Enciclopédia de João 10:21-21

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

jo 10: 21

Versão Versículo
ARA Outros diziam: Este modo de falar não é de endemoninhado; pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos?
ARC Diziam outros: Estas palavras não são de endemoninhado; pode porventura um demônio abrir os olhos aos cegos?
TB Outros diziam: Essas palavras não são de um endemoninhado; pode, porventura, o demônio abrir os olhos aos cegos?
BGB ⸀ἄλλοι ἔλεγον· Ταῦτα τὰ ῥήματα οὐκ ἔστιν δαιμονιζομένου· μὴ δαιμόνιον δύναται τυφλῶν ὀφθαλμοὺς ⸀ἀνοῖξαι;
HD Outros diziam: Estas palavras não são de endaimoniado . Porventura pode um daimon abrir os olhos dos cegos?
BKJ Outros diziam: Essas palavras não são de quem tem demônio pode um demônio abrir os olhos dos cegos?
LTT Outros diziam: "Estas palavras não são aquelas de alguém estando endemoniado. Porventura pode um demônio abrir os olhos dos cegos?"
BJ2 Outros diziam: "Não são de um endemoninhado essas palavras; porventura um demônio pode abrir olhos de cegos?"
VULG Alii dicebant : Hæc verba non sunt dæmonium habentis : numquid dæmonium potest cæcorum oculos aperire ?

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de João 10:21

Êxodo 4:11 E disse-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?
Êxodo 8:19 Então, disseram os magos a Faraó: Isto é o dedo de Deus. Porém o coração de Faraó se endureceu, e não os ouvia, como o Senhor tinha dito.
Salmos 94:9 Aquele que fez o ouvido, não ouvirá? E o que formou o olho, não verá?
Salmos 146:8 o Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor levanta os abatidos; o Senhor ama os justos;
Provérbios 20:12 O ouvido que ouve e o olho que vê, o Senhor os fez a ambos.
Isaías 35:5 Então, os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se abrirão.
Mateus 4:24 E a sua fama correu por toda a Síria; e traziam-lhe todos os que padeciam acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos e os paralíticos, e ele os curava.
Mateus 11:5 Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
João 9:6 Tendo dito isso, cuspiu na terra, e, com a saliva, fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.
João 9:32 Desde o princípio do mundo, nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.


Notas de rodapé da Bíblia (HD) - Haroldo Dutra

As notas de rodapé presentes na Bíblia versão Haroldo Dutra são comentários e explicações adicionais fornecidos pelo tradutor para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas de rodapé são baseadas em pesquisas, análises históricas, culturais e linguísticas, bem como em outras referências bíblicas, a fim de fornecer um contexto mais profundo e uma interpretação mais precisa do significado original do texto. As notas de rodapé são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.
João 10 : 21
endaimoniado
Lit. “sob a ação dos daimon”. Trata-se dos obsedados, pessoas sujeitas à influência perniciosa de espíritos sem esclarecimento, magoados ou malévolos, razão pela qual se optou pela transliteração do termo grego.

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Principais acontecimentos da vida terrestre de Jesus

O grande ministério de Jesus na Galileia (Parte 3) e na Judeia

DATA

LUGAR

ACONTECIMENTO

MATEUS

MARCOS

LUCAS

JOÃO

32 d.C., depois da Páscoa

Mar da Galileia; Betsaida

Em viagem para Betsaida, Jesus alerta contra o fermento dos fariseus; cura cego

Mt 16:5-12

Mc 8:13-26

   

Região de Cesareia de Filipe

Chaves do Reino; profetiza sua morte e ressurreição

Mt 16:13-28

Mc 8:27–9:1

Lc 9:18-27

 

Talvez Mte. Hermom

Transfiguração; Jeová fala

Mt 17:1-13

Mc 9:2-13

Lc 9:28-36

 

Região de Cesareia de Filipe

Cura menino endemoninhado

Mt 17:14-20

Mc 9:14-29

Lc 9:37-43

 

Galileia

Profetiza novamente sua morte

Mt 17:22-23

Mc 9:30-32

Lc 9:43-45

 

Cafarnaum

Moeda na boca de um peixe

Mt 17:24-27

     

O maior no Reino; ilustrações da ovelha perdida e do escravo que não perdoou

Mt 18:1-35

Mc 9:33-50

Lc 9:46-50

 

Galileia–Samaria

Indo a Jerusalém, diz aos discípulos que abandonem tudo pelo Reino

Mt 8:19-22

 

Lc 9:51-62

Jo 7:2-10

Ministério de Jesus na Judeia

DATA

LUGAR

ACONTECIMENTO

MATEUS

MARCOS

LUCAS

JOÃO

32 d.C., Festividade das Tendas (Barracas)

Jerusalém

Ensina na Festividade; guardas enviados para prendê-lo

     

Jo 7:11-52

Diz “eu sou a luz do mundo”; cura homem cego de nascença

     

Jo 8:12–9:41

Provavelmente Judeia

Envia os 70; eles voltam alegres

   

Lc 10:1-24

 

Judeia; Betânia

Ilustração do bom samaritano; visita a casa de Maria e Marta

   

Lc 10:25-42

 

Provavelmente Judeia

Ensina novamente a oração-modelo; ilustração do amigo persistente

   

Lc 11:1-13

 

Expulsa demônios pelo dedo de Deus; sinal de Jonas

   

Lc 11:14-36

 

Come com fariseu; condena hipocrisia dos fariseus

   

Lc 11:37-54

 

Ilustrações: o homem rico insensato e o administrador fiel

   

Lc 12:1-59

 

No sábado, cura mulher encurvada; ilustrações do grão de mostarda e do fermento

   

Lc 13:1-21

 

32 d.C., Festividade da Dedicação

Jerusalém

Ilustração do bom pastor e o aprisco; judeus tentam apedrejá-lo; viaja para Betânia do outro lado do Jordão

     

Jo 10:1-39


Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita

Não foram encontradas referências em Livro Espírita.

Referências em Outras Obras


CARLOS TORRES PASTORINO

jo 10:21
Sabedoria do Evangelho - Volume 4

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 13
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 16:24-28


24. Jesus disse então o seus discípulos: "Se alguém quer vir após mim, neguese a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


25. Porque aquele que quiser preservar sua alma. a perderá; e quem perder sua alma por minha causa, a achará.


26. Pois que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Ou que dará o homem em troca de sua alma?


27. Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com seus mensageiros, e então retribuirá a cada um segundo seu comportamento.


28. Em verdade vos digo, que alguns dos aqui presentes absolutamente experimentarão a morte até que o Filho do Homem venha em seu reino. MC 8:34-38 e MC 9:1


34. E chamando a si a multidão, junto com seus discípulos disse-lhes: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


35. Porque quem quiser preservar sua alma, a perderá; e quem perder sua alma por amor de mim e da Boa-Nova, a preservará.


36. Pois que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?


37. E que daria um homem em troca de sua alma?


38. Porque se alguém nesta geração adúltera e errada se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, também dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na glória de seu Pai com seus santos mensageiros". 9:1 E disse-lhes: "Em verdade em verdade vos digo que há alguns dos aqui presentes, os quais absolutamente experimentarão a morte, até que vejam o reino de Deus já chegado em força".


LC 9:23-27


23. Dizia, então, a todos: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me.


24. Pois quem quiser preservar sua alma, a perderá; mas quem perder sua alma por amor de mim, esse a preservará.


25. De fato, que aproveita a um homem se ganhar o mundo inteiro, mas arruinar-se ou causar dano a si mesmo?


26. Porque aquele que se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória, na do Pai e na dos santos mensageiros.


27. Mas eu vos digo verdadeiramente, há alguns dos aqui presentes que não experimentarão a morte até que tenham visto o reino de Deus.


Depois do episódio narrado no último capítulo, novamente Jesus apresenta uma lição teórica, embora bem mais curta que as do Evangelho de João.


Segundo Mateus, a conversa foi mantida com Seus discípulos. Marcos, entretanto, revela que Jesu "chamou a multidão" para ouvi-la, como que salientando que a aula era "para todos"; palavras, aliás, textuais em Lucas.


Achava-se a comitiva no território não-israelita ("pagão") de Cesareia de Filipe, e certamente os moradores locais haviam observado aqueles homens e mulheres que perambulavam em grupo homogêneo.


Natural que ficassem curiosos, a "espiar" por perto. A esses, Jesus convida que se aproximem para ouvir os ensinamentos e as exigências impostas a todos os que ambicionavam o DISCIPULATO, o grau mais elevado dos três citados pelo Mestre: justos (bons), profetas (médiuns) e discípulos (ver vol. 3).


As exigências são apenas três, bem distintas entre si, e citadas em sequência gradativa da menor à maior. Observamos que nenhuma delas se prende a saber, nem a dizer, nem a crer, nem a fazer, mas todas se baseiam em SER. O que vale é a evolução interna, sem necessidade de exteriorizações, nem de confissões, nem de ritos.


No entanto, é bem frisada a vontade livre: "se alguém quiser"; ninguém é obrigado; a espontaneidade deve ser absoluta, sem qualquer coação física nem moral. Analisemos.


Vimos, no episódio anterior, o Mestre ordenar a Pedro que "se colocasse atrás Dele". Agora esclarece: " se alguém QUER ser SEU discípulo, siga atrás Dele". E se tem vontade firme e inabalável, se o QUER, realize estas três condições:

1. ª - negue-se a si mesmo (Lc. arnésasthô; Mat. e Mr. aparnésasthô eautón).


2. ª - tome (carregue) sua cruz (Lc. "cada dia": arátô tòn stáurou autoú kath"hêméran);

3. ª - e siga-me (akoloutheítô moi).


Se excetuarmos a negação de si mesmo, já ouvíramos essas palavras em MT 10:38 (vol. 3).


O verbo "negar-se" ou "renunciar-se" (aparnéomai) é empregado por Isaías (Isaías 31:7) para descrever o gesto dos israelitas infiéis que, esclarecidos pela derrota dos assírios, rejeitaram ou negaram ou renunciaram a seus ídolos. E essa é a atitude pedida pelo Mestre aos que QUEREM ser Seus discípulos: rejeitar o ídolo de carne que é o próprio corpo físico, com sua sequela de sensações, emoções e intelectualismo, o que tudo constitui a personagem transitória a pervagar alguns segundos na crosta do planeta.


Quanto ao "carregar a própria cruz", já vimos (vol. 3), o que significava. E os habitantes da Palestina deviam estar habituados a assistir à cena degradante que se vinha repetindo desde o domínio romano, com muita frequência. Para só nos reportarmos a Flávio Josefo, ele cita-nos quatro casos em que as crucificações foram em massa: Varus que fez crucificar 2. 000 judeus, por ocasião da morte, em 4 A. C., de Herodes o Grande (Ant. Jud. 17. 10-4-10); Quadratus, que mandou crucificar todos os judeus que se haviam rebelado (48-52 A. D.) e que tinham sido aprisionados por Cumarus (Bell. Jud. 2. 12. 6); em 66 A. D. até personagens ilustres foram crucificadas por Gessius Florus (Bell. Jud. 2. 14. 9); e Tito que, no assédio de Jerusalém, fez crucificar todos os prisioneiros, tantos que não havia mais nem madeira para as cruzes, nem lugar para plantá-las (Bell. Jud. 5. 11. 1). Por aí se calcula quantos milhares de crucificações foram feitas antes; e o espetáculo do condenado que carregava às costas o instrumento do próprio suplício era corriqueiro. Não se tratava, portanto, de uma comparação vazia de sentido, embora constituindo uma metáfora. E que o era, Lucas encarrega-se de esclarecê-lo, ao acrescentar "carregue cada dia a própria cruz". Vemos a exigência da estrada de sacrifícios heroicamente suportados na luta do dia a dia, contra os próprios pendores ruins e vícios.


A terceira condição, "segui-Lo", revela-nos a chave final ao discipulato de tal Mestre, que não alicia discípulos prometendo-lhes facilidades nem privilégios: ao contrário. Não basta estudar-Lhe a doutrina, aprofundar-Lhe a teologia, decorar-Lhe as palavras, pregar-Lhe os ensinamentos: é mister SEGUILO, acompanhando-O passo a passo, colocando os pés nas pegadas sangrentas que o Rabi foi deixando ao caminhar pelas ásperas veredas de Sua peregrinação terrena. Ele é nosso exemplo e também nosso modelo vivo, para ser seguido até o topo do calvário.


Aqui chegamos a compreender a significação plena da frase dirigida a Pedro: "ainda és meu adversário (porque caminhas na direção oposta a mim, e tentas impedir-me a senda dolorosa e sacrificial): vai para trás de mim e segue-me; se queres ser meu discípulo, terás que renunciar a ti mesmo (não mais pensando nas coisas humanas); que carregar também tua cruz sem que me percas de vista na dura, laboriosa e dorida ascensão ao Reino". Mas isto, "se o QUERES" ... Valerá a pena trilhar esse áspero caminho cheio de pedras e espinheiros?


O versículo seguinte (repetição, com pequena variante de MT 10:39; cfr. vol. 3) responde a essa pergunta.


As palavras dessa lição são praticamente idênticas nos três sinópticos, demonstrando a impress ão que devem ter causado nos discípulos.


Sim, porque quem quiser preservar sua alma (hós eán thélei tên psychên autòn sõsai) a perderá (apolêsei autên). Ainda aqui encontramos o verbo sôzô, cuja tradução "salvar" (veja vol. 3) dá margem a tanta ambiguidade atualmente. Neste passo, a palavra portuguesa "preservar" (conservar, resguardar) corresponde melhor ao sentido do contexto. O verbo apolesô "perder", só poderia ser dado também com a sinonímia de "arruinar" ou "degradar" (no sentido etimológico de "diminuir o grau").


E o inverso é salientado: "mas quem a perder "hós d"án apolésêi tên psychên autoú), por minha causa (héneken emoú) - e Marcos acrescenta "e da Boa Nova" (kaì toú euaggelíou) - esse a preservará (sósei autén, em Marcos e Lucas) ou a achará (heurêsei autén, em Mateus).


A seguir pergunta, como que explicando a antinomia verbal anterior: "que utilidade terá o homem se lucrar todo o mundo físico (kósmos), mas perder - isto é, não evoluir - sua alma? E qual o tesouro da Terra que poderia ser oferecido em troca (antállagma) da evolução espiritual da criatura? Não há dinheiro nem ouro que consiga fazer um mestre, riem que possa dar-se em troca de uma iniciação real.


Bens espirituais não podem ser comprados nem "trocados" por quantias materiais. A matemática possui o axioma válido também aqui: quantidades heterogêneas não podem somar-se.


O versículo seguinte apresenta variantes.


MATEUS traz a afirmação de que o Filho do Homem virá com a glória de seu Pai, em companhia de Seus Mensageiros (anjos), para retribuir a cada um segundo seus atos. Traduzimos aqui dóxa por "glória" (veja vol. 1 e vol. 3), porque é o melhor sentido dentro do contexto. E entendemos essa glória como sinônimo perfeito da "sintonia vibratória" ou a frequência da tônica do Pai (Verbo, Som). A atribui ção a cada um segundo "seus atos" (tên práxin autoú) ou talvez, bem melhor, de acordo com seu comportamento, com a "prática" da vida diária. Não são realmente os atos, sobretudo isolados (mesmo os heroicos) que atestarão a Evolução de uma criatura, mas seu comportamento constante e diuturno.


MARCOS diz que se alguém, desta geração "adúltera", isto é, que se tornou "infiel" a Deus, traindo-O por amar mais a matéria que o espírito, e "errada" na compreensão das grandes verdades, "se envergonhar" (ou seja "desafinar", não-sintonizar), também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier com a glória do Pai, em companhia de Seus mensageiros (anjos).


LUCAS repete as palavras de Marcos (menos a referência à Boa Nova), salientando, porém, que o Filho do Homem virá com Sua própria glória, com a glória do Pai, e com a glória dos santos mensageiros (anjos).


E finalmente o último versículo, em que só Mateus difere dos outros dois, os quais, no entanto, nos parecem mais conformes às palavras originais.


Afirma o Mestre "alguns dos aqui presentes" (eisin tines tõn hõde hestótõn), os quais não experimentar ão (literalmente: "não saborearão, ou mê geúsôntai) a morte, até que vejam o reino de Deus chegar com poder. Mateus em vez de "o reino de Deus", diz "o Filho do Homem", o que deu margem à expectativa da parusia (ver vol. 3), ainda para os indivíduos daquela geração.


Entretanto, não se trata aqui, de modo algum, de uma parusia escatológica (Paulo avisa aos tessalonicenses que não o aguardem "como se já estivesse perto"; cfr. 1. ª Tess. 2: lss), mas da descoberta e conquista do "reino de Deus DENTRO de cada um" (cfr. LC 17:21), prometido para alguns "dos ali presentes" para essa mesma encarnação.


A má interpretação provocou confusões. Os gnósticos (como Teodósio), João Crisóstomo, Teofilacto e outros - e modernamente o cardeal Billot, S. J. (cfr. "La Parousie", pág. 187), interpretam a "vinda na glória do Filho do Homem" como um prenúncio da Transfiguração; Cajetan diz ser a Ressurreição;


Godet acha que foi Pentecostes; todavia, os próprios discípulos de Jesus, contemporâneos dos fatos, não interpretaram assim, já que após a tudo terem assistido, inclusive ao Pentecostes, continuaram esperando, para aqueles próximos anos, essa vinda espetacular. Outros recuaram mais um pouco no tempo, e viram essa "vinda gloriosa" na destruição de Jerusalém, como "vingança" do Filho do Homem; isso, porém, desdiz o perdão que Ele mesmo pedira ao Pai pela ignorância de Seus algozes (D. Calmet, Knabenbauer, Schanz, Fillion, Prat, Huby, Lagrange); e outros a interpretaram como sendo a difusão do cristianismo entre os pagãos (Gregório Magno, Beda, Jansênio, Lamy).


Penetremos mais a fundo o sentido.


Na vida literária e artística, em geral, distinguimos nitidamente o "aluno" do "discípulo". Aluno é quem aprende com um professor; discípulo é quem segue a trilha antes perlustrada por um mestre. Só denominamos "discípulo" aquele que reproduz em suas obras a técnica, a "escola", o estilo, a interpretação, a vivência do mestre. Aristóteles foi aluno de Platão, mas não seu discípulo. Mas Platão, além de ter sido aluno de Sócrates, foi também seu discípulo. Essa distinção já era feita por Jesus há vinte séculos; ser Seu discípulo é segui-Lo, e não apenas "aprender" Suas lições.


Aqui podemos desdobrar os requisitos em quatro, para melhor explicação.


Primeiro: é necessário QUERER. Sem que o livre-arbítrio espontaneamente escolha e decida, não pode haver discipulato. Daí a importância que assume, no progresso espiritual, o aprendizado e o estudo, que não podem limitar-se a ouvir rápidas palavras, mas precisam ser sérios, contínuos e profundos.


Pois, na realidade, embora seja a intuição que ilumina o intelecto, se este não estiver preparado por meio do conhecimento e da compreensão, não poderá esclarecer a vontade, para que esta escolha e resolva pró ou contra.


O segundo é NEGAR-SE a si mesmo. Hoje, com a distinção que conhecemos entre o Espírito (individualidade) e a personagem terrena transitória (personalidade), a frase mais compreensível será: "negar a personagem", ou seja, renunciar aos desejos terrenos, conforme ensinou Sidarta Gotama, o Buddha.


Cientificamente poderíamos dizer: superar ou abafar a consciência atual, para deixar que prevaleça a super-consciência.


Essa linguagem, entretanto, seria incompreensível àquela época. Todavia, as palavras proferidas pelo Mestre são de meridiana clareza: "renunciar a si mesmo". Observando-se que, pelo atraso da humanidade, se acredita que o verdadeiro eu é a personagem, e que a consciência atual é a única, negar essa personagem e essa consciência exprime, no fundo, negar-se "a si mesmo". Diz, portanto, o Mestre: " esse eu, que vocês julgam ser o verdadeiro eu, precisa ser negado". Nada mais esclarece, já que não teria sido entendido pela humanidade de então. No entanto, aqueles que seguissem fielmente Sua lição, negando seu eu pequeno e transitório, descobririam, por si mesmos, automaticamente, em pouco tempo, o outro Eu, o verdadeiro, coisa que de fato ocorreu com muitos cristãos.


Talvez no início possa parecer, ao experimentado: desavisado, que esse Eu verdadeiro seja algo "externo".


Mas quando, por meio da evolução, for atingido o "Encontro Místico", e o Cristo Interno assumir a supremacia e o comando, ele verificará que esse Divino Amigo não é um TU desconhecido, mas antes constitui o EU REAL. Além disso, o Mestre não se satisfez com a explanação teórica verbal: exemplificou, negando o eu personalístico de "Jesus", até deixá-lo ser perseguido, preso, caluniado, torturado e assassinado. Que Lhe importava o eu pequeno? O Cristo era o verdadeiro Eu Profundo de Jesus (como de todos nós) e o Cristo, com a renúncia e negação do eu de Jesus, pode expandir-se e assumir totalmente o comando da personagem humana de Jesus, sendo, às vezes, difícil distinguir quando falava e agia "Jesus" e quando agia e falava "o Cristo". Por isso em vez de Jesus, temos nele O CRISTO, e a história o reconhece como "Jesus", O CRISTO", considerando-o como homem (Jesus) e Deus (Cristo).


Essa anulação do eu pequeno fez que a própria personagem fosse glorificada pela humildade, e o nome humano negado totalmente se elevasse acima de tudo, de tal forma que "ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na Terra e debaixo da terra" (Filp. 2:10).


Tudo isso provocou intermináveis discussões durante séculos, por parte dos que não conseguiram penetrar a realidade dos acontecimentos, caracterizados, então, de "mistério": são duas naturezas ou uma? Como se realizou a união hipostática? Teria a Divindade absorvido a humanidade?


Por que será que uma coisa tão clara terá ficado incompreendida por tantos luminares que trataram deste assunto? O Eu Profundo de todas as criaturas é o Deus Interno, que se manifestará em cada um exatamente na proporção em que este renunciar ao eu pequeno (personagem), para deixar campo livre à expressão do Cristo Interno Divino. Todos somos deuses (cfr. Salmo 81:6 e JO 10:34) se negarmos totalmente nosso eu pequeno (personagem humana), deixando livre expansão à manifestação do Cristo que em todos habita. Isso fez Jesus. Se a negação for absoluta e completa, poderemos dizer com Paulo que, nessa criatura, "habita a plenitude da Divindade" (CL 2:9). E a todos os que o fizerem, ser-lhes-á exaltado o nome acima de toda criação" (cfr. Filp. 2:5-11).


Quando isto tiver sido conseguido, a criatura "tomará sua cruz cada dia" (cada vez que ela se apresentar) e a sustentará galhardamente - quase diríamos triunfalmente - pois não mais será ela fonte de abatimentos e desânimos, mas constituirá o sofrimento-por-amor, a dor-alegria, já que é a "porta estreita" (MT 7:14) que conduzirá à felicidade total e infindável (cfr. Pietro Ubaldi, "Grande Síntese, cap. 81).


No entanto, dado o estágio atual da humanidade, a cruz que temos que carregar ainda é uma preparação para o "negar-se". São as dores físicas, as incompreensões morais, as torturas do resgate de carmas negativos mais ou menos pesados, em vista do emaranhado de situações aflitivas, das "montanhas" de dificuldades que se erguem, atravancando nossos caminhos, do sem-número de moléstias e percalços, do cortejo de calúnias e martírios inomináveis e inenarráveis.


Tudo terá que ser suportado - em qualquer plano - sem malsinar a sorte, sem desesperos, sem angústias, sem desfalecimentos nem revoltas, mas com aceitação plena e resignação ativa, e até com alegria no coração, com a mais sólida, viva e inabalável confiança no Cristo-que-é-nosso-Eu, no Deus-

Imanente, na Força-Universal-Inteligente e Boa, que nos vivifica e prepara, de dentro de nosso âmago mais profundo, a nossa ascensão real, até atingirmos TODOS, a "plena evolução crística" (EF 4:13).


A quarta condição do discipulato é também clara, não permitindo ambiguidade: SEGUI-LO. Observese a palavra escolhida com precisão. Poderia ter sido dito "imitá-Lo". Seria muito mais fraco. A imitação pode ser apenas parcial ou, pior ainda, ser simples macaqueação externa (usar cabelos compridos, barbas respeitáveis, vestes talares, gestos estudados), sem nenhuma ressonância interna.


Não. Não é imitá-Lo apenas, é SEGUI-LO. Segui-Lo passo a passo pela estrada evolutiva até atingir a meta final, o ápice, tal como Ele o FEZ: sem recuos, sem paradas, sem demoras pelo caminho, sem descanso, sem distrações, sem concessões, mas marchando direto ao alvo.


SEGUI-LO no AMOR, na DEDICAÇÃO, no SERVIÇO, no AUTO-SACRIFÍCIO, na HUMILDADE, na RENÚNCIA, para que de nós se possa afirmar como Dele foi feito: "fez bem todas as coisas" (MC 7. 37) e: "passou pela Terra fazendo o bem e curando" (AT 10:38).


Como Mestre de boa didática, não apresenta exigências sem dar as razões. Os versículos seguintes satisfazem a essa condição.


Aqui, como sempre, são empregados os termos filosóficos com absoluta precisão vocabular (elegantia), não deixando margem a qualquer dúvida. A palavra usada é psychê, e não pneuma; é alma e nã "espírito" (em adendo a este capítulo daremos a "constituição do homem" segundo o Novo Testamento).


A alma (psychê) é a personagem humana em seu conjunto de intelecto-emoções, excluído o corpo denso e as sensações do duplo etérico. Daí a definição da resposta 134 do "Livro dos Espíritos": "alma é o espírito encarnado", isto é, a personagem humana que habita no corpo denso.

Aí está, pois, a chave para a interpretação do "negue-se a si mesmo": esse eu, a alma, é a personagem que precisa ser negada, porque, quem não quiser fazê-lo, quem pretender preservar esse eu, essa alma, vai acabar perdendo-a, já que, ao desencarnar, estará com "as mãos vazias". Mas aquele que por causa do Cristo Interno - renunciar e perder essa personagem transitória, esse a encontrará melhorada (Mateus), esse a preservará da ruína (Marcos e Lucas).


E prossegue: que adiantará acumular todas as riquezas materiais do mundo, se a personalidade vai cair no vazio? Nada de material pode ser-lhe comparado. No entanto, se for negada, será exaltada sobre todas as coisas (cfr. o texto acima citado, Filp. 2:5-11).


Todas e qualquer evolução do Espírito é feita exclusivamente durante seu mergulho na carne (veja atrás). Só através das personagens humanas haverá ascensão espiritual, por meio do "ajustamento sintônico". Então, necessidade absoluta de consegui-lo, não "se envergonhando", isto é, não desafinando da tônica do Pai (Som) que tudo cria, governa e mantém. Enfrentar o mundo sem receio, sem" respeitos humanos", e saber recusá-lo também, para poder obter o Encontro Místico com o Cristo Interno. Se a criatura "se envergonha" e se retrai, (não sintoniza) não é possível conseguir o Contato Divino, e o Filho do Homem também a evitará ("se envergonhará" dessa criatura). Só poderá haver a" descida da graça" ou a unificação com o Cristo, "na glória (tônica) do Pai (Som-Verbo), na glória (tônica) do próprio Cristo (Eu Interno), na glória de todos os santos mensageiros", se houver a coragem inquebrantável de romper com tudo o que é material e terreno, apagando as sensações, liquidando as emoções, calando o intelecto, suplantando o próprio "espírito" encarnado, isto é, PERDENDO SUA ALMA: só então "a achará", unificada que estará com o Cristo, Nele mergulhada (batismo), "como a gota no oceano" (Bahá"u"lláh). Realmente, a gota se perde no oceano mas, inegavelmente, ao deixar de ser gota microscópica, ela se infinitiva e se eterniza tornando-se oceano...

Em Mateus é-nos dado outro aviso: ao entrar em contato com a criatura, esta "receberá de acordo com seu comportamento" (pláxin). De modo geral lemos nas traduções correntes "de acordo com suas obras". Mas isso daria muito fortemente a ideia de que o importante seria o que o homem FAZ, quando, na realidade, o que importa é o que o homem É: e a palavra comportamento exprime-o melhor que obras; ora, a palavra do original práxis tem um e outro sentido.


Evidentemente, cada ser só poderá receber de acordo com sua capacidade, embora todos devam ser cheios, replenos, com "medida sacudida e recalcada" (cfr. Lc. 5:38).


Mas há diferença de capacidade entre o cálice, o copo, a garrafa, o litro, o barril, o tonel... De acordo com a própria capacidade, com o nível evolutivo, com o comportamento de cada um, ser-lhe-á dado em abundância, além de toda medida. Figuremos uma corrente imensa, que jorra permanentemente luz e força, energia e calor. O convite é-nos feito para aproximar-nos e recolher quanto quisermos.


Acontece, porém, que cada um só recolherá conforme o tamanho do vasilhame que levar consigo.


Assim o Cristo Imanente e o Verbo Criador e Conservador SE DERRAMAM infinitamente. Mas nós, criaturas finitas, só recolheremos segundo nosso comportamento, segundo a medida de nossa capacidade.


Não há fórmulas mágicas, não há segredos iniciáticos, não peregrinações nem bênçãos de "mestres", não há sacramentos nem sacramentais, que adiantem neste terreno. Poderão, quando muito, servir como incentivo, como animação a progredir, mas por si, nada resolvem, já que não agem ex ópere operantis nem ex opere operatus, mas sim ex opere recipientis: a quantidade de recebimento estará de acordo com a capacidade de quem recebe, não com a grandeza de quem dá, nem com o ato de doação.


E pode obter-se o cálculo de capacidade de cada um, isto é, o degrau evolutivo em que se encontra no discipulato de Cristo, segundo as várias estimativas das condições exigidas:

a) - pela profundidade e sinceridade na renúncia ao eu personalístico, quando tudo é feito sem cogitar de firmar o próprio nome, sem atribuir qualquer êxito ao próprio merecimento (não com palavras, mas interiormente), colaborando com todos os "concorrentes", que estejam em idêntica senda evolutiva, embora nos contrariem as ideias pessoais, mas desde que sigam os ensinos de Cristo;


b) - pela resignação sem queixas, numa aceitação ativa, de todas as cruzes, que exprimam atos e palavras contra nós, maledicências e calúnias, sem respostas nem defesas, nem claras nem veladas (já nem queremos acenar à contra-ataques e vinganças).


c) - pelo acompanhar silencioso dos passos espirituais no caminho do auto-sacrifício por amor aos outros, pela dedicação integral e sem condições; no caminho da humildade real, sem convencimentos nem exterioridades; no caminho do serviço, sem exigências nem distinções; no caminho do amor, sem preferências nem limitações. O grau dessas qualidades, todas juntas, dará uma ideia do grau evolutivo da criatura.


Assim entendemos essas condições: ou tudo, à perfeição; ou pouco a pouco, conquistando uma de cada vez. Mas parado, ninguém ficará. Se não quiser ir espontaneamente, a dor o aguilhoará, empurrandoo para a frente de qualquer forma.


No entanto, uma promessa relativa à possibilidade desse caminho é feita claramente: "alguns dos que aqui estão presentes não experimentarão a morte até conseguirem isso". A promessa tanto vale para aquelas personagens de lá, naquela vida física, quanto para os Espíritos ali presentes, garantindo-selhes que não sofreriam queda espiritual (morte), mas que ascenderiam em linha reta, até atingir a meta final: o Encontro Sublime, na União mística absoluta e total.


Interessante a anotação de Marcos quando acrescenta: O "reino de Deus chegado em poder". Durante séculos se pensou no poder externo, a espetacularidade. Mas a palavra "en dynámei" expressa muito mais a força interna, o "dinamismo" do Espírito, a potencialidade crística a dinamizar a criatura em todos os planos.


O HOMEM NO NOVO TESTAMENTO


O Novo Testamento estabelece, com bastante clareza, a constituição DO HOMEM, dividindo o ser encarnado em seus vários planos vibratórios, concordando com toda a tradição iniciática da Índia e Tibet, da China, da Caldeia e Pérsia, do Egito e da Grécia. Embora não encontremos o assunto didaticamente esquematizado em seus elementos, o sentido filosófico transparece nítido dos vários termos e expressões empregados, ao serem nomeadas as partes constituintes do ser humano, ou seja, os vários níveis em que pode tornar-se consciente.


Algumas das palavras são acolhidas do vocabulário filosófico grego (ainda que, por vezes, com pequenas variações de sentido); outras são trazidas da tradição rabínica e talmúdica, do centro iniciático que era a Palestina, e que já entrevemos usadas no Antigo Testamento, sobretudo em suas obras mais recentes.


A CONCEPÇÃO DA DIVINDADE


Já vimos (vol, 1 e vol. 3 e seguintes), que DEUS, (ho théos) é apresentado, no Novo Testamento, como o ESPÍRITO SANTO (tò pneuma tò hágion), o qual se manifesta através do Pai (patêr) ou Lógos (Som Criador, Verbo), e do Filho Unigênito (ho hyiós monogenês), que é o Cristo Cósmico.


DEUS NO HOMEM


Antes de entrar na descrição da concepção do homem, no Novo Testamento, gostaríamos de deixar tem claro nosso pensamento a respeito da LOCALIZAÇÃO da Centelha Divina ou Mônada NO CORA ÇÃO, expressão que usaremos com frequência.


A Centelha (Partícula ou Mônada) é CONSIDERADA por nós como tal; mas, na realidade, ela não se separa do TODO (cfr. vol. 1); logo, ESTÁ NO TODO, e portanto É O TODO (cfr. JO 1:1).


O "TODO" está TODO em TODAS AS COISAS e em cada átomo de cada coisa (cfr. Agostinho, De Trin. 6, 6 e Tomás de Aquino, Summa Theologica, I, q. 8, art. 2, ad 3um; veja vol. 3, pág. 145).


Entretanto, os seres e as coisas acham-se limitados pela forma, pelo espaço, pelo tempo e pela massa; e por isso afirmamos que em cada ser há uma "centelha" ou "partícula" do TODO. No entanto, sendo o TODO infinito, não tem extensão; sendo eterno, é atemporal; sendo indivisível, não tem dimensão; sendo O ESPÍRITO, não tem volume; então, consequentemente, não pode repartir-se em centelhas nem em partículas, mas é, concomitantemente, TUDO EM TODAS AS COISAS (cfr. l. ª Cor. 12:6).


Concluindo: quando falamos em "Centelha Divina" e quando afirmamos que ela está localizada no coração, estamos usando expressões didáticas, para melhor compreensão do pensamento, dificílimo (quase impossível) de traduzir-se em palavras.


De fato, porém, a Divindade está TODA em cada célula do corpo, como em cada um dos átomos de todos os planos espirituais, astrais, físicos ou quaisquer outros que existam. Em nossos corpos físicos e astral, o coração é o órgão preparado para servir de ponto de contato com as vibrações divinas, através, no físico, do nó de Kait-Flake e His; então, didaticamente, dizemos que "o coração é a sede da Centelha Divina".


A CONCEPÇÃO DO HOMEM


O ser humano (ánthrôpos) é considerado como integrado por dois planos principais: a INDIVIDUALIDADE (pneuma) e a PERSONAGEM ou PERSONALIDADE; esta subdivide-se em dois: ALMA (psychê) e CORPO (sôma).


Mas, à semelhança da Divindade (cfr. GN 1:27), o Espírito humano (individualidade ou pneuma) possui tríplice manifestação: l. ª - a CENTELHA DIVINA, ou Cristo, partícula do pneuma hágion; essa centelha que é a fonte de todo o Espirito, está localizada e representada quase sempre por kardia (coração), a parte mais íntima e invisível, o âmago, o Eu Interno e Profundo, centro vital do homem;


2. ª - a MENTE ESPIRITUAL, parte integrante e inseparável da própria Centelha Divina. A Mente, em sua função criadora, é expressa por noús, e está também sediada no coração, sendo a emissora de pensamentos e intuições: a voz silenciosa da super-consciência;


3. ª - O ESPÍRITO, ou "individualização do Pensamento Universal". O "Espírito" propriamente dito, o pneuma, surge "simples e ignorante" (sem saber), e percorre toda a gama evolutiva através dos milênios, desde os mais remotos planos no Antissistema, até os mais elevados píncaros do Sistema (Pietro Ubaldi); no entanto, só recebe a designação de pneuma (Espírito) quando atinge o estágio hominal.


Esses três aspectos constituem, englobamente, na "Grande Síntese" de Pietro Ubaldi, o "ALPHA", o" espírito".


Realmente verificamos que, de acordo com GN 1:27, há correspondência perfeita nessa tríplice manifesta ção do homem com a de Deus: A - ao pneuma hágion (Espírito Santo) correspondente a invisível Centelha, habitante de kardía (coração), ponto de partida da existência;


B - ao patêr (Pai Criador, Verbo, Som Incriado), que é a Mente Divina, corresponde noús (a mente espiritual) que gera os pensamentos e cria a individualização de um ser;


C - Ao Filho Unigênito (Cristo Cósmico) corresponde o Espírito humano, ou Espírito Individualizado, filho da Partícula divina, (a qual constitui a essência ou EU PROFUNDO do homem); a individualidade é o EU que percorre toda a escala evolutiva, um Eu permanente através de todas as encarnações, que possui um NOME "escrito no livro da Vida", e que terminará UNIFICANDO-SE com o EU PROFUNDO ou Centelha Divina, novamente mergulhando no TODO. (Não cabe, aqui, discutir se nessa unificação esse EU perde a individualidade ou a conserva: isso é coisa que está tão infinitamente distante de nós no futuro, que se torna impossível perceber o que acontecerá).


No entanto, assim como Pneuma-Hágion, Patêr e Hyiós (Espírito-Santo, Pai e Filho) são apenas trê "aspectos" de UM SÓ SER INDIVISÍVEL, assim também Cristo-kardía, noús e pneuma (CristoSABEDORIA DO EVANGELHO coração, mente espiritual e Espírito) são somente três "aspectos" de UM SÓ SER INDIVÍVEL, de uma criatura humana.


ENCARNAÇÃO


Ao descer suas vibrações, a fim de poder apoiar-se na matéria, para novamente evoluir, o pneuma atinge primeiro o nível da energia (o BETA Ubaldiano), quando então a mente se "concretiza" no intelecto, se materializa no cérebro, se horizontaliza na personagem, começando sua "crucificação". Nesse ponto, o pneuma já passa a denominar-se psychê ou ALMA. Esta pode considerar-se sob dois aspectos primordiais: a diánoia (o intelecto) que é o "reflexo" da mente, e a psychê propriamente dita isto é, o CORPO ASTRAL, sede das emoções.


Num último passo em direção à matéria, na descida que lhe ajudará a posterior subida, atinge-se então o GAMA Ubaldiano, o estágio que o Novo Testamento designa com os vocábulos diábolos (adversário) e satanás (antagonista), que é o grande OPOSITOR do Espírito, porque é seu PÓLO NEGATIVO: a matéria, o Antissistema. Aí, na matéria, aparece o sôma (corpo), que também pode subdividir-se em: haima (sangue) que constitui o sistema vital ou duplo etérico e sárx (carne) que é a carapaça de células sólidas, último degrau da materialização do espírito.


COMPARAÇÃO


Vejamos se com um exemplo grosseiro nos faremos entender, não esquecendo que omnis comparatio claudicat.


Observemos o funcionamento do rádio. Há dois sistemas básicos: o transmissor (UM) e os receptores (milhares, separados uns dos outros).


Consideremos o transmissor sob três aspectos: A - a Força Potencial, capaz de transmitir;


B - a Antena Emissora, que produz as centelas;


C - a Onda Hertziana, produzida pelas centelhas.


Mal comparando, aí teríamos:

a) - o Espirito-Santo, Força e Luz dos Universos, o Potencial Infinito de Amor Concreto;


b) - o Pai, Verbo ou SOM, ação ativa de Amante, que produz a Vida


c) - o Filho, produto da ação (do Som), o Amado, ou seja, o Cristo Cósmico que permeia e impregna tudo.


Não esqueçamos que TUDO: atmosfera, matéria, seres e coisas, no raio de ação do transmissor, ficam permeados e impregnados em todos os seus átomos com as vibrações da onda hertziana, embora seja esta invisível e inaudível e insensível, com os sentidos desarmados; e que os três elementos (Força-
Antena e Onda) formam UM SÓ transmissor o Consideremos, agora, um receptor. Observaremos que a recepção é feita em três estágios:

a) - a captação da onda


b) - sua transformação


c) - sua exteriorização Na captação da onda, podemos distinguir - embora a operação seja uma só - os seguintes elementos: A - a onda hertziana, que permeia e impregna todos os átomos do aparelho receptor, mas que é captada realmente apenas pela antena;


B - o condensador variável, que estabelece a sintonia com a onda emitida pelo transmissor. Esses dois elementos constituem, de fato, C - o sistema RECEPTOR INDIVIDUAL de cada aparelho. Embora a onda hertziana seja UMA, emitida pelo transmissor, e impregne tudo (Cristo Cósmico), nós nos referimos a uma onda que entra no aparelho (Cristo Interno) e que, mesmo sendo perfeita; será recebida de acordo com a perfeição relativa da antena (coração) e do condensador variável (mente). Essa parte representaria, então, a individualidade, o EU PERFECTÍVEL (o Espírito).


Observemos, agora, o circuito interno do aparelho, sem entrar em pormenores, porque, como dissemos, a comparação é grosseira. Em linhas gerais vemos que a onda captada pelo sistema receptor propriamente dito, sofre modificações, quando passa pelo circuito retificador (que transforma a corrente alternada em contínua), e que representaria o intelecto que horizontaliza as ideias chegadas da mente), e o circuito amplificador, que aumenta a intensidade dos sinais (que seria o psiquismo ou emoções, próprias do corpo astral ou alma).


Uma vez assim modificada, a onda atinge, com suas vibrações, o alto-falante que vibra, reproduzindo os sinais que chegam do transmissor isto é, sentindo as pulsações da onda (seria o corpo vital ou duplo etérico, que nos dá as sensações); e finalmente a parte que dá sonoridade maior, ou seja, a caixa acústica ou móvel do aparelho (correspondente ao corpo físico de matéria densa).


Ora, quanto mais todos esses elementos forem perfeitos, tanto mais fiel e perfeito será a reprodução da onda original que penetrou no aparelho. E quanto menos perfeitos ou mais defeituosos os elementos, mais distorções sofrerá a onda, por vezes reproduzindo, em guinchos e roncos, uma melodia suave e delicada.


Cremos que, apesar de suas falhas naturais, esse exemplo dá a entender o funcionamento do homem, tal como conhecemos hoje, e tal como o vemos descrito em todas as doutrinas espiritualistas, inclusive

—veremos agora quiçá pela primeira vez - nos textos do Novo Testamento.


Antes das provas que traremos, o mais completas possível, vejamos um quadro sinóptico:
θεός DEUS
πνεϋµα άγιον Espírito Santo
λόγος Pai, Verbo, Som Criador
υίός - Χριστό CRISTO - Filho Unigênito
άνθρωπος HOMEM
иαρδία - Χριστ

ό CRISTO - coração (Centelha)


πνεϋµα νους mente individualidade
πνεϋµα Espírito
φυΧή διάγοια intelecto alma
φυΧή corpo astral personagem
σώµα αίµα sangue (Duplo) corpo
σάρ

ξ carne (Corpo)


A - O EMPREGO DAS PALAVRAS


Se apresentada pela primeira vez, como esta, uma teoria precisa ser amplamente documentada e comprovada, para que os estudiosos possam aprofundar o assunto, verificando sua realidade objetiva. Por isso, começaremos apresentando o emprego e a frequência dos termos supracitados, em todos os locais do Novo Testamento.


KARDÍA


Kardía expressa, desde Homero (Ilíada, 1. 225) até Platão (Timeu, 70 c) a sede das faculdades espirituais, da inteligência (ou mente) e dos sentimentos profundos e violentos (cfr. Ilíada, 21,441) podendo até, por vezes, confundir-se com as emoções (as quais, na realidade, são movimentos da psychê, e não propriamente de kardía). Jesus, porém, reiteradamente afirma que o coração é a fonte primeira em que nascem os pensamentos (diríamos a sede do Eu Profundo).


Com este último sentido, a palavra kardía aparece 112 vezes, sendo que uma vez (MT 12:40) em sentido figurado.


MT 5:8, MT 5:28; 6:21; 9:4; 11:29; 12:34 13-15(2x),19; 15:8,18,19; 18;35; 22;37; 24:48; MC 2:6, MC 2:8; 3:5;


4:15; 6;52; 7;6,19,21; 8:11; 11. 23; 12:30,33; LC 1:17, LC 1:51, LC 1:66; 2;19,35,51; 3:5; 5:22; 6:45; 8:12,15;


9:47; 10:27; 12:34; 16:15; 21:14,34; 24;25,32,38; JO 12:40(2x); 13:2; 14:1,27; 16:6,22 AT 2:26, AT 2:37, AT 2:46; AT 4:32; 5:3(2x); 7:23,39,51,54; 8;21,22; 11;23. 13:22; 14:17; 15:9; 16;14; 21:13; 28:27(2x);


RM 1:21, RM 1:24; 2:5,15,29; 5:5; 6:17; 8:27; 9:2; 10:1,6,8,9,10; 16:16; 1. ª Cor. 2:9; 4:5; 7:37; 14:25; 2. ª Cor. 1:22; 2:4; 3:2,3,15; 4:6; 5:12; 6:11; 7:3; 8:16; 9:7; GL 4:6; EF 1:18; EF 3:17; EF 4:18; EF 5:19; EF 6:5, EF 6:22;


Filp. 1:7; 4:7; CL 2:2; CL 3:15, CL 3:16, CL 3:22; CL 4:8; 1. ª Tess. 2:4,17; 3:13; 2. ª Tess. 2:17; 3:5; 1. ª Tim. 1:5; 2. ª Tim.


2:22; HB 3:8, HB 3:10, HB 3:12, HB 3:15; HB 4:7, HB 4:12; 8:10; 10:16,22; Tiago, 1:26; 3:14; 4:8; 5:5,8; 1. ª Pe. 1:22; 3:4,15; 2. ª Pe. 1:19; 2:15; 1; 1. ª JO 3;19,20(2x),21; AP 2:23; AP 17:17; AP 18:7.


NOÚS


Noús não é a "fonte", mas sim a faculdade de criar pensamentos, que é parte integrante e indivisível de kardía, onde tem sede. Já Anaxágoras (in Diógenes Laércio, livro 2. º, n. º 3) diz que noús (o Pensamento Universal Criador) é o "’princípio do movimento"; equipara, assim, noús a Lógos (Som, Palavra, Verbo): o primeiro impulsionador dos movimentos de rotação e translação da poeira cósmica, com isso dando origem aos átomos, os quais pelo sucessivo englobamento das unidades coletivas cada vez mais complexas, formaram os sistemas atômicos, moleculares e, daí subindo, os sistemas solares, gal áxicos, e os universos (cfr. vol. 3. º).


Noús é empregado 23 vezes com esse sentido: o produto de noús (mente) do pensamento (nóêma), usado 6 vezes (2. ª Cor. 2:11:3:14; 4:4; 10:5; 11:3; Filp. 4:7), e o verbo daí derivado, noeín, empregado

14 vezes (3), sendo que com absoluta clareza em João (João 12:40) quando escreve "compreender com o coração" (noêsôsin têi kardíai).


LC 24. 45; RM 1:28; RM 7:23, RM 7:25; 11:34; 12:2; 14. 5; l. ª Cor. 1. 10; 2:16:14:14,15,19; EF 4:17, EF 4:23; Filp.


4:7; CL 2:18; 2. ª Tess. 2. 2; 1. ª Tim. 6:5; 2. ª Tim. 3:8; TT 1:15;AP 13:18.


PNEUMA


Pneuma, o sopro ou Espírito, usado 354 vezes no N. T., toma diversos sentidos básicos: MT 15:17; MT 16:9, MT 16:11; 24:15; MC 7:18; MC 8:17; MC 13:14; JO 12:40; RM 1:20; EF 3:4, EF 3:20; 1. ª Tim. 1:7;


2. ª Tim. 2:7; HB 11:13

1. Pode tratar-se do ESPÍRITO, caracterizado como O SANTO, designando o Amor-Concreto, base e essência de tudo o que existe; seria o correspondente de Brahman, o Absoluto. Aparece com esse sentido, indiscutivelmente, 6 vezes (MT 12:31, MT 12:32; MC 3:29; LC 12:10; JO 4:24:1. ª Cor. 2:11).


Os outros aspectos de DEUS aparecem com as seguintes denominações:

a) - O PAI (ho patêr), quando exprime o segundo aspecto, de Criador, salientando-se a relação entre Deus e as criaturas, 223 vezes (1); mas, quando se trata do simples aspecto de Criador e Conservador da matéria, é usado 43 vezes (2) o vocábulo herdado da filosofia grega, ho lógos, ou seja, o Verbo, a Palavra que, ao proferir o Som Inaudível, movimenta a poeira cósmica, os átomos, as galáxias.


(1) MT 5:16, MT 5:45, MT 5:48; MT 6:1, MT 6:4, MT 6:6, MT 6:8,9,14,15,26,32; 7:11,21; 10:20,29,32,33; 11:25,27; 12:50; 13:43; 15:13; 16:17,27; 18:10,14,19,35; 20:23; 23:9; 24:36; 25:34:26:29,39,42,53; MC 8:25; MC 11:25, MC 11:32; MC 11:14:36; LC 2:49; LC 2:6:36;9:26;10:21,22;11:2,13;12:30,32;22:29,42;23:34,46;24:49;JO 1:14, JO 1:18; JO 1:2:16;3:35;4:21,23;5:1 7,18,19,20,21,22,23,26,36,37,43,45,46,27,32,37,40,44,45,46,57,65;8:18,19,27,28,38,41,42,49,54;10:1 5,17,18,19,25,29,30,32,35,38;11:41;12:26,27,28,49,50;13:1,3;14:2,6,7,8,9,10,11,13,16,20,21,24,26,28, 31,15:1,8,9,10,15,16,23,24,26;16:3,10,15,17,25,26,27,28,32;17:1,5,11,21,24,25; 18:11; 20:17,21;AT 1:4, AT 1:7; AT 1:2:33;Rom. 1:7;6:4;8:15;15:6;1. º Cor. 8:6; 13:2; 15:24; 2. º Cor. 1:2,3; 6:18; 11:31; Gól. 1:1,3,4; 4:6; EF 1:2, EF 1:3, EF 1:17; EF 2:18; EF 2:3:14; 4:6; 5:20; FP 1:2; FP 2:11; FP 4:20; CL 1:2, CL 1:3, CL 1:12:3:17; 1. 0 Teõs. 1:1,3; 3:11,13; 2° Tess. 1:1 2; : 2:16; 1. º Tim. 1:2; 2. º Tim. 1:2; TT 1:4; Flm. 3; HB 1:5; HB 12:9; Tiago 1:17, Tiago 1:27:3:9; 1° Pe. 1:2,3,17; 2. º Pe. 1:17, 1. º JO 1:2,3; 2:1,14,15,16, 22,23,24; 3:1; 4:14; 2. º JO 3,4,9; Jud. 9; AP 1:6; AP 2:28; AP 3:5, AP 3:21; 14:1. (2) MT 8:8; LC 7:7; JO 1:1, JO 1:14; 5:33; 8:31,37,43,51,52,55; 14:23,24; 15:20; 17:61417; 1. º Cor. 1:13; 2. º Cor. 5:19; GL 6:6; Filp. 2:6; Cor. 1:25; 3:16; 4:3; 1. º Tess. 1:6; 2. º Tess. 3:1; 2. º Tim. 2:9; Heb. : 12; 6:1; 7:28; 12:9; Tiago, 1:21,22,23; 1. ° Pe. 1:23; 2. º Pe. 3:5,7; 1. º JO 1:1,10; 2:5,7,14; AP 19:13.


b) - O FILHO UNIGÊNITO (ho hyiós monogenês), que caracteriza o CRISTO CÓSMICO, isto é, toda a criação englobadamente, que é, na realidade profunda, um dos aspectos da Divindade. Não se trata, como é claro, de panteísmo, já que a criação NÃO constitui a Divindade; mas, ao invés, há imanência (Monismo), pois a criação é UM DOS ASPECTOS, apenas, em que se transforma a Divindade. Esta, além da imanência no relativo, é transcendente como Absoluto; além da imanência no tempo, é transcendente como Eterno; além da imanência no finito, é transcendente como Infinito.


A expressão "Filho Unigênito" só é usada por João (1:14,18; 13:16,18 e 1. a JO 4:9). Em todos os demais passos é empregado o termo ho Christós, "O Ungido", ou melhor, "O Permeado pela Divindade", que pode exprimir tanto o CRISTO CÓSMICO que impregna tudo, quanto o CRISTO INTERNO, se o olhamos sob o ponto de vista da Centelha Divina no âmago da criatura.


Quando não é feita distinção nos aspectos manifestantes, o N. T. emprega o termo genérico ho theós Deus", precedido do artigo definido.


2. Além desse sentido, encontramos a palavra pneuma exprimindo o Espírito humano individualizado; essa individualização, que tem a classificação de pneuma, encontra-se a percorrer a trajetória de sua longa viagem, a construir sua própria evolução consciente, através da ascensão pelos planos vibratórios (energia e matéria) que ele anima em seu intérmino caminhar. Notemos, porém, que só recebe a denominação de pneuma (Espírito), quando atinge a individualização completa no estado hominal (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 79: "Os Espíritos são a individualização do Princípio Inteligente, isto é, de noús).


Logicamente, portanto, podemos encontrar espíritos em muitos graus evolutivos, desde os mais ignorantes e atrasados (akátharton) e enfermos (ponêrón) até os mais evoluídos e santos (hágion).


Todas essas distinções são encontradas no N. T., sendo de notar-se que esse termo pneuma pode designar tanto o espírito encarnado quanto, ao lado de outros apelativos, o desencarnado.


Eis, na prática, o emprego da palavra pneuma no N. T. :

a) - pneuma como espírito encarnado (individualidade), 193 vezes: MT 1:18, MT 1:20; 3:11; 4:1; 5:3; 10:20; 26:41; 27:50; MC 1:8; MC 2:8; MC 8:12; MC 14:38; LC 1:47, LC 1:80; 3:16, 22; 8:55; 23:46; 24. 37, 39; JO 1:33; JO 3:5, JO 3:6(2x), 8; 4:23; 6:63; 7:39; 11:33; 13:21; 14:17, 26; 15:26; 16:13; 19-30, 20:22; AT 1:5, AT 1:8; 5:3; 32:7:59; 10:38; 11:12,16; 17:16; 18:25; 19:21; 20:22; RM 1:4, RM 1:9; 5:5; 8:2, 4, 5(2x), 6, 9(3x), 10, 11(2x),13, 14, 15(2x), 16(2x), 27; 9:1; 12:11; 14:17; 15:13, 16, 19, 30; 1° Cor. 2:4, 10(2x), 11, 12; 3:16; 5:3,4, 5; 6:11, 17, 19; 7:34, 40; 12:4, 7, 8(2x), 9(2x), 11, 13(2x); 14:2, 12, 14, 15(2x), 16:32; 15:45; 16:18; 2º Cor. 1:22; 2:13; 3:3, 6, 8, 17(2x), 18; 5:5; 6:6; 7:1, 13; 12:18; 13:13; GL 3:2, GL 3:3, GL 3:5; 4:6, 29; 5:5,16,17(2x), 18, 22, 25(2x1); 6:8(2x),18; EF 1:13, EF 1:17; 2:18, 22; 3:5, 16; 4:3, 4:23; 5:18; 6:17, 18; Philp. 1:19, 27; 2:1; 3:3; 4:23; CL 1:8; CL 2:5; 1º Tess. 1:5, 6; 4:8; 5:23; 2. º Tess. 2:13; 1. º Tim. 3:16; 4:22; 2. º Tim. 1:14; TT 3:5; HB 4:12, HB 6:4; HB 9:14; HB 10:29; HB 12:9; Tiago, 2:26:4:4; 1. º Pe. 1:2, 11, 12; 3:4, 18; 4:6,14; 1. º JO 3:24; JO 4:13; JO 5:6(2x),7; Jud. 19:20; AP 1:10; AP 4:2; AP 11:11.


b) - pneuma como espírito desencarnado:


I - evoluído ou puro, 107 vezes:


MT 3:16; MT 12:18, MT 12:28; 22:43; MC 1:10, MC 1:12; 12:36; 13. 11; LC 1:15, LC 1:16, LC 1:41, LC 1:67; 2:25, 27; 4:1, 14, 18; 10:21; 11:13; 12:12; JO 1:32; JO 3:34; AT 1:2, AT 1:16; 2:4(2x), 17, 18, 33(2x), 38; 4:8; 25, 31; 6:3, 10; 7:51, 55; 8:15, 17, 18, 19, 29, 39; 9:17, 31; 10:19, 44, 45, 47; 11:15, 24, 28; 13:2, 4, 9, 52; 15:8, 28; 16:6, 7; 19:1, 2, 6; 20:22, 28; 21:4, 11; 23:8, 9; 28:25; 1. º Cor. 12:3(2x), 10; 1. º Tess. 5:9; 2. º Tess. 2:2; 1. ° Tim. 4:1; HB 1:7, HB 1:14; 2:4; 3:7; 9:8; 10:15; 12:23; 2. º Pe. 1:21; 1. ° JO 4:1(2x), 2, 3, 6; AP 1:4; AP 2:7, AP 2:11, AP 2:17, AP 2:29; 3:1, 6, 13, 22; 4:5; 5:6; 14:13; 17:3:19. 10; 21. 10; 22:6, 17.


II - involuído ou não-purificado, 39 vezes:


MT 8:16; MT 10:1; MT 12:43, MT 12:45; MC 1:23, MC 1:27; 3:11, 30; 5:2, 8, 13; 6:7; 7:25; 9:19; LC 4:36; LC 6:18; LC 7:21; LC 8:2; LC 10:20; LC 11:24, LC 11:26; 13:11; AT 5:16; AT 8:7; AT 16:16, AT 19:12, AT 19:13, AT 19:15, AT 19:16; RM 11:8:1. ° Cor. 2:12; 2. º Cor. 11:4; EF 2:2; 1. º Pe. 3:19; 1. º JO 4:2, 6; AP 13:15; AP 16:13; AP 18:2.


c) - pneuma como "espírito" no sentido abstrato de "caráter", 7 vezes: (JO 6:63; RM 2:29; 1. ª Cor. 2:12:4:21:2. ª Cor. 4:13; GL 6:1 e GL 6:2. ª Tim. 1:7)


d) - pneuma no sentido de "sopro", 1 vez: 2. ª Tess. 2:8 Todavia, devemos acrescentar que o espírito fora da matéria recebia outros apelativo, conforme vimos (vol. 1) e que não é inútil recordar, citando os locais.


PHÁNTASMA, quando o espírito, corpo astral ou perispírito se torna visível; termo que, embora frequente entre os gregos, só aparece, no N. T., duas vezes (MT 14:26 e MC 6:49).

ÁGGELOS (Anjo), empregado 170 vezes, designa um espírito evoluído (embora nem sempre de categoria acima da humana); essa denominação específica que, no momento em que é citada, tal entidade seja de nível humano ou supra-humano - está executando uma tarefa especial, como encarrega de "dar uma mensagem", de "levar um recado" de seus superiores hierárquicos (geralmente dizendo-se "de Deus"): MT 1:20, MT 1:24; 2:9, 10, 13, 15, 19, 21; 4:6, 11; 8:26; 10:3, 7, 22; 11:10, 13; 12:7, 8, 9, 10, 11, 23; 13:39, 41, 49; 16:27; 18:10; 22:30; 24:31, 36; 25:31, 41; 26:53; 27:23; 28:2, 5; MC 1:2, MC 1:13; 8:38; 12:25; 13:27, 32; LC 1:11, LC 1:13, LC 1:18, LC 1:19, 26, 30, 34, 35, 38; 4:10, 11; 7:24, 27; 9:26, 52; 12:8; 16:22; 22:43; 24:23; JO 1:51; JO 12:29; JO 20:12 AT 5:19; AT 6:15; AT 7:30, AT 7:35, AT 7:38, AT 7:52; 12:15; 23:8, 9; RM 8:38; 1. ° Cor. 4:9; 6:3; 11:10; 13:1; 2. º Cor. 11:14; 12:7; GL 1:8; GL 3:19; GL 4:14; CL 2:18; 2. º Tess. 1:7; 1. ° Tim. 3:16; 5:21; HB 1:4, HB 1:5, HB 1:6, HB 1:7, 13; 2:2, 5, 7, 9, 16; 12:22; 13:2; Tiago 2:25; 1. º Pe. 1:4, 11; Jud. 6; AP 1:1, AP 1:20; 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 5, 7, 9, 14; 5:2, 11; 7:1, 11; 8:2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 13; 9:1, 11, 13, 14, 15; 10:1, 5, 7, 8, 9, 10; 11:15; 12:7, 9, 17; 14:6, 9, 10, 15, 17, 18, 19; 15:1, 6, 7, 8, 10; 16:1, 5; 17:1, 7; 18:1, 21; 19:17; 20:1; 21:9, 12, 17; 22:6, 8, 16. BEEZEBOUL, usado 7 vezes: (MT 7. 25; 12:24, 27; MC 3:22; LC 11:15, LC 11:18, LC 11:19) só nos Evangelhos, é uma designação de chefe" de falange, "cabeça" de espíritos involuído.


DAIMÔN (uma vez, em MT 8:31) ou DAIMÓNION, 55 vezes, refere-se sempre a um espírito familiar desencarnado, que ainda conserva sua personalidade humana mesmo além túmulo. Entre os gregos, esse termo designava quer o eu interno, quer o "guia". Já no N. T. essa palavra identifica sempre um espírito ainda não-esclarecido, não evoluído, preso à última encarnação terrena, cuja presença prejudica o encarnado ao qual esteja ligado; tanto assim que o termo "demoníaco" é, para Tiago, sinônimo de "personalístico", terreno, psíquico. "não é essa sabedoria que desce do alto, mas a terrena (epígeia), a personalista (psychike), a demoníaca (demoniôdês). (Tiago, 3:15)


MT 7:22; MT 9:33, MT 9:34; 12:24, 27, 28; 10:8; 11:18; 17:18; MC 1:34, MC 1:39; 3:15, 22; 6:13; 7:26, 29, 30; 9:38; 16:9, 17; LC 4:33, LC 4:35, LC 4:41; 7:33; 8:2, 27, 29, 30, 33, 35, 38; 9:1, 42, 49; 10:17; 11:14, 15, 18, 19, 20; 13:32; JO 7:2; JO 8:48, JO 8:49, JO 8:52; 10:20, 21; AT 17:18; 1. ª Cor. 10:20, 21; 1. º Tim. 4:1; Tiago 2:16; Apoc 9:20; 16:24 e 18:2.


Ao falar de desencarnados, aproveitemos para observar como era designado o fenômeno da psicofonia: I - quando se refere a uma obsessão, com o verbo daimonízesthai, que aparece 13 vezes (MT 4:24;


8:16, 28, 33; 9:32; 12:22; 15:22; Marc 1:32; 5:15, 16, 18; LC 8:36; JO 10:21, portanto, só empregado pelos evangelistas).


II - quando se refere a um espírito evoluído, encontramos as expressões:

• "cheio de um espírito (plêrês, LC 4:1; AT 6:3, AT 6:5; 7:55; 11:24 - portanto só empregado por Lucas);


• "encher-se" (pimplánai ou plêthein, LC 1:15, LC 1:41, LC 1:67; AT 2:4; AT 4:8, AT 4:31; 9:17; 13:19 - portanto, só usado por Lucas);


• "conturbar-se" (tarássein), JO 11:33 e JO 13:21).


Já deixamos bem claro (vol 1) que os termos satanás ("antagonista"), diábolos ("adversário") e peirázôn ("tentador") jamais se referem, no N. T., a espíritos desencarnados, mas expressam sempre "a matéria, e por conseguinte também a "personalidade", a personagem humana que, com seu intelecto vaidoso, se opõe, antagoniza e, como adversário natural do espírito, tenta-o (como escreveu Paulo: "a carne (matéria) luta contra o espírito e o espírito contra a carne", GL 5:17).


Esses termos aparecem: satanãs, 33 vezes (MT 4:10; MT 12:26; MT 16:23; MC 1:13; MC 3:23, MC 3:26; 4:15; 8:33; LC 10:18; LC 11:18; LC 13:16; LC 22:3; JO 13:27, JO 13:31; AT 5:3; AT 26:18; RM 16:20; 1. º Cor. 5:5; 7:5; 2. º Cor. 2:11; 11:14; 12:17; 1. ° Tess. 2:18; 2. º Tess. 2:9; 1. º Tim. 1:20; 5:15; AP 2:9, AP 2:13, AP 2:24; 3:9; 12:9; 20:2, 7); diábolos, 35 vezes (MT 4:1, MT 4:5, MT 4:8, MT 4:11; 13:39; 25:41; LC 4:2, LC 4:3, LC 4:6, LC 4:13; 8:12; JO 6:70; JO 8:44; JO 13:2; AT 10:38; AT 13:10; EF 4:27; EF 6:11; 1. º Tim. 3:6, 7, 11; 2. º Tim. 2:26; 3:3 TT 2:3; HB 2:14; Tiago, 4:7; 1. º Pe. 5:8; 1. º JO 3:8, 10; Jud. 9; AP 2:10; AP 12:9, AP 12:12; 20:2,10) e peirázôn, duas vezes (MT 4:3 e MT 4:1. ª Tess. 3:5).


DIÁNOIA


Diánoia exprime a faculdade de refletir (diá+noús), isto é, o raciocínio; é o intelecto que na matéria, reflete a mente espiritual (noús), projetando-se em "várias direções" (diá) no mesmo plano. Usado 12 vezes (MT 22:37; MC 12:30: LC 1:51; LC 10:27: EF 2:3; EF 4:18; CL 1:21; HB 8:10; HB 10:16; 1. ª Pe. 1:13; 2. ª Pe. 3:1; 1. ª JO 5:20) na forma diánoia; e na forma dianóêma (o pensamento) uma vez em LC 11:17. Como sinônimo de diánoia, encontramos, também, synesis (compreensão) 7 vezes (MC 12:33; LC 2:47; 1. ª Cor. 1:19; EF 3:4; CL 1:9 e CL 2:2; e 2. ª Tim. 2:7). Como veremos logo abaixo, diánoia é parte inerente da psychê, (alma).


PSYCHÊ


Psychê é a ALMA, isto é, o "espírito encarnado (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 134: " alma é o espírito encarnado", resposta dada, evidentemente, por um "espírito" afeito à leitura do Novo Testamento).


A psychê era considerada pelos gregos como o atualmente chamado "corpo astral", já que era sede dos desejos e paixões, isto é, das emoções (cfr. Ésquilo, Persas, 841; Teócrito, 16:24; Xenofonte, Ciropedia, 6. 2. 28 e 33; Xen., Memoráveis de Sócrates, 1. 13:14; Píndaro, Olímpicas, 2. 125; Heródoto, 3. 14; Tucídides, 2. 40, etc.) . Mas psychê também incluía, segundo os gregos, a diánoia ou synesis, isto é, o intelecto (cfr. Heródoto, 5. 124; Sófocles, Édipo em Colona, 1207; Xenofonte, Hieron, 7. 12; Plat ão, Crátilo, 400 a).


No sentido de "espírito" (alma de mortos) foi usada por Homero (cfr. Ilíada 1. 3; 23. 65, 72, 100, 104;


Odisseia, 11. 207,213,222; 24. 14 etc.), mas esse sentido foi depressa abandonado, substituído por outros sinônimos (pnenma, eikôn, phántasma, skiá, daimôn, etc.) .


Psychê é empregado quase sempre no sentido de espírito preso à matéria (encarnado) ou seja, como sede da vida, e até como a própria vida humana, isto é, a personagem terrena (sede do intelecto e das emoções) em 92 passos: Mar. 2:20; 6:25; 10:28, 39; 11:29; 12:18; 16:25, 26; 20:28; 22:37; 26:38; MC 3:4; MC 8:35, MC 8:36, MC 8:37; 10:45; 12:30; 14:34; LC 1:46; LC 2:35; LC 6:9; LC 9:24(2x), 56; 10:27; 12:19, 20, 22, 23; 14:26; 17:33; 21:19; JO 10:11, JO 10:15, JO 10:17, JO 10:18, 24; 12:25, 27; 13:37, 38; 15:13; AT 2:27, AT 2:41, AT 2:43; 3:23; 4:32; 7:14; 14:2, 22; 15:24, 26; 20:10, 24; 27:10, 22, 37, 44; RM 2:9; RM 11:3; RM 13:1; RM 16:4; 1. º Cor. 15:45; 2. º Cor. 1:23; 12:15; EF 6:6; CL 3:23; Flp. 1:27; 2:30; 1. º Tess. 2:8; 5:23; HB 4:12; HB 6:19; HB 10:38, HB 10:39; 12:3; 13:17; Tiago 1:21; Tiago 5:20; 1. º Pe. 1:9, 22; 2:11, 25; 4:19; 2. º Pe. 2:8, 14; 1. º JO 3:16; 3. º JO 2; AP 12:11; AP 16:3; AP 18:13, AP 18:14.


Note-se, todavia, que no Apocalipse (6:9:8:9 e 20:4) o termo é aplicado aos desencarnados por morte violenta, por ainda conservarem, no além-túmulo, as características da última personagem terrena.


O adjetivo psychikós é empregado com o mesmo sentido de personalidade (l. ª Cor. 2:14; 15:44, 46; Tiago, 3:15; Jud. 19).


Os outros termos, que entre os gregos eram usados nesse sentido de "espírito desencarnado", o N. T.


não os emprega com essa interpretação, conforme pode ser verificado:

EIDOS (aparência) - LC 3:22; LC 9:29; JO 5:37; 2. ª Cor. 5:7; 1. ª Tess. 5:22.


EIDÔLON (ídolo) - AT 7:41; AT 15:20; RM 2:22; 1. ª Cor. 8:4, 7; 10:19; 12; 2; 2. ª Cor. 6:16; 1. ª Tess.


1:9; 1. ª JO 5:21; AP 9:20.


EIKÔN (imagem) - MT 22:20; MC 12:16; LC 20:24; RM 1:23; 1. ª Cor. 11:7; 15:49 (2x) ; 2. ª Cor. 3:18; 4:4; CL 1:5; CL 3:10; HB 10:11; AP 13:14; AP 14:2, AP 14:11; 15:2; 19 : 20; 20 : 4.


SKIÁ (sombra) - MT 4:16; MC 4:32; LC 1:79; AT 5:15; CL 2:17; HB 8:5; HB 10:1.


Também entre os gregos, desde Homero, havia a palavra thumós, que era tomada no sentido de alma encarnada". Teve ainda sentidos diversos, exprimindo "coração" quer como sede do intelecto, quer como sede das paixões. Fixou-se, entretanto, mais neste último sentido, e toda, as vezes que a deparamos no Novo Testamento é, parece, com o designativo "força". (Cfr. LC 4:28; AT 19:28; RM 2:8; 2. ª Cor. 12:20; GL 5:20; EF 4:31; CL 3:8; HB 11:27; AP 12:12; AP 14:8, AP 14:10, AP 14:19; 15:1, 7; 16:1, 19; 18:3 e 19:15)


SOMA


Soma exprime o corpo, geralmente o físico denso, que é subdividido em carne (sárx) e sangue (haima), ou seja, que compreende o físico denso e o duplo etérico (e aqui retificamos o que saiu publicado no vol. 1, onde dissemos que "sangue" representava o astral).


Já no N. T. encontramos uma antecipação da moderna qualificação de "corpos", atribuída aos planos ou níveis em que o homem pode tornar-se consciente. Paulo, por exemplo, emprega soma para os planos espirituais; ao distinguir os "corpos" celestes (sómata epouránia) dos "corpos" terrestres (sómata epígeia), ele emprega soma para o físico denso (em lugar de sárx), para o corpo astral (sôma psychikôn) e para o corpo espiritual (sôma pneumatikón) em 1. ª Cor. 15:40 e 44.


No N. T. soma é empregado ao todo 123 vezes, sendo 107 vezes no sentido de corpo físico-denso (material, unido ou não à psychê);


MT 5:29, MT 5:30; 6:22, 25; 10:28(2x); 26:12; 27:58, 59; MC 5:29; MC 14:8; MC 15:43; LC 11:34; LC 12:4, LC 12:22, LC 12:23; 17:37; 23:52, 55; 24:3, 23; JO 2:21; JO 19:31, JO 19:38, JO 19:40; 20:12; Aros. 9:40; RM 1:24; RM 4:19; RM 6:6, RM 6:12; 7:4, 24; 8:10, 11, 13, 23; 12:1, 4; 1. º Cor. 5:13; 6:13(2x), 20; 7:4(2x), 34; 9:27; 12:12(3x),14, 15(2x), 16 (2x), 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 25; 13:3; 15:37, 38(2x) 40). 2. 0 Cor. 4:40; 5:610; 10:10; 12:2(2x); Gól. 6:17; EF 2:16; EF 5:23, EF 5:28; Ft. 3:21; CL 2:11, CL 2:23; 1. º Tess. 5:23; HB 10:5, HB 10:10, HB 10:22; 13:3, 11; Tiago 2:11, Tiago 2:26; 3:2, 3, 6; 1. º Pe. 2:24; Jud. 9; AP 18:13. Três vezes como "corpo astral" (MT 27:42; 1. ª Cor. 15:14, duas vezes); duas vezes como "corpo espiritual" (1. º Cor. 15:41); e onze vezes com sentido simbólico, referindo-se ao pão, tomado como símbolo do corpo de Cristo (MT 26:26; MC 14:22; LC 22:19; RM 12:5; 1. ª Cor. 6:15; 10:16, 17; 11:24; 12:13, 27; EF 1:23; EF 4:4, EF 4:12, EF 4:16; Filp. 1:20; CL 1:18, CL 1:22; 2:17; 3:15).


HAIMA


Haima, o sangue, exprime, como vimos, o corpo vital, isto é, a parte que dá vitalização à carne (sárx), a qual, sem o sangue, é simples cadáver.


O sangue era considerado uma entidade a parte, representando o que hoje chamamos "duplo etérico" ou "corpo vital". Baste-nos, como confirmação, recordar que o Antigo Testamento define o sangue como "a alma de toda carne" (LV 17:11-14). Suma importância, por isso, é atribuída ao derramamento de sangue, que exprime privação da "vida", e representa quer o sacrifício em resgate de erros e crimes, quer o testemunho de uma verdade.


A palavra é assim usada no N. T. :

a) - sangue de vítimas (HB 9:7, HB 9:12, HB 9:13, HB 9:18, 19, 20, 21, 22, 25; 10:4; 11:28; 13:11). Observe-se que só nessa carta há preocupação com esse aspecto;


b) - sangue de Jesus, quer literalmente (MT 27:4, MT 27:6, MT 27:24, MT 27:25; LC 22:20; JO 19:34; AT 5:28; AT 20:28; RM 5:25; RM 5:9; EF 1:7; EF 2:13; CL 1:20; HB 9:14; HB 10:19, HB 10:29; 12:24; 13:12, 20; 1. ª Pe. 1:2,19; 1. ª JO 1:7; 5:6, 8; AP 1:5; AP 5:9; AP 7:14; AP 12:11); quer simbolicamente, quando se refere ao vinho, como símbolo do sangue de Cristo (MT 26:28; MC 14:24; JO 6:53, JO 6:54, JO 6:55, JO 6:56; 1. ª Cor. 10:16; 11:25, 27).


c) - o sangue derramado como testemunho de uma verdade (MT 23:30, MT 23:35; 27:4; LC 13:1; AT 1:9; AT 18:6; AT 20:26; AT 22:20; RM 3:15; HB 12:4; AP 6:10; 14,: 20; 16:6; 17:6; 19:2, 13).


d) - ou em circunstâncias várias (MC 5:25, MC 5:29; 16:7; LC 22:44; JO 1:13; AT 2:19, AT 2:20; 15:20, 29; 17:26; 21:25; 1. ª Cor. 15:50; GL 1:16; EF 6:12; HB 2:14; AP 6:12; AP 8:7; AP 15:3, AP 15:4; 11:6).


SÁRX


Sárx é a carne, expressão do elemento mais grosseiro do homem, embora essa palavra substitua, muitas vezes, o complexo soma, ou seja, se entenda, com esse termo, ao mesmo tempo "carne" e "sangue".


Apesar de ter sido empregada simbolicamente por Jesus (JO 6:51, JO 6:52, JO 6:53, JO 6:54, 55 e 56), seu uso é mais literal em todo o resto do N. T., em 120 outros locais: MT 19:56; MT 24:22; MT 26:41; MC 10:8; MC 13:20; MC 14:38; LC 3:6; LC 24:39; JO 1:14; JO 3:6(2x); 6:63; 8:15; 17:2; AT 2:7, AT 2:26, AT 2:31; RM 1:3; RM 2:28; RM 3:20; RM 4:1; RM 6:19; RM 7:5, RM 7:18, RM 7:25; 8:3, 4(2x), 5(2x), 6, 7, 8, 9, 13(2x); 9:358; 11:14; 13:14; 1. º Cor. 1:2629; 5:5; 6:16; 7:28;10:18; 15:39(2x),50; 2. º Cor. 1:17; 4:11; 5:16; 7:1,5; 10:2,3(2x); 1:18; 12:7; GL 2:16, GL 2:20; 3:3; 4:13, 14, 23; 5:13, 16, 17, 19, 24; 6:8(2x), 12, 13; EF 2:3, EF 2:11, EF 2:14; 5:29, 30, 31; 6:5; CL 1:22, CL 1:24; 2:1, 5, 11, 13, 18, 23; 3:22, 24; 3:34; 1. º Tim. 3:6; Flm. 16; HB 5:7; HB 9:10, HB 9:13; 10:20; 12:9; Tiago 5:3; 1. º Pe. 1:24; 3;18, 21; 4:1, 2, 6; 2. º Pe. 2:10, 18; 1. º JO 2:16; 4:2; 2. º JO 7; Jud. 7, 8, 23; AP 17:16; AP 19:21.


B - TEXTOS COMPROBATÓRIOS


Respiguemos, agora, alguns trechos do N. T., a fim de comprovar nossas conclusões a respeito desta nova teoria.


Comecemos pela distinção que fazemos entre individualidade (ou Espírito) e a personagem transitória humana.


INDIVIDUALIDADE- PERSONAGEM


Encontramos essa distinção explicitamente ensinada por Paulo (l. ª Cor. 15:35-50) que classifica a individualidade entre os "corpos celestiais" (sómata epouránia), isto é, de origem espiritual; e a personagem terrena entre os "corpos terrenos" (sómata epígeia), ou seja, que têm sua origem no próprio planeta Terra, de onde tiram seus elementos constitutivos (físicos e químicos). Logo a seguir, Paulo torna mais claro seu pensamento, denominando a individualidade de "corpo espiritual" (sôma pneumatikón) e a personagem humana de "corpo psíquico" (sôma psychikón). Com absoluta nitidez, afirma que a individualidade é o "Espírito vivificante" (pneuma zoopioún), porque dá vida; e que a personagem, no plano já da energia, é a "alma que vive" (psychê zôsan), pois recebe vida do Espírito que lhe constitui a essência profunda.


Entretanto, para evitar dúvidas ou más interpretações quanto ao sentido ascensional da evolução, assevera taxativamente que o desenvolvimento começa com a personalidade (alma vivente) e só depois que esta se desenvolve, é que pode atingir-se o desabrochar da individualidade (Espírito vivificante).


Temos, pois, bem estabelecida a diferença fundamental, ensinada no N. T., entre psychê (alma) e pneuma (Espírito).


Mas há outros passos em que esses dois elementos são claramente distinguidos:

1) No Cântico de Maria (LC 1:46) sentimos a diferença nas palavras "Minha alma (psychê) engrandece o Senhor e meu Espírito (pneuma) se alegra em Deus meu Salvador".


2) Paulo (Filp. 1:27) recomenda que os cristãos tenham "um só Espírito (pneuma) e uma só alma (psychê), distinção desnecessária, se não expressassem essas palavras coisas diferentes.


3) Ainda Paulo (l. ª Tess. 5:23) faz votos que os fiéis "sejam santificados e guardados no Espírito (pneuma) na alma (psychê) e no corpo (sôma)", deixando bem estabelecida a tríade que assinalamos desde o início.


4) Mais claro ainda é o autor da Carta dos Hebreus (quer seja Paulo Apolo ou Clemente Romano), ao


. utilizar-se de uma expressão sintomática, que diz: "o Logos Divino é Vivo, Eficaz; e mais penetrante que qualquer espada, atingindo até a divisão entre o Espirito (pneuma) e a alma (psychê)" (HB 4:12); aí não há discussão: existe realmente uma divisão entre espírito e alma.


5) Comparando, ainda, a personagem (psiquismo) com a individualidade Paulo afirma que "fala não palavras aprendidas pela sabedoria humana, mas aprendidas do Espírito (divino), comparando as coisas espirituais com as espirituais"; e acrescenta, como esclarecimento e razão: "o homem psíquico (ho ánthrôpos psychikós, isto é, a personagem intelectualizada) não percebe as coisas do Espírito Divino: são tolices para ele, e não pode compreender o que é discernido espiritualmente; mas o homem espiritual (ho ánthrôpos pneumatikós, ou, seja, a individualidade) discerne tudo, embora não seja discernido por ninguém" (1. ª Cor. 2:13-15).


Portanto, não há dúvida de que o N. T. aceita os dois aspectos do "homem": a parte espiritual, a tríade superior ou individualidade (ánthrôpos pneumatikós) e a parte psíquica, o quaternário inferior ou personalidade ou personagem (ánthrôpos psychikós).


O CORPO


Penetremos, agora, numa especificação maior, observando o emprego da palavra soma (corpo), em seu complexo carne-sangue, já que, em vários passos, não só o termo sárx é usado em lugar de soma, como também o adjetivo sarkikós (ou sarkínos) se refere, como parte externa visível, a toda a personagem, ou seja, ao espírito encarnado e preso à matéria; e isto sobretudo naqueles que, por seu atraso, ainda acreditam que seu verdadeiro eu é o complexo físico, já que nem percebem sua essência espiritual.


Paulo, por exemplo, justifica-se de não escrever aos coríntios lições mais sublimes, porque não pode falar-lhes como a "espirituais" (pnenmatikoí, criaturas que, mesmo encarnadas, já vivem na individualidade), mas só como a "carnais" (sarkínoi, que vivem só na personagem). Como a crianças em Cristo (isto é, como a principiantes no processo do conhecimento crístico), dando-lhes leite a beber, não comida, pois ainda não na podem suportar; "e nem agora o posso, acrescenta ele, pois ainda sois carnais" (1. ª Cor. 3:1-2).


Dessa forma, todos os que se encontram na fase em que domina a personagem terrena são descritos por Paulo como não percebendo o Espírito: "os que são segundo a carne, pensam segundo a carne", em oposição aos "que são segundo o espírito, que pensam segundo o espírito". Logo a seguir define a "sabedoria da carne como morte, enquanto a sabedoria do Espírito é Vida e Paz" (Rom, 8:5-6).


Essa distinção também foi afirmada por Jesus, quando disse que "o espírito está pronto (no sentido de" disposto"), mas a carne é fraca" (MT 26:41; MC 14:38). Talvez por isso o autor da Carta aos Hebreus escreveu, ao lembrar-se quiçá desse episódio, que Jesus "nos dias de sua carne (quando encarnado), oferecendo preces e súplicas com grande clamor e lágrimas Àquele que podia livrá-lo da morte, foi ouvido por causa de sua devoção e, não obstante ser Filho de Deus (o mais elevado grau do adeptado, cfr. vol. 1), aprendeu a obediência por meio das coisas que sofreu" (Heb, 5:7-8).


Ora, sendo assim fraca e medrosa a personagem humana, sempre tendente para o mal como expoente típico do Antissistema, Paulo tem o cuidado de avisar que "não devemos submeter-nos aos desejos da carne", pois esta antagoniza o Espírito (isto é constitui seu adversário ou diábolos). Aconselha, então que não se faça o que ela deseja, e conforta os "que são do Espírito", assegurando-lhes que, embora vivam na personalidade, "não estão sob a lei" (GL 5:16-18). A razão é dada em outro passo: "O Senhor é Espírito: onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2. ª Cor. 3:17).


Segundo o autor da Carta aos Hebreus, esta foi uma das finalidades da encarnação de Jesus: livrar a personagem humana do medo da morte. E neste trecho confirma as palavras do Mestre a Nicodemos: "o que nasce de carne é carne" (JO 3:6), esclarecendo, ao mesmo tempo, no campo da psicobiologia, (o problema da hereditariedade: dos pais, os filhos só herdam a carne e o sangue (corpo físico e duplo etérico), já que a psychê é herdeira do pneuma ("o que nasce de espírito, é espírito", João, ibidem). Escreve, então: "como os filhos têm a mesma natureza (kekoinônêken) na carne e no sangue, assim ele (Jesus) participou da carne e do sangue para que, por sua morte, destruísse o adversário (diábolos, a matéria), o qual possui o império da morte, a fim de libertá-las (as criaturas), já que durante toda a vida elas estavam sujeitas ao medo da morte" (HB 2:14).


Ainda no setor da morte, Jesus confirma, mais uma vez, a oposição corpo-alma: "não temais os que matam o corpo: temei o que pode matar a alma (psychê) e o corpo (sôma)" (MT 10:28). Note-se, mais uma vez, a precisão (elegantia) vocabular de Jesus, que não fala em pneuma, que é indestrutível, mas em psychê, ou seja, o corpo astral sujeito a estragos e até morte.


Interessante observar que alguns capítulos adiante, o mesmo evangelista (MT 27:52) usa o termo soma para designar o corpo astral ou perispírito: "e muitos corpos dos santos que dormiam, despertaram".


Refere-se ao choque terrível da desencarnação de Jesus, que foi tão violento no plano astral, que despertou os desencarnados que se encontravam adormecidos e talvez ainda presos aos seus cadáveres, na hibernação dos que desencarnam despreparados. E como era natural, ao despertarem, dirigiram-se para suas casas, tendo sido percebidos pelos videntes.


Há um texto de Paulo que nos deixa em suspenso, sem distinguirmos se ele se refere ao corpo físico (carne) ou ao psíquico (astral): "conheço um homem em Cristo (uma individualidade já cristificada) que há catorze anos - se no corpo (en sômai) não sei, se fora do corpo (ektòs sômatos) não sei: Deus

sabe foi raptado ao terceiro céu" (l. ª Cor. 12:2). É uma confissão de êxtase (ou talvez de "encontro"?), em que o próprio experimentador se declara inapto a distinguir se se tratava de um movimento puramente espiritual (fora do corpo), ou se tivera a participação do corpo psíquico (astral); nem pode verificar se todo o processo se realizou com pneuma e psychê dentro ou fora do corpo.


Entretanto, de uma coisa ele tem certeza absoluta: a parte inferior do homem, a carne e o sangue, esses não participaram do processo. Essa certeza é tão forte, que ele pode ensinar taxativamente e sem titubeios, que o físico denso e o duplo etérico não se unificam com a Centelha Divina, não "entram no reino dos céus", sendo esta uma faculdade apenas de pneuma, e, no máximo, de psychê. E ele o diz com ênfase: "isto eu vos digo, irmãos, que a carne (sárx) e o sangue (haima) NÃO PODEM possuir o reino de Deus" (l. ª Cor. 15:50). Note-se que essa afirmativa é uma negação violenta do "dogma" da ressurreição da carne.


ALMA


Num plano mais elevado, vejamos o que nos diz o N. T. a respeito da psychê e da diánoia, isto é, da alma e do intelecto a esta inerente como um de seus aspectos.


Como a carne é, na realidade dos fatos, incapaz de vontades e desejos, que provêm do intelecto, Paulo afirma que "outrora andávamos nos desejos de nossa carne", esclarecendo, porém, que fazíamos "a vontade da carne (sárx) e do intelecto (diánoia)" (EF 2:3). De fato "o afastamento e a inimizade entre Espírito e corpo surgem por meio do intelecto" (CL 1. 21).


A distinção entre intelecto (faculdade de refletir, existente na personagem) e mente (faculdade inerente ao coração, que cria os pensamentos) pode parecer sutil, mas já era feita na antiguidade, e Jerem ías escreveu que YHWH "dá suas leis ao intelecto (diánoia), mas as escreve no coração" (JR 31:33, citado certo em HB 8:10, e com os termos invertidos em HB 10:16). Aí bem se diversificam as funções: o intelecto recebe a dádiva, refletindo-a do coração, onde ela está gravada.


Realmente a psychê corresponde ao corpo astral, sede das emoções. Embora alguns textos no N. T.


atribuam emoções a kardía, Jesus deixou claro que só a psychê é atingível pelas angústias e aflições, asseverando: "minha alma (psychê) está perturbada" (MT 26:38; MC 14:34; JO 12:27). Jesus não fala em kardía nem em pneuma.


A MENTE


Noús é a MENTE ESPIRITUAL, a individualizadora de pneuma, e parte integrante ou aspecto de kardía. E Paulo, ao salientar a necessidade de revestir-nos do Homem Novo (de passar a viver na individualidade) ordena que "nos renovemos no Espírito de nossa Mente" (EF 4:23-24), e não do intelecto, que é personalista e divisionário.


E ao destacar a luta entre a individualidade e a personagem encarnada, sublinha que "vê outra lei em seus membros (corpo) que se opõem à lei de sua mente (noús), e o aprisiona na lei do erro que existe em seus membros" (RM 7:23).


A mente espiritual, e só ela, pode entender a sabedoria do Cristo; e este não se dirige ao intelecto para obter a compreensão dos discípulos: "e então abriu-lhes a mente (noún) para que compreendessem as Escrituras" (LC 24:45). Até então, durante a viagem (bastante longa) ia conversando com os "discípulos de Emaús". falando-lhes ao intelecto e provando-lhes que o Filho do Homem tinha que sofrer; mas eles não O reconheceram. Mas quando lhes abriu a MENTE, imediatamente eles perceberam o Cristo.


Essa mente é, sem dúvida, um aspecto de kardía. Isaías escreveu: "então (YHWH) cegou-lhes os olhos (intelecto) e endureceu-lhes o coração, para que não vissem (intelectualmente) nem compreendessem com o coração" (IS 6:9; citado por JO 12:40).


O CORAÇÃO


Que o coração é a fonte dos pensamentos, nós o encontramos repetido à exaustão; por exemplo: MT 12:34; MT 15:18, MT 15:19; Marc 7:18; 18:23; LC 6:45; LC 9:47; etc.


Ora, se o termo CORAÇÃO exprime, límpida e indiscutivelmente, a fonte primeira do SER, o "quarto fechado" onde o "Pai vê no secreto" MT 6:6), logicamente se deduz que aí reside a Centelha Divina, a Partícula de pneuma, o CRISTO (Filho Unigênito), que é UNO com o Pai, que também, consequentemente, aí reside. E portanto, aí também está o Espírito-Santo, o Espírito-Amor, DEUS, de que nosso Eu é uma partícula não desprendida.


Razão nos assiste, então, quando escrevemos (vol. 1 e vol. 3) que o "reino de Deus" ou "reino dos céus" ou "o céu", exprime exatamente o CORAÇÃO; e entrar no reino dos céus é penetrar, é MERGULHAR (batismo) no âmago de nosso próprio EU. É ser UM com o CRISTO, tal como o CRISTO é UM com o PAI (cfr. JO 10. 30; 17:21,22, 23).


Sendo esta parte a mais importante para a nossa tese, dividamo-la em três seções:

a) - Deus ou o Espírito Santo habitam DENTRO DE nós;


b) - CRISTO, o Filho (UNO com o Pai) também está DENTRO de nós, constituindo NOSSA ESSÊNCIA PROFUNDA;


c) - o local exato em que se encontra o Cristo é o CORAÇÃO, e nossa meta, durante a encarnação, é CRISTIFICAR-NOS, alcançando a evolução crística e unificando-nos com Ele.


a) -


A expressão "dentro de" pode ser dada em grego pela preposição ENTOS que encontramos clara em LC (LC 17:21), quando afirma que "o reino de Deus está DENTRO DE VÓS" (entòs humin); mas tamb ém a mesma ideia é expressa pela preposição EN (latim in, português em): se a água está na (EM A) garrafa ou no (EM O) copo, é porque está DENTRO desses recipientes. Não pode haver dúvida. Recordese o que escrevemos (vol. 1): "o Logos se fez carne e fez sua residência DENTRO DE NÓS" (JO 1:14).


Paulo é categórico em suas afirmativas: "Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita dentro de vós" (1. ª Cor. 3:16).


Οΰи οίδατε ότι ναός θεοϋ έστε иαί τό πνεϋµα τοϋ θεοϋ έν ϋµϊν οίиεί;

E mais: "E não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo que está dentro de vós, o qual recebestes de Deus, e não pertenceis a vós mesmos? Na verdade, fostes comprados por alto preço. Glorificai e TRAZEI DEUS EM VOSSO CORPO" (1. ª Cor. 6:19-20).


Esse Espírito Santo, que é a Centelha do Espírito Universal, é, por isso mesmo, idêntico em todos: "há muitas operações, mas UM só Deus, que OPERA TUDO DENTRO DE TODAS AS COISAS; ... Todas essas coisas opera o único e mesmo Espírito; ... Então, em UM Espírito todos nós fomos MERGULHADOS en: UMA carne, judeus e gentios, livres ou escravos" (1. ª Cor. 12:6, 11, 13).


Καί διαιρέσεις ένεργηµάτων είσιν, ό δέ αύτός θεός ό ένεργών τα πάντα έν πάσιν... Дάντα δέ ταύτα ένεργεί τό έν иαί τό αύτό πνεύµα... Кαί γάρ έν ένί πνεύµατι ήµείς πάντες είς έν σώµα έβαπτίσθηµεν,
είτε ̉Ιουδαίοι εϊτε έλληνες, είτε δούλοι, εϊτε έλεύθεροι.
Mais ainda: "Então já não sois hóspedes e estrangeiros, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus, superedificados sobre o fundamento dos Enviados e dos Profetas, sendo a própria pedra angular máxima Cristo Jesus: em Quem toda edificação cresce no templo santo no Senhor, no Qual tamb ém vós estais edificados como HABITAÇÃO DE DEUS NO ESPÍRITO" (EF 2:19-22). " Αρα ούν ούиέτι έστε ζένοι иαί πάροιиοι, άλλά έστε συµπολίται τών άγίων иαί οίиείοι τού θεού,
έποιиοδοµηθέντες έπί τώ θεµελίω τών άποστόλων иαί προφητών, όντος άиρογωνιαίου αύτού Χριστόύ
#cite Іησού, έν ώ πάσα οίиοδοµή συναρµολογουµένη αύζει είς ναόν άγιον έν иυρίώ, έν ώ иαί ύµείς
συνοιиοδοµείσθε είς иατοιиητήεριον τού θεού έν πνεµατ

ι.


Se Deus habita DENTRO do homem e das coisas quem os despreza, despreza a Deus: "quem despreza estas coisas, não despreza homens, mas a Deus, que também deu seu Espírito Santo em vós" (1. ª Tess. 4:8).


Тοιγαρούν ό άθετών ούи άνθρωπον άθετεί, άλλά τόν θεόν τόν иαί διδόντα τό πνεύµα αύτού τό άγιον είς ύµάς.

E a consciência dessa realidade era soberana em Paulo: "Guardei o bom depósito, pelo Espírito Santo que habita DENTRO DE NÓS" (2. ª Tim. 1:14). (20)


Тήν иαλήν παραθήиην φύλαζον διά πνεύµατος άγίου τού ένοιиούντος έν ήµϊ

ν.


João dá seu testemunho: "Ninguém jamais viu Deus. Se nos amarmos reciprocamente, Deus permanecer á DENTRO DE NÓS, e o Amor Dele, dentro de nós, será perfeito (ou completo). Nisto sabemos que permaneceremos Nele e Ele em nós, porque DE SEU ESPÍRITO deu a nós" (1. ª JO 4:12-13).


θεόν ούδείς πώποτε τεθέαται: έάν άγαπώµεν άλλήλους, ό θεός έν ήµϊν µένει, иαί ή άγάπη αύτοϋ τε-
τελειωµένη έν ήµϊν έστιν. Εν τουτω γινώσиοµεν ότι έν αύτώ µένοµεν иαί αύτός έν ήµϊν, ότι έи τοϋ
πνεύµατος αύτοϋ δέδώиεν ήµϊ

ν.


b) -


Vejamos agora os textos que especificam melhor ser o CRISTO (Filho) que, DENTRO DE NÓS. constitui a essência profunda de nosso ser. Não é mais uma indicação de que TEMOS a Divindade em nós, mas um ensino concreto de que SOMOS uma partícula da Divindade. Escreve Paulo: "Não sabeis que CRISTO (Jesus) está DENTRO DE VÓS"? (2. ª Cor. 13:5). E, passando àquela teoria belíssima de que formamos todos um corpo só, cuja cabeça é Cristo, ensina Paulo: "Vós sois o CORPO de Cristo, e membros de seus membros" (l. ª Cor. 12:27). Esse mesmo Cristo precisa manifestar-se em nós, através de nós: "vossa vida está escondida COM CRISTO em Deus; quando Cristo se manifestar, vós também vos manifestareis em substância" (CL 3:3-4).


E logo adiante insiste: "Despojai-vos do velho homem com seus atos (das personagens terrenas com seus divisionismos egoístas) e vesti o novo, aquele que se renova no conhecimento, segundo a imagem de Quem o criou, onde (na individualidade) não há gentio nem judeu, circuncidado ou incircunciso, bárbaro ou cita, escravo ou livre, mas TUDO e EM TODOS, CRISTO" (CL 3:9-11).


A personagem é mortal, vivendo a alma por efeito do Espírito vivificante que nela existe: "Como em Adão (personagem) todos morrem, assim em CRISTO (individualidade, Espírito vivificante) todos são vivificados" (1. ª Cor. 15:22).


A consciência de que Cristo vive nele, faz Paulo traçar linhas imorredouras: "ou procurais uma prova do CRISTO que fala DENTRO DE MIM? o qual (Cristo) DENTRO DE VÓS não é fraco" mas é poderoso DENTRO DE VÓS" (2. ª Cor. 13:3).


E afirma com a ênfase da certeza plena: "já não sou eu (a personagem de Paulo), mas CRISTO QUE VIVE EM MIM" (GL 2:20). Por isso, pode garantir: "Nós temos a mente (noús) de Cristo" (l. ª Cor. 2:16).


Essa convicção traz consequências fortíssimas para quem já vive na individualidade: "não sabeis que vossos CORPOS são membros de Cristo? Tomando, então, os membros de Cristo eu os tornarei corpo de meretriz? Absolutamente. Ou não sabeis que quem adere à meretriz se torna UM CORPO com ela? Está dito: "e serão dois numa carne". Então - conclui Paulo com uma lógica irretorquível - quem adere a Deus é UM ESPÍRITO" com Deus (1. ª Cor. 6:15-17).


Já desde Paulo a união sexual é trazida como o melhor exemplo da unificação do Espírito com a Divindade. Decorrência natural de tudo isso é a instrução dada aos romanos: "vós não estais (não viveis) EM CARNE (na personagem), mas EM ESPÍRITO (na individualidade), se o Espírito de Deus habita DENTRO DE VÓS; se porém não tendes o Espírito de Cristo, não sois Dele. Se CRISTO (está) DENTRO DE VÓS, na verdade o corpo é morte por causa dos erros, mas o Espírito vive pela perfeição. Se o Espírito de Quem despertou Jesus dos mortos HABITA DENTRO DE VÓS, esse, que despertou Jesus dos mortos, vivificará também vossos corpos mortais, por causa do mesmo Espírito EM VÓS" (RM 9:9-11). E logo a seguir prossegue: "O próprio Espírito testifica ao nosso Espírito que somos filhos de Deus; se filhos, (somos) herdeiros: herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo" (RM 8:16). Provém daí a angústia de todos os que atingiram o Eu Interno para libertar-se: "também tendo em nós as primícias do Espírito, gememos dentro de nós, esperando a adoção de Filhos, a libertação de nosso corpo" (RM 8:23).


c) -


Finalmente, estreitando o círculo dos esclarecimentos, verificamos que o Cristo, dentro de nós, reside NO CORAÇÃO, onde constitui nosso EU Profundo. É ensinamento escriturístico.


Ainda é Paulo que nos esclarece: "Porque sois filhos, Deus enviou o ESPÍRITO DE SEU FILHO, em vosso CORAÇÃO, clamando Abba, ó Pai" (GL 4:6). Compreendemos, então, que o Espírito Santo (Deus) que está em nós, refere-se exatamente ao Espírito do FILHO, ao CRISTO Cósmico, o Filho Unigênito. E ficamos sabendo que seu ponto de fixação em nós é o CORAÇÃO.


Lembrando-se, talvez, da frase de Jeremias, acima-citada, Paulo escreveu aos coríntios: "vós sois a nossa carta, escrita em vossos CORAÇÕES, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifesto que sois CARTA DE CRISTO, preparada por nós, e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo; não em tábuas de pedra, mas nas tábuas dos CORAÇÕES CARNAIS" (2. ª Cor. 3:2-3). Bastante explícito que realmente se trata dos corações carnais, onde reside o átomo espiritual.


Todavia, ainda mais claro é outro texto, em que se fala no mergulho de nosso eu pequeno, unificandonos ao Grande EU, o CRISTO INTERNO residente no coração: "CRISTO HABITA, pela fé, no VOSSO CORAÇÃO". E assegura com firmeza: "enraizados e fundamentados no AMOR, com todos os santos (os encarnados já espiritualizados na vivência da individualidade) se compreenderá a latitude, a longitude a sublimidade e a profundidade, conhecendo o que está acima do conhecimento, o AMOR DE CRISTO, para que se encham de toda a plenitude de Deus" (EF 3:17).


Кατοιиήσαι τόν Χριστόν διά τής πίστεως έν ταϊς иαρδίαις ύµών, έν άγάπη έρριζωµένοι иαί τεθεµελιωµένοι, ϊνα έζισγύσητε иαταλαβέσθαι σύν πάσιν τοϊςάγίοιςτί τό πλάτος иαί µήиος иαί ύψος
иαί βάθος, γνώσαι τε τήν ύπερβάλλουσαν τής γνώσεως άγάπην τοϋ Χριστοϋ, ίνα πληρωθήτε είς πάν τό πλήρωµα τού θεοϋ.

Quando se dá a unificação, o Espírito se infinitiza e penetra a Sabedoria Cósmica, compreendendo então a amplitude da localização universal do Cristo.


Mas encontramos outro ensino de suma profundidade, quando Paulo nos adverte que temos que CRISTIFICAR-NOS, temos que tornar-nos Cristos, na unificação com Cristo. Para isso, teremos que fazer uma tradução lógica e sensata da frase, em que aparece o verbo CHRIO duas vezes: a primeira, no particípio passado, Christós, o "Ungido", o "permeado da Divindade", particípio que foi transliterado em todas as línguas, com o sentido filosófico e místico de O CRISTO; e a segunda, logo a seguir, no presente do indicativo. Ora, parece de toda evidência que o sentido do verbo tem que ser O MESMO em ambos os empregos. Diz o texto original: ho dè bebaiôn hemãs syn humin eis Christon kaí chrísas hemãs theós (2. ª Cor. 1:21).


#cite Ο δέ βεβαιών ήµάς σύν ύµίν είς Χριστόν иαί χρίσας ήµάς θεό

ς.


Eis a tradução literal: "Deus, fortifica dor nosso e vosso, no Ungido, unge-nos".


E agora a tradução real: "Deus, fortificador nosso e vosso, em CRISTO, CRISTIFICA-NOS".


Essa a chave para compreendermos nossa meta: a cristificação total e absoluta.


Logo após escreve Paulo: "Ele também nos MARCA e nos dá, como penhor, o Espírito em NOSSOS CORAÇÕES" (2. ª Cor. 1:22).


#cite Ο иαί σφραγισάµενος ήµάς иαί δούς τόν άρραβώνα τόν πνεύµατος έν ταϊς иαρδϊαις ήµώ

ν.


Completando, enfim, o ensino - embora ministrado esparsamente - vem o texto mais forte e explícito, informando a finalidade da encarnação, para TÔDAS AS CRIATURAS: "até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, ao Homem Perfeito, à medida da evolução plena de Cristo" (EF 4:13).


Мέρχι иαταντήσωµεν οί πάντες είς τήν ένότητα τής πίστοως. иαί τής έπιγνώσεως τοϋ υίοϋ τοϋ θεοϋ,
είς άνδρα τελειον, είς µέτρον ήλιиίας τοϋ πληρώµατος τοϋ Χριστοϋ.
Por isso Paulo escreveu aos Gálatas: "ó filhinhos, por quem outra vez sofro as dores de parto, até que Cristo SE FORME dentro de vós" (GL 4:19) (Тεиνία µου, ούς πάλιν ώδίνω, µέρχις ού µορφωθή Χριστός έν ύµϊ

ν).


Agostinho (Tract. in Joanne, 21, 8) compreendeu bem isto ao escrever: "agradeçamos e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos", (Christus facti sumus); e Metódio de Olimpo ("Banquete das dez virgens", Patrol. Graeca, vol. 18, col. 150) escreveu: "a ekklêsía está grávida e em trabalho de parto até que o Cristo tome forma em nós, até que Cristo nasça em nós, a fim de que cada um dos santos (encarnados) por sua participação com o Cristo, se torne Cristo". Também Cirilo de Jerusalém ("Catechesis mystagogicae" 1. 3. 1 in Patr. Graeca vol. 33, col. 1. 087) asseverou: " Após terdes mergulhado no Cristo e vos terdes revestido do Cristo, fostes colocados em pé de igualdade com o Filho de Deus... pois que entrastes em comunhão com o Cristo, com razão tendes o nome de cristos, isto é, de ungidos".


Todo o que se une ao Cristo, se torna um cristo, participando do Pneuma e da natureza divina (theías koinônoí physeôs) (2. ª Pe. 1:3), pois "Cristo é o Espírito" (2. ª Cor. 3:17) e quem Lhe está unido, tem em si o selo (sphrágis) de Cristo. Na homilia 24,2, sobre 1. ª Cor. 10:16, João Crisóstomo (Patrol.


Graeca vol. 61, col. 200) escreveu: "O pão que partimos não é uma comunhão (com+união, koinônía) ao corpo de Cristo? Porque não disse "participação" (metoché)? Porque quis revelar algo mais, e mostrar uma associação (synápheia) mais íntima. Realmente, estamos unidos (koinônoúmen) não só pela participação (metéchein) e pela recepção (metalambánein), mas também pela UNIFICAÇÃO (enousthai)".


Por isso justifica-se o fragmento de Aristóteles, supra citado, em Sinésio: "os místicos devem não apenas aprender (mathein) mas experimentar" (pathein).


Essa é a razão por que, desde os primeiros séculos do estabelecimento do povo israelita, YHWH, em sua sabedoria, fazia a distinção dos diversos "corpos" da criatura; e no primeiro mandamento revelado a Moisés dizia: " Amarás a Deus de todo o teu coração (kardía), de toda tua alma (psychê), de todo teu intelecto (diánoia), de todas as tuas forças (dynameis)"; kardía é a individualidade, psychê a personagem, dividida em diánoia (intelecto) e dynameis (veículos físicos). (Cfr. LV 19:18; DT 6:5; MT 22:37; MC 12:13; LC 10:27).


A doutrina é uma só em todos os sistemas religiosos pregados pelos Mestres (Enviados e Profetas), embora com o tempo a imperfeição humana os deturpe, pois a personagem é fundamentalmente divisionista e egoísta. Mas sempre chega a ocasião em que a Verdade se restabelece, e então verificamos que todas as revelações são idênticas entre si, em seu conteúdo básico.


ESCOLA INICIÁTICA


Após essa longa digressão a respeito do estudo do "homem" no Novo Testamento, somos ainda obrigados a aprofundar mais o sentido do trecho em que são estipuladas as condições do discipulato.


Há muito desejaríamos ter penetrado neste setor, a fim de poder dar explicação cabal de certas frases e passagens; mas evitamo-lo ao máximo, para não ferir convicções de leitores desacostumados ao assunto.


Diante desse trecho, porém, somos forçados a romper os tabus e a falar abertamente.


Deve ter chamado a atenção de todos os estudiosos perspicazes dos Evangelhos, que Jesus jamais recebeu, dos evangelistas, qualquer título que normalmente seria atribuído a um fundador de religião: Chefe Espiritual, Sacerdote, Guia Espiritual, Pontífice; assim também, aqueles que O seguiam, nunca foram chamados Sequazes, Adeptos, Adoradores, Filiados, nem Fiéis (a não ser nas Epístolas, mas sempre com o sentido de adjetivo: os que mantinham fidelidade a Seus ensinos). Ao contrário disso, os epítetos dados a Jesus foram os de um chefe de escola: MESTRE (Rabbi, Didáskalos, Epistátês) ou de uma autoridade máxima Kyrios (SENHOR dos mistérios). Seus seguidores eram DISCÍPULOS (mathêtês), tudo de acordo com a terminologia típica dos mistérios iniciáticos de Elêusis, Delfos, Crotona, Tebas ou Heliópolis. Após receberem os primeiros graus, os discípulos passaram a ser denominado "emissários" (apóstolos), encarregados de dar a outros as primeiras iniciações.


Além disso, é evidente a preocupação de Jesus de dividir Seus ensinos em dois graus bem distintos: o que era ministrado de público ("a eles só é dado falar em parábolas") e o que era ensinado privadamente aos "escolhidos" ("mas a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus", cfr. MT 13:10-17 ; MC 4:11-12; LC 8:10).


Verificamos, portanto, que Jesus não criou uma "religião", no sentido moderno dessa palavra (conjunto de ritos, dogmas e cultos com sacerdócio hierarquicamente organizado), mas apenas fundou uma ESCOLA INICIÁTICA, na qual preparou e "iniciou" seus DISCÍPULOS, que Ele enviou ("emissários, apóstolos") com a incumbência de "iniciar" outras criaturas. Estas, por sua vez, foram continuando o processo e quando o mundo abriu os olhos e percebeu, estava em grande parte cristianizado. Quando os "homens" o perceberam e estabeleceram a hierarquia e os dogmas, começou a decadência.


A "Escola iniciática" fundada por Jesus foi modelada pela tradição helênica, que colocava como elemento primordial a transmissão viva dos mistérios: e "essa relação entre a parádosis (transmissão) e o mystérion é essencial ao cristianismo", escreveu o monge beneditino D. Odon CaseI (cfr. "Richesse du Mystere du Christ", Les éditions du Cerf. Paris, 1964, pág. 294). Esse autor chega mesmo a afirmar: " O cristianismo não é uma religião nem uma confissão, segundo a acepção moderna dessas palavras" (cfr. "Le Mystere du Culte", ib., pág. 21).


E J. Ranft ("Der Ursprung des Kathoíischen Traditionsprinzips", 1931, citado por D . O. Casel) escreve: " esse contato íntimo (com Cristo) nasce de uma gnose profunda".


Para bem compreender tudo isso, é indispensável uma incursão pelo campo das iniciações, esclarecendo antes alguns termos especializados. Infelizmente teremos que resumir ao máximo, para não prejudicar o andamento da obra. Mas muitos compreenderão.


TERMOS ESPECIAIS


Aiôn (ou eon) - era, época, idade; ou melhor CICLO; cada um dos ciclos evolutivos.


Akoueíu - "ouvir"; akoueín tòn lógon, ouvir o ensino, isto é, receber a revelação dos segredos iniciáticos.


Gnôse - conhecimento espiritual profundo e experimental dos mistérios.


Deíknymi - mostrar; era a explicação prática ou demonstração de objetos ou expressões, que serviam de símbolos, e revelavam significados ocultos.


Dóxa - doutrina; ou melhor, a essência do conhecimento profundo: o brilho; a luz da gnôse; donde "substância divina", e daí a "glória".


Dynamis - força potencial, potência que capacita para o érgon e para a exousía, infundindo o impulso básico de atividade.


Ekklêsía - a comunidade dos "convocados" ou "chamados" (ékklêtos) aos mistérios, os "mystos" que tinham feito ou estavam fazendo o curso da iniciação.


Energeín - agir por dentro ou de dentro (energia), pela atuação da força (dybamis).


Érgon - atividade ou ação; trabalho espiritual realizado pela força (dynamis) da Divindade que habita dentro de cada um e de cada coisa; energia.


Exêgeísthaí - narrar fatos ocultos, revelar (no sentido de "tirar o véu") (cfr. LC 24:35; JO 1:18; AT 10:8:15:12, 14).


Hágios - santo, o que vive no Espírito ou Individualidade; o iniciado (cfr. teleios).


Kyrios - Senhor; o Mestre dos Mistérios; o Mistagogo (professor de mistérios); o Hierofante (o que fala, fans, fantis, coisas santas, hieros); dava-se esse título ao possuidor da dynamis, da exousía e do érgon, com capacidade para transmiti-los.


Exousía - poder, capacidade de realização, ou melhor, autoridade, mas a que provém de dentro, não "dada" de fora.


Leitourgia - Liturgia, serviço do povo: o exercício do culto crístico, na transmissão dos mistérios.


Legómena - palavras reveladoras, ensino oral proferido pelo Mestre, e que se tornava "ensino ouvido" (lógos akoês) pelos discípulos.


Lógos - o "ensino" iniciático, a "palavra" secreta, que dava a chave da interpretação dos mistérios; a" Palavra" (Energia ou Som), segundo aspecto da Divindade.


Monymenta - "monumentos", ou seja, objetos e lembranças, para manter viva a memória.


Mystagogo – o Mestre dos Mystérios, o Hierofante.


Mystérion - a ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação; donde, o ensino revelado apenas aos perfeitos (teleios) e santos (hágios), mas que devia permanecer oculto aos profanos.


Oikonomía - economia, dispensação; literalmente "lei da casa"; a vida intima de cada iniciado e sua capacidade na transmissão iniciática a outros, (de modo geral encargo recebido do Mestre).


Orgê - a atividade ou ação sagrada; o "orgasmo" experimentado na união mística: donde "exaltação espiritual" pela manifestação da Divindade (erradamente interpretado como "ira").


Parábola - ensino profundo sob forma de narrativa popular, com o verdadeiro sentido oculto por metáforas e símbolos.


Paradídômi - o mesmo que o latim trádere; transmitir, "entregar", passar adiante o ensino secreto.


Parádosis - transmissão, entrega de conhecimentos e experiências dos ensinos ocultos (o mesmo que o latim tradítio).


Paralambánein - "receber" o ensino secreto, a "palavra ouvida", tornando-se conhecedor dos mistérios e das instruções.


Patheín - experimentar, "sofrer" uma experiência iniciática pessoalmente, dando o passo decisivo para receber o grau e passar adiante.


Plêrôma - plenitude da Divindade na criatura, plenitude de Vida, de conhecimento, etc.


Redençãoa libertação do ciclo de encarnações na matéria (kyklos anánkê) pela união total e definitiva com Deus.


Santo - o mesmo que perfeito ou "iniciado".


Sêmeíon - "sinal" físico de uma ação espiritual, demonstração de conhecimento (gnose), de força (dynamis), de poder (exousía) e de atividade ou ação (érgon); o "sinal" é sempre produzido por um iniciado, e serve de prova de seu grau.


Sophía - a sabedoria obtida pela gnose; o conhecimento proveniente de dentro, das experiências vividas (que não deve confundir-se com a cultura ou erudição do intelecto).


Sphrágis - selo, marca indelével espiritual, recebida pelo espírito, embora invisível na matéria, que assinala a criatura como pertencente a um Senhor ou Mestre.


Symbolos - símbolos ou expressões de coisas secretas, incompreensíveis aos profanos e só percebidas pelos iniciados (pão, vinho, etc.) .


Sótería - "salvação", isto é, a unificação total e definitiva com a Divindade, que se obtém pela "redenção" plena.


Teleíos - o "finalista", o que chegou ao fim de um ciclo, iniciando outro; o iniciado nos mistérios, o perfeito ou santo.


Teleisthai - ser iniciado; palavra do mesmo radical que teleutan, que significa "morrer", e que exprime" finalizar" alguma coisa, terminar um ciclo evolutivo.


Tradítio - transmissão "tradição" no sentido etimológico (trans + dare, dar além passar adiante), o mesmo que o grego parádosis.


TRADIÇÃO


D. Odon Casel (o. c., pág. 289) escreve: "Ranft estudou de modo preciso a noção da tradítio, não só como era praticada entre os judeus, mas também em sua forma bem diferente entre os gregos. Especialmente entre os adeptos dos dosis é a transmissão secreta feita aos "mvstos" da misteriosa sôtería; é a inimistérios, a noção de tradítio (parádosis) tinha grande importância. A paraciação e a incorporação no círculo dos eleitos (eleitos ou "escolhidos"; a cada passo sentimos a confirmação de que Jesus fundou uma "Escola Iniciática", quando emprega os termos privativos das iniciações heléntcas; cfr. " muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos" - MT 22. 14), características das religiões grecoorientais. Tradítio ou parádosis são, pois, palavras que exprimem a iniciação aos mistérios. Tratase, portanto, não de uma iniciação científica, mas religiosa, realizada no culto. Para o "mysto", constitui uma revelação formal, a segurança vivida das realidades sagradas e de uma santa esperança. Graças a tradição, a revelação primitiva passa às gerações ulteriores e é comunicada por ato de iniciação. O mesmo princípio fundamental aplica-se ao cristianismo".


Na página seguinte, o mesmo autor prossegue: "Nos mistérios, quando o Pai Mistagogo comunica ao discípulo o que é necessário ao culto, essa transmissão tem o nome de traditio. E o essencial não é a instrução, mas a contemplação, tal como o conta Apuleio (Metamorphoses, 11, 21-23) ao narrar as experiências culturais do "mysto" Lúcius. Sem dúvida, no início há uma instrução, mas sempre para finalizar numa contemplação, pela qual o discípulo, o "mysto", entra em relação direta com a Divindade.


O mesmo ocorre no cristianismo (pág. 290).


Ouçamos agora as palavras de J. Ranft (o. c., pág. 275): "A parádosis designa a origem divina dos mistérios e a transmissão do conteúdo dos mistérios. Esta, à primeira vista, realiza-se pelo ministério dos homens, mas não é obra de homens; é Deus que ensina. O homem é apenas o intermediário, o Instrumento desse ensino divino. Além disso... desperta o homem interior. Logos é realmente uma palavra intraduzível: designa o próprio conteúdo dos mistérios, a palavra, o discurso, o ENSINO. É a palavra viva, dada por Deus, que enche o âmago do homem".


No Evangelho, a parádosis é constituída pelas palavras ou ensinos (lógoi) de Jesus, mas também simbolicamente pelos fatos narrados, que necessitam de interpretação, que inicialmente era dada, verbalmente, pelos "emissários" e pelos inspirados que os escreveram, com um talento superior de muito ao humano, deixando todos os ensinos profundos "velados", para só serem perfeitamente entendidos pelos que tivessem recebido, nos séculos seguintes, a revelação do sentido oculto, transmitida quer por um iniciado encarnado, quer diretamente manifestada pelo Cristo Interno. Os escritores que conceberam a parádosis no sentido helênico foram, sobretudo, João e Paulo; já os sinópticos a interpretam mais no sentido judaico, excetuando-se, por vezes, o grego Lucas, por sua convivência com Paulo, e os outros, quando reproduziam fielmente as palavras de Jesus.


Se recordarmos os mistérios de Elêusis (palavra que significa "advento, chegada", do verbo eléusomai," chegar"), ou de Delfos (e até mesmo os de Tebas, Ábydos ou Heliópolis), veremos que o Novo Testamento concorda seus termos com os deles. O logos transmitido (paradidômi) por Jesus é recebida (paralambánein) pelos DISCÍPULOS (mathêtês). Só que Jesus apresentou um elemento básico a mais: CRISTO. Leia-se Paulo: "recebi (parélabon) do Kyrios o que vos transmiti (parédote)" (l. ª Cor. 11:23).


O mesmo Paulo, que define a parádosis pagã como "de homens, segundo os elementos do mundo e não segundo Cristo" (CL 2:8), utiliza todas as palavras da iniciação pagã, aplicando-as à iniciação cristã: parádosis, sophía, logo", mystérion, dynamis, érgon, gnose, etc., termos que foram empregados também pelo próprio Jesus: "Nessa hora Jesus fremiu no santo pneuma e disse: abençôo-te, Pai, Senhor do céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e hábeis, e as revelaste aos pequenos, Sim, Pai, assim foi de teu agrado. Tudo me foi transmitido (parédote) por meu Pai. E ninguém tem a gnose do que é o Filho senão o Pai, e ninguém tem a gnose do que é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quer revelar (apokalypsai = tirar o véu). E voltando-se para seus discípulos, disse: felizes os olhos que vêem o que vedes. Pois digo-vos que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis, e não ouviram" (LC 10:21-24). Temos a impressão perfeita que se trata de ver e ouvir os mistérios iniciáticos que Jesus transmitia a seus discípulos.


E João afirma: "ninguém jamais viu Deus. O Filho Unigênito que esta no Pai, esse o revelou (exêgêsato, termo específico da língua dos mistérios)" (JO 1:18).


"PALAVRA OUVIDA"


A transmissão dos conhecimentos, da gnose, compreendia a instrução oral e o testemunhar das revelações secretas da Divindade, fazendo que o iniciado participasse de uma vida nova, em nível superior ( "homem novo" de Paulo), conhecendo doutrinas que deveriam ser fielmente guardadas, com a rigorosa observação do silêncio em relação aos não-iniciados (cfr. "não deis as coisas santas aos cães", MT 7:6).


Daí ser a iniciação uma transmissão ORAL - o LOGOS AKOÊS, ou "palavra ouvida" ou "ensino ouvido" - que não podia ser escrito, a não ser sob o véu espesso de metáforas, enigmas, parábolas e símbolos.


Esse logos não deve ser confundido com o Segundo Aspecto da Divindade (veja vol. 1 e vol. 3).


Aqui logos é "o ensino" (vol. 2 e vol. 3).


O Novo Testamento faz-nos conhecer esse modus operandi: Paulo o diz, numa construção toda especial e retorcida (para não falsear a técnica): "eis por que não cessamos de agradecer (eucharistoúmen) a Deus, porque, recebendo (paralabóntes) o ENSINO OUVIDO (lógon akoês) por nosso intermédio, de Deus, vós o recebestes não como ensino de homens (lógon anthrópôn) mas como ele é verdadeiramente: o ensino de Deus (lógon theou), que age (energeítai) em vós que credes" (l. ª Tess. 2:13).


O papel do "mysto" é ouvir, receber pelo ouvido, o ensino (lógos) e depois experimentar, como o diz Aristóteles, já citado por nós: "não apenas aprender (matheín), mas experimentar" (patheín).


Esse trecho mostra como o método cristão, do verdadeiro e primitivo cristianismo de Jesus e de seus emissários, tinha profunda conexão com os mistérios gregos, de cujos termos específicos e característicos Jesus e seus discípulos se aproveitaram, elevando, porém, a técnica da iniciação à perfeição, à plenitude, à realidade máxima do Cristo Cósmico.


Mas continuemos a expor. Usando, como Jesus, a terminologia típica da parádosis grega, Paulo insiste em que temos que assimilá-la interiormente pela gnose, recebendo a parádosis viva, "não mais de um Jesus de Nazaré histórico, mas do Kyrios, do Cristo ressuscitado, o Cristo Pneumatikós, esse mistério que é o Cristo dentro de vós" (CL 1:27).


Esse ensino oral (lógos akoês) constitui a tradição (traditio ou parádosis), que passa de um iniciado a outro ou é recebido diretamente do "Senhor" (Kyrios), como no caso de Paulo (cfr. GL 1:11): "Eu volo afirmo, meus irmãos, que a Boa-Nova que preguei não foi à maneira humana. Pois não na recebi (parélabon) nem a aprendi de homens, mas por uma revelação (apokálypsis) de Jesus Cristo".


Aos coríntios (l. ª Cor. 2:1-5) escreve Paulo: "Irmãos, quando fui a vós, não fui com o prestígio do lógos nem da sophía, mas vos anunciei o mistério de Deus. Decidi, com efeito, nada saber entre vós sen ão Jesus Cristo, e este crucificado. Fui a vós em fraqueza, em temor, e todo trêmulo, e meu logos e minha pregação não consistiram nos discursos persuasivos da ciência, mas numa manifestação do Esp írito (pneuma) e do poder (dynamis), para que vossa fé não repouse na sabedoria (sophía) dos homens, mas no poder (dynamis) de Deus".


A oposição entre o logos e a sophia profanos - como a entende Aristóteles - era salientada por Paulo, que se referia ao sentido dado a esses termos pelos "mistérios antigos". Salienta que à sophia e ao logos profanos, falta, no dizer dele, a verdadeira dynamis e o pnenma, que constituem o mistério cristão que ele revela: Cristo.


Em vários pontos do Novo Testamento aparece a expressão "ensino ouvido" ou "ouvir o ensino"; por exemplo: MT 7:24, MT 7:26; 10:14; 13:19, 20, 21, 22, 23; 15:12; 19:22; MC 4:14, MC 4:15, MC 4:16, MC 4:17, 18, 19, 20; LC 6:47; LC 8:11, LC 8:12, LC 8:13, LC 8:15; 10:39; 11:28; JO 5:24, JO 5:38; 7:40; 8:43; 14:24; AT 4:4; AT 10:44; AT 13:7; AT 15:7; EF 1:13; 1. ª Tess. 2:13; HB 4:2; 1. ª JO 2:7; Ap. 1:3.


DYNAMIS


Em Paulo, sobretudo, percebemos o sentido exato da palavra dynamis, tão usada nos Evangelhos.


Pneuma, o Espírito (DEUS), é a força Potencial ou Potência Infinita (Dynamis) que, quando age (energeín) se torna o PAI (érgon), a atividade, a ação, a "energia"; e o resultado dessa atividade é o Cristo Cósmico, o Kosmos universal, o Filho, que é Unigênito porque a emissão é única, já que espaço e tempo são criações intelectuais do ser finito: o Infinito é uno, inespacial, atemporal.


Então Dynamis é a essência de Deus o Absoluto, a Força, a Potência Infinita, que tudo permeia, cria e governa, desde os universos incomensuráveis até os sub-átomos infra-microscópicos. Numa palavra: Dynamis é a essência de Deus e, portanto, a essência de tudo.


Ora, o Filho é exatamente o PERMEAADO, ou o UNGIDO (Cristo), por essa Dynamis de Deus e pelo Érgon do Pai. Paulo já o dissera: "Cristo... é a dynamis de Deus e a sophía de Deus (Christòn theou dynamin kaí theou sophían, 1. ª Cor. 1:24). Então, manifesta-se em toda a sua plenitude (cfr. CL 2:9) no homem Jesus, a Dynamis do Pneuma (embora pneuma e dynamis exprimam realmente uma só coisa: Deus): essa dynamis do pneuma, atuando através do Pai (érgon) toma o nome de CRISTO, que se manifestou na pessoa Jesus, para introduzir a humanidade deste planeta no novo eon, já que "ele é a imagem (eikôn) do Deus invisível e o primogênito de toda criação" (CL 1:15).


EON


O novo eon foi inaugurado exatamente pelo Cristo, quando de Sua penetração plena em Jesus. Daí a oposição que tanto aparece no Novo Testamento Entre este eon e o eon futuro (cfr., i. a., MT 12:32;


MC 10:30; LC 16:8; LC 20:34; RM 12:2; 1. ª Cor. 1:20; 2:6-8; 3:18:2. ª Cor. 4:4; EF 2:2-7, etc.) . O eon "atual" e a vida da matéria (personalismo); O eon "vindouro" é a vida do Espírito ó individualidade), mas que começa na Terra, agora (não depois de desencarnados), e que reside no âmago do ser.


Por isso, afirmou Jesus que "o reino dos céus está DENTRO DE VÓS" (LC 17:21), já que reside NO ESPÍRITO. E por isso, zôê aiónios é a VIDA IMANENTE (vol, 2 e vol. 3), porque é a vida ESPIRITUAL, a vida do NOVO EON, que Jesus anunciou que viria no futuro (mas, entenda-se, não no futuro depois da morte, e sim no futuro enquanto encarnados). Nesse novo eon a vida seria a da individualidade, a do Espírito: "o meu reino não é deste mundo" (o físico), lemos em JO 18:36. Mas é NESTE mundo que se manifestará, quando o Espírito superar a matéria, quando a individualidade governar a personagem, quando a mente dirigir o intelecto, quando o DE DENTRO dominar o DE FORA, quando Cristo em nós tiver a supremacia sobre o eu transitório.


A criatura que penetra nesse novo eon recebe o selo (sphrágis) do Cristo do Espírito, selo indelével que o condiciona como ingresso no reino dos céus. Quando fala em eon, o Evangelho quer exprimir um CICLO EVOLUTIVO; na evolução da humanidade, em linhas gerais, podemos considerar o eon do animalismo, o eon da personalidade, o eon da individualidade, etc. O mais elevado eon que conhecemos, o da zôê aiónios (vida imanente) é o da vida espiritual plenamente unificada com Deus (pneuma-dynamis), com o Pai (lógos-érgon), e com o Filho (Cristo-kósmos).


DÓXA


Assim como dynamis é a essência de Deus, assim dóxa (geralmente traduzida por "glória") pode apresentar os sentidos que vimos (vol. 1). Mas observaremos que, na linguagem iniciática dos mistérios, além do sentido de "doutrina" ou de "essência da doutrina", pode assumir o sentido específico de" substância divina". Observe-se esse trecho de Paulo (Filp. 2:11): "Jesus Cristo é o Senhor (Kyrios) na substância (dóxa) de Deus Pai"; e mais (RM 6:4): "o Cristo foi despertado dentre os mortos pela substância (dóxa) do Pai" (isto é, pelo érgon, a energia do Som, a vibração sonora da Palavra).


Nesses passos, traduzir dóxa por glória é ilógico, não faz sentido; também "doutrina" aí não cabe. O sentido é mesmo o de "substância".


Vejamos mais este passo (l. ª Cor. 2:6-16): "Falamos, sim da sabedoria (sophia) entre os perfeitos (teleiois, isto é, iniciados), mas de uma sabedoria que não é deste eon, nem dos príncipes deste eon, que são reduzidos a nada: mas da sabedoria dos mistérios de Deus, que estava oculta, e que antes dos eons Deus destinara como nossa doutrina (dóxa), e que os príncipes deste mundo não reconheceram. De fato, se o tivessem reconhecido, não teriam crucificado o Senhor da Doutrina (Kyrios da dóxa, isto é, o Hierofante ou Mistagogo). Mas como está escrito, (anunciamos) o que o olho não viu e o ouvido não ouviu e o que não subiu sobre o coração do homem, mas o que Deus preparou para os que O amam.


Pois foi a nós que Deus revelou (apekalypsen = tirou o véu) pelo pneuma" (ou seja, pelo Espírito, pelo Cristo Interno).


MISTÉRIO


Mistério é uma palavra que modificou totalmente seu sentido através dos séculos, mesmo dentro de seu próprio campo, o religioso. Chamam hoje "mistério" aquilo que é impossível de compreender, ou o que se ignora irremissivelmente, por ser inacessível à inteligência humana.


Mas originariamente, o mistério apresentava dois sentidos básicos:

1. º - um ensinamento só revelado aos iniciados, e que permanecia secreto para os profanos que não podiam sabê-lo (daí proveio o sentido atual: o que não se pode saber; na antiguidade, não se podia por proibição moral, ao passo que hoje é por incapacidade intelectual);


2. º - a própria ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação completa.


Quando falamos em "mistério", transliterando a palavra usada no Novo Testamento, arriscamo-nos a interpretar mal. Aí, mistério não tem o sentido atual, de "coisa ignorada por incapacidade intelectiva", mas é sempre a "ação divina revelada experimentalmente ao homem" (embora continue inacessível ao não-iniciado ou profano).


O mistério não é uma doutrina: exprime o caráter de revelação direta de Deus a seus buscadores; é uma gnose dos mistérios, que se comunica ao "mysto" (aprendiz de mística). O Hierofante conduz o homem à Divindade (mas apenas o conduz, nada podendo fazer em seu lugar). E se o aprendiz corresponde plenamente e atende a todas as exigências, a Divindade "age" (energeín) internamente, no "Esp írito" (pneuma) do homem. que então desperta (egereín), isto é, "ressurge" para a nova vida (cfr. "eu sou a ressurreição da vida", JO 11:25; e "os que produzirem coisas boas (sairão) para a restauração de vida", isto é, os que conseguirem atingir o ponto desejado serão despertados para a vida do espírito, JO 5-29).


O caminho que leva a esses passos, é o sofrimento, que prepara o homem para uma gnose superior: "por isso - conclui O. Casel - a cruz é para o cristão o caminho que conduz à gnose da glória" (o. c., pág. 300).


Paulo diz francamente que o mistério se resume numa palavra: CRISTO "esse mistério, que é o Cristo", (CL 1:27): e "a fim de que conheçam o mistério de Deus, o Cristo" (CL 2:2).


O mistério opera uma união íntima e física com Deus, a qual realiza uma páscoa (passagem) do atual eon, para o eon espiritual (reino dos céus).


O PROCESSO


O postulante (o que pedia para ser iniciado) devia passar por diversos graus, antes de ser admitido ao pórtico, à "porta" por onde só passavam as ovelhas (símbolo das criaturas mansas; cfr. : "eu sou a porta das ovelhas", JO 10:7). Verificada a aptidão do candidato profano, era ele submetido a um período de "provações", em que se exercitava na ORAÇÃO (ou petição) que dirigia à Divindade, apresentando os desejos ardentes ao coração, "mendigando o Espírito" (cfr. "felizes os mendigos de Espírito" MT 5:3) para a ele unir-se; além disso se preparava com jejuns e alimentação vegetariana para o SACRIF ÍCIO, que consistia em fazer a consagração de si mesmo à Divindade (era a DE + VOTIO, voto a Deus), dispondo-se a desprender-se ao mundo profano.


Chegado a esse ponto, eram iniciados os SETE passos da iniciação. Os três primeiros eram chamado "Mistérios menores"; os quatro últimos, "mistérios maiores". Eram eles:

1 - o MERGULHO e as ABLUÇÕES (em Elêusis havia dois lagos salgados artificiais), que mostravam ao postulante a necessidade primordial e essencial da "catarse" da "psiquê". Os candidatos, desnudos, entravam num desses lagos e mergulhavam, a fim de compreender que era necessário "morrer" às coisas materiais para conseguir a "vida" (cfr. : "se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só; mas se morrer dá muito fruto", JO 12:24). Exprimia a importância do mergulho dentro de si mesmo, superando as dificuldades e vencendo o medo. Ao sair do lago, vestia uma túnica branca e aguardava o segundo passo.


2 - a ACEITAÇÃO de quem havia mergulhado, por parte do Mistagogo, que o confirmava no caminho novo, entre os "capazes". Daí por diante, teria que correr por conta própria todos os riscos inerentes ao curso: só pessoalmente poderia caminhar. Essa confirmação do Mestre simbolizava a "epiphanía" da Divindade, a "descida da graça", e o recem-aceito iniciava nova fase.


3 - a METÂNOIA ou mudança da mente, que vinha após assistir a várias tragédias e dramas de fundo iniciático. Todas ensinavam ao "mysto" novato, que era indispensável, através da dor, modificar seu" modo de pensar" em relação à vida, afastar-se de. todos os vícios e fraquezas do passado, renunciar a prazeres perniciosos e defeitos, tornando-se o mais perfeito (téleios) possível. Era buscada a renovação interna, pelo modo de pensar e de encarar a vida. Grande número dos que começavam a carreira, paravam aí, porque não possuíam a força capaz de operar a transmutação mental. As tentações os empolgavam e novamente se lançavam no mundo profano. No entanto, se dessem provas positivas de modifica ção total, de serem capazes de viver na santidade, resistindo às tentações, podiam continuar a senda.


Havia, então, a "experiência" para provar a realidade da "coragem" do candidato: era introduzido em grutas e câmaras escuras, onde encontrava uma série de engenhos lúgubres e figuras apavorantes, e onde demorava um tempo que parecia interminável. Dali, podia regressar ou prosseguir. Se regressava, saía da fileira; se prosseguia, recebia a recompensa justa: era julgado apto aos "mistérios maiores".


4 - O ENCONTRO e a ILUMINAÇÃO, que ocorria com a volta à luz, no fim da terrível caminhada por entre as trevas. Através de uma porta difícil de ser encontrada, deparava ele campos floridos e perfumados, e neles o Hierofante, em paramentação luxuosa. que os levava a uma refeição simples mas solene constante de pão, mel, castanhas e vinho. Os candidatos eram julgados "transformados", e porSABEDORIA DO EVANGELHO tanto não havia mais as exteriorizações: o segredo era desvelado (apokálypsis), e eles passavam a saber que o mergulho era interno, e que deviam iniciar a meditação e a contemplação diárias para conseguir o "encontro místico" com a Divindade dentro de si. Esses encontros eram de início, raros e breves, mas com o exercício se iam fixando melhor, podendo aspirar ao passo seguinte.


5 - a UNIÃO (não mais apenas o "encontro"), mas união firme e continuada, mesmo durante sua estada entre os profanos. Era simbolizada pelo drama sacro (hierõs gámos) do esponsalício de Zeus e Deméter, do qual nasceria o segundo Dionysos, vencedor da morte. Esse matrimônio simbólico e puro, realizado em exaltação religiosa (orgê) é que foi mal interpretado pelos que não assistiam à sua representação simbólica (os profanos) e que tacharam de "orgias imorais" os mistérios gregos. Essa "união", depois de bem assegurada, quando não mais se arriscava a perdê-la, preparava os melhores para o passo seguinte.


6 - a CONSAGRAÇÃO ou, talvez, a sagração, pela qual era representada a "marcação" do Espírito do iniciado com um "selo" especial da Divindade a quem o "mysto" se consagrava: Apolo, Dyonisos, Isis, Osíris, etc. Era aí que o iniciado obtinha a epoptía, ou "visão direta" da realidade espiritual, a gnose pela vivência da união mística. O epopta era o "vigilante", que o cristianismo denominou "epískopos" ou "inspetor". Realmente epopta é composto de epí ("sobre") e optos ("visível"); e epískopos de epi ("sobre") e skopéô ("ver" ou "observar"). Depois disso, tinha autoridade para ensinar a outros e, achando-se preso à Divindade e às obrigações religiosas, podia dirigir o culto e oficiar a liturgia, e também transmitir as iniciações nos graus menores. Mas faltava o passo decisivo e definitivo, o mais difícil e quase inacessível.


7 - a PLENITUDE da Divindade, quando era conseguida a vivência na "Alma Universal já libertada".


Nos mistérios gregos (em Elêusis) ensinava-se que havia uma Força Absoluta (Deus o "sem nome") que se manifestava através do Logos (a Palavra) Criador, o qual produzia o Filho (Kósmo). Mas o Logos tinha duplo aspecto: o masculino (Zeus) e o feminino (Deméter). Desse casal nascera o Filho, mas também com duplo aspecto: a mente salvadora (Dionysos) e a Alma Universal (Perséfone). Esta, desejando experiências mais fortes, descera à Terra. Mas ao chegar a estes reinos inferiores, tornouse a "Alma Universal" de todas as criaturas, e acabou ficando prisioneira de Plutão (a matéria), que a manteve encarcerada, ministrando-lhe filtros mágicos que a faziam esquecer sua origem divina, embora, no íntimo, sentisse a sede de regressar a seu verdadeiro mundo, mesmo ignorando qual fosse.


Dionysos quis salvá-la, mas foi despedaçado pelos Titãs (a mente fracionada pelo intelecto e estraçalhada pelos desejos). Foi quando surgiu Triptólemo (o tríplice combate das almas que despertam), e com apelos veementes conseguiu despertar Perséfone, revelando lhe sua origem divina, e ao mesmo tempo, com súplicas intensas às Forças Divinas, as comoveu; então Zeus novamente se uniu a Deméter, para fazer renascer Dionysos. Este, assumindo seu papel de "Salvador", desce à Terra, oferecendose em holocausto a Plutão (isto é, encarnando-se na própria matéria) e consegue o resgate de Perséfone, isto é, a libertação da Alma das criaturas do domínio da matéria e sua elevação novamente aos planos divinos. Por esse resumo, verificamos como se tornou fácil a aceitação entre os grego, e romanos da doutrina exposta pelos Emissários de Jesus, um "Filho de Deus" que desceu à Terra para resgatar com sua morte a alma humana.


O iniciado ficava permeado pela Divindade, tornando-se então "adepto" e atingindo o verdadeiro grau de Mestre ou Mistagogo por conhecimento próprio experimental. Já não mais era ele, o homem, que vivia: era "O Senhor", por cujo intermédio operava a Divindade. (Cfr. : "não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim", GL 2:20; e ainda: "para mim, viver é Cristo", Filp. 1:21). A tradição grega conservou os nomes de alguns dos que atingiram esse grau supremo: Orfeu... Pitágoras... Apolônio de Tiana... E bem provavelmente Sócrates (embora Schuré opine que o maior foi Platão).


NO CRISTIANISMO


Todos os termos néo-testamentários e cristãos, dos primórdios, foram tirados dos mistérios gregos: nos mistérios de Elêusis, o iniciado se tornava "membro da família do Deus" (Dionysos), sendo chamado.


então, um "santo" (hágios) ou "perfeito" (téleios). E Paulo escreve: "assim, pois, não sois mais estran geiros nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus. ’ (EF 2:19). Ainda em Elêusis, mostrava-se aos iniciados uma "espiga de trigo", símbolo da vida que eternamente permanece através das encarnações e que, sob a forma de pão, se tornava participante da vida do homem; assim quando o homem se unia a Deus, "se tornava participante da vida divina" (2. ª Pe. 1:4). E Jesus afirmou: " Eu sou o PÃO da Vida" (JO 6. 35).


No entanto ocorreu modificação básica na instituição do Mistério cristão, que Jesus realizou na "última Ceia", na véspera de sua experiência máxima, o páthos ("paixão").


No Cristianismo, a iniciação toma sentido puramente espiritual, no interior da criatura, seguindo mais a Escola de Alexandria. Lendo Filon, compreendemos isso: ele interpreta todo o Antigo Testamento como alegoria da evolução da alma. Cada evangelista expõe a iniciação cristã de acordo com sua própria capacidade evolutiva, sendo que a mais elevada foi, sem dúvida, a de João, saturado da tradição (parádosis) de Alexandria, como pode ver-se não apenas de seu Evangelho, como também de seu Apocalipse.


Além disso, Jesus arrancou a iniciação dos templos, a portas fechadas, e jogou-a dentro dos corações; era a universalização da "salvação" a todos os que QUISESSEM segui-Lo. Qualquer pessoa pode encontrar o caminho (cfr. "Eu sou o Caminho", JO 14:6), porque Ele corporificou os mistérios em Si mesmo, divulgando-lhes os segredos através de Sua vida. Daí em diante, os homens não mais teriam que procurar encontrar um protótipo divino, para a ele conformar-se: todos poderiam descobrir e utir-se diretamente ao Logos que, através do Cristo, em Jesus se manifestara.


Observamos, pois, uma elevação geral de frequência vibratória, de tonus, em todo o processo iniciático dos mistérios.


E os Pais da Igreja - até o século 3. º o cristianismo foi "iniciático", embora depois perdesse o rumo quando se tornou "dogmático" - compreenderam a realidade do mistério cristão, muito superior, espiritualmente, aos anteriores: tornar o homem UM CRISTO, um ungido, um permeado da Divindade.


A ação divina do mistério, por exemplo, é assim descrita por Agostinho: "rendamos graças e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos" (Tract. in Joanne, 21,8); e por Metódio de Olímpio: "a comunidade (a ekklêsía) está grávida e em trabalho de parto, até que o Cristo tenha tomado forma em nós; até que o Cristo nasça em nós, para que cada um dos santos, por sua participação ao Cristo, se torne o cristo" (Patrol. Graeca, vol. 18, ccl. 150).


Temos que tornar-nos cristos, recebendo a última unção, conformando-nos com Ele em nosso próprio ser, já que "a redenção tem que realizar-se EM NÓS" (O. Casel, o. c., pág. 29), porque "o único e verdadeiro holocausto é o que o homem faz de si mesmo".


Cirilo de Jerusalém diz: "Já que entrastes em comunhão com o Cristo com razão sois chamados cristos, isto é, ungidos" (Catechesis Mystagogicae, 3,1; Patrol. Graeca,, 01. 33, col. 1087).


Essa transformação, em que o homem recebe Deus e Nele se transmuda, torna-o membro vivo do Cristo: "aos que O receberam, deu o poder de tornar-se Filhos de Deus" (JO 1:12).


Isso fez que Jesus - ensina-nos o Novo Testamento - que era "sacerdote da ordem de Melquisedec (HB 5:6 e HB 7:17) chegasse, após sua encarnação e todos os passos iniciáticos que QUIS dar, chegasse ao grau máximo de "pontífice da ordem de Melquisedec" (HB 5:10 e HB 6:20), para todo o planeta Terra.


CRISTO, portanto, é o mistério de Deus, o Senhor, o ápice da iniciação a experiência pessoal da Divindade.


através do santo ensino (hierôs lógos), que vem dos "deuses" (Espíritos Superiores), comunicado ao místico. No cristianismo, os emissários ("apóstolos") receberam do Grande Hierofante Jesus (o qual o recebeu do Pai, com Quem era UNO) a iniciação completa. Foi uma verdadeira "transmiss ão" (traditio, parádosis), apoiada na gnose: um despertar do Espírito que vive e experimenta a Verdade, visando ao que diz Paulo: "admoestando todo homem e ensinando todo homem, em toda sabedoria (sophía), para que apresentem todo homem perfeito (téleion, iniciado) em Cristo, para o que eu também me esforço (agõnizómenos) segundo a ação dele (energeían autou), que age (energouménen) em mim, em força (en dynámei)". CL 1:28-29.


Em toda essa iniciação, além disso, precisamos não perder de vista o "enthousiasmós" (como era chamado o "transe" místico entre os gregos) e que foi mesmo sentido pelos hebreus, sobretudo nas" Escolas de Profetas" em que eles se iniciavam (profetas significa "médiuns"); mas há muito se havia perdido esse "entusiasmo", por causa da frieza intelectual da interpretação literal das Escrituras pelos Escribas.


Profeta, em hebraico, é NaVY", de raiz desconhecida, que o Rabino Meyer Sal ("Les Tables de la Loi", éd. La Colombe, Paris, 1962, pág. 216/218) sugere ter sido a sigla das "Escolas de Profetas" (escolas de iniciação, de que havia uma em Belém, de onde saiu David). Cada letra designaria um setor de estudo: N (nun) seriam os sacerdotes (terapeutas do psicossoma), oradores, pensadores, filósofos;

V (beth) os iniciados nos segredos das construções dos templos ("maçons" ou pedreiros), arquitetos, etc. ; Y (yod) os "ativos", isto é, os dirigentes e políticos, os "profetas de ação"; (aleph), que exprime "Planificação", os matemáticos, geômetras, astrônomos, etc.


Isso explica, em grande parte, porque os gregos e romanos aceitaram muito mais facilmente o cristianismo, do que os judeus, que se limitavam a uma tradição que consistia na repetição literal decorada dos ensinos dos professores, num esforço de memória que não chegava ao coração, e que não visavam mais a qualquer experiência mística.


TEXTOS DO N. T.


O termo mystérion aparece várias vezes no Novo Testamento.


A - Nos Evangelhos, apenas num episódio, quando Jesus diz a Seus discípulos: "a vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus" (MT 13:11; MC 4:11; LC 8:10).


B - Por Paulo em diversas epístolas: RM 11:25 - "Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério... o endurecimento de Israel, até que hajam entrado todos os gentios".


Rom. 16:15 - "conforme a revelação do mistério oculto durante os eons temporais (terrenos) e agora manifestados".


1. ª Cor. 2:1 – "quando fui ter convosco... anunciando-vos o mistério de Deus".


1. ª Cor. 2:4-7 - "meu ensino (logos) e minha pregação não foram em palavras persuasivas, mas em demonstração (apodeíxei) do pneúmatos e da dynámeôs, para que vossa fé não se fundamente na sophía dos homens, mas na dynámei de Deus. Mas falamos a sophia nos perfeitos (teleiois, iniciados), porém não a sophia deste eon, que chega ao fim; mas falamos a sophia de Deus em mistério, a que esteve oculta, a qual Deus antes dos eons determinou para nossa doutrina". 1. ª Cor. 4:1 - "assim considerem-nos os homens assistentes (hypêrétas) ecônomos (distribuidores, dispensadores) dos mistérios de Deus".


1. ª Cor. 13:2 - "se eu tiver mediunidade (prophéteía) e conhecer todos os mistérios de toda a gnose, e se tiver toda a fé até para transportar montanhas, mas não tiver amor (agápé), nada sou". l. ª Cor. 14:2 - "quem fala em língua (estranha) não fala a homens, mas a Deus, pois ninguém o ouve, mas em espírito fala mistérios". 1. ª Cor. 15:51 - "Atenção! Eu vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados".


EF 1:9 - "tendo-nos feito conhecido o mistério de sua vontade"

EF 3:4 - "segundo me foi manifestado para vós, segundo a revelação que ele me fez conhecer o mistério (como antes vos escrevi brevemente), pelo qual podeis perceber, lendo, minha compreensão no mistério do Cristo".


EF 3:9 - "e iluminar a todos qual a dispensação (oikonomía) do mistério oculto desde os eons, em Deus, que criou tudo".


EF 5:32 - "este mistério é grande: mas eu falo a respeito do Cristo e da ekklésia.


EF 9:19 - "(suplica) por mim, para que me possa ser dado o logos ao abrir minha boca para, em público, fazer conhecer o mistério da boa-nova".


CL 1:24-27 - "agora alegro-me nas experimentações (Pathêmasin) sobre vós e completo o que falta das pressões do Cristo em minha carne, sobre o corpo dele que é a ekklêsía, da qual me tornei servidor, segundo a dispensação (oikonomía) de Deus, que me foi dada para vós, para plenificar o logos de Deus, o mistério oculto nos eons e nas gerações, mas agora manifestado a seus santos (hagioi, iniciados), a quem aprouve a Deus fazer conhecer a riqueza da doutrina (dóxês; ou "da substância") deste mistério nas nações, que é CRISTO EM VÓS, esperança da doutrina (dóxês)".


CL 2:2-3 - "para que sejam consolados seus corações, unificados em amor, para todas as riquezas da plena convicção da compreensão, para a exata gnose (epígnôsin) do mistério de Deus (Cristo), no qual estão ocultos todos os tesouros da sophía e da gnose".


CL 4:3 - "orando ao mesmo tempo também por nós, para que Deus abra a porta do logos para falar o mistério do Cristo, pelo qual estou em cadeias".


2. ª Tess. 2:7 - "pois agora já age o mistério da iniquidade, até que o que o mantém esteja fora do caminho".


1. ª Tim. 3:9 - "(os servidores), conservando o mistério da fé em consciência pura".


1. ª Tim. 2:16 - "sem dúvida é grande o mistério da piedade (eusebeías)".


No Apocalipse (1:20; 10:7 e 17:5, 7) aparece quatro vezes a palavra, quando se revela ao vidente o sentido do que fora dito.


CULTO CRISTÃO


Depois de tudo o que vimos, torna-se evidente que não foi o culto judaico que passou ao cristianismo primitivo. Comparemos: A luxuosa arquitetura suntuosa do Templo grandioso de Jerusalém, com altares maciços a escorrer o sangue quente das vítimas; o cheiro acre da carne queimada dos holocaustos, a misturar-se com o odor do incenso, sombreando com a fumaça espessa o interior repleto; em redor dos altares, em grande número, os sacerdotes a acotovelar-se, munidos cada um de seu machado, que brandiam sem piedade na matança dos animais que berravam, mugiam dolorosamente ou balavam tristemente; o coro a entoar salmos e hinos a todo pulmão, para tentar superar a gritaria do povo e os pregões dos vendedores no ádrio: assim se realizava o culto ao "Deus dos judeus".


Em contraste, no cristianismo nascente, nada disso havia: nem templo, nem altares, nem matanças; modestas reuniões em casas de família, com alguns amigos; todos sentados em torno de mesa simples, sobre a qual se via o pão humilde e copos com o vinho comum. Limitava-se o culto à prece, ao recebimento de mensagens de espíritos, quando havia "profetas" na comunidade, ao ensino dos "emissários", dos "mais velhos" ou dos "inspetores", e à ingestão do pão e do vinho, "em memória da última ceia de Jesus". Era uma ceia que recebera o significativo nome de "amor" (ágape).


Nesse repasto residia a realização do supremo mistério cristão, bem aceito pelos gregos e romanos, acostumados a ver e compreender a transmissão da vida divina, por meio de símbolos religiosos. Os iniciados "pagãos" eram muito mais numerosos do que se possa hoje supor, e todos se sentiam membros do grande Kósmos, pois, como o diz Lucas, acreditavam que "todos os homens eram objeto da benevolência de Deus" (LC 2:14).


Mas, ao difundir-se entre o grande número e com o passar dos tempos, tudo isso se foi enfraquecendo e seguiu o mesmo caminho antes experimentado pelo judaísmo; a força mística, só atingida mais tarde por alguns de seus expoentes, perdeu-se, e o cristianismo "foi incapaz - no dizer de O. Casel - de manterse na continuação, nesse nível pneumático" (o. c. pág. 305). A força da "tradição" humana, embora condenada com veemência por Jesus (cfr. MT 15:1-11 e MT 16:5-12; e MC 7:1-16 e MC 8:14-11; veja atrás), fez-se valer, ameaçando as instituições religiosas que colocam doutrinas humanas ao lado e até acima dos preceitos divinos, dando mais importância às suas vaidosas criações. E D. Odon Casel lamenta: " pode fazer-se a mesma observação na história da liturgia" (o. c., pág. 298). E, entristecido, assevera ainda: "Verificamos igualmente que a concepção cristã mais profunda foi, sob muitos aspectos, preparada muito melhor pelo helenismo que pelo judaísmo. Lamentavelmente a teologia moderna tende a aproximar-se de novo da concepção judaica de tradição, vendo nela, de fato, uma simples transmiss ão de conhecimento, enquanto a verdadeira traditio, apoiada na gnose, é um despertar do espírito que VIVE e EXPERIMENTA a Verdade" (o. c., pág. 299).


OS SACRAMENTOS


O termo latino que traduz a palavra mystérion é sacramentum. Inicialmente conservou o mesmo sentido, mas depois perdeu-os, para transformar-se em "sinal visível de uma ação espiritual invisível".


No entanto, o estabelecimento pelas primeiras comunidades cristãs dos "sacramentos" primitivos, perdura até hoje, embora tendo perdido o sentido simbólico inicial.


Com efeito, a sucessão dos "sacramentos" revela exatamente, no cristianismo, os mesmos passos vividos nos mistérios grego. Vejamos:
1- o MERGULHO (denominado em grego batismo), que era a penetração do catecúmeno em seu eu interno. Simbolizava-se na desnudação ao pretendente, que largava todas as vestes e mergulhava totalmente na água: renunciava de modo absoluto as posses (pompas) exteriores e aos próprios veículos físicos, "vestes" do Espírito, e mergulhava na água, como se tivesse "morrido", para fazer a" catarse" (purificação) de todo o passado. Terminado o mergulho, não era mais o catecúmeno, o profano. Cirilo de Jerusalém escreveu: "no batismo o catecúmeno tinha que ficar totalmente nu, como Deus criou o primeiro Adão, e como morreu o segundo Adão na cruz" (Catechesis Mistagogicae,

2. 2). Ao sair da água, recebia uma túnica branca: ingressava oficialmente na comunidade (ekklêsía), e então passava a receber a segunda parte das instruções. Na vida interna, após o "mergulho" no próprio íntimo, aguardava o segundo passo.


2- a CONFIRMAÇÃO, que interiormente era dada pela descida da "graça" da Força Divina, pela" epifanía" (manifestação), em que o novo membro da ekklêsía se sentia "confirmado" no acerto de sua busca. Entrando em si mesmo a "graça" responde ao apelo: "se alguém me ama, meu Pai o amará, e NÓS viremos a ele e permaneceremos nele" (JO 14:23). O mesmo discípulo escreve em sua epístola: "a Vida manifestou-se, e a vimos, e damos testemunho. e vos anunciamos a Vida Imanente (ou a Vida do Novo Eon), que estava no Pai e nos foi manifestada" (l. ª JO 1:2).


3- a METÁNOIA (modernamente chamada "penitência") era então o terceiro passo. O aprendiz se exercitava na modificação da mentalidade, subsequente ao primeiro contato que tinha tido com a Divindade em si mesmo. Depois de "sentir" em si a força da Vida Divina, há maior compreensão; os pensamentos sobem de nível; torna-se mais fácil e quase automático o discernimento (krísis) entre certo e errado, bem e mal, e portanto a escolha do caminho certo. Essa metánoia é ajudada pelos iniciados de graus mais elevados, que lhe explicam as leis de causa e efeito e outras.


4- a EUCARISTIA é o quarto passo, simbolizando por meio da ingestão do pão e do vinho, a união com o Cristo. Quem mergulhou no íntimo, quem recebeu a confirmação da graça e modificou seu modo de pensar, rapidamenle caminha para o encontro definitivo com o Mestre interno, o Cristo.


Passa a alimentar-se diretamente de seus ensinos, sem mais necessidade de intermediários: alimentase, nutre-se do próprio Cristo, bebe-Lhe as inspirações: "se não comeis a carne do Filho do Homem e não bebeis seu sangue, não tendes a vida em vós. Quem saboreia minha carne e bebe meu sangue tem a Vida Imanente, porque minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é

verdadeiramente bebida. Quem come minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (JO 6:53 ss).


5- MATRIMÔNIO é o resultado do encontro realizado no passo anterior: e o casamento, a FUSÃO, a união entre a criatura e o Criador, entre o iniciado e Cristo: "esse mistério é grande, quero dizê-lo em relação ao Cristo e à ekklêsia", escreveu Paulo, quando falava do "matrimônio" (EF 5:32). E aqueles que são profanos, que não têm essa união com o Cristo, mas antes se unem ao mundo e a suas ilusões, são chamados "adúlteros" (cfr. vol. 2). E todos os místicos, unanimemente, comparam a união mística com o Cristo ti uma união dos sexos no casamento.


6- a ORDEM é o passo seguinte. Conseguida a união mística a criatura recebe da Divindade a consagra ção, ou melhor, a "sagração", o "sacerdócio" (sacer "sagrado", dos, dotis, "dote"), o "dote sagrado" na distribuição das graças o quinhão especial de deveres e obrigações para com o "rebanho" que o cerca. No judaísmo, o sacerdote era o homem encarregado de sacrificar ritualmente os animais, de examinar as vítimas, de oferecer os holocaustos e de receber as oferendas dirigindo o culto litúrgico. Mais tarde, entre os profanos sempre, passou a ser considerado o "intemediário" entre o homem e o Deus "externo". Nessa oportunidade, surge no Espírito a "marca" indelével, o selo (sphrágis) do Cristo, que jamais se apaga, por todas as vidas que porventura ainda tenha que viver: a união com essa Força Cósmica, de fato, modifica até o âmago, muda a frequência vibratória, imprime novas características e a leva, quase sempre, ao supremo ponto, à Dor-Sacrifício-Amor.


7- a EXTREMA UNÇÃO ("extrema" porque é o último passo, não porque deva ser dada apenas aos moribundos) é a chave final, o último degrau, no qual o homem se torna "cristificado", totalmente ungido pela Divindade, tornando-se realmente um "cristo".


Que esses sacramentos existiram desde os primeiros tempos do cristianismo, não há dúvida. Mas que não figuram nos Evangelhos, também é certo. A conclusão a tirar-se, é que todos eles foram comunicados oralmente pela traditio ou transmissão de conhecimentos secretos. Depois na continuação, foram permanecendo os ritos externos e a fé num resultado interno espiritual, mas já não com o sentido primitivo da iniciação, que acabamos de ver.


Após este escorço rápido, cremos que a afirmativa inicial se vê fortalecida e comprovada: realmente Jesus fundou uma "ESCOLA INICIÁTICA", e a expressão "logos akoês" (ensino ouvido), como outras que ainda aparecerão, precisam ser explicadas à luz desse conhecimento.


* * *

Neste sentido que acabamos de estudar, compreendemos melhor o alcance profundo que tiveram as palavras do Mestre, ao estabelecer as condições do discipulato.


Não podemos deixar de reconhecer que a interpretação dada a Suas palavras é verdadeira e real.


Mas há "mais alguma coisa" além daquilo.


Trata-se das condições exigidas para que um pretendente possa ser admitido na Escola Iniciática na qualidade de DISCÍPULO. Não basta que seja BOM (justo) nem que possua qualidades psíquicas (PROFETA). Não é suficiente um desejo: é mistér QUERER com vontade férrea, porque as provas a que tem que submeter-se são duras e nem todos as suportam.


Para ingressar no caminho das iniciações (e observamos que Jesus levava para as provas apenas três, dentre os doze: Pedro, Tiago e João) o discípulo terá que ser digno SEGUIDOR dos passos do Mestre.


Seguidor DE FATO, não de palavras. E para isso, precisará RENUNCIAR a tudo: dinheiro, bens, família, parentesco, pais, filhos, cônjuges, empregos, e inclusive a si mesmo: à sua vontade, a seu intelecto, a seus conhecimentos do passado, a sua cultura, a suas emoções.


A mais, devia prontificar-se a passar pelas experiências e provações dolorosas, simbolizadas, nas iniciações, pela CRUZ, a mais árdua de todas elas: o suportar com alegria a encarnação, o mergulho pesado no escafandro da carne.


E, enquanto carregava essa cruz, precisava ACOMPANHAR o Mestre, passo a passo, não apenas nos caminhos do mundo, mas nos caminhos do Espírito, difíceis e cheios de dores, estreitos e ladeados de espinhos, íngremes e calçados de pedras pontiagudas.


Não era só. E o que se acrescenta, de forma enigmática em outros planos, torna-se claro no terreno dos mistérios iniciáticos, que existiam dos discípulos A MORTE À VIDA DO FÍSICO. Então compreendemos: quem tiver medo de arriscar-se, e quiser "preservar" ou "salvar" sua alma (isto é, sua vida na matéria), esse a perderá, não só porque não receberá o grau a que aspira, como ainda porque, na condição concreta de encarnado, talvez chegue a perder a vida física, arriscada na prova. O medo não o deixará RESSUSCITAR, depois da morte aparente mas dolorosa, e seu espírito se verá envolvido na conturbação espessa e dementada do plano astral, dos "infernos" (ou umbral) a que terá que descer.


No entanto, aquele que intimorato e convicto da realidade, perder, sua alma, (isto é, "entregar" sua vida do físico) à morte aparente, embora dolorosa, esse a encontrará ou a salvará, escapando das injunções emotivas do astral, e será declarado APTO a receber o grau seguinte que ardentemente ele deseja.


Que adianta, com efeito, a um homem que busca o Espírito, se ganhar o mundo inteiro, ao invés de atingir a SABEDORIA que é seu ideal? Que existirá no mundo, que possa valer a GNOSE dos mistérios, a SALVAÇÃO da alma, a LIBERTAÇÃO das encarnações tristes e cansativas?


Nos trabalhos iniciáticos, o itinerante ou peregrino encontrará o FILHO DO HOMEM na "glória" do Pai, em sua própria "glória", na "glória" de Seus Santos Mensageiros. Estarão reunidos em Espírito, num mesmo plano vibratório mental (dos sem-forma) os antigos Mestres da Sabedoria, Mensageiros da Palavra Divina, Manifestantes da Luz, Irradiadores da Energia, Distribuidores do Som, Focos do Amor.


Mas, nos "mistérios", há ocasiões em que os "iniciantes", também chamados mystos, precisam dar testemunhos públicos de sua qualidade, sem dizerem que possuem essa qualidade. Então está dado o aviso: se nessas oportunidades de "confissão aberta" o discípulo "se envergonhar" do Mestre, e por causa de "respeitos humanos" não realizar o que deve, não se comportar como é da lei, nesses casos, o Senhor dos Mistérios, o Filho do Homem, também se envergonhará dele, considerá-lo-á inepto, incapaz para receber a consagração; não mais o reconhecerá como discípulo seu. Tudo, portanto, dependerá de seu comportamento diante das provas árduas e cruentas a que terá que submeter-se, em que sua própria vida física correrá risco.


Observe-se o que foi dito: "morrer" (teleutan) e "ser iniciado" (teleusthai) são verbos formados do mesmo radical: tele, que significa FIM. Só quem chegar AO FIM, será considerado APTO ou ADEPTO (formado de AD = "para", e APTUM = "apto").


Nesse mesmo sentido entendemos o último versículo: alguns dos aqui presentes (não todos) conseguirão certamente finalizar o ciclo iniciático, podendo entrar no novo EON, no "reino dos céus", antes de experimentar a morte física. Antes disso, eles descobrirão o Filho do Homem em si mesmos, com toda a sua Dynamis, e então poderão dizer, como Paulo disse: "Combati o bom combate, terminei a carreira, mantive a fidelidade: já me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia - e não só a mim, como a todos os que amaram sua manifestação" (2. ª Tim. 4:7-8).


jo 10:21
Sabedoria do Evangelho - Volume 5

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 19
CARLOS TORRES PASTORINO

JO 10:10-21


10. "O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que elas tenham vida e a tenham abundante.

11. Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor aplica sua alma sobre as ovelhas.

12. O mercenário, não sendo pastor, de quem as ovelhas não são próprias, vê vir o lobo e deixa as ovelhas e foge, e o lobo as agarra e dispersa,

13. porque é mercenário e não interessam as ovelhas 14. Eu sou o Bom Pastor, conheço as minhas (ovelhas) e as minhas me conhecem,

15. assim como me conhece o Pai e eu conheço o Pai; e aplico minha alma sobre as ovelhas.

16. E tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; estas devo trazer, e ouvirão minha voz e haverá um rebanho, um pastor.

17. Por isso o Pai me ama, porque aplico minha alma para que de novo a recolha.

18. Ninguém a tira de mim, mas eu de mim mesmo a aplico. Tenho o poder de recolhê-la: esse mandamento recebi de meu Pai".

19. Por causa desses ensinos, houve de novo divergência entre os judeus.

20. Muitos deles diziam: "Ele tem obsessor e tresvaria, por que o escutais?"

21. Outros diziam: "Essas palavras não são de um obsedado; pode acaso um obsessor abrir os olhos aos cegos"?



Sem intervalo, no resumo de João, passa-se à segunda aplicação da parábola, em que Jesus se diz "O Bom Pastor".


A figura de pastor, com aplicação ao guia espiritual, já era comum no Antigo Testamento. É atribuída a YHWH "a rocha de Israel" por Moisés (GN 49:24); e o próprio YHWH verbera os pastores de Israel porque relapsos (Ez. 34:1-10) e diz que ele mesmo será o pastor de seu povo (Ez. 34:11-31), salientando que "suscitará sobre eles um só pastor, que as apascentará, meu servo amado (1). Ele as apascentará e servirá de pastor. Eu YHWH serei seu Elohim, e meu servo amado será príncipe entre eles" (2).


(1) As traduções trazem "meu servo David". Ora, David reinou em Israel de 1055 a 1015 A. C., ao passo que Ezequiel escreveu essa profecia no cativeiro da Babilônia, com Oconias, em 592 A. C., isto é, mais de quatrocentos anos depois de David. A não ser que se queira aceitar que Jesus seio o reencarnação de David, o que parece contradizer os fatos, temos que admitir não se possa falar no futuro de uma personagem passado. Evidente, então, que nesse passo david é um substantivo comum, e como tal temos traduzi-lo: "o amado".


(2) Outros passos do A. T. em que "pastor" tem esse sentido de "guia" espiritual: NM 27:17; 1RS 22:17; 2CR. 18:16; Judit, 11:15; Ecl. 12:11; EC 18:13; Cânt. 1:7; IS 13:20; IS 31:4; IS 38:12; IS 40:11; IS 44:28; (referindo-se a Ciro); 56. 11; 63:11; Jeremias, 2:8; 3:15; 6:3; 10:21; 12:10; 17:16; 22:22; 23:1, 2, 4; 25:34-36; 31;10; 33:12; 43:12; 49:19; 50:6, 44; 51:23; EZ 37:24; Amós, 1:2; Miq. 5:5; Nah. 3:18; ZC 10:2, ZC 10:3; 11:3, 5, 8, 16, 17; 18:17. No Novo Testamento. MT 9. 36; 25:32: Mt 26:31: MC 6. 34:14:27; 1. º Cor. 9; 7; EF 4:11; 1. º Pe. 2:25; 5:2, 4. E em JO 21:15-17, Jesus encarrega Pedro de cuidar de Seu "rebanho".

Nesta segunda interpretação da parábola é dado um passo adiante. Salienta Jesus, de início, que o "ladrão" só vai ao rebanho para "roubar, matar e destruir", ao passo que Ele veio para vitalizá-las mais abundantemente (perissóm). E afirma: "eu sou o bom pastor": caracterizando-o pelo que faz: "aplica sua alma sobre as ovelhas". Aqui afastamo-nos das traduções correntes que trazem: "dá a vida pelas ovelhas". Vejamos o original: ho poimên ho kalos tên psychén autoú títhêsin hypèr tõn probátôn; ora, títhêmi só tem contra si dídômi (dar) no papiro 45, numa emenda posterior do Sinaítico, em D e na versão latina e siríaca sinaítica; e títhêmi significa "depositar, colocar e aplicar" (como prefere o Professor José Oiticica, "Os 7 Eu Sou", 1958, pág. 7): tên psychên é a "alma", o princípio espiritual vivificador; e hypér pode ser "em favor de", sem dúvida, mas o sentido principal é "sobre", e há razões para mantêlo.


Não devemos modificar, na tradução, o significado das palavras, sob pena de escapar-nos o sentido profundo que elas exprimem.


Enquanto o mercenário foge e abandona as ovelhas ao ver o lobo, o pastor a elas se dedica, porque as ovelhas são de sua propriedade e ele as ama e as conhece uma a uma pelo nome. Mas outras há que não são deste aprisco e mister será reuni-las para que haja um só rebanho, um só pastor. Notemos que no original não há a cópula "e". Essa universalidade de "salvação" é assinalada por Paulo: "todos vós sois UM em Cristo" (GL 3:28): "há um só Espírito... até que TODOS cheguemos" à perfeição (EF 4:4, EF 4:13).


O vers. 8, ao invés das traduções vulgares que trazem: "tenho direito de dar minha vida e de reassumila" (coisa sem sentido) diz no original: "tenho o poder de aplicar minha alma e tenho o poder de recolhêla", também aqui concordando com a opinião do Prof. José Oiticica.


Novas discussões (cfr. JO 7:43 e JO 9:16) causaram esse ensino, uns apontando Jesus como obsedado, outros não acreditando que um obsessor pudesse ter aberto os olhos a um cego de nascença.


Examinemos, agora, a parte muito mais importante do ensino, que tem que entender-se penetrando em profundidade as palavras do rápido resumo que João nos legou.


Analisemos segundo a interpretação dada, no capítulo anterior, aos termos utilizados. Estamos no plano a que denominamos "mais amplo". "O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir". Trata-se da personagem (a matéria, com seu peso; as sensações com seus gozos; as emoções com seus descontroles apaixonados; o intelecto com sua rebeldia analista e discursiva), também chamada "antagonista" (satanás) ou adversário (diabo) que pode mesmo considerar-se um "ladrão" da espiritualidade. Realmente a personagem "rouba, mata e destrói" tudo o que é espiritual, pois só vê e percebe as coisas da matéria e dos sentidos. O Cristo Cósmico, entretanto, penetra tudo e todos, dando-lhes Vida, e "age" para que essa Vida seja mais abundante e plena, mais rica e vibrante, do que a simples "vida" psíquica dos veículos inferiores.


Então chega-nos a declaração enfática: "eu sou o BOM PASTOR", o que governa o conjunto das ovelhas, o que vive nelas e por elas, que delas cuida e as ama, que constitui a "alma grupo" de todo o rebanho, "a cabeça de todo o corpo" (cfr. 1. ª Cor. 11:3; EF 4:15 e EF 5:23; CL 1:18 e CL 2:10).


A esta segue-se a frase que foi modificada por não ter sido entendida: "

"o bom pastor aplica sua alma sobre suas ovelhas", ou seja, o Cristo utiliza e aplica toda a Sua alma, a Sua força cristônica, sobre Suas criaturas, para fazê-las evoluir a fim de alcançá-Lo. Isso foi representado ao vivo com o cuspo misturado à terra, para ser colocado sobre os olhos do cego de nascença. O que também exprime que só através da encarnação, do mergulho na matéria, é que o ser pode trabalhar por sua evolução.


Aqui entram mais dois elementos de comparação: o mercenário e o lobo. O "mercenário" é o intelecto, que "faz as vezes" de pastor, isto é, que em nome do pastor (Mente Crística) toma conta dos veículos inferiores. No entanto, sendo mercenário, não cuida como deve do tesouro que lhe foi confiado; é quando aparecem os lobos (as paixões desordenadas vorazes, insaciáveis, trazidas pelos instintos, pelos desejos, pelas necessidades). O mercenário "se retira", deixando campo aberto e livre às paixões, aos lobos. A frase é de sentido usual e corrente: perturbação dos sentidos, obliteração intelectual, a ira cega, e tantas outras expressões que demonstram que realmente nos grandes embates emocionais, os lobos paralisam o intelecto, amordaçam a acuidade de racionar, e o corpo e o psiquismo são estraçalhados pelos paroxismos passionais, agarrados e desorientados pelos rapaces devoradores, que roubam, matam e destroem.


Assim age o intelecto "mercenário", porque as células não lhe pertencem e não lhe interessam, já que é simples coordenador, como governo central, substituto eventual e temporário da Mente. Além disso, julga-se a autoridade máxima e única que tem a capacidade de resolver seus problemas e os da per sonagem, pois chega até a ignorar a existência da Mente abstrata: ele vem "de baixo" (sobe), e a Mente é "de cima"; ele pertence ao Antissistema, a Mente ao sistema; ele representa o polo negativo, a Mente o positivo: ele é o chefe dos veículos inferiores, a Mente é espiritual. Daí, com frequência, recusar o intelecto a espiritualização e confessar-se materialista e ateu, só acreditando no que a ele chega através dos sentidos, e não da PORTA que é o Cristo.


Já com o Cristo o caso difere fundamentalmente. Ele conhece uma a uma cada célula (cfr. MT 10:30; LC 12:7 e LC 21:18), porque de dentro de cada uma, embora também de fora (imanente e transcendente) a impele à evolução, ajudando-lhe a escalada ascensional. As células lhe pertencem, porque são condensação Sua, quando Se sacrificou, baixando Suas vibrações até o Antissistema, a fim de provocarlhes a individuação que lhes forneça a diferenciação do Todo, para o aprendizado. O Cristo Interno, por isso, APLICA SUA ALMA sobre cada uma das células, e por isso as conhece plenamente, tanto quanto conhece o Pai e é conhecido pelo Pai; pois assim como Ele é UM com o Pai e o Pai UM com Ele, assim Ele é UM com as células e as células são UM com Ele.


Como agora estamos considerando as células já evoluídas ao estágio hominal (na acepção do "plano mais amplo"), neste sentido o Cristo afirma também que conhece cada ser humano tanto quanto é conhecido pelo Pai e vice-versa, porque o Cristo é UM com cada uma de Suas criaturas, embora cada criatura ainda não saiba que é UM com Ele. E não o sabe porque se acha dissociada Dele pelo intelecto da personagem que, tendo vindo "de baixo", ainda é cega de nascença: o mercenário ainda não conhece o pastor verdadeiro e chega até ao cúmulo de negar Sua existência...


Acontece, porém, que na evolução do planeta Terra, onde foram reunidas todas as antigas células, hoje seres humanos, houve várias trocas de domicílio. A Terra recebeu, sabemo-lo, pela generosidade de seus Mentores, grande grupo de "espíritos" provenientes de Capela e outros planetas, que não pertencem a evolução terrena, assim como também muitos dos nativos da Terra estão estagiando em outros planetas ("Na casa de meu Pai há muitas moradas", JO 14:2). A quais se refere o Cristo?


Aos que estão em outros planetas e que precisam ser trazidos para cá, a fim de formarem o conjunto com seus antigos companheiros? Os aos que estão aqui, mas "não são deste aprisco", aos quais, porém, é mister unir aos deste, para que formem um todo? De qualquer forma - ou trazendo os de fora para cá, quando o planeta tiver evoluído para recebê-los, ou conquistando os estranhos que aqui estão - o fato é que deverá formar-se um só rebanho, uma só humanidade, um só pastor; da mesma forma que cada corpo possui um só Espírito, assim a humanidade possui uma só "alma grupo". Para reunir a todos, será utilizado o processo científico da sintonização de vibrações ("ouvir a voz", isto é, igualar a frequência vibratória do SOM).


A ação do Cristo, embora constante ("Meu Pai age até agora, eu também ajo") JO 5:17) é sentida por nós intermitentemente, porque Ele tem "o poder de aplicar e o poder de recolher" Sua força cristônica, segundo Sua vontade, sem que por ninguém seja coagido. Realmente, em muitos momentos sentimos o "apelo" que nos ativa o desejo de encontrá-Lo. Daí a teoria da "graça", que não chega quando nós queremos, mas quando a vontade divina o determina, por ser o melhor momento para cada um de nós. Então, podemos interpretar a "graça" como uma atuação mais forte do Cristo Interno dentro de cada um, aplicando a vibração do SOM, "Sua alma", e buscando dar-nos a tônica, para que, de nossa parte, busquemos sintonizar com essa nota básica. A tônica é o AMOR, por isso o Pai vibra como Amante e o Cristo age como Amado (david), constituindo o "príncipe" entre todos. Essa é a ordem do Pai.


O Cristo, portanto, é o bom pastor, o chefe de todo o rebanho que atualmente constitui a humanidade terrestre; conhece todas e cada uma de Suas ovelhas, e aplica Sua força a cada uma delas no momento mais oportuno; e quando elas começam a agir por si, recolhe essa força, a fim de permitir que elas trabalhem pessoalmente por sua própria evolução. Indispensável que aprendam a trabalhar sozinhas, assumindo a responsabilidade plena seus atos.


No campo iniciático, o Cristo é o Bom Pastor, ou seja, o verdadeiro Hierofante e Rei, dentro de nós ("Um só é vosso Mestre, o Cristo", MT 23:10). As criaturas que agem em Seu nome, os intelectos personalísticos que se fazem passar por Mestre, são simples agentes que vêm "de baixo", mercenários e ladrões de almas, que roubam, matam e destroem tudo o que é verdadeiramente espiritual, para seu próprio proveito vaidoso, de terem sequazes que os endeusem. São numerosos e enganam a muitos só não chegando conquistar as ovelhas escolhidas, porque estas conhecem a "voz" do verdadeiro pastor, e não seguem estranhos. Os SONS que produzem são diferentes, fora da tônica do AMOR do Cristo.


Os que são realmente emissários Seus, esses jamais falam em seus próprios nomes, não aceitam sequer o nome de mestres, sabem que nada sabem, e que tudo o que lhes vem, é proveniente do Cristo Interno que neles age. Não fazem seguidores, porque convidam apenas os homens e acompanhá-los no cortejo do Cristo, para onde todos caminham, uns mais à frente, outros mais à retaguarda, uns com "guias" do rebanho, com a campainha ao pescoço, outros colaborando, mas todos simples ovelhas do único rebanho do único pastor.


O evangelista assinala, ainda uma vez, a divergência entre os religiosas ("judeus"): uns julgando obsedado aquele que transmite os ensinos do Cristo, outros, porém, "sentindo" em sua voz a doce tônica do AMOR, que faz os cegos verem, isto é, que ilumina os intelectos, e comove os corações, atraindo-os ao Cristo.


Que a voz do Bom Pastor seja sempre o guia de nossos Espíritos, para que jamais percamos o rumo certo, para que não erremos pelas estradas invias, para que nos libertemos dos lobos vorazes, e só vivamos pelo AMOR e para o AMOR.



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de João Capítulo 10 do versículo 1 até o 42
Jo 9 ; 10 são uma unidade, e é melhor considerá-los juntos. O ato de devolver a visão ao cego de nascença não só ilustra o brilho da Luz nas trevas (1.5), mas também torna-se a oportunidade para o início de uma nova comunidade (9.34). Esta comunidade é composta por aqueles que crêem em Jesus como o Senhor (9.38), e cujo Senhor é o Pastor das ovelhas (10.2).

3. O Pastor das Ovelhas (Jo 10:1-42)

A abertura, Na verdade, na verdade (1), é caracteristicamente usada por João para apresentar uma mudança de assunto, mais do que um novo episódio. Aqui, as pala-vras de Jesus estão intimamente ligadas ao que aconteceu anteriormente. O vos digo (1) dedica o discurso a seguir tanto ao homem curado (9,35) quanto aos fariseus que estavam com ele (9.40). Para o homem Ele teve palavras de conforto e força (3-4,7,9-10) ; para os fariseus, palavras de condenação e de julgamento (1,5,10-13).

a. A Nova Sociedade (Jo 10:1-18). A parábola ou ilustração (1-5) que Jesus usou não era de todo nova para os seus ouvintes. Em Ezequiel 34, aparece o mesmo exemplo do pastor e das ovelhas. Ali os governantes são condenados como negligentes, tirânicos, não se importando com as suas responsabilidades (4). Eles abusam da sua função (3) e se ali-mentam, ao invés de alimentar as ovelhas (2-3,8). Como resultado, as ovelhas se espa-lham (5) e tornam-se presas fáceis para todas as feras do campo (8). Conseqüentemente, Deus irá julgar os pastores indignos (10), e Ele mesmo irá reunir o rebanho desgarrado (12), alimentá-lo (14) e dar-lhe abrigo (15). Deus irá indicar um Pastor, da raiz de Davi (o Messias), e Ele mesmo alimentará o rebanho e será o seu Pastor (23). Então o rebanho terá paz, segurança (25), e possuirá todas as bênçãos da terra bem regada (26). O reba-nho é Israel (30) e pertence ao Senhor Deus (31).

Outros usos do mesmo exemplo no Antigo Testamento são encontrados em Salmos 23:74-1; 78.52, 71; 79.13 80:1-95.7; 100.3; Isaías 40:11; Jeremias 23:1-4. Falsos pasto-res aparecem em alguns casos; por exemplo, em Jeremias 2:8-10.21; 12.10; Zacarias 11:3-9, 15-17. A mesma linguagem metafórica também aparece em outras partes do Novo Testamento; por exemplo, em Marcos 6:34-14.27; Lucas 12:32-15:3-7; Mateus 9:36-15.24; 18:11-13 26:31; Hebreus 13:20; I Pedro 2:25-5.4.

A razão para o uso freqüente do exemplo pastor-rebanho é, sem dúvida, o fato de que os judeus tinham sido um povo pastoril durante muitas gerações. Este tipo de linguagem era fácil de ser entendido por todos. À medida que Jesus utiliza o exemplo aqui, todos os elementos essenciais aparecem: o rebanho, o aprisco, a porta, o pastor, os ladrões, os mercenários e os estranhos. Seria uma violência para a parábola tentar encontrar um equivalente exato e constante para cada um dos elementos, embora algumas coisas se-jam evidentes.

Primeiramente, só existe uma entrada verdadeira para o curral. Aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador (1). O motivo e o método de abordagem do rebanho marcam as diferenças entre o ladrão e o pastor. O pecado e os seus agentes querem enganar e destruir, ao passo que o Bom Pastor (14) dá a sua vida pelas ovelhas (15).

Em segundo lugar, existe o Bom Pastor (11), que entra no aprisco pela porta -Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas (2). A palavra pastor é anarthrous em grego, e conseqüentemente "fixa a atenção no caráter, como algo distinto da pessoa".' "O pastor não é um exemplo na parábola, ele é o exemplo; e é sobre a descrição do seu comportamento que se apóia a narrativa, para que a atenção dos leitores possa se concentrar ali. Não somente as ovelhas são as suas próprias ovelhas; não apenas ele tem toda a autoridade para aproximar-se delas; não apenas ele chama as suas ovelhas pelo nome; não apenas elas ouvem a sua voz, mas ele as traz para fora e, quando faz sair todas as suas ovelhas, vai diante delas, e elas o seguem".'

Em terceiro lugar, Ele é o Criador da nova sociedade de crentes, i.e., daqueles que crêem nele. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz (3-4). A menção do porteiro ou guarda do portão é incidental na história. Mas uma coisa é importante. Existe um relacionamento entre o Pastor e as ovelhas que se baseia na natureza do Pastor — a sua voz, o seu conhecimento das ovelhas, a sua liderança, a sua orientação. Estas palavras devem ter significado muito para o homem que tinha sido curado da sua cegueira, e que fora excomungado da sua sinagoga (Jo 9:34) e expulso da sua família. Agora, ele era um membro da nova sociedade, um seguidor do Bom Pastor. A palavra usada para tirar para fora é a mesma traduzida como "expulsar" em Jo 9:34. Assim, realmente, ser expulso, sob o ponto de vista de Deus, é ser chamado para fora. Assim é a ekklesia (lit., "os chamados para fora"), a Igreja, a nova sociedade.

Em quarto lugar, aqueles que pertencem a esta nova sociedade, a Igreja, são sub-missos a uma única voz, ...porque conhecem a sua voz. Mas, de modo nenhum, seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos (4-5). Existe uma gloriosa exclusividade em ser um membro do rebanho de Cristo — existe somente uma voz, um caminho, uma vontade que realmente importa. Em uma época de uma vida excessivamente complexa, o caminho garantido para a paz de espírito, para o enfoque nos propósitos corretos, e o comprometimento significativo é encontra-do quando reconhecemos somente a sua voz. Esta "audição seletiva" é uma proteção não somente contra a heterodoxia, mas também contra a desintegração da personalidade (cf. 14-15). Thomas R. Kelly chama isto de "orientação habitual de todo o ser para aquele que é o Foco".1"

Tendo registrado a parábola, o autor insere uma observação sobre a reação de al-guns dos ouvintes. Jesus disse-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que era que lhes dizia (6). A palavra aqui traduzida como parábola aparece somente cinco vezes no Novo Testamento, quatro delas no texto de João (Jo 16:25-29; 2 Pe 2.22). Ela significa um exemplo simbólico, e especialmente no uso de João significa dizeres misteri-osos, uma "figura de linguagem" (NASB) "na qual se escondem idéias particularmente grandiosas".1" Talvez ela seja melhor traduzida como "alegoria" (Moffatt). As palavras, Eles não entenderam, assumem um interessante contraste com a expressão mais usu-al de João; "não creram" (cf. 38). A familiaridade direta com (o conhecimento) o chamado (a voz) de Deus e a sua reivindicação (a propriedade), além do comprometimento pessoal com esse chamado (a fé), são corolários definitivos no encontro divino-humano.

Agora se segue uma explicação da parábola (vv. 7-18), e essa explicação também é dada em uma linguagem altamente figurada (cf. a parábola do semeador e sua explicação, Mt 13:3-23). Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas (7). Em verdade representa a mudança, da parábola para a expli-cação, que começa com a revelação de Jesus de sua natureza divina (cf. os comentários sobre Jo 4:26-6.20; também sobre Jo 6:35-41,48,51; 7.34,36; 8.12,24,28,58; 10.9,11,14,36; 11.25; 13 19:14-6; 15.1,5; 17.24; 18.8). A exclusividade deste caminho de fé em Cristo nunca foi melhor colocada do que quando Jesus disse: Eu sou a porta. Cristo é o Caminho para Cristo, pois Ele é ao mesmo tempo a Porta e o Aprisco. Parece atraente quando os ho-mens dizem que todos aqueles que têm ideais éticos elevados comparáveis aos do Ser-mão da Montanha são cristãos. Mas como isso parece vazio quando colocado ao lado do desafio pessoal: Eu sou a porta! Não existe outra! Assim, Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram (8). Certamente isto não deve ser interpretado como uma referência àqueles verdadeiros men-sageiros de Deus do Antigo Testamento, mas inclui todos aqueles que falsamente se intitulam mensageiros de Deus. Mesmo os fariseus, que corromperam os ensinos de Moisés como se estes mesmos fossem capazes de dar vida, estão sob esta condenação. "Não há um ponto na história humana que esteja além do horizonte dos ladrões e mercenários das parábolas. Quando o homem afirma anunciar o dom da vida, à parte da fé em Jesus, ele se proclama como ladrão e mercenário, e a sua atividade foi, é, e será, uma atividade destrutiva".1"

Outra vez Jesus se declara como sendo a porta (9), mas desta vez retrata os benefí-cios que vêm àquele que entra. Se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens (9). É agora um assunto de vida ou morte para as ovelhas. A única e verdadeira entrada significa a vida — a salvação, a segurança, o sustento. Mas a morte é encontrada no caminho falso, pois o ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir (10) — perda, morte, destruição. Contra este cenário se delineia o tema supremo do evangelho — a vida abundante pela fé em Cristo. Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância. Todo o propósito da missão de Jesus é dar a vida (20.31), e que esta vida seja de qualidade suprema (eterna), assim como infinita em quantidade (cf. Jo 1:16-2.6ss.; Jo 4:14-6.13 7:38). O propósito e o plano de Deus não são apenas salvar o homem da morte, da destruição, da culpa, mas também torná-lo santo, "conforme a imagem do seu Filho" (Rm 8:29). Tal propósito só pode ser atingido de uma maneira; por meio da morte voluntária de Jesus. Simplesmente por ser o bom pastor, Ele dá a sua vida pelas ovelhas (11). Literalmente, o bom pastor pode ser traduzido como "O Pastor, aquele que é bom". A sua bondade é tão grande que Ele não encontra comparação — não existe Pastor como Ele. Alguns levantaram a questão de como Cristo pode ser ao mesmo tempo a Porta e o Pastor. Mas isto significa estar limitado pelos detalhes da parábola, porque Ele certamente é a Porta do aprisco, a única Entrada para a vida, e Ele é o Pastor das ovelhas, o Único que se preocupa o suficiente para dar a sua vida pelas ovelhas (cf. Jo 6:51).

Um novo personagem é introduzido no versículo 12 — o mercenário. Mas o merce-nário, que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas (12-13). Não existe um exame de ra-zões para serviço mais intenso nem mais concentrado do que este. Não é preciso ser um ladrão, um bandido, ou um lobo para destruir as ovelhas — basta um trabalhador assa-lariado, i.e., alguém que pensa somente em termos do que ele pode conseguir, nunca em termos do que pode dar. A menos que vigie de perto os motivos para manter-se puro, quando a crise chega (o lobo), o homem fica oprimido e foge, abandonando a responsabi-lidade e o rebanho.

O relacionamento entre o Bom Pastor e o seu rebanho baseia-se na natureza do relacionamento entre Jesus e o Pai. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido ("As minhas me conhecem", NASB). Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai e dou a minha vida pelas ovelhas (14-15). Cada um dos seis verbos destes versículos está no presente, e assim o retrato é ilustrativo. Particularmente, o verbo conhecer no presente significa conhecer por familiaridade, por experiência. As ovelhas "têm a experiência de conhecer a Jesus como o seu próprio Pastor. Aqui (neste conhecimento recíproco) está o segredo do seu amor e da sua lealdade".'4'

A observação universal do quarto Evangelho se destaca na afirmação de Jesus: Ain-da tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agre-gar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor (16). Observe que há outras ovelhas, não bodes. "O rebanho de Cristo não está limitado àqueles que estão encerrados no curral judaico, seja na Palestina, seja em outros luga-res" (cf. Jo 11:52-12.32)." O amor de Deus é para todo o mundo (3.16). A urgência moral de trazer essas outras ovelhas para o curral está expressa nas palavras, também me con-vém agregar estas. O verbo ouvir "assume o genitivo, como quando tem a conotação de ouvir com entendimento e obediência".' Haverá um rebanho' tem o verbo no plural nos melhores manuscritos, e a palavra "rebanho" é a tradução correta do termo grego poimne (cf. Ez 34:20-24). "Todos (judeus e gentios) formarão um único rebanho sob um único Pastor".'

O sacrifício voluntário e de auto-doação de Jesus provê não apenas a linha de pensa-mento desta seção, como também um tipo de clímax na sua interpretação da parábola. A idéia já foi mencionada anteriormente, mas agora o assunto fica explícito. O amor do Pai e a auto-doação do Filho estão ligados de maneira inseparável (Jo 6:51-10.11,15). Por isso, o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la (17-18). Pela primeira vez nesta seção, a idéia da ressurreição é introduzida, e é vista como "a inevitável conseqüência da obediência a Jesus".'

Não existe conflito entre a auto-doação voluntária de Jesus e a sua afirmação: Esse mandamento recebi de meu Pai (18). Os objetivos auto-escolhidos em termos da vontade perfeita de Deus constituirão a liberdade melhor e mais elevada da vida. Quando Jesus se colocou de acordo com a vontade do Pai, a ressurreição se fez possível e verda-deira. "A comunidade concreta de cristãos do mundo foi trazida à existência por um conjunto histórico e concreto de obediência, e toda a vida da igreja deve ser controlada pela fé em Jesus. Nele, o amor de Deus e a fé dos homens se encontram, e se encontram na morte de Jesus, porque ali a vontade de Deus foi finalmente cumprida: cumprida, porque a sua morte não foi nem o resultado das manobras dos judeus ou de alguns impe-tuosos, nem uma decisão excêntrica de Jesus de render-se aos seus inimigos. Foi o clí-max de uma necessidade divina, e toda a sua vida e ministério se dirigiram a ela".147

  • As Divisões (Jo 10:19-21). As declarações de Jesus a respeito de si mesmo, assim como o seu ato de cura do homem nascido cego, geraram uma divisão entre os judeus (19). Esta divisão era mais profunda do que nunca (cf. 9.16). Alguns levantavam a questão da natureza de Jesus, dizendo que Ele era um pecador por ter desobedecido às leis do sába-do, ao passo que outros diziam que nenhum pecador é capaz de abrir os olhos a um homem cego. A divisão (dissensão, cisma) aqui era tão aguda que muitos deles diziam: Tem demônio e está fora de si (20).148 No encontro divino-humano, existe uma lei que diz que os homens não serão os mesmos depois de terem um encontro com o Homem da Galiléia. A reação será a fé ou a descrença. A fé resulta de um conceito verdadeiro de quem Jesus é, como no caso do homem curado. A descrença — começando no mesmo ponto, em Jesus encarnado (Jo 9:15-16) — avança até o ponto onde eles o chamaram de pecador (9.24), e agora vai até à maior de todas as blasfêmias: Tem demônio (cf. Jo 7:20-8.48,52).
  • Como os seus inimigos acreditavam que Jesus estava possuído pelo demônio, a per-gunta deles, como uma oposição, era natural: Por que o ouvis? (20). O verbo ouvir, como é usado aqui, significa "escutar com atenção e apreço",' tornando o cisma entre os judeus ainda mais compreensível.

    A réplica da oposição baseava-se puramente nas premissas pragmáticas. A conclu-são deles se enquadrava no que eles tinham visto, e no fato de que as afirmações de Jesus a seu respeito não poderiam ser as palavras de um endemoninhado. Os argu-mentos deles se depararam com a pergunta retórica: Pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos? (21)

  • O Último Testemunho Público (Jo 10:22-42). O lugar é o mesmo de Jo 7:10-10.21, Jeru-salém, mas agora é inverno e a ocasião é a Festa da Dedicação (22). Estes poucos versículos (10:22-42) é tudo o que João tem a dizer sobre o período entre os eventos e sermões da época da Festa dos Tabernáculos (7.8), e os eventos e sermões próximos da última Festa da Páscoa durante o ministério terreno de Jesus (Jo 12:1). A Festa da Dedi-cação foi a última das grandes festas judaicas a ser estabelecida. Ela foi instituída para comemorar a purificação do Templo em 164 ou 165 a.C., por Judas Macabeu e seus ir-mãos, trazendo a um fim a profanação do Templo sob o rei sírio Antíoco Epifânio. Ainda celebrada hoje em dia pelos judeus, é chamada de Hanukkah e é realizada perto da época do Natal.' Também é conhecida como a Festa das Luzes.
  • Aqui, como em outras partes do texto de João, o sermão está associado a uma festa (cf. Jo 2:23-5.1; 6.4; 7.2, 38-39) e tem um significado especial em termos do objetivo da festa. Houve sugestões de que "aqui o ministério do Senhor, que atinge o seu clímax na Paixão, é definido como a verdadeira dedicação, que deve superar e substituir a festa judaica".151 Da mesma maneira, a menção que o autor faz ao fato de que era inverno parece ser mais do que uma mera observação, porque era a "estação da morte, interior e exterior" (cf. Jo 13:30).152

    O fato de que Jesus passeava no templo, no alpendre de Salomão (23, ver o quadro A) pode ser devido ao tempo frio. Era ali que os rabinos conversavam com os seus alunos e discutiam a lei. Quando Jesus se uniu a eles, veio a inevitável pergunta: Até quando terás a nossa alma suspensa? que também é traduzida como "Até quando você nos manterá em suspense (na dúvida) ?" (ASV). Embora estas traduções sejam aceitáveis, o verbo grego aireis usado aqui é a mesma palavra que aparece no versículo 18, onde é traduzido como "tomar". Foi sugerido que uma tradução igualmente adequada seria: "Por quanto tempo você vai continuar a tirar a nossa vida?" Hoskyns comenta: "O ministério e a morte de Jesus envolvem a destruição do judaísmo... Jesus está tirando a vida deles".153

    Em relação à exigência dos judeus: Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente (24), Jesus deu uma resposta em quatro partes. 1. Os judeus não crêem, embora a Palavra lhes tenha sido dita, Já vo-lo tenho dito, e as suas obras testificam a respeito dele (25). A comunicação pessoal de Deus com os homens, na sua melhor hipótese, não tinha resultado na fé por parte dos judeus. 2. A razão pela qual eles não tinham fé, vós não credes, é porque, como disse Jesus: não sois das minhas ovelhas. 3. Em contraste com aqueles que não crêem, existem aqueles que Ele chama de minhas ovelhas (27). Quatro fatos caracterizam as suas ovelhas: (a) elas ouvem a sua voz, e, como foi escrito aqui, elas ouvem com atenção e consideração (20) ; (b) Ele as conhece (lit., "Eu tenho um relacionamento pessoal com elas"; 14-15) ; (c) elas o seguem (lit. "elas estão me seguin-do") ; e (d) Ele lhes dá a vida eterna (27-28).' 4. Aquelas que ouvem, aquelas com quem Ele tem um relacionamento pessoal, e a quem Ele dá a vida eterna, nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das suas mãos (28). Alguns assumiram que isto significa que uma pessoa está eternamente segura, independentemente do que faz a respeito do seu relacionamento com Deus. Mas a garantia de segurança — que é uma promessa magnífica e adequada — é que nada exterior ao homem pode destruí-lo, en-quanto ele estiver depositando a sua fé em Deus. Westcott diz: "Se o homem peca, em qualquer estágio da sua vida espiritual, não é devido à vontade da graça divina, nem ao poder opressor dos adversários, mas pela sua negligência em usar o que pode usar ou não. Não podemos ser protegidos contra nós mesmos, apesar de nós mesmos".155

    Esta garantia para aquele que tem fé se baseia na própria natureza de Deus, pois Jesus disse: Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las das mãos de meu Pai (29). Existe um problema textual na versão KJV quanto à tradução da primeira parte do versículo 29. O texto que representa a autorida-de mais antiga diz: "Aquilo que o Pai me deu" que é a versão preferida por alguns comentaristas. A mesma idéia é expressa em Jo 6:39-17.2. No entanto, as duas leituras transmi-tem a mesma idéia básica. "O Pai é a única fonte de segurança dos crentes em Jesus. Eles pertencem a Jesus porque foram dados a Ele pelo Pai".'

    Além disso, a garantia do crente está baseada no relacionamento entre o Pai e Je-sus, porque Ele disse: Eu e o Pai somos um (30). Qual é a natureza deste relaciona-mento? Em que sentido o Pai e o Filho são um? Uma tradução literal seria: "Eu e o Pai, nós somos um". Westcott diz: "Todas as palavras desta frase tão importante estão reple-tas de significado. A palavra é Eu, e não o Filho; o Pai, e não meu Pai; uma essência, e não apenas uma pessoa; somos, e não sou. A revelação é a natureza de Cristo na totalida-de da sua natureza dupla, do Filho encarnado na plenitude do seu ser manifestado, e em relação com o Pai, com Deus, pois Ele é, ao mesmo tempo, Pai do Filho, e Pai dos ho-mens".' Barclay, usando outras afirmações de Jesus a respeito da unidade entre Jesus e o Pai e os crentes (17.11,20-22) argumenta que a unidade aqui descrita é basicamente uma união moral. Ele diz: "O laço da unidade é o amor; a prova do amor é a obediência. Os cristãos são unidos uns com os outros quando são unidos pelo laço da unidade, e obedecem às palavras de Cristo. Jesus é uno com Deus porque Ele obedeceu a Deus e Ele amou a Deus como ninguém jamais o fez. A sua unidade com Deus é uma unidade de amor perfeito, que resulta em uma obediência perfeita".158 Embora esta união moral seja um fato, ela se baseia na suposição da verdade de uma união de naturezas.

    Quando os judeus pegaram, então, outra vez, em pedras para o apedreja-rem (31), essa não foi uma atitude nova por parte deles (cf. Jo 1:11-5:17-18; 6:40-43,51-52,60,66; 7:29-30; 8:58-59) e atingiu o seu clímax na crucificação. A razão alegada para o seu ato foi a blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo (33). A reação de Jesus a esta acusação foi um apelo à sua reverência pelas Escrituras. Ele citou Salmos 82:6, Eu disse: sois deuses? (34) Isto se aplicava "a todos os homens inspirados do Antigo Testamento, incluindo os profetas, e preparava o caminho para o contraste entre aqueles a quem vieram tanto a Palavra de Deus, quanto Jesus, que é verdadeira-mente o Filho de Deus".' Como a Escritura não pode ser anulada (35), por que o título Filho de Deus (36) não se aplicaria àquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo (36) ?160

    Jesus queria submeter a sua reivindicação ao teste pragmático. Se a sua afirmação, Sou Filho de Deus (36), é verdadeira, as suas obras deveriam ser avaliadas com base nessa afirmação. Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis (37). Os judeus não tinham contestado as boas obras de Jesus (cf. 33), mas hesitavam em uma descrença com respeito a sua verdadeira natureza. É fácil para o homem aceitar as bên-çãos e os benefícios de Deus, mas é mais difícil colocar a fé em Cristo por Ele ser quem é. Este é o tema constante no Evangelho de João: a fé que assegura a vida eterna nunca é menor do que a fé em Jesus por ser Ele quem é. Isto não quer dizer que as obras de Jesus não tenham um valor instrumental. Ele exortou o povo a crer... nas obras, para que conheçais e acrediteis ["percebais", NEB] que o Pai está em mim, e eu, nele (38). Bernard traduz conhecer e acreditar com maior precisão: "Para que vocês possam perceber e assim alcançar a firme convicção do conhecimento".' Mas os judeus não tole-ravam nenhuma transigência e procuravam, pois, prendê-lo outra vez (39). Entre-tanto, como a sua hora ainda não era chegada (cf. Jo 7:30-8.20), ele escapou de suas mãos.

    Este foi o "último encontro direto do Senhor com os judeus durante o seu ministé-rio".162 Terminada a discussão, Ele retirou-se outra vez para além do Jordão, para o lugar onde João tinha primeiramente batizado, e ali ficou (40; cf. Jo 1:28). Esta localização não pode ser identificada com precisão, mas seria algum lugar a leste do Jordão, em Peréia ou Decápolis (ver o mapa 1). Este retorno ao lugar onde Ele iniciara o seu ministério público não era um acidente. A tranqüilidade daquele lugar solitário, e a lembrança de uma grande visitação de Deus são necessárias na vida de qualquer pessoa que esteja enfrentando uma crise, como Jesus (cf. Gn 35:1-5). Porém, nem mesmo neste lugar houve alívio para o nosso Senhor por parte das multidões, pois iam ter com ele (41) e ali creram nele (42). Neste ponto, há uma última menção a João Batista neste Evangelho. É um tipo de avaliação comparativa entre as obras e palavras de João e Jesus. João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse deste era verdade (41).


    Champlin

    Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
    Champlin - Comentários de João Capítulo 10 versículo 21
    Jo 9:1-41.

    Genebra

    Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
    Genebra - Comentários de João Capítulo 10 do versículo 1 até o 42
    *

    10.1-42

    Este capítulo é dividido em três seções: o discurso sobre o bom pastor (vs. 1-21), o debate com os judeus na Festa da Dedicação (vs. 22-38) e a seção que encerra o capítulo (vs. 39-42). O capítulo é unido pelo ensino sobre o caráter seguro da atividade salvífica de Cristo.

    * 10:1

    Para Deus como Pastor de seu povo, ver Gn 48:15; 49:24; Sl 23:1; 28:9; 78:52; 80:1; Is 40:11; Jr 31:10; Ez 34:11-16. Uma profecia em Zc 13:7 concernente ao "Pastor de Israel" foi aplicada por Jesus a si mesmo (Mt 26:31). Jesus aqui apresenta o seu ministério como a obra de um pastor. Em outras partes do Novo Testamento, Jesus é referido como "o grande Pastor" (Hb 13:20) e "Supremo Pastor" (1Pe 5:4). Em Ap 7:17 se diz que "o Cordeiro... os apascentará".

    aprisco. Um lugar cercado com uma única entrada. Ladrões ou predadores podiam escalar a cerca para roubar ou, mesmo, para matar as ovelhas (vs. 8-10).

    * 10:2

    entra pela porta. O pastor não precisa escalar a cerca, mas é admitido pelo guarda. A linguagem aqui implica que vários rebanhos são guardados num único aprisco, e que cada pastor encarregado atende ao seu próprio rebanho.

    * 10:3

    as ovelhas ouvem. O pastor conhece a sua ovelha "pelo nome" e a ovelha reconhece a voz do seu pastor e vem a ele. Esta é uma imagem viva de como Deus tem marcado algumas pessoas para serem suas no meio da humanidade caída.

    * 10:4

    lhe reconhecem a voz. A graça que elege é também graça eficaz: Jesus, que conhece as ovelhas, revela-se a elas de tal modo que elas lhe responderão. Ele não as força a segui-lo, mas através da obra da regeneração ele desperta a vontade delas.

    * 10:5

    de modo nenhum seguirão o estranho. Esta promessa confortadora não exclui a necessidade de advertir os crentes contra mestres enganosos (Mc 13:22,23; 2Tm 3.5; 4.2-5; 1Jo 2:26).

    * 10:6

    eles não compreenderam. Em alguns casos os próprios discípulos não compreenderam o que Jesus lhes estava ensinando (13 10:40-13.17'>Mt 13:10-17,36; 15:15).

    * 10:7

    eu sou a porta. Jesus muda a metáfora de "pastor" para "porta". Como a "porta das ovelhas", Jesus é o único através de quem a vida eterna é recebida (conforme 14.6; Mt 7:13,14). A frase "eu sou", aqui, continua a série dessas sete expressões, neste Evangelho (6.35, nota).

    * 10:8

    ladrões e salteadores. Isto não se refere aos profetas do Antigo Testamento enviados por Deus (Mt 21:34-36; 23,29-36), mas a qualquer que, falsamente, se apresentava como o Messias.

    * 10:9

    Se alguém entrar por mim, será salvo. Isto garante que a salvação é dada àqueles que confiam em Cristo (At. 16.31; Rm 10:9,10). Em 14.6 torna-se plenamente claro que só estes são salvos. Cristo é necessário e suficiente para a salvação (3.36).

    entrará, e sairá. As ovelhas entram no aprisco para terem segurança e saem para a pastagem sob os cuidados de seu pastor.

    * 10:10

    para que tenham vida... em abundância. A vida que Jesus dá é única porque é eterna, e ele dá esta vida em crescente abundância aos seus redimidos.

    * 10:11

    bom pastor. Jesus agora retorna à ilustração com a qual começou o capítulo (vs.2-5).

    dá a vida. Jesus, como o Pastor, faz mais do que arriscar a sua vida (conforme 1Sm 17:34-36), ele dá a sua vida, suportando a morte no lugar dos pecadores. Isto fica subentendido no nome "o Cordeiro de Deus" declarado por João Batista (1,29) e em outras afirmações do próprio Jesus (2.19; 3.14; 6.51).

    pelas ovelhas. Este sacrifício é "pelas ovelhas". É para aqueles que o Pai lhe deu (17.2,6,24), os eleitos. São eles que, através da morte de Jesus Cristo em seu lugar, serão justificados e desfrutarão da comunhão com Deus.

    * 10:12

    O mercenário. Jesus torna mais nítida a figura, contrastando seu serviço sacrificial com o covarde abandono das ovelhas por aqueles que são motivados por interesse próprio. Ladrões roubam as ovelhas; o mercenário abandona as ovelhas; Cristo dá a sua vida pelas ovelhas.

    * 10:14

    conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim. Isto é colocado em paralelo com a intimidade que há entre o Pai e o Filho (v. 15, conforme 17:21-23). É claro que "conhecer", aqui, como freqüentemente nas Escrituras, significa mais do que entender mentalmente; inclui uma compreensão pessoal e um compromisso da vontade. Dizer que Deus "conhece" uma pessoa, neste sentido, refere-se ao seu gracioso compromisso de redimir essa pessoa.

    * 10:15

    Ver nota teológica "Redenção Definida", índice.

    * 10:16

    outras ovelhas. O evangelho não é confinado só a Israel, mas estende-se ao resto do mundo.

    * 10:17

    o Pai me ama. O auto-sacrifício do Filho é um ato de amor obediente ao Pai, que revela o amor entre as três Pessoas da Trindade.

    * 10:17-18

    para a reassumir. A ressurreição de Cristo é descrita como o ato de cada uma das três Pessoas da Trindade: o Filho, o Pai (At 2:32-3.15; 4.10; Gl 1:1), e o Espírito Santo (Rm 8:10-11).

    * 10:18

    Ninguém a tira de mim... eu espontaneamente a dou. Esta é uma reivindicação de divindade, como seus próprios inimigos entenderam (v.33), porque só Deus é o autor e doador da vida. O versículo também sublinha que Cristo não foi uma vítima, mas ofereceu-se voluntariamente pelos pecadores. Ver "A Humilde Obediência de Cristo", em 5.19.

    * 10:19

    dissensão. Ver 7.43; 9.16.

    * 10.20. Ver 7.20.

    * 10:22

    Festa da Dedicação. Esta Festa, agora chamada Hanukkah, é celebrada em dezembro. Comemora a restauração do Templo nos tempos de Judas Macabeus e a revolta judaica contra Antíoco Epifânio (164 a.C.).

    * 10:23

    Pórtico de Salomão. É um pórtico com teto, suportado por colunas no lado leste do pátio dos gentios no templo de Herodes (At 3:11-5.12).

    * 10:24

    Se tu és o Cristo. Esta era a questão chave que surgiu no ministério de Jesus. Os discípulos tinham chegado àquela conclusão (6.69; Mt 16:16; Mc 8:29; Lc 9:20). A questão será novamente levantada no julgamento de Jesus e o sumo sacerdote considerará a resposta de Jesus como blasfêmia (Mt 26:63-65; Mc 14:61-64; Lc 22:67-71).

    * 10:25

    Já vo-lo disse. Jesus tinha afirmado isto à mulher Samaritana (4,26) e ao cego de nascença (9,37) e tinha aceitado a confissão dos discípulos (v.42, nota; 1.49). Na sua discussão com as autoridades judaicas, ele tinha dado a entender a mesma coisa (8.28,58). Aqui, outra vez, ele afirma sua identidade Messiânica de forma absoluta.

    As obras. Jesus tinha se referido às suas obras como evidência da fidedignidade de sua reivindicação (5,36) e ele tinha acentuado este ponto, posteriormente, diante dos discípulos (14.11; 15.24). O cego de nascença tinha raciocinado do mesmo modo (9.32,33).

    * 10:26

    vós não credes. Eles fecharam seus olhos à clara evidência.

    porque não sois das minhas ovelhas. Só os que são de Cristo, aqueles que o Pai lhe deu, é que vêm à fé. Os outros são tão cegos por causa de seu preconceito pecaminoso, que se recusam a crer. Só os regenerados, que nasceram de novo (3.3), crêem.

    * 10:27

    minhas ovelhas. Elas ouvem Jesus (vs.3-5) e o seguem (v.4). Estes crentes mostram-se renovados na nova orientação e compromisso de suas vidas.

    * 10:28

    O Senhor dá às Suas ovelhas a vida eterna de comunhão com Deus (17.2-3). Ele as protege dos perigos de acordo com a infalibilidade da graça divina; e não permite que ninguém as arrebate de suas mãos. Os santos perseveram porque Deus os preserva. As ovelhas não podem se arrebatar das mãos de Deus, porque o divino Pastor guardará suas verdadeiras ovelhas, impedindo que elas se percam eternamente (conforme 17.12). As solenes advertências das Escrituras contra a apostasia não visam provocar dúvidas a respeito da perseverança de Deus em relação àqueles que ele salvou (conforme 1Jo 2:19). Ver "Perseverança dos Santos", em Rm 8:30.

    * 10:29

    e da mão do Pai. A mão do Pastor é também a mão do Pai e o supremo poder de Deus é a garantia final da segurança das ovelhas.

    * 10:30

    um. Não são Pessoas idênticas, mas uma em essência (a palavra grega traduzida “um” é neutra). O Pai, o Filho e o Espírito Santo possuem igualmente a plenitude da natureza divina. Esta unidade essencial subjaz à sua unidade no propósito redentivo. Este versículo indica mais do que unidade de propósito.

    * 10.31-33

    Os judeus entenderam a reivindicação de divindade feita por Jesus, e estavam se preparando para apedrejá-lo por blasfêmia (8.59).

    * 10.34-38

    No Antigo Testamento, os juízes humanos (ver referência lateral no Sl 82:6) podiam ser chamados "deuses" porque eram considerados como agindo no lugar de Deus, ao fazerem justiça. A palavra hebraica ’elohim é usada não só para referir o único Deus verdadeiro, mas também para denotar deuses falsos, anjos e, muito raramente, homens exercendo funções divinas. O argumento de Jesus pode ser entendido como segue: “Ao invés de ofender-se porque esta palavra é aplicada a mim, devíeis examinar as minhas credenciais que provam que meu Pai me enviou a este mundo”.

    * 10:34

    na vossa lei. A citação é encontrada no Sl 82:6. O termo "lei" não se restringia ao Pentateuco ou Torah, mas se referia a qualquer parte do Antigo Testamento, como tendo autoridade legal (15.25).

    * 10:35

    àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus. Esta não é uma referência ao que está escrito nas Escrituras, mas à nomeação divina dos juízes.

    e a Escritura não pode falhar. Uma forte afirmação da autoridade das Escrituras. Nesta séria confrontação que iria até o fim, na sua morte, Jesus não hesitou em basear todo seu argumento numa só palavra de um dos menores Salmos de Asafe. Ver "A Autoridade das Escrituras", em 2Tm 3.16.

    * 10:37

    as obras de meu Pai. Os milagres e todo o curso de sua vida atestavam a correção da reivindicação de Jesus da sua origem e missão celestiais. Ver "Milagres", em 1Rs 17:22.

    * 10:38

    o Pai está em mim, e eu estou no Pai. Esta mútua interioridade entre Pai e Filho é característica dos relacionamentos dentro da Trindade.

    * 10.39

    ele se livrou. João não nos dá detalhes, mas torna claro que nada poderia acontecer a Jesus até que Deus determinasse a hora (7.44; 8.59).


    Matthew Henry

    Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
    Matthew Henry - Comentários de João Capítulo 10 do versículo 1 até o 42
    10:1 De noite, freqüentemente se juntavam as ovelhas dentro de um redil para proteger as de ladrões, do tempo ou de animais selvagens. Os redis eram covas, apriscos ou áreas abertas rodeadas de paredes construídas de pedras ou ramos. Pelo general, o pastor dormia dentro do redil para proteger as ovelhas. Do mesmo modo que um pastor cuida de suas ovelhas, Jesus, o Bom Pastor, cuida de seu rebanho (quem o segue). O profeta Ezequiel, ao predizer a vinda do Messías, chamou-o pastor (Ez 34:23).

    10:7 No redil, o pastor cumpria a função de porta, permitindo a entrada às ovelhas e as protegendo. Jesus é nossa porta à salvação de Deus. Oferece o acesso ao amparo e à segurança. Cristo é nosso protetor. Algumas pessoas levam a mal que Jesus seja a porta, o único caminho de acesso a Deus. Mas Jesus é o Filho de Deus. por que teríamos que procurar outro caminho ou por que quereríamos uma forma de abordar a Deus feita a medida? (Vejam-se também as notas a 14.6.)

    10:10 Em contraste com o ladrão que vem para arrebatar a vida, Jesus dá vida. A vida que O dá agora é abundantemente mais rica e plena. É eterna e, entretanto, começa imediatamente. A vida em Cristo se desfruta em um plano mais elevado devido a seu lhe superabundem perdão, amor e direção. aceitou a vida que lhe oferece Cristo?

    10.11, 12 O assalariado cuida as ovelhas por dinheiro, enquanto que o pastor o faz por amor. O pastor é o dono das ovelhas e se dedica a elas. Jesus não só leva a cabo uma tarefa, mas sim está dedicado a nos amar e inclusive a dar sua vida por nós. Os falsos professores e profetas não têm esta dedicação.

    MINISTÉRIO AO OUTRO LADO DO Jordan : Jesus esteve em Jerusalém para a Festa dos Tabernáculos (7.2); logo pregou em várias aldeias, talvez na Judea, antes de voltar para Jerusalém para a Festa da Dedicação. De novo provoca a irritação dos líderes religiosos, quem tratou de prendê-lo, mas O sai da cidade e vai ao outro lado do Jordão para pregar.

    10:16 As "outras ovelhas" eram os gentis. Jesus veio para salvar a gentis e judeus por igual. Esta é uma revelação de sua missão mundial: morrer pelos pecados do mundo. A gente tende a querer limitar as bênções de Deus a seu grupo, mas Jesus não aceita que o limitem as barreiras que erigimos.

    10.17, 18 A morte e ressurreição de Cristo, como parte do plano de Deus para a salvação do mundo, estavam totalmente sob o controle de Deus. Ninguém podia matar ao Jesus sem seu consentimento.

    10.19, 20 Se Jesus só tivesse sido um homem, suas declarações de que era Deus teriam provado sua loucura. Mas seus milagres demonstraram que suas palavras eram certas: O verdadeiramente era Deus. Os líderes judeus não viam além de seus próprios prejuízos e olhavam ao Jesus unicamente de uma perspectiva humana: Jesus confinado a um corpo humano. Mas ao Jesus não o pode limitar esta visão restringida.

    10:22, 23 A Festa da Dedicação comemorava a restauração do templo sob o Judas Macabeo em 165 a.C., depois que Antíoco Epífanes o profanasse ao sacrificar um porco sobre o altar do holocausto. A festa se celebrava no fim de dezembro. Esta é também a atual Festa das Luzes, chamada Hanukah.

    10:23 O pórtico do Salomão era uma galeria coberta sustentada por grandes colunas de pedra a qual se encontrava no pátio do templo apenas transpostos os muros.

    10:24 Muitas pessoas que pedem provas o fazem por motivos que não correspondem. A maioria daqueles cuestionadores não desejavam seguir ao Jesus como O queria. Tinham a esperança de que Jesus se proclamasse Messías por razões não exatamente corretas. A eles, ao igual à os discípulos e o resto da gente na nação judia, lhes teria encantado que O tivesse jogado aos romanos. Entretanto, muitos não pensavam que o faria. Estes que duvidavam tinham a esperança de que se identificasse para acusar o de mentiroso (como fizeram os fariseus em 8.13).

    10:28, 29 Do mesmo modo que um pastor protege suas ovelhas, Jesus protege a seu povo do dano eterno. Apesar de que é de esperar que os crentes sofram na terra, Satanás não pode danificar suas almas nem lhes tirar sua vida eterna com Deus. Existem muitas razões para sentir temor aqui na terra porque este é território do diabo (1Pe 5:8). Mas se decide seguir ao Jesus, O lhe dará segurança eterna.

    10:30 Esta é a declaração mais clara de sua divindade que Jesus tenha expresso jamais. Jesus e seu Pai não são a mesma pessoa, mas em essência e natureza são um. daqui que Jesus não é um simples bom professor: O é Deus. Esta declaração não deixava lugar a dúvidas. Os líderes religiosos desejavam matá-lo porque suas leis diziam que qualquer que proclamasse ser Deus devia morrer. Não havia nada que pudesse persuadir os de que a declaração do Jesus era verdade.

    10:31 Os líderes judeus tentaram cumprir a diretiva que se encontra em Lv 24:16 com respeito aos blasfemos (os que afirmam ser Deus). Tinham a intenção de apedrejar ao Jesus.

    10.34-36 Jesus se referia ao Sl 82:6, onde a governadores e juizes israelitas lhes chama "deuses" (vejam-se também Ex 4:16; Ex 7:1). Se Deus chamou deuses aos líderes israelitas porque eram agentes da revelação de Deus e de sua vontade, como podia ser blasfêmia que Jesus se chamasse o Filho de Deus? Jesus estava repreendendo aos líderes religiosos porque O é o Filho de Deus em uma singular e sem paralelos relação de unidade com o Pai.

    10:35 "A Escritura não pode ser quebrantada" é uma clara declaração da verdade da Bíblia. Se aceitarmos a Cristo como Senhor, também devemos aceitar seu testemunho da Bíblia como Palavra de Deus.

    OS NOMES DO Jesus

    Em distintas situações, Jesus se atribuiu nomes que assinalavam papéis especiais que estava disposto a cumprir para as pessoas. Alguns destes se remontam às promessas do Messías do Antigo Testamento. Outros eram maneiras de ajudar às pessoas a entendê-lo.

    6.27: O Filho do Homem

    Forma favorita do Jesus para referir-se ao mesmo. Este enfatiza sua humanidade, mas da maneira que a utilizava, resultava ser um anúncio de divindade.

    6.35: O pão de vida

    refere-se a seu papel de doador de vida, O é a única fonte de vida eterna.

    8.12: A luz do mundo

    A luz é um símbolo de verdade espiritual. Jesus é a resposta universal à necessidade do homem de verdade espiritual.

    10.7: A porta das ovelhas

    Jesus é o único caminho que leva a Reino de Deus.

    10.11: O bom pastor

    Jesus se apropriou das imagens proféticas do Messías que aparecem no Antigo Testamento. Esta é uma manifestação de divindade enfocada no amor e a direção do Jesus.

    11.25: A ressurreição e a vida

    Jesus não só é a fonte da vida, também é o poder sobre a morte.

    14.6: O caminho, a verdade e a vida

    Jesus é o método, a mensagem e o significado para todas as pessoas. Mediante este título resume o propósito pelo que veio à terra.

    15.1: A videira

    Este título tem uma importante segunda parte: "vós os pámpanos". Da mesma maneira que ocorre com muitos de seus outros nomes, Jesus nos recorda que assim como os pámpanos obtêm vida da videira e não podem viver separados dela, dependemos por completo de Cristo para obter vida espiritual.


    Wesley

    Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
    Wesley - Comentários de João Capítulo 10 do versículo 1 até o 42
    U. JESUS ​​a porta eo Pastor (10: 1-21)

    1 Em verdade, em verdade eu vos digo: quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. 2 Mas o que entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3 A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama as suas ovelhas pelo nome e as conduz para fora. 4 Quando ele pôs para trás todos os seus, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem. porque conhecem a sua voz 5 E um estranho eles não vão seguir, mas fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. 6 esta parábola Jesus lhes: mas eles não entenderam o que era que lhes dizia.

    7 , portanto, Jesus disse-lhes de novo: Em verdade, em verdade eu vos digo. Eu sou a porta das ovelhas. 8 Todos os que vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. 9 Eu sou a porta; por mim, se alguém entrar, ele será salvo, e entrará, e sairá, e achará pastagem. 10 O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e pode ter isso em abundância. 11 Eu sou o bom pastor.: o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas 12 Aquele que é mercenário, e não um pastor, de quem não são as ovelhas, está vendo a vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge, eo lobo arrebata arrebata e dispersa -los : 13 foge porque é mercenário, e não tem cuidado com as ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor; e eu sei que é meu, e meu próprio me conhecem, 15 assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. 16 E tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e eles se tornarão um só rebanho e um só pastor. 17 Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida, para que eu possa levá-la de novo. 18 Ninguém ma tira de mim, mas eu a dou por mim mesmo. Eu tenho poder para a dar, e tenho poder para tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.

    19 Surgiu uma divisão entre os judeus por causa destas palavras. 20 E muitos deles diziam: Tem demônio, e perdeu o juízo; por que ouvi-lo? 21 Diziam outros: Estas não são as palavras de um endemoninhado. Pode um demônio abrir os olhos aos cegos?

    A cura do cego (cap. Jo 9:1) aconteceu em Jerusalém, provavelmente perto do Templo. No presente capítulo Jesus está a ser dito no pórtico de Salomão no Templo na Festa da Dedicação. Devido à estreita ligação entre estes dois capítulos pode-se supor que o conflito sobre o cego ali teve lugar também.

    O discurso sobre o Bom Pastor é chamado de uma parábola (KJV e ASV), uma alegoria (Weymouth), e uma figura (RSV). O substantivo grego é paroimia que pode ser traduzida como "parábola" ou "provérbio." A conta tem algumas das marcas da parábola do semeador (Mc 4:1)

    22 E foi a festa da dedicação em Jerusalém: 23 era inverno; e Jesus estava andando no templo, no pórtico de Salomão. 24 Os judeus, veio ao redor dele, e disseram-lhe: Até quando tu nos manter em suspense? Se tu és o Cristo, dize-nos claramente. 25 Jesus respondeu-lhes: Eu lhe disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de mim 26 Mas vós não credes, porque não sois . das minhas ovelhas 27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem: 28 e eu lhes dou a vida eterna; e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. 29 Meu Pai, que deu a eles a mim, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá -las . sair da mão do Pai 30 . Eu eo Pai somos um 31 . Os judeus pegaram pedras para apedrejá-lo novamente 32 Respondeu-lhes Jesus: Muitas obras boas vos tenho mostrado a partir do Pai; por qual destas obras ides apedrejar-me? 33 Os judeus responderam-lhe: Para uma obra boa, apedrejar-te que não, mas por blasfêmia; e porque, sendo tu homem, te fazes Dt 34:1. , na sua forma mais breve: "Tu) Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma e com toda tua mente "Em outra ocasião, um advogado perguntou a Jesus o que ele deve fazer para herdar a vida eterna (. Lc 10:25 ), e quando Jesus referiu-lo de volta à lei por uma resposta, o advogado citou a mesma passagem do Antigo Testamento. Jesus e os judeus foram acordados sobre o que foi fundamental na religião. A este respeito, os judeus não estavam longe do Reino. Se eles estivessem dispostos a reconhecer este acordo de base, se eles poderiam ter reconhecido que este amor a Deus e homem era inerente a mensagem de Jesus, e se eles se tinham deixado seguir de lá para conhecer e compreender melhor a Jesus, eles teriam sido contados entre suas ovelhas . Eles teriam sido incluídos quando Ele disse: Eu lhes dou a vida eterna; e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão . Jesus garantiu esta na base do poder de Deus, o Pai, da mão de quem ninguém pode arrebatá-las.

    A doutrina da segurança eterna incondicional tem sido sustentada, em parte, a força dessa promessa de Deus de manter o poder-se Deus é protetor do cristão, e nada pode tirá-lo de Deus, ele é sempre seguro e salvo. A este respeito Westcott aponta para a necessidade de distinguir "entre a certeza das promessas de Deus e Seu infinito poder, por um lado, e à fraqueza e variableness da vontade do homem, do outro." Ninguém, nenhuma coisa, pode roubar a Cristo de Sua seguidores, pois Ele eo Pai são um , mas o discípulo pode deixar de seguir, se ele escolhe. No mesmo contexto, Westcott acrescenta: "Nós não podemos ser protegidos contra nós mesmos, apesar de nós mesmos."

    O zelo dos fariseus para, não a lei moral legal a lei-nem a lei do amor-os levou a tentar aplicá-la no local. Eles montaram sobre o recolhimento de pedras, pois Jesus tinha blasfemado, alegando unidade com Deus e blasfêmia com punível por apedrejamento (Lv 24:16 ). Havia dez infracções adicionais que poderiam ser punidos com o apedrejamento, de acordo com a lei do Antigo Testamento. Se os fariseus tinham sido igualmente zelosos da lei moral não teria havido nenhum conflito. Quando alguém se lembra de que toda a vida dos fariseus foi vivida pela manutenção da lei minuto, como foi formulado e interpretado à tradição dos antigos, não é difícil entender a sua oposição a este jovem que alegou ter vindo de Deus, falando as palavras e fazer as obras de Deus, enquanto Ele corajosamente desrespeitado a tradição dos anciãos. Mas, embora seja compreensível, não é desculpável. A história unlovely das religiões, às vezes até mesmo da religião cristã, revela que a perseguição religiosa tem sido do tipo mais grave, e que os perseguidores frequentemente condenar aqueles que estão mais próximos a eles em suas doutrinas e práticas, mas que se desviam um pouco com eles. Os incrédulos muitas vezes não são molestadas; a maioria dos mártires vêm das fileiras dos crentes que são rotulados hereges.

    Para os fariseus Jesus era um herege, um radical que estava tentando mudar as coisas, e na mudança, para destruir. A única maneira que sabia lidar com discordância foi a destruí-lo. Mas este método tem sido sempre o resort de fracos e covardes, não do corajoso e verdadeiro. Se Jesus tivesse adotado esse princípio, Ele teria acolhido a sugestão de Tiago e João que fazer descer fogo do céu para "consumir" os samaritanos que se recusou a receber Jesus em sua aldeia, porque Ele tinha a intenção de ir a Jerusalém (Lc 9:54 ; Jr 23:7 ). Jesus desafiou os judeus a ter tanta consciência e tão sensível para o funcionamento de Deus, como eram seus pais. Parece evidente que o fizeram entender seu raciocínio; se não, eles teriam perguntas dele, porque tinha feito isso antes. Mas porque eles fizeram entender, e não gostou do que eles tinham ouvido falar, eles estavam indo a ponto de destruí-lo.

    Tivessem os fariseus realizada em seu propósito declarado, a sua acção teria sido pouco aquém da violência da multidão. Como foi o processo de recolha de pedras e o argumento de Jesus deu-lhes tempo para pensar sobre suas intenções precipitadas. Eles não podiam negar o fato de que o homem cego foi curado, de modo que caiu essa questão. Da mesma maneira que soltou a acusação de violar o sábado, porque este estava envolvido na cura; o homem tornou-se um forte defensor de Jesus (9: 24-34 ). A percepção de que Jesus lhes tinha assimilado a jornaleiro pastores (Jo 10:12 ), que tinha lançado uma ovelha aflitos do rebanho (Jo 9:34) veio tão perto da verdade que eles estavam contentes de cair nada tendo a ver com o cego. Ficaram condenado perante o júri de tanto a sua lei ea sua consciência. Antes, tinham acusado Jesus de estar em um estado de espírito demente (Jo 8:48 ), mas agora eles sabiam que não estavam lidando com uma ameaça pública irresponsável, mas com um adulto sadio, totalmente responsável, que sabia o que estava falando e foi preparado para provar isso. E assim blasfêmia era seu único recurso para uma acusação contra ele. O calor de sua raiva inicial de ter um pouco diminuído sob a pressão da razão, eles não decidiu pedra Jesus mas para colocá-lo na prisão. "Mas ele escapou de suas mãos" (v. Jo 10:39 RSV).


    Wiersbe

    Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
    Wiersbe - Comentários de João Capítulo 10 do versículo 1 até o 42
    Os eventos da primeira metade des-se capítulo (vv. 1-21) acontecem logo depois da expulsão do homem que fora cego, em 9:34, enquanto os ensinamentos da última metade (vv. 22-42) acontecem dois ou três meses depois. O simbolismo do pastor e de suas ovelhas amarra o capítulo como um todo.

    1. A imagem (10:1-6)

    Esses seis primeiros versículos re-tratam o relacionamento do pastor com suas ovelhas. O versículo 6 chama esse retrato de "parábola", mas a melhor palavra seria alegoria. Cristo apenas lembra às pessoas de como agem o pastor e as ovelhas. Mais adiante no capítulo, ele faz uma aplicação mais direta.

    No Oriente Médio, o aprisco de ovelhas era muito simples: tinha um muro de pedra em volta, talvez Ct 3:0.) Cristo, como bom Pastor, dá sua vida na cruz (SI 22); como o grande Pastor, ele cui-da das ovelhas (He 13:20 e SI 23); como o Supremo Pastor, ele volta em glória para suas ovelhas (SI 24 e 1Pe 5:4). No versículo 18, ele fala de sua morte e de sua ressurreição.

    1. O rebanho (vv. 16-21)

    As "outras ovelhas" são os gentios, os quais não estavam no rebanho judeu. Jesus devia trazê-los, e ele faz isso por intermédio de sua voz, sua Palavra. EmAt 10:0).

  • Elas têm vida eterna e são seguras. Os versículos 28:29 afir-mam a maravilhosa segurança que os verdadeiros crentes têm em Cristo. Nós temos vida eterna, não apenas vida "pelo tempo que não pecarmos". Estamos no cuidado de Cristo e nas mãos do Pai, uma garan-tia dupla de preservação eterna para suas ovelhas. Somos o presente do Pai para o Filho, e o Pai não pegará de volta o presente. A ovelha é uma bela ilustração do cristão. A ovelha é um animal limpo, e os cristãos fo-ram purificados de seu pecado. As ovelhas andam em bandos, e os ver-dadeiros cristãos também. A ovelha é inocente, e os cristãos devem ser sem culpa e inocentes. A ovelha va-gueia, e nós também! A ovelha pre-cisa do pastor para protegê-la, para orientá-la e para alimentá-la, e nós precisamos de Cristo para dar-nos proteção espiritual, orientação diá-ria e alimento espiritual. A ovelha é útil e produtiva, como também o são os verdadeiros cristãos. Por fim, usavam a ovelha para sacrifícios, e os cristãos estão dispostos a entre-gar-se como "sacrifício vivo" por Cristo (Rm 12:1).
  • Os judeus provaram sua des-crença ao tentar matar Cristo. Ele refutou-os ao citar Sl 82:6. Se Jeová chamou os juizes terre-nos de "deuses", sem dúvida Jesus pode chamar a si mesmo de Filho de Deus! Cristo, com cuidado para não correr risco desnecessário, dei-xou a cena. Muitos foram a ele e depositaram nele sua fé. Eles, pela fé, passaram pela Porta, saíram do rebanho religioso judeu e entraram na liberdade e na vida eterna que apenas Cristo pode dar.


    Russell Shedd

    Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
    Russell Shedd - Comentários de João Capítulo 10 do versículo 1 até o 42
    Cap. 10 A conexão com o cap. 9 se encontra na expulsão do crente (9.34); Cristo, porém, o aceita, abrigando-o no novo rebanho de Sua Igreja (16) e tornando-o uma das Suas ovelhas (10.3, 4,14).
    10.1 Verdade... (gr amen, de origem heb, "munâ", "fidelidade", "digno de confiança"). Esta frase demonstra a autoridade messiânica de Jesus (3.3; 5.24, etc.). Não entra pela porta. São os falsos mestres que, rejeitam a Cristo, a Porta (7). Conforme 9:39-41.

    10.3 Porteiro. Talvez seja João Batista que prefigura os líderes genuínos do povo de Deus (1Pe 5:2-60). Chamo pelo nome. Conforme 1.47s. Conduz... Os crentes em Cristo são convidados a deixar o judaísmo (veja o livro de Hebreus) para seguir a Cristo.

    10.4 Fazer sair. Jesus cumpre a figura de Josué (Nu 27:17). • N. Hom. "Quem é o Bom Pastor?"
    1) O porteiro abre para Ele (3; conforme 1.29ss);
    2) as ovelhas reconhecem a Sua voz;


    3) Jesus as conhece por nome (3);
    4) Ele as conduz para o aprisco real (16);
    5) vai adiante para a cruz (conforme Mc 8:34).

    10.6 Parábola (gr paroimia, "figura", "adágio"; 16.25, 29; 2Pe 2:22). Os vv. 1-5 contém a parábola; 7-18 têm a explicação feita por Jesus.

    10.7,9 Eu sou a porta. Como o único meio de acesso a Deus (Mt 7:13, Mt 7:14; Jo 14:6). No Seu cuidado por nós, Ele é o Bom Pastor.

    10.8 Todos quantos vieram antes de mim, seriam os falsos cristos e líderes maus dos judeus (cf. Ez 34.1ss; Zc 10:3, Zc 11:15-38; conforme Sl 23:0; 1Jo 4:6-62.

    10.16 Outras ovelhas (gr alla, "outras do mesmo tipo"). Refere-se aos crentes gentios que se unirão ao verdadeiro Israel. Cristo não será Salvador nacional apenas, mas mundial. Aprisco. Israel. Rebanho. A Igreja universal com sua cabeça, Cristo, o supremo Pastor. 10.18 A obediência de, Cristo (Rm 5:19) necessariamente inclui a espontânea entrega de Sua vida. Reavê-la. Pela ressurreição.

    10:22-30 O diálogo na festa da dedicação ou luzes. Comemorava a purificação do templo (164 a.C.) após a contaminação por Antíoco Epifânio (1 Mc 4:36, Mc 4:39). Lembra-nos que o altar cristão é a cruz.

    10.23 Pórtico de Salomão. Os cristãos em breve estariam lá (At 3:11; At 5:12).

    10:24-30 Reconhecer que Jesus é um com Deus exige fé para compreender.
    10.27 Me seguem. As ovelhas dependem do Pastor e obedecem-Lhe a voz.

    10.28,29 A segurança do crente depende da decisão de Cristo e do Pai. Elas estão completamente seguras na mão do Filho e do Pai (14.23;Cl 3:0; Êx 21:6; 22:9, 28) quanto mais teria o Filho direito a este título. A Escritura não pode falhar. A Palavra inspirada de Deus é infalível (2Tm 3:16). Santificou. Melhor, "consagrou", separou para esta missão (He 10:10)

    10.37 Obras do meu Pai. Os milagres de Cristo não puderam ser atribuídos a poder satânico

    10.38 Fé, no evangelho de João, antecede o "saber e compreender".


    NVI F. F. Bruce

    Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
    NVI F. F. Bruce - Comentários de João Capítulo 10 do versículo 1 até o 42

    4) O bom pastor (10:1-21)
    Essa seção é um desenvolvimento das questões suscitadas no cap. 9. Os pastores de Israel tinham fracassado; agora o Bom Pastor assume. O trecho é uma longa parábola (gr. paroimia, v. 6), e a alternância entre simbolismo e realidade precisa ser seguida cuidadosamente pelo leitor, v. 2. Aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas: Aqui está uma referência direta a algo que a maioria dos judeus via diariamente; mas, mais tarde, tanto a porta (v. 7) quanto o pastor (v. 10,14 etc.) simbolizam diferentes aspectos do próprio Jesus. A formulação sugere que o porteiro era alguém pago por um grupo de pastores coletivamente para cuidar de suas ovelhas em um aprisco, visto que Jesus se refere por inferência a diversos pastores (v. 16) e repete a expressão suas ovelhas em diversas ocasiões (v. 3,4,12,14). v. 6. comparação (gr. paroimia) é usado somente por João entre os autores dos Evangelhos (conforme 2Pe 2:22 e Pv 1:1, LXX) e parece significar uma “expressão velada” em contraste com a fala direta (conforme 16.25,29). 

    v. 7. Eu sou a porta das ovelhas'. Ele não diz “do aprisco”, pois está interessado nas ovelhas; assim, talvez a idéia seria: “Eu sou a porta para as ovelhas”, v. 8. Todos os que vieram antes de mim\ A ênfase aqui é diferente do v. 7. Cristo é o único caminho para a segurança do aprisco de Deus. Mas, uma vez que entram, as ovelhas desfrutam de liberdade completa, v. 11. Eu sou o bom pastor. Deus é retratado como o Pastor de Israel no AT (cf.  Sl 23:1; Is 40:11; Jr 31:9; Ez 34 et alia). O grego kalos aqui sugere a beleza da perfeita competência como também de bondade moral. O verdadeiro cuidado das ovelhas é gerado pelo direito de propriedade. Os que não têm direito sobre as ovelhas fogem quando há perigo, mas Jesus, em virtude do relacionamento que tem com o seu Pai (conforme v. 15), entrega sua vida pelas ovelhas, v. 16. outras ovelhas'. São os gentios. Eles já são suas ovelhas, embora ainda precise trazê-los para se juntar às outras; assim, vão constituir um rebanho — não “um aprisco” (VA) — em virtude de sua ligação com aquele que é um só pastor. Esses versículos têm influência evidente sobre os métodos de se buscar a unidade cristã (conforme Ef 2:11-49; Ez 34:23); como em 11.52, é o próprio Cristo que ajunta os “filhos de Deus que estão espalhados, para reuni-los num povo”,

    v. 17. Por isso éque meu Pai me ama\ A perfeita conformidade da vontade entre Filho e Pai é mostrada, diz Jesus, no fato de ele dar a sua vida. para retomá-la\ A ressurreição de Cristo no NT é sistematicamente tratada como um ato de Deus. Aqui, no entanto, Jesus mostra que é algo de que ele vai participar com a ação de dar a vida (gr. labo), recebendo-a novamente. v. 18. Tenho autoridade-. Isto é, a liberdade soberana é a prerrogativa de Jesus na sua encarnação. Mas ele dá a sua vida em virtude da ordem do Pai, o que fala tanto da autoridade do Pai como da capacidade do Filho de saber o que é a vontade do Pai. Os v. 19-21 seguem muito bem o trecho que termina em 9.41, e alguns estudiosos os transferem para essa posição; mas, visto que não há evidência textual para isso, a justificativa é insuficiente.


    5) O último encontro com os judeus (10:22-42)
    v. 22. a festa da Dedicação (heb. hanukkah)'. Essa festa celebrava a rededicação do templo em 164 a.C., por Judas Macabeu, depois da sua profanação por Antíoco Epifânio. Uma característica proeminente dessa festa era a iluminação gerada pelas lâmpadas que eram acesas no templo e nas casas em torno dele. v. 24. Se é você o Cristo, diga-nos abertamente'. Esse não era um desejo sincero de saber, mas uma pergunta feita por aborrecimento pelos judeus que até então não tinham conseguido pegar Jesus nos seus próprios argumentos. Mas Jesus não pode lhes dizer abertamente, pois, com seus pontos de vista errados, tanto um “sim” quanto um “não” teriam sido interpretados incorretamente. Ou ele precisa mostrar sinais messiânicos de acordo com as Escrituras, ou então precisa se tornar o tipo de Messias que eles querem, v. 26. vocês não crêem, porque não são minhas ovelhas-. As ovelhas reconhecem o seu pastor naquilo que faz. Mas o simples fato de que esses judeus fizeram essa pergunta os coloca total e verdadeiramente fora do rebanho de Deus. v. 27. Aliás, o segui-lo por parte das ovelhas e o conhecê-las por parte do pastor são mútuos,

     v. 30. Eu e o Pai somos um (gr. Aen): O gênero neutro descarta qualquer idéia de que isso signifique “uma Pessoa”. Esse não é um comentário acerca da Trindade. Antes, tendo falado da segurança das ovelhas tanto nele quanto no Pai, Jesus ressalta o que ele disse, ao indicar que, na ação, o Pai e ele podem ser considerados uma única entidade, pois suas vontades são uma só. v. 33. blasfêmia: A tradição legal judaica, fundamentada na Mishná e em outros textos rabínicos, declarava como blasfêmia qualquer afirmação em que um homem pronunciasse o Nome Inefável. Mas a acusação deles é uma conseqüência trágica da sua cegueira. Jesus é de fato tanto Homem quanto Deus. v. 34. Não está escrito [...] ‘Eu disse: Vocês são deuses’?'. Essa resposta, com seu apelo a Sl 82:6, é um argumento tipicamente rabínico. Parece sugerir: “Eu lhes dei a verdade de forma alegórica. Vocês não conseguem aceitar isso. Muito bem, agora vou ao encontro de vocês com o tipo de argumento de que vocês gostam” (conforme 7:15-24; Mc 12:35ss). O salmo é uma referência aos juízes de Israel — às vezes chamados “príncipes” — que, embora falhassem, eram chamados “deuses” porque administravam a justiça como parte de sua comissão divina. Como, então, eles podem acusar Jesus de blasfêmia se ele foi evidentemente enviado por Deus (v. 36)? v. 38. o Pai está em mim, e eu no Pai\ Essas palavras vão ocorrer mais uma vez na grande oração do Senhor (conforme 17,21) e vão ser discutidas aí. v. 40. Jesus retorna ao lugar em que começou o seu ministério. As associações com João Batista são fortes aqui, como sugere Temple. Jesus pode ter lembrado novamente toda a história do seu surgimento em público. João, de fato, falou a verdade. Isso é evidente. E, com base nessa evidência, muitos crêem nele (v. 42).


    Moody

    Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
    Moody - Comentários de João Capítulo 10 do versículo 1 até o 42

    João 10

    N. Cristo, o Bom Pastor. Jo 10:1-42.

    O cenário continua sendo Jerusalém. Logo se percebe uma ligação entre a apresentação de Cristo como o Bom Pastor e os acontecimentos dos capítulos precedentes. Os fariseus, agindo como mercenários, não se preocupavam realmente com as ovelhas, como se evidencia através de sua atitude em relação ao homem cego. Quando ele foi expulso, Jesus se aproximou e o acolheu no seu aprisco.


    Moody - Comentários de João Capítulo 10 do versículo 19 até o 21

    19-21. Pela terceira vez neste Evangelho lemos sobre a divisão (schisma) criado por Jesus entre os seus ouvintes (cons. Jo 7:43; Jo 9:16). Muitos queriam rejeitá-lO como endemoninhado e indigno de ser ouvido. Outros ficaram impressionados com as palavras que dizia (sem dúvida devido a sua devoção pelas ovelhas) unidas com a lembrança do milagre realizado com o homem cego.


    Francis Davidson

    O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
    Francis Davidson - Comentários de João Capítulo 10 do versículo 1 até o 21
    c) A alegria do Bom Pastor (Jo 10:1-43, colocando-a depois de Jo 9:41, como alguns comentaristas recomendam. Os termos da alegoria são completos, entretanto, tomam-se compreensíveis com o desenvolvimento do tema. Jesus usa uma metáfora apropriada, dando-lhes sua interpretação. A forma de ensino que se usa chama-se, no original grego, paroimia (6), e não parabole. É mais alegoria do que parábola. Sem exagerar a distinção, pode-se dizer que paroimia é mais do que provérbio, é tipo de metáfora. O capítulo 9 termina com palavras solenes de advertência aos fariseus. A frase em verdade, em verdade, de Jo 10:1, introduz uma amplificação do discurso anterior, em forma de alegoria.

    Os fariseus já se revelaram incompetentes para serem guias espirituais (cfr. vers. 4). O aprisco (1) oriental é cercado de pedras, no qual há uma porta. As ovelhas entram ali ao anoitecer e são vigiadas pelo porteiro que guarda a entrada. O pastor volta pela manhã, e para ele o porteiro abre a porta (3). O ladrão tentaria pular uma parte do muro longe da entrada (1). A maneira de entrar no curral revela quem é o verdadeiro pastor (2). Outrossim, as ovelhas conhecem o pastor, pois lhe reconhecem a voz (5). O genuíno pastor conhece as suas ovelhas, chama-as pelos nomes e as conduz para fora (3). "O caráter indefeso da ovelha contrasta-se com a ação independente do pastor. A liberdade da ovelha depende dessa ação do pastor, é somente por seu intermédio que a ovelha desfruta de liberdade" (Hoskyns). O pastor vai adiante de suas ovelhas para guiá-las, e elas o seguem (4).

    Os fariseus não podem entender a mensagem desta alegoria. Não percebem que a sua ação em excomungar o homem outrora cego contrasta com a do pastor que o recebeu cordialmente. A sua incompreensão evidencia auto-satisfação cega. Eles entendem perfeitamente os termos pastorais da alegoria, sem poderem compreender o seu significado (6).

    >Jo 10:7

    Jesus agora interpreta a alegoria. Identifica-se com a porta das ovelhas (7). No Oriente Médio, o pastor freqüentemente se deitava à porta, tornando-se literalmente "a porta" das ovelhas. Não há nenhuma justificativa para a tradução desta frase, como "eu sou o pastor das ovelhas", segundo os manuscritos existentes.

    Jesus é a porta, tanto de entrada como de saída. Por Ele entramos à presença do Pai (Jo 14:6) e por Ele saímos para uma vida de liberdade e serviço. Jesus põe de lado a falsa autoridade dos fariseus que usurpam, injustificavelmente, a posição de liderança espiritual. "Em relação ao curral, Cristo é a porta" (Westcott).

    >Jo 10:8

    Jesus compara as Suas reivindicações de ser a porta, com as dos falsos pastores: todos quantos vieram antes de mim, são ladrões e salteadores (8). Esta se refere provavelmente aos lobos contra os quais o verdadeiro pastor mantinha sempre uma luta constante. Os lobos da alegoria representam toda a hierarquia religiosa que ofusca o ensino de Deus, colocando as tradições humanas no lugar dos mandamentos divinos. As ovelhas reconhecem os impostores, os lobos disfarçados em ovelhas, e não são enganados. Só Jesus é a porta das ovelhas (9). Só Ele pode mediar entre Deus e o homem para a salvação. "Não aos fariseus, mas a Jesus só, compete a admissão ou a rejeição no aprisco de Deus" (Expositor’s Greek Testament). Entrará e sairá e achará pasto (9). Esta linguagem pitoresca expressa completa liberdade de ação, junto com satisfação e segurança. Cfr. Nu 27:15-4.

    >Jo 10:10

    Jesus agora compara o objetivo dos ladrões com o Seu. O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir (10). Ele quer explorar os outros. Torna-se patente, no fim, que os seus objetivos são prejudiciais. Cristo veio para que tivessem vida e a tivessem em abundância (10).

    A frase relembra a superabundância da graça divina. O propósito de Cristo é de lhes proporcionar em abundância tudo o que enriquece a vida. Cfr. Sl 23:1. Jesus se descreve agora como o bom pastor que dá a sua vida pelas ovelhas. A morte de Jesus é voluntária. Ele dá, ou entrega, a sua vida. "A metáfora salienta o aspecto do risco na presença de perigo, mais do que a perda de vida" (Brooks). Entretanto, o sacrifício da sua vida é também contido na expressão, bom pastor; "bom" pode significar belo, nobre, competente. A metáfora estende a sua aplicação da porta para o pastor, dos falsos mestres, como ladrões, para o mercenário. Esta transição de pensamento é natural à mente hebraica. O mercenário, que pastoreia as ovelhas para fins lucrativos, as abandona na hora de perigo (12). Não tem genuína solicitude para com as ovelhas, pois não são dele (13). Desta maneira o rebanho se torna vítima dos lobos. O bom pastor conhece as suas ovelhas; este conhecimento é recíproco e o leva a dar a sua vida por elas (15). O estreito conhecimento entre o pastor e as ovelhas corresponde ao que existe entre o Pai e o Filho. Ainda tenho outras ovelhas (16). Estas outras são os gentios que compartilharão os benefícios do Seu sacrifício. Haverá um rebanho e um pastor (16). Os apriscos podem ser muitos. Há, porém, somente um rebanho.

    >Jo 10:17

    O Filho tem autoridade, não somente para dar a sua vida, mas também para reassumi-la (17). A Sua morte não foi uma tragédia devida a circunstâncias que Ele não pôde controlar. Foi voluntária a ação em dar a Sua vida. Mais ainda, Ele pode reassumi-la na ressurreição. Embora Sua ação provenha do Seu livre arbítrio, Sua morte foi divinamente determinada, pois tal morte é a condição necessária imposta pelo amor do Pai (17). Jesus recebeu uma comissão do Pai, portanto, depende dEle para cumpri-la (cfr. Jo 5:30). A idéia de reassumir a Sua vida concorda com o ensino de outros passos que atribuem a ressurreição do Filho à operação do Pai. Este discurso divide mais ainda os judeus (19). Alguns afirmam que está louco; enquanto outros acham que a Sua linguagem não é de um lunático. Mas outros lembram o prodígio da cura e dizem: pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos? (21).


    John MacArthur

    Comentario de John Fullerton MacArthur Jr, Novo Calvinista, com base batista conservadora
    John MacArthur - Comentários de João Capítulo 10 do versículo 1 até o 42

    36 — O Bom Pastor (João 10:1-21)

    "Em verdade, em verdade vos digo que, quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. Mas o que entra pela porta é o pastor das ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, e ele chama as suas ovelhas pelo nome e as conduz para fora. Quando ele coloca diante de todos os seus, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem porque porque conhecem a sua voz. Um estranho eles simplesmente não vai seguir, mas fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos ".Esta figura de linguagem Jesus falou-lhes, mas eles não entenderam o que essas coisas eram o que Ele havia dito a eles. .. Então Jesus disse-lhes de novo: "Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas Todos os que vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não lhes deram ouvido Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, será salvo, e vai entrar e sair e achará pastagem O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir;. Eu vim para que tenham vida, ea tenham em abundância Eu sou o bom pastor;. o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Aquele que é mercenário, e não pastor, de que não é o proprietário das ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas e foge, eo lobo as arrebata e dispersa .—los Ele foge, porque é mercenário e não se preocupa com as ovelhas Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai;. e eu coloco . a minha vida pelas ovelhas Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; devo trazê-los também, e elas ouvirão a minha voz, e eles se tornarão um só rebanho e um só pastor. Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para que eu possa levá-la novamente. Ninguém ma tira de mim, mas eu a dou por mim mesmo. Eu tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai. "Ocorreu uma divisão entre os judeus por causa destas palavras. Muitos deles diziam:" Ele tem um demônio e é insano. Por que você ouvi-lo? "Outros diziam:" Estas não são as palavras de um endemoninhado. Um demônio não pode abrir os olhos dos cegos, pode ele "(10: 1-21)?

    A Bíblia se refere a Jesus Cristo por muitos títulos. Ele é chamado de Amen (Ap 3:14; conforme 2Co 1:202Co 1:20.), O Alfa eo Omega (Ap 22:13), o advogado (1Jo 2:1), o Princípio (fonte, origem) da criação de Deus (Ap 3:14). , o Branch (Jr 23:5), o Cornerstone (Ef 2:20.), a consolação de Israel (Lc 2:25), o Conselheiro (Is 9:6), a porta das ovelhas (Jo 10:7), o Primogênito (Proeminente One) dos mortos (Ap 1:5), o Precursor (. He 6:20), o Grande Sumo Sacerdote (He 4:14), Deus bendito eternamente (Rm 9:5), o chefe da igreja (Cl 1:18), o Santo de Deus! (Jo 6:69), EU SOU (Jo 8:58), Emanuel (Is 7:14.), o Rei de Israel (Jo 1:49; conforme Zc 9:9), o Cordeiro de Deus (Jo 1:29), a luz do mundo (Jo 8:12), o Leão da tribo de Judá (Ap 5:5), o Senhor da Glória (1Co 2:8; 4: 25-26), o Deus Forte (. Is 9:6), o Unigênito (Único One) do Pai (Jo 1:14), o Príncipe da Paz (Is 9:6), o Justo (At 7:52), o Rock (1Co 10:4), a Raiz de Jessé, o Governador em (Is 11:10). Israel (Mq 5:2), Salvador (4 Tito 1 Lc 2:11). : 1), Shiloh (Gn 49:10), o Filho do Abençoado (Mc 14:61), o Filho de Davi (Mt 12:23; Mt 21:9); o Filho do Altíssimo (Lc 1:32), o Sol da Justiça (Ml 4:2), o Verdadeiro Deus (1Jo 5:20), o Verdadeiro Vine (Jo 15:1), a Palavra de Deus (Ap 19:13), e da Palavra da vida (1Jo 1:1 Deus disse: "Então eu porei sobre elas um só pastor, meu servo Davi [uma referência ao Messias, descendente de Davi], e ele vai alimentá-los, ele vai alimentá-los a si mesmo e ser seu pastor" (cf . 37:24). Miquéias profetizou que o Messias "surgem e pastorear o seu rebanho na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus" (Mq 5:4). O apóstolo Pedro descreveu Jesus como o Pastor de almas dos crentes (1Pe 2:25), e mais tarde como o Supremo Pastor da igreja (5: 4). O escritor de Hebreus fechou sua epístola com a bênção, "E o Deus da paz, que fez subir dentre os mortos o grande Pastor das ovelhas através do sangue da aliança eterna, mesmo Jesus, nosso Senhor, vos aperfeiçoe em toda boa coisa para fazer a sua vontade, operando em nós o que é agradável à sua vista, através de Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre Amém "(13 20:58-13:21'>Heb. 13 20:21).. Mesmo para além desta vida, Jesus continuará a apascentar o Seu povo por toda a eternidade no céu; "O Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida; e Deus lhes enxugará toda lágrima de seus olhos" (Ap 7:17).

    Em nenhum lugar em toda a Escritura é Jesus Cristo mais claramente retratado como o Pastor do seu povo do que no décimo capítulo do Evangelho de João. Esse discurso em que ele se apresenta como o Bom Pastor, flui diretamente dos acontecimentos do capítulo anterior; não há nenhuma diferença de tempo ou ruptura no pensamento entre os capítulos 9:10 (conforme 10:21). O Senhor continuou a falar com as mesmas pessoas-Seus discípulos, o mendigo cego anteriormente, os fariseus hostis, e os outros no sempre presente multidão.
    Esta seção do capítulo 10 abertura apresenta quatro distintivos do trabalho pastoral do Bom Pastor. É um ministério apascentar marcado por contraste com falsos pastores, pela preocupação com o rebanho, por cumprimento ao Pai, e pela controvérsia em um mundo caído.

    Um Ministério Marcado por Contraste para Falsos pastores

    "Em verdade, em verdade vos digo que, quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. Mas o que entra pela porta é o pastor das ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, e ele chama as suas ovelhas pelo nome e as conduz para fora. Quando ele coloca diante de todos os seus, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem porque porque conhecem a sua voz. Um estranho eles simplesmente não vai seguir, mas fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos ".Esta figura de linguagem Jesus falou-lhes, mas eles não entenderam o que essas coisas eram o que Ele havia dito a eles. .. Então Jesus disse-lhes de novo: "Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas Todos os que vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não lhes deram ouvido Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, será salvo, e vai entrar e sair e achará pastagem O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir;. Eu vim para que tenham vida, ea tenham em abundância ". (10: 1-10)

    Ao longo da história de Israel, pastoreio tinha sido sempre uma parte familiar da vida agrária todos os dias. E o povo sabia que todas as ovelhas são os mais indefesos, indefeso, extravio, e sujo de animais.Eles exigem uma supervisão constante, levando, resgate e limpeza ou eles vão morrer. Ser um pastor era um bom treinamento para conduzir as pessoas. Na verdade, os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó tinha sido pastores (13 1:1-13:11'>Gênesis 13:1-11; 26: 12-14; Gn 46:32; Gn 47:3; 1Sm 17:28, 1Sm 17:34; 2Sm 7:82Sm 7:8), Deus como seu pastor (Gn 48:15; Gn 49:24; Sl 23:1 80.. : Sl 28:3; Ez 34:78), e seus líderes como subpastores de Deus (Nu 27:1 2Sm 5:1 Crônicas 17.. :. 70-72; Jr 3:15; Jr 23:4; 1 Pedro 5: 2-3).

    Mas, enquanto a metáfora de um pastor sugere cuidado terno, ele também pode representar regra dura, abusivo, autocrático. Como será visto na discussão do versículo 1 abaixo, a Bíblia se refere a falsos líderes espirituais, bem como verdadeiros, como pastores. Nos versículos 1:10 Jesus contrastou a Si mesmo com falsos pastores de Israel usando duas imagens: Ele é o verdadeiro Pastor das ovelhas, e Ele é a única porta para o aprisco.

    Jesus é o verdadeiro pastor das ovelhas

    "Em verdade, em verdade vos digo que, quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. Mas o que entra pela porta é o pastor das ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, e ele chama as suas ovelhas pelo nome e as conduz para fora. Quando ele coloca diante de todos os seus, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem porque porque conhecem a sua voz. Um estranho eles simplesmente não vai seguir, mas fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos ".Esta figura de linguagem Jesus falou-lhes, mas eles não entenderam o que essas coisas eram o que Ele havia dito a eles. (10: 1-6)

    Como observado anteriormente neste volume (conforme a discussão de 8:34 no capítulo 30), a frase Amém, amém ( verdadeiramente, verdadeiramente ) introduz uma declaração de notável importância. Jesus começou esse discurso, identificando-se como o verdadeiro Pastor, em nítido contraste com todos os falsos pastores. Cada aldeia nas regiões sheepherding da Palestina tinha uma dobra onde ovelhas foram mantidas durante a noite. Os pastores que pastar os seus rebanhos na paisagem circundante durante o dia, e, em seguida, levá-los de volta para o aprisco comunal à noite. Há pastores pararia cada ovelha na entrada com suas varas e inspecioná-lo cuidadosamente antes de permitir que entrar no rebanho (conforme Ez. 20: 37-38). Uma vez no aprisco, as ovelhas estavam sob os cuidados do porteiro (a subpastor contratado; v. 12), que iria vigiar-los durante a noite. Ele daria apenas os pastores acesso ao aprisco; portanto, qualquer pessoa que poderia não entrar pela porta no aprisco das ovelhas, mas subiu por outra parte, era um ladrão e salteador. Desde o porteiro, obviamente, não iria deixar estranhos em, os supostos ladrões tiveram que escalar o muro de aprisco para chegar à ovelha. Somente aquele queentrou pela porta era um pastor das ovelhas.

    Cada um desses elementos comuns da vida cotidiana tinha um significado simbólico na metáfora do Senhor. Embora alguns argumentem que o aprisco representa a igreja ou o céu, o contexto (conforme v. 16) indica que ele representa Israel. Além disso, é difícil ver como ladrões poderia quebrar em qualquer igreja ou o céu e roubar ovelhas (conforme vv. 27-29). A porta é o próprio Jesus (vv. 7, 9), o único que tem a autoridade para levar para fora de dobrar suas ovelhas eleitos de Israel. Os ladrões e salteadores representam a auto-nomeado (conforme Mt 23:2)."Os pastores se tornaram estúpidos", escreveu Jeremias, "e não buscaram ao Senhor; por isso não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos" (Jr 10:21).. Em 0:10, o Senhor disse através de Jeremias: "Muitos pastores arruinou minha vinha, eles têm pisada Meu campo;. Que fizeram My campo agradável um deserto desolado" "O meu povo se tornaram ovelha perdida," Deus lamentou em 50: 6. ". Seus pastores deixaram enganar Eles fizeram-nos desviar das montanhas;. De terem ido ao longo da montanha até à colina e ter esquecido seu lugar de descanso"

    Mas falsos pastores de Israel não iria escapar do julgamento de Deus. Em Jeremias 23:1-2 Deus advertiu,

    "Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto!" diz o Senhor. Portanto assim diz o Senhor Deus de Israel, acerca dos pastores que cuidar do meu povo: 'Você dispersa as minhas ovelhas e as afugentastes, e não ter assistido a eles; eis que eu estou prestes a assistir a você para a maldade das vossas ações, diz o Senhor. "
    Em uma acusação devastadora dos falsos pastores, e que pode ter sido em mente de nosso Senhor e levou seus ensinamentos, Deus declarou através de Ezequiel,

    "Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel. Profetiza e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Deus:" Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas? Você come a gordura e revesti-vos com a lã, você abate a ovelha gorda sem alimentar o rebanho. Aqueles que estão doente você não reforçados, o doente não tenha curado, o partido não tiver ligado, a espalhadas você não trouxe de volta, nem que você procurou pelos perdidos; mas com força e com a gravidade de ter dominado eles. Eles estavam espalhados por falta de pastor, e tornaram-se pasto para todas as feras do campo e foram dispersos. Meu rebanho andaram desgarradas por todos os montes, e por todo o alto outeiro; Minhas ovelhas andaram espalhadas por toda a superfície da terra, e não havia ninguém para buscar ou procurar por eles "'" Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: ". Como eu vivo", diz o Senhor Deus, "Com certeza, porque as minhas ovelhas tornou-se uma presa, minhas ovelhas tornou-se mesmo o alimento para todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuraram as minhas ovelhas, mas sim se apascentam a si mesmos e não alimentar My rebanho e, portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor: "Assim diz o Senhor Deus:" Eis que eu estou contra os pastores, e eu vou exigir minhas ovelhas com eles e fazê-los cessar de alimentar as ovelhas. Assim, os pastores não se alimentar mais, mas eu vou entregar minhas ovelhas da sua boca, para que eles não serão comida para eles "'" (Ez. 34: 2-10).

    Mentir profetas, muitas vezes colocando como verdadeiros pastores, também ameaçou a igreja primitiva (como ainda hoje). Jesus advertiu: "Cuidado com os falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores" (Mt 7:15). Paulo advertiu os presbíteros da igreja de Éfeso: "Eu sei que depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês, que não pouparão o rebanho" (At 20:29). Pedro escreveu: "Os falsos profetas houve também entre o povo, assim como também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição" (2Pe 2:1 revela que, como parte do seu juízo divino sobre Israel (e do mundo), Deus é

    vai levantar um pastor na terra, que não vai se importar para os que perecem, procurar os dispersos, a curar os quebrantados, ou manter a uma posição, mas vai devorar a carne da ovelha gorda e arrancar suas unhas. Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! Uma espada será em seu braço e sobre o olho direito! Seu braço será totalmente murcho e seu olho direito será cego. (Conforme Dan 11: 36-45; 2 Tessalonicenses 2:.. 3-10; 13 3:66-13:10'>Apocalipse 13:3-10)

    Continuando com a figura de linguagem, Cristo disse que Sua ovelhas ouvem a Sua voz , quando Ele chama-los para fora de Israel e para a Sua vezes messiânica. Sua aparência imagens a resposta humana ao, chamado divino eficaz para a salvação (Jo 6:44, Jo 6:65; Jo 17:6, Jo 17:24; Jo 18:9, Cl 3:1 Tessalonicenses 4:.. 1Ts 4:7; 13 53:2-14'>213 53:2-14'> Tessalonicenses 2: 13-14; 1Tm 6:121Tm 6:12; 2Tm 1:92Tm 1:9; 1Pe 2:9; 1Pe 5:10; 2Pe 1:32Pe 1:3)..

    Depois de chamar Suas ovelhas, Cristo leva-los para fora da dobra, coloca -os diante de pasto, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem. No Oriente Médio, o pastor passou à frente do seu rebanho, atentos a quaisquer perigos potenciais, certificando-se a trilha foi seguro e aceitável, e levando a ovelha para alimentar nos pastos verdes ele já tinha olhado. Por isso, é na salvação. Jesus Salvadora chama as suas ovelhas e as conduz para fora do aprisco onde eram mantidos, levando-os para os "verdes pastos" e "águas tranqüilas" da verdade e da bênção de Deus (Sl 23:2)

    Todo aquele que é genuinamente salvo finalmente e completamente desviar Jesus Cristo. A advertência de Jesus que "surgirão falsos cristos e falsos profetas se levantarão e mostrarão grandes sinais e prodígios, para enganar, se possível, até os escolhidos" (Mt 24:24) implica claramente que tal engano é impossível. Aqueles que abandonar a sua profissão de fé na verdade provar que nem a sua fé nem sua salvação nunca foi genuína. "Saíram de nós", escreveu João, "mas eles não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; mas eles saíram, para que ele iria ser demonstrado que todos eles são não de nós "(1Jo 2:19). João, então, contrasta tal afastamento da verdade, a voz do pastor, com fidelidade a Sua voz. Ele escreve sobre as verdadeiras ovelhas,

    Mas você tem a unção do Santo, e todos sabem. Eu não escrevi para você, porque você não sabe a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai eo Filho. Todo aquele que nega o Filho não tem o Pai; aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. Quanto a você, deixe que permanecerem em vós o que ouvistes desde o princípio. Se o que você ouviu, desde o início, fica em vós, também permanecereis no Filho e no Pai. (I João 2:20-24)

    Aqueles que são de Cristo, não o deixe de seguir aqueles que negam a verdade.
    O apóstolo João concluiu esta primeira metáfora com uma nota de rodapé: Esta figura de linguagem Jesus falou-lhes, mas eles não entenderam o que essas coisas foram o que Ele havia dito a eles. A palavra grega traduzida figura de linguagem ( paroimia ) descreve velado, linguagem enigmática que esconde um significado simbólico. Embora a figura de linguagem foi apresentado claramente o suficiente para que os líderes religiosos, eles não conseguiram entender o seu significado. Tão arraigado era a sua crença de que como descendentes de Abraão que faziam parte do rebanho de Deus que eles completamente perdido acusação de Jesus deles quando Ele declarou que Ele era o verdadeiro Pastor e eles eram falsos pastores a quem as ovelhas não quis ouvir. Como Suas parábolas (13 10:40-13:16'>Mat. 13 10:16), estafigura de linguagem serviu a um propósito duplo: Ele revelou a verdade espiritual aos Seus seguidores, e escondeu-o daqueles que rejeitaram.

    Jesus é a única porta para o Fold

    .. Então Jesus disse-lhes de novo: "Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas Todos os que vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não lhes deram ouvido Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, será salvo, e vai entrar e sair e achará pastagem O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir;. Eu vim para que tenham vida, ea tenham em abundância ". (10: 7-10)

    Aqui Jesus mudou a metáfora ligeiramente. Na primeira figura de linguagem, Ele foi o pastor; aqui Ele é o Porta do aprisco. Esta é a terceira de sete declarações no Evangelho de João, onde "EU SOU" é seguido por um predicado nominal (v 11; 06:35; 08:12; 11:25; 14: 6.; 15: 1, 5).
    Uma vez que os líderes religiosos não tinha conseguido entender Sua primeira figura de linguagem, Jesus disse-lhes de novo: "Em verdade, em verdade vos digo que, eu sou a porta das ovelhas." Às vezes, o pastor dormia na abertura do aprisco para guardar as ovelhas. Ninguém podia entrar ou sair senão por ele. Na metáfora de Jesus, Ele é a porta através da qual a ovelha entrar a segurança do rebanho de Deus e sair para o rico pasto de Sua bênção. É por meio dele que perdeu pecadores pode se aproximar do Pai e adequado a salvação que Ele oferece; Só Jesus é "o caminho, ea verdade, ea vida; ninguém vem ao Pai senão por [Ele]" (14: 6; conforme At 4:12; 1Co 1:301Co 1:30; 1Co 3:11;. 1Tm 2:51Tm 2:5.; Ez 34:15), em Sua Palavra (conforme At 20:32). Em contraste absoluto com os ladrões falsos pastores que, como o seu pai, o diabo (8:
    44) veio apenas para roubar, matar e destruir as ovelhas, Jesus veio para que tenham espiritual e eterna vida (conforme Jo 5:21; Jo 6:33; Rm 6:4; Ef 2:1, Ef 2:5; Cl 2:13), . ea tenham em abundância Perissos (abundantemente ) descreve algo que vai muito além do que é necessário. O incomparável dádiva da vida eterna excede todas as expectativas (conforme Jo 4:10 com 7:38; veja também Rm 8:32;. 2Co 9:152Co 9:15.).

    Um Ministério Marcado pela preocupação com o Flock

    "Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas Aquele que é mercenário, e não pastor, de que não é o proprietário das ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas e foge. eo lobo as arrebata e dispersa-los. Ele foge, porque é mercenário e não se preocupa com as ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco;. Devo levá-los também, e elas ouvirão a minha voz, e eles se tornarão um só rebanho e um só pastor. " (10: 11-16)

    Esta seção revela três bênçãos do Bom Pastor dá a Sua ovelha, porque Ele é realmente preocupado com eles (conforme v. 13): Ele morre para eles, os ama, e os une.

    O Bom Pastor morre por suas ovelhas

    "Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas Aquele que é mercenário, e não pastor, de que não é o proprietário das ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas e foge. eo lobo as arrebata e dispersa-los. Ele foge, porque é mercenário e não se preocupa com as ovelhas. " (10: 11-13)

    Identificação de Jesus de Si mesmo como o bom pastor aponta de volta para o verdadeiro pastor descrito nos versos 2:5. É a quarta "EU SOU" declaração no Evangelho de João (veja a discussão sobre v. 7). . O texto grego diz literalmente: "o pastor, o bom", definindo Cristo Bom Pastor, para além de todos os outros pastores Kalos ( bom ) refere-se ao seu caráter nobre (conforme 1Tm 3:7; 2Tm 2:32Tm 2:3);. Ele é o perfeito, pastor autêntico; em uma classe por si mesmo; proeminente acima de todos os outros.

    Ser um pastor fiel implicou uma vontade de colocar a própria vida em risco para proteger as ovelhas. Ladrões e dos animais selvagens, como lobos, leões e ursos eram um perigo constante (conforme 1Sm 17:34; Is 31:4). Mas Jesus, o bom pastor, ia muito além de simplesmente estar disposto a arriscar ou, na verdade, arriscando sua vida por suas ovelhas; Na verdade, ele colocou a sua vida por eles (conforme v 15; 06:51; 11:. 50-51; 18:14). A frase dá a sua vida é única para os escritos de João e sempre se refere a um voluntário, a morte sacrificial (vv 15, 17-18; 13 37:38.; 15:13; 1Jo 3:16). Jesus deu a vida por suas ovelhas, porque foram escolhidos para fazer parte do seu rebanho. A preposição huper ( para ) é freqüentemente usada no Novo Testamento para se referir a expiação substitutiva de Cristo para os eleitos (conforme v 15; 06:51; 11:. 50-51; 18:14; Lc 22:19; Rm 5:6; Rm 8:32; 1Co 11:241Co 11:24; 15:. 1Co 15:3; 2 Cor 5: 14-15, 2Co 5:21; Gl 1:4; Gl 3:13; Ef 5:2; 1 Tessalonicenses 5: 9-10; 1 Tm 2:.. 1Tm 2:6; Tt 2:14; 2 Heb.: 9; 1Pe 2:21; 1Pe 3:18; 1Jo 3:161Jo 3:16). Sua morte foi uma expiação real para fornecer propiciação pelos pecados de todos os que crêem, como eram chamados e regenerados pelo Espírito, porque eles foram escolhidos pelo Pai.

    Em frente ao Bom Pastor, que dá a sua vida pelas ovelhas, é aquele que é um mercenário (como o porteiro do v. 3), e não um pastor, que não é o dono do rebanho, que vê vir o lobo ( conforme Mt 7:15;. At 20:29), e deixa as ovelhas e foge, eo lobo as arrebata e dispersa-los (conforme Mt 9:36;. Mc 6:34). O mercenário simboliza os líderes religiosos judeus e, por extensão, todos os falsos pastores. Eles estão sempre mercenários, fazendo ministério não por amor das almas dos homens ou até mesmo o amor pela verdade, mas para o dinheiro (Tito 1:10-11; 1Pe 5:21Pe 5:2, Gn 4:25Gn 19:8; e 1Sm 1:19, o termosaber descreve o relacionamento íntimo amor entre marido e mulher (a NASB traduz o verbo hebraico "saber" naqueles versos "tinha relações com"). Em Am 3:2 diz textualmente que José "foi não saber [Maria]" até depois do nascimento de Jesus. No dia do julgamento, Jesus envia os incrédulos longe Dele, porque Ele não os conhece; isto é, Ele não tem nenhuma relação de amor com eles (Mt 7:23). Nestes versos, sei que tem mesma conotação de uma relação de amor. A simples verdade é que Jesus no amor conhece os seus, eles no amor conhecê-Lo, o Pai no amor conhece Jesus, e Ele no amor conhece o Pai. Os crentes são apanhados no afeto profundo e íntimo que é compartilhada entre Deus, o Pai, e do Senhor Jesus Cristo (conforme 14:21, 23; 15:10; 17: 25-26).

    O Good Pastor une os seus Ovelhas

    "Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; devo trazê-los também, e elas ouvirão a minha voz;. E eles se tornarão um só rebanho e um só pastor" (10:16)

    outras ovelhas em vista aqui são os gentios, que não são de Israel vezes. Eles, também, vai ouvir de Jesus voz chamando-os para a salvação (conforme Is 42:6; Rm 1:16), e judeus e gentios resgatadashaverá um só rebanho e um só pastor. Sugerir que judeus e gentios seriam unidos em um só rebanho era um conceito revolucionário. Os judeus desprezavam os gentios, e eles voltaram a animosidade.Mesmo crentes judeus eram tão programado para impede que eles eram lentos para aceitar gentios como membros iguais na igreja (conforme Atos 10:9-16, At 10:28; 11: 1-18; 15: 1-29). Mas, como Caifás profetizou sem querer,

    "É conveniente para você que um homem morra pelo povo, e que todo não pereça a nação." Agora, ele não disse isso por sua própria iniciativa, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação, e não somente pela nação, mas para que Ele também para congregar na unidade os filhos de Deus que andavam dispersos. (João 11:50-52)

    Aos Efésios Paulo escreveu:
    Portanto lembre-se que antes de você, os gentios na carne, que são chamados "incircuncisão" pela chamada "Circuncisão", que é realizada na carne por humanos hands-lembre-se que você estava naquele tempo separado de Cristo, excluídos do da comunidade de

    Israel, e estranhos aos pactos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estavam longe, foram aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é a nossa paz, que fez os dois grupos em um e quebrou a barreira da parede divisória, abolindo em sua carne a inimizade, que é a lei dos mandamentos contidos em ordenanças, para que em Si mesmo Ele pode fazer os dois um novo homem, estabelecendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por meio da cruz, por ela ter levado à morte a inimizade. (Ef. 2: 11-16)

    A verdadeira unidade entre judeus e gentios define a igreja, porque ambos são ovelhas que pertencem à mesma Pastor.

    Um Ministério Marcado por Compliance para o Pai

    "Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para que eu possa levá-la novamente. Ninguém ma tira de mim, mas eu a dou por mim mesmo. Eu tenho autoridade para a dar, e eu tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai ". (10: 17-18)

    Duas atitudes definir a relação do Cristo encarnado ao Pai: amor e obediência. Os dois são inseparáveis, uma vez que é impossível amar a Deus sem obedecê-lo (Jo 15:9; 1Jo 5:3; conforme Mt 26:53-54.). Declaração duas vezes repetida do Senhor que Ele iria tomar Sua vidanovamente aponta para a Sua ressurreição, a demonstração final de Sua messianidade e divindade (Rm 1:4, Jo 6:44).

    Um Ministério marcada pela controvérsia em um mundo caído

    A divisão ocorreu entre os judeus por causa destas palavras. Muitos deles estavam dizendo: "Ele tem um demônio e é insano. Por que você ouvi-lo?" Outros diziam: "Estas não são as palavras de um endemoninhado. Um demônio não pode abrir os olhos dos cegos, pode?" (10: 19-21)

    Como sempre foi o caso, o ensinamento de Jesus criou polêmica entre aqueles que o ouviam, e uma divisão ocorreu novamente entre os judeus por causa destas palavras (conforme 7:12, 43; 09:16). Muitos deles foram reiterando a acusações familiares, dizendo: ". Ele tem um demônio e é insano Por que você ouvi-lo?" (07:20; 08:48, 52; conforme Mt 9:34;. Mt 10:25; Mt 12:24). Em vez de, mesmo considerando o que Jesus estava dizendo, muitos arbitrariamente demitido Suas palavras-respondendo com o ridículo, em vez de arrependimento e fé em seu próprio Messias. Depois de já ter rejeitado Jesus (e sua afirmação de ser de Deus), eles realizaram a sua terra teimosamente e atribuiu seu ministério aos demônios. Tal conclusão blasfemo e iludido é condenável.

    Outros, no entanto, não é tão cegamente tendenciosa, foram capazes de concluir o óbvio o que o lúcido, majestoso sentido e clareza das palavras de Cristo indicados: "Estas não são as palavras de um possuído por um demônio." Então, chegando à mesma conclusão que o homem cego a quem Jesus tinha curado (9: 30-33), acrescentaram, "Um demônio não pode abrir os olhos dos cegos, pode?"Como o homem cego, eles perceberam que o poder milagroso de Jesus era prova inegável de que Ele realmente era sancionada pelo e enviado de Deus (conforme 07:31).

    37. Rejeitando as reivindicações de Cristo (João 10:22-42)

    Naquela época, a Festa da Dedicação teve lugar em Jerusalém; era inverno, e Jesus estava andando no templo, no pórtico de Salomão. Então os judeus se reuniram em torno dele, e diziam-lhe: "Quanto tempo você vai nos manter em suspense? Se Tu és o Cristo, dize-nos claramente." Jesus respondeu-lhes: "Eu disse a você, e você não acredita;.. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de mim Mas você não credes, porque não sois das minhas ovelhas minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos;. e ninguém pode arrebatá-las da mão. I do Pai eo Pai somos um. " Os judeus pegaram pedras novamente para apedrejá-lo. Jesus respondeu-lhes: "Eu mostrei muitas boas obras da parte do Pai? Para qual deles você está apedrejando Me" Os judeus responderam-Lhe: "Para um bom trabalho nós não apedrejar-te, mas por blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes por ser Deus." Jesus respondeu-lhes: "Será que não foi escrito na vossa lei:" Eu disse: Vós sois deuses? Se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (ea Escritura não pode ser anulada), que você diz sobre Ele, a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, 'Você está blasfemando,' porque eu disse: 'Eu sou o Filho de Deus "? Se eu não faço as obras de Meu Pai, não creiam em mim; mas se as faço, embora você não acredita em mim, crede nas obras, para que você possa conhecer e compreender que o Pai está em mim e eu no Pai. "Por isso, eles estavam buscando novamente para prendê-lo, e ele iludiu seu alcance. E Ele foi embora de novo para além do Jordão, para o lugar onde João foi o primeiro batismo, e Ele estava hospedado lá. Muitos vieram a Ele e diziam: "Embora João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que João disse a respeito deste homem era verdade . "Muitos acreditavam nEle lá (10: 22-42).

    Esta passagem marca o fim da apresentação de João do ministério público de Cristo. Por mais de três anos, Jesus tinha viajado o comprimento e largura de Israel, pregando o evangelho, apelando para o arrependimento, confrontando hipócrita religião falsa, instruindo os seus discípulos, e realizando inúmeros sinais e prodígios, que confirmou que ele era o Messias. Através de ambas as suas palavras e obras, Jesus tinha demonstrado claramente a Sua divindade e igualdade com Deus.

    Mas tragicamente a nação de Israel, liderado por seus líderes religiosos, rejeitaram o Messias-assim como o Velho Testamento predisse que aconteceria (conforme Sl 22:6-8; Is 49:1; Is 50:6), e várias centenas mais, provavelmente na Galiléia (1Co 15:6).. Em vez de abraçar-Lo como seu longamente aguardado Redentor Rei, o povo de Israel "pregado [Ele] a uma cruz pelas mãos de homens ímpios e colocá-lo à morte" (At 2:23). Como observado nos capítulos anteriores deste volume, a rejeição da nação de Jesus é um tema frequente no Evangelho de João (conforme 1: 10-11; 3:32; 4: 1-3; 5: 16-18; 6: 41— 43, 66; 7: 1, 20, 26-27, 30-52; 8: 13 59:9-16, 24, 29, 40-41; 10:20; 11: 46-57; 12: 37— 40).

    Em consonância com esse tema, na seção conclusiva do capítulo 10 João pontua a apresentação longa do ministério público de nosso Senhor (que começou em 1:
    35) com mais um confronto entre Jesus e os líderes religiosos judeus. O diálogo entre eles se desdobra em cinco cenas: o confronto, a pedido, a carga, o desafio, e as conseqüências.

    A confrontação

    Naquela época, a Festa da Dedicação teve lugar em Jerusalém; era inverno, e Jesus estava andando no templo, no pórtico de Salomão. Então os judeus se reuniram em torno dele, e diziam-lhe: "Quanto tempo você vai nos manter em suspense? Se Tu és o Cristo, dize-nos claramente." (10: 22-24)

    Nota do João que agora era a vez de a Festa da Dedicação prepara o terreno para o próximo episódio. Há uma lacuna de cerca de dois meses entre o versículo 21 (que ainda é definido no momento da Festa dos Tabernáculos [7: 2, 10, 37]) e versículo 22. Alguns comentaristas acham que Jesus deixou em Jerusalém durante a dois meses período, visto que o versículo 22 chamadas de atenção para Jerusalémnovamente como cenário para este diálogo. Outros acreditam que o Senhor permaneceu nas imediações de Jerusalém, desde o versículo 22 não diz que Ele subiu a Jerusalém-a formulação usual para ir para a cidade de outra região (conforme 2:13 5:1-11:55; Matt. 20: 17-18; Lc 2:22; Lc 19:28; At 11:2, At 21:15; At 24:11; At 25:1; Gl 1:17-18). . Ambas as visões são apenas especulação, já que os evangelhos não dizem onde Jesus foi durante esses dois meses.

    Conhecido hoje como Hanukkah, ou a Festa das Luzes (por causa das luzes e velas acesas nas casas judaicas, como parte da celebração), a Festa da Dedicação foi comemorado no vigésimo quinto dia do mês judaico Chislev (Nov.— de dezembro). Não era uma das festas prescritas no Antigo Testamento, mas se originou durante o período intertestamental. A festa comemora a vitória dos israelitas sobre o rei sírio infame Antíoco Epifânio (175-164 aC). Um devoto da cultura grega, Antíoco, em um decreto dado por ele em 167 aC, procurou impor-na sobre os indivíduos (um processo conhecido como helenização). Antíoco capturou Jerusalém e profanou o Templo (170 aC), sacrificando um porco no altar, a criação de um altar pagão em seu lugar, e erigir uma estátua de Zeus no lugar mais santo. Como ele tentou carimbar sistematicamente judaísmo, Antíoco brutalmente oprimido os judeus, que se apegavam tenazmente a sua religião. Sob sua direção despótico, os judeus foram obrigados a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos; eles não foram autorizados a possuir ou ler Escrituras do Antigo Testamento, e cópias do mesmo foram destruídos; e eles foram proibidos de realizar tais práticas religiosas obrigatórias como observar o sábado e circuncisão de crianças. Antíoco foi o primeiro rei pagão para perseguir os judeus por sua religião (conforme Dan. 8: 9-14, 23-25; 11: 21-35).

    Selvagem perseguição de Antíoco fez com que os judeus piedosos a subir em revolta, liderada por um sacerdote chamado Matatias e seus filhos. Após três anos de guerrilha dos judeus, sob a brilhante liderança militar de Judas Macabeu (o filho de Matatias), foram capazes de retomar Jerusalém. Em 25 de Chislev 164 aC, eles libertaram o templo, rededicou, e estabeleceu a Festa da Dedicação. O livro apócrifo de 2 Macabeus narra uma versão histórica da história:

    Agora Macabeu e os seus seguidores, o Senhor conduzindo-os, recuperou o templo ea cidade; e eles derrubaram os altares que havia sido construído na praça pública pelos estrangeiros, e também destruiu os recintos sagrados. Eles purificado o santuário, e fez outra altar de sacrifício; em seguida, batendo fogo fora de sílex, eles ofereciam sacrifícios, após um lapso de dois anos, e queimaram incenso e lâmpadas acesas e partiu o pão da Presença. E quando eles tinham feito isso, eles se prostraram e suplicou ao Senhor que talvez nunca mais cair em tais infortúnios, mas que, se alguma vez o pecado, eles podem ser disciplinados por ele com paciência e não ser entregue ao blasfemo e bárbaro nações. Aconteceu que, no mesmo dia em que o santuário tinha sido profanado pelos estrangeiros, a purificação do santuário teve lugar, ou seja, sobre o vigésimo quinto dia do mesmo mês, que era Chislev. E eles comemorado por oito dias com alegria, na forma da festa dos tabernáculos, lembrando como não muito tempo antes, durante a festa dos tabernáculos, que tinham sido vagando nas montanhas e cavernas como animais selvagens. Portanto tendo varinhas envolta de hera e ramos bonitos e também folhas das palmeiras, eles ofereceram hinos de ação de graças a ele que tinham dado o sucesso para a purificação de seu próprio lugar sagrado. Eles decretada por portaria público e voto que toda a nação dos judeus deve observar estes dias todos os anos. (10: 1-8)
    A Festa da Dedicação, que celebrou a revolta bem sucedida, teve lugar no inverno, o que pode explicar por que Jesus, que estava andando no templo, foi especificamente no pórtico de Salomão. Foi provavelmente frio, e pode ter sido a chover, uma vez que o inverno é a estação chuvosa na Palestina. O pórtico de Salomão teria fornecido uma medida de proteção contra os elementos; Foi uma colunata com telhado apoiado por pilares, localizado no lado leste da área do templo e com vista para o Vale do Cedron abaixo. Muitas pessoas frequentavam o local, especialmente no tempo inclemente. Alguns andamos até lá para meditar, e rabinos vezes ensinou seus alunos lá. Mais tarde, os primeiros cristãos se reuniam no pórtico de Salomão para proclamar o evangelho (At 3:11; At 5:12).

    Alguns vêem na referência de João para o inverno uma metáfora para espiritual dos judeus estado que ele descreveu não só a estação do ano, mas também a frieza espiritual de Israel. "O leitor atento do Evangelho entende que o tempo ea temperatura anotações em João são reflexos da condição espiritual das pessoas nas histórias (conforme 3: 2; 13 30:18-18; 20: 1, 19; 21: 3-4) "(Gerald L. Borchert, João 1:11, O New Commentary americano [Nashville: Broadman & Holman, 2002], 337-38).

    Os hostis judeus abordado o Senhor (o verbo fracamente traduzido se reuniram em torno literalmente significa "cercar", ou "cercar" [conforme Lc 21:20; At 14:20; He 11:30]) e exigiu dele, "Quanto tempo você vai nos manter em suspense Se Tu és o Cristo, dize-o francamente?". Ao perguntar a Jesus se Ele era o Messias, os líderes judeus foram certamente fazer a pergunta certa; na verdade, é a questão mais importante que qualquer um pode pedir (conforme Mt 16:15-16.). Mas, dada a revelação de que havia visto e ouvido, e sua hostilidade para com Jesus ao longo de que a revelação, o motivo era suspeito. Longe de ser um pedido sincero de informação, a sua pergunta foi realmente apenas uma outra tentativa de prender Jesus, com vista a se livrar dele. Porque Ele era a maior ameaça ao seu poder e prestígio, eles estavam procurando desesperAdãoente uma maneira de desacreditá-lo e liquidá-lo por completo. Eles ficaram incomodadas pelos sinais miraculosos que realizou (11:47); cansado das divisões causadas Ele (Lucas 12:51-53), mesmo dentro de suas próprias fileiras (conforme 9,16); com medo da revolta Ele poderia desencadear contra Roma, que colocaria em risco o seu estatuto político privilegiado (11:48); irritados com sua repreensão pública da sua hipocrisia:; (por exemplo, Matt 23:1-36.) e, acima de tudo, indignados com sua afirmação orgulhosa de ser Deus (05:18; 10:33; 19: 7). A estratégia das autoridades judaicas era fazê-lo declarar publicamente (o verbo traduzido claramente também pode ser traduzida como "público", ou "abertamente" [7: 4, 13 26:11-54; 18:20]) que Ele era o Messias, para que eles pudessem ter um pretexto para prendê-lo.

    O Reivindicação

    Jesus respondeu-lhes: "Eu disse a você, e você não acredita;.. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de mim Mas você não credes, porque não sois das minhas ovelhas minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos;. e ninguém pode arrebatá-las da mão. I do Pai eo Pai somos um. " Os judeus pegaram pedras novamente para apedrejá-lo. (10: 25-31)

    Mas Jesus já tinha dito lhes claramente quem ele era (conforme 5: 17ss .; 8:12, 24, 58); na verdade, ele havia passado os últimos três anos fazendo isso. Não só isso, as obras que Ele fez em o nome do Pai , também demonstrou que Ele era o Messias; o Filho de Deus; Deus em carne humana (conforme vv 32, 38; 3:. 2; 05:36; 07:31; 11:47; 14:11; At 2:22). Declaração duas vezes repetida do Senhor, você não acredita, indica que o problema não se deveu a qualquer ambiguidade na revelação da verdade, mas sim a sua cegueira espiritual. Faltava-lhes a compreensão, não porque faltava informação, mas porque lhes faltava arrependimento e fé. Sua incredulidade não foi devido à exposição insuficiente para a verdade, mas para o seu ódio da verdade e do amor do pecado e da mentira (João 3:19-21). Qualquer um que voluntariamente procura a verdade vai encontrá-lo (7:17), mas Jesus recusou-se a comprometer-se com os que voluntariamente rejeitado a verdade. Se Ele novamente lhes deu a resposta simples eles estavam exigindo, eles não teriam acreditado ele de qualquer maneira (conforme 8:43; Matt. 26: 63-65; Lucas 22:66-67).

    Do ponto de vista da responsabilidade humana, os judeus hostis não acreditava porque tinha deliberAdãoente rejeitaram a verdade. Mas do ponto de vista da soberania divina, eles fizeram não credes, porque eles eram não da do Senhor ovelhas, que foram dados pelo Pai (29 v; 06:37; 17:. 2, 6, 9). Um entendimento completo de como exatamente essas duas realidades, a responsabilidade humana e da soberania divina, o trabalho em conjunto está além da compreensão humana; mas não há nenhuma dificuldade com eles na mente infinita de Deus. Significativamente, a Bíblia não tentar harmonizá-las, nem desculpas pela tensão lógica entre eles. Por exemplo, fala da traição de Judas 1scariotes, Jesus disse em Lc 22:22: "O Filho do Homem vai [ser traído], uma vez que foi determinado." Em outras palavras, a traição de Cristo por Judas estava de acordo com o propósito eterno de Deus. Mas, então, Jesus acrescentou: "Ai daquele homem por quem é traído!" Essa traição de Judas era parte do plano de Deus não aliviá-lo da responsabilidade por seu crime. Em At 2:23 Pedro disse que Jesus foi "entregue por [na cruz] pelo plano pré-determinado e pré-conhecimento de Deus." No entanto, ele também acusou Israel com a responsabilidade de ter "pregado [Jesus] a uma cruz pelas mãos de homens ímpios e colocá-lo à morte." Soberania nunca desculpas de Deus pelo pecado humano. (Para uma discussão mais completa sobre a interação da soberania divina e da responsabilidade humana, ver a exposição de 6: 35-40, no capítulo 20 do presente volume.)

    Repetindo o que disse em seu discurso sobre o Bom Pastor (ver a exposição de vv 3-5 no capítulo anterior deste volume.), Jesus disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem. " Os eleitos irão atender ao chamado de Cristo para a salvação e continuar na fé e obediência a glória eterna (conforme Rom. 8: 29-30).

    O Senhor continuou, articulando a verdade maravilhosa que aqueles que são Suas ovelhas precisa nunca temem ser perdida. "Dou-lhes a vida eterna", Jesus declarou: "e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai ". Em nenhum lugar na Bíblia há uma afirmação mais forte da segurança absoluta eterna de todos os verdadeiros cristãos. Jesus ensinou claramente que a segurança do crente na salvação não depende do esforço humano, mas está fundamentada no gracioso, soberana eleição, promessa, e poder de Deus.

    As palavras de Cristo revelam sete realidades que se ligam todo cristão verdadeiro para sempre a Deus. Em primeiro lugar, os crentes são Sua ovelha, e é dever do Bom Pastor para proteger seu rebanho."Esta é a vontade daquele que me enviou", disse Jesus, "que de tudo o que ele me deu eu não perde nada, mas o ressuscite no último dia" (6:39). Insistir que um verdadeiro cristão pode de alguma forma ser perdido é negar a verdade dessa afirmação. É também para difamar o caráter do Senhor Jesus Cristo, fazendo-a ser um pastor incompetente, incapaz de segurar aqueles que Lhe fora confiada pelo Pai.

    Em segundo lugar, as ovelhas de Cristo ouvir apenas sua voz e seguir somente a Ele. Uma vez que eles não vai ouvir ou seguir um estranho (10: 5), eles não poderiam vagar longe Dele e ser eternamente perdidos.

    Em terceiro lugar, as ovelhas de Cristo têm a vida eterna. Falar de fim a vida eterna é uma contradição em termos.

    Em quarto lugar, Cristo  a vida eterna a Suas ovelhas. Uma vez que eles não fizeram nada para merecê-lo, eles não podem fazer nada para perdê-lo.

    Em quinto lugar, Cristo prometeu que Suas ovelhas nunca perecerá. Eram mesmo um a fazê-lo, faria dele um mentiroso.

    Em sexto lugar, ninguém, nem pastores falsos (os ladrões e salteadores de v. 1), ou falsos profetas (simbolizado pelo lobo de v. 12), nem mesmo o próprio diabo-é poderoso o suficiente para arrebatar as ovelhas de Cristo fora de sua mão .

    Finalmente, as ovelhas de Cristo são realizadas não só em sua mão, mas também na mão do Pai, que é maior do que todos; e , portanto, ninguém pode arrebatá-las da sua mão também. Infinitamente seguro, do crente "a vida está escondida com Cristo em Deus" (Cl 3:3:

    Esta é a vontade daquele que me enviou, que de tudo o que ele me deu eu não perde nada, mas o ressuscite no último dia. Porque esta é a vontade de meu Pai, que todo aquele que vê o Filho, e crê nele tenha a vida eterna, e eu Eu o ressuscitarei no último dia.
    Enfurecido com o que de forma precisa e inequívoca percebido como outra reivindicação blasfema à divindade por Jesus, os judeus, hipocritamente que explode em um ajuste da paixão, pegaram pedras novamente para apedrejá-lo -a quarta vez no Evangelho de João que eles tinham tentado matar Ele (5: 16-18; 7: 1; 08:59). Embora os romanos tinham retido o direito da pena capital por parte dos judeus (18:31), este linchamento irritado estava pronto para tomar o assunto em suas próprias mãos.

    A Comissão de

    Jesus respondeu-lhes: "Eu mostrei muitas boas obras da parte do Pai? Para qual deles você está apedrejando Me" Os judeus responderam-Lhe: "Para um bom trabalho nós não apedrejar-te, mas por blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes por ser Deus." (10: 32-33)

    Mostrando majestoso calma diante da fúria assassina de seus oponentes, Jesus lhes perguntou explicitamente, "eu mostrei-lhe muitos bons (o adjetivo kalos significa "nobre", "excelente" ou "bonito")funciona a partir do Pai, para que de eles está o apedrejamento de mim? " O Senhor não suavizar ou retirar a sua pretensão de ser igual a Deus. Em vez disso, ele forçou-os a enfrentar e lidar com os seus milagrosos boas obras feitas sob a direção do Pai (conforme 5: 19-23). Essas obras oferecido prova visível, tangível e inevitável da sua unidade com Deus (conforme 05:36), e, assim, provou que Ele não era um blasfemo, como, de fato, seus oponentes eram. A pergunta do Senhor também colocar os líderes judeus na incômoda posição de opor-se a coisas muito comuns e populares boas que Ele havia feito na cura dos doentes, alimentar os famintos, liberando o possuído pelo demônio, e até mesmo ressuscitar os mortos (conforme Lucas 7:14-15; 8: 52-56; João 11).

    Mas os enfurecidos judeus não foram dissuadidos por nenhum milagre. Ao contrário do ex-cego, que tinha chegado à conclusão adequada de ação milagrosa de Jesus (conforme 09:33), a multidão enfurecida simplesmente escovado Suas obras de lado. Eles lhe respondeu: "Para um bom trabalho que não te apedrejamos, mas pela blasfêmia;. e porque, sendo tu homem, te fazes por ser Deus" Como observado acima, os sinais de Jesus realizado demonstrou sua unidade com o Pai e provou que Ele não era culpado de blasfêmia. Mas o apelo do Senhor aos seus milagres foi perdido sobre aqueles no meio da multidão. Suas mentes foram feitas, e seu amor ao pecado realizou-los em cativeiro a Satanás, morte e julgamento.

    Em contraste com aqueles que negam que Cristo nunca realmente disse ser Deus, os judeus hostis entendeu perfeitamente que Ele estava dizendo exatamente isso. Mas eles se recusaram a considerar a possibilidade de que sua afirmação pode ser verdade. Em suas mentes, Jesus era culpado de o último ato de blasfêmia, porque, como disseram-lhe, "Você, sendo um homem, faça você mesmo a ser Deus."Como foi o caso com alegações anteriores Jesus com a divindade, a sua reacção final era um complô para matá-lo (5: 16-18; 8: 58-59). Ironicamente, a sua acusação de blasfêmia foi o inverso da verdade.Longe de ser um mero homem que estava arrogantemente promover a si mesmo como Deus, Jesus era de fato Deus todo-poderoso que abnegAdãoente se humilhou para se tornar um homem a morrer para o mundo (1:14; conforme Fm 1:2; Ex 7:1 em Mateus 1:7, A Commentary MacArthur Novo Testamento [Chicago: Moody, 1985], 249-273), embora os judeus, muitas vezes tentou (conforme Mc 7:13).

    Uma vez que Deus chamou os juízes injustos deuses, argumento Jesus correu, como poderia Seus oponentes dizem Dele, a quem o Pai santificou e enviou ao mundo: "Vocês estão blasfemando", porque Ele disse: "Eu sou o Filho de Deus?" Se meros homens, que estavam mal, poderia, em algum sentido ser chamados deuses, como poderia ser inapropriado para Jesus, Aquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, a chamar-se Filho de Deus (conforme 5: 19— 27)? A questão não é a de adicionar à evidência de sua divindade; é simplesmente uma reprovação no nível da sua reacção excessiva para o uso da palavra Deus em referência a Jesus. Ele tinha provado que ele tinha direito a esse título no sentido divino completo, como ele iria afirmar novamente em vv. 37-38. Eles eram apenas aqueles a quem a palavra de Deus veio, Jesus era o Verbo encarnado de Deus (1: 1, 14). Como disse um comentarista explica ainda,

    Esta passagem é por vezes mal interpretado como se Jesus estava simplesmente classificar-se com os homens em geral. Ele apela para o salmo que fala de homens como "deuses", por isso corre o raciocínio, e, portanto, justifica a sua fala de si mesmo como Filho de Deus. Ele é "Deus" no mesmo sentido que os outros. Mas isso não está levando a sério o suficiente o que Jesus realmente diz. Ele está argumentando a partir do menor para o maior. Se a palavra de Deus poderia ser usado de pessoas que não eram mais do que os juízes, quanto mais ela poderia ser usada de um com maior dignidade, maior importância e significado do que qualquer mero juiz, um "quem o Pai santificou e enviou ao mundo" ? Ele não está se colocando no mesmo nível que os homens, mas definindo-se para além deles. (Leon Morris, Reflexões sobre o Evangelho de João [Peabody Mass .: Hendrickson, 2000], 396)

    O apelo do Senhor para o Velho Testamento era um desafio novo para os líderes judeus a abandonar as suas conclusões tendenciosas sobre Ele e apreciar as provas objetiva. Na mesma veia Jesus continuou dizendo, "Se eu não faço as obras de Meu Pai, não creiam em mim, mas, se as faço, embora você não acredita em mim, crede nas obras, para que você possa conhecer e entender que o Pai está em mim e eu no Pai ". Como ele tinha tantas outras vezes antes, com paciência irritante (conforme vv 25, 32; 5: 19-20., 36; 14: 10-11) o Senhor apelou aos seus trabalhos como prova de sua união indivisível com oPai (v 30).. Mas incrivelmente, os líderes religiosos de Israel eram tão cegos espiritualmente que não podiam reconhecer as obras de Deus. Se Jesus se não faço as obras de do Pai, que teria sido certo em se recusar a acreditar nEle. Por outro lado, porque Ele fez fazê-las, eles deveriam ter colocado de lado sua relutância em acreditar Suas palavras, e escolhida em vez de acreditar que o testemunho claro de Suas obras. Como homens de Deus supostamente, deveriam ter sido dispostos a seguir a evidência a sua conclusão lógica.

    As Conseqüências

    Por isso, eles estavam buscando novamente para prendê-lo, e ele escapou de seu alcance. E Ele foi embora de novo para além do Jordão, para o lugar onde João foi o primeiro batismo, e Ele estava hospedado lá. Muitos vieram a Ele e diziam: "Embora João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que João disse deste homem era verdade." Muitos acreditavam nEle lá. (10: 39-42)

    Não inesperAdãoente, o desafio do Senhor para os seus adversários caiu em ouvidos surdos. Em vez de considerar as evidências, os líderes judeus responderam que tinham antes por . buscando novamente para prendê-lo Pode ser que eles estavam planejando para transportá-lo para fora do templo antes de apedrejá-lo (conforme Atos 21:30-32), mas mais provável é que eles significava para prendê-lo e segurá-lo para julgamento perante o Sinédrio. Não importa o que eles pretendiam, a sua hora ainda não havia chegado (7:30; 8:20), por isso Jesus iludiu seu alcance. Ele saiu de Jerusalém, para não retornar até três ou quatro meses depois para ressuscitar Lázaro dentre os mortos (Jo 11:1 no capítulo 4 deste volume). Enquanto Ele estava hospedado lá muitos vieram a Ele e diziam: "Embora João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que João disse deste homem era verdade." As pessoas lá me lembrava dele e veio a Ele como tinham anteriormente se reuniram para João Batista. Embora João não realizou nenhum sinal, ou seja, não fez milagres, ele foi, todavia, o testemunho preeminente para Jesus; como o povo notou, "Tudo o que João disse sobre Ele era verdade. " Não surpreendentemente,muitos creram nele lá.

    Então ministério público de Jesus fechou com uma última rejeição por parte dos próprios líderes que deveria ter o saudaram como o Messias. Sua rejeição prenunciada Sua rejeição final, alguns meses depois, quando o povo, sob a sua influência (Mt 27:20) ", gritou: Fora com ele, embora com Ele, crucifica-O!" (Jo 19:15).

    Mesmo hoje em dia, há muitos que, como a nação judaica hostil, permitir que as suas ideias pré-concebidas sobre religião e seu amor pelo pecado para cegá-los à verdade salvadora de Jesus Cristo. No entanto aqueles que são atraídos para Ele em arrependimento e fé venha a saber a verdade de quem Ele é (7:17). Para eles será dado "o direito de se tornarem filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome" (01:12).


    Barclay

    O NOVO TESTAMENTO Comentado por William Barclay, pastor da Igreja da Escócia
    Barclay - Comentários de João Capítulo 10 do versículo 1 até o 42

    João 10

    O pastor e suas ovelhas — Jo 10:1-6

    A imagem de Jesus que mais agrada é a que o apresenta como o Bom Pastor. A imagem do pastor está profundamente enraizada na linguagem e nas imagens bíblicas. Não podia ser de outro modo. A maior parte da Judéia é uma planície central. estende-se desde Betel ao Hebrom, cobrindo 56 Km. Sua largura é Dt 22:27). “Guiaste o teu povo, como a um rebanho, pela mão de Moisés e de Arão” (Sl 77:20). “Assim, nós, teu povo e ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente” (Sl 79:13). “Dá ouvidos, ó pastor de Israel, tu que conduzes a José como um rebanho” (Sl 80:1). “Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua mão” (Sl 95:7). “Somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio” (Sl 100:3). O Ungido de Deus, o Messias, também é apresentado como o pastor das ovelhas. “Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que amamentam ele guiará mansamente” (Is 40:11). "Apascentará o rebanho do Senhor com fidelidade e justiça e não permitirá que nenhuma tropece. Conduzirá todas com segurança" (Salmo de Salomão Sl 17:45). Os líderes do povo são descritos como pastores do povo e da nação de Deus. “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto!” (Jeremias 23:1-4). Ezequiel expressa uma terrível condenação para os líderes falsos que perseguem seu próprio bem antes que o de seu rebanho. “Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas?” (Ez 34:2).

    Esta imagem passa ao Novo Testamento. Jesus é o Bom Pastor. É o pastor que arriscará sua vida para buscar e salvar a ovelha extraviada (Mt 18:12; Lc 15:4). Compadece-se do povo porque são como ovelhas sem pastor (Mt 9:36). Os discípulos são seu pequeno rebanho (Lc 12:32). Quando se fere o pastor, dispersam-se as ovelhas (Mc 14:27; Mt 26:31). Ele é o Pastor das almas dos homens (1Pe 2:25) e o grande Pastor das ovelhas (He 13:20).

    Tal como na imagem do Antigo Testamento, os líderes da Igreja são os pastores e o povo é o rebanho. O dever do líder é alimentar ao rebanho de Deus, aceitar seu cuidado voluntariamente, não por força, fazê-lo com o ânimo bem disposto, não por amor ao dinheiro, nem fazer uso de sua posição para exercer poder sobre o povo; deve tornar-se exemplo para sua grei (I Pedro 5:2-3). Paulo incita aos anciãos de Éfeso a cuidar de todo o rebanho sobre o qual os pôs o Espírito Santo (At 20:28). A última ordem de Jesus a Pedro é que alimente a seus cordeiros e suas ovelhas (João 21:15-19).

    Os judeus tinham uma bonita lenda para explicar por que Deus tinha escolhido a Moisés para conduzir a seu povo. "Quando Moisés apascentava as ovelhas de seu sogro no deserto, escapou um cordeiro. Moisés o seguiu até que chegou a uma garganta onde encontrou um poço para beber água. Quando o alcançou disse: 'Não sabia que escapou porque tinha sede. Agora deve estar muito cansado.' Carregou o cordeiro sobre os ombros e o levou até o rebanho. Então Deus disse: 'Porque mostrou compaixão ao carregar a uma criatura de um rebanho que pertencia a um homem, conduzirá a meu rebanho, Israel.' "

    Quando pensamos na palavra pastor deveria evocar em nós a vigilância e a paciência incessantes do amor de Deus. E deveria nos recordar nosso dever para com nosso próximo, em especial se ocuparmos algum posto na 1greja de Cristo.

    O PASTOR DAS OVELHAS João 10:1-6 (continuação)

    O pastor palestino tinha certos hábitos que o diferenciavam do de outras regiões. A fim de compreender bem esta imagem devemos ver esse pastor e a forma em que trabalhava.
    O equipamento do pastor era muito simples. Tinha sua bolsa. Esta era feita da pele de animal e a usava para levar comida. Não continha nada mais que pão, fruta seca, algumas azeitonas e queijo. Tinha uma funda. A habilidade de muitos homens da Palestina era tal que “atiravam com a funda uma pedra num cabelo e não erravam.” (Jz 20:16). O pastor usava a funda para defender-se e atacar, mas também, dava-lhe um uso estranho. Na Palestina não havia cães pastores e quando o pastor queria chamar uma ovelha que se afastou muito punha uma pedra na funda e a fazia cair justo frente ao focinho do animal que se estava afastando como advertência para que retornasse. Tinha um cajado. Era um pau de madeira, bastante curto. Em um extremo tinha uma cunha na qual se costumavam pregar os pregos. No extremo superior havia um corte através do qual passava um cordão. Este cordão se usava para pendurar o cajado do cinturão. O cajado era uma arma que empregava para defender-se a si mesmo e a seu rebanho contra os animais e os ladrões. Tinha sua vara. Esta era como o gancho do pastor. Podia usar para agarrar e fazer retornar qualquer ovelha que se afastava mais do conveniente. Ao cair o dia, quando as ovelhas voltavam ao redil, o pastor atravessava a vara na porta, perto do chão, e as ovelhas tinham que passar por baixo (Ez 20:37; Lv 27:32). À medida que passavam, o pastor olhava se tinham recebido algum golpe ou se tinham sido feridas durante o dia.

    A relação entre o pastor e as ovelhas da Palestina é muito peculiar. Em muitos países se criam ovelhas para sacrificá-las; na Palestina, ao contrário, se criam ovelhas em grande medida para obter lã. É por isso que as ovelhas podem estar durante anos com o pastor. Este está acostumado a lhes dar diferentes nomes com os quais descreve alguma de suas características: "pata marrom", "orelha negra".
    Na Palestina, os pastores caminhavam diante das ovelhas e estas o seguiam. O pastor ia na frente para assegurar-se de que o caminho era seguro e que não havia nenhum perigo. Às vezes tinha que alentar as ovelhas para que o seguissem.
    Uma viajante relata que em uma oportunidade viu um pastor que guiava a suas ovelhas chegar a um vau. As ovelhas resistiam a cruzar.

    Por fim o pastor solucionou o problema carregando um dos cordeiros. Quando a mãe viu sua cria do outro lado também cruzou; o resto do rebanho não demorou para seguir seu exemplo.

    É estritamente certo que as ovelhas conhecem e entendem a voz do pastor oriental e que jamais responderão à voz de um estranho.

    H. V. Morton nos dá uma bela descrição da forma em que o pastor fala com as ovelhas.

    "Às vezes lhes fala com voz elevada, seguindo algum tipo de ritmo e com uma linguagem estranha que não se parece com nenhuma outra. A primeira vez que escutei este idioma de ovelhas e cabras estava nas serras que jazem detrás de Jericó. Um pastor de cabras tinha descido a um vale e estava escalando a ladeira da serra de frente quando, ao dar a volta, viu que as cabras ficaram atrás para comer um pasto muito tenro. Elevou a voz e falou com suas cabras na mesma linguagem que Pão deve ter empregado para dirigir-se às montanhas da Grécia. Era estranho porque não tinha nenhum característico humano. As palavras eram sons animais dispostos em algum tipo de ordem. Logo que falou se ouviu um balido no rebanho e um ou dois animais voltaram suas cabeças em direção ao pastor. Entretanto, não o obedeceram.

    "Então o pastor gritou uma palavra e emitiu um som misturado com um tipo de risada. Imediatamente uma cabra que tinha um guizo ao redor do pescoço deixou de comer, abandonou o rebanho e trotou rumo ao vale, cruzou-o e subiu a outra serra. O homem, acompanhado por este animal, continuou caminhando e desapareceu depois de uma rocha. Em seguida estendeu o pânico no rebanho. Esqueceram-se do pasto. Buscaram o pastor com o olhar. Tinha desaparecido. Deram-se conta de que a cabra que levava o guizo já não estava ali. De longe chegou o estranho chamado do pastor e ao ouvi-lo o rebanho inteiro saiu em uma correria, cruzou o vale e subiu a serra” (H. V. Morton, In the Steps of the Master, págs. 154-155).

    W. M. Thomson, em seu livro The Land and the Book descreve a mesma imagem.

    "O pastor dá um guincho de vez em quando, para lhes recordar que está ali. Reconhecem sua voz e a seguem. Mas se aquele que grita é um estranho, ficam imobilizadas, levantam as cabeças assustadas e, se for repetir, saem correndo porque não reconhecem a voz de um estranho. Fiz a prova várias vezes.”

    Trata-se a mesma imagem que João descreve.

    H. V. Morton descreve uma cena que viu em uma cova perto de Belém. Dois pastores tinham reunido a suas ovelhas para passar a noite. Como as separariam? Um dos pastores se afastou um pouco e emitiu seu chamado peculiar que só suas próprias ovelhas conheciam. Em pouco tempo, todo o rebanho tinha deslocado para ele porque conheciam sua voz. Não se tivessem aproximado se se tratasse de qualquer outro, mas conheciam o chamado de seu próprio pastor.
    Um viajante do século XVIII relata de que maneira as ovelhas da Palestina dançavam, com distinto ritmo, quando escutavam um assobio ou uma melodia que seu próprio pastor interpretava na flauta.

    Todos os detalhes da vida do pastor arrojam luz sobre a imagem do Bom Pastor cuja voz suas ovelhas ouvem e cuja preocupação constante se dirige ao rebanho.

    A PORTA RUMO À VIDA

    João 10:7-10

    Os judeus não compreenderam o sentido do relato do Bom Pastor. Por isso Jesus abertamente, de maneira franca e sem rodeios, aplicou-o a si mesmo.
    Começou dizendo: "Eu sou a porta." Nesta parábola Jesus se referiu a duas classes de redis. Nas aldeias e nos povoados havia currais comunais nos quais se refugiavam todos os rebanhos da aldeia quando retornavam de noite. Estes currais estavam protegidas por uma porta muito forte cuja chave estava na mão do guardião da porta e de ninguém mais. A essa classe de curral é ao que se refere Jesus nos versos Jo 10:2 e 3. Mas quando as ovelhas estavam nas serras na estação cálida e não voltavam de noite para a aldeia, eram reunidas em currais construídos nas serras. Estes eram espaços abertos cercados por uma parede. Tinham uma abertura pela qual entravam e saíam as ovelhas mas careciam de qualquer espécie de porta. O próprio pastor se deitava através da abertura e nenhuma ovelha podia sair ou entrar sem passar por cima dele. No sentido mais literal, o pastor era a porta; não se podia ter acesso ao curral exceto através dele.

    Era nisso que Jesus pensava ao dizer: "Eu sou a porta." Através dele, e só através dele, os homens se encontram com Deus. "Por meio dele", disse Paulo, "os uns e os outros temos entrada por um mesmo Espírito ao Pai" (Ef 2:18). O autor disse aos hebreus, "Ele é o novo e vivo caminho" (He 10:20). Jesus abre o caminho rumo a Deus. Até Jesus chegar, os homens só podiam pensar em Deus de duas maneiras: no melhor dos casos, como um estranho e, no pior dos casos, como um inimigo. Mas Jesus precisou dizer e mostrar aos homens como era Deus e lhes abrir o caminho rumo a Ele. É como se Jesus nos apresentasse a Deus, coisa que jamais teríamos podido descobrir ou obter por nossa conta. Jesus abriu aos homens a porta que conduz para Deus. É a única porta através da qual os homens podem aproximar-se a Deus.

    A fim de descrever, em parte, o que significa esse acesso a Deus, Jesus emprega uma frase muito conhecida pelos hebreus. Diz que através dele podemos entrar e sair. A possibilidade de ir de um lado para outro sem problemas era a forma que tinham os judeus de descrever uma vida absolutamente segura e protegida. Quando um homem pode sair e entrar sem temor significa que seu país está em um estado de paz, que as forças da lei e a ordem exercem uma autoridade suprema e que desfruta de uma segurança perfeita em sua vida. O líder de uma nação deve ser alguém que possa sair diante deles e entrar diante deles (Nu 27:17). Ao referir-se ao homem que obedece a Deus se diz que é bendito quando entra e bendito quando sai (Dt 28:6). Um menino é alguém que ainda não é capaz de sair e entrar por seus próprios meios (1Rs 3:7). O salmista está seguro de que Deus guardará sua saída e sua entrada (Sl 121:8). Uma vez que o homem descobre, através de Jesus Cristo, como é Deus, experimenta um sentimento novo de segurança e amparo em sua vida. Se a vida estiver nas mãos de um Deus como esse, desaparecem os temores e as preocupações.

    Há uma grande diferença entre Jesus e os homens que o precederam. Jesus disse que esses eram ladrões e salteadores. É obvio que ao dizer isso não se referia à grande sucessão de profetas e de heróis. Fazia referência aos aventureiros que apareciam com freqüência na Palestina e prometiam uma idade de ouro àqueles que os seguissem. Todos eles eram revolucionários e insurretos. Criam que para chegar à idade de ouro os homens deveriam atravessar rios de sangue. Nesta mesma época, Josefo relata que houve dez mil desordens na Judéia; tumultos provocados por guerreiros. Fala de homens como os zelotes que não se importavam perder a própria vida e matar a seus seres queridos se com isso podiam cumprir seus planos de triunfo e conquista. O que diz Jesus é o seguinte: "Houve homens que afirmavam que eram líderes que Deus lhes enviava. Criam na guerra, no assassinato, na morte. Seu caminho só conduz cada vez mais longe de Deus. Meu caminho é o da paz, do amor e da vida. E meu caminho, se vocês se animarem a escolhê— lo, conduz cada vez mais perto de Deus."
    Houve e ainda há gente que pensa que terá que alcançar a idade de ouro por meio da violência, da luta de classes, do ódio, da destruição. A mensagem de Jesus é que o único caminho que conduz a Deus no céu e à idade de ouro na Terra é o caminho do amor.
    Jesus afirma que veio para que os homens tivessem vida e para que a tivessem com abundância. A frase que se emprega para expressar que a tenham em abundância é uma expressão grega que significa ter um excedente, uma superabundância de algo. Seguir a Jesus, saber quem é e o que significa é ter uma superabundância de vida.

    Conta-se a história de um soldado romano que se apresentou a Júlio César para lhe pedir permissão para suicidar-se e pôr fim a sua vida.. Era uma criatura desgraçada, triste, desanimada, sem a menor vitalidade. César o olhou. "Homem", disse, "alguma vez esteve vivo?"

    Quando tratamos de viver nossa própria vida, é-nos um pouco aborrecida, escura. Quando caminhamos junto a Jesus, quando reconhecemos sua presença em nossas vidas, estas se enchem de uma nova vitalidade, de uma superabundância de vida. Só quando vivemos com Cristo, a vida se converte em algo vale a pena viver e começar a vivê-la em todo o sentido do termo.

    O PASTOR VERDADEIRO E O PASTOR FALSO João 10:11-15

    Esta passagem estabelece o contraste entre o bom pastor e o mau pastor, o pastor leal e o pastor desleal. Na Palestina, o pastor era o único responsável pelas ovelhas. Se a estas acontecia algo, tinha que apresentar algum tipo de prova para demonstrar que não tinha sido culpa dela. Amós diz que o pastor resgata da boca de um leão duas pernas ou a ponta de uma orelha (Am 3:12). A Lei estabelecia: “Se for dilacerado, trá-lo-á em testemunho disso” (Ex 22:13).

    A idéia é que o pastor devia levar uma prova de que a ovelha tinha morrido e que ele tinha sido incapaz de evitá-lo. Davi relata a Saul que quando cuidava as ovelhas de seu pai lutava contra o leão e o urso (I Samuel 17:34-36). Isaías fala do grupo de pastores que foram chamados para lutar contra o leão (Is 31:4). Para o pastor, o mais natural do mundo era arriscar sua vida por seu rebanho. Às vezes o pastor tinha que fazer algo mais que arriscar sua vida pelas ovelhas, devia entregar sua vida por elas. Isto acontecia em particular quando os ladrões e os salteadores se aproximavam para atacar o rebanho.

    Em seu livro The Land and the Book, o Dr. W. M. Thomson escreve: "Ouvi com profundo interesse suas descrições gráficas das lutas cruéis e desesperadas com estas bestas selvagens. E quando o ladrão e o salteador se aproximam (coisa que fazem, por certo! o pastor está

    acostumado a ter que arriscar sua vida para defender o rebanho. Conheci mais de um caso no qual entregou a vida na luta. Um pobre moço lutou a primavera passada entre Tiberíades e Tabor, contra três salteadores beduínos até que o destroçaram com suas armas e morreu entre as ovelhas que defendia”.

    O pastor autêntico jamais titubeia em arriscar, e até oferecer, a vida por suas ovelhas.

    Mas, por outro lado, também havia o pastor falso e desleal. A diferença é a seguinte. O verdadeiro pastor nascia para desempenhar sua tarefa. Era enviado a cuidar o rebanho logo que tinha a idade suficiente para fazê-lo. A vocação de pastor ia desenvolvendo-se nele: as ovelhas se convertiam em suas amigas e companheiras e assumiam como algo natural o fato de pensar nas ovelhas antes que em si mesmo. O falso pastor, ao contrário, ocupava-se do rebanho não como vocação mas sim como um meio de ganhar dinheiro. A única e exclusiva razão pela qual se ocupavam das ovelhas era para cobrar dinheiro. Até podia ser alguém que foi às montanhas porque a cidade lhe resultava muito hostil. Não tinha noção da importância e da responsabilidade inerentes a seu chamado. Era um mercenário. Os lobos constituíam uma ameaça para o rebanho. Jesus disse que enviava a seus discípulos como ovelhas em meio de lobos (Mt 10:16). Paulo advertiu aos anciãos de Éfeso que chegariam lobos rapaces que não perdoariam às ovelhas (At 20:29). Estes lobos atacavam e o pastor mercenário abandonava tudo para salvar sua própria vida. Zacarias assinala como característica de um pastor falso o fato de que não faz nenhum esforço para reunir as ovelhas dispersas (Zc 11:6).

    Em uma oportunidade, o pai de Carlyle usou esta imagem de maneira amarga. No Ecclefechan tinham problemas com o ministro e se tratava da pior espécie de problemas, um problema de dinheiro. O pai de Carlyle ficou de pé e disse com acuidade: "Dêem seu salário ao mercenário e deixem-no ir."
    A idéia central de Jesus é que o homem que só trabalha pela recompensa pensa mais no dinheiro que em qualquer outra coisa. O homem que trabalha por amor pensa mais nas pessoas às quais busca servir que em qualquer outra coisa. Jesus era o Bom Pastor que amou de tal modo a suas ovelhas que estava disposto a arriscar, e até a entregar sua vida por elas.
    Podemos assinalar dois detalhes mais antes de passar a outra passagem. Jesus se descreve a si mesmo como o bom pastor. Agora, o grego tem duas palavras para expressar bom. A palavra agathos que descreve a qualidade moral de algo. A palavra kalos que assinala que a coisa ou a pessoa não só é boa mas também na bondade há uma qualidade de atração, de beleza, que a convertem em algo formoso. Quando se diz que Jesus é o bom pastor a palavra que se emprega é kalos. Em Jesus há algo mais que eficiência, mais que fidelidade; há uma certa formosura. Às vezes, nos povos, a gente fala do bom doutor. Quando o dizem, não se referem somente à eficiência e à habilidade do médico, fazem referência à simpatia, a bondade, a gentileza que o acompanham e que o fazem granjear a amizade de todos. Na imagem de Jesus como o bom pastor há um elemento de beleza além de força e poder.

    O segundo detalhe é o seguinte. Na parábola, o rebanho é a Igreja de Cristo. Este rebanho se vê ameaçado por um duplo perigo. Está constantemente exposto ao ataque do exterior por parte dos lobos, dos salteadores e dos saqueadores. Sempre está exposto a ter problemas em seu interior provocados pelo falso pastor. A Igreja corre um duplo perigo. Sempre a atacam de fora. Está acostumada a sofrer a tragédia de uma má liderança, do desastre dos pastores que concebem seu chamado como uma carreira e não como uma forma de serviço. O segundo perigo é o pior porque se o pastor for fiel e bom, o rebanho é forte para resistir os ataques do exterior. Pelo contrário, se o pastor for infiel e só está por causa do dinheiro, os inimigos exteriores podem penetrar e destruir o rebanho. O elemento fundamental da Igreja é uma liderança baseada no exemplo de Jesus Cristo.

    A UNIDADE FINAL

    Jo 10:16

    Uma das coisas das quais é mais difícil desprender-se é o sentimento de exclusividade. Quando um povo, ou um grupo dentro de um povo, consideram que gozam de um privilégio especial e que são diferentes do resto das pessoas, é-lhes muito difícil dar-se conta de que os privilégios que consideravam exclusivos estão abertos a todos os homens. Isso foi algo que os judeus nunca aprenderam. Criam que eram o povo eleito de Deus e que Deus não queria nenhum relacionamento com outra nação ou grupo humano. Consideravam que, no melhor dos casos, o destino de outros povos era ser escravos dos judeus e, no pior, ser eliminados e apagados do mundo. No entanto, aqui está Jesus afirmando que chegará o dia quando reunirá a todos os homens e todos o reconhecerão como seu pastor.
    Nem sequer o Antigo Testamento carece de visões desse dia. Um grande profeta a quem conhecemos com o nome do Isaías teve esse mesmo sonho. Estava convencido de que Deus tinha posto a Israel como luz das nações (Is 42:6; Is 49:6; Is 56:8). Sempre houve vozes isoladas que insistiram em que Deus não era propriedade exclusiva do povo de Israel mas sim o destino desse povo era fazer conhecer a Deus a todos os homens.

    À primeira vista, pode parecer que no Novo Testamento se expressam duas opiniões sobre este tema. Pode ocorrer que algumas passagens nos surpreendam e nos preocupem quando as lemos. Segundo o relato de Mateus, quando Jesus enviou a seus discípulos a pregar, disse-lhes: “Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mateus 10:5-6). Quando a mulher cananéia implorou a ajuda de Jesus, sua primeira resposta foi que não tinha sido enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 15:24). Mas há muitos argumentos que indicam o contrário. O próprio Jesus permaneceu e ensinou em Samaria (Jo 4:40). Declarou que o fato de ser descendente de Abraão não era uma garantia para entrar no Reino (Jo 8:39). Jesus falava de um centurião romano ao dizer que jamais havia visto semelhante fé em Israel (Mt 8:10). O único que voltou para agradecer foi um leproso samaritano (Lc 17:19). Foi o viajante samaritano quem demonstrou a bondade que todos os homens devem copiar (Lc 10:37). Muitos viriam do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul para sentar-se no Reino de Deus (Mt 8:11; Lc 13:28). A ordem final foi que deviam sair a pregar o evangelho a todas as nações (Mc 16:5: Mt 28:19).

    Jesus não era a luz dos judeus e sim a luz do mundo (Jo 8:12). A que se deve esta diferença? Qual é a explicação das afirmações que parecem limitar a obra de Jesus aos judeus? Em realidade, a explicação é muito singela. O fim último de Jesus era ganhar o mundo para Deus. Mas qualquer capitão sabe que ao princípio deve restringir seus objetivos. Se busca atacar em uma frente ampla, se se propõe golpear em todas partes de uma vez, a única coisa que consegue é dispersar sua força, atomizar seu poder e não triunfa em nenhuma parte. Para obter uma vitória final completa deve começar concentrando suas forças sobre certos objetivos determinados e circunscritos. Isso foi o que Jesus fez. Quando veio e quando enviou a seus discípulos, escolheu de maneira premeditada o objetivo limitado. Se tivesse ido a todas partes e se tivesse enviado a seus discípulos a todos os lados sem impor limitações a sua esfera de ação, não teria sucedido nem conseguido nada. Nesse momento, concentrou-se com plena consciência e predeterminação, no povo judeu, mas seu objetivo final era reunir o mundo inteiro sob seu amor.

    Esta passagem contém três grandes verdades.

    1. O mundo pode converter-se em um só unicamente por meio de Jesus Cristo.

    Edgerton Young foi o primeiro missionário que se aproximou dos corte vermelhas. Saiu a seu encontro no Saskatchewan e lhes falou sobre o amor de Deus Pai. Para os indígenas foi como uma nova revelação.

    Quando o missionário terminou de pronunciar sua mensagem, um velho cacique disse: "Quando você falou há pouco do grande Espírito, eu o ouvi dizer 'Nosso Pai'?" "Sim", respondeu Edgerton Young. "Para mim isso é muito novo e muito agradável", disse o cacique. "Nunca pensamos no grande Espírito como um Pai. Nós o ouvimos no trovão, o vimos no raio, na tempestade e no vento e sentimos medo. Por isso quando você nos diz que o grande Espírito é nosso Pai, é-nos muito bonito". O ancião fez uma pausa e logo prosseguiu enquanto um raio de glória lhe iluminou o rosto. "Missionário, disse que o grande Espírito é seu Pai?" "Sim", respondeu o missionário. "E você disse que é o Pai dos índios?” prosseguiu o cacique. "Isso disse", respondeu o missionário. "Então", disse o ancião cacique, como alguém a quem lhe revelou uma grande alegria, ”Você e eu somos irmãos!”

    A única unidade possível para os homens radica em que são filhos de Deus. No mundo, existem divisões entre uma nação e outra; dentro da nação há divisões entre as classes sociais. Nunca pode haver uma só nação, uma só classe. A única coisa que pode transpor as barreiras e fazer desaparecer as diferencia é o evangelho de Jesus Cristo que fala com os homens sobre a paternidade universal de Deus.

    1. Em algumas traduções da Bíblia se comete um engano de tradução neste versículo. Diz-se: "Haverá um só rebanho e um só pastor." O engano se remonta a Jerônimo e à Vulgata. E sobre essa tradução incorreta a Igreja de Roma baseia seu ensino no sentido de que, visto que há um só rebanho só pode haver uma Igreja, a Igreja Católica Romana, e que não existe a salvação fora dela. Mas não há a menor dúvida de que a tradução correta é: "Haverá um rebanho e um pastor, ou, melhor ainda, "Converter-se-ão em um rebanho e haverá um pastor."

    A unidade não provém do fato de que se obriga a todas as ovelhas a entrar num mesmo redil mas sim todas as ovelhas ouvem, respondem e obedecem a um só pastor. Não se busca uma unidade eclesiástica mas sim a unidade que provém da lealdade a Jesus Cristo.
    Um exemplo humano ilustra isto de maneira clara. A Comunidade Britânica de Nações não é uma unidade na qual cada nação tem o mesmo sistema de governo e obedece à mesma administração. Os países que compõem a comunidade são independentes; podem fazer o que querem, têm seus próprios governos, mas estão unidos por uma lealdade comum à Rainha e à Coroa.
    O fato de que há um rebanho não significa que não pode haver mais que uma Igreja, uma forma de culto, um sistema de administração eclesiástica. O que significa é que todas as Igrejas estão unidas por e em uma lealdade comum a Jesus Cristo. A unidade cristã não se baseia na obediência a algum tipo de procedimento eclesiástico, baseia-se sobre a lealdade a uma pessoa: Jesus Cristo.

    1. Mas esta frase de Jesus se converte em algo muito pessoal: um sonho que podemos ajudar a converter em realidade para todos. Os homens não podem ouvir se carecerem de um pregador. As outras ovelhas não se podem unir ao rebanho se não haver quem sai para buscá— las. Aqui nos apresenta a tremenda tarefa missionária da Igreja. E não podemos vê-la só como missões estrangeiras. Se conhecermos alguém, aqui e agora, que está fora do amor de Cristo, Cristo o quer para si e devemos agradá-lo. Seu sonho depende de nós. Somos nós aqueles que podemos ajudá-lo a converter o mundo em um rebanho cujo pastor é Cristo.

    A ESCOLHA DO AMOR

    João 10:17-18

    Há poucas passagens no Novo Testamento que em tão poucas palavras nos digam tanto sobre Jesus.

    1. Diz-nos que Jesus viu toda sua vida como um ato de obediência a Deus. Deus lhe tinha encomendado uma tarefa e estava disposto a levá— la a cabo até suas últimas conseqüências, inclusive se isso incluía a morte. Jesus mantinha uma relação única com Deus. A única forma na qual podemos descrevê-la é dizendo que era o Filho de Deus. Mas a relação não lhe dava o direito de fazer o que quisesse; baseava-se sobre o fato de que, qualquer que fosse o preço, sempre fazia a vontade de Deus. Para Jesus, o fato de ser o Filho de Deus era de uma vez o maior dos privilégios e a maior responsabilidade. Para ele, e para nós, o fato de ser filhos de Deus só pode basear-se na obediência.
    2. Diz-nos que Jesus sempre viu a cruz e a glória juntas. Nunca duvidou de que devia morrer, tampouco duvidou de que ressuscitaria. A razão desta certeza radicava na confiança que Jesus depositava em Deus. Jamais creu que Deus o abandonaria. Cria que, sem dúvida alguma, a obediência a Deus lhe reportaria sofrimento, mas também cria que essa obediência significaria a glória. Mais ainda, cria que esse sofrimento era momentâneo e que a glória era eterna. Toda a vida se baseia sobre o fato de que algo que vale a pena obter-se requer sacrifícios. Deve pagar-se um preço por tudo. O conhecimento só se obtém por meio do estudo; a habilidade em qualquer técnica ou artesanato só se obtém com a prática; a capacidade em qualquer esporte só se obtém com o treinamento e a disciplina. O mundo está cheio de gente que perdeu a oportunidade de cumprir o seu destino porque não estava disposta a pagar o preço que este lhe impunha. Ninguém pode escolher o caminho fácil e alcançar algum tipo de glória ou grandeza. Ninguém pode optar pelo caminho difícil e não alcançar a glória e a grandeza.
    3. Diz-nos de maneira inconfundível que a morte de Jesus foi absolutamente voluntária. Isso é algo que Jesus repete uma e outra vez. No jardim obrigou a seu defensor a guardar a espada. Se quisesse, poderia convocar as legiões do céu para defendê-lo (Mt 26:53). Quando se defrontou com Pilatos, Jesus deixou bem claro que não era Pilatos quem o condenava mas foi Jesus quem aceitava a morte (João 19:9-10). Jesus não foi uma vítima das circunstâncias. Não foi como um animal a quem se arrasta ao sacrifício contra sua vontade e que se debate nos braços do sacerdote sem saber o que acontece. Jesus entregou sua vida voluntariamente porque escolheu fazê-lo.

    Conta-se que durante a Primeira Guerra Mundial havia um soldado francês muito ferido. Tinha o braço tão destroçado que era preciso amputar. Era um magnífico exemplo de virilidade e o cirurgião se sentia dolorido ao pensar que o jovem teria que ir pela vida com um só braço. Esperou junto à cama até que recuperou a consciência para lhe dar a má notícia. Quando o moço abriu os olhos, o cirurgião lhe disse: "Sinto lhe dizer que perdeu o braço." "Senhor", respondeu o jovem, "não o perdi; entreguei-o pela França."

    Jesus não caiu indefeso em uma série de circunstâncias das quais não se pôde liberar. Além de qualquer outra coisa, independentemente de qualquer poder e ajuda divina que poderia ter solicitado, é evidente que, até o último momento, pôde ter retrocedido salvando assim sua vida. Não perdeu sua vida; entregou-a. Não o mataram; escolheu morrer. Não lhe foi imposto a cruz, aceitou-a voluntariamente, por nós.

    LOUCO OU FILHO DE DEUS

    João 10:19-21

    As pessoas que ouviram a Jesus nesta oportunidade se defrontavam com o mesmo dilema diante do qual sempre se encontram os homens. Jesus era um louco megalomaníaco ou era o Filho de Deus. Não há forma de escapar a essa opção. Se alguém falar a respeito de Deus e de si mesmo como o fez Jesus cabem duas possibilidades: ou essa pessoa está completamente transtornada ou tem uma razão profunda para fazê-lo. As afirmações de Jesus podem atribuir-se ou à loucura ou à divindade. Como podemos estar seguros de que essas afirmações eram justificadas e que não provinham do maior dos farsantes?

    1. As palavras de Jesus não pertencem a um louco. Poderíamos mencionar uma testemunha atrás de outra para demonstrar que os homens sempre foram muito conscientes de que o ensino de Jesus corresponde a maior prudência.

    Em um livro chamado What 1 Believe, algumas pessoas escreveram aquelas crenças que consideravam fundamentais. Lionel Curtem afirmou que cria que o objetivo da humanidade deveria ser converter o mundo no que ele denomina a Comunidade de Deus. Continua dizendo, "Quando me perguntam o que quero dizer com esta comunidade, respondo: 'O Sermão da Montanha reduzido a princípios políticos.' "

    A Senhora Chiang Kai-shek disse: "Como temos que obedecer os postulados da lei moral a fim de construir um mundo mais moral? Minha resposta, e a resposta absoluta, em minha opinião, é o Sermão da Montanha."
    A verdade é que o testemunho de pensadores e pensadoras de todas as épocas assinalam que o ensino de Jesus é a única coisa corda que leva prudência a um mundo enlouquecido. É a única voz que pronuncia o bom sentido de Deus em meio do desespero humano. Não há o menor rastro de loucura nisso.

    1. Os atos de Jesus não são os de um louco. Curou os doentes, deu de comer os famintos, consolou aos afligidos. A loucura do megalômano é egoísta. Busca sua glorifica e prestígio. A vida de Jesus, ao contrário, estava dedicada a servir a outros. Como diziam os próprios judeus, um homem louco não poderia abrir os olhos dos cegos.
    2. O efeito que Jesus tem não é aquele que corresponde a um louco. A realidade inegável é que o poder de Jesus mudou a vida de milhões e milhões de pessoas; milhares de fracos se fortaleceram, pessoas egoístas se esqueceram de si mesmos, gente fracassada triunfou, pessoas afligidas se acalmaram, homens maus se tornaram bons. Não é a loucura quem produz semelhante mudança, é a sabedoria e a prudência perfeitas.

    A opção continua vigente: Jesus era louco ou divino. E não existe a pessoa honesta que possa analisar os testemunhos e chegar a outra conclusão que não seja a de que o que Jesus trouxe para o mundo não foi uma loucura alucinada e sim a prudência perfeita de Deus.

    A AFIRMAÇÃO E A PROMESSA

    João 10:22-28

    João começa dando-nos o lugar e a data desta discussão A data era a festa da dedicação. Esta era a festividade judia de mais recente instituição. Às vezes era denominada a festa das luzes. O nome judeu era Hanukkah. Celebrava-se no dia 25 do mês judeu chamado kislev. Este mês corresponde a dezembro, de maneira que a festa caía muito perto de nossa celebração do Natal. Os judeus do mundo inteiro continuam celebrando tal festa até o dia de hoje.

    A origem da festa da dedicação se encontra em uma das épocas mais sublimes de sofrimento e heroísmo da história judia. Havia um rei da Síria chamado Antíoco Epifanes que reinou desde 175 até 164 A. C. Amava e venerava tudo que fosse grego. Decidiu eliminar a religião judia para sempre e introduzir os costumes, as idéias, a religião e os deuses gregos na Palestina. A princípio, tentou levá-lo a cabo mediante uma penetração pacífica de idéias. Alguns judeus receberam estas novidades de bom grado, mas a maioria se manteve tenazmente fiel à sua fé ancestral.
    No ano 170 A. C. se desencadeou a tormenta. Nesse ano Antíoco atacou Jerusalém. Afirma-se que morreram 80:000 judeus e outros tantos foram vendidos como escravos. Roubaram-se 1.800 talentos do tesouro do templo. Possuir uma cópia da Lei ou circuncidar um menino se converteram em ofensas muito graves. As mães que ousavam circuncidar seus filhos eram crucificadas com o menino pendurado ao redor do pescoço. Os pátios do templo foram profanados, as habitações do templo se converteram em bordéis. Por último, Antíoco deu um passo terrível: converteu o grande altar das ofertas em um altar ao Zeus Olímpico e ofereceu carne de porco aos deuses pagãos. Poluíram-se os pátios do templo de forma tremenda e com absoluta deliberação. Foi então quando Judas Macabeu e seus irmãos se levantaram para levar a cabo uma luta heróica pela liberdade de seu povo. No ano 164 se obteve a vitória; esse ano se limpou e se purificou o templo. Reconstruiu-se o altar e se substituíram as vestimentas e os utensílios depois de quatro anos de contaminação. A festa da dedicação se instituiu para comemorar essa purificação do templo. Judas Macabeu estabeleceu que "cada ano, ao seu devido tempo e durante oito dias a contar do vinte e cinco do mês de Kislev, celebrasse com alvoroço e regozijo o aniversário da dedicação do altar" (1 Macabeus 4:59). É por isso que se havia acostumado a chamar a festividade de festa da dedicação do altar ou da Comemoração da purificação do templo.
    Entretanto, já vimos que tinha outro nome. Era costume denominá— la a festa das luzes. Havia uma grande iluminação no templo e também em cada lar judeu, coisa que se pode ver até na atualidade. Ficavam luzes na janela de cada casa judia. Segundo Shamai, ficavam oito luzes na janela e cada dia se apagava uma até que só ficava acesa a do último dia. Segundo a versão do Hillel, acendia-se uma luz o primeiro dia e se adicionava uma cada dia até que o último dia estavam acesas as oito luzes. Ainda podemos ver as luzes no lar de qualquer judeu piedoso.
    Estas luzes tinham dois sentidos. Em primeiro lugar, afirmava-se que com elas se recordava que a primeira vez que se celebrou a festa a luz da liberdade tinha retornado a Israel. Em segundo lugar, remontavam a uma lenda muito antiga. Contava-se que quando se purificou o templo e era preciso acender o grande candelabro dos sete braços, só se encontrou um pequeno cântaro com azeite para as lâmpadas que tinha escapado à contaminação. Estava intacto e conservava o selo com a marca do anel do sumo sacerdote. Segundo todas as medidas normais, o azeite que continha era suficiente apenas para acender as lâmpadas de um só dia. Entretanto, e devido a um milagre, durou oito dias até que se preparou o azeite novo segundo a fórmula correta e foi consagrado para seu uso sagrado. Portanto, afirmava-se que as luzes iluminavam o templo e os lares durante oito dias em comemoração desse cântaro que Deus tinha feito durar oito dias em lugar de um.

    Não deixa de ser significativo que deve ter sido muito perto deste período de iluminação quando Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo." No momento em que se acendiam todas as luzes da cidade em comemoração da liberdade que se obteve para adorar a Deus da única maneira correta, Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo, sou o único que pode iluminar os homens para que cheguem ao conhecimento e à presença de Deus."

    João também nos diz qual foi o lugar onde se desenvolveu esta discussão. Foi no pórtico de Salomão. Quando o povo ingressava nos recintos do templo, o primeiro pátio que encontrava era o dos gentios. Ao longo de dois de seus lados, estendiam-se duas colunatas magníficas chamadas o pórtico real e o pórtico de Salomão. Tratava-se de fileiras de esplêndidos pilares de quase doze metros de altura, cobertas. O povo caminhava por ali para orar e meditar. Os rabinos passeavam pelos pórticos enquanto conversavam com seus discípulos e expor as doutrinas da fé. Ali era onde Jesus caminhava porque, como diz João com um toque pictórico, "era inverno". De maneira que a discussão se desenvolveu neste momento de comemoração e ação de graças nacional, e entre os rabinos e seus discípulos.

    A AFIRMAÇÃO E A PROMESSA João 10:22-28 (continuação)

    Enquanto Jesus caminhava pelo pórtico de Salomão os judeus se aproximaram. "Durante quanto tempo", perguntaram-lhe, "manterá-nos em suspense? nos diga abertamente é ou não é o Ungido de Deus que este nos prometeu?" Não há a menor dúvida que havia duas posições por trás dessa pergunta. Havia aqueles que, autenticamente, queriam saber a verdade. Estavam ansiosos pela expectativa. Sua idéia sobre o Ungido de Deus não seria semelhante a de Jesus. Mas estavam desejosos de saber se por fim tinha chegado o Salvador prometido e longamente esperado. Mas também havia os outros, e eles formularam a pergunta como uma armadilha. Queriam cercar Jesus para que pronunciasse uma afirmação que logo pudessem tergiversar; já seja para convertê-la em uma blasfêmia da que se podiam ocupar seus próprios tribunais ou para acusá-lo de insurreição, em cujo caso seria o governador romano quem se ocuparia do problema.

    A resposta de Jesus foi que já lhes havia dito quem era. É certo que não o tinha feito abertamente. Segundo a versão de João, as duas grandes afirmações de Jesus se pronunciaram em particular. Revelou-se à mulher samaritana como o Messias (Jo 4:26) e ao cego de nascimento tinha dito que era o Filho de Deus (Jo 9:37). Não obstante, há certas afirmações que não é necessário expressar em palavras, em especial quando o público que as recebe está qualificado e capacitado para recebê-las. Havia duas coisas que livravam de toda dúvida a afirmação de Jesus mesmo se a pronunciasse ou não. Em primeiro lugar, suas ações. O sonho do Isaías sobre a idade de ouro era o seguinte: “Então, se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos; os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará" (Isaías 35:5— 6). Isso era exatamente o que estava fazendo Jesus. Cada um de seus milagres era uma afirmação que exclamava pessoalmente que tinha chegado a idade de Deus, que tinha vindo o Messias. Em segundo lugar, suas palavras. Moisés tinha prometido e profetizado que Deus levantaria o profeta a quem se deveria ouvir (Dt 18:15).

    O mesmo acento de autoridade que continham as palavras de Jesus, a maneira em que deixou de lado a Lei antiga e pôs seus próprios ensinos em seu lugar, indicavam com toda clareza que Deus falava por meio dEle, que nEle tinha chegado aos homens a voz encarnada de Deus. Qualquer um que ouvia Jesus falar e via Jesus agir, não necessitava nenhuma afirmação verbal. As palavras e as ações de Jesus eram uma afirmação contínua de que Ele era o Ungido de Deus.
    Mas a grande maioria dos judeus não tinham aceito essa afirmação. Como vimos, as ovelhas da Palestina conheciam o chamado especial de seu próprio pastor e respondiam a ele. Pertenciam ao pastor e conheciam sua voz. Estes judeus não pertenciam ao rebanho de Jesus. Atrás de todo o Quarto Evangelho aparece uma doutrina da predestinação. As coisas aconteciam todo o tempo tal como Deus as tinha previsto.
    O que João diz, em realidade, é que estes judeus estavam predestinados a não seguir e não responder a Jesus. De uma ou outra maneira todo o Novo Testamento mantém um equilíbrio entre duas idéias opostas: o fato de que tudo se desenvolve segundo o plano de Deus e, entretanto, tudo acontece de maneira tal que o responsável é o livre arbítrio do homem. Estes judeus se desenvolveram de maneira tal que estavam predestinados a não aceitar a Jesus. Entretanto, tal como o João vê, isso não significa que serão condenados.
    Não obstante, embora eles não aceitavam a Jesus havia aqueles que estava dispostos a aceitá-lo. E a eles, Jesus ofereceu e prometeu três coisas.

    1. Prometeu-lhes a vida eterna. Prometeu-lhes a possibilidade de perceber uma amostra dessa vida que é própria de Deus. Prometeu-lhes que se o aceitavam como Mestre e Senhor, se eles se uniam a seu rebanho, toda a pequenez da vida terrestre desapareceria e conheceriam o esplendor e a magnificência da vida de Deus.
    2. Prometeu-lhes uma vida que não teria fim. Jamais pereceriam. Para eles, a morte não significaria nada; não seria o fim e sim o começo. Jamais desapareceriam ou penetrariam nas trevas. Conheceriam a glória da vida indestrutível.
    3. Prometeu-lhes uma vida segura. Nada os poderia arrancar de sua mão. Isto não significava que seriam livres da dor, o sofrimento ou a morte. Significava que no momento mais amargo e na hora mais escura continuariam sendo conscientes dos braços eternos que os rodeavam e os sustentavam. Conheceriam uma segurança que todos os perigos e os alarmes do mundo não poderiam fazer naufragar. Até em um mundo que se desmoronada rumo ao desastre, eles conheceriam a serenidade de Deus.

    A GRANDE CONFIANÇA E A TREMENDA AFIRMAÇÃO

    João 10:29-30

    Esta passagem nos mostra tanto a grande confiança de Jesus como sua tremenda afirmação a respeito de si mesmo.
    A confiança de Jesus buscava a origem de todas as coisas em Deus. Logo tinha falado sobre suas ovelhas e seu rebanho. Acabava de dizer que nunca ninguém arrebatará a suas ovelhas de sua mão, que Ele é o pastor que sempre manterá a salvo as ovelhas. À primeira vista e se ficasse ali, teria parecido que Jesus cifrava toda sua confiança em sua própria atração e em seu poder de liderança. Mas agora vemos o outro lado. Foi seu Pai quem lhe deu as ovelhas; tanto Ele como suas ovelhas estão a salvo na mão de seu Pai. Jesus estava tão seguro de si mesmo porque estava muito seguro de Deus. A atitude de Jesus rumo à vida não era de confiança em si mesmo mas sim de confiança em Deus. Jesus estava seguro não por seu próprio poder mas sim pelo poder de Deus. Jesus não duvidava da segurança e da vitória finais não porque se atribuía todo o poder mas sim porque atribuía todo o poder a Deus.

    E agora chegamos à suprema afirmação. "Eu e o Pai somos um", disse Jesus. O que quis dizer com isso? Tratava-se de um mistério absoluto ou podemos entender pelo menos uma parte? Vemo-nos impelidos a interpretá-lo em termos de essência e hipóstase e todas as demais noções metafísicas e filosóficas sobre as quais lutaram, discutiram e brigaram aqueles que elaboraram os credos? Acaso é necessário ser um teólogo profundo e um filósofo para compreender sequer um fragmento do significado desta tremenda afirmação?
    Se nos remetermos à própria Bíblia para interpretar esta passagem descobriremos que é tão simples que até a mente mais simples o pode compreender. O que Jesus quis dizer ao afirmar que ele e o Pai são um? Nos adiantemos um pouco e leiamos João capítulo 17. Aí João nos fala sobre a oração que Jesus ensinou aos seus antes de ir rumo à morte. Orou assim: “Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós" (Jo 17:11). Aí fica claro que Jesus concebia a unidade entre os cristãos como algo idêntico à unidade entre Ele e seu Pai. Ele o expressa com a maior clareza. Na mesma passagem continua: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos" (João 17:20-22).

    Aí Jesus diz com simplicidade e clareza que ninguém pode duvidar que a meta final da vida cristã é que os cristãos devem ser um como o são Ele e seu Pai.

    Agora, qual é essa unidade que deve existir entre os cristãos? O que é o que faz que um cristão seja um com seu próximo? O segredo dessa unidade é o amor. “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros" (Jo 13:34). Os cristãos são um porque se amam uns aos outros. Do mesmo modo, Jesus é um com Deus por seu amor para com Deus.

    Mas podemos ir mais longe. Qual é a única prova e garantia do amor? Voltemos às palavras de Jesus. “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço" (Jo 15:10). “Se alguém me ama, guardará a minha palavra" (João 14:23-24). “Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (Jo 14:15). “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama" (Jo 14:21).

    Este é o nó da questão. O laço de união é o amor; a prova do amor é a obediência. Os cristãos são um quando estão unidos pelo laço da unidade e quando obedecem as palavras de Cristo. Jesus é um com Deus porque obedeceu e amou a Deus como ninguém o fez antes. Sua unidade com Deus é uma união de amor perfeito que se manifesta em uma obediência perfeita.

    Quando Jesus disse: "Eu e o Pai somos um", não se estava movendo no mundo da filosofia, da metafísica e das abstrações; movia-se no âmbito das relações pessoais. Ninguém pode entender com clareza o que significa a frase "unidade de essência", mas qualquer um compreende o que significa a unidade de corações. A unidade de Jesus com Deus surgia de duas coisas: o amor perfeito e a obediência perfeita. Era um com Deus porque o amava e o obedecia à perfeição. E veio a este mundo para nos fazer igual a Ele.

    UM CONVITE À PROVA AMARGA

    João 10:31-39

    Para os judeus, a afirmação de Jesus de que ele e o Pai eram um constituía uma blasfêmia, um insulto contra Deus. Era a invasão da parte de um homem do lugar que pertencia exclusivamente a Deus. Tratava-se de um ser humano que afirmava ser igual a Deus. A Lei judia estabelecia que a blasfêmia se devia castigar com o apedrejamento. “Aquele que blasfemar o nome do SENHOR será morto; toda a congregação o apedrejará” (Lv 24:16). De maneira que os judeus se prepararam para apedrejar a Jesus. A frase grega significa, em realidade, que foram buscar pedras para lançar-lhe. Jesus saiu ao encontro de sua hostilidade com três argumentos.

    1. Disse-lhes que tinha passado todos os dias de sua vida fazendo coisas bonitas: curando os doentes, alimentando os famintos e consolando aqueles que sofriam. Estas ações estavam tão cheios de poder, beleza e ajuda que era evidente que provinham de Deus. Por qual dessas boas obras queriam apedrejá-lo? A resposta dos judeus foi que não era por nenhuma de suas obras que queriam apedrejá-lo mas sim pelas afirmações que fazia.
    2. Qual era essa afirmação? Afirmava ser o Filho de Deus. Jesus empregou dois argumentos para sustentar essa afirmação. O primeiro é estritamente judeu e nos é difícil entendê-lo. Citou o Sl 82:6. Esse salmo é uma advertência contra os juízes injustos. É uma advertência àquelas pessoas a quem foi confiado a função de juízes para que cessem em suas práticas injustas e defendam os pobres e os inocentes. O chamado termina assim: "Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo". Deus encarrega o juiz de levar seu ajuda e sua justiça aos homens. O juiz é Deus para os homens. Esta idéia aparece com toda clareza em algumas dos regulamentos de Êxodo. Êxodo 21:1-6 diz de que maneira o servo hebreu pode ficar livre ao sétimo ano. O versículo 6 diz: "Então seu amo o levará perante os juízes”. Mas na versão hebraica, a palavra que se traduz por juízes é elohim, que significa deuses. Em Ex 22:9,Ex 22:28 se usa a mesma expressão. Até as Escrituras, ao falar dos homens aos quais Deus encarregou uma tarefa, referiam-se a eles como deuses. Portanto, Jesus disse: "Se as Escrituras podem falar assim sobre os homens, por que não posso usar os mesmos termos para falar de mim mesmo?

    Jesus afirmou duas coisas a respeito de si mesmo.
    (a) Deus o santificou para cumprir uma tarefa especial. A palavra que designa santificar é hagiazein. Deste verbo procede o adjetivo hagios, que significa santo. Agora, esta palavra sempre indica a idéia de converter uma pessoa, um lugar ou uma coisa em algo diferente de outros porque é separada para um fim especial ou para cumprir uma tarefa determinada. Uma coisa ou uma pessoa é santa porque foi separada para cumprir uma tarefa que é diferente das tarefas comuns de todos os dias. É assim como o sábado, por exemplo, é santo (Ex 20:11). É distinto dos outros dias porque era separado para algo especial. O altar é santo (Lv 16:19). Não é igual a qualquer outra parte de pedra ou a qualquer outra estrutura porque foi construído e separado para um fim determinado. Os sacerdotes são santos (2Cr 26:18). São diferentes dos outros homens porque foram separados para cumprir um trabalho e uma tarefa especiais. O profeta é santo (Jr 1:5). É distinto dos outros homens porque lhe foi encomendada uma tarefa especial e diferente.

    Quando Jesus disse que Deus o tinha santificado, consagrado, quis dizer que Deus o tinha separado dos outros homens porque lhe tinha encomendado uma tarefa especial. O fato mesmo de que Jesus usasse esta palavra demonstra quão consciente era de que Deus lhe tinha encarregado um trabalho especial.

    (b) Jesus disse que Deus o enviou ao mundo. A palavra que se emprega é a que se aplicaria quando se fala de despachar um mensageiro, um embaixador, um exército ou uma brigada de trabalho. Quando Jesus empregou essa palavra demonstrou que não se via si mesmo tanto como alguém que tinha vindo ao mundo, mas sim como alguém que tinha sido enviado. Sua vinda foi um ato de Deus, veio para representar a Deus, veio para cumprir com a tarefa que Deus lhe encomendou.

    De maneira que Jesus disse: "Nos tempos da antiguidade a Escritura podia referir-se aos juízes como a deuses porque Deus lhes tinha encarregado que levassem sua verdade e sua justiça ao mundo. Agora, me separado de outros para cumprir uma tarefa especial. Deus me enviou ao mundo como podem objetar se digo ser o Filho de Deus? Só faço o mesmo que fazem as Escrituras." Busca-se um argumento bíblico cujo poder nos é difícil perceber. Entretanto, seria absolutamente convincente para qualquer rabino judeu. Tratava-se do tipo de argumentação, baseado sobre as palavras das Escrituras, que os rabinos usavam com maior prazer e que era quase impossível contradizer.

    1. Logo Jesus os convidou a passar por uma prova amarga. "Não lhes peço", disse, "que aceitem minhas palavras. O que sim lhes peço é que aceitem minhas obras". Qualquer um pode discutir a respeito das palavras; mas não há nenhuma discussão a respeito das obras. Qualquer um pode duvidar e discutir com todo direito sobre as afirmações que alguém faz a respeito de si mesmo; mas não pode discutir quando se enfrenta com as obras dessa mesma pessoa. Jesus é o mestre perfeito porque não baseia suas afirmações sobre o que disse e sim sobre o que é e o que faz. Convoca à prova amarga, a prova das obras. O convite que fez aos judeus foi que fundassem seu veredicto a respeito dele, não baseando-se em suas palavras e sim em suas obras. E todos os seus discípulos deveriam ser capazes de passar por essa prova. A tragédia da Igreja é que são muito poucos aqueles que podem fazê-lo, e menos ainda aqueles que podem convidar a outros a passar por ela.

    A PAZ QUE PRECEDE A TORMENTA

    João 10:40-42

    O tempo de Jesus chegava a seu fim, mas Jesus sabia qual era seu tempo. Não estava disposto a brincar com o perigo de maneira irresponsável e desperdiçar sua vida. Tampouco evitaria o perigo com covardia para conservar a vida. Mas desejava afastar-se para um lugar tranqüilo antes de enfrentar a luta final. Jesus sempre saía da presença de Deus para chegar à presença dos homens. Sempre se fortalecia e se preparava para encontrar-se com os homens mediante um encontro com Deus. Essa é a razão pela qual se retirou ao outro lado do Jordão Não estava escapando; preparava-se para o último combate.
    Entretanto, o lugar aonde foi é muito significativo. Foi ao lugar onde João estava acostumado a batizar; onde ele mesmo tinha sido batizado. Ali foi onde ouviu a voz de Deus que lhe assegurou que tomou o caminho reto e a decisão adequada. É muito o que se pode dizer sobre o homem que retorna de vez em quando ao lugar onde teve a maior experiência de sua vida.

    Quando Jacó estava na parte mais bravia de sua luta, quando todas as coisas andavam muito mal, voltou para Betel (Gênesis 35:1-5). Quando necessitava a Deus, retornou ao lugar onde encontrou a Deus. Antes do fim, Jesus retornou ao lugar onde se produziu o princípio. Em mais de uma ocasião, significaria um imenso bem para nossas almas se retornássemos ao lugar onde Deus nos encontrou e onde nós o encontramos.

    Apesar de que estava em um ponto afastado do Jordão, os judeus se aproximaram de Jesus e eles também pensaram em João. Recordaram que tinha falado com as palavras de um profeta mas não tinha feito obras maravilhosas. Viam que havia uma diferença entre Jesus e João. À proclamação de João, Jesus adicionava o poder de Deus. João tinha podido diagnosticar a situação; Jesus havia trazido o poder necessário para enfrentá-la. Estes judeus tinham considerado que João era um profeta. Agora viam que tudo o que João tinha profetizado sobre Jesus era certo. E muitos deles creram.

    Acontece com muita freqüência que o homem a quem se augurou um grande futuro e em quem muitos cifraram suas esperanças, defrauda esse futuro e frustra as esperanças. A grandeza de Jesus, ao contrário, radica em que inclusive superou o que João tinha anunciado. Jesus é a única pessoa que jamais defrauda àqueles que cifram suas esperanças nEle. É a única pessoa que faz com que os sonhos sempre se convertam em realidade.


    Dicionário

    Abrir

    verbo transitivo direto Transpor o que estava fechado: abrir uma porta.
    Retirar o que está fechando um espaço, superfície etc.; descerrar: abrir uma embalagem.
    Mover a tampa; destapar, destampar: abrir a panela.
    Desobstruir um caminho, passagem; franquear: abrir a mata, uma estrada.
    Tornar conhecido; desvendar: abrir novas perspectivas de carreira.
    Fazer uma incisão; furar: abrir uma veia, um buraco.
    Figurado Começar alguma coisa; inaugurar: abrir o baile.
    Estabelecer algo; instalar, fundar: abrir uma escola.
    Tirar os botões das casas; desabotoar: abrir a camisa.
    Deixar aberto; esticar, estender: abrir os braços.
    Fazer entalhe; esculpir em madeira ou outro material; entalhar: abrir a madeira.
    Ser mais amigável, compreensivo: seus elogios abriram o coração da filha.
    Causar uma reação, um estímulo (físico ou mental): seus conselhos abriram minha cabeça.
    [Fonética] Articular um som, vogal, com maior abertura.
    [Informática] Ter acesso ou tornar algo acessível; acessar: abrir um arquivo.
    verbo transitivo direto e intransitivo Separar, afastar o que está junto: abrir os lábios; o atleta abriu vantagem em relação aos demais.
    Estar autorizado a passar: abrir o sinal, o semáforo; o sinal abriu.
    verbo bitransitivo Deixar acessível, disponível para todos: abrir a cidade para os turistas.
    verbo intransitivo e pronominal Fazer abrir (falando de flores); desabrochar, desabotoar: as rosas abriram; plantas que abrem.
    Demonstrar sentimentos; contar seus segredos a alguém; desabafar: abriu com o irmão; não conseguia se abrir facilmente.
    verbo intransitivo Estar aberto: loja que abre aos domingos.
    Dar acesso: esta porta abre para o jardim.
    Deslocar-se para outro caminho: abrir o carro mais para a direita.
    Melhorar as condições climatéricas: o céu abriu.
    Passar a ter funcionamento: a escola abre às 7h da manhã.
    substantivo masculino Ação de abrir, de passar pelo que estava fechado: o abrir dos olhos.
    expressão [Popular] Abrir o jogo. Falar com franqueza, dizer logo o que está pensando.
    Abrir passagem. Franquear o caminho.
    Etimologia (origem da palavra abrir). Do latim aperire.

    soabrir, entreabrir, descerrar, escancarar. – Dispostos em outra ordem (descerrar, soabrir, entreabrir, abrir, escancarar) marcam estes vocábulos uma perfeita gradação de sorites. – Descerrar é apenas “desunir o que estava unido ou cerrado”. Descerra-se uma porta, ou uma cortina, se o afastamento que se operou no pano da cortina, ou na folha da porta, deixa passagem apenas a um raio de sol ou a uma réstia de luz. – Soabrir é “abrir muito pouco e instantaneamente”. – Entreabrir é “abrir pouco e com cuidado, mas de modo a poder-se ver e falar para fora, ou de fora para dentro”. Por uma janela soaberta mal se revezaria uma voz ou se distinguiria um vulto; por uma por- 48 Rocha Pombo ta entreaberta um homem não passaria, mas veria distintamente quem estivesse dentro da casa. Abrir é “remover alguma coisa da abertura que está ocupando (fechando) de modo que deixe passar, por essa abertura desimpedida, alguma outra coisa”. Abre-se uma janela para falar com alguém; abre-se uma porta para que alguém entre. Abre-se uma caixa, uma gaveta, um pacote de biscoitos. – Escancarar é abrir completamente, o mais possível, “de lés a lés”. (Aul.) Abre-se a boca falando; escancara-se a gargalhar; entreabrem-se os lábios a sorrir; soabrem-se os lábios num ríctus imperceptível.

    desunir, separar, desligar, soltar, desprender, desatar, desmembrar, afastar, apartar, distanciar, divorciar. – Abrir, aqui, é “afastar uma coisa da outra”. Mesmo quando se abre um caminho não se faz outra coisa senão, eliminando os embaraços que se acharem entre uma e outra, separar uma da outra margem, ou um lado do caminho do outro lado; e é só neste sentido que se diz – “abrir caminho”. Em referência a caminhos de ferro, por exemplo, já não se emprega o verbo abrir, porque em tal caso já não se trata só de “separar as margens”. – Desunir é antônimo de unir, e significa, portanto, separar “o que estava unido, ligado, apertado”. Tanto que não se diria, por exemplo: “desunir os bons dos maus”; “desunimo-nos ao chegar à vila”...; pois o verbo desunir só se deve aplicar quando se trata de coisas que tinham sido enlaçadas, associadas, ligadas intimamente. Desune-se um casal (separando um do outro esposo); desunem-se famílias que viviam em perfeita união; desunem-se mesmo povos que eram amigos; desunem-se, em geral, coisas que haviam sido incorporadas ou ajuntadas. – Separar diz propriamente “pôr, duas ou mais coisas, cada qual para o seu lado, ou no seu lugar.” Separa-se o trigo do joio; separam-se os bons dos maus; separa-se a Igreja do Estado: em regra, separa-se uma coisa da outra, ou as partes de uma coisa umas das outras, mesmo que nunca tivessem sido unidas. – Desligar é antônimo de ligar e diz, portanto, “separar o que estava ligado”. – Soltar enuncia a ideia geral de “libertar coisas que estavam juntas ou presas umas a outras”. – Desprender ainda exprime com mais força, e de modo mais preciso, a ideia de soltar. – Desatar é “deixar livre uma coisa que estava presa por nó”. – Desmembrar é desunir ou “separar por membros”, destruindo portanto a unidade ou o todo desmembrado. – Afastar é “pôr uma longe da outra as coisas que se desuniram ou separaram”. – Apartar é “impedir que continuem, duas ou mais coisas ou pessoas, unidas”. – Distanciar é “afastar muito as pessoas ou coisas que se separaram”. – Divorciar é, tratando-se particularmente do vínculo conjugal, “desunir, separar por sentença, segundo a lei”; e na acepção lata é “separar definitivamente”. “Nunca se divorciou da religião de seus pais”... “Fazem tudo por divorciar-me do meu partido”. Divorciam-se colegas, amigos que se separam para sempre.

    Cegos

    masc. pl. de cego

    ce·go |é| |é|
    (latim caecus, -a, -um)
    adjectivo e nome masculino
    adjetivo e nome masculino

    1. Que ou quem está privado do sentido de visão ou tem uma visão muito reduzida. = INVISUAL

    2. Que ou quem não percebe o que é perceptível para quase todos.

    adjectivo
    adjetivo

    3. Que tem a visão perturbada.

    4. Figurado Que tem o raciocínio perturbado (ex.: cego de raiva). = ALUCINADO, DESVAIRADO

    5. Deslumbrado.

    6. Que não tem em conta todas as circunstâncias ou consequências (ex.: medidas cegas).

    7. Que não sabe discernir o bem do mal.

    8. Estúpido, ignorante.

    9. Que não tem limites ou restrições (ex.: obediência cega). = ABSOLUTO, INCONDICIONAL

    10. Que está tapado, entupido ou entulhado (ex.: cano cego).

    11. Que não se conhece bem.

    12. Que não recebe luz.

    13. [Portugal, Informal] Que está sob o efeito do álcool ou de drogas.

    14. [Arquitectura Construção] [Arquitetura Construção] Que não tem janelas ou aberturas (ex.: empena cega; parede cega).

    15. Em que há escuridão (ex.: noite cega). = ESCURO, TENEBROSO

    16. Diz-se do alambique que tem só um cano.

    17. [Náutica] Diz-se do baixio ou escolho que está sempre debaixo de água.

    nome masculino

    18. [Anatomia] O mesmo que ceco.


    Demonio

    cabeludo, cabrito, bode

    Demônio

    substantivo masculino Para os antigos, divindade, gênio bom ou mau que presidia aos destinos de cada homem, cidade ou Estado.
    Para os modernos e os cristãos, anjo caído, diabo, espírito maligno, gênio do mal.
    Figurado Pessoa má, inquieta ou turbulenta.
    Etimologia (origem da palavra demônio). Do grego daimonion.

    demo, diabo (diacho), Satã, Satanás, Lúcifer, Lusbel, canhoto, Belzebu, mafarrico, capeta, dianho, tinhoso, cãotinhoso. – “Por todos estes nomes” – diz Roq., referindo-se aos vocábulos deste grupo (salvo diacho, demo, Satã e canhoto, e os que se seguem a Belzebu) “é conhecido o anjo mau, tentador das almas; cada um deles, porém, recorda circunstâncias particulares que importa conhecer. Diabo é palavra latina, diabolus, antes grega diabolos, que diz o mesmo que acusador, caluniador (de diaballô, “eu acuso, eu calunio, eu desacredito”). Com razão, pois, toma-se sempre esta palavra em mau sentido, como nome geral dos anjos maus arrojados do céu aos profundos abismos; os quais se ocupam continuamente em atormentar e perseguir a virtude, acusando-a, caluniando-a, e desacreditando-a quanto podem, e em incitar os homens ao vício, usando para isto de sua maligna astúcia e pérfida sagacidade. – Demônio é também palavra grega, daimon, que, antes do Cristianismo, significava divindade, gênio. Designa-se por ela o diabo, mas é mais decente, e algumas vezes se toma à boa parte, no estilo familiar. Os oradores cristãos se servem sempre dela ainda que seja traduzindo a palavra latina diabolus, como se pode ver em Vieira, nos “Sermões da primeira Dominga de Quaresma”. – Lúcifer, que diz o mesmo que ferens lucem, significa propriamente a estrela Vênus, quando aparece pela manhã; e translatamente, o primeiro dos anjos rebeldes, brilhante como a estrelad’alva, e, pelo seu pecado, descido como ela no ocaso e escurecido. Designa, pois, esta palavra particularmente o estado primitivo do príncipe dos demônios, e a circunstância que dele o fez decair. – Lusbel-(ou Luzbel) é corrupção vulgar da mesma palavra latina Lúcifer, mas só tem a significação translata desta. – Satanás ou Satã é termo bíblico que do hebraico passou ao grego, pois em S. Mateus se lê, cap. IV,
    v. 10: upage opeso mou, satana – ‘vade retro, satã’. Significa adversário, inimigo, e por antonomásia – o diabo. – Belzebu, antes Beelzebub, palavra que o nosso vulgo converteu em Brazabu, é igualmente termo bíblico que do hebraico passou ao grego, pois em S. Lucas, cap. XI,
    v. 15, se lê: En beelzeboul, archonti ton daimonion ekballeita daimona; – in Beelzebub, principe dœmonio- Dicionário de Sinônimos da Língua Portuguesa 341 rum ejicit dœmonia. Na língua santa, Beelzebub significa idolum muscœ, ‘ídolo da mosca, deus-mosca’, ou ‘deus da mosca’; e assim se chamava o ídolo que adoravam os Acaronitos, porque o invocavam contra a praga das moscas; e supõe-se que tinha cabeça de mosca, ou de escaravelho. Os judeus chamavam, por escárnio e abominação, a Lúcifer Beel-zebub”. – Diacho é corrupção de diabo, na qual, por assim dizer, se atenuou a significação do original. – Canhoto é termo popular designativo do demônio; e sugere ideia dos intentos sinistros que tem sempre contra as almas o espírito mau. – Demo é forma familiar de demônio. – Mafarrico, capeta, dianho, tinhoso, cão-tinhoso – são outras tantas formas populares com que se designa o demônio.

    Em todos os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e comprazendo-se com o mal. A estes pode-se denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos. O Espiritismo não lhes dá tal nome por se prender ele à idéia de uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem. [...] Segundo o Espiritismo, os demônios são Espíritos imperfeitos, suscetíveis de regeneração e que, colocados na base da escala, hão de nela graduar-se. [...]
    Referencia: KARDEC, Allan• O céu e o inferno ou A Justiça divina segundo o Espiritismo• Trad• de Manuel Justiniano Quintão• 57a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 1, cap• 9, it• 20 e 21

    A palavra demônio não implica a idéia de Espírito mau, senão na sua acepção moderna, porquanto o termo grego daïmon, donde ela derivou, significa gênio, inteligência e se aplicava aos seres incorpóreos, bons ou maus, indistintamente. Por demônios, segundo a acepção vulgar da palavra, se entendem seres essencialmente malfazejos. Como todas as coisas, eles teriam sido criados por Deus. Ora, Deus, que é soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres prepostos, por sua natureza, ao mal e condenados por toda a eternidade. [...]
    Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita• Trad• de Guillon Ribeiro• 86a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - q• 131

    [...] os demônios são simplesmente as almas dos maus, ainda não purificadas, mas que podem, como as outras, ascender ao mais alto cume da perfeição [...].
    Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos médiuns ou Guia dos médiuns e dos evocadores• Trad• de Guillon Ribeiro da 49a ed• francesa• 76a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - it• 2

    [...] os demônios são as almas atrasadas, ainda prenhes dos vícios da Humanidade [...].
    Referencia: KARDEC, Allan• Obras póstumas• Traduzida da 1a ed• francesa por Guillon Ribeiro• 37a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 1

    Os diabos são: o egoísmo, a impureza, o orgulho, a avareza, os ódios, as hipocrisias, as paixões e os sentimentos que revoluteiam dentro do círculo da liberdade humana.
    Referencia: AMIGÓ Y PELLÍCER, José• Roma e o Evangelho: estudos filosófico-religiosos e teórico-práticos• 9a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 2

    [...] não é uma individualidade real, mas sim a expressão das paixões que procedem da liberdade humana [...].
    Referencia: AMIGÓ Y PELLÍCER, José• Roma e o Evangelho: estudos filosófico-religiosos e teórico-práticos• 9a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 3, cap• 3

    Demônio, como se sabe, significa Espírito mau, gênio ou simplesmente Espírito.
    Referencia: IMBASSAHY, Carlos• Religião: refutação às razões dos que combatem a parte religiosa em Espiritismo• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1981• - Das origens

    Espírito obsessor.
    Referencia: MÍNIMUS• Síntese de o Novo Testamento• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1979• - A mulher cananéia

    [...] é aquele que faz o mal e, assim, todo ser perverso, quando sai deste mundo, procura tentar as criaturas para o mal.
    Referencia: PALISSY, Codro• Eleonora• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 3, cap• 3

    Sabeis o que se deve entender por diabo, demônio, satanás: a má influência, a inspiração má. [...]
    Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 4

    [...] demônios nada mais eram que as almas daqueles homens que na Terra foram maus, frívolos, brincalhões, materialistas, indiferentes, hipócritas, orgulhosos, fraudadores, etc., e que, ao atravessarem o túmulo, em pouco ou em nada mudaram, conservando, como é mais lógico, os mesmos defeitos e imperfeições que possuíam quando no corpo de carne.
    Referencia: WANTUIL, Zêus• As mesas girantes e o Espiritismo• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 26

    A palavra diabo era então compreendida na sua justa acepção. Segundo o sentido exato da expressão, era ele o adversário do bem, simbolizando o termo, dessa forma, todos os maus sentimentos que dificultavam o acesso das almas à aceitação da Boa Nova e todos os homens de vida perversa, que contrariavam os propósitos da existência pura, que deveriam caracterizar as atividades dos adeptos do Evangelho.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Boa nova• Pelo Espírito Humberto de Campos• 1a ed• especial• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 7

    O diabo existe como personificação do desequilíbrio. [...] É o protótipo da ingratidão para com Deus [...], o diabo é do Eterno o filho que menosprezou a celeste herança. [...] É alma repleta de atributos sublimes, que permanece, entretanto, na Obra do Pai, como gênio destruidor. É sábio de raciocínio, mas pérfido de sentimento. [...] é um misto de anjo e monstro, no qual se confundem a santidade e a bestialidade, a luz e a treva, o céu e o abismo. Criatura desventurada pelo desvio a que se entregou voluntariamente, é, de fato, mais infeliz que infame, merecendo, antes de qualquer consideração, nosso entendimento e piedade.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Lázaro redivivo• Pelo Espírito Irmão X [Humberto de Campos]• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 10

    [...] os gênios malditos, os demônios de todos os tempos [...]. Somos nós mesmos [...] quando nos desviamos, impenitentes, da Lei. [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Libertação• Pelo Espírito André Luiz• 29a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 4

    [...] as igrejas dogmáticas da crosta terrena possuem erradas noções acerca do diabo, mas, inegavelmente, os diabos existem. Somos nós mesmos, quando, desviados dos divinos desígnios, pervertemos o coração e a inteligência, na satisfação de criminosos caprichos...
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Obreiros da vida eterna• Pelo Espírito André Luiz• 31a ed• Rio de Janeiro: FEB• 2006• - cap• 15


    Demônio Espírito imundo (Lc 9:1), muito astuto, que se opõe a Deus e ataca as pessoas com todo tipo de males (Mc 7:26).

    Endemoninhado

    Endemoninhado Ver Demônios.

    endemoninhado adj. 1. Possesso do demônio. 2. Furioso. 3. Inquieto, travesso.

    Endemoninhado Pessoa possuída por um ou mais DEMÔNIOS (Mt 9:32; Lc 8:26-36).

    Não

    advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
    Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
    Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
    Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
    Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
    substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
    Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.

    advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
    Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
    Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
    Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
    Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
    substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
    Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.

    Olhos

    -

    substantivo masculino Orgãos externos da visão: meus olhos enxergaram o pôr do sol.
    Figurado Excesso de zelo, de cuidado, de atenção: estou de olhos nisso!
    Figurado Aquilo que clarifica; luz, brilho.
    locução adverbial A olhos vistos. De modo evidente, claro; evidentemente.
    expressão Abrir os olhos de alguém. Dizer a verdade sobre alguma coisa.
    Falar com os olhos. Mostrar com o olhar seus sentimentos e pensamentos.
    Comer com os olhos. Olhar atenta e interesseiramente; cobiçar.
    Custar os olhos da cara. Ser muito caro.
    Ser todo olhos. Olhar muito atentamente.
    Etimologia (origem da palavra olhos). Plural de olho, do latim oculus.i.

    Palavras

    fem. pl. de palavra

    pa·la·vra
    (latim parabola, -ae)
    nome feminino

    1. [Linguística] [Linguística] Unidade linguística com um significado, que pertence a uma classe gramatical, e corresponde na fala a um som ou conjunto de sons e na escrita a um sinal ou conjunto de sinais gráficos. = TERMO, VOCÁBULO

    2. Mensagem oral ou escrita (ex.: tenho que lhe dar uma palavra).

    3. Afirmação ou manifestação verbal.

    4. Permissão de falar (ex.: não me deram a palavra).

    5. Manifestação verbal de promessa ou compromisso (ex.: confiamos na sua palavra).

    6. Doutrina, ensinamento.

    7. Capacidade para falar ou discursar.

    interjeição

    8. Exclamação usada para exprimir convicção ou compromisso.


    dar a sua palavra
    Prometer, comprometer-se.

    de palavra
    Que cumpre aquilo que promete; em que se pode confiar (ex.: governante de palavra).SEM PALAVRA

    de poucas palavras
    Que fala pouco (ex.: herói de poucas palavras). = CALADOFALADOR

    palavra de ordem
    Palavra ou conjunto de palavras que serve para marcar uma posição para reivindicar algo, geralmente pela repetição.

    palavra de honra
    Exclamação usada para exprimir convicção ou compromisso (ex.: ninguém vende mais barato, palavra de honra!). = PALAVRA

    Manifestação verbal de promessa ou compromisso (ex.: dou-lhe a minha palavra de honra, não se vai arrepender). = PALAVRA

    palavra gramatical
    Gramática Palavra que não tem valor semântico ou referente externo e expressa uma relação gramatical, como, por exemplo, as preposições ou as conjunções.

    palavra primitiva
    Gramática Palavra que não é formada a partir de outra da mesma língua e que serve de base à formação de outras palavras.

    palavras cruzadas
    Jogo ou passatempo em que se deve preencher uma grelha de palavras que se entrecruzam de forma vertical e horizontal, a partir de pistas.

    passar a palavra
    Dizer a mais pessoas para que se conheça. = DIFUNDIR, DIVULGAR

    retirar a palavra
    Retractar-se.

    Não deixar continuar no uso da palavra, geralmente em assembleia deliberativa.

    sem palavra
    Que não cumpre aquilo que promete; em que não se pode confiar (ex.: homem sem palavra).DE PALAVRA

    tirar a
    (s): palavra
    (s): da boca de alguém
    Anteceder-se à fala de outra pessoa, dizendo o que ela prentendia dizer.

    última palavra
    Decisão definitiva (ex.: nós demos a nossa opinião, mas a última palavra é dele).

    voltar com a palavra atrás
    Negar o que disse anteriormente. = DESDIZER-SE

    Não cumprir o prometido. = DESDIZER-SE


    fem. pl. de palavra

    pa·la·vra
    (latim parabola, -ae)
    nome feminino

    1. [Linguística] [Linguística] Unidade linguística com um significado, que pertence a uma classe gramatical, e corresponde na fala a um som ou conjunto de sons e na escrita a um sinal ou conjunto de sinais gráficos. = TERMO, VOCÁBULO

    2. Mensagem oral ou escrita (ex.: tenho que lhe dar uma palavra).

    3. Afirmação ou manifestação verbal.

    4. Permissão de falar (ex.: não me deram a palavra).

    5. Manifestação verbal de promessa ou compromisso (ex.: confiamos na sua palavra).

    6. Doutrina, ensinamento.

    7. Capacidade para falar ou discursar.

    interjeição

    8. Exclamação usada para exprimir convicção ou compromisso.


    dar a sua palavra
    Prometer, comprometer-se.

    de palavra
    Que cumpre aquilo que promete; em que se pode confiar (ex.: governante de palavra).SEM PALAVRA

    de poucas palavras
    Que fala pouco (ex.: herói de poucas palavras). = CALADOFALADOR

    palavra de ordem
    Palavra ou conjunto de palavras que serve para marcar uma posição para reivindicar algo, geralmente pela repetição.

    palavra de honra
    Exclamação usada para exprimir convicção ou compromisso (ex.: ninguém vende mais barato, palavra de honra!). = PALAVRA

    Manifestação verbal de promessa ou compromisso (ex.: dou-lhe a minha palavra de honra, não se vai arrepender). = PALAVRA

    palavra gramatical
    Gramática Palavra que não tem valor semântico ou referente externo e expressa uma relação gramatical, como, por exemplo, as preposições ou as conjunções.

    palavra primitiva
    Gramática Palavra que não é formada a partir de outra da mesma língua e que serve de base à formação de outras palavras.

    palavras cruzadas
    Jogo ou passatempo em que se deve preencher uma grelha de palavras que se entrecruzam de forma vertical e horizontal, a partir de pistas.

    passar a palavra
    Dizer a mais pessoas para que se conheça. = DIFUNDIR, DIVULGAR

    retirar a palavra
    Retractar-se.

    Não deixar continuar no uso da palavra, geralmente em assembleia deliberativa.

    sem palavra
    Que não cumpre aquilo que promete; em que não se pode confiar (ex.: homem sem palavra).DE PALAVRA

    tirar a
    (s): palavra
    (s): da boca de alguém
    Anteceder-se à fala de outra pessoa, dizendo o que ela prentendia dizer.

    última palavra
    Decisão definitiva (ex.: nós demos a nossa opinião, mas a última palavra é dele).

    voltar com a palavra atrás
    Negar o que disse anteriormente. = DESDIZER-SE

    Não cumprir o prometido. = DESDIZER-SE


    Pode

    substantivo deverbal Ação de poder, de ter capacidade, direito ou autoridade para conseguir ou para realizar alguma coisa: ele não pode fazer este trabalho; ele tem todas as condições necessárias e pode se candidatar ao emprego.
    Ação de estar sujeito a: o atleta pode se machucar durante o jogo.
    Ação de ter controle sobre: o professor não pode com os alunos.
    Gramática A grafia "pôde" é usada com o mesmo sentido, mas no passado.
    Etimologia (origem da palavra pode). Forma Der. de poder.
    substantivo deverbal Ação de podar, de cortar os ramos das plantas ou de aparar suas folhas: preciso que ele pode a videira.
    Etimologia (origem da palavra pode). Forma Der. de podar.

    Porventura

    advérbio Demonstra que o falante expressa, no plano hipotético, o teor da oração que pretende modificar; por hipótese, por acaso: se porventura ela aparecer, você me chama?
    Em frases interrogativas, geralmente em interrogações retóricas; por casualidade: o professor é porventura o escritor deste livro? Porventura seguiremos unidos até o final?
    Etimologia (origem da palavra porventura). Por + ventura.

    São

    adjetivo Que se encontra em perfeito estado de saúde; sadio: homem são.
    Que não está estragado: esta fruta ainda está sã.
    Que contribui para a saúde; salubre: ar são.
    Figurado Concorde com a razão; sensato, justo: política sã.
    Por Extensão Que não está bêbado nem embriagado; sóbrio: folião são.
    Sem lesão nem ferimento; ileso, incólume: são e salvo.
    Que age com retidão; justo: julgamento são; ideias sãs.
    Em que há sinceridade, franqueza; franco: palavras sãs.
    substantivo masculino Parte sadia, saudável, em perfeito estado de algo ou de alguém.
    Aquele que está bem de saúde; saudável.
    Característica da pessoa sã (sensata, justa, sincera, franca).
    Condição do que está completo, perfeito.
    expressão São e salvo. Que não corre perigo: chegou em casa são e salvo!
    Etimologia (origem da palavra são). Do latim sanus.a.um.
    substantivo masculino Forma abreviada usada para se referir a santo: São Benedito!
    Etimologia (origem da palavra são). Forma sincopada de santo.

    adjetivo Que se encontra em perfeito estado de saúde; sadio: homem são.
    Que não está estragado: esta fruta ainda está sã.
    Que contribui para a saúde; salubre: ar são.
    Figurado Concorde com a razão; sensato, justo: política sã.
    Por Extensão Que não está bêbado nem embriagado; sóbrio: folião são.
    Sem lesão nem ferimento; ileso, incólume: são e salvo.
    Que age com retidão; justo: julgamento são; ideias sãs.
    Em que há sinceridade, franqueza; franco: palavras sãs.
    substantivo masculino Parte sadia, saudável, em perfeito estado de algo ou de alguém.
    Aquele que está bem de saúde; saudável.
    Característica da pessoa sã (sensata, justa, sincera, franca).
    Condição do que está completo, perfeito.
    expressão São e salvo. Que não corre perigo: chegou em casa são e salvo!
    Etimologia (origem da palavra são). Do latim sanus.a.um.
    substantivo masculino Forma abreviada usada para se referir a santo: São Benedito!
    Etimologia (origem da palavra são). Forma sincopada de santo.

    são adj. 1. Que goza de perfeita saúde, sadio. 2. Completamente curado. 3. Salubre, saudável, sadio. 4. Que não está podre ou estragado. 5. Reto, justo. 6. Impoluto, puro; sem defeitos. 7. Ileso, incólume, salvo. 8. Justo, razoável. 9. Inteiro, intacto, sem quebra ou defeito (objeto). Sup. abs. sint.: saníssimo. Fe.M: sã. S. .M 1. Indivíduo que tem saúde. 2. A parte sã de um organismo.

    Strongs

    Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
    ἄλλος λέγω ταῦτα ῥήμα οὐ ἐστί δαιμονίζομαι δύναμαι μή δαιμόνιον ἀνοίγω ὀφθαλμός τυφλός
    João 10: 21 - Texto em Grego - (BGB) - Bíblia Grega Bereana

    Outros diziam: Essas palavras não são de quem tem demônio pode um demônio abrir os olhos dos cegos?
    João 10: 21 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

    Dezembro de 29
    G1139
    daimonízomai
    δαιμονίζομαι
    estar sob o poder de um demônio.
    (being possessed by demons)
    Verbo - particípio no presente médio ou passivo - Masculino no Plurak acusativo acusativo
    G1140
    daimónion
    δαιμόνιον
    poder divino, deidade, divindade
    (demons)
    Substantivo - neutro acusativo plural
    G1410
    dýnamai
    δύναμαι
    sétimo filho de Jacó através de Zilpa, serva de Lia, e irmão legítimo de Aser
    (Gad)
    Substantivo
    G1510
    eimí
    εἰμί
    ser
    (being)
    Verbo - Presente do indicativo Ativo - Masculino no Singular nominativo
    G243
    állos
    ἄλλος
    outro, diferente
    (another)
    Adjetivo - Feminino no Singular genitivo
    G3004
    légō
    λέγω
    terra seca, solo seco
    (the dry land)
    Substantivo
    G3361
    mḗ
    μή
    não
    (not)
    Advérbio
    G3588
    ho
    para que
    (that)
    Conjunção
    G3756
    ou
    οὐ
    o 4o. filho de Rúben e progenitor dos carmitas
    (and Carmi)
    Substantivo
    G3778
    hoûtos
    οὗτος
    um território na baixa Mesopotâmia fazendo fronteira com o Golfo Pérsico n pr m
    (of the Chaldeans)
    Substantivo
    G3788
    ophthalmós
    ὀφθαλμός
    sucesso, habilidade, proveito
    (and in equity)
    Substantivo
    G4487
    rhēma
    ῥῆμα
    contar, calcular, numerar, designar, falar, indicar, preparar
    (number)
    Verbo
    G455
    anoígō
    ἀνοίγω
    ()
    G5185
    typhlós
    τυφλός
    cego
    (blind [men])
    Adjetivo - nominativo Masculino no Masculino no Plurak


    δαιμονίζομαι


    (G1139)
    daimonízomai (dahee-mon-id'-zom-ahee)

    1139 δαιμονιζομαι daimonizomai

    voz média de 1142; TDNT - 2:19,137; v

    1. estar sob o poder de um demônio.

      No NT, estas são pessoas afligidas por enfermidades particularmente severas, tanto corporais como mentais (tais como paralisia, cegueira, surdez, perda da fala, epilepsia, melancolia, insanidade, etc.). Na opinião dos judeus, seus corpos eram invadidos por demônios, que os possuíam não apenas para afligir-los com males, mas também para destronar sua razão e tomar seu próprio lugar. Conseqüentemente, os possuídos eram compelidos a expressar a mente e consciência dos demônios que neles residiam. Acreditava-se que a cura deles requeria a expulsão dos demônios.


    δαιμόνιον


    (G1140)
    daimónion (dahee-mon'-ee-on)

    1140 δαιμονιον daimonion

    neutro de um derivado de 1142; TDNT - 2:1,137; n n

    1. poder divino, deidade, divindade
    2. espírito, ser inferior a Deus, superior ao homem
    3. espíritos maus ou os mensageiros e ministros do mal

    δύναμαι


    (G1410)
    dýnamai (doo'-nam-ahee)

    1410 δυναμαι dunamai

    de afinidade incerta; TDNT - 2:284,186; v

    1. ser capaz, ter poder quer pela virtude da habilidade e recursos próprios de alguém, ou de um estado de mente, ou através de circunstâncias favoráveis, ou pela permissão de lei ou costume
    2. ser apto para fazer alguma coisa
    3. ser competente, forte e poderoso

    εἰμί


    (G1510)
    eimí (i-mee')

    1510 ειμι eimi

    primeira pessoa do singular do presente indicativo; uma forma prolongada de um verbo primário e defectivo; TDNT - 2:398,206; v

    1. ser, exitir, acontecer, estar presente

    ἄλλος


    (G243)
    állos (al'-los)

    243 αλλος allos

    uma palavra primária; TDNT - 1:264,43; adj

    1. outro, diferente

    Sinônimos ver verbete 5806


    λέγω


    (G3004)
    légō (leg'-o)

    3004 λεγω lego

    palavra raiz; TDNT - 4:69,505; v

    1. dizer, falar
      1. afirmar sobre, manter
      2. ensinar
      3. exortar, aconselhar, comandar, dirigir
      4. apontar com palavras, intentar, significar, querer dizer
      5. chamar pelo nome, chamar, nomear
      6. gritar, falar de, mencionar

    μή


    (G3361)
    mḗ (may)

    3361 μη me

    partícula de negação qualificada (enquanto que 3756 expressa um negação absoluta); partícula

    1. não, que... (não)


    (G3588)
    ho (ho)

    3588 ο ho

    que inclue o feminino η he, e o neutro το to

    em todos as suas inflexões, o artigo definido; artigo

    1. este, aquela, estes, etc.

      Exceto “o” ou “a”, apenas casos especiais são levados em consideração.


    οὐ


    (G3756)
    ou (oo)

    3756 ου ou também (diante de vogal) ουκ ouk e (diante de uma aspirada) ουχ ouch

    palavra primária, negativo absoluto [cf 3361] advérbio; partícula

    1. não; se usa em perguntas diretas que esperam uma resposta afirmativa

    οὗτος


    (G3778)
    hoûtos (hoo'-tos)

    3778 ουτος houtos incluindo masculino plural nominativo ουτοι houtoi , feminino singular nominativo αυτη haute e feminino plural nominativo αυται hautai

    do artigo 3588 e 846; pron

    1. este, estes, etc.

    ὀφθαλμός


    (G3788)
    ophthalmós (of-thal-mos')

    3788 οφταλμος ophthalmos

    de 3700; TDNT - 5:375,706; n m

    olho

    metáf. olhos da mente, faculdade de conhecer


    ῥῆμα


    (G4487)
    rhēma (hray'-mah)

    4487 ρημα rhema

    de 4483; TDNT - 4:69,505; n n

    1. aquilo que é ou foi proferido por viva voz, algo falado, palavra
      1. qualquer som produzido pela voz e que tem sentido definido
      2. fala, discurso
        1. o que alguém falou
      3. uma série de palavras reunidas em uma sentença (uma declaração da mente de alguém feita em palavras)
        1. expressão vocal
        2. qualquer dito em forma de mensagem, narrativa
          1. de acordo com alguma ocorrência
    2. assunto do discurso, objeto sobre o qual se fala
      1. na medida em que é um assunto de narração
      2. na medida em que é um assunto de comando
      3. assunto em disputa, caso em lei

    ἀνοίγω


    (G455)
    anoígō (an-oy'-go)

    455 ανοιγω anoigo

    de 303 e oigo (abrir); v

    1. abrir

    τυφλός


    (G5185)
    typhlós (toof-los')

    5185 τυφλος tuphlos

    de 5187; TDNT - 8:270,1196; adj

    cego

    mentalmente cego