Enciclopédia de Gênesis 6:9-9

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

gn 6: 9

Versão Versículo
ARA Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus.
ARC Estas são as gerações de Noé: Noé era varão justo e reto em suas gerações: Noé andava com Deus.
TB Estas são as gerações de Noé. Noé foi um homem justo e perfeito nas suas gerações; Noé andou com Deus.
HSB אֵ֚לֶּה תּוֹלְדֹ֣ת נֹ֔חַ נֹ֗חַ אִ֥ישׁ צַדִּ֛יק תָּמִ֥ים הָיָ֖ה בְּדֹֽרֹתָ֑יו אֶת־ הָֽאֱלֹהִ֖ים הִֽתְהַלֶּךְ־ נֹֽחַ׃
BKJ Estas são as gerações de Noé: Noé foi um homem justo e perfeito nas suas gerações, e Noé andava com Deus.
LTT Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus.
BJ2 Eis a história de Noé: Noé era um homem justo, íntegro entre seus contemporâneos, e andava com Deus.
VULG Hæ sunt generationes Noë : Noë vir justus atque perfectus fuit in generationibus suis ; cum Deo ambulavit.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Gênesis 6:9

Gênesis 2:4 Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus.
Gênesis 5:1 Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez.
Gênesis 5:22 E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Metusalém, trezentos anos e gerou filhos e filhas.
Gênesis 5:24 E andou Enoque com Deus; e não se viu mais, porquanto Deus para si o tomou.
Gênesis 7:1 Depois, disse o Senhor a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porque te hei visto justo diante de mim nesta geração.
Gênesis 10:1 Estas, pois, são as gerações dos filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé; e nasceram-lhes filhos depois do dilúvio.
Gênesis 17:1 Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a Abrão e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença e sê perfeito.
Gênesis 48:15 E abençoou a José e disse: O Deus, em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou, desde que eu nasci até este dia,
I Reis 3:6 E disse Salomão: De grande beneficência usaste tu com teu servo Davi, meu pai, como também ele andou contigo em verdade, e em justiça, e em retidão de coração, perante a tua face; e guardaste-lhe esta grande beneficência e lhe deste um filho que se assentasse no seu trono, como se vê neste dia.
II Crônicas 15:17 Os altos, porém, não se tiraram de Israel; contudo, o coração de Asa foi perfeito todos os seus dias.
II Crônicas 25:2 E fez o que era reto aos olhos do Senhor, porém não com coração inteiro.
Jó 1:1 Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e este era homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal.
Jó 1:8 E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero, e reto, e temente a Deus, e desviando-se do mal.
Jó 12:4 Eu sou irrisão para os meus amigos; eu, que invoco a Deus, e ele me responde; o justo e o reto servem de irrisão.
Salmos 37:37 Nota o homem sincero e considera o que é reto, porque o futuro desse homem será de paz.
Provérbios 4:18 Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.
Eclesiastes 7:20 Na verdade, não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque.
Ezequiel 14:14 ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles, pela sua justiça, livrariam apenas a sua alma, diz o Senhor Jeová.
Ezequiel 14:20 ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Jeová, que nem filho nem filha eles livrariam, mas só livrariam a sua própria alma pela sua justiça.
Habacuque 2:4 Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo, pela sua fé, viverá.
Lucas 1:6 E eram ambos justos perante Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor.
Lucas 2:25 Havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente a Deus, esperando a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele.
Lucas 23:50 E eis que um homem por nome José, senador, homem de bem e justo
Atos 10:22 E eles disseram: Cornélio, o centurião, varão justo e temente a Deus e que tem bom testemunho de toda a nação dos judeus, foi avisado por um santo anjo para que te chamasse a sua casa e ouvisse as tuas palavras.
Romanos 1:17 Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.
Gálatas 3:11 E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé.
Filipenses 3:9 e seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus, pela fé;
Hebreus 11:7 Pela fé, Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu, e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé.
I Pedro 2:5 vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo.
II Pedro 2:5 e não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, pregoeiro da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios;

Mapas Históricos

Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados ​​para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.

O TEMPLO DE SALOMÃO

967-960 a.C.
SALOMÃO CONSTRÓI O TEMPLO
O Senhor não permitiu que Davi, o pai de Salomão, construísse um templo para Deus em Jerusalém, "porque és homem de guerra e derramaste muito sangue" (1Cr 28:3). A tarefa de construção coube a Salomão que a iniciou no quarto ano de seu reinado (967 .C.) e conclui sete anos depois. O templo é descrito em detalhes em I Reis 6:1-10,14-38 e 2 Crônicas 3:3-17. Tinha 20 m de comprimento, por 9 m de largura e 13.5 m de altura. Era feito com pedras preparadas antes de serem levadas para o local da construção e constituído de três partas principais:

Salomão também construiu três andares com salas nas laterais e na parte do fundo, usadas posteriormente como arsenal, tesouraria e biblioteca. De cada lado do pórtico, Salomão colocou uma coluna de bronze com cerca de 8 m de altura com capitéis de cerca de 2 m de altura e chamou a da direita de Jaquim e a da esquerda de Boaz. As paredes internas do templo foram apaineladas com cedro do Líbano, um tipo de madeira usado com frequência no mundo antigo.

O OURO DO REI SALOMÃO
Salomão revestiu todo o interior do templo, inclusive as paredes e o piso, com ouro, um metal que certamente não lhe faltava. De acordo com I Reis 10:14, o rei de Israel arrecadava 666 talentos (cerca de 23 toneladas) de ouro por ano e, ao visitá-lo, a rainha de Sabá (Iêmen), o presenteou com 120 talentos (cerca de 4 toneladas) desse metal. Parte do ouro era proveniente de Ofir, provavelmente situada no oeste da Arábia, nas regiões auríferas ao norte do Wadi Baysh ou entre Meca e Medina. Um óstraco israelita encontrado em Tell Qasile, perto da atual d cidade de Tel Aviv, datado da primeira metade do século VIII a.C., traz a inscrição: "Ouro de Ofir para Bete-Horom 30 siclos" Salomão possuía ouro em quantidade enorme, porém não incomum no mundo antigo. Templos egípcios também eram cobertos com placas de ouro e, em alguns lugares, ainda se pode ver os orifícios onde os pinos dessas placas eram fixados. Sabe-se que os faraós Tutmósis 3 (1479-1425 a.C.), Ramsés I (1279-1213 a.C.) e Ramsés III (1184-1153 .C.) revestiram templos com esse metal. Uma prática semelhante era conhecida na Mesopòtâmia e foi adotada por Entemena de Lagash (c. 2400 a.C.) e pelos reis assírios Esar-Hadom (681-669 a.C.) e Assurbanipal (669 -627 a.C.). Quantidades ainda maiores de ouro são atestadas na antiguidade. Pítio, rei de Lídia, deu ao rei persa Xerxes (486-465 a.C.) 3.993.000 dáricos de ouro, correspondentes a 61,5 toneladas. O imperador romano Trajano (98-117 .C.) tomou pelo menos 4:494 toneladas de ouro dos dácios (atual Romênia). A reserva de ouro da Inglaterra em 2005 era de apenas 320 toneladas.
Convém observar que, no Egito, o faraó Osorkon I (924-889), quase um contemporâneo de Salomão, doou no início de seu reinado a quantia recorde de ouro para os templos egípcios, cerca de 18 toneladas. No total, acredita-se que esse faraó tenha dado cerca de 383 toneladas de metais preciosos para os templos egípcios. Shoshenk (945-924 a.C.), pai de Osorkon, costuma ser identificado com Sisaque, o faraó que atacou Judá no quinto ano do reinado de Roboão (926 a.C.), filho de Salomão, e tomou alguns dos tesouros do templo do Senhor e do palácio real, inclusive os escudos de ouro feitos por Salomão.' Assim, talvez o último registro do our de Salomão corresponda às doações generosas de Osorkon as templos egípcios, sendo impossível determinar que fim levou todo esse metal precioso.

OS UTENSÍLIOS DO TEMPLO
O primeiro livro de Reis (7.23-26) descreve um tanque de água semi-esférico feito de bronze chamado de "mar de fundição", usado para a purificação cerimonial. O tanque ficava apoiado em doze bois de bronze, três virados para cada ponto cardeal; media 4,6 m de diâmetro e calcula-se que sua capacidade era de aproximadamente 44.000 1. Dois recipientes enormes de pedra usados para purificações cerimoniais foram encontrados em Amathus, Chipre, 10 km a leste de Limassol. Um foi levado para o museu do Louvre em Paris em 1865; o outro, um exemplar mais fragmentário, ainda se encontra no local em que foi descoberto. O recipiente do Louvre tem 3,19 m de diâmetro. Salomão também mandou fazer dez suportes móveis de bronze, cada um com uma bacia de bronze com capacidade de cerca de 880 1. Um suporte de bronze com 10 cm de altura datado de 1050-1000 .C. foi encontrado em Megido, no norte de Israel. Suportes semelhantes, alguns ainda com as rodas, datados do século XII a.C., foram encontrados em vários lugares em Chipre. Além desses objetos de bronze, o templo também possuía um altar, uma mesa, castiçais e bacias de ouro. Porém, do ponto de vista bíblico, a característica mais importante do templo não era sua suntuosidade, mas sim, a presença visível de Deus. "Então, sucedeu que a casa, a saber, a Casa do Senhor, se encheu de uma nuvem; de maneira que os sacerdotes não podiam estar ali para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor encheu a Casa de Deus" (2Cr 5:13b-14).

O DESTINO DO TEMPLO DE SALOMÃO
Em 586 a.C., Nebuzaradã, o comandante da guarda imperial babilônica incendiou o templo do Senhor. Nenhum vestígio da construção foi encontrado. Há quem argumente que uma romã de marfim com a inscrição (propriedade) da casa (do Senhor), sagrada para os sacerdotes", que apareceu misteriosamente no mercado de antiguidades em 1979, talvez fosse uma das maçanetas de marfim usadas para adornar o cetro de um sacerdote de posição elevada no templo. Convém observar, porém, que a Autoridade de Antiguidades de Israel considerou a romá uma falsificação, apesar dessa posição não ser aceita por todos os estudiosos. A descrição do templo menciona romãs em várias ocasiões como um elemento decorativo.° Trabalhos posteriors de construção, especialmente as obras realizadas pelo rei Herodes, provavelmente eliminaram todos os vestígios do templo de Salomão.
O exército babilônico despedaçou as colunas de bronze, os suportes móveis e o "mar de fundição" e levou o metal para a Babilônia. O bronze, o ouro e a prata do templo foram, sem dúvida, reutilizados, apesar de alguns utensílios de ouro e prata do templo aparecerem num banquete de Belsazar em 539 a.C.

 

Possível reconstrução do templo e do palácio de Salomão em Jerusalém.
A lustração do templo mostra um corte parcial pelo qual se pode ver a divisão interna em três seções:
1) o pórtico,
2) o salão principal e
3) a câmara do santuário ("Santo dos Santos"), onde ficava a arca da aliança. Na parte de fora, pode-se ver o enorme tanque de água hemisférico, chamado de "mar de fundição" também as plataformas móveis com rodas de bronze.

Suporte com rodas de bronze usado para bacias, proveniente de Chipre e datado dos séculos XIll a XIl a.C. I ornamento mostra um harpista.
Suporte com rodas de bronze usado para bacias, proveniente de Chipre e datado dos séculos XIll a XIl a.C. I ornamento mostra um harpista.
Possível reconstrução do templo e do palácio de Salomão em Jerusalém.
Possível reconstrução do templo e do palácio de Salomão em Jerusalém.

O DILÚVIO

DE ADÃO A NOÉ

O livro de Gênesis relata como Adão e Eva desobedeceram a Deus e foram expulsos do jardim do Éden. Vários aspectos da civilização são atribuídos a seus descendentes: "uma cidade", "harpa e flauta" e "todo instrumento cortante, de bronze e de ferro".1 Seus descendentes foram longevos, chegando, no caso de Matusalém, aos 969 anos de idade.? Sem dúvida, trata-se de uma vida longa - para alguns, absurdamente longa, mas isso não é quase nada em comparação com as idades apresentadas na famosa lista dos reis da Mesopotâmia, conhecida como "Lista Suméria de Reis". De acordo com esse registro, o homem mais longevo de todos foi um certo Enmenluanna que viveu 43.200 anos. A perversidade dos descendentes do primeiro casal foi motivo de grande tristeza para o Senhor e ele decidiu eliminar a humanidade da face da terra. 

O Senhor escolheu Noé, um "homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos" e que "andava com Deus" e lhe deu ordem para construir uma grande caixa de madeira (o termo original é traduzido, tradicionalmente, como "arca") com 300 côvados de comprimento, 50 de largura e 30 de altura - em medidas modernas, cerca de 133,5 m x 22,3 m x 13.4 m medidas que sugerem um peso de mais de dez mil toneladas. Além de Noé e sua família, a arca abrigaria sete pares de todas as aves e animas limpos e um par de todos os animais considerados imundos. Quarenta dias de chuva eliminariam da face da terra todas as criaturas vivas.

A somatória dos números fornecidos em Gênesis 7:11-12 e Gênesis 8:14 totaliza 371 dias de duração do dilúvio, a menos que consideremos alguns dos períodos simultâneos, e não subseqüentes. Declarações como "cobriram todos os altos montes que havia debaixo do céu" A "quinze côvados [cerca de 7 m] acima deles prevaleceram as águas" e "Pereceu toda carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de animais domésticos e animais selváticos, e de todos os enxames de criaturas que povoam a terra, e todo homem"," mostram claramente a crença do autor no carter universal do dilúvio. Do ponto de vista do autor, a destruição foi total: "Assim, foram exterminados todos os seres que havia sobre a face da terra; o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus foram extintos da terra; ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca" Para alguns, a "terra" não se refere ao nosso planeta, mas sim, a uma região do mesmo e, portanto, indica um dilúvio localizado.

A arca repousou "sobre as montanhas de Ararate"® e, depois de soltar um corvo e, em seguida, uma pomba, para verificar se as águas haviam baixado, Noé saiu da arca com sua família e os animais. O Senhor prometeu nunca mais destruir todos os seres vivos e deu o arco-íris como sinal dessa aliança.

COMPARAÇÃO COM HISTÓRIAS MESOPOTÂMICAS DE DILÚVIOS

Pode-se encontrar paralelos do relato do dilúvio de Gênesis em histórias mesopotâmicas de dilúvios apresentadas em três versões: o Épico de Atrahasis (c. 1635 a.C.), o Epico de Ziusudra (c. 1600 a.C.) e o Épico de Gilgamés (c. 1600 a.C.). Este último conhecido através de cópias feitas em Nínive e outras cidades no primeiro milênio a.C.O Épico de Gilgamés é uma adaptação da história do Epico de Atrahasis. As semelhanças entre os relatos do dilúvio em Gênesis e no Épico de Gilgamés são mostradas na tabela da página ao lado.

Apesar da história de Gilgamés apresentar aspectos lendários, não devemos descartar o próprio Gilgamés, considerando-o apenas uma figura mitológica. Gilgamés, rei de Uruk, no sul da Mesopotâmia (a Ereque de Gênesis 10:10), y | provavelmente foi, de fato, um monarca que viveu por volta de 2700 a.C.

Em sua busca pela imortalidade, Gilgamés vai ao encontro dos únicos seres humans imortais, Utnapistim e sua esposa. Utnapistim (cujo nome significa " aquele que encontrou a vida') explica que os deuses lhe deram a imortalidade porque ele sobreviveu ao dilúvio e conta sua história a Gilgamés. Ele vivia em Shurruppak (atual Fara), junto do Eufrates, quando os deuses decidiram enviar um grande dilúvio sobre a humanidade. O deus Ea era amigo dos seres humanos e avisou Utnapistim sobre a calamidade iminente, instruindo-o a construir uma embarcação em forma de cubo com cerca de 60 m de cada lado e sete andares divididos em nove partes. Utnapistim devia encher a embarcação com ouro, prata, gado e toda sorte de animal doméstico e selvagem. Durante seis dias e sete noites, os céus escureceram e a tempestade caiu. A embarcação repousou sobre o monte Nimush. Utnapistim soltou uma pomba, mas esta voltou, pois não encontrou onde pousar. Em seguida, soltou uma andorinha, que também voltou e, por fim, um corvo que não voltou. Utnapistim deixou a embarcação e ofereceu um sacrifício as deuses. Pelo fato de Utnapistim haver salvo a humanidade, ele e sua esposa receberem dos deuses a vida eterna.

Uma comparação entre o relato do dilúvio em Gênesis e Gilgamés 11, resumida a tabela abaixo, revela diferenças   importantes. Se a embarcação de Utnapistim tivesse a forma de cubo, teria girado repetidamente em torno do seu próprio eixo e os animais teriam passado mal. A embarcação de Noé foi construída seguindo a proporção extremamente estável de 6:1. Utnapistim envia o pássaro mais fraco (a pomba) primeiro. Noé, pelo contrário, envia primeiramente o corvo, o pássaro mais forte.

O lugar onde a embarcação repousou é motivo de grande controvérsia. Gênesis 8:4 diz apenas "sobre as montanhas de Ararate". Observe o plural. Ararate é simplesmente o nome hebraico do reino de Urartu que, no século VIII a.C., abrangia grande parte da atual região leste da Turquia. O monte mais alto da Turquia, Agri Dagi (5137 m), é chamado, por vezes, de "monte Ararate", o que não limita a indicação de Gênesis, necessariamente, a um local tão específico. Histórias de um dilúvio podem ser encontradas na mitologia de vários povos do Pacífico, das Américas, do sul da Ásia e também do Oriente Próximo. Dentre todas elas, Gilgamés 11 é a mais semelhante ao relato bíblico, o que não surpreende, tendo em vista a proximidade relativa da Mesopotâmia com a região de "Ararate" e o fato da tradição mesopotâmica do dilúvio ser tão antiga.

EVIDÊNCIAS DO DILÚVIO?

O que comprova a ocorrência do dilúvio? Estratos correspondentes ao tempo do dilúvio nas cidades iraquianas antigas de Ur, Kish e Fara (antiga Shurruppak) não apresentam correlações e também não cobrem totalmente essas cidades. Talvez tenhamos de buscar evidências do dilúvio numa era mais antiga e no registro geológico, e não arqueológico.

Por Paul Lawrence

 

Referências

Gênesis 4:17-22
Gênesis 5:27
Gênesis 6:9
Gênesis 7:19
Gênesis 7:20
Gênesis 7:21
Gênesis 7:23
Gênesis 8:4

Lugares associados às histórias do dilúvio encontradas na Mesopotâmia e em Gênesis.
Lugares associados às histórias do dilúvio encontradas na Mesopotâmia e em Gênesis.

Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita

Não foram encontradas referências em Livro Espírita.

Referências em Outras Obras

Não foram encontradas referências em Outras Obras.

Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Gênesis Capítulo 6 do versículo 1 até o 22
  1. A Grande Apostasia (6:1-8)

As genealogias de Caim e de Sete são coroadas por uma história, que é veemente em sua acusação. Extensa controvérsia ainda gira em torno desta passagem.
Um aspecto do problema centraliza-se no significado da frase os filhos de Deus (2). Pela razão de esta frase aparecer em 1:6-2.1; 38.7 e Daniel 3:25 como designação a seres divinos ou anjos, argumenta-se que os anjos caídos vieram à terra e se casaram com mulhe-res (cf. Sl 29:1-89.6, onde "poderosos" e "filhos dos poderosos" aludem a Deus).' Contudo, em nenhuma parte das Escrituras há a descrição de seres divinos corrompendo o gênero huma-no. Eles sempre são benéficos em suas relações com o homem. Jesus foi claro em declarar que os que serão ressuscitados "nem casam, nem são dados em casamento; mas serão como os anjos no céu" (Mt 22:30). Por conseguinte, esta visão é contrária ao teor geral da Bíblia.

A presença muito difundida de histórias mitológicas entre os antigos pagãos, remon-tando aos hurritas (1500-1400 a.C) e descrevendo deuses e deusas da natureza engajados em relações ilícitas entre si, levam alguns a advogar que esta passagem é um conto mitológico. Contudo, admite-se prontamente que mitologia erótica não aparece em ou-tros lugares na Bíblia. Por isso, os estudiosos concluíram que o escritor de Gênesis alte-rou um conto mitológico e, com um jeito envergonhado, o apresentou como justificação para o julgamento de Deus que logo viria."

Outro ponto de vista popular é que os filhos de Deus eram descendentes de Sete. De importância aqui é a palavra Deus (ha'elohim), que em outros lugares no Antigo Testamento significa "o único Deus verdadeiro" e, assim, o distingue das deidades pagãs. Este ponto de vista parece tornar impossível a teoria mitológica.

Na verdade, não se pode discutir que o conceito de uma relação filial entre Deus e seus adoradores seja estranho ao Antigo Testamento. Esta questão não se apóia em uma frase precisa; apóia-se em um conceito.' Em referência ao verdadeiro Deus há uma de-claração em Deuteronômio 32:5, que diz: "Seus filhos eles não são, e a sua mancha é deles" (hb., banaw, "filhos dele"). Também em referência a Deus, o salmista (Sl 73:15) disse: "Também falarei assim; eis que ofenderia a geração de teus filhos" (hb., banayka, "teus filhos"). É certo que nestes contextos "seus filhos" e "teus filhos" são equivalentes a filhos de Deus. E de forma mais clara, Oséias (Os 1:10) disse acerca de Israel: "Se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus ['el hay] vivo". No pensamento do Antigo Testamento, he'elohim e 'el hay quase não poderiam ter sido dois deuses distintos. Repare também em Oséias 11:1 a frase "meu filho", que se remonta ao Senhor.

No Novo Testamento, a expressão "filhos de Deus" ocorre em referência a seres hu-manos em João 1:12; Romanos 8:14; Filipenses 2:15; I João 3:1 e Apocalipse 21:7. Estas passagens do Novo Testamento não são extraídas do paganismo, mas estão solidamente baseadas no conceito do Antigo Testamento mencionado acima.

A conclusão de que os adoradores do Senhor (4,26) da linhagem de Sete também eram os filhos de Deus preenche de maneira natural a lacuna entre as genealogias e o dilúvio. Estes homens não escolheram suas esposas com base na fé, mas por impulso, sem consideração pela formação religiosa. Seguiu-se corrupção após esta vida devassa e Deus reagiu com ira divina.

A palavra hebraica traduzida por contenderá (3, yadon) tem vários significados. A formação verbal pode aludir a raízes que significam "permanecer, ser humilhado" ou, remetendo-se ao acádio, "proteger, servir de proteção". Contender, trabalhar, esforçar-se ou proteger se ajustam bem ao contexto. O homem não devia sentir-se mimado, porque ele também é carne. Ele foi posto em provação por cento e vinte anos.

Em 6.3, há o pensamento interessante "Não para Sempre".

1) O Espírito de Deus contende com o homem;

2) O Espírito nem sempre contenderá;

3) O homem pode achar graça aos olhos do Senhor, 8 (G. B. Williamson).

A tradução gigantes (4, nefilim) remonta à Septuaginta. O contexto do outro exem-plo onde a palavra aparece (Nm 13:33) sugere estatura incomum, mas na verdade o tamanho físico não tem nada a ver com o significado da palavra. Literalmente, o termo nefilim significa "os caídos ou aqueles que caem sobre [atacam] os outros". Em todo caso, eram indivíduos malévolos. Eles precederam e coexistiram com o ajuntamento dos filhos de Deus e das filhas dos homens. Nada no texto apóia a idéia de que eles eram descendentes deste ajuntamento que os rivalizavam como varões de fama, ou seja, homens de notoriedade e renome.

A reação de Deus aos assuntos da sociedade humana aumentava de intensidade à medida que a corrupção pecaminosa se tornava dominante em escala universal. A degra-dação do homem estava interiormente completa, era só má continuamente (5).

A frase arrependeu-se o SENHOR (6), e outras semelhantes (ver Êx 32:14-1 Sm 15:11; Jr 18:7-8; 26.3,13,19; Jn 3:10), incomoda muitos estudiosos da Bíblia. O conceito comum de arrependimento está relacionado com afastar-se de atos imorais. Assim, uma mudança de direção, de caráter e de propósito é inerente no ato.' Duas passagens no Antigo Testamento asseveram definitivamente que Deus não mente e se arrepende como o homem (Nm 23:19-1 Sm 15.29). Um estudo das passagens relacionadas acima mostra que o arrependimento divino não brota da tristeza por más ações feitas. As mudanças na rela-ção do homem com Deus resultam em mudanças nos procedimentos de Deus com o ho-mem. Quando o homem se afasta de Deus para o pecado, Deus muda a relação de comu-nhão para uma relação de repreensão julgadora. Quando o homem se afasta do pecado para Deus, este estabelece uma nova relação de comunhão. Este é o arrependimento divi-no. Em nosso texto (6), Deus muda de comunhão para julgamento.

As mudanças de relacionamento que Deus executa nunca são descritas no Antigo Testamento como algo impessoal ou passivo. Deus sempre está profundamente envolvi-do. Visto que a mudança de relação é pessoal, que melhores termos humanos se usariam do que expressões profundamente emocionais? Assim, pesou a Deus em seu coração. Quando o homem peca, Deus julga; mas Ele também sofre intensamente.

Deus não se gloriou no ato de julgamento implementado a seguir. Toda palavra do pronunciamento está imbuída de agonia. Que criei (7) sugere "Todos os produtos da minha criatividade amorosa devem ser destruídos, exceto um". Só um homem era adorador de Deus: Noé, porém, achou graça aos olhos do SENHOR (8).

De 6:5-8, G. B. Williamson analisa "O Dilúvio".

1) O julgamento pelo pecado é inevi-tável, 5-7;

2) A justiça é indestrutível, 8;

3) A fidelidade de Deus aos homens que confiam e obedecem é inalterável, 8.

E. A CORRUPÇÃO UNIVERSAL E SEU RESULTADO, 6:9-11.26

Um indivíduo se destaca novamente como objeto principal da preocupação de Deus. De-pois de livrar Noé e sua família do "dia da destruição", Deus estabeleceu uma relação de con-certo com eles. Mas as promessas de guardar o concerto ainda estavam soando quando entrou a profanação para turvar o relacionamento, e as coisas não melhoraram com o aumento e difusão da posteridade por toda a terra. Parece ser triste repetição de uma velha história.

1. As Façanhas do Justo Noé (6:9-9,17)

Embora esta história seja popularmente conhecida como "A História do Dilúvio", há pou-cos detalhes sobre o dilúvio em si. O foco principal está nas relações de Deus com o gênero humano, sobretudo com aqueles com quem Ele escolhe tratar diretamente, e nas respostas que dão às afirmações que Ele faz acerca deles. Noé é o personagem proeminente da história e sua obediência é de importância para o ato de salvação de Deus e não apenas para julgamento.

A seqüência da história é composta de cenário (6:9-12), uma série de ordens (6.13 7:5), a execução do julgamento (7:6-24), a dilatação da misericórdia (8:1-22) e um con-certo (9:1-17).

  1. Um Justo em um Mundo Corrupto (6:9-12). Imediatamente, Noé (9) é definido como indivíduo incomum, embora as características associadas a ele não sejam incomuns entre os homens de Deus no Antigo e Novo Testamento. Ele era justo (tsadik), ou seja, vivia de acordo com um padrão, marcando a vida com obediência a Deus e interesse pelo gênero humano. Ele era reto (tamim), isto é, era indiviso em sua lealdade, orientada em direção a uma meta definida e motivado por paixão controladora.' Como Enoque (5.24), Noé andava com Deus, ou seja, desfrutava de comunhão ininterrupta e íntima com Deus. Este andar infundia as características anteriormente mencionadas com uma ternura e profundidade de relação interpessoal com Deus que transcende a religião formal.

A condição moral da geração de Noé não só se contrasta com a vida de Noé, mas elucida os termos que a descrevem. A corrupção do povo se destacava como o oposto da justiça de Noé. Noé exibia fidelidade e conformidade à vontade de Deus; o povo não. A autenticidade de Noé, sua qualidade de vida sadia (tamim) era radicalmente diferente da violência (11, chamas) que permeava a sociedade dos seus dias. Uma comparação dos versículos 11:12 com o versículo 5 indica que esta violência era interior, severa-mente contaminada com imaginações imorais e tendências corruptas.

A declaração viu Deus (12), não significa que Ele precisou de informação, mas que a situação na terra era de sua grande preocupação e exigia sério exame. Note significa-dos semelhantes desta frase em 30.1,9 e 50.15. Em cada caso, uma avaliação da situação resultou em decisão e, depois, em ação.

  1. O Julgamento de Deus sobre a Raça Humana (6:13 7:5). A palavra divina: O fim de toda carne é vindo perante a minha face (13), ressoou como toque de morte pela consciência de Noé. O fato de a terra estar cheia de violência não podia continuar sem controle. Deus tomou a decisão e estava pronto para passar à ação. A falta de lei do povo estava desenfreada, assim a punição tinha de ser drástica. O gênero humano e sua casa, a terra, seriam destruídos. A terra foi destruída no sentido de deixar de sustentar vida no decorrer da duração do dilúvio.

O julgamento não devia ser privado da oportunidade de salvação. Noé recebeu ori-entações específicas. Ele tinha de tomar madeira de gofer (14) e construir uma estru-tura grande e semelhante a uma caixa. Não se sabe como era realmente a madeira de gofer, mas o betume era material asfáltico razoavelmente comum no vale mesopotâmico. Aceitando-se o côvado de aproximadamente 45 centímetros de comprimento, a arca teria cerca de 137 metros de comprimento, 22 metros de largura e 13 metros de altura. A ventilação era fornecida por uma janela (16) ou abertura de luz, que pode ter sido espa-çada ao redor da extremidade do topo. Quanto à questão dos detalhes construtivos, o texto diz pouco. Uma porta estava do lado da arca, mas não há indicação de qual era a relação da porta com os três níveis da arca.

Um dilúvio de águas (17) foi o expediente do julgamento, mas um pacto (18) seria estabelecido com Noé (ver 9:9-17). Esta é a primeira vez que a palavra pacto (ou concer-to) aparece no Antigo Testamento. Em passagens posteriores é o modo preferido de descrever a relação pessoal entre Deus e as pessoas com quem Ele escolheu ter uma relação especial. Neste caso, Noé e sua família imediata, inclusive noras, foram os poucos esco-lhidos. Neste ponto, a relação de concerto era apenas uma promessa.

Em seguida, o Senhor informou a Noé que ele tinha de colocar casais de pássaros e ani-mais na arca. A frase conforme a sua espécie (20), também encontrada em 1.21,24,25 em referência aos animais, é vaga no que tange às pretensas classificações de animais. Só os grupos gerais são especificamente mencionados: aves (20, of), animais (behemah) e réptil (remes). Atualmente, as "espécies" de animais são de aproximadamente um milhão. Seria erro presumir que o povo de antigamente pensasse em espécies de animais no mesmo sentido. O conceito pode estar mais próximo aos termos "classes, ordens, famílias ou gêneros", mas hoje não há meio de determinar a questão. A arca também foi abastecida com comida (21).

Ainda que a palavra de Deus fosse incomum, Noé seguiu obedientemente as instruções. Em Hebreus 11:7, há a observação de que Noé "temeu" quando obedeceu a Deus. Pedro o chamou "pregoeiro da justiça" (2 Pe 2.5).

De 6:9-22, Alexander Maclaren pregou sobre "O Santo entre Pecadores".

1) O santo solitário, 9-11;

2) A apostasia universal, 11,12;

3) A dura sentença, 13;

4) A obediência exata de Noé, 22;

5) A defesa da fé, 7:21-23.


Champlin

Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
Champlin - Comentários de Gênesis Capítulo 6 do versículo 5 até o 12

O Dilúvio (Gn 6:5-9.19)

Gn 6:5-12

Os críticos mencionam um número incrível de fontes e subfontes para esta narrativa. Dou algumas indicações a respeito no meu artigo sobre Noé (em Gn 5:29, mormente sua terceira seção, A Narrativa Bíblica e o Registro Mesopotâmico. Ver no Dicionário o artigo sobre Gilgamés, Epopéia de.

Uma amostra dos comentários dos críticos diz aqui o seguinte: “Esta seção (Gên. 6:5-9.19) veio da mão de Ff, o qual juntou a recensão de J sobre o dilúvio com a fonte P (S), usando esta última, que ele preservou intacta, como base de sua narrativa, e recheando-a, com certas omissões e com alguma deslccação, com o material de J. As narrativas extraídas da fonte Pp foram sujeitas a alguma leve elaboração, mas as adições, em sua maior parle, revestem-se de pouca importância” (Walter Russell Bowie, in loc.). Ver os artigos sobre Hexateuco e J.E.D.P.(S) no Dicionário.

O Epico de Gilgamés contém muitos detalhes semelhantes aos do relato do Gênesis, e não os repito aqui porque o artigo sobre o assunto oferece plenas explicações. Lendas sobre um dilúvio universal acham-se em quase todos os lugares do mundo. Os críticos sugerem que os mitos babilônicos alicerçam-se sobre uma poderosa devastação havida no vale do rio Eufrates, mas há muitas evidências de um dilúvio quase universal.

Gn 6:5
Viu o Senhor. Uma expressão antropomórfica, tal como no vs. Gn 6:3, onde ver as notas.

A Maldade Prodigiosa dos Homens. Tudo quanto eles faziam era mau; todos os seus pensamentos eram pecaminosos; tudo quanto planejavam era corrupto. E isso isso se assemelha ao conteúdo dos jornais que lemos em nossos dias, A rebeldia tomara-se a medida do homem, a qual eles provavelmente confundiam com a liberdade. Esse tipo de liberdade na verdade é uma forma de escravidão. Por fim, o homem perdeu o poder de fazer o bem, a qual ele vinha degradando cada vez mais. Conforme Gn 8:21; Sal. 14:1-3; Rom. 3:9-11, quanto a afirmações similares que provavelmente refletem o texto atual. Daí a necessidade de juízo, de regeneração. Deus pode realizar melhor certas coisas por meio do julgamento, incluindo levar o homem ao arrependimento, aqui ou noutra oportunidade que lhe seja dada (1Pe 4:6), inteiramente sensuais, os desejos da mente avassalados e perdidos nos desejos da came, suas almas incapazes agora de discernir seu elevado destino, sempre pensando somente no que era terreno" (Adam Clarke, in loc.). Ver no Dicionário o artigo intitulado Pecado.

Gn 6:6

Enfáo se arrependeu o Senhor de ter feito o homem. Mais expressões antropomórficas. Ver o artigo intitulado Antropomorfismo. Dá-se-nos a impressão de que Deus não havia previsto os desastres causados pelos seres humanos, e que ele podería (desde o começo) ter mudado Suas idéias sobre a idéia inteira da criação. Ou, então, Ele poderia ter criado outro tipo de criatura. O mundo por Ele criado não era “o melhor mundo possível”, sobre o qual os filósofos falam. Trechos bíblicos como esse são alegorizados para evitar aquilo que é tido como uma teologia crua. Alguns eruditos tentam anular a natureza objecional do fraseado do versículo assegurando-nos que o ato do arrependimento, neste caso, significa apenas ficar triste, e não que Deus teria mudado a mente. Trechos bíblicos como o de Mal, 3,6 são dados em prova desse parecer, pois Deus é imutável. Todavia, cumpre-nos lembrar que a teologia foi-se desenvolvendo, e que esse item fazia parte do pensamento posterior, A teologia evolui como qualquer outra ciência. Ver no Dicionário os artigos Deus e Atributos de Deus.

“Isso é falar por antropopatia, conforme a maneira do homem... entristeceu-se Ele em Seu coração... pois a frase deve ser entendida como se vira antes” (John Gill, in loc.). No Dicionário ver o artigo intitulado Antropopatismo. Sentimentos e emoções humanos são atribuídos a Deus, mas devemos entender essa linguagem de modo figurado. Como é óbvio, alguns estudiosos interpretam literalmente o trecho, e pensam que Deus realmente tem emoções à semelhança dos homens. Outros trechos bíblicos usam uma terminologia similar. Ver Gn 8:21; Gn 11:5,Gn 11:6; Zc 1:2; Ef 4:30; Rm 1:18; Cl 3:6; He 3:11.

Gn 6:7
Farei desaparecer.,. o homem e o animal. Superpopulações sempre estiveram sujeitas a grandes destruições de alguma sorte. Estamos atualmente enfrentando uma situação dessas, e no século XXI haverá incontáveis bilhões de pessoas à face da terra. E os artigos de advertência que lemos nos jornais provavelmente são apenas um desperdício de papel. Ademais, grandes avanços na história humana sempre envolvem a destruição (eliminação) do que é antigo, antes que possa brotar o que é novo. A geologia registra muitas imensas catástrofes que têm quase eliminado a vida sobre a terra. O dilúvio de Noé evidentemente foi a última de uma longa série de tais catástrofes. Os egípcios consideravam Heródoto e os gregos meras “crianças”, porquanto tinham conhecimento apenas de um grande cataclismo. “Nós temos conhecimento de muitos", asseguraram-lhe eles, E assim continuam os cidos da vida, e cada grande cido sempre termina em destruição generalizada. Isso nos assusta, mas podemos continuar a crer que a alma imortal só sofre esses desastres como uma inconveniência, e não como destrutivos da vida que reside no espírito, e não na matéria. Não obstante, os juízos divinos são uma coisa séria. Todavia, visam a remediar, e não apenas a tomar vingança.

O Oleiro está agora prestes a despedaçar a obra de Suas mãos, porquanto, a despeito de ludo, o vaso está fatalmente defeituoso. Mas a roda do Oleiro pode criar coisas novas. É chegado o tempo da renovação. Ele está prestes a “eliminar” o homem do rol dos seres vivos, embora a alma ainda venha a receber uma oportunidade, quando Cristo desceu ao hades, segundo se vê em I Ped. 3:18-4.6, Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo Descida de Cristo ao Hades. Levando-se em conta todas as Escrituras, concluímos que Deus fará cair sobre o mundo uma grande devastação. Mas em seguida vemos que Seu amor providenciará uma grande restauração. O amor sempre escreve o último capitulo. É significativo que Pedro tenha escolhido os antediluvianos como exatamente aqueles que estavam mais pervertidos e tiveram de sofrer um grande juízo. Por outra parte, eles foram usados como representantes de todos os homens que carecem do amor de Deus e de Sua graça remidora.

O animal. Porventura os animais têm alguma responsabilidade morai? O vs. Gn 6:11 parece responder com um “sim", visto que “toda came" havia corrompido o seu caminho. Questões dessa ordem, deixamos por enquanto nas mãos de Deus. Está vindo à luz alguma evidência em prol da moralidade e responsabilidade dos animais, pelo menos no que diz respeito aos grandes primatas.

Gn 6:8

Porém Noé achou graça. A linhagem de Caim se havia corrompido desde há muito. Mas a própria linhagem de Sete acabou degradada. Restavam apenas alguns poucos que senam considerados dignos de escapar do terror. Assim também sucederá nos últimos dias. Encontrará Cristo fé na terra, quando voltar? Será salvo um pequeno remanescente, física e espiritualmente. Haverá outra grande demonstração de misericórdia, como sucedeu terminado o dilúvio, conforme foi comentado no vs. Gn 6:7? Naturalmente. O amor de Deus nunca se toma lerdo. Será grandioso encontrar-se entre o número reduzido dos fiéis do fim. “Ai dos que andam à vontade em Sião" (Am 6:1). Jesus ressaltou como os homens antediluvianos, em seu estupor e abandono aos prazeres, foram totalmente surpreendidos pelo dilúvio (Mt 24:38). Ver as notas sobre Noé em Gn 5:29; e sobre o Dilúvio, em Gn 7:6. Noé achou graça diante de Deus, Mas afinal a graça é o principio do amor de Deus por todos, pelo que jamais falha. Sem dúvida, os vizinhos de Noé ridicularizaram a ele mesmo e à sua arca. Mas a maioria provavelmente mostrou-se indiferente. Deus, entretanto, olhava para ele de modo aprovador. Essa é uma lição que precisamos aprender. Qual é a atitude de Deus para conosco? Essa consideração deve-na ter grande peso para nós. O resto nada significa. Noé era um pecador, como todos os demais homens. Mas ele nâo perdera a sua espiritualidade.

Graça. Temos aqui a primeira menção desse vocábulo na Bíblia. Ver no Dicionário o artigo intitulado Graça. A graça é o amor divino que age sob a forma de redenção. Nunca é meramente uma palavra. “O propósito de Yahweh não era o extermínio, mas a regeneração; e com Noé haveria de começar uma ordem de coisas melhor e superior” (EHicoít, in loc.). E com Cristo (I Ped. 3:18-4.6) até mesmo os que fossem julgados receberíam uma missão remidora da parte Dele, A graça de Deus amplía-se tanto à terra quanto ao hades. Amplia-se até onde for necessária, ou seja, por toda parte. Amplia-se para todos os tempos em que for necessária, ou seja, o tempo todo. Ver no Dicionário o artigo sobre o Amor

Gn 6:9
Entre os seus contemporâneos. O autor sacro provê para nós uma espécie de esboço aligeirado do conteúdo de seu livro, com o termo geração, verdadeira tradução daquilo que aqui é apenas uma interpretação. Essa palavra assinala o conteúdo principal do livro. Os antigos não esboçavam seus livros nem forneciam índices, sendo essas invenções modernas, mas alguns livros antigos continham modos crus de salientar as seções principais. Ver as notas sobre Gn 2:4 quanto a uma lista das onze gerações do livro de Gênesis. Temos aqui as gerações de Noé (a quarta dessas divisões), ou seja, um relato sobre a sua posteridade, as pessoas que pertenciam à sua família imediata, e aqueles que nasceram de seus três filhos, a fim de repovoar o globo terrestre. A genealogia (gerações) de Adão prossegue até Noé. Mas agora vemos um novo inicio, tal como Adão representou um inicio. O mundo antigo começou por Adão; o novo mundo, com Noé. As gerações incluem eventos, como é óbvio, visto que esses eventos são as coisas que acontecem aos homens.

Por que Noé Foi Escolhido para Esse Novo Começo? Porque: 1. Ele era justo ou reto. 2. Ele era perfeito (comparativamente falando) entre os seus contemporâneos. 3. Ele andava com Deus, à semelhança de Enoque (ver a nota sobre essa questão, em Gn 5:22). Essa expressão encontra-se somente em Gn 5:22,Gn 5:24; Gn 6:9, aplicada somente a Enoque e a Noé. Noé era a pessoa certa para ser usada em um novo começo. Cada pessoa, se for espiritualmente equipada, pode ser a pessoa certa para certos começos e realizações. Mas cada uma dessas pessoas deve ser equipada conforme o foi Noé.

Deus dera inequívocos sinais dos tempos, mas somente Noé teve espiritualidade e discernimento suficiente para poder interpretar esses sinais. Consideremos a degradação que tivera lugar, ao ponto em que, dentre a própria linhagem piedosa de Sete, somente Noé demonstrou ser possuidor de uma decente qualidade espiritual. Lembremo-nos de que Jesus comparou os dias dele com os dias finais, que supomos ser o nosso próprio tempo. A terra está pronta para vomitar de novo os ímpios.

Gn 6:10

Três filhos: Sem, Cão e Jafé. Já nos encontramos com esses três filhos de Noé, em Gn 5:32, onde ofereço artigos sobre cada um deles.

Gn 6:11

A terra estava corrompida... cheia de violência. A extrema degradação da humanidade deixava o autor atônito, pelo que a mencionou de novo. O vs. Gn 6:12 dá continuação à sua queixa. Ver as notas em Gn 6:3,Gn 6:5,Gn 6:6 quanto a descrições completas. A violência foi salientada especificamente como um fator especial da corrupção geral. Crimes hediondos estavam sendo cometidos, e a idolatria havia substituído a antiga adoração a Yahweh (Gn 4:26). A justiça havia sido distorcida mediante governos tirânicos; campeava toda forma de imoralidade; os homens não cumpriam a palavra dada; tinham-se habituado a praticar ações injustas; eram arrogantes e hostis; faziam ouvidos surdos aos clamores dos necessitados. Portanto, tomara-se impenoso um novo começo, e não apenas alguma alternativa. O paraíso fora perdido; mas agora o próprio globo terrestre haveria de perder tudo.

Gn 6:12

Viu Deus. Os termos são antropomórficos. Ver o artigo intitulado Antropomoríismo. no Dicionário. Algumas vezes as expressões usadas são antropopatísticas. Ver também sobre o Antropopatismo, no Dicionário. Deus aparece aqui como o Juiz da terra. Ele é Aquele que impõe juízos e avaliações corretos, e então age em consonância com isso.

Estava corrompida. Ver as notas em Gn 6:3,Gn 6:5,Gn 6:6 quanto a descrições completas a esse respeito.

Todo ser vivente havia corrompido o seu caminho. Os animais têm alguma responsabilidade moral? O autor parece estar dizendo que até os animais podem corromper o seu caminho. As pessoas costumavam rir-se diante de noções assim; mas estudos recentes com os primatas têm mostrado que eles são bem mais inteligentes do que pensávamos. Eles podem talar mediante o teclado de um computador; e têm um certo senso de gramática e de sintaxe. E têm seus dias de mau humor, conforme sucede entre os homens. Os primatas planejam ataques de matanças, a fim de arrebatar fêmeas, tal como as primitivas tribos selvagens fazem até hoje, ou conforme certos homens civilizados fazem, embora não ajam como hordas. A idéia de que os animais só matam para comer é um mito, conforme tem sido demonstrado. Animais inferiores aos primatas têm sido vistos a matar por mero prazer. Há uma certa evidência em prol da existência da alma nos animais; e, se isso é verdade, então o reino animal é bem maior do que o homem supõe. Os próprios insetos dão mostras de serem seres que raciocinam. Na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, há um detalhado artigo intitulado Alma dos Animais. Ver também, naquela mesma obra, o artigo Animais, Direitos dos, e Moralidade. As palavras todo ser vivente são interpretadas por alguns como se aludissem exclusivamente aos seres humanos, mas isso parece estreito demais para satisfazer a acusação universal inerente ao texto. Os homens estavam agindo como se fossem feras; e as feras estavam agindo como homens corruptos. As palavras toda came, que figuram nos vs. Gn 6:13,Gn 6:17 e 19, incluem os animais, e acredito que isso também envolva o vs. Gn 6:12.


Champlin - Comentários de Gênesis Capítulo 6 versículo 9
Conforme 2Pe 2:5.

Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de Gênesis Capítulo 6 do versículo 1 até o 22
*

6.1-8 Esta seção, pela menção de Noé (5.32; 6.8, 9), assinala a transição da linhagem piedosa de Sete para a história do Dilúvio (6.9—9,17) e relembra a fatídica situação ao fim da linhagem cainita (4.17-24).

* 6.2 filhos de Deus. Estes têm sido identificados como sendo os setitas (na interpretação cristã tradicional), como anjos (nas interpretações judaicas antigas; conforme 1:6), e como sucessores reais tirânicos de Lameque que ajuntavam para si haréns (proposta por rabinos do segundo século d.C.). Todas as três posições podem ser defendidas lingüisticamente. À primeira vista, a primeira interpretação se encaixa melhor no contexto antecedente imediato (um contraste entre a linhagem amaldiçoada de Caim e a linhagem piedosa de Sete), mas deixa de explicar adequadamente como a expressão “as filhas dos homens” se refere especificamente às mulheres cainitas. A segunda opinião tem apoio da tradição antiga, porém, é contraditória à afirmação de Jesus de que anjos não se casam (Mc 12:25) e não explica por que enfoque recai nos mortais (v. 3) e o castigo cai sobre eles (vs. 5-7). A terceira interpretação explica melhor a expressão “as que, entre todas, mais lhe agradaram” (12.10-20; 20.1; 1Sm 11) porém não tem apoio na tradição. A melhor solução é provavelmente uma combinação das duas últimas. Esta descendência humana é também a descendência espiritual de Satanás (3.15), fortalecida por demônios (conforme Dt 32:17).

vendo… formosas, tomaram. O termo hebraico traduzido por “formosas” é geralmente traduzido por “bom”. Seus pecados repetem o mesmo padrão (“viram … bom …tomaram”) do pecado original em 3.6.

* 6:3

O meu Espírito. Ver nota em 1.2.

agirá. A palavra hebraica é difícil de ser traduzida. Alguns estudiosos a relacionam ao termo que significa “dominar” ou “julgar”, enquanto que tradutores antigos a entendiam como “permanecer” ou “habitar” (referência lateral). De qualquer forma, a sentença indica a retirada do Espírito doador da vida de Deus (1.2, nota).

cento e vinte anos. Provavelmente o tempo entre esta proclamação e o Dilúvio (5.32; 7.6). Pode também se referir à duração de vida de um indivíduo, porém, esta interpretação parece se contradizer pela idade dos pósdiluvianos que inicialmente viveram muito mais do que isto (Gn 11) e posteriormente, muito menos (Sl 90:10).

* 6.4 gigantes. Ver referência lateral. Estes “valentes” gigantescos, os descendentes de tiranos demoníacos (v. 2, nota), encheram a terra com violência (v. 11; Nm 13:32). A raiz hebraica significa “cair” e pode estar sugerindo o seu destino (Ez 32:20-28).

e também depois. Esta nota parentética lembra aos leitores originais do livro que o mesmo tipo horrível de pessoas existiu depois do Dilúvio (Nm 13:32).

valentes. O termo hebraico aqui é também usado para Ninrode e seu reino bestial (10.8-11).

*

6.5 todo desígnio do seu coração. Um retrato vívido da profundidade e amplitude da depravação humana (conforme 8.21).

* 6.6 se arrependeu. Temos aqui uma referência a uma mudança de atitudes e ações. Não há contradição entre este verso e as passagens que ensinam a imutabilidade de Deus (Ml 3:6; Tg 1:17) e que Deus não muda seu pensamento (Nm 23:19; 1Sm 15:29; Sl 33:11; Is 46:10). Lembrando que esta descrição é antropopática (Deus é descrito em termos da experiência humana de conhecimento e emoção), nós devemos também reconhecer que o Deus soberano e imutável sabe lidar apropriadamente com as mudanças no comportamento humano. Quando eles pecam ou se arrependem do pecado, ele “muda seu pensamento” quanto à bênção ou punição apropriadas para a situação (Êx 32:12, 14; 1Sm 15:11; 2Sm 24:16; Jr 18:11; Am 7:3, 6) — tudo de acordo com seus soberanos e eternos propósitos. Porque Deus é imutável no seu ser e eternamente leal às promessas da sua aliança, nós podemos ter firme confiança nele que “ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” (Hb 13:8 e nota).

lhe pesou no coração. O hebraico aqui significa “ira indignada” (conforme 34.7). O sacrifício de Cristo pacifica a indignação amarga de Deus contra o pecado (8.21).

* 6.7 Farei desaparecer. Nesta história a primeira ordem criada é destruída por um dilúvio e a segunda ordem inaugurada, um cenário que representa um modelo profético da presente ordem a ser destruída por fogo e substituída por uma terceira ordem perfeita (2Pe 3:3-13). Jesus também usa este modelo como um tipo do Dia do Senhor (Mt 24:37-39).

animal … céus. Assim como a terra sofreu as conseqüências do pecado dos seus dominadores, assim também os animais.

* 6.8 Porém Noé. Ver Rm 11:3-6.

achou graça. Ver referência lateral no v. 9. A “graça” de Deus é sempre o seu favor imerecido, e a integridade de Noé não poderia ser o motivo da aceitação de Deus (Rm 3:10-12). Deus salvou a Noé, como ele nos salva, como um dom incondicional, o qual Cristo mais tarde compraria com seu próprio sangue. Ainda assim, Noé parece ser um tipo de Cristo: assim como Noé representou sua família, Cristo representa toda família de Deus.

*

6.9—9.29 Embora histórias acerca de um grande dilúvio sejam encontradas em muitas culturas em todo o mundo, nenhuma é tão marcadamente semelhante a este episódio quanto aquelas da antiga Mesopotâmia (p.ex., A Epopéia de Gilgamés e a Epopéia de Atrahasis). Existem, entretanto, diferenças cruciais. Nos contos Mesopotâmicos, os mesquinhos deuses pagãos trazem o dilúvio para controlar a super população ou para silenciar o barulho irritante do povo, e quando este vem, os deuses se assustam com ele. Em contraste, o verdadeiro Deus traz o dilúvio soberanamente por causa da maldade humana, e em resposta aos sacrifícios de Noé, ele promete nunca mais destruir a terra com água. Ver nota sobre 6.22.

* 6.9-22 Esta seção retrata o relacionamento pactual: Noé era justo (v. 9), obedecendo aos mandamentos de Deus, e Deus confirma com ele a aliança para preservar a criação (v. 18). Correspondendo ao relato da criação no capítulo 1, os mandamentos de Deus (vs. 13-21) são seguidos de obediência (v. 22).

* 6.9 Eis a história de. Ver nota em 2.4.

justo. A palavra pressupõe uma aliança na qual aqueles que estão unidos ao Senhor pela fé (15,6) seguem seus padrões morais. Estes padrões foram revelados a Noé na sua consciência (3.8 e nota) e mediante a revelação especial (5.22, nota).

íntegro. Não que Noé nunca houvesse pecado (referência lateral; conforme 9:20-23), porém a sua devoção a Deus e aos seus mandamentos eram inquestionáveis (conforme 2Sm 22:24).

andava com Deus. Ver nota em 5.22.

* 6.13 farei perecer. A mesma palavra hebraica está por trás de “corrompida” e “corrompido” nos vs. 11, 12. A punição corresponde ao crime: como o homem havia arruinado a boa terra, Deus irá arruinar a terra contra o homem.

*

6.14 arca … betume. Os mesmos termos do hebraico são usados em Êxodo 2:3 para a arca (de junco) que protegia a Moisés, a quem Deus também usou para criar uma nova humanidade em um mundo sob juízo.

* 6.15 Deste modo. O Senhor, de modo singular, especificou a planta para a construção da arca, o Tabernáculo do Êxodo, e o templo de Salomão. A arca preservou a família pactual de Noé no meio das água caóticas; as outras estruturas iriam suster o povo da aliança no meio de nações caóticas.

trezentos côvados … trinta. Ver a referência lateral. As dimensões (133 por 22 por 13 metros) indicam um vaso estável e com condições de navegação comparável em tamanho a um navio moderno de batalha. Em contraste, a arca da Epopéia babilônica de Gilgames, embora calafetada com betume por dentro e por fora, é um cubo instável de 55 metros, quase quatro vezes maior em volume do que a arca de Noé (7.4 e nota).

* 6.17 Porque estou … dilúvio. Deus soberanamente domina sobre o Dilúvio (Sl 29:10).

terra … toda carne. Um dilúvio de proporções mundiais parece ser a idéia aqui (7.19; 8.21; 9.11, 15; 2Pe 3:5-7). Porém uma linguagem compreensiva também pode ser usada para situações limitadas (Dn 2:38; 4:22; 5:19).

* 6.18-20 Deus preservou a sua criação em miniatura: seres humanos (v.18), animais (v. 19), vegetais (v. 20). Posto que um pouco de tudo foi preservado, a obra de Deus era uma figuração da obra definitiva redentora de Cristo (p. ex., Ap 5:9, onde diz que Cristo não comprou a todos, mas alguns de “toda tribo, língua, povo e nação”).

*

6.18 estabelecerei a minha aliança. Vemos aqui a primeira ocorrência em Gênesis do termo hebraico para “aliança” (berit), embora o conceito em si mesmo e termos correlatos já estivessem presentes anteriormente. Ver notas em 2.4; 2:8-17; 2.24; 3:1-24. O hebraico aqui denota não o começo de uma aliança completamente nova, mas a confirmação a Noé de uma aliança que já existia. A salvação de Noé das águas do Dilúvio é um exemplo da graça e misericórdia da aliança de Deus. Ver “A Aliança da Graça de Deus”, índice.

teus filhos… filhos. Este refrão (7.7, 13 8:16-18; conforme 7,1) enfatiza que Deus preserva a humanidade na sua estrutura familiar básica, e que Deus geralmente lida salvificamente com toda a unidade familiar, incluindo os filhos. Aqui a salvação física é assegurada no meio das águas do dilúvio, uma prefiguração do batismo cristão (1Pe 3:20, 21).

* 6.20 virão a ti. O poder de Deus pode ser visto nos animais que vinham a Noé.

*

6:22 As antigas fábulas mesopotâmicas enfocavam heróis humanos ou homens valentes como Utnapishtim, o único sobrevivente do dilúvio na Epopéia de Gilgamés (6.9—9.29, nota). Em contraste, o relato de Gênesis enfoca a Deus e menciona apenas a obediência de Noé (7.5, 9, 16).


Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de Gênesis Capítulo 6 do versículo 1 até o 22
6.1-4 Alguns pensam que "os filhos de Deus" eram anjos cansados, mas é pouco provável porque estes não se podem casar nem reproduzir (Mt 22:30; Mc 12:25). Alguns peritos acreditam que esta frase se refere ao matrimônio misto entre os descendentes Santos de Set e os descendentes iníquos do Caím ("as filhas dos homens"). Isto pôde ter debilitado a linha Santa e incrementado a depravação moral no mundo. A resultante explosão demográfica trouxe consigo a explosão do mal.

6:3 "Mas serão seus dias cento e vinte anos" significa que Deus concederia às pessoas dos dias do Noé cento e vinte anos para deixar seus caminhos pecaminosos. Embora cento e vinte anos podem parecer muito tempo, o prazo se acabou um dia e as águas varreram a terra. Pode ser que seu prazo também se esteja acabando. Volte-se para Deus para que perdoe seus pecados. Você não pode ver o relógio da paciência de Deus, e não haverá regateios quanto a alargar o tempo.

6:4 Os gigantes que se mencionam aqui eram gente que media entre três e três metros e meio de altura. O termo hebreu que se traduz "gigante" é o mesmo de Nu 13:33. Goliat, um homem de ao redor de três metros de altura, aparece em 1 Smamuel 17. Aproveitava suas vantagens físicas para oprimir às pessoas que os rodeava.

6:6, 7 Quer dizer que Deus se arrependeu de criar à humanidade no sentido de reconhecer que tinha cometido um engano? Não, Deus não troca de parecer (1Sm 15:29). Mas bem isto expressa a tristeza de Deus pelo que a gente se procurou, o mesmo sentimento de um pai ante um filho rebelde. Deus estava muito triste porque a gente tinha eleito o pecado e a morte em lugar de ter relação com O.

6.6-8 O pecado daquela gente entristeceu a Deus. Nosso pecado também o entristece hoje em dia. Entretanto, Noé agradou a Deus. Mesmo que estamos longe de ser perfeitos, podemos seguir o exemplo do Noé e agradar a Deus no meio do pecado que nos rodeia.

6:9 Dizer que Noé era varão justo e perfeito não significa que nunca pecou (a Bíblia registra um de seus pecados em 9.20ss). Mas bem significa que amou e obedeceu a Deus sinceramente. Por toda uma vida caminhou pela fé, e foi um exemplo vivo a sua geração. Como Noé, vivemos em um mundo repleto de maldade. Estamos influenciando ou nos deixamos influenciar por outros?

6:14 O breu era uma substância para impermeabilizar o arca.

6:15 A barco que Noé construiu não era uma canoa! Imagine construir um navio da longitude de um campo e meio de futebol e tão alto como um edifício de quatro pisos. O "arca" (como lhe conhece) era exatamente seis vezes mais larga que larga, a mesma proporção que utilizam os construtores de navios. Este enorme navio foi construído provavelmente a vários quilômetros da água e por solo uns poucos homens fiéis que acreditaram na promessa de Deus e obedeceram seus mandatos.

6:18 Um pacto é uma promessa. Este é um tema comum nas Escrituras. Deus pactua com o homem. Quão reconfortante é saber que o pacto de Deus conosco é firme. O segue sendo nossa salvação e nós estamos amparados por nossa relação com O. Se deseja ler mais sobre o pacto, vejam-se 9:8-17; 12:1-3 e 15:17-20.

CAIN

Apesar das preocupações e esforços dos pais, parecem ser inevitáveis os conflitos que surgem entre os filhos em uma família. As relações entre irmãos estimulam a competência e a cooperação. Na maioria dos casos a mescla de amor e competência à larga origina um laço forte entre os irmãos. Entretanto, não é pouco usual escutar aos pais dizer: "Brigam tanto que espero que não se matem antes de chegar a adultos". No caso do Caím, o potencial de desconforto se converteu em tragédia. E mesmo que não conhecemos muitos detalhes da vida deste primogênito, sua história ainda pode nos ensinar algo.

Caím se zangou. Estava furioso. Tanto ele como seu irmão Abel apresentaram sacrifícios a Deus, e o seu tinha sido rechaçado. A reação do Caím parece indicar que desde o começo teve uma má atitude. Caím tinha que tomar uma decisão: podia corrigir sua atitude a respeito de sua oferenda a Deus, ou podia descarregar sua ira em seu irmão. Sua decisão é um aviso claro de quão freqüentemente estamos conscientes de que enfrentamos opções contrárias, e mesmo assim escolhemos o mal como o fez Caím. Possivelmente não tenhamos a intenção de matar, mas intencionalmente escolhemos mau.

Os sentimentos que motivam nosso comportamento sempre se podem trocar por meio da força de pensamento. Mas nisto podemos começar a experimentar a disposição de Deus a nos ajudar. O lhe pedir ajuda para fazer o que é correto pode evitar que façamos coisas das que mais tarde nos lamentaremos.

Pontos fortes e lucros:

-- Primeiro menino

-- Primeiro em seguir a profissão de seu pai: granjeiro

Debilidades e enganos:

-- Quando se desiludia, reagia com ira

-- Elegia a opção negativa mesmo que lhe apresentasse uma possibilidade positiva

-- Foi o primeiro assassino

Lições de sua vida:

-- A irritação não necessariamente é pecada, mas as ações motivadas pela irritação podem ser pecaminosas. A irritação deve nos mover a uma ação correta, não a uma má

-- O que oferecemos a Deus deve brotar do coração: o melhor que sejamos e tenhamos

-- As conseqüências do pecado algumas vezes são permanentes

Dados gerais:

-- Onde: Perto do Éden, possivelmente na região que hoje ocupam o Irã ou Iraque

-- Familiares: Pais: Adão e Eva. Irmãos: Abel e Set, e outros não mencionados por nome

-- Ocupação: granjeiro, depois nômade

Versículo chave:

"Embora hicieres, não será enaltecido? e se não hicieres bem, o pecado está à porta; com tudo isto, a ti será seu desejo, e você lhe ense�orearás dele" (Gn 4:7).

A história do Caím se relata em Gn 4:1-17. Também se menciona em Hb 11:4;

1Jo 3:12; Jd 1:11.

6:22 Noé pôs mãos à obra logo que Deus lhe disse que construíra o arca. Às demais gente se avisou do iminente desastre (1Pe 3:20), mas aparentemente não esperavam que acontecesse. As coisas não trocaram muito. Cada dia a centenas de pessoas lhes adverte do julgamento inevitável de Deus, e ainda assim a maioria não acredita que isto possa acontecer. Não espere que a gente aceite de bom grau a mensagem de que o Senhor deverá castigar o pecado. Os que não acreditam em Deus dirão que é impossível, e tratarão de que você negue a Deus. Mas recorde que Deus prometeu ao Noé protegê-lo. Isto pode nos animar a confiar em que Deus nos liberará do julgamento que certamente virá.


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de Gênesis Capítulo 6 do versículo 1 até o 22
D. O DILÚVIO (6: 1-9: 29)

1. A Natureza do Diluvio (6: 1-7: 24)

1. Julgamento Determinado-Mercy Exigiu (6: 1-8)

1 E sucedeu que, quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e as filhas nasceram-lhes: 2 que os filhos de Deus viram as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. 3 E disse o Senhor: O meu Espírito não deve lutar com o homem para sempre, porque ele também é carne. ainda o seus dias serão cento e vinte anos 4 The Nephilim estavam na terra naqueles dias, e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens, e eles geraram filhos; eles: o mesmo eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de renome.

5 E o Senhor viu que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. 6 Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem na terra, e isso lhe pesou no . coração7 E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei a partir da face da terra; tanto o homem como o animal, e répteis e aves do céu; para ele me arrepende de que eu tê-los feito. 8 Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.

Dois tipos de pessoas são mencionadas nos versículos 1:2 : os filhos de Deus e as filhas dos homens . Estes dois se casaram, aparentemente desagradar assim o Senhor (v. Gn 6:3 ), e também, aparentemente produzindo entre sua prole alguns homens que estavam verdadeiros gigantes (v. Gn 6:4 ). A passagem também parece implicar que havia outros gigantes que não eram os descendentes dos dois grupos (v. Gn 6:4 ). Duas interpretações principais têm dominado o pensamento acadêmico sobre estes versos: (1) que os filhos de Deus são anjos caídos que cobiçar, e se casar com as filhas dos homens , produzindo através de sua relação sexual uma raça de homens monstruosos, (2) que os filhos de Deus são os Sethites que agora Esqueceu sua herança e inclinações espiritual e escolheu-se esposas de as filhas dos homens , incluindo aqueles dos cainitas, escolher livremente quem quer que eles desejado com base em atração física sozinho. A primeira interpretação é considerado por alguns a ser apoiada pelo fato de que os filhos de Deus é um termo técnico usado no Antigo Testamento para se referir a seres celestiais (1:6 ). Mas há muitas dificuldades. Por um lado, essa história cheira dos mitos do paganismo. Parece também contradizer clara declaração de Jesus que os anjos não se casam (Mt 22:30 ). Além disso, os anjos são espíritos e não possuem corpos físicos (He 1:14 ). E no versículo 3 , Jeová pronuncia julgamento sobre os homens, não sobre anjos. A segunda visão é a que é racionalmente mais atraente. Ela encontra apoio em Sete sendo referido como um filho nomeado por Deus (Gn 4:25 ), na introdução ao nascimento de seu filho de nome Jeová na adoração pública (Gn 4:26 ), e em toda a linhagem de Sete, que produziu esses homens de Deus como Enoque e Noé. Enquanto as palavras exatas que os filhos de Deus não estão em outros lugares aplicados no Antigo Testamento para os justos, eles estão no New, eo pensamento é frequentemente expressa no Antigo (Dt 14:1 ; Sl 73:15. ; Pv 14:26 ; . Dn 1:10 ). O problema do casamento indiscriminado de aqueles que se dedicam a Deus com aqueles que não têm lealdade a Ele calamidade, muitas vezes trouxe (Nu 35:1)

9 Estas são as gerações de Noé. Noé era um homem justo, e perfeito em suas gerações:. Noé andou com Deus 10 . Gerou Noé três filhos, Sem, Cam e Jafé 11 . E a terra estava corrompida diante de Deus, ea terra estava cheia de violência 12 E Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.

13 Então disse Deus a Noé: O fim de toda carne é chegado perante mim; porque a terra está cheia da violência dos homens; e eis que os farei perecer juntamente com a terra. 14 Faze uma arca de tábuas de cipreste; quartos farás na arca, e deveis breu-lo dentro e fora com o passo. 15 E esta é a forma como a farás: o comprimento da arca será de trezentos côvados, a sua largura de cinqüenta côvados, ea altura de trinta côvados. 16 A Farás na arca, e para um côvado a terminá-lo para cima; e a porta da Arca tu deverás fixado na lateral do mesmo; .com menor, em segundo, histórias e terceiro farás 17 E eu, eis que eu trago o dilúvio sobre a terra, para destruir toda a carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra morrerá. 18 Mas eu estabelecerei a minha aliança contigo; e tu entrarás na arca, tu e teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo. 19 E de todo ser vivente de toda a carne, dois de cada espécie tu deverás trazer para a Arca, para mantê-los vivos contigo; estas devem ser do sexo masculino e feminino. 20 Das aves conforme a sua espécie, eo gado conforme a sua espécie, de todo o réptil da terra conforme a sua espécie, dois de cada espécie virão a ti, para mantê-los vivos. 21 E tome contigo de tudo o que se come, e ajunta-o para ti; e será para alimento, a ti e para eles. 22 Assim fez Noé; segundo tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez.

Estas são as gerações de Noé . Assim, nosso autor usa novamente seu título característica de uma nova seção. A genealogia da descida dos céus e da terra e que de Adão foram concluídos. Agora, uma nova série é para ser considerada. Assim como em Gn 2:4 ), e os meios pelos quais o Seu propósito serão realizadas-a tremenda, inundação destrutiva (v. Gn 6:17 ). Mas a maior parte de sua mensagem é dada a delinear o meio pelo qual Noé pode escapar dessa destruição. Ele é construir uma arca ou barco de madeira de Gofer, 450 pés de comprimento, 75 metros de largura, e 45 metros de altura. É de ter três andares, divididos em quartos, e uma porta e uma janela. Nela estão por vir Noé, sua esposa, seus três filhos e suas três esposas, e eles são para trazer um par de cada criatura viva aves, gado, répteis-na arca, e também todos os vários tipos de alimentos que serão necessários pelos homens e os animais. A beleza da fé e obediência de Noé são dadas em uma simples afirmação, Assim fez Noé; segundo tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez . Para construir um navio desse tipo teria sido um compromisso enorme para um homem já extremamente antiga. E para construí-lo em terra seca certamente teria trazido o ridículo de todos os seus vizinhos e associados. Mas não há nenhuma evidência de debate ou hesitação, só fé e obediência.


Russell Shedd

Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
Russell Shedd - Comentários de Gênesis Capítulo 6 do versículo 1 até o 22
6.4 Embora alguns pensem que "filhos de Deus" seja uma referência a anjos decaídos, não há nenhuma evidência nas escrituras de que eles pudessem, de fato, apropriar-se de corpo e de alma (mas conforme 1Pe 3:19,1Pe 3:20, 2Pe 2:4-61, Jd 1:6 ; Rm 8:14.

6.14 A estrutura do que ficou a flutuar por ocasião do dilúvio é adequadamente chamada de "Arca", já que não se tratava de nenhuma embarcação capaz de singrar nas águas. Provavelmente, foi construída em forma quadrada, capaz só de flutuar.


NVI F. F. Bruce

Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
NVI F. F. Bruce - Comentários de Gênesis Capítulo 6 do versículo 1 até o 22
e) O crescimento do mal (6:1-8)
v. 2. os filhos de Deus: esse termo 6 usado no AT somente para se referir a seres angelicais, talvez de categoria superior. Foi somente porque a possibilidade de relações sexuais contradizia a concepção geral acerca de anjos que os antigos expositores rabínicos entenderam que o termo significava pessoas de elevada classe social, i.e., houve um desprezo das diferenças sociais, e logo no início os pais da Igreja, seguidos por muitos reformadores, associaram o termo aos descendentes de Sete (assim Leupold). A interpretação judaica mais antiga os considerava seres angelicais; assim a LXX, o livro dos Jubileus, Enoque, Josefo (conforme 2Pe 2:4; Jd 1:6, em que são gigantes, mas aqui, provavelmente, “os caídos”. A dedução óbvia é que eram os descendentes da união mencionada acima, e o contexto sugere que eles eram os líderes das atividades prejudiciais que estão sendo descritas. Também sugere que havia uma realidade por trás das antigas histórias mitológicas de homens amorais de grande força. A menção de nefilins mais tarde não implica que eles tenham sobrevivido ao Dilúvio; antes, que o nome sobreviveu para denotar homens de grande estatura e força como em Nu 13:33.

As palavras do Senhor no v. 3 são de difícil tradução e interpretação. O verbo dün (NVI, “contender com”) é traduzido por “agirá [para sempre no homem”] (ARA) e “contenderá” (ARC), e é parafraseado na BLH por “não deixarei que os seres humanos vivam para sempre”, ou na BJ por “meu Espírito não se responsabilizará indefinidamente pelo homem”. A importância de meu Espírito também não está clara. Parece que temos de escolher entre “o meu espírito não julgará entre os homens para sempre” (Lutero, Leupold), i.e., tentar restringir o mal crescente (caso em que os 120 anos seriam o período para o arrependimento antes do Dilúvio); ou podemos seguir a NEB: “o meu espírito doador da vida não permanecerá nele [...] ele viverá cento e vinte anos”; assim também a possibilidade no rodapé da NVI: “não permanecerá nele”. A objeção de que muitos dos descendentes pós-diluvianos de Abraão viveram muito além disso não é válida, visto que Noé e sua família foram isentados do castigo pelo mal.

Mais importante do que isso é o juízo de Deus sobre o homem (v. 5). A sua maldade era grande, “e todo plano que sua mente maquinava era mal o tempo todo” (Speiser). As vezes é sugerido, especialmente por parte dos judeus, que o AT não conhece a doutrina do pecado original ou da depravação do homem na sua essência. Os dois aspectos estão certamente indicados aqui. Tanto é assim que os rabinos fundamentaram nisso a sua doutrina do yêser ra\ o impulso mau que está em todo ser humano; mas eles o contrabalançaram ao postular um yêser tôb, um impulso bom nutrido principalmente pelo estudo da Torá. Mais tarde, quando foram confrontados com o ensino cristão, sua tendência foi abrandar todo o conceito. A afirmação da tristeza de Deus (v. 6) é linguagem tipicamente antropomórfica, mas, levando em consideração as críticas frequentes do Deus do AT, precisa ser destacado o aspecto de que Deus é retratado como aquele que não tem prazer na morte do pecador.

Independentemente de como se interpreta esse texto, precisamos observar que a culpa pelo pecado não é atribuída à invasão ilícita dos poderes angelicais; antes, isso se tornou possível em virtude do pecado do homem.

f) O Dilúvio (6.9—8.19)

A nossa interpretação da história do Dilúvio vai depender em grande parte de como entendemos a inspiração das narrativas históricas da Bíblia. Não há dúvida de que ela garante a sua exatidão, em termos espirituais. E isso significa somente que as narrativas bíblicas não dão necessariamente o retrato que teria sido feito por um historiador secular, se ele tivesse estado lá. A questão fundamental é se o narrador bíblico dá um retrato exato dos eventos assim como os conhecia e como foram interpretados pelo Espírito Santo, ou se por meio do Espírito Santo ele recebeu informações de fatos que não poderia ter descoberto sozinho. Se devemos nos basear em narrativas históricas posteriores, a primeira alternativa é correta, pois as fontes usadas pelo autor posterior muitas vezes são mencionadas pelo nome. Não podemos nos esquecer de que a Bíblia geralmente usa linguagem popular e não-científica na descrição de fenômenos naturais. A formulação de 2Pe 3:5,2Pe 3:6, citada com tanta segurança nesse contexto, pode ser usada como paralelo de Sl 24:1-2; Jl 7:4. Se aceitamos a segunda alternativa, precisamos crer com base em 7.19 que a água subiu acima dos picos mais altos do mundo e que, além disso, toda forma de vida animal cessou, com exceção da que estava na arca (7.22). Parece provável que “a universalidade do Dilúvio signifique a universalidade da experiência do homem que a registrou” (Ramm). A favor dessa tese, a não ser que se defenda a idéia de que a distribuição dos animais no mundo era diferente naquela época do que foi mais tarde, está o fato de que ela livra da suposição de que Noé teve de arrebanhar os seus animais de lugares muito distantes e de providenciar alimentos para aqueles que exigiam dietas especiais. Não há garantia bíblica de que Deus levou os animais até Noé.

As posições de Whitcomb e Morris não estão fundamentadas somente na exposição bíblica, mas em certas observações geológicas (conforme Byrt) e por isso não podem ser tratadas aqui. Devemos observar, no entanto, que elas implicam uma recriação, o que estaria em conflito com a mensagem do sábado (2:1-3).
6.14. uma arca\ heb. têbãh. A palavra na narrativa do Dilúvio aparentemente é de origem acadiana; a mesma palavra é usada em Ex 2:3, em que certamente é uma palavra egípcia; nenhuma delas tem ligação alguma com a arca da aliança. Suas dimensões, supondo que a medida do côvado seja de aproximadamente 45 centímetros, eram de 135 metros de comprimento Pv 22:5 metros de largura Pv 13:5 metros de altura. Não era um navio no sentido usual; seu propósito era flutuar, e não ser navegado; daí a tradução adequada de Moffatt, “barcaça”.

Se ignorarmos o contexto geral e as graves distorções politeístas no relato babilónico do Dilúvio, há semelhanças impressionantes entre ele e a história da Bíblia (conforme Heidel, The Gilgamessh Epic [A epopéia de Gilga-mesh]). Geralmente se supõe que a história de Gênesis é derivada da babilónica, mas, visto que estamos lidando com lembranças vivas de um tremendo desastre, não há razões válidas pelas quais as duas não poderiam estar baseadas em registros válidos do evento, embora o relato babilónico esteja mais distante da realidade e não acrescente nada ao relato bíblico.

v. 16. Faça-lhe um teto com um vão (nota de rodapé da NVI: “uma abertura para a luz no topo”): o significado do hebraico sõhar, encontrado somente aqui, é incerto. A explanação mais satisfatória é dada por Driver: “um tipo de abertura em toda a volta dos lados da arca (exceto nos lugares em que as vigas sustentavam a cobertura) um pouco abaixo da cobertura” (conforme BLH, que diz: “Faça uma coberta para a barca e deixe um espaço de meio metro entre os lados e a coberta”).

v. 17. o Dilúvio-, o hebraico usa mabbül, que ocorre só quando se fala acerca do Dilúvio de Noé, conforme Sl 29:10. v. 18. com você estabelecerá a minha aliança-, pode haver pouca dúvida de que isso antecipe 9:8-17. Êx 19:5 mostra como se pode mencionar uma aliança antes que os seus detalhes sejam revelados (assim Leupold). v. 19. um casal de cada-, não há contradição com a menção de “sete casais de cada espécie de animal puro” (7.2). 


Francis Davidson

O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
Francis Davidson - Comentários de Gênesis Capítulo 6 do versículo 1 até o 22
e) A perversidade e o castigo do velho mundo (Gn 6:1-9.29)

1. A MALDADE CADA VEZ MAIS PROFUNDA DO HOMEM (Gn 6:1-8). Os filhos de Deus (2). Não há dificuldade em compreender esse título como designação dada à ordem mais alta de seres espirituais sobrenaturais que cercam o trono de Deus. Noutras passagens, a expressão "filhos de Deus" (’ elohim) se refere a seres angélicos, bons ou maus (1:6; Ez 3:25); e alguns pensam que temos aqui o registro sobre uma misteriosa união entre anjos maus e as filhas dos homens. Outros consideram que isso se refere à união entre os descendentes de Sete (filhos de Deus) e os descendentes de Caim. Não contenderá o meu espírito para sempre com o homem (3). O significado da palavra hebraica aqui traduzida como "contenderá" é alvo de muita controvérsia. Também pode significar governar, agir, habitar, ou presidir. Esta sentença, portanto, seria melhor traduzida como: "O espírito que tenho dado a ele nem sempre agirá no homem". "Espírito", aqui é a respiração animadora referida em Gn 2:7; não se trata do Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, mas, estando aquele relacionado ao Espírito, representa uma presidência especial ou governo dentro do homem. O espírito de um homem, dado por Deus, age nele enquanto anima e governa sua natureza corpórea. Porque ele também é carne (3). "Carne", neste contexto, pode sugerir meramente o aspecto animal ou sensual do ser do homem. A significação do versículo é que Deus retiraria o governo do "espírito" do homem, visto que o próprio homem, de sua parte, também já se tinha feito meramente "carne" que perece. O homem se tornara sub-humano e, portanto, uma raça espiritualmente dominada não existiria mais. Não haveria mais raça humana. Essa palavra de Deus, por conseguinte, foi uma ameaça de destruição. Ver Sl 104:29 e cfr. Gn 6:17; Gn 7:22. Porém os seus dias serão cento e vinte anos (3). Deus estava prestes a destruir a raça humana, mas concedeu um adiamento de 120 anos. Alguns consideram que essa expressão indica o encurtamento da duração da vida humana para esse número de anos; porém, as alusões à "longanimidade" de Deus, em 1Pe 3:20, e a Noé como "pregador da justiça", em 2Pe 2:5, comparadas com a indicação de um último aviso com sete dias de antecedência, em Gn 7:4, parecem favorecer a opinião que considera os 120 anos como um período de adiamento. Gigantes (4). Heb. nefilim pode significar "gigantes" (cfr. Nu 13:33), ou pode ser derivado do verbo cair, assim significando "os caídos". Visto que a etimologia é difícil de precisar, provavelmente é melhor tomar essa palavra no primeiro sentido. Os valentes que houve na antigüidade, os varões de fama (4). Nesta frase é feita alusão às bem conhecidas lendas tradicionais.

>Gn 6:5

A maldade do homem (5). Ver Rm 1:18-45. Arrependeu-se o Senhor (6). Falar de Deus como capaz de arrependimento e de experimentar tristeza é, admitidamente, o uso de linguagem antropomórfica, mas tal linguagem, a despeito disso, em realidade fala de uma real experiência da parte de Deus. A discussão sobre a passividade de Deus tende a ser um tanto abstrata; porém, o Deus revelado nas Escrituras é capaz de sentir tristeza e de ser entristecido. Ele tem reações reais para com a conduta humana. Não obstante, é impossível conceber o Deus onisciente a lamentar-se por algum falso movimento por ele feito. O arrependimento de Deus não é uma alteração quanto aos propósitos, e, sim, uma mudança de atitude. Tal mudança, quando ocorrida no homem, usualmente implica numa mudança operada na mente, pelo que também a palavra arrependimento, na linguagem humana, representa tal mudança. Deus, entretanto, nunca muda de mente: Sua mente é constante, tanto no que diz respeito ao amor como no que tange à santidade. Quando o homem muda em seu comportamento, então Deus muda em Sua atitude para com ele. A expressão "arrependeu-se o Senhor" é simplesmente uma indicação, em linguagem humana, de que a atitude de Deus para com o homem a pecar é necessariamente diferente da atitude de Deus para com o homem a obedecer. Desde o homem até o animal (7). Esta frase indica não destruição total, mas o seu alcance. Noé porém achou graça (8). A graça estendida a Noé por sua vez se tornou a causa dele ser justo e perfeito entre seus contemporâneos. A escolha de Noé foi outro passo no propósito divino da redenção, e revela que esse propósito é de "graça" não merecida.

>Gn 6:9

2. A CONSTRUÇÃO DA ARCA POR NOÉ (Gn 6:9-22). Justo e reto (9). Essas palavras não ensinam que Noé fosse impecável, mas que era homem que prezava a retidão e a integridade. Corrompida diante da face de Deus... encheu-se a terra de violência (11). Nada existe de surpreendente na íntima ligação entre a corrupção e a violência; uma coisa segue imediatamente a outra, e a razão pelo qual os homens acham-se em conflito entre si é que estão em conflito com Deus. Uma arca (14). Trata-se da uma palavra hebraica arcaica, mas mui possivelmente indica nada mais que uma caixa feita para flutuar. Noé não edificou um navio no sentido literal; mas a arca era uma espécie de jangada coberta, cuja intenção era meramente flutuar. Foi construída de ciprestes e vedada com betume, um dos produtos naturais da Assíria. Considerando o cúbito como 45 cm, a arca teria mais ou menos 150 metros de comprimento e 25 metros de largura. Foi construída com três conveses, e com a altura de mais ou menos 15 metros. A janela, que aparece em versículo 16, é chamada da sohar, que significa uma "luz", e deve ser distinguida da abertura mencionada em Gn 8:6, também como janela. Até onde é possível compreender a construção, a sohar parece ter sido um espaço aberto de profundidade de 45 cm que corria ao redor do topo da arca, permitindo a entrada da luz e ar. Meu pacto (18). Essa é a primeira ocorrência dessa importante palavra bíblica. Note-se que foi uma aliança baseada na graça (8), e observe-se a provável ligação com Gn 3:15.


Dicionário

Deus

substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

Do latim deus, daus, que significa “ser supremo” ou “entidade superior”.


i. os nomes de Deus. A palavra portuguesa Deus, que tem a mesma forma na língua latina, representa alguns nomes da Bíblia, referentes ao Criador.
(a): o termo de uso mais freqüente é Elohim, que restritamente falando, é uma forma do plural, derivando-se, presumivelmente, da palavra eloah. Mas, embora seja plural, é certo que, quando se refere ao único verdadeiro Deus, o verbo da oração, de que Elohim é o sujeito, e o nome predicativo vão quase invariavelmente para o singular. As principais exceções são quando a pessoa que fala, ou aquela a quem se fala, é um pagão (Gn 20:13 – 1 Sm 4.8).
(b): El, provavelmente ‘o único que é forte’, também ocorre freqüentemente. E encontra-se este nome com adições: El-Elyon, ‘o Deus Altíssimo’ (Gn 14:18) – El-Shaddai, ‘o Deus Todo-poderoso’ (Gn 17:1) – e entra na composição de muitos vocábulos hebraicos (por exemplo Eliabe, Micael).
(c): Adonai, Senhor, ou Superior. Esta palavra e as duas precedentes eram empregadas quando se queria significar o Deus da Humanidade, sem especial referência ao povo de israel.
(d): Todavia, Jeová, ou mais propriamente Jahveh, o Senhor, o Ser que por Si mesmo existe, o Ser absoluto, que é sempre a Providência do Seu povo, designa Aquele que num especial sentido fez o pacto com o povo de israel.
(e): outro nome, ou antes, titulo, ‘o Santo de israel’ (is 30:11) merece ser aqui mencionado, porque ele nos manifesta o alto ensino moral dos profetas, fazendo ver aos israelitas que o Senhor, a Quem eles adoravam, estava muito afastado dos ordinários caminhos do homem, e portanto era necessário que o Seu povo fosse como Ele, odiando o pecado. É sob este título que o Senhor é reconhecido como uma pedra de toque não só da pureza cerimonial, mas também da pureza ética.
(f): Pai. Nas primitivas religiões semíticas, este termo, enquanto aplicado aos deuses, tinha uma base natural, pois que os povos acreditavam que eram descendentes de seres divinos. Todavia, no A.T. é Deus considerado como o Pai do povo israelita, porque Ele, por atos da Sua misericórdia, o constituiu em nação (Dt 32:6os 11:1 – *veja Êx 4:22). De um modo semelhante é Ele chamado o Pai da geração davídica de reis, porque Ele a escolheu e a tornou suprema (2 Sm 7.14 – Sl 2:7-12 – 89.27). Mais tarde se diz que Deus Se compadece dos que o temem (isto refere-se particularmente aos israelitas e aos que aceitam a religião de israel), como um pai se compadece dos seus filhos (Sl 103:13Mt 3:17).
ii. A doutrina de Deus. Certas considerações nos são logo sugeridas sobre este ponto.
(a): Em nenhuma parte da Bíblia se procura provar a existência de Deus. A crença no Criador é doutrina admitida. Nunca houve qualquer dúvida a respeito da existência da Divindade, ou da raça humana em geral. Entre os argumentos que podemos lembrar para provar a existência do Criador, devem ser notados: a relação entre causa e efeito, conduzindo-nos à grande Causa Primeira – a personalidade, a mais alta forma de existência que se pode conceber, de sorte que uma Causa Primeira, que carecesse de personalidade, seria inferior a nós próprios – a idéia de beleza, de moralidade, de justiça – o desejo insaciável, inato em nós, de plena existência que nunca poderia ser satisfeita, se não houvesse Aquele Supremo Ser, Luz, Vida e Amor, para onde ir.
(b): Deus é um, e único (Dt 6:4, doutrina inteiramente aceita por Jesus Cristo, Mc 12:29). Porquanto se houvesse mais que uma Divindade, haveria, de certo, conflito entre esses seres todo-onipotentes. Por isso, contrariamente ao dualismo de Zoroastro, segundo o qual há dois seres supremos, um bom e outro mau, a Bíblia ensina que Deus tem a autoridade suprema mesmo sobre o mal (is 45:6-7). Este fato fundamental da Unidade de Deus não está em contradição com a doutrina cristã da Trindade, antes pelo contrário, a salvaguarda.
(c): Deus é o Criador e o Conservador de tudo (Gn 1:1At 17:24Ap 4:11 – e semelhantemente Jo 1:3 – Col 1.16, onde o imediato Agente é a Segunda Pessoa da Trindade). Todos os dias estamos aprendendo, com clareza de percepção, que a matéria não é coisa morta e sem movimento, que as próprias pedras tremem pela sua energia, sustentando a sua coesão pelas formidáveis e ativas forças que sem interrupção nelas operam. o nosso conhecimento, cada vez mais aperfeiçoado, sobre os métodos de Deus na Criação, leva-nos a um louvor cada vez mais elevado.
(d): Estamos, também, sabendo mais com respeito à relação de Deus para conosco, como governador e conservador de tudo. Relativamente a este assunto há duas verdades, nenhuma das quais deverá excluir a outra:
(1). Ele é transcendente, isto é, superior ao universo, ou acima dele (*veja is 40:22 – 42.5 – 1 Tm 6.16).
(2). É igualmente importante notar que Deus é imanente, isto é, está na matéria, ou com ela. Nesta consideração, nós e todos os seres vivemos Nele (At 17:28 – *veja também Jo 1:3-4) – e Ele em nós está pelo simples fato de que sendo Espírito (Jo 4:24) é dotado de onipresença.
iii. A adoração a Deus. Se a religião é, na verdade, uma necessidade natural, o culto é sua forma visível. Porquanto, embora possamos supor a priori que nos podemos colocar na presença da Divindade sem qualquer sinal exterior, é isto, contudo, tão incompatível como a natureza humana, e tão contrário às exigências da religião, visto como esta pede a adoração a Deus com toda a nossa complexa personalidade, que não é possível admitir-se tal coisa. É certo que Jesus Cristo disse: ‘Deus é Espirito – e importa que os seus adoradores o adorem em espirito e em verdade’ (Jo 4:24). (*veja Altar, Baal, igreja, Eloí, Espírito Santo, Jewá, Jesus Cristo, Senhor, Senhor dos Exércitos, Tabernáculo, Templo, Trindade, Adoração.)

Introdução

(O leitor deve consultar também os seguintes verbetes: Cristo, Espírito Santo, Jesus, Senhor.) O Deus da Bíblia revela-se em sua criação e, acima de tudo, por meio de sua Palavra, as Escrituras Sagradas. De fato, a Bíblia pode ser definida como “a autorevelação de Deus ao seu povo”. É importante lembrar que as Escrituras mostram que o conhecimento que podemos ter de Deus é limitado e finito, enquanto o Senhor é infinito, puro e um Espírito vivo e pessoal, ao qual ninguém jamais viu. Freqüentemente a Bíblia usa antropomorfismos (palavras e ideias extraídas da experiência das atividades humanas, emoções, etc.) numa tentativa de nos ajudar a entender melhor Deus. Esse recurso pode ser realmente muito útil, embora o uso de descrições e termos normalmente aplicados aos seres humanos para referir-se ao Senhor eterno e infinito sempre deixe algo a desejar. Alguém já disse que “conhecer a Deus”, até o limite de que somos capazes por meio de sua Palavra, é o cerne da fé bíblica. De acordo com as Escrituras, todas as pessoas, durante toda a história, estão de alguma maneira relacionadas com o Senhor, seja numa atitude de rebelião e incredulidade, seja de fé e submissão.

Homens e mulheres existem na Terra graças ao poder criador e sustentador de Deus; a Bíblia ensina que um dia todos estarão face a face com o Senhor, para o julgamento no final dos tempos. A natureza de Deus e seus atributos são, portanto, discutidos de diversas maneiras nas Escrituras Sagradas, de modo que Ele será mais bem conhecido por meio da forma como se relaciona com as pessoas. Por exemplo, aprende-se muito sobre Deus quando age no transcurso da história, em prol do sustento e da defesa de seu povo, e leva juízo sobre os que pecam ou vivem em rebelião contra Ele. Muito sabemos sobre o Senhor por meio dos nomes aplicados a Ele na Bíblia e quando sua criação é examinada e discutida. Acima de tudo, aprendemos de Deus quando estudamos sobre Jesus, o “Emanuel” (Deus conosco).

As seções seguintes proporcionam apenas um resumo do que a Bíblia revela sobre Deus. Uma vida inteira de estudo, fé e compromisso com o Senhor, por intermédio de Cristo, ainda deixaria o crente ansioso por mais, especialmente pelo retorno de Jesus, pois concordamos com a declaração do apóstolo Paulo: “Agora conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13:12).

A existência do único Deus

A Bíblia subentende a existência de Deus. Não há discussão alguma sobre isso em suas páginas, pois trata-se de um livro onde o Senhor revela a si mesmo. Somente o “tolo”, a pessoa maligna e corrupta, diz “no seu coração: Não há Deus” (Sl 14:1-53.1; veja O tolo e o sábio). A existência de Deus é freqüentemente afirmada nos contextos que advertem contra a idolatria. Sempre é dada uma ênfase especial ao fato de que somente o Senhor é Deus e não existe nenhum outro. Deuteronômio 6:4 declara: “Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Deuteronômio 32:39 diz: “Vede agora que Eu sou, Eu somente, e não há outro Deus além de mim. Eu causo a morte, e restituo a vida; eu firo, e eu saro, e não há quem possa livrar das minhas mãos”. Por essa razão, a idolatria é considerada um grande pecado (cf. 1 Co 8.4). Envolver-se com ela é viver e acreditar na mentira, numa rejeição direta da revelação do único Deus verdadeiro. Esperava-se que o povo de Israel testemunhasse para as nações ao redor que existia apenas um único Senhor e que não havia nenhum outro deus. Isso seria visto especialmente no poder de Deus para proporcionar a eles os meios para vencerem as batalhas contra inimigos mais fortes, no tempo de paz, na extensão das fronteiras (contra o poder de outros assim chamados deuses) e em sua justiça e juízo sobre todos os que se desviavam dele, ou rejeitavam seus caminhos ou seu povo. As nações ao redor precisavam aprender com Israel que os seus deuses eram falsos e que na verdade adoravam demônios (1Co 10:20).

Os escritores dos Salmos e os profetas também proclamaram que somente o Senhor é Deus e que Ele pré-existe e auto-subsiste. O Salmo 90:2 diz: “Antes que os montes nascessem, ou que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. Em Isaías, lemos: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus” (Is 44:6). “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus. Eu te fortalecerei, ainda que não me conheças” (Is 45:5; veja também 45.21; etc.). Jeremias disse: “Mas o Senhor Deus é o verdadeiro Deus; ele mesmo é o Deus vivo, o Rei eterno. Do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação” (Jr 10:10).

No Novo Testamento, novamente a autoexistência eterna de Deus é subentendida: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:14). Paulo argumentou em sua pregação para os atenienses: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17:28). O apóstolo fez um apelo aos habitantes de Listra, a fim de que reconhecessem a existência do único Deus verdadeiro, pois “não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas dos céus, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações” (At 14:17). Em Romanos 1:19-20, há o pressuposto de que mesmo os que são maus e rejeitam a Deus podem ser considerados em débito, “visto que o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis”.

Como em João 1, mencionado anteriormente, é no Novo Testamento que aprendemos sobre Jesus e começamos a entender mais sobre o próprio Deus, sua preexistência e sua auto-existência. Colossenses 1:17 descreve a preexistência de Cristo como “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15). Tanto Deus, o Pai, como Jesus são considerados eternos em sua existência: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1:8-11.15, 17; 2 Pe 3.8). Hebreus 13:8 também fala de Jesus: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e eternamente”.

O Deus criador

A autoexistência de Deus, bem como sua eternidade, também são sinalizadas na criação, a qual Ele fez do “ex nihilo” (a partir do nada; veja Gn 1; Rm 4:17; Hb 11:3). A Bíblia não admite a ideia do nada existindo lado a lado com o Senhor através da eternidade. Não há ensino, por exemplo, de que a matéria sempre existiu, ou que o mal sempre permaneceu como uma alternativa ao lado de Deus. O Todo-poderoso sempre existiu e sempre existirá; Ele é o Criador. O que existe traz outras coisas à existência. O racionalismo pode argumentar que, se algo existe, deve ter o poder da auto-existência dentro de si. A Bíblia mostra que o ser que auto-existe é Deus e somente Ele é o Senhor. Porque Deus existe, a vida veio à existência e surgiu a criação. No Senhor há vida e luz. Somente Ele tem a vida em si mesmo e habita na luz e na glória eternamente.

O ato de Deus na criação é descrito em muitos lugares da Bíblia. De maneira notável, Gênesis 1:2 descrevem a Palavra de Deus que traz tudo o que conhecemos à existência. Esses capítulos demonstram claramente que o Senhor já existia antes da criação e foi por meio de sua palavra e seu poder que o mundo veio à existência. Também revelam que Deus não iniciou simplesmente o processo e o concluiu, ou ainda não o concluiu, com o que conhecemos neste mundo hoje. Ele interferiu ativamente, várias vezes, para criar a luz, o sol, a lua, a água, a vegetação, os peixes, os mamíferos, os pássaros e a humanidade. Em Gênesis 1, essa obra ativa de Deus durante todo o período da criação pode ser notada nas duas frases: “E disse Deus: Haja...” e “E viu Deus que isso era bom”. Em Gênesis 2, a obra e as palavras do “Senhor Deus” são mencionadas repetidamente. O Salmo 33:4-9 personaliza a “palavra de Deus” como a que criou e “é reta e verdadeira; todas as suas obras são fiéis... Pela palavra do Senhor foram feitos os céus... Tema toda a terra ao Senhor... Pois ele falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu”. Jeremias afirma: “Pois ele (o Senhor) é o criador de todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança; Senhor dos Exércitos é o seu nome” (Jr 10:16-51.19; veja também 26:7; Sl 102:25-104.24; Ne 9:6; etc.).

No NT, o escritor da carta aos Hebreus lembra os crentes que “pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que o visível não foi feito do que se vê” (Hb 11:3). Louvor e adoração são devidos a Deus, o Pai, e a Jesus, a Palavra de Deus, pela criação e pelo seu contínuo sustento de todas as coisas criadas. Desde que a criação deriva sua vida e existência do próprio Deus, se o Senhor não a sustentasse, ela deixaria de existir (Ap 4:11; Jo 1:1-3; 1 Co 8.6; Cl 1:16-17; Hb 1:2-2 Pe 3.5; etc.).

Essa obra da criação, a qual necessita do poder sustentador do Senhor, proporciona a evidência da soberania e do poder de Deus sobre todas as coisas. Ele está presente em todos os lugares, a fim de sustentar e vigiar sua criação, realizar sua justiça, amor e misericórdia, trazer à existência e destruir, de acordo com sua vontade e seus propósitos. A doxologia de Romanos 1:1-36 oferece a resposta adequada do crente na presença do Deus criador, sustentador e que existe por si: “Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória, pois, a ele eternamente. Amém” (v.36).

O Deus pessoal

O Criador do Universo e de todas as coisas, que sustém o mundo e todas as pessoas, revela-se a si mesmo como um “Deus pessoal”. A palavra “pessoal” não é aplicada a Ele em nenhum outro lugar da Bíblia e é difícil nossas mentes finitas assimilarem o que essa expressão “pessoal” significa, ao referir-se ao Senhor. Ainda assim, é dessa maneira que Ele é consistentemente revelado. Deus é um ser auto-existente e autoconsciente. Qualidades que indicam um ser pessoal podem ser atribuídas a Deus. Ele é apresentado como possuidor de liberdade, vontade e propósitos. Quando colocamos esses fatores na forma negativa, o Senhor nunca é descrito nas Escrituras da maneira que as pessoas o apresentam hoje, como uma energia ou uma força sempre presente. Deus revela a si mesmo como um ser pessoal no relacionamento entre Pai, Filho e Espírito Santo (veja mais sobre a Trindade neste próprio verbete) e em seu desejo de que seu povo tenha um relacionamento real com o “Deus vivo”. Sua “personalidade”, é claro, é Espírito e, portanto, não está limitada da mesma maneira que a humana. Porque é pessoal, entretanto, seu povo pode experimentar um relacionamento genuíno e pessoal com Ele. Deus, por ser bom, “ama” seu povo e “fala” com ele. O Senhor dirige os seus e cuida deles. O Salmo 147:10-11 dá alguns sentimentos de Deus, como um ser pessoal: “Não se deleita na força do cavalo, nem se compraz na agilidade do homem. O Senhor se agrada dos que o temem, e dos que esperam no seu constante amor” (veja também Sl 94:9-10). Efésios 1:9-11 mostra como a vontade e os propósitos de Deus são especialmente colocados à disposição dos que Ele “escolheu”, aos quais ele “ama”. O Senhor é aquele que conhece seu povo (1Co 8:3) e pode ser chamado de “Pai” pelos que vivem por ele (v.6). A revelação de Deus em Jesus novamente mostra como Ele é um Deus “pessoal”, tanto no relacionamento de Cristo e do Pai (como o Filho faz a vontade do Pai e fala as suas palavras), como na maneira pela qual o Pai mostrou seu amor pelo mundo, quando deu “o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16-14:15-31; 15.9,10; etc.).

O Deus providencial

Já que Deus é eterno, auto-existente e o Criador do Universo, não é de admirar que um dos temas mais freqüentes na Bíblia refira-se à soberana providência do Senhor. Deus é visto como o rei do Universo, o que fala e tudo acontece, que julga e as pessoas morrem, que mostra seu amor e traz salvação. Ele é o Senhor (veja Senhor) que controla o mundo e exige obediência. Busca os que farão parte de seu povo. É neste cuidado providencial por seu mundo e seu povo que mais freqüentemente descobrimos na Bíblia os grandes atributos divinos de sabedoria, justiça e bondade. Aqui vemos também sua verdade e seu poder. As Escrituras declaram que Deus tem o controle total sobre tudo, ou seja, sobre as pessoas, os governos, etc. Ele é chamado de Rei, pois estabelece reinos sobre a Terra e destrói-os, de acordo com seu desejo. Sua soberania é tão grande, bem como sua providência, em garantir que sua vontade seja realizada, que mesmo o mal pode ser revertido e usado pelo Senhor, para realizar seus bons propósitos.

Os escritores da Bíblia demonstram com convicção que Deus governa sobre toda a criação; assim, os conceitos do destino e do acaso são banidos. À guisa de exemplo, uma boa colheita não acontece por acaso, mas é providenciada pelo Senhor. É Deus quem promete: “Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn 8:22). Por outro lado, o Senhor mantém tal controle sobre a criação que pode suspender a colheita dos que vivem no pecado ou se rebelam contra Ele (Is 5:10). Nos dias do rei Acabe, de Israel, Deus suspendeu a chuva e o orvalho, por meio de “sua palavra”, como castigo sobre o monarca e o povo (1Rs 17:1). A fome foi extremamente severa, mas a providência particular e amorosa do Senhor por seu povo fez com que suprisse as necessidades do profeta Elias de maneira miraculosa (1Rs 17:18).

A Bíblia preocupa-se muito em mostrar a providência de Deus, que pode ser vista no seu relacionamento com seu povo (veja 2 Cr 16.9). Paulo fala sobre isso quando diz: “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). Aqui vemos que não somente o cuidado soberano do Senhor sempre é feito segundo a sua vontade e seu propósito, mas também que esse desejo preocupa-se especialmente com seu povo, mediante o cuidado e a proteção. O poder de Deus é tão grande que em “todas as coisas” Ele trabalha para atingir seus fins. Tal entendimento da providência do Senhor leva à conclusão inevitável de que mesmo o que começou por meio do mal, ou emanado de nossos próprios desejos pecaminosos, pode ser revertido por Deus, enquanto Ele trabalha incessantemente para completar e realizar sua vontade. Essa fé e confiança no cuidado providencial do Senhor não eram conceitos novos nos dias de Paulo. Quando José foi capturado por seus irmãos e vendido como escravo para o Egito, não foi o acaso que finalmente o levou a ser governador egípcio, num momento em que o povo de Deus precisava ser preservado da fome terrível. Tudo foi parte da vontade do Senhor. Posteriormente, ao discutir o assunto com seus irmãos amedrontados, José disse: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida” (Gn 50:20). O cuidado providencial de Deus por Jó, quando Satanás desejava atacá-lo e destruí-lo, também é uma prova do poder soberano do Senhor, mesmo sobre o mundo dos espíritos, inclusive Satanás (1:2). Deus até mesmo controlou as ações do rei da Pérsia em favor de seu povo (Is 44:28-45:1-7).

Em nenhum outro contexto o cuidado providencial de Deus pode ser visto com tanta clareza como na provisão da salvação para o seu povo, por meio da morte expiatória de Jesus Cristo. A ação mais perversa de Satanás e o mais terrível de todos os pecados cometidos pelos seres humanos levaram à crucificação do Filho de Deus. Isso, porém, fora determinado pela vontade de Deus, e Ele reverteu aquele ato terrível para proporcionar expiação a todo aquele que se voltar para o Senhor (At 2:23-24). Esse desejo de Deus foi realizado “segundo as Escrituras”. Certamente o Senhor freqüentemente é visto agindo de maneira providencial e com poder soberano, de acordo com sua Palavra (Rm 5:6-1 Co 15.3; 2 Co 5.15).

A providência do Senhor também é vista na maneira como chama as pessoas para si. Toda a Trindade está envolvida nesta obra de atrair e cuidar do povo de Deus (Jo 17:11-12, 24; Ef 1:3-14; Cl 1:12-14; etc.). A reflexão sobre a soberania do Senhor sobre tudo, seu poder total de realizar o que sua vontade determina, sua providência na natureza, na humanidade de modo geral e especialmente em relações aos redimidos, nos leva novamente a louvá-lo e bendizê-lo (Sl 13:9-13-16; 145.1, 13 16:1 Pe 5.7; Sl 103).

O Deus justo

A Bíblia mostra-nos um Senhor “justo”. Isso faz parte de sua natureza e tem que ver com sua verdade, justiça e bondade. Em termos práticos, o reconhecimento da justiça de Deus nas Escrituras permite que as pessoas confiem em que sua vontade é justa e boa e podem confiar nele para tomar a decisão ou a ação mais justa. Ele é justo como Juiz do mundo e também na demonstração de sua misericórdia. Mais do que isso, sua vontade eterna é inteiramente justa, íntegra e boa. É uma alegria para homens e mulheres pecadores saberem que podem voltar-se para um Deus justo e receber misericórdia. É motivo de temor para os que se rebelam que o justo Juiz julgará e condenará.

O povo de Deus (“o povo justo”, formado pelos que foram perdoados por Deus) freqüentemente apela para sua justiça. Por exemplo, o salmista orou, para pedir misericórdia ao Senhor, quando parecia que as pessoas más prevaleciam. Achou estranho que os perversos prosperassem quando o “justo” padecia tanto sofrimento. Portanto, apelou para a justiça de Deus, para uma resposta ao seu dilema: “Tenha fim a malícia dos ímpios, mas estabeleça-se o justo. Pois tu, ó justo Deus, sondas as mentes e os corações” (Sl 7:9-11). “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha retidão. Na angústia dá-me alívio; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração” (Sl 4:1-129.4; 2 Ts 1.6). É mediante sua justiça que Deus mostra misericórdia ao seu povo (Sl 116:4-6; 37.39).

Por vezes, entretanto, o povo de Deus tentou questionar o Senhor, quando parecia que Ele não os ajudava, ou estava do lado de outras nações. A resposta de Deus era que, se o Senhor lhes parecia injusto, é porque eles haviam-se entregado à incredulidade e ao pecado. As ações do Senhor são sempre justas, mesmo quando resultam em juízo sobre seu próprio povo. Veja, por exemplo, Ezequiel 18:25 (também
v. 29): “Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é justo. Ouvi agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho justo? Não são os vossos caminhos injustos?”.

Deus pode ser visto como justo em tudo o que faz. Isso se reflete em sua Lei, a qual é repetidamente definida como “justa” (Sl 119; Rm 7:12). Deuteronômio 32:4 resume a justiça do Senhor desta maneira: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, e todos os seus caminhos são justiça. Deus é a verdade, e não há nele injustiça. Ele é justo e reto”.

Enquanto o povo de Deus ora, vê a justiça divina em seus atos de misericórdia e socorro para com eles e em seu juízo sobre os inimigos; assim, reconhecem que a justiça do Senhor permite que Ele traga disciplina sobre eles, quando pecam. Em II Crônicas 12, o rei Roboão e os líderes de Israel finalmente foram obrigados a admitir que, por causa do pecado e da rebelião deles contra Deus, Faraó Sisaque teve permissão para atacar Judá e chegar até Jerusalém. Deus os poupou da destruição somente quando se humilharam e reconheceram: “O Senhor é justo” (v. 6). Na época do exílio babilônico, os líderes tornaram-se particularmente conscientes deste aspecto da justiça de Deus. Daniel expressou dessa maneira: “Por isso, o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós, porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as obras que faz; contudo, não obedecemos à sua voz” (Dn 9:14; veja também Ed 9:15).

Os profetas olhavam adiante para ver a revelação da justiça de Deus no futuro reino do Messias: “Vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo, um rei que reinará e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra” (Jr 23:5; Is 9:7-11.4; etc. veja Lc 1:75; At 22:14). Paulo falou sobre a obra de Cristo em termos da revelação da justiça de Deus. Na morte de Jesus, pode-se ver o juízo do Senhor sobre o pecado e a manifestação de seu amor e misericórdia sobre os que são perdoados. Deus não comprometeu nem sua justiça que exige a morte pelo pecado, nem sua aliança de amor para com o seu povo, que promete perdão e misericórdia. Desta maneira, o Senhor permanece justo e íntegro na salvação (Rm 1:17-2.5,6; 3.5, 20-26; etc.).

Ao falar sobre os últimos dias e o retorno de Cristo, quando Deus vindicará seu nome diante de todo o mundo, inclusive os ímpios, será sua justiça que uma vez mais será notada e levará seu povo, que está ansioso por essa revelação, a louvá-lo (Ap 15:3-16.7).

O Deus amoroso

É justo que haja uma seção separada sobre este atributo, o mais maravilhoso do Senhor da Bíblia, ainda que tradicionalmente o amor de Deus seja visto como um aspecto de sua “bondade”. Várias vezes as Escrituras dizem que o Senhor “ama” ou mostra “amor” à sua criação, especialmente para o seu povo. É parte da natureza de Deus, pois ele é “bom” e é “amor”. O Senhor faz o que é bom (2Sm 10:12-1 Cr 19.13; Sl 119:68), porém, mais do que isso, ele é bom. Em outras palavras, a bondade é tão parte dele e de seu ser que o salmista disse: “Pois o teu nome é bom” (Sl 52:9-54.6; este vocábulo “nome” refere-se a todo o caráter do próprio Deus). Jesus disse: “Ninguém há bom, senão um, que é Deus” (Lc 18:19). Assim, se alguém deseja saber o que significa bondade e amor, deve olhar para o Senhor. I João 4:8-16 diz: “ Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor... E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor. Quem está em amor está em Deus, e Deus nele”.

Deus é a fonte da bondade. Tiago 1:17 diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. O texto não só mostra que o Senhor é a fonte daquilo que é bom, como ensina que Deus é sempre bom. Não existe um lado “sombrio” no Senhor, nenhuma base para a visão oriental de que o bem e o mal existem lado a lado, e juntos formam algo chamado “deus”.

A bondade de Deus, tão freqüentemente chamada de seu “amor”, é vista de muitas maneiras neste mundo. É evidente que no universo é algo generalizado, ou na manutenção da própria vida, da justiça, da ordem na criação, ou mesmo na provisão da luz do Sol e da chuva, do tempo de semear e de colher (Sl 33:5; Mt 5:45; At 17:25). Sua bondade, entretanto, é mais evidente em seu amor e fidelidade para com seu povo, a quem Ele protege, cuida e livra do juízo. Seu amor fiel por seu povo às vezes é chamado de “aliança de amor” ou “amor fiel”, pois Deus prometeu amar seu povo para sempre. Os israelitas repetidamente louvavam ao Senhor por seu amor eterno, extraordinário e não merecido, demonstrado através de toda a história de Israel (1Cr 16:34-2 Cr 5.13 7:3; Ed 3:11; Sl 118:1-29; Jr 33:11). É digno de nota como os vocábulos “bom” e “amor” aparecem juntos de maneira tão frequente, quando aplicados a Deus.

Os que buscam a Deus experimentam sua bondade e amor, pois encontram sua salvação (Lm 3:25). O seu povo o louva acima de tudo pelo amor demonstrado em sua misericórdia e perdão dos pecados. Foi para a bondade do Senhor que o rei Ezequias apelou, quando pediu perdão pelo povo de Israel, que adorava a Deus sem ter passado pelo ritual da purificação. “Ezequias, porém, orou por eles, dizendo: O Senhor, que é bom, perdoe a todo aquele que dispôs o coração para buscar o Senhor...” (2Cr 30:18; Nm 14:19). O próprio Deus, ao falar por meio do profeta Oséias, adverte, a respeito da contínua rebelião do povo: “eu não tornarei mais a compadecer-me da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei” (Os 1:6).

A salvação de Deus para seu povo é sua mais profunda e fantástica demonstração de bondade e amor. Jesus foi oferecido pelo Pai como sacrifício pelo pecado de todo o que crê. Talvez o mais famoso versículo da Bíblia, João 3:16, expresse o sentimento desse dom de Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O dom é ainda mais extraordinário, pois “Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8; Tt 3:4-1 Jo 3:16). O povo de Deus sabe que não merece este sacrifício. A natureza do amor divino, dado a pessoas que não são merecedoras, freqüentemente é expressa por meio do vocábulo “graça”.

O amor de Deus também é visto por seu povo na maneira como Ele dá o seu Espírito Santo, de tal forma que todos possam conhecê-lo e responder-lhe em amor (Rm 5:5). Eles também experimentam o amor divino em seu cuidado providencial. Isso pode significar que o amor será em forma de disciplina (Ap 3:19), mas também representa o fato de que “todas as coisas” cooperam para o bem do povo de Deus, dos que são chamados segundo o seu propósito. Nada poderá separá-los do amor de Deus e de Cristo (Rm 8:28-35, 39; veja a seção anterior “O Deus providencial”). Ao meditar sobre sua graça a favor de todos, para os levar à salvação, eles o louvam pela maneira como os escolheu e os predestinou para serem filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade (Ef 1:4-6; 1 Jo 3:1). Essa grande obra de salvação é feita “segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo” (v. 9).

“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2:4-5). O problema é como uma mente humana pode assimilar a profundidade desse amor, pois “excede todo o entendimento” (Ef 3:18-19).

O Deus salvador

O amor de Deus é visto proeminentemente em sua salvação por meio de Jesus (“Jesus” significa “o Senhor salva”; veja Jesus). O Senhor é corretamente descrito como “Deus salvador”. A Bíblia ensina que toda a humanidade é pecadora e necessita de redenção, que só é efetivada pela ação salvadora de Deus. O AT refere-se ao Senhor como “Libertador”, “Redentor” e “Salvador”, tanto da nação como dos indivíduos. Ambos necessitam de perdão, se não querem receber juízo. Uma lição necessária à compreensão de todas as pessoas é que somente Deus é Todo-poderoso, soberano e justo; portanto, o único que pode salvar: “E não há outro Deus senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim” (Is 45:21-43.11). Às vezes, o povo de Israel voltava-se para outras nações em busca de proteção e salvação; essa atitude, entretanto, invariavelmente falhava, ao passo que o Senhor ensinava que somente Ele era o Salvador (Dt 32:15-24; 1 Cr 16:34-36; Is 17:10).

A promessa que Deus faz ao seu povo é que “quando clamarem ao Senhor, por causa dos opressores, ele lhes enviará um salvador e um defender, que os livrará” (Is 19:20-43.3; 45.15). Os homens e mulheres fiéis, mencionados no AT, todos conheceram a atividade salvadora e libertadora de Deus, tanto nas batalhas como no perdão dos pecados. O êxodo do Egito tornou-se o grande evento na história de Israel, que ofereceu às gerações futuras um memorial e uma ilustração da salvação e redenção operadas pelo Senhor. Deus redimiu seu povo do Egito porque o amava: “Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte, e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito” (Dt 7:8).

Aquele acontecimento histórico proporcionou às gerações futuras uma evidência de que Deus tem o poder para salvar e libertar; essa verdade tornou-se a base em que podiam apelar para o Senhor salvá-los e livrá-los novamente em outras situações adversas (Êx 6:6; Dt 9:26; Sl 106:10). A libertação do Egito, porém, proporcionou também uma advertência, que mostra os acontecimentos no deserto para os que “esqueceram seu Deus”: “Pondo-os ele à morte, então o procuravam; voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. Lembravam-se de que Deus era a sua rocha, de que o Deus Altíssimo era o seu Redentor” (Sl 78:34-35; veja também 1 Cr 10:1-12). O próprio Deus mostrou a sua obra salvadora, ao levá-los do Egito para Canaã, e esperava fidelidade e serviço do seu povo redimido (Dt 13:5-15.15; 24.18; Os 13:4).

Assim como precisavam de uma redenção física e libertação, os israelitas necessitavam também de perdão dos pecados; nisto também o Senhor provou ser o Salvador e Redentor do seu povo. Louvavam o seu nome pelo seu perdão e sabiam que podiam submeter-se à justiça de Deus e que Ele os salvaria (Dt 21:8; Sl 31:5-34.22; 44.26; Is 54:5-59.20).

Os profetas olhavam para o futuro, para o dia em que um Salvador e Redentor viria para o povo de Deus: “O Redentor virá a Sião e aos que se desviarem da transgressão em Jacó, diz o Senhor” (Is 59:20). Isaías olhava adiante, para o dia do advento do Messias, quando o povo o louvaria: “Graças te dou, ó Senhor. Ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolaste. Certamente Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei. O Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação” (Is 12:1-3; veja Jr 23:6; Zc 9:9).

Jesus foi o cumprimento de tais promessas. Ele era o Deus Salvador que veio à Terra para salvar e redimir. Quando seu nascimento foi anunciado, sua atividade salvadora e redentora imediatamente dominou as palavras dos anjos, de Zacarias e de Maria. As profecias concernentes à salvação do povo de Deus, com o advento do rei da linhagem de Davi, são anexadas às promessas do perdão de pecados e salvação do juízo de Deus. Toda a “história da salvação”, como alguns a têm chamado, chega ao seu grande clímax com o advento daquele que seria chamado de “Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1:21; Lc 1:46-47, 68-75; 2.11, 30-32, 38; etc.).

O Deus salvador é revelado plenamente em Jesus. Nele, e em ninguém mais, há salvação (Lc 3:6-19.9,10; At 4:12; Hb 2:10). De fato, os vocábulos “salvar” e “salvação” referem-se a toda a obra salvadora de Cristo, desde sua encarnação, morte e ressurreição, até sua glorificação. Sua obra salvadora é considerada como um acontecimento realizado em três tempos: passado (na cruz, quando os crentes foram “justificados”; Rm 5:1-8.24; Ef 2:8-2 Tm 1.9); presente (com a operação progressiva do Espírito Santo na vida do crente, no processo de santificação, 1 Co 1.18; 2 Co 2,15) e futuro (no dia do julgamento, quando os crentes serão salvos da justa ira de Deus e serão glorificados; Rm 5:9-10).

A meditação sobre quem é o Senhor sempre tem levado à doxologia; assim, Judas 25 expressa o louvor a Deus como Salvador, por meio de Jesus Cristo: “Ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

O Deus Pai

Conforme já vimos, Deus é bom e é amor; portanto, é também “Pai”. Ele é a fonte de todas as coisas e, nesse sentido, é Pai. É o Pai da criação de Israel — o povo da sua aliança e dos cristãos. Acima de tudo, ele é o Pai de seu único Filho Jesus Cristo. Numa época em que muitas vezes se pergunta se o Senhor realmente deveria ser chamado de “Pai”, pois isso pode parecer uma postura “machista”, é importante notar novamente que Deus é Espírito. Portanto, é totalmente errado descrevê-lo como masculino ou feminino. De fato, lemos sobre o Pai como o Deus “que te gerou” (Dt 32:18) — o que dificilmente seria considerada como uma ação masculina! A paternidade humana deriva de Deus e não vice-versa. Chamar Deus de “Pai” sem dúvida é correto do ponto de vista bíblico e, devidamente entendido, tem muito a dizer para corrigir os muitos abusos que são presenciados atualmente, cometidos pelos pais humanos.

Primeiro, Deus é ocasionalmente referido, num sentido genérico, como Pai de todas as pessoas, pois elas são geradas por Ele (Ml 2:10; At 17:28-29; Hb 12:9). Segundo, a paternidade de Deus sobre Israel é mencionada ou subentendida. Como Pai, o Senhor tem o direito de ser obedecido. Deuteronômio 3:2-6 dá alguma indicação desse relacionamento: “Corromperam-se conta ele; já não são seus filhos, e isso é a sua mancha, geração perversa e depravada é. É assim que recompensas ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu Pai, que te adquiriu, que te fez e te estabeleceu?” É o relacionamento pactual com seu povo que está especialmente em destaque aqui. O Senhor toma (cria) Israel, ao fazer dele o seu povo peculiar e ao adotá-lo amorosamente como pai, na esperança de receber de volta amor e obediência (Ml 1:6). Deus adverte Israel de que será rejeitado, se porventura desprezar seu Pai (v. 18). Assim, Israel é o seu “filho primogênito” e, se obedecer, receberá a proteção do Senhor. Por exemplo, Deus exige de Faraó: “Israel é meu filho, meu primogênito. Deixa ir o meu filho” (Êx 4:22-23; Os 11:1).

O fato de Deus apresentar-se como Pai de Israel significa que tem o direito de esperar em resposta uma sincera comunhão com o filho. Lamentavelmente, na maior parte do tempo, encontrou um povo rebelde. Deus diz em Isaías 1:2: “Criei filhos, e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim”. Tanto este profeta como Jeremias, entretanto, olham para o futuro, para um tempo em que o Senhor será o Pai de um filho que corresponde. Deus então mostrará a Israel seu cuidado e seu amor: “Guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho reto em que não tropeçarão, porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito” (Jr 31:9). Um filho humilde admitirá que o Pai tem direitos: “Mas agora, ó Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro, tu és o nosso oleiro; somos todos obra das tuas mãos. Não te enfureças tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniqüidade. Olha, nós te pedimos, todos nós somos o teu povo” (Is 64:8-9; veja também 45.10,11; 63.16). Como Pai e Deus da Aliança, quando seu filho chamar, ele responderá: “Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, a rocha da minha salvação... O meu amor lhe manterei para sempre, e a minha aliança lhe será firme” (Sl 89:26-28).

Deus também é o Pai do rei de Israel, de uma maneira especial, pois ele representa o povo. A aliança que o Senhor fez com o rei Davi estabeleceu que Deus seria o “Pai” dos descendentes dele: “Eu serei seu Pai e ele será meu filho”. O salmista destaca esse tema. Por exemplo, o Salmo 2:7 diz: “Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (veja também Sl 89:26-27). Posteriormente, essas passagens sobre o filho assumiram um significado messiânico, quando as pessoas olhavam para o futuro, para o advento do rei ungido da linhagem de Davi. De fato, mais tarde foram aplicadas a Jesus Cristo (At 13:33; Hb 1:5).

Deus é “Pai” unicamente de Jesus, o qual é descrito como “o Filho unigênito de Deus” (veja Jesus). Esta filiação está relacionada ao seu nascimento virginal (Lc 1:35), mas essa não é a única origem. O Pai anuncia claramente a condição de Jesus, em seu batismo: “Então ouviu-se esta voz dos céus: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mc 1:11). Isso, porém, serviu apenas para confirmar publicamente o que já era verdade. De fato, o NT indica uma comunhão permanente entre o Deus Pai, como “pai”; e o Deus Filho, como “filho”. Esse relacionamento eterno é indicado em João 1:18: “Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem o revelou”. Em João 17 Jesus dirige-se a Deus como “Pai” e olha para o futuro, quando receberá novamente “a glória que me deste, porque me amaste antes da criação do mundo” (vv. 24,25; 1 Jo 4:9).

O acesso a Deus como “Pai” só é possível por meio de Cristo: “Ninguém vem ao Pai, senão por mim”, disse Jesus (Jo 14:6). Isso também aponta o caminho para a filiação a Deus para todos os cristãos.

Deus como Pai de todos os cristãos é o complemento de sua paternidade a ser mencionada aqui. O Senhor é o Pai de todo o que tem fé em Cristo. Parte da plenitude da salvação, aplicada aos crentes pelo Espírito Santo, é a condição de “adoção” de filhos (Rm 8:23; Ef 1:5), mediante a qual podem utilizar o nome mais pessoal de “Aba” (Papai), ao dirigir-se a Deus (Rm 8:14-17; Gl 4:6). É importante notar que em ambos os textos a “filiação” também está intimamente ligada à herança. Assim como Jesus, o Filho, é herdeiro da glória de Deus, Paulo diz que os filhos adotados são “co-herdeiros de Cristo, se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8:17). É possível para todo o que crê em Cristo conhecer o Pai (Gl 3:26), pois Jesus lhes revela (Jo 14:6-9). Cristo mostrou o Pai ao mundo: “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo. Antes, é o Pai que está em mim quem faz as obras” (v.10).

Novamente, a única resposta apropriada por parte do cristão, diante da ideia de ser feito filho de Deus, é o louvor: “Vede quão grande amor nos concedeu o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. E somos mesmo seus filhos! O mundo não nos conhece porque não o conheceu. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque assim como é, o veremos” (1Jo 3:1-2).

Os nomes de Deus

Enquanto nas modernas culturas ocidentais o nome realmente só é usado para distinguir uma pessoa de outra, os registrados na Bíblia são utilizados para representar totalmente a pessoa ou indicar aspectos de seu caráter ou de seu objetivo na vida (veja seção Os nomes e seus significados na 1ntrodução). Em nenhum outro lugar isso pode ser visto mais claramente do que na expressão “nome do Senhor”, que ocorre aproximadamente 100 vezes nas Escrituras. É uma frase que sintetiza o que nunca pode ser totalmente resumido — ou seja, o próprio Deus.
O Nome. Quando Gênesis 4:26 diz: “Foi nesse tempo que os homens começaram a invocar o nome do Senhor”, não quer dizer simplesmente que as pessoas aprenderam a usar o nome “Senhor”. O texto indica que elas começaram a adorar ao Senhor por tudo o que Ele é. Quando a Lei diz: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, pois o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20:7), claramente tem em mente mais do que as ocasionais expressões irreverentes (embora, é claro, sua proibição esteja incluída no mandamento). A lei afirma que o próprio Senhor não deve ser considerado com desdém. Não pode ser tratado da mesma maneira que os ídolos pagãos, mencionados no mandamento anterior. Jamais deve ser invocado como um poder mágico ou ser referido numa adoração que não é centralizada exclusivamente nele.

Assim, uma referência ao “Nome” do Senhor leva consigo uma indicação da própria natureza de Deus. Em Êxodo 23:20, o “Nome” de Deus está presente no anjo enviado para liderar o povo de Israel. Também é correto concluir que tal ser trata-se de uma “teofania”, por meio da qual o Senhor de alguma maneira era experimentado ou visto na presença do anjo (veja Teofanias).

Quando a Bíblia fala em “invocar” o nome de Deus, geralmente é num contexto de exortação para se adorar ao Senhor totalmente, em toda a vida e vê-lo como o Deus soberano e transcendente que é: pessoal, amoroso e fiel, que está presente em todas as áreas de seu domínio (2Rs 5:11; Sl 17:7; Jl 2:32; Sf 3:9).

Fazer alguma coisa no “nome do Senhor” é realizar algo no lugar do próprio Deus ou fazer com todo o endosso de sua presença e em obediência à sua ordem. Dessa maneira, os sacerdotes e levitas ministravam “no nome do Senhor” e os profetas falavam “no nome do Senhor”; não que eles alegassem ser Deus, mas isso significava que falavam e operavam com sua total autoridade e poder por trás deles. Até o mesmo o rei Davi lutou “em nome do Senhor” (Dt 18:17-22; 21.5; 1 Sm 17.45; 1 Rs 18.24; etc.). Quando os israelitas desejavam afirmar a presença de Deus com a Arca da Aliança, faziam isso mediante a invocação do “Nome do Senhor dos Exércitos” (2Sm 6:2). Salomão falava em construir um Templo “ao nome do Senhor” (1Rs 8:20). Dessa maneira, o nome é um meio de descrever a plenitude, a transcendência e a presença do próprio Deus.

É interessante notar que no NT o “nome” pertence a Jesus, para lembrar os textos do AT que se referiam a tudo o que Deus é. Se o nome é de Deus e Jesus é chamado pelo “nome”, então tudo o que pertence a Deus está em Jesus e tudo o que Deus é, Cristo também é (compare Joel 2:32 com Atos 2:21; Romanos 10:13). Assim como a autoridade e o poder de Deus são vistos em seu “nome”, o mesmo acontece com Jesus. É “no nome de Jesus” que as pessoas são desafiadas ao arrependimento, batismo e a receber perdão. A fé precisa ser “no nome de Jesus” (At 2:38-3.16; 9.21). É “no nome de Jesus” que os apóstolos curavam e a Igreja orava (At 3:6; Tg 5:14).

Em adição a essa maneira abrangente de referir-se à plenitude de Deus, vários nomes específicos são atribuídos ao Senhor na Bíblia e nos ajudam a entendê-lo melhor. Diferentemente de todos os “nomes”, eles enfatizam aspectos da natureza e do caráter de Deus, a fim de afirmar e enriquecer o que já foi mencionado anteriormente.
El, Elohim. Um nome comum usado para o Senhor e geralmente traduzido como “Deus” (Elohim é a forma plural). A raiz deste vocábulo provavelmente significa “poder”. Este termo era utilizado em outras culturas e religiões para descrever uma grande divindade. Na Bíblia, porém, o nome é aplicado ao único Deus — “El Elohe Israel”, [Deus, o Deus de Israel] (Gn 33:20). Nas Escrituras, Ele é o “Deus do céu e da terra” (Gn 24:3); “o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”; o “Deus dos hebreus” (Êx 3:18); o “Deus dos deuses”; “Deus da verdade” (Sl 31:5) e, é claro, “Deus da glória” (Sl 29:3).

A forma plural às vezes refere-se a outros deuses, mas também é usada na Bíblia para o único Deus, embora o termo esteja no plural. A forma plural indica a plenitude do Senhor. Ele é totalmente distinto das pessoas criadas, em seu ser (Nm 23:19).

O vocábulo “El” também aparece em formas como “El Shaddai” (Deus Todo-poderoso”; Gn 17:1; Êx 6:3. Para mais detalhes, veja a seção “O Deus de Abraão”, no artigo sobre Abraão); “El Elyom” (Deus Altíssimo; Dt 32:8; Dn 7:18-22; etc.); “El Betel” (Deus de Betel; Gn 35:7); e “El Olam” (Deus Eterno; Gn 21:33; veja também Sl 90:2).
Yahweh (o Senhor). O vocábulo Yahweh, que geralmente é traduzido como “Senhor”, em nossas versões da Bíblia em Português, tem sido corretamente chamado de “o nome da aliança de Deus”. Foi por este título que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó escolheu revelar-se a Moisés (Êx 6:3). Sem dúvida, os seguidores fiéis do Senhor já o conheciam por este nome antes da revelação da sarça ardente, mas com Moisés há mais revelações da fidelidade de Yahweh à aliança e de sua comunhão íntima com seu povo. O nome em si é derivado do verbo hebraico “ser”. Moisés imaginou pessoas que lhe perguntariam pelo nome do Deus que lhe apareceu, quando voltasse para seu povo. O Senhor lhe respondeu: “EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3:14; veja
v. 15). Yahweh, portanto, significa algo como “Ele é” ou talvez “Ele traz à existência”.

Como o nome revelado de Deus, o título “Yahweh” trazia uma declaração da existência contínua do Senhor e sua presença permanente com seu povo. Foi Ele quem se apresentou a Moisés e ao povo de Israel através das gerações como o Deus da aliança, o que sempre seria fiel às suas promessas em favor de seu povo. Foi sob este nome que o povo da aliança adorou a Deus. No NT, os cristãos entenderam que o Senhor da aliança era Jesus Cristo e, assim, ideias e atributos do AT que pertenciam a Yahweh foram trazidos e aplicados a Jesus. Para uma discussão mais detalhada do grande significado deste nome, veja Senhor.
Adonai (Senhor). Com o significado de “Senhor” ou “Mestre”, este termo é aplicado a seres humanos em posição de autoridade. Quando relacionado a Deus, entretanto, geralmente é usado junto com o nome Yahweh. Isso apresenta algumas dificuldades na tradução. Não é fácil ler a frase “O senhor senhor”! Assim, geralmente traduz-se como “Senhor Deus” (2Sm 7:28; Is 28:16-56.8; etc.).
Rocha. A fidelidade, a confiabilidade e a graça salvadora do Deus da aliança são ocasionalmente descritas por meio do epíteto “Rocha” (Dt 32:4-15, 18; 2 Sm 22.3, 47; Sl 62:7; Hc 1:12; etc.).
Outros nomes. Embora algumas vezes sejam tomados como nomes, muitos outros termos aplicados a Deus são adjetivos. São usados para descrever o Senhor, atribuir louvor ao seu nome e diferenciá-lo dos deuses pagãos. Juízes 6:24 diz que “o Senhor é paz”. Outros textos falam sobre Deus como “o Santo” ou “o Santo de Israel”, a fim de estabelecer um elo no AT entre a sua santidade e a necessidade de que o seu povo seja santo (6:10; Pv 9:10; Is 12:6). Deus também é conhecido como o “Rei” (veja Rei), o “Senhor Todo-poderoso”, “o Senhor é minha Bandeira”, entre outros.
Jeová. Este termo é pouco citado nas modernas versões da Bíblia. Deve, contudo, ser mencionado aqui como um nome que ainda sobrevive em algumas traduções. É suficiente dizer que, em hebraico, o termo YHWH aparece e, na maioria das vezes, é traduzido como SENHOR, em nossas versões, ou colocam-se vogais e assim lê-se Yahweh (o que alguns colaboradores deste volume têm feito). Jeová deriva de uma leitura equivocada de Yahweh. O pano de fundo do problema com o nome “Jeová” é explicado no verbete Senhor.


A Trindade

O cristianismo tradicionalmente argumenta que muitas evidências bíblicas revelam Deus em três pessoas distintas. Para alguns, tal definição do Senhor tem causado sérios problemas. A história da Igreja é permeada pelo surgimento de seitas que não reconheciam Jesus Cristo como Deus ou que se recusavam a aceitar a visão trinitária do Senhor; outras não viam um dos componentes da Trindade como totalmente Deus, ou negavam que houvesse distinções entre as três pessoas. Outros grupos estão totalmente fora do ensino bíblico e entram efetivamente no mundo do triteísmo, uma noção negada explicitamente na Bíblia, como, por exemplo, na oração da “Shema” (Dt 6:4). Embora o termo “trindade” não seja mencionado nas Escrituras, os cristãos sempre creram que somente ele pode fazer justiça à revelação bíblica da “plenitude” de Deus. Começando com o AT, os cristãos apontam indicações que pressagiam um ensino mais detalhado no NT. Muitas passagens conduzem para a pluralidade relacionada com o que é o “único Deus”. Muitos textos sugerem uma identificação do Messias que virá com o próprio Deus. Ele será chamado de Deus Poderoso, governará em completa soberania e será eterno — atributos divinos (Is 9:6-7; Sl 2; etc.). Mas indicações também estão presentes na compreensão da própria criação, no AT. Embora algumas pessoas neguem seu significado, é interessante notar que o Senhor refere-se a si mesmo com o termo plural “elohim” em certas passagens. Em Gênesis 1, é Deus quem cria, por meio de sua Palavra e pelo seu Espírito (Gn 1:1-3). Às vezes essa referência no plural parece ainda mais notável, feita de forma explícita com o uso de verbos e pronomes nas pessoas do plural; por exemplo, “Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem...” (Gn 1:26-3.22; 11.7; Is 6:8). Existe também uma personalização da “Palavra de Deus” que criou os céus (Sl 33:6). Algo semelhante ocorre em Provérbios 8, onde a sabedoria do Senhor é personalizada como o próprio Deus que opera no mundo, concede vida e envolve-se com a própria criação (principalmente Pv 8:12-21).

Alguns sugerem que “o anjo do Senhor” também deve ser identificado com Deus e ainda assim é distinto dele (Êx 3:2-6; veja também Anjo do Senhor). Em Isaías 63:1014, o Espírito Santo é identificado como Agente de Deus. Esse tipo de evidência espera por sua interpretação mais completa no NT (veja também Teofanias).

No NT, aspectos da doutrina da Trindade surgem primeiro quando os discípulos e seguidores de Jesus reconhecem as obras e as palavras de Deus nas atitudes de Jesus. Realmente, o problema dos líderes religiosos daquela época foi justamente que algumas das coisas que Cristo fazia e dizia só seriam feitas e ditas por Deus; portanto, eles alegavam que Jesus blasfemava, ao tentar passar por Deus. Por exemplo, Cristo perdoou os pecados do paralítico, algo que os escribas acreditavam que somente Deus era capaz de fazer; portanto, era uma blasfêmia. Jesus então demonstrou sua autoridade divina, ao curar o homem completamente (Mt 9:2-6). João 8 é especialmente esclarecedor sobre essa questão e traz uma série de declarações feitas por Jesus. Sua alegação de pertencer a Deus e ser enviado por Ele (vv. 14, 23), de partir para um lugar desconhecido dos líderes religiosos (v. 14), intimamente combinada com o uso da expressão “Eu Sou” e sua declaração de ter existido antes de Abraão (vv. 24, 28, 58, etc.), tudo isso ocasionou uma acusação de blasfêmia e a tentativa de apedrejamento — a punição para aquela transgressão (v. 59). Jesus aceitou a confissão de Pedro de que Ele era o Cristo (Mc 8:29-30) e alegou ter “todo” poder e autoridade antes de fazer uma das principais declarações trinitárias da Bíblia: “Ide... batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28:18).

Em todo o NT, ambos, o Espírito Santo e Jesus, são apresentados como seres divinos. João 1:1-14 fala de Cristo como preexistente. Romanos 9:5 geralmente é destacado por alguns teólogos, mas provavelmente a leitura deveria ser essa: “Cristo, que é Deus sobre todos, seja louvado...” (veja também Cl 2:9; Hb 1:9-10; etc.). O Espírito Santo também é visto como Deus (veja At 5:3-4; Jo 15:26; Mc 3:29-2 Co 3.17; etc.).

São também interessantes as passagens do NT onde os escritores apostólicos aplicam a Jesus o nome de Yahweh do AT (Senhor). Veja, por exemplo, Romanos 1:0-13, onde a confissão da fé em Cristo é provada como confissão de fé em Deus, por uma referência que aponta para o AT e menciona Yahweh. Vários textos merecem um exame cuidadoso, pois trazem o entendimento do AT sobre Yahweh ou aplicam declarações concernentes a Yahweh, no AT, e a Jesus, no NT. Por exemplo, veja João 1:2-41 (cf. Is 6:10); Atos 2:34-36; I Coríntios 1:30-31; 12.3; Filipenses 2:9-11 (cf. Is 45:23), etc.

Em muitas passagens bíblicas, a ideia do Deus trino é no mínimo implícita nos textos do NT, se não explícita. O batismo de Jesus envolveu o Filho, o Pai e o Espírito Santo (Mt 3:13-17). O mencionado em Mateus 28:19 é em nome das três pessoas da Trindade. Jesus referiu-se ao Espírito Santo como “outro Consolador”. Assim como o Pai enviou Cristo, Ele mandaria o Espírito Santo (Jo 14:15-23). Veja também a obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo na vida do crente (Ef 3:14-19).

As Escrituras revelam uma figura de Deus em três pessoas e a isso nós chamamos de “Trindade”. O Pai não é maior do que o Filho e ambos são distintos do Espírito Santo, embora exista um ensino claro tanto no AT como no NT de que Deus é único. Existem três pessoas, mas apenas um Senhor. Tal ensino, quando apresentado em conjunto, implica um modo de existência longe do que nossa mente humana possa entender. É por esta razão que todas as analogias humanas invariavelmente fracassam quando se trata de explicar o que significa a Trindade.

Os cristãos estão convencidos de que negar essa doutrina é renunciar à clara evidência bíblica sobre o próprio Deus. Um escritor resumiu o ensino bíblico dessa maneira: “A doutrina da Trindade não explica plenamente o misterioso caráter de Deus. Pelo contrário, estabelece as fronteiras, fora das quais não devemos andar... Isso exige que sejamos fiéis à revelação bíblica que em um sentido Deus é um e num sentido diferente ele é três” (R. C. Sproul).

Conclusão

O Deus da Bíblia é revelado como Eterno, Majestoso, Transcendente, Onipotente e Onisciente. Também é descrito como o Criador de todo o Universo e das pessoas e, neste contexto, revela a si mesmo em sua Palavra como um Deus pessoal, amoroso e soberano, um Deus justo, verdadeiro e íntegro. Deus é revelado como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É o Deus presente com seu povo (Emanuel, Deus conosco) e atuante em toda a criação, embora de modo algum seja absorvido por ela, como certas religiões orientais ensinam. Embora seja um Deus santo, separado e distinto da criação e das criaturas, não permite que o mundo se perca totalmente em seu pecado, sem nenhuma esperança de redenção; pelo contrário, revela a si mesmo como um Deus de amor que salva e redime todo aquele que o busca. Sua graça salvadora é vista claramente em sua vinda aqui na Terra: Jesus, o Filho de Deus, veio para ser o Salvador e Redentor da humanidade. Esta dádiva é experimentada por meio de sua Palavra (a Bíblia) e da presença do Espírito Santo no coração e na vida daqueles que crêem nele. Quanto mais a Bíblia é lida, fica mais claro que todo o seu povo é exortado repetidamente a cantar louvores ao Deus Todo-poderoso que, embora seja transcendente, está presente, a fim de sustentar, cuidar e salvar. “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

P.D.G.


Deus [hebr. El, Elah, Eloah, Elohim; gr. theós]

O nome mais geral da Divindade (Gn 1:1; Jo 1:1). Deus é o Ser Supremo, único, infinito, criador e sustentador do universo. É espírito pessoal e subsiste em três pessoas ou distinções: Pai, Filho e Espírito Santo (v. TRINDADE). É santo, justo, amoroso e perdoador dos que se arrependem. O ateu diz que Deus não existe; o agnóstico diz que não podemos saber se Deus existe ou não; o crente sabe que Deus existe e afirma: “... nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17:28).

==========================

NOMES DE DEUS

Nas Escrituras Sagradas Deus é chamado por vários nomes e cognomes (títulos), que seguem alistados na ordem decrescente do número de ocorrências:


1) SENHOR (hebr. JAVÉ, ???? - Gn 2:4);


2) DEUS (Gn 1:1);


3) SENHOR DOS EXÉRCITOS (Jr 33:11);


4) Pai (Is 63:16; Mt 6:8-9);


5) SENHOR (propriamente dito - Sl 114:7);


6) SANTO de ISRAEL (Is 1:4);


7) ALTÍSSIMO (Gn 14:18);


8) Todo-poderoso (Gn 49:25; 2Co 6:18);


9) Deus Vivo (Os 1:10; 1Ts 1:9);


10) Rei (Sl 24; 1Tm 6:15);


11) Rocha (Dt 32:18; Is 30:29);


12) REDENTOR (19:25);


13) SALVADOR (Sl 106:21; Lc 1:47);


14) Juiz (Gn 18:25; 2Tm 4:8);


15) O Poderoso (Gn 49:24, RA; RC, Valente);


16) O PRIMEIRO E O ÚLTIMO (Ap 22:13);


17) ETERNO DEUS (Is 40:28);


18) Pastor (Gn 49:24);


19) ANCIÃO DE DIAS (Dn 7:9);


20) O Deus de BETEL (Gn 31:13);


21) O Deus Que Vê (Gn 16:13).


Deus O judaísmo apresentava uma visão estritamente monoteísta da divindade. As afirmações a respeito que aparecem no Antigo Testamento não podem ser mais explícitas. Antes e depois dele não houve nem haverá outros deuses (Is 43:10-11). Tudo criou sem ajuda nem presença de ninguém (Is 44:24; 45,12). É o primeiro e o último (Is 44:6), clemente e misericordioso (Sl 111:4), o que cuida dos oprimidos (Sl 113:7), o que cura todas as dores e perdoa todas as iniqüidades (Sl 103:3).

Foi ele quem entregou a Torá a Moisés no Sinai (Êx 19:20) e que estabeleceu uma Aliança Eterna com Israel como povo seu. Ele que falou através dos profetas, ele que não pode ser representado por nenhum tipo de imagem, desenho ou pintura (Ex 20:4ss.) etc.

Deste Deus se esperava que enviaria seu messias e que no final dos tempos ressuscitaria os justos e injustos, proporcionando recompensa eterna aos primeiros e castigo vergonhoso e consciente aos segundos (Dn 12:2).

Nos evangelhos encontramos uma aceitação de todas essas afirmações. Deus é único (Mc 12:29ss.), é o Deus dos patriarcas (Mt 22:32), é o único que pode receber culto e serviço (Mt 6:24; Lc 4:8). Para ele tudo é possível (Mt 19:26; Lc 1:37). Ainda que faça brilhar o sol sobre justos e injustos (Mt 5:45), só é Pai daqueles que recebem Jesus (Jo 1:12). Essa relação de paternidade entre Deus e os seguidores de Jesus explica por que ele é tratado como Pai (Mt 11:25ss.; Mc 14:36; Lc 23:34.46; Jo 11:41; 17, 1.5.11). A ele se deve dirigir no oculto do coração e sem usar contínuas repetições como os pagãos (Mt 6:4.
18) e nele se deve confiar sem sombra de dúvida (Mt 6:26-32; 10,29-31; Lc 15). E podemos então chegar a conhecê-lo porque se nos revelou em Jesus (Jo 1:18).

Esse monoteísmo com o qual Deus é contemplado no Novo Testamento encontra-se, não obstante, selecionado através da fé na Trindade, que afirma uma pluralidade de pessoas no âmago da única divindade. Existem precedentes da crença na divindade do messias no judaísmo, assim como da atuação de Deus em várias pessoas. De fato, o judeu-cristianismo posterior — tal como registra o Talmude — apenas se referiu a elas para defender sua essência judaica. Assim, no Antigo Testamento, atribui-se ao Messias o título divino de El-Guibor (Is 9:5-6); Deus se expressa em termos plurais (Gn 1:26-27; Is 6:8); o malak YHVH ou o anjo de YHVH não é senão o próprio YHVH (Jz 13:20-22) etc, expressões que foram interpretadas como sinais da revelação da Trindade.

Nos evangelhos encontramos de fato afirmações nesse sentido que não podem ser consideradas equívocas. Por exemplo: Jesus é denominado Deus (Jo 1:1; 20-28 etc.); afirma-se que o Filho de Deus é igual a Deus (Jo 5:18); ressalta-se que era adorado pelos primeiros cristãos (Mt 28:19-20 etc.), recebe a designação de “Verbo”, termo procedente dos targuns aramaicos para referir-se ao próprio YHVH (Jo 1:1) etc.

Tem-se discutido se todos esses enfoques procedem realmente do próprio Jesus ou se, ao contrário, devem ser atribuídos à comunidade primitiva. Também se questiona o seu caráter judaico.

Atualmente, sabemos que esses pontos de vista não se originaram do helenismo, mas do judaísmo contemporâneo de Jesus (m. Hengel, A. Segal, C. Vidal Manzanares etc.). A característica que difere o cristianismo das outras doutrinas é afirmar essa hipóstase do Deus único, encarnado em Jesus. A este também retrocede todas as interpretações sobre sua pessoa. Para essa interpretação, defendem-se passagens de indiscutível autenticidade histórica, como a de Lc 10:21-22, assim como as de auto-identificação que Jesus atribui a si, como a Jokmah hipostática dos Provérbios (Lc 7:35; 11,49-51) e como o “Kyrios” (Senhor) do Antigo Testamento (Lc 12:35-38; 12,43ss.). Essas passagens de fato fazem parte da fonte Q, o que indica sua antigüidade.

m. Hengel, El Hijo de Dios, Salamanca 1978; A. Segal, Paul, The Convert, New Haven e Londres 1990; m. Gilbert - J. N. Aletti, La Sabiduría y Jesucristo, Estella; C. Vidal Manzanares, El primer Evangelio...; Idem, El judeo-cristianismo palestino...


Era

substantivo feminino Época fixa a partir da qual se começam a contar os anos.
Figurado Época notável em que se estabelece uma nova ordem de coisas: a era romântica; a era espacial.
Período histórico que se sobressai por suas características próprias, por situações e acontecimentos importantes.
Qualquer intervalo ou período de tempo; século, ano, época.
expressão Era Cristã. Tempo que se inicia a partir do nascimento de Jesus Cristo.
Era Geológica. Cada uma das cinco grandes divisões da história da Terra.
Etimologia (origem da palavra era). Do latim aera.

outro

Era Período longo de tempo que começa com uma nova ordem de coisas (Lc 20:35, RA).

Erã

Um dos netos de Efraim e filho de Sutela. Tornou-se líder do clã dos eranitas.


Justo

justo adj. 1. Conforme à justiça, à razão e ao direito. 2. Reto, imparcial, íntegro. 3. Exato, preciso. 4. dir. Legítimo. 5. Que tem fundamento; fundado. 6. Merecido: Pena justa. 7. Que ajusta bem, que se adapta perfeitamente. 8. Ajustado. 9. Estreito, apertado, cingido. S. .M 1. Homem virtuoso, que observa exatamente as leis da moral ou da religião. 2. O que é conforme à justiça. 3. Gír. Chefe de polícia. Adv. Exatamente, justamente.

Justo
1) Certo; legítimo (peso: Lv 19:16; causa: Sl 17:1).


2) A pessoa que, numa causa judicial, tem razão (Dt 25:1).


3) No sentido religioso judeu, aquele que pratica a Lei e as cerimônias judaicas (Mc 2:17).


4) A pessoa que está corretamente relacionada com Deus pela fé (Rm 1:17) e, por isso, procura nos seus pensamentos, motivos e ações obedecer àquilo que Deus, em sua Palavra, estabelece como modelo de vida (Rm 4:3;
v. JUSTIÇA 2, e 3).


5) A pessoa que está de acordo com a justiça de Deus (Sl 145:17;
v. JUSTIÇA 1).


Ser perfeitamente justo é atributo da Natureza Divina; sê-lo no mais alto grau das suas possibilidades é glória do homem.
Referencia: FINDLAY, J• Arthur• No limiar do etéreo, ou, Sobrevivência à morte cientificamente explicada• Traduzido do inglês por Luiz O• Guillon Ribeiro• Prefácio de Sir William Barret• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1981• - cap• 15

O justo é aquele que se esforça por trilhar os caminhos do Senhor e por não sair deles; é o que pratica, em toda a extensão, as virtudes impostas aos homens como condição para chegarem a Deus; é o que pratica a verdadeira caridade; o que se oculta, vela seus atos e palavras, se faz humilde ante os homens e procura mesmo fazer-se humilde no segredo do coração [...]. O justo é aquele que faz o bem sem egoísmo, sem idéia preconcebida, sem esperar o reconhecimento dos beneficiados ou o louvor dos indiferentes e, ainda mais, sem contar com a recompensa que possa obter do Mestre. O justo é aquele que tem fé, forte e tenaz, que não pode ser abalada, que a tudo resiste, fé bondosa para com todos, que não se impõe pela força, que se insinua pouco a pouco pelo exemplo e pela prática das boas obras [...].
Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 2

[...] o justo, [...] onde estiver, é sempre um cooperador de Deus.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Fonte viva• Pelo Espírito Emmanuel• 33a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 150


1. Sobrenome de José Barsabás. Foi indicado, juntamente com Matias, para substituir Judas 1scariotes no colégio apostólico (At 1:23). Foi discípulo de Jesus durante todo o seu ministério público, desde o tempo de João Batista. Também testemunhou a ressurreição e a ascensão; portanto, possuía as qualificações necessárias para ser um apóstolo (vv. 21,22). Depois de orarem em busca da direção divina, Matias foi o escolhido, por meio de sorteio (vv. 24-26).


2. Tito Justo, morador de Corinto, mencionado em Atos 18:7 como “homem temente a Deus”, em cuja casa Paulo se hospedou depois de ser proibido de pregar na sinagoga, que ficava exatamente ao lado de sua casa. O abrigo que ele concedeu ao apóstolo provocou consideravelmente os judeus. Como de costume, a abordagem de Paulo visava primeiramente aos israelitas e, em seguida, aos gentios, quando os judeus não queriam mais ouvir. Tito Justo provavelmente era um cidadão romano e começou a adorar a Deus sob a influência do ensino judaico. Sua hospitalidade proporcionou a Paulo um local relativamente seguro, de onde pôde prosseguir com seu ministério na cidade.


3. Jesus Justo uniu-se a Paulo na saudação aos colossenses (Cl 4:11). Foi um dos amigos pessoais do apóstolo durante sua primeira prisão em Roma. Paulo chama a atenção para o fato de que ele era um judeu convertido, o que lhe proporcionava um conforto especial em meio à tribulação. P.D.G.

______________

1 Nas versões da Bíblia em português esta expressão, “filhos de Jásen”, foi traduzida como nome próprio, “Bene-Jásen” (Nota do Tradutor)

2 Idem

L


Reto. 1. o sobrenome de José, também chamado Barsabás, que foi nomeado para suceder como apóstolo a Judas iscariotes (At 1:23). 2. Um crente de Corinto, hospedeiro de Paulo (At 18:7). 3. Um cristão romano, judeu, que estava com Paulo, quando este escreveu a sua epístola à igreja de Colossos, e a quem o Apóstolo chamou cooperador (C14.11). o seu primeiro nome era Jesus.

Noé

adjetivo Pop Bêbedo.
Etimologia (origem da palavra noé). De Noé, nome próprio.

Repouso. Não se conhece nada sobreseus primeiros anos. Aparece pela primeira vez nas Escrituras com quinhentos anos de idade. Seu bisavô, Enoque, foi homem sobremaneira piedoso, e que pela graça divina escapou da morte. Foi trasladado, Gn 5:22-24At 11:5. Seu avô, Matusalém, foi o homem que mais viveu, segundo Gn 5:25-27. o nome de seu pai era Lameque, aparentemente homem religioso, que deu a seu filho um nome que significa ‘Descanso’, Gn 5:29. 1. Filho de Lameque, e neto de Matusalém (Gn 5:26-29). Pela sua retidão de caráter (Gn 6:8-9Ez 14:14-20), achou graça aos olhos de Deus. Quando as maldades dos homens trouxeram a calamidade do dilúvio (6.5 a 7), foi Noé avisado e dirigido na construção de uma arca para sua salvação e de sua família (Gn 6:14-22). Noé, juntamente com a sua mulher, seus filhos, e suas noras, entrou na arca, que flutuou sobre as águas pelo espaço de 150 dias antes de pousar no monte Ararate (Gn 7:8). Quando saíram da arca, edificou Noé um altar, oferecendo sacrifício a Deus. Foi abençoado pelo Senhor, sendo-lhe então feita a promessa de que nunca mais seria a terra coberta por algum dilúvio (Gn 8:21-9.17). Depois disso ‘Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho, embriagou-se’ (Gn 9:20-21). Cão, nesta ocasião, procedeu para com seu pai de um modo diferente de Sem e Jafé. o resultado do mau procedimento de Cão foi ser este amaldiçoado, ao passo que os seus irmãos foram abençoados. A profecia de Noé foi amplamente cumprida na história dos seus descendentes. Noé viveu, depois do dilúvio, ainda trezentos e cinqüenta anos… (Gn 9:28-29). Ao testemunho de Noé refere-se Jesus (Mt 24:37-38Lc 17:26-27), S. Pedro (1 Pe 3.20 – 2 Pe 2.5), e a epístola aos Hebreus (11.7).

Noé [Descanso] - Filho de Lameque da descendência de Sete (Gn 5:28-32). Noé era um homem JUSTO 4. Quando Deus decidiu destruir o mundo através de um DILÚVIO, ele escolheu Noé e sua família para escaparem da destruição. Durante o dilúvio, Noé e sua esposa, seus três filhos e suas esposas e muitos animais permaneceram dentro de uma ARCA que havia sido construída por Noé. Depois que as águas secaram, Noé e sua família saíram da arca e receberam de Deus a ordem e a bênção para povoarem de novo a terra. Noé viveu 950 anos (Gen 6—9).

Noé No Antigo Testamento (Gn 5:29-9:28), homem justo e vigilante que não foi atingido pelo juízo divino desencadeado no dilúvio. Seus dias são comparados aos que precederão a Parusia (Mt 24:37-39; Lc 17:26ss.), já que em ambos os casos somente uns poucos se encontram preparados e uns poucos se salvam.

Reto

adjetivo Que não tem curvatura; direito.
Que vai sempre na mesma direção; direto.
Figurado Que se comporta com justiça, integridade, honestidade; justo; íntegro, verdadeiro, honesto, probo: parlamentar reto.
Gramática Que tem a função de sujeito, predicativo do sujeito ou vocativo, falando especialmente dos pronomes pessoais (eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas).
[Geometria] Que se forma pela junção de retas perpendiculares, falando do ângulo de 90º.
advérbio Que segue em linha reta, sem desvios: vá reto até ao final da rua.
substantivo masculino [Anatomia] Última parte do intestino grosso.
Página localizada à direita, no momento em que o livro está aberto; anverso, frente.
expressão Ângulo reto. Ângulo de lados perpendiculares entre si.
Etimologia (origem da palavra reto). Do latim rectus, a, um “direto”.

Do latim rectus, que significa literalmente “reto” ou “direito”.

hebraico: livro dos justos

Reto
1) Que possui RETIDÃO 1, (1:1; At 10:22, RA).


2) Certo; correto (Ex 15:26; At 8:21).


São

adjetivo Que se encontra em perfeito estado de saúde; sadio: homem são.
Que não está estragado: esta fruta ainda está sã.
Que contribui para a saúde; salubre: ar são.
Figurado Concorde com a razão; sensato, justo: política sã.
Por Extensão Que não está bêbado nem embriagado; sóbrio: folião são.
Sem lesão nem ferimento; ileso, incólume: são e salvo.
Que age com retidão; justo: julgamento são; ideias sãs.
Em que há sinceridade, franqueza; franco: palavras sãs.
substantivo masculino Parte sadia, saudável, em perfeito estado de algo ou de alguém.
Aquele que está bem de saúde; saudável.
Característica da pessoa sã (sensata, justa, sincera, franca).
Condição do que está completo, perfeito.
expressão São e salvo. Que não corre perigo: chegou em casa são e salvo!
Etimologia (origem da palavra são). Do latim sanus.a.um.
substantivo masculino Forma abreviada usada para se referir a santo: São Benedito!
Etimologia (origem da palavra são). Forma sincopada de santo.

adjetivo Que se encontra em perfeito estado de saúde; sadio: homem são.
Que não está estragado: esta fruta ainda está sã.
Que contribui para a saúde; salubre: ar são.
Figurado Concorde com a razão; sensato, justo: política sã.
Por Extensão Que não está bêbado nem embriagado; sóbrio: folião são.
Sem lesão nem ferimento; ileso, incólume: são e salvo.
Que age com retidão; justo: julgamento são; ideias sãs.
Em que há sinceridade, franqueza; franco: palavras sãs.
substantivo masculino Parte sadia, saudável, em perfeito estado de algo ou de alguém.
Aquele que está bem de saúde; saudável.
Característica da pessoa sã (sensata, justa, sincera, franca).
Condição do que está completo, perfeito.
expressão São e salvo. Que não corre perigo: chegou em casa são e salvo!
Etimologia (origem da palavra são). Do latim sanus.a.um.
substantivo masculino Forma abreviada usada para se referir a santo: São Benedito!
Etimologia (origem da palavra são). Forma sincopada de santo.

são adj. 1. Que goza de perfeita saúde, sadio. 2. Completamente curado. 3. Salubre, saudável, sadio. 4. Que não está podre ou estragado. 5. Reto, justo. 6. Impoluto, puro; sem defeitos. 7. Ileso, incólume, salvo. 8. Justo, razoável. 9. Inteiro, intacto, sem quebra ou defeito (objeto). Sup. abs. sint.: saníssimo. Fe.M: sã. S. .M 1. Indivíduo que tem saúde. 2. A parte sã de um organismo.

Varão

substantivo masculino Homem, sujeito adulto; pessoa do sexo masculino.
Por Extensão Aquele que é corajoso, esforçado; quem age sem medo; viril.
Por Extensão Quem é merecedor de respeito, de admiração; ilustre.
adjetivo Pertencente ao sexo masculino: filho varão.
Etimologia (origem da palavra varão). Do latim varro.onis.
substantivo masculino Vara grande feita em metal ou ferro: varão de cortina.
Armação de metal usada para proteger algo; grade: varão para portão.
Etimologia (origem da palavra varão). Vara + ão.

Varão Indivíduo do sexo masculino (Gn 2:23; Jo 1:30).

Strongs

Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
Gênesis 6: 9 - Texto em Hebraico - (HSB) Hebrew Study Bible

Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus.
Gênesis 6: 9 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

Antes de 2500 a.C.
H1755
dôwr
דֹּור
período, geração, habitação, moradia
(in his time)
Substantivo
H1961
hâyâh
הָיָה
era
(was)
Verbo
H1980
hâlak
הָלַךְ
ir, andar, vir
(goes)
Verbo
H428
ʼêl-leh
אֵלֶּה
Estes [São]
(These [are])
Pronome
H430
ʼĕlôhîym
אֱלֹהִים
Deus
(God)
Substantivo
H5146
Nôach
נֹחַ
filho de Lameque, pai de Sem, Cam e Jafé; construtor da arca que salvou a sua família da
(Noah)
Substantivo
H582
ʼĕnôwsh
אֱנֹושׁ
homem, homem mortal, pessoa, humanidade
(to the man)
Substantivo
H6662
tsaddîyq
צַדִּיק
justo, lícito, correto
(righteous)
Adjetivo
H8435
tôwlᵉdâh
תֹּולְדָה
descendentes, conseqüências, condutas, gerações, genealogias
(the generations)
Substantivo
H854
ʼêth
אֵת
de / a partir de / de / para
(from)
Prepostos
H8549
tâmîym
תָּמִים
completo, total, inteiro, são
(blameless)
Adjetivo


דֹּור


(H1755)
dôwr (dore)

01755 דור dowr ou (forma contrata) דר dor

procedente de 1752; DITAT - 418b; n m

  1. período, geração, habitação, moradia
    1. período, idade, geração (período de tempo)
    2. geração (aqueles que vivem em um determinado período)
    3. geração (caracterizada por qualidade, condição, classe de homens)
    4. moradia, habitação

הָיָה


(H1961)
hâyâh (haw-yaw)

01961 היה hayah

uma raiz primitiva [veja 1933]; DITAT - 491; v

  1. ser, tornar-se, vir a ser, existir, acontecer
    1. (Qal)
      1. ——
        1. acontecer, sair, ocorrer, tomar lugar, acontecer, vir a ser
        2. vir a acontecer, acontecer
      2. vir a existir, tornar-se
        1. erguer-se, aparecer, vir
        2. tornar-se
          1. tornar-se
          2. tornar-se como
          3. ser instituído, ser estabelecido
      3. ser, estar
        1. existir, estar em existência
        2. ficar, permanecer, continuar (com referência a lugar ou tempo)
        3. estar, ficar, estar em, estar situado (com referência a localidade)
        4. acompanhar, estar com
    2. (Nifal)
      1. ocorrer, vir a acontecer, ser feito, ser trazido
      2. estar pronto, estar concluído, ter ido

הָלַךְ


(H1980)
hâlak (haw-lak')

01980 הלך halak

ligado a 3212, uma raiz primitiva; DITAT - 498; v

  1. ir, andar, vir
    1. (Qal)
      1. ir, andar, vir, partir, proceder, mover, ir embora
      2. morrer, viver, modo de vida (fig.)
    2. (Piel)
      1. andar
      2. andar (fig.)
    3. (Hitpael)
      1. percorrer
      2. andar ao redor
    4. (Nifal) liderar, trazer, levar embora, carregar, fazer andar

אֵלֶּה


(H428)
ʼêl-leh (ale'-leh)

0428 אל לה ’el-leh

forma alongada de 411; DITAT - 92; pron p demonstr

  1. estes, estas
    1. usado antes do antecedente
    2. usado após o antecedente

אֱלֹהִים


(H430)
ʼĕlôhîym (el-o-heem')

0430 אלהים ’elohiym

plural de 433; DITAT - 93c; n m p

  1. (plural)
    1. governantes, juízes
    2. seres divinos
    3. anjos
    4. deuses
  2. (plural intensivo - sentido singular)
    1. deus, deusa
    2. divino
    3. obras ou possessões especiais de Deus
    4. o (verdadeiro) Deus
    5. Deus

נֹחַ


(H5146)
Nôach (no'-akh)

05146 נח Noach

o mesmo que 5118, grego 3575 Νωε; DITAT - 1323b; n pr m Noé = “repouso”

  1. filho de Lameque, pai de Sem, Cam e Jafé; construtor da arca que salvou a sua família da destruição do mundo enviada por Deus através do dilúvio; tornou-se o pai da da humanidade porque a sua família foi a única que sobreviveu ao dilúvio

אֱנֹושׁ


(H582)
ʼĕnôwsh (en-oshe')

0582 אנוש ’enowsh

procedente de 605; DITAT - 136a; n m

  1. homem, homem mortal, pessoa, humanidade
    1. referindo-se a um indivíduo
    2. homens (coletivo)
    3. homem, humanidade

צַדִּיק


(H6662)
tsaddîyq (tsad-deek')

06662 צדיק tsaddiyq

procedente de 6663; DITAT - 1879c; adj.

  1. justo, lícito, correto
    1. justo, correto (no governo)
    2. justo, reto (na causa de alguém)
    3. justo, correto (na conduta e no caráter)
    4. justo (no sentido de alguém justificado e vindicado por Deus)
    5. certo, correto, lícito, legítimo

תֹּולְדָה


(H8435)
tôwlᵉdâh (to-led-aw')

08435 ולדהת towl edaĥ ou תלדה tol edaĥ

procedente de 3205; DITAT - 867g; n. f. pl.

  1. descendentes, conseqüências, condutas, gerações, genealogias
    1. narrativa acerca de homens e de seus descendentes
      1. lista genealógica dos descendentes de alguém
      2. contemporâneos de alguém
      3. curso da história (referindo-se à crição, etc.)
    2. geração ou relato dos céus (metaf.)

אֵת


(H854)
ʼêth (ayth)

0854 את ’eth

provavelmente procedente de 579; DITAT - 187; prep

  1. com, próximo a, junto com
    1. com, junto com
    2. com (referindo-se a relacionamento)
    3. próximo (referindo-se a lugar)
    4. com (poss.)
    5. de...com, de (com outra prep)

תָּמִים


(H8549)
tâmîym (taw-meem')

08549 תמים tamiym

procedente de 8552; DITAT - 2522d; adj.

  1. completo, total, inteiro, são
    1. completo, total, inteiro
    2. total, são, saudável
    3. completo, integral (referindo-se ao tempo)
    4. são, saudável, sem defeito, inocente, íntegro
    5. que está completa ou inteiramente de acordo com a verdade e os fatos (adj./subst.

      neutro)