Enciclopédia de Lucas 17:21-21

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

lc 17: 21

Versão Versículo
ARA Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós.
ARC Nem dirão: Ei-lo aqui, ou, Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.
TB nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo acolá! Porque o reino de Deus está no meio de vós.
BGB οὐδὲ ἐροῦσιν· Ἰδοὺ ὧδε ἤ· ⸀Ἐκεῖ· ἰδοὺ γὰρ ἡ βασιλεία τοῦ θεοῦ ἐντὸς ὑμῶν ἐστιν.
HD nem dirão: Vede aqui ou vede ali, pois o Reino de Deus está dentro de vós.
BKJ nem eles dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o reino de Deus está dentro de vós.
LTT Nem dirão: 'Ei-lo aqui', ou: 'Ei-lo ali'; porque eis que o reinar de Deus está no meio de vós 669."
BJ2 Não se poderá dizer: "Ei-lo aqui! Ei-lo ali!", pois eis que o Reino de Deus está no meio de vós".[l]
VULG neque dicent : Ecce hic, aut ecce illic. Ecce enim regnum Dei intra vos est.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Lucas 17:21

Mateus 12:28 Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o Reino de Deus.
Mateus 24:23 Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui ou ali, não lhe deis crédito,
Marcos 13:21 E, então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo, ou: Ei-lo ali, não acrediteis.
Lucas 10:9 E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o Reino de Deus.
Lucas 17:23 E dir-vos-ão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Não vades, nem os sigais,
Lucas 21:8 Disse, então, ele: Vede que não vos enganem, porque virão muitos em meu nome, dizendo: Sou eu, e o tempo está próximo; não vades, portanto, após eles.
João 1:26 João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água, mas, no meio de vós, está um a quem vós não conheceis.
Romanos 14:17 porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
Colossenses 1:27 aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória;

Notas de rodapé da LTT

As notas de rodapé presentes na Bíblia versão LTT, Bíblia Literal do Texto Tradicional, são explicações adicionais fornecidas pelos tradutores para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas são baseadas em referências bíblicas, históricas e linguísticas, bem como em outros estudos teológicos e literários, a fim de fornecer um contexto mais preciso e uma interpretação mais fiel ao texto original. As notas de rodapé são uma ferramenta útil para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira compreender melhor o significado e a mensagem das Escrituras Sagradas.
 669

Lc 17:21 "O REINAR DE DEUS ESTÁ NO MEIO DE VÓS ": o reinar de Deus é aqui sinônimo do reinar dos céus, que consiste no reinar de o Cristo corporal e visivelmente, sem nenhuma resistência, sobre toda a terra. João (o submersor) tinha sido o arauto que corre pouco à frente do Rei preparando-Lhe o caminho e avisando a todos que a nova dispensação, a do Messias vindo para reinar, estava chegando, e todos deviam se aprontar para recebê-lO com toda honra. Os judeus (o "vós") não deviam continuar esperando o Messias vindo com grande pompa e esplendor, porque Ele já estava operando no meio da nação de Israel.


Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Principais acontecimentos da vida terrestre de Jesus

Ministério de Jesus ao leste do Jordão

DATA

LUGAR

ACONTECIMENTO

MATEUS

MARCOS

LUCAS

JOÃO

32 d.C., após a Festividade da Dedicação

Betânia do outro lado do Jordão

Vai ao local onde João batizava; muitos exercem fé em Jesus

     

Jo 10:40-42

Pereia

Ensina em cidades e aldeias, no caminho para Jerusalém

   

Lc 13:22

 

Aconselha a entrar pela porta estreita; lamenta por Jerusalém

   

Lc 13:23-35

 

Provavelmente Pereia

Ensina humildade; ilustrações: lugar mais destacado e convidados que deram desculpas

   

Lc 14:1-24

 

Calcular o custo de ser discípulo

   

Lc 14:25-35

 

Ilustrações: ovelha perdida, moeda perdida, filho pródigo

   

Lc 15:1-32

 

Ilustrações: administrador injusto; rico e Lázaro

   

Lc 16:1-31

 

Ensina sobre não ser causa para tropeço; perdão e fé

   

Lc 17:1-10

 

Betânia

Lázaro morre e é ressuscitado

     

Jo 11:1-46

Jerusalém; Efraim

Conspiração contra Jesus; ele se retira

     

Jo 11:47-54

Samaria; Galileia

Cura dez leprosos; explica como o Reino de Deus virá

   

Lc 17:11-37

 

Samaria ou Galileia

Ilustrações: viúva persistente, fariseu e cobrador de impostos

   

Lc 18:1-14

 

Pereia

Ensina sobre casamento e divórcio

Mt 19:1-12

Mc 10:1-12

   

Abençoa crianças

Mt 19:13-15

Mc 10:13-16

Lc 18:15-17

 

Pergunta do jovem rico; ilustração dos trabalhadores no vinhedo e mesmo salário

Mt 19:16–20:16

Mc 10:17-31

Lc 18:18-30

 

Provavelmente Pereia

Profetiza sua morte pela terceira vez

Mt 20:17-19

Mc 10:32-34

Lc 18:31-34

 

Pedido de posição no Reino para Tiago e João

Mt 20:20-28

Mc 10:35-45

   

Jericó

No caminho, cura dois cegos; visita Zaqueu; ilustração das dez minas

Mt 20:29-34

Mc 10:46-52

Lc 18:35Lc 19:28

 

Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita


Espíritos Diversos

lc 17:21
Alma e Coração

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 12
Francisco Cândido Xavier
Espíritos Diversos

Certamente, Jesus esteve, está e estará sempre conosco, no levantamento do Reino de Deus, (Mt 28:20) e, por isso mesmo, urge reconhecer que, para isso, ele não nos reclama demonstrações de heroísmo ou espetáculos de grandeza.

Tudo em semelhante edificação é compreensível e simples, mas, por esta razão, o Mestre espera que as nossas tarefas compreensíveis e simples sejam cumpridas por nós, em regime de esforço máximo, a fim de que venhamos a colaborar na fundação da estrutura eterna.

Para que atinjamos, no mundo, o Reino de Deus, não nos pede o Senhor peregrinações de sacrifício a regiões particulares; espera, no entretanto, que demonstremos coragem suficiente para ver, dia por dia, no exato cumprimento de nossos deveres, na viagem difícil da reencarnação.

Não exige que nos diplomemos nos preceitos gramaticais do idioma em que desfrutamos agora o privilégio do entendimento mútuo; espera, porém, que saibamos dizer sempre a palavra equilibrada e reconfortante, em auxílio de nossos companheiros da idade.

Não nos obriga à renúncia dos bens terrenos; espera, todavia, que nos dediquemos a administrá-los sensatamente, empregando as sobras possíveis no socorro aos irmãos em penúria.

Não nos impele a ginásticas especiais para o desenvolvimento prematuro de forças físicas ou psíquicas; espera, entretanto, que nos esforcemos por barrar os pensamentos infelizes, dominando as nossas tendências inferiores.

Não nos solicita a perfeição moral de um dia para outro; espera, contudo, que nos disponhamos a cooperar com ele, suportando injúrias e esquecendo-as, em favor do bem comum.

Não nos determina sistemas sacrificiais de alimentação ou processos de vida incompatíveis com as nossas necessidades justas e naturais; espera, porém, que tenhamos respeito ao corpo que a Lei da Reencarnação nos haja emprestado, guardando fidelidade invariável aos compromissos que assumimos, uns à frente dos outros.

Não nos aconselha o afastamento da vida social, sob o pretexto de preservarmos qualidades para a glória celeste; espera, no entanto, que exerçamos bondade e paciência, perdão e amor, no trato recíproco, a fim de que, a pouco e pouco, nos certifiquemos de que todos somos irmãos perante o mesmo Pai.


Jesus não nos pede o impossível; solicita-nos apenas colaboração e trabalho na medida de nossas possibilidades humanas, cabendo-nos, porém, observar que, se todos aguardamos ansiosamente o Mundo Feliz de Amanhã, é preciso lembrar que, assim como um edifício se levanta da base, o Reino de Deus começa de nós. (Lc 17:21)




Emmanuel

lc 17:21
Vinha de Luz

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 177
Página: 369
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

“O Reino de Deus está no meio de vós.” — JESUS (Lc 17:21)


Nem na alegria excessiva que ensurdece.

Nem na tristeza demasiada que deprime.

Nem na ternura incondicional que prejudica.

Nem na severidade indiscriminada que destrui.

Nem na cegueira afetiva que jamais corrige.

Nem no rigor que resseca.

Nem no absurdo afirmativo que é dogma.

Nem no absurdo negativo que é vaidade.

Nem nas obras sem fé que se reduzem a pedra e pó.

Nem na fé sem obras que é estagnação da alma.

Nem no movimento sem ideal de elevação que é cansaço vazio.

Nem no ideal de elevação sem movimento que é ociosidade brilhante.

Nem cabeça excessivamente voltada para o firmamento com inteira despreocupação do valioso trabalho na Terra.

Nem pés definitivamente chumbados ao chão do Planeta com integral esquecimento dos apelos do Céu.

Nem exigência a todo instante.

Nem desculpa sem fim.


O Reino Divino não será concretizado na Terra através de atitudes extremistas.

O próprio Mestre asseverou-nos que a sublime realização está no meio de nós.

A edificação do Reino Divino é obra de aprimoramento, de ordem, esforço e aplicação aos desígnios do Mestre, com bases no trabalho metódico e na harmonia necessária.

Não te prendas excessivamente às dificuldades do dia de ontem, nem te inquietes demasiado pelos prováveis obstáculos de amanhã. Vive e age bem no dia de hoje, equilibra-te e vencerás.



lc 17:21
alvorada do reino

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 0
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Vivaldo da Cunha Borges.

Querido companheiro, os Editores externam o seu agradecimento por todos os anos de profícuo trabalho na coordenação das mensagens psicografadas pelo querido médium Francisco Cândido Xavier, planificadas com amor e carinho, mostradas a muitas almas a Alvorada do Reino.


OS EDITORES


lc 17:21
Doutrina de Luz

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 6
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

A Codificação Kardequiana orienta o homem para o “construir-se”, de dentro para fora. Com semelhante afirmativa numerosas legendas repontam do plano individual, ampliando os distritos do mundo interior para a reestruturação da personalidade, ante o continuísmo da vida.

Edificação íntima, em cujo levantamento a criatura pode concluir de maneira instintiva: Deus é nosso Pai, mas a certeza disso não me exonera da responsabilidade de burilar-me, trabalhar e viver;

   moro presentemente na Terra, com a obrigação de compartilhar-lhe o progresso; entretanto, na essência, sou um espírito eterno, evoluindo na direção da Imortalidade;

   atravesso atualmente caminhos determinados pela lei da causa e efeito; contudo, já sei que desfruto o privilégio de renovar o próprio destino pelo uso sensato da liberdade de escolha;

   travo duras batalhas no campo externo, mas compreendo que a maior de todas elas é a que sustento, dia por dia, no campo íntimo, procurando a vitória sobre mim mesmo;

   possuo a família do coração; todavia, em todos os seres da estrada, encontro irmãos verdadeiros, componentes da família maior a que todos pertencemos — a Humanidade;

   sofro desafios e obstáculos, nas vias planetárias, porém guardo a certeza de que a alegria imperecível é a meta que me cabe atingir;

   desilusões de provas me assaltam comumente a senda diária; no entanto, reconheço que preciso aceitá-las por lições valiosas, necessárias, aliás, à minha própria formação espiritual, na academia da experiência;

   o mundo por vezes passa por transições inesperadas e rudes, todavia, tenho a paz imutável, no âmago do ser;

   o tempo é a minha herança incorruptível;

   a morte ser-me-á simplesmente estreito corredor para o outro lado da vida.


Revela-nos Jesus que o Reino de Deus está dentro de nós, (Lc 17:21) e Allan Kardec complementa-lhe a obra ensinando-nos a desentranhá-lo, através de ação e discernimento, serviço e amor, a fim de que o homem sublimado consiga sublimar a Terra para que a Terra, por fora e por dentro, se incorpore, em espírito e verdade, ao Reino dos Céus.



lc 17:21
Encontros no Tempo

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 14
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Preâmbulo


De seu próprio punho, Chico Xavier nunca escreveu nenhum livro. E no entanto já tem, publicados, quase cinco milhões de exemplares lidos avidamente por seu público. São obras “psicografadas”, como se usa dizer no Espiritismo, o que significa que todas foram escritas através dele por seus guias. Chico Xavier é um fenômeno, antes de mais nada, editorial. E que ganha uma dimensão ainda maior num país onde cresce, cada vez mais, o espiritualismo. Filas imensas se formam em Uberaba, onde mora, à espera da palavra de Chico Xavier, considerado o maior “médium” do Brasil.

Nestas páginas mostramos quem é e o que é esse fenômeno.



Um homem feio, pobre, caipira, doente, velho. Um homem que mora longe, numa rua sem asfalto que enche de poeira sua casa humilde e desarrumada. O que terá este homem para atrair as centenas de pessoas, que, semanalmente, chegam a Uberaba à sua procura, vindas de todos os Estados do Brasil, algumas até do exterior; pessoas de todas as classes sociais, trazidas por veículos que, conforme as suas posses, vão desde o caminhão tipo romaria até o avião?

Uma mediunidade extraordinária que inclui dons como a psicografia (o principal), a vidência, a audição (de Espíritos, claro) e o de fazer viagens no corpo astral que já lhe conferiram o poder da ubiquidade. Dons que acabaram por transformá-lo no papa do Espiritismo no Brasil.



Por isto, não é nada fácil chegar perto de Francisco Cândido Xavier, ou melhor, do Chico Xavier — que é assim que o povo prefere chamá-lo.

Que o diga o Vicente Leporace, que, além de ser um conhecidíssimo homem do rádio paulista via “O Trabuco”, seu programa diário transmitido pela Rádio Bandeirantes, é também um dos diretores do Lar Mãe Mariana, respeitável Centro da capital, um espírita enfim, dos mais convictos.

Acontece que o Leporace incorreu no erro de bater à porta da casa de Chico Xavier em dia não destinado ao atendimento público. E teve pela frente um dos mais temíveis ajudantes de ordem do médium, o zelosíssimo Eurípedes. Rechaçado, Leporace teve que fazer o caminho de volta até São Paulo remoendo a sua raiva. E no dia seguinte, abriu a boca no mundo em frente ao microfone: que o Chico Xavier era um grande médium, uma grande pessoa, mas pessimamente assessorado. Que, sendo seu amigo, é claro que Chico não teria recusado a recebê-lo, se ele tivesse tido a oportunidade de falar pessoalmente com ele. Mas que um “dentistinha”, um tal de Eurípedes, não lhe tinha dado chance, etc., etc., etc.

“Faz-te mel que as pessoas te devoram” — disse o escritor Bernardo Elis, numa página que integra o livro de depoimentos sobre Chico, que comemora os seus 50 anos de mediunidade. E é justamente por conhecer o coração de Chico, que além de boníssimo é um coração doente, que seus amigos mais chegados (o termo ajudante-de-ordens foi usado mais acima, como simples força de expressão) que seus amigos mais chegados vem formando em torno dele, nos últimos tempos, um cerco que só não se tornou ainda inexpugnável devido à dedicação do próprio Chico à causa que foi chamado a abraçar com apenas quatro anos de idade. Não, não, não — estou exagerando um pouco. Com quatro anos fizeram-se notar os primeiros sinais que mostraram aos seus pais que alguma coisa “fora de série” ocorria com seu filho Francisco.



“Eu tinha quatro anos de idade quando voltei da cidade de Matozinhos, perto de Pedro Leopoldo, onde nasci, em companhia de meus pais e de meus irmãos. Meus pais haviam assistido às cerimônias religiosas que naquele tempo eram consideradas de praxe para todas as famílias católicas. Havíamos caminhado onze quilômetros. Chegamos em casa, numa noite bastante fria, com chuva. Meus irmãos se dirigiram logo para o descanso do sono. Minha mãe, naturalmente preocupada com problemas de saúde, trocou-me a roupa e, como eu estava fatigado, levou-me à cozinha, onde fora fazer um café para o meu pai. Enquanto esperava o café que se fazia, meu pai começou a falar a respeito de um problema de aborto que havia ocorrido com uma de nossas vizinhas. Uma criança havia nascido fora de tempo e meu pai, que não havia atingido a verdade sobre o assunto, discutia com minha mãe a respeito. Nesse instante, eu ouvi uma voz e então transmiti para meu pai. “O senhor naturalmente não está informado com respeito ao caso. O que houve foi um problema de nidação inadequada do ovo, de modo que a criança adquiriu posição ectópica”. Meu pai arregalou os olhos e disse para minha mãe: “O que é isso, Maria? Esse menino não é o nosso. Trocaram esta criança na igreja, enquanto nós estávamos na confissão” — e me perguntou o que vinha a ser nidação, o que vinha a ser ectópico, o que vinha a ser implantação. E eu não sabia explicar coisa nenhuma porque falei o que uma voz me dissera. Ele me olhou com muita desconfiança, e minha mãe comentou: “Não, João, este menino é o nosso mesmo!” — “Este menino não é o nosso. Até a roupa dele está mudada!” (disse o pai). Então a minha mãe explicou: “Eu mudei a roupa da criança agora, por causa do frio”. Eu tinha quatro anos de idade e me recordo perfeitamente.

(Depoimento de Chico Xavier no programa de Hebe Camargo, em 17/09/1973, na TV Record, inserto no livro “A Terra e o Semeador”.


Depois disto, as vozes e outras manifestações dos Espíritos não o largaram mais. A ponto de criar para o pequeno Chico, situações altamente embaraçosas, como, por exemplo, a que ele cita, em depoimento a Elias Barbosa, no livro “No Mundo de Chico Xavier”:

“Muitas vezes em aula, quando criança, ouvia vozes dos Espíritos ou sentia mãos sobre as minhas mãos que eu senti vivas, guiando meus movimentos de escrita, sem que os outros as vissem. Isso me criava muitos constrangimentos. Lembrarei um episódio curioso. Em 1922 eu contava 12 anos de idade e frequentava o 4º ano escolar do Grupo Escolar São José, em Pedro Leopoldo (…) O governo do Estado de Minas Gerais instituiu prêmios para os alunos de todas as classes de 4º ano das escolas primárias que apresentassem as melhores páginas sobre a história do Brasil (…) Abertos os trabalhos no dia indicado, quando começamos os preparativos para a escrita, vi um homem a meu lado, ditando-me como eu deveria escrever. Assustei-me porque perguntei ao meu companheiro de banco, Alencar de Assis, se ele estava vendo esta pessoa. Ele me disse não ver ninguém, e acrescentou que eu estava com medo da prova e que era preciso sossegar-me. O homem, contudo, me disse o primeiro trecho que eu deveria escrever. Tendo ouvido claramente, pedi licença para levantar-me e fui ao estrado sobre o qual a professora estava sentada. Então disse a ela em voz baixa: “Dona Rosália, perto de mim, na carteira, eu vejo um homem ditando o que devo escrever”. Apesar de ser ainda muito jovem, naquele tempo ela era uma criatura de imensa bondade e profunda compreensão que sempre me ouvia com grande paciência. Depois de escutar-me, perguntou igualmente em voz baixa: “O que é que este homem está mandando você escrever?”. Eu repeti o que ouvira do Espírito explicando: “Ele me disse que eu devo começar a prova contando assim: “O Brasil, descoberto por Pedro Álvares Cabral, pode ser comparado ao mais precioso diamante do mundo que logo passou a ser engastado na Coroa Portuguesa…” Ela mostrou admiração no semblante, mas me falou em voz mais baixa ainda: “Volte, meu filho, para a sua carteira e escreva a sua prova. A sala está repleta de pessoas que nos observam e agora não é o momento de você ver pessoas que ninguém vê. Não acredite que esteja escutando estranhos. Você está ouvindo a você mesmo. Dê atenção ao seu pensamento. Cuide de sua obrigação e não fale mais nisso”. Voltei e escrevi o que o Espírito me ditava, porque, ou escrevia ou eu desobedeceria a ela, a quem respeitava e amava muito (…) Passados alguns dias, o nosso Grupo em Pedro Leopoldo recebeu a notícia de que as autoridades na Capital mineira me haviam distinguido entre os alunos classificados com Menção Honrosa (…) Dona Rosália ficou muito satisfeita, mas, de minha parte, sabia que as páginas não eram minhas. Amigos de Pedro Leopoldo tomaram conhecimento do assunto e houve quem dissesse que eu havia copiado o trabalho de algum livro de História. Dona Rosália acreditava em minha sinceridade, mas a nossa turma no Grupo ficou dividida. Alguns colegas admitiam que eu falava a verdade, outros me consideravam mentiroso. Muito me desgostavam as acusações que passei a sofrer na vida escolar, até que, um dia, em aula, um colega afirmou que se eu vira um homem do outro mundo ditando a prova pela qual fui premiado, era natural que eu visse esse homem outra vez, ali mesmo e naquela hora, ao lado de todos, para escrever. Neste justo instante, tornei a ver o homem que os outros não viam e comuniquei à professora que ele me dizia estar pronto para escrever. Dona Rosália Laranjeira hesitou em aceitar o oferecimento; entretanto, os meus colegas pediram em voz alta para que eu atendesse. A professora então me permitiu ir ao quadro negro, a fim de escrever à vista de todos (…) Uma nossa colega, Oscarlina Leroy, lembrou: “Gostaria que o tema fosse areia, porque tenho carregado muita areia para auxiliar uma pequena construção de meu pai”. Todos os meninos presentes riram-se da lembrança e acharam que areia era uma coisa desprezível. Alguns fizeram piadas, mas o pedido de Oscarlina foi sustentado (…) Lembro-me que o Espírito amigo, ali, ao meu lado, começou ditando: “Meus filhos, ninguém escarneça da Criação. O grão de areia é quase nada, mas parece uma estrela pequenina refletindo o sol de Deus…” A composição foi escrita com muitas ideias que eu seria incapaz de conceber nos meus doze anos de idade. Os meninos ficaram em silêncio por alguns instantes, e quando voltaram a conversar, a nossa professora determinou o encerramento do assunto. Daí em diante, Dona Rosália proibiu qualquer comentário na classe sobre pessoas invisíveis. Nem eu podia dar notícias de coisas estranhas que eu visse e nem os meus colegas deveriam me perguntar coisa fora de nossos estudos.”



Sua efetiva entrada para o Espiritismo, porém, deu-se apenas em 1927, depois que José Hermínio Perácio, amigo da família, que era médium, conseguiu livrar uma das suas irmãs de uma “terrível obsessão”, aliando a essa prova, mensagens (psicografadas) recebidas por sua mulher, Carmem Perácio, onde Maria João de Deus, a mãe de Chico falecida em 1915, “numa grafia igual a que a nossa genitora usava quando na Terra”, entrava “em pormenores da nossa vida íntima que essa senhora desconhecia”.

E em 1931, finalmente, o encontro com o mentor espiritual Emmanuel, que já o acompanhava desde a infância e continua a assisti-lo até hoje, juntamente com os Espíritos de Maria João de Deus, do doutor Bezerra de Menezes, de Meimei e André Luiz, entre outros. O livro “Lindos Casos de Chico Xavier”, que narra a parte deste encontro que pôde ser conhecida, reza que ele (o encontro) deu-se às margens de um belo açude onde Chico Xavier costumava ir rezar nos dias feriados. Primeiro, a visão de uma cruz “muito bela” por entre as árvores, em seguida, “surgindo em meio aos raios de luz”, o seu mentor apresentou-se “envergando uma túnica semelhante à dos sacerdotes e em seu semblante as feições de um ancião venerável”.

“Está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com Jesus?” — pergunta o orientador espiritual.

“Sim, se os bons Espíritos não me abandonarem” — respondeu o médium.

“Não será você desamparado — disse-lhe Emmanuel — mas para isso é preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem.”

“E o senhor acha que eu estou em condições de aceitar o compromisso?”— tornou Chico.

“Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o Serviço…”

Porque o Protetor se calasse o rapaz perguntou:

— “Qual é o primeiro?”

A resposta veio firme:

— “Disciplina.”

— “E o segundo?”

— “Disciplina. “

— “E o terceiro?”

— “Disciplina.”



E de lá para cá, Chico, que no dia 2 último completou 68 anos de idade e 50 de mediunidade, não parou mais. Seja psicografando livros — sua principal tarefa que já totalizaram até a presente data 153 títulos, segundo dados colhidos em “Luz Bendita”, volume composto por depoimentos sobre Chico lançado para comemorar o cinquentenário de suas atividades mediúnicas; um número incalculável de receitas (os remédios indicados, é preciso dizer, são sempre homeopáticos); de mensagens enviadas por seres desencarnados a seus parentes a título de consolo e prova da sobrevivência do Espírito à morte corporal. Seja realizando sessões de desobsessões ou dando, de viva voz, sinais da existência de um mundo imaterial.

Que privilégios terá adquirido o médium, após tantos anos ao serviço do além e de seus semelhantes, sobre o comum dos mortais?

O depoimento dado pelo casal Nena e Francisco Galves e transcrito pela repórter Marlene S. Nobre (mulher do deputado oposicionista Freitas Nobre e que com ele forma um casal de espíritas dos mais ferrenhos) para a edição especial da “Folha Espírita” sobre o cinquentenário da mediunidade de Chico Xavier, diz que ele deu a seguinte resposta a um senhor que, encontrando-se numa das ruas de São Paulo, dirigiu-lhe a mesma pergunta.

“Meu amigo, eu não sei quais são os meus privilégios perante os Céus, porque fiquei órfão de mãe aos cinco anos de idade, fui entregue à proteção de uma senhora que durante dois anos, graças a Deus, me favorecia com três surras de vara de marmelo por dia, empreguei-me numa fábrica de tecidos aos oito anos de idade. E nela trabalhei durante quatro anos seguidos à noite, estudando na escola primária durante o dia. Não podendo continuar na fábrica, empreguei-me como auxiliar de cozinha, balcão e horta, num pequeno empório, durante mais quatro anos, em seguida empreguei-me numa repartição do Ministério de Agricultura, na qual trabalhei trinta e dois anos, começando na limpeza da repartição até chegar a escriturário, quando me aposentei; em criança sofri moléstia de pele, fui operado no calcanhar onde me cresceu um grande tumor; sofri dos doze aos quinze anos de Coreia ou “mal de São Guido”; fui operado em 1951 de uma hérnia estrangulada; acompanhei a desencarnação de irmãos que me eram particularmente queridos em família; sofri um processo público em 1944, de muitos lances difíceis e amargos, por causa das mensagens do grande escritor Humberto de Campos; em 1958, passei por escandalosa perseguição com muitos noticiários infelizes da imprensa, perseguição de tal modo intensa que me obrigaram a sair do campo reconfortante da vida familiar em Pedro Leopoldo onde nasci, transferindo-me para Uberaba, em 1959, para que houvesse tranquilidade para os meus familiares que não tinham culpa de eu haver nascido médium; em 1968 fui internado no Hospital Santa Helena aqui em São Paulo, para ser operado numa cirurgia de muita gravidade e agora, no princípio deste ano do cinquentenário de minhas pobres faculdades mediúnicas, agravou-se em mim um processo de angina que começou em novembro do ano passado… angina essa com a qual estou lutando muito. Se tenho privilégios, como o senhor imagina, devo ter esses privilégios sem saber.”


[Transferência da Comunhão Espírita Cristã para o Grupo Espírita da Prece]

Como se não bastasse tudo isto, Chico Xavier, como dissemos acima, é pobre. Poderia estar rico, se quisesse. Se, por exemplo, não tivesse doado todos os direitos dos livros que psicografou até hoje (somados, eles já alcançaram 4.801.500 exemplares) às editoras espíritas e às obras assistenciais por elas mantidas (“Você pode ir verificar isto nas editoras, que até me faz um favor” — disse-me ele. O que, depois de conhecê-lo pessoalmente e ver a maneira como vive, não me pareceu necessário: A sugestão, no entanto, fica aberta aos incrédulos); se não desse todos os presentes ganhos logo após o seu recebimento; se não recusasse qualquer donativo, nem mesmo quando eles crescem a ponto de transformar-se em vultosas heranças.

Este foi o real motivo — guardado a sete chaves por Chico e por seus seguidores mais diretos, “para não virar fofoca” — que obrigou o médium a mudar a sede dos seus trabalhos espíritas da Comunhão Espírita — onde eles tiveram lugar desde que Chico transferiu-se para Uberaba — para a modestíssima casa atual da avenida João XXIII. “Acontece que uma senhora quis deixar para o Chico a herança de uma fazenda que valia dois milhões novos revelou-me, por fim, uma seguidora mais incontida — e ele não queria aceitar de jeito nenhum. Mas o pessoal da Comunhão começou a pressioná-lo de tal forma que ele um dia acabou dizendo: “Está bem, então eu aceito a herança, passo ela para vocês (para a Comunhão Espírita) e saio daqui.”

Para Chico, como veem, a sua missão fica acima de tudo, até mesmo de sua vida. Pois se ele fosse seguir os conselhos de seu cardiologista, há muito que ele, que já teve dois enfartes, não estaria mais atendendo todos os desesperados que o procuram às sextas e sábados, os dois únicos dias da semana em que se limita agora a desenvolver suas atividades.

Por isso o cerco de amigos preocupados, que precisa ser rompido se não quisermos ser obrigados, como muitas pessoas, a postar-nos na fila que rodeia o Centro desde quarta-feira para conseguir trocar umas poucas palavras com o médium na sexta. Então o que é que a gente faz? Mesmo sabendo que conseguir uma entrevista “não é possível, de jeito nenhum” (segundo Eurípedes) ou “vai depender apenas da intuição que o Chico tiver na hora” (segundo outros), consegue-se uma carta de apresentação com uma pessoa de boa vontade como a Marina Strazzer, mulher do Carlos Augusto, que tanto sucesso faz como “O Profeta”, os dois ardorosos seguidores da doutrina kardecista, e ajunta-se a esta outra, fornecida pelo não menos amável senhor Stig, proprietário da Livraria Boa Nova, onde, aliás, trabalha um dos irmãos de Chico Xavier, carta esta onde é citado o nome do conhecido jornalista espírita Herculano Pires, que para isto deu permissão e com o coração munido de fé em Deus, toca-se para Uberaba…



Durante os entendimentos mantidos pela manhã (da sexta-feira) no consultório dentário de Eurípedes havia ficado combinado que eu deveria encontrá-lo às 14:30 horas na porta da sua casa, que é também a do médium. “Nós vamos juntos para lá (para o Centro, cujas atividades iniciavam-se; nesse dia, às 15 horas)” — prometeu-me.

(Eurípedes Humberto Higino dos Reis conhece Chico Xavier desde os sete anos de idade através de sua mãe Carmem Higino dos Reis, há longa data seguidora do médium. Dona Carmem agora mora sozinha, desde que, há dez anos, “o Chico pediu se eu deixava o Eurípedes (então com 17 anos) morar com ele para lhe fazer companhia”. Pois Chico, sabe-se, sentia-se muito sozinho desde que se viu afastado da família. Na casa, além de Eurípedes e de Chico, moram também um sobrinho deste último e uma senhora que, parece-me, é a empregada).


[F. C. Xavier: pai e mãe de uma nova era]

(Como, além de conhecer o meu eleitorado, estou ciente da impressão que muita gente, que não conhece Chico, tem dele, e de certas algumas acusações que às vezes lhe são feitas declaradamente pela imprensa, vou limitar-me a reproduzir aqui uma história que me foi contada por um jornalista amigo meu, sujeito muito sério e incrédulo, a respeito de uma reportagem que ele havia sido incumbido de fazer, uma vez, com Chico Xavier, para a revista “Planeta”:

“Quando o Chico entrou na sala da casa dele para conversarmos” — disse ele — “a sala ficou cheia de um perfume de flores tão forte que eu logo pensei: puxa, como essa b… se enche de perfume! Então daí há pouco, ele teve que ir lá para o quarto dele procurar umas fotografias e quando ele saiu da sala, o perfume desapareceu. Aí eu fiz uma pergunta para o Chico e quando ele respondeu, lá do quarto, o perfume voltou a encher a sala. Depois, no meio de uma pergunta que o Chico estava respondendo eu pensei: Como é que um homossexual destes pode ser líder de um movimento espiritual tão sério? — E sabe o que foi que aconteceu? Ele parou a resposta que estava dando e começou a responder a pergunta que eu estava fazendo em pensamento!!! Disse que podia jurar nunca ter tido uma relação sexual na vida com mulher e muito menos com homem. Que era virgem e que suas características femininas deviam-se ao fato dele ser, ao mesmo tempo, pai e mãe de uma nova era.”). (Como veem, tudo que está contido neste parêntese nada mais é que o resultado de uma associação de ideias). [v. ]



Quando Eurípedes entrou — uns trinta minutos após o horário combinado — com seu possante Corcel II — na empoeirada garagem da empoeirada casa que é o lar de Chico Xavier e onde, além de mim, várias, pessoas esperançosas de uma intercessão sua abrigavam-se da violentamente ensolarada tarde uberabense, eu já havia me solidarizado com uma igualmente empoeirada e modesta família goiana, que tinha viajado três dias de carro perseguindo a miragem de chegar perto de Chico Xavier, pois, como me dizia a mãe dessa família, “não precisa nem falar com ele não. Só de ver o Chico eu já fico contente.”

Eurípedes porém, foi implacável. Ao abrir a porta que dava para o interior da casa, permitiu que apenas um grupo extremamente diminuto entrasse junto com ele (se eu não tivesse corrido também não teria entrado, é preciso que se diga) recebendo os decepcionados protestos com um lacônico “mas o que é que eu posso fazer?”. A família goiana ficou de fora.

Mais meia hora de espera no jardim cercado por altos muros da casa (pois a ninguém foi permitido entrar no seu interior) e finalmente dá-se a ansiosamente esperada aparição do famoso médium. De terno branco, óculos escuros, um tanto gordo, atarracado, ele vem andando calmamente e é logo cercado por desconhecidos e assessores diretos, entre os quais encontra-se o impenetrável casal Weaker, um dos principais doadores da casa onde funciona o Grupo de Prece.

Este homem que recebe cumprimentos e recomendações em voz baixa com tanta amabilidade, parece-me, devo confessar bastante distante da imagem de Chico Xavier que eu guardava na mente. Uma imagem à qual eu tinha horror. A imagem de um homem feio, com uma peruca inadequada, horrorosa, que falava sempre como se estivesse pedindo desculpas por ter nascido, palavras que me pareciam por demais adocicadas, palavras pertencentes ao jargão espírita, uma religião da qual, há muitos anos eu me havia afastado.

A proximidade da presença física de Chico Xavier faz milagres e já ali eu comecei a perceber os eflúvios da sua tão decantada bondade. Algo indefinível, mas ao mesmo tempo tão forte, que anula completamente o físico desfavorecido, a lembrança de todos os boatos maldosos espalhados, durante anos, pelos seus detratores, a incrível peruca, que, por sinal, não é mais tão incrível; substituída que foi por outra, de melhor qualidade e mais discreta, com esparsos fios grisalhos. (Quanto a este detalhe, lembro-me de ter prometido a mim mesma não descansar enquanto não soubesse por que um homem que tem tão pouco apego às coisas materiais insiste em lançar mão deste recurso). Falei-lhe no nome de Marina Strazzer e ele sorriu, como se lhe trouxesse boas recordações.

Quando o cortejo ia pôr-se a caminho lembrei a Eurípedes a sua promessa de levar-me junto com eles e antes que ele pudesse mudar de ideia, enfiei-me rápido no banco traseiro do carro. E sem mais perda de tempo, comecei a puxar papo com Chico Xavier. Entreguei-lhe a carta com recomendações do senhor Stig e de Herculano Pires e, ao mesmo tempo, solicitei-lhe, em voz alta, a entrevista.

Quanto à entrevista — disse — falaria comigo mais tarde. “Se der tempo, hoje à noite, depois dos trabalhos. Senão, amanhã. Perguntei pela sua saúde, ele garantiu-me estar “um pouquinho melhor, graças a Deus”. Indaguei se era verdadeira sua grande curiosidade a respeito do final da novela “O Profeta”. Disse-me que sim. Contei-lhe então que, até o momento, corriam boatos de dois finais para a novela. Que segundo uma versão, Daniel morreria no desastre de carro que ele próprio havia previsto, e segundo outra Daniel se casaria com a Carola. Quis saber qual das duas era a sua preferida. “Ah, eu fico sempre com a vida” — respondeu-me sorrindo. Lembro-me de ter estranhado ouvir esta frase dos lábios de uma pessoa que demonstra tanta certeza na existência de uma vida além-túmulo. E de ter anotado mentalmente a necessidade de inquiri-lo sobre isto em momento mais oportuno.

A chegada do carro que trazia Chico ao Grupo de Prece fez a fila que o rodeava torcer-se em convulsões que tornaram os guardas de plantão extremamente alertas.

“Antigamente não tinha guarda, não tinha nada, mas depois foi preciso pôr, porque se não, dá atrito” queixou-se Chico, como desculpando-se.

Dá atrito e dá picadinho de Chico Xavier — penso, ao ver as mulheres que, à sua passagem, tentam agarrá-lo, chamar sua atenção, enquanto gritam o seu nome, desesperadas.

Uma vez lá dentro, Eurípedes permitiu que eu sentasse quase ao lado de Chico (digo quase, porque ao lado de Chico estava o próprio Eurípedes) no banco de madeira colocado ao lado da porta de entrada, por onde passaria a imensa fila de postulantes, alguns dos quais, como já disse acima, estavam ali à espera desde a quarta-feira.

“Fique atenta que você vai ver: às vezes, uma pessoa chega e diz que quer saber notícias de um parente que morreu e o Chico responde: “Ah, sei, o fulano de tal, não é?” — alerta-me Eurípedes. Mas não foi possível seguir o seu conselho. Pois além do amigo de Chico ter se postado entre nós dois, o médium fala muito baixinho, sua fraca voz sendo encoberta pelas vozes daquela gente desesperada que muitas vezes já chega chorando à sua presença:

“Você sabe o que é uma mãe perder um filho, Chico?”

“Chico, eu estou desenganado pelos médicos.”

“Eu vim aqui, Chico, porque sou um suicida em potencial.”

E tome beijo no rosto do Chico, abraço apertado e mil beija-mãos que, igual aos pedidos de bênção feitos aos padres, são retribuídos com outros beijos cautelosos, que não chegam a encostar mesmo nas mãos dos pedintes. E a tênue voz de Chico nunca se altera, enquanto ele anota o nome e a idade dos queixosos numa folha de papel. Vai confortando, pedindo paciência, fé, dando esperanças, e conforme o caso, insistindo para que o queixoso não deixe de visitar também os médicos cá da Terra.

(“Estes casos — disse-me Eurípedes mais tarde me afetam, mas nem tanto. Agora o Chico, ele vive cada um desses problemas. E é por isto que muita coisa eu nem deixo chegar até ele” — revelou, referindo-se, certamente, a pessoas que o procuram fora dos dias destinados às consultas).

Quando a fila chegou ao fim, e isto, garanto, levou tempo, tive a honra de ser convidada por Chico para sentar-me à mesa, coisa que, disseram-me depois, “ele não costuma fazer com quase ninguém”. Devo confessar que foi com o coração alvoroçado pela expectativa de grandes acontecimentos que aceitei aquele convite. Qual não foi porém a minha decepção ao ver Chico desaparecer por uma portinha que se abria, na sala, para um pequeno quarto, sempre ladeado pelo impenetrável casal Weaker (digo impenetrável, porque este casal, que é quase da mesma altura, além de não falar, não move um músculo do rosto sequer, dando aos que nunca puderam partilhar da bondade que talvez se esconda em seus corações a impressão de ser um par de fiéis robôs). Dali ele sairia somente às primeiras horas da madrugada, deixando-me a mim e a todo aquele povo aflito e cansado entregues às perorações em torno do trecho do “Evangelho Segundo o Espiritismo” que falava sobre o suicídio escolhido para servir de tema aquele dia.

Ah, os oradores! Como poderei eu descrevê-los? Alguns deles, embora não mostrassem grande cultura, pronunciavam, com simplicidade, palavras que — notava-se — vinham de seus corações. A maioria, porém, como que encantada com o som da própria voz (e tanto isto é verdade que um incrível casal de médicos chegou a levar um potente gravador para gravar os seus discursos, findos os quais, desligavam-no, tendo um deles até se retirado da mesa) estendia-se infindavelmente num palavreado oco, repleto de lugares comuns e palavras gastas num tom de voz eternamente igual. Eu dormia de babar (confesso Chico, perdão), acordava e lá estavam eles, infatigáveis: “… por isso, precisamos antes passar pelo caminho do sofrimento (…) Estamos aqui, num planeta escola (…) o sofrimento é o apanágio de todas as criaturas (…) o meu mundo é colorido se eu faço deste mundo uma fotografia colorida…” — tendo, como fundo musical, um muzak composto por melosos arranjos para composições como “Dancing’n The Rain”, “Night And Day” e “Moulin Rouge”, as faces impassíveis. [v. ]

Não posso dizer a hora exata, mas foi certamente depois da meia-noite que Chico reapareceu, ladeado — é claro — pelos Weaker. A este acontecimento, seguiu-se um frisson da assistência que, de súbito, ficou inteiramente acordada e alerta. As receitas começam a ser distribuídas entre as pessoas. Enquanto isto, Chico, sempre ladeado, etc., etc., etc., senta-se à cabeceira da mesa, põe as mãos na cabeça e concentra-se. O silêncio na sala torna-se absoluto. Uma das mãos cobrindo os olhos fechados, ele apanha um dos muitos lápis “Presto — 1.600” colocados ao lado de sua mão e começa a psicografar uma mensagem que tem como título “Evitando o Suicídio”. A mensagem é longa e, à medida que as pontas dos lápis vão se gastando, o médium atira-os para o lado e imediatamente recebe um outro, bem apontado. Finda esta mensagem, chegamos enfim ao “gran finale”. Podemos, sem medo de errar, chamar assim o momento em que um ou no máximo dois daqueles que já passaram para o Além têm a permissão de ditar alguma mensagem para seus parentes que aqui ficaram. Como a assinatura do comunicante vem sempre em último lugar, pode-se cortar a soma das expectativas ambientes com uma faca, tão densa ela se torna.

Cabeças esticam-se como que procurando decifrá-la de longe. Poucos são os que, por estarem colocados em posições favoráveis (o que acontecia comigo), podem tomar conhecimento de alguns de seus trechos antes mesmo da sua leitura em voz alta pelo médium — outra parte invariável do ritual.

“Querida mamãe, meu querido papai.

Em pensamento agradecido a Deus peço que me abençoem (…) Sinceramente não sei como sairá da minha cabeça através do lápis (…) vovó Elvira e vovó Ignez me auxiliam (…) peço que me perdoem aquela ocorrência triste no aniversário da Jamile (…) não consegui mover as mãos e até os lábios pareciam selados sem que eu conseguisse transmitir qualquer som (…) creiam porém que eu os tinha em meu pensamento misturando-lhes as imagens e a dos meus irmãos. Foi assim: (…) não consegui ver mais nada ali naquele trecho de estrada de Altinópolis para Batatais (…) o avô Marchiori, a vovó Ignez, a vovó Elvira, todos me cercaram de muito carinho (…) ao ver-me assim transtornada chorei muito, porque a gente nunca se prepara para um instante como aquele (…) sofri muito a princípio como podem imaginar, mas são tantos os amigos a nos convidarem para trabalho novo que vale mais esperar com paciência a nossa recuperação (…) tudo aconteceu como se uma tempestade se condensasse e fosse desabada sobre nós. Vovó Elvira me conforta explicando que o nosso tempo estava contado e que não nos sobrava qualquer minuto (…) comecei a preparação para serviços de socorros aos necessitados e peço o auxílio das preces habituais (…) não deixem a tristeza empoeirar nossas lembranças. A melhor homenagem que nos possam fazer é a de doar aos outros aquilo que foi de nosso uso pessoal (…) peço desculpas ao Felix e aos nossos familiares (…) papai, vovô Campos e nosso avô Marchiori têm sido os nossos melhores amigos (…) não estamos totalmente felizes porque a separação não é sinônimo de alegria entre aqueles que se amam (…) Desculpem se escrevi tanto. Creio porém que falar tanto é próprio dos que sentem solidão. Não me refiro à solidão espacial mas à ausência dos pais queridos (…)

Ignez Elvira…

Ignez Elvira Campos Elias.”


Quando o nome da jovem falecida é pronunciado em voz alta pelo médium (que neste momento recorre ao auxílio de um microfone), emocionados “ohs! e ahs!” percorrem o ambiente. Chorando muito, um casal idoso aproxima-se da cabeceira da mesa. Durante o decorrer da mensagem, o choro aumenta. Muitas pessoas estranhas solidarizam-se nas lágrimas ao casal que, finda a leitura da mensagem (que lhe é entregue em mãos pelo próprio Chico), é profusamente cumprimentado como se sua filha acabasse de nascer de novo.

Mais tarde, recebi do casal Dalila de Campos Elias — Muzeti Elias Antônio, (um ex-deputado do PSP e do MDB que declarou ter sido, até aquele momento, um descrente) a confirmação das muitas provas que aquela mensagem lhes trouxe.

“Nós já tínhamos vindo de São Paulo até aqui quatro vezes sem resultado algum. E a única coisa que o Chico sabia era que nós queríamos saber notícias da nossa filha e o nome dela. O resto, o nome dos parentes falecidos citados, o lugar em que se deu o acidente, a ocasião (festa da Jamile), o nome do marido (Félix) da Sarah, a prima dela que estava no carro com ela e que também morreu, ele não sabia não. Também é verdade que eu não mexi mais no guarda-roupa da minha filha depois que ela morreu, que tudo dela está lá como ela deixou” — diz dona Dalila, começando a chorar de novo.

(Tudo isto é igualmente confirmado pelos numerosos membros da família que acompanharam o casal até Uberaba. Muitos outros casos semelhantes a este estão descritos no livro “Luz Bendita” com o aval (fotografia, endereço, assinatura) de pessoas que receberam mensagens de seus entes queridos através de Chico Xavier).

Findos os trabalhos daquele dia, aproximei-me de Chico cobrando-lhe a conversa prometida.

“Eu falo com você amanhã à noite. Mas vai ser só uma conversa. Entrevista eu não dou, porque até hoje oitenta por cento dos jornalistas mais atrapalharam a minha vida do que ajudaram. Há cinquenta anos que eu dou entrevistas, se eles não acreditaram até agora…” disse ele, antes de ser “sequestrado” por Eurípedes e pelo casal Weaker.

De maneira que, no dia seguinte, eu precisei acompanhar a Peregrinação que ele, seu grupo e convidados, fazem todas as tardes de sábado à Vila dos Pássaros Pretos para distribuir pão e dinheiro para a compra de leite aos seus paupérrimos habitantes (nessa ocasião, os visitantes que tiverem trazido gêneros alimentícios podem distribuí-los, eles mesmos, entre os pobres). Antes disso, há outra leitura do “Evangelho Segundo o Espiritismo” presidida pelo médium. Esta leitura tem lugar debaixo de um frondoso abacateiro enquanto garrafas de água são colocadas pelos presentes em cima de uma mesinha para que recebam bons fluidos. Neste dia, Chico, que havia fugido da cidade no domingo anterior para escapar aos por certo exagerados cumprimentos pelo seu aniversário, ganhou atrasados “parabéns a você”, acompanhados de palmas, beijos, abraços e até uma seresta feita por músicos do lugar.

À noite, submeti-me a outra sessão de oratória praticamente quase igual à primeira. Com a diferença que a fila, neste dia, passou por Chico no fim (neste dia não houve consultas) para que os presentes pudessem dar suas despedidas ao médium que, naquela noite, autografou centenas de livros e psicografou uma mensagem de um rapaz à sua mãe ali presente, assinando-a cinco vezes com a mão esquerda, visto na Terra ter sido canhoto (dado confirmado por sua mãe. Esta porém, não foi a primeira mensagem que Laurinho enviava à sua mãe, Dona Priscilla P. S. Basile. Era a terceira. Mas na primeira ela teve a mesma prova, conta dona Priscitla, que até escreveu um livro sobre a morte do seu filho onde aquela mensagem está incluída. O Espírito do jovem Marco Antônio aproveitou e pegou uma carona nesta mensagem, mandando, por intermédio de Laurinho, um recado à sua (de Marco Antônio) mãe, uma senhora chamada Maura, de Araguari, que até aquele momento nunca tinha visto dona Priscilla na vida.

Depois que a última pessoa da fila virou as costas e foi embora, eu, que a estas alturas já estava bem aflita e ansiosa, aproximei-me e, audaciosamente, cutuquei suas costas. “Ah, a nossa entrevista!” — disse-me o médium voltando-se calmamente. E eis que, daí a quinze minutos vejo-me em plena residência de Chico Xavier, se é que se pode chamar de residência aquela humilíssima e completamente desarrumada casa onde empoeiradas pilhas de papéis e livros acumulam-se no chão, junto às paredes e em cima de todos os móveis disponíveis, exceto a mesa onde é servido um gostoso cafezinho mineiro, acompanhado de roscas doces, aos inúmeros convidados e não convidados que, julgando-se suficientemente íntimos, espremem-se nos duros bancos de madeira, uns muito falantes, outros extremamente quietos e expectantes, dando ao ambiente um ar que é um misto de gostoso serão interiorano e velório.

Chico Xavier, porém, sumiu. De lá de dentro chegam notícias de que o médium encontra-se nas mãos de uma jovem doutora em acupuntura que está prestes a fazer um curso de aperfeiçoamento na China. Passado um bom tempo alguém passa para alguém a informação de que Chico tinha se recolhido ao leito devido à reação que a sessão de acupuntura causara ao seu combalido organismo. A notícia tem o condão de causar uma espécie de debandada geral. Eu, de minha parte, espero.

Quando a sala já está praticamente vazia, Chico reaparece e, dirigindo-se a mim, diz: “Bem, vamos então à nossa entrevista” — com um ar levemente galhofeiro.



Mal conseguindo acreditar, sento-me ao lado dele, que escolheu a cabeceira da mesa. E sentindo-me subitamente muito sem graça, lanço a minha primeira pergunta: tinha ouvido Chico aconselhar muitas das pessoas que haviam ido procurá-lo a buscar os conselhos de médicos da Terra, sendo que o próprio Chico tratava-se com eles. Visto que Jesus sempre usou nas suas curas apenas dois elementos, energia e fé, e visto não se ter notícia de que houvesse alguma vez ficado doente, não se constituiria essa atitude de Chico Xavier numa falta de fé para com o poder de Deus que está dentro de nós?

Com uma voz muito suave e pausada, Chico começa a me ditar, com pontos e vírgulas, uma enorme resposta que me dá a impressão de ser uma daquelas mensagens psicografadas que ele costuma receber. Ao mesmo tempo, começo a sentir o já tão famoso perfume de flores de que me tinha falado meu colega jornalista. Obediente como uma colegial, eu recebo o meu ditado:

“Os Espíritos acham que a Medicina é uma ciência que nos foi concedida pela Providência Divina para que os males orgânicos sejam aliviados ou curados. Nós sabemos que a Medicina está evoluindo cada vez mais para a Medicina Psicossomática compreendendo a importância da mente sobre a nossa vida orgânica. E os Espíritos amigos admitem que esse progresso da ciência médica neste setor caminha para uma amplitude cada vez maior. Nos casos dos problemas infecciosos, em tempo algum poderíamos dispensar os recursos da medicina curativa ou preservativa através da vacinação com os ensinamentos da higiene tão completos quanto seja possível em benefício da comunidade. Os Espíritos nos ensinam a valorizar cada vez mais a influência da oração em nossos processos de cura, mormente quando estejamos sob impactos emocionais muito fortes que podem determinar a eclosão de muita moléstia obscura. Mas, ao mesmo tempo, os Amigos Espirituais consideram que com a permissão da Providência Divina, a ciência de curar professada pelos homens adquiriu inimaginável adiantamento, com pesquisas de amplo sucesso que nós não podemos menosprezar. Especialmente em cirurgia, o avanço da Medicina nos últimos anos é francamente espantoso. Considerando assim, os benfeitores espirituais habitualmente nos induzem à oração como recurso de melhoria de nossos potenciais orgânicos, mas observam que as necessidades criadas por nós mesmos, de Jesus até os nossos tempos muitas vezes exigem intervenções de agentes químicos exigidos por nossos próprios desequilíbrios na restauração de nossas forças. Diante da evolução de nossos tempos, não será justo de nossa parte esquecer a influência decisiva da medicina compreensiva e humanitária em nosso favor, não só porque o progresso do mundo justifica isto mas também para coibir certos abusos que em nome da oração muitas vezes são perpetrados por pessoas menos responsáveis quando se trata da saúde humana.

“Os Espíritos Amigos sempre me dispensaram atenciosa bondade seja minorando os efeitos de qualquer enfermidade de que eu seja portador, especialmente através do passe magnético e da água fluidificada na fase da oração. Mas em todos os casos graves de doenças físicas pelos quais tenho passado, eles mesmos me ensinam a procurar o socorro e a cooperação de médicos competentes e amigos, naturalmente para que eu não me sinta uma pessoa pretensamente privilegiada pelo fato de ser médium espírita, o que considero muito natural porque esta situação me faz reconhecer que sou uma pessoa humana e frágil como tantas outras que necessitam do amparo da medicina para viver e sobreviver. Muitos espiritualistas talvez pensem que já possamos de modo geral sentir a presença de Deus em nós dispensando qualquer recurso humano para a supressão de nossas enfermidades e fraquezas. Os Espíritos Amigos porém nos ensinam que realmente todos temos a presença de Deus em nós, entretanto, conquanto o próprio Jesus haja dito que o Reino de Deus está dentro de nós, (Lc 17:21) sem contrariar de modo algum a afirmativa do Divino Mestre, estamos ainda na condição do diamante bruto requisitando por muito tempo a passagem de nossa personalidade humana através das oficinas de burilamento que no caso são os sofrimentos e as vicissitudes da nossa existência na Terra até que o esmeril da experiência nos aperfeiçoe de tal maneira que venhamos a refletir a presença de Deus em nós mesmos, tal qual o brilhante finamente aprimorado consegue refletir a luz do Sol. Nós não podemos compreensivelmente até agora comparar qualquer pessoa terrestre que se disponha a colaborar nos serviços curativos à pessoa de Jesus-Cristo, cujo poder magnético, sem dúvida, poderia atuar decisivamente sobre qualquer processo enfermiço desfazendo os ingredientes ou agentes em que esses processos enfermiços se estruturavam.”


Mas depois de todo este ditado, [v. ] quando eu insisti no meu ponto de vista, ele começou outra vez, muito sério, a dizer que eu precisava ver, que as condições de vida, a alimentação das pessoas eram muito diferentes das que existiam no tempo de Jesus, que o mundo está hoje superpovoado… Para acabar num surpreendente e extremamente malicioso:

“… e depois, se nos pusermos aqui a desacreditar a Medicina acabamos eu e você, minha cara Regina, sendo presos, não é? E como isto não é conveniente para nenhum de nós dois…”

Tem senso de humor, o Chico. No entanto, ao falarmos sobre a situação atual do Brasil, sabe-se lá que Espírito encostou nele, que começou a dizer coisas como, por exemplo, esta:

“Eu acho sim, que nós somos um país muito feliz porque estamos rodeados de muitas fogueiras políticas e devíamos agradecer aos homens que nos ajudam a manter esta ordem. Chamam isto de fascismo. Mas eu nunca vi nenhuma liberdade ser reprimida a não ser no que diz respeito aos tóxicos e subversivos. Francamente acho que só não temos a liberdade de sermos criminosos.”

Coisas de quem vive mais no Além do que na Terra.

Mas apesar disto, apesar de todo o meu raciocínio, sinto-me cada vez mais envolvida pela atmosfera francamente celestial que envolve este homem, como se eu tivesse chegado assim perto de uma espécie de santo brincalhão.

Critico “pregadores” do seu Grupo de Prece pensando que iria vê-lo zangar-se, mas ele, prefere contar-me um caso, que demonstra estar Chico Xavier bem ciente de quem são os “sepulcros caiados de branco” que se sentam à sua mesa. O caso diz que, tendo Chico uma vez sido obrigado por seu chefe a trabalhar num domingo, ficou ele revoltado com a visão de dois rapazes que passaram não só todo aquele dia, mas também o seguinte numa mesa de bilhar. Muito chateado ele clamou aos céus reclamando daquela injustiça. Logo em seguida, a voz de Emmanuel disse ao seu ouvido: “Meu filho, Deus colocou o bilhar no mundo para que certas pessoas não se ocupassem de coisas piores”. E ri, muito divertido.



Digo-lhe que, a meu ver, o Espiritismo glorifica, de uma maneira mórbida o sofrimento.

“Eu não! — volve ele, de pronto — eu vivo muito alegre, muito feliz, trabalho, tenho sempre muita gente em volta de mim. Muita, muita gente na minha vida, é disso que eu gosto.” (É preciso dizer que a esta altura, a sala, não se sabe como, ficou de novo repleta de gente).

Sim — respondo — mas o Espiritismo só fala em provação, em penas a pagar, em carma. Quando Cristo colocava as pessoas debaixo da Graça de Deus, Ele dizia: “Perdoados te são os teus pecados”.

“Sim — diz Chico — Deus pode perdoar, mas é a nossa própria consciência que não nos perdoa. Somos nós mesmos que solicitamos as provas que iremos passar na Terra, em decorrência dos nossos erros cometidos em uma encarnação anterior. Além do mais, eu pedi para um amigo meu que é grego, que verificasse para mim as origens da palavra perdoar em grego antigo e ele me disse que nessa língua, essa palavra, tinha o significado de tolerar. Quer dizer que Deus tolera, tolera apenas, veja bem, os nossos pecados, tem benevolência para com o devedor.”



E por fim uma pergunta que, se Chico Xavier não puder responder, quem é que vai conseguir? Seguinte: o mundo vai mesmo acabar no ano 2.000?

“Os Amigos Espirituais que se comunicam conosco — esclarece ele — dizem que nós corremos o perigo de guerras difíceis. Mas devemos crer na Providência Divina. Se existe outro mundo nas galáxias, que Ela, na sua bondade, pode nos dar… (Chico, por sua vez, não tem nenhuma dúvida de que “existem milhões de mundos habitáveis e habitados, alguns em outras vibrações de matéria.”)

“E também, esta data marcada pode não ser exatamente 2.000, pode ser 2.900” — diz, esperançoso.



Recordo-me da sua torcida para que Daniel acabasse casando com Carola no final do “Profeta” e das suas palavras — “eu prefiro a Vida” — e peço explicações a respeito.

“A vida continua, mas devemos aproveitar aqui o máximo. O nosso corpo custou muito a nossos pais, à nossa mãe…”

Repentinamente, abre-se um grande branco na minha cabeça. O médium também não parece grandemente desejoso de declarar mais nada. Sendo assim, despedimo-nos amavelmente.

Saí carregando comigo um pouco daquela maravilhosa atmosfera que cerca Chico Xavier. E eis que quando entro no saguão do hotel, totalmente deserto àquela hora da madrugada, sinto, perplexa que o famoso perfume de flores que costuma cercá-lo estava lá me esperando, mais forte do que nunca. E desde aí, contra todo o meu raciocínio, sempre que começo a pensar naquele homem feio, velho, doente, caipira e pobre eu choro, de cair lágrima, feito uma criança. Alguém pode me explicar uma coisa destas?


(P.S. — Não consegui reunir coragem para perguntar a Chico o porque daquela peruca. Mas mais tarde, como que respondendo ao meu pensamento um amigo meu disse-me que ele a usa para evitar apanhar friagem na cabeça, onde sofre fortes dores. Si non é vero…)



O Instituto de Difusão Espírita, de Araras, Estado de São Paulo, está publicando a presente entrevista, a meu pedido, cabendo-me explicar aos leitores amigos os motivos de minha solicitação, nos itens seguintes:


— A opinião registrada pela Entrevistadora, foi realmente ditada por Emmanuel, nosso conhecido Benfeitor Espiritual que, compreendendo o meu natural constrangimento, diante da distinta escritora e jornalista que nos visitava, me auxiliou a responder a questão com os recursos de que eu mesmo dispunha.


— Não teria dito, de minha parte, ao nobre representante da revista “Planeta” [v. ] aquilo que a Entrevistadora consigna em suas páginas, afirmando gentilmente que assim o fez como apresentando “o resultado de uma associação de ideias”, lembro-me perfeitamente de que tomei a liberdade de esclarecer ao digno representante da mencionada Revista, quando esteve pessoalmente em nossa residência de Uberaba que muitos Espíritos estão reencarnados na Terra, sem as tarefas do casamento na vida física — assim qual me ocorre —, em vista de trazerem consigo à existência terrestre encargos específicos para rendimento mais amplo de trabalho. Esclareci, ainda, que, em mediunidade, essa circunstância naturalmente favorece a pessoa mediúnica, de modo a se colocar, com mais facilidade, ao dispor das Entidades Espirituais.


— Compreendo, sem mágoa, que a Entrevistadora poderia ter sido mais generosa para com os meus companheiros de trabalho que me suportam as exigências e carregam comigo as responsabilidades e serviços do Grupo Espírita da Prece, nesta Cidade, sem qualquer remuneração e entendo que todos eles saberão desculpar as referências menos felizes de que são objeto, tanto quanto sabem relevar com espontânea bondade, os sacrifícios que a minha existência difícil lhes reclama, entretanto, permito-me fazer o presente registro para declarar, de público, quanto os estimo e quanto lhes sou agradecido.

Quanto a mim mesmo, reconheço que a Entrevistadora me traça o perfil mediúnico exteriorizando o carinho e a benemerência que lhe brilham no coração, às vezes a misturar os seus nobres sentimentos com o apurado senso de humor que lhe caracteriza a inteligência, colocada a serviço do Jornalismo e, com respeito a isso, nada tenho de que me queixar, compreendendo que as opiniões alusivas a mim próprio, sejam as dela ou de outros amigos pertencem a eles mesmos e nunca pusemos em dúvida a nossa obrigação de respeitar os pensamentos alheios, atentos que devemos estar à verdade de que somente analisamos as pessoas e as situações com os nossos próprios recursos. Compete-me, porém, de minha parte, reconhecer a distinção e a sinceridade da Entrevistadora que foi correta e digna observadora das ocorrências espirituais em nossa modesta casa de fraternidade e oração, sem torcer a verdade dos fatos, em momento algum, o que nos leva, com esta nota, a expressar-lhe a nossa admiração e profundo reconhecimento.

Uberaba, 15 de fevereiro de 1979.



Reportagem e entrevista de Regina Penteado, redatora do jornal Folhetim, de São Paulo/SP, publicação domingueira da Folha de São Paulo, divulgada na edição de 16 de abril de 1978, nº 65, sob o título: “Um servidor do além, ao seu dispor”.

[ …alusão a “Bicha”. Designação pejorativa a suposto homossexual. Sem querer depreciar os que adotam essa opção sexual, podemos afirmar peremptoriamente que o Chico considerava-se um “eunuco de Deus”, mas não era homossexual. KJ.]


lc 17:21
Entrevistas

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 2
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

16 — João Boiadeiro: causa mortis


R — A esse respeito ouvi particularmente dois amigos, médicos desencarnados, o Dr. Adolfo Bezerra de Menezes e nosso amigo André Luiz, que foi médico muito distinto no Rio de Janeiro. Os dois guardam a mesma opinião geral, informando que o problema é de rejeição. Portanto, um ponto coincidente com aquele assinalado por todos os grandes mestres, como Zerbini, especialmente, nosso médico brasileiro.



R — Esses dois amigos nossos, nos disseram que, por enquanto, é impossível que a Ciência determine a causa destas dificuldades — não vamos dizer fracassos — porque a causa de tudo isso remonta ao corpo espiritual, e não podemos exigir que a Ciência abrace afirmativas nossas, sem experimentação positiva. Mas a Ciência vencerá o problema.

O Dr. Bezerra de Menezes, que é um grande médico na Espiritualidade Maior, diz que precisamos considerar o problema, por uma questão de deontologia médica, em dupla face: o problema do doador e do receptor.

Diz ele que a Ciência Médica aperfeiçoará os processos da chamada ressuscitação cardio-pulmonar-externa, através de massagens mais aperfeiçoadas e equipamento elétrico seguro para a defesa do doador. Feito esse trabalho de defensiva, o eletroencefalograma assinalará o silêncio cerebral, ocorrido com a desencarnação.

Passamos, então, ao problema da vitória para o receptor. Diz ele que, não podemos esquecer, a Ciência Médica contornará o problema com os recursos imunológicos mais perfeitos e talvez com o concurso da hipnose com orientação científica, que poderá colaborar muito a benefício do êxito do receptor.

Ele acrescenta, porém, que uma ala muito grande da medicina, com muita propriedade e segurança de atitude, pugna pelo fabrico de órgãos de plásticos e que isso é um problema a ser considerado com urgência para benefício de todos, porque à medida que progredirmos na indústria, vamos dizer, de órgãos de plásticos, nós poderemos diminuir o problema da angústia no campo dos doadores.



R — Justamente. Eles dizem que isso é um problema da Ciência muito legítimo; assim, como nós utilizamos o motor de um carro, com os demais implementos estragados, num outro carro que esteja com seus implementos perfeitos mas com o motor inutilizado.

Não podemos comparar o homem com o automóvel, mas podemos adotar o símile para compreender que o transplante de órgãos é muito natural e deve ser levado adiante.


R — Não. Eles dizem que, assim como nós aproveitamos uma peça de roupa, que não tem utilidade para determinado amigo, e esse amigo, considerando a nossa penúria material, nos cede essa peça de roupa, é muito natural, ao nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles que possam utilizá-los com segurança e proveito.



R — Por isso mesmo que o nosso amigo André Luiz considera a rejeição como um problema claramente compreensível, pois o coração do corpo espiritual está presente no receptor. O órgão astral, vamos dizer assim, provoca os elementos da defensiva do corpo, que os recursos imunológicos em futuro próximo, naturalmente, vão sustar ou coibir.



R — É o mesmo que sucede com uma criatura que cede seus recursos orgânicos a um estudo anatômico, sem qualquer repercussão no Espírito que se afasta — vamos dizer, de sua cápsula material.

O nosso amigo André Luiz considera que, excetuando-se determinados casos de mortes em acidentes e outros casos excepcionais, em que a criatura necessita daquela provação, ou seja, o sofrimento intenso no momento da morte, esta de um modo geral não traz dor alguma porque a demasiada concentração do dióxido de carbono no organismo determina anestesia do sistema nervoso central, diz ele.

Estou falando como médium, que ouve esses amigos espirituais; não que eu tenha competência médica para estar aqui, pronunciando-me em termos difíceis.

Eles explicam que o fenômeno da concentração do gás carbônico no organismo alteia o teor da anestesia do sistema nervoso central provocando um fenômeno que eles chamam de acidose. Com a acidose vem a insensibilidade e a criatura não tem estes fenômenos de sofrimento que nós imaginamos.

O doador, naturalmente, não tem, em absoluto, sofrimento algum.



R — Auxiliam e muito. Os Espíritos amigos dizem que a missão do médico se reveste de tamanha importância que, ainda mesmo o médico absolutamente materialista está amparado, pelas forças do mundo superior, a benefício da saúde humana.

Nós não podemos esquecer, também, que outros médicos que desencarnaram na Terra, passam a estudar a medicina em outros aspectos, em aspectos mais evoluídos, no mundo espiritual, e se reencarnam com determinadas tarefas.

Há tempos ouvi o Espírito de um médico amigo, que conheci muito em Belo Horizonte, e que era devotado à cancerologia. Ele informou-me que, no espaço, está estudando a cancerologia desdobrada em outros aspectos e outros fenômenos, pretendendo se reencarnar dentro em breve tempo, para estar conosco, em princípios do século futuro, aperfeiçoando as técnicas e estudos da cancerologia na Terra.



R — É uma situação pacífica, porquanto, o fenômeno é igual ao daqueles amigos nossos, às vezes jovens que serão, amanhã grandes médicos, grandes anônimos, benfeitores da Humanidade, que cedem suas vísceras a uma sala de anatomia para benefícios dos cientistas.



R — Perfeitamente. Acreditamos, com segurança que os dois se encontraram e devem desfrutar, entre os amigos espirituais, de uma posição de muita simpatia, pois ambos serviram, no Brasil, para uma experiência demasiadamente importante para a Ciência do nosso país.

Acreditamos que eles ganharam, com isso, um mundo de vibrações simpáticas e o reconhecimento, que nós todos devemos a esses dois pioneiros, porque nós não os consideramos como mortos, mas, sim, como Espíritos eternos.



R — No caso do receptor, sim. Ele terá adquirido uma sobrevida, determinando moratória de extraordinário valor para ele.

O nosso amigo, que foi beneficiado em S. Paulo viveu, segundo notícias que temos, 30 dias, não sei bem.

Mas, é uma sobrevida extraordinária para uma criatura que tem muitos negócios, muitos assuntos a realizar e com um mês, com vinte dias, pode solucionar enormes problemas e partir com muita serenidade, muita alegria, para o mundo espiritual.


R — Nós devemos considerar este homem como um amigo, um benfeitor da Humanidade, que serviu para nós todos, como modelo para uma experiência aproveitável para as criaturas de grandes negócios, que interferem no destino de muita gente.



R — Para todos aqueles que terminaram a existência terrestre com uma consciência tranquila, limpa, conquanto os muitos erros em que todos nós incorremos nesta existência, a impressão no outro mundo é de profunda alegria, de felicidade mesmo, no reencontro com as pessoas queridas que nos antecederam na grande transformação. Mas, quando nós malbaratamos os patrimônios da vida, quando não consideramos as nossas responsabilidades, é natural que soframos as consequências disso no mundo espiritual, antes de voltarmos, naturalmente à Terra, em novo renascimento, para o resgate que se faz jus.



R — A experiência do desdobramento espiritual é muito semelhante à da desencarnação. Pelo menos o que tem ocorrido comigo e segundo as instruções dos amigos espirituais, há muita semelhança do desdobramento mediúnico com o fenômeno da desencarnação.

Quanto aos efeitos do ácido lisérgico, devo dizer, que propriamente neste mundo não tive nenhuma experiência dessa natureza. Mas, em Outubro de 1958, ouvi, pela primeira vez, referência à mescalina, ao ácido lisérgico.

Aconteceu que um determinado dia — não me lembro qual, precisamente, no calendário — amanheci com larga dose de pessimismo; um espírito de indisciplina, de intemperança mental, acreditando que não era uma pessoa feliz, observando cada dificuldade como se tivesse uma lente nos olhos para aumentá-las em todos os sentidos.

Perguntei ao Espírito de Emmanuel, que nos dirige há muito anos, se eu poderia ter uma experiência desta com amigos de Belo Horizonte. Ele me disse que eu não precisava ter essa experiência e que, me facultaria um ensinamento, nesse sentido, na primeira oportunidade.

Quando foi à noite, vi-me no desdobramento fora do corpo. Emmanuel se aproximou de mim informando que iria fazer a experiência desejada.

Colocou uma bebida branca num copo — naturalmente em outro estado de matéria — e disse-me que aquele líquido era um alcalóide que iria me facultar experiência semelhante à que se tem com o ácido lisérgico.

Depois que bebi aquela bebida, que era um tanto quanto amarga, comecei a me sentir muito mal, senti que estava entrando num pesadelo, vendo animais monstruosos em torno de mim, vendo criaturas de interpretação difícil, cenas muito desagradáveis, e acordei com a impressão de muito mal-estar, passando um dia terrível.

Em Outubro, na minha terra, comumente, temos muita bruma seca e vi, então, o sol como se fosse uma fogueira incendiando o céu e a bruma seca como se fosse a fumaça daquela fogueira. Tudo me irritava, tudo me descontrolava.

À noite, então, ele me informou que na experiência que estava tendo e desejava, o alcalóide não fez senão aumentar os recursos que estava alimentando na minha mente. A bebida alterou minhas percepções e estava tendo resultado: vendo por fora de mim o que estava acontecendo dentro de mim.

Com o espírito aflito, porque a situação era muito desagradável, pedi instruções para readquirir minha tranquilidade. Mandou-me que orasse, procurasse recolher-me ao silêncio e não falasse, e procurasse lugar onde praticar o bem para adquirir vibrações de alegria.

Comecei a visitar doentes desamparados; procurar vibrações de simpatia aqui e ali, e durante uns cinco dias estive trabalhando por me desfazer daquele estado terrível da minha mente, que não era um estado muito longe da alienação mental. No sexto dia, melhorou. Aquela nuvem passou e adquiri otimismo, compreensão da vida e paz de espírito.

À noite, ele informou-me que eu iria ter a mesma experiência, iria beber o mesmo alcalóide do mundo espiritual, semelhante ao da Terra. Tomei aquela bebida de gosto amargo e o meu otimismo se transformou numa expressão de alegria profunda, numa embriaguez de felicidade.

No outro dia tive sonhos maravilhosos, como se estivesse numa cidade de cristal, como se o céu fosse todo de vidro e qualquer luz se refletia em muitos ângulos.

Acordei feliz. Fui para a repartição e o meu chefe de serviço tinha para mim expressão angélica. Os meus companheiros estavam todos nimbados de uma luz que eu não podia explicar. Os livros pareciam encadernados por pedras preciosas. As plantas e os animais tinham luz. Eu me sentia com aquele anseio de comunhão, aquela vontade de abraçar as pessoas, como se todas fossem minhas e eu pertencesse a elas, sem nenhuma ideia de sexo, mas uma ideia, um desejo de transubstanciação, de transmutação nos outros seres.

Durante uns quatro dias estive assim, naquele estado de alegria anormal. Ele, então, me disse: — Você também está vendo seu estado mental aumentado pelo alcalóide. Está vendo seu próprio mundo íntimo fora de você. Quero, então dizer-lhe que é preciso ter muito cuidado, porque o cérebro terrestre está condicionado a guiar a nossa mente para os assuntos alusivos à vida humana. Nós não podemos estar nem muito à frente, nem muito na retaguarda. O cérebro está condicionado para guardar-nos em equilíbrio, a fim de que possamos suportar a carga dos acontecimentos da vida, das provas de que necessitamos.

Explicou-me, então, que a criatura, conforme seu estado mental, traz para si mesma os próprios reflexos.

Se a pessoa está muito triste, muito pessimista e toma ácido lisérgico, cai numa condição temível e não se sabe quais serão as consequências.

Se ela está muito otimista, pode cair num problema de irresponsabilidade. É um estado maravilhoso, mas é um estado de embriaguez incompatível com a nossa necessidade de lutar com os nossos problemas humanos, com os nossos deveres.

Nós estamos aqui para cumprir obrigações. Não estamos aqui para gozar de um céu imaginário, nem para fantasiar um inferno que devemos evitar.

Chegamos à conclusão de que o ácido lisérgico, ou um alcalóide qualquer, ou produto sintético que provoque estas sensações, são de resultados ruinosos se a Ciência não entra no assunto.



R — A esse respeito o nosso André Luiz tem conversado muitas vezes comigo, naturalmente, tentando vencer a minha ignorância de criatura sem recursos acadêmicos, para dar à sua palavra a interpretação necessária.

Os Espíritos amigos, representados na sua pessoa, nos dizem que não só a viciação pelo ácido lisérgico, ou por um outro alcalóide qualquer, opera a viciação de nossa vida mental.

Quando entramos pela delinquência, quando caminhamos pelas vias da criminalidade, adquirimos distúrbios muito sérios para a nossa vida espiritual.

Toda a vez que ofendemos a alguém estamos dilapidando a nós mesmos, porque estamos conturbando o mundo harmonioso em que se processa a nossa vida; assim é que muitos Espíritos, muitas pessoas amigas desencarnadas que tenho visto em sofrimento no mundo espiritual, ao reencarnar-se, o faz em condições mentais precárias, encontram-se em muitos graus de alienação mental, em muitos graus de enfermidade.

André Luiz me diz que a nossa mente na vida natural libera substâncias químicas necessárias à preservação da nossa paz, no cumprimento dos nossos deveres na Terra. Porém, quando nós conturbamos o binômio alma — corpo, caímos em problemas espirituais muito difíceis.

Assim é que muitos fenômenos da loucura e da obsessão, diz André Luiz, são atribuíveis à liberação anormal das catecolaminas, da medular da supra-renal, tanto quanto dos seus depósitos outros no organismo e, assim consequentemente, de seus produtos de metabolização, como sejam, a adrenolutina e o adrenocromo, cuja ação específica, interferindo na distribuição da glicose no cérebro, determina alterações sensoriais muito grandes, alterações estas que serão estudadas, com segurança pela medicina psicossomática do futuro.

Emmanuel, que entra como um grande evangelizador, diz que, por isso mesmo, Jesus afirmou: “o reino de Deus está dentro de vós”. (Lc 17:21) Mas assim como o reino de Deus está dentro de nós, o reinado temporário do mal, ou das trevas, está também dentro de nós, quando nos afeiçoamos às trevas. E, acrescenta, às relações de André Luiz, que “a Ciência e a Religião são as duas forças propulsoras e mantenedoras do equilíbrio na Terra.

Sem a Ciência o mundo se converteria numa selva primitivista, sob o domínio da animalidade; mas sem a Religião, converteríamos a Terra num hospício de largas dimensões em que a irresponsabilidade caminharia em todas as direções.

Então, nós — os religiosos — e os cientistas vamos caminhando lado a lado, pois com base na própria Ciência e segundo os ensinamentos religiosos de todas as raças, é do equilíbrio das nossas emoções que resulta a saúde perfeita, o corpo sadio.

Uma pessoa, por exemplo, está no mundo espiritual em posição precária quanto à sua vida mental, e se reencarna em condições difíceis. Logo na primeira meninice aparece a esquizofrenia. Temos aí um caso que pode ser curável, conforme o merecimento espiritual da criatura. Curável porque o problema da emoção conturbada já desencadeou determinados distúrbios mentais que desregularizaram as fontes de distribuição das substâncias químicas do nosso organismo.

Temos muita coisa para estudar no futuro. Todavia podemos asseverar que o mal será sempre um fator desencadeante de doença, seja ele qual for.

Peço licença para dizer que não estou falando por ter ciência de mim mesmo. Estou falando como uma pessoa que ouve dos amigos espirituais.

Por exemplo, eles falam que a libertação anormal das catecolaminas, a que nos referimos, gera produtos de decomposição da adrenalina, como sejam, a adrenolutina e o adrenocromo. Vai se estudar muito a esse respeito, em matéria de psicologia e de psiquiatria, a fim de curar, pois estas doenças são todas curáveis, são sustáveis, podem ser paralisadas.

Mas, eu digo não por mim, mas porque ouço André Luiz. Se eu estiver cometendo alguma impropriedade para os amigos telespectadores laureados com títulos acadêmicos, que não possuo de forma alguma, peço perdão, como uma pessoa que está interpretando mal a palavra dos Espíritos. Os Espíritos me ensinam muita coisa, mas não tenho recursos para transmiti-las. Gostaria de ser uma pessoa com mais instrução, com mais valores culturais.

Peço ao nosso amigo Saulo Gomes este parênteses para pedir perdão por alguma tolice que esteja falando. Estou tentando transmitir a palavra dos Espíritos, aos quais muito pedi que me orientassem e ajudassem nessa conversação de hoje.

Passei o dia orando, pedindo compreensão da responsabilidade de uma conversação dessas, na televisão.

Dediquei a vida inteira aos bons Espíritos e peço a eles que me ajudem a cometer a cota menor possível de erros, porque não tenho mesmo recursos. Estou falando porque ouvi.



R — Não há ninguém desamparado. Assim como aqui na Terra, na pior das hipóteses, renascemos a sós, em companhia de nossa mãe, mas nunca sozinhos, no mundo espiritual também a Providência Divina ampara todos os seus filhos.

Ainda aqueles considerados os mais infelizes, pelas ações que praticaram e que entram no mundo espiritual com a mente barrada pela sombra, que eles próprios criaram em si mesmos, ainda esses têm o carinho de guardiães amorosos que os ajudam e amparam, no mundo de mais luzes e mais felicidade.



R — Devo dizer que tenho dito isto em diversas ocasiões e posso reafirmar aqui: a minha ideia com respeito à imortalidade da alma nasceu em meu cérebro quando estava de quatro para cinco anos de idade.

Minha mãe era católica e nos ensinava o caminho da oração e da meditação.

Em se vendo às portas da morte, sabendo que meu pai estava desempregado, preocupada com seus nove filhos, todos menores, pediu às amigas que se incumbissem deles, guardando-os até que meu pai pudesse reavê-los para o lar.

Quando ela me entregou para uma senhora (ela pediu a nove amigas) eu lhe disse:

— Mas minha mãe, a senhora está me dando assim para os outros, a senhora que é tão boa! Nós queremos a senhora tanto bem e está nos entregando assim, mamãe, para os outros?

Naquele tempo eu tinha de 4 para 5 anos, mas estou repetindo a cena com meu pensamento ligado ao coração materno. Então ela fez um olhar de muito espanto e disse:

— Não você! Eu já dei 7 crianças e nenhuma reclamou. Você não pode admitir que eu esteja desprezando vocês — falou com dificuldade. Acompanhe Ritinha — era a amiga que se incumbiu de ficar comigo — e procure se comportar bem. Eu vou sair daqui; todo mundo vai dizer que eu morri e não volto mais. Não acredite nisso, mas acredite que sua mãe vai voltar para buscar vocês todos. Eu não vou morrer e se eu demorar muito mandarei uma moça buscar vocês (isso ela disse compreendendo que meu pai era um homem ainda moço com nove filhos e que era natural que fizesse um segundo casamento como fez).

Você vá com confiança porque eu não vou morrer; eu vou sair daqui carregada — naturalmente ela falava assim para apaziguar o meu coração que sofria muito com aquela perda. No outro dia minha mãe desencarnou. Todo mundo chorava, mas eu confiava na sua palavra.

Fui morar com essa senhora que, apesar de ser uma criatura de qualidades muito nobres, às vezes ficava nervosa. Em meu caso ela ficava nervosa diariamente e, então, eu apanhava bastante com vara de marmelo.

Minha mãe nos ensinava a prece. Toda noite, entre oito e nove horas, acendia a lamparina de querosene, punha-nos de joelhos para fazermos a prece, pedirmos socorro de Deus e nossa Mãe Santíssima.

Quando aquela senhora saía à passeio, à tarde, com o marido e o sobrinho — que era para ela um filho adotivo — eu corria para debaixo de uma bananeira e começava a rezar, conforme minha mãe me tinha ensinado, as orações de sempre.

Uma tarde — eram mais ou menos 18 horas eu estava orando, quando voltei-me e vi minha mãe atrás das folhas. Fiquei muito alegre. Na minha cabeça, de 5 anos de idade, não havia problemas. Minha mãe dissera que não iria morrer e que viria me buscar; eu não conhecia as dúvidas do povo na Terra, se existe ou não alma. Abracei minha mãe com aquela alegria, com aquele contentamento! Disse a ela que agora não nos separaríamos mais. Ela, entretanto, disse-me que estava em tratamento, precisava voltar e não podia ficar comigo. Viera cumprir a palavra de que estava comigo. Perguntei-lhe se sabia que eu apanhava; disse estar informada de tudo e que eu devia ter muita paciência; que eu precisava mesmo de apanhar e isso era bom para mim.

Nesse dia, quando ela se despediu, me abençoou. Quando a senhora que tomava conta de mim, voltou, disse a ela:

— Dona Ritinha, eu vi minha mãe, hoje ela veio me ver!

— Meu Deus — disse ela — este menino está ficando louco e, para consertar isso, uma boa surra agora.

E, por causa da visão, eu tive uma surra. Começara a luta e o conflito.

Assim, minha primeira ideia foi obtida no seio da Igreja Católica.



R — Tenho aqui uma mensagem que foi recebida na manhã do dia 18 de junho, com alguns amigos de S. Paulo. Vieram aqui e estávamos falando sobre a vitória do Dr. Zerbini e sua equipe de médicos em S. Paulo, em matéria de transplante. Depois disso fomos orar, aqui mesmo, nesta sala da Comunhão Espírita Cristã.

Como é natural, abrimos o Evangelho e a lição do dia caiu naquela parte em que Jesus encontra com Zaqueu, o rico daquele grande ensinamento da Boa Nova. Foi com grande alegria para nós, que o Dr. Bezerra de Menezes, que tem conversado muito conosco a respeito do assunto transplante, deu uma mensagem que gostaria de pedir à nossa Dalva.

O assunto era transplante e eu pedi a ela para trazer.


Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Leitura no culto do Evangelho: “Jesus na casa de Zaqueu” — (Lc 19:1)

Deter-nos-emos, em nossa ligeira reunião, tão somente no assunto de vossos comentários, em nossa intimidade familiar.

Por que permitiria o Senhor que a Ciência na Terra se decida, com tanto empenho, no estudo e na execução do transplante de órgãos e membros do corpo humano?

Notemos que a iniciativa se fundamenta em motivos respeitáveis. Isso vem lembrar a cada um de vós outros o tesouro do envoltório físico que não menosprezamos sem dano grave.

Senão vejamos.

Tendes hoje máquinas avançadas para a confecção dos mais singelos serviços, no entanto, quem se lembraria de vender um braço, a pretexto de possuir engenhos para a solução de necessidades essenciais?

Dispondes de carros velozes para o trânsito perfeito em terra, mar e ar, contudo, por guardardes semelhantes utilidades não colocaríeis um pé no mercado de oferta e procura.

Vossos aparelhos de observação alcançam o firmamento e vasculham as mais obscuras paisagens do microcosmo, entretanto, isso não é razão para tabelardes o preço de um dos olhos para quem aspire a comprá-lo.

Conseguistes laboratórios eficientes, nos quais a perquirição atinge verdadeiros prodígios, todavia, por essa razão, não cederíeis por dinheiro um dos vossos rins, os admiráveis laboratórios de filtragem que vos garantem a saúde.


Vêde, pois, filhos, que todos sois Zaqueus, diante da vida, todos sois milionários da oportunidade e do serviço, no abençoado corpo que vos permite sentir, pensar, agir, trabalhar, construir e sublimar na Causa do Bem Eterno.

Basta aceiteis o impositivo da ação edificante e adquirireis empréstimos sempre maiores na Organização Universal dos Créditos Divinos. De todos os recursos, porém, que vos são confiados, o corpo físico é o mais importante deles, por definir-se como sendo o refúgio em que obtemos no mundo o valioso ensejo de progredir e aperfeiçoar a nós mesmos, na esfera da experiência.

Zaqueus da Terra, todos ricos de tempo e de instrumentos do bem, para a evolução e melhoria constantes, aprendamos a servir para merecer e merecer para servir cada vez mais.


Bezerra de Menezes


Entrevista gravada pela TV Tupi, canal 4, de São Paulo, realizada pelo repórter Saulo Gomes com o médium Chico Xavier na Comunhão Espírita Cristã, Uberaba (MG), a 5 de agosto de 1968. Transcrita do “Anuário Espírita”, 1969.


lc 17:21
Justiça Divina

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 24
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Reunião pública de 24-4-1961.

.


Aflitiva e longa tem sido a nossa viagem multimilenária, através da reencarnação, a fim de que venhamos a entender o conceito de Céu.

Entre os chineses de épocas venerandas, afiançávamos que a imortalidade era a absoluta integração com os antepassados.

Na Índia Bramânica, admitíamos que o éden fosse a condição privilegiada de alguns eleitos, na pureza intocável dos cimos.

No Egito remoto, imaginávamos que a glória, na Esfera Espiritual, consistisse na intimidade com os deuses particulares, ainda mesmo quando se mostrassem positivamente cruéis.

Na Grécia antiga, supúnhamos que a felicidade suprema, além da morte, brilhasse no trono das honrarias domésticas.

Com gauleses e romanos, incas e astecas, possuíamos figurações especiais do paraíso e, ainda ontem, acreditávamos que o céu fosse região deleitosa, em que Deus, teologicamente transformado em caprichoso patriarca, vivesse condecorando os filhos oportunistas que evidenciassem mais ampla inteligência, no campeonato da adulação.

De existência a existência, entretanto, aprendemos hoje que a vida se espraia, triunfante, em todos os domínios universais do sem-fim; que a matéria assume estados diversos de fluidez e condensação; que os mundos se multiplicam infinitamente no plano cósmico; que cada Espírito permanece em determinado momento evolutivo, e que, por isso, o Céu, em essência, é um estado de alma que varia conforme a visão interior de cada um.


É por esse motivo que Allan Kardec pergunta e responde: ()

— “Nessa imensidade ilimitada, onde está o Céu? Em toda a parte. Nenhum contorno lhe traça limites. Os mundos superiores são as últimas estações do seu caminho, que as virtudes franqueiam e os vícios interditam.”

E foi ainda, por essa mesma razão, que, prevenindo-nos para compreender as realidades da natureza, no grande porvir, ensinou-nos Jesus, claramente:

— “O Reino de Deus está dentro de vós.” (Lc 17:21)



lc 17:21
Livro da Esperança

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 1
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

“Não penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou os profetas: não os vim destruir, mas cumpri-los.” — (Mt 5:17)


“Assim como o Cristo disse: “Não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, também o Espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução.” — () 


O Culto Espírita, expressando veneração aos princípios evangélicos que ele mesmo restaura, apela para o íntimo de cada um, a fim de patentear-se.

Ninguém precisa inquirir o modo de nobilitá-lo com mais grandeza, porque reverenciá-lo é conferir-lhe força e substância na própria vida.

Mãe, aceitarás os encargos e os sacrifícios do lar, amando e auxiliando a Humanidade, no esposo e nos filhos que a Sabedoria Divina te confiou.

Dirigente, honrarás os dirigidos.

Legislador, não farás da autoridade instrumento de opressão.

Administrador, respeitarás a posse e o dinheiro, empregando-lhes os recursos no bem de todos, com o devido discernimento.

Mestre, ensinarás construindo.

Pensador, não torcerás as convicções que te enobrecem.

Cientista, descortinarás caminhos novos, sem degradar a inteligência.

Médico, viverás na dignidade da profissão sem negociar com as dores dos semelhantes.

Magistrado, sustentarás a justiça.

Advogado, preservarás o direito.

Escritor, não molharás a pena no lodo da viciação, nem no veneno da injúria.

Poeta, converterás a inspiração em fonte de luz.

Orador, cultivarás a verdade.

Artista, exaltarás o gênio e a sensibilidade sem corrompê-los.

Chefe, serás humano e generoso, sem fugir à imparcialidade e à razão.

Operário, não furtarás o tempo, envilecendo a tarefa.

Lavrador, protegerás a terra.

Comerciante, não incentivarás a fome ou o desconforto, a pretexto de lucro.

Exator, aplicarás os regulamentos com equidade.

Médium, serás sincero e leal aos compromissos que abraças, evitando perverter os talentos do Plano espiritual no profissionalismo religioso.


O culto espírita possui um templo vivo em cada consciência na esfera de todos aqueles que lhe esposam as instruções, de conformidade com o ensino de Jesus: “O reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17:21) e toda a sua teologia se resume na definição do Evangelho: “a cada um por suas obras”. (Mt 16:27)

À vista disso, prescindindo de convenção e pragmática, temos nele o caminho libertador da alma, educando-nos raciocínio e sentimento, para que possamos servir na construção do mundo melhor.




A presente citação e todas as demais colocadas neste livro, em seguida aos textos evangélicos, foram extraídas de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec. — Nota do Autor espiritual.


lc 17:21
No Portal da Luz

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 1
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Aspiras à posse do conhecimento espírita evangélico? Iniciemos o aprendizado pela reforma íntima.

Disse Jesus: “O reino de Deus está dentro de vós”. (Lc 17:21) Descobri-lo e estabelecer as vias de acesso para alcançá-lo depende de nós.

Será justo suplicar o socorro de Deus nas horas de aflição e construir a existência como se Deus não existisse?

Ergamos a fé raciocinada, principiando pela base do dever cumprido, de modo a que não nos falte a paz de consciência. Em seguida, enxerguemos a nós mesmos.

Se vens da província obscura da negação, procura discernir a verdade, para perceberes a Divina Sabedoria que te rodeia em toda parte e começa a jornada, no rumo da Espiritualidade Maior.

Se procedes do distrito superado de outras crenças que não mais te satisfazem as exigências da alma, busca o entendimento de ti mesmo, de modo a prosseguires na ascensão à Vida Superior.

Jamais aniquilar o tesouro das horas com discussões estéreis.

Se te reconheces com necessidade de mudança espiritual, atingiste nova faixa de madureza para a grande compreensão. Cada fruto aparece no tempo adequado.

Contempla a vida em torno com a visão mais ampla de que dispões agora e ama cada ser e cada cousa no lugar em que se encontrem e, conquanto lhes ofereças auxílio incessante, age sem a preocupação de alterá-los.

Consagra-te, acima de tudo, à edificação do reino interno. Entretanto, se o anseio de perfeição te aquece com veemência, recorda que Deus nos esperou até hoje o impulso de melhoria e, cooperando com a Providência Divina para o bem de todos os nossos irmãos, é urgente reconhecer que nenhum de nós sabe ou pode amá-los mais do que Deus.



lc 17:21
Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Mateus

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 0
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Grandes e pequenas contribuições se somaram neste que é o resultado de muitas mãos e corações. Por isso queremos deixar grafados aqui nossos agradecimentos.

Em primeiro lugar, queremos registrar nossa gratidão à Federação. Espírita Brasileira, particularmente à Diretoria da Instituição pelo apoio e incentivo com que nos acolheram; às pessoas responsáveis pela biblioteca e arquivos, que literalmente abriram todas as portas para que tivéssemos acesso aos originais de livros, revistas e materiais de pesquisa e à equipe de editoração pelo carinho, zelo e competência demonstrados durante o projeto.

Aos nossos companheiros e companheiras da Federação Espírita do Distrito Federal, que nos ofereceram o ambiente propício ao desenvolvimento do estudo e reflexão sobre o Novo Testamento à luz da Doutrina Espírita. Muito do que consta nas introduções aos livros e identificação dos comentários tiveram origem nas reuniões de estudo ali realizadas.

Aos nossos familiares, que souberam compreender-nos as ausências constantes, em especial ao João Vitor, 9 anos, e Ana Clara, 11 anos, que por mais de uma vez tiveram que acompanhar intermináveis reuniões de pesquisa, compilação e conferência de textos. Muito do nosso esforço teve origem no desejo sincero de que os ensinos aqui compilados representem uma oportunidade para que nos mantenhamos cada vez mais unidos em torno do Evangelho.

A Francisco Cândido Xavier, pela vida de abnegação e doação que serviu de estrada luminosa por meio da qual foram vertidas do alto milhares de páginas de esclarecimento e conforto que permanecerão como luzes eternas a apontar-nos o caminho da redenção.

A Emmanuel, cujas palavras e ensinos representam o contributo de uma alma profundamente comprometida com a essência do Evangelho.

A Jesus que, na qualidade de Mestre e Irmão maior, soube ajustar-se a nós, trazendo-nos o seu sublime exemplo de vida e fazendo reverberar em nosso íntimo a sinfonia imortal do amor. Que a semente plantada por esse excelso Semeador cresça e se converta na árvore frondosa da fraternidade, sob cujos galhos possa toda a humanidade se reunir um dia.

A Deus, Inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas e Pai misericordioso e bom de todos nós.




Fac-símile do comentário mais antigo a integrar a coleção, referente a Jo 10:30, publicado em novembro de 1940 na revista Reformador. 





N. E.: Essa mensagem no 4° volume da coleção O Evangelho por Emmanuel, mas, considerando seu conteúdo e significação, optamos por incluí-la também no início de cada volume.


lc 17:21
Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Marcos

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 0
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Grandes e pequenas contribuições se somaram neste que é o resultado de muitas mãos e corações. Por isso queremos deixar grafados aqui nossos agradecimentos.

Em primeiro lugar, queremos registrar nossa gratidão à Federação. Espírita Brasileira, particularmente à Diretoria da Instituição pelo apoio e incentivo com que nos acolheram; às pessoas responsáveis pela biblioteca e arquivos, que literalmente abriram todas as portas para que tivéssemos acesso aos originais de livros, revistas e materiais de pesquisa e à equipe de editoração pelo carinho, zelo e competência demonstrados durante o projeto.

Aos nossos companheiros e companheiras da Federação Espírita do Distrito Federal, que nos ofereceram o ambiente propício ao desenvolvimento do estudo e reflexão sobre o Novo Testamento à luz da Doutrina Espírita. Muito do que consta nas introduções aos livros e identificação dos comentários tiveram origem nas reuniões de estudo ali realizadas.

Aos nossos familiares, que souberam compreender-nos as ausências constantes, em especial ao João Vitor, 9 anos, e Ana Clara, 11 anos, que por mais de uma vez tiveram que acompanhar intermináveis reuniões de pesquisa, compilação e conferência de textos. Muito do nosso esforço teve origem no desejo sincero de que os ensinos aqui compilados representem uma oportunidade para que nos mantenhamos cada vez mais unidos em torno do Evangelho.

A Francisco Cândido Xavier, pela vida de abnegação e doação que serviu de estrada luminosa por meio da qual foram vertidas do alto milhares de páginas de esclarecimento e conforto que permanecerão como luzes eternas a apontar-nos o caminho da redenção.

A Emmanuel, cujas palavras e ensinos representam o contributo de uma alma profundamente comprometida com a essência do Evangelho.

A Jesus que, na qualidade de Mestre e Irmão maior, soube ajustar-se a nós, trazendo-nos o seu sublime exemplo de vida e fazendo reverberar em nosso íntimo a sinfonia imortal do amor. Que a semente plantada por esse excelso Semeador cresça e se converta na árvore frondosa da fraternidade, sob cujos galhos possa toda a humanidade se reunir um dia.

A Deus, Inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas e Pai misericordioso e bom de todos nós.




Fac-símile do comentário mais antigo a integrar a coleção, referente a Jo 10:30, publicado em novembro de 1940 na revista Reformador. 





N. E.: Essa mensagem no 4° volume da coleção O Evangelho por Emmanuel, mas, considerando seu conteúdo e significação, optamos por incluí-la também no início de cada volume.


lc 17:21
Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Lucas

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 0
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

 Ao chegarmos ao terceiro volume da coleção, é preciso reconhecer que grandes e pequenas contribuições se somaram neste que é o resultado de muitas mãos e corações. Por isso queremos deixar grafados aqui nossos agradecimentos.

Em primeiro lugar, queremos registrar nossa gratidão à Federação. Espírita Brasileira, particularmente à Diretoria da Instituição pelo apoio e incentivo com que nos acolheram; às pessoas responsáveis pela biblioteca e arquivos, que literalmente abriram todas as portas para que tivéssemos acesso aos originais de livros, revistas e materiais de pesquisa e à equipe de editoração pelo carinho, zelo e competência demonstrados durante o projeto.

Aos nossos companheiros e companheiras da Federação Espírita do Distrito Federal, que nos ofereceram o ambiente propício ao desenvolvimento do estudo e reflexão sobre o Novo Testamento à luz da Doutrina Espírita. Muito do que consta nas introduções aos livros e identificação dos comentários tiveram origem nas reuniões de estudo ali realizadas.

Aos nossos familiares, que souberam compreender-nos as ausências constantes, em especial ao João Vitor, 9 anos, e Ana Clara, 11 anos, que por mais de uma vez tiveram que acompanhar intermináveis reuniões de pesquisa, compilação e conferência de textos. Muito do nosso esforço teve origem no desejo sincero de que os ensinos aqui compilados representem uma oportunidade para que nos mantenhamos cada vez mais unidos em torno do Evangelho.

A Francisco Cândido Xavier, pela vida de abnegação e doação que serviu de estrada luminosa por meio da qual foram vertidas do alto milhares de páginas de esclarecimento e conforto que permanecerão como luzes eternas a apontar-nos o caminho da redenção.

A Emmanuel, cujas palavras e ensinos representam o contributo de uma alma profundamente comprometida com a essência do Evangelho.

A Jesus que, na qualidade de Mestre e Irmão maior, soube ajustar-se a nós, trazendo-nos o seu sublime exemplo de vida e fazendo reverberar em nosso íntimo a sinfonia imortal do amor. Que a semente plantada por esse excelso Semeador cresça e se converta na árvore frondosa da fraternidade, sob cujos galhos possa toda a humanidade se reunir um dia.

A Deus, Inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas e Pai misericordioso e bom de todos nós.



lc 17:21
Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo João

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 0
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Ao chegarmos ao quarto volume da coleção, é preciso reconhecer que grandes e pequenas contribuições se somaram neste que é o resultado de muitas mãos e corações. Por isso, queremos deixar grafados aqui nossos agradecimentos.

Em primeiro lugar, queremos registrar nossa gratidão à Federação Espírita Brasileira, particularmente à diretoria da instituição pelo apoio e incentivo com que nos acolheram; às pessoas responsáveis pela biblioteca e arquivos, que literalmente abriram todas as portas para que tivéssemos acesso aos originais de livros, revistas e materiais de pesquisa, e à equipe de editoração pelo carinho, zelo e competência demonstrados durante o projeto.

Aos nossos companheiros e companheiras da Federação Espírita do Distrito Federal, que nos ofereceram o ambiente propício ao desenvolvimento do estudo e reflexão sobre o Novo Testamento à luz da Doutrina Espírita. Muito do que consta nas introduções aos livros e identificação dos comentários tiveram origem nas reuniões de estudo ali realizadas.

Aos nossos familiares, que souberam compreender-nos as ausências constantes, em especial ao João Vitor e à Ana Clara, que por mais de uma vez tiveram que acompanhar intermináveis reuniões de pesquisa, compilação e conferência de textos. Muito do nosso esforço teve origem no desejo sincero de que os ensinos aqui compilados representem uma oportunidade para que nos mantenhamos cada vez mais unidos em torno do Evangelho.

A Francisco Cândido Xavier, pela vida de abnegação e doação que serviu de estrada luminosa através da qual foram vertidas do alto milhares de páginas de esclarecimento e conforto que permanecerão como luzes eternas a apontar-nos o caminho da redenção.

A Emmanuel, cujas palavras e ensinos representam o contributo de uma alma profundamente comprometida com a essência do Evangelho.

A Jesus que, na qualidade de Mestre e Irmão Maior, soube ajustar-se a nós, trazendo-nos o Seu sublime exemplo de vida e fazendo reverberar em nosso íntimo a sinfonia imortal do amor. Que a semente plantada por esse excelso Semeador cresça e se converta na árvore frondosa da fraternidade, sob cujos galhos possa toda a humanidade se reunir um dia.

A Deus, inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas e Pai misericordioso e bom de todos nós.



lc 17:21
Evangelho por Emmanuel, O – Comentários aos Atos dos Apóstolos

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 0
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Esta segunda parte contém as passagens paralelas entre o texto de Atos dos apóstolos e o livro Paulo e Estêvão (veja o item , no Prefácio, para maiores informações). Para facilitar a leitura e identificação, o texto de Atos foi dividido em 116 perícopes, das quais 93 possuem textos paralelos em Paulo e Estêvão. Para essas passagens, foram adotados, sempre que possível, os mesmos títulos utilizados no livro O novo testamento, editado pela FEB Editora, e do qual os textos de Atos dos apóstolos foram transcritos.  Quando a separação não atendia aos critérios da pesquisa, outras divisões e títulos foram atribuídos, tendo como critério o conteúdo da passagem em questão.

Incluímos, ao final desta segunda parte, uma tabela que contém todos os versículos de Atos do apóstolos com a divisão de passagens adotadas para o presente trabalho e a indicação de ocorrência ou não de passagem paralela no texto de Paulo e Estêvão.



É importante destacar que os manuscritos gregos antigos não possuem esse tipo de separação. Na verdade, os manuscritos não separam versículos, capítulos e nem mesmo há espaço entre as palavras ou qualquer recurso de pontuação. Desde muitos séculos atrás, tem sido tradição separar os textos em perícopes (ou passagens), de forma a facilitar a identificação de trechos e a leitura. Essas divisões, contudo, nada tem de absoluto e as diversas traduções e edições não adotam o mesmo sistema de separação.



lc 17:21
Evangelho por Emmanuel, O – Comentários às Cartas de Paulo

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 0
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Ao chegarmos ao sexto volume da coleção O Evangelho por Emmanuel, é preciso reconhecer que grandes e pequenas contribuições se somaram neste que é o resultado de muitas mãos e corações. Por isso, queremos deixar grafados aqui nossos agradecimentos.

Em primeiro lugar, queremos registrar nossa gratidão à Federação Espírita Brasileira, particularmente à diretoria da instituição, pelo apoio e incentivo com que nos acolheram; às pessoas responsáveis pela biblioteca e arquivos, que literalmente abriram todas as portas para que tivéssemos acesso aos originais de livros, revistas e materiais de pesquisa, e à equipe de editoração pelo carinho, zelo e competência demonstrados durante o projeto.

Aos nossos companheiros e companheiras da Federação Espírita do Distrito Federal, que nos ofereceram o ambiente propício ao desenvolvimento do estudo e reflexão sobre o Novo Testamento à luz da Doutrina Espírita. Muito do que consta nas introduções aos livros e identificação dos comentários tiveram origem nas reuniões de estudo ali realizadas.

Aos nossos familiares, que souberam compreender-nos as ausências constantes, em especial ao João Vitor e à Ana Clara, que por mais de uma vez tiveram que acompanhar intermináveis reuniões de pesquisa, compilação e conferência de textos. Muito do nosso esforço teve origem no desejo sincero de que os ensinos aqui compilados representem uma oportunidade para que nos mantenhamos cada vez mais unidos em torno do Evangelho.

A Francisco Cândido Xavier, pela vida de abnegação e doação que serviu de estrada luminosa através da qual foram vertidas do alto milhares de páginas de esclarecimento e conforto que permanecerão como luzes eternas a apontar-nos o caminho da redenção.

A Emmanuel, cujas palavras e ensinos representam o contributo de uma alma profundamente comprometida com a essência do Evangelho.

A Jesus que, na qualidade de Mestre e Irmão Maior, soube ajustar-se a nós, trazendo-nos o Seu sublime exemplo de vida e fazendo reverberar em nosso íntimo a sinfonia imortal do amor. Que a semente plantada por esse excelso Semeador cresça e se converta na árvore frondosa da fraternidade, sob cujos galhos possa toda a humanidade se reunir um dia.

A Deus, inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas e Pai misericordioso e bom de todos nós.



lc 17:21
Paz

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 0
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Leitor amigo:

Este livro simples, dedicado à Paz, na maioria das páginas que o constituem, nos fala especialmente de trabalho, tolerância, perdão, fé, beneficência, entendimento, aceitação, paciência, calma e amor ao próximo, que se nos revelam por disciplinas da vida íntima. E quem se reporta à disciplina, refere-se ao esforço máximo que nos compete no serviço de autoaprimoramento.

É que a paz verdadeira nasce do dever cumprido, ou melhor, procede da abençoada luta que sustentamos pela própria melhoria espiritual tentando assimilar a luz dos ensinamentos do Cristo.

Foi Ele, o nosso Divino Mestre, quem nos asseverou: “O Reino de Deus está dentro de vós”. (Lc 17:21) E ousaremos acrescentar, respeitosamente, que por dentro de nossos corações, o Reino da Paz brilha também…



Uberaba, 4 de julho de 1983.


lc 17:21
Urgência

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 21
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Quando transformarmos as próprias mãos em instrumentos de trabalho constante, no erguimento do progresso comum, elevando as formas de vivência nas áreas de ação a que fomos chamados…

Quando convertermos os próprios olhos em agentes de luz, a fim de enxergarem unicamente o bem nos caminhos alheios, para que a concórdia e a segurança consigam reinar em auxílio de todos…

Quando transubstanciarmos os nossos ouvidos em atalaias de compreensão e bondade, filtrando exclusivamente as palavras que possam servir à tranquilidade e ao engrandecimento da vida…

Quando transformarmos o coração numa fonte de bênçãos e fizermos da própria mente um vasto campo de ideias nobres, a fim de assimilarmos as inspirações dos Planos Superiores, de maneira a melhorarmos os padrões da vida ao redor de nós…

Quando aceitarmos a injúria por estímulo ao trabalho, o mal por via de acesso ao bem, a dor por sementeira de alegrias e a beneficência, em suas múltiplas formas, por simples dever que as Leis do Senhor nos traçam a todos, uns à frente dos outros…


Então, estaremos cooperando não só pelo estabelecimento definitivo do império espiritual da felicidade no campo humano, mas, acima de tudo, teremos atingido a sublime descoberta do Reino do Amor que Jesus anunciou estar em nós mesmos, (Lc 17:21) de modo a irradiar-lhe a Harmonia e a Paz, onde estivermos, para sempre.




Martins Peralva

lc 17:21
Estudando o Evangelho

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 0
Página: 222
Martins Peralva
Mas eu vos digo a verdade: Convém a vós outros que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós; se, porém, eu for, eu o enviarei.
Tenho ainda muito que vos dizer; mas vós não o podeis suportar agora;
quando vier, porém, o Espírito da Verdade, ele vos guiará a toda a verdade.

JESUS.


As palavras de Jesus não passarão, porque serão verdadeiras em todos os tempos. Será eterno o seu código moral, porque consagra as condições do bem que conduz o homem ao seu destino eterno.

ALLAN KARDEC.


A passagem de Jesus pela Terra, os seus ensinamentos e exemplos deixaram traços indeléveis, e a sua influéncia se estenderá pelos séculos vindouros. Ainda hoje Ele preside aos destinos do globo em que viveu, amou, sofreu.

LEON DENIS.


Irradiemos os recursos do amor, através de quantos nos cruzam a senda, para que a nossa atitude se converta em testemunho do Cristo, distribuindo com os outros consolação e esperança, serenidade e fé.

BEZERRA DE MENEZES.


O Espiritismo, sem Evangelho, pode alcançar as melhores expressões de nobreza, mas não passará de atividade destinada a modificar-se ou desaparecer, como todos os elementos transitórios do mundo.

EMMANUEL.


Para cooperar com o Cristo, é imprescindível sintonizar a estação de nossa vida com o seu Evangelho Redentor.

ANDRÉ LUIZ.


Diversos

lc 17:21
União em Jesus

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 2
Francisco Cândido Xavier
Diversos

Queridos amigos e irmãos devotados à causa do Bem, estejamos todos na Paz do Senhor!

O setor de conscientização a que fomos chamados pelos supervisores da construção do Amanhã Melhor, sem dúvida, não é por si e em si uma instituição nos moldes humanos, quanto à organização e funcionamento.

Os Mensageiros do Divino Mestre não nos induziriam a criar um órgão de caráter elitista, com obrigações convencionais quando temos todos compromissos de ordem disciplinar na vida externa.

Somos convidados a formar um núcleo, no qual se destaque o ensinamento do Mestre Inesquecível, quando nos asseverou que “no Reino dos Céus, o maior será sempre aquele que se fizer o servidor de todos” (Mt 20:26) e, considerando que em outro tópico das instruções evangélicas, asseverou Ele próprio que “o Reino de Deus está no íntimo de cada um de nós” (Lc 17:21) , o nosso setor de atividades se consagra efetivamente a essa descoberta de nós mesmos, através do estudo de nossas próprias tendências e de autoanálise à base do discernimento que nos conduzam ao aperfeiçoamento de nós mesmos.

Aliás, isso é compreensível na fundamentação da Fraternidade, a cujo abrigo espiritual se acolhem milhares de irmãos nossos buscando paz e luz.

Recordemos a imagem da construção de uma casa simples: primeiramente, os alicerces; em seguida o erguimento da estrutura; logo após, o respaldo ou a cobertura necessária, que nos garanta a segurança do edifício.

Conhecimento, trabalho e conscientização representam as três fases de uma formação única, sem vinculações com determinados esquemas de serviços, todos eles respeitáveis, pela finalidade a que se destinam. O setor que se nos confiou desdobrará as suas atividades características na renovação e no aprimoramento de cada companheiro que se nos associe aos ideais, sem qualquer pretensão a privilégios ou virtudes especiais, mesmo porque, estaremos todos procurando a luz da unidade, apresentando-nos espiritualmente tais quais somos no quadro de nossas vivências pessoais, diante do Evangelho do Cristo e dos ensinamentos que a Doutrina Espírita nos expõe, interpretando com fidelidade as instruções do nosso Divino Mestre e Senhor, com a paciência e a humildade; o dever de servir e a simplicidade precisa, a fim de que atinjamos os fins a que nos propomos.

Anotemos, sem qualquer ideia de confrontação, as primeiras reuniões para que o clarão da Boa Nova se expandisse, exceção feita à Divina Palavra do Monte, à frente da multidão, sempre se efetuaram com a presença de poucos, de modo a que se obtivesse o muito na conscientização dos princípios, com os quais o Cristianismo lançava a sua plataforma no mundo.

Que a pregação perante milhares ou milhões de pessoas, salientando de maneira especial a disseminação das luzes espirituais, através da televisão, que reflete com muita propriedade a realização dos apontamentos de Jesus, (Lc 12:3) ao enunciar que a mensagem do Evangelho seria dividida com todas as criaturas, até mesmo utilizando-se os telhados, que essa bênção da comunhão geral em torno da verdade que o mundo cristão enuncia se faz necessária, não padece dúvida.

Abençoados sejam todos os corações que se dedicam a essa sementeira prodigiosa de paz e vida, iniciada há quase dois milênios, acordando almas e levantando espíritos para a aceitação das realidades espirituais.

Entretanto, que necessitamos de amigos de explicação para o diálogo nos campos da vida nova na Terra, tanto quanto se nos faça possível, é medida substancial de socorro a todos os que despertam para o conhecimento e se fazem, para logo, Espíritos famintos de conscientização quanto ao que lhes cabe fazer, a começar dos sentimentos próprios e, esse trabalho é justamente o esforço a que nos referimos e que sabemos, principiará da união de poucos, mas esses poucos decididos a efetuar a própria renovação íntima, se farão esteios espontâneos da tarefa que se nos confiou, sem que, ao executá-la, venhamos a nos sentir na condição de obreiros especializados sob uma suposta nomeação dos Altos Escalões da Espiritualidade Superior.

Seremos, com o apoio de Jesus, os companheiros da frase de compreensão e amizade, paz e bênção que, reunidos para o cultivo dessa obra de amor e vida, se habilitarão, não apenas a se ajustarem ou se reajustarem ante os princípios redentores que abraçamos, mas igualmente, se farão trabalhadores preparados a transmitir essa mensagem de conscientização e explicação no trabalho com o Divino Mestre, serviço esse que, de modo simples e natural, se erguerá no rumo dos lares, em cujos recessos a fé cristã se faz reverenciada e ouvida dentro dos núcleos familiares, com reflexos construtivos nos grupos sociais a que as organizações domésticas se vinculem.

Entendemos a dificuldade para identificar a obra com a humildade que lhe será o selo de apresentação, no entanto, à medida em que o serviço se desenvolva, novos estímulos e novas elucidações virão da Espiritualidade Maior, em cujo seio o nosso setor de tarefas já nasceu para compreender e amar, esquecer-se e servir.

A hora atual, com tantos entretenimentos à margem dos caminhos humanos exercendo sobre as criaturas indesejável fascínio, pede a presença de sementeira e seara, quais as nossas a que nos reportamos, quanto ao que concerne à transformação e ajustamento da vida interior na preparação de material humano capaz de atravessar nossa época de transição no mundo físico, e alcançar os tempos novos que se aproximam, à maneira do facho que nada perde em contato com a ventania das provações e adversidades, espetáculos de poder externo e grandeza ilusória, repondo Jesus Cristo e Seus ensinamentos de paz e amor, com substância na Doutrina Espírita, cooperando com segurança na construção das Eras Futuras. Estamos começando em nossas tarefas, desconhecendo-lhes a estrutura própria, no entanto, a bolota nada expressa quanto ao tronco robusto em que se transformará.

Trabalhemos. Doemos, cada um de nós, quanto se nos faça possível nas áreas de vivência e experiência, em favor da conscientização evangélica e o Senhor fará o resto.

Que a nossa prece se faça luz por dentro de nós, e que a bênção do Divino Mestre nos alcance a todos, hoje e sempre, são os votos do amigo e servidor sempre reconhecido,




Página recebida em Uberaba, estado de Minas Gerais, em 4 de fevereiro de 1982.


lc 17:21
Vozes do Grande Além

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 12
Francisco Cândido Xavier
Diversos

Na parte final de nossas tarefas da noite de 14 de setembro de 1955, foi nosso benfeitor André Luiz  quem se valeu do horário das instruções para estimular-nos ao estudo com o seu verbo amigo e sábio.

Com a franqueza e a simplicidade que lhe são peculiares, deixou-nos o precioso esclarecimento, apresentado linhas abaixo.


Quando alinhamos nossas despretensiosas anotações acerca de “Nosso Lar”,  relacionando a nossa alegria diante da Vida Superior, muitos companheiros inquiriram espantados: — “Afinal, o que vem a ser isso? Os desencarnados olvidam assim a paragem de que procedem? Se as almas, em se materializando na Terra, chegam do mundo espiritual, por que as exclamações excessivas de júbilo quando para lá regressam, como se fossem estrangeiros ou filhos adotivos de nova pátria?”

O assunto, simples embora, exige reflexão.

E é necessário raciocinar dentro dele, não em termos de vida exterior, mas de vida íntima.

Cada criatura atravessa o portal do túmulo ou transpõe o limiar do berço, levando consigo a visão conceptual do Universo que lhe é própria.

Almas existem que varam dezenas de reencarnações sem a menor notícia da Espiritualidade Superior, em cuja claridade permanecem como que hibernadas, na condição de múmias vivas, já que não dispõem de recursos mentais para o registro de impressões que não sejam puramente de ordem física.

Assemelham-se, de alguma sorte, aos nossos selvagens, que, trazidos aos grandes espetáculos da ópera lírica, suspiram contrafeitos pela volta ao batuque.

E muitos de nós, como tantos outros, em seguida a romagens infelizes ou semicorretas, tornamos do mundo às Esferas espirituais compatíveis com a nossa evolução deficiente, e, além desses lugares de purgação e reajuste, habitualmente somos conduzidos por nossos Instrutores e Benfeitores para ensaios de sublimação a círculos mais nobres e mais elevados, nos quais nem sempre nos mantemos com o equilíbrio desejável, já que nos achamos saudosos de contato mais positivo com as experiências terrestres.

Agimos, então, como alunos inadaptados de Universidade venerável, cuja disciplina nos desagrada, por guardarmos o pensamento na retaguarda distante, ansiosos de comunhão com o ambiente doméstico, em razão do espírito gregário que ainda prevalece em nosso modo de ser.

Como é fácil observar, raras Inteligências descem, efetivamente, das esferas divinas para se reencarnarem na esfera física.

Todos alcançamos as estações do berço e do túmulo, condicionando nossas percepções do mundo externo aos valores mentais que já estabelecemos para nós mesmos, porque todos nos ajustamos, bilhões de encarnados e desencarnados, a diferentes faixas vibratórias de matéria, guardando, embora, o Planeta como nosso centro evolutivo, no trabalho comum.

Desse modo, a mais singela conquista interior corresponde para a nossa alma a horizontes novos, tanto mais amplos e mais belos, quanto mais bela e mais ampla se faça a nossa visão espiritual.

Construamos, pois, o nosso paraíso por dentro. Lembremo-nos de que os grandes culpados que edificaram o inferno, em que se debatem, respiram o ambiente da Terra — da Terra que é um santuário do Senhor, evolutindo em pleno Céu.

Nosso ligeiro apontamento em torno do assunto destina-se, desse modo, igualmente a reconhecermos, mais uma vez, o acerto e a propriedade da palavra de Nosso Divino Mestre, quando nos afirmou, convincente: — “O reino de Deus está dentro de nós.” (Lc 17:21)




ANDRÉ LUIZ — Pseudônimo de um médico brasileiro. Autor de vários livros de Espiritismo Cristão.


“Nosso Lar” — de autoria do Espírito André Luiz, edição da Federação Espírita Brasileira.



Joanna de Ângelis

lc 17:21
Encontro com a Paz e a Saúde

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 10
Divaldo Pereira Franco
Joanna de Ângelis

O ser humano está fadado à plenitude, ao estado numinoso.


Todo o empenho deve ser encetado, a fim de que o processo de autoaprimoramento moral e espiritual dê-se com segurança, sem retrocessos na decisão nem temor diante dos avanços e das conquistas logradas.


Remanescente das heranças ancestrais, a sua marcha ascensional é feita de vitórias do Self sobre a sombra densa que lhe dificulta o discernimento ou vincula-o aos hábitos doentios que deve superar, mediante a instalação de outros de ordem saudável, no que se lhe tornarão mais fáceis os passos no rumo do futuro.


Profundamente vinculado a Deus, de Quem procede, já foi possível nele identificar-se um gene específico, encarregado da crença no Soberano Genitor.


Dessa forma, a busca da iluminação, isto é, da conquista da autotranscendência, é-lhe um impositivo da evolução, que não mais se compadece do estado de sombra por onde perambula, impulsionando-o aos tentames contínuos até o momento em que se sente invadido pela paz que dEle dimana.


A princípio, essa necessidade manifesta-se em forma de vazio existencial, que se lhe faz um tormento de insatisfação, diante da qual nada consegue como contribuição para a conquista da harmonia ou da alegria de viver.


Pode armazenar coisas, dispor de recursos financeiros e afetos, facilidades de natureza múltipla e, no entanto, permanece a ausência de algo indefinível, que pode ser defluente de problemática pretérita, quando desdenhou ou utilizou-se equivocadamente das concessões do amor e da paz, ou da ingente necessidade de Deus.


Não sabendo como realizar essa busca interior, foge do mundo e malbarata as bênçãos de que é possuidor, na inutilidade do insulamento, distante da solidariedade e da convivência com todas as criaturas, que fazem parte da sua imensa família universal que lhe é necessária para o crescimento espiritual.


Nesse estado de abandono de tudo e de todos, pode ocorrer-lhe o êxtase, a negação do ego e das suas necessidades, no entanto, faz-se inadiável a convivência com a vida em geral, a fim de poder tornar-se útil, contribuindo em favor dos demais.


Em diversas ocasiões, mal orientado busca a auto-iluminação utilizando-se de diversas técnicas de flagícios ou de sacrifícios em relação ao corpo, como se fosse ele o obstáculo (shatan) à realização que busca afanosamente.


Exercícios exaustivos são propostos em favor tia auto-realização, facultando o mergulho em estados alterados de consciência, dos quais retorna com mais vazio, anelando fugir para encontrar-se.


O jovem príncipe Sidharta Gautama, quando procurou encontrar-se e preencher-se, tentou fugir do mundo e disciplinar o corpo mediante injunções penosas, descobrindo, por fim, que não seria dessa forma ou do gozo que o lograria, mas através do equilíbrio, o caminho do meio, que lhe facilitou a conquista.


É, certamente, através do amor, da autonegação, isto é, da identificação do Self soberano ante as imposições relativas do ego, que ocorre a iluminação de dentro para fora, ensejando a harmonia e a completude indispensáveis à transcendência, que produzirá o preenchimento interno.


A iluminação interior independe da educação das faculdades paranormais, mediúnicas em particular, dos estados de exaltação e do transe, do êxtase ou de quaisquer outras manifestações parafísicas.


Ocorre, mediante o desenvolvimento dos inesgotáveis recursos internos que procedem de Deus, do acalmar das ansiedades da emoção e das imposições orgânicas.


O ser iluminado vive, por antecipado, o estado nirvânico, a plenitude, sem que tenha necessidade de abandonar os impositivos da reencarnação.


A conquista do Reino dos Céus não o afasta do mundo, antes condu-lo à convivência do século, de modo a tornar-se lição viva e estímulo para os outros, sem fazer-se mundano ou igualmente necessitado de experiênciar outra vez o império das paixões...


A iluminação interior


O espírito que se é, na sua essência crê em Deus, na vida e nos valores dignificantes.


A fé é genética, porque defluente de um gene específico, responsável pelos estímulos neuronais, responsáveis, especialmente, pela produção de algumas monoaminas, tais como a serotonina, a noradrenalina, a dopamina, ora identificada como a substância geradora da felicidade.


Reencarnando-se, à medida que se intelectualiza derrapa em conflitos filosóficos e em imposições religiosas dogmáticas que o levam à dúvida, empurrando-o para a descrença.


Enquanto a fé procede da constituição genética, portanto, a espiritualidade, a confissão religiosa, o culto de qualquer denominação resultam da herança sociológica, filosófica, doméstica.


A crença é espontânea, natural, enquanto a participação religiosa e a definição de uma delas, são consequências da educação, da convivência no lar ou no grupo social, sujeitas a alterações racionais ou comportamentais.


Essa crença pode apresentar-se sob dois aspectos: a) natural, que é espontânea, conduzindo a criatura a viver sem indagações de onde se encontra, se há segurança no lugar em que se hospeda, no veículo de que se utiliza, sem considerar se o seu condutor é saudável, depressivo ou esquizofrênico, colocando a sua vida em risco, ali-mentando-se sem a suspeita de que poderá estar sendo envenenado, de aceitar a medicação sem o receio de estar sendo intoxicado, exceção feita aos estados de consciência alterada, na paranoia, na depressão, nas psicoses...


b) raciocinada, quando é fruto da lógica, da análise, da pesquisa de laboratório, da razão, portanto, adquirida pela experiência, pela vivência dos fatos.


No primeiro caso, vemos a confirmação da tese em inúmeros comportamentos, especialmente nas terapias placebo, quando pacientes graves ou portadores de enfermidades de demorado curso, medicados com substâncias inócuas (drágeas de açúcar, de massa, de farinha de trigo), informados dos excelentes conteúdos de que se fazem portadoras, apresentam melhoras consideráveis, estimulando a produção de monoaminas responsáveis pelo reequilíbrio e mesmo pela reversão do quadro desesperador.


Por outro lado, os efeitos nocebo também ocorrem quando o médico demonstra cansaço ou desânimo, apresenta diagnósticos severos sem a preparação psicológica do paciente, de imediato a piora é facilmente percebida, tornando o quadro muito mais difícil de tratamento.


Multiplicam-se os casos de enfermos que, diante do diagnóstico rude e agressivo, desesperam-se, agravando a enfermidade, e mesmo vindo a morrer em face da notícia, o que se configurou denominar como morte pelo diagnóstico.


A iluminação ocorre quando se é capaz de compreender quem se é, de onde se veio e para onde se vai, culminando com o esclarecimento em torno do que deve realizar na Terra...


A ignorância desses postulados mantém na escuridão, no tormento das dúvidas e aflições.


A iluminação, portanto, rompe a treva densa do desconhecimento, facultando a experiência contínua do equilíbrio e da harmonia que levam ao numinoso.


Santo Agostinho asseverou que a iluminação dá luz divina à alma, pelo que a inteligência se torna capaz de atingir um conhecimento verdadeiro da realidade do ser em si mesmo, descobrindo a finalidade existencial.


Ele próprio adquiriu-a após ouvir o brilhantismo iluminativo de Santo Ambrósio nos seus memoráveis sermões na catedral de Milão.


Orador exímio e retórico, Agostinho de Hipona, maniqueísta, vivia aturdido no báratro dos conflitos.


Interessado mais no orador e retórico, que era Ambrósio, foi ouvi-lo, e, deslumbrado pela forma do discurso e pelo seu conteúdo, iluminou-se, passando a viver o Cristo interno e viajando no rumo do autoconhecimento.


A iluminação interior procede da busca do vir-a-ser harmonizando-se com o ser que já foi conquistado e por cujo empreendimento todos se devem empenhar pelo conquistar. É também o descobrimento (revelação) do Ser Supremo pelo espírito em crescimento, em busca de estágios mais dignificantes e elevados, que demonstram a essência da própria origem.


Essa jornada é tranquila, consciente, sem os traumas das buscas infrutíferas, de tempo indeterminado, porque pode ocorrer de um para outro momento, sem prazo fixo, sem determinação de fatores propiciatórios.


Inúmeros são os caminhos para consegui-la, relativos ao estágio de evolução em que se encontra cada indivíduo, como é fácil de compreender-se.


Aquele que possui maior capacidade de concentração, de reflexão, de vida interior, mais facilmente pode iluminar-se do que outro, inexperiente e inquieto, ansioso ou tomado de receios injustificáveis.


A iluminação interior tem sido identificada por denominações diversas, como por exemplo: Buda (em Sidharta Gautama),Cristo e Messias (como em Paulo, em Santa Teresa D’Âvila), satori (no Zenbudismo), samadhi (no Yoga) ou conforme algumas escolas de esoterismo e ocultismo: auto-realização, libertação, nirvana, plenitude...


Psicologicamente pode ser denominada como au-totranscendência, plenitude, estado numinoso...


Nas tradições de muitas correntes religiosas, encontram-se os símbolos que a representam, como a estrela de Davi, (no judaísmo), lótus de mil pétalas (no hinduísmo), Santo Graal (no Cristianismo) e através de diversas imagens, como a rosa mística, a chama eterna, a chama violeta, o lago tranquilo...


Desse modo, observa-se que a busca da auto-ilumi-nação tem tido vigência desde priscas eras, quando o ser humano passou a compreender a necessidade de integração na Consciência Cósmica, na auto-superação.


Isto porque, o conceito de imortalidade não é novo, encontra-se exarado no inconsciente profundo do ser humano a respeito de si mesmo.


A iluminação é, portanto, a grande meta que todos devem buscar, a fim de alcançar o melhor de si mesmo.


Deflui, dessa busca, a compreensão em torno do impositivo de viver-se o presente com caráter integral, sem saudades do passado, que não pode ser alterado, senão mediante as ações atuais, ou ansiedades pelo futuro, que talvez não seja alcançado na vilegiatura em que se movimenta, sendo questão para depois...


Por isso, o buscador da auto-iluminação deve permanecer atento à manutenção da mente aberta a novas conquistas, a passos mais avançados no processo evolutivo.


Processo de auto-iluminação


Toda e qualquer tentativa em favor do processo de auto-iluminação deve ser iniciada através da mecânica do amor, que conduz a inteligência, orientando-a no sentido da grande vertical da evolução.


Uma das maneiras mais vigorosas para expressar-se, encontra-se nesse amor em forma de compaixão, que está presente na origem da própria vida, demonstrando que, ao alcançar o conhecimento de si mesmo, o sentimento nobre de compaixão (solidariedade, misericórdia, companheirismo, caridade) apresenta-se de forma natural, inesperada, não programada.


É através da sua vibração de generosidade que se desdobram os sentimentos de benevolência para com todos, de simpatia e afeto por todas as formas de vida, mesmo não sencientes: montanhas, pedras e metais diversos, vales, rios e mares, florestas e jardins...


A busca da auto-iluminação pode assemelhar-se ao esforço exercido durante a contemplação das águas de um rio, que fluem contínuas na direção do mar ou do oceano onde se mesclam.


Absorta na observação da corrente a mente consciente perde-se num esvaziar de pensamentos para acalmar-se, transmitindo paz.


O encontro das diferentes águas sempre se dá através de um choque.


O mesmo ocorre no momento da auto-iluminação, que pode ser afligente, dolorosa no começo (Saulo, às portas de Damasco, em pleno deserto, visitado por Jesus) ou suave e doce (o príncipe Sidharta à sombra da árvore bodhi - a figueira).


O indivíduo que se apiada do sofrimento do seu próximo - vegetal, animal ou humano - desejando ajudá-lo, facilmente se ilumina, em face do conhecimento que possui em torno do significado existencial da vida na Terra.


Esse fenômeno é resultado das tendências universais resultantes do processo da evolução moral, manifestando-se nesse expressivo sentimento de compaixão, dos mais altos que a psique humana pode exteriorizar.


A biologia demonstra essa harmonia que vige em todas as formas vivas, quando, por exemplo, as individualidades - células, órgãos - sucumbem a benefício do conjunto que formam, eliminando os interesses de cada uma.


Cada qual falece para que o organismo continue vivo, até o momento em que a energia vital mantenedora da totalidade se extingue e advém a morte global...


Também, os seres humanos devem sacrificar-se com amor e compaixão em benefício de todas as outras vidas, assim contribuindo para que tudo expresse a sua realidade coletiva, sem nenhuma perda de individualidade.


Quando esse pensamento inunda todo o ser, é concretizada a realidade que parte sempre da mente, a usina geradora das forças da vida, facultando a perfeita conexão com o corpo.


Na complexidade dos raciocínios e pensamentos - em média cinquenta mil por dia em cada pessoa comum - na grande maioria, deprimentes, récalcitrantes, angustiantes, desencadeadores de ansiedade e de mal-estar, é compreensível que se instalem distúrbios de conduta, da emoção, orgânicos.


A educação pelo equilíbrio e saudável direcionamento dos mesmos produz uma redução expressiva na variedade, contribuindo para a qualidade selecionada, que ensejará, no momento oportuno, a iluminação, a ausência de interrogações perturbadoras, de culpas portadoras de aflições, de conflitos construídos pela insegurança e pelo medo...


Deve nortear essa busca o sentimento de solidariedade e de compaixão, jamais o interesse escuso de natureza egoísta, qual seja: alcançar a paz interior, a fim de ver-se livre de problemas e de sofrimentos, fugindo ao dever de compartilhar as dores gerais e de trabalhá-las, de maneira que cedam lugar ao bem-estar de todos.


Enquanto vicejem as infelizes imagens egóicas no ser, não haverá libertação das mazelas e das escamas que impedem a iluminação interior.


Merece recordar-se que Saulo, após o encontro com Jesus, experimentou peculiar cegueira, que somente desapareceu quando o venerando Ananias, aquele a quem ele ia aprisionar em Damasco, para conduzi-lo a ferros a Jerusalém, foi visitá-lo na hospedaria por solicitação do Mestre Nazareno, e, impondo-lhe as mãos nos olhos apagados, devolveu-lhe a visão, retirando asescamas que os cobriam...


Tal ocorreu, porque Ananias era iluminado - havia predominância da compaixão nos seus sentimentos, porquanto, na condição de vítima potencial socorreu o seu virtual algoz!


Significando a libertação das máculas adquiridas durante a longa viagem antropológica, por meio dos fenômenos das sucessivas reencarnações e das fixações dos instintos no processo de aquisição da inteligência, nessa fase que intermedeia o logro da intuição, iluminar-se é alcançar por antecipado esse estado de paz, no qual se transita mais com o psiquismo do que com o organismo fisiológico.


Indispensável que os ideais de enobrecimento so-breponham-se aos interesses imediatos, de forma que as monoaminas responsáveis pelo bem-estar, pela harmonia, sejam produzidas através dos estímulos mentais nos neurônios responsáveis.


Através desse mecanismo acontecem mudanças cerebrais significativas, umas lentas e outras mais rápidas, pelo acionar das regiões frontal e posterior do cérebro, produzindo a irrupção dos sentimentos de paz, de alegria, de satisfação interior, numa transformação de conduta para melhor.


Esses sentimentos estão vinculados àqueles de natureza religiosa, que conseguem disparar essas reações mediante a captação de símbolos e imagens, visuais ou sonoras, como as melodias litúrgicas, o crepitar da chama de velas, o odor do incenso e da mirra, o som do sino, que levam à meditação em torno das suas origens...


Nos casos mais lentos, o processo de excitação mental se dá mediante a diminuição das atividades da área cerebral de orientação que, intermediada pelo tálamo, comunica-se com o sistema límbico através do hipocampo, da amídala e do hipotálamo.


Nesse aspecto, a herança genética desempenha papel fundamental, especialmente no que diz respeito ao gene de Deus, propiciador da espiritualidade inata no indivíduo, responsável pelo seu nível de emoção transcendental.


Assim considerando, a autotranscendência é um sinal dessa hereditariedade, que se faz responsável pela ocorrência.


E compreensível que haja fatores de natureza fisiológica, a fim de que se expressem os fenômenos na organização física do indivíduo, propiciando-lhe as sensações e emoções compatíveis às respostas mentais.


Novamente o aspecto da compaixão adquire significado, porquanto a busca da Natureza e das suas várias expressões, como fases da evolução da vida, deve ser considerada como essencial, a fim de alcançar o sentimento de humanidade.


Não se pode amar e sentir compaixão apenas dos seres pensantes, sem uma correspondência com os demais que constituem a ordem universal, particularmente no planeta-mãe, que é a Terra.


Esse sentimento vem do interior do indivíduo, qual uma semente adormecida que, diante dos fatores meso-lógicos e específicos desabrocha rica de força, alcançando a finalidade para a qual se encontra destinada.


Assim sendo, o germe da espiritualidade deve encontrar-se no imo do ser, e somente é possível porque originado em um gene específico, qual ocorre com aquele que foi denominado como o de Deus...


Conquista da iluminação interior


A iluminação interior, porque dilui toda sombra de ignorância no imo do espírito, trabalha pela vitória sobre o medo em todas as suas expressões - da morte, da vida, do insucesso, das doenças, do erro, da velhice, da miséria -

ocorrendo, ora de chofre, ora lentamente.


Degrau a degrau, ascende-se ao patamar da plenitude, ou quando se está preparado emocionalmente em etapas anteriores, osalto se dá como se ocorresse a ação da catapulta de um relâmpago, anulando tudo de uma vez e permanecendo-se como claridade inconfundível.


Não se trata de um trabalho do intelecto, de uma programação mental adrede estabelecida, mas de um jorro interno, como de uma explosão, ou como efeito de uma projeção externa, procedente do Mundo transcendental, instalando-se no íntimo do ser e fluindo para fora sem cessar.


Transforma-se, de imediato, o aspecto do indivíduo, que se faz sereno, de olhar manso e brilhante, de voz dúlcida - sem fingimento - cuja vibração enternece e impregna quantos a escutam.


A harmonia toma-lhe conta do comportamento e todo ele é um archote que arde sem crepitar, sem oscilar, mantendo a mesma luminosidade.


Fisiologicamente, como resultado da emoção profunda, as glândulas suprarenais descarregam cortisol na corrente sanguínea com efeito calmante e não somente depressor...


Nesse fenômeno transformador, experimenta-se a sensação do despertar de um letargo ou de um pesadelo afligente, com a consequente sensação de estar-se consciente do próprio Si, em decorrência da presença da adrenalina, também secretada pelas supra-renais...


Os desafios existenciais prosseguem, mas não se tornam perturbadores, porque a autoconsciência conduz à autotranscendência, eliminando os distúrbios da ansiedade e da insegurança, da aflição psicológica e dos conflitos inquietadores.


Não se trata de uma serenidade semelhante à das águas paradas, pantanosas, que ocultam decomposição orgânica ou lodo perigoso, mas da harmonia interna que se movimenta no tumulto sem sofrer qualquer transtorno.


Igualmente, não induz a uma atitude sempre passiva, indiferente às ocorrências do mundo, aos desafios terrestres e aos conflitos humanos.


Faz-se dinâmica, atuante, contribuindo em favor das transformações sociais, culturais, econômicas, morais...


Pensa-se, equivocadamente, que o iluminado dis-tancia-se do mundo de tal forma, que nada mais lhe interessa.


Em realidade, a conscientização é vertical no rumo divino, não somente horizontal, em direção ao convencional, ao imediato.


Com o entendimento da realidade profunda e do significado psicológico legítimo em torno do existir, instala-se na mente e no sentimento a eleição pelo essencial, que recebe preferência, sem desprezo pelos complementares, os secundários, que são as realizações exteriores.


O Buda, autoconsciente, movimentou-se na direção das massas desorientadas, a fim de ensinar-lhes o caminho do meio, o roteiro de segurança para a felicidade, que não se encontra nas coisas pelas quais se luta com sofreguidão, mas sim, na harmonização interna que pode administrar todas as demais ambições.


Francisco de Assis, após ser impregnado pelo Cristo, renunciou a tudo que eram posses transitórias, para cuidar somente de uma coisa - o amor! E arrebanhou, na sua dinâmica de entrega total, incontáveis criaturas que o seguiram, enquanto ele, por sua vez, acompanhava Jesus.


Gandhi, na sua autotranscendência, ofereceu-se como exemplo vivo do amor e da solidariedade, conduzindo milhões de vidas à compreensão de que a violência somente produz agressividade e rebelião, e que, por meio da nãoviolência é possível libertar-se a criatura das suas paixões e das imposições dos outros.


Albert Schweitzer, iluminado, fez do socorro médico e espiritual aos infelizes da então África Equatorial Francesa e do mundo todo, o recurso mais importante para a felicidade pessoal e coletiva.


A iluminação interior não se restringe apenas aos aspectos da fé religiosa, mas também aos ideais de humanidade, de benemerência, de arte, de ciência, de pensamento...


Pasteur não cessava de investigar a causa da raiva; Jenner, a da febre aftosa;


Semmelweis, a da assepsia; Oswaldo Cruz, a da malária...


Por sua vez, Handel mergulhou nas harmonias celestes para expressá-las no Messias; Johann Sébastian Bach agoniou-se até captar Jesus, a Alegria dos homens; Beethoven, embora a surdez absoluta, debateu-se nos pelagos internos e traduziu a majestade da vida, em a Nona Sinfonia (a Coral); Schiller, Goethe, Walt Whitman da mesma forma, porém, antes deles Virgílio, Dante, na sua transumanização também expressaram diferentes graus de iluminação interior.


Miguel Ângelo atingiu a plenitude da beleza ao materializar a Criação, na Capela Sistina e no Moisés...


O reino de Deus está dentro de vós, asseverou Jesus, por isso que é necessário o autodescobrimento, a fim de o encontrar, porque todos somos seres espirituais e não as formas de que necessitamos para evoluir através das experiências carnais.


Inevitavelmente, todos temos de olhar-nos interiormente, de despertarmos para a realidade interna e procurarmos nas fontes do sentimento, os melhores e mais eficientes recursos, a fim de libertarmo-nos das injunções penosas do ego, necessárias por um período, escravizadoras mais tarde.


Com essa compreensão profunda, o ser, mesmo adulto, torna-se inocente, em estado de infância, de pureza, de não-perturbação, não-malícia...


Confirmando-o, Jesus pediu que deixassem ir as crianças ter com Ele, porque delas é o Reino dos Céus, demonstrando que a simplicidade da emoção e a autoconfiança que todas possuem deve retornar ao ser adulto, quando se desembarace dos atavios angustiosos e dos prejuízos morais que o detêm aprisionado nos vícios e nas paixões doentias.


Quando ocorre a iluminação, surge um sentimento de amor e de reconhecimento pela vida, por todos os seres que o anteciparam, por todos quantos trabalharam pela modificação das estruturas do mundo, tornando-o melhor, mas não se detém apenas nessa compreensão.


Também alarga o amor em direção ao futuro, às sociedades que virão, aos construtores do bem e da fraternidade.


Rompe-se a máscara que oculta o que se é, impondo a aparência que não corresponde aos valores morais internos, mas que deve impressionar, ensejando a auto-realização pessoal.


Buscando a iluminação interior, cada qual observa a melhor maneira de conduzir-se e entrega-se à ação operosa e triunfante da verdade adormecida no imo e necessitada de expandir-se...


Iluminado, já não existe no ser o ego separado do Self, mas uma perfeita integração de ambos, num processo de cristificação infinita.


Temas para reflexão: "919 - Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e resistir às atrações do mal? "Um sábio da antiguidade já vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo. "


* "Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus. "Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus. "E qualquer que receber em meu nome uma criança tal como esta, a mim me recebe. " Mateus 18:3-5.



Simonetti, Richard

lc 17:21
Setenta Vezes Sete

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 5
Simonetti, Richard
Simonetti, Richard
Lucas, 18:15-17 Marcos, 10:13-16 Mateus, 19:13-
Jesus transmitia seus ensinamentos, preparando os corações para o Reino de Deus,|

quando algumas crianças foram colocadas à sua frente, a fim de que as abençoasse.


Era costume entre os judeus que os homens santos ministrassem suas bênçãos - uma evocação da proteção divina sobre crianças e adultos.


O ato de abençoar enraizou-se no Cristianismo, estendendo-se ao próprio relacionamento familiar, envolvendo pais e filhos.


Não são poucos os que guardam, no tesouro das recordações mais ternas da infância, expressões assim:

—A "bença", pai!


—Deus te abençoe, filho!


—A "bença", mãe!


—Deus te abençoe, filho!


A criançada podia dormir tranquila!


Estava presente a proteção divina, evocada pelos pais!


Gente com mania de originalidade contesta o ato de abençoar, sob a alegação de que tende a estabelecer barreiras entre pais e filhos.


O que abençoa situa-se acima daquele que é abençoado.


Isso inibiría a comunhão afetiva.


Levada às últimas consequências essa orientação, deveriamos eliminar toda disciplina no lar, porquanto, qualquer iniciativa nesse sentido representaria o exercício de indébito autoritarismo, a erguer barreiras entre adultos e crianças.


Ah, esses doutos!


Quando o cérebro se desliga do coração, perde o rumo e envereda por estranhos caminhos.


Raciocínios dessa natureza inibem uma das mais belas manifestações de afetividade no lar: Os filhos que pedem a bênção de seus pais. -

Os pais que abençoam seus filhos.


* * *

Os discípulos aborreceram-se com a presença das crianças, mas Jesus os conteve:

—Deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o Reino de Deus.


Em verdade vos digo que aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, de modo algum entrará nele.


Abraçando os pequenos, abençoou-os, impondo-lhes as mãos.


Situava, assim, as crianças como o símbolo das condições necessárias ao ingresso no Reino de Deus.


Bem, em princípio, uma perguntinha: Onde fica?


Se você não sabe, leitor amigo, não se preocupe.


Em outra passagem evangélica (Lucas, 17:21), o próprio Mestre informa:

—O Reino de Deus está dentro de vós.


Então, não se trata de local geográfico, na Terra ou alhures.


E um estado de consciência!


. Céu está em algum recanto, em nosso universo interior.


Obviamente, o inferno também.


Diriamos que são realizações pessoais, condicionadas ao que pensamos e fazemos.


Uma senhora vivia desolada e infeliz!


Dizia-se mal-amada...


O marido não lhe dava atenção; os filhos a desrespeitavam; os vizinhos eram invejosos; o pessoal de sua igreja agia com falsidade; sua vida, um tormento! Quando desencarnou, por uma questão de afinidade, ela, que cultivava um inferno em seu coração, viu-se em região de sofrimentos.


Ali, mais que nunca, sentia-se infeliz.


Mal-amada...


Reclamava que Deus não lhe ouvia as orações. Via-se cercada de gente atormentada; revoltava-se contra o destino ingrato, mergulhada num oceano de aflições...


Depois de muito sofrer, brilhou em seu coração uma réstia de humildade.


Lavou o coração com lágrimas contritas, implorando a complacência divina.


Imediatamente foi socorrida por benfeitores espirituais que a levaram para estágio reparador, em maravilhosa colônia espiritual.


Ali vivia uma comunidade feliz e ajustada, que observava integralmente o Evangelho, cultivando os valores do Bem.


A senhora esteve satisfeita...


por algum tempo.


Em breve caiu nos tormentos a que se habituara. .


Mal-amada...


Ninguém lhe dava atenção...


Havia falsidade nas pessoas...


A ladainha de sempre!


Vivendo em autêntico paraíso, permanecia no inferno que sustentava em si mesma.


* * *

Em Velho Tema, Vicente de Carvalho (1866-1924) exprime essa arraigada condição humana: a incapacidade de sermos felizes por não valorizarmos o que a vida nos oferece.


Só a leve esperança, em toda a vida, Disfarça a pena de viver, mais nada;


Nem é mais a existência, resumida, Que uma grande esperança malograda.


O eterno sonho da alma desterrada, Sonho que a traz ansiosa e embevecida, E uma hora feliz, sempre adiada E que não chega nunca em toda a vida.


Essa felicidade que supomos, Arvore milagrosa que sonhamos, Toda arreada de dourados pomos, Existe, sim; mas nós não a alcançamos Porque está sempre apenas onde a pomos E nunca a pomos onde nós estamos.


Onde estivermos, na Terra ou no Além, sustentaremos o céu ou o inferno, construído na intimidade de nosso ser com as ferramentas do cérebro e do coração, tendo por material o que pensamos e sentimos.


Para ingressar na recôndita região de nosso universo interior, onde está o Reino de Deus, é preciso uma senha.


Ser como as crianças - revela Jesus.


Há algo inerente à natureza infantil que devemos imitar para abrir as portas do paraíso interior.


A senha se compõe de duas virtudes.


• Pureza.


A criança não é maliciosa, não vê o mal no comportamento alheio, não se compraz com a maledicência, não guarda mágoas, desconhece a hipocrisia.


É capaz de relacionar-se com qualquer pessoa, independente da cor, raça, nacionalidade, religião, posição social...


• Simplicidade.


A criança não se sente infeliz por morar em singela cabana.


Diverte-se tanto com um pau de vassoura feito cavalo, quanto o faria o menino rico num palácio, movendo-se em patinete motorizada.


* * *

Para entrar no Reino de Deus, na intimidade de nós mesmos, é preciso resgatar a criança que fomos, aprisionada na teia das ambições, dos vícios e das mazelas.


Evidentemente, não é fácil.


Como diz André Luiz, contra a pálida réstia de luz do presente, simbolizada pelo desejo de melhorar, há montanhas de trevas do passado.


Proclama o apóstolo Paulo (Romanos, 7:19): O bem que eu quero, não faço.


O mal que não desejo, esse eu faço.


Temos visto esse filme, no desdobrar de múltiplas existências.


Mudam os cenários, mas o enredo é sempre o mesmo: Começamos a vida como "mocinhos", dispostos a mudar o.


mundo.


Terminamos como "bandidos", comprometidos por vícios e mazelas.


E preciso produzir um filme diferente, nos estúdios da Vida.


Perseverar nos bons propósitos...


Lutar contra nossas tendências inferiores...


Conservar fidelidade ao Bem...


Cultivar ideais que nos permitam sustentar a simplicidade e a pureza dos verdes anos. "Mocinhos", jamais "bandidos".


Bem-aventurados, jamais mal-amados.


No Céu, ainda que enfrentando as agruras da Terra.



Referências em Outras Obras


CARLOS TORRES PASTORINO

lc 17:21
Sabedoria do Evangelho - Volume 1

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 2
CARLOS TORRES PASTORINO
LC 1:1-4

Por este prólogo, ficamos sabendo que muitos haviam tentando escrever a história da vida de Jesus.


Mas as obras eram desorganizadas, já que os autores não possuíam cultura. Lucas, por ser médico, estava acostumado ao estudo sistemático, tendo por isso competência para traçar um quadro numa ordem que era mais lógica que cronológica.


É o que ele tenta fazer. Habituado, porém, à pesquisa científica, antes de fazê-lo empreende a busca de pessoas que haviam conhecido de perto o Mestre e acompanhado Sua vida, já que o médico grego não chegara a encontrar-se pessoalmente com Jesus.


Pelo que narra, e por suas viagens ao lado de Paulo, passando por Éfeso, chegamos à conclusão de que uma das pessoas ouvidas foi Maria, a mãe de Jesus, que passou os últimos anos de sua vida nessa cidade, em companhia de João (o Evangelista).


Lucas deseja começar "desde o princípio" (άνοθεν). Esse advérbio grego pode ter dois sentidos principais: " do alto" (donde o sentido de "desde o começo", isto é, "do ponto mais alto no tempo"), e tamb ém o sentido de "de novo". Ambos podem caber aqui: "depois de haver investigado tudo cuidadosamente de novo", ou seja, sem fiar-se ao que apenas lera nos muitos escritos anteriores.
A obra é dedicada a Teófilo, palavra grega θεόφιλος que significa "amigo de Deus". De modo geral, afirmam os comentadores tratar-se de uma personagem real e viva àquela época, por causa do títul "excelentíssimo" que lhe é anteposto. E deduzem ser o "Teófilo" convertido por Pedro em Antióquia, e do qual fala a obra Recognitiones (Patrologia Grega, vol. 1, col. 1453), dizendo-se "o mais elevado entre todos os poderosos da cidade".

Entretanto, parece-nos dirigir-se Lucas aos cristãos que realmente fossem "amigos de Deus no mais sublime ou excelente sentido". Não confundamos o sentido atual do título "excelentíssimo", aplicado habitualmente às pessoas de condição social elevada, com o sentido etimológico da palavra, ainda usado por nós, quando dizemos: "esta pintura está excelente". A época de Lucas, não nos consta ser corrente o título honorífico; mas é indubitável que o sentido etimológico existia.


Compreendamos, então: "ó amigo excelente de Deus".


O mesmo tipo de prólogo lemos no início dos "Atos dos Apóstolos", obra também do mesmo autor Lucas, e que serviria de continuação natural ao Evangelho que ele escrevera. Nos Atos lemos: "em minha primeira narrativa, ó Teófilo, contei"...


Se pois, os cristãos, a quem se dirigia Lucas, eram "excelentes", no mais elevado grau (excelentíssimos), o evangelista tinha a intenção de dedicar-lhes uma obra com revelações profundas, alegóricas e simbólicas, que pudessem trazer algo mais didático quanto à espiritualização; e não apenas o relat "histórico e cronológico".


Queixam-se os comentadores profanos de que não há datas nos, Evangelhos, e que portanto os fatos não podem ser situados "cronologicamente na História". Mas eles não escreveram para a personalidade transitória: trouxeram ensinos para a individualidade eterna, transitoriamente de passagem pela Terra

("enquanto estou nesta TENDA DE VIAGEM", 2PE 1:13). E por isso, o essencial era o sentido profundo, que se escondia nas entrelinhas, e que hoje precisa ser lido mais com o coração do que com o intelecto.


RESUMO DA TEORIA DA ORIGEM E DO DESTINO DO ESPÍRITO


Os cristãos, pelo menos os que eram, "excelentíssimos amigos de Deus", deviam ter conhecimento do sentido profundo (digamos "oculto") que havia nos ensinos e nas palavras de Jesus, assim como nos de toda a Antiga Escritura (da qual dizia Paulo que, àquela época, "ainda não fora levantado o véu", 2CO 3:14) com referência à origem e destino da criatura humana.


Cada ensinamento e cada fato constituem, por si mesmos, uma alusão, clara ou velada, à orientação que Jesus deu à Humanidade, para que pudesse jornadear com segurança pela Terra.


Afastados de Deus, da Fonte de Luz (não por distância física, mas por frequência vibratória muito mais baixa), o Espírito tinha a finalidade de tornar a elevar sua frequência, para novamente aproximar-se do Grande Foco de Luz Incriada.


Note-se bem que, estando Deus em toda parte e em tudo (EF 4:6) e em todos (1CO 15:28), ninguém e nada pode jamais "separar-se" de Deus, donde tudo provém e no Qual se encontram todas as coisas, já que Deus é a substância última, a essência REAL de tudo e de todos. Tudo o que "existe", EST EX, ou seja, está de fora, exteriorizado, mas não "fora" de Deus, e sim DENTRO DELE.

Assim, a centelha divina, o "Raio de Luz", afastando-se do Foco - não por distanciamento físico, mas por abaixamento de suas vibrações, chegou ao ponto ínfimo de vibrações por segundo, caindo no frio da matéria (de 1 a 16 vibrações por segundo). Daí terá novamente que elevar sua frequência vibratória até o ponto de energia e, continuando sua elevação, até o espírito, e mais além ainda, onde nosso intelecto não alcança.


A criatura humana, pois, no estágio atual - a quem Jesus trouxe Seus ensinamentos - é uma Centelha-

Divina, porque provém de Deus (AT 17:28, "Dele também somos geração"). Mas está lançada numa peregrinação pela Terra, numa jornada árdua para o Infinito. Na criatura, então, a essência fundamental é a Centelha-Divina, a Mônada: isso constitui nosso EU PROFUNDO ou EU SUPREMO, também denominado CRISTO INTERNO, que é a manifestação da Divindade.


Entretanto, um raio-de-sol, por mais que se afaste de sua fonte, nunca pode ser dela separado, nunca pode "destacar-se" dela (quem jamais conseguiu "isolar" um raio-de-sol de sua fonte? qualquer tentativa de interceptá-lo, fá-lo retirar-se para trás, e só permanecemos com a sombra e as trevas) . Assim o ser humano, o EU profundo, jamais poderá ser "destacado" nem "separado" de sua Fonte, que é Deus; poderá afastar-se aparentemente, por esfriamento, devido à baixa frequência vibratória que assumiu.


Ora, acontece que esse Raio-de-Sol (a Centelha-Divina) se torna o que chamamos um "Espírito", ao assumir uma individualidade. Esse espírito apresenta tríplice manifestação ("à imagem e semelhança dos elohim", GN 1:26):

— 1 - a Centelha-Divina - o EU, o AMOR;


-2 - a Mente Criadora - o Verbo, o AMANTE

— 3 - o Espírito Individualizado - o Filho, o AMADO, que é sua manifestação no tempo e no espaço.


Encontramos, pois, o ser humano constituído, fundamental e profundamente, pela Centelha-Divina, que é o EU profundo (o "atma" dos hindus); a mente criadora e inspiradora, que reside no coração (há 86 passagens no Evangelho que o afirmam categoricamente), e a individualização, que constitui o Esp írito, iluminado pela Centelha (hindu: "búdico"), com sua expressão "causal", porque é a causa de toda evolução.


Essa trípice manifestação da Mônada é chamada a INDIVIDUALIDADE ou o TRIÂNGULO SUPERIOR do ser humano atual.


Entretanto, ao baixar mais suas vibrações, esse conjunto desce à matéria ("torna-se carne", JO I: 14), manifestando-se no tempo e no espaço, e constituindo a PERSONALIDADE ou o QUATERNARIO INFERIOR, para onde passa sua consciência, enquanto se encontra "crucificada" no corpo físico.


É chamado "quaternário" porque se subdivide em quatro partes:

— 1 - o Intelecto (também denominado mente concreta, porque age no cérebro físico e através dele);


— 2 - o astral, plano em que vibram os sentimentos e emoções;


— 3 - o duplo etérico, em que vibram as sensações e instintos;


— 4 - o corpo físico ou denso, que é a materialização de nossos pensamentos, isto é, dos pensamentos e desejos do Espírito, acumulando em si e exteriorizando na Terra, todos os efeitos produzidos pelas ações passadas do próprio Espirito.


Entre a Individualidade e a Personalidade, existe uma PONTE de ligação, através da qual a consciênci "pequena" da Personalidade (única ativa e consciente no estágio atual das grandes massas humanas), pode comunicar-se com a consciência "superior" da Individualidade (que os cientistas começam a entrever e denominam, ora "superconsciente", ora "inconsciente profundo") . Essa ponte de ligação é chamada INTUIÇÃO.


Temos, então, no processo mental, três aspectos:

— 1 - o Pensamento criador, produzido pela Mente Inspiradora;


— 2 - o Raciocínio, produzido pelo cérebro físico, e que é puramente discursivo;


— 3 - a ligação entre os dois, que se realiza pela Intuição.


Podemos portanto definir a INTUIÇÃO como "o contato que se estabelece entre a mente espiritual (individualidade) e o intelecto (personalidade)".


Em outras palavras: "é o afloramento do superconsciente no consciente atual".


Todas essas explicações são indispensáveis para a compreensão dos símbolos e alegorias que se encontram nos fatos evangélicos, nos ensinamentos de Jesus, assim como no de todos os demais mestres da Humanidade.


Como toda Escritura "divinamente revelada ", isto é, trazida à Humanidade para ajudá-la a encaminharse na senda evolutiva, o Evangelho. apresenta DOIS sentidos principais:

— 1 - um sentido para a personalidade (sentido literal, único que pode ser percebido por aqueles que só trabalham com raciocínio, e não realizaram ainda, por meio da intuição, sua ligação com a consciência profunda);


— 2 - um sentido para a individualidade (que é o alegórico, o simbólico, e o místico ou espiritual).


Ambos são REAIS e produzem seus efeitos, cada qual em sua escala própria na fase evolutiva em que se encontra o leitor.


Quando aprendemos a descobrir, num FATO, o sentido simbólico, ou quando vemos que uma PERSONAGEM representa um simbolismo, isto NÃO significa que o fato não se tenha realizado, nem que a personagem não tenha tido existência REAL. Não. Há que atentar continuamente para isto: os FATOS REALIZARAM-SE; as PERSONALIDADES EXISTIRAM.


Desses fatos, porém, e dessas personagens (que AMBOS tiveram existência REAL), deduzimos e compreendemos um sentido profundo alegórico, simbólico ou místico, um ensinamento oculto, que só pode aparecer a quem tenha "olhos de ver, ouvidos de ouvir e coração de entender" (cfr. MC 8:17-18," não compreendes ainda nem entendeis ? tendes vosso coração endurecido? tendo olhos não vedes, tendo ouvidos não ouvis?" e também DT 29:4, "Mas YHWH não vos deu até hoje coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir").


Uma coisa, porém, é essencial: NÃO PERDE O EQUILÍBRIO. Nada de exageros, nem para um lado (vendo só a parte e o sentido literal), nem para o outro (interpretando o Evangelho apenas como simbolismo e negando o sentido literal) . Os dois TÊM que ser levados em conta. AMBOS são REAIS e instrutivos.


Assim, verificamos que todas as personagens citadas são reais, físicas, existentes na matéria, mas constituem, além disso, TAMBÉM, um símbolo para esclarecer a caminhada evolutiva do Espírito através de suas numerosas vidas sucessivas, iniciadas no infinito da eternidade e que terminarão na eternidade do infinito, embora, no momento presente, estejam jornadeando através do tempo finito e do espaço limitado.


A fim de dar um pequeno e rápido exemplo, num relancear d’olhos, daremos em esquema os símbolos mais acentuados das personagens evangélicas. A pouco e pouco chamaremos a atenção de nossos leitores sobre outras personalidades e fatos que forem ocorrendo.


TRÍADE SUPERIOR ou INDIVIDUALIDADE eterna, que reencarna muitas vezes até total libertação de todos os desejos, conquistada através das experiências de prazer e dor.


O que é | O que faz
O que é

Centelha-Divina, Atma, Mônada, EU profundo - CRISTO INTERNO.


O que faz

Envolve-se e desenvolve, sem já mais errar nem sofrer, porque é perfeita e onisciente, como emanação da Divindade.


O que é

Mente-espiritual (Manas) Vibra no plano mental, criando ideias e formas e individualizando o Espírito, lançando-o à personalidade para fazê-lo evoluir.


O que faz

Criador de Ideias e inspirador, que transmite os impulsos e chamados do EU profundo, forçando a evoluir. Mas, desligado da personalidade pela supremacia do intelecto, com ele só se comunica por lampejos, pela intuição.


O que é

Espírito - Vibra no plano causal, registro das causas e experiências e impulsionador dos efeitos.


O que faz Involui e evolui, errando e aprendendo, através da dor e das experiências adquirida em sua imensa jornada evolutiva.


INTUIÇÃO - ponte de ligação entre a mente e o intelecto, ou seja, entre a individualidade e a personalidade.


O CRISTO


CRISTO, a terceira manifestação de Deus, o Filho Unigênito do Pai (ou Verbo), está integralmente em todas as coisas criadas, embora nenhuma coisa criada seja O CRISTO senão quando souber anularse totalmente, para deixar que o Cristo se manifeste nela.


Há exemplos que poderão esclarecer esta verdade.


Apanhe um espelho grande: ele refletirá o sol. Quebre esse espelho num milhão de pedacinhos: cada pedacinho de per si refletirá o sol. Já reparou nisso? Se o desenho estivesse NO espelho, e ele se partisse, cada pedacinho ficaria com uma parte minúscula de um só desenho grande. Mas com o sol não é isso que se dá: cada pedacinho do espelho refletirá o sol todinho.


Ora. embora não possamos dizer que o pedaço de espelho SEJA o sol, teremos que confessar que ali ESTÁ o sol, todo inteiro, com seu calor e sua luz. E quanto mais puro, perfeito e sem jaça for o espelho, melhor refletirá o sol. E as manchas que o espelho tiver, tornando defeituosa e manchada a imagem do sol, deverão ser imputadas ao espelho, e não ao sol que continua perfeito. O reflexo dependerá da qualidade do espelho; assim a manifestação Crística nas criaturas dependerá de sua evolução e pureza, e em nada diminuirão a perfeição do Cristo.


Outra comparação pode ser feita: um aparelho de televisão. A cena representada no estúdio é uma só, mas as imagens e o som poderão multiplicar-se aos milhares, sem que nada perca de si mesma a cena do estúdio. E no entanto, em cada aparelho receptor entrará a imagem TOTAL e INTEGRAL. Se algum defeito houver no aparelho receptor, a culpa será da deficiência do aparelho, e não da imagem projetada. E podemos dizer que a cena ESTÁ toda no aparelho receptor, embora esse aparelho NÃO SEJA a cena. Assim o Cristo ESTÁ em todas as criaturas, INTEGRALMENTE, não obstante cada criatura só manifestá-lo conforme seu estágio evolutivo, isto é, com a imagem distorcida pelas deficiências DA CRIATURA que o manifesta, e NÃO do Cristo, cuja projeção é perfeita.


O rádio é outro exemplo, e muito outros poderiam ser trazidos.


Da mesma forma que, quanto melhor o espelho, a televisão ou o aparelho de rádio, tanto melhor poder ão manifestar o sol, a imagem e o som, assim ocorre com a manifestação da força cristônica em cada criatura.


Por isso é que JESUS, a criatura mais perfeita e pura (pelo menos em relação à Terra), pode integralmente e sem Jaça. E por faze-lo. justamente, é que foi denominado Jesus, o CRISTO.


E porque o Cristo é a manifestação integral de DEUS, foi com razão que a Humanidade o confundiu com o próprio Deus. Tanto mais que, em se tratando da encarnação de Jeová (YHWH), conforme predissera Isaías (Isaías 60:2), e sendo Jeová considerado como Deus, mais do que justo era que Jesus fosse considerado Deus; não Deus O ABSOLUTO, o Pai, mas o FILHO DE DEUS, Sua manifestação entre os homens, "aquele que é" (YHWH = Jeová), como Jesus mesmo se definiu: "antes que Abraão fosse feito, EU SOU" (JO 8:58). Ora, "EU SOU" é exatamente o sentido de YHWH (YAHWEH ou Jeová).


Então o próprio Jesus confirmou que Ele era Jeová, a encarnação de Jeová.


Na realidade, em relação a nós tão pequenos e imperfeitos, a manifestação divina em Jesus foi total, e bem pode Ele ser dito Deus (embora não em sentido absoluto); da mesma forma que podemos dizer que o reflexo do sol num espelho de cristal puríssimo seja O SOL; ou que a música reproduzida por ótimo aparelho de rádio ou de vitrola, seja A ORQUESTRA. Nesse sentido, Jesus é indubitavelmente Deus, porque "Nele reside a PLENITUDE DA DIVINDADE" (CL 2:9). Entretanto, TODAS AS CRIATURAS também têm em si essa mesma plenitude ("da PLENITUDE DELE TODOS NÓS RECEBEMOS", JO 1:16), apesar de não na manifestarem por causa das próprias deficiências e defeitos.


Foi nesse sentido que Jesus pode confirmar o Salmista (SL 81:6) e dizer: "vós SOIS deuses" (JO 10:35), da mesma forma que podemos afirmar que cada pequenino reflexo do sol num espelho é o sol; embora em sentido relativo, já que o sol, em sentido absoluto, é UM só; e também DEUS, em sentido absoluto, é UM só, se bem que esteja manifestado integral e plenamente em TODOS (1CO 15:28) e em TUDO (EF 4:6).


MANIFESTAÇÃO CRÍSTICA


Aproveitando o assunto que ventilamos, procuremos dizer de modo sumário e sucinto, simplificando ao máximo (para poder ser compreendidos por todos), COMO essa Manifestação Divina ESTA em todas as coisas e COMO, através da evolução, as criaturas irão manifestando cada vez mais e melhor o CRISTO INTERNO.


Comparemos o fato ainda ao sol (O ser que melhor representa, para nós da Terra, a Divindade - e que por isso foi apresentado antigamente como a maior manifestação divina). Um raio-de-sol, sempre ligado à sua fonte, afasta-se, no espaço e no tempo, de seu foco. Após caminhar durante oito minutos, atravessando 150 milhões de quilômetros, chega a nós, sofrendo várias refrações ao entrar na atmosfera terrestre. Sua luminosidade é diminuída e seu calor abrandado, por causa desse afastamento. No entanto o raio-de-sol, que perdeu luz e calor, não perdeu sua essência íntima.


Da mesma forma, a Centelha-Divina, sem jamais separar-se nem destacar-se de seu Foco, afasta-se dele, não espacial nem temporalmente, mas VIBRACIONALMENTE, isto é, baixando suas vibrações, envolvendo-se em si mesma, concentrando-se, contraindo-se, e chega ao ponto mais baixo que conhecemos, solidificando-se na matéria. Proveniente da vibração mais alta que possamos imaginar, o raio luminoso que partiu da Fonte de Luz Incriada vai gradativamente baixando o número de suas vibra ções e diminuindo a frequência por segundo, de acordo com o princípio já comprovado pela ciência da física. No entanto, jamais chega a zero (ao nada), porque a energia jamais se destrói.


Esse fato científico de que a energia não pode ser criada nem destruída, mas apenas "transformada", é perfeitamente certo. A mesma quantidade de energia que existia, neste globo, há milhões ou bilhões de anos, continua a mesma, sem crescer nem diminuir. Perfeito: porque essa energia é exatamente a manifesta ção divina; e sendo infinito Deus, nada pode ser-lhe acrescentado nem tirado: o infinito não pode sofrer aumento nem diminuição de qualquer espécie.


Então, o FOCO-DE-LUZ-INCRIADA é Deus, que irradia por Sua própria natureza, assim como o sol.


Sendo luz, TEM que iluminar; sendo calor, TEM que aquecer; sendo energia, TEM que irradiá-la, e tudo por NECESSIDADE INTRÍNSECA E INEVITAVEL.


Mas à medida que sua irradiação se afasta, vai baixando sua frequência vibratória, segundo o "efeito de Compton" que diz: "quando uma radiação de frequência elevada encontra um elétron livre, sua frequ ência diminui" (além de outras consequências, que não vêm ao caso no momento).


Portanto, à proporção que se afasta do Foco (sem dele destacar-se jamais), sua frequência espiritual baixa para ENERGIA, e daí desce mais para a MATÉRIA. (Consulte-se, a propósito, a "Grande Síntese" de Pietro Ubaldi). Entretanto, permanecera sempre a vibrar, porque, no Universo, tudo o que existe é vibração e tem movimento. A frequência vibratória pode chegar ao mínimo, mas nunca atingirá o zero (o nada), segundo a "teoria dos limites": por mais que aumente o divisor ou denominador

(1/10n+1), mesmo aproximando-se do infinitamente pequeno, jamais chegará a zero.


Ora, quando o Raio Espiritual, dotado de Mente Inteligente - o que é natural, por causa da Fonte de onde proveio que é a Inteligência Universal - parte de seu Foco, automaticamente esse Raio baixa suas vibrações e se torna INDIVIDUAL (ESPÍRITO).


Esse Espírito, pelo movimento inicial da partida (Lei de Inércia) vai descendo suas vibrações até o ponto máximo, sendo então a Centelha-Divina envolvida pela matéria, na qual o Espírito se transforma, ou melhor, da qual o Espírito se reveste. O Raio-de-Luz se concentra, contrai, condensa e cristaliza, solidificando-se.


O processo é claro: o Raio-Divino tem EM SI, potencialmente, a matéria (já que o MAIS contém o MENOS) e a vibração mais elevada contém em si, potencialmente, a vibração mais baixa. Não havendo diferença outra, entre espírito e matéria, senão a da escala vibratória, se o espírito baixa demais suas vibrações, ele chega à materialização, ou seja, congela-se, na expressão de Albert Einstein. Mas o oposto é também verdadeiro: a matéria contém EM SI, potencialmente, o espírito: bastar-lhe-á fazer elevar-se sua frequência vibratória, para retornar a ser espírito puro. A essa descida vibratória do raio-de-luz, chamaram outrora os teólogos, por falta de melhor expressão, de QUEDA DOS ANJOS. E a prova de que tinham noção do que estavam dizendo, é que chamaram ao pólo oposto do espírito (a matéria) de "adversário" do espírito (ou seja, DIABO, que em grego significa" opositor" ou "adversário"); e mais ainda: o "guia e chefe" do adversário era chamado LUCIFER, palavra latina que significa "portador da luz". Observe-se bem: se a matéria era o opositor do espírito (porque em pólos opostos), e se o "chefe" personificado era "Lúcifer" (portador da luz), isto demonstra que, pelo menos inconscientemente, se sabia que a MATÉRIA TINHA A LUZ EM SI, era "portadora da luz", isto é, do espírito-divino.


OBJEÇÕES


Antes de prosseguir, vamos responder a algumas objeções: 1. ª - Se O Raio-de-Luz possui MENTE DIVINA (portanto consciente e onisciente e perfeita), como se torna capaz de erros?


R. - O Raio-de-Luz, a Centelha-Divina, jamais erra, nem sofre, nem involui: sua tarefa é envolver-se, concentrar-se, contrair-se, para impulsionar à evolução a individualização que dele mesmo surgiu.


Essa individualização, ou Espírito, é um NOVO SER, que surge "simples e ignorante" (resposta n. º115 de "O Livro dos Espírito" de Allan Kardec). E o próprio espírito que responde, esclarece: "ignorante no sentido de não saber", de não ter colhido ainda experiências.


Há, pois, uma diferença fundamental entre a Centelha-Divina e o Espírito.


O Espírito é criado pela (por ocasião da) individualização da Centelha. Como se dá isso?


A Centelha é a irradiação da Divindade, do Princípio Inteligente Universal e Incriado; é Sua manifesta ção, com a Mente própria de origem divina. Mas o Espírito é a individualização que nasce dessa Centelha, e por isso é "obra de Deus, filho de Deus". (resposta n... º 77, idem ibidem).


O Espírito, portanto, pelo menos logicamente tem um princípio, embora a Centelha, por ser emanação direta de Deus, seja ETERNA quanto o próprio Deus.


Mas, como a irradiação é uma NECESSIDADE INTRÍNSECA da Divindade, assim também a individualiza ção da Centelha é uma NECESSIDADE INTRÍNSECA dessa mesma Centelha. Toda Centelha que parte do Foco Divino inexoravelmente se individualiza. Donde pode afirmar-se que o Espírito não tem princípio, porque é o resultado necessário e inevitável da própria essência da Divindade. Allan Kardec recebeu na resposta 78 quase que essas mesmas palavras: "podemos dizer que não temos principio, significando que, sendo eterno, Deus há de ter criado sempre, ininterruptamente". E na resposta 79, vem a definição clara e insofismável de tudo o que asseveramos acima, confirmando a nossa tese:

"os Espíritos são a individualização do Princípio Inteligente"; é esse "Princípio Inteligente" que chamamos DEUS, que se manifesta necessária e inevitavelmente pelas Centelhas-Divinas que Dele se irradiam, pelos Raios-de-Luz que Dele partem.


Então a Centelha-Divina (que tem a mesma essência do Princípio Inteligente) jamais erra nem sofre nem involui, porque, tal como sua Fonte-Incriada (DEUS) é inatingível a qualquer força finita, temporal ou espacial, e isto por sua própria natureza, que é divina. E como tudo o Que é de essência divina é REAL, sua individualização é REAL e constitui UM ESPÍRITO REAL. Mas esse Espírito, como individualidade, ainda é "simples e ignorante". Então a Centelha-Divina, que o anima, impulsiona-o a descer até a matéria, e permanece dentro dele através de todos os passos de seu aprendizado experimental, ou seja, de sua evolução, a fim de que, individualizado como está, conquiste conhecimento e sabedoria, através das experiências por ele mesmo vividas, e finalmente atinja POR SI, o estado de perfeição em que foi criado, mas já então PERFEITO E SÁBIO. A Centelha-Divina jamais o abandona. DE DENTRO DELE impulsiona-o evoluir, dirigindo-lhe, todos os movimentos e aspirações, mas sem forçá-lo nem coagi-lo: é uma força natural e constante que o atrai a si, à sua própria perfeição intrínseca e divina.


Resumindo: por que é da natureza da Centelha a individualização de um Espírito? Porque NÃO PODE DEIXAIR DE FAZÊ-LO. Sendo a Centelha um Raio-de-Luz que parte do Foco-Incriado, que é Deus, o Princípio Inteligente, e portanto, possuindo ela também a ESSÊNCIA DIVINA, ela tem, EM SI MESMA, como NECESSIDADE INTRÍNSECA E INEXORÁVEL, a objetividade concreta, a realidade objetiva. Em consequência, essa Centelha é UM EU, um ser objetivo e real, e NÃO PODE deixar de produzir um SER OBJETIVO. E como o Princípio Inteligente ou Foco-de-Luz-Incriado irradi "sempre e ininterruptamente", assim "Deus há de ter criado sempre e ininterruptamente" e continua criando até hoje: "meu Pai até agora trabalha (produz com seu trabalho = έργαςεгαι) como ensinou Jesus em JO 5:17).

A Centelha, então, É NOSSO VERDADEIRO "EU", que apenas se envolve e desenvolve, se contrai e descontrai, impelindo nosso Espírito à evolução. O Espírito, aprisionado na matéria (involuído) é que terá que evoluir, pelo impulso da Centelha (nosso EU) que está INCLUÍDO e em nosso Espírito.


Firmemos ainda o fato de que a Centelha possui MENTE SÁBIA E PERFEITA, mas o Espírito recebe o influxo desse atributo como uma potencialidade, e ele deverá desenvolver-se (evoluir) aprendendo a custa própria, até chegar a sintonia total, à união absoluta com o CRISTO INTERNO (que é a Centelha-

Divina, nosso verdadeiro EU). Só nesse ponto pode a MENTE de nosso EU agir livremente atrav és do nosso Espírito. Recordemos as palavras do CRISTO (o EU profundo) de Jesus: "Eu e o PAI somos UM" (JO 10:30); e referindo-se a seus discípulos, acrescenta: "para que como Tu, Pai, és em mim (Cristo), e eu em TI, também sejam eles em nós" (JO 17:21); e ainda: "para que sejam UM, assim como nós SOMOS UM, eu (Cristo) neles (Espíritos) e Tu (Pai) em mim (Cristo)" (JO 17:22-23).


A sabedoria da Centelha, do Cristo-Interno, ou seja, de nosso EU, é total e plena, mas só pode ser recebida por nosso Espírito gradativamente, aos poucos, de acordo com a capacidade que nosso espírito for conquistando através de seu esforço próprio. Assim, à proporção que o Espírito evolui, a Mente de nosso EU poderá expressar-se com maior amplitude.


Recordemos, ainda, que o Espírito, à medida que se vai aperfeiçoando, vai "construindo para si" veículos materiais cada vez mais aperfeiçoados. Começou na escala mais baixa da matéria - o MINERAL - e Jesus ensinou: "meu Pai pode suscitar destas pedras filhos de Abraão" (MT 3:9 e LC 3:8), coisa que já fora explicada no Gênesis (Gênesis 2:7) quando está dito que a origem do homem é o pó da terra, isto é, o MINERAL. Mas o EU irá forçando o aperfeiçoamento dos veículos, fazendo aparecerem qualidades maiores, com o desenvolvimento do DUPLO ETÉRICO, passando a manifestar-se no reino-vegetal; depois desenvolverá o CORPO ASTRAL, e penetrará o reino-animal. Em outras palavras poderíamos dizer: o mineral desenvolve a sensação física, quando então atinge o reino-vegetal (e hoje está cientificamente comprovado que os vegetais "sentem"); e o faz enviando seus átomos, em serviço, para ajudar a formar o corpo dos vegetais, animais e homens, em conta to com os quais os átomos minerais adquirem experiência. Continuando a evolução, desenvolver-se-á a sensibilidade, como a têm os animais.


Até aí, a Mente da Centelha (do EU profundo) age sem embaraços, e por isso vemos que a LEI funciona sem distorções nesses reinos, e o vegetal e o animal não "erram" nem são responsabilizados.


Quando entretanto surge a racionalização do intelecto, que começou a desenvolver-se no reinoanimal, o Espírito passa a servir-se dos veículos do reino-hominal, com cérebro muito mais evoluído.


Começa a verificar-se a "independização" do Espírito, que se desliga do Mental (do EU profundo) para poder aprender a discernir, a decidir-se e a escolher POR SI a estrada que deverá percorrer em seu progresso lento mas infalível. A Mente (o EU profundo) limita-se a dirigir os veículos inferiores (as células, os órgãos, o metabolismo etc.) e deixa ao Espírito a tarefa de dirigir-se externamente, por meio do raciocínio, a fim de adquirir experiência própria, com sua responsabilidade pessoal. Aí sentem-se melhor as dualidades da Individualidade e da Personalidade.


O Espírito, nesse ponto, julga que é o verdadeiro eu, e CRESCE, abafando a voz do EU REAL, que só quer agir por lampejos, através da voz silenciosa das intuições, para deixar ao Espírito inteira liberdade e total responsabilidade. Nesse ponto é que o Espírito "expulso do paraíso" (GN 3:24), penetra o mundo da responsabilidade," comendo com o suor de seu rosto " (GN 3:19) e "conhecendo o bem e o mal" (GN 13:22). O intelecto," mente concreta" da personalidade, e que já evoluiu após tantos milênios de milênios de jornadas pela Terra nos planos inferiores, assume a liderança, para DECIDIR POR SI, tendo pois a responsabilidade total de todos os seus atos, suas palavras e seus pensamentos. 2. ª - Sendo onisciente a Força Cósmica ou Princípio Inteligente, por que lança seus raios divinos para que atravessem, com o Espirito, uma evolução longa e trabalhosa, de afastamento e reaproxima ção? Não lhe seria mais fácil dar, de imediato, o conhecimento e a sabedoria a todos os Espíritos que surgem de seus Raios divinos, sem fazê-los percorrer tão árdua jornada?


R - A radiação da Luz é LEI. Ninguém poderá conceber um Foco de Luz que não irradie luz. A individualização desse raio num Espírito é NECESSIDADE inexorável. A realidade objetiva é inevitável, por ser divina a essência.


Comecemos, então, por não imaginar Deus como UMA PESSOA semelhante a um homem (embora em proporções infinitas), que faça caprichosamente isto ou aquilo e que tenha preferências e predileções pessoais. NÃO! Deus é A FÔRÇA CÓSMICA, é a INTELIGÊNCIA (ou o Princípio Inteligente) UNIVERSAL, é a MENTE RACIONAL INFINITA E INCRIADA. Mas também é tão NATURAL quanto a Natureza toda, que é a manifestação Dele. Deus é A LEI, igual em todos os tempos e lugares, e igual mesmo fora do tempo e do espaço, e vibra em todos os planos: espiritual, moral, mental e físico.


Consideremos ainda que Deus é A LIBERDADE, embora Deus NÃO SEJA LIVRE. Um homem pode escolher entre O bem e o mal. Deus não pode fazê-lo: por sua própria natureza essencial, SÓ PODE FAZER O BEM E O CERTO. A Onipotência divina só existe na direção do BEM e do AMOR, porque a Força Cósmica é IMPLACAVELMENTE BOA E AMOROSA.


Ora, a LEI estabeleceu que tudo o que surgisse de si passasse pelos mesmos passos de aprendizado, SEM PRIVILÉGIOS. E é isso O que ocorre.


Ninguém pode saciar sua fome se outra pessoa comer por ele. Ninguém aprenderá uma língua, se outra pessoa estudar por ele. Donde deduzimos que todo aprendizado tem que ser PESSOAL. Qualquer experi ência é, pois, um aprendizado INTRANSFERÍVEL.


Desta maneira, o Espírito que se individualiza é "simples e ignorante", isto é, AINDA nada sabe. E terá que aprender. Como o fará? Através das experiências vividas por ele mesmo. Eis a razão da necessidade dessa evolução árdua, trabalhosa e de duração infinita.


Mas então, argumenta-se, POR QUE esse Espírito, que NASCE DA Centelha-Divina perfeita e onisciente, não é desde logo perfeito e onisciente? Um filho é sempre da mesma natureza, família, gênero e espécie que seu pai e sua mãe...


Não há dúvida que sim. Como não há dúvida de que o Espírito é da MESMA NATUREZA E ESS ÊNCIA do Raio-de-Luz. No entanto, pela lei que vige nos planos que conhecemos, nós deduzimos as Leis dos Planos desconhecidos. Assim como o que nasce da planta é uma SEMENTE que terá que desenvolver-se e não uma árvore já grande; assim como de um animal adulto nasce um filhote minúsculo, que terá que crescer; assim como do homem nasce uma criancinha pequenina, que terá que desenvolverse e aprender (e não outra criatura adulta), assim também (a LEI é a mesma em todos os planos), compreende-se que foi estabelecido que o Espírito fosse criado "simples e ignorante" para então, por si mesmo, desenvolver-se.


Agora se nos perguntarem "POR QUE Deus fez assim e não diferente"? - responderemos: NAO SABEMOS.


Mas quem somos nós para tomar satisfações de Deus (RM 9:21) ? Se assim é, é porque assim é o MELHOR. Quando evoluirmos mais, compreenderemos. Tenhamos paciência. No curso primário, não podemos pretender o conhecimento de demonstrações abstrusas próprias do curso universit ário. Aceitemos o que a professora nos diz: tensão se escreve com S, e atenção com ç. O aluno pode perguntar: "por quê?" Ela responderá: "porque vem do latim", e nada mais. No ginásio, o aluno aprenderá que a primeira palavra provém de tenSionem, com S, e a segunda de attenTionem, com T, que passa ao português para C ou ç. Mas só quando o aluno chegar à Faculdade, é que poderá descobrir O PORQUÊ de uma ser assim e outra diferente no próprio latim, quando estudar a etimologia da língua latina e penetrar os segredos do etrusco e do sânscrito. Até lá, terá que contentar-se com ACEITAR sem discutir, sabendo que deve haver para isso razões que ele desconhece AINDA, mas que um dia conhecerá. Assim nós. Se não podemos penetrar todos os SEGREDOS, aceitemos, por enquanto.


Mais tarde, se evoluirmos bastante, nós o compreenderemos.


A CURVA INVOLUÇÃO-EVOLUÇÃO


Podemos tentar apresentar graficamente esse imenso ciclo de involução-evolução. Representaremos aparte espiritual (tríade superior), ou seja, a Centelha-Divina, a Mente e o Espírito, por um triângulo.


Representaremos o quaternário inferior por um quadrado, sendo: o traço horizontal inferior, a matéria densa; o traço vertical à esquerda de quem olha, o duplo etérico; o traço vertical à direita de quem olha, o corpo astral. E o traço horizontal por cima dessas linhas verticais, o intelecto. Temos aí a personalidade completa.


Vejamos, então, o triângulo, que tem, incluso em si, potencialmente, o quadrado, isto é, uma futura personalidade. O quadrado está representado em preto, porque o espírito ainda se encontra nas "trevas"

da Ignorância (do não-saber) : Numa projeção linear, esse triângulo torna-se achatado, formando uma linha horizontal: dentro dela, porém, está contida, "incluída" ou "envolvida", a Centelha-Divina, o EU profundo, acompanhado de Sua mente e do Espírito recém-individualizado. Essa linha, portanto, que contém a Centelha-Divina, é Lúcifer, é "portadora da Luz"; é o pólo oposto do Espírito, é o adversário (ou diabo) que teremos que vencer pela evolução, e que tantas vezes foi "personificado" nos Evangelhos. A Centelha-Divina, o EU profundo, comandará toda a evolução do Espírito, através desse e de todos os demais veículos materiais que forem sendo paulatinamente formados por ele, para poder expressar-se cada vez melhor.


Representemos assim essa projeção: Por aí compreendemos que, tendo baixado suas vibrações até o átomo material, daí se iniciará a subida, através do reino-mineral, do reino-vegetal, do reino-animal, do reino-hominal, até voltar ao reinodivino ou, como dizia Jesus, ao "Reino-de-Deus", embora passando, acima do homem, por outros reinos, que desconhecemos em virtude de nossa pequenez e atraso (como reino-angélico, reinoarcang élico, reino-seráfico etc.) .


Verifica-se, assim, a realidade palpável do ensino de Jesus, quando dizia: "O REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE VÓS" (ίϊ βαοιλει α τοϋ θεού έуτός ΰµώυ έστιυ, LC 17:21). Essa Verdade pode ser dita a qualquer das fases evolutivas, porque dentro de TODAS e de CADA UMA DELAS, está, REAL e ESSENCIALMENTE, o Reino-de-Deus, potencialmente contido. Firmemos mais uma vez: Reino-de-Deus tem o mesmo sentido de nossas expressões: reino-vegetal ou reino-animal. E por isso pôde Jesus afirmar (JO 10:34), sublinhando o Salmista (SL 81:6) : "Vós SOIS deuses".

Da mesma maneira, dirigindo-nos a uma semente, poderíamos dizer: "a árvore ESTA dentro de ti". E falando a um vegetal, poderíamos repetir: "o REINO-ANIMAL ESTA dentro de ti".


Comprovamos, assim, que Reino-de-Deus (ou reino-dos-céus, isto é, reino-da-individualidade), não é um paraíso EXTERNO, onde ficaríamos a gozar de algo EXTERIOR a nós; mas, ao contrário, reinode-

Deus é UMA EVOLUÇAO NOSSA, à qual DEVEMOS CHEGAR, por força natural de nosso progresso interno.


E quando para lá não formos espontaneamente, iremos obrigados pela dor e pelo sofrimento, que nos impelem para a frente e para o alto, qual aguilhão que açoda bois vagarosos. Todavia, a dor não é indispens ável: dentro de cada ser está o impulso para a evolução, dado pela Centelha-Divina ou EU profundo, e o Espírito poderá escolher caminhos de perfeição espontaneamente, sem precisar ser aguilhoado.


Com efeito, todos os seres querem "progredir". Mas enquanto não compreendem o verdadeiro sentido da evolução CERTA, buscam o progresso em atalhos enganosos (riquezas, prazeres, poder, gozos etc.) e por isso vem a dor para corrigir o Espírito, até que ele, mais amadurecido e experiente, aprenda POR SI quão falsas são essas estradas largas, que só levam ao desgosto, ao tédio e à dor. Voltase, então, de modo geral, para a busca ansiosa de outros progressos (nobreza, posição, cultura, intelectualismo, religião), até descobrir que NÃO É nenhum desses caminhos externos, por mais nobre e elevado que seja, que constitui o Reino-de-Deus: este só pode ser encontrado, como disse Jesus, DENTRO DE SI MESMO (έυτός ύµωυ έστιυ).

No gráfico representativo desta teoria, procuraremos esclarecer o pensamento.


Partindo do ponto em que a Centelha-Divina, o Eu profundo, está no SEIO de Deus, apenas iniciado o afastamento vibratório do FOCO INCRIADO, com a matéria potencialmente contida dentro de si, vemos que dai a Centelha parte, natural e necessariamente (inexoravelmente), por efeito da irradiação inevitável do Foco de Luz, e por força da Lei de Inércia, dirigindo-se ao pólo oposto, e congelando-se na matéria.


Dai então, a Centelha ou EU profundo, faz que a matéria vá desenvolvendo através dos milênios, o duplo-etérico, o corpo-astral, e o intelecto, até constituir a personalidade completa e desenvolvida. Já pode, então, a Mente Divina do EU profundo, por meio da INTUIÇAO, agir sobre o intelecto, até que obtenha o predomínio da MENTE DIVINA (isto é, da individualidade). Continua, então, a caminhada: a individualidade ABSORVERÁ a PERSONALIDADE em si, e o Espírito voltará ao estado primitivo, mas JÁ COM EXPERIÊNCIA E SABEDORIA, conquistadas por si mesmo através da longa linha evolutiva. Por isso o quadrado interno (que representa a personalidade) já é apresentado, no fim do ciclo, não mais em preto ("trevas" da ignorância), mas branco, exprimindo a Luz da Sabedoria.


Aí está a RAZÃO de toda nossa evolução, e o PORQUÊ, de nossa, existência.


Resumindo tudo: partindo a Centelha do Foco de Luz (por necessidade intrínseca), esta, também por necessidade intrínseca (ou seja, porque é de essência divina, sua existência é uma essência real e objetiva, um EU real), causa a individualização de um Espírito, de um SER com existência também real e objetiva, e participante da Essência Divina.


Em outras palavras: ao afastar-se do Foco de Luz, que a irradia por necessidade intrínseca, a Centelha Divina (EU profundo) causa a individualização de um Espírito. também por necessidade intrínseca.


Isto é, sendo de ESSÊNCIA DIVINA, a existência do EU é uma essência real e objetiva, que SE REVESTE de um Espírito, individualizando-o e fazendo-o copartícipe de sua Mente. Mas, atuando por meio de um Espírito ainda "simples e ignorante’. (não-sábio), o EU profundo PRECISA fazê-lo evoluir, para poder expressar-se por seu intermédio. Começa então a evolução a partir do átomo, para fazêlo chegar ao ponto máximo, ao estado crístico ("até que TODOS cheguemos... à medida da estatura da plenitude DE CRISTO ", EF 4:13). E a confirmação: "tudo se encadeia em a natureza desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo" (resposta 540 de "O, Livro dos Espíritos", de Allan Kardec).


Ao chegar à "medida da estatura da plenitude de Cristo", o Espírito já evoluiu o bastante, para permitir ao EU profundo ou Cristo Interno, a manifestação plena da Divindade, tal como ocorreu a JESUS,

("Nele habita TODA A PLENITUDE DA DIVINDADE". CL 2:9), embora "DA PLENITUDE DELE TODOS NÓS recebamos (JO 1:16).


Entre o estado inicial ("simples e ignorante") do Espírito e seu estado final (perfeito e sábio), a distância é inimaginável. No estágio último, o Espírito já conquistou SABEDORIA e AMOR. Então a Centelha-

Divina, o EU profundo, já POSSUI UM VEÍCULO pelo qual pode manifestar-se total e completamente: chegou ao fim de sua evolução (qual a podemos conceber em nossa pequenez e atraso), embora esse final jamais atinja o fim, porque, por mais que evolua, JAMAIS ALCANÇARA O INFINITO, que é sua meta. Quem conhece matemática, compare esta nossa afirmativa à assíntota da hipérbole, e verá que estamos com a razão. (Por aí entrevemos que a Ciência - e a matemática, que é a ciênciaexata por excelência - é a PESQUISA DA DIVINDADE que está contida em todas as coisas. E por isso, a Ciência constitui a verdadeira e única RELIGIÂO, para levar a criatura - dentro do limite dos possíveis - ao conhecimento de Deus.) Paulo, o grande Apóstolo, ao comentar o versículo 18 do Salmo 68, "subindo às alturas, levou cativo o cativeiro", escreve, resumindo todo esse processo: "que significa subiu, senão que também desceu às regiões (vibrações) mais baixas da Terra? aquele que desceu é o mesmo que subiu muito além de todos os céus, para encher todas as coisas" (E!. 4:9-10). O Salmista revela-nos que o Espírito, ao subir, leva cativa a matéria, que fora o seu cativeiro, durante tantos milênios. Para uma ideia muito pálida, observe-se o gráfico, na página seguinte.


lc 17:21
Sabedoria do Evangelho - Volume 2

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 41
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 6:5-15


5. Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens; em verdade vos digo, já receberam sua recompensa.


6. Tu, porém, quando orares, entra em teu quarto e, fechada a porta, ora a teu Pai que está no secreto; e teu Pai que vê no secreto te retribuirá (na luz plena).


7. Quando orais, não useis de repetições inúteis como os gentios, pensam que pelas muitas palavras serão ouvidos.


8. Não sejais como eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes que lho peçais.


9. Portanto, orai vós deste modo: "Nosso Pai, que estás nos céus; santificado seja teu Nome;


10. venha o teu reino; seja feita tua vontade, como no céu, assim na terra;


11. o pão nosso sobressubstancial dános hoje;


12. e perdoa-nos nossas dívidas assim como nós já perdoamos aos nossos devedores;


13. e não nos induzas em tentação, mas liberta-nos do mal".


14. Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará;


15. Mas se não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai celestial perdoará vossas ofensas.


MC 11 : 25-26

26. Quando estiverdes de pé, orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoailha; para que também vosso Pai que está nos céus.


vos perdoe vossas ofensas.


27. Mas se não perdoardes, também vosso Pai que está nos céus não vos perdoará vossas ofensas.


Lc. 11:1-4

1. E aconteceu que estava (Jesus) orando em certo lugar e, quando acabou, um de seus discípulos disse-lhe: "Senhor, ensina-nos a orar como João ensinou a seus discípulos".


2. Ele lhes respondeu: quando orardes, dizei: Pai, santificado seja teu Nome; venha teu reino;


3. o pão nosso sobressubstancial dá-nos diariamente;


4. e perdoa-nos nossos erros, porque também perdoamos a todo aquele que nos deve; e não nos entregues à tentação".


São as mais perfeitas instruções que, neste trecho, recebemos a respeito da prece, seguindo-se-lhes o modelo ditado por Jesus.


Antes dele, todavia, são dadas as atitudes a assumir. No contato com o Pai, deve evitar-se qualquer intromissão de outras criaturas: nada de assumir posições especiais, nem de fazê-la em público para ser admirado e louvado pelos homens.


Assim, é condenada a posição ostensiva, de ficar de pé (hestãtes) nas sinagogas (isto é, nos locais de oração) e nas praças públicas (referência ao hábito de orar em horas prefixadas, onde quer que se esteja, e que era prescrito aos israelitas, como ainda hoje aos muçulmanos).


A essa publicidade, Jesus opõe o segredo de entrar no quarto (eis tò tameiõn, que era o "quarto de guardados", jamais frequentado por pessoas estranhas); e além disso trancar a porta, para que ninguém presencie o contato íntimo com o Pai. Exemplo frequente disso deu-nos o Mestre, relatado pelos evangelistas: " retirou-se sozinho ao monte para orar". Lucas aproveita uma dessas situações, dizendo que, após ter Jesus orado "em certo lugar", os discípulos Dele se aproximaram pedindo-Lhe lhes ensinasse a orar, como João o fizera. Essa solicitação esclarece que Jesus orava sempre retirado e só, tanto que os discípulos não sabiam como fazer suas preces.


Outros ensinos ainda são trazidos: não repetir muitas palavras, falando muito "como os gentios, que pensam que, pela muita repetição é que são ouvidos". Portanto, condenação absoluta de repetir 10, 50 ou 150 vezes as mesmas fórmulas, o que acaba provocando a mecanização de sons, sem que haja interfer ência do sentimento quanto ao sentido das palavras.


Diz-nos mais, que não adianta PEDIR coisas ao Pai, pois Ele sabe mais e melhor que nós o de que necessitamos: habitando DENTRO DE NÓS, em nosso coração, Ele vê e sabe de tudo; inútil, além de ridículo se torna" querer ensinar a Deus aquilo que deve Ele dar-nos...


Vem, então, a fórmula perfeita, que passamos a analisar.


ANÁLISE DO "PAI NOSSO"


Nessa prece Jesus criou admirável síntese das fórmulas empregadas nas preces judaicas, escoimandoas apenas do exagerado nacionalismo e materialismo, dando-lhes sentidos espirituais profundos, que veremos adiante. Mas as expressões ensinadas são lidimamente judaicas, pois Jesus nascera e se filiara à religião mosaica, nela vivendo e morrendo, sem jamais ter tido a menor ideia de fundar nova religião.


Portanto, o "Pai nosso" é uma prece totalmente israelita, repetindo fielmente a piedade judaica.


Provemos nossas assertivas, que poderão ser verificadas com facilidade (cfr. Strack e Billeberck, o. c., pág. 410 a 422).


1) A primeira invocação pertence à oração, dos rabinos: "Nosso Pai, que estás nos céus, que teu nome seja louvado por rodas as eternidades"; e "Nosso Pai, que estás nos céus, fazei-nos misericórdia pelo amor de teu grande nome, que é invocado por nós".


2) a segunda frase é encontrada no Qaddich, oração diária dos judeus: "seja exaltado e santificado teu grande nome".


3) "Venha a nós teu reino" é frase frequente nas jaculatórias dos rabinos: "que o reino de Deus se manifeste ou apareça (Targum de Miquéias, 4:8) e "reina sobre nós Tu só" (Chêmonê-esrê, 11).


4) Rabbi Eliézer dizia: "Fazei tua vontade no céu, no alto, e dá tranquila coragem aos que te temem na Terra, e fazem o teus olhos".


5) "Não me dês pobreza nem riqueza: dá-me o pão necessário", lemos em Provérbios, 30:8; e o Targum parafraseia: "dá-me o pão que me baste".


6) "Perdoa-nos, nosso Pai, porque pecamos contra ti", está na sexta bênção do Chêmonê-esrê e tamb ém em Abina Malkênu, de que Rabbi Aqiba diz o início: "nosso Pai, nosso Rei, perdoa e resgata todas as nossas faltas.


7) "Perdoa ao próximo sua injustiça, e então, se orares, teus erros serão perdoados", lemos em Eclesiástico, 28:2.


8) Na oração da noite há: "não nos conduzas ao poder do erro, nem ao poder da tentação, nem ao poder da traição".


9) E nos Berakkot se encontra: seja feita tua vontade, YHWH, nosso Deus e nosso Pai, salva-nos (...) do homem mau, do mau encontro, da força má, do mau companheiro, do mau vizinho, do adversário corruptor, do julgamento rigoroso, dos maus adversários no tribunal".


DIVISÃO DO "PAI NOSSO"


O "Pai nosso" consta de uma invocação, seguida de três pedidos espirituais e de quatro solicitações a respeito das necessidades do homem na matéria.


INVOCAÇÃO - Jesus não manda dirigir-nos a Deus como Criador, nem como Rei, nem como Deus, mas como PAI; e mesmo assim, Pai de todas as criaturas. Pai é a mais carinhosa atribuição divina, já usada diariamente na época de Jesus pelos israelitas, como vemos várias vezes repetida na oração Chêmonê-esrê ou Tephillah, sobretudo nas bênçãos. E de tal forma Pai, que Jesus adverte: "a ninguém chameis de pai, na Terra, a não ser vosso Pai que está nos céus" (MT 23:9).


Logicamente, quando uma pessoa orar sozinha, dirá "meu Pai", e não "nosso", fórmula reservada às preces em grupo.


A expressão "que estás nos céus" (beshamaim) era também usual como sequência da invocação. Recordemos que shamaim em hebraico e "ouranós" em grego expressam a atmosfera que envolve a Terra, e não, jamais, um lugar geográfico específico. Para dar ideia precisa dessas palavras (já que "céus" foi semanticamente alterado em seu sentido etimológico), deveríamos dizer: "nosso Pai que estás no ar que nos circunda, impregna e vivifica pela respiração" (cfr. "visto ele mesmo dar a todos vida respiração e todas as coisas", AT 17:25).


1. ª PETIÇÃO - Seja santificado Teu nome". O "nome" é usado como expressão da essência, como a manifestação externa da substância última. Refere-se, pois, o pedido ao mundo, e mais particularmente às criaturas que, sendo a manifestação divina, em nosso globo, expressam Seu nome. A petição, portanto, revela o voto de que todas as criaturas se santifiquem (se tornem sadias moral e fisicamente), para que o nome de nosso Pai seja santificado em nós: assim como um filho diria a seu pai: "que possa eu honrar, com meu comportamento, o teu nome usado por mim". Com efeito, sendo nós filhos de Deus, trazemos em nós Seu nome e, santificando-nos o santificamos. Dizia Gregório de Nissa que, com as boas obras, levamos os homens a glorificar a Deus (Patrol. Graeca, 44. 1153).


2. ª PETIÇÃO - "Venha o Teu reino". Exprime o desejo ardente de que o mundo se coloque sob o reinado do Pai - Espírito - e não de satanás, a matéria. Que as criaturas se submetam ao Pai, que sabe governar Sua casa com justiça, misericórdia e amor. Alguns Pais da igreja atribuíam a esse pedido o caracter escatológico, como Tertuliano (Patrol. Lat. 1, 1158-1159), Cipriano (Patrol. Lat. 4,527 ss) e Agostinho (Patrol. Lat. 47, 1118).


3. ª PETIÇÃO - "Seja feita Tua vontade na Terra, como é ela feita nos céus". Esta petição falta em Lucas.


Manifesta a aspiração firme de que saibamos conformar-nos à vontade do Pai, obedecendo-lhe às ordens (que são as circunstâncias que surgem sem nossa interferência na vida) com amor, ao invés de pretender fazer prevalecer nossa vontade pequena, caprichosa e, sobretudo, ignorante de nossa verdadeira vantagem no que nos concerne.


4. ª PETIÇÃO - "Dá-nos hoje o pão sobressubstancial". Esse vocábulo, hápax absoluto do "Pai nosso (epioúsion) foi traduzido pela Vulgata como "cotidiano" ou "de cada dia" (epi tèn oúsan hêméran), seguindo a opinião de João Crisóstomo (Patrol. Graeca, 67, 280). Na interpretação de Orígenes significava o "pão para a subsistência" (epì ousía, Patrol, Graeca, 11, 475). Jerônimo (Patrol. Lat. 26,43) fala: "dá-nos hoje o pão de amanhã"; mas essa interpretação seria contrária ao ensino de Jesus: "não vos preocupeis com o manhã" (MT 6:34). No entanto, nesse mesmo local citado, Jerônimo interpreta o pedido como "o pão espiritual", de acordo também com Orígenes (ibidem), Cipriano (Patrol. Lat. 4, 531-533) e Agostinho (Patrol. Lat. 38, 381 e 289-390).


5. ª PETIÇÃO - "Perdoa nossas dívidas, assim como já perdoamos aos nossos devedores", é a condição sine qua, salientada expressamente por Jesus, depois de ensinar a orar (versículo 14-15). Se não soubermos perdoar, não poderemos jamais ser perdoados. Nossa tradução, "como JÁ perdoamos" foi feita para corresponder mais exatamente ao original aphékamen (segunda forma de aoristo 2. º apheíme) cujo tempo supõe a ação já realizada. Esse mesmo ensino voltará exemplificado na parábola do servo sem compaixão (MT 18:23-35).


Após a prece, Jesus volta a insistir no sexto pedido, referente às emoções, salientando a importância do perdão. Essa repetição explicativa na sublime lição da prece vem esclarecer que a condição do perdão é INDISPENSÁVEL à libertação do Espírito. As frases são repetidas em Mateus e Lucas; e Marcos, de toda a lição, fixou apenas esse ensinamento, como resumo básico para nosso aprendizado. Assim como se quisesse dizer que, se soubermos perdoar realmente, nada mais é preciso fazer; pois fazendo as pazes com os outros, podemos conseguir a paz de Deus.


6. ª PETIÇÃO - "Não nos induzas em tentação". O conjuntivo aoristo segundo, eisenégkêis (de eisph érô) tem o sentido de "conduzir para dentro" ou "induzir; e peirasmós é a prova, o exame, a experimenta ção. Pedido de socorro que fazemos, para que não sejamos colocados em situações perigosas que nos experimentem as forças, pois tememos sucumbir, já que conhecemos nossas fraquezas. Suplicamos, então, à misericórdia do Pai, que nos poupe as experimentações, que talvez nos levem à derrota.


Tentação, pois, não é o "pecado", mas a prova (cfr. LC 22:28). Segundo Tiago (Tiago 1:2) as provações" são úteis" à evolução. Essa opinião é de que Deus não nos leva ao mal, embora nos submeta à prova (cfr. Tiago 1:13; Agostinho, Patrol. Lat. 38, 390-391 e Hilário, Patrol. Lat. 9, 510).


7. ª PETIÇÃO - "Mas livra-nos do mal". O genitivo grego poneroú tanto pode ser masculino (do mau), quanto do neutro (do mal). Da interpretação dependerá exclusivamente a escolha de um ou de outro.


Como sequência do versículo anterior que fala em "provações", e como consequência do ensino "não resistais ao homem mau" (MT 5:39), pode compreender-se "do MAU". Com efeito, desde que não podemos nem defender-nos, quando um mau nos ataca, ainda que nos mate (tal como o fez Jesus, que não levantou um dedo em defesa própria quando foi assassinado, dando o exemplo vivo do que ensinou); e como sabemos que não temos ainda capacidade de agir assim, então pedimos que nos salve o Pai desses encontros com homens maus.


SENTIDO DO "PAI NOSSO"


Ensina-nos a individualidade que a prece deve ser sempre uma aproximação máxima possível entre nós e nossa origem; e por isso recorda-nos que Deus é O PAI, já que "somos gerados por Deus "(AT 17:28), somos partículas do Grande Foco de Luz Incriada. Nessas condições, quando nos dirigimos a esse Pai, "que reside no secreto" de nós mesmos, devemos voltar-nos e mergulhar nesse secreto (entrar em nosso quarto) e além disso "trancar as portas" de nossos sentidos, isolando-nos de tudo quanto é externo e material. Isolar-nos inclusive e sobretudo de nosso próprio eu pequeno, de nossa personalidade, para que o contato seja o mais lídimo possível.


Nossas primeiras palavras devem constituir um apelo que nos recorde nossa filiação divina, confessandonos FILHOS no real sentido, mais real ainda do que a simples e transitória filiação humana do corpo físico. Adverte-nos então que a filiação terrena não é propriamente uma filiação (cfr. MT 23:9). De Deus é a verdadeira paternidade, porque Ele é a origem de nosso Espírito de nosso verdadeiro EU profundo, a Centelha divina e eterna. Só a Ele devemos dirigir nossas preces: Jesus jamais ensina que nos dirijamos a intermediários, mas sim diretamente ao Pai que habita DENTRO DE NÓS, no secreto de nossos corações.


Isso mesmo exprime a cláusula apositiva "que estás nos céus". Os céus que exprimem o "reino que está dentro de nós" (cfr. LC 17:21) levam nosso pensamento ao coração; o Pai, que está nos céus, está então no reino dos céus, que está dentro de nós. A consequência é lógica e irrefutável: nosso Pai que estás em nosso coração, nesse reino dos céus que ansiosamente buscamos, como mendigos do Espírito.


E continuamos, fazendo três petições referentes à individualidade:

1 - "Seja santificado Teu nome". Sendo nós a manifestação externa de nossa essência profunda, constitu ída pela Centelha divina pedimos que seja santificada nossa personalidade, exteriorização de Deus. Que nossa parte transitória - que no planeta manifesta Deus, se torne "sadia e sábia". E, por isso, que nem nos atos, nem nas palavras, nem mesmo nos pensamentos, deixemos jamais de ver em todos, em tudo e em toda parte, a manifestação do Nome de Deus. Pois todos e tudo exprimem esse Nome santo, embora exteriorizado com defeitos, por deficiência dos canais que O manifestam. Que tudo se harmonize sitonicamente com a Santidade divina, que todos, inclusive nós e nossos veículos, se santifiquem ao contato com a Centelha Divina. Tudo o que conhecemos, que vemos, e que existe é constituído pela mesma e única essência profunda íntima de Deus, que sustenta tudo com Seu ser.


2 - A segunda petição para a individualidade ou Espírito é "venha o Teu reino" . Trata-se da express ão mais ardente do contato íntimo com a Centelha divina, com Deus através de nosso Cristo Interno, a fim de que mergulhemos na Consciência Cósmica, tornando-nos UM com O TODO, UM com o PAI.


"O reino de Deus (ou dos céus) está dentro de vós": "que Teu reino venha", que nós o encontramos o mais depressa possível, que nos unifiquemos ao Pai no prazo mais curto e da maneira mais íntima, numa unificação total e definitiva.


3 - A última das petições referentes à individualidade refere-se ao desejo real de que o Espírito siga a Vontade do Cristo Interno, e não a vontade da personalidade. De fato, o Espírito se encontra entre dois pólos opostos, antagônicos: o pólo superior influi o Espírito para sua evolução, induzindo-nos às ações superiores de fidelidade e gratidão, de bondade e amor; o pólo inferior puxa-o para o materialismo do "antissistema" (Ubaldi), impelindo-o à infidelidade, à ingratidão, aos prazeres e gozos egoístas. Nessa situação contraditória, o Espírito é batido de um lado e de outro, internamente tendendo ao bem, e externamente tentado pelo mal; pelo Cristo Interno convidado a subir, por satanás arrastado ao abismo: perene luta entre Sistema e Anti-sistema, entre espírito e matéria, entre positivo e negativo, entre bem e mal, entre sabedoria e ignorância, entre egoísmo e amor.


Todos somos testemunhas e atores nessas lutas titânicas que nos envolvem a todos. E muitos se esforçam e sofrem nesse árduo combate, procurando fazer a vontade divina com sacrifícios inauditos. Ora, o pedido salienta a necessidade de o Espírito fazer espontânea e naturalmente a vontade do Pai, que se manifesta através de Sua Partícula em nós, o Cristo Interno, que constitui nosso EU Profundo, e que sempre nos chega ao eu pequeno através da voz silenciosa de nossa consciência. Isso, exatamente, está expresso com clareza na fórmula: "seja feita Tua vontade na Terra (na personalidade) assim como nos céus (na individualidade)". O que mais uma vez comprova que o "estás nos céus" significa," que estás em nosso íntimo, dentro de nós, em nosso coração", isto é, na individualidade.


São, portanto, três pedidos referentes à individualidade (ou triângulo superior): o primeiro relativo à Centelha Divina, logo após a invocação: "Seja santificado o Teu nome"; o segundo relativo à mente chamada "abstrata", que deseja a união integral: "venha o Teu reino"; o terceiro dizendo respeito ao Espírito, que engloba as três manifestações: "seja feita Tua vontade".


São-nos apresentados a seguir quatro pedidos que se referem à personalidade, (ou quaternário inferior) isto é ao "espírito" encarnado provisoriamente.


1 - O primeiro, "dá-nos hoje o pão supersubstancial", refere-se ao intelecto, e solicita o pão, isto é, o alimento do "espírito", que é o conhecimento da Espiritualidade, a Sabedoria, Salienta bem Jesus que se trata do pão "supersubstancial" ou "sobresubstancial", ou seja, em nossa interpretação, o alimento do contato com o Eu Superior. Nenhum maior nem melhor alimento para nós, do que mergulhar na Consciência Cósmica, onde encontramos todo o conhecimento, por meio de visões intuitivas, que nos esclarecem totalmente sobre a Verdade, que é Deus. Não se trata de um conhecimento livresco e externo de um aprendizado racional e discursivo; mas de conquistas instantâneas, que chegam de dentro de nós mesmos, como respostas seguras a todas as dúvidas, como lições maravilhosas que obtemos, por contato com o Infinito, fora do espaço, e com a Eternidade, fora do tempo. Só pelo Esponsalício Místico da Unificação conseguiremos crescer, infinitizando-nos e mudar de dimensão, saindo da limita ção do finito das formas para o ilimitado do infinito; das trevas para a luz, do frio congelado para o Foco Incriado, da divisão para a união, do antissistema para o Sistema, do egoísmo para o amor total.


2 - A segunda solicitação para a personalidade é a que cuida do corpo de emoções (astral ou animal), dizendo: "perdoa nossas dívidas (cármicas) assim como já perdoamos aos nossos devedores".


O corpo emocional é o responsável pelo carma, já que ele vibra no terceiro plano, o que está sujeito à Lei da Justiça. Portanto, é em referência ao corpo emocional que pedimos o perdão, o resgate dos débitos contraídos por nossas emoções descontroladas em todos os campos, pelos desejos que nos causam as dores. Mas a condição indispensável para nossa libertação é não termos outros devedores presos a nós pela nossa exigência de pagamento. Quando tivermos perdoado (libertado) todos aqueles que nos devem, por qualquer motivo, então poderemos pedir que o Pai também nos liberte de nossos próprios erros do passado.


3 - Lembramo-nos, depois, do duplo etérico, das sensações, no terceiro pedido, solicitando que o Pai, que está dentro de nós, "não nos induza às provações". Isto porque, dado o olvido total que ocorre na reencarnação, perdemos o contato com o passado e as provações nos aparecem como novidades que nos apavoram, pois podemos fracassar por ignorância. Não estando em contato com o Mundo Espiritual, donde proviemos, surgem-nos as experimentações a que estamos sujeitos neste pólo negativo em que nos achamos, com o emborcamento da realidade, Então, a transitoriedade da riqueza nós a vemos como garantia de segurança; a ilusão da posse é considerada qual valor de realidade; a mentira do prazer engana-nos com alegrias que amanhã se transformarão em sofrimentos; mas nada disso percebemos. Por isso as provações ou tentações de riqueza, de posse, de prazer são, em vista de nossa opacidade visual, inversões da realidade da Vida. Pedimos, pois, ao Pai não nos induza a essas prova ções, colocando-nos em posição de poder cair por causa de nossa cegueira temporária. Melhor a pobreza, o trabalho e a dificuldade, que são os maiores incentivos ao progresso do "espírito".


4 - O quarto e último pedido "liberta-nos do mal" refere-se ao corpo denso, isto é, à matéria. Aqui interpretamos MAL (e não mau), por causa da simbologia que, entre os hebreus, denominava a matéria de "satanás" ou "diabo", isto é, o opositor, o adversário do espírito. Para esta interpretação mais profunda, o sentido preferível é este: liberta-nos da matéria, isto é, do ciclo reencarnatório que nos obriga a voltar periodicamente ao planeta, prendendo-nos já há tantos milênios ao cadáver de carne que nos cerceia os voos do Espírito, a este escafandro que nos mantém colados ao chão da Terra sob o oceano atmosférico.


Apelo dramático que nós, os encarnados, gritamos aflitos ao Pai que está dentro de nós: "liberta-nos da matéria, do mal aonde mergulhamos por nosso egoísmo divisionista, do abismo em que caímos por nossa rebeldia orgulhosa".


Eis, então, reduzida a seus termos reais e belíssimos, a prece mais concisa e perfeita, que deve ser proferida com o coração, meditando em cada um dos pedidos, sem que haja mister repeti-la mais de uma vez em cada caso.


Não nos esqueçamos das palavras taxativas de Jesus: assim deveis orar.


Mais que um ensino, é uma ordem. Aprendamos a obedecer a Quem sabe mais do que nós, conquistando a felicidade, afastando-nos da materialidade deprimente e alçando-nos às altitudes do Espírito que se unifica ao Pai.


lc 17:21
Sabedoria do Evangelho - Volume 3

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 8
CARLOS TORRES PASTORINO
MAT. 13:44-53

44. "O reino dos céus é semelhante a um tesouro que, oculto no campo, foi achado por um homem, que o escondeu; e levado por sua alegria, foi vender tudo o que possuía e comprou aquele campo.


45. O reino dos céus é também semelhante a um negociante que buscava boas pérolas;


46. e tendo achado uma de grande valor, foi vender tudo o que possuía e a comprou.


47. Finalmente o reino dos céus é semelhante a uma rede, que foi lançada ao mar, e apanhou peixes de toda a espécie;


48. e depois de cheia, os pescadores a puxaram para a praia; e, sentados, colocaram os bons nas vasilhas, mas jogaram fora os ruins.


49. Assim será no fim do ciclo: sairão os mensageiros e separarão os maus do meio dos justos,


50. e os lançarão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.


51. Entendestes todas estas coisas"? Responderam-lhe: "Entendemos".


52. Então acrescentou: "Por isso todo escriba, experimentado no reino dos céus, é semelhante a um pai de família que do seu tesouro tira coisas novas e velhas".


53. Tendo Jesus concluído estas parábolas, partiu dali. Seguem-se mais três parábolas rápidas, próprias de Mateus, em que Jesus tenta fazer compreender o que é o "reino dos céus", sem defini-lo (por ser indefinível de natureza). Procede, pois, por meio de comparações de exemplos, de símiles, para que possa ser bem percebido por quem tenha evolução capaz de compreendê-lo e para que sirva de tema de meditação para o povo que o não consegue. 1. º símile - Um homem descobre um tesouro num campo que lhe não pertence. Era comum esconderemse os tesouros em moedas de ouro, prata ou bronze, a fim de evitar furtos. E quando ocorria o falecimento do dono, ali ficava enterrado até que um acaso feliz o fazia passar a outras mãos. Diz Flávio Josefo (Bell. Jud. 1, 7, 5. 2) que Tito descobriu numerosos desses tesouros, após a tomada de Jerusalém.


E naquela época muitos tinham a "mania" de procurar tesouros enterrados.


O homem que descobre o tesouro tem, inicialmente, uma alegria irreprimível, que o faz sair apressado para vender tudo o que possui: móveis, alfaias, roupas, pratos, etc. e, com o apurado, vai comprar o terreno. Uma vez proprietário (a lei israelita reconhecia ao dono do campo a propriedade do solo e do sub-solo) pode apanhar legalmente o tesouro para si.


Discutem os exegetas a moralidade do ato, que não chega a ser um roubo ao antigo dono do terreno mas, de qualquer forma, não parece muito honesto. Todavia, não é esse aspecto que interessa à lição da parábola. A lição situa-se no fato de haver alguém descoberto algo tão precioso, que compensa o desfazerse de tudo o que possui, para adquirir com qualquer sacrifício, o tesouro descoberto.


A interpretação comum é de que o tesouro representa o conhecimento à a doutrina cristã, e o "reino dos céus" é o "céu" do "outro mundo", aquele "céu" em que as almas ficam o resto da eternidade a tocar harpa em cima das nuvens.


2. º símile - Trata-se de um comerciante de pérolas que procura, viajando, belos espécimes. Encontrando um de alto valor, vende tudo o que possui para adquiri-la.


3. º símile - A rede de pescar. A palavra grega é sagênê, que corresponde ao que denominamos "rede de arrastão". Consiste numa faixa, cujo comprimento varia de 4 a 50 metros, e a largura tem 2 a 3 metros, tendo chumbo de um lado e cortiça do outro. Uma ponta fica presa na praia, e sai um barco até o final da corda, e aí começa a lançar a rede em semi-círculo. Terminado o lançamento, a rede fica vertical, pelo jogo da cortiça e do chumbo, e o barco volta à praia com a outra ponta da corda. Aí os pescadores começam, em grupo, a puxar lenta e seguramente as cordas, sem solavancos, trazendo a rede, nesse arrastão, todas as espécies de peixe, bons e maus, grandes e pequenos. Ao chegar a rede à praia, trazendo, naturalmente, grande quantidade de peixes, os pescadores sentam-se na areia, colocando os bons no ággê, que é um vaso com água, de modo que o peixe permanece vivo. Os maus são restituídos ao mar.


Vem a seguir a comparação com o fim de ciclo (en têi sunteleíai tou aiônos) quando os mensageiros (anjos) separarão os maus dos justos, aqueles para a fornalha de fogo purificador do sofrimento, e estes... não é dito para onde irão.


Pergunta Jesus se os discípulos entenderam, e recebe resposta afirmativa. Então conclui: "por isso todo estudioso experimentado no reino dos céus" (pãs grammateús matheteutheís têi basileíai tôn ouranôn) ou seja, aquele estudante (sábio) que conquistou pelo estudo (meditação) a experiência pessoal do reino dos céus (como era o caso de Jesus em grau exponencial), "é semelhante a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas".


O termo grammateús exprime a ideia de "sábio", de "douto", de estudioso (cfr. A. Bailly, "Dictionnaire Grec-Français, Hachette, ad verbum).


Este trecho é de suma importância para compreensão do pensamento de Jesus a respeito do "reino dos céus"; por ele torna-se evidente que "reino dos céus" não é um lugar geográfico, só conquistado após o desencarne. Longe disso: é um estado d’alma, diríamos quase que uma situação teológica e teofânica, daqueles que conquistaram o Encontro Místico com a Consciência Cósmica, ou melhor, a unificação com o Cristo Interno ou Eu Profundo.


Jesus jamais definiu nem descreveu essa realização, porque, na realidade, ela é por si mesma indefin ível e indescritível. Limitou-se a estabelecer comparações, mediante as quais os homens pudessem ter uma ideia aproximada do que Ele ensinava.


Que o "reino dos céus" é a unificação com a Centelha Divina, o Pai, que está DENTRO DE NÓS (cfr. LC 17:21), como Cristo Cósmico, provam-no as expressões usadas por Jesus. Por exemplo, quando diz entrar no reino dos céus. Com efeito, é indispensável que a criatura entre, penetre, mergulhe (batismo!) dentro de si mesmo, para conseguir a unificação. Então, para entrar no reino dos céus, é necess ário que o homem entre em si mesmo (porque "o reino dos céus está dentro de vós"), e aí dentro tenha o Sublime Encontro ("o Pai que habita dentro de vós, no secreto") e se unifique ao Cristo Cósmico.


A descoberta dessa verdade, ou melhor, a experiência dessa realidade, é o MAIOR TESOURO que o encarnado pode conquistar na Terra. Dai a precisão da comparação parabólica dos dois primeiros símiles apresentados. Tanta é a segurança do ensino que, tanto o tesouro se acha enterrado no coração do solo, quanto a pérola se encontra mergulhada no âmago do oceano.


O movimento do homem para descobrir o tesouro e para pescar a pérola é o mesmo: é a penetração em profundidade; só que esse movimento deverá verificar-se para dentro de si mesmo. Mas uma vez encontrada a "riqueza" que se buscava, logo se reconhece o valor incomparável dessa descoberta.


Tomado então de grande alegria, vai vender tudo o que possui, para entrar na posse definitiva do tesouro ou da pérola. Não mais lhe interessam bens materiais (corpo físico), nem prazeres da mesa (sensações), nem gozos e amores terrenos transitórios (emoções), nem cultura livresca (intelecto): o único interesse reside na REALIDADE SUBSTANCIAL DO SER.


Entretanto, pode ocorrer o perigo de "tomar-se a nuvem por Juno", e de julgar-se que se encontrou a Verdade, quando apenas se trata de mais uma ilusão. Daí a necessidade de mais uma parábola, a fim de esclarecer que é indispensável uma triagem e uma escolha criteriosa, guardando-se o que é bom e lançando fora o que não presta.


Assim o terceiro símile compara o reino dos céus a uma rede que apanha toda espécie de peixes. De fato, o homem que busca a verdade, lança seus tentáculos para tudo o que lhe parece dourado. Ma "nem tudo o que reluz é ouro"; então há necessidade de discernir o bom do mau, o pior do melhor.


Cremos que isto diga respeito aos caminhos que os homens pregam como infalíveis para conseguir "felicidade espiritual" ou, mais exatamente, um "reino dos céus" que é externo, que será agregado a nós de fora, como o verniz que torna o móvel mais belo. Esse erro básico tão comum pretende que o homem terá que "fazer" ações exteriores para "revestir-se da imortalidade". E os conceitos parecem tão sólidos e os raciocínios tão lógicos, que muitos de inteligência e cultura se deixam embevecer e arrastar a experiências que amanhã os deixarão frustrados. Daí a imperiosa necessidade de a criatura" sentar-se" em meditação, para escolher o que há de bom na rede que ele passou pelos autores espirituais, e recolher no vaso para si; mas o que não for bom nos ensinos religiosos de promessas que ninguém pode garantir, isso será devolvido ao mar.


Quando o homem tiver atingido essa capacidade de discriminar o certo do errado, estará então apto a seguir sozinho o seu caminho, sem precisar de guias, de mentores, quer encarnados, quer desencarnados
.

Depois vem uma palavra clara: "assim será no fim do ciclo"; muitos entendem com essas palavras o" juízo final" e o fim do mundo. Não vemos razão para isso. Trata-se do fim de um ciclo de vida, de um século (uma geração), de acordo com o sentido etimológico do termo. A cada regresso ao mundo espiritual, no fim de um ciclo na Terra (onde bons e maus se misturam sem nenhuma distinção), vêm os mensageiros encarregados da triagem e separam, velas próprias vibrações pessoais de cada um, os justos - que seguirão seu caminho evoluído - dos maus, que novamente serão lançados "na fornalha de fogo", ou seja, em nova encarnação, num corpo de carne, onde o fogo do sofrimento purifica o espírito; e "aí haverá choro e ranger de dentes", que é exatamente o quadro que temos diante de nossos olhos, diariamente, neste planeta.


Como conclusão do trecho, encontramos uma frase algo enigmática para o sentido comum, mas perfeitamente clara para a interpretação que vem sendo dada: e por isso todo estudante experimentado (com experiência pessoal) no reino dos céus (como poderia tratar-se de algo que viesse após a morte?)


é semelhante a um pai de família (a um adulto de mentalidade amadurecida, por causa dos filhos que produziu, isto é, das obras que realizou) que tira de seu tesouro (de seu conhecimento) coisas novas e velhas" (a sabedoria atual e a antiga).


O homem que vive unificado com o Cristo Cósmico tem pleno e total conhecimento experimental de tudo o que já foi dito ontem e de tudo o que está sendo dito agora e que o será no futuro; e essa sabedoria é seu tesouro inalienável e incorruptível, porque se tornou a própria essência do espírito.


lc 17:21
Sabedoria do Evangelho - Volume 4

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 13
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 16:24-28


24. Jesus disse então o seus discípulos: "Se alguém quer vir após mim, neguese a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


25. Porque aquele que quiser preservar sua alma. a perderá; e quem perder sua alma por minha causa, a achará.


26. Pois que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Ou que dará o homem em troca de sua alma?


27. Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com seus mensageiros, e então retribuirá a cada um segundo seu comportamento.


28. Em verdade vos digo, que alguns dos aqui presentes absolutamente experimentarão a morte até que o Filho do Homem venha em seu reino. MC 8:34-38 e MC 9:1


34. E chamando a si a multidão, junto com seus discípulos disse-lhes: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


35. Porque quem quiser preservar sua alma, a perderá; e quem perder sua alma por amor de mim e da Boa-Nova, a preservará.


36. Pois que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?


37. E que daria um homem em troca de sua alma?


38. Porque se alguém nesta geração adúltera e errada se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, também dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na glória de seu Pai com seus santos mensageiros". 9:1 E disse-lhes: "Em verdade em verdade vos digo que há alguns dos aqui presentes, os quais absolutamente experimentarão a morte, até que vejam o reino de Deus já chegado em força".


LC 9:23-27


23. Dizia, então, a todos: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me.


24. Pois quem quiser preservar sua alma, a perderá; mas quem perder sua alma por amor de mim, esse a preservará.


25. De fato, que aproveita a um homem se ganhar o mundo inteiro, mas arruinar-se ou causar dano a si mesmo?


26. Porque aquele que se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória, na do Pai e na dos santos mensageiros.


27. Mas eu vos digo verdadeiramente, há alguns dos aqui presentes que não experimentarão a morte até que tenham visto o reino de Deus.


Depois do episódio narrado no último capítulo, novamente Jesus apresenta uma lição teórica, embora bem mais curta que as do Evangelho de João.


Segundo Mateus, a conversa foi mantida com Seus discípulos. Marcos, entretanto, revela que Jesu "chamou a multidão" para ouvi-la, como que salientando que a aula era "para todos"; palavras, aliás, textuais em Lucas.


Achava-se a comitiva no território não-israelita ("pagão") de Cesareia de Filipe, e certamente os moradores locais haviam observado aqueles homens e mulheres que perambulavam em grupo homogêneo.


Natural que ficassem curiosos, a "espiar" por perto. A esses, Jesus convida que se aproximem para ouvir os ensinamentos e as exigências impostas a todos os que ambicionavam o DISCIPULATO, o grau mais elevado dos três citados pelo Mestre: justos (bons), profetas (médiuns) e discípulos (ver vol. 3).


As exigências são apenas três, bem distintas entre si, e citadas em sequência gradativa da menor à maior. Observamos que nenhuma delas se prende a saber, nem a dizer, nem a crer, nem a fazer, mas todas se baseiam em SER. O que vale é a evolução interna, sem necessidade de exteriorizações, nem de confissões, nem de ritos.


No entanto, é bem frisada a vontade livre: "se alguém quiser"; ninguém é obrigado; a espontaneidade deve ser absoluta, sem qualquer coação física nem moral. Analisemos.


Vimos, no episódio anterior, o Mestre ordenar a Pedro que "se colocasse atrás Dele". Agora esclarece: " se alguém QUER ser SEU discípulo, siga atrás Dele". E se tem vontade firme e inabalável, se o QUER, realize estas três condições:

1. ª - negue-se a si mesmo (Lc. arnésasthô; Mat. e Mr. aparnésasthô eautón).


2. ª - tome (carregue) sua cruz (Lc. "cada dia": arátô tòn stáurou autoú kath"hêméran);

3. ª - e siga-me (akoloutheítô moi).


Se excetuarmos a negação de si mesmo, já ouvíramos essas palavras em MT 10:38 (vol. 3).


O verbo "negar-se" ou "renunciar-se" (aparnéomai) é empregado por Isaías (Isaías 31:7) para descrever o gesto dos israelitas infiéis que, esclarecidos pela derrota dos assírios, rejeitaram ou negaram ou renunciaram a seus ídolos. E essa é a atitude pedida pelo Mestre aos que QUEREM ser Seus discípulos: rejeitar o ídolo de carne que é o próprio corpo físico, com sua sequela de sensações, emoções e intelectualismo, o que tudo constitui a personagem transitória a pervagar alguns segundos na crosta do planeta.


Quanto ao "carregar a própria cruz", já vimos (vol. 3), o que significava. E os habitantes da Palestina deviam estar habituados a assistir à cena degradante que se vinha repetindo desde o domínio romano, com muita frequência. Para só nos reportarmos a Flávio Josefo, ele cita-nos quatro casos em que as crucificações foram em massa: Varus que fez crucificar 2. 000 judeus, por ocasião da morte, em 4 A. C., de Herodes o Grande (Ant. Jud. 17. 10-4-10); Quadratus, que mandou crucificar todos os judeus que se haviam rebelado (48-52 A. D.) e que tinham sido aprisionados por Cumarus (Bell. Jud. 2. 12. 6); em 66 A. D. até personagens ilustres foram crucificadas por Gessius Florus (Bell. Jud. 2. 14. 9); e Tito que, no assédio de Jerusalém, fez crucificar todos os prisioneiros, tantos que não havia mais nem madeira para as cruzes, nem lugar para plantá-las (Bell. Jud. 5. 11. 1). Por aí se calcula quantos milhares de crucificações foram feitas antes; e o espetáculo do condenado que carregava às costas o instrumento do próprio suplício era corriqueiro. Não se tratava, portanto, de uma comparação vazia de sentido, embora constituindo uma metáfora. E que o era, Lucas encarrega-se de esclarecê-lo, ao acrescentar "carregue cada dia a própria cruz". Vemos a exigência da estrada de sacrifícios heroicamente suportados na luta do dia a dia, contra os próprios pendores ruins e vícios.


A terceira condição, "segui-Lo", revela-nos a chave final ao discipulato de tal Mestre, que não alicia discípulos prometendo-lhes facilidades nem privilégios: ao contrário. Não basta estudar-Lhe a doutrina, aprofundar-Lhe a teologia, decorar-Lhe as palavras, pregar-Lhe os ensinamentos: é mister SEGUILO, acompanhando-O passo a passo, colocando os pés nas pegadas sangrentas que o Rabi foi deixando ao caminhar pelas ásperas veredas de Sua peregrinação terrena. Ele é nosso exemplo e também nosso modelo vivo, para ser seguido até o topo do calvário.


Aqui chegamos a compreender a significação plena da frase dirigida a Pedro: "ainda és meu adversário (porque caminhas na direção oposta a mim, e tentas impedir-me a senda dolorosa e sacrificial): vai para trás de mim e segue-me; se queres ser meu discípulo, terás que renunciar a ti mesmo (não mais pensando nas coisas humanas); que carregar também tua cruz sem que me percas de vista na dura, laboriosa e dorida ascensão ao Reino". Mas isto, "se o QUERES" ... Valerá a pena trilhar esse áspero caminho cheio de pedras e espinheiros?


O versículo seguinte (repetição, com pequena variante de MT 10:39; cfr. vol. 3) responde a essa pergunta.


As palavras dessa lição são praticamente idênticas nos três sinópticos, demonstrando a impress ão que devem ter causado nos discípulos.


Sim, porque quem quiser preservar sua alma (hós eán thélei tên psychên autòn sõsai) a perderá (apolêsei autên). Ainda aqui encontramos o verbo sôzô, cuja tradução "salvar" (veja vol. 3) dá margem a tanta ambiguidade atualmente. Neste passo, a palavra portuguesa "preservar" (conservar, resguardar) corresponde melhor ao sentido do contexto. O verbo apolesô "perder", só poderia ser dado também com a sinonímia de "arruinar" ou "degradar" (no sentido etimológico de "diminuir o grau").


E o inverso é salientado: "mas quem a perder "hós d"án apolésêi tên psychên autoú), por minha causa (héneken emoú) - e Marcos acrescenta "e da Boa Nova" (kaì toú euaggelíou) - esse a preservará (sósei autén, em Marcos e Lucas) ou a achará (heurêsei autén, em Mateus).


A seguir pergunta, como que explicando a antinomia verbal anterior: "que utilidade terá o homem se lucrar todo o mundo físico (kósmos), mas perder - isto é, não evoluir - sua alma? E qual o tesouro da Terra que poderia ser oferecido em troca (antállagma) da evolução espiritual da criatura? Não há dinheiro nem ouro que consiga fazer um mestre, riem que possa dar-se em troca de uma iniciação real.


Bens espirituais não podem ser comprados nem "trocados" por quantias materiais. A matemática possui o axioma válido também aqui: quantidades heterogêneas não podem somar-se.


O versículo seguinte apresenta variantes.


MATEUS traz a afirmação de que o Filho do Homem virá com a glória de seu Pai, em companhia de Seus Mensageiros (anjos), para retribuir a cada um segundo seus atos. Traduzimos aqui dóxa por "glória" (veja vol. 1 e vol. 3), porque é o melhor sentido dentro do contexto. E entendemos essa glória como sinônimo perfeito da "sintonia vibratória" ou a frequência da tônica do Pai (Verbo, Som). A atribui ção a cada um segundo "seus atos" (tên práxin autoú) ou talvez, bem melhor, de acordo com seu comportamento, com a "prática" da vida diária. Não são realmente os atos, sobretudo isolados (mesmo os heroicos) que atestarão a Evolução de uma criatura, mas seu comportamento constante e diuturno.


MARCOS diz que se alguém, desta geração "adúltera", isto é, que se tornou "infiel" a Deus, traindo-O por amar mais a matéria que o espírito, e "errada" na compreensão das grandes verdades, "se envergonhar" (ou seja "desafinar", não-sintonizar), também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier com a glória do Pai, em companhia de Seus mensageiros (anjos).


LUCAS repete as palavras de Marcos (menos a referência à Boa Nova), salientando, porém, que o Filho do Homem virá com Sua própria glória, com a glória do Pai, e com a glória dos santos mensageiros (anjos).


E finalmente o último versículo, em que só Mateus difere dos outros dois, os quais, no entanto, nos parecem mais conformes às palavras originais.


Afirma o Mestre "alguns dos aqui presentes" (eisin tines tõn hõde hestótõn), os quais não experimentar ão (literalmente: "não saborearão, ou mê geúsôntai) a morte, até que vejam o reino de Deus chegar com poder. Mateus em vez de "o reino de Deus", diz "o Filho do Homem", o que deu margem à expectativa da parusia (ver vol. 3), ainda para os indivíduos daquela geração.


Entretanto, não se trata aqui, de modo algum, de uma parusia escatológica (Paulo avisa aos tessalonicenses que não o aguardem "como se já estivesse perto"; cfr. 1. ª Tess. 2: lss), mas da descoberta e conquista do "reino de Deus DENTRO de cada um" (cfr. LC 17:21), prometido para alguns "dos ali presentes" para essa mesma encarnação.


A má interpretação provocou confusões. Os gnósticos (como Teodósio), João Crisóstomo, Teofilacto e outros - e modernamente o cardeal Billot, S. J. (cfr. "La Parousie", pág. 187), interpretam a "vinda na glória do Filho do Homem" como um prenúncio da Transfiguração; Cajetan diz ser a Ressurreição;


Godet acha que foi Pentecostes; todavia, os próprios discípulos de Jesus, contemporâneos dos fatos, não interpretaram assim, já que após a tudo terem assistido, inclusive ao Pentecostes, continuaram esperando, para aqueles próximos anos, essa vinda espetacular. Outros recuaram mais um pouco no tempo, e viram essa "vinda gloriosa" na destruição de Jerusalém, como "vingança" do Filho do Homem; isso, porém, desdiz o perdão que Ele mesmo pedira ao Pai pela ignorância de Seus algozes (D. Calmet, Knabenbauer, Schanz, Fillion, Prat, Huby, Lagrange); e outros a interpretaram como sendo a difusão do cristianismo entre os pagãos (Gregório Magno, Beda, Jansênio, Lamy).


Penetremos mais a fundo o sentido.


Na vida literária e artística, em geral, distinguimos nitidamente o "aluno" do "discípulo". Aluno é quem aprende com um professor; discípulo é quem segue a trilha antes perlustrada por um mestre. Só denominamos "discípulo" aquele que reproduz em suas obras a técnica, a "escola", o estilo, a interpretação, a vivência do mestre. Aristóteles foi aluno de Platão, mas não seu discípulo. Mas Platão, além de ter sido aluno de Sócrates, foi também seu discípulo. Essa distinção já era feita por Jesus há vinte séculos; ser Seu discípulo é segui-Lo, e não apenas "aprender" Suas lições.


Aqui podemos desdobrar os requisitos em quatro, para melhor explicação.


Primeiro: é necessário QUERER. Sem que o livre-arbítrio espontaneamente escolha e decida, não pode haver discipulato. Daí a importância que assume, no progresso espiritual, o aprendizado e o estudo, que não podem limitar-se a ouvir rápidas palavras, mas precisam ser sérios, contínuos e profundos.


Pois, na realidade, embora seja a intuição que ilumina o intelecto, se este não estiver preparado por meio do conhecimento e da compreensão, não poderá esclarecer a vontade, para que esta escolha e resolva pró ou contra.


O segundo é NEGAR-SE a si mesmo. Hoje, com a distinção que conhecemos entre o Espírito (individualidade) e a personagem terrena transitória (personalidade), a frase mais compreensível será: "negar a personagem", ou seja, renunciar aos desejos terrenos, conforme ensinou Sidarta Gotama, o Buddha.


Cientificamente poderíamos dizer: superar ou abafar a consciência atual, para deixar que prevaleça a super-consciência.


Essa linguagem, entretanto, seria incompreensível àquela época. Todavia, as palavras proferidas pelo Mestre são de meridiana clareza: "renunciar a si mesmo". Observando-se que, pelo atraso da humanidade, se acredita que o verdadeiro eu é a personagem, e que a consciência atual é a única, negar essa personagem e essa consciência exprime, no fundo, negar-se "a si mesmo". Diz, portanto, o Mestre: " esse eu, que vocês julgam ser o verdadeiro eu, precisa ser negado". Nada mais esclarece, já que não teria sido entendido pela humanidade de então. No entanto, aqueles que seguissem fielmente Sua lição, negando seu eu pequeno e transitório, descobririam, por si mesmos, automaticamente, em pouco tempo, o outro Eu, o verdadeiro, coisa que de fato ocorreu com muitos cristãos.


Talvez no início possa parecer, ao experimentado: desavisado, que esse Eu verdadeiro seja algo "externo".


Mas quando, por meio da evolução, for atingido o "Encontro Místico", e o Cristo Interno assumir a supremacia e o comando, ele verificará que esse Divino Amigo não é um TU desconhecido, mas antes constitui o EU REAL. Além disso, o Mestre não se satisfez com a explanação teórica verbal: exemplificou, negando o eu personalístico de "Jesus", até deixá-lo ser perseguido, preso, caluniado, torturado e assassinado. Que Lhe importava o eu pequeno? O Cristo era o verdadeiro Eu Profundo de Jesus (como de todos nós) e o Cristo, com a renúncia e negação do eu de Jesus, pode expandir-se e assumir totalmente o comando da personagem humana de Jesus, sendo, às vezes, difícil distinguir quando falava e agia "Jesus" e quando agia e falava "o Cristo". Por isso em vez de Jesus, temos nele O CRISTO, e a história o reconhece como "Jesus", O CRISTO", considerando-o como homem (Jesus) e Deus (Cristo).


Essa anulação do eu pequeno fez que a própria personagem fosse glorificada pela humildade, e o nome humano negado totalmente se elevasse acima de tudo, de tal forma que "ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na Terra e debaixo da terra" (Filp. 2:10).


Tudo isso provocou intermináveis discussões durante séculos, por parte dos que não conseguiram penetrar a realidade dos acontecimentos, caracterizados, então, de "mistério": são duas naturezas ou uma? Como se realizou a união hipostática? Teria a Divindade absorvido a humanidade?


Por que será que uma coisa tão clara terá ficado incompreendida por tantos luminares que trataram deste assunto? O Eu Profundo de todas as criaturas é o Deus Interno, que se manifestará em cada um exatamente na proporção em que este renunciar ao eu pequeno (personagem), para deixar campo livre à expressão do Cristo Interno Divino. Todos somos deuses (cfr. Salmo 81:6 e JO 10:34) se negarmos totalmente nosso eu pequeno (personagem humana), deixando livre expansão à manifestação do Cristo que em todos habita. Isso fez Jesus. Se a negação for absoluta e completa, poderemos dizer com Paulo que, nessa criatura, "habita a plenitude da Divindade" (CL 2:9). E a todos os que o fizerem, ser-lhes-á exaltado o nome acima de toda criação" (cfr. Filp. 2:5-11).


Quando isto tiver sido conseguido, a criatura "tomará sua cruz cada dia" (cada vez que ela se apresentar) e a sustentará galhardamente - quase diríamos triunfalmente - pois não mais será ela fonte de abatimentos e desânimos, mas constituirá o sofrimento-por-amor, a dor-alegria, já que é a "porta estreita" (MT 7:14) que conduzirá à felicidade total e infindável (cfr. Pietro Ubaldi, "Grande Síntese, cap. 81).


No entanto, dado o estágio atual da humanidade, a cruz que temos que carregar ainda é uma preparação para o "negar-se". São as dores físicas, as incompreensões morais, as torturas do resgate de carmas negativos mais ou menos pesados, em vista do emaranhado de situações aflitivas, das "montanhas" de dificuldades que se erguem, atravancando nossos caminhos, do sem-número de moléstias e percalços, do cortejo de calúnias e martírios inomináveis e inenarráveis.


Tudo terá que ser suportado - em qualquer plano - sem malsinar a sorte, sem desesperos, sem angústias, sem desfalecimentos nem revoltas, mas com aceitação plena e resignação ativa, e até com alegria no coração, com a mais sólida, viva e inabalável confiança no Cristo-que-é-nosso-Eu, no Deus-

Imanente, na Força-Universal-Inteligente e Boa, que nos vivifica e prepara, de dentro de nosso âmago mais profundo, a nossa ascensão real, até atingirmos TODOS, a "plena evolução crística" (EF 4:13).


A quarta condição do discipulato é também clara, não permitindo ambiguidade: SEGUI-LO. Observese a palavra escolhida com precisão. Poderia ter sido dito "imitá-Lo". Seria muito mais fraco. A imitação pode ser apenas parcial ou, pior ainda, ser simples macaqueação externa (usar cabelos compridos, barbas respeitáveis, vestes talares, gestos estudados), sem nenhuma ressonância interna.


Não. Não é imitá-Lo apenas, é SEGUI-LO. Segui-Lo passo a passo pela estrada evolutiva até atingir a meta final, o ápice, tal como Ele o FEZ: sem recuos, sem paradas, sem demoras pelo caminho, sem descanso, sem distrações, sem concessões, mas marchando direto ao alvo.


SEGUI-LO no AMOR, na DEDICAÇÃO, no SERVIÇO, no AUTO-SACRIFÍCIO, na HUMILDADE, na RENÚNCIA, para que de nós se possa afirmar como Dele foi feito: "fez bem todas as coisas" (MC 7. 37) e: "passou pela Terra fazendo o bem e curando" (AT 10:38).


Como Mestre de boa didática, não apresenta exigências sem dar as razões. Os versículos seguintes satisfazem a essa condição.


Aqui, como sempre, são empregados os termos filosóficos com absoluta precisão vocabular (elegantia), não deixando margem a qualquer dúvida. A palavra usada é psychê, e não pneuma; é alma e nã "espírito" (em adendo a este capítulo daremos a "constituição do homem" segundo o Novo Testamento).


A alma (psychê) é a personagem humana em seu conjunto de intelecto-emoções, excluído o corpo denso e as sensações do duplo etérico. Daí a definição da resposta 134 do "Livro dos Espíritos": "alma é o espírito encarnado", isto é, a personagem humana que habita no corpo denso.

Aí está, pois, a chave para a interpretação do "negue-se a si mesmo": esse eu, a alma, é a personagem que precisa ser negada, porque, quem não quiser fazê-lo, quem pretender preservar esse eu, essa alma, vai acabar perdendo-a, já que, ao desencarnar, estará com "as mãos vazias". Mas aquele que por causa do Cristo Interno - renunciar e perder essa personagem transitória, esse a encontrará melhorada (Mateus), esse a preservará da ruína (Marcos e Lucas).


E prossegue: que adiantará acumular todas as riquezas materiais do mundo, se a personalidade vai cair no vazio? Nada de material pode ser-lhe comparado. No entanto, se for negada, será exaltada sobre todas as coisas (cfr. o texto acima citado, Filp. 2:5-11).


Todas e qualquer evolução do Espírito é feita exclusivamente durante seu mergulho na carne (veja atrás). Só através das personagens humanas haverá ascensão espiritual, por meio do "ajustamento sintônico". Então, necessidade absoluta de consegui-lo, não "se envergonhando", isto é, não desafinando da tônica do Pai (Som) que tudo cria, governa e mantém. Enfrentar o mundo sem receio, sem" respeitos humanos", e saber recusá-lo também, para poder obter o Encontro Místico com o Cristo Interno. Se a criatura "se envergonha" e se retrai, (não sintoniza) não é possível conseguir o Contato Divino, e o Filho do Homem também a evitará ("se envergonhará" dessa criatura). Só poderá haver a" descida da graça" ou a unificação com o Cristo, "na glória (tônica) do Pai (Som-Verbo), na glória (tônica) do próprio Cristo (Eu Interno), na glória de todos os santos mensageiros", se houver a coragem inquebrantável de romper com tudo o que é material e terreno, apagando as sensações, liquidando as emoções, calando o intelecto, suplantando o próprio "espírito" encarnado, isto é, PERDENDO SUA ALMA: só então "a achará", unificada que estará com o Cristo, Nele mergulhada (batismo), "como a gota no oceano" (Bahá"u"lláh). Realmente, a gota se perde no oceano mas, inegavelmente, ao deixar de ser gota microscópica, ela se infinitiva e se eterniza tornando-se oceano...

Em Mateus é-nos dado outro aviso: ao entrar em contato com a criatura, esta "receberá de acordo com seu comportamento" (pláxin). De modo geral lemos nas traduções correntes "de acordo com suas obras". Mas isso daria muito fortemente a ideia de que o importante seria o que o homem FAZ, quando, na realidade, o que importa é o que o homem É: e a palavra comportamento exprime-o melhor que obras; ora, a palavra do original práxis tem um e outro sentido.


Evidentemente, cada ser só poderá receber de acordo com sua capacidade, embora todos devam ser cheios, replenos, com "medida sacudida e recalcada" (cfr. Lc. 5:38).


Mas há diferença de capacidade entre o cálice, o copo, a garrafa, o litro, o barril, o tonel... De acordo com a própria capacidade, com o nível evolutivo, com o comportamento de cada um, ser-lhe-á dado em abundância, além de toda medida. Figuremos uma corrente imensa, que jorra permanentemente luz e força, energia e calor. O convite é-nos feito para aproximar-nos e recolher quanto quisermos.


Acontece, porém, que cada um só recolherá conforme o tamanho do vasilhame que levar consigo.


Assim o Cristo Imanente e o Verbo Criador e Conservador SE DERRAMAM infinitamente. Mas nós, criaturas finitas, só recolheremos segundo nosso comportamento, segundo a medida de nossa capacidade.


Não há fórmulas mágicas, não há segredos iniciáticos, não peregrinações nem bênçãos de "mestres", não há sacramentos nem sacramentais, que adiantem neste terreno. Poderão, quando muito, servir como incentivo, como animação a progredir, mas por si, nada resolvem, já que não agem ex ópere operantis nem ex opere operatus, mas sim ex opere recipientis: a quantidade de recebimento estará de acordo com a capacidade de quem recebe, não com a grandeza de quem dá, nem com o ato de doação.


E pode obter-se o cálculo de capacidade de cada um, isto é, o degrau evolutivo em que se encontra no discipulato de Cristo, segundo as várias estimativas das condições exigidas:

a) - pela profundidade e sinceridade na renúncia ao eu personalístico, quando tudo é feito sem cogitar de firmar o próprio nome, sem atribuir qualquer êxito ao próprio merecimento (não com palavras, mas interiormente), colaborando com todos os "concorrentes", que estejam em idêntica senda evolutiva, embora nos contrariem as ideias pessoais, mas desde que sigam os ensinos de Cristo;


b) - pela resignação sem queixas, numa aceitação ativa, de todas as cruzes, que exprimam atos e palavras contra nós, maledicências e calúnias, sem respostas nem defesas, nem claras nem veladas (já nem queremos acenar à contra-ataques e vinganças).


c) - pelo acompanhar silencioso dos passos espirituais no caminho do auto-sacrifício por amor aos outros, pela dedicação integral e sem condições; no caminho da humildade real, sem convencimentos nem exterioridades; no caminho do serviço, sem exigências nem distinções; no caminho do amor, sem preferências nem limitações. O grau dessas qualidades, todas juntas, dará uma ideia do grau evolutivo da criatura.


Assim entendemos essas condições: ou tudo, à perfeição; ou pouco a pouco, conquistando uma de cada vez. Mas parado, ninguém ficará. Se não quiser ir espontaneamente, a dor o aguilhoará, empurrandoo para a frente de qualquer forma.


No entanto, uma promessa relativa à possibilidade desse caminho é feita claramente: "alguns dos que aqui estão presentes não experimentarão a morte até conseguirem isso". A promessa tanto vale para aquelas personagens de lá, naquela vida física, quanto para os Espíritos ali presentes, garantindo-selhes que não sofreriam queda espiritual (morte), mas que ascenderiam em linha reta, até atingir a meta final: o Encontro Sublime, na União mística absoluta e total.


Interessante a anotação de Marcos quando acrescenta: O "reino de Deus chegado em poder". Durante séculos se pensou no poder externo, a espetacularidade. Mas a palavra "en dynámei" expressa muito mais a força interna, o "dinamismo" do Espírito, a potencialidade crística a dinamizar a criatura em todos os planos.


O HOMEM NO NOVO TESTAMENTO


O Novo Testamento estabelece, com bastante clareza, a constituição DO HOMEM, dividindo o ser encarnado em seus vários planos vibratórios, concordando com toda a tradição iniciática da Índia e Tibet, da China, da Caldeia e Pérsia, do Egito e da Grécia. Embora não encontremos o assunto didaticamente esquematizado em seus elementos, o sentido filosófico transparece nítido dos vários termos e expressões empregados, ao serem nomeadas as partes constituintes do ser humano, ou seja, os vários níveis em que pode tornar-se consciente.


Algumas das palavras são acolhidas do vocabulário filosófico grego (ainda que, por vezes, com pequenas variações de sentido); outras são trazidas da tradição rabínica e talmúdica, do centro iniciático que era a Palestina, e que já entrevemos usadas no Antigo Testamento, sobretudo em suas obras mais recentes.


A CONCEPÇÃO DA DIVINDADE


Já vimos (vol, 1 e vol. 3 e seguintes), que DEUS, (ho théos) é apresentado, no Novo Testamento, como o ESPÍRITO SANTO (tò pneuma tò hágion), o qual se manifesta através do Pai (patêr) ou Lógos (Som Criador, Verbo), e do Filho Unigênito (ho hyiós monogenês), que é o Cristo Cósmico.


DEUS NO HOMEM


Antes de entrar na descrição da concepção do homem, no Novo Testamento, gostaríamos de deixar tem claro nosso pensamento a respeito da LOCALIZAÇÃO da Centelha Divina ou Mônada NO CORA ÇÃO, expressão que usaremos com frequência.


A Centelha (Partícula ou Mônada) é CONSIDERADA por nós como tal; mas, na realidade, ela não se separa do TODO (cfr. vol. 1); logo, ESTÁ NO TODO, e portanto É O TODO (cfr. JO 1:1).


O "TODO" está TODO em TODAS AS COISAS e em cada átomo de cada coisa (cfr. Agostinho, De Trin. 6, 6 e Tomás de Aquino, Summa Theologica, I, q. 8, art. 2, ad 3um; veja vol. 3, pág. 145).


Entretanto, os seres e as coisas acham-se limitados pela forma, pelo espaço, pelo tempo e pela massa; e por isso afirmamos que em cada ser há uma "centelha" ou "partícula" do TODO. No entanto, sendo o TODO infinito, não tem extensão; sendo eterno, é atemporal; sendo indivisível, não tem dimensão; sendo O ESPÍRITO, não tem volume; então, consequentemente, não pode repartir-se em centelhas nem em partículas, mas é, concomitantemente, TUDO EM TODAS AS COISAS (cfr. l. ª Cor. 12:6).


Concluindo: quando falamos em "Centelha Divina" e quando afirmamos que ela está localizada no coração, estamos usando expressões didáticas, para melhor compreensão do pensamento, dificílimo (quase impossível) de traduzir-se em palavras.


De fato, porém, a Divindade está TODA em cada célula do corpo, como em cada um dos átomos de todos os planos espirituais, astrais, físicos ou quaisquer outros que existam. Em nossos corpos físicos e astral, o coração é o órgão preparado para servir de ponto de contato com as vibrações divinas, através, no físico, do nó de Kait-Flake e His; então, didaticamente, dizemos que "o coração é a sede da Centelha Divina".


A CONCEPÇÃO DO HOMEM


O ser humano (ánthrôpos) é considerado como integrado por dois planos principais: a INDIVIDUALIDADE (pneuma) e a PERSONAGEM ou PERSONALIDADE; esta subdivide-se em dois: ALMA (psychê) e CORPO (sôma).


Mas, à semelhança da Divindade (cfr. GN 1:27), o Espírito humano (individualidade ou pneuma) possui tríplice manifestação: l. ª - a CENTELHA DIVINA, ou Cristo, partícula do pneuma hágion; essa centelha que é a fonte de todo o Espirito, está localizada e representada quase sempre por kardia (coração), a parte mais íntima e invisível, o âmago, o Eu Interno e Profundo, centro vital do homem;


2. ª - a MENTE ESPIRITUAL, parte integrante e inseparável da própria Centelha Divina. A Mente, em sua função criadora, é expressa por noús, e está também sediada no coração, sendo a emissora de pensamentos e intuições: a voz silenciosa da super-consciência;


3. ª - O ESPÍRITO, ou "individualização do Pensamento Universal". O "Espírito" propriamente dito, o pneuma, surge "simples e ignorante" (sem saber), e percorre toda a gama evolutiva através dos milênios, desde os mais remotos planos no Antissistema, até os mais elevados píncaros do Sistema (Pietro Ubaldi); no entanto, só recebe a designação de pneuma (Espírito) quando atinge o estágio hominal.


Esses três aspectos constituem, englobamente, na "Grande Síntese" de Pietro Ubaldi, o "ALPHA", o" espírito".


Realmente verificamos que, de acordo com GN 1:27, há correspondência perfeita nessa tríplice manifesta ção do homem com a de Deus: A - ao pneuma hágion (Espírito Santo) correspondente a invisível Centelha, habitante de kardía (coração), ponto de partida da existência;


B - ao patêr (Pai Criador, Verbo, Som Incriado), que é a Mente Divina, corresponde noús (a mente espiritual) que gera os pensamentos e cria a individualização de um ser;


C - Ao Filho Unigênito (Cristo Cósmico) corresponde o Espírito humano, ou Espírito Individualizado, filho da Partícula divina, (a qual constitui a essência ou EU PROFUNDO do homem); a individualidade é o EU que percorre toda a escala evolutiva, um Eu permanente através de todas as encarnações, que possui um NOME "escrito no livro da Vida", e que terminará UNIFICANDO-SE com o EU PROFUNDO ou Centelha Divina, novamente mergulhando no TODO. (Não cabe, aqui, discutir se nessa unificação esse EU perde a individualidade ou a conserva: isso é coisa que está tão infinitamente distante de nós no futuro, que se torna impossível perceber o que acontecerá).


No entanto, assim como Pneuma-Hágion, Patêr e Hyiós (Espírito-Santo, Pai e Filho) são apenas trê "aspectos" de UM SÓ SER INDIVISÍVEL, assim também Cristo-kardía, noús e pneuma (CristoSABEDORIA DO EVANGELHO coração, mente espiritual e Espírito) são somente três "aspectos" de UM SÓ SER INDIVÍVEL, de uma criatura humana.


ENCARNAÇÃO


Ao descer suas vibrações, a fim de poder apoiar-se na matéria, para novamente evoluir, o pneuma atinge primeiro o nível da energia (o BETA Ubaldiano), quando então a mente se "concretiza" no intelecto, se materializa no cérebro, se horizontaliza na personagem, começando sua "crucificação". Nesse ponto, o pneuma já passa a denominar-se psychê ou ALMA. Esta pode considerar-se sob dois aspectos primordiais: a diánoia (o intelecto) que é o "reflexo" da mente, e a psychê propriamente dita isto é, o CORPO ASTRAL, sede das emoções.


Num último passo em direção à matéria, na descida que lhe ajudará a posterior subida, atinge-se então o GAMA Ubaldiano, o estágio que o Novo Testamento designa com os vocábulos diábolos (adversário) e satanás (antagonista), que é o grande OPOSITOR do Espírito, porque é seu PÓLO NEGATIVO: a matéria, o Antissistema. Aí, na matéria, aparece o sôma (corpo), que também pode subdividir-se em: haima (sangue) que constitui o sistema vital ou duplo etérico e sárx (carne) que é a carapaça de células sólidas, último degrau da materialização do espírito.


COMPARAÇÃO


Vejamos se com um exemplo grosseiro nos faremos entender, não esquecendo que omnis comparatio claudicat.


Observemos o funcionamento do rádio. Há dois sistemas básicos: o transmissor (UM) e os receptores (milhares, separados uns dos outros).


Consideremos o transmissor sob três aspectos: A - a Força Potencial, capaz de transmitir;


B - a Antena Emissora, que produz as centelas;


C - a Onda Hertziana, produzida pelas centelhas.


Mal comparando, aí teríamos:

a) - o Espirito-Santo, Força e Luz dos Universos, o Potencial Infinito de Amor Concreto;


b) - o Pai, Verbo ou SOM, ação ativa de Amante, que produz a Vida


c) - o Filho, produto da ação (do Som), o Amado, ou seja, o Cristo Cósmico que permeia e impregna tudo.


Não esqueçamos que TUDO: atmosfera, matéria, seres e coisas, no raio de ação do transmissor, ficam permeados e impregnados em todos os seus átomos com as vibrações da onda hertziana, embora seja esta invisível e inaudível e insensível, com os sentidos desarmados; e que os três elementos (Força-
Antena e Onda) formam UM SÓ transmissor o Consideremos, agora, um receptor. Observaremos que a recepção é feita em três estágios:

a) - a captação da onda


b) - sua transformação


c) - sua exteriorização Na captação da onda, podemos distinguir - embora a operação seja uma só - os seguintes elementos: A - a onda hertziana, que permeia e impregna todos os átomos do aparelho receptor, mas que é captada realmente apenas pela antena;


B - o condensador variável, que estabelece a sintonia com a onda emitida pelo transmissor. Esses dois elementos constituem, de fato, C - o sistema RECEPTOR INDIVIDUAL de cada aparelho. Embora a onda hertziana seja UMA, emitida pelo transmissor, e impregne tudo (Cristo Cósmico), nós nos referimos a uma onda que entra no aparelho (Cristo Interno) e que, mesmo sendo perfeita; será recebida de acordo com a perfeição relativa da antena (coração) e do condensador variável (mente). Essa parte representaria, então, a individualidade, o EU PERFECTÍVEL (o Espírito).


Observemos, agora, o circuito interno do aparelho, sem entrar em pormenores, porque, como dissemos, a comparação é grosseira. Em linhas gerais vemos que a onda captada pelo sistema receptor propriamente dito, sofre modificações, quando passa pelo circuito retificador (que transforma a corrente alternada em contínua), e que representaria o intelecto que horizontaliza as ideias chegadas da mente), e o circuito amplificador, que aumenta a intensidade dos sinais (que seria o psiquismo ou emoções, próprias do corpo astral ou alma).


Uma vez assim modificada, a onda atinge, com suas vibrações, o alto-falante que vibra, reproduzindo os sinais que chegam do transmissor isto é, sentindo as pulsações da onda (seria o corpo vital ou duplo etérico, que nos dá as sensações); e finalmente a parte que dá sonoridade maior, ou seja, a caixa acústica ou móvel do aparelho (correspondente ao corpo físico de matéria densa).


Ora, quanto mais todos esses elementos forem perfeitos, tanto mais fiel e perfeito será a reprodução da onda original que penetrou no aparelho. E quanto menos perfeitos ou mais defeituosos os elementos, mais distorções sofrerá a onda, por vezes reproduzindo, em guinchos e roncos, uma melodia suave e delicada.


Cremos que, apesar de suas falhas naturais, esse exemplo dá a entender o funcionamento do homem, tal como conhecemos hoje, e tal como o vemos descrito em todas as doutrinas espiritualistas, inclusive

—veremos agora quiçá pela primeira vez - nos textos do Novo Testamento.


Antes das provas que traremos, o mais completas possível, vejamos um quadro sinóptico:
θεός DEUS
πνεϋµα άγιον Espírito Santo
λόγος Pai, Verbo, Som Criador
υίός - Χριστό CRISTO - Filho Unigênito
άνθρωπος HOMEM
иαρδία - Χριστ

ό CRISTO - coração (Centelha)


πνεϋµα νους mente individualidade
πνεϋµα Espírito
φυΧή διάγοια intelecto alma
φυΧή corpo astral personagem
σώµα αίµα sangue (Duplo) corpo
σάρ

ξ carne (Corpo)


A - O EMPREGO DAS PALAVRAS


Se apresentada pela primeira vez, como esta, uma teoria precisa ser amplamente documentada e comprovada, para que os estudiosos possam aprofundar o assunto, verificando sua realidade objetiva. Por isso, começaremos apresentando o emprego e a frequência dos termos supracitados, em todos os locais do Novo Testamento.


KARDÍA


Kardía expressa, desde Homero (Ilíada, 1. 225) até Platão (Timeu, 70 c) a sede das faculdades espirituais, da inteligência (ou mente) e dos sentimentos profundos e violentos (cfr. Ilíada, 21,441) podendo até, por vezes, confundir-se com as emoções (as quais, na realidade, são movimentos da psychê, e não propriamente de kardía). Jesus, porém, reiteradamente afirma que o coração é a fonte primeira em que nascem os pensamentos (diríamos a sede do Eu Profundo).


Com este último sentido, a palavra kardía aparece 112 vezes, sendo que uma vez (MT 12:40) em sentido figurado.


MT 5:8, MT 5:28; 6:21; 9:4; 11:29; 12:34 13-15(2x),19; 15:8,18,19; 18;35; 22;37; 24:48; MC 2:6, MC 2:8; 3:5;


4:15; 6;52; 7;6,19,21; 8:11; 11. 23; 12:30,33; LC 1:17, LC 1:51, LC 1:66; 2;19,35,51; 3:5; 5:22; 6:45; 8:12,15;


9:47; 10:27; 12:34; 16:15; 21:14,34; 24;25,32,38; JO 12:40(2x); 13:2; 14:1,27; 16:6,22 AT 2:26, AT 2:37, AT 2:46; AT 4:32; 5:3(2x); 7:23,39,51,54; 8;21,22; 11;23. 13:22; 14:17; 15:9; 16;14; 21:13; 28:27(2x);


RM 1:21, RM 1:24; 2:5,15,29; 5:5; 6:17; 8:27; 9:2; 10:1,6,8,9,10; 16:16; 1. ª Cor. 2:9; 4:5; 7:37; 14:25; 2. ª Cor. 1:22; 2:4; 3:2,3,15; 4:6; 5:12; 6:11; 7:3; 8:16; 9:7; GL 4:6; EF 1:18; EF 3:17; EF 4:18; EF 5:19; EF 6:5, EF 6:22;


Filp. 1:7; 4:7; CL 2:2; CL 3:15, CL 3:16, CL 3:22; CL 4:8; 1. ª Tess. 2:4,17; 3:13; 2. ª Tess. 2:17; 3:5; 1. ª Tim. 1:5; 2. ª Tim.


2:22; HB 3:8, HB 3:10, HB 3:12, HB 3:15; HB 4:7, HB 4:12; 8:10; 10:16,22; Tiago, 1:26; 3:14; 4:8; 5:5,8; 1. ª Pe. 1:22; 3:4,15; 2. ª Pe. 1:19; 2:15; 1; 1. ª JO 3;19,20(2x),21; AP 2:23; AP 17:17; AP 18:7.


NOÚS


Noús não é a "fonte", mas sim a faculdade de criar pensamentos, que é parte integrante e indivisível de kardía, onde tem sede. Já Anaxágoras (in Diógenes Laércio, livro 2. º, n. º 3) diz que noús (o Pensamento Universal Criador) é o "’princípio do movimento"; equipara, assim, noús a Lógos (Som, Palavra, Verbo): o primeiro impulsionador dos movimentos de rotação e translação da poeira cósmica, com isso dando origem aos átomos, os quais pelo sucessivo englobamento das unidades coletivas cada vez mais complexas, formaram os sistemas atômicos, moleculares e, daí subindo, os sistemas solares, gal áxicos, e os universos (cfr. vol. 3. º).


Noús é empregado 23 vezes com esse sentido: o produto de noús (mente) do pensamento (nóêma), usado 6 vezes (2. ª Cor. 2:11:3:14; 4:4; 10:5; 11:3; Filp. 4:7), e o verbo daí derivado, noeín, empregado

14 vezes (3), sendo que com absoluta clareza em João (João 12:40) quando escreve "compreender com o coração" (noêsôsin têi kardíai).


LC 24. 45; RM 1:28; RM 7:23, RM 7:25; 11:34; 12:2; 14. 5; l. ª Cor. 1. 10; 2:16:14:14,15,19; EF 4:17, EF 4:23; Filp.


4:7; CL 2:18; 2. ª Tess. 2. 2; 1. ª Tim. 6:5; 2. ª Tim. 3:8; TT 1:15;AP 13:18.


PNEUMA


Pneuma, o sopro ou Espírito, usado 354 vezes no N. T., toma diversos sentidos básicos: MT 15:17; MT 16:9, MT 16:11; 24:15; MC 7:18; MC 8:17; MC 13:14; JO 12:40; RM 1:20; EF 3:4, EF 3:20; 1. ª Tim. 1:7;


2. ª Tim. 2:7; HB 11:13

1. Pode tratar-se do ESPÍRITO, caracterizado como O SANTO, designando o Amor-Concreto, base e essência de tudo o que existe; seria o correspondente de Brahman, o Absoluto. Aparece com esse sentido, indiscutivelmente, 6 vezes (MT 12:31, MT 12:32; MC 3:29; LC 12:10; JO 4:24:1. ª Cor. 2:11).


Os outros aspectos de DEUS aparecem com as seguintes denominações:

a) - O PAI (ho patêr), quando exprime o segundo aspecto, de Criador, salientando-se a relação entre Deus e as criaturas, 223 vezes (1); mas, quando se trata do simples aspecto de Criador e Conservador da matéria, é usado 43 vezes (2) o vocábulo herdado da filosofia grega, ho lógos, ou seja, o Verbo, a Palavra que, ao proferir o Som Inaudível, movimenta a poeira cósmica, os átomos, as galáxias.


(1) MT 5:16, MT 5:45, MT 5:48; MT 6:1, MT 6:4, MT 6:6, MT 6:8,9,14,15,26,32; 7:11,21; 10:20,29,32,33; 11:25,27; 12:50; 13:43; 15:13; 16:17,27; 18:10,14,19,35; 20:23; 23:9; 24:36; 25:34:26:29,39,42,53; MC 8:25; MC 11:25, MC 11:32; MC 11:14:36; LC 2:49; LC 2:6:36;9:26;10:21,22;11:2,13;12:30,32;22:29,42;23:34,46;24:49;JO 1:14, JO 1:18; JO 1:2:16;3:35;4:21,23;5:1 7,18,19,20,21,22,23,26,36,37,43,45,46,27,32,37,40,44,45,46,57,65;8:18,19,27,28,38,41,42,49,54;10:1 5,17,18,19,25,29,30,32,35,38;11:41;12:26,27,28,49,50;13:1,3;14:2,6,7,8,9,10,11,13,16,20,21,24,26,28, 31,15:1,8,9,10,15,16,23,24,26;16:3,10,15,17,25,26,27,28,32;17:1,5,11,21,24,25; 18:11; 20:17,21;AT 1:4, AT 1:7; AT 1:2:33;Rom. 1:7;6:4;8:15;15:6;1. º Cor. 8:6; 13:2; 15:24; 2. º Cor. 1:2,3; 6:18; 11:31; Gól. 1:1,3,4; 4:6; EF 1:2, EF 1:3, EF 1:17; EF 2:18; EF 2:3:14; 4:6; 5:20; FP 1:2; FP 2:11; FP 4:20; CL 1:2, CL 1:3, CL 1:12:3:17; 1. 0 Teõs. 1:1,3; 3:11,13; 2° Tess. 1:1 2; : 2:16; 1. º Tim. 1:2; 2. º Tim. 1:2; TT 1:4; Flm. 3; HB 1:5; HB 12:9; Tiago 1:17, Tiago 1:27:3:9; 1° Pe. 1:2,3,17; 2. º Pe. 1:17, 1. º JO 1:2,3; 2:1,14,15,16, 22,23,24; 3:1; 4:14; 2. º JO 3,4,9; Jud. 9; AP 1:6; AP 2:28; AP 3:5, AP 3:21; 14:1. (2) MT 8:8; LC 7:7; JO 1:1, JO 1:14; 5:33; 8:31,37,43,51,52,55; 14:23,24; 15:20; 17:61417; 1. º Cor. 1:13; 2. º Cor. 5:19; GL 6:6; Filp. 2:6; Cor. 1:25; 3:16; 4:3; 1. º Tess. 1:6; 2. º Tess. 3:1; 2. º Tim. 2:9; Heb. : 12; 6:1; 7:28; 12:9; Tiago, 1:21,22,23; 1. ° Pe. 1:23; 2. º Pe. 3:5,7; 1. º JO 1:1,10; 2:5,7,14; AP 19:13.


b) - O FILHO UNIGÊNITO (ho hyiós monogenês), que caracteriza o CRISTO CÓSMICO, isto é, toda a criação englobadamente, que é, na realidade profunda, um dos aspectos da Divindade. Não se trata, como é claro, de panteísmo, já que a criação NÃO constitui a Divindade; mas, ao invés, há imanência (Monismo), pois a criação é UM DOS ASPECTOS, apenas, em que se transforma a Divindade. Esta, além da imanência no relativo, é transcendente como Absoluto; além da imanência no tempo, é transcendente como Eterno; além da imanência no finito, é transcendente como Infinito.


A expressão "Filho Unigênito" só é usada por João (1:14,18; 13:16,18 e 1. a JO 4:9). Em todos os demais passos é empregado o termo ho Christós, "O Ungido", ou melhor, "O Permeado pela Divindade", que pode exprimir tanto o CRISTO CÓSMICO que impregna tudo, quanto o CRISTO INTERNO, se o olhamos sob o ponto de vista da Centelha Divina no âmago da criatura.


Quando não é feita distinção nos aspectos manifestantes, o N. T. emprega o termo genérico ho theós Deus", precedido do artigo definido.


2. Além desse sentido, encontramos a palavra pneuma exprimindo o Espírito humano individualizado; essa individualização, que tem a classificação de pneuma, encontra-se a percorrer a trajetória de sua longa viagem, a construir sua própria evolução consciente, através da ascensão pelos planos vibratórios (energia e matéria) que ele anima em seu intérmino caminhar. Notemos, porém, que só recebe a denominação de pneuma (Espírito), quando atinge a individualização completa no estado hominal (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 79: "Os Espíritos são a individualização do Princípio Inteligente, isto é, de noús).


Logicamente, portanto, podemos encontrar espíritos em muitos graus evolutivos, desde os mais ignorantes e atrasados (akátharton) e enfermos (ponêrón) até os mais evoluídos e santos (hágion).


Todas essas distinções são encontradas no N. T., sendo de notar-se que esse termo pneuma pode designar tanto o espírito encarnado quanto, ao lado de outros apelativos, o desencarnado.


Eis, na prática, o emprego da palavra pneuma no N. T. :

a) - pneuma como espírito encarnado (individualidade), 193 vezes: MT 1:18, MT 1:20; 3:11; 4:1; 5:3; 10:20; 26:41; 27:50; MC 1:8; MC 2:8; MC 8:12; MC 14:38; LC 1:47, LC 1:80; 3:16, 22; 8:55; 23:46; 24. 37, 39; JO 1:33; JO 3:5, JO 3:6(2x), 8; 4:23; 6:63; 7:39; 11:33; 13:21; 14:17, 26; 15:26; 16:13; 19-30, 20:22; AT 1:5, AT 1:8; 5:3; 32:7:59; 10:38; 11:12,16; 17:16; 18:25; 19:21; 20:22; RM 1:4, RM 1:9; 5:5; 8:2, 4, 5(2x), 6, 9(3x), 10, 11(2x),13, 14, 15(2x), 16(2x), 27; 9:1; 12:11; 14:17; 15:13, 16, 19, 30; 1° Cor. 2:4, 10(2x), 11, 12; 3:16; 5:3,4, 5; 6:11, 17, 19; 7:34, 40; 12:4, 7, 8(2x), 9(2x), 11, 13(2x); 14:2, 12, 14, 15(2x), 16:32; 15:45; 16:18; 2º Cor. 1:22; 2:13; 3:3, 6, 8, 17(2x), 18; 5:5; 6:6; 7:1, 13; 12:18; 13:13; GL 3:2, GL 3:3, GL 3:5; 4:6, 29; 5:5,16,17(2x), 18, 22, 25(2x1); 6:8(2x),18; EF 1:13, EF 1:17; 2:18, 22; 3:5, 16; 4:3, 4:23; 5:18; 6:17, 18; Philp. 1:19, 27; 2:1; 3:3; 4:23; CL 1:8; CL 2:5; 1º Tess. 1:5, 6; 4:8; 5:23; 2. º Tess. 2:13; 1. º Tim. 3:16; 4:22; 2. º Tim. 1:14; TT 3:5; HB 4:12, HB 6:4; HB 9:14; HB 10:29; HB 12:9; Tiago, 2:26:4:4; 1. º Pe. 1:2, 11, 12; 3:4, 18; 4:6,14; 1. º JO 3:24; JO 4:13; JO 5:6(2x),7; Jud. 19:20; AP 1:10; AP 4:2; AP 11:11.


b) - pneuma como espírito desencarnado:


I - evoluído ou puro, 107 vezes:


MT 3:16; MT 12:18, MT 12:28; 22:43; MC 1:10, MC 1:12; 12:36; 13. 11; LC 1:15, LC 1:16, LC 1:41, LC 1:67; 2:25, 27; 4:1, 14, 18; 10:21; 11:13; 12:12; JO 1:32; JO 3:34; AT 1:2, AT 1:16; 2:4(2x), 17, 18, 33(2x), 38; 4:8; 25, 31; 6:3, 10; 7:51, 55; 8:15, 17, 18, 19, 29, 39; 9:17, 31; 10:19, 44, 45, 47; 11:15, 24, 28; 13:2, 4, 9, 52; 15:8, 28; 16:6, 7; 19:1, 2, 6; 20:22, 28; 21:4, 11; 23:8, 9; 28:25; 1. º Cor. 12:3(2x), 10; 1. º Tess. 5:9; 2. º Tess. 2:2; 1. ° Tim. 4:1; HB 1:7, HB 1:14; 2:4; 3:7; 9:8; 10:15; 12:23; 2. º Pe. 1:21; 1. ° JO 4:1(2x), 2, 3, 6; AP 1:4; AP 2:7, AP 2:11, AP 2:17, AP 2:29; 3:1, 6, 13, 22; 4:5; 5:6; 14:13; 17:3:19. 10; 21. 10; 22:6, 17.


II - involuído ou não-purificado, 39 vezes:


MT 8:16; MT 10:1; MT 12:43, MT 12:45; MC 1:23, MC 1:27; 3:11, 30; 5:2, 8, 13; 6:7; 7:25; 9:19; LC 4:36; LC 6:18; LC 7:21; LC 8:2; LC 10:20; LC 11:24, LC 11:26; 13:11; AT 5:16; AT 8:7; AT 16:16, AT 19:12, AT 19:13, AT 19:15, AT 19:16; RM 11:8:1. ° Cor. 2:12; 2. º Cor. 11:4; EF 2:2; 1. º Pe. 3:19; 1. º JO 4:2, 6; AP 13:15; AP 16:13; AP 18:2.


c) - pneuma como "espírito" no sentido abstrato de "caráter", 7 vezes: (JO 6:63; RM 2:29; 1. ª Cor. 2:12:4:21:2. ª Cor. 4:13; GL 6:1 e GL 6:2. ª Tim. 1:7)


d) - pneuma no sentido de "sopro", 1 vez: 2. ª Tess. 2:8 Todavia, devemos acrescentar que o espírito fora da matéria recebia outros apelativo, conforme vimos (vol. 1) e que não é inútil recordar, citando os locais.


PHÁNTASMA, quando o espírito, corpo astral ou perispírito se torna visível; termo que, embora frequente entre os gregos, só aparece, no N. T., duas vezes (MT 14:26 e MC 6:49).

ÁGGELOS (Anjo), empregado 170 vezes, designa um espírito evoluído (embora nem sempre de categoria acima da humana); essa denominação específica que, no momento em que é citada, tal entidade seja de nível humano ou supra-humano - está executando uma tarefa especial, como encarrega de "dar uma mensagem", de "levar um recado" de seus superiores hierárquicos (geralmente dizendo-se "de Deus"): MT 1:20, MT 1:24; 2:9, 10, 13, 15, 19, 21; 4:6, 11; 8:26; 10:3, 7, 22; 11:10, 13; 12:7, 8, 9, 10, 11, 23; 13:39, 41, 49; 16:27; 18:10; 22:30; 24:31, 36; 25:31, 41; 26:53; 27:23; 28:2, 5; MC 1:2, MC 1:13; 8:38; 12:25; 13:27, 32; LC 1:11, LC 1:13, LC 1:18, LC 1:19, 26, 30, 34, 35, 38; 4:10, 11; 7:24, 27; 9:26, 52; 12:8; 16:22; 22:43; 24:23; JO 1:51; JO 12:29; JO 20:12 AT 5:19; AT 6:15; AT 7:30, AT 7:35, AT 7:38, AT 7:52; 12:15; 23:8, 9; RM 8:38; 1. ° Cor. 4:9; 6:3; 11:10; 13:1; 2. º Cor. 11:14; 12:7; GL 1:8; GL 3:19; GL 4:14; CL 2:18; 2. º Tess. 1:7; 1. ° Tim. 3:16; 5:21; HB 1:4, HB 1:5, HB 1:6, HB 1:7, 13; 2:2, 5, 7, 9, 16; 12:22; 13:2; Tiago 2:25; 1. º Pe. 1:4, 11; Jud. 6; AP 1:1, AP 1:20; 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 5, 7, 9, 14; 5:2, 11; 7:1, 11; 8:2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 13; 9:1, 11, 13, 14, 15; 10:1, 5, 7, 8, 9, 10; 11:15; 12:7, 9, 17; 14:6, 9, 10, 15, 17, 18, 19; 15:1, 6, 7, 8, 10; 16:1, 5; 17:1, 7; 18:1, 21; 19:17; 20:1; 21:9, 12, 17; 22:6, 8, 16. BEEZEBOUL, usado 7 vezes: (MT 7. 25; 12:24, 27; MC 3:22; LC 11:15, LC 11:18, LC 11:19) só nos Evangelhos, é uma designação de chefe" de falange, "cabeça" de espíritos involuído.


DAIMÔN (uma vez, em MT 8:31) ou DAIMÓNION, 55 vezes, refere-se sempre a um espírito familiar desencarnado, que ainda conserva sua personalidade humana mesmo além túmulo. Entre os gregos, esse termo designava quer o eu interno, quer o "guia". Já no N. T. essa palavra identifica sempre um espírito ainda não-esclarecido, não evoluído, preso à última encarnação terrena, cuja presença prejudica o encarnado ao qual esteja ligado; tanto assim que o termo "demoníaco" é, para Tiago, sinônimo de "personalístico", terreno, psíquico. "não é essa sabedoria que desce do alto, mas a terrena (epígeia), a personalista (psychike), a demoníaca (demoniôdês). (Tiago, 3:15)


MT 7:22; MT 9:33, MT 9:34; 12:24, 27, 28; 10:8; 11:18; 17:18; MC 1:34, MC 1:39; 3:15, 22; 6:13; 7:26, 29, 30; 9:38; 16:9, 17; LC 4:33, LC 4:35, LC 4:41; 7:33; 8:2, 27, 29, 30, 33, 35, 38; 9:1, 42, 49; 10:17; 11:14, 15, 18, 19, 20; 13:32; JO 7:2; JO 8:48, JO 8:49, JO 8:52; 10:20, 21; AT 17:18; 1. ª Cor. 10:20, 21; 1. º Tim. 4:1; Tiago 2:16; Apoc 9:20; 16:24 e 18:2.


Ao falar de desencarnados, aproveitemos para observar como era designado o fenômeno da psicofonia: I - quando se refere a uma obsessão, com o verbo daimonízesthai, que aparece 13 vezes (MT 4:24;


8:16, 28, 33; 9:32; 12:22; 15:22; Marc 1:32; 5:15, 16, 18; LC 8:36; JO 10:21, portanto, só empregado pelos evangelistas).


II - quando se refere a um espírito evoluído, encontramos as expressões:

• "cheio de um espírito (plêrês, LC 4:1; AT 6:3, AT 6:5; 7:55; 11:24 - portanto só empregado por Lucas);


• "encher-se" (pimplánai ou plêthein, LC 1:15, LC 1:41, LC 1:67; AT 2:4; AT 4:8, AT 4:31; 9:17; 13:19 - portanto, só usado por Lucas);


• "conturbar-se" (tarássein), JO 11:33 e JO 13:21).


Já deixamos bem claro (vol 1) que os termos satanás ("antagonista"), diábolos ("adversário") e peirázôn ("tentador") jamais se referem, no N. T., a espíritos desencarnados, mas expressam sempre "a matéria, e por conseguinte também a "personalidade", a personagem humana que, com seu intelecto vaidoso, se opõe, antagoniza e, como adversário natural do espírito, tenta-o (como escreveu Paulo: "a carne (matéria) luta contra o espírito e o espírito contra a carne", GL 5:17).


Esses termos aparecem: satanãs, 33 vezes (MT 4:10; MT 12:26; MT 16:23; MC 1:13; MC 3:23, MC 3:26; 4:15; 8:33; LC 10:18; LC 11:18; LC 13:16; LC 22:3; JO 13:27, JO 13:31; AT 5:3; AT 26:18; RM 16:20; 1. º Cor. 5:5; 7:5; 2. º Cor. 2:11; 11:14; 12:17; 1. ° Tess. 2:18; 2. º Tess. 2:9; 1. º Tim. 1:20; 5:15; AP 2:9, AP 2:13, AP 2:24; 3:9; 12:9; 20:2, 7); diábolos, 35 vezes (MT 4:1, MT 4:5, MT 4:8, MT 4:11; 13:39; 25:41; LC 4:2, LC 4:3, LC 4:6, LC 4:13; 8:12; JO 6:70; JO 8:44; JO 13:2; AT 10:38; AT 13:10; EF 4:27; EF 6:11; 1. º Tim. 3:6, 7, 11; 2. º Tim. 2:26; 3:3 TT 2:3; HB 2:14; Tiago, 4:7; 1. º Pe. 5:8; 1. º JO 3:8, 10; Jud. 9; AP 2:10; AP 12:9, AP 12:12; 20:2,10) e peirázôn, duas vezes (MT 4:3 e MT 4:1. ª Tess. 3:5).


DIÁNOIA


Diánoia exprime a faculdade de refletir (diá+noús), isto é, o raciocínio; é o intelecto que na matéria, reflete a mente espiritual (noús), projetando-se em "várias direções" (diá) no mesmo plano. Usado 12 vezes (MT 22:37; MC 12:30: LC 1:51; LC 10:27: EF 2:3; EF 4:18; CL 1:21; HB 8:10; HB 10:16; 1. ª Pe. 1:13; 2. ª Pe. 3:1; 1. ª JO 5:20) na forma diánoia; e na forma dianóêma (o pensamento) uma vez em LC 11:17. Como sinônimo de diánoia, encontramos, também, synesis (compreensão) 7 vezes (MC 12:33; LC 2:47; 1. ª Cor. 1:19; EF 3:4; CL 1:9 e CL 2:2; e 2. ª Tim. 2:7). Como veremos logo abaixo, diánoia é parte inerente da psychê, (alma).


PSYCHÊ


Psychê é a ALMA, isto é, o "espírito encarnado (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 134: " alma é o espírito encarnado", resposta dada, evidentemente, por um "espírito" afeito à leitura do Novo Testamento).


A psychê era considerada pelos gregos como o atualmente chamado "corpo astral", já que era sede dos desejos e paixões, isto é, das emoções (cfr. Ésquilo, Persas, 841; Teócrito, 16:24; Xenofonte, Ciropedia, 6. 2. 28 e 33; Xen., Memoráveis de Sócrates, 1. 13:14; Píndaro, Olímpicas, 2. 125; Heródoto, 3. 14; Tucídides, 2. 40, etc.) . Mas psychê também incluía, segundo os gregos, a diánoia ou synesis, isto é, o intelecto (cfr. Heródoto, 5. 124; Sófocles, Édipo em Colona, 1207; Xenofonte, Hieron, 7. 12; Plat ão, Crátilo, 400 a).


No sentido de "espírito" (alma de mortos) foi usada por Homero (cfr. Ilíada 1. 3; 23. 65, 72, 100, 104;


Odisseia, 11. 207,213,222; 24. 14 etc.), mas esse sentido foi depressa abandonado, substituído por outros sinônimos (pnenma, eikôn, phántasma, skiá, daimôn, etc.) .


Psychê é empregado quase sempre no sentido de espírito preso à matéria (encarnado) ou seja, como sede da vida, e até como a própria vida humana, isto é, a personagem terrena (sede do intelecto e das emoções) em 92 passos: Mar. 2:20; 6:25; 10:28, 39; 11:29; 12:18; 16:25, 26; 20:28; 22:37; 26:38; MC 3:4; MC 8:35, MC 8:36, MC 8:37; 10:45; 12:30; 14:34; LC 1:46; LC 2:35; LC 6:9; LC 9:24(2x), 56; 10:27; 12:19, 20, 22, 23; 14:26; 17:33; 21:19; JO 10:11, JO 10:15, JO 10:17, JO 10:18, 24; 12:25, 27; 13:37, 38; 15:13; AT 2:27, AT 2:41, AT 2:43; 3:23; 4:32; 7:14; 14:2, 22; 15:24, 26; 20:10, 24; 27:10, 22, 37, 44; RM 2:9; RM 11:3; RM 13:1; RM 16:4; 1. º Cor. 15:45; 2. º Cor. 1:23; 12:15; EF 6:6; CL 3:23; Flp. 1:27; 2:30; 1. º Tess. 2:8; 5:23; HB 4:12; HB 6:19; HB 10:38, HB 10:39; 12:3; 13:17; Tiago 1:21; Tiago 5:20; 1. º Pe. 1:9, 22; 2:11, 25; 4:19; 2. º Pe. 2:8, 14; 1. º JO 3:16; 3. º JO 2; AP 12:11; AP 16:3; AP 18:13, AP 18:14.


Note-se, todavia, que no Apocalipse (6:9:8:9 e 20:4) o termo é aplicado aos desencarnados por morte violenta, por ainda conservarem, no além-túmulo, as características da última personagem terrena.


O adjetivo psychikós é empregado com o mesmo sentido de personalidade (l. ª Cor. 2:14; 15:44, 46; Tiago, 3:15; Jud. 19).


Os outros termos, que entre os gregos eram usados nesse sentido de "espírito desencarnado", o N. T.


não os emprega com essa interpretação, conforme pode ser verificado:

EIDOS (aparência) - LC 3:22; LC 9:29; JO 5:37; 2. ª Cor. 5:7; 1. ª Tess. 5:22.


EIDÔLON (ídolo) - AT 7:41; AT 15:20; RM 2:22; 1. ª Cor. 8:4, 7; 10:19; 12; 2; 2. ª Cor. 6:16; 1. ª Tess.


1:9; 1. ª JO 5:21; AP 9:20.


EIKÔN (imagem) - MT 22:20; MC 12:16; LC 20:24; RM 1:23; 1. ª Cor. 11:7; 15:49 (2x) ; 2. ª Cor. 3:18; 4:4; CL 1:5; CL 3:10; HB 10:11; AP 13:14; AP 14:2, AP 14:11; 15:2; 19 : 20; 20 : 4.


SKIÁ (sombra) - MT 4:16; MC 4:32; LC 1:79; AT 5:15; CL 2:17; HB 8:5; HB 10:1.


Também entre os gregos, desde Homero, havia a palavra thumós, que era tomada no sentido de alma encarnada". Teve ainda sentidos diversos, exprimindo "coração" quer como sede do intelecto, quer como sede das paixões. Fixou-se, entretanto, mais neste último sentido, e toda, as vezes que a deparamos no Novo Testamento é, parece, com o designativo "força". (Cfr. LC 4:28; AT 19:28; RM 2:8; 2. ª Cor. 12:20; GL 5:20; EF 4:31; CL 3:8; HB 11:27; AP 12:12; AP 14:8, AP 14:10, AP 14:19; 15:1, 7; 16:1, 19; 18:3 e 19:15)


SOMA


Soma exprime o corpo, geralmente o físico denso, que é subdividido em carne (sárx) e sangue (haima), ou seja, que compreende o físico denso e o duplo etérico (e aqui retificamos o que saiu publicado no vol. 1, onde dissemos que "sangue" representava o astral).


Já no N. T. encontramos uma antecipação da moderna qualificação de "corpos", atribuída aos planos ou níveis em que o homem pode tornar-se consciente. Paulo, por exemplo, emprega soma para os planos espirituais; ao distinguir os "corpos" celestes (sómata epouránia) dos "corpos" terrestres (sómata epígeia), ele emprega soma para o físico denso (em lugar de sárx), para o corpo astral (sôma psychikôn) e para o corpo espiritual (sôma pneumatikón) em 1. ª Cor. 15:40 e 44.


No N. T. soma é empregado ao todo 123 vezes, sendo 107 vezes no sentido de corpo físico-denso (material, unido ou não à psychê);


MT 5:29, MT 5:30; 6:22, 25; 10:28(2x); 26:12; 27:58, 59; MC 5:29; MC 14:8; MC 15:43; LC 11:34; LC 12:4, LC 12:22, LC 12:23; 17:37; 23:52, 55; 24:3, 23; JO 2:21; JO 19:31, JO 19:38, JO 19:40; 20:12; Aros. 9:40; RM 1:24; RM 4:19; RM 6:6, RM 6:12; 7:4, 24; 8:10, 11, 13, 23; 12:1, 4; 1. º Cor. 5:13; 6:13(2x), 20; 7:4(2x), 34; 9:27; 12:12(3x),14, 15(2x), 16 (2x), 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 25; 13:3; 15:37, 38(2x) 40). 2. 0 Cor. 4:40; 5:610; 10:10; 12:2(2x); Gól. 6:17; EF 2:16; EF 5:23, EF 5:28; Ft. 3:21; CL 2:11, CL 2:23; 1. º Tess. 5:23; HB 10:5, HB 10:10, HB 10:22; 13:3, 11; Tiago 2:11, Tiago 2:26; 3:2, 3, 6; 1. º Pe. 2:24; Jud. 9; AP 18:13. Três vezes como "corpo astral" (MT 27:42; 1. ª Cor. 15:14, duas vezes); duas vezes como "corpo espiritual" (1. º Cor. 15:41); e onze vezes com sentido simbólico, referindo-se ao pão, tomado como símbolo do corpo de Cristo (MT 26:26; MC 14:22; LC 22:19; RM 12:5; 1. ª Cor. 6:15; 10:16, 17; 11:24; 12:13, 27; EF 1:23; EF 4:4, EF 4:12, EF 4:16; Filp. 1:20; CL 1:18, CL 1:22; 2:17; 3:15).


HAIMA


Haima, o sangue, exprime, como vimos, o corpo vital, isto é, a parte que dá vitalização à carne (sárx), a qual, sem o sangue, é simples cadáver.


O sangue era considerado uma entidade a parte, representando o que hoje chamamos "duplo etérico" ou "corpo vital". Baste-nos, como confirmação, recordar que o Antigo Testamento define o sangue como "a alma de toda carne" (LV 17:11-14). Suma importância, por isso, é atribuída ao derramamento de sangue, que exprime privação da "vida", e representa quer o sacrifício em resgate de erros e crimes, quer o testemunho de uma verdade.


A palavra é assim usada no N. T. :

a) - sangue de vítimas (HB 9:7, HB 9:12, HB 9:13, HB 9:18, 19, 20, 21, 22, 25; 10:4; 11:28; 13:11). Observe-se que só nessa carta há preocupação com esse aspecto;


b) - sangue de Jesus, quer literalmente (MT 27:4, MT 27:6, MT 27:24, MT 27:25; LC 22:20; JO 19:34; AT 5:28; AT 20:28; RM 5:25; RM 5:9; EF 1:7; EF 2:13; CL 1:20; HB 9:14; HB 10:19, HB 10:29; 12:24; 13:12, 20; 1. ª Pe. 1:2,19; 1. ª JO 1:7; 5:6, 8; AP 1:5; AP 5:9; AP 7:14; AP 12:11); quer simbolicamente, quando se refere ao vinho, como símbolo do sangue de Cristo (MT 26:28; MC 14:24; JO 6:53, JO 6:54, JO 6:55, JO 6:56; 1. ª Cor. 10:16; 11:25, 27).


c) - o sangue derramado como testemunho de uma verdade (MT 23:30, MT 23:35; 27:4; LC 13:1; AT 1:9; AT 18:6; AT 20:26; AT 22:20; RM 3:15; HB 12:4; AP 6:10; 14,: 20; 16:6; 17:6; 19:2, 13).


d) - ou em circunstâncias várias (MC 5:25, MC 5:29; 16:7; LC 22:44; JO 1:13; AT 2:19, AT 2:20; 15:20, 29; 17:26; 21:25; 1. ª Cor. 15:50; GL 1:16; EF 6:12; HB 2:14; AP 6:12; AP 8:7; AP 15:3, AP 15:4; 11:6).


SÁRX


Sárx é a carne, expressão do elemento mais grosseiro do homem, embora essa palavra substitua, muitas vezes, o complexo soma, ou seja, se entenda, com esse termo, ao mesmo tempo "carne" e "sangue".


Apesar de ter sido empregada simbolicamente por Jesus (JO 6:51, JO 6:52, JO 6:53, JO 6:54, 55 e 56), seu uso é mais literal em todo o resto do N. T., em 120 outros locais: MT 19:56; MT 24:22; MT 26:41; MC 10:8; MC 13:20; MC 14:38; LC 3:6; LC 24:39; JO 1:14; JO 3:6(2x); 6:63; 8:15; 17:2; AT 2:7, AT 2:26, AT 2:31; RM 1:3; RM 2:28; RM 3:20; RM 4:1; RM 6:19; RM 7:5, RM 7:18, RM 7:25; 8:3, 4(2x), 5(2x), 6, 7, 8, 9, 13(2x); 9:358; 11:14; 13:14; 1. º Cor. 1:2629; 5:5; 6:16; 7:28;10:18; 15:39(2x),50; 2. º Cor. 1:17; 4:11; 5:16; 7:1,5; 10:2,3(2x); 1:18; 12:7; GL 2:16, GL 2:20; 3:3; 4:13, 14, 23; 5:13, 16, 17, 19, 24; 6:8(2x), 12, 13; EF 2:3, EF 2:11, EF 2:14; 5:29, 30, 31; 6:5; CL 1:22, CL 1:24; 2:1, 5, 11, 13, 18, 23; 3:22, 24; 3:34; 1. º Tim. 3:6; Flm. 16; HB 5:7; HB 9:10, HB 9:13; 10:20; 12:9; Tiago 5:3; 1. º Pe. 1:24; 3;18, 21; 4:1, 2, 6; 2. º Pe. 2:10, 18; 1. º JO 2:16; 4:2; 2. º JO 7; Jud. 7, 8, 23; AP 17:16; AP 19:21.


B - TEXTOS COMPROBATÓRIOS


Respiguemos, agora, alguns trechos do N. T., a fim de comprovar nossas conclusões a respeito desta nova teoria.


Comecemos pela distinção que fazemos entre individualidade (ou Espírito) e a personagem transitória humana.


INDIVIDUALIDADE- PERSONAGEM


Encontramos essa distinção explicitamente ensinada por Paulo (l. ª Cor. 15:35-50) que classifica a individualidade entre os "corpos celestiais" (sómata epouránia), isto é, de origem espiritual; e a personagem terrena entre os "corpos terrenos" (sómata epígeia), ou seja, que têm sua origem no próprio planeta Terra, de onde tiram seus elementos constitutivos (físicos e químicos). Logo a seguir, Paulo torna mais claro seu pensamento, denominando a individualidade de "corpo espiritual" (sôma pneumatikón) e a personagem humana de "corpo psíquico" (sôma psychikón). Com absoluta nitidez, afirma que a individualidade é o "Espírito vivificante" (pneuma zoopioún), porque dá vida; e que a personagem, no plano já da energia, é a "alma que vive" (psychê zôsan), pois recebe vida do Espírito que lhe constitui a essência profunda.


Entretanto, para evitar dúvidas ou más interpretações quanto ao sentido ascensional da evolução, assevera taxativamente que o desenvolvimento começa com a personalidade (alma vivente) e só depois que esta se desenvolve, é que pode atingir-se o desabrochar da individualidade (Espírito vivificante).


Temos, pois, bem estabelecida a diferença fundamental, ensinada no N. T., entre psychê (alma) e pneuma (Espírito).


Mas há outros passos em que esses dois elementos são claramente distinguidos:

1) No Cântico de Maria (LC 1:46) sentimos a diferença nas palavras "Minha alma (psychê) engrandece o Senhor e meu Espírito (pneuma) se alegra em Deus meu Salvador".


2) Paulo (Filp. 1:27) recomenda que os cristãos tenham "um só Espírito (pneuma) e uma só alma (psychê), distinção desnecessária, se não expressassem essas palavras coisas diferentes.


3) Ainda Paulo (l. ª Tess. 5:23) faz votos que os fiéis "sejam santificados e guardados no Espírito (pneuma) na alma (psychê) e no corpo (sôma)", deixando bem estabelecida a tríade que assinalamos desde o início.


4) Mais claro ainda é o autor da Carta dos Hebreus (quer seja Paulo Apolo ou Clemente Romano), ao


. utilizar-se de uma expressão sintomática, que diz: "o Logos Divino é Vivo, Eficaz; e mais penetrante que qualquer espada, atingindo até a divisão entre o Espirito (pneuma) e a alma (psychê)" (HB 4:12); aí não há discussão: existe realmente uma divisão entre espírito e alma.


5) Comparando, ainda, a personagem (psiquismo) com a individualidade Paulo afirma que "fala não palavras aprendidas pela sabedoria humana, mas aprendidas do Espírito (divino), comparando as coisas espirituais com as espirituais"; e acrescenta, como esclarecimento e razão: "o homem psíquico (ho ánthrôpos psychikós, isto é, a personagem intelectualizada) não percebe as coisas do Espírito Divino: são tolices para ele, e não pode compreender o que é discernido espiritualmente; mas o homem espiritual (ho ánthrôpos pneumatikós, ou, seja, a individualidade) discerne tudo, embora não seja discernido por ninguém" (1. ª Cor. 2:13-15).


Portanto, não há dúvida de que o N. T. aceita os dois aspectos do "homem": a parte espiritual, a tríade superior ou individualidade (ánthrôpos pneumatikós) e a parte psíquica, o quaternário inferior ou personalidade ou personagem (ánthrôpos psychikós).


O CORPO


Penetremos, agora, numa especificação maior, observando o emprego da palavra soma (corpo), em seu complexo carne-sangue, já que, em vários passos, não só o termo sárx é usado em lugar de soma, como também o adjetivo sarkikós (ou sarkínos) se refere, como parte externa visível, a toda a personagem, ou seja, ao espírito encarnado e preso à matéria; e isto sobretudo naqueles que, por seu atraso, ainda acreditam que seu verdadeiro eu é o complexo físico, já que nem percebem sua essência espiritual.


Paulo, por exemplo, justifica-se de não escrever aos coríntios lições mais sublimes, porque não pode falar-lhes como a "espirituais" (pnenmatikoí, criaturas que, mesmo encarnadas, já vivem na individualidade), mas só como a "carnais" (sarkínoi, que vivem só na personagem). Como a crianças em Cristo (isto é, como a principiantes no processo do conhecimento crístico), dando-lhes leite a beber, não comida, pois ainda não na podem suportar; "e nem agora o posso, acrescenta ele, pois ainda sois carnais" (1. ª Cor. 3:1-2).


Dessa forma, todos os que se encontram na fase em que domina a personagem terrena são descritos por Paulo como não percebendo o Espírito: "os que são segundo a carne, pensam segundo a carne", em oposição aos "que são segundo o espírito, que pensam segundo o espírito". Logo a seguir define a "sabedoria da carne como morte, enquanto a sabedoria do Espírito é Vida e Paz" (Rom, 8:5-6).


Essa distinção também foi afirmada por Jesus, quando disse que "o espírito está pronto (no sentido de" disposto"), mas a carne é fraca" (MT 26:41; MC 14:38). Talvez por isso o autor da Carta aos Hebreus escreveu, ao lembrar-se quiçá desse episódio, que Jesus "nos dias de sua carne (quando encarnado), oferecendo preces e súplicas com grande clamor e lágrimas Àquele que podia livrá-lo da morte, foi ouvido por causa de sua devoção e, não obstante ser Filho de Deus (o mais elevado grau do adeptado, cfr. vol. 1), aprendeu a obediência por meio das coisas que sofreu" (Heb, 5:7-8).


Ora, sendo assim fraca e medrosa a personagem humana, sempre tendente para o mal como expoente típico do Antissistema, Paulo tem o cuidado de avisar que "não devemos submeter-nos aos desejos da carne", pois esta antagoniza o Espírito (isto é constitui seu adversário ou diábolos). Aconselha, então que não se faça o que ela deseja, e conforta os "que são do Espírito", assegurando-lhes que, embora vivam na personalidade, "não estão sob a lei" (GL 5:16-18). A razão é dada em outro passo: "O Senhor é Espírito: onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2. ª Cor. 3:17).


Segundo o autor da Carta aos Hebreus, esta foi uma das finalidades da encarnação de Jesus: livrar a personagem humana do medo da morte. E neste trecho confirma as palavras do Mestre a Nicodemos: "o que nasce de carne é carne" (JO 3:6), esclarecendo, ao mesmo tempo, no campo da psicobiologia, (o problema da hereditariedade: dos pais, os filhos só herdam a carne e o sangue (corpo físico e duplo etérico), já que a psychê é herdeira do pneuma ("o que nasce de espírito, é espírito", João, ibidem). Escreve, então: "como os filhos têm a mesma natureza (kekoinônêken) na carne e no sangue, assim ele (Jesus) participou da carne e do sangue para que, por sua morte, destruísse o adversário (diábolos, a matéria), o qual possui o império da morte, a fim de libertá-las (as criaturas), já que durante toda a vida elas estavam sujeitas ao medo da morte" (HB 2:14).


Ainda no setor da morte, Jesus confirma, mais uma vez, a oposição corpo-alma: "não temais os que matam o corpo: temei o que pode matar a alma (psychê) e o corpo (sôma)" (MT 10:28). Note-se, mais uma vez, a precisão (elegantia) vocabular de Jesus, que não fala em pneuma, que é indestrutível, mas em psychê, ou seja, o corpo astral sujeito a estragos e até morte.


Interessante observar que alguns capítulos adiante, o mesmo evangelista (MT 27:52) usa o termo soma para designar o corpo astral ou perispírito: "e muitos corpos dos santos que dormiam, despertaram".


Refere-se ao choque terrível da desencarnação de Jesus, que foi tão violento no plano astral, que despertou os desencarnados que se encontravam adormecidos e talvez ainda presos aos seus cadáveres, na hibernação dos que desencarnam despreparados. E como era natural, ao despertarem, dirigiram-se para suas casas, tendo sido percebidos pelos videntes.


Há um texto de Paulo que nos deixa em suspenso, sem distinguirmos se ele se refere ao corpo físico (carne) ou ao psíquico (astral): "conheço um homem em Cristo (uma individualidade já cristificada) que há catorze anos - se no corpo (en sômai) não sei, se fora do corpo (ektòs sômatos) não sei: Deus

sabe foi raptado ao terceiro céu" (l. ª Cor. 12:2). É uma confissão de êxtase (ou talvez de "encontro"?), em que o próprio experimentador se declara inapto a distinguir se se tratava de um movimento puramente espiritual (fora do corpo), ou se tivera a participação do corpo psíquico (astral); nem pode verificar se todo o processo se realizou com pneuma e psychê dentro ou fora do corpo.


Entretanto, de uma coisa ele tem certeza absoluta: a parte inferior do homem, a carne e o sangue, esses não participaram do processo. Essa certeza é tão forte, que ele pode ensinar taxativamente e sem titubeios, que o físico denso e o duplo etérico não se unificam com a Centelha Divina, não "entram no reino dos céus", sendo esta uma faculdade apenas de pneuma, e, no máximo, de psychê. E ele o diz com ênfase: "isto eu vos digo, irmãos, que a carne (sárx) e o sangue (haima) NÃO PODEM possuir o reino de Deus" (l. ª Cor. 15:50). Note-se que essa afirmativa é uma negação violenta do "dogma" da ressurreição da carne.


ALMA


Num plano mais elevado, vejamos o que nos diz o N. T. a respeito da psychê e da diánoia, isto é, da alma e do intelecto a esta inerente como um de seus aspectos.


Como a carne é, na realidade dos fatos, incapaz de vontades e desejos, que provêm do intelecto, Paulo afirma que "outrora andávamos nos desejos de nossa carne", esclarecendo, porém, que fazíamos "a vontade da carne (sárx) e do intelecto (diánoia)" (EF 2:3). De fato "o afastamento e a inimizade entre Espírito e corpo surgem por meio do intelecto" (CL 1. 21).


A distinção entre intelecto (faculdade de refletir, existente na personagem) e mente (faculdade inerente ao coração, que cria os pensamentos) pode parecer sutil, mas já era feita na antiguidade, e Jerem ías escreveu que YHWH "dá suas leis ao intelecto (diánoia), mas as escreve no coração" (JR 31:33, citado certo em HB 8:10, e com os termos invertidos em HB 10:16). Aí bem se diversificam as funções: o intelecto recebe a dádiva, refletindo-a do coração, onde ela está gravada.


Realmente a psychê corresponde ao corpo astral, sede das emoções. Embora alguns textos no N. T.


atribuam emoções a kardía, Jesus deixou claro que só a psychê é atingível pelas angústias e aflições, asseverando: "minha alma (psychê) está perturbada" (MT 26:38; MC 14:34; JO 12:27). Jesus não fala em kardía nem em pneuma.


A MENTE


Noús é a MENTE ESPIRITUAL, a individualizadora de pneuma, e parte integrante ou aspecto de kardía. E Paulo, ao salientar a necessidade de revestir-nos do Homem Novo (de passar a viver na individualidade) ordena que "nos renovemos no Espírito de nossa Mente" (EF 4:23-24), e não do intelecto, que é personalista e divisionário.


E ao destacar a luta entre a individualidade e a personagem encarnada, sublinha que "vê outra lei em seus membros (corpo) que se opõem à lei de sua mente (noús), e o aprisiona na lei do erro que existe em seus membros" (RM 7:23).


A mente espiritual, e só ela, pode entender a sabedoria do Cristo; e este não se dirige ao intelecto para obter a compreensão dos discípulos: "e então abriu-lhes a mente (noún) para que compreendessem as Escrituras" (LC 24:45). Até então, durante a viagem (bastante longa) ia conversando com os "discípulos de Emaús". falando-lhes ao intelecto e provando-lhes que o Filho do Homem tinha que sofrer; mas eles não O reconheceram. Mas quando lhes abriu a MENTE, imediatamente eles perceberam o Cristo.


Essa mente é, sem dúvida, um aspecto de kardía. Isaías escreveu: "então (YHWH) cegou-lhes os olhos (intelecto) e endureceu-lhes o coração, para que não vissem (intelectualmente) nem compreendessem com o coração" (IS 6:9; citado por JO 12:40).


O CORAÇÃO


Que o coração é a fonte dos pensamentos, nós o encontramos repetido à exaustão; por exemplo: MT 12:34; MT 15:18, MT 15:19; Marc 7:18; 18:23; LC 6:45; LC 9:47; etc.


Ora, se o termo CORAÇÃO exprime, límpida e indiscutivelmente, a fonte primeira do SER, o "quarto fechado" onde o "Pai vê no secreto" MT 6:6), logicamente se deduz que aí reside a Centelha Divina, a Partícula de pneuma, o CRISTO (Filho Unigênito), que é UNO com o Pai, que também, consequentemente, aí reside. E portanto, aí também está o Espírito-Santo, o Espírito-Amor, DEUS, de que nosso Eu é uma partícula não desprendida.


Razão nos assiste, então, quando escrevemos (vol. 1 e vol. 3) que o "reino de Deus" ou "reino dos céus" ou "o céu", exprime exatamente o CORAÇÃO; e entrar no reino dos céus é penetrar, é MERGULHAR (batismo) no âmago de nosso próprio EU. É ser UM com o CRISTO, tal como o CRISTO é UM com o PAI (cfr. JO 10. 30; 17:21,22, 23).


Sendo esta parte a mais importante para a nossa tese, dividamo-la em três seções:

a) - Deus ou o Espírito Santo habitam DENTRO DE nós;


b) - CRISTO, o Filho (UNO com o Pai) também está DENTRO de nós, constituindo NOSSA ESSÊNCIA PROFUNDA;


c) - o local exato em que se encontra o Cristo é o CORAÇÃO, e nossa meta, durante a encarnação, é CRISTIFICAR-NOS, alcançando a evolução crística e unificando-nos com Ele.


a) -


A expressão "dentro de" pode ser dada em grego pela preposição ENTOS que encontramos clara em LC (LC 17:21), quando afirma que "o reino de Deus está DENTRO DE VÓS" (entòs humin); mas tamb ém a mesma ideia é expressa pela preposição EN (latim in, português em): se a água está na (EM A) garrafa ou no (EM O) copo, é porque está DENTRO desses recipientes. Não pode haver dúvida. Recordese o que escrevemos (vol. 1): "o Logos se fez carne e fez sua residência DENTRO DE NÓS" (JO 1:14).


Paulo é categórico em suas afirmativas: "Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita dentro de vós" (1. ª Cor. 3:16).


Οΰи οίδατε ότι ναός θεοϋ έστε иαί τό πνεϋµα τοϋ θεοϋ έν ϋµϊν οίиεί;

E mais: "E não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo que está dentro de vós, o qual recebestes de Deus, e não pertenceis a vós mesmos? Na verdade, fostes comprados por alto preço. Glorificai e TRAZEI DEUS EM VOSSO CORPO" (1. ª Cor. 6:19-20).


Esse Espírito Santo, que é a Centelha do Espírito Universal, é, por isso mesmo, idêntico em todos: "há muitas operações, mas UM só Deus, que OPERA TUDO DENTRO DE TODAS AS COISAS; ... Todas essas coisas opera o único e mesmo Espírito; ... Então, em UM Espírito todos nós fomos MERGULHADOS en: UMA carne, judeus e gentios, livres ou escravos" (1. ª Cor. 12:6, 11, 13).


Καί διαιρέσεις ένεργηµάτων είσιν, ό δέ αύτός θεός ό ένεργών τα πάντα έν πάσιν... Дάντα δέ ταύτα ένεργεί τό έν иαί τό αύτό πνεύµα... Кαί γάρ έν ένί πνεύµατι ήµείς πάντες είς έν σώµα έβαπτίσθηµεν,
είτε ̉Ιουδαίοι εϊτε έλληνες, είτε δούλοι, εϊτε έλεύθεροι.
Mais ainda: "Então já não sois hóspedes e estrangeiros, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus, superedificados sobre o fundamento dos Enviados e dos Profetas, sendo a própria pedra angular máxima Cristo Jesus: em Quem toda edificação cresce no templo santo no Senhor, no Qual tamb ém vós estais edificados como HABITAÇÃO DE DEUS NO ESPÍRITO" (EF 2:19-22). " Αρα ούν ούиέτι έστε ζένοι иαί πάροιиοι, άλλά έστε συµπολίται τών άγίων иαί οίиείοι τού θεού,
έποιиοδοµηθέντες έπί τώ θεµελίω τών άποστόλων иαί προφητών, όντος άиρογωνιαίου αύτού Χριστόύ
#cite Іησού, έν ώ πάσα οίиοδοµή συναρµολογουµένη αύζει είς ναόν άγιον έν иυρίώ, έν ώ иαί ύµείς
συνοιиοδοµείσθε είς иατοιиητήεριον τού θεού έν πνεµατ

ι.


Se Deus habita DENTRO do homem e das coisas quem os despreza, despreza a Deus: "quem despreza estas coisas, não despreza homens, mas a Deus, que também deu seu Espírito Santo em vós" (1. ª Tess. 4:8).


Тοιγαρούν ό άθετών ούи άνθρωπον άθετεί, άλλά τόν θεόν τόν иαί διδόντα τό πνεύµα αύτού τό άγιον είς ύµάς.

E a consciência dessa realidade era soberana em Paulo: "Guardei o bom depósito, pelo Espírito Santo que habita DENTRO DE NÓS" (2. ª Tim. 1:14). (20)


Тήν иαλήν παραθήиην φύλαζον διά πνεύµατος άγίου τού ένοιиούντος έν ήµϊ

ν.


João dá seu testemunho: "Ninguém jamais viu Deus. Se nos amarmos reciprocamente, Deus permanecer á DENTRO DE NÓS, e o Amor Dele, dentro de nós, será perfeito (ou completo). Nisto sabemos que permaneceremos Nele e Ele em nós, porque DE SEU ESPÍRITO deu a nós" (1. ª JO 4:12-13).


θεόν ούδείς πώποτε τεθέαται: έάν άγαπώµεν άλλήλους, ό θεός έν ήµϊν µένει, иαί ή άγάπη αύτοϋ τε-
τελειωµένη έν ήµϊν έστιν. Εν τουτω γινώσиοµεν ότι έν αύτώ µένοµεν иαί αύτός έν ήµϊν, ότι έи τοϋ
πνεύµατος αύτοϋ δέδώиεν ήµϊ

ν.


b) -


Vejamos agora os textos que especificam melhor ser o CRISTO (Filho) que, DENTRO DE NÓS. constitui a essência profunda de nosso ser. Não é mais uma indicação de que TEMOS a Divindade em nós, mas um ensino concreto de que SOMOS uma partícula da Divindade. Escreve Paulo: "Não sabeis que CRISTO (Jesus) está DENTRO DE VÓS"? (2. ª Cor. 13:5). E, passando àquela teoria belíssima de que formamos todos um corpo só, cuja cabeça é Cristo, ensina Paulo: "Vós sois o CORPO de Cristo, e membros de seus membros" (l. ª Cor. 12:27). Esse mesmo Cristo precisa manifestar-se em nós, através de nós: "vossa vida está escondida COM CRISTO em Deus; quando Cristo se manifestar, vós também vos manifestareis em substância" (CL 3:3-4).


E logo adiante insiste: "Despojai-vos do velho homem com seus atos (das personagens terrenas com seus divisionismos egoístas) e vesti o novo, aquele que se renova no conhecimento, segundo a imagem de Quem o criou, onde (na individualidade) não há gentio nem judeu, circuncidado ou incircunciso, bárbaro ou cita, escravo ou livre, mas TUDO e EM TODOS, CRISTO" (CL 3:9-11).


A personagem é mortal, vivendo a alma por efeito do Espírito vivificante que nela existe: "Como em Adão (personagem) todos morrem, assim em CRISTO (individualidade, Espírito vivificante) todos são vivificados" (1. ª Cor. 15:22).


A consciência de que Cristo vive nele, faz Paulo traçar linhas imorredouras: "ou procurais uma prova do CRISTO que fala DENTRO DE MIM? o qual (Cristo) DENTRO DE VÓS não é fraco" mas é poderoso DENTRO DE VÓS" (2. ª Cor. 13:3).


E afirma com a ênfase da certeza plena: "já não sou eu (a personagem de Paulo), mas CRISTO QUE VIVE EM MIM" (GL 2:20). Por isso, pode garantir: "Nós temos a mente (noús) de Cristo" (l. ª Cor. 2:16).


Essa convicção traz consequências fortíssimas para quem já vive na individualidade: "não sabeis que vossos CORPOS são membros de Cristo? Tomando, então, os membros de Cristo eu os tornarei corpo de meretriz? Absolutamente. Ou não sabeis que quem adere à meretriz se torna UM CORPO com ela? Está dito: "e serão dois numa carne". Então - conclui Paulo com uma lógica irretorquível - quem adere a Deus é UM ESPÍRITO" com Deus (1. ª Cor. 6:15-17).


Já desde Paulo a união sexual é trazida como o melhor exemplo da unificação do Espírito com a Divindade. Decorrência natural de tudo isso é a instrução dada aos romanos: "vós não estais (não viveis) EM CARNE (na personagem), mas EM ESPÍRITO (na individualidade), se o Espírito de Deus habita DENTRO DE VÓS; se porém não tendes o Espírito de Cristo, não sois Dele. Se CRISTO (está) DENTRO DE VÓS, na verdade o corpo é morte por causa dos erros, mas o Espírito vive pela perfeição. Se o Espírito de Quem despertou Jesus dos mortos HABITA DENTRO DE VÓS, esse, que despertou Jesus dos mortos, vivificará também vossos corpos mortais, por causa do mesmo Espírito EM VÓS" (RM 9:9-11). E logo a seguir prossegue: "O próprio Espírito testifica ao nosso Espírito que somos filhos de Deus; se filhos, (somos) herdeiros: herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo" (RM 8:16). Provém daí a angústia de todos os que atingiram o Eu Interno para libertar-se: "também tendo em nós as primícias do Espírito, gememos dentro de nós, esperando a adoção de Filhos, a libertação de nosso corpo" (RM 8:23).


c) -


Finalmente, estreitando o círculo dos esclarecimentos, verificamos que o Cristo, dentro de nós, reside NO CORAÇÃO, onde constitui nosso EU Profundo. É ensinamento escriturístico.


Ainda é Paulo que nos esclarece: "Porque sois filhos, Deus enviou o ESPÍRITO DE SEU FILHO, em vosso CORAÇÃO, clamando Abba, ó Pai" (GL 4:6). Compreendemos, então, que o Espírito Santo (Deus) que está em nós, refere-se exatamente ao Espírito do FILHO, ao CRISTO Cósmico, o Filho Unigênito. E ficamos sabendo que seu ponto de fixação em nós é o CORAÇÃO.


Lembrando-se, talvez, da frase de Jeremias, acima-citada, Paulo escreveu aos coríntios: "vós sois a nossa carta, escrita em vossos CORAÇÕES, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifesto que sois CARTA DE CRISTO, preparada por nós, e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo; não em tábuas de pedra, mas nas tábuas dos CORAÇÕES CARNAIS" (2. ª Cor. 3:2-3). Bastante explícito que realmente se trata dos corações carnais, onde reside o átomo espiritual.


Todavia, ainda mais claro é outro texto, em que se fala no mergulho de nosso eu pequeno, unificandonos ao Grande EU, o CRISTO INTERNO residente no coração: "CRISTO HABITA, pela fé, no VOSSO CORAÇÃO". E assegura com firmeza: "enraizados e fundamentados no AMOR, com todos os santos (os encarnados já espiritualizados na vivência da individualidade) se compreenderá a latitude, a longitude a sublimidade e a profundidade, conhecendo o que está acima do conhecimento, o AMOR DE CRISTO, para que se encham de toda a plenitude de Deus" (EF 3:17).


Кατοιиήσαι τόν Χριστόν διά τής πίστεως έν ταϊς иαρδίαις ύµών, έν άγάπη έρριζωµένοι иαί τεθεµελιωµένοι, ϊνα έζισγύσητε иαταλαβέσθαι σύν πάσιν τοϊςάγίοιςτί τό πλάτος иαί µήиος иαί ύψος
иαί βάθος, γνώσαι τε τήν ύπερβάλλουσαν τής γνώσεως άγάπην τοϋ Χριστοϋ, ίνα πληρωθήτε είς πάν τό πλήρωµα τού θεοϋ.

Quando se dá a unificação, o Espírito se infinitiza e penetra a Sabedoria Cósmica, compreendendo então a amplitude da localização universal do Cristo.


Mas encontramos outro ensino de suma profundidade, quando Paulo nos adverte que temos que CRISTIFICAR-NOS, temos que tornar-nos Cristos, na unificação com Cristo. Para isso, teremos que fazer uma tradução lógica e sensata da frase, em que aparece o verbo CHRIO duas vezes: a primeira, no particípio passado, Christós, o "Ungido", o "permeado da Divindade", particípio que foi transliterado em todas as línguas, com o sentido filosófico e místico de O CRISTO; e a segunda, logo a seguir, no presente do indicativo. Ora, parece de toda evidência que o sentido do verbo tem que ser O MESMO em ambos os empregos. Diz o texto original: ho dè bebaiôn hemãs syn humin eis Christon kaí chrísas hemãs theós (2. ª Cor. 1:21).


#cite Ο δέ βεβαιών ήµάς σύν ύµίν είς Χριστόν иαί χρίσας ήµάς θεό

ς.


Eis a tradução literal: "Deus, fortifica dor nosso e vosso, no Ungido, unge-nos".


E agora a tradução real: "Deus, fortificador nosso e vosso, em CRISTO, CRISTIFICA-NOS".


Essa a chave para compreendermos nossa meta: a cristificação total e absoluta.


Logo após escreve Paulo: "Ele também nos MARCA e nos dá, como penhor, o Espírito em NOSSOS CORAÇÕES" (2. ª Cor. 1:22).


#cite Ο иαί σφραγισάµενος ήµάς иαί δούς τόν άρραβώνα τόν πνεύµατος έν ταϊς иαρδϊαις ήµώ

ν.


Completando, enfim, o ensino - embora ministrado esparsamente - vem o texto mais forte e explícito, informando a finalidade da encarnação, para TÔDAS AS CRIATURAS: "até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, ao Homem Perfeito, à medida da evolução plena de Cristo" (EF 4:13).


Мέρχι иαταντήσωµεν οί πάντες είς τήν ένότητα τής πίστοως. иαί τής έπιγνώσεως τοϋ υίοϋ τοϋ θεοϋ,
είς άνδρα τελειον, είς µέτρον ήλιиίας τοϋ πληρώµατος τοϋ Χριστοϋ.
Por isso Paulo escreveu aos Gálatas: "ó filhinhos, por quem outra vez sofro as dores de parto, até que Cristo SE FORME dentro de vós" (GL 4:19) (Тεиνία µου, ούς πάλιν ώδίνω, µέρχις ού µορφωθή Χριστός έν ύµϊ

ν).


Agostinho (Tract. in Joanne, 21, 8) compreendeu bem isto ao escrever: "agradeçamos e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos", (Christus facti sumus); e Metódio de Olimpo ("Banquete das dez virgens", Patrol. Graeca, vol. 18, col. 150) escreveu: "a ekklêsía está grávida e em trabalho de parto até que o Cristo tome forma em nós, até que Cristo nasça em nós, a fim de que cada um dos santos (encarnados) por sua participação com o Cristo, se torne Cristo". Também Cirilo de Jerusalém ("Catechesis mystagogicae" 1. 3. 1 in Patr. Graeca vol. 33, col. 1. 087) asseverou: " Após terdes mergulhado no Cristo e vos terdes revestido do Cristo, fostes colocados em pé de igualdade com o Filho de Deus... pois que entrastes em comunhão com o Cristo, com razão tendes o nome de cristos, isto é, de ungidos".


Todo o que se une ao Cristo, se torna um cristo, participando do Pneuma e da natureza divina (theías koinônoí physeôs) (2. ª Pe. 1:3), pois "Cristo é o Espírito" (2. ª Cor. 3:17) e quem Lhe está unido, tem em si o selo (sphrágis) de Cristo. Na homilia 24,2, sobre 1. ª Cor. 10:16, João Crisóstomo (Patrol.


Graeca vol. 61, col. 200) escreveu: "O pão que partimos não é uma comunhão (com+união, koinônía) ao corpo de Cristo? Porque não disse "participação" (metoché)? Porque quis revelar algo mais, e mostrar uma associação (synápheia) mais íntima. Realmente, estamos unidos (koinônoúmen) não só pela participação (metéchein) e pela recepção (metalambánein), mas também pela UNIFICAÇÃO (enousthai)".


Por isso justifica-se o fragmento de Aristóteles, supra citado, em Sinésio: "os místicos devem não apenas aprender (mathein) mas experimentar" (pathein).


Essa é a razão por que, desde os primeiros séculos do estabelecimento do povo israelita, YHWH, em sua sabedoria, fazia a distinção dos diversos "corpos" da criatura; e no primeiro mandamento revelado a Moisés dizia: " Amarás a Deus de todo o teu coração (kardía), de toda tua alma (psychê), de todo teu intelecto (diánoia), de todas as tuas forças (dynameis)"; kardía é a individualidade, psychê a personagem, dividida em diánoia (intelecto) e dynameis (veículos físicos). (Cfr. LV 19:18; DT 6:5; MT 22:37; MC 12:13; LC 10:27).


A doutrina é uma só em todos os sistemas religiosos pregados pelos Mestres (Enviados e Profetas), embora com o tempo a imperfeição humana os deturpe, pois a personagem é fundamentalmente divisionista e egoísta. Mas sempre chega a ocasião em que a Verdade se restabelece, e então verificamos que todas as revelações são idênticas entre si, em seu conteúdo básico.


ESCOLA INICIÁTICA


Após essa longa digressão a respeito do estudo do "homem" no Novo Testamento, somos ainda obrigados a aprofundar mais o sentido do trecho em que são estipuladas as condições do discipulato.


Há muito desejaríamos ter penetrado neste setor, a fim de poder dar explicação cabal de certas frases e passagens; mas evitamo-lo ao máximo, para não ferir convicções de leitores desacostumados ao assunto.


Diante desse trecho, porém, somos forçados a romper os tabus e a falar abertamente.


Deve ter chamado a atenção de todos os estudiosos perspicazes dos Evangelhos, que Jesus jamais recebeu, dos evangelistas, qualquer título que normalmente seria atribuído a um fundador de religião: Chefe Espiritual, Sacerdote, Guia Espiritual, Pontífice; assim também, aqueles que O seguiam, nunca foram chamados Sequazes, Adeptos, Adoradores, Filiados, nem Fiéis (a não ser nas Epístolas, mas sempre com o sentido de adjetivo: os que mantinham fidelidade a Seus ensinos). Ao contrário disso, os epítetos dados a Jesus foram os de um chefe de escola: MESTRE (Rabbi, Didáskalos, Epistátês) ou de uma autoridade máxima Kyrios (SENHOR dos mistérios). Seus seguidores eram DISCÍPULOS (mathêtês), tudo de acordo com a terminologia típica dos mistérios iniciáticos de Elêusis, Delfos, Crotona, Tebas ou Heliópolis. Após receberem os primeiros graus, os discípulos passaram a ser denominado "emissários" (apóstolos), encarregados de dar a outros as primeiras iniciações.


Além disso, é evidente a preocupação de Jesus de dividir Seus ensinos em dois graus bem distintos: o que era ministrado de público ("a eles só é dado falar em parábolas") e o que era ensinado privadamente aos "escolhidos" ("mas a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus", cfr. MT 13:10-17 ; MC 4:11-12; LC 8:10).


Verificamos, portanto, que Jesus não criou uma "religião", no sentido moderno dessa palavra (conjunto de ritos, dogmas e cultos com sacerdócio hierarquicamente organizado), mas apenas fundou uma ESCOLA INICIÁTICA, na qual preparou e "iniciou" seus DISCÍPULOS, que Ele enviou ("emissários, apóstolos") com a incumbência de "iniciar" outras criaturas. Estas, por sua vez, foram continuando o processo e quando o mundo abriu os olhos e percebeu, estava em grande parte cristianizado. Quando os "homens" o perceberam e estabeleceram a hierarquia e os dogmas, começou a decadência.


A "Escola iniciática" fundada por Jesus foi modelada pela tradição helênica, que colocava como elemento primordial a transmissão viva dos mistérios: e "essa relação entre a parádosis (transmissão) e o mystérion é essencial ao cristianismo", escreveu o monge beneditino D. Odon CaseI (cfr. "Richesse du Mystere du Christ", Les éditions du Cerf. Paris, 1964, pág. 294). Esse autor chega mesmo a afirmar: " O cristianismo não é uma religião nem uma confissão, segundo a acepção moderna dessas palavras" (cfr. "Le Mystere du Culte", ib., pág. 21).


E J. Ranft ("Der Ursprung des Kathoíischen Traditionsprinzips", 1931, citado por D . O. Casel) escreve: " esse contato íntimo (com Cristo) nasce de uma gnose profunda".


Para bem compreender tudo isso, é indispensável uma incursão pelo campo das iniciações, esclarecendo antes alguns termos especializados. Infelizmente teremos que resumir ao máximo, para não prejudicar o andamento da obra. Mas muitos compreenderão.


TERMOS ESPECIAIS


Aiôn (ou eon) - era, época, idade; ou melhor CICLO; cada um dos ciclos evolutivos.


Akoueíu - "ouvir"; akoueín tòn lógon, ouvir o ensino, isto é, receber a revelação dos segredos iniciáticos.


Gnôse - conhecimento espiritual profundo e experimental dos mistérios.


Deíknymi - mostrar; era a explicação prática ou demonstração de objetos ou expressões, que serviam de símbolos, e revelavam significados ocultos.


Dóxa - doutrina; ou melhor, a essência do conhecimento profundo: o brilho; a luz da gnôse; donde "substância divina", e daí a "glória".


Dynamis - força potencial, potência que capacita para o érgon e para a exousía, infundindo o impulso básico de atividade.


Ekklêsía - a comunidade dos "convocados" ou "chamados" (ékklêtos) aos mistérios, os "mystos" que tinham feito ou estavam fazendo o curso da iniciação.


Energeín - agir por dentro ou de dentro (energia), pela atuação da força (dybamis).


Érgon - atividade ou ação; trabalho espiritual realizado pela força (dynamis) da Divindade que habita dentro de cada um e de cada coisa; energia.


Exêgeísthaí - narrar fatos ocultos, revelar (no sentido de "tirar o véu") (cfr. LC 24:35; JO 1:18; AT 10:8:15:12, 14).


Hágios - santo, o que vive no Espírito ou Individualidade; o iniciado (cfr. teleios).


Kyrios - Senhor; o Mestre dos Mistérios; o Mistagogo (professor de mistérios); o Hierofante (o que fala, fans, fantis, coisas santas, hieros); dava-se esse título ao possuidor da dynamis, da exousía e do érgon, com capacidade para transmiti-los.


Exousía - poder, capacidade de realização, ou melhor, autoridade, mas a que provém de dentro, não "dada" de fora.


Leitourgia - Liturgia, serviço do povo: o exercício do culto crístico, na transmissão dos mistérios.


Legómena - palavras reveladoras, ensino oral proferido pelo Mestre, e que se tornava "ensino ouvido" (lógos akoês) pelos discípulos.


Lógos - o "ensino" iniciático, a "palavra" secreta, que dava a chave da interpretação dos mistérios; a" Palavra" (Energia ou Som), segundo aspecto da Divindade.


Monymenta - "monumentos", ou seja, objetos e lembranças, para manter viva a memória.


Mystagogo – o Mestre dos Mystérios, o Hierofante.


Mystérion - a ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação; donde, o ensino revelado apenas aos perfeitos (teleios) e santos (hágios), mas que devia permanecer oculto aos profanos.


Oikonomía - economia, dispensação; literalmente "lei da casa"; a vida intima de cada iniciado e sua capacidade na transmissão iniciática a outros, (de modo geral encargo recebido do Mestre).


Orgê - a atividade ou ação sagrada; o "orgasmo" experimentado na união mística: donde "exaltação espiritual" pela manifestação da Divindade (erradamente interpretado como "ira").


Parábola - ensino profundo sob forma de narrativa popular, com o verdadeiro sentido oculto por metáforas e símbolos.


Paradídômi - o mesmo que o latim trádere; transmitir, "entregar", passar adiante o ensino secreto.


Parádosis - transmissão, entrega de conhecimentos e experiências dos ensinos ocultos (o mesmo que o latim tradítio).


Paralambánein - "receber" o ensino secreto, a "palavra ouvida", tornando-se conhecedor dos mistérios e das instruções.


Patheín - experimentar, "sofrer" uma experiência iniciática pessoalmente, dando o passo decisivo para receber o grau e passar adiante.


Plêrôma - plenitude da Divindade na criatura, plenitude de Vida, de conhecimento, etc.


Redençãoa libertação do ciclo de encarnações na matéria (kyklos anánkê) pela união total e definitiva com Deus.


Santo - o mesmo que perfeito ou "iniciado".


Sêmeíon - "sinal" físico de uma ação espiritual, demonstração de conhecimento (gnose), de força (dynamis), de poder (exousía) e de atividade ou ação (érgon); o "sinal" é sempre produzido por um iniciado, e serve de prova de seu grau.


Sophía - a sabedoria obtida pela gnose; o conhecimento proveniente de dentro, das experiências vividas (que não deve confundir-se com a cultura ou erudição do intelecto).


Sphrágis - selo, marca indelével espiritual, recebida pelo espírito, embora invisível na matéria, que assinala a criatura como pertencente a um Senhor ou Mestre.


Symbolos - símbolos ou expressões de coisas secretas, incompreensíveis aos profanos e só percebidas pelos iniciados (pão, vinho, etc.) .


Sótería - "salvação", isto é, a unificação total e definitiva com a Divindade, que se obtém pela "redenção" plena.


Teleíos - o "finalista", o que chegou ao fim de um ciclo, iniciando outro; o iniciado nos mistérios, o perfeito ou santo.


Teleisthai - ser iniciado; palavra do mesmo radical que teleutan, que significa "morrer", e que exprime" finalizar" alguma coisa, terminar um ciclo evolutivo.


Tradítio - transmissão "tradição" no sentido etimológico (trans + dare, dar além passar adiante), o mesmo que o grego parádosis.


TRADIÇÃO


D. Odon Casel (o. c., pág. 289) escreve: "Ranft estudou de modo preciso a noção da tradítio, não só como era praticada entre os judeus, mas também em sua forma bem diferente entre os gregos. Especialmente entre os adeptos dos dosis é a transmissão secreta feita aos "mvstos" da misteriosa sôtería; é a inimistérios, a noção de tradítio (parádosis) tinha grande importância. A paraciação e a incorporação no círculo dos eleitos (eleitos ou "escolhidos"; a cada passo sentimos a confirmação de que Jesus fundou uma "Escola Iniciática", quando emprega os termos privativos das iniciações heléntcas; cfr. " muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos" - MT 22. 14), características das religiões grecoorientais. Tradítio ou parádosis são, pois, palavras que exprimem a iniciação aos mistérios. Tratase, portanto, não de uma iniciação científica, mas religiosa, realizada no culto. Para o "mysto", constitui uma revelação formal, a segurança vivida das realidades sagradas e de uma santa esperança. Graças a tradição, a revelação primitiva passa às gerações ulteriores e é comunicada por ato de iniciação. O mesmo princípio fundamental aplica-se ao cristianismo".


Na página seguinte, o mesmo autor prossegue: "Nos mistérios, quando o Pai Mistagogo comunica ao discípulo o que é necessário ao culto, essa transmissão tem o nome de traditio. E o essencial não é a instrução, mas a contemplação, tal como o conta Apuleio (Metamorphoses, 11, 21-23) ao narrar as experiências culturais do "mysto" Lúcius. Sem dúvida, no início há uma instrução, mas sempre para finalizar numa contemplação, pela qual o discípulo, o "mysto", entra em relação direta com a Divindade.


O mesmo ocorre no cristianismo (pág. 290).


Ouçamos agora as palavras de J. Ranft (o. c., pág. 275): "A parádosis designa a origem divina dos mistérios e a transmissão do conteúdo dos mistérios. Esta, à primeira vista, realiza-se pelo ministério dos homens, mas não é obra de homens; é Deus que ensina. O homem é apenas o intermediário, o Instrumento desse ensino divino. Além disso... desperta o homem interior. Logos é realmente uma palavra intraduzível: designa o próprio conteúdo dos mistérios, a palavra, o discurso, o ENSINO. É a palavra viva, dada por Deus, que enche o âmago do homem".


No Evangelho, a parádosis é constituída pelas palavras ou ensinos (lógoi) de Jesus, mas também simbolicamente pelos fatos narrados, que necessitam de interpretação, que inicialmente era dada, verbalmente, pelos "emissários" e pelos inspirados que os escreveram, com um talento superior de muito ao humano, deixando todos os ensinos profundos "velados", para só serem perfeitamente entendidos pelos que tivessem recebido, nos séculos seguintes, a revelação do sentido oculto, transmitida quer por um iniciado encarnado, quer diretamente manifestada pelo Cristo Interno. Os escritores que conceberam a parádosis no sentido helênico foram, sobretudo, João e Paulo; já os sinópticos a interpretam mais no sentido judaico, excetuando-se, por vezes, o grego Lucas, por sua convivência com Paulo, e os outros, quando reproduziam fielmente as palavras de Jesus.


Se recordarmos os mistérios de Elêusis (palavra que significa "advento, chegada", do verbo eléusomai," chegar"), ou de Delfos (e até mesmo os de Tebas, Ábydos ou Heliópolis), veremos que o Novo Testamento concorda seus termos com os deles. O logos transmitido (paradidômi) por Jesus é recebida (paralambánein) pelos DISCÍPULOS (mathêtês). Só que Jesus apresentou um elemento básico a mais: CRISTO. Leia-se Paulo: "recebi (parélabon) do Kyrios o que vos transmiti (parédote)" (l. ª Cor. 11:23).


O mesmo Paulo, que define a parádosis pagã como "de homens, segundo os elementos do mundo e não segundo Cristo" (CL 2:8), utiliza todas as palavras da iniciação pagã, aplicando-as à iniciação cristã: parádosis, sophía, logo", mystérion, dynamis, érgon, gnose, etc., termos que foram empregados também pelo próprio Jesus: "Nessa hora Jesus fremiu no santo pneuma e disse: abençôo-te, Pai, Senhor do céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e hábeis, e as revelaste aos pequenos, Sim, Pai, assim foi de teu agrado. Tudo me foi transmitido (parédote) por meu Pai. E ninguém tem a gnose do que é o Filho senão o Pai, e ninguém tem a gnose do que é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quer revelar (apokalypsai = tirar o véu). E voltando-se para seus discípulos, disse: felizes os olhos que vêem o que vedes. Pois digo-vos que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis, e não ouviram" (LC 10:21-24). Temos a impressão perfeita que se trata de ver e ouvir os mistérios iniciáticos que Jesus transmitia a seus discípulos.


E João afirma: "ninguém jamais viu Deus. O Filho Unigênito que esta no Pai, esse o revelou (exêgêsato, termo específico da língua dos mistérios)" (JO 1:18).


"PALAVRA OUVIDA"


A transmissão dos conhecimentos, da gnose, compreendia a instrução oral e o testemunhar das revelações secretas da Divindade, fazendo que o iniciado participasse de uma vida nova, em nível superior ( "homem novo" de Paulo), conhecendo doutrinas que deveriam ser fielmente guardadas, com a rigorosa observação do silêncio em relação aos não-iniciados (cfr. "não deis as coisas santas aos cães", MT 7:6).


Daí ser a iniciação uma transmissão ORAL - o LOGOS AKOÊS, ou "palavra ouvida" ou "ensino ouvido" - que não podia ser escrito, a não ser sob o véu espesso de metáforas, enigmas, parábolas e símbolos.


Esse logos não deve ser confundido com o Segundo Aspecto da Divindade (veja vol. 1 e vol. 3).


Aqui logos é "o ensino" (vol. 2 e vol. 3).


O Novo Testamento faz-nos conhecer esse modus operandi: Paulo o diz, numa construção toda especial e retorcida (para não falsear a técnica): "eis por que não cessamos de agradecer (eucharistoúmen) a Deus, porque, recebendo (paralabóntes) o ENSINO OUVIDO (lógon akoês) por nosso intermédio, de Deus, vós o recebestes não como ensino de homens (lógon anthrópôn) mas como ele é verdadeiramente: o ensino de Deus (lógon theou), que age (energeítai) em vós que credes" (l. ª Tess. 2:13).


O papel do "mysto" é ouvir, receber pelo ouvido, o ensino (lógos) e depois experimentar, como o diz Aristóteles, já citado por nós: "não apenas aprender (matheín), mas experimentar" (patheín).


Esse trecho mostra como o método cristão, do verdadeiro e primitivo cristianismo de Jesus e de seus emissários, tinha profunda conexão com os mistérios gregos, de cujos termos específicos e característicos Jesus e seus discípulos se aproveitaram, elevando, porém, a técnica da iniciação à perfeição, à plenitude, à realidade máxima do Cristo Cósmico.


Mas continuemos a expor. Usando, como Jesus, a terminologia típica da parádosis grega, Paulo insiste em que temos que assimilá-la interiormente pela gnose, recebendo a parádosis viva, "não mais de um Jesus de Nazaré histórico, mas do Kyrios, do Cristo ressuscitado, o Cristo Pneumatikós, esse mistério que é o Cristo dentro de vós" (CL 1:27).


Esse ensino oral (lógos akoês) constitui a tradição (traditio ou parádosis), que passa de um iniciado a outro ou é recebido diretamente do "Senhor" (Kyrios), como no caso de Paulo (cfr. GL 1:11): "Eu volo afirmo, meus irmãos, que a Boa-Nova que preguei não foi à maneira humana. Pois não na recebi (parélabon) nem a aprendi de homens, mas por uma revelação (apokálypsis) de Jesus Cristo".


Aos coríntios (l. ª Cor. 2:1-5) escreve Paulo: "Irmãos, quando fui a vós, não fui com o prestígio do lógos nem da sophía, mas vos anunciei o mistério de Deus. Decidi, com efeito, nada saber entre vós sen ão Jesus Cristo, e este crucificado. Fui a vós em fraqueza, em temor, e todo trêmulo, e meu logos e minha pregação não consistiram nos discursos persuasivos da ciência, mas numa manifestação do Esp írito (pneuma) e do poder (dynamis), para que vossa fé não repouse na sabedoria (sophía) dos homens, mas no poder (dynamis) de Deus".


A oposição entre o logos e a sophia profanos - como a entende Aristóteles - era salientada por Paulo, que se referia ao sentido dado a esses termos pelos "mistérios antigos". Salienta que à sophia e ao logos profanos, falta, no dizer dele, a verdadeira dynamis e o pnenma, que constituem o mistério cristão que ele revela: Cristo.


Em vários pontos do Novo Testamento aparece a expressão "ensino ouvido" ou "ouvir o ensino"; por exemplo: MT 7:24, MT 7:26; 10:14; 13:19, 20, 21, 22, 23; 15:12; 19:22; MC 4:14, MC 4:15, MC 4:16, MC 4:17, 18, 19, 20; LC 6:47; LC 8:11, LC 8:12, LC 8:13, LC 8:15; 10:39; 11:28; JO 5:24, JO 5:38; 7:40; 8:43; 14:24; AT 4:4; AT 10:44; AT 13:7; AT 15:7; EF 1:13; 1. ª Tess. 2:13; HB 4:2; 1. ª JO 2:7; Ap. 1:3.


DYNAMIS


Em Paulo, sobretudo, percebemos o sentido exato da palavra dynamis, tão usada nos Evangelhos.


Pneuma, o Espírito (DEUS), é a força Potencial ou Potência Infinita (Dynamis) que, quando age (energeín) se torna o PAI (érgon), a atividade, a ação, a "energia"; e o resultado dessa atividade é o Cristo Cósmico, o Kosmos universal, o Filho, que é Unigênito porque a emissão é única, já que espaço e tempo são criações intelectuais do ser finito: o Infinito é uno, inespacial, atemporal.


Então Dynamis é a essência de Deus o Absoluto, a Força, a Potência Infinita, que tudo permeia, cria e governa, desde os universos incomensuráveis até os sub-átomos infra-microscópicos. Numa palavra: Dynamis é a essência de Deus e, portanto, a essência de tudo.


Ora, o Filho é exatamente o PERMEAADO, ou o UNGIDO (Cristo), por essa Dynamis de Deus e pelo Érgon do Pai. Paulo já o dissera: "Cristo... é a dynamis de Deus e a sophía de Deus (Christòn theou dynamin kaí theou sophían, 1. ª Cor. 1:24). Então, manifesta-se em toda a sua plenitude (cfr. CL 2:9) no homem Jesus, a Dynamis do Pneuma (embora pneuma e dynamis exprimam realmente uma só coisa: Deus): essa dynamis do pneuma, atuando através do Pai (érgon) toma o nome de CRISTO, que se manifestou na pessoa Jesus, para introduzir a humanidade deste planeta no novo eon, já que "ele é a imagem (eikôn) do Deus invisível e o primogênito de toda criação" (CL 1:15).


EON


O novo eon foi inaugurado exatamente pelo Cristo, quando de Sua penetração plena em Jesus. Daí a oposição que tanto aparece no Novo Testamento Entre este eon e o eon futuro (cfr., i. a., MT 12:32;


MC 10:30; LC 16:8; LC 20:34; RM 12:2; 1. ª Cor. 1:20; 2:6-8; 3:18:2. ª Cor. 4:4; EF 2:2-7, etc.) . O eon "atual" e a vida da matéria (personalismo); O eon "vindouro" é a vida do Espírito ó individualidade), mas que começa na Terra, agora (não depois de desencarnados), e que reside no âmago do ser.


Por isso, afirmou Jesus que "o reino dos céus está DENTRO DE VÓS" (LC 17:21), já que reside NO ESPÍRITO. E por isso, zôê aiónios é a VIDA IMANENTE (vol, 2 e vol. 3), porque é a vida ESPIRITUAL, a vida do NOVO EON, que Jesus anunciou que viria no futuro (mas, entenda-se, não no futuro depois da morte, e sim no futuro enquanto encarnados). Nesse novo eon a vida seria a da individualidade, a do Espírito: "o meu reino não é deste mundo" (o físico), lemos em JO 18:36. Mas é NESTE mundo que se manifestará, quando o Espírito superar a matéria, quando a individualidade governar a personagem, quando a mente dirigir o intelecto, quando o DE DENTRO dominar o DE FORA, quando Cristo em nós tiver a supremacia sobre o eu transitório.


A criatura que penetra nesse novo eon recebe o selo (sphrágis) do Cristo do Espírito, selo indelével que o condiciona como ingresso no reino dos céus. Quando fala em eon, o Evangelho quer exprimir um CICLO EVOLUTIVO; na evolução da humanidade, em linhas gerais, podemos considerar o eon do animalismo, o eon da personalidade, o eon da individualidade, etc. O mais elevado eon que conhecemos, o da zôê aiónios (vida imanente) é o da vida espiritual plenamente unificada com Deus (pneuma-dynamis), com o Pai (lógos-érgon), e com o Filho (Cristo-kósmos).


DÓXA


Assim como dynamis é a essência de Deus, assim dóxa (geralmente traduzida por "glória") pode apresentar os sentidos que vimos (vol. 1). Mas observaremos que, na linguagem iniciática dos mistérios, além do sentido de "doutrina" ou de "essência da doutrina", pode assumir o sentido específico de" substância divina". Observe-se esse trecho de Paulo (Filp. 2:11): "Jesus Cristo é o Senhor (Kyrios) na substância (dóxa) de Deus Pai"; e mais (RM 6:4): "o Cristo foi despertado dentre os mortos pela substância (dóxa) do Pai" (isto é, pelo érgon, a energia do Som, a vibração sonora da Palavra).


Nesses passos, traduzir dóxa por glória é ilógico, não faz sentido; também "doutrina" aí não cabe. O sentido é mesmo o de "substância".


Vejamos mais este passo (l. ª Cor. 2:6-16): "Falamos, sim da sabedoria (sophia) entre os perfeitos (teleiois, isto é, iniciados), mas de uma sabedoria que não é deste eon, nem dos príncipes deste eon, que são reduzidos a nada: mas da sabedoria dos mistérios de Deus, que estava oculta, e que antes dos eons Deus destinara como nossa doutrina (dóxa), e que os príncipes deste mundo não reconheceram. De fato, se o tivessem reconhecido, não teriam crucificado o Senhor da Doutrina (Kyrios da dóxa, isto é, o Hierofante ou Mistagogo). Mas como está escrito, (anunciamos) o que o olho não viu e o ouvido não ouviu e o que não subiu sobre o coração do homem, mas o que Deus preparou para os que O amam.


Pois foi a nós que Deus revelou (apekalypsen = tirou o véu) pelo pneuma" (ou seja, pelo Espírito, pelo Cristo Interno).


MISTÉRIO


Mistério é uma palavra que modificou totalmente seu sentido através dos séculos, mesmo dentro de seu próprio campo, o religioso. Chamam hoje "mistério" aquilo que é impossível de compreender, ou o que se ignora irremissivelmente, por ser inacessível à inteligência humana.


Mas originariamente, o mistério apresentava dois sentidos básicos:

1. º - um ensinamento só revelado aos iniciados, e que permanecia secreto para os profanos que não podiam sabê-lo (daí proveio o sentido atual: o que não se pode saber; na antiguidade, não se podia por proibição moral, ao passo que hoje é por incapacidade intelectual);


2. º - a própria ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação completa.


Quando falamos em "mistério", transliterando a palavra usada no Novo Testamento, arriscamo-nos a interpretar mal. Aí, mistério não tem o sentido atual, de "coisa ignorada por incapacidade intelectiva", mas é sempre a "ação divina revelada experimentalmente ao homem" (embora continue inacessível ao não-iniciado ou profano).


O mistério não é uma doutrina: exprime o caráter de revelação direta de Deus a seus buscadores; é uma gnose dos mistérios, que se comunica ao "mysto" (aprendiz de mística). O Hierofante conduz o homem à Divindade (mas apenas o conduz, nada podendo fazer em seu lugar). E se o aprendiz corresponde plenamente e atende a todas as exigências, a Divindade "age" (energeín) internamente, no "Esp írito" (pneuma) do homem. que então desperta (egereín), isto é, "ressurge" para a nova vida (cfr. "eu sou a ressurreição da vida", JO 11:25; e "os que produzirem coisas boas (sairão) para a restauração de vida", isto é, os que conseguirem atingir o ponto desejado serão despertados para a vida do espírito, JO 5-29).


O caminho que leva a esses passos, é o sofrimento, que prepara o homem para uma gnose superior: "por isso - conclui O. Casel - a cruz é para o cristão o caminho que conduz à gnose da glória" (o. c., pág. 300).


Paulo diz francamente que o mistério se resume numa palavra: CRISTO "esse mistério, que é o Cristo", (CL 1:27): e "a fim de que conheçam o mistério de Deus, o Cristo" (CL 2:2).


O mistério opera uma união íntima e física com Deus, a qual realiza uma páscoa (passagem) do atual eon, para o eon espiritual (reino dos céus).


O PROCESSO


O postulante (o que pedia para ser iniciado) devia passar por diversos graus, antes de ser admitido ao pórtico, à "porta" por onde só passavam as ovelhas (símbolo das criaturas mansas; cfr. : "eu sou a porta das ovelhas", JO 10:7). Verificada a aptidão do candidato profano, era ele submetido a um período de "provações", em que se exercitava na ORAÇÃO (ou petição) que dirigia à Divindade, apresentando os desejos ardentes ao coração, "mendigando o Espírito" (cfr. "felizes os mendigos de Espírito" MT 5:3) para a ele unir-se; além disso se preparava com jejuns e alimentação vegetariana para o SACRIF ÍCIO, que consistia em fazer a consagração de si mesmo à Divindade (era a DE + VOTIO, voto a Deus), dispondo-se a desprender-se ao mundo profano.


Chegado a esse ponto, eram iniciados os SETE passos da iniciação. Os três primeiros eram chamado "Mistérios menores"; os quatro últimos, "mistérios maiores". Eram eles:

1 - o MERGULHO e as ABLUÇÕES (em Elêusis havia dois lagos salgados artificiais), que mostravam ao postulante a necessidade primordial e essencial da "catarse" da "psiquê". Os candidatos, desnudos, entravam num desses lagos e mergulhavam, a fim de compreender que era necessário "morrer" às coisas materiais para conseguir a "vida" (cfr. : "se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só; mas se morrer dá muito fruto", JO 12:24). Exprimia a importância do mergulho dentro de si mesmo, superando as dificuldades e vencendo o medo. Ao sair do lago, vestia uma túnica branca e aguardava o segundo passo.


2 - a ACEITAÇÃO de quem havia mergulhado, por parte do Mistagogo, que o confirmava no caminho novo, entre os "capazes". Daí por diante, teria que correr por conta própria todos os riscos inerentes ao curso: só pessoalmente poderia caminhar. Essa confirmação do Mestre simbolizava a "epiphanía" da Divindade, a "descida da graça", e o recem-aceito iniciava nova fase.


3 - a METÂNOIA ou mudança da mente, que vinha após assistir a várias tragédias e dramas de fundo iniciático. Todas ensinavam ao "mysto" novato, que era indispensável, através da dor, modificar seu" modo de pensar" em relação à vida, afastar-se de. todos os vícios e fraquezas do passado, renunciar a prazeres perniciosos e defeitos, tornando-se o mais perfeito (téleios) possível. Era buscada a renovação interna, pelo modo de pensar e de encarar a vida. Grande número dos que começavam a carreira, paravam aí, porque não possuíam a força capaz de operar a transmutação mental. As tentações os empolgavam e novamente se lançavam no mundo profano. No entanto, se dessem provas positivas de modifica ção total, de serem capazes de viver na santidade, resistindo às tentações, podiam continuar a senda.


Havia, então, a "experiência" para provar a realidade da "coragem" do candidato: era introduzido em grutas e câmaras escuras, onde encontrava uma série de engenhos lúgubres e figuras apavorantes, e onde demorava um tempo que parecia interminável. Dali, podia regressar ou prosseguir. Se regressava, saía da fileira; se prosseguia, recebia a recompensa justa: era julgado apto aos "mistérios maiores".


4 - O ENCONTRO e a ILUMINAÇÃO, que ocorria com a volta à luz, no fim da terrível caminhada por entre as trevas. Através de uma porta difícil de ser encontrada, deparava ele campos floridos e perfumados, e neles o Hierofante, em paramentação luxuosa. que os levava a uma refeição simples mas solene constante de pão, mel, castanhas e vinho. Os candidatos eram julgados "transformados", e porSABEDORIA DO EVANGELHO tanto não havia mais as exteriorizações: o segredo era desvelado (apokálypsis), e eles passavam a saber que o mergulho era interno, e que deviam iniciar a meditação e a contemplação diárias para conseguir o "encontro místico" com a Divindade dentro de si. Esses encontros eram de início, raros e breves, mas com o exercício se iam fixando melhor, podendo aspirar ao passo seguinte.


5 - a UNIÃO (não mais apenas o "encontro"), mas união firme e continuada, mesmo durante sua estada entre os profanos. Era simbolizada pelo drama sacro (hierõs gámos) do esponsalício de Zeus e Deméter, do qual nasceria o segundo Dionysos, vencedor da morte. Esse matrimônio simbólico e puro, realizado em exaltação religiosa (orgê) é que foi mal interpretado pelos que não assistiam à sua representação simbólica (os profanos) e que tacharam de "orgias imorais" os mistérios gregos. Essa "união", depois de bem assegurada, quando não mais se arriscava a perdê-la, preparava os melhores para o passo seguinte.


6 - a CONSAGRAÇÃO ou, talvez, a sagração, pela qual era representada a "marcação" do Espírito do iniciado com um "selo" especial da Divindade a quem o "mysto" se consagrava: Apolo, Dyonisos, Isis, Osíris, etc. Era aí que o iniciado obtinha a epoptía, ou "visão direta" da realidade espiritual, a gnose pela vivência da união mística. O epopta era o "vigilante", que o cristianismo denominou "epískopos" ou "inspetor". Realmente epopta é composto de epí ("sobre") e optos ("visível"); e epískopos de epi ("sobre") e skopéô ("ver" ou "observar"). Depois disso, tinha autoridade para ensinar a outros e, achando-se preso à Divindade e às obrigações religiosas, podia dirigir o culto e oficiar a liturgia, e também transmitir as iniciações nos graus menores. Mas faltava o passo decisivo e definitivo, o mais difícil e quase inacessível.


7 - a PLENITUDE da Divindade, quando era conseguida a vivência na "Alma Universal já libertada".


Nos mistérios gregos (em Elêusis) ensinava-se que havia uma Força Absoluta (Deus o "sem nome") que se manifestava através do Logos (a Palavra) Criador, o qual produzia o Filho (Kósmo). Mas o Logos tinha duplo aspecto: o masculino (Zeus) e o feminino (Deméter). Desse casal nascera o Filho, mas também com duplo aspecto: a mente salvadora (Dionysos) e a Alma Universal (Perséfone). Esta, desejando experiências mais fortes, descera à Terra. Mas ao chegar a estes reinos inferiores, tornouse a "Alma Universal" de todas as criaturas, e acabou ficando prisioneira de Plutão (a matéria), que a manteve encarcerada, ministrando-lhe filtros mágicos que a faziam esquecer sua origem divina, embora, no íntimo, sentisse a sede de regressar a seu verdadeiro mundo, mesmo ignorando qual fosse.


Dionysos quis salvá-la, mas foi despedaçado pelos Titãs (a mente fracionada pelo intelecto e estraçalhada pelos desejos). Foi quando surgiu Triptólemo (o tríplice combate das almas que despertam), e com apelos veementes conseguiu despertar Perséfone, revelando lhe sua origem divina, e ao mesmo tempo, com súplicas intensas às Forças Divinas, as comoveu; então Zeus novamente se uniu a Deméter, para fazer renascer Dionysos. Este, assumindo seu papel de "Salvador", desce à Terra, oferecendose em holocausto a Plutão (isto é, encarnando-se na própria matéria) e consegue o resgate de Perséfone, isto é, a libertação da Alma das criaturas do domínio da matéria e sua elevação novamente aos planos divinos. Por esse resumo, verificamos como se tornou fácil a aceitação entre os grego, e romanos da doutrina exposta pelos Emissários de Jesus, um "Filho de Deus" que desceu à Terra para resgatar com sua morte a alma humana.


O iniciado ficava permeado pela Divindade, tornando-se então "adepto" e atingindo o verdadeiro grau de Mestre ou Mistagogo por conhecimento próprio experimental. Já não mais era ele, o homem, que vivia: era "O Senhor", por cujo intermédio operava a Divindade. (Cfr. : "não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim", GL 2:20; e ainda: "para mim, viver é Cristo", Filp. 1:21). A tradição grega conservou os nomes de alguns dos que atingiram esse grau supremo: Orfeu... Pitágoras... Apolônio de Tiana... E bem provavelmente Sócrates (embora Schuré opine que o maior foi Platão).


NO CRISTIANISMO


Todos os termos néo-testamentários e cristãos, dos primórdios, foram tirados dos mistérios gregos: nos mistérios de Elêusis, o iniciado se tornava "membro da família do Deus" (Dionysos), sendo chamado.


então, um "santo" (hágios) ou "perfeito" (téleios). E Paulo escreve: "assim, pois, não sois mais estran geiros nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus. ’ (EF 2:19). Ainda em Elêusis, mostrava-se aos iniciados uma "espiga de trigo", símbolo da vida que eternamente permanece através das encarnações e que, sob a forma de pão, se tornava participante da vida do homem; assim quando o homem se unia a Deus, "se tornava participante da vida divina" (2. ª Pe. 1:4). E Jesus afirmou: " Eu sou o PÃO da Vida" (JO 6. 35).


No entanto ocorreu modificação básica na instituição do Mistério cristão, que Jesus realizou na "última Ceia", na véspera de sua experiência máxima, o páthos ("paixão").


No Cristianismo, a iniciação toma sentido puramente espiritual, no interior da criatura, seguindo mais a Escola de Alexandria. Lendo Filon, compreendemos isso: ele interpreta todo o Antigo Testamento como alegoria da evolução da alma. Cada evangelista expõe a iniciação cristã de acordo com sua própria capacidade evolutiva, sendo que a mais elevada foi, sem dúvida, a de João, saturado da tradição (parádosis) de Alexandria, como pode ver-se não apenas de seu Evangelho, como também de seu Apocalipse.


Além disso, Jesus arrancou a iniciação dos templos, a portas fechadas, e jogou-a dentro dos corações; era a universalização da "salvação" a todos os que QUISESSEM segui-Lo. Qualquer pessoa pode encontrar o caminho (cfr. "Eu sou o Caminho", JO 14:6), porque Ele corporificou os mistérios em Si mesmo, divulgando-lhes os segredos através de Sua vida. Daí em diante, os homens não mais teriam que procurar encontrar um protótipo divino, para a ele conformar-se: todos poderiam descobrir e utir-se diretamente ao Logos que, através do Cristo, em Jesus se manifestara.


Observamos, pois, uma elevação geral de frequência vibratória, de tonus, em todo o processo iniciático dos mistérios.


E os Pais da Igreja - até o século 3. º o cristianismo foi "iniciático", embora depois perdesse o rumo quando se tornou "dogmático" - compreenderam a realidade do mistério cristão, muito superior, espiritualmente, aos anteriores: tornar o homem UM CRISTO, um ungido, um permeado da Divindade.


A ação divina do mistério, por exemplo, é assim descrita por Agostinho: "rendamos graças e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos" (Tract. in Joanne, 21,8); e por Metódio de Olímpio: "a comunidade (a ekklêsía) está grávida e em trabalho de parto, até que o Cristo tenha tomado forma em nós; até que o Cristo nasça em nós, para que cada um dos santos, por sua participação ao Cristo, se torne o cristo" (Patrol. Graeca, vol. 18, ccl. 150).


Temos que tornar-nos cristos, recebendo a última unção, conformando-nos com Ele em nosso próprio ser, já que "a redenção tem que realizar-se EM NÓS" (O. Casel, o. c., pág. 29), porque "o único e verdadeiro holocausto é o que o homem faz de si mesmo".


Cirilo de Jerusalém diz: "Já que entrastes em comunhão com o Cristo com razão sois chamados cristos, isto é, ungidos" (Catechesis Mystagogicae, 3,1; Patrol. Graeca,, 01. 33, col. 1087).


Essa transformação, em que o homem recebe Deus e Nele se transmuda, torna-o membro vivo do Cristo: "aos que O receberam, deu o poder de tornar-se Filhos de Deus" (JO 1:12).


Isso fez que Jesus - ensina-nos o Novo Testamento - que era "sacerdote da ordem de Melquisedec (HB 5:6 e HB 7:17) chegasse, após sua encarnação e todos os passos iniciáticos que QUIS dar, chegasse ao grau máximo de "pontífice da ordem de Melquisedec" (HB 5:10 e HB 6:20), para todo o planeta Terra.


CRISTO, portanto, é o mistério de Deus, o Senhor, o ápice da iniciação a experiência pessoal da Divindade.


através do santo ensino (hierôs lógos), que vem dos "deuses" (Espíritos Superiores), comunicado ao místico. No cristianismo, os emissários ("apóstolos") receberam do Grande Hierofante Jesus (o qual o recebeu do Pai, com Quem era UNO) a iniciação completa. Foi uma verdadeira "transmiss ão" (traditio, parádosis), apoiada na gnose: um despertar do Espírito que vive e experimenta a Verdade, visando ao que diz Paulo: "admoestando todo homem e ensinando todo homem, em toda sabedoria (sophía), para que apresentem todo homem perfeito (téleion, iniciado) em Cristo, para o que eu também me esforço (agõnizómenos) segundo a ação dele (energeían autou), que age (energouménen) em mim, em força (en dynámei)". CL 1:28-29.


Em toda essa iniciação, além disso, precisamos não perder de vista o "enthousiasmós" (como era chamado o "transe" místico entre os gregos) e que foi mesmo sentido pelos hebreus, sobretudo nas" Escolas de Profetas" em que eles se iniciavam (profetas significa "médiuns"); mas há muito se havia perdido esse "entusiasmo", por causa da frieza intelectual da interpretação literal das Escrituras pelos Escribas.


Profeta, em hebraico, é NaVY", de raiz desconhecida, que o Rabino Meyer Sal ("Les Tables de la Loi", éd. La Colombe, Paris, 1962, pág. 216/218) sugere ter sido a sigla das "Escolas de Profetas" (escolas de iniciação, de que havia uma em Belém, de onde saiu David). Cada letra designaria um setor de estudo: N (nun) seriam os sacerdotes (terapeutas do psicossoma), oradores, pensadores, filósofos;

V (beth) os iniciados nos segredos das construções dos templos ("maçons" ou pedreiros), arquitetos, etc. ; Y (yod) os "ativos", isto é, os dirigentes e políticos, os "profetas de ação"; (aleph), que exprime "Planificação", os matemáticos, geômetras, astrônomos, etc.


Isso explica, em grande parte, porque os gregos e romanos aceitaram muito mais facilmente o cristianismo, do que os judeus, que se limitavam a uma tradição que consistia na repetição literal decorada dos ensinos dos professores, num esforço de memória que não chegava ao coração, e que não visavam mais a qualquer experiência mística.


TEXTOS DO N. T.


O termo mystérion aparece várias vezes no Novo Testamento.


A - Nos Evangelhos, apenas num episódio, quando Jesus diz a Seus discípulos: "a vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus" (MT 13:11; MC 4:11; LC 8:10).


B - Por Paulo em diversas epístolas: RM 11:25 - "Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério... o endurecimento de Israel, até que hajam entrado todos os gentios".


Rom. 16:15 - "conforme a revelação do mistério oculto durante os eons temporais (terrenos) e agora manifestados".


1. ª Cor. 2:1 – "quando fui ter convosco... anunciando-vos o mistério de Deus".


1. ª Cor. 2:4-7 - "meu ensino (logos) e minha pregação não foram em palavras persuasivas, mas em demonstração (apodeíxei) do pneúmatos e da dynámeôs, para que vossa fé não se fundamente na sophía dos homens, mas na dynámei de Deus. Mas falamos a sophia nos perfeitos (teleiois, iniciados), porém não a sophia deste eon, que chega ao fim; mas falamos a sophia de Deus em mistério, a que esteve oculta, a qual Deus antes dos eons determinou para nossa doutrina". 1. ª Cor. 4:1 - "assim considerem-nos os homens assistentes (hypêrétas) ecônomos (distribuidores, dispensadores) dos mistérios de Deus".


1. ª Cor. 13:2 - "se eu tiver mediunidade (prophéteía) e conhecer todos os mistérios de toda a gnose, e se tiver toda a fé até para transportar montanhas, mas não tiver amor (agápé), nada sou". l. ª Cor. 14:2 - "quem fala em língua (estranha) não fala a homens, mas a Deus, pois ninguém o ouve, mas em espírito fala mistérios". 1. ª Cor. 15:51 - "Atenção! Eu vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados".


EF 1:9 - "tendo-nos feito conhecido o mistério de sua vontade"

EF 3:4 - "segundo me foi manifestado para vós, segundo a revelação que ele me fez conhecer o mistério (como antes vos escrevi brevemente), pelo qual podeis perceber, lendo, minha compreensão no mistério do Cristo".


EF 3:9 - "e iluminar a todos qual a dispensação (oikonomía) do mistério oculto desde os eons, em Deus, que criou tudo".


EF 5:32 - "este mistério é grande: mas eu falo a respeito do Cristo e da ekklésia.


EF 9:19 - "(suplica) por mim, para que me possa ser dado o logos ao abrir minha boca para, em público, fazer conhecer o mistério da boa-nova".


CL 1:24-27 - "agora alegro-me nas experimentações (Pathêmasin) sobre vós e completo o que falta das pressões do Cristo em minha carne, sobre o corpo dele que é a ekklêsía, da qual me tornei servidor, segundo a dispensação (oikonomía) de Deus, que me foi dada para vós, para plenificar o logos de Deus, o mistério oculto nos eons e nas gerações, mas agora manifestado a seus santos (hagioi, iniciados), a quem aprouve a Deus fazer conhecer a riqueza da doutrina (dóxês; ou "da substância") deste mistério nas nações, que é CRISTO EM VÓS, esperança da doutrina (dóxês)".


CL 2:2-3 - "para que sejam consolados seus corações, unificados em amor, para todas as riquezas da plena convicção da compreensão, para a exata gnose (epígnôsin) do mistério de Deus (Cristo), no qual estão ocultos todos os tesouros da sophía e da gnose".


CL 4:3 - "orando ao mesmo tempo também por nós, para que Deus abra a porta do logos para falar o mistério do Cristo, pelo qual estou em cadeias".


2. ª Tess. 2:7 - "pois agora já age o mistério da iniquidade, até que o que o mantém esteja fora do caminho".


1. ª Tim. 3:9 - "(os servidores), conservando o mistério da fé em consciência pura".


1. ª Tim. 2:16 - "sem dúvida é grande o mistério da piedade (eusebeías)".


No Apocalipse (1:20; 10:7 e 17:5, 7) aparece quatro vezes a palavra, quando se revela ao vidente o sentido do que fora dito.


CULTO CRISTÃO


Depois de tudo o que vimos, torna-se evidente que não foi o culto judaico que passou ao cristianismo primitivo. Comparemos: A luxuosa arquitetura suntuosa do Templo grandioso de Jerusalém, com altares maciços a escorrer o sangue quente das vítimas; o cheiro acre da carne queimada dos holocaustos, a misturar-se com o odor do incenso, sombreando com a fumaça espessa o interior repleto; em redor dos altares, em grande número, os sacerdotes a acotovelar-se, munidos cada um de seu machado, que brandiam sem piedade na matança dos animais que berravam, mugiam dolorosamente ou balavam tristemente; o coro a entoar salmos e hinos a todo pulmão, para tentar superar a gritaria do povo e os pregões dos vendedores no ádrio: assim se realizava o culto ao "Deus dos judeus".


Em contraste, no cristianismo nascente, nada disso havia: nem templo, nem altares, nem matanças; modestas reuniões em casas de família, com alguns amigos; todos sentados em torno de mesa simples, sobre a qual se via o pão humilde e copos com o vinho comum. Limitava-se o culto à prece, ao recebimento de mensagens de espíritos, quando havia "profetas" na comunidade, ao ensino dos "emissários", dos "mais velhos" ou dos "inspetores", e à ingestão do pão e do vinho, "em memória da última ceia de Jesus". Era uma ceia que recebera o significativo nome de "amor" (ágape).


Nesse repasto residia a realização do supremo mistério cristão, bem aceito pelos gregos e romanos, acostumados a ver e compreender a transmissão da vida divina, por meio de símbolos religiosos. Os iniciados "pagãos" eram muito mais numerosos do que se possa hoje supor, e todos se sentiam membros do grande Kósmos, pois, como o diz Lucas, acreditavam que "todos os homens eram objeto da benevolência de Deus" (LC 2:14).


Mas, ao difundir-se entre o grande número e com o passar dos tempos, tudo isso se foi enfraquecendo e seguiu o mesmo caminho antes experimentado pelo judaísmo; a força mística, só atingida mais tarde por alguns de seus expoentes, perdeu-se, e o cristianismo "foi incapaz - no dizer de O. Casel - de manterse na continuação, nesse nível pneumático" (o. c. pág. 305). A força da "tradição" humana, embora condenada com veemência por Jesus (cfr. MT 15:1-11 e MT 16:5-12; e MC 7:1-16 e MC 8:14-11; veja atrás), fez-se valer, ameaçando as instituições religiosas que colocam doutrinas humanas ao lado e até acima dos preceitos divinos, dando mais importância às suas vaidosas criações. E D. Odon Casel lamenta: " pode fazer-se a mesma observação na história da liturgia" (o. c., pág. 298). E, entristecido, assevera ainda: "Verificamos igualmente que a concepção cristã mais profunda foi, sob muitos aspectos, preparada muito melhor pelo helenismo que pelo judaísmo. Lamentavelmente a teologia moderna tende a aproximar-se de novo da concepção judaica de tradição, vendo nela, de fato, uma simples transmiss ão de conhecimento, enquanto a verdadeira traditio, apoiada na gnose, é um despertar do espírito que VIVE e EXPERIMENTA a Verdade" (o. c., pág. 299).


OS SACRAMENTOS


O termo latino que traduz a palavra mystérion é sacramentum. Inicialmente conservou o mesmo sentido, mas depois perdeu-os, para transformar-se em "sinal visível de uma ação espiritual invisível".


No entanto, o estabelecimento pelas primeiras comunidades cristãs dos "sacramentos" primitivos, perdura até hoje, embora tendo perdido o sentido simbólico inicial.


Com efeito, a sucessão dos "sacramentos" revela exatamente, no cristianismo, os mesmos passos vividos nos mistérios grego. Vejamos:
1- o MERGULHO (denominado em grego batismo), que era a penetração do catecúmeno em seu eu interno. Simbolizava-se na desnudação ao pretendente, que largava todas as vestes e mergulhava totalmente na água: renunciava de modo absoluto as posses (pompas) exteriores e aos próprios veículos físicos, "vestes" do Espírito, e mergulhava na água, como se tivesse "morrido", para fazer a" catarse" (purificação) de todo o passado. Terminado o mergulho, não era mais o catecúmeno, o profano. Cirilo de Jerusalém escreveu: "no batismo o catecúmeno tinha que ficar totalmente nu, como Deus criou o primeiro Adão, e como morreu o segundo Adão na cruz" (Catechesis Mistagogicae,

2. 2). Ao sair da água, recebia uma túnica branca: ingressava oficialmente na comunidade (ekklêsía), e então passava a receber a segunda parte das instruções. Na vida interna, após o "mergulho" no próprio íntimo, aguardava o segundo passo.


2- a CONFIRMAÇÃO, que interiormente era dada pela descida da "graça" da Força Divina, pela" epifanía" (manifestação), em que o novo membro da ekklêsía se sentia "confirmado" no acerto de sua busca. Entrando em si mesmo a "graça" responde ao apelo: "se alguém me ama, meu Pai o amará, e NÓS viremos a ele e permaneceremos nele" (JO 14:23). O mesmo discípulo escreve em sua epístola: "a Vida manifestou-se, e a vimos, e damos testemunho. e vos anunciamos a Vida Imanente (ou a Vida do Novo Eon), que estava no Pai e nos foi manifestada" (l. ª JO 1:2).


3- a METÁNOIA (modernamente chamada "penitência") era então o terceiro passo. O aprendiz se exercitava na modificação da mentalidade, subsequente ao primeiro contato que tinha tido com a Divindade em si mesmo. Depois de "sentir" em si a força da Vida Divina, há maior compreensão; os pensamentos sobem de nível; torna-se mais fácil e quase automático o discernimento (krísis) entre certo e errado, bem e mal, e portanto a escolha do caminho certo. Essa metánoia é ajudada pelos iniciados de graus mais elevados, que lhe explicam as leis de causa e efeito e outras.


4- a EUCARISTIA é o quarto passo, simbolizando por meio da ingestão do pão e do vinho, a união com o Cristo. Quem mergulhou no íntimo, quem recebeu a confirmação da graça e modificou seu modo de pensar, rapidamenle caminha para o encontro definitivo com o Mestre interno, o Cristo.


Passa a alimentar-se diretamente de seus ensinos, sem mais necessidade de intermediários: alimentase, nutre-se do próprio Cristo, bebe-Lhe as inspirações: "se não comeis a carne do Filho do Homem e não bebeis seu sangue, não tendes a vida em vós. Quem saboreia minha carne e bebe meu sangue tem a Vida Imanente, porque minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é

verdadeiramente bebida. Quem come minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (JO 6:53 ss).


5- MATRIMÔNIO é o resultado do encontro realizado no passo anterior: e o casamento, a FUSÃO, a união entre a criatura e o Criador, entre o iniciado e Cristo: "esse mistério é grande, quero dizê-lo em relação ao Cristo e à ekklêsia", escreveu Paulo, quando falava do "matrimônio" (EF 5:32). E aqueles que são profanos, que não têm essa união com o Cristo, mas antes se unem ao mundo e a suas ilusões, são chamados "adúlteros" (cfr. vol. 2). E todos os místicos, unanimemente, comparam a união mística com o Cristo ti uma união dos sexos no casamento.


6- a ORDEM é o passo seguinte. Conseguida a união mística a criatura recebe da Divindade a consagra ção, ou melhor, a "sagração", o "sacerdócio" (sacer "sagrado", dos, dotis, "dote"), o "dote sagrado" na distribuição das graças o quinhão especial de deveres e obrigações para com o "rebanho" que o cerca. No judaísmo, o sacerdote era o homem encarregado de sacrificar ritualmente os animais, de examinar as vítimas, de oferecer os holocaustos e de receber as oferendas dirigindo o culto litúrgico. Mais tarde, entre os profanos sempre, passou a ser considerado o "intemediário" entre o homem e o Deus "externo". Nessa oportunidade, surge no Espírito a "marca" indelével, o selo (sphrágis) do Cristo, que jamais se apaga, por todas as vidas que porventura ainda tenha que viver: a união com essa Força Cósmica, de fato, modifica até o âmago, muda a frequência vibratória, imprime novas características e a leva, quase sempre, ao supremo ponto, à Dor-Sacrifício-Amor.


7- a EXTREMA UNÇÃO ("extrema" porque é o último passo, não porque deva ser dada apenas aos moribundos) é a chave final, o último degrau, no qual o homem se torna "cristificado", totalmente ungido pela Divindade, tornando-se realmente um "cristo".


Que esses sacramentos existiram desde os primeiros tempos do cristianismo, não há dúvida. Mas que não figuram nos Evangelhos, também é certo. A conclusão a tirar-se, é que todos eles foram comunicados oralmente pela traditio ou transmissão de conhecimentos secretos. Depois na continuação, foram permanecendo os ritos externos e a fé num resultado interno espiritual, mas já não com o sentido primitivo da iniciação, que acabamos de ver.


Após este escorço rápido, cremos que a afirmativa inicial se vê fortalecida e comprovada: realmente Jesus fundou uma "ESCOLA INICIÁTICA", e a expressão "logos akoês" (ensino ouvido), como outras que ainda aparecerão, precisam ser explicadas à luz desse conhecimento.


* * *

Neste sentido que acabamos de estudar, compreendemos melhor o alcance profundo que tiveram as palavras do Mestre, ao estabelecer as condições do discipulato.


Não podemos deixar de reconhecer que a interpretação dada a Suas palavras é verdadeira e real.


Mas há "mais alguma coisa" além daquilo.


Trata-se das condições exigidas para que um pretendente possa ser admitido na Escola Iniciática na qualidade de DISCÍPULO. Não basta que seja BOM (justo) nem que possua qualidades psíquicas (PROFETA). Não é suficiente um desejo: é mistér QUERER com vontade férrea, porque as provas a que tem que submeter-se são duras e nem todos as suportam.


Para ingressar no caminho das iniciações (e observamos que Jesus levava para as provas apenas três, dentre os doze: Pedro, Tiago e João) o discípulo terá que ser digno SEGUIDOR dos passos do Mestre.


Seguidor DE FATO, não de palavras. E para isso, precisará RENUNCIAR a tudo: dinheiro, bens, família, parentesco, pais, filhos, cônjuges, empregos, e inclusive a si mesmo: à sua vontade, a seu intelecto, a seus conhecimentos do passado, a sua cultura, a suas emoções.


A mais, devia prontificar-se a passar pelas experiências e provações dolorosas, simbolizadas, nas iniciações, pela CRUZ, a mais árdua de todas elas: o suportar com alegria a encarnação, o mergulho pesado no escafandro da carne.


E, enquanto carregava essa cruz, precisava ACOMPANHAR o Mestre, passo a passo, não apenas nos caminhos do mundo, mas nos caminhos do Espírito, difíceis e cheios de dores, estreitos e ladeados de espinhos, íngremes e calçados de pedras pontiagudas.


Não era só. E o que se acrescenta, de forma enigmática em outros planos, torna-se claro no terreno dos mistérios iniciáticos, que existiam dos discípulos A MORTE À VIDA DO FÍSICO. Então compreendemos: quem tiver medo de arriscar-se, e quiser "preservar" ou "salvar" sua alma (isto é, sua vida na matéria), esse a perderá, não só porque não receberá o grau a que aspira, como ainda porque, na condição concreta de encarnado, talvez chegue a perder a vida física, arriscada na prova. O medo não o deixará RESSUSCITAR, depois da morte aparente mas dolorosa, e seu espírito se verá envolvido na conturbação espessa e dementada do plano astral, dos "infernos" (ou umbral) a que terá que descer.


No entanto, aquele que intimorato e convicto da realidade, perder, sua alma, (isto é, "entregar" sua vida do físico) à morte aparente, embora dolorosa, esse a encontrará ou a salvará, escapando das injunções emotivas do astral, e será declarado APTO a receber o grau seguinte que ardentemente ele deseja.


Que adianta, com efeito, a um homem que busca o Espírito, se ganhar o mundo inteiro, ao invés de atingir a SABEDORIA que é seu ideal? Que existirá no mundo, que possa valer a GNOSE dos mistérios, a SALVAÇÃO da alma, a LIBERTAÇÃO das encarnações tristes e cansativas?


Nos trabalhos iniciáticos, o itinerante ou peregrino encontrará o FILHO DO HOMEM na "glória" do Pai, em sua própria "glória", na "glória" de Seus Santos Mensageiros. Estarão reunidos em Espírito, num mesmo plano vibratório mental (dos sem-forma) os antigos Mestres da Sabedoria, Mensageiros da Palavra Divina, Manifestantes da Luz, Irradiadores da Energia, Distribuidores do Som, Focos do Amor.


Mas, nos "mistérios", há ocasiões em que os "iniciantes", também chamados mystos, precisam dar testemunhos públicos de sua qualidade, sem dizerem que possuem essa qualidade. Então está dado o aviso: se nessas oportunidades de "confissão aberta" o discípulo "se envergonhar" do Mestre, e por causa de "respeitos humanos" não realizar o que deve, não se comportar como é da lei, nesses casos, o Senhor dos Mistérios, o Filho do Homem, também se envergonhará dele, considerá-lo-á inepto, incapaz para receber a consagração; não mais o reconhecerá como discípulo seu. Tudo, portanto, dependerá de seu comportamento diante das provas árduas e cruentas a que terá que submeter-se, em que sua própria vida física correrá risco.


Observe-se o que foi dito: "morrer" (teleutan) e "ser iniciado" (teleusthai) são verbos formados do mesmo radical: tele, que significa FIM. Só quem chegar AO FIM, será considerado APTO ou ADEPTO (formado de AD = "para", e APTUM = "apto").


Nesse mesmo sentido entendemos o último versículo: alguns dos aqui presentes (não todos) conseguirão certamente finalizar o ciclo iniciático, podendo entrar no novo EON, no "reino dos céus", antes de experimentar a morte física. Antes disso, eles descobrirão o Filho do Homem em si mesmos, com toda a sua Dynamis, e então poderão dizer, como Paulo disse: "Combati o bom combate, terminei a carreira, mantive a fidelidade: já me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia - e não só a mim, como a todos os que amaram sua manifestação" (2. ª Tim. 4:7-8).


lc 17:21
Sabedoria do Evangelho - Volume 6

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 13
CARLOS TORRES PASTORINO

LC 17:20-21


20. Interrogado pelos fariseus, quando viria o reino de Deus, respondeu-lhes e disse: "Não vem o reino de Deus de modo ostensível,

21. nem dirão: ei-lo aqui ou ali; eis porque: o reino de Deus está dentro de vós".



Estes dois versículos de Lucas, que acabamos de ler, constituem uma das lições mais sublimes e profundas.


Já por várias vezes fora comentado o "reino de Deus" ou "reino dos céus" (expressão esta preferida por Mateus, para "não tomar em vão o nome de Deus"), mas sempre por meio de comparações e de parábolas. Mas jamais foi definido por Jesus, por impossibilidade de definir-se o indefinível, ou de descreverse com o intelecto finito o infinito.


Aqui, porém, é feita uma pergunta quanto ao tempo: QUANDO virá?


Esperavam todos que esse "reino" fosse humano (apesar de "divino"), e que viria com reis, áulicos, ministros e exércitos, e que terminaria com o domínio romano odiado. Mas quando, finalmente, surgiria no cenário palestinense ?


A resposta merece análise minuciosa: ouk érchetai (não vem), he basiléia toú theoú (o reino de Deus) metà paratêrêseôs (com ostentação, isto é, de modo ostensível: não pode ser observado de fora de forma visível); oudè eroúsin (nem dirão) idoú hôde hê ékei (ei-lo aqui ou ali); idoú gár (eis porque) he basiléia toú theoú (o reino de Deus) entòs humôn estin (dentro de vós está).


Grande número de traduções autorizadas e aprovadas transforma o "DENTRO" (entós) em "entre vós", sob as mais ocas alegações.


Esta é a palavra mais clara do Cristo, sem alegorias nem símbolos, a respeito do reino de Deus. Toda pergunta deve ser respondida com a Verdade, seja feita por quem for. E esta é uma lição secundária que depreendemos do texto. Porque se quem indaga não está à altura de entender, não entenderá.


Mas se estiver preparado, perceberá todas as sutilezas. A resposta foi de clareza meridiana, e no entanto, não dizemos os fariseus, mas nem mesmo as que "se dizem" cristãos, a têm compreendido, e torcem a transparência das palavras. Damos a prova: "entos cum genitivo, intus, in, intra; vix in cordibus Pharisaeorum, ergo potius intra, apud vos" (Max Zerwick, S. I., "Aná1ysis Philológica", Romae,

1960, pág. 186); isto é: "entòs, com genitivo, dentro, em, no interior de, dificilmente nos corações dos fariseus, logo, é antes no interior de, no meio de vós" ... Assim se procura modificar uma palavra certa, desde que não se compreenda algo diferente da própria crença formulada pela vaidade humana.


Já vimos (vol. 1) que o reino de Deus ou reino dos céus não é um reino terreno, mas um estágio evolutivo, assim como dizemos reino mineral, reino vegetal, reino animal, reino hominal, também dizemo "reino celeste, divino ou de Deus ou dos céus". Trata-se de um passo acima do reino hominal. Quando os homens, feita sua evolução através do reino humano, podem libertar-se dele, e passam a ser a consequência ou o resultado do reino hominal, atingindo o estágio de "filhos do homem", conseguem" entrar" no reino dos céus ou reino de Deus, pois este chega ou vem, e desabrocha, floresce, frutifica
...

O reino de Deus está dentro de nós, por mais atrasados que estejamos, tal como a árvore está na semente; tal como a borboleta está na lagarta; tal como a ave está no ovo; tal como o corpo do homem está no óvulo fecundado pelo espermatozoide; tal como o adulto está no recém-nascido.


A questão é de conscientização e desabrochamento. Mas todos chegaremos a "entrar" no reino dos céus, da mesma forma que os animais "entrarão" no reino hominal.


Daí não poder dizer-se QUANDO virá: todos entrarão nele, mas cada um por sua vez, quando tudo concorrer para isso.


O reino dos céus, ou reino de Deus, que está dentro de vós, é o CRISTO DIVINO, a terceira manifestação da Divindade, que constitui a essência ultérrima de todas as coisas criadas; é o terceiro aspecto de Deus Espírito Santo, a LUZ, que quando emite o SOM (Pai, Verbo), provoca o nascimento do FILHO, a força cristônica que emerge e é, em todos os lugares e todas as coisas.


O reino de Deus é o passo gigantesco de avanço espiritual, que não se vê de fora, que não pode ser observado por olhos humanos, que chega silencioso como o nascer do sol, quando sem o menor ruído envolve de luz a Terra. É a transmutação do homem vulgar no gênio, a transformação do ignorante no sábio, a mudança do homem comum em santo, a libertação definitiva do plano animal. Em grande parte, a humanidade já compreendeu que há coisas superiores na criatura humana, tanto que abandonou a antiga definição: "O homem é um animal racional". Era, sim. E muitos ainda assim se revelam nas atitudes, nas palavras e nos pensamentos. Mas hoje já sabemos, já aprendemos, pelas lições trazidas pelos Manifestantes Divinos, que o homem é uma Centelha divina, a perambular pelo globo terráqueo em busca da perfeição.


O reino dos céus é a Felicidade Total conquistada ainda na Terra, apesar das dores e sofrimentos, de carências e humilhações.


Quem entrou uma vez no reino dos céus, dele não sai mais, embora tudo tenha contra ele, até o martírio do corpo e a morte da personagem terrestre.


O reino de Deus está DENTRO DE NÓS: desenvolvamo-lo com todas as nossas energias e nossos esforços; é a única coisa que vale a pena procurar e possuir.


Vendamos todas as nossas pérolas, para conseguir essa pérola mais preciosa que todo o planeta (MT 13:45); desfaçamo-nos de tudo o que possuímos, para adquirir o campo onde está enterrado o tesouro valioso (MT 13:44); coloquemos o fermento da fidelidade absoluta, para fazer crescer dentro de nós mais rapidamente o amor (MT 13:33). De qualquer modo, temos que AGIR, pois nem todo o que apenas é devoto e diz "Senhor, Senhor" conseguirá entrar no reino dos céus (MT 7:21), já que a porta é estreita (MT 7:14). Mas uma coisa é certa: temos que buscar em primeiro lugar o reino dos céus e sua perfeição, porque, então, todas as coisas nos serão acrescentadas" (MT 6:33).


Qual o segredo, ou a técnica, para conquistá-Lo?


Para ensinar isso, os quatro evangelistas nos deixaram as preciosas anotações do ensino do Mestre Nazareno. Aí estão todos os passos necessários e todas as técnicas e segredos; tudo. E como o Pai ama a todos os seus filhos, não apenas aos judeus e aos ocidentais, há outras revelações na Índia, no Tibet, na Pérsia, etc. todas com o mesmo objetivo. Cabe à humanidade saber vê-las e praticá-las.



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Lucas Capítulo 17 do versículo 1 até o 37
20. O Ensino Referente aos Escândalos (17:1-4)

  1. disse aos discípulos (1). Não apenas aos doze discípulos, mas ao seu círculo mais amplo de seguidores. Não se sabe se a multidão estava presente nesta hora. Mas, independentemente de quem estivesse ali presente, Jesus estava dirigindo estas adver-tências aos seus discípulos. O assunto em questão tem uma grande aplicabilidade, mas tem uma relevância especial ao cristão que precisa de orientação em seu relacionamento e responsabilidade pelos seus semelhantes.
  2. impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vie-rem! Veja os comentários sobre Mateus 18:7.

Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos (2). Veja os comentá-rios sobre Mateus 18:6.

Olhai por vós mesmos (3). Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repre-ende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. Veja os comentários sobre Mateus 18:15. A linguagem de Lucas é, de algum modo, mais forte do que a de Mateus. Lucas diz: Repreende-o. Mateus diz: "Vai e repreende-o entre ti e ele só". Lucas também diz: Se ele se arrepender, perdoa-lhe. Mateus diz: "Se te ouvir, ganhaste a teu irmão".

E, se pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe. Jesus não está querendo dizer para ser mate-mático aqui. A expressão sete vezes indica infinidade — ou seja, perdoe quantas vezes ele se arrepender e o procurar. Veja também os comentários sobre Mateus 18:21-22.

  1. O Poder da Fé (17:5-6)

Disseram, então, os apóstolos ao Senhor: Acrescenta-nos a fé (5). O ensino inflexível do Mestre com relação às ofensas assustou e deprimiu os apóstolos. Eles não se sentiram à altura desta nova exigência que, por um lado os ameaçava com um cas-tigo sem palavras se eles fossem a causa de tropeço dos "pequeninos" no Reino, e, por outro, exigia que perdoassem os seus ofensores sempre que estes pedissem perdão. O senso de fraqueza e necessidade que resultou impeliu os apóstolos a pedirem ao Se-nhor para lhes dar mais fé. Eles sentiram que nunca poderiam estar à altura de tais padrões, sem que recebessem mais força espiritual do que possuíam no momento; e entenderam que uma fé mais forte poderia suprir esta necessidade. De fato, a necessi-dade deles não foi suprida até a chegada do Pentecostes, quando foram batizados no Espírito Santo.

E disse o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda (6). Veja os co-mentários sobre Mateus 17:20-21.21. ...diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te da-qui e planta-te no mar, e ela vos obedeceria. Jesus também faz esta comparação de fé com um grão de mostarda em Mateus 17:20. Mas na demonstração do poder da fé ele fala de um monte sendo transportado, e não apenas uma amoreira. Este é o tipo de ensino que Jesus naturalmente repetia quando surgia a necessidade. No momento desse episódio, o Mestre provavelmente estava junto a uma árvore como esta, e assim tinha, à mão, os objetos necessários à comparação que desejava fazer. Esta amoreira não era o mesmo sicômoro freqüentemente mencionado na Bíblia Sagrada; era a árvore que pro-duz amoras pretas."

  1. Os Servos 1núteis (17:7-10)

Esta breve parábola, embora não estivesse diretamente relacionada ao que a prece-de no Evangelho de Lucas, está relacionada ao tema geral que Jesus estava desenvol-vendo desde o capítulo 13. Ela pode ser classificada como "antifarisaísta". Godet deu um excelente título para a parábola e sua aplicação: "As Obras Sem Méritos".'

E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem, vol-tando ele do campo, diga: Chega-te e assenta-te à mesa? E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu? (7-8). Embora a ocasião que deu lugar a esta parábola não seja mencionada, ela responde a perguntas que estavam na mente dos discípulos, e que às vezes eram expressas, como por exemplo: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos; que receberemos? (Mt 19:27). Em outras palavras: "O que eu vou ganhar como recompensa por servir a Cristo?"

A parábola lembra os ouvintes de Jesus de que não é porque o servo trabalha o dia inteiro no campo que terá o direito de comer antes do Mestre. Ainda é parte da sua tarefa servir a refeição do Mestre no final do dia, antes que se sirva. Ele é um servo e, como tal, não tem direitos. Ele pertence ao seu senhor, e as suas tarefas foram determinadas pelo seu senhor. Quando ele as tiver cumprido, terá feito apenas o seu trabalho; o mérito só existirá quando o servo fizer mais do que aquilo que era a sua obrigação.
Não podemos cometer o erro de interpretar esta parábola em termos dos padrões atuais de ética. As leis trabalhistas modernas, e os padrões éticos cristãos relacionados ao tratamento justo dos trabalhadores, não eram conhecidos nos dias de Jesus. Havia 60 milhões de escravos no Império Romano, e era praticamente impossível questionar ou desafiar o direito de existência do sistema da escravidão.

Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: So-mos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer (10). A palavra traduzida como inútil aqui significa "aquele que não presta nenhum serviço além da sua obrigação". A nossa dívida para com Deus é tão grande que, em nosso serviço cristão, jamais poderíamos ultrapassar a esfera do dever e alcançar um nível de méritos. Assim, as obras que fazemos não podem ser classificadas como méritos, porque jamais seremos capazes de fazer mais do que a nossa obrigação. Nunca poderemos fazer tudo, ou mesmo uma fração considerável, daquilo que realmente devemos a Deus.
Os versículos 1:10 foram intitulados como "Inventário Espiritual". O texto está no versículo 3, "Olhai por vós mesmos" ou "Acautelai-vos". Devemos nos acautelar:

1) Pelos nossos motivos 1:2;

2) Pelo nosso espírito, 3-4;

3) Pela nossa fé, 5-6;

4) Pelo nosso trabalho, 7-10.

C. O TERCEIRO ESTÁGIO, 17:11-19.27

E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passou pelo meio de Samaria e da Galiléia (11). Esta é uma nota editorial usada por Lucas para lembrar os seus leitores de que a viagem para Jerusalém ainda continuava; um fato que o leitor poderia facil-mente esquecer em meio ao grande número de feitos e palavras de Jesus que Lucas está relatando. A expressão, pelo meio de Samaria e da Galiléia também poderia ser traduzida como "ao longo da fronteira entre Samaria e a Galiléia", sendo este último lugar a Galiléia além do Jordão", ou a Peréia.'

Havia duas rotas regulares da Galiléia para Jerusalém, uma por Samaria, e outra pela Peréia. Aqui Jesus não estava passando por nenhuma delas, mas entre as duas.

1. A Cura de Dez Leprosos (17:12-19)

E, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens lepro-sos, os quais pararam de longe (12). Ele encontrou estes leprosos antes de chegar à aldeia. Segundo a lei mosaica, os leprosos deveriam viver distantes dos lugares habita-dos, isolados de todos, com exceção de seus companheiros leprosos (Lv 13:46). Eles tam-bém eram obrigados a anunciar a sua enfermidade a todos aqueles que se aproximas-sem, dizendo: "Impuro, impuro!"

E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós! E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos (13-14). Eles sem dúvida conheciam Jesus tanto de vista como pela sua reputação. É bem possível que conhecessem pessoas que haviam sido anterior-mente curadas de lepra pelo Senhor, durante o seu ministério. A instrução que Jesus lhes deu, para se mostrarem aos sacerdotes, estava de acordo com a lei levítica relativa à lepra."
E um deles... voltou glorificando a Deus (15-16). Este homem estava plena-mente consciente do milagre que lhe foi concedido, e se sentia profundamente grato pela cura. Ele expressou a sua gratidão com grande emoção e em voz alta. E este era samaritano. Isto não era o que um judeu teria esperado de um samaritano. Os discípu-los puderam aprender uma lição através desta experiência: a gratidão e a bondade são o resultado do caráter de cada pessoa; estas qualidades não estão ligadas à raça e nem à nacionalidade.

Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? (17-18). Não sabemos se todos os nove eram judeus, mas sabemos que nenhum dos nove retornou para expressar a sua gratidão. Por que eles foram unânimes nesta falha? Por que há tão pouco do espírito de gratidão no coração humano?

E disse-lhe: Levanta-te e vai (19). O termo vai provavelmente significa, pelo menos em parte, "Vai até os sacerdotes". Embora ele tivesse sido curado miraculosamente, a lei ainda exigia que obtivesse uma certificação por parte dos sacerdotes, antes que pudesse retomar a sua vida normal. A tua fé te salvou. Ele recebeu alguma coisa diferente dos outros? Todos foram limpos. Mesmo que este homem não tenha recebido mais nada do Senhor além deste elogio, podemos ter a certeza de que ele recebeu um presente de valor incalculável. Mas ele também recebeu uma bênção interior e o engrandecimento de sua alma. O elogio implica que este homem tinha mais fé, ou uma qualidade superior de fé, quando comparado aos outros nove.

Usando o tema: "Onde estão os nove?", Maclaren expressa quatro considerações:

1) O clamor dos leprosos, e a estranha resposta do Senhor;

2) A cura concedida através de uma fé obediente;

3) Um exemplo solitário de gratidão;

4) O triste espanto de Jesus e a ingratidão do homem.

2. A Espiritualidade do Reino (17:20-21)

E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus (20). Os fariseus ouviram e sentiram as repreensões afiadas de Jesus. Ouviram seus ensinos e perceberam as muitas indicações de que Ele era o Messias, e também viram a manifestação do seu poder miraculoso. Mas Cristo não cumpriu as expectativas que eles alimentavam em relação ao Messias, e esta era para eles a prova positiva de que não seria Ele. As grandes escolas rabínicas nas quais os fariseus tinham recebido seu treina-mento e visão teológica, ligavam a vinda do Messias à chegada do reino de Deus. Eles acreditavam que este seria um reino literal que reavivaria o poder político judaico, li-vrando-os do jugo romano e fazendo dos judeus os senhores do mundo.

A pergunta que os fariseus faziam era evidentemente colocada com um espírito beli-gerante, e estavam confiantes de que ela não seria respondida corretamente por Jesus. Ela tinha a força de uma pergunta retórica, cujo propósito era levar Jesus a admitir que Ele não era o Messias, visto ser incapaz de produzir o reino messiânico.
O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Esta afirmação contradizia a doutrina defendida pelos fariseus sobre o tema do Reino de Deus. Ela negava comple-tamente que este Reino seria, literalmente, um reino terreno.

Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está entre vós (21). Muitos comentaristas modernos traduziram a última frase como "entre vós" ou "no meio de vós". Estes intérpretes insistem que traduzir o texto grego como "dentro de vós" indicaria que o reino de Deus estava dentro destes fariseus, visto que Jesus estava dirigindo as suas observações a eles. Parece razoável interpretar o vós como um termo impessoal. Entretanto, o significado seria: "O reino de Deus está dentro do coração dos homens". O vós, então, não se referiria, necessariamente, aos fariseus.

Na verdade os dois significados estariam em harmonia com os fatos. O Reino de Deus, já tendo chegado na Pessoa e obra de Jesus, estava de fato "no meio" deles. Contu-do, também é verdade que o Reino de Deus está dentro dos corações dos homens, e não é externo nem material. Há, entretanto, um futuro reino literal de Deus, mas o Mestre escolheu não lidar com este aspecto do reino naquele momento. A maior verdade que Jesus está ensinando nestes versículos é que o Reino de Deus, na presente dispensação, não é um reino terreno mas um reino espiritual de Deus nos corações daqueles que irão se submeter ao reinado de Cristo.'

3. Jesus Fala Sobre o Futuro (17:22-37)

E disse aos discípulos (22). Após responder a pergunta dos fariseus, Jesus se dirigiu novamente aos seus discípulos com uma verdade que era específica para eles:

Dias virão em que desejareis ver um dos dias do Filho do Homem e não o vereis.

O Mestre está aqui avisando os seus discípulos que dias negros os esperam — dias de perseguição e trabalho — quando suas mentes se voltariam às abençoadas lembranças do tempo em que Ele estava com eles. Eles desejarão a sua presença física novamente, mas esse desejo não será atendido. Estas palavras do Senhor Jesus também eram endereçadas àqueles discípulos que ainda não haviam nascido (incluindo a nossa época e épocas pos-teriores à nossa) e que só mais tarde tomariam conhecimento destas palavras. Nos dias de sofrimento e frustração, todos desejariam a presença física de Cristo.

E dir-vos-ão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Não vades, nem os sigais (23). Veja os comentários sobre Mateus 24:23-26.

Porque, como o relâmpago... assim será também o Filho do Homem no seu dia (24). Veja os comentários sobre Mateus 24:27.

Mas primeiro convém que ele padeça muito e seja reprovado por esta gera-ção (25). Veja os comentários sobre Mateus 16:21 e Lc 9:22.

E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do Homem... (26-27). Veja os comentários sobre Mateus 24:37-39.

Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló... Assim será no dia em que o Filho do Homem se há de manifestar (28-30). O significado aqui é o mesmo dos versículos 26:27. A certa, súbita, e inesperada vinda de Cristo são os pontos que Jesus está enfatizando.

Naquele dia, quem estiver no telhado... não desça a tomá-los; e... o que esti-ver no campo não volte para trás (31). Veja os comentários sobre Mateus 24:17-18.

Lembrai-vos da mulher de Ló (32). O trágico fim da mulher de Ló é uma excelen-te ilustração daquilo que Jesus acabou de avisar a seus discípulos para não fazer. Ló e sua família tiveram uma chance de escapar de Sodoma antes da sua destruição. A ordem do anjo foi: "Escapa-te por tua vida; não olhes para trás de ti e não pares em toda esta campina" (Gn 19:17). Mas a esposa de Ló desobedeceu esta ordem e olhou para trás, evidentemente desejando voltar, e foi transformada em uma estátua de sal. Ela foi tira-da de Sodoma, mas Sodoma não foi tirada de dentro dela. Portanto, ela se tornou uma perpétua advertência de que a salvação estará incompleta se o coração não estiver puri-ficado do amor pelo mundo.

Nos versículos que antecedem o versículo 32, Jesus está predizendo a destruição de Jerusalém. Ele está avisando os seus discípulos que deverão aproveitar ao máximo a oportunidade que lhes será dada para escapar. Ser lento naquela hora seria o mesmo que repetir a trágica atitude da mulher de Ló.

A admoestação de Jesus foi tomada literalmente. Depois que Vespasiano e o exército romano iniciaram o cerco a Jerusalém, houve um curto período de calmaria como resul-tado da disputa, em Roma, pela sucessão do trono imperial que ficou vazio devido ao suicídio de Nero. Durante esta trégua no cerco, os cristãos em Jerusalém se aproveita-ram da oportunidade para escapar. Eles fugiram para Pella, na parte leste do rio Jordão.

Qualquer que procurar salvar a sua vida perdê-la-á, e qualquer que a per-der salvá-la-á (33). Veja os comentários sobre Mateus 10:39-16.25.

Naquela noite, estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será dei-xado. Duas estarão juntas... uma será tomada, e outra será deixada. Dois estarão no campo... (34-36). Veja os comentários sobre Mateus 24:40-41. O material no versículo 34 não tem um paralelo em Mateus; mas o seu significado é o mesmo dos outros dois versículos. O Mestre colocou duas pessoas em cada uma das três séries de aconteci-mentos, para mostrar como estas pessoas poderiam estar juntas na mesma atividade, ou descansando, e uma seria levada e a outra deixada por ocasião da vinda do Senhor.

E, respondendo, disseram-lhe: Onde, Senhor? (37). Esta pergunta já havia sido respondida no versículo 24. Mas os discípulos não podiam compreender qualquer acontecimento que não fosse local — eles não podiam compreender o aspecto mundial da vinda de Cristo. Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias. Estas águias eram lite-ralmente abutres. Veja os comentários sobre Mateus 24:28.

William Barclay trata este parágrafo sob o título: "Os Sinais da Sua Vinda". Ele observa:

1) Haverá tempos em que o cristão estará ansioso pela vinda de Cristo, mas precisará ser paciente, 22;

2) A vinda de Cristo é certa, mas a sua hora é desconhecida, 23-30;

3) Quando Cristo vier, Deus executará os seus julgamentos 31:36;

4) Cristo virá quando as condições necessárias forem cumpridas — quando os motivos forem certos. Este é o sentido do provérbio contido no versículo 37.


Champlin

Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
Champlin - Comentários de Lucas Capítulo 17 versículo 21
Mc 13:21. Dentro de vós:
Outras traduções propostas:
entre vós outros ou a vosso alcance.

Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de Lucas Capítulo 17 do versículo 1 até o 37
*

17:1

escândalos. A palavra grega originalmente designava o alimento colocado na haste de uma armadilha; veio a significar, depois, qualquer coisa que faz tropeçar e cair numa armadilha.

* 17:2

pequeninos. Crianças ou crentes humildes (conforme 10,21) que estão sem auxílio, a não ser que Deus os ajude.

* 17:5-6

Aparentemente, os apóstolos pensavam que grande fé seria necessária para perdoarem assim. Jesus aponta para aquilo que mesmo uma pequena fé pode realizar. Mais importante do que a quantidade de fé, é o objeto da fé — o grande e poderoso Deus.

* 17:12

leprosos. A lei exigia que os leprosos ficassem longe das pessoas sadias (Lv 13:46); estes leprosos chegaram tão perto quanto possível e gritaram com estardalhaço.

* 17:14

Ver nota em 5.14.

indo eles. A ordem de Jesus, quando nada lhes tinha acontecido ainda, foi um teste de fé. Eles foram curados quando estavam indo em obediência à palavra de Jesus.

* 17:15-16

A gratidão trouxe diretamente de volta um dos dez leprosos curados, que louvava a Deus pelo que lhe tinha acontecido. O fato de ser ele um samaritano torna tudo mais interessante, pois não se esperaria que ele mostrasse gratidão a um judeu que o curou.

* 17.20-37

A resposta de Jesus às questões relativas à vinda do reino de Deus aponta para o caráter dinâmico desse reino. Nesta passagem, Jesus apresenta o reino tanto como realidade presente (v. 21) quanto como realidade a ser plenamente revelada (vs.22-37). Jesus freqüentemente apresentou o reino como uma realidade oculta e em crescimento (13 31:40-13.33'>Mt 13:31-33), realidade tanto presente quanto futura. No ministério terreno de Jesus o reino já está presente (11.20), porém, a plena realização do reino está ainda para ser manifestada (conforme 19.11). Os cristãos devem orar pela plena realização do reino de Deus (11.2). Ver nota teológica “O Reino de Deus”, índice.

* 17:21

o reino de Deus está dentro de vós. Isto é, o reino está presente como uma realidade interior, uma coisa escondida no coração das pessoas (conforme Rm 14:17). Traduzir a expressão por “no meio de vós” (referência lateral) apontaria para a presença do reino na pessoa de Jesus.

* 17:22

um dos dias do Filho do homem. Uma referência provável à plena manifestação do reino, na Segunda Vinda de Cristo (vs.26, 30). Os cristãos anseiam pela vinda de Cristo e pela paz e justiça que a Segunda Vinda trará.

* 17.23-25

Ainda que alguns procurem falso messias (21.8,9), a vinda final de Cristo será tão pública, que todos saberão.

* 17:25

importa... padeça muitas coisas. A palavra “importa” é muito significativa; indica o propósito soberano de Deus (At 4:27-28).

* 17.26-29

As pessoas, nos dias de Noé e de Ló levavam uma vida normal neste mundo (Jesus não fala de seus pecados) e negligenciaram sua oportunidade. Noé e Ló eram pecadores, mas atenderam à advertência de Deus e foram salvos. Eles não eram totalmente dominados pelas coisas desta vida.

* 17:32

A esposa de Ló esteve bem perto do livramento, porém, ao olhar para atrás, perdeu-se (Gn 19:26).

* 17:33

Jesus repete o ensino de 9.24, de que a vida egoísta e de auto-afirmação significa morte espiritual.

* 17:34-35

Uma estreita proximidade com algumas pessoas salvas não ajudará no dia da Vinda de Cristo.

* 17:37

Onde estiver o corpo. Jesus, aparentemente, usa um provérbio popular para ensinar que, do mesmo modo como os cadáveres atraem os abutres, assim os mortos espiritualmente convidam o juízo.



Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de Lucas Capítulo 17 do versículo 1 até o 37
17.1-3 Possivelmente Jesus fez esta advertência aos líderes religiosos que ensinavam a seus partidários com hipocrisia (veja-se Mt 23:15). Perpetuavam um sistema maligno. Uma pessoa que ensina a outras tem uma responsabilidade muito séria (Jc 3:1). Como os médicos, um professor deve ter em mente este antigo refrão: "Primeiro, não prejudique".

17.3, 4 Repreender não significa destacar cada pecado que vemos, a não ser lhe mostrar à pessoa seu pecado para que esta lhe empreste atenção, a fim de restaurá-la em sua relação com Deus e outros seres humanos. Quando lhe parecer que deve repreender a outro cristão por um pecado, revise suas atitudes antes de abrir a boca. Ama a essa pessoa? Está disposto a perdoar? A menos que a repreensão não esteja unida ao perdão, não ajudará ao pecador.

17.5, 6 A petição dos discípulos foi genuína; queriam a fé necessária para tal perdão radical. Mas Jesus não se referiu de forma direta a sua inquietação, porque a quantidade de fé não é tão importante como seu propósito e autenticidade. O que é a fé? É uma dependência total em Deus e uma disposição para fazer sua vontade. Não é algo que nos pomos para mostrar a outros. É obediência total e humilde à vontade de Deus, disposição para fazer o que nos mande. A quantidade de fé não é o mais importante, a não ser a classe de fé em nosso Deus todo-poderoso.

17:6 O grão de mostarda é muito pequeno, mas está vivo e cresce. Como esta semillita, uma pequena quantidade de fé genuína em Deus se enraizará e crescerá. Apenas visível ao princípio, começará a pulverizar-se, primeiro clandestinamente e logo depois de maneira visível. Entretanto, cada mudança será gradual e imperceptível, logo esta fé produzirá majores resultados que tirarão de raiz e destruirão lealdades que competem entre si. Não necessitamos mais fé; uma pequena semente é suficiente se estiver viva e em crescimento.

17.7-10 Se obedecermos a Deus, solo cumprimos com nossa obrigação e devemos considerá-lo um privilégio. Sentiu alguma vez que merece um crédito extra por servir a Deus? A obediência é nosso dever, não um ato de caridade. Jesus não considera nosso serviço sem sentido nem inútil, nem nos deixa sem recompensa. Ataca a injustificável auto-estima e o orgulho espiritual.

17.11-14 A estes leprosos lhes demandou que se mantiveram afastados de outras pessoas e que anunciassem sua presença se alguém lhes aproximava. Algumas vezes os leprosos entravam em remissão. Se um leproso pensava que já não tinha lepra, supunha-se que devia apresentar-se a um sacerdote que poderia declará-lo limpo (Levítico 14). Antes que sanassem, Jesus enviou aos dez leprosos ao sacerdote, e sanaram! Responderam com fé e Jesus os sanou no caminho. É sua confiança em Deus tão grande que crie o que O diz até antes de acontecer?

17:16 Jesus sanou aos dez leprosos, mas só um retornou para lhe dar as obrigado. É possível receber grandes presentes de Deus com um espírito ingrato, nove dos dez leprosos atuaram assim. Entretanto, o leproso agradecido aprendeu que sua fé jogou um papel importante em seu cura. assim, os cristãos agradecidos crescerão no conhecimento da graça de Deus. Deus não demanda que lhe demos obrigado, mas sente prazer quando o fazemos e usa nosso espírito de agradecimento para nos ensinar mais a respeito Do.

17:16 Este homem além de leproso era samaritano, raça desprezada pelos judeus por sua idolatria e por ser meio judeus (veja-a nota a 10.33). Uma vez mais Lucas assinala que a graça de Deus é para todos.

17.20, 21Los fariseus perguntaram quando viria o Reino de Deus sem dar-se conta de que já tinha chegado. O Reino de Deus não é como um terrestre com limites geográficos. Mas bem consiste na obra do Espírito de Deus nas pessoas e suas relações. Hoje em dia devemos resistir a ver as instituições ou programas como evidências do progresso do Reino de Deus. Em seu lugar, devemos atender ao que Deus faz e pode fazer no coração das pessoas.

17.23, 24 Muitos dirão ser o Messías e outros que Jesus voltou, e bastante lhes acreditarão. Jesus nos adverte para que nunca tomemos a sério tais informe, sem importar quão convincentes resultem. Quando Jesus volte, seu poder e presença será evidente para todos. Ninguém precisará difundir a mensagem porque todos o verão.

17.23-36 A vida andará por seu rumo o dia que Cristo volte. Não haverá advertência prévia. A gente cumprirá suas tarefas cotidianas, indiferente às demandas de Deus. Surpreenderá-se com a vinda de Cristo, como as pessoas no dia do Noé quando veio o dilúvio (Gn 6:8) ou a gente nos dias do Lot durante a destruição da Sodoma (Gênese 19). Não sabemos o dia nem a hora da volta de Cristo, mas sabemos que virá. Possivelmente seja hoje ou amanhã ou em séculos futuros. De qualquer modo devemos estar preparados. Viva como se Jesus viesse hoje.

17.26-35 Jesus advertiu contra uma falsa segurança. Devemos abandonar os valores e preocupações deste mundo a fim de estar preparados para a vinda de Cristo. Isto ocorrerá de repente, quando O venha não haverá uma segunda oportunidade. Levarão-se alguns para estar com O e o resto ficará atrás.

17:37 Para responder a pergunta dos discípulos, Jesus se referiu a um provérbio familiar. Uma águia revoando sobre nossa cabeça não significa muito, mas a união de muitas águias significa um corpo morto em decomposição. Do mesmo modo, possivelmente "um sinal do fim" não signifique muito, mas quando as destacar se multiplicam com rapidez, sua Segunda Vinda está perto.


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de Lucas Capítulo 17 do versículo 1 até o 37
10. Perdão e Faith (17: 1-10)

1. Perdão (17: 1-4)

1 E ele disse aos seus discípulos: É impossível que escândalos de vir; mas ai daquele por quem vierem! 2 Seria bom para ele se uma pedra de moinho foram pendurasse ao pescoço, e ele foi jogado no mar, em vez de que ele deve fazer com que um desses pequenos tropeçar. 3 Vede a vós mesmos: se teu irmão pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe. 4 E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoareis.

Parallels a este número, são encontradas em Mt 18:7 , Mt 18:15 , Mt 18:21 , Mt 18:22 e Mc 9:42 . Jesus está advertindo contra duas coisas: (1) fazendo com que outros a tropeçar; (2) que tem um espírito que não perdoa.

O Mestre declarou que escândalos inevitavelmente virá (v. Lc 17:1 ), mas que era melhor para ser afogado no mar do que para causar outro a tropeçar (v. Lc 17:2 ). O substantivo é skandalon , o verbo skandalizo . O primeiro é encontrado somente aqui em Lucas (embora cinco vezes em Mateus); esta última ocorre também em Lc 7:23 (14 vezes em Mateus, 8 em Marcos). Para o significado destes termos significativos veja as notas sobre Mt 18:6 ). E isso deve ser feito no espírito de amor e humildade é indicado em Gl 6:1 ). Esta é a maneira de Lucas de resumir a conversa entre Pedro e Jesus em Mt 18:21 , Mt 18:22 . Por sete vezes se entende ilimitado perdão.

b. Faith (17: 5-10)

5 Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a Fm 1:6 E disse o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, quereis que vos digo esta amoreira: Sê tu arrancada, e planta-te no mar ; e ela vos obedeceria. 7 Mas, quem há de vós, tendo um servo lavrar ou a apascentar gado, que lhe dirá, quando ele veio do campo, Venha logo e sentar-se à mesa; 8 e não vai, em vez dize-lhe: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que eu tenha comido e bebido; e depois tu comer e beber? 9 Porventura agradecerá ao servo, porque fez o que lhe foi mandado? 10 Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos o que era nosso dever fazer.

O comando anterior de Cristo cambaleou os apóstolos -a palavra ocorre apenas uma vez cada em Mateus (Lc 10:2 ), mas seis vezes em Lucas (ver notas sobre Lc 5:17 ; Lc 7:13 ). Aumenta a nossa fé . Os discípulos sentiram que precisavam de mais fé para se apropriar mais graça se eles estavam indo para atender a essa demanda. Mas o Senhor respondeu que, se tivésseis fé como um minúsculo grão de mostarda semente-a expressão proverbial para o que é menor, eles poderiam dizer a esta amoreira(amora preta) -evidently apontando para um nas proximidades, Sê arrancada (instantaneamente, aoristo), e ela vos obedeceria . TW Manson bem diz: "Esta palavra de Jesus não convida os cristãos a se tornar ilusionistas e mágicos, mas heróis como aqueles cujas façanhas são comemorados no décimo primeiro capítulo de Hebreus."

Os versículos 7:10 são frequentemente chamados a parábola do servo inútil. É óbvio que Jesus não está falando agora principalmente aos seus discípulos (v. Lc 17:1 ), porque Ele diz, quem há de você (v. Lc 17:7 ). Os discípulos não tinham um servo (literalmente, "um escravo") lavrar ou a apascentar gado .

Straightway está devidamente colocado com vir . A versão ReiTiago coloca-lo com "digamos," e, além disso, traduz "aos poucos". O significado original da frase foi "imediatamente", mas agora isso significa o oposto. A mesma coisa que aconteceu com uma série de outras palavras e frases na ReiTiago 5ersion. Isso mostra a absoluta necessidade de ter uma tradução up-to-date da Bíblia se vamos saber com precisão o que a Palavra de Deus realmente diz. Sente-se a carne está no grego "recline (para comer)."

O mestre não diz ao seu escravo: "Você reclinar-se à mesa, e eu vou atendê-lo." Ao contrário, ele diz: "Prepare-se algo para o meu jantar, coloque em um avental, e serve-me." Jesus é simplesmente chamar a atenção para o costume da época, não endossando a relação senhor-escravo. Então, Ele faz a aplicação: Quando você tiver feito tudo o que você mandou, dizer que vocês são servos inúteis (v. Lc 17:10 significando que você "não fez nenhum lucro" para o seu master). "O ponto é que o homem não pode fazer nenhuma apenas reclamar por ter feito mais do que era devido. "Deus nunca está em dívida para nós; estamos sempre em dívida para com ele.

Plummer resume as "quatro ditos de Cristo" nos versículos 1:10 da seguinte forma: "O Pecado de fazer com que outros Sin (1 , 2 ); O dever do Perdão (3 , 4 ); O Poder da Fé (5 , 6 ); e, a insuficiência de Obras (7-10 ). "Ele também observa a distinção entre" a gravidade dos vv. Lc 17:1 e 2 , 'quando tu sinnest contra o outro', e a ternura de vv. Lc 17:3 e 4 , "quando os outros pecar contra ti. " "

G. viagem a Jerusalém (17: 11-19: 28)

1. A cura de dez leprosos (17: 11-19)

11 E aconteceu que, como eles estavam a caminho de Jerusalém, que estava passando ao longo das fronteiras da Samaria e da Galiléia. 12 E, entrando numa certa aldeia, lá lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe off: 13 e eles levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de Nu 14:1 e quando os viu, disse-lhes: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos. 15 E um deles, quando viu que ele estava curado, voltou, com grande voz glorificando a Deus; 16 e ele caiu com o rosto em seus pés, dando- -lhe graças;. e este era samaritano 17 eletrônica E Jesus disse: Não foram limpos os dez? mas onde estão os nove? 18 Havia nenhum achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? 19 E ele disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.

Este incidente é encontrada somente em Lucas. Foi o que aconteceu quando Jesus e seus discípulos estavam a caminho de Jerusalém para o clímax e conclusão do ministério do Mestre (conforme Lc 9:51 ; Lc 13:22 ).

Ao longo das fronteiras da Samaria e da Galiléia (v. Lc 17:11) é muito melhor do que "pelo meio de Samaria e da Galiléia" (KJV). Neste último caso, sugerem que eles estavam indo para o norte de Jerusalém através de Samaria para a Galiléia. Mas este versículo diz claramente que eles estavam a caminho de Jerusalém. Na verdade, eles estavam indo "entre" (dia em seu sentido original) Samaria e da Galiléia, indo em direção ao leste para atravessar o Jordão e ir para o lado leste do rio, de modo a evitar que passa pelo território imundo, hostil dos samaritanos. Isso sugere um novo começo para a viagem a Jerusalém, ao invés de sua terceira etapa. A sequência cronológica e geográfica não é mantida. Aparentemente Lucas não considerou importante. Farrar sugere: "O lugar mais natural cronologicamente por este incidente teria sido após Lc 9:57 . St. Lucas coloca-lo aqui para contrastar ingratidão do homem para com Deus, que é afirmado pelo orgulho espiritual "(conforme v. Lc 17:9 ).

Quando Jesus entrou em uma aldeia na área, Ele foi recebido por dez leprosos, que pararam de longe . Esta separação foi exigido pela Lei (Lv 13:45 , Lv 13:46 ). Eles chamaram em voz alta para ele: Mestre [ epistata ], tende piedade de nós (v. Lc 17:13 ). Ninguém mais poderia ajudá-los.

Em resposta, Jesus disse: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes (v. Lc 17:14 ). Somente o sacerdote podia legalmente pronunciar-los limpos (Lv 13:1)

1. A natureza do reino (Lc 17:20 , 21)

20 E, sendo questionado pelos fariseus, quando o reino de Deus vier, ele respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com aparência exterior: 21 Nem dirão: Ei-lo, aqui! ou, Não! pois eis que o reino de Deus está dentro de você.

Os fariseus perguntaram a Jesus quando o Reino de Deus estava chegando. Eles estavam procurando, assim como os discípulos, para um, para fora, reino visível terrena. Como é o caso com todos os que esperam que uma espécie de reino, eles estavam interessados ​​em datas. A resposta de Cristo foi: O reino de Deus não vem com aparência exterior (v. Lc 17:20 ); "Isto é, de tal forma que a sua origem pode ser observada." A palavra grega para observação é encontrado somente aqui no Novo Testamento. Ele foi contratado "para denotar observação médica da doença." O significado da resposta de Jesus é: "Não haverá esses sinais como permitiriam um observador a data da chegada. Um reino espiritual é lento na produção de efeitos materiais visíveis; e começa de uma forma que não podem ser datados ".

A primeira parte do versículo 21 parece uma contradição plana do versículo 23 . Em vez disso, obviamente, o significado aqui é que ninguém pode com razão ou razoavelmente dizer isto. O versículo 23 indica que alguns vão dizer que, embora não em boas razões.

Em oposição à Eis aqui! ou, Não! Jesus afirmou eis que o reino de Deus está dentro de você . As duas últimas palavras foram discutidos indefinidamente. A tradução aqui (mesmo na KJV, Goodspeed, Weymouth, Williams) significa que o Reino é interior e espiritual, não para fora e política. Mas as palavras gregas pode ser traduzida como "entre vós" (NEB) ou "no meio de vós" (RSV; conforme Berkeley, Moffatt- "no meio de vós"). Geldenhuys escreve: " entos hymon deve, de acordo com o uso comum e natural de entos , ser traduzido por 'dentro de você' ... No entanto, há casos nos clássicos ... onde ela significa.. 'entre vocês.' "Liddell e Scott dar como o significado clássico primária de entos ", dentro, para dentro." Phillips adotou a segunda palavra, mais forte ("inside") para sua tradução.

Geldenhuys afirma sua posição enfaticamente. Ele diz: ". A alegação de alguns críticos de que o Salvador por estas palavras ensinou que o reino de Deus é meramente uma condição interna, espiritual no coração do homem, deve definitivamente ser rejeitada" Creed concorda que, apesar de "dentro" é provavelmente a "interpretação mais natural de entos para um grego, "ainda" entre "é" mais facilmente harmonizado com o uso geral dos Evangelhos que a interpretação "dentro de você." "Ele acaba por deixar o assunto um pouco indeciso.

O mesmo acontece com Plummer. Depois de notar que o uso vai permitir ou tradução, "dentro" ou "entre", diz ele: "Este último parece se adequar ao contexto melhor; para o reino de Deus não estava nos corações dos fariseus, que são as pessoas abordadas "No entanto, depois de uma discussão mais aprofundada, ele conclui:". Mas esta rendição do entos carece de confirmação na Escritura , e o contexto não é decisivo contra o outro. "Deve-se notar que, embora Jesus se dirigia aos fariseus, Ele poderia ter significado" dentro o coração das pessoas. "É difícil escapar à impressão de que ele estava enfatizando principalmente a natureza espiritual do Reino.

"Meyer afirma que a idéia do Reino como uma" condição ética "interno é moderno ., não histórico-bíblico "." entre vós "Farrar contesta esta afirmação, mas ainda prefere Ele conclui:" Mas em qualquer dos casos, nosso Senhor deu a entender que Seu Reino tinha chegado, enquanto eles estavam esticando os olhos para a frente em observação curiosa. "

TW Manson admite que o sentido próprio de entos está Mas depois de discutir a possível fundo aramaico ele diz "dentro.": "O Reino de Deus não está aqui em discussão como um estado de espírito ou a disposição dos homens. Ele é pensado como algo que está para vir "Ele conclui:". ". Lo, o Reino de Deus está entre vós" Todo o peso do ensino de Jesus em outros lugares parece ser em favor de dizer, "

Alford argumenta definitivamente para "no meio de vós." No entanto, ele diz: "O significado 'no meio de vós" inclui, naturalmente, a uma mais profunda e pessoal "dentro de cada um de vocês', mas os dois não são conversíveis."

Deve-se reconhecer que "dentro de você", que significa "em seus corações", foi a popular, interpretação (embora não universal) entre os primeiros Padres da Igreja, como também no período da Reforma (Erasmus, Lutero, Calvino).

Uma rendição ligeiramente variante foi recentemente sugerido por Roberts. Ele argumenta a partir da evidência dos papiros que o grego pode significar "em sua posse", se você quer que ele (conforme margem NEB). No entanto, ele afirma que "não há quase um teólogo moderno", que não favorece "entre".

Conzelmann acha que o significado exato de entos "não é tão importante como muitas vezes se supõe. Se tomarmos a palavra para significar "intra" ou "inter, 'ele não afeta vitalmente concepção da escatologia de Lucas."

Perrin favores "entre vós". Ele declara que "se a palavra é para ser traduzido 'dentro', então nós temos aqui uma compreensão do Reino de Deus, sem mais paralelo no ensino registrado de Jesus."

Lundstrom também adota "entre vocês." Ele escreve: "O que há de novo sobre Jesus é que Ele pregou o Reino puramente escatológica que está para vir, no futuro, como já está presente." Ele continua a dizer: "O presente Unido está concentrada em Jesus, o Filho do Homem e Servo do Senhor, que é o de dar a sua vida em resgate por muitos. "

Desde entos em sua única outra ocorrência no Novo Testamento (Mt 23:26) significa claramente "dentro", parece que esta tradução deve pelo menos ser encarada seriamente aqui. Por outro lado, não parece necessário ir até o outro extremo e dizer com Olshausen: "A explicação do entos hymon , por 'no meio de vós "... deve ser totalmente rejeitada por esta razão, que a cláusula, assim entendida, sem contraste ao antecedente 'lo aqui. " "Olshausen, no entanto, reconheceu que no discurso aos discípulos que se segue (vv. Lc 17:22-37 ), o Reino é apresentado como escatológico. Ele diz: "No entanto, esta dupla concepção e retratos do reino de Deus que se manifesta ... Actualmente, sob esses dois aspectos que mutuamente se completam.. O reino de Deus se mostra como puramente espiritual em sua origem, e também externa em sua perfeição ".

Para este autor, parece que a parte da sabedoria para permitir que as duas traduções, "dentro de você" e "entre vós", sem a pretensão de pensar que podemos ter certeza de que Jesus destina-se principalmente. O contexto sugere que ele estava enfatizando o fato de que o Reino é interior e espiritual, não para fora e observável com os olhos físicos. Ao mesmo tempo, o Reino era "entre" los em sua própria pessoa, pois Ele é o Rei. As promessas da vinda do Reino irá encontrar o seu cumprimento final, quando Cristo é universalmente reconhecido como Rei (Rm 14:11 ).

b. O Dia do Filho do Homem (17: 22-37)

22 E disse aos discípulos: Dias virão em que haveis de desejo de ver um dos dias do Filho do homem, e não haveis de ver. 23 E dirão a você, Lo, lá! Eis aqui! não for, nem segui -los : 24 para assim como o relâmpago, quando se ilumina desde uma extremidade inferior do céu, brilha até a outra parte debaixo do céu; assim estará o Filho do homem no seu dia. 25 Mas primeiro ele tem de sofrer muito e ser rejeitado por esta geração. 26 E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. 27 Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. 28 Do mesmo modo, mesmo como aconteceu no dias de Ló; comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; 29 mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu fogo e enxofre do céu, e os consumiu a todos: 30 depois da mesma maneira também será . No dia em que o Filho do homem é revelado 31 Naquele dia, aquele que estiver no eirado, e os seus bens em casa, que ele não desça para tirá-los; e quem estiver no campo da mesma forma não volte para trás. 32 Lembre-se da mulher de Ló. 33 Qualquer que procurar ganhar a sua vida perdê-la-á, mas quem perder a sua vida, preservá-la. 34 Digo-vos que naquela noite estarão dois homens em uma cama; um será tomado, e outro será deixado. 35 Haverá duas mulheres juntas moendo; um será tomado, e outro será deixado. 37 E eles respondendo a dizer-lhe: Onde, Senhor? E ele disse-lhes: Onde estiver o corpo é , para ali as águias também ser reunidos.

Jesus declarou que o tempo viria-após seu retorno ao céu, quando eles desejam ("long para"), um dos dias do Filho do homem (v. Lc 17:22 ). A mesma expressão ocorre no versículo 26 . O que isso significa? Strack e Billerbeck dizer: "Os dias do Messias" é nos escritos rabínicos a expressão usual para o período messiânico. "Dodd conecta com a expressão do Antigo Testamento:". O Dia de Jeová "Leany diz que para Lucas que significava Transfiguração, a revelação da glória do Filho do homem, que atingirá o seu ponto culminante em sua "aparência final."

A rapidez da Segunda Vinda é vividamente retratado no versículo 24 , na figura de um clarão de relâmpago . É difícil harmonizar isso com a teoria popular de que o arrebatamento será algo secreto e invisível para o mundo, a menos que se aplica que não o arrebatamento, mas para o que é muitas vezes chamado a vinda de Cristo com Seus santos para reinar na-Apocalipse terra.

Again (v. Lc 17:25) Jesus se refere à Sua Paixão vinda, que Ele já tinha o dobro do previsto (ver Lc 9:43 ). Ele passa a comparar os dias do Filho do homem para os dias de Noé (v. Lc 17:26 ). Este é paralelo em Mt 24:37 (ver notas lá). Não havia nada de mau no fato de que os antediluvianos comeu e bebeu e casada , e davam-se em casamento (v. Lc 17:27 ). Seu pecado consistiu basicamente em ignorar completamente Deus-que é o pecado que assedia hoje de milhões de pessoas nas chamadas terras cristãs. Uma comparação semelhante é feita (somente em Lucas) para os dias de Ló (vv. Lc 17:28-30 ). Estes são comparados a do dia em que o Filho do homem é revelado (v. Lc 17:30 ). Isso poderia se referir em um sentido real para a revelação de Cristo nesta época, no Evangelho e na 1greja. Mas a aplicação final parece ser a sua segunda vinda.

As instruções no versículo 31 são semelhantes aos de Mt 24:17 , Mt 24:18 e Mc 13:15 , Mc 13:16 . Lucas acrescenta o aviso significativo, Lembre-se de Ló esposa (v. Lc 17:32 ). O versículo 33 é paralela à Mt 16:25 ; versículos 34:37 de Mt 24:40 , Mt 24:41 ; versículo 37para Mt 24:28 (ver notas sobre as passagens).

A última parte do versículo 37 tem uma dessas declarações enigmáticas, como são freqüentemente encontrados em literatura-apocalíptico onde o corpo, aí vão as águias também ser reunidos . A que corpo e águias se refere?

Uma vez que o contexto anterior refere-se à Segunda vinda- "o dia em que o Filho do homem se manifestar" (v. Lc 17:30) -alguns dos Padres da Igreja tomou esta no sentido de que o corpo glorificado de Cristo é, os "santos águia" serão reunidos. Mas essa interpretação parece ser definitivamente afastado, pelo fato de que, em vez de soma (corpo) Mateus (Mt 24:28) tem ptōma , "carcaça". No grego clássico soma foi usado para um corpo morto.

Um dos melhores tratamentos de este dizer obscuro é que por Plummer, que nós, portanto, citar na íntegra:

Este foi, talvez, um provérbio atual. A aplicação é aqui muito geral. "Quando estiverem cumpridas as condições, em seguida, e haverá apenas a revelação do Filho do Homem ter lugar." Ou, eventualmente, "Onde o corpo morto da natureza humana, agarrando-se às coisas terrenas, é, há os juízos de Deus virá. ... "Jesus, assim, deixa de lado todas as questões sobre o tempo (vs. Lc 17:20) ou local (v. Lc 17:37) de seu retorno. Uma coisa é certa; que todos que não estão prontos sofrerá (vv. Lc 17:27 , Lc 17:29 ). A todos os que estão mortos para as reivindicações da ruína Unido cairá (v. Lc 17:37 ).

Geldenhuys diz que, à luz do contexto verso Lc 17:37 , Ap 19:18 - "... um anjo ... dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, ajuntai-vos à ceia do grande Deus.;. que comais a carne dos reis, ... ea carne de todos os homens. "Esta será a maior destruição que o mundo já viu. Os meios de destruição em massa agora está sendo aperfeiçoados formar um prelúdio para as decisões finais de Deus.


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de Lucas Capítulo 17 do versículo 1 até o 37
  • O imperdoável (17:1-6)
  • A palavra "ofensa" significa "motivo de tropeço". A palavra grega para isso corresponde à nossa "escânda-lo" e, originariamente, refere-se à vara que solta a armadilha, ou laço. Essas coisas acontecem porque há pecado no mundo, mas não pode-mos ser a causa delas. É melhor pres-tarmos atenção à severa advertência do Senhor no versículo 2 antes de fazermos alguém pecar. Jesus, quan-do fala "destes pequeninos", refere- se aos novos convertidos (como os publicanos e pecadores Dt 15:1) e às criancinhas (Mt 18:1-40).

    Também devemos ter cuidado para não pecar contra nossos irmãos em Cristo, os mais maduros na fé. A igreja é uma família de fé, e ministra-mos uns aos outros ao admitir nossos pecados, ao pedir perdão e ao per-doar (Ef 4:32; Mt 5:43-40 e 18:21 ss). É improvável que um crente cometa sete vezes em um dia o mesmo pe-cado, todavia devemos estar prontos a perdoá-lo quantas vezes forem ne-cessárias. O perdão deve ser um há-bito, não uma batalha.

    Esperaríamos que os discípulos pedissem: "Aumenta nosso amor!". Contudo, o perdão vem da fé na Pala-vra do Senhor e da certeza de que ele fará o melhor para todos os envolvi-dos, se fizermos o que ele quer. De-vemos obedecer à Fblavra do Senhor e crer em Rm 8:28, por mais doloroso que seja, às vezes, perdoar alguém que pecou contra nós. Nada é impossível se sua fé é como a se-mente viva e em desenvolvimento.

  • O inútil (17:7-10)
  • Jesus sabia como equilibrar uma verdade com outra a fim de que seus discípulos não chegassem a ex-tremos. A fé milagrosa, do versícu-lo 6, deve ser balanceada com o fiel "serviço comum" de todos os dias que talvez não seja tão estimulan-te. Ele descreve um servo que ara, cuida do gado e até cozinha! Ele desempenha cada tarefa fielmentè a fim de agradar seu senhor. Con-tudo, ainda somos apenas "servos inúteis", mesmo quando fazemos todo o nosso trabalho. A palavra tra-duzida por "inúteis" significa "sem necessidade", isto é, ninguém lhe deve nada. Mesmo as recompensas que ganhamos do Senhor são graça pura! Ele não nos "deve" nada, pois fizemos apenas nossa obrigação.

  • O ingrato (17:11-19)
  • Jesus ainda estava a caminho de Je-rusalém (9:51 ;13 22:33), e sua jornada levou-o até Samaria e Galiléia, onde encontrou dez leprosos. Esses banidos viviam e trabalhavam jun-tos, porque foram rejeitados pela sociedade. Eles reconheceram Je-sus, pois, de imediato, suplicaram por misericórdia. Ele ordenou que fossem até o sacerdote (Lv 13—14), e todos foram purificados quando obedeceram à ordem dele.

    Apenas um deles ficou agra-decido a ponto de antes ir até Je-sus e agradecer-lhe por sua mise-ricordiosa dádiva de cura. (Veja SI 107:8,1 5,21 e 31). No entanto, o mais espantoso é que esse homem era samaritano! Imagine um samaritano agradecendo a um judeu! Todavia, esse homem recebeu uma dádiva ainda maior por fazer isso: foi salvo de seus pecados: "Levan-ta-te e vai; a tua fé te salvou" (veja 7:50). A bênção de vida eterna dura para sempre, enquanto a cura física, embora seja uma grande bênção, termina com a morte.

  • O despreparado (17:20-37)
  • Na época de Jesus, os judeus vi-viam com a expectativa da vinda do Messias, da mesma forma que hoje muitas pessoas se entusias-mam com profecias e previsões de eventos futuros. A palavra grega para "observação" significa "ficar à espera, vigiar". Jesus nos alerta con-tra não gastarmos nosso tempo em especulações a respeito do futuro e em tentativas de prever o que Deus fará. Os judeus aguardavam a vinda de seu Rei, e ele estava lá, no meio deles! Podemos perder as oportuni-dades do presente ao nos concen-trarmos muito no futuro.

    Estar pronto para o retorno de Cristo a qualquer momento é o que realmente importa, não mapear o futuro. Isso significa não dar atenção aos sensacionalistas e às pessoas que afirmam conhecer todos os "se-gredos" (v. 23). Jesus compara os últimos dias aos "dias de Noé" (vv. 26-27) e aos "dias de Ló" (vv. 28-33). Os dois viveram em épocas de grandes julgamentos: o dilúvio (Gn 6—
    8) e a destruição de Sodoma (Gn 19). Noé alertou as pessoas de seu tempo sobre a vinda do dilúvio (2Pe 2:5), e os anjos avisaram Ló e sua família de que a destruição esta-va a caminho; no entanto, os avisos não surtiram efeito. Apenas Noé e a família (oito pessoas) foram salvos, e apenas Ló e as duas filhas solteiras escaparam de Sodoma.

    Como será o mundo pouco antes do julgamento final e da vin-da do Senhor? Ele estará "ocupado como sempre" e pouco preocupado com os avisos enviados por Deus. As pessoas comem, bebem, compa-recem a casamentos, exercem suas atividades, e, assim, o julgamento as pega despreparadas. Nos dias de Noé, havia muita violência (Gn 6:11,13), e nos de Ló, os homens entregaram-se à luxúria antinatural (Gn 19:4-11). Vemos essas duas ca-racterísticas em nossa época.

    Os versículos 30:37 não se re-ferem ao arrebatamento da igreja (1Co 4:13-46), mas ao retorno de Cristo à terra a fim de estabelecer seu reino de justiça (Ap 19:11 ss; Mt 24:15-40; Mc 13:14-41). Sem dúvi-da, não haverá tempo de pegar al-guma coisa em casa quando, em um piscar de olhos, Cristo vier para sua igreja (1Co 15:51-46)1 Nos versí-culos 34:36, o verbo "tomado" não significa "levado para o céu", mas "levado para julgamento". Os que forem deixados entrarão no reino.

    Jesus, no fim desta era, vê a sociedade humana como um cor-po pútrido, um convite aos abutres (v. 37), e isso nos faz lembrar da última batalha antes de Jesus esta-belecer seu reino, conforme relata-da emAp 19:1 Ap 19:7 Ap 19:9. Nós, os crentes de sua igreja, devemos obedecer ao versículo 33 e tentar levar uma vida santa por causa do Senhor (Mt 10:39; Jo 12:25). Essa é a única forma de estar preparado para a vinda dele.


    Russell Shedd

    Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
    Russell Shedd - Comentários de Lucas Capítulo 17 do versículo 1 até o 37
    17.1 Escândalos. "Pedras de tropeço". Aquilo que afasta, do Senhor (conforme 17.23; 21.8; Mc 9:43ss), a um crente menos maduro na fé (conforme pequeninos, v. 2; Mt 18:6). É um aviso contra falsos mestres.

    17.4 Sete vezes. Isto é, sem limite (Mt 18:21s). Temos a obrigação de perdoar o arrependido, assim como Deus perdoa (15:1-32; Mt 6:14, Mt 6:15).

    17.5 É tão essencial a fé para perdoar como para receber perdão.
    17.6 Fé. Não maior que um grão de mostarda, mas vivificada pelo Espírito, faria milagres, dentre os quais, o maior seria a capacidade de perdoar.
    17.10 Inúteis. Cf., 1Co 9:16. Deus não é nosso devedor, mesmo quando fazemos tudo quanto Ele pede. O escravo não tem direitos.

    17.11 Pelo meio. Melhor, "entre", isto é, na divisa da Galiléia e Samaria, indo para a Peréia, ou Transjordânia.

    17.14 Ide. É a prova da fé (conforme 2Rs 5:10-12).

    17.18 Estrangeiro. Os nove ingratos leprosos representara a atitude da maioria do povo judaico diante da missão e a mensagem de Cristo. O samaritano é como uma amostra do acontecimento da antecipada aceitação do evangelho pelos não - judeus.

    17.19 A fé te salvou. "Salvar" tem um duplo significado, de curar e redimir. Fé não é obra meritória mas graça recebida, e portanto motivo de gratidão.

    17.20 Visível aparência. Gr parateresis, "sinais" ou "ritos de culto",Gl 4:10. A noite da Páscoa era a noite da observação da cerimônia pascal (Êx 12:42). A vinda de Cristo não depende de ritos externos, mas de recebê-lo de coração.

    17.21 Dentro em vós. O grego pode significar "dentro" ou "no vosso meio". Jesus declara que o reino não está no meio dos fariseus incrédulos, mas sim, que Sua pessoa e obra já atua no meio deles, e que Ele virá em poder na consumação dos tempos.

    17.22,24 Um dos dias... refere-se à vinda de Cristo (conforme v. 26), que será repentina e visível como o relâmpago.

    17:27-29 Comiam... A ênfase deste trecho não recai sobre pecaminosidade, mas sobre a indiferença relativa às coisas espirituais e ao juízo.

    17.31 Não desça... A necessidade absoluta de preparação prévia para a vinda é um dos principais temas no ensino Cristo a respeito do assunto (conforme 12:35-48; Mt 25:1-40). Vigilância é a concentração sobre as coisas de Deus contrária ao espírito da mulher de Ló (32).

    17.34,35 Em alguns lugares do globo esta vinda de Cristo ocorrerá de madrugada, antes do sair do sol: alguns estarão dormindo, outros preparando o pão do dia. Isto simboliza novo dia que Cristo inaugurará (conforme 2Pe 1:19). Tomado. Afastado do julgamento (cf. Mt 24:31).

    17.37 Onde... Quer dizer: "Onde estiveram os mortos espirituais, aí cairá o juízo (conforme Ap 19:17). Os abutres eram reconhecidos pela velocidade com que alcançam a sua rapina; indicam o juízo súbito, sem escapatória.


    NVI F. F. Bruce

    Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
    NVI F. F. Bruce - Comentários de Lucas Capítulo 17 do versículo 1 até o 37
    (5) Mais quatro ditos (17:1-10)
    Segue agora uma breve série de ditos, aparentemente quase uma miscelânea, e mesmo assim, como diz Geldenhuys (p. 531): “Parece-nos que existe uma unidade entre os diversos pronunciamentos e o fato de que (embora Lucas não diga isso expressamente) foram feitos em uma mesma ocasião”. O seu tema geral é a responsabilidade geral do discípulo em relação a outros, advertindo-os da pecaminosidade de desviar pessoas mais fracas do caminho, da necessidade de um espírito perdoador e de fé real e prática, e do perigo de confiar no mero cumprimento de obrigações para obter méritos.

    v. 1,2. Ocorre em Mt 18:6,Mt 18:7 e Mc 9:42. Quem são esses pequeninos do v. 2? Não há indicação alguma de crianças presentes nessa ocasião; a maioria dos comentaristas interpreta a expressão como uma referência a irmãos mais fracos entre os discípulos. Essa leitura é sugerida pelo paralelo em Marcos; Mateus, no entanto, coloca o dito no contexto de um de seus trechos acerca das crianças (18:1-5). Não há razão, sem dúvida, por que não deveriam estar em perspectiva ambos os aspectos, v. 3,4. Uma das marcas do discípulo é a disposição para perdoar. O pecado não pode ser negligenciado, nem tratado com leviandade; o transgressor precisa ser advertido, seu pecado precisa ser discutido abertamente, e não pelas suas costas. O arrependimento deve preceder o perdão. Mas, satisfeitas essas condições, não há limite para o número de vezes em que o perdão deva ser concedido. Em Mateus, o trecho é mais amplo e, em resposta a uma pergunta de Pedro, é seguido de uma parábola do credor incompassivo (18:15-35).

    v. 5,6. A magnitude da responsabilidade que esses ditos sugerem suscitou nos discípulos um sentimento de insuficiência; eles disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!”. Com a hipérbole caracteristicamente oriental, Jesus lhes dá um vislumbre das inesperadas possibilidades da fé. As raízes da amoreira eram consideradas particularmente fortes pelos orientais. Strack-Billerbeck (citado por Geldenhuys, p.
    434) diz: “Supunha-se que a árvore durava 600 anos”. Desarraigá-la seria algo virtualmente impossível, replantá-la no leito do oceano, mais difícil ainda, mas a fé em Deus ultrapassa as possibilidades. Mc 11:23/Mt 21:21 trazem um dito semelhante no contexto da figueira que seca; aí é uma montanha que deve ser lançada no mar.

    v. 7-10. Uma parábola de serviço. Jesus falou da fé e agora passa a falar de obras, inadequadas, pois o melhor que conseguirmos fazer não é nada mais do que nossa tarefa (v. comentário de 12.37). servos inúteis'. Não sugere que os servos tenham sido desleixados ou feito menos do que era sua tarefa, mas que simplesmente fizeram o que o seu senhor tinha direito de esperar deles.


    3) A última viagem para Jerusalém (17.11—19.27)
    Jesus está agora diante da última etapa da viagem: A caminho de Jerusalém, Jesus passou pela divisa entre a Samaria e Galilãa. Ao longo de toda essa extensa viagem, com que Lucas tanto se ocupa, Jerusalém, com os tenebrosos eventos que ali devem ocorrer, está sempre em vista.

    a) O ministério em Samaria e na Ga-liléia (17.11—18.14)
    (1) Dez leprosos são curados (17:11-19)
    Na entrada de uma vila, dez leprosos, a uma distância considerável em virtude da sua enfermidade, pedem que Jesus tenha misericórdia deles. Ele os envia aos sacerdotes para se certificarem da purificação que ele operou neles. Somente um, e este um sama-ritano, mostra a educação de voltar e agradecer seu benfeitor, que destaca o fato de que foi um samaritano que fez isso.
    v. 14. A cura em si não é descrita mas aceita como fato. Em 5:12-15, “Jesus estendeu a mão e tocou nele”, não temendo o contágio do contato físico, v. 16. O agradecimento do samaritano era evidência do fato para aqueles que consideravam a parábola do bom samaritano uma mera história.
    (2) A vinda repentina do reino (17:20-37)
    Alguns fariseus se aproximam do Senhor com perguntas acerca do tempo da vinda do Reino de Deus. Ele responde que, embora essa pergunta esteja na mente de muitos, a coisa importante que eles devem saber é que a vinda será inesperada, e não anunciada, e que antes da vinda o Filho do homem será rejeitado e sofrerá nas mãos dos pecadores. Nos dias de Noé e Ló, o povo vivia totalmente despreocupado, sem a menor suspeita de que o Dilúvio e a destruição estavam às portas. Será assim também na vinda do Filho do homem. O reino estará sobre as pessoas antes que se dêem conta, suas manifestações serão inconfundíveis, e sua irrupção romperá todos os tipos de relacionamentos humanos de classe ou parentesco.

    Lucas tem três grandes seções que se ocupam com as últimas coisas: (a) 12:34-59. A crise iminente, que está para irromper sobre eles; conforme Mt 24:43-40. (b) 17:20-37. A vinda não anunciada do “dia do Filho do homem”; conforme Mt 24:23-40,Mt 24:37-40. (c) 21:5-36. A parú-sia do Filho do homem, a versão de Lucas na maior parte do capítulo apocalíptico de Marcos (cap. 13). O “pequeno Apocalipse”, como Mc 13:0 (Mt 24:23). v. 24. V.comentário de Mt 24:27. v. 25. A terceira predição da Paixão (somente em Lucas), v. 26-30. V.comentário de 24:37-39. v. 31. V.comentário de Mt 24:17,Mt 24:18. v. 32. Uma advertência peculiar a Lucas, evocada pelas palavras \ninguém\ deve voltar atrás por coisa alguma (v. 31). v. 33.Mc 8:35 e Mt 16:25 trazem esse dito no contexto das advertências de Jesus após a confissão de Pedro. v. 34,35. V.comentário de Mt 24:40,Mt 24:41. v. 37. Conforme Mt 24:28. No v. 20, os fariseus perguntam “Quando?”, agora perguntam Onde?, mas Jesus se nega a satisfazer a curiosidade dos que querem estabelecer a data e outros detalhes da vinda.


    Francis Davidson

    O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
    Francis Davidson - Comentários de Lucas Capítulo 17 do versículo 11 até o 37
    c) A terceira fase da viagem (Lc 17:11).

    >Lc 17:20

    2. A VINDA DO REINO (Lc 17:20-42) -Tendo os fariseus indagado a Jesus quando viria o reino de Deus, respondeu Ele que o mesmo não viria com qualquer sinal visível; pois que, assim Ele o disse: "o reino de Deus está dentro de vós" (20-21), referindo-Se a Si mesmo e a vida que estava vivendo entre eles. Virou-Se então, para os discípulos e falou do futuro do reino. Os dias viriam quando eles ansiariam por Sua vinda e Ele os advertiu para não serem levados no caminho errado por falsos rumores, pois que seria um acontecimento visível e universal depois que Ele tivesse passado pelo sofrimento e fosse rejeitado (22-25). Gente estará vivendo sua vida comum de todo o dia quando o Filho do homem for revelado e só estarão preparados para Ele aqueles que não estiverem identificados com os interesses deste mundo, pois que então as relações terrenas serão de súbito completamente divididas (26-36). No vers. 31, Cristo descreve, em termos figurados, a atitude de indiferença para com interesses mundanos que Seus discípulos deveriam tomar, a fim de estarem prontos para a Sua volta. Para a pergunta que os discípulos fizeram (vide vers. 37), Jesus respondeu com uma afirmativa geral que significava que, onde quer que as condições fossem preenchidas, ali apareceriam os agentes de julgamento. Os abutres (37); aqueles que apareciam em bandos, o céu claro, voando sobre qualquer corpo morto que estivesse por ali.


    John MacArthur

    Comentario de John Fullerton MacArthur Jr, Novo Calvinista, com base batista conservadora
    John MacArthur - Comentários de Lucas Capítulo 17 do versículo 1 até o 37

    95. Quatro Marcas da humildade (Lucas 17:1-10)

    Ele disse aos seus discípulos: "É inevitável que tropeços vir, mas ai daquele por quem vierem! Seria melhor para ele se uma pedra de moinho ao pescoço e fosse lançado ao mar, do que ele faria com que um desses pequenos tropeçar. Tenha em seu guarda! Se teu irmão pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e volta para você sete vezes, dizendo: 'Estou arrependido', perdoá-lo. "Os apóstolos disseram ao Senhor:" Aumenta a nossa fé! "E o Senhor disse:" Se você tivésseis fé como um grão de mostarda, você poderia dizer a esta amoreira: 'Arranque e planta-te no mar'; e ela vos obedeceria. Qual de vós, tendo um servo lavrar ou cuidando de ovelhas, lhe dirá quando ele veio do campo: 'Vem imediatamente e se sentar para comer'? Mas ele não vai dizer-lhe: 'Prepare algo para eu comer, e devidamente veste-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; e depois que você pode comer e beber '? Ele não agradecer ao escravo porque ele fez as coisas que eram comandados, não é? Então você também, quando você fazer todas as coisas que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos apenas o que devíamos ter feito "(17: 1-10).

    Em um dia em que o foco está no amor de Deus, ele pode vir como uma surpresa para muitos que há coisas que Deus odeia. Por exemplo, a Sua santidade exige que Ele odeia aqueles que cometem o pecado.Davi escreveu: "Você não és um Deus que tenha prazer na injustiça; nenhum mal habita convosco. O prepotente não subsistirão diante dos teus olhos; Você odeia todos os que praticam a iniqüidade "(Sl. 5: 4-5). Esse ódio abrange especificamente maus tratos pecado dos outros, tais como através da elaboração de mal contra eles ou deitado sobre eles (Zc 8:17.), Violentamente abusar deles (Sl 11:5.).

    Deus também odeia a religião falsa. Moisés advertiu Israel não imitar a idolatria dos cananeus: "Você não deve comportar-se assim para com o Senhor, teu Deus, para cada ato abominável que o Senhor odeia fizeram eles a seus deuses" (Dt 12:31; conforme Dt 16:22). Amos 5:21-23 registra rejeição da falsa adoração a Ele de Israel de Deus:

    Odeio, desprezo as vossas festas, nem me deliciar-se com as vossas assembléias solenes. Mesmo que você tem a oferecer até Me holocaustos, ofertas de alimentos, não vou aceitá-las; e eu não vou nem olhar para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; Eu não vou nem ouvir o som de suas harpas.

    No coração de todo pecado, seja contra Deus ou outras pessoas, é o orgulho. Alguns tentam dizer Ele só odeia o pecado, não o pecador, mas o pecador é aquele punidos. Uma vez que "toda a gente que se orgulha de coração é uma abominação ao Senhor" (Pv 16:5; conforme Pv 21:4). O orgulho também se revela na arrogância espiritual. Paulo advertiu os coríntios: "O conhecimento torna arrogante, mas o amor edifica" (1Co 8:1) (Sl 10:4). Orgulho causado Uzias para tentar usurpar o papel dos sacerdotes por queimar incenso no altar do incenso no templo (2Cr 26:16) —um ato para o qual Deus o feriu com lepra (v. 19). Orgulho motivado Ezequias para mostrar os enviados da Babilônia todos os tesouros do seu reino (2Cr 32:1.). As filhas de Sião, Efraim e Samaria (Is 3:16). (Isaías 9:9-10; 28:. Is 28:1, Is 28:3), Babylon (. Is 13:19) e ao seu rei (Dan 5: 18-20 ), Moab (Is 16:6), e falsos mestres (1Tm 6..: 3-4) são outros exemplos de o orgulho que marca o mundo caído (1Jo 2:16).

    As conseqüências do orgulho são devastadoras. Orgulho contamina uma pessoa (Marcos 7:20-22), traz desonra (Pv 11:2), e provoca discórdia (. Pv 28:25). Mas mais importante ainda, o orgulho traz o juízo de Deus. Davi escreveu que "o Senhor ... recompensará plenamente o que usa de soberba", enquanto que no Salmo 94 (Sl 31:23.): 2 o salmista chamado de Deus, o "Juiz da terra", para "render recompensa para os orgulhosos." Salomão observou que "todos os que se orgulha de coração é uma abominação ao Senhor; certamente, ele não será impune "(Pv 16:5, Is 2:17). Maria, a mãe de Jesus Cristo, declarou que Deus "fez grandes feitos com o braço; Ele dispersou os que eram soberbos nos pensamentos de seu coração "(Lc 1:51). Tanto Tiago (Jc 4:6 que

    Durante os últimos meses de seu ministério, Jesus estreitou seu foco para dois grupos, direcionando seus ensinamentos a seus discípulos (10:23; 11: 1-2; 12: 1, 22; 16: 1), e aos escribas e fariseus (11: 39-54; 13 31:33-14: 1-4; 15: 2-32). Estes dois grupos foram justapostos um ao outro; os fariseus eram os falsos religiosos que forneceram um contraste com os verdadeiros discípulos. Tudo o que eles estavam, Ele queria que seus discípulos a não ser; tudo o que eles não foram, Ele queria que seus discípulos se tornem.

    Desde orgulho foi a característica que define a dos escribas e fariseus, os discípulos estavam a ser marcada pela humildade, compreensivelmente, uma ênfase na pregação evangelística do Senhor (conforme 14:11; 18:14; Mt 5:3; 22:29; Sl 10:17; 25:... Sl 25:9; Sl 37:11). Arrogância levou a ver aqueles a quem eles consideravam ser abaixo deles com desprezo (Lucas 18:9-12; Jo 7:49; Jo 9:34) e de se recusar a associar-se com eles (conforme Lc 5:30; Lc 7:34 ; 15: 1-2). O orgulho também fez com que eles se exaltar (Lc 16:15) e buscar honra de outras pessoas (Jo 5:44).

    Forte advertência do Senhor, Tenha em seu guarda! ou "Cuidado!" é a chave que abre a passagem. Ele é um dos vários avisos de perigo iminente Jesus deu. Em Mt 6:1 Ele alertou para o perigo mortal de falsos mestres, enquanto em Mt 10:17 Ele advertiu seus seguidores que eles seriam perseguidos. Em Lc 21:34 Jesus advertiu contra ser pego desprevenido no Seu retorno. Mas o Senhor especialmente alertou para o perigo representado pelos escribas e fariseus (Mt 16:6; Lc 12:1), porque eles fizeram o povo errar tanto através de seu ensino errante e seu exemplo hipócrita.

    Nesta passagem, Jesus definiu a essência da humildade sem usar a palavra. Pessoas verdadeiramente humildes são impedidos de ofender os outros, pronto a perdoar, marcados por reconhecimento de fraqueza, e caracteriza-se pela rejeição de honra.

    PESSOAS HUMILDES SÃO DE OFENDER OS OUTROS

    Ele disse aos seus discípulos: "É inevitável que tropeços vir, mas ai daquele por quem vierem! Seria melhor para ele se uma pedra de moinho ao pescoço e fosse lançado ao mar, do que ele faria com que um desses pequenos tropeçar. (17: 1-2)

    Em um, corrupto, mundo imperfeito caído é inevitável que tropeços vir . Anendektos ( inevitável ) aparece somente aqui no Novo Testamento. Trata-se de algo que é de certa forma e não pode ser de outra forma. A frase no texto grego diz literalmente negativamente: "É impossível que tropeços não vir." pedras de tropeço traduz a forma plural do substantivo skandalon , que originalmente se referia à vara isca em uma armadilha. O mundo está cheio de armadilhas, que pode seduzir os incautos em erro sobre as Escrituras, salvação e viver a vida cristã. Aqueles que defini-los fazê-lo por meio de tentação direto (. 1Ts 4:6; 1 Cor. 8: 9-13;. 13 48:5-15'>Gal. 5: 13-15), ou ao não estimular justiça (Heb. 10: 24-25). Acima de tudo, as armadilhas são definidas pelas mentiras dos falsos mestres, particularmente, neste contexto, as mentiras blasfemas que os escribas e fariseus se espalham sobre o Senhor Jesus Cristo (conforme Mt 9:34;. Mt 11:19; Mt 12:24; Lc 5:21, Jo 8:41, Jo 8:48, Jo 8:52, Jo 8:53). Através destas mentiras que atraiu as pessoas para o caminho largo que leva para o inferno (13 40:7-15'>Mt 7:13-15; Mt 23:15.).

    Mas a inevitabilidade de tropeços não atenua a culpa de quem os traga, como as palavras de Jesus ai daquele por quem vierem indicar. Tão grave questão é que seria melhor para ele se uma pedra de moinho (a pedra maciça utilizada na moagem de grãos) foram pendurados em seu pescoço e fosse lançado ao mar, do que ele iria fazer com que um destes pequeninos, a tropeçar . Os pequeninosaqui, como em Mt 18:6 registra a primeira instrução já dada especificamente para a igreja ("dize-o à igreja"). Significativamente, que a instrução foi uma advertência contra líder companheiros crentes em pecado. Neste trecho, o aviso foi direcionado principalmente para os fariseus incrédulos que, como mencionado acima, levou as pessoas a tropeçar por espalhar mentiras sobre Jesus. Mateus 18:7-9 indica que nosso Senhor tinha o mundo em mente, e ao final de tal ação era um inferno. Mas ninguém, nem mesmo um crente, que lidera outro crente em pecado é culpado diante de Deus. Tão grave questão é que Jesus advertiu que seria melhor para essa pessoa, em vez de sofrer uma das mortes mais horríveis imagináveis-de ter uma pedra de moinho ... pendurado em seu pescoço e [ser] lançados ao mar . Isso seria muito mais tolerável do que incorrer nas conseqüências de seu ato-punição mais severa no inferno para os incrédulos; castigando nesta vida e confisco de recompensa eterna para os crentes.

    Crentes humildes considerar os outros em primeiro lugar do amor altruísta e boa vontade. Eles apaixonAdãoente perseguir a verdade da Palavra de Deus a fim de que eles podem não oferecer ensino falso que iria colocar um obstáculo ou empecilho na vida espiritual de alguém. Pela mesma razão, eles vivem uma vida religiosa, dando um exemplo para os outros seguirem. Eles também não abusem da sua liberdade em Cristo, de modo a não causar crentes mais fracos para ser ofendido (Rom 14;. 1 Cor. 8).

    PESSOAS HUMILDES ESTÁ DISPOSTA A PERDOAR

    Tenha em seu guarda! Se teu irmão pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes por dia e retorna a você sete vezes, dizendo: 'Estou arrependido', perdoe-lhe "(17: 3-4).

    A posição forte contra o pecado estabelecido no ponto anterior deve ser equilibrada por uma atitude gentil, perdão para com os pecadores. Crentes humildes não ofender, mas também não se ofender. Eles não pecar contra os outros, mas eles também não guardar rancor quando os outros pecar contra eles (conforme Lc 11:4 dá o processo para a aplicação do princípio estabelecido aqui:

    Se teu irmão pecar, vai, e repreende-o em privado; Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Mas se ele não ouvi-lo, tomar um ou dois com você, para que pela boca de duas ou três testemunhas cada fato pode ser confirmado. Se ele se recusar a ouvi-los, dize-o à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano.

    O objetivo desse processo de quatro etapas é enfrentar e restaurar o pecador, de modo a proteger a pureza da igreja. O primeiro passo é se opor o comportamento do irmão pecador em privado. Se ele se recusar a se arrepender, a segunda etapa envolve a confrontá-lo novamente com nada menos do que duas testemunhas presentes para confirmar sua resposta. Se ele novamente se recusa a se arrepender, o terceiro passo é informar a igreja, de modo que toda a irmandade pode confrontá-lo e chamá-lo carinhosamente ao arrependimento. O passo final para um endurecido, pecador impenitente é colocá-lo para fora da igreja; tratá-lo como um dos párias da sociedade judaica, um "gentio e publicano" (conforme 1 Cor 5: 1-13; 13 1:47-13:2'>213 1:47-13:2'> Cor. 13 1:2; 2 Ts 3:.. 14-15; Tito 3:10-11) ou um incrédulo, que ele pode muito bem ser.

    Aqui surge a questão de saber se o perdão deve ser suspensa até que a pessoa se arrepende. Há alguns pecados para que o perdão é completamente incondicional. Em Gl 6:1). Não há menção de buscar o ofensor; o perdão é imediata e, em seguida, a oração pode continuar. Para esses não planejadas, lapsos não intencionais no pecado o princípio de que "o amor cobre uma multidão de pecados" (1Pe 4:8.), Porque "não leva em conta um errado sofreu" (1 Cor . 13: 5), se aplica.

    Mas existem alguns pecados que devem ser perdoados apenas se o pecador se arrepende . Estes são intencional e premeditado, pecados habituais, pecados que se tornaram o padrão e direção da vida do pecador. Estes são os pecados que exigem a disciplina da igreja estabelecida em Mateus 18. No entanto, mesmo esses pecados, quando há arrependimento genuíno, devem ser plena e livremente perdoado. Seuma pessoa pecar contra ti sete vezes por dia ", disse Jesus, "e volta para você sete vezes, dizendo: 'Estou arrependido', perdoa-lhe." Em Mt 18:21 Pedro perguntou-Lhe: "Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? ? Até sete vezes ", pensou Pedro estava sendo magnânimo, uma vez que os rabinos, interpretando mal passagens como Am 1:3, Am 1:9, Am 1:11, Am 1:13, Am 1:2: 1, Am 1:4, Am 1:6, ensinou que Deus perdoou apenas um máximo de três vezes. Jesus respondeu: "Eu não digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete" (v. 22). O ponto é que, assim como Deus livremente e completamente perdoa crentes arrependidos, assim também deve eles totalmente perdoar uns aos outros.

    A Bíblia revela pelo menos dez razões perdão é importante. Primeiro, o perdão é o ato mais semelhante a Deus uma pessoa pode fazer. No Sermão do Monte, Jesus disse: "Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; pois Ele faz com que o seu sol se levante sobre maus e bons, e faz chover sobre os justos e injustos "(Mt 5:44-45.). Amar os inimigos, o que exige perdoá-los, torna crentes como seu Pai no céu, que derrama as bênçãos da graça comum sobre aqueles que não amam. Assim como o Deus que perdoa (conforme Ex 34:6-7; Sl 32:1; Is 43:25; 55: 6-7.; Jer. 31: 33-34.; Mic 7: 18-19) perdoou, assim também são os crentes a imitá-lo (Ef 5:1;. Conforme Cl 3:13).

    Em segundo lugar, não se trata apenas de assassinato que é proibido pelo sexto mandamento, mas também ira, da cólera, da malícia, vingança e falta de perdão. Jesus explicou o verdadeiro significado do sexto mandamento no Sermão da Montanha:

    Você já ouviu falar que os antigos disseram: "Você não matarás" e "Quem comete homicídio será responsável perante o tribunal." Mas eu vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão será réu perante o tribunal; e quem disser a seu irmão: "Você bom-para-nada", será culpado perante o tribunal supremo; e todo aquele que diz: "Você se engana," será culpado o suficiente para ir para o inferno de fogo. (Mateus 5:21-22.)

    Em 1Jo 3:15, o apóstolo João escreveu: "Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanente em si. "

    Em terceiro lugar, os cristãos precisam se lembrar que quem ofende tenha ofendido a Deus mais. Todo pecado é, em última instância contra ele, como o Salmo 51, saindo do pecado horrível de Davi de adultério e assassinato, deixa claro. No plano humano, pecado de Davi afetou muitas pessoas. Isso afetou Bathsheba, seu marido Urias, que Davi tinha matado (2Sm 12:9). Toda a nação de Israel sofreu com a guerra civil que resultou da rebelião de Absalão contra Davi. No entanto, em sua confissão angustiada de seu pecado e culpa, Davi clamou a Deus: "Contra ti, contra ti somente, pequei e fiz o que é mal à tua vista" (Sl 51:4).

    Em quinto lugar, aqueles que não conseguem perdoar não vai aproveitar o amor de outros cristãos. Quando o homem se recusou a perdoar a quem lhe devia dinheiro ", seus companheiros escravos ... estavam muito tristes e veio e relatou ao seu senhor tudo o que tinha acontecido" (Mt 18:31). Ele foi cortado da comunhão com eles.

    Em sexto lugar, falhando a perdoar resulta em castigo divino. Enfurecido que aquele cuja enorme dívida que ele tinha perdoado se recusou a perdoar seu companheiro escravo "seu senhor, mudou-se com raiva, entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia" (Mt 18:34). Dirigindo para casa este ponto Jesus advertiu: "Meu Pai celeste também vai fazer o mesmo com você, se cada um de vós não perdoar a seu irmão do seu coração" (v. 35).

    Um sétimo princípio decorre do que a verdade; ou seja, aqueles que não conseguem perdoar os outros não lhe será perdoado. Jesus deixou isso bem claro em seus ensinamentos sobre a oração no Sermão da Montanha: "Porque, se perdoardes aos homens as suas transgressões, para, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós", ele disse à sua audiência. Mas Ele passou a avisar: "Se você não perdoar os outros, então o vosso Pai não perdoará as vossas ofensas" (Mateus 6:14-15.).

    O Senhor não estava falando dos crentes eterno perdão tem através da justificação, mas sim do perdão temporal ou parental que é uma parte da santificação. Aqueles que são amargos, guardar rancores, e reter o perdão receberá castigo de Deus. O vazio, depressão, apatia e falta de seguro directo e de alegria muitos cristãos experiência é muitas vezes devido a bênção retido como resultado da correção, um coração sem perdão.

    Em oitavo lugar, falhando a perdoar torna a pessoa incapaz para o culto. Em Mateus 5:23-24 Jesus disse: "Se você está apresentando a sua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a sua oferta ali diante do altar e vai; primeiro reconciliar-se com o seu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta. "Quando um crente está ciente de um conflito ou uma falta de perdão em relação a outra pessoa, a situação precisa ser resolvida antes de vir para adorar a Deus. O pecado de deixar de conciliar opõe adoração, que Deus não aceitará se os crentes abrigar pecado em seus corações (Sl 66:18; Pv 15:8). Ao se recusar a perdoar, aqueles que não estão qualificados para retaliar contra o pecado usurpar o direito de Deus para fazê-lo. Só Ele tem um perfeito entendimento dos crimes contra os crentes, tem autoridade máxima, é imparcial, sábio, bom e sempre age em perfeita santidade. E, como foi observado em três pontos acima, Deus é o mais ofendido por pecados contra os crentes.

    Por fim, os delitos contra os crentes são as provações que o perfeito. Tiago escreveu: "Considerai tudo com alegria, meus irmãos, quando se deparar com várias provações, sabendo que a provação da vossa fé produz perseverança. Ea perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma "(Tiago 1:2-4). Visualizando as ofensas dos outros como forma de aperfeiçoar os crentes de Deus coloca esses delitos sob uma luz diferente, e permite-lhes seguir o exemplo de Cristo, "que não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; e ao mesmo tempo sendo injuriado, não revidava; enquanto que sofrem, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente "(I Pedro 2:22-23). (I discutir a importância do perdão em detalhes no meu livro a liberdade eo poder do Perdão [Wheaton, Ill .: Crossway, 1998].)

    PESSOAS HUMILDES SÃO MARCADAS POR RECONHECIMENTO DE FRAQUEZA

    Disseram então os apóstolos ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!" E o Senhor disse: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, você poderia dizer a esta amoreira: 'Arranque e planta-te no mar'; e ela vos obedeceria. (17: 5-6)

    A desconexão aparente entre os versos 5:10 e os quatro primeiros versos desta seção tem levado alguns a exibir versículos 5:10 amostragens como desconexos de ensino do Senhor dadas em outras ocasiões.Mas não há nada neste contexto para sugerir que todos os dez versos não são parte de um discurso ligado. Como a passagem se desenrola, as conexões entre as suas secções se tornará claro.
    Os apóstolos eram os doze selecionados pelo Senhor em Lucas 6:12-16. Eles estiveram ausentes da narrativa de Lucas desde a ser enviados a pregar em 9: 1-10 (para além de uma alusão a eles em 11:49).Esses foram os homens que tiveram o privilégio extraordinário de ser chamado pessoalmente e soberanamente pelo Senhor Jesus Cristo para serem seus representantes pessoais. Eles se tornaram testemunhas oculares da ressurreição, e a base sobre a qual a igreja foi construída (Ef 2:20), bem como os autores inspirados pelo Espírito de a maior parte do Novo Testamento. (Para mais informações sobre os apóstolos, ver Lucas 6:10 , A Commentary MacArthur Novo Testamento [Chicago: Moody, 2011], caps 2-8, e. doze homens comuns . [Nashville: W Publishing Grupo, 2002])

    Mas, apesar de seus privilégios sem paralelo, os apóstolos provou ser demasiado humano. Eles observaram em primeira mão os inúmeros milagres realizados por Jesus, ouviram seus ensinamentos, e foram discipulado por Ele. No entanto, eles lutaram com a falta de fé, para que Jesus repreendeu-os repetidamente (Mt 8:26; Mt 14:31; 16:. Mt 16:8; Mt 17:20). Mesmo agora, não muito tempo antes da cruz, a sua resposta para o ensinamento do Senhor em humildade e perdão foi dizer-lhe: "Aumenta a nossa fé!" Isso, no entanto, foi uma admissão humilde, honesto de fraqueza da sua parte. O verbo grego traduzido aumentosignifica "para adicionar a", "suplemento", "desenvolver", ou "crescer". Eles não estavam negando que eles possuíam fé, mas duvidava que era suficientemente forte. O que Jesus exigiu neste contexto que lhes parecia ser um padrão impossível de viver até. Era completamente ao contrário do que eles tinham sido ensinados pelos líderes religiosos.

    Como os apóstolos, pessoas humildes são rápidos em reconhecer a sua própria incapacidade. "Quem é suficiente para estas coisas", perguntou o apóstolo Paulo retoricamente (2Co 2:16; conforme 2Co 3:5), o que lhe poderes para "trabalho, combatendo segundo a sua energia, o que poderosamente trabalhar [ed] dentro [ele] "(Cl 1:29; conforme 1 Cor 2: 1-5; 1Co 15:10.).

    Jesus afirmou a validade de sua pergunta e respondeu por meio de uma analogia que na verdade eles tinha necessidade de uma fé crescente: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, você poderia dizer a esta amoreira: 'Arranque e planta-te no mar '; e ela vos obedeceria. " Como observado na discussão de Lc 13:19 no capítulo 17 deste volume, a semente de mostarda , foi o menor semente com que o povo de Israel teria sido familiar. Analogia de Jesus exige uma fé que cresce como uma pequena semente de mostarda faz em um grande arbusto (plantas da mostarda pode chegar a 15 pés de altura).

    Aqueles que possuem tal fé pode fazer coisas incríveis, que o Senhor retratado usando outra analogia. Se os apóstolos tinham esse tipo de fé, Ele lhes disse, eles diriam a esta amoreira: 'Seja arrancadas e planta-te no mar'; e ela vos obedeceria [eles]. "As amoreiras tem um extenso sistema de raiz, de modo que o desenraizamento seria uma coisa importante para fazer. Mas Jesus não estava falando de, literalmente, mover uma árvore; Ele estava falando metaforicamente. O ponto é que aqueles que confiam nEle receberão poder sobrenatural para fazer o que eles não poderiam fazer em sua própria força humana (conforme Mt 17:20; Mc 11:23; Jo 14:1).

    Pessoas humildes são pessoas poderosas porque eles entendem sua fraqueza e depender completamente de "àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, segundo o poder que opera em nós" (Ef 3:20).

    PESSOAS HUMILDES SÃO CARACTERIZADOS PELA REJEIÇÃO DA HONRA

    Qual de vós, tendo um servo lavrar ou cuidando de ovelhas, lhe dirá quando ele veio do campo: 'Vem imediatamente e se sentar para comer'? Mas ele não vai dizer-lhe: 'Prepare algo para eu comer, e devidamente veste-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; e depois que você pode comer e beber '? Ele não agradecer ao escravo porque ele fez as coisas que eram comandados, não é? Então você também, quando você fazer todas as coisas que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos apenas o que devíamos ter feito "(17: 7-10).

    Embora alguns não conseguem ver a ligação, esta parábola conclusão está em sintonia com o tema geral desta seção. Os escribas e fariseus eram obcecados com sendo homenageado. Em Mateus 23:5-7 Jesus disse-lhes: "Eles fazem todas as suas obras para ser notada pelos homens; para eles alargar os seus filactérios e alongam as borlas das suas vestes. Eles amam o lugar de honra nos banquetes e os primeiros assentos nas sinagogas, e respeitosas saudações nas praças, e de ser chamados Rabi pelos homens "(conforme Lucas 20:46-47).

    Essa atitude não é caracterizar os verdadeiros seguidores de Jesus Cristo. Existe o perigo de que, como eles reconhecem sua fraqueza, a confiança no poder de Deus, e são usados ​​por Ele que se tornam arrogantes e orgulhoso. Para que não se esqueça de que tudo o que têm e fazem é somente pela graça de Deus, Jesus contou esta parábola como uma advertência contra o orgulho espiritual.

    Doulos ( escravo ) se refere a uma pessoa ligada a um proprietário. Essa era uma maneira comum em que o emprego foi tratado, e pode ser muito benéfico quando o mestre tratada seu escravo de forma justa e humanamente. O Novo Testamento freqüentemente descreve os cristãos como escravos de Deus e do Senhor Jesus Cristo (por exemplo, At 4:29; Rm 1:1; Cl 1:1; 7; 04:12.. ; 1Pe 2:16; Ap 1:1). Mesmo que, no entanto, será o resultado da Sua graça. Nunca, nem neste mundo nem no céu, há de crentes merecer qualquer coisa que Deus generosamente lhes dá.

    A mensagem de ensino de nosso Senhor nesta secção podem ser resumidas em sua declaração: "Pois todo o que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado" (14:11; conforme 01:52; 18:14 ; Jc 4:10; 1Pe 5:61Pe 5:6)

    Enquanto estava a caminho de Jerusalém, Ele estava passando entre Samaria e da Galiléia. Ao entrar numa aldeia, dez homens leprosos que estavam a uma distância encontro; e levantaram a voz, dizendo: "Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós!" Quando Ele os viu, disse-lhes: "Ide e mostrai-vos aos sacerdotes." E, como eles iam, ficaram limpos. Agora um deles, quando viu que ele havia sido curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz, e ele caiu com o rosto em seus pés, dando graças a Ele. E ele era um samaritano. Então Jesus respondeu, e disse: "Não foram dez os limpos? Mas a nove, onde estão eles? Não se achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro "E disse-lhe:" Levante-se e ir?;a tua fé te salvou "(17: 11-19).

    Cura milagrosa foi uma realidade constante no ministério de nosso Senhor. Mt 4:23 diz que "Jesus ia por toda a Galiléia ... curando todo tipo de doença e todos os tipos de enfermidades entre o povo." À medida que "a notícia sobre Ele se espalhou por toda a Síria e trouxeram-lhe todos os enfermos ... Ele curava "(v. 24). Na casa de Pedro em Cafarnaum ", trouxeram-lhe muitos que estavam possuídos pelo demônio; e Ele expulsou os espíritos com uma palavra e curou todos os que estavam doentes "(Mt 8:16). Mt 9:35 registra que: "Jesus estava passando por todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todo tipo de doença e de todo tipo de doença." Antes de alimentar os cinco mil, Jesus " viu uma grande multidão e compadeceu-se deles e curou os seus enfermos "(Mt 14:14). Da mesma forma, antes da alimentação dos quatro mil ", grandes multidões aproximaram-se dele, trazendo consigo aqueles que eram coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros, e eles depositavam aos Seus pés; e ele os curou "(Mt 15:30). A leste do rio Jordão ", grandes multidões o seguiam, e curou-as ali" (Mt 19:2;. Conforme 12:15; Lc 5:15).

    Os milagres do Senhor divina realizada, por que nunca houve uma explicação humana, desde provas irrefutáveis ​​de sua divindade e, portanto, o testemunho convincente da verdade da fé cristã. Eles são uma prova de seu poder sobrenatural apoiar sua afirmação de ser o próprio Deus (Jo 5:36; Jo 10:25, 37-38; Jo 14:11). A cura surpreendente gravado aqui no evangelho de Lucas é um dos inúmeros milagres de cura realizados por Jesus como Ele banido doença e doença de Israel durante Seu ministério terreno. Ela ocorreu durante sua última viagem a Jerusalém, que Lucas foi narrando desde o versículo 51 do capítulo 9. Esta cura é a quarta de cinco milagres selecionados e gravados a partir dessa jornada Lucas se inspirou para contar (conforme 11:14; 13 10:13-14: 1-4; 18: 35-43). Os primeiros três indivíduos envolvidos, enquanto a final envolveu duas pessoas (embora Lucas menciona apenas um deles). Este milagre ultrapassa de longe os outros quatro em extensão. É uma demonstração do poder divino que é inconfundível e inegável-a cura simultânea de dez homens que sofrem com a lepra, a doença mais temida da época.

    Em um volume anterior desta série, eu escrevi a seguinte descrição da hanseníase:
    Como suas contrapartes antigo testamento lepras (lepra) é um termo geral para uma série de doenças da pele. O mais grave deles foi a doença de Hansen, que é a lepra, como é conhecido hoje ...

    A lepra ou doença de Hansen, é conhecido de escritos antigos (c. 600 aC) a partir de China, Índia e Egito, e de restos mumificados do Egito. Era comum o suficiente em Israel para justificar a ampla regulamentação na lei mosaica daqueles que sofrem com isso e doenças de pele relacionadas (13 1:14-1'>Lev. 13-14). A doença é causada pela bactéria Mycobacterium leprae , descoberto pelo cientista norueguês GHA Hansen em 1873 (que foi a primeira bactéria ser identificado como a causa de uma doença humana). A bactéria foi transmissíveis através do toque e respiração.

    Ataques Hanseníase da pele, nervos periféricos (especialmente perto do punhos, cotovelos e joelhos), e membrana mucosa. Ele forma lesões na pele, e pode desfigurar o rosto pelo colapso do nariz e causando dobrável da pele (levando alguns a chamam de "doença de leão", devido ao aparecimento de leão resultante da face). Ao contrário da crença popular, a hanseníase não comer fora a carne. Devido à perda de sensibilidade (especialmente nas mãos e pés), as pessoas com a doença desgastar suas extremidades e enfrenta inconscientemente. A desfiguração horrível causada pela hanseníase tornou muito temido, e causou leprosos ser párias, corte de toda a sociedade saudável, para a proteção. ( Lucas 1:5 , A Commentary MacArthur Novo Testamento [Chicago: Moody, 2009], 313)

    Somando-se o sofrimento físico das pessoas atingidas pela lepra era o estigma social atendente. Não foram só os leprosos cortado da família, dos amigos, e banido do resto da sociedade, a sua condição também foi considerado o julgamento divino por seus pecados (como foi no caso de Geazi [II Reis 5:25-27] e . Uzias [. II Crônicas 26:16-23] Isso foi consistente com a crença judaica tradicional que o sofrimento era o julgamento de Deus por causa do pecado [conforme Job 4:7-9; João 9:1-3]).

    Embora ele descreve um evento real dessa história, como uma parábola, é rico com a verdade espiritual. É uma demonstração impressionante da bondade divina, ternura, compaixão e misericórdia, bem como o poder divino de Cristo para curar muitas doenças incuráveis ​​e restaurá-los para a saúde integral. É também uma história de gratidão, adoração e salvação, e, ao mesmo tempo, um conto de ingratidão chocante. É a história não só de dez leprosos que foram curados fisicamente, mas também de um homem que foi curado espiritualmente e eternamente

    O TEN QUE FORAM CURADOS

    Enquanto estava a caminho de Jerusalém, Ele estava passando entre Samaria e da Galiléia. Ao entrar numa aldeia, dez homens leprosos que estavam a uma distância encontro; e levantaram a voz, dizendo: "Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós!" Quando Ele os viu, disse-lhes: "Ide e mostrai-vos aos sacerdotes." E, como eles iam, ficaram limpos. (17: 11-14)

    Como mencionado acima, este incidente ocorreu enquanto Jesus estava a caminho de Jerusalém . Antes de chegar lá pela última vez no início da Semana da Paixão, o Senhor fez três breves visitas à cidade e seus arredores. Ele foi lá para a Festa dos Tabernáculos (Jo 7:8), localizado na região descrita aqui como entre Samaria e da Galiléia , onde este incidente provavelmente ocorreu.

    Quando Jesus entrou o sem nome aldeia , ele foi confrontado com uma cena muito comum: dez homens leprosos que estavam a uma distância O encontrou . Ao contrário, o leproso em Lucas 5:12-13, que chegou perto o suficiente para Jesus que Ele podia tocá-lo, estes homens mantiveram distância como a lei exige (conforme 13 45:3-13:46'>Lev. 13 45:46; Números 5:2-3. ; 2Rs 7:32Rs 7:3), ou para interagir com ninguém, exceto outros leprosos. Tão grande era o medo de contágio que leprosos foram impedidos de Jerusalém ou em qualquer outra cidade murada (conforme 2Rs 7:3). No ensino rabínico, a lepra era apenas a segunda em contato com um cadáver em termos de contaminação. "Não é apenas o contato real com o leproso, mas mesmo sua entrada contaminaram uma habitação, e tudo na mesma, com as vigas do telhado .... Se ele mesmo colocar a cabeça no lugar, tornou-se imundo "(Edersheim, 1: 494, 95).. ( Lucas 1:5, 314)

    Este era um grupo patético, só de párias, fazer durar a existência de sobrevivência à margem da sociedade.
    Ao vê-lo se aproximando, "! Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós", eles levantaram suas vozes, dizendo: Epistatēs ( Mestre ) aparece no Novo Testamento apenas no evangelho de Lucas, sempre em referência a Jesus (conforme 5: 5; 8: 24, 45; 09:33, 49). Esta é a única ocasião em que o termo foi usado por alguém que não os seus discípulos. Epistatēs denota alguém que possui autoridade notável ou poder.Utilização dos leprosos dele para resolver Jesus indica que eles tinham conhecimento de Sua capacidade milagrosa para curar, o que foi amplamente conhecido de seu ministério na Galiléia e Samaria. O seu fundamento, tende piedade de nós , era uma expressão comum usada por pessoas que pediram Jesus em piedade e compaixão para curá-los (09:27 por exemplo, Matt 15:22-17:15; 20: 30-31.; Marcos 10:47-48). Sua doença era incurável; sua situação sem esperança; suas vidas miseráveis. Jesus ofereceu a sua única chance de libertação. Reunindo o que a fé esperançosa que tinham, esses dez homens desesperados implorou o Curador para curá-los.

    Seus gritos lamentáveis ​​atraiu a atenção do Senhor. Ao contrário, o leproso que Ele curou mais cedo no evangelho de Lucas, Jesus não colocar as mãos em todos eles (conforme 5:13). Ele não tinha relutância em se aproximar e tocar leprosos, mas nesta ocasião, quando Ele os viu , Ele não curá-los imediatamente, mas ele disse-lhes: "Ide e mostrai-vos aos sacerdotes" para que pudessem ser examinados e ser declarado limpo (conforme 5:14). Alguns podem se perguntar por que Jesus não disse: "Seja curado" naquele momento. Sem dúvida, em parte Ele estava testando a sua fé em sua capacidade de curar-los em seu tempo. Seu comando seria uma afirmação da validade da lei de Deus (conforme Mt 5:17-19.). Obedecendo, estes homens foram demonstrando fé e cumprindo sua obrigação, enquanto a lei exigia. Os sacerdotes que receberiam os ex-leprosos funcionava como os inspetores de saúde locais, e não havia um processo elaborado, com duração de oito dias e envolvendo diversos exames, sacrifícios e rituais, para determinar se uma pessoa estava livre da lepra (Lev 14.: 1-32).

    No tipo de eufemismo impressionante que descreve a maioria dos milagres de Cristo, Lucas meramente observa que como eles estavam indo para mostrar-se aos sacerdotes como Ele havia ordenado, os dez homens ficaram limpos . Não houve, palavras espetaculares dramáticas, efeitos especiais, ou histrionismo, apenas uma limpeza completa, instantânea de todos os traços da doença que tinha infectado e desfigurado seus corpos.

    Ironicamente, os próprios sacerdotes que veementemente rejeitadas Jesus teria que validar o fato inegável de que os leprosos foram curados. Eles seriam obrigados a confirmar seu poder sobrenatural e a estrita observância da lei, e, assim, tornar-se testemunhas relutantes em sua divindade. E durante os oito dias que a sua cura estava sendo validados, os próprios homens seriam testemunhas vivas para a divindade de Cristo.

    AQUELE QUE FOI SALVO

    Agora um deles, quando viu que ele havia sido curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz, e ele caiu com o rosto em seus pés, dando graças a Ele. E ele era um samaritano. Então Jesus respondeu, e disse: "Não foram dez os limpos? Mas a nove, onde estão eles? Não se achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro "E disse-lhe:" Levante-se e ir?; a tua fé te salvou "(17: 15-19).

    Até este ponto, os dez homens tinham agido em uníssono. Todos tinham implorou por Jesus para curá-los; todos tinham obedecido Seu comando e começou em seu caminho para os sacerdotes; tudo tinha sido curado. Nesse ponto, a uniformidade foi quebrado quando um deles , certamente cheio de alegria, espanto, admiração e , quando viu que ele havia sido curado, voltou em direção a Jesus. Todos eles foram muito feliz com a perspectiva de voltar a uma vida normal com a família e amigos, mas só que este alma agarrou as profundas implicações que tinha acontecido com ele. Reconhecendo que ele tinha estado na presença de Deus encarnado, ele queria mais do que uma simples cura física; seu coração ansiava pela salvação do Healer divina. Os judeus sabiam que o Antigo Testamento ensinou que Deus era primariamente um Redentor e Salvador (19:25; Sl 19:14; Is 41:14; 43:.. Is 43:3, Is 43:11, Is 43:14; Is 45:15, Is 45:21; Is 49:26). Ele entendeu a realidade de sua alienação pecaminosa e necessidade de perdão e reconciliação com Deus.

    Este homem fez três coisas que revelam o desejo do seu coração para que a reconciliação. Em primeiro lugar, incapaz de conter sua oração de louvor, ele começou glorificando a Deus em alta voz . Lucas usou a frase voz para transmitir a idéia de forte emoção, como a que está apresentada por Elisabete (01:42), os seguidores de Jesus na entrada triunfal (Lc 19:37), e até mesmo demônios quando foram confrontados pela Filho de Deus (04:33; 08:28). Esta pode ter sido a primeira vez em anos que ele foi capaz de falar acima de um sussurro rouco, pois a hanseníase, por vezes, afetou a laringe.

    Em segundo lugar, ele caiu com o rosto em Jesus pés em adoração. Essa foi uma afirmação da divindade de Cristo, desde o Antigo Testamento ensinou que só Deus deve ser adorado (Ex. 20: 3-5; Ex 34:14; Dt. 5: 7-9).

    Por fim, ele deu graças a Jesus. Os outros nove destina, sem dúvida, para adorar a Deus no templo. Este homem, porém, não adorá-Lo através de ritual religioso em um templo do qual Deus havia muito tempo já retirado Sua glória. Em vez disso, reconhecendo a manifestação do poder divino e graça que tinha presenciado, ele adorava a Deus em Cristo, o verdadeiro templo; Aquele em quem "toda a plenitude da Divindade habita em forma corpórea" (Cl 2:9, 41-42), mas também a primeira pessoa a quem Jesus revelou que Ele era o Messias era uma mulher samaritana (João 4:25-26).

    O Senhor, então, perguntou três perguntas retóricas que destacam a ingratidão e indiferença dos nove. A forma grega da primeira questão, "Não foram dez os limpos?" espera uma resposta afirmativa, uma vez que havia dez leprosos e todos tinham sido limpos. Jesus estava na verdade dizendo: "Não foram dez os limpos, não estavam lá?" Mas apenas um voltou para dar louvor, adoração, e graças a Jesus, o que levou sua segunda pergunta retórica, "Mas a nove, onde estão eles? " Nenhuma resposta é dada, mas, presumivelmente, eles corriam em seu caminho para os sacerdotes para iniciar o procedimento para ser declarado limpo. A palavra traduzida em que está no final da frase no texto grego para dar ênfase, fazendo literalmente a pergunta dizia: "Mas a nove anos, eles estão onde?" Eles também deveria ter estado lá com gratidão adorando Jesus, mas de ter tomado o que eram dada por Ele, não sentiam compulsão para permanecer. Desde o seu interesse por ele era apenas egoísta e superficial, que não tinha desejo de adorar ou mesmo dar-lhe graças.

    Infelizmente, que refletia a atitude predominante em direção a Jesus em todo o seu ministério. Confiando em sua linhagem de Abraão, o povo judeu acreditava que eles estavam, assim, direito a bênção de Deus. Eles não tinham nenhum verdadeiro sentido do pecado, remorso, ou o desespero em face do julgamento e do inferno. Eles eram justos em si mesmos e, portanto, não à procura de um salvador do pecado. Um militar político e Messias era sua expectativa; alguém que poderosamente livrá-los de seus inimigos, dar-lhes tudo o que precisava, e curar todas as suas doenças (conforme João 6:14-15, Jo 6:26).

    Ao contrário dos de coração duro, impenitentes, auto-satisfeito nove homens, o homem arrependido sabia que ele precisava de um Salvador. Ele reconheceu que ele tinha vindo face-a-face com Deus e sua alma foi traumatizada por uma enorme sensação de sua pecaminosidade. Pedro tinha a mesma reação após Jesus demonstrou a Sua divindade, fornecendo uma pesca milagrosa. "Quando Simão Pedro viu isso, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo:" Vá para longe de mim Senhor, porque sou um homem pecador, Senhor! '"(Lc 5:8; Mt 10:22; Mt 19:25; Mt 24:13; Lc 7:50; Lc 8:12; Lc 13:23; Lc 19:10; Jo 3:17; Jo 12:47, At 2:47; At 4:12; 16: 30-31; Rm 5:9-10; Rm 10:9; 1Co 1:181Co 1:18; 2Co 2:152Co 2:15; Ef 2:8; 2Tm 1:92Tm 1:9; Jc 1:21). Este homem sozinho para fora dos dez que foram milagrosamente curado recebeu o segundo milagre da salvação do pecado. Sua confiança, gratidão, humildade, compromisso, amor, louvor e adoração marcar a sua fé em Jesus como a fé que salva.

    Mas este incidente não é apenas a história de dez indivíduos. Aquele que foi resgatado e os nove que não eram representativas da atitude geral para com Jesus. Os nove representar Israel incrédulo, que tinha apenas um interesse superficial em Jesus. As pessoas queriam que eles poderiam obter Dele-curas, comida, libertação dos demônios, de resgate da opressão do Roman regra, mas recusou-se a reconhecê-Lo como Deus e adorá-Lo.

    Por outro lado o homem penitente retrata o remanescente crente entre os judeus e todos os pecadores arrependidos não-judeus que entrarão no reino de Deus (Mateus 21:31-32.). Ambos os grupos se o benefício do poder de Jesus e se deleitou com a maravilha de seu ensino e milagres. Mas a maioria estavam contentes com os benefícios temporais superficiais, eles poderiam conseguir dele. Apenas alguns, se humilharam o glorificaram como Deus, O adoraram, e desejar que Ele transforme os seus corações.

    Todas as pessoas enfrentam as mesmas duas escolhas. Eles podem se contentar com a experimentar a graça comum de Deus, que "faz com que o seu sol se levante sobre maus e bons, e faz chover sobre os justos e injustos" (Mt 5:45). Ou eles podem abraçar Jesus Cristo como Mestre e Salvador e chorar de arrependimento: "Deus, sê propício a mim, pecador!" (Lc 18:13). Apenas este último será justificado (v. 14) e entrar no reino eterno de Deus.

    97. O Reino invisível de Deus (Lucas 17:20-21)

    Agora, tendo sido questionado pelos fariseus sobre quando o reino de Deus estava por vir, Ele respondeu-lhes e disse: "O reino de Deus não vem com sinais a serem observados; nem eles vão dizer: 'Olha, aqui está!' ou, "Não é!" Pois eis que o reino de Deus está no meio de ti "(17: 20-21).

    A experiência de um reino é estranho para a maioria dos americanos. Os Estados Unidos nasceu em uma revolução contra o governo do monarca britânico George III, e nunca teve um rei ou governante absoluto em sua história. Embora monarquia era a forma mais comum de governo durante séculos, poucos países estão agora governado por um rei e aqueles com absoluta, desmarcado poder, privilégio e autoridade são regularmente deposto. Nos países que ainda reconhecem monarcas eles fornecem alguma influência cultural e realizar apenas deveres cerimoniais, apesar de terem pouco ou nenhum poder real.

    Mas é precisamente essa regra e autoridade unilateral que a sociedade despreza que Deus reivindica para si mesmo. Ele é o Rei absoluto (Sl 24:8-10; Sl 47:2.) Que governa Seu reino (Sl 45:1; Mt 6:33) com sola de supremacia, a soberania absoluta, e o, livre exercício irrestrito da Sua vontade. O apóstolo Paulo fechou o décimo primeiro capítulo de Romanos com uma bênção que exalta a soberania absoluta de Deus:

    Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis ​​são os seus juízos e inescrutáveis ​​os seus caminhos! Para quem conheceu a mente do Senhor, ou quem se tornou seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele que ele pode ser pago de volta com ele novamente? Porque dele, e por meio dele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre.Amém. (Rom. 11: 33-36)

    Isaías fez uma série de perguntas retóricas que formam uma contrapartida Antigo Testamento para doxologia de Paulo:

    Quem mediu as águas na concha da mão, e marcou off céus por a extensão, e calculado o pó da terra pela medida, e pesou os montes em um equilíbrio e as colinas em uma balança? Quem guiou o Espírito do Senhor, ou como seu conselheiro informou Ele? Com quem Ele consultar e que lhe deu a compreensão? E quem lhe ensinasse o caminho da justiça e ensinou conhecimento Dele e informou-o do caminho do entendimento? (Is. 40: 12-14)

    Deus tem sabedoria e do conhecimento supremo, e faz julgamentos com base em informações desconhecidas para o homem. Ninguém Lhe dá conselho, nem ele é obrigado a ninguém. Com base em sua perfeita conhecimento, sabedoria, poder e vontade, Deus faz exatamente o que Ele quer, quando ele quer, com quem Ele quer, e com o propósito que Ele quer.

    Job entendido que a verdade. Em 42:2 o salmista declarou que "o conselho do Senhor permanece para sempre, o planos do seu coração de geração em geração. ", escreveu Isaías:" Porque o Senhor dos Exércitos tem planejado, e que pode frustrá-lo? E quanto a sua mão estendida, que pode transformá-lo de volta? "(Is 14:27). Mais tarde, na profecia de Isaías Deus declarou:

    Lembre-se disso, e ter a certeza; lembrar que a mente, você transgressores. Lembre-se das coisas passadas passado muito tempo, porque eu sou Deus, e não há outro; Eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim, que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que não foram feitas, dizendo: "Meu objetivo será estabelecido, e farei toda a minha vontade." (Is 46:8-10.)

    Em uma doxologia registrado em 13 29:13'>I Crônicas 29:10-13,

    Davi disse: "Bendito és Tu, ó Senhor, Deus de Israel, nosso pai, para todo o sempre. Teu, ó Senhor, é a grandeza, o poder, a glória, a vitória ea majestade, na verdade tudo o que está nos céus e na terra; Teu é o reino, ó Senhor, e Você exaltar a si mesmo como cabeça sobre tudo. E riquezas e glória vêm de ti, e tu governar sobre tudo, e na tua mão há força e poder; e encontra-se em sua mão para fazer um grande e fortalecer todos. Agora, pois, ó nosso Deus, nós te agradecemos e louvamos o teu glorioso nome. "

    A Bíblia ensina que a soberania de Deus se estende sobre tanto o reino material, e o reino espiritual. O reino material é o reino externo, universal em que Deus reina sobre tudo o que Ele criou. Sl 10:16 diz que "o Senhor é Rei para sempre e sempre"; Sl 29:10 que "o Senhor se assenta como rei para sempre"; e Sl 47:2).

    O reino universal está sofrendo os efeitos da rebelião. Ele é amaldiçoado por causa do pecado, tanto que da raça humana, e de Satanás e dos demônios. Essa maldição tem manchado ele tanto espiritualmente e fisicamente. Como resultado, o que os cientistas chamam de segunda lei da termodinâmica está operando, e do universo está em execução para baixo, indo em direção a sua dissolução desastrosa quando "os céus serão destruídos por incineração, e os elementos se desfarão intenso!" (2Pe 3:12). Espiritualmente, Satanás e suas hostes demoníacas, junto com a raça humana caída, persistem em tola e fútil tentativa de frustrar os propósitos do Reino de Deus Todo-Poderoso.

    O reino criado universal não é, no entanto, tendo em conta nesta passagem. A discussão do Senhor com os fariseus, nesta ocasião envolvido Sua, pessoal, reino espiritual interno. Esse domínio do governo de Deus, a esfera da salvação, inclui todos aqueles que Deus redimiu. Deus revela a Sua autoridade sobre o reino universal através da revelação geral manifestada na criação, na razão humana, e na lei moral inscrita no coração e consciência. Ele revela a natureza de seu governo sobre o reino espiritual através da revelação especial das Escrituras.
    Como ele faz no reino universal, Deus exerce autoridade absoluta em Seu reino espiritual. Ele é soberano sobre quem entra e como eles entram, exerce direito absoluto, poder e privilégio, e faz exatamente o que Ele quer e pelos meios de Sua Palavra. Assim, Jesus Cristo é o Senhor e Rei sobre o reino espiritual, assim como Ele é o reino de materiais; Ele é soberano no universo, e Ele é soberano sobre o seu povo. Regra externa, universal de Deus é direta; Sua regra interna, pessoal é também direta, através da habitação do Espírito Santo.

    Em contraste com o Seu governo no reino universal, que é imediata (sem um mediador), Deus medeia Seu governo sobre o reino espiritual através de agentes. Através desses homens que Ele deu a revelação especial nas Escrituras que inaugura as pessoas para esse reino. Embora os anjos estavam envolvidos na mediação da lei (At 7:53; Gl 3:19; He 2:2).

    Mas o que culminou, inigualável, todo-glorioso mediador é o Senhor Jesus Cristo. Ele é muito superior a todos os outros mediadores em primeiro lugar, porque Ele é o Deus encarnado; "O resplendor da glória [o pai] e a representação exata de sua natureza" (He 1:3; Jo 14:9). Sua vinda como Rei foi o cumprimento da esperança de Israel. Sl 2:6; conforme Jr 23:5), como o Seu poder sobre a morte, a doença ea criação demonstrada. Jesus veio para fornecer acesso ao Seu reino espiritual para o seu povo. Mas o povo judeu não entendeu isso, e estavam esperando o Messias para estabelecer o temporal reino terreno prometido. Nesta breve passagem, os fariseus questionaram Jesus sobre o reino, e Ele corrigiu seu mal-entendido a respeito dele.

    O REINO QUESTIONADO

    Agora, tendo sido questionado pelos fariseus sobre quando o reino de Deus estava chegando, (17: 20a)

    O reino do povo judeu esperado Messias para estabelecer englobava tudo prometido no Abraão (Gn 12), Davi (2 Sam. 7) e Novo (Jer. 31) convênios. De acordo com os profetas, ele será marcado por um tempo de paz sem precedentes na natureza, quando os predadores não vai mais prejudicar suas presas (Is. 11: 6-7) e as crianças vão brincar em segurança perto de cobras venenosas (v. 8). A topografia do planeta será alterado drasticamente; por exemplo, o Monte das Oliveiras será dividido em dois (Zc 14:4; Mic. 4: 2-4.), Alegria (Is 61:7)., Conforto (Is 40:1-2.), Da prosperidade (13 30:9-15'>Amos 9:13-15), a saúde (Is 35:5-6), santidade (Is 35:8) e Messias (Is 9:6-7; 11....: 1-4, Is 11:10).

    O historiador do século XIX Emil Schürer resumidos expectativas do povo judeu a respeito da vinda do Messias e o estabelecimento de Seu reino da seguinte forma: Em primeiro lugar, a vinda do Messias seria precedido por um tempo de tribulação. Em segundo lugar, no meio do tumulto um profeta Elias-like parece anunciando vinda do Messias. Em terceiro lugar, Messias estabeleceria Seu glorioso reino, e reivindicar o seu povo. Em quarto lugar, as nações que aliar-se juntos para combater o Messias. Em quinto lugar, o Messias iria destruir todas as nações opostas. Em sexto lugar, Jerusalém seria restaurada, e fez nova e gloriosa. Em sétimo lugar, os judeus dispersos espalhados por todo o mundo gostaria de voltar a Israel. Em oitavo lugar, Israel se tornaria o centro do mundo e todas as nações seriam subjugados ao Messias. Finalmente, o Messias iria estabelecer Seu reino, o que seria um tempo de paz eterna, a justiça ea glória ( A História do povo judeu no tempo de Jesus Cristo [New York: Scribners de 1896], 2: 154-178) .

    Essas expectativas foram tirados do Antigo Testamento e embelezado nos escritos extra-bíblicas. Eles revelam que os judeus não ver duas vindas do Messias. Eles não estavam olhando para o reino espiritual; eles não estavam à procura de um Salvador, que seria o sacrifício pelos pecados, porque eles se consideravam justos (conforme Lucas 18:9-12).

    O que o povo de Israel foram ansiosamente antecipar foi o estabelecimento do reino terreno. Lc 19:11 registros que "Jesus passou a contar uma parábola, porque estava perto de Jerusalém, e eles supunham que o Reino de Deus ia aparecer imediatamente." As multidões frenéticas na entrada triunfal gritou: "Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor, até mesmo o Rei de Israel "(Jo 12:13).Essa incompreensão do propósito de Sua primeira vinda explica por que Jesus foi questionado pelos fariseus sobre quando o reino de Deus estava por vir (conforme pergunta semelhante dos discípulos em Lc 17:37). Eles perderam a realidade de que o reino está em primeiro lugar no coração dos crentes antes de ser plenamente realizado em sua glória milenar (ver a exposição de 13 18:21 no capítulo 17 deste volume).

    Nem Jesus nem o reino que era o tema constante de sua pregação (conforme 4:43; 6:20; 7:28; 8: 1; 09:11, 60, 62; 11:20; 12:31; 13 20:28-29; 16:16; 18:. 16-17; 4:17 Matt) correspondeu às expectativas dos fariseus. Jesus afirmou ser um rei, mas ele tinha coroação não régia ou rolamento. Ele nasceu sob a mais humilde das circunstâncias, em um estábulo com uma manjedoura como seu berço. Em vez de royalty, Seus primeiros visitantes eram humildes pastores. Mesmo quando os magos (fabricantes de rei da Pérsia) chegou, sua visita a Ele era privado. E Ele cresceu na aldeia desprezada de Nazaré (Jo 1:46), que foi localizado na Galiléia, região desprezado pelos judeus mais sofisticados.

    Os fariseus constantemente exigiu que Jesus realizar o tipo de espetaculares, sinais cataclísmicos que estão no céu e na terra (conforme Jl 1:15; Jl 2:1, Jl 2:10, Jl 2:11, 30-32; 3: 1-2, 14 —20) que associado a vinda do Messias (conforme 11:16; Mt 12:38; 16:. Mt 16:1; Jo 2:18; Jo 4:48; Jo 6:30). Quando ele não, eles se recusaram a crer nEle, caluniado, e quis para desacreditá-lo. Essa atitude cínica de forma consistente, é provável que as perguntas que eles dirigidas a Jesus nesta ocasião não eram sinceras e destina-se a zombar Ele (conforme 16:14).

    O REINO EXPLICADO

    Ele respondeu-lhes e disse: "O reino de Deus não vem com sinais a serem observados; nem eles vão dizer: 'Olha, aqui está!' ou, "Não é!" Pois eis que o reino de Deus está no meio de ti "(17: 20b-21).

    Como Ele sempre fez em seus confrontos com os fariseus, Jesus desmantelado seus equívocos. A atual forma de o reino de Deus não vem com sinais a serem observados , Ele lhes disse. Sua busca constante após sinais era, portanto, equivocada, com base em um mal-entendido sobre a natureza do reino espiritual. Não há sinais visíveis da vinda desse aspecto do reino que levaria as pessoas a dizer: "Olha, aqui está!", ou "Aqui está!"; sua vinda não serão anunciadas por espetáculos visíveis.

    Os fariseus não conseguiu discernir o reino espiritual, porque não ter experimentado o novo nascimento, eles estavam mortos e cego. Jesus disse ao proeminente fariseu Nicodemos: "Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (Jo 3:3.). Como o Apóstolo Paulo escreveria mais tarde: "O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente "(1Co 2:14). Aqueles que não conseguem reconhecer o Rei não pode ver o seu reino.

    Mas o reino espiritual não permanecerá sempre invisível. Na segunda vinda de Cristo, será inequivocamente visível para todos (Ap 1:7). Não só Ele será revelado em toda a sua glória, mas os redimidos também será revelado para quem eles realmente são (Rm 8:19-21; 1Jo 3:21Jo 3:2). Muitos tradutores, procurando evitar a dificuldade aparente de Jesus dizendo que o reino estava dentro dos fariseus incrédulos, traduzir a frase em que apareceno meio de vós . No entanto, uma frase diferente, en meso , é regularmente utilizado para comunicar a ideia de "no meio de", ou "entre" (por exemplo, Mt 10:16; Lc 2:46; 8:. Lc 8:7; Lc 10:3; At 1:15; At 2:22; He 2:12).. A aparente dificuldade é facilmente resolvido por entender o seu no sentido mais amplo nacional e não como uma referência estreita para os fariseus. Como foi o caso inevitavelmente, a multidão ouvir o diálogo do Senhor com os fariseus iam do os que rejeitam definitivas para os curiosos, mas não confirmada, para os verdadeiros discípulos de Jesus. O Senhor estava reforçando o ponto de que o reino espiritual é interno e não se manifesta por sinais observáveis.

    O reino do qual Jesus falou é, como Paulo escreveu, marcado por "justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Rm 14:17). Ela existe nos corações de todos aqueles em quem o Rei vive. A maravilha das maravilhas é que a Trindade passa a residir nos corações daqueles que abraçam Cristo e entrar no reino espiritual. Em Jo 14:17, Jesus prometeu que o Espírito Santo habita em crentes, enquanto que no verso 23 E acrescentou: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele morada. "

    Ao entrar no reino espiritual por meio do evangelho tornou-se a mensagem da igreja primitiva. Durante os 40 dias entre Sua ressurreição e Sua ascensão, Jesus preparou-os a pregar essa mensagem "falando das coisas concernentes ao reino de Deus" (At 1:3). O apóstolo Paulo "fortalecer [va] a alma dos discípulos, exortando-os a perseverarem na fé, dizendo:" Através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus "(At 14:22). Em Éfeso ", ele entrou na sinagoga e continuou falando ousAdãoente por três meses, disputando e persuadindo-os acerca do reino de Deus" (At 19:8). Ele disse aos Coríntios que "o reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder" (1Co 4:20.), E os advertiu que "os injustos não herdarão o reino de Deus" (6: 9; conforme Gl 5:21; Ef 5:5).

    Os sinais profetizaram sobre o futuro reino terrestre que os fariseus exigiu de Jesus se manifestará quando esse reino é estabelecido na segunda vinda. O retorno de Nosso Senhor para julgar os incrédulos e estabelecer Seu reino terreno é o tema da próxima seção do Evangelho de Lucas.

    98. Sete características da vinda do Rei (Lucas 17:22-37)

    E disse aos discípulos: "Dias virão em que você vai muito tempo para ver um dos dias do Filho do Homem, e você não vai vê-lo. Eles vão dizer-lhe: 'Olha lá! Olhe aqui! ' Não vá embora, e não correr atrás deles. Pois, assim como o relâmpago, quando ele pisca para fora de uma parte do céu, brilha com a outra parte do céu, assim será também o Filho do homem no seu dia. Mas primeiro ele deve sofrer muito e ser rejeitado por esta geração. E assim como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do Homem: comiam, bebiam, casavam, eles estavam sendo dadas em casamento, até o dia em que Noé entrou a arca, e veio o dilúvio e destruiu a todos. Foi o mesmo que aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, eles estavam comprando, eles estavam vendendo, eles estavam plantando, eles estavam construindo; mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu fogo e enxofre do céu e os consumiu a todos. Vai ser a mesma coisa no dia em que o Filho do Homem se manifestar. Naquele dia, quem estiver no terraço e cujos bens estão na casa não desça para tirá-los; e da mesma forma a pessoa que está no campo não volte para trás. Lembre-se da mulher de Ló. Quem procura conservar a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida irá preservá-lo. Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado eo outro será deixado. Haverá duas mulheres estarão moendo no mesmo lugar; um será tomado eo outro será deixado. Dois homens estarão no campo; um será tomado eo outro será deixado. "E, respondendo, disseram-lhe:" Onde, Senhor? "E disse-lhes:" Onde estiver o corpo, há também os abutres estarão reunidos ". (17:22 —37)

    Todos os verdadeiros cristãos que entendem Escritura, amar o Senhor Jesus Cristo, e estão preocupados com a Sua glória desejo Seu retorno. Eles desejam vê-lo de lado Sua longa humilhação e retornar em majestade e glória para reinar. Como os tessalonicenses, eles ansiosamente "esperar para Filho [de Deus] do céu, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, que é Jesus" (1Ts 1:10) e estão "procurando a bendita esperança ea manifestação da glória de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo "(Tt 2:13). Paulo referiu-se os cristãos como aqueles "que amaram [de Cristo] vinda" (2Tm 4:8).

    É uma característica da maturidade espiritual que por muito tempo para a segunda vinda não para ganho pessoal, mas para a glória de Cristo. Eles desejam ver Jesus vindicado e exaltado (conforme Jo 17:24), em vez de insultado e desonrada. Por outro lado, aqueles que se importam pouco sobre a honra de Cristo e da glória de Deus, que vêem Jesus como o meio para a sua própria realização pessoal, têm pouco interesse na segunda vinda. Evangelismo Contemporânea incentiva essa perspectiva egocêntrica. Faz a salvação dos pecadores a meta e relega a Deus para ser apenas o meio para realizar esse objetivo. Mas isso é o oposto do que a Escritura ensina. A glória de Deus é o objetivo da redenção e salvação dos pecadores é um meio de realizar esse objetivo.

    Scoffers sempre negaram que Jesus Cristo voltará literalmente e corporal para estabelecer e reinar sobre o seu reino terreno. "Conhece esta em primeiro lugar", escreveu Pedro ", que nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, segundo as suas concupiscências, e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação "(II Pedro 3:3-4). Se o universo é um sistema fechado, naturalista de causa e efeito, a intervenção divina, em seguida, incluindo o retorno de Cristo está descartada a priori . Nos tempos modernos, que a visão se tornou conhecido como uniformitarianism, e foi popularizada em geologia por Charles Lyell, um contemporâneo de Charles Darwin. Uniformitarismo nega as intervenções de Deus na história do mundo, em particular a Sua criação do universo em seis dias e no dilúvio universal dos dias de Noé.

    Uniformidade como um princípio natural é benéfico, e expressa sustentado, previsível, design consistente de Deus para a sua criação. Se as leis e processos naturais construído para o universo em sua criação não funcionam normalmente de uma forma sistemática e estável, não haveria caos. Assim, a Bíblia ensina a verdade de que o universo e nossa função mundo como a operação uniforme de causas naturais em um sistema aberto, mas em que o Criador pode (e faz) sobrenaturalmente intervir. Para defender uniformitarianism como um direito inviolável tão rígida que nega a possibilidade de Deus agindo na história é a de acreditar em uma mentira tola e condenável.

    A Bíblia ensina a realidade da segunda vinda de Cristo, tão certamente como ele faz isso de Sua primeira vinda. Mas, assim como os profetas do Antigo Testamento não conseguia entender plenamente tudo o que estava envolvido na primeira vinda de Cristo antes de acontecer (I Pedro 1:10-11), assim também a Sua segunda vinda está envolta em mistério. O esquema básico dos eventos que cercam a segunda vinda é clara. O arrebatamento da igreja será seguido pela tribulação de sete anos, no final do qual Cristo irá retornar no julgamento e estabelecer Seu mil anos reino terreno. Após uma rebelião final liderada por Satanás é esmagada, o atual céu ea terra será destruída, o julgamento do Grande Trono Branco terá lugar, e um novo céu e nova terra será criado para todos os justos, que vai durar para sempre. Porque nenhum sinal profético é necessário antes do arrebatamento, o próximo evento no horizonte profético, cada geração de cristãos vive na expectativa de de Cristo vinda iminente para a Sua Igreja (I João 3:1-3).

    A volta do Senhor Jesus Cristo é essencial, pelos seguintes motivos.
    Em primeiro lugar, a promessa de Deus exige a segunda vinda. Dos mais de três centenas de profecias do Antigo Testamento relacionadas com a vinda de Cristo, apenas cerca de um terço deles foram cumpridas em sua primeira vinda. Isso deixa cerca de dois terços, mais do que duzentos e profecias ainda a serem cumpridas no Seu retorno.

    Em segundo lugar, o ensinamento de Jesus Cristo exige a segunda vinda. O Senhor falou repetidamente de Seu retorno (v 30; 12:40; 18:. 8; 21:27; Mt 16:27-28; Mt 24:27, Mt 24:30, Mt 24:37, Mt 24:39, Mt 24:44; Mt 25:31; Mt 26:64), e Sua confiança exige que essas previsões se cumprir.

    Em terceiro lugar, a revelação pelo Espírito Santo exige a segunda vinda. Ele é a pessoa que inspirou a Bíblia e todas as profecias da segunda vinda que ele contém. Sua confiabilidade exige o seu cumprimento.

    Em quarto lugar, o plano de Deus para a Igreja exige a segunda vinda. Em Jo 14:3:

    Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus trará com ele, aqueles que dormem em Jesus. Por isso, dizemos a vocês, pela palavra do Senhor, que nós, os que ficarmos vivos até a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.Então, nós que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. (Conforme 1 Cor. 15: 51-52)

    Depois de ter sido levado para o céu no arrebatamento, a igreja irá retornar com Cristo na Sua segunda vinda (Ap 19:14). O cumprimento dessas passagens exige o retorno de Cristo.

    Em quinto lugar, o futuro de Israel exige a segunda vinda. A profecia de Zacarias registra promessa da salvação de Israel de Deus:
    Eu derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém, o Espírito de graça e de súplicas, para que eles olharão para mim, a quem traspassaram; e eles vão chorar por ele, como quem pranteia por um filho único, e chorarão amargamente por Ele como o choro amargo ao longo de um primogênito. (12:10)
    Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado ea impureza. (13: 1)
    É depois do arrependimento e da salvação de Israel que a segunda vinda e do estabelecimento do reino prometido tem lugar (14: 4-9). Assim, a esperança de Israel está indissociavelmente ligado à volta do Senhor.
    Em sexto lugar, a corrupção do mundo exige a segunda vinda. O amaldiçoado pelo pecado, Satanás mundo dominado presente não pode ser o capítulo final da história da redenção. Portanto,

    o Senhor Jesus será revelado do céu com seus anjos poderosos, em chama de fogo, causando a retribuição àqueles que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus.Estes irão pagar a pena de destruição eterna, longe da presença do Senhor e da glória do seu poder. (II Tessalonicenses 1:7-9.)

    Em sétimo lugar, a exaltação de Jesus Cristo exige a segunda vinda. O último ponto de vista daquele que o mundo vê não pode ser Dele pendurado em uma cruz entre dois ladrões. Ele voltará em glória quando

    Logo depois da tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e os poderes dos céus serão abalados. E então o sinal do Filho do Homem aparecerá no céu, e, em seguida, todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E Ele enviará os seus anjos com grande trombeta, e eles reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma extremidade do céu para o outro. (Mt 24:29-31; conforme 25: 31-32.; Ap 5:1-14)

    Em oitavo lugar, a destruição de Satanás (Gn 3:15) exige a segunda vinda. Quando o Senhor Jesus Cristo voltar, Satanás será preso e condenado ao abismo (o poço) por mil anos (Ap 20:1-3), e, finalmente, condenado a no lago de fogo (v. 10).

    Finalmente, como mencionado acima, a esperança da igreja exige a segunda vinda (1Ts 1:10;. Tt 2:13).

    Como discutido no capítulo anterior deste volume, o povo judeu não conseguiu compreender que há dois aspectos do reino: o reino terrestre visível, e o reino espiritual invisível. O reino terrestre prometeu que eles estavam esperando ansiosamente a primeira vinda de Cristo será estabelecido na Sua segunda vinda. Mas somente aqueles que são parte do reino espiritual entrará no reino terrestre.
    Tendo discutido o presente reino espiritual nos versículos 20:21, o Senhor nesta seção voltada para o futuro reino terreno. Ao contrário do reino espiritual, a vinda do reino terreno será manifesto a todos, sendo inaugurada pelo retorno literal do Senhor Jesus Cristo. Nesta passagem, Jesus detalhou sete características da sua vinda. Ele vai ser desejado por crentes, visível em todo o mundo, adiada por rejeição, inesperada no seu calendário, revelando em sua natureza, divisionista em seu efeito, e permanente em sua fatalidade.

    VINDA DE JESUS SERÁ DESEJADO PELOS CRENTES

    E disse aos discípulos: "Dias virão em que você vai muito tempo para ver um dos dias do Filho do Homem, e você não vai vê-lo. (17:22)

    Como era geralmente o caso, a multidão que escuta a Jesus consistiu em ambos os fariseus hostis e Seus discípulos . Tendo abordado os fariseus na seção anterior (versos 20:21), o Senhor agora instruiu Seus verdadeiros discípulos, aqueles que estão no reino, sobre seu retorno.

    Filho do Homem é um termo messiânico conectado com a vinda do Messias para estabelecer Seu reino. Em 13 27:7-14'>Daniel 7:13-14 Daniel

    continuei olhando nas visões da noite, e eis que, com as nuvens do céu um como o Filho do Homem estava por vir, e Ele veio até o Ancião dos Dias e foi apresentado diante dele. E foi-lhe dado o domínio, glória e um reino, para que todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. Seu domínio é um domínio eterno, que não passará; e Seu reino é um que não será destruído.
    O título Filho do Homem, que enfatiza a Sua humanidade, foi a designação favorita do Senhor de Si mesmo, aparecendo oitenta e quatro vezes nos Evangelhos. Longa traduz uma forma do verbo epithumeō , o que significa um forte, condução, consumindo paixão, seja para o mal (por exemplo, Mt 5:28) ou como neste caso, para o maior bem (conforme Mt 13:17).

    O singular "dia" (vv. 24,
    30) refere-se à época do retorno de Cristo, enquanto os plurais dias , como acontece em 26 v., refere-se à sequência de eventos dentro dessa época (conforme Am 8:11, Am 8:13). O tempo virá quando os crentes apaixonAdãoente anseiam para que o Senhor voltar, como os mártires da tribulação que gritou: "Até quando, ó Senhor, santo e verdadeiro, vai Você não julgar e vingar o nosso sangue dos que habitam sobre a terra ? "(Ap 6:10). Como o apóstolo João que eles vão dizer: "Amém. Vem, Senhor Jesus "(Ap 22:20). O que irá pedir aquelas exclamações não será apenas o seu desejo de alívio, mas que Cristo seria glorificado. Como Davi, que disse: "O zelo da tua casa me consumiu, e as injúrias dos que vos injuriarem caíram sobre mim" (Sl 69:9).

    VINDA DE JESUS SERÁ VISÍVEL GLOBALLY

    Eles vão dizer-lhe: 'Olha lá! Olhe aqui! ' Não vá embora, e não correr atrás deles. Pois, assim como o relâmpago, quando ele pisca para fora de uma parte do céu, brilha com a outra parte do céu, assim será também o Filho do homem no seu dia. (17: 23-24)

    A primeira vinda do Filho de Deus era calmo e privado. Ele nasceu na obscuridade quando seus pais visitaram a pequena aldeia de Belém, na Judéia e viveu seus primeiros 30 anos em uma cidade obscura na Galiléia. Além de seus pais e os pastores, nenhum estava ciente de seu nascimento. Seu retorno, por outro lado, o mundo inteiro vai ver.
    Sempre ansioso para corromper a verdade, satânicos falsos mestres vão tentar enganar os crentes, atraindo-os para olhar lá ou olhar aqui para Cristo. Eles alegam que Ele voltou em segredo e revelou-se apenas para iniciados. Mas essas pessoas vão ser falsos cristos; charlatões e enganadores de quem o Senhor advertiu: "Veja por que você não está enganado; porque muitos virão em meu nome, dizendo: 'Eu sou Ele,' e, 'O tempo está próximo.' Não vá atrás deles "(Lc 21:8.)

    Jesus aparece em ardente glória, como uma conquista geral, montado em um cavalo branco e acompanhado dos exércitos do céu (Apocalipse 19:11-14). Como resultado, "todo olho O verá" (Ap 1:7), mau (Lc 11:29), assassina (Lucas 11:50 —51) geração (Lc 9:22, Lc 9:44; Lc 12:50; Lc 13:33; 18: 31-33; 24: 26-27; conforme Atos 17:2-3).

    Jesus não vai voltar a reinar até à rejeição de Israel termina. Depois de acusar o povo de Israel para rejeitar seu Messias (Atos 3:12-15), Pedro exortou-os,

    Portanto se arrepender e voltar, para que seus pecados sejam cancelados de distância, a fim de que os tempos de refrigério possam vir da presença do Senhor; e que Ele pode enviar Jesus, o Cristo designou para você, quem o céu deve receber até o período da restauração de todas as coisas sobre as quais Deus falou pela boca dos seus santos profetas, desde o tempo antigo. (Vv. 19-21)

    É só depois que eles se arrepender e voltar para Deus e ter seus pecados perdoados que o reino (os "tempos de refrigério" e do "período de restauração de todas as coisas" [Atos 3:19-21]) virá, assim como " Deus falou pela boca dos seus santos profetas, desde o tempo antigo "nas profecias do Antigo Testamento sobre o reino.

    Deus havia prometido a Abraão que Ele iria abençoar Israel e através deles o mundo (Gn 12:1-3). Mesmo que eles rejeitaram e mataram seu Messias (At 2:23), irrevogável, aliança incondicional de Deus com eles permaneceram em vigor. Eles ainda eram "os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com [seus] pais, dizendo a Abraão: Na tua semente todas as famílias da terra serão benditas '", porque para eles "em primeiro lugar, Deus suscitou a seu Servo e enviou para abençoar [eles], transformando cada um de [os] de [seus] maus caminhos "(Atos 3:25-26). A oportunidade para a salvação ainda estava lá.

    Quando o futuro salvação de Israel descrito em Zacarias 12:10-13: 1 (conforme Jer 31: 31-34; Ez. 36: 24-27.) E Romanos 11:25-27 ocorre eo remanescente crente é resgatado , Cristo voltará e estabelecerá o Seu reino (Zc. 14: 4-9).

    VINDA DE JESUS SERÁ INESPERADA GRAÇAS À SUA OPORTUNIDADE

    E assim como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do Homem: comiam, bebiam, casavam, eles estavam sendo dadas em casamento, até o dia em que Noé entrou a arca, e veio o dilúvio e destruiu a todos. Foi o mesmo que aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, eles estavam comprando, eles estavam vendendo, eles estavam plantando, eles estavam construindo; mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu fogo e enxofre do céu e os consumiu a todos. Vai ser a mesma coisa no dia em que o Filho do Homem se manifestar. (17: 26-30)

    Jesus ofereceu dois paralelos históricos para o que a vida será como nos dias do Filho do Homem . Como observado acima, dias refere-se à sequência de eventos envolvidos no retorno de Cristo para julgar os ímpios e estabelecer o Seu reino. Durante o tempo da tribulação (Mt 24:21, Mt 24:29;. Ap 7:14), imediatamente anterior Seu retorno, a vida será muito como se fosse imediatamente antes de dois acórdãos do Antigo Testamento significativos.

    Os dias de Noé e os dias de Ló foram marcados antes de tudo pela indiferença. As pessoas comiam, bebiam, casavam, eles estavam sendo dadas em casamento ... eles estavam comprando, eles estavam vendendo, eles estavam plantando , e eles estavam construindo até o momento em que o julgamento caiu, até o dia em que Noé entrou a arca e no dia em que Lot saiu de Sodoma .

    Os dias de Noé e Ló também foram dois dos mais miseráveis, vis e maus períodos da história humana. Maldade era galopante. Nos dias de Noé "a maldade do homem se multiplicara sobre a terra, e todos os ... a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente" (Gn 6:5).

    Os dias da tribulação sob julgamento divino que leva até o retorno do Senhor será também um momento de maldade sem precedentes. Fantoche de Satanás, o Anticristo, vai dominar o mundo. Alguns dos demônios mais perversos, vis e pervertidas, que haviam sido presos no abismo (o poço), será lançado a cometer loucuras sobre a terra (Apocalipse 9:1-11). Mais significativamente o Espírito Santo, que até então havia contido o mal, não vai mais fazer isso, permitindo que maldade para atingir o seu nível máximo (2 Ts 2: 6-7.).

    Como será o caso no dia em que o Filho do Homem se manifestar , devastando o julgamento veio de repente e inescapavelmente nos dias de Noé e Ló. Depois de Noé e sua família entrou na arca,

    que surgiu após os sete dias em que a água do dilúvio veio sobre a terra. No ano seiscentos da vida de Noé, no segundo mês, no dia dezessete do mês, no mesmo dia foram abertos todas as fontes do grande estouro profundo abertas, e as comportas do céu. A chuva caiu sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites. (Gn 7:10-12)

    Como resultado,
    Toda a carne que se movia sobre a terra pereceu, aves e gado e os animais e todas as coisas que pululam que pulula sobre a terra, e toda a humanidade; de tudo o que havia sobre a terra seca, tudo estava em cujas narinas o sopro do espírito da vida, morreu. Assim, [Deus] apagou todos os seres vivos que havia sobre a face da terra, desde o homem até animais para répteis e aves do céu, e eles foram eliminados da face da terra; e ficou somente Noé, juntamente com aqueles que estavam com ele na arca. (Vv. 21-23)

    Depois de Lot, sua esposa, e suas filhas foram levados para fora de Sodoma pelos anjos (Gn 19:16), "o Senhor fez chover sobre Sodoma e Gomorra enxofre e fogo, da parte do Senhor do céu e destruiu essas cidades, e todo o vale, e todos os habitantes das cidades, e que cresceu na terra "(vv. 24-25).

    Em outro paralelo entre os dias de Noé e Ló e o retorno de Cristo, tanto Noé e sua família e Ló e sua família foram levados para a segurança antes de julgamento caiu. Isso retrata o arrebatamento da igreja antes da tribulação e preservação de Deus de Sua ira daqueles convertidos durante a tribulação. Significativamente, porque o evento é para a igreja, nenhuma das passagens que descrevem o arrebatamento (João 14:1-3; 1 Cor. 15: 51-52; 13 52:4-18'>113 52:4-18'> Tessalonicenses 4: 13-18.) Mencionar o julgamento.

    Os acórdãos nos dias de Noé e Ló foram precedidos de avisos. Noé era um "pregador da justiça" (2Pe 2:5). Lot também era um homem justo, que foi ferido pela injustiça que ele (II Pedro 2:7-8) cercado e, sem dúvida, confrontou-lo. Embora o dia ou a hora não pode ser conhecido (Mt 24:36), o arrebatamento da igreja, os julgamentos devastadores, a pregação dos 144:000 evangelistas judeus, as duas testemunhas, e um anjo do céu dará ampla aviso de que o retorno de Cristo está próximo e a decisão final está prestes a cair.

    Mas, em vez de se arrepender, incrédulos durante a Tribulação vai continuar a rejeitar todos os sinais de alerta de que o julgamento está próximo (Apocalipse 9:20-21). Na verdade, eles vão injuriar e amaldiçoar a Deus por causar-lhes sofrimento (Ap 16:9, Ap 16:21). Parece incrível que, no meio da devastação do planeta, as pessoas vão ficar indiferente, e tentar continuar a vida como de costume.Mas aqueles que rejeitam a verdade das Escrituras, não vai ser persuadido por quaisquer sinais e prodígios, não importa o quão espetacular (Lc 16:31; Jo 12:37).

    VINDA DE JESUS ESTARÁ REVELANDO NATURAL

    Naquele dia, quem estiver no terraço e cujos bens estão na casa não desça para tirá-los; e da mesma forma a pessoa que está no campo não volte para trás. Lembre-se da mulher de Ló. Quem procura conservar a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida irá preservá-lo. (17: 31-33)

    A volta do Senhor irá divulgar o coração das pessoas e revelar o que amam. As palavras de Jesus nestes versos servem de advertência contra preferindo as coisas deste mundo para ele. Quando os julgamentos que culminará com o retorno de Cristo (desencadeada por profanação do templo do Anticristo [Mateus 24:15-18.]) Começar, quem estiver sobre o telhado e cujos bens estão na casa não deve ir para baixo para tirá-los; e da mesma forma a pessoa que estiver no campo não volte atrás . Com o julgamento prestes a cair, não haverá necessidade de salvar alguma coisa; nada do passado precisa ser levado para a glória do reino. As pessoas que se transformam de volta para as suas posses demonstrar que os seus corações estão fixos nas coisas deste mundo (I João 2:15-17); eles vão ser culpado de não acatar a advertência de Jesus para lembrar a mulher de Lot . Depois que os anjos levaram Lot, sua esposa, e suas duas filhas fora de Sodoma, um urgentemente os advertiu, "Fuga para a sua vida! Não olhe para trás, e não ficar em qualquer lugar do vale; fugir para as montanhas, ou você vai ser varrido "(Gn 19:17). Ignorando esse aviso, de Ló "esposa, por trás dele, olhou para trás, e ela tornou-se uma estátua de sal" (v. 26). Incapaz de deixar totalmente de lado o mundo, ela foi destruída à beira de segurança. Como as ervas daninhas no solo de convivência, o amor das riquezas do mundo sufocou sua fé. Ela é uma ilustração do trágico das pessoas que vêm para a borda da salvação, mas voltar para trás, e do princípio de que quem procura conservar a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida vai conservá-la (conforme 9: 23-25; Mt 10:39;. Jo 12:25).

    VINDA DE JESUS SERÁ DIVISÓRIO EM SEU EFEITO

    Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado eo outro será deixado. Haverá duas mulheres estarão moendo no mesmo lugar; um será tomado eo outro será deixado. Dois homens estarão no campo; um será tomado eo outro será deixado "(17: 34-36).

    Jesus Cristo, inevitavelmente, traz divisão, às vezes até mesmo dentro das famílias. Em Mateus 10:35-37 Jesus declarou:

    Porque eu vim para colocar um homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e uma filha-de-lei contra a mãe-de-lei; e os inimigos do homem serão os membros de sua família. Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. (Conforme a exposição de Lc 14:26, no capítulo 23 do presente volume)

    Nesta passagem, Jesus descreveu a divisão definitiva e permanente, que terá lugar quando Ele voltar. Naquela noite, haverá dois numa cama e sobre a parte do globo onde é dia, haverá duas mulheres(possivelmente uma mãe e filha, duas irmãs, ou dois amigos) moagem no mesmo lugar . (Versículo 36, que registra um terceiro exemplo, não é encontrado nos manuscritos gregos mais antigos e mais confiáveis ​​de Lucas. Ele foi copiado por um escriba de Mt 24:40). Em cada caso, seja dormindo ou acordado, um será tomado, eo outro será deixado . E que a separação vai ocorrer ao longo de todo o mundo.

    A questão de saber o que significa ser levado e deixado . Alguns relacionaram isso para o arrebatamento, mas uma comparação com Mateus 24:37-41 e sua ilustração de Deus afastando as pessoas na enchente deixa claro este é o julgamento. Em ambos os casos, em seguida, a uma tomada é destruída em juízo, enquanto que o deixou para trás, obviamente, um verdadeiro crente em Jesus Cristo, escapa julgamento para entrar no reino. O Senhor ilustrou este mesmo princípio, na parábola do joio e do trigo (13 24:40-13:30'>Mat. 13 24:30) e a analogia do julgamento de Ovelhas e caprinos (Matt. 25: 31-46).

    VINDA DE JESUS SERÁ PERMANENTE EM SEU FATALITY

    E respondendo eles disseram-lhe: "Onde, Senhor?" E disse-lhes: "Onde estiver o corpo, há também os abutres estarão reunidos." (17:37)

    Incapaz de compreender o alcance da sentença Jesus descrito, os discípulos disseram-lhe: "Onde, Senhor?" Deixar de compreender que a vinda do Senhor iria desencadear um julgamento em todo o mundo, eles queriam saber o local específico deste evento. A resposta do Senhor enigmático, "Onde estiver o corpo, há também os abutres estarão reunidos," foi possivelmente um provérbio judaico.Vultures são catadores, e se alimentam de cadáveres de pessoas mortas nos julgamentos associados com a segunda vinda. Em qualquer parte do mundo, os órgãos da mentira não regenerado e os abutres recolher será onde Cristo está em julgamento.

    Aqueles que não conseguem atender às advertências de julgamento iminente e rejeitar o Filho do Homem vai ser pego no referido acórdão e não vai entrar na milenar ou o reino eterno. Jude adverte que o Senhor virá "com muitos milhares de seus santos, para executar juízo sobre todos e convencer a todos os ímpios de todas as obras de impiedade, que fizeram de modo ímpio, e de todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele "(Judas 14:15).

    Como é o caso com toda a verdade bíblica, as realidades sóbrias expressas nesta passagem exigir auto-exame e da ação. "Uma vez que todas estas coisas são para ser destruído dessa maneira", escreveu Pedro, "que tipo de pessoas que você deveria estar em conduta santa e piedade?" (2Pe 3:11). Somente aqueles que vêm a Cristo, antes que seja tarde demais pode assistir ansiosamente "a bendita esperança ea manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo" (Tt 2:13) em vez de "encolher [ndo] longe de confundidos por ele na sua vinda "(1Jo 2:28).


    Barclay

    O NOVO TESTAMENTO Comentado por William Barclay, pastor da Igreja da Escócia
    Barclay - Comentários de Lucas Capítulo 17 do versículo 1 até o 37

    Lucas 17

    Leis da vida cristã — Luc. 17:1-10

    A raridade da gratidão — Luc. 17:11-19 Os sinais de sua vinda — Luc. 17:20-37

    LEIS DA VIDA CRISTÃ

    Lucas 17:1-10

    Esta passagem se divide em quatro seções bem definidas e sem

    conexão entre si.

    1. Os versículos 1:2 condenam o homem que ensina a outros a pecar. A palavra traduzida como escândalos, vem da palavra grega

    skandalon, literalmente "escândalo".

    Esta palavra tem dois significados.

    1. Significava originalmente o pau que levava a vara em uma armadilha, que ao ser tocado um animal, atraído pela isca de peixe, o

    fazia cair na armadilha.

    1. Depois passou a significar qualquer obstáculo no caminho do homem que o fizesse tropeçar. Jesus disse que era impossível construir

    um mundo sem tentações; mas ai do homem que ensine outro a pecar ou

    que lhe tire sua inocência! Todos recebemos um primeiro convite a pecar, nosso primeiro empurrão pelo caminho errado.

    Kennedy Williams nos conta a respeito de um ancião que estava moribundo e estava evidentemente preocupado por alguma coisa. Por

    fim contou o que lhe acontecia: "Quando era jovem, jogava muitas vezes em um terreno muito amplo. Perto de seu centro se cruzavam dois caminhos e no cruzamento havia um sinal velho e desvencilhado. Lembro-me que uma vez dei volta de modo que alterei a direção de seus

    braços, fazendo que apontassem na direção equivocada, e depois estive perguntando quantos viajantes terão tomado um caminho equivocado por minha culpa."

    Deus não terá por inocente o homem que, no caminho da vida, envia a um irmão mais jovem ou mais fraco pelo caminho equivocado.

    1. Os versículos 3:4 nos falam da necessidade de perdoar na vida

    cristã. Diz-nos que perdoemos sete vezes. Os rabinos diziam que se um homem perdoava seu irmão três vezes era perfeito. O modelo cristão toma a norma rabínica, duplica-a e lhe adiciona um. Não se trata de um cálculo aritmético. Simplesmente significa que o modelo cristão do perdão deve exceder imensuravelmente o melhor que o mundo possa obter.

    1. Os versículos 5:6 nos dizem que a fé é a maior força do mundo. Devemos lembrar mais uma vez que era um costume oriental utilizar a linguagem na forma mais vívida possível. Este dito significa que até aquilo que parece totalmente impossível é possível, se for enfocada com fé.

    Só temos que pensar no grande número de maravilhas científicas, no grande número de operações cirúrgicas, de façanhas de paciência que

    se obtiveram hoje, e que há menos de cinqüenta anos teriam sido consideradas impossíveis. Se encararmos algo dizendo: "Não se pode fazer", não se fará; se o encaramos dizendo: "Deve fazer-se", há mais

    probabilidades de que assim seja. Devemos lembrar sempre que nunca

    enfrentamos uma tarefa sozinhos, mas sim Deus, está conosco e também todo seu poder.

    1. Os versículos 7:10 nos dizem que não podemos pretender que Deus nos deva algo. Quando tivermos feito o melhor que possamos só

    teremos completo o nosso dever; e o que cumpriu seu dever, só realizou o que, em todo caso, estava obrigado a fazer. Pode ser que seja possível satisfazer os requisitos da lei; mas todo amante sabe que nada que possa fazer pode satisfazer os requerimentos do amor.

    A RARIDADE DA GRATIDÃO

    Lucas 17:11-19

    Neste momento Jesus estava no limite entre Samaria e Galiléia. Ali dez leprosos saíram a seu encontro. Sabemos que os judeus não se comunicavam com os samaritanos, e neste grupo havia pelo menos um

    deles. Este é um exemplo de uma grande lei da vida. Uma desgraça comum tinha quebrado as barreiras raciais e nacionais. Na tragédia comum de sua lepra se esqueceram de que eram judeus e samaritanos e

    só recordavam que eram homens em necessidade. Diz-se que se uma inundação devastar parte de um país, e os animais selvagens se congregam em um pequeno pedaço de terra alta, é comum ver-se juntos

    animais que por natureza são inimigos, e que, em qualquer outro momento, fariam todo o possível por matar-se. Certamente uma das coisas necessárias para unir a todos os homens é sua necessidade comum

    de Deus.

    Os leprosos ficaram de pé ao longe (ver Lv 13:45, Lv 13:46; Nu 5:2). Não havia uma distância estabelecida, mas sabemos que ao menos uma

    autoridade estabeleceu que quando o vento soprava do leproso para a pessoa sadia, aquele devia ficar de pé, pelo menos a cinqüenta metros de distância. Nada pode mostrar melhor a solidão total em que viviam os leprosos.

    Nenhuma outra história do evangelho assinala tão diretamente a ingratidão do homem. Os leprosos tinham acudido a Jesus com um desejo desesperado; ele os tinha curado, e nove deles não voltaram para dar graças. Acontece com freqüência, que uma vez que o homem obteve o que queria, não volta.

    1. Muitas vezes os filhos são ingratos com seus pais. Há um momento na vida em que se nos tivessem descuidado uma semana teríamos morrido. De todas as criaturas viventes o homem é o que mais

    tempo requer para poder fazer frente às necessidades que são essenciais para a vida. Durante longos anos dependemos de nossos pais literalmente para tudo. E entretanto, chega o dia em que um pai ancião é uma

    moléstia; e muito pouca gente jovem pensa alguma vez em pagar a dívida que têm com ele. Como o disse o Rei Lear no dia de sua própria tragédia:

    "Bem mais agudo que o dente de uma serpente é ter um filho ingrato!"

    1. Muitas vezes somos ingratos para com nossos semelhantes. Há

    poucos de nós que em algum momento não tenhamos devido algo a algum semelhante. Poucos acreditaram nesse momento que chegariam

    jamais a esquecer; e são menos ainda os que no final satisfizeram a dívida de gratidão que tinham. Acontece muitas vezes que um amigo, um professor, um médico, um cirurgião fazem por nós coisas que é

    impossível pagar. A tragédia da vida é que nem sequer tentamos fazê-lo.

    1. Muitas vezes somos ingratos para com Deus. Nos momentos de amarga necessidade oramos com um desespero intenso; mas passa o

    tempo e nos esquecemos dEle. Muitos de nós nem sequer damos graças a Deus antes de comer. Deu-nos seu Filho único, e muitas vezes nem sequer lhe damos uma palavra de agradecimento. A melhor forma de

    agradecer a Deus é buscando merecer sua bondade e sua misericórdia. “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nem um de seus benefícios.” (Sl 103:2).

    OS SINAIS DE SUA VINDA

    Lucas 17:20-37

    Aqui temos duas passagens muito difíceis.

    Nos versículos 20:21 Jesus respondeu a pergunta dos fariseus a respeito de quando viria o reino de Deus. Disse que não viria com sinais

    visíveis. A palavra que utiliza também se usa para um médico que observa a seu paciente para descobrir o sintoma de uma enfermidade que

    suspeita. Não estamos muito seguros do que Jesus continua dizendo.

    O grego pode significar duas coisas.

    1. Pode significar: o reino de Deus está dentro de vós. Isto é, que o reino de Deus trabalha nos corações humanos. O reino de Deus não vai produzir coisas novas, e sim gente nova. Não devemos procurar uma revolução das coisas materiais, e sim uma revolução nos corações dos homens.
      1. Pode significar: o reino de Deus está entre nós. Isto se referiria ao próprio Jesus. Ele era a própria encarnação do Reino, e não o

    reconheceram. É como se tivesse dito: "Toda a oferta e todo o segredo de Deus estão aqui – e vocês não o aceitam."

    Os versículos 22:37 nos falam da Segunda Vinda de Jesus. Desta passagem difícil só podemos assinalar as coisas que são seguras – e em realidade são suficientes.

    1. Haverá momentos em que os cristãos ansiarão pela Vinda de Cristo. Como os santos martirizados, clamarão: "Até quando?" (Ap 6:10). Mas terão que aprender a acender a luz da paciência e

    esperar. Deus tem seu tempo próprio.

    1. A Vinda de Cristo é certa, mas se desconhece o momento de sua chegada. As especulações são vãs e inúteis. Aparecerão pessoas com falsas profecias e predições. Não devemos deixar nossas tarefas diárias

    para segui-los. A melhor forma em que Cristo pode chegar a um homem

    é quando se encontra humilde, fiel e atentamente cumprindo o seu dever. Como disse um grande comentarista: "Ninguém a profetizará; mas todos a verão."

    1. Quando chegar esse dia o juízo de Deus operará, e, de duas pessoas que tenham vivido toda sua vida lado a lado, uma será tirada e a

    outra deixada. Aqui há uma advertência. A intimidade com uma pessoa boa não garante necessariamente nossa salvação. "Ninguém poderá salvar a seu irmão." Não é certo que às vezes uma família deixa os

    deveres da igreja em mãos de um de seus membros? Não é certo que mais de um marido deixa seus deveres para com a Igreja em mãos de sua mulher? O juízo de Deus é individual. Não podemos nos eximir de nosso

    dever para com Deus por poder nem por associação. Mais de uma vez, uma pessoa será tomada e outra será deixada.

    1. Quando perguntaram a Jesus quando aconteceria tudo isto, ele

    respondeu citando um provérbio bem conhecido: “Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão também os abutres.” Isto significava simplesmente que algo aconteceria quando se cumprissem as condições necessárias. Isto significa que Deus voltará a enviar a Jesus Cristo quando quiser. Não sabemos quando será; não nos animamos a especular a respeito disso.

    Devemos viver de tal maneira que em qualquer momento que chegue, à manhã, ao meio dia ou à noite, encontre-nos preparados.


    O Evangelho em Carne e Osso

    Flávio Gouvêa de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil
    O Evangelho em Carne e Osso - Comentários de Lucas Capítulo 17 do versículo 20 até o 37

    83   . Enigmas sobre a vinda do reino de Deus

    Lc 17:20-37

     

    Quando vem o Reino?

     

    Jesus falava muito a respeito do reino de Deus, um de seus temas principais. Os fariseus também acreditavam que esse reino traria de volta a glória de Israel nos tempos do rei Davi. Sendo assim, eles trataram de interrogar Jesus, como que dizendo: “Afinal, quando vem o reino de Deus de que você tanto fala?”.

    Uma grande preocupação da religião judaica e também no cristianismo é quanto ao dia em que Deus julgará o mundo estabelecendo seu reinado definitivo. Há muitas interpretações e até mesmo nomes diferentes para esse evento, mas é sempre algo que causa grande expectativa, curiosidade e mesmo tensão. Por conta disso é um dos assuntos que mais gera polêmicas e até mesmo atitudes impensadas e falhas, especialmente para aqueles que procuram marcar datas. A pergunta dos fariseus ainda é muito comum no cristianismo.

    Entretanto, Jesus não lhes dá uma data e nem mesmo indícios para que façam suas contas, como muitos ainda insistem em fazer. Na verdade ele chegou a dizer em outra ocasião que nem ele próprio e nem os anjos sabiam, mas apenas o Pai (cf Mt 24:36), deixando sempre a ênfase na surpresa e na atitude de vigilância todos os dias. É nesse mesmo conceito que Jesus procura mudar a visão dos fariseus afirmando que “Não vem o reino de Deus com visível aparência”, como se ele pudesse ser identificado aqui ou lá, como se fosse algo institucionalizado, geográfico ou mesmo político.

    Mas o que deve ter surpreendido mais ainda – como ainda surpreende – é quando Jesus diz não que o reino virá, mas que ele já está presente! E não fora, mas dentro ou entre eles. O reino de Deus era justamente a realidade que Jesus estava inaugurando, embora ainda houvesse um longo processo até sua consumação.

    Ele mesmo havia afirmado que nele se cumpria a profecia de Isaías sobre o Ungido (conforme Lc 4:17-21); respondeu a João Batista que era o esperado, mostrando o que estava acontecendo naqueles dias (Lc 7:22); e respondeu aos que o acusaram de expulsar demônios por Belzebu que, se expulsava demônios pelo dedo de Deus, era porque o Reino havia chegado até eles (Lc 11:20); e isso só para citar alguns exemplos de que Jesus anunciava o reino de Deus como uma realidade presente.

    O importante não é saber a data do Dia do Senhor, mas reconhecer o reino que já está entre nós em Cristo.

     

    O tempo da espera

     

    Jesus dirige-se aos discípulos agora, eles eram os que criam e seguiam-no nessa nova realidade. Era preciso que estivessem vigilantes e sóbrios, como foi dito em tantos outros ensinos de Jesus com relação à esperança que agora tinham. O que eles precisavam saber não era a respeito de datas (At 1:7), mas a respeito de suas atitudes durante o processo, atitudes dentro do Reino já presente entre eles.

    Os discípulos precisariam ficar atentos não quanto ao tempo específico da manifestação do Filho do Homem, mas quanto ao tempo de espera em que continuariam neste mundo vivendo a fé, a esperança e o amor do reino de Deus, o qual já estava presente neles, embora ainda estando por vir plenamente. Nesse tempo chegariam a sentir saudades dos dias em que Jesus passou com eles, enquanto discípulos que ainda viriam a crer sem ter visto Jesus fisicamente manteriam sua esperança diante de toda oposição.

    Nesse tempo de espera, anúncios de que Jesus estivesse em determinados lugares poderiam ser muito tentadores; a saudade e o desejo de se ter palpável o objeto da fé poderia levar discípulos a buscarem mais que a própria fé e esperança, dando até a idéia de algo exclusivo e limitado a determinados lugares. Entretanto Jesus esclarece que essa manifestação final não se daria em lugares exclusivos e escondidos para uns poucos, mas seria como um relâmpago brilhando até as extremidades do céu, sendo visto explicitamente por todos.

    Era preciso também que soubessem a respeito da realidade e das dificuldades desse tempo de espera. O fato de o Reino já estar presente entre eles não significava que tudo já fosse perfeito e glorioso, muita coisa ruim ainda aconteceria, a começar pelo sofrimento e rejeição pelos quais o próprio Jesus passaria. Embora tudo parecesse normal na sociedade, onde as pessoas mantinham suas vidas normais, viriam crises e momentos onde seria preciso tomar atitudes urgentes e drásticas baseadas na fé que carregavam. Nesses momentos críticos, os ensinos de Jesus com relação a “buscar o reino de Deus e sua justiça em primeiro lugar” e sobre “a inutilidade de se ganhar o mundo inteiro e perder sua alma”, ganhariam aplicações bem mais sérias e urgentes. Momentos em que literalmente “ganhariam suas vidas ao perdê-las”, como também foi ensinado.

    Pense sobre quantas situações dessas aconteceram com os discípulos de Jesus na história e eles se mantiveram fiéis. Isso ainda acontecerá mais vezes.

     

    O cadáver e os abutres

     

    Os discípulos perguntam pelo local onde tudo isso aconteceria. Jesus responde com um enigma, uma expressão que apresenta a repostas mais de uma forma visual e intuitiva que uma explicação inteligível. Ver os abutres rodeando no céu indica a existência do cadáver por ali. Da mesma forma que o cadáver atrai os abutres, também o juízo atrairia consequências. Como se diz atualmente: onde há fumaça, há fogo. Uma coisa está ligada à outra.

    Os abutres eram considerados animais imundos, especialmente por se alimentarem de carniça, por isso também representavam lugares desolados e ligados à morte, sendo citados em muitas visões proféticas que falavam sobre vingança e juízo de Deus. Em Isaías 34.15, por exemplo, fazem parte da terrível visão da vingança de Deus contra as nações e aqui também está em pauta o assunto do juízo final. Assim, essa resposta de Jesus indica que, assim como o Filho do Homem será visto como um relâmpago por todos, desde o oriente ao ocidente, assim também o juízo e suas consequências seriam percebidos em todos os lugares do modo como os abutres indicam a localização da carniça. O reino de Deus seria universal; e seu juízo também.

    Os discípulos deveriam se refugiar em sua fé no reino de Deus como a família de Ló fugindo da destruição de Sodoma e Gomorra, determinados e sem olhar para trás. O refúgio estaria na presença do reino de Deus entre eles, onde quer que estivessem; e essa era a certeza da vida eterna ao passar por esse juízo. Como disse Jesus em outra ocasião: “quem ouve as minhas palavras e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5:24).



    Notas de Estudos jw.org

    Disponível no site oficial das Testemunhas de Jeová
    Notas de Estudos jw.org - Comentários de Lucas Capítulo 17 versículo 21
    está no meio de vocês: Ou: “está entre vocês”. A palavra grega traduzida aqui como “vocês” está no plural e evidentemente se refere aos fariseus com quem Jesus estava falando. (Lc 17:20; compare com Mt 23:13.) Jesus era o representante ungido de Deus, aquele que Deus tinha escolhido para ser o Rei do seu Reino. Além disso, ele tinha recebido autorização para realizar milagres que mostravam o poder que tinha recebido e para preparar candidatos para assumirem cargos em seu Reino. (Lc 22:29-30) Como Jesus estava ali entre eles, ele podia corretamente dizer “o Reino de Deus está no meio de vocês”.


    Dicionário

    Ali

    advérbio Naquele lugar: vou te deixar ali, perto da igreja.
    Naquele tempo; então: até ali estávamos bem, foi depois que nos separamos.
    Num local conhecido ou já mencionado: deixe os guarda-chuvas ali.
    Nessa situação, momento, pessoa; naquilo: ninguém disse mais nada, ali tem algo errado!
    Gramática Quando usado com um pronome pessoal ou demonstrativo intensifica a relação de identificação ou de proximidade: põe isso ali, por favor.
    Etimologia (origem da palavra ali). Do latim ad illic.

    lá, acolá, aí, além. – Ali diz propriamente – “naquele lugar”, tanto à vista como no sítio de que se acaba de tratar. – Dicionário de Sinônimos da Língua Portuguesa 161 Lá significa – “naquele outro lugar”; isto é – no lugar que não é o em que me encontro eu presentemente e que está distante de mim, na parte oposta àquela em que estou. – Aí quer dizer – “nesse lugar”; isto é – no lugar em que se encontra a pessoa a quem nos dirigimos. – Acolá diz – “ali, naquele lugar que está à vista, mas que não é o que eu ocupo, nem o que está ocupando a pessoa com quem falo”. – Além significa – “mais para diante, do outro lado de um lugar ou um acidente à vista, ou mesmo não visível”.

    Aqui

    advérbio Neste lugar: aqui não há preconceitos raciais.
    A este lugar: jamais voltarei aqui.
    Nesta ocasião, neste momento, agora: nunca simpatizei com ele, e aqui o digo sem rebuços.
    locução adverbial Aqui e ali, ora num lugar, ora noutro; esparsamente.

    cá. – Escreve Roq., que estes dois advérbios“ valem o mesmo que ‘este lugar’, ou ‘neste lugar’ onde se acha a pessoa que fala. A diferença entre os dois consiste em que aqui designa o lugar de um modo absoluto, e sem referência alguma a outro lugar;
    v. g.: Aqui vivo, aqui estou, etc. Cá tem maior extensão, pois além de designar o lugar onde se está, acrescenta por si só a exclusão de outro lugar determinado (lá) que direta ou indiretamente se contrapõe àquele em que nos achamos. Vivo aqui; janto aqui – supõe, só e absolutamente, o lugar onde vivo e onde janto, sem excluir determinadamente outro lugar, e sem sugerir a menor ideia de dúvida, preferência, ou relação alguma respetivamente a outro. Mas – janto hoje cá; esta noite durmo cá – exclui determinadamente o lugar onde costumo jantar ou dormir. No estilo familiar entende-se – aqui por ‘nesta casa’; pois quando alguém diz – F. jantou aqui ontem; ou – passou ontem aqui a noite – é como se dissesse – jantou, passou a noite ‘nesta casa’. Quando cá se contrapõe a lá indica a terra ou o lugar em que estamos comparando com outro de que já falamos, e a que nos referimos como se vê no ditado vulgar – Cá e lá más fadas há”.

    Deus

    Deus O judaísmo apresentava uma visão estritamente monoteísta da divindade. As afirmações a respeito que aparecem no Antigo Testamento não podem ser mais explícitas. Antes e depois dele não houve nem haverá outros deuses (Is 43:10-11). Tudo criou sem ajuda nem presença de ninguém (Is 44:24; 45,12). É o primeiro e o último (Is 44:6), clemente e misericordioso (Sl 111:4), o que cuida dos oprimidos (Sl 113:7), o que cura todas as dores e perdoa todas as iniqüidades (Sl 103:3).

    Foi ele quem entregou a Torá a Moisés no Sinai (Êx 19:20) e que estabeleceu uma Aliança Eterna com Israel como povo seu. Ele que falou através dos profetas, ele que não pode ser representado por nenhum tipo de imagem, desenho ou pintura (Ex 20:4ss.) etc.

    Deste Deus se esperava que enviaria seu messias e que no final dos tempos ressuscitaria os justos e injustos, proporcionando recompensa eterna aos primeiros e castigo vergonhoso e consciente aos segundos (Dn 12:2).

    Nos evangelhos encontramos uma aceitação de todas essas afirmações. Deus é único (Mc 12:29ss.), é o Deus dos patriarcas (Mt 22:32), é o único que pode receber culto e serviço (Mt 6:24; Lc 4:8). Para ele tudo é possível (Mt 19:26; Lc 1:37). Ainda que faça brilhar o sol sobre justos e injustos (Mt 5:45), só é Pai daqueles que recebem Jesus (Jo 1:12). Essa relação de paternidade entre Deus e os seguidores de Jesus explica por que ele é tratado como Pai (Mt 11:25ss.; Mc 14:36; Lc 23:34.46; Jo 11:41; 17, 1.5.11). A ele se deve dirigir no oculto do coração e sem usar contínuas repetições como os pagãos (Mt 6:4.
    18) e nele se deve confiar sem sombra de dúvida (Mt 6:26-32; 10,29-31; Lc 15). E podemos então chegar a conhecê-lo porque se nos revelou em Jesus (Jo 1:18).

    Esse monoteísmo com o qual Deus é contemplado no Novo Testamento encontra-se, não obstante, selecionado através da fé na Trindade, que afirma uma pluralidade de pessoas no âmago da única divindade. Existem precedentes da crença na divindade do messias no judaísmo, assim como da atuação de Deus em várias pessoas. De fato, o judeu-cristianismo posterior — tal como registra o Talmude — apenas se referiu a elas para defender sua essência judaica. Assim, no Antigo Testamento, atribui-se ao Messias o título divino de El-Guibor (Is 9:5-6); Deus se expressa em termos plurais (Gn 1:26-27; Is 6:8); o malak YHVH ou o anjo de YHVH não é senão o próprio YHVH (Jz 13:20-22) etc, expressões que foram interpretadas como sinais da revelação da Trindade.

    Nos evangelhos encontramos de fato afirmações nesse sentido que não podem ser consideradas equívocas. Por exemplo: Jesus é denominado Deus (Jo 1:1; 20-28 etc.); afirma-se que o Filho de Deus é igual a Deus (Jo 5:18); ressalta-se que era adorado pelos primeiros cristãos (Mt 28:19-20 etc.), recebe a designação de “Verbo”, termo procedente dos targuns aramaicos para referir-se ao próprio YHVH (Jo 1:1) etc.

    Tem-se discutido se todos esses enfoques procedem realmente do próprio Jesus ou se, ao contrário, devem ser atribuídos à comunidade primitiva. Também se questiona o seu caráter judaico.

    Atualmente, sabemos que esses pontos de vista não se originaram do helenismo, mas do judaísmo contemporâneo de Jesus (m. Hengel, A. Segal, C. Vidal Manzanares etc.). A característica que difere o cristianismo das outras doutrinas é afirmar essa hipóstase do Deus único, encarnado em Jesus. A este também retrocede todas as interpretações sobre sua pessoa. Para essa interpretação, defendem-se passagens de indiscutível autenticidade histórica, como a de Lc 10:21-22, assim como as de auto-identificação que Jesus atribui a si, como a Jokmah hipostática dos Provérbios (Lc 7:35; 11,49-51) e como o “Kyrios” (Senhor) do Antigo Testamento (Lc 12:35-38; 12,43ss.). Essas passagens de fato fazem parte da fonte Q, o que indica sua antigüidade.

    m. Hengel, El Hijo de Dios, Salamanca 1978; A. Segal, Paul, The Convert, New Haven e Londres 1990; m. Gilbert - J. N. Aletti, La Sabiduría y Jesucristo, Estella; C. Vidal Manzanares, El primer Evangelio...; Idem, El judeo-cristianismo palestino...


    Deus [hebr. El, Elah, Eloah, Elohim; gr. theós]

    O nome mais geral da Divindade (Gn 1:1; Jo 1:1). Deus é o Ser Supremo, único, infinito, criador e sustentador do universo. É espírito pessoal e subsiste em três pessoas ou distinções: Pai, Filho e Espírito Santo (v. TRINDADE). É santo, justo, amoroso e perdoador dos que se arrependem. O ateu diz que Deus não existe; o agnóstico diz que não podemos saber se Deus existe ou não; o crente sabe que Deus existe e afirma: “... nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17:28).

    ==========================

    NOMES DE DEUS

    Nas Escrituras Sagradas Deus é chamado por vários nomes e cognomes (títulos), que seguem alistados na ordem decrescente do número de ocorrências:


    1) SENHOR (hebr. JAVÉ, ???? - Gn 2:4);


    2) DEUS (Gn 1:1);


    3) SENHOR DOS EXÉRCITOS (Jr 33:11);


    4) Pai (Is 63:16; Mt 6:8-9);


    5) SENHOR (propriamente dito - Sl 114:7);


    6) SANTO de ISRAEL (Is 1:4);


    7) ALTÍSSIMO (Gn 14:18);


    8) Todo-poderoso (Gn 49:25; 2Co 6:18);


    9) Deus Vivo (Os 1:10; 1Ts 1:9);


    10) Rei (Sl 24; 1Tm 6:15);


    11) Rocha (Dt 32:18; Is 30:29);


    12) REDENTOR (19:25);


    13) SALVADOR (Sl 106:21; Lc 1:47);


    14) Juiz (Gn 18:25; 2Tm 4:8);


    15) O Poderoso (Gn 49:24, RA; RC, Valente);


    16) O PRIMEIRO E O ÚLTIMO (Ap 22:13);


    17) ETERNO DEUS (Is 40:28);


    18) Pastor (Gn 49:24);


    19) ANCIÃO DE DIAS (Dn 7:9);


    20) O Deus de BETEL (Gn 31:13);


    21) O Deus Que Vê (Gn 16:13).


    Introdução

    (O leitor deve consultar também os seguintes verbetes: Cristo, Espírito Santo, Jesus, Senhor.) O Deus da Bíblia revela-se em sua criação e, acima de tudo, por meio de sua Palavra, as Escrituras Sagradas. De fato, a Bíblia pode ser definida como “a autorevelação de Deus ao seu povo”. É importante lembrar que as Escrituras mostram que o conhecimento que podemos ter de Deus é limitado e finito, enquanto o Senhor é infinito, puro e um Espírito vivo e pessoal, ao qual ninguém jamais viu. Freqüentemente a Bíblia usa antropomorfismos (palavras e ideias extraídas da experiência das atividades humanas, emoções, etc.) numa tentativa de nos ajudar a entender melhor Deus. Esse recurso pode ser realmente muito útil, embora o uso de descrições e termos normalmente aplicados aos seres humanos para referir-se ao Senhor eterno e infinito sempre deixe algo a desejar. Alguém já disse que “conhecer a Deus”, até o limite de que somos capazes por meio de sua Palavra, é o cerne da fé bíblica. De acordo com as Escrituras, todas as pessoas, durante toda a história, estão de alguma maneira relacionadas com o Senhor, seja numa atitude de rebelião e incredulidade, seja de fé e submissão.

    Homens e mulheres existem na Terra graças ao poder criador e sustentador de Deus; a Bíblia ensina que um dia todos estarão face a face com o Senhor, para o julgamento no final dos tempos. A natureza de Deus e seus atributos são, portanto, discutidos de diversas maneiras nas Escrituras Sagradas, de modo que Ele será mais bem conhecido por meio da forma como se relaciona com as pessoas. Por exemplo, aprende-se muito sobre Deus quando age no transcurso da história, em prol do sustento e da defesa de seu povo, e leva juízo sobre os que pecam ou vivem em rebelião contra Ele. Muito sabemos sobre o Senhor por meio dos nomes aplicados a Ele na Bíblia e quando sua criação é examinada e discutida. Acima de tudo, aprendemos de Deus quando estudamos sobre Jesus, o “Emanuel” (Deus conosco).

    As seções seguintes proporcionam apenas um resumo do que a Bíblia revela sobre Deus. Uma vida inteira de estudo, fé e compromisso com o Senhor, por intermédio de Cristo, ainda deixaria o crente ansioso por mais, especialmente pelo retorno de Jesus, pois concordamos com a declaração do apóstolo Paulo: “Agora conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13:12).

    A existência do único Deus

    A Bíblia subentende a existência de Deus. Não há discussão alguma sobre isso em suas páginas, pois trata-se de um livro onde o Senhor revela a si mesmo. Somente o “tolo”, a pessoa maligna e corrupta, diz “no seu coração: Não há Deus” (Sl 14:1-53.1; veja O tolo e o sábio). A existência de Deus é freqüentemente afirmada nos contextos que advertem contra a idolatria. Sempre é dada uma ênfase especial ao fato de que somente o Senhor é Deus e não existe nenhum outro. Deuteronômio 6:4 declara: “Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Deuteronômio 32:39 diz: “Vede agora que Eu sou, Eu somente, e não há outro Deus além de mim. Eu causo a morte, e restituo a vida; eu firo, e eu saro, e não há quem possa livrar das minhas mãos”. Por essa razão, a idolatria é considerada um grande pecado (cf. 1 Co 8.4). Envolver-se com ela é viver e acreditar na mentira, numa rejeição direta da revelação do único Deus verdadeiro. Esperava-se que o povo de Israel testemunhasse para as nações ao redor que existia apenas um único Senhor e que não havia nenhum outro deus. Isso seria visto especialmente no poder de Deus para proporcionar a eles os meios para vencerem as batalhas contra inimigos mais fortes, no tempo de paz, na extensão das fronteiras (contra o poder de outros assim chamados deuses) e em sua justiça e juízo sobre todos os que se desviavam dele, ou rejeitavam seus caminhos ou seu povo. As nações ao redor precisavam aprender com Israel que os seus deuses eram falsos e que na verdade adoravam demônios (1Co 10:20).

    Os escritores dos Salmos e os profetas também proclamaram que somente o Senhor é Deus e que Ele pré-existe e auto-subsiste. O Salmo 90:2 diz: “Antes que os montes nascessem, ou que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. Em Isaías, lemos: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus” (Is 44:6). “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus. Eu te fortalecerei, ainda que não me conheças” (Is 45:5; veja também 45.21; etc.). Jeremias disse: “Mas o Senhor Deus é o verdadeiro Deus; ele mesmo é o Deus vivo, o Rei eterno. Do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação” (Jr 10:10).

    No Novo Testamento, novamente a autoexistência eterna de Deus é subentendida: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:14). Paulo argumentou em sua pregação para os atenienses: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17:28). O apóstolo fez um apelo aos habitantes de Listra, a fim de que reconhecessem a existência do único Deus verdadeiro, pois “não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas dos céus, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações” (At 14:17). Em Romanos 1:19-20, há o pressuposto de que mesmo os que são maus e rejeitam a Deus podem ser considerados em débito, “visto que o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis”.

    Como em João 1, mencionado anteriormente, é no Novo Testamento que aprendemos sobre Jesus e começamos a entender mais sobre o próprio Deus, sua preexistência e sua auto-existência. Colossenses 1:17 descreve a preexistência de Cristo como “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15). Tanto Deus, o Pai, como Jesus são considerados eternos em sua existência: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1:8-11.15, 17; 2 Pe 3.8). Hebreus 13:8 também fala de Jesus: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e eternamente”.

    O Deus criador

    A autoexistência de Deus, bem como sua eternidade, também são sinalizadas na criação, a qual Ele fez do “ex nihilo” (a partir do nada; veja Gn 1; Rm 4:17; Hb 11:3). A Bíblia não admite a ideia do nada existindo lado a lado com o Senhor através da eternidade. Não há ensino, por exemplo, de que a matéria sempre existiu, ou que o mal sempre permaneceu como uma alternativa ao lado de Deus. O Todo-poderoso sempre existiu e sempre existirá; Ele é o Criador. O que existe traz outras coisas à existência. O racionalismo pode argumentar que, se algo existe, deve ter o poder da auto-existência dentro de si. A Bíblia mostra que o ser que auto-existe é Deus e somente Ele é o Senhor. Porque Deus existe, a vida veio à existência e surgiu a criação. No Senhor há vida e luz. Somente Ele tem a vida em si mesmo e habita na luz e na glória eternamente.

    O ato de Deus na criação é descrito em muitos lugares da Bíblia. De maneira notável, Gênesis 1:2 descrevem a Palavra de Deus que traz tudo o que conhecemos à existência. Esses capítulos demonstram claramente que o Senhor já existia antes da criação e foi por meio de sua palavra e seu poder que o mundo veio à existência. Também revelam que Deus não iniciou simplesmente o processo e o concluiu, ou ainda não o concluiu, com o que conhecemos neste mundo hoje. Ele interferiu ativamente, várias vezes, para criar a luz, o sol, a lua, a água, a vegetação, os peixes, os mamíferos, os pássaros e a humanidade. Em Gênesis 1, essa obra ativa de Deus durante todo o período da criação pode ser notada nas duas frases: “E disse Deus: Haja...” e “E viu Deus que isso era bom”. Em Gênesis 2, a obra e as palavras do “Senhor Deus” são mencionadas repetidamente. O Salmo 33:4-9 personaliza a “palavra de Deus” como a que criou e “é reta e verdadeira; todas as suas obras são fiéis... Pela palavra do Senhor foram feitos os céus... Tema toda a terra ao Senhor... Pois ele falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu”. Jeremias afirma: “Pois ele (o Senhor) é o criador de todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança; Senhor dos Exércitos é o seu nome” (Jr 10:16-51.19; veja também 26:7; Sl 102:25-104.24; Ne 9:6; etc.).

    No NT, o escritor da carta aos Hebreus lembra os crentes que “pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que o visível não foi feito do que se vê” (Hb 11:3). Louvor e adoração são devidos a Deus, o Pai, e a Jesus, a Palavra de Deus, pela criação e pelo seu contínuo sustento de todas as coisas criadas. Desde que a criação deriva sua vida e existência do próprio Deus, se o Senhor não a sustentasse, ela deixaria de existir (Ap 4:11; Jo 1:1-3; 1 Co 8.6; Cl 1:16-17; Hb 1:2-2 Pe 3.5; etc.).

    Essa obra da criação, a qual necessita do poder sustentador do Senhor, proporciona a evidência da soberania e do poder de Deus sobre todas as coisas. Ele está presente em todos os lugares, a fim de sustentar e vigiar sua criação, realizar sua justiça, amor e misericórdia, trazer à existência e destruir, de acordo com sua vontade e seus propósitos. A doxologia de Romanos 1:1-36 oferece a resposta adequada do crente na presença do Deus criador, sustentador e que existe por si: “Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória, pois, a ele eternamente. Amém” (v.36).

    O Deus pessoal

    O Criador do Universo e de todas as coisas, que sustém o mundo e todas as pessoas, revela-se a si mesmo como um “Deus pessoal”. A palavra “pessoal” não é aplicada a Ele em nenhum outro lugar da Bíblia e é difícil nossas mentes finitas assimilarem o que essa expressão “pessoal” significa, ao referir-se ao Senhor. Ainda assim, é dessa maneira que Ele é consistentemente revelado. Deus é um ser auto-existente e autoconsciente. Qualidades que indicam um ser pessoal podem ser atribuídas a Deus. Ele é apresentado como possuidor de liberdade, vontade e propósitos. Quando colocamos esses fatores na forma negativa, o Senhor nunca é descrito nas Escrituras da maneira que as pessoas o apresentam hoje, como uma energia ou uma força sempre presente. Deus revela a si mesmo como um ser pessoal no relacionamento entre Pai, Filho e Espírito Santo (veja mais sobre a Trindade neste próprio verbete) e em seu desejo de que seu povo tenha um relacionamento real com o “Deus vivo”. Sua “personalidade”, é claro, é Espírito e, portanto, não está limitada da mesma maneira que a humana. Porque é pessoal, entretanto, seu povo pode experimentar um relacionamento genuíno e pessoal com Ele. Deus, por ser bom, “ama” seu povo e “fala” com ele. O Senhor dirige os seus e cuida deles. O Salmo 147:10-11 dá alguns sentimentos de Deus, como um ser pessoal: “Não se deleita na força do cavalo, nem se compraz na agilidade do homem. O Senhor se agrada dos que o temem, e dos que esperam no seu constante amor” (veja também Sl 94:9-10). Efésios 1:9-11 mostra como a vontade e os propósitos de Deus são especialmente colocados à disposição dos que Ele “escolheu”, aos quais ele “ama”. O Senhor é aquele que conhece seu povo (1Co 8:3) e pode ser chamado de “Pai” pelos que vivem por ele (v.6). A revelação de Deus em Jesus novamente mostra como Ele é um Deus “pessoal”, tanto no relacionamento de Cristo e do Pai (como o Filho faz a vontade do Pai e fala as suas palavras), como na maneira pela qual o Pai mostrou seu amor pelo mundo, quando deu “o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16-14:15-31; 15.9,10; etc.).

    O Deus providencial

    Já que Deus é eterno, auto-existente e o Criador do Universo, não é de admirar que um dos temas mais freqüentes na Bíblia refira-se à soberana providência do Senhor. Deus é visto como o rei do Universo, o que fala e tudo acontece, que julga e as pessoas morrem, que mostra seu amor e traz salvação. Ele é o Senhor (veja Senhor) que controla o mundo e exige obediência. Busca os que farão parte de seu povo. É neste cuidado providencial por seu mundo e seu povo que mais freqüentemente descobrimos na Bíblia os grandes atributos divinos de sabedoria, justiça e bondade. Aqui vemos também sua verdade e seu poder. As Escrituras declaram que Deus tem o controle total sobre tudo, ou seja, sobre as pessoas, os governos, etc. Ele é chamado de Rei, pois estabelece reinos sobre a Terra e destrói-os, de acordo com seu desejo. Sua soberania é tão grande, bem como sua providência, em garantir que sua vontade seja realizada, que mesmo o mal pode ser revertido e usado pelo Senhor, para realizar seus bons propósitos.

    Os escritores da Bíblia demonstram com convicção que Deus governa sobre toda a criação; assim, os conceitos do destino e do acaso são banidos. À guisa de exemplo, uma boa colheita não acontece por acaso, mas é providenciada pelo Senhor. É Deus quem promete: “Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn 8:22). Por outro lado, o Senhor mantém tal controle sobre a criação que pode suspender a colheita dos que vivem no pecado ou se rebelam contra Ele (Is 5:10). Nos dias do rei Acabe, de Israel, Deus suspendeu a chuva e o orvalho, por meio de “sua palavra”, como castigo sobre o monarca e o povo (1Rs 17:1). A fome foi extremamente severa, mas a providência particular e amorosa do Senhor por seu povo fez com que suprisse as necessidades do profeta Elias de maneira miraculosa (1Rs 17:18).

    A Bíblia preocupa-se muito em mostrar a providência de Deus, que pode ser vista no seu relacionamento com seu povo (veja 2 Cr 16.9). Paulo fala sobre isso quando diz: “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). Aqui vemos que não somente o cuidado soberano do Senhor sempre é feito segundo a sua vontade e seu propósito, mas também que esse desejo preocupa-se especialmente com seu povo, mediante o cuidado e a proteção. O poder de Deus é tão grande que em “todas as coisas” Ele trabalha para atingir seus fins. Tal entendimento da providência do Senhor leva à conclusão inevitável de que mesmo o que começou por meio do mal, ou emanado de nossos próprios desejos pecaminosos, pode ser revertido por Deus, enquanto Ele trabalha incessantemente para completar e realizar sua vontade. Essa fé e confiança no cuidado providencial do Senhor não eram conceitos novos nos dias de Paulo. Quando José foi capturado por seus irmãos e vendido como escravo para o Egito, não foi o acaso que finalmente o levou a ser governador egípcio, num momento em que o povo de Deus precisava ser preservado da fome terrível. Tudo foi parte da vontade do Senhor. Posteriormente, ao discutir o assunto com seus irmãos amedrontados, José disse: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida” (Gn 50:20). O cuidado providencial de Deus por Jó, quando Satanás desejava atacá-lo e destruí-lo, também é uma prova do poder soberano do Senhor, mesmo sobre o mundo dos espíritos, inclusive Satanás (1:2). Deus até mesmo controlou as ações do rei da Pérsia em favor de seu povo (Is 44:28-45:1-7).

    Em nenhum outro contexto o cuidado providencial de Deus pode ser visto com tanta clareza como na provisão da salvação para o seu povo, por meio da morte expiatória de Jesus Cristo. A ação mais perversa de Satanás e o mais terrível de todos os pecados cometidos pelos seres humanos levaram à crucificação do Filho de Deus. Isso, porém, fora determinado pela vontade de Deus, e Ele reverteu aquele ato terrível para proporcionar expiação a todo aquele que se voltar para o Senhor (At 2:23-24). Esse desejo de Deus foi realizado “segundo as Escrituras”. Certamente o Senhor freqüentemente é visto agindo de maneira providencial e com poder soberano, de acordo com sua Palavra (Rm 5:6-1 Co 15.3; 2 Co 5.15).

    A providência do Senhor também é vista na maneira como chama as pessoas para si. Toda a Trindade está envolvida nesta obra de atrair e cuidar do povo de Deus (Jo 17:11-12, 24; Ef 1:3-14; Cl 1:12-14; etc.). A reflexão sobre a soberania do Senhor sobre tudo, seu poder total de realizar o que sua vontade determina, sua providência na natureza, na humanidade de modo geral e especialmente em relações aos redimidos, nos leva novamente a louvá-lo e bendizê-lo (Sl 13:9-13-16; 145.1, 13 16:1 Pe 5.7; Sl 103).

    O Deus justo

    A Bíblia mostra-nos um Senhor “justo”. Isso faz parte de sua natureza e tem que ver com sua verdade, justiça e bondade. Em termos práticos, o reconhecimento da justiça de Deus nas Escrituras permite que as pessoas confiem em que sua vontade é justa e boa e podem confiar nele para tomar a decisão ou a ação mais justa. Ele é justo como Juiz do mundo e também na demonstração de sua misericórdia. Mais do que isso, sua vontade eterna é inteiramente justa, íntegra e boa. É uma alegria para homens e mulheres pecadores saberem que podem voltar-se para um Deus justo e receber misericórdia. É motivo de temor para os que se rebelam que o justo Juiz julgará e condenará.

    O povo de Deus (“o povo justo”, formado pelos que foram perdoados por Deus) freqüentemente apela para sua justiça. Por exemplo, o salmista orou, para pedir misericórdia ao Senhor, quando parecia que as pessoas más prevaleciam. Achou estranho que os perversos prosperassem quando o “justo” padecia tanto sofrimento. Portanto, apelou para a justiça de Deus, para uma resposta ao seu dilema: “Tenha fim a malícia dos ímpios, mas estabeleça-se o justo. Pois tu, ó justo Deus, sondas as mentes e os corações” (Sl 7:9-11). “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha retidão. Na angústia dá-me alívio; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração” (Sl 4:1-129.4; 2 Ts 1.6). É mediante sua justiça que Deus mostra misericórdia ao seu povo (Sl 116:4-6; 37.39).

    Por vezes, entretanto, o povo de Deus tentou questionar o Senhor, quando parecia que Ele não os ajudava, ou estava do lado de outras nações. A resposta de Deus era que, se o Senhor lhes parecia injusto, é porque eles haviam-se entregado à incredulidade e ao pecado. As ações do Senhor são sempre justas, mesmo quando resultam em juízo sobre seu próprio povo. Veja, por exemplo, Ezequiel 18:25 (também
    v. 29): “Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é justo. Ouvi agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho justo? Não são os vossos caminhos injustos?”.

    Deus pode ser visto como justo em tudo o que faz. Isso se reflete em sua Lei, a qual é repetidamente definida como “justa” (Sl 119; Rm 7:12). Deuteronômio 32:4 resume a justiça do Senhor desta maneira: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, e todos os seus caminhos são justiça. Deus é a verdade, e não há nele injustiça. Ele é justo e reto”.

    Enquanto o povo de Deus ora, vê a justiça divina em seus atos de misericórdia e socorro para com eles e em seu juízo sobre os inimigos; assim, reconhecem que a justiça do Senhor permite que Ele traga disciplina sobre eles, quando pecam. Em II Crônicas 12, o rei Roboão e os líderes de Israel finalmente foram obrigados a admitir que, por causa do pecado e da rebelião deles contra Deus, Faraó Sisaque teve permissão para atacar Judá e chegar até Jerusalém. Deus os poupou da destruição somente quando se humilharam e reconheceram: “O Senhor é justo” (v. 6). Na época do exílio babilônico, os líderes tornaram-se particularmente conscientes deste aspecto da justiça de Deus. Daniel expressou dessa maneira: “Por isso, o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós, porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as obras que faz; contudo, não obedecemos à sua voz” (Dn 9:14; veja também Ed 9:15).

    Os profetas olhavam adiante para ver a revelação da justiça de Deus no futuro reino do Messias: “Vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo, um rei que reinará e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra” (Jr 23:5; Is 9:7-11.4; etc. veja Lc 1:75; At 22:14). Paulo falou sobre a obra de Cristo em termos da revelação da justiça de Deus. Na morte de Jesus, pode-se ver o juízo do Senhor sobre o pecado e a manifestação de seu amor e misericórdia sobre os que são perdoados. Deus não comprometeu nem sua justiça que exige a morte pelo pecado, nem sua aliança de amor para com o seu povo, que promete perdão e misericórdia. Desta maneira, o Senhor permanece justo e íntegro na salvação (Rm 1:17-2.5,6; 3.5, 20-26; etc.).

    Ao falar sobre os últimos dias e o retorno de Cristo, quando Deus vindicará seu nome diante de todo o mundo, inclusive os ímpios, será sua justiça que uma vez mais será notada e levará seu povo, que está ansioso por essa revelação, a louvá-lo (Ap 15:3-16.7).

    O Deus amoroso

    É justo que haja uma seção separada sobre este atributo, o mais maravilhoso do Senhor da Bíblia, ainda que tradicionalmente o amor de Deus seja visto como um aspecto de sua “bondade”. Várias vezes as Escrituras dizem que o Senhor “ama” ou mostra “amor” à sua criação, especialmente para o seu povo. É parte da natureza de Deus, pois ele é “bom” e é “amor”. O Senhor faz o que é bom (2Sm 10:12-1 Cr 19.13; Sl 119:68), porém, mais do que isso, ele é bom. Em outras palavras, a bondade é tão parte dele e de seu ser que o salmista disse: “Pois o teu nome é bom” (Sl 52:9-54.6; este vocábulo “nome” refere-se a todo o caráter do próprio Deus). Jesus disse: “Ninguém há bom, senão um, que é Deus” (Lc 18:19). Assim, se alguém deseja saber o que significa bondade e amor, deve olhar para o Senhor. I João 4:8-16 diz: “ Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor... E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor. Quem está em amor está em Deus, e Deus nele”.

    Deus é a fonte da bondade. Tiago 1:17 diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. O texto não só mostra que o Senhor é a fonte daquilo que é bom, como ensina que Deus é sempre bom. Não existe um lado “sombrio” no Senhor, nenhuma base para a visão oriental de que o bem e o mal existem lado a lado, e juntos formam algo chamado “deus”.

    A bondade de Deus, tão freqüentemente chamada de seu “amor”, é vista de muitas maneiras neste mundo. É evidente que no universo é algo generalizado, ou na manutenção da própria vida, da justiça, da ordem na criação, ou mesmo na provisão da luz do Sol e da chuva, do tempo de semear e de colher (Sl 33:5; Mt 5:45; At 17:25). Sua bondade, entretanto, é mais evidente em seu amor e fidelidade para com seu povo, a quem Ele protege, cuida e livra do juízo. Seu amor fiel por seu povo às vezes é chamado de “aliança de amor” ou “amor fiel”, pois Deus prometeu amar seu povo para sempre. Os israelitas repetidamente louvavam ao Senhor por seu amor eterno, extraordinário e não merecido, demonstrado através de toda a história de Israel (1Cr 16:34-2 Cr 5.13 7:3; Ed 3:11; Sl 118:1-29; Jr 33:11). É digno de nota como os vocábulos “bom” e “amor” aparecem juntos de maneira tão frequente, quando aplicados a Deus.

    Os que buscam a Deus experimentam sua bondade e amor, pois encontram sua salvação (Lm 3:25). O seu povo o louva acima de tudo pelo amor demonstrado em sua misericórdia e perdão dos pecados. Foi para a bondade do Senhor que o rei Ezequias apelou, quando pediu perdão pelo povo de Israel, que adorava a Deus sem ter passado pelo ritual da purificação. “Ezequias, porém, orou por eles, dizendo: O Senhor, que é bom, perdoe a todo aquele que dispôs o coração para buscar o Senhor...” (2Cr 30:18; Nm 14:19). O próprio Deus, ao falar por meio do profeta Oséias, adverte, a respeito da contínua rebelião do povo: “eu não tornarei mais a compadecer-me da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei” (Os 1:6).

    A salvação de Deus para seu povo é sua mais profunda e fantástica demonstração de bondade e amor. Jesus foi oferecido pelo Pai como sacrifício pelo pecado de todo o que crê. Talvez o mais famoso versículo da Bíblia, João 3:16, expresse o sentimento desse dom de Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O dom é ainda mais extraordinário, pois “Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8; Tt 3:4-1 Jo 3:16). O povo de Deus sabe que não merece este sacrifício. A natureza do amor divino, dado a pessoas que não são merecedoras, freqüentemente é expressa por meio do vocábulo “graça”.

    O amor de Deus também é visto por seu povo na maneira como Ele dá o seu Espírito Santo, de tal forma que todos possam conhecê-lo e responder-lhe em amor (Rm 5:5). Eles também experimentam o amor divino em seu cuidado providencial. Isso pode significar que o amor será em forma de disciplina (Ap 3:19), mas também representa o fato de que “todas as coisas” cooperam para o bem do povo de Deus, dos que são chamados segundo o seu propósito. Nada poderá separá-los do amor de Deus e de Cristo (Rm 8:28-35, 39; veja a seção anterior “O Deus providencial”). Ao meditar sobre sua graça a favor de todos, para os levar à salvação, eles o louvam pela maneira como os escolheu e os predestinou para serem filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade (Ef 1:4-6; 1 Jo 3:1). Essa grande obra de salvação é feita “segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo” (v. 9).

    “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2:4-5). O problema é como uma mente humana pode assimilar a profundidade desse amor, pois “excede todo o entendimento” (Ef 3:18-19).

    O Deus salvador

    O amor de Deus é visto proeminentemente em sua salvação por meio de Jesus (“Jesus” significa “o Senhor salva”; veja Jesus). O Senhor é corretamente descrito como “Deus salvador”. A Bíblia ensina que toda a humanidade é pecadora e necessita de redenção, que só é efetivada pela ação salvadora de Deus. O AT refere-se ao Senhor como “Libertador”, “Redentor” e “Salvador”, tanto da nação como dos indivíduos. Ambos necessitam de perdão, se não querem receber juízo. Uma lição necessária à compreensão de todas as pessoas é que somente Deus é Todo-poderoso, soberano e justo; portanto, o único que pode salvar: “E não há outro Deus senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim” (Is 45:21-43.11). Às vezes, o povo de Israel voltava-se para outras nações em busca de proteção e salvação; essa atitude, entretanto, invariavelmente falhava, ao passo que o Senhor ensinava que somente Ele era o Salvador (Dt 32:15-24; 1 Cr 16:34-36; Is 17:10).

    A promessa que Deus faz ao seu povo é que “quando clamarem ao Senhor, por causa dos opressores, ele lhes enviará um salvador e um defender, que os livrará” (Is 19:20-43.3; 45.15). Os homens e mulheres fiéis, mencionados no AT, todos conheceram a atividade salvadora e libertadora de Deus, tanto nas batalhas como no perdão dos pecados. O êxodo do Egito tornou-se o grande evento na história de Israel, que ofereceu às gerações futuras um memorial e uma ilustração da salvação e redenção operadas pelo Senhor. Deus redimiu seu povo do Egito porque o amava: “Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte, e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito” (Dt 7:8).

    Aquele acontecimento histórico proporcionou às gerações futuras uma evidência de que Deus tem o poder para salvar e libertar; essa verdade tornou-se a base em que podiam apelar para o Senhor salvá-los e livrá-los novamente em outras situações adversas (Êx 6:6; Dt 9:26; Sl 106:10). A libertação do Egito, porém, proporcionou também uma advertência, que mostra os acontecimentos no deserto para os que “esqueceram seu Deus”: “Pondo-os ele à morte, então o procuravam; voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. Lembravam-se de que Deus era a sua rocha, de que o Deus Altíssimo era o seu Redentor” (Sl 78:34-35; veja também 1 Cr 10:1-12). O próprio Deus mostrou a sua obra salvadora, ao levá-los do Egito para Canaã, e esperava fidelidade e serviço do seu povo redimido (Dt 13:5-15.15; 24.18; Os 13:4).

    Assim como precisavam de uma redenção física e libertação, os israelitas necessitavam também de perdão dos pecados; nisto também o Senhor provou ser o Salvador e Redentor do seu povo. Louvavam o seu nome pelo seu perdão e sabiam que podiam submeter-se à justiça de Deus e que Ele os salvaria (Dt 21:8; Sl 31:5-34.22; 44.26; Is 54:5-59.20).

    Os profetas olhavam para o futuro, para o dia em que um Salvador e Redentor viria para o povo de Deus: “O Redentor virá a Sião e aos que se desviarem da transgressão em Jacó, diz o Senhor” (Is 59:20). Isaías olhava adiante, para o dia do advento do Messias, quando o povo o louvaria: “Graças te dou, ó Senhor. Ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolaste. Certamente Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei. O Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação” (Is 12:1-3; veja Jr 23:6; Zc 9:9).

    Jesus foi o cumprimento de tais promessas. Ele era o Deus Salvador que veio à Terra para salvar e redimir. Quando seu nascimento foi anunciado, sua atividade salvadora e redentora imediatamente dominou as palavras dos anjos, de Zacarias e de Maria. As profecias concernentes à salvação do povo de Deus, com o advento do rei da linhagem de Davi, são anexadas às promessas do perdão de pecados e salvação do juízo de Deus. Toda a “história da salvação”, como alguns a têm chamado, chega ao seu grande clímax com o advento daquele que seria chamado de “Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1:21; Lc 1:46-47, 68-75; 2.11, 30-32, 38; etc.).

    O Deus salvador é revelado plenamente em Jesus. Nele, e em ninguém mais, há salvação (Lc 3:6-19.9,10; At 4:12; Hb 2:10). De fato, os vocábulos “salvar” e “salvação” referem-se a toda a obra salvadora de Cristo, desde sua encarnação, morte e ressurreição, até sua glorificação. Sua obra salvadora é considerada como um acontecimento realizado em três tempos: passado (na cruz, quando os crentes foram “justificados”; Rm 5:1-8.24; Ef 2:8-2 Tm 1.9); presente (com a operação progressiva do Espírito Santo na vida do crente, no processo de santificação, 1 Co 1.18; 2 Co 2,15) e futuro (no dia do julgamento, quando os crentes serão salvos da justa ira de Deus e serão glorificados; Rm 5:9-10).

    A meditação sobre quem é o Senhor sempre tem levado à doxologia; assim, Judas 25 expressa o louvor a Deus como Salvador, por meio de Jesus Cristo: “Ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

    O Deus Pai

    Conforme já vimos, Deus é bom e é amor; portanto, é também “Pai”. Ele é a fonte de todas as coisas e, nesse sentido, é Pai. É o Pai da criação de Israel — o povo da sua aliança e dos cristãos. Acima de tudo, ele é o Pai de seu único Filho Jesus Cristo. Numa época em que muitas vezes se pergunta se o Senhor realmente deveria ser chamado de “Pai”, pois isso pode parecer uma postura “machista”, é importante notar novamente que Deus é Espírito. Portanto, é totalmente errado descrevê-lo como masculino ou feminino. De fato, lemos sobre o Pai como o Deus “que te gerou” (Dt 32:18) — o que dificilmente seria considerada como uma ação masculina! A paternidade humana deriva de Deus e não vice-versa. Chamar Deus de “Pai” sem dúvida é correto do ponto de vista bíblico e, devidamente entendido, tem muito a dizer para corrigir os muitos abusos que são presenciados atualmente, cometidos pelos pais humanos.

    Primeiro, Deus é ocasionalmente referido, num sentido genérico, como Pai de todas as pessoas, pois elas são geradas por Ele (Ml 2:10; At 17:28-29; Hb 12:9). Segundo, a paternidade de Deus sobre Israel é mencionada ou subentendida. Como Pai, o Senhor tem o direito de ser obedecido. Deuteronômio 3:2-6 dá alguma indicação desse relacionamento: “Corromperam-se conta ele; já não são seus filhos, e isso é a sua mancha, geração perversa e depravada é. É assim que recompensas ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu Pai, que te adquiriu, que te fez e te estabeleceu?” É o relacionamento pactual com seu povo que está especialmente em destaque aqui. O Senhor toma (cria) Israel, ao fazer dele o seu povo peculiar e ao adotá-lo amorosamente como pai, na esperança de receber de volta amor e obediência (Ml 1:6). Deus adverte Israel de que será rejeitado, se porventura desprezar seu Pai (v. 18). Assim, Israel é o seu “filho primogênito” e, se obedecer, receberá a proteção do Senhor. Por exemplo, Deus exige de Faraó: “Israel é meu filho, meu primogênito. Deixa ir o meu filho” (Êx 4:22-23; Os 11:1).

    O fato de Deus apresentar-se como Pai de Israel significa que tem o direito de esperar em resposta uma sincera comunhão com o filho. Lamentavelmente, na maior parte do tempo, encontrou um povo rebelde. Deus diz em Isaías 1:2: “Criei filhos, e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim”. Tanto este profeta como Jeremias, entretanto, olham para o futuro, para um tempo em que o Senhor será o Pai de um filho que corresponde. Deus então mostrará a Israel seu cuidado e seu amor: “Guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho reto em que não tropeçarão, porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito” (Jr 31:9). Um filho humilde admitirá que o Pai tem direitos: “Mas agora, ó Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro, tu és o nosso oleiro; somos todos obra das tuas mãos. Não te enfureças tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniqüidade. Olha, nós te pedimos, todos nós somos o teu povo” (Is 64:8-9; veja também 45.10,11; 63.16). Como Pai e Deus da Aliança, quando seu filho chamar, ele responderá: “Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, a rocha da minha salvação... O meu amor lhe manterei para sempre, e a minha aliança lhe será firme” (Sl 89:26-28).

    Deus também é o Pai do rei de Israel, de uma maneira especial, pois ele representa o povo. A aliança que o Senhor fez com o rei Davi estabeleceu que Deus seria o “Pai” dos descendentes dele: “Eu serei seu Pai e ele será meu filho”. O salmista destaca esse tema. Por exemplo, o Salmo 2:7 diz: “Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (veja também Sl 89:26-27). Posteriormente, essas passagens sobre o filho assumiram um significado messiânico, quando as pessoas olhavam para o futuro, para o advento do rei ungido da linhagem de Davi. De fato, mais tarde foram aplicadas a Jesus Cristo (At 13:33; Hb 1:5).

    Deus é “Pai” unicamente de Jesus, o qual é descrito como “o Filho unigênito de Deus” (veja Jesus). Esta filiação está relacionada ao seu nascimento virginal (Lc 1:35), mas essa não é a única origem. O Pai anuncia claramente a condição de Jesus, em seu batismo: “Então ouviu-se esta voz dos céus: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mc 1:11). Isso, porém, serviu apenas para confirmar publicamente o que já era verdade. De fato, o NT indica uma comunhão permanente entre o Deus Pai, como “pai”; e o Deus Filho, como “filho”. Esse relacionamento eterno é indicado em João 1:18: “Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem o revelou”. Em João 17 Jesus dirige-se a Deus como “Pai” e olha para o futuro, quando receberá novamente “a glória que me deste, porque me amaste antes da criação do mundo” (vv. 24,25; 1 Jo 4:9).

    O acesso a Deus como “Pai” só é possível por meio de Cristo: “Ninguém vem ao Pai, senão por mim”, disse Jesus (Jo 14:6). Isso também aponta o caminho para a filiação a Deus para todos os cristãos.

    Deus como Pai de todos os cristãos é o complemento de sua paternidade a ser mencionada aqui. O Senhor é o Pai de todo o que tem fé em Cristo. Parte da plenitude da salvação, aplicada aos crentes pelo Espírito Santo, é a condição de “adoção” de filhos (Rm 8:23; Ef 1:5), mediante a qual podem utilizar o nome mais pessoal de “Aba” (Papai), ao dirigir-se a Deus (Rm 8:14-17; Gl 4:6). É importante notar que em ambos os textos a “filiação” também está intimamente ligada à herança. Assim como Jesus, o Filho, é herdeiro da glória de Deus, Paulo diz que os filhos adotados são “co-herdeiros de Cristo, se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8:17). É possível para todo o que crê em Cristo conhecer o Pai (Gl 3:26), pois Jesus lhes revela (Jo 14:6-9). Cristo mostrou o Pai ao mundo: “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo. Antes, é o Pai que está em mim quem faz as obras” (v.10).

    Novamente, a única resposta apropriada por parte do cristão, diante da ideia de ser feito filho de Deus, é o louvor: “Vede quão grande amor nos concedeu o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. E somos mesmo seus filhos! O mundo não nos conhece porque não o conheceu. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque assim como é, o veremos” (1Jo 3:1-2).

    Os nomes de Deus

    Enquanto nas modernas culturas ocidentais o nome realmente só é usado para distinguir uma pessoa de outra, os registrados na Bíblia são utilizados para representar totalmente a pessoa ou indicar aspectos de seu caráter ou de seu objetivo na vida (veja seção Os nomes e seus significados na 1ntrodução). Em nenhum outro lugar isso pode ser visto mais claramente do que na expressão “nome do Senhor”, que ocorre aproximadamente 100 vezes nas Escrituras. É uma frase que sintetiza o que nunca pode ser totalmente resumido — ou seja, o próprio Deus.
    O Nome. Quando Gênesis 4:26 diz: “Foi nesse tempo que os homens começaram a invocar o nome do Senhor”, não quer dizer simplesmente que as pessoas aprenderam a usar o nome “Senhor”. O texto indica que elas começaram a adorar ao Senhor por tudo o que Ele é. Quando a Lei diz: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, pois o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20:7), claramente tem em mente mais do que as ocasionais expressões irreverentes (embora, é claro, sua proibição esteja incluída no mandamento). A lei afirma que o próprio Senhor não deve ser considerado com desdém. Não pode ser tratado da mesma maneira que os ídolos pagãos, mencionados no mandamento anterior. Jamais deve ser invocado como um poder mágico ou ser referido numa adoração que não é centralizada exclusivamente nele.

    Assim, uma referência ao “Nome” do Senhor leva consigo uma indicação da própria natureza de Deus. Em Êxodo 23:20, o “Nome” de Deus está presente no anjo enviado para liderar o povo de Israel. Também é correto concluir que tal ser trata-se de uma “teofania”, por meio da qual o Senhor de alguma maneira era experimentado ou visto na presença do anjo (veja Teofanias).

    Quando a Bíblia fala em “invocar” o nome de Deus, geralmente é num contexto de exortação para se adorar ao Senhor totalmente, em toda a vida e vê-lo como o Deus soberano e transcendente que é: pessoal, amoroso e fiel, que está presente em todas as áreas de seu domínio (2Rs 5:11; Sl 17:7; Jl 2:32; Sf 3:9).

    Fazer alguma coisa no “nome do Senhor” é realizar algo no lugar do próprio Deus ou fazer com todo o endosso de sua presença e em obediência à sua ordem. Dessa maneira, os sacerdotes e levitas ministravam “no nome do Senhor” e os profetas falavam “no nome do Senhor”; não que eles alegassem ser Deus, mas isso significava que falavam e operavam com sua total autoridade e poder por trás deles. Até o mesmo o rei Davi lutou “em nome do Senhor” (Dt 18:17-22; 21.5; 1 Sm 17.45; 1 Rs 18.24; etc.). Quando os israelitas desejavam afirmar a presença de Deus com a Arca da Aliança, faziam isso mediante a invocação do “Nome do Senhor dos Exércitos” (2Sm 6:2). Salomão falava em construir um Templo “ao nome do Senhor” (1Rs 8:20). Dessa maneira, o nome é um meio de descrever a plenitude, a transcendência e a presença do próprio Deus.

    É interessante notar que no NT o “nome” pertence a Jesus, para lembrar os textos do AT que se referiam a tudo o que Deus é. Se o nome é de Deus e Jesus é chamado pelo “nome”, então tudo o que pertence a Deus está em Jesus e tudo o que Deus é, Cristo também é (compare Joel 2:32 com Atos 2:21; Romanos 10:13). Assim como a autoridade e o poder de Deus são vistos em seu “nome”, o mesmo acontece com Jesus. É “no nome de Jesus” que as pessoas são desafiadas ao arrependimento, batismo e a receber perdão. A fé precisa ser “no nome de Jesus” (At 2:38-3.16; 9.21). É “no nome de Jesus” que os apóstolos curavam e a Igreja orava (At 3:6; Tg 5:14).

    Em adição a essa maneira abrangente de referir-se à plenitude de Deus, vários nomes específicos são atribuídos ao Senhor na Bíblia e nos ajudam a entendê-lo melhor. Diferentemente de todos os “nomes”, eles enfatizam aspectos da natureza e do caráter de Deus, a fim de afirmar e enriquecer o que já foi mencionado anteriormente.
    El, Elohim. Um nome comum usado para o Senhor e geralmente traduzido como “Deus” (Elohim é a forma plural). A raiz deste vocábulo provavelmente significa “poder”. Este termo era utilizado em outras culturas e religiões para descrever uma grande divindade. Na Bíblia, porém, o nome é aplicado ao único Deus — “El Elohe Israel”, [Deus, o Deus de Israel] (Gn 33:20). Nas Escrituras, Ele é o “Deus do céu e da terra” (Gn 24:3); “o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”; o “Deus dos hebreus” (Êx 3:18); o “Deus dos deuses”; “Deus da verdade” (Sl 31:5) e, é claro, “Deus da glória” (Sl 29:3).

    A forma plural às vezes refere-se a outros deuses, mas também é usada na Bíblia para o único Deus, embora o termo esteja no plural. A forma plural indica a plenitude do Senhor. Ele é totalmente distinto das pessoas criadas, em seu ser (Nm 23:19).

    O vocábulo “El” também aparece em formas como “El Shaddai” (Deus Todo-poderoso”; Gn 17:1; Êx 6:3. Para mais detalhes, veja a seção “O Deus de Abraão”, no artigo sobre Abraão); “El Elyom” (Deus Altíssimo; Dt 32:8; Dn 7:18-22; etc.); “El Betel” (Deus de Betel; Gn 35:7); e “El Olam” (Deus Eterno; Gn 21:33; veja também Sl 90:2).
    Yahweh (o Senhor). O vocábulo Yahweh, que geralmente é traduzido como “Senhor”, em nossas versões da Bíblia em Português, tem sido corretamente chamado de “o nome da aliança de Deus”. Foi por este título que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó escolheu revelar-se a Moisés (Êx 6:3). Sem dúvida, os seguidores fiéis do Senhor já o conheciam por este nome antes da revelação da sarça ardente, mas com Moisés há mais revelações da fidelidade de Yahweh à aliança e de sua comunhão íntima com seu povo. O nome em si é derivado do verbo hebraico “ser”. Moisés imaginou pessoas que lhe perguntariam pelo nome do Deus que lhe apareceu, quando voltasse para seu povo. O Senhor lhe respondeu: “EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3:14; veja
    v. 15). Yahweh, portanto, significa algo como “Ele é” ou talvez “Ele traz à existência”.

    Como o nome revelado de Deus, o título “Yahweh” trazia uma declaração da existência contínua do Senhor e sua presença permanente com seu povo. Foi Ele quem se apresentou a Moisés e ao povo de Israel através das gerações como o Deus da aliança, o que sempre seria fiel às suas promessas em favor de seu povo. Foi sob este nome que o povo da aliança adorou a Deus. No NT, os cristãos entenderam que o Senhor da aliança era Jesus Cristo e, assim, ideias e atributos do AT que pertenciam a Yahweh foram trazidos e aplicados a Jesus. Para uma discussão mais detalhada do grande significado deste nome, veja Senhor.
    Adonai (Senhor). Com o significado de “Senhor” ou “Mestre”, este termo é aplicado a seres humanos em posição de autoridade. Quando relacionado a Deus, entretanto, geralmente é usado junto com o nome Yahweh. Isso apresenta algumas dificuldades na tradução. Não é fácil ler a frase “O senhor senhor”! Assim, geralmente traduz-se como “Senhor Deus” (2Sm 7:28; Is 28:16-56.8; etc.).
    Rocha. A fidelidade, a confiabilidade e a graça salvadora do Deus da aliança são ocasionalmente descritas por meio do epíteto “Rocha” (Dt 32:4-15, 18; 2 Sm 22.3, 47; Sl 62:7; Hc 1:12; etc.).
    Outros nomes. Embora algumas vezes sejam tomados como nomes, muitos outros termos aplicados a Deus são adjetivos. São usados para descrever o Senhor, atribuir louvor ao seu nome e diferenciá-lo dos deuses pagãos. Juízes 6:24 diz que “o Senhor é paz”. Outros textos falam sobre Deus como “o Santo” ou “o Santo de Israel”, a fim de estabelecer um elo no AT entre a sua santidade e a necessidade de que o seu povo seja santo (6:10; Pv 9:10; Is 12:6). Deus também é conhecido como o “Rei” (veja Rei), o “Senhor Todo-poderoso”, “o Senhor é minha Bandeira”, entre outros.
    Jeová. Este termo é pouco citado nas modernas versões da Bíblia. Deve, contudo, ser mencionado aqui como um nome que ainda sobrevive em algumas traduções. É suficiente dizer que, em hebraico, o termo YHWH aparece e, na maioria das vezes, é traduzido como SENHOR, em nossas versões, ou colocam-se vogais e assim lê-se Yahweh (o que alguns colaboradores deste volume têm feito). Jeová deriva de uma leitura equivocada de Yahweh. O pano de fundo do problema com o nome “Jeová” é explicado no verbete Senhor.


    A Trindade

    O cristianismo tradicionalmente argumenta que muitas evidências bíblicas revelam Deus em três pessoas distintas. Para alguns, tal definição do Senhor tem causado sérios problemas. A história da Igreja é permeada pelo surgimento de seitas que não reconheciam Jesus Cristo como Deus ou que se recusavam a aceitar a visão trinitária do Senhor; outras não viam um dos componentes da Trindade como totalmente Deus, ou negavam que houvesse distinções entre as três pessoas. Outros grupos estão totalmente fora do ensino bíblico e entram efetivamente no mundo do triteísmo, uma noção negada explicitamente na Bíblia, como, por exemplo, na oração da “Shema” (Dt 6:4). Embora o termo “trindade” não seja mencionado nas Escrituras, os cristãos sempre creram que somente ele pode fazer justiça à revelação bíblica da “plenitude” de Deus. Começando com o AT, os cristãos apontam indicações que pressagiam um ensino mais detalhado no NT. Muitas passagens conduzem para a pluralidade relacionada com o que é o “único Deus”. Muitos textos sugerem uma identificação do Messias que virá com o próprio Deus. Ele será chamado de Deus Poderoso, governará em completa soberania e será eterno — atributos divinos (Is 9:6-7; Sl 2; etc.). Mas indicações também estão presentes na compreensão da própria criação, no AT. Embora algumas pessoas neguem seu significado, é interessante notar que o Senhor refere-se a si mesmo com o termo plural “elohim” em certas passagens. Em Gênesis 1, é Deus quem cria, por meio de sua Palavra e pelo seu Espírito (Gn 1:1-3). Às vezes essa referência no plural parece ainda mais notável, feita de forma explícita com o uso de verbos e pronomes nas pessoas do plural; por exemplo, “Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem...” (Gn 1:26-3.22; 11.7; Is 6:8). Existe também uma personalização da “Palavra de Deus” que criou os céus (Sl 33:6). Algo semelhante ocorre em Provérbios 8, onde a sabedoria do Senhor é personalizada como o próprio Deus que opera no mundo, concede vida e envolve-se com a própria criação (principalmente Pv 8:12-21).

    Alguns sugerem que “o anjo do Senhor” também deve ser identificado com Deus e ainda assim é distinto dele (Êx 3:2-6; veja também Anjo do Senhor). Em Isaías 63:1014, o Espírito Santo é identificado como Agente de Deus. Esse tipo de evidência espera por sua interpretação mais completa no NT (veja também Teofanias).

    No NT, aspectos da doutrina da Trindade surgem primeiro quando os discípulos e seguidores de Jesus reconhecem as obras e as palavras de Deus nas atitudes de Jesus. Realmente, o problema dos líderes religiosos daquela época foi justamente que algumas das coisas que Cristo fazia e dizia só seriam feitas e ditas por Deus; portanto, eles alegavam que Jesus blasfemava, ao tentar passar por Deus. Por exemplo, Cristo perdoou os pecados do paralítico, algo que os escribas acreditavam que somente Deus era capaz de fazer; portanto, era uma blasfêmia. Jesus então demonstrou sua autoridade divina, ao curar o homem completamente (Mt 9:2-6). João 8 é especialmente esclarecedor sobre essa questão e traz uma série de declarações feitas por Jesus. Sua alegação de pertencer a Deus e ser enviado por Ele (vv. 14, 23), de partir para um lugar desconhecido dos líderes religiosos (v. 14), intimamente combinada com o uso da expressão “Eu Sou” e sua declaração de ter existido antes de Abraão (vv. 24, 28, 58, etc.), tudo isso ocasionou uma acusação de blasfêmia e a tentativa de apedrejamento — a punição para aquela transgressão (v. 59). Jesus aceitou a confissão de Pedro de que Ele era o Cristo (Mc 8:29-30) e alegou ter “todo” poder e autoridade antes de fazer uma das principais declarações trinitárias da Bíblia: “Ide... batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28:18).

    Em todo o NT, ambos, o Espírito Santo e Jesus, são apresentados como seres divinos. João 1:1-14 fala de Cristo como preexistente. Romanos 9:5 geralmente é destacado por alguns teólogos, mas provavelmente a leitura deveria ser essa: “Cristo, que é Deus sobre todos, seja louvado...” (veja também Cl 2:9; Hb 1:9-10; etc.). O Espírito Santo também é visto como Deus (veja At 5:3-4; Jo 15:26; Mc 3:29-2 Co 3.17; etc.).

    São também interessantes as passagens do NT onde os escritores apostólicos aplicam a Jesus o nome de Yahweh do AT (Senhor). Veja, por exemplo, Romanos 1:0-13, onde a confissão da fé em Cristo é provada como confissão de fé em Deus, por uma referência que aponta para o AT e menciona Yahweh. Vários textos merecem um exame cuidadoso, pois trazem o entendimento do AT sobre Yahweh ou aplicam declarações concernentes a Yahweh, no AT, e a Jesus, no NT. Por exemplo, veja João 1:2-41 (cf. Is 6:10); Atos 2:34-36; I Coríntios 1:30-31; 12.3; Filipenses 2:9-11 (cf. Is 45:23), etc.

    Em muitas passagens bíblicas, a ideia do Deus trino é no mínimo implícita nos textos do NT, se não explícita. O batismo de Jesus envolveu o Filho, o Pai e o Espírito Santo (Mt 3:13-17). O mencionado em Mateus 28:19 é em nome das três pessoas da Trindade. Jesus referiu-se ao Espírito Santo como “outro Consolador”. Assim como o Pai enviou Cristo, Ele mandaria o Espírito Santo (Jo 14:15-23). Veja também a obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo na vida do crente (Ef 3:14-19).

    As Escrituras revelam uma figura de Deus em três pessoas e a isso nós chamamos de “Trindade”. O Pai não é maior do que o Filho e ambos são distintos do Espírito Santo, embora exista um ensino claro tanto no AT como no NT de que Deus é único. Existem três pessoas, mas apenas um Senhor. Tal ensino, quando apresentado em conjunto, implica um modo de existência longe do que nossa mente humana possa entender. É por esta razão que todas as analogias humanas invariavelmente fracassam quando se trata de explicar o que significa a Trindade.

    Os cristãos estão convencidos de que negar essa doutrina é renunciar à clara evidência bíblica sobre o próprio Deus. Um escritor resumiu o ensino bíblico dessa maneira: “A doutrina da Trindade não explica plenamente o misterioso caráter de Deus. Pelo contrário, estabelece as fronteiras, fora das quais não devemos andar... Isso exige que sejamos fiéis à revelação bíblica que em um sentido Deus é um e num sentido diferente ele é três” (R. C. Sproul).

    Conclusão

    O Deus da Bíblia é revelado como Eterno, Majestoso, Transcendente, Onipotente e Onisciente. Também é descrito como o Criador de todo o Universo e das pessoas e, neste contexto, revela a si mesmo em sua Palavra como um Deus pessoal, amoroso e soberano, um Deus justo, verdadeiro e íntegro. Deus é revelado como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É o Deus presente com seu povo (Emanuel, Deus conosco) e atuante em toda a criação, embora de modo algum seja absorvido por ela, como certas religiões orientais ensinam. Embora seja um Deus santo, separado e distinto da criação e das criaturas, não permite que o mundo se perca totalmente em seu pecado, sem nenhuma esperança de redenção; pelo contrário, revela a si mesmo como um Deus de amor que salva e redime todo aquele que o busca. Sua graça salvadora é vista claramente em sua vinda aqui na Terra: Jesus, o Filho de Deus, veio para ser o Salvador e Redentor da humanidade. Esta dádiva é experimentada por meio de sua Palavra (a Bíblia) e da presença do Espírito Santo no coração e na vida daqueles que crêem nele. Quanto mais a Bíblia é lida, fica mais claro que todo o seu povo é exortado repetidamente a cantar louvores ao Deus Todo-poderoso que, embora seja transcendente, está presente, a fim de sustentar, cuidar e salvar. “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

    P.D.G.



    i. os nomes de Deus. A palavra portuguesa Deus, que tem a mesma forma na língua latina, representa alguns nomes da Bíblia, referentes ao Criador.
    (a): o termo de uso mais freqüente é Elohim, que restritamente falando, é uma forma do plural, derivando-se, presumivelmente, da palavra eloah. Mas, embora seja plural, é certo que, quando se refere ao único verdadeiro Deus, o verbo da oração, de que Elohim é o sujeito, e o nome predicativo vão quase invariavelmente para o singular. As principais exceções são quando a pessoa que fala, ou aquela a quem se fala, é um pagão (Gn 20:13 – 1 Sm 4.8).
    (b): El, provavelmente ‘o único que é forte’, também ocorre freqüentemente. E encontra-se este nome com adições: El-Elyon, ‘o Deus Altíssimo’ (Gn 14:18) – El-Shaddai, ‘o Deus Todo-poderoso’ (Gn 17:1) – e entra na composição de muitos vocábulos hebraicos (por exemplo Eliabe, Micael).
    (c): Adonai, Senhor, ou Superior. Esta palavra e as duas precedentes eram empregadas quando se queria significar o Deus da Humanidade, sem especial referência ao povo de israel.
    (d): Todavia, Jeová, ou mais propriamente Jahveh, o Senhor, o Ser que por Si mesmo existe, o Ser absoluto, que é sempre a Providência do Seu povo, designa Aquele que num especial sentido fez o pacto com o povo de israel.
    (e): outro nome, ou antes, titulo, ‘o Santo de israel’ (is 30:11) merece ser aqui mencionado, porque ele nos manifesta o alto ensino moral dos profetas, fazendo ver aos israelitas que o Senhor, a Quem eles adoravam, estava muito afastado dos ordinários caminhos do homem, e portanto era necessário que o Seu povo fosse como Ele, odiando o pecado. É sob este título que o Senhor é reconhecido como uma pedra de toque não só da pureza cerimonial, mas também da pureza ética.
    (f): Pai. Nas primitivas religiões semíticas, este termo, enquanto aplicado aos deuses, tinha uma base natural, pois que os povos acreditavam que eram descendentes de seres divinos. Todavia, no A.T. é Deus considerado como o Pai do povo israelita, porque Ele, por atos da Sua misericórdia, o constituiu em nação (Dt 32:6os 11:1 – *veja Êx 4:22). De um modo semelhante é Ele chamado o Pai da geração davídica de reis, porque Ele a escolheu e a tornou suprema (2 Sm 7.14 – Sl 2:7-12 – 89.27). Mais tarde se diz que Deus Se compadece dos que o temem (isto refere-se particularmente aos israelitas e aos que aceitam a religião de israel), como um pai se compadece dos seus filhos (Sl 103:13Mt 3:17).
    ii. A doutrina de Deus. Certas considerações nos são logo sugeridas sobre este ponto.
    (a): Em nenhuma parte da Bíblia se procura provar a existência de Deus. A crença no Criador é doutrina admitida. Nunca houve qualquer dúvida a respeito da existência da Divindade, ou da raça humana em geral. Entre os argumentos que podemos lembrar para provar a existência do Criador, devem ser notados: a relação entre causa e efeito, conduzindo-nos à grande Causa Primeira – a personalidade, a mais alta forma de existência que se pode conceber, de sorte que uma Causa Primeira, que carecesse de personalidade, seria inferior a nós próprios – a idéia de beleza, de moralidade, de justiça – o desejo insaciável, inato em nós, de plena existência que nunca poderia ser satisfeita, se não houvesse Aquele Supremo Ser, Luz, Vida e Amor, para onde ir.
    (b): Deus é um, e único (Dt 6:4, doutrina inteiramente aceita por Jesus Cristo, Mc 12:29). Porquanto se houvesse mais que uma Divindade, haveria, de certo, conflito entre esses seres todo-onipotentes. Por isso, contrariamente ao dualismo de Zoroastro, segundo o qual há dois seres supremos, um bom e outro mau, a Bíblia ensina que Deus tem a autoridade suprema mesmo sobre o mal (is 45:6-7). Este fato fundamental da Unidade de Deus não está em contradição com a doutrina cristã da Trindade, antes pelo contrário, a salvaguarda.
    (c): Deus é o Criador e o Conservador de tudo (Gn 1:1At 17:24Ap 4:11 – e semelhantemente Jo 1:3 – Col 1.16, onde o imediato Agente é a Segunda Pessoa da Trindade). Todos os dias estamos aprendendo, com clareza de percepção, que a matéria não é coisa morta e sem movimento, que as próprias pedras tremem pela sua energia, sustentando a sua coesão pelas formidáveis e ativas forças que sem interrupção nelas operam. o nosso conhecimento, cada vez mais aperfeiçoado, sobre os métodos de Deus na Criação, leva-nos a um louvor cada vez mais elevado.
    (d): Estamos, também, sabendo mais com respeito à relação de Deus para conosco, como governador e conservador de tudo. Relativamente a este assunto há duas verdades, nenhuma das quais deverá excluir a outra:
    (1). Ele é transcendente, isto é, superior ao universo, ou acima dele (*veja is 40:22 – 42.5 – 1 Tm 6.16).
    (2). É igualmente importante notar que Deus é imanente, isto é, está na matéria, ou com ela. Nesta consideração, nós e todos os seres vivemos Nele (At 17:28 – *veja também Jo 1:3-4) – e Ele em nós está pelo simples fato de que sendo Espírito (Jo 4:24) é dotado de onipresença.
    iii. A adoração a Deus. Se a religião é, na verdade, uma necessidade natural, o culto é sua forma visível. Porquanto, embora possamos supor a priori que nos podemos colocar na presença da Divindade sem qualquer sinal exterior, é isto, contudo, tão incompatível como a natureza humana, e tão contrário às exigências da religião, visto como esta pede a adoração a Deus com toda a nossa complexa personalidade, que não é possível admitir-se tal coisa. É certo que Jesus Cristo disse: ‘Deus é Espirito – e importa que os seus adoradores o adorem em espirito e em verdade’ (Jo 4:24). (*veja Altar, Baal, igreja, Eloí, Espírito Santo, Jewá, Jesus Cristo, Senhor, Senhor dos Exércitos, Tabernáculo, Templo, Trindade, Adoração.)

    Do latim deus, daus, que significa “ser supremo” ou “entidade superior”.

    substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
    Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
    Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
    Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
    Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
    Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
    Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
    Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

    substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
    Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
    Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
    Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
    Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
    Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
    Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
    Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

    Ei

    interjeição Forma usada para chamar alguém: ei, você vem sempre aqui?
    [Regionalismo: Minas Gerais] Demonstra um cumprimento; olá: ei, tudo bem?
    Etimologia (origem da palavra ei). De origem expressiva; por influência da pronúncia.
    pronome Antigo Antiga forma do pronome pessoal eu.
    Etimologia (origem da palavra ei). De origem obsoleta.

    Eis

    advérbio Aqui está; veja, perceba, olhe: eis o prêmio que tanto esperava.
    Eis que/quando. De maneira inesperada; subitamente: eis que, inesperadamente, o cantor chegou.
    Etimologia (origem da palavra eis). De origem questionável.

    Veja Airã (Nm 26:38).


    Reino

    substantivo masculino Nação ou Estado governado por príncipe reinante que tem título de rei ou de rainha; monarquia, reinado: o reino da Dinamarca.
    Conjunto das pessoas cujas funções estão subordinadas à aprovação do rei ou da rainha.
    Figurado Domínio, lugar ou campo em que alguém ou alguma coisa é senhor absoluto: esta casa é o reino da desordem.
    Figurado Conjunto do que ou de quem compartilha particularidades essenciais compondo algo único e homogêneo: aquele habita o reino da mentira!
    [Biologia] Divisão que enquadra e agrupa seres, sendo considerada a mais elevada de todas as divisões taxonômicas: os reinos são Animalia, Plantae, Fungi, Monera e Protista .
    [Biologia] Divisão que enquadra seres e coisas por relação de semelhança: reino animal, vegetal, mineral.
    [Regionalismo: Nordeste] Mistura de aguardente.
    expressão Religião Reino de Deus. Expressão evangélica que significa a atualização da realeza eterna de Deus.
    Religião Reino celeste, Reino eterno, Reino dos céus. Paraíso cristão, o céu.
    Etimologia (origem da palavra reino). Do latim regnum.

    Reino Território politicamente organizado, governado por um rei ou por uma rainha (1Rs 2:12); 10.1; (2Cr 22:12).

    Reino O âmbito de soberania de Deus. No Antigo Testamento e na literatura intertestamentária, a idéia do Reino aparece relacionada à intervenção de Deus na história através de seu messias. Essa mesma idéia permaneceu no judaísmo posterior. A crença na vinda do Reino constitui uma das doutrinas básicas do ensinamento de Jesus, que — não poucas vezes — refere-se a esse Reino em suas parábolas. O Reino já se manifestara com a vinda de Jesus e evidenciou-se em seus milagres e expulsões de demônios (Lc 11:20; 10,8-9). Não é deste mundo (Jo 18:36) e, por isso, não segue seu procedimento. A ética do Reino apresentada, por exemplo, no Sermão da Montanha (Mt 5:7) é totalmente diversa de qualquer norma humana e tem sido considerada, com justiça, inaplicável em uma sociedade civil. Se é possível viver, é graças ao amor de Deus e à sua vivência entre pessoas que compartilham essa mesma visão. O início do Reino é pequeno (Mt 13:31-33), contudo, apesar das dificuldades provocadas pelo Diabo e seus sequazes (13 24:30-36'>Mt 13:24-30:36-43), terá um final glorioso na Parusia de Jesus, após um tempo de grande tribulação e da pregação desse mesmo Reino no mundo inteiro (Mt 24:14). Desaparecerá então o domínio do diabo sobre o mundo e acontecerá a ressurreição, a recompensa dos que se salvaram e o castigo eterno dos condenados (13 1:23-24'>Mt 13:1-23:24-43; Mt 25:41-46). É oportuno ressaltar que todos esses aspectos coincidem com idéias sustentadas pelo judaísmo do Segundo Templo. Desde então, toda a humanidade é convidada a entrar no Reino (Mt 13:44-46). O Reino não pode ser confundido com a Igreja — como o demonstraram desenvolvimentos teológicos posteriores —, ainda que nesta se deva viver a vida do Reino.

    G. E. Ladd, El evangelio del reino, Miami 1985; Idem, Theology...; Idem, Crucial questions about the kingdom of God, 1952; J. Grau, Escatología...; J. Bright, The kingdom...; C. H. Dodd, Las parábolas del Reino, Madri 1974; J. Jeremías, Teología..., vol. I; N. Perrin, The Kingdom of God in the teaching of Jesus, Londres 1963; C. Vidal Manzanares, El Primer Evangelio...; Idem, El judeo-cristianismo...; Colectivo, Evangelio y Reino de Dios, Estella 1995.


    Strongs

    Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
    οὐδέ ἔρω ἰδού ὧδε ἤ ἐκεῖ ἰδού γάρ βασιλεία θεός ἐστί ἐντός ὑμῶν
    Lucas 17: 21 - Texto em Grego - (BGB) - Bíblia Grega Bereana

    nem eles dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o reino de Deus está dentro de vós.
    Lucas 17: 21 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

    Fevereiro de 30
    G1063
    gár
    γάρ
    primícias da figueira, figo temporão
    (as the earliest)
    Substantivo
    G1510
    eimí
    εἰμί
    ser
    (being)
    Verbo - Presente do indicativo Ativo - Masculino no Singular nominativo
    G1563
    ekeî
    ἐκεῖ
    lá / ali
    (there)
    Advérbio
    G1787
    entós
    ἐντός
    o quinto filho de Seir
    (And Dishon)
    Substantivo
    G2046
    eréō
    ἐρέω
    ()
    G2228
    um sacerdote, filho de Uzi, e antepassado de Esdras, o escriba
    (Zerahiah)
    Substantivo
    G2316
    theós
    θεός
    Deus
    (God)
    Substantivo - Masculino no Singular nominativo
    G3588
    ho
    para que
    (that)
    Conjunção
    G3708
    horáō
    ὁράω
    ira, irritação, provocação, aflição
    (of the provocation)
    Substantivo
    G3761
    oudé
    οὐδέ
    nem / tampouco
    (Nor)
    Conjunção
    G4771
    σύ
    de você
    (of you)
    Pronome pessoal / possessivo - 2ª pessoa genitiva singular
    G5602
    hōde
    ὧδε
    aqui
    (here)
    Advérbio
    G932
    basileía
    βασιλεία
    um rubenita que demarcou o limite entre Judá e Benjamim com uma pedra
    (of Bohan)
    Substantivo


    γάρ


    (G1063)
    gár (gar)

    1063 γαρ gar

    partícula primária; conj

    1. porque, pois, visto que, então

    εἰμί


    (G1510)
    eimí (i-mee')

    1510 ειμι eimi

    primeira pessoa do singular do presente indicativo; uma forma prolongada de um verbo primário e defectivo; TDNT - 2:398,206; v

    1. ser, exitir, acontecer, estar presente

    ἐκεῖ


    (G1563)
    ekeî (ek-i')

    1563 εκει ekei

    de afinidade incerta; adv

    1. lá, em ou para aquele lugar

    ἐντός


    (G1787)
    entós (en-tos')

    1787 εντος entos

    de 1722; prep

    1. dentro de, interior
      1. dentro de vocês i.e. no meio de vocês
      2. dentro de vocês i.e. suas almas

    ἐρέω


    (G2046)
    eréō (er-eh'-o)

    2046 ερεω ereo

    provavelmente um forma mais completa de 4483, uma alternativa para 2036 em determinados tempos; v

    1. expressar, falar, dizer


    (G2228)
    (ay)

    2228 η e

    partícula primária de distinção entre dois termos conectados; partícula

    1. ou ... ou, que

    θεός


    (G2316)
    theós (theh'-os)

    2316 θεος theos

    de afinidade incerta; um deus, especialmente (com 3588) a divindade suprema; TDNT - 3:65,322; n m

    1. deus ou deusa, nome genérico para deidades ou divindades
    2. Deus, Trindade
      1. Deus, o Pai, primeira pessoa da Trindade
      2. Cristo, segunda pessoa da Trindade
      3. Espírito Santo, terceira pessoa da Trindade
    3. dito do único e verdadeiro Deus
      1. refere-se às coisas de Deus
      2. seus conselhos, interesses, obrigações para com ele
    4. tudo o que, em qualquer aspecto, assemelha-se a Deus, ou é parecido com ele de alguma forma
      1. representante ou vice-regente de Deus
        1. de magistrados e juízes


    (G3588)
    ho (ho)

    3588 ο ho

    que inclue o feminino η he, e o neutro το to

    em todos as suas inflexões, o artigo definido; artigo

    1. este, aquela, estes, etc.

      Exceto “o” ou “a”, apenas casos especiais são levados em consideração.


    ὁράω


    (G3708)
    horáō (hor-ah'-o)

    3708 οραω horao

    propriamente, fitar [cf 3700]; TDNT - 5:315,706; v

    1. ver com os olhos
    2. ver com a mente, perceber, conhecer
    3. ver, i.e., tornar-se conhecido pela experiência, experimentar
    4. ver, olhar para
      1. dar atênção a, tomar cuidado
      2. cuidar de, dar atênção a

        Eu fui visto, mostrei-me, tornei-me visível

    Sinônimos ver verbete 5822


    οὐδέ


    (G3761)
    oudé (oo-deh')

    3761 ουδε oude

    de 3756 e 1161; conj

    1. e não, nem, também não, nem mesmo

    σύ


    (G4771)
    (soo)

    4771 συ su

    pronome pessoal da segunda pessoa do singular; pron

    1. tu

    ὧδε


    (G5602)
    hōde (ho'-deh)

    5602 ωδε hode

    da forma adverbial de 3592; adv

    1. aqui, para este lugar, etc.

    βασιλεία


    (G932)
    basileía (bas-il-i'-ah)

    932 βασιλεια basileia

    de 935; TDNT - 1:579,97; n f

    1. poder real, realeza, domínio, governo
      1. não confundir com um reino que existe na atualidade. Referência ao direito ou autoridade para governar sobre um reino
      2. do poder real de Jesus como o Messias triunfante
      3. do poder real e da dignidade conferida aos cristãos no reino do Messias
    2. um reino, o território sujeito ao governo de um rei
    3. usado no N.T. para referir-se ao reinado do Messias