Enciclopédia de Juízes 5:5-5

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

jz 5: 5

Versão Versículo
ARA Os montes vacilaram diante do Senhor, e até o Sinai, diante do Senhor, Deus de Israel.
ARC Os montes se derreteram diante do Senhor, e até Sinai diante do Senhor Deus de Israel.
TB Os montes se derreteram na presença de Jeová,
HSB הָרִ֥ים נָזְל֖וּ מִפְּנֵ֣י יְהוָ֑ה זֶ֣ה סִינַ֔י מִפְּנֵ֕י יְהוָ֖ה אֱלֹהֵ֥י יִשְׂרָאֵֽל׃
BKJ Os montes derreteram diante do SENHOR, até mesmo o Sinai diante do SENHOR Deus de Israel.
LTT Os montes se derreteram diante do SENHOR, e até Sinai diante do SENHOR Deus de Israel.
BJ2 Os montes deslizaram na presença de Iahweh, o do Sinai, diante de Iahweh, o Deus de Israel.
VULG Montes fluxerunt a facie Domini, et Sinai a facie Domini Dei Israël.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Juízes 5:5

Êxodo 19:18 E todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; e a sua fumaça subia como fumaça de um forno, e todo o monte tremia grandemente.
Êxodo 20:18 E todo o povo viu os trovões, e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso, retirou-se e pôs-se de longe.
Deuteronômio 4:11 E vós vos chegastes, e vos pusestes ao pé do monte; e o monte ardia em fogo até ao meio dos céus, e havia trevas, e nuvens, e escuridão.
Deuteronômio 5:22 Estas palavras falou o Senhor a toda a vossa congregação no monte, do meio do fogo, da nuvem e da escuridade, com grande voz, e nada acrescentou; e as escreveu em duas tábuas de pedra e a mim mas deu.
Salmos 68:8 a terra abalava-se, e os céus destilavam perante a face de Deus; o próprio Sinai tremeu na presença de Deus, do Deus de Israel.
Salmos 97:5 Os montes se derretem como cera na presença do Senhor, na presença do Senhor de toda a terra.
Salmos 114:4 Os montes saltaram como carneiros; e os outeiros, como cordeiros.
Isaías 64:1 Ó! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes se escoassem diante da tua face!
Naum 1:5 Os montes tremem perante ele, e os outeiros se derretem; e a terra se levanta na sua presença, sim, o mundo e todos os que nele habitam.
Habacuque 3:10 Os montes te viram e tremeram; a inundação das águas passou; deu o abismo a sua voz, levantou as suas mãos ao alto.
Hebreus 12:18 Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade,

Mapas Históricos

Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados ​​para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.

POVOS E LÍNGUAS

POVOS E LÍNGUAS

 

É possível observar na Bíblia, como em nosso mundo atual, uma mistura de grupos étnicos.

Povos extremamente locais como os jebuseus, os primeiros habitantes de Jerusalém, são listados lado a lado com grupos étnicos muito mais amplos como os cananeus, heteus e amorreus.' Apesar dos reinos de Israel e Judá falarem hebraico, possuíam dialetos distintos? dos quais encontramos vestígios no livro de Reis.

A língua moabita, registrada na Pedra Moabita, é bastante parecida com o hebraico e algumas de suas características se encontram preservadas no livro de Rute.

No entanto, nem sempre é possível simplesmente equiparar povos e línguas como se faz nos dias de hoje.

O texto bíblico se refere a várias línguas locais, como o asdodita no tempo de Neemias e o licaônico, língua com a qual Paulo se deparou em Listra.

Mas também encontramos nos relatos bíblicos algumas das línguas internacionais mais importantes, como o aramaico, o grego, e o latim.

As línguas se desenvolvem e mudam com o passar do tempo e, por vezes, são adotadas em novas regiões geográficas.

Abaixo, um resumo sucinto desse caleidoscópio de línguas no mundo bíblico  

 

LÍNGUAS EM C. 1200 A.C.

 

Dois acontecimentos de relevância internacional ocorreram em c. 1180 a.C.

O Império Hitita na região central da Turquia se desintegrou e o Egito foi atacado pelos "povos do mar", muitos deles vindos do mar Egeu e da região correspondente à atual Turquia.

 

O colapso do Império Hitita se deveu a uma combinação de fatores.

Dentre eles, podemos destacar: problemas econômicos internos, escassez de alimento e pressão dos frígios que haviam sido expulsos de seu território pelos povos do mar.

 

Sem dúvida, a chegada dos povos do mar desencadeou uma série de acontecimentos que provocaram mudanças drásticas no mapa étnico e linguístico do Oriente Próximo.

Em 1200 a.C., as línguas faladas na região correspondente à atual Turquia eram o hitita e outras duas línguas indo-europeias, o palaico e o lúvio.

Nessa época, a Grécia era habitada pelos gregos micênicos, mas logo foi conquistada pelos gregos dóricos.

Naquela época, a língua principal de Canaã era o cananeu, talvez com os primeiros vestígios de hebraico, caso o "Cântico de Débora" seja desse período.' O acádio, falado na Mesopotâmia, era a língua da diplomacia na metade do segundo milênio a.C.

As 382 cartas de Amarna, de Tell el-Amarna, a capital abandonada de Amenófis 4 (Akenaton) (1353-1337 a.C.) no Médio Império Egípcio, foram escritas em acádio, apesar de apresentarem, por vezes, fortes influências de um dialeto cananeu.

 

LÍNGUAS EM C. 800 A.C.

 

O mapa linguístico dessa época reflete claramente as mudanças dos séculos anteriores.

No sudeste da Turquia, o hitita foi substituído por um dialeto lávio da região leste, também chamado de neo-hitita.

O aramaico, uma língua semítica originária da Síria, era falado desde Zincirli (antiga Samal) no sudeste da Turquia até o sul, em Tell Deir Alla na atual Jordânia (Sucote no Antigo Testamento), onde foram encontrados textos aramaicos que mencionam o profeta Balaão.

O hebraico havia se consolidado na Palestina, o fenício era falado ao longo da costa do Líbano, em Chipre e Caratepe, no sudeste da Turquia.

Há registros da presença do amonita e do moabita, duas línguas semíticas, na Transjordânia.

Na região ao redor de Van, no leste da Turquia, falava-se o urartiano, uma língua descendente do hurrita.

 

LÍNGUAS EM C. 400 A.C.

 

Em 400 a.C., o Império Persa havia entrado em declínio; estava perdendo poder no Egito, mas ainda controlava a região que se estendia desde o Egeu até a Pérsia e além.

 

A língua conhecida como persa antigo é atestada em vários lugares, mas seu registro mais famoso é uma inscrição de Dário 1 (522-486 a.C.) encontrada em Behistun (ou Bisitun) a cerca de 30 km a leste de Kermanshan no Irã.

O texto em persa antigo gravado em pedra é acompanhado de versões em babilônio e elamita.

Porém, a linguagem administrativa do Império Persa era o aramaico, usado em trechos dos livros de Esdras e Daniel no Antigo Testamento.° Um texto aramaico de Sardes também apresenta uma versão em lídio.

Numa inscrição em Letoon, perto de Xanthos, no sudeste da Turquia, é usado o aramaico, o grego e o lício.

Num vaso de calcita encontrado em Halicarnasso (atual Bodrum) há inscrições em persa antigo, babilônio, elamita e egípcio.

Sem dúvida, o multilinguismo era uma característica marcante das regiões sob domínio persa, como o livro de Ester deixa claro.

Os armênios indo-europeus aparecem pela primeira vez no Império Persa, sendo mencionados na inscrição de Behistun e pelo historiador grego Heródoto.

O grego clássico possuía cinco dialetos principais com variações regionais consideráveis.

A Grécia chegou a ter 158 cidades estados independentes, mas, ainda assim, os gregos se consideravam um só povo, tendo sua língua como elemento unificador.

Como resultado das conquistas de Alexandre, o grande (336-323 a.C.), o grego tomou o lugar de várias línguas oficiais.

No Egito, passou a ser usado no lugar do egípcio, mas este último sobreviveu numa forma modificada, conhecida como copta.

Na Síria, substituiu o aramaico e, na Mesopotâmia, relegou o uso do acádio ao registro de observações astronômicas.

Assim, quando Cristo nasceu, por volta de 5 a.C., o grego era a língua oficial da metade oriental do Império Romano, enquanto o latim era usado na parte ocidental e no exército.

 

O grego do Novo Testamento é consideravelmente distinto do grego clássico de Atenas do século V a.C.

Depois das conquistas de Alexandre, o Grande, o grego comum ou coiné reuniu vários dos principais dialetos, formando uma língua comum.

Os gálatas do Novo Testamento talvez fossem descendentes dos gauleses que haviam invadido a região no século Ill a.C.

Jerônimo (nascido em 347 d.C.) observa que os gálatas falavam uma língua bastante parecida com a de Trier na Gália, atual França.° Várias línguas semíticas surgiram nos arredores da Palestina nessa época.

O nabateu era falado na região de Petra, na Jordânia, enquanto o palmireno era a língua do oásis sírio de Palmira.

Uma observação em palmireno, acrescentada a uma inscrição em latim encontrada em South Shields, na região nordeste da Inglaterra, dá testemunho eloquente do multilinguismo do Império Romano.

 

Por Paul Lawrence

Referências
Gênesis 11:1
Gênesis 11:7
Gênesis 11:9

As línguas faladas no mundo bíblico e suas mudanças
As línguas faladas no mundo bíblico e suas mudanças
As línguas faladas no mundo bíblico e suas mudanças
As línguas faladas no mundo bíblico e suas mudanças
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Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita

Não foram encontradas referências em Livro Espírita.

Referências em Outras Obras

Não foram encontradas referências em Outras Obras.

Locais

Estes lugares estão apresentados aqui porque foram citados no texto Bíblico, contendo uma breve apresentação desses lugares.

ISRAEL

Atualmente: ISRAEL
País com área atual de 20.770 km2 . Localiza-se no leste do mar Mediterrâneo e apresenta paisagem muito variada: uma planície costeira limitada por colinas ao sul, e o planalto Galileu ao norte; uma grande depressão que margeia o rio Jordão até o mar Morto, e o Neguev, uma região desértica ao sul, que se estende até o golfo de Ácaba. O desenvolvimento econômico em Israel é o mais avançado do Oriente Médio. As indústrias manufatureiras, particularmente de lapidação de diamantes, produtos eletrônicos e mineração são as atividades mais importantes do setor industrial. O país também possui uma próspera agroindústria que exporta frutas, flores e verduras para a Europa Ocidental. Israel está localizado numa posição estratégica, no encontro da Ásia com a África. A criação do Estado de Israel, gerou uma das mais intrincadas disputas territoriais da atualidade. A criação do Estado de Israel em 1948, representou a realização de um sonho, nascido do desejo de um povo, de retornar à sua pátria depois de mil oitocentos e setenta e oito anos de diáspora. Esta terra que serviu de berço aos patriarcas, juízes, reis, profetas, sábios e justos, recebeu, Jesus o Senhor e Salvador da humanidade. O atual Estado de Israel teve sua origem no sionismo- movimento surgido na Europa, no século XIX, que pregava a criação de um país onde os judeus pudessem viver livres de perseguições. Theodor Herzl organizou o primeiro Congresso sionista em Basiléia, na Suíça, que aprovou a formação de um Estado judeu na Palestina. Colonos judeus da Europa Oriental – onde o anti-semitismo era mais intenso, começaram a se instalar na região, de população majoritariamente árabe. Em 1909, foi fundado na Palestina o primeiro Kibutz, fazenda coletiva onde os colonos judeus aplicavam princípios socialistas. Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) votou a favor da divisão da Palestina em dois Estados: um para os judeus e outro para os árabes palestinos. Porém, o plano de partilha não foi bem aceito pelos países árabes e pelos líderes palestinos. O Reino Unido que continuava sofrer a oposição armada dos colonos judeus, decidiu então, encerrar seu mandato na Palestina. Em 14 de maio de 1948, véspera do fim do mandato britânico, os líderes judeus proclamaram o Estado de Israel, com David Bem-Gurion como primeiro-ministro. Os países árabes (Egito, Iraque, Síria e Jordânia) enviaram tropas para impedir a criação de Israel, numa guerra que terminou somente em janeiro de 1949, com a vitória de Israel, que ficou com o controle de 75% do território da Palestina, cerca de um terço a mais do que a área destinada ao Estado judeu no plano de partilha da ONU.
Mapa Bíblico de ISRAEL


SINAI

Atualmente: EGITO
Sinai, monte – península do Sinai, constitui o cenário da aliança, quando Deus lhes deu as suas leis e os declarou o seu povo
Mapa Bíblico de SINAI



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Juízes Capítulo 5 do versículo 1 até o 31
  1. O Cântico de Débora (5:1-31)

O capítulo 5 é uma descrição poética da batalha entre os israelitas, sob o comando de Débora e Baraque, e os cananeus, comandados por Sísera. Ele nos dá alguns detalhes que são omitidos do relato em prosa, mais curto, feito no capítulo 4. O "Cântico de Débo-ra", como tem sido chamado, é uma obra de arte da poesia hebraica antiga. Tanto a linguagem como a forma mostram que se trata de uma das primeiras obras poéticas do AT, possivelmente preservada numa coleção de cânticos de guerra como o Livro do Reto (ou "Livro de Jaser") ou "no livro das Guerras do Senhor " (Nm 21:14).

  1. O Senhor sai para a guerra (5:1-5). O cântico inicia-se com uma exortação para que se louve ao Senhor em lembrança de suas manifestações anteriores.

Porquanto os chefes se puseram à frente em Israel, porquanto o povo se ofereceu voluntariamente, louvai ao Senhor.

Ouvi, reis; dai ouvidos, príncipes; eu, eu cantarei ao Senhor; salmodiarei ao Senhor, Deus de Israel.

Ó Senhor, saindo tu de Seir, caminhando tu desde o campo de Edom, a terra estremeceu; até os céus gotejaram, até as nuvens gotejaram águas.

Os montes se derreteram diante do Senhor, e até o Sinai diante do Senhor, Deus de Israel. (2-5)

Nos versículos 4:5 a recente libertação dos cananeus é ligada às manifestações divinas no Sinai, onde o Senhor apareceu pela primeira vez a Israel, e à marcha sobre Seir e Edom rumo a Canaã.

  1. O Senhor é esquecido por Israel (5:6-11). As condições de Israel são descritas e ligadas à apostasia passada do povo. Nos dias de Sangar (6) e Jael, as estradas públi-cas não eram seguras. As caravanas não passavam mais pela terra e os viajantes opta-vam por caminhos afastados e menos freqüentados para não serem pilhados por bandos de saqueadores da terra de Canaã. Nem a vida nem as propriedades estavam seguras. As vilas estavam abandonadas; as pessoas viviam juntas em abrigos fortificados para sua própria proteção. A confusão e a anarquia reinavam, até que Débora se levantou por mãe em Israel (7). A razão dessa deplorável condição era o fato de os hebreus terem escolhido deuses novos (8) e, assim, terem sido abandonados pelo Senhor (Is 42:8). Quando veio a guerra, eles ficaram indefesos contra o inimigo porque nem escudo nem lança foram encontrados entre 40 mil soldados.

Mãe em Israel (v.7). Chama a atenção para a importância das mães que são verda-deiramente mães espirituais. (1) Débora tinha responsabilidades em casa (4,4) ; (2) Ela era profetisa, alguém que falava a palavra do Senhor (4,4) ; (3) Ela inspirou fé e heroísmo em Baraque (4.8,9) ; (4) Ela expressou seu louvor a Deus por meio de um cântico (5:1-7).

Quando o povo e seus líderes finalmente se voltaram para o Senhor (4.3), um novo espírito se apossou da nação oprimida. Débora disse: Meu coração é para os legislado-res de Israel, que voluntariamente se ofereceram entre o povo (9). O que ela quis dizer foi: "Tenho simpatia pelos comandantes militares de Israel que se entregaram tão liberalmente em favor do bem público". As pessoas foram convocadas a falar disso (10). Longe do estrondo dos flecheiros (11) nos lugares onde se tiram águas, os homens falarão das justiças do Senhor, das justiças que fez às suas aldeias em Israel.

  1. A convocação das tribos (5:12-18). Estes versículos descrevem o chamado feito por Débora e Baraque para levantar e liderar o povo em sua luta pela liberdade. Então é citada a resposta das tribos.

Desperta, desperta, Débora, desperta, desperta, entoa um cântico; levanta-te, Baraque, e leva presos teus prisioneiros, tu, filho de Abinoão.

Então, o Senhor fez dominar sobre os magníficos, entre o povo ao que ficou de

resto; fez-me o Senhor dominar sobre os valentes (12,13).

De Efraim saiu a sua raiz contra Amaleque (14), ou seja, "um descendente de Efraim derrotou Amaleque" (veja Ex 17:10). A menção de Efraim, Benjamim, Maquir (filho de Manassés — Gn 50:23), Zebulom (14) e Issacar (15) serve para identificar o território objeto da opressão comandada por Jabim e Sísera (veja o mapa). Por outro lado, Rúben (15), os habitantes de Gileade (17) — o país escarpado e montanhoso a leste do Jordão — e Aser não responderam ou não atenderam totalmente ao pedido de ajuda feito por seus compatriotas. Estas tribos estavam na fronteira das áreas mais diretamente envolvidas. As expressões grandes as resoluções do coração e grandes esquadrinhações do coração (vv.15,16) são idênticas no hebraico e provavelmente devem ser entendidas no sentido de terem um coração dividido. 6 Os homens de Dã fica-ram com seus navios e o povo de Aser se assentou nos portos do mar e ficou nas suas ruínas (17) ou "em suas baías" (ARA). Em contraste, os homens de Zebulom e Naftaii arriscaram suas vidas nas alturas do campo (18).

d. O Senhor luta por Israel (5:19-23). O cântico prossegue e fala sobre a batalha em si. O local da disputa, em Taanaque, junto às águas de Megido (19), refere-se mais uma vez ao papel crucial exercido pelo rio na derrota dos cananeus. Os reis cananeus vieram — Jabim acompanhado por outros — e planejaram seu ataque. Os soldados de Israel não tomaram ganho de prata, i.e., não tomaram espólios de guerra, pois a batalha era do Senhor. Desde os céus pelejaram; até as estrelas desde os lugares dos seus cursos pelejaram contra Sísera (20) é uma linguagem poética para a ajuda divina, do mesmo modo como dizemos "que os céus o ajudem". Outra interpretação vê nas estrelas uma alusão a Gênesis 15:5, onde a semente de Abraão é descrita como as estrelas do céu.

O versículo 21 descreve o meio usado por Deus para destruir o exército cananeu. O Quisom cheio varreu os soldados inimigos que tentaram cruzá-lo e o solo se transformou num pântano no qual as carruagens atolaram. Pisaste, ó minha alma, a força (21) -i.e., tu os esmagaste sob teus pés, tal como o grão no tempo da debulha (Jr 51:33) ou as uvas no lagar (9.27; Jr 25:30), os homens de força e poder.

O versículo 22 sugere que os condutores das carruagens lançaram seus cavalos sem ferraduras com tamanha violência sobre o terreno duro que seus cascos foram quebrados e os animais ficaram incapacitados para a batalha, uma possível razão para Sísera ter abandonado sua carruagem e fugido a pé Também é provável que isso descreva a fuga em pânico dos cavalos diante do aumento do nível do rio, abandonados por seus conduto-res mas ainda presos às suas carruagens atoladas.
Um dos grandes trechos desta porção das escrituras é encontrado no versículo 23: a maldição de Meroz, porque seus moradores não vieram... em socorro do Senhor, com os valorosos. Esta comunidade do norte da Palestina pode ser Khirbet Marus, cerca de 12 quilômetros ao sul de Quedes-Naftali. Mas não é conhecida a ocasião em particular do fracasso de seus habitantes. Porém, há aqui uma vívida expressão do des-contentamento divino com aqueles que reconhecem sua obrigação no Reino, mas não fazem algo em relação a ela. Nos dias em que o inimigo é forte, é pecado deixar de sair a serviço do Senhor.

e. A morte de Sísera (5:24-27). Esta estrofe do cântico de Débora é o paralelo poético ao relato em prosa de 4:17-22. Ele cumpre a predição da profetisa que disse que o crédito da destruição de Sísera não iria para Baraque, mas para uma mulher (4,9) : Bendita seja sobre as mulheres Jael, mulher de Héber, o queneu (24). Em taça de príncipes lhe ofereceu manteiga (ou nata —ARA). Já se sabia que o leite e seus derivados contribuíam para o relaxamento e o sono. Uma vez que era costume que as mulheres beduínas montas-sem as tendas, a estaca e o malho eram ferramentas familiares a Jael. Rachou-lhe a cabeça, talvez ao desacordá-lo com um golpe do martelo antes de enfiar-lhe a estaca.

O versículo 27 é interpretado na LXX no sentido de indicar que Sísera possa ter estuprado Jael antes de ter caído no sono e que o assassinato daquele homem foi uma vingança por sua honra. O texto massorético, ao contrário, deixa implícito que se trata de uma descrição poética da morte de Sísera.

f A miséria dos inimigos do Senhor (5:28-31). A patética ansiedade da mãe de Sísera é descrita no versículo 28. Olhando pela janela, ela exclamava pela grade que cobria a abertura: "Por que tarda em vir o seu carro? Por que se demoram os passos dos seus carros?". As mais sábias das suas damas (29) lhe restabeleceram a confiança e, de fato, ela mesma respondeu: "Porventura não achariam e repartiriam despojos? Uma ou duas moças a cada homem? Para Sísera despojos de várias cores bordados de ambas as bandas, para os pescoços daqueles que tomam o despojo?" (30).

O ponto culminante da conclusão do cântico de Débora surge na primeira parte do versículo 31:

Assim, ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos! Porém os que o amam sejam como o sol quando sai na sua força.

Outra geração de paz seguiu-se à destruição das forças de Sísera: E sossegou a terra quarenta anos.


Champlin

Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
Champlin - Comentários de Juízes Capítulo 5 versículo 5
Ex 19:18; Sl 68:7-8.

Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de Juízes Capítulo 5 do versículo 1 até o 31
*

5.1-32

“O Cântico de Débora” é famoso por sua antigüidade e pela sua notável qualidade literária.

* 5:2

os chefes se puseram à frente em Israel. A liderança é um tema principal em Juízes.

* 5:4

de Seir... desde o campo de Edom. O monte Seir era a cordilheira principal que passava por Edom, o ponto de partida de Israel para as batalhas de conquista (Dt 33:2). Deus é retratado como o grande Guerreiro indo à frente do seu povo.

* 5.4, 5

a terra estremeceu... diante do SENHOR. Deus é retratado como um guerreiro que emprega os elementos criados como armas. O retrato de Deus dominando a tempestade é duplamente apropriado: ao derrotar Sísera mediante um aguaceiro (v. 20) Deus refuta a alegação de Baal de ser este o senhor das tempestades.

* 5.6, 7

cessaram as caravanas. A liderança fracassada de Israel tinha resultado no caos e no domínio por estrangeiros. Não era como nos dias em que Deus tinha sido o guerreiro indo adiante de Israel (vs. 4-5). As caravanas já não passavam pelas estradas, pois essas eram inviáveis por causa dos opressores estrangeiros e dos salteadores. Ninguém oferecia proteção.

* 5:7

mãe em Israel. Os príncipes não queriam assumir a liderança (subentendido no v. 2), mas uma mulher foi suscitada para conduzir Israel. Contrastar esse “mãe em Israel” com a desesperançosa mãe de Sísera (v. 28).

* 5:8

Escolheram-se deuses novos, então a guerra estava às portas. Essa é uma representação poética do ciclo do pecado e do castigo (2.11-19). A idolatria traz sofrimento à cidade.

* 5:9

se ofereceram. Mais adiante no cântico, há uma comparação muito pungente entre os que foram voluntários para a luta e aqueles que, por algum motivo, se recusaram (v. 13-23).

* 5:10

cavalgais jumentas brancas. Jumentas eram cavalgadas pela nobreza; o cântico é dirigido aos chefes mencionados nos vs. 2, 9.

* 5:11

atos de justiça do SENHOR. Esses atos de justica do Senhor são sua intervenção e a derrota dos inimigos do seu povo. São estes os seus julgamentos na terra (conforme Ap 15:4).

* 5:15

grande discussão. A falta da participação de Rúben, Gileade, Dã e Aser (v. 17) demonstra que Israel não estava unido.

* 5:20

pelejaram as estrelas. A participação dos céus significa que Deus estava intervindo, lutando como o Guerreiro divino do céu. Historicamente, esse texto tem sido interpretado como sendo fundamento bíblico para a astrologia, mas isso distorce o significado da passagem.

* 5.23 Meroz. Uma cidade de localização incerta.

* 5.24-27

Essa seção do cântico forma um paralelo estreito com a narrativa de 4:18-22.

* 5:32

em paz quarenta anos. A terminação padronizada liga o cântico de Débora e Baraque com o cap. 4 (conforme 2.19; 3.11).



Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de Juízes Capítulo 5 do versículo 1 até o 31
5.1ss A música e os cantos eram uma parte apreciada da cultura do Israel. O capítulo 5 é uma canção, possivelmente composta pela Débora e Barac. Lhe pôs música à história da grande vitória do Israel registrada no capítulo 4. Este cântico de vitória foi acompanhado por uma grande celebração. Proclamava a grandeza de Deus ao lhe dar o crédito pela vitória. Foi uma maneira excelente de preservar e contar de novo a maravilhosa história de geração em geração. (No quadro do Exodo 15 se dá uma lista de outras canções da Bíblia).

5.1ss Na vitória, Barac e Débora cantaram louvores a Deus. As canções de louvor centram nossa atenção em Deus, dão-nos uma saída para uma celebração espiritual e nos recordam a fidelidade de Deus e seu caráter. Seja que se encontre em meio de uma grande vitória ou em um grande dilema, o cantar louvores a Deus pode ter um efeito positivo em sua atitude.

5:8 A guerra era o resultado inevitável quando o Israel decidia seguir a deuses falsos. Embora Deus tinha dado ao Israel instruções claras, o povo não pôs em prática as palavras de Deus. Sem Deus como centro de sua vida nacional, logo as pressões externas começaram a ser maiores que o poder para resolver e foram presa fácil para seus inimigos. Se você está permitindo que um desejo de reconhecimento, anseia de poder ou amor ao dinheiro governem sua vida, poderá encontrar-se sitiado pelo inimigo: estresse, ansiedade, enfermidade, fadiga. Ponha a Deus no centro de sua vida e receberá o poder que necessita para brigar contra eles e destrui-los.

DEBORA

São estranhos os líderes sábios. Levam a cabo grandes quantidades de trabalho sem envolver-se diretamente porque sabem fazê-lo através de outras pessoas. Têm a capacidade de ver o panorama completo, o que freqüentemente escapa a aqueles diretamente envoltos, assim são bons mediadores, conselheiros e estrategistas. Débora encaixa perfeitamente nesta descrição. Ela tinha todas estas habilidades de líder, e tinha uma notável relação com Deus. O discernimento e a confiança que Deus outorgou a esta mulher a colocou em uma posição única no Antigo Testamento. Débora se encontra entre as mulheres mais sobressalentes da história.

Sua história mostra que não tinha ambição de poder. Ela queria servir a Deus. Ante qualquer reconhecimento, o crédito o dava a Deus. Não negava nem resistia a sua posição na cultura como mulher e como esposa, mas tampouco nunca permitiu que isto a estorvasse. Sua história mostra que Deus pode realizar grandes costure através de pessoas que estão dispostas a ser guiadas pelo.

A vida da Débora nos apresenta uma provocação em várias formas. Recorda-nos a necessidade de estar disponíveis tanto para Deus como para outros. Respira-nos a fazer o máximo esforço no que podemos fazer em lugar de nos preocupar com o que não podemos fazer. Débora nos desafia a ser líderes sábios. Mostra-nos o que uma pessoa pode obter quando Deus tem o controle.

Pontos fortes e lucros:

-- A quarta e a única mulher juiz do Israel

-- Habilidades especiais de mediadora, assessora e conselheira

-- Quando lhe chamou para ser líder, pôde planejar, dirigir e delegar

-- Conhecida por seu poder profético

-- Autora de canções

Lições de sua vida:

-- Deus escolhe aos líderes de acordo com suas normas, não com as nossas

-- Líderes sábios escolhem bons ajudantes

Dados gerais:

-- Onde: Canaán

-- Ocupações: Profetisa e juiz

-- Familiares: Marido: Lapidot

-- Contemporâneos: Barac, Jael, Jabín do Hazor, Sísara

Versículo chave:

"Governava naquele tempo ao Israel uma mulher, Débora, profetisa, mulher do Lapidot"

(Jz 4:4).

Sua história se relata em Juizes 4, 5.

5.15-17 E quatro tribos -Rubén, Galaad (ou Gad ou Manasés), Dão e Aser- foram acusadas de não dar uma mão de ajuda na batalha. Não se dão as razões pelas quais se negaram a ajudar a seus companheiros israelitas, mas possivelmente sejam quão mesmas os deteve o princípio quando deviam expulsar aos cananeos: (1) falta de fé na ajuda de Deus, (2) falta de esforço, (3) temor do inimigo e (4) temor de inimizar-se com aqueles com os que faziam negócios e por quem estava prosperando. Esta desobediência mostrou uma falta de entusiasmo para os planos de Deus.

FUNÇÕES DOS JUIZES

Por sobre o estilo individual de liderança de cada juiz, cada um deles demonstrou que

Os juizes do Israel podiam ser:

Salvadores (libertadores) e redentores (Gedeón) ou mediadores e administradores (Tola)

Fornecedores de descanso e paz (Aod e Jair) ou rudes, pequenos ditadores (Jefté)

Famosos e poderosos (Sansón) ou trabalhadores esquecidos incansáveis (Elón e Abdón)

Líderes da nação (Otoniel e Débora) ou heróis


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de Juízes Capítulo 5 do versículo 1 até o 31
B. o poético CANÇÃO (5: 1-31)

Bruce afirma:

A canção de Debora foi preservada do BC do século 12 com sua linguagem praticamente não moderno. ... É evidente que foi composta no dia seguinte da vitória que comemora.

É "o julgamento quase unânime dos estudiosos" que sua origem era "contemporâneo com os eventos que descreve. ... Assim como uma fonte para a história do período, é insuperável."

A canção é arbitrariamente dividido em seis estrofes de comprimento comparável na ASV. Este artificialidade da estruturação equilibrada da canção é rebaixado por alguns, mas não parece ser uma preocupação séria na imagem sobre-tudo retratado pela canção. Este equilíbrio de seis estrofes bastante iguais por estudiosos competentes, embora a crítica não acima, não coloca nenhum problema grave para o nosso estudo.

1. Louvor (5: 1-5)

1 Então cantaram Débora e Baraque, filho de Abinoão, naquele dia, dizendo:

2 Por que os líderes assumiu a liderança em Israel,

Para que o povo se ofereceu voluntariamente,

Bendizei ao Senhor.

3 Ouve, ó reis; dá ouvidos, ó príncipes!

Eu, mesmo eu, Cantarei ao Senhor;

Cantarei louvores ao Senhor, o Deus de Israel.

4 Senhor, quando tu saíste de Seir,

Quando tu caminhaste fora do campo de Edom,

A terra tremeu, os céus também caiu,

Sim, as nuvens caiu água.

5 Os montes se abalaram diante do Senhor,

Mesmo Sinai, da presença do Senhor, o Deus de Israel.

A canção de Debora começa com louvor por causa da vitória que o Senhor realizou por Israel. Essencialmente, esta canção foi dedicada ao Senhor por causa de sua presença ativa com seu povo e sua ordenação dos elementos da natureza contra os inimigos do Seu povo. Há evidente nesta canção um sentimento quase esmagadora de participação divina na cena global, começando com o apelo de Deus para Debora e Barak e culminando na batalha vitoriosa contra Sísera. Do primeiro ao último tinha sido o Senhor.

A espontaneidade de louvor se reflete na origem contemporânea desta canção. Imediatamente Israel, liderado por Debora, irrompeu em louvor jubiloso.

Esta nota de louvor espontâneo, eufórica para a presença de Deus é parte da herança da tradição judaico-cristã. Uma e outra vez, as pessoas dentro desta tradição deram louvor a Deus, porque eles tiveram a oportunidade vital para o fazer. O Senhor vivo ainda está presente ativamente, e consciência de sua grande livramento ainda ocasiões elogiar.

2. A opressão (5: 6-11)

6 Nos dias de Sangar, filho de Anate,

Nos dias de Jael, as estradas estavam desocupadas,

E os viajantes atravessou valados.

7 Cessaram as aldeias em Israel, cessaram,

Até que eu, Débora,

Que eu levantei por mãe em Israel.

8 Escolheram deuses novos;

Em seguida, a guerra estava às portas;

Havia um escudo ou lança

Entre quarenta mil em Israel?

9 Meu coração é para os guias de Israel,

Que se ofereceu voluntariamente entre as pessoas:

Bendizei ao Senhor.

10 Informe dele , vós que montar em burros brancos,

Vós, os que sentam-se em ricos tapetes;

E vós que andais pelo caminho.

11 Longe do barulho de arqueiros, nos lugares onde se tiram águas,

Não deve ensaiam os atos de justiça do Senhor,

Mesmo os atos de justiça de seu governo em Israel.

Então o povo do Senhor desceu para os portões.

A canção se relaciona a evolução da sequência cronológica. A opressão tornou-se crítica. A localidade incluída a planície de Esdrelon e do vale de Jezreel. A tribo de Issacar, que tinham herdado essa área era especialmente em perigo e impotente para afastar o poder de Sísera. No entanto, o controle dessa área não era só opressivo à tribo local, mas as estradas estavam desocupadas (v. Jz 5:6 ). Rotas de viagem normalmente ocupados ligação Mesopotâmia e Egito passou por este território. Estas artérias principais da viagem e comércio eram agora não utilizado, comprometendo, assim, o comércio internacional. Além disso, a unidade da liga tribal de Israel era impossível. As tribos do norte, como Asher, Naftali, Zabulon e Dan foram isolados das tribos do centro e sul. A cena toda é representado graficamente pela referência para viajar tendo trocado a partir das auto-estradas para os subprodutos maneiras. Aqui os viajantes poderiam mover-se com menor probabilidade de detecção pelo poder dominante.

O cenário internacional ofereceu poucas perspectivas de alívio dessa opressão. Egito, assim como a Mesopotâmia, não estava em posição de interferir com ambições de Sísera para um império em expansão. Essas duas nações estavam ocupados com suas próprias preocupações internas.

As tribos de Israel estavam despreparados e mal organizada. Não havia equipamentos insuficientes para colocar o suficiente israelitas armados no campo de batalha para oferecer resistência séria a Sísera.

3. Roll Call (5: 12-18)

12 Desperta, desperta, Débora;

Desperta, desperta, proferem uma canção:

Levanta-te, Baraque, e leva para longe teu cativeiro, filho de Abinoão.

13 Então veio um restante dos nobres e do povo;

Então desceu o Senhor por mim contra os poderosos.

14 De Efraim desceram tinham a sua raiz em Amaleque;

Depois de ti, Benjamim, entre os teus povos;

Fora de Maquir desceram os,

E de Zebulom os que lidar com o pessoal do marechal.

15 E os príncipes de Issacar estavam com Débora;

Como era Issacar, assim era Barak;

Into the vale precipitaram-se a seus pés.

Junto aos ribeiros de Rúben

Havia grandes as resoluções do coração.

16 Porque sattest tu entre os currais,

Para ouvir as tubulações para as ovelhas?

Junto aos ribeiros de Rúben

Havia grandes as resoluções do coração.

17 Gileade ficou além do Jordão:

E Dan, por que se deteve com seus navios?

Aser se assentou no porto dos mares,

E morada junto aos seus portos.

18 Zebulom era um povo que expôs suas vidas até à morte,

E também Naftali, nas alturas do campo.

Primeira chamada para despertar para a ocasião foram Debora e Barak. Eles resolveram libertar seus povos dos cananeus. Assim, as tribos de Israel foram convocados. Aqueles que responderam indicar a localidade ameaçada pela tirania de Sísera. Efraim, Benjamin, Maquir (Manassés), Zabulão e Neftali se reuniram para ajudar Issacar. Especialmente as duas tribos que estavam mais próximos ao sofrimento causado por Sísera foram citados por heroísmo. Zabulon era um povo que expôs suas vidas até à morte, e Naftali, nas alturas do campo (v. Jz 5:18 ).

Quatro tribos receberam castigos severos para a sua falta de resposta ao chamado às armas. Eles foram Reuben, Gilead (Gad), Dan e Asher, todos localizados na periferia da área conturbada. Enquanto Reuben teve grandes as resoluções do coração e grandes as resoluções do coração , não havia nenhuma ação decisiva (vv. Jz 5:15 , Jz 5:16 ). Esta foi a essência da repreensão. Mais do que o sentimento piedoso e pensamentos de compaixão eram necessários. Assistência ostensiva foi chamado para, mas o perigo parecia muito longe. No entanto, o compositor da canção de Debora olhou para Sísera como uma ameaça para toda a Israel.

4. Battle (5: 19-23)

19 Os reis saíram e lutou;

Pelejaram os reis de Canaã,

Em Taanaque junto às águas de Megido:

Eles levaram nenhum ganho de dinheiro.

20 Do céu lutaram as estrelas,

A partir dos seus cursos pelejaram contra Sísera.

21 O rio Quisom os arrastou,

Esse antigo rio, o rio Quisom.

Ó minha alma, marchar com força.

22 Então os horsehoofs estampar

Em razão das galopar, os galopar de seus fortes.

23 Curse Meroz, disse o anjo do Senhor,

Curse acremente destes habitantes,

Porque eles não vieram em socorro do Senhor,

Para a ajuda de Jeová contra os poderosos.

Pela primeira vez, após a liquidação em Canaã a maioria das tribos agiu unidos. É possível colocar Debora a meio caminho no período dos juízes. Grande parte do crédito por trazer sobre este esforço conjunto deve ser atribuída ao gênio ungidos pelo Espírito e coragem desta mulher-profetisa.

Exército móvel de Sísera, movendo-se rapidamente por meio dos carros de ferro, atacaram os exércitos unidos das tribos de Israel no rio Quisom. No entanto, uma grande tempestade inundou a área de batalha, e as inundações Quisom os cocheiros orgulhosos e seus corcéis de distância. Esta vitória excepcional pode ser explicada somente pelo que Deus fez através da implementação de forças naturais. A canção de Debora expressa claramente a fé do antigo Israel no Deus do céu e da terra. Mais do que os fenômenos naturais são aqui os envolvidos. O caráter histórico da atividade de Deus é inerente à fé de Israel.

A referência a Meroz no versículo 23 é altamente incerto. Uma provável explicação é que ele se refere a uma aldeia em Issacar perto da cena da batalha que se recusou a se unir aos israelitas, possivelmente por medo de represálias de Sísera. Se isso for verdade ele ilustra o desprazer de Deus sobre aqueles que por falta de fé considerar a sua própria segurança e bem-estar mais altamente do que o curso do Reino de Deus.

5. Jael (5: 24-27)

24 Bendita mulheres devem ser Jael,

A mulher de Heber, o queneu;

Blessed será ela mulher acima na tenda.

25 Ele pediu água, e ela lhe deu leite;

Ela trouxe a manteiga em um prato nobre.

26 Ela colocou a mão para a tenda-pin,

E sua mão direita para martelo dos trabalhadores;

E com o martelo ela feriu Sísera, ela feriu na cabeça;

Sim, ela perfurou e golpeou através de seus templos.

27 Aos pés dela ele se encurvou, caiu, ficou estirado;

Aos pés dela ele se encurvou, caiu:

Onde ele se encurvou, ali caiu morto.

Algumas das tribos de Israel e Meroz foram apontados com a crítica justificável. Eles foram acusados ​​de omissão em um momento de crise que exigiu coragem resoluta. Sua omissão indicaram a sua falta de fé.

Por outro lado, outras tribos, juntamente com Jael, um queneu, foram citados para a ação corajosa. A tenda de Heber, o queneu, não estava longe de cena de batalha. Após a forte chuva e do rio inundado tinha causado o exército de Sísera a entrar em pânico, Sísera estava correndo para sua própria vida. Em sua fuga, ele veio até a tenda de Heber.

Jael, mulher de Heber, enquanto manifesta ética atrozes, expressa a fé e lealdade que conquistou para ela a aclamação da canção de Debora. O paradoxo parece difícil de resolver. Jael pode ter sido responsável pela conduta errada, mas toda a ponto de a canção de Debora é que uma crise exigiu uma ação contra um agressor. O Deus de Israel espera o seu povo para enfrentar a crise com fé corajosa. Mesmo uma mulher estrangeira expressou sua lealdade. Para isso, ela foi justamente elogiado. A ação de Jael, embora não isento de dificuldades morais a partir do ponto de vista contemporâneo, fica em cores vivas contraste com a indecisão de tribos que estavam na periferia. Esta mulher exatamente no meio da região criticamente oprimidos deu um contributo memorável para a vitória sobre Sísera.

6. A mãe de Sísera (5: 28-31)

28 Através da janela, ela olhou para trás, e gritou:

A mãe de Sísera chorou pela grade:

Por que o seu carro que tarda em vir?

Por que demora o rumor das suas carruagens?

29 Seus senhoras sábias respondeu ela,

Sim, ela respondia a si mesma,

30 Porventura não encontrado, já que não repartem os despojos?

Uma ou duas donzelas a cada homem?

Para Sísera despojos de estofos tintos,

A despojos de estofos tintos bordados,

Roupas bordadas em ambos os lados de tingido, sobre os pescoços os despojos?

31 Então, vamos todos os teus inimigos perecer, ó Senhor:

Mas deixe-os que o amam, como o sol quando se levanta na sua força.

E a terra teve sossego por quarenta anos.

A cena final na canção de Debora é a da mãe de Sísera aguardando ansiosamente o retorno de seu filho, que nunca mais voltará. Ela e seus assistentes judiciais desesperadamente esperança contra a esperança. A cena permanece inacabada, e ficamos a imaginar o impacto que a notícia da morte de seu filho tinha sobre esta mãe de espera.

A canção de Debora fecha com a oração que todos os inimigos do Senhor pode perecer e que os amigos do Senhor pode trazer bênçãos sobre a terra (v. Jz 5:31 ).


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de Juízes Capítulo 5 do versículo 1 até o 31
  • Débora e Baraque (caps. 4—5)
  • A nação caíra tão baixo que agora uma mulher a julgava, o que era humilhante para os homens naque-la sociedade predominantemente masculina (veja Is 3:12). Durante 20 anos 1srael oprimiu os cananeus, e Deus suscitou essa profetisa a fim de liderá-lo no caminho para a vi-tória. Primeiro, ela chamou Bara-que para libertar a nação (4:1-7) e até deu-lhe o plano de batalha que recebeu do Senhor. Em geral, o rio Quisom ficava seco, mas Deus esta-va mandando uma grande tempes-tade que inundaria o leito do rio, e os carros de ferro ficariam presos (veja 4:3 e 5:20-22). Embora He- breus 11:32 cite Baraque como um homem de fé, aqui o vemos como um homem que depende de Débo-ra para vencer. Na verdade, Deus usou duas mulheres para libertar os judeus — Débora, a profetisa, e Jael (vv. 18-24). É interessante comparar Baraque e Sansão. Ambos estavam associados a mulheres, mas em um caso esse fato leva à vitória, e no outro, à derrota. Baraque liderou 10 mil homens no monteTabor, crendo na promessa de Deus transmitida por sua serva, Débora. O Senhor, quaisquer que tenham sido as fra-quezas de Baraque, ainda honrou-o por sua fé. Débora, em seu cântico de vitória (cap. 5), bendiz ao Senhor pela disposição do povo em lutar na batalha (vv. 2,9). Entretanto, ela também cita o nome de algumas tri-bos que foram muito covardes para lutar (5:16-17). A batalha aconteceu "junto às águas de Megido", onde o rio Quisom desliza do monte Tabor. Sísera e seu exército pensaram que os carros de ferro os fariam vencer, mas foram os carros que os levaram à derrota! Deus mandou uma gran-de tempestade (5:4-5 e 20-22) que transformou a planície em um char-co, e o inimigo não pôde atacar.

    Nesse dia, Israel obteve uma grande vitória, liderada por Baraque e pla-nejada por Débora.

    Contudo, não é Baraque que mata o general Sísera. Essa tarefa cabe a outra mulher, Jael. Os que- neus eram amigáveis com Israel (Jz 1:16Jz 1:16) por causa da ligação deles com a família de Moisés (Jz 4:11), mas eles também eram amigáveis com Jabim, o rei cananeu. Em ge-ral, na cultura oriental, um homem não entra na tenda de uma mu-lher, mas Jael persuadiu Jabim, o fez sentir-se confortável e, depois, matou-o. A "estaca" provavelmen-te era uma estaca de madeira usa-da nas tendas. Sua obra é bendita no cântico de Débora (5:24-27), embora algumas pessoas achem difícil entender essa obra. Com certeza, quando as tropas de Ba-raque pegassem Sísera, elas o ma-tariam, pois ele era inimigo do Senhor (5:31), não inimigo pesso-al de Jael. Ela estava ajudando Is-rael a lutar as batalhas do Senhor. Duas mulheres regozijam-se em vitória (Débora e Jael), porém uma (a mãe de Sísera) clama em sofri-mento (5:28-30).

    Em 5:6-8, observe a descrição do estado lamentável da sociedade de Is-rael nessa época. O povo estava tão temeroso que se mudava das aldeias para as cidades fortificadas, e era pe-rigoso viajar pelas estradas principais. O declínio na vida social e moral da nação era uma conseqüência inevitá-vel do declínio espiritual dela.


    Russell Shedd

    Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
    Russell Shedd - Comentários de Juízes Capítulo 5 do versículo 1 até o 31
    5.1 O cântico de Débora é reconhecido como um dos melhores exemplos de uma ode de triunfo, preservada na literatura hebraica. Provavelmente fez parte de uma antologia de poesia (cf.Nu 21:14; Js 10:13 e 2Sm 1:18). Foi Débora que compôs o cântico, segundo o v 7. O convite lançado no v 12 não é considerado incoerente com a sua autoria.

    5.2 Os chefes se puseram à frente de Israel, lit., "no quebrantamento dos quebradores em Israel”, ou, ainda, outra possibilidade seria. "Quando mechas de cabelos compridos apareceram em Israel". Neste último caso referir-se-ia à prática de deixar os cabelos crescerem para cumprir com seus votos (cf.Nu 6:5, Nu 6:18; indicando que era uma guerra santa, à qual o povo se dedicara de corpo e alma. • N. Hom. "O Louvor do Senhor no Mundo" está seguro:
    1) Quando Seu povo se oferece voluntariamente à Sua causa (2);
    2) Quando os líderes despertados da apatia e conclamados à ação se oferecem de todo coração (9, 12, 13);
    3) Quando o Senhor Todo-Poderoso vai à frente, na luta (4; conforme He 2:10; 2Co 2:14-47).

    5.4 Os céus gotejaram. Talvez uma referência ao aguaceiro que contribuiu para a derrota dos cananeus (4.15n).

    5.5 Sinai. É o mesmo Deus onipotente da Aliança que guiou o Povo Escolhido na travessia do deserto que, ultimamente, abriu o caminho da vitória para as forças de Israel (conforme 4.15n).

    5:6-8 Descreve a condição desolada da região norte de Israel, sujeita à extorsão dos cananeus. Cessaram as caravanas. Plena anarquia reinava, de modo que a prática do comércio se tornou impossível.

    5.8 Escolheram-se deuses novos. O motivo da miséria é sempre a substituição do único Deus por deuses falsos. Quarenta mil. O número de homens disponíveis para a formação do exército.

    5:15-17 De honra e de glória são coroados os corajosos voluntários de Israel. Denúncia merecida vem sobre as tribos que colocaram sua segurança individual acima do desafio dos seus irmãos. Dã. Aparentemente ainda não havia migrado para o norte. Sua terra logo foi tomada pelos filisteus, forçando seu deslocamento para o norte da Galiléia.

    5.19 Reis. Uma aliança de reis de cidades, com suas forças armadas, juntaram-se a Jabim, rei de Hazor, principal cidade da região norte. Taanaque, junto às águas de Megido. É a opinião dos entendidos que Taanaque e Megido dificilmente poderiam pertencer à mesma época. Há uma indicação aqui de que Megido já não era mais habitada, nesta conjuntura. O nível VII, das escavações desta cidade, foi destruído entre 1150-1125 a.C., indicando a época desta vitória de Israel sobre seus inimigos.

    5.20 Pelejaram as estrelas. No fim, a justiça predominará. A própria natureza flagelará os rebeldes contra Deus.

    5.23 Meroz. Uma cidade desconhecida que deixou de participar da luta; ainda que localizada próxima à área de batalha. Não vieram em socorro do Senhor. É pressuposto que Deus se identifica integralmente com Seu povo, enquanto este for obediente. No NT, o Senhor Jesus Cristo, por meio do Seu Espírito, participa da igreja verdadeira que é Seu Corpo, formando assim a comunhão dos santos (1Co 12:12, 1Co 12:13). Por isso, o prejudicar, a "um destes pequeninos que crêem em mim", é severamente condenado (conforme Mt 18:6), enquanto o socorrer e o apoiar aos filhos de Deus é fazê-lo a Cristo (Mt 25:45).

    5:28-30 A ansiedade no coração provocada pela demora do comandante do exército cananeu é dramatizada pela conversa imaginada da mãe de Sísera, consigo e com as damas. Uma vez que era o costume do capitão supervisionar a distribuição dos despojos, é sugerido que a demora seria devido à vastidão dos despojos. Estofos de várias cores. Os artigos mais finos e valiosos eram reservados para o comandante. No lugar de bordados se vestira de pano de saco e cinzas. Moças, lit. "mulher nova", "rapariga", destaca a miséria das mulheres, ao caírem sob o poder dos invasores.

    5.31 Os que te amam. A conclusão do cântico se torna clara: os que se rebelam contra o Senhor perecem; porém os que o amam e servem-no serão exaltados como o Sol (conforme Dn 12:3).


    NVI F. F. Bruce

    Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
    NVI F. F. Bruce - Comentários de Juízes Capítulo 5 do versículo 1 até o 31
    O relato poético (5:1-31)
    No cap. 5, não temos somente um segundo relato paralelo da batalha, mas uma das peças mais antigas e mais sofisticadas da poesia hebraica que sobreviveu daquela época. Os eruditos concordam que o cerne do poema é quase contemporâneo aos eventos descritos, e com freqüência é considerado mais confiável do que o cap. 4. Enquanto estivermos apreciando a confiabilidade histórica dessa testemunha, precisamos ter em mente dois fatores muito importantes. Em primeiro lugar, no estilo poético é comum encontrar hipérbole e linguagem figurada. Em segundo lugar, o silêncio acerca de algo no poema (e.g., a respeito de Jabim) tem de ser considerado simplesmente um silêncio — ele não é a negação do evento ou da pessoa que está omitindo. Com essas ressalvas, há pouco nos dois relatos que não possa ser facilmente harmonizado e nada que torne necessária a hipótese de fontes conflitantes.
    O poema (v. NBD, “Poesia”, acerca de comentários sobre o estilo), geralmente conhecido como “cântico de Débora” (embora Baraque esteja incluído no título, mas conforme v. 7 etc.), pode ser chamado também de “hino da vitória” ou “ode do triunfo”. A sugestão popular vê nele a celebração cantada como parte da cerimônia de renovação da aliança (A. Weiser, ZAW 71 [1959] p. 67-97), embora a evidência para esse contexto continue sendo uma conjectura. O cântico dá toda a glória pela vitória a Javé, o Deus da aliança de Israel. O poema pode ser dividido de diversas formas, mas os tópicos complementares da bênção e da maldição parecem proeminentes em todo ele. Confere-se bênção a Javé pelos seus atos (v. 4,5), pelos voluntários que estão dispostos a se levantar (v. 2,9), pela derrota do inimigo (v. 19-22) e pela morte de Sísera (v. 24-27). Bênção é devida especificamente também a Jael (v. 24-27) e Débora, junto com as tribos que aceitaram o chamado de Deus para a batalha (v. 13-18). De modo oposto, a maldição é o destino de Meroz (v. 23), das tribos que não responderam ao chamado (v. 13-18), de Sísera (v. 24-27) e da mãe de Sísera (v. 28,30). Finalmente, todos os inimigos do Senhor são amaldiçoados, enquanto os que o amam são abençoados como o sol quando se levanta na sua força (v. 31).

    Ao longo de todo o poema, um retrato vívido é pintado das condições que prevaleciam antes, durante e depois da grande vitória de Javé contra o seu inimigo mais obstinado. Começando com o sumário da vida nos dias de Sangar (v. 6-8), continuando com o esboço da ordem da batalha à medida que as tribos são chamadas (v. 12-18) e culminando com os detalhes da fuga no Quisom (v. 19-22) e a morte de Sísera (v. 24-27), o poema conclui com o cântico de escárnio acerca da morte deste. Embora com base no poema possamos deduzir alguns detalhes da batalha, o seu propósito não é nos informar mas evocar o nosso louvor. E isso o poema faz de forma profunda, mesmo que simples.
    v. 2. Consagrem-se para a guerra os chefes de Israel', a BJ traz “os guerreiros soltaram a cabeleira”; isso reflete uma leitura possível dessa locução difícil em hebraico, mas faltam evidências para guerreiros com cabeleira em Israel. A locução paralela que segue é clara, louvem o Senhor: a chave para o propósito geral do cântico, v. 3. Ouçam, ó reis! Governantes, escuteml. um bom exemplo de paralelismo sinônimo, em que a segunda linha confirma e reforça a primeira. Na segunda parte do versículo, temos um paralelismo ascendente, ou em forma de degraus, em que cada linha ou locução acrescentada é somada à anterior.

    v. 4. 0 Senhor, quando saíste de Seir. nos v. 4,5, Deus é celebrado num retrato da sua poderosa teofania no Sinai. Esse tipo de narração do poder de Deus mostrado na natureza é comum na litania dos salmos (conforme He 3:3-58) e adequado aqui quando o controle de Deus sobre a natureza é a chave da vitória (v. 20,

    21). Temos aqui o retrato de uma tempestade muito intensa, destacando a tradição de raios e trovões no relato de Êxodo (Êx 19:16). Em Quisom, ao contrário do Sinai, é a chuvarada que é o fator decisivo. Edom: referências a Seir e Edom têm levado alguns estudiosos a buscar o monte Sinai a leste do vale da Arabá. Conforme Dt 33:2; Hc 3:3 e Sl 68:0,Dt 4:10 para incluir Efraim, Benjamim, Maquir (geralmente a metade oriental de Manassés, aqui provavelmente a ocidental — conforme Nu 26:29; Nu 27:1) e Issacar entre os que aceitaram o chamado. Entre os repreendidos, estão Rúben e Gileade (possivelmente Gade), na Transjordânia; Aser, no norte, próximo da costa dos fenícios; e Dã, que aparentemente ainda está na sua localização ao sul, na costa. A referência a Meroz (v. 23) é desconhecida, fazendo faltar somente as tribos de Judá e Simeão, as duas distantes geograficamente.

    v. 14. de Efraim [...] Amaleque-, lit. “de Efraim sua raiz está (em) Amaleque”. Conforme Jz

    12.15, mas alguns eruditos emendam ‘"mãlêq para ‘êmeq (vale). As mudanças de “sua raiz” são conjecturas, vara de oficial, lit. “a pena do escriba (sõpêr)”, provavelmente aqui alguém que contava os voluntários que se apresentavam. v. 15. Issacar. embora a batalha tivesse ocorrido no território deles, é estranho que o cap. 4 omita essa tribo. Com base em

    5.18, vemos que Naftali e Zebulom eram os líderes do conflito. Possivelmente Issacar e outros foram chamados a se juntar em um estágio posterior da batalha, líderes de\ a NEB, ao reordenar as palavras no hebraico, chega a “juntaram-se [...] na rebelião”, muita inquietação.: o texto hebraico da segunda linha incorpora pequenas mudanças da primeira. A AB encontra nessa variação um jogo de palavras que contrasta “comandantes orientados por ordens” com “comandantes covardes”.

    v. 17. Gileade: considerado por muitos, inclusive algumas versões antigas, como Gade. Conforme 10:7-18 e 11.1, em que essa identificação é mais difícil. Dã: talvez seja uma referência a danitas empregados por comerciantes ca-naneus ou filisteus. Conforme o cap. 18, aparentemente a ser datado depois de Débora, v. 19. Os reis de Ganaâ: Sísera e Jabim eram líderes de uma coalizão. Canaã na idade do bronze consistia em pequenas cidades-Estado, cada qual com o seu rei. Taanaque, junto às águas de Megido: Taanaque, uma cidade residencial menor, junto com o grande centro administrativo Megido, a 8 quilômetros a noroeste, estava localizada na beira da cadeia do Car-melo com vista para o Quisom. As duas foram destruídas em aproximadamente 1125 a.C. (P. W. Lapp, BA 30 [1967], p. 8-9), possivelmente em conseqüência da vitória de Débora. As águas, sem dúvida, são uma referência a alguns pântanos do Quisom nas proximidades de Taanaque. (Conforme D.A. Baly, Geography of the Bible, London, 1974, ed. rev., p. 125, 151). v. 20. Desde o céu lutaram as estre-las\ não há necessidade de concluir que os israelitas pensavam que as estrelas produziam a chuva, embora Ugarite forneça alguns paralelos interessantes. A poesia simplesmente indica uma origem celestial para a derrota de Sísera.

    v. 23. ajudar o Senhor: todos os participantes da liga deviam fidelidade primeiramente a Javé, como aquele que havia feito a aliança. Da mesma forma, ajudar irmãos crentes não é uma opção para os cristãos do Novo

    Testamento; é sua responsabilidade de aliança. Conforme 1Co 12:12-46. v. 24. a mais bendita das mulheres'. Jael, apesar da natureza cruel do seu ato violento, manteve a fidelidade da aliança com a nação à qual o seu povo havia sido unido. O fato de Héber ter feito a paz (heb. sãlôm, possivelmente um termo da aliança) com Jabim (4,17) era uma violação do seu compromisso anterior com Javé. v. 26. esmagou e traspassou suas têmporas: v.comentário Dt 4:21. Em um “cântico de escárnio” épico ou num “hino de vitória”, essas descrições vívidas eram esperadas.

    v. 28-30. O tom de ironia e de escárnio prevalece, e não simpatia, como alguns têm sugerido, v. 29. As mais sábias de suas damas: a explicação delas, que é bastante razoável, intensifica ainda mais a ironia. O leitor sabe que Sísera não vai retornar, v. 30. Uma ou duas moças [...] roupas Coloridas: os resultados comuns da vitória.

    v. 31. Assim pereçam todos os seus inimigos... o cântico termina com uma bênção e uma maldição. E a conclusão lógica de um hino que expressa responsabilidades pactuais com Javé e seu povo. O uso desse tipo de hino nas orações da comunidade seria uma extensão natural do seu propósito.


    Francis Davidson

    O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
    Francis Davidson - Comentários de Juízes Capítulo 5 do versículo 1 até o 31
    VII. O CÂNTICO DE DÉBORA E BARAQUE. Jz 5:1-7; Jz 12:15). Após de ti vinha Benjamim (14). Quanto ao grito de guerra dos homens daquela tribo cfr. Dn 5:8. De Maquir (14). Geralmente era a parte oriental de Manassés; mas aqui talvez sejam as duas combinadas: a oriental e a ocidental. Passando com o cajado do escriba (14). Em hebraico: shebhet sopher. O cajado era talvez o símbolo ou emblema do ofício de escriba. A referência nesta altura (cerca de 1150 a.C.) a um escriba não é de surpreender, assim como a alusão à "cidade dos livros" em Jz 1:11. A escrita alfabética foi utilizada durante muitos séculos ao longo da costa da Síria, desde o primitivo alfabeto de Serabit, na península do Sinai (uma forma antiga do alfabeto original norte semítico, do qual o da Fenícia e outros alfabetos semíticos foram derivados), ao alfabeto cuneiforme de Ras Shamra (uma adaptação do dito alfabeto norte semítico). Grandes quantidades de papiro foram exportadas do Egito para a Fenícia cerca de 1100 a.C. Veja-se Jz 8:14.

    >Jz 5:17

    Gileade ficou dalém do Jordão (17). Referência à tribo de Gade que, como a de Rúben (16), não tomou parte na batalha. E Dã por que se deteve em navios? (17). Alusão provável à parte norte da tribo de Dã e aos barcos que tinha no lago Hule; mas poderá ser que o texto também se refira à mesma tribo, quando ainda habitava a costa ocidental de Canaã, apesar de já ter começado a emigrar para o norte (cfr. Jz 18:1 e segs.), e é certo alguns terem ficado para trás (cfr. Jz 13:2). Aser se assentou nos portos do mar (17). O território de Aser foi em breve invadido pelos fenícios. Em Taanaque, junto às águas de Megido (19), isto é, perto da torrente de Quisom. Possivelmente a cidade de Megido estava deserta nessa altura. Desde os céus pelejaram: até as estrelas desde os lugares dos seus cursos pelejaram contra Sísera (20). Alude-se à cheia provocada pelas chuvas torrenciais que afundou os carros de Sísera. Cfr. Js 10:12 e segs. Meroz (23). Foi identificada com Kirbet Marus a cerca Dt 13:0. Rachou-lhe a cabeça (26). A palavra hebraica halaph (literalmente: "atravessar") aparece em 20:24.

    >Jz 5:28

    A mãe de Sísera... exclamava pela grade (28). O final do cântico é movimentado e colorido. Repare-se nesta cena da janela de acentuado sabor oriental. E até ela respondia a si mesma (29), como a convencer-se que tudo corria bem. Apesar da confiança tranqüilizadora das damas, não se calarão os seus pressentimentos. Uma ou duas moças a cada homem (30). A palavra moça (heb. raham) encontra-se na pedra moabita de Mesa (cerca de 850 a.C.) no sentido depreciativo de "moça" ou "criada". Despojos de várias cores de bordados (30). Os hebreus eram exímios na arte de tingir, como é fácil depreender-se da descrição das tendas do deserto e das vestes sacerdotais. Talvez que dos egípcios herdassem tal ciência. Escavações revelaram que o tingir as lãs era uma indústria destacada em Debir e Mispa de Benjamim. Para os pescoços do despojo (30). Segundo outra leitura teríamos: "um despojo para o meu pescoço". Assim, ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos (31). Invocando uma maldição sobre os inimigos do Senhor e uma bênção para os Seus amigos, a conclusão do cântico assemelha-se grandemente ao Sl 68:1-19.


    Dicionário

    Derreter

    verbo transitivo Fazer passar ao estado líquido; liquefazer, fundir: derreter um metal.
    Figurado Comover, enternecer, abrandar.
    Amofinar, apoquentar.
    verbo pronominal Tornar-se líquido; fundir-se.

    fundir, liquefazer, dissolver, diluir, desfazer; derretimento, fundição (fusão), liquefação, dissolução (solução), diluição. – Derreter – define Lac. – é “desatar, soltar, por meio do calórico, as partículas de um corpo sólido. – Fundir é derreter e lançar no molde. A mudança operada nos corpos derretidos chama-se derretimento; a que se opera nos corpos fundidos chama-se fundição.” Notemos, no entanto, que fundir exprime não só “derreter e modelar” como “derreter só, ou apenas derreter sem lançar em forma a coisa derretida”. Neste caso, o ato de fundir será fusão; pois fundição é o ato de fundir no primeiro caso, isto é, de derreter e moldar56. – Liquefazer é simplesmente “tornar líquido”, 56 A fusão das geleiras nos Andes (não – a fundição). A fundição de moedas (não – a fusão). Dicionário de Sinônimos da Língua Portuguesa 343 sem nenhuma ideia acessória. – Dissolver, na acepção em que o tomamos aqui, é “desunir as moléculas de um sólido, pondo-o sob a ação de um líquido”. – Dissolução é o ato de dissolver; mas quando se trata da própria mistura, ou da própria coisa já dissolvida, dizemos melhor – solução. “Imergiu as bactérias numa solução de açúcar” – (não – numa dissolução). – Diluir é “tornar mais fluido, ou menos espesso; isto é – misturar com líquido para diminuir a densidade”. Tanto se dilui um líquido como um sólido: a substância sólida, desfazendo-a no líquido, dissolvendo-a; a substância líquida, tornando-a menos espessa ou menos densa. Em qualquer caso, o ato de diluir é diluição. – Desfazer é “mudar as condições, o estado de uma substância”. Tanto se desfaz o gelo que se funde, como o metal que se derrete, como o açúcar que se dissolve, etc.

    Deus

    substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
    Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
    Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
    Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
    Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
    Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
    Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
    Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

    substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
    Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
    Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
    Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
    Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
    Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
    Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
    Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

    Do latim deus, daus, que significa “ser supremo” ou “entidade superior”.


    i. os nomes de Deus. A palavra portuguesa Deus, que tem a mesma forma na língua latina, representa alguns nomes da Bíblia, referentes ao Criador.
    (a): o termo de uso mais freqüente é Elohim, que restritamente falando, é uma forma do plural, derivando-se, presumivelmente, da palavra eloah. Mas, embora seja plural, é certo que, quando se refere ao único verdadeiro Deus, o verbo da oração, de que Elohim é o sujeito, e o nome predicativo vão quase invariavelmente para o singular. As principais exceções são quando a pessoa que fala, ou aquela a quem se fala, é um pagão (Gn 20:13 – 1 Sm 4.8).
    (b): El, provavelmente ‘o único que é forte’, também ocorre freqüentemente. E encontra-se este nome com adições: El-Elyon, ‘o Deus Altíssimo’ (Gn 14:18) – El-Shaddai, ‘o Deus Todo-poderoso’ (Gn 17:1) – e entra na composição de muitos vocábulos hebraicos (por exemplo Eliabe, Micael).
    (c): Adonai, Senhor, ou Superior. Esta palavra e as duas precedentes eram empregadas quando se queria significar o Deus da Humanidade, sem especial referência ao povo de israel.
    (d): Todavia, Jeová, ou mais propriamente Jahveh, o Senhor, o Ser que por Si mesmo existe, o Ser absoluto, que é sempre a Providência do Seu povo, designa Aquele que num especial sentido fez o pacto com o povo de israel.
    (e): outro nome, ou antes, titulo, ‘o Santo de israel’ (is 30:11) merece ser aqui mencionado, porque ele nos manifesta o alto ensino moral dos profetas, fazendo ver aos israelitas que o Senhor, a Quem eles adoravam, estava muito afastado dos ordinários caminhos do homem, e portanto era necessário que o Seu povo fosse como Ele, odiando o pecado. É sob este título que o Senhor é reconhecido como uma pedra de toque não só da pureza cerimonial, mas também da pureza ética.
    (f): Pai. Nas primitivas religiões semíticas, este termo, enquanto aplicado aos deuses, tinha uma base natural, pois que os povos acreditavam que eram descendentes de seres divinos. Todavia, no A.T. é Deus considerado como o Pai do povo israelita, porque Ele, por atos da Sua misericórdia, o constituiu em nação (Dt 32:6os 11:1 – *veja Êx 4:22). De um modo semelhante é Ele chamado o Pai da geração davídica de reis, porque Ele a escolheu e a tornou suprema (2 Sm 7.14 – Sl 2:7-12 – 89.27). Mais tarde se diz que Deus Se compadece dos que o temem (isto refere-se particularmente aos israelitas e aos que aceitam a religião de israel), como um pai se compadece dos seus filhos (Sl 103:13Mt 3:17).
    ii. A doutrina de Deus. Certas considerações nos são logo sugeridas sobre este ponto.
    (a): Em nenhuma parte da Bíblia se procura provar a existência de Deus. A crença no Criador é doutrina admitida. Nunca houve qualquer dúvida a respeito da existência da Divindade, ou da raça humana em geral. Entre os argumentos que podemos lembrar para provar a existência do Criador, devem ser notados: a relação entre causa e efeito, conduzindo-nos à grande Causa Primeira – a personalidade, a mais alta forma de existência que se pode conceber, de sorte que uma Causa Primeira, que carecesse de personalidade, seria inferior a nós próprios – a idéia de beleza, de moralidade, de justiça – o desejo insaciável, inato em nós, de plena existência que nunca poderia ser satisfeita, se não houvesse Aquele Supremo Ser, Luz, Vida e Amor, para onde ir.
    (b): Deus é um, e único (Dt 6:4, doutrina inteiramente aceita por Jesus Cristo, Mc 12:29). Porquanto se houvesse mais que uma Divindade, haveria, de certo, conflito entre esses seres todo-onipotentes. Por isso, contrariamente ao dualismo de Zoroastro, segundo o qual há dois seres supremos, um bom e outro mau, a Bíblia ensina que Deus tem a autoridade suprema mesmo sobre o mal (is 45:6-7). Este fato fundamental da Unidade de Deus não está em contradição com a doutrina cristã da Trindade, antes pelo contrário, a salvaguarda.
    (c): Deus é o Criador e o Conservador de tudo (Gn 1:1At 17:24Ap 4:11 – e semelhantemente Jo 1:3 – Col 1.16, onde o imediato Agente é a Segunda Pessoa da Trindade). Todos os dias estamos aprendendo, com clareza de percepção, que a matéria não é coisa morta e sem movimento, que as próprias pedras tremem pela sua energia, sustentando a sua coesão pelas formidáveis e ativas forças que sem interrupção nelas operam. o nosso conhecimento, cada vez mais aperfeiçoado, sobre os métodos de Deus na Criação, leva-nos a um louvor cada vez mais elevado.
    (d): Estamos, também, sabendo mais com respeito à relação de Deus para conosco, como governador e conservador de tudo. Relativamente a este assunto há duas verdades, nenhuma das quais deverá excluir a outra:
    (1). Ele é transcendente, isto é, superior ao universo, ou acima dele (*veja is 40:22 – 42.5 – 1 Tm 6.16).
    (2). É igualmente importante notar que Deus é imanente, isto é, está na matéria, ou com ela. Nesta consideração, nós e todos os seres vivemos Nele (At 17:28 – *veja também Jo 1:3-4) – e Ele em nós está pelo simples fato de que sendo Espírito (Jo 4:24) é dotado de onipresença.
    iii. A adoração a Deus. Se a religião é, na verdade, uma necessidade natural, o culto é sua forma visível. Porquanto, embora possamos supor a priori que nos podemos colocar na presença da Divindade sem qualquer sinal exterior, é isto, contudo, tão incompatível como a natureza humana, e tão contrário às exigências da religião, visto como esta pede a adoração a Deus com toda a nossa complexa personalidade, que não é possível admitir-se tal coisa. É certo que Jesus Cristo disse: ‘Deus é Espirito – e importa que os seus adoradores o adorem em espirito e em verdade’ (Jo 4:24). (*veja Altar, Baal, igreja, Eloí, Espírito Santo, Jewá, Jesus Cristo, Senhor, Senhor dos Exércitos, Tabernáculo, Templo, Trindade, Adoração.)

    Introdução

    (O leitor deve consultar também os seguintes verbetes: Cristo, Espírito Santo, Jesus, Senhor.) O Deus da Bíblia revela-se em sua criação e, acima de tudo, por meio de sua Palavra, as Escrituras Sagradas. De fato, a Bíblia pode ser definida como “a autorevelação de Deus ao seu povo”. É importante lembrar que as Escrituras mostram que o conhecimento que podemos ter de Deus é limitado e finito, enquanto o Senhor é infinito, puro e um Espírito vivo e pessoal, ao qual ninguém jamais viu. Freqüentemente a Bíblia usa antropomorfismos (palavras e ideias extraídas da experiência das atividades humanas, emoções, etc.) numa tentativa de nos ajudar a entender melhor Deus. Esse recurso pode ser realmente muito útil, embora o uso de descrições e termos normalmente aplicados aos seres humanos para referir-se ao Senhor eterno e infinito sempre deixe algo a desejar. Alguém já disse que “conhecer a Deus”, até o limite de que somos capazes por meio de sua Palavra, é o cerne da fé bíblica. De acordo com as Escrituras, todas as pessoas, durante toda a história, estão de alguma maneira relacionadas com o Senhor, seja numa atitude de rebelião e incredulidade, seja de fé e submissão.

    Homens e mulheres existem na Terra graças ao poder criador e sustentador de Deus; a Bíblia ensina que um dia todos estarão face a face com o Senhor, para o julgamento no final dos tempos. A natureza de Deus e seus atributos são, portanto, discutidos de diversas maneiras nas Escrituras Sagradas, de modo que Ele será mais bem conhecido por meio da forma como se relaciona com as pessoas. Por exemplo, aprende-se muito sobre Deus quando age no transcurso da história, em prol do sustento e da defesa de seu povo, e leva juízo sobre os que pecam ou vivem em rebelião contra Ele. Muito sabemos sobre o Senhor por meio dos nomes aplicados a Ele na Bíblia e quando sua criação é examinada e discutida. Acima de tudo, aprendemos de Deus quando estudamos sobre Jesus, o “Emanuel” (Deus conosco).

    As seções seguintes proporcionam apenas um resumo do que a Bíblia revela sobre Deus. Uma vida inteira de estudo, fé e compromisso com o Senhor, por intermédio de Cristo, ainda deixaria o crente ansioso por mais, especialmente pelo retorno de Jesus, pois concordamos com a declaração do apóstolo Paulo: “Agora conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13:12).

    A existência do único Deus

    A Bíblia subentende a existência de Deus. Não há discussão alguma sobre isso em suas páginas, pois trata-se de um livro onde o Senhor revela a si mesmo. Somente o “tolo”, a pessoa maligna e corrupta, diz “no seu coração: Não há Deus” (Sl 14:1-53.1; veja O tolo e o sábio). A existência de Deus é freqüentemente afirmada nos contextos que advertem contra a idolatria. Sempre é dada uma ênfase especial ao fato de que somente o Senhor é Deus e não existe nenhum outro. Deuteronômio 6:4 declara: “Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Deuteronômio 32:39 diz: “Vede agora que Eu sou, Eu somente, e não há outro Deus além de mim. Eu causo a morte, e restituo a vida; eu firo, e eu saro, e não há quem possa livrar das minhas mãos”. Por essa razão, a idolatria é considerada um grande pecado (cf. 1 Co 8.4). Envolver-se com ela é viver e acreditar na mentira, numa rejeição direta da revelação do único Deus verdadeiro. Esperava-se que o povo de Israel testemunhasse para as nações ao redor que existia apenas um único Senhor e que não havia nenhum outro deus. Isso seria visto especialmente no poder de Deus para proporcionar a eles os meios para vencerem as batalhas contra inimigos mais fortes, no tempo de paz, na extensão das fronteiras (contra o poder de outros assim chamados deuses) e em sua justiça e juízo sobre todos os que se desviavam dele, ou rejeitavam seus caminhos ou seu povo. As nações ao redor precisavam aprender com Israel que os seus deuses eram falsos e que na verdade adoravam demônios (1Co 10:20).

    Os escritores dos Salmos e os profetas também proclamaram que somente o Senhor é Deus e que Ele pré-existe e auto-subsiste. O Salmo 90:2 diz: “Antes que os montes nascessem, ou que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. Em Isaías, lemos: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus” (Is 44:6). “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus. Eu te fortalecerei, ainda que não me conheças” (Is 45:5; veja também 45.21; etc.). Jeremias disse: “Mas o Senhor Deus é o verdadeiro Deus; ele mesmo é o Deus vivo, o Rei eterno. Do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação” (Jr 10:10).

    No Novo Testamento, novamente a autoexistência eterna de Deus é subentendida: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:14). Paulo argumentou em sua pregação para os atenienses: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17:28). O apóstolo fez um apelo aos habitantes de Listra, a fim de que reconhecessem a existência do único Deus verdadeiro, pois “não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas dos céus, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações” (At 14:17). Em Romanos 1:19-20, há o pressuposto de que mesmo os que são maus e rejeitam a Deus podem ser considerados em débito, “visto que o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis”.

    Como em João 1, mencionado anteriormente, é no Novo Testamento que aprendemos sobre Jesus e começamos a entender mais sobre o próprio Deus, sua preexistência e sua auto-existência. Colossenses 1:17 descreve a preexistência de Cristo como “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15). Tanto Deus, o Pai, como Jesus são considerados eternos em sua existência: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1:8-11.15, 17; 2 Pe 3.8). Hebreus 13:8 também fala de Jesus: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e eternamente”.

    O Deus criador

    A autoexistência de Deus, bem como sua eternidade, também são sinalizadas na criação, a qual Ele fez do “ex nihilo” (a partir do nada; veja Gn 1; Rm 4:17; Hb 11:3). A Bíblia não admite a ideia do nada existindo lado a lado com o Senhor através da eternidade. Não há ensino, por exemplo, de que a matéria sempre existiu, ou que o mal sempre permaneceu como uma alternativa ao lado de Deus. O Todo-poderoso sempre existiu e sempre existirá; Ele é o Criador. O que existe traz outras coisas à existência. O racionalismo pode argumentar que, se algo existe, deve ter o poder da auto-existência dentro de si. A Bíblia mostra que o ser que auto-existe é Deus e somente Ele é o Senhor. Porque Deus existe, a vida veio à existência e surgiu a criação. No Senhor há vida e luz. Somente Ele tem a vida em si mesmo e habita na luz e na glória eternamente.

    O ato de Deus na criação é descrito em muitos lugares da Bíblia. De maneira notável, Gênesis 1:2 descrevem a Palavra de Deus que traz tudo o que conhecemos à existência. Esses capítulos demonstram claramente que o Senhor já existia antes da criação e foi por meio de sua palavra e seu poder que o mundo veio à existência. Também revelam que Deus não iniciou simplesmente o processo e o concluiu, ou ainda não o concluiu, com o que conhecemos neste mundo hoje. Ele interferiu ativamente, várias vezes, para criar a luz, o sol, a lua, a água, a vegetação, os peixes, os mamíferos, os pássaros e a humanidade. Em Gênesis 1, essa obra ativa de Deus durante todo o período da criação pode ser notada nas duas frases: “E disse Deus: Haja...” e “E viu Deus que isso era bom”. Em Gênesis 2, a obra e as palavras do “Senhor Deus” são mencionadas repetidamente. O Salmo 33:4-9 personaliza a “palavra de Deus” como a que criou e “é reta e verdadeira; todas as suas obras são fiéis... Pela palavra do Senhor foram feitos os céus... Tema toda a terra ao Senhor... Pois ele falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu”. Jeremias afirma: “Pois ele (o Senhor) é o criador de todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança; Senhor dos Exércitos é o seu nome” (Jr 10:16-51.19; veja também 26:7; Sl 102:25-104.24; Ne 9:6; etc.).

    No NT, o escritor da carta aos Hebreus lembra os crentes que “pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que o visível não foi feito do que se vê” (Hb 11:3). Louvor e adoração são devidos a Deus, o Pai, e a Jesus, a Palavra de Deus, pela criação e pelo seu contínuo sustento de todas as coisas criadas. Desde que a criação deriva sua vida e existência do próprio Deus, se o Senhor não a sustentasse, ela deixaria de existir (Ap 4:11; Jo 1:1-3; 1 Co 8.6; Cl 1:16-17; Hb 1:2-2 Pe 3.5; etc.).

    Essa obra da criação, a qual necessita do poder sustentador do Senhor, proporciona a evidência da soberania e do poder de Deus sobre todas as coisas. Ele está presente em todos os lugares, a fim de sustentar e vigiar sua criação, realizar sua justiça, amor e misericórdia, trazer à existência e destruir, de acordo com sua vontade e seus propósitos. A doxologia de Romanos 1:1-36 oferece a resposta adequada do crente na presença do Deus criador, sustentador e que existe por si: “Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória, pois, a ele eternamente. Amém” (v.36).

    O Deus pessoal

    O Criador do Universo e de todas as coisas, que sustém o mundo e todas as pessoas, revela-se a si mesmo como um “Deus pessoal”. A palavra “pessoal” não é aplicada a Ele em nenhum outro lugar da Bíblia e é difícil nossas mentes finitas assimilarem o que essa expressão “pessoal” significa, ao referir-se ao Senhor. Ainda assim, é dessa maneira que Ele é consistentemente revelado. Deus é um ser auto-existente e autoconsciente. Qualidades que indicam um ser pessoal podem ser atribuídas a Deus. Ele é apresentado como possuidor de liberdade, vontade e propósitos. Quando colocamos esses fatores na forma negativa, o Senhor nunca é descrito nas Escrituras da maneira que as pessoas o apresentam hoje, como uma energia ou uma força sempre presente. Deus revela a si mesmo como um ser pessoal no relacionamento entre Pai, Filho e Espírito Santo (veja mais sobre a Trindade neste próprio verbete) e em seu desejo de que seu povo tenha um relacionamento real com o “Deus vivo”. Sua “personalidade”, é claro, é Espírito e, portanto, não está limitada da mesma maneira que a humana. Porque é pessoal, entretanto, seu povo pode experimentar um relacionamento genuíno e pessoal com Ele. Deus, por ser bom, “ama” seu povo e “fala” com ele. O Senhor dirige os seus e cuida deles. O Salmo 147:10-11 dá alguns sentimentos de Deus, como um ser pessoal: “Não se deleita na força do cavalo, nem se compraz na agilidade do homem. O Senhor se agrada dos que o temem, e dos que esperam no seu constante amor” (veja também Sl 94:9-10). Efésios 1:9-11 mostra como a vontade e os propósitos de Deus são especialmente colocados à disposição dos que Ele “escolheu”, aos quais ele “ama”. O Senhor é aquele que conhece seu povo (1Co 8:3) e pode ser chamado de “Pai” pelos que vivem por ele (v.6). A revelação de Deus em Jesus novamente mostra como Ele é um Deus “pessoal”, tanto no relacionamento de Cristo e do Pai (como o Filho faz a vontade do Pai e fala as suas palavras), como na maneira pela qual o Pai mostrou seu amor pelo mundo, quando deu “o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16-14:15-31; 15.9,10; etc.).

    O Deus providencial

    Já que Deus é eterno, auto-existente e o Criador do Universo, não é de admirar que um dos temas mais freqüentes na Bíblia refira-se à soberana providência do Senhor. Deus é visto como o rei do Universo, o que fala e tudo acontece, que julga e as pessoas morrem, que mostra seu amor e traz salvação. Ele é o Senhor (veja Senhor) que controla o mundo e exige obediência. Busca os que farão parte de seu povo. É neste cuidado providencial por seu mundo e seu povo que mais freqüentemente descobrimos na Bíblia os grandes atributos divinos de sabedoria, justiça e bondade. Aqui vemos também sua verdade e seu poder. As Escrituras declaram que Deus tem o controle total sobre tudo, ou seja, sobre as pessoas, os governos, etc. Ele é chamado de Rei, pois estabelece reinos sobre a Terra e destrói-os, de acordo com seu desejo. Sua soberania é tão grande, bem como sua providência, em garantir que sua vontade seja realizada, que mesmo o mal pode ser revertido e usado pelo Senhor, para realizar seus bons propósitos.

    Os escritores da Bíblia demonstram com convicção que Deus governa sobre toda a criação; assim, os conceitos do destino e do acaso são banidos. À guisa de exemplo, uma boa colheita não acontece por acaso, mas é providenciada pelo Senhor. É Deus quem promete: “Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn 8:22). Por outro lado, o Senhor mantém tal controle sobre a criação que pode suspender a colheita dos que vivem no pecado ou se rebelam contra Ele (Is 5:10). Nos dias do rei Acabe, de Israel, Deus suspendeu a chuva e o orvalho, por meio de “sua palavra”, como castigo sobre o monarca e o povo (1Rs 17:1). A fome foi extremamente severa, mas a providência particular e amorosa do Senhor por seu povo fez com que suprisse as necessidades do profeta Elias de maneira miraculosa (1Rs 17:18).

    A Bíblia preocupa-se muito em mostrar a providência de Deus, que pode ser vista no seu relacionamento com seu povo (veja 2 Cr 16.9). Paulo fala sobre isso quando diz: “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). Aqui vemos que não somente o cuidado soberano do Senhor sempre é feito segundo a sua vontade e seu propósito, mas também que esse desejo preocupa-se especialmente com seu povo, mediante o cuidado e a proteção. O poder de Deus é tão grande que em “todas as coisas” Ele trabalha para atingir seus fins. Tal entendimento da providência do Senhor leva à conclusão inevitável de que mesmo o que começou por meio do mal, ou emanado de nossos próprios desejos pecaminosos, pode ser revertido por Deus, enquanto Ele trabalha incessantemente para completar e realizar sua vontade. Essa fé e confiança no cuidado providencial do Senhor não eram conceitos novos nos dias de Paulo. Quando José foi capturado por seus irmãos e vendido como escravo para o Egito, não foi o acaso que finalmente o levou a ser governador egípcio, num momento em que o povo de Deus precisava ser preservado da fome terrível. Tudo foi parte da vontade do Senhor. Posteriormente, ao discutir o assunto com seus irmãos amedrontados, José disse: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida” (Gn 50:20). O cuidado providencial de Deus por Jó, quando Satanás desejava atacá-lo e destruí-lo, também é uma prova do poder soberano do Senhor, mesmo sobre o mundo dos espíritos, inclusive Satanás (1:2). Deus até mesmo controlou as ações do rei da Pérsia em favor de seu povo (Is 44:28-45:1-7).

    Em nenhum outro contexto o cuidado providencial de Deus pode ser visto com tanta clareza como na provisão da salvação para o seu povo, por meio da morte expiatória de Jesus Cristo. A ação mais perversa de Satanás e o mais terrível de todos os pecados cometidos pelos seres humanos levaram à crucificação do Filho de Deus. Isso, porém, fora determinado pela vontade de Deus, e Ele reverteu aquele ato terrível para proporcionar expiação a todo aquele que se voltar para o Senhor (At 2:23-24). Esse desejo de Deus foi realizado “segundo as Escrituras”. Certamente o Senhor freqüentemente é visto agindo de maneira providencial e com poder soberano, de acordo com sua Palavra (Rm 5:6-1 Co 15.3; 2 Co 5.15).

    A providência do Senhor também é vista na maneira como chama as pessoas para si. Toda a Trindade está envolvida nesta obra de atrair e cuidar do povo de Deus (Jo 17:11-12, 24; Ef 1:3-14; Cl 1:12-14; etc.). A reflexão sobre a soberania do Senhor sobre tudo, seu poder total de realizar o que sua vontade determina, sua providência na natureza, na humanidade de modo geral e especialmente em relações aos redimidos, nos leva novamente a louvá-lo e bendizê-lo (Sl 13:9-13-16; 145.1, 13 16:1 Pe 5.7; Sl 103).

    O Deus justo

    A Bíblia mostra-nos um Senhor “justo”. Isso faz parte de sua natureza e tem que ver com sua verdade, justiça e bondade. Em termos práticos, o reconhecimento da justiça de Deus nas Escrituras permite que as pessoas confiem em que sua vontade é justa e boa e podem confiar nele para tomar a decisão ou a ação mais justa. Ele é justo como Juiz do mundo e também na demonstração de sua misericórdia. Mais do que isso, sua vontade eterna é inteiramente justa, íntegra e boa. É uma alegria para homens e mulheres pecadores saberem que podem voltar-se para um Deus justo e receber misericórdia. É motivo de temor para os que se rebelam que o justo Juiz julgará e condenará.

    O povo de Deus (“o povo justo”, formado pelos que foram perdoados por Deus) freqüentemente apela para sua justiça. Por exemplo, o salmista orou, para pedir misericórdia ao Senhor, quando parecia que as pessoas más prevaleciam. Achou estranho que os perversos prosperassem quando o “justo” padecia tanto sofrimento. Portanto, apelou para a justiça de Deus, para uma resposta ao seu dilema: “Tenha fim a malícia dos ímpios, mas estabeleça-se o justo. Pois tu, ó justo Deus, sondas as mentes e os corações” (Sl 7:9-11). “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha retidão. Na angústia dá-me alívio; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração” (Sl 4:1-129.4; 2 Ts 1.6). É mediante sua justiça que Deus mostra misericórdia ao seu povo (Sl 116:4-6; 37.39).

    Por vezes, entretanto, o povo de Deus tentou questionar o Senhor, quando parecia que Ele não os ajudava, ou estava do lado de outras nações. A resposta de Deus era que, se o Senhor lhes parecia injusto, é porque eles haviam-se entregado à incredulidade e ao pecado. As ações do Senhor são sempre justas, mesmo quando resultam em juízo sobre seu próprio povo. Veja, por exemplo, Ezequiel 18:25 (também
    v. 29): “Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é justo. Ouvi agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho justo? Não são os vossos caminhos injustos?”.

    Deus pode ser visto como justo em tudo o que faz. Isso se reflete em sua Lei, a qual é repetidamente definida como “justa” (Sl 119; Rm 7:12). Deuteronômio 32:4 resume a justiça do Senhor desta maneira: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, e todos os seus caminhos são justiça. Deus é a verdade, e não há nele injustiça. Ele é justo e reto”.

    Enquanto o povo de Deus ora, vê a justiça divina em seus atos de misericórdia e socorro para com eles e em seu juízo sobre os inimigos; assim, reconhecem que a justiça do Senhor permite que Ele traga disciplina sobre eles, quando pecam. Em II Crônicas 12, o rei Roboão e os líderes de Israel finalmente foram obrigados a admitir que, por causa do pecado e da rebelião deles contra Deus, Faraó Sisaque teve permissão para atacar Judá e chegar até Jerusalém. Deus os poupou da destruição somente quando se humilharam e reconheceram: “O Senhor é justo” (v. 6). Na época do exílio babilônico, os líderes tornaram-se particularmente conscientes deste aspecto da justiça de Deus. Daniel expressou dessa maneira: “Por isso, o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós, porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as obras que faz; contudo, não obedecemos à sua voz” (Dn 9:14; veja também Ed 9:15).

    Os profetas olhavam adiante para ver a revelação da justiça de Deus no futuro reino do Messias: “Vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo, um rei que reinará e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra” (Jr 23:5; Is 9:7-11.4; etc. veja Lc 1:75; At 22:14). Paulo falou sobre a obra de Cristo em termos da revelação da justiça de Deus. Na morte de Jesus, pode-se ver o juízo do Senhor sobre o pecado e a manifestação de seu amor e misericórdia sobre os que são perdoados. Deus não comprometeu nem sua justiça que exige a morte pelo pecado, nem sua aliança de amor para com o seu povo, que promete perdão e misericórdia. Desta maneira, o Senhor permanece justo e íntegro na salvação (Rm 1:17-2.5,6; 3.5, 20-26; etc.).

    Ao falar sobre os últimos dias e o retorno de Cristo, quando Deus vindicará seu nome diante de todo o mundo, inclusive os ímpios, será sua justiça que uma vez mais será notada e levará seu povo, que está ansioso por essa revelação, a louvá-lo (Ap 15:3-16.7).

    O Deus amoroso

    É justo que haja uma seção separada sobre este atributo, o mais maravilhoso do Senhor da Bíblia, ainda que tradicionalmente o amor de Deus seja visto como um aspecto de sua “bondade”. Várias vezes as Escrituras dizem que o Senhor “ama” ou mostra “amor” à sua criação, especialmente para o seu povo. É parte da natureza de Deus, pois ele é “bom” e é “amor”. O Senhor faz o que é bom (2Sm 10:12-1 Cr 19.13; Sl 119:68), porém, mais do que isso, ele é bom. Em outras palavras, a bondade é tão parte dele e de seu ser que o salmista disse: “Pois o teu nome é bom” (Sl 52:9-54.6; este vocábulo “nome” refere-se a todo o caráter do próprio Deus). Jesus disse: “Ninguém há bom, senão um, que é Deus” (Lc 18:19). Assim, se alguém deseja saber o que significa bondade e amor, deve olhar para o Senhor. I João 4:8-16 diz: “ Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor... E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor. Quem está em amor está em Deus, e Deus nele”.

    Deus é a fonte da bondade. Tiago 1:17 diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. O texto não só mostra que o Senhor é a fonte daquilo que é bom, como ensina que Deus é sempre bom. Não existe um lado “sombrio” no Senhor, nenhuma base para a visão oriental de que o bem e o mal existem lado a lado, e juntos formam algo chamado “deus”.

    A bondade de Deus, tão freqüentemente chamada de seu “amor”, é vista de muitas maneiras neste mundo. É evidente que no universo é algo generalizado, ou na manutenção da própria vida, da justiça, da ordem na criação, ou mesmo na provisão da luz do Sol e da chuva, do tempo de semear e de colher (Sl 33:5; Mt 5:45; At 17:25). Sua bondade, entretanto, é mais evidente em seu amor e fidelidade para com seu povo, a quem Ele protege, cuida e livra do juízo. Seu amor fiel por seu povo às vezes é chamado de “aliança de amor” ou “amor fiel”, pois Deus prometeu amar seu povo para sempre. Os israelitas repetidamente louvavam ao Senhor por seu amor eterno, extraordinário e não merecido, demonstrado através de toda a história de Israel (1Cr 16:34-2 Cr 5.13 7:3; Ed 3:11; Sl 118:1-29; Jr 33:11). É digno de nota como os vocábulos “bom” e “amor” aparecem juntos de maneira tão frequente, quando aplicados a Deus.

    Os que buscam a Deus experimentam sua bondade e amor, pois encontram sua salvação (Lm 3:25). O seu povo o louva acima de tudo pelo amor demonstrado em sua misericórdia e perdão dos pecados. Foi para a bondade do Senhor que o rei Ezequias apelou, quando pediu perdão pelo povo de Israel, que adorava a Deus sem ter passado pelo ritual da purificação. “Ezequias, porém, orou por eles, dizendo: O Senhor, que é bom, perdoe a todo aquele que dispôs o coração para buscar o Senhor...” (2Cr 30:18; Nm 14:19). O próprio Deus, ao falar por meio do profeta Oséias, adverte, a respeito da contínua rebelião do povo: “eu não tornarei mais a compadecer-me da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei” (Os 1:6).

    A salvação de Deus para seu povo é sua mais profunda e fantástica demonstração de bondade e amor. Jesus foi oferecido pelo Pai como sacrifício pelo pecado de todo o que crê. Talvez o mais famoso versículo da Bíblia, João 3:16, expresse o sentimento desse dom de Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O dom é ainda mais extraordinário, pois “Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8; Tt 3:4-1 Jo 3:16). O povo de Deus sabe que não merece este sacrifício. A natureza do amor divino, dado a pessoas que não são merecedoras, freqüentemente é expressa por meio do vocábulo “graça”.

    O amor de Deus também é visto por seu povo na maneira como Ele dá o seu Espírito Santo, de tal forma que todos possam conhecê-lo e responder-lhe em amor (Rm 5:5). Eles também experimentam o amor divino em seu cuidado providencial. Isso pode significar que o amor será em forma de disciplina (Ap 3:19), mas também representa o fato de que “todas as coisas” cooperam para o bem do povo de Deus, dos que são chamados segundo o seu propósito. Nada poderá separá-los do amor de Deus e de Cristo (Rm 8:28-35, 39; veja a seção anterior “O Deus providencial”). Ao meditar sobre sua graça a favor de todos, para os levar à salvação, eles o louvam pela maneira como os escolheu e os predestinou para serem filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade (Ef 1:4-6; 1 Jo 3:1). Essa grande obra de salvação é feita “segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo” (v. 9).

    “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2:4-5). O problema é como uma mente humana pode assimilar a profundidade desse amor, pois “excede todo o entendimento” (Ef 3:18-19).

    O Deus salvador

    O amor de Deus é visto proeminentemente em sua salvação por meio de Jesus (“Jesus” significa “o Senhor salva”; veja Jesus). O Senhor é corretamente descrito como “Deus salvador”. A Bíblia ensina que toda a humanidade é pecadora e necessita de redenção, que só é efetivada pela ação salvadora de Deus. O AT refere-se ao Senhor como “Libertador”, “Redentor” e “Salvador”, tanto da nação como dos indivíduos. Ambos necessitam de perdão, se não querem receber juízo. Uma lição necessária à compreensão de todas as pessoas é que somente Deus é Todo-poderoso, soberano e justo; portanto, o único que pode salvar: “E não há outro Deus senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim” (Is 45:21-43.11). Às vezes, o povo de Israel voltava-se para outras nações em busca de proteção e salvação; essa atitude, entretanto, invariavelmente falhava, ao passo que o Senhor ensinava que somente Ele era o Salvador (Dt 32:15-24; 1 Cr 16:34-36; Is 17:10).

    A promessa que Deus faz ao seu povo é que “quando clamarem ao Senhor, por causa dos opressores, ele lhes enviará um salvador e um defender, que os livrará” (Is 19:20-43.3; 45.15). Os homens e mulheres fiéis, mencionados no AT, todos conheceram a atividade salvadora e libertadora de Deus, tanto nas batalhas como no perdão dos pecados. O êxodo do Egito tornou-se o grande evento na história de Israel, que ofereceu às gerações futuras um memorial e uma ilustração da salvação e redenção operadas pelo Senhor. Deus redimiu seu povo do Egito porque o amava: “Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte, e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito” (Dt 7:8).

    Aquele acontecimento histórico proporcionou às gerações futuras uma evidência de que Deus tem o poder para salvar e libertar; essa verdade tornou-se a base em que podiam apelar para o Senhor salvá-los e livrá-los novamente em outras situações adversas (Êx 6:6; Dt 9:26; Sl 106:10). A libertação do Egito, porém, proporcionou também uma advertência, que mostra os acontecimentos no deserto para os que “esqueceram seu Deus”: “Pondo-os ele à morte, então o procuravam; voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. Lembravam-se de que Deus era a sua rocha, de que o Deus Altíssimo era o seu Redentor” (Sl 78:34-35; veja também 1 Cr 10:1-12). O próprio Deus mostrou a sua obra salvadora, ao levá-los do Egito para Canaã, e esperava fidelidade e serviço do seu povo redimido (Dt 13:5-15.15; 24.18; Os 13:4).

    Assim como precisavam de uma redenção física e libertação, os israelitas necessitavam também de perdão dos pecados; nisto também o Senhor provou ser o Salvador e Redentor do seu povo. Louvavam o seu nome pelo seu perdão e sabiam que podiam submeter-se à justiça de Deus e que Ele os salvaria (Dt 21:8; Sl 31:5-34.22; 44.26; Is 54:5-59.20).

    Os profetas olhavam para o futuro, para o dia em que um Salvador e Redentor viria para o povo de Deus: “O Redentor virá a Sião e aos que se desviarem da transgressão em Jacó, diz o Senhor” (Is 59:20). Isaías olhava adiante, para o dia do advento do Messias, quando o povo o louvaria: “Graças te dou, ó Senhor. Ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolaste. Certamente Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei. O Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação” (Is 12:1-3; veja Jr 23:6; Zc 9:9).

    Jesus foi o cumprimento de tais promessas. Ele era o Deus Salvador que veio à Terra para salvar e redimir. Quando seu nascimento foi anunciado, sua atividade salvadora e redentora imediatamente dominou as palavras dos anjos, de Zacarias e de Maria. As profecias concernentes à salvação do povo de Deus, com o advento do rei da linhagem de Davi, são anexadas às promessas do perdão de pecados e salvação do juízo de Deus. Toda a “história da salvação”, como alguns a têm chamado, chega ao seu grande clímax com o advento daquele que seria chamado de “Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1:21; Lc 1:46-47, 68-75; 2.11, 30-32, 38; etc.).

    O Deus salvador é revelado plenamente em Jesus. Nele, e em ninguém mais, há salvação (Lc 3:6-19.9,10; At 4:12; Hb 2:10). De fato, os vocábulos “salvar” e “salvação” referem-se a toda a obra salvadora de Cristo, desde sua encarnação, morte e ressurreição, até sua glorificação. Sua obra salvadora é considerada como um acontecimento realizado em três tempos: passado (na cruz, quando os crentes foram “justificados”; Rm 5:1-8.24; Ef 2:8-2 Tm 1.9); presente (com a operação progressiva do Espírito Santo na vida do crente, no processo de santificação, 1 Co 1.18; 2 Co 2,15) e futuro (no dia do julgamento, quando os crentes serão salvos da justa ira de Deus e serão glorificados; Rm 5:9-10).

    A meditação sobre quem é o Senhor sempre tem levado à doxologia; assim, Judas 25 expressa o louvor a Deus como Salvador, por meio de Jesus Cristo: “Ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

    O Deus Pai

    Conforme já vimos, Deus é bom e é amor; portanto, é também “Pai”. Ele é a fonte de todas as coisas e, nesse sentido, é Pai. É o Pai da criação de Israel — o povo da sua aliança e dos cristãos. Acima de tudo, ele é o Pai de seu único Filho Jesus Cristo. Numa época em que muitas vezes se pergunta se o Senhor realmente deveria ser chamado de “Pai”, pois isso pode parecer uma postura “machista”, é importante notar novamente que Deus é Espírito. Portanto, é totalmente errado descrevê-lo como masculino ou feminino. De fato, lemos sobre o Pai como o Deus “que te gerou” (Dt 32:18) — o que dificilmente seria considerada como uma ação masculina! A paternidade humana deriva de Deus e não vice-versa. Chamar Deus de “Pai” sem dúvida é correto do ponto de vista bíblico e, devidamente entendido, tem muito a dizer para corrigir os muitos abusos que são presenciados atualmente, cometidos pelos pais humanos.

    Primeiro, Deus é ocasionalmente referido, num sentido genérico, como Pai de todas as pessoas, pois elas são geradas por Ele (Ml 2:10; At 17:28-29; Hb 12:9). Segundo, a paternidade de Deus sobre Israel é mencionada ou subentendida. Como Pai, o Senhor tem o direito de ser obedecido. Deuteronômio 3:2-6 dá alguma indicação desse relacionamento: “Corromperam-se conta ele; já não são seus filhos, e isso é a sua mancha, geração perversa e depravada é. É assim que recompensas ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu Pai, que te adquiriu, que te fez e te estabeleceu?” É o relacionamento pactual com seu povo que está especialmente em destaque aqui. O Senhor toma (cria) Israel, ao fazer dele o seu povo peculiar e ao adotá-lo amorosamente como pai, na esperança de receber de volta amor e obediência (Ml 1:6). Deus adverte Israel de que será rejeitado, se porventura desprezar seu Pai (v. 18). Assim, Israel é o seu “filho primogênito” e, se obedecer, receberá a proteção do Senhor. Por exemplo, Deus exige de Faraó: “Israel é meu filho, meu primogênito. Deixa ir o meu filho” (Êx 4:22-23; Os 11:1).

    O fato de Deus apresentar-se como Pai de Israel significa que tem o direito de esperar em resposta uma sincera comunhão com o filho. Lamentavelmente, na maior parte do tempo, encontrou um povo rebelde. Deus diz em Isaías 1:2: “Criei filhos, e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim”. Tanto este profeta como Jeremias, entretanto, olham para o futuro, para um tempo em que o Senhor será o Pai de um filho que corresponde. Deus então mostrará a Israel seu cuidado e seu amor: “Guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho reto em que não tropeçarão, porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito” (Jr 31:9). Um filho humilde admitirá que o Pai tem direitos: “Mas agora, ó Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro, tu és o nosso oleiro; somos todos obra das tuas mãos. Não te enfureças tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniqüidade. Olha, nós te pedimos, todos nós somos o teu povo” (Is 64:8-9; veja também 45.10,11; 63.16). Como Pai e Deus da Aliança, quando seu filho chamar, ele responderá: “Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, a rocha da minha salvação... O meu amor lhe manterei para sempre, e a minha aliança lhe será firme” (Sl 89:26-28).

    Deus também é o Pai do rei de Israel, de uma maneira especial, pois ele representa o povo. A aliança que o Senhor fez com o rei Davi estabeleceu que Deus seria o “Pai” dos descendentes dele: “Eu serei seu Pai e ele será meu filho”. O salmista destaca esse tema. Por exemplo, o Salmo 2:7 diz: “Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (veja também Sl 89:26-27). Posteriormente, essas passagens sobre o filho assumiram um significado messiânico, quando as pessoas olhavam para o futuro, para o advento do rei ungido da linhagem de Davi. De fato, mais tarde foram aplicadas a Jesus Cristo (At 13:33; Hb 1:5).

    Deus é “Pai” unicamente de Jesus, o qual é descrito como “o Filho unigênito de Deus” (veja Jesus). Esta filiação está relacionada ao seu nascimento virginal (Lc 1:35), mas essa não é a única origem. O Pai anuncia claramente a condição de Jesus, em seu batismo: “Então ouviu-se esta voz dos céus: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mc 1:11). Isso, porém, serviu apenas para confirmar publicamente o que já era verdade. De fato, o NT indica uma comunhão permanente entre o Deus Pai, como “pai”; e o Deus Filho, como “filho”. Esse relacionamento eterno é indicado em João 1:18: “Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem o revelou”. Em João 17 Jesus dirige-se a Deus como “Pai” e olha para o futuro, quando receberá novamente “a glória que me deste, porque me amaste antes da criação do mundo” (vv. 24,25; 1 Jo 4:9).

    O acesso a Deus como “Pai” só é possível por meio de Cristo: “Ninguém vem ao Pai, senão por mim”, disse Jesus (Jo 14:6). Isso também aponta o caminho para a filiação a Deus para todos os cristãos.

    Deus como Pai de todos os cristãos é o complemento de sua paternidade a ser mencionada aqui. O Senhor é o Pai de todo o que tem fé em Cristo. Parte da plenitude da salvação, aplicada aos crentes pelo Espírito Santo, é a condição de “adoção” de filhos (Rm 8:23; Ef 1:5), mediante a qual podem utilizar o nome mais pessoal de “Aba” (Papai), ao dirigir-se a Deus (Rm 8:14-17; Gl 4:6). É importante notar que em ambos os textos a “filiação” também está intimamente ligada à herança. Assim como Jesus, o Filho, é herdeiro da glória de Deus, Paulo diz que os filhos adotados são “co-herdeiros de Cristo, se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8:17). É possível para todo o que crê em Cristo conhecer o Pai (Gl 3:26), pois Jesus lhes revela (Jo 14:6-9). Cristo mostrou o Pai ao mundo: “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo. Antes, é o Pai que está em mim quem faz as obras” (v.10).

    Novamente, a única resposta apropriada por parte do cristão, diante da ideia de ser feito filho de Deus, é o louvor: “Vede quão grande amor nos concedeu o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. E somos mesmo seus filhos! O mundo não nos conhece porque não o conheceu. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque assim como é, o veremos” (1Jo 3:1-2).

    Os nomes de Deus

    Enquanto nas modernas culturas ocidentais o nome realmente só é usado para distinguir uma pessoa de outra, os registrados na Bíblia são utilizados para representar totalmente a pessoa ou indicar aspectos de seu caráter ou de seu objetivo na vida (veja seção Os nomes e seus significados na 1ntrodução). Em nenhum outro lugar isso pode ser visto mais claramente do que na expressão “nome do Senhor”, que ocorre aproximadamente 100 vezes nas Escrituras. É uma frase que sintetiza o que nunca pode ser totalmente resumido — ou seja, o próprio Deus.
    O Nome. Quando Gênesis 4:26 diz: “Foi nesse tempo que os homens começaram a invocar o nome do Senhor”, não quer dizer simplesmente que as pessoas aprenderam a usar o nome “Senhor”. O texto indica que elas começaram a adorar ao Senhor por tudo o que Ele é. Quando a Lei diz: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, pois o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20:7), claramente tem em mente mais do que as ocasionais expressões irreverentes (embora, é claro, sua proibição esteja incluída no mandamento). A lei afirma que o próprio Senhor não deve ser considerado com desdém. Não pode ser tratado da mesma maneira que os ídolos pagãos, mencionados no mandamento anterior. Jamais deve ser invocado como um poder mágico ou ser referido numa adoração que não é centralizada exclusivamente nele.

    Assim, uma referência ao “Nome” do Senhor leva consigo uma indicação da própria natureza de Deus. Em Êxodo 23:20, o “Nome” de Deus está presente no anjo enviado para liderar o povo de Israel. Também é correto concluir que tal ser trata-se de uma “teofania”, por meio da qual o Senhor de alguma maneira era experimentado ou visto na presença do anjo (veja Teofanias).

    Quando a Bíblia fala em “invocar” o nome de Deus, geralmente é num contexto de exortação para se adorar ao Senhor totalmente, em toda a vida e vê-lo como o Deus soberano e transcendente que é: pessoal, amoroso e fiel, que está presente em todas as áreas de seu domínio (2Rs 5:11; Sl 17:7; Jl 2:32; Sf 3:9).

    Fazer alguma coisa no “nome do Senhor” é realizar algo no lugar do próprio Deus ou fazer com todo o endosso de sua presença e em obediência à sua ordem. Dessa maneira, os sacerdotes e levitas ministravam “no nome do Senhor” e os profetas falavam “no nome do Senhor”; não que eles alegassem ser Deus, mas isso significava que falavam e operavam com sua total autoridade e poder por trás deles. Até o mesmo o rei Davi lutou “em nome do Senhor” (Dt 18:17-22; 21.5; 1 Sm 17.45; 1 Rs 18.24; etc.). Quando os israelitas desejavam afirmar a presença de Deus com a Arca da Aliança, faziam isso mediante a invocação do “Nome do Senhor dos Exércitos” (2Sm 6:2). Salomão falava em construir um Templo “ao nome do Senhor” (1Rs 8:20). Dessa maneira, o nome é um meio de descrever a plenitude, a transcendência e a presença do próprio Deus.

    É interessante notar que no NT o “nome” pertence a Jesus, para lembrar os textos do AT que se referiam a tudo o que Deus é. Se o nome é de Deus e Jesus é chamado pelo “nome”, então tudo o que pertence a Deus está em Jesus e tudo o que Deus é, Cristo também é (compare Joel 2:32 com Atos 2:21; Romanos 10:13). Assim como a autoridade e o poder de Deus são vistos em seu “nome”, o mesmo acontece com Jesus. É “no nome de Jesus” que as pessoas são desafiadas ao arrependimento, batismo e a receber perdão. A fé precisa ser “no nome de Jesus” (At 2:38-3.16; 9.21). É “no nome de Jesus” que os apóstolos curavam e a Igreja orava (At 3:6; Tg 5:14).

    Em adição a essa maneira abrangente de referir-se à plenitude de Deus, vários nomes específicos são atribuídos ao Senhor na Bíblia e nos ajudam a entendê-lo melhor. Diferentemente de todos os “nomes”, eles enfatizam aspectos da natureza e do caráter de Deus, a fim de afirmar e enriquecer o que já foi mencionado anteriormente.
    El, Elohim. Um nome comum usado para o Senhor e geralmente traduzido como “Deus” (Elohim é a forma plural). A raiz deste vocábulo provavelmente significa “poder”. Este termo era utilizado em outras culturas e religiões para descrever uma grande divindade. Na Bíblia, porém, o nome é aplicado ao único Deus — “El Elohe Israel”, [Deus, o Deus de Israel] (Gn 33:20). Nas Escrituras, Ele é o “Deus do céu e da terra” (Gn 24:3); “o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”; o “Deus dos hebreus” (Êx 3:18); o “Deus dos deuses”; “Deus da verdade” (Sl 31:5) e, é claro, “Deus da glória” (Sl 29:3).

    A forma plural às vezes refere-se a outros deuses, mas também é usada na Bíblia para o único Deus, embora o termo esteja no plural. A forma plural indica a plenitude do Senhor. Ele é totalmente distinto das pessoas criadas, em seu ser (Nm 23:19).

    O vocábulo “El” também aparece em formas como “El Shaddai” (Deus Todo-poderoso”; Gn 17:1; Êx 6:3. Para mais detalhes, veja a seção “O Deus de Abraão”, no artigo sobre Abraão); “El Elyom” (Deus Altíssimo; Dt 32:8; Dn 7:18-22; etc.); “El Betel” (Deus de Betel; Gn 35:7); e “El Olam” (Deus Eterno; Gn 21:33; veja também Sl 90:2).
    Yahweh (o Senhor). O vocábulo Yahweh, que geralmente é traduzido como “Senhor”, em nossas versões da Bíblia em Português, tem sido corretamente chamado de “o nome da aliança de Deus”. Foi por este título que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó escolheu revelar-se a Moisés (Êx 6:3). Sem dúvida, os seguidores fiéis do Senhor já o conheciam por este nome antes da revelação da sarça ardente, mas com Moisés há mais revelações da fidelidade de Yahweh à aliança e de sua comunhão íntima com seu povo. O nome em si é derivado do verbo hebraico “ser”. Moisés imaginou pessoas que lhe perguntariam pelo nome do Deus que lhe apareceu, quando voltasse para seu povo. O Senhor lhe respondeu: “EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3:14; veja
    v. 15). Yahweh, portanto, significa algo como “Ele é” ou talvez “Ele traz à existência”.

    Como o nome revelado de Deus, o título “Yahweh” trazia uma declaração da existência contínua do Senhor e sua presença permanente com seu povo. Foi Ele quem se apresentou a Moisés e ao povo de Israel através das gerações como o Deus da aliança, o que sempre seria fiel às suas promessas em favor de seu povo. Foi sob este nome que o povo da aliança adorou a Deus. No NT, os cristãos entenderam que o Senhor da aliança era Jesus Cristo e, assim, ideias e atributos do AT que pertenciam a Yahweh foram trazidos e aplicados a Jesus. Para uma discussão mais detalhada do grande significado deste nome, veja Senhor.
    Adonai (Senhor). Com o significado de “Senhor” ou “Mestre”, este termo é aplicado a seres humanos em posição de autoridade. Quando relacionado a Deus, entretanto, geralmente é usado junto com o nome Yahweh. Isso apresenta algumas dificuldades na tradução. Não é fácil ler a frase “O senhor senhor”! Assim, geralmente traduz-se como “Senhor Deus” (2Sm 7:28; Is 28:16-56.8; etc.).
    Rocha. A fidelidade, a confiabilidade e a graça salvadora do Deus da aliança são ocasionalmente descritas por meio do epíteto “Rocha” (Dt 32:4-15, 18; 2 Sm 22.3, 47; Sl 62:7; Hc 1:12; etc.).
    Outros nomes. Embora algumas vezes sejam tomados como nomes, muitos outros termos aplicados a Deus são adjetivos. São usados para descrever o Senhor, atribuir louvor ao seu nome e diferenciá-lo dos deuses pagãos. Juízes 6:24 diz que “o Senhor é paz”. Outros textos falam sobre Deus como “o Santo” ou “o Santo de Israel”, a fim de estabelecer um elo no AT entre a sua santidade e a necessidade de que o seu povo seja santo (6:10; Pv 9:10; Is 12:6). Deus também é conhecido como o “Rei” (veja Rei), o “Senhor Todo-poderoso”, “o Senhor é minha Bandeira”, entre outros.
    Jeová. Este termo é pouco citado nas modernas versões da Bíblia. Deve, contudo, ser mencionado aqui como um nome que ainda sobrevive em algumas traduções. É suficiente dizer que, em hebraico, o termo YHWH aparece e, na maioria das vezes, é traduzido como SENHOR, em nossas versões, ou colocam-se vogais e assim lê-se Yahweh (o que alguns colaboradores deste volume têm feito). Jeová deriva de uma leitura equivocada de Yahweh. O pano de fundo do problema com o nome “Jeová” é explicado no verbete Senhor.


    A Trindade

    O cristianismo tradicionalmente argumenta que muitas evidências bíblicas revelam Deus em três pessoas distintas. Para alguns, tal definição do Senhor tem causado sérios problemas. A história da Igreja é permeada pelo surgimento de seitas que não reconheciam Jesus Cristo como Deus ou que se recusavam a aceitar a visão trinitária do Senhor; outras não viam um dos componentes da Trindade como totalmente Deus, ou negavam que houvesse distinções entre as três pessoas. Outros grupos estão totalmente fora do ensino bíblico e entram efetivamente no mundo do triteísmo, uma noção negada explicitamente na Bíblia, como, por exemplo, na oração da “Shema” (Dt 6:4). Embora o termo “trindade” não seja mencionado nas Escrituras, os cristãos sempre creram que somente ele pode fazer justiça à revelação bíblica da “plenitude” de Deus. Começando com o AT, os cristãos apontam indicações que pressagiam um ensino mais detalhado no NT. Muitas passagens conduzem para a pluralidade relacionada com o que é o “único Deus”. Muitos textos sugerem uma identificação do Messias que virá com o próprio Deus. Ele será chamado de Deus Poderoso, governará em completa soberania e será eterno — atributos divinos (Is 9:6-7; Sl 2; etc.). Mas indicações também estão presentes na compreensão da própria criação, no AT. Embora algumas pessoas neguem seu significado, é interessante notar que o Senhor refere-se a si mesmo com o termo plural “elohim” em certas passagens. Em Gênesis 1, é Deus quem cria, por meio de sua Palavra e pelo seu Espírito (Gn 1:1-3). Às vezes essa referência no plural parece ainda mais notável, feita de forma explícita com o uso de verbos e pronomes nas pessoas do plural; por exemplo, “Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem...” (Gn 1:26-3.22; 11.7; Is 6:8). Existe também uma personalização da “Palavra de Deus” que criou os céus (Sl 33:6). Algo semelhante ocorre em Provérbios 8, onde a sabedoria do Senhor é personalizada como o próprio Deus que opera no mundo, concede vida e envolve-se com a própria criação (principalmente Pv 8:12-21).

    Alguns sugerem que “o anjo do Senhor” também deve ser identificado com Deus e ainda assim é distinto dele (Êx 3:2-6; veja também Anjo do Senhor). Em Isaías 63:1014, o Espírito Santo é identificado como Agente de Deus. Esse tipo de evidência espera por sua interpretação mais completa no NT (veja também Teofanias).

    No NT, aspectos da doutrina da Trindade surgem primeiro quando os discípulos e seguidores de Jesus reconhecem as obras e as palavras de Deus nas atitudes de Jesus. Realmente, o problema dos líderes religiosos daquela época foi justamente que algumas das coisas que Cristo fazia e dizia só seriam feitas e ditas por Deus; portanto, eles alegavam que Jesus blasfemava, ao tentar passar por Deus. Por exemplo, Cristo perdoou os pecados do paralítico, algo que os escribas acreditavam que somente Deus era capaz de fazer; portanto, era uma blasfêmia. Jesus então demonstrou sua autoridade divina, ao curar o homem completamente (Mt 9:2-6). João 8 é especialmente esclarecedor sobre essa questão e traz uma série de declarações feitas por Jesus. Sua alegação de pertencer a Deus e ser enviado por Ele (vv. 14, 23), de partir para um lugar desconhecido dos líderes religiosos (v. 14), intimamente combinada com o uso da expressão “Eu Sou” e sua declaração de ter existido antes de Abraão (vv. 24, 28, 58, etc.), tudo isso ocasionou uma acusação de blasfêmia e a tentativa de apedrejamento — a punição para aquela transgressão (v. 59). Jesus aceitou a confissão de Pedro de que Ele era o Cristo (Mc 8:29-30) e alegou ter “todo” poder e autoridade antes de fazer uma das principais declarações trinitárias da Bíblia: “Ide... batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28:18).

    Em todo o NT, ambos, o Espírito Santo e Jesus, são apresentados como seres divinos. João 1:1-14 fala de Cristo como preexistente. Romanos 9:5 geralmente é destacado por alguns teólogos, mas provavelmente a leitura deveria ser essa: “Cristo, que é Deus sobre todos, seja louvado...” (veja também Cl 2:9; Hb 1:9-10; etc.). O Espírito Santo também é visto como Deus (veja At 5:3-4; Jo 15:26; Mc 3:29-2 Co 3.17; etc.).

    São também interessantes as passagens do NT onde os escritores apostólicos aplicam a Jesus o nome de Yahweh do AT (Senhor). Veja, por exemplo, Romanos 1:0-13, onde a confissão da fé em Cristo é provada como confissão de fé em Deus, por uma referência que aponta para o AT e menciona Yahweh. Vários textos merecem um exame cuidadoso, pois trazem o entendimento do AT sobre Yahweh ou aplicam declarações concernentes a Yahweh, no AT, e a Jesus, no NT. Por exemplo, veja João 1:2-41 (cf. Is 6:10); Atos 2:34-36; I Coríntios 1:30-31; 12.3; Filipenses 2:9-11 (cf. Is 45:23), etc.

    Em muitas passagens bíblicas, a ideia do Deus trino é no mínimo implícita nos textos do NT, se não explícita. O batismo de Jesus envolveu o Filho, o Pai e o Espírito Santo (Mt 3:13-17). O mencionado em Mateus 28:19 é em nome das três pessoas da Trindade. Jesus referiu-se ao Espírito Santo como “outro Consolador”. Assim como o Pai enviou Cristo, Ele mandaria o Espírito Santo (Jo 14:15-23). Veja também a obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo na vida do crente (Ef 3:14-19).

    As Escrituras revelam uma figura de Deus em três pessoas e a isso nós chamamos de “Trindade”. O Pai não é maior do que o Filho e ambos são distintos do Espírito Santo, embora exista um ensino claro tanto no AT como no NT de que Deus é único. Existem três pessoas, mas apenas um Senhor. Tal ensino, quando apresentado em conjunto, implica um modo de existência longe do que nossa mente humana possa entender. É por esta razão que todas as analogias humanas invariavelmente fracassam quando se trata de explicar o que significa a Trindade.

    Os cristãos estão convencidos de que negar essa doutrina é renunciar à clara evidência bíblica sobre o próprio Deus. Um escritor resumiu o ensino bíblico dessa maneira: “A doutrina da Trindade não explica plenamente o misterioso caráter de Deus. Pelo contrário, estabelece as fronteiras, fora das quais não devemos andar... Isso exige que sejamos fiéis à revelação bíblica que em um sentido Deus é um e num sentido diferente ele é três” (R. C. Sproul).

    Conclusão

    O Deus da Bíblia é revelado como Eterno, Majestoso, Transcendente, Onipotente e Onisciente. Também é descrito como o Criador de todo o Universo e das pessoas e, neste contexto, revela a si mesmo em sua Palavra como um Deus pessoal, amoroso e soberano, um Deus justo, verdadeiro e íntegro. Deus é revelado como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É o Deus presente com seu povo (Emanuel, Deus conosco) e atuante em toda a criação, embora de modo algum seja absorvido por ela, como certas religiões orientais ensinam. Embora seja um Deus santo, separado e distinto da criação e das criaturas, não permite que o mundo se perca totalmente em seu pecado, sem nenhuma esperança de redenção; pelo contrário, revela a si mesmo como um Deus de amor que salva e redime todo aquele que o busca. Sua graça salvadora é vista claramente em sua vinda aqui na Terra: Jesus, o Filho de Deus, veio para ser o Salvador e Redentor da humanidade. Esta dádiva é experimentada por meio de sua Palavra (a Bíblia) e da presença do Espírito Santo no coração e na vida daqueles que crêem nele. Quanto mais a Bíblia é lida, fica mais claro que todo o seu povo é exortado repetidamente a cantar louvores ao Deus Todo-poderoso que, embora seja transcendente, está presente, a fim de sustentar, cuidar e salvar. “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

    P.D.G.


    Deus [hebr. El, Elah, Eloah, Elohim; gr. theós]

    O nome mais geral da Divindade (Gn 1:1; Jo 1:1). Deus é o Ser Supremo, único, infinito, criador e sustentador do universo. É espírito pessoal e subsiste em três pessoas ou distinções: Pai, Filho e Espírito Santo (v. TRINDADE). É santo, justo, amoroso e perdoador dos que se arrependem. O ateu diz que Deus não existe; o agnóstico diz que não podemos saber se Deus existe ou não; o crente sabe que Deus existe e afirma: “... nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17:28).

    ==========================

    NOMES DE DEUS

    Nas Escrituras Sagradas Deus é chamado por vários nomes e cognomes (títulos), que seguem alistados na ordem decrescente do número de ocorrências:


    1) SENHOR (hebr. JAVÉ, ???? - Gn 2:4);


    2) DEUS (Gn 1:1);


    3) SENHOR DOS EXÉRCITOS (Jr 33:11);


    4) Pai (Is 63:16; Mt 6:8-9);


    5) SENHOR (propriamente dito - Sl 114:7);


    6) SANTO de ISRAEL (Is 1:4);


    7) ALTÍSSIMO (Gn 14:18);


    8) Todo-poderoso (Gn 49:25; 2Co 6:18);


    9) Deus Vivo (Os 1:10; 1Ts 1:9);


    10) Rei (Sl 24; 1Tm 6:15);


    11) Rocha (Dt 32:18; Is 30:29);


    12) REDENTOR (19:25);


    13) SALVADOR (Sl 106:21; Lc 1:47);


    14) Juiz (Gn 18:25; 2Tm 4:8);


    15) O Poderoso (Gn 49:24, RA; RC, Valente);


    16) O PRIMEIRO E O ÚLTIMO (Ap 22:13);


    17) ETERNO DEUS (Is 40:28);


    18) Pastor (Gn 49:24);


    19) ANCIÃO DE DIAS (Dn 7:9);


    20) O Deus de BETEL (Gn 31:13);


    21) O Deus Que Vê (Gn 16:13).


    Deus O judaísmo apresentava uma visão estritamente monoteísta da divindade. As afirmações a respeito que aparecem no Antigo Testamento não podem ser mais explícitas. Antes e depois dele não houve nem haverá outros deuses (Is 43:10-11). Tudo criou sem ajuda nem presença de ninguém (Is 44:24; 45,12). É o primeiro e o último (Is 44:6), clemente e misericordioso (Sl 111:4), o que cuida dos oprimidos (Sl 113:7), o que cura todas as dores e perdoa todas as iniqüidades (Sl 103:3).

    Foi ele quem entregou a Torá a Moisés no Sinai (Êx 19:20) e que estabeleceu uma Aliança Eterna com Israel como povo seu. Ele que falou através dos profetas, ele que não pode ser representado por nenhum tipo de imagem, desenho ou pintura (Ex 20:4ss.) etc.

    Deste Deus se esperava que enviaria seu messias e que no final dos tempos ressuscitaria os justos e injustos, proporcionando recompensa eterna aos primeiros e castigo vergonhoso e consciente aos segundos (Dn 12:2).

    Nos evangelhos encontramos uma aceitação de todas essas afirmações. Deus é único (Mc 12:29ss.), é o Deus dos patriarcas (Mt 22:32), é o único que pode receber culto e serviço (Mt 6:24; Lc 4:8). Para ele tudo é possível (Mt 19:26; Lc 1:37). Ainda que faça brilhar o sol sobre justos e injustos (Mt 5:45), só é Pai daqueles que recebem Jesus (Jo 1:12). Essa relação de paternidade entre Deus e os seguidores de Jesus explica por que ele é tratado como Pai (Mt 11:25ss.; Mc 14:36; Lc 23:34.46; Jo 11:41; 17, 1.5.11). A ele se deve dirigir no oculto do coração e sem usar contínuas repetições como os pagãos (Mt 6:4.
    18) e nele se deve confiar sem sombra de dúvida (Mt 6:26-32; 10,29-31; Lc 15). E podemos então chegar a conhecê-lo porque se nos revelou em Jesus (Jo 1:18).

    Esse monoteísmo com o qual Deus é contemplado no Novo Testamento encontra-se, não obstante, selecionado através da fé na Trindade, que afirma uma pluralidade de pessoas no âmago da única divindade. Existem precedentes da crença na divindade do messias no judaísmo, assim como da atuação de Deus em várias pessoas. De fato, o judeu-cristianismo posterior — tal como registra o Talmude — apenas se referiu a elas para defender sua essência judaica. Assim, no Antigo Testamento, atribui-se ao Messias o título divino de El-Guibor (Is 9:5-6); Deus se expressa em termos plurais (Gn 1:26-27; Is 6:8); o malak YHVH ou o anjo de YHVH não é senão o próprio YHVH (Jz 13:20-22) etc, expressões que foram interpretadas como sinais da revelação da Trindade.

    Nos evangelhos encontramos de fato afirmações nesse sentido que não podem ser consideradas equívocas. Por exemplo: Jesus é denominado Deus (Jo 1:1; 20-28 etc.); afirma-se que o Filho de Deus é igual a Deus (Jo 5:18); ressalta-se que era adorado pelos primeiros cristãos (Mt 28:19-20 etc.), recebe a designação de “Verbo”, termo procedente dos targuns aramaicos para referir-se ao próprio YHVH (Jo 1:1) etc.

    Tem-se discutido se todos esses enfoques procedem realmente do próprio Jesus ou se, ao contrário, devem ser atribuídos à comunidade primitiva. Também se questiona o seu caráter judaico.

    Atualmente, sabemos que esses pontos de vista não se originaram do helenismo, mas do judaísmo contemporâneo de Jesus (m. Hengel, A. Segal, C. Vidal Manzanares etc.). A característica que difere o cristianismo das outras doutrinas é afirmar essa hipóstase do Deus único, encarnado em Jesus. A este também retrocede todas as interpretações sobre sua pessoa. Para essa interpretação, defendem-se passagens de indiscutível autenticidade histórica, como a de Lc 10:21-22, assim como as de auto-identificação que Jesus atribui a si, como a Jokmah hipostática dos Provérbios (Lc 7:35; 11,49-51) e como o “Kyrios” (Senhor) do Antigo Testamento (Lc 12:35-38; 12,43ss.). Essas passagens de fato fazem parte da fonte Q, o que indica sua antigüidade.

    m. Hengel, El Hijo de Dios, Salamanca 1978; A. Segal, Paul, The Convert, New Haven e Londres 1990; m. Gilbert - J. N. Aletti, La Sabiduría y Jesucristo, Estella; C. Vidal Manzanares, El primer Evangelio...; Idem, El judeo-cristianismo palestino...


    Diante

    advérbio Em frente ou à frente; em primeiro lugar: sentou-se diante.
    locução adverbial Em, por ou para diante. Num tempo futuro: de agora em diante tudo vai ser diferente.
    locução prepositiva Diante de. Localizado à frente de: colocou o livro diante do computador.
    Em companhia de: falou a verdade diante do júri.
    Como resultado de: diante das circunstâncias, decidiu pedir demissão.
    Etimologia (origem da palavra diante). De + do latim inante.

    Israel

    Nome dado a Jacó depois que “lutou com Deus” em Peniel (Gn 32:28-31). Veja Jacó.


    Israel Nome que Jacó recebeu após lutar com Deus — como hipóstase — em Jaboc (Gn 32:29). Derivado da raiz “sará” (lutar, governar), contém o significado de vitória e pode ser traduzido como “aquele que lutou com Deus” ou “o adversário de Deus”. Mais tarde o nome se estenderia aos descendentes de Jacó (Ex 1:9) e, com a divisão do povo de Israel após a morte de Salomão, passou a designar a monarquia do Reino do Norte, formada pela totalidade das tribos exceto a de Judá e Levi, e destruída pela Assíria em 721 a.C. A palavra designa também o território que Deus prometeu aos patriarcas e aos seus descendentes (Gn 13:14-17; 15,18; 17,18; 26,3-4; 28,13 35:12-48,3-4; 1Sm 13:19).

    Após a derrota de Bar Kojba em 135 d.C., os romanos passaram a chamar esse território de Palestina, com a intenção de ridicularizar os judeus, recordando-lhes os filisteus, desaparecidos há muito tempo. Pelos evangelhos, compreende-se que a Igreja, formada por judeus e gentios que creram em Jesus, é o Novo Israel.

    Y. Kaufmann, o. c.; m. Noth, Historia...; J. Bright, o. c.; S. Hermann, o. c.; f. f. Bruce, Israel y las naciones, Madri 1979; C. Vidal Manzanares, El judeo-cristianismo...


    Israel [O Que Luta com Deus] -

    1) Nome dado por Deus a Jacó (Gn 32:28)

    2) Nome do povo composto das 12 tribos descendentes de Jacó (Ex 3:16).

    3) Nome das dez tribos que compuseram o Reino do Norte, em contraposição ao Reino do Sul, chamado de Judá (1Rs 14:19);
    v. o mapa OS REINOS DE ISRAEL E DE JUDÁ).

    4) Designação de todo o povo de Deus, a Igreja (Gl 6:16).

    Luta com Deus. Foi este o novo nome dado a Jacó, quando ele pedia uma bênção depois de ter lutado com o Anjo do Senhor em Maanaim (Gn 32:28os 12:4). Depois é usado alternadamente com Jacó, embora menos freqüentemente. o nome era, primeiramente, empregado para designar a família deste patriarca, mas depois, libertando-se os hebreus da escravidão egípcia, aplicava-se de modo genérico ao povo das doze tribos (Êx 3:16). Mais tarde, porém, achamos a tribo de Judá excluída da nação de israel (1 Sm 11.8 – 1 Rs 12,16) a qual, desde que as tribos se revoltaram contra Roboão, se tornou o reino do Norte, constituindo o reino do Sul as tribos de Judá e Benjamim, com partes de Dã e Simeão. E isto foi assim até à volta do cativeiro. os que voltaram à sua pátria tomaram de novo o nome de israel, embora fosse um fato serem judeus a maior parte deles. Nos tempos do N.T. o povo de todas as tribos era geralmente conhecido pelo nome de judeus.

    substantivo masculino Designação do Estado de Israel, localizado no Oriente Médio, reconhecido oficialmente em 1948, sendo também conhecido como Estado Judeu e Democrático.
    Por Extensão Significado do nome em hebraico: "o homem que vê Deus".
    Etimologia (origem da palavra Israel). Do latim Isráél; do grego Israêl; pelo hebraico Yisraél.

    substantivo masculino Designação do Estado de Israel, localizado no Oriente Médio, reconhecido oficialmente em 1948, sendo também conhecido como Estado Judeu e Democrático.
    Por Extensão Significado do nome em hebraico: "o homem que vê Deus".
    Etimologia (origem da palavra Israel). Do latim Isráél; do grego Israêl; pelo hebraico Yisraél.

    Montes

    Montes Os evangelhos mencionam explicitamente os conhecidos como Garizim (Jo 4:20ss.), Nazaré (Lc 4:29) e o das Oliveiras. Embora seja difícil identificar os montes com os acontecimentos, podemos relacionar episódios como as tentações de Jesus (Mt 4:8), sua Transfiguração (Mt 17:1.9 comp.com 2Pe 1:18), o Sermão da Montanha (Mt 5:1; 8,1), a escolha dos discípulos (Mc 3:13; Lc 6:12) ou a ascensão (Mt 28:16). Jesus também empregou o símbolo da cidade sobre o monte para referir-se a seus discípulos (Mt 5:14) e mover um monte para simbolizar o resultado do exercício da fé (Mt 17:20; 21,21; Mc 11:23).

    Montês

    adjetivo Dos montes, que vive nos montes; montanhês.
    Figurado Rústico, bravio, selvagem.

    adjetivo Dos montes, que vive nos montes; montanhês.
    Figurado Rústico, bravio, selvagem.

    adjetivo Dos montes, que vive nos montes; montanhês.
    Figurado Rústico, bravio, selvagem.

    Montês Que vive nos montes (Dt 14:5).

    Senhor

    substantivo masculino Proprietário, dono absoluto, possuidor de algum Estado, território ou objeto.
    História Aquele que tinha autoridade feudal sobre certas pessoas ou propriedades; proprietário feudal.
    Pessoa nobre, de alta consideração.
    Gramática Forma de tratamento cerimoniosa entre pessoas que não têm intimidade e não se tratam por você.
    Soberano, chefe; título honorífico de alguns monarcas.
    Figurado Quem domina algo, alguém ou si mesmo: senhor de si.
    Dono de casa; proprietário: nenhum senhor manda aqui.
    Pessoa distinta: senhor da sociedade.
    Antigo Título conferido a pessoas distintas, por posição ou dignidade de que estavam investidas.
    Antigo Título de nobreza de alguns fidalgos.
    Antigo O marido em relação à esposa.
    adjetivo Sugere a ideia de grande, perfeito, admirável: ele tem um senhor automóvel!
    Etimologia (origem da palavra senhor). Do latim senior.onis.

    o termo ‘Senhor’, no A.T., paraexprimir Jeová, está suficientemente compreendido nesta última palavra – e, como tradução de ãdôn, não precisa de explicação. Em Js 13:3, e freqüentemente em Juizes e Samuel, representa um título nativo dos governadores dos filisteus, não se sabendo coisa alguma a respeito do seu poder. o uso de ‘Senhor’ (kurios), no N.T., é interessante, embora seja muitas vezes de caráter ambíguo. Nas citações do A.T., significa geralmente Jeová, e é também clara a significaçãoem outros lugares (*vejag. Mt 1:20). Mas, fora estas citações, há muitas vezes dúvidas sobre se a referência é a Deus como tal (certamente Mc 5:19), ou ao Salvador, como Senhor e Mestre. Neste último caso há exemplos do seu emprego, passando por todas as gradações: porquanto é reconhecido Jesus, ou como Senhor e Mestre no mais alto sentido (Mt 15:22 – e geralmente nas epístolas – *veja 1 Co 12.3), ou como doutrinador de grande distinção (Mt 8:21 – 21.3), ou ainda como pessoa digna de todo o respeito (Mt 8:6). Deve-se observar que kurios, termo grego equivalente ao latim “dominus”, era o título dado ao imperador romano em todas as terras orientais, em volta do Mediterrâneo. E isto serve para explicar o fato de aplicarem os cristãos ao Salvador esse título, querendo eles, com isso, acentuar na sua mente e na das pessoas que os rodeavam a existência de um império maior mesmo que o de César. Com efeito, o contraste entre o chefe supremo do império romano e Aquele que é o Senhor de todos, parece apoiar muitos dos ensinamentos do N.T. Algumas vezes se usa o termo ‘Senhor’ (Lc 2:29At 4:24, etc.) como tradução de despõtes, que significa ‘dono, amo’, sugerindo, quando se emprega a respeito dos homens, que ao absoluto direito de propriedade no mundo antigo estava inerente uma verdadeira irresponsabilidade. (*veja Escravidão.)

    [...] o Senhor é a luz do mundo e a misericórdia para todos os corações.
    Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Pelo Evangelho


    Senhor
    1) (Propriamente dito: hebr. ADON; gr. KYRIOS.) Título de Deus como dono de tudo o que existe, especialmente daqueles que são seus servos ou escravos (Sl 97:5; Rm 14:4-8). No NT, “Senhor” é usado tanto para Deus, o Pai, como para Deus, o Filho, sendo às vezes impossível afirmar com certeza de qual dos dois se está falando.


    2) (hebr. ????, YHVH, JAVÉ.) Nome de Deus, cuja tradução mais provável é “o Eterno” ou “o Deus Eterno”. Javé é o Deus que existe por si mesmo, que não tem princípio nem fim (Ex 3:14; 6.3). Seguindo o costume que começou com a SEPTUAGINTA, a grande maioria das traduções modernas usa “Senhor” como equivalente de ????, YHVH (JAVÉ). A RA e a NTLH hoje escrevem “SENHOR”. A forma JAVÉ é a mais aceita entre os eruditos. A forma JEOVÁ (JEHOVAH), que só aparece a partir de 1518, não é recomendável por ser híbrida, isto é, consta da mistura das consoantes de ????, YHVH, (o Eterno) com as vogais de ???????, ADONAI (Senhor).


    Senhor Termo para referir-se a YHVH que, vários séculos antes do nascimento de Jesus, havia substituído este nome. Sua forma aramaica “mar” já aparecia aplicada a Deus nas partes do Antigo Testamento redigidas nesta língua (Dn 2:47; 5,23). Em ambos os casos, a Septuaginta traduziu “mar” por “kyrios” (Senhor, em grego). Nos textos de Elefantina, “mar” volta a aparecer como título divino (pp. 30 e 37). A. Vincent ressaltou que este conteúdo conceitual já se verificava no séc. IX a.C. Em escritos mais tardios, “mar” continua sendo uma designação de Deus, como se vê em Rosh ha-shanah 4a; Ber 6a; Git 88a; Sanh 38a; Eruv 75a; Sab 22a; Ket 2a; Baba Bat 134a etc.

    Em algumas ocasiões, Jesus foi chamado de “senhor”, como simples fórmula de cortesia. Ao atribuir a si mesmo esse título, Jesus vai além (Mt 7:21-23; Jo 13:13) e nele insere referências à sua preexistência e divindade (Mt 22:43-45; Mc 12:35-37; Lc 20:41-44 com o Sl 110:1). Assim foi também no cristianismo posterior, em que o título “Kyrios” (Senhor) aplicado a Jesus é idêntico ao empregado para referir-se a Deus (At 2:39; 3,22; 4,26 etc.); vai além de um simples título honorífico (At 4:33; 8,16; 10,36; 11,16-17; Jc 1:1 etc.); supõe uma fórmula cúltica própria da divindade (At 7:59-60; Jc 2:1); assim Estêvão se dirige ao Senhor Jesus no momento de sua morte, o autor do Apocalipse dirige a ele suas súplicas e Tiago acrescenta-lhe o qualificativo “de glória” que, na verdade, era aplicado somente ao próprio YHVH (Is 42:8). Tudo isso permite ver como se atribuíam sistematicamente a Jesus citações veterotestamentárias que originalmente se referiam a YHVH (At 2:20ss.com Jl 3:1-5).

    Finalmente, a fórmula composta “Senhor dos Senhores” (tomada de Dt 10:17 e referente a YHVH) é aplicada a Jesus e implica uma clara identificação do mesmo com o Deus do Antigo Testamento (Ap 7:14; 19,16). Tanto as fontes judeu-cristãs (1Pe 1:25; 2Pe 1:1; 3,10; Hc 1:10 etc.) como as paulinas (Rm 5:1; 8,39; 14,4-8; 1Co 4:5; 8,5-6; 1Ts 4:5; 2Ts 2:1ss. etc.) confirmam essas assertivas.

    W. Bousset, Kyrios Christos, Nashville 1970; J. A. Fitzmyer, “New Testament Kyrios and Maranatha and Their Aramaic Background” em To Advance the Gospel, Nova York 1981, pp. 218-235; L. W. Hurtado, One God, One Lord: Early Christian Devotion and Ancient Jewish Monotheism, Filadélfia 1988; B. Witherington III, “Lord” em DJG, pp. 484-492; O. Cullmann, o. c.; C. Vidal Manzanares, “Nombres de Dios” en Diccionario de las tres...; Idem, El judeo-cristianismo...; Idem, El Primer Evangelio...


    Sinai

    A península do Sinai está situada entre o golfo de Suez e o de Acabá. o deserto do Sinai, onde os israelitas estiveram acampados quase um ano, e onde Moisés levantou o tabernáculo da aliança é mais alto do que o resto do país. Foi no Sinai que o Todo-poderoso fez conhecer a Sua vontade por meio de Moisés à multidão dos hebreus. No monte Sinai, que se levanta abruptamente da planície, foi dado o Decálogo, e foi feito o pacto (Êx 20:1-17 – 24.7,8). Nesse deserto os israelitas prestaram culto ao bezerro de ouro e foi efetuado o recenseamento do povo (Nm 1:19 – 3,1) – Arão e seus filhos foram consagrados – foi celebrada a segunda Páscoa (Nm 9:5) – e foram mortos Nadabe e Abiú por terem oferecido fogo estranho ao Senhor. (*veja Nadabe.) Aquela montanha onde Moisés recebeu do Senhor a Lei chama-se Horebe no Deuteronômio (1.2, etc.) – em qualquer outro lugar tem o nome de Sinai. Parece que Horebe designa todo o território, e Sinai a montanha onde a Lei foi dada.

    Sinai [Rochedo ?]


    1) Monte, também chamado de Horebe (Ex 17:6), situado entre os golfos de Suez e de Ácaba. Nesse monte foi dada a Moisés a Lei (Ex 19:20—20.26).


    2) Deserto (Ex 19:1). V. o mapa O EGITO E O SINAI.


    Strongs

    Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
    Juízes 5: 5 - Texto em Hebraico - (HSB) Hebrew Study Bible

    Os montes se derreteram diante do SENHOR, e até Sinai diante do SENHOR Deus de Israel.
    Juízes 5: 5 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

    1235 a.C.
    H2022
    har
    הַר
    as montanhas
    (the mountains)
    Substantivo
    H2088
    zeh
    זֶה
    Esse
    (This)
    Pronome
    H3068
    Yᵉhôvâh
    יְהֹוָה
    o Senhor
    (the LORD)
    Substantivo
    H3478
    Yisrâʼêl
    יִשְׂרָאֵל
    Israel
    (Israel)
    Substantivo
    H430
    ʼĕlôhîym
    אֱלֹהִים
    Deus
    (God)
    Substantivo
    H5140
    nâzal
    נָזַל
    fluir, destilar, escorrer, gotejar, pingar
    (the floods)
    Verbo
    H5514
    Çîynay
    סִינַי
    a montanha onde Moisés recebeu a lei de Javé; localizada no extremo sul da península do
    (Sinai)
    Substantivo
    H6440
    pânîym
    פָּנִים
    o rosto
    (the face)
    Substantivo


    הַר


    (H2022)
    har (har)

    02022 הר har

    uma forma contrata de 2042, grego 717 Αρμαγεδων; DITAT - 517a; n m

    1. outeiro, montanha, território montanhoso, monte

    זֶה


    (H2088)
    zeh (zeh)

    02088 זה zeh

    uma palavra primitiva; DITAT - 528; pron demons

    1. este, esta, isto, aqui, qual, este...aquele, esta...esta outra, tal
      1. (sozinho)
        1. este, esta, isto
        2. este...aquele, esta...esta outra, outra, outro
      2. (aposto ao subst)
        1. este, esta, isto
      3. (como predicado)
        1. este, esta, isto, tal
      4. (encliticamente)
        1. então
        2. quem, a quem
        3. como agora, o que agora
        4. o que agora
        5. pelo que
        6. eis aqui
        7. imediatamente
        8. agora, agora mesmo
      5. (poético)
        1. onde, qual, aqueles que
      6. (com prefixos)
        1. neste (lugar), então
        2. nestas condições, por este meio, com a condição que, por, através deste, por esta causa, desta maneira
        3. assim e assim
        4. como segue, coisas tais como estes, de acordo com, com efeito da mesma maneira, assim e assim
        5. daqui, portanto, por um lado...por outro lado
        6. por este motivo
        7. Apesar disso, qual, donde, como

    יְהֹוָה


    (H3068)
    Yᵉhôvâh (yeh-ho-vaw')

    03068 יהוה Y ehovaĥ

    procedente de 1961; DITAT - 484a; n pr de divindade Javé = “Aquele que existe”

    1. o nome próprio do único Deus verdadeiro
      1. nome impronunciável, a não ser com a vocalização de 136

    יִשְׂרָאֵל


    (H3478)
    Yisrâʼêl (yis-raw-ale')

    03478 ישראל Yisra’el

    procedente de 8280 e 410, grego 2474 Ισραηλ; n pr m

    Israel = “Deus prevalece”

    1. o segundo nome dado a Jacó por Deus depois de sua luta com o anjo em Peniel
    2. o nome dos descendentes e a nação dos descendentes de Jacó
      1. o nome da nação até a morte de Salomão e a divisão
      2. o nome usado e dado ao reino do norte que consistia das 10 tribos sob Jeroboão; o reino do sul era conhecido como Judá
      3. o nome da nação depois do retorno do exílio

    אֱלֹהִים


    (H430)
    ʼĕlôhîym (el-o-heem')

    0430 אלהים ’elohiym

    plural de 433; DITAT - 93c; n m p

    1. (plural)
      1. governantes, juízes
      2. seres divinos
      3. anjos
      4. deuses
    2. (plural intensivo - sentido singular)
      1. deus, deusa
      2. divino
      3. obras ou possessões especiais de Deus
      4. o (verdadeiro) Deus
      5. Deus

    נָזַל


    (H5140)
    nâzal (naw-zal')

    05140 נזל nazal

    uma raiz primitiva; DITAT - 1337; v

    1. fluir, destilar, escorrer, gotejar, pingar
      1. (Qal)
        1. fluir
          1. correntes, inundação (particípio)
        2. destilar
      2. (Hifil) fazer fluir

    סִינַי


    (H5514)
    Çîynay (see-nah'-ee)

    05514 סיני Ciynay

    de derivação incerta, grego 4614 σινα; DITAT - 1488; n pr loc Sinai = “espinhoso”

    1. a montanha onde Moisés recebeu a lei de Javé; localizada no extremo sul da península do Sinai, entre as pontas do mar Vermelho; localização exata desconhecida

    פָּנִים


    (H6440)
    pânîym (paw-neem')

    06440 פנים paniym plural (mas sempre como sing.) de um substantivo não utilizado פנה paneh

    procedente de 6437; DITAT - 1782a; n. m.

    1. face
      1. face, faces
      2. presença, pessoa
      3. rosto (de serafim or querubim)
      4. face (de animais)
      5. face, superfície (de terreno)
      6. como adv. de lugar ou tempo
        1. diante de e atrás de, em direção a, em frente de, adiante, anteriormente, desde então, antes de
      7. com prep.
        1. em frente de, antes de, para a frente de, na presença de, à face de, diante de ou na presença de, da presença de, desde então, de diante da face de