Enciclopédia de João 1:5-5
Índice
- Perícope
- Referências Cruzadas
- Notas de rodapé da Bíblia Haroldo Dutra
- Apêndices
- Livros
- Parábolas e Ensinos de Jesus
- Fonte Viva
- O Consolador
- Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Mateus
- Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Marcos
- Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo João
- Evangelho por Emmanuel, O – Comentários às Cartas Universais e ao Apocalipse
- Sabedoria do Evangelho - Volume 1
- Sabedoria do Evangelho - Volume 3
- Sabedoria do Evangelho - Volume 4
- Comentários Bíblicos
- Beacon
- Champlin
- Genebra
- Matthew Henry
- Wesley
- Wiersbe
- Russell Shedd
- NVI F. F. Bruce
- Moody
- Francis Davidson
- John Gill
- John MacArthur
- Barclay
- Dicionário
- Strongs
Perícope
jo 1: 5
Versão | Versículo |
---|---|
ARA | A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. |
ARC | E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. |
TB | A luz resplandece nas trevas, e contra ela as trevas não prevaleceram. |
BGB | καὶ τὸ φῶς ἐν τῇ σκοτίᾳ φαίνει, καὶ ἡ σκοτία αὐτὸ οὐ κατέλαβεν. |
HD | e a luz brilha na treva, e a treva não a reteve. |
BKJ | E a luz brilha nas trevas, e as trevas não a compreenderam. |
LTT | E a Luz resplandece na treva, e a treva não a compreendeu. |
BJ2 | e a luz brilha nas trevas, mas as trevas não a apreenderam. |
VULG |
As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de João 1:5
Referências Cruzadas
Jó 24:13 | Eles estão entre os que se opõem à luz; não conhecem os seus caminhos e não permanecem nas suas veredas. |
Provérbios 1:22 | Até quando, ó néscios, amareis a necedade? E vós, escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós, loucos, aborrecereis o conhecimento? |
Provérbios 1:29 | Porquanto aborreceram o conhecimento e não preferiram o temor do Senhor; |
João 1:10 | estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu. |
João 3:19 | |
João 12:36 | |
Romanos 1:28 | E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; |
I Coríntios 2:14 | Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. |
As notas de rodapé presentes na Bíblia versão Haroldo Dutra são comentários e explicações adicionais fornecidos pelo tradutor para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas de rodapé são baseadas em pesquisas, análises históricas, culturais e linguísticas, bem como em outras referências bíblicas, a fim de fornecer um contexto mais profundo e uma interpretação mais precisa do significado original do texto. As notas de rodapé são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.
Notas de rodapé da Bíblia (HD) - Haroldo Dutra
Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.
Apêndices
Principais acontecimentos da vida terrestre de Jesus
As tabelas a seguir estão relacionadas aos mapas das viagens de Jesus e seu trabalho de pregação. As setas nos mapas não representam exatamente as rotas usadas, mas indicam principalmente a direção. O símbolo “c.” significa “cerca de” ou “por volta de”.
DATA |
LUGAR |
ACONTECIMENTO |
MATEUS |
MARCOS |
LUCAS |
JOÃO |
---|---|---|---|---|---|---|
3 a.C. |
Templo em Jerusalém |
Anjo Gabriel profetiza a Zacarias o nascimento de João Batista |
||||
c. 2 a.C. |
Nazaré; Judeia |
Anjo Gabriel profetiza a Maria o nascimento de Jesus; ela visita Elisabete |
||||
2 a.C. |
Região montanhosa da Judeia |
Nasce João Batista e recebe nome; Zacarias profetiza; João vive no deserto |
||||
2 a.C., c. 1.º de outubro |
Belém |
Nasce Jesus; “a Palavra se tornou carne” |
Jo |
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Perto de Belém; Belém |
Anjo anuncia as boas novas aos pastores; anjos louvam a Deus; pastores visitam o bebê Jesus |
|||||
Belém; Jerusalém |
Jesus é circuncidado (8.º dia); seus pais o apresentam no templo (após 40.º dia) |
|||||
1 a.C. ou 1 d.C. |
Jerusalém; Belém; Egito; Nazaré |
Visita dos astrólogos; família foge para o Egito; Herodes mata meninos de até dois anos; família volta do Egito e vai morar em Nazaré |
||||
12 d.C., Páscoa |
Jerusalém |
Jesus, aos 12 anos, faz perguntas aos instrutores no templo |
||||
Nazaré |
Volta a Nazaré; continua sujeito aos pais; aprende carpintaria; Maria cria mais quatro filhos, além de filhas (Mt |
|||||
29 d.C., c. abril |
Deserto, rio Jordão |
João Batista inicia seu ministério |
Jo |
Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.
Livros
A - o Abosluto Imanifestado | B - a Manifestação | C - o Manifestado |
1. Na Física de Vibrações: | ||
LUZ INCRIADA | SOM CRIADOR | SISTEMAS|
ESPÍRITO | ENERGIA | MATÉRIA |
2. Na Física dinâmica: | ||
FORÇA POTENCIAL | FORÇA MOTORA | MOVIMENTO |
3. Na Biologia: | ||
VIDA AMORFA | FORMADOR DE VIDA (Vivificante) | FORMAS VIVAS |
4. Na Filosofia: | ||
MENTE (Inteligência) Pensamento absoluto PENSAMENTO | PALAVRA CRIADORA Verbo ou Lagos VONTADE | CRISTO CÓSMICO Alma dos Universos AÇÃO |
5. No Psiquismo: | ||
ESPÍRITO SANTO | PAI CRIADOR | FILHO UNIGÊNITO|
6. Na Mística: | ||
AMOR CONCRETO | AMANTE (Ativo) | AMADO (Passivo)|
Esses três aspectos se refletem no HOMEM, quando a matéria já atingiu, em sua eterna evolução, um estágio superior, de forma a permitir a manifestação inteligente do CRISTO, através dele ("feito segundo a imagem e semelhança de Deus"): | ||
CENTELHA DIVINA Mente | ESPÍRITO Individualidade | VEÍCULOS FÍSICOS Personalidade (intelecto, astral, elétrico, corpo) |
Allan Kardec chamou a esses três aspectos principais de : | ||
ESPÍRITO | PERISPÍRITO | CORPO |
FIM
Sabedoria do Evangelho - Volume 4
Categoria: Outras Obras
Capítulo: 13
CARLOS TORRES PASTORINO
MT 16:24-28
24. Jesus disse então o seus discípulos: "Se alguém quer vir após mim, neguese a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.
25. Porque aquele que quiser preservar sua alma. a perderá; e quem perder sua alma por minha causa, a achará.
26. Pois que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Ou que dará o homem em troca de sua alma?
27. Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com seus mensageiros, e então retribuirá a cada um segundo seu comportamento.
28. Em verdade vos digo, que alguns dos aqui presentes absolutamente experimentarão a morte até que o Filho do Homem venha em seu reino. MC 8:34-38 e MC 9:1
34. E chamando a si a multidão, junto com seus discípulos disse-lhes: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.
35. Porque quem quiser preservar sua alma, a perderá; e quem perder sua alma por amor de mim e da Boa-Nova, a preservará.
36. Pois que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?
37. E que daria um homem em troca de sua alma?
38. Porque se alguém nesta geração adúltera e errada se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, também dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na glória de seu Pai com seus santos mensageiros". 9:1 E disse-lhes: "Em verdade em verdade vos digo que há alguns dos aqui presentes, os quais absolutamente experimentarão a morte, até que vejam o reino de Deus já chegado em força".
LC 9:23-27
23. Dizia, então, a todos: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me.
24. Pois quem quiser preservar sua alma, a perderá; mas quem perder sua alma por amor de mim, esse a preservará.
25. De fato, que aproveita a um homem se ganhar o mundo inteiro, mas arruinar-se ou causar dano a si mesmo?
26. Porque aquele que se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória, na do Pai e na dos santos mensageiros.
27. Mas eu vos digo verdadeiramente, há alguns dos aqui presentes que não experimentarão a morte até que tenham visto o reino de Deus.
Depois do episódio narrado no último capítulo, novamente Jesus apresenta uma lição teórica, embora bem mais curta que as do Evangelho de João.
Segundo Mateus, a conversa foi mantida com Seus discípulos. Marcos, entretanto, revela que Jesu "chamou a multidão" para ouvi-la, como que salientando que a aula era "para todos"; palavras, aliás, textuais em Lucas.
Achava-se a comitiva no território não-israelita ("pagão") de Cesareia de Filipe, e certamente os moradores locais haviam observado aqueles homens e mulheres que perambulavam em grupo homogêneo.
Natural que ficassem curiosos, a "espiar" por perto. A esses, Jesus convida que se aproximem para ouvir os ensinamentos e as exigências impostas a todos os que ambicionavam o DISCIPULATO, o grau mais elevado dos três citados pelo Mestre: justos (bons), profetas (médiuns) e discípulos (ver vol. 3).
As exigências são apenas três, bem distintas entre si, e citadas em sequência gradativa da menor à maior. Observamos que nenhuma delas se prende a saber, nem a dizer, nem a crer, nem a fazer, mas todas se baseiam em SER. O que vale é a evolução interna, sem necessidade de exteriorizações, nem de confissões, nem de ritos.
No entanto, é bem frisada a vontade livre: "se alguém quiser"; ninguém é obrigado; a espontaneidade deve ser absoluta, sem qualquer coação física nem moral. Analisemos.
Vimos, no episódio anterior, o Mestre ordenar a Pedro que "se colocasse atrás Dele". Agora esclarece: " se alguém QUER ser SEU discípulo, siga atrás Dele". E se tem vontade firme e inabalável, se o QUER, realize estas três condições:
1. ª - negue-se a si mesmo (Lc. arnésasthô; Mat. e Mr. aparnésasthô eautón).
2. ª - tome (carregue) sua cruz (Lc. "cada dia": arátô tòn stáurou autoú kath"hêméran);
3. ª - e siga-me (akoloutheítô moi).
Se excetuarmos a negação de si mesmo, já ouvíramos essas palavras em MT 10:38 (vol. 3).
O verbo "negar-se" ou "renunciar-se" (aparnéomai) é empregado por Isaías (Isaías 31:7) para descrever o gesto dos israelitas infiéis que, esclarecidos pela derrota dos assírios, rejeitaram ou negaram ou renunciaram a seus ídolos. E essa é a atitude pedida pelo Mestre aos que QUEREM ser Seus discípulos: rejeitar o ídolo de carne que é o próprio corpo físico, com sua sequela de sensações, emoções e intelectualismo, o que tudo constitui a personagem transitória a pervagar alguns segundos na crosta do planeta.
Quanto ao "carregar a própria cruz", já vimos (vol. 3), o que significava. E os habitantes da Palestina deviam estar habituados a assistir à cena degradante que se vinha repetindo desde o domínio romano, com muita frequência. Para só nos reportarmos a Flávio Josefo, ele cita-nos quatro casos em que as crucificações foram em massa: Varus que fez crucificar 2. 000 judeus, por ocasião da morte, em 4 A. C., de Herodes o Grande (Ant. Jud. 17. 10-4-10); Quadratus, que mandou crucificar todos os judeus que se haviam rebelado (48-52 A. D.) e que tinham sido aprisionados por Cumarus (Bell. Jud. 2. 12. 6); em 66 A. D. até personagens ilustres foram crucificadas por Gessius Florus (Bell. Jud. 2. 14. 9); e Tito que, no assédio de Jerusalém, fez crucificar todos os prisioneiros, tantos que não havia mais nem madeira para as cruzes, nem lugar para plantá-las (Bell. Jud. 5. 11. 1). Por aí se calcula quantos milhares de crucificações foram feitas antes; e o espetáculo do condenado que carregava às costas o instrumento do próprio suplício era corriqueiro. Não se tratava, portanto, de uma comparação vazia de sentido, embora constituindo uma metáfora. E que o era, Lucas encarrega-se de esclarecê-lo, ao acrescentar "carregue cada dia a própria cruz". Vemos a exigência da estrada de sacrifícios heroicamente suportados na luta do dia a dia, contra os próprios pendores ruins e vícios.
A terceira condição, "segui-Lo", revela-nos a chave final ao discipulato de tal Mestre, que não alicia discípulos prometendo-lhes facilidades nem privilégios: ao contrário. Não basta estudar-Lhe a doutrina, aprofundar-Lhe a teologia, decorar-Lhe as palavras, pregar-Lhe os ensinamentos: é mister SEGUILO, acompanhando-O passo a passo, colocando os pés nas pegadas sangrentas que o Rabi foi deixando ao caminhar pelas ásperas veredas de Sua peregrinação terrena. Ele é nosso exemplo e também nosso modelo vivo, para ser seguido até o topo do calvário.
Aqui chegamos a compreender a significação plena da frase dirigida a Pedro: "ainda és meu adversário (porque caminhas na direção oposta a mim, e tentas impedir-me a senda dolorosa e sacrificial): vai para trás de mim e segue-me; se queres ser meu discípulo, terás que renunciar a ti mesmo (não mais pensando nas coisas humanas); que carregar também tua cruz sem que me percas de vista na dura, laboriosa e dorida ascensão ao Reino". Mas isto, "se o QUERES" ... Valerá a pena trilhar esse áspero caminho cheio de pedras e espinheiros?
O versículo seguinte (repetição, com pequena variante de MT 10:39; cfr. vol. 3) responde a essa pergunta.
As palavras dessa lição são praticamente idênticas nos três sinópticos, demonstrando a impress ão que devem ter causado nos discípulos.
Sim, porque quem quiser preservar sua alma (hós eán thélei tên psychên autòn sõsai) a perderá (apolêsei autên). Ainda aqui encontramos o verbo sôzô, cuja tradução "salvar" (veja vol. 3) dá margem a tanta ambiguidade atualmente. Neste passo, a palavra portuguesa "preservar" (conservar, resguardar) corresponde melhor ao sentido do contexto. O verbo apolesô "perder", só poderia ser dado também com a sinonímia de "arruinar" ou "degradar" (no sentido etimológico de "diminuir o grau").
E o inverso é salientado: "mas quem a perder "hós d"án apolésêi tên psychên autoú), por minha causa (héneken emoú) - e Marcos acrescenta "e da Boa Nova" (kaì toú euaggelíou) - esse a preservará (sósei autén, em Marcos e Lucas) ou a achará (heurêsei autén, em Mateus).
A seguir pergunta, como que explicando a antinomia verbal anterior: "que utilidade terá o homem se lucrar todo o mundo físico (kósmos), mas perder - isto é, não evoluir - sua alma? E qual o tesouro da Terra que poderia ser oferecido em troca (antállagma) da evolução espiritual da criatura? Não há dinheiro nem ouro que consiga fazer um mestre, riem que possa dar-se em troca de uma iniciação real.
Bens espirituais não podem ser comprados nem "trocados" por quantias materiais. A matemática possui o axioma válido também aqui: quantidades heterogêneas não podem somar-se.
O versículo seguinte apresenta variantes.
MATEUS traz a afirmação de que o Filho do Homem virá com a glória de seu Pai, em companhia de Seus Mensageiros (anjos), para retribuir a cada um segundo seus atos. Traduzimos aqui dóxa por "glória" (veja vol. 1 e vol. 3), porque é o melhor sentido dentro do contexto. E entendemos essa glória como sinônimo perfeito da "sintonia vibratória" ou a frequência da tônica do Pai (Verbo, Som). A atribui ção a cada um segundo "seus atos" (tên práxin autoú) ou talvez, bem melhor, de acordo com seu comportamento, com a "prática" da vida diária. Não são realmente os atos, sobretudo isolados (mesmo os heroicos) que atestarão a Evolução de uma criatura, mas seu comportamento constante e diuturno.
MARCOS diz que se alguém, desta geração "adúltera", isto é, que se tornou "infiel" a Deus, traindo-O por amar mais a matéria que o espírito, e "errada" na compreensão das grandes verdades, "se envergonhar" (ou seja "desafinar", não-sintonizar), também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier com a glória do Pai, em companhia de Seus mensageiros (anjos).
LUCAS repete as palavras de Marcos (menos a referência à Boa Nova), salientando, porém, que o Filho do Homem virá com Sua própria glória, com a glória do Pai, e com a glória dos santos mensageiros (anjos).
E finalmente o último versículo, em que só Mateus difere dos outros dois, os quais, no entanto, nos parecem mais conformes às palavras originais.
Afirma o Mestre "alguns dos aqui presentes" (eisin tines tõn hõde hestótõn), os quais não experimentar ão (literalmente: "não saborearão, ou mê geúsôntai) a morte, até que vejam o reino de Deus chegar com poder. Mateus em vez de "o reino de Deus", diz "o Filho do Homem", o que deu margem à expectativa da parusia (ver vol. 3), ainda para os indivíduos daquela geração.
Entretanto, não se trata aqui, de modo algum, de uma parusia escatológica (Paulo avisa aos tessalonicenses que não o aguardem "como se já estivesse perto"; cfr. 1. ª Tess. 2: lss), mas da descoberta e conquista do "reino de Deus DENTRO de cada um" (cfr. LC 17:21), prometido para alguns "dos ali presentes" para essa mesma encarnação.
A má interpretação provocou confusões. Os gnósticos (como Teodósio), João Crisóstomo, Teofilacto e outros - e modernamente o cardeal Billot, S. J. (cfr. "La Parousie", pág. 187), interpretam a "vinda na glória do Filho do Homem" como um prenúncio da Transfiguração; Cajetan diz ser a Ressurreição;
Godet acha que foi Pentecostes; todavia, os próprios discípulos de Jesus, contemporâneos dos fatos, não interpretaram assim, já que após a tudo terem assistido, inclusive ao Pentecostes, continuaram esperando, para aqueles próximos anos, essa vinda espetacular. Outros recuaram mais um pouco no tempo, e viram essa "vinda gloriosa" na destruição de Jerusalém, como "vingança" do Filho do Homem; isso, porém, desdiz o perdão que Ele mesmo pedira ao Pai pela ignorância de Seus algozes (D. Calmet, Knabenbauer, Schanz, Fillion, Prat, Huby, Lagrange); e outros a interpretaram como sendo a difusão do cristianismo entre os pagãos (Gregório Magno, Beda, Jansênio, Lamy).
Penetremos mais a fundo o sentido.
Na vida literária e artística, em geral, distinguimos nitidamente o "aluno" do "discípulo". Aluno é quem aprende com um professor; discípulo é quem segue a trilha antes perlustrada por um mestre. Só denominamos "discípulo" aquele que reproduz em suas obras a técnica, a "escola", o estilo, a interpretação, a vivência do mestre. Aristóteles foi aluno de Platão, mas não seu discípulo. Mas Platão, além de ter sido aluno de Sócrates, foi também seu discípulo. Essa distinção já era feita por Jesus há vinte séculos; ser Seu discípulo é segui-Lo, e não apenas "aprender" Suas lições.
Aqui podemos desdobrar os requisitos em quatro, para melhor explicação.
Primeiro: é necessário QUERER. Sem que o livre-arbítrio espontaneamente escolha e decida, não pode haver discipulato. Daí a importância que assume, no progresso espiritual, o aprendizado e o estudo, que não podem limitar-se a ouvir rápidas palavras, mas precisam ser sérios, contínuos e profundos.
Pois, na realidade, embora seja a intuição que ilumina o intelecto, se este não estiver preparado por meio do conhecimento e da compreensão, não poderá esclarecer a vontade, para que esta escolha e resolva pró ou contra.
O segundo é NEGAR-SE a si mesmo. Hoje, com a distinção que conhecemos entre o Espírito (individualidade) e a personagem terrena transitória (personalidade), a frase mais compreensível será: "negar a personagem", ou seja, renunciar aos desejos terrenos, conforme ensinou Sidarta Gotama, o Buddha.
Cientificamente poderíamos dizer: superar ou abafar a consciência atual, para deixar que prevaleça a super-consciência.
Essa linguagem, entretanto, seria incompreensível àquela época. Todavia, as palavras proferidas pelo Mestre são de meridiana clareza: "renunciar a si mesmo". Observando-se que, pelo atraso da humanidade, se acredita que o verdadeiro eu é a personagem, e que a consciência atual é a única, negar essa personagem e essa consciência exprime, no fundo, negar-se "a si mesmo". Diz, portanto, o Mestre: " esse eu, que vocês julgam ser o verdadeiro eu, precisa ser negado". Nada mais esclarece, já que não teria sido entendido pela humanidade de então. No entanto, aqueles que seguissem fielmente Sua lição, negando seu eu pequeno e transitório, descobririam, por si mesmos, automaticamente, em pouco tempo, o outro Eu, o verdadeiro, coisa que de fato ocorreu com muitos cristãos.
Talvez no início possa parecer, ao experimentado: desavisado, que esse Eu verdadeiro seja algo "externo".
Mas quando, por meio da evolução, for atingido o "Encontro Místico", e o Cristo Interno assumir a supremacia e o comando, ele verificará que esse Divino Amigo não é um TU desconhecido, mas antes constitui o EU REAL. Além disso, o Mestre não se satisfez com a explanação teórica verbal: exemplificou, negando o eu personalístico de "Jesus", até deixá-lo ser perseguido, preso, caluniado, torturado e assassinado. Que Lhe importava o eu pequeno? O Cristo era o verdadeiro Eu Profundo de Jesus (como de todos nós) e o Cristo, com a renúncia e negação do eu de Jesus, pode expandir-se e assumir totalmente o comando da personagem humana de Jesus, sendo, às vezes, difícil distinguir quando falava e agia "Jesus" e quando agia e falava "o Cristo". Por isso em vez de Jesus, temos nele O CRISTO, e a história o reconhece como "Jesus", O CRISTO", considerando-o como homem (Jesus) e Deus (Cristo).
Essa anulação do eu pequeno fez que a própria personagem fosse glorificada pela humildade, e o nome humano negado totalmente se elevasse acima de tudo, de tal forma que "ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na Terra e debaixo da terra" (Filp. 2:10).
Tudo isso provocou intermináveis discussões durante séculos, por parte dos que não conseguiram penetrar a realidade dos acontecimentos, caracterizados, então, de "mistério": são duas naturezas ou uma? Como se realizou a união hipostática? Teria a Divindade absorvido a humanidade?
Por que será que uma coisa tão clara terá ficado incompreendida por tantos luminares que trataram deste assunto? O Eu Profundo de todas as criaturas é o Deus Interno, que se manifestará em cada um exatamente na proporção em que este renunciar ao eu pequeno (personagem), para deixar campo livre à expressão do Cristo Interno Divino. Todos somos deuses (cfr. Salmo 81:6 e JO 10:34) se negarmos totalmente nosso eu pequeno (personagem humana), deixando livre expansão à manifestação do Cristo que em todos habita. Isso fez Jesus. Se a negação for absoluta e completa, poderemos dizer com Paulo que, nessa criatura, "habita a plenitude da Divindade" (CL 2:9). E a todos os que o fizerem, ser-lhes-á exaltado o nome acima de toda criação" (cfr. Filp. 2:5-11).
Quando isto tiver sido conseguido, a criatura "tomará sua cruz cada dia" (cada vez que ela se apresentar) e a sustentará galhardamente - quase diríamos triunfalmente - pois não mais será ela fonte de abatimentos e desânimos, mas constituirá o sofrimento-por-amor, a dor-alegria, já que é a "porta estreita" (MT 7:14) que conduzirá à felicidade total e infindável (cfr. Pietro Ubaldi, "Grande Síntese, cap. 81).
No entanto, dado o estágio atual da humanidade, a cruz que temos que carregar ainda é uma preparação para o "negar-se". São as dores físicas, as incompreensões morais, as torturas do resgate de carmas negativos mais ou menos pesados, em vista do emaranhado de situações aflitivas, das "montanhas" de dificuldades que se erguem, atravancando nossos caminhos, do sem-número de moléstias e percalços, do cortejo de calúnias e martírios inomináveis e inenarráveis.
Tudo terá que ser suportado - em qualquer plano - sem malsinar a sorte, sem desesperos, sem angústias, sem desfalecimentos nem revoltas, mas com aceitação plena e resignação ativa, e até com alegria no coração, com a mais sólida, viva e inabalável confiança no Cristo-que-é-nosso-Eu, no Deus-
Imanente, na Força-Universal-Inteligente e Boa, que nos vivifica e prepara, de dentro de nosso âmago mais profundo, a nossa ascensão real, até atingirmos TODOS, a "plena evolução crística" (EF 4:13).
A quarta condição do discipulato é também clara, não permitindo ambiguidade: SEGUI-LO. Observese a palavra escolhida com precisão. Poderia ter sido dito "imitá-Lo". Seria muito mais fraco. A imitação pode ser apenas parcial ou, pior ainda, ser simples macaqueação externa (usar cabelos compridos, barbas respeitáveis, vestes talares, gestos estudados), sem nenhuma ressonância interna.
Não. Não é imitá-Lo apenas, é SEGUI-LO. Segui-Lo passo a passo pela estrada evolutiva até atingir a meta final, o ápice, tal como Ele o FEZ: sem recuos, sem paradas, sem demoras pelo caminho, sem descanso, sem distrações, sem concessões, mas marchando direto ao alvo.
SEGUI-LO no AMOR, na DEDICAÇÃO, no SERVIÇO, no AUTO-SACRIFÍCIO, na HUMILDADE, na RENÚNCIA, para que de nós se possa afirmar como Dele foi feito: "fez bem todas as coisas" (MC 7. 37) e: "passou pela Terra fazendo o bem e curando" (AT 10:38).
Como Mestre de boa didática, não apresenta exigências sem dar as razões. Os versículos seguintes satisfazem a essa condição.
Aqui, como sempre, são empregados os termos filosóficos com absoluta precisão vocabular (elegantia), não deixando margem a qualquer dúvida. A palavra usada é psychê, e não pneuma; é alma e nã "espírito" (em adendo a este capítulo daremos a "constituição do homem" segundo o Novo Testamento).
A alma (psychê) é a personagem humana em seu conjunto de intelecto-emoções, excluído o corpo denso e as sensações do duplo etérico. Daí a definição da resposta 134 do "Livro dos Espíritos": "alma é o espírito encarnado", isto é, a personagem humana que habita no corpo denso.
Aí está, pois, a chave para a interpretação do "negue-se a si mesmo": esse eu, a alma, é a personagem que precisa ser negada, porque, quem não quiser fazê-lo, quem pretender preservar esse eu, essa alma, vai acabar perdendo-a, já que, ao desencarnar, estará com "as mãos vazias". Mas aquele que por causa do Cristo Interno - renunciar e perder essa personagem transitória, esse a encontrará melhorada (Mateus), esse a preservará da ruína (Marcos e Lucas).
E prossegue: que adiantará acumular todas as riquezas materiais do mundo, se a personalidade vai cair no vazio? Nada de material pode ser-lhe comparado. No entanto, se for negada, será exaltada sobre todas as coisas (cfr. o texto acima citado, Filp. 2:5-11).
Todas e qualquer evolução do Espírito é feita exclusivamente durante seu mergulho na carne (veja atrás). Só através das personagens humanas haverá ascensão espiritual, por meio do "ajustamento sintônico". Então, necessidade absoluta de consegui-lo, não "se envergonhando", isto é, não desafinando da tônica do Pai (Som) que tudo cria, governa e mantém. Enfrentar o mundo sem receio, sem" respeitos humanos", e saber recusá-lo também, para poder obter o Encontro Místico com o Cristo Interno. Se a criatura "se envergonha" e se retrai, (não sintoniza) não é possível conseguir o Contato Divino, e o Filho do Homem também a evitará ("se envergonhará" dessa criatura). Só poderá haver a" descida da graça" ou a unificação com o Cristo, "na glória (tônica) do Pai (Som-Verbo), na glória (tônica) do próprio Cristo (Eu Interno), na glória de todos os santos mensageiros", se houver a coragem inquebrantável de romper com tudo o que é material e terreno, apagando as sensações, liquidando as emoções, calando o intelecto, suplantando o próprio "espírito" encarnado, isto é, PERDENDO SUA ALMA: só então "a achará", unificada que estará com o Cristo, Nele mergulhada (batismo), "como a gota no oceano" (Bahá"u"lláh). Realmente, a gota se perde no oceano mas, inegavelmente, ao deixar de ser gota microscópica, ela se infinitiva e se eterniza tornando-se oceano...
Em Mateus é-nos dado outro aviso: ao entrar em contato com a criatura, esta "receberá de acordo com seu comportamento" (pláxin). De modo geral lemos nas traduções correntes "de acordo com suas obras". Mas isso daria muito fortemente a ideia de que o importante seria o que o homem FAZ, quando, na realidade, o que importa é o que o homem É: e a palavra comportamento exprime-o melhor que obras; ora, a palavra do original práxis tem um e outro sentido.
Evidentemente, cada ser só poderá receber de acordo com sua capacidade, embora todos devam ser cheios, replenos, com "medida sacudida e recalcada" (cfr. Lc. 5:38).
Mas há diferença de capacidade entre o cálice, o copo, a garrafa, o litro, o barril, o tonel... De acordo com a própria capacidade, com o nível evolutivo, com o comportamento de cada um, ser-lhe-á dado em abundância, além de toda medida. Figuremos uma corrente imensa, que jorra permanentemente luz e força, energia e calor. O convite é-nos feito para aproximar-nos e recolher quanto quisermos.
Acontece, porém, que cada um só recolherá conforme o tamanho do vasilhame que levar consigo.
Assim o Cristo Imanente e o Verbo Criador e Conservador SE DERRAMAM infinitamente. Mas nós, criaturas finitas, só recolheremos segundo nosso comportamento, segundo a medida de nossa capacidade.
Não há fórmulas mágicas, não há segredos iniciáticos, não peregrinações nem bênçãos de "mestres", não há sacramentos nem sacramentais, que adiantem neste terreno. Poderão, quando muito, servir como incentivo, como animação a progredir, mas por si, nada resolvem, já que não agem ex ópere operantis nem ex opere operatus, mas sim ex opere recipientis: a quantidade de recebimento estará de acordo com a capacidade de quem recebe, não com a grandeza de quem dá, nem com o ato de doação.
E pode obter-se o cálculo de capacidade de cada um, isto é, o degrau evolutivo em que se encontra no discipulato de Cristo, segundo as várias estimativas das condições exigidas:
a) - pela profundidade e sinceridade na renúncia ao eu personalístico, quando tudo é feito sem cogitar de firmar o próprio nome, sem atribuir qualquer êxito ao próprio merecimento (não com palavras, mas interiormente), colaborando com todos os "concorrentes", que estejam em idêntica senda evolutiva, embora nos contrariem as ideias pessoais, mas desde que sigam os ensinos de Cristo;
b) - pela resignação sem queixas, numa aceitação ativa, de todas as cruzes, que exprimam atos e palavras contra nós, maledicências e calúnias, sem respostas nem defesas, nem claras nem veladas (já nem queremos acenar à contra-ataques e vinganças).
c) - pelo acompanhar silencioso dos passos espirituais no caminho do auto-sacrifício por amor aos outros, pela dedicação integral e sem condições; no caminho da humildade real, sem convencimentos nem exterioridades; no caminho do serviço, sem exigências nem distinções; no caminho do amor, sem preferências nem limitações. O grau dessas qualidades, todas juntas, dará uma ideia do grau evolutivo da criatura.
Assim entendemos essas condições: ou tudo, à perfeição; ou pouco a pouco, conquistando uma de cada vez. Mas parado, ninguém ficará. Se não quiser ir espontaneamente, a dor o aguilhoará, empurrandoo para a frente de qualquer forma.
No entanto, uma promessa relativa à possibilidade desse caminho é feita claramente: "alguns dos que aqui estão presentes não experimentarão a morte até conseguirem isso". A promessa tanto vale para aquelas personagens de lá, naquela vida física, quanto para os Espíritos ali presentes, garantindo-selhes que não sofreriam queda espiritual (morte), mas que ascenderiam em linha reta, até atingir a meta final: o Encontro Sublime, na União mística absoluta e total.
Interessante a anotação de Marcos quando acrescenta: O "reino de Deus chegado em poder". Durante séculos se pensou no poder externo, a espetacularidade. Mas a palavra "en dynámei" expressa muito mais a força interna, o "dinamismo" do Espírito, a potencialidade crística a dinamizar a criatura em todos os planos.
O HOMEM NO NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento estabelece, com bastante clareza, a constituição DO HOMEM, dividindo o ser encarnado em seus vários planos vibratórios, concordando com toda a tradição iniciática da Índia e Tibet, da China, da Caldeia e Pérsia, do Egito e da Grécia. Embora não encontremos o assunto didaticamente esquematizado em seus elementos, o sentido filosófico transparece nítido dos vários termos e expressões empregados, ao serem nomeadas as partes constituintes do ser humano, ou seja, os vários níveis em que pode tornar-se consciente.
Algumas das palavras são acolhidas do vocabulário filosófico grego (ainda que, por vezes, com pequenas variações de sentido); outras são trazidas da tradição rabínica e talmúdica, do centro iniciático que era a Palestina, e que já entrevemos usadas no Antigo Testamento, sobretudo em suas obras mais recentes.
A CONCEPÇÃO DA DIVINDADE
Já vimos (vol, 1 e vol. 3 e seguintes), que DEUS, (ho théos) é apresentado, no Novo Testamento, como o ESPÍRITO SANTO (tò pneuma tò hágion), o qual se manifesta através do Pai (patêr) ou Lógos (Som Criador, Verbo), e do Filho Unigênito (ho hyiós monogenês), que é o Cristo Cósmico.
DEUS NO HOMEM
Antes de entrar na descrição da concepção do homem, no Novo Testamento, gostaríamos de deixar tem claro nosso pensamento a respeito da LOCALIZAÇÃO da Centelha Divina ou Mônada NO CORA ÇÃO, expressão que usaremos com frequência.
A Centelha (Partícula ou Mônada) é CONSIDERADA por nós como tal; mas, na realidade, ela não se separa do TODO (cfr. vol. 1); logo, ESTÁ NO TODO, e portanto É O TODO (cfr. JO 1:1).
O "TODO" está TODO em TODAS AS COISAS e em cada átomo de cada coisa (cfr. Agostinho, De Trin. 6, 6 e Tomás de Aquino, Summa Theologica, I, q. 8, art. 2, ad 3um; veja vol. 3, pág. 145).
Entretanto, os seres e as coisas acham-se limitados pela forma, pelo espaço, pelo tempo e pela massa; e por isso afirmamos que em cada ser há uma "centelha" ou "partícula" do TODO. No entanto, sendo o TODO infinito, não tem extensão; sendo eterno, é atemporal; sendo indivisível, não tem dimensão; sendo O ESPÍRITO, não tem volume; então, consequentemente, não pode repartir-se em centelhas nem em partículas, mas é, concomitantemente, TUDO EM TODAS AS COISAS (cfr. l. ª Cor. 12:6).
Concluindo: quando falamos em "Centelha Divina" e quando afirmamos que ela está localizada no coração, estamos usando expressões didáticas, para melhor compreensão do pensamento, dificílimo (quase impossível) de traduzir-se em palavras.
De fato, porém, a Divindade está TODA em cada célula do corpo, como em cada um dos átomos de todos os planos espirituais, astrais, físicos ou quaisquer outros que existam. Em nossos corpos físicos e astral, o coração é o órgão preparado para servir de ponto de contato com as vibrações divinas, através, no físico, do nó de Kait-Flake e His; então, didaticamente, dizemos que "o coração é a sede da Centelha Divina".
A CONCEPÇÃO DO HOMEM
O ser humano (ánthrôpos) é considerado como integrado por dois planos principais: a INDIVIDUALIDADE (pneuma) e a PERSONAGEM ou PERSONALIDADE; esta subdivide-se em dois: ALMA (psychê) e CORPO (sôma).
Mas, à semelhança da Divindade (cfr. GN 1:27), o Espírito humano (individualidade ou pneuma) possui tríplice manifestação: l. ª - a CENTELHA DIVINA, ou Cristo, partícula do pneuma hágion; essa centelha que é a fonte de todo o Espirito, está localizada e representada quase sempre por kardia (coração), a parte mais íntima e invisível, o âmago, o Eu Interno e Profundo, centro vital do homem;
2. ª - a MENTE ESPIRITUAL, parte integrante e inseparável da própria Centelha Divina. A Mente, em sua função criadora, é expressa por noús, e está também sediada no coração, sendo a emissora de pensamentos e intuições: a voz silenciosa da super-consciência;
3. ª - O ESPÍRITO, ou "individualização do Pensamento Universal". O "Espírito" propriamente dito, o pneuma, surge "simples e ignorante" (sem saber), e percorre toda a gama evolutiva através dos milênios, desde os mais remotos planos no Antissistema, até os mais elevados píncaros do Sistema (Pietro Ubaldi); no entanto, só recebe a designação de pneuma (Espírito) quando atinge o estágio hominal.
Esses três aspectos constituem, englobamente, na "Grande Síntese" de Pietro Ubaldi, o "ALPHA", o" espírito".
Realmente verificamos que, de acordo com GN 1:27, há correspondência perfeita nessa tríplice manifesta ção do homem com a de Deus: A - ao pneuma hágion (Espírito Santo) correspondente a invisível Centelha, habitante de kardía (coração), ponto de partida da existência;
B - ao patêr (Pai Criador, Verbo, Som Incriado), que é a Mente Divina, corresponde noús (a mente espiritual) que gera os pensamentos e cria a individualização de um ser;
C - Ao Filho Unigênito (Cristo Cósmico) corresponde o Espírito humano, ou Espírito Individualizado, filho da Partícula divina, (a qual constitui a essência ou EU PROFUNDO do homem); a individualidade é o EU que percorre toda a escala evolutiva, um Eu permanente através de todas as encarnações, que possui um NOME "escrito no livro da Vida", e que terminará UNIFICANDO-SE com o EU PROFUNDO ou Centelha Divina, novamente mergulhando no TODO. (Não cabe, aqui, discutir se nessa unificação esse EU perde a individualidade ou a conserva: isso é coisa que está tão infinitamente distante de nós no futuro, que se torna impossível perceber o que acontecerá).
No entanto, assim como Pneuma-Hágion, Patêr e Hyiós (Espírito-Santo, Pai e Filho) são apenas trê "aspectos" de UM SÓ SER INDIVISÍVEL, assim também Cristo-kardía, noús e pneuma (CristoSABEDORIA DO EVANGELHO coração, mente espiritual e Espírito) são somente três "aspectos" de UM SÓ SER INDIVÍVEL, de uma criatura humana.
ENCARNAÇÃO
Ao descer suas vibrações, a fim de poder apoiar-se na matéria, para novamente evoluir, o pneuma atinge primeiro o nível da energia (o BETA Ubaldiano), quando então a mente se "concretiza" no intelecto, se materializa no cérebro, se horizontaliza na personagem, começando sua "crucificação". Nesse ponto, o pneuma já passa a denominar-se psychê ou ALMA. Esta pode considerar-se sob dois aspectos primordiais: a diánoia (o intelecto) que é o "reflexo" da mente, e a psychê propriamente dita isto é, o CORPO ASTRAL, sede das emoções.
Num último passo em direção à matéria, na descida que lhe ajudará a posterior subida, atinge-se então o GAMA Ubaldiano, o estágio que o Novo Testamento designa com os vocábulos diábolos (adversário) e satanás (antagonista), que é o grande OPOSITOR do Espírito, porque é seu PÓLO NEGATIVO: a matéria, o Antissistema. Aí, na matéria, aparece o sôma (corpo), que também pode subdividir-se em: haima (sangue) que constitui o sistema vital ou duplo etérico e sárx (carne) que é a carapaça de células sólidas, último degrau da materialização do espírito.
COMPARAÇÃO
Vejamos se com um exemplo grosseiro nos faremos entender, não esquecendo que omnis comparatio claudicat.
Observemos o funcionamento do rádio. Há dois sistemas básicos: o transmissor (UM) e os receptores (milhares, separados uns dos outros).
Consideremos o transmissor sob três aspectos: A - a Força Potencial, capaz de transmitir;
B - a Antena Emissora, que produz as centelas;
C - a Onda Hertziana, produzida pelas centelhas.
Mal comparando, aí teríamos:
a) - o Espirito-Santo, Força e Luz dos Universos, o Potencial Infinito de Amor Concreto;
b) - o Pai, Verbo ou SOM, ação ativa de Amante, que produz a Vida
c) - o Filho, produto da ação (do Som), o Amado, ou seja, o Cristo Cósmico que permeia e impregna tudo.
Não esqueçamos que TUDO: atmosfera, matéria, seres e coisas, no raio de ação do transmissor, ficam permeados e impregnados em todos os seus átomos com as vibrações da onda hertziana, embora seja esta invisível e inaudível e insensível, com os sentidos desarmados; e que os três elementos (Força-
Antena e Onda) formam UM SÓ transmissor o Consideremos, agora, um receptor. Observaremos que a recepção é feita em três estágios:
a) - a captação da onda
b) - sua transformação
c) - sua exteriorização Na captação da onda, podemos distinguir - embora a operação seja uma só - os seguintes elementos: A - a onda hertziana, que permeia e impregna todos os átomos do aparelho receptor, mas que é captada realmente apenas pela antena;
B - o condensador variável, que estabelece a sintonia com a onda emitida pelo transmissor. Esses dois elementos constituem, de fato, C - o sistema RECEPTOR INDIVIDUAL de cada aparelho. Embora a onda hertziana seja UMA, emitida pelo transmissor, e impregne tudo (Cristo Cósmico), nós nos referimos a uma onda que entra no aparelho (Cristo Interno) e que, mesmo sendo perfeita; será recebida de acordo com a perfeição relativa da antena (coração) e do condensador variável (mente). Essa parte representaria, então, a individualidade, o EU PERFECTÍVEL (o Espírito).
Observemos, agora, o circuito interno do aparelho, sem entrar em pormenores, porque, como dissemos, a comparação é grosseira. Em linhas gerais vemos que a onda captada pelo sistema receptor propriamente dito, sofre modificações, quando passa pelo circuito retificador (que transforma a corrente alternada em contínua), e que representaria o intelecto que horizontaliza as ideias chegadas da mente), e o circuito amplificador, que aumenta a intensidade dos sinais (que seria o psiquismo ou emoções, próprias do corpo astral ou alma).
Uma vez assim modificada, a onda atinge, com suas vibrações, o alto-falante que vibra, reproduzindo os sinais que chegam do transmissor isto é, sentindo as pulsações da onda (seria o corpo vital ou duplo etérico, que nos dá as sensações); e finalmente a parte que dá sonoridade maior, ou seja, a caixa acústica ou móvel do aparelho (correspondente ao corpo físico de matéria densa).
Ora, quanto mais todos esses elementos forem perfeitos, tanto mais fiel e perfeito será a reprodução da onda original que penetrou no aparelho. E quanto menos perfeitos ou mais defeituosos os elementos, mais distorções sofrerá a onda, por vezes reproduzindo, em guinchos e roncos, uma melodia suave e delicada.
Cremos que, apesar de suas falhas naturais, esse exemplo dá a entender o funcionamento do homem, tal como conhecemos hoje, e tal como o vemos descrito em todas as doutrinas espiritualistas, inclusive
—veremos agora quiçá pela primeira vez - nos textos do Novo Testamento.
Antes das provas que traremos, o mais completas possível, vejamos um quadro sinóptico:
θεός DEUS
πνεϋµα άγιον Espírito Santo
λόγος Pai, Verbo, Som Criador
υίός - Χριστό CRISTO - Filho Unigênito
άνθρωπος HOMEM
иαρδία - Χριστ
ό CRISTO - coração (Centelha)
πνεϋµα νους mente individualidade
πνεϋµα Espírito
φυΧή διάγοια intelecto alma
φυΧή corpo astral personagem
σώµα αίµα sangue (Duplo) corpo
σάρ
ξ carne (Corpo)
A - O EMPREGO DAS PALAVRAS
Se apresentada pela primeira vez, como esta, uma teoria precisa ser amplamente documentada e comprovada, para que os estudiosos possam aprofundar o assunto, verificando sua realidade objetiva. Por isso, começaremos apresentando o emprego e a frequência dos termos supracitados, em todos os locais do Novo Testamento.
KARDÍA
Kardía expressa, desde Homero (Ilíada, 1. 225) até Platão (Timeu, 70 c) a sede das faculdades espirituais, da inteligência (ou mente) e dos sentimentos profundos e violentos (cfr. Ilíada, 21,441) podendo até, por vezes, confundir-se com as emoções (as quais, na realidade, são movimentos da psychê, e não propriamente de kardía). Jesus, porém, reiteradamente afirma que o coração é a fonte primeira em que nascem os pensamentos (diríamos a sede do Eu Profundo).
Com este último sentido, a palavra kardía aparece 112 vezes, sendo que uma vez (MT 12:40) em sentido figurado.
MT 5:8, MT 5:28; 6:21; 9:4; 11:29; 12:34 13-15(2x),19; 15:8,18,19; 18;35; 22;37; 24:48; MC 2:6, MC 2:8; 3:5;
4:15; 6;52; 7;6,19,21; 8:11; 11. 23; 12:30,33; LC 1:17, LC 1:51, LC 1:66; 2;19,35,51; 3:5; 5:22; 6:45; 8:12,15;
9:47; 10:27; 12:34; 16:15; 21:14,34; 24;25,32,38; JO 12:40(2x); 13:2; 14:1,27; 16:6,22 AT 2:26, AT 2:37, AT 2:46; AT 4:32; 5:3(2x); 7:23,39,51,54; 8;21,22; 11;23. 13:22; 14:17; 15:9; 16;14; 21:13; 28:27(2x);
RM 1:21, RM 1:24; 2:5,15,29; 5:5; 6:17; 8:27; 9:2; 10:1,6,8,9,10; 16:16; 1. ª Cor. 2:9; 4:5; 7:37; 14:25; 2. ª Cor. 1:22; 2:4; 3:2,3,15; 4:6; 5:12; 6:11; 7:3; 8:16; 9:7; GL 4:6; EF 1:18; EF 3:17; EF 4:18; EF 5:19; EF 6:5, EF 6:22;
Filp. 1:7; 4:7; CL 2:2; CL 3:15, CL 3:16, CL 3:22; CL 4:8; 1. ª Tess. 2:4,17; 3:13; 2. ª Tess. 2:17; 3:5; 1. ª Tim. 1:5; 2. ª Tim.
2:22; HB 3:8, HB 3:10, HB 3:12, HB 3:15; HB 4:7, HB 4:12; 8:10; 10:16,22; Tiago, 1:26; 3:14; 4:8; 5:5,8; 1. ª Pe. 1:22; 3:4,15; 2. ª Pe. 1:19; 2:15; 1; 1. ª JO 3;19,20(2x),21; AP 2:23; AP 17:17; AP 18:7.
NOÚS
Noús não é a "fonte", mas sim a faculdade de criar pensamentos, que é parte integrante e indivisível de kardía, onde tem sede. Já Anaxágoras (in Diógenes Laércio, livro 2. º, n. º 3) diz que noús (o Pensamento Universal Criador) é o "’princípio do movimento"; equipara, assim, noús a Lógos (Som, Palavra, Verbo): o primeiro impulsionador dos movimentos de rotação e translação da poeira cósmica, com isso dando origem aos átomos, os quais pelo sucessivo englobamento das unidades coletivas cada vez mais complexas, formaram os sistemas atômicos, moleculares e, daí subindo, os sistemas solares, gal áxicos, e os universos (cfr. vol. 3. º).
Noús é empregado 23 vezes com esse sentido: o produto de noús (mente) do pensamento (nóêma), usado 6 vezes (2. ª Cor. 2:11:3:14; 4:4; 10:5; 11:3; Filp. 4:7), e o verbo daí derivado, noeín, empregado
14 vezes (3), sendo que com absoluta clareza em João (João 12:40) quando escreve "compreender com o coração" (noêsôsin têi kardíai).
LC 24. 45; RM 1:28; RM 7:23, RM 7:25; 11:34; 12:2; 14. 5; l. ª Cor. 1. 10; 2:16:14:14,15,19; EF 4:17, EF 4:23; Filp.
4:7; CL 2:18; 2. ª Tess. 2. 2; 1. ª Tim. 6:5; 2. ª Tim. 3:8; TT 1:15;AP 13:18.
PNEUMA
Pneuma, o sopro ou Espírito, usado 354 vezes no N. T., toma diversos sentidos básicos: MT 15:17; MT 16:9, MT 16:11; 24:15; MC 7:18; MC 8:17; MC 13:14; JO 12:40; RM 1:20; EF 3:4, EF 3:20; 1. ª Tim. 1:7;
2. ª Tim. 2:7; HB 11:13
1. Pode tratar-se do ESPÍRITO, caracterizado como O SANTO, designando o Amor-Concreto, base e essência de tudo o que existe; seria o correspondente de Brahman, o Absoluto. Aparece com esse sentido, indiscutivelmente, 6 vezes (MT 12:31, MT 12:32; MC 3:29; LC 12:10; JO 4:24:1. ª Cor. 2:11).
Os outros aspectos de DEUS aparecem com as seguintes denominações:
a) - O PAI (ho patêr), quando exprime o segundo aspecto, de Criador, salientando-se a relação entre Deus e as criaturas, 223 vezes (1); mas, quando se trata do simples aspecto de Criador e Conservador da matéria, é usado 43 vezes (2) o vocábulo herdado da filosofia grega, ho lógos, ou seja, o Verbo, a Palavra que, ao proferir o Som Inaudível, movimenta a poeira cósmica, os átomos, as galáxias.
(1) MT 5:16, MT 5:45, MT 5:48; MT 6:1, MT 6:4, MT 6:6, MT 6:8,9,14,15,26,32; 7:11,21; 10:20,29,32,33; 11:25,27; 12:50; 13:43; 15:13; 16:17,27; 18:10,14,19,35; 20:23; 23:9; 24:36; 25:34:26:29,39,42,53; MC 8:25; MC 11:25, MC 11:32; MC 11:14:36; LC 2:49; LC 2:6:36;9:26;10:21,22;11:2,13;12:30,32;22:29,42;23:34,46;24:49;JO 1:14, JO 1:18; JO 1:2:16;3:35;4:21,23;5:1 7,18,19,20,21,22,23,26,36,37,43,45,46,27,32,37,40,44,45,46,57,65;8:18,19,27,28,38,41,42,49,54;10:1 5,17,18,19,25,29,30,32,35,38;11:41;12:26,27,28,49,50;13:1,3;14:2,6,7,8,9,10,11,13,16,20,21,24,26,28, 31,15:1,8,9,10,15,16,23,24,26;16:3,10,15,17,25,26,27,28,32;17:1,5,11,21,24,25; 18:11; 20:17,21;AT 1:4, AT 1:7; AT 1:2:33;Rom. 1:7;6:4;8:15;15:6;1. º Cor. 8:6; 13:2; 15:24; 2. º Cor. 1:2,3; 6:18; 11:31; Gól. 1:1,3,4; 4:6; EF 1:2, EF 1:3, EF 1:17; EF 2:18; EF 2:3:14; 4:6; 5:20; FP 1:2; FP 2:11; FP 4:20; CL 1:2, CL 1:3, CL 1:12:3:17; 1. 0 Teõs. 1:1,3; 3:11,13; 2° Tess. 1:1 2; : 2:16; 1. º Tim. 1:2; 2. º Tim. 1:2; TT 1:4; Flm. 3; HB 1:5; HB 12:9; Tiago 1:17, Tiago 1:27:3:9; 1° Pe. 1:2,3,17; 2. º Pe. 1:17, 1. º JO 1:2,3; 2:1,14,15,16, 22,23,24; 3:1; 4:14; 2. º JO 3,4,9; Jud. 9; AP 1:6; AP 2:28; AP 3:5, AP 3:21; 14:1. (2) MT 8:8; LC 7:7; JO 1:1, JO 1:14; 5:33; 8:31,37,43,51,52,55; 14:23,24; 15:20; 17:61417; 1. º Cor. 1:13; 2. º Cor. 5:19; GL 6:6; Filp. 2:6; Cor. 1:25; 3:16; 4:3; 1. º Tess. 1:6; 2. º Tess. 3:1; 2. º Tim. 2:9; Heb. : 12; 6:1; 7:28; 12:9; Tiago, 1:21,22,23; 1. ° Pe. 1:23; 2. º Pe. 3:5,7; 1. º JO 1:1,10; 2:5,7,14; AP 19:13.
b) - O FILHO UNIGÊNITO (ho hyiós monogenês), que caracteriza o CRISTO CÓSMICO, isto é, toda a criação englobadamente, que é, na realidade profunda, um dos aspectos da Divindade. Não se trata, como é claro, de panteísmo, já que a criação NÃO constitui a Divindade; mas, ao invés, há imanência (Monismo), pois a criação é UM DOS ASPECTOS, apenas, em que se transforma a Divindade. Esta, além da imanência no relativo, é transcendente como Absoluto; além da imanência no tempo, é transcendente como Eterno; além da imanência no finito, é transcendente como Infinito.
A expressão "Filho Unigênito" só é usada por João (1:14,18; 13:16,18 e 1. a JO 4:9). Em todos os demais passos é empregado o termo ho Christós, "O Ungido", ou melhor, "O Permeado pela Divindade", que pode exprimir tanto o CRISTO CÓSMICO que impregna tudo, quanto o CRISTO INTERNO, se o olhamos sob o ponto de vista da Centelha Divina no âmago da criatura.
Quando não é feita distinção nos aspectos manifestantes, o N. T. emprega o termo genérico ho theós Deus", precedido do artigo definido.
2. Além desse sentido, encontramos a palavra pneuma exprimindo o Espírito humano individualizado; essa individualização, que tem a classificação de pneuma, encontra-se a percorrer a trajetória de sua longa viagem, a construir sua própria evolução consciente, através da ascensão pelos planos vibratórios (energia e matéria) que ele anima em seu intérmino caminhar. Notemos, porém, que só recebe a denominação de pneuma (Espírito), quando atinge a individualização completa no estado hominal (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 79: "Os Espíritos são a individualização do Princípio Inteligente, isto é, de noús).
Logicamente, portanto, podemos encontrar espíritos em muitos graus evolutivos, desde os mais ignorantes e atrasados (akátharton) e enfermos (ponêrón) até os mais evoluídos e santos (hágion).
Todas essas distinções são encontradas no N. T., sendo de notar-se que esse termo pneuma pode designar tanto o espírito encarnado quanto, ao lado de outros apelativos, o desencarnado.
Eis, na prática, o emprego da palavra pneuma no N. T. :
a) - pneuma como espírito encarnado (individualidade), 193 vezes: MT 1:18, MT 1:20; 3:11; 4:1; 5:3; 10:20; 26:41; 27:50; MC 1:8; MC 2:8; MC 8:12; MC 14:38; LC 1:47, LC 1:80; 3:16, 22; 8:55; 23:46; 24. 37, 39; JO 1:33; JO 3:5, JO 3:6(2x), 8; 4:23; 6:63; 7:39; 11:33; 13:21; 14:17, 26; 15:26; 16:13; 19-30, 20:22; AT 1:5, AT 1:8; 5:3; 32:7:59; 10:38; 11:12,16; 17:16; 18:25; 19:21; 20:22; RM 1:4, RM 1:9; 5:5; 8:2, 4, 5(2x), 6, 9(3x), 10, 11(2x),13, 14, 15(2x), 16(2x), 27; 9:1; 12:11; 14:17; 15:13, 16, 19, 30; 1° Cor. 2:4, 10(2x), 11, 12; 3:16; 5:3,4, 5; 6:11, 17, 19; 7:34, 40; 12:4, 7, 8(2x), 9(2x), 11, 13(2x); 14:2, 12, 14, 15(2x), 16:32; 15:45; 16:18; 2º Cor. 1:22; 2:13; 3:3, 6, 8, 17(2x), 18; 5:5; 6:6; 7:1, 13; 12:18; 13:13; GL 3:2, GL 3:3, GL 3:5; 4:6, 29; 5:5,16,17(2x), 18, 22, 25(2x1); 6:8(2x),18; EF 1:13, EF 1:17; 2:18, 22; 3:5, 16; 4:3, 4:23; 5:18; 6:17, 18; Philp. 1:19, 27; 2:1; 3:3; 4:23; CL 1:8; CL 2:5; 1º Tess. 1:5, 6; 4:8; 5:23; 2. º Tess. 2:13; 1. º Tim. 3:16; 4:22; 2. º Tim. 1:14; TT 3:5; HB 4:12, HB 6:4; HB 9:14; HB 10:29; HB 12:9; Tiago, 2:26:4:4; 1. º Pe. 1:2, 11, 12; 3:4, 18; 4:6,14; 1. º JO 3:24; JO 4:13; JO 5:6(2x),7; Jud. 19:20; AP 1:10; AP 4:2; AP 11:11.
b) - pneuma como espírito desencarnado:
I - evoluído ou puro, 107 vezes:
MT 3:16; MT 12:18, MT 12:28; 22:43; MC 1:10, MC 1:12; 12:36; 13. 11; LC 1:15, LC 1:16, LC 1:41, LC 1:67; 2:25, 27; 4:1, 14, 18; 10:21; 11:13; 12:12; JO 1:32; JO 3:34; AT 1:2, AT 1:16; 2:4(2x), 17, 18, 33(2x), 38; 4:8; 25, 31; 6:3, 10; 7:51, 55; 8:15, 17, 18, 19, 29, 39; 9:17, 31; 10:19, 44, 45, 47; 11:15, 24, 28; 13:2, 4, 9, 52; 15:8, 28; 16:6, 7; 19:1, 2, 6; 20:22, 28; 21:4, 11; 23:8, 9; 28:25; 1. º Cor. 12:3(2x), 10; 1. º Tess. 5:9; 2. º Tess. 2:2; 1. ° Tim. 4:1; HB 1:7, HB 1:14; 2:4; 3:7; 9:8; 10:15; 12:23; 2. º Pe. 1:21; 1. ° JO 4:1(2x), 2, 3, 6; AP 1:4; AP 2:7, AP 2:11, AP 2:17, AP 2:29; 3:1, 6, 13, 22; 4:5; 5:6; 14:13; 17:3:19. 10; 21. 10; 22:6, 17.
II - involuído ou não-purificado, 39 vezes:
MT 8:16; MT 10:1; MT 12:43, MT 12:45; MC 1:23, MC 1:27; 3:11, 30; 5:2, 8, 13; 6:7; 7:25; 9:19; LC 4:36; LC 6:18; LC 7:21; LC 8:2; LC 10:20; LC 11:24, LC 11:26; 13:11; AT 5:16; AT 8:7; AT 16:16, AT 19:12, AT 19:13, AT 19:15, AT 19:16; RM 11:8:1. ° Cor. 2:12; 2. º Cor. 11:4; EF 2:2; 1. º Pe. 3:19; 1. º JO 4:2, 6; AP 13:15; AP 16:13; AP 18:2.
c) - pneuma como "espírito" no sentido abstrato de "caráter", 7 vezes: (JO 6:63; RM 2:29; 1. ª Cor. 2:12:4:21:2. ª Cor. 4:13; GL 6:1 e GL 6:2. ª Tim. 1:7)
d) - pneuma no sentido de "sopro", 1 vez: 2. ª Tess. 2:8 Todavia, devemos acrescentar que o espírito fora da matéria recebia outros apelativo, conforme vimos (vol. 1) e que não é inútil recordar, citando os locais.
PHÁNTASMA, quando o espírito, corpo astral ou perispírito se torna visível; termo que, embora frequente entre os gregos, só aparece, no N. T., duas vezes (MT 14:26 e MC 6:49).
ÁGGELOS (Anjo), empregado 170 vezes, designa um espírito evoluído (embora nem sempre de categoria acima da humana); essa denominação específica que, no momento em que é citada, tal entidade seja de nível humano ou supra-humano - está executando uma tarefa especial, como encarrega de "dar uma mensagem", de "levar um recado" de seus superiores hierárquicos (geralmente dizendo-se "de Deus"): MT 1:20, MT 1:24; 2:9, 10, 13, 15, 19, 21; 4:6, 11; 8:26; 10:3, 7, 22; 11:10, 13; 12:7, 8, 9, 10, 11, 23; 13:39, 41, 49; 16:27; 18:10; 22:30; 24:31, 36; 25:31, 41; 26:53; 27:23; 28:2, 5; MC 1:2, MC 1:13; 8:38; 12:25; 13:27, 32; LC 1:11, LC 1:13, LC 1:18, LC 1:19, 26, 30, 34, 35, 38; 4:10, 11; 7:24, 27; 9:26, 52; 12:8; 16:22; 22:43; 24:23; JO 1:51; JO 12:29; JO 20:12 AT 5:19; AT 6:15; AT 7:30, AT 7:35, AT 7:38, AT 7:52; 12:15; 23:8, 9; RM 8:38; 1. ° Cor. 4:9; 6:3; 11:10; 13:1; 2. º Cor. 11:14; 12:7; GL 1:8; GL 3:19; GL 4:14; CL 2:18; 2. º Tess. 1:7; 1. ° Tim. 3:16; 5:21; HB 1:4, HB 1:5, HB 1:6, HB 1:7, 13; 2:2, 5, 7, 9, 16; 12:22; 13:2; Tiago 2:25; 1. º Pe. 1:4, 11; Jud. 6; AP 1:1, AP 1:20; 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 5, 7, 9, 14; 5:2, 11; 7:1, 11; 8:2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 13; 9:1, 11, 13, 14, 15; 10:1, 5, 7, 8, 9, 10; 11:15; 12:7, 9, 17; 14:6, 9, 10, 15, 17, 18, 19; 15:1, 6, 7, 8, 10; 16:1, 5; 17:1, 7; 18:1, 21; 19:17; 20:1; 21:9, 12, 17; 22:6, 8, 16. BEEZEBOUL, usado 7 vezes: (MT 7. 25; 12:24, 27; MC 3:22; LC 11:15, LC 11:18, LC 11:19) só nos Evangelhos, é uma designação de chefe" de falange, "cabeça" de espíritos involuído.
DAIMÔN (uma vez, em MT 8:31) ou DAIMÓNION, 55 vezes, refere-se sempre a um espírito familiar desencarnado, que ainda conserva sua personalidade humana mesmo além túmulo. Entre os gregos, esse termo designava quer o eu interno, quer o "guia". Já no N. T. essa palavra identifica sempre um espírito ainda não-esclarecido, não evoluído, preso à última encarnação terrena, cuja presença prejudica o encarnado ao qual esteja ligado; tanto assim que o termo "demoníaco" é, para Tiago, sinônimo de "personalístico", terreno, psíquico. "não é essa sabedoria que desce do alto, mas a terrena (epígeia), a personalista (psychike), a demoníaca (demoniôdês). (Tiago, 3:15)
MT 7:22; MT 9:33, MT 9:34; 12:24, 27, 28; 10:8; 11:18; 17:18; MC 1:34, MC 1:39; 3:15, 22; 6:13; 7:26, 29, 30; 9:38; 16:9, 17; LC 4:33, LC 4:35, LC 4:41; 7:33; 8:2, 27, 29, 30, 33, 35, 38; 9:1, 42, 49; 10:17; 11:14, 15, 18, 19, 20; 13:32; JO 7:2; JO 8:48, JO 8:49, JO 8:52; 10:20, 21; AT 17:18; 1. ª Cor. 10:20, 21; 1. º Tim. 4:1; Tiago 2:16; Apoc 9:20; 16:24 e 18:2.
Ao falar de desencarnados, aproveitemos para observar como era designado o fenômeno da psicofonia: I - quando se refere a uma obsessão, com o verbo daimonízesthai, que aparece 13 vezes (MT 4:24;
8:16, 28, 33; 9:32; 12:22; 15:22; Marc 1:32; 5:15, 16, 18; LC 8:36; JO 10:21, portanto, só empregado pelos evangelistas).
II - quando se refere a um espírito evoluído, encontramos as expressões:
• "cheio de um espírito (plêrês, LC 4:1; AT 6:3, AT 6:5; 7:55; 11:24 - portanto só empregado por Lucas);
• "encher-se" (pimplánai ou plêthein, LC 1:15, LC 1:41, LC 1:67; AT 2:4; AT 4:8, AT 4:31; 9:17; 13:19 - portanto, só usado por Lucas);
• "conturbar-se" (tarássein), JO 11:33 e JO 13:21).
Já deixamos bem claro (vol 1) que os termos satanás ("antagonista"), diábolos ("adversário") e peirázôn ("tentador") jamais se referem, no N. T., a espíritos desencarnados, mas expressam sempre "a matéria, e por conseguinte também a "personalidade", a personagem humana que, com seu intelecto vaidoso, se opõe, antagoniza e, como adversário natural do espírito, tenta-o (como escreveu Paulo: "a carne (matéria) luta contra o espírito e o espírito contra a carne", GL 5:17).
Esses termos aparecem: satanãs, 33 vezes (MT 4:10; MT 12:26; MT 16:23; MC 1:13; MC 3:23, MC 3:26; 4:15; 8:33; LC 10:18; LC 11:18; LC 13:16; LC 22:3; JO 13:27, JO 13:31; AT 5:3; AT 26:18; RM 16:20; 1. º Cor. 5:5; 7:5; 2. º Cor. 2:11; 11:14; 12:17; 1. ° Tess. 2:18; 2. º Tess. 2:9; 1. º Tim. 1:20; 5:15; AP 2:9, AP 2:13, AP 2:24; 3:9; 12:9; 20:2, 7); diábolos, 35 vezes (MT 4:1, MT 4:5, MT 4:8, MT 4:11; 13:39; 25:41; LC 4:2, LC 4:3, LC 4:6, LC 4:13; 8:12; JO 6:70; JO 8:44; JO 13:2; AT 10:38; AT 13:10; EF 4:27; EF 6:11; 1. º Tim. 3:6, 7, 11; 2. º Tim. 2:26; 3:3 TT 2:3; HB 2:14; Tiago, 4:7; 1. º Pe. 5:8; 1. º JO 3:8, 10; Jud. 9; AP 2:10; AP 12:9, AP 12:12; 20:2,10) e peirázôn, duas vezes (MT 4:3 e MT 4:1. ª Tess. 3:5).
DIÁNOIA
Diánoia exprime a faculdade de refletir (diá+noús), isto é, o raciocínio; é o intelecto que na matéria, reflete a mente espiritual (noús), projetando-se em "várias direções" (diá) no mesmo plano. Usado 12 vezes (MT 22:37; MC 12:30: LC 1:51; LC 10:27: EF 2:3; EF 4:18; CL 1:21; HB 8:10; HB 10:16; 1. ª Pe. 1:13; 2. ª Pe. 3:1; 1. ª JO 5:20) na forma diánoia; e na forma dianóêma (o pensamento) uma vez em LC 11:17. Como sinônimo de diánoia, encontramos, também, synesis (compreensão) 7 vezes (MC 12:33; LC 2:47; 1. ª Cor. 1:19; EF 3:4; CL 1:9 e CL 2:2; e 2. ª Tim. 2:7). Como veremos logo abaixo, diánoia é parte inerente da psychê, (alma).
PSYCHÊ
Psychê é a ALMA, isto é, o "espírito encarnado (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 134: " alma é o espírito encarnado", resposta dada, evidentemente, por um "espírito" afeito à leitura do Novo Testamento).
A psychê era considerada pelos gregos como o atualmente chamado "corpo astral", já que era sede dos desejos e paixões, isto é, das emoções (cfr. Ésquilo, Persas, 841; Teócrito, 16:24; Xenofonte, Ciropedia, 6. 2. 28 e 33; Xen., Memoráveis de Sócrates, 1. 13:14; Píndaro, Olímpicas, 2. 125; Heródoto, 3. 14; Tucídides, 2. 40, etc.) . Mas psychê também incluía, segundo os gregos, a diánoia ou synesis, isto é, o intelecto (cfr. Heródoto, 5. 124; Sófocles, Édipo em Colona, 1207; Xenofonte, Hieron, 7. 12; Plat ão, Crátilo, 400 a).
No sentido de "espírito" (alma de mortos) foi usada por Homero (cfr. Ilíada 1. 3; 23. 65, 72, 100, 104;
Odisseia, 11. 207,213,222; 24. 14 etc.), mas esse sentido foi depressa abandonado, substituído por outros sinônimos (pnenma, eikôn, phántasma, skiá, daimôn, etc.) .
Psychê é empregado quase sempre no sentido de espírito preso à matéria (encarnado) ou seja, como sede da vida, e até como a própria vida humana, isto é, a personagem terrena (sede do intelecto e das emoções) em 92 passos: Mar. 2:20; 6:25; 10:28, 39; 11:29; 12:18; 16:25, 26; 20:28; 22:37; 26:38; MC 3:4; MC 8:35, MC 8:36, MC 8:37; 10:45; 12:30; 14:34; LC 1:46; LC 2:35; LC 6:9; LC 9:24(2x), 56; 10:27; 12:19, 20, 22, 23; 14:26; 17:33; 21:19; JO 10:11, JO 10:15, JO 10:17, JO 10:18, 24; 12:25, 27; 13:37, 38; 15:13; AT 2:27, AT 2:41, AT 2:43; 3:23; 4:32; 7:14; 14:2, 22; 15:24, 26; 20:10, 24; 27:10, 22, 37, 44; RM 2:9; RM 11:3; RM 13:1; RM 16:4; 1. º Cor. 15:45; 2. º Cor. 1:23; 12:15; EF 6:6; CL 3:23; Flp. 1:27; 2:30; 1. º Tess. 2:8; 5:23; HB 4:12; HB 6:19; HB 10:38, HB 10:39; 12:3; 13:17; Tiago 1:21; Tiago 5:20; 1. º Pe. 1:9, 22; 2:11, 25; 4:19; 2. º Pe. 2:8, 14; 1. º JO 3:16; 3. º JO 2; AP 12:11; AP 16:3; AP 18:13, AP 18:14.
Note-se, todavia, que no Apocalipse (6:9:8:9 e 20:4) o termo é aplicado aos desencarnados por morte violenta, por ainda conservarem, no além-túmulo, as características da última personagem terrena.
O adjetivo psychikós é empregado com o mesmo sentido de personalidade (l. ª Cor. 2:14; 15:44, 46; Tiago, 3:15; Jud. 19).
Os outros termos, que entre os gregos eram usados nesse sentido de "espírito desencarnado", o N. T.
não os emprega com essa interpretação, conforme pode ser verificado:
EIDOS (aparência) - LC 3:22; LC 9:29; JO 5:37; 2. ª Cor. 5:7; 1. ª Tess. 5:22.
EIDÔLON (ídolo) - AT 7:41; AT 15:20; RM 2:22; 1. ª Cor. 8:4, 7; 10:19; 12; 2; 2. ª Cor. 6:16; 1. ª Tess.
1:9; 1. ª JO 5:21; AP 9:20.
EIKÔN (imagem) - MT 22:20; MC 12:16; LC 20:24; RM 1:23; 1. ª Cor. 11:7; 15:49 (2x) ; 2. ª Cor. 3:18; 4:4; CL 1:5; CL 3:10; HB 10:11; AP 13:14; AP 14:2, AP 14:11; 15:2; 19 : 20; 20 : 4.
SKIÁ (sombra) - MT 4:16; MC 4:32; LC 1:79; AT 5:15; CL 2:17; HB 8:5; HB 10:1.
Também entre os gregos, desde Homero, havia a palavra thumós, que era tomada no sentido de alma encarnada". Teve ainda sentidos diversos, exprimindo "coração" quer como sede do intelecto, quer como sede das paixões. Fixou-se, entretanto, mais neste último sentido, e toda, as vezes que a deparamos no Novo Testamento é, parece, com o designativo "força". (Cfr. LC 4:28; AT 19:28; RM 2:8; 2. ª Cor. 12:20; GL 5:20; EF 4:31; CL 3:8; HB 11:27; AP 12:12; AP 14:8, AP 14:10, AP 14:19; 15:1, 7; 16:1, 19; 18:3 e 19:15)
SOMA
Soma exprime o corpo, geralmente o físico denso, que é subdividido em carne (sárx) e sangue (haima), ou seja, que compreende o físico denso e o duplo etérico (e aqui retificamos o que saiu publicado no vol. 1, onde dissemos que "sangue" representava o astral).
Já no N. T. encontramos uma antecipação da moderna qualificação de "corpos", atribuída aos planos ou níveis em que o homem pode tornar-se consciente. Paulo, por exemplo, emprega soma para os planos espirituais; ao distinguir os "corpos" celestes (sómata epouránia) dos "corpos" terrestres (sómata epígeia), ele emprega soma para o físico denso (em lugar de sárx), para o corpo astral (sôma psychikôn) e para o corpo espiritual (sôma pneumatikón) em 1. ª Cor. 15:40 e 44.
No N. T. soma é empregado ao todo 123 vezes, sendo 107 vezes no sentido de corpo físico-denso (material, unido ou não à psychê);
MT 5:29, MT 5:30; 6:22, 25; 10:28(2x); 26:12; 27:58, 59; MC 5:29; MC 14:8; MC 15:43; LC 11:34; LC 12:4, LC 12:22, LC 12:23; 17:37; 23:52, 55; 24:3, 23; JO 2:21; JO 19:31, JO 19:38, JO 19:40; 20:12; Aros. 9:40; RM 1:24; RM 4:19; RM 6:6, RM 6:12; 7:4, 24; 8:10, 11, 13, 23; 12:1, 4; 1. º Cor. 5:13; 6:13(2x), 20; 7:4(2x), 34; 9:27; 12:12(3x),14, 15(2x), 16 (2x), 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 25; 13:3; 15:37, 38(2x) 40). 2. 0 Cor. 4:40; 5:610; 10:10; 12:2(2x); Gól. 6:17; EF 2:16; EF 5:23, EF 5:28; Ft. 3:21; CL 2:11, CL 2:23; 1. º Tess. 5:23; HB 10:5, HB 10:10, HB 10:22; 13:3, 11; Tiago 2:11, Tiago 2:26; 3:2, 3, 6; 1. º Pe. 2:24; Jud. 9; AP 18:13. Três vezes como "corpo astral" (MT 27:42; 1. ª Cor. 15:14, duas vezes); duas vezes como "corpo espiritual" (1. º Cor. 15:41); e onze vezes com sentido simbólico, referindo-se ao pão, tomado como símbolo do corpo de Cristo (MT 26:26; MC 14:22; LC 22:19; RM 12:5; 1. ª Cor. 6:15; 10:16, 17; 11:24; 12:13, 27; EF 1:23; EF 4:4, EF 4:12, EF 4:16; Filp. 1:20; CL 1:18, CL 1:22; 2:17; 3:15).
HAIMA
Haima, o sangue, exprime, como vimos, o corpo vital, isto é, a parte que dá vitalização à carne (sárx), a qual, sem o sangue, é simples cadáver.
O sangue era considerado uma entidade a parte, representando o que hoje chamamos "duplo etérico" ou "corpo vital". Baste-nos, como confirmação, recordar que o Antigo Testamento define o sangue como "a alma de toda carne" (LV 17:11-14). Suma importância, por isso, é atribuída ao derramamento de sangue, que exprime privação da "vida", e representa quer o sacrifício em resgate de erros e crimes, quer o testemunho de uma verdade.
A palavra é assim usada no N. T. :
a) - sangue de vítimas (HB 9:7, HB 9:12, HB 9:13, HB 9:18, 19, 20, 21, 22, 25; 10:4; 11:28; 13:11). Observe-se que só nessa carta há preocupação com esse aspecto;
b) - sangue de Jesus, quer literalmente (MT 27:4, MT 27:6, MT 27:24, MT 27:25; LC 22:20; JO 19:34; AT 5:28; AT 20:28; RM 5:25; RM 5:9; EF 1:7; EF 2:13; CL 1:20; HB 9:14; HB 10:19, HB 10:29; 12:24; 13:12, 20; 1. ª Pe. 1:2,19; 1. ª JO 1:7; 5:6, 8; AP 1:5; AP 5:9; AP 7:14; AP 12:11); quer simbolicamente, quando se refere ao vinho, como símbolo do sangue de Cristo (MT 26:28; MC 14:24; JO 6:53, JO 6:54, JO 6:55, JO 6:56; 1. ª Cor. 10:16; 11:25, 27).
c) - o sangue derramado como testemunho de uma verdade (MT 23:30, MT 23:35; 27:4; LC 13:1; AT 1:9; AT 18:6; AT 20:26; AT 22:20; RM 3:15; HB 12:4; AP 6:10; 14,: 20; 16:6; 17:6; 19:2, 13).
d) - ou em circunstâncias várias (MC 5:25, MC 5:29; 16:7; LC 22:44; JO 1:13; AT 2:19, AT 2:20; 15:20, 29; 17:26; 21:25; 1. ª Cor. 15:50; GL 1:16; EF 6:12; HB 2:14; AP 6:12; AP 8:7; AP 15:3, AP 15:4; 11:6).
SÁRX
Sárx é a carne, expressão do elemento mais grosseiro do homem, embora essa palavra substitua, muitas vezes, o complexo soma, ou seja, se entenda, com esse termo, ao mesmo tempo "carne" e "sangue".
Apesar de ter sido empregada simbolicamente por Jesus (JO 6:51, JO 6:52, JO 6:53, JO 6:54, 55 e 56), seu uso é mais literal em todo o resto do N. T., em 120 outros locais: MT 19:56; MT 24:22; MT 26:41; MC 10:8; MC 13:20; MC 14:38; LC 3:6; LC 24:39; JO 1:14; JO 3:6(2x); 6:63; 8:15; 17:2; AT 2:7, AT 2:26, AT 2:31; RM 1:3; RM 2:28; RM 3:20; RM 4:1; RM 6:19; RM 7:5, RM 7:18, RM 7:25; 8:3, 4(2x), 5(2x), 6, 7, 8, 9, 13(2x); 9:358; 11:14; 13:14; 1. º Cor. 1:2629; 5:5; 6:16; 7:28;10:18; 15:39(2x),50; 2. º Cor. 1:17; 4:11; 5:16; 7:1,5; 10:2,3(2x); 1:18; 12:7; GL 2:16, GL 2:20; 3:3; 4:13, 14, 23; 5:13, 16, 17, 19, 24; 6:8(2x), 12, 13; EF 2:3, EF 2:11, EF 2:14; 5:29, 30, 31; 6:5; CL 1:22, CL 1:24; 2:1, 5, 11, 13, 18, 23; 3:22, 24; 3:34; 1. º Tim. 3:6; Flm. 16; HB 5:7; HB 9:10, HB 9:13; 10:20; 12:9; Tiago 5:3; 1. º Pe. 1:24; 3;18, 21; 4:1, 2, 6; 2. º Pe. 2:10, 18; 1. º JO 2:16; 4:2; 2. º JO 7; Jud. 7, 8, 23; AP 17:16; AP 19:21.
B - TEXTOS COMPROBATÓRIOS
Respiguemos, agora, alguns trechos do N. T., a fim de comprovar nossas conclusões a respeito desta nova teoria.
Comecemos pela distinção que fazemos entre individualidade (ou Espírito) e a personagem transitória humana.
INDIVIDUALIDADE- PERSONAGEM
Encontramos essa distinção explicitamente ensinada por Paulo (l. ª Cor. 15:35-50) que classifica a individualidade entre os "corpos celestiais" (sómata epouránia), isto é, de origem espiritual; e a personagem terrena entre os "corpos terrenos" (sómata epígeia), ou seja, que têm sua origem no próprio planeta Terra, de onde tiram seus elementos constitutivos (físicos e químicos). Logo a seguir, Paulo torna mais claro seu pensamento, denominando a individualidade de "corpo espiritual" (sôma pneumatikón) e a personagem humana de "corpo psíquico" (sôma psychikón). Com absoluta nitidez, afirma que a individualidade é o "Espírito vivificante" (pneuma zoopioún), porque dá vida; e que a personagem, no plano já da energia, é a "alma que vive" (psychê zôsan), pois recebe vida do Espírito que lhe constitui a essência profunda.
Entretanto, para evitar dúvidas ou más interpretações quanto ao sentido ascensional da evolução, assevera taxativamente que o desenvolvimento começa com a personalidade (alma vivente) e só depois que esta se desenvolve, é que pode atingir-se o desabrochar da individualidade (Espírito vivificante).
Temos, pois, bem estabelecida a diferença fundamental, ensinada no N. T., entre psychê (alma) e pneuma (Espírito).
Mas há outros passos em que esses dois elementos são claramente distinguidos:
1) No Cântico de Maria (LC 1:46) sentimos a diferença nas palavras "Minha alma (psychê) engrandece o Senhor e meu Espírito (pneuma) se alegra em Deus meu Salvador".
2) Paulo (Filp. 1:27) recomenda que os cristãos tenham "um só Espírito (pneuma) e uma só alma (psychê), distinção desnecessária, se não expressassem essas palavras coisas diferentes.
3) Ainda Paulo (l. ª Tess. 5:23) faz votos que os fiéis "sejam santificados e guardados no Espírito (pneuma) na alma (psychê) e no corpo (sôma)", deixando bem estabelecida a tríade que assinalamos desde o início.
4) Mais claro ainda é o autor da Carta dos Hebreus (quer seja Paulo Apolo ou Clemente Romano), ao
. utilizar-se de uma expressão sintomática, que diz: "o Logos Divino é Vivo, Eficaz; e mais penetrante que qualquer espada, atingindo até a divisão entre o Espirito (pneuma) e a alma (psychê)" (HB 4:12); aí não há discussão: existe realmente uma divisão entre espírito e alma.
5) Comparando, ainda, a personagem (psiquismo) com a individualidade Paulo afirma que "fala não palavras aprendidas pela sabedoria humana, mas aprendidas do Espírito (divino), comparando as coisas espirituais com as espirituais"; e acrescenta, como esclarecimento e razão: "o homem psíquico (ho ánthrôpos psychikós, isto é, a personagem intelectualizada) não percebe as coisas do Espírito Divino: são tolices para ele, e não pode compreender o que é discernido espiritualmente; mas o homem espiritual (ho ánthrôpos pneumatikós, ou, seja, a individualidade) discerne tudo, embora não seja discernido por ninguém" (1. ª Cor. 2:13-15).
Portanto, não há dúvida de que o N. T. aceita os dois aspectos do "homem": a parte espiritual, a tríade superior ou individualidade (ánthrôpos pneumatikós) e a parte psíquica, o quaternário inferior ou personalidade ou personagem (ánthrôpos psychikós).
O CORPO
Penetremos, agora, numa especificação maior, observando o emprego da palavra soma (corpo), em seu complexo carne-sangue, já que, em vários passos, não só o termo sárx é usado em lugar de soma, como também o adjetivo sarkikós (ou sarkínos) se refere, como parte externa visível, a toda a personagem, ou seja, ao espírito encarnado e preso à matéria; e isto sobretudo naqueles que, por seu atraso, ainda acreditam que seu verdadeiro eu é o complexo físico, já que nem percebem sua essência espiritual.
Paulo, por exemplo, justifica-se de não escrever aos coríntios lições mais sublimes, porque não pode falar-lhes como a "espirituais" (pnenmatikoí, criaturas que, mesmo encarnadas, já vivem na individualidade), mas só como a "carnais" (sarkínoi, que vivem só na personagem). Como a crianças em Cristo (isto é, como a principiantes no processo do conhecimento crístico), dando-lhes leite a beber, não comida, pois ainda não na podem suportar; "e nem agora o posso, acrescenta ele, pois ainda sois carnais" (1. ª Cor. 3:1-2).
Dessa forma, todos os que se encontram na fase em que domina a personagem terrena são descritos por Paulo como não percebendo o Espírito: "os que são segundo a carne, pensam segundo a carne", em oposição aos "que são segundo o espírito, que pensam segundo o espírito". Logo a seguir define a "sabedoria da carne como morte, enquanto a sabedoria do Espírito é Vida e Paz" (Rom, 8:5-6).
Essa distinção também foi afirmada por Jesus, quando disse que "o espírito está pronto (no sentido de" disposto"), mas a carne é fraca" (MT 26:41; MC 14:38). Talvez por isso o autor da Carta aos Hebreus escreveu, ao lembrar-se quiçá desse episódio, que Jesus "nos dias de sua carne (quando encarnado), oferecendo preces e súplicas com grande clamor e lágrimas Àquele que podia livrá-lo da morte, foi ouvido por causa de sua devoção e, não obstante ser Filho de Deus (o mais elevado grau do adeptado, cfr. vol. 1), aprendeu a obediência por meio das coisas que sofreu" (Heb, 5:7-8).
Ora, sendo assim fraca e medrosa a personagem humana, sempre tendente para o mal como expoente típico do Antissistema, Paulo tem o cuidado de avisar que "não devemos submeter-nos aos desejos da carne", pois esta antagoniza o Espírito (isto é constitui seu adversário ou diábolos). Aconselha, então que não se faça o que ela deseja, e conforta os "que são do Espírito", assegurando-lhes que, embora vivam na personalidade, "não estão sob a lei" (GL 5:16-18). A razão é dada em outro passo: "O Senhor é Espírito: onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2. ª Cor. 3:17).
Segundo o autor da Carta aos Hebreus, esta foi uma das finalidades da encarnação de Jesus: livrar a personagem humana do medo da morte. E neste trecho confirma as palavras do Mestre a Nicodemos: "o que nasce de carne é carne" (JO 3:6), esclarecendo, ao mesmo tempo, no campo da psicobiologia, (o problema da hereditariedade: dos pais, os filhos só herdam a carne e o sangue (corpo físico e duplo etérico), já que a psychê é herdeira do pneuma ("o que nasce de espírito, é espírito", João, ibidem). Escreve, então: "como os filhos têm a mesma natureza (kekoinônêken) na carne e no sangue, assim ele (Jesus) participou da carne e do sangue para que, por sua morte, destruísse o adversário (diábolos, a matéria), o qual possui o império da morte, a fim de libertá-las (as criaturas), já que durante toda a vida elas estavam sujeitas ao medo da morte" (HB 2:14).
Ainda no setor da morte, Jesus confirma, mais uma vez, a oposição corpo-alma: "não temais os que matam o corpo: temei o que pode matar a alma (psychê) e o corpo (sôma)" (MT 10:28). Note-se, mais uma vez, a precisão (elegantia) vocabular de Jesus, que não fala em pneuma, que é indestrutível, mas em psychê, ou seja, o corpo astral sujeito a estragos e até morte.
Interessante observar que alguns capítulos adiante, o mesmo evangelista (MT 27:52) usa o termo soma para designar o corpo astral ou perispírito: "e muitos corpos dos santos que dormiam, despertaram".
Refere-se ao choque terrível da desencarnação de Jesus, que foi tão violento no plano astral, que despertou os desencarnados que se encontravam adormecidos e talvez ainda presos aos seus cadáveres, na hibernação dos que desencarnam despreparados. E como era natural, ao despertarem, dirigiram-se para suas casas, tendo sido percebidos pelos videntes.
Há um texto de Paulo que nos deixa em suspenso, sem distinguirmos se ele se refere ao corpo físico (carne) ou ao psíquico (astral): "conheço um homem em Cristo (uma individualidade já cristificada) que há catorze anos - se no corpo (en sômai) não sei, se fora do corpo (ektòs sômatos) não sei: Deus
sabe foi raptado ao terceiro céu" (l. ª Cor. 12:2). É uma confissão de êxtase (ou talvez de "encontro"?), em que o próprio experimentador se declara inapto a distinguir se se tratava de um movimento puramente espiritual (fora do corpo), ou se tivera a participação do corpo psíquico (astral); nem pode verificar se todo o processo se realizou com pneuma e psychê dentro ou fora do corpo.
Entretanto, de uma coisa ele tem certeza absoluta: a parte inferior do homem, a carne e o sangue, esses não participaram do processo. Essa certeza é tão forte, que ele pode ensinar taxativamente e sem titubeios, que o físico denso e o duplo etérico não se unificam com a Centelha Divina, não "entram no reino dos céus", sendo esta uma faculdade apenas de pneuma, e, no máximo, de psychê. E ele o diz com ênfase: "isto eu vos digo, irmãos, que a carne (sárx) e o sangue (haima) NÃO PODEM possuir o reino de Deus" (l. ª Cor. 15:50). Note-se que essa afirmativa é uma negação violenta do "dogma" da ressurreição da carne.
ALMA
Num plano mais elevado, vejamos o que nos diz o N. T. a respeito da psychê e da diánoia, isto é, da alma e do intelecto a esta inerente como um de seus aspectos.
Como a carne é, na realidade dos fatos, incapaz de vontades e desejos, que provêm do intelecto, Paulo afirma que "outrora andávamos nos desejos de nossa carne", esclarecendo, porém, que fazíamos "a vontade da carne (sárx) e do intelecto (diánoia)" (EF 2:3). De fato "o afastamento e a inimizade entre Espírito e corpo surgem por meio do intelecto" (CL 1. 21).
A distinção entre intelecto (faculdade de refletir, existente na personagem) e mente (faculdade inerente ao coração, que cria os pensamentos) pode parecer sutil, mas já era feita na antiguidade, e Jerem ías escreveu que YHWH "dá suas leis ao intelecto (diánoia), mas as escreve no coração" (JR 31:33, citado certo em HB 8:10, e com os termos invertidos em HB 10:16). Aí bem se diversificam as funções: o intelecto recebe a dádiva, refletindo-a do coração, onde ela está gravada.
Realmente a psychê corresponde ao corpo astral, sede das emoções. Embora alguns textos no N. T.
atribuam emoções a kardía, Jesus deixou claro que só a psychê é atingível pelas angústias e aflições, asseverando: "minha alma (psychê) está perturbada" (MT 26:38; MC 14:34; JO 12:27). Jesus não fala em kardía nem em pneuma.
A MENTE
Noús é a MENTE ESPIRITUAL, a individualizadora de pneuma, e parte integrante ou aspecto de kardía. E Paulo, ao salientar a necessidade de revestir-nos do Homem Novo (de passar a viver na individualidade) ordena que "nos renovemos no Espírito de nossa Mente" (EF 4:23-24), e não do intelecto, que é personalista e divisionário.
E ao destacar a luta entre a individualidade e a personagem encarnada, sublinha que "vê outra lei em seus membros (corpo) que se opõem à lei de sua mente (noús), e o aprisiona na lei do erro que existe em seus membros" (RM 7:23).
A mente espiritual, e só ela, pode entender a sabedoria do Cristo; e este não se dirige ao intelecto para obter a compreensão dos discípulos: "e então abriu-lhes a mente (noún) para que compreendessem as Escrituras" (LC 24:45). Até então, durante a viagem (bastante longa) ia conversando com os "discípulos de Emaús". falando-lhes ao intelecto e provando-lhes que o Filho do Homem tinha que sofrer; mas eles não O reconheceram. Mas quando lhes abriu a MENTE, imediatamente eles perceberam o Cristo.
Essa mente é, sem dúvida, um aspecto de kardía. Isaías escreveu: "então (YHWH) cegou-lhes os olhos (intelecto) e endureceu-lhes o coração, para que não vissem (intelectualmente) nem compreendessem com o coração" (IS 6:9; citado por JO 12:40).
O CORAÇÃO
Que o coração é a fonte dos pensamentos, nós o encontramos repetido à exaustão; por exemplo: MT 12:34; MT 15:18, MT 15:19; Marc 7:18; 18:23; LC 6:45; LC 9:47; etc.
Ora, se o termo CORAÇÃO exprime, límpida e indiscutivelmente, a fonte primeira do SER, o "quarto fechado" onde o "Pai vê no secreto" MT 6:6), logicamente se deduz que aí reside a Centelha Divina, a Partícula de pneuma, o CRISTO (Filho Unigênito), que é UNO com o Pai, que também, consequentemente, aí reside. E portanto, aí também está o Espírito-Santo, o Espírito-Amor, DEUS, de que nosso Eu é uma partícula não desprendida.
Razão nos assiste, então, quando escrevemos (vol. 1 e vol. 3) que o "reino de Deus" ou "reino dos céus" ou "o céu", exprime exatamente o CORAÇÃO; e entrar no reino dos céus é penetrar, é MERGULHAR (batismo) no âmago de nosso próprio EU. É ser UM com o CRISTO, tal como o CRISTO é UM com o PAI (cfr. JO 10. 30; 17:21,22, 23).
Sendo esta parte a mais importante para a nossa tese, dividamo-la em três seções:
a) - Deus ou o Espírito Santo habitam DENTRO DE nós;
b) - CRISTO, o Filho (UNO com o Pai) também está DENTRO de nós, constituindo NOSSA ESSÊNCIA PROFUNDA;
c) - o local exato em que se encontra o Cristo é o CORAÇÃO, e nossa meta, durante a encarnação, é CRISTIFICAR-NOS, alcançando a evolução crística e unificando-nos com Ele.
a) -
A expressão "dentro de" pode ser dada em grego pela preposição ENTOS que encontramos clara em LC (LC 17:21), quando afirma que "o reino de Deus está DENTRO DE VÓS" (entòs humin); mas tamb ém a mesma ideia é expressa pela preposição EN (latim in, português em): se a água está na (EM A) garrafa ou no (EM O) copo, é porque está DENTRO desses recipientes. Não pode haver dúvida. Recordese o que escrevemos (vol. 1): "o Logos se fez carne e fez sua residência DENTRO DE NÓS" (JO 1:14).
Paulo é categórico em suas afirmativas: "Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita dentro de vós" (1. ª Cor. 3:16).
Οΰи οίδατε ότι ναός θεοϋ έστε иαί τό πνεϋµα τοϋ θεοϋ έν ϋµϊν οίиεί;
E mais: "E não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo que está dentro de vós, o qual recebestes de Deus, e não pertenceis a vós mesmos? Na verdade, fostes comprados por alto preço. Glorificai e TRAZEI DEUS EM VOSSO CORPO" (1. ª Cor. 6:19-20).
Esse Espírito Santo, que é a Centelha do Espírito Universal, é, por isso mesmo, idêntico em todos: "há muitas operações, mas UM só Deus, que OPERA TUDO DENTRO DE TODAS AS COISAS; ... Todas essas coisas opera o único e mesmo Espírito; ... Então, em UM Espírito todos nós fomos MERGULHADOS en: UMA carne, judeus e gentios, livres ou escravos" (1. ª Cor. 12:6, 11, 13).
Καί διαιρέσεις ένεργηµάτων είσιν, ό δέ αύτός θεός ό ένεργών τα πάντα έν πάσιν... Дάντα δέ ταύτα ένεργεί τό έν иαί τό αύτό πνεύµα... Кαί γάρ έν ένί πνεύµατι ήµείς πάντες είς έν σώµα έβαπτίσθηµεν,
είτε ̉Ιουδαίοι εϊτε έλληνες, είτε δούλοι, εϊτε έλεύθεροι.
Mais ainda: "Então já não sois hóspedes e estrangeiros, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus, superedificados sobre o fundamento dos Enviados e dos Profetas, sendo a própria pedra angular máxima Cristo Jesus: em Quem toda edificação cresce no templo santo no Senhor, no Qual tamb ém vós estais edificados como HABITAÇÃO DE DEUS NO ESPÍRITO" (EF 2:19-22). " Αρα ούν ούиέτι έστε ζένοι иαί πάροιиοι, άλλά έστε συµπολίται τών άγίων иαί οίиείοι τού θεού,
έποιиοδοµηθέντες έπί τώ θεµελίω τών άποστόλων иαί προφητών, όντος άиρογωνιαίου αύτού Χριστόύ
#cite Іησού, έν ώ πάσα οίиοδοµή συναρµολογουµένη αύζει είς ναόν άγιον έν иυρίώ, έν ώ иαί ύµείς
συνοιиοδοµείσθε είς иατοιиητήεριον τού θεού έν πνεµατ
ι.
Se Deus habita DENTRO do homem e das coisas quem os despreza, despreza a Deus: "quem despreza estas coisas, não despreza homens, mas a Deus, que também deu seu Espírito Santo em vós" (1. ª Tess. 4:8).
Тοιγαρούν ό άθετών ούи άνθρωπον άθετεί, άλλά τόν θεόν τόν иαί διδόντα τό πνεύµα αύτού τό άγιον είς ύµάς.
E a consciência dessa realidade era soberana em Paulo: "Guardei o bom depósito, pelo Espírito Santo que habita DENTRO DE NÓS" (2. ª Tim. 1:14). (20)
Тήν иαλήν παραθήиην φύλαζον διά πνεύµατος άγίου τού ένοιиούντος έν ήµϊ
ν.
João dá seu testemunho: "Ninguém jamais viu Deus. Se nos amarmos reciprocamente, Deus permanecer á DENTRO DE NÓS, e o Amor Dele, dentro de nós, será perfeito (ou completo). Nisto sabemos que permaneceremos Nele e Ele em nós, porque DE SEU ESPÍRITO deu a nós" (1. ª JO 4:12-13).
θεόν ούδείς πώποτε τεθέαται: έάν άγαπώµεν άλλήλους, ό θεός έν ήµϊν µένει, иαί ή άγάπη αύτοϋ τε-
τελειωµένη έν ήµϊν έστιν. Εν τουτω γινώσиοµεν ότι έν αύτώ µένοµεν иαί αύτός έν ήµϊν, ότι έи τοϋ
πνεύµατος αύτοϋ δέδώиεν ήµϊ
ν.
b) -
Vejamos agora os textos que especificam melhor ser o CRISTO (Filho) que, DENTRO DE NÓS. constitui a essência profunda de nosso ser. Não é mais uma indicação de que TEMOS a Divindade em nós, mas um ensino concreto de que SOMOS uma partícula da Divindade. Escreve Paulo: "Não sabeis que CRISTO (Jesus) está DENTRO DE VÓS"? (2. ª Cor. 13:5). E, passando àquela teoria belíssima de que formamos todos um corpo só, cuja cabeça é Cristo, ensina Paulo: "Vós sois o CORPO de Cristo, e membros de seus membros" (l. ª Cor. 12:27). Esse mesmo Cristo precisa manifestar-se em nós, através de nós: "vossa vida está escondida COM CRISTO em Deus; quando Cristo se manifestar, vós também vos manifestareis em substância" (CL 3:3-4).
E logo adiante insiste: "Despojai-vos do velho homem com seus atos (das personagens terrenas com seus divisionismos egoístas) e vesti o novo, aquele que se renova no conhecimento, segundo a imagem de Quem o criou, onde (na individualidade) não há gentio nem judeu, circuncidado ou incircunciso, bárbaro ou cita, escravo ou livre, mas TUDO e EM TODOS, CRISTO" (CL 3:9-11).
A personagem é mortal, vivendo a alma por efeito do Espírito vivificante que nela existe: "Como em Adão (personagem) todos morrem, assim em CRISTO (individualidade, Espírito vivificante) todos são vivificados" (1. ª Cor. 15:22).
A consciência de que Cristo vive nele, faz Paulo traçar linhas imorredouras: "ou procurais uma prova do CRISTO que fala DENTRO DE MIM? o qual (Cristo) DENTRO DE VÓS não é fraco" mas é poderoso DENTRO DE VÓS" (2. ª Cor. 13:3).
E afirma com a ênfase da certeza plena: "já não sou eu (a personagem de Paulo), mas CRISTO QUE VIVE EM MIM" (GL 2:20). Por isso, pode garantir: "Nós temos a mente (noús) de Cristo" (l. ª Cor. 2:16).
Essa convicção traz consequências fortíssimas para quem já vive na individualidade: "não sabeis que vossos CORPOS são membros de Cristo? Tomando, então, os membros de Cristo eu os tornarei corpo de meretriz? Absolutamente. Ou não sabeis que quem adere à meretriz se torna UM CORPO com ela? Está dito: "e serão dois numa carne". Então - conclui Paulo com uma lógica irretorquível - quem adere a Deus é UM ESPÍRITO" com Deus (1. ª Cor. 6:15-17).
Já desde Paulo a união sexual é trazida como o melhor exemplo da unificação do Espírito com a Divindade. Decorrência natural de tudo isso é a instrução dada aos romanos: "vós não estais (não viveis) EM CARNE (na personagem), mas EM ESPÍRITO (na individualidade), se o Espírito de Deus habita DENTRO DE VÓS; se porém não tendes o Espírito de Cristo, não sois Dele. Se CRISTO (está) DENTRO DE VÓS, na verdade o corpo é morte por causa dos erros, mas o Espírito vive pela perfeição. Se o Espírito de Quem despertou Jesus dos mortos HABITA DENTRO DE VÓS, esse, que despertou Jesus dos mortos, vivificará também vossos corpos mortais, por causa do mesmo Espírito EM VÓS" (RM 9:9-11). E logo a seguir prossegue: "O próprio Espírito testifica ao nosso Espírito que somos filhos de Deus; se filhos, (somos) herdeiros: herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo" (RM 8:16). Provém daí a angústia de todos os que atingiram o Eu Interno para libertar-se: "também tendo em nós as primícias do Espírito, gememos dentro de nós, esperando a adoção de Filhos, a libertação de nosso corpo" (RM 8:23).
c) -
Finalmente, estreitando o círculo dos esclarecimentos, verificamos que o Cristo, dentro de nós, reside NO CORAÇÃO, onde constitui nosso EU Profundo. É ensinamento escriturístico.
Ainda é Paulo que nos esclarece: "Porque sois filhos, Deus enviou o ESPÍRITO DE SEU FILHO, em vosso CORAÇÃO, clamando Abba, ó Pai" (GL 4:6). Compreendemos, então, que o Espírito Santo (Deus) que está em nós, refere-se exatamente ao Espírito do FILHO, ao CRISTO Cósmico, o Filho Unigênito. E ficamos sabendo que seu ponto de fixação em nós é o CORAÇÃO.
Lembrando-se, talvez, da frase de Jeremias, acima-citada, Paulo escreveu aos coríntios: "vós sois a nossa carta, escrita em vossos CORAÇÕES, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifesto que sois CARTA DE CRISTO, preparada por nós, e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo; não em tábuas de pedra, mas nas tábuas dos CORAÇÕES CARNAIS" (2. ª Cor. 3:2-3). Bastante explícito que realmente se trata dos corações carnais, onde reside o átomo espiritual.
Todavia, ainda mais claro é outro texto, em que se fala no mergulho de nosso eu pequeno, unificandonos ao Grande EU, o CRISTO INTERNO residente no coração: "CRISTO HABITA, pela fé, no VOSSO CORAÇÃO". E assegura com firmeza: "enraizados e fundamentados no AMOR, com todos os santos (os encarnados já espiritualizados na vivência da individualidade) se compreenderá a latitude, a longitude a sublimidade e a profundidade, conhecendo o que está acima do conhecimento, o AMOR DE CRISTO, para que se encham de toda a plenitude de Deus" (EF 3:17).
Кατοιиήσαι τόν Χριστόν διά τής πίστεως έν ταϊς иαρδίαις ύµών, έν άγάπη έρριζωµένοι иαί τεθεµελιωµένοι, ϊνα έζισγύσητε иαταλαβέσθαι σύν πάσιν τοϊςάγίοιςτί τό πλάτος иαί µήиος иαί ύψος
иαί βάθος, γνώσαι τε τήν ύπερβάλλουσαν τής γνώσεως άγάπην τοϋ Χριστοϋ, ίνα πληρωθήτε είς πάν τό πλήρωµα τού θεοϋ.
Quando se dá a unificação, o Espírito se infinitiza e penetra a Sabedoria Cósmica, compreendendo então a amplitude da localização universal do Cristo.
Mas encontramos outro ensino de suma profundidade, quando Paulo nos adverte que temos que CRISTIFICAR-NOS, temos que tornar-nos Cristos, na unificação com Cristo. Para isso, teremos que fazer uma tradução lógica e sensata da frase, em que aparece o verbo CHRIO duas vezes: a primeira, no particípio passado, Christós, o "Ungido", o "permeado da Divindade", particípio que foi transliterado em todas as línguas, com o sentido filosófico e místico de O CRISTO; e a segunda, logo a seguir, no presente do indicativo. Ora, parece de toda evidência que o sentido do verbo tem que ser O MESMO em ambos os empregos. Diz o texto original: ho dè bebaiôn hemãs syn humin eis Christon kaí chrísas hemãs theós (2. ª Cor. 1:21).
#cite Ο δέ βεβαιών ήµάς σύν ύµίν είς Χριστόν иαί χρίσας ήµάς θεό
ς.
Eis a tradução literal: "Deus, fortifica dor nosso e vosso, no Ungido, unge-nos".
E agora a tradução real: "Deus, fortificador nosso e vosso, em CRISTO, CRISTIFICA-NOS".
Essa a chave para compreendermos nossa meta: a cristificação total e absoluta.
Logo após escreve Paulo: "Ele também nos MARCA e nos dá, como penhor, o Espírito em NOSSOS CORAÇÕES" (2. ª Cor. 1:22).
#cite Ο иαί σφραγισάµενος ήµάς иαί δούς τόν άρραβώνα τόν πνεύµατος έν ταϊς иαρδϊαις ήµώ
ν.
Completando, enfim, o ensino - embora ministrado esparsamente - vem o texto mais forte e explícito, informando a finalidade da encarnação, para TÔDAS AS CRIATURAS: "até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, ao Homem Perfeito, à medida da evolução plena de Cristo" (EF 4:13).
Мέρχι иαταντήσωµεν οί πάντες είς τήν ένότητα τής πίστοως. иαί τής έπιγνώσεως τοϋ υίοϋ τοϋ θεοϋ,
είς άνδρα τελειον, είς µέτρον ήλιиίας τοϋ πληρώµατος τοϋ Χριστοϋ.
Por isso Paulo escreveu aos Gálatas: "ó filhinhos, por quem outra vez sofro as dores de parto, até que Cristo SE FORME dentro de vós" (GL 4:19) (Тεиνία µου, ούς πάλιν ώδίνω, µέρχις ού µορφωθή Χριστός έν ύµϊ
ν).
Agostinho (Tract. in Joanne, 21, 8) compreendeu bem isto ao escrever: "agradeçamos e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos", (Christus facti sumus); e Metódio de Olimpo ("Banquete das dez virgens", Patrol. Graeca, vol. 18, col. 150) escreveu: "a ekklêsía está grávida e em trabalho de parto até que o Cristo tome forma em nós, até que Cristo nasça em nós, a fim de que cada um dos santos (encarnados) por sua participação com o Cristo, se torne Cristo". Também Cirilo de Jerusalém ("Catechesis mystagogicae" 1. 3. 1 in Patr. Graeca vol. 33, col. 1. 087) asseverou: " Após terdes mergulhado no Cristo e vos terdes revestido do Cristo, fostes colocados em pé de igualdade com o Filho de Deus... pois que entrastes em comunhão com o Cristo, com razão tendes o nome de cristos, isto é, de ungidos".
Todo o que se une ao Cristo, se torna um cristo, participando do Pneuma e da natureza divina (theías koinônoí physeôs) (2. ª Pe. 1:3), pois "Cristo é o Espírito" (2. ª Cor. 3:17) e quem Lhe está unido, tem em si o selo (sphrágis) de Cristo. Na homilia 24,2, sobre 1. ª Cor. 10:16, João Crisóstomo (Patrol.
Graeca vol. 61, col. 200) escreveu: "O pão que partimos não é uma comunhão (com+união, koinônía) ao corpo de Cristo? Porque não disse "participação" (metoché)? Porque quis revelar algo mais, e mostrar uma associação (synápheia) mais íntima. Realmente, estamos unidos (koinônoúmen) não só pela participação (metéchein) e pela recepção (metalambánein), mas também pela UNIFICAÇÃO (enousthai)".
Por isso justifica-se o fragmento de Aristóteles, supra citado, em Sinésio: "os místicos devem não apenas aprender (mathein) mas experimentar" (pathein).
Essa é a razão por que, desde os primeiros séculos do estabelecimento do povo israelita, YHWH, em sua sabedoria, fazia a distinção dos diversos "corpos" da criatura; e no primeiro mandamento revelado a Moisés dizia: " Amarás a Deus de todo o teu coração (kardía), de toda tua alma (psychê), de todo teu intelecto (diánoia), de todas as tuas forças (dynameis)"; kardía é a individualidade, psychê a personagem, dividida em diánoia (intelecto) e dynameis (veículos físicos). (Cfr. LV 19:18; DT 6:5; MT 22:37; MC 12:13; LC 10:27).
A doutrina é uma só em todos os sistemas religiosos pregados pelos Mestres (Enviados e Profetas), embora com o tempo a imperfeição humana os deturpe, pois a personagem é fundamentalmente divisionista e egoísta. Mas sempre chega a ocasião em que a Verdade se restabelece, e então verificamos que todas as revelações são idênticas entre si, em seu conteúdo básico.
ESCOLA INICIÁTICA
Após essa longa digressão a respeito do estudo do "homem" no Novo Testamento, somos ainda obrigados a aprofundar mais o sentido do trecho em que são estipuladas as condições do discipulato.
Há muito desejaríamos ter penetrado neste setor, a fim de poder dar explicação cabal de certas frases e passagens; mas evitamo-lo ao máximo, para não ferir convicções de leitores desacostumados ao assunto.
Diante desse trecho, porém, somos forçados a romper os tabus e a falar abertamente.
Deve ter chamado a atenção de todos os estudiosos perspicazes dos Evangelhos, que Jesus jamais recebeu, dos evangelistas, qualquer título que normalmente seria atribuído a um fundador de religião: Chefe Espiritual, Sacerdote, Guia Espiritual, Pontífice; assim também, aqueles que O seguiam, nunca foram chamados Sequazes, Adeptos, Adoradores, Filiados, nem Fiéis (a não ser nas Epístolas, mas sempre com o sentido de adjetivo: os que mantinham fidelidade a Seus ensinos). Ao contrário disso, os epítetos dados a Jesus foram os de um chefe de escola: MESTRE (Rabbi, Didáskalos, Epistátês) ou de uma autoridade máxima Kyrios (SENHOR dos mistérios). Seus seguidores eram DISCÍPULOS (mathêtês), tudo de acordo com a terminologia típica dos mistérios iniciáticos de Elêusis, Delfos, Crotona, Tebas ou Heliópolis. Após receberem os primeiros graus, os discípulos passaram a ser denominado "emissários" (apóstolos), encarregados de dar a outros as primeiras iniciações.
Além disso, é evidente a preocupação de Jesus de dividir Seus ensinos em dois graus bem distintos: o que era ministrado de público ("a eles só é dado falar em parábolas") e o que era ensinado privadamente aos "escolhidos" ("mas a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus", cfr. MT 13:10-17 ; MC 4:11-12; LC 8:10).
Verificamos, portanto, que Jesus não criou uma "religião", no sentido moderno dessa palavra (conjunto de ritos, dogmas e cultos com sacerdócio hierarquicamente organizado), mas apenas fundou uma ESCOLA INICIÁTICA, na qual preparou e "iniciou" seus DISCÍPULOS, que Ele enviou ("emissários, apóstolos") com a incumbência de "iniciar" outras criaturas. Estas, por sua vez, foram continuando o processo e quando o mundo abriu os olhos e percebeu, estava em grande parte cristianizado. Quando os "homens" o perceberam e estabeleceram a hierarquia e os dogmas, começou a decadência.
A "Escola iniciática" fundada por Jesus foi modelada pela tradição helênica, que colocava como elemento primordial a transmissão viva dos mistérios: e "essa relação entre a parádosis (transmissão) e o mystérion é essencial ao cristianismo", escreveu o monge beneditino D. Odon CaseI (cfr. "Richesse du Mystere du Christ", Les éditions du Cerf. Paris, 1964, pág. 294). Esse autor chega mesmo a afirmar: " O cristianismo não é uma religião nem uma confissão, segundo a acepção moderna dessas palavras" (cfr. "Le Mystere du Culte", ib., pág. 21).
E J. Ranft ("Der Ursprung des Kathoíischen Traditionsprinzips", 1931, citado por D . O. Casel) escreve: " esse contato íntimo (com Cristo) nasce de uma gnose profunda".
Para bem compreender tudo isso, é indispensável uma incursão pelo campo das iniciações, esclarecendo antes alguns termos especializados. Infelizmente teremos que resumir ao máximo, para não prejudicar o andamento da obra. Mas muitos compreenderão.
TERMOS ESPECIAIS
Aiôn (ou eon) - era, época, idade; ou melhor CICLO; cada um dos ciclos evolutivos.
Akoueíu - "ouvir"; akoueín tòn lógon, ouvir o ensino, isto é, receber a revelação dos segredos iniciáticos.
Gnôse - conhecimento espiritual profundo e experimental dos mistérios.
Deíknymi - mostrar; era a explicação prática ou demonstração de objetos ou expressões, que serviam de símbolos, e revelavam significados ocultos.
Dóxa - doutrina; ou melhor, a essência do conhecimento profundo: o brilho; a luz da gnôse; donde "substância divina", e daí a "glória".
Dynamis - força potencial, potência que capacita para o érgon e para a exousía, infundindo o impulso básico de atividade.
Ekklêsía - a comunidade dos "convocados" ou "chamados" (ékklêtos) aos mistérios, os "mystos" que tinham feito ou estavam fazendo o curso da iniciação.
Energeín - agir por dentro ou de dentro (energia), pela atuação da força (dybamis).
Érgon - atividade ou ação; trabalho espiritual realizado pela força (dynamis) da Divindade que habita dentro de cada um e de cada coisa; energia.
Exêgeísthaí - narrar fatos ocultos, revelar (no sentido de "tirar o véu") (cfr. LC 24:35; JO 1:18; AT 10:8:15:12, 14).
Hágios - santo, o que vive no Espírito ou Individualidade; o iniciado (cfr. teleios).
Kyrios - Senhor; o Mestre dos Mistérios; o Mistagogo (professor de mistérios); o Hierofante (o que fala, fans, fantis, coisas santas, hieros); dava-se esse título ao possuidor da dynamis, da exousía e do érgon, com capacidade para transmiti-los.
Exousía - poder, capacidade de realização, ou melhor, autoridade, mas a que provém de dentro, não "dada" de fora.
Leitourgia - Liturgia, serviço do povo: o exercício do culto crístico, na transmissão dos mistérios.
Legómena - palavras reveladoras, ensino oral proferido pelo Mestre, e que se tornava "ensino ouvido" (lógos akoês) pelos discípulos.
Lógos - o "ensino" iniciático, a "palavra" secreta, que dava a chave da interpretação dos mistérios; a" Palavra" (Energia ou Som), segundo aspecto da Divindade.
Monymenta - "monumentos", ou seja, objetos e lembranças, para manter viva a memória.
Mystagogo o Mestre dos Mystérios, o Hierofante.
Mystérion - a ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação; donde, o ensino revelado apenas aos perfeitos (teleios) e santos (hágios), mas que devia permanecer oculto aos profanos.
Oikonomía - economia, dispensação; literalmente "lei da casa"; a vida intima de cada iniciado e sua capacidade na transmissão iniciática a outros, (de modo geral encargo recebido do Mestre).
Orgê - a atividade ou ação sagrada; o "orgasmo" experimentado na união mística: donde "exaltação espiritual" pela manifestação da Divindade (erradamente interpretado como "ira").
Parábola - ensino profundo sob forma de narrativa popular, com o verdadeiro sentido oculto por metáforas e símbolos.
Paradídômi - o mesmo que o latim trádere; transmitir, "entregar", passar adiante o ensino secreto.
Parádosis - transmissão, entrega de conhecimentos e experiências dos ensinos ocultos (o mesmo que o latim tradítio).
Paralambánein - "receber" o ensino secreto, a "palavra ouvida", tornando-se conhecedor dos mistérios e das instruções.
Patheín - experimentar, "sofrer" uma experiência iniciática pessoalmente, dando o passo decisivo para receber o grau e passar adiante.
Plêrôma - plenitude da Divindade na criatura, plenitude de Vida, de conhecimento, etc.
Redençãoa libertação do ciclo de encarnações na matéria (kyklos anánkê) pela união total e definitiva com Deus.
Santo - o mesmo que perfeito ou "iniciado".
Sêmeíon - "sinal" físico de uma ação espiritual, demonstração de conhecimento (gnose), de força (dynamis), de poder (exousía) e de atividade ou ação (érgon); o "sinal" é sempre produzido por um iniciado, e serve de prova de seu grau.
Sophía - a sabedoria obtida pela gnose; o conhecimento proveniente de dentro, das experiências vividas (que não deve confundir-se com a cultura ou erudição do intelecto).
Sphrágis - selo, marca indelével espiritual, recebida pelo espírito, embora invisível na matéria, que assinala a criatura como pertencente a um Senhor ou Mestre.
Symbolos - símbolos ou expressões de coisas secretas, incompreensíveis aos profanos e só percebidas pelos iniciados (pão, vinho, etc.) .
Sótería - "salvação", isto é, a unificação total e definitiva com a Divindade, que se obtém pela "redenção" plena.
Teleíos - o "finalista", o que chegou ao fim de um ciclo, iniciando outro; o iniciado nos mistérios, o perfeito ou santo.
Teleisthai - ser iniciado; palavra do mesmo radical que teleutan, que significa "morrer", e que exprime" finalizar" alguma coisa, terminar um ciclo evolutivo.
Tradítio - transmissão "tradição" no sentido etimológico (trans + dare, dar além passar adiante), o mesmo que o grego parádosis.
TRADIÇÃO
D. Odon Casel (o. c., pág. 289) escreve: "Ranft estudou de modo preciso a noção da tradítio, não só como era praticada entre os judeus, mas também em sua forma bem diferente entre os gregos. Especialmente entre os adeptos dos dosis é a transmissão secreta feita aos "mvstos" da misteriosa sôtería; é a inimistérios, a noção de tradítio (parádosis) tinha grande importância. A paraciação e a incorporação no círculo dos eleitos (eleitos ou "escolhidos"; a cada passo sentimos a confirmação de que Jesus fundou uma "Escola Iniciática", quando emprega os termos privativos das iniciações heléntcas; cfr. " muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos" - MT 22. 14), características das religiões grecoorientais. Tradítio ou parádosis são, pois, palavras que exprimem a iniciação aos mistérios. Tratase, portanto, não de uma iniciação científica, mas religiosa, realizada no culto. Para o "mysto", constitui uma revelação formal, a segurança vivida das realidades sagradas e de uma santa esperança. Graças a tradição, a revelação primitiva passa às gerações ulteriores e é comunicada por ato de iniciação. O mesmo princípio fundamental aplica-se ao cristianismo".
Na página seguinte, o mesmo autor prossegue: "Nos mistérios, quando o Pai Mistagogo comunica ao discípulo o que é necessário ao culto, essa transmissão tem o nome de traditio. E o essencial não é a instrução, mas a contemplação, tal como o conta Apuleio (Metamorphoses, 11, 21-23) ao narrar as experiências culturais do "mysto" Lúcius. Sem dúvida, no início há uma instrução, mas sempre para finalizar numa contemplação, pela qual o discípulo, o "mysto", entra em relação direta com a Divindade.
O mesmo ocorre no cristianismo (pág. 290).
Ouçamos agora as palavras de J. Ranft (o. c., pág. 275): "A parádosis designa a origem divina dos mistérios e a transmissão do conteúdo dos mistérios. Esta, à primeira vista, realiza-se pelo ministério dos homens, mas não é obra de homens; é Deus que ensina. O homem é apenas o intermediário, o Instrumento desse ensino divino. Além disso... desperta o homem interior. Logos é realmente uma palavra intraduzível: designa o próprio conteúdo dos mistérios, a palavra, o discurso, o ENSINO. É a palavra viva, dada por Deus, que enche o âmago do homem".
No Evangelho, a parádosis é constituída pelas palavras ou ensinos (lógoi) de Jesus, mas também simbolicamente pelos fatos narrados, que necessitam de interpretação, que inicialmente era dada, verbalmente, pelos "emissários" e pelos inspirados que os escreveram, com um talento superior de muito ao humano, deixando todos os ensinos profundos "velados", para só serem perfeitamente entendidos pelos que tivessem recebido, nos séculos seguintes, a revelação do sentido oculto, transmitida quer por um iniciado encarnado, quer diretamente manifestada pelo Cristo Interno. Os escritores que conceberam a parádosis no sentido helênico foram, sobretudo, João e Paulo; já os sinópticos a interpretam mais no sentido judaico, excetuando-se, por vezes, o grego Lucas, por sua convivência com Paulo, e os outros, quando reproduziam fielmente as palavras de Jesus.
Se recordarmos os mistérios de Elêusis (palavra que significa "advento, chegada", do verbo eléusomai," chegar"), ou de Delfos (e até mesmo os de Tebas, Ábydos ou Heliópolis), veremos que o Novo Testamento concorda seus termos com os deles. O logos transmitido (paradidômi) por Jesus é recebida (paralambánein) pelos DISCÍPULOS (mathêtês). Só que Jesus apresentou um elemento básico a mais: CRISTO. Leia-se Paulo: "recebi (parélabon) do Kyrios o que vos transmiti (parédote)" (l. ª Cor. 11:23).
O mesmo Paulo, que define a parádosis pagã como "de homens, segundo os elementos do mundo e não segundo Cristo" (CL 2:8), utiliza todas as palavras da iniciação pagã, aplicando-as à iniciação cristã: parádosis, sophía, logo", mystérion, dynamis, érgon, gnose, etc., termos que foram empregados também pelo próprio Jesus: "Nessa hora Jesus fremiu no santo pneuma e disse: abençôo-te, Pai, Senhor do céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e hábeis, e as revelaste aos pequenos, Sim, Pai, assim foi de teu agrado. Tudo me foi transmitido (parédote) por meu Pai. E ninguém tem a gnose do que é o Filho senão o Pai, e ninguém tem a gnose do que é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quer revelar (apokalypsai = tirar o véu). E voltando-se para seus discípulos, disse: felizes os olhos que vêem o que vedes. Pois digo-vos que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis, e não ouviram" (LC 10:21-24). Temos a impressão perfeita que se trata de ver e ouvir os mistérios iniciáticos que Jesus transmitia a seus discípulos.
E João afirma: "ninguém jamais viu Deus. O Filho Unigênito que esta no Pai, esse o revelou (exêgêsato, termo específico da língua dos mistérios)" (JO 1:18).
"PALAVRA OUVIDA"
A transmissão dos conhecimentos, da gnose, compreendia a instrução oral e o testemunhar das revelações secretas da Divindade, fazendo que o iniciado participasse de uma vida nova, em nível superior ( "homem novo" de Paulo), conhecendo doutrinas que deveriam ser fielmente guardadas, com a rigorosa observação do silêncio em relação aos não-iniciados (cfr. "não deis as coisas santas aos cães", MT 7:6).
Daí ser a iniciação uma transmissão ORAL - o LOGOS AKOÊS, ou "palavra ouvida" ou "ensino ouvido" - que não podia ser escrito, a não ser sob o véu espesso de metáforas, enigmas, parábolas e símbolos.
Esse logos não deve ser confundido com o Segundo Aspecto da Divindade (veja vol. 1 e vol. 3).
Aqui logos é "o ensino" (vol. 2 e vol. 3).
O Novo Testamento faz-nos conhecer esse modus operandi: Paulo o diz, numa construção toda especial e retorcida (para não falsear a técnica): "eis por que não cessamos de agradecer (eucharistoúmen) a Deus, porque, recebendo (paralabóntes) o ENSINO OUVIDO (lógon akoês) por nosso intermédio, de Deus, vós o recebestes não como ensino de homens (lógon anthrópôn) mas como ele é verdadeiramente: o ensino de Deus (lógon theou), que age (energeítai) em vós que credes" (l. ª Tess. 2:13).
O papel do "mysto" é ouvir, receber pelo ouvido, o ensino (lógos) e depois experimentar, como o diz Aristóteles, já citado por nós: "não apenas aprender (matheín), mas experimentar" (patheín).
Esse trecho mostra como o método cristão, do verdadeiro e primitivo cristianismo de Jesus e de seus emissários, tinha profunda conexão com os mistérios gregos, de cujos termos específicos e característicos Jesus e seus discípulos se aproveitaram, elevando, porém, a técnica da iniciação à perfeição, à plenitude, à realidade máxima do Cristo Cósmico.
Mas continuemos a expor. Usando, como Jesus, a terminologia típica da parádosis grega, Paulo insiste em que temos que assimilá-la interiormente pela gnose, recebendo a parádosis viva, "não mais de um Jesus de Nazaré histórico, mas do Kyrios, do Cristo ressuscitado, o Cristo Pneumatikós, esse mistério que é o Cristo dentro de vós" (CL 1:27).
Esse ensino oral (lógos akoês) constitui a tradição (traditio ou parádosis), que passa de um iniciado a outro ou é recebido diretamente do "Senhor" (Kyrios), como no caso de Paulo (cfr. GL 1:11): "Eu volo afirmo, meus irmãos, que a Boa-Nova que preguei não foi à maneira humana. Pois não na recebi (parélabon) nem a aprendi de homens, mas por uma revelação (apokálypsis) de Jesus Cristo".
Aos coríntios (l. ª Cor. 2:1-5) escreve Paulo: "Irmãos, quando fui a vós, não fui com o prestígio do lógos nem da sophía, mas vos anunciei o mistério de Deus. Decidi, com efeito, nada saber entre vós sen ão Jesus Cristo, e este crucificado. Fui a vós em fraqueza, em temor, e todo trêmulo, e meu logos e minha pregação não consistiram nos discursos persuasivos da ciência, mas numa manifestação do Esp írito (pneuma) e do poder (dynamis), para que vossa fé não repouse na sabedoria (sophía) dos homens, mas no poder (dynamis) de Deus".
A oposição entre o logos e a sophia profanos - como a entende Aristóteles - era salientada por Paulo, que se referia ao sentido dado a esses termos pelos "mistérios antigos". Salienta que à sophia e ao logos profanos, falta, no dizer dele, a verdadeira dynamis e o pnenma, que constituem o mistério cristão que ele revela: Cristo.
Em vários pontos do Novo Testamento aparece a expressão "ensino ouvido" ou "ouvir o ensino"; por exemplo: MT 7:24, MT 7:26; 10:14; 13:19, 20, 21, 22, 23; 15:12; 19:22; MC 4:14, MC 4:15, MC 4:16, MC 4:17, 18, 19, 20; LC 6:47; LC 8:11, LC 8:12, LC 8:13, LC 8:15; 10:39; 11:28; JO 5:24, JO 5:38; 7:40; 8:43; 14:24; AT 4:4; AT 10:44; AT 13:7; AT 15:7; EF 1:13; 1. ª Tess. 2:13; HB 4:2; 1. ª JO 2:7; Ap. 1:3.
DYNAMIS
Em Paulo, sobretudo, percebemos o sentido exato da palavra dynamis, tão usada nos Evangelhos.
Pneuma, o Espírito (DEUS), é a força Potencial ou Potência Infinita (Dynamis) que, quando age (energeín) se torna o PAI (érgon), a atividade, a ação, a "energia"; e o resultado dessa atividade é o Cristo Cósmico, o Kosmos universal, o Filho, que é Unigênito porque a emissão é única, já que espaço e tempo são criações intelectuais do ser finito: o Infinito é uno, inespacial, atemporal.
Então Dynamis é a essência de Deus o Absoluto, a Força, a Potência Infinita, que tudo permeia, cria e governa, desde os universos incomensuráveis até os sub-átomos infra-microscópicos. Numa palavra: Dynamis é a essência de Deus e, portanto, a essência de tudo.
Ora, o Filho é exatamente o PERMEAADO, ou o UNGIDO (Cristo), por essa Dynamis de Deus e pelo Érgon do Pai. Paulo já o dissera: "Cristo... é a dynamis de Deus e a sophía de Deus (Christòn theou dynamin kaí theou sophían, 1. ª Cor. 1:24). Então, manifesta-se em toda a sua plenitude (cfr. CL 2:9) no homem Jesus, a Dynamis do Pneuma (embora pneuma e dynamis exprimam realmente uma só coisa: Deus): essa dynamis do pneuma, atuando através do Pai (érgon) toma o nome de CRISTO, que se manifestou na pessoa Jesus, para introduzir a humanidade deste planeta no novo eon, já que "ele é a imagem (eikôn) do Deus invisível e o primogênito de toda criação" (CL 1:15).
EON
O novo eon foi inaugurado exatamente pelo Cristo, quando de Sua penetração plena em Jesus. Daí a oposição que tanto aparece no Novo Testamento Entre este eon e o eon futuro (cfr., i. a., MT 12:32;
MC 10:30; LC 16:8; LC 20:34; RM 12:2; 1. ª Cor. 1:20; 2:6-8; 3:18:2. ª Cor. 4:4; EF 2:2-7, etc.) . O eon "atual" e a vida da matéria (personalismo); O eon "vindouro" é a vida do Espírito ó individualidade), mas que começa na Terra, agora (não depois de desencarnados), e que reside no âmago do ser.
Por isso, afirmou Jesus que "o reino dos céus está DENTRO DE VÓS" (LC 17:21), já que reside NO ESPÍRITO. E por isso, zôê aiónios é a VIDA IMANENTE (vol, 2 e vol. 3), porque é a vida ESPIRITUAL, a vida do NOVO EON, que Jesus anunciou que viria no futuro (mas, entenda-se, não no futuro depois da morte, e sim no futuro enquanto encarnados). Nesse novo eon a vida seria a da individualidade, a do Espírito: "o meu reino não é deste mundo" (o físico), lemos em JO 18:36. Mas é NESTE mundo que se manifestará, quando o Espírito superar a matéria, quando a individualidade governar a personagem, quando a mente dirigir o intelecto, quando o DE DENTRO dominar o DE FORA, quando Cristo em nós tiver a supremacia sobre o eu transitório.
A criatura que penetra nesse novo eon recebe o selo (sphrágis) do Cristo do Espírito, selo indelével que o condiciona como ingresso no reino dos céus. Quando fala em eon, o Evangelho quer exprimir um CICLO EVOLUTIVO; na evolução da humanidade, em linhas gerais, podemos considerar o eon do animalismo, o eon da personalidade, o eon da individualidade, etc. O mais elevado eon que conhecemos, o da zôê aiónios (vida imanente) é o da vida espiritual plenamente unificada com Deus (pneuma-dynamis), com o Pai (lógos-érgon), e com o Filho (Cristo-kósmos).
DÓXA
Assim como dynamis é a essência de Deus, assim dóxa (geralmente traduzida por "glória") pode apresentar os sentidos que vimos (vol. 1). Mas observaremos que, na linguagem iniciática dos mistérios, além do sentido de "doutrina" ou de "essência da doutrina", pode assumir o sentido específico de" substância divina". Observe-se esse trecho de Paulo (Filp. 2:11): "Jesus Cristo é o Senhor (Kyrios) na substância (dóxa) de Deus Pai"; e mais (RM 6:4): "o Cristo foi despertado dentre os mortos pela substância (dóxa) do Pai" (isto é, pelo érgon, a energia do Som, a vibração sonora da Palavra).
Nesses passos, traduzir dóxa por glória é ilógico, não faz sentido; também "doutrina" aí não cabe. O sentido é mesmo o de "substância".
Vejamos mais este passo (l. ª Cor. 2:6-16): "Falamos, sim da sabedoria (sophia) entre os perfeitos (teleiois, isto é, iniciados), mas de uma sabedoria que não é deste eon, nem dos príncipes deste eon, que são reduzidos a nada: mas da sabedoria dos mistérios de Deus, que estava oculta, e que antes dos eons Deus destinara como nossa doutrina (dóxa), e que os príncipes deste mundo não reconheceram. De fato, se o tivessem reconhecido, não teriam crucificado o Senhor da Doutrina (Kyrios da dóxa, isto é, o Hierofante ou Mistagogo). Mas como está escrito, (anunciamos) o que o olho não viu e o ouvido não ouviu e o que não subiu sobre o coração do homem, mas o que Deus preparou para os que O amam.
Pois foi a nós que Deus revelou (apekalypsen = tirou o véu) pelo pneuma" (ou seja, pelo Espírito, pelo Cristo Interno).
MISTÉRIO
Mistério é uma palavra que modificou totalmente seu sentido através dos séculos, mesmo dentro de seu próprio campo, o religioso. Chamam hoje "mistério" aquilo que é impossível de compreender, ou o que se ignora irremissivelmente, por ser inacessível à inteligência humana.
Mas originariamente, o mistério apresentava dois sentidos básicos:
1. º - um ensinamento só revelado aos iniciados, e que permanecia secreto para os profanos que não podiam sabê-lo (daí proveio o sentido atual: o que não se pode saber; na antiguidade, não se podia por proibição moral, ao passo que hoje é por incapacidade intelectual);
2. º - a própria ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação completa.
Quando falamos em "mistério", transliterando a palavra usada no Novo Testamento, arriscamo-nos a interpretar mal. Aí, mistério não tem o sentido atual, de "coisa ignorada por incapacidade intelectiva", mas é sempre a "ação divina revelada experimentalmente ao homem" (embora continue inacessível ao não-iniciado ou profano).
O mistério não é uma doutrina: exprime o caráter de revelação direta de Deus a seus buscadores; é uma gnose dos mistérios, que se comunica ao "mysto" (aprendiz de mística). O Hierofante conduz o homem à Divindade (mas apenas o conduz, nada podendo fazer em seu lugar). E se o aprendiz corresponde plenamente e atende a todas as exigências, a Divindade "age" (energeín) internamente, no "Esp írito" (pneuma) do homem. que então desperta (egereín), isto é, "ressurge" para a nova vida (cfr. "eu sou a ressurreição da vida", JO 11:25; e "os que produzirem coisas boas (sairão) para a restauração de vida", isto é, os que conseguirem atingir o ponto desejado serão despertados para a vida do espírito, JO 5-29).
O caminho que leva a esses passos, é o sofrimento, que prepara o homem para uma gnose superior: "por isso - conclui O. Casel - a cruz é para o cristão o caminho que conduz à gnose da glória" (o. c., pág. 300).
Paulo diz francamente que o mistério se resume numa palavra: CRISTO "esse mistério, que é o Cristo", (CL 1:27): e "a fim de que conheçam o mistério de Deus, o Cristo" (CL 2:2).
O mistério opera uma união íntima e física com Deus, a qual realiza uma páscoa (passagem) do atual eon, para o eon espiritual (reino dos céus).
O PROCESSO
O postulante (o que pedia para ser iniciado) devia passar por diversos graus, antes de ser admitido ao pórtico, à "porta" por onde só passavam as ovelhas (símbolo das criaturas mansas; cfr. : "eu sou a porta das ovelhas", JO 10:7). Verificada a aptidão do candidato profano, era ele submetido a um período de "provações", em que se exercitava na ORAÇÃO (ou petição) que dirigia à Divindade, apresentando os desejos ardentes ao coração, "mendigando o Espírito" (cfr. "felizes os mendigos de Espírito" MT 5:3) para a ele unir-se; além disso se preparava com jejuns e alimentação vegetariana para o SACRIF ÍCIO, que consistia em fazer a consagração de si mesmo à Divindade (era a DE + VOTIO, voto a Deus), dispondo-se a desprender-se ao mundo profano.
Chegado a esse ponto, eram iniciados os SETE passos da iniciação. Os três primeiros eram chamado "Mistérios menores"; os quatro últimos, "mistérios maiores". Eram eles:
1 - o MERGULHO e as ABLUÇÕES (em Elêusis havia dois lagos salgados artificiais), que mostravam ao postulante a necessidade primordial e essencial da "catarse" da "psiquê". Os candidatos, desnudos, entravam num desses lagos e mergulhavam, a fim de compreender que era necessário "morrer" às coisas materiais para conseguir a "vida" (cfr. : "se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só; mas se morrer dá muito fruto", JO 12:24). Exprimia a importância do mergulho dentro de si mesmo, superando as dificuldades e vencendo o medo. Ao sair do lago, vestia uma túnica branca e aguardava o segundo passo.
2 - a ACEITAÇÃO de quem havia mergulhado, por parte do Mistagogo, que o confirmava no caminho novo, entre os "capazes". Daí por diante, teria que correr por conta própria todos os riscos inerentes ao curso: só pessoalmente poderia caminhar. Essa confirmação do Mestre simbolizava a "epiphanía" da Divindade, a "descida da graça", e o recem-aceito iniciava nova fase.
3 - a METÂNOIA ou mudança da mente, que vinha após assistir a várias tragédias e dramas de fundo iniciático. Todas ensinavam ao "mysto" novato, que era indispensável, através da dor, modificar seu" modo de pensar" em relação à vida, afastar-se de. todos os vícios e fraquezas do passado, renunciar a prazeres perniciosos e defeitos, tornando-se o mais perfeito (téleios) possível. Era buscada a renovação interna, pelo modo de pensar e de encarar a vida. Grande número dos que começavam a carreira, paravam aí, porque não possuíam a força capaz de operar a transmutação mental. As tentações os empolgavam e novamente se lançavam no mundo profano. No entanto, se dessem provas positivas de modifica ção total, de serem capazes de viver na santidade, resistindo às tentações, podiam continuar a senda.
Havia, então, a "experiência" para provar a realidade da "coragem" do candidato: era introduzido em grutas e câmaras escuras, onde encontrava uma série de engenhos lúgubres e figuras apavorantes, e onde demorava um tempo que parecia interminável. Dali, podia regressar ou prosseguir. Se regressava, saía da fileira; se prosseguia, recebia a recompensa justa: era julgado apto aos "mistérios maiores".
4 - O ENCONTRO e a ILUMINAÇÃO, que ocorria com a volta à luz, no fim da terrível caminhada por entre as trevas. Através de uma porta difícil de ser encontrada, deparava ele campos floridos e perfumados, e neles o Hierofante, em paramentação luxuosa. que os levava a uma refeição simples mas solene constante de pão, mel, castanhas e vinho. Os candidatos eram julgados "transformados", e porSABEDORIA DO EVANGELHO tanto não havia mais as exteriorizações: o segredo era desvelado (apokálypsis), e eles passavam a saber que o mergulho era interno, e que deviam iniciar a meditação e a contemplação diárias para conseguir o "encontro místico" com a Divindade dentro de si. Esses encontros eram de início, raros e breves, mas com o exercício se iam fixando melhor, podendo aspirar ao passo seguinte.
5 - a UNIÃO (não mais apenas o "encontro"), mas união firme e continuada, mesmo durante sua estada entre os profanos. Era simbolizada pelo drama sacro (hierõs gámos) do esponsalício de Zeus e Deméter, do qual nasceria o segundo Dionysos, vencedor da morte. Esse matrimônio simbólico e puro, realizado em exaltação religiosa (orgê) é que foi mal interpretado pelos que não assistiam à sua representação simbólica (os profanos) e que tacharam de "orgias imorais" os mistérios gregos. Essa "união", depois de bem assegurada, quando não mais se arriscava a perdê-la, preparava os melhores para o passo seguinte.
6 - a CONSAGRAÇÃO ou, talvez, a sagração, pela qual era representada a "marcação" do Espírito do iniciado com um "selo" especial da Divindade a quem o "mysto" se consagrava: Apolo, Dyonisos, Isis, Osíris, etc. Era aí que o iniciado obtinha a epoptía, ou "visão direta" da realidade espiritual, a gnose pela vivência da união mística. O epopta era o "vigilante", que o cristianismo denominou "epískopos" ou "inspetor". Realmente epopta é composto de epí ("sobre") e optos ("visível"); e epískopos de epi ("sobre") e skopéô ("ver" ou "observar"). Depois disso, tinha autoridade para ensinar a outros e, achando-se preso à Divindade e às obrigações religiosas, podia dirigir o culto e oficiar a liturgia, e também transmitir as iniciações nos graus menores. Mas faltava o passo decisivo e definitivo, o mais difícil e quase inacessível.
7 - a PLENITUDE da Divindade, quando era conseguida a vivência na "Alma Universal já libertada".
Nos mistérios gregos (em Elêusis) ensinava-se que havia uma Força Absoluta (Deus o "sem nome") que se manifestava através do Logos (a Palavra) Criador, o qual produzia o Filho (Kósmo). Mas o Logos tinha duplo aspecto: o masculino (Zeus) e o feminino (Deméter). Desse casal nascera o Filho, mas também com duplo aspecto: a mente salvadora (Dionysos) e a Alma Universal (Perséfone). Esta, desejando experiências mais fortes, descera à Terra. Mas ao chegar a estes reinos inferiores, tornouse a "Alma Universal" de todas as criaturas, e acabou ficando prisioneira de Plutão (a matéria), que a manteve encarcerada, ministrando-lhe filtros mágicos que a faziam esquecer sua origem divina, embora, no íntimo, sentisse a sede de regressar a seu verdadeiro mundo, mesmo ignorando qual fosse.
Dionysos quis salvá-la, mas foi despedaçado pelos Titãs (a mente fracionada pelo intelecto e estraçalhada pelos desejos). Foi quando surgiu Triptólemo (o tríplice combate das almas que despertam), e com apelos veementes conseguiu despertar Perséfone, revelando lhe sua origem divina, e ao mesmo tempo, com súplicas intensas às Forças Divinas, as comoveu; então Zeus novamente se uniu a Deméter, para fazer renascer Dionysos. Este, assumindo seu papel de "Salvador", desce à Terra, oferecendose em holocausto a Plutão (isto é, encarnando-se na própria matéria) e consegue o resgate de Perséfone, isto é, a libertação da Alma das criaturas do domínio da matéria e sua elevação novamente aos planos divinos. Por esse resumo, verificamos como se tornou fácil a aceitação entre os grego, e romanos da doutrina exposta pelos Emissários de Jesus, um "Filho de Deus" que desceu à Terra para resgatar com sua morte a alma humana.
O iniciado ficava permeado pela Divindade, tornando-se então "adepto" e atingindo o verdadeiro grau de Mestre ou Mistagogo por conhecimento próprio experimental. Já não mais era ele, o homem, que vivia: era "O Senhor", por cujo intermédio operava a Divindade. (Cfr. : "não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim", GL 2:20; e ainda: "para mim, viver é Cristo", Filp. 1:21). A tradição grega conservou os nomes de alguns dos que atingiram esse grau supremo: Orfeu... Pitágoras... Apolônio de Tiana... E bem provavelmente Sócrates (embora Schuré opine que o maior foi Platão).
NO CRISTIANISMO
Todos os termos néo-testamentários e cristãos, dos primórdios, foram tirados dos mistérios gregos: nos mistérios de Elêusis, o iniciado se tornava "membro da família do Deus" (Dionysos), sendo chamado.
então, um "santo" (hágios) ou "perfeito" (téleios). E Paulo escreve: "assim, pois, não sois mais estran geiros nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus. ’ (EF 2:19). Ainda em Elêusis, mostrava-se aos iniciados uma "espiga de trigo", símbolo da vida que eternamente permanece através das encarnações e que, sob a forma de pão, se tornava participante da vida do homem; assim quando o homem se unia a Deus, "se tornava participante da vida divina" (2. ª Pe. 1:4). E Jesus afirmou: " Eu sou o PÃO da Vida" (JO 6. 35).
No entanto ocorreu modificação básica na instituição do Mistério cristão, que Jesus realizou na "última Ceia", na véspera de sua experiência máxima, o páthos ("paixão").
No Cristianismo, a iniciação toma sentido puramente espiritual, no interior da criatura, seguindo mais a Escola de Alexandria. Lendo Filon, compreendemos isso: ele interpreta todo o Antigo Testamento como alegoria da evolução da alma. Cada evangelista expõe a iniciação cristã de acordo com sua própria capacidade evolutiva, sendo que a mais elevada foi, sem dúvida, a de João, saturado da tradição (parádosis) de Alexandria, como pode ver-se não apenas de seu Evangelho, como também de seu Apocalipse.
Além disso, Jesus arrancou a iniciação dos templos, a portas fechadas, e jogou-a dentro dos corações; era a universalização da "salvação" a todos os que QUISESSEM segui-Lo. Qualquer pessoa pode encontrar o caminho (cfr. "Eu sou o Caminho", JO 14:6), porque Ele corporificou os mistérios em Si mesmo, divulgando-lhes os segredos através de Sua vida. Daí em diante, os homens não mais teriam que procurar encontrar um protótipo divino, para a ele conformar-se: todos poderiam descobrir e utir-se diretamente ao Logos que, através do Cristo, em Jesus se manifestara.
Observamos, pois, uma elevação geral de frequência vibratória, de tonus, em todo o processo iniciático dos mistérios.
E os Pais da Igreja - até o século 3. º o cristianismo foi "iniciático", embora depois perdesse o rumo quando se tornou "dogmático" - compreenderam a realidade do mistério cristão, muito superior, espiritualmente, aos anteriores: tornar o homem UM CRISTO, um ungido, um permeado da Divindade.
A ação divina do mistério, por exemplo, é assim descrita por Agostinho: "rendamos graças e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos" (Tract. in Joanne, 21,8); e por Metódio de Olímpio: "a comunidade (a ekklêsía) está grávida e em trabalho de parto, até que o Cristo tenha tomado forma em nós; até que o Cristo nasça em nós, para que cada um dos santos, por sua participação ao Cristo, se torne o cristo" (Patrol. Graeca, vol. 18, ccl. 150).
Temos que tornar-nos cristos, recebendo a última unção, conformando-nos com Ele em nosso próprio ser, já que "a redenção tem que realizar-se EM NÓS" (O. Casel, o. c., pág. 29), porque "o único e verdadeiro holocausto é o que o homem faz de si mesmo".
Cirilo de Jerusalém diz: "Já que entrastes em comunhão com o Cristo com razão sois chamados cristos, isto é, ungidos" (Catechesis Mystagogicae, 3,1; Patrol. Graeca,, 01. 33, col. 1087).
Essa transformação, em que o homem recebe Deus e Nele se transmuda, torna-o membro vivo do Cristo: "aos que O receberam, deu o poder de tornar-se Filhos de Deus" (JO 1:12).
Isso fez que Jesus - ensina-nos o Novo Testamento - que era "sacerdote da ordem de Melquisedec (HB 5:6 e HB 7:17) chegasse, após sua encarnação e todos os passos iniciáticos que QUIS dar, chegasse ao grau máximo de "pontífice da ordem de Melquisedec" (HB 5:10 e HB 6:20), para todo o planeta Terra.
CRISTO, portanto, é o mistério de Deus, o Senhor, o ápice da iniciação a experiência pessoal da Divindade.
através do santo ensino (hierôs lógos), que vem dos "deuses" (Espíritos Superiores), comunicado ao místico. No cristianismo, os emissários ("apóstolos") receberam do Grande Hierofante Jesus (o qual o recebeu do Pai, com Quem era UNO) a iniciação completa. Foi uma verdadeira "transmiss ão" (traditio, parádosis), apoiada na gnose: um despertar do Espírito que vive e experimenta a Verdade, visando ao que diz Paulo: "admoestando todo homem e ensinando todo homem, em toda sabedoria (sophía), para que apresentem todo homem perfeito (téleion, iniciado) em Cristo, para o que eu também me esforço (agõnizómenos) segundo a ação dele (energeían autou), que age (energouménen) em mim, em força (en dynámei)". CL 1:28-29.
Em toda essa iniciação, além disso, precisamos não perder de vista o "enthousiasmós" (como era chamado o "transe" místico entre os gregos) e que foi mesmo sentido pelos hebreus, sobretudo nas" Escolas de Profetas" em que eles se iniciavam (profetas significa "médiuns"); mas há muito se havia perdido esse "entusiasmo", por causa da frieza intelectual da interpretação literal das Escrituras pelos Escribas.
Profeta, em hebraico, é NaVY", de raiz desconhecida, que o Rabino Meyer Sal ("Les Tables de la Loi", éd. La Colombe, Paris, 1962, pág. 216/218) sugere ter sido a sigla das "Escolas de Profetas" (escolas de iniciação, de que havia uma em Belém, de onde saiu David). Cada letra designaria um setor de estudo: N (nun) seriam os sacerdotes (terapeutas do psicossoma), oradores, pensadores, filósofos;
V (beth) os iniciados nos segredos das construções dos templos ("maçons" ou pedreiros), arquitetos, etc. ; Y (yod) os "ativos", isto é, os dirigentes e políticos, os "profetas de ação"; (aleph), que exprime "Planificação", os matemáticos, geômetras, astrônomos, etc.
Isso explica, em grande parte, porque os gregos e romanos aceitaram muito mais facilmente o cristianismo, do que os judeus, que se limitavam a uma tradição que consistia na repetição literal decorada dos ensinos dos professores, num esforço de memória que não chegava ao coração, e que não visavam mais a qualquer experiência mística.
TEXTOS DO N. T.
O termo mystérion aparece várias vezes no Novo Testamento.
A - Nos Evangelhos, apenas num episódio, quando Jesus diz a Seus discípulos: "a vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus" (MT 13:11; MC 4:11; LC 8:10).
B - Por Paulo em diversas epístolas: RM 11:25 - "Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério... o endurecimento de Israel, até que hajam entrado todos os gentios".
Rom. 16:15 - "conforme a revelação do mistério oculto durante os eons temporais (terrenos) e agora manifestados".
1. ª Cor. 2:1 "quando fui ter convosco... anunciando-vos o mistério de Deus".
1. ª Cor. 2:4-7 - "meu ensino (logos) e minha pregação não foram em palavras persuasivas, mas em demonstração (apodeíxei) do pneúmatos e da dynámeôs, para que vossa fé não se fundamente na sophía dos homens, mas na dynámei de Deus. Mas falamos a sophia nos perfeitos (teleiois, iniciados), porém não a sophia deste eon, que chega ao fim; mas falamos a sophia de Deus em mistério, a que esteve oculta, a qual Deus antes dos eons determinou para nossa doutrina". 1. ª Cor. 4:1 - "assim considerem-nos os homens assistentes (hypêrétas) ecônomos (distribuidores, dispensadores) dos mistérios de Deus".
1. ª Cor. 13:2 - "se eu tiver mediunidade (prophéteía) e conhecer todos os mistérios de toda a gnose, e se tiver toda a fé até para transportar montanhas, mas não tiver amor (agápé), nada sou". l. ª Cor. 14:2 - "quem fala em língua (estranha) não fala a homens, mas a Deus, pois ninguém o ouve, mas em espírito fala mistérios". 1. ª Cor. 15:51 - "Atenção! Eu vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados".
EF 1:9 - "tendo-nos feito conhecido o mistério de sua vontade"
EF 3:4 - "segundo me foi manifestado para vós, segundo a revelação que ele me fez conhecer o mistério (como antes vos escrevi brevemente), pelo qual podeis perceber, lendo, minha compreensão no mistério do Cristo".
EF 3:9 - "e iluminar a todos qual a dispensação (oikonomía) do mistério oculto desde os eons, em Deus, que criou tudo".
EF 5:32 - "este mistério é grande: mas eu falo a respeito do Cristo e da ekklésia.
EF 9:19 - "(suplica) por mim, para que me possa ser dado o logos ao abrir minha boca para, em público, fazer conhecer o mistério da boa-nova".
CL 1:24-27 - "agora alegro-me nas experimentações (Pathêmasin) sobre vós e completo o que falta das pressões do Cristo em minha carne, sobre o corpo dele que é a ekklêsía, da qual me tornei servidor, segundo a dispensação (oikonomía) de Deus, que me foi dada para vós, para plenificar o logos de Deus, o mistério oculto nos eons e nas gerações, mas agora manifestado a seus santos (hagioi, iniciados), a quem aprouve a Deus fazer conhecer a riqueza da doutrina (dóxês; ou "da substância") deste mistério nas nações, que é CRISTO EM VÓS, esperança da doutrina (dóxês)".
CL 2:2-3 - "para que sejam consolados seus corações, unificados em amor, para todas as riquezas da plena convicção da compreensão, para a exata gnose (epígnôsin) do mistério de Deus (Cristo), no qual estão ocultos todos os tesouros da sophía e da gnose".
CL 4:3 - "orando ao mesmo tempo também por nós, para que Deus abra a porta do logos para falar o mistério do Cristo, pelo qual estou em cadeias".
2. ª Tess. 2:7 - "pois agora já age o mistério da iniquidade, até que o que o mantém esteja fora do caminho".
1. ª Tim. 3:9 - "(os servidores), conservando o mistério da fé em consciência pura".
1. ª Tim. 2:16 - "sem dúvida é grande o mistério da piedade (eusebeías)".
No Apocalipse (1:20; 10:7 e 17:5, 7) aparece quatro vezes a palavra, quando se revela ao vidente o sentido do que fora dito.
CULTO CRISTÃO
Depois de tudo o que vimos, torna-se evidente que não foi o culto judaico que passou ao cristianismo primitivo. Comparemos: A luxuosa arquitetura suntuosa do Templo grandioso de Jerusalém, com altares maciços a escorrer o sangue quente das vítimas; o cheiro acre da carne queimada dos holocaustos, a misturar-se com o odor do incenso, sombreando com a fumaça espessa o interior repleto; em redor dos altares, em grande número, os sacerdotes a acotovelar-se, munidos cada um de seu machado, que brandiam sem piedade na matança dos animais que berravam, mugiam dolorosamente ou balavam tristemente; o coro a entoar salmos e hinos a todo pulmão, para tentar superar a gritaria do povo e os pregões dos vendedores no ádrio: assim se realizava o culto ao "Deus dos judeus".
Em contraste, no cristianismo nascente, nada disso havia: nem templo, nem altares, nem matanças; modestas reuniões em casas de família, com alguns amigos; todos sentados em torno de mesa simples, sobre a qual se via o pão humilde e copos com o vinho comum. Limitava-se o culto à prece, ao recebimento de mensagens de espíritos, quando havia "profetas" na comunidade, ao ensino dos "emissários", dos "mais velhos" ou dos "inspetores", e à ingestão do pão e do vinho, "em memória da última ceia de Jesus". Era uma ceia que recebera o significativo nome de "amor" (ágape).
Nesse repasto residia a realização do supremo mistério cristão, bem aceito pelos gregos e romanos, acostumados a ver e compreender a transmissão da vida divina, por meio de símbolos religiosos. Os iniciados "pagãos" eram muito mais numerosos do que se possa hoje supor, e todos se sentiam membros do grande Kósmos, pois, como o diz Lucas, acreditavam que "todos os homens eram objeto da benevolência de Deus" (LC 2:14).
Mas, ao difundir-se entre o grande número e com o passar dos tempos, tudo isso se foi enfraquecendo e seguiu o mesmo caminho antes experimentado pelo judaísmo; a força mística, só atingida mais tarde por alguns de seus expoentes, perdeu-se, e o cristianismo "foi incapaz - no dizer de O. Casel - de manterse na continuação, nesse nível pneumático" (o. c. pág. 305). A força da "tradição" humana, embora condenada com veemência por Jesus (cfr. MT 15:1-11 e MT 16:5-12; e MC 7:1-16 e MC 8:14-11; veja atrás), fez-se valer, ameaçando as instituições religiosas que colocam doutrinas humanas ao lado e até acima dos preceitos divinos, dando mais importância às suas vaidosas criações. E D. Odon Casel lamenta: " pode fazer-se a mesma observação na história da liturgia" (o. c., pág. 298). E, entristecido, assevera ainda: "Verificamos igualmente que a concepção cristã mais profunda foi, sob muitos aspectos, preparada muito melhor pelo helenismo que pelo judaísmo. Lamentavelmente a teologia moderna tende a aproximar-se de novo da concepção judaica de tradição, vendo nela, de fato, uma simples transmiss ão de conhecimento, enquanto a verdadeira traditio, apoiada na gnose, é um despertar do espírito que VIVE e EXPERIMENTA a Verdade" (o. c., pág. 299).
OS SACRAMENTOS
O termo latino que traduz a palavra mystérion é sacramentum. Inicialmente conservou o mesmo sentido, mas depois perdeu-os, para transformar-se em "sinal visível de uma ação espiritual invisível".
No entanto, o estabelecimento pelas primeiras comunidades cristãs dos "sacramentos" primitivos, perdura até hoje, embora tendo perdido o sentido simbólico inicial.
Com efeito, a sucessão dos "sacramentos" revela exatamente, no cristianismo, os mesmos passos vividos nos mistérios grego. Vejamos:
1- o MERGULHO (denominado em grego batismo), que era a penetração do catecúmeno em seu eu interno. Simbolizava-se na desnudação ao pretendente, que largava todas as vestes e mergulhava totalmente na água: renunciava de modo absoluto as posses (pompas) exteriores e aos próprios veículos físicos, "vestes" do Espírito, e mergulhava na água, como se tivesse "morrido", para fazer a" catarse" (purificação) de todo o passado. Terminado o mergulho, não era mais o catecúmeno, o profano. Cirilo de Jerusalém escreveu: "no batismo o catecúmeno tinha que ficar totalmente nu, como Deus criou o primeiro Adão, e como morreu o segundo Adão na cruz" (Catechesis Mistagogicae,
2. 2). Ao sair da água, recebia uma túnica branca: ingressava oficialmente na comunidade (ekklêsía), e então passava a receber a segunda parte das instruções. Na vida interna, após o "mergulho" no próprio íntimo, aguardava o segundo passo.
2- a CONFIRMAÇÃO, que interiormente era dada pela descida da "graça" da Força Divina, pela" epifanía" (manifestação), em que o novo membro da ekklêsía se sentia "confirmado" no acerto de sua busca. Entrando em si mesmo a "graça" responde ao apelo: "se alguém me ama, meu Pai o amará, e NÓS viremos a ele e permaneceremos nele" (JO 14:23). O mesmo discípulo escreve em sua epístola: "a Vida manifestou-se, e a vimos, e damos testemunho. e vos anunciamos a Vida Imanente (ou a Vida do Novo Eon), que estava no Pai e nos foi manifestada" (l. ª JO 1:2).
3- a METÁNOIA (modernamente chamada "penitência") era então o terceiro passo. O aprendiz se exercitava na modificação da mentalidade, subsequente ao primeiro contato que tinha tido com a Divindade em si mesmo. Depois de "sentir" em si a força da Vida Divina, há maior compreensão; os pensamentos sobem de nível; torna-se mais fácil e quase automático o discernimento (krísis) entre certo e errado, bem e mal, e portanto a escolha do caminho certo. Essa metánoia é ajudada pelos iniciados de graus mais elevados, que lhe explicam as leis de causa e efeito e outras.
4- a EUCARISTIA é o quarto passo, simbolizando por meio da ingestão do pão e do vinho, a união com o Cristo. Quem mergulhou no íntimo, quem recebeu a confirmação da graça e modificou seu modo de pensar, rapidamenle caminha para o encontro definitivo com o Mestre interno, o Cristo.
Passa a alimentar-se diretamente de seus ensinos, sem mais necessidade de intermediários: alimentase, nutre-se do próprio Cristo, bebe-Lhe as inspirações: "se não comeis a carne do Filho do Homem e não bebeis seu sangue, não tendes a vida em vós. Quem saboreia minha carne e bebe meu sangue tem a Vida Imanente, porque minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é
verdadeiramente bebida. Quem come minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (JO 6:53 ss).
5- MATRIMÔNIO é o resultado do encontro realizado no passo anterior: e o casamento, a FUSÃO, a união entre a criatura e o Criador, entre o iniciado e Cristo: "esse mistério é grande, quero dizê-lo em relação ao Cristo e à ekklêsia", escreveu Paulo, quando falava do "matrimônio" (EF 5:32). E aqueles que são profanos, que não têm essa união com o Cristo, mas antes se unem ao mundo e a suas ilusões, são chamados "adúlteros" (cfr. vol. 2). E todos os místicos, unanimemente, comparam a união mística com o Cristo ti uma união dos sexos no casamento.
6- a ORDEM é o passo seguinte. Conseguida a união mística a criatura recebe da Divindade a consagra ção, ou melhor, a "sagração", o "sacerdócio" (sacer "sagrado", dos, dotis, "dote"), o "dote sagrado" na distribuição das graças o quinhão especial de deveres e obrigações para com o "rebanho" que o cerca. No judaísmo, o sacerdote era o homem encarregado de sacrificar ritualmente os animais, de examinar as vítimas, de oferecer os holocaustos e de receber as oferendas dirigindo o culto litúrgico. Mais tarde, entre os profanos sempre, passou a ser considerado o "intemediário" entre o homem e o Deus "externo". Nessa oportunidade, surge no Espírito a "marca" indelével, o selo (sphrágis) do Cristo, que jamais se apaga, por todas as vidas que porventura ainda tenha que viver: a união com essa Força Cósmica, de fato, modifica até o âmago, muda a frequência vibratória, imprime novas características e a leva, quase sempre, ao supremo ponto, à Dor-Sacrifício-Amor.
7- a EXTREMA UNÇÃO ("extrema" porque é o último passo, não porque deva ser dada apenas aos moribundos) é a chave final, o último degrau, no qual o homem se torna "cristificado", totalmente ungido pela Divindade, tornando-se realmente um "cristo".
Que esses sacramentos existiram desde os primeiros tempos do cristianismo, não há dúvida. Mas que não figuram nos Evangelhos, também é certo. A conclusão a tirar-se, é que todos eles foram comunicados oralmente pela traditio ou transmissão de conhecimentos secretos. Depois na continuação, foram permanecendo os ritos externos e a fé num resultado interno espiritual, mas já não com o sentido primitivo da iniciação, que acabamos de ver.
Após este escorço rápido, cremos que a afirmativa inicial se vê fortalecida e comprovada: realmente Jesus fundou uma "ESCOLA INICIÁTICA", e a expressão "logos akoês" (ensino ouvido), como outras que ainda aparecerão, precisam ser explicadas à luz desse conhecimento.
Neste sentido que acabamos de estudar, compreendemos melhor o alcance profundo que tiveram as palavras do Mestre, ao estabelecer as condições do discipulato.
Não podemos deixar de reconhecer que a interpretação dada a Suas palavras é verdadeira e real.
Mas há "mais alguma coisa" além daquilo.
Trata-se das condições exigidas para que um pretendente possa ser admitido na Escola Iniciática na qualidade de DISCÍPULO. Não basta que seja BOM (justo) nem que possua qualidades psíquicas (PROFETA). Não é suficiente um desejo: é mistér QUERER com vontade férrea, porque as provas a que tem que submeter-se são duras e nem todos as suportam.
Para ingressar no caminho das iniciações (e observamos que Jesus levava para as provas apenas três, dentre os doze: Pedro, Tiago e João) o discípulo terá que ser digno SEGUIDOR dos passos do Mestre.
Seguidor DE FATO, não de palavras. E para isso, precisará RENUNCIAR a tudo: dinheiro, bens, família, parentesco, pais, filhos, cônjuges, empregos, e inclusive a si mesmo: à sua vontade, a seu intelecto, a seus conhecimentos do passado, a sua cultura, a suas emoções.
A mais, devia prontificar-se a passar pelas experiências e provações dolorosas, simbolizadas, nas iniciações, pela CRUZ, a mais árdua de todas elas: o suportar com alegria a encarnação, o mergulho pesado no escafandro da carne.
E, enquanto carregava essa cruz, precisava ACOMPANHAR o Mestre, passo a passo, não apenas nos caminhos do mundo, mas nos caminhos do Espírito, difíceis e cheios de dores, estreitos e ladeados de espinhos, íngremes e calçados de pedras pontiagudas.
Não era só. E o que se acrescenta, de forma enigmática em outros planos, torna-se claro no terreno dos mistérios iniciáticos, que existiam dos discípulos A MORTE À VIDA DO FÍSICO. Então compreendemos: quem tiver medo de arriscar-se, e quiser "preservar" ou "salvar" sua alma (isto é, sua vida na matéria), esse a perderá, não só porque não receberá o grau a que aspira, como ainda porque, na condição concreta de encarnado, talvez chegue a perder a vida física, arriscada na prova. O medo não o deixará RESSUSCITAR, depois da morte aparente mas dolorosa, e seu espírito se verá envolvido na conturbação espessa e dementada do plano astral, dos "infernos" (ou umbral) a que terá que descer.
No entanto, aquele que intimorato e convicto da realidade, perder, sua alma, (isto é, "entregar" sua vida do físico) à morte aparente, embora dolorosa, esse a encontrará ou a salvará, escapando das injunções emotivas do astral, e será declarado APTO a receber o grau seguinte que ardentemente ele deseja.
Que adianta, com efeito, a um homem que busca o Espírito, se ganhar o mundo inteiro, ao invés de atingir a SABEDORIA que é seu ideal? Que existirá no mundo, que possa valer a GNOSE dos mistérios, a SALVAÇÃO da alma, a LIBERTAÇÃO das encarnações tristes e cansativas?
Nos trabalhos iniciáticos, o itinerante ou peregrino encontrará o FILHO DO HOMEM na "glória" do Pai, em sua própria "glória", na "glória" de Seus Santos Mensageiros. Estarão reunidos em Espírito, num mesmo plano vibratório mental (dos sem-forma) os antigos Mestres da Sabedoria, Mensageiros da Palavra Divina, Manifestantes da Luz, Irradiadores da Energia, Distribuidores do Som, Focos do Amor.
Mas, nos "mistérios", há ocasiões em que os "iniciantes", também chamados mystos, precisam dar testemunhos públicos de sua qualidade, sem dizerem que possuem essa qualidade. Então está dado o aviso: se nessas oportunidades de "confissão aberta" o discípulo "se envergonhar" do Mestre, e por causa de "respeitos humanos" não realizar o que deve, não se comportar como é da lei, nesses casos, o Senhor dos Mistérios, o Filho do Homem, também se envergonhará dele, considerá-lo-á inepto, incapaz para receber a consagração; não mais o reconhecerá como discípulo seu. Tudo, portanto, dependerá de seu comportamento diante das provas árduas e cruentas a que terá que submeter-se, em que sua própria vida física correrá risco.
Observe-se o que foi dito: "morrer" (teleutan) e "ser iniciado" (teleusthai) são verbos formados do mesmo radical: tele, que significa FIM. Só quem chegar AO FIM, será considerado APTO ou ADEPTO (formado de AD = "para", e APTUM = "apto").
Nesse mesmo sentido entendemos o último versículo: alguns dos aqui presentes (não todos) conseguirão certamente finalizar o ciclo iniciático, podendo entrar no novo EON, no "reino dos céus", antes de experimentar a morte física. Antes disso, eles descobrirão o Filho do Homem em si mesmos, com toda a sua Dynamis, e então poderão dizer, como Paulo disse: "Combati o bom combate, terminei a carreira, mantive a fidelidade: já me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia - e não só a mim, como a todos os que amaram sua manifestação" (2. ª Tim. 4:7-8).
Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.
Comentários Bíblicos
Beacon
- Com o Mundo
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez (3; cf. Sl
- Com a Vida e a Luz
Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens (4). Aqui, o Verbo é visto como a Fonte da vida. A vida biológica vem dele, com certeza, mas há mais. Regularmente usada neste Evangelho, a palavra vida (zoe, 36 vezes; nunca bios, vida biológica) se refere à vida "do alto" (3.3), à "vida eterna" (3:15-16; 20.31), à vida abundante (10.10). Como Ele é a Fonte de toda a vida, também é Ele a Fonte de toda a luz. A primeira criação do Verbo divino foi a luz (Gn
- Com o Homem
E a vida era a luz dos homens (4). O Verbo é a Revelação pessoal de Deus aos homens. É pessoal porque procede de Deus e é direcionada aos homens. O Verbo é "a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo" (1.9).
- Com as Trevas
E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam (5). O Verbo eterno, em figuras de luz e vida, veio aos homens que estão em trevas e morte. Por todo o quarto Evangelho, estão os retratos da conseqüente luta entre a Luz e as trevas, geralmente coroados de vitória pela Luz, mas às vezes não. Jesus deu vista (luz) a um homem cego de nascença (cap. 9). Ele trouxe Lázaro do túmulo, da morte e das trevas (cap. 11). Mas um que estava próximo a Ele, Judas 1scariotes, entrou na noite de trevas eternas (13.30). A palavra traduzida como compreenderam, significando "entender", também significa "vencer". Embora João pudesse ter em mente ambos os significados, o segundo, juntamente com o tempo aoristo5 do verbo, é a promessa da vitória definitiva e final para a luz, e para tudo aquilo que ela representa.
- JOÃO BATISTA E A Luz, 1:6-8.
Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio para testemunho para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas veio para que testificasse da luz (6-8). João Batista é apresenta-do no início da história. Em seu recital do Hino Logos, na citação da Luz, o autor quer que fique claramente entendido que João Batista não é a Luz. Então, como será visto mais tarde, o escritor João foi um discípulo de João Batista, antes de deixá-lo para seguir a Jesus. Conseqüentemente, estando próximo a João Batista, ele conhecia bem o relaci-onamento mantido entre João Batista e Jesus.
O autor é cuidadoso em sua escolha de um verbo para descrever a vinda de João. Houve um homem significa literalmente "veio a existir (ou apareceu na história) um homem". A sua "vinda" não deve ser confundida com o "ser" do Verbo eterno (1.1).
João Batista representava para a antiga ordem um profeta e sacerdote (Mt
- O VERBO ENTRE OS HOMENS, 1:9-13
Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo (9). Isaías, o profeta, clamou, "Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do SENHOR vai nascendo sobre ti" (60.1). A profecia é cumprida; veio a verdadei-ra Luz. Cristo é a Luz. O significado de verdadeira precisa de esclarecimento. Dizer que Cristo é a Luz verdadeira sugere que todas as outras luzes são enganadoras ou falsas. Mas isto não é o que João está dizendo. Antes, Cristo é a Luz real, perfeita e genuína. As outras, por comparação (e.g., João Batista), são imperfeitas, são sombras, ou não têm essência. Entretanto, embora não sejam a luz verdadeira, não são falsas.'
O Evangelho de João tem sido freqüentemente chamado de Evangelho Universal, e assim ele é. Aqui, o autor escreve que o Logos, o Cristo, é a Luz... que alumia a todo homem que vem ao mundo.
Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam (10-11). Em um estilo majestoso, porém usando uma linguagem mais simples, João retrata o fato, o propósito e o resultado da Encarnação. O fato: Ele estava no mundo, um mundo e um povo de sua própria cria-ção. O propósito: Ele veio para o que era seu. Mas o resultado, a resposta do homem à ação de Deus em relação ao próprio homem, foi o fracasso em conhecê-lo, a recusa em recebê-lo. O propósito de Deus e a recusa do homem são colocados aqui em um vívido contraste. Uma tradução literal seria a seguinte: "Ele veio para as suas próprias coisas, e o seu próprio povo não o recebeu". Não foi o mundo natural que recusou aceitá-lo. A recusa e a rebeldia vieram dos corações dos homens. João usa a palavra "conhecer" para abraçar mais do que um entendimento intelectual. "O fracasso em conhecer a Deus é um fracasso sobre um plano ético. É a rejeição voluntária de Deus, e o repúdio à sua justi-ça".' Sem dúvida, a rejeição completa — da melhor e mais elevada revelação de Deus -foi demonstrada pelos líderes de Israel, geralmente descritos por João como "os judeus".8
Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus (12-13).
Embora muitos tenham rejeitado a Luz resplandecente, a revelação pessoal de Deus, muitos a receberam. A palavra traduzida como poder (ou, melhor, "direito") "não descre-ve uma mera capacidade, mas uma autoridade legítima e por direito, derivada de uma fonte competente que inclui a idéia do poder" (cf. Jo
Há apenas uma maneira de se tornar filho de Deus, que é ser gerado "de Deus". Nem mesmo ser o ancestral humano mais ilustre e religioso é suficiente para se fazer parte da família de Deus. A mulher samaritana (Jo
Um sermão intitulado "A Verdadeira Luz", descrevendo a missão do Verbo vivo po-deria ser construído em torno destes pontos: 1. O Verbo é vida (4) ; 2. O Verbo vence tudo (5) ; 3. O Verbo é Deus entre os homens (1,14).
D. A ENCARNAÇÃO, 1:14-18
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade (14). Westcotti° destaca as quatro partes essenciais desta grande declaração.
1. A Natureza da Encarnação
O Verbo se fez carne. O termo aqui traduzido como se fez na verdade significa "tornou-se" (cf. Jo
Falando ao mundo grego de seus dias, João disse nos melhores termos possíveis que "o Logos da filosofia é o Jesus da história"» Além disso, os gnósticos docéticos daquela época afirmavam que não houve uma encarnação real — pensavam que o corpo de Jesus fosse apenas uma "semelhança". Para eles, Cristo era, no máximo, uma teofania — uma aparição de Deus em forma humana. Alegavam que o Verbo nunca se tornou carne, real-mente. Em oposição, João fez uma declaração simples, direta e poderosa: O Verbo se fez carne (cf. 1 Jo
O Verbo se fez carne — uma linguagem perigosa quando separada de seu con-texto no quarto Evangelho, pois o autor não quer dizer que o Espírito se transfor-mou em carne e, portanto, tornou-se inútil, ou que o Espírito ou o Verbo de Deus tornou-se algo visível ao olhar histórico. Ele, porém, quer dizer que a carne de Jesus é o lugar onde os homens creram e descreram, e ainda o fazem; onde a divisão entre aqueles que crêem e aqueles que não crêem torna-se uma divisão definitiva entre os filhos de Deus e os filhos do Diabo. Qualquer distinção relativa entre a fé e a des-crença é impensável.'
A natureza da Encarnação, como aqui apresentada, esclarece vários pontos. De acordo com Westcott:
a. A humanidade do Senhor era completa... (O Verbo se fez carne, e não um corpo ou coisa semelhante.) ; b. Ahumanidade do Senhor era real e permanente... (O Verbo se fez carne, e não se revestiu de carne) ; c. As naturezas humana e divina do Senhor permaneceram sem mudanças, cada uma delas cumprindo o seu papel de acordo com as suas próprias leis... (O Verbo se fez carne, ambos os termos são pre-servados lado a lado.) ; d. A humanidade do Senhor era universal e não individual, incluindo tudo o que pertence à essência do homem, sem levar em consideração sexo, raça ou tempo (O Verbo se fez carne e não um homem.) ; e. As naturezas huma-na e divina'clo Senhor estavam unidas em uma única pessoa...; f. O Verbo não ad-quiriu personalidade através da Encarnação.'
A. T. Robertson argumenta que a declaração O Verbo se fez carne é uma alusão à concepção virginal. Ele faz a pergunta retórica: "Que significado inteligente pode-se dar à linguagem de João, aqui, separado da concepção virginal? Que mãe ou pai comum fala de um filho 'tornando-se carne'?""
- A Vida Histórica do Verbo Encarnado (1.
- 14b)
Ele habitou entre nós. A temporalidade da Encarnação é mostrada na figura de uma tenda para habitação temporária. João escreveu literalmente: "O Verbo levantou um tabernáculo ou uma tenda entre nós". A historicidade da Encarnação é certificada no lugar da habitação — entre nós (cf. Si 85:9-10).
- Testemunho Pessoal da Vida Humana-Divina (1.
- 14c)
Vimos a sua glória. Talvez o melhor comentário sobre isto seja feito pelo pró-prio João em sua primeira epístola: "O que era desde o princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida" (1.1). A oração "o que temos contemplado" é exatamente a mesma forma usada em 1.14 para vimos. Este é o aoristo histórico e se refere a um momento definido no passado. O que estas testemunhas apostólicas contemplaram foi a sua glória. João "fala por aqueles que têm fé e, portanto, visão"." Eles viram a manifestação da pre-sença e do poder de Deus operando entre eles. Esta manifestação estava presente em toda a vida, obra, morte e ressurreição de Jesus. Seus discípulos viram a sua glória e creram nele (Jo
4. O Verbo Encarnado como o Revelador de Deus (1.14d-18)
Uma palavra precisa ser dita sobre a frase o Unigênito do Pai. Comparada a Colossenses
A palavra graça só aparece aqui e em 1:16-17. É a graça que Ele veio dar aos homens. E todos nós recebemos também da sua plenitude, com graça sobre graça (16). A palavra que acompanha graça é verdade (17), e a verdade é o caráter essencial do Verbo. Esta é a verdade no sentido filosófico da realidade, no sentido ético da santidade, e no sentido moral do amor. Jesus disse a respeito de si mesmo: "Eu sou... a verdade" (14.6).
O versículo 15 é uma reiteração a respeito de João Batista. Em 1.7 ele testificou da Luz; aqui, ele testifica ou faz uma afirmação que anuncia a vinda de Cristo, enquanto afirma a sua existência eterna. João testificou dele e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: o que vem depois de mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.
A idéia de abundância do rico depósito da graça infinita de Deus é proeminente em João. A linha de ação é definida aqui no prólogo. E todos nós recebemos também da sua plenitude, com graça sobre graça (16). Esta idéia de abundância ocorre repeti-damente nas palavras e nas obras de Jesus. Em Caná da Galiléia, havia abundância do melhor vinho (2.10). Ele deu à mulher samaritana "uma fonte de água a jorrar para a vida eterna" (4.14). Para a multidão faminta, havia mais do que o suficiente (6.13). Para a alma sedenta, Ele prometeu não só o suficiente para satisfazer, mas um transborda-mento de "rios de água viva" (7.38). A vida abundante para os verdadeiros crentes se tornou possível pela entrada de Jesus no mundo (10.10). João não só exibe um evangelho que é universal no sentido explícito (i.e., um evangelho para "todo aquele que quiser"), como também em um sentido implícito. Todas as áreas da vida do homem de fé são permeadas pela graça abundante de Deus.
A expressão graça sobre graça é literalmente "graça tomando o lugar da graça". Robertson observa que ela é "como o maná fresco a cada manhã, a nova graça para o novo dia, e para o novo serviço"."
Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo (17). Este contraste vívido proporciona simultaneamente: (a) um plano para a organização dos materiais no quarto Evangelho; e (b) o cenário para o conflito e a controvérsia que culminaram na cruz.
A organização dos materiais no Evangelho de João mostra que a revelação através do Verbo é superior à da lei, e que somente em Jesus Cristo a lei encontra o seu cumpri-mento completo (Ele veio não para destruir, mas para cumprir). Esta revelação superior é a revelação plena, pessoal e final de Deus (14.9).
Jesus não estava em conflito com a lei. Aqueles que representavam a lei, sim, esta-vam em conflito com Ele. Isto resultou em uma prolongada controvérsia entre Jesus e os judeus, a qual teve início com a questão relacionada às leis do sábado (5,10) e culminou na cruz (19.18).
Não é que João pensasse na lei e na graça como antitéticas, ou que a lei não fosse verdadeira. Ela era verdadeira, porém limitada. A lei era insuficiente em relação às necessidades mais profundas do homem, ao passo que Cristo é mais do que suficiente, uma vez que Ele é a Fonte de toda a verdade e graça.
Aqui, João usa o nome histórico completo, Jesus Cristo. Nos Sinóticos, este nome completo só é encontrado em Mateus
Uma firme tradição judaica afirmava que ninguém jamais vira a Deus com olhos físicos (Êx
SEÇÃO II
OS TESTEMUNHOS
A. JoÃo BATISTA, 1:19-42
1. O Testemunho de João a respeito de si mesmo (1:19-23)
A história do evangelho na verdade começa em Jo
Ninguém estava em posição mais favorável do que João Batista para testificar a respeito do Verbo encarnado. Havia a profecia de que ele viria preparar "o caminho do Senhor" (Is
A investigação cuidadosa dos sacerdotes e levitas' — uma delegação oficial do Templo, enviada pelos judeus de Jerusalém para descobrir, se possível, a origem e a missão de João — marca o início de uma hostilidade sempre crescente, primeiro a João, depois a Jesus. Isto culminou com o assassinato prematuro de João Batista (Mt
A primeira conversa do quarto Evangelho (há muitos diálogos no livro) inicia com a pergunta apresentada pelos sacerdotes e levitas: Quem és tu? (19) A primeira resposta de João, Eu não sou o Cristo (20), é mais explícita porque afirma o que ele não é. Os homens não deveriam, de forma alguma, pensar nele como o Messias prometido e espe-rado (Is
Os interrogadores prosseguiram no assunto, posteriormente. Então, quem és, pois? És tu Elias? (21) Com base em Malaquias
A resposta negativa de João evocou uma pergunta adicional: És tu o profeta? -aquele predito em Deuteronômio
2. O Relacionamento de João com Aquele que Viria (1:24-28)
E os que tinham sido enviados eram dos fariseus (24). Esta frase pode ser traduzida também da seguinte forma: "Eles tinham sido enviados pelos fariseus". Desse modo, a pergunta foi colocada de uma maneira que cobrisse o assunto já revisto inteira-mente, e também tinha a finalidade de introduzir um novo interrogatório a respeito do batismo. Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? (25) Visto que o grupo investigador se originara em Jerusalém, do meio dos fariseus, é bastante natural que este devesse ser um ponto de discussão, pois pensavam eles que eram os guardiões da ortodoxia judaica, particularmente relacionada a formas e práti-cas associadas ao batismo.
A resposta de João é uma pronta admissão desta prática de batismo com água, um rito simbólico de purificação (cf. Mt
O autor faz menção do local onde estes eventos ocorreram. Essas coisas acontece-ram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando (28). Tais indicações são uma característica do quarto Evangelho, e constituem evidência de que o autor era certamente uma testemunha ocular. A localização exata deste lugar não é co-nhecida hoje, e o problema complica-se um pouco pelo fato de que nos manuscritos mais antigos lê-se: "Betânia além do Jordão". "Orígenes, um estudioso do século III d.C., que residia na Palestina, insistia em afirmar que o nome correto era Betábara".2 Provavelmente é ele o responsável pela mudança no texto grego. Visto que os primeiros manuscri-tos não apóiam a posição de Orígenes, pode-se concluir que o autor tinha em mente um lugar chamado Betânia. Do outro lado do Jordão seria a leste do Jordão, talvez na margem leste do rio (ver o mapa 1).
3. O Testemunho de João a respeito do Cordeiro de Deus (1:29-34)
No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordei-ro de Deus, que tira o pecado do mundo (29). O dia seguinte foi o dia que sucedeu os eventos iniciais do relato (1.19). Eis o Cordeiro de Deus. Este título atribuído a Jesus rapidamente evoca a profecia do Servo sofredor em Isaías 53, particularmente as palavras em 53.7: "...como um cordeiro, foi levado ao matadouro" (cf. Jr
um sacrifício apropriado. Como poderia ser de outra forma? O homem não providenciou a redenção; esta procede de Deus. Assim, João Batista declara "ser Jesus a propriedade de Deus, por cuja completa obediência os sacrifícios normais no Templo... foram cumpri-dos e excedidos" (cf. Êx
É bem verdade que o cordeiro pascal não era um sacrifício "para tirar o pecado" em um sentido expiatório, nem tinha a função de levar o pecado para longe, como acontecia com o bode. Contudo, o pleno simbolismo da Páscoa — juntamente com o cordeiro imoladoretratava a luta entre a vida e a morte, a pureza e a impureza, a perfeição e a imperfeição. A raiz é o pecado. Cristo veio de Deus para tirar o pecado do mundo. "O pecado do mundo — não pecados, no plural — é aqui contemplado... O pecado do mundo é uma mancha mais profunda do que os pecados de homens e mulheres ndividualmente; e o quarto evangelista, que vê a missão sub specie aeternitatis, percebe que o assunto da redenção é o pecado do kosmos (cf. v. 9), a impiedade e rebelião de todos os seres criados".4 João se refere ao seu testemunho proferido nos dias anteriores (cf. 1.27,30), com uma reafirmação dos seguintes tópicos: 1. Jesus é um ser absolutamente superior e eterno: Após mim vem um homem que foi antes de mim, porque já era primeiro do que eu (30) ; 2. A sua própria limitação: Eu não o conhecia (31,33) ; 3. A sua posição favorável como uma testemunha: Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba (32), E eu vi e tenho testificado que este é o Filho de Deus (34).
A expressão Eu não o conhecia (31,33) provavelmente significa que João não ti-nha a completa certeza de que Jesus era o Messias. Sendo um parente de Jesus, muito provavelmente o conhecia (cf. Mt
E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba e repousar sobre ele (32). Esta é a primeira menção do Espírito Santo no Evangelho de João. A experiência do Espírito e o ensino a seu respeito eram temas centrais na vida da Igreja Primitiva, e são características evidentes neste Evangelho: João Batista predisse um batismo com o Espírito Santo (Mt
O testemunho de João Batista a respeito da unção de Jesus apresenta a ocorrência visível e a verdade invisível lado a lado,' marcando o início do ministério público de Jesus. "Por isto Ele recebe, como verdadeiro Homem, os dons apropriados. O Espírito por quem os homens são subjetivamente unidos a Deus desce sobre o Verbo que se fez carne, por quem Deus é objetivamente revelado aos homens".6
E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo (33). Esta declaração apresenta um vívido contras-te. Em declarações ousadas, João simultaneamente afirma a sua genuína ignorância humana, Eu não o conhecia, e a completa certeza da revelação certa e compreensível: esse me disse. Então, há o contraste dos dois batismos: um com água, o outro com o Espírito. O primeiro fala da antiga aliança — a Lei, os profetas, os ritos e cerimônias judaicas. Era esta aliança a que João pertencia em parte. Mas o seu batismo de arrepen-dimento (Lc
Este contraste entre o antigo e o novo — sendo o novo sempre o cumprimento com-pleto e perfeito de tudo o que está encoberto pelo antigo — é um padrão recorrente de modo regular tanto no diálogo quanto nos eventos ao longo de todo o quarto Evangelho. Embora a declaração de Jesus: "não vim ab-rogar, mas cumprir" (Mt
A veracidade do testemunho de João a respeito de Jesus é certificada por seu reco-nhecimento da pessoa de Jesus como o Filho de Deus. E eu vi e tenho testificado que este é o Filho de Deus (34). Este título, Filho de Deus, é atribuído a Jesus por Natanael (1,49) e Marta (11.27), e é usado pelos Sinóticos (Mt
4. O Testemunho de João aos seus Discípulos (1:35-42)
No dia seguinte João estava outra vez ali, na companhia de dois de seus discípulos. E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus! (35-36) Este, o terceiro dia destas cenas de abertura, marca o verdadeiro início do ministério de Jesus. A transição do personagem e da obra de João Batista para Jesus e sua obra é retratada neste texto da Bíblia Sagrada. João passa gradualmente ao segundo plano; Jesus assume rapidamente o lugar de proeminência (3.30).
O testemunho de João a respeito de Jesus, Eis aqui o Cordeiro de Deus!, foi expresso na presença de dois de seus discípulos, dos quais um era André (1.41). A identi-dade do segundo discípulo não foi diretamente declarada, mas se presume que era o apóstolo João. Apontam-se, para tanto, as seguintes razões: 1. O uso da palavra "primei-ro" em Jo
Tendo estabelecido a identidade dos dois discípulos de João Batista, é apropriado agora seguir a seqüência de eventos naquele importante terceiro dia. Quando testificou a respeito de Jesus, João aparentemente não se dirigiu aos seus dois discípulos, embora leiamos: E os dois discípulos ouviram-no [João] dizer (37). O testemunho de João também não foi dirigido a Jesus: vendo passar a Jesus (36), João deu o seu testemu-nho, e os dois discípulos seguiram a Jesus (37), evidentemente afastando-se de João. Este é o último trecho que lemos a respeito de João, o precursor, até 3.23, onde há uma alusão ao seu batismo.
Quando os dois discípulos o seguiram, Jesus voltou-se e perguntou: Que buscais? (38) Estas primeiras palavras de Jesus no Evangelho de João constituem a pergunta para os dois discípulos. São palavras apropriadas para um diálogo significativo. Procu-ravam os discípulos algo para si mesmos? Sua busca nascera do egoísmo? A mudança de João Batista para Jesus implicava uma busca de vantagens? Esperavam encontrar sa-tisfação para os apetites físicos (cf. 6.26), ou um discipulado fácil que não envolvia arre-pendimento e confissão? A resposta de ambos mostrou inspiração. Eles estavam procu-rando alguém e não alguma coisa. Rabi, onde moras? Esta foi uma excelente resposta, pois ao mesmo tempo respondia a pergunta de Jesus e afirmava o seu profundo interes-se. "Estes primeiros discípulos substituíram alguma coisa (o quê?) por uma Pessoa. Eles precisavam primeiro de Cristo, e não de qualquer dádiva especial de Cristo".9 O título pelo qual dirigiram-se a Jesus, Rabi, é traduzido por João com o significado de "Mestre" (gr., "ensinador"). Este título ocorre freqüentemente no quarto Evangelho, e é geralmen-te usado para introduzir "uma pergunta ou ação não inteligente, ou ao menos inadequa-da" (cf. Jo
A resposta de Jesus para os discípulos é tanto um imperativo quanto um convite: Vinde e vede. Eles associaram o imperativo Vinde com a obediência: Foram. O convi-te, vede, foi recompensado: Viram onde morava (39).
Alexander Maclaren encontra, nos versículos
Os irmãos André e Pedro eram pescadores, assim como Tiago e João (Mt
João não dá nenhuma indicação de que Pedro tenha dito alguma coisa neste primei-ro encontro com Jesus. Há um tempo em que Deus fala e tudo o que o homem precisa fazer é ouvir o que Ele diz. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro) (42). Jesus não viu Pedro como ele era, mas como poderia se tornar através da graça transformadora de Deus -Tu és... tu serás. Seu nome natural era Simão, porém o novo homem seria Cefas (aramaico) ou Pedro (grego), significando a nova natureza, uma rocha. O nome natural tinha sido dado por seus pais; o nome "Pedro" (uma nova natureza) fora dado como um dom de Deus, um dom que alcança todos aqueles que respondem ao Senhor com fé. O que Deus quer fazer, é capaz de fazer, e fará por qualquer homem que responda com uma fé submissa, está prefigurado aqui, no que aconteceu a Pedro.
B. FILIPE E NATANAEL, 1:43-51
Jesus, então, tomou a iniciativa. Foi seu desejo ir de Betânia para a Galiléia (ver o mapa 1), onde Ele intencionalmente achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me (43)." O chamado a Filipe — a quem João descreve como sendo da mesma cidade galiléia (Betsaida) de André e Pedro — foi o resultado de sua busca pessoal. E ele testemunhou a Natanael: Filipe achou Natanael e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na Lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de José (45). Nesta declaração, é importante observar: (a) as palavras do testemunho de Filipe e (b) a pessoa a quem ele testemunhou.
O testemunho de Filipe indica que ele mesmo vinha pesquisando as Escrituras do Antigo Testamento. Esta busca revelara que Moisés e os profetas tinham escrito semelhantemente sobre aquele que deveria vir. A esperança messiânica ardia no peito de Filipe. Também fica evidente que Filipe reconheceu a Jesus de Nazaré como o Messias. No entanto, o seu testemunho não expressou completamente a verdade a respeito da natureza de Jesus, pois ele o descreveu como "Jesus de Nazaré, filho de José".'
Natanael significa "dom de Deus" e é comparável ao nome grego Teodoro. Alguns o têm identificado como o Bartolomeu dos Sinóticos, particularmente tendo em vista o fato de que Bartolomeu não é mencionado em João, e Natanael só é citado no Evangelho de João.
Natanael era, evidentemente, um estudioso das Escrituras do Antigo Testamento, pois a declaração de Filipe sobre Moisés e a lei era significativa para ele. Baseando-se nas profecias, Natanael também não tinha motivos para esperar que o Messias viesse de uma aldeia tão pobre — Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? (46) O ceticismo de Natanael foi logo vencido pela insistência de Filipe; Vem e vê (46). Tal ação sempre fornece o cenário para o encontro do homem com Deus.
A pergunta de Natanael, Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? (46), provoca uma interrogação à mente humana: Quem é Jesus? O contexto da pergunta proporciona uma resposta esclarecedora: 1. Ele é o Sacrifício adequado para o pecado do homem (29) ; 2. Ele é aquele que batiza com o Espírito Santo (33) ; 3. Ele é o grande Mestre dos homens (38) ; 4. Ele é o Rei, o Único que é digno da mais elevada lealdade do homem (49).
Natanael é a imagem do filho ideal de Jacó, um verdadeiro israelita, em quem não há dolo! (47) Ele é descrito sentado debaixo de sua figueira, um símbolo do mais elevado e do melhor que a antiga aliança da lei e dos profetas poderia produzir (cf. I Reis
Jesus, então, pergunta a Natanael: Porque te disse: vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás (50). Um homem não tem uma fé verdadei-ra porque vê, ou porque recebe. Antes, um homem de fé é aquele que sabe; e, por saber, ele vê coisas maiores — um céu aberto, e até mesmo a plena revelação de Deus no Filho do Homem. Daí, disse Jesus a Natanael: Na verdade, na verdade vos digo que, da-qui em diante, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre
- Filho do Homem (51).
A frase Na verdade, na verdade só é encontrada no Evangelho de João — e sem-pre nos lábios de Jesus. Ela significa "verdadeiramente, verdadeiramente".
A imagem do versículo 51 lembra a visão de Jacó (Gn
A escada que Jacó viu, que ia da terra até o céu, tipificava Cristo Jesus, o único "mediador entre Deus e os homens" (1 Tm 2.5). Os anjos que ministravam foram repre-sentados como subindo e descendo sobre Ele. O antigo sonho de Jacó foi cumprido atra-vés do Messias de Israel.
Neste primeiro capítulo de João, há oito títulos altamente descritivos e diferentes atribuídos ao Deus encarnado. Ele é o Logos, o "Verbo" vivo (1,14) ; "O Cordeiro de Deus", o Sacrifício perfeito (29) ; "O Filho de Deus", o próprio Deus (34,49) ; "Rabi", o Mestre por excelência (38) ; "O Messias", "O Cristo", O Ungido (41) ; "Jesus de Nazaré", o Deus-ho-mem na história (45) ; "O Rei de Israel", aquele que é coroado Rei por aqueles que nele colocam a sua fé (49) ; e "O Filho do Homem", completamente humano (51).
Champlin
Outras traduções possíveis:
receberam (conforme v. 11) ou compreenderam.
Genebra
1.1-18
Este "Prólogo" ao Evangelho é um prefácio à narrativa que começa no v. 19.
* 1:1
o Verbo. O termo “verbo” (grego logos) designa Deus, o Filho, referindo-se à sua Divindade; "Jesus" e "Cristo" referem-se à sua encarnação e obra salvífica. Durante os primeiros três séculos as doutrinas a respeito da Pessoa de Cristo incidiram intensamente sobre sua posição como o Logos. Na filosofia grega, o Logos era a "razão" ou a "lógica", como força abstrata que trazia ordem e harmonia ao universo. Porém, nos escritos de João, tais qualidades do Logos estão unidas na Pessoa de Cristo. Na filosofia neo-platônica e na heresia gnóstica (segundo e terceiro séculos d.C.), o Logos era visto como um dos muitos poderes intermediários entre Deus e o mundo. Tais noções estão bem longe da simplicidade do Evangelho de João.
Neste v. I João afirma expressamente que o Verbo é Deus. "No princípio" (uma clara referência às palavras de abertura da Bíblia), o Logos já existia, e esta é uma maneira de afirmar a eternidade que só Deus possui. João afirma claramente que "o Verbo era Deus". Alguns têm observado que a palavra traduzida "Deus", aqui, não é precedida do artigo definido e, com base nisto, dizem que a expressão significa "um deus", mais do que propriamente "Deus". É um erro entender assim. O artigo é omitido por causa da ordem da palavra na sentença grega (o predicado "Deus" foi colocado antes para ser enfatizado). O Novo Testamento nunca sustenta a idéia de "um deus", expressão que implica politeísmo e conflitaria com o consistente monoteísmo da Bíblia. No Novo Testamento, a palavra grega para "Deus" ocorre freqüentemente sem o artigo definido, dependendo da exigência da gramática grega.
A expressão "o Verbo estava com Deus", indica uma distinção de Pessoas, dentro da unidade da Trindade. Pai, Filho e Espírito Santo não são formas sucessivas de aparecimento de uma Pessoa, mas são Pessoas eternas presentes desde "o princípio" (v. 2). A preposição "com" sugere uma relação de estreita intimidade pessoal. Ver "Um e Três: A Trindade", em Is
* 1:3
Todas as coisas foram feitas por intermédio dele. Este versículo também dá ênfase à deidade do Verbo, uma vez que a criação é obra só de Deus. Ver também v. 10; Cl
* 1:4
A vida estava nele. Outra afirmação de deidade: o Filho, bem como o Pai, "tem vida em si mesmo" (5.26).
* 1:5
e as trevas não prevaleceram contra ela. Ver referência lateral. É característica do estilo deste Evangelho dar ênfase a conceitos contrastantes (Ver Introdução). O enredo deste Evangelho pode ser visto em termos de uma luta entre as forças da fé e as da descrença.
* 1.7-9
todos... todo homem. A relevância universal do Evangelho é afirmada (v. 7) tanto quanto a iluminadora atividade da graça comum de Deus (v.9). A atividade salvadora de Deus não se restringe a nenhum povo em particular.
* 1:9
a verdadeira luz. Neste Evangelho "verdade" e "verdadeiro(a)" são termos empregados frequentemente para significar aquilo que é eterno ou celestial em oposição ao meramente temporal ou terreno. Ver notas sobre 4.24; 6.32. "A Culpa da Humanidade e o Conhecimento de Deus" em Rm
* 1:11
e os seus não o receberam. O ministério público de Jesus foi rejeitado pelo “seu próprio povo". Ver referência lateral.
* 1:12
Ver referência lateral. Os seres humanos decaídos não são filhos de Deus por natureza; este é um privilégio só daqueles que têm fé, uma fé gerada neles pela soberana ação de Deus (v. 13). Ver "Adoção", em Gl
* 1:13
os quais não nasceram. As primeiras versões latinas entenderam isto como descrevendo o nascimento virginal de Cristo. Contudo, o verbo "nasceram", no plural, mostra que este versículo se refere ao novo nascimento dos crentes cristãos (conforme 3.3,5,7,8). Este novo nascimento tem lugar pela ação do Espírito que dá vida àqueles que estavam mortos em delitos e pecados (Ef
* 1:14
E o Verbo se fez carne. Nesta afirmação o Prólogo atinge o seu clímax. Para alguns contemporâneos de João, o espírito e o divino eram totalmente opostos à matéria e à carne. Outros pensavam que os deuses visitavam a terra disfarçados de seres humanos (At
e habitou entre nós. "Habitou" significa "armou sua tenda". Isto não só indica a natureza temporária da existência terrena de Jesus, mas o faz de um modo que recorda o antigo tabernáculo de Israel, onde Deus podia ser encontrado (Êx
cheio de graça e de verdade. Estas palavras correspondem aos termos do Antigo Testamento, que descrevem a Aliança da graça de Deus, freqüentemente traduzidas, como "graça e verdade" (Gn
vimos a sua glória. "Sua glória" é vista mesmo quando era a glória de Deus no deserto (Êx
como do unigênito. Essa expressão traduz uma única palavra grega e refere-se explicitamente à geração eterna do Filho na Trindade. É também possível traduzir a palavra por “Filho único”, sem a idéia de geração, mas referindo-se à singularidade do Filho.
* 1:15
O ministério de João Batista precedeu o ministério público de Jesus (Mt 3), ainda que o Verbo, sendo eterno, existisse antes de João (conforme 8.58).
* 1:16
graça. Esta palavra, freqüente nas epístolas de Paulo, aparece nos escritos de João só nesta passagem, e como saudação costumeira em Ap
* 1:17
Moisés... Jesus Cristo. Há aqui tanto um contraste como uma comparação. A graça e a verdade verdadeiramente existiram nos dias de Moisés, mas foram plenamente reveladas com a vinda de Cristo.
* 1:18
Ninguém jamais viu a Deus. É fundamental que Deus seja invisível e sem forma (1Tm
* 1:19
testemunho de João. O testemunho de João Batista àqueles que o questionaram revela que seu papel era o de preparar o mundo para Cristo.
* 1:21
És tu Elias. Em Mt
o profeta. Havia diferentes expectativas entre os judeus do primeiro século a respeito do "Profeta... semelhante a mim", que Moisés anunciou em Dt
* 1:23
Ao citar Is
* 1:29
Eis o Cordeiro de Deus. Compare o v. 36. Se “o Cordeiro” é o cordeiro da Páscoa ou se é o cordeiro Servo de Is
que tira o pecado do mundo. O "mundo" significa a humanidade em sua hostilidade contra Deus, como ocorre em outra parte deste Evangelho. Ainda que todas as pessoas indiscriminadamente não serão salvas, o sacrifício é a única expiação para o pecado humano, e sua eficácia não é limitada por tempo ou lugar (3.16, nota).
* 1:31
não o conhecia. Ainda que João Batista possa ter tido contato pessoal anterior com Jesus (conforme Lc
* 1:33
que batiza com o Espírito Santo. O Antigo Testamento previu o tempo de redenção como o tempo quando o Espírito seria derramado sobre o povo de Deus. Paulo se refere a Jesus como o segundo Adão, que veio "como espírito vivificante" (1Co
* 1:34
ele é o Filho de Deus. Este é o modo de João referir-se à voz celestial que acompanhou o Espírito enviado do céu, como é registrado em Mt
* 1.35-51
Jesus chama seus primeiros discípulos. Desde que os apóstolos tiveram autoridade ímpar de Cristo para dar o testemunho sobre o qual a Igreja se estabeleceria (Ef
* 1:37
seguiram Jesus. Tradicionalmente, os alunos de um rabino judeu andavam atrás dele. Os discípulos de Jesus o seguiram fisicamente, mas não se trata só disso. “Seguiram a Jesus" adquire níveis mais profundos de significado ao longo deste Evangelho (13
* 1:45
de quem Moisés... se referiram os profetas. Felipe reconhece que todo o Antigo Testamento, tanto a Lei como os Profetas, previu uma grande obra redentiva de Deus, que seria realizada por um Ungido especial. A antecipação de Cristo e sua obra, no Antigo Testamento, foi afirmada pelo próprio Cristo (Lc
filho de José. Isto não implica numa negação do nascimento virginal do qual Filipe, em todo caso, pode não ter tido ciência; é simplesmente uma referência que identifica Jesus por sua cidade e família (Mt
* 1:46
De Nazaré pode sair alguma coisa boa. Natanael, aparentemente expressa um ceticismo contemporâneo, negando que um profeta poderia surgir da Galiléia (7.52). Nazaré era uma aldeia insignificante não mencionada no Antigo Testamento ou em qualquer outra literatura judaica da época.
* 1:47
Eis um verdadeiro israelita. A frase, provavelmente, visa a chamar a atenção sobre Israel como povo de Deus, a quem o Messias foi prometido. Esta frase também alude aos vs. 50,51, onde é prometida a Natanael uma experiência semelhante àquela da primeira pessoa chamada Israel (Gn
* 1:49
Mestre, tu és o Filho de Deus. A confissão de Natanael parece uma reação exagerada ao conhecimento sobrenatural de Jesus. Porém, Filipe já tinha indicado a Natanael que Jesus era aquele previsto pela Lei e os Profetas (v. 45). Natanael foi a Jesus buscando razões para crer ou descrer, e achou o conhecimento de Jesus convincente.
Rei de Israel. Este é o título para Messias usado nas expressões de louvor, na Entrada Triunfal de Jerusalém (12.13), semelhante à anunciação dos magos (Mt
* 1:50
maiores coisas do que estas. Os milagres terrenos de Jesus são sinais de seu poder e da sua obra redentora. Eles devem ser apreciados não meramente por si mesmos, mas pelas realidades redentivas que prometem. Maiores do que essas obras é a salvação que Cristo traz (v. 51).
* 1:51
vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo. Este versículo alude à visão de Jacó de uma escada cujo topo atingia o céu e os anjos subiam e desciam por ela (Gn
Filho do homem. Jesus aplica este nome freqüentemente a si mesmo. Ele dá ênfase à sua natureza humana, que o capacita a morrer por seu povo. Se refere também à figura messiânica celestial conhecida em Daniel (7.13; ver Mt
Matthew Henry
Wesley
O Logos era Jesus, e Jesus era o Cristo, o Filho de Deus. O termo Cristo torna-se o foco do corpo deste Evangelho. Cristo é tanto Criador e Revelador.
No princípio era o Verbo . Não apenas a partir do início, mas quando o início começou a ser, a Palavra era. Ele não era um produto do processo de início, nem ele começar com o início, mas no começo a Palavra já estava lá. Explicar quando o início começou equivale a explicar quanto tempo é eternidade. O problema de João é mais do que um problema de expressão; ele também é um dos compreensão. Pois, quando ele foi para trás, tanto quanto a mente humana vai, já a Palavra tinha existência. Que poder e significado do Apóstolo tem embalado para essas seis palavras curtas!
Não podemos continuar como se estivéssemos ignorante do que João quis dizer com a palavra . Por um grande movimento da sua pena, mergulhado na mais pura retórica, ele introduziu a Cristo como tendo existência ainda mais para trás do que o homem é capaz de filosofar. Ele não introduzir-lo como um novo bebê virgem-nascido, ou como um homem de iniciar seu ministério, como fazem os Sinópticos, mas ele proclamou-Lo como o Eterno. Não houve tempo em que Cristo não era. "A única perspectiva em que a obra de Jesus, e sua relação com o Pai, poderia ser realmente visto e avaliado foi o da eternidade."
O Verbo estava com Deus . A idéia aqui expressa é o da Palavra ficar cara a cara com Deus. A idéia inicial é a de duas pessoas distintas, enquanto a próxima frase que os une em um só: O Verbo era Deus . Talvez uma distinção pode ser feita para o nosso pensamento que irá parar de curto parecendo fazer de Deus uma dualidade, e, assim, manter sua unidade essencial. Vamos pensar em Deus em seu ser essencial e também na sua atividade criadora e redentora. Nós só podemos conhecer a Deus como Ele escolheu para revelar-se. A palavra --Jesus é o revelador de Deus, que diz que nós não conhecem a Deus, exceto na Encarnação. Assim, torna-se possível dizer que Jesus estava com Deus, cara a cara com ele, igual a Ele. Os gregos pros não nos ajuda muito aqui.Significa "direcção", ou "em pé defronte ou por alguma coisa." Para evitar o perigo de se supor duas pessoas envolvidas, considerar tanto um carimbo ou selo e sua marca. O primeiro é expressivo e outro receptivo. O selo é colocado contra a impressão, no entanto, é inseparável dele. O autor da Epístola aos Hebreus expressa um conceito similar ao falar de Cristo como a "imagem" ou carimbo da substância de Deus. Enquanto um materialista ainda pode insistir em uma dualidade nesta descrição, os autores destes dois livros do Novo Testamento encontrar tais analogias bastante suficientes para transmitir a verdade, mesmo que por necessidade aquém da descrição exata. O objeto por trás da linguagem é Cristo, Deus encarnado.
E o Verbo era Deus . Não podemos ler este em sentido inverso por Deus era o Verbo. "O assunto deve ser a Palavra, pois João não está tentando nos mostrar quem é Deus, mas que é a Palavra." Vincent diz que, se João tinha mudado a ordem da frase, ele teria destruído a distinção apenas entre Deus como substância e Deus como Verbo encarnado. Note-se também que o tempo passado do verbo- se não -devem ser pensado para transmitir a idéia de que a relação anterior entre Deus e Jesus tinha chegado ao fim com a Encarnação. João tem o cuidado de citar Jesus, "Eu eo Pai somos 1." Ele era Deus e Ele ainda é Deus.
Verso 2 simplesmente repete o que o versículo 1 tem dito, mas com maior força o Logos é eterno e é a revelação de Deus ao homem. Este segue o padrão de paralelismo hebraico, e alguns escritores pensam que o prólogo foi um hino ao Logos que João adaptado ao seu propósito, ou que ele mesmo compôs para seu Evangelho. O mínimo que se pode dizer é que tem as marcas de um poema em hebraico, quando as passagens sobre João Batista são desconsiderados.
Todas as coisas foram feitas por intermédio dele . O universo inteiro é a criação do Logos , Cristo. Ele não era apenas o agente de Deus na criação, depois da moda do Demiurgo gnóstico; Ele era Deus revelando-se como Criador. Toda a vida tem a sua fonte em Deus. A vida, mais do que qualquer outro fenômeno, iludiu a compreensão dos cientistas. Eles não têm sido capazes de isolá-lo, nem reproduzi-lo. Mesmo a tentativa chocante para unir o espermatozóide eo óvulo vivendo sob vidro ou em um tubo de ensaio e produzir uma criatura viva, se bem sucedida, haveria mais de perpetuação da vida em circunstâncias anormais. E, embora a ciência nuclear reduziu tudo a energia, que vai muito além do nosso conceito comum do que é material, que ainda não chegou a dimensão da vida das coisas. João diz que a vida só vem de Deus como Ele se revela no processo criativo.
O Verbo se fez carne . Este conceito é mais profunda do que a luz resplandece nas trevas e Ele estava no mundo , os quais sugerem a Encarnação. O eterno Logos , Cristo, se fez carne, tomou sobre Si a forma completa da humanidade, e tornou-se homem no verdadeiro sentido do termo, sem deixar de ser o Logos . A hipótese de uma forma temporal fez não roubar-lhe a forma eterna; a adoção de carne humana não terminar sua existência como espírito eterno. St. Paulo sugere em sua grande kenosis passagem (Fp
Além de se tornar carne, o Logos habitou entre nós . "Habitou" é uma tradução mais precisa do verbo, e sugere uma analogia que lança alguma luz sobre o mistério da Encarnação. A imagem do tabernáculo do deserto do Antigo Testamento vem à mente, especialmente a "glória do Senhor [que] encheu o tabernáculo" (Ex
A vida era a luz dos homens . Jesus é a vida ea luz. Vida e luz, como os experimentamos, são interdependentes. A vida de João falou que era a vida eterna, a vida de Deus que se revelou ao homem, e foi assim luz para o mundo escurecido pelo pecado. O mundo é a escuridão; Cristo é luz. Vida e luz corresponder à graça e verdade (Jo
. Moisés também é mencionado A Lei foi dada por Moisés; a graça ea verdade vieram por Jesus Cristo (v. Jo
Esta introdução do conceito de Deus como Pai, e essa relação de Deus com pai e filho, ou vice-versa, foi o início de retrato da revelação de Deus como Trindade de João. Pai, Filho e Espírito-na totalidade de sua expressão, constituem tudo o que sabemos sobre a natureza de Deus.
B. TESTEMUNHO DE BATISTA (1: 19-34) 19 E este é o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar-lhe: Quem és tu? 20 E confessou, e não negou; e ele confessou: Eu não sou o Cristo. 21 E perguntaram-lhe, então? És tu Elias? E ele disse, eu não sou. És tu o profeta? E ele respondeu: Não. 22 Disseram-lhe, pois: Quem és? para que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo? 23 Respondeu ele: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta IsO testemunho de João Batista foi dada da maneira mais franca antes de sacerdotes e levitas, que foram enviados de Jerusalém para questioná-lo. Ele negada sendo o Cristo, Elias (cujo corporal devolver os judeus esperavam), e o profeta , provavelmente o mencionado em Dt
Este encontro entre João Batista e os judeus aconteceu em Betânia, além do Jordão. Esta não era a casa de Maria, Marta e Lázaro, que não estava longe de Jerusalém. Este Betânia nunca foi identificada. Os judeus, que no Evangelho de João estão sempre em oposição a Jesus, aparentemente, voltou para casa após o encontro do primeiro dia. Nenhuma menção é feita de sua presença durante toda esta "semana de testemunhar"; e liberdade de João Batista de expressão sobre a identidade de Cristo, em contraste com sua vaga alusão anterior, parece indicar uma ausência de quaisquer pessoas que estariam unappreciative de seu anúncio.
No segundo dia, Jesus apareceu, e João, na verdade sacerdotal moda para ele era um padre-hereditária gritou: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Sem dúvida, João havia batizado Jesus antes deste tempo, embora não o Evangelho de João não dizê-lo; João disse que ele reconheceu Jesus como o Messias em seu batismo, quando o Espírito desceu sobre Ele como uma pomba. Além disso, um dos objetivos de seu rito do batismo era isto mesmo; para descobrir o Messias, batizasse, e anunciá-lo ao mundo. Deus havia revelado isso a ele, chamando-o assim para "endireitar o caminho do Senhor." Em outras palavras, baptismal cerimônia de João pode ter sido o ritual de purificação de um grupo escatológica que, entre outros, tais como os essênios, procurou a vinda do Messias. Esta expectativa por muitos fazia parte da preparação geral para a vinda de Cristo. Percepção espiritual de João era mais aguçada do que a dos outros. Só ele podia ouvir e ver o que Deus estava fazendo. Só Ele reconheceu Jesus, quem Ele era eo que Ele veio fazer.
No dia seguinte, João revelou sua grande descoberta para dois de seus seguidores, que imediatamente deixei e fui com Jesus. Apenas um deles é identificado com o André, irmão de Simão Pedro. Dirigiam-Lo como Rabi (Mestre) e pediu-lhe a pergunta que um aluno em potencial daquele dia iria perguntar: "Onde você mora?" Sua compreensão de quem era Jesus, ficou muito aquém do mesmo a expectativa judaica de um Messias político. João tinha sido incapaz de transmitir tudo o que ele mesmo sabia. A revelação, como ele havia recebido pode ser descrita, mas nunca pode ser transmitida com sucesso para os outros à vontade. As coisas profundas do Espírito só pode ser recebido por corações e mentes preparadas para compreendê-los preparados pelo Espírito de Deus.
O encontro entre Jesus e os dois homens foi casual e conversa muito Ct
Neste momento Jesus começou a recrutar discípulos, mais especialmente, aquele pequeno grupo de doze homens que mais tarde viriam a ser chamados de apóstolos. Nós não temos o registro da chamada de cada um, mas, na conta-nos dada por João, três elementos da chamada se destacam. Em primeiro lugar, há a força de atração de Cristo. Não foi João introdução do Batista, tanto quanto algo em Jesus que causou André para ir de um para o outro. Há um magnetismo sobre Cristo e do Evangelho que leva os homens a Ele, aqueles que não são isolados contra ele por preconceito ou pecado voluntário. Em segundo lugar, há o testemunho de pessoas dedicadas. João Batista trouxe André, que por sua vez levou Pedro; Felipe trouxe Natanael. Há uma naturalidade, para aquele que nele crê, para testemunhar sobre Jesus. De uma forma simples André testemunhou, Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas, escreveu, Jesus de Nazaré . No fim de, por um lado, para se proteger contra uma reticência que staunches o fluxo de palavras e, por outro, uma compulsão na qual alega a cada conhecido como um objeto de solicitação, vamos observar que este testemunho cedo ou introdução de pessoas a Cristo começou com companheiros próximos, mesmo com os irmãos, que eram aparentemente da mesma idade e status cultural. André e Felipe começou com aqueles que os conhecia e confiava neles. Isso é mais difícil do que assistir a um estranho a quem nunca pode ver de novo, mas é mais eficaz porque pode ser seguida por uma vida piedosa e atitudes cristãs. Isto sugere que testemunhar de Cristo é mais do que a fala, porém entusiasmado. Discurso vale pouco menos que haja evidências de uma medida de caráter cristão, e, a menos que o testemunho é um canal através do qual o Espírito pode falar.
Em terceiro lugar, há o convite de Cristo. Antes de Seu apelo para Felipe, Siga-me , não é a imagem do Cristo buscando que encontrou Felipe. Teve André e Pedro lhe disse de Cristo? (Eles eram da mesma cidade.) Se Jesus aprendeu de Felipe e ido procurá-lo?É o suficiente para nós saber que ao lado de cada discípulo apaixonado que dá testemunho de seu Senhor é o próprio Senhor, a busca de Salvador, o pastor da ovelha perdida. A mesma coisa, ainda pensado em termos diferentes, é o poder de atração do Espírito Santo. Testemunhando ou testemunhar à pessoa e poder de Cristo para os não convertidos é mais eficaz quando a mensagem é um ingrediente arraigada da vida do cristão, e quando os esforços humanos são enriquecidos pela unção do Espírito Santo.
Nem todo mundo responde ao apelo para seguir a Cristo tão facilmente como fez André e Felipe. Houve Natanael, que era mais como Tomé em sua abordagem cética ao que seus amigos alegou ser verdade. A resposta de Filipe para esta atitude foi igual para a ocasião: "Venha e descubra por si mesmo." Natanael veio, e vendo estava acreditando, em grande parte por causa do conhecimento e visão superiores de Cristo. Jesus podia dizer: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo! , porque ele bem sabia o que havia no homem (Jo
Wiersbe
- O nome de Cristo prova que ele é Filho de Deus
- Ele é a Palavra (1:1-3,14)
Cristo revela a mente e o coração de Deus para os homens, da mes-ma forma que nossas palavras reve-lam nosso coração e nossa mente. "Quem me vê a mim vê o Pai" (Jo
- Ele é a luz (1:4-13)
Em Gênesis 1, o primeiro ato cria-tivo de Deus foi produzir luz, pois a vida vem da luz. Jesus é a verda-deira luz, isto é, a luz original da qual se origina toda luz. No evan-gelho de João, vemos, o conflito entre a luz (Deus, a vida eterna) e as trevas (Satanás, a morte eterna). Jo
- Ele é o Filho de Deus (1:15-18,30-34,49)
Essa afirmação deu origem à per-seguição de Cristo pelos judeus (10:30-36). No evangelho de João, observe as sete pessoas que cha-mam Cristo de Filho de Deus: João Batista (1:34); Natanael (1:49); Pe-dro (6:69); o cego curado (9:35-38); Marta (11:27); Tomé (20:
28) e o apóstolo João (20:30-31). O pecador que não crê que Jesus é Filho de Deus não pode ser salvo (8:24).
- Ele é o Cristo (1:19-28,35-42)
"Cristo" significa o Messias, o Un-gido. Os judeus questionaram João, pois esperavam a vinda de seu Mes-sias. Até os samaritanos o procura-vam (4:25,42). Expulsavam da sina-goga qualquer judeu que declarasse que Jesus era o Cristo (9:22).
- Ele é o Cordeiro de Deus (1:29,35-36)
- anúncio de João responde à pergunta de Isaque: "Onde está o cordeiro para o holocausto?" (Gn
22: ). Em Êxodo 12, o cordeiro pascal e, em Is7 53: Ez0 7: 7, os pecadores estão longe de casa e na escuridão do pecado. No entan-to, Cristo revela a glória do céu e abre-o para que entremos. Cristo é a "escada para a glória" de Deus.3-27 - Testemunhos provam que Cristo é o Filho de Deus
João, com freqüência, usa a pala-vra "testemunho", como também o verbo "testemunhar", em seu evan-gelho (1:7-8,15; 3:26,28; 5:31-37; 8:18; 15:27; 18:23). As testemunhas bíblicas são confiáveis porque tive-ram contato pessoal com Cristo e não ganharam nada dos homens ao testemunhar por Cristo. (Na verda-de, elas sofreram por causa disso.) O testemunho delas passaria por uma corte hoje, não há evidência de que mentiram. Essas testemunhas foram:
- João Batista (1:7,15,29; veja também 5:35)
- João, o apóstolo (1:14: "Vimos a sua glória [...]")
- Os profetas do Antigo Testamento (1:30,45)
E provável que Natanael estivesse lendo os relatos de Moisés quando Filipe o encontrou.
- O Espírito Santo (1:33-34)
- André (1:41)
Ele foi um ganhador de almas e co-meçou por sua família.
E Filipe (1:41)
Filipe apoiou seu testemunho com a Palavra de Deus, uma política sábia para todas as testemunhas.
- Natanael (1:49)
João Batista foi o pregador que sal-vou João e André. Pedro encontrou Cristo por causa da obra pessoal de André. Cristo chamou Filipe pessoalmente, e Natanael encon-trou Cristo por meio da Palavra e do testemunho de Filipe. Deus usa pessoas e circunstâncias distintas para trazer as pessoas para seu Fi-lho. Ele é um Deus com variedade infinita.
Russell Shedd
1.3 A atuação de Cristo na criação também se encontra em Cl
1.4 Vida estava nele. Pode referir-se à provisão do Espírito que pela morte de Cristo passaria a habitar nos crentes (7.37ss).
1.5 A luz. É identificada com a vida que Deus compartilha: é o contrário de trevas, existência sem Deus que equivale à morte eterna. A luz não pode ser vencida pelo mal, absolutamente (1Jo
1.6;7 Um homem. Foi João, o Batizador, quem primeiro apontou Jesus aos homens como luz, e foi através da fé desses homens que outros vieram a crer (conforme 5.35).
1.9 Verdadeira luz. Cristo e só Ele, vindo ao mundo ilumina a todo homem. Não há salvação das trevas, à parte, dEle (At
1.10 Mesmo antes de Sua encarnação Cristo estava ativo na criação e na revelação de Deus por intermédio dos profetas e patriarcas.
1.11 Seu, e os seus. "Seu", no grego, significa "sua casa"; "Seus" significa Seu povo. Mesmo rejeitado pela maioria de Israel, Cristo se oferece a todos entre os quais alguns O recebem.
1.12 Filhos de Deus. Ninguém nasce de Deus pelo primeiro nascimento (o carnal). A filiação se limita aos que crêem e recebem a Cristo.
1.13 Do sangue (gr ex haimatõn "dos sangues”. O plural indica que o nascimento concedido por Deus não vem por descendência humana nem através de descendência privilegiada (conforme 3.4, 6; 6.44).
1.14 O Verbo se fez carne. O eterno Filho, o Verbo de Deus, se encarnou como homem, (conforme Rm
1.16 Plenitude (gr plerõma, conforme Cl
1.18 Deus unigênito. Esta é uma declaração clara da deidade de Jesus Cristo. No seio. Modo hebraico de indicar proximidade de amigos, (3.23, 25).
1.21 Elias. Ml
2) Ver o Pai por Seu intermédio (Jo
3) Estar com e nEle (Jo
• N. Hom. 1:43-51 Como Testemunhar:
1) Dar a maior importância à pessoa de Cristo (36):
2) apelar aos amigos (41; 45);
3) convidar outros após sentir a emoção da descoberta pessoal (45);
4) não debater apenas com argumentos mas com desafio à investigação (46);
5) não perder tempo.
NVI F. F. Bruce
I. A PALAVRA QUE SE TORNOU CARNE E FOI MANIFESTA (1.1—2.11)
1) Prólogo (1:1-18)
Provavelmente não há outro lugar no Novo Testamento em que se diga tanto, como aqui, com tão poucas palavras. Aqui estão afirmadas a singularidade de Cristo e as grandes conseqüências desse auto-sacrifício incorporado na encarnação. Nesse prólogo, João anuncia o seu tema principal, que é a glória de Jesus Cristo demonstrada por meio de tudo que ele disse e fez. v. 1. No princípio era aquele que é a Palavra-. Diferentemente dos autores sinópticos, o quarto evangelho começa a história na eternidade; e é a partir daqui que ele entende o significado da obra de Cristo. No princípio (conforme Gn
“Vida” e “luz” são duas palavras especialmente associadas com João no NT. Mais tarde no evangelho, Jesus afirma que ele é tanto a vida (conforme 11.25; 14,6) quanto a luz (cf. 8.12; 9.5). No prólogo, contudo, essas duas reivindicações são colocadas no seu contexto essencial. O que Jesus declara ser no mundo ele é sempre. Isso é característico de Deus no AT. A atividade divina criou a vida e a sustenta. Deus é, assim, a fonte da iluminação do homem (conforme Sl
v. 6. Surgiu um homem...: Agora o tema se volta de maneira distinta para a história humana. João Batista é mencionado aqui pela primeira vez, visto que ele agia como testemunha da luz ao ser “uma candeia que queimava e irradiava luz” (5,35) para que assim, por meio da obra dele, todos os homens cressem. v. 9. O significado é obscurecido pela ARG (“a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo”). A melhor formulação associa a expressão chegando ao mundo à expressão verdadeira luz, e não a todos os homens. Ele, em contraste com João, é a verdadeira luz, grego to phõs to alêthinon, significando luz real ou genuína (não verdadeira como distinta de falsa, o que poderia ser expresso por alêthês). De que forma se pode dizer que ele iluminaria todo homem? Somente no sentido de que “luz” traz juízo (conforme v. 5 e 3:19-21). A vinda de Cristo lançou luz sobre as trevas da situação humana e continua a fazê-lo na vida de todo homem. v. 10. o mundo foi feito por intermédio dele...: Isso se aplica à parte da criação que é capaz de fazer escolhas conscientes. O mundo (gr. kosmos) é o mundo das pessoas, especialmente aquelas que, nesse evangelho, são confrontadas com a verdade em Cristo. (Muitas vezes no evangelho, contudo, ele é descrito como “este mundo”, que é uma referência ao nosso mundo em contraste com o mundo de cima, do qual Cristo veio; conforme 8.23.) Ambos os usos do termo sugerem um antagonismo que foi demonstrado a Cristo, o mundo não o reconheceu-. Esse uso do verbo “conhecer” (gr. ginõskõ) significa “reconhecer”. É digno de nota que o evangelista nunca usa o substantivo correspondente “conhecimento” (gr. gnõsis); ele faz todo o possível para evitar essa forma de gnos-ticismo que ensinava a salvação por meio do conhecimento para uma elite inteligente. Visto que “saber” em João implica observação, obediência e confiança, não é de admirar que “conhecer” e “crer” sejam quase sinônimos (conforme 17.3; 6.69). v. 11. Veio para o que era seu, mas os seus é uma tradução para-frástica do grego ta idia, embora expresse de forma adequada o que o autor tinha em mente ao se referir a uma área particular — a Palestina — que no mundo ocupava uma posição especial no favor de Deus (conforme 19.27). Mas os seus (hoi idioi) não o receberam, embora a partir Dt
2) O testemunho de João (1:19-34)
O evangelista agora se volta para João Batista a fim de destacar a pessoa de Jesus por meio do seu ministério. A linguagem filosófica do prólogo é abandonada, e agora passamos a um registro cronológico de uns seis dias (não sete, como alguns deduzem do v.
41), conduzindo-nos por fim a 2.11.
v. 19. os judeus: Eles têm uma menção especial em todo esse evangelho. Aqui parecem ser os líderes do povo na Judéia, e são os oponentes mais ferrenhos do Senhor. Possivelmente João quer retratar a tragédia dos que não reconhecem Jesus como o Messias, ou a sua vinda como o advento do reino, levitas'. Faziam parte do corpo de assistentes do templo que tomavam conta das coisas materiais do templo e eram os seus guardiões, v. 20. Não sou o Cristo'. A resposta de João à primeira pergunta mostra quão dramática deve ter sido sua aparição na Judéia como o Batista. Poucos não o perceberam, v. 21. E então, quem é você? E Elias?'. João nega qualquer conexão com o cumprimento messiânico (conforme Mc
1.11): O vínculo próximo entre o reconhecimento por parte de João e a manifestação do Espírito precisa ser observado. Somente pelo Espírito é que uma verdadeira confissão de Cristo pode ser feita (conforme 16:8-11; ICo
12.3). Algumas autoridades antigas traziam aqui “o Escolhido de Deus”. Mas essa leitura, provavelmente, é uma adequação a Lc
3) Os primeiros seguidores de Jesus (1.35—2.11)
A confissão renovada de João agora induz dois dos seus discípulos a irem após Jesus (cf. Mt
Moody
INTRODUÇÃO
Caráter do Livro. Simples na linguagem e estrutura, este livro é, não obstante, uma exposição profunda da pessoa de Cristo colocada em cenário histórico. Tem uma mensagem para o discípulo humilde do Senhor e também para o mais adiantado teólogo.
Certas semelhanças existentes entre ele e os Evangelhos Sinóticos são facilmente percebidas. Apresenta a mesma pessoa como figura central. Encontramo-lo como o Filho de Deus, o Filho do homem, o Messias, o Senhor do Salvador, e outros títulos. Há alguns anos atrás era moda, em alguns círculos, dizer-se que o Jesus de João era o resultado de um processo teológico dentro da igreja primitiva, por meio do qual o homem de Nazaré fora elevado à posição de divindade. Esse ponto de vista já não é mais sustentável, pois estudos posteriores estabeleceram a convicção de que a Cristologia dos Sinóticos e a Cristologia de João são fundamentalmente a mesma. Um Jesus meramente humano é completamente estranho tanto aos Sinóticos quanto a João.
Conforme o padrão histórico se desdobra no Quarto Evangelho, mostra-se parecido, no esboço geral do curso dos acontecimentos, com o quadro dos Sinóticos o ministério preparatório de João Batista, a vocação de certos discípulos para aprender e servir, o ministério duplo da palavra e dos feitos (milagres), a mesma tensão entre o entusiasmo popular pelo Senhor e a oposição do judaísmo oficial, a importância crítica da pessoa e autoridade de Jesus. Do mesmo modo, no que se refere aos acontecimentos finais da vida de Cristo na terra, encontramos o mesmo quadro da traição, prisão e julgamento, morte pela crucificação, e a ressurreição.
Sem dúvida, também encontramos uma considerável diferença dos Sinóticos. Enquanto os Sinóticos mencionam apenas uma Páscoa, parecendo portanto limitar o ministério de Cristo a um ano somente, João menciona pelo menos três Páscoas (Jo
Nos Sinóticos os ensinamentos públicos de nosso Senhor tratam do "reino de Deus". Essa expressão está quase ausente no Quarto Evangelho, onde os discursos centralizam-se grandemente no próprio Jesus, seu relacionamento com o Pai, e a sua indispensabilidade às necessidades espirituais do homem (cons. os Eu sou). Alguns detalhes históricos criam problemas. Um exemplo é a purificação do Templo, colocada por João logo no começo do ministério (capítulo 2), mas no final do ministério pelos escritores dos Sinóticos. A explicação mais simples aqui é provavelmente a melhor – houve duas purificações.
Outro exemplo relaciona-se com a vocação dos discípulos, a qual de acordo com os Sinóticos aconteceu na Galiléia. João narra a chamada de diversos homens em cenário da Judéia, bem no encetamento do ministério (capítulo 1). O problema diminui quando se imagina que a própria prontidão dos pescadores galileus em abandonar suas redes para seguirem a Jesus é mais fácil de se explicar com base em conhecimento anterior e um discipulado experimental, tal como o Quarto Evangelho revela. É um tanto perturbador encontrar Jesus já considerado o Messias, neste Evangelho, logo no começo de sua obra (Jo
O Autor. Embora o livro não cite o nome do autor, foi chamado de "discípulo a quem Jesus amava" (Jo
Muitos mestres modernos preferem defender a idéia de que um discípulo desconhecido foi o verdadeiro autor deste Evangelho, ainda que grande parte do material possa muito bem ter encontrado em João a sua fonte. Mas isto é uma troca inútil do conhecido pelo desconhecido.
A Data e o Lugar da Composição. De acordo com a tradição cristã, João gastou os últimos anos de sua vida em Éfeso, onde desempenhou um ministério de pregação e ensino, como também escrevendo. Desse lugar partiu para o exílio em Patmos, durante o governo do Imperador Domiciano. Seu Evangelho parece pressupor um conhecimento da tradição sinótica e por isso deve ser colocado no fim da série, possivelmente entre os anos
Propósito. Jo
COMENTÁRIO
Francis Davidson
Salienta-se agora o fato de o Verbo "tornar-se" algo, o que corresponde ao processo criativo. O Verbo é o instrumento da criação pois todas as coisas foram feitas por ele (3); literalmente pode-se dizer que "todas as coisas foram criadas por intermédio dele." Ver ARA. A origem última é o Pai, e nenhum agente intermediário teve parte no trabalho da criação, apesar da crença sustentada pelos gnósticos. E sem ele nada do que foi feito se fez. A vida estava nEle e a vida era a luz dos homens (3-4). É excluída a possibilidade de qualquer processo criativo à parte dele. Salienta-se o pensamento que todas as coisas criadas são sustentadas por Ele e se coadunam através do princípio de vida emanada dEle. "A fonte de vida é necessariamente a fonte de luz" (Cambridge Bible).
A luz resplandece nas trevas (5). O pensamento do evangelista agora abrange a esfera espiritual. O homem recebeu iluminação espiritual. Tal revestimento emana da vida que tem seu fundamento na Palavra de Deus. A conexão entre vida e luz é apontada pelo salmista (Sl
O Verbo é agora contemplado em sua relação com a história humana. Sua vinda foi proclamada por João, o qual não é conhecido neste Evangelho como o Batista. Este fato é testemunho acidental à autoria de João, o qual devia ser ligado a outro fato de o próprio apóstolo João nunca ser mencionado pelo nome. João Batista se levanta para dar testemunho da luz e, através dele, conduzir os homens a uma fé vivificante no enviado de Deus, (6-7). "João era a lâmpada que ardia e alumiava" (Jo
Não necessitamos considerar os vers. 6-8, como alguns comentaristas pensam, no sentido que fossem escritos por um redator que desejou exaltar Cristo a expensas do Batista. A introdução destes versos e a aparente interrupção do contexto podem ser explicadas por referência à situação histórica. O testemunho do Batista é parte integral do texto. Por outro lado, o evangelista insiste na subordinação de João Batista ao Verbo, que há de ocupar o primeiro lugar.
A luz criadora estava presente no mundo, antes da encarnação. Ela se tinha revelado imanentemente ao mundo que fora criado por ela, entretanto o mundo não a conhecia (10). Mais, ainda, Jesus, a Luz, revelou-se historicamente ao seu próprio povo, Israel, que não o recebeu (11). Aqui notamos a manifestação progressiva do Verbo. Ele estava (2)... estava no mundo (10)... Ele veio para o que era seu (11). Seu próprio povo recusou acolhê-lo. A tragédia desta oposição torna-se evidente. Contudo, todos quantos o receberam entraram em uma nova relação com Deus tornando-se filhos de Deus (12), através do renascimento espiritual. Esta nova condição, que resulta da regeneração, não se explica como fenômeno psíquico, nem como experiência espírita. Esta experiência não é devido a um processo natural, envolvendo a vontade da carne, nem a vontade do homem (13). Não é alcançada por nenhuma faculdade inerente do homem, mas por meio de um novo nascimento, provindo de Deus.
John Gill
E a luz brilha na escuridão,... Que, através do pecado, veio sobre as mentes dos homens; que estão naturalmente na escuridão da natureza e apartados das perfeições de Deus; sobre o pecado, e as consequências dele; sobre Cristo, e a Salvação por ele; sobre o Espírito de Deus e sua obra sobre a alma; e sobre as Escrituras da verdade, e as doutrinas do Evangelho. O homem foi criado como uma criatura racional, mas não contente com o seu conhecimento, ele pecou; em sua natureza ele é banido da presença de Deus, a fonte de luz; o que trouxe uma escuridão sobre ele, e sua posteridade, e que é aumentada neles pela iniquidade pessoal, e sobre quem satanás, o deus desse mundo,[1] tem a sua mão; e, às vezes, eles são deixados a cegueira judicial,[2] e que cai em pior escuridão, se a graça não prevalecer:[3] agora, no meio dessa escuridão, há alguns restos de luz da natureza: com respeito ao ser de Deus, que brilha nas obras da criação,[4] providência e a adoração de Deus; e ao conhecimento moral do bem e do mal:[5]
E a escuridão não a compreendeu;... Ou “não a percebeu”; como verte a versão Siríaca. Pela luz da natureza, e os restos dela, os homens não poderia vir a qualquer conhecimento claro e distinto das coisas de cima; e muito menos de qualquer conhecimento da verdadeira salvação: a menos que, antes, possamos entender de “luz”, como a luz do Messias, ou do Evangelho, brilhando nas figuras, tipos, e sombras da lei, e nas profecias e promessas do Antigo Testamento: e ainda, tal era a escuridão sobre a mente dos homens, que não podiam entendê-lo muito claramente, e muito menos compreendê-lo totalmente, por isso havia a necessidade de uma nova e completa revelação: um registro do qual se segue.
Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible
_____________
Notas:
[1] Conforme 2Co
[2] Conforme Jo
[3] Conforme Jo
[4] Conforme Rm
[5] Conforme Rm
John MacArthur
1. A Palavra Divina (João
No princípio era o Verbo, eo Verbo estava com Deus, eo Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada surgiu que tem vindo a ser. Nele estava a vida, ea vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. (1: 1-5)
A seção do evangelho de João abertura expressa a verdade mais profunda no universo nos termos mais claros. Embora facilmente compreendida por uma criança, inspirados pelo Espírito as palavras de João transmitir uma verdade além da capacidade das maiores mentes da história humana de entender: o Deus infinito eterno tornou-se um homem na pessoa do Senhor Jesus Cristo. O glorioso, verdade incontestável que, em Jesus o divino "Verbo se fez carne" (1,14) é o tema do evangelho de João.
A divindade do Senhor Jesus Cristo é um princípio essencial, inegociável da fé cristã. Diversas linhas de evidência bíblica fluem juntos para provar conclusivamente que Ele é Deus.
Em primeiro lugar, as declarações diretas das Escrituras afirmam que Jesus é Deus. De acordo com sua ênfase sobre a divindade de Cristo, João registra várias dessas declarações. O verso do seu evangelho abertura declara: "a Palavra [Jesus] era Deus" (veja a discussão sobre este versículo mais adiante neste capítulo). No evangelho de João Jesus repetidamente assumiu para si o nome divino "Eu sou" (conforme 4:26; 8:24, 28, 58; 13
Aos Filipenses Paulo escreveu: "[Jesus], subsistindo em forma de Deus", possuindo "igualdade com Deus" absoluto (Fp
Em segundo lugar, Jesus Cristo recebe títulos em outros lugares nas Escrituras dadas a Deus. Como observado acima, Jesus tomou para si o nome divino "Eu sou." Em Jo
Em terceiro lugar, Jesus Cristo possui os atributos incomunicáveis de Deus, aqueles única para ele. A Escritura revela que Cristo seja eterno (Mq
Em quarto lugar, Jesus Cristo faz as obras que só Deus pode fazer. Ele criou todas as coisas (Jo
Por fim, Jesus Cristo recebeu a oração, que só deve ser dirigida a Deus (13
Os versículos
A realidade que Jesus é Deus, introduzido no prólogo, é exposta ao longo do livro por uma selecção cuidadosa de João de reivindicações e milagres que selam o caso. Os versículos
O prólogo também apresenta vários termos-chave que aparecem ao longo do livro, incluindo a luz (3: 19-21; 8:12; 9: 5; 12: 35-36, 46), as trevas (3:19; 08:12; 12 : 35, 46), vida (3: 15-16, 36; 04:14, 36; 05:21, 24, 26, 39-40; 6:27, 33, 35, 40, 47-48, 51, 53-54, 63, 68; 08:12; 10:10, 28; 11:25; 12:25, 50; 14: 6; 17: 2, 3; 20:31), testemunha (ou testemunhar; 2: 25; 03:11; 05:31, 36, 39; 7: 7; 08:14; 10:25; 12:17; 15: 26-27; 18:37), glória (02:11; 05:41 , 44; 07:18; 08:50, 54; 11: 4, 40; 12:41; 17: 5, 22,
24) e mundial (3: 16-17, 19; 04:42; 06:14 , 33, 51; 7: 7; 08:12, 23, 26; 9: 5, 39; 10:36; 11:27; 12:19, 31, 46-47; 13
Desde os primeiros cinco versículos do evangelho prólogo de João fluir três evidências da divindade do Verbo encarnado, Jesus Cristo: Sua preexistência, Seu poder criador, e sua auto-existência.
A preexistência da Palavra
No princípio era o Verbo, eo Verbo estava com Deus, eo Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. (1: 1-2)
Arche ( início ) pode significar "fonte" ou "origem" (conforme Cl
Então João tomou seu argumento um passo adiante. Em Sua preexistência eterna do Verbo estava com Deus. A tradução Inglês não trazer toda a riqueza da expressão grega ( pros ton Theon ). Essa frase significa muito mais do que simplesmente que a Palavra existiu com Deus; it "[dá] a imagem de dois seres pessoais que enfrentam entre si e engajar-se em um discurso inteligente" (W. Robert Cook, A Teologia de João [Chicago: Moody, 1979], 49). Desde toda a eternidade Jesus, como a segunda pessoa da Trindade, foi "com o Pai [ pros ton patera ] "(1Jo
Ele deixou o trono de Seu Pai acima,
Tão livre, tão infinito Sua graça!
Esvaziou-se de tudo, mas o amor,
E sangrou por raça indefesa de Adão.
Amor Amazing! Como pode ser
Que Tu, meu Deus, deverias morrer por mim?
Amor Amazing! Como pode ser
Que Tu, meu Deus, deverias morrer por mim?
Descrição de João da Palavra atingiu o seu auge na terceira cláusula deste verso de abertura. Não só a Palavra existe desde toda a eternidade, e ter comunhão face-a-face com Deus, o Pai, mas também o Verbo era Deus. Essa declaração simples, apenas quatro palavras em Inglês e Grego ( theos en ho logos ), é talvez a declaração mais clara e direta da divindade do Senhor Jesus Cristo para ser encontrado em qualquer lugar na Escritura.
Mas, apesar de sua clareza, grupos heréticos quase desde o momento João escreveu estas palavras têm torcido o seu significado para apoiar suas doutrinas falsas sobre a natureza do Senhor Jesus Cristo.Notando que theos ( Deus ) é anarthrous (não precedido pelo artigo definido), alguns argumentam que é um substantivo indefinido e traduzem erroneamente a frase, "a Palavra era divina" (ou seja, a simples posse de algumas das qualidades de Deus) ou, ainda mais terrível, "o Verbo era um deus ".
A ausência do artigo antes de theos , no entanto, não significa que seja por tempo indeterminado. Logos ( Palavra ) tem o artigo definido para mostrar que ele é o sujeito da frase (uma vez que é no mesmo caso como theos ). Assim, a tradução "Deus era o Verbo" é inválido, porque "a Palavra", não "Deus" é o tema. Seria também teologicamente errada, porque iria igualar o Pai ("Deus" quem o Verbo estava com o número anterior) com o Palavra, negando assim que os dois são pessoas distintas. O predicado nominal ( Deus ) descreve a natureza da Palavra, mostrando que Ele é da mesma essência que o Pai (conforme HE Dana e Julius R. Mantey, A Gramática manual do grego do Novo Testamento [Toronto: MacMillan, 1957] , 139-40; AT Robertson, o ministro e seu Novo Testamento grego [Separata: Grand Rapids: Baker, 1978], 67-68).
De acordo com as regras da gramática grega, quando o predicado nominal ( Deus nesta cláusula) precede o verbo, não pode ser considerada indefinida (e, portanto, traduzida como "um deus" em vez de Deus) simplesmente porque ele não tem o artigo. Que o termo Deus é definitiva e se refere ao verdadeiro Deus é óbvia por várias razões. Primeiro, theos aparece sem o artigo definido outras quatro vezes no contexto imediato (vv 6, 12, 13, 18; conforme 3:.. 2, 21; 09:16; Mt
Enfatizando o perigo mortal, tanto Paulo (At
A confusão sobre a divindade de Cristo é imperdoável, porque o ensino bíblico a respeito é clara e inequívoca. Jesus Cristo é a Palavra eternamente preexistente, que goza de plena comunhão face-a-face e vida divina com o Pai, e é o próprio Deus.
O poder criador da Palavra
Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada surgiu que tem vindo a ser. (1: 3)
Mais uma vez João expressa uma verdade profunda em linguagem clara. Jesus Cristo, o Verbo eterno, criou tudo o que . surgiu João ressaltou que a verdade, repetindo-lo negativamente, sem ele nada (lit., "nem mesmo uma coisa") passou a existir que tem vindo a ser.
Que Jesus Cristo criou todas as coisas (conforme Cl
Ao enfatizar o papel da Palavra na criação do universo, João rebateu o falso ensino que mais tarde evoluiu para a heresia perigosa conhecida como gnosticismo. Os gnósticos abraçou o dualismo filosófico comum a filosofia grega, que considerou que o espírito era bom e a matéria era má. Eles argumentaram que, desde a matéria era má, o bom Deus não poderia ter criado o universo físico. Em vez disso, uma série de seres espirituais emanava dele até que finalmente uma dessas emanações descendente foi mal e tolo o suficiente para criar o universo físico. Mas João rejeitou essa visão herética, fortemente afirmando que Jesus Cristo era o agente do Pai na criação de tudo.
O mundo atual, no entanto, é radicalmente diferente da boa criação original de Deus (Gn
Para o desejo ansioso da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da escravidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
Quando a maldição é levantada durante o reinado milenar de Cristo,
O lobo habitará com o cordeiro,
E o leopardo se deitará com o cabrito,
E o bezerro, o leão novo eo animal cevado viverão juntos;
E um menino pequeno os conduzirá.
Além disso, a vaca eo urso vai pastar,
Seus filhotes se deitarão juntos,
E o leão comerá palha como o boi.
A criança de enfermagem vai jogar pelo buraco da cobra,
E a criança desmamada colocará a mão na cova do basilisco.
Eles não vão ferir ou destruir em todo o meu santo monte,
Pois a terra se encherá do conhecimento do Senhor
Como as águas cobrem o mar. (Is. 11: 6-9)
O lobo eo cordeiro pastarão juntos, o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Eles vão fazer mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor. (Is
A auto-existência da Palavra
Nele estava a vida, ea vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. (1: 4-5)
Resultados mais uma vez a sua economia inspirado pelo Espírito de palavras, João nestes dois versos breves resumiu a encarnação. Cristo, a encarnação da vida eo glorioso, eterno Luz do Céu, entrou no mundo escurecido pelo pecado dos homens, e que o mundo reagiu de várias maneiras para ele.
Como observado anteriormente neste capítulo, a temas de vida e luz são comuns no evangelho de João. Zoe ( vida ) refere-se a vida espiritual em oposição a bios , que descreve a vida física (conforme 1Jo
Esta verdade de Deus e de Cristo auto-existência, ter a vida em si mesmos, é fundamental para a nossa fé. Tudo o que é criado pode ser dito para ser "tornar-se", porque não criou nada é imutável. É essencial compreender que permanente, eterna, o ser não-mudança ou a vida é diferente de tudo o que está se tornando. "Ser" é eterno e fonte de vida para o que é "tornar-se". Isso é o que distingue criaturas do Criador, nos de Deus.
Gn
Esta é a descrição ontológica mais pura de Deus e dizer Jesus é a vida é dizer a verdade mais pura sobre a natureza de Deus que Ele possui. E, como no versículo 3, Ele, então, é o Criador.
Enquanto como o Criador Jesus é a fonte de tudo e de todos que vive, a palavra vida no evangelho de João sempre se traduz zōē , que João usa para a vida espiritual ou eterna. Ela é transmitida pela graça de Deus soberano (06:37, 39, 44, 65; conforme Ef
É porque eles entendem com total clareza o juízo de que os espera que Satanás e os demônios têm tentado desesperAdãoente ao longo da história para matar a vida e extinguir a Luz. No Antigo Testamento, Satanás tentou destruir Israel, a nação a partir do qual o Messias vir. Ele também tentou destruir a linhagem real de que o Messias iria descer (II Reis
(Para uma discussão mais aprofundada sobre este ponto, ver a exposição de 1: 9-11, no capítulo 2 deste volume.)
Ninguém que rejeita a divindade de Cristo pode ser salvo, pois Ele mesmo disse em Jo
2. Resposta à Palavra Encarnada (João
Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Não era a luz verdadeira que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Ele estava no mundo, eo mundo foi feito por ele, eo mundo não o conheceu. Ele veio para os Seus, e aqueles que foram os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome, que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. (1: 6-13)
A vida sem pecado (Jo
Alguns foram superficialmente atraídos para Jesus. Mais tarde, no seu evangelho João registra que "alguns estavam dizendo [de Jesus]:" Ele é um bom homem '"(7:12). Indo um passo além do que, outros reconheceu como um grande líder religioso; um profeta (Mt
Alguns foram fortemente atraídos a Jesus, mas dispostos a comprometer-se a Ele. Jo
Como Ele estava assentado em uma viagem, um homem correu para Ele e ajoelhou-se diante dele, e lhe perguntou: "Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" E Jesus disse-lhe: "Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. Sabes os mandamentos: 'Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, não defraudar , honra teu pai e mãe. '"E ele disse-lhe:" Mestre, eu guardava todas estas coisas desde a minha juventude. " Olhando para ele, Jesus sentiu um amor por ele e disse-lhe: "Uma coisa te falta: vai, vende tudo o que possui e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me." Mas com essas palavras que ele estava triste, e ele foi embora de luto, pois ele foi um dos que possuía muitos bens. (Marcos
Outros ainda eram abertamente hostis a Jesus. De acordo com Jo
Para outros, Jesus era um louco: ou possuído por demônios, ou perturbado. Jo
Os fariseus e os escribas, incapaz de negar seu poder sobrenatural, e não estão dispostos a atribuí-la a Deus, ficaram com a alternativa blasfemo que Seu poder veio do próprio Satanás (Mt
O tema comum que liga todas essas respostas inadequadas é a incredulidade-o pecado que em última análise, condena todos aqueles que rejeitam a Jesus Cristo. Jo
Você não tem a sua palavra permanece em vós, para que você não acredita que ele enviou. (Jo
Eu vim em nome de meu Pai, e vós não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, você vai recebê-lo. (Jo
Mas eu disse a você que você viu-me, e ainda não acredito. (Jo
Mas porque eu digo a verdade, você não acredita em mim. (Jo
Jesus respondeu-lhes: "Eu disse a você, e você não acredita;.. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de mim Mas você não credes, porque não sois das minhas ovelhas" (João
Mas em contraste com a incredulidade dos perdidos, aqueles a quem o Pai deu a Jesus (Jo
Quem acredita que vai nele tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele. (João
Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece. (Jo
Verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. (Jo
Porque esta é a vontade de meu Pai, que todo aquele que vê o Filho, e crê nele tenha a vida eterna, e eu Eu o ressuscitarei no último dia. (Jo
Verdade, em verdade vos digo que aquele que crê tem a vida eterna. (Jo
Dele todos os profetas dão testemunho de que em Seu nome todo aquele que nele crê recebe o perdão dos pecados. (At
Porque não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. (Rm
Aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus, e todo aquele que ama o Pai ama o filho nascido dele. (1Jo
João foi o primeiro profeta verdadeiro (Mt
Porque a missão de João era também para anunciar a chegada do Messias, "ele estava pregando, e dizendo: 'Depois de mim One está chegando que é mais poderoso do que eu, e eu não sou digno de, abaixando-desatar a correia de suas sandálias. Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo "(Marcos
O ministério do Batista despertou tanto entusiasmo que, embora ele disse de si mesmo em relação a Cristo, "One está chegando que é mais poderoso do que eu, e eu não sou digno de desatar a correia de suas sandálias" (Lc
Aconteceu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, atravessando a região superior e chegou a Éfeso, e encontrou alguns discípulos. Ele disse-lhes: "Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?"E eles disseram-lhe: "Não, nós nem sequer ouvimos que haja Espírito Santo." E ele disse: "Em que fostes batizados então?" E eles disseram: "No batismo de João." Paulo disse: "João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que nEle crêem que vinha depois dele, isto é, em Jesus." Quando ouviram isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus. (Atos
Grupos de João Batista os legalistas persistiu no segundo século, e, portanto, ainda estavam por lá quando João escreveu seu evangelho. Portanto, ele salientou inferioridade de João Batista a Cristo.
João Batista foi o maior homem que já viveu até sua época, como Jesus afirmou: "Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu ninguém maior do que João Batista!" (Mt
veio a João e disseram-lhe: "Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele." João respondeu e disse: "Um homem não pode receber nada menos que tenha sido dado a ele do céu. Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: 'Eu não sou o Cristo', mas, 'Eu fui enviado na frente dele." Aquele que tem a esposa é o esposo;. Mas o amigo do noivo, que está presente eo ouve, regozija-se muito com a voz do esposo Então, este meu gozo foi feito completo que ele cresça e que eu diminua ".. (João
William Hendriksen ressalta o contraste entre João Batista e Jesus:
Cristo era ( PT ) desde toda a eternidade; João veio ( egeneto ).
Cristo é a Palavra ( ho logos ); João é um mero homem ( Anthropos ).
Cristo é o próprio Deus; João é comissionado por Deus.
Cristo é a luz real; João veio a prestar declarações relativas a luz real.
Cristo é o objeto de confiança; João é o agente através de cujo testemunho homens passaram a confiar na luz real, mesmo Cristo. ( New Testament Commentary: O Evangelho Segundo João, Vol. 1. [Grand Rapids: Baker, 1953], 76. A ênfase no original)
A missão de João era não se exaltar, mas para ser uma testemunha sobre Messias, para dar testemunho da luz. Ele é o primeiro de oito testemunhas que aparecem no evangelho de João; os outros são o Pai (05:37), as palavras de Jesus (08:
18) e obras (05:36; 10:25), Escrituras do Antigo Testamento (5:39), alguns daqueles que se encontrou com Ele (4: 29), os discípulos (15:27; 19:35; 21:24), e do Espírito Santo (15:26). Os termos legal testemunha ( marturia ) e testemunhar ( manureō ) são palavras relacionadas ao fato, não opinião, como em um ambiente de sala de audiências. Os termos são usados principalmente no Novo Testamento pelo apóstolo João (77 de seus 113 ocorrências são no evangelho de João, epístolas, ou Revelação).
João é propriamente chamado o Batista porque ele foi enviado por Deus para batizar os pecadores arrependidos, em preparação para a vinda do Messias (1:31). No entanto, o propósito de tudo que ele fez foi dar testemunho de Jesus (1:15, 23, 29, 32, 34, 36; 05:33, 36), de modo que todos cressem por meio dele. As pessoas acreditam em Cristo (1: 12; 03:18; 06:29) , através do depoimento de testemunhas como João. Eles são os agentes da crença, mas Cristo é o objeto de crença. Salvação, então, como em todas as vezes era uma questão de fé em Deus e no que Ele disse (conforme Rom. 4: 1-16).
Para contrariar qualquer exaltação falso de João Batista, o apóstolo João escreveu que ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da Luz. À primeira vista, essa declaração parece contradizer a declaração de Jesus que João Batista "era a lâmpada que ardia e brilhava e você quisestes alegrar-vos por um tempo com a sua luz "(5:35). Duas palavras gregas diferentes são usadas, no entanto. O termoLuz usada nesta passagem para se referir a Cristo Phosphorus , que se refere à essência da luz. Em 5:35, no entanto, Jesus descreveu João como um luchnos , que se refere a uma lâmpada portátil. Jesus é a Luz; João meramente refletiu-lo (veja a discussão de v 4 no capítulo 1 do presente volume.).
Incrédulos: Testemunho Rejeitado
Não era a luz verdadeira que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Ele estava no mundo, eo mundo foi feito por ele, eo mundo não o conheceu. Ele veio para os Seus, e aqueles que foram os seus não o receberam. (1: 9-11)
Que João Batista tinha que apontar a verdadeira Luz ilustra graficamente a cegueira do mundo, pois só os cegos não podem ver a luz. Os incrédulos são cegos espiritualmente, porque, como Paulo escreveu aos Coríntios, "o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus" (2Co
Cegueira do mundo descrente é imperdoável, porque Jesus era a luz verdadeira que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. alethinos ( verdadeiro ) é outro termo distintamente Joanino; todos, mas cinco de seus vinte e oito usos no Novo Testamento são nos escritos de João. Refere-se ao que é real e genuíno; de acordo com a de Thayer Lexicon grego, alethinos descreve "o que tem não só o nome e aparência, mas a verdadeira natureza correspondente ao nome." O povo de Deus tinha visto reflexos da luz de Sua glória, mas em Jesus o "esplendor da sua glória" full (He 1:3; conforme Ef
A frase também pode significar que Jesus é a auto-revelação de Deus da maneira mais glorioso para todos os homens que O viu ou ouviu falar sobre ele ou ler a sua história. Alguns poderiam limitar a ideia de restringir cada um somente para aqueles que o recebem. A primeira interpretação parece melhor no contexto, uma vez que se refere a aqueles no mundo que não recebê-lo, bem como aqueles que o fazem. Mesmo aqueles que nunca se tornarem filhos de Deus são responsáveis pelo conhecimento de Deus e Sua luz revelado em Cristo. Apesar de todos os homens são mortos espiritualmente (Ef. 2: 1-3) e cego, eles são responsáveis pelo conhecimento de Deus revelado na criação e na consciência (Rom. 2: 14-15).
A trágica realidade é que os pecadores rejeitar a "Luz do mundo" (Jo
Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Para todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz para que as suas obras sejam manifestas. (João
As pessoas se recusam a vir para a luz de Jesus Cristo, porque eles amam seu pecado e não quer que ele expostos; eles são deliberAdãoente cego. Assim, apesar de Jesus estava no mundo, eo mundo foi feito por ele, ainda que o mundo não o conheceu. O Criador do mundo (1:
3) tornou-se seu Salvador (conforme 4:42), mas o mundo rejeitado Ele e, assim, não o conhecia de uma forma de poupança.
Kosmos ( mundo ) é outro termo usado frequentemente por João; mais da metade de suas ocorrências no Novo Testamento estão em seus escritos. Ele descreve o mundo físico (v 9;. 12:25; 16:21, 28; 21:25);humanidade em geral (3:16; 6:33, 51; 12:19); e, mais freqüentemente, o sistema mal dominada por Satanás (3:19; 7: 7; 14:17, 30; 15: 18-19). É este terceiro sentido de kosmos que João tinha em mente quando escreveu que o mundo não o conheceu Cristo. Apesar de sua rejeição dEle, o mundo incrédulo vai, no entanto, um dia, ser forçado a reconhecer Jesus como Senhor (Fil. 2: 9-11) e juiz (Jo
Tão chocante e trágico como a rejeição do mundo de Cristo, João virou-se para o ainda maior tragédia da rejeição de Israel. Que Jesus veio para os Seus lugar pode significar o mundo que Ele criou (conforme o segundo sentido de kosmos acima). Pode significar também o Seu lugar particular, a terra da promessa dada aos judeus por meio de Abraão, incluindo o reino terrestre vindo predito pelos profetas. Ele veio para a terra de Deus, para a cidade de Davi, o terreno do templo. Os judeus haviam esperado ao longo dos séculos para o Messias e Salvador para vir. O mais trágico de tudo foi a triste realidade de que quando Ele o fez, quem fosse o seu próprio povo não o receberam. Este segundo uso próprio refere-se principalmente à nação de Israel, de quem Deus disse: "Você só tem que conhecer de tudo as famílias da terra "(Am
Tal como os seus antepassados, os israelitas dos dias de Jesus endureceu seus pescoços (Dt
Homens de Israel, ouçam estas palavras: Jesus, o Nazareno, homem aprovado por Deus com milagres, prodígios e sinais, que Deus realizou através dele no meio de vós, como vós mesmos sabeis-este, entregou mais pelo plano predeterminado e presciência de Deus, você pregado a uma cruz pelas mãos de homens ímpios e colocá-lo à morte .... pois, toda a casa de Israel saiba com certeza que Deus o fez Senhor e Cristo-este Jesus que vocês crucificaram . (Atos
O tema da rejeição será repetido durante todo o evangelho de João.
Os crentes: o testemunho Acreditado
Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome, que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. (1: 12-13)
A conjunção de ( mas ) é um pequeno ponto de apoio que marca uma mudança dramática. O ódio do mundo de Deus e rejeição de Cristo, de modo algum anula ou frustra o plano de Deus, pois Ele faz mesmo a ira dos homens louvá-Lo (Sl
Lambanō ( recebido ) poderia ser traduzida como "tomar posse", "obter", ou "aperto". Para receber a Cristo envolve mais do que mero reconhecimento intelectual de suas reivindicações. A última cláusula do versículo 12 se refere àqueles que recebeu como aqueles que crêem no seu nome. O conceito de crer em Cristo, outro tema importante para João, será desenvolvido em várias passagens em seu evangelho (06:29; 08:30; 9: 35-36; 0:36, 44; 14: 1; 16:. 9; 17:20; conforme 1Jo
Embora as pessoas não podem ser salvas até que eles recebem e crêem em Jesus Cristo, a salvação não deixa de ser uma obra soberana de Deus sobre o pecador morto e cego. João simplesmente afirma que ninguém viria a crer em Jesus a menos que Ele deu -los . o direito de se tornarem filhos de Deus Eles são salvos inteiramente por "graça ... mediante a fé; e isto não vem de [si], é o dom de Deus, não como resultado de obras, para que ninguém se glorie "(Ef
A grande verdade da eleição e soberana graça é aqui introduzida de forma adequada à própria base de menção da salvação de João. Nosso Senhor vai falar desta verdade em 6: 36-47; 15:16; 17: 6-12.
Porque todos carregar a culpa de incredulidade e rejeição, a frase , mas de Deus significa que a salvação, ou seja, receber e crer no Senhor Jesus Cristo, é impossível para qualquer pecador. Deus deve conceder o poder sobrenatural e com ela a vida divina e luz para o sem vida, pecador escurecido.
3. A glória do Verbo encarnado (João
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. João deu testemunho sobre Ele e clamou, dizendo: "Este é aquele de quem eu disse:" O que vem depois de mim tem um posto mais alto do que eu, porque ele existia antes de mim '. "Para da sua plenitude todos nós recebemos, e . graça sobre graça Porque a lei foi dada por Moisés, a graça ea verdade vieram por Jesus Cristo Ninguém jamais viu a Deus a qualquer momento;. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, Ele explicou-Lo (1. : 14-18)
Para os primeiros cinco séculos de sua existência, a igreja primitiva defendeu a verdadeira doutrina da Encarnação. Durante esse tempo, muitos ensinamentos errôneas sobre a união hipostática (a união das naturezas divina e humana em Cristo) foram apresentados, analisados e rejeitados. Por exemplo, alguns argumentaram que Jesus não tinha um espírito humano, mas sim que o Seu espírito divino, com um corpo humano. Essa visão preservada a Sua divindade, mas à custa de negar sua humanidade plena. Outros argumentaram que o divino Cristo espírito entrou no homem Jesus em Seu batismo, e deixou-o antes de sua crucificação. Outra falsa visão defendida por alguns foi a de que Jesus era um ser criado, e, portanto, inferior a Deus Pai. Ainda outros o viram como duas pessoas distintas, uma humana e outra divina; de acordo com que o ensino de Jesus era um homem no qual Deus habitou.
Todos esses pontos de vista (e outros também) errou fatalmente ou negando plena divindade de Jesus Cristo ou a sua plena humanidade. A verdadeira igreja rejeitou-los todos em favor da visão bíblica de Jesus como o Deus-homem. O Concílio de Calcedônia (451 dC) declarou oficialmente que a verdade em uma das declarações mais famosas e importantes na história da igreja:
Portanto, seguindo os santos Padres, todos nós com um acordo ensinar os homens a reconhecer um só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, ao mesmo tempo completo em Divindade e completo em masculinidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, composto também de uma alma racional e corpo; de uma substância [ homoousios ] com o Pai no que diz respeito a sua Divindade, e ao mesmo tempo de uma substância com a gente no que diz respeito a sua masculinidade; como nós em todos os aspectos, sem pecado; no que respeita à sua divindade, nascido do Pai antes dos séculos, mas ainda no que diz respeito ao seu sexo teve, por nós homens e para nossa salvação, a da Virgem Maria, o portador de Deus [ Theotokos ]; um eo mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, reconhecido em duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação; a distinção de naturezas sendo, de modo algum anulada pela união, mas sim as características de cada natureza a ser preservada e se unindo para formar uma pessoa e subsistência [ hupostasis ], não como parted ou separado em duas pessoas, mas um só e mesmo Filho e unigênito de Deus da Palavra, Senhor Jesus Cristo; até mesmo como os profetas, desde os tempos mais antigos falavam dele, e nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou, e o credo dos Padres foi decretada para nós. (Citado em Henry Bettenson, ed,. Documentos da Igreja Cristã[Londres:. Oxford Univ de 1967], 51-52)
O fato de que a igreja invisível tem necessariamente sempre realizada a uma verdadeira doutrina da Encarnação, e tem em vários momentos reiterou a afirmação de Calcedônia, não significa que esta doutrina deixou de ser aguerrido. Ele ainda é alvo de falsos mestres, cultos e religiões falsas. O apóstolo João estava claro em suas epístolas que a verdadeira visão de Jesus como divino e humano foi um marco essencial da salvação (conforme I João
Durante todo o prólogo do seu Evangelho (1: 1-18) João declarou as verdades profundas da divindade e Encarnação de Cristo, chegando a um poderoso crescendo nestes últimos cinco versos. Eles resumem o prólogo, que por sua vez resume todo o livro. Na sua linguagem caracteristicamente simples, João expressou a gloriosa realidade da Encarnação, apontando a sua natureza, as testemunhas, e impacto.
A Natureza da Encarnação
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. (1:14)
O versículo 14 é a declaração bíblica mais concisa da Encarnação, e, portanto, um dos versos mais importantes da Escritura. As quatro palavras com que ele começa, o Verbo se fez carne, expressar a realidade que, na Encarnação Deus assumiu a humanidade; o infinito tornou-se finito; eternidade entrou no tempo; o invisível tornou-se visível (conforme Cl
Como observado na discussão Dt
Ginomai ( tornou-se ) não significa que Cristo deixou de ser o Verbo eterno, quando Ele se tornou um homem. Embora Deus é imutável, eterna pura "ser" e não "tornar-se" como todas as Suas criaturas são, na Encarnação o imutável (He 13:8)
Charles Wesley também capturou a maravilha da Encarnação em seu majestoso hino "Hark O Herald Angels Sing!":
Velado em carne Divindade ver,
Hail th 'divindade encarnada!
Satisfeito como o homem com os homens para habitar,
Jesus, o nosso Emmanuel.
Alguns acharam a Encarnação tão totalmente além da razão humana de compreender que eles se recusaram a aceitá-lo. O grupo herética conhecida como os Docetistas (de dokeo ; "parecer", ou "aparecer"), aceitando o dualismo da matéria e espírito tão predominante na filosofia grega na época, considerou que a matéria era má e espírito era bom. Assim, eles argumentaram que Cristo não poderia ter tido um material (e, portanto, o mal) corpo. Eles ensinaram em vez disso, que seu corpo era um fantasma, ou uma aparição, ou que o espírito divino Cristo desceu sobre o simples homem Jesus em Seu batismo, então o deixou antes de sua crucificação. Cerinthus, adversário de João em Éfeso, foi um docetista. João se opôs fortemente Docetism, o que compromete não só a encarnação de Cristo, mas também a sua ressurreição e expiação substitutiva. Como observado anteriormente neste capítulo, em sua primeira epístola, alertou,
Amados, não creiais a todo espírito, mas provai os espíritos para ver se são de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. Por isso, você sabe o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo. (I João
João estava tão horrorizado com a heresia de Cerinthus que, como o historiador da igreja primitiva registros de Eusébio,
João, o apóstolo entrou de uma vez um banho para lavar; mas apurar Cerinthus estava dentro, ele saltou para fora do lugar, e fugiu da porta, não resistindo a entrar sob o mesmo teto com ele, e exortou os que com ele a fazer o mesmo, dizendo: "Vamos fugir, para que o banho cair, enquanto Cerinthus, esse inimigo da verdade, está dentro. " ( História Eclesiástica, livro III, cap. XXVIII)
O Filho eterno, não só se fez homem; Ele também habitou entre os homens de 33 anos. Viviam traduz uma forma do verbo skēnoō , que literalmente significa "viver em uma barraca." A humanidade de Jesus Cristo não era uma mera aparência. Ele levou todos os atributos essenciais de humanidade e foi "feito à semelhança de homens" (Fm
No Antigo Testamento, Deus de tendas com Israel por meio de Sua gloriosa presença no tabernáculo (Ex. 40: 34-35) e, mais tarde, no templo (I Reis
E ouvi uma voz vinda do trono, dizendo: "Eis aqui o tabernáculo de Deus está entre os homens, e Ele habitará [ skēnoō ] entre eles, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará entre eles, e Ele enxugará toda lágrima de seus olhos, e não haverá mais ser qualquer morte, não vai haver mais pranto, nem clamor, nem dor; as primeiras coisas passaram "(Ap
Jesus manifesta o mesmo essencial glória como o Pai, porque assim como Deus eles possuem a mesma natureza (10:30). Apesar das alegações dos falsos mestres, através dos séculos, monogenes ( unigênito) não implica que Jesus foi criado por Deus e, portanto, não é eterno. O termo não se refere a origem de uma pessoa, mas descreve-o como único, o único de sua espécie. Assim Isaque poderia ser corretamente chamado de Abraão monogenes (He 11:17), mesmo que Abraão teve outros filhos, porque Isaque sozinho era o filho do pacto. Monogenes distingue Cristo como o único Filho de Deus dos crentes, que são filhos de Deus em um sentido diferente (1Jo
Jesus Cristo foi o completo expressão da graça de Deus. Toda a verdade necessária para salvar está disponível nele. Ele era o completo expressão da verdade de Deus, que foi apenas parcialmente revelado no Antigo Testamento (conforme Cl
Ele, portanto, poderia declarar: "Eu sou o caminho, ea verdade, ea vida .... Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, ea verdade vos libertará "(Jo
A vaga crença em Deus para além da verdade sobre Cristo não resultará em salvação. Como o próprio Jesus advertiu: "A menos que você acredita que eu sou, morrereis nos vossos pecados" (Jo
As Testemunhas da Encarnação
João deu testemunho sobre Ele e clamou, dizendo: "Este é aquele de quem eu disse: 'Aquele que vem depois de mim tem um posto mais alto do que eu, porque ele existia antes de mim'." Para da sua plenitude todos nós recebemos, e graça sobre graça. (1: 15-16)
De acordo com seu objetivo ao escrever seu evangelho (20:31), João trouxe outras testemunhas da verdade sobre o divino, preexistente, Verbo encarnado, o Senhor Jesus Cristo. Ele primeiro convidou JoãoBatista, que também testemunhou sobre Ele e clamou, dizendo: "Este é aquele de quem eu disse: 'Aquele que vem depois de mim tem um posto mais alto do que eu, porque ele existia antes de mim'." João testemunho será relacionado em mais detalhes a partir do versículo 19. Aqui, o apóstolo João meramente resume ele. João Batista, é claro, havia morrido muito antes de este evangelho foi escrito. Mas, como observado no Capítulo 2 deste volume, ainda havia um João Batista culto na existência. Assim como fez no versículo 8, o apóstolo observa inferioridade de João Batista a Cristo, desta vez nas próprias palavras do Batista. Em contraste com alguns de seus seguidores, ele entendeu claramente e aceitou de bom grado o seu papel subordinado.
Isso João gritou fala da negrito natureza, pública do seu testemunho de Jesus; ele era "a voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas!" (Mt
Então João convidou o testemunho dos crentes, incluindo a si mesmo e tudo que tiver recebido a plenitude da bênção daquele que é "cheio de graça e de verdade" (v. 14). Porque em Cristo "toda a plenitude da Divindade habita em forma corpórea" (Cl
Mas como Filho sobre a casa em que Moisés era apenas um servo (Heb. 3: 5-6), Jesus Cristo trouxe a plena realização de graça e de verdade (conforme a discussão de v 14 acima.). A graça de Deus no Antigo Testamento foi aplicado para os penitentes crentes em antecipação da plena revelação da Sua graça em Jesus Cristo. Na salvação de Deus Lhe verdade foi plenamente revelado e realizado. A "verdade está em Jesus" (Ef
O NASB segue a leitura melhor atestada em manuscritos gregos, Deus unigênito (em vez da leitura alternativa, "Filho unigênito" encontrado em algumas traduções em inglês). É uma conclusão adequada para o prólogo, que sublinhou a divindade de Cristo e absoluta igualdade com o Pai. A expressão íntima , que está no seio do Pai, é uma reminiscência da frase pros ton Theon ("com Deus") no versículo 1 (conforme a discussão no Capítulo 1 deste volume). Ela expressa natureza compartilhada de Cristo com o Pai (conforme 17:24).
Deus, que não pode ser conhecido, a menos que Ele se revela, tornou-se mais plenamente conhecida, porque Jesus explicou ele. Jesus é a explicação de Deus. Ele é a resposta para a pergunta: "O que é Deus?" Em João
"Se você me tivesse conhecido, teria conhecido meu Pai; a partir de agora o conheceis, eo tendes visto." Filipe disse-lhe: "Senhor, mostra-nos o Pai, e isso é o suficiente para nós." Jesus disse-lhe: "Estou há tanto tempo convosco, e ainda assim você não chegaram a conhecer-me, Filipe Quem me vê a mim vê o Pai;? Como você pode dizer: 'Mostra-nos o Pai'"
Explicado traduz uma forma do verbo exēgeomai , a partir do qual a palavra Inglês "exegese" (o método ou prática de interpretar as Escrituras) deriva. Jesus é o único qualificado para exegese ou interpretar Deus ao homem, uma vez que "ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt
Este é o testemunho de João, quando os judeus lhe enviou sacerdotes e levitas de Jerusalém para perguntar-lhe: "Quem é você?" E confessou e não negou, mas confessou: "Eu não sou o Cristo." Perguntaram-lhe: "E então? És tu Elias?" E ele disse: "Eu não sou." "És tu o profeta?" E ele respondeu: "Não." Então eles disseram-lhe: "Quem és tu, para que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram? O que você diz sobre si mesmo?" Ele disse: "Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor", como disse o profeta Isaías. " Agora eles tinham sido enviados eram dos fariseus. Perguntaram-lhe, e disse-lhe: "Por que então você está batizando, se não és o Cristo, nem Elias, nem o Profeta?" João respondeu-lhes, dizendo: "Eu vos batizo com água, mas no meio de vós está um a quem você não conhece. É Ele quem vem depois de mim, a tanga de cuja sandália não sou digno de desatar."Estas coisas aconteceram em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando. No dia seguinte, ele viu Jesus, que vinha para ele e disse: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Este é aquele em nome de quem eu disse: Depois de mim vem um homem que tem um posto mais alto do que Eu, por Ele existia antes de mim '. Eu não reconhecê-lo, mas para que Ele possa se manifestar toIsrael, eu vim batizando em água. " João deu testemunho, dizendo: "Eu vi o Espírito descer como uma pomba do céu, e pousar sobre ele. Eu não reconhecê-lo, mas o que me enviou a batizar em água disse-me: 'Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e permanecer sobre ele, esse é o que batiza no Espírito Santo. " Eu mesmo vi e já declarou que este é o Filho de Deus. " Mais uma vez, no dia seguinte, estava João com dois dos seus discípulos, e ele olhou para Jesus como Ele andou, e disse: "Eis o Cordeiro de Deus!" Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. (1: 19-37)
O mundo antigo tinha visto muitos grandes homens. Ele havia conhecido líderes de guerra temidas, como Alexandre, o Grande; lawgivers judiciosas, como Hammurabi; pensadores profundos, como Sócrates; governantes poderosos, como Augusto César; sábios, como Salomão; e líderes religiosos nobres, como Abraão, Moisés, Davi, e os juízes e profetas de Israel. Mas o maior de todos eles era um candidato mais improvável para os padrões humanos para que a honra suprema. Ele viveu a sua vida na obscuridade no deserto, longe de sociedade e os lugares de poder e influência. Nem era rico; pela forma como ele se vestia e comeu ele identificado com os pobres (Mt
Como mencionado no capítulo 2 deste volume, até mesmo de seu nascimento foi totalmente inesperado, uma vez que sua mãe, Elisabete, tinha sido sempre estéril, e ela e seu marido "eram ambos de idade avançada" (Lc
Nesta passagem, o apóstolo João dá exemplos de testemunho de João Batista, mencionado anteriormente (1: 6-8, 15). Os eventos registrados aqui teve lugar no auge de seu ministério, posterior ao batismo de Jesus por João. Enquanto o Senhor estava no deserto, sendo tentado (Mateus
Primeiro dia, primeiro grupo, Primeiro Ênfase
Este é o testemunho de João, quando os judeus lhe enviou sacerdotes e levitas de Jerusalém para perguntar-lhe: "Quem é você?" E confessou e não negou, mas confessou: "Eu não sou o Cristo." Perguntaram-lhe: "E então? És tu Elias?" E ele disse: "Eu não sou." "És tu o profeta?" E ele respondeu: "Não." Então eles disseram-lhe: "Quem és tu, para que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram? O que você diz sobre si mesmo?" Ele disse: "Eu sou a voz do que clama no deserto:" Endireitai o caminho do Senhor ", como disse o profeta Isaías." Agora eles tinham sido enviados eram dos fariseus. Perguntaram-lhe, e disse-lhe: "Por que então você está batizando, se não és o Cristo, nem Elias, nem o Profeta?" João respondeu-lhes, dizendo: "Eu vos batizo com água, mas no meio de vós está um a quem você não conhece. É Ele quem vem depois de mim, a tanga de cuja sandália eu não sou digno de desatar "Estas coisas aconteceram em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.. (1: 19-28)
A frase de abertura, este é o testemunho de João, introduz as três contas em versos
O termo judeus, embora certamente apropriado para todo o povo de Israel, é na maioria dos seus usos no evangelho de João restrita principalmente às autoridades religiosas (especialmente aqueles em Jerusalém), que eram hostis a Cristo. João fez alusão a que a hostilidade, um tema repetido, quando escreveu: "[Jesus] veio para os Seus, e aqueles que foram os seus não o receberam" (01:11). Neste versículo o termo judeus provável alvo o Sinédrio, o órgão supremo em Israel (sob a autoridade suprema dos romanos). Poderosa pregação de João (incluindo sua denúncia mordaz da instituição religiosa judaica; conforme Mt
A delegação enviada para investigar João era composta de sacerdotes e levitas, pelo menos, alguns dos quais eram fariseus (veja a discussão sobre v. 24 abaixo). Os sacerdotes eram os intermediários humanos entre Deus eo homem, e oficializou as cerimônias religiosas (conforme Lc
Mas, para a questão de saber se ele era Elias João também respondeu: "Eu não sou." Ele não era Elias, pelo menos não no sentido literal que ele sabia que seus interrogadores significava; ele não foi Elias retornou à Terra do céu onde ele tinha ido em um turbilhão (2Rs
E seus discípulos lhe perguntaram: "Por que então os escribas dizem que Elias deve vir primeiro?" E ele, respondendo, disse: "Elias virá e restaurará todas as coisas, mas eu digo-vos que Elias já veio, e eles não o reconheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram Assim também o Filho do Homem vai. sofrer em suas mãos. " Então entenderam os discípulos que Ele tinha falado com eles sobre João Batista.(Mateus
João não era, na verdade, Elias como os judeus esperavam; ao invés disso ele era Elias-like, vindo "no espírito e poder de Elias" (Lc
Nenhum homem é o que ele está em seus próprios olhos. Ele realmente é apenas como ele é conhecido por Deus. Em um momento posterior Jesus igualou João com o Elias da profecia de Malaquias, mas isso não quer levar com ele a implicação de que o próprio João tinha conhecimento da verdadeira posição .... Jesus confere a João, seu verdadeiro significado. Nenhum homem é o que ele mesmo pensa que é. Ele é apenas o que Jesus sabe que ele seja. ( O Evangelho Segundo João, O Novo Comentário Internacional sobre o Novo Testamento [Grand Rapids: Eerdmans, 1979], 135-36)
A próxima consulta, ? És tu o profeta veio a profecia de Moisés, em Deuteronômio
Frustrado pela seqüência de concisas respostas, negativos de João e fora das opções óbvias, os membros exasperados da delegação finalmente disse-lhe: "Quem é você, para que possamos dar uma resposta aos que nos enviaram?" À luz da popularidade de João (e, assim, sua ameaça às autoridades), eles precisavam de uma positiva resposta dele para incluir em seu relatório a quem enviou -los.Desistindo de tentar adivinhar quem ele poderia ser, eles exigiram, "O que você diz sobre si mesmo?"
A resposta de João foi, sem dúvida, não é o que a delegação esperava ouvir. Ao invés de reclamar de ser alguém importante, ele humildemente referiu a si mesmo apenas como uma voz do que clama no deserto. Leon Morris observa,
"O ponto da citação é que ele não dá destaque ao pregador o que quer. Ele não é uma pessoa importante, como um profeta ou o Messias. Ele não é mais do que uma voz (compare com a referência a Jesus como" a Palavra ") . Ele é uma voz, por outro lado, com apenas uma coisa a dizer .... 'Endireitai o caminho do Senhor "é uma chamada para estar pronto, para a vinda do Messias está próximo." ( O Evangelho Segundo João, 137)
Auto-humilhação de João é uma reminiscência de Paulo, que se viram como "o mínimo de todos os santos" (Ef
Segundo dia, segundo Grupo, segunda ênfase
No dia seguinte, ele viu Jesus, que vinha para ele e disse: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Este é aquele em nome de quem eu disse: Depois de mim vem um homem que tem um posto mais alto do que Eu, por Ele existia antes de mim '. Eu não reconhecê-lo, mas para que ele fosse manifestado a Israel, vim batizando em água. " João deu testemunho, dizendo: "Eu vi o Espírito descer como uma pomba do céu, e pousar sobre ele. Eu não reconhecê-lo, mas o que me enviou a batizar em água disse-me: 'Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e permanecer sobre ele, esse é o que batiza no Espírito Santo. " Eu mesmo vi e já declarou que este é o Filho de Deus. " (1: 29-34)
A frase do dia seguinte apresenta uma seqüência de dias, que continua nos versículos
O conceito de um sacrificial Lamb era algo familiar para o povo judeu. Ao longo da história de Israel, Deus tinha revelado claramente que o pecado e separação de Deus só podia ser removido por sacrifícios de sangue (conforme Lv
O título Cordeiro de Deus prenuncia último sacrifício de Jesus na cruz para o pecado do mundo. Com esta breve declaração, o profeta João deixou claro que o Messias tinha chegado a lidar com o pecado.O Antigo Testamento está cheio com a realidade de que o problema é o pecado e é no coração de cada pessoa (Jr
João pela terceira vez (conforme vv. 15, 27), salientou o seu papel subordinado a Jesus, o Verbo eterno, que havia se tornado um homem, reconhecendo, "Este é aquele em nome de quem eu disse: Depois de mim vem um homem que tem um posto mais alto do que eu, porque ele existia antes de mim '. " João foi criado. Jesus ' maior pontuação era infinito. Ele foi quem criou tudo (1: 1-3), incluindo João.Embora João realmente nasceu antes de Jesus, Jesus existia antes dele. E apesar de João era um parente de Jesus '(provavelmente seu primo), uma vez que suas mães foram relacionados (Lc
Como Pedro (Mt
Pela sexta vez em seu evangelho (conforme 1: 7, 8, 15, 19, 32), João, o apóstolo refere-se ao testemunho de João Batista a Cristo, registrando sua afirmação, "Eu mesmo vi e já declarou que este é o Filho de Deus. " Como observado no capítulo 1 deste volume, testemunha, ou testemunhar, é temática neste evangelho. O testemunho de João, no versículo 34 é uma conclusão adequada para esta seção, como a narrativa faz a transição dele para Jesus. . Embora os crentes estão em um número limitado de crianças sentido de Deus (Mt
Para sua primeira ênfase-Messias está aqui-João adicionou uma exortação igualmente convincente: reconhecê-lo pelo que Ele é, o Filho de Deus, o Messias, o Cordeiro do sacrifício final para o pecado do mundo.
Terceiro dia, terceiro grupo Third Ênfase
Mais uma vez, no dia seguinte, estava João com dois dos seus discípulos, e ele olhou para Jesus como Ele andou, e disse: "Eis o Cordeiro de Deus!" Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. (1: 35-37)
A frase do dia seguinte continua a sequência de dias acima descritas em relação com o versículo 29. Este é agora o terceiro dia na seqüência, o segundo depois do encontro de João com a delegação de investigação a partir de Jerusalém. O terceiro grupo é o menor, consistindo apenas em duas das de João discípulos (André [v. 40] e João [que nunca ele mesmo nomes em seu evangelho]). João olhou para Jesus, que passava nas proximidades e repetida aos seus discípulos que ele tinha proclamado às multidões no dia anterior, "Eis o Cordeiro de Deus!" Depois de ouvir o professor falar novamente essas palavras poderosas, os dois discípulos seguiram Jesus. A disposição de João para entregá-los sem hesitação sobre a Ele é mais uma prova de sua humildade modesto e completa aceitação de seu papel subordinado.
Que os dois discípulos seguiram Jesus não implica que eles se tornaram seus discípulos permanentes neste momento. É verdade que akoloutheō ( seguidas ) é usado no Evangelho de João para significar "a seguir como um discípulo" (eg, 08:12; 10:27; 12:26; 21:19;. conforme Mt
Terceiro ênfase de João decorre logicamente seu primeiro dois. Desde o Messias, o Filho de Deus, o Cordeiro de Deus, está aqui, a única resposta adequada é a segui-Lo.
Tendo servido o seu propósito como um testemunho da verdadeira identidade de Jesus, João Batista agora sumiu de cena (para além de uma breve menção em 3:. 23 ss). O resto do evangelho incide sobre o ministério de Jesus, algo que o próprio Batista teria aprovado. Como ele disse a alguns de seus discípulos que estavam com ciúmes por sua reputação,
Um homem não pode receber nada menos que tenha sido dado a ele do céu. Vocês mesmos são testemunhas de que eu disse: "Eu não sou o Cristo", mas, "Eu fui enviado na frente dele." Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do noivo, que está presente eo ouve, regozija-se muito com a voz do esposo. Então, este meu gozo foi completo. Ele deve crescer, mas eu diminua. (João
Ele fez diminuição e, enquanto estava na prisão se perguntando como que se encaixam prisão com a glória antecipada do reino do Messias, foi atingido com dúvidas sobre Jesus ser o Messias. O Senhor graciosamente dissipou essas dúvidas, informando o registro de seus milagres (Mt
5. A Balança da Salvação (João
E Jesus virou-se e viu que o seguiam, perguntou-lhes: "Que procurais?" Responderam-lhe: "Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?" Ele disse-lhes: "Vinde, e você vai ver." Então eles vieram e viram onde ele estava hospedado; e ficaram com ele aquele dia, pois era cerca da hora décima. Um dos dois que ouviram João falar eo seguiu, foi André, irmão de Simão Pedro. Ele achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: "Encontramos o Messias" (que traduzido quer dizer Cristo). Ele levou a Jesus. Jesus olhou para ele e disse: "Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas" (que é traduzido Pedro). No dia seguinte Ele propôs a ir para a Galiléia, e achando a Felipe. E Jesus disse-lhe: "Segue-Me." Agora Filipe era de Betsaida, da cidade de André e Pedro. Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: "Achamos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e os Profetas escreveu-Jesus de Nazaré, filho de José".Natanael disse-lhe: "Alguma coisa boa pode vir de Nazaré?" Filipe disse a ele: "Vinde e vede". Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: "Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!" Natanael disse-lhe: "Como é que você me entende?" Jesus respondeu, e disse-lhe: "Antes de Filipe te chamar, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi." Respondeu-lhe Natanael: "Rabi, Tu és o Filho de Deus;. Tu és o Rei de Israel" Jesus respondeu, e disse-lhe: "Porque eu disse a você que eu te vi debaixo da figueira, você acredita? Você vai ver coisas maiores do que estas." E ele lhe disse: "Em verdade, em verdade vos digo que, você vai ver o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem." (1: 38-51)
A Bíblia revela que Deus é infinitamente além da compreensão humana. Em Isaías
17) e dez vezes que ele endureceu o seu próprio coração (7: 13
Outro paradoxo aparente envolve a autoria das Escrituras. A Bíblia afirma que Deus como seu autor; "Toda a Escritura é inspirada por Deus" (2Tm 3:16), e "nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana" (2Pe
A Bíblia ensina que é impossível para os crentes a viver a vida cristã por conta própria. "Você é tão tolo?" Paulo repreendeu a Gálatas. "Tendo começado pelo Espírito, que está agora a ser aperfeiçoado pela carne?" (Gl
Sublinhando a responsabilidade do crente, o Novo Testamento freqüentemente descreve a vida cristã como uma caminhada de obediência (Rm
Agora, quando Ele estava em Jerusalém na Páscoa, durante a festa, muitos creram no seu nome, observando os sinais que ele estava fazendo. Mas Jesus, de sua parte, não estava confiando-se a eles, pois Ele sabia que todos os homens, e porque Ele não precisava de ninguém para testemunhar a respeito do homem, pois ele bem sabia o que havia no homem. (2: 23-25; conforme Mt
Jesus nunca adiar o, candidato solicitado pelo Espírito sincero. Ele nunca estava ocupado demais para mostrar compaixão para ovelhas perdidas que estavam à procura de um pastor (Mt
A referência à décima hora é a primeira menção de tempo no evangelho de João. Este detalhe oferece uma das muitas evidências de que seu autor foi testemunha ocular dos acontecimentos que ele gravou (veja a discussão sobre este ponto na 1ntrodução). A verdade que os apóstolos foram testemunhas oculares de Jesus é aquele que João salientou em sua primeira epístola: "O que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da Vida. .. o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos também "(1Jo
Versículo 40 nomes de um dos dois que ouviram João Batista falar e seguiram Jesus como André. Como observado acima, o outro discípulo era João, que ao longo de seu evangelho não é nome próprio. (Para obter informações biográficas sobre João e provas de que ele é o discípulo sem nome, consulte a introdução deste volume.) André é identificado como irmão de Simão Pedro, já que Pedro era mais conhecida do que seu irmão menos proeminente. Aqui, como em suas outras duas aparições no Evangelho de João, André traz alguém para encontrar Cristo. Em 6: 8-9, ele trouxe um garoto com pães de cevada e peixe com ele antes da alimentação dos
Messias translitera um termo hebraico ou aramaico que, tal como o seu equivalente grego Cristo, significa "ungido". No Antigo Testamento, foi utilizado do sumo sacerdote (Lv
Nosso nome completo de Simon ao nascer era de Simão Barjonas (Mt
Mas note que o Senhor deu-lhe outro nome. Lucas apresenta-o desta forma: "Simon, a quem também chamou Pedro" (Lc
Pedro era uma espécie de apelido. Significa "Rock". ( Petros ". um pedaço de pedra, uma pedra" é a palavra grega para) O equivalente aramaico era Cefas (conforme 1Co
Às vezes, porém, o Senhor continuou a se referir a ele como Simon de qualquer maneira. Quando você vê que na Escritura, muitas vezes é um sinal de que Pedro fez algo que precisa de repreensão ou correção.
O apelido foi significativa, e que o Senhor tinha uma razão específica para escolhê-lo. Por natureza Simon era impetuoso, vacilante, e inconfiável. Ele tende a fazer grandes promessas que não poderia seguir com. Ele era uma daquelas pessoas que parece estocada de todo coração em alguma coisa, mas, em seguida, afiança para fora antes de terminar. Ele era geralmente o primeiro em; e, muitas vezes, ele foi o primeiro a sair. Quando Jesus o conheci, ele caber a descrição de Tiago de um homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos (Jc 1:8; Lc
A segunda categoria de referências onde ele é chamado Simon é visto sempre que Pedro estava exibindo as características de sua auto-regenerado quando ele estava pecando em palavra, atitude ou ação.Sempre que ele começa a agir como seu antigo eu, Jesus e os escritores do Evangelho reverter para chamá-lo de Simon. Em Lc
É óbvio que as narrativas do Evangelho que o apóstolo João conhecia Pedro muito, muito bem. Eles eram amigos de longa data, colegas de trabalho e vizinhos. Curiosamente, no Evangelho de João, João refere-se ao seu amigo quinze vezes como "Simão Pedro." Aparentemente, João não poderia fazer a sua mente que o nome de usar, porque ele viu ambos os lados do Pedro constantemente. Assim, ele simplesmente colocar os dois nomes juntos. Na verdade, "Simão Pedro" é o que se chama Pedro no endereço de sua segunda epístola: "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo" (2Pe
Depois da ressurreição, Jesus instruiu seus discípulos a voltar para a Galiléia, onde planejava aparecer para eles (Mt
Essa foi a última vez que Jesus já teve de chamá-lo de Simon. Poucas semanas depois, no dia de Pentecostes, Pedro e os demais apóstolos ficaram cheios do Espírito Santo. Foi Pedro, a Rocha, que se levantou e pregou naquele dia.
Pedro era exatamente como a maioria dos cristãos, tanto carnal e espiritual. Ele sucumbiu aos hábitos da carne, às vezes; ele funcionou no Espírito outras vezes. Ele era pecaminoso, por vezes, mas outras vezes ele agiu como um homem justo deveria agir. Este homem, às vezes vacilante Simon, por vezes, Pedro-era o líder dos Doze. ([Nashville: W. Publishing Grupo, 2002], 33-37 Ênfase no original Veja este mesmo livro para informações biográficas sobre o resto dos Doze...)
Buscando almas sempre vai encontrar Cristo receptivo; como mais tarde prometeu: "Tudo o que o Pai me dá virá a mim, e aquele que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora" (06:37).
O Salvador Procuro
No dia seguinte Ele propôs a ir para a Galiléia, e achando a Felipe. E Jesus disse-lhe: "Segue-Me." Agora Filipe era de Betsaida, da cidade de André e Pedro. Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: "Achamos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e os Profetas escreveu-Jesus de Nazaré, filho de José". Natanael disse-lhe: "Alguma coisa boa pode vir de Nazaré?" Filipe disse a ele: "Vinde e vede". Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: "Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!" Natanael disse-lhe: "Como é que você me entende?" Jesus respondeu, e disse-lhe: "Antes de Filipe te chamar, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi." Respondeu-lhe Natanael: "Rabi, Tu és o Filho de Deus;. Tu és o Rei de Israel" Jesus respondeu, e disse-lhe: "Porque eu disse a você que eu te vi debaixo da figueira, você acredita? Você vai ver coisas maiores do que estas." E ele lhe disse: "Em verdade, em verdade vos digo que, você vai ver o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem." (1: 43-51)
Ao contrário dos primeiros discípulos (André, João, Pedro, e, possivelmente, Tiago), que foram introduzidas para Jesus por outra pessoa, Jesus tomou a iniciativa de chamar Filipe. Em todo o caso, quem inicia o contato, aqueles que vêm a Cristo fazê-lo apenas porque Deus em primeiro lugar procurou-los. Em Jo
A frase do dia seguinte indica que ele é agora o dia depois de André encontrou Pedro eo levou ao encontro de Jesus. Jesus propôs deixar a seção do rio Jordão, onde João Batista estava ministrando e ir para a Galiléia. Quando Jesus reuniu Filipe não é indicado, mas ele, como André, Pedro e João, era galileu. Ele era de Betsaida, uma vila de pescadores (seu nome significa "casa de pesca", ou "casa do pescador") localizada na costa nordeste do Mar da Galiléia, não muito longe de Cafarnaum. Betsaida foi também a cidade natal de André e Pedro que, embora mais tarde mudou-se para Cafarnaum (Mc
Como André, Filipe não conseguiu manter a boa notícia sobre Jesus para si mesmo, mas fui imediatamente e encontrou seu amigo Natanael. "parte de Filipe no chamado de Natanael é como o de André no chamado de Pedro, e que de Pedro e André em . seu próprio One tocha acesa serve para acender outro; assim a fé se propaga "(Frederic Louis Godet, Comentário ao Evangelho de João [Separata; Grand Rapids: Kregel, 1985], 331-32). Nathanael ("Deus deu") é chamado Bartholomew nos Evangelhos Sinópticos, que nunca usar o nome de Natanael, assim como João nunca usa Bartolomeu. Evidentemente Natanael era seu nome de batismo e Bartholomew (Bar-Tolmai; "filho de Tolmai") o seu sobrenome. Nas listas dos doze apóstolos nos Evangelhos sinópticos, seu nome segue imediatamente do Filipe. De João outro apenas menção a ele observa que ele era da aldeia de Caná da Galiléia (21: 2).
Tendo encontrado Nathanael, Filipe animAdãoente disse-lhe: "Achamos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e os Profetas escreveu-Jesus de Nazaré, filho de José." O uso do pronome plural quemostra que Filipe agora incluído o próprio como um dos seguidores de Jesus. A lei e os profetas é a designação comum do Novo Testamento sobre o Antigo Testamento (05:17 Matt
Ceticismo inicial de Natanael espelha a de Tomé no final do Evangelho de João (20: 24-25). Sua resposta dúbia a Filipe: "Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?" reflete sua incredulidade que o Messias poderia vir de uma tal cidade insignificante, de que Moisés e os profetas não disse nada (Nazaré não é mencionada no Antigo Testamento, o Talmud, o Midrash, ou quaisquer escritos gentios contemporâneos). Ele também mostra o seu desdém para a cidade em si; assim como os judeus desprezavam os galileus em geral (conforme 07:52; At
Jesus descreveu Nathanael como um verdadeiro israelita, em quem não há dolo! Seu ponto era que sem corte de Natanael, a resposta honesta a Filipe revelou a sua falta de duplicidade e sempre disposta a examinar as alegações de Jesus para si mesmo. Jesus pode ter sido aludindo ao Jacó (e, por implicação a nação descende dele), que, em contraste com Natanael, foi um enganador (Gn
São aqueles que continuam na palavra de Jesus que são Seus verdadeiros ( alēthōs ) seguidores (08:31). Natanael era um verdadeiro discípulo, desde o início, como sua resposta deixa claro.
Surpreso por Jesus "reconhecimento onisciente dele, Natanael exclamou: "Como é que você me entende?" Jesus 'resposta foi ainda mais chocante: "Antes de Filipe te chamar, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi." Não só Jesus resumir com precisão o caráter de Natanael sem ter o conheci, Ele também apresentou um conhecimento sobrenatural de informações que só ele conhece. O mais provável é que a figueira em questão era o lugar onde Natanael estudado e meditado sobre as Escrituras do Antigo Testamento. Não só Jesus sobrenaturalmente ver a localização física de Nathanael, mas Ele também viu no seu coração (conforme Sl
O que aconteceu debaixo da figueira, conhecimento sobrenatural de Jesus sobre ele seja removido dúvida de Natanael. Esmagado pela onisciência de Jesus, ele respondeu ele, "Rabi, Tu és o Filho de Deus;. Tu és o Rei de Israel" Nesse explosão de fé confiante, Natanael reconheceu Jesus como o Messias esperado. Os dois títulos são usados também do Messias no Salmo
O propósito de João ao escrever seu evangelho foi para que as pessoas "podem acreditar que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus" (20:31), que compartilha a mesma natureza de Deus (1: 1). Para o primeiro testemunho de João Batista que Jesus é o Filho de Deus (1:34), o apóstolo acrescentou que de Natanael. O uso do artigo definido indica que o título aqui é utilizado em seu sentido mais amplo, afirmando a igualdade absoluta de Jesus com Deus. Ao longo de seu ministério terreno, os seguidores de Jesus repetidamente reconheceu que Ele era o Filho de Deus (conforme 6:69; 11:27; 14:33 Matt;. 16:16; conforme Lc
O Velho Testamento descreve o Messias como o Rei de Israel em passagens como Sf
Este é o primeiro de treze ocorrências no evangelho do título de João Filho do Homem, a maneira favorita de Jesus de se referir a si mesmo (Ele fez isso cerca de oitenta vezes nos Evangelhos). No evangelho de João, ele é associado com o sofrimento de Jesus e da morte (03:14; 08:28; 12:34), Sua provisão de salvação (06:27, 53), e Sua autoridade para julgar (5:27; 9 : 35, 39). No futuro, o Filho doHomem vai receber o reino do Ancião dos Dias (13
Esta passagem, que registra chamada de Seus primeiros discípulos de Jesus para a salvação, retrata o equilíbrio da salvação ensinada por toda a Escritura. Salvação ocorre quando procuram almas vêm com fé para o Salvador que já buscou-los.
Barclay
O Verbo feito carne — Jo
Passaremos a estudar esta passagem em seções breves e em detalhe; mas, antes de fazê-lo, devemos buscar compreender o que João estava tentando dizer ao descrever a Jesus como O Verbo.
O primeiro capítulo do quarto Evangelho é uma das maiores aventuras do pensamento religioso que jamais obteve a mente do homem. Antes de começar a estudá-lo em detalhe, tentaremos ver o que João estava buscando fazer quando o escreveu.
Não passou muito tempo antes que a Igreja cristã se visse confrontada com um problema básico. A Igreja tivera seus começos dentro do judaísmo. No princípio todos os seus membros tinham sido judeus. Jesus, por descendência humana, era judeu, e, com exceção de breves visitas aos distritos de Tiro e Sidom e a Decápolis, Ele nunca saiu da Palestina. O cristianismo começou entre os judeus; e, devido a isso, era inevitável que falasse o idioma dos judeus, e que empregasse as linhas de pensamento dos judeus.
Mas embora o cristianismo teve seu berço dentro do judaísmo, pouco tempo depois se estendeu pelo resto do mundo. Trinta anos depois da morte de Jesus, cerca do ano 60, o cristianismo tinha viajado por toda a Ásia Menor e a Grécia e tinha chegado a Roma. Cerca do ano 60 devem ter havido na 1greja cem mil gregos para cada judeu cristão. As idéias judaicas eram completamente estranhas para os gregos. Para tomar um só exemplo revelador, os gregos jamais tinham ouvido falar de um Messias. O próprio centro da esperança dos judeus, chegada do Messias, era uma idéia completamente alheia aos gregos. A própria linha de
pensamento segundo a qual os judeus concebiam e apresentavam a Jesus não significava nada para um grego.
Aqui estava o problema — como apresentar o cristianismo ao mundo grego? Lecky, o historiador disse em uma oportunidade que o progresso e a expansão de uma idéia depende, não só da força e o poder da idéia, mas sim da predisposição para receber a da época a que é apresentada. A tarefa da Igreja cristã consistia em criar no mundo grego uma predisposição para receber a mensagem cristã. Como disse E. J. Goodspeed, a questão era esta: "A um grego que está interessado no cristianismo devia ser levado a passar por todas as idéias messiânicas judaicas e pelas formas judaicas de pensamento, ou se poderia encontrar um enfoque novo que pudesse falar com sua mente e coração desde seu próprio pano de fundo?" O problema consistia em apresentar o cristianismo e a Cristo de maneira que um grego pudesse compreendê-lo.
Ao redor do ano 100 houve um homem em Éfeso que se sentiu fascinado pelo problema: Seu nome era João. Vivia em uma cidade grega. Relacionava-se com gregos aos quais as idéias judaicas eram estranhas e ininteligíveis e até grosseiras.
Como podia encontrar uma forma de apresentar o cristianismo a esses gregos em seu próprio pensamento e em seu próprio idioma e de maneira tal que o aceitassem e compreendessem? De súbito lhe ocorreu a solução a seu problema. Tanto no pensamento grego como no judeu existia o conceito de O Verbo. Isto era algo que podia elaborar-se para enfrentar tanto ao mundo grego como ao judeu. Algo que permanecia à tradição de ambas as raças, algo que ambos podiam compreender.
Comecemos, pois, por examinar os dois pano de fundos do conceito do Verbo.
O pano de fundo judeu
No pano de fundo judeu havia quatro correntes que contribuíam de certo modo à idéia do Verbo.
- Para o judeu uma palavra era muito mais que um mero som; uma palavra era algo que tinha uma existência ativa e independente e que de fato fazia coisas. Como disse o professor John Paterson: "Para o hebreu a palavra falada era algo muito vivo... Era uma unidade de energia carregada de poder. Voa como uma bala a seu destino". Por essa mesma razão o hebreu era parco em palavras. O vocabulário hebreu tem menos de dez mil palavras; o grego tem duzentas mil.
Um poeta moderno nos relata como em uma ocasião o autor de um fato heróico foi incapaz de relatar-lhe a seus companheiros de tribo por falta de palavras. Diante disso ergueu-se um homem "dotado com a magia necessária das palavras", e relatou a história em termos tão vivos e estremecedores que "as palavras adquiriram vida e caminhavam de um lado a outro no coração de seus ouvintes". As palavras do poeta converteram-se em um poder.
A história tem muitos exemplos desse tipo de coisas.
Quando John Knox pregava durante o tempo da Reforma na Escócia se dizia que a voz desse homem só infundia mais coragem no coração de seus ouvintes que dez mil trompetistas soando em seus ouvidos. Suas palavras agiam sobre as pessoas.
Nos dias da Revolução Francesa, Rouget de Lisle escreveu a Marselhesa e essa canção fez com que os homens partissem à revolução. As palavras faziam coisas.
Nos dias da Segunda Guerra Mundial, quando a Inglaterra carecia tanto de aliados como de armas, as palavras do Primeiro-Ministro, Sir Winston Churchill, ao falar com todo o país pelo rádio, elas exerciam influência nas pessoas. Isto era mais certo no Oriente, e o é ainda. Para os orientais uma palavra não é um mero som; é uma força que faz coisas.
O professor Paterson recorda um incidente que Sir Adam Smith relata. Em uma ocasião em que Sir George Adam Smith viajava pelo deserto asiático, um grupo de maometanos lhe deram as costumeiras boas-vindas: "A paz seja contigo". No momento não perceberam que era um cristão; mas quando descobriram que haviam proferido uma bênção a um infiel, apressaram-se a voltar pedindo que a devolvesse. A palavra era como uma coisa que se podia enviar para fazer coisas e a ela se podia trazer de volta.
Podemos compreender como, para os povos orientais, as palavras tinham uma existência independente, carregada de poder.
- O Antigo Testamento está cheio dessa idéia geral do poder das palavras. Uma vez que Isaque foi enganado para que abençoasse a Jacó em lugar de Esaú, não teria podido fazer nada para recuperar essa bênção (Gênesis 27). A palavra tinha saído e tinha começado a agir e não havia nada que pudesse detê-la. Vemos a palavra de Deus em ação de maneira especial no relato da Criação. A cada passo lemos: "E disse Deus...." (Gn
1: ,Gn3 1: ,Gn6 1: ). A Palavra de Deus é o poder criador.11
Aqui e ali nos confrontamos com esta idéia da palavra de Deus criativa, atuante, dinâmica. “Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus” (Sl
No Antigo Testamento por toda parte se vê esta idéia da palavra poderosa, criadora. Inclusive as palavras dos homens têm uma sorte de atividade dinâmica; quanto mais a de Deus?
- Na vida religiosa hebréia intervinha algo que acentuou em grande medida o desenvolvimento desta idéia da Palavra de Deus. Durante mais de um século antes da vinda de Jesus, o hebraico tinha sido um idioma esquecido. O Antigo Testamento estava escrito em hebraico mas os judeus já não o conheciam. Os estudiosos sabiam, mas não o povo comum.
O povo comum falava um desenvolvimento do hebraico chamado aramaico. O aramaico é para o hebreu um pouco parecido com o que o inglês moderno é para o anglo-saxão. Visto que essa era a situação, era preciso traduzir as escrituras do Antigo Testamento a este idioma que o povo entendia, e estas traduções eram chamadas targuns. Na sinagoga se liam as escrituras no hebraico original, mas depois eram traduzidas ao aramaico que o povo falava e as traduções que se empregavam eram os targuns. Agora, os targuns foram redigidos em uma hora em que o povo estava fascinado com a transcendência de Deus. Quer dizer, foram produzidos em um momento em que os homens só podiam pensar na distância e Deus como um ser distante e diferente.
Devido a isso os homens que fizeram as traduções, que aparecem nos targuns sentiam muito temor em atribuir pensamentos e emoções, ações e reações humanas a Deus. Em termos técnicos, fizeram todos os esforços possíveis por evitar o antropomorfismo ao falar de Deus. Quer dizer, fizeram todos os esforços possíveis por evitar atribuir sentimentos e ações humanas a Deus. Agora, o Antigo Testamento em geral fala de Deus de maneira humana; e em qualquer lugar que ocorria algo semelhante no Antigo Testamento, os targuns substituem o nome de Deus por palavra de Deus. Vejamos que efeitos teve este costume.
Em Ex
- A esta altura devemos tomar nota de um fato que é fundamental para o desenvolvimento posterior desta idéia da palavra. O termo grego para palavra é Logos; mas Logos, não significa somente palavra, também quer dizer razão. Para João, e para todos os grandes pensadores que fizeram uso desta idéia, estes dois significados sempre estavam intimamente entrelaçados. Quando usavam a palavra Logos sempre tinham presente as idéias paralelas da palavra de Deus e a razão de Deus. Agora, os judeus tinham um tipo de literatura chamada literatura sapiencial. Esta literatura sapiencial era a sabedoria concentrada dos sábios e dos homens inteligentes. Em geral não é especulativa ou filosófica; pelo contrário, trata-se de uma sabedoria prática para a vida e seu desempenho. No Antigo Testamento o maior exemplo deste tipo de literatura é o livro de Provérbios.
No livro de Provérbios há certas passagens que atribuem um poder misterioso, criativo, vitalizador e eterno à sabedoria (Sophia). Poderia dizer-se que nestas passagens se personificou a sabedoria e ela foi considerada como o agente, instrumento e colaborador eterno de Deus.
Três são as passagens principais. O primeiro é 13
“É árvore de vida para os que a alcançam, e felizes são todos os que a retêm. O SENHOR com sabedoria fundou a terra, com inteligência estabeleceu os céus. Pelo seu conhecimento os abismos se rompem, e as nuvens destilam orvalho” (Provérbios
Agora recordamos que Logos significa palavra e também significa razão. Já vimos o que pensavam os judeus a respeito da palavra poderosa e criadora de Deus. Aqui vemos o outro aspecto que começa a fazer sua aparição. A sabedoria é o agente de Deus na iluminação e na criação. E a sabedoria e a razão são duas coisas muito parecidas. De maneira que aqui vemos aparecer o outro lado da palavra Logos. Vimos quão importante era esse termo no sentido de palavra; agora vemos que está começando a ser importante no sentido de sabedoria ou razão.
A segunda passagem importante é Provérbios
A palavra é a luz dos homens, e a sabedoria é a luz dos homens. Agora as duas idéias se estão amalgamando com rapidez.
A passagem mais importante é Provérbios
"O SENHOR me possuía no início de sua obra, antes de suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes do começo da terra. Antes de haver abismos, eu nasci, e antes ainda de haver fontes carregadas de águas. Antes que os montes fossem firmados, antes de haver outeiros, eu nasci. Ainda ele não tinha feito a terra, nem as amplidões, nem sequer o princípio do pó do mundo. Quando ele preparava os céus, aí estava eu; quando traçava o horizonte sobre a face do abismo; quando firmava as nuvens de cima; quando estabelecia as fontes do abismo; quando fixava ao mar o seu limite, para que as águas não traspassassem os seus limites; quando compunha os fundamentos da terra; então, eu estava com ele e era seu arquiteto, dia após dia, eu era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo.” (Provérbios
Quando lemos essa passagem encontramos um eco atrás de outro do que diz João sobre o Verbo, a Palavra, o Logos, no primeiro capítulo do quarto Evangelho. A sabedoria tinha essa existência eterna, essa função iluminadora, esse poder criador que João atribuía à Palavra, ao Verbo, aos Logos, com o que identificava a Jesus Cristo.
O desenvolvimento desta idéia de sabedoria não parou aqui. Entre o Antigo e o Novo Testamento, os homens continuaram escrevendo e produzindo este tipo de literatura chamado literatura sapiencial. Possuía tanta sabedoria concentrada; tirava tanto da experiência dos homens sábios que era uma preciosa guia para a vida. Escreveram-se dois grandes livros em particular, que se incluem entre os apócrifos, e que são livros que ajudarão a alma de qualquer pessoa que as leia.
(a) O primeiro é o livro chamado A Sabedoria de Jesus, filho do Sirac, ou, segundo seu título mais comum, Eclesiástico. Este livro também dá muita importância à sabedoria criadora e eterna de Deus.
"As areias do mar; as gotas da chuva E os dias do passado, quem poderá contá-los?
A altura do céu, a amplidão da terra, a profundeza do abismo, quem as poderá explorar?
Antes de todas estas coisas foi criada a Sabedoria, e a inteligência prudente existe desde sempre."
(Eclesiástico Jo
O princípio do Evangelho do João é de uma importância tal e de tal profundeza de sentido que devemos estudá-lo quase versículo por versículo. O grande pensamento do João é que Jesus não é outro senão o Verbo criador, vitalizador e iluminador dos conceitos grandiosos a respeito de Deus, que Jesus é o poder de Deus que criou o mundo e a razão de Deus que o sustenta, que veio à Terra sob uma forma humana e corpórea.
Aqui, no começo, João diz três coisas sobre o Verbo, e isso quer dizer, que diz três coisas sobre Jesus.
- O Verbo existia iá no princípio de todas as coisas. O pensamento de João se remonta ao próprio começo da Bíblia: "No princípio criou Deus os céus e a terra" (Gn
1: ). O que João diz é isto —o Verbo não é uma das coisas criadas; estava presente antes da criação. O Verbo não é uma parte do mundo que começou a existir no tempo; o Verbo é uma parte da eternidade e estava com Deus antes do tempo e antes do princípio do mundo. Este pensamento de João recebe um nome técnico na teologia. João estava pensando no que se conhece como a preexistência de Cristo. Em mais de um sentido, esta idéia da preexistência é algo muito difícil de compreender, se não impossível. Mas significa algo muito simples, muito prático e muito tremendo. Se o Verbo estava com Deus antes de que começasse o tempo, se o Verbo de Deus é parte do esquema eterno das coisas, quer dizer que Deus sempre foi como Jesus.1
Às vezes tendemos a pensar em Deus como alguém justo, santo, estrito e vingador; e tendemos a pensar que algo que Jesus fez muda a ira de Deus em amor e alterou a atitude de Deus para os homens. O Novo Testamento desconhece completamente idéia. Todo o Novo Testamento nos diz, e esta passagem de João o faz de maneira especial, que Deus sempre foi como Jesus. O que fez Jesus foi abrir uma janela no tempo para que pudéssemos contemplar o amor eterno e imutável de Deus. Mas podemos nos perguntar: "Se dissermos isso, o que acontece a algumas das coisas que lemos no Antigo Testamento? O que dizer das passagens que falam das ordens de Deus para arrasar cidades inteiras, e destruir homens, mulheres e crianças? Que explicação nos dá da ira, do poder destruidor e do zelo de Deus que aparecem nas partes mais antigas das Escrituras?"
A resposta a essas perguntas é a seguinte: não é Deus quem mudou; o que mudou é o conhecimento de Deus por parte do homem. Os homens escreveram essas coisas porque não conheciam mais que isso. Esse era o estágio ao que tinha chegado seu conhecimento de Deus. Quando um menino está aprendendo um tema, deve fazê-lo passo a passo. Não começa com um conhecimento completo; começa com o que pode compreender e segue avançando cada vez mais. Quando começa a estudar álgebra não começa com o binômio de Newton; parte de equações simples, e continua passo a passo à medida que aumenta seu conhecimento do tema. O mesmo aconteceu com os homens e Deus. Só podiam entender e compreender partes pequenas de Deus. Só quando veio Jesus, os homens viram em forma completa e total como Deus tinha sido sempre.
Conta-se que em uma ocasião uma garotinha tomou contato com as partes mais sangrentas e selvagens do Antigo Testamento. Seu comentário foi: "Mas isso aconteceu antes que Deus se tornasse cristão!"
Se podemos expressá-lo da mesma maneira, com toda reverência, quando João diz que o Verbo existiu sempre, antes do princípio das coisas, o que está dizendo é que Deus sempre foi cristão. Diz-nos que Deus foi, é e sempre será igual a Jesus; mas os homens não podiam saber e conhecer isto antes da vinda de Jesus.
- João continua dizendo: o Verbo estava com Deus. O que quer dizer com isto? Quer dizer que sempre existiu a relação mais íntima e mais próxima entre o Verbo e Deus. Ponhamo-lo em outra forma mais simples. Sempre existiu a relação mais íntima entre Jesus e Deus. Isso significa que não há ninguém que possa nos dizer como é Deus, qual é a vontade de Deus para conosco, como são o amor, o coração e a mente de Deus, como Jesus pode demonstrar.
Tomemos uma analogia humana muito simples. Se queremos saber o que pensa e sente a respeito de algo uma determinada pessoa, e se não podermos nos aproximar dessa pessoa, não nos dirigimos a alguém que apenas a conhece, a alguém que só a conhece há pouco tempo; vamos a alguém que sabemos que é seu amigo íntimo há muitos anos. Sabemos que o íntimo amigo de muitos anos será capaz de nos interpretar o pensamento e sentimento dessa pessoa. Um pouco parecido é o que diz João a respeito de Jesus. Diz que Jesus sempre esteve com Deus. Empreguemos uma linguagem muito humana porque é o único que podemos usar. João está dizendo que Jesus mantém uma relação tão íntima com Deus que Deus não tem segredos para ele; e que, portanto, Jesus é a única pessoa de todo o universo que nos pode revelar como é Deus, e o que sente para nós.
- Por último João diz que o Verbo era Deus. Não cabe dúvida que se trata de uma frase difícil de compreender, e é difícil porque o grego, que é o idioma em que escrevia João, diz as coisas de maneira diferente da que nós usamos. Quando o grego emprega um substantivo quase sempre o acompanha com o artigo definido. A palavra grega para Deus é theos, e o artigo definido, é ho. Quando o grega fala de Deus não diz somente theos, e sim ho theos. Agora, quando o grego não emprega o artigo definido com o substantivo, este se converte em algo muito mais parecido a um adjetivo; descreve o caráter, a qualidade da pessoa. João não disse que o Verbo era ho theos; isso teria significado que o Verbo era idêntico a Deus; diz que o Verbo era theos —sem o artigo definido— o que quer dizer, em nossas palavras, que o Verbo era do mesmo caráter, essência, qualidade e ser que Deus. Quando João disse o Verbo era Deus não estava dizendo que Jesus era idêntico a Deus; estava dizendo que Jesus é tão perfeitamente o mesmo que Deus em mente, coração e ser, que em Jesus vemos a perfeição como Deus é.
Assim, pois, no próprio começo de seu Evangelho João afirma que em Jesus, e só nele, revela-se de maneira perfeita aos homens tudo o que Deus sempre foi e sempre será, e tudo o que Deus sente com relação aos homens e deseja deles.
O CRIADOR DE TODAS AS COISAS
Pode parecer-nos estranho que João sublinhe desta maneira a forma em que o mundo foi criado. E pode parecer-nos estranho que relacione a Jesus de maneira tão definida com a obra da criação. Mas se vê obrigado a fazê-lo devido a certa tendência no pensamento de sua época.
No tempo em que João viveu havia uma espécie de heresia denominada gnosticismo. O ponto característico do gnosticismo era que se tratava de um enfoque intelectual e filosófico do cristianismo. Para os gnósticos as crenças simples do cristão comum não eram suficientes. Tentavam construir um sistema filosófico a partir do cristianismo. sentiam-se preocupados com a existência do pecado, o mal, a dor e o sofrimento neste mundo, de maneira que elaboraram uma teoria e uma filosofia para explicá-los.
A teoria era a seguinte. No princípio existiam duas coisas: Deus e a matéria. Os gnósticos sustentavam que a matéria sempre tinha existido. Era a matéria-prima a partir da qual se criou, formou e modelou o mundo. Os gnósticos sustentavam que esta matéria original era defeituosa e imperfeita. Quer dizer que, desde o começo, o material a partir do qual se criou o mundo era imperfeito. Dito de outra maneira, o mundo tinha que começar mau. Era feito de um material que continha os germes do mal e da corrupção. Mas os gnósticos foram ainda mais longe. Deus —sustentavam— é espírito puro, e o espírito puro é tão puro que jamais pode tocar a matéria. Muito menos poderá tocar uma matéria cuja essência é a imperfeição. Portanto, não era possível que Deus tivesse levado a cabo a obra da criação por si mesmo. De maneira que, segundo eles, o que Deus tinha feito era lançar de si mesmo uma série de emanações.
Cada emanação se afastava cada vez mais de Deus. À medida que as emanações se foram afastando de Deus, conheciam cada vez menos a respeito dele. Para a metade da série descendente havia uma emanação que já não sabia nada a respeito de Deus e que era totalmente ignorante sobre Ele. A partir desse estádio as emanações começavam a ser não só ignorantes de Deus, mas também hostis com respeito a Ele. Finalmente, a última emanação da série estava tão longe de Deus que era completamente ignorante e hostil com relação a Ele, e essa emanação foi a força que criou o mundo, porque estava tão longe de Deus que podia tocar esta matéria imperfeita e má. Segundo os gnósticos o Deus criador era um Deus que estava completamente divorciado e em inimizade com o verdadeiro Deus.
Os gnósticos davam um passo mais. Identificavam o Deus criador com o Deus do Antigo Testamento; e sustentavam que o Deus do Antigo Testamento era completamente distinto, ignorante e hostil com relação ao Deus que era o Deus e Pai de Jesus Cristo. Na época de João esta crença estava muito estendida. Os homens acreditavam que o mundo era mau e que tinha sido criado por um Deus mau.
Para combater esses ensinos João estabelece aqui estas duas verdades fundamentais do cristianismo. De fato, a relação de Jesus com a criação se sublinha repetidamente no Novo Testamento, justamente em razão desse pano de fundo de pensamento que divorciava a Deus do mundo em que vivemos. Em Cl
João e os outros evangelistas que falaram desta maneira estavam sublinhando duas verdades muito importantes.
- O cristianismo sempre creu no que se chama criação do nada. Não criam que em sua criação Deus teve que trabalhar com uma matéria estranha e má. Não criam que o mundo tenha começado com uma falha essencial. Não criam que o mundo começou com Deus e alguma outra coisa. Criam que por trás de todas as coisas está Deus e só Deus.
- O cristianismo sempre creu que este é o mundo de Deus. De maneira, que, longe de estar tão separado do mundo que não podia ter nada que ver com ele, Deus está intimamente comprometido com ele.
Os gnósticos tratavam de jogar a culpa do mal que existe no mundo a seu criador. O cristianismo acredita que o que anda mal no mundo se deve nada mais que ao pecado do homem. Mas apesar de que o pecado danificou o mundo e impediu que fosse o que poderia ter sido, jamais podemos desdenhá-lo, e jamais podemos odiá-lo, porque este mundo é essencialmente o mundo de Deus. Se crermos nisso adquiriremos um novo sentido do valor do mundo e um novo sentido da responsabilidade para com o mundo.
Há um conto de uma menina que vivia nas ruas suburbanas de uma grande cidade, e a quem levaram para passar um dia no campo. Quando viu as campainhas no bosque, perguntou: "Crê que a Deus se importaria se eu arrancar algumas de suas flores?"
Este mundo é de Deus, devido a isso não há nada que não esteja sob seu controle, e por isso devemos usar todas as coisas lembrando que pertencem a Deus. O cristão não despreza o mundo pensando que um deus ignorante e hostil o criou; aprecia-o ao recordar que em todas partes Deus está sempre por trás do mundo e nele: crê que o Cristo que recria o mundo foi o colaborador de Deus quando o mundo foi criado pela primeira vez, e que, no ato da redenção, Deus está buscando recuperar o que sempre lhe pertenceu.
VIDA E LUZ
Em uma peça musical importante o compositor está acostumado a começar estabelecendo os temas que vai desenvolver e elaborar no curso de toda a obra. Isso é o que João faz neste verso. No quarto Evangelho, vida e luz são duas das grandes palavras fundamentais sobre as que está construído todo o Evangelho. São dois dos temas principais que o Evangelho se propõe desenvolver e expor. Analisemo-los em detalhe.
O quarto Evangelho começa e termina com a palavra vida. Aqui, no próprio começo lemos que em Jesus estava a vida; e no final lemos que o objetivo de João ao escrever o Evangelho foi que os homens pudessem crer “que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo
- Simplesmente quer dizer que vida é o contrário de destruição, condenação e morte. Deus enviou seu Filho para "que todo aquele que crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo
3: ). O homem que ouve e crê tem vida eterna e não entrará em juízo (Jo16 5: ). Há um contraste entre a ressurreição para a vida e a ressurreição para a condenação (Jo24 5: ). Aqueles a quem Jesus dá vida não perecerão jamais (Jo29 10: ). Em Jesus há algo que dá segurança ao homem nesta vida e na outra. Não se pode dizer que vivemos até que não aceitamos a Jesus e o tomamos como nosso Salvador e o coroamos como nosso rei. O homem que vive uma vida sem Cristo existe, mas não sabe o que é a vida. Jesus é a única pessoa que pode transformar a vida em algo que merece ser vivida, e em sua companhia a morte não é mais que o prelúdio de uma vida ainda mais plena.28 - Mas João está seguro de que, embora Jesus é quem traz esta vida, a origem, o autor e o doador da vida é Deus. Com freqüência emprega a frase o Deus vivo, como de fato o faz toda a Bíblia repetidamente. A vontade do Pai que enviou a Jesus é que quem o veja e nele crê tenha vida (Jo
6: ). Jesus é o doador da vida porque o Pai pôs sobre ele seu selo de aprovação (Jo40 6: ). Dá vida a todos os que Deus lhe deu (Jo27 17: ). Por trás de tudo está Deus. É como se Deus estivesse dizendo: "Eu criei os homens para que tivessem vida autêntica; mediante seu pecado deixaram que viver e só existem; enviei a meu Filho para que saibam o que é a vida verdadeira".2 - Devemos nos perguntar o que é esta vida. O quarto Evangelho emprega com freqüência a frase vida eterna. Mais adiante discutiremos todo o significado dessa frase. No momento devemos anotar o seguinte. A palavra que João emprega para eterna é aionios. Agora, seja o que for a vida eterna, não é meramente uma vida que dura para sempre. É evidente que uma vida que durasse para sempre poderia ser uma terrível maldição; muito freqüentemente a única coisa que os homens desejaram é ver-se livres da vida.
Na vida eterna deve haver algo mais que duração; deve haver certa qualidade de vida. A vida não é desejável a menos que se trate de um certo tipo de vida. Aqui temos a chave. Aionios é o adjetivo que se emprega com freqüência para descrever a Deus. No sentido mais exato da palavra, só Deus é aionios, eterno; de maneira que a vida eterna é aquela vida que Deus vive. O que nos oferece Jesus de parte de Deus é a mesma vida de Deus. A vida eterna é uma vida que conhece algo da serenidade e o poder de vida do próprio Deus. Quando Jesus precisou oferecer aos homens a vida eterna, Ele os estava convidando a participar da própria vida de Deus.
- Como podemos, pois, entrar nessa vida? Entramos nessa vida ao crer em Jesus Cristo. A palavra crer (pisteuein) aparece não menos de setenta vezes no quarto Evangelho. "Quem crê no Filho tem a vida eterna" (Jo
3: ). “Quem crê em mim", diz Jesus, "tem a vida eterna" (Jo36 6: ). A vontade de Deus consiste em que os homens vejam o Filho, criam nele e tenham a vida eterna (Jo47 5: ).24
O que significa para João crer?
- Significa que devemos estar convencidos de que Jesus é real e verdadeiramente o Filho de Deus. Quer dizer que devemos nos decidir a respeito de Jesus. Depois de tudo, se Jesus não for mais que um homem, não há nenhuma razão para lhe prestarmos obediência total e implícita que exige. Devemos pensar por nós mesmos quem foi Jesus. Devemos vê-lo, aprender coisas a respeito dele, estudá-lo, pensar nele até que cheguemos à conclusão que não é outro senão o Filho de Deus.
- Mas nisto há mais que uma crença intelectual. Crer em Jesus significa tomá-lo pela palavra. Significa aceitar seus mandamentos como algo absolutamente obrigatório, crer sem questionar que o que ele diz é a verdade, agir sob a convicção de que não podemos fazer outra coisa senão obedecer sua palavra. Para o João, a crença consta de três passos. Primeiro, significa a convicção da mente a respeito de que Jesus é o Filho de Deus. Segundo, significa a confiança do coração em que tudo o que Jesus diz é verdade. Terceiro, significa apoiar toda ação da vida na segurança inamovível de que devemos tomar a Jesus ao pé da letra.
Quando chegamos a este ponto deixamos de existir e começamos a viver. Sabemos o que quer dizer a Vida, com maiúscula.
VIDA E LUZ
Jo
A segunda grande palavra chave do João com que nos defrontamos nesta passagem é a palavra luz. Esta palavra luz aparece não menos de vinte e uma vezes no quarto Evangelho. Jesus, como diz João aqui, é a luz dos homens. A função de João Batista consistia em assinalar aos homens essa luz que estava em Cristo. Em duas ocasiões Jesus se denomina a si mesmo a luz do mundo (Jo
Vejamos se podemos compreender algo desta idéia da luz que Jesus traz para o mundo. Sobressaem-se três pontos:
- A luz que Jesus traz é a luz que faz desaparecer o caos. No relato da criação, Deus se movia sobre o abismo escuro e sem forma que existia antes do princípio do mundo, e disse: "Haja luz" (Gn
1: ). A luz recém-criada por Deus, chegando ao caos vazio, eliminou-o. Assim, pois, Jesus era a luz que resplandece nas trevas (Jo3 1: ). Jesus é a única pessoa que pode evitar que a vida se converta em um caos. Entregues a nossas próprias forças estamos à mercê de nossas paixões, desejos, temores e medos. Quando Jesus aparece na vida, vem a luz. Um dos temores mais antigos do mundo é o temor à escuridão. A vida está em trevas, cheia de temores sem nome, instintiva, até que vem Jesus.5
Há um conto de um menino que devia dormir em uma casa alheia. A proprietária de casa, acreditando ser amável, ofereceu-lhe deixar a luz acesa quando ele fosse para a cama. Com toda cordialidade, ele declinou o oferecimento. "Pensei", disse a proprietária da casa, "que você poderia ter medo da escuridão." "Oh, não", disse o garotinho, "sabe, é a escuridão de Deus".
Com Jesus, a noite é luz ao nosso redor, o mesmo que o dia.
- A luz que Jesus traz é uma luz reveladora. A condenação dos homens consiste em que amaram as trevas mais do a luz; e foi assim porque suas ações eram más, e aborreceram a luz para que ela não repreendesse as suas obras (Jo
3: 19-20 É um fato curioso que no quarto Evangelho todas as referências a João Batista são referências pejorativas. Existe uma explicação. João era uma voz profética; a voz profética tinha permanecido em silêncio durante quatrocentos anos, e em João voltou a falar. Parece que havia alguns que se sentiam tão fascinados por João que lhe deram um lugar mais alto do que lhe correspondia. De fato, existem referências sobre uma seita que dava a João o lugar supremo. Achamos um eco de tal seita em Atos
19: .3-4 Em Éfeso, Paulo se encontrou com um grupo de pessoas que só conheciam o batismo de João. Não se trata de que o quarto Evangelho se propõe a criticar a João Batista ou subestimar sua importância. Simplesmente João sabia que havia algumas pessoas que davam ao Batista um lugar que usurpava o que correspondia ao próprio Jesus.
Assim, pois, ao longo de todo o quarto Evangelho João cuida de assinalar uma e outra vez que o posto de João Batista na estrutura das coisas era elevado, mas que, entretanto, seguia sendo subordinado ao de Jesus Cristo. Aqui se preocupa em assinalar que João não era essa luz, e sim um mero testemunho da luz (Jo1: ). Mostra a João negando que ele fosse o Cristo, nem sequer o grande profeta que Moisés tinha prometido (Jo8 1: ). Quando os judeus se dirigiram a João e lhe disseram que Jesus tinha começado sua carreira como mestre, certamente esperavam que João se sentisse incomodado. Mas o quarto Evangelho mostra a João negando que lhe pertencia o primeiro lugar, e declarando que ele devia minguar enquanto Jesus devia crescer (Jo20 3: 25-30 Quando João escreveu esta passagem tinha em mente duas idéias.
(1) Estava pensando na época antes de Jesus vir ao mundo em carne. Muito antes de Jesus vir ao mundo em carne, desde o início do tempo, desde que o mundo foi criado, o Logos de Deus, o Verbo de Deus, tinha estado em ação no mundo. No princípio, o dinâmico Verbo criador, de Deus, criou o mundo; e após a Palavra, o Logos, a razão de Deus é a que tem feito com que o mundo seja um todo ordenado e que o homem seja um ser pensante. Para os que tivessem abertos seus sentidos, o Logos, a palavra sempre era visível e reconhecível no universo.A Confissão de Fé de Westminster começa dizendo que "as luzes da natureza e as obras da criação e da providência manifestam a sabedoria, a bondade e o poder de Deus de tal maneira que o homem carece de desculpas". Faz muito tempo Paulo disse que as coisas visíveis que há no mundo estão destinadas por Deus a dirigir os pensamentos dos homens para as coisas invisíveis, e que se os homens tivessem olhado o mundo com os olhos abertos e com um coração compreensivo seus pensamentos os teriam levado de modo inevitável ao Criador do mundo (Romanos
1: ).19-20 O mundo sempre foi tal que, se se o olhar na forma correta, conduz as mentes dos homens para Deus. A teologia sempre tem feito uma distinção entre a teologia natural e a teologia revelada. A teologia revelada se ocupa das verdades que nos chegaram diretamente de Deus; por intermédio de seus profetas, das páginas de seu Livro e, fundamentalmente, através de Jesus Cristo. A teologia natural se ocupa das verdades que o homem pode descobrir mediante o exercício de sua própria mente e intelecto no mundo em que vive. De que maneira, então, podemos ver o Verbo, o Logos, a Razão, a Mente de Deus no mundo em que vivemos?
- Devemos olhar para fora. Entre os gregos sempre existiu uma idéia fundamental: onde há ordem deve haver uma mente. Quando olhamos ao mundo notamos uma ordem surpreendente. Os planetas mantêm seus cursos. As marés seguem um ritmo. A época da semeadura e da colheita, o inverno e o verão, o dia e a noite chegam em sua ordem. É evidente que na natureza existe uma ordem, e portanto, também é evidente que deve haver uma mente por trás. Mais ainda, essa mente deve ser superior à mente humana, porque consegue resultados que a mente humana jamais pode obter. Ninguém pode converter a noite em dia, ou o dia em noite; ninguém pode fazer uma semente que tenha poder germinativo em seu interior; ninguém pode fazer um ser vivente. De maneira que a mente da natureza é muito superior à mente do homem. Portanto, se no mundo há ordem, deve haver uma mente; e se dentro dessa ordem há coisas que estão mais além do poder da mente do homem, a mente que está por trás da ordem da natureza deve ser uma mente que está muito acima da mente do homem. E assim chegamos diretamente a Deus. Olhar para fora o mundo significa enfrentar-se face a face com o Deus que criou o mundo.
- Devemos olhar para cima. De todas as coisas que demonstram a ordem assombrosa do mundo, nenhuma é mais demonstrativa que o movimento desse mundo. A astronomia nos diz que há tantas estrelas como grãos de areia nas praias. Se podemos expressá-lo em termos humanos, pensemos nos problemas de trânsito do céu. E entretanto, os corpos celestes mantêm seus cursos e transitam por seus próprios caminhos.
Um astrônomo é capaz de predizer com a precisão de um minuto e de um centímetro onde e quando aparecerá um planeta determinado. Pode dizer-nos quando e onde haverá um eclipse de Sol, possivelmente dentro de cem anos, e nos pode dizer quanto tempo vai durar. Afirmou— se que "nenhum astrônomo pode ser ateu". Quando olhamos para cima vemos a Deus.
- Devemos olhar para dentro. De onde obtivemos o poder de pensar, raciocinar, conhecer? De onde obtivemos nosso conhecimento do bem e do mal? Por que o homem mais descontrolado e perverso sabe em seu interior que está agindo mal?
Faz muito tempo Kant afirmou que havia duas coisas que o convenciam a respeito da existência de Deus; o mundo estrelado que tinha acima dele e a lei moral que tinha abaixo. Nós nem nos demos a vida a nós mesmos, nem nos demos a razão que guia e dirige a vida. Devem proceder de algum poder exterior a nós. De onde vêm o remorso, o arrependimento e o sentimento de culpa? Por que alguma vez podemos fazer o que queremos e ficar em paz? Quando olhamos para dentro encontramos o que Marco Aurélio chamou "o Deus interior" e o que Sêneca denominou "o espírito santo que habita em nossas almas". Ninguém pode explicar-se a si mesmo prescindindo de Deus.
- Devemos olhar para trás. Froude, o grande historiador, afirmou que toda a história é uma demonstração da lei moral em ação. Os impérios surgem e decaem.
E a história demonstra que a degeneração moral e o colapso nacional vão de mãos dadas. "Nenhuma nação", disse George Bernard Shaw, "sobreviveu à perda de seus deuses". Toda a história é a demonstração prática, nos atos, de que há um Deus.
De maneira que, embora Jesus Cristo jamais tivesse vindo em carne a este mundo, os homens teria visto a Palavra, o Logos, a Razão de Deus em ação. Mas, embora a ação do Verbo estava à vista de todos os homens, eles jamais a reconheceram.
NÃO RECONHECIDO
João
1: (continuação)10-11 (2) Por último, a Palavra criadora e diretriz de Deus veio a este mundo sob a forma do homem Jesus. João diz que a Palavra veio “para o que era seu” e que seu próprio povo não a recebeu.
O que quer dizer com isso?
O que João quer dizer é que quando a Palavra de Deus veio a este mundo, não veio a Roma ou a Grécia ou ao Egito ou aos 1mpérios orientais. Veio à Palestina. E Palestina era de maneira especial a terra de Deus, e os judeus eram de maneira especial o povo de Deus. A terra da Palestina e a nação dos judeus pertenciam a Deus em uma forma em que não lhe pertencia nenhum outro povo do mundo.Os nomes que o Antigo Testamento emprega para designar a terra e o povo o demonstram. A Palestina é freqüentemente chamada a Terra Santa (Zc
2: ; 2 Macabeus Jo12 1: ; Sabedoria Jo7 12: ). É chamada a terra de Deus; Deus se refere a ela como sua terra (Os3 9: ; Jr3 2: ; Jr7 16: ; Lv18 25: ). O povo judeu Ele o chama o especial tesouro de Deus (Ex23 19: ; Sl5 135: ). Os judeus são o povo escolhido (Dt4 14: ; Dt2 26: ). São chamados a porção de Jeová (Dt18 32: ).9 Quando Jesus veio Ele o fez a uma terra que era de maneira especial a terra de Deus e a um povo que era em forma peculiar o povo de Deus. Uma nação que deveria tê-lo recebido de braços abertos; todas as portas deveriam ter estado abertas; deveriam tê-lo recebido como a um viajante que retorna ao lar; ou, mais ainda, como a um rei que volta para sua própria terra ... e o rechaçaram. Receberam-no com ódio e não com adoração.
Eis aqui a tragédia de um povo que estava preparado para cumprir uma tarefa e logo a rechaça. Nesta vida pode dar-se o caso de pais que economizam, fazem planos e se sacrificam para dar a seu filho ou filha uma oportunidade na vida, para preparar a esse filho ou filha para uma tarefa ou oportunidade em especial, e quando chega o momento, aquele em cujo benefício se fizeram tantos sacrifícios se nega a aceitar a oportunidade, ou fracassa em forma estrepitosa quando se defronta com o desafio. É uma verdadeira tragédia. E isso foi o que aconteceu a Deus.
Seria muito errôneo pensar que Deus só preparou o povo judeu. Deus prepara a cada homem, mulher e criança neste mundo para alguma tarefa que lhes reservou.
Certo novelista escreve sobre uma menina que se negava a tocar as coisas sujas. Quando lhe perguntavam por que, respondia: "Algum dia me vou encontrar com algo bom e quero estar preparada". Mas o que é trágico é que haja tanta gente que rechaça a tarefa que Deus lhes atribuiu. Dito de outra maneira —que fica mais clara— são muito poucos os que chegam a ser o que podem chegar a ser. Isso pode dever— se à ociosidade e a abulia, pode ser, por acanhamento e covardia, por falta de disciplina ou por estar comprometidos em interesses menores e caminhos laterais. O mundo está cheio de pessoas que jamais realizaram as possibilidades que possuem.
Não temos por que pensar na tarefa que Deus nos atribuiu em termos de algum ato heróico ou alguma grande façanha da qual se inteirarão todos os homens. Pode tratar-se de preparar a um menino para a vida; pode tratar-se de pronunciar em um momento dado a palavra correta e exercer essa influência que evitará que alguém arruíne sua vida; pode consistir em fazer algum trabalho menor particularmente bem; pode consistir em fazer algo que afetará as vistas de muitos através de nossas mãos, nossas vozes ou nossas mentes. O fato é que Deus nos está preparando para algo através de todas as experiências da vida; e apesar disso há tantos que rechaçam a tarefa que lhes é apresentada, e que jamais se dão conta de que a estão rechaçando.A simples frase: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam”, contém toda a tragédia do mundo. Aconteceu a Jesus faz muito tempo, e continua acontecendo em nossos dias.
FILHOS DE DEUS
Nem todos rechaçaram a Jesus quando Ele veio; houve alguns que o receberam e lhe deram as boas-vindas, e a eles Jesus deu o direito de converter-se em filhos de Deus.
Há um sentido em que o homem não é naturalmente filho de Deus. Um sentido no qual deve converter-se em filho de Deus. Podemos pensá-lo em termos humanos, porque são os únicos termos em que somos capazes de pensar.Há duas classes de filhos. Há o filho que jamais faz nada mais que usar sua casa. Durante toda sua juventude toma tudo o que seu lar lhe oferece e não dá nada em troca. Seu pai pode trabalhar e fazer sacrifícios para lhe dar uma oportunidade na vida, e ele toma como se se tratasse de um direito, e jamais se dá conta do que está tomando nem faz esforço algum por merecê-lo ou devolvê-lo. Quando vai embora de casa, não tenta manter-se em contato com seus pais. O lar cumpriu seu propósito e ele já não tem nada que ver com ele. Não toma consciência de nenhum laço que se deva manter nem de dívidas que deva pagar. Esse filho é o filho de seu pai; deve-lhe sua existência; deve-lhe o que é; mas entre ele e seu pai não existe nenhum laço de amor, intimidade ou união. O pai deu todo seu amor; mas o filho não deu nada em troca.
Por outro lado há o filho que durante toda sua vida tem presente o que seu pai fez e continua fazendo por ele. Aproveita cada oportunidade para demonstrar seu agradecimento buscando ser o filho que seu pai deseja; à medida que passam os anos se vai aproximando cada vez mais ao pai, a relação entre o pai e o filho se converte em uma relação de camaradagem e amizade. Mesmo que vá embora de sua casa, subsiste o vínculo que os une e continua sendo consciente de uma dívida que jamais poderá pagar.
No primeiro caso o filho se afasta cada vez mais do pai; na segunda a aproximação é cada vez maior. Ambos os som filhos, mas seu caráter de tais é muito distinto. O segundo se converteu em filho em uma forma que o primeiro jamais chegou a ser.
Podemos ilustrar este tipo de relação desde outra esfera, embora semelhante. A um professor famoso foi mencionado o nome de um jovem que afirmava ter sido aluno dele. O homem mais velho respondeu: "Pode ser que tenha assistido a minhas classes, mas não foi um de meus estudantes". Há uma diferença enorme entre sentar-se nas classes de um professor e ser um de seus alunos. Pode haver contato sem comunhão; pode haver relação sem camaradagem. Todos os homens são filhos de Deus no sentido de que todos devem sua criação e a conservação de sua vida a Deus; mas só alguns homens se convertem em filhos de Deus na verdadeira profundidade e intimidade da autêntica relação entre pai e filho.João afirma que os homens só podem entrar nessa relação verdadeira e autêntica através de Jesus Cristo. Quando João diz que não procede de sangue está empregando o pensamento judaico, porque os judeus consideravam que um filho físico nascia da união da semente do pai com o sangue da mãe. Este caráter de filho não procede de nenhum impulso ou desejo humano, nem de nenhum ato da vontade humana;
procede inteiramente de Deus. Não podemos nos tornar filhos de Deus por nossos próprios meios; devemos entrar em uma relação que Deus nos oferece. Ninguém pode entrar jamais na amizade de Deus por sua própria vontade e suas forças; há um enorme abismo entre o humano e o divino. O homem só pode desfrutar da amizade de Deus quando Deus mesmo abre o caminho.
Mais uma vez, pensemos em termos humanos. Um plebeu não pode aproximar-se de um rei para oferecer-lhe sua amizade; se ela tiver que existir deve depender exclusivamente da aproximação por parte do rei. O mesmo acontece com Deus e nós. Não podemos entrar em uma relação de amizade com Deus por nossa própria vontade ou méritos, visto que nós somos homens e Deus é Deus. Só podemos participar dessa amizade quando Deus, em sua graça absolutamente imerecida, condescende em seu amor, a abrir o caminho para si mesmo.
Mas isto tem um lado humano. O homem deve apropriar o que Deus oferece. Um pai humano pode oferecer seu amor, seu conselho, sua amizade a seu filho e este pode rechaçá-lo e preferir tomar seu próprio caminho. O mesmo acontece com Deus. Oferece-nos o direito a nos converter em seus filhos, mas não temos obrigação de aceitar esse direito.
Nós o aceitamos quando cremos no nome de Jesus Cristo. O que significa isso? O pensamento e a língua hebraica tinham uma forma de usar a expressão o nome que para nós é estranha. Ao falar do nome o pensamento judeu não se referia tanto no nome que se usava para chamar uma pessoa, como à sua natureza na medida em que se mostrava e era conhecida.
No Sl
9: , por exemplo, o salmista diz: “Em ti, pois, confiam os que conhecem o teu nome”. É evidente que não significa que quem sabe que o nome de Deus é-Jeová serão os que confiarão nele. Quer dizer que quem conhece a personalidade de Deus, sua natureza, como Ele é, estarão dispostos e desejosos de confiar nele para todas as coisas. No Sl10 20: , o salmista diz: “Uns confiam em carros, outros, em cavalos;7 nós, porém, nos gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus”. É evidente que não se gloriarão de que Deus é chamado Jeová. Quer dizer que alguns depositam sua confiança em ajudas humanas, mas nós depositaremos nossa confiança em Deus porque sabemos como Ele é.
Confiar no nome de Jesus, então, significa confiar no que Jesus é. Jesus era a personificação da generosidade, do amor, da amabilidade e do serviço. A grande doutrina central de João é que em Jesus vemos a própria mente de Deus, da atitude de Deus para os homens. Se crerem nisso, também crêem que Deus é como Jesus, tão amoroso e generoso como foi Jesus. Crer no nome de Jesus significa crer que Deus é como Jesus; e só quando crêem isso podemos nos submeter a Deus e nos converter em seus filhos. A menos que vermos em Jesus como é Deus, jamais nos atreveremos a nos considerar capazes de nos converter em filhos de Deus. O que é Jesus é o que nos abre a porta à oportunidade de nos converter em filhos de Deus.
O VERBO SE FEZ CARNE
Estas palavras encerram a razão de ser do quarto Evangelho. João pensou e falou sobre o Verbo de Deus, esse Verbo poderoso, dinâmico, criador que foi agente e causa da criação, esse Verbo que guia, dirige, controla e põe ordem no mundo e a mente no homem. Tratava-se de idéias que eram conhecidas e comuns tanto entre os judeus como entre os gregos. Agora diz a coisa mais surpreendente e incrível que pôde haver dito. Diz com a maior naturalidade: "Esse Verbo que criou o mundo, essa Razão que controla a ordem do mundo, converteu-se em uma pessoa e o vimos com nossos próprios olhos". A palavra que emprega João para ver este Verbo é theasthai; esta palavra aparece no Novo Testamento mais de vinte vezes e sempre é usada para indicar a visão física. Não se trata de uma visão espiritual que se vê com o olho da alma ou da mente. João declara que este Verbo veio ao mundo na forma de um homem e que foi visto por olhos humanos. Diz: "Se querem ver como é esse Verbo criador, essa Razão dominante olhem a Jesus de Nazaré".
Aqui é onde João se afasta de todo o pensamento que o tinha precedido. Este foi o elemento completamente novo que João trouxe ao mundo grego para o qual escrevia. Muito tempo depois Agostinho diria que em seus dias pré-cristãos tinha lido e estudado os grandes filósofos pagãos e suas obras, e que tinha lido muitas coisas, mas que jamais tinha lido que o Verbo foi feito carne. Para um grego isto era o impossível. O que nenhum grego pôde ter sonhado jamais é que Deus pudesse tomar um corpo. Para o grego o corpo era algo mau, uma prisão em que estava presa a alma, uma tumba na qual estava confinado o espírito. Plutarco, o velho sábio grego, nem sequer acreditava que Deus pudesse controlar os eventos deste mundo em forma direta; devia fazê-lo mediante enviados e intermediários, porque, segundo sua opinião não era menos que blasfemo envolver a Deus nos assuntos do mundo. Filo jamais poderia tê-lo dito. Ele disse: "A vida de Deus não desceu a nós; nem chegou até as necessidades do corpo".
O grande imperador romano estóico, Marco Aurélio, desprezava o corpo em comparação com o espírito. "Portanto desprezem a carne, sangue e ossos e uma rede, um retorcido molho de nervos e veias e artérias". "A composição de todo o corpo está sujeita à corrupção". Aqui estava o pasmoso elemento novo: que Deus podia e de fato se convertia em uma pessoa humana, que Deus podia vir a esta vida que nós vivemos, que a eternidade podia aparecer no tempo, que de algum modo o Criador podia aparecer na criação de maneira tal que os olhos dos homens podiam vê-lo.
Esta concepção de Deus em forma humana é tão assombrosamente nova e desconhecida que não deve nos surpreender que dentro da mesma Igreja houvesse quem não cresse nela. O que diz João é que o Verbo se tornou sarx. Agora, sarx é a mesma palavra que Paulo emprega uma e outra vez para descrever o que ele chamava a carne, a natureza humana, com todas suas debilidades e toda sua disposição ao pecado. A simples idéia de tomar esta palavra e aplicá-la ao Verbo, a Deus, era algo diante da qual suas mentes titubeavam. De maneira que dentro da Igreja surgiu um grupo de pessoas chamado docetistas. Dokein é a palavra grega para parecer ser. Essas pessoas sustentavam que em realidade Jesus não era mais que um fantasma, uma aparência, que seu corpo humano não era um corpo real, que não era mais que um espírito que caminhava como um fantasma, que em realidade não podia sentir fome ou cansaço, tristeza ou dor, que de fato era um espírito sem corpo sob a forma aparente de um homem. João se ocupou desta gente de maneira muito mais direta em sua primeira Epístola. “Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo” (I João4: ). É certo que esta heresia surgiu de uma espécie de reverência equivocada. Surgiu do espírito que temia dizer que Jesus era verdadeiro, real e completamente humano. Segundo a opinião de João, tratava-se de um espírito que contradizia todo o evangelho cristão.2-3 Bem pode ser que freqüentemente, em nosso afã em conservar o fato de que Jesus era completamente Deus, tendamos a nos esquecer do fato de que era completamente homem. O Verbo se fez carne. Possivelmente aqui, mais que em qualquer outro lugar do Novo Testamento, encontramos a gloriosa proclamação da humanidade de Jesus em toda sua plenitude. Em Jesus vemos o Verbo criador de Deus, a Razão controladora de Deus, assumindo a humanidade. Em Jesus vemos a Deus vivendo a vida tal como Deus a teria vivido se tivesse sido um homem. Embora não pudéssemos dizer nada mais sobre Jesus, poderíamos afirmar que nos mostra como Deus teria vivido esta vida que nós temos que viver.
O VERBO SE FEZ CARNE
Jo
1: (continuação)14 Poderia afirmar-se que este é o versículo mais importante de todo o Novo Testamento; de maneira que devemos lhe dedicar muito tempo para poder desfrutar de suas riquezas.
Já vimos que João tem certas palavras fundamentais, que rondam por sua mente e dominam seu pensamento e são os temas a partir dos quais elabora toda a sua mensagem.
Aqui temos outras três dessas palavras.
- A primeira é a palavra graça. Esta palavra graça sempre consta de duas idéias básicas.
- Sempre implica a idéia de algo completamente imerecido. Sempre implica a idéia de algo que nunca poderíamos ter obtido ou ganho ou obtido ou alcançado por nosso próprio esforço. O fato de que Deus tenha vindo à Terra para viver e morrer pelos homens não é algo que a humanidade merecesse; é um ato de puro amor da parte de Deus. A palavra graça acentua ao mesmo tempo a total pobreza do homem e a bondade ilimitada do amor de Deus.
- Sempre implica a idéia de beleza. Em grego moderno essa palavra significa encanto. Em Jesus vemos a absoluta formosura de Deus. Os homens tinham pensado em Deus em termos de poder, majestade, força e juízo. Tinham pensado no poder de Deus que podia desfazer toda oposição e vencer toda rebeldia; mas em Jesus os homens se encontram com o caráter amoroso do amor de Deus.
- A segunda é a palavra verdade. Esta palavra verdade é uma das notas dominantes no quarto Evangelho. À medida que avancemos na leitura do Evangelho nos encontraremos com ela freqüentemente. Aqui só podemos reunir em forma breve e superficial tudo o que João pode dizer sobre Jesus e a verdade.
- Jesus é a encarnação da verdade. Disse: "Eu sou a verdade" (Jo
14: ). Para ver a verdade devemos olhar a Jesus. Eis aqui algo imensamente precioso para toda mente e alma singela. Há pouca gente que pode compreender idéias abstratas. A maior parte das pessoas pensa em imagens, não em abstrações. Podemos pensar e discutir pelo resto de nossos dias e é muito provável que não nos aproximemos nem um ápice a uma definição da beleza. Mas podemos apontar uma pessoa bela, podemos dizer que isso é a beleza, e se esclarece toda a questão. Desde que os homens começaram a pensar sobre Deus tentaram definir com exatidão quem e o que é Deus mas suas mentes diminutas não se aproximam no mais mínimo a uma definição. Mas podemos deixar de pensar, e olhar a Jesus Cristo e dizer: "Assim é Deus". Jesus não precisou falar aos homens a respeito de Deus; precisou mostrar aos homens como é Deus, de maneira que a mente mais simples pudesse conhecer a Deus com tanta intimidade como a mente do maior dos filósofos.6 - Jesus é quem comunica a verdade. Jesus disse a seus discípulos que se permaneciam com ele conheceriam a verdade (Jo
8: ). A Pilatos disse que o propósito de sua vinda a este mundo era dar testemunho da verdade (Jo31 18: ). Os homens estão dispostos a seguir a um professor ou pregador que realmente possa guiá-los neste complicado trabalho de pensar e viver. Jesus é o que converte as coisas que estão em sombras em algo claro; é quem, nas muitas encruzilhadas da vida, nos indica qual é o caminho correto; quem, nos momentos de tomar decisões, nos ajuda a escolher bem; quem, em meio das muitas vozes que exigem nossa obediência nos diz o que devemos acreditar.37 - Mesmo tendo partido desta Terra em seu corpo, Jesus nos deixou seu Espírito para nos dizer qual é a verdade e para nos guiar à verdade. Seu Espírito é o Espírito de verdade (Jo
14: ; Jo17 15: ; Jo26 16: ). Jesus não nos deixou só um livro de instruções e um conjunto de ensinos. Não temos necessidade de indagar em um texto ininteligível para descobrir o que temos que fazer. Ainda hoje, podemos lhe perguntar o que devemos fazer, porque seu Espírito está conosco em cada passo que damos pelo caminho de Deus.13 - A verdade é aquilo que nos faz livres (Jo
8: ). Na verdade sempre há certa qualidade libertadora. Um menino está acostumado a adquirir idéias estranhas, equivocadas a respeito das coisas quando pensa por sua própria conta. E muito freqüentemente sente temor. Um homem pode temer que está doente; vai ao médico, e embora o veredicto seja mau, pelo menos se sente livre dos temores difusos que o atormentavam. A verdade que nos traz Jesus nos liberta do afastamento de Deus; nos liberta da frustração na vida; nos liberta de nossos próprios temores e debilidades e fracassos. Jesus Cristo é o maior libertador da Terra.32 - A verdade pode ofender. Procuraram matar a Jesus porque lhes disse a verdade (Jo
8: ). A verdade pode muito bem condenar a um homem; pode lhe mostrar o quão equivocado está. "A verdade", diziam os cínicos, "pode ser como a luz aos olhos doentes". Os cínicos afirmavam que o professor que jamais incomodava a ninguém, tampouco fazia bem a ninguém. Mas fica um fato concreto: os homens podem fechar seus olhos e mentes à verdade; podem matar o homem que lhes diz a verdade, mas a verdade permanece. Ninguém jamais conseguiu destruir a verdade negando-se a escutar a voz que a pronunciava. E, no final, a verdade o alcançará.40 - A verdade pode não ser crida (Jo
8: ). Há duas razões principais pelas quais os homens não creram na verdade. Podem não crer nela porque é muito bela para ser certa; ou podem não crer nela porque estão tão atados a suas meias verdades que se negam a separar-se delas. Em muitos casos as meias verdades são os piores inimigos das verdades totais.45 - A verdade não é algo abstrato; é algo que terá que fazer (Jo
3: ). A verdade é algo que se deve conhecer com a mente, aceitar com o coração e pôr em prática na vida.21
O VERBO SE FEZ CARNE
Jo
1: (continuação)14 Este é um dos versículos das Escrituras ao qual se poderia dedicar toda uma vida de estudo e reflexão sem chegar a esgotar seu significado. Devemos, pois, examiná-lo mais uma vez. Já vimos duas das grandes palavras temáticas que se encontram nele; agora devemos examinar a terceira, a palavra glória. Uma e outra vez João emprega a palavra glória, em relação com o Jesus Cristo. Primeiro analisaremos o que diz João a respeito da glória de Cristo, e logo passaremos a ver se podemos compreender ao menos uma pequena parte do que quer dizer.
- A vida de Jesus Cristo foi uma manifestação de glória. Quando fez o milagre da água e o vinho em Cã da Galiléia, João diz que manifestou sua glória (Jo
2: ). Ver a Jesus e experimentar seu poder e seu amor era penetrar em uma glória nova.11 - A glória que manifesta é a glória de Deus. Não é dos homens de quem recebe a glória (Jo
5: ). Não procura sua própria glória, e sim a glória daquele que o enviou (Jo41 7: ). É seu Pai quem o glorifica (Jo18 8: , Jo50 8: ). É a glória de Deus a que Marta verá na ressurreição do Lázaro (Jo54 11: ). A ressurreição de Lázaro é para a glória de Deus, para que o Filho seja glorificado por ela (Jo4 11: ). A glória que estava em Jesus, que o rodeava através dele, que agia nele, é a glória de Deus.4 - E entretanto, essa glória era algo que pertencia somente a ele. No final roga que Deus o glorifique com a glória que tinha antes que o mundo existisse (Jo
17: ). Não brilha com luz alheia; sua glória é sua e por direito próprio.5 - Transmitiu a seus discípulos a glória que lhe pertence. Deu-lhes a glória que Deus lhe deu (Jo
17: ). É como se Jesus participasse da glória de Deus e o discípulo participasse da glória de Cristo. Seria como dizer que a vinda de Cristo é a chegada da glória de Deus aos homens.22
Agora, o que quer dizer João com tudo isto? Para responder a esta pergunta devemos nos dirigir ao Antigo Testamento. O judeu amava a idéia da Shekinah. A Shekinah significa aquilo que habita; e é a palavra que se emprega para designar a presença visível de Deus entre os homens. Vez após vez no Antigo Testamento nos deparamos com a idéia de que houve épocas em que a glória de Deus era visível entre os homens. No deserto, antes da vinda do maná, os filhos de Israel “olharam para o deserto, e eis que a glória do SENHOR apareceu na nuvem” (Ex
16: ). Antes de ser feita a entrega dos Dez Mandamentos, “a glória do SENHOR pousou sobre o monte Sinai” (Ex10 24: ). Quando o tabernáculo acabou de ser construído e equipado, “a glória do SENHOR encheu o tabernáculo” (Ex16 40: ). Quando se dedicou o templo de Salomão os sacerdotes não puderam entrar para ministrar “porque a glória do SENHOR enchera a Casa do SENHOR” (1Rs34 8: ). Quando Isaías teve sua visão no Templo, ouviu cantar o coro de anjos que "toda a terra está cheia de sua glória" (Is11 6: ). Em seu êxtase, Ezequiel viu "a semelhança da glória de Jeová" (Ez3 1: ). No Antigo Testamento a glória do Senhor vinha em momentos em que Deus estava muito perto.28 A glória do Senhor quer dizer simplesmente a presença de Deus. João emprega uma ilustração cotidiana.
Um pai dá a seu filho mais velho sua própria autoridade, sua própria honra. O herdeiro do trono, o herdeiro do rei, seu filho mas velho, é investido com toda a glória real de seu pai. O mesmo aconteceu com Jesus. Quando Jesus veio à terra os homens viram nele o esplendor de Deus, e no centro desse esplendor há amor. Quando Jesus veio à terra os homens viram nele a maravilha de Deus, e a maravilha era amor. Quando veio Jesus os homens viram que a glória de Deus e o amor de Deus eram uma e a mesma coisa. A glória de Deus não é a glória de um despótico tirano oriental, mas sim esse esplendor do amor perante o qual nos prostramos, não em terror abjeto, e sim perdidos em assombro, amor e louvor.A INESGOTÁVEL PLENITUDE
Já vimos que o quarto Evangelho foi escrito em uma situação em que era necessário assegurar-se de que João Batista não ocupasse uma posição muito exagerada no pensamento dos homens. De maneira que João começa esta passagem com uma frase de João Batista em que outorga o primeiro e único lugar a Jesus.
João o Batista diz a respeito de Jesus: “O que vem depois de mim é antes de mim.” Esta frase pode significar mais de uma coisa.- Jesus era, em realidade, seis meses mais novo que João e João pode estar dizendo com toda simplicidade: "Alguém que é mais novo que eu ficou na minha frente."
- João pode estar dizendo: "Eu saí a campo antes que Jesus; ocupei o centro da cena antes que ele; antes que ele aparecesse, eu já estava trabalhando; mas tudo o que fazia era preparar o caminho para sua vinda; eu não era mais que a vanguarda do exército principal e o arauto do rei."
- Pode ser que João tenha estado pensando em termos muito mais profundos que isso. Pode ter estado pensando não em termos de tempo, mas sim de eternidade. Pode estar pensando e recordando que Jesus era o que tinha existido antes de que o mundo existisse, e com quem não se pode comparar nenhuma figura humana. Pode ser que estas três idéias tenham estado presentes na mente do João. Não foi João quem exagerou sua própria posição; tratava-se de um engano que tinham cometido alguns de seus seguidores. Para João, o lugar principal pertencia a Jesus Cristo.
Esta passagem passa a afirmar três coisas a respeito de Jesus.
- De sua plenitude todos nos beneficiamos. A palavra que emprega João para dizer plenitude é uma palavra muito importante: pleroma, e significa a soma total de tudo o que se encontra em Deus. Trata-se de uma palavra que Paulo emprega com freqüência. Em
Cl
1: diz que em Cristo habita toda pleroma. Em Cl19 2: diz que em Cristo habita toda a pleroma da deidade em forma corporal. Queria dizer que em Cristo habitava a totalidade da sabedoria, do poder e do amor de Deus. Justamente por isso Jesus é inesgotável.9 Um homem pode dirigir-se a Jesus com qualquer necessidade e vê— la satisfeita. Um homem pode dirigir-se a Jesus com qualquer ideal e vê— lo realizado. Em Jesus, o homem que ama a beleza encontrará a beleza suprema. Em Jesus, o homem para quem a vida é a busca do conhecimento encontrará a revelação suprema. Em Jesus, o homem que necessita coragem encontrará o modelo e o segredo da valentia. Em Jesus, o homem que sente que não pode enfrentar com a vida encontrará o Mestre da vida e a força para viver. Em Jesus, o homem que é consciente de seu pecado encontrará o perdão de seu pecado e o poder para ser bom. Em Jesus, a pleroma, a plenitude de Deus, tudo o que está em Deus, o que Westcott denominou "a fonte da vida divina", converte— se em algo acessível ao homem.
- Dele recebemos graça sobre graça. Literalmente, em grego significa graça em lugar de graça. O que significa esta frase estranha?
(a) Pode querer dizer que em Cristo encontramos uma maravilha que conduz a outra.
Certa vez um dos antigos missionários se aproximou a um dos velhos reis de certa região. O rei lhe perguntou o que podia esperar se se convertia em cristão. O missionário respondeu: "Você encontrará uma maravilha sobre outra e cada uma delas será certa."
Às vezes, quando viajamos por uma rota muito solitária, uma paisagem sucede à outro. Diante de cada vista pensamos que nada poderia ser mais bonito e depois de uma curva nos deparamos com uma beleza nova e superior à anterior.
Quando um homem se dedica a estudar algum tema importante, tal como a música, a poesia ou a arte, nunca o esgota. Sempre há novas experiências de beleza à sua espera. O mesmo acontece com Cristo.Quanto mais sabemos sobre Ele, mais maravilhoso o encontramos. Quanto mais tempo vivemos com Ele, mais amor descobrimos. Quanto mais pensamos sobre Ele e com Ele mais amplo se faz o horizonte da verdade. Esta frase pode ser a forma que escolheu João para expressar o caráter ilimitado de Cristo. Pode ser sua forma de dizer que o homem que permanece com Cristo encontrará novas maravilhas em sua alma iluminando a sua mente e prendendo o seu coração dia a dia.
(b) Pode ser que devamos tomar esta expressão ao pé da letra. Em Cristo encontramos graça em lugar de graça. As diferentes idades e as diferentes situações da vida exigem um tipo de graça distinto. Necessitamos uma graça nos dias de prosperidade e outra nos dias da adversidade. Necessitamos uma graça nos dias luminosos da juventude e outra quando as sombras da idade começam a cair sobre a vida. A Igreja necessita uma graça nos tempos de perseguição e outra quando a aceitou. Necessitamos um tipo de graça quando sentimos que estamos por cima de todas as coisas e outro tipo de graça quando nos sentimos deprimidos e descoroçoados e à beira do desespero. Necessitamos um tipo de graça para carregar nossa carga e outro para carregar as cargas do próximo. Necessitamos uma graça quando estamos seguros das coisas e outra quando sentimos que já não fica nada seguro no mundo.
Esta graça de Deus nunca é algo estático, mas algo dinâmico. Nunca deixa de estar à altura da situação. Uma necessidade entra na vida e junto com ela chega uma graça. Passa essa necessidade e nos assalta outra e com ela vem outra graça. Ao longo de toda a vida sempre estamos recebendo graça em lugar de graça, porque a graça de Cristo é triunfalmente adequada para satisfazer cada situação que se apresenta.
- A Lei veio através de Moisés, mas a graça e a verdade vieram através de Jesus Cristo. Na forma antiga de vida, esta estava governada pela Lei. O homem tinha que fazer algo determinado, gostasse ou não, conhecessem ou não a razão para agir dessa maneira; mas depois da vinda de Cristo já não procuramos obedecer a Lei de Deus como escravos; procuramos responder ao amor de Deus como filhos. Através de Jesus Cristo, Deus o legislador se tornou o Deus Pai, Deus o Juiz se tornou o Deus que ama as almas dos homens.
A REVELAÇÃO DE DEUS
Quando João diz que nenhum homem jamais viu a Deus qualquer pessoa do mundo antigo concordaria em tudo com ele. No mundo antigo os homens se sentiam fascinados, deprimidos e frustrados pelo que consideravam a distância infinita e a absoluta incognoscibilidade de Deus. No Antigo Testamento Deus é representado dizendo a Moisés: “Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá.” (Ex
33: ). Quando Deus lembra o povo da entrega da Lei, diz: “A voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes aparência nenhuma”. Nenhuma pessoa do Antigo Testamento teria pensado que era possível ver a Deus.20 Os grandes pensadores gregos sustentavam exatamente a mesma opinião. Xenofonte havia dito. "A conjetura é sobre tudo." Platão havia dito: "O homem e Deus nunca se podem encontrar." Celso se tinha rido pela forma em que os cristãos chamavam a Deus de Pai porque "Deus sempre está além de todas as coisas". No melhor dos casos, dizia Apuleyo, os homens podem vislumbrar uma faísca de Deus, tal como um raio ilumina uma noite escura: um milésimo de segundo de iluminação e logo a escuridão absoluta. Como disse Glover: "Algo que fosse Deus, estava muito longe de estar ao alcance do comum dos homens."
Pode ser que tenha havido momentos muito raros de êxtase em que os homens experimentavam uma fagulha do que chamavam "o Ser absoluto", mas os homens comuns eram prisioneiros da ignorância e da fantasia. Ninguém se oporia a João quando disse que nenhum homem jamais viu a Deus.
Mas João não se detém aqui; passa a fazer a afirmação surpreendente e reveladora de que Jesus revelou por completo como éDeus. O que chegou aos homens é o que J. H. Bernard chama "a exibição ao mundo de Deus em Cristo". Aqui volta a ressoar a chave do evangelho de João: "Se querem ver como é Deus, olhem para Jesus Cristo."
Por que será que Jesus pode nascer o que nenhum outro jamais fez? Onde reside seu poder de revelar Deus aos homens? João diz três coisas a respeito de Jesus.
- Jesus é único. A palavra grega é monogenes, que as versões correntes traduzem por unigênito. É verdade que este é o significado literal de monogenes; mas muito antes desta época tinha perdido seu significado puramente físico e tinha adquirido dois sentidos especiais. Tinha chegado a significar único e especialmente amado. É evidente que um filho único possui um lugar único e um amor único no coração de seu pai. De maneira que esta palavra chegou a expressar o caráter de único antes de qualquer outra coisa. No Novo Testamento está presente a convicção de que Jesus é único, que não existe nenhum outro como Ele, que pode fazer pelos homens o que nenhum outro pode fazer. Ele é o único que pode trazer Deus aos homens e levar os homens a Deus.
- Jesus é Deus. Aqui nos encontramos com a mesma frase que vimos no primeiro versículo do capítulo. Isto não quer dizer que Jesus é idêntico a Deus; o que significa é que em mentalidade, em caráter e em ser Jesus é um com Deus. Neste caso seria melhor que pensássemos que quer dizer que Jesus é divino. Vê-lo é ver como é Deus.
- Jesus está no seio do Pai. Estar no seio de alguém é uma frase hebraica mediante a qual se expressa a maior intimidade possível na vida humana. A emprega ao referir-se a uma mãe e seu filho; a um marido e sua esposa. Um homem fala da esposa de seu seio (Is
62: ; Ct5 4: ); ele a emprega ao referir-se a dois amigos que estão em completa comunhão mútua. Quando João empregou esta frase ao referir-se a Jesus, quis dizer que entre Jesus e Deus há uma intimidade completa, total e ininterrupta devido ao fato de que Jesus é tão íntimo com Deus, é um com ele, e pode revelá-lo aos homens.8
Em Jesus Cristo o Deus distante, incognoscível, invisível, inalcançável chegou aos homens; e Deus já não pode voltar a ser um estranho para nós.
O TESTEMUNHO DE JOAO
Com esta passagem João dá começo à parte narrativa de seu Evangelho. No prólogo mostrou o que pensa fazer; escreve seu Evangelho para demonstrar que Jesus é a Mente, a Razão, o Verbo de Deus que veio a este mundo na forma de uma pessoa humana. Uma vez estabelecida sua idéia central, começa a história da vida de Jesus.
Ninguém é tão cuidadoso com os detalhes do tempo como João. A partir desta passagem e até Jo2: , relata passo a passo a primeira semana da vida pública de Jesus. Os eventos do primeiro dia estão em Jo11 1: (continuação)19-28 Os emissários da ortodoxia podiam pensar em três coisas que João poderia pretender ser:
- Perguntaram-lhe se era o Messias. Os judeus esperavam, e esperam até hoje, a chegada do Messias. Todo povo cativo espera a seu libertador. Os judeus se consideravam o povo eleito de Deus; não tinham dúvida de que mais cedo ou mais tarde Deus interviria para salvar a seu povo. Não havia uma idéia única sobre o Messias. Alguns esperavam a alguém que traria a paz a toda a Terra. Alguns esperavam a alguém que trouxesse o reino da justiça. A maioria esperava a alguém que seria um grande líder nacional e guiaria os exércitos dos judeus na conquista do mundo inteiro. Alguns esperavam uma personalidade sobrenatural vinda diretamente de Deus. Em maior número eram os que esperavam um príncipe que surgiria da casa de Davi. Era comum surgirem pretendentes messiânicos que provocavam rebeliões. A época em que Jesus viveu era uma de grande excitação. Era natural que perguntassem a João se pretendia ser o Messias; mas João negava por completo esta pretensão; entretanto em sua negativa insinuava algo. Em grego, a palavra eu se acentua segundo a posição que ocupe dentro da frase. É como se João houvesse dito: "Eu não sou o Messias, mas, se vocês soubessem, o Messias está aqui".
- Perguntaram-lhe se era Elias. Os judeus criam que, antes da chegada do Messias, Elias viria como arauto de sua vinda e para preparar o mundo para recebê-lo. Elias viria, de maneira especial, para resolver todas as disputas. Ele deixaria estabelecido que coisas e que gente eram puras e os quais eram os impuros; os que eram judeus e os que não eram; viria para reunir as famílias que se distanciaram. Era tão profunda sua crença neste fato que a lei tradicional dizia que o dinheiro e propriedades que estivessem em disputa, ou algo que se achasse e não se conhecesse o dono, deviam esperar "até que venha Elias". A convicção de que Elias viria antes do Messias retroage até Ml
4: . Inclusive se cria que Elias ungiria o Messias para seu ofício real, tal como se ungia os reis, e que ressuscitaria os mortos para que compartilhassem o novo reino; mas João negava que qualquer honra deste tipo lhe pertencesse.5 - Perguntaram-lhe se ele era o profeta esperado e prometido. Às vezes se acreditava que Isaías e, em especial, Jeremias, voltariam quando o Messias chegasse. Mas em realidade se trata de uma referência à segurança que Moisés deu ao povo em Dt
18: : “O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás.” Era uma promessa que nenhum judeu esquecia. Esperavam o surgimento do profeta que seria o maior de todos os profetas, e desejavam sua vinda, o profeta que seria o15
Profeta por excelência. Porém mais uma vez João negou que essa honra lhe pertencesse.
Então lhe perguntaram quem era: sua resposta foi que não era mais que uma voz que rogava aos homens que preparassem o caminho para o Rei. A citação é de Is
40: . Todos os Evangelhos citam este texto que fala de João (Mc3 1: ; Mt3 3: ; Lc3 3: ). A idéia que está por trás é a seguinte. Os caminhos do oriente não estavam nivelados nem melhorados. Não eram mais que caminhos. Quando um rei se preparava para visitar uma província, ou quando um conquistador se propunha a percorrer seus domínios, arrumavam-se e endireitavam os caminhos e os punham em boas condições. O que João quis dizer foi isto: "Eu não sou ninguém; só sou uma voz que lhes diz que se preparem para a chegada do Rei". Dizia: "Preparem-se, porque o Rei está a caminho".4 João era o que deveria ser todo verdadeiro mestre e pregador: só era uma voz, alguém que apontava para o Rei. A última coisa que pretendia que os homens fizessem era que olhassem a ele; queria que se esquecessem dele e só vissem o Rei.
Mas os fariseus se intrigavam com um detalhe. Que direito tinha João de batizar? Se tivesse sido o Messias, ou até Elias ou o profeta, poderia ter batizado. Isaías tinha escrito: “Assim borrifará muitas nações” (Is
52: , TB.). Ezequiel havia dito: “Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados” (Ez15 36: ). Zacarias havia dito: “Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, contra o pecado e contra a impureza” (Zc25 13: ). Mas por que teria João que batizar? E havia algo que o fazia ainda mais estranho. O batismo de mãos dos homens não era para os israelitas. Batizava-se aos prosélitos, pessoas que provinham de outras crenças. Um israelita nunca era batizado; ele já pertencia a Deus; não precisava ser lavado; mas os gentios que vinham de crenças pagãs deviam ser lavados no batismo. João estava levando as israelitas a fazer o que só os gentios deviam fazer. Estava sugerindo que o povo escolhido devia ser purificado. Isso era exatamente o que acreditava João. Mas não deu uma resposta direta.1 Disse: "Eu só batizo com água; mas em meio de vós há um — a quem vós não reconhecem — do qual eu não sou digno de desatar a correia de seu calçado". João não poderia haver-se atribuído uma tarefa mais doméstica. Desatar a correia do calçado era algo que faziam os escravos. Um dito rabínico afirmava que um discípulo podia fazer para seu professor algo que fizesse um serviçal, exceto desatar os sapatos. Era um serviço muito baixo para que até um discípulo o fizesse. O que João dizia, pois, era: "Vem um de quem não sou digno de ser escravo". Devemos inferir que a esta altura já tinha tido lugar o batismo de Jesus no qual João o havia reconhecido. De maneira que aqui João volta a dizer o mesmo: "Vem o Rei. E, para sua vinda, devem limpar tanto como qualquer gentio. Preparem-se para a entrada do Rei na história".
A função de João se limitava a ser quem preparava o caminho. Qualquer grandeza que possuísse provinha da grandeza daquele cuja vinda anunciava. João é o grande exemplo do homem que está disposto a desaparecer para que se possa ver a Cristo. A seu entender, ele não era mais que um dedo que apontava a Cristo. Deus nos conceda a graça de nos esquecer de nós mesmos e lembrar só de Cristo.
O CORDEIRO DE DEUS
Aqui chegamos ao segundo dia desta semana transcendental na vida de Jesus. A esta altura já tinham passado seu batismo e as tentações, e estava disposto a pôr mãos à obra para cuja execução tinha vindo ao mundo. E mais uma vez o quarto Evangelho mostra a João rendendo tributo espontâneo a Jesus. Designa-o com esse tremendo título que chegou a estar entretecido na mesma linguagem da devoção, o Cordeiro de Deus. No que estava pensando e o que tinha em memore João quando empregou esse título? Há pelo menos quatro imagens que podem contribuir em algo a este respeito.
- Pode ser que João tenha estado pensando no cordeiro pascual. A festa da Páscoa não estava muito longe (Jo
2: ). Há uma libertação que só podemos obter através de Jesus Cristo.13 - João era filho de um sacerdote. Sem dúvida conhecia todo o ritual do templo e seus sacrifícios. Agora, cada manhã e cada tarde da vida inteira se sacrificava no templo um cordeiro pelos pecados do povo (Êxodo
29: ). Durante todo o tempo que o templo existiu ofereceu— se este sacrifício. Inclusive quando as pessoas morriam de fome durante a guerra ou os cercos, jamais deixaram de oferecer o cordeiro até que no ano 70 o templo foi destruído. Pode ser que João esteja dizendo: "No templo se oferece um cordeiro cada noite e cada manhã pelos pecados do povo; mas o único sacrifício que pode libertar os homens do pecado está neste Jesus".38-42 - Há duas grandes imagens do cordeiro nos profetas. Jeremias escreve: “Eu era como manso cordeiro, que é levado ao matadouro” (Jr
11: ). E Isaías tem a grande imagem daquele que foi levado "como cordeiro ao matadouro" (Is19 53: ). Estes dois grandes profetas tiveram a visão de alguém que redimiria o seu povo mediante seus sofrimentos e seu sacrifício, aceitos com humildade e amor. Possivelmente o que diz João seja: "Seus profetas sonharam com aquele que amaria, sofreria e morreria por seu povo; eis aqui que chegou". Não resta dúvida que mais adiante a imagem de Isaías 53 veio a ser para a Igreja em uma das profecias mais preciosas de todo o Antigo Testamento a respeito de Jesus. Possivelmente João Batista foi o primeiro em dar-se conta disso.7 - Mas há uma quarta imagem que seria muito conhecida dos judeus embora seja algo completamente estranho para nós. Na época que transcorreu entre o Antigo e o Novo Testamento aconteceram as grandes lutas em que os macabeus lutaram, morreram e venceram. Nesses tempos, o cordeiro, especialmente o cordeiro com chifres, era o símbolo de um grande conquistador. Assim é como se descreve a Judas Macabeu, e também a Samuel e Davi e Salomão. O cordeiro —por mais estranho que nos seja — representava o que conquistava em nome do Deus. Pode ser que não se trate de uma imagem de humilde e impotente debilidade, mas sim de uma imagem de vitoriosa majestade e poder. Jesus era o cavaleiro de Deus que lutou contra o pecado e o dominou, que venceu e aboliu o pecado em combate singular.
Esta frase, o Cordeiro do Deus, é simplesmente maravilhosa. Obcecava ao autor do Apocalipse que a emprega vinte e nove vezes em seu livro. Converteu-se em um dos títulos mais apreciados para designar a Jesus. Em uma só palavra resume o amor, o sacrifício, o sofrimento e o triunfo de Cristo.
João diz que não conhecia a Jesus. Mas era parente de Jesus (Lc
1: ), e deve tê-lo conhecido. O que João diz não é que não sabia quem era Jesus, e sim o que era. Nesse momento foi revelado a João que Jesus não era outro senão o Filho do Deus.36 Mais uma vez, João esclarece qual era sua função. Sua única tarefa era guiar os homens para Cristo. Ele não era nada e Cristo era tudo. Não pretendia nenhuma grandeza e nenhum lugar para si; não era mais que o homem que corria o pano de fundo e deixava a Jesus no lugar central do cenário.
A VINDA DO ESPÍRITO
Durante o batismo de Jesus tinha ocorrido algo que convenceu a João além de toda dúvida, de que Jesus era o Filho do Deus. Como o viram os pais da Igreja faz muitos séculos, tratava-se de algo que só o olho da alma podia ver. Mas João o viu e se convenceu.
Na Palestina a pomba era um ave sagrada. Nem a caçava nem a comia. Filo teve sua atenção voltada para a quantidade de pombas que havia no Ascalom, porque estava proibido caçá-las e matá-las, e, além disso, estavam domesticadas. Em Gn
1: lemos sobre o Espírito criador que se movia sobre a face das águas. Os rabinos costumavam relatar que o Espírito do Deus se movia e voava como uma pomba por cima do antigo caos enquanto lhe insuflava ordem e beleza. A imagem da pomba era algo que os judeus conheciam e amavam.2 Foi durante o batismo quando o Espírito desceu sobre Jesus com seu poder. Mas devemos lembrar que, para esta época, ainda não tinha surgido a doutrina cristã sobre o Espírito. Devemos aguardar até os últimos capítulos de João e até Pentecostes para vê-la surgir. Quando João Batista fala do Espírito que desce sobre Jesus, deve estar pensando em termos judaicos.
Qual era, então, a idéia que tinham os judeus sobre o Espírito?
A palavra hebraica para designar o Espírito é ruach, que significa vento. Para a mentalidade judaica sempre havia três idéias básicas sobre o Espírito. O Espírito era poder, como o poder de um vento muito forte; o Espírito era vida, o próprio coração e a alma e a essência da vida, a própria dinâmica da existência do homem; o Espírito era Deus; o poder e a vida do Espírito estavam além do lucro e o alcance meramente humanos. A vinda do Espírito à vida de um homem era a vinda de Deus.Sobretudo, o Espírito era quem dominava e inspirava os profetas. “Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do SENHOR, cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel, o seu pecado” (Mq
3: ). Deus fala com o Isaías de “O meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca” (Is8 59: ). “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas” (Is21 61: ). “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo ... Porei dentro de vós o meu Espírito” (Ezequiel1 36: ).26-27 Podemos dizer que o Espírito de Deus fazia três coisas para o homem sobre quem ele vinha. Em primeiro lugar, trazia aos homens a verdade de Deus. Em segundo lugar, dava aos homens o poder de reconhecer essa verdade quando a viam. Em terceiro lugar, dava-lhes a habilidade e a coragem de pregar essa verdade aos homens. Para o judeu, o Espírito era Deus que descia à vida de um homem.
Agora, no momento do batismo o Espírito desceu sobre Jesus em forma única. E o fez de maneira diferente a como jamais o fez com nenhum outro homem. A maioria das pessoas vivem o que poderíamos denominar experiências espasmódicas do Espírito. Têm seus momentos de iluminação momentânea, de poder extraordinário, de coragem sobre-humana. Mas estes momentos vêm e vão. Mas em duas oportunidades (versículos32: ) João sublinha de maneira especial que o Espírito permaneceu, morou e habitou em Jesus. Não se tratava de uma inspiração momentânea. Em Jesus o Espírito ocupou sua morada permanente de maneira unívoca. E essa é outra forma de dizer que a Mente e o Poder do Deus estão em Jesus em forma unívoca.33 Aqui podemos aprender muito do que significa a palavra batismo. O verbo grego baptizein significa imergir ou inundar. Pode-se empregar quando se fala de roupa que se imerge em uma tintura; ou de um barco que se afunda atrás das ondas; ou de uma pessoa que tomou tanto que está empapado em bebida. Quando João diz que Jesus batizará os homens no Espírito Santo, quer dizer que Jesus nos pode trazer o
Espírito de Deus de maneira tal que nos empapemos nele, que a vida esteja transpassada por ele, que estejamos saturados do Espírito do Deus, que nossa mente, nossa vida, nosso ser estejam alagados do Espírito do Deus.
Agora, o que significava este batismo para João? O batismo do próprio João significava duas coisas.
- Significava limpar. Significava que se lavava a um homem das impurezas que nele havia.
- Significava dedicação. Significava que entrava em uma vida nova, diferente e melhor. Mas o batismo de Jesus era um batismo do Espírito. Quando lembramos a concepção que os judeus tinham do Espírito, podemos dizer algumas coisas.
Quando o Espírito toma posse de um homem ocorrem determinadas coisas.
- Sua vida se ilumina. O conhecimento de Deus vem à sua mente. Vê com clareza a vontade do Deus. Sabe qual é o propósito de Deus, o que significa a vida, onde está o dever. Algo da sabedoria e da luz de Deus chegaram até ele.
- Sua vida se tonifica. O conhecimento sem poder é algo frustrante e obsessivo. Mas o Espírito não só nos dá conhecimento para saber o que é o correto, mas também força e poder para levá-lo a cabo. O Espírito nos proporciona uma triunfante adequação para encarar a vida.
- Sua vida se purifica. O batismo de Cristo com o Espírito seria um batismo de fogo (Mt
3: ; Lc11 3: ). A escória das coisas más, a mescla das coisas inferiores, a influência de tudo que é baixo, são limpas e queimadas, até que o homem fica limpo e puro.16
Com muita freqüência, nossas orações ao Espírito são uma espécie de formalidade teológica e litúrgica; mas quando conhecemos aquilo pelo qual oramos, nossas orações ao Espírito se convertem em um clamor desesperado do coração humano.
OS PRIMEIROS DISCÍPULOS
Jamais houve uma passagem das Escrituras mais plena que esta com pequenos toques reveladores.
Mais uma vez vemos a João Batista apontando além de si mesmo. Deve ter sabido muito bem que falar com seus discípulos sobre Jesus desta maneira significava convidá-los a abandoná-lo e transferir sua lealdade a este novo e grande mestre; e isso foi o que ele fez. Não havia nenhum tipo de inveja em João. Tinha chegado a ligar aos homens, não a si mesmo, e sim a Cristo. Não há tarefa mais difícil que passar ao segundo lugar uma vez que se desfrutou do primeiro. Mas uma vez que Jesus tinha aparecido em cena, João não teve outro pensamento senão enviar os homens a Ele.
De maneira que os dois discípulos de João seguiram a Jesus. Pode ser que fossem muito tímidos para aproximar-se dele de maneira direta e que o seguissem a certa distância, com o major dos respeitos. E então Jesus fez algo que era e é uma atitude que lhe é próprio. Voltou-se e lhes falou. Quer dizer, encontrou-os na metade do caminho. Tornou-lhes as coisas mais fáceis. Abriu-lhes a porta para que pudessem entrar. Aqui nos encontramos com o símbolo da iniciativa divina. Sempre é Deus quem dá o primeiro passo. Quando a mente humana começa a procurar e o coração humano começa a desejar, Deus sai a nosso encontro muito mais que a metade do caminho. Deus não permite que um homem procure e procure até que o encontre; sai a encontrar a esse homem. Como diz Agostinho, nem sequer teríamos podido começar a procurar a Deus se Deus não nos tivesse encontrado antes. Quando nos dirigimos a Deus não vamos ao encontro de alguém que se esconde e se mantém a certa distância; nos dirigimos a alguém que nos está esperando e que inclusive toma a iniciativa ao sair a nos encontrar no caminho.
Jesus começou por fazer a estes dois homens a pergunta mais fundamental da vida. "O que vocês procuram?" perguntou-lhes. Eramuito pertinente fazer essa pergunta na Palestina nos tempos de Jesus. Eram legalistas que só procuravam conversações sutis e recônditas a respeito dos pequenos detalhes da Lei, como faziam os escribas e fariseus? Eram oportunistas ambiciosos que procuravam um posto e poder, como faziam os saduceus? Eram nacionalistas, que procuravam um demagogo político e um caudilho militar que derrotasse a potência que estava ocupando seu país, como faziam os zelotes? Eram homens humildes, de oração e esperança, que procuravam a Deus e sua vontade, como faziam os mansos da Terra? Ou não eram mais que homens intrigados e confundidos pecadores que procuravam uma luz no caminho da vida, e o perdão de Deus?
Far-nos-ia muito bem se de vez em quando, no curso de nossa vida, nos perguntássemos: "O que estou procurando? Que quero tirar da vida? Qual é minha finalidade e meu objetivo? Sinceramente, o que é o que, no âmago de meu coração, estou realmente querendo tirar da vida?
Alguns procuram segurança. Queriam obter uma posição segura, a suficiente quantidade de dinheiro para satisfazer as necessidades da vida e algo mais para economizar para a velhice, uma segurança material que os alivie da preocupação essencial sobre as coisas materiais. Não é um mau objetivo, mas é inferior, e algo inadequado como finalidade da vida inteira; porque, em última análise, não pode haver nenhuma segurança na incerteza das mudanças e os azares desta vida.Há alguns que procuram o que eles denominariam uma carreira, de poder, importância, prestígio, um posto que se adapte à capacidade e habilidade que acreditam possuir, uma oportunidade para levar a cabo o trabalho que se crêem capazes de fazer. Este tampouco é um mau objetivo. Pode sê-lo se está dirigido por razões de ambição pessoal; mas se está motivado por razões de serviço a nosso próximo pode ser um objetivo superior. Mas não é suficiente, visto que seu horizonte está limitado pelo tempo e por este mundo.
Alguns procuram certo tipo de paz, algo que lhes permita viver em paz consigo mesmos, em paz com Deus e em paz com os homens. Trata— se da busca de Deus; e é um objetivo que só pode ser satisfeito por Jesus Cristo.
A resposta dos discípulos de João foi que queriam saber onde Jesus morava. Chamaram-no Rabi, uma palavra hebraica que cujo significado literal é Meu grande homem. Era o título de reverência e respeito que outorgavam os estudantes e pesquisadores de sabedoria a seus mestres e aos homens sábios. João, que escreveu o Evangelho, escrevia para os gregos. Sabia que não reconheceriam a palavra hebraica, de maneira que a traduziu pela palavra grega didaskalos, que significa mestre. Não era uma simples curiosidade o que empurrou a estes dois a formular esta pergunta. O que gostariam de dizer foi que não desejavam falar com Jesus com o passar do caminho, ao passar, como algum conhecido casual poderia deter-se e trocar algumas palavras. Queriam entrar e permanecer muito tempo com Ele, e falar de seus problemas e preocupações. O homem que deseja tornar-se um discípulo de Jesus nunca pode sentir-se satisfeito com uma palavra ao passar com Jesus. Quer encontrar-se com Jesus, não como um conhecido de passagem, mas sim como um amigo na própria casa de Jesus.
A resposta de Jesus foi: "Venham e vejam!" Os rabis judeus tinham uma forma muito especial de empregar essa frase em seus ensinos. Diziam por exemplo: "Querem conhecer a resposta a esta pergunta? Querem conhecer a solução para este problema? Venham e vejam, e pensaremos juntos". Quando Jesus disse: "Venham e vejam!" estava convidando a esses dois, não só a ir e conversar, e sim a ir e descobrir as coisas que só ele era capaz de lhes revelar.
De maneira que João, que escreveu o Evangelho, termina o parágrafo desta maneira: "Era como a décima hora". Pode ser que o termine assim porque ele mesmo era um desses dois. Podia dizer que hora era, e apontar a própria pedra do caminho sobre a que estava parado quando se encontrou com Jesus. Às quatro de uma tarde da primavera na Galiléia, a vida se converteu em algo novo para João. Quando um homem se encontra autenticamente com Jesus não se esquecerá nunca mais do dia e da hora como tampouco esqueceria a data de seu nascimento. Ele assinala a linha divisória entre a época em que não conhecia a Jesus e o momento em que chegou a conhecê-lo.
COMPARTILHANDO A GLÓRIA
As versões comuns dizem que André "achou primeiro a seu irmão Simão", apoiando-se em alguns manuscritos gregos que trazem a palavra proton, que significa primeiro. Em outros manuscritos aparece proi, que significa cedo pela manhã. A nosso entender, a segunda versão se encaixa mais ao relato ao considerar este evento da passagem como desenvolvendo-se ao dia seguinte. Vimos que João nos apresenta o relato da primeira semana de importância na vida de Jesus, e essa relato fica mais adequado se considerarmos que André encontra a Pedro no dia seguinte.
Mais uma vez, nesta passagem, João explica uma palavra hebraica para ajudar os gregos, a quem escrevia, a compreender melhor. Messias e Cristo são a mesma palavra. Messias é hebraico e Cristo é grego; ambos significam ungido. No mundo antigo, tal como em alguns países nesta época, ungia-se os reis com azeite no momento de sua coroação. E tanto Messias como Cristo significam o Rei ungido por Deus.
Não temos muita informação sobre André, mas o pouca que sabemos mostra seu caráter de modo perfeito. André é uma das personalidades mais atraentes do grupo de apóstolos. Tem duas atitudes sobressalentes.
(1) André se destacava por ser o tipo de homem que estava disposto a ocupar o segundo lugar. Uma e outra vez se identifica André como o irmão de Simão Pedro. É evidente que vivia sob a sombra de Pedro. Algumas pessoas poderiam não saber quem era André, mas todos conheciam a Pedro; e quando falavam de André o descreviam como o irmão de Pedro. André não formava parte do círculo íntimo de discípulos. Quando Jesus curou a filha de Jairo, quando foi ao Monte da Transfiguração, quando passou pela tentação no Getsêmani, levou consigo a Pedro, Tiago e João. André facilmente se teria ofendido por isso. Acaso não tinha sido um dos dois primeiros discípulos que seguiram a Jesus? Acaso Pedro não devia a ele seu encontro com Jesus? Não poderia razoavelmente esperar e exigir um lugar privilegiado no grupo apostólico? Mas tudo isto jamais ocorreu a André. Sentia-se muito satisfeito correndo para atrás e deixando que seu irmão mais famoso recebesse todo o brilho. Sentia-se muito satisfeito desempenhando um papel humilde e modesto no grupo dos Doze. Para André, toda questão de precedência, lugar e honras carecia de importância. Tudo o que importava era estar com Jesus e servi-lo como pudesse. André é o santo padroeiro de todos aqueles que com humildade, lealdade e sem remorsos ocupam um segundo lugar.(2) André se caracteriza por ser o homem que sempre estava apresentando alguém a Jesus. Em apenas três ocasiões no relato do Evangelho se localiza o André no centro do cenário. Há este incidente, no qual apresenta Pedro a Jesus. Há o incidente em João
6: em que André apresentou a Jesus o menino que tinha cinco pães de cevada e dois pãezinhos. E está a ocasião do Jo8-9 12: , em que André apresenta a Jesus os gregos que perguntavam por ele. A grande alegria de André era levar a outros diante da presença de Jesus. Destaca-se como o homem cujo único desejo era compartilhar a glória. É o homem de coração missionário. Tendo encontrado a amizade de Jesus, passou tudo o resto de sua vida apresentando outros a essa amizade. André é nosso grande exemplo de alguém que não podia guardar Jesus para si.22 Quando André levou a Pedro perante a presença de Jesus, este o olhou. A palavra que se emprega para esse olhar é emblepein. Esta palavra descreve um olhar concentrado, profundo. Significa o olhar que não se limita a ver as coisas superficiais que aparecem no exterior, mas sim que lê dentro do coração. Quando Jesus viu a Simão, tal como era chamado então, disse-lhe: "Seu nome é Simão; mas te chamarás Cefas, que significa rocha".
No mundo antigo quase todos tinham dois nomes. O grego era o idioma universal nesse mundo, e quase todos tinham um nome em seu próprio idioma, pelo que os conhecia entre seus amigos e familiares, e um nome em grego, com o que os conhecia no mundo dos negócios e do comércio. Às vezes, um dos nomes era a tradução do outro. Pedro é a palavra grega que significa rocha e Cefas é a palavra aramaica que significa o mesmo; Tomé é a palavra aramaica e Dídimo a palavra grega que significa gêmeo; Tabita é a palavra aramaica e Dorcas a grega com a que se denomina uma gazela. Às vezes, escolhia-se o nome grego porque seu som se assemelhava ao nome aramaico. Um judeu chamado Eliaquim ou Abel em seu próprio idioma se chamaria Alcimo ou Apeles em grego. De maneira que Pedro e Cefas não são nomes diferentes; são o mesmo nome em distintos idiomas.
Muito freqüentemente, no Antigo Testamento, uma mudança de nome assinalava uma nova relação com o Deus. Por exemplo, Jacó se converteu em Israel (Gn
32: ), e Abrão se converteu em Abraão (Gn28 17: ) quando entraram em uma nova relação com o Deus. Quando alguém entra em um novo tipo de relação com Deus, é como se a vida voltasse a começar e ele se convertesse em um homem novo, de maneira que necessita um nome novo.5 Mas o maior deste relato é que nos diz como Jesus olha aos homens. Jesus não só vê o que é um homem; mas também aquilo no que se pode converter. Não vê somente o atual no homem, mas também suas possibilidades. Jesus olhou a Pedro e viu nele, não só um pescador da Galiléia, viu alguém em cujo interior estava a possibilidade de converter— se na rocha sobre a qual se edificaria sua Igreja. Jesus não só nos vê como somos, mas sim como podemos ser; e nos diz: "Dê-me sua vida, e o converterei naquilo que está em você poder chegar a ser".
Conta-se que em uma ocasião alguém encontrou a Miguel Ângelo, trabalhando com seu cinzel em uma parte de rocha sem forma.
Perguntou ao escultor o que estava fazendo. "Liberto o anjo que está preso neste mármore", respondeu. Jesus é aquele que vê e que pode libertar o herói que está oculto em cada homem.
A RENDIÇÃO DE NATANAEL
A esta altura do relato Jesus abandonou o Sul e se dirigiu ao norte, para a Galiléia. Aí, possivelmente em Cã mesmo, encontrou e chamou Filipe. Filipe, assim como André, não podia guardar para si as boas novas. Como disse Godet: "Uma tocha acesa serve para acender outra". De maneira que Filipe foi em busca de seu amigo Natanael e lhe disse que cria ter encontrado o Messias prometido durante tanto tempo, em Jesus, o homem de Nazaré. Natanael se riu. Não havia nada no Antigo Testamento que predissera que o escolhido de Deus viria de Nazaré. Nazaré era um lugar muito pouco conspícuo. O próprio Natanael provinha de Caná, outra cidade da Galiléia, e nas regiões rurais a rivalidade entre uma cidade e outra, e a inveja entre os povos é muito notória. A reação de Natanael foi afirmar que Nazaré não era o tipo de lugar de onde pudesse vir nada de bom. Filipe foi sábio. Não discutiu. Limitou-se a dizer: "Vêem e vê!"
Não há muitas pessoas que foram ganhas para o cristianismo com discussões. Mais de uma vez nossos argumentos fazem mais mal que bem. A única forma de convencer a alguém a respeito da supremacia de Cristo é confrontá-lo com ele. Em geral, é válido afirmar que o que ganhou homens a Cristo não é a pregação e ensino filosófico e apoiado em discussões, mas sim a apresentação do relato da cruz.
Conta-se que, para fins do século dezenove, Huxley, o grande agnóstico, formava parte de um grupo que estava passando uns dias em uma casa de campo. Chegou no domingo, e a maioria dos membros do grupo se preparou para ir à igreja; mas, como é natural, Huxley não se propunha ir. Aproximou-se de um homem que era conhecido por sua fé cristã simples e radiante. Disse-lhe: "Suponhamos que hoje você não vá à igreja, que fique em casa e me diga com toda simplicidade o que a fé cristã significa para você e por que é cristão". "Mas", disse o homem, "você poderia demolir meus argumentos em um instante. Não sou o suficientemente inteligente para discutir com você". Huxley respondeu com amabilidade: "Não quero discutir com você; só quero que me diga o que este Cristo significa para você". O homem ficou na casa e falou com o Huxley com toda simplicidade a respeito de sua fé. Quando terminou os olhos do grande agnóstico estavam cheios de lágrimas: "Daria minha mão direita", disse, "para poder acreditar isso".
Não foi uma argumentação brilhante o que chegou ao coração do Huxley. Poderia ter rebatido com a maior eficácia e certeza qualquer argumento que aquele cristão simples poderia lhe apresentar. O que conquistou seu coração foi essa apresentação singela de Cristo. O melhor argumento consiste em dizer às pessoas: "Venham e vejam!" Mas o problema é que nós mesmos devemos conhecer a Cristo antes de poder convidar outros a aproximar-se dele. O único evangelista autêntico é aquele que conhece ele próprio Cristo.De maneira que Natanael se aproximou, e Jesus pôde ler seu coração. "Eis aqui", disse Jesus, "um verdadeiro israelita, em quem não há engano". Era uma honra que qualquer israelita devoto agradeceria. O salmista disse: “Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniqüidade” (Sl
32: ). “Nunca fez injustiça” disse o profeta sobre o servo do Senhor, “nem houve engano na sua boca.” (Is2 53: ). Natanael se sentiu surpreso de que alguém pudesse pronunciar um veredicto como esse quando recém o conhecia, e perguntou como Jesus podia conhecê-lo. Jesus lhe disse que já o tinha visto debaixo da figueira.9 Que significado tem isto? No pensamento judaico uma figueira sempre representava a paz. Sua idéia de paz era quando um homem podia permanecer debaixo de sua própria figueira e sua própria vinha sem que o incomodassem (comp. 1Rs
4: ; Mq25 4: ). Mais ainda, a figueira era frondosa e dava muita sombra e era costume sentar— se a meditar sob o amparo de seus ramos. Sem dúvida, isso era o que tinha estado fazendo Natanael. E sem dúvida nenhuma, enquanto estava debaixo da figueira pensava e orava pelo dia em que chegaria o escolhido de Deus. Não cabe dúvida que tinha meditado a respeito das promessas de Deus. E agora sentia que Jesus tinha lido até o mais profundo de seu coração. O que surpreendeu a Natanael não foi tanto que Jesus o tivesse visto debaixo da figueira, e sim o fato de que Jesus tivesse lido os pensamentos que estavam no mais recôndito de seu coração. De maneira que Natanael disse a si mesmo: "Aqui está o homem que entende meus sonhos! Aqui está o homem que sabe de minhas preces! Aqui está o homem que viu meus desejos mais secretos e íntimos, desejos que jamais me animei a expressar em palavras! Aqui está o homem que pode traduzir o suspiro inarticulado de minha alma! Este deve ser o Filho do Deus, o prometido ungido de Deus e nenhum outro". Natanael se rendeu para sempre ao homem que lia e compreendia e satisfazia os desejos de seu coração.4 Pode ser que Jesus tenha sorrido. Citou a velha história de Jacó em Betel onde viu a escada de ouro que conduzia ao céu (Gên. 28:12-13). Era como se Jesus dissesse: "Natanael posso fazer muito mais que ler seu coração. Posso ser para você e para todos os homens, o caminho, a escada que conduz ao céu". Mediante Jesus e só por Jesus, podem as almas dos homens subir a escada que leva a céu.
Esta passagem nos expõe um problema. Quem era Natanael? No quarto Evangelho é um dos primeiros discípulos; nos outros três Evangelhos nunca aparece absolutamente; nem sequer é mencionado. Que explicação pode ser dada a isto? Sugeriu-se mais de uma.
- Sugeriu-se que Natanael não é um personagem real. Que é uma figura ideal e simboliza a todos os reais e autênticos israelitas que rompiam as limitações do orgulho e o preconceito nacionalista e se entregavam a Jesus Cristo. Sugere-se que Natanael não é um único indivíduo, mas representa a todos os verdadeiros israelitas em quem não havia engano e que receberam a Jesus Cristo.
- Sobre a mesma base, sugeriu-se que representa ou a Paulo, ou ao discípulo amado a quem se menciona ao longo de todo o quarto Evangelho. Paulo era o grande exemplo do israelita que tinha aceito a Cristo. O discípulo amado era o discípulo ideal. Mais uma vez se supõe que Natanael representa um ideal; que é um arquétipo e não uma pessoa. Se esta fosse a única vez que se menciona a Natanael, se poderia aceitar esta hipótese; mas Natanael volta a aparecer em Jo
21: e ali não é apresentado como um ideal2 - Foi identificado com Mateus, porque tanto Mateus como Natanael querem dizer o dom de Deus. Já vimos que nesses tempos a maioria das pessoas tinha dois nomes; mas nesse caso um dos nomes era grego e o outro judeu; e neste caso tanto Mateus como Natanael são nomes judeus.
- Há uma explicação mais simples. Filipe levou Natanael a Jesus. O nome do Natanael não aparece nunca nos outros três Evangelhos; e no quarto Evangelho não se menciona nunca a Bartolomeu. Em primeiro lugar, na lista dos discípulos que aparece em Mt
10: e em Mc3 3: , Filipe e Bartolomeu vão juntos, e resultava natural e inevitável relacioná-los. Em segundo lugar, Bartolomeu é realmente um segundo nome. Significa Filho de Ptolomeu. Bartolomeu deve ter tido um primeiro nome; ao menos é possível supor que Bartolomeu e Natanael sejam a mesma pessoa com nome diferente. Tal hipótese se encaixa aos atos.18
Seja qual for a verdade, não resta dúvida que Natanael representa o israelita cujo coração está limpo de orgulho e preconceito, e que viu em Jesus Aquele que satisfazia o desejo de seu coração a quem esperava e procurava.
Dicionário
Compreender
verbo transitivo direto e pronominal Abarcar em si mesmo; carregar em sua essência; incluir ou abranger-se: seu texto compreendia ironias e metáforas; algumas metáforas se compreendem neste texto.verbo transitivo direto Ampliar o seu desenvolvimento a: a nova lei compreende todos os Estados brasileiros.
Desenvolver um ponto de vista sobre certa coisa ou pessoa: eu não compreendo a mentira.
verbo transitivo direto e intransitivo Entender intelectualmente, valendo-se da habilidade de percepção ou de entendimento; perceber: escreve em excesso, mas não compreende o assunto; era um assunto difícil de compreender.
Etimologia (origem da palavra compreender). Do latim comprehendere.
entender, conceber, perceber, sentir. – Diz Roq. que o verbo entender “explica uma percepção do ânimo e em que os sentidos e a memória têm mais parte do que na percepção que explica o verbo compreender, na qual tem mais parte o entendimento. Entende-se uma língua, um sinal dado: esta percepção a devemos à prática material, ao uso, à ação dos sentidos. Compreende-se a força de um discurso, a causa oculta de um efeito: devemos esta percepção à perspicácia, à subtileza do entendimento. – Do verbo latino concipio fizemos nós conceber, que em significação translata quer dizer – formar no ânimo, meditar e abraçar um propósito, um plano, etc. De outro verbo latino percipio fizemos perceber, a que demos principalmente a significação de compreender, entender, que também se dá às vezes ao verbo conceber. Mas a diferença entre conceber e perceber consiste em que, quando eu concebo sou eu o agente, e quando percebo não faço senão entrar no espírito daquilo que outro diz ou faz. Concebe o general um plano de batalha ou de ataque de uma praça, faz os seus preparativos, e começa a executá-lo; percebe-o o inimigo, e procura malográ-lo, empregando todos os meios que a arte da guerra lhe ministra”. – Sentir, aqui, é “apanhar bem o sentido, penetrar o íntimo, compreender perspicuamente”. É o mais genérico do grupo. Sentem-se as grandes verdades; sente-se um belo discurso, um tre- Dicionário de Sinônimos da Língua Portuguesa 297 cho de música; sente-se o intento do inimigo; sente-se a causa de um fenômeno; sente-se um aviso posto no alto de um monte.
Compreender, no bom sentido, é ver para abençoar, aliviar, amparar, construir ou reconstruir.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Rumo certo• Pelo Espírito Emmanuel• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 4
Luz
substantivo feminino Claridade que emana de si mesmo (Sol) ou é refletida (Lua).[Astronomia] Claridade que o Sol espalha sobre a Terra.
Objeto que serve para iluminar; lâmpada, lanterna: traga a luz.
O que ilumina os objetos e os torna visíveis: luz do poste.
[Artes] Efeitos da luz reproduzidos em um quadro: hábil distribuição de luz e sombras.
Figurado Tudo que esclarece o espírito: a luz da razão, da fé.
Figurado Conhecimento das coisas; inteligência, saber: suas luzes são limitadas.
Figurado Pessoa de mérito, de elevado saber: é a luz de seu século.
Orifício de entrada e saída do vapor no cilindro de uma máquina.
Abertura na culatra de uma arma, pela qual se faz chegar o fogo à carga.
Furo que atravessa um instrumento.
[Ótica] Nos instrumentos de óptica de pínulas, pequeno orifício pelo qual se vê o objeto observado.
[Anatomia] Cavidade de um corpo ou órgão oco: a luz do intestino.
expressão Luz cinzenta. Luz solar refletida pela Terra, a qual permite distinguir o disco completo da Lua quando esta se mostra apenas sob a forma de crescente.
Luz negra ou luz de Wood. Raios ultravioleta, invisíveis, que provocam a fluorescência de certos corpos.
Vir à luz. Ser publicado, revelado.
Século das Luzes. O século XVIII.
Dar à luz. Dar vida a um ser.
Etimologia (origem da palavra luz). Do latim lucem.
hebraico: amendoeira
[...] luz é, em suma, a forma mais sutil da matéria. [...].
Referencia: FINDLAY, J• Arthur• No limiar do etéreo, ou, Sobrevivência à morte cientificamente explicada• Traduzido do inglês por Luiz O• Guillon Ribeiro• Prefácio de Sir William Barret• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1981• - cap• 2
[...] é um modo de movimento, como o calor, e há tanta “luz” no espaço à meia-noite como ao meio-dia, isto é, as mesmas vibrações etéreas atravessando a imensidade dos céus. [...]
Referencia: FLAMMARION, Camille• A morte e o seu mistério• Rio de Janeiro: FEB, 2004• 3 v•: v• 1, 6a ed•; v• 2, 5a ed•; v• 3, 5a ed• - v• 1
[...] constitui o modo de transmissão da história universal.
Referencia: FLAMMARION, Camille• Narrações do infinito: lúmen• Trad• de Almerindo Martins de Castro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1999• - 4a narrativa
[...] é o símbolo multimilenar do desenvolvimento espiritual. [...]
Referencia: MARCUS, João (Hermínio C• Miranda)• Candeias na noite escura• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 1
L M
Referencia:
Luz
1) Claridade; luminosidade (Gn
2) Figuradamente refere-se a Deus (Sl
3) Cidade cananéia que foi chamada de Betel (Gn
Luz Símbolo da claridade espiritual, que procede do Evangelho de Jesus (Mt
Não
advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.
advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.
Resplandecer
verbo intransitivo Brilhar de um modo muito intenso; luzir: um dia que resplandecia.Ficar proeminente; fazer com que se sobressaia; engrandecer: o bom caráter sempre resplandece.
Expressar-se de uma maneira brilhante; em que há brilhantismo: sua inteligência resplandece.
verbo transitivo direto [Pouco Uso] Fazer com que o brilho seja refletido em: suas ações resplandecem a retidão de sua índole.
Etimologia (origem da palavra resplandecer). Do latim resplendescere/resplendere.
Resplandecer REFULGIR (Nu 6:25:) “resplandecer o rosto” quer dizer “tratar com bondade” (NTLH); (Fp
Trevas
substantivo feminino Escuridão total; ausência completa de luz: cavaleiro que vive nas trevas.Figurado Ignorância; ausência de conhecimento; expressão de estupidez.
Religião Designação dos três dias que, na Semana Santa, antecedem o sábado de Aleluia, sendo as igrejas privadas de iluminação.
Etimologia (origem da palavra trevas). Plural de treva.
Escuridão absoluta, noite. o ofício divino celebrado nesse dia e nos seguintes, no qual se comemoram as trevas que caíram sobre Jerusalém, quando da morte de Cristo na cruz.
Trevas Escuridão profunda (At
Trevas 1. A falta de luz própria da noite (Jo
2. O que está oculto (Mt
3. O mal (Mt
4. A situação de escravidão espiritual em que se encontra o ser humano perdido e da qual só poderá sair aderindo a Jesus pela fé (Jo
5. Um dos elementos que integram o castigo do inferno (Mt
Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
Strongs
ἐν
(G1722)
καί
(G2532)
aparentemente, uma partícula primária, que tem uma ação aditiva e algumas vezes também uma força acumulativa; conj
- e, também, até mesmo, realmente, mas
καταλαμβάνω
(G2638)
de 2596 e 2983; TDNT - 4:9,495; v
- obter, tornar próprio
- dominar ao ponto de incorporar como seu, obter, alcançar, tornar próprio, tomar para si mesmo, apropriar-se
- apoderar-se de, tomar posse de
- de males que assolam surpresivamente, do último dia surpreendendo o perverso com destruição, de um demônio pronto para atormentar alguém
- num bom sentido, de Cristo que pelo seu santo poder e influência apropria-se da mente e vontade humana, a fim de ajudá-la e governá-la
- detectar, capturar
- capturar com a mente
- entender, perceber, aprender, compreender
ὁ
(G3588)
que inclue o feminino
em todos as suas inflexões, o artigo definido; artigo
- este, aquela, estes, etc.
Exceto “o” ou “a”, apenas casos especiais são levados em consideração.
οὐ
(G3756)
palavra primária, negativo absoluto [cf 3361] advérbio; partícula
- não; se usa em perguntas diretas que esperam uma resposta afirmativa
σκοτία
(G4653)
de 4655; TDNT - 7:423,1049; n f
escuridão
escuridão causada pela ausência de luz
metáf. usado da ignorância das coisas divinas, e sua associada perversidade, e a miséria resultante no inferno
φαίνω
(G5316)
prolongação da raiz de 5457; TDNT - 9:1,1244; v
- trazer à luz, fazer brilhar, espalhar a luz
- brilhar
- brilhar, ser brilhante ou resplendente
- tornar-se evidente, ser trazido à luz, tornar-se visível, aparecer
- de vegetação em crescimento, vir à luz
- aparecer, ser visto
- expor à visão
- encontrar os olhos, descobrir os olhos, tornar claro ou manifesto
- ser visto, aparecer
- tornar-se claro na mente; ter a impressão, segundo o próprio julgamento ou opinião
φῶς
(G5457)
de uma forma arcaica phao (brilhar ou tornar manifesto, especialmente por emitir raios, cf 5316, 5346); TDNT - 9:310,1293; n n
- luz
- luz
- emitida por uma lâmpada
- um luz celestial tal como a de um círculo de anjos quando aparecem na terra
- qualquer coisa que emite luz
- estrela
- fogo porque brilha e espalha luz
- lâmpada ou tocha
- luz, i.e, brilho
- de uma lâmpada
- metáf.
- Deus é luz porque a luz tem a qualidade de ser extremamente delicada, sutil, pura, brilhante
- da verdade e seu conhecimento, junto com a pureza espiritual associada a ela
- aquilo que está exposto à vista de todos, abertamente, publicamente
- razão, mente
- o poder do entendimento, esp. verdade moral e espiritual
αὐτός
(G846)
da partícula au [talvez semelhante a raiz de 109 pela idéia de um vento instável] (para trás); pron
- ele próprio, ela mesma, eles mesmos, de si mesmo
- ele, ela, isto
- o mesmo