parte inerente da psychê, (alma).


PSYCHÊ


Psychê é a ALMA, isto é, o "espírito encarnado (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 134: " alma é o espírito encarnado", resposta dada, evidentemente, por um "espírito" afeito à leitura do Novo Testamento).


A psychê era considerada pelos gregos como o atualmente chamado "corpo astral", já que era sede dos desejos e paixões, isto é, das emoções (cfr. Ésquilo, Persas, 841; Teócrito, 16:24; Xenofonte, Ciropedia, 6. 2. 28 e 33; Xen., Memoráveis de Sócrates, 1. 13:14; Píndaro, Olímpicas, 2. 125; Heródoto, 3. 14; Tucídides, 2. 40, etc.) . Mas psychê também incluía, segundo os gregos, a diánoia ou synesis, isto é, o intelecto (cfr. Heródoto, 5. 124; Sófocles, Édipo em Colona, 1207; Xenofonte, Hieron, 7. 12; Plat ão, Crátilo, 400 a).


No sentido de "espírito" (alma de mortos) foi usada por Homero (cfr. Ilíada 1. 3; 23. 65, 72, 100, 104;


Odisseia, 11. 207,213,222; 24. 14 etc.), mas esse sentido foi depressa abandonado, substituído por outros sinônimos (pnenma, eikôn, phántasma, skiá, daimôn, etc.) .


Psychê é empregado quase sempre no sentido de espírito preso à matéria (encarnado) ou seja, como sede da vida, e até como a própria vida humana, isto é, a personagem terrena (sede do intelecto e das emoções) em 92 passos: Mar. 2:20; 6:25; 10:28, 39; 11:29; 12:18; 16:25, 26; 20:28; 22:37; 26:38; MC 3:4; MC 8:35, MC 8:36, MC 8:37; 10:45; 12:30; 14:34; LC 1:46; LC 2:35; LC 6:9; LC 9:24(2x), 56; 10:27; 12:19, 20, 22, 23; 14:26; 17:33; 21:19; JO 10:11, JO 10:15, JO 10:17, JO 10:18, 24; 12:25, 27; 13:37, 38; 15:13; AT 2:27, AT 2:41, AT 2:43; 3:23; 4:32; 7:14; 14:2, 22; 15:24, 26; 20:10, 24; 27:10, 22, 37, 44; RM 2:9; RM 11:3; RM 13:1; RM 16:4; 1. º Cor. 15:45; 2. º Cor. 1:23; 12:15; EF 6:6; CL 3:23; Flp. 1:27; 2:30; 1. º Tess. 2:8; 5:23; HB 4:12; HB 6:19; HB 10:38, HB 10:39; 12:3; 13:17; Tiago 1:21; Tiago 5:20; 1. º Pe. 1:9, 22; 2:11, 25; 4:19; 2. º Pe. 2:8, 14; 1. º JO 3:16; 3. º JO 2; AP 12:11; AP 16:3; AP 18:13, AP 18:14.


Note-se, todavia, que no Apocalipse (6:9:8:9 e 20:4) o termo é aplicado aos desencarnados por morte violenta, por ainda conservarem, no além-túmulo, as características da última personagem terrena.


O adjetivo psychikós é empregado com o mesmo sentido de personalidade (l. ª Cor. 2:14; 15:44, 46; Tiago, 3:15; Jud. 19).


Os outros termos, que entre os gregos eram usados nesse sentido de "espírito desencarnado", o N. T.


não os emprega com essa interpretação, conforme pode ser verificado:

EIDOS (aparência) - LC 3:22; LC 9:29; JO 5:37; 2. ª Cor. 5:7; 1. ª Tess. 5:22.


EIDÔLON (ídolo) - AT 7:41; AT 15:20; RM 2:22; 1. ª Cor. 8:4, 7; 10:19; 12; 2; 2. ª Cor. 6:16; 1. ª Tess.


1:9; 1. ª JO 5:21; AP 9:20.


EIKÔN (imagem) - MT 22:20; MC 12:16; LC 20:24; RM 1:23; 1. ª Cor. 11:7; 15:49 (2x) ; 2. ª Cor. 3:18; 4:4; CL 1:5; CL 3:10; HB 10:11; AP 13:14; AP 14:2, AP 14:11; 15:2; 19 : 20; 20 : 4.


SKIÁ (sombra) - MT 4:16; MC 4:32; LC 1:79; AT 5:15; CL 2:17; HB 8:5; HB 10:1.


Também entre os gregos, desde Homero, havia a palavra thumós, que era tomada no sentido de alma encarnada". Teve ainda sentidos diversos, exprimindo "coração" quer como sede do intelecto, quer como sede das paixões. Fixou-se, entretanto, mais neste último sentido, e toda, as vezes que a deparamos no Novo Testamento é, parece, com o designativo "força". (Cfr. LC 4:28; AT 19:28; RM 2:8; 2. ª Cor. 12:20; GL 5:20; EF 4:31; CL 3:8; HB 11:27; AP 12:12; AP 14:8, AP 14:10, AP 14:19; 15:1, 7; 16:1, 19; 18:3 e 19:15)


SOMA


Soma exprime o corpo, geralmente o físico denso, que é subdividido em carne (sárx) e sangue (haima), ou seja, que compreende o físico denso e o duplo etérico (e aqui retificamos o que saiu publicado no vol. 1, onde dissemos que "sangue" representava o astral).


Já no N. T. encontramos uma antecipação da moderna qualificação de "corpos", atribuída aos planos ou níveis em que o homem pode tornar-se consciente. Paulo, por exemplo, emprega soma para os planos espirituais; ao distinguir os "corpos" celestes (sómata epouránia) dos "corpos" terrestres (sómata epígeia), ele emprega soma para o físico denso (em lugar de sárx), para o corpo astral (sôma psychikôn) e para o corpo espiritual (sôma pneumatikón) em 1. ª Cor. 15:40 e 44.


No N. T. soma é empregado ao todo 123 vezes, sendo 107 vezes no sentido de corpo físico-denso (material, unido ou não à psychê);


MT 5:29, MT 5:30; 6:22, 25; 10:28(2x); 26:12; 27:58, 59; MC 5:29; MC 14:8; MC 15:43; LC 11:34; LC 12:4, LC 12:22, LC 12:23; 17:37; 23:52, 55; 24:3, 23; JO 2:21; JO 19:31, JO 19:38, JO 19:40; 20:12; Aros. 9:40; RM 1:24; RM 4:19; RM 6:6, RM 6:12; 7:4, 24; 8:10, 11, 13, 23; 12:1, 4; 1. º Cor. 5:13; 6:13(2x), 20; 7:4(2x), 34; 9:27; 12:12(3x),14, 15(2x), 16 (2x), 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 25; 13:3; 15:37, 38(2x) 40). 2. 0 Cor. 4:40; 5:610; 10:10; 12:2(2x); Gól. 6:17; EF 2:16; EF 5:23, EF 5:28; Ft. 3:21; CL 2:11, CL 2:23; 1. º Tess. 5:23; HB 10:5, HB 10:10, HB 10:22; 13:3, 11; Tiago 2:11, Tiago 2:26; 3:2, 3, 6; 1. º Pe. 2:24; Jud. 9; AP 18:13. Três vezes como "corpo astral" (MT 27:42; 1. ª Cor. 15:14, duas vezes); duas vezes como "corpo espiritual" (1. º Cor. 15:41); e onze vezes com sentido simbólico, referindo-se ao pão, tomado como símbolo do corpo de Cristo (MT 26:26; MC 14:22; LC 22:19; RM 12:5; 1. ª Cor. 6:15; 10:16, 17; 11:24; 12:13, 27; EF 1:23; EF 4:4, EF 4:12, EF 4:16; Filp. 1:20; CL 1:18, CL 1:22; 2:17; 3:15).


HAIMA


Haima, o sangue, exprime, como vimos, o corpo vital, isto é, a parte que dá vitalização à carne (sárx), a qual, sem o sangue, é simples cadáver.


O sangue era considerado uma entidade a parte, representando o que hoje chamamos "duplo etérico" ou "corpo vital". Baste-nos, como confirmação, recordar que o Antigo Testamento define o sangue como "a alma de toda carne" (LV 17:11-14). Suma importância, por isso, é atribuída ao derramamento de sangue, que exprime privação da "vida", e representa quer o sacrifício em resgate de erros e crimes, quer o testemunho de uma verdade.


A palavra é assim usada no N. T. :

a) - sangue de vítimas (HB 9:7, HB 9:12, HB 9:13, HB 9:18, 19, 20, 21, 22, 25; 10:4; 11:28; 13:11). Observe-se que só nessa carta há preocupação com esse aspecto;


b) - sangue de Jesus, quer literalmente (MT 27:4, MT 27:6, MT 27:24, MT 27:25; LC 22:20; JO 19:34; AT 5:28; AT 20:28; RM 5:25; RM 5:9; EF 1:7; EF 2:13; CL 1:20; HB 9:14; HB 10:19, HB 10:29; 12:24; 13:12, 20; 1. ª Pe. 1:2,19; 1. ª JO 1:7; 5:6, 8; AP 1:5; AP 5:9; AP 7:14; AP 12:11); quer simbolicamente, quando se refere ao vinho, como símbolo do sangue de Cristo (MT 26:28; MC 14:24; JO 6:53, JO 6:54, JO 6:55, JO 6:56; 1. ª Cor. 10:16; 11:25, 27).


c) - o sangue derramado como testemunho de uma verdade (MT 23:30, MT 23:35; 27:4; LC 13:1; AT 1:9; AT 18:6; AT 20:26; AT 22:20; RM 3:15; HB 12:4; AP 6:10; 14,: 20; 16:6; 17:6; 19:2, 13).


d) - ou em circunstâncias várias (MC 5:25, MC 5:29; 16:7; LC 22:44; JO 1:13; AT 2:19, AT 2:20; 15:20, 29; 17:26; 21:25; 1. ª Cor. 15:50; GL 1:16; EF 6:12; HB 2:14; AP 6:12; AP 8:7; AP 15:3, AP 15:4; 11:6).


SÁRX


Sárx é a carne, expressão do elemento mais grosseiro do homem, embora essa palavra substitua, muitas vezes, o complexo soma, ou seja, se entenda, com esse termo, ao mesmo tempo "carne" e "sangue".


Apesar de ter sido empregada simbolicamente por Jesus (JO 6:51, JO 6:52, JO 6:53, JO 6:54, 55 e 56), seu uso é mais literal em todo o resto do N. T., em 120 outros locais: MT 19:56; MT 24:22; MT 26:41; MC 10:8; MC 13:20; MC 14:38; LC 3:6; LC 24:39; JO 1:14; JO 3:6(2x); 6:63; 8:15; 17:2; AT 2:7, AT 2:26, AT 2:31; RM 1:3; RM 2:28; RM 3:20; RM 4:1; RM 6:19; RM 7:5, RM 7:18, RM 7:25; 8:3, 4(2x), 5(2x), 6, 7, 8, 9, 13(2x); 9:358; 11:14; 13:14; 1. º Cor. 1:2629; 5:5; 6:16; 7:28;10:18; 15:39(2x),50; 2. º Cor. 1:17; 4:11; 5:16; 7:1,5; 10:2,3(2x); 1:18; 12:7; GL 2:16, GL 2:20; 3:3; 4:13, 14, 23; 5:13, 16, 17, 19, 24; 6:8(2x), 12, 13; EF 2:3, EF 2:11, EF 2:14; 5:29, 30, 31; 6:5; CL 1:22, CL 1:24; 2:1, 5, 11, 13, 18, 23; 3:22, 24; 3:34; 1. º Tim. 3:6; Flm. 16; HB 5:7; HB 9:10, HB 9:13; 10:20; 12:9; Tiago 5:3; 1. º Pe. 1:24; 3;18, 21; 4:1, 2, 6; 2. º Pe. 2:10, 18; 1. º JO 2:16; 4:2; 2. º JO 7; Jud. 7, 8, 23; AP 17:16; AP 19:21.


B - TEXTOS COMPROBATÓRIOS


Respiguemos, agora, alguns trechos do N. T., a fim de comprovar nossas conclusões a respeito desta nova teoria.


Comecemos pela distinção que fazemos entre individualidade (ou Espírito) e a personagem transitória humana.


INDIVIDUALIDADE- PERSONAGEM


Encontramos essa distinção explicitamente ensinada por Paulo (l. ª Cor. 15:35-50) que classifica a individualidade entre os "corpos celestiais" (sómata epouránia), isto é, de origem espiritual; e a personagem terrena entre os "corpos terrenos" (sómata epígeia), ou seja, que têm sua origem no próprio planeta Terra, de onde tiram seus elementos constitutivos (físicos e químicos). Logo a seguir, Paulo torna mais claro seu pensamento, denominando a individualidade de "corpo espiritual" (sôma pneumatikón) e a personagem humana de "corpo psíquico" (sôma psychikón). Com absoluta nitidez, afirma que a individualidade é o "Espírito vivificante" (pneuma zoopioún), porque dá vida; e que a personagem, no plano já da energia, é a "alma que vive" (psychê zôsan), pois recebe vida do Espírito que lhe constitui a essência profunda.


Entretanto, para evitar dúvidas ou más interpretações quanto ao sentido ascensional da evolução, assevera taxativamente que o desenvolvimento começa com a personalidade (alma vivente) e só depois que esta se desenvolve, é que pode atingir-se o desabrochar da individualidade (Espírito vivificante).


Temos, pois, bem estabelecida a diferença fundamental, ensinada no N. T., entre psychê (alma) e pneuma (Espírito).


Mas há outros passos em que esses dois elementos são claramente distinguidos:

1) No Cântico de Maria (LC 1:46) sentimos a diferença nas palavras "Minha alma (psychê) engrandece o Senhor e meu Espírito (pneuma) se alegra em Deus meu Salvador".


2) Paulo (Filp. 1:27) recomenda que os cristãos tenham "um só Espírito (pneuma) e uma só alma (psychê), distinção desnecessária, se não expressassem essas palavras coisas diferentes.


3) Ainda Paulo (l. ª Tess. 5:23) faz votos que os fiéis "sejam santificados e guardados no Espírito (pneuma) na alma (psychê) e no corpo (sôma)", deixando bem estabelecida a tríade que assinalamos desde o início.


4) Mais claro ainda é o autor da Carta dos Hebreus (quer seja Paulo Apolo ou Clemente Romano), ao


. utilizar-se de uma expressão sintomática, que diz: "o Logos Divino é Vivo, Eficaz; e mais penetrante que qualquer espada, atingindo até a divisão entre o Espirito (pneuma) e a alma (psychê)" (HB 4:12); aí não há discussão: existe realmente uma divisão entre espírito e alma.


5) Comparando, ainda, a personagem (psiquismo) com a individualidade Paulo afirma que "fala não palavras aprendidas pela sabedoria humana, mas aprendidas do Espírito (divino), comparando as coisas espirituais com as espirituais"; e acrescenta, como esclarecimento e razão: "o homem psíquico (ho ánthrôpos psychikós, isto é, a personagem intelectualizada) não percebe as coisas do Espírito Divino: são tolices para ele, e não pode compreender o que é discernido espiritualmente; mas o homem espiritual (ho ánthrôpos pneumatikós, ou, seja, a individualidade) discerne tudo, embora não seja discernido por ninguém" (1. ª Cor. 2:13-15).


Portanto, não há dúvida de que o N. T. aceita os dois aspectos do "homem": a parte espiritual, a tríade superior ou individualidade (ánthrôpos pneumatikós) e a parte psíquica, o quaternário inferior ou personalidade ou personagem (ánthrôpos psychikós).


O CORPO


Penetremos, agora, numa especificação maior, observando o emprego da palavra soma (corpo), em seu complexo carne-sangue, já que, em vários passos, não só o termo sárx é usado em lugar de soma, como também o adjetivo sarkikós (ou sarkínos) se refere, como parte externa visível, a toda a personagem, ou seja, ao espírito encarnado e preso à matéria; e isto sobretudo naqueles que, por seu atraso, ainda acreditam que seu verdadeiro eu é o complexo físico, já que nem percebem sua essência espiritual.


Paulo, por exemplo, justifica-se de não escrever aos coríntios lições mais sublimes, porque não pode falar-lhes como a "espirituais" (pnenmatikoí, criaturas que, mesmo encarnadas, já vivem na individualidade), mas só como a "carnais" (sarkínoi, que vivem só na personagem). Como a crianças em Cristo (isto é, como a principiantes no processo do conhecimento crístico), dando-lhes leite a beber, não comida, pois ainda não na podem suportar; "e nem agora o posso, acrescenta ele, pois ainda sois carnais" (1. ª Cor. 3:1-2).


Dessa forma, todos os que se encontram na fase em que domina a personagem terrena são descritos por Paulo como não percebendo o Espírito: "os que são segundo a carne, pensam segundo a carne", em oposição aos "que são segundo o espírito, que pensam segundo o espírito". Logo a seguir define a "sabedoria da carne como morte, enquanto a sabedoria do Espírito é Vida e Paz" (Rom, 8:5-6).


Essa distinção também foi afirmada por Jesus, quando disse que "o espírito está pronto (no sentido de" disposto"), mas a carne é fraca" (MT 26:41; MC 14:38). Talvez por isso o autor da Carta aos Hebreus escreveu, ao lembrar-se quiçá desse episódio, que Jesus "nos dias de sua carne (quando encarnado), oferecendo preces e súplicas com grande clamor e lágrimas Àquele que podia livrá-lo da morte, foi ouvido por causa de sua devoção e, não obstante ser Filho de Deus (o mais elevado grau do adeptado, cfr. vol. 1), aprendeu a obediência por meio das coisas que sofreu" (Heb, 5:7-8).


Ora, sendo assim fraca e medrosa a personagem humana, sempre tendente para o mal como expoente típico do Antissistema, Paulo tem o cuidado de avisar que "não devemos submeter-nos aos desejos da carne", pois esta antagoniza o Espírito (isto é constitui seu adversário ou diábolos). Aconselha, então que não se faça o que ela deseja, e conforta os "que são do Espírito", assegurando-lhes que, embora vivam na personalidade, "não estão sob a lei" (GL 5:16-18). A razão é dada em outro passo: "O Senhor é Espírito: onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2. ª Cor. 3:17).


Segundo o autor da Carta aos Hebreus, esta foi uma das finalidades da encarnação de Jesus: livrar a personagem humana do medo da morte. E neste trecho confirma as palavras do Mestre a Nicodemos: "o que nasce de carne é carne" (JO 3:6), esclarecendo, ao mesmo tempo, no campo da psicobiologia, (o problema da hereditariedade: dos pais, os filhos só herdam a carne e o sangue (corpo físico e duplo etérico), já que a psychê é herdeira do pneuma ("o que nasce de espírito, é espírito", João, ibidem). Escreve, então: "como os filhos têm a mesma natureza (kekoinônêken) na carne e no sangue, assim ele (Jesus) participou da carne e do sangue para que, por sua morte, destruísse o adversário (diábolos, a matéria), o qual possui o império da morte, a fim de libertá-las (as criaturas), já que durante toda a vida elas estavam sujeitas ao medo da morte" (HB 2:14).


Ainda no setor da morte, Jesus confirma, mais uma vez, a oposição corpo-alma: "não temais os que matam o corpo: temei o que pode matar a alma (psychê) e o corpo (sôma)" (MT 10:28). Note-se, mais uma vez, a precisão (elegantia) vocabular de Jesus, que não fala em pneuma, que é indestrutível, mas em psychê, ou seja, o corpo astral sujeito a estragos e até morte.


Interessante observar que alguns capítulos adiante, o mesmo evangelista (MT 27:52) usa o termo soma para designar o corpo astral ou perispírito: "e muitos corpos dos santos que dormiam, despertaram".


Refere-se ao choque terrível da desencarnação de Jesus, que foi tão violento no plano astral, que despertou os desencarnados que se encontravam adormecidos e talvez ainda presos aos seus cadáveres, na hibernação dos que desencarnam despreparados. E como era natural, ao despertarem, dirigiram-se para suas casas, tendo sido percebidos pelos videntes.


Há um texto de Paulo que nos deixa em suspenso, sem distinguirmos se ele se refere ao corpo físico (carne) ou ao psíquico (astral): "conheço um homem em Cristo (uma individualidade já cristificada) que há catorze anos - se no corpo (en sômai) não sei, se fora do corpo (ektòs sômatos) não sei: Deus

sabe foi raptado ao terceiro céu" (l. ª Cor. 12:2). É uma confissão de êxtase (ou talvez de "encontro"?), em que o próprio experimentador se declara inapto a distinguir se se tratava de um movimento puramente espiritual (fora do corpo), ou se tivera a participação do corpo psíquico (astral); nem pode verificar se todo o processo se realizou com pneuma e psychê dentro ou fora do corpo.


Entretanto, de uma coisa ele tem certeza absoluta: a parte inferior do homem, a carne e o sangue, esses não participaram do processo. Essa certeza é tão forte, que ele pode ensinar taxativamente e sem titubeios, que o físico denso e o duplo etérico não se unificam com a Centelha Divina, não "entram no reino dos céus", sendo esta uma faculdade apenas de pneuma, e, no máximo, de psychê. E ele o diz com ênfase: "isto eu vos digo, irmãos, que a carne (sárx) e o sangue (haima) NÃO PODEM possuir o reino de Deus" (l. ª Cor. 15:50). Note-se que essa afirmativa é uma negação violenta do "dogma" da ressurreição da carne.


ALMA


Num plano mais elevado, vejamos o que nos diz o N. T. a respeito da psychê e da diánoia, isto é, da alma e do intelecto a esta inerente como um de seus aspectos.


Como a carne é, na realidade dos fatos, incapaz de vontades e desejos, que provêm do intelecto, Paulo afirma que "outrora andávamos nos desejos de nossa carne", esclarecendo, porém, que fazíamos "a vontade da carne (sárx) e do intelecto (diánoia)" (EF 2:3). De fato "o afastamento e a inimizade entre Espírito e corpo surgem por meio do intelecto" (CL 1. 21).


A distinção entre intelecto (faculdade de refletir, existente na personagem) e mente (faculdade inerente ao coração, que cria os pensamentos) pode parecer sutil, mas já era feita na antiguidade, e Jerem ías escreveu que YHWH "dá suas leis ao intelecto (diánoia), mas as escreve no coração" (JR 31:33, citado certo em HB 8:10, e com os termos invertidos em HB 10:16). Aí bem se diversificam as funções: o intelecto recebe a dádiva, refletindo-a do coração, onde ela está gravada.


Realmente a psychê corresponde ao corpo astral, sede das emoções. Embora alguns textos no N. T.


atribuam emoções a kardía, Jesus deixou claro que só a psychê é atingível pelas angústias e aflições, asseverando: "minha alma (psychê) está perturbada" (MT 26:38; MC 14:34; JO 12:27). Jesus não fala em kardía nem em pneuma.


A MENTE


Noús é a MENTE ESPIRITUAL, a individualizadora de pneuma, e parte integrante ou aspecto de kardía. E Paulo, ao salientar a necessidade de revestir-nos do Homem Novo (de passar a viver na individualidade) ordena que "nos renovemos no Espírito de nossa Mente" (EF 4:23-24), e não do intelecto, que é personalista e divisionário.


E ao destacar a luta entre a individualidade e a personagem encarnada, sublinha que "vê outra lei em seus membros (corpo) que se opõem à lei de sua mente (noús), e o aprisiona na lei do erro que existe em seus membros" (RM 7:23).


A mente espiritual, e só ela, pode entender a sabedoria do Cristo; e este não se dirige ao intelecto para obter a compreensão dos discípulos: "e então abriu-lhes a mente (noún) para que compreendessem as Escrituras" (LC 24:45). Até então, durante a viagem (bastante longa) ia conversando com os "discípulos de Emaús". falando-lhes ao intelecto e provando-lhes que o Filho do Homem tinha que sofrer; mas eles não O reconheceram. Mas quando lhes abriu a MENTE, imediatamente eles perceberam o Cristo.


Essa mente é, sem dúvida, um aspecto de kardía. Isaías escreveu: "então (YHWH) cegou-lhes os olhos (intelecto) e endureceu-lhes o coração, para que não vissem (intelectualmente) nem compreendessem com o coração" (IS 6:9; citado por JO 12:40).


O CORAÇÃO


Que o coração é a fonte dos pensamentos, nós o encontramos repetido à exaustão; por exemplo: MT 12:34; MT 15:18, MT 15:19; Marc 7:18; 18:23; LC 6:45; LC 9:47; etc.


Ora, se o termo CORAÇÃO exprime, límpida e indiscutivelmente, a fonte primeira do SER, o "quarto fechado" onde o "Pai vê no secreto" MT 6:6), logicamente se deduz que aí reside a Centelha Divina, a Partícula de pneuma, o CRISTO (Filho Unigênito), que é UNO com o Pai, que também, consequentemente, aí reside. E portanto, aí também está o Espírito-Santo, o Espírito-Amor, DEUS, de que nosso Eu é uma partícula não desprendida.


Razão nos assiste, então, quando escrevemos (vol. 1 e vol. 3) que o "reino de Deus" ou "reino dos céus" ou "o céu", exprime exatamente o CORAÇÃO; e entrar no reino dos céus é penetrar, é MERGULHAR (batismo) no âmago de nosso próprio EU. É ser UM com o CRISTO, tal como o CRISTO é UM com o PAI (cfr. JO 10. 30; 17:21,22, 23).


Sendo esta parte a mais importante para a nossa tese, dividamo-la em três seções:

a) - Deus ou o Espírito Santo habitam DENTRO DE nós;


b) - CRISTO, o Filho (UNO com o Pai) também está DENTRO de nós, constituindo NOSSA ESSÊNCIA PROFUNDA;


c) - o local exato em que se encontra o Cristo é o CORAÇÃO, e nossa meta, durante a encarnação, é CRISTIFICAR-NOS, alcançando a evolução crística e unificando-nos com Ele.


a) -


A expressão "dentro de" pode ser dada em grego pela preposição ENTOS que encontramos clara em LC (LC 17:21), quando afirma que "o reino de Deus está DENTRO DE VÓS" (entòs humin); mas tamb ém a mesma ideia é expressa pela preposição EN (latim in, português em): se a água está na (EM A) garrafa ou no (EM O) copo, é porque está DENTRO desses recipientes. Não pode haver dúvida. Recordese o que escrevemos (vol. 1): "o Logos se fez carne e fez sua residência DENTRO DE NÓS" (JO 1:14).


Paulo é categórico em suas afirmativas: "Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita dentro de vós" (1. ª Cor. 3:16).


Οΰи οίδατε ότι ναός θεοϋ έστε иαί τό πνεϋµα τοϋ θεοϋ έν ϋµϊν οίиεί;

E mais: "E não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo que está dentro de vós, o qual recebestes de Deus, e não pertenceis a vós mesmos? Na verdade, fostes comprados por alto preço. Glorificai e TRAZEI DEUS EM VOSSO CORPO" (1. ª Cor. 6:19-20).


Esse Espírito Santo, que é a Centelha do Espírito Universal, é, por isso mesmo, idêntico em todos: "há muitas operações, mas UM só Deus, que OPERA TUDO DENTRO DE TODAS AS COISAS; ... Todas essas coisas opera o único e mesmo Espírito; ... Então, em UM Espírito todos nós fomos MERGULHADOS en: UMA carne, judeus e gentios, livres ou escravos" (1. ª Cor. 12:6, 11, 13).


Καί διαιρέσεις ένεργηµάτων είσιν, ό δέ αύτός θεός ό ένεργών τα πάντα έν πάσιν... Дάντα δέ ταύτα ένεργεί τό έν иαί τό αύτό πνεύµα... Кαί γάρ έν ένί πνεύµατι ήµείς πάντες είς έν σώµα έβαπτίσθηµεν,
είτε ̉Ιουδαίοι εϊτε έλληνες, είτε δούλοι, εϊτε έλεύθεροι.
Mais ainda: "Então já não sois hóspedes e estrangeiros, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus, superedificados sobre o fundamento dos Enviados e dos Profetas, sendo a própria pedra angular máxima Cristo Jesus: em Quem toda edificação cresce no templo santo no Senhor, no Qual tamb ém vós estais edificados como HABITAÇÃO DE DEUS NO ESPÍRITO" (EF 2:19-22). " Αρα ούν ούиέτι έστε ζένοι иαί πάροιиοι, άλλά έστε συµπολίται τών άγίων иαί οίиείοι τού θεού,
έποιиοδοµηθέντες έπί τώ θεµελίω τών άποστόλων иαί προφητών, όντος άиρογωνιαίου αύτού Χριστόύ
#cite Іησού, έν ώ πάσα οίиοδοµή συναρµολογουµένη αύζει είς ναόν άγιον έν иυρίώ, έν ώ иαί ύµείς
συνοιиοδοµείσθε είς иατοιиητήεριον τού θεού έν πνεµατ

ι.


Se Deus habita DENTRO do homem e das coisas quem os despreza, despreza a Deus: "quem despreza estas coisas, não despreza homens, mas a Deus, que também deu seu Espírito Santo em vós" (1. ª Tess. 4:8).


Тοιγαρούν ό άθετών ούи άνθρωπον άθετεί, άλλά τόν θεόν τόν иαί διδόντα τό πνεύµα αύτού τό άγιον είς ύµάς.

E a consciência dessa realidade era soberana em Paulo: "Guardei o bom depósito, pelo Espírito Santo que habita DENTRO DE NÓS" (2. ª Tim. 1:14). (20)


Тήν иαλήν παραθήиην φύλαζον διά πνεύµατος άγίου τού ένοιиούντος έν ήµϊ

ν.


João dá seu testemunho: "Ninguém jamais viu Deus. Se nos amarmos reciprocamente, Deus permanecer á DENTRO DE NÓS, e o Amor Dele, dentro de nós, será perfeito (ou completo). Nisto sabemos que permaneceremos Nele e Ele em nós, porque DE SEU ESPÍRITO deu a nós" (1. ª JO 4:12-13).


θεόν ούδείς πώποτε τεθέαται: έάν άγαπώµεν άλλήλους, ό θεός έν ήµϊν µένει, иαί ή άγάπη αύτοϋ τε-
τελειωµένη έν ήµϊν έστιν. Εν τουτω γινώσиοµεν ότι έν αύτώ µένοµεν иαί αύτός έν ήµϊν, ότι έи τοϋ
πνεύµατος αύτοϋ δέδώиεν ήµϊ

ν.


b) -


Vejamos agora os textos que especificam melhor ser o CRISTO (Filho) que, DENTRO DE NÓS. constitui a essência profunda de nosso ser. Não é mais uma indicação de que TEMOS a Divindade em nós, mas um ensino concreto de que SOMOS uma partícula da Divindade. Escreve Paulo: "Não sabeis que CRISTO (Jesus) está DENTRO DE VÓS"? (2. ª Cor. 13:5). E, passando àquela teoria belíssima de que formamos todos um corpo só, cuja cabeça é Cristo, ensina Paulo: "Vós sois o CORPO de Cristo, e membros de seus membros" (l. ª Cor. 12:27). Esse mesmo Cristo precisa manifestar-se em nós, através de nós: "vossa vida está escondida COM CRISTO em Deus; quando Cristo se manifestar, vós também vos manifestareis em substância" (CL 3:3-4).


E logo adiante insiste: "Despojai-vos do velho homem com seus atos (das personagens terrenas com seus divisionismos egoístas) e vesti o novo, aquele que se renova no conhecimento, segundo a imagem de Quem o criou, onde (na individualidade) não há gentio nem judeu, circuncidado ou incircunciso, bárbaro ou cita, escravo ou livre, mas TUDO e EM TODOS, CRISTO" (CL 3:9-11).


A personagem é mortal, vivendo a alma por efeito do Espírito vivificante que nela existe: "Como em Adão (personagem) todos morrem, assim em CRISTO (individualidade, Espírito vivificante) todos são vivificados" (1. ª Cor. 15:22).


A consciência de que Cristo vive nele, faz Paulo traçar linhas imorredouras: "ou procurais uma prova do CRISTO que fala DENTRO DE MIM? o qual (Cristo) DENTRO DE VÓS não é fraco" mas é poderoso DENTRO DE VÓS" (2. ª Cor. 13:3).


E afirma com a ênfase da certeza plena: "já não sou eu (a personagem de Paulo), mas CRISTO QUE VIVE EM MIM" (GL 2:20). Por isso, pode garantir: "Nós temos a mente (noús) de Cristo" (l. ª Cor. 2:16).


Essa convicção traz consequências fortíssimas para quem já vive na individualidade: "não sabeis que vossos CORPOS são membros de Cristo? Tomando, então, os membros de Cristo eu os tornarei corpo de meretriz? Absolutamente. Ou não sabeis que quem adere à meretriz se torna UM CORPO com ela? Está dito: "e serão dois numa carne". Então - conclui Paulo com uma lógica irretorquível - quem adere a Deus é UM ESPÍRITO" com Deus (1. ª Cor. 6:15-17).


Já desde Paulo a união sexual é trazida como o melhor exemplo da unificação do Espírito com a Divindade. Decorrência natural de tudo isso é a instrução dada aos romanos: "vós não estais (não viveis) EM CARNE (na personagem), mas EM ESPÍRITO (na individualidade), se o Espírito de Deus habita DENTRO DE VÓS; se porém não tendes o Espírito de Cristo, não sois Dele. Se CRISTO (está) DENTRO DE VÓS, na verdade o corpo é morte por causa dos erros, mas o Espírito vive pela perfeição. Se o Espírito de Quem despertou Jesus dos mortos HABITA DENTRO DE VÓS, esse, que despertou Jesus dos mortos, vivificará também vossos corpos mortais, por causa do mesmo Espírito EM VÓS" (RM 9:9-11). E logo a seguir prossegue: "O próprio Espírito testifica ao nosso Espírito que somos filhos de Deus; se filhos, (somos) herdeiros: herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo" (RM 8:16). Provém daí a angústia de todos os que atingiram o Eu Interno para libertar-se: "também tendo em nós as primícias do Espírito, gememos dentro de nós, esperando a adoção de Filhos, a libertação de nosso corpo" (RM 8:23).


c) -


Finalmente, estreitando o círculo dos esclarecimentos, verificamos que o Cristo, dentro de nós, reside NO CORAÇÃO, onde constitui nosso EU Profundo. É ensinamento escriturístico.


Ainda é Paulo que nos esclarece: "Porque sois filhos, Deus enviou o ESPÍRITO DE SEU FILHO, em vosso CORAÇÃO, clamando Abba, ó Pai" (GL 4:6). Compreendemos, então, que o Espírito Santo (Deus) que está em nós, refere-se exatamente ao Espírito do FILHO, ao CRISTO Cósmico, o Filho Unigênito. E ficamos sabendo que seu ponto de fixação em nós é o CORAÇÃO.


Lembrando-se, talvez, da frase de Jeremias, acima-citada, Paulo escreveu aos coríntios: "vós sois a nossa carta, escrita em vossos CORAÇÕES, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifesto que sois CARTA DE CRISTO, preparada por nós, e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo; não em tábuas de pedra, mas nas tábuas dos CORAÇÕES CARNAIS" (2. ª Cor. 3:2-3). Bastante explícito que realmente se trata dos corações carnais, onde reside o átomo espiritual.


Todavia, ainda mais claro é outro texto, em que se fala no mergulho de nosso eu pequeno, unificandonos ao Grande EU, o CRISTO INTERNO residente no coração: "CRISTO HABITA, pela fé, no VOSSO CORAÇÃO". E assegura com firmeza: "enraizados e fundamentados no AMOR, com todos os santos (os encarnados já espiritualizados na vivência da individualidade) se compreenderá a latitude, a longitude a sublimidade e a profundidade, conhecendo o que está acima do conhecimento, o AMOR DE CRISTO, para que se encham de toda a plenitude de Deus" (EF 3:17).


Кατοιиήσαι τόν Χριστόν διά τής πίστεως έν ταϊς иαρδίαις ύµών, έν άγάπη έρριζωµένοι иαί τεθεµελιωµένοι, ϊνα έζισγύσητε иαταλαβέσθαι σύν πάσιν τοϊςάγίοιςτί τό πλάτος иαί µήиος иαί ύψος
иαί βάθος, γνώσαι τε τήν ύπερβάλλουσαν τής γνώσεως άγάπην τοϋ Χριστοϋ, ίνα πληρωθήτε είς πάν τό πλήρωµα τού θεοϋ.

Quando se dá a unificação, o Espírito se infinitiza e penetra a Sabedoria Cósmica, compreendendo então a amplitude da localização universal do Cristo.


Mas encontramos outro ensino de suma profundidade, quando Paulo nos adverte que temos que CRISTIFICAR-NOS, temos que tornar-nos Cristos, na unificação com Cristo. Para isso, teremos que fazer uma tradução lógica e sensata da frase, em que aparece o verbo CHRIO duas vezes: a primeira, no particípio passado, Christós, o "Ungido", o "permeado da Divindade", particípio que foi transliterado em todas as línguas, com o sentido filosófico e místico de O CRISTO; e a segunda, logo a seguir, no presente do indicativo. Ora, parece de toda evidência que o sentido do verbo tem que ser O MESMO em ambos os empregos. Diz o texto original: ho dè bebaiôn hemãs syn humin eis Christon kaí chrísas hemãs theós (2. ª Cor. 1:21).


#cite Ο δέ βεβαιών ήµάς σύν ύµίν είς Χριστόν иαί χρίσας ήµάς θεό

ς.


Eis a tradução literal: "Deus, fortifica dor nosso e vosso, no Ungido, unge-nos".


E agora a tradução real: "Deus, fortificador nosso e vosso, em CRISTO, CRISTIFICA-NOS".


Essa a chave para compreendermos nossa meta: a cristificação total e absoluta.


Logo após escreve Paulo: "Ele também nos MARCA e nos dá, como penhor, o Espírito em NOSSOS CORAÇÕES" (2. ª Cor. 1:22).


#cite Ο иαί σφραγισάµενος ήµάς иαί δούς τόν άρραβώνα τόν πνεύµατος έν ταϊς иαρδϊαις ήµώ

ν.


Completando, enfim, o ensino - embora ministrado esparsamente - vem o texto mais forte e explícito, informando a finalidade da encarnação, para TÔDAS AS CRIATURAS: "até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, ao Homem Perfeito, à medida da evolução plena de Cristo" (EF 4:13).


Мέρχι иαταντήσωµεν οί πάντες είς τήν ένότητα τής πίστοως. иαί τής έπιγνώσεως τοϋ υίοϋ τοϋ θεοϋ,
είς άνδρα τελειον, είς µέτρον ήλιиίας τοϋ πληρώµατος τοϋ Χριστοϋ.
Por isso Paulo escreveu aos Gálatas: "ó filhinhos, por quem outra vez sofro as dores de parto, até que Cristo SE FORME dentro de vós" (GL 4:19) (Тεиνία µου, ούς πάλιν ώδίνω, µέρχις ού µορφωθή Χριστός έν ύµϊ

ν).


Agostinho (Tract. in Joanne, 21, 8) compreendeu bem isto ao escrever: "agradeçamos e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos", (Christus facti sumus); e Metódio de Olimpo ("Banquete das dez virgens", Patrol. Graeca, vol. 18, col. 150) escreveu: "a ekklêsía está grávida e em trabalho de parto até que o Cristo tome forma em nós, até que Cristo nasça em nós, a fim de que cada um dos santos (encarnados) por sua participação com o Cristo, se torne Cristo". Também Cirilo de Jerusalém ("Catechesis mystagogicae" 1. 3. 1 in Patr. Graeca vol. 33, col. 1. 087) asseverou: " Após terdes mergulhado no Cristo e vos terdes revestido do Cristo, fostes colocados em pé de igualdade com o Filho de Deus... pois que entrastes em comunhão com o Cristo, com razão tendes o nome de cristos, isto é, de ungidos".


Todo o que se une ao Cristo, se torna um cristo, participando do Pneuma e da natureza divina (theías koinônoí physeôs) (2. ª Pe. 1:3), pois "Cristo é o Espírito" (2. ª Cor. 3:17) e quem Lhe está unido, tem em si o selo (sphrágis) de Cristo. Na homilia 24,2, sobre 1. ª Cor. 10:16, João Crisóstomo (Patrol.


Graeca vol. 61, col. 200) escreveu: "O pão que partimos não é uma comunhão (com+união, koinônía) ao corpo de Cristo? Porque não disse "participação" (metoché)? Porque quis revelar algo mais, e mostrar uma associação (synápheia) mais íntima. Realmente, estamos unidos (koinônoúmen) não só pela participação (metéchein) e pela recepção (metalambánein), mas também pela UNIFICAÇÃO (enousthai)".


Por isso justifica-se o fragmento de Aristóteles, supra citado, em Sinésio: "os místicos devem não apenas aprender (mathein) mas experimentar" (pathein).


Essa é a razão por que, desde os primeiros séculos do estabelecimento do povo israelita, YHWH, em sua sabedoria, fazia a distinção dos diversos "corpos" da criatura; e no primeiro mandamento revelado a Moisés dizia: " Amarás a Deus de todo o teu coração (kardía), de toda tua alma (psychê), de todo teu intelecto (diánoia), de todas as tuas forças (dynameis)"; kardía é a individualidade, psychê a personagem, dividida em diánoia (intelecto) e dynameis (veículos físicos). (Cfr. LV 19:18; DT 6:5; MT 22:37; MC 12:13; LC 10:27).


A doutrina é uma só em todos os sistemas religiosos pregados pelos Mestres (Enviados e Profetas), embora com o tempo a imperfeição humana os deturpe, pois a personagem é fundamentalmente divisionista e egoísta. Mas sempre chega a ocasião em que a Verdade se restabelece, e então verificamos que todas as revelações são idênticas entre si, em seu conteúdo básico.


ESCOLA INICIÁTICA


Após essa longa digressão a respeito do estudo do "homem" no Novo Testamento, somos ainda obrigados a aprofundar mais o sentido do trecho em que são estipuladas as condições do discipulato.


Há muito desejaríamos ter penetrado neste setor, a fim de poder dar explicação cabal de certas frases e passagens; mas evitamo-lo ao máximo, para não ferir convicções de leitores desacostumados ao assunto.


Diante desse trecho, porém, somos forçados a romper os tabus e a falar abertamente.


Deve ter chamado a atenção de todos os estudiosos perspicazes dos Evangelhos, que Jesus jamais recebeu, dos evangelistas, qualquer título que normalmente seria atribuído a um fundador de religião: Chefe Espiritual, Sacerdote, Guia Espiritual, Pontífice; assim também, aqueles que O seguiam, nunca foram chamados Sequazes, Adeptos, Adoradores, Filiados, nem Fiéis (a não ser nas Epístolas, mas sempre com o sentido de adjetivo: os que mantinham fidelidade a Seus ensinos). Ao contrário disso, os epítetos dados a Jesus foram os de um chefe de escola: MESTRE (Rabbi, Didáskalos, Epistátês) ou de uma autoridade máxima Kyrios (SENHOR dos mistérios). Seus seguidores eram DISCÍPULOS (mathêtês), tudo de acordo com a terminologia típica dos mistérios iniciáticos de Elêusis, Delfos, Crotona, Tebas ou Heliópolis. Após receberem os primeiros graus, os discípulos passaram a ser denominado "emissários" (apóstolos), encarregados de dar a outros as primeiras iniciações.


Além disso, é evidente a preocupação de Jesus de dividir Seus ensinos em dois graus bem distintos: o que era ministrado de público ("a eles só é dado falar em parábolas") e o que era ensinado privadamente aos "escolhidos" ("mas a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus", cfr. MT 13:10-17 ; MC 4:11-12; LC 8:10).


Verificamos, portanto, que Jesus não criou uma "religião", no sentido moderno dessa palavra (conjunto de ritos, dogmas e cultos com sacerdócio hierarquicamente organizado), mas apenas fundou uma ESCOLA INICIÁTICA, na qual preparou e "iniciou" seus DISCÍPULOS, que Ele enviou ("emissários, apóstolos") com a incumbência de "iniciar" outras criaturas. Estas, por sua vez, foram continuando o processo e quando o mundo abriu os olhos e percebeu, estava em grande parte cristianizado. Quando os "homens" o perceberam e estabeleceram a hierarquia e os dogmas, começou a decadência.


A "Escola iniciática" fundada por Jesus foi modelada pela tradição helênica, que colocava como elemento primordial a transmissão viva dos mistérios: e "essa relação entre a parádosis (transmissão) e o mystérion é essencial ao cristianismo", escreveu o monge beneditino D. Odon CaseI (cfr. "Richesse du Mystere du Christ", Les éditions du Cerf. Paris, 1964, pág. 294). Esse autor chega mesmo a afirmar: " O cristianismo não é uma religião nem uma confissão, segundo a acepção moderna dessas palavras" (cfr. "Le Mystere du Culte", ib., pág. 21).


E J. Ranft ("Der Ursprung des Kathoíischen Traditionsprinzips", 1931, citado por D . O. Casel) escreve: " esse contato íntimo (com Cristo) nasce de uma gnose profunda".


Para bem compreender tudo isso, é indispensável uma incursão pelo campo das iniciações, esclarecendo antes alguns termos especializados. Infelizmente teremos que resumir ao máximo, para não prejudicar o andamento da obra. Mas muitos compreenderão.


TERMOS ESPECIAIS


Aiôn (ou eon) - era, época, idade; ou melhor CICLO; cada um dos ciclos evolutivos.


Akoueíu - "ouvir"; akoueín tòn lógon, ouvir o ensino, isto é, receber a revelação dos segredos iniciáticos.


Gnôse - conhecimento espiritual profundo e experimental dos mistérios.


Deíknymi - mostrar; era a explicação prática ou demonstração de objetos ou expressões, que serviam de símbolos, e revelavam significados ocultos.


Dóxa - doutrina; ou melhor, a essência do conhecimento profundo: o brilho; a luz da gnôse; donde "substância divina", e daí a "glória".


Dynamis - força potencial, potência que capacita para o érgon e para a exousía, infundindo o impulso básico de atividade.


Ekklêsía - a comunidade dos "convocados" ou "chamados" (ékklêtos) aos mistérios, os "mystos" que tinham feito ou estavam fazendo o curso da iniciação.


Energeín - agir por dentro ou de dentro (energia), pela atuação da força (dybamis).


Érgon - atividade ou ação; trabalho espiritual realizado pela força (dynamis) da Divindade que habita dentro de cada um e de cada coisa; energia.


Exêgeísthaí - narrar fatos ocultos, revelar (no sentido de "tirar o véu") (cfr. LC 24:35; JO 1:18; AT 10:8:15:12, 14).


Hágios - santo, o que vive no Espírito ou Individualidade; o iniciado (cfr. teleios).


Kyrios - Senhor; o Mestre dos Mistérios; o Mistagogo (professor de mistérios); o Hierofante (o que fala, fans, fantis, coisas santas, hieros); dava-se esse título ao possuidor da dynamis, da exousía e do érgon, com capacidade para transmiti-los.


Exousía - poder, capacidade de realização, ou melhor, autoridade, mas a que provém de dentro, não "dada" de fora.


Leitourgia - Liturgia, serviço do povo: o exercício do culto crístico, na transmissão dos mistérios.


Legómena - palavras reveladoras, ensino oral proferido pelo Mestre, e que se tornava "ensino ouvido" (lógos akoês) pelos discípulos.


Lógos - o "ensino" iniciático, a "palavra" secreta, que dava a chave da interpretação dos mistérios; a" Palavra" (Energia ou Som), segundo aspecto da Divindade.


Monymenta - "monumentos", ou seja, objetos e lembranças, para manter viva a memória.


Mystagogo – o Mestre dos Mystérios, o Hierofante.


Mystérion - a ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação; donde, o ensino revelado apenas aos perfeitos (teleios) e santos (hágios), mas que devia permanecer oculto aos profanos.


Oikonomía - economia, dispensação; literalmente "lei da casa"; a vida intima de cada iniciado e sua capacidade na transmissão iniciática a outros, (de modo geral encargo recebido do Mestre).


Orgê - a atividade ou ação sagrada; o "orgasmo" experimentado na união mística: donde "exaltação espiritual" pela manifestação da Divindade (erradamente interpretado como "ira").


Parábola - ensino profundo sob forma de narrativa popular, com o verdadeiro sentido oculto por metáforas e símbolos.


Paradídômi - o mesmo que o latim trádere; transmitir, "entregar", passar adiante o ensino secreto.


Parádosis - transmissão, entrega de conhecimentos e experiências dos ensinos ocultos (o mesmo que o latim tradítio).


Paralambánein - "receber" o ensino secreto, a "palavra ouvida", tornando-se conhecedor dos mistérios e das instruções.


Patheín - experimentar, "sofrer" uma experiência iniciática pessoalmente, dando o passo decisivo para receber o grau e passar adiante.


Plêrôma - plenitude da Divindade na criatura, plenitude de Vida, de conhecimento, etc.


Redençãoa libertação do ciclo de encarnações na matéria (kyklos anánkê) pela união total e definitiva com Deus.


Santo - o mesmo que perfeito ou "iniciado".


Sêmeíon - "sinal" físico de uma ação espiritual, demonstração de conhecimento (gnose), de força (dynamis), de poder (exousía) e de atividade ou ação (érgon); o "sinal" é sempre produzido por um iniciado, e serve de prova de seu grau.


Sophía - a sabedoria obtida pela gnose; o conhecimento proveniente de dentro, das experiências vividas (que não deve confundir-se com a cultura ou erudição do intelecto).


Sphrágis - selo, marca indelével espiritual, recebida pelo espírito, embora invisível na matéria, que assinala a criatura como pertencente a um Senhor ou Mestre.


Symbolos - símbolos ou expressões de coisas secretas, incompreensíveis aos profanos e só percebidas pelos iniciados (pão, vinho, etc.) .


Sótería - "salvação", isto é, a unificação total e definitiva com a Divindade, que se obtém pela "redenção" plena.


Teleíos - o "finalista", o que chegou ao fim de um ciclo, iniciando outro; o iniciado nos mistérios, o perfeito ou santo.


Teleisthai - ser iniciado; palavra do mesmo radical que teleutan, que significa "morrer", e que exprime" finalizar" alguma coisa, terminar um ciclo evolutivo.


Tradítio - transmissão "tradição" no sentido etimológico (trans + dare, dar além passar adiante), o mesmo que o grego parádosis.


TRADIÇÃO


D. Odon Casel (o. c., pág. 289) escreve: "Ranft estudou de modo preciso a noção da tradítio, não só como era praticada entre os judeus, mas também em sua forma bem diferente entre os gregos. Especialmente entre os adeptos dos dosis é a transmissão secreta feita aos "mvstos" da misteriosa sôtería; é a inimistérios, a noção de tradítio (parádosis) tinha grande importância. A paraciação e a incorporação no círculo dos eleitos (eleitos ou "escolhidos"; a cada passo sentimos a confirmação de que Jesus fundou uma "Escola Iniciática", quando emprega os termos privativos das iniciações heléntcas; cfr. " muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos" - MT 22. 14), características das religiões grecoorientais. Tradítio ou parádosis são, pois, palavras que exprimem a iniciação aos mistérios. Tratase, portanto, não de uma iniciação científica, mas religiosa, realizada no culto. Para o "mysto", constitui uma revelação formal, a segurança vivida das realidades sagradas e de uma santa esperança. Graças a tradição, a revelação primitiva passa às gerações ulteriores e é comunicada por ato de iniciação. O mesmo princípio fundamental aplica-se ao cristianismo".


Na página seguinte, o mesmo autor prossegue: "Nos mistérios, quando o Pai Mistagogo comunica ao discípulo o que é necessário ao culto, essa transmissão tem o nome de traditio. E o essencial não é a instrução, mas a contemplação, tal como o conta Apuleio (Metamorphoses, 11, 21-23) ao narrar as experiências culturais do "mysto" Lúcius. Sem dúvida, no início há uma instrução, mas sempre para finalizar numa contemplação, pela qual o discípulo, o "mysto", entra em relação direta com a Divindade.


O mesmo ocorre no cristianismo (pág. 290).


Ouçamos agora as palavras de J. Ranft (o. c., pág. 275): "A parádosis designa a origem divina dos mistérios e a transmissão do conteúdo dos mistérios. Esta, à primeira vista, realiza-se pelo ministério dos homens, mas não é obra de homens; é Deus que ensina. O homem é apenas o intermediário, o Instrumento desse ensino divino. Além disso... desperta o homem interior. Logos é realmente uma palavra intraduzível: designa o próprio conteúdo dos mistérios, a palavra, o discurso, o ENSINO. É a palavra viva, dada por Deus, que enche o âmago do homem".


No Evangelho, a parádosis é constituída pelas palavras ou ensinos (lógoi) de Jesus, mas também simbolicamente pelos fatos narrados, que necessitam de interpretação, que inicialmente era dada, verbalmente, pelos "emissários" e pelos inspirados que os escreveram, com um talento superior de muito ao humano, deixando todos os ensinos profundos "velados", para só serem perfeitamente entendidos pelos que tivessem recebido, nos séculos seguintes, a revelação do sentido oculto, transmitida quer por um iniciado encarnado, quer diretamente manifestada pelo Cristo Interno. Os escritores que conceberam a parádosis no sentido helênico foram, sobretudo, João e Paulo; já os sinópticos a interpretam mais no sentido judaico, excetuando-se, por vezes, o grego Lucas, por sua convivência com Paulo, e os outros, quando reproduziam fielmente as palavras de Jesus.


Se recordarmos os mistérios de Elêusis (palavra que significa "advento, chegada", do verbo eléusomai," chegar"), ou de Delfos (e até mesmo os de Tebas, Ábydos ou Heliópolis), veremos que o Novo Testamento concorda seus termos com os deles. O logos transmitido (paradidômi) por Jesus é recebida (paralambánein) pelos DISCÍPULOS (mathêtês). Só que Jesus apresentou um elemento básico a mais: CRISTO. Leia-se Paulo: "recebi (parélabon) do Kyrios o que vos transmiti (parédote)" (l. ª Cor. 11:23).


O mesmo Paulo, que define a parádosis pagã como "de homens, segundo os elementos do mundo e não segundo Cristo" (CL 2:8), utiliza todas as palavras da iniciação pagã, aplicando-as à iniciação cristã: parádosis, sophía, logo", mystérion, dynamis, érgon, gnose, etc., termos que foram empregados também pelo próprio Jesus: "Nessa hora Jesus fremiu no santo pneuma e disse: abençôo-te, Pai, Senhor do céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e hábeis, e as revelaste aos pequenos, Sim, Pai, assim foi de teu agrado. Tudo me foi transmitido (parédote) por meu Pai. E ninguém tem a gnose do que é o Filho senão o Pai, e ninguém tem a gnose do que é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quer revelar (apokalypsai = tirar o véu). E voltando-se para seus discípulos, disse: felizes os olhos que vêem o que vedes. Pois digo-vos que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis, e não ouviram" (LC 10:21-24). Temos a impressão perfeita que se trata de ver e ouvir os mistérios iniciáticos que Jesus transmitia a seus discípulos.


E João afirma: "ninguém jamais viu Deus. O Filho Unigênito que esta no Pai, esse o revelou (exêgêsato, termo específico da língua dos mistérios)" (JO 1:18).


"PALAVRA OUVIDA"


A transmissão dos conhecimentos, da gnose, compreendia a instrução oral e o testemunhar das revelações secretas da Divindade, fazendo que o iniciado participasse de uma vida nova, em nível superior ( "homem novo" de Paulo), conhecendo doutrinas que deveriam ser fielmente guardadas, com a rigorosa observação do silêncio em relação aos não-iniciados (cfr. "não deis as coisas santas aos cães", MT 7:6).


Daí ser a iniciação uma transmissão ORAL - o LOGOS AKOÊS, ou "palavra ouvida" ou "ensino ouvido" - que não podia ser escrito, a não ser sob o véu espesso de metáforas, enigmas, parábolas e símbolos.


Esse logos não deve ser confundido com o Segundo Aspecto da Divindade (veja vol. 1 e vol. 3).


Aqui logos é "o ensino" (vol. 2 e vol. 3).


O Novo Testamento faz-nos conhecer esse modus operandi: Paulo o diz, numa construção toda especial e retorcida (para não falsear a técnica): "eis por que não cessamos de agradecer (eucharistoúmen) a Deus, porque, recebendo (paralabóntes) o ENSINO OUVIDO (lógon akoês) por nosso intermédio, de Deus, vós o recebestes não como ensino de homens (lógon anthrópôn) mas como ele é verdadeiramente: o ensino de Deus (lógon theou), que age (energeítai) em vós que credes" (l. ª Tess. 2:13).


O papel do "mysto" é ouvir, receber pelo ouvido, o ensino (lógos) e depois experimentar, como o diz Aristóteles, já citado por nós: "não apenas aprender (matheín), mas experimentar" (patheín).


Esse trecho mostra como o método cristão, do verdadeiro e primitivo cristianismo de Jesus e de seus emissários, tinha profunda conexão com os mistérios gregos, de cujos termos específicos e característicos Jesus e seus discípulos se aproveitaram, elevando, porém, a técnica da iniciação à perfeição, à plenitude, à realidade máxima do Cristo Cósmico.


Mas continuemos a expor. Usando, como Jesus, a terminologia típica da parádosis grega, Paulo insiste em que temos que assimilá-la interiormente pela gnose, recebendo a parádosis viva, "não mais de um Jesus de Nazaré histórico, mas do Kyrios, do Cristo ressuscitado, o Cristo Pneumatikós, esse mistério que é o Cristo dentro de vós" (CL 1:27).


Esse ensino oral (lógos akoês) constitui a tradição (traditio ou parádosis), que passa de um iniciado a outro ou é recebido diretamente do "Senhor" (Kyrios), como no caso de Paulo (cfr. GL 1:11): "Eu volo afirmo, meus irmãos, que a Boa-Nova que preguei não foi à maneira humana. Pois não na recebi (parélabon) nem a aprendi de homens, mas por uma revelação (apokálypsis) de Jesus Cristo".


Aos coríntios (l. ª Cor. 2:1-5) escreve Paulo: "Irmãos, quando fui a vós, não fui com o prestígio do lógos nem da sophía, mas vos anunciei o mistério de Deus. Decidi, com efeito, nada saber entre vós sen ão Jesus Cristo, e este crucificado. Fui a vós em fraqueza, em temor, e todo trêmulo, e meu logos e minha pregação não consistiram nos discursos persuasivos da ciência, mas numa manifestação do Esp írito (pneuma) e do poder (dynamis), para que vossa fé não repouse na sabedoria (sophía) dos homens, mas no poder (dynamis) de Deus".


A oposição entre o logos e a sophia profanos - como a entende Aristóteles - era salientada por Paulo, que se referia ao sentido dado a esses termos pelos "mistérios antigos". Salienta que à sophia e ao logos profanos, falta, no dizer dele, a verdadeira dynamis e o pnenma, que constituem o mistério cristão que ele revela: Cristo.


Em vários pontos do Novo Testamento aparece a expressão "ensino ouvido" ou "ouvir o ensino"; por exemplo: MT 7:24, MT 7:26; 10:14; 13:19, 20, 21, 22, 23; 15:12; 19:22; MC 4:14, MC 4:15, MC 4:16, MC 4:17, 18, 19, 20; LC 6:47; LC 8:11, LC 8:12, LC 8:13, LC 8:15; 10:39; 11:28; JO 5:24, JO 5:38; 7:40; 8:43; 14:24; AT 4:4; AT 10:44; AT 13:7; AT 15:7; EF 1:13; 1. ª Tess. 2:13; HB 4:2; 1. ª JO 2:7; Ap. 1:3.


DYNAMIS


Em Paulo, sobretudo, percebemos o sentido exato da palavra dynamis, tão usada nos Evangelhos.


Pneuma, o Espírito (DEUS), é a força Potencial ou Potência Infinita (Dynamis) que, quando age (energeín) se torna o PAI (érgon), a atividade, a ação, a "energia"; e o resultado dessa atividade é o Cristo Cósmico, o Kosmos universal, o Filho, que é Unigênito porque a emissão é única, já que espaço e tempo são criações intelectuais do ser finito: o Infinito é uno, inespacial, atemporal.


Então Dynamis é a essência de Deus o Absoluto, a Força, a Potência Infinita, que tudo permeia, cria e governa, desde os universos incomensuráveis até os sub-átomos infra-microscópicos. Numa palavra: Dynamis é a essência de Deus e, portanto, a essência de tudo.


Ora, o Filho é exatamente o PERMEAADO, ou o UNGIDO (Cristo), por essa Dynamis de Deus e pelo Érgon do Pai. Paulo já o dissera: "Cristo... é a dynamis de Deus e a sophía de Deus (Christòn theou dynamin kaí theou sophían, 1. ª Cor. 1:24). Então, manifesta-se em toda a sua plenitude (cfr. CL 2:9) no homem Jesus, a Dynamis do Pneuma (embora pneuma e dynamis exprimam realmente uma só coisa: Deus): essa dynamis do pneuma, atuando através do Pai (érgon) toma o nome de CRISTO, que se manifestou na pessoa Jesus, para introduzir a humanidade deste planeta no novo eon, já que "ele é a imagem (eikôn) do Deus invisível e o primogênito de toda criação" (CL 1:15).


EON


O novo eon foi inaugurado exatamente pelo Cristo, quando de Sua penetração plena em Jesus. Daí a oposição que tanto aparece no Novo Testamento Entre este eon e o eon futuro (cfr., i. a., MT 12:32;


MC 10:30; LC 16:8; LC 20:34; RM 12:2; 1. ª Cor. 1:20; 2:6-8; 3:18:2. ª Cor. 4:4; EF 2:2-7, etc.) . O eon "atual" e a vida da matéria (personalismo); O eon "vindouro" é a vida do Espírito ó individualidade), mas que começa na Terra, agora (não depois de desencarnados), e que reside no âmago do ser.


Por isso, afirmou Jesus que "o reino dos céus está DENTRO DE VÓS" (LC 17:21), já que reside NO ESPÍRITO. E por isso, zôê aiónios é a VIDA IMANENTE (vol, 2 e vol. 3), porque é a vida ESPIRITUAL, a vida do NOVO EON, que Jesus anunciou que viria no futuro (mas, entenda-se, não no futuro depois da morte, e sim no futuro enquanto encarnados). Nesse novo eon a vida seria a da individualidade, a do Espírito: "o meu reino não é deste mundo" (o físico), lemos em JO 18:36. Mas é NESTE mundo que se manifestará, quando o Espírito superar a matéria, quando a individualidade governar a personagem, quando a mente dirigir o intelecto, quando o DE DENTRO dominar o DE FORA, quando Cristo em nós tiver a supremacia sobre o eu transitório.


A criatura que penetra nesse novo eon recebe o selo (sphrágis) do Cristo do Espírito, selo indelével que o condiciona como ingresso no reino dos céus. Quando fala em eon, o Evangelho quer exprimir um CICLO EVOLUTIVO; na evolução da humanidade, em linhas gerais, podemos considerar o eon do animalismo, o eon da personalidade, o eon da individualidade, etc. O mais elevado eon que conhecemos, o da zôê aiónios (vida imanente) é o da vida espiritual plenamente unificada com Deus (pneuma-dynamis), com o Pai (lógos-érgon), e com o Filho (Cristo-kósmos).


DÓXA


Assim como dynamis é a essência de Deus, assim dóxa (geralmente traduzida por "glória") pode apresentar os sentidos que vimos (vol. 1). Mas observaremos que, na linguagem iniciática dos mistérios, além do sentido de "doutrina" ou de "essência da doutrina", pode assumir o sentido específico de" substância divina". Observe-se esse trecho de Paulo (Filp. 2:11): "Jesus Cristo é o Senhor (Kyrios) na substância (dóxa) de Deus Pai"; e mais (RM 6:4): "o Cristo foi despertado dentre os mortos pela substância (dóxa) do Pai" (isto é, pelo érgon, a energia do Som, a vibração sonora da Palavra).


Nesses passos, traduzir dóxa por glória é ilógico, não faz sentido; também "doutrina" aí não cabe. O sentido é mesmo o de "substância".


Vejamos mais este passo (l. ª Cor. 2:6-16): "Falamos, sim da sabedoria (sophia) entre os perfeitos (teleiois, isto é, iniciados), mas de uma sabedoria que não é deste eon, nem dos príncipes deste eon, que são reduzidos a nada: mas da sabedoria dos mistérios de Deus, que estava oculta, e que antes dos eons Deus destinara como nossa doutrina (dóxa), e que os príncipes deste mundo não reconheceram. De fato, se o tivessem reconhecido, não teriam crucificado o Senhor da Doutrina (Kyrios da dóxa, isto é, o Hierofante ou Mistagogo). Mas como está escrito, (anunciamos) o que o olho não viu e o ouvido não ouviu e o que não subiu sobre o coração do homem, mas o que Deus preparou para os que O amam.


Pois foi a nós que Deus revelou (apekalypsen = tirou o véu) pelo pneuma" (ou seja, pelo Espírito, pelo Cristo Interno).


MISTÉRIO


Mistério é uma palavra que modificou totalmente seu sentido através dos séculos, mesmo dentro de seu próprio campo, o religioso. Chamam hoje "mistério" aquilo que é impossível de compreender, ou o que se ignora irremissivelmente, por ser inacessível à inteligência humana.


Mas originariamente, o mistério apresentava dois sentidos básicos:

1. º - um ensinamento só revelado aos iniciados, e que permanecia secreto para os profanos que não podiam sabê-lo (daí proveio o sentido atual: o que não se pode saber; na antiguidade, não se podia por proibição moral, ao passo que hoje é por incapacidade intelectual);


2. º - a própria ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação completa.


Quando falamos em "mistério", transliterando a palavra usada no Novo Testamento, arriscamo-nos a interpretar mal. Aí, mistério não tem o sentido atual, de "coisa ignorada por incapacidade intelectiva", mas é sempre a "ação divina revelada experimentalmente ao homem" (embora continue inacessível ao não-iniciado ou profano).


O mistério não é uma doutrina: exprime o caráter de revelação direta de Deus a seus buscadores; é uma gnose dos mistérios, que se comunica ao "mysto" (aprendiz de mística). O Hierofante conduz o homem à Divindade (mas apenas o conduz, nada podendo fazer em seu lugar). E se o aprendiz corresponde plenamente e atende a todas as exigências, a Divindade "age" (energeín) internamente, no "Esp írito" (pneuma) do homem. que então desperta (egereín), isto é, "ressurge" para a nova vida (cfr. "eu sou a ressurreição da vida", JO 11:25; e "os que produzirem coisas boas (sairão) para a restauração de vida", isto é, os que conseguirem atingir o ponto desejado serão despertados para a vida do espírito, JO 5-29).


O caminho que leva a esses passos, é o sofrimento, que prepara o homem para uma gnose superior: "por isso - conclui O. Casel - a cruz é para o cristão o caminho que conduz à gnose da glória" (o. c., pág. 300).


Paulo diz francamente que o mistério se resume numa palavra: CRISTO "esse mistério, que é o Cristo", (CL 1:27): e "a fim de que conheçam o mistério de Deus, o Cristo" (CL 2:2).


O mistério opera uma união íntima e física com Deus, a qual realiza uma páscoa (passagem) do atual eon, para o eon espiritual (reino dos céus).


O PROCESSO


O postulante (o que pedia para ser iniciado) devia passar por diversos graus, antes de ser admitido ao pórtico, à "porta" por onde só passavam as ovelhas (símbolo das criaturas mansas; cfr. : "eu sou a porta das ovelhas", JO 10:7). Verificada a aptidão do candidato profano, era ele submetido a um período de "provações", em que se exercitava na ORAÇÃO (ou petição) que dirigia à Divindade, apresentando os desejos ardentes ao coração, "mendigando o Espírito" (cfr. "felizes os mendigos de Espírito" MT 5:3) para a ele unir-se; além disso se preparava com jejuns e alimentação vegetariana para o SACRIF ÍCIO, que consistia em fazer a consagração de si mesmo à Divindade (era a DE + VOTIO, voto a Deus), dispondo-se a desprender-se ao mundo profano.


Chegado a esse ponto, eram iniciados os SETE passos da iniciação. Os três primeiros eram chamado "Mistérios menores"; os quatro últimos, "mistérios maiores". Eram eles:

1 - o MERGULHO e as ABLUÇÕES (em Elêusis havia dois lagos salgados artificiais), que mostravam ao postulante a necessidade primordial e essencial da "catarse" da "psiquê". Os candidatos, desnudos, entravam num desses lagos e mergulhavam, a fim de compreender que era necessário "morrer" às coisas materiais para conseguir a "vida" (cfr. : "se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só; mas se morrer dá muito fruto", JO 12:24). Exprimia a importância do mergulho dentro de si mesmo, superando as dificuldades e vencendo o medo. Ao sair do lago, vestia uma túnica branca e aguardava o segundo passo.


2 - a ACEITAÇÃO de quem havia mergulhado, por parte do Mistagogo, que o confirmava no caminho novo, entre os "capazes". Daí por diante, teria que correr por conta própria todos os riscos inerentes ao curso: só pessoalmente poderia caminhar. Essa confirmação do Mestre simbolizava a "epiphanía" da Divindade, a "descida da graça", e o recem-aceito iniciava nova fase.


3 - a METÂNOIA ou mudança da mente, que vinha após assistir a várias tragédias e dramas de fundo iniciático. Todas ensinavam ao "mysto" novato, que era indispensável, através da dor, modificar seu" modo de pensar" em relação à vida, afastar-se de. todos os vícios e fraquezas do passado, renunciar a prazeres perniciosos e defeitos, tornando-se o mais perfeito (téleios) possível. Era buscada a renovação interna, pelo modo de pensar e de encarar a vida. Grande número dos que começavam a carreira, paravam aí, porque não possuíam a força capaz de operar a transmutação mental. As tentações os empolgavam e novamente se lançavam no mundo profano. No entanto, se dessem provas positivas de modifica ção total, de serem capazes de viver na santidade, resistindo às tentações, podiam continuar a senda.


Havia, então, a "experiência" para provar a realidade da "coragem" do candidato: era introduzido em grutas e câmaras escuras, onde encontrava uma série de engenhos lúgubres e figuras apavorantes, e onde demorava um tempo que parecia interminável. Dali, podia regressar ou prosseguir. Se regressava, saía da fileira; se prosseguia, recebia a recompensa justa: era julgado apto aos "mistérios maiores".


4 - O ENCONTRO e a ILUMINAÇÃO, que ocorria com a volta à luz, no fim da terrível caminhada por entre as trevas. Através de uma porta difícil de ser encontrada, deparava ele campos floridos e perfumados, e neles o Hierofante, em paramentação luxuosa. que os levava a uma refeição simples mas solene constante de pão, mel, castanhas e vinho. Os candidatos eram julgados "transformados", e porSABEDORIA DO EVANGELHO tanto não havia mais as exteriorizações: o segredo era desvelado (apokálypsis), e eles passavam a saber que o mergulho era interno, e que deviam iniciar a meditação e a contemplação diárias para conseguir o "encontro místico" com a Divindade dentro de si. Esses encontros eram de início, raros e breves, mas com o exercício se iam fixando melhor, podendo aspirar ao passo seguinte.


5 - a UNIÃO (não mais apenas o "encontro"), mas união firme e continuada, mesmo durante sua estada entre os profanos. Era simbolizada pelo drama sacro (hierõs gámos) do esponsalício de Zeus e Deméter, do qual nasceria o segundo Dionysos, vencedor da morte. Esse matrimônio simbólico e puro, realizado em exaltação religiosa (orgê) é que foi mal interpretado pelos que não assistiam à sua representação simbólica (os profanos) e que tacharam de "orgias imorais" os mistérios gregos. Essa "união", depois de bem assegurada, quando não mais se arriscava a perdê-la, preparava os melhores para o passo seguinte.


6 - a CONSAGRAÇÃO ou, talvez, a sagração, pela qual era representada a "marcação" do Espírito do iniciado com um "selo" especial da Divindade a quem o "mysto" se consagrava: Apolo, Dyonisos, Isis, Osíris, etc. Era aí que o iniciado obtinha a epoptía, ou "visão direta" da realidade espiritual, a gnose pela vivência da união mística. O epopta era o "vigilante", que o cristianismo denominou "epískopos" ou "inspetor". Realmente epopta é composto de epí ("sobre") e optos ("visível"); e epískopos de epi ("sobre") e skopéô ("ver" ou "observar"). Depois disso, tinha autoridade para ensinar a outros e, achando-se preso à Divindade e às obrigações religiosas, podia dirigir o culto e oficiar a liturgia, e também transmitir as iniciações nos graus menores. Mas faltava o passo decisivo e definitivo, o mais difícil e quase inacessível.


7 - a PLENITUDE da Divindade, quando era conseguida a vivência na "Alma Universal já libertada".


Nos mistérios gregos (em Elêusis) ensinava-se que havia uma Força Absoluta (Deus o "sem nome") que se manifestava através do Logos (a Palavra) Criador, o qual produzia o Filho (Kósmo). Mas o Logos tinha duplo aspecto: o masculino (Zeus) e o feminino (Deméter). Desse casal nascera o Filho, mas também com duplo aspecto: a mente salvadora (Dionysos) e a Alma Universal (Perséfone). Esta, desejando experiências mais fortes, descera à Terra. Mas ao chegar a estes reinos inferiores, tornouse a "Alma Universal" de todas as criaturas, e acabou ficando prisioneira de Plutão (a matéria), que a manteve encarcerada, ministrando-lhe filtros mágicos que a faziam esquecer sua origem divina, embora, no íntimo, sentisse a sede de regressar a seu verdadeiro mundo, mesmo ignorando qual fosse.


Dionysos quis salvá-la, mas foi despedaçado pelos Titãs (a mente fracionada pelo intelecto e estraçalhada pelos desejos). Foi quando surgiu Triptólemo (o tríplice combate das almas que despertam), e com apelos veementes conseguiu despertar Perséfone, revelando lhe sua origem divina, e ao mesmo tempo, com súplicas intensas às Forças Divinas, as comoveu; então Zeus novamente se uniu a Deméter, para fazer renascer Dionysos. Este, assumindo seu papel de "Salvador", desce à Terra, oferecendose em holocausto a Plutão (isto é, encarnando-se na própria matéria) e consegue o resgate de Perséfone, isto é, a libertação da Alma das criaturas do domínio da matéria e sua elevação novamente aos planos divinos. Por esse resumo, verificamos como se tornou fácil a aceitação entre os grego, e romanos da doutrina exposta pelos Emissários de Jesus, um "Filho de Deus" que desceu à Terra para resgatar com sua morte a alma humana.


O iniciado ficava permeado pela Divindade, tornando-se então "adepto" e atingindo o verdadeiro grau de Mestre ou Mistagogo por conhecimento próprio experimental. Já não mais era ele, o homem, que vivia: era "O Senhor", por cujo intermédio operava a Divindade. (Cfr. : "não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim", GL 2:20; e ainda: "para mim, viver é Cristo", Filp. 1:21). A tradição grega conservou os nomes de alguns dos que atingiram esse grau supremo: Orfeu... Pitágoras... Apolônio de Tiana... E bem provavelmente Sócrates (embora Schuré opine que o maior foi Platão).


NO CRISTIANISMO


Todos os termos néo-testamentários e cristãos, dos primórdios, foram tirados dos mistérios gregos: nos mistérios de Elêusis, o iniciado se tornava "membro da família do Deus" (Dionysos), sendo chamado.


então, um "santo" (hágios) ou "perfeito" (téleios). E Paulo escreve: "assim, pois, não sois mais estran geiros nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus. ’ (EF 2:19). Ainda em Elêusis, mostrava-se aos iniciados uma "espiga de trigo", símbolo da vida que eternamente permanece através das encarnações e que, sob a forma de pão, se tornava participante da vida do homem; assim quando o homem se unia a Deus, "se tornava participante da vida divina" (2. ª Pe. 1:4). E Jesus afirmou: " Eu sou o PÃO da Vida" (JO 6. 35).


No entanto ocorreu modificação básica na instituição do Mistério cristão, que Jesus realizou na "última Ceia", na véspera de sua experiência máxima, o páthos ("paixão").


No Cristianismo, a iniciação toma sentido puramente espiritual, no interior da criatura, seguindo mais a Escola de Alexandria. Lendo Filon, compreendemos isso: ele interpreta todo o Antigo Testamento como alegoria da evolução da alma. Cada evangelista expõe a iniciação cristã de acordo com sua própria capacidade evolutiva, sendo que a mais elevada foi, sem dúvida, a de João, saturado da tradição (parádosis) de Alexandria, como pode ver-se não apenas de seu Evangelho, como também de seu Apocalipse.


Além disso, Jesus arrancou a iniciação dos templos, a portas fechadas, e jogou-a dentro dos corações; era a universalização da "salvação" a todos os que QUISESSEM segui-Lo. Qualquer pessoa pode encontrar o caminho (cfr. "Eu sou o Caminho", JO 14:6), porque Ele corporificou os mistérios em Si mesmo, divulgando-lhes os segredos através de Sua vida. Daí em diante, os homens não mais teriam que procurar encontrar um protótipo divino, para a ele conformar-se: todos poderiam descobrir e utir-se diretamente ao Logos que, através do Cristo, em Jesus se manifestara.


Observamos, pois, uma elevação geral de frequência vibratória, de tonus, em todo o processo iniciático dos mistérios.


E os Pais da Igreja - até o século 3. º o cristianismo foi "iniciático", embora depois perdesse o rumo quando se tornou "dogmático" - compreenderam a realidade do mistério cristão, muito superior, espiritualmente, aos anteriores: tornar o homem UM CRISTO, um ungido, um permeado da Divindade.


A ação divina do mistério, por exemplo, é assim descrita por Agostinho: "rendamos graças e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos" (Tract. in Joanne, 21,8); e por Metódio de Olímpio: "a comunidade (a ekklêsía) está grávida e em trabalho de parto, até que o Cristo tenha tomado forma em nós; até que o Cristo nasça em nós, para que cada um dos santos, por sua participação ao Cristo, se torne o cristo" (Patrol. Graeca, vol. 18, ccl. 150).


Temos que tornar-nos cristos, recebendo a última unção, conformando-nos com Ele em nosso próprio ser, já que "a redenção tem que realizar-se EM NÓS" (O. Casel, o. c., pág. 29), porque "o único e verdadeiro holocausto é o que o homem faz de si mesmo".


Cirilo de Jerusalém diz: "Já que entrastes em comunhão com o Cristo com razão sois chamados cristos, isto é, ungidos" (Catechesis Mystagogicae, 3,1; Patrol. Graeca,, 01. 33, col. 1087).


Essa transformação, em que o homem recebe Deus e Nele se transmuda, torna-o membro vivo do Cristo: "aos que O receberam, deu o poder de tornar-se Filhos de Deus" (JO 1:12).


Isso fez que Jesus - ensina-nos o Novo Testamento - que era "sacerdote da ordem de Melquisedec (HB 5:6 e HB 7:17) chegasse, após sua encarnação e todos os passos iniciáticos que QUIS dar, chegasse ao grau máximo de "pontífice da ordem de Melquisedec" (HB 5:10 e HB 6:20), para todo o planeta Terra.


CRISTO, portanto, é o mistério de Deus, o Senhor, o ápice da iniciação a experiência pessoal da Divindade.


através do santo ensino (hierôs lógos), que vem dos "deuses" (Espíritos Superiores), comunicado ao místico. No cristianismo, os emissários ("apóstolos") receberam do Grande Hierofante Jesus (o qual o recebeu do Pai, com Quem era UNO) a iniciação completa. Foi uma verdadeira "transmiss ão" (traditio, parádosis), apoiada na gnose: um despertar do Espírito que vive e experimenta a Verdade, visando ao que diz Paulo: "admoestando todo homem e ensinando todo homem, em toda sabedoria (sophía), para que apresentem todo homem perfeito (téleion, iniciado) em Cristo, para o que eu também me esforço (agõnizómenos) segundo a ação dele (energeían autou), que age (energouménen) em mim, em força (en dynámei)". CL 1:28-29.


Em toda essa iniciação, além disso, precisamos não perder de vista o "enthousiasmós" (como era chamado o "transe" místico entre os gregos) e que foi mesmo sentido pelos hebreus, sobretudo nas" Escolas de Profetas" em que eles se iniciavam (profetas significa "médiuns"); mas há muito se havia perdido esse "entusiasmo", por causa da frieza intelectual da interpretação literal das Escrituras pelos Escribas.


Profeta, em hebraico, é NaVY", de raiz desconhecida, que o Rabino Meyer Sal ("Les Tables de la Loi", éd. La Colombe, Paris, 1962, pág. 216/218) sugere ter sido a sigla das "Escolas de Profetas" (escolas de iniciação, de que havia uma em Belém, de onde saiu David). Cada letra designaria um setor de estudo: N (nun) seriam os sacerdotes (terapeutas do psicossoma), oradores, pensadores, filósofos;

V (beth) os iniciados nos segredos das construções dos templos ("maçons" ou pedreiros), arquitetos, etc. ; Y (yod) os "ativos", isto é, os dirigentes e políticos, os "profetas de ação"; (aleph), que exprime "Planificação", os matemáticos, geômetras, astrônomos, etc.


Isso explica, em grande parte, porque os gregos e romanos aceitaram muito mais facilmente o cristianismo, do que os judeus, que se limitavam a uma tradição que consistia na repetição literal decorada dos ensinos dos professores, num esforço de memória que não chegava ao coração, e que não visavam mais a qualquer experiência mística.


TEXTOS DO N. T.


O termo mystérion aparece várias vezes no Novo Testamento.


A - Nos Evangelhos, apenas num episódio, quando Jesus diz a Seus discípulos: "a vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus" (MT 13:11; MC 4:11; LC 8:10).


B - Por Paulo em diversas epístolas: RM 11:25 - "Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério... o endurecimento de Israel, até que hajam entrado todos os gentios".


Rom. 16:15 - "conforme a revelação do mistério oculto durante os eons temporais (terrenos) e agora manifestados".


1. ª Cor. 2:1 – "quando fui ter convosco... anunciando-vos o mistério de Deus".


1. ª Cor. 2:4-7 - "meu ensino (logos) e minha pregação não foram em palavras persuasivas, mas em demonstração (apodeíxei) do pneúmatos e da dynámeôs, para que vossa fé não se fundamente na sophía dos homens, mas na dynámei de Deus. Mas falamos a sophia nos perfeitos (teleiois, iniciados), porém não a sophia deste eon, que chega ao fim; mas falamos a sophia de Deus em mistério, a que esteve oculta, a qual Deus antes dos eons determinou para nossa doutrina". 1. ª Cor. 4:1 - "assim considerem-nos os homens assistentes (hypêrétas) ecônomos (distribuidores, dispensadores) dos mistérios de Deus".


1. ª Cor. 13:2 - "se eu tiver mediunidade (prophéteía) e conhecer todos os mistérios de toda a gnose, e se tiver toda a fé até para transportar montanhas, mas não tiver amor (agápé), nada sou". l. ª Cor. 14:2 - "quem fala em língua (estranha) não fala a homens, mas a Deus, pois ninguém o ouve, mas em espírito fala mistérios". 1. ª Cor. 15:51 - "Atenção! Eu vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados".


EF 1:9 - "tendo-nos feito conhecido o mistério de sua vontade"

EF 3:4 - "segundo me foi manifestado para vós, segundo a revelação que ele me fez conhecer o mistério (como antes vos escrevi brevemente), pelo qual podeis perceber, lendo, minha compreensão no mistério do Cristo".


EF 3:9 - "e iluminar a todos qual a dispensação (oikonomía) do mistério oculto desde os eons, em Deus, que criou tudo".


EF 5:32 - "este mistério é grande: mas eu falo a respeito do Cristo e da ekklésia.


EF 9:19 - "(suplica) por mim, para que me possa ser dado o logos ao abrir minha boca para, em público, fazer conhecer o mistério da boa-nova".


CL 1:24-27 - "agora alegro-me nas experimentações (Pathêmasin) sobre vós e completo o que falta das pressões do Cristo em minha carne, sobre o corpo dele que é a ekklêsía, da qual me tornei servidor, segundo a dispensação (oikonomía) de Deus, que me foi dada para vós, para plenificar o logos de Deus, o mistério oculto nos eons e nas gerações, mas agora manifestado a seus santos (hagioi, iniciados), a quem aprouve a Deus fazer conhecer a riqueza da doutrina (dóxês; ou "da substância") deste mistério nas nações, que é CRISTO EM VÓS, esperança da doutrina (dóxês)".


CL 2:2-3 - "para que sejam consolados seus corações, unificados em amor, para todas as riquezas da plena convicção da compreensão, para a exata gnose (epígnôsin) do mistério de Deus (Cristo), no qual estão ocultos todos os tesouros da sophía e da gnose".


CL 4:3 - "orando ao mesmo tempo também por nós, para que Deus abra a porta do logos para falar o mistério do Cristo, pelo qual estou em cadeias".


2. ª Tess. 2:7 - "pois agora já age o mistério da iniquidade, até que o que o mantém esteja fora do caminho".


1. ª Tim. 3:9 - "(os servidores), conservando o mistério da fé em consciência pura".


1. ª Tim. 2:16 - "sem dúvida é grande o mistério da piedade (eusebeías)".


No Apocalipse (1:20; 10:7 e 17:5, 7) aparece quatro vezes a palavra, quando se revela ao vidente o sentido do que fora dito.


CULTO CRISTÃO


Depois de tudo o que vimos, torna-se evidente que não foi o culto judaico que passou ao cristianismo primitivo. Comparemos: A luxuosa arquitetura suntuosa do Templo grandioso de Jerusalém, com altares maciços a escorrer o sangue quente das vítimas; o cheiro acre da carne queimada dos holocaustos, a misturar-se com o odor do incenso, sombreando com a fumaça espessa o interior repleto; em redor dos altares, em grande número, os sacerdotes a acotovelar-se, munidos cada um de seu machado, que brandiam sem piedade na matança dos animais que berravam, mugiam dolorosamente ou balavam tristemente; o coro a entoar salmos e hinos a todo pulmão, para tentar superar a gritaria do povo e os pregões dos vendedores no ádrio: assim se realizava o culto ao "Deus dos judeus".


Em contraste, no cristianismo nascente, nada disso havia: nem templo, nem altares, nem matanças; modestas reuniões em casas de família, com alguns amigos; todos sentados em torno de mesa simples, sobre a qual se via o pão humilde e copos com o vinho comum. Limitava-se o culto à prece, ao recebimento de mensagens de espíritos, quando havia "profetas" na comunidade, ao ensino dos "emissários", dos "mais velhos" ou dos "inspetores", e à ingestão do pão e do vinho, "em memória da última ceia de Jesus". Era uma ceia que recebera o significativo nome de "amor" (ágape).


Nesse repasto residia a realização do supremo mistério cristão, bem aceito pelos gregos e romanos, acostumados a ver e compreender a transmissão da vida divina, por meio de símbolos religiosos. Os iniciados "pagãos" eram muito mais numerosos do que se possa hoje supor, e todos se sentiam membros do grande Kósmos, pois, como o diz Lucas, acreditavam que "todos os homens eram objeto da benevolência de Deus" (LC 2:14).


Mas, ao difundir-se entre o grande número e com o passar dos tempos, tudo isso se foi enfraquecendo e seguiu o mesmo caminho antes experimentado pelo judaísmo; a força mística, só atingida mais tarde por alguns de seus expoentes, perdeu-se, e o cristianismo "foi incapaz - no dizer de O. Casel - de manterse na continuação, nesse nível pneumático" (o. c. pág. 305). A força da "tradição" humana, embora condenada com veemência por Jesus (cfr. MT 15:1-11 e MT 16:5-12; e MC 7:1-16 e MC 8:14-11; veja atrás), fez-se valer, ameaçando as instituições religiosas que colocam doutrinas humanas ao lado e até acima dos preceitos divinos, dando mais importância às suas vaidosas criações. E D. Odon Casel lamenta: " pode fazer-se a mesma observação na história da liturgia" (o. c., pág. 298). E, entristecido, assevera ainda: "Verificamos igualmente que a concepção cristã mais profunda foi, sob muitos aspectos, preparada muito melhor pelo helenismo que pelo judaísmo. Lamentavelmente a teologia moderna tende a aproximar-se de novo da concepção judaica de tradição, vendo nela, de fato, uma simples transmiss ão de conhecimento, enquanto a verdadeira traditio, apoiada na gnose, é um despertar do espírito que VIVE e EXPERIMENTA a Verdade" (o. c., pág. 299).


OS SACRAMENTOS


O termo latino que traduz a palavra mystérion é sacramentum. Inicialmente conservou o mesmo sentido, mas depois perdeu-os, para transformar-se em "sinal visível de uma ação espiritual invisível".


No entanto, o estabelecimento pelas primeiras comunidades cristãs dos "sacramentos" primitivos, perdura até hoje, embora tendo perdido o sentido simbólico inicial.


Com efeito, a sucessão dos "sacramentos" revela exatamente, no cristianismo, os mesmos passos vividos nos mistérios grego. Vejamos:
1- o MERGULHO (denominado em grego batismo), que era a penetração do catecúmeno em seu eu interno. Simbolizava-se na desnudação ao pretendente, que largava todas as vestes e mergulhava totalmente na água: renunciava de modo absoluto as posses (pompas) exteriores e aos próprios veículos físicos, "vestes" do Espírito, e mergulhava na água, como se tivesse "morrido", para fazer a" catarse" (purificação) de todo o passado. Terminado o mergulho, não era mais o catecúmeno, o profano. Cirilo de Jerusalém escreveu: "no batismo o catecúmeno tinha que ficar totalmente nu, como Deus criou o primeiro Adão, e como morreu o segundo Adão na cruz" (Catechesis Mistagogicae,

2. 2). Ao sair da água, recebia uma túnica branca: ingressava oficialmente na comunidade (ekklêsía), e então passava a receber a segunda parte das instruções. Na vida interna, após o "mergulho" no próprio íntimo, aguardava o segundo passo.


2- a CONFIRMAÇÃO, que interiormente era dada pela descida da "graça" da Força Divina, pela" epifanía" (manifestação), em que o novo membro da ekklêsía se sentia "confirmado" no acerto de sua busca. Entrando em si mesmo a "graça" responde ao apelo: "se alguém me ama, meu Pai o amará, e NÓS viremos a ele e permaneceremos nele" (JO 14:23). O mesmo discípulo escreve em sua epístola: "a Vida manifestou-se, e a vimos, e damos testemunho. e vos anunciamos a Vida Imanente (ou a Vida do Novo Eon), que estava no Pai e nos foi manifestada" (l. ª JO 1:2).


3- a METÁNOIA (modernamente chamada "penitência") era então o terceiro passo. O aprendiz se exercitava na modificação da mentalidade, subsequente ao primeiro contato que tinha tido com a Divindade em si mesmo. Depois de "sentir" em si a força da Vida Divina, há maior compreensão; os pensamentos sobem de nível; torna-se mais fácil e quase automático o discernimento (krísis) entre certo e errado, bem e mal, e portanto a escolha do caminho certo. Essa metánoia é ajudada pelos iniciados de graus mais elevados, que lhe explicam as leis de causa e efeito e outras.


4- a EUCARISTIA é o quarto passo, simbolizando por meio da ingestão do pão e do vinho, a união com o Cristo. Quem mergulhou no íntimo, quem recebeu a confirmação da graça e modificou seu modo de pensar, rapidamenle caminha para o encontro definitivo com o Mestre interno, o Cristo.


Passa a alimentar-se diretamente de seus ensinos, sem mais necessidade de intermediários: alimentase, nutre-se do próprio Cristo, bebe-Lhe as inspirações: "se não comeis a carne do Filho do Homem e não bebeis seu sangue, não tendes a vida em vós. Quem saboreia minha carne e bebe meu sangue tem a Vida Imanente, porque minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é

verdadeiramente bebida. Quem come minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (JO 6:53 ss).


5- MATRIMÔNIO é o resultado do encontro realizado no passo anterior: e o casamento, a FUSÃO, a união entre a criatura e o Criador, entre o iniciado e Cristo: "esse mistério é grande, quero dizê-lo em relação ao Cristo e à ekklêsia", escreveu Paulo, quando falava do "matrimônio" (EF 5:32). E aqueles que são profanos, que não têm essa união com o Cristo, mas antes se unem ao mundo e a suas ilusões, são chamados "adúlteros" (cfr. vol. 2). E todos os místicos, unanimemente, comparam a união mística com o Cristo ti uma união dos sexos no casamento.


6- a ORDEM é o passo seguinte. Conseguida a união mística a criatura recebe da Divindade a consagra ção, ou melhor, a "sagração", o "sacerdócio" (sacer "sagrado", dos, dotis, "dote"), o "dote sagrado" na distribuição das graças o quinhão especial de deveres e obrigações para com o "rebanho" que o cerca. No judaísmo, o sacerdote era o homem encarregado de sacrificar ritualmente os animais, de examinar as vítimas, de oferecer os holocaustos e de receber as oferendas dirigindo o culto litúrgico. Mais tarde, entre os profanos sempre, passou a ser considerado o "intemediário" entre o homem e o Deus "externo". Nessa oportunidade, surge no Espírito a "marca" indelével, o selo (sphrágis) do Cristo, que jamais se apaga, por todas as vidas que porventura ainda tenha que viver: a união com essa Força Cósmica, de fato, modifica até o âmago, muda a frequência vibratória, imprime novas características e a leva, quase sempre, ao supremo ponto, à Dor-Sacrifício-Amor.


7- a EXTREMA UNÇÃO ("extrema" porque é o último passo, não porque deva ser dada apenas aos moribundos) é a chave final, o último degrau, no qual o homem se torna "cristificado", totalmente ungido pela Divindade, tornando-se realmente um "cristo".


Que esses sacramentos existiram desde os primeiros tempos do cristianismo, não há dúvida. Mas que não figuram nos Evangelhos, também é certo. A conclusão a tirar-se, é que todos eles foram comunicados oralmente pela traditio ou transmissão de conhecimentos secretos. Depois na continuação, foram permanecendo os ritos externos e a fé num resultado interno espiritual, mas já não com o sentido primitivo da iniciação, que acabamos de ver.


Após este escorço rápido, cremos que a afirmativa inicial se vê fortalecida e comprovada: realmente Jesus fundou uma "ESCOLA INICIÁTICA", e a expressão "logos akoês" (ensino ouvido), como outras que ainda aparecerão, precisam ser explicadas à luz desse conhecimento.


* * *

Neste sentido que acabamos de estudar, compreendemos melhor o alcance profundo que tiveram as palavras do Mestre, ao estabelecer as condições do discipulato.


Não podemos deixar de reconhecer que a interpretação dada a Suas palavras é verdadeira e real.


Mas há "mais alguma coisa" além daquilo.


Trata-se das condições exigidas para que um pretendente possa ser admitido na Escola Iniciática na qualidade de DISCÍPULO. Não basta que seja BOM (justo) nem que possua qualidades psíquicas (PROFETA). Não é suficiente um desejo: é mistér QUERER com vontade férrea, porque as provas a que tem que submeter-se são duras e nem todos as suportam.


Para ingressar no caminho das iniciações (e observamos que Jesus levava para as provas apenas três, dentre os doze: Pedro, Tiago e João) o discípulo terá que ser digno SEGUIDOR dos passos do Mestre.


Seguidor DE FATO, não de palavras. E para isso, precisará RENUNCIAR a tudo: dinheiro, bens, família, parentesco, pais, filhos, cônjuges, empregos, e inclusive a si mesmo: à sua vontade, a seu intelecto, a seus conhecimentos do passado, a sua cultura, a suas emoções.


A mais, devia prontificar-se a passar pelas experiências e provações dolorosas, simbolizadas, nas iniciações, pela CRUZ, a mais árdua de todas elas: o suportar com alegria a encarnação, o mergulho pesado no escafandro da carne.


E, enquanto carregava essa cruz, precisava ACOMPANHAR o Mestre, passo a passo, não apenas nos caminhos do mundo, mas nos caminhos do Espírito, difíceis e cheios de dores, estreitos e ladeados de espinhos, íngremes e calçados de pedras pontiagudas.


Não era só. E o que se acrescenta, de forma enigmática em outros planos, torna-se claro no terreno dos mistérios iniciáticos, que existiam dos discípulos A MORTE À VIDA DO FÍSICO. Então compreendemos: quem tiver medo de arriscar-se, e quiser "preservar" ou "salvar" sua alma (isto é, sua vida na matéria), esse a perderá, não só porque não receberá o grau a que aspira, como ainda porque, na condição concreta de encarnado, talvez chegue a perder a vida física, arriscada na prova. O medo não o deixará RESSUSCITAR, depois da morte aparente mas dolorosa, e seu espírito se verá envolvido na conturbação espessa e dementada do plano astral, dos "infernos" (ou umbral) a que terá que descer.


No entanto, aquele que intimorato e convicto da realidade, perder, sua alma, (isto é, "entregar" sua vida do físico) à morte aparente, embora dolorosa, esse a encontrará ou a salvará, escapando das injunções emotivas do astral, e será declarado APTO a receber o grau seguinte que ardentemente ele deseja.


Que adianta, com efeito, a um homem que busca o Espírito, se ganhar o mundo inteiro, ao invés de atingir a SABEDORIA que é seu ideal? Que existirá no mundo, que possa valer a GNOSE dos mistérios, a SALVAÇÃO da alma, a LIBERTAÇÃO das encarnações tristes e cansativas?


Nos trabalhos iniciáticos, o itinerante ou peregrino encontrará o FILHO DO HOMEM na "glória" do Pai, em sua própria "glória", na "glória" de Seus Santos Mensageiros. Estarão reunidos em Espírito, num mesmo plano vibratório mental (dos sem-forma) os antigos Mestres da Sabedoria, Mensageiros da Palavra Divina, Manifestantes da Luz, Irradiadores da Energia, Distribuidores do Som, Focos do Amor.


Mas, nos "mistérios", há ocasiões em que os "iniciantes", também chamados mystos, precisam dar testemunhos públicos de sua qualidade, sem dizerem que possuem essa qualidade. Então está dado o aviso: se nessas oportunidades de "confissão aberta" o discípulo "se envergonhar" do Mestre, e por causa de "respeitos humanos" não realizar o que deve, não se comportar como é da lei, nesses casos, o Senhor dos Mistérios, o Filho do Homem, também se envergonhará dele, considerá-lo-á inepto, incapaz para receber a consagração; não mais o reconhecerá como discípulo seu. Tudo, portanto, dependerá de seu comportamento diante das provas árduas e cruentas a que terá que submeter-se, em que sua própria vida física correrá risco.


Observe-se o que foi dito: "morrer" (teleutan) e "ser iniciado" (teleusthai) são verbos formados do mesmo radical: tele, que significa FIM. Só quem chegar AO FIM, será considerado APTO ou ADEPTO (formado de AD = "para", e APTUM = "apto").


Nesse mesmo sentido entendemos o último versículo: alguns dos aqui presentes (não todos) conseguirão certamente finalizar o ciclo iniciático, podendo entrar no novo EON, no "reino dos céus", antes de experimentar a morte física. Antes disso, eles descobrirão o Filho do Homem em si mesmos, com toda a sua Dynamis, e então poderão dizer, como Paulo disse: "Combati o bom combate, terminei a carreira, mantive a fidelidade: já me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia - e não só a mim, como a todos os que amaram sua manifestação" (2. ª Tim. 4:7-8).



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Marcos Capítulo 1 do versículo 2 até o 45
B. JOÃO — AQUELE QUE BATIZAVA, Marcos 1:2-8

A expressão como está escrito (2) deve ter uma ênfase especial como um cumpri-mento preciso das Escrituras: exatamente como está escrito. No profeta Isaías é uma expressão que pode ser escrita como: "Em Isaías, o profeta", e assim consta nos melho-res manuscritos. Tanto Malaquias 3:1 quanto Isaías 40:3 são citados nos versículos 2:3, porém Marcos evidentemente se referiu a Isaías como o representante das duas referências apropriadas.' O evangelho já tinha começado nos "amplos pensamentos de Deus", encontrados nos escritos dos profetas. Deus tinha prometido enviar um precur-sor à frente do Ungido para preparar o caminho para a sua vinda. Meu anjo... voz do que clama (2-3) são expressões que se referem ao "Elias" que os judeus esperavam antes da vinda do Messias (9.11ss.). Com base em Malaquias 3:1 ss., o precursor seria alguém que os ameaçaria, expressando que o julgamento estava por vir, e por esta razão enfatizaria a necessidade da purificação. Um caminho honrado e integridade pessoal eram necessários para aqueles que iriam receber Aquele que viria. Portanto, podemos conectar os versículos 2:4 da seguinte maneira: Como está escrito... apa-receu João batizando.

Por que o "batizador" apareceu no deserto? (4) A resposta se encontra na longa associação de Israel com os lugares desérticos do Oriente Próximo. Foi no deserto que Deus deu a Lei e conduziu o seu povo escolhido com mão poderosa e com braço estendido. Os judeus sempre acreditaram que o Messias também apareceria no de-serto, para trazer a salvação final a Israel. A comunidade de Qumrã, que ficou famo-sa graças aos Rolos do Mar Morto, estava localizada em uma região desértica. Evi-dentemente, João pregou na Peréia, porque foi Herodes Antipas que o prendeu al-gum tempo depois.

Apareceu João batizando, porém, mais do que batizar, ele pregava com fervor. Ele era a voz do que clama no deserto. Pregando, no sentido da palavra grega, queria dizer anunciando em voz alta. Com João Batista, Israel ouviu a voz autêntica da profe-cia, que havia ficado por tanto tempo silenciosa naquelas terras. João pregava o arrepen-dimento — não uma penitência ou uma tristeza sentimental, mas a atitude de se voltar radicalmente a Deus. Sem isso, a remissão ou o perdão dos pecados era impossível.

Dos convertidos ao judaísmo (prosélitos) se exigia, dentre outras coisas, que fossem batizados. Mas aqui estava um profeta áspero que exigia o arrependimento, o batismo e a confissão dos pecados, até mesmo dos filhos de Abraão.

Apesar do fato de os seus ouvintes precisarem andar aproximadamente trinta quilômetros, e descer 1.200 metros para ter com João (5), grandes multidões vinham de toda a Judéia, incluindo, naturalmente, Jerusalém. João era o líder de um movi-mento religioso verdadeiramente grande, um fato confirmado por Josefo.5 A influência do "batizador" chamou a atenção de Herodes Antipas, com trágicos resultados; aquela influência ainda era um fator vivo na perspectiva religiosa do povo pouco tempo antes da crucificação (Marcos 11:27-33). Quando os convertidos arrependidos eram batizados, eles confessavam os seus pecados. Alguns entendem o verbo batizar como reflexivo (a mesma forma que a passiva, em grego). Grant escreve: "Batizado por ele significa 'na sua presença', ou 'sob as suas instruções'; o batismo judaico, e provavelmente também o batismo cristão dos primeiros tempos, se auto-administrava: 'eles se batizavam em sua presença' "6. Mas esta não é a maneira mais natural de interpretar a linguagem aqui, nem em Atos 8:38-16.33.

A aparência de João era tão rude quanto a região onde ele ministrava, pois anda-va vestido de pêlos de camelo (6) e usava um cinto de couro de animal. A sua ali-mentação diária incluía gafanhotos, que era um alimento desprezado por todos, exceto pelos mais pobres (apesar de aprovado em Lv 11:22), e mel silvestre, obtido das fen-das nas rochas. João era um profeta, que estava no mesmo nível dos grandes profetas do Antigo Testamento, como indicavam as suas vestes (II Reis 1:8; Zc 13:4). Mais tarde, Jesus falou dele com afeto, e lhe fez o mais alto elogio daquela época (Mt 11:11). Apesar de tudo isso, João sabia que o seu ministério deveria ser apenas um ministério prepa-ratório: Após mim vem aquele... (7). João era um homem verdadeiramente humilde Por mais que a sua mensagem e o seu ministério fossem importantes, João sabia que não passava de um precursor de Alguém mais poderoso do que ele. Era dever dos escra-vos levar as sandálias dos seus senhores e atar ou desatar as correias. Mas João Batista se sentia indigno de realizar até mesmo o serviço de um escravo para Aquele que iria batizar com o Espírito Santo (8).

Ao falar do batismo no Espírito Santo, Marcos certamente deve ter tido em mente o Pentecostes. Muitas passagens do Antigo Testamento falam do derramamento do Espíri-to Santo (veja Jl 2:28ss.; Ez 36:25-27; et al.). Além disso, o derramamento do Espírito estava relacionado com a vinda do Messias.' Voltar-se radicalmente a Deus, com a con-fissão dos pecados — uma atitude simbolizada pela água do batismo — é algo significativo, mas somente uma preparação para a vinda dAquele cujo meio de batismo é o fogo do Espírito Santo.

C. O BATISMO DE JESUS, Marcos 1:9-11

Naqueles dias, em alguma ocasião durante o grande avivamento religioso promo-vido por João, Jesus veio da Galiléia para iniciar o seu ministério. Nazaré ficava ao norte e a oeste; a Peréia, onde João estava batizando, ficava ao sul e a leste do Jordão (veja o mapa). A hora crucial e decisiva para Jesus havia chegado. O vilarejo que Ele tinha deixado, Nazaré (9), tinha sido o seu lar desde a infância (Mt 2:23), mas era um lugar obscuro. Ela não é mencionada no Antigo Testamento, nem em Josefo, nem no Talmude. Isto estava de acordo com a revelação messiânica de nosso Senhor. Mas a palavra do poderoso ministério de João tinha chegado até mesmo a Nazaré, muito além da Judéia e da Peréia.

Muitas vezes os cristãos lêem com perplexidade que Jesus buscou o batismo pelas mãos de João. Sem considerar o fato de que Ele queria se identificar com o movimento religioso de João, surge a pergunta: Por quê? Ele não tinha o sentimento de necessidade pessoal, como fica claro no seu testemunho em João 8:46a; Ele não confessou pecados, como os demais. Além disso, como Mateus registra, Jesus teve que vencer as próprias objeções de João (Mt 3:14ss.). Cranfield responde bem a esta pergunta: "A submissão de Jesus ao batismo de arrependimento de João foi sua autodedicação, madura, para com a sua missão de auto-identificação com os pecadores que, no devido tempo, o levaria até a cruz".8 Aqui, Ele literalmente "foi contado com os transgressores" (Is 53:12).

Mais tarde (Marcos 10.38), Jesus se referiu aos seus sofrimentos e à sua morte como sendo um batismo. Podemos acreditar que este simbolismo também estava presente aqui. Ou-tra consideração deve ser feita. O fato de que o nosso Senhor se submeteu ao batismo é uma garantia suficiente para a prática do batismo cristão.

Quando Jesus saiu da água (10), Ele logo, ou imediatamente, viu os céus "aber-tos". A palavra grega aqui (schizomenous) é uma expressão vívida e apocalíptica, e deve ser imediatamente reconhecida pelas suas conotações modernas. É um particípio pre-sente indicando que a ação estava em curso. A oração angustiada do homem: "Ó! Se fendesses os céus" (Is 64:1) foi completamente atendida na experiência de Jesus. Descen-do dos céus sobre (ou, possivelmente, para dentro de) Jesus, estava o Espírito na "ter-nura, pureza, e mansidão"' de uma pomba. O movimento do Espírito como um pássaro, em Gênesis 1:2, pode estar sugerido.

Temos muitas oportunidades de observar a ênfase de Marcos na verdadeira divinda-de de Jesus Cristo. Mas também podemos observar aqui que a voz dos céus (11), ex-pressando a aprovação do Pai, deve ter sido uma fonte de segurança inigualável para o nosso Senhor. Ele caminhou mais pela fé do que pela visão (Hb 4:15). Meu Filho amado é uma expressão que pode ser traduzida como: "Meu Filho, o Amado". Essas palavras significam que Ele era o único Filho do Pai. F. C. Grant observa que a voz divina normal-mente fala as Palavras das Escrituras — neste caso, o Salmo 2:7 combinado com Isaías 42:1. Mais do que um título messiânico, essas palavras de aprovação divina eram uma confirmação para Jesus da Sua própria consciência de que Ele era o Filho de Deus. "Não pode haver dúvida de que para Marcos... a divina filiação de Jesus era única, e totalmen-te sobrenatural.' Lucas acrescenta uma observação comovente à história ao registrar que Jesus estava orando (Lc 3:21) durante este acontecimento.

Embora esta cena seja descrita por Marcos de maneira breve, não podemos duvidar de que para Jesus ela foi fundamental. O batismo, para Ele, foi "o momento de decisão... de identificação... de aprovação... de capacitação".11

Destacando o versículo 9, G. Campbell Morgan observa que Jesus vai

1) para o batismo,

2) para a unção,

3) para a tentação, e explica isso, respectivamente, como vindo:

1) para os homens pecadores,

2) para Deus, para a unção do Espírito,

3) para Satanás, a fim de enfrentar o conflito.

D. A TENTAÇÃO DE JESUS, Marcos 1:12-13

Marcos registra somente os detalhes mais superficiais da tentação. Veja as passa-gens correspondentes em Mateus 4:1-11 e Lucas 4:1-13, para uma descrição mais com-pleta. Essas passagens provavelmente representam narrativas mais expandidas da his-tória concisa de Marcos. Como Jesus estava sozinho na ocasião das tentações, podemos supor que a informação das três narrativas veio do próprio Senhor.

O advérbio favorito de Marcos, logo (12), indica a relação íntima entre o batismo e a tentação. Os cumes da visão são, freqüente e rapidamente, seguidos pelos vales da ten-tação. "Uma pessoa começa uma vida de discipulado com uma subida, uma alegria. A seguir vem o deserto da dúvida e da incerteza."'

Não foi por acaso que Jesus encontrou Satanás no deserto (13). O Espírito o impeliu (12) para lá. O verbo (ekballo) é um verbo forte, que significa "expulsar", e é usado mais tarde nas narrativas das ocasiões em que Jesus expulsou demônios. Uma forte persuasão interior do Espírito impeliu Jesus a colocar-se na ofensiva em seu con-flito com Satanás. O caminho do Servo Sofredor estava diante dEle. Não se conhece esta localização no deserto, mas era um lugar tão desolado que em outras passagens é associado com demônios (por exemplo, Lc 8:29-11.24). O lugar da prova e da tentação é um lugar solitário.

Ser tentado por Satanás (13) significava, em primeiro lugar, que Jesus estava sendo posto à prova, como implica o verbo peirazo. O contexto, no entanto, sugere algo mais. Não era "apenas 'ser tentado', mas ser tentado a afastar-se do caminho indicado".13 A tentação foi vigorosa e longa, durando quarenta dias (cf. a experiência de Moisés em Êx 34:28 e a de Elias em 1 Rs 19.8). Satanás, o agente, significa "adversário". Em deter-minadas versões Mateus e Lucas utilizam o termo "demônio", que também significa "caluniador". A grande missão de Jesus era combater e derrotar o reino de Satanás; portanto, era desejável que Ele, desde o princípio, atacasse o inimigo em um combate decisivo. Jesus repudiou o comportamento de um Messias revolucionário, e escolheu o caminho do amor sacrificial. Somente o Getsêmani e o Gólgota iriam revelar o alto preço desta escolha.

Naquele lugar solitário e de provações, Jesus tinha como companhias seres em um estranho contraste. As feras estavam com Ele, assim como os anjos que o serviam. Somente Marcos registra os animais, possivelmente como uma imagem da desolação e da ausência de ajuda humana, mas talvez também como uma idéia de companhia. O jejum e a fome estão implícitos no serviço dos anjos. O verbo está no tempo imperfeito e pode indicar uma continuidade de ação, embora o fortalecimento possa ter vindo depois da provação. Os anjos trouxeram a certeza da presença de Deus, assim como a resistência física, uma experiência que seria repetida posteriormente, sob a sombra da cruz (Lc 22:43).

SEÇÃO II

O INÍCIO DO MINISTÉRIO NA GALILÉIA

Marcos 1:14-3.6

A. OS PRIMEIROS PASSOS NA GALILÉIA, 1:14-20

1. A Pregação de Jesus (Marcos 1:14-15)

O progresso do Reino não pode ser bloqueado. Quando Herodes Antipas silenciou João, esse foi o sinal para que Jesus desse início à sua pregação. Entregue à prisão (14) significa literalmente "entregue a outra pessoa". Este era, evidentemente, um termo técnico no jargão policial daqueles dias. Mas implica mais do que isso, pois a mesma linguagem é usada como uma referência a Jesus e à traição que Ele sofreu: Ele também foi "entregue" aos seus inimigos.

Veio Jesus... pregando (14) o evangelho, "as boas-novas de Deus".1 Que brilhante promessa encontra-se nestas palavras! Nada de tristeza ou destruição, mas boas-novas – e vindas do próprio Deus. Esperança, salvação, vida abundante – tudo isto está implí-cito. Finalmente, "o relógio de Deus estava marcando a hora";2 o tempo estava cumpri-do. Aqui a palavra para tempo não é chronos (um período de tempo), mas kairos ("um tempo oportuno ou adequado").3

Existe uma maré nos assuntos dos homens

Que, quando sobe, leva à felicidade;
Omitida, toda a viagem da sua vida
Fica restrita ao raso e à infelicidade.
Nós precisamos aproveitar a corrente quando ela nos serve,
Ou perderemos as nossas chances.'

Assim foi com a nação de Israel. A hora crucial do seu destino tinha chegado, e ela não percebeu isso. Uma geração mais tarde, Jerusalém estava destruída, enquanto os gentios ouviam e recebiam o evangelho (cf. Ef 1:10).

O Reino de Deus (15) provavelmente pode ser considerado como o tema unificador de toda a Bíblia.' Ele não deixava de ser familiar para aqueles que ouviram a Jesus. A palavra reino (basileia) pode ser usada em um sentido abstrato ou concreto, como reina-do ou domínio. A soberania ou a autoridade de Deus é um fato presente no nosso mundo moral, mas é contestado pela rebelião do homem. Apesar disso, "Deus está no trono", e Ele realmente reina, fazendo com que até a ira do homem converta-se em louvor ao seu nome. Entretanto, um dia o Reino irá se tornar um domínio sobre o qual Deus governará sem contradições. Estes dois temas permeiam a idéia do Reino de Deus por todas as Escrituras: realidade presente, expectativa e esperança futuras. Quando veio Jesus para a Galiléia, pregando, o Reino verdadeiramente estava próximo. "O reino de Deus ficou próximo dos homens na pessoa de Jesus, e na sua pessoa ele realmente con-fronta os homens."' Em Marcos 14.42 a mesma palavra grega é usada como uma referência à proximidade do traidor.

A primeira palavra de Jesus, assim como a de João, era Arrependei-vos; voltem-se para Deus com uma mudança de pensamento radical. João só via a ameaça do julgamen-to, e falava pouca coisa além disso. Jesus também via a promessa da redenção e incluiu esse comentário positivo: crede no evangelho. Esta é uma tradução literal do grego, e diz-se que é a única ocorrência clara dessa frase no Novo Testamento. "A conversão [o arrependimento] a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo" (Atos 20:21) continuam sendo as duas palavras-chave do evangelho.

2. O Chamado dos Quatro Pescadores (Marcos 1:16-20)

Esta história é a seqüência natural da proclamação do Evangelho na seção anterior. Os homens pressentiam uma autoridade na Palavra de Jesus, e respondiam ao Seu cha-mado como sendo o chamado daquele que tinha o direito de exigir tais coisas.

Era um momento casual, embora crítico, quando Jesus estava andando junto ao mar (16). Lucas, que tinha navegado em um mar de verdade (o Mediterrâneo) fala do "lago de Genesaré" (5.1). As dimensões do mar da Galiléia eram aproximadamente 13 x 21 quilômetros. Não era um grande espaço de água, mas um agitado centro de atividade pesqueira na Galiléia. Simão (o equivalente do Novo Testamento a Simeão) e André esta-vam trabalhando e lançavam a rede ao mar. Tratava-se de uma rede pesada, circular, com uma corda que era puxada e a fechava como uma bolsa, aprisionando os peixes.

Quando Jesus disse: Vinde após mim (17), Ele estava chamando homens ocupados e corajosos. Acostumados aos perigos do mar imprevisível, e familiarizados com a paci-ência — o requisito dos pescadores — eles teriam as qualidades necessárias para serem pescadores de homens. Eles ainda tinham o que aprender, como deixam claro as pala-vras: eu farei que sejais. O verdadeiro objetivo do discipulado é visto na razão que Deus dá para chamar estes homens. "Cristo chama homens, não tanto pelo que eles são, mas sim pelo que Ele é capaz de fazer com que eles se tornem."7

O chamado e a resposta parecem bastante repentinos — logo (18), na linguagem do "estilo nervoso" de Marcos — mas é possível que eles já conhecessem Jesus através do ministério de João Batista.

Um pouco adiante, Jesus encontrou dois irmãos pescadores, Tiago... e João, seu irmão (19). Os vívidos detalhes desta cena convenceram muitos estudiosos de que estamos diante do relato de uma testemunha ocular: Pedro. O primeiro par de irmãos é descrito como efetivamente pescando; o segundo par como tranqüilamente consertando as duas redes, "colocando-as em ordem" (Goodspeed). A palavra consertando é interessante, e também é usada para "reconstruir uma ruína ou curar um osso quebrado".8

Jesus prontamente chamou os filhos de Zebedeu. Só era possível ser discípulo através de um convite. Este termo bíblico é cheio de significado teológico. Mais tarde, Jesus lembrou aos seus discípulos: "Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós" (Jo 15:16).

Simão e André deixaram as suas redes (18), o seu meio de sustento, ao passo que Tiago e João deixaram o seu pai Zebedeu (20), assim como o seu próspero negócio (o que é indicado pela presença de empregados) '. Era uma escolha custosa, como ocorre com todos os seguidores do Senhor. "Qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo" (Lc 14:33).9

B. UM SÁBADO EM CAFARNAUM, Marcos 1:21-34

1. Um Endemoninhado na Sinagoga (Marcos 1:21-28)

Diversos aspectos característicos do estilo de Marcos podem ser observados nesta seção (Earle) : o presente histórico, o uso constante de kai ("e", "também") e de euthus ("logo", "diretamente", "imediatamente"). Tudo isso confere vivacidade de expressão ao relato, e possivelmente reflete o estilo de pregar de Pedro, conforme a lembrança de Marcos.

Embora Nazaré fosse o vilarejo onde Jesus cresceu, Cafarnaum se tornou a sua sede ou o seu quartel-general na Galiléia. Uma cidade importante na costa noroeste do lago (veja o mapa), a cerca de três quilômetros do Jordão, Cafarnaum (21) estava perto da fronteira do território de Antipas, daí a presença de um posto de alfândega ou cabine de coleta de impostos (2.14). Aqui Jesus, no sábado, entrou na sinagoga para adorar e para ensinar.

Uma prática regular na vida de Jesus era a adoração no Templo de Jerusalém, e nas sinagogas das cidades onde Ele estivesse. As sinagogas eram construídas voltadas a Jerusalém. A sinagoga era um lugar de adoração no sábado, e, durante a semana, uma escola para as crianças e uma corte onde eram julgadas as ofensas menores. Aqui Jesus ensinava. Marcos registrou mais as obras de Jesus do que as suas palavras, mas isto não significa que o evangelista tenha considerado que o ministério de ensino do Senhor fosse uma atividade secundária. Em dezesseis das dezessete vezes onde o verbo ensinar aparece no texto de Marcos, ele se refere a Jesus.

Os ouvintes maravilharam-se (22) não apenas com a doutrina de Jesus, com o que Ele ensinava, porém mais particularmente pela maneira como Ele ensinava. A sua pala-vra tinha autoridade e não era meramente um eco dos demais líderes religiosos e das suas idéias, como acontecia com os escribas.

Entre os presentes, estava uma pessoa que até então não tinha sido nem ajudada nem incomodada, um homem com um espírito imundo (23). Marcos usa esta expres-são dez vezes, Mateus duas, e Lucas seis. A possessão demoníaca é uma idéia ofensiva a algumas mentes modernas, mesmo quando falamos das forças demoníacas dos nossos dias! Talvez nada pudesse agradar mais a Satanás do que a igreja considerar como seres mitológicos tanto ele quanto os seus asseclas. Considere os espíritos impuros que contro-lam os homens: maldade, vaidade, avareza, lascívia, solidão, desespero, brutalidade. Uma tradução literal deste versículo é "um homem em um espírito imundo".

Reconhecendo Jesus como o Santo de Deus (24), o espírito imundo gritou, conster-nado: Que temos contigo? O espírito imundo não tinha nada em comum com Jesus. Com o seu ego debilitado, o homem nada mais era do que um instrumento para o seu opressor. Bem sei quem és é uma afirmação encontrada diversas vezes no Evangelho. "Os demônios freqüentemente sentem o poder daquele que os expulsa."'

A resposta à pergunta Vieste destruir-nos? seria: "Certamente!". "Para isto o Fi-lho de Deus se manifestou" (1 Jo 3:8). O que aqui está em forma de pergunta pode tam-bém ser encarado como uma afirmação. Tanto o medo quanto o desafio foram expressos pelos demônios.

Jesus repreendeu-o (25). Este verbo é usado na Septuaginta para representar a palavra divina de repreensão, uma contrapartida da palavra divina da criação. Cala-te é um termo freqüentemente traduzido como "Fique quieto!" ou "Silêncio!"; cf. Mt 22:12, onde o convidado para o casamento, que não estava vestido adequadamente, emudeceu. O mesmo ocorre em Mateus 22:34, onde Jesus silenciou os saduceus. Jesus não aceitaria um testemunho de uma fonte indigna, nem desejaria, a esta altura, enfatizar o fato de ser o Messias.

O espírito imundo saiu dele (26), mas não antes de agitá-lo. Os demônios, com seu senso vingativo, pareciam obedecer sempre com o máximo de destruição possível, gritan-do, provocando convulsões em suas vítimas, deixando-as freqüentemente como mortas. Contudo, o reino de Satanás teve que dar passagem para o Reino de Deus.

No versículo 27, assim como no 22, vemos uma indicação da impressão causada por Jesus. Os homens se admiraram (27) ou maravilharam-se (22) pelos Seus ensinos e também pelas Suas obras. As obras conferiram autenticidade às palavras. "A admiração (v. 22) se transformou em temor."' "Que é isto? Que nova doutrina é esta?" Como era de se esperar, correu a sua fama por toda a província da Galiléia (28), embora isso não fosse bom.

2. A Cura da Sogra de Pedro (Marcos 1:29-31)

Estes versículos contêm outra lembrança de Pedro; a história é contada a partir do seu ponto de vista, e aconteceu especificamente em sua casa.
A cura com certeza aconteceu no sábado, porque Jesus e os seus discípulos vieram imediatamente, logo (euthus), da sinagoga à casa de Simão e de André (29). Não está claro se isto quer dizer que era a casa de André, assim como a de Pedro. O seu nome pode ter sido incluído somente por causa do seu relacionamento com Pedro. De qualquer forma, esta casa se tornou uma espécie de quartel-general para o ministério de Jesus na Galiléia.' Com Tiago e João presentes, é evidente que os quatro discípulos agora acom-panhavam Jesus aonde quer que Ele fosse.

Pedro estava um pouco espantado por descobrir que a sua sogra... estava deitada, com febre (30). Logo no dia em que os convidados do sábado estavam presentes! Conse-qüentemente, Pedro era um homem casado por ocasião do seu chamado. À luz de I Coríntios 9:5, a sua esposa pode tê-lo acompanhado em viagens missionárias posteriores. Lucas fala de "muita febre" (4.38), possivelmente malária, devido aos pântanos ao redor do lago.

Nessa hora de necessidade, o anfitrião se voltou para o seu Convidado, pedindo ajuda. Logo ("imediatamente") lhe falaram dela. Com misericórdia e ternura caracte-rísticas, Jesus, chegando-se a ela, tomou-a pela mão (31; cf. v. 41). O médico Lucas lembra que o Senhor "inclinou-se para ela" (4.39). ... a febre a deixou e o evento memo-rável deixou uma impressão indelével na mente de Pedro. Sem nenhum dos típicos efei-tos colaterais, a sogra de Pedro se levantou e serviu os distintos visitantes. "Dessa for-ma, a gratidão encontra a sua expressão no serviço."'

3. Uma Obra de Cura ao Pôr-do-Sol (Marcos 1:32-34)

Era impossível que um Homem com tal autoridade e tais obras pudesse permanecer oculto. As multidões teriam vindo a Jesus mais cedo naquele dia, mas elas foram constrangidas pela lei judaica que proibia a execução de trabalhos no sábado (Jr 17:21-22). Agora, tendo chegado a tarde, quando se estava pondo o sol e o sábado estava terminado," trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos e os endemoninhados (32). Depois da expulsão do demônio do homem na sinagoga, e da cura na casa de Pedro, aqueles que tinham alguma dessas aflições naturalmente foram trazidos.

As grandes multidões, tão em evidência mais tarde, começavam a aparecer. E toda a cidade se ajuntou à porta (33). Aonde quer que Jesus fosse, Ele era sensível às necessidades humanas. Na sinagoga, na casa, e agora pelas ruas, Ele respondeu aos pedidos de saúde, curando muitos. A palavra todos do versículo 32, e a palavra muitos do versículo 34, não são contrastantes. As palavras são invertidas em Mateus 8:16.

Novamente, aqueles que estavam possuídos o conheciam, mas Ele não deixava falar os demônios (34). O segredo messiânico não deveria ser divulgado de forma prema-tura, especialmente por testemunhas indignas de confiança. Johnson escreve: "A natureza de Jesus não deveria ser revelada, até que Ele mesmo estivesse pronto a fazê-lo"."

C. A PRIMEIRA VIAGEM DE PREGAÇÃO, Marcos 1:35-45

1. Jesus Sozinho em Oração (Marcos 1:35-39)

Na manhã seguinte, muito cedo, estando ainda escuro (35), Jesus foi para um lugar deserto para estar a sós com o Pai. A frase indicativa de tempo do versículo 35 é pouco usual, e significa "muito cedo, quando ainda era noite"." A. T. Robertson acredita que Marcos se refere à primeira parte da última vigília da noite, entre 3 e 6 horas da manhã.' Apesar das exaustivas exigências das atividades de pregação e cura do dia anterior, Jesus procurou revigorar o seu espírito muito cedo, através da oração.

Senhor, que mudança em nós tão pouco tempo Passado na Sua presença possibilitará! Que fardos pesados tirará dos nossos corações! Que terrenos ressecados serão revigorados como que pela chuva! 18

Marcos faz uma menção especial a Jesus orando no início, na metade e no final do seu ministério (aqui; Marcos 6.46; e Marcos 14.32). Ele orou muitas outras vezes, é claro, como Lucas registra. Não é assustadora a frase: "Se Jesus precisava orar, quanto mais nós!"?

Com uma indicação de desalento, Simão e os que com ele estavam (36) "segui-ram-no". Pedro não conseguia entender por que, face à crescente popularidade, Jesus adotava tal atitude. Deve ter sido realmente desconcertante quando o Mestre respon-deu: Vamos às aldeias vizinhas, para que eu ali também pregue (38). As multidões vinham e se admiravam com os milagres, mas poucos chegavam a crer no Evangelho. Com uma forte determinação, Jesus se mantinha firme no propósito para o qual Ele saiu... e veio... de Deus (cf. Jo 8:42-13.3). Pregar o evangelho era mais significativo para Ele do que curar os enfermos. Portanto, Ele deixou os arredores de Cafarnaum para empreender uma viagem de pregação pelas cidades... por toda a Galiléia (39). "Lite-ralmente, 'cidades-aldeia'... cidades pelo tamanho, aldeias porque não tinham muralhas."' Isto parece sugerir uma viagem com a duração de algumas semanas ou meses. Indepen-dentemente da duração desta primeira viagem de pregação, onde quer que Jesus fosse Ele pregava as boas-novas e expulsava os demônios. O reino de Satanás estava sen-do atacado pelo poderoso Filho de Deus.

2. A Cura de um Leproso (Marcos 1:40-45)

Enquanto a fama de Jesus se espalhava, a palavra de esperança chegou a uma sombria residência onde vivia um leproso. Desesperado pela sua situação, ele vem (literalmente) até Jesus, rogando-lhe e pondo-se de joelhos diante dele, e lhe diz: Se queres, bem podes limpar-me. O leproso tinha mais fé no poder de Jesus do que na vontade dEle.

Exigia-se que os leprosos evitassem o contato com os demais humanos, permanecen-do fora das casas e gritando "Impuro!" como um aviso aos demais (cf. Lv 13). Este leproso deve ter sido uma imagem digna de pena: "As suas roupas emprestadas, sem cabelos, o seu lábio superior coberto e a sua voz rouca gritando 'Impuro' "2° A lepra mencionada na Bíblia incluía problemas de pele, além da verdadeira lepra: também incluía fungos, en-contrados nas roupas ou nas paredes da casa (Lv 13:47-14.34). Este homem estava "cheio de lepra" (Lc 5:12).

Movido de grande compaixão (41; Earle traduz esta expressão como "tomado pela compaixão")," Jesus estendeu a mão e, arriscando-se à contaminação cerimonial, tocou o homem que não devia ser tocado.' Jesus freqüentemente tocava aqueles que Ele curava (por exemplo, em Marcos 7,33) e era tocado por aqueles que procuravam a cura (cf. Marcos 3.10). O Mestre tinha a capacidade e, ao mesmo tempo, a vontade de curar o leproso, e disse-lhe: Quero, sê limpo! A inexprimível compaixão daquele que pode "compadecer-se das nossas fraquezas" (Hb 4:15) dificilmente poderia ser descrita de maneira mais comovente.

A purificação do leproso foi instantânea e completa: logo a lepra desapareceu (42). A palavra de Jesus, sê limpo, era semelhante à expressão usada pelos sacerdotes e pode ser um sinal do seu sacerdócio.

Jesus, advertindo-o severamente, logo o despediu (43). O Senhor o fez com veemência. Embrimesamenos, advertindo-o severamente, "originalmente significa resfolegar ou suspirar, e é um termo usado na Bíblia Grega para expressar indignação, desaprovação e outras fortes emoções; cf. 14.5; Jo 11:33-38".23 O homem foi advertido, antes de mais nada, a não dizer nada a ninguém (44) sobre a sua maravilhosa liberta-ção, e também mostra-te ao sacerdote... para lhes servir de testemunho.

A desobediência do ex-leproso à primeira advertência, por mais nobres que fossem os seus motivos, serviu apenas para impedir o trabalho do Senhor nas cidades; Ele já não podia entrar publicamente na cidade (45), mas conservava-se fora em lugares de-sertos. Sem dúvida, o homem curado fez a viagem até Jerusalém para oferecer pela tua purificação o que Moisés determinou (Lv 14:1-7). Esta seria uma expressão de grati-dão a Deus, e também um cumprimento das exigências legais. Fazendo isso, ele daria um testemunho aos sacerdotes que o examinassem e ao povo que testemunhou a obra pode-rosa, considerada pelos rabinos como sendo "tão difícil quanto ressuscitar os mortos"."

Sob o título "O Mestre e os Seus Homens", poderíamos considerar:

1) a mensagem do Mestre, 14-15;

2) os homens do Mestre, 16-20;

3) o ministério do Mestre, 21-45.


Champlin

Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
Champlin - Comentários de Marcos Capítulo 1 versículo 13
Quarentas dias:
Ver Mt 4:2,Mc 1:13 Sendo tentado por Satanás:
He 2:18; He 4:15.Mc 1:13 Satanás:
Nome que significa o acusador ou o adversário e que é aplicado ao diabo.

Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de Marcos Capítulo 1 do versículo 1 até o 45
*

1:1

Princípio. Diferente de Mateus e Lucas, Marcos não contém uma narrativa do nascimento de Jesus. O "princípio" (cf. Gn 1:1; Jo 1:1) é identificado com o ministério de João Batista (conforme At 1:22) e com as profecias do Antigo Testamento, anunciando a vinda de João Batista.

evangelho. Um termo de comunicado e correspondência política ou pessoal, que significa "boas novas". Os gregos usavam esta palavra para referir eventos tais como o nascimento de um imperador ou uma grande vitória militar.

de Jesus Cristo. Esta frase pode ser entendida ou como "a respeito de Jesus Cristo", ou como "da parte de Jesus Cristo". O Evangelho é “a respeito” de Jesus Cristo, mas é também "da parte" dele (Rm 1:9; 1Co 9:12; 2Co 10:14). O Evangelho de Marcos reivindica autoridade divina e se oferece como a palavra de Cristo através de seus apóstolos, à Igreja (conforme Ap 1:1).

Filho de Deus. Marcos apresenta a Jesus, no começo do seu Evangelho, como o divino e eterno Filho. Ver notas em 13 32:14-36; 15.39, conforme Rm 1:3.

* 1:2

está escrito. Colocando aqui esta citação do Antigo Testamento, Marcos procura mostrar o progresso orgânico da revelação sob o controle do divino Senhor da História. Se o Antigo Testamento é o início e a fonte do Evangelho, o Evangelho revelado através de Jesus Cristo é a interpretação final e inspirada do Antigo Testamento.

na profecia. Ver referência lateral. A citação é uma cadeia de textos (Êx 23:20; Ml 3:1; Is 40:3), referentes a mensageiros que Deus tem enviado como meio de preparação.

* 1:4

João. As citações do Antigo Testamento colocam João Batista na pré-planejada história do trato de Deus com seu povo segundo a Aliança.

no deserto. A pregação de João, no deserto, lembra a Israel, simbolicamente, as suas origens na Aliança celebrada no Êxodo (conforme Jr 2:2). O deserto é o lugar tradicional de encontro entre Deus e seu povo.

batismo de arrependimento. A comunidade de Qunran, com a qual João pode ter tido contato em sua juventude, praticava rituais de purificações e batismos. Também os convertidos ao judaísmo eram batizados. A inovação de João foi exigir um único batismo de israelitas que já estavam na comunidade da Aliança. Para ele, o exigir um tal gesto de arrependimento radical é um sinal da chegada da Nova Aliança. Ver nota em Mt 3:6.

para remissão de pecados. João, na verdade, não concede perdão de pecados. O perdão definitivo de pecados pertence ao pacto (Jr 31:34) que o Messias inaugurará.

* 1:5

toda... todos. Isto é uma hipérbole (recurso literário que exagera), indicando que o povo da Aliança foi a João numa grande multidão, sem dúvida como famílias inteiras (4.1; 6.44 e notas).

* 1:6

pêlos de camelo. As vestimentas e o alimento de João o identificam como um tipo clássico de profeta do Antigo Testamento (2Rs 1:8; Zc 13:4).

* 1:7

E pregava. A identidade daquele a quem João anuncia e diante de quem ele se sente indigno de ajoelhar-se, é evidente nas profecias do Antigo Testamento já citadas. É o "Senhor" que, "de repente, virá a seu templo... o Anjo da Aliança", tendo sido precedido pelo "meu mensageiro" (Ml 3:1).

* 1:8

Espírito Santo. A nova Aliança traz renovação ao povo de Deus (Jr 31:33, 34; Ez 37:14) através do Filho e do Espírito, que o Filho possui em medida plena (Is 42:1; 61:1).

* 1:9

Naqueles dias. De acordo com Jo 2:20, um dos primeiros atos de Jesus, que se seguiu ao seu batismo, teve lugar quando a reconstrução do templo estava no seu quadragésimo sexto ano. Posto que Herodes começou a reconstrução, no ano 19 a.C., Jesus foi batizado por volta de 27 d.C.

por João foi batizado. Jesus sabe que isto é parte do plano divino, para “cumprir toda justiça" (Mt 3:15), pelo qual, em sua humanidade, ele se identifica plenamente com a condição humana e começa o processo de levar os pecados da humanidade. Ver nota teológica "O Batismo de Jesus", índice.

* 1:10

logo. Esta importante palavra (às vezes traduzida "imediatamente") é característica de Marcos (doze vezes no restante do Novo Testamento e quarenta e duas vezes em Marcos). A palavra sugere, talvez, não rapidez, mas a certeza e a inevitabilidade do soberano plano de Deus, recordando os endireitados (a mesma raiz grega) caminhos divinamente preparados para a vinda de Jesus e seu ministério.

Espírito descendo. A descida do Espírito é um sinal da Messianidade de Jesus (v. 8, nota). No batismo de Jesus, como mais tarde no batismo cristão (Mt 28:19) todas as três pessoas da Trindade estão envolvidas. A iniciativa do Pai, a obra vicária do Filho e glória e o poder capacitador do Espírito estão todos presentes.

* 1:11

Tu és o meu Filho amado. O mistério da pessoa de Jesus encontra expressão na divina declaração. Ele, a Segunda Pessoa da Trindade, é, ao mesmo tempo, o representante do crente, o verdadeiro e fiel “filho” de Israel (Êx 4:23), em quem o Pai se compraz e a quem o Pai reconhece como Filho, tanto no sentido pessoal como no sentido oficial (Sl 2:7; Is 42:1). Ver nota no v. 1.

* 1:12

o Espírito o impeliu. O verbo grego traduzido por “impelir” é forte e dá a idéia de necessidade divina e escriturística. O Espírito está impelindo Jesus para o “deserto”, exatamente como Israel — chamado “filho” (Êx 4:23) e batizado em Moisés no mar (1Co 10:2, conforme 13 2:14-31'>Êx 14:13-31) — foi conduzido pelo Espírito nas colunas de nuvem e fogo (Êx 14:19-20), ao longo do caminho da provação, no deserto.

* 1:13

quarenta dias. Possivelmente uma referência simbólica aos quarenta anos da experiência de Israel, no deserto (Dt 1:3, conforme v. 12, nota).

feras. Este detalhe dá ênfase ao fato de que o deserto é um lugar de maldição, onde o diabo manda (Mt 12:43, conforme Ef 2:2). Jesus entra neste domínio e amarra o valente (ver nota em 3:23-27). Esta é uma espécie de reconstituição da prova a que Adão foi submetido. Ainda que Adão tenha sido provado num jardim e não tenha sido ameaçado por feras, ele sucumbiu à tentação de Satanás. No deserto, Jesus, o segundo Adão, começa a derrotar Satanás e inicia sua obra de redenção, sendo aprovado no teste de obediência filial.

mas os anjos o serviam. Anjos acompanharam 1srael no deserto (Êx 14:19; 23:20; 32:34; 33:2). A experiência de Jesus no deserto é um tipo da que o cristão tem no mundo, que é experenciada por causa do domínio de Satanás (Ef 6:12). Ver nota em 10.30.

* 1:14

Depois de João... para a Galiléia. Alega-se freqüentemente que a cronologia dos três Evangelhos Sinóticos é irreconciliável com a de João, por três principais razões:

a) a purificação do templo é colocada em diferentes períodos do ministério de Jesus (11.15, nota);
b) nos Evangelhos Sinóticos Jesus vai a Jerusalém só uma vez, na última semana do seu ministério, enquanto no de João ele esteve lá cinco vezes;

c) em João, Jesus tem o seu primeiro ministério na Judéia ao mesmo tempo que João Batista (Jo 3:22-24), enquanto nos Sinóticos Jesus começa o seu ministério na Galiléia. Contudo, ao dizer que um ministério na Galiléia começa só depois que João Batista é preso, Marcos não está negando que houve um ministério anterior na Judéia; esse ministério simplesmente não faz parte de sua narrativa.

* 1:15

O tempo está cumprido. Os tempos passados, especialmente os atos de salvação de Deus em favor de seu povo Israel, atingiram seu clímax no atual tempo de salvação, através de Jesus.

o reino de Deus está próximo. O reino de Deus é aquele estado final de acontecimentos onde o supremo reinado de Deus é plenamente reconhecido sobre o universo transformado, e nos corações do seu povo redimido e glorificado. Este reino “está próximo” no sentido de que a vinda de Jesus põe em movimento tudo aquilo que contribui para a sua realização. Deus exige arrependimento e crença como respostas a estas novas. Ver nota no v. 4.

* 1:16

mar da Galiléia. É um lago interior de aproximadamente 21 km de comprimento por treze de largura. É conhecido no Novo Testamento como Lago de Genesaré (Lc 5:1) ou Mar de Tiberíades (Jo 6:1).

* 1:17

Vinde após mim... pescadores de homens. Marcos, imediatamente, mostra Jesus chamando discípulos para segui-lo e chamarem outros para ele. Este primeiro ministério referido, na igreja nascente, tem como seu objetivo principal buscar os perdidos. Esta ênfase sobre a evangelização foi bem percebida por Paulo, que disse: “Ai de mim se não pregar o Evangelho” (1Co 9:16).

* 1:19

Tiago... João. Note-se que Jesus não recruta seus apóstolos e “pescadores de homens” dentre os da “intelligentsia” religiosa, mas dentre as pessoas simples, de atividades comuns.

* 1:20

empregados. Este pormenor sugere um pequeno e próspero negócio.

* 1:22

como quem tem autoridade. O ensino de Jesus é diferente do ensino dos escribas, porque está ligado à sua pessoa (2,10) e à sua interpretação das Escrituras (12.35-40). Seu conteúdo é novo, anunciando a vinda do reino (v. 15) e a derrota de Satanás (v. 27).

* 1:24

Que temos nós contigo. Esta expressão distancia a pessoa que fala daquela a quem se dirige. Ocorre em outro lugar no Novo Testamento (Jo 2:4).

Nazareno. Nazaré ficava ao ocidente do Mar da Galiléia e era a cidade natal de Jesus.

Santo de Deus. Jesus é descrito deste modo só neste incidente (Lc 4:34). Os demônios tremem na presença da santidade divina.

* 1:25

Cala-te. Esta forte expressão dá ênfase ao poder de Jesus para estabelecer o seu reino em face da presença do mal.

* 1:29

Tiago e João. Ver v. 19.

* 1:30

A sogra de Simão. Pedro era casado (ver também 1Co 9:5), mostrando que o casamento é normal entre os líderes cristãos. Ao mesmo tempo, o celibato permanece como uma possibilidade legítima (Mt 19:12; 1Co 7:7-8, 32).

* 1:32

ao cair do sol. Jesus já tinha curado no dia de Sábado (v. 25). Nesta ocasião, o povo esperava ainda o pôr do sol, quando o Sábado terminava, para levar seus doentes a Jesus.

* 1:34

muitos demônios. A quantidade de possessão demoníaca, na população judaica da Galiléia (v. 32, nota) é surpreendente, ainda que a influência pagã ou gentílica, na Galiléia, não deva ser esquecida.

não lhes permitindo que falassem. Este é o primeiro exemplo daquilo que tem sido chamado o “segredo Messiânico” (v. 43; 3.12; 4.10,11; 5.19; 8.30; 9.9). A revelação de Jesus como o Messias tinha de começar discretamente e avançar por estágios, de modo que o plano de Deus, para a morte de seu servo, não fosse comprometido por qualquer excesso de entusiasmo popular.

* 1:35

lugar deserto. Lit., “lugar desabitado”, onde Jesus trava sua luta espiritual (v. 12, conforme v. 3) e que é também, como o antigo Israel, um tipo da presente caminhada cristã (1Co 10:1-11; 13 12:58-13.13'>Hb 13:12-13).

* 1:38

para isso é que eu vim. Jesus afirma seu programa de pregação evangelística com firme clareza. Em Lucas (19,10) ele diz: “porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido”. E assim ele se move, percorrenco a Galiléia várias vezes (v. 39; 6.6; Lc 8:1).

* 1:40

um leproso. Sob a lei mosaica, certas doenças de pele tornavam a pessoa cerimonialmente impura, excluindo-a do convívio da sociedade (Lv 13:46).

* 1:43

veemente advertência. Ver nota no v. 34. O verbo grego expressa profunda emoção, como no caso de Jesus diante do túmulo de Lázaro (Jo 11:33, 38).

* 1:44

servir de testemunho. Jesus respeita a lei mosaica como o grande sumo sacerdote de outra linhagem (Hb 7:11—8.13), mas não está preso e nem limitado por ela. Ainda que tocar um leproso fosse uma violação às leis da pureza ritual (Lv 5:3), Jesus o tocou quando o curou.

* 1:45

entrou a propalar muitas coisas. Este não é o tempo para a proclamação desenfreada (v. 34, nota), ainda que devesse chegar o tempo, na história da redenção (depois da ressurreição), quando a pregação aberta seria adequada (Mt 10:27; Lc 12:2-3).


Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de Marcos Capítulo 1 do versículo 1 até o 45
1:1 Quando a gente experimenta a emoção de um grande acontecimento, sente que deve contar-lhe a alguém. Contar a história pode fazer reviver a experiência passada. Ao ler as primeiras palavras do Marcos se sente essa emoção. Imagine em meio da multidão enquanto Jesus sã e insígnia. Imagine como um de seus discípulos. Reaja a suas palavras de amor e de estímulo. E recorde que Jesus veio por cada homem e por cada mulher, por quem vivo hoje em dia e pelos que viveram faz dois mil anos.

1:1 Marcos não foi um dos doze discípulos do Jesus, mas é muito possível que tenha conhecido ao Jesus pessoalmente. Escreveu este Evangelho em forma de relato ágil, como uma novela popular. O livro apresenta ao Jesus como um homem que respaldava suas palavras com feitos que sempre demonstravam quem era: o Filho de Deus. devido a que escreveu seu Evangelho para os cristãos de Roma, onde se adoravam muitos deuses, queria que soubessem que Jesus é o único e verdadeiro Filho de Deus.

1:2 por que veio Jesus naquele momento preciso da história? O mundo civilizado gozava de uma relativa paz durante o governo de Roma. Viajar era fácil e havia um idioma comum. Possivelmente as notícias a respeito da vida, morte e ressurreição do Jesus se pulverizaram com rapidez pelo vasto Império Romano.

No Israel, as pessoas comuns estavam listas para seguir ao Jesus. Durante quatrocentos anos não tiveram profeta de Deus, dos dias do Malaquías (o escritor do último livro do Antigo Testamento). Cada vez estavam mais espectadores pela pronta chegada de um grande profeta ou possivelmente o Messías mencionado no Antigo Testamento (veja-se Lc 3:15).

1:2, 3 Isaías foi um dos maiores profetas do Antigo Testamento. A segunda metade de seu livro está dedicada à promessa da salvação. Isaías escreveu sobre a vinda do Messías, Jesucristo, e sobre o homem que anunciaria sua vinda, João o Batista. O chamado do João às pessoas de "preparem" significava que teriam que abandonar sua maneira de viver, renunciar a seus pecados, procurar o perdão de Deus e estabelecer uma relação com o todo-poderoso Deus mediante a fé e a obediência a sua palavra que é a Bíblia (Is 1:18-20; Is 57:15).

1:2, 3 Em Mc 1:2-3 temos uma entrevista tirada de Ml 3:1 e Is 40:3.

1:2, 3 Centenas de anos antes, o profeta Isaías predisse a vinda do João o Batista e do Jesus. Como soube? Deus prometeu ao Isaías que um Libertador viria ao Israel e que uma voz se elevaria no deserto para lhe preparar o caminho. As palavras do Isaías respiraram a muitos ao lhes fazer olhar para o futuro, ao Messías. Saber que Deus cumpre suas promessas nos consola. Marcos escreveu muito sobre o futuro e Deus cumprirá suas promessas. Ao ler este livro, que é parte da Palavra de Deus, compreendamos que é algo mais que uma história: é Deus que revela seus planos quanto à história da humanidade.

1:4 por que será que o Evangelho do Marcos começa com a história do João o Batista e não menciona o nascimento do Jesus? Naqueles tempos, aos oficiais romanos de importância sempre lhes precedia um anunciador ou arauto. Quando o arauto chegava a um povo, a gente sabia que algum personagem proeminente estava ao chegar. Já que Marcos escreveu sobre tudo para cristãos romanos, começou seu livro com o João o Batista, cuja missão era anunciar a vinda do Jesus, o homem mais importante que jamais tenha vivido. Aos cristãos romanos não tivesse interessado tanto o nascimento do Jesus como o arauto que lhe preparou o caminho.

1:4 João decide viver no deserto: (1) para manter-se afastado das distrações e poder ouvir melhor as instruções divinas; (2) para obter a total atenção do povo; (3) para simbolizar um violento rompimento com a hipocrisia dos líderes religiosos mais interessados em seus luxuosos lares e posições de autoridade que na obra de Deus; (4) para dar cumprimento às profecias do Antigo Testamento que diziam que João seria uma "voz que clama no deserto; preparem caminho ao Jeová" (Is 40:3).

1:4 No ministério do João, o batismo era um sinal visível de que uma pessoa decidia trocar, deixar sua forma de vida de pecado e egoísmo e voltar-se para Deus. João adotou um conhecida costume e lhe deu um novo sentido. Os judeus freqüentemente batizavam gentis, os que se convertiam ao judaísmo. Mas batizar a um judeu como sinal de arrependimento foi uma radical separação do costume judia. A igreja primitiva lhe deu ao batismo um significado maior, ao associá-lo com a morte e ressurreição do Jesus (vejam-se, por exemplo, Rm 6:3-4; 1Pe 3:21).

1:5 O propósito da predicación do João foi preparar ao povo para aceitar ao Jesus como o Filho de Deus. Quando João lançou ao povo a provocação de confessar seus pecados individualmente, assinalou o começo de uma nova forma de ter relação com Deus.

É necessário que você troque antes de ouvir e entender a mensagem do Jesus? A gente tem que reconhecer que necessita o perdão antes que possa aceitar o perdão; o verdadeiro arrependimento deve produzir-se antes de que a pessoa tenha verdadeira fé no Jesucristo. Como preparação para receber a Cristo, devemos nos arrepender e renunciar às atrações do mundo que levam a morte, às tentações pecaminosas e às atitudes perniciosas.

1:6 A vestimenta do João não era precisamente o último grito da moda daqueles dias. vestia-se como o profeta Elías (2Rs 1:8) para distinguir-se dos líderes religiosos cujas largas túnicas refletiam o orgulho que sentiam por sua posição (2Rs 12:38). A surpreendente aparência do João refletia sua extraordinária mensagem.

1.7, 8 Embora João era o primeiro profeta genuíno em quatrocentos anos, Jesus o Messías seria imensamente melhor que ele. João particularizou quão pequeno era ante Aquele que vinha. Não se considerava digno nem sequer de realizar para O as tarefas mais humildes, como desatar a correia de suas sandálias. O que João começou, Jesus o finalizou. O que João preparou, Jesus o realizou.

1:8 João disse que Jesus batizaria com o Espírito Santo e fogo e que enviaria o Espírito Santo para que vivesse em cada crente. O batismo em água que João pregava preparava à pessoa para receber a mensagem de Cristo. Demonstrava humildade e assinalava a disposição de abandonar o pecado. Este era o começo do processo espiritual. Quando Jesus batiza com o Espírito Santo, entretanto, toda a pessoa se reforma por dito poder. Este batismo é o resultado da obra completa do Jesus.

1:9 Se o batismo do João era sozinho arrependimento de pecados, por que se batizou Jesus? Até os maiores profetas (Isaías, Jeremías, Ezequiel) tiveram que confessar seus pecados e arrepender-se. Jesus não, porque foi pecado. Embora não era necessário, Jesus se batizou por estas razões: (1) para atestar de sua consagração a sua missão de trazer a mensagem de salvação a todas as nações; (2) para demonstrar que Deus aprovava e respaldava sua missão; (3) para identificar-se com nossa condição humana e pecadora; (4) para começar oficialmente seu ministério público (Jo 1:31-34); (5) para nos dar um exemplo que temos que imitar. O batismo do João era diferente do batismo cristão na igreja (veja-se At 19:2-5).

1:9 Jesus cresceu no Nazaret, onde viveu de menino (Mt 2:22-23). Nazaret era uma pequena aldeia na Galilea, localizada-se a meio caminho entre o mar da Galilea e o mediterrâneo. A cidade era desprezada e evitada por muitos judeus porque tinha a reputação de ser independente. Nazaret era um cruzamento de caminho para rotas de intercâmbio e tinha contato com outras culturas (veja-se Jo 1:46).

1.10, 11 O Espírito Santo descendeu em forma de pomba sobre o Jesus e uma voz dos céus proclamou em nome do Pai que Jesus é seu divino Filho. Aqui vemos os três membros da Trindade juntos: Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo.

1:12, 13 Satanás é um anjo que se rebelou contra Deus. É real, não é simbólico, e sempre trabalha contra Deus e de quem o obedece. Tentou a Eva no Éden e a persuadiu a pecar; tentou ao Jesus no deserto e não obteve que caísse. Ser tentado não é pecado. Tentar a outros ou ceder à tentação sim o é. se desejar mais informação a respeito da tentação do Jesus, leoa Mt 4:1-11.

1:12, 13 Para identificar-se por completo com o ser humano, Jesus teve que enfrentar a tentação de Satanás. Já que Jesus enfrentou a tentação e saiu vitorioso dela, pode nos ajudar em duas formas muito importantes: (1) a maneira de exemplo em como enfrentar a tentação sem pecar, e (2) como ayudador que sabe o que necessitamos, já que O passou por essa mesma experiência. (Em Hb 4:15 encontramos mais cataloga ao Jesus e a tentação.)

1.12, 13 Jesus se separou da gente e se foi ao deserto, onde Satanás o tentou. A tentação nos resulta malote só quando cedemos a ela. Não devemos aborrecer os momentos de prova, porque através delas se fortalece nosso caráter e Deus nos ensina valiosas lições. Quando enfrentarmos a Satanás e tenhamos que nos ver a com suas tentações e a confusão que nos apresenta, recordemos ao Jesus. O usou a Palavra de Deus frente a Satanás e triunfou. Nós podemos fazer o mesmo.

1:12, 13 Os anjos são mensageiros celestiales que cumprem a vontade de Deus ou a comunicam aos homens. O termo anjo significa mensageiro e geralmente identifica ao mais alto grau de seres espirituais que habitam na presença de Deus. Mas também pode referir-se aos anjos de Satanás (Mt 25:41) e parece aplicar-se aos pastores que servem de mensageiros de Deus às sete Iglesias da Ásia (Apocalipse 1:3). A presença de Deus em forma Angélica é óbvia em Gn 16:7-14; Gn 22:11-19; Ex 3:2-4; Jz 2:1; Jz 6:11-14; Jz 13:3. A palavra grega ángelos, que em alguns casos se traduz como mensageiro, emprega-se também para designar a homens em passagens como Lc 7:24 e Jc 2:25. As escrituras declaram que os anjos são: (1) seres criados (Cl 1:16); (2) inumeráveis (Dn 7:10); (3) de diversos ordens e filas (Jd_1:9); (4) poderosos (Sl 103:20); (5) espíritos sem corpos materiais (Hb_1:14); (6) livres de limitações físicas (At 12:5-10); (7) extremamente sábios (2Rs 14:20); (8) capazes de apresentar-se em forma humana (Jo 20:12).

1.14, 15 Quais são as boas novas de Deus? Estas primeiras palavras do Jesus no Marcos nos dão a essência de seu ensino: que o tão esperado Messías havia vinho para iniciar o Reino pessoal de Deus na terra. A maioria das pessoas que ouviram esta mensagem estavam na opressão, pobres e sem esperanças. As palavras do Jesus foram boas novas para elas porque lhes ofereciam liberdade, bênções e esperanças.

1:16 A pesca era a indústria mais importante em torno do mar da Galilea. A pesca com redes era o método mais usado. Capernaum, que chegou a ser o novo centro de operações do Jesus, era nesse tempo a maior de ao redor de trinta aldeias de pescadores situadas ao redor do mar (Mt 4:12-13).

1.16-20 Se está acostumado a pensar que os discípulos do Jesus eram grandes homens de fé desde que se uniram ao Jesus. Mas a verdade é que tiveram que crescer na fé de igual modo que qualquer crente (Mc 14:48-50, Mc 14:66-72; Jo 14:1-9; Jo 20:26-29).

Ao parecer, esta não foi a única vez que Jesus chamou o Pedro (Simón), Jacóo e João para que lhe seguissem (em Lc 5:1-11 e em Jo 1:35-42 lemos de outras duas vezes). Demorou para que o chamado do Jesus e sua mensagem penetrassem, mas o importante é isto: embora tinham muito que crescer, seguiram-lhe. Do mesmo modo, temos perguntas e vacilações, mas nunca devemos deixar de crescer ao seguir ao Jesus.\par\par b 1.21 devido a que o templo em Jerusalém estava muito longe para que muitos judeus viajassem até ali para adorar regularmente, muitos povos tinham sinagogas que serviam como lugares de adoração e escolas. Dos tempos do Esdras, ao redor de 450 a.C., um grupo de dez famílias judias podia fundar uma sinagoga. Ali, durante a semana, os meninos varões estudavam a Lei do Antigo Testamento e a religião judia. As meninas não se admitiam. Cada dia de repouso, o Sabat, os homens se reuniam para escutar o ensino da Palavra de Deus através de um rabino. devido a que os rabinos ou professores não eram permanentes, os principais da sinagoga acostumavam pedir aos professores visitantes que falassem. Por isso Jesus freqüentemente falava nas cidades que visitava.

1:21 Jesus se acabava de mudar do Nazaret ao Capernaum (Mt 4:12-13). Capernaum era uma cidade muito próspera, com grandes riquezas, ao igual a grandes pecados e decadência. devido a que aquartelava muitos soldados romanos, a influência pagã do Império Romano se encontrava em qualquer lugar. Era o lugar ideal para que Jesus enfrentasse a judeus e a gentis com as boas novas do Reino de Deus.

1:22 Freqüentemente, os professores judeus citavam a famosos rabinos para dar mais autoridade a suas palavras. Mas Jesus não precisava fazê-lo. Como era Deus, conhecia perfeitamente as Escrituras e seu significado. O era a autoridade suprema.

1:23 Os demônios são espíritos de maldade sob as ordens de Satanás. Seu trabalho é fazer pecar às pessoas. Satanás não os criou, porque Deus é o Criador de tudo; são anjos cansados que se uniram a Satanás em sua rebelião. Em sua estado de degeneração podem fazer que uma pessoa fique muda, surda, cega ou demente. Mas sempre que se enfrentaram ao Jesus, perderam seu poder. Deus põe limites ao que fazem; não podem fazer nada sem sua permissão. Durante o tempo em que Jesus viveu na terra, aos demônios lhes permitiu estar muito ativos para demonstrar de uma vez e para sempre que Cristo tem poder e autoridade sobre eles.

1.23ss Para muitos sicólogos a posse demoníaca é uma forma primitiva de descrever as enfermidades mentais. Entretanto, está claro que um demônio era o que controlava a este homem. Marcos enfatiza as lutas contra o poder demoníaco para demonstrar a superioridade do Jesus. Narra muitos relatos que mostram ao Jesus jogando fora demônios. Jesus não tinha que realizar um elaborado ritual de exorcismo. Sua palavra era suficiente para expulsar aos demônios.

1.23, 24 Os demônios souberam em seguida que Jesus era o Filho de Deus. Ao incluir este fato em seu Evangelho, Marcos estabeleceu os créditos do Jesus, mostrando que até o mundo das trevas o reconhecia como o Messías.

1.29-31 Cada escritor dos Evangelhos escreveu de uma perspectiva um tanto diferente; por isso os relatos têm detalhes diferentes em cada Evangelho. No Mateus, Jesus tocou à mulher. No Marcos, ajudou-a a incorporar-se. No Lucas, falou-lhe com a febre que imediatamente a deixou. Mas não há conflito nos relatos. Cada escritor escolheu enfatizar detalhes diferentes do mesmo caso com o propósito de ressaltar certas características do Jesus.

1:32, 33 A gente se aproximou do Jesus ao entardecer quando o sol ficava. Era o dia de repouso (1,21) que começava com pôr-do-sol da sexta-feira e terminava com pôr-do-sol do sábado. Os líderes judeus diziam que era contra a Lei sanar no dia de repouso (Mt 12:10; Lc 13:14). A gente não queria quebrantar esta Lei, nem a que proibia viajar no dia de repouso. Por isso esperaram até o entardecer. depois de pôr-do-sol, as multidões se sentiram em liberdade de procurar o Jesus para que os sanasse.

1:34 por que Jesus não queria que os demônios revelassem quem era? (1) Ao mandar aos demônios que guardassem silêncio, demonstrava sua autoridade e poder sobre eles. (2) Jesus queria que a gente acreditasse no por suas palavras e feitos, não pelo que pudessem dizer os demônios. (3) Jesus queria revelar sua identidade como o Messías segundo seu próprio programa e não conforme ao de Satanás. Este queria que a gente seguisse ao Jesus por sua popularidade e não porque era o Filho de Deus, que podia liberá-los do pecado e seu poder.

1:35 Jesus dedicava tempo à oração. Procurar tempo para orar não é fácil, embora a oração é o vínculo vital entre nós e Deus. Como Jesus, devemos procurar tempo para falar com Deus, embora isso signifique que tenhamos que nos levantar antes que o dia esclareça.

1:39 Os romanos dividiram o território do Israel em três regiões: Galilea, Samaria e Judea. Galilea estava na região mais setentrional e tinha ao redor de 100 km de comprimento por 50 de largura. Jesus passou muito tempo de seu ministério nesta região, um lugar ideal para ensinar, sobre tudo porque havia mais de 250 populações e aldeias concentradas nesta pequena região, com muitas sinagogas.

1:40, 41 Com relação ao Levítico 13:14 os líderes judeus declararam que a lepra era imunda. Isto queria dizer que aos leprosos lhes proibia participar de toda atividade religiosa ou social. devido a que a Lei dizia que qualquer pessoa se fazia imunda pelo contato com um imundo, alguns atiravam pedras aos leprosos para mantê-los a distância. Mas Jesus tocou aos leprosos.

O verdadeiro valor de uma pessoa não é externo, a não ser interno. Embora uma pessoa esteja doente ou deformada, em seu interior não é menos valiosa ante Deus. Ninguém é tão repugnante como para que O não o toque. Em um sentido, todos somos leprosos porque nos deformou a fealdade do pecado. Mas Deus, ao enviar a seu Filho Jesus, há-nos meio doido para nos dar a sanidade.

Quando se sentir rechaçado por alguém, detenha-se e pense o que sente Deus por essa pessoa e por você.

1:43, 44 Embora a lepra era incurável, diversas classes de enfermidades de pele se classificaram como "lepra". Segundo as leis do Antigo Testamento (Levítico 13:14), quando um leproso se curava devia apresentar-se ante um sacerdote para ser examinado. Logo o leproso devia dar uma oferenda de gratidão no templo. Jesus se ajustou a estas leis ao enviar ao homem ao sacerdote, demonstrando o total respeito que tinha pela Lei de Deus. Enviar o leproso sanado ao sacerdote constituía uma forma de verificar o grande milagre ante a comunidade.


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de Marcos Capítulo 1 do versículo 1 até o 45
O Servo e seu serviço

I. DEFINIÇÃO DO EMPREGADO (1: 1-13)

A. Na eternidade (Mc 1:1 ). "Evangel" vem diretamente da palavra grega para o evangelho.

Filho de Deus está faltando em alguns dos primeiros manuscritos e por isso é omitido em algumas traduções modernas. Mas é retida nas versões padrão (ASV, RSV, NEB). É plenamente de acordo com a ênfase de Marcos sobre a divindade de Jesus. O Salvador é o Filho eterno de Deus.

IN TIME B. (1: 2-13)

1. Sua Introdução (1: 2-8)

2 Mesmo como está escrito em Isaías, o profeta,

Eis que eu envio o meu mensageiro diante de ti,

Quem preparará o teu caminho;

3 A voz do que clama no deserto:

Faça ye Preparai o caminho do Senhor,

Endireitai as suas veredas;

4 João veio, que batizou no deserto, pregando o batismo de arrependimento para a remissão dos pecados. 5 E saíam a ter com ele toda a terra da Judéia e todos os moradores de Jerusalém; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. 6 Ora, João usava uma veste de pêlos de camelo, e tinha um cinto de couro em torno de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre. 7 E pregava, dizendo: Vem depois me ele que é mighter do que eu, a correia dos cujos sapatos eu não sou digno de, abaixando-desatar. 8 Eu vos batizei em água; mas ele vos batizará no Espírito Santo.

João Batista foi o precursor de Jesus. Ele apareceu em cena para preparar o caminho para a vinda de Cristo. Sua função era apresentar aos judeus o seu Messias.

Para todas as implicações da frase está escrito ver o comentário sobre Mt 4:4 .

2. Sua Instalação (1: 9-11)

9 E aconteceu naqueles dias, que Jesus veio de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no Jordão. 10 E, logo que saiu da água, viu os céus rasgou, e do Espírito como uma pomba descer sobre ele; 11 e uma voz vinda dos céus: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.

O batismo de Jesus por João é descrito em todos os três Evangelhos sinópticos, principalmente por Mateus (ver em Mt 3:13. ). Carinho de Marcos para fortes, palavras-reflexo vívidas de Pedro pregação-é ilustrado aqui, como em muitos outros lugares. Mateus e Lucas dizem que os céus se "aberto". Mas Marcos diz rasgou (schizomenous ).

As pequenas diferenças de redacção em contas paralelas nos Evangelhos sinópticos com freqüência qualquer divergência de significado também é ilustrado aqui. Marcos tem o Espírito (v. Mc 1:10 ), ao passo que Mateus tem "o Espírito de Deus" e Lucas "o Espírito Santo". Estas são expressões equivalentes.

3. Sua iniciação (1: 12-13)

12 E logo o Espírito o impeliu para o deserto. 13 E ele estava no deserto quarenta dias, tentado por Satanás; e ele estava com as feras; e os anjos o serviam.

A tentação é descrito em maior extensão por Mateus e Lucas, ambos os quais indicam três assaltos climáticas por Satanás (ver em Mt 4:1. ; Lc 4:1 ). Mas, embora o relato de Marcos é muito mais breve, ele tem aqui, como sempre, um ou dois itens distintos não incluídas nos outros evangelhos. Ele diz que o Espírito Santo impeliu para frente (ekballei) para o deserto, um termo muito mais forte do que os outros dois têm. Taylor diz que "parece indicar forte, se não violenta, de propulsão." Marcos só menciona os feras como estar com Jesus (v. Mc 1:13 ), rasgando o ar da noite com seus uivos estranhos. O primeiro destes dois itens ilustra picturesqueness característica de Marcos da descrição; o segundo exemplifica sua nitidez de detalhe.

Ao se referir ao tentador, Mateus e Lucas usam o termo "o diabo" - diabolos , "caluniador", ou "falso acusador" -que Marcos nunca usa. Em vez disso ele tem Satanás , que significa "adversário" palavra hebraica -a transliterado para o grego e, em seguida, para o Inglês. No Novo Testamento, diabolos ocorre 38 vezes, Satanas 36 vezes.

II. SERVIÇO do servo (1: 14-13: 37)

A. na Galiléia (1: 14-4: 34)

1. Início do Ministério (1: 14-15)

14 Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus, 15 e dizendo: O tempo está cumprido, eo reino de Deus está próximo: arrependei-vos e crede no evangelho.

A grande ministério galileu de Jesus começou com a prisão de João Batista. Entregue-se pode ser traduzido quer "colocar na prisão" (KJV) ou "preso". traduções mais recentes preferir o último.

Quando João foi feita a partir da cena, Jesus tomou seu lugar como a figura profética proeminente. Ele começou a pregar (proclamando) o evangelho de Deus . Esta frase é encontrado várias vezes nas epístolas de Paulo. Ela significa a boa notícia que vem de Deus.

A ênfase específica aqui foi: "foi cumprida O tempo eo reino de Deus está próximo" (tempos perfeitos). Tempo é kairos , que significa " o direito, apropriado, tempo favorável ... tempo fixo definido. ... uma das alternativas. termos escatológicos principais ... o momento de crise, os últimos tempos . "Este foi o" momento oportuno "para a nação judaica para aceitar o reino de Deus na pessoa do Messias. Mas o momento (Seu ministério) passou, a nação que rejeitou o reino de Deus foi punido severamente por Roma.

Mateus e Marcos ambos indicam que Jesus repetiu João na pregação, Arrependei-vos. Mas o último acrescenta: e crer no evangelho . Este era o novo, distintivo, nota Christian. O arrependimento ea fé são os dois pré-requisitos para a salvação.

2. Chamada de Pescadores (1: 16-20)

16 E, andando junto do mar da Galiléia, viu Simão e André, irmão de Simão lançavam a rede ao mar; pois eram pescadores. 17 E Jesus disse-lhes: Vinde após mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens. 18 E logo eles deixaram as redes, seguiram- Nu 19:1 E, passando um pouco mais adiante, viu Tiago, o filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes. 20 E logo os chamou; e eles deixaram seu pai Zebedeu no barco com os empregados, e foi atrás dele.

As contas deste incidente em Mateus e Marcos são quase exatamente o mesmo (ver em Mt 4:18 ). A um item diferenciado em Marcos é a menção de de Zebedeu servidores contratados . Tiago e João não deixou seu pai desolado quando abandonaram o negócio de pesca para seguir Jesus.

3. Dia em Cafarnaum (1: 21-34)

1. Curando um endemoninhado (1: 21-28)

21 E eles entram em Cafarnaum; e, logo no sábado, indo ele entrou na sinagoga e ensinava. 22 E maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas. 23 E logo, estava na sinagoga um homem com um imundo espírito; e ele gritou, 24 dizendo: Que temos nós contigo, Jesus Nazareno tu? Vieste para nos destruir? Bem sei quem és: o Santo de Dt 25:1 . O incidente particular descrita aqui é omitido por Mateus, mas estreitamente paralelo em Lc 4:31 . É o primeiro milagre de Jesus registrada por Marcos e Lucas.

Este foi um dia agitado na vida de Jesus, sem dúvida, típico de muitos, tais durante Seu ministério público. Desde que foi o dia de sábado a sábado, o sábado judaico-Ele foi para a sinagoga . Esta palavra significa literalmente "um ajuntamento". Como no caso da "igreja", que foi usado pela primeira vez para a congregação e, em seguida, para o edifício. O último é o significado aqui.

Na sinagoga Ele ensinou . Os meios imperfeito "começou a ensinar." Era o costume de sinagogas locais para convidar viajando rabinos para falar nos serviços (conforme At 13:15 ).

Os adoradores na sinagoga foram maravilhavam da sua doutrina . Os escribas tinham o hábito de citar as opiniões dos rabinos anteriores. Mas Jesus falou com o divino direto autoridade que surpreender seus ouvintes.

Ao serviço era um homem com um espírito imundo , literalmente, "em um espírito imundo", ou sob seu poder. Ele clamou; ., provavelmente, "gritou" ou "gritou" o descreveria corretamente Que temos nós contigo é literalmente, "O que para nós e para ti?" Isto é, "O que há entre nós?" Moffatt deixa-lo: "Que negócio tê-lo conosco?" Isso, provavelmente, expressa o sentido bem.

O endemoninhado identificado Jesus como o Santo de Deus . Embora alguns tenham negado que esta era uma designação para o Messias, Vincent Taylor observa corretamente que, embora "não é um título messiânico conhecido", ainda que provavelmente é usado aqui "com significado Messiânico."

O Mestre silenciou o demônio e ordenou que saísse do homem. Cala-te (v. Mc 1:25) é, literalmente, "ser amordaçados!" Jesus não queria que o depoimento de uma tal trimestre. Também é provável que Ele estava proibindo qualquer declaração pública de sua messianidade, para que não haja uma revolução política contra Roma.

A crueldade sádica do espírito imundo é revelado no versículo 26 . Rasgando ele é melhor traduzida por "tê-lo em convulsão". Lucas (Mc 4:35) diz que o demônio não prejudica definitivamente ele.

Mais uma vez o povo estava espantado com o Mestre. Primeiro seu espanto tinha sido causado por Sua autoridade no ensino (v. Mc 1:22 ). Agora, maravilhados da sua autoridade na expulsão de demônios. Isso era algo novo . Não é de estranhar que o relatório do que aconteceu neste propagação sinagoga de serviço logo por toda a Galiléia (v. Mc 1:28 ). Era uma notícia emocionante.

b. A cura na casa de Pedro (1: 29-31)

29 E logo, quando eles saíram da sinagoga, eles entraram na casa de Simão e André, com Tiago e Jo 30:1. ). Marcos sozinho menciona que os quatro pescadores discípulos acompanhado Jesus casa da sinagoga. Era costume na época, não para comer antes de ir a serviço no dia de sábado. Os cinco homens chegaram com fome, esperando uma boa refeição para ser aguardando-los: Em vez disso, encontrou a mãe-de-lei de Pedro na cama com uma febre alta. Mas, como sempre, o Mestre estava no controle da situação. Logo a senhora doente estava bem e servir a refeição.

c. Cura no Sunset (1: 32-34)

32 E à tarde, quando o sol se ajustou, trouxeram-lhe todos os enfermos, e os que estavam possuídos por demônios. 33 E toda a cidade se ajuntou à porta. 34 e ele curou muitos que se achavam enfermos com mergulhadores doenças, e expulsou muitos demônios; e ele não permitia que os demônios falassem, porque o conheciam.

O sábado judaico durou de pôr do sol na sexta à noite até o por do sol no sábado. Então, quando o sol se ajustou as multidões, animado com a notícia dos dois milagres que Jesus tinha realizado naquele dia, veio correndo para a casa de Pedro. Agora que o sábado foi mais poderiam transportar o seu doente e os endemoninhados . Para Mateus e Lucas contas Marcos acrescenta normalmente: E toda a cidade se ajuntou à porta (v. Mc 1:33 ). Pelo menos assim pareceu a Pedro, e Marcos capturou sua vívida descrição desse serviço por do sol cura. Mais uma vez o Mestre amordaçados os demônios que procuraram para testemunhar a Sua divindade (conforme Lc 4:41 ).

4. Posto da Galiléia (1: 35-45)

1. Rezar em Sunrise (1: 35-39)

35 E na parte da manhã, um grande tempo antes do dia, ele se levantou e saiu, e partiu para um lugar deserto, e ali orava. 36 E Simão e os que estavam com ele o seguiu; 37 e eles o encontraram, e . dize-lhe: Todos te buscam 38 E disse-lhes: Deixai-nos ir para outro lugar às aldeias vizinhas, para que eu pregue ali também; pois para isto que vim. 39 e, entrando em suas sinagogas por toda a Galileia, pregando e expulsando os demônios.

Mateus não gravar este incidente, embora Lucas (4: 42-44) faz. O serviço do sol cura foi seguido de uma reunião de oração do nascer do sol. Mas, para este último não havia empurrões, multidões-apenas ruidosos o Mestre sozinho em comunhão com o Pai.Ele precisava de força e orientação para o novo dia.

As duas cláusulas do verso de abertura de 35 são muito fortes no grego: "E muito no início da manhã, quando ainda era noite." Jesus deixou os discípulos dormindo, e procurou a solidão de um lugar deserto; ou seja, um local solitário fora da cidade.

Finalmente Pedro despertado. Faltando o Mestre, ele e seus companheiros discípulos "caçou" (katedioxen ). Quando finalmente descobri-lo, eles relataram que tudo Cafarnaum estava procurando por ele (v. Mc 1:37 ). Sem dúvida, havia muitas pessoas que não conseguiram fazê-lo para o serviço de cura na noite anterior.

Mas, no momento da oração de Jesus tinha recebido Suas ordens para o dia. Ele não deve retornar para Cafarnaum, neste momento, mas avançar para as próximas cidades . Há Ele deve pregar, para as pessoas precisavam de salvação espiritual mais do que a cura física. Em seguida, acrescentou: Para este fim é que vim . Isto poderia referir-se a sua saída Cafarnaum cedo naquela manhã. Mas, provavelmente, tem referência a sua vinda do céu. Sua missão à Terra foi para salvar a humanidade.

O versículo 39 é composto por uma declaração sumária de um ministério sinagoga em toda a Galiléia. Junto com sua pregação, ele expulsou demônios.

b. Limpando um leproso (1: 40-45)

40 E lá vem se dele um leproso, suplicando-lhe e, ajoelhando-se diante dele, e dizendo-lhe: Se tu quiseres, podes purificar-me. 41 E, sendo movido de compaixão, Jesus estendeu a mão, tocou-o, e disse-lhe: Quero; . sê limpo 42 . Imediatamente a lepra se apartou dele, e ficou limpo 43 E ordenou-lhe de forma rigorosa, e imediatamente mandou para fora, 44 e disse-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai mostrar -te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho. 45 Mas ele saiu, e começou a publicar-se muito, e espalhou o assunto, de modo que Jesus já não podia entrar abertamente em uma cidade, mas se fora em lugares desertos; e vieram a ele de todos os lados.

Esta cura milagrosa é gravado em três sinóticos (ver Mt 8:1. ). Movido pela compaixão (somente em Marcos) é o particípio aoristo passivo e é melhor traduzida O uso do aoristo sugere "a ser agarrado com compaixão." reação súbita e imediata de Jesus, quando confrontado com a necessidade humana.

Marcos (com Lucas) diz que logo , ou imediatamente, o leproso era purificado (v. Mc 1:42 ). No versículo 43 só ele usa uma palavra forte para estritamente cobrado. Originalmente, o verbo grego significava para cheirar como um cavalo. Ele indicou o sentimento profundo com o qual Jesus ordenou o leproso para não contar a ninguém, exceto o padre sobre sua cura. Cristo sabia que os sacerdotes hostis não relatar o assunto. Ele estava procurando evitar publicidade indevida, porque as vastas multidões, querendo ser curado ou para testemunhar milagres, foram impedindo-lo de realizar sua mais importante missão de pregação do evangelho.

Mas foi tudo em vão. Marcos (sozinho) acrescenta que o homem curado saiu e publicados no exterior a matéria (v. Mc 1:45 ). O resultado foi que Jesus tinha de evitar as cidades e se esconder em lugares solitários. No entanto, as pessoas procuraram-lo e continuou chegando (imperfeito) a Ele de todo o lado.


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de Marcos Capítulo 1 do versículo 1 até o 45
A palavra evangelho significa "boas novas" (Mc 1:14-41; Mc 8:35; Mc 10:29; Mc 13:10; Mc 14:9; Mc 16:15). O Antigo Testamento usava a palavra para "boas-novas de vitória" (1Rs 1:42; Is 40:9; Is 41:27; Is 52:7; Is 61:1); e, no Novo Testamento, ela designa a mensagem de Jesus Cristo, o Filho de Deus que mor-reu pelos pecados do mundo (1Co 15:1-46; Gl 1:6-48). Marcos dá-nos as "credenciais" pessoais de Jesus Cris-to, o Servo de Deus.

  1. Proclamação (Mc 1:1-41)

Marcos declara desde o início que Jesus é o Filho de Deus, testemunho que ele dá ao longo do livro (1:11; 3:11; 5:7; 9:7; 12:6; 13 32:14-61-62; 15:39). Marcos citaMl 3:1, no versículo 2, eIs 40:3, no ver-sículo 3, duas passagens que se re-ferem a João Batista, quem preparou o caminho do Senhor. Sempre que uma pessoa notável vai a uma cida-de, fazem-se reparos nas estradas a fim de facilitar a jornada delas. Na-quela época, o povo de Israel estava em um período de "deserto espiritu-al", e João tinha de prepará-los para a chegada do Filho de Deus, o Servo (Lc 1:13-42,Lc 1:67-42). João foi o último profeta do Antigo Testamento e apresentou o Messias à nação (Mt 11:1-40).

  1. Reconhecimento (Mc 1:9-41)

Jesus não foi batizado porque era um pecador arrependido, já que ele é o Filho de Deus sem pecados. Seu ba-tismo com água é um retrato de seu batismo com sofrimento na cruz (Lc 12:50), quando as "ondas e vagas" do julgamento de Deus vêm sobre ele (SI 42:7; Jo 2:3). Ele "cumpr[e] toda a justiça" por intermédio de sua morte, sepultamento e ressur-reição (Mt 3:15). A voz do Pai e o Espírito, na forma de uma pomba, reconhecem a divindade do Servo. Sua vitória sobre Satanás é uma pro-va adicional de sua filiação divina. O primeiro Adão fracassou em um adorável jardim (Gn 3; 1Co 15:45), enquanto o último Adão derrotou o inimigo em um deserto terrível.

  1. Poder (Mc 1:14-41)

Jesus chegou à Galiléia como pre-gador e anunciava as boas-novas de que o reino de Deus chegara para os homens na pessoa do Servo do Senhor. Jesus, antes de revelar os fatos sobre sua morte na cruz, ain-da podia convidar as pessoas a crer nele para que fossem salvas.

  1. Poder sobre o destino (vv. 16-20)

Alguns meses antes, Pedro, André, Tia-go e João conheceram Jesus e creram nele (Jo 1:35-43), mas esse era o cha-mado deles para o ministério em tem-po integral como discípulos. Zebedeu devia ter um negócio lucrativo, já que podia contratar trabalhadores, por isso a partida dos filhos não o empobreceu. Pelo menos, sete dos discípulos do Se-nhor eram pescadores profissionais Oo 21:1-2). Os pescadores têm coragem, tenacidade e disposição para trabalhar duro e sabem trabalhar em grupo. Es-sas são boas qualidades para os "pes-cadores de homens".

  1. Poder sobre demônios (vv. 21-28)

Jesus fez seu "quartel-general" em Cafarnaum (2:1; 9:
33) e partiu de lá para vários lugares do país a fim de ministrar. Ele, com freqüência, ensi-nava nas sinagogas locais e, nesse sá-bado específico, libertou um homem do poder de um espírito imundo. Mesmo os demônios têm de confes-sar que Jesus é o Filho de Deus, mas a confissão deles não os salva (Jc 2:19). Muitas vezes, Marcos registra o ma- ravilhamento das pessoas (1:22,27; 2:12; 5:20,42; 6:2,51; 7:37; 10:26; 11:18). Essa obra de poder espalhou a fama de Jesus por outros lugares.

  1. Poder sobre a doença (Mc 1:29; 2Pe 3:9). Tecnicamente, Jesus torna-se "impuro" quando toca o leproso, mas seu toque traz cura imediata para o homem. Para co-nhecer o ritual de restauração pelo qual o leproso curado tem de pas-sar, leia Levítico 14 e note que o ri-tual é um retrato da obra expiatória de Cristo. Marcos menciona outras três vezes a compaixão de Jesus (6:34; 8:2; 9:22).

    1. Poder em oração (vv. 35-39)

    Independentemente de quanto o Servo trabalhe para ajudar os outros, ele sempre reserva um tempo no início da manhã para estar com seu Pai (Is 50:4). Essa era a fonte de seu poder, pois Jesus serviu na terra da mesma forma que você e eu devemos servir: pela fé e depen-dendo da força do Espírito. Deus nao abençoa o esforço dos trabaIhadores que são ocupados demais para orar Jo 15:5). Se o Filho do Senhor tinha de passar um tempo em oração enquanto ministrava na terra, imagine quanto mais nós pre-cisamos orar!


Russell Shedd

Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
Russell Shedd - Comentários de Marcos Capítulo 1 do versículo 1 até o 45
1.1 Evangelho. No grego mais antigo significa "um galardão oferecido para se levar as boas novas". Depois o termo foi usado como as próprias "boas novas". Aqui se refere ao anúncio das boas novas por Jesus Cristo e também ao conteúdo desse evangelho trazido por Cristo Princípio indica a introdução ao evangelho, da proclamação de João Batista. É muito provável que Marcos tivesse sido o primeiro evangelho a ser composto e serviu de base aos evangelhos de Mateus e Lucas, sendo, os três, conhecidos como os "Sinóticos" (termo originário de uma palavra grega que significa "ver de um ponto de vista'). Jesus. Conforme Mt 1:21n; Lc 1:3; Jo 10:38; Jo 14:10; He 1:2). Os conceitos inerentes ao título são:
1) Jesus é profetizado no AT-.
2) Ele é pré-existente e divino;
3) Tem uma relação ímpar com Deus Pai (sem ser gerado no sentido humano);
4) Jesus é o Messias, o Servo de Jeová, plenamente identificado com o povo eleito; conseqüentemente Ele foi capaz de cumprir Sua missão salvadora (10.45),

1.2 Está escrito. Normalmente, esta frase introduz citações do AT.

1.3 Do Senhor. Fica claro, no contexto, que o Jeová do AT é identificado com Jesus Cristo no NT (conforme Rm 10:13).

1.4 João. Forma simplificada de Johanen ("dom de Jeová"). Era parente de Jesus, uma vez que suas mães eram primas (conforme Lc 1:36). Seu ministério começou c. 27 d.C., proclamando a vinda iminente do Messias e Seu reino. João proclamou a urgência do arrependimento devido à aproximação deles.

1.6 Gafanhotos e mel. I.e., alimento natural de áreas não habitadas (conforme Lv 11:22).

1.8 Espírito. João batiza apenas com água, simbolizando a lavagem dos pecados renunciados, mas Cristo dará o dom do Espírito Santo é com Ele a filiação adotiva de Deus (conforme Jo 3:3, Jo 3:5). Deve-se notar à diferença entre o batismo de João e o batismo cristão, pois este último contém o simbolismo de identificação com a morte e a ressurreição de Cristo. Os judeus também batizavam prosélitos (convertidos ao judaísmo). Os essênios (seita que compôs os rolos do Mar Morto) batizavam, os judeus que ingressavam na sua fraternidade. João trata todos os judeus como necessitados de arrependimento. Josefo relata sobre a profunda influência que João exercia sobre o povo em geral (Antigüidades XVIII, 116-19).

1.9 Jesus foi batizado:
1) Para endossar a autoridade de João;
2) Para se identificar com os pecadores que buscavam o perdão de Deus (2Co 5:21);
3) Para publicamente confirmar e anunciar Seu ministério;
4) Para ser apontado por João como o Messias (Jo 1:53) e ficar cheio do Espírito (Lc 3:22).

1.10 Como pomba. Conforme Gn 1:2.

1.11 As palavras por Deus pronunciadas lembram Is 42:1; Gn 22:2 e Sl 2:7 (conforme Mt 12:18).

1.12 Impeliu. Esta palavra forte entende-se pela fato de tudo indicar que o autor, Marcos, ao compor seu evangelho tinha em mira a instrução de novos convertidos na fé. Como Cristo, eles devem prever que o batismo dará início a um período de provação.

• N. Hom. 1.17 A vocação do evangelista implica:
1) No discipulado ("vinde após mim”),
2) Em ser treinado por Cristo ("eu vos farei");
3) Esforço de ganhar homens (pescar);
4) Pôr os interesses seculares em segundo plano ("deixaram ... as redes").

1.13 Antes da primeira época do ministério na Galiléia, Jesus ministrou em Jerusalém e na Judéia (conforme Jo 1:19-43. Cafarnaum era um centro de comércio e distribuição de peixes. Com um centurião (8,5) e uma coletaria de impostos (Mt 9:9), não deixava de ter sua importância para os romanos.

1.29 Casa do Simão. Segundo uma tradição muito antiga; Marcos nos fornece um relatório da pregação e memórias de Pedro.

1:29-31; 40-45 Milagres de cura: ainda que Jesus tinha duas naturezas, a divina e a humana, o plano de Deus na encarnação era que Ele fosse verdadeiro homem (cf.Rm 8:30n).

1.34 Jesus não quer o testemunho dos demônios (1.25; 3.12).
1.35,36 Madrugado. Gr proi, usada por Marcos para designar a última vigília da noite, das 3 Jl 6:05ss), era natural que se tornasse um símbolo de pecado. • N. Hom. A lepra e o pecado:
1) são repugnantes;
2) espalham-se;
3) são incuráveis, fora da operação graciosa de Deus;
4) Cristo é a única solução: a) quer porque se compadece; b) pode fazê-lo porque velo de Deus (Jo 3:2), c) fá-lo curar porque veio para isso (Mc 10:45). 1.43 Veemente. Uma palavra muito forte (conforme Jo 11:33, Jo 11:38) frisando a importância de guardar o segredo sobre Sua pessoa e missão messiânicas até após a ressurreição (cf. Jo 6:1 Jo 6:5). Os judeus esperavam um Messias guerreiro, político, nacionalista, não o Salvador do mundo e da condição de pecado do homem (10.45).


NVI F. F. Bruce

Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
NVI F. F. Bruce - Comentários de Marcos Capítulo 1 do versículo 1 até o 45
I. EVENTOS 1NTRODUTÓRIOS (1:1-13)

O ministério de João Batista (1:1-8).

(Textos paralelos: Mt 3:1-40; Lc 3:1-42; Jo 1:19-43.)

Marcos informa os seus leitores de que o Antigo Testamento havia predito que a chegada do Messias seria precedida pela vinda do precursor, citando para isso Ml 3:1 e Is

40.3. Ele identifica esse “pré-cursor” com João Batista, ao indicar que João pregou no deserto (v. 4; conforme Is 40:3) e ao lembrar que a roupa de João (v. 6) era parecida com a de Elias (2Rs 1:8), que, em Ml 4:5, é equiparado ao mensageiro de Ml 3:1. A mensagem de João era dupla: (a) Ele chamou os homens ao arrependimento, acrescentando que, se eles fizessem isso, a purificação que ele efetuava por meio do batismo simbolizaria a purificação das suas almas efetuada por Deus (v. 4); (b) ele anunciou o seu Sucessor, que batizaria as pessoas com o Espírito (v. 7,8). Isso Jesus fez no dia de Pentecoste (At 1:5).

O batismo de Jesus (1:9-11). (Textos paralelos: Mt 3:13-40; Lc 3:21,Lc 3:22.)

Jesus recebeu o batismo de João (v. 9) como forma de identificação com os pecadores, numa prefiguração do seu ato, com significado ainda maior, que ocorreria na sua crucificação. Tanto o Espírito (v. 10) quanto o Pai (v. 11) deram testemunho de Jesus como sendo o Filho messiânico de Deus, o Espírito em forma de pomba e o Pai em palavras ecoando Sf 2:7 e Is 42:1. Somente Marcos, em contraste com os evangelistas posteriores, menciona a visão da pomba e as palavras do céu como tendo sido percebidas pelo próprio Jesus.

A tentação de Jesus (1.12,13). (Textos paralelos: Mt 4:1-40; Lc 4:1-42.)

Na tentação de Jesus, ele foi incitado por Satanás a se desviar do caminho divinamente designado de serviço e sofrimento final. Veja um estudo mais abrangente disso no comentário de Lucas ad loc. Entre os evangelistas, somente Marcos menciona a presença de animais selvagens durante a tentação de Jesus. E mais provável que a sua menção sirva mais para destacar o horror da experiência do que para retratá-los como amistosos e submissos a Jesus.

II. O MINISTÉRIO NA GALILÉIA (1.14—7.23)

A pregação inicial de Jesus na Ga-liléia (1.14,15). (Textos paralelos: Mt 4:1217; Lc 4:14-42; Jo 4:43-43.)

Antes da viagem de Jesus para a Galiléia (v. 14), ele tinha desempenhado o seu ministério inicial na Judéia, como está descrito em Jo 1:29-43.)

O relato pressupõe que esses pescadores tinham um conhecimento prévio de Jesus, e isso é confirmado em Jo 1:35-43, em que se mostra que eles já acreditavam que Jesus era o Messias de Israel. Ao confirmar assim o seu direito à lealdade total das pessoas para com ele, Jesus demonstrou consciência da sua autoridade pessoal. A ordem que Jesus lhes deu de segui-lo (v. 17) incluía não somente o aspecto de que deveriam acompanhá-lo nas suas jornadas, mas que deveriam aceitar um relacionamento de discípulo— rabino com ele. A promessa dele de fazer dos discípulos pescadores de homens estava relacionada à tarefa de eles ganharem pessoas para a causa dele. Pedro fez Jesus lembrar do sacrifício que fez de seu meio de vida pela causa de Jesus em 10.28.

A expulsão de um demônio na sinagoga (1:21-28). (Texto paralelo: Lc 4:31-42.)

Em Cafarnaum, situada na margem noroeste do mar da Galiléia, como também em outros lugares da Galiléia, Jesus teve freqüen-tes oportunidades de ensino na sinagoga no sábado. Na ocasião descrita aqui, a apresentação que fez do seu tema (v. 15) foi caracterizada por uma autoridade que deixou pasmos os seus ouvintes e os forçou a compará-lo com os mestres com que estavam acostumados (v. 22). Essa autoridade e imponência também foram mostradas quando expulsou um demônio de uma pessoa da congregação. O demônio, em contraste com os espectadores, penetrou no mistério da pessoa de Jesus e, assim, ele conhecia a explicação da autoridade de Jesus. O grito do demônio “O que queres conosco?” significa “Por que estás te intrometendo conosco?”, pois os demônios sabiam que o estabelecimento do Reino de Deus por parte de Jesus necessariamente significava a destruição deles (v. 24). A finalidade das palavras e atos de Jesus na sinagoga naquele dia era despertar a admiração do povo como um todo, e não evocar sua fé; e assim foi em toda a Galiléia (v. 28).

A cura da sogra de Pedro (1:29-31).

(Textos paralelos: Mt 8:14,Mt 8:15; Lc 4:38,Lc 4:39.)

Essa história mostra o poder de Jesus na cura de um tipo diferente de enfermidade, i.e., a febre. E o seu método de cura foi diferente, sendo registrado aqui o aperto da sua mão, em vez de uma expressão vocal. A rapidez e completude da cura da mulher são demonstradas pelo fato de ela servir o grupo à mesa imediatamente depois. Embora tanto essa cura quanto a anterior tenham sido realizadas no sábado, não se menciona oposição alguma a elas, visto que esses casos eram urgentes, e o segundo, além disso, foi realizado numa casa particular.

A cura das multidões ao anoitecer (1:32-34). (Textos paralelos: Mt 8:16,Mt 8:17; Lc 4:40.)

O povo de Cafarnaum, consciente agora dos poderes de cura de Jesus e desejando conseguir dele a restauração da saúde dos seus amigos doentes, levou (v. 32; lit. “carregou”) os amigos até Jesus à porta da casa de Pedro, esperando até depois dopôr-do-sol para fazer isso, quando, tendo passado o sábado, esse “trabalho” de carregá-los era permitido pela lei. Jesus curou muitos (v. 34), o que, de acordo com a expressão idiomática aramaica, significa “todos os que foram levados a ele”. Embora os demônios discernissem a natureza da pessoa de Jesus, este considerou inadequado que isso fosse anunciado por esses subordinados de Satanás (v. 34).

Viajando e pregando em toda a Gali-léia (1:35-39). (Texto paralelo: Lc 4:42-42.)

A oração de Jesus durante esse seu retiro (v. 34; que, de forma incomum não é mencionada por Lucas), revela sua comunhão com o Pai celestial e sua dependência dele. Pode ter sido ocasionada, em parte, pelo desapontamento de Cristo de que seus milagres estavam evocando somente uma reação de admiração, e não de compromisso com ele. Determinado a não permitir que fosse interrompido no seu ministério de pregação em virtude da fama que havia obtido como aquele que curava, Jesus prosseguiu para outras cidades da Galiléia, em vez de retornar para Cafarnaum.

A cura de um leproso (1:40-45). (Textos paralelos: Mt 8:2-40; Lc 5:12-42.)

Embora Jesus estivesse decidido a não buscar propositadamente os doentes para curá-los, ele estava preparado para curar doentes como esse leproso que acidentalmente cruzou o seu caminho enquanto ele estava empenhado em tarefas mais vitais. A lepra, como é descrita na Bíblia, provavelmente não deve ser identificada com a doença que atualmente leva esse nome, embora certamente fosse uma enfermidade grave e considerada pelos rabinos humanamente incurável, uma crença endossada por Cristo (Lc 4:27). Mas os judeus criam que o Messias, quando viesse, seria capaz de curar leprosos (Mt 11:5); e esse leproso estava convicto de que Jesus podia curá-lo (v. 40). Depois de tê-lo purificado, Jesus proibiu o homem de falar sobre a sua cura, pois não queria que as pessoas viessem a ele somente para receber benefícios físicos; mas o homem desobedeceu, não sendo capaz de reprimir a sua alegria. Jesus também lhe disse que fosse ao sacerdote em Jerusalém, em obediência às regras de Lv 14, para que isso servisse de testemunho, significando talvez “para que eles possam perceber que eu não desrespeito a lei cerimonial arbitrariamente, mas somente quando ela conflita com a lei do amor”. Um incidente em que a lei cerimonial foi suprimida pela lei do amor tinha sido fornecido pelo fato de Jesus tocar o leproso.


Moody

Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
Moody - Comentários de Marcos Capítulo 1 do versículo 12 até o 13

C. Sua Tentação. Mc 1:12,Mc 1:13.

Marcos, em conciso sumário, registra a tentação de Cristo em dois versículos, onde Mateus e Lucas empregam onze e treze versículos respectivamente. O ministério do Salvador deveria começar desse modo. Mais ainda ele manifesta sua solidariedade com a humanidade submetendo-se às tentações do ser humano (1Co 10:13).


Francis Davidson

O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
Francis Davidson - Comentários de Marcos Capítulo 1 do versículo 12 até o 13
c) A tentação de Jesus (Mq 1:12-33; Lc 4:1-42. Sem dúvida foi o próprio Jesus que divulgou os pormenores deste incidente. O relatório de Marcos é brevíssimo, o que é muito curioso, tendo em consideração o evidente interesse do autor no triunfo do Filho de Deus sobre as potestades das trevas. Todos os sinóticos concordam em dar relevo à íntima relação entre o batismo e a tentação de Cristo. Na sua obra Life and Times of Jesus the Messiah, Edersheim sugere que Jesus, impelido pelo Espírito, fosse ativo no Seu batismo e passivo na tentação. Pelo batismo Ele cumpriu toda a justiça, e pela tentação Sua justiça foi provada. Antes de iniciar Seu ministério, cujo propósito foi raptar e destruir de uma vez o poder de Satanás em vidas humanas, foi-lhe mister encontrar e vencer aquele inimigo no campo de batalha da Sua própria vida. Cfr. He 2:18; He 4:15. A solidão do lugar se faz sentir pela frase estava com as feras (13, ARA) -uma minúcia incluída somente por Marcos. A severidade da luta se vê no fato de que os anjos o serviam (13. cfr. Lc 22:43). Uma explicação puramente psicológica desta história não é satisfatória. Tudo foi real-tanto o encontro, como a pessoa de Satanás e os anjos. Em menor grau, cada discípulo que se sente chamado a uma tarefa penosa só pode esperar um conflito semelhante, em que uma vitória parecida é possível. Marcos julga desnecessário mencionar quem foi o vencedor.

John MacArthur

Comentario de John Fullerton MacArthur Jr, Novo Calvinista, com base batista conservadora
John MacArthur - Comentários de Marcos Capítulo 1 do versículo 1 até o 45

1. O Precurso do Novo Rei (Marcos 1:1-8)

O início do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Como está escrito no profeta Isaías: "Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente, o qual preparará o teu caminho; Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. "João Batista apareceu no deserto, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados. E toda a terra da Judéia estava saindo com ele, e todos os habitantes de Jerusalém; e eles estavam sendo batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. João andava vestido de pêlos de camelo, e usava um cinto de couro em torno de sua cintura, e sua dieta se de gafanhotos e mel silvestre. E ele estava pregando, e dizendo: "Depois de mim One está chegando que é mais poderoso do que eu, e eu não sou digno de, abaixando-desatar a correia de suas sandálias Eu vos batizei com água; mas Ele vos batizará com o Espírito Santo "(1: 1-8).

Nenhuma narrativa é mais convincente, e nenhuma mensagem mais essencial, do que o evangelho de Jesus Cristo. É a maior história já contada, pois centra-se na melhor pessoa que já andou nesta terra. A história de Seu ministério terreno está perfeitamente gravado em quatro contas-escritas complementares sob a inspiração do Espírito Santo por Mateus, Marcos, Lucas e João. Seus escritos, conhecidos coletivamente como os quatro evangelhos, fornecem um registro factual da vida, morte e ressurreição de Jesus. Mateus e João foram testemunhas oculares apostólicas para os eventos dos quais eles escreveram; Lucas cuidadosamente investigados os detalhes do ministério de nosso Senhor, a fim de produzir o seu testemunho (conforme Lc 1:3-4); e, segundo a tradição da igreja primitiva, Marcos escreveu seu evangelho baseado na pregação do apóstolo Pedro. Embora escrita por homens diferentes, essas quatro contas harmonizam perfeitamente, fornecendo seus leitores com uma compreensão completa-Orbed da pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo. (Para uma harmonia integrada dos Evangelhos, ver John Macarthur, One Perfect 5ida . [Nashville: Tomé Nelson, 2012]) Dos quatro evangelistas, somente Marcos usou a palavra do evangelho ( euangelion ) para apresentar sua história do Senhor Jesus. De acordo com seu estilo rápido, staccato, Marcos abre seu relato com uma breve frase introdutória: ". O início do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus"

A palavra evangelho é familiar para nós, frequentemente utilizado para designar os quatro primeiros livros do Novo Testamento. Mas essa não é a forma como os escritores bíblicos empregou o termo, nem é como Marcos usa-lo no verso de seu relato histórico de abertura. No Novo Testamento, o evangelho nunca é uma referência a um livro; ao contrário, ela sempre se refere à mensagem de salvação. Esse é o significado pretendido de Marcos aqui. Sua audiência do primeiro século teria entendido a palavra "evangelho" significa "boas novas" ou "boas novas" da salvação. Mas teve um significado ainda mais específico que teria sido familiar para ambos os povos judeus e gentios, nos tempos antigos.

Judeus do primeiro século teria sido familiarizado com a palavra euangelion de sua ocorrência no-a Septuaginta tradução grega do Antigo Testamento hebraico. Lá ele é usado para falar de vitória militar, triunfo político, ou de resgate física (conforme 1Sm 31:9; 18: 20-27; 2Rs 7:9)

 

Nesses versos, a Septuaginta traduz a palavra hebraica para "uma boa notícia" ( basar ) com formas da palavra grega euangelion. Em Isaías 40, esta "boa notícia" consistiu em mais do que meras notícias da vitória militar ou resgate físico. Abrangeu uma mensagem de vitória final, triunfo e salvamento eterna, tornando-se a melhor notícia possível. Depois de trinta e nove capítulos do julgamento e repreensão, Isaiah concluiu a sua obra-prima profética (nos capítulos 40:66) com promessas de esperança e libertação. Essas promessas proclamou a realidade do futuro reino de Deus e da restauração de seu povo.

Em Is 52:7.), que é novamente traduzido por euangelion na Septuaginta. Significativamente, esta passagem precede extensa discussão de Isaías do Servo Sofredor, o Messias através de quem esta salvação prometida viria (13 23:53-12'>Is. 52: 13 53:12). Quando Marcos afirmou que este foi o evangelho de Jesus Cristo, seu uso da palavra Christos (o equivalente grego do hebraico " Messias ") teria feito essa conexão inevitável nas mentes de quem está familiarizado com a Septuaginta. A palavra do evangelho , que foi associado com o Messias, era uma palavra de entronização e exaltação real; as notícias gloriosas do Rei dos reis que vêm para tomar o Seu trono de direito.

O termo euangelion também teve um significado especial para aqueles que estão fora do judaísmo. Embora em grande parte ignorante da história judaica, do primeiro século romanos teriam entendido da mesma forma o termo para se referir às boas novas de um rei que vem. A inscrição romana que remonta a 9 BC fornece insights sobre como a palavra do evangelho foi entendida em um antigo contexto Gentil. Falando do nascimento de César Augusto, uma porção da inscrição diz:

Considerando que a Providência ... que ordenou a toda a nossa vida, mostrando preocupação e zelo, ordenou a consumação mais perfeita para a vida humana, dando a ele Augustus, preenchendo-o com força para fazer o trabalho de um benfeitor entre os homens, e enviando-lhe, por assim dizer, [como] um salvador para nós e aqueles que virão depois de nós, para fazer a guerra para cessar, para criar ordem em todos os lugares ... e que o nascimento do deus [Augusto] foi o início de o mundo das boas novas que chegaram aos homens por ele ... ( . Inscrip Priene, citado de Gene L. Gree, as cartas aos Tessalonicenses, Pillar New Testament Commentary [Grand Rapids: Eerdmans, 2002], 94)

A inscrição fala de "boas novas" (uma forma de euangelion ) para descrever o nascimento e reinado de César Augusto, um governante a quem os romanos considerado como seu libertador divino. A palavraevangelho funcionou assim como um termo técnico, mesmo na sociedade secular, para se referir à chegada, ascendência, e triunfo de um imperador.

Como esses exemplos de ambas as fontes judaicas e pagãs ilustrar, os leitores do relato de Marcos do primeiro século teria entendido o evangelho para ser um pronunciamento real, declarando que um poderoso monarca tinha chegado ninguém que iria inaugurar uma nova ordem da salvação, a paz e bênção. Sob a inspiração do Espírito Santo, Marcos escolheu essa palavra, a fim de comunicar-tanto de forma eficaz para os judeus e para os gentios, que ele estava apresentando a boa notícia do Rei divino.

Marcos abre seu relato, observando que este é o início de sua declaração real. Tal naturalmente está à frente de seu relato histórico. No entanto, ele também serve como um lembrete de que o que se segue não é o fim da história. A história de Jesus Cristo ainda está sendo escrito. O Rei não foi totalmente tomado seu trono. Um dia, Ele voltará para estabelecer o Seu reino e Ele reinará como o eterno Soberano. O relato de Marcos só começa a contar a história da chegada, ascendência, o estabelecimento, e entronização do novo rei, que é muito mais gloriosa do que todos os outros reis.

Desta forma, o recorde de Marcos da vida do Senhor Jesus abre com uma linguagem que seria um sinal para seus leitores que o mais glorioso Rei chegou-e não é de César. Na verdade, este monarca divino define-se contra todos os outros rivais terrenos incluindo César. Ele é o tema, não só da história de Marcos, mas de toda a história. E qual é o seu nome? Marcos não perde tempo em declarar que Ele é: Jesus Cristo, o Filho de Deus.

O nome de Jesus (em grego, Iesous ) é o seu nome humano. É uma forma grega do nome Josué (hebraico, Yeshua ), que significa "O Senhor é a salvação." Como o anjo explicou a José: "E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados" (Mt . 1:21). O termo Cristo não é um nome, mas um título. É a tradução grega da palavra hebraica traduzida como "messias", que significa "ungido". A título real, ele foi usado no Antigo Testamento para se referir aos reis divinamente designado de Israel (conforme 1Sm 2:10 ; 2Sm 22:51) e, finalmente, para o grande libertador escatológico e governante, o Messias (Dan 9: 25-26; conforme Is. 9: 1-7.;. 11: 1-5; Is 61:1). Durante todo o curso de seu ministério terreno, Jesus demonstrou repetidamente a Si mesmo para ser o Rei divino, e Marcos tem o cuidado de apresentar o caso irresistível de seus leitores (conforme 3:11; 5: 7; 9: 7; 13 32:15-39). No primeiro semestre de seu registro do evangelho (capítulos 1:8), Marcos destaca palavras e surpreendentes obras do Senhor. Na segunda metade (capítulos 9:16), ele se concentra sobre a morte e ressurreição de Jesus.Ambas as seções chegar à mesma conclusão inevitável: através de suas palavras, obras, morte e ressurreição, Jesus provou ser o Rei messiânico prometido, o Filho de Deus e Salvador do mundo. A confissão de Pedro articula este tema em linguagem inconfundível: "Tu és o Cristo" (Mc 8:29; conforme Mt 16:16.). Que este majestoso confissão está no meio do livro é certamente por acaso. Ela representa o coração da mensagem de Marcos: o Senhor Jesus é exatamente o que Ele afirmava ser.

Em seu relato do evangelho de Jesus Cristo, Marcos é consumido com a chegada do maior Rei nunca: a Monarch messiânica que irá apresentar Seu glorioso reino da salvação e inaugurar uma nova era para o mundo. Mas o Evangelho de Marcos é apenas o começo da boa notícia, porque a história do reino de Cristo continuará através de toda a história humana e para a eternidade. Marcos introduz o Salvador soberano, olhando para três facetas de sua chegada real: a promessa do novo rei, o profeta do novo rei, e a preeminência do novo rei.


A promessa do novo rei

Como está escrito no profeta Isaías: "Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente, o qual preparará o teu caminho; Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. "(1: 2-3)

Tendo introduzido seu relato como uma proclamação real do Rei divino, Marcos continua sua narrativa através da introdução de precursor do Rei, João Batista. O foco inicial do Marcos on João, em vez de Jesus, pode parecer surpreendente para os leitores modernos. Mas ele está em perfeita consonância com o propósito de Marcos (para apresentar Jesus Cristo como o rei divino) e teria sido esperado por sua audiência do primeiro século. Monarcas terrestres no mundo antigo, invariavelmente, enviou mensageiros oficiais antes deles para preparar o caminho, anunciar a sua vinda, e fazer as pessoas prontas para recebê-los.Assim também, a chegada do Rei divino foi precedida por um arauto real que anunciou claramente a Sua vinda.

A fim de introduzir João Batista, Marcos faz referência a duas profecias do Antigo Testamento-Ml 3:1; Jo 12:14; At 1:20; At 7:42; Rm 3:4; 1Co 1:31; 9:.. 1Co 9:9; 2 Cor 8:. 2Co 8:15; 2Co 9:9; Gl 4:22; He 10:7). O fato de que Marcos não mencionar o nome de Malaquias, mas introduz tanto com a frase "Como está escrito em Isaías, o profeta," não é problemática. Não era incomum naquela época, quando citando vários profetas do Antigo Testamento, para referir-se apenas para o mais proeminente e tuck nos outros. Porque estas duas profecias se encaixam tão perfeitamente e ambas se referem à mesma pessoa, eles podem ter sido frequentemente utilizadas em conjunto pelos primeiros cristãos. Os outros evangelistas também aplicou essas passagens do Antigo Testamento com João (conforme Mt 3:1; Mt 11:10; Lucas 3:4-6; Lc 7:27; Jo 1:23).

O apelo de Marcos para a antiga profetas hebreus é um passo importante, demonstrando que a chegada do Rei não era um plano secundário ou uma reflexão tardia. Este foi o plano que Deus tinha vindo a trabalhar desde a eternidade passada. De acordo com esse plano, os antigos profetas tinham previsto a vinda de centenas precursor do Rei de anos antes de ele nascer. Marcos começa fazendo referência Ml 3:1; Lc 7:27).

Tal como acontece com muitas passagens do livro de Isaías, as profecias de Isaías 40 (incluindo o versículo
3) antecipou tanto a curto prazo, cumprimento parcial e um longo prazo, o cumprimento integral.No curto prazo, as palavras de Isaías 40 prometeu aos judeus do cativeiro babilônico que fariam um dia voltar para Israel. Deus iria levá-los de volta à sua terra natal depois de sete décadas de escravidão, fazendo um caminho reto de libertação para eles. Quando eles chegaram, o Senhor estaria com eles (conforme Is. 40: 9-11). Mas a profecia de Isaías foi além do cativeiro babilônico-uma vez que nem tudo o que Isaías profetizou se cumpriu durante o retorno dos judeus para Israel no século VI AC No sentido de longo prazo, a profecia de Isaías apontou para a vinda do Rei messiânico, e ao que que precederia Ele como Seu precursor.

Tudo isso foi prometido no Antigo Testamento. Marcos destaca essas promessas, porque ele sabe que irá ressoar com seus leitores, sejam judeus ou gentios. Chegada-estar do Rei devidamente precedida por um arauto real-foi prometido por Deus através dos profetas hebreus em séculos passados. Mas há um aspecto adicional a essas profecias do Antigo Testamento que não deve ser negligenciado. Eles não apenas descrever o precursor do Messias, eles também revelam o caráter divino do próprio Messias.

O texto completo do Ml 3:1). Marcos, é claro, referências apenas a primeira parte de Ml 3:1, encontramos as palavras do Pai: "Tu és o meu Filho amado, em Ti eu sou bem satisfeito."

O mundo nunca tinha visto um rei assim. O Deus do universo irrompeu na história para prover a salvação, a bênção ea paz. Sua chegada havia sido prometido desde há muito tempo. Ele foi precedido por um arauto real que proclamou Sua vinda. O nome do rei é Jesus, e Ele é o Cristo, o Filho de Deus.


O Profeta do New Rei

João Batista apareceu no deserto, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados. E toda a terra da Judéia estava saindo com ele, e todos os habitantes de Jerusalém;e eles estavam sendo batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. João andava vestido de pêlos de camelo, e usava um cinto de couro em torno de sua cintura, e sua dieta se de gafanhotos e mel silvestre. (1: 4-6)

Depois de fazer referência a profecia do Antigo Testamento sobre o precursor do Messias, Marcos continua afirmando o seu nome: . João Batista O nome João era comum no primeiro século Israel. Significa "o Senhor é bom" e é o equivalente grego do nome hebraico "Joanã" (conforme 2Rs 25:23; 1Cr 3:15; Jr 40:8). Ele tinha, de fato, cresceu no deserto (conforme Lc 1:80) e é aí que ele pregou e ministrou, longe da agitação das cidades.

deserto teve grande significado na história judaica; era um lembrete constante do êxodo do Egito e entrada na Terra Prometida. Esse significado não teria sido facilmente esquecido por aqueles que viajaram para ouvir de João pregação e testemunhar o seu ministério de batismo. Como William Lane explica:

A convocação para ser batizado no rio Jordão significava que Israel deve vir mais uma vez para o deserto. Como Israel há muito tempo havia se separado do Egito por uma peregrinação através das águas do Mar Vermelho, a nação é exortado novamente para experimentar a separação; as pessoas são chamadas a um segundo êxodo, em preparação para um novo pacto com Deus ... Como o povo ouvir o convite de João e sair com ele no deserto muito mais está envolvido de contrição e confissão. Eles voltam para um lugar de julgamento, o deserto, onde o estado de Israel como filho amado de Deus deve ser restabelecida na troca de orgulho para a humildade. A vontade de voltar para o deserto significa o reconhecimento da história de Israel como um de desobediência e rebeldia, e um desejo de começar mais uma vez. ( O Evangelho segundo Marcos, Novo Comentário Internacional sobre o Novo Testamento [Grand Rapids: Zondervan, 1974], 50-51)

O ministério de João centrada na pregação de um batismo de conversão para o perdão dos pecados. Como observado anteriormente, nos tempos antigos, o enviado do rei chegando iria antes dele, removendo todos os obstáculos no caminho e ter certeza que as pessoas estavam prontas para receber o rei. Mas como foram as pessoas para se preparar para a chegada do Rei messiânico? Eles precisavam abandonar os seus pecados e receber o perdão de Deus. A fim de demonstrar seu arrependimento, João chamou para ser batizado.

De João batismo foi um ato de uma única vez, distinguindo-a de outras lavagens judeus rituais. Na prática judaica, o paralelo mais próximo de batismo de João era a lavagem de uma única vez de prosélitos gentios, um ritual que simbolizava tanto sua rejeição do paganismo e sua aceitação da verdadeira fé. A cerimônia foi a marca de uma pessoa de fora de tornar-se uma parte do povo escolhido de Deus. Para um prosélito Gentil para ser batizado era nada de extraordinário. Mas o chamado de João para os judeus, para ser batizado era radical. Em essência, é necessário que eles vejam a si mesmos como pessoas de fora que tem que reconhecer que eles não eram mais apto para o reino do Messias do que os gentios. O batismo de João confrontou diretamente a hipocrisia religiosa que permeou judaísmo do primeiro século. Ele desafiou os seus ouvintes a considerar a realidade que nem ser um descendente físico de Abraão, nem um observador meticuloso das leis farisaicas foram motivos suficientes que permitam ganhar o ingresso para o reino de Deus.

Em vez disso, o que era necessário era uma mudança interna da pessoa coração, mente e vontade. A palavra arrependimento ( metanoia ) implica uma verdadeira viragem do pecado e si a Deus (conforme 1Ts 1:9;. 2Tm 2:25). A fruta (ou posterior comprovação) de que a transformação interna é visto no comportamento alterado. Como João Batista disse as multidões ", pois, frutos dignos de arrependimento, e não começar a dizer a si mesmos: 'Temos por pai a Abraão," pois eu vos digo que até destas pedras Deus é capaz de levantar-se filhos de Abraão "(Lc 3:8.).

Uma evidência inicial de que a transformação do coração genuíno era uma vontade de ser batizado. Aqueles cujo orgulho justo auto-permaneceu nunca iria passar por uma tal público, humilhando ato. Mas aqueles cujas mentes tinha realmente virou-se para abandonar o seu pecado e orgulho ansiosamente declaram-se não melhor do que os gentios-pecadores que reconheceram sua indignidade e sua necessidade de caminhar justamente diante de Deus. Assim, o batismo marcou a profissão exterior de arrependimento interior; não gerar arrependimento, mas foi o seu resultado (Mat. 3: 7-8). Além disso, o ato debatismo não produziu o perdão dos pecados , mas serviu como um símbolo externo do fato de que, por meio da fé e arrependimento, os pecadores são graciosamente perdoados por Deus (conforme Lc 24:47; At 3:19; At 5:31).. Embora o ministério do batismo de João precedeu o batismo cristão (conforme Atos 19:3-4), que desempenhou um papel vital na preparação das pessoas para a chegada do Messias.Como o apóstolo Paulo explicou muitos anos mais tarde, "João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus" (At 19:4). Sermões inflamados de João levou o povo para resolver os seus pecados, como eles consideravam a possibilidade de ser excluído do reino de Deus. Antes que eles pudessem ouvir as boas novas da salvação, eles precisavam ser confrontados com as más notícias a respeito de sua própria maldade. Somente mediante a fé genuína e arrependimento poderia seus pecados sejam perdoados.

Nenhum judeu do primeiro século queria ficar de fora do reino messiânico. E assim o povo de Israel se reuniram a partir das cidades para o deserto, a fim de ouvir a partir desta acidentada, profeta contracultural. Como explica Marcos, toda a terra da Judéia estava saindo com ele, e todos os habitantes de Jerusalém; e eles estavam sendo batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. Nas palavras de um comentarista:

Ao fazer a peregrinação à Jordânia, aqueles que acreditavam que a mensagem de João mostrou que eles queriam ser visivelmente separados daqueles sob julgamento quando o Senhor veio. Eles queriam ser membros da futura purificada Israel. O batismo de Submetidos João ajudou a antecipar que eles não eram apenas povo pactuado de Deus, mas que iriam permanecer nesse pacto depois de Deus lançou os outros de fora. A fim de ter a certeza de que seriam incluídos no futuro perdoado Israel cuja iniquidade seria removido, eles precisavam se arrepender e pedir perdão pessoal agora. (Marcos Horne, O Victory De acordo com Marcos [Moscow, ID: Canon Press, 2003], 27)

Multidões de Jerusalém, Jericó, e toda a terra da Judéia veio ouvir João, para confessar os seus pecados, e para ser batizado por ele. Por confessando os seus pecados, as pessoas concordaram com Deus que tinha quebrado a lei e precisava ser perdoado. Mas, no final, este renascimento mostrou-se, em grande parte superficial. Infelizmente, a nação que se reuniram para João, no auge de sua popularidade viria a rejeitar o Messias a quem todo o seu ministério apontou.

O território da Judéia era a mais meridional divisão de Israel do primeiro século, com Samaria e da Galiléia, ao norte. Ele incluiu a cidade de Jerusalém e se estendia do Mar Mediterrâneo, a oeste com o rio Jordão, a leste, e de Bethel, no norte de Beersheba, no sul. O rio Jordão é ainda maior rio de Israel, que flui a partir do Mar da Galiléia para o sul para o Mar Morto. A tradição sugere que João começou seu ministério de batismo nos vaus na altura de Jericó.

Tendo descrito a natureza do ministério de João (em vv. 4-5), Marcos continua no versículo 6, descrevendo o próprio João. O Novo Testamento registra muitas histórias maravilhosas sobre João Batista-desde a sua concepção sobrenatural por pais idosos, ao seu ser cheio do Espírito Santo, enquanto no ventre de sua mãe, para o fato de que Jesus o chamou de o maior homem que tinha vivido até aquele tempo. Mas Marcos deixa de fora esses detalhes. Na verdade, sua descrição de João é curto e direto ao ponto: João andava vestido de pêlos de camelo, e usava um cinto de couro em torno de sua cintura, e sua dieta era gafanhotos e mel silvestre (1: 6). Descrição física de João se encaixa um homem que viveu no deserto, onde a moda de vestuário foram ignorados para a durabilidade, e onde gafanhotos e mel silvestredesde sustento viável.

Mas há mais aqui do que uma declaração superficial sobre guarda-roupa e hábitos alimentares de João. Um vestido de pelo feito de pêlos de camelo, cingidos ao redor da cintura por um áspero cinto de couro, teria designado João como profeta. Na verdade, o profeta Elias se vestia roupa similar. Em 2Rs 1:8, grifo do autor)

Jesus reiterou a conexão entre Elias e João em Mateus 11:12-14. Lá Ele disse as multidões que O seguiam ", desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus sofre violência, e os violentos tomá-lo pela força. Porque todos os profetas ea lei profetizaram até João. E se você estiver disposto a aceitá-lo, o próprio João é o Elias que havia de vir "(conforme Ml 4:5.

Dieta de João incluído gafanhotos, que a lei mosaica permitidos os israelitas para comer (Lv 11:22). Locusts desde uma boa fonte de proteínas e pode ser preparado em uma variedade de maneiras. Uma vez que as asas e pernas foram removidas, o corpo pode ser assado, cozido, seco, e até mesmo moído e cozido em pão. mel selvagem foi também disponíveis (conforme Jz. 14: 8-9; 1Sm 14:25), e fornecida uma contraparte doce para gafanhotos. Simples dieta de João estava de acordo com o seu estatuto como um Nazireu ao longo da vida (conforme Lc 1:15).

Mesmo pequena descrição de Marcos de João é suficiente para indicar que ele deve ter sido uma figura chocante para aqueles que o viram. Ele afirmava ser um mensageiro de Deus, mas o seu estilo de vida era radicalmente diferente do que os outros líderes religiosos do judaísmo do primeiro século. Esses líderes (os saduceus e fariseus) foram refinado, bem-vestido, e sofisticado. João claramente não se preocupam com confortos mundanos e ainda fez um ponto de recusar-los. Sua roupa austera, dieta e estilo de vida eram em si mesmos uma repreensão da elite religiosa de Israel, que o espectáculo de a pompa e circunstância de suas posições privilegiadas. Ele confrontou as pessoas comuns também, já que muitos deles admirava as vantagens mundanas de seus líderes. Significativamente, João não chamar as pessoas para viver ou se vestir como ele fez. Seu objetivo não era para transformá-los em recluses sociais ou ascetas. No entanto, sua aparência física serviu como um lembrete dramático que os prazeres e atividades deste mundo podem ser obstáculos que impedem as pessoas de rejeitar o seu pecado e voltar-se para Deus.


A preeminência do New Rei

E ele estava pregando, e dizendo: "Depois de mim One está chegando que é mais poderoso do que eu, e eu não sou digno de, abaixando-desatar a correia de suas sandálias. Eu vos batizei com água; mas Ele vos batizará com o Espírito Santo "(1: 7-8).

A soma do ministério de João é articulado nestes dois versículos. Todo o propósito por trás de sua pregação (literalmente, proclamando) era apontar seus ouvintes para o One que estava vindo atrás dele.Isso é o que significa ser o precursor, o arauto que dirigiu a atenção de todos longe de si mesmo e para com o próximo rei. Como João explicou mais tarde aos seus discípulos: "Convém que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3:30). Ele corretamente entendida e abraçou seu papel como mensageiro do Messias.

Assim, ele disse às multidões, "Depois de me One está chegando que é mais poderoso do que eu, e eu não sou digno de, abaixando-desatar a correia de suas sandálias." O Greek inclui um artigo definido, indicando que João estava falando sobre One que estava por vir. O ministério de João não tenha precedido apenas qualquer rei ou monarca. Antes, ele estava apontando para o rei divino cuja vinda foi predito pelos profetas do Antigo Testamento. João prontamente reconheceu que esta vinda Rei era mais poderoso do que ele. O Messias seria maior em todos os aspectos, tanto assim que João não se considerava mesmo estando apto a se abaixar e desatar a correia de suas sandálias. Desvinculação sandálias de mestrado e cuidando dos seus pés empoeirados foi uma tarefa realizada pelo menor de escravos. O argumento de João, então, foi a de que ele não se considerava digno de ser ainda o menor escravo de um rei tão infinitamente exaltado.

João continuou a distanciar-se de Cristo, observando a diferença imensurável entre os dois ministérios: "Eu vos batizei com água; mas Ele vos batizará com o Espírito Santo. " É como se João está dizendo: "Tudo o que posso fazer é lavá-lo do lado de fora com a água. . Mas Ele pode transformar e purificar-vos no interior "Ser batizado com o Espírito Santo refere-se ao trabalho de regeneração da salvação (conforme Ez 36:24-27.; João 3:5-6). Esta não é uma referência a uma experiência postconversion extático, como alguns carismáticos contemporâneos afirmam. Pelo contrário, é a lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que ocorre no momento da salvação (At 1:5; 1Co 12:13; Tito 3:5-7.). Esta é a purificação da nova aliança, e a transformação do novo nascimento.

No Cenáculo, o Senhor Jesus prometeu enviar o Espírito Santo aos seus discípulos como "outro Consolador, para que fique convosco para sempre; que é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós "(João 14:16-17). Essa promessa foi inicialmente cumprida no dia de Pentecostes (Atos 2:1-4).Desde essa altura, todo o crente experimenta a presença interior do Espírito Santo, que começa no momento da salvação (conforme 1Co 6:19).

Declaração de João sobre o Espírito Santo deve ter emocionado o coração dos judeus fiéis que o ouviram pregar. De acordo com as promessas do Antigo Testamento, que esperavam para o dia em que Deus iria "derramar [Suas] Espírito sobre toda a humanidade" (Jl 2:28), quando Ele "espalharei água pura sobre [eles]", e "dar [a eles] um coração novo e porei um espírito novo dentro [eles]" (Ez. 36: 25-26).Naquele dia, os seus corações seriam finalmente batizado no próprio poder e pessoa do próprio Deus (conforme Jr 31:33.). Este poder sobrenatural distingue o ministério do novo rei de qualquer outro. João não foi capaz de dar o Espírito Santo. Só Deus pode fazer isso. E o Rei vindouro é Deus em carne humana, e Ele vos batizará pecadores com o poder salvador de trabalho regenerativo do Espírito.

A mensagem de João resume o coração do evangelho, trazendo-nos de volta à utilização de Marcos do termo no versículo 1. O evangelho é notícia-os bons boas novas de um novo rei, que está trazendo um novo reino. O novo rei é o Messias esperado. Ele é o próprio Deus. O seu reino é um reino de perdão, bênção e salvação. Ele vem para aqueles que se arrependem. E aqueles que serão batizados com o Espírito Santo. Este evangelho é o ponto culminante de toda a história redentora passado e a porta para toda glória futura. E João Batista, o arauto fiel e precursor, tinha chegado a anunciar a sua chegada.

2. O significado do batismo de Jesus (Marcos 1:9-11)

Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no Jordão. Imediatamente, quando saía da água, viu os céus de abertura, e do Espírito, como uma pomba descendo sobre Ele; e uma voz vinda dos céus: "Tu és o meu Filho amado, em Ti eu sou bem satisfeito." (1: 9-11)

Desde o primeiro verso, o evangelho de Marcos declara-se para ser um anúncio jubiloso do Rei divino: Jesus Cristo, o Filho de Deus. A palavra do evangelho ( euangelion ), no seu contexto do primeiro século, significou a adesão de um rei para o seu trono (1: 1). Marcos está escrevendo sobre grande Rei de Deus, o Soberano cuja vinda sinalizou o início de uma nova era para o mundo. Porque ele estava escrevendo para um público romano, Marcos intencionalmente destaque detalhes que ele sabia que iria demonstrar a soberania imperial de Cristo na mente dos seus leitores gentios. Ele começou com o precursor do Rei, João Batista (1: 2-8). O Rei messiânico, como qualquer monarca legítimo no mundo antigo, foi precedida por um arauto real que proclamou Sua vinda e preparou o caminho para a Sua chegada. Como o precursor profético, o ministério da preparação de João foi caracterizado por pregar o arrependimento e apontando seus ouvintes ao Rei vindouro.

Nesta seção (1: 9-11), Marcos continua a enfatizar a realeza divina de Cristo. Mas o foco muda de antecipação da data de chegada, como parece o Rei em cena para começar Seu ministério público. De acordo com o seu tema, Marcos apresenta o batismo de Jesus como uma cerimônia de coroação real, em que a autoridade do rei messiânico é afirmado pelo próprio céu.
Foi provavelmente um dia de verão no ano AD 26, quando, para surpresa de João, Jesus estava entre as multidões que tinham vindo para ser batizado. Como explica Marcos, Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no Jordão. A frase naqueles dias refere-se a um ponto não especificado durante o ministério de João (conforme vv. 4-8). João provavelmente estava pregando antes do batismo de Jesus por seis meses ou mais.

Relatado por todos os quatro Evangelhos (13 40:3-17'>Mateus 3:13-17; Lc. 3: 21-22; João 1:29-34), este é o único encontro entre Jesus e João registrado no Novo Testamento. Embora eles foram relacionados e mais tarde se contactaram através de seus discípulos (conforme Mt 11:2). De acordo com Lc 3:23, Ele tinha cerca de 30 anos de idade, quando Ele veio de Nazaré, na Galiléia , para ser batizado e começar Seu ministério.

Por razões de sua audiência não-judeu, Marcos explica que a pequena aldeia de Nazaré foi localizado na região da Galiléia área —um grande parte habitada por gentios. ( Nazaré era tão obscura que não é sequer mencionado na antiga literatura judaica do primeiro século.) Galiléia tinha sido conquistada pelos israelitas durante o tempo de Josué e fazia parte do reino do norte de Israel, nos dias do reino dividido . Mas, quando o reino do norte caiu para a Assíria (em 722 AC ), os assírios os israelitas deportados e muitos gentios veio morar na região. Consequentemente, os judeus da Judéia viram Galiléia, e até mesmo os seus irmãos judeus que viviam ali, com um certo nível de desdém. De acordo com Jo 7:41, muitos encontraram impensável que o Messias poderia sair da Galiléia. Indignado, eles perguntaram: "Certamente, o Cristo não virá da Galiléia, é Ele?" A pergunta deles traiu uma ignorância da profecia do Antigo Testamento. Em Isaías 9:1-2, o profeta disse sobre o Messias:

"Mas não haverá mais tristeza para ela que estava na angústia; em épocas anteriores Ele tratou a terra de Zabulon ea terra de Neftali com desprezo, mas mais tarde virá o glorioso o caminho do mar, do outro lado do Jordão, a Galiléia dos gentios.

 

As pessoas que andam em trevas
Vai ver uma grande luz;
Aqueles que vivem em uma terra escura,
A luz brilhará sobre eles. "

Claramente, era o plano de Deus o tempo todo que o Messias, embora nascido em Belém da Judéia (conforme Mq 5:2), mas a localização exata da cidade que é debatido.

Marcos já identificou João como João Batista (v. 4), um nome que diretamente associada a ele com sua prática exclusiva de batizar judeus. Embora os rituais do judaísmo incluiu várias lavagens cerimoniais, batismo (por imersão completa em água) não era uma parte normal da prática religiosa judaica. O paralelo mais próximo foi Gentil prosélito batismo-in que os gentios convertidos ao Judaísmo foram lavados para significar a sua entrada no judaísmo. Para João para chamar os judeus de ser batizado, de uma forma projetada para os gentios, foi chocante e original. Para confessar que não eram melhores do que os gentios era, para muitos judeus, indignas e ofensivas. Se o batismo era desagradável para os pecadores hipócritas em público de João, quanto mais censurável deve ter parecido para o Messias-se a buscar o batismo. O batismo de João era um sinal de arrependimento, projetado para pecadores como uma declaração de que haviam abandonado seus maus caminhos e se voltou para Deus. Mas Jesus era o Filho de Deus sem pecado. Por que ele precisaria ser batizado?

João, sem dúvida, sabia tudo sobre Jesus, depois de ter aprendido sobre o Messias de seus pais, Zacarias e Isabel. Desde o nascimento, João entendeu que ele era para ser o precursor do Messias. Ele também sabia que Jesus, o filho de Maria, era o Filho de Deus, o Salvador prometido de Israel. No entanto, parece que João nunca conheceu pessoalmente Jesus. Os pais de João, que eram idosos quando ele nasceu, provavelmente morreu quando era relativamente jovem. O próprio João cresceu no deserto da Judéia (Lc 1:80), enquanto Jesus passou sua infância em uma aldeia da Galiléia obscura. E, apesar de João, quando ainda era um bebê no ventre de sua mãe, "saltou de alegria", quando na presença de Cristo por nascer (Lc 1:44 ESV), não há nenhuma indicação na Escritura que João e Jesus já conheci antes do batismo de Jesus . Esta conclusão é reforçada pela observação de João Batista em Jo 1:33. Falando de Jesus, João explicou: "Eu não o reconheceu, porém, que me enviou a batizar em água disse-me: 'Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer sobre ele, esse é o que batiza no Espírito Espírito. "A palavra reconhecer ( oida ) significa "saber com os olhos", sugerindo que João nunca tinha visto Jesus antes, ou pelo menos não em um tempo muito longo. Consequentemente, João não reconheceu Jesus, porque ele não sabia o que ele era.

Mas uma vez que o momento inicial de desconhecimento passou-and João de repente percebi que este homem estava em pé diante dele, tudo o que sabia sobre o Messias inundada em sua mente. Este era o Cordeiro de Deus sem pecado (Jo 1:29). Sua vida necessária nenhuma confissão ou arrependimento. Ele não precisava de conversão ou de transformação. Então, por que Ele vem para ser batizado?

Reconhecendo a incongruência óbvio, João respondeu a Jesus no caminho que poderíamos esperar. De acordo com Mt 3:14, "João tentava dissuadi-lo, dizendo: 'Eu tenho necessidade de ser batizado por ti, e tu vens a mim?" A frase "tentou impedir que" representa um único verbo grego ( diekōluen ) . O imperfeito indica que João era continuamente tentando impedir Jesus, enfatizando como inadequado parecia para o Senhor para receber um batismo projetado para os pecadores. Ao invés de batizando Jesus, João procurou ser batizado por ele. Para João, que parecia mais de remodelação desde que Jesus era o pecado messiânica Rei e João foi, mas seu pecado, humilde servo (conforme Mc 1:7, quando João "viu muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao batismo, disse-lhes:" Raça de víboras, quem vos ensina a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento. "" Quando os líderes religiosos judeus chegaram, João confrontado publicamente sua hipocrisia farisaica e ordenou-lhes que se arrepender. Ele se recusou a batizá-los por conta de seu orgulho, duplicidade e impenitência. Quando Jesus veio, a reação de João foi totalmente diferente. Sua relutância para batizar Jesus provindo de sua percepção de que Jesus não tinha pecado. Se alguém não precisava ser batizado, com certeza que era ele.

De uma perspectiva cristológica, falta de vontade de João para batizar Jesus ressalta uma verdade teológica fundamental sobre o caráter de Cristo. É uma das maiores afirmações da impecabilidade de Cristo encontrado nos Evangelhos. João sabia que Jesus era santa, imaculada, sem mácula, e sem pecado (conforme He 4:15). É por isso que ele hesitou em batizá-lo. O batismo de João era um batismo para os pecadores, e Jesus não estava nessa categoria. Assim, mesmo em sua relutância em batizar Jesus, João cumpriu o papel de um arauto prestando testemunho à perfeição do divino Rei messiânico.

Assim, para que Proposito que Jesus veio para ser batizado? A resposta a essa questão tem sido objecto de muita especulação e conjectura. Mas não precisa ser. Uma comparação entre os quatro evangelhos revela que Jesus veio para ser batizado por duas razões: em primeiro lugar, para cumprir toda a justiça e, segundo, para autenticar divinamente Seu ministério.


Para cumprir toda a justiça

De acordo com Mt 3:15, Jesus respondeu a João com estas palavras: "Deixa neste momento; para, desta forma, é nos convém cumprir toda a justiça. "Jesus não negou a avaliação de João de Sua perfeição sem pecado. Em vez disso, ele explicou que o que parecia inadequado foi, de fato, necessário nesta ocasião especial ("neste momento"). O Senhor entendeu que a relutância de João foi motivada por reverência humilde e profunda lealdade. Assim, Ele não repreendeu João por sua reticência. Ao contrário, Ele pediu a João que se entregue a Ele, confiando que o que Ele estava pedindo era de acordo com o plano perfeito de Deus.

Jesus respondeu acusações de João, explicando que Seu batismo era necessário e adequado, para que Ele possa cumprir todos os requisitos justos de Deus. Foi a vontade de Deus por João para batizar o povo (conforme Jo 1:33). Porque Jesus perfeitamente submetida à vontade de Deus em tudo, convinha que aquele também para receber o batismo de João. Obediência de Jesus foi abrangente e completa-Viveu em perfeito alinhamento com a vontade de Seu Pai celeste (conforme Jo 5:30). Ele cumpriu os requisitos de Deus perfeitamente em todos os aspectos, mas porque Deus tinha autorizado o batismo de João, Jesus lhe é submetido.

Além disso, através do Seu batismo, Jesus se identificou com os pecadores Ele veio salvar. Ele cumpriu toda a justiça, não só através da Sua vida de perfeita obediência, mas também através da Sua morte substitutiva na cruz, em que Deus "fez Aquele que não conheceu pecado, o pecado por nós, para que nos tornássemos justiça de Deus Ele "(2Co 5:21). O preceito da lei de Deus era a morte como um pagamento pelo pecado. A morte de Cristo pagou essa dívida na íntegra (Cl 2:14). Séculos antes, o profeta Isaías declarou que o Messias seria "contado com os transgressores; mas Ele mesmo carregou o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu "(Is 53:12;. conforme 1Pe 3:18). No primeiro ato de seu ministério, aquele que não tinha pecado se identificou publicamente com aqueles que não tinham justiça. O Cordeiro imaculado submetidos a um batismo projetado para os pecadores, um prenúncio do fato de que em breve submeter-se a uma morte merecida por pecadores.

Simbolicamente, o batismo de Jesus olhou para a frente para a cruz, assim como o batismo cristão agora parece voltar a ele. Como o Senhor disse aos discípulos em Lc 12:50: "Eu tenho um batismo de sofrer, e como me angustio até que seja cumprida!" Em outra ocasião, Ele disse a Tiago e João, "Você não sabe o que você é pedindo. Você é capaz de beber o cálice que eu bebo, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? "(Mc 10:38). Sendo rebaixada para a água e, em seguida, subir novamente retratado Sua morte e ressurreição. Ele estava imerso no rio da morte, a fim de levar os pecados daqueles que cressem nEle.

Assim, era adequada para ele, para ser batizado, a fim de que pudesse cumprir toda a justiça, tanto como um ato de obediência à vontade do Pai e como uma maneira de se identificar com os pecadores para quem ele iria morrer como um substituto justo.


Para autenticar Divinely Seu Ministério

Imediatamente, quando saía da água, viu os céus de abertura, e do Espírito, como uma pomba descendo sobre Ele; e uma voz vinda dos céus: "Tu és o meu Filho amado, em Ti eu sou bem satisfeito." (1: 10-11)

Marcos não incluem o diálogo gravado por Mateus, que teve lugar entre Jesus e João. Em vez disso, Marcos enfoca o evento espetacular que imediatamente seguiu o batismo de Jesus: a coroação divina do Rei messiânico. Em sintonia com o estilo de ritmo acelerado de seu evangelho, Marcos emprega o advérbio euthus (que significa imediatamente ou "imediamente") mais do que os outros escritores três evangelho usando combinada-lo onze vezes no primeiro capítulo sozinho (1: 3 [onde é traduzido como "straight"], 10, 12, 18, ​​20, 21, 28, 29, 30, 42, 43).

Quando Jesus estava chegando para fora da água, enquanto Ele estava orando (conforme Lc 3:21), uma cena dramática imediatamente começou a se desenrolar. Este majestoso, cena trinitária pode ser melhor descrito como comissionamento real do Messias, um evento glorioso, que englobava coroação oficial tanto de Jesus e com a inauguração divina de Seu ministério público. A cerimônia régio incluiu dois elementos-visivelmente, o Filho foi ungido pelo Espírito Santo; audível, Ele foi afirmado por Seu Pai celestial. O famoso pregador britânico do século XIX, Charles Spurgeon resumiu o significado deste evento com estas palavras:

Tente imaginar a vós mesmos a cena que o nosso texto descreve ... Como Jesus vem para fora da água, o Espírito de Deus desce sobre Ele em forma uma aparência-in visível como uma pomba-repousa sobre ele. João diz que "repousar sobre ele," como se o Espírito foi desde então a ser seu companheiro constante e, na verdade, era assim. Ao mesmo tempo que a pomba desceu e iluminado em Cristo, ouviu-se uma voz do céu, dizendo: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo." Esta era a voz de Deus, o Pai-Ele fez não se revela em forma corpórea, mas pronunciou palavras maravilhosas como ouvidos mortais nunca tinha ouvido! O Pai revelou não para os olhos, como o Espírito fez, mas para os ouvidos e-as palavras que Ele falou indicou claramente que era Deus, o Pai dar testemunho de Seu Filho amado. Assim que a entrada de Cristo em Seu ministério público na terra foi a oportunidade escolhida para a manifestação pública da união íntima entre Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo! (Charles Spurgeon, "Lições do Batismo de Cristo," sermão 3298, 4 de março de 1866)
A coroação do Messias era distintamente trinitária; Ainda não foi aberto à opinião pública. Quando Jesus olhou para cima, viu os céus se abrem. Mas esta não era uma visão particular dada somente a Ele. João Batista, presumivelmente, entre muitos outros espectadores, desde o testemunho ocular à realidade desses eventos gloriosos (Jo 1:32).

A descrição de Marcos da O Open Sky divisão é, compreensivelmente, dramático. Sua palavra para aberto é uma forma de Schizo ("rasgar, rasgar"), o mesmo verbo que mais tarde usado para descrever o rasgar do véu no templo depois da morte de Jesus (Mc 15:38). A imagem é uma reminiscência de Is 64:1). O Filho de Deus assumiu a carne humana, humildemente submetendo-se a vontade do Pai e do poder do Espírito Santo (conforme Jo 4:34). Em cada ponto importante do ministério de Jesus, o Espírito foi ativamente no trabalho: Seu nascimento (Lc 1:35), Seu batismo (Mc 1:10), Sua tentação (Mc 1:12), Seu ministério (Lc 4:14 ), Seus milagres (Mt 12:28; At 10:38), sua morte (He 9:14), e Sua ressurreição (Rm 1:1). Em todos os pontos e em todos os sentidos, Jesus Cristo foi perfeitamente cheio do Espírito Santo. Ele nunca resistiu, entristecido, ou extinguido o Espírito, mas sempre operou sob total controle do Espírito, andando em perfeita obediência à vontade do Pai.

Unção de Jesus com o Espírito Santo era fundamentalmente única. O Espírito desceu sobre Ele para capacitá-lo para o ministério; a descida do Espírito era também um sinal visível a João Batista e todos os outros na multidão que assistia que Jesus realmente era o Ungido cuja vinda havia sido prevista pelos profetas. Aqui, finalmente, foi a tão esperada Rei, o Filho de Deus-o ministério de João Aquele a quem apontou.
A descida visível do Espírito Santo foi acompanhada pela afirmação audível do Pai: e uma voz vinda dos céus: "Tu és o meu Filho amado, em ti me agrado" (01:11). Cada membro da Trindade era simultaneamente presentes no batismo de Jesus. O Filho em Sua humanidade fisicamente em pé na água, o Espírito visivelmente descendo sobre Ele, e que o Pai no céu de forma audível expressando a sua aprovação. Em pelo menos duas outras ocasiões, o Pai seria igualmente confirmam a pessoa e obra de Seu Filho, na transfiguração (Mt 17:5). No batismo de Jesus, elogio superlativo do Pai ressaltou a gloriosa verdade sobre a perfeição absoluta do Filho.

Havia muitos que testemunharam o ministério de Cristo, anjos, João Batista, seus seguidores. Mas o testemunho do Pai foi o mais importante de tudo (conforme Jo 5:32; Jo 8:18). E qual foi o testemunho do Pai?"Você é o meu Filho amado, em Ti eu sou bem satisfeito." Nenhum profeta nunca tinha sido dito que. Profetas poderia ser chamado de amigos de Deus (Jc 2:23), servos de Deus (Dt 34:5.). Mas nenhum profeta jamais foi chamado Filho de Deus. No entanto, mais de cinqüenta vezes nos relatos evangélicos, Jesus Cristo é chamado o Filho de Deus. Nesta ocasião, o testemunho veio do próprio Pai. Suas palavras são uma reminiscência do Sl 2:7).. Mesmo título de Pai de Deus é uma referência à sua relação essencial com Jesus Cristo, o Filho (Mt 11:27; João 5:17-18.; 10: 29-33; 14: 6-11; 17: 1-5; Rm 15:6 explica, até os seus inimigos sabiam que Jesus "foi que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus."

Não só é o Filho igual em essência com Deus, mas Ele também é amado por Deus. Do ponto de vista do Pai, Ele é o meu Filho, o único que leva esse privilégio eterna. Ele é exclusivamente o objeto de maior afeição do Pai (conforme Jo 5:20), de uma forma que é compartilhado com nenhum outro como Ele. Amados ( agapetos ) expressa a relação infinitamente profunda e eternamente profunda apreciado pelo Pai com o Filho . Embora a mesma palavra é usada de amor do Pai para os crentes (Rm 1:7), o Pai, é eterna e completamente bem satisfeito com Ele (conforme Is 42:1). Em Israel do Antigo Testamento, um sacrifício aceitável a Deus tinha que ser sem mancha nem mácula (conforme Ex 12:5). Na cruz, a justiça de Deus estava totalmente satisfeito com o puro sacrifício do Filho. Assim, o Pai estava bem satisfeito com o Filho, tanto em sua vida e em sua morte.

No maior testemunho da perfeição sem pecado de Jesus Cristo jamais poderia ser dada. A autenticação final do Filho veio a afirmação verbal do Pai acompanhada pela manifestação visível do Espírito. Tal constitui a inauguração divina do novo rei-Deus sem pecado, o Filho amado de que foi ungido e pelo poder do Espírito Santo para salvar os pecadores e estabelecer Seu reino. Esta é a coroação do Messias, uma cerimônia em que toda a Trindade estava envolvido.

Mais tarde, no ministério de Jesus, quando os líderes religiosos lhe perguntou: "Com que autoridade fazes estas coisas, ou quem te deu tal autoridade para fazer estas coisas?" (Mc 11:28), Jesus respondeu, apontando-os para o batismo :

E Jesus disse-lhes: "Eu vou te fazer uma pergunta, e você me responda, e então eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. O batismo de João era do céu ou dos homens? Responde-me. "Eles começaram a se entre si, dizendo:" Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: "Então por que você não acredita nele?" Mas vamos dizer, 'Dos homens'? "— Eles estavam com medo do povo, para que todos considerados João ter sido um profeta real. Respondendo Jesus, eles disseram: "Nós não sabemos." E Jesus disse-lhes: "Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas." (Vv. 29-33)
Porque eles não estavam dispostos a reconhecer a legitimidade do ministério, e batizando, por extensão, João Jesus próprio batismo, o Senhor não tinha mais nada a dizer a eles. Se eles não iriam reconhecer a Sua coroação, a discussão acabou antes mesmo de começar. Em essência, Jesus estava dizendo: "Se você se recusa a admitir que João era um profeta de Deus, então você não vai reconhecer a realidade do que ocorreu em meu batismo, onde o Espírito me ungiu e que o Pai Me afirmou. E se você rejeitar isso, então não há nada mais posso acrescentar para convencê-lo sobre a fonte de minha autoridade. "Isso é como crítico batismo de Jesus foi. Foi Sua coroação, ea inauguração divina de Seu ministério público.

3. A autoridade de Jesus Cristo (Marcos 1:12-20)

Imediatamente o Espírito o impeliu a ir para o deserto. E Ele estava no deserto 40 dias, sendo tentado por Satanás; e Ele estava entre as feras, e os anjos o serviam. Agora, depois que João foi levado em custódia, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus, e dizendo: "O tempo está cumprido, eo reino de Deus está próximo; . arrepender e crer no evangelho ", como ele estava indo ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André, irmão de Simão, lançando uma rede ao mar; pois eram pescadores. E Jesus disse-lhes: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens." Imediatamente eles deixaram as suas redes eo seguiram. Indo um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes. Imediatamente Ele os chamou; e eles deixaram seu pai Zebedeu no barco com os empregados, e retirou-se para segui-Lo. (1: 12-20)

As glórias do Senhor Jesus Cristo são inesgotáveis. A plenitude da Sua majestade e a maravilha da Sua pessoa não pode ser concebido ou contido. Toda verdade compreensível sobre Ele enriquece o seu povo profundamente, de modo que eles anseiam por mais. Enquanto Sua história humana é o tema dos quatro Evangelhos, o Filho eterno é o tema de toda a Bíblia. Cada registro do evangelho é único, refletindo a perspectiva e Proposito de cada autor inspirado, assim que os quatro Evangelhos apresentam um retrato perfeitamente harmoniosa, historicamente precisas, e Santo revelou-Espírito de Jesus.
De acordo com o seu estilo condensado, fast-paced, Marcos deixa a conta do nascimento de Jesus de Mateus e Lucas, e começa o seu evangelho, concentrando a atenção sobre o ministério de Jesus 'precursor, João Batista (1: 2-8). Marcos não ficar lá. Sua breve levantamento do ministério de João desloca rapidamente para o divino Aquele de quem João pregou. Quando chegou a hora de ser revelado a Israel, Jesus deixou Nazaré e veio para o Rio Jordão. Lá, ele foi batizado por João (1: 9-11) —o evento que constituiu a sua cerimônia de coroação divina ea inauguração do Seu ministério público.
Nos versos que se seguem (1: 12-20), Marcos continua seu ritmo acelerado. ApropriAdãoente, a palavra imediatamente ocorre três vezes nestes nove versículos. Considerando que Mateus e Lucas cada fornecer uma conta detalhada da tentação de Jesus, breve registro de Marcos é indicado em dois versos (vv. 12-13). Em seguida, ele pula o ministério de Jesus na Judéia inicial (registrado em 13 43:4-2'>João 2:13-4: 2), juntamente com suas viagens através Samaria (João 4:3-42)., Re-entrar a história com a sua chegada na Galiléia (vv 14— 15). Nos versículos 16:20, com aparentemente sem conexão com os versículos anteriores, Marcos avança para descrever vocação de Pedro, André, Tiago e João de Jesus. Mais uma vez, a natureza staccato do evangelho de Marcos é evidenciado na brevidade destas vinhetas. Por que Marcos tomar este rapidamente de um trecho curto para o próximo movimento abordagem condensado? Por que ele colocá-los juntos neste caminho?

A resposta remonta ao versículo 1, onde Marcos anunciou que seu relato foi uma proclamação real (ou "evangelho") de Jesus Cristo, o Rei messiânico e do Filho de Deus. É o propósito firme de Marcos que mantém sua narrativa simplificada. A fim de passar para a parte principal da história, Marcos passa rapidamente a esses detalhes que irão estabelecer claramente as credenciais reais de Jesus Cristo. As vinhetas que Marcos selecionado nestes versos de abertura não são uma variedade aleatória de dados desconexos, mas eventos que demonstram colectivamente que Jesus é o Rei messiânico, pensativo conectado.Seqüência de Marcos é projetado para mostrar que Jesus não só foi precedida por um arauto real (1: 2-8), mas como qualquer monarca antigo seria, Ele foi coroado e comissionados como um rei com um grande ponto de distinção: no seu caso , Ele foi coroado pelo próprio Deus (vv. 9-11) —algo nenhum outro rei poderia reivindicar. Depois de seu batismo, Jesus demonstrou sua autoridade real sobre todas as forças do mal ao derrotar seu arquiinimigo no deserto (vv. 12-13). Em seguida, exerceu Sua soberania pregando Sua mensagem reino da salvação do pecado (vv. 14-15). No segmento final, ordenou a Seus servos para segui-Lo (vv. 16-20).

Essa ênfase na autoridade real de Jesus fornece o fio condutor através dessas breves episódios em Marcos 1:12-20. O escopo dessa autoridade se estende a três áreas: sobre Satanás e seu reino (vv 12-13.), Sobre o pecado e seu domínio (vv 14-15.), E mais de pecadores em sua salvação e submissão (vv 16-20. ). Se o novo rei é para tomar o Seu trono de direito, ele deve demonstrar seu poder e derrubar o usurpador. Se Ele vai conquistar o reino do pecado e gratuitos seus cativos, Ele deve ter total poder sobre o mal. Se Ele é resgatar pessoas perdidas, Ele deve ter a prerrogativa eo poder de transformá-los em Seus servos justos, para que por meio deles Ele pode avançar Sua verdade reino e poder para o mundo. Claramente, esse tipo de autoridade-sobre Satanás, o pecado, e não os pecadores, só é real, é divino.


Reino Jesus "pode: sua autoridade sobre Satanás

Imediatamente o Espírito o impeliu a ir para o deserto. E Ele estava no deserto 40 dias, sendo tentado por Satanás; e Ele estava entre as feras, e os anjos o serviam. (1: 12-13)

Em todos os três Evangelhos sinópticos, a conta da tentação de Jesus segue diretamente Seu batismo. Os dois eventos estão em forte contraste. Tendo recebido os elogios reais do Céu, Jesus imediatamenteenfrentou os ataques ferozes do inferno. Sua coroação pelo Espírito e confirmação do Pai são seguidos imediatamente por seu confronto com o diabo. Dada a majestade de Seu batismo, os leitores podem esperar uma gloriosa celebração completa com coros angélicos e doxologies retumbantes. Em vez disso, eles são arremessados ​​para o deserto, com quase um momento para recuperar o fôlego. Não há tempo para saborear a alegria e glória do batismo. A descrição de Marcos nem sequer incluir uma frase de transição: Imediatamente o Espírito o impeliu a ir para o deserto.

Um dos paradoxos visíveis através do ministério terrestre de Jesus, todo o caminho para a cruz, foi que Ele veio à terra, não só como o Rei messiânico, mas também como a Slave Sofrimento. Como Rei, Ele foi exaltado e glorificado, um ponto majestosamente ilustrado em Seu batismo. Como a Slave sofrimento, ele foi humilhado e maltratado, uma realidade vividamente demonstrado durante sua tentação. O mais exaltado também foi o mais humilhado. A justaposição do batismo de Jesus com Sua tentação manifesta essas realidades contrastantes cedo. O contraste definitiva viria em sua morte, onde foi contado como um criminoso, enquanto um sinal declarando que Ele seja Rei pairava sobre a cabeça ensangüentada.
Espírito aqui é o Espírito Santo. De acordo com Lc 4:1, Lc 4:18). A palavra impelido ( ekballō em grego) é uma palavra forte, que significa "expulsar" ou "para obrigar um para partir." O verbo se encaixa estilo dramático de Marcos e, certamente, não implica que Jesus era resistente à liderança do Espírito. Em vez disso, ele ressalta a realidade que o Espírito estava no controle perfeitamente levando Jesus para cumprir cada um dos elementos do plano do Pai.

Marcos não revelar a razão pela qual o Espírito Santo impeliu a ir para o deserto, mas Mt 4:1 é claro que Deus não pode tentar ninguém. Deus permitiu que o Seu Filho para ser testado com o único propósito que através de Sua vitória Jesus demonstrasse seu poder absoluto e autoridade sobre os dispositivos do diabo. Tentação de Cristo, então não aconteceu pela vontade de Satanás. Na vontade de Deus, que era outra forma de autenticar o Filho.

A aposta não poderia ter sido maior, especialmente após sua cerimônia de coroação messiânica. Será que Ele, como o Rei divinamente comissionado, ser capaz de atender e conquistar seu arquiinimigo? Ele poderia suportar os assaltos mais sedutoras o diabo poderia imaginar? Ele nunca seria capaz de estabelecer Seu reino se ele fosse incapaz de derrubar o usurpador. Era seu dever real para esmagar a cabeça da serpente (Gn 3:15), "para destruir as obras do diabo" (1Jo 3:8). A explicação de Marcos que Ele estava com as feras enfatiza a realidade de que ele estava completamente isolado do cuidado humano. Tais animais indomáveis ​​pode ter incluído leopardos, raposas, chacais e porcos selvagens.

Marcos resumiu encontro de Cristo com o diabo em uma frase sucinta: . E Ele estava em no deserto quarenta dias, sendo tentado por Satanás Tanto Mateus e Lucas indicam que Jesus passou todo o período de quarenta dias sem comer (Mt 4:1; Lc 4:2) e Elias (1Rs 19:8.; Lucas 4:3-4). Depois de Jesus resistiu, o Diabo o levou a um alto monte e ofereceu-lhe domínio sobre todas as nações do mundo (Mat. 4: 8-10; Lucas 4:5-8). Mais uma vez, Jesus rejeitou estratagema de Satanás. Finalmente, o diabo o levou ao pináculo do templo, pedindo a Jesus para dar uma demonstração pública de sua messianidade, saltando para fora da borda (Mat. 4: 5-7; Lucas 4:9-12). Mais uma vez, Jesus recusou. Em face de cada ataque, o Rei respondeu com escritura do Deuteronômio.

Em cada caso, Satanás tentou persuadir Cristo a abandonar Sua humilhação para exercer Seu direito divino além da capacitação do Espírito e fora da vontade do Pai. Para isso teria prejudicado efeitos salvíficos de Deus. O sucesso da missão terrena de Jesus dependia de Sua humilhação, levando a cruz. Como Paulo disse aos Filipenses, Jesus "se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz" (Fm 1:2.).

Deve ser entendido que esta não foi uma experiência única, mesmo singular da tentação para Jesus. He 4:15 explica que ele foi "tentado em todas as coisas [ou em todos os pontos em sua vida] como somos, mas sem pecado." Desde a infância, ele enfrentou as mesmas tentações do pecado que cada ser humano experimenta. Nem isso seria a última vez que ele iria ser tentado. Em Lc 22:28, Jesus disse aos discípulos que eles eram aqueles que "têm permanecido comigo nas minhas tentações" (NVI). Ele foi novamente agredido no jardim do Getsêmani, como Ele antecipou a cruz (Lc 22:53). Mas ele nunca foi tentado tão intensamente durante um período tão longo de tempo como ele estava no deserto. Esta foi a grande tentativa de Satanás para levá-lo a pecar e ser desacreditado como Messias e Salvador.

Se o novo rei era para ser triunfante, Ele tinha que demonstrar a sua vitória sobre o diabo em seu esforço mais inteligente e oportuno. Ele não podia reivindicar o poder absoluto e completo sobre si o pecado, se Ele não demonstrou poder pessoal para derrotar Satanás. Seu chamado para libertar os pecadores não teria sentido, se ele mesmo não tinha sido capaz de saciar os dardos inflamados do maligno. Por isso, o Seu ministério público começou por confrontar diretamente o mais poderoso governante demônio que se opõe a Deus e todos os Seus propósitos.
Tudo o Filho de Deus tinha conhecido desde a eternidade era infinita honra, poder e privilégio divino. Aqui, como um homem no momento de sua maior fraqueza, ele se empenharam por Satanás para reivindicar o que era seu por direito, como o Filho de Deus, mas de uma forma que era contrário ao plano do Pai. Será que Jesus resistir a essas tentações intensas? Ele iria aguentar o teste, reivindicar a vitória sobre os esquemas de sedução do diabo, e, assim, demonstrar sua divindade?
Frase final de Marcos e os anjos o serviam implica que Mateus e Lucas estado explicitamente que, de fato, Jesus triunfou sobre toda a tentação Satanás trouxe, saindo vitorioso de seu isolamento de quarenta dias no deserto. A palavra ministrando ( diakoneo ) indica que esses anjos desde Jesus com os alimentos. Mas os anjos também ministraram a Ele por sua presença, que serviram como uma confirmação de que o Pai que enviou-lhes ainda estava bem satisfeito com o Seu Filho.

Vida e ministério posterior de Jesus provar a Sua santidade divina além argumento. Foi aqui, durante a Sua tentação no deserto, que Sua Santidade foi agredido de forma mais aguda e implacavelmente. Foi só depois de "o diabo tinha terminado todas as tentações, [que] ele deixou" (Lc 4:13) e os anjos chegou. Jesus tinha entrado no deserto como o Rei recém-comissionados. Ele deixou como o monarca conquistador. Jesus continuou a dominar Satanás e seus demônios durante todo o seu ministério.


Unido Mensagem de Jesus: sua autoridade sobre Pecado

Agora, depois que João foi levado em custódia, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus, e dizendo: "O tempo está cumprido, eo reino de Deus está próximo; se arrepender e crer no evangelho "(1: 14-15).

Marcos seguiu sua breve descrição da tentação de Cristo com uma introdução concisa igualmente para ministério de pregação de Jesus. Pelo menos seis meses se passaram desde o batismo de Jesus. Ele tinha sido na Judéia, ministrando lá e até mesmo a limpeza do templo (conforme 13 43:4-3'>Jo 2:13-4: 3). Marcos ignorado esses eventos, junto com Jesus 'viagem através Samaria (João 4:4-42), para se concentrar sobre os primórdios da Jesus' ministério público na Galiléia. Marcos pega a história depois que João foi levado em custódia, um evento que ele irá descrever em mais detalhes em 06:17. Foi após a prisão de João Batista que Jesus começou sua pregação pública e de milagres na Galiléia. Antes disso, João ainda estava batizando no Jordão e Jesus estava ministrando na Judéia, para que seus dois ministérios sobrepostas (conforme Jo 3:24). Depois da prisão de João, Jesus voltou para a Galileia para extenso ministério ali (conforme Mt 4:12).

Galiléia era a região norte da terra de Israel. A partir de uma perspectiva judaica do primeiro século, foi considerada como a periferia, localizadas longe do centro religioso de Jerusalém. O fato de que Jesus lançou o seu ministério em plena potência na Galiléia era em si mesmo uma repreensão à apostasia e corrupção que existia em Jerusalém naquela época.
Quando Jesus veio para a Galiléia, Ele estava pregando o evangelho de Deus. viajando de cidade em cidade, de sinagoga em sinagoga, e na zona rural, Jesus pregou a verdade de boas novas de Deus sobre Si mesmo e Seu reino da salvação (conforme Lc 4:14-30). Método de alcançar o mundo no primeiro século do Pai era através da pregação (ou anúncio) do evangelho, primeiro pelo Senhor Jesus. Na idade moderna, pregação ainda é o meio que Deus ordenou, como porta-vozes fiéis reino arauto verdade. Ministros contemporâneos têm a mesma mensagem divina de proclamar, e ministério fiel sempre articula essa mensagem clara e exclusivamente. O evangelho de Deus (um termo-Rom comum Novo Testamento 1: 1; 15:16; 2Co 11:7) refere-se à verdade que vem de Deus a Si mesmo para o mundo quanto a salvação do pecado e julgamento disponíveis somente através de Jesus Cristo.

Como em 1: 1, o termo Evangelho traz consigo a idéia de pronunciamento real: a chegada de um rei e seu reino. Jesus ' Evangelho proclamação não foi excepção. Assim, Ele estava dizendo: "O tempo está cumprido, eo reino de Deus está próximo; se arrepender e crer no evangelho. " Cristo ofereceu aos ouvintes um lugar em Seu reino eterno de salvação, a esfera de perdão e redenção, caso se arrependam de seus pecados e crêem nEle como Senhor e Salvador. A clareza e simplicidade da mensagem de Jesus se destaca como um exemplo para todos os que buscam a pregar e ensinar fielmente hoje. Preachers não são chamados para analisar a cultura, fazer discursos politicamente carregados, ou projetar novos truques para persuadir o público. Ao contrário, eles são chamados a proclamar a mesma mensagem que o próprio Jesus pregou: a boa notícia da salvação eterna que vem de Deus.

O D.C Cristo, que é cumprido o tempo indicado que Sua vinda marcou o ponto de viragem da história da salvação. A palavra tempo é kairos . Ele não se refere ao tempo do relógio ou tempo de calendário (como a palavra grega chronos faz), mas fala do ponto fixo na história para um evento a ocorrer. Como Paulo explicou em Gl 4:4.). O ministério de Jesus teve lugar de acordo com o calendário soberana de Deus. Esta foi a hora em que o mundo tinha sido há muito tempo de espera; foi o momento mais significativo na história da Terra. O Salvador tinha chegado para pagar integralmente a pena para o pecado e, assim, proporcionar a salvação para todos os eleitos, desde o início da história até o fim.

Isso foi ótimo momento memorável de Deus. As promessas do Antigo Testamento sobre o Messias e Seu reino de salvação estavam prestes a ser realizado. Cristo veio não só para vencer Satanás, mas para destruir o pecado em si, e as suas consequências para o seu povo. O novo Rei tinha vindo a fim de iniciar o seu reino. A mensagem era inconfundível: o reino de Deus está próximo. Em essência, Jesus estava dizendo: "Porque eu sou o Rei, onde quer que eu sou Meu reino está presente."

reino que Jesus proclamou que devem ser compreendidas em três dimensões: como um reino espiritual, um reino milenar, e um reino eterno. Embora seja invisível e espiritual no presente, que um dia vai se manifestar como um reino terreno físico. Em Sua primeira vinda, o rei pregou a Boa Nova da salvação. Consequentemente, Ele estabeleceu o Seu reino espiritual nos corações de todos os que crêem (Lc 17:21). O reino de Cristo está a ser avançado até agora, como pecadores vir a fé salvadora em Deus e são transferidos para fora do domínio das trevas, e para o reino governado pelo Filho de Deus (Cl 1:13). Para seguir Jesus Cristo é buscar a expressão ea honra de seu reino ea sua justiça. Tal é o sentido espiritual e invisível do reino.

Em sua segunda vinda, o Rei vai estabelecer seu reino de uma forma visível e temporal aqui na terra. De acordo com Apocalipse 20:1-6, que o reino vai durar mil anos. Durante esse período, todas as promessas milenares do Antigo Testamento serão cumpridas literalmente. Jesus Cristo reinará como Rei em Jerusalém, e de todo o mundo estarão sob seu domínio. Após o reino milenar, Deus vai inaugurar o reino eterno final criando um novo céu e uma nova terra, onde o Deus trino reinará para todo o sempre (Ap 22:1-5).

No presente, o reino é constituído por todos os que abraçar Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador. O rei governa e reside nos corações daqueles que pertencem a Ele. Seu reino avança uma alma de cada vez. Ela vai continuar até que Ele volte para estabelecer Seu reino terrestre, seguido pelo Seu reino eterno.
Como é que um assunto de Satanás escapar que tirano e entrar no reino de Cristo? A resposta de Jesus é simples e direta: se arrepender e crer no evangelho. A palavra se arrependem ( metanoeo ) significa voltar-se para o lado oposto. Depois virou-se de seu pecado e incredulidade, os pecadores devem crer no evangelho significando eles se transformam em fé ao Senhor Jesus Cristo, confiando em Deus e Sua obra consumada da redenção do pecado e da vitória sobre a morte. Como Paulo explica em Rm 10:9, André estava com João Batista, quando João apontou para Jesus e declarou: (Jo 1:36) "Eis o Cordeiro de Deus!". Depois de passar o dia com Jesus, André foi e encontrou o seu irmão Simão Pedro, que também chegou a ver o Senhor (vv. 40-42). Apesar de vários meses se passaram desde que o encontro introdutório, Jesus perseguido esses irmãos para chamá-los a abandonar seu trabalho mundano e segui-Lo para compartilhar sua obra eterna.

O Mar da Galiléia é realmente um grande lago de água doce-sitting aproximAdãoente 690 pés abaixo do nível do mar e medindo 13 milhas de comprimento e sete milhas de largura em seus pontos mais expansiva. No Antigo Testamento, ele era conhecido como o Mar de Quinerete (ou Genneseret em grego), uma forma de a palavra hebraica kinnor que significa "harpa" ou "lira" (conforme Nu 34:11;. Js 13:27. ). O nome era apropriado porque o lago é mais ou menos o formato de uma harpa. Ele também se tornou conhecido como o mar de Tiberíades (Jo 6:1). Eles eram homens proeminentes, não diaristas pobres. Simon Pedro, por exemplo, é dono de seu próprio lar, na cidade de Cafarnaum (Lc 4:38), e João era conhecido do sumo sacerdote (Jo 18:15).

Quando Ele encontrou Simão e André ao longo da costa, Jesus disse-lhes: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens". A declaração de Jesus foi uma ordem, não um pedido. Ao contrário dos rabinos, que instruíram as pessoas a seguir as suas tradições legalistas, Jesus ordenou esses pescadores da Galiléia para segui-Lo. E ele o fez com autoridade final, um poder que nenhum escriba ou fariseu possuía (conforme Mc 1:22). As implicações de seu comando eram extremas e inconfundível: abandonar tudo, inclusive suas carreiras como pescadores, e siga-me. Foi uma inegociável, abrangente mandato único, do rei aos seus primeiros temas escolhidos. O Senhor viria a ecoar o mesmo tipo de chamada em termos espirituais para todos os que vêm a Ele. Ele disse em Mc 8:34: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me." Essa primeira chamada para os discípulos era uma ilustração da exaustiva chamar o Senhor dá a todos quem iria entrar no Seu reino, e não o abandono de uma carreira terrena, mas de todos os outros mestres.

Jesus prometeu que fazer eles se tornarem pescadores de homens, uma analogia que teriam imediatamente compreendido. Em vez de lançar as redes para os peixes, eles seriam treinados para pregar o evangelho com o objetivo de reunir em pecadores. Eles estariam preparados pelo próprio Jesus para se tornarem anunciadores do reino através da proclamação do evangelho de Deus. Com este comando, Jesus estabeleceu o meio pelo qual o seu reino seria avançar. Ele usa os pecadores que Ele soberanamente identifica e intimação transformada. Tal autoridade absoluta por trás de tal convocação pertence somente ao Rei messiânico, que possui o direito divino de exigir e obter esse tipo de lealdade. Notavelmente, imediatamente eles deixaram as suas redes eo seguiram. Embora estes pescadores acidentados foram quase ingênuos, não houve resistência ou hesitação de sua parte. Eles imediatamente largou tudo para seguir a Jesus. Sua resposta demonstra tanto a autoridade do Senhor e no poder que se move em aqueles que Ele chama para responder.

A cena é essencialmente repetida nos versículos 19:20, onde Jesus chamados e capacitados mais dois discípulos a segui-Lo: Indo um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco, consertando o redes. Imediatamente Ele os chamou; e eles deixaram seu pai Zebedeu no barco com os empregados, e retirou-se para segui-Lo. Os filhos de Zebedeu eram nada, mas covardes. Na verdade, eles iriam ganhar o apelido de "Sons da Thunder" (Mc 3:17). Em uma ocasião, eles com raiva sugeriu fazer descer fogo do céu para destruir uma aldeia que se recusou a recebê-los (Lc 9:54). Estando mais longe do litoral, estes irmãos de fogo estavam ocupados consertando as redes, uma parte crítica de reparar o equipamento de pesca para a próxima viagem para fora. O seu pai, Zebedeu e seus agentes contratados também estavam lá, todos trabalhando como parte da operação de pesca maior. No entanto, em um instante, o "Sons da Thunder" foram obrigados a deixar tudo e todos para seguir o Senhor Jesus Cristo.

Esse tipo de obediência incrível seria repetido com o resto dos discípulos muito semelhante Levi, que simplesmente se afastou de sua cabine de cobrança de impostos para seguir Jesus (Mc 2:14). Sua resposta pode parecer chocante do ponto de vista humano. Do ponto de vista divino, não é de todo surpreendente. Como Jesus explicou aos Seus discípulos em Jo 15:16: "Você não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei para que você iria e deis fruto, eo vosso fruto permaneceria, de modo que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele pode dar a você. "Claramente, o escopo da autoridade de Jesus abrangeu os discípulos a quem ele chamou para segui-Lo. Foi por meio dessas pecadores regenerados e transformados, e sua proclamação do Evangelho, que Jesus iria avançar seus propósitos Reino (conforme Mt 28:18-20.).

O poder do Senhor sobre o pecado e Satanás ainda é demonstrada hoje, cada vez que um coração não redimida é dado vida e libertados do domínio de Satanás e do poder do pecado e da penalidade (conforme Ef. 2: 1-4). Tendo crentes resgatado do pecado, o Rei emprega-los em seu serviço, capacitando-os através do Seu Espírito para ser instrumentos para o avanço do Seu reino. Tudo isso acontece sob a autoridade de Sua prerrogativa soberana (Ef. 1: 18-23). Aquele que derrotou Satanás, tanto no deserto e na cruz; Aquele que declarou vitória sobre o pecado, através da proclamação do evangelho; e Aquele que demonstra continuamente seu poder na vida daqueles a quem Ele salva e capacita-somente Ele é o Rei messiânico. Todos regra, autoridade, poder e domínio pertencem a Ele (Ef 1:21).

Para aqueles que conhecem e amam o Senhor Jesus Cristo, não há alegria maior do que ver seu reino avançado através da proclamação fiel do Seu evangelho. A promessa que fez a André e Pedro, às margens do Mar da Galiléia ainda se aplica a todos os que estão dispostos a proclamar unwaveringly Sua mensagem: Segue-me, e eu vos farei pescadores de homens. Em um sermão sobre o assunto, o renomado pregador do século XIX, Charles Spurgeon incentivou seus ouvintes com estas palavras:

Quando Cristo nos chama por Sua graça que não devemos apenas lembrar o que somos, mas nós também devemos pensar no que Ele pode nos fazer ... Ele não parecia uma coisa provável que os pescadores humildes iria desenvolver em apóstolos; que os homens tão acessíveis com o líquido seria tão grande em casa, em pregando sermões e em convertidos instruindo. Um teria dito: "Como pode ser isso? Você não pode fazer fundadores das igrejas fora de camponeses da Galiléia "Isso é exatamente o que Cristo fez.; e quando são humilhados diante dos olhos de Deus por um senso de nossa própria indignidade, podemos nos sentir encorajados a seguir Jesus por causa do que Ele pode nos fazer ... O que você vê em si mesmos neste momento nada que é desejável, vêm você e seguir a Cristo por causa do que Ele pode fazer de você. Você não ouvir a Sua voz doce te chamando e dizendo: "Siga-me, e eu vos farei pescadores de homens?"
Mais tarde, no mesmo sermão, Spurgeon em relação as suas palavras de encorajamento com algumas palavras adequadas de advertência.
Jesus diz: "Siga-me, eu vos farei pescadores de homens", mas se você ir no seu próprio caminho, com a sua própria rede, você vai fazer nada disso, e que o Senhor promete que você não ajuda nisso.Instruções do Senhor fazer-se nosso líder e exemplo. É, "Siga -me , siga -me . Pregar Meu Evangelho. Pregar o que eu pregava. Ensine o que eu ensinei, e manter a isso. "Com isso servilismo abençoado que se torna um cuja ambição é ser um copista, e nunca para ser um original, copiar Cristo mesmo em jotas e tis. Faça isso, e Ele vos farei pescadores de homens; mas se você não fizer isso, você poderá pescar em vão. (Charles Spurgeon, Como se tornar pescadores de homens, sermão 1906)

4. A autoridade do Rei Divino (Marcos 1:21-28)

Entraram em Cafarnaum; e, logo no sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. Ficaram surpreendidos com os ensinos; pois Ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. Só então, havia um homem na sinagoga com espírito imundo; e clamou, dizendo: "Que negócio é que temos uns com os outros, Jesus de Nazaré? Você veio para nos destruir? Eu sei quem você é: o Santo de Deus! "E Jesus repreendeu-o, dizendo:" Fique quieto, e sai dele! "Jogando-o em convulsões, o espírito imundo gritou em alta voz, e saiu dele .Todos ficaram maravilhados, de modo que eles debateram entre si, dizendo: "O que é isso? A nova doutrina com autoridade! Ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem. "Imediatamente a notícia sobre Ele espalhou por toda parte em todo o distrito em torno da Galiléia. (1: 21-28)

Questão mais crítica da vida é: "Quem é Jesus Cristo?" Como uma pessoa responde a essa pergunta tem implicações eternas. Nada é mais essencial, tanto para esta vida ou a vida por vir, do que saber a verdade sobre Jesus. No entanto, poucos parecem seriamente interessado em justamente entender quem Ele é e por que Ele veio. Tragicamente, muitas pessoas cegamente assumir que Jesus era apenas um bom professor, um idealista moral, ou um ativista social incompreendido cuja vida terminou em tragédia há dois milênios. Não é assim que a Escritura apresenta-Lo, nem é de acordo com o que Ele declarou-se.

O evangelho de Marcos (como os outros três) fornece uma resposta definitiva a esta questão no primeiro versículo. Mc 1:1). Consequentemente, a única resposta certa para o seu domínio soberano é submeter e adorá-Lo como o eterno Rei dos reis e do glorioso Filho de Deus. Qualquer representação de Jesus que mina ou menospreza sua verdadeira pessoa e posição não só é inadequada, é blasfemo. Embora muitos humilhar e menosprezar Ele agora, tudo um dia vai reconhecê-lo pelo que ele realmente é. Como o apóstolo Paulo disse aos Filipenses: "No nome de Jesus se dobre todo joelho, daqueles que estão no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus o Pai »(Fil. 2: 10-11).

Marcos 1:21-28 é uma passagem que ilustra dramaticamente tanto a autoridade soberana de Jesus Cristo e da falta de vontade obstinada dos pecadores incrédulos para reconhecer e se submeter a essa autoridade. A passagem vem na esteira da introdução de Marcos (nos versos 1:20.), No qual ele apresentou cinco provas para demonstrar que Jesus é realmente o rei divino: Jesus foi precedido por um precursor real (1: 2-8), com experiência uma cerimônia de coroação divina (1: 9-11), derrotou o seu arqui-inimigo do príncipe das trevas (1: 12-13), proclamou a mensagem do reino da salvação (1: 14-15), e ordenou aos seus cidadãos do Reino de segui-Lo (1: 16-20). Anunciado por João, encomendado pelo Pai, cheio do Espírito Santo, vitorioso sobre o pecado e Satanás, e acompanhado de seus discípulos, o Senhor Jesus iniciou seu ministério público com cada credencial necessária demonstrada. Assim, de forma sucinta mas convincente, fast-moving de Marcos, condensado e introdução selectiva estabelecido o caráter messiânico e natureza divina do Senhor Jesus. Deste ponto em diante, como Marcos começa o corpo de seu registro do evangelho, ele vai abrandar o seu ritmo para se concentrar mais intensamente em eventos específicos do ministério do Rei messiânico.

A história começa no versículo 21 com a recontagem inspirada de um incidente em que Jesus demonstrou sua autoridade sobre o reino demoníaco. Marcos já salientou a autoridade de Cristo sobre Satanás, o pecado e pecadores nos versículos 12:20. Nesta seção (vv. 21-28), ele continua esse tema, focalizando especificamente em um confronto dramático de um dia de sábado entre Jesus e um demônio. Mais uma vez, a entidade cósmica de Jesus é vividamente colocado em exposição, não deixando dúvidas sobre a capacidade do Rei para dominar demônios e para obliterar o cativeiro satânico que pode conter os pecadores cativo todo o caminho para o inferno.
A passagem se revela um contraste impressionante entre a resposta das pessoas a autoridade de Jesus ea resposta dos demônios. Por um lado, as pessoas ficaram impressionados com o poder ea autoridade de Jesus (vv. 22, 27). Eles reagiram com admiração, curiosidade e surpresa, porque Ele ensinava como ninguém que nunca tinha ouvido antes. Por outro lado, os demônios estavam aterrorizados por Cristo. Eles responderam em horror, pavor e pânico. Essas reações divergentes estão no cerne do entendimento do significado desta passagem. Ambos os demônios e as pessoas eram pecadores. No entanto, apenas os demônios gritaram de medo. Eles entenderam Jesus era seu juiz que iria lançá-los no inferno. As pessoas certamente não.

Ironicamente, no primeiro semestre do evangelho de Marcos, os únicos seres certeza da verdadeira identidade de Jesus eram os demônios. Os líderes judeus rejeitaram (3: 6, 22); as multidões estavam curiosos, mas em grande parte não confirmadas (6: 5-6; conforme Jo 2:24); e até mesmo seus discípulos exibiram uma dureza de coração persistente (08:17). Mas os demônios sabia ao certo. Como Marcos explica: "Sempre que os espíritos imundos viram, eles iriam cair diante dele e gritar: 'Tu és o Filho de Deus!'" (03:11). Saber exatamente quem era Jesus e que Ele tinha o poder de fazer, eles responderam com terror temente Ele poderia lançá-los imediatamente para o abismo (Lc 8:31; conforme Ap 9:1). Suas mentes antigas estavam cheios de uma das informações sobre o seu celeste rebelião, derrota e expulsão; eles entenderam o castigo eterno que ainda espera por eles no lago de fogo (Mt 25:41). Compreensivelmente, os demônios foram completamente aterrorizado na presença de Jesus. Agora que o filho tinha vindo à terra para começar a criação de seu governo, os anjos maus tinha todos os motivos para ser atormentado pelo terror.

Não há salvação para os anjos caídos (He 2:16). No entanto, os pecadores que vêm para uma verdadeira compreensão da autoridade do Filho de Deus, e são aterrorizados pela ameaça do inferno são convidados a fugir da ira e executado em santo temor a Cristo para o perdão e graça da salvação. No entanto, a grande maioria dos pecadores que ouvir as boas novas do céu ainda se recusam a temer o inferno e vir a Cristo pelo dom da salvação. Essa é a grande ironia representado por esta passagem. Os demônios reconheceram quem era Jesus, mas não têm a possibilidade de salvação. As multidões foram oferecidos o perdão divino, mas eles se recusaram a reconhecer Aquele que por si só pode fornecê-la. Dito de outra forma, os demônios estavam aterrorizados e não poderia ser poupada; o povo estava espantado e não seriam salvos. Consequentemente, as pessoas espantadas (que não acredito) e os demônios aterrorizados (que fazem "crêem, e estremecem" —Jc 2:19 KJV) vai finalmente acabar no mesmo lago de fogo eterno (Ap 20:10-15 ).

É importante ressaltar que durante o ministério de Jesus, os demônios não atacá-lo. Eles assaltaram as almas dos pecadores, mas nunca Jesus. Na verdade, sempre que um confronto ocorrido, foi Jesus quem os atacou. Sua simples presença enviou-os em pânico frenético. Embora invisíveis a olho nu, não eram invisíveis para ele. Eles podem ser capazes de esconder de si mesmas pessoas-disfarçando como anjos de luz (2Co 11:14) e habitação confortavelmente dentro dos limites da religião apóstata. Mas eles não podiam esconder do olhar onisciente de Cristo. Em Sua presença, eles explodiram a sua cobertura, devido ao poder constrangedor de seu medo.

Ao longo de todo o seu ministério, o domínio de Jesus sobre os demônios era absoluta e incontestável-indicativo do fato de que Ele possuía o poder absoluto sobre o diabo e toda a força dos anjos caídos no "domínio das trevas" (Cl 1:13). Ele é capaz de dominar os pecadores Satanás quem controla o sistema deste mundo (1Jo 5:19), e que tem oculto (2 Cor. 4: 3-4) e prende-los em cativeiro (Hb 2:14-15.) —para definir pecadores libertará (Jo 8:36). Como o apóstolo João explicou, "O Filho de Deus se manifestou: para este fim, para destruir as obras do diabo" (1Jo 3:8; Lc. 4: 16-31), Jesus estabeleceu seu quartel-general durante Seu ministério galileu (conforme Mc 2:1). O sistema judaico de sinagogas tinham inicialmente desenvolvido no século VI AC, durante o exílio babilônico. Antes do exílio, adoração centrada em um só lugar, o templo em Jerusalém. Quando o templo de Salomão foi destruído, e os judeus estavam em cativeiro por 70 anos, as pessoas começaram a reunir-se em pequenas reuniões de grupo. Mesmo depois que os judeus voltaram à sua pátria e reconstruiu o templo, eles continuaram a estruturar a vida comunitária das aldeias e cidades locais em torno do que se tinha tornado sinagogas oficiais (a palavra grega traduzida sinagoga significa "reunião" ou "assembléia"). Como resultado, a sinagoga tornou-se o centro da vida judaica-a comunidade local de culto local, uma sala de reuniões, uma escola e uma sala de audiências.Tradicionalmente, uma sinagoga pode ser formado em qualquer lugar onde havia pelo menos dez homens judeus. Consequentemente, as cidades maiores do mundo antigo, muitas vezes continha numerosas sinagogas.

Uma das principais funções desempenhadas pela sinagoga era a leitura pública e exposição das Escrituras, uma prática que voltou, pelo menos, ao tempo de Neemias. A política conhecida como "a liberdade da sinagoga" permitiu que qualquer obra qualificada na congregação para entregar a exposição da passagem do Antigo Testamento. Esse privilégio foi muitas vezes estendido para rabinos visitar, como foi nesta ocasião para Jesus. O apóstolo Paulo de forma semelhante usado tais oportunidades para proclamar o evangelho em várias cidades em todo o Império Romano (conforme At 9:20; At 13:5), os participantes em Cafarnaum teria sido ansioso para ouvi-Lo ensinar.

Marcos não detalha o conteúdo da mensagem de Jesus pregado à congregação que sábado em Cafarnaum. Em vez disso, ele se concentrou na resposta do povo. Eles estavam maravilhados com o seu ensino;pois Ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. As pessoas ficaram chocadas. Nunca antes eles ouviram um rabino falar com tal poder, precisão e seriedade.

A palavra autoridade ( exousia ) fala de regra, o domínio, a competência, o pleno direito, poder, privilégio e prerrogativa. Jesus ensinou com absoluta convicção, objetividade, domínio e clareza. Ele falou a verdade, com a confiança inabalável do Rei divino, e as pessoas só poderiam responder de maravilha (conforme Mt 7:28-29.). Que contraste palavras profundamente penetrantes de Jesus eram os pontifications esotéricos dos escribas, que gostava de citar os pontos de vista de multidões de outros rabinos. Eles frequentemente ensinada de maneiras que eram mística, confusa e, muitas vezes focado em minúcias. Mas Jesus era claramente diferente. Ele não derivar Sua teologia a partir das reflexões de outras pessoas, nem ele oferecem uma variedade de possíveis explicações. Seu ensino era absoluta não arbitrária. Era lógico e concreto, não evasiva ou esotérico. Seus argumentos eram razoáveis, inescapável, e focado em questões essenciais.

Escribas eram os professores primários na sociedade judaica do primeiro século. Eles rastrearam sua herança de volta para Ezra, que, de acordo com Ed 7:10 e Neemias 8:4-8, ler a lei e explicou que para o povo. A maioria das pessoas tinha acesso limitado às Escrituras, cujas cópias foram muito caros para comuns, pessoas da classe trabalhadora ao próprio. Consequentemente, eles iriam para a sinagoga para ouvir as Escrituras lido e explicado pelos escribas. Porque eles lidaram com as Escrituras, os escribas ficaram tão reverenciado que eles receberam o título de "rabino", significando "honrado." Ao longo dos séculos, desde o tempo de Esdras para a época de Cristo, o ensinamento dos escribas cresceu menos focada sobre o texto da Escritura e mais focado no que rabinos anterior tinha dito. No primeiro século, os escribas orgulhavam-se de estar familiarizado com todos os pontos de vista possíveis. Em vez de explicar fielmente o significado simples das Escrituras, se deleitavam em reflexões complexas, alegorias fantasiosas, idéias obscuras, noções místicas, e os ensinamentos dos rabinos anteriores.

Quando Jesus começou a explicar o texto bíblico perfeitamente com clareza, convicção e autoridade, seus ouvintes ficaram atordoados. Eles nunca tinha ouvido nada parecido. Seu espanto está ligada a palavra espantado ( ekplessō ), que significa literalmente "a ser atingido fora de si" com espanto e admiração. Para usar o vernáculo, Jesus soprou-los para fora de suas mentes. Há uma série de palavras do Novo Testamento que pode ser traduzida como "espantado" ou "atônito." Este é um dos mais fortes e mais intensa. A mensagem de Jesus era tão fascinante e poderoso que Sua audiência sentado em silêncio atordoado, pendurado em cada palavra que Ele proferiu (conforme Lc 19:48).

O temor em silêncio seria violentamente interrompido pelos gritos vindos através dos lábios de um homem possuído pelo demônio. Era o demônio que estava em pânico com a verdade da pregação de Jesus e não podia permanecer escondido no homem por mais tempo. Marcos introduz o demônio no versículo 23, observando o imediatismo da reação do espírito maligno a pregação de Jesus. Incapaz de se conter, o demônio entrou em erupção em um acesso de raiva gritos em resposta à verdade o Filho de Deus proclamada.

Não é surpreendente encontrar este espírito maligno pendurado em torno da sinagoga. Os demônios tinham desenvolvido um falso sistema de religião hipócrita que foi muito bem sucedido em Israel do primeiro século. Como é a sua natureza, os demônios se esconder no meio da religião falsa, disfarçando-se como anjos de luz (2Co 11:14.) E perpetuando erro e engano (conforme 1Tm 4:1, Jesus disse aos fariseus: "Vós tendes por pai ao diabo, e você quer fazer os desejos de vosso pai.Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas porque eu digo a verdade, você não acredita em mim. "Esses versos resumem o coração do conflito. Satanás e suas hostes propagar mentiras com o objetivo de perpetuar a morte espiritual. Mas Jesus é o caminho, a verdade ea vida (Jo 14:6, não há casos registrados de possessão demoníaca. No livro de Atos, há apenas dois (Atos 16:16-18; 13 44:19-16'>19: 13-16). Os Evangelhos, no entanto, abundam com ele (Mt 4:24; Mt 8:28; Mt 9:33; 10:. Mt 10:8; 12: 22-27; Marcos 1:23-27; 5: 4-13; Mc 9:25; Lc 4:41; Lc 8:2; Lc 9:39; Lc 13:11). Confrontado com a glória do Filho de Deus, os demônios revelaram suas identidades, muitas vezes de forma violenta e notáveis.

Nesta ocasião, o homem possuído pelo demônio respondeu gritando no topo de seus pulmões-o demônio dentro dele empréstimo cordas vocais do homem de expressar terror puro. Em uma explosão de medo misturado com raiva, o demônio perguntou: "Que negócio é que temos uns com os outros, Jesus de Nazaré? Você veio para nos destruir? Eu sei quem você é: o Santo de Deus! " O uso de pronomes no plural ( nós e nós ) sugerem que este demônio em particular foi fazer estas perguntas em nome dos anjos caídos em todos os lugares. Como aqueles que se juntaram no fracassado golpe de Satanás (conforme Is 14:1), os demônios uma vez serviam na presença de Deus. Eles sabiam que cada membro da Trindade intimamente e imediatamente reconheceu Jesus como o Filho de Deus, sempre que eles encontraram-se em Sua presença. Eles sabiam que Ele era o Santo de Deus, o Rei messiânico que tinha vindo para salvar o mundo do poder de Satanás (Lc 4:41).

Ao falar de Cristo, este espírito demoníaco empregada dois nomes e um diferentes dos quais expressos seu antagonismo, o outro o seu medo. A primeira, Jesus de Nazaré, carregava um tom de desdém desdenhoso. Nazaré era uma cidade obscura, realizada em baixa estima por outros israelitas (conforme Jo 1:46). Os líderes judeus, em particular, usou o termo como pejorativo, porque eles zombaram da idéia de que o Messias viria de tão humilde, origens da Galiléia (conforme Jo 7:41, Jo 7:52). Ao se referir a cidade natal de Jesus, o demônio se juntou ao desprezo das multidões descrentes.

Ao mesmo tempo, o espírito do mal sabia exatamente quem era Jesus. Conseqüentemente, seu desprezo é misturado com medo apavorado. Como um anjo caído miserável, sua resposta foi um dos inimizade misturado com medo. Ele chamou Jesus o Santo de Deus , porque ele estava plenamente consciente da autoridade divina de Jesus. Este espírito imundo, sendo caracterizado por uma depravação final e incurável maldade, encolheu-se na presença de perfeita virtude e santidade.

Os demônios sabiam que "o Filho de Deus se manifestou: para este fim, para destruir as obras do diabo" (1Jo 3:8), temiam a hora da sua destruição final havia chegado. Mais tarde, no ministério de Jesus, outros demônios pediu quase a mesma pergunta: "O negócio é que temos uns com os outros, Filho de Deus?Vocês vieram aqui para nos atormentar antes do tempo? "(Mt 8:29). Os demônios reconhecido exatamente quem era Jesus. Eles sabiam que Ele tinha total autoridade e poder para lançá-los para o castigo eterno no dia designado o julgamento de Deus. É por isso que eles repetidamente respondeu com tal pânico e consternação (conforme Jc 2:19).

A realidade iminente de julgamento futuro explica a resposta do demônio para Jesus naquele dia de sábado em Cafarnaum. Como um agente de Satanás, ele teria, sem dúvida, preferiu permanecer sem ser detectada escondido nas sombras da religião hipócrita. Em vez disso, sobrecarregado com medo e pânico, ele só poderia revelar-se em uma explosão dramática.


A Autoridade de Seu Poder

E Jesus repreendeu-o, dizendo: "Fique quieto, e sai dele!" Jogando-o em convulsões, o espírito imundo gritou em alta voz, e saiu dele. Todos ficaram maravilhados, de modo que eles debateram entre si, dizendo: "O que é isso? A nova doutrina com autoridade! Ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem. "Imediatamente a notícia sobre Ele espalhou por toda parte em todo o distrito em torno da Galiléia. (1: 25-28)

Embora o dia escatológico do juízo eterno para Satanás e seus anjos ainda não chegou (conforme Ap 20:10), este demônio foi dado um antegozo da autoridade absoluta de Cristo sobre ele. Ele foi expulso pelo mesmo poder que um dia lançou-o no lago de fogo.

Imperturbável pelo histrionismo do demônio, Jesus repreendeu-o. Como o Rei divino, Ele possuía a autoridade inerente para comandar este anjo caído. No diálogo, a negociação, ou luta era necessário.Exorcismos tentados envolvendo várias fórmulas e rituais não eram incomuns entre os judeus da época do Novo Testamento, embora não produziu verdadeiro sucesso. Mas a taxa de sucesso de Jesus foi perfeito. Ele nunca deixou de expulsar os demônios Ele confrontou, nem ele confiar em quaisquer fórmulas especiais ou rituais para fazê-lo. Ele simplesmente emitiu um comando e os demônios obedecidas.

O Senhor delegou esse poder aos Seus apóstolos e eles fizeram o mesmo (Lc 9:1). Ao invés de se envolver em exorcismos, os crentes hoje são chamados a se envolver em evangelismo. Sempre que levar o evangelho aos não crentes e eles colocaram sua fé no Senhor Jesus Cristo, o Espírito Santo lava-los limpos, transferir a sua residência, e os demônios são expulsos.

Repreensão de Jesus veio na forma de dois imperativos curtas: "Fique quieto, e sai dele!" O demônio não teve escolha a não ser obedecer imediatamente. O primeiro comando silenciou o demônio; o segundo levou-o para fora. Durante todo o ministério de Jesus, Ele repetidamente proibiu os espíritos imundos para depor sobre Ele (conforme Mc 1:34). Apesar de sua identificação de Jesus foi preciso, Ele não precisava de qualquer publicidade dos agentes de Satanás. Como era, os líderes religiosos acusaram de fundição "demônios só por Belzebu o príncipe dos demônios" (Mt 12:24). Permitindo que os demônios para continuar falando sobre Ele só teria adicionado suporte para as especulações sneering dos fariseus. Assim, sempre que eles afirmaram sua identidade, ele calá-los (conforme Atos 16:16-19).

Segundo a ordem de Jesus, sai dele, resultou na saída violenta do demônio. O espírito imundo preferiu permanecer para manter cativo alma do homem para o inferno. Mas ele foi forçado a ir, de má vontade, mas não em voz baixa. Como Marcos registros, jogando-o em convulsões, o espírito imundo gritou em alta voz, e saiu dele. Com um protesto dramática final, fazendo com que o corpo do homem a convulsionar, o demônio soltou um grito final, ele partiu.

A cena é uma reminiscência de outro demônio Jesus encontrou, mais tarde, em seu ministério, um dia depois de sua transfiguração. Marcos relata que a história em Marcos 9:25-27:

Quando Jesus viu que uma multidão foi rapidamente recolhimento, Ele repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: "Você é surdo e espírito mudo, eu te ordeno, sai dele e não entrar nele novamente." Depois gritando e jogando-o terríveis convulsões, saiu; eo menino ficou tão parecido com um cadáver que a maioria deles disse: "Ele está morto!" Mas Jesus, tomando-o pela mão e levantou-o; e ele se levantou.

Como o demônio descrito em Mc 1:23, esse demônio mostrou sua oposição rebelde a Cristo com uma surra final, violenta de sua vítima. Mas foi só um frenesi momentâneo. Como qualquer outro anjo caído, ele não foi páreo para o poder soberano do Rei divino, e uma vez que ele saiu, o menino que ele havia atormentado foi curada. Embora o endemoninhado na sinagoga de Cafarnaum foi igualmente lançada em convulsão, o demônio fez nenhum dano. Como Lucas explica na conta paralela: "Quando o demônio o tinha jogado para baixo no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal" (Lc 4:35).

Nem Marcos nem Lucas fornecer nenhuma informação biográfica sobre o homem que foi entregue. Mas a falta de detalhes é intencional, porque o foco não é sobre ele. É com Aquele que o libertou da possessão demoníaca. ApropriAdãoente, a atenção centra-se no Filho de Deus, que novamente exibido publicamente Seu poder divino. Por Sua própria autoridade Comandou o demônio para fugir. Apenas o rei divino tem o poder necessário para quebrar o cativeiro de Satanás. Ele pode destruir o diabo, desmantelar as suas forças, e entregar as almas cativas.
O poder de Jesus era inconfundível, de modo que aqueles que se sentaram na sinagoga, que já tinha sido surpreendido por seu ensinamento, todos se admiraram a sua capacidade de entregar este homem possuído pelo demônio. Eles não tinham nenhuma categoria para que eles tinham acabado de presenciar, de modo que eles debateram entre si, dizendo: "O que é isso? A nova doutrina com autoridade!Ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem. " A multidão começou a zumbir com entusiasmo sobre o que havia acontecido. Eles haviam sido atordoados pela autoridade de seu ensino e, em seguida, igualmente chocado com o poder Ele exerceu sobre os espíritos imundos. O debate não foi um formal, mas sim a conversa animado de admiração expressa por aqueles que ficaram maravilhados.Eventualmente, no entanto, que o debate iria crescer mais polarizador. Embora ninguém poderia negar a Sua autoridade sobre os demônios, os líderes religiosos que começam a questionar a fonte dessa autoridade (conforme Mt 12:24).

Nesse meio tempo, palavra sobre Jesus começou a sair. Como Marcos explica, "Imediatamente a notícia sobre Ele espalhou por toda parte em todo o distrito em torno da Galiléia." Este foi apenas o começo. Mc 1:39 relata que "Ele entrou em suas sinagogas por toda a Galiléia pregando e expulsando os demônios." O Rei divino lançou seu ministério público, colocando em demonstrações de poder sobre os espíritos malignos sem precedentes em Israel e no mundo (conforme Mt 9:33). Ele ensinou como ninguém e Ele possuía e usou a força que ninguém nunca tinha visto. Atrás Seu poder era a autoridade de Jesus. Os demônios reconheceram e ficaram aterrorizados; as multidões testemunhou Ele e ficaram maravilhados. Os demônios acreditava ele, mas não pôde ser salvo; as multidões se recusou a acreditar em Deus e, portanto, não seriam salvos.

A combinação de ambas as respostas é necessário para a salvação. Os pecadores precisam ser tanto apavorado e espantado: aterrorizado por um juiz tal e espantado com tal Salvador. Não é suficiente simplesmente para se surpreender com Jesus Cristo. Ele não está satisfeito com a mera curiosidade, admiração ou espanto. Ele quer que os pecadores para o temem como o Juiz e, em seguida, correr para Ele como o Salvador.

As pessoas que ouviram Jesus ensinar e testemunhou a sua autoridade sobre esse dia de sábado em Cafarnaum ficaram sem desculpas. No entanto, a população daquela cidade, em última instância rejeitou como seu Senhor e Salvador (Mt 11:23;. Lc 10:15). Talvez eles consideravam Jesus um bom professor, um idealista moral, ou um ativista social incompreendido. Nenhuma dessas conclusões foi adequada. Eles podem ter sido surpreendido por ele no momento, mas a menos que eles vieram para abraçá-lo na poupança como o Filho de Deus, confiando nEle como o Salvador do mundo, e submeter-se a Ele como o Senhor de todo-adoradores de fé sua surpresa acabou por ser inútil. Ele não era melhor do que o terror tremor dos demônios. Por isso, é para todos os que rejeitam a verdadeira pessoa e obra de Jesus Cristo.

5. Unido Alimentação (Marcos 1:29-39)

E logo depois que saíram da sinagoga, eles entraram na casa de Simão e André, com Tiago e João. Agora mãe-de-lei de Simon foi deitada com febre; e imediatamente eles falaram com Jesus sobre ela. E Ele veio para ela e levantou-a, tomando-a pela mão, ea febre a deixou, e ela esperou sobre eles. Ao cair da tarde, depois que o sol se punha, eles começaram a trazer a Ele todos os que estavam doentes e aqueles que estavam possuídos pelo demônio. E toda a cidade se reuniram na porta. E ele curou muitos que se achavam enfermos de diversas enfermidades, e expulsou muitos demônios; E ele não estava permitindo que os demônios falassem, porque sabiam quem Ele era. No início da manhã, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou, saiu da casa, e foi para um lugar isolado, e ali orava. Simon e seus companheiros procurá-lo; o encontraram, e disse-lhe: "Todo mundo está olhando para você." Ele disse-lhes: "Deixem-nos ir para outro lugar para as cidades vizinhas, para que eu pregue ali também; por que é que eu vim. "E Ele entrou em suas sinagogas por toda a Galiléia, pregando e expulsando os demônios. (1: 29-39)

Vivemos em um mundo devorado por doença, dor e morte. Nem sempre foi assim. Como Moisés explicado em Gn 1:31, depois que Deus criou o universo, Ele "viu tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom." A criação era sem mancha e sem defeito, um reflexo do One impecável que tinha falado na sua existência.

Quando Adão e Eva desobedeceram a Deus, tudo mudou. O pecado entrou no mundo e trouxe consigo a doença, decadência e morte. Toda a criação foi amaldiçoado (Gn. 3: 17-19; Rm 8:20), e Adão e Eva estavam separados de Deus e banidos do Éden. Doença, o sofrimento, e a realidade da morte servem como lembretes dolorosos do fato inevitável que nós residimos em um planeta caído.

Mesmo todos os avanços da ciência moderna não pode remover as pragas nosso mundo sofre. Dois mil anos atrás, no entanto, as condições eram muito piores. A tecnologia médica era essencialmente inexistente, o que significa que as pessoas simplesmente definhava sob os efeitos de doenças e lesões.

Embora Jesus Cristo veio para que pudesse resgatar espiritualmente pecadores que estavam mortos em suas transgressões e enfrentando a ira de Deus (1Tm 1:15), Ele escolheu para demonstrar que o poder de salvar, bem como seu profundo amor e compaixão, entregando pessoas de suas doenças e demônios. Capacidade entregar Jesus também serviu como uma prévia das condições de Sua vinda reino terreno, em que Satanás e seus demônios serão vinculados (Apocalipse 20:1-3), a maldição serão mitigados, e os seus efeitos muito reduzidos, até que é completamente removido na perfeição justo do estado eterno no céu (Apocalipse 21:1-22: 5).

O incidente registrado em Marcos 1:29-34 ocorreu no mesmo dia em que os eventos registrados nos versículos 21:28, quando um homem possuído pelo demônio foi entregue de forma dramática na sinagoga. Pouco tempo depois, Jesus e seus discípulos viajaram para casa de Pedro, onde Jesus demonstrou sua autoridade sobre os efeitos físicos do pecado. Juntas, as duas passagens destacar a natureza sobrenatural do poder soberano de Jesus. Sempre que Ele confrontou tanto demônios ou doença, ambos fugiram em seu comando. Esse tipo de domínio fornece a prova inegável da divindade de Jesus, corroborando a tese de Marcos que Jesus é o Rei messiânico, o Filho de Deus (1: 1).

Como o Salvador do mundo, o Messias tinha de ser capaz de resgatar as almas do pecado e Satanás. Como a ressurreição ea vida (Jo 11:25), Ele tinha que ter poder sobre ambos os efeitos físicos e espirituais da maldição. Como o Redentor, Ele tinha que ser capaz de resgatar tanto a alma que estava perdido e o corpo que estava em decomposição (Rm 8:23). Jesus consistentemente demonstrado necessário poder celestial, lançando várias vezes os demônios e curar doenças para expor o seu domínio total sobre ambos os reinos espirituais e físicas devastadas pelo pecado. Por esses milagres Ele demonstrou que Ele possuía o poder de dar vida eterna a almas e corpos, equipando-os para a glória ressuscitado no céu.

Nesta seção (vv. 29-39), Jesus continuou a evidência de que ele era o divino, o Filho de Deus compassivo. A passagem pode ser dividido em três seções: a prova da Sua pessoa (vv 29-34.), O poder da sua acção (35 v.), E que a prioridade da sua missão (vv 36-39.).


A prova da Sua Pessoa

E logo depois que saíram da sinagoga, eles entraram na casa de Simão e André, com Tiago e João. Agora mãe-de-lei de Simon foi deitada com febre; e imediatamente eles falaram com Jesus sobre ela. E Ele veio para ela e levantou-a, tomando-a pela mão, ea febre a deixou, e ela esperou sobre eles. Ao cair da tarde, depois que o sol se punha, eles começaram a trazer a Ele todos os que estavam doentes e aqueles que estavam possuídos pelo demônio. E toda a cidade se reuniram na porta. E ele curou muitos que se achavam enfermos de diversas enfermidades, e expulsou muitos demônios; E ele não estava permitindo que os demônios falassem, porque sabiam quem Ele era. (1: 29-34)

Um típico sinagoga serviço terminou por volta do meio-dia. Quatro primeiros discípulos de Jesus, a quem chamou apenas um curto período de tempo anterior (conforme Mc 1:16-20), teria atendido o serviço sinagoga com Ele e, juntamente com as multidões, foi surpreendido por sua pregação (v. 22) e espantado com a Sua autoridade sobre o demônio que confrontou Ele (v. 27). Como o tumulto cessou, e as pessoas foram demitidos, os quatro antigos pescadores veio com Jesus para fora da sinagoga, sem dúvida, falando animAdãoente com o outro sobre a libertação espetacular que tinham acabado de presenciar.

Imediatamente após sair da sinagoga, eles entraram na casa de Simão e André, com Tiago e João. Todos estes quatro homens haviam sido no negócio de pesca ao longo do mar da Galiléia. Estes não eram simplórios pouco sofisticados, como às vezes tem sido imaginado, mas comerciantes bem sucedidos que, aparentemente, teve um grande operação sediada em Cafarnaum. Peixe era uma carne grampo em tempos antigos e do Mar da Galiléia rendeu o suficiente para exportar seus produtos ao longo dessa parte do mundo mediterrâneo. Estes dois conjuntos de irmãos tinham abandonado atividades terrenas para seguir Jesus e buscar o reino dos céus (1: 16-20). Na sinagoga, naquela manhã, eles receberam um lugar na primeira fila para observar Sua autoridade real. Isso teria sido o assunto de sua conversa enquanto caminhavam.

Simão, também chamado Pedro (conforme Mt 16:18;. Jo 1:42), e André eram originalmente de Betsaida, uma cidade na costa norte do Mar da Galiléia (conforme Jo 1:44). Eles haviam se mudou para Cafarnaum, sem dúvida, por uma questão de negócio. Primeiro Coríntios 9:5 indica que Simão Pedro era casado e que sua esposa viajaram com ele em suas viagens ministeriais posteriores. A tradição da Igreja sugere ainda que Pedro e sua esposa tiveram pelo menos um filho, embora o Novo Testamento é omissa sobre esse ponto.

Neste ponto, no início do ministério de Jesus, Pedro morava em Cafarnaum com sua estendida sua esposa e filhos, sua mãe-de-lei, o seu irmão André, ea família de André, inclusive da família.Arqueólogos desenterraram o local tradicional da casa de Pedro, a uma curta caminhada das antigas ruínas da sinagoga. Um comentarista descreve desta forma:
Dentro de um tiro de pedra da sinagoga de Cafarnaum se encontra uma estrutura que pode razoavelmente ser identificada como a casa de Pedro. A casa faz parte de um grande complexo "insula", em que as portas e janelas abertas para um pátio interior, em vez de para fora, para a rua. O tribunal, com acesso por uma porta de entrada da rua, era o centro da vida das habitações em torno dele, contendo lareiras, mós para grãos, mão-prensas, e escadas para telhados de habitações. As moradias foram construídas com paredes pesadas de basalto negro sobre o qual um telhado plano de madeira e sapé foi colocado.(Tiago R. Edwards, O Evangelho segundo Marcos, Pillar New Testament Commentary [Grand Rapids: Eerdmans, 2002], 59)

Ao entrar residência de Pedro, Jesus e seus discípulos teriam se encontrado em um grande pátio praça rodeada por edifícios. Claramente, Pedro era mais do que apenas um trabalhador não qualificado com uma vara de pesca. Significativamente, as investigações arqueológicas descobriram marcas devocionais sagrados escritos na pedra e riscados no gesso. As gravuras indicam que a casa de Pedro era um local de encontro mais cedo para os cristãos, e, provavelmente, uma igreja, que remonta ao final do século I ou início do segundo.
Como discípulos de Jesus, e como os moradores de Cafarnaum, que viviam perto da sinagoga, que teria sido natural para Pedro e André para convidar Jesus, junto com Tiago e João, para a sua casa para a refeição do meio-dia. Pedro também tinha uma motivação secundária. Como Marcos explica, "Agora a mãe-de-lei de Simão estava deitada com febre; e imediatamente eles falaram com Jesus sobre ela. "Lucas, o médico fornece o detalhe acrescentou que era uma febre alta (Lc 4:38), sugerindo que sua condição foi relacionada com uma infecção grave. Sua filha e filho-de-lei foram claramente em causa, tanto assim que, logo que Jesus entrou na casa, a família ", perguntou ele ajudá-la" (Lc 4:38). Tendo acabado de ver o Seu poder em exibição na sinagoga, e familiarizado com outros milagres que fazia (conforme Lc 4:23), que recorreu a ele para curá-la.

A febre foi o suficiente para que ela estava na cama alta, fraco demais para se levantar e cumprimentar os convidados que vieram para a casa dela. As exigências da vida cotidiana no primeiro século não pagar a maioria das pessoas o luxo de ficar na cama só porque não se sentia bem. Isso teria sido especialmente verdadeiro quando os convidados foram convidados. É provável que ela estava extremamente doente. Respondendo com compaixão, Jesus veio para ela enquanto ela estava deitada e levantou-a. A gravidade da sua doença era irrelevante para Jesus, que repreendeu a febre (Lc 4:39), e tomando-a pela mão, a febre a deixou . Naquela manhã, na sinagoga, Ele havia repreendeu o espírito imundo, e o demônio partiu. Se no reino espiritual ou física, sempre que Jesus emitiu uma repreensão, os efeitos foram imediatos.

No final do versículo 31, Marcos observa que após a mãe-de-lei de Pedro se levantou, ela esperou sobre eles. Ela estava completamente curada. Seus sintomas haviam desaparecido. Não houve período de recuperação. Um momento, ela tinha sido fraco demais para fazer qualquer coisa, mas se deitar. O seguinte, ela estava de pé, cheio de energia e pronto para ajudar a preparar o jantar de sábado. Era como se ela nunca tinha estado doente.

Os milagres de cura de Jesus, como este, estão em forte contraste com as alegadas curas de "curandeiros" contemporâneos e televangelistas carismáticos. O mundo sempre foi atormentado por falsos curandeiros que se aproveitam do sofrimento físico de pessoas desesperadas a fim de extorquir dinheiro deles. Apesar de suas reivindicações ousadas, curandeiros modernos são nada mais do que os burlões espirituais. Eles podem ter a capacidade de manipular multidões de pessoas suscetíveis, mas eles não têm o poder de curar realmente ninguém.

As curas de Jesus não poderia ser mais diferente do que as falsificações contemporâneas. Ao contrário de curandeiros, que supostamente curar doenças invisíveis, Jesus curou as pessoas com doenças orgânicas inegáveis ​​e deficiências físicas, tais como surdez, cegueira, hanseníase, e paralisia. Em certa ocasião, Jesus recolocado a orelha perdida, de tal forma que foi totalmente restaurado (Lucas 22:50-51). Ele fez a forma mais extrema de cura quando Ele levantou alguém dentre os mortos (Mc 5:42; Lucas 7:14-15; João 11:43-44).

Jesus também curou imediatamente e completamente. Aqueles que experimentaram Seu poder de cura não precisava de tempo para a recuperação ou recuperação. Mãe-de-lei de Pedro é um excelente exemplo do imediatismo de curas de Jesus. Ela não precisa esperar para se sentir melhor. O Senhor não instruí-la para levá-lo fácil para algumas semanas para que seu corpo se recuperar. Ela passou de definhando na cama para funcionar com força total.

Curandeiros modernos, para controlar a ilusão, cuidadosamente prescreen as pessoas que eles permitem ao palco. Mas Jesus curou indiscriminAdãoente. Ele curou todos que vieram a Ele, não importa a natureza da sua doença ou enfermidade. Na passagem paralela de Lc 4:40, Lucas explica que, "Enquanto o sol estava se pondo, todos aqueles que tiveram qualquer que estavam doentes com várias doenças lhos traziam; e impondo as mãos sobre cada um deles, curava-os. "Como Lucas aponta, Jesus pôs as mãos sobre" cada um deles ", curando todos os que vieram. As curas de Jesus não exigia a fé dos participantes, uma vez que a maioria das pessoas que Ele curou eram incrédulos. Embora alguns deles veio a fé, como resultado da cura, como um dos dez leprosos (Lucas 17:17-19), a maioria não o fez, como os outros nove.

Significativamente, Jesus fez os milagres de cura em plena vista do público, durante o curso normal de seu ministério diário enquanto se movia através de uma multidão de pessoas de um lugar para outro.Ele não necessitam de um ambiente altamente controlado, a fim de manipular as multidões e as circunstâncias. Ao contrário, Ele foi capaz de curar qualquer um, a qualquer momento, em qualquer lugar de qualquer doença. Não houve categorias de doença além de seu poder. Não é de surpreender, sempre que Ele realizou um milagre, palavra sobre Ele rapidamente se espalhou por toda a cidade ou região onde Ele estava ministrando. A cura da mãe-de-lei de Pedro não foi excepção. Ele desencadeou uma resposta em toda a cidade.
Marcos descreve o que aconteceu a seguir: Quando chegou a noite, depois que o sol se punha, eles começaram a trazer a Ele todos os que estavam doentes e aqueles que estavam possuídos pelo demônio . Depois de ouvir o que aconteceu, as pessoas imediatamente determinado a vir e ver Jesus. Eles tiveram que esperar até depois do sol se pôr , porque a lei judaica proibiu-os de exercer alguma coisa ou alguém no sábado. De acordo com o cômputo judaico de tempo, o dia terminou ao pôr do sol (por volta das 6:12 PM ), como o céu começou a escurecer e as primeiras estrelas se tornaram visíveis.Assim que o sol se punha, os moradores de Cafarnaum levado às pressas para o transporte de seus amigos e parentes doentes para Jesus. Na verdade, a multidão do lado de fora da casa de Pedro era tão grande que, como explica Marcos, toda a cidade se reuniram na porta.

Apesar do fluxo constante de pessoas carentes (o imperfeito do verbo traduzido começou a trazer indica que eles se divertir e vindo), Jesus com infinita compaixão impôs as mãos sobre cada um deles e os curava (Lc 4:40). A declaração de Marcos, que Ele curou muitos, não implica que havia alguns que não foram curados. Pelo contrário, ela fala com o fato de que Ele curou um grande número de pessoas nessa ocasião. Muitas pessoas doentes e que sofrem veio vê-lo, e dos muitos que vieram todos foram curados (conforme Mt 8:16).

Alguns estavam doentes com várias doenças e Jesus imediatamente lhes completamente todo. Outros foram possuído pelo demônio, por isso Jesus expulsou muitos demônios, e ele não estava permitindo que os demônios falassem, porque sabiam quem Ele era. Jesus proibiu os demônios de falar, porque, aparentemente, ele não queria afirmação de sua identidade a partir da agentes de Satanás.Seu testemunho a Ele só teria confundido a questão. Isto é semelhante à experiência de Paulo em Filipos, quando uma escrava possuído pelo demônio deu afirmando testemunho do apóstolo.

Aconteceu que, como estávamos indo para o lugar de oração, uma escrava que tinha um espírito de adivinhação nos encontrou, que estava trazendo seus senhores muito lucro por leitura da sorte. Seguindo a Paulo ea nós, ela não parava de chorar, dizendo: "Estes homens são servos do Deus Altíssimo, que estão anunciando-vos o caminho da salvação." Ela continuou fazendo isso por muitos dias. Mas Paulo estava muito irritado, e virou-se e disse ao espírito: "Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo para sair dela!" E ele saiu naquele momento. (Atos 16:16-18)

Paulo expulsou o demônio para parar o engano. Demons preferem ser disfarçado como anjos de luz (conforme 2Co 11:14). Nesta ocasião, em Cafarnaum, Jesus sabia que sua intenção de afirmar sua identidade e os silenciou. Nem o próprio diabo nem seus demônios podem tanto quanto falar uma palavra sem a permissão do Senhor soberano.

Presumivelmente, centenas de pessoas foram curadas nesta ocasião. No entanto, este foi apenas uma noite na vida de nosso Senhor. Jesus iria continuar a exibir este tipo de poder divino em todo o seu ministério de três anos. Na verdade, existem algumas noventa textos evangélicos que caracterizam as curas de Cristo. Durante o ministério de Jesus, houve uma explosão de cura sem paralelo, que praticamente banido da doença a partir de Israel. Nada como isso já ocorreu, em todos os séculos antes ministério terrestre de Jesus ou depois.

Curandeiros modernos podem afirmar que o tipo de curas que Jesus realizou sempre ocorreram ao longo da história e ainda estão acontecendo hoje. Nada poderia estar mais longe da verdade. Os milagres de Jesus foram as únicas e inegável, e as pessoas que os testemunharam respondeu em choque total. Como as multidões afirmou em Mc 2:12, depois que Jesus curou um paralítico: "Nós nunca vimos nada parecido com isso." Uma resposta similar é registrada em Mt 9:33, depois de Jesus entregou um homem mudo que estava possuído pelo demônio: " Nada como isso já foi visto em Israel "Ainda que Jesus delegou seu poder milagroso aos apóstolos, a fim de autenticar os seus ministérios (Mc 6:1; 2 Cor 0:12; Heb.. 2: 3-4), dons sobrenaturais de cura e de milagres faleceu quando era apostólica terminou.

Jesus realizou milagres, por não fornecer cuidados de saúde gratuitos, mas para afirmar o verdadeiro evangelho e para validar sua afirmação de ser o Rei messiânico, o Filho de Deus, e o Salvador do mundo (conforme Jo 10:38). Seus milagres sem qualquer dúvida razoável sobre a Sua autoridade sobre os demônios e doenças, tanto sobre a criação espiritual e física. Eles apresentou Seu poder para vencer o pecado e Satanás, e confirmou sua capacidade tanto para resgatar as almas do pecado, da morte e do inferno e para levantar corpos dos mortos para a vida eterna.

Em relato paralelo de Mateus, ele concluiu esses eventos, fazendo uma referência a Is 53:4; He 4:15.). Os escritores do evangelho repetidamente falam de compaixão de Jesus para aqueles que experimentaram seu toque de cura (Mt 9:36;. Mt 15:32; Mc 1:41; Lc 10:33). Ele suportou o peso do sofrimento humano por solidarizando com aqueles que experimentaram. Em segundo lugar, Ele se entristeceu com o poder destrutivo que faz com que o próprio sofrimento físico-pecado. Quando Jesus chorou no túmulo de Lázaro, não foi porque seu amigo tinha morrido, pois Ele sabia que Lázaro logo seria ressuscitado para a vida. Pelo contrário, foi devido à realidade do pecado, que traz sofrimento e morte para cada pessoa (Rm 5:12). Ele não podia testemunhar a dor da doença e da morte, sem, simultaneamente, sendo tristes com os efeitos da maldição.Terceiro, e mais importante, Jesus tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças por vencer o pecado tão completamente que, em última análise, toda a doença e sofrimento será eliminado. O Rei desde um prenúncio da natureza gloriosa do seu reino eterno, a partir do qual toda a tristeza e doença será banido para sempre.

A fim de redimir os homens e mulheres a partir dos efeitos devastadores do pecado, o próprio Jesus teria que sofrer e morrer. A doença, tristeza e morte não poderia ser permanentemente removidos até que o próprio pecado foi derrotado. Através de Sua morte, Jesus pagou a penalidade para o pecado, e por meio de Sua ressurreição, Ele venceu a morte. Assim, através da morte e ressurreição, o Senhor Jesus derrotou o pecado ea morte para todos os que depositam sua fé nEle.

Obra redentora de Cristo será finalmente cumprida para os crentes no futuro, quando recebem seus corpos ressurreição (conforme Rm 8:22-25; Rm 13:11.). Naquele dia glorioso, todos que confiaram em Cristo será dada corpos físicos que são sempre livres do pecado, da doença e da ameaça de morte. Apesar de que a esperança está ainda no futuro para aqueles deste lado da sepultura, Jesus provou que Ele é capaz de cumprir essa promessa por que Ele fez todo o Seu ministério.


O poder de sua Ação

No início da manhã, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou, saiu da casa, e foi para um lugar isolado, e ali orava. (01:35)

Dadas as enormes multidões que tinham se reunido em frente à casa de Pedro, logo após o por do sol, o ministério de Jesus aos doentes e enfermos deve ter durado bem na noite. Era provável meia-noite muito antes da última das pessoas havia deixado. Depois de um dia tão cansativo do ministério, Jesus precisava de mais do que uma mera refresco sono poderia proporcionar.
Então, no início da manhã, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou, saiu da casa, e foi para um lugar isolado, e ali orava. A prova da Sua pessoa havia sido demonstrado em seus milagres, mas o poder por trás de Sua ação foi a oração. Ele estava sujeito à vontade do Pai e que operam no poder do Espírito. Consequentemente, um momento de comunhão privada com Seu Pai era crítica. Antes de o sol até mesmo veio, Jesus levantou-se, o que sugere que ele estava dormindo, mesmo se tivesse sido apenas por algumas horas curtas-e Ele foi embora para um lugar isolado , a fim de desfrutar de comunhão com o Pai. A palavra traduzida lugar isolado ( erēmos ) é a mesma palavra traduzida como "deserto", anteriormente Marcos 1 (vv. 3, 4, 12, 13).

Os Evangelhos registram várias ocasiões, quando Jesus foi para um lugar isolado, a fim de orar (conforme Mt 14:23;. Mc 1:35, Lc 4:42; Jo 6:15). É claro que essas não eram as únicas vezes que ele orou.Todo o seu ministério foi marcado pela contínua comunicação com Seu Pai. Jesus rezou antes de Seu batismo (Lc 3:21), antes de chamar os Doze (Lucas 6:12-13), antes de alimentar a multidão (Jo 6:11), em sua transfiguração (Lucas 9:28-29), antes que Ele ressuscitou Lázaro (João 11:41-42), no cenáculo (Mateus 26:26-27.), no Getsêmani (Mateus. 26: 36-46)., e mesmo enquanto pendurado na cruz (Mt 27:46 ). A perfeita união que existia entre Jesus eo Pai está em destaque em João 17:1-26, onde uma oração prolongada de Cristo é gravado. Ele sempre rezou para que todas aquelas coisas que estavam na vontade de Deus seria realizado (conforme Mt 26:39, Mt 26:42), e Ele ensinou seus discípulos a fazer o mesmo (Mt 6:10).

Vida de oração de Jesus era mais do que apenas um modelo para os seus discípulos a seguir. Era uma parte essencial de sua obediência e submissão. Na encarnação, o Filho de Deus anular o uso independente de seus atributos divinos (conforme Fm 1:2). Pedro e seus companheiros (provavelmente incluindo André, Tiago e João) entrou para a caça e procurou por Ele . Quando o grupo de busca, eventualmente encontrados Ele, Pedro disse-lhe: "Todo mundo está olhando para você." Toda a população de Cafarnaum juntou a caçada para localizar Jesus (Lc 4:42). Mas, como as multidões que esperavam para um pequeno-almoço gratuito pela manhã, após Jesus alimentou os milhares (conforme João 6:24-26), e tantos outros (conforme Jo 2:24-25), essas multidões não tinha nada mais do que um auto-interesse superficial em Jesus.

Jesus tinha vindo para pregar as boas novas do Seu reino vindouro (conforme Mc 1:14-15). Seu objetivo final não era para livrar as pessoas de doenças temporais, mas para salvá-los do pecado e do juízo eterno.Necessidades físicas de reunião das pessoas era uma demonstração de compaixão e poder divino, mas Ele veio para redimir os pecadores. Com isso em vista, que era hora de ir e pregar o evangelho nas cidades e nas regiões vizinhas. Jesus respondeu a Pedro e os outros discípulos de uma forma que provavelmente os surpreendeu. . Em vez de capitalizar sua recente popularidade em Cafarnaum, Jesus decidiu deixar Ele lhes disse: "Deixem-nos ir para outro lugar para as cidades vizinhas, para que eu pregue ali também; por que é que eu vim. " Embora Ele compassivamente curou os doentes e alimentou os famintos, Jesus definiu a sua missão com estas palavras: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento" (Lc 5:32). Em outra ocasião, ele disse aos seus ouvintes de forma semelhante, "O Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido" (Lc 19:10 ESV). O Senhor procurou pecadores perdidos e chamou-os ao arrependimento através da pregação do evangelho.Como Marcos explicado anteriormente, "Jesus veio para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus e dizendo:" O tempo está cumprido, eo reino de Deus está próximo; se arrepender e crer no evangelho "(1: 14-15). Os milagres de Jesus validado Sua mensagem do evangelho, mas os próprios milagres não poderia salvar ninguém. A salvação veio apenas quando as pessoas com fé arrependido para a pregação do evangelho.

De acordo com essa prioridade, Jesus optou por não voltar a Cafarnaum naquele dia. Pelo contrário, Ele entrou em suas sinagogas por toda a Galiléia, pregando e expulsando os demônios (v. 39). Nesse único verso, Marcos resume semanas, se não meses de tempo que Jesus continuou fazendo exatamente o que Ele havia feito em Cafarnaum-pregando as boas novas e dominando os demônios. Desta forma, Jesus tanto validado Sua identidade como Rei messiânico, ao mesmo tempo, proclamando que a salvação só pode ser encontrada através da fé em seu nome (conforme At 4:12). Quando Ele ensinou ao longo das sinagogas da Galiléia, Sua ênfase era sobre a proclamação do evangelho. O apóstolo Paulo, mais tarde, articular a importância de tal pregação em 13 45:10-15'>Romanos 10:13-15:

Por "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." Como pois invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como poderão ouvir sem pregador?Como pregarão, se não forem enviados? Assim como está escrito: "Quão formosos são os pés dos que anunciam boas novas de coisas boas!"
Nesta seção (1: 29-39), Marcos sucintamente reúne três elementos centrais do ministério terrestre de Jesus. A prova de Sua realeza divina estava em seus milagres. O poder que sustentou seu ministério veio de sua vida de oração, como Ele submeteu ao Pai e dependia do Espírito. A prioridade de seu ministério era pregar o evangelho para os perdidos, para que por meio dele, tenham a vida eterna.

6. O Senhor eo leproso (Marcos 1:40-45)

E um leproso veio a Jesus, suplicando-Lhe e caindo de joelhos diante dele, e dizendo: "Se você estiver disposto, pode tornar-me limpo." Movido de compaixão, Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe "Estou disposto; será purificado. "Imediatamente a lepra o deixou e ficou limpo. E Ele severamente o avisou e imediatamente mandou-o embora, e Ele lhe disse: "Veja que você não dizer nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés ordenou, como um testemunho para eles. "Mas ele saiu e começou a proclamá-la livremente e para espalhar a notícia por aí, a tal ponto que Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade, mas ficou de fora das zonas pouco; e que eles estavam vindo a Ele de todo o lado. (1: 40-45)

Os Evangelhos não chegar perto de gravação de todos os milagres de cura que Jesus realizou. João sugere que um registro tão completo seria impossível. Como explicou no final do seu evangelho, "Há também muitas outras coisas que Jesus fez, que se fossem escritas em detalhe, penso que nem mesmo o próprio mundo não poderia conter os livros que seriam escritos" (Jo 21:25). A extensão do ministério de cura de Cristo é talvez melhor capturado nas palavras de Lc 6:19: "E todas as pessoas estavam tentando tocá-lo, para poder vinha dele e curando a todos eles "(grifo nosso). Em apenas que um dia, Jesus curou todos os que vieram a ele, o que significa que seus milagres de cura provavelmente chegaram a centenas ou mesmo milhares. Os escritores do evangelho fornecer apenas uma amostragem dos sinais sobrenaturais que Ele realizou.

Como observado nos capítulos anteriores deste volume, o propósito dos milagres de Jesus foi validar o fato de que Ele é verdadeiramente que Ele afirmava ser: o Rei messiânico, o Filho de Deus, e o Salvador do mundo. Cada milagre de andar sobre a água para expulsar demônios para curar a sua autoridade sobrenatural doente demonstrada, quer sobre a natureza, Satanás, doença ou pecado e da morte.Seus milagres autenticada da veracidade da sua afirmação e mensagem. A prioridade no seu ministério não estava realizando milagres, mas pregar o evangelho (Mc 1:38). Ele veio para chamar os pecadores ao arrependimento e à fé salvadora (1:15).

Como Jesus viajou de lugar para lugar pregando o evangelho do reino, Ele validado que a pregação por inúmeras demonstrações de poder divinos. O escopo de seu ministério milagroso foi tão extenso que Ele essencialmente banido doença e possessão demoníaca da terra de Israel durante os três anos e meio de Seu ministério público (ver Mateus 4:23-24; 8.: 16-17; Mt 9:35; Mt 14:14; Mt 15:30; Mt 19:2). Foi um desencadeamento maciço do poder divino, sem paralelo na história. Ele fez os líderes judeus tomar conhecimento.

Significativamente, embora os líderes nunca negou qualquer um dos seus milagres, eles não tentam mudar a fonte de seu poder de Deus para o diabo. Em vez de reconhecer que Ele estava operando por meio do poder do Espírito Santo, eles abertamente o acusou de ser habilitada por Satanás (Mt 12:24). Isso não era apenas uma acusação ridícula dada Seu caráter sem pecado perfeito e comportamento, mas uma irracional, já que Ele estava lançando continuamente os demônios de Satanás. Ele expôs sua cegueira razoável pelo único axioma em Mateus 12:25-26: "Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá. Se Satanás expulsa Satanás, está dividido contra si mesmo; Como, então, subsistirá o seu reino "Não havia nenhuma desculpa válida para recusar-se a acreditar Sua mensagem (conforme Jo 10:38; Jo 14:31)?. A rejeição dos fariseus e dos saduceus que não foi devido a falta de provas, mas apenas a sua própria dureza de coração pecaminoso. Com todos os milagres que eles rejeitaram, seus corações se tornaram mais calejado e eles foram ainda indiciados. No final, eles se recusaram a acreditar que, apesar de a prova esmagadora de Sua ressurreição.

Dada a extensão do ministério de cura de Jesus, é provável que Ele curou muitos leprosos (conforme Mt 11:1; Lc 7:22). No entanto, o detalhe do Novo Testamento Evangelhos apenas duas ocasiões específicas em que os leprosos foram milagrosamente restaurado por Jesus. Esta passagem relata um daqueles (Marcos 1:40-45; conforme Mt 8:1-4; Lucas 5:12-16.). Os outros envolvidos dez homens leprosos, os quais foram curados, mas apenas um deles voltou para agradecer (Lucas 17:12-19). Também os Evangelhos mencionam um homem chamado Simão, o leproso (Mt 26:6 deve ser visto como representante de outras ocasiões em que Jesus encontrou os leprosos e os curou de sua doença debilitante e alienante.

Mas o que torna esta conta tão significativa que três escritores do evangelho iria escolher para incluí-lo em seus registros da vida e ministério de Jesus? Parte da resposta a essa pergunta é encontrada no efeito que isso teve sobre a cura ministério público de Jesus. Sua popularidade disparou como resultado deste milagre particular, a fim de que Ele "já não podia entrar publicamente mais de uma cidade, mas ficou de fora das zonas pouco" (Mc 1:45; Lc 5:15). Mas há outra razão que esta conta é tão importante: ele serve como um poderoso analogia com a verdade da salvação, ilustrando a pecadores restauração espiritual experiência quando eles respondem com fé para o evangelho. Por um lado, o leproso era um pária que foi forçado a ficar em lugares isolados. Mas ele se aventurou na cidade, reuniu-se Jesus, e foi milagrosamente curado. Por outro lado, Jesus, que estava inicialmente na cidade, após a cura do leproso, mudou-se para os locais isolados. Para curar esse homem de sua lepra, o Senhor teve que trocar de lugar com ele. O Salvador estava disposto a tornar-se uma pessoa de fora para que um leproso intocável, o estranho final, poderia ser resgatado e restaurado. Aí é retratado a realidade dos lugares evangelho Jesus negociados com os pecadores, a fim de livrá-los do pecado. Na cruz, fora da cidade, Jesus foi tratado como um pária, de modo que aqueles que realmente foram desterrados pode ser reconciliado com Deus e aceitos como cidadãos de sua cidade celestial.

A passagem divide facilmente em três características principais: situação do leproso (v. 40), a disposição do Senhor (vv 41-44.), E situação do Senhor (v 45)..


Predicament do leproso

E um leproso veio a Jesus, suplicando-Lhe e caindo de joelhos diante dele, e dizendo: "Se você estiver disposto, você pode limpar-me." (1:40)

Marcos não dá detalhes sobre o homem que veio a Jesus, a não ser para explicar que ele era um leproso. Lucas acrescenta que ele estava "coberto de lepra" (Lc 5:12). Como tal, a sua condição teria sido óbvio para qualquer um que o viu, tornando-o um pária no antigo Israel. A palavra "lepra" é derivado da palavra grega lepros ("scale") e refere-se à aparência escamosa da pele de um leproso.

No antigo Oriente Próximo, qualquer número de doenças de pele poderia ter dado à pele uma aparência escamosa (de inflamações crônicas como eczema à infecções do couro cabeludo por fungos). A palavra hebraica tzaraath (geralmente traduzido como "lepra" no Antigo Testamento) é suficientemente ampla para abranger vários tipos de doenças de pele, alguns mais graves do que outros. Mas o tipo mais grave da lepra nos tempos bíblicos provável consistia em o que hoje é conhecida como doença de Hansen, uma infecção bacteriana devastador que desfigurada aparência de uma pessoa e debilitado seu sistema nervoso, muitas vezes levando à morte.

Historiadores médicos acreditam que a doença de Hansen pode ter se originado no Egito, uma vez que a bactéria que causa foi descoberto em pelo menos uma múmia egípcia. Uma das doenças mais temidas no mundo antigo, era uma infecção contagiosa que pode ser transmitida tanto pelo ar e através do toque físico. Até hoje, não há cura para a doença, embora possa ser controlada com medicação. Os sintomas incluíam esponjosos, tumoral inchaços que apareceram no rosto e no corpo. Como as bactérias se tornou sistêmica, que começou a afetar órgãos internos e ao mesmo tempo fazendo com que os ossos começam a deteriorar. Ele também enfraquecido o sistema imunológico da vítima, fazendo com que os leprosos suscetíveis a outras doenças, como a tuberculose.

O Senhor deu instruções específicas e regulamentações rigorosas em matéria de hanseníase, a fim de proteger o seu povo escolhido (conforme Lev. 13). Qualquer pessoa suspeita de ter a doença teve de ser examinado por um padre. Se a condição parecia ser mais do que um problema de pele superficial, a pessoa foi colocado em quarentena por sete dias. Se os sintomas pioraram, mais uma semana de isolamento foi necessária. Após 14 dias, o sacerdote pronuncia a pessoa a ser limpo ou imundo-dependendo se ou não, a erupção tinha continuou a se espalhar. Em alguns casos, os sintomas eram tão óbvio que um tempo de espera não era necessária, e que a pessoa seria declarado impuro. 13 12:3-13:17'>Levítico 13:12-17 descreve também uma forma menos grave de hanseníase que causou toda a pele a ficar branco. Nesses casos, a pessoa foi declarada limpa depois que ele ou ela já não era contagiante. Esta forma menor de hanseníase provavelmente consistia de psoríase, eczema, vitiligo, hanseníase tuberculóide, ou, possivelmente, uma condição conhecida agora como leukodermia. Mas quando uma pessoa foi diagnosticada com a forma grave da lepra (ou seja, a doença de Hansen), as ramificações foram imediatos e grave.

De acordo com 13 45:3-13:46'>Levítico 13:45-46, os leprosos teve que isolar-se da sociedade:

Quanto ao leproso que tem a infecção, as roupas devem ser rasgadas, e os cabelos de sua cabeça será descoberta, e ele cobrirá o seu bigode e grito: "Imundo! Impuro "Ele permanecerá imundo todos os dias, durante o qual ele tem a infecção!; é imundo. Ele deve viver sozinho; a sua habitação será fora do acampamento.

A fim de evitar infectar outras pessoas, os leprosos foram colocados em quarentena, legalmente proibidos de viver em qualquer município israelita (conforme Nu 5:2 diz que "ele caiu em seu rosto." Ele encostou-se em humilde adoração diante de Jesus. Reconhecendo sua própria indignidade, o leproso chamado Jesus "Senhor" (Lc 5:12), e confiou a prerrogativa soberana do Salvador e poder conhecido, dizendo: "Se você estiver disposto, você pode limpar-me."

O leproso viu-se não só como ser desprezado pelos homens, mas também amaldiçoado por Deus (conforme 2 Cr 26: 17-21.). Porque a teologia comum disse doença física foi uma consequência do pecado, este leproso certamente se considerava um pecador. E assim, em desespero, ele veio a Jesus para pedir a libertação. Ele sabia que não poderia presumir sobre Jesus 'misericórdia, por isso o prefácio, "se você estiver disposto." No entanto, o seu pedido também exalava fé corajosa com base no que ele sabia que Jesus tinha feito. Ele não tinha nenhuma dúvida sobre o poder de Jesus, para que ele afirmava, "Você pode limpar-me."

Só podemos imaginar a reação do povo enquanto eles observavam a cena dramática se desdobrar. Horror misturada com indignação deve ter varreu a multidão de curiosos. Alguns provavelmente encolheu com medo assustado, cobrindo suas bocas como eles rapidamente recuou. Talvez outros olhou em torno de pedras e paus para afastar o proscrito indesejada. Outros certamente ficou olhando em silêncio atordoado, sem saber como o próprio Jesus iria responder.


Provisão do Senhor

Movido de compaixão, Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: "Eu estou disposto; será purificado. "Imediatamente a lepra o deixou e ficou limpo. E Ele severamente o avisou e imediatamente mandou-o embora, e Ele lhe disse: "Veja que você não dizer nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés ordenou, como um testemunho para eles "(1: 41-44).

Do ponto de vista de judaísmo do primeiro século, Jesus tinha todo o direito de ser indignados com o comportamento do leproso. O homem tinha violado a saúde pública, as normas sociais, e até mesmo as estipulações da lei mosaica. Mas o Senhor não cresceu com raiva. Em vez disso, Ele foi movido de compaixão. Ele simpatizava com a situação do homem, sentiu a agonia de seu isolamento e angústia, e aflito com os efeitos do pecado neste mundo (conforme Jo 11:34). Motivado pela compaixão genuína, Jesus estendeu a mão, tocou-o. Desde que esse homem tinha sido diagnosticado com hanseníase, ninguém havia tocado. No entanto, aqui, em um momento de total vulnerabilidade, enquanto ele estava deitado no pó implorando por libertação, o próprio Filho de Deus estendeu a mão, curou-o com um toque.

Em Lv 5:3; Mc 7:36; Mc 8:26), a fim de evitar a adição de mais combustível para o fogo da histeria messiânica que já havia sido provocada por seus milagres de cura (conforme Jo 6:14-15).

Em segundo lugar, Jesus enviou imediatamente lo embora, dizendo-lhe para "Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés ordenou, como um testemunho para eles."Antes de retomar o seu lugar na sociedade, este homem necessário para cumprir os requisitos do a lei mosaica sobre doenças contagiosas da pele, conforme descrito em Levítico 14. A prescrição necessárias, tendo dois pássaros e matando um deles em um vaso de barro sobre águas vivas. O outro pássaro, juntamente com madeira de cedro, um fio de escarlate, e hissopo, foi então mergulhado no sangue da ave que tinha sido morto. O ex-leproso era aspergido sete vezes e declarado limpo pelo sacerdote, e a ave viva foi posto em liberdade em um campo aberto. A pessoa foi posteriormente obrigado a lavar suas roupas, raspar todo o cabelo (incluindo as sobrancelhas), e se banhará em água. Depois de permanecer fora da sua tenda por sete dias, ele iria trazer ofertas adequadas ao sacerdote no oitavo dia. Então, ao oferecer os sacrifícios necessários, ele seria ungido com óleo pelo sacerdote, o que significa que ele estava limpo.

Declaração final de Jesus, que este seria um testemunho para eles, foi principalmente dirigida aos sacerdotes que serviam no templo. Quaisquer padres envolvidos em pronunciar este antigo leproso limpo teria sido confrontado com a realidade do poder de cura inegável de Cristo. Enquanto eles podem ter visto algumas doenças de pele remediar-se, e assim por ter sido familiarizado com tal ritual exigido, esta demonstração de poder de cura milagrosa de Jesus seria chocante para os sacerdotes. Assim, essa cura na Galiléia serviria como um poderoso testemunho em Jerusalém. As palavras de Jesus também serviu como um testemunho para todos os espectadores que ele não menosprezar requisitos do Antigo Testamento. Enquanto Ele detestava a hipocrisia farisaica de tradição carregada de religião, Jesus sempre defendeu o Antigo Testamento.


Predicament do Senhor

Mas ele saiu e começou a proclamá-la livremente e para espalhar a notícia por aí, a tal ponto que Jesus já não podia entrar publicamente mais de uma cidade, mas ficou de fora das zonas pouco; e que eles estavam vindo a Ele de todo o lado. (01:45)

Embora a instrução do Senhor tinha sido clara e inequívoca, o ex-leproso mostrou desobediente. Apesar de ter demonstrado humildade e submissão a Cristo em fazer o seu pedido de cura, em sua excitação eufórica ele saiu e começou a proclamá-la livremente e para espalhar a notícia ao redor. Era exatamente o oposto do que Jesus lhe havia ordenado que fazer.

Antes de ser curado, o leproso era um estranho forçados a viver em lugares isolados longe dos centros populacionais de Israel. Agora, por meio de sua desobediência, o ex-pária colocar Aquele que o curou em uma situação um pouco semelhante. Pelo seu testemunho público do que tinha acontecido com ele, o homem curado adicionado ao frenesi multidão ao redor de Jesus , de tal forma que Jesus já não podia entrar publicamente mais de uma cidade, mas ficou de fora das zonas pouco.

O historiador judeu do primeiro século Josephus relatou que havia cerca de 240 cidades e aldeias da Galiléia. Jesus queria ir a todos eles, a fim de pregar o evangelho (Marcos 1:38-39). A resposta cada vez mais esmagadora das pessoas tornaram isso impossível. As multidões que se amontoaram tornou-se tão grande e exigindo que Jesus não podia entrar publicamente numa cidade.

Conseqüentemente, o Senhor começou a ministrar em áreas isoladas, seja no deserto ou pela costa do Mar da Galiléia. Sempre que ele se aventurou de volta para lugares como Cafarnaum, as multidões de britagem estavam esperando (Mc 2:2). A multidão ficou animado com a sua cura e Seus milagres, mas eles foram em grande parte não tem interesse na mensagem do evangelho (conforme Jo 6:66) —a realidade que acabaria por culminar em sua crucificação, como eles se voltaram contra ele em uma forma mortal apesar de seus milagres.

Mesmo quando Jesus ficou longe das cidades e aldeias da Galiléia, o povo não ficar longe dele. Na verdade, eles estavam vindo a Ele de todo o lado. Embora Ele permaneceu no deserto, as multidões exigindo O procuraram e seguiram-onde quer que fosse. Como Marcos registra mais tarde, em seu evangelho, "Jesus retirou-se para o mar com os seus discípulos; e uma grande multidão da Galiléia o seguiu; e também da Judeia, de Jerusalém, e da Iduméia, e de além do Jordão, e arredores de Tiro e Sidon, um grande número de pessoas ouviu falar de tudo o que ele estava fazendo e veio a Ele "(Mc 3:7-8 ).

Antes de deixar esta passagem, é importante considerar a justaposição de Jesus e o homem a quem Ele curou. O leproso começou no deserto, em isolamento. Depois de se encontrar Jesus, ele foi capaz de se misturar livremente na cidade. Por outro lado, Jesus começou na cidade. Após o encontro, o leproso, ele foi isolado para o deserto. Nesse sentido, Jesus tomou o lugar do leproso. Como disse um comentarista explica:

Marcos começou esta história com Jesus no interior e o leproso do lado de fora. No final da história, Jesus está "fora em lugares desertos." Jesus eo leproso trocaram de lugar. No início de seu ministério, Jesus já é um estranho na sociedade humana. Marcos lança-lo no papel do Servo do Senhor, que carrega as iniqüidades dos outros (Is 53:11), e cujo rolamento deles faz com que ele ser "contado com os transgressores" (Is 53:12). (Tiago R. Edwards, O Evangelho segundo Marcos, Pillar New Testament Commentary [Grand Rapids: Eerdmans, 2002], 72)

A conta do leproso, portanto, fornece uma metáfora maravilhosa para o que Jesus fez na cruz. Como pecadores, crentes eram leprosos espirituais, uma vez que viviam em alienação e isolamento de Deus.Deus providenciou um caminho de salvação através de Seu Filho, Jesus Cristo. A fim de conseguir que o plano da redenção, o Filho deixou a presença de Deus e entrou em isolamento. Na cruz, Jesus foi abandonado. Ele foi rejeitado por homens e até mesmo abandonado pelo Pai (Mt 27:46). No entanto, porque Ele foi tratado como um pária, os crentes foram aceites e congratulou-se na presença de Deus.

Foi por conta da desobediência da humanidade que Ele sofreu. No entanto, para aqueles que vêm a Ele com fé humilde, reconhecendo a sua própria indignidade e pedindo misericórdia, Ele oferece a limpeza completa. Para o leproso espiritual que grita de fé ", se você estiver disposto, pode tornar-me limpo" (Mc 1:40) Resposta compassivo do Senhor é sempre o mesmo:. "Estou disposto, será purificado" (v 41 ).


Barclay

O NOVO TESTAMENTO Comentado por William Barclay, pastor da Igreja da Escócia
Barclay - Comentários de Marcos Capítulo 1 do versículo 1 até o 45

O Evangelho essencial

Não seria injusto falar de Marcos como "o Evangelho essencial". Devemos estudar com tenro cuidado o Evangelho mais antigo que possuímos, o Evangelho onde voltamos a ouvir a pregação do próprio apóstolo Pedro em pessoa.

Marcos 1

O começo da história — Mar. 1:1-4 O arauto do Rei — Mar. 1:5-8 O dia da decisão — Mar. 1:9-11 O tempo da prova — Mar. 1:12-13 A mensagem das boas novas — Mar. 1: 14-15 Jesus escolhe os seus amigos — Mar. 1:16-20

N. do T.: Na versão Almeida assim como em outras versões em línguas modernos, estas discrepâncias dos tempos verbais são uniformemente mudadas ao passado, que modifica este detalhe do estilo de Marcos.

Jesus começa sua campanha — Mar. 1:21-22 A primeIra vitória sobre os poderes do mal — Mar. 1:23-28 Um milagre em particular — Mar. 1:29-31 Começam as multidões — Mar. 1:32-34 A hora de paz e o desafio da ação — Mar. 1:35-39 O leproso é curado — Mar. 1:40-45

O COMEÇO DA HISTÓRIA

Marcos 1:1-4

Marcos começa a história de Jesus desde muito atrás. A história de Jesus não começa com seu nascimento na Terra; nem sequer começa com a aparição no deserto de João Batista; começou com os sonhos dos profetas, muito, muitíssimo tempo atrás; isto equivale a dizer que começou faz muito, muito tempo, na mente de Deus. Os estóicos acreditavam firmemente no ordenado intuito divino das coisas.
"As coisas de Deus", disse Marco Aurélio, "estão cheias de previsão. Todas as coisas fluem do céu". Há muito que podemos aprender aqui.

  1. Tem-se dito que "os pensamentos da juventude são pensamentos longos, muito compridos" e que assim também são os pensamentos de Deus. Deus é um Deus que realiza seus propósitos. A história não é um caleidoscópio de acontecimentos desconectados, presididos pelo azar; é um processo dirigido por um Deus capaz de ver o fim no princípio.
  2. Nós estamos inundados nesse processo, e por nossa posição podemos colaborar com Ele ou entorpecê-lo. Em um sentido é uma honra tão grande contribuir a um processo de magnitude transcendente como é um privilégio ver a meta final desse processo. A vida séria muito diferente se em lugar de suspirar por uma meta distante e inalcançável pelo. momento fizéssemos tudo o que está a nosso alcance para que essa meta esteja dia a dia um pouquinho mais perto de nós. Nunca se chegará a uma meta se faltar quem trabalhe para torná-lo possível. Como dissesse um poeta, não haveria árvores frondosas que nos cobrissem sob sua sombra, se alguém não as tivesse plantado, para que nós continuássemos regando-as.

A entrevista profética que Marcos utiliza é sugestiva.

Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho. Esta passagem é de Ml 3:1. Em seu contexto original é uma ameaça. Nos dias do Malaquias os sacerdotes tinham descuidado seu ministério. As oferendas sacrificiais eram animais defeituosos e de segunda qualidade; o serviço do templo era desempenhado sem entusiasmo. O mensageiro viria para limpar e purificar a adoração do Templo, antes que o Ungido de Deus aparecesse sobre a Terra. Logo, a vinda de Cristo é uma purificação da vida. E o mundo necessitava essa purificação. Sêneca chamou Roma "um poço cego de iniqüidade". Juvenal se referiu a esta cidade como "o sujo esgoto na qual confluíam as correntes de águas servidas de toda . Síria e Acaia". Em qualquer lugar chega o cristianismo, traz a purificação.

Este é um fato que pode ser demonstrado. Bruce Barton relata que o primeiro trabalho que se lhe encarregou como jornalista foi uma série de artigos para denunciar ao evangelista Billy Sunday. Escolheram-se três cidades. "Falei com os comerciantes destas cidades", diz Barton, "e estes me disseram que durante as reuniões e depois de terminadas estas, muitos se tinham aproximado de seus mostradores para pagar dívidas tão antigas que desde muito tempo tinham sido "apagadas dos livros." Foi visitar presidente da câmara de comércio de uma cidade que Billy Sunday tinha visitado três anos antes. "Não sou membro de nenhuma igreja", disse-lhe. "Nunca vou ao culto ou à missa, mas posso lhe dizer uma coisa. Se se propor agora trazer Billy Sunday a esta cidade, e se soubéssemos por antecipado tanto como sabemos agora dos resultados de sua missão, e se as Igrejas não pudessem reunir os recursos necessários para trazê-lo, eu poderia conseguir todo o dinheiro necessário em meio-dia somente entre homens que jamais pisam em uma igreja. Billy Sunday levou desta cidade onze mil dólares. Mas um circo leva a mesma soma em um dia, e não deixa nada. Sunday deixou uma atmosfera moral diferente."
A denúncia que Barton se propôs escrever se converteu assim em um tributo ao poder transformador do evangelho. Quando Billy Graham pregou em Shreveport, Louisiana, as vendas de álcool diminuíram em quarenta por cento, e as vendas de Bíblias aumentaram em trezentos por cento. Durante uma missão em Seattle, entre os resultados imediatos que se obtiveram, diz-se de uma maneira muito singela: "Vários julgamentos de divórcio que estavam pendentes foram cancelados." Em Greensboro, Carolina do Norte, o relatório afirma: "Toda a estrutura social da cidade foi afetada."
Uma das maiores histórias sobre o que pode fazer o cristianismo a encontramos no fato real do motim da tripulação do Bounty. Os amotinados foram desembarcados na ilha Pitcairn. Havia nove amotinados, seis nativos, dez mulheres nativas e uma moça de quinze anos de idade. Um dos homens conseguiu fabricar uma espécie muito primitiva de álcool. A situação que resultou deste fato foi terrível. Morreram todos, exceto Alexander Smith. Smith encontrou uma Bíblia. Leu-a e se propôs fundar um Estado, com os nativos da ilha, apoiado exclusivamente nos ensinos da Bíblia; todos fariam o que a Bíblia dizia que devia fazer-se. Passaram vinte anos antes que um navio americano infiltrasse na ilha. Encontraram uma comunidade completamente cristã. Não havia cárcere, porque não se cometiam crimes. Não havia hospital, porque ninguém adoecia. Não havia manicômio, porque ninguém ficava louco. Não havia analfabetos; em nenhum lugar do mundo a vida humana e a propriedade privada eram tão invioláveis e seguras como ali. O cristianismo tinha limpado aquela sociedade. Ao vir Cristo, o antídoto da fé cristã limpa o veneno moral que infecta a sociedade e a deixa pura e sã.
João veio anunciando o batismo de arrependimento. O judeu conhecia muito bem os lavamentos rituais. Levítico 11:15 os descreve em detalhe. "O judeu", diz Tertuliano, "lava-se todos os dias, porque todos os dias contrai impureza." As bacias de bronze e a purificação simbólicas estavam entretecidas na trama mais íntima do ritual judeu. Um gentil era necessariamente impuro, porque nunca tinha obedecido as leis judias. portanto, quando um gentio se convertia em partidário, quer dizer, quando se convertia ao judaísmo, devia cumprir com três coisas.

Em primeiro lugar, devia circuncidar-se, porque esse era o sinal do povo da aliança; em segundo lugar devia oferecer um sacrifício por ele, porque, como pagão, necessitava expiação, e somente o sangue derramado podia expiar o pecado; em terceiro lugar, devia batizar-se, ação que simbolizava a purificação de toda a impureza de sua vida anterior. Era natural, portanto, que o batismo não fosse uma simples aspersão com água, e sim ser um verdadeiro banho, no que se lavava todo o corpo. O judeu conhecia o batismo; mas o mais surpreendente do batismo de João era que ele, um judeu, pedia aos judeus que se submetessem a esse ritual que somente era obrigatório para os gentios. João fazia a tremendo descoberta de que ser judeu no sentido racial não significava necessariamente pertencer ao povo escolhido de Deus; o judeu podia estar exatamente na mesma posição que o gentio; não era a vida judia, a não ser a vida purificada a que pertencia a Deus.

O batismo ia acompanhado pela confissão. Em todo ato de volta a Deus devia haver confissão ante três pessoas diferentes.

  1. Alguém deve confessar-se a si mesmo. Forma parte da natureza humana que fechemos os olhos ao que não queremos ver, e sobretudo, por essa mesma razão, fechamos os olhos a nossos pecados. Alguém conta o primeiro passo de um homem para a graça. Uma manhã, ao barbear-se, olhando-se ao espelho, repentinamente exclamou: "Rato imundo!" E desde esse dia começou a ser um homem diferente. Sem dúvida quando o filho pródigo abandonou seu lar se imaginou que era um personagem aventureiro e ousado. antes de dar o primeiro passo de volta ao lar, teve que olhar-se a si mesmo atentamente e dizer-se: “Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lucas 15:17-18). Não há ninguém no mundo que nos resulte tão difícil enfrentar como nós mesmos. E o primeiro passo para o arrependimento e para uma correta relação com Deus é admitir nosso pecado ante nossa própria consciência.
  2. Deve-se confessar a todos aqueles a quem se ofendeu. Não valeria de muito dizer a Deus que lamentamos nosso passado, a menos que também vamos com as mesmas palavras a todos aqueles a quem tenho causar pena, ofendido ou machucado. É necessário eliminar as barreiras humanas antes de que caiam as barreiras que nos separam de Deus. No reavivamento da Igreja do Este Africano a confissão de pecados foi uma das características mais típicas. Um marido e sua esposa eram membros do mesmo grupo. Um deles veio à reunião e no momento da confissão disse que tinham tido uma briga em casa. O ministro nativo disse imediatamente: "Não deveria ter vindo a confessar esta briga agora; primeiro deveria ter arrumado o problema e depois, sim, podia confessá— la." Pode, com muita freqüência, ocorrer que seja muito mais fácil confessar um pecado a Deus que confessá-lo aos homens. Mas não pode haver perdão sem humilhação.
  3. Deve confessar-se diante de Deus. O fim do orgulho é o princípio do perdão. Quando alguém diz: "pequei", é quando Deus tem a oportunidade de dizer: "Eu te perdôo." O homem que quer encontrar-se ante Deus em igualdade de condições não descobrirá o arrependimento, a não ser aquele que em humilde contrição e murmurando envergonhado diz: "Deus, tenha misericórdia por mim, pecador."

O ARAUTO DO REI

Marcos 1:5-8

É evidente que o ministério de João foi poderosamente efetivo, porque as multidões iam a escutá-lo e a submeter-se a seu batismo. por que João conseguiu produzir tal impacto em sua nação?

  1. João era um homem que vivia sua mensagem. Não somente suas palavras, e sim ser toda sua vida era um protesto. Três coisas nele marcavam a realidade de seu protesto contra o mundo de sua época.
  2. O lugar onde vivia. Vivia no deserto. Entre o centro da Judéia e o Mar Morto se estende um dos desertos mais terríveis do mundo. É um deserto de pedra calcária; ali parece que a casca terrestre tivesse sido retorcida e deformada. A reverberação do calor o envolve como em uma névoa luminosa; a pedra calcária se esquenta e ao pisá-la ressona como se fora oca e por debaixo de nossos pés se estendesse um imenso forno. Chega até muito perto do Mar Morto, onde começa a descender até seu nível em uma sucessão de pavorosos e inescapáveis precipícios. No Antigo Testamento várias vezes é chamado Jesimom, que significa a devastação. João não vivia na cidade. Era um homem do deserto, de suas solidões e desolações. Evidentemente era um homem que se deu uma oportunidade para escutar a voz de Deus.
  3. Os roupas que levava. Vestia uma túnica tecida com cabelo de camelo e um cinturão de couro lhe rodeava a cintura. Elias tinha usado a mesma roupa (2Rs 1:8). Olhá-lo era recordar, não aos oradores de moda da época, a não ser aos antigos profetas que viviam na maior simplicidade e evitavam os luxos efeminados e brandos que matam a alma.
  4. A comida com que se alimentava. Sua dieta consistia em lagostas e mel silvestre. Ambas as palavras se emprestam a duas interpretações diversas. As lagostas podem ser os insetos deste —nome, porque a Lei permitia que os comesse (Levítico 11:22-23); mas também podem ser um tipo de feijão ou grão-de-bico ou noz, o carob, que era o alimento dos mais pobres entre os pobres. O mel pode ser um mel silvestre que as abelhas selvagens faziam no interior de árvores cavadas; ou pode ser uma seiva doce que emanava da casca de certas árvores. Não importa muito qual seja o significado exato dessas palavras. Significam, de todos os modos, que a dieta do João era uma das mais simples. Este era João. Assim se mostrava às pessoas. A gente tinha que escutar a um homem assim. Diz-se de Carlyle que "pregava o evangelho do silêncio em vinte volumes". Há muitos que pregam uma mensagem que eles mesmos negam. mais de um dono de uma avultada conta bancária, pregou contra a acumulação de tesouros na Terra; e mais de um elogiou as bênçãos da pobreza vivendo em uma casa cheia de comodidades. Mas no caso de João, o homem mesmo era a mensagem, e por isso a multidão o escutava.
  5. Sua mensagem era efetivo porque lhe dizia às pessoas o que eles, no íntimo do coração, já sabiam; trazia-lhes algo que eles, no mais profundo de suas almas, estavam esperando.
  6. Os judeus tinham um dito segundo o qual "se todos os judeus observassem perfeitamente a Lei durante um só dia, viria o Reino de Deus". Quando João chamava os homens ao arrependimento, estava confrontando-os com uma escolha e uma decisão que no intimo de seus corações sabiam que deviam fazer. Muito tempo antes, Platão havia dito que a educação não consistia em dizer às pessoas coisas novas, e sim em extrair de suas memórias as coisas que já sabiam. Nenhuma mensagem é tão efetiva como a que consegue falar diretamente com a consciência do ouvinte, e esta mensagem se volta irresistível quando provém de um homem que a olhos vista tem todo o direito de falar.
  7. O povo de Israel sábia que durante trezentos anos a voz da profecia tinha estado calada. Estavam esperando uma palavra autêntica que viesse de Deus. E em João a escutaram. Em todas as esferas da vida é fácil reconhecer o perito. Um famoso violinista nos contou que quando Toscanini subia ao pódio de onde se dirige a orquestra, todos sentiam imediatamente que os envolvia a autoridade desse homem. Imediatamente reconhecemos ao médico que sabe curar. Percebemos quando um orador conhece seu tema. João tinha vindo de Deus, e escutá— lo falar era dar-se conta disso.
  8. Sua mensagem era efetiva porque João era totalmente humilde. Seu próprio veredicto sobre sua pessoa era que nem sequer era digno de cumprir o dever de um escravo. As sandálias daquela época eram simples reveste que se asseguravam mediante cordões que passavam por entre os dedos do pé. Então os caminhos não eram as modernas rotas pavimentadas. Durante as temporadas de seca eram colchões de pó; quando tinha chovido se convertiam em rios de barro.

Tirar as sandálias do caminhante era o trabalho que correspondia ao escravo. João não reclamava nada para si, mas sim pedia tudo para Cristo a quem proclamava. A evidente humildade deste homem, a maneira como soube colocar-se em um segundo plano, sua completa identificação com sua mensagem, impulsionavam às pessoas a escutá-lo.

  1. Outro modo de expressar o mesmo é dizendo que a mensagem de João era escutado porque assinalava para algo e alguém que não era ele mesmo. Dizia aos homens que seu batismo os lavava com água, mas o que viria os lavaria com o Espírito Santo; e embora a água podia lavar o corpo, o Espírito Santo podia limpar a vida e o coração. O Dr. G. J. Jeffrey, um famoso pregador, usa muito freqüentemente um exemplo favorito. Quando fazemos uma chamada telefônica de longa distância e demora, o operador nos dirá: "Estou tentando conectá-lo." Quando se conseguiu a conexão, entretanto, o operador desaparece, e nos deixa em contato direto com a pessoa com quem queríamos falar.

O propósito de João não era ocupar ele mesmo o centro do cenário, a não ser conectar aos homens com o que era mais forte e grande que ele; e os homens o escutavam, porque não se destacava a si mesmo, a não ser Aquele que todos necessitamos.

O DIA DA DECISÃO

Marcos 1:9-11

Para qualquer que o pense, o batismo de Jesus apresenta um problema. O batismo do João era um batismo de arrependimento. Estava dirigido a quem lamentava seus pecados e queriam expressar sua determinação de deixá-los atrás definitivamente. O que poderia tal batismo que ver com Jesus? Não era Ele imaculado, e não era o batismo de João desnecessário e inadequado para Ele? Para Jesus o batismo significou quatro coisas.

  1. Para Ele foi o momento da decisão. Durante trinta anos se ficou no Nazaré. Tinha completo com seu trabalho e tinha atendido às necessidades de seu lar com fidelidade. Durante muito tempo deve ter sido consciente de que tinha que lhe chegar o momento de sair. Deve ter esperado um sinal. O sinal foi a aparição de João. Viu que esse era o momento em que dobra lançar sua própria missão. Em toda vida há momentos de decisão, que podem aceitar-se ou rechaçar-se. Aceitá-los é triunfar na vida; rechaçá-los ou evitá-los é fracassar. A todo ser humano chega um momento decisivo que não volta a repetir-se.

A vida desperdiçada, a vida frustrada, a vida cheia de descontente, e muito freqüentemente a vida trágica é a vida carente de decisão.
Uma vida sem rumo fixo nunca pode ser uma vida feliz. Quando apareceu João, Jesus soube que lhe fala chegado o momento da decisão. Nazaré era pacifica, e seu lar era doce. Mas ele respondeu ao chamado e ao desafio de Deus.

  1. Foi para Ele o momento da identificação. É muito certo que Jesus não precisava arrepender-se de pecados que tinha cometido; mas aqui havia um movimento popular de retorno a Deus; e Jesus estava decidido a identificar-se com esse movimento que se orientava para Deus. A gente pode ter comodidades, riqueza e segurança, mas se virmos que surge um movimento que trará coisas melhores aos pobres e os aos que carecem de moradia decente e aos que demais da conta e aos mal pagos, não há rapasse que não nos identifiquemos com ele. A verdadeira e identificação é aquela do que se soma a um macaco para seu próprio proveito a não ser para o bem deles.

No sonho de João Bunyan, Cristão chega junto com o Intérprete a um palácio cuja entrada estava muito vigiada e atravessá-la era necessário liberar um combate. Na porta um homem com um tinteiro, que anotava os nomes dos que estavam dispostos a entrar no combate. Todos retrocediam, até que Cristão viu um homem "de aspecto muito robusto chegar-se ao homem sentado ali para escrever, lhe dizendo: "você anote meu nome, senhor." Quando há desejos de lutar em favor dos homens, o cristão é o que dirá: "Anote meu nome, senhor", porque isso mesmo é o que Jesus fez quando foi para ser batizado.

  1. Foi para Ele o momento da aprovação. Ninguém abandona seu lar e se lança a percorrer caminhos ignotos. Deve estar muito seguro de que tem razão. Jesus tinha decidido qual séria seu curso de ação, e agora procurava o selo de aprovação divino. Na época de Jesus os judeus falavam do que chamavam a Bath Qol, que significa "a filha de uma voz". Naquela época tinham chegado a acreditar em toda uma série de céus, no mais alto dos quais morava Deus, em luz inacessível. Havia momentos excepcionais em que os céus se abriam e Deus falava; mas para eles Deus era um ser tão remoto que o único que se escutava era o eco de sua voz. A voz de Deus chegou a Jesus de maneira direta. Tal como assinala Marcos, esta foi uma experiência pessoal de Jesus, e não uma proclamação pública que tivesse podido servir como prova à multidão. A voz do céu não disse: "Este é meu filho amado", tal como o recorda Mateus (Mt 3:17), e sim: "Tu és meu filho amado", dirigindo-se diretamente a Jesus. No batismo Jesus submeteu a Deus sua decisão e essa decisão foi inequivocamente passada.
  2. Foi para Jesus o momento de sua capacitação. Nesse momento descendeu sobre O Espírito Santo. Aqui temos um certo simbolismo. O Espírito descendeu como tivesse descendido uma pomba. O símbolo não foi escolhido por acaso. A pomba é símbolo da mansidão e a suavidade.

Tanto Mateus como Lucas nos falam da pregação de João (Mat. 3:7-12; Luc. 3:7-13). A mensagem do João era a mensagem da tocha que está posta à raiz da árvore, lista para iniciar seu corte, era a mensagem da separação entre o grão e a palha, a mensagem do fogo consumidor. Era uma mensagem de condenação e não uma boa nova. Mas desde o começo mesmo do ministério de Jesus a imagem da pomba é uma imagem de mansidão e suavidade. Conquistará, mas sua conquista será a conquista do amor.

O TEMPO DA PROVA

Marcos 1:12-13

Tão logo passou a glória da hora do batismo, sobreveio a batalha das tentações. Há algo que se sobressai, aqui, com tanta nitidez que não poderíamos deixar de vê-lo. Foi o Espírito que impeliu a Jesus ao deserto para sua hora de prova. Esse mesmo Espírito que desceu sobre Ele em seu batismo agora o impele para que suporte sua prova. Nesta vida nos resulta impossível escapar ao ataque da tentação; mas há algo que é certo: as tentações não nos são enviadas para nos fazer cair; são-nos enviadas para fortalecer o nervo e a medula de nossas mentes e corações e almas. Não têm como propósito provocar nossa ruína, e sim contribuir para o nosso bem. Têm como objetivo ser provas das quais sairemos melhores guerreiros e atletas de Deus.

Suponhamos que um jovem é jogador de futebol; suponhamos que está desempenhando-se bastante bem na segunda divisão de uma equipe e constitui uma verdadeira "promessa". O que fará seu diretor técnico? Certamente não o fará jogar na terceira divisão, onde poderia caminhar durante toda a partida, sem nenhum esforço, e fazer um bom papel; procurará a forma de fazê-lo jogar na primeira divisão, onde sem dúvida tem que ser provado como nunca antes; dar-lhe-á a oportunidade de provar-se a si mesmo e a outros, em uma situação difícil, seu autêntico valor. Esta é a função da tentação. É a prova a que nos submete para provar nossa dignidade e sair dela fortalecidos para a luta.

Quarenta dias é uma frase que não deve interpretar-se literalmente. É a expressão que os hebreus utilizavam freqüentemente quando queriam referir-se a um termo longo de tempo. Assim se diz que Moisés esteve quarenta dias na montanha com Deus (Ex 24:18); Elas viveu durante quarenta dias sustentado pela comida que lhe deu um anjo (1Rs 19:8). Então, não se trata literalmente de quarenta dias, mas sim de um lapso bastante longo.

Foi Satanás quem tentou e provou a Jesus. O desenvolvimento da concepção de Satanás é muito interessante. A palavra Satanás, em hebraico, significa simplesmente "adversário" e no Antigo Testamento é usada em repetidas oportunidades com respeito aos adversários humanos comuns. O anjo do Senhor é o Satã que se interpõe no caminho do Balaão (Nu 22:22). Os filisteus temem que Davi demonstre ser seu satanás (1Sm 29:4); Davi considera que Abisai era seu satanás (2Sm 19:22); Salomão proclama que Deus lhe deu tal paz e prosperidade que não fica satanás algum que lhe oponha (1Rs 5:4). O termo começou significando "adversário" no sentido mais general desta palavra. Mas não demoraria para descender um degrau em seu caminho para o abismo; isto acontece quando passa a significar "que apresenta a acusação (o fiscal) em um processo contra alguém". É neste sentido que aparece no primeiro capitulo do livro de Jó. Note-se que neste capítulo o satanás é nada menos que um dos filhos de Deus (1:6); mas a tarefa específica de Satanás era vigiar aos homens (1:7) e procurar do que acusá-los na presença de Deus. Satanás era o acusador dos homens no tribunal divino. A palavra se usa com este sentido no 2:2 e Zc 3:2.

A responsabilidade de Satanás era dizer tudo o que pudesse dizer-se contra cada homem. O outro título de Satanás é "o Diabo". A palavra "diabo" provém do grego diábolos que significa caluniador. Há um passo bem curto entre a idéia de alguém que se ocupa em espiar aos homens para acusá-los ante Deus e a idéia daquele que com deliberação e malícia calunia ao homem na presença de Deus. Mas no Antigo Testamento, Satanás ainda é um emissário de Deus e não o perverso inimigo supremo da divindade. É o adversário do homem.

Mas agora, a palavra desce o último degrau em sua carreira abismal. Em seu cativeiro, os judeus aprenderam algo do pensamento persa. A filosofia persa se apóia na idéia de que no universo há dois poderes, um poder da luz e um poder das trevas, Ormuz e Arimã, um poder do bem e um poder do mal. O universo inteiro é o campo de batalha entre estes dois e o homem deve escolher a quem, terá que servir nesse conflito cósmico. De fato, é assim coma nos apresenta e sentimos a vida. Dizendo-o em poucas palavras, neste mundo estão Deus e o adversário de mas. Era quase inevitável que Satanás chegasse a ser considerado o Adversário por excelência. Isto é o que significa seu nome; isto é o que sempre foi para o homem; Satanás se converte na essência de tudo o que está contra Deus.

Quando chegamos ao Novo Testamento encontramos que o Diabo ou Satanás é o que está por trás da enfermidade e o sofrimento humano (Lc 13:16); é Satanás o que seduz a Judas (Lc 22:3); contra o diabo é que devemos lutar (I Pedro 5:8-9; Jc 4:7); a obra de Cristo quebranta o poder do diabo (Lucas 10:1-19); o diabo está destinado à destruição final (Mt 25:41). Satanás é o poder que se opõe a Deus.

Agora, aqui temos exatamente toda a essência da história da tentação. Jesus tinha que decidir como teria que conduzir sua missão. Tinha consciência da tremenda tarefa que o esperava e também dos extraordinários poderes que estavam ao seu dispor. Deus lhe estava dizendo: "Leva meu amor aos homens, ama-os até ao ponto de morrer por eles; conquista-os mediante este amor invencível embora para fazê— lo tenha que terminar em uma cruz." Por sua parte, Satanás lhe dizia: "Usa teu poder para amaldiçoar aos homens; elimina a teus inimigos; ganha no mundo para Deus mediante o poder, a força e o derramamento de sangue." Deus lhe dizia: "Estabelece um reino de amor"; Satanás lhe sugere: "Estabelece uma ditadura da força." Naquele dia Jesus precisou escolher entre o caminho de Deus e o caminho do adversário de Deus.
A breve historia das tentações no Marcos conclui com dois vívidos toques.

  1. Estava com as feras. No deserto habitavam o leopardo, o urso, o javali e o chacal. Este detalhe pelo general se interpreta como um sublinhado do caráter terrível da cena. Mas possivelmente não seja assim. Possivelmente não haja terror neste detalhe, porque pode ser que as feras tenham sido amigas de Jesus. Entre os sonhos que se associavam à dourada era messiânica quando viesse o Messias, estava a esperança de que deixaria de existir a inimizade entre o homem e as feras. “Naquele dia, farei a favor dela aliança com as bestas-feras do campo, e com as aves do céu, e com os répteis da terra; e tirarei desta o arco, e a espada, e a guerra e farei o meu povo repousar em segurança” (Os 2:18). “O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará... A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar” (Isa. 11:6-9). Muito tempo depois, São Francisco pregaria sobre as bestas selvagens; e possivelmente tenhamos nesta passagem a primeira antecipação desse momento bendito quando o homem e o reino animal viverão juntos em paz. É possível que tenhamos aqui um quadro no qual, antes que os homens, os animais reconheceram a seu amigo e rei.

(2) Os anjos O serviam. Na hora da prova sempre se fazem presentes os reforços divinos. Quando Elias e seu servo estavam encerrados em Dotam, rodeados por seus inimigos e sem esperança alguma de salvação, Eliseu pôde abrir os olhos de seu servo para que visse como, dos quatro cantos, chegavam até eles carros de fogo e cavalos que iam em sua ajuda, enviados por Deus (2Rs 6:17). Jesus não foi abandonado nesta batalha, nem o somos nós.

A MENSAGEM DAS BOAS NOVAS

Marcos 1:14-15

Neste resumo da mensagem de Jesus aparecem três grandes palavras da fé cristã, de importância dominante.

  1. Fala-se, em primeiro lugar, de boas novas. Jesus veio aos homens trazendo o que eram preeminentemente boas notícias. Se seguirmos a palavra euanguelion, evangelho, boas novas, com o passar do Novo Testamento poderemos compreender uma boa parte de seu significado.
  2. Trata-se de boas novas com respeito à verdade (Gl 2:5; Cl 1:5). Até a vinda de Jesus os homens só podiam adivinhar ou procurar provas a verdade com respeito a Deus. "Quem me desse o saber onde achar a Deus!", exclama Jó (23:3). Marco Aurélio diz que o homem só pode ver obscuramente, e a palavra que usa para dizer "obscuramente" é a que em grego significa "ver debaixo d'água". Mas com a vinda de Jesus os homens podem ver com claridade como é Deus. Já não precisam adivinhar ou procurar provas.
  3. Trata-se de boas novas de esperança (Cl 1:23). O mundo antigo era um mundo pessimista. Sêneca falou de "nossa impotência frente a costure que nos são necessárias". Em sua luta em favor do bem os homens eram derrotados. A vinda de Jesus traz esperança a seus corações desesperançados.
  4. Trata-se de boas novas de paz (Ef 6:15). O castigo por ser homem é possuir uma personalidade dividida. No ser do homem estão mesclados, de maneira estranha, o anjo e a besta. conta-se que em certa oportunidade encontraram a Schopenhauer, o lúgubre filósofo, passeando. Perguntaram-lhe: "Quem é você?" Sua resposta foi: "Queria que você me pudesse dizer isso." Robert Burns, o poeta escocês, disse com respeito a si mesmo: "Minha vida é como as ruínas dê um templo. O que poder, que força em algumas de suas partes! Que proporção inalterável! Mas que ocos mais feios, que ruínas em outras!" O problema do homem foi sempre que é acossado tanto pelo pecado como pela bondade. A vinda de Jesus integra em uma única personalidade a esse ser humano dividido. Obtém a vitória sobre seu eu dividido ao ser conquistado pelo Jesus Cristo. trata-se de boas novas com respeito às promessas de Deus (Ef 3:6).

É certo que os homens sempre pensaram mais em um Deus de ameaças que em um Deus de promessas. Todas as religiões não cristãs concebem a um deus terrivelmente exigente. Só o cristianismo nos fala de um Deus que está mais disposto a dar do que nós somos capazes de pedir.

  1. Trata-se de boas novas com respeito à imortalidade (2Tm 1:10). Para o pagão, a vida era o caminho para a morte; mas Jesus veio com a boa notícia de que estamos em caminho para a vida e não para a morte.
  2. Trata-se de boas novas de salvação. (Ef 1:13). E esta salvação não é somente uma realidade negativa; também é uma realidade positiva. Não se trata simplesmente da liberação de castigos ou de poder fugir dos pecados que se foram cometido no passado; é o poder de viver vitoriosamente a vida e derrotar ao pecado. A mensagem de Jesus era certamente uma mensagem de boas novas.
  3. Está a palavra arrepender-se. Agora, o arrependimento não é tão fácil como às vezes pensamos. A palavra grega por arrependimento significa, literalmente, mudança de mente. Nós estamos expostos a confundir duas coisas: a aflição pelas conseqüências do pecado e a aflição pelo pecado mesmo. Há muitos que estão desesperadamente afligidos pela situação desastrosa em que os colocou o pecado; mas se tivessem a segurança de que fora possível, de algum jeito, evitar as conseqüências de seu pecado, voltariam a fazer exatamente quão mesmo antes. Mas o verdadeiro arrependimento significa não só que alguém está aflito pelas conseqüências de seu pecado, mas também chegou a odiar ao pecado em si. Em sua autobiografia, Montaigne escreveu: "Deveríamos levar os meninos a se habituarem a odiar o vício pelo que o vício é, de tal modo que não só o evitem na ação, mas também o abominem em seus corações — deste modo até o pensamento de sua possibilidade lhes resultaria repulsivo, seja qual for a forma que assuma."

O arrependimento significa que o homem que amava o pecado chega a odiá-lo precisamente porque é pecado, por seu pecaminosidade.

  1. Está, em terceiro lugar, a palavra crer. "Creiam", diz Jesus, "no evangelho." Crer no evangelho significa simplesmente tomar a Jesus pela palavra, crer que Deus é a classe de Deus que Jesus nos disse que era, crer que Deus ama de tal maneira ao mundo que fará qualquer sacrifício para nos atrair novamente a ele, crer que todo isso, que parece muito bom para ser verdade, é realmente verdadeiro.

JESUS ESCOLHE OS SUS AMIGOS

Marcos 1:16-20

Assim que Jesus tomou sua decisão e determinou qual teria que ser seu método, começou a formar um grupo de colaboradores. Todo dirigente deve começar por alguma parte. Precisa rodear-se de um grupo de pessoas amigas em quem possa descarregar seu coração e em cujas mentes possa escrever sua mensagem. Assim, aqui Marcos mostra a Jesus literalmente lançando os alicerces de seu Reino e chamando a seus primeiros seguidores.

Na Galiléia havia muitos pecadores. Josefo, que durante algum tempo foi governador da região, e que é o grande ou historiador judeu, diz-nos que durante sua estadia ali, trezentos e trinta barcos de pesca sulcavam as águas do lago. O povo comum da Palestina muito raramente comia carne; em geral não podiam consumi-la mais de uma vez por semana. O peixe era seu alimento principal (Lc 11:11; Mt 7:10; Marcos 6:30-44; Lc 24:42). O peixe em geral era comido salgado, porque não existiam os meios para transportá-lo fresco. O peixe fresco era um dos pratos muito especiais que se comia nas grandes cidades como Roma.

Os nomes das cidades que rodeavam o lago demonstram até que ponto era importante a indústria do peixe. Betsaida significa "a casa do pescador", Tariquea, outra das populações costeiras, significa "o lugar do pescado salgado, e era ali onde se preparava o peixe para seu envio a Jerusalém e até para a mesma Roma. A indústria do pescado salgado era muito importante na Galiléia.

Os pescadores usavam dois tipos de redes. Nos evangelhos são mencionadas ou implicadas ambas. Usavam a rede denominada sagené.

Esta era uma espécie de rede de pescaria ou rede varredora. Jogavam-na ao mar pela popa do navio, e estava dotada de contrapesos colocados de tal modo que, uma vez arrojada, ficava em posição vertical debaixo da água. O navio avançava e, então, atraíam-se as quatro pontas da rede que, deste modo, formava uma espere de bolsa que se arrastava e na qual eram apanhados os peixes. A outra rede, a que estavam usando Pedro e André, chamava-se anfiblestron. Era muito menor. Era habilmente lançada à água com a mão. Tinha a forma de uma sombrinha ou "meio mundo". Ao arrastá-la pela água encerrava os peixes.

Naturalmente é de grande interesse estudar aos homens que Jesus escolheu como seus primeiros seguidores.

  1. Devemos notar o que eram. Eram pessoas muito simples. Não provinham das escolas ou das universidades; não foram tirados dentre os eclesiásticos ou a aristocracia; não eram homens instruídos, nem possuíam riquezas. Eram pescadores. Quer dizer, eram pessoas do povo comum. Ninguém creu como Jesus no homem comum.

Certa vez George Bernard Shaw disse: "Nunca experimentei sentimento algum para com as classes operárias, exceto o desejo de aboli-las e substituí-las por pessoas razoáveis." Em uma novela intitulada O Patrício, seu autor, John Galsworthy faz a Milton, um dos personagens, dizer: "A chusma...como a desprezo! Odeio sua estupidez egoísta, odeio o som de sua voz, o aspecto de seu rosto. É tão repugnante, tão pequena!" Em um acesso de ira, Carlyle disse que na 1nglaterra havia vinte e sete milhões de habitantes — a maioria tolos!

Jesus nunca pensou assim. Lincoln disse: "Deus deve amar as pessoas comuns. Ele fez tanto!" Pareceria que Jesus tivesse dito: "Dêem— me doze homens comuns que se entreguem a Mim e com eles mudarei o mundo." Ninguém deve pensar tanto no que é, e sim no que Jesus pode fazer dele. Tampouco deve pensar-se no que alguém opina de outros, e sim no que Jesus vê neles.

  1. Devemos notar o que estavam fazendo quando Jesus os chamou. Estavam realizando seu trabalho habitual. Quando Ele os abordou, pescavam e remendavam suas redes. Assim tinha acontecido com mais de um profeta. “Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boieiro e colhedor de sicômoros. Mas o SENHOR me tirou de após o gado e o SENHOR me disse: Vai e profetiza ao meu povo de Israel” (Amós 7:14-15). Um homem pode receber o chamado de Deus não somente na casa de Deus, não somente quando está orando, e sim em meio de seu trabalho cotidiano. O homem que vive em um mundo que está cheio de Deus não pode escapar de Deus.
  2. Devemos notar como os chamou. O chamado de Jesus foi "Sigam-me". Não deve pensar-se que esse era o primeiro dia que aqueles pescadores viam o Jesus. Sem dúvida tinham formado parte da multidão que ouvia seu pregação. Sem dúvida teriam ficado falando longamente com Ele depois de dispersa a multidão. Sem dúvida já tinham experimentado a magia de sua presença e o magnetismo de seu olhar. Mas Jesus não lhes disse: "Tenho um sistema teológico que eu gostaria que vocês investigassem; tenho algumas teorias que gostaria que conhecessem; desenvolvi um sistema de ética que queria discutir com vocês." Disse-lhes: "Sigam-me." Tudo começou com a reação pessoal dos pescadores diante de Jesus; tudo começou com esse puxão no coração com que nasce uma lealdade incomovível. Isso não quer dizer que não haja quem entre no cristianismo por via das idéias; significa que para a maioria de nós seguir a Cristo é como apaixonar-se. Alguém disse que "as pessoas se maravilham por diversas razões, no entanto pode-se amá-las sem razão nenhuma." A coisa se produz simplesmente porque eles são eles e nós somos nós. "E eu", disse Jesus, "quando for levantado da terra atrairei a todos a mim mesmo" (Jo 12:32). Na grande maioria dos casos quem segue ao Jesus foram atraídos para Ele não por seus conceitos, mas sim pelo que Ele é.
  3. Por último, devemos notar o que Jesus lhes ofereceu. Ofereceu— lhes uma tarefa. Não os convocou ao ócio e ao descanso, e sim ao serviço. Tem-se dito que o que todo homem precisa é de "algo no que possa investir sua vida". De maneira que Jesus convocou àqueles homens não a uma comodidade sem sobressaltos nem a uma letárgica inatividade, a não ser a uma tarefa na qual teriam que queimar-se e gastar-se, e, finalmente, morrer, pelo Jesus Cristo e por seus semelhantes. Chamou-os uma tarefa na qual só poderiam conseguir algo para si mesmos entregando-se integralmente a Ele e aos demais.

JESUS COMEÇA SUA CAMPANHA

Marcos 1:21-22

O relato de Marcos se desenvolve em uma série de passos lógicos e naturais. Jesus reconheceu no surgimento de João Batista o chamado de Deus à ação. Foi batizado e recebeu o selo da aprovação divina e foi equipado para sua missão. Foi posto a prova pelo diabo, e escolheu o método que usaria e o caminho que teria que tomar. Escolheu a seus homens para estar rodeado de um grupo de almas as gema em cujos corações pudesse escrever sua mensagem. E agora Jesus deve lançar deliberadamente sua campanha. Se alguém tiver uma mensagem para transmitir em nome de Deus o lugar natural aonde irá é a Igreja, onde se reúnem o povo de Deus. Isso, precisamente, é o que Jesus fez. Começou sua campanha na sinagoga.
Há certas diferenças básicas entre a sinagoga e a Igreja tal como hoje a conhecemos.
(a) A sinagoga era primordialmente uma instituição de ensino. O culto serviço ou que se celebrava na sinagoga consistia somente em três coisas: oração, leitura da palavra de Deus e sua exposição ou explicação. Não havia nem música, nem cantos, nem sacrifícios. pode-se dizer que o templo era o lugar da adoração e do sacrifício; a sinagoga, por outro lado, era o lugar do ensino e da instrução. A sinagoga era muito mais influente, porque havia um só templo: o templo de Jerusalém. Mas se tinha estabelecido que onde houvesse dez famílias judias devia organizar uma sinagoga e, portanto, em qualquer lugar houvesse uma colônia judia

havia uma sinagoga. Se alguém tinha uma nova mensagem que pregar, o lugar natural onde fazê-lo era a sinagoga.

(b) Por outro lado, a sinagoga oferecia, além disso, a oportunidade para comunicar tal mensagem. A sinagoga estava presidida por certos membros diretores. Havia o Presidente da Sinagoga. Ele era o responsável pela administração dos assuntos da sinagoga e o que devia encarregar-se dos acertos para seus serviços. Havia também os distribuidores de esmolas. Diariamente se recolhia uma oferenda em dinheiro e em espécie entre os que tinham suficiente para poder ofertar. Uma vez recolhida esta oferta, era distribuída entre os pobres. Aos mais pobres eram entregues mantimentos suficientes como para quatorze refeições por semana. E também havia o Chazzan. Ele era o responsável pelos rolos sagrados em que estavam copiadas as Escrituras, e se encarregava de tirá-los de seu cofre ao começar cada serviço e voltá-los a guardar uma vez que terminava o serviço. Também era responsável pela limpeza da sinagoga, de tocar a trombeta de prata que anunciava a todos a chegada do shabbat ou dia de repouso e de impartir educação primária aos meninos da comunidade. Mas o que a sinagoga não tinha era um pregador ou professor religioso permanente.

Quando os judeus se reuniam para o serviço na sinagoga, o Presidente da Sinagoga podia convidar a qualquer dos presentes, que em seu critério fora competente para tal tarefa, para que fora e explicasse as Escrituras. Não existia um ministério profissional da palavra. É por isso que Jesus pôde iniciar sua campanha nas sinagogas. A oposição ainda não se converteu em hostilidade aberta. Todos sabiam que era um homem que tinha uma mensagem; e por essa razão, precisamente, as sinagogas das comunidades judias lhe proporcionavam um púlpito do qual instruir e exortar aos homens.
Mas quando Jesus ensinava na sinagoga, todo o método e a atmosfera de seu ensino eram como uma nova revelação. Não ensinava como os escribas, que eram os expertos na Lei. Quais eram estes escribas? Para os judeus o mais sagrado no mundo era a Torá, a Lei. O núcleo da Lei eram os Dez Mandamentos, mas o termo "a Lei" significava, na prática, os cinco primeiros livros da Bíblia, ou o Pentateuco, como se costumou chamá-lo. Para os judeus a Lei era completamente divina. Cria-se que tinha sido entregue diretamente por Deus a Moisés. Era absolutamente santa e obrigatória. Diziam: "Quem opina que a Torá não provém de Deus, não terá parte no mundo vindouro." "Quem diz que Moisés escreveu sequer uma só das palavras da Torá por seu próprio conhecimento ou sabedoria é um blasfemo que nega a palavra de Deus."

Agora, se a Torá for até tal ponto divina, seguem-se duas conseqüências necessárias. Em primeiro lugar, deve fazer lhe objeto do estudo mais cuidadoso e meticuloso possível. Em segundo lugar, a Torá se expressa, em princípios gerais, em termos muito amplos; mas se sua instrução tem que ver com a totalidade da vida, deve fazer-se explícito o que nela está contido de maneira implícita. As grandes leis devem traduzir-se em regras e normas concretas. Assim argüiam. A fim de encarregar-se deste estudo e de efetuar este desenvolvimento surgiu entre os judeus um grupo de estudiosos. Estes estudiosos eram os escribas, os peritos na Lei. Os mais importantes entre os escribas recebiam o título de Rabino.

Os escribas deviam cumprir com três deveres.

  1. Dos grandes princípios morais da Torá deviam extrair um sistema de normas e regulamentações que cobrissem todas as situações que pudessem apresentar-se na vida. Reduziam os princípios a regras e regulamentos. Evidentemente esta tarefa era literalmente interminável. A religião judaica começou com os grandes princípios morais da Lei e acabou em uma infinidade de regras, normas e preceitos. Começou como religião, terminou como legalismo:
  2. A tarefa dos escribas era, além disso, transmitir e ensinar essa Lei e seus desenvolvimentos. As regras menores, deduzidas e extraídas das principais normas generais da Lei jamais foram postas por escrito; eram conhecidas como a Lei Oral. Mas embora nunca foram consignadas por escrito, eram consideradas mais obrigatórias ainda que a Lei escrita. Durante gerações e gerações de escribas foi ensinado e conservado na memória. O bom estudante — dizia um provérbio — devia ter uma memória "como uma cisterna bem revestida de argila, que não perca nem uma só gota d’água que se guarda nela". Os escribas eram homens que se enredavam eles mesmos e a outros em um labirinto de regras e preceitos. A religião chegou a ser nada mais que uma simples obediência de regras.
  3. Por último, era também dever dos escribas julgar em casos individuais; e pela natureza das coisas, virtualmente cada caso individual deve ter originado uma nova lei.

No que diferia tanto o ensino de Jesus do ensino dos escribas? Jesus ensinava com autoridade pessoal. Nenhum escriba se atrevia a pronunciar um veredito pessoal. Sempre começava dizendo: "Há um ensino que diz..." e se considerava obrigado a citar as autoridades nas quais se baseava. Se afirmava algo fundamentava-o citando a Fulano, Beltrano e Zutano, grandes professores da antiguidade. O último que tivesse podido esperar-se de um escriba era um julgamento independente.

Quão diferente era Jesus! Quando Jesus falava, o fazia como se não fosse necessário apoiar-se em autoridade alguma, como se a seu fosse mais que suficiente. Falava com uma independência total. Não citava professores nem mencionava expertos. Falava com a autoridade da voz de Deus. Para o público era como uma brisa celestial ouvir alguém que falava assim. A indisputável certeza com que Jesus falava era uma perfeita antítese do modo de ensinar dos escribas, com suas inumeráveis e cansativas referências e citações. Ressoava a nota da autoridade pessoal, e é esta autoridade que é capaz de captar a atenção de qualquer ser humano.

A PRIMEIRA VITÓRIA SOBRE OS PODERES DO MAL

Marcos 1:23-28

Se as palavras de Jesus tinham maravilhado aos que estavam na sinagoga, suas ações os deixavam atônitos e estupefatos. Na sinagoga havia um homem possesso por um espírito imundo. O homem produziu um alvoroço, e Jesus o curou. Em todo o evangelho encontraremos a estes homens que eram possuídos por espíritos imundos, demônios ou diabos.
O que há por trás disso? Os judeus, e por certo toda a antiguidade clássica, acreditavam firmemente na existência e atividade de demônios ou espíritos maléficos. Como diz Harnack, "todo mundo e sua atmosfera circundante estava cheio de demônios. Não somente a idolatria, e sim cada aspecto e forma da vida estavam governados por tal gênero de espíritos. sentavam-se em tronos e rondavam ao redor dos berços. A Terra era literalmente um inferno."
O doutor A. Rendle Short menciona um fato que nos assinala até que ponto o homem da antiguidade acreditava na existência real dos demônios. Em muitos cemitérios antigos se encontra uma grande quantidade de cadáveres cujas caveiras foram trepanadas. Quer dizer, são caveiras nas que se praticou um buraco. Em um cemitério, de cem crânios, seis tinham sido trepanados. Com os precários recursos cirúrgicos da época a operação não era nada fácil. Além disso, era evidente, pelo crescimento extra do osso, que a operação tinha sido praticada em vida. Por outro lado, o buraco era muito pequeno para ter tido alguma utilidade prática cirúrgica ou médica. Sabe-se, também, que o disco de osso que se tirava do crânio muito freqüentemente era levado como um amuleto, pendurando do pescoço. A razão de ser da trepanação era permitir que o demônio pudesse abandonar o corpo do paciente. Se os cirurgiões da antiguidade estavam dispostos a realizar tal operação, e se os pacientes estavam dispostos a suportá-la (não havia anestesia!), a crença na existência real dos demônios deve ter sido bastante forte.
De onde vinham os demônios? As respostas eram três.

  1. Alguns criam que eram tão velhos como a mesma criação.
  2. Outros criam que eram os espíritos de homens malvados que depois de morrer continuavam realizando suas maldades.
  3. A maioria relacionava a origem dos demônios com a antiga história de Gênesis 6:1-8 (veja-se II Pedro 2:4-5).

Os judeus tinham elaborado esta história da seguinte maneira. Havia dois anjos que abandonaram a Deus e vieram a esta Terra porque se sentiram atraídos pela beleza das mulheres mortais. Seus nomes eram Asael e Shemaksai. Um deles retornou a Deus, o outro ficou na Terra e satisfez sua luxúria. Os demônios que habitam a Terra são os filhos e os filhos dos filhos daquele Shemaksai. A palavra que designa coletivamente os demônios é mazzikin, que significa "que faz o mal". De maneira que os demônios eram seres malignos, intermediários entre Deus e o homem que andavam pelo mundo para fazer mal aos homens.

Os demônios, segundo a crença judia, podiam comer e beber e gerar filhos. Eram terrivelmente numerosos. Segundo alguns, fala-se se até sete milhões e meio de demônios. Cada homem tinha dez mil demônios a sua direita e dez mil a sua esquerda. Viviam em lugares imundos, como por exemplo nas tumbas, e nos locais onde não havia água para limpar— se. No deserto, onde habitavam muitos demônios, podia ouvir-se o seu uivar; daí ser comum a frase "um deserto uivante". Eram particularmente perigosos para o viajante solitário, para a mulher a ponto de dar a luz, para o noivo e a noiva durante a noite de bodas, para os meninos que ficavam fora de suas casas depois do pôr-do-sol, e para os que tinham que viajar de noite. Atuavam principalmente ao calor do meio-dia e entre o pôr e o nascer do Sol. Havia um demônio da cegueira, um demônio da lepra e um demônio das enfermidades do coração. Podiam transferir aos homens seus dons malignos. Por exemplo, o mal de olho, que trocava a boa sorte em má sorte, e no qual todos acreditavam, era um dom demoníaco a certos seres humanos. Agiam em colaboração com alguns animais, por exemplo a serpente, o touro, o asno e o mosquito. Os demônios macho eram chamados shedin e os fêmea, lilin, nome que provinha do Lilith. Os demônios fêmea tinham cabelo comprido e eram inimigos especialmente dos meninos, por isso os meninos tinham seus anjos guardiães (Mt 18:10).

Não importa se acreditarem ou não em tudo isto; o importante não é se for verdade ou não. O importante é que na época do Novo Testamento a gente acreditava. Ainda usamos a expressão "Pobre diabo!" Esta é uma relíquia dos tempos antigos. O homem que se acreditava possesso "era consciente de si mesmo e também de outra presencia nele que o arrastava e o dominava interiormente." Isto explica por que os possessos muito freqüentemente gritavam quando Jesus ia a seu encontro. Sabiam que alguns, pelo menos, criam que Jesus era o Messias; sabiam que o reino do Messias seria o fim de todos os demônios; e o homem que acreditavam estar possesso por um demônio falava como um demônio ao comparecer diante da presença de Jesus. Havia muitos exorcistas que pretendiam ser capazes de expulsar demônios. Tão real era esta crença que a Igreja cristã por volta do ano 340 possuía uma ordem de "exorcistas". Mas havia uma diferença. O exorcista judeu ou pagão comum usava complicados encantamentos e frases e ritos mágicos. Jesus tirava o demônio das pessoas endemoninhadas com uma só palavra, simples, clara, breve. Ninguém tinha visto antes nada semelhante. O poder não estava no encantamento, na fórmula mágica, no rito elaborado; o poder estava em Jesus, e quem o via agir ficava atônito.
O que diremos de tudo isto? Paul Tournier em uma de suas obras escreve o seguinte: "Indubitavelmente há muitos médicos que em sua luta contra a enfermidade experimentaram, como eu, o sentimento de que não enfrentavam algo passivo, e sim um inimigo vivo, inteligente e de muitos recursos." O doutor Rendle Short chega, de maneira provisória, à conclusão de que, em realidade, "os acontecimentos deste mundo e seus desastres morais, suas guerras e sua maldade, suas catástrofes físicas e a enfermidade, podem ser o resultado de uma guerra entre forças tais como as que vemos no livro do Jó, a malícia do diabo por um lado e as limitações impostas por Deus, de outro".

Este é um tema sobre o qual não se pode dogmatizar. Podemos assumir três posições diferentes. (1) Podemos relegar o tema da posse demoníaca totalmente ao terreno do pensamento primitivo. Podemos dizer que era uma maneira primitiva de explicar os fenômenos naturais, antes que se soubesse tudo o que hoje se sabe sobre o corpos e a mente dos homens. (2) Podemos aceitar como verdadeiro o fato da posse demoníaca, tanto nos tempos neotestamentários como em nosso tempo. (3) Se aceitarmos a primeira posição devemos explicar a atitude de Jesus e suas ações. Pode ser, por um lado, que ele não soubesse mais que seus contemporâneos sobre este tema, o que não é difícil porque Jesus não era um cientista e não veio para ensinar ciência. Ou, por outro lado, sabia perfeitamente bem que não podia curar a um homem doente a menos que aceitasse plenamente a realidade de sua enfermidade. Era real para o doente e devia tratar-lhe como real se queria obter uma cura. Chegamos à conclusão, pois, de que há algumas respostas que nós não conhecemos.

UM MILAGRE EM PARTICULAR

Marcos 1:29-31

Na sinagoga, Jesus tinha falado e agido da maneira mais extraordinária. O culto da sinagoga chegou a seu fim, e Jesus foi com seus amigos à casa do Pedro. Segundo o costume judaico a principal comida durante o shabbat era celebrada imediatamente depois da reunião na sinagoga, à hora sexta, ou seja, às doze do dia. O dia, para os judeus, começava às seis da manhã, e as horas se contavam a partir desta. É muito possível que Jesus tenha reclamado seu direito a descansar depois da excitante experiência da sinagoga, que deve tê-lo deixado exausto. Mas outra vez mais exigiu-lhe que fizesse uso de seu poder, e outra vez mais o vemos dando de si mesmo a seu próximo. Este milagre nos diz algo a respeito de três pessoas.

(1) Diz-nos algo a respeito de Jesus. Ele não necessitava público para fazer uso de seu poder. Estava preparado para curar tanto no pequeno círculo de uma modesta casa de pescadores como na sinagoga cheia de gente. Nunca estava muito cansado para ajudar. A necessidade de outros era mais importante que seu próprio desejo de descanso. Mas sobre tudo voltamos a ver aqui, como já tínhamos visto antes, a particularidade dos métodos que usava Jesus para curar. Fala muitas curadores na época de Jesus, mas estes trabalhavam valendo-se de complicados encantamentos, fórmulas mágicas e outros recursos do mesmo tipo. Na sinagoga Jesus tinha pronunciado com autoridade uma. só palavra e isso tinha bastado para produzir uma total sanidade. Ele mesmo volta a ocorrer aqui. A sogra do Pedro sofria do que o Talmud denomina "febre ardente". Um mal que estava, e ainda está bastante generalizado naquela parte da Palestina. O Talmud chega até estabelecer qual era o método para seu tratamento.

Devia-se atar uma faca de ferro, mediante uma mecha de cabelos, a um espinheiro. O primeiro dia se recitava nesse lugar Êxodo 3:2-3, o segundo dia Ex 3:4 e o terceiro dia Ex 3:5. Logo se pronunciava certa fórmula mágica e desse modo se supunha que se conseguia uma cura total. Jesus não tomou em conta o aparato da magia popular e com um gesto e uma palavra de incomparável autoridade e poder curou à doente. A palavra que significa "autoridade" na passagem anterior em grego é exousía; e exousía significa um conhecimento excepcional junto com um poder excepcional. Isso era, precisamente, o que Jesus possuía e o que esteve disposto a usar nesse humilde lar. Paul Tournier, um médico cristão, escreve: "Meus pacientes muito freqüentemente me dizem: 'Admiro a paciência com que você escuta tudo o que lhe digo.' Não se trata de paciência, mas sim de autêntico interesse." Para Jesus um milagre não era uma maneira de aumentar seu prestígio; ajudar aos doentes não era para ele uma tarefa desagradável e trabalhosa; ajudava instintivamente, porque estava interessado de maneira suprema em todos os que necessitavam sua ajuda.

  1. Diz-nos algo a respeito dos discípulos. Eles não tinham conhecido a Jesus durante muito tempo, mas até nesse breve lapso já se acostumaram a pôr diante do Mestre todos os seus problemas. A sogra do Pedro estava doente; o lar singelo estava transtornado; para os discípulos já tinha chegado a ser a coisa mais natural do mundo levar ao Jesus o problema.

Paul Tournier nos diz como chegou a descobrir uma das coisas mais importantes de sua vida. Acostumava a visitar um ancião pastor que nunca o deixava ir-se orar com ele. Surpreendia-o a extrema simplicidade de suas orações. Parecia que não se tratasse mas sim da continuação de uma conversação familiar entre o piedoso ancião e Jesus.

"Quando voltava para casa", continua Tournier, "comentava com minha esposa e juntos pedíamos a Deus que nos desse essa mesma familiaridade com o Jesus que possuía o ancião. Após o Jesus foi o centro de minha devoção e meu companheiro de viagem permanente. Ao interessa o que eu faço (conforme Ec 9:7) e se preocupa pessoalmente por mim. É um amigo com quem posso conversar sobre tudo o que me acontece. Compartilha comigo meu gozo e minha dor, minhas esperanças e meus temores. Está comigo quando um paciente me abre seu coração e ele o escuta comigo, e muito melhor do que eu posso fazê— lo. E quando o paciente se foi posso falar com o Jesus sobre isso." Nisto radica a essência mesma da vida cristã. Como diz o hino: "Leva-o a Deus em oração..." De maneira que muito em breve em seu discipulado os primeiros cristãos se acostumaram ao que seria depois o hábito de toda sua vida: levar ao Jesus todos seus problemas e lhe pedir ajuda.

  1. Diz-nos algo, também, com respeito à sogra do Pedro. Assim que esteve lã ficou a servir aos convidados. Usou sua saúde recuperada para servir a outros. Há uma grande família tradicional escocesa cujo lema é "Salvos para servir". Jesus nos ajuda para que nós possamos ajudar a outros.

COMEÇAM AS MULTIDÕES

Marcos 1:32-34

As coisas que Jesus fazia em Cafarnaum não podiam ocultar-se. O surgimento de um poder e uma autoridade tão grandes não podiam ter-se mantido em segredo. Portanto, ao cair da tarde, a casa de Pedro tinha sido virtualmente sitiada por uma multidão que procurava o toque curador de Jesus. Aguardaram até a queda do Sol porque a Lei proibia que se atravessasse uma cidade em dia sábado levando cargas (veja-se Jr 17:24). Levar uma carga teria sido realizar um trabalho e estava proibido trabalhar no sábado. Naquela época, é obvio, ninguém tinha relógio; o sábado ia das 6 da manhã até as 6 da tarde e a Lei dizia que o sábado tinha terminado e era outro dia a partir do momento em que podiam ver-se três estrelas no céu. De maneira que a multidão do Cafarnaum esperou até o Sol se pôs e puderam ver-se as três estrelas, e então saíram, levando seus doentes a Jesus; e Ele os sanou.

Três vezes vimos Jesus em ação na cura dos doentes. Primeiro, curou na sinagoga; em segundo lugar, curou a sogra de um de seus amigos, estando na casa desta; e agora, em terceiro lugar, curou na rua.
Jesus reconhecia a necessidade de cada pessoa, em qualquer lugar. Dizia-se do famoso doutor Johnson que bastava estar em desgraça para poder contar com sua ajuda e amizade.
Jesus estava disposto a usar seu poder em qualquer lugar e situação, sempre que alguém necessitasse dele. Não escolhia nem o lugar nem a pessoa; compreendia a reclamação universal da necessidade humana. As pessoas se congregavam em torno de Jesus porque reconheciam nele a um homem capaz de fazer coisas. Havia muitos que podiam dar conferências ou ensinar ou pregar. Mas aqui estavam diante de alguém que não somente falava, mas também fazia. Um provérbio inglês diz que "se alguém pode construir uma armadilha para ratos melhor que a de seus vizinhos a gente vai até ele, embora viva em meio de um bosque".
A pessoa que as pessoas apreciam é a que faz melhor as coisas. Jesus podia e pode ainda hoje produzir resultados. Mas aqui também encontramos sinais do princípio da tragédia. Acudiam multidões, mas acudiam porque queriam algo. Não acudiam porque amassem a Jesus, nem porque tivessem percebido o resplendor de uma nova realidade; em última análise o que queriam era servir-se dEle. Isso é o que quase todos querem fazer com Deus e com o Filho de Deus. Por uma oração elevada a Deus em momentos de prosperidade, oferecem-lhe dez mil em tempo de adversidade. Muitos que jamais pensaram em orar quando o Sol brilhava sobre suas vidas, começam a fazê-lo quando sopra o tufão.

Alguém há dito que para muitos a religião forma parte do "serviço de ambulâncias" e não da "primeira linha de combate". A religião, segundo eles, é para os momentos de crise. Somente quando têm feito de suas vidas um enredo, ou quando recebem um golpe muito forte, lembram-se de Deus. É uma verdade permanente que todos devemos acudir ao Jesus porque somente O pode nos dar as coisas que nos fazem falta para viver como se deve. Mas se essa aproximação e os dons que recebemos do não produzem em nós gratidão e amor, há algo tragicamente equivocado. Deus não é alguém a quem podemos usar nos dias de infortúnio; é alguém a quem devemos ter presente cada um dos dias de nossa vida.

A HORA DE PAZ E O DESAFIO DA AÇÃO Marcos 1:35-39

Basta ler o relato das coisas que aconteceram em Cafarnaum para ver que Jesus nunca podia ficar sozinho. Ele sabia, entretanto, que não podia viver sem Deus; que ia estar todo o tempo dando; de vez em quando, pelo menos, tinha que receber; que se ia gastar sua vida no serviço de outros; devia uma e outra vez chamar em sua ajuda todos os reforços espirituais de que pudesse dispor. Isto equivale a dizer que Jesus sabia que não podia viver sem a oração.
Em um pequeno livro titulado A prática da oração, o doutor A. D. Belden tem algumas magníficas definições da oração: "A oração pode definir-se como a apelação da alma a Deus." Não orar é ser culpado da incrível insensatez de ignorar "a possibilidade de somar a Deus a nossos recursos". "Na oração damos uma oportunidade à perfeita mente de Deus para que alimente nossos próprios poderes espirituais." Jesus sabia tudo isto. Sabia que se fosse sair ao encontro dos homens precisava antes encontrar-se com Deus. E se a oração era necessária para Jesus, quanto mais não o será para nós? Mas até em sua hora de paz e comunhão com Deus vieram a buscá-lo. Não havia maneira de que Jesus pudesse lhes fechar a porta.

Em certa oportunidade Rose Macaulay, a novelista inglesa, disse que tudo o que pedia na vida era ter "uma habitação para ela sozinha". Isto era precisamente o que ao Jesus faltava. Um grande médico há dito que o dever da medicina é "às vezes curar, freqüentemente aliviar o sofrimento e sempre oferecer consolo". Jesus sempre reconheceu como seu este dever. há-se dito que a obrigação de um médico é ajudar às pessoas "a viver e a morrer" e os homens sempre estão vivendo e morrendo. Forma parte da natureza humana normal levantar barreiras e procurar tempo e lugar onde se possa estar a sós; isto é o que Jesus nunca fez. face à consciência que tinha de sua própria fadiga, de estar exausto, mais forte era sua noção do insistente e lhe desgastem clamor da necessidade humana. Por isso, quando chegaram até O, levantou-se e deixando atrás a paz da oração se dispôs a enfrentar o desafio de sua tarefa. A oração nunca fará nosso trabalho por nós. O que se pode fazer é nos fortalecer para as tarefas que devemos realizar.
Assim, pois, Jesus partiu em uma excursão de pregação pelas sinagogas de toda Galiléia. Em Marcos esta excursão está resumida em um versículo, mas deve ter durado semanas e até meses. Em sua excursão Jesus por volta de duas coisas: pregava e curava. Havia três pares de coisas que Jesus nunca separou.

  1. Jesus nunca separou as palavras da ação. Nunca pensou que se cumpriu uma missão pelo simples enunciado de suas exigências. Jamais lhe ocorreu pensar que tinha completo com a tarefa que lhe tinha atribuído com apenas exortar aos homens a aproximar-se de Deus e praticar o bem. A exortação sempre era levada a ação. Fosdick, o famoso pregador americano nos conta de um estudante que comprou os melhores livros e a melhor equipe disponíveis, e conseguiu uma cadeira cômoda para sentar-se a estudar, com um suporte de livro especial para apoiar o livro. Feitos todos estes preparativos, sentou-se e ficou dormido. O homem que emprega todas suas energias em falar, mas nunca chega a fazer o que diz, é muito semelhante a este estudante.
  2. Jesus nunca separou o corpo da alma. Tem havido tipos de cristianismo que falaram como se o corpo não tivesse importância alguma. Mas o ser humano é tanto corpo como alma. E a tarefa do cristianismo é redimir a totalidade do ser humano e não uma parte. É felizmente certo que um homem pode passar fome e miséria, viver em uma pocilga e estar doente e, entretanto, passar momentos muito doces na companhia de Deus; mas isso não justifica que o deixemos na miséria e o sofrimento. As missões às raças primitivas não se limitam a levar a Bíblia; levam também a educação e a medicina; levam a escola e o hospital. É um engano falar do "evangelho social" como se se tratasse de um extra, de um agregado, uma opção, ou até uma parte separada da mensagem cristã. A mensagem cristã prega e trabalha em favor do corpo e da alma de todos os seres humanos.
  3. Jesus nunca separou a Terra do céu. Há aqueles que estão tão preocupados com o céu que se esquecem da Terra e se convertem, então, em visionários e idealistas pouco práticos. E há aqueles que estão tão preocupados com a Terra que se esquecem do céu e limitam o bem aos bens materiais. Jesus sonhava com um momento em que a vontade de Deus se cumprisse na Terra como no céu (Mt 6:10). Sonhava com uma época em que o céu e a Terra seriam uma mesma coisa.

O LEPROSO É CURADO

Marcos 1:40-45

No Novo Testamento não há enfermidade que seja enfrentada com maior terror e lástima que a lepra. Quando Jesus enviou aos Doze encomendou: "Sanem doentes, limpem leprosos..." (Mt 10:8). A sorte do leproso era verdadeiramente dura. E. W. G. Masterman, em seu artigo sobre a lepra no Dictionary of Christ and the Gospels (Dicionário sobre Cristo e os Evangelhos), de onde extraímos muita da informação que segue, diz: "Nenhuma outra enfermidade reduz ao ser humano durante tantos anos a uma ruína tão repugnante." Examinemos, primeiro, os fatos.

Há três classes de lepra.

  1. A lepra nodular ou tubercular. Esta começa com uma letargia e com dores nas juntas que não podem atribuir-se a causa alguma conhecida. Depois aparecem no corpo, especialmente nas costas, manchas sem cor, dispostas de maneira simétrica. Sobre estas manchas se firmam pequenos nódulos que primeiro são rosados e logo se tornam escuros. A pele engrossa. Os nódulos, nesta etapa, começam a amontoar— se, especialmente nas dobras das bochechas, o nariz, os lábios e a frente. O aspecto humano do paciente vai desaparecendo pouco a pouco, até que — como diziam os antigos — parece mais um leão ou um sátiro que uma pessoa. Os nódulos aumentam, ulceram-se e segregam uma substância de mau aroma. A voz se volta rouca e a respiração se faz dificultosa, pela ulceração das cordas vocais. Desaparecem as pálpebras, os olhos adquirem um aspecto peculiar ao desaparecer a piscada: Sempre se ulceram as mãos e os pés. Pouco a pouco o doente se converte em um massa de carne ulcerada. O curso médio da enfermidade é de nove anos e conclui com a perda da razão, o coma e, finalmente, a morte. O doente se converte em um ser repulsivo, tanto para outros como para si mesmo.
  2. A lepra anestésica. Os passos iniciais são os mesmos; mas nesta classe de lepra ficam afetadas as extremidades nervosas. A área infectada perde totalmente a sensibilidade. Isto pode acontecer sem que o doente se dê conta. Pode ser que não o note até que não sofre uma queimadura ou escaldadura e pela primeira vez experimenta a ausência de dor ali onde seria normal que o houvesse. À medida que a enfermidade segue seu curso, o dano sofrido pelos nervos produz manchas na pele que terminam ulcerando-se sob a forma de ampolas abertas. Os músculos se desgastam e os tendões se, contraem, até que as mãos semelham garras. Os unhas sempre se desfiguram. Segue a ulceração crônica das mãos e os pés. produz-se a perda progressiva dos dedos de mãos e pés, até que por último é possível que se perca toda uma mão ou um pé. Esta forma de enfermidade pode durar entre vinte e trinta anos. É uma espécie de terrível morte progressiva do corpo.

(3) O terceiro tipo de lepra, a mais comum, é uma combinação das duas anteriores. Deve destacar-se que a medicina moderna encontrou remédios efetivos para combater e até curar definitivamente a lepra. Hoje em dia um leproso pode seguir vivendo de maneira normal, e não chegará a desfigurar-se, se se atender, porque é possível manter sob perfeito controle o desenvolvimento da enfermidade. Mas nada disso se conhecia nos tempos de Jesus.

Sem dúvida na Palestina, nos tempos de Jesus, havia muitos leprosos. Levítico 13 descreve a lepra e é evidente que na época do Novo Testamento o termo "lepra" cobria outras enfermidades da pele além da lepra propriamente dita. Parece haver-se usado, por exemplo, para denominar a psoríase, uma enfermidade que cobre porções da pele com escamas brancas, de onde a expressão "um leproso branco como a neve". Também se chamava "lepra" ao herpes, uma enfermidade muito comum no Oriente. A palavra hebraica que se usa para denominar a lepra é tsaraath. Em Lv 13:47 se fala da tsaraath da roupa e em Lv 14:33 da das casas. Refere-se, é obvio, a algum tipo de mofo ou cogumelo que cobre a roupa ou as paredes, ou a algum tipo de verme que corrói a madeira ou de líquen que destrói as pedras. A palavra hebraica tsaraath, lepra, parece ter abrangido no pensamento judeu qualquer enfermidade cutânea progressiva.

É natural que com conhecimentos médicos muito primitivos não se pudesse distinguir entre as diferentes enfermidades da pele, e que se incluíra sob um mesmo nome as mortais e incuráveis junto com as menos graves e relativamente inofensivas. Qualquer enfermidade da pele fazia que o doente fosse considerado impuro. O radiava do contato com outros seres humanos; devia viver sozinho em campo aberto; devia andar com a roupa feita farrapos, levar a cabeça descoberta, cobrir-se com um trapo o lábio superior e gritar quando alguém lhe aproximava: "Imundo! "Imundo! para comunicar sua presença.

O mesmo ocorria durante a Idade Média, quando simplesmente se aplicava a lei do Moisés. O sacerdote, vestido com seus hábitos cerimoniosos e com um crucifixo na mão, conduzia ao leproso à igreja e lia ante ele o serviço fúnebre. A partir desse momento o considerava como um morto, embora seguia vivendo. Devia vestir-se com um manto negro, que todos pudessem reconhecer, e habitar em um lazarento. Não podia entrar na igreja, mas lhe permitia espiar a missa através de um buraco praticado especialmente com esse objeto. O leproso não só devia sofrer a dor física de sua enfermidade; tinha que suportar a angústia mental e o sofrimento de ser separado da sociedade normal dos humanos e ser fugido, como se fora a mesma praga.

Se o leproso se curava e a verdadeira lepra naquela época era incurável, de modo que aqui estamos falando de outras enfermidades similares cobertas com o mesmo termo devia submeter-se a uma complicada cerimônia de restauração que se descreve no Levítico 14. Examinava-o um sacerdote. O doente curado devia levar duas aves, uma das quais se sacrificava em cima de uma correnteza. Além disso, tomava madeira de cedro, grão e hissopo, as que eram empapadas com o sangue do ave sacrificada, junto com o ave viva. Logo esta última era solta para que se fora voando. O doente curado se lavava, raspava-se e lavava sua roupa. Sete dias depois voltava a ser revisado. Então tinha que rapá-la cabeça e as sobrancelhas. Realizavam-se certos sacrifícios (dois cordeiros sem defeitos e uma cordeira; três décimos de uma medida f] de farinha fina mesclada com azeite e uma porção [log] de azeite). Aos pobres se exigia menos. O doente curado era tocado com o azeite e o sangue dos sacrifícios no lóbulo da orelha direita, no polegar direito e no polegar do pé direito. Por último, era novamente revisado, e se verdadeiramente a enfermidade tinha desaparecido permitia que se reintegrasse à sociedade, com um certificado estendido pelo sacerdote.

Sobre este pano de fundo, contemplamos uma das imagens mais reveladoras de Jesus:

  1. Não expulsou de sua presença a um homem que tinha violado a Lei. O leproso não tinha direito de dirigir-lhe a palavra. Jesus sai ao encontro da desesperadora necessidade humana com um espírito de pormenorizada compaixão.
  2. Jesus estendeu sua mão e o tocou. Jesus toca um homem impuro. Para ele não era um homem impuro, era só um ser humano que necessitava desesperadamente sua ajuda.
  3. Depois de curá-lo, Jesus o envia a cumprir com o ritual que prescrevia a Lei. Cumpriu a Lei e a justiça humanas. Não desafiava as convenções, mas sim, quando era necessário, submetia-se a elas.

Notas de Estudos jw.org

Disponível no site oficial das Testemunhas de Jeová
Notas de Estudos jw.org - Comentários de Marcos Capítulo 1 versículo 13
Satanás: Veja a nota de estudo em Mt 4:​10.

os animais selvagens: Na época de Jesus, havia muito mais animais selvagens naquela região do que há hoje. O deserto era o habitat de hienas, javalis, leões, leopardos e lobos. Marcos é o único dos escritores dos Evangelhos que diz que havia animais selvagens naquela região. Pelo visto, ele escreveu pensando principalmente nos leitores não judeus, incluindo romanos e outros que talvez não conhecessem bem a geografia de Israel.


Animais selvagens do deserto

O deserto em que Jesus passou 40 dias e 40 noites era o habitat de animais como o leão (1), o leopardo (2) e a hiena-listrada (3). Os leões já não são encontrados nessa região por centenas de anos. Os leopardos e as hienas ainda habitam a região, mas em anos recentes eles raramente têm sido vistos.

Texto(s) relacionado(s): Mc 1:13

Dicionário

Ali

advérbio Naquele lugar: vou te deixar ali, perto da igreja.
Naquele tempo; então: até ali estávamos bem, foi depois que nos separamos.
Num local conhecido ou já mencionado: deixe os guarda-chuvas ali.
Nessa situação, momento, pessoa; naquilo: ninguém disse mais nada, ali tem algo errado!
Gramática Quando usado com um pronome pessoal ou demonstrativo intensifica a relação de identificação ou de proximidade: põe isso ali, por favor.
Etimologia (origem da palavra ali). Do latim ad illic.

lá, acolá, aí, além. – Ali diz propriamente – “naquele lugar”, tanto à vista como no sítio de que se acaba de tratar. – Dicionário de Sinônimos da Língua Portuguesa 161 Lá significa – “naquele outro lugar”; isto é – no lugar que não é o em que me encontro eu presentemente e que está distante de mim, na parte oposta àquela em que estou. – Aí quer dizer – “nesse lugar”; isto é – no lugar em que se encontra a pessoa a quem nos dirigimos. – Acolá diz – “ali, naquele lugar que está à vista, mas que não é o que eu ocupo, nem o que está ocupando a pessoa com quem falo”. – Além significa – “mais para diante, do outro lado de um lugar ou um acidente à vista, ou mesmo não visível”.

Anjos

masc. pl. de anjo

an·jo
(latim angelus, -i)
nome masculino

1. Ser espiritual que se supõe habitar no céu.

2. Figurado Criancinha.

3. Pessoa de muita bondade.

4. Figura que representa um anjo.

5. Criança enfeitada que vai nas procissões.

6. Mulher formosa.


anjo custódio
Religião Anjo que se supõe atribuído por Deus a cada pessoa para a proteger e para a encaminhar para o bem. = ANJO-DA-GUARDA

anjo da paz
Pessoa que trata de reconciliar desavindos.


Ver também dúvida linguística: feminino de anjo.

Existem aproximadamente 292 referências a “anjos” nas Escrituras, ou seja, 114 no Antigo e 178 no Novo Testamento. Esse número registra mais de 60 referências ao “anjo do Senhor”, mas não inclui as relacionadas aos dois anjos chamados pelo nome na Bíblia, Gabriel (Dn 8:16; Dn 9:21; Lc 1:19-26) e Miguel (Dn 10:13-21; Dn 12:1; Jd 9; Ap 12:7). Existem também mais de 60 referências aos querubins, seres celestiais que são citados freqüentemente em conexão com a entronização simbólica de Deus no Tabernáculo e no Templo (Ex 25:18-20; Ex 37:7-9; 1Rs 6:23-25; Rs 8:6-7; 2Cr 3:7-14; Ez 10:1-20; Hb 9:5).

Os anjos no Antigo Testamento

A palavra usada no Antigo Testamento, para designar anjo, significa simplesmente “mensageiro”. Normalmente, constituía-se em um agente de Deus, para cumprir algum propósito divino relacionado com a humanidade. Exemplo: dois anjos foram a Sodoma alertar Ló e sua família sobre a iminente destruição da cidade, como punição do Senhor por sua depravação (Gn 19:1-12-15).


Os anjos trazem direção, ajuda ou encorajamento
Em outras ocasiões, um anjo atuou na direção de uma pessoa, para o fiel cumprimento da vontade de Deus. Exemplo: o servo de Abraão foi enviado à Mesopotâmia, a fim de encontrar uma esposa para Isaque entre seus parentes, depois que Abraão lhe disse que o Senhor “enviaria seu anjo” adiante dele, para que o ajudasse a alcançar seu propósito (Gn 24:8-40).

Às vezes os anjos apareciam, no Antigo Testamento, para encorajar o povo de Deus. Assim, o patriarca Jacó, depois que saiu de Berseba, teve um sonho em Betel, no qual viu uma escada “posta na terra, cujo topo chegava ao céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela” (Gn 28:12). Por meio dessa experiência, o Senhor falou com Jacó e tornou a prometer-lhe que seria o seu Deus, cuidaria dele e, depois, o traria à Terra Prometida (Gn 28:13-15).

Essa proteção divina é vista pelo salmista como extensiva a todos os que genuinamente colocam a confiança no Deus vivo: “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra” (Sl 34:7; cf. 91:11-12).

Uma das referências mais interessantes aos anjos foi quando Moisés enviou mensageiros ao rei de Edom. Ao registrar as dificuldades enfrentadas durante o cativeiro egípcio, o legislador comentou: “Mas quando clamamos ao Senhor, ele ouviu a nossa voz, enviou um anjo, e nos tirou do Egito” (Nm 20:16). Infelizmente, a lembrança da ajuda divina no passado não foi suficiente e a passagem pelo território edomita foi negada (Nm 20:18-20).


Os anjos como executores do juízo de Deus
Houve ocasiões em que os anjos tiveram um papel preponderante no propósito divino (Gn 19:12-2Sm 24:16-17). Uma ilustração contundente de um anjo no exercício do juízo divino é encontrada em I Crônicas 21:15: “E Deus mandou um anjo para destruir a Jerusalém”. Nesse caso, felizmente, a aniquilação da cidade foi evitada: “Então o Senhor deu ordem ao anjo, que tornou a meter a sua espada na bainha” (1Cr 21:27). A justiça de Deus foi temperada com a misericórdia divina. Por outro lado, houve ocasiões quando a teimosa oposição ao Senhor foi confrontada com a implacável fúria divina, como nas pragas que caíram sobre o Egito. “Atirou para o meio deles, quais mensageiros de males, o ardor da sua ira, furor, indignação e angústia” (Sl 78:49).

Um dos casos mais dramáticos de retaliação divina ocorreu na derrota de Senaqueribe, em 701 a.C., em resposta à oração do rei Ezequias: “E o Senhor enviou um anjo que destruiu a todos os homens valentes, os chefes e os oficiais no arraial do rei da Assíria” (2Cr 32:21s.; cf. 2Rs 19:35; Is 37:36). A mesma ação que produziu juízo contra os inimigos de Deus trouxe livramento ao seu povo.


Anjos interlocutores
Eles aparecem com freqüência no livro de Zacarias, onde um anjo interlocutor é citado várias vezes (Zc 1:14-18,19; 2:3;4:1-5; 5:5-10; 6:4-5; cf. Ed 2:44-48; Ed 5:31-55). Assim lemos, quando o anjo do Senhor levantou a questão sobre até quando a misericórdia divina seria negada a Jerusalém: “Respondeu o Senhor ao anjo que falava comigo, palavras boas, palavras consoladoras” (Zc 1:13). O anjo então transmitiu ao profeta a mensagem dada por Deus (Zc 1:14-17). Esse papel do mensageiro do Senhor de comunicar a revelação divina ao profeta traz luz sobre o Apocalipse, onde um papel similar é dado a um anjo interlocutor (Ap 1:1-2; Ap 22:6).


Os anjos e o louvor a Deus
Um dos mais bonitos papéis desempenhados pelos anjos no Antigo Testamento é o louvor. O salmista exortou: “Bendizei ao Senhor, anjos seus, magníficos em poder, que cumpris as suas ordens, que obedeceis à sua voz. Bendizei ao Senhor, todos os seus exércitos celestiais, vós, ministros seus, que executais a sua vontade” (Sl 103:20-21). Semelhantemente, o Salmo 148 convoca os anjos a louvar ao Senhor junto com todos os seres criados: “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todos os seus exércitos celestiais” (v. 2). Quando Deus criou a Terra, todos os anjos (conforme trazem algumas versões) rejubilaram (38:7). Da mesma maneira, os serafins — criaturas celestiais que são citadas somente na visão de Isaías — ofereciam louvor e adoração, por sua inefável santidade: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6:2-4). O próprio nome desses seres (“aqueles que queimam”) indica sua pureza como servos de Deus. Nesse texto, uma grande ênfase é colocada sobre a santidade do Senhor e a importância do louvor por parte dos anjos que o servem.

Os anjos no período intertestamentário

Os anjos foram particularmente proeminentes na literatura judaica no período entre os dois testamentos (2 Esdras 6:3; Tobias 6:5; 1 Macabeus 7:41; 2 Macabeus 11:6). Alguns anjos, segundo os livros apócrifos, eram conhecidos pelo nome (Uriel, em 2 Esdras 5:20 e Rafael, em Tobias 5:
4) e, a partir daí, desenvolveram-se elaboradas angelologias. Tobias, por exemplo, falou sobre “sete santos anjos que apresentam as orações dos santos e entram na presença da glória do Santo”. O livro apócrifo “Os Segredos de Enoque”, que apresenta um forte interesse pelos anjos, menciona quatro deles pelo nome, os quais são líderes e desempenham funções específicas no plano divino (1 Enoque 40:9-10). No entanto, este ensino sobre os anjos é restrito e saturado do elemento especulativo, o qual tornou-se tão dominante no período intertestamentário.

Os anjos no Novo Testamento

No Novo Testamento, a palavra grega angelos significa “mensageiro” (usada com referência a João Batista, Mc 1:2-4) ou um “anjo”. Os anjos são mencionados muitas vezes nos Evangelhos, Atos, Hebreus e Apocalipse e ocasionalmente nos outros livros.
Os anjos e os nascimentos de João e de Jesus
O elemento do louvor certamente marcou presença no NT. Em Lucas, o nascimento de Jesus é anunciado por uma “multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, paz na terra entre os homens...” (Lc 2:13-14). Assim, também no NT os anjos participam do louvor e da adoração ao Senhor, da mesma maneira que faziam no AT. O louvor a Deus era uma de suas atividades primárias (Ap 5:11-12).

Vários outros aspectos da história do nascimento de Jesus são dignos de nota. Primeiro, o anjo do Senhor teve um papel preponderante no anúncio dos nascimentos tanto de João Batista como de Jesus, ao aparecer a José (Mt 1:20-24; Mt 2:13), a Zacarias (Lc 1:11-20) e aos pastores (Lc 2:9-12). Segundo, o anjo Gabriel fez o anúncio para Zacarias e Maria (Lc 1:19-26). Lucas destacou também a participação de Gabriel na escolha do nome de Jesus (2:21; cf. 1:26-38).


Os anjos e a tentação de Jesus
Durante a tentação, o Salmo 91:11-12 foi citado pelo diabo, para tentar Jesus e fazê-lo colocar a fidelidade de Deus à prova (Mt 4:5-7; Lc 4:9-12). Cristo recusou-se a aceitar a sugestão demoníaca e é interessante que Marcos destacou o ministério dos anjos em seu relato da tentação (Mc 1:13). Da mesma maneira, no final de seu registro sobre este assunto, Mateus declarou: “Então o diabo o deixou, e chegaram os anjos e o serviram” (Mt 4:11). A promessa divina do Salmo 91 foi assim cumprida, mas no tempo e na maneira de Deus (cf. Lc 22:43).


Os anjos e o tema do testemunho
Os anjos são citados várias vezes em conexão com a vida cristã. O testemunho de Cristo era importante, pois era visto contra o pano de fundo da eternidade: “Qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória e na do Pai e dos santos anjos” (Lc 9:26). O testemunho cristão tem um significado solene, com relação à nossa situação final na presença de Deus e dos anjos: “Digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus” (Lc 12:8-9; cf. Mt 10:32-33; Ap 3:5). Em adição, Lucas destacou também a alegria trazida pelo arrependimento sincero: “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc 15:10).


Os anjos e o dia do Senhor
Mateus destacou o papel dos anjos no dia do Senhor. Na Parábola do Joio, por exemplo, Jesus disse aos discípulos: “A ceifa é o fim do mundo, e os ceifeiros são os anjos. . . Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa pecado e todos os que cometem iniqüidade” (Mt 13:39). Semelhantemente, na Parábola da Rede, os anjos participam no julgamento final: “Virão os anjos e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha de fogo, onde haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 13:49-50). Em Mateus 16:27, os anjos são vistos como agentes de Deus, os quais terão um papel significativo no processo judicial: “Pois o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com seus anjos, e então recompensará a cada um segundo as suas obras”. No final dos tempos, Deus “enviará os seus anjos, com grande clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus” (Mt 24:31).


Os anjos em cenas de morte e ressurreição
Os anjos são mencionados na intrigante passagem sobre o homem rico e Lázaro, onde “morreu o mendigo e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão”; por outro lado, “morreu também o rico e foi sepultado” (Lc 16:22). O destino eterno dos dois foi muito diferente e mostrou um forte contraste com o contexto de suas vidas na Terra!

Anjos apareceram no túmulo vazio, logo depois da ressurreição de Jesus Cristo (Mt 28:2-5; Lc 24:23; Jo 20:12). Mateus escreveu que um “anjo do Senhor” rolou a pedra que fechava o túmulo, e citou sua impressionante aparência e a reação aterrorizada dos guardas (Mt 28:2-3). Ele também registrou as instruções do anjo para as mulheres (Mt 28:5-7; cf. Mc 16:5-7; Lc 24:4-7). De acordo com o evangelho de João, Maria Madalena encontrou “dois anjos vestidos de branco” e depois o próprio Cristo ressurrecto (Jo 20:11-18; cf. At 1:10-11).


Os anjos em outras referências nos evangelhos
Mateus chamou a atenção para o papel dos anjos guardiões, que protegem o povo de Deus (Mt 18:10; cf. Sl 34:7; Sl 91:11; At 12:11). Incluiu também o ensino de Jesus sobre o casamento no estado futuro: “Na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; serão como os anjos de Deus no céu” (Mt 22:30; cf. Lc 20:36). Finalmente, há o sombrio repúdio dos que estarão ao lado esquerdo do Rei, na passagem sobre os bodes e as ovelhas: “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25:41). A partir desta passagem, fica claro que alguns dos anjos pecaram e uniram-se ao maligno e consequentemente também receberão o castigo eterno (cf. Is 14:12-17; Ez 28:12-19; 2Pe 2:4; Jd 6).

Em seu evangelho, João registrou o comentário de Jesus para Natanael: “Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem” (Jo 1:51). Essa passagem lembra o sonho que Jacó teve em Betel (Gn 28:10-17), onde os anjos faziam algo similar. Aqui, a ideia é que Cristo, como o Filho de Deus, será o elo de ligação entre o céu e a terra.


Os anjos no livro de Atos
Lucas fez muitas referências aos anjos em Atos. “O anjo do Senhor” abriu as portas das prisões para os apóstolos em várias ocasiões (At 5:19; At 12:7-11). Mais tarde, “o anjo do Senhor” encorajou Paulo no meio de uma tempestade no mar, com uma mensagem de conforto e a certeza do livramento (At 27:23-24). Por outro lado, “o anjo do Senhor” trouxe juízo contra um inimigo do povo de Deus (o rei Herodes) como no AT: “No mesmo instante o anjo do Senhor feriu-o, porque não deu glória a Deus, e, comido de bichos, expirou” (At 12:23). Deus guiava seu povo e usava seus anjos, embora os saduceus racionalistas negassem a existência deles (At 23:8).


Os anjos nas cartas de Paulo
Paulo tinha menos a dizer sobre anjos do que se poderia esperar, embora reconhecesse que a luta do cristão era contra “principados e potestades” (Ef 6:12; cf. 2:2; Jo12:31; 14:30). Estava convencido de que nem os anjos e nem qualquer outro poder criado separariam os verdadeiros cristãos do amor de Deus em Cristo (Rm 8:38-39).

Paulo mencionou os anjos caídos, e lembrou aos crentes pecaminosos de Corinto que “os santos” julgariam os anjos (1Co 6:3). Também admitiu que “o próprio Satanás se transforma em anjo de luz” (2Co 11:14). Esse comentário afirma ser necessário estarmos em constante vigilância, para resistirmos a tais ataques enganadores. Embora os anjos tenham desempenhado um papel importante no tocante à colocação da lei divina em atividade (Gl 3:19), certamente não deveriam ser adorados Cl 2:18). Na verdade, ao escrever aos gálatas, Paulo diz que “ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, seja anátema” (Gl 1:8). Ele reconhecia com gratidão a bondade inicial dos gálatas, pois “me recebestes como a um anjo de Deus” (Gl 4:14). Ao escrever aos tessalonicenses, Paulo declarou solenemente que os oponentes do cristianismo, os quais perseguiam os crentes, seriam punidos, “quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo...” (2Ts 1:7-8). Deus ainda estava no controle de sua criação.

Duas passagens em I Timóteo devem ser observadas. Na primeira, os anjos são mencionados num antigo hino muito bonito (1Tm 3:16). Na segunda, uma séria advertência é feita ao jovem líder cristão, não só na presença de Deus e de Cristo, mas também diante “dos anjos eleitos” (1Tm 5:21), em contraste com Satanás e os outros anjos caídos.


Os anjos no livro de Hebreus
Os anjos são citados muitas vezes na carta aos Hebreus (Hb 2:16; Hb 12:22; Hb 13:2), mas são considerados inferiores a Cristo (Hb 1:5-14). São cuidadosamente definidos no primeiro capítulo como “espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb 1:14). São introduzidos numa passagem que adverte os discípulos a atentar para a grande salvação oferecida em Cristo (Hb 2:1-2). Anjos inumeráveis fazem parte da Jerusalém celestial e isso é mencionado como um incentivo a mais, para que os destinatários não recaíssem no Judaísmo (Hb 12:22-24; cf. Mt 26:53).


Os anjos em I Pedro, II Pedro e Judas
O plano divino da salvação é tão maravilhoso que desperta a curiosidade dos anjos (1Pe 1:12). A ascensão de Cristo ao Céu, entre outras coisas, significou que anjos, autoridades e potestades foram colocados em submissão a Ele (1Pe 3:22). Referências sombrias à condenação dos anjos caídos em II Pedro e Judas são feitas nas passagens que apontam solenemente os erros dos falsos mestres e sua absoluta destruição (2Pe 2:4; Jd 6). Em II Pedro 2:11, um forte contraste é feito entre os anjos bons e os maus.


Os anjos no livro de Apocalipse
Em Apocalipse, as cartas são endereçadas “ao anjo” das sete igrejas (Ap 2:12-18;3:1-14). Em cada um dos casos, a referência é feita aos pastores das igrejas, os quais eram os mensageiros de Deus para o seu povo, numa época de crise iminente. Por outro lado, existem também muitas citações aos anjos como seres sobrenaturais, por todo o livro (Ap 5:2-11;7:1-11; 8:3-8; 14:6-10; 19:17; 20:1).

A limitação do espaço nos restringe a quatro observações: primeira, os anjos aqui, como em outros lugares na Bíblia, são descritos como executores do juízo de Deus sobre a Terra (Ap 9:15; Ap 16:3-12); segunda, o papel do anjo interlocutor, observado em Zacarias, também é encontrado em Apocalipse (Ap 1:1-2; Ap 10:7-9; Ap 22:6); terceira, é observada uma divisão entre os anjos bons e os maus. “E houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam” (Ap 12:7). Nesta batalha, o lado divino saiu vitorioso: o diabo “foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (Ap 12:9); quarta, os anjos verdadeiros adoram a Deus e reúnem-se no louvor a Cristo ao redor do trono divino (Ap 5:11-12).

Sumário

A Bíblia tem muito a dizer sobre os anjos. Eles foram criados e não devem ser adorados ou louvados. Pelo contrário, são servos sobrenaturais de Deus, que participam dos seus propósitos, tanto de juízo como de salvação. São agentes e mensageiros do Senhor, trabalhando em favor dos seus filhos e protegendo-os. Os anjos participam da adoração a Deus e cumprem a sua vontade na Terra. Alguns, entretanto, se rebelaram contra o Senhor e aliaram-se a Satanás. Estes serão julgados junto com o diabo. A.A.T.


Deserto

substantivo masculino Região árida, coberta por um manto de areia, com um índice anual de baixíssima precipitação de água, caracterizada pela escassez de vegetação, dias muito quentes, noites muito frias, e ventos muito fortes.
[Biologia] Bioma com essas características, definido pela falta de diversidade de flora e fauna, baixíssimo índice de precipitação de água, calor exagerado, dias quentes e noites frias etc.
Características dos lugares ermos, desabitados, sem pessoas.
Ausência completa de alguma coisa; solidão: minha vida é um deserto de alegria.
adjetivo Que é desabitado: ilha deserta.
Pouco frequentado; vazio: rua deserta.
De caráter solitário; abandonado.
expressão Pregar no deserto. Falar algo para alguém.
Etimologia (origem da palavra deserto). Do latim desertum.

A simples idéia de deserto, significando uma vasta extensão de areia, sem árvores e água, não se deve ligar à palavra, conforme empregada na Bíblia. os israelitas não tinham conhecimento de semelhante deserto, quer nas viagens, quer na sua existência fixa. Nos livros históricos da Bíblia, a palavra ‘deserto’ significa o vale do Jordão, o do mar Morto, e aquela região que fica ao sul do mar Morto. Nestes sítios, nos dias de prosperidade da Palestina, crescia a palmeira, o bálsamo, a cana-de-açúcar, podendo admirar-se ali uma forte e bela vegetação. Nos livros proféticos e poéticos o deserto tem já a significação de território seco pela ação do excessivo calor, ainda que, no livro de Ez 47:8, se compreende o vale do Jordão. A palavra traduzida por ‘deserto’ em Êx 3:1 – 5.3 – 19.2, e em Nm 33:16, teria melhor versão, dizendo-se ‘terra de pasto’. os israelitas levavam consigo rebanhos e manadas durante todo o tempo da sua passagem para a Terra da Promissão. A mesma significação em 24:5, is 21:1, Jr 25:24.

solitário, despovoado, ermo, desabitado. – Dizemos – paragens desertas – para exprimir que estão como abandonadas; e dizemos – paragens ermas – para significar que, além de abandonadas, são paragens sombrias, onde a quietude e o desolamento nos apertam a alma. – Estância solitária é aquela que não é procurada, ou frequentada pelos homens. Pode admitir-se até no meio da cidade uma habitação solitária ou deserta; não – erma, pois que esta palavra sugere ideia de afastamento, desolação. – Despovoado e desabitado dizem propriamente “sem moradores”, sem mais ideia acessória. Quando muito, dizemos que é ou está despovoado o lugar “onde não há povoação”; e desabitado o lugar “que não é habitualmente frequentado”.

ermo, solidão (soidão, soledade), retiro, isolamento (desolamento), recanto, descampado. – Deserto é “o lugar despovoado, sem cultura, como abandonado da ação ou do bulício humano”. – Ermo acrescenta à noção de deserto a ideia de silêncio, tristeza e desolamento. Uma família, uma multidão pode ir viver no deserto; o anacoreta fica no seu ermo. – Solidão é “o lugar afastado do mundo, e onde se pode ficar só, como separado dos outros homens”. – Soidão é forma sincopada de solidão; mas parece acrescentar a esta a ideia de desamparo, do horror que causa o abismo, a solidão temerosa. Entre solidão e soledade há diferença que se não pode esquecer. Antes de tudo, soledade é mais propriamente a qualidade do que está só, do solitário, do que lugar ermo. Tomando-a, no entanto, como lugar ermo, a soledade sugere ideia da tristeza, da pena, da saudade com que se está na solidão. Dizemos, por exemplo – “a soledade da jovem viúva” – (caso em que não se aplicaria solidão, pelo menos nem sempre). – Retiro é “o lugar afastado onde alguém se recolhe e como se refugia do ruído e agitação do mundo”. – Isolamento é o lugar onde se fica separado da coletividade, fora de relações com os outros homens. A mesma diferença que notamos entre solidão e soledade pode assinalar-se entre isolamento e desolamento. No seu isolamento nem sempre se há de alguém sentir desolado (isto é – só, abandonado em sua mágoa); assim como nem sempre no seu desolamento há de estar de todo isolado (isto é – afastado dos outros homens). – Recanto é “o sítio retirado, fora das vistas de todos, longe do movimento geral da estância de que o recanto é uma parte quase oculta e escusa”. – Descampado significa “paragem, mais ou menos extensa, ampla, aberta, despovoada e inculta”. Propriamente só de deserto, solidão e ermo é que pode ser considerado como sinônimo. 350 Rocha Pombo

Deserto Terras extensas e secas, com poucas árvores e pouco capim, onde não mora ninguém. Nessas terras vivem animais ferozes (24:5); (Mt 3:1). Equivale mais ou menos a “sertão”.

Deserto Local pouco habitado, formado por rochas calcáreas e não por areia (Lc 15:4). Foi nas proximidades do deserto da Judéia que João Batista pregou. Jesus identificou-o como morada dos demônios (Mt 12:43) e nele experimentou as tentações (Mt 4:1ss.). Às vezes, Jesus refugiava-se no deserto em busca de solidão (Mc 1:35.45; Lc 4:42; 5,16; 6,32,35) e nele alimentou as multidões (Mt 14:13-21; Mc 6:32-44; Lc 9:10-17).

Dias

substantivo masculino plural Tempo de vida, de existência, dias de vida, vida.
Etimologia (origem da palavra dias). Pl de dia.

Estevar

verbo intransitivo Pegar na esteva ou rabiça do arado para o governar e dirigir.

Feras

fem. pl. de fero
fem. pl. de fera

fe·ro |é| |é|
adjectivo
adjetivo

1. Feroz.

2. Selvagem, bravio.

3. Inculto.

4. Indómito.

5. Violento.

6. Áspero.

7. Forte, vigoroso, são.


feros
nome masculino plural

8. Bravatas, fanfarronadas.


fe·ra |é| |é|
(latim fera, -ae)
nome feminino

1. Animal feroz, geralmente um mamífero carniceiro.

2. Pessoa cruel.

3. Pessoa muito zangada.

adjectivo de dois géneros e nome de dois géneros
adjetivo de dois géneros e nome de dois géneros

4. [Brasil, Informal] Que ou quem é mal-educado. = MALCRIADO

5. [Brasil, Informal] Que ou quem é corajoso. = VALENTE


Quarenta

numeral Cardinal equivalente a quatro dezenas.
Ord. Quadragésimo.

quarenta nu.M 1. Denominação do número cardinal equivalente a quatro dezenas. 2. Quadragésimo. S. .M 1. Aquele ou aquilo que ocupa o último lugar numa série de quarenta. 2. Representação desse número em algarismos arábicos ou romanos.

Satanas

hebraico: adversário; grego: Satan

Satanás

substantivo masculino O diabo; Belzebu, Satã.

O nome

Significado

O vocábulo “Satan” deriva do hebraico e significa “agir como um adversário”. O verbo pode significar também “acusar”. O substantivo é transliterado para o grego como “Satanás” e aparece cerca de 35 vezes no Novo Testamento. Às vezes a palavra é usada simplesmente para descrever um adversário humano. Por exemplo, no texto hebraico de I Samuel 29:4, os comandantes filisteus objetaram quanto ao fato de Davi estar entre eles e insistiram para que fosse mandado de volta ao seu povo: “Faze voltar a este homem, e torne ao seu lugar em que tu o puseste. Não desça conosco à batalha, para que não se nos torne na batalha em adversário (isto é, satanás)”. Algumas vezes este termo é usado precedido de artigo e nesses casos indica “o Satanás”, ou seja, o adversário pessoal de Deus e de seu povo. De fato, no Novo Testamento torna-se o título desse ser angelical caído, mas ainda assim poderoso. Ele é chamado especificamente de “vosso adversário” (1Pe 5:8).


Outros nomes descritivos Freqüentemente outros nomes ou descrições são aplicados a Satanás. Evidentemente era a “serpente” de Gênesis 3:1. Em Apocalipse 12:9-20:2, é novamente chamado de “a antiga serpente” e também de “dragão”, “o diabo ou Satanás”. O termo “diabo” (derivado de uma raiz que significa “acusar”) é usado regularmente no Novo Testamento (aproximadamente 36 vezes); outros nomes ajudam a criar um quadro desse ser pessoal do mal. Em Apocalipse 9:11 ele é o “Abadom” ou, em grego, “Apoliom”. Esse “destruidor” é “o anjo do abismo”, a “estrela que caiu do céu” (v. 1). Termos descritivos como Apoliom ou “o anjo do abismo” num certo sentido referem-se mais à personificação da destruição e da morte do que a outro nome para Satanás. De qualquer maneira, em última análise tal “destruição” certamente emana dele próprio (v. 1, a estrela caída); portanto, frases, termos e nomes como esses contribuem para o nosso entendimento sobre tal ser. Descrições ainda mais surpreendentes referentes a Satanás incluem: “deus deste século” (2Co 4:4); “príncipe dos demônios” (Mt 12:24); “príncipe das potestades do ar” (Ef 2:2); “poder deste mundo tenebroso” (Ef 6:12); “tentador” (Mt 4:3); “maligno” (Mt 13:19). Em II Coríntios 6:15 é chamado de “Belial” e em Mateus 12:24, de “Belzebu”. Em João 8:44 Jesus o chamou de “homicida desde o princípio” e de “mentiroso e pai da mentira”.

A descrição bíblica


Sua pessoa A Bíblia descreve Satanás como um ser angelical que se rebelou contra Deus, o Criador. Surpreendentemente, pouca informação é dada sobre sua posição no céu e não há nenhuma explicação para sua disposição e desejos malignos. Uma passagem em Ezequiel 28:11-19 proporciona alguns antecedentes, embora o seu nome não seja mencionado. A passagem relaciona-se diretamente a uma profecia contra o rei de Tiro e por isso há argumentos de que nada tem que ver com Satanás. Parece provável, contudo, que as referências a um “querubim” e o fato de estar presente no “Éden, o jardim de Deus” signifiquem que o autor aplicava verdades sobre Satanás ao rei de Tiro ou descrevia o diabo, que nesta instância é representado pelo rei humano. Em qualquer caso é possível aprender algo sobre Satanás, direta ou indiretamente.

Ele era “o selo da perfeição” (Ez 28:12) e “perfeito em formosura”, mas não deixava de ser uma criatura (v. 15). Vivia no “monte santo de Deus” e era “querubim da guarda ungido” pelo próprio Deus (v. 14). Finalmente, achou-se iniqüidade nele (v. 15), seu interior se encheu de violência e pecou (v. 16). Isso fez com que fosse expulso do “monte santo de Deus”. Foi lançado sobre a Terra e tornado em cinza aos olhos de todos os que o contemplavam (vv. 16-18). Outras descrições de anjos desalojados do céu são encontradas em Judas 6 e II Pedro 2:4 (veja também Is 14:12-17, onde o rei da Babilônia é descrito em termos bem similares a esses usados por Ezequiel com relação ao rei de Tiro).
Seus propósitos O propósito de Satanás é conquistar o controle para si, a fim de frustrar a vontade do Todo-poderoso e destruir a Igreja. Ele é tortuoso e enganador. Pensa, argumenta e formula estratégias cujo objetivo é a destruição do povo de Deus. É visto continuamente em guerra contra o Senhor, mas sempre no contexto de um ser criado e subordinado, para o qual Deus tem um destino determinado e inevitável. Embora não haja na Bíblia nenhum vestígio de dualismo entre o bem e o mal ou qualquer igualdade entre o maldade de Satanás e a bondade de Jesus Cristo, parte da sutileza do diabo é fazer imitações da verdade. Busca persuadir os que acreditam nele que tem poder e autoridade iguais aos de Jesus. Diferentemente de Cristo, o “Leão de Judá”, Satanás apenas ruge como leão, “buscando a quem possa tragar” (1Pe 5:8). Diferentemente de Jesus, que é “a luz do mundo”, Satanás pode apenas fingir, transformando-se “em anjo de luz”, a fim de enganar o povo de Deus (2Co 11:14).

Existem vários incidentes descritos nas Escrituras em que suas tentativas de realizar seus propósitos são retratadas de forma vívida. No livro de Jó, o propósito de Satanás, como adversário do servo do Senhor, era desacreditá-lo diante de Deus (1:2). O Senhor, entretanto, conhecia o coração de Jó, sua integridade e confiança; permitiu que Satanás exercesse um relativo poder sobre ele durante algum tempo, para prová-lo e tentá-lo. As piores coisas que o diabo pôde lançar contra Jó falharam em fazê-lo negar a Deus. Outro incidente no qual Satanás tentou fazer com que um homem temente ao Senhor se desviasse é mencionado em I Crônicas 21:1. O diabo tentou o rei Davi, fazendo-o desobedecer à Lei de Deus e cometer o pecado de recensear o povo contra a vontade de Deus. Diferentemente de Jó, que permaneceu íntegro, Davi sucumbiu à tentação e imediatamente o juízo do Todo-poderoso caiu sobre ele, por causa de sua transgressão. Mesmo no julgamento, entretanto, houve provisão para o perdão e novamente ele foi restaurado a um relacionamento adequado com o Senhor, a despeito dos esforços de Satanás em contrário.

O papel de Satanás como acusador também é retratado em Zacarias 3. Ele acusou o sumo sacerdote Josué na presença de Deus, ao tentar desqualificá-lo para o serviço do Senhor (v. 1). Como membro do povo de Deus, os pecados de Josué foram perdoados (v. 4). O Senhor providenciou para que o ataque de Satanás não tivesse efeito e assumiu a responsabilidade de fazer com que Josué fosse vestido com vestes limpas e puras, como símbolo de sua justificação diante de Deus.

No Novo Testamento, o foco do ataque de Satanás é sobre Cristo e depois sobre sua Igreja. Começou quando Jesus foi tentado pelo diabo. Num episódio com muitas similaridades com a tentação de Israel na jornada para Canaã, depois da saída do Egito, Cristo foi levado para o deserto pelo Espírito de Deus. Ali foi testado pelo diabo. O objetivo principal de Satanás era fazer com que Jesus se desviasse de seu objetivo de ir à cruz, a fim de promover a salvação. Ao contrário dos israelitas, entretanto, o verdadeiro e perfeito Filho de Deus não pecou e em toda situação seguiu a vontade do Pai celestial em fiel obediência. As tentações estão listadas em Mateus 4:1-12 e nas passagens paralelas em Marcos 1 e Lucas 4. A obediência de Jesus era especificamente à Palavra de Deus, a qual citou contra Satanás.

A maneira como Satanás distorceu o significado e a aplicação das Escrituras durante a tentação de Jesus é parte integrante de seu trabalho, o qual Cristo enfatizou na parábola do semeador (Mc 4:15). As pessoas ouvem a Palavra de Deus, mas Satanás tenta roubá-la de dentro delas. Ciente de que “a fé vem pelo ouvir a palavra de Deus” (Rm 10:17), o diabo faz tremendos esforços para impedir as pessoas de ouvir e entender a mensagem de Cristo (2Co 4:4).

Satanás também engana as pessoas, quando as faz pensar que ele é o soberano neste mundo; devido ao fato de que muitos acreditam nele e rejeitam o Senhor Deus, ele adquire um certo domínio no mundo. Portanto, seu objetivo no Novo Testamento relaciona-se especialmente em afastar as pessoas de Cristo e trazê-las de volta ao seu controle ou evitar que reconheçam a verdade de que Jesus é o Senhor dos senhores. Foi nisso que Cristo pensou, quando se referiu a Satanás como “o príncipe deste mundo” (Jo 12:31; Jo 16:11). Em certo sentido, o extraordinário poder do diabo como príncipe ou dominador deste mundo foi visto claramente quando Jesus foi crucificado. Cristo reconheceu brevemente o poder do diabo em João 14:30; em última análise, ver a cruz como vitória de Satanás na verdade seria vê-la com olhos fechados por ele. Foi naquele momento, que aparentemente representava o maior triunfo do diabo, quando Cristo morreu na cruz, que o extraordinário poder de Deus, seu controle total sobre todas as coisas e sua fidelidade para com seu povo (o alvo dos ataques de Satanás) foram realmente vistos.


Seu poder Apesar de ser essa a primeira impressão, a cruz não foi o lugar de demonstração do grande poder de Satanás. Pelo contrário, foi o local onde a limitação de seu poder foi vista claramente. Através de toda a Bíblia seu poder sempre é demonstrado como sujeito à vontade permissiva de Deus. No incidente com Jó, o Senhor estabeleceu limites bem específicos para o que era permitido a Satanás fazer. O mesmo aconteceu no incidente com o sumo sacerdote Josué. Essa limitação do poder de Satanás foi indicada pela primeira vez no julgamento do Senhor sobre ele, depois do pecado de Adão e Eva, no jardim do Éden. Ali Satanás foi condenado a uma existência desesperada na qual falharia repetidamente em seus ataques contra o povo de Deus. A maldição do Senhor o advertiu de que, ao “ferir o calcanhar” do descendente da mulher, este iria “esmagar a cabeça” da serpente (Gn 3:15). Embora sem dúvida esse seja o conhecimento do povo de Deus através dos séculos, foi particularmente verdadeiro com relação a Jesus Cristo. Satanás o feriu na crucificação, mas exatamente naquele momento a maldição do Todo-poderoso se cumpriu: o preço pelo pecado foi pago, o povo de Deus foi redimido e o Senhor venceu a morte por meio da ressurreição de Jesus, as primícias daqueles que dormem (1Co 15:20). Satanás foi ferido mortalmente.

Nem Satanás nem todas as suas forças são capazes de “nos separar (o povo de Deus) do amor de Cristo” (Rm 8:35). Em todas as coisas, Deus e o seu Cristo têm o poder final e completo. O diabo não é onisciente (não conhece todas as coisas) nem onipotente (não tem poder absoluto) e nem mesmo onipresente (não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo). De fato, ele mesmo reconheceu suas limitações em sua discussão com Deus sobre Jó, a quem reconheceu que o Senhor protegera (1:10).

Entretanto, o poder limitado de Satanás é extremamente perigoso para o povo de Deus. A respeito do diabo é dito que ele levou Ananias e Safira, membros da Igreja primitiva, ao pecado que causou a morte de ambos (At 5:3). Satanás foi capaz, pelo menos temporariamente, de impedir o trabalho de Paulo (1Ts 2:18) e o apóstolo advertiu Timóteo sobre as pessoas nas igrejas que se desviaram para seguir o diabo (1Tm 5:15).

A defesa do cristão

Em muitas ocasiões, o Novo Testamento alerta os cristãos a se defender contra Satanás. O fato de que durante a tentação no deserto, Jesus respondeu ao diabo três vezes com as palavras “está escrito...” (Mt 4:10) mostra o caminho diante de nós. Cristo usou as Escrituras (a Palavra de Deus) como principal defesa contra o diabo. Devemos dar ouvidos à Palavra de Deus, a Bíblia, tanto aos mandamentos como às promessas. Devemos viver pela fé no Todo-poderoso, cuja Palavra tem o poder de salvar. Devemos viver em obediência à Palavra, para termos a proteção do Senhor. A Palavra de Deus não é somente uma arma defensiva contra Satanás — é também ofensiva, pois é a “espada do Espírito” (Ef 6:17). A fé em Deus e em sua Palavra torna-se um escudo com o qual todas as flechas inflamadas do maligno podem ser apagadas (v. 16).

Os cristãos já viram uma prova do poder de Deus sobre Satanás quando suas próprias mentes ficaram livres da tirania dele e entenderam e creram na verdade (At 26:17-18). Também sabem que a vitória sobre o diabo, conquistada na cruz, será finalmente demonstrada ao mundo, na volta de Cristo após o Arrebatamento da Igreja, quando o golpe final na cabeça da serpente será testemunhado por toda a humanidade (Rm 16:20; Ap 20:10). Usar a Palavra de Deus desta maneira, como uma defesa prática contra o tentador e o acusador, exige obediência fiel e diária. A submissão ao Senhor é o outro lado da moeda que diz “resisti ao diabo” (Tg 4:7). Os passos práticos da obediência à Palavra de Deus, ou seja, na diligência, no cuidado para com as outras pessoas, sem jamais permitir que o sol se ponha sobre a ira etc., são meios que impedem o diabo de encontrar um “lugar” na vida do cristão (Ef 4:27-28). As tentações lançadas por ele devem ser vencidas a todo custo. A Bíblia não oferece nenhuma forma mística para tal atitude, mas sim conselhos simples e práticos, como, por exemplo, não se abster desnecessariamente de ter relações sexuais com o cônjuge, “para que Satanás não vos tente por causa da incontinência” (1Co 7:5). Evidentemente tal defesa prática contra o diabo só é possível por causa da presença do Espírito Santo: “Porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo” (1Jo 4:4).

Em última análise, entretanto, a defesa do cristão é maravilhosamente gloriosa, pois é baseada na obra expiatória de Cristo na cruz. Por meio da fé em Jesus, o crente sabe que, se Satanás por um breve momento o leva ao pecado, por causa da morte de Cristo o castigo já foi pago e a justificação é uma realidade. O veredito de “não culpado” foi pronunciado por Deus com antecedência (“sendo, pois, justificados” Rm 5:1). A obra contínua de intercessão de Cristo em favor do crente o protege, sustenta e possibilita o perdão do Pai.

A destruição de Satanás

A Bíblia não somente mostra as limitações do poder de Satanás, mas também revela qual será o fim dele. O Senhor Deus prometeu um juízo pleno e definitivo para o diabo e todos os seus seguidores. Seu fim foi sugerido em Gênesis 3:15 e Ezequiel 28:19, mas tornou-se explícito no Novo Testamento com o advento de Jesus Cristo, em sua morte e ressurreição (Mt 25:41; Lc 10:18). O livro de Apocalipse, dirigido a uma igreja perseguida, que sofria sob o tormento de Satanás e seus seguidores, dá uma atenção especial à sua derrota final e o seu lançamento “no lago de fogo”. Alguns acreditam que a vinda de Cristo será antecedida por uma grande atividade por parte de Satanás; entretanto, qualquer que seja a maneira que esses eventos finais da história se revelem, Apocalipse deixa absolutamente claro que sua influência, poder e controle serão destruídos completamente, de maneira que no novo céu e na nova terra não estarão mais presentes. Até mesmo a morte, que Satanás tem usado para criar medo e rebelião no mundo, não existirá mais. É difícil compreender a glória dessa expulsão final. Os crentes oram por isso há muito tempo (1Co 16:22; Ap 6:10), mas será um dia que trará a maior glória a Deus, o Salvador, e trará grande paz e alegria a todos os crentes, pois “Deus enxugará de seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, pois já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21:4; veja também Ap 20:7-14; 2Ts 2:3-12; Ap 12:9-12; etc.). P.D.G.


[...] personificação do mal sob forma alegórica, visto não se poder admitir que exista um ser mau a lutar, como de potência a potência, com a Divindade e cuja única preocupação consistisse em lhe contrariar os desígnios. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita• Trad• de Guillon Ribeiro• 86a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - q• 131

[...] Satã, segundo o Espiritismo e a opinião de muitos filósofos cristãos, não é um ser real; é a personificação do mal, como Saturno era outrora a do Tempo. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• O que é o Espiritismo: noções elementares do mundo invisível, pelas manifestações dos Espíritos• 52a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 1

A concepção de Satanás é, no fundo, essencialmente atéia. [...] é uma negação hipócrita de Deus em alguns dos seus essenciais atributos.
Referencia: AMIGÓ Y PELLÍCER, José• Roma e o Evangelho: estudos filosófico-religiosos e teórico-práticos• 9a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Comunicações ou ensinos dos Espíritos

[...] Satanás é o símbolo do mal. Satanás é a ignorância, a matéria e suas grosseiras influências [...].
Referencia: DENIS, Léon• Cristianismo e Espiritismo: provas experimentais da sobrevivência• Trad• de Leopoldo Cirne• 14a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 7

Satanás, o diabo, o demônio – são nomes alegóricos pelos quais se designa o conjunto dos maus Espíritos empenhados na perda do homem. Satanás não era um Espírito especial, mas a síntese dos piores Espíritos que, purificados agora na sua maioria, perseguiam os homens, desviando-os do caminho do Senhor.
Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 1

[...] satanás, demônio, diabo – se devem entender – os Espíritos impuros, imundos. São sinônimas tais locuções e é sempre essa a significação em que as empregaram os Evangelhos.
Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 1

[...] as expressões Belzebu, Satanás, príncipe dos demônios, diabo [...] não tinham [...] mais do que um sentido figurado, servindo para designar os Espíritos maus que, depois de haverem falido na sua origem, permanecem nas sendas do mal, praticando-o contra os homens.
Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 2

Satanás somos nós, Satanás são todos aqueles que não fazem a vontade de Deus e não seguem a doutrina de N. S. Jesus Cristo. Satanás é o nosso orgulho, a nossa vaidade, a nossa avareza; são todos os nossos instintos perversos, que nos colocam numa montanha terrível de tentações, para que sejamos atraídos ao abismo, onde devemos encontrar as sombras de uma morte eterna, se eternos forem os nossos maus instintos.
Referencia: SILVA JÚNIOR, Frederico Pereira da• Jesus perante a cristandade• Pelo Espírito Francisco Leite Bittencourt Sampaio• Org• por Pedro Luiz de Oliveira Sayão• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 3

Satã é a inteligência perversa.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Libertação• Pelo Espírito André Luiz• 29a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 1


Satanás [Adversário] - V. DIABO (Mt 12:26).

Satanás Ver Diabo, Demônios.

Servir

verbo transitivo direto e intransitivo Prestar serviços; cumprir determinados deveres e funções: servir a pátria; passou a vida a servir.
Ter utilidade; dar auxílio; auxiliar, ajudar: servir um colega; dedicou sua vida à caridade, viveu de servir.
verbo bitransitivo Pôr na mesa: servir a sopa; servir o jantar aos filhos.
verbo transitivo direto Causar uma sensação prazerosa; satisfazer: servir as paixões.
Oferecer algo; dar: servir uísque e salgadinhos.
Prover com o necessário; abastecer: bomba que serve o reservatório.
Vender algo; fornecer: esta casa serve os melhores produtos.
verbo transitivo indireto Ocupar o lugar de; desempenhar as funções de; substituir: servir de pai aos desamparados.
verbo intransitivo Ser útil; convir, importar: em tal momento o saber serve muito.
Ter serventia, utilidade: estas coisas não servem mais para nada.
[Esporte] Lançar a bola no início de um jogo de tênis.
verbo pronominal Fazer uso de; usar: servir-se do compasso.
Tomar uma porção (comida ou bebida): servir-se do bom e do melhor.
Tirar vantagens de; aproveitar-se: servir-se dos ingênuos.
Etimologia (origem da palavra servir). Do latim servire.

Servir, no sentido cristão, é esquecer de si mesmo e devotar-se amorosamente ao auxílio do próximo, sem objetivar qualquer recompensa, nem mesmo o simples reconhecimento daqueles a quem se haja beneficiado.
Referencia: CALLIGARIS, Rodolfo• Parábolas evangélicas: à luz do Espiritismo• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - Parábola dos primeiros lugares

Serve e passa, esquecendo o mal e a treva, / Porque o dom de servir / É a força luminosa que te eleva / Às bênçãos do porvir.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

Servir é criar simpatia, fraternidade e luz.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -


Servir Os discípulos de Jesus podem servir somente a Deus, já que qualquer outro serviço faria com que deixassem o Senhor (Mt 6:24; Jo 15:20). Quanto a Jesus, sua situação, sem dúvida, não é a desumana do escravo, mas a do amigo (Jo 15:15) e do filho (Jo 8:33-36). Esse relacionamento especial com Deus deve conduzi-los a servir uns aos outros (Mt 20:27; 25,44; Jo 13:1-19), imitando Jesus, o Servo de YHVH (Mc 10:44-45).

Tentado

tentado adj. Atraído, seduzido.

Strongs

Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
ἐκεῖ ἔν ἔρημος ἦν τεσσαράκοντα ἡμέρα πειράζω ὑπό Σατανᾶς ἦν μετά θηρίον καί ἄγγελος αὐτός διακονέω
Marcos 1: 13 - Texto em Grego - (BGB) - Bíblia Grega Bereana

E ele esteve ali no deserto quarenta dias, tentado por Satanás; e estava entre as feras, e os anjos o serviam.
Marcos 1: 13 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

Outubro de 27 a Outubro de 28. 15° ano de Tibério
G1247
diakonéō
διακονέω
o filho
(the son)
Substantivo
G1510
eimí
εἰμί
ser
(being)
Verbo - Presente do indicativo Ativo - Masculino no Singular nominativo
G1722
en
ἐν
ouro
(gold)
Substantivo
G2048
érēmos
ἔρημος
(Piel) zombar, enganar
(has deceived)
Verbo
G2250
hēméra
ἡμέρα
[os] dias
([the] days)
Substantivo - Dativo Feminino no Plural
G2342
thēríon
θηρίον
torcer, girar, dançar, contorcer-se, temer, tremer, trabalhar, estar em angústia, estar com
(And he waited)
Verbo
G2532
kaí
καί
desejo, aquilo que é desejável adj
(goodly)
Substantivo
G32
ángelos
ἄγγελος
anjo / mensageiro
(angel)
Substantivo - Masculino no Singular nominativo
G3326
metá
μετά
.. .. ..
(.. .. ..)
Substantivo
G3588
ho
para que
(that)
Conjunção
G3985
peirázō
πειράζω
tentar para ver se algo pode ser feito
(to be tempted)
Verbo - Aoristo (pretérito não qualificado de um verbo sem referência à duração ou conclusão da ação) infinitivo passivo
G4567
Satanâs
Σατανᾶς
obra
(works [are])
Substantivo
G5062
tessarákonta
τεσσαράκοντα
golpear, bater
(will plague)
Verbo
G5259
hypó
ὑπό
por / através / até
(by)
Preposição
G846
autós
αὐτός
dele
(of him)
Pronome Pessoal / Possessivo - Genitivo Masculino 3ª pessoa do singular


διακονέω


(G1247)
diakonéō (dee-ak-on-eh'-o)

1247 διακονεω diakoneo

de 1249; TDNT - 2:81,152; v

  1. ser um servo, atendente, doméstico, servir, atender
    1. ministrar a alguém, render ofícios ministériais a
      1. ser servido ou ministrado a
    2. atender a mesa e oferecer comida e bebida para os convidados
      1. de mulheres preparando comida
    3. ministrar i.e. fornecer alimento e necessários para a vida
      1. aliviar as necessidades de alguém (p.e. por meio de recolhimento de donativos), prover ou cuidar de, distribuir (as coisas necessárias para sustentar a vida)
      2. cuidar do pobre e doente, o que caracteriza o ofício de um diácono
      3. em igrejas cristãs, servir como diácono
    4. ministrar
      1. participar de qualquer evento que possa servir aos interesses de outros
      2. ministrar uma coisa para alguém, servir alguém ou suprir alguma necessidade

εἰμί


(G1510)
eimí (i-mee')

1510 ειμι eimi

primeira pessoa do singular do presente indicativo; uma forma prolongada de um verbo primário e defectivo; TDNT - 2:398,206; v

  1. ser, exitir, acontecer, estar presente

ἐν


(G1722)
en (en)

1722 εν en

preposição primária denotando posição (fixa) (de lugar, tempo ou estado), e (por implicação) instrumentalidade (mediana ou construtivamente), i.e. uma relação do descanso (intermédia entre 1519 e 1537); TDNT - 2:537,233; prep

  1. em, por, com etc.

ἔρημος


(G2048)
érēmos (er'-ay-mos)

2048 ερημος eremos

afinidade incerta; TDNT - 2:657,255; adjetivo

  1. solitário, abandonado, desolado, desabitado
    1. usado para lugares
      1. deserto, ermo
      2. lugares desertos, regiões solitárias
      3. uma região não cultivada, própria para pastagem
    2. usado para pessoas
      1. abandonada pelos outros
      2. privada do cuidado e da proteção de outros, especialmente de amigos, conhecidos, parentes
      3. privado
        1. de um rebanho abandonado pelo pastor
        2. de uma mulher repudiada pelo seu marido, de quem o próprio marido se afasta

ἡμέρα


(G2250)
hēméra (hay-mer'-ah)

2250 ημερα hemera

de (com 5610 implicado) um derivado de hemai (descansar, semelhante a raíz de 1476) significando manso, i.e. dócil; TDNT - 2:943,309; n f

  1. o dia, usado do dia natural, ou do intervalo entre o nascer e o pôr-do-sol, como diferenciado e contrastado com a noite
    1. durante o dia
    2. metáf., “o dia” é considerado como o tempo para abster-se de indulgência, vício, crime, por serem atos cometidos de noite e na escuridão
  2. do dia civil, ou do espaço de vinte e quatro horas (que também inclui a noite)
    1. o uso oriental deste termo difere do nosso uso ocidental. Qualquer parte de um dia é contado como um dia inteiro. Por isso a expressão “três dias e três noites” não significa literalmente três dias inteiros, mas ao menos um dia inteiro, mais partes de dois outros dias.

      do último dia desta presente era, o dia em que Cristo voltará do céu, ressuscitará os mortos, levará a cabo o julgamento final, e estabelecerá o seu reino de forma plena.

      usado do tempo de modo geral, i.e., os dias da sua vida.


θηρίον


(G2342)
thēríon (thay-ree'-on)

2342 θηριον therion

diminutivo do mesmo que 2339; TDNT - 3:133,333; n n

animal

animal selvagem, besta selvagem, besta

metáf. um ser bruto,lascivo, selvagem, feroz

Sinônimos ver verbete 5846 e 5930


καί


(G2532)
kaí (kahee)

2532 και kai

aparentemente, uma partícula primária, que tem uma ação aditiva e algumas vezes também uma força acumulativa; conj

  1. e, também, até mesmo, realmente, mas

ἄγγελος


(G32)
ángelos (ang'-el-os)

32 αγγελος aggelos

de aggello [provavelmente derivado de 71, cf 34] (trazer notícias); TDNT 1:74,12; n m

  1. um mensageiro, embaixador, alguém que é enviado, um anjo, um mensageiro de Deus

μετά


(G3326)
metá (met-ah')

3326 μετα meta

preposição primária (com freqüencia usada adverbialmente); TDNT - 7:766,1102; prep

  1. com, depois, atrás


(G3588)
ho (ho)

3588 ο ho

que inclue o feminino η he, e o neutro το to

em todos as suas inflexões, o artigo definido; artigo

  1. este, aquela, estes, etc.

    Exceto “o” ou “a”, apenas casos especiais são levados em consideração.


πειράζω


(G3985)
peirázō (pi-rad'-zo)

3985 πειραζω peirazo

de 3984; TDNT - 6:23,822; v

  1. tentar para ver se algo pode ser feito
    1. tentar, esforçar-se
  2. tentar, fazer uma experiência com, teste: com o propósito de apurar sua quantidade, ou o que ele pensa, ou como ele se comportará
    1. num bom sentido
    2. num mau sentido, testar alguém maliciosamente; pôr à prova seus sentimentos ou julgamentos com astúcia
    3. tentar ou testar a fé de alguém, virtude, caráter, pela incitação ao pecado
      1. instigar ao pecado, tentar
        1. das tentações do diabo
    4. o uso do AT
      1. de Deus: infligir males sobre alguém a fim de provar seu caráter e a firmeza de sua fé
      2. os homens tentam a Deus quando mostram desconfiança, como se quisessem testar se ele realmente é confiável
      3. pela conduta ímpia ou má, testar a justiça e a paciência de Deus e desafiá-lo, como se tivesse que dar prova de sua perfeição.

Σατανᾶς


(G4567)
Satanâs (sat-an-as')

4567 σατανας Satanas

de origem aramaica e relacionado a 4566 (com o afixo definido); TDNT - 7:151,1007; n pr m

  1. adversário (alguém que se opõe a outro em propósito ou ação), nome dado
    1. ao príncipe dos espíritos maus, o adversário inveterado de Deus e Cristo
      1. incita à apostasia de Deus e ao pecado
      2. engana os homens pela sua astúcia
      3. diz-se que os adoradores de ídolos estão sob seu controle
      4. pelos seus demônios, é capaz de possuir pessoas e infligi-las com enfermidades
      5. é derrotado com a ajuda de Deus
      6. na volta de Cristo do céu, ele será preso com cadeias por mil anos, mas quando os mil anos terminarem, ele andará sobre a terra ainda com mais poder, mas logo após será entregue à condenação eterna
    2. pessoa semelhante a Satanás

τεσσαράκοντα


(G5062)
tessarákonta (tes-sar-ak'-on-tah)

5062 τεσσαρακοντα tessarakonta

década de 5064; TDNT - 8:135,1172; adj

  1. quarenta

ὑπό


(G5259)
hypó (hoop-o')

5259 υπο hupo

preposição primária; prep

  1. por, sob

αὐτός


(G846)
autós (ow-tos')

846 αυτος autos

da partícula au [talvez semelhante a raiz de 109 pela idéia de um vento instável] (para trás); pron

  1. ele próprio, ela mesma, eles mesmos, de si mesmo
  2. ele, ela, isto
  3. o mesmo