Enciclopédia de Marcos 9:35-35

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

mc 9: 35

Versão Versículo
ARA E ele, assentando-se, chamou os doze e lhes disse: Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos.
ARC E ele, assentando-se, chamou os doze, e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.
TB Sentando-se, chamou os doze e disse-lhes: Se alguém quer ser o primeiro, será o último de todos e servo de todos.
BGB καὶ καθίσας ἐφώνησεν τοὺς δώδεκα καὶ λέγει αὐτοῖς· Εἴ τις θέλει πρῶτος εἶναι ἔσται πάντων ἔσχατος καὶ πάντων διάκονος.
HD E ele, sentando-se, chamou os doze, e lhes diz: Se alguém quer ser {o} primeiro, será {o} último de todos e {o} servidor de todos.
BKJ E ele assentou-se, e chamando os doze, disse-lhes: Se algum homem deseja ser o primeiro, este será o último de todos, e o servo de todos.
LTT E, havendo Ele Se assentado, chamou os doze (apóstolos), e lhes diz: "Se algum- varão deseja o primeiro ser, será de todos o derradeiro, e de todos o serviçal."
BJ2 Então Ele, sentando-se, chamou os Doze e disse: Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos.
VULG Et accipiens puerum, statuit eum in medio eorum : quem cum complexus esset, ait illis :

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Marcos 9:35

Provérbios 13:10 Da soberba só provém a contenda, mas com os que se aconselham se acha a sabedoria.
Jeremias 45:5 E procuras tu grandezas? Não as busques, porque eis que trarei mal sobre toda a carne, diz o Senhor; a ti, porém, darei a tua alma por despojo, em todos os lugares para onde fores.
Mateus 20:25 Então, Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados e que os grandes exercem autoridade sobre eles.
Mateus 23:11 Porém o maior dentre vós será vosso servo.
Marcos 10:42 Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes das gentes delas se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas;
Lucas 14:10 Mas, quando fores convidado, vai e assenta-te no derradeiro lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, assenta-te mais para cima. Então, terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa.
Lucas 18:14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
Lucas 22:26 Mas não sereis vós assim; antes, o maior entre vós seja como o menor; e quem governa, como quem serve.
Tiago 4:6 Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes.


Notas de rodapé da Bíblia (HD) - Haroldo Dutra

As notas de rodapé presentes na Bíblia versão Haroldo Dutra são comentários e explicações adicionais fornecidos pelo tradutor para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas de rodapé são baseadas em pesquisas, análises históricas, culturais e linguísticas, bem como em outras referências bíblicas, a fim de fornecer um contexto mais profundo e uma interpretação mais precisa do significado original do texto. As notas de rodapé são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.
Marcos 9 : 35
servidor
Lit. “aquele que serve, que presta serviço, que executa tarefas”.

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Principais acontecimentos da vida terrestre de Jesus

O grande ministério de Jesus na Galileia (Parte 3) e na Judeia

DATA

LUGAR

ACONTECIMENTO

MATEUS

MARCOS

LUCAS

JOÃO

32 d.C., depois da Páscoa

Mar da Galileia; Betsaida

Em viagem para Betsaida, Jesus alerta contra o fermento dos fariseus; cura cego

Mt 16:5-12

Mc 8:13-26

   

Região de Cesareia de Filipe

Chaves do Reino; profetiza sua morte e ressurreição

Mt 16:13-28

Mc 8:27–9:1

Lc 9:18-27

 

Talvez Mte. Hermom

Transfiguração; Jeová fala

Mt 17:1-13

Mc 9:2-13

Lc 9:28-36

 

Região de Cesareia de Filipe

Cura menino endemoninhado

Mt 17:14-20

Mc 9:14-29

Lc 9:37-43

 

Galileia

Profetiza novamente sua morte

Mt 17:22-23

Mc 9:30-32

Lc 9:43-45

 

Cafarnaum

Moeda na boca de um peixe

Mt 17:24-27

     

O maior no Reino; ilustrações da ovelha perdida e do escravo que não perdoou

Mt 18:1-35

Mc 9:33-50

Lc 9:46-50

 

Galileia–Samaria

Indo a Jerusalém, diz aos discípulos que abandonem tudo pelo Reino

Mt 8:19-22

 

Lc 9:51-62

Jo 7:2-10

Ministério de Jesus na Judeia

DATA

LUGAR

ACONTECIMENTO

MATEUS

MARCOS

LUCAS

JOÃO

32 d.C., Festividade das Tendas (Barracas)

Jerusalém

Ensina na Festividade; guardas enviados para prendê-lo

     

Jo 7:11-52

Diz “eu sou a luz do mundo”; cura homem cego de nascença

     

Jo 8:12–9:41

Provavelmente Judeia

Envia os 70; eles voltam alegres

   

Lc 10:1-24

 

Judeia; Betânia

Ilustração do bom samaritano; visita a casa de Maria e Marta

   

Lc 10:25-42

 

Provavelmente Judeia

Ensina novamente a oração-modelo; ilustração do amigo persistente

   

Lc 11:1-13

 

Expulsa demônios pelo dedo de Deus; sinal de Jonas

   

Lc 11:14-36

 

Come com fariseu; condena hipocrisia dos fariseus

   

Lc 11:37-54

 

Ilustrações: o homem rico insensato e o administrador fiel

   

Lc 12:1-59

 

No sábado, cura mulher encurvada; ilustrações do grão de mostarda e do fermento

   

Lc 13:1-21

 

32 d.C., Festividade da Dedicação

Jerusalém

Ilustração do bom pastor e o aprisco; judeus tentam apedrejá-lo; viaja para Betânia do outro lado do Jordão

     

Jo 10:1-39


Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita


Emmanuel

mc 9:35
Vinha de Luz

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 56
Página: 123
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

“E ele, assentando-se, chamou os doze e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o último de todos e servo de todos.” — (Mc 9:35)


Ser dos primeiros na Terra não é problema de solução complicada. Há maiorais no mundo em todas as situações.

A ciência, a filosofia, o sacerdócio, tanto quanto a política, o comércio e as finanças podem exibi-los, facilmente.

Os homens principais da ciência, com legítimas exceções, costumam ser grandes presunçosos; os da filosofia, argutos sofistas do pensamento; os do sacerdócio, fanáticos sem compreensão da verdadeira fé. Em política, muitos dos maiorais são tiranos; no comércio, inúmeros são exploradores e, nas finanças, muitos deles não passam de associados das sombras contra os interesses coletivos.

Ser dos primeiros, no entanto, nas esferas de Jesus sobre a Terra, não é questão de fácil acesso à criatura vulgar.

Nos departamentos do mundo materializado, os principais devem ser os primeiros a serem servidos e contam com a obediência compulsória de todos.

Em Cristianismo puro, os espíritos dominantes são os últimos na recepção dos benefícios, porquanto são servos reais de quantos lhes procuram a colaboração fraterna.

É por isto que em todas as escolas cristãs há numerosos pregadores, muitos mordomos, turbas de operários, cooperadores do culto, polemistas valiosos, doutores da letra, intérpretes competentes, reformistas apaixonados, mas raríssimos apóstolos.

De modo geral, quase todos os crentes se dispõem ao ensino e ao conselho, prontos ao combate espetaculoso e à advertência humilhante ou vaidosa, poucos surgindo com o desejo de servir, em silêncio, convencidos de que toda a glória pertence a Deus.



mc 9:35
Doutrina de Luz

Categoria: Livro Espírita
Ref: 6832
Capítulo: 3
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Decerto que a Doutrina Espírita é luz da Vida Maior, acenando às criaturas aprisionadas na sombra da experiência terrestre, para que despertem e vivam…

Flama de verdade eterna a desfraldar-se, vitoriosa, reconstitui o Cristianismo em sua simplicidade, exumando o Evangelho das cinzas a que foi sentenciado pela incúria da tradição e pela casuística do sacerdócio…

Por isso mesmo, todas as suas atividades puras são nobres e respeitáveis, seja na pompa fenomênica da experimentação multiforme em que o terreno das convicções sadias surge corretamente pavimentado para a segurança da fé, ou seja, em sua exposição filosófico-religiosa, em que a Justiça Divina se destaca, triunfante, alicerçada na soberania do discernimento e da lógica…

Ainda assim, é preciso considerar que toda ideia salvadora reclama arautos que lhe substancializem as lições e o Espiritismo não pode efetivamente fugir à regra.

Se foste, desse modo, chamado a servi-lo, em favor dos companheiros de Humanidade que clamam em desalento, por novas florações de fraternidade e esperança, não olvides que não te basta ao êxito nos compromissos abraçados a mera atitude intelectual dos que se convenceram quanto à imortalidade além-túmulo.

É imprescindível te faças o pregoeiro diligente das realidades redentoras que te enriquecem o modo de ser, motivo pelo qual apenas a tua própria renovação para o bem será mensagem convincente para quantos te observam a vida.

Versarás brilhantemente, os temas da Eternidade, discutirás com fervor, induzindo o próximo à modificação de pontos de vista, contemplarás, deslumbrado, as mais sublimes doações do Céu à Terra e guardarás contigo abençoadas certezas do espírito no rumo do amanhã que se te descerra divino, entretanto, só o teu próprio exemplo, ao clarão dos princípios que esposas, valorizará com segurança os recursos de que disponhas no campo de tua fé, porquanto somente a Luz na própria vida é linguagem suficientemente clara e exata para conduzir aos outros a Luz que o Senhor, através de nós, se propõe, generoso a cultivar e estender.



mc 9:35
Mãos Unidas

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 29
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Na equipe de serviço ao próximo, em que o Senhor te situou, aceitarás a nobreza de servir.

Muitos companheiros te falarão de obediência, incentivando o dissídio e outros muitos se referirão à prosperidade, apoiando a indolência.

Escutarás vozes diversas, apregoando renovação para se apagarem depois em desequilíbrio ou loucura e registrarás comovedores apelos à liberdade da parte de muitos que se encaminham para rebeldia ou licença.

A nenhum deles censurarás. Compadecer-te-ás não apenas de semelhantes vítimas da ilusão, mas igualmente dos empreiteiros do mal que entretecem, inadvertidamente, a rede da sombra a que se precipitam nossos irmãos, para despencarem, eles mesmos, um dia, no bojo das trevas expiatórias.


Atravessando a ventania da discórdia ou da violência, da incompreensão ou da indisciplina, guiarás o barco da própria fé, assegurando lealdade ao rumo escolhido.

Manterás, por isso mesmo, a paciência e a compaixão por alavancas de apoio no trabalho que o mundo te deu a efetuar e usarás a ferramenta de ação de que o Senhor te muniu, na seara do bem, amparando e elevando sempre.


De quando em quando, surgem os dias de tribulação maior na turma das boas obras, em cuja harmonia e eficiência deves colaborar.

Esse irmão foi surpreendido pelo sofrimento e aquietou-se à margem da estrada, sem coragem para seguir à frente.

Outro sonhou com realizações fantasistas e largou a construção em andamento, a fim de aprender que o tempo não confere autenticidade às edificações que não auxiliou a levantar.

Aquele outro preferiu descansar nas ilhas de imaginário repouso, atrasando o relógio da própria evolução.

Outro ainda admitiu que a tarefa espiritual lhe desprestigiava a dignidade e abandonou a oficina, atendendo ao influxo de ambições desmedidas, de cujos desencantos no futuro voltará para o recomeço na ciência do bem.

A todos bendirás e por todos orarás, consciente de que nenhum de nós, até agora, se acha isento de precipitação nos mesmos erros.


Em meio, porém, de todas as ilusões e desvarios, sustentarás o amor ao próximo, como sendo a luz de tua marcha e, leal à própria consciência, ouvirás, a cada passo, a voz do Eterno Amigo a repetir-te nos recessos do coração: — E, entre todos aqueles que me seguem ou me procuram, o maior será sempre aquele que se fizer de todos o fiel servidor. (Mc 9:35)



mc 9:35
Evangelho por Emmanuel, O – Comentários ao Evangelho Segundo Marcos

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 60
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

“E ele, assentando-se, chamou os doze e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o último de todos e servo de todos.” — (Mc 9:35)


Ser dos primeiros na Terra não é problema de solução complicada. Há maiorais no mundo em todas as situações.

A ciência, a filosofia, o sacerdócio, tanto quanto a política, o comércio e as finanças podem exibi-los, facilmente.

Os homens principais da ciência, com legítimas exceções, costumam ser grandes presunçosos; os da filosofia, argutos sofistas do pensamento; os do sacerdócio, fanáticos sem compreensão da verdadeira fé. Em política, muitos dos maiorais são tiranos; no comércio, inúmeros são exploradores e, nas finanças, muitos deles não passam de associados das sombras contra os interesses coletivos.

Ser dos primeiros, no entanto, nas esferas de Jesus sobre a Terra, não é questão de fácil acesso à criatura vulgar.

Nos departamentos do mundo materializado, os principais devem ser os primeiros a serem servidos e contam com a obediência compulsória de todos.

Em Cristianismo puro, os espíritos dominantes são os últimos na recepção dos benefícios, porquanto são servos reais de quantos lhes procuram a colaboração fraterna.

É por isto que em todas as escolas cristãs há numerosos pregadores, muitos mordomos, turbas de operários, cooperadores do culto, polemistas valiosos, doutores da letra, intérpretes competentes, reformistas apaixonados, mas raríssimos apóstolos.

De modo geral, quase todos os crentes se dispõem ao ensino e ao conselho, prontos ao combate espetaculoso e à advertência humilhante ou vaidosa, poucos surgindo com o desejo de servir, em silêncio, convencidos de que toda a glória pertence a Deus.



mc 9:35
Evangelho por Emmanuel, O – Comentários aos Atos dos Apóstolos

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 83
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

1 Alguns que tinham descido da Judeia ensinavam os irmãos: se não fordes circuncidados, conforme costume de Moisés, não podeis ser salvos. 2 Tendo havido dissensão e não pouca discussão de Paulo e Barnabé com eles, os apóstolos e anciãos designaram Paulo, Barnabé e [mais] alguns outros dentre eles para subirem a Jerusalém, com respeito a esta controvérsia. — (At 15:1)


Os dois dedicados missionários haviam voltado em uma fase de grandes dificuldades para a instituição. Ambos perceberam-nas, contristados. As contendas de Jerusalém estendiam-se a toda a comunidade de Antioquia; as lutas da circuncisão estavam acesas. Os próprios chefes mais eminentes estavam divididos pelas afirmativas dogmáticas. Tão alto grau atingiram os discrimes, que do Espírito-Santo não mais se manifestavam. Manahen, cujos esforços na igreja eram indispensáveis, mantinha-se a distância, em vista das discussões estéreis e venenosas. Os irmãos achavam-se extremamente confusos. Uns eram partidários da circuncisão obrigatória, outros se batiam pela independência irrestrita do Evangelho. Eminentemente preocupado, o pregador tarsense observou as polêmicas furiosas, a respeito de alimentos puros e impuros.


Tentando estabelecer a harmonia geral em torno dos ensinamentos do Divino Mestre, Paulo tomava inutilmente a palavra, explicando que o Evangelho era livre e que a circuncisão era, tão somente, uma característica convencional da intolerância judaica. Não obstante sua autoridade inconteste, que se aureolava de prestígio perante a comunidade inteira, em vista dos grandes valores espirituais conquistados na missão, os desentendimentos persistiam.

Alguns elementos chegados de Jerusalém complicaram ainda mais a situação. Os menos rigorosos falavam da autoridade absoluta dos Apóstolos galileus. Comentava-se, à sorrelfa, que a palavra de Paulo e Barnabé, por muito inspirada que fosse nas lições do Evangelho, não era bastantemente autorizada para falar em nome de Jesus.


A igreja de Antioquia oscilava numa posição de imensa perplexidade. Perdera o sentido de unidade que a caracterizava, dos primórdios. Cada qual doutrinava do ponto de vista pessoal. Os gentios eram tratados com zombarias; organizavam-se movimentos a favor da circuncisão.

Fortemente impressionados com a situação, Paulo e Barnabé combinam um recurso extremo. Deliberam convidar para uma visita pessoal à instituição de Antioquia. Conhecendo-lhe o espírito liberto de preconceitos religiosos, os dois companheiros endereçam-lhe longa missiva, explicando que os trabalhos do Evangelho precisavam dos seus bons ofícios, insistindo pela sua atuação prestigiosa.


O portador entregou a carta, cuidadosamente, e, com grande surpresa para os cristãos antioquenos, o ex-pescador de Cafarnaum  chegou à cidade, evidenciando grande alegria, em razão do período de repouso físico que se lhe deparava naquela excursão.

Paulo e Barnabé não cabiam em si de contentes. Acompanhando Simão, viera que não abandonara, de todo, as atividades evangélicas. O grupo viveu lindas horas de confidências íntimas, a propósito das viagens missionárias, relatadas inteligentemente pelo ex-rabino, e relativamente aos fatos que se desenrolavam em Jerusalém, , contados por Simão Pedro, com singular colorido.


Depois de bem informado da situação religiosa em Antioquia, o ex-pescador acrescentava:

— Em Jerusalém, nossas lutas são as mesmas. De um lado a igreja cheia de necessitados, todos os dias; de outro as perseguições sem tréguas. No centro de todas as atividades, permanece com as mais ríspidas exigências. Às vezes, sou tentado a lutar para restabelecer a liberdade dos princípios do Mestre; mas, como proceder? Quando a tempestade religiosa ameaça destruir o patrimônio que conseguimos oferecer aos aflitos do mundo, o farisaísmo  esbarra na observância rigorosa do companheiro e é obrigado a paralisar a ação criminosa, encetada desde muito tempo. Se trabalhar por suprimir-lhe a influência, estarei precipitando a instituição de Jerusalém no abismo da destruição pelas tormentas políticas da grande cidade. E o programa do Cristo? e os necessitados? seria justo prejudicarmos os mais desfavorecidos por causa de um ponto de vista pessoal?


E ante a atenção profunda de Paulo e Barnabé, o bondoso companheiro continuava:

— Sabemos que Jesus não deixou uma solução direta ao problema dos incircuncisos, mas ensinou que não será pela carne que atingiremos o Reino, e sim pelo raciocínio e pelo coração. Conhecendo, porém, a atuação do Evangelho na alma popular, o farisaísmo autoritário não nos perde de vista e tudo envida por exterminar a árvore do Evangelho, que vem desabrochando entre os simples e os pacíficos. É indispensável, pois, todo o cuidado de nossa parte, a fim de não causarmos prejuízos, de qualquer natureza, à planta divina.

Os companheiros faziam largos gestos de aprovação. Revelando sua imensa capacidade para nortear uma ideia e congraçar os numerosos prosélitos em divergência, Simão Pedro tinha uma palavra adequada para cada situação, um esclarecimento justo para o problema mais singelo.


A comunidade antioquiana regozijava-se. Os gentios não ocultavam o júbilo que lhes ia nalma. O generoso Apóstolo a todos visitava pessoalmente, sem distinção ou preferência. Antepunha sempre um bom sorriso às apreensões dos amigos que receavam a alimentação “impura” (At 10:10) e costumava perguntar onde estavam as substâncias que não fossem abençoadas por Deus. Paulo acompanhava-lhe os passos sem dissimular íntima satisfação. Num louvável esforço de congraçamento, o Apóstolo dos gentios fazia questão de levá-lo a todos os lugares onde houvesse irmãos perturbados pelas ideias da circuncisão obrigatória. Estabeleceu-se, rapidamente, notável movimento de confiança e uniformidade de opinião. Todos os confrades exultavam de contentamento.


Eis, porém, que chegam de Jerusalém três emissários de Tiago. Trazem cartas para Simão, que os recebe com muitas demonstrações de estima. Daí por diante, modifica-se o ambiente. O ex-pescador de Cafarnaum, tão dado à simplicidade e à independência em Cristo Jesus, retrai-se imediatamente. Não mais atende aos convites dos incircuncisos. As festividades íntimas e carinhosas, organizadas em sua honra, já não contam com a sua presença alegre e amiga. Na igreja, modificou as mínimas atitudes. Sempre em companhia dos mensageiros de Jerusalém, que nunca o deixavam, parecia austero e triste, jamais se referindo à liberdade que o Evangelho outorgara à consciência humana.


Paulo observou a transformação, tomado de profundo desgosto. Para o seu espírito habituado, de modo irrestrito, à liberdade de opinião, o fato era chocante e doloroso. Agravara-o a circunstância de partir justamente de um crente como Simão, altamente categorizado e respeitável em todos os sentidos. Como interpretar aquele procedimento em completo desacordo com o que se esperava? Ponderando a grandeza da sua tarefa junto dos gentios, a menor pergunta dos amigos, nesse particular, deixava-o confuso. Na sua paixão pelas atitudes francas, não era dos trabalhadores que conseguem esperar. E após duas semanas de expectação ansiosa, desejoso de proporcionar uma satisfação aos numerosos elementos incircuncisos de Antioquia, convidado a falar na tribuna para os companheiros, começou por exaltar a emancipação religiosa do mundo, desde a vinda de Jesus-Cristo. Passou em revista as generosas demonstrações que o Mestre dera aos publicanos e aos pecadores. Pedro ouvia-o, assombrado com tanta erudição e recurso de hermenêutica para ensinar aos ouvintes os princípios mais difíceis. Os mensageiros de Tiago estavam igualmente surpreendidos, a assembleia ouvia o orador atentamente.


Em dado instante, o tecelão de Tarso olhou fixamente para o Apóstolo galileu e exclamou:

— Irmãos, defendendo o nosso sentimento de unificação em Jesus, não posso disfarçar nosso desgosto em face dos últimos acontecimentos. Quero referir-me à atitude do nosso hóspede muito amado, Simão Pedro, a quem deveríamos chamar “mestre”, se esse título não coubesse de fato e de direito ao nosso Salvador. 

A surpresa foi grande e o espanto geral. O Apóstolo de Jerusalém também estava surpreso, mas parecia muito calmo. Os emissários de Tiago revelavam profundo mal estar. Barnabé estava lívido. E Paulo prosseguia sobranceiro:

— Simão tem personificado para nós um exemplo vivo. O Mestre no-lo deixou como rocha de fé imortal. (Mt 16:18) No seu coração generoso temos depositado as mais vastas esperanças. Como interpretar seu procedimento, afastando-se dos irmãos incircuncisos, desde a chegada dos mensageiros de Jerusalém? Antes disso, comparecia aos nossos serões íntimos, comia do pão de nossas mesas. Se assim procuro esclarecer a questão, abertamente, não é pelo desejo de escandalizar a quem quer que seja, mas porque só acredito num Evangelho livre de todos os preconceitos errôneos do mundo, considerando que a palavra do Cristo não está algemada aos interesses inferiores do sacerdócio, de qualquer natureza.


O ambiente carregara-se de nervosismo. Os gentios de Antioquia fitavam o orador, enternecidos e gratos. Os simpatizantes do farisaísmo, ao contrário, não escondiam seu rancor, em face daquela coragem quase audaciosa. Nesse instante, de olhos inflamados por sentimentos indefiníveis, Barnabé tomou a palavra, enquanto o orador fazia uma pausa, e considerou:

— Paulo, sou dos que lamentam tua atitude neste passo. Com que direito poderás atacar a vida pura do continuador de Cristo Jesus?

Isso, inquiria-o ele em tom altamente comovedor, com a voz embargada de lágrimas. Paulo e Pedro eram os seus melhores e mais caros amigos.

Longe de se impressionar com a pergunta, o orador respondeu com a mesma franqueza:

— Temos, sim, um direito: — o de viver com a verdade, o de abominar a hipocrisia, e, o que é mais sagrado — o de salvar o nome de Simão das arremetidas farisaicas, cujas sinuosidades conheço, por constituírem o báratro escuro de onde pude sair para as claridades do Evangelho da redenção.

A palestra do ex-rabino continuou rude e franca. De quando em quando, Barnabé surgia com um aparte, tornando a contenda mais renhida.

Entretanto, em todo o curso da discussão, a figura de Pedro era a mais impressionante pela augusta serenidade do semblante tranquilo.


Naqueles rápidos instantes, o Apóstolo galileu considerou a sublimidade da sua tarefa no campo de batalha espiritual, pelas vitórias do Evangelho. De um lado estava Tiago, cumprindo elevada missão junto do judaísmo; de suas atitudes conservadoras surgiam incidentes felizes para a manutenção da igreja de Jerusalém, erguida como um ponto inicial para a cristianização do mundo; de outro lado estava a figura poderosa de Paulo, o amigo desassombrado dos gentios, na execução de uma tarefa sublime; de seus atos heroicos, derivava toda uma torrente de iluminação para os povos idólatras. Qual o maior a seus olhos de companheiro que convivera com o Mestre e dele recebera as mais altas lições? Naquela hora, o ex-pescador rogou a Jesus lhe concedesse a inspiração necessária para a fiel observância dos seus deveres. Sentiu o espinho da missão cravado em pleno peito, impossibilitado de se justificar com a só intencionalidade de seus atos, a menos que provocasse maior escândalo para a instituição cristã, que mal alvorecia no mundo. De olhos úmidos, enquanto Paulo e Barnabé se debatiam, teve a impressão de ver novamente o Senhor, no dia do Calvário. Ninguém o compreendera. Nem mesmo os discípulos amados. Em seguida, pareceu vê-lo expirante na cruz do martírio. Uma força oculta conduzia-o a ponderar o madeiro com atenção. A cruz do Cristo parecia-lhe, agora, um símbolo de perfeito equilíbrio. Uma linha horizontal e uma linha vertical, justapostas, formavam figuras absolutamente retas. Sim, o instrumento do suplício enviava-lhe uma silenciosa mensagem. Era preciso ser justo, sem parcialidade ou falsa inclinação. O Mestre amara a todos, indistintamente. Repartira os bens eternos com todas as criaturas. Ao seu olhar compassivo e magnânimo, gentios e judeus eram irmãos. Experimentava, agora, singular acuidade para examinar conscienciosamente as circunstâncias. Devia amar a Tiago pelo seu cuidado generoso com os israelitas, bem como a Paulo de Tarso pela sua dedicação extraordinária a todos quantos não conheciam a ideia do Deus justo.


O ex-pescador de Cafarnaum notou que a maioria da assembleia lhe dirigia curiosos olhares. Os companheiros de Jerusalém deixavam perceber cólera íntima, na extrema palidez do rosto. Todos pareciam convocá-lo à discussão. Barnabé tinha os olhos vermelhos de chorar e Paulo parecia cada vez mais franco, verberando a hipocrisia com a sua lógica fulminante. O Apóstolo preferiria o silêncio, de modo a não perturbar a fé ardente de quantos se arrebanhavam na igreja sob as luzes do Evangelho; mediu a extensão da sua responsabilidade naquele minuto inesquecível. Encolerizar-se seria negar os valores do Cristo e perder suas obras; inclinar-se para Tiago seria a parcialidade; dar absoluta razão aos argumentos de Paulo, não seria justo. Procurou arregimentar na mente os ensinamentos do Mestre e lembrou a inolvidável sentença: — o que desejasse ser o maior, fosse o servo de todos. (Mc 9:35) Esse preceito proporcionou-lhe imenso consolo e grande força espiritual.

A polêmica ia cada vez mais ardida. Extremavam-se os partidos. A assembleia estava repleta de cochichos abafados. Era natural prever uma franca explosão.


Simão Pedro levantou-se. A fisionomia estava serena, mas os olhos estavam orvalhados de lágrimas que não chegavam a correr.

Valendo-se de uma pausa mais longa, ergueu a voz que logo apaziguou o tumulto:

— Irmãos! — disse nobremente — muito tenho errado neste mundo. Não é segredo para ninguém que cheguei a negar o Mestre no instante mais doloroso do Evangelho. Tenho medido a misericórdia do Senhor pela profundidade do abismo de minhas fraquezas. Se errei entre os irmãos muito amados de Antioquia, peço perdão de minhas faltas. Submeto-me ao vosso julgamento e rogo a todos que se submetam ao julgamento do Altíssimo.

A estupefação foi geral. Compreendendo o efeito, o ex-pescador concluiu a justificativa, dizendo:

— Reconhecida a extensão das minhas necessidades espirituais e recomendando-me às vossas preces, passemos, irmãos, aos comentários do Evangelho de hoje.


A assistência estava assombrada com o desfecho imprevisto. Esperava-se que Simão Pedro fizesse um longo discurso em represália. Ninguém conseguia recobrar-se da surpresa. O Evangelho deveria ser comentado pelo Apóstolo galileu, mediante combinação prévia, mas o ex-pescador, antes de sentar-se de novo, exclamou muito sereno:

— Peço ao nosso irmão Paulo de Tarso o obséquio de consultar e comentar as anotações de Levi.

Não obstante o constrangimento natural, o ex-rabino considerou o elevado alcance daquele pedido, renovou num ápice todos os sentimentos extremistas do coração ardente e, num formoso improviso, falou da leitura dos pergaminhos da Boa Nova.

A atitude ponderada de Simão Pedro salvara a igreja nascente. Considerando os esforços de Paulo e de Tiago, no seu justo valor, evitara o escândalo e o tumulto no recinto do santuário. À custa de sua abnegação fraternal, o incidente passou quase inapercebido na história da cristandade primitiva, e nem mesmo a referência leve de Paulo na epístola aos Gálatas, a despeito da forma rígida, expressional do tempo, pode dar ideia do perigo iminente de escândalo que pairou sobre a instituição cristã, naquele dia memorável.


A reunião terminou sem novos atritos. Simão aproximou-se de Paulo e felicitou-o pela beleza e eloquência do discurso. Fez questão de voltar ao incidente para versá-lo com referências amistosas. O problema do gentilismo, dizia ele, merecia, de fato, muito interesse. Como deserdar das luzes do Cristo o que havia nascido distante das comunidades judaicas, se o próprio Mestre afirmara que os discípulos chegariam do Ocidente e do Oriente? A palestra suave e generosa reaproximou Paulo e Barnabé, enquanto o ex-pescador discorria intencionalmente, acalmando os ânimos.

O ex-doutor da Lei continuou a defender sua tese com argumentação sólida. Constrangido a princípio, em face da benevolência do galileu expandiu-se naturalmente, readquirindo a serenidade íntima. O problema era complexo. Transportar o Evangelho para o judaísmo não seria asfixiar-lhe as possibilidades divinas? — perguntava Paulo, firmando seu ponto de vista. Mas, e o esforço milenário dos judeus? — interrogava Pedro, advertindo que, a seu ver, se Jesus afirmara sua missão como o exato cumprimento da Lei, não era possível afastar-se a nova da antiga revelação. Proceder de outro modo seria arrancar do tronco vigoroso o galho verdejante, destinado a frutescer.


Examinando aqueles argumentos — ponderosos, Paulo de Tarso lembrou, então, que seria razoável promover em Jerusalém uma assembleia dos correligionários mais dedicados, para ventilar o assunto com maior amplitude. Os resultados, a seu ver, seriam benéficos, por apresentarem uma norma justa de ação, sem margem a sofismas tão de gosto e hábito farisaicos.

Como alguém que se sentisse muito alegre por encontrar a chave de um problema difícil, Simão Pedro anuiu de bom grado à proposta, assegurando interessar-se para que a reunião se fizesse quanto antes. Intimamente, considerou que seria ótima oportunidade para os discípulos de Antioquia observarem as dificuldades crescentes em Jerusalém.

À noite, todos os irmãos compareceram à igreja para as despedidas de Simão e para as preces habituais. Pedro orou com santificado fervor e a comunidade sentiu-se envolvida em benéficas vibrações de paz.

O incidente a todos deixara tal ou qual perplexidade, mas, as atitudes prudentes e afáveis do pescador conseguiram manter a coesão geral em torno do Evangelho, para continuação das tarefas santificantes.

Depois de observar a plena reconciliação de Paulo e Barnabé, Simão Pedro regressou a Jerusalém com os mensageiros de Tiago.


Em Antioquia, a situação continuou instável. As discussões estéreis prosseguiam acesas. A influência judaizante combatia a gentilidade e os cristãos livres opunham resistência formal ao convencionalismo preconceituoso. O ex-rabino, entretanto, não descansava. Convocou reuniões, nas quais esclareceu as finalidades da assembleia que Simão lhes prometera em Jerusalém, na primeira oportunidade. Combatente ativo, multiplicou as energias próprias na sustentação da independência do Cristianismo e prometeu publicamente que traria cartas da igreja dos Apóstolos galileus, que garantissem a posição dos gentios na doutrina consoladora de Jesus, alijando-se as imposições absurdas, no caso da circuncisão.

Suas providências e promessas acendiam novas lutas. Os observadores rigorosos dos preceitos antigos duvidavam de semelhantes concessões por parte de Jerusalém.


Paulo não desanimou. Intimamente, idealizava sua chegada à igreja dos Apóstolos, passava em revista, na imaginação superexcitada, toda a argumentação poderosa a empregar, e via-se vencedor na questão que se delineava a seus olhos como de essencial importância para o futuro do Evangelho. Procuraria mostrar a elevada capacidade dos gentios para o serviço de Jesus. Contaria os êxitos obtidos na longa excursão de mais de quatro anos, através das regiões pobres e quase desconhecidas, onde a gentilidade havia recebido as notícias do Mestre com intenso júbilo e compreensão muito mais elevada que a dos seus irmãos de raça. Alargando os projetos generosos, deliberou levar em sua companhia o jovem , que, embora oriundo das fileiras pagãs e não obstante contar vinte anos incompletos, representava na igreja de Antioquia uma das mais lúcidas inteligências a serviço do Senhor. Desde a vinda de Tarso, Tito afeiçoara-se-lhe como um irmão generoso. Notando-lhe a índole laboriosa, Paulo ensinara-lhe o ofício de tapeceiro e fora ele o seu substituto na tenda humilde, por todo o tempo que durou a primeira missão. O rapaz seria um expoente do poder renovador do Evangelho. Certamente, quando falasse na reunião, surpreenderia os mais doutos com os seus argumentos de alto teor exegético.

Acariciando esperanças, Paulo de Tarso tomou todas as providências para que o êxito de seus planos não falhasse.


Ao fim de quatro meses, um emissário de Jerusalém trazia a esperada notificação de Pedro, referente à assembleia. Coadjuvado pela operosidade de Barnabé o ex-rabino acelerou as providências indispensáveis. Na véspera de partir subiu à tribuna e renovou a promessa das concessões esperadas pelo gentilismo, insensível ao sorriso irônico que alguns israelitas disfarçavam cautelosamente.

Na manhã imediata, a pequena caravana partiu. Compunham-na Paulo e Barnabé, Tito e mais dois irmãos, que os acompanhavam em caráter de auxiliares. […]




As observações de Paulo na Gl 2:11 referem-se a um fato anterior à reunião dos discípulos. (Nota de Emmanuel)

(Paulo e Estêvão, FEB Editora., pp. 331 a 340. Indicadores 2 a 22)


mc 9:35
Paulo e Estêvão

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 5
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

O regresso de Paulo e Barnabé foi assinalado em Antioquia  com imenso regozijo. A comunidade fraternal admirou, profundamente comovida, o feito dos irmãos que haviam levado a regiões tão pobres, e distantes, as sementes divinas da verdade e do amor.

Por muitas noites consecutivas, os recém-chegados apresentaram o relatório verbal de suas atividades, sem omitir um detalhe. A igreja antioquense vibrou de alegria e rendeu graças ao Céu.


Os dois dedicados missionários haviam voltado em uma fase de grandes dificuldades para a instituição. Ambos perceberam-nas, contristados. As contendas de Jerusalém estendiam-se a toda a comunidade de Antioquia; as lutas da circuncisão estavam acesas. Os próprios chefes mais eminentes estavam divididos pelas afirmativas dogmáticas. Tão alto grau atingiram os discrimes, que do Espírito-Santo não mais se manifestavam. Manahen, cujos esforços na igreja eram indispensáveis, mantinha-se a distância, em vista das discussões estéreis e venenosas. Os irmãos achavam-se extremamente confusos. Uns eram partidários da circuncisão obrigatória, outros se batiam pela independência irrestrita do Evangelho. Eminentemente preocupado, o pregador tarsense observou as polêmicas furiosas, a respeito de alimentos puros e impuros.


Tentando estabelecer a harmonia geral em torno dos ensinamentos do Divino Mestre, Paulo tomava inutilmente a palavra, explicando que o Evangelho era livre e que a circuncisão era, tão somente, uma característica convencional da intolerância judaica. Não obstante sua autoridade inconteste, que se aureolava de prestígio perante a comunidade inteira, em vista dos grandes valores espirituais conquistados na missão, os desentendimentos persistiam.

Alguns elementos chegados de Jerusalém complicaram ainda mais a situação. Os menos rigorosos falavam da autoridade absoluta dos Apóstolos galileus. Comentava-se, à sorrelfa, que a palavra de Paulo e Barnabé, por muito inspirada que fosse nas lições do Evangelho, não era bastantemente autorizada para falar em nome de Jesus.


A igreja de Antioquia oscilava numa posição de imensa perplexidade. Perdera o sentido de unidade que a caracterizava, dos primórdios. Cada qual doutrinava do ponto de vista pessoal. Os gentios eram tratados com zombarias; organizavam-se movimentos a favor da circuncisão.

Fortemente impressionados com a situação, Paulo e Barnabé combinam um recurso extremo. Deliberam convidar para uma visita pessoal à instituição de Antioquia. Conhecendo-lhe o espírito liberto de preconceitos religiosos, os dois companheiros endereçam-lhe longa missiva, explicando que os trabalhos do Evangelho precisavam dos seus bons ofícios, insistindo pela sua atuação prestigiosa.


O portador entregou a carta, cuidadosamente, e, com grande surpresa para os cristãos antioquenos, o ex-pescador de Cafarnaum  chegou à cidade, evidenciando grande alegria, em razão do período de repouso físico que se lhe deparava naquela excursão.

Paulo e Barnabé não cabiam em si de contentes. Acompanhando Simão, viera que não abandonara, de todo, as atividades evangélicas. O grupo viveu lindas horas de confidências íntimas, a propósito das viagens missionárias, relatadas inteligentemente pelo ex-rabino, e relativamente aos fatos que se desenrolavam em Jerusalém, , contados por Simão Pedro, com singular colorido.


Depois de bem informado da situação religiosa em Antioquia, o ex-pescador acrescentava:

— Em Jerusalém, nossas lutas são as mesmas. De um lado a igreja cheia de necessitados, todos os dias; de outro as perseguições sem tréguas. No centro de todas as atividades, permanece com as mais ríspidas exigências. Às vezes, sou tentado a lutar para restabelecer a liberdade dos princípios do Mestre; mas, como proceder? Quando a tempestade religiosa ameaça destruir o patrimônio que conseguimos oferecer aos aflitos do mundo, o farisaísmo  esbarra na observância rigorosa do companheiro e é obrigado a paralisar a ação criminosa, encetada desde muito tempo. Se trabalhar por suprimir-lhe a influência, estarei precipitando a instituição de Jerusalém no abismo da destruição pelas tormentas políticas da grande cidade. E o programa do Cristo? e os necessitados? seria justo prejudicarmos os mais desfavorecidos por causa de um ponto de vista pessoal?


E ante a atenção profunda de Paulo e Barnabé, o bondoso companheiro continuava:

— Sabemos que Jesus não deixou uma solução direta ao problema dos incircuncisos, mas ensinou que não será pela carne que atingiremos o Reino, e sim pelo raciocínio e pelo coração. Conhecendo, porém, a atuação do Evangelho na alma popular, o farisaísmo autoritário não nos perde de vista e tudo envida por exterminar a árvore do Evangelho, que vem desabrochando entre os simples e os pacíficos. É indispensável, pois, todo o cuidado de nossa parte, a fim de não causarmos prejuízos, de qualquer natureza, à planta divina.

Os companheiros faziam largos gestos de aprovação. Revelando sua imensa capacidade para nortear uma ideia e congraçar os numerosos prosélitos em divergência, Simão Pedro tinha uma palavra adequada para cada situação, um esclarecimento justo para o problema mais singelo.


A comunidade antioquiana regozijava-se. Os gentios não ocultavam o júbilo que lhes ia nalma. O generoso Apóstolo a todos visitava pessoalmente, sem distinção ou preferência. Antepunha sempre um bom sorriso às apreensões dos amigos que receavam a alimentação “impura” (At 10:10) e costumava perguntar onde estavam as substâncias que não fossem abençoadas por Deus. Paulo acompanhava-lhe os passos sem dissimular íntima satisfação. Num louvável esforço de congraçamento, o Apóstolo dos gentios fazia questão de levá-lo a todos os lugares onde houvesse irmãos perturbados pelas ideias da circuncisão obrigatória. Estabeleceu-se, rapidamente, notável movimento de confiança e uniformidade de opinião. Todos os confrades exultavam de contentamento.


Eis, porém, que chegam de Jerusalém três emissários de Tiago. Trazem cartas para Simão, que os recebe com muitas demonstrações de estima. Daí por diante, modifica-se o ambiente. O ex-pescador de Cafarnaum, tão dado à simplicidade e à independência em Cristo Jesus, retrai-se imediatamente. Não mais atende aos convites dos incircuncisos. As festividades íntimas e carinhosas, organizadas em sua honra, já não contam com a sua presença alegre e amiga. Na igreja, modificou as mínimas atitudes. Sempre em companhia dos mensageiros de Jerusalém, que nunca o deixavam, parecia austero e triste, jamais se referindo à liberdade que o Evangelho outorgara à consciência humana.


Paulo observou a transformação, tomado de profundo desgosto. Para o seu espírito habituado, de modo irrestrito, à liberdade de opinião, o fato era chocante e doloroso. Agravara-o a circunstância de partir justamente de um crente como Simão, altamente categorizado e respeitável em todos os sentidos. Como interpretar aquele procedimento em completo desacordo com o que se esperava? Ponderando a grandeza da sua tarefa junto dos gentios, a menor pergunta dos amigos, nesse particular, deixava-o confuso. Na sua paixão pelas atitudes francas, não era dos trabalhadores que conseguem esperar. E após duas semanas de expectação ansiosa, desejoso de proporcionar uma satisfação aos numerosos elementos incircuncisos de Antioquia, convidado a falar na tribuna para os companheiros, começou por exaltar a emancipação religiosa do mundo, desde a vinda de Jesus-Cristo. Passou em revista as generosas demonstrações que o Mestre dera aos publicanos e aos pecadores. Pedro ouvia-o, assombrado com tanta erudição e recurso de hermenêutica para ensinar aos ouvintes os princípios mais difíceis. Os mensageiros de Tiago estavam igualmente surpreendidos, a assembleia ouvia o orador atentamente.


Em dado instante, o tecelão de Tarso olhou fixamente para o Apóstolo galileu e exclamou:

— Irmãos, defendendo o nosso sentimento de unificação em Jesus, não posso disfarçar nosso desgosto em face dos últimos acontecimentos. Quero referir-me à atitude do nosso hóspede muito amado, Simão Pedro, a quem deveríamos chamar “mestre”, se esse título não coubesse de fato e de direito ao nosso Salvador. 

A surpresa foi grande e o espanto geral. O Apóstolo de Jerusalém também estava surpreso, mas parecia muito calmo. Os emissários de Tiago revelavam profundo mal-estar. Barnabé estava lívido. E Paulo prosseguia sobranceiro:

— Simão tem personificado para nós um exemplo vivo. O Mestre no-lo deixou como rocha de fé imortal. (Mt 16:18) No seu coração generoso temos depositado as mais vastas esperanças. Como interpretar seu procedimento, afastando-se dos irmãos incircuncisos, desde a chegada dos mensageiros de Jerusalém? Antes disso, comparecia aos nossos serões íntimos, comia do pão de nossas mesas. Se assim procuro esclarecer a questão, abertamente, não é pelo desejo de escandalizar a quem quer que seja, mas porque só acredito num Evangelho livre de todos os preconceitos errôneos do mundo, considerando que a palavra do Cristo não está algemada aos interesses inferiores do sacerdócio, de qualquer natureza.


O ambiente carregara-se de nervosismo. Os gentios de Antioquia fitavam o orador, enternecidos e gratos. Os simpatizantes do farisaísmo, ao contrário, não escondiam seu rancor, em face daquela coragem quase audaciosa. Nesse instante, de olhos inflamados por sentimentos indefiníveis, Barnabé tomou a palavra, enquanto o orador fazia uma pausa, e considerou:

— Paulo, sou dos que lamentam tua atitude neste passo. Com que direito poderás atacar a vida pura do continuador de Cristo Jesus?

Isso, inquiria-o ele em tom altamente comovedor, com a voz embargada de lágrimas. Paulo e Pedro eram os seus melhores e mais caros amigos.

Longe de se impressionar com a pergunta, o orador respondeu com a mesma franqueza:

— Temos, sim, um direito: — o de viver com a verdade, o de abominar a hipocrisia, e, o que é mais sagrado — o de salvar o nome de Simão das arremetidas farisaicas, cujas sinuosidades conheço, por constituírem o báratro escuro de onde pude sair para as claridades do Evangelho da redenção.

A palestra do ex-rabino continuou rude e franca. De quando em quando, Barnabé surgia com um aparte, tornando a contenda mais renhida.

Entretanto, em todo o curso da discussão, a figura de Pedro era a mais impressionante pela augusta serenidade do semblante tranquilo.


Naqueles rápidos instantes, o Apóstolo galileu considerou a sublimidade da sua tarefa no campo de batalha espiritual, pelas vitórias do Evangelho. De um lado estava Tiago, cumprindo elevada missão junto do judaísmo; de suas atitudes conservadoras surgiam incidentes felizes para a manutenção da igreja de Jerusalém, erguida como um ponto inicial para a cristianização do mundo; de outro lado estava a figura poderosa de Paulo, o amigo desassombrado dos gentios, na execução de uma tarefa sublime; de seus atos heroicos, derivava toda uma torrente de iluminação para os povos idólatras. Qual o maior a seus olhos de companheiro que convivera com o Mestre e dele recebera as mais altas lições? Naquela hora, o ex-pescador rogou a Jesus lhe concedesse a inspiração necessária para a fiel observância dos seus deveres. Sentiu o espinho da missão cravado em pleno peito, impossibilitado de se justificar com a só intencionalidade de seus atos, a menos que provocasse maior escândalo para a instituição cristã, que mal alvorecia no mundo. De olhos úmidos, enquanto Paulo e Barnabé se debatiam, teve a impressão de ver novamente o Senhor, no dia do Calvário. Ninguém o compreendera. Nem mesmo os discípulos amados. Em seguida, pareceu vê-lo expirante na cruz do martírio. Uma força oculta conduzia-o a ponderar o madeiro com atenção. A cruz do Cristo parecia-lhe, agora, um símbolo de perfeito equilíbrio. Uma linha horizontal e uma linha vertical, justapostas, formavam figuras absolutamente retas. Sim, o instrumento do suplício enviava-lhe uma silenciosa mensagem. Era preciso ser justo, sem parcialidade ou falsa inclinação. O Mestre amara a todos, indistintamente. Repartira os bens eternos com todas as criaturas. Ao seu olhar compassivo e magnânimo, gentios e judeus eram irmãos. Experimentava, agora, singular acuidade para examinar conscienciosamente as circunstâncias. Devia amar a Tiago pelo seu cuidado generoso com os israelitas, bem como a Paulo de Tarso pela sua dedicação extraordinária a todos quantos não conheciam a ideia do Deus justo.


O ex-pescador de Cafarnaum notou que a maioria da assembleia lhe dirigia curiosos olhares. Os companheiros de Jerusalém deixavam perceber cólera íntima, na extrema palidez do rosto. Todos pareciam convocá-lo à discussão. Barnabé tinha os olhos vermelhos de chorar e Paulo parecia cada vez mais franco, verberando a hipocrisia com a sua lógica fulminante. O Apóstolo preferiria o silêncio, de modo a não perturbar a fé ardente de quantos se arrebanhavam na igreja sob as luzes do Evangelho; mediu a extensão da sua responsabilidade naquele minuto inesquecível. Encolerizar-se seria negar os valores do Cristo e perder suas obras; inclinar-se para Tiago seria a parcialidade; dar absoluta razão aos argumentos de Paulo, não seria justo. Procurou arregimentar na mente os ensinamentos do Mestre e lembrou a inolvidável sentença: — o que desejasse ser o maior, fosse o servo de todos. (Mc 9:35) Esse preceito proporcionou-lhe imenso consolo e grande força espiritual.

A polêmica ia cada vez mais ardida. Extremavam-se os partidos. A assembleia estava repleta de cochichos abafados. Era natural prever uma franca explosão.


Simão Pedro levantou-se. A fisionomia estava serena, mas os olhos estavam orvalhados de lágrimas que não chegavam a correr.

Valendo-se de uma pausa mais longa, ergueu a voz que logo apaziguou o tumulto:

— Irmãos! — disse nobremente — muito tenho errado neste mundo. Não é segredo para ninguém que cheguei a negar o Mestre no instante mais doloroso do Evangelho. Tenho medido a misericórdia do Senhor pela profundidade do abismo de minhas fraquezas. Se errei entre os irmãos muito amados de Antioquia, peço perdão de minhas faltas. Submeto-me ao vosso julgamento e rogo a todos que se submetam ao julgamento do Altíssimo.

A estupefação foi geral. Compreendendo o efeito, o ex-pescador concluiu a justificativa, dizendo:

— Reconhecida a extensão das minhas necessidades espirituais e recomendando-me às vossas preces, passemos, irmãos, aos comentários do Evangelho de hoje.


A assistência estava assombrada com o desfecho imprevisto. Esperava-se que Simão Pedro fizesse um longo discurso em represália. Ninguém conseguia recobrar-se da surpresa. O Evangelho deveria ser comentado pelo Apóstolo galileu, mediante combinação prévia, mas o ex-pescador, antes de sentar-se de novo, exclamou muito sereno:

— Peço ao nosso irmão Paulo de Tarso o obséquio de consultar e comentar as anotações de Levi.

Não obstante o constrangimento natural, o ex-rabino considerou o elevado alcance daquele pedido, renovou num ápice todos os sentimentos extremistas do coração ardente e, num formoso improviso, falou da leitura dos pergaminhos da Boa Nova.

A atitude ponderada de Simão Pedro salvara a igreja nascente. Considerando os esforços de Paulo e de Tiago, no seu justo valor, evitara o escândalo e o tumulto no recinto do santuário. À custa de sua abnegação fraternal, o incidente passou quase inapercebido na história da cristandade primitiva, e nem mesmo a referência leve de Paulo na epístola aos Gálatas, a despeito da forma rígida, expressional do tempo, pode dar ideia do perigo iminente de escândalo que pairou sobre a instituição cristã, naquele dia memorável.


A reunião terminou sem novos atritos. Simão aproximou-se de Paulo e felicitou-o pela beleza e eloquência do discurso. Fez questão de voltar ao incidente para versá-lo com referências amistosas. O problema do gentilismo, dizia ele, merecia, de fato, muito interesse. Como deserdar das luzes do Cristo o que havia nascido distante das comunidades judaicas, se o próprio Mestre afirmara que os discípulos chegariam do Ocidente e do Oriente? A palestra suave e generosa reaproximou Paulo e Barnabé, enquanto o ex-pescador discorria intencionalmente, acalmando os ânimos.

O ex-doutor da Lei continuou a defender sua tese com argumentação sólida. Constrangido a princípio, em face da benevolência do galileu expandiu-se naturalmente, readquirindo a serenidade íntima. O problema era complexo. Transportar o Evangelho para o judaísmo não seria asfixiar-lhe as possibilidades divinas? — perguntava Paulo, firmando seu ponto de vista. Mas, e o esforço milenário dos judeus? — interrogava Pedro, advertindo que, a seu ver, se Jesus afirmara sua missão como o exato cumprimento da Lei, não era possível afastar-se a nova da antiga revelação. Proceder de outro modo seria arrancar do tronco vigoroso o galho verdejante, destinado a frutescer.


Examinando aqueles argumentos — ponderosos, Paulo de Tarso lembrou, então, que seria razoável promover em Jerusalém uma assembleia dos correligionários mais dedicados, para ventilar o assunto com maior amplitude. Os resultados, a seu ver, seriam benéficos, por apresentarem uma norma justa de ação, sem margem a sofismas tão de gosto e hábito farisaicos.

Como alguém que se sentisse muito alegre por encontrar a chave de um problema difícil, Simão Pedro anuiu de bom grado à proposta, assegurando interessar-se para que a reunião se fizesse quanto antes. Intimamente, considerou que seria ótima oportunidade para os discípulos de Antioquia observarem as dificuldades crescentes em Jerusalém.

À noite, todos os irmãos compareceram à igreja para as despedidas de Simão e para as preces habituais. Pedro orou com santificado fervor e a comunidade sentiu-se envolvida em benéficas vibrações de paz.

O incidente a todos deixara tal ou qual perplexidade, mas, as atitudes prudentes e afáveis do pescador conseguiram manter a coesão geral em torno do Evangelho, para continuação das tarefas santificantes.

Depois de observar a plena reconciliação de Paulo e Barnabé, Simão Pedro regressou a Jerusalém com os mensageiros de Tiago.


Em Antioquia, a situação continuou instável. As discussões estéreis prosseguiam acesas. A influência judaizante combatia a gentilidade e os cristãos livres opunham resistência formal ao convencionalismo preconceituoso. O ex-rabino, entretanto, não descansava. Convocou reuniões, nas quais esclareceu as finalidades da assembleia que Simão lhes prometera em Jerusalém, na primeira oportunidade. Combatente ativo, multiplicou as energias próprias na sustentação da independência do Cristianismo e prometeu publicamente que traria cartas da igreja dos Apóstolos galileus, que garantissem a posição dos gentios na doutrina consoladora de Jesus, alijando-se as imposições absurdas, no caso da circuncisão.

Suas providências e promessas acendiam novas lutas. Os observadores rigorosos dos preceitos antigos duvidavam de semelhantes concessões por parte de Jerusalém.


Paulo não desanimou. Intimamente, idealizava sua chegada à igreja dos Apóstolos, passava em revista, na imaginação superexcitada, toda a argumentação poderosa a empregar, e via-se vencedor na questão que se delineava a seus olhos como de essencial importância para o futuro do Evangelho. Procuraria mostrar a elevada capacidade dos gentios para o serviço de Jesus. Contaria os êxitos obtidos na longa excursão de mais de quatro anos, através das regiões pobres e quase desconhecidas, onde a gentilidade havia recebido as notícias do Mestre com intenso júbilo e compreensão muito mais elevada que a dos seus irmãos de raça. Alargando os projetos generosos, deliberou levar em sua companhia o jovem , que, embora oriundo das fileiras pagãs e não obstante contar vinte anos incompletos, representava na igreja de Antioquia uma das mais lúcidas inteligências a serviço do Senhor. Desde a vinda de Tarso, Tito afeiçoara-se-lhe como um irmão generoso. Notando-lhe a índole laboriosa, Paulo ensinara-lhe o ofício de tapeceiro e fora ele o seu substituto na tenda humilde, por todo o tempo que durou a primeira missão. O rapaz seria um expoente do poder renovador do Evangelho. Certamente, quando falasse na reunião, surpreenderia os mais doutos com os seus argumentos de alto teor exegético.

Acariciando esperanças, Paulo de Tarso tomou todas as providências para que o êxito de seus planos não falhasse.


Ao fim de quatro meses, um emissário de Jerusalém trazia a esperada notificação de Pedro, referente à assembleia. Coadjuvado pela operosidade de Barnabé o ex-rabino acelerou as providências indispensáveis. Na véspera de partir subiu à tribuna e renovou a promessa das concessões esperadas pelo gentilismo, insensível ao sorriso irônico que alguns israelitas disfarçavam cautelosamente.

Na manhã imediata, a pequena caravana partiu. Compunham-na Paulo e Barnabé, Tito e mais dois irmãos, que os acompanhavam em caráter de auxiliares.

Fizeram uma viagem vagarosa, escalando em todas as aldeias, para as pregações da Boa Nova, disseminando curas e consolações.


Depois de muitos dias, chegaram a Jerusalém, onde foram recebidos por Simão, com inexcedível contentamento. Em companhia de , o generoso Apóstolo ofereceu-lhes fraternal acolhida. Ficaram todos no departamento em que se localizavam numerosos necessitados e doentes. Paulo e Barnabé examinaram as modificações introduzidas na casa. Outros pavilhões, embora humildes, estendiam-se além, cobrindo não pequena área.

— Os serviços aumentaram — explicava Simão, bondosamente —; os enfermos, que nos batem às portas, multiplicam-se todos os dias. Foi preciso construir novas dependências.

A fileira de catres parecia não ter fim. Aleijados e velhinhos distraíam-se ao sol, entre as árvores amigas do quintal.


Paulo estava admirado com a amplitude das obras. Daí a pouco, e outros companheiros vinham saudar os irmãos da instituição antioquense. O ex-rabino fixou o Apóstolo que chefiava as pretensões do judaísmo. O filho de Alfeu aparecia-lhe, agora, radicalmente transformado. Suas feições eram de um “mestre de Israel”, com todas as características indefiníveis dos hábitos farisaicos. Não sorria. Os olhos deixavam perceber uma presunção de superioridade que raiava pela indiferença. Seus gestos eram medidos como os de um sacerdote do Templo,  nos atos cerimoniais. O tecelão de Tarso tirou suas ilações íntimas e esperou a noite em que se iniciariam as discussões preparatórias. À claridade de algumas tochas, sentavam-se em torno de extensa mesa diversas personagens que Paulo não conhecia. Eram novos cooperadores da igreja de Jerusalém, explicava Pedro, com bondade. O ex-rabino e Barnabé não tiveram boa impressão, à primeira vista. Os desconhecidos assemelhavam-se a figuras do Sinédrio,  na sua posição hierárquica e convencional.


Chegados ao recinto, o convertido de Damasco experimentou sua primeira decepção. Observando que os representantes de Antioquia se faziam acompanhar por um jovem, Tiago adiantou-se e perguntou:

— Irmãos, é justo saibamos quem é o rapaz que trazeis a este cenáculo discreto. Nossa preocupação é fundamentada nos preceitos da tradição que manda examinar a procedência da juventude, a fim de que os serviços de Deus não sejam perturbados.

— Este é o nosso valoroso colaborador de Antioquia — explicou Paulo, entre orgulhoso e satisfeito —, chama-se Tito e representa uma de nossas grandes esperanças na seara de Jesus-Cristo.

O Apóstolo fixou-o sem surpresa e tornou a perguntar:

— É filho do povo eleito?

— É descendente de gentios — afirmou o ex-rabino, quase com altivez.

— Circuncidado? — interrogou o filho de Alfeu ciosamente.

— Não.


Este não, de Paulo, foi dito com tal ou qual enfado. As exigências de Tiago enervavam-no. Ouvindo a negativa, o Apóstolo galileu esclareceu em tom firme:

— Penso então que não será justo admiti-lo na assembleia, visto não ter ainda cumprido todos os preceitos.

— Apelamos para Simão Pedro — disse Paulo, convicto. —Tito é representante de nossa comunidade.

O ex-pescador de Cafarnaum estava lívido. Colocado entre os dois grandes representantes, do judaísmo e da gentilidade, tinha que decidir cristãmente o impasse inesperado.

Como sua intervenção direta demorasse alguns minutos, o tecelão tarsense continuou:

— Aliás, a reunião deverá resolver estas questões palpitantes, a fim de que se estabeleçam os direitos legítimos dos gentios.


Simão, porém conhecendo ambos os contendores, deu-se pressa em opinar, exclamando em tom conciliador:

— Sim, o assunto será objeto de nosso atencioso exame na assembleia. — E dirigindo intencionalmente o olhar ao ex-rabino, prosseguia explicando: — Apelas para mim e aceito o recurso; no entanto, devemos estudar a objeção de Tiago mais detidamente. Trata-se de um chefe dedicado desta casa e não seria justo desprezar-lhe os préstimos. De fato, o conselho discutirá esses casos, mas isso significa que o assunto ainda não está resolvido. Proponho, então, que o irmão Tito seja circuncidado amanhã para que participe dos debates com a inspiração superior que lhe conheço. E tão só com essa providência os horizontes ficarão necessariamente aclarados, para tranquilidade de todos os discípulos do Evangelho.


A sutileza do argumento removeu os empecilhos. Se não agradou a Paulo, satisfez a maioria e, regressando o jovem de Antioquia para o interior da casa, a assembleia começou pelas discussões preliminares. O ex-rabino estava taciturno e abatido. A atitude de Tiago, os novos elementos estranhos ao Evangelho, que teriam de votar na reunião, o gesto conciliador de Simão Pedro, desgostavam-no profundamente. Aquela imposição no caso de Tito figurava-se-lhe um crime. Tinha ímpetos de regressar a Antioquia, acusar de hipócritas e “sepulcros caiados” (Mt 23:27) os irmãos judaizantes. Mas, as cartas de emancipação que havia prometido aos companheiros da gentilidade? Não seria mais conveniente recalcar seus melindres feridos por amor aos irmãos de ideal? Não seria mais justo aguardar deliberações definitivas e humilhar-se? A lembrança de que os amigos contavam com as suas promessas acalmou-o. Fundamente desapontado, o convertido de Damasco acompanhou atento os primeiros debates. As questões iniciais davam ideia das grandes modificações que procuravam introduzir no Evangelho do Mestre.


Um dos irmãos presentes chegava a ponderar que os gentios deviam ser considerados como o “gado” do povo de Deus: bárbaros que importava submeter à força, a fim de serem empregados nos trabalhos mais pesados dos escolhidos. Outro indagava se os pagãos eram semelhantes aos outros homens convertidos a Moisés ou a Jesus. Um velho de feições rígidas chegava ao despautério de afiançar que o homem só vingava completar-se depois de circunciso. À margem da gentilidade, outros temas fúteis vinham à balha. Houve quem lembrasse que a assembleia devia regular os deveres concernentes aos alimentos impuros, bem como sobre o processo mais adequado à ablução das mãos. Tiago argumentava e discorria como profundo conhecedor de todos os preceitos. Pedro ouvia, com grande serenidade. Nunca respondia quando a tese assumia o caráter de conversação, e aguardava momento oportuno para manifestar-se. Somente tomou atitude mais enérgica, quando um dos componentes do conselho pediu para que o Evangelho de Jesus fosse incorporado ao livro dos profetas, ficando subordinado à Lei de Moisés para todos os efeitos. Foi a primeira vez que Paulo de Tarso notou o ex-pescador intransigente e quase rude, explicando o absurdo de semelhante sugestão.


Os trabalhos foram paralisados alta noite, em fase de pura preparação. Tiago recolheu os pergaminhos com anotações, orou de joelhos e a assembleia dispersou-se para nova reunião no dia imediato.

Simão procurou a companhia de Paulo e Barnabé, para dirigir-se aos aposentos de repouso.

O tecelão de Tarso estava consternado. A circuncisão de Tito surgia-lhe como derrota dos seus princípios intransigentes. Não se conformava, fazendo sentir ao ex-pescador a extensão de suas contrariedades.

— Mas que vem a ser tão pequena concessão — interrogava o Apóstolo de Cafarnaum, sempre afável — em face do que pretendemos realizar? Precisamos de ambiente pacífico para esclarecer o problema da obrigatoriedade da circuncisão. Não firmaste compromisso com o gentilismo de Antioquia?


Paulo recordou a promessa que fizera aos irmãos e concordou:

— Sim, é verdade.

— Reconheçamos, pois, a necessidade de muita calma para chegar às soluções precisas. As dificuldades, neste sentido, não prevalecem tão só para a igreja antioquiana. As comunidades de Cesareia,  de Jope,  bem como de outras regiões, encontram-se atormentadas por esses casos transcendentes. Bem sabemos que todas as cerimônias externas são de evidente inutilidade para a alma; mas, tendo em vista os princípios respeitáveis do judaísmo, não podemos declarar guerra de morte às suas tradições, de um momento para outro. Será justo lutar com muita prudência sem ofender rudemente a ninguém.

O ex-rabino escutou as admoestações do Apóstolo e, recordando as lutas a que ele próprio assistira no ambiente farisaico, pôs-se a meditar silenciosamente.


Mais alguns passos e atingiram a sala transformada em dormitório de Pedro e João. Entraram. Enquanto Barnabé e o filho de Zebedeu se entregavam a animada palestra, Paulo sentou-se ao lado do ex-pescador, mergulhando-se em profundos pensamentos.

Depois de alguns instantes, o ex-doutor da Lei, saindo da sua abstração, chamou Pedro, murmurando:

— Custa-me concordar com a circuncisão de Tito, mas não vejo outro recurso.

Atraídos por aquela confissão, Barnabé e João puseram-se também a ouvi-lo atentamente.

— Mas, curvando-me à providência — continuou com inexcedível franqueza —, não posso deixar de reconhecer no fato uma das mais altas demonstrações de fingimento. Concordarei naquilo que não aceito de modo algum. Quase me arrependo de ter assumido compromissos com os nossos amigos de Antioquia; não supunha que a política abominável das sinagogas houvesse invadido totalmente a igreja de Jerusalém.

O filho de Zebedeu fixou no convertido de Damasco os olhos muito lúcidos, ao passo que Simão respondia serenamente:

— A situação é, de fato, muito delicada. Principalmente depois do sacrifício de alguns companheiros mais amados e prestimosos, as dificuldades religiosas em Jerusalém multiplicam-se todos os dias.


E vagueando o olhar pelo aposento, como se quisesse traduzir fielmente o seu pensamento, continuou:

— Quando se agravou a situação, cogitei da possibilidade de me transferir para outra comunidade; em seguida, pensei em aceitar a luta e reagir; mas, uma noite, tão bela como esta, orava eu neste quarto, quando percebi a presença de alguém que se aproximava devagarinho. Eu estava de joelhos quando a porta se abriu com imensa surpresa para mim. Era o Mestre! Seu rosto era o mesmo dos formosos dias de Tiberíades.  Fitou-me grave e terno, e falou: — “Pedro, atende aos “filhos do Calvário”, antes de pensar nos seus caprichos!” A maravilhosa visão durou um minuto, mas logo após, pus-me a recordar os velhinhos, os necessitados, os ignorantes e doentes que nos batem à porta. O Senhor recomendava-me atenção para os portadores da cruz. Desde então, não desejei mais que servi-los.

O Apostolo tinha os olhos úmidos e Paulo sentia-se bastante impressionado, pois que ouvira a expressão “filhos do Calvário” dos lábios espirituais de Abigail, quando da sua gloriosa visão, no silêncio da noite, ao aproximar-se de Tarso. 

— Com efeito, grande é a luta — concordou o convertido de Damasco, parecendo mais tranquilo.


E mostrando-se convicto da necessidade de examinar o realismo da vida comum, não obstante a beleza das prodigiosas manifestações do Plano invisível, voltou a dizer:

— Entretanto, precisamos encontrar um meio de libertar as verdades evangélicas do convencionalismo humano. Qual a razão principal da preponderância farisaica na igreja de Jerusalém?

Simão Pedro esclareceu sem rebuços;

— As maiores dificuldades giram em torno da questão monetária. Esta casa alimenta mais de cem pessoas, diariamente, além dos serviços de assistência aos enfermos, aos órfãos e aos desamparados. Para a manutenção dos trabalhos são indispensáveis muita coragem e muita fé, porque as dívidas contraídas com os socorredores da cidade são inevitáveis.

— Mas os doentes — interrogou Paulo, atencioso — não trabalham depois de melhorados?

— Sim — explicou o Apóstolo —, organizei serviços de plantação para os restabelecidos e impossibilitados de se ausentarem logo de Jerusalém. Com isso, a casa não tem necessidade de comprar hortaliças e frutas. Quanto aos melhorados vão tomando o encargo de enfermeiros dos mais desfavorecidos da saúde. Essa providência permitiu a dispensa de dois homens remunerados, que nos auxiliavam na assistência aos loucos incuráveis ou de cura mais difícil. Como vês, estes detalhes não foram esquecidos e mesmo assim a igreja está onerada de despesa e dívidas que só a cooperação do judaísmo pode atenuar ou desfazer.


Paulo compreendeu que Pedro tinha razão. No entanto, ansioso de proporcionar independência aos esforços dos irmãos de ideal, considerou:

— Advirto, então, que precisamos instalar aqui elementos de serviço que habilitem a casa a viver de recursos próprios. Os órfãos, os velhos e os homens aproveitáveis poderão encontrar atividades além dos trabalhos agrícolas e produzir alguma coisa para a renda indispensável. Cada qual trabalharia de conformidade com as próprias forças, sob a direção dos irmãos mais experimentados. A produção do serviço garantiria a manutenção geral. Como sabemos, onde há trabalho há riqueza, e onde há cooperação há paz. É o único recurso para emancipar a igreja de Jerusalém das imposições do farisaísmo, cujas artimanhas conheço desde o princípio de minha vida.

Pedro e João estavam maravilhados. A ideia de Paulo era excelente. Vinha ao encontro de suas preocupações ansiosas, pelas dificuldades que pareciam não ter fim.

— O projeto é extraordinário — disse Pedro — e viria resolver grandes problemas de nossa vida.


O filho de Zebedeu, que tinha os olhos radiantes de júbilo, atacou, por sua vez, o assunto, objetando:

— Mas, o dinheiro? Onde encontrar os fundos indispensáveis ao grandioso empreendimento?!…

O ex-rabino entrou em profunda meditação e esclareceu:

— O Mestre auxiliará nossos bons propósitos. Barnabé e eu empreendemos longa excursão a serviço do Evangelho e vivemos, em todo o seu transcurso, a expensas do nosso trabalho. Eu tecelão, ele oleiro, em atividade provisória nos lugares onde passamos. Realizada a primeira experiência, poderíamos voltar agora às mesmas regiões e visitar outras, pedindo recursos para a igreja de Jerusalém. Provaríamos nosso desinteresse pessoal, vivendo à custa de nosso esforço e recolheríamos as dádivas por toda parte, conscientes de que, se temos trabalhado pelo Cristo, será justo também pedirmos por amor ao Cristo. A coleta viria estabelecer a liberdade do Evangelho em Jerusalém, porque representaria o material indispensável a edificações definitivas no plano do trabalho remunerador.


Estava esboçado, assim, o programa a que o generoso Apóstolo da gentilidade haveria de submeter-se pelo resto de seus dias. No seu desempenho teria de sofrer as mais cruéis acusações; mas, no santuário do seu coração devotado e sincero, Paulo, de par com os grandiosos serviços apostólicos, levaria a coleta em favor de Jerusalém, até ao fim da sua existência terrestre.

Ouvindo-lhe os planos, Simão levantou-se e abraçou-o dizendo comovido:

— Sim, meu amigo, não foi em vão que Jesus te buscou pessoalmente às portas de Damasco.

Fato pouco vulgar na sua vida, Paulo tinha os olhos rasos de pranto. Fitou o ex-pescador de modo significativo, considerando intimamente suas dívidas de gratidão ao Salvador, e murmurou:

— Não farei mais que o meu dever. Nunca poderei olvidar que saiu dos catres desta casa, os quais já serviram igualmente a mim próprio.

Todos estavam extremamente sensibilizados. Barnabé comentou a ideia com entusiasmo e enriqueceu o plano de numerosos pormenores.


Nessa noite, os dedicados discípulos do Cristo sonharam com a independência do Evangelho em Jerusalém; com a emancipação da igreja, isenta das absurdas imposições da sinagoga.

No dia imediato procedeu-se solenemente à circuncisão de Tito, sob a direção cuidadosa de Tiago e com a profunda repugnância de Paulo de Tarso.

As assembleias noturnas continuaram por mais de uma semana. Nas primeiras noites, preparando terreno para advogar abertamente a causa da gentilidade, o ex-pescador de Cafarnaum solicitou aos representantes de Antioquia expusessem a impressão das visitas aos pagãos de Chipre,  Panfília, Pisídia  e Licaônia. Paulo, fundamente contrariado com as exigências aplicadas a Tito, pediu a Barnabé falasse em seu nome.


O ex-levita de Chipre fez extenso relato de todos os acontecimentos, provocando imensa surpresa a quantos lhe ouviam as referências ao extraordinário poder do Evangelho, entre aqueles que ainda não haviam esposado uma crença pura. Em seguida, atendendo ainda a observações de Paulo, Tito falou, profundamente comovido com a interpretação dos ensinamentos do Cristo e mostrando possuir formosos dons de profecia, fazendo-se admirar pelo próprio , que o abraçou mais de uma vez.

Ao termo dos trabalhos, discutia-se ainda a obrigatoriedade da circuncisão para os gentios. O ex-rabino seguia os debates, silencioso, admirando o poder de resistência e tolerância de Simão Pedro.


Quando o ex-pescador reconheceu que as divergências prosseguiriam indefinidamente, levantou-se e pediu a palavra, fazendo a generosa e sábia exortação de que os At 15:7 fornecem notícia:

— Irmãos — começou Pedro, enérgico e sereno —, bem sabeis que, de há muito, Deus nos elegeu para que os gentios ouvissem as verdades do Evangelho e cressem no seu Reino. O Pai, que conhece os corações, deu aos circuncisos e aos incircuncisos a palavra do Espírito-Santo. No dia glorioso do Pentecostes as vozes falaram na praça pública de Jerusalém, para os filhos de Israel e dos pagãos. O Todo-Poderoso determinou que as verdades fossem anunciadas indistintamente. Jesus afirmou que os cooperadores do Reino chegariam do Oriente e do Ocidente. Não compreendo tantas controvérsias, quando a situação é tão clara aos nossos olhos. O Mestre exemplificou a necessidade de harmonização constante: palestrava com os doutores do Templo; frequentava a casa dos publicanos; tinha expressão de bom ânimo para todos os que se baldavam de esperança; aceitou o derradeiro suplício entre os ladrões. Por que motivo devemos guardar uma pretensão de isolamento daqueles que experimentam a necessidade maior? Outro argumento que não deveremos esquecer é o da chegada do Evangelho ao mundo, quando já possuíamos a Lei. Se o Mestre no-lo trouxe, amorosamente, com os mais pesados sacrifícios, seria justo enclausurarmo-nos nas tradições convencionais, esquecendo o campo de trabalho? Não mandou o Cristo que pregássemos a Boa Nova a todas as nações? Claro que não poderemos desprezar o patrimônio dos israelitas. Temos de amar nos filhos da Lei, que somos nós, a expressão de profundos sofrimentos e de elevadas experiências que nos chegam ao coração através de quantos precederam o Cristo, na tarefa milenária de preservar a fé no Deus único; mas esse reconhecimento deve inclinar nossa alma para o esforço na redenção de todas as criaturas. Abandonar o gentio à própria sorte seria criar duro cativeiro, ao invés de praticar aquele amor que apaga todos os pecados. É pelo fato de muito compreendermos os judeus e de muito estimarmos os preceitos divinos, que precisamos estabelecer a melhor fraternidade com o gentio, convertendo-o em elemento de frutificação divina. Cremos que Deus nos purifica o coração pela fé e não pelas ordenanças do mundo. Se hoje rendemos graças pelo triunfo glorioso do Evangelho, que instituiu a nossa liberdade, como impor aos novos discípulos um jugo que, intimamente, não podemos suportar? Suponho, então, que a circuncisão não deva constituir ato obrigatório para quantos se convertam ao amor de Jesus-Cristo, e creio que só nos salvaremos pelo favor divino do Mestre, estendido generosamente a nós e a eles também.


A palavra do Apóstolo caíra na fervura das opiniões como forte jato de água fria. Paulo estava radiante, ao passo que Tiago não conseguia ocultar o desapontamento.

A exortação do ex-pescador dava margem a numerosas interpretações; se falava no respeito amoroso aos judeus, referia-se também a um jugo que não podia suportar. Ninguém, todavia, ousou negar-lhe a prudência e bom-senso indubitáveis.

Terminada a oração, Pedro rogou a Paulo falasse de suas impressões pessoais, a respeito do gentio. Mais esperançado, o ex-rabino tomou a palavra pela primeira vez, no conselho, e convidando Barnabé ao comentário geral, ambos apelaram para que a assembleia concedesse a necessária independência aos pagãos, no que se referia à circuncisão.


Havia em tudo, agora, uma nota de satisfação geral. As observações de Pedro calaram fundo em todos os companheiros. Foi então que Tiago tomou a palavra, e, vendo-se quase só no seu ponto de vista, esclareceu que Simão fora muito bem inspirado no seu apelo; mas pediu três emendas para que a situação ficasse bem esclarecida. Os pagãos ficavam isentos da circuncisão, mas deviam assumir o compromisso de fugir da idolatria, evitar a luxúria e abster-se das carnes de animais sufocados.

O Apóstolo dos gentios estava satisfeito. Fora removido o maior obstáculo.

No dia seguinte os trabalhos foram encerrados, lavrando-se as resoluções em pergaminho. Pedro providenciou para que cada irmão levasse consigo uma carta, como prova das deliberações, em virtude da solicitação de Paulo, que desejava exibir o documento como mensagem de emancipação da gentilidade.


Interpelado pelo ex-pescador, quando se achavam a sós, sobre as impressões pessoais dos trabalhos, o ex-doutor de Jerusalém esclareceu com um sorriso:

— Em suma, estou satisfeito. Ficou resolvido o mais difícil dos problemas. A obrigatoriedade da circuncisão para os gentios representava um crime aos meus olhos. Quanto às emendas de Tiago, não me impressionam, porquanto a idolatria e a luxúria são atos detestáveis para a vida particular de cada um; e, quanto às refeições, suponho que todo cristão poderá comer como melhor lhe pareça, desde que os excessos sejam evitados.


Pedro sorriu e explicou ao ex-rabino seus novos planos. Comentou, esperançoso, a ideia da coleta geral em favor da igreja de Jerusalém, e, evidenciando a peculiar prudência, falou preocupado:

— Teu projeto de excursão e propaganda da Boa Nova, procurando angariar alguns recursos para solução de nossos mais sérios encargos, causa-me justa satisfação, entretanto, venho refletindo na situação da igreja antioquena. Pelo que observei de viso, concluo que a instituição necessita de servidores dedicados que se substituam nos trabalhos constantes de cada dia. Tua ausência, ao demais com Barnabé, trará dificuldades, caso não tomemos as providências precisas. Eis por que te ofereço a cooperação de dois companheiros devotados, que me têm substituído aqui nos encargos mais pesados. Trata-se de Silas e Barsabás, dois discípulos amigos da gentilidade e dos princípios liberais. De vez em quando, entram em desacordo com Tiago, como é natural, e, segundo creio, serão ótimos auxiliares do teu programa.


Paulo viu no alvitre a providência que desejava. Junto de Barnabé, que participava da conversação, agradeceu ao ex-pescador, profundamente sensibilizado. A igreja da Antioquia teria os recursos necessários que os trabalhos evangélicos requeriam. A medida proposta era-lhe muito grata, mesmo porque, desde logo tivera por Silas grande simpatia, presumindo nele um companheiro leal, expedito e dedicado.

Os missionários de Antioquia ainda se demoraram três dias na cidade, após o encerramento do Conselho, tempo esse que Barnabé aproveitou para . Paulo, contudo, declinou do convite de e permaneceu na igreja, estudando a situação futura, em companhia de Simão Pedro e dos dois novos colaboradores.


Em atmosfera de grande harmonia, os trabalhadores do Evangelho versaram todos os requisitos do projeto.

Fato digno de nota a reclusão de Paulo, junto aos Apóstolos galileus, jamais saindo à rua, para não entrar em contato com o cenário vivo do seu passado tumultuoso.

Finalmente, tudo pronto e ajustado, a missão se dispôs a regressar. Havia em todas as fisionomias um sinal de gratidão e de esperança santificada nos dias do porvir. Verificava-se, no entanto, um detalhe curioso, que é indispensável destacar. Solicitado pela irmã, Barnabé dispusera-se a aceitar a contribuição de , em nova tentativa de adaptação ao serviço do Evangelho. Considerando a boa intenção com que acedera aos pedidos da irmã, o ex-levita de Chipre achou desnecessário consultar o companheiro de esforços comuns. Paulo, porém, não se magoou. Acolheu a resolução de Barnabé, um tanto admirado, abraçou o jovem afetuosamente e esperou que o discípulo de Pedro se pronunciasse, quanto ao futuro.


O grupo, acrescido de Silas, Barsabás e João Marcos, pôs-se a caminho para Antioquia, nas melhores disposições de harmonia.

Revezando-se na tarefa de pregação das verdades eternas, anunciavam o Reino de Deus e faziam curas por onde passavam.

Chegados ao destino, com grandes manifestações de júbilo da gentilidade, organizaram o plano colimado para dar-lhe imediata eficiência. Paulo expôs o propósito de voltar às comunidades cristãs já fundadas, estendendo a excursão evangélica por outras regiões onde o Cristianismo não fosse conhecido. O plano mereceu aprovação geral. A instituição antioquena ficaria com a cooperação direta de Barsabás e Silas, os dois companheiros devotados que, até ali, haviam constituído duas fortes colunas de trabalho em Jerusalém.


Apresentado o relatório verbal dos esforços em perspectiva, Paulo e Barnabé entraram a cogitar das últimas disposições particulares.

— Agora — disse o ex-levita de Chipre —, espero concordes com o que resolvi relativamente a João.

— João Marcos? — interrogou Paulo admirado.

— Sim, desejo levá-lo conosco, a fim de afeiçoá-lo à tarefa.

O ex-rabino franziu o sobrecenho num gesto muito seu, quando contrariado, e exclamou:

— Não concordo; teu sobrinho está ainda muito jovem para o cometimento.

— Entretanto, prometi à minha irmã acolhê-lo em nossos labores.

— Não pode ser.


Estabeleceu-se entre os dois uma contenda de palavras, na qual Barnabé deixava perceber seu descontentamento. O ex-rabino procurava justificar-se ao passo que o discípulo de Pedro alegava o compromisso assumido e impugnava, com tal ou qual amargura, a atitude do companheiro. O ex-doutor, contudo, não se deixou convencer. A readmissão de João Marcos, dizia, não era justa. Poderia falhar novamente, fugir aos compromissos assumidos, desprezar a oportunidade do sacrifício. Lembrava as de Antioquia de Pisídia,  as inevitáveis, as experimentadas em Icônio,  o cruel na praça de Listra. Acaso o rapaz estaria preparado, em tão pouco tempo, para compreender o alcance de todos esses acontecimentos, em que a alma era compelida a regozijar-se com o testemunho?


Barnabé estava magoado, de olhos úmidos.

— Afinal, disse em tom comovedor, nenhum desses argumentos me convence e me esclarece, em consciência. Primeiramente, não vejo por que desfazer nossos laços afetivos…

O ex-rabino não o deixou terminar e concluiu:

— Isso nunca. Nossa amizade está muito acima destas circunstâncias. Nossos elos são sagrados.

— Pois bem — acentuou Barnabé —, como interpretar, então, tua recusa? Por que negarmos ao rapaz uma nova experiência de trabalho regenerativo? Não será falta de caridade desprezar um ensejo talvez providencial?


Paulo fixou demoradamente o amigo e acrescentou:

— Minha intuição, neste sentido, é diversa da tua. Quase sempre, Barnabé, a amizade a Deus é incompatível com a amizade ao mundo. Levantando-nos para a execução fiel do dever, as noções do mundo se levantam contra nós. Parecemos maus e ingratos. Mas, ouve-me: ninguém encontrará fechadas as portas da oportunidade, porque é o Todo-Poderoso quem no-las abre. A ocasião é a mesma para todos, mas os campos devem ser diferentes. No trabalho propriamente humano, as experiências podem ser renovadas todos os dias. Isso é justo. Mas considero que, no serviço do Pai, se interrompemos a tarefa começada, é sinal de que ainda não temos todas as experiências indispensáveis ao homem completo. Se a criatura ainda não sabe todas as noções mais nobres, relativas à sua vida e deveres terrestres, como consagrar-se com êxito ao serviço divino? Naturalmente que não podemos ajuizar se este ou aquele já terminou o curso de suas demonstrações humanas e que, de hoje por diante, esteja apto ao serviço do Evangelho, porque, neste particular, cada um se revelará por si. Creio, mesmo, que teu sobrinho atingirá essa posição, com mais algumas lutas. Nós, entretanto, somos forçados a considerar que não vamos tentar uma experiência, mas um testemunho. Compreendes a diferença?


Barnabé compreendeu o imenso alcance daquelas razões concisas, irrefutáveis, e calou-se para dizer daí a momentos:

— Tens razão. Desta vez não poderei, portanto, ir contigo.

Paulo sentiu toda a tristeza que transbordava daquelas palavras e, depois de meditar longo tempo, acentuou:

— Não nos entristeçamos. Estou refletindo na possibilidade de tua partida, com João Marcos, para Chipre.  Ele encontraria, ali, um campo adequado aos trabalhos que lhe são necessários e, ao mesmo tempo, cuidaria da organização que fundamos na ilha. Dentro deste plano, continuaríamos em cooperação perfeita, mesmo no que se refere à coleta para a igreja de Jerusalém. Desnecessário será dizer da utilidade de tua presença em Nea-Pafos  e Salamina.  Quanto a mim, tomaria a Silas, internando-me pelo Tauro, e a igreja de Antioquia ficará com a cooperação de Barsabás e Tito.

Barnabé ficou contentíssimo. O projeto pareceu-lhe admirável. Paulo continuava, a seus olhos, como o companheiro das soluções oportunas.

E dentro de breves dias, a caminho de Chipre, onde serviria a Jesus até que partisse, mais tarde, para Roma, Barnabé foi com o sobrinho para Selêucia, depois de se abraçarem, ele e Paulo, como dois irmãos muito amados, que o Mestre chamava a diferentes destinos.




As observações de Paulo na Gl 2:11 referem-se a um fato anterior à reunião dos discípulos. (Nota de Emmanuel)


mc 9:35
Religião dos espíritos

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 76
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Reunião pública de 30 de Outubro de 1959

de “O Livro dos Espíritos”


Hoje, sabe a Física que a luz é uma forma de energia e que todas as coisas criadas são composições energéticas, vibrando em ondas características.


Disse o Cristo: “Brilhe vossa luz.” (Mt 5:16)

Começa a magnetologia a provar cientificamente a reencarnação.


Elucidou o Senhor: “Necessário vos é nascer de novo.” (Jo 3:3)

Conclui a medicina que o homem precisa desembaraçar-se de tudo o que lhe possa constituir motivo à cólera ou tensão, em favor do próprio equilíbrio.


Ensinou Jesus, por fórmula de paz e proteção terapêutica: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos façam mal e orai pelos que vos perseguem e caluniam.” (Mt 5:44)

Afirma a psicanálise que todo desejo reprimido marca a personalidade à feição de recalque.


Aclarou o Divino Mestre: “Não é o que entra na boca do homem o que lhe torna a vida impura, mas o que lhe sai do coração.” (Mt 15:11)

A penologia transforma os antigos cárceres de tortura em escolas de educação e de reajuste.


Proclamou o Eterno Amigo: “Misericórdia quero e não sacrifício, porque os sãos não necessitam de médico.” (Mt 9:13)

A sociologia preceitua o trabalho para cada um, na comunidade, como simples dever.


Informou Jesus: “Quem dentre vós deseje a posição de maior seja o servo de todos.” (Mc 9:35)

A política de ordem superior exige absoluta independência entre o Estado e as crenças do povo.


Falou o Cristo: “Dai a César o que a César compete, e a Deus o que a Deus pertence.” (Mt 22:21)

A astronáutica examina o campo físico da Lua e dirige a atenção para a vida material em outros planetas.


Anunciou o Mestre dos mestres: “Na casa de meu Pai há muitas moradas.” (Jo 14:2)

A unidade religiosa caminha gradativamente para o culto da assistência social e da oração, acima dos templos de pedra.


Asseverou o Emissário Sublime: “Nossos antepassados reverenciavam a Deus no alto dos montes, e dizeis agora que Jerusalém é o lugar adequado a isso, mas tempos virão em que os verdadeiros religiosos adorarão a Deus em espírito, porque o Pai procura os que assim o procuram.” (Jo 4:20)

A navegação rápida e a aviação, o telefone e o rádio, o cinema e a televisão, apesar das faixas de sombra espiritual que por enquanto lhes obscurecem os serviços, indicam a todos os povos um só caminho — a fraternidade.


Recomendou o Senhor: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” (Jo 13:34)

Eis por que a Doutrina Espírita nos reconduz ao Evangelho em sua primitiva simplicidade, porquanto somente assim compreenderemos, ante a imensa evolução científica do homem terrestre, que o Cristo é o Sol Moral do mundo, a brilhar hoje, como brilhava ontem, para brilhar mais intensamente amanhã.




Humberto de Campos

mc 9:35
Boa Nova

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 25
Francisco Cândido Xavier
Humberto de Campos

Reunidos os discípulos em companhia de Jesus, no primeiro dia das festas da Páscoa, como de outras vezes, o Mestre partiu o pão com a costumeira ternura. (Mt 26:26) Seu olhar, contudo, embora sem trair a serenidade de todos os momentos, apresentava misterioso fulgor, como se sua alma, naquele instante, vibrasse ainda mais com os altos Planos do invisível.

Os companheiros comentavam com simplicidade e alegria os sentimentos do povo, enquanto o Mestre meditava, silencioso.

Em dado instante, tendo-se feito longa pausa entre os amigos palradores, o Messias acentuou com firmeza impressionante:

— Amados: é chegada a hora em que se cumprirá a profecia da Escritura. Humilhado e ferido, terei de ensinar em Jerusalém a necessidade do sacrifício próprio, para que não triunfe apenas uma espécie de vitória, tão passageira quanto as edificações do egoísmo ou do orgulho humanos. Os homens têm aplaudido, em todos os tempos, as tribunas douradas, as marchas retumbantes dos exércitos que se glorificaram com despojos sangrentos, os grandes ambiciosos que dominaram à força o espírito inquieto das multidões; entretanto, eu vim de meu Pai para ensinar como triunfam os que tombam no mundo, cumprindo um sagrado dever de amor, como mensageiros de um mundo melhor, onde reinam o bem e a verdade. Minha vitória é a dos que sabem ser derrotados entre os homens, para triunfarem com Deus, na divina construção de suas obras, imolando-se, com alegria, para glória de uma vida maior.

Ante a resolução expressa naquelas palavras firmes, os companheiros se entreolharam, ansiosos.

O Messias continuou:

— Não vos perturbeis com as minhas afirmativas, porque, em verdade, um de vós outros me há de trair!… As mãos, que eu acariciei, voltam-se agora contra mim. Todavia, minhalma está pronta para execução dos desígnios de meu Pai.

A pequena assembleia fez-se lívida. Com exceção de , que entabulara negociações particulares com os doutores do Templo, faltando apenas o ato do beijo, a fim de consumar-se a sua defecção, ninguém poderia contar com as palavras amargas do Messias. Penosa sensação de mal-estar se estabelecera entre todos. O filho de Iscariotes fazia o possível por dissimular as suas dolorosas impressões, quando os companheiros se dirigiam ao Cristo com perguntas angustiadas:

— Quem será o traidor? — disse , com estranho brilho nos olhos.

— Serei eu? — indagou ingenuamente.

— Mas, afinal — objetou , filho de Alfeu, em voz alta —, onde está Deus que não conjura semelhante perigo?

Jesus, que se mantivera em silêncio ante as primeiras interrogações, ergueu o olhar para o filho de Cleofas e advertiu:

— Tiago, faze calar a voz de tua pouca confiança na sabedoria que nos rege os destinos. Uma das maiores virtudes do discípulo do Evangelho é a de estar sempre pronto ao chamado da Providência Divina. Não importa onde e como seja o testemunho de nossa fé. O essencial é revelarmos a nossa união com Deus, em todas as circunstâncias. É indispensável não esquecer a nossa condição de servos de Deus, para bem lhe atendermos ao chamado, nas horas de tranquilidade ou de sofrimento.

A esse tempo, havendo-se calado novamente o Messias, interveio, perguntando:

— Senhor, compreendo a vossa exortação e rogo ao Pai a necessária fortaleza de ânimo; mas, por que motivo será justamente um dos vossos discípulos o traidor de vossa causa? Já nos ensinastes que, para se eliminarem do mundo os escândalos, outros escândalos se tornam necessários; contudo, ainda não pude atinar com a razão de um possível traidor em nosso próprio colégio de edificação e de amizade.

Jesus pousou no interlocutor os olhos serenos e acentuou:

— Em verdade, cumpre-me afirmar que não me será possível dizer-vos tudo agora; entretanto, mais tarde enviarei o , que vos esclarecerá em meu nome, como agora vos falo em nome de meu Pai.

E, detendo-se um pouco a refletir, continuou para o discípulo em particular:

— Ouve, João: os desígnios de Deus, se são insondáveis, também são invariavelmente justos e sábios. O escândalo desabrochará em nosso próprio círculo bem-amado, mas servirá de lição a todos aqueles que vierem depois de nossos passos, no divino serviço do Evangelho. Eles compreenderão que para atingirem a porta estreita da renúncia redentora hão de encontrar, muitas vezes, o abandono, a ingratidão e o desentendimento dos seres mais queridos. Isso revelará a necessidade de cada qual firmar-se no seu caminho para Deus, por mais espinhoso e sombrio que ele seja.

O apóstolo impressionara-se vivamente com as derradeiras palavras do Mestre e passou a meditar sobre seus ensinos.




As sensações de estranheza perduravam em toda a assembleia. Jesus, então, levantou-se e, oferecendo a cada companheiro um pedaço de pão, exclamou:

— Tomai e comei! Este é o meu corpo. (Mt 26:26)

Em seguida, servindo a todos de uma pequena bilha de vinho, acrescentou:

— Bebei! Porque este é o meu sangue, dentro do Novo Testamento, a confirmar as verdades de Deus.

Os discípulos lhe acolheram a suave recomendação, naturalmente surpreendidos, e , sem dissimular a sua incompreensão do símbolo, interrogou:

— Mestre, que vem a ser isso?

— Amados — disse Jesus, com emoção —, está muito próximo o nosso último instante de trabalho em conjunto e quero reiterar-vos as minhas recomendações de amor, feitas desde o primeiro dia do apostolado. Este pão significa o do banquete do Evangelho; este vinho é o sinal do espírito renovador dos meus ensinamentos. Constituirão o símbolo de nossa comunhão perene, no sagrado idealismo do amor, com que operaremos no mundo até o último dia. Todos os que partilharem conosco, através do tempo, desse pão eterno e desse vinho sagrado da alma, terão o espírito fecundado pela luz gloriosa do Reino de Deus, que representa o objetivo santo dos nossos destinos.

Ponderando a intensidade do esforço a ser empregado e aludindo às multidões espirituais que se conservam sob a sua amorosa direção, fora dos círculos da carne, nas Esferas mais próximas da Terra, o Cristo acrescentou:

— Imenso é o trabalho da redenção, mesmo porque tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; mas o Reino nos espera com sua eternidade luminosa!…

Altamente tocados pelas suas exortações solenes, porém, maravilhados ainda mais com as promessas daquele reinado venturoso e sem-fim, que ainda não podiam compreender claramente, a maioria dos discípulos começou a discutir as aspirações e conquistas do futuro.

Enquanto Jesus se entretinha com João, em observações afetuosas, os filhos de Alfeu examinavam com Tiago as possíveis realizações dos tempos vindouros, antecipando opiniões sobre qual dos companheiros poderia ser o maior de todos, quando chegasse o Reino com as suas inauditas grandiosidades. Filipe afirmava a Simão Pedro que, depois do triunfo, todos deviam entrar em Nazaré para revelar aos doutores e aos ricos da cidade a sua superioridade espiritual. dirigia-se a e lhe fazia sentir que, verificada a vitória, se lhes constituía uma obrigação a marcha para o Templo ilustre, onde exibiriam seus poderes supremos. esclarecia que o seu intento era dominar os mais fortes e impenitentes do mundo, para que aceitassem, de qualquer modo, a lição de Jesus.

O Mestre interrompera a sua palestra íntima com , e os observava. As discussões iam acirradas. As palavras “maior de todos” soavam insistentemente aos seus ouvidos. Parecia que os componentes do sagrado colégio estavam na véspera da divisão de uma conquista material e, como os triunfadores do mundo, cada qual desejava a maior parte da presa. Com exceção de Judas, que se fechava num silêncio sombrio, quase todos discutiam com veemência. Sentindo-lhes a incompreensão, o Mestre pareceu contemplá-los com entristecida piedade.




Nesse instante, os apóstolos observaram que ele se erguia. Com espanto de todos, despiu a túnica singela e cingiu-se com uma toalha em torno dos rins, à moda dos escravos mais íntimos, a serviço dos seus senhores. E como se fossem dispensáveis as palavras, naquela hora decisiva de exemplificação, tomou de um vaso de água perfumada e, ajoelhando-se, começou a lavar os pés dos discípulos. Ante o protesto geral em face daquele ato de suprema humildade, Jesus repetiu o seu imorredouro ensinamento:

— Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. (Jo 13:13) Se eu, Senhor e Mestre, vos lavo os pés, deveis igualmente lavar os pés uns dos outros no caminho da vida, porque no Reino do Bem e da Verdade o maior será sempre aquele que se fez sinceramente o menor de todos. (Mc 9:35)


(.Irmão X)


Autores diversos  

mc 9:35
Caderno de mensagens

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 6
Francisco Cândido Xavier
Autores diversos  

O serviço da unificação em nossas fileiras é urgente mas não apressado. Uma afirmativa parece destruir a outra. Mas não é assim. É urgente porque define objetivo a que devemos todos visar; mas não apressado, porquanto não nos compete violentar consciência alguma. Mantenhamos o propósito de irmanar, aproximar, confraternizar e compreender, e, se possível, estabeleçamos em cada lugar, onde o nome do Espiritismo apareça por legenda de luz, um grupo de estudo, ainda que reduzido, da Obra Kardequiana, à luz do Cristo de Deus. Nós que nos empenhamos carinhosamente a todos os tipos de realização respeitável que os nossos princípios nos oferecem, não podemos esquecer o trabalho do raciocínio claro para que a vida se nos povoe de estradas menos sombrias. Comparemos a nossa Doutrina Redentora a uma cidade metropolitana, com todas as exigências de conforto e progresso, paz e ordem. Indispensável a diligência no pão e no vestuário, na moradia e na defesa de todos; entretanto, não se pode olvidar o problema da luz. A luz foi sempre uma preocupação do homem, desde a hora da furna primeira. Antes de tudo, o fogo obtido por atrito, a lareira doméstica, a tocha, os lumes vinculados às resinas, a candeia e, nos tempos modernos, a força elétrica transformada em clarão.

A Doutrina Espírita possui os seus aspectos essenciais em configuração tríplice. Que ninguém seja cerceado em seus anseios de construção e produção. Quem se afeiçoe à ciência que a cultive em sua dignidade, quem se devote à filosofia que lhe engrandeça os postulados e quem se consagre à religião que lhe divinize as aspirações, mas que a base kardequiana permaneça em tudo e todos, para que não venhamos a perder o equilíbrio sobre os alicerces em que se nos levanta a organização.

Nenhuma hostilidade recíproca, nenhum desapreço a quem quer que seja. Acontece, porém, que temos necessidade de preservar os fundamentos espíritas, honrá-los e sublimá-los, senão acabaremos estranhos uns aos outros, ou então cadaverizados em arregimentações que nos mutilarão os melhores anseios, convertendo-nos o movimento de libertação numa seita estanque, encarcerada em novas interpretações e teologias, que nos acomodariam nas conveniências do plano inferior e nos afastariam da Verdade.

Allan Kardec, nos estudos, nas cogitações, nas atividades, nas obras, a fim de que a nossa fé não faça hipnose, pela qual o domínio da sombra se estabelece sobre as mentes mais fracas, acorrentando-as a séculos de ilusão e sofrimento.

Libertação da palavra divina é desentranhar o ensinamento do Cristo de todos os cárceres a que foi algemado e, na atualidade, sem querer qualquer privilégio para nós, apenas o Espiritismo retém bastante força moral para se não prender a interesses subalternos e efetuar a recuperação da luz que se derrama do verbo cristalino do Mestre, dessedentando e orientando as almas. Seja Allan Kardec, não apenas crido ou sentido, apregoado ou manifestado, a nossa bandeira, mas suficientemente vivido, sofrido, chorado e realizado em nossas próprias vidas. Sem essa base é difícil forjar o caráter espírita-cristão que o mundo conturbado espera de nós pela unificação.

Ensinar, mas fazer; crer, mas estudar; aconselhar, mas exemplificar; reunir, mas alimentar.

Falamos em provações e sofrimentos, mas não dispomos de outros veículos para assegurar a vitória da verdade e do amor sobre a Terra. Ninguém edifica sem amor, ninguém ama sem lágrimas.

Somente aqui, na vida espiritual, vim aprender que a cruz do Cristo era uma estaca que Ele, o Mestre, fincava no chão para levantar o mundo novo. E para dizer-nos em todos os tempos que nada se faz de útil e bom sem sacrifícios, morreu nela. Espezinhado, batido, enterrou-a no solo, revelando-nos que esse é o nosso caminho — o caminho de quem constrói para Cima, de quem mira os continentes do Alto.

É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres transitórios.

Respeito a todas as criaturas, apreço a todas as autoridades, devotamento ao bem comum e instrução do povo, em todas as direções, sobre as verdades do espírito, imutáveis, eternas.

Nada que lembre castas, discriminações, evidências individuais injustificáveis, privilégios, imunidades, propriedades.

Amor de Jesus sobre todos, verdade de Kardec para todos.

Em cada templo, o mais forte deve ser escudo para o mais fraco, o mais esclarecido a luz para o menos esclarecido, e sempre e sempre seja o sofredor o mais protegido e o mais auxiliado, como entre os que menos sofram seja o maior aquele que se fizer o servidor de todos(Mc 9:35) conforme a observação do Mentor Divino.

Sigamos para frente, buscando a inspiração do Senhor.




(Esta mensagem foi recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião da Comunhão Espírita Cristã, em 20-4-1963, em Uberaba-MG e publicada na Revista de Espiritismo Cristão - Reformador, Rio de Janeiro: FEB, Federação Espírita Brasileira, na edição n° 1999 do ano 113, em outubro de 1995)


mc 9:35
Doutrina-escola

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 3
Francisco Cândido Xavier
Autores diversos  

O termo “religião”, no conceito popular, exprime “culto prestado à Divindade”. A palavra “culto” significa adoração e veneração. Cabe, entretanto, esclarecer que o Espiritismo, () desenvolvendo os ensinamentos do Cristianismo, é a religião natural e dinâmica da consciência, interessando sentimento e raciocínio, alma e vida, autêntica doutrina-escola, destinada à construção do Mundo Melhor, com bases na renovação e no aperfeiçoamento do espírito.

Por mostra do asserto, analisemos algumas conjugações de textos do “Evangelho de Jesus” e de “O Livro dos Espíritos”, primeiro tomo da Codificação Kardequiana:


Em “Novo Testamento”: Mateus, 12:50. (Mt 12:50)

  Em “O Livro dos Espíritos”: Questão 803. ()

  Tema: Humanidade.

  Plano de estudos: Considerações em torno da igualdade de todas as criaturas, perante o Criador.


Em “Novo Testamento”: Marcos, 9:35. (Mc 9:35)

  Em “O Livro dos Espíritos”: Questão 683. ()

  Tema: Serviço.

  Plano de estudos: Obrigação do trabalho individual para o bem de todos, conforme as possibilidades de cada um.


Em “Novo Testamento”: Lucas, 20:25. (Lc 20:25)

  Em “O Livro dos Espíritos”: Questão 794. ()

  Tema: Legalidade.

  Plano de estudos: Acatamento às leis estabelecidas na Terra, segundo os ditames da evolução.


Em “Novo Testamento”: João, 3:3. (Jo 3:3)

  Em “O Livro dos Espíritos”: Questão 171. ()

  Tema: Reencarnação.

  Plano de estudos: As vidas sucessivas, definindo oportunidades de progresso e elevação para todos os seres, diante da Justiça Divina.


Em “Novo Testamento”: Atos, 2:44. (At 2:44)

  Em “O Livro dos Espíritos”: Questão 930. ()

  Tema: Solidariedade.

  Plano de estudos: Imperativo do amparo recíproco na vida social.


Em “Novo Testamento”: Lucas, 12:15. (Lc 12:15)

  Em “O Livro dos Espíritos”: Questão 883. ()

  Tema: Propriedade.

  Plano de estudos: Legitimidade dos bens particulares, que devem ser usufruídos sem os abusos do egoísmo e da avareza.


Em “Novo Testamento”: Lucas, 24:36. (Lc 24:36)

  Em “O Livro dos Espíritos”: Questão 525. ()

  Tema: Comunicação dos Espíritos.

  Plano de estudos: Intercâmbio constante entre os Espíritos encarnados e desencarnados.


Em “Novo Testamento”: João, 15:12. (Jo 15:12)

  Em “O Livro dos Espíritos” Questão 886. ()

  Tema: Caridade.

  Plano de estudos: Impositivo da fraternidade, em todos os campos da inteligência.


Fácil verificar que o culto espírita não inclui qualquer nota de expectativa inoperante nos preceitos em que se define. Colocando-nos, pois, à frente da Religião do Amor e da Sabedoria, chamada a inscrever as Leis Divinas no âmago de nós mesmos, assimilemos as lições do Evangelho e da Codificação Kardequiana, para que se nos clareie o caminho e se nos consolide a responsabilidade de viver e de agir, na edificação de nossos próprios destinos.

Para isso, saibamos refletir e servir, raciocinar e estudar.




Essa mensagem foi publicada originalmente em setembro de 1989 pela editora GEEM e é a 19ª lição do livro “”.



Eduardo Carvalho Monteiro

mc 9:35
Chico Xavier Inédito

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 0
Francisco Cândido Xavier
Espíritos Diversos
Eduardo Carvalho Monteiro

Este título define exatamente o conteúdo deste livro de Chico Xavier. Fomos remexer no pó de vários arquivos para localizar mensagens psicografadas por ele e que jaziam quase sepultas em jornais e revistas das décadas de 1930 a 1950; em opúsculos vetustos, muito utilizados no passado para divulgação doutrinária; e em comunicações particulares ou dirigidas especificamente a trabalhadores de Casas Espíritas, já antigas nas décadas citadas.

Trata-se de um trabalho de garimpagem permanente que vimos realizando, em que utilizamos muito o acervo que reunimos ao longo dos anos, por isso não deve ser considerado um simples trabalho de compilação de mensagens, mas uma pesquisa que foi sendo realizada persistentemente, durante muito tempo, recolhendo nas gavetas de despejo de Centros Espíritas cinquentenários, ou até centenários, papéis, documentos, opúsculos “inservíveis” para as novas gerações, despreocupadas com a memória do Espiritismo.

Também serviu como fonte de pesquisa a Hemeroteca espírita, que vimos formando durante a tarefa que realizamos para a preservação de uma história do Espiritismo e que inclui preciosidades como a coleção quase completa da Revista Reformador e cerca de 60% dos jornais espíritas que circularam no século XIX, entre outras publicações.

Sendo assíduos frequentadores da casa e dos Centros em que trabalhou Chico Xavier, em Uberaba, desde a década de 1970, quando ainda prestava atendimento na Comunhão Espírita Cristã, é natural que, além da amizade formada com o médium mineiro, afeiçoássemo-nos à sua obra e, com o espírito de pesquisadores nos correndo pelas veias, tornássemo-nos estudiosos e pesquisadores dessa obra. Isso nos levou a ir colecionando ao longo dos anos centenas de reportagens, de escritos, de opúsculos, de fotografias, etc., sobre nosso ícone do Espiritismo mundial, que agora estamos trazendo à divulgação em livros da série “Chico Xavier”.

Especificamente neste Chico Xavier Inédito, estamos publicando em livro inúmeras mensagens que nunca constaram da obra bibliográfica de Chico e que foram psicografadas entre 1933 e 1954. Longe de estarem desatualizadas, elas são atemporais, porque os ensinamentos trazidos pelos Espíritos mentores são perenes e alguns portam conceitos de rara beleza e sabedoria e que não poderiam permanecer desconhecidos das gerações atuais e futuras e, como já nos referimos, sepultos no pó dos arquivos.

À excepcional obra bibliográfica de Chico Xavier, formada por quase 500 livros psicografados, cerca de trinta milhões de exemplares vendidos em vários idiomas, mais de uma centena de obras biográficas de vários autores falando de sua vida missionária e milhares de páginas escritas sobre si na imprensa, estamos acrescentando mais este volume, sem qualquer tipo de pretensão senão o de contribuir para que um pouquinho mais do rastro de Luz que ele deixou com sua passagem pela Terra também possa ser colocada acima do alqueire.

Por ser um trabalho de resgate de antigas comunicações psicográficas inéditas de Francisco Cândido Xavier, é natural que cada uma delas tenha sua história, refira-se a um determinado episódio, viagem do Chico ou acontecimento espírita de alguma importância, por isso acrescentamos comentários e desenvolvemos o assunto de muitas delas, tendo a preocupação de ilustrar os capítulos também com fotos antigas do movimento espírita, igualmente históricas e a maioria nunca publicadas e, portanto, desconhecidas da geração atual.

Por fim, gostaríamos de chamar a atenção dos pesquisadores para que atentassem aos grandes tesouros que permanecem escondidos nas páginas do Reformador, de A Centelha e outros órgãos da imprensa espírita, mas que pedem aos mais pacientes que os descubram. Tome-se, por exemplo, o capítulo “Romaria das Graças”, que descreve a primeira viagem de Chico para o Rio de Janeiro/RJ. Apesar da linguagem castiça de seu autor (não citado), imprópria para o jornalismo atual e, cremos, da época também, é de um valor histórico incalculável e nunca citado nas biografias do médium que já tivemos contato. É o caso das comunicações inéditas de Eurípedes Barsanulfo, de Bezerra de Menezes, e de outros Espíritos luminares que precisavam ser imortalizadas por meio do livro, enriquecendo a bibliografia mediúnica de Chico Xavier. []




Irmão X

mc 9:35
Contos Desta e Doutra Vida

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 37
Francisco Cândido Xavier
Irmão X

Você quer saber, meu amigo, a maneira pela qual os médiuns são interpretados na Vida Espiritual.

Creio não tenhamos aqui qualquer diferença no padrão de aferi-los. Contudo, diante do apreço com que a sua indagação está formulada, será lícito alinhavar algumas notas em torno do assunto, ainda mesmo somente para dizer que, para nós, Espíritos desencarnados, os médiuns são criaturas humanas como as outras.

Admito, porém, que devemos qualificá-los, para determinar situações e definir responsabilidades.

Em boa sinonímia, a palavra médium designa o intermediário entre os vivos e os mortos, ou melhor, entre os encarnados e desencarnados.

Você não ignora que a existência de sensitivos habilitados a estabelecer o intercâmbio do homem com o Mais Além corresponde, em todos os tempos, a necessidades fundamentais da mente humana. Antigamente, eram chamados oráculos, magos, sibilas e pitonisas e achavam-se em Tebas, Jerusalém, Olímpia, Roma… Ontem classificados por bruxos e feiticeiros, viam-se lançados às fogueiras da Idade-Média pelo fanatismo religioso. E, se examinados pelo prisma da simples curiosidade, são igualmente médiuns, nos dias de hoje, os videntes e psicômetras, faquires e adivinhos, habitualmente remunerados, que pululam nas metrópoles modernas.

À vista disso, presumimos seja recomendável denominar médiuns espíritas os medianeiros em tarefas nas casas espíritas-cristãs, de vez que todas as pessoas que estejam agindo sob a influência dos que já se desenfaixaram do veículo físico são médiuns. , ouvindo vozes do mundo espiritual, era médium reformista. , relatando visões de outros Planos, era médium católica. E ninguém pode negar que, em condições inferiores, quantos se movimentem, dominados por entidades perturbadas ou infelizes, sejam também médiuns. Assim é que médiuns espíritas, em nosso despretensioso parecer, são aqueles que se dispõem a interpretar as Inteligências domiciliadas nas regiões espirituais, seareiros do bem, consagrados à doutrina do Espiritismo, indicada a restaurar os princípios cristãos na Terra.

Falemos, assim, dos médiuns espíritas, nossos companheiros de ideal e de luta.

Não cremos sejam eles de estalão incomum. São individualidades terrestres, positivamente naturais. Tanto assim que os médiuns espíritas devem ter profissão e vida social digna.

Nada os impede de casar e constituir a própria família, quando desejem tomar compromissos no matrimônio.

Não se lhes pode exigir certidão de santidade, entre os seres humanos de cujas características participam; entretanto, qual ocorre com todos os seres humanos responsáveis, são convocados a lutar contra as tentações que lhes aguilhoam a carne.

Os problemas do sexo, de modo geral, nas organizações mediúnicas, são parecidos com os das outras pessoas. Inquietações, frustrações, inibições, exigências, anseios… No entanto, como acontece a todas as pessoas interessadas na educação própria, são convidados pelas circunstâncias a se conformarem nas provações orgânicas que tenham trazido ao renascer, tanto quanto a honrarem o lar que porventura hajam erguido, mantendo carinho e fidelidade para com o companheiro ou a companheira, sem trilhas de acesso à devassidão ou à poligamia. Em suma, no que tange às ligações afetivas, carecem de hábitos morigerados, no interesse real deles mesmos, competindo-lhes viver em paz com a natureza e com os imperativos da reta consciência, na intimidade doméstica.

No que se reporta à alimentação, estamos convictos de que lhes é permitido comer de todos os acepipes, consumidos por homens e mulheres de bom-senso, escusando-se à gula, ao álcool e aos agentes tóxicos. E, na apresentação social, decerto não necessitam mostrar a palidez e o desconsolo dos primitivos ascetas, a fim de evidenciarem a própria fé; entretanto, nada justifica se exibam nos excessos e disparates que se praticam, de tempos a tempos, em nome da moda.

Evidentemente que os instrutores desencarnados anelam sejam eles criaturas modestas sem afetação e respeitáveis sem luxo, com disciplinas de atividade e repouso, banho e oração.

Atribui-se-lhes a obrigação de estudar sempre, elevando o nível dos conhecimentos que possuam, compreendendo-se que o Espiritismo não aplaude a ignorância, e cabe-lhes trabalhar intensamente, na extensão do conhecimento espírita, notadamente no socorro ao próximo, porquanto médiuns espíritas não existem sem a cobertura da caridade, e é forçoso que sirvam espontaneamente, persuadidos de que, auxiliando os outros, auxiliam a si mesmos, para que não estejam no apostolado mediúnico, que é construção cristã de bondade e alegria, instrução e conforto, esclarecimento e progresso, lembrando animais descontentes, atrelados à canga.

Em hipótese alguma devem cobrar honorários pelos benefícios que prestem e, em nenhum momento, se justificará qualquer iniciativa tendente a situá-los em regime de privilégios, mas, também por serem médiuns espíritas, não será justo que se lhes tumultue o lugar de trabalho, aniquilando-se-lhes a possibilidade do ganha-pão honesto, em nome do bem, e nem é lícito, a pretexto de fraternidade, que se lhes convulsione a residência e se lhes devasse a vida. Por serem médiuns espíritas, não estão obrigados a fazer tudo o que se lhes peça, a título de beneficência ou solidariedade, e nem a assumir atitudes em desacordo com a própria consciência, para satisfazer ao sentimentalismo superficial, inferindo-se que pela mesma razão de serem médiuns espíritas é que precisam agir com segurança e discernimento, convictos de que não podem e nem sabem tudo, porque saber e poder tudo é apanágio de Deus.

Indiscutivelmente, se lançam a mediunidade a influências políticas ou discriminações sociais, deixam de ser médiuns espíritas, porque o Espiritismo se baseia no Cristianismo vivo, que considera irmãos todos os homens, com o dever de os mais fortes se constituírem apoio aos mais fracos.

Não, não conhecemos médiuns espíritas maiores ou menores. Todos são credores de estima e acatamento, na prática criteriosa das faculdades que exerçam. No dia em que os espíritas ou os Espíritos intentassem estabelecer qualquer casta mediúnica, os médiuns espíritas, desapareceriam, porquanto surgiria, em lugar deles, toda uma nobiliarquia religiosa. Todos sabemos que, perante os ensinamentos do Cristo, rótulos e brasões, comendas e apelidos honoríficos, embora respeitáveis nas convenções políticas do mundo, são, diante do Evangelho, autênticas patacoadas.

E, quanto aos médiuns espíritas que se esforçam pelo engrandecimento da verdade e do bem, oferecendo de si quanto lhes é possível, em louvor dos semelhantes, tratemo-los com o apreço que nos merecem, mas fujamos de perdê-los com lisonja e idolatria.

Se você encontra demasiada severidade em nossas opiniões, recorde o conceito do próprio Cristo, quando definiu o maior no reino dos Céus como sendo aquele que se fizer, na Terra, o servidor de todos. (Mc 9:35)

Não desconhecemos que nós, Espíritos desencarnados e encarnados, em dívidas volumosas perante a Lei, estamos atualmente procurando reviver o Evangelho, na Doutrina Espírita, e, compulsando o Evangelho, é fácil verificar que, em torno de Jesus, apareciam talentos de renovação e oportunidades de trabalho para todos, mas não houve adulações e nem medalhas para ninguém.

(.Humberto de Campos)


Diversos

mc 9:35
Falando a Terra

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 30
Francisco Cândido Xavier
Diversos

Sombra espessa anuviava-me o pensamento…

Férreos dedos invisíveis constringiam-me o coração.

Seria a aproximação do fim do corpo? Minha consciência aturdida semelhava-se a uma avezita a esvoaçar numa furna povoada de horripilantes serpes.

De repente, no entanto, num milagre de alegria e de luz, vi-me lépido, a distância da câmara sombria, como se houvera despido a pesada túnica dum pesadelo.

O crepúsculo velava rápido o céu, e eu, por mais que ansiasse retomar o caminho do refúgio doméstico, a fim de anunciar a boa nova, sedento de comunhão espiritual no santuário do amor puro, não conseguia atinar com o rumo certo.

Seguia eu estrada diferente, em paisagem nunca vista. Larga avenida, marginada de arvoredo e flores, estendia seu piso de saibro argenteado, sobre o qual se refletiam as lucilantes estrelas.

O vento fresco brincava por entre a ramagem perfumada, que respondia em doces acordes, como se ocultasse harpas intangíveis, enquanto a noite acendia novos astros, na imensa cortina azul do firmamento.

E eu seguia, seguia sempre, colhido em êxtase intraduzível.

Meu corpo fizera-se leve e ágil como nunca, e embora sustentasse o impulso natural da marcha, comandando a mim mesmo, tinha a impressão de que jornadeava, não para satisfazer a propósito determinado, mas atendendo a inexplicável magnetismo, porque não obstante me detivesse, de quando em quando, de olhar fito nas constelações que me deslumbravam, misteriosas e belas, no lençol anilado do Infinito, caminhava, ébrio de ventura, à maneira da ave atraída para cima, presa, porém, simultaneamente, ao ninho terrestre.

Aliviado de todas as preocupações, como se houvera sorvido brando anestésico, fruía inefável solidão, quando se me deparou indescritível plenilúnio, que banhava o caminho até às mais remotas curvas…

Dir-se-ia que o astro noturno se aproximava de nós, com afagos maternais, envolvendo-nos em suas irradiações de luz prateada.

Só então percebi que não me achava isolado na viagem maravilhosa. Sob o palio da suave claridade enxerguei longa procissão de vultos silenciosos, entre os quais me perdia.

Alguns se destacavam nítidos e tão livres, quanto eu mesmo; outros, porém, se agarravam uns aos outros, como se temessem o desconhecido… Mulheres, de rosto semivelado por cendal semelhante a evanescente neblina, sustinham companheiros que me pareciam heróis repentinamente enlouquecidos, tal a expressão de beleza e de pavor que se lhes estampava no semblante inquieto, ao passo que anciãos, aureolados por tênues reflexos de luz colorida, carregavam jovens dormentes, lembrando pais orgulhosos e felizes, que amparassem filhos enfermos…

Desejei gritar a minha ventura e confundir-me entre os viajores, aos quais me sentia inesperadamente irmanado, mas veludosa mão selou-me os lábios ansiosos, enquanto, erguendo os olhos, divisei ao meu lado a presença de simpático velhinho, que me abraçava, risonho, informando:

— É inútil. Sigamos!

Onde ouvira, antes, aquela voz grave e cristalina? Em que sítio convivera com o venerando companheiro, cuja aproximação me banhava em ondas de paz indefinível? Não tive tempo de refletir, porque, de repente, soberbo espetáculo se descerrou à nossa vista.

A brilhante avenida desembocou numa praça majestosa, em cujo centro se levantava magnífico santuário coroado de flores resplandecentes.

Ladeado de torres translúcidas que varavam o zimbório estrelado, acolhia ele a multidão de peregrinos que afluíam ao interior, tomados de reverência e espanto mudos.

No recinto, misterioso e amplo, não se elevavam altares nem se mostravam dísticos de qualquer natureza; mas, ao longo das arcadas imensas, talhadas em substância lirial, qual se fora argamassa de neve, pendiam guirlandas de rosas luminosas, que em todas as direções expediam sutilíssimo aroma. Nem candelabros, nem quaisquer outros luzeiros compareciam no recinto sublime…

Cada flor parecia possuir intangível coração de luz e, todas, aos milhares, inundavam o silêncio ali reinante de verdadeiro clarão dum castelo de fadas…

No centro, erguia-se radiosa tribuna, caprichosamente esculpida e lembrando um lírio enorme, a elevar-se da base. Reflexos esmeraldinos cercavam-lhe os contornos de filigrana prateada, e sutil poeira luminescente como que descia do alto, aureolando-a de vivas fulgurações.

Centralizávamos no púlpito estranho o nosso olhar, como se ele resumisse os objetivos que nos arrebatavam até ali.

Viajantes, anônimos para mim, chegavam aos magotes, penetrando o espaçoso recinto através de todas as portas escancaradas, e, quando o santuário pareceu repleto, aveludada cavatina começou a fazer-se ouvir, enlevando-nos os corações.

Grande maioria prosternou-se, de joelhos, e, eu mesmo, de alma ferida nas cordas mais íntimas, deixei que o pranto me corresse dos olhos, recordando o lar terrestre de que me havia distanciado.

Flautas e violinos, ocultos na abóbada por tufos compactos de flores, pareciam manejados por artistas invisíveis que, a meu ver, seriam anjos enviados do paraíso…

Quando a música fundiu as nossas emoções num só impulso de alegria e de amor, reparei que láctea nuvem se fizera visível na tribuna, agora envolvida em grande halo dourado; pouco depois, essa névoa se transmudava na respeitável figura de um sacerdote, que nos estendia os braços, velados numa túnica de imácula brancura, em largo gesto de bênção.

Quem seria a singular personagem? Hierofante de mistérios remotos ou internúncio de novas revelações?

Tentei dirigir a palavra ao ancião que me acompanhava mais de perto; entretanto, o mensageiro que tão presto se materializara, ante nosso intraduzível assombro, começou a falar em tom comovido:

— Irmãos, que vos reunis neste santuário repousante, procurando a paz que vos falta na Terra, descerrai a mente ao influxo divino que desce em largos jorros das mananciais inesgotáveis da Bondade Infinita!…

Toda alma é templo vivo, que guarda ilimitada reserva de sabedoria e de amor.

Quem vos declararia deserdados dos tesouros universais, quando sublimes celeiros de bênçãos se amontoam no mundo, ao redor de vossos pés? Como não louvar o poder soberano que vos quinhoa de alegrias e possibilidades sem fim, na estrada que trilhais?

Colocados em pleno céu, sob os raios vivificantes do Sol que vos ilumina, recebestes, para a romaria da perfeição, acolhedor paraíso de graças que se renovam e multiplicam com as horas, rico de fontes que vos deliciam e de flores que se humilham diante de vossa mão.

Como descansar ou entregar-se à fadiga, quando o caminho vos reclama a energia santificante?!…

Atentai para o suprimento celestial, que sustenta os ninhos perdidos na charneca e alimenta os lírios que desabrocham no pântano! Estendei para cima os fios do pensamento!

A lâmpada que se mantenha perfeitamente ligada à sede da força produz claridade contínua e benfeitora.

Como chegastes a descrer da lei de renovação, que mantém os mundos suspensos na imensidade e revigora a corrente d’água humilde e rumorejante, aparentemente esquecida na floresta?

Toda vez que duvidais de vós mesmos, da vossa capacidade de progresso e de serviço, duvidais do Criador, que nos destinou à glória eterna!

E, apontando com a destra o Alto, exclamou:

— Vede! as constelações nas alturas se harmonizam como membros vivos da família universal! Por que não vos curvardes também, perante a harmonia que nos governa, dentro da vida majestosa e sem fronteiras?

Nesse instante, valendo-me da pausa do orador, ergui os olhos tímidos e reparei que as paredes do santuário, inclusive o teto e as torres altíssimas, se haviam transformado em matéria algo transparente, deixando perceber o sublime painel da noite embalsamada de aromas, sob os doces eflúvios de milhões de estrelas.

As rosas aumentaram de brilho e a nave emitia faiscantes cintilações.

Relanceando os circunstantes verifiquei que todos se mantinham na mesma posição de expectativa e deslumbramento.

Flores minúsculas, de tenuíssimo azul, choveram profusamente no recinto, tocando-nos de leve a fronte e desfazendo-se em perfume à altura de nossos corações, como se o Céu desejasse impregnar-nos de renovadas energias.

Insofreáveis comoções me convulsionaram o ser e uma torrente de lágrimas desabou de meus olhos…

Que mundo era esse de atmosfera estranha e rarefeita, onde o mágico poder da ideia e da palavra modificava a matéria em sua mais íntima natureza?

Lembrei-me, então, dos que deixara longe, perdidos no turbilhão da carne escura e lodacenta. Asfixiante saudade oprimiu-me o peito e tentei fugir, ébrio de alegria, para buscar os entes amados e convencê-los da certeza da vida eterna, mas o venerável sacerdote, fascinando-nos com a eloquência e a ternura que lhe fluíam do verbo inspirado, continuou:

— Que paz pretendeis neste remanso de reconforto? Não estareis, porventura, fugindo à coroa do trabalho, antecipando-vos ao justo repouso?

A cada um de vós concedeu o Senhor bendito campo a lavrar. O terreno é a escola da experiência, o arado é o corpo.

Desfrutais a bênção do lavrador que se levanta com a aurora, que semeia sem exigências, e que se louva no suor em que se purifica e engrandece?

Ignorais acaso que para receber com abundância é preciso dar com liberalidade?

Não vos pergunto aqui se dispondes de riqueza metálica para auxiliar os semelhantes, de vez que o ouro do amor jamais escasseia nos corações cheios de boa vontade. Não indago se sois livres para ajudar, porque os filhos da legítima caridade se honram na oportunidade de servir. Não cogito de vossa cultura intelectual, porquanto a Providência Celeste, antes de tudo, se utiliza daquele que faz o bem.

Em todos os séculos, respiram na Esfera dos homens as almas envilecidas que montam guarda nos tenebrosos abismos da usura, que constroem a estrada larga da liberdade destrutiva fomentando a indisciplina e que se revelam ativas nos cálculos e entorpecidas nas boas obras.

E, em tom diverso, que me abalou as profundezas do espírito, inquiriu, amorável e terrível:

— Eu vos pergunto pelo tempo, irmãos, pelo tesouro das horas que o Doador Supremo vos concedeu no desdobrar dos dias.

Pergunto-vos por essa riqueza, comum a todos, porque os minutos são uniformes para os bons e para os maus.

Cada um de nós estrutura o destino, dentro do tempo, patrimônio de Deus, que usamos segundo a nossa vontade. Somos artífices de nós mesmos, de nossa ascensão ou de nossa queda. Somos aquilo que gravamos na tela das horas.

Nossos veículos de manifestação, a saber, nossas qualidades características, tendências e dons, com todos os atributos da personalidade visível e oculta, constituem o reflexo de nossas criações interiores. Que fizestes, pois, da bênção de cada dia para vos revelardes, assim, desalentados e vacilantes?

Em todos os pontos do círculo de abençoado trabalho em que vos agitais, surgem charcos de ignorância e miséria, recrutando-vos à glória de ajudar e redimir… Chagas sanguinolentas de aflição e discórdia infestam o organismo social de que sois agentes vivos, rogando o socorro de vossa fraternidade, auxílio e perdão…

Que fizestes de vosso tempo, nas leiras de luta e de amor que fostes chamados a cultivar?

Aprendestes com o Mestre Crucificado que o maior do mundo será sempre o servo de todos? (Mc 9:35) Que espécie de serviço realizastes para exigirdes a graça do auxílio, quando sabeis que o próprio Cristo não alcançou a ressurreição de esplendores sem a cruz de trevas?

A paz não é dom gratuito e, sim, fruto divino do coração.

Crede! O Universo é a congregação infinita de sóis que se multiplicam no Ilimitado; entretanto, nunca abandonareis o cubículo da Terra sem aparelhar as próprias asas. Chumbados ao chão do Planeta, enquanto vos agarrardes ao negro visco do “eu”, exibireis mil formas no curso dos séculos, à maneira das sementes que germinam, florescem e morrem, encasuladas no solo, para nascerem de novo, em obediência às leis da Natureza que, em tudo, é o sólio externo do Altíssimo!

Proclamais a fadiga como credencial para consolo celeste; entretanto, é imprescindível conhecer a causa do vosso cansaço.

Quantas lágrimas enxugastes? quantas noites despendestes à cabeceira dos desamparados do mundo? quantas horas já destes ao triste, ao miserável, ao aflito, ao canceroso? Quantas vezes fizestes sorrir a esperança nos corações derreados pela desilusão? Quantos pensamentos de verdadeiro amor aos semelhantes emitistes nos caminhos do tempo? Quantas crianças conduzistes? Quantos irmãos sem refúgio encontraram em vosso espírito o sustento e o incentivo de viver? Quantas dores mitigastes? Quantas luzes acendestes?

Interrompeu-se o sacerdote, e as vozes de um carrilhão, que se me afigurava composto de mil sinos, ressoaram na abóbada, como se nos achássemos num encantado reduto de duendes.

As objurgatórias da elocução como que nos haviam acordado para a grandeza da vida. Extrema palidez marcava todos os semblantes. Refleti, então, nos dias longos, que deixara passar sem a bênção de um sorriso sequer aos infelizes companheiros da estrada…

Vi, dentro de mim, a procissão de rostos pávidos a desfilar, incessante, na via pública, e o choro aflitivo de milhões de crianças desprezadas penetrou-me o ádito do ser.

Revi o pretérito descuidoso e risonho, e, no lance dum simples minuto, minhalma recolheu a visão de todos os infortunados que peregrinaram em meu roteiro, sem uma réstia de esperança, relegados à fome de pão, de agasalho, de afeto e de luz… Acima do turbilhão que se desdobrava aos olhos de minha imaginação, escutava a frase bíblica, que o Senhor dirigiu a Caim, transviado: — Que fizeste de teu irmão? (Gn 4:10)

Não pude resistir, passivamente, à angústia que me tomara o íntimo. De chofre, levantei-me e saí. O mundo distante chamava-me, imperioso… Por mais que desejasse prosseguir na catedral de neve translúcida, não consegui…

A mensagem daqueles sinos desconhecidos abalava-me a consciência. Devia ser a voz da própria vida perguntando pelos minutos que eu perdera.

Ninguém me deteve. A breve trecho, surpreendi-me em pranto convulsivo, no seio infinito da noite estrelada, como se me despenhasse, lentamente, dos cimos de um palácio à profundez de insondável abismo.

O tempo!… O tempo!… Era necessário valorizá-lo, enchê-lo, de claridades e de bênçãos eternas, como quem espalha um tesouro divino para, em seguida, retornar com os galardões da vitória aos santuários da imortalidade!…

De improviso, encontrei-me no quarto, em que me aguardavam o transe final. Abri dificilmente os olhos e contemplei os rostos piedosos que me vigiavam o leito…

Quis falar e gesticular, descrevendo tudo quanto vira e ouvira no castelo revelador do Plano espiritual, mas os meus braços se mantinham imóveis e minha boca estava hirta.

Tinha eu agora esclarecimentos que não podia transmitir, notícias que era incapaz de desvelar, e sonhos que não me era dado contar… “Ó Senhor!… — pensei — poupa-me ainda…”

Mas o mesmo ancião do caminho iluminado fez-se-me visível e repetiu as palavras:

— É inútil. Sigamos!

Obscureceu-se-me o raciocínio, como se pesada sombra baixasse do alto sobre mim, e, quando me reconheci desembaraçado da carne, iniciei outra caminhada, chorando, chorando amargamente…



Amélia Rodrigues

mc 9:35
Quando Voltar a Primavera

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 16
Divaldo Pereira Franco
Amélia Rodrigues

Os cirros borrascosos já se acumulavam, sombrios...


A odiosa agitação política e a perseguição gratuita da inveja armavam de ódio os partícipes da tragédia que logo mais culminaria no irremediável acumpliciamento que teria seu atro desfecho no Gólgota...


O Mestre se encontrava em Jerusalém. Demoravam-se na sensibilidade da Sua alma, em notas de tristeza, as vibrações da algaravia desconcertante e os gritos entusiastas da multidão que O saudara dias antes...


Todavia, não obstante o rebuliço injustificável, após as emoções desordenadas que transitam dos altiplanos às baixadas dos sentimentos, aqueles mesmos ovacionadores foram sendo consumidos pelos tóxicos daninhos da trivialidade e das questiúnculas frívolas, que abriram as brechas para o crime porvindouro e a anarquia.


César, em Roma, fora assassinado a soldo da insensatez e sob o acumpliciamento do Senado.


Jesus seria crucificado após a infame traição de um amigo sob a inspiração do Sinédrio.


Aqueles eram os dias preparatórios da Páscoa, os dos primeiros pães ázimos...


O símbolo do cordeiro pascal era e continua sendo de grande significação para Israel. Evocava as horas amargas que precederam a saída do Egito, da escravidão, quando Moisés rogou ao Senhor a liberdade total do povo, e as circunstâncias faraônicas dominantes se recusaram concedê-la...


Das festas israelitas, a evocação da partida e os momentos ásperos que precedem a libertação, feitos de amarguras e expectativas, são de elevada significação.


Jamais o olvidarão. Por todos os tempos recordarão a larga messe e a sublime dádiva...


Aquele mês de Nisan seria especial, aquela seria uma páscoa excepcional, a última que Jesus realizaria, preparando a união porvindoura e definitiva, que somente ocorreria nos dias da Imortalidade, nos limites longínquos além das balizas da vida física, no Reino de Deus...


Narram os escritores da Boa-nova (Mateus 26:17-36 Marcos 14:12-31 Lucas 22:7-30 João 13:1-35) que os discípulos se acercaram e perguntaram-Lhe como e onde celebrariam a páscoa, ao que Jesus, destacando Pedro e João, respondeu, afetuoso:

— Ao entrardes na cidade, encontrareis um homem trazendo um cântaro de água; segui-o até a casa em que ele entrar e dizei ao dono da casa: o Mestre manda perguntar-vos: onde é o aposento em que há de comer a Páscoa com os seus discípulos? Ele vos mostrará um espaçoso cenáculo mobiliado; ali fazei os preparativos.


Não seria fácil de identificar uma mulher a carregar água, tarefa, naquele tempo, eminentemente feminina. Um homem, todavia, despertaria atenção, conforme ocorreu.


Seguindo o estranho, consoante a determinação, adentraram-se pela ampla e confortável vivenda, narrando com espontaneidade ao seu proprietário o de que se encontravam incumbidos.


Indubitavelmente, aquele homem era um dos muitos discretos amigos do Mestre, que os havia em quantidade, embora receassem confessá-lo publicamente.


Recebendo a honrosa solicitação, encheu-se de alegria como se se repletasse de indizível, intraduzível felicidade.


Seria o maior dia da sua vida, a luz inundaria sua casa, jamais se apagando.


Ele e os doze, acompanhados pela Mãe Santíssima que se encontrava também em Jerusalém, deram início, ao cair da tarde, à cerimônia que transcorria entre sorrisos e expectativas de crescente felicidade.


A festividade tradicional se fazia complexa, ritualística.


Dever-se-ia partir o pão ázimo e embebê-lo em líquido, igualmente amargo antes de comê-lo.


Evocavam-se as dores transatas que permaneciam vivas no orgulho nacional. Iodas as libações eram previstas, acompanhadas de cantos e exclamações especiais. Desde a preparação do cordeiro, que não deveria ter osso algum quebrado e seria cozido em fogo vivo, preso numa vara de romãzeira; as libações, que se constituíam de dois terços de água para um de vinho; o número de vezes em que se sorveriam as taças; palavras e canções estavam estabelecidas na Torá, e o Talmude nos dá notícias.


Jesus, que estava situado acima dos aparatos e ritos humanos, para que se cumprissem os dispositivos legais e proféticos, permitia-se submeter a tais determinações, porque "não viera para destruir a Lei"...


A alegria se generaliza enquanto a noite tomba sem maior preâmbulo, salpicada de cristais luminosos no alto, em engastes de prata.


O Mestre, que por várias vezes anunciara a paixão e acabara de dar as últimas instruções, desvestiu a indumentária larga e, cingindo-se de uma toalha, tomou de uma bacia com água, acercou-se dos companheiros e começou a lavar-lhes os pés e a enxugá-los com o tecido com que se atava.


A suprema humildade em excelsa lição de amor seria a expressão final da renúncia de si mesmo.


Não se davam conta os amigos daquele ensinamento ímpar.


Chegando a Simão Pedro, perguntou-lhe este:

— Senhor, tu a mim me lavas os pés?


Respondeu-lhe Jesus:

— O que eu faço, tu não o sabes agora, mas entendê-lo-ás mais tarde.


Disse-lhe Pedro: Não me lavarás os pés jamais.


Replicou-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não terás parte comigo.


Há um momento de profundo silêncio cheio de expectação. O discípulo desperta e exclama com emoção incontida:

— Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos, a cabeça.


As lágrimas saltam-lhe dos olhos e ele estua de desconhecida felicidade, sem se aperceber dos momentos que logo advirão.


A inesquecível mensagem do ato singular e único ergue os companheiros ao clímax da ternura, e quando o Rabi volve à mesa, ei-los que, já esquecidos da magnitude do feito, se põem a disputar a primazia de quem, dentre eles, é o mais amado, anelando por estar mais próximo, mais junto ao seu coração...


Perpassa a tristeza pela face afável do Mestre, que não pode sopitar as advertências. São as últimas instruções: a hora chega...


— Qual é o maior: quem está à mesa ou quem serve? Mas eu estou no meio de vós como quem serve. "O que entre vós desejar ser o maior, faça-se o menor, o servo de todos, e aquele que manda seja como o que serve. " Ele fizera isso há pouco: servira-os na condição de humilde fâmulo, dedicado e silencioso.


O repasto, todavia, prossegue. As lâmpadas de cor e luminosidade avermelhada contrastam com o azul-escuro da noite coruscante, agora em exuberância de luar.


Recitam-se os salmos, conforme a tradição.


— Compreendeis o que vos tenho feito? —, interroga-os com dúlcida e dorida voz.


— Vós me chamais de Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Se eu, pois, sendo Senhor e Mestre vos lavei os pés, também vós vos deveis lavar os pés uns dos outros, porque vos dei exemplo, a fim de que, como eu fiz, assim façais vós, também.


Sutis aragens penetram o cenáculo. Invisível coral canta uma sublime rapsódia. A sala amplia as suas dimensões ao infinito. Num solo dantes jamais ouvido, Jesus eleva a voz e define:

— Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.


Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.


Os tons da musicalidade caem, morrem. Faz-se um demorado silêncio.


Novamente Ele exclama, adverte e sofre. E uma patética.


— Não falo de todos vós - explica, triste. — Eu conheço aqueles que escolhi, mas para que se cumpra a Escritura, aquele que come o meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar. Desde já vos digo, antes que suceda, para que, ao suceder, vós creiais que eu sou.


A perplexidade se estampa em todos os semblantes. "De que falará o Senhor? Quem entre eles se atreveria? " —, indagam, mudos, ao cérebro e ao coração.


— Em verdade, em verdade, vos digo — prossegue em música de balada. — Quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou...


Um de vós me há de trair! ...


Alguém, tocado na sensibilidade e surpresa, pergunta:

— Como conhecê-lo?


João, que apoia a cabeça no seu tórax, reinquire com doçura, a meia-voz.


— E aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado.


A lenda e os hábitos ancestrais fizeram que, em Israel, se expressassem, à mesa, afeição ou desrespeito, consideração ou indiferença.


Como e a quem servir, expressam a posição em que é tido o comensal.


Nesse momento, o filho de Simão Iscariotes, afoito, tomou a côdea de pão das mãos de Jesus.


— O que fazes, faze-o depressa - alude o Cordeiro de Deus.


Ninguém, todavia, percebe.


Os momentos máximos da vida não raro passam despercebidos.


O atormentado filho da agonia, sem poder compreender a grandeza e o alcance profundo do instante, segue...


A ceia continua, ritmicamente, os corações se entremostram, a psicosfera se modifica, o ar da noite balsamiza as expectativas.


O Senhor se dilata em carinho e, partindo o pão, exclama:

— Tomai, este é o meu corpo...


Há um infinito de tempo, naquele rápido tempo. Ouve-se a melodia do silêncio, e a canção da saudade agora modula as primeiras notas nos ouvidos dos companheiros que, então, Lhe percebem a palidez da face, a tristeza infinita.


Tomando o cálice, rende graças, dá-o a todos a beberem e elucida:

— Este é o meu sangue, o sangue da aliança que é derramado por muitos... Nunca mais beber ei do fruto da videira, até aquele dia em que hei de beber de novo no Reino de Deus.


Abençoa o momento de alta majestade.


Eles, sem o desejarem, canhestros, revivem pela mente os instantes inapagáveis da Galileia longínqua na distância e próxima na memória... Aquele entardecer de fogo e de beleza servia de moldura para o Pastor chamar, atender e reunir as ovelhas.


Os olhos estão pejados de lágrimas, túmidos os peitos de ansiedade e inquietação.


— Fazei isto em memória de mim.


O canto está culminando. Os últimos acordes da sinfonia que chega ao grande final estrugem em sons elevados...


Levantaram-se e seguiram para o Getsêmani...


* * *

Nunca deverão esquecer a fraternidade, a união, o entendimento.


Tudo que houvesse fora das paredes daquele cenáculo, que jamais os separasse, antes lhes ofertando forças para o prosseguimento.


É certo que Judas não participara da união final, não ouvira as recomendações últimas.


A precipitação arrancara-o para o desespero, para a longa estrada de intérminas e futuras aflições...


Na ampulheta dos tempos, a refeição pascal, sem atavios nem ritualísticas, seria um traço de união entre as criaturas que se amassem à luz do Cristo - todas as criaturas...


Viriam as aflições, as perseguições infamantes, as provações irrecusáveis e cruentas, chamando-os aos sublimes testemunhos de amor. A comunhão pascal, a divisão do pão, significariam doação dos bens pessoais a favor de todos, a distribuição dos excessos para as alegrias gerais e a contribuição de amor para amenizar as dores dos corações sofridos, em memória de Jesus.


A Páscoa é evocação de liberdade.


O cordeiro simboliza a submissão e a renúncia impregnando os corações.


Cingindo-se de uma toalha, Ele lavou os pés dos discípulos a fim de que eles algo tivessem a ver com Ele...


A toalha da cooperação e a água da caridade em que se fundem e se limpam todas as sujidades da alma, e as mãos do amor em união renovadora.


* * *

O cenáculo se erguia em larga vivenda na cidade alta, perto de Tiropéon, donde se via a torre Antônia, vigilante, a observar a cidade com luzes bruxuleantes, naquela noite especial.


A arquitetura irregular do templo e a muralha abaixo, em largas pedras negras acinzentadas, clareadas pelo plenilúnio - são a paisagem da inesquecível noite.


Era abril, quinta-feira, 13 ou 14 (Segundo anotações extraídas do Evangelho de João e pesquisas especializadas, conclui-se que as datas reais são 5 e 6 de abril, respectivamente, para a Ceia e a crucificação), pouco importa a exatidão da data, quando se realizou a comunhão pascal. "Fazei isto em memória de mim. " A Natureza se alonga num hausto de eternidade.


Na treva das sinuosidades humanas há conspiração.


Dentro em pouco, entre os ciprestes do Getsêmani, há o sono dos discípulos invigilantes, o beijo da traição, o arremedo de defesa desnecessária, a prisão, os passos para o julgamento arbitrário, a morte... e a glória da ressurreição!


Tomando de uma toalha, cingiu-se, e, lavando os pés dos discípulos, ergueu-se à glória solar.


mc 9:35
Luz do Mundo

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 18
Divaldo Pereira Franco
Amélia Rodrigues

A imensa planície se desdobra entre os contrafortes dos outeiros.


Ao longe, o "primogênito dos montes" da Palestina — o Hermon — ostenta o cabeço aureolado de sol, e, a regular distância, o Tabor, parecendo uma sentinela natural, altaneira, defendendo a imensa planície, onde a balsamina medra em abundância e os tamarindeiros se arrebentam em flores...


Simultaneamente ali está a planície dos homens na qual se misturam as paixões e se decompõem as esperanças.


Planície da Terra e planície dos corações.


Naquela se misturam os cadáveres e as moscas entre córregos que cantam e flores que desatam aromas. Nesta as inquietações e desesperos, fecundando sorrisos e edificações.


Na terra os homens...


Nos homens o barro frágil da terra...


* * *

A planície dos espíritos se perde de vista. A multidão se agita e percorre os caminhos. Longas são as estradas a vencer.


Dia de sol e céu transparente. A leve brisa murmura uma doce música no arvoredo, carreando ondas de suave perfume.


A Sua figura é um desafio — desafio de amor! Mais do que um estoico, porque faz do sofrimento um meio de atingir Deus e não o fim precípuo do Seu ministério, Ele parece penetrar no dédalo de todas as solicitudes humanas.


Pairando na face o tênue véu de singular melancolia, Seus olhos se transformam em duas estrelas reluzentes.


— Que vínheis discutindo pelos caminhos? — indagou. A voz pausada possuía um tom de reproche melancólico.


Vivia com aqueles companheiros, sentia suas aspirações, participava das suas dores, falava-lhes do Reino e das suas realizações e eles, no entanto, continuavam esvaziados de ideal. Fizera-se igual sem participar das suas querelas, testemunhando a nobreza da Sua compreensão permanente e ajudando-os, não obstante se demoravam trêfegos, levianos...


— Que vínheis discutindo pelo caminho? — A indagação os surpreendera, crianças espirituais, disputadores da ilusão...


Eles vinham joviais e alegres. Uma festa n"alma cantava júbilos inesperados. O dia de sol, a transparência do ar, o azul do céu, o frescor daquela hora matinal, as recordações dos acontecimentos últimos, no alto Tabor e em baixo, ao lado do epiléptico, as exaltações da massa já saciada nas primeiras tentativas, que não suportavam sopitar as inquirições que desde há algum tempo bailavam nas suas mentes.


— Quem dentre nós será o maior, no conceito do Rabi? Qual será o maior no Reino dos Céus?


A pergunta espoucou espontânea, natural, inocente...


Estugaram o passo e se entreolharam... Quem seria realmente o maior dentre todos? — pensaram. E como se o assunto não merecesse maiores considerações um silêncio incomodo se abateu sobre o grupo. No íntimo, porém, cada um se exalta e sorri emocionado, meneando a cabeça em assentimento, como se estivesse a ouvir o Mestre gentil destacar o mais amado, o mais relevante — é claro, que cada um a si se atribui o mérito da escolha.


As pedras do solo ao atrito com as alpercatas rolam, produzem característico ruído e a marcha prossegue.


— Eu, — referiu-se Judas — sem dúvida gozo da relevante confiança do Amigo.


A mim me foi entregue a bolsa da Comunidade, num atestado inequívoco de consideração. Não receio, por isso, ser, senão o maior, um dos maiores...


Sorriu e cofiou a barba, fitando os companheiros estremunhados.


— Sou austero — apostrofou Tiago, Maior. — E o Mestre nunca deixou de me reservar Suas confidências, expressivas e nobres. Convida-me, não poucas vezes, a colóquios longos, narrando aos meus o que outros ouvidos não podem escutar...


Tomé, o Dídimo, verberando a prosápia dos companheiros, atroou: E Simão Pedro? Não tem sido ele o distinguido com maior consideração? Não é a sua a casa elegida para as reuniões e os estudos dos planos futuros? Não esteve ele, também, no Tabor, como testemunha? Eu desconfio muito que não estaria mal situado na opinião do Senhor...


João, todavia, repousa no seu peito — aventou Bartolomeu. — É o mais jovem de todos nós, carinhosamente tratado pela ternura do Embaixador Celeste. Talvez não tenha ainda toda a inteireza exigível para continuar a Obra ora encetada, não obstante... Mateus Levi, convém ressalvar, — afirmou Pedro, algo inquieto — é o mais erudito do grupo.


Somos pescadores ignorantes, ele, todavia, lê e escreve, é hábil na arte das letras e da convivência com as leis. Embora o seu silêncio...


Não concordo! — bradou Judas...


A discussão se fez acalorada e por pouco o pugilato infeliz não perturbou a união dos corações chamados ao amor, à concórdia, à paz...


— Que vínheis discutindo pelo caminho? — eis a indagação do Senhor.


"Queríeis saber quem dentre vós é o maior no Reino dos Céus. Eu vos digo: aquele que se fizer o menor.


"O responsável do grupo é o servidor de todos. O comandante é o colaborador do grupo. O chefe é o subalterno das necessidades dos servidores.


"Servo dos servos.


"Não se pertence nem se permite repouso.


"Renuncia ao nome e à paz, à alegria e à própria opinião.


"Zeloso pelo bem-estar de todos é magoado por uns e outros, por todos incompreendido?


"Quando ajuda sofre e sofre porque não pode ajudar — e todos o espezinham.


Ferem-no e buscam-no, traem-no e sorriem para ele — servo de todos!


"O maior se apaga servindo.


"Apontado, ninguém crê nele, subestimam-no. Não merece consideração e assim paira naturalmente inatingido, sereno no dever íntimo, respeitado por si mesmo: o maior dentre todos!"

Os invigilantes recordam, então, o pedido de Salomé, a imprudente e a precipitada esposa de Zebedeu, que fora solicitar-Lhe colocar os dois filhos, um à direita outro à esquerda do Seu trono, quando fosse a hora do triunfo.


Não esqueceriam a resposta pausada e triste com que Ele elucidara a ambiciosa mãe: — "É necessário saber se eles estarão dispostos a sorver a taça da amargura até a última gota — respondera. Quanto, porém, a colocá-los um à minha direita e outro à minha esquerda, isto não me compete... "

Houve um silêncio.


De cabelos encaracolados, passou gárrula criança de sorriso em flor.


O mestre, tomando-a, dela fez o seu modelo.


"Aquele que se fizer semelhante a um menino este penetrará no Reino de Deus. "

Os pequenos e claros olhos cheios de brilho do infante refletem pureza integral.


Ser adulto, com alma de criança, sem as mazelas da idade adulta.


Envelhecer e permanecer puro — sem malícia, sem impiedade, sem mágoa, jovial, inocente como uma criança na quadra primaveril.


O maior de todos é o mais afável, o que mais se dedica e serve. Servo de todos e de todos amigo, não escolhendo misteres para ajudar.


Há os que são os maiores na ilusão e no engodo e sofrem a febre da ambição e da loucura.


Grandes, o mundo sempre os teve, com a alma enferma e mesquinha.


Pequenos nas grandes coisas e grandes nas tarefas insignificantes. Apequena-se na grandeza para glorificar-se na pequenez.


— Que vínheis discutindo pelo caminho?


Seja, o que deseja o destaque, o servo de todos; faça-se o menor.


Menor no orgulho.


Maior na abnegação, na renúncia.


Maior — menor de todos, como Ele se revelara. (Mateus 18:1-6 Marcos 9:33-37 Lucas 9:46-48)



Referências em Outras Obras


CARLOS TORRES PASTORINO

mc 9:35
Sabedoria do Evangelho - Volume 4

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 19
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 18:1-5


1. Naquela hora chegaram-se os discípulos a Jesus perguntando: "Quem é, então, o maior no reino dos céus"?


2. 2 E tendo chamado Jesus uma criancinha, colocou-a no meio deles


3. e disse: "Em verdade vos digo que se não vos modificardes e não vos tornardes como as criancinhas: não podeis entrar no reino dos céus.


4. Quem, portanto, se diminua como esta criancinha, esse é o maior no reino dos céus,


5. e quem receba uma criancinha assim em meu nome, me recebe".


MC 9:33-37


33. E chegaram a Cafarnaum; e estando ele em casa perguntoulhes: "Sobre que pensáveis no caminho"?


34. Mas eles calaram-se, porque pelo caminho haviam conversado entre si qual (deles era) maior.


35. E sentando-se, chamou os doze e disse-lhes: "Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servidor de todos".


36. E tomando uma criancinha, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse-lhes:


37. "Quem quer que receba uma criancinha assim em meu nome, a mim me recebe; e quem quer que me receba, não recebe a mim, mas aquele que me enviou".


LC 9:46-48


46. Surgiu um pensamento neles, sobre qual deles seria o maior.


47. Mas Jesus vendo o pensamento de seus corações, tomou uma criancinha e colocou-a junto de si e disselhes:


48. "Quem quer que receba esta criancinha em meu nome, a mim me recebe; e quem quer que me receba, recebe aquele que me enviou". Pois aquele que for menor dentre todos vós, esse será grande".


Como se dá com frequência, embora sendo o mais curto no cômputo total, o Evangelho de Marcos é o que apresenta mais pormenores e maior vivacidade; neste trecho, em poucas palavras ele situa a cena, esclarecendo que realmente "residia" em Cafarnaum; e, após citar o nome dessa que Mateus chamou "a sua cidade" (cfr. MT 9:1; vol. 2), acrescenta: estando em sua casa (en têi oikíai).


Mateus inverteu a ordem dos outros dois, e atribui a iniciativa da conversa aos discípulos, que se teriam dirigido ao Mestre com uma indagação teórica; parece, com isso, querer desculpara ambição do grupo, do qual ele mesmo fazia parte. Apresenta, pois, o colegiado acercar Jesus, e a perguntar inocentemente, como ávidos de conhecimento: "então, quem é o maior no reino dos céus"? Observemos que, pelo tom, não se trata deles, pessoalmente, mas é uma questão de tese. A resposta do Rabbi, no entanto, é fielmente transcrita, concordando com a dos outros dois intérpretes.


Marcos, ao invés, dá a iniciativa a Jesus, que lhes pergunta maliciosamente (tal como em Lucas) "em que pensavam eles no caminho" ... E Lucas explica a seus leitores que o Mestre "lera o pensamento" que neles surgira.


Antes de prosseguir, seja-nos lícito estranhar que, nas traduções deste trecho, aparece em Lucas "surgiu uma DISCUSSÃO entre eles... e Jesus lendo o PENSAMENTO deles" ... Ora, no original, a mesSABEDORIA

ma palavra dialogismos aparece nos dois versículos seguidos. Por que razão é ela traduzida de dois modos diferentes (e tão diferentes!), a primeira como discussão e a segunda como pensamento, à dist ância de duas linhas e no mesmo episódio? Não conseguimos perceber o móvel dessas "nuanças sutis".


Também em Marcos a pergunta é feita com o verbo dialogízein (no texto dielogízesthe, "pensáveis"). Mas logo a seguir aparece o verbo dieléchthêsan (aoristo depoente de dialégomai) pròs allêlous, que se traduz: "conversavam uns com os outros". Mas de uma conversa em pequenos grupos, que entre si sussurravam um descontentamento, deduzir-se que se tratava de uma DISCUSSÃO, a dist ância é grande...


O descontentamento já vinha grassando há tempos entre eles, como sempre ocorre entre discípulos, que se julgam mais competentes ou pelo menos mais "espertos" que o mestre, para "ver" as coisas e resolvê-las com acerto. Apesar de Jesus lhes haver ensinado que "o discípulo não é maior que seu mestre" (cfr. MT 10:24; LC 6:40; vol. 3), eles eram humanos e achavam, talvez, que a escolha de Jesus e a "autoridade" que conferira a Pedro, não estava cem por cento perfeita: outros melhores havia.


E eram relembrados "fatos": Jesus se hospedara em casa de Pedro (que morava com seu irmão André, as esposas de um e de outro, e os filhos; cfr MC 1:29, vol. 2) quando podia ter escolhido uma casa mais tranquila, maior, mais cômoda... Quando chegou a época de pagar a didracma (MT 17:27; vol.


3) Jesus recorre a um expediente "fora do normal" para pagar por si e por Pedro, sem pensar em fazêlo pelos "outros", nem mesmo por André ... Havia desagradado o encargo de cada um dos outros pagar por si mesmo, embora o gesto elegante de Jesus se justificasse plenamente, em relação ao discípulo que o hospedava em seu próprio lar, naturalmente arcando com todas as despesas de alimentação, vestuário, etc. Sem dúvida, Pedro podia fazê-lo com folga, já que não devia ser pequena a receita que percebia da "companhia de pesca", de que ele e André tinham sociedade com Zebedeu (cfr. vol. 2).


Mas havia mais: o Mestre tinha até mudado o nome dele para Kêphas (Pedro), sendo-lhe conferidas prerrogativas de chefe sobre os outros (ver acima). Ora, tudo isso, e talvez outras coisas que desconheçamos, tinham deflagrado uma crise de ciúmes e ambições ocultas, algumas mal disfarça das (como veremos mais tarde a de Judas Iscariotes que, julgando não ter o próprio Jesus capacidade e dinamismo suficientes para sua tarefa messiânica, entrou em entendimentos com o Sinédrio para que assumisse a direção da obra, ficando Jesus apenas com o encargo de dar ensinamentos espirituais e fazer "milagres").


Então, quem REALMENTE seria o CHEFE, após o tão anunciado assassinato do Mestre? Pedro podia ser o mais velho, mas seria o mais sábio? seria o administrador mais competente? seria o mais fiel int érprete das ideias? seria o mais culto? o mais prudente? Prudente? ... Não fora Pedro repreendido por Jesus, que o chamara "antagonista"? Não fracassara na tentativa imprudente de pretender imitar o Mestre andando sobre as águas? Com esse seu temperamento vivo e emotivo, não estava sempre a intervir inoportunamente, nos momentos mais impróprios? ... Tudo porque Jesus ainda não dera a "chave" para resolver a questão, que só foi revelada após sua paixão, quando, por três vezes seguidas perguntou a Pedro "se O amava" (cfr. JO 21:15-17). O AMOR VERDADEIRO do discípulo pelo Mestre é o que realmente decide sobre a escolha do sucessor.


Cada um dos outros julgava-se com alguma qualidade superior a Pedro, pretendendo que essa qualidade o predispunha melhor ao posto de chefe... "afinal, quem era DE FATO o maior entre eles"?


Uma solução direta e radical do caso poderia provocar mágoas em Seus escolhidos. Com a sabedoria profunda e delicada de sempre, Jesus resolve apresentar aos doze uma parábola em ação, de compreens ão mais pronta e fixação mais duradoura que as de simples narrativa.


Chama uma "criancinha". Quem era? Curiosidade ociosa. Jesus acha-se ’"em casa", ou seja, na casa de Pedro, com quem morava também André. Qual a criancinha que lá havia para ser chamada? A resposta mais pronta é que deveria tratar-se de um dos filhos ou filhas de Pedro ou de André. Que Pedro tinha filhos, parece não haver dúvidas, pois a tradição o diz e mesmo alguns "Pais da igreja" o atestam (cfr. Clemente de Alexandria, Strom. 3. 6. 52, Patrol. Graeca, vol. 8, col. 1156 e Jerônimo, Adv. Jov., 1. 26, Patrol. Lat. vol. 23, vol. 245). Mas qual prova teríamos da criancinha? Os outros discípulos também deviam ter filhos, podendo tratar-se de algum deles (segundo a tradição, o único discípulo que não contraiu matrimônio foi o evangelista João, que, à época da morte de Jesus devia contar entre 20 e 21 anos). Mas havia também o grupo das discípulas que acompanhavam o Mestre (MC 15:41). É verdade que as narrativas evangélicas calam sistematicamente o fato de estar alguém casado; a não ser o aceno à sogra de Pedro (MT 8;14; MC 1;30; LC 4:38; vol. 2), não se fala em nenhum casamento, nem do Mestre, nem dos discípulos. Só algumas figuras a látere aparecem como formando casais.


No século 9. º afirmaram que a criancinha teria sido Inácio de Antióquia, mas sem qualquer prova (teria sido revelação mediúnica?). De qualquer forma, não importa quem tenha sido o garotinho; o que conta é o fato. Vamos a ele.


Jesus chama uma Criancinha e a "carrega ao colo" ou "a abraça". O particípio enagkalisámenos, do verbo enagkalízomai, é composto de en + agkálê, que exprime "nos braços recurvados", podendo exprimir uma ou outra das traduções. Entre todos aqueles homens, a ternura de Jesus pela criança é emocionante.


E Ele a apresenta como modelo a ser imitado, numa lição que nos foi transmitida em duas variantes.


MATEUS: "se não nos modificardes e vos tornardes (eàn mê straphête kaí genêsthê, ou seja, "voltardes a ser") crianças, NÃO PODEIS entrar no reino dos "céus".


E continua: "quem se diminuir será o maior". O verbo tapeinôsei exprime exatamente "diminuir-se" ou" tornar-se pequeno"; diríamos, em linguagem moderna, "miniaturizar-se". Não é, pois, da humildade que aqui se trata, já que a criança não é humilde: é pequena. A oposição, na parábola, é salientada entre a pequenez, a simplicidade e a sinceridade (Sinceridade no sentido etimológico: "isento, puro, sem mistura". Tanto que os antigos - cfr. Donato, Ad Ev. 177 - faziam derivar a palavra da expressão "sinecera".


Horácio - Epod. 2, 15 - escreveu: aut pressa puris mella condit ámphoris, que o Pseudo Acron comenta: hoc est, favos premit, ut ceram séparet et mel sincerum réparet. E Donato conclui: sincerum, purum, sine fuco et simplex est, ut mel sine cera) da criança, e a ambição, o orgulho, e o egoísmo que tomavam vulto no coração deles. Esse mesmo termo foi empregado por Paulo (FP 2:8), testificando que, Jesus "se diminuiu (apequenou-se, etapeínôsen), tornando-se obediente até a morte".


MARCOS acrescenta uma frase: "quem quiser ser o primeiro, seja o último de todos", lição que voltar á na parábola do banquete (cfr. LC 14:7-11), e além disso: "o servidor de todos. Essas ideias voltam em MT 20:26-27 e MC 10:43-44; e também de si mesmo disse o próprio Jesus (MT 20:28): "o Filho do Homem veio para SERVIR, e não para SER SERVIDO".


O mesmo conceito aparece sob outra forma em Lucas: "o que dentre vos for o menor de todos, esse será grande".


Terminada a lição do "apequenamento" e do "serviço", os três sinópticos concordam na conclusão, que se resume numa garantia para o futuro: "quem recebe uma criancinha assim EM MEU NOME (epí tôi onómati mou, ou seja, "por minha causa") é a mim que recebe". Trata-se, portanto, de uma delegação ampla de credenciais, feita em caráter geral a todas as crianças em todos os tempos, para representá-Lo como embaixadores perante todos os adultos da humanidade.


E essa delegação vai ampliada mais ainda, quando confessadamente declara o Mestre que Ele apenas sub-delega, pois "quem O recebe, recebe Aquele que O enviou". Marcos utiliza um hebraísmo típico genuíno e, confessamo-lo, saborosíssimo: "e quem me recebe, não é a mim (propriamente) que recebe, mas Aquele que me enviou".


Os hermeneutas dividem-se em três grupos principais, a fim de esclarecer que crianças são essas:

1. simbolizariam os próprios discípulos enviados por Jesus, conforme a regra estabelecida no cap. 12 da Didachê, que ordena aos cristãos que recebam "quem quer que venha em nome do Senhor";


2. seriam o símbolo de todas as crianças, que devem ser acolhidas sempre pelos adultos;


3. seriam não apenas as crianças assim classificadas por causa de sua idade física, mas, além delas, todas as crianças intelectuais ou morais, os "espíritos-novos" (embora adultos na idade do corpo), que não tivessem alcançado desenvolvimento e amadurecimento mental.


De qualquer forma, entende-se com a lição que, por menor que seja a criatura, devemos sempre consider á-la como legítimo representante na Terra do Cristo e, por conseguinte, que devemos tratá-la como o faríamos pessoalmente ao próprio Mestre Jesus.


Tolstoi bem o compreendeu em seu conto: "A Visita de Jesus".


A luta titânica da personagem para prevalecer sobre todos os que a cercam é constante e insaciável.


Mesmo nas escolas espiritualistas (para não dizer "sobretudo nelas" ...) manifesta-se com força incalculável e renascente.

A tentação vencida pela individualidade (Jesus, vol. 1) ainda não o fora pelas personagens que a serviam.


Nas outras atividades (pintura, música, literatura, poesia, técnica, ciência, etc.) o valor de cada um é avaliável pelos "de fora", que aplaudem, apupam ou ficam indiferentes. No espiritualismo nada disso se dá. A evolução é INTERIOR, invisível e inapreciável de fora. Só um Mestre que possua o dom de penetrar no âmago dos discípulos poderá dizer qual o melhor (ou "o maior", no dizer do texto evangélico). As exterioridades enganam. Ninguém pode julgar ninguém nesse campo: "não julgueis e não sereis julgados" (MT 7:1 e LC 5:37; vol. 2).


Exatamente contra esse preceito investiram as personagens (discípulos) ao darem acolhida em seus corações à ambição de cada um ser "o maior".


No sentido profundo é indiferente que o tema parta da personagem, que pretenda enaltecer-se diante da individualidade, ou desta, que resolva ensinar o caminho certo àquela. O que vale é a lição que recebemos, definitiva e clara.


Que é, em última análise, a personagem transitória diante da individualidade eterna? Um recémnascido a balbuciar sons desconexos! ... Com o exemplo dado - a criancinha - está evidente o ensino: se a personagem não se diminuir, não se miniaturizar, não poderá ser dado o "mergulho" dentro do" reino dos céus", ou seja, do coração. Essa miniaturização tem que ir até a grandeza de um ponto adimensional, embora isto signifique precisamente infinitizar-se, pois também o infinito é adimensional.


Difícil em linguagem daquela época, uma explicação assim clara. Mas o exemplo dado não deixa margem a dúvidas e as palavras também são de limpidez absoluta: há necessidade de modificação, de voltar a ser como as criancinhas: sem isso NÃO SE PODE penetrar no coração para unificar-se com o Cristo Interno.


O maior ou menor será julgado em relação AO REINO DOS CÉUS, isto é, à maior ou menor unificação com o Cristo, e não em relação a dons e faculdades da personagem. Não são a agudeza intelectual, o desenvolvimento da cultura, as atividades mentais nem físicas, a força emocional, os dons artísticos, numa palavra, não são as qualidades personalísticas que decidirão sobre a grandeza de uma criatura, mas única e exclusivamente seu grau de união com o Cristo é que medirá sua evolução. Daí não terem sido escolhidos os expoentes da época para discípulos de Jesus, mas somente aqueles cuja evolução lhes permitia atingirem o maior grau de unificação com o Mestre único (cfr. MT 23:10) de todos nós.


Desde que se diminua, não terá dificuldade em tornar-se o "servidor de todos" (cfr. MT 23:11), o" diácono" que serve sem exigir pagamento, nem recompensa, nem retribuição, nem gratidão. Servir desinteressadamente, e continuar servindo com alegria, mesmo se observar indiferença; sem contar os benefícios prestados, ainda que receba grosserias; sem magoar-se porque, depois de ajudar com sacrifício e sofrimento, dando de si, o recebedor passa por nós e não nos cumprimenta, e faz até que nos não conhece... Pequenino, diminuído, como invisível micróbio que nos ajuda a viver, oculto em nossas entranhas, e de cuja existência nem sequer tomamos conhecimento.


Realmente assim agem as crianças: prestam favores e não esperam o "muito obrigado": viram as costas e seguem seu caminho. Servem, e passam.


A segunda parte da lição é valiosa, tanto para as personagens quanto para a individualidade.


Para as personagens, além das interpretações que vimos acima, há outros pormenores a considerar.


Pode tratar-se (e trata-se evidentemente) da acolhida em nome do Cristo das crianças que encontramos abandonadas ou desarvoradas, em qualquer idade física que se encontrem, a qualquer religião a que pertençam, qualquer que seja a pigmentação da pele (como fez, por exemplo, Albert Schweitzer).


Outra interpretação - e cremos que de suma importância - refere-se às crianças que chegam através da carne; cada filho que recebemos, em nome ou por causa do Mestre, é como se a Ele mesmo recebêssemos.


E ao recebê-Lo é realmente ao Pai que recebemos, pois a Centelha divina lá está naquele pequenino templo da Divindade. Essa interpretação mostra-nos a linha de comportamento a ser seguida pelos discípulos: jamais recusar receber uma criancinha entre nossos braços, e não preocuparnos com o caminho por que chegam até nós.


Há ainda a considerar a relação existente entre individualidade eterna (e adulta) e a personagem (recémcriada, infantil) que recebemos a cada nova encarnação. A individualidade tem que receber, em nome do Cristo que em nós habita, a personagem que lhe advém pela necessidade cármica, aceitandoa com as deficiências que tiver, e amando-a com o mesmo amor; sabendo perdoar-lhe os desvios e desmandos que servirão maravilhosamente para exercitar a humildade; educando-a e dirigindo-a pelo melhor caminho que lhe proporcione evolução mais rápida; compreendendo que a personagem reproduz EXATAMENTE a necessidade maior do Espírito naquele momento da evolução, e portanto sem rebelar-se contra qualquer coisa que lhe não pareça perfeita e que lhe traga dificuldades e embaraços.


Mais. Na linguagem iniciática, o trecho assume novos matizes.


Consideremos a Escola Iniciática que Jesus criara para os doze, revelando-lhes, de acordo com o grau evolutivo de cada um, os "mistérios" que viera desvendar.


Nas antigas Escolas, os graus eram comparados às idades das criaturas. Assim, a pergunta dos discípulos como relata Mateus, visava a conhecer qual o caminho para atingir as mais altas culminâncias da perfeição; quais as características dos maiores na senda evolutiva. E Jesus vê-se constrangido a esclarecê-los. Leva em conta que três deles (Pedro, Tiago e João) estão em grau mais elevado que os outros, pois cursavam o quarto plano iniciático (em nossa hipótese); ao passo que os demais estavam em planos mais baixos, talvez ainda no terceiro ou no segundo nível.


Serve-se, então, da terminologia típica das iniciações nos mistérios gregos (mais uma vez) e recordalhes que o primeiro passo é o da "infância", segundo essa terminologia: CRIANÇAS (iniciantes dos primeiros planos) quando ainda estavam em busca do "mergulho" e da "confirmação"; HOMENS FEITOS, os iniciados que já haviam superado o terceiro grau (vencendo as tentações e dominando a matéria) e o quarto grau (obtendo a união com o Cristo Interno); esses eram chamados també "perfeitos" (teleios) ou "santos" (hágios).


Para confirmar o que afirmamos, basta ler 1. ° Cor. 3:1-3; e 13:11, e também EF 4:13-14: "até que todos cheguemos à unidade da fé, e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito (ou perfeito), à medida da evolução plena do Cristo, para que não sejamos mais meninos, jogados de um lado para outro, e levados ao redor por todos os ventos de doutrina, etc. ".


Recordemo-nos, ainda, da conhecida pergunta da Esfinge, sobre as três idades do homem.


Nessa interpretação, "tornar-se como criancinha" é rejeitar toda cultura externa, toda "a sabedoria do mundo, que é estultice" (1. ª Cor. 3:19), para recomeçar a caminhada em outra direção; diríamos ainda: fazer tábula rasa de tudo o que se aprendeu, a fim de poder penetrar os segredos dos "mistérios do reino". Com efeito, se alguém pretender entrar na Escola Iniciática da Espiritualidade Superior, trazida por Jesus, a primeira coisa a fazer é tomar-se como criança intelectual, nada sabendo da sabedoria deste eon, para poder reaprender tudo de novo, como as crianças fazem, da Vida Espiritual, conquistando, dessarte, a verdadeira sabedoria de Deus.


Notemos ainda que os três evangelistas empregam o verbo déchomai, que se traduz "receber", mas no sentido de "ouvir", aceitar (um ensino) (cfr. Lidell

& Scott, "Greek-English Lexicon", ad verbum). Não se trata, pois, só de "receber como hóspede em casa", mas de "aceitar o ensino" (cfr. o termo correspondente em aramaico, Kabel). Teríamos: quem aceitar o ensino de um desses meus discípulos (que se tornaram criancinhas) por minha causa é como se a mim mesmo ouvisse e aceitasse; e quem aceitar um ensino eatá aceitando o ensino do Pai que me enviou.


Responsabilidade pesadíssima dos intérpretes da Boa-Nova!


mc 9:35
Sabedoria do Evangelho - Volume 6

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 18
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 19:13-15


13. Depois, trouxeram-lhe (algumas) crianças para que impusesse as mãos sobre elas e orasse; os discípulos, porém, as repreendiam. 14. Mas Jesus disse: "Deixai as crianças e não proibais que venham a mim, porque destas é o reino dos céus".

15. E depois que lhes impôs as mãos, partiu dali.

MC 10:13-16


13. E lhe trouxeram crianças para que as tocasse; os discípulos, porém, as repreendiam.

14. Vendo isto, Jesus zangou-se e disse-lhes: "Deixai virem a mim as crianças, não o proibais, porque destas é o reino de Deus.

15. Em verdade vos digo, quem não receber o reino de Deus como uma criança, de modo do algum entrará nele".

16. E abraçando-as, as abençoava, pondo as mãos sobre elas.

LC 18:15-17


15. Traziam-lhe também as criancinhas para que as tocasse; vendo-o, os discípulos os repreendiam.

16. Mas Jesus, chamando-os, disse: "Deixai virem a mim as crianças e não proibais, pois destas é o reino de Deus.

17. Em verdade vos digo, quem não receber o reino de Deus como uma criança, de modo do algum entrará nele".



Temos a impressão de que a chegada das crianças, acompanhadas das mães, veio interromper os ensinos que eram dados aos discípulos. Daí sua impaciência e o gesto, aliado à voz, para impedir a aproxima ção bulhenta e irrequieta.


Foram trazidas, como é hábito no oriente, para que o Mestre, já conhecido como taumaturgo, as abençoasse, colocando-lhes a mão sobre a cabeça e orando por eles.


As bênçãos eram muito comuns entre os israelitas, por parte dos mais velhos, para augurar pelo futuro dos mais moços. O Antigo Testamento traz vários exemplos dessas bênçãos, sendo célebres as de Jacob a seus doze filhos (GN 49:1-28) e a de Moisés às doze tribos (DT 33:1-29). Também o toque das mãos, com a emissão do magnetismo do taumaturgo, era tida como segura base e garantia de felicidade presente e futura.


Quando Jesus observou a cena da invasão e o esforço que faziam Seus discípulos para manter à distância as crianças e suas mães, "zangou-se" (êganáktêsen, de aganaktéô). Aliás já dera provas de apreciar os pequeninos (cfr. MT 18:1-5; MC 9:33-37; LC 9:46-48; vol. 4), e de tomá-los como modelos, em vista de seu modo de agir.


A frase "Deixai virem a mim as crianças "tornou-se uma das mais citadas e queridas dos cristãos. E Jesus conclui: "delas é o reino de Deus".


E abraçava (enagkalisámenos) e punha-lhes a mão sobre a cabeça, em passes que lhes deviam trazer grandes benefícios materiais, morais e espirituais.


E a lição foi dada: "em Deus como uma criança, de verdade vos digo, quem não receber o reino de modo algum entrará nele".


Dizem os exegetas que o reino de Deus é aqui apresentado como um DOM (que pode ser recebido) e como um LUGAR (aonde se pode entrar). Essa é a compreensão mais comum e difundida: o reino de Deus ou dos céus, é o "céu", aquele dos anjos tocando harpas sobre as nuvens, no qual os "lugares" são conquistados ainda nesta vida, e às vezes até "vendidos".


Quantos erros fatais trouxe essa interpretação durante tantos séculos!


Nem dom, nem lugar, mas CONQUISTA: um estado de consciência em que "se entra" ou se penetra," recebendo-o" quando se atinge determinado estágio evolutivo de elevadíssima frequência vibratória espiritual.


O reino dos céus tem que ser recebido como uma criança recebe o que lhe damos: com interesse e participação alegre de todo o ser. E nele só se penetra quando nos tornamos crianças, isto é, com a naturalidade e humildade normais à infância, que confia e ama, sem distinções nem exigências: por mais que a mãe seja nervosa e rigorosa com seu filho pequenino e o castigue e nele bata, ele só sabe refugiar-se, mesmo depois das pancadas, no colo dessa mesma mãe, para chorar sua dor, e para reconquistar o mais depressa possível o amor daquela que é tudo para ele: é o amor integra! "confiante, ilimitado e sem rancores, pleno e fiel.


* * *

No estilo da Escola iniciática, "criança" tem outro sentido: são os que se aproximam, ansiosos de penetrar no grupo fechado dos discípulos, mas ainda não suficientemente maduros para acompanhar o aprendizado sério que aí é ministrado: são as "crianças espirituais" que não podem receber o pábulo forte, como observa Paulo: "eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo. Leite vos dei de beber, não vos dei comida, porque ainda não podíeis.


Ainda agora não podeis, porque ainda sois carnais" (1CO 3:1-3).


Acontece, porém, que não pode ser neste sentido que é exigido "ser criança": não se vai pedir a uma criatura mais evoluída, que volte atrás em seu adiantamento, para tornar-se de novo simples "aspirante", embora muitas vezes o aspirante demonstre maior entusiasmo e mais ardor que aqueles que já est ão à frente, e, quase sempre, é bem mais humilde que aqueles, porque reconhece melhor suas deficiências e sua ignorância, enquanto os " adiantados" se incham de vaidade.


De uma forma ou de outra, é indispensável possuir certas qualidades, para que se alcance o reino dos céus. Sem pretender enumerar todas, poderemos citar, como próprio das crianças em tenra idade, as seguintes qualidades:

  • 1 - a HUMILDADE, que está sempre disposta a reconhecer sua incapacidade e a esforçar-se por aprender, sem pretender ser nem saber mais que o instrutor; e essa qualidade é básica na infância, que aceita o que se lhe ensina com humildade e fé;

  • 2 - o AMOR, que se prontifica sempre a perdoar e esquecer as ofensas. A criança pode brigar a sopapos e pontapés, e sair apanhando, mas na primeira ocasião vai novamente brincar com quem a maltratou, esquecendo-se totalmente do que houve;

  • 3 - a ÂNSIA DE SABER, coisa que as crianças possuem até chegar, por vezes, ao ponto de exasperar os mais vemos com suas perguntas constantes, embaraçosas e indiscretas, jamais dando-se por integralmente satisfeitas;

  • 4 - a PERSEVERANÇA que, quando quer uma coisa, não desiste, mas usa de todas as artimanhas até conseguí-la, com incrível persistência e teimosia, obtendo o que quer, às vezes, pelo cansaço que causa aos adultos;

  • 5 - a INOCÊNCIA, sem qualquer malícia, diante de quaisquer cenas e situações; para as crianças tudo é "natural" e limpo, mormente se são educadas sem mistérios nem segredos, pois a maldade ainda não viciou suas almas;

  • 6 - a SIMPLICIDADE, tudo fazendo sem calcular "o que dirão os outros", sem ter preconceitos nem procurar esconder qualquer gesto ou ato, mesmo aqueles que os adultos hipocritamente classificam como "vergonhosos";

  • 7 - a DOCILIDADE de deixar-se guiar, confiantemente, pelos mais idosos, sem indagar sequer "aonde vão". Não podem imaginar traições nem enganos, porque eles mesmos são incapazes de fazê-lo, e julgam os outros por si.


Se tivermos essa conduta, simples e natural, como a criança (isto é, sem forçar), estaremos com as qualidades necessárias para poder "receber" estado de consciência superior que traz à alma a paz que Cristo dá e a felicidade plena do Espírito.



Locais

Estes lugares estão apresentados aqui porque foram citados no texto Bíblico, contendo uma breve apresentação desses lugares.

CAFARNAUM

Clique aqui e abra o mapa no Google (Latitude:32.883, Longitude:35.567)
Nome Grego: Καπερναούμ
Atualmente: Israel
Cidade em que situava-se a casa de Pedro. Mateus 4:13
Mapa Bíblico de CAFARNAUM



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Marcos Capítulo 9 do versículo 1 até o 50
Essa descrição da parousia inspirou Jesus a dizer alguma coisa intrigante (Marcos 9:1). O que estaria Ele querendo dizer quando mencionou: dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte sem que vejam chegado o Reino de Deus com poder? (1) Ele não disse que a Segunda Vinda iria ocorrer durante a vida daqueles que estavam presentes. Dentro de seis dias (9.2), três dos discípulos seriam testemunhas da Transfi-guração. Dentro de aproximadamente um ano todos os discípulos, menos um, iriam tes-temunhar o poder da Ressurreição e do Pentecostes, e ainda durante a vida de muitos dos que ali estavam o evangelho iria se propagar com um admirável vigor pelo mundo daquela época. Dessa maneira, eles viram a chegada do Reino de Deus com poder.

4. A Transfiguração (Marcos 9:2-8)

Cerca de uma semana depois da confissão de Pedro e do resultante ensino sobre o Messias Sofredor (Marcos 8:27-9.1), Jesus levou o círculo mais íntimo de seus discípulos a um alto monte (2; provavelmente uma parte elevada do Monte Hermom), para longe das multidões, onde transfigurou-se diante deles.

Qual foi a natureza e o propósito da Transfiguração? Esse termo, que vem de metamorphoo, significa "transformar" e foi usado apenas nessa passagem do Novo Tes-tamento, em Mateus 17:2 (referência paralela) ; Romanos 12:2; e II Coríntios 3:18. Essa mudança da sua forma, que fez Suas vestes (3) se tornarem resplandecentes, em extremo brancas, mais deslumbrantes "do que qualquer alvejante terreno poderia fa-zer" (Goodspeed) deve ter tido uma "fulgência que vinha de dentro, uma manifestação do Filho de Deus em sua verdadeira natureza": Era uma restauração da glória que Ele gozava junto ao Pai antes da existência do mundo (Jo 17:5; cf. Mac 14.62; Atos 7:55).

O propósito da Transfiguração era, em primeiro lugar, fortalecer Jesus para a provação da Cruz. O Filho do Homem recebeu a segurança do céu em pontos cruciais de Seu ministério (por exemplo, 1.11; Lc 22:43).

Nessa ocasião apareceram-lhes Elias e Moisés e falavam com Jesus (4) sobre a "morte dele" (Lc 9:31). Os dois homens, que representavam a lei e os profetas, também haviam experimentado algum tipo de transfiguração: Moisés no Sinai (Êx 34:35) e Elias no carro de fogo (II Reis 2:11).

A Transfiguração também serviu para convencer os discípulos de que a inspirada confissão de Pedro (Marcos 8:29) era verdadeira. A idéia de um Messias sofredor não era diferen-te daquela que estava no Antigo Testamento. Os discípulos, que nem sempre ouviam direito, foram instruídos a prestar atenção nos ensinos de Jesus. Este é o meu Filho amado; a ele ouvi (7).

Lucas registra que Pedro e os outros ficaram "carregados de sono" (9.32), o que pode explicar a aparente confusão. Assustado além da medida, Pedro não sabia o que dizia (6). Sabendo que estar no monte da visão era bom para eles, e esperando se agarrar àquela hora sagrada, Pedro propôs a construção de três cabanas. Ele pode ter pensado em tendas como aquelas usadas na Festa dos Tabernáculos, ou pode ter imaginado algu-ma coisa mais permanente, provavelmente a Tenda da Congregação onde Deus se encon-trava com o Seu povo no deserto (Êx 35:11).

A nuvem (7) que os encobriu ou envolveu' era o símbolo da Presença Divina, a Shekinah do Antigo Testamento (cf. Êx 13:21-14.19; Sl 78:14). No Novo Testamento as nuvens também estão ligadas à presença de Deus (por exemplo, Marcos 13:26-1 Ts 4.17). Deus se aproximou e anunciou que Seu Filho também era um Profeta' (Dt 18:15) : a Ele ouvi.

Mateus descreve a Transfiguração como uma "visão" (Mt 17:9). Era uma visão milagro-sa e concreta, divinamente transmitida aos discípulos como uma revelação. Antecipando a Ressurreição e a Parousia, a Transfiguração fortaleceu Jesus e os discípulos para a esmagadora experiência que os aguardava e anunciou a todos que Jesus era, indiscuti-velmente, o Filho de Deus.

Alexander Maclaren conclui, a partir do versículo 8:

1) O Salvador solitário,

2) As testemunhas que se vão,

3) Os discípulos que aguardam.

5. A Vinda de Elias (Marcos 9:9-13)

Descendo eles (9) do Monte da Transfiguração, os discípulos devem ter meditado profundamente sobre o que tinham acabado de ver. Eles podem ter imaginado porque Jesus ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto até que Ele ressuscitasse dos mortos. Ainda não era seguro revelar o segredo Messiânico. Antes que a Cruz e o sepulcro vazio lhes ensinassem o que deveriam aprender a respeito do Messias, não seria conveniente descreverem sua transcendente experiência.

"Eles não esqueceram o que Ele disse" (10, Goodspeed), mas ficaram imensa-mente perplexos com o que seria aquilo — ressuscitar dos mortos. Não estavam preparados para aceitar a idéia de que o Filho do Homem deveria padecer muito e ser aviltado (12).

Isso levantou uma outra questão. Se Jesus era realmente o Cristo, como agora acre-ditavam, o que dizer sobre a assertiva dos escribas de que Mias' devia vir primeiro? (11). Os dois últimos versículos do cânon do Antigo Testamento (MI 4:5-6) tinham um grande significado para o povo judeu.

Concordando com os escribas, Jesus respondeu: Em verdade Elias virá primeiro e todas as coisas restaurará (12), um processo em andamento, mas ainda incompleto. Mas Ele foi além com outra pergunta: Como está escrito do Filho do Homem, que ele deva padecer muito e ser aviltado ("tratado com desprezo", NEB) ?" Em outras palavras, os escribas estavam certos ao observar que Elias seria o precursor do Messias, mas errados em sua cegueira perante os Seus sofrimentos.

Elias já tinha sido representado por João Batista (Mt 17:13), que sofreu nas mãos de outra Jezabel. Se os homens fizeram isso ao precursor, o que fariam, então, com o próprio Messias? "Da mesma forma que a vinda de Elias foi um presságio da vinda do Senhor, a rejeição àquele que representava Elias foi um aviso da rejeição do Senhor: e tudo isso aconteceu como cumprimento das Escrituras."'

6. Discípulos 1mpotentes (Marcos 9:14-29)

A cena seguinte faz um nítido contraste com o relato da Transfiguração (2-8). De forma comovente, Rafael representou esse fato em uma pintura que reproduz Jesus na glória do monte enquanto os discípulos estão nas trevas do vale. Quando Jesus e seu reduzido círculo de seguidores se aproximaram (4) do resto dos discípulos, que estavam cercados por uma grande multidão e discutindo com os escribas, eles enfrentaram um mundo em miniatura: "A juventude nas garras do pecado, a angústia dos pais, os nove discípulos a quem foi dado o poder necessário para não falharem... e finalmente... uma coleção de religiosos críticos e hostis"."

Imediatamente, toda a multidão (15) ficou atônita com a chegada de Jesus, e cor-reu em direção a Ele com muito entusiasmo. O que levou a multidão a ficar espantada" e "cheia de temor (NEB) ?" O Mestre havia chegado inesperadamente e em um momento muito oportuno, mas isso dificilmente poderia justificar a admiração da multidão. Jesus deve ter retornado "do monte santo com Sua face e pessoa ainda resplandecentes" (15, NT Amplificado).

Quando Jesus lhes perguntou: Que é que discutis com eles? (16) a resposta não veio dos escribas, mas de alguém da multidão (17), de um pai preocupado cujo filho era epiléptico. Mateus descreve o jovem como "lunático" (17.15), isto é, "atingido ou afetado pela lua", pois acreditavam que a epilepsia era influenciada pela lua."

O pai havia trazido seu filho na esperança de ver Jesus. Desapontado pelo fato de não ter encontrado Jesus, o angustiado pai havia dito aos discípulos que o expul-sassem, e não puderam (18; literalmente, "eles não eram suficientemente fortes"). "Observe a trágica brevidade das palavras finais." O desespero desse pai era bastante compreensível.

A resposta de Jesus tem sido chamada de "uma exclamação de saudade pelo Seu Pai celestial"." Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei ainda? Trazei-mo (19). Ele estava censurando não só os presentes, mas tam-bém toda a legião de incrédulos que se colocava no caminho. Mesmo quando o espírito, que o reconheceu, convulsionou novamente o rapaz, Jesus iniciou um diálogo com o pai do rapaz com a intenção de despertar-lhe a fé (21-22). Mas, se tu podes fazer alguma coisa, veio a súplica pungente, tem compaixão de nós e ajuda-nos (22).

A verdadeira implicação da resposta de Jesus está um pouco obscura na versão KJV. Phillips oferece uma tradução mais clara, "Se você puder fazer alguma coisa!", e Jesus respondeu, "Tudo é possível ao que crê".18A confiança de Jesus no poder da fé é surpreen-dente. "Com a mesma confiança absoluta em Deus, com a qual Ele repreendeu a violenta tempestade (Marcos 4:39), enfrentou o perigoso endemoninhado que vivia em meio aos sepulcros (Marcos 5:8) e tomou a filha de Jairo pela mão (Marcos 5:41), aqui Ele avança sobre o poderoso espírito que mantém o jovem epiléptico em suas garras (cf. Marcos 5:36)." Talvez reagindo ao desafio de Jesus, o pai (24) imediatamente proferiu uma confissão sobre sua paradoxal condição. Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade. Que atire a primeira pedra quem nunca passou pela mesma experiência daquele homem!

Sob o tema "A Crença Incrédula" Alexander Maclaren discute o versículo 24 da se-guinte maneira:

1) O nascimento da fé, 17-18;

2) A infância da fé, 21-22;

3) 0 clamor da fé, 23-24;

4) A educação da fé, 25-29.

Vendo que a multidão concorria (25), Jesus resolveu imediatamente impedir a propagação daquela curiosidade intrometida. Espírito mudo e surdo (um novo detalhe) eu te ordeno: sai dele e não entres mais nele. Certamente essas eram palavras de encorajamento, que diziam a um pai aflito que a prometida libertação de seu filho seria permanente. O Mestre falou ao demônio como um agente separado do corpo. "Isso torna difícil acreditar que Jesus estava simplesmente tolerando a crença popular em uma superstição."'

"Agitando-o com violência" (26), o espírito imundo saiu dele, deixando o menino como morto. A maioria dos presentes confirmou que estava morto. Caracteristicamente, os poderes das trevas haviam feito uma última tentativa ao abandonar sua vítima. Como no caso da filha de Jairo (Marcos 5:41), Jesus tomando-o pela mão, o ergueu (27). Esse símbolo da terna compaixão de Jesus tem seu corolário em um detalhe registrado por Lucas: "Jesus repreendeu o espírito imundo, e curou o menino, e o en-tregou a seu pai" (Lc 9:42).

Em algum lugar na multidão havia um grupo de nove discípulos que se sentiam derrotados e humilhados. Mais tarde, quando todos haviam entrado em casa (28), eles perguntaram à parte: Por que o não pudemos nós expulsar? As razões para o insucesso se originavam na falta de fé deles (Mt 17:20) que, por sua vez, era devida à ausência de oração e de autodisciplina. Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum (29).21

Os discípulos evidentemente pensavam que o poder e a autoridade que haviam rece-bido antes (Marcos 6:7) podiam ser exercidos de acordo com a vontade deles. "Eles precisavam entender que o poder de Deus não é concedido aos homens dessa maneira. Ele sempre deve ser pedido de novo para ser recebido de novo."" Qualquer dom que alguém possa ter não pode ser mantido, com todo poder e força, sem uma contínua confiança naquele que o concedeu. Problemas do tipo que os discípulos enfrentaram não podem ser expulsos exceto através de uma vida de oração persistente e eficiente. Súplicas espasmódicas somente nas emergências não são suficientes. A advertência, entretanto, também representa uma promessa. "A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" (Tg 5:16).

Os dois primeiros episódios desse capítulo sugerem:

1) A adoração no monte, 2-13 e

2) O trabalho no vale, 14-29. Pedro queria desfrutar a agradável situação no topo do monte, mas havia trabalho a ser feito no vale, em baixo. Devemos oferecer ao Senhor a nossa adoração no local designado para a oração, e então ir trabalhar no lugar onde estão as necessidades.

B. A CAMINHO PELA GALILÉIA, Marcos 9:30-50

  1. A Segunda Predição da Paixão (Marcos 9:30-32)

Tendo partido dali (30), evidentemente das regiões de Cesaréia de Filipe, Jesus e os discípulos caminharam pela Galiléia" para não serem reconhecidos. Viajar incógni-to era difícil para qualquer pessoa que fosse tão conhecida como Jesus, e isso nem sem-pre tinha sido possível (Marcos 7:24). Mas o segredo era necessário para que Ele pudesse estar sozinho com os discípulos e instruí-los um pouco mais sobre os acontecimentos que os aguardavam em Jerusalém.

O trabalho de Jesus para mudar o pensamento de seus discípulos representa uma lição no processo de ensinar e aprender. Ele repetidamente os prevenia sobre Seus sofri-mentos e Sua morte, mas eles não entendiam esta palavra (32). Com que persistên-cia deve então um pastor e mestre labutar para levar seus ouvintes a um completo en-tendimento da vida cristã!

As palavras do versículo 31 representam exatamente a essência do que Jesus conti-nuou a ensinar ao longo do caminho O Filho do Homem será entregue" nas mãos dos homens. Estas palavras podem se referir ao plano divino (como em Rm 8:32) ou ao abominável processo pelo qual Jesus seria entregue ao Sinédrio por Judas e daí a Pilatos e aos soldados. Talvez os dois sentidos estejam implícitos (cf. Atos 2:23).

Embora não entendessem esta palavra (32), os discípulos receavam interrogá-lo para receber uma explicação. Talvez não quisessem enfrentar a realidade que iria lançar suas esperanças políticas ao chão.

  1. A Disputa Sobre a Grandeza (Marcos 9:33-37)

Quando chegaram a Cafarnaum (33), Jesus e os discípulos retornaram ao local que havia sido a sua base de operações durante o ministério na Galiléia. Depois de se reuni-rem em casa — provavelmente na casa de Pedro — Jesus perguntou-lhes o que tinham estado discutindo pelo caminho. Essa pergunta era embaraçosa, pois enquanto Jesus falava sobre a proximidade de Sua morte, eles tinham disputado entre si qual era o maior (34). Não é de admirar que eles tenham se calado.

O que levou a essa discussão? Tais questões eram muito importantes na Palestina, uma terra onde a posição de uma pessoa na Sinagoga ou nas refeições dava margem a freqüentes brigas. A questão também pode ter sido abordada pelo reconhecimento que o círculo mais íntimo dos discípulos — Pedro, Tiago e João — recebia freqüentemente, como na Transfiguração. Qualquer que tenha sido a razão, a disputa se revelou como algo mesquinho.
Em um gesto de inspirada paciência, Jesus, assentando-se (35), assumiu a posição característica de um mestre judeu, chamou os doze, e ensinou-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro e servo de todos. Não pode haver dúvida quanto ao significado desse ideal ético. Ele é "idêntico ao conteúdo dos principais mandamentos, ao chamado Conceito Moral e ao ensino de Jesus preservado em Atos — "Mais bem-aventu-rada coisa é dar do que receber".'

Em um "sermão de ação",26 Jesus lançou mão de uma criança, pô-la no meio deles e, tomando-a nos seus braços, disse-lhes (36). Qualquer que receber uma destas crianças em meu nome a mim me recebe (37). Além da intenção fundamental das palavras de Jesus, devemos observar a valorização das crianças. "Se atualmente os homens demons-tram uma grande solicitude para com as criancinhas, que teria deixado os seus antepassa-dos admirados, é necessário lembrar que essa solicitude tem sua origem em um Homem."'

A finalidade desse ato de Jesus era ilustrar o princípio encontrado no versículo 35. A verdadeira grandeza se revela no serviço humilde Quando alguém recebe (literalmente, "acolhe") uma criança, por amor a Cristo (isto é, em Seu Nome), essa pessoa está fazendo isso sem pensar em recompensas e, inconscientemente, está "acolhendo" a Cristo. Ao receber a Cristo, a pessoa estará recebendo o Pai que o enviou; da mesma forma que o mensageiro do rei é considerado como o próprio rei. O objetivo dessa lição era fazer uma dramática repreensão aos discípulos por sua disputa pelo primeiro lugar.

  1. Alguém Desconhecido Expulsa Demônios (Marcos 9:38-41)

Esses versículos foram chamados de "uma lição de tolerância" e de "uma advertên-cia contra o sectarismo". João, que raramente recebe destaque nos Sinóticos, expressou-se nessa ocasião, dizendo: Mestre, vimos um que, em teu nome, expulsava demônios... e nós lho proibimos (38; literalmente, "tentamos impedi-lo"). O Filho do Trovão, que há pouco havia invocado o fogo do céu sobre uma inóspita aldeia samaritana ("da mesma forma que Elias", Lc 9:54), era rigoroso quanto à lealdade do seu grupo.

Em uma censura à intolerância e ao sectarismo, Jesus... disse: Não lho proibais... Porque quem não é contra nós é por nós (38-39). Um paralelo interessante é en-contrado em Números 11:26-29. Em momentos de crise, o Senhor derramou o Seu Es-pírito sobre os líderes de Israel e também sobre homens "não-autorizados", Eldade e Medade. Josué insistiu com Moisés para interromper suas profecias, porém Moisés se recusou, dizendo: "Tens tu ciúmes por mim? Tomara que todo o povo do Senhor fosse profeta" (Nm 11:29). Não é fácil combinar o comprometimento à própria causa com o respeito a outros movimentos, mas este esforço irá receber as bênçãos de Cristo. Edwin Markham disse muito bem:

Ele desenhou um círculo que me excluiu -Rebelde, herético, coisa de escarnecer.

Mas o amor e eu tivemos sabedoria para vencer ‑
Desenhamos um circulo que o incluiu.

O resumo desse assunto está retratado no versículo 41. Os cristãos devem acolher qualquer cooperação sincera mesmo que venha de fontes inesperadas. Se alguém ofere-cer um copo de água fria (41) a um crente, por se tratar de um seguidor de Cristo, essa pessoa — Jesus afirma — de modo algum perderá o seu galardão.

  1. A Ameaça do Inferno (Marcos 9:42-50)

Esses versículos formam uma coleção de certas expressões de Jesus onde uma se origina da outra, mas esse relacionamento pode não seguir um padrão lógico. Às vezes, o versículo 41 está incluso nesse parágrafo.
A frase um destes pequeninos que crêem em mim (42) está se referindo a jovens e imaturos cristãos, incluindo talvez o irmão mais "fraco" de Romanos 14. Qualquer que escandalizar ("ofender") ou levar ao pecado um desses pequeninos deveria morrer primeiro, tão grave é essa ofensa. A mó de atafona seria uma "grande pedra de amolar de um moinho movido a jumento".28 Ser lançado no mar com esse peso pendurado no pescoço certamente significava a morte. A execução através do afogamento da pessoa era uma modalidade da pena de morte adotada pelos romanos. Arruinar ou mutilar a fé de alguém, para levar a pessoa a cair da graça, é um crime horrendo.

Fomos prevenidos de que essas ofensas, isto é, os "escândalos" (Lc 17:1), certamente acontecerão. Alguns poderão vir do exterior, como no versículo 42, mas outras provoca-ções podem vir da própria pessoa (43-48). Em relação a essas, Jesus proferiu as mais solenes advertências.

Embora possamos falar "da mão que rouba, do pé que transgride e do olho cheio de lascívia ou cobiça",' não devemos por isso entender que esses membros físicos sejam a verdadeira causa do pecado.
Literalmente falando, desmembrar o nosso corpo poderá nos impedir de cometer certos pecados exteriores, mas não irá eliminar os desejos corruptos do nosso interior.

Jesus está falando de forma metafórica e hipotética. Na hipótese de que a perda de membros físicos possa nos salvar do pecado, então seria muito melhor perdê-los — não importa o quanto sejam humanamente indispensáveis — do que ser lançado no inferno.

Metaforicamente, somos lembrados aqui de que, na nossa vida, as coisas naturais como mão, pé e olho podem ser tornar ocasiões de tentação e, se assim for, podemos muito bem nos dar ao luxo de sacrificá-las não importa o quão difícil poderá ser a sua separação. O membro da ofensa poderá ser uma amizade, urna associação, uma ambição, qualquer coisa que nos é próxima e querida, e que se mostre subversiva à nossa vitória espiritual.

Nos versículos 45:47 o castigo divino foi descrito com as palavras lançado no inferno. Mas no início do versículo 43 fica muito claro que é o ofensor que prefere (lite-ralmente) "ir" para o inferno através de suas próprias ações.

A palavra para inferno, aquele lugar de tristezas com fogo que nunca se apaga (em grego, asbestos), pode ser traduzida como Geena, o vale de Hinon. Esse vale, abaixo de Jerusalém, havia se tornado um lugar infame durante a época dos últimos reis de Judá por causa do sacrifício de crianças ao deus pagão Moloque (Jr 7:31-19:5-6; 32.35). Mais tarde, esse lugar foi oficialmente profanado (II Reis 23:10) e finalmente se tornou o depósito das sobras e do lixo de Jerusalém. "Lá rastejavam os vermes corruptores e o fogo era mantido continuamente aceso com a finalidade de consumir o refugo.'

Devemos nos lembrar que a descrição da condição futura dos impenitentes, contida nesses versículos, vem do próprio Senhor Jesus. Por mais severa que a linguagem possa ser, ela é bíblica (Is 66:24) e é parte integrante dos ensinos do Senhor.

A mensagem é clara: Nenhum sacrifício é demasiado grande quando se trata de entrar no Reino de Deus (47; sinônimo de vida eterna — versículos 43:45) e de evitar o geena,' onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga (48).32 A palavra bicho pode se referir aos tormentos da memória e fogo aos desejos insatisfeitos.

Os versículos restantes (49-50) contêm três ditados bem resumidos na frase "salgan-do de forma inevitável e indispensável". "As palavras cada um será salgado com fogo (49) geralmente significam que todos os discípulos devem passar pelo fogo da purifica-ção, principalmente pelo Espírito, mas também através da disciplina e da perseguição. Assim como cada sacrifício devia ser salgado com sal (Lv 2:13)," cada seguidor de Cristo deve ser purificado pelo fogo para ser aceitável a Deus.

O sal (50) é realmente bom. Quanta insipidez e corrupção vêm através da sua au-sência! Quando um crente perde seu sal ele se torna inútil (cf. Mt 5:13). Ele é "como uma bomba que explodiu, uma cratera queimada, uma força perdida".' Os cristãos devem ter o cuidado de possuírem sal em si mesmos, isto é, possuírem as qualidades cristãs para estar em paz, uns com os outros. Os discípulos que estavam discutindo (33) precisa-vam dessa admoestação.


Champlin

Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
Champlin - Comentários de Marcos Capítulo 9 versículo 35
Mt 20:26-27 e paralelos; Mt 23:11.

Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de Marcos Capítulo 9 do versículo 1 até o 50
*

9:1

com poder o reino de Deus. Ver referência lateral. A vinda do reino “com poder” parecia estar associada com a ressurreição de Jesus, desde que será testemunhada por alguns “dos que aqui se encontram” e é também descrita como uma “vinda com poder” (Rm 1:4). A transfiguração, que se segue a esta expressão, é um cumprimento intermediário e imediato das palavras de Jesus, uma vez que antecipa a manifestação do poder da ressurreição e da glória divina. Ver nota em Mt 16:28.

* 9:2

Seis dias depois. Em Êx 24:16, “seis dias” é também o período de preparação para receber a revelação e testemunhar uma visão da glória divina (uma teofania; 6.50, nota).

Pedro, Tiago e João. Estes três podem representar os Doze, exatamente como Pedro sozinho pode (8.29; Mt 16:18; At 2:14).

a um alto monte. Ambos Moisés (no Sinai, Êx 24) e Elias (em Horebe, 1Rs 19), foi dada a visão da presença teofânica de Deus no alto da montanha.

transfigurado. Lit., “mudou de forma”. Este verbo grego é usado por Paulo para descrever a presente obra do Espírito na vida interior do crente (Rm 12:2; 2Co 3:18). Aquela obra será completada quando este mesmo Espírito der “vida a vossos corpos mortais”, como quando ele ressuscitou Jesus dentre os mortos (Rm 8:11), e como aqui, na momentânea glorificação de Jesus. Ver nota teológica “A Transfiguração de Jesus”, índice.

* 9:4

Elias com Moisés. A transfiguração liga a antiga Aliança à nova, ligando diretamente Moisés e Elias, representantes da Lei e dos Profetas, com Jesus e seus apóstolos, mensageiros da completa redenção.

* 9:5

façamos três tendas. Pedro, talvez, deseje capturar e prolongar a glória, de modo a evitar o sofrimento do qual Jesus já tinha falado (8.31-33).

* 9:7

Este é o meu Filho amado. A declaração celestial é um ponto alto da divina revelação concernente à identidade de Jesus. Exatamente como Deus tinha se revelado na teofania do Sinai, como “o SENHOR Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade” (Êx 34:6), assim, agora, ele se revela como quem fala através do seu amado Filho (Jo 1:17; 3:16; Hb 1:2).

a ele ouvi. Esta frase representa uma repreensão a Pedro bem como uma declaração concernente à autoridade do Filho, como revelador e profeta da nova aliança. Estas palavras ecoam Dt 18:15, e identificam Jesus, como o grande profeta semelhante a Moisés.

* 9:9

ordenou-lhes... que não divulgassem. Ver nota em 1.34 e 8.30.

até ao dia em que o Filho do homem ressuscitasse dentre os mortos. O testemunho público e aberto à glória de Jesus é para ser reservado para depois da plena realização da redenção.

* 9:10

que seria o ressuscitar dentre os mortos. A confusão dos discípulos surge da expectação judaica, de uma ressurreição geral, nos últimos dias, mas não de uma ressurreição individual, no meio da história.

* 9:12

Elias, vindo primeiro. Ainda que João Batista não seja Elias pessoalmente ressuscitado dentre os mortos (6.14-16, conforme Jo 1:21), Jesus ensina que Elias foi, em verdade, o tipo no Antigo Testamento que prefigurava o ministério de João Batista (conforme Lc 1:17).

* 9:13

e fizeram com ele. Exatamente como Elias sofreu nas mãos de Acabe e Jezabel (1Rs 19:1-10), assim João Batista sofreria nas mãos de Herodes e Herodias (6.18, nota). Se João, que restaurou todas as coisas por chamar o povo ao arrependimento e à piedade foi posto à morte, deveria ser surpresa (v. 12) se o Filho do homem sofresse a mesma sorte?

* 9:17

possesso de um espírito mudo. A possessão demoníaca é claramente distinta de uma doença comum (7.31-37), ainda que em ambos os casos a pessoa não possa falar. Compare 1.24, 25; 5:2-15.

* 9:19

Ó geração incrédula. A impaciência de Jesus com a falta de fé dos discípulos e a frustração com a cena geral de descrença e incapacidade, quando ele retorna do monte da Transfiguração, é uma reminiscência da descida de Moisés do Monte Sinai, ao encontrar descrença e infidelidade no arraial dos israelitas (Êx 32).

* 9:25

a multidão concorria. A situação é ainda volátil. O cego entusiasmo da multidão coloca Jesus num dilema: quer ministrar compassivamente ao sofrimento do povo, sem comprometer o plano global da redenção.

eu te ordeno. O poder espiritual de Jesus leva o demônio a gritar (v. 26). Ver “Demônios”, em Dt 32:17.

* 9:28

em particular. Ver nota em 8.32.

* 9:31

ensinava os seus discípulos. Freqüentemente, Jesus dá prioridade ao treino dos Doze. Jesus repete, visando dar ênfase e por causa da lição ainda não aprendida, aquilo que ele tinha ensinado anteriormente em 8.31.

* 9:33

em casa. Ver nota em 2.1.

* 9:34

qual era o maior. Dada a importância de honra naquela sociedade, uma tal preocupação desempenhava um significativo papel na mente do povo (conforme 10:35-45). Jesus está introduzindo uma revolução neste modo de pensar, sem destruir a noção de hierarquia funcional. Ver nota em 5.37.

* 9:35

chamou os doze. Outra vez, os Doze são chamados à parte (3.14), e a posição de liderança deles é explicitamente reconhecida.

Se alguém quer ser o primeiro. Jesus não está atacando a posição de liderança, mas está mostrando o modo de essa liderança ser exercida (isto é, como “último e servo de todos”). Este princípio é exemplificado pelo próprio Jesus, que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (10.45). A maneira abnegada de Jesus cumprir o seu papel Messiânico, que é o primeiro e mais importante no reino, oferece o padrão para seus discípulos em todos aqueles papéis secundários, que eles podem desempenhar no reino de Deus.

* 9:36

uma criança. Lit. “infante”. A dignidade concedida por Deus a todo ser humano é exemplificada pela criança. Este mais fraco dos seres humanos deve ser servido do mesmo modo, como são servidos os maiores (9.35, nota).

* 9:38

o qual não nos segue. Esta frase não nega que o homem fosse um seguidor de Jesus; ele estava expulsando demônios em nome de Jesus. Provavelmente, a frase signifique que esse homem não reconhecia a autoridade dos Doze. Sem tirar a prerrogativa dos Doze, porém, e percebendo o orgulho e exclusivismo deles (9.35, nota; 10:35-45), Jesus se recusa a condenar aquele de quem os discípulos estão falando. Ao invés disso, ele ensina que o apoio e a comunhão de todos os que defendem sua causa devem ser gratamente reconhecidos.

* 9:41

que vos der... em meu nome. Todos os atos de misericórdia, de cuidado e de cura feitos em nome de Jesus (isto é, com o entendimento, ação e propósito de servi-lo) são eternamente reconhecidos como evidência de verdadeiro discipulado.

* 9:42

quem fizer tropeçar. “Pequeninos” pode referir-se às crianças (v. 36) ou aos crentes considerados insignificantes (v. 39). Comprometer a fé daqueles de pequena importância para o mundo, por exemplo, através do uso egoísta e inconsiderado de poder (v. 35, nota), exige a mais severa punição (v. 43).

* 9:43

corta-a. Esta admoestação deve ser entendida como uma espécie de exagero empregado na linguagem para atingir a um objetivo (conforme vs. 45-47). Jesus está falando das difíceis renúncias de hábitos pecaminosos. Ver nota teológica “Inferno”, índice .

* 9.44-46. Ver referência lateral. Os versículos 44:46 não aparecem em alguns dos mais antigos manuscritos, mas a frase é encontrada também no v. 48.

* 9:49

salgado com fogo. O sal é associado com o sacrifício em Lv 2:13; Ez 43:24. O dito pode significar que, por contraste com o fogo da destruição — de que acabara de falar — os crentes perseverarão através do fogo e serão purificados por ele.

* 9:50

Tende sal em vós mesmos. A figura do sal descreve o verdadeiro discipulado. O sal tem a função de preservar. Jesus está falando aos seus discípulos para usar a humildade e o serviço para preservar a paz da igreja, ao invés de dividi-la pelo desejo de ser grande (v. 34).


Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de Marcos Capítulo 9 do versículo 1 até o 50
9:1 O que quis dizer Jesus quando afirmou que alguns de seus discípulos veriam o advento do Reino? Há várias possibilidades. Possivelmente prediziam seu transfiguración, ressurreição e ascensão, a vinda do Espírito Santo no Pentecostés ou sua Segunda Vinda. A transfiguración é uma boa possibilidade porque é o acontecimento que segue no relato do texto. Na transfiguración (9.2-8), Pedro, Jacóo e João viram a verdadeira identidade e o poder do Jesus como Filho de Deus (2Pe 1:16).

9:2 Não sabemos por que escolheu ao Pedro, Jacóo e João para esta extraordinária revelação. Possivelmente eram os melhor preparados para entender e aceitar a grande verdade que lhes revelou. Constituíam o círculo íntimo do grupo dos doze. Estavam entre os que primeiro ouviram o chamado do Jesus (1.16-19). Encabeçavam a lista dos discípulos nos Evangelhos (3.16). E estiveram presentes em certas sanidades nas que outros se excluíram (Lc 8:51).

9:2 Jesus levou aos discípulos ao monte Hermón ou ao monte Tabor. Freqüentemente uma montanha se associava com cercania a Deus e melhor disposição a receber suas palavras. Deus apareceu ao Moisés (Ex 24:12-18) e ao Elías (1Rs 19:8-18) em uma montanha.

9.3ss A transfiguración revelou a verdadeira natureza de Cristo como Filho de Deus. A voz de Deus separou ao Jesus do Moisés e Elías apresentando-o como o esperado Messías com a mais completa autoridade divina. Moisés representava a Lei e Elías aos profetas. Sua aparição junto ao Jesus simbolizava o cumprimento tanto da Lei do Antigo Testamento como das promessas dos profetas.

Jesus não era uma reencarnação do Elías nem do Moisés. Não era um dos profetas. Como o unigénito Filho de Deus, superava-os em muito sua autoridade e poder. Muitas vozes tratam de nos dizer como viver e conhecer deus pessoalmente. Algumas dessas sugestões ajudam; outras, não. Primeiro devemos ouvir o Jesus e logo avaliemos essas vozes à luz da revelação do Jesus.

9.9, 10 Jesus pediu ao Pedro, ao Jacóo e ao João que não dissessem nada a respeito do presenciado porque não os compreenderiam até que O ressuscitasse. Então se dariam conta que solo morrendo podia ressuscitar, mostrando seu poder sobre a morte e sua autoridade para ser Rei de tudo. Os discípulos não seriam testemunhas poderosas de Deus enquanto não captassem por completo essa verdade.

Era natural que os discípulos se sentissem confundidos a respeito da morte e ressurreição do Jesus, pois não podiam ver o futuro. Por outro lado, temos a Bíblia, que é a verdade total revelada Por Deus. A Bíblia nos dá o significado completo da morte e ressurreição do Jesus. Não temos, então, desculpa para nossa incredulidade.

9.11-13 Quando Jesus disse que Elías sem dúvida já tinha vindo, referia-se ao João o Batista (Mt 17:11-13), quem desempenhou o rol que Elías profetizou.

9.12, 13 Aos discípulos foi difícil entender que seu Messías teria que sofrer. Quão judeus estudavam as profecias do Antigo Testamento esperavam que o Messías seria um grande rei, como Davi, que esmagaria ao inimigo: Roma. Sua visão se limitava a seu tempo e experiência.

Não conseguiam captar que os valores do Reino eterno de Deus eram diferentes aos valores do mundo. Queriam alívio para seus problemas, mas a liberação do pecado é mais importante que a do sofrimento físico e da opressão política. Nossa compreensão e apreciação do Jesus deve ir além do que O pode fazer por nós aqui e agora.

9:18 por que os discípulos não puderam jogar fora ao demônio? Em Mc 6:13 lemos que saíram em missão às aldeias e jogavam fora demônios. Possivelmente receberam uma autoridade especial solo para essa viagem; ou talvez sua fé decaiu. Marcos conta esta historia para mostrar que a batalha com Satanás é difícil e crescente em conflitos. A vitória sobre o pecado e a tentação vem através da fé no Jesucristo, não mediante nosso esforço.

9:23 Estas palavras do Jesus não significam que podemos obter automaticamente algo que desejamos se pensarmos em forma positiva. O diz que algo é possível com fé porque nada é muito difícil para Deus. Não podemos obter por arte de magia cada coisa que pedimos em oração; mas com fé, podemos ter algo que necessitamos para lhe servir.

9:24 A atitude de confiar que a Bíblia chama crença ou (Hb_11:6), não é algo que possamos obter sem ajuda. Fé é um dom de Deus (Ef 2:8-9). Não importa quanta fé tenhamos, nunca alcançaremos o ponto de auto-suficiência. A fé não se armazena como se guarda o dinheiro no banco. Crescer na fé é um processo constante de renovação diária de nossa confiança no Jesus.

9:29 Jesus disse a seus discípulos que teriam que enfrentar situações difíceis que resolveriam unicamente através da oração. A oração é a chave que destrava a fé em nossas vidas. A oração eficaz requer de uma atitude (completa dependência) e uma ação (pedir). A oração demonstra nossa confiança em Deus quando com humildade lhe convidamos a que nos encha de poder. Não há substituto para a oração, sobre tudo em circunstâncias que parecem impossíveis.

9.30, 31 Às vezes Jesus limitava seu ministério público em preparar bem a seus discípulos. Reconhecia a importância de equipá-los para que seguissem adiante quando O retornasse ao céu. Toma tempo aprender. O crescimento espiritual profundo não se consegue em um instante, não importa a qualidade da experiência nem o ensino. Se os discípulos necessitavam periodicamente separar do trabalho para aprender do Professor, quanto mais nós precisamos alternar o trabalho com a aprendizagem.

9.30, 31 Ao sair da Cesarea do Filipo, Jesus iniciou seu último percorrido através da região da Galilea.

9:32 por que os discípulos temiam perguntar ao Jesus a respeito de sua morte? Possivelmente porque os admoestaram a última vez que reagiram ante as palavras do Jesus (8.32, 33). Para eles, Jesus estava obcecado com a morte. Mas a verdade era que os discípulos estavam mal orientados, pois não faziam mais que pensar no reino que acreditavam que Jesus fundaria e nas posições que ocupariam no mesmo. Preocupava-lhes o que lhes ocorreria se Jesus morria e, por conseguinte, preferiam não falar de suas profecias.

9:34 Aos discípulos os surpreenderam em suas constantes discussões a respeito de lucros pessoais e os ameaçaram a responder a pergunta do Jesus. É sempre doloroso comparar nossos motivos com os de Cristo. Não é mau que os crentes tenham aspirações nem que sejam laboriosos, mas é pecado ter aspirações inapropriadas. O orgulho ou a insegurança podem nos levar a valorar mais a posição ou o prestígio que o serviço. No Reino de Deus, tais motivos são destrutivos. Devemos lutar pelo Reino de Cristo e não para nosso benefício.

9.36, 37 Jesus ensinou a seus discípulos a receber aos meninos. Isto foi algo novo em uma sociedade onde os meninos pelo general se tratavam como cidadãos de segunda classe. É importante não só tratar bem aos meninos, a não ser lhes ensinar a respeito do Jesus. A Escola Dominical para meninos nunca deve considerar-se menos importante que o estudo bíblico dos adultos.

9:38 Mais preocupados com a posição em seu grupo que por liberar aos atormentados pelos demônios, os discípulos sentiram ciúmes de um homem que sanava no nome do Jesus. Hoje em dia, muitas vezes fazemos o mesmo ao não participar de causas dignas porque: (1) não são membros de nossa denominação, (2) não se relacionam com a classe de gente com a que nos sentiríamos bem, (3) não fazem as coisas como nós as faríamos, (4) nossos esforços não recebem suficiente reconhecimento. A boa teologia é importante, mas isso nunca será desculpa para evitar ajudar aos que padecem necessidade.

9:40 Jesus não diz que ser indiferente ou neutro em relação ao é tão bom como nos entregar ao. Como o explicou em Mt 12:30: "que não é comigo, contra mim é". Não obstante, seus seguidores não se pareceriam nem pertenceriam ao mesmo grupo. A gente que está do mesmo lado que Jesus possui a mesma meta de edificar o Reino de Deus e não deveria permitir que suas diferenças interfiram em alcançar a meta. Jesus ensinou que gente muito diversa lhe seguiria e faria obras em seu nome. Todos os que têm fé em Cristo estão em condições de cooperar. A gente não tem que ser igual a nós para seguir ao Jesus.

9:41, 42 Lc 9:48 insígnia que nossa preocupação por outros é a medida de nossa grandeza. Aos olhos do Jesus, quem quer que receba a um menino recebe ao Jesus; dar um copo de água a alguém em necessidade é o mesmo que dar uma oferenda a Deus. Por contraste, causar machuco a outros ou não nos interessar em outros é pecado. É possível que descuidados e egoístas obtenham um grau de grandeza aos olhos do mundo, mas a grandeza permanente solo se mede pelas normas de Deus. O que usamos como medida de grandeza: realização pessoal ou serviço desinteressado?

9:42 Esta advertência contra causar machuco aos peque�itos na fé se aplica tanto ao que fazemos pessoalmente como professores e exemplos como ao que permitimos em nosso companheirismo cristão. Nossos pensamentos e ações devem motivá-los o amor (1 Corintios
13) e devemos ser cuidadosos quando de julgar a outros se trata (Mt 7:1-5; Romanos 14:1-15.4). Entretanto, temos o dever de enfrentar os pecados flagrantes na igreja (1Co 5:12-13).

9.43ss Jesus usou uma linguagem bastante forte para ilustrar a importância de tirar o pecado de nossas vidas. A disciplina que dói é necessária nos verdadeiros seguidores. Ceder a uma relação, trabalho ou hábito contrário à vontade de Deus pudesse ser tão doloroso como cortar uma mão. Nossa meta máxima, entretanto, vale todo sacrifício, Cristo é mais importante que qualquer perda. Nada deve interpor-se no caminho da fé. Devemos ser desumanos em remover o pecado de nossas vidas para evitar sofrer por toda a eternidade. Façamos nossa decisão de uma perspectiva eterna.

9.48, 49 Com estas estranhas palavras, Jesus quis assinalar as conseqüências sérias e eternas do pecado. Para os judeus, vermes e fogo representavam os dores internos e externos. O que seria pior?

9:50 Jesus usou o sal para ilustrar três qualidades que devem achar-se na vida de seu povo:

(1) Deveríamos recordar sempre a fidelidade de Deus; o sal se usava nos sacrifícios para recordar o pacto de Deus com seu povo (Lv 2:13).

(2) Deveríamos ser eficazes em amadurecer o mundo em que vivemos, assim como o sal o é em dar sabor à comida (veja-se Mt 5:13).

(3) Deveríamos neutralizar a moral decadente da sociedade, assim como o sal preserva os mantimentos da decomposição. Quando perdemos o desejo de "dar sabor" à terra com o amor e a mensagem de Deus, voltamo-nos imprestáveis para O.


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de Marcos Capítulo 9 do versículo 1 até o 50
O reino de Deus veio com o poder no dia de Pentecostes e, durante a Era Apostólica. Isso parece ser o que Jesus estava prevendo aqui.

e. Transfiguração de Jesus (9: 2-8)

2 Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os conduziu em particular a um alto monte por si só, e foi transfigurado diante deles; 3 e as suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, tais como nenhum lavandeiro sobre terra as poderia branquear. 4 E apareceu-lhes Elias com Moisés, e falavam com Jesus. 5 Respondendo, Pedro disse a Jesus: Mestre, é bom para nós estarmos aqui, e façamos três tendas; uma para ti, outra para Moisés e outra para Ec 6:1 Pois não sabia o que responder; para eles se tornaram muito medo. 7 E veio uma nuvem que os cobriu; e ouviu-se uma voz fora da nuvem, Este é o meu Filho amado; a ele ouvi. 8 E, de repente olhando em redor, não viram a ninguém mais, salvar só a Jesus.

Este foi um dos momentos altos do ministério terreno do Filho de Deus. Talvez o seu objectivo era, pelo menos em parte, para confirmar Pedro na verdade da sua recente declaração da divindade de Jesus (Mc 8:29 ). Agora, ele e os outros dois do círculo interno tiveram o privilégio de vislumbrar a glória de Deus, na face de Jesus Cristo.

O relato de Marcos está intimamente paralelo ao de Mateus (ver em Mt 17:1 ). Este último só diz de Jesus que "seu rosto resplandeceu como o sol." Marcos acrescenta à descrição das vestes brancas brilhando: "tais como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia branquear" (v. Mc 9:3 ). Significativamente, ele diz de Pedro: "Por que ele não sabia o que responder" (v. Mc 9:6 conforme Lc 9:33 ). Ele não sabia o que dizer; então ele disse alguma coisa. Isso foi Pedro!

f. Identificação de Elias (9: 9-13)

9 E como eles estavam descendo do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, salvo quando o Filho do homem deveria ter ressuscitado dos mortos. 10 E eles guardaram o ditado, questionando entre si . o que a ressurreição dos mortos deve significar 11 . E perguntaram-lhe, dizendo: Como é que é ? que os escribas dizem que Elias deve vir primeiro 12 E disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, a restaurar todas as coisas: e como é que está escrito do Filho do homem, que ele deveria sofrer muito e ser aviltado? 13 Mas digo-vos que Elias já veio, e eles também fizeram-lhe tudo o que quiseram, como está escrito a ele.

No caminho para baixo da montanha Cristo disse aos três discípulos para não contar a ninguém sobre sua transfiguração até depois que Ele ressuscitou dentre os mortos. Marcos sozinho acrescenta que eles estavam "questionando entre si o que a ressurreição dos mortos deve significar" (v. Mc 9:10 ). Embora a ressurreição tinha sido incluído na primeira previsão da Paixão (Mc 8:31 ), os discípulos não tinha entendido o que Jesus quis dizer, nem eles agora compreender a verdade.

Mateus e Marcos ambos gravar a pergunta dos discípulos sobre a profecia de que Elias precederia o Messias. Jesus respondeu que Elias já tinha vindo para restaurar todas as coisas (ver em Mt 17:11. ). Mateus sozinho acrescenta a explicação de que Jesus estava se referindo a João Batista. Esta ênfase no cumprimento da profecia é uma das características desse Evangelho.

g. Cura de Epilepsia (9: 14-29)

14 E quando eles vieram para os discípulos, viram uma grande multidão sobre eles, e alguns escribas a discutirem com eles. 15 E logo toda a multidão, vendo-o, ficou espantada e, correndo para ele, o saudavam. 16 E perguntou- lhes: Que pergunta vos com eles? 17 E um da multidão, respondendo ele. Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo; 18 e onde quer que ela se apodera dele, ele dasheth-lo para baixo, e ele espuma, e grindeth os dentes, e vai definhando; e eu pedi aos teus discípulos que o elenco -lo; e eles não foram capazes. 19 E ele Respondeu-lhes e disse: Ó geração incrédula, até quando devo estar com você? quanto tempo devo suportar-vos? trazê-lo a mim. 20 E trouxeram-no a ele; e quando o viu logo o espírito o agitou com violência gravemente; e ele caiu no chão, e se revolvia a formação de espuma. 21 E ele perguntou ao pai: Há quanto tempo é que uma vez que este tem vindo a ele? E ele disse: A partir de uma criança. 22 E tantas vezes vezes o tem lançado tanto no fogo e na água, para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda- Nu 23:1 E Jesus disse: -lhe: Se tu podes! . Tudo é possível ao que crê 24 Imediatamente o pai do menino, clamando, disse: Eu creio; ajuda a minha incredulidade. 25 E Jesus, vendo que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Tu Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e não entres mais nele. 26 E, gritou, e rasgado muito dele, ele saiu: e o menino tornou-se como um morto; de modo que a maior parte disse: Ele está morto. 27 Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu; e ele se levantou. 28 E, quando chegou em casa, seus discípulos lhe perguntaram em particular, Como é que não pudemos nós expulsá-lo? 29 E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma, salvar oração.

A maioria dos incidentes nesta seção do Evangelho são registrados em todos os três sinóticos. Notamos que Mateus tem a maior conta da confissão de Pedro em Cesareia de Filipe. Ele e Marcos dedicar aproximadamente igual espaço para os eventos que ocorrem entre essa ocasião e este. Mas aqui Marcos retoma o seu padrão habitual de dar detalhes mais vívidos em sua narrativa do que os outros.

O versículo 15 é peculiar a este Evangelho. Parece que a multidão estava animado com a aparência do rosto de Jesus. Talvez o brilho de sua transfiguração ainda permanecia lá. Nós temos um paralelo no caso de Moisés. Quando ele desceu do monte Sinai, depois de passar 40 dias em estreita comunhão com Deus, seu rosto brilhou tão intensamente que as pessoas tinham medo de chegar perto dele (Ex 34:30 ). A forte verbo composto grega traduzida muito espantado sugere algo semelhante no caso de Jesus.

Mateus só identifica o menino como um epiléptico (ver em Mt 17:15. ). Mas Marcos (v. Mc 9:18) e Lucas (Mc 9:39) descrever os ataques epiléticos em termos semelhantes. Eles também concordam em afirmar que, quando Jesus pediu para o menino para ser levado a Ele, o demônio tomou violentamente o seu último apesar da pobre vítima (v. Mc 9:20 ; Lc 9:42 ). Marcos acrescenta que o rapaz caiu no chão, e se revolvia a formação de espuma. A descrição é claramente a de epilepsia, aparentemente induzida no seu caso por possessão demoníaca.

Marcos só conta como o pai em desespero gritou: se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos (v. Mc 9:22 ). The Standard Version americano aponta a força da resposta de Jesus: ! Se tu podes (v. Mc 9:23 ). O grego diz literalmente: "O 'se tu podes.'"Ou seja, o Mestre pegou as próprias palavras o homem tinha usado e jogou-os de volta para ele. Ele parece implicar: O que quer dizer, dizendo: "Se tu podes"? A incerteza não é da minha parte, mas o seu. Tudo é possível ao que crê. Eu sou capaz e disposto, mas você deve ter fé.

Humildade e sinceridade, o homem encontrou desafio de Jesus. Ele gritou: Eu acredito; Ajuda a minha incredulidade (v. Mc 9:24 ). Ele estava exercendo o que William Tiago chamou de "a vontade de acreditar." Ele percebeu que ele tinha que ter a ajuda divina, a fim de acreditar, que, naturalmente, o seu coração inclinado para a incredulidade. A palavra grega para ajuda significa, literalmente, "run no pedido de ajuda." O homem reconheceu a sua necessidade imediata. E o seu pedido foi atendido.

Marcos só fala da multidão correndo juntos e dá as palavras de Jesus para o espírito imundo: Tu Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e não entres mais nele (v. Mc 9:25 ). A última cláusula deve ter sido uma garantia muito reconfortante para o pai distraído. Para saber que nunca haveria uma recorrência da aflição era um consolo maravilhoso.

Com ódio malicioso o demônio gritou de raiva, e de ter arrancado-lhe muito -melhor ", agitou-o muito" -came para fora, deixando a vítima aparentemente morto (v. Mc 9:26 ). Mas Jesus ressuscitou e lhe restituiu a seu pai.

Quando os discípulos perguntaram em particular a respeito de porque não poderia expulsar o demônio, Jesus informou-os de que o poder espiritual vem somente através da oração (v. Mc 9:29 ). A frase acrescentou, "e jejum" (KJV), não é encontrado nos dois primeiros manuscritos gregos (4 cent.).

h. Prediction of Passion (9: 30-32)

30 E saíram dali, passavam pela Galiléia; e ele não que qualquer homem deve saber isso. 31 porque ensinava a seus discípulos, e disse-lhes: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão; e quando ele é morto, depois de três dias ressurgirá. 32 Mas eles não entendiam esta palavra, e tinham medo de perguntar a ele.

Este segundo previsão da paixão de Cristo ocorreu enquanto ele e seus discípulos voltaram para o sul através da Galiléia de sua viagem ao norte de Cesareia de Filipe. Por causa das multidões inevitáveis ​​que sempre se aglomeravam em torno dele, na Galiléia, Jesus procurou manter Seus movimentos secreto (v. Mc 9:30 ). A razão para isso é dada no versículo 31 : Por que ele ensinou (literalmente, "estava ensinando") seus discípulos . O ministério mais importante do Mestre era agora aos Seus apóstolos, que Ele escolheu para continuar depois de sua morte. Ele não queria que as multidões de curiosos para interferir com isso.

O segundo previsão era muito parecido com o primeiro (conforme Mc 8:31 ). É ENTREGUE (literalmente, "está sendo entregue") enfatiza a iminência e certeza da sua vinda traição, morte e ressurreição. Mas, mesmo ainda os discípulos não entenderam o significado do que seu Mestre estava dizendo (v. Mc 9:32 ).

Eu. Voltar em Cafarnaum (9: 33-37)

33 E eles chegaram a Cafarnaum e, quando ele estava em casa, Jesus perguntou-lhes: Que fostes raciocínio no caminho? 34 Mas eles se calaram, pois tinham disputado um com outro a caminho, que era o maior. 35 E sentou-se, chamou os doze; E disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos eo servo de todos. 36 E, tomando um menino, colocou-a no meio deles, e tomando-o nos braços, ele disse-lhes: 37 Qualquer que receber um destes meninos em meu nome, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, não me recebe a mim, mas aquele que me enviou.

Uma das principais ênfases, mais freqüentemente recorrentes no ensino de Jesus era sobre a suprema importância da humildade. Ele voltou a este (conforme novo e de novo Mc 10:15 , Mc 10:43-44 ; Mt 10:40. ; Mt 18:1 ; Mt 20:26 ; Lc 9:46 ; Lc 10:16 ; Lc 18:17 ). Não existe tal coisa como a semelhança de Cristo, sem profunda, sincera humildade.

Quando Jesus voltou para a sua cidade sede de Cafarnaum, perguntou a seus discípulos uma pergunta embaraçosa: ? Quais eram estáveis ​​discutindo pelo caminho Eles eram tão envergonhado de si mesmos que eles calaram-se . Para eles haviam discutido sobre quem era o maior, Mateus diz: "o maior no reino dos céus" (Mt 18:1 ).

O egoísmo orgulhoso e egoísta desses discípulos, depois de muitos meses com o Mestre, é desconcertante. Tinham aprendido tão pouco com o seu exemplo! No entanto, a mesma atitude mostra-se muitas vezes em círculos da Igreja hoje. O cristão deve buscar o poder espiritual, em vez de posição eclesiástica. Ele deveria se preocupar mais com o serviço do que status.

Todos os três sinóticos dizer como Jesus usou uma criança como um exemplo de humildade. Caracteristicamente Marcos acrescenta, e levá-lo em seus braços (v. Mc 9:36 ). O terno amor do Mestre deixou uma impressão em corpulento Pedro.

Em meu nome (v. Mc 9:37) é usado no Talmud judaico no sentido de "por minha causa, por minha causa." Esse é o sentido aqui. Receba significa "bem-vindo." Ele sugere tratar com bondade, não virar friamente distância.

j. Repreensão de sectarismo (9: 38-50)

38 João disse-lhe: Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome; e nós lho proibimos, porque não nos seguia. 39 Mas Jesus disse: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo depois falar mal de mim. 40 Porque aquele que está não contra nós é por nós. 41 Porque todo aquele que lhe dar um copo de água para beber, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que, ele deve de modo algum perderá a sua recompensa. 42 E todo aquele que causar um destes pequeninos que acreditam em mim a tropeçar, seria melhor para ele se uma pedra de moinho amarrada ao seu pescoço, e que fosse lançado no mar. 43 E se a tua mão te escandalizar, corta-a: é bom para ti entrares na vida aleijado, do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. 45 E, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-a; melhor é para ti entrares coxo na vida, ao invés de ter a tua dois pés, seres lançado no inferno. 47 E, se o teu olho te fizer tropeçar, lança-o para fora: é bom para ti entrares no reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no inferno; 48 . onde o seu verme não morre eo fogo não se apaga 49 Para cada um será salgado com fogo. 50 Bom é o sal; mas se o sal perde seu sabor salgado, com que o haveis de temperar? Tende sal em vós mesmos, e estar em paz uns com os outros.

Este incidente (gravada também em Lc 9:49) revela uma atitude sectária estreito por parte do apóstolo João. Talvez a menção de "em meu nome" lembrou de um incidente que tinha acabado de acontecer. Tendo observado um homem expulsar demônios em teu nome, ele proibiu-o . O imperfeito é mais precisamente traduzido ", tentou contê-lo." O motivo foi que ele não nos seguiram . Note que ele não diz: "Ele não estava seguindo ti." O paralelo moderno seria a de se opor a alguém que trabalhou em nome de Cristo, só porque ele não pertencia à nossa seita ou denominação. O sectarismo é uma negação do cristianismo do Novo Testamento. João Wesley colocar desta forma: ". Confinar a religião para eles que nos seguir é uma estreiteza de espírito que devemos evitar e abominar"

A resposta de Jesus foi literalmente: "Pare de tentar contê-lo." Em seguida, Marcos sozinho acrescenta observação sane do Mestre que ninguém que estava operando milagres em Seu nome seria rapidamente falar mal de Deus (v. Mc 9:39 ).

No verso da superfície 40 , pois quem não é contra nós é por nós , parece ser uma contradição de "quem não é por mim é contra mim" (Mt 12:30. ; Lc 11:23 ). Mas o primeiro tem a ver em grande parte com conduta exterior, enquanto o segundo refere-se a atitude interior. Plummer observa que o primeiro é para ser usado em "julgar outras pessoas", o último em Ele acrescenta "julgar a nós mesmos.": "Se não temos certeza de que os outros são contra Cristo, devemos tratá-los como sendo para Ele; se não temos certeza de que estamos no Seu lado, temos razão para temer que nós somos contra Ele. "

O versículo 41 continua o ensinamento de Jesus em relação às crianças que haviam sido interrompidas por João. Porque vós sois é, literalmente, "em nome de que sois." Mesmo o ato de dar um copo de água a um humilde seguidor de Jesus não ficará sem recompensa. Em vez de repreender aqueles que não seguem nós devemos tratá-los com bondade.

O Mestrado em seguida, emitiu algumas advertências muito solenes contra causando um destes pequeninos que crêem em mim o mesmo que o convertido mais fraco para Cristo- a tropeçar. Para o significado de tropeço e grande mó veja as notas emMateus 18: 6-9 .

Inferno (v. Mc 9:43 ), não é aqui Hades, o lugar dos espíritos que partiram, mas Geena , o lugar de tormento. Ela é descrita como a insaciável (em grego, amianto) fogo . O nome Geena referia-se originalmente para o Vale de Hinom, ao sul das muralhas de Jerusalém. Aqui os israelitas no tempo de Manassés tinha oferecido os seus filhos para o ídolo pagão, Moloch (Jr 7:31 ). Mais tarde Josias profanou o lugar (2Rs 23:10 ), e tornou-se o lixão da cidade, onde o lixo e lixo foram tiradas. Seu fogo queimando continuamente se tornou um símbolo de ajuste do inferno. Jesus assumiu o uso judaico deste termo.

Bickersteth tem uma boa aplicação das advertências dadas nos versículos 43 , 45 e 47 . Ele diz: "Se o seu parente ou seu amigo, que é útil ou caro para você como sua mão, o pé, ou seu olho, você está desenhando em pecado, o cortou de você, para que não atraí-lo para o inferno."

Deve notar-se que versos Mc 9:44 e Mc 9:46 são omitidas nas versões revistas. Isso é porque eles não são encontrados nos mais antigos manuscritos gregos (Aleph BCL). Mas eles são idênticos com o versículo 48 , que é genuíno.

No Vale de vermes Hinnom e incêndio destruiu o lixo. Em uso desses dois símbolos de Jesus, o verme pode ser pensado como as corroído pelo uma consciência culpada, e fogo como as memórias inextinguível de vida passada de um, com suas oportunidades perdidas para serem salvos do pecado e sua pena.

Essa é uma descrição terrível de tormento eterno. Note-se que estas advertências mais fortes contra os horrores do inferno caiu dos lábios da suposta "Jesus manso e suave". O "galileu suave" poderia e falou com severidade inesquecível sobre as conseqüências eternas do pecado. Um melhor que perder tudo nesta vida do que perder sua alma para sempre no inferno.

Versículo Mc 9:49 -a segunda cláusula é omitido nos manuscritos mais antigos, tem-se revelado muito difícil para os estudiosos para explicar. A melhor interpretação, conectando-o com fogo no versículo 48 , parece ser a seguinte:

"Eu digo" fogo "cautela, pois é com o fogo que todo homem deve ser purificado" (literalmente, salgados): ou seja, todos devem passar por um "fogo purificador"; o que esse "fogo" é pode ser visto a partir do Batista está dizendo a respeito de Cristo (Mt 3:11. ), que Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo ": é o Espírito que se purificar longe toda escória, ou seja, tudo o que faz um homem impróprios para o "sacrifício" de si mesmo ao serviço de Cristo.

A primeira parte do versículo 50 é paralelo estreitamente em Lc 14:34 e Mt 5:13 (ver as notas lá). Jesus estava alertando os discípulos que, por seu egoísmo e auto-que procuram eles estavam em perigo de tornar-se sal insosso. A combinação de sal epaz na última parte do versículo (encontrado apenas em Marcos) pode ser devido ao costume oriental de usar o sal como o símbolo de amizade. Os discípulos precisava do sal purificador do Espírito de Cristo, que eles possam estar em paz uns com os outros.


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de Marcos Capítulo 9 do versículo 1 até o 50
Jesus estava a caminho de Jerusalém para morrer. À medida que os Doze caminharam com ele, tiveram várias experiências que os preparariam para o ministério vindouro deles. Compreender as experiências rela-tadas nesse capítulo pode ajudar- nos em nosso ministério.

  1. Confirmação da esperança (Mc 9:1-41)

O versículo 1 poderia estar no capí-tulo 8 por causa da culminância das palavras de nosso Senhor a respei-to do discipulado e de seu retorno em glória. Ele confirmou essas pa-lavras ao mostrar a glória prometida a Pedro, Tiago e João (Jo 1:14; 2Pe 1:16-61). Essa é a única ocasião em que há registro de que nosso Senhor revelou sua glória interior para ou-tros durante seu ministério. Isso foi realmente uma confirmação do rei-no que Deus prometeu ao seu povo, Israel (Mt 16:28).

Moisés representava a Lei, e Elias, os profetas, e os dois se cum-prem em Jesus Cristo (He 1:1-58; e veja Ml 4:4-39 e Lc 24:25-42). Eles falaram com nosso Senhor a respei-to da partida dele (ou "êxodo"; veja Lc 9:31), que ele cumpriría em Jeru-salém. A cruz é tema de conversa e de louvor celestiais (Ap 5:0); portanto, as palavras de Pe-dro são resultado da confusão e do medo. (É melhor ficar quieto quan-do estamos confusos e com medo! Veja Pv 18:13.) Ao sugerir que to-dos permanecessem em glória no monte, Pedro, mais uma vez, tenta-va impedir o plano de nosso Senhor de ir para a cruz (8:32-33). Enquan-to uma nuvem de glória envolvia o ambiente, a voz do Pai interrompe Pedro e repreende-o com gentileza: "A ele ouvi". Hoje, precisamos pres-tar atenção a essa ordem. Podemos crer na Palavra de Deus.

Imagine ter essa grande expe-riência e não poder compartilhá- Ia (v. 9)! Sem dúvida, os outros nove discípulos perguntaram o que aconteceu no monte, mas eles tive-ram de ficar quietos. Eles viram a glória do Filho e foram lembrados da infalibilidade das Escrituras e da realidade do reino. Jesus também respondeu às perguntas deles. João Batista era "o Elias" prometido a Is-rael (Ml 3:1; Ml 4:5-39; Jo 1:21; Mt 17:13).

  1. Demonstração de fé (Mc 9:14-41)

Ao mesmo tempo que, no alto do monte, Pedro, Tiago e João vivenciavam a glória de Deus, no vale abaixo os outros nove discípulos foram envolvidos em uma situação desagradável. Um pai perturbado trouxe seu filho, surdo e mudo, pos-suído por um espírito imundo (v. 25) para que os discípulos o curassem, mas eles não conseguiram expulsar o demônio. Jesus dera-lhes poder para isso (Mc 3:15; Mc 6:7,Mc 6:13), contudo eles foram incapazes de libertar o rapaz. Claro que os líderes religio-sos estavam amando discutir com os discípulos (v. 14) a fim de tentar desacreditá-los diante do povo.

Jesus libertou o rapaz; todavia, o demônio fez uma última tentati-va para destruí-lo (v. 26; Lc 9:42). Com freqüência, o demônio, pouco antes de a pessoa ser libertada, pa-rece conseguir uma grande vitória; porém, no fim, o Senhor ganha a batalha. Por que os discípulos não conseguiram expulsar o demônio? Por causa da descrença deles (vv. 19,23; Mt 1:7:
20) e pela falta de ora-ção e disciplina (v. 29). Aparente-mente, os homens descuidaram de seu caminhar espiritual durante a ausência do Senhor. Como é impor-tante manter-se renovado espiritu-almente! Você nunca sabe quando alguém precisará de sua ajuda. O Senhor preocupava-se muito com a falta de fé dos discípulos (Mc 4:40; Mc 6:50-41)

A. O amor de Cristo pelos pecado-res (vv. 30-32)

Essa é a segunda vez (veja 8:
31) que Jesus fala abertamente aos discípu-los a respeito de sua morte iminen-te, mas eles ainda não apreenderam a respeito do que ele fala. O verbo "entregue" indica que sua morte não é acidental nem assassinato; é resultado de um plano divino (Rm 4:25; Rm 8:32).

  1. O amor pelo próximo (vv. 33-37)

Jesus fala a respeito de sofrimento e morte, mas os Doze debatem sobre quem é o maior! Eles entenderam de forma errônea o ensinamento de Jesus. Eles viviam em uma socieda-de em que poder e posição eram importantes e pensavam que a con-gregação cristã funcionava da mes-ma forma. Mesmo no cenáculo, an-tes de Cristo ir para a cruz, os Doze ainda debatiam sobre quem era o maior (Lc 22:24-42). Deus quer que sejamos como crianças, mas não infantis. No aramaico, a língua que Jesus falava, a palavra usada para "criança" e "servo" é a mesma. En-contramos a verdadeira grandiosi-dade no caráter e no serviço, não na posição e nas posses (Fp 2:1 -13).

  1. O amor pelos que não pertencem à nossa congregação (vv. 38-41)

João achou que impressionaria Jesus com seu zelo; no entanto, ele repre-endeu-o, de forma amorosa, por sua falta de amor e discernimento. Os Doze pensavam que eram os úni-cos que serviam a Jesus? E os nove que ficaram esperando embaixo do monte tinham esquecido seu fracas-so em expulsar o demônio do rapaz? Como gostamos de criticar os outros

por alcançarem o sucesso que não conseguimos! O versículo 40 e Ma-teus 12:30, juntos, ensinam a im-possibilidade de permanecer neutro quando se trata de Jesus. Se não es-tamos com ele, estamos contra ele, e vice-versa. É perigoso achar que nossa comunhão com ele é a única certa e a única que o Senhor aben-çoa e usa em seu ministério.

  1. O amor pelo perdido (Marcos 42:50)

Essa é a admoestação mais longa e aterradora de nosso Senhor a res-peito da condenação futura. Se não servimos aos outros (v. 35), pode-mos fazê-los tropeçar ("ofender", v. 42) e levá-los à condenação eterna. Temos de lidar de forma drástica com o pecado que há em nossa vida tanto por nossa causa como dos ou-tros, pois o fogo do inferno é real e eterno. Jesus comparou o inferno a uma fornalha acesa (Mt 13:42) e a um fogo inextinguível. A imagem aqui é a do depósito de lixo do vale do Hinom, fora de Jerusalém (2Rs 23:10; Is 66:24), no qual os restos eram queimados pelo fogo e comi-dos pelos vermes. A palavra grega para inferno (geenna) vem do termo hebraico Geh Hinnóm — "o vale de Hinom". O inferno é um lugar real, e as almas perdidas sofrerão lá, e para sempre. Amamos o perdido ou apenas nos preocupamos em ser "o maior"? Na verdade, o povo de Deus dever ser "salgado com fogo" (sofrer perseguição — v. 49), e é importante que tenhamos "sal em [...] [nós] mesmos" (manter o ver-dadeiro caráter e integridade cris-tãos — Mt 5:13). Provavelmente, os crentes que leram o evangelho de Marcos durante "o fogo ardente" da época de Nero sentiram-se enco-rajados por essas palavras de Jesus (1Pe 4:12ss).


Russell Shedd

Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
Russell Shedd - Comentários de Marcos Capítulo 9 do versículo 1 até o 50
9.1 Conforme Mt 16:28n; Lc 9:27n. É possível que Marcos estivesse ligando esta profecia; a respeito da vinda do reino, com o acontecimento da transfiguração.

9.2 Transfigurado. Gr metomorphothe. No NT todo, figura somente aqui, emMt 17:2; Rm 12:2. O propósito da transfiguração parece ser o de manifestar temporariamente aos discípulos a glória. de Jesus escondida na Sua encarnação, antecipando Sua ressurreição e segunda vinda.

9.7 Os envolveu. Pode se referir apenas a Jesus, Elias e Moisés. A ele ouvi. Baseado no significado forte de Dt 18:15, deve-se entender como "ouvi e obedecei”. "Quando somos exortados por Deus a ouvir a Cristo, Deus aponta-O como único Mestre de Sua Igreja... para que nEle toda autoridade resida (Calvino. Conforme He 1:1).

9.10 Perguntando. Não entenderam, como Jesus ia ressurgir antes da ressurreição geral dos justos.

9.12 Restaurará. A obra de restauração do culto a Deus foi realizada por Elias principalmente no monte Carmelo. João Batista, como Elias, veio reiniciar uma total restauração, obra essa que Jesus veio consumar. Não se trata, pois, da pessoa de João Batista, que veio no espírito e com o propósito reformador de Elias, quem levaria a cabo a completa restauração do mundo amaldiçoado pelo pecado, mas sim, da pessoa de Jesus Cristo, o qual, através da Sua obra redentora e de Seu julgamento de toda a terra (conforme o Apocalipse todo), restaurará todas as coisas (Ef 1:7-49).

9.17 Possessa A ação de demônios que invadem e dominam o sistema nervoso, a consciência sensorial, a sede da vontade do indivíduo, que, enfim, possuem o corpo físico do homem que é por eles controlado, criou um desafio singular para Jesus.

9.18 Não puderam. A falta de poder, dá parte dos discípulos ao tentarem expulsar o inimigo espirituais é expirada por Jesus na base de incredulidade (conforme Mt 17:14; Rm 4:25; Rm 8:32).

9:33-37 Jesus condena a toda e qualquer ambição pessoal. O serviço, tal como o de cuidar de uma criancinha (v. 37), revela o verdadeiro espírito de Cristo que todo pastor, ou líder eclesiástico, deve mostrar.
9.37 Criança. Pode se referir a uma criança cristã ou a um cristão recentemente convertido (Lc 9:47n).

9:38-40 Proibimos. Jesus desaprova o sectarismo, Devemos manter a comunhão com todo cristão que foi regenerado pelo Espírito de Deus. Mt 12:30n assegura a veemente impossibilidade de sermos neutros, quando frente ao desafio do senhorio de Cristo.

9.41 A unidade da igreja nem sempre será encontrada em plena concordância com as doutrinas, mas, muitas vezes, no serviço humilde de amor (Mt 25:34-40), Conforme Mt 18:8. Conforme Mt 5:22n. No v. 42, o perigo é de provocar a perdição de outrem; aqui, o perigo em vista é do próprio cristão tropeçar. Nenhum sacrifício seria grande demais para se assegurar da salvação, ainda que sacrifícios, em si mesmos, não tenham nenhum valor. Inextinguível. Gr asbestos. Mt 18:8 traz a palavra "eterno" (gr aiõnas).

9.44,46 Estes vv. não constam nos melhores manuscritos.
9.49 Salgado com fogo. Lv 2:13 (conforme Ez 43:24) fala da exigência de se pôr sal nos sacrifícios. Todo crente deve ser um sacrifício para Deus (Rm 12:1). No lugar do sal, ele será provado e purificado com à fogo de julgamento ou da perseguição no mundo (1Co 3:13; 1Pe 4:12)

9.50 O sal. Era essencial à vida nesses tempos, sendo o único meio de preservar a, certos alimentos, tais como a carne, o peixe, etc.; é comparado à convicção do cristão que não se envergonha de Cristo, nem de Sua mensagem (8.35, 38).


NVI F. F. Bruce

Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
NVI F. F. Bruce - Comentários de Marcos Capítulo 9 do versículo 1 até o 50
A vinda do Reino de Deus com poder (9.1), além disso, não seria adiada muito mais, pois alguns dos que o estavam ouvindo ainda estariam vivos quando isso acontecesse. Que o Reino de Deus era uma realidade presente no ministério de Jesus e, ainda assim, teria uma consumação futura, é indicado no comentário Dt 1:15). A aparição de Moisés e Elias com ele foi, sem dúvida, para que os discípulos pudessem ver o promulgador da Lei e um representante dos profetas, ambos testificando de Jesus como aquele para quem eles tinham apontado (v. 4). Pedro, no entanto, compreendeu mal a situação; a sua proposta de fazer tendas de ramos entrelaçados para Jesus, Moisés e Elias (v. 5) sugere que ele via os três no mesmo nível. A resposta de Deus foi remover Moisés e Elias (v. 8) e proclamar com relação a Jesus: “Este é o meu Filho amado. Ouçam-no ” (v. 7). A primeira parte desse anúncio havia sido feita pelo Pai anteriormente, no momento do batismo de Jesus, embora como está relatado em 1.11 (v.comentário) tenha sido dirigida somente ao próprio Jesus. A segunda parte do anúncio identificou Jesus com o profeta cuja vinda foi predita em Dt 18:1519. A razão de Jesus ter proibido a Pedro, Tiago e João de revelar aos outros o que tinham visto até depois da sua ressurreição (v. 9) foi, provavelmente, que só a partir de então eles teriam realmente compreendido o seu verdadeiro significado e, assim, estariam na posição correta para apresentá-lo.

A discussão acerca de Elias (9:11-13). (Texto paralelo: Mt 17:10-40.)

O fato de Pedro, Tiago e João terem observado Elias, por assim dizer, em uma visão, levou-os a perguntar a Jesus por que a sua própria vinda não tinha sido precedida, como os escribas haviam deduzido e ensinado com base em Ml 4:5, pela vinda de Elias em pessoa (v. 11). Jesus respondeu, aludindo a João Batista, que tinha exercido o seu ministério “no espírito e no poder de Elias” (Lc 1:17), que Elias já tinha vindo entre eles (v. 13), acrescentando que, embora de fato a sua vinda tenha ocorrido, em certo sentido, para restaurar todas as coisas (v. 12), houve, não obstante, limitações concretas quanto a como essa restauração deveria ser concebida; pois as Escrituras não previam que depois disso as pessoas seriam tão espirituais que o seu sucessor, o Messias, seria recebido com aplausos, mas, sim, que teria de sofrer e ser rejeitado.

A cura de um menino possesso por um demônio (9:14-29). (Textos paralelos: Mt 17:14-40; Lc 9:37-42.)

Um pai confuso, esforçando-se para fazer contato com Jesus a fim de obter dele a cura para o seu filho possuído de demônio, tinha encontrado nove discípulos, mas não o próprio Jesus. Por isso, pediu aos discípulos que expulsassem o demônio. Eles tentaram fazê-lo, mas sem sucesso. O seu fracasso causou uma discussão entre alguns escribas no meio da multidão que estava se formando e os discípulos (v. 14). De repente, Jesus apareceu no cenário, tendo descido do monte da sua gloriosa transfiguração a esse cenário de tragédia, frustração e impotência. A estupefação da multidão ao ver Jesus (v. 15) pode ter ocorrido em virtude da “chegada inesperada e oportuna” de Jesus (assim Cranfield), ou possivelmente, como outros eruditos sugerem, em virtude de que parte da glória da sua transfiguração ainda permanecia na sua face (conforme Ex 34:29,30). Depois de o pai do menino ter descrito sua difícil situação a Jesus (v. 17,18), este exclamou: “O geração incrédula'" (v. 19). Era, provavelmente, aos nove discípulos, e não aos escribas ou ao pai do menino, que Jesus estava se referindo aqui, pois a razão que Jesus deu de os discípulos não poderem expulsar o demônio em Mt 17:20 foi: “Porque a fé que vocês têm é pequena”. A explicação correspondente, como afirmada aqui em Mc 9:0 descreve como Jesus deu aos seus discípulos “autoridade sobre os espíritos imundos”, e 6.13 relata como eles a usaram. O fato de serem censurados agora como “incrédulos” não foi, como a palavra poderia sugerir, pela falta de expectativa de sucesso por parte deles, pois o seu fracasso os deixou atônitos (v. 28), mas porque a sua competência para lidar com a situação que agora confrontavam era algo que, à luz das suas experiências anteriores, tomavam por certa. Ao contrário dos discípulos que eram “incrédulos”, o pai do menino tinha fé, embora uma fé que ele sabia ser imperfeita (v. 24). Jesus lhe informou que uma pessoa que tivesse fé não deveria dizer-lhe se podes (v. 22), não deveria colocar limite algum à sua capacidade divina (v. 23). Essa capacidade foi demonstrada logo em seguida na cura do menino (v. 25-27).

A segunda predição da Paixão (9:30-32). (Textos paralelos: Mt 17:22,Mt 17:23; Lc 9:43-42.)

Jesus, evidentemente, tinha andado à frente dos seus discípulos enquanto eles prosseguiam para Gafamaum (como em 10.32); mas ele sabia o que eles tinham discutido entre si no caminho (Lc 9:47), ou seja, quem era o maior entre eles (v. 34). Quando chegaram a Cafarnaum, ele lhes pediu que o confessassem (v. 33). Ao se recusarem a fazê-lo, ele lhes disse que a essência da grandeza estava em fazer ações de serviço aos outros (v. 35; também 10.43,44), mesmo que as pessoas em questão fossem tão insignificantes como a criança que logo em seguida ele tomou nos braços diante deles (v. 36). O seu apelo, por isso, que recebessem uma criança dessas em nome dele (v. 37), significava que deveriam agir em relação às crianças de maneira bondosa, porque de certa forma representavam o próprio Jesus. Para encorajá-los a fazer isso, ele acrescentou que esse serviço feito a elas seria considerado por Deus como se tivesse sido feito ao próprio Jesus, assim como o serviço feito a Jesus seria estimado por Deus como sendo feito ao próprio Pai.

O exorcista independente (9:38-40). (Texto paralelo: Lc 9:49,Lc 9:50.)

Não eram somente Jesus e seus seguidores que tinham sucesso em expulsar demônios, como se mostra em Mt 12:27. At 19:13ss confirma isso, ao relatar sobre alguns judeus não-cristãos que o fizeram, embora em nome de Jesus. Um exorcista judeu que estava empenhado em expulsar demônios em nome de Jesus, apesar de ele mesmo não ser seguidor de Jesus, foi visto pelo apóstolo João, que, ofendido pela incoerência de tal conduta, se esforçou em impedi-lo dessa prática (v. 38). Jesus, no entanto, criticou o ato de João nesse ponto, ressaltando que o homem em questão não era contra eles (v. 40), e seria muito improvável que, na seqüência de um milagre em nome de Jesus, ele insultasse Jesus publicamente (v. 39).

O último ensino de Jesus na Galiléia (9:41-50).

Jesus ensinou que até um pequeno ato de serviço feito a outra pessoa seria recompensado por Deus (v. 41), enquanto induzir crentes novos em Jesus a pecar era uma afronta tão grande que implicava um castigo tal que seria altamente vantajoso para uma pessoa que estivesse considerando esse tipo de ação ser afogada no mar antes de concretizar a sua intenção, para que o castigo que acompanhava essa atrocidade pudesse ser evitado (v. 42). No entanto, não era errado somente levar outras pessoas a pecar; era errado também levar a si mesmo a pecar; e se a tentação assaltar a pessoa por meio de órgãos como a mão, o pé ou o olho, por preciosos que sejam, é melhor, mesmo assim, eliminá-los do que mantê-los e, por isso, ir para o inferno (v. 43-47). A palavra grega traduzida por “inferno” é geena. Geena é uma transliteração para o grego da expressão hebraica “vale de Hinom”, que ficava a oeste e sul de Jerusalém. Nele, em certa época, crianças foram queimadas em sacrifício ao deus pagão Moloque (Jr 7:31; Jr 32:35). Depois de essa prática ter sido eliminada pelo rei Josias (2Rs 23:10), o vale se tornou o depósito de lixo da cidade. Sempre havia algo fumegando para que o lixo acrescentado fosse queimado, e vermes se desenvolviam lá em grande quantidade, pois se alimentavam de sobras de alimentos e carne deteriorada. Em virtude das associações repulsivas que os judeus faziam com o lugar, em certa época começaram a dar ao local a conotação da tormenta futura para os ímpios com o nome geena, retratando esse lugar como um domínio em que o seu verme não morre, e o fogo não se apaga (v. 48, ecoando Is 66:24). Desenvolvendo ainda mais a idéia do “fogo”, Jesus disse: Cada um será salgado com fogo (v. 49), querendo significar com isso que cada discípulo seu, para ser espiritualmente purificado e se tornar parecido com o sal, teria de passar por uma provação abrasadora de sofrimento. Ao desenvolver então a idéia do “sal”, Jesus disse que os discípulos eram como o sal, pois eles exerciam as funções valiosas de temperar e purificar o mundo, e isso era bom (v. 50). Ele os advertiu, contudo, a não perderem o que tinham recebido dele, aquilo que lhes conferia a sua bondade. Se, por conseqüên-cia, em vez de discutirem entre si sobre quem era o maior (v. 34), vivessem em paz uns com os outros (v. 50), o que eles precisariam para esse propósito seria ter em si “sal”, i.e., amor pelo próximo, e a prontidão para servi-lo e fazer sacrifícios a favor dele.


Moody

Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
Moody - Comentários de Marcos Capítulo 6 do versículo 31 até o 50

IV. As Retiradas de Cristo da Galiléia. 6:31 - 9:50.

O Senhor cobriu a Galiléia tão completamente com a sua mensagem que os galileus, em cada setor da vida, estavam cônscios do seu ministério. Entre pessoas simples a sua popularidade estava num ponto tão alto que queriam coroá-lo seu rei pela força. A antipatia dos líderes religiosos dos judeus estava perigosamente atingindo o ponto de saturação. E o próprio Herodes estava agora ficando preocupado com a popularidade de Cristo. A situação estava se desenvolvendo na direção de uma crise prematura, enquanto o ministério de Cristo ainda não estava completo. O resultado foi que Jesus fez quatro retiradas sistemáticas da Galiléia, uma para o litoral ocidental do mar (Mc 6:31-56), uma para a região de Tiro e Sidom (Mc 7:24-30), uma para Decápolis (7:31 - 8:9), e a quarta para Cesaréia de Filipe (8:10 - 9:50). Durante esse tempo Cristo estava ocupado com o treinamento dos doze discípulos em preparação para o momento de sua morte.


Moody - Comentários de Marcos Capítulo 8 do versículo 10 até o 50

E. Retirada para Cesaréia de Filipe. 8:10 - 9:50.

A quarta e última retirada da Galiléia foi para o norte na região de Cesaréia de Filipe. Vindo de Decápolis, Jesus atravessou o Mar da Galiléia na direção da costa oriental, onde os fariseus o encontraram pedindo-lhe um sinal (Mc 8:10-12). Depois ele viajou de barco dirigindo-se para o nordeste na direção de Betsaida Julias (Mc 8:13-21), onde curou um cego (Mc 8:22-26). Dali sua viagem o levou por terra até às vizinhanças de Cesaréia de Filipe. Aqui novamente, a principal atividade de Cristo foi instruir os discípulos com referência a temas tais como a sua pessoa, sua morte e ressurreição, o discipulado deles e a sua vinda em glória prefigurada na Transfiguração (8:27 - 9:13). Aqui também ele curou outro endemoninhado (Mc 9:14-29). Depois disso, Cristo retornou à Galiléia, prosseguindo com a instrução dos Doze (Mc 9:30-50).


Francis Davidson

O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
Francis Davidson - Comentários de Marcos Capítulo 9 do versículo 30 até o 50
m) Censuras e advertências (Mc 9:30-41) -Veja notas sobre Mt 17:22-40; Mt 18:1-40; Lc 9:43-42. Neste ponto começa a última viagem ao sul, rumo Jerusalém onde se desenrolará o drama da Paixão. Há duas possíveis razões para o sigilo: primeiro, que o ministério na Galiléia tinha terminado, e em segundo lugar, que Ele desejou instruir os discípulos. Ensinava os seus discípulos (31): em todo o caminho o tema constante é Sua Paixão iminente. Logo segue a segunda predição da cruz (cfr. Mc 8:29-41). Entregue (31): refere-se ao ato divino e não tão somente à traição por Judas. Paulo usa um termo semelhante em Rm 8:32. Mais uma vez os discípulos não compreendiam, e por isso temiam interrogá-lO (32). Sem dúvida, sua incompreensão resultou duma preocupação com esperanças políticas (34). É possível que a disputa nasceu do privilégio concedido aos três que foram especialmente escolhidos para testemunharem a transfiguração. É típico da natureza humana que mesmo os mais altos privilégios espirituais podem criar o orgulho. O pecado cardinal é o orgulho, e de quando em vez Deus toma medidas drásticas que são indispensáveis para produzir em nós aquela humildade que Lhe é de supremo valor. (Cfr. 2Co 12:7). "A humildade é o paramento dos anjos, e o orgulho é a deformidade dos demônios" segundo W. Jenkyns, escritor puritano. A resposta do Senhor (35-37), tanto nas palavras claríssimas, como na lição objetiva de uma criança, colocada no meio, tem a dupla aplicação de encorajar aos pais, professores e todos quantos tenham o cuidado das criancinhas, e ao mesmo tempo de reprovar a ambição orgulhosa.

>Mc 9:38

2. LIÇÕES DO DISCIPULADO (Mc 9:38-41) -Estes versos constituem uma coletânea dos aforismos de Jesus, espalhados em diversas formas e em vários contextos nos outros Evangelhos. Isto sugere que, ainda genuínos, eles fossem coligidos pela redação de Marcos, e portanto não todos fossem falados na mesma ocasião. Se procuramos um teor comum neles, aparecem dois grupos, o primeiro que salienta o dever da bondade e tolerância mútuas, (38-42), e o segundo que dá ênfase à disciplina pessoal (43-50). O primeiro grupo procura determinar a atitude do discípulo para com seu próximo, e o segundo grupo aponta para a fidelidade para consigo. O discípulo há de mostrar tolerância com os outros, e severidade consigo. O exorcista mencionado aqui por João (38), em contraste com os de At 19:13-16, mostrou-se pelo menos sincero e eficiente, não obstante os seus defeitos; onde as vidas estão sendo abençoadas e libertadas do poder do mal, não se deve impedir tal obra. Contra a intolerância eclesiástica não há admoestação mais forte do que esta. Mesmo os atos de serviço menos espetaculares, quando feitos com pureza de motivo, não perderão seu galardão (41). É possível que a atuação dos discípulos em proibir ao homem tivesse servido de tropeço para ele, e merecesse a solene advertência do vers. 42. Pedra de moinho (42, gr. mylos onikos) -dum tamanho tal que se precisava de um jumento para virá-la. A linguagem do segundo grupo de máximas é patentemente figurada. "Não se deve temer a cirurgia espiritual para salvar a vida da alma" (J. D. Jones). Inferno (43,45,47): gr. geenna. É preciso discriminar entre este vocábulo e hades, o lugar habitado pelas almas após a morte física. (Lc 16:23). Geenna se deriva do hebraico Ge-Hinnom, " o vale de Hinnom", uma ravina fora de Jerusalém onde havia, em tempos remotos, sacrifícios humanos (Jr 7:31), e que, mais tarde durante a reforma de Josias, se tornou o monturo da cidade (2Rs 23:10).

>Mc 9:49

O termo chegou a ser usado metaforicamente para lugar de castigo vindouro. Há umas 15 interpretações do vers. 49, do qual a segunda frase citada na ARC é omitida na ARA, conforme as melhores evidências textuais. Sua inclusão talvez originasse como explanação da primeira frase, à luz de Lv 2:13. O sentido mais provável é que o sofrimento produz o efeito purificador, uma verdade muito relevante à Igreja em Roma já experimentando perseguição. Nesta hipótese, o fogo do verso 49 não é o do verso 48, que é destruidor antes de purificador; cada um (49) quer dizer cada discípulo. A conexão do verso 50 parece ser puramente verbal e artificial, pois aqui o sal se refere à graça no caráter cristão, que é o sentido comum.


John MacArthur

Comentario de John Fullerton MacArthur Jr, Novo Calvinista, com base batista conservadora
John MacArthur - Comentários de Marcos Capítulo 9 do versículo 1 até o 50

32. O Véu Filho (Marcos 9:1-8)

E Jesus dizia-lhes: «Em verdade vos digo que, há alguns dos que estão aqui, que não provarão a morte até que vejam o reino de Deus depois de ter chegado com poder." Seis dias depois, Jesus tomou com consigo Pedro, Tiago e João, e trouxe-os para cima em um alto monte. E foi transfigurado diante deles; e as suas vestes tornaram-se radiante e muito branca, como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia branquear. Elias apareceu a eles, juntamente com Moisés; e eles estavam conversando com Jesus. Pedro disse a Jesus: "Mestre, é bom para nós estarmos aqui; Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias "Por que ele não sabia o que responder.; para eles ficaram apavorados. Então uma nuvem formada, ofuscando-los, e uma voz saiu da nuvem, "Este é o meu Filho amado, escutai-O!" De repente, eles olharam ao redor e não viu ninguém mais com eles, a não ser Jesus sozinho. (9: 1-8)

O ponto alto do testemunho no evangelho de Marcos veio na seção anterior, quando Pedro, em resposta à pergunta de Jesus: "Mas vós, quem dizeis que eu sou?", Declarou: "Tu és o Cristo (8:29)." Tudo na Marcos que veio antes da declaração de Pedro leva até ela; tudo o que se seguiu depois flui a partir dele. Para reconhecer que Jesus é "o Cristo [o Messias], o Filho do Deus vivo" (Mt 16:16), é fazer o julgamento correto a respeito dele. Nesta seção, a confissão de Pedro é confirmada. O que ele afirmou pela fé seria verificado pela transfiguração do Senhor, para que Sua glória divina tornou-se visível.

Mal Pedro fez a sua confissão de Jesus "começou a ensinar-lhes que o Filho do Homem deve sofrer muito e ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e os escribas, e ser morto, e depois de três dias ressuscitaria" (v . 31). Horrorizado e consternado, Pedro, em sua ignorância atrevida, se atreveu a repreender o Senhor (v. 32), e por sua vez foi duramente repreendido por Ele. Jesus disse-lhe com força: "Para trás de mim, Satanás; para que você não está definindo sua mente os interesses de Deus, mas do homem "(v. 33).

Como o resto do povo judeu, a noção de um Messias assassinado era incompreensível e inaceitável para os Doze. Mais tarde, no nono capítulo, Marcos observou que novamente Jesus "estava ensinando seus discípulos e dizer-lhes: 'O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles vão matá-lo; e quando Ele foi morto, ele ressuscitará três dias depois. Mas eles não entendiam esta declaração, e eles estavam com medo de pedir a Ele "(vv. 31-32). Em Lucas 18:31-34 Jesus novamente

tomou à parte os Doze e disse-lhes: "Eis que estamos subindo para Jerusalém, e todas as coisas que estão escritas através dos profetas acerca do Filho do Homem vai ser realizado. Pois Ele será entregue aos gentios, e será ridicularizado e maltratado e cuspido, e depois de terem açoitou, eles vão matá-lo; e ao terceiro dia Ele ressuscitará. "Mas os discípulos não entenderam nada dessas coisas, e o significado desta declaração foi escondido deles, e eles não compreender as coisas que foram ditas.

Pedro e os demais apóstolos ansiosamente aguardado a glória do reino, mas não é o escândalo da cruz, que Paulo descreveu como um obstáculo para o povo judeu (1Co 1:23;.. Conforme Gl 5:11) . Depois de dar aos apóstolos o esmagamento, a notícia decepcionante da sua morte chegando, Jesus encorajou-os, dizendo-lhes que "o Filho do Homem", um dia virá "na glória de seu Pai, com os santos anjos" (Mc 8:38). Era difícil para os discípulos a aceitar que Jesus iria morrer; seria ainda mais difícil para eles quando aconteceu. Assim, Jesus estava dizendo a eles: "Em verdade vos digo que, há alguns dos que estão aqui, que não provarão a morte (a expressão coloquial hebraica para morrer) até que vejam o reino de Deus depois de ter chegado com poder . " Em prometendo um vislumbre de pré-visualização do reino (a palavra grega pode ser traduzido como "esplendor real"), Jesus estava falando de sua transfiguração (Mt 16:28:. Mt 16:8; Lucas 9:27-36) , que seria testemunhada por Pedro, Tiago e João, e iria passar sua fé à vista. Manifestação visível do Senhor da sua glória divina na transfiguração foi o milagre mais transcendente registrado no Novo Testamento antes da ressurreição do Senhor. Ele reforçou a confiança dos apóstolos na Sua vinda revelação da glória.

Quando Deus apareceu visivelmente no Antigo Testamento, Ele sempre fez isso em alguma forma de luz, como no início do serviço sacerdotal (Lv 9:23.), De Israel (Ex 16:7), a Moisés (Ex 24:15-18; 33: 18-23.), após a conclusão do tabernáculo (Ex 29:43; 40:. 34-35.), em rebelião de Israel em Cades-Barnéia (Nu 14:10), na exposição dos pecados de Corá, Datã e Abirão (Nu 16:19.) e subsequente rebelião do povo contra Moisés e Arão, em Meribá (Nu 20:6; 2Cr 7:12Cr 7:1; Ez 3:23; 10:. Ez 10:4, Ez 10:18; Ez 11:23). Habacuque escreveu de um dia futuro, quando "a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar" (Hc 2:14). Em cada um desses casos, o propósito do aparecimento de Deus foi o de fortalecer a fé das pessoas.

Mas o Senhor Jesus Cristo, o Deus-Homem, era a pura revelação da glória de Deus. Em 1Co 2:8), transformou estes três homens. Chegando ao fim de sua vida, Pedro recordou a manifestação da glória de Cristo, que testemunhou:

Para nós não seguimos contos habilmente inventadas quando demos a conhecer o poder ea vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas nós mesmos vimos a sua majestade. Pois quando Ele recebeu honra e glória de Deus Pai, como um enunciado como isso foi feito a Ele pelo Glória Majestic, "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" —e nós mesmos ouvimos esta expressão vocal feito do céu quando estávamos com ele no monte santo. (II Pedro 1:16-18)

O relato de Marcos de Jesus 'transfiguração pode ser dividido em quatro seções: a transformação do filho, os santos' Association, a sugestão da cama, e correção do soberano.

Transformação do filho

Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e trouxe-os para cima em um alto monte. E foi transfigurado diante deles; e as suas vestes tornaram-se radiante e muito branca, como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia branquear. (9: 2-3)

Marcos, ao lado de Mateus (17: 1), indica que a transfiguração ocorreu seis dias após a promessa que Jesus deu, registrado no versículo 1. Lucas, no entanto, colocou-a "cerca de oito dias" mais tarde (09:28).Não há contradição; Lucas incluiu o dia que o Senhor fez a promessa e, no dia da transfiguração, enquanto Mateus e Marcos se refere aos seis dias entre esses dois eventos.

Pedro, Tiago e João compunham o círculo dos apóstolos e eram amigos mais íntimos do Senhor. Só eles testemunharam ressurreição da filha de Jairo (Mc 5:37) Jesus e foi com ele em Getsêmani (Mc 14:33). Jesus levou consigo de acordo com a exigência do Direito que a verdade ser confirmada por duas ou três testemunhas (Dt 17:6; 2 Cor. 13:.. 2Co 13:1; 1Tm 5:191Tm 5:19; Heb . 10:28).

O Senhor trouxe-los em um alto monte para orar (Lc 9:28). Essa montanha provável era Mt. Hermon (c. 9200 pés de altitude), o pico mais alto nas proximidades de Cesaréia de Filipe, onde a confissão de Pedro aconteceu (Mc 8:27). Alguns sugeriram Mt. Tabor, mas é muito longe ao sul da região de Cesareia de Filipe e não uma alta montanha, mas sim uma colina (que é inferior a 2000 metros de altitude). Marcos, em uma descrição discreto da revelação mais surpreendente de Deus até aquele ponto, observa simplesmente que Jesus foi transfigurado diante deles. Foi o que aconteceu enquanto os discípulos estavam dormindo (Lc 9:32), provavelmente a partir de tristeza com a perspectiva de o morte do Senhor, como viria a ser o caso novamente no Getsêmani (Lc 22:45).

Transfigured traduz uma forma do verbo metamorphoo , a partir do qual o Inglês palavra "metamorfose" deriva. Ele aparece quatro vezes no Novo Testamento, sempre em referência a uma transformação radical. Aqui e em Mt 17:2, refere-se a transformação na vida dos crentes provocada pela salvação. Natureza de Cristo, é claro, não poderia mudar; apenas sua aparência. O brilhante glória da Sua natureza divina resplandeceu através do véu da Sua humanidade, e seu rosto "tornou-se diferente" (Lc 9:29) e "brilhou como o sol" (Mt 17:2 ). Além de o rosto de Jesus, . Suas vestes tornaram-se radiante e muito branca, como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia branquear Mateus observa que "as suas vestes tornaram-se brancas como a luz" (17: 2), enquanto que Lucas diz que eles "se tornou branco e brilhante [lit. 'A piscar ou brilham como um relâmpago'] "(9:29). Foi essa glória resplandecente que Pedro, Tiago e João viram quando acordaram (Lc 9:32).

Jesus possuía glória essencial de toda a eternidade (Jo 17:5; conforme Mt 25:31 ea descrição desse evento em Apocalipse 19:11-16.).

Associação dos santos

Elias apareceu a eles, juntamente com Moisés; e eles estavam conversando com Jesus. (9: 4-5)

Elias e Moisés existiu como espíritos glorificados no céu (Hb 0:23.), aguardando a ressurreição de seus corpos no final do futuro tribulação (Dan. 12: 1-2), mas eles apareceram em visível, glorioso (Lc 9:31), eles perceberam que Elias e Moisés foram falar com Jesus sobre a morte dele (Lc 9:31). Como observado anteriormente, a morte de Cristo é a verdade para que a transfiguração foi destinado a preparar os discípulos. Jesus estava para morrer, mas que não poderia negar o plano de Deus ea glória que estava por vir. O testemunho destes dois homens muito importantes confirmado a realidade de que o Senhor Jesus iria morrer.

Moisés era o líder mais honrado na história de Israel, que liderou o êxodo do Egito, quando Deus resgatou a nação do cativeiro. Embora tivesse a autoridade de um rei, ele nunca teve um trono. Ele funcionava tanto como um profeta, proclamando a verdade de Deus para a nação, e como sacerdote, intercedendo diante de Deus em favor do seu povo. Ele foi o autor humano do Pentateuco, e o agente através do qual Deus deu a Sua santa Lei.

Enquanto Moisés deu a Lei; Elias era seu guardião acima de tudo e lutou contra qualquer violação da mesma. Ele lutou contra a idolatria de Israel com coragem e advertências poderosas de julgamento. Sua pregação foi validado por meio de milagres (I Reis 17:19; 2 Reis 1:2), como Moisés tinha feito no Egito, e durante 40 anos de Israel no deserto. Não houve legislador como Moisés e nenhum profeta comparável a Elias. Eles são os possíveis testemunhas mais confiáveis ​​para o sofrimento e glória de Cristo. Nada poderia ter levado os apóstolos mais segurança e confiança de que a morte de Jesus cumpriu o propósito de Deus do que ouvir isso de Moisés e Elias.

A sugestão do Sleeper

Pedro disse a Jesus: "Mestre, é bom para nós estarmos aqui; Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias "Por que ele não sabia o que responder.; para eles ficaram apavorados. (9: 5-6)

Nunca em uma perda de palavras, apesar de sua repreensão recente (Marcos 8:32-33), Pedro interrompeu a conversa entre Jesus, Moisés e Elias e deixou escapar: "Rabi, é bom para nós estarmos aqui.Mateus registra que Pedro dirigida a Jesus como "Senhor" (17: 4); Lucas, que ele dirigiu-Lo como "Mestre" (09:33). Uso de Pedro de todos os três títulos revela que ele repetiu o pedido e como oprimido e humilhado, ele e os outros estavam. Santo temor misturado com hilariante maravilha neste experiência gloriosa e incompreensível. Sua sugestão, "façamos três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias", reflete o desejo tenaz de Pedro de que o sofrimento da cruz ser evitado. Ele queria que os três para ficar lá permanentemente em seu estado glorioso e estabelecer o reino no local. De acordo com o relato de Lucas, Pedro falou como Moisés e Elias começou a sair. Ele viu o seu sonho de ver o reino estabelecido escapulindo e fez um último esforço desesperado para impedir que isso aconteça. Mas ele não sabia o que responder; para eles ficaram apavorados. Seu medo o levou a expressar o que estava em primeiro lugar em sua mente e, como Lucas acrescenta, não percebendo que ele estava dizendo (Lc 9:33).

Várias coisas solicitado sugestão de Pedro. Ele queria o tempo todo para ver o reino estabelecido, e a promessa de Jesus no versículo 1: "Em verdade vos digo que, há alguns dos que estão aqui, que não provarão a morte até que vejam o reino de Deus depois que ele tem chegar com poder ", se intensificou a sua esperança de que em breve seria estabelecido. Essa esperança atingiu o seu auge quando acordou para ver Jesus em um estado transfigurado com Moisés e Elias presente em forma glorificada. Esses dois profetas certamente poderia conduzir o povo de Israel no reino, e Elias foi associada com a vinda do reino (Ml 3:1., Ver a discussão de 9: 9-13 no capítulo 2 do este volume). O calendário deste evento alimentou esperanças de Pedro. A transfiguração teve lugar no mês de Tishrei, seis meses antes da Páscoa. Naquela época, a Festa dos Tabernáculos (ou Tabernáculos), que comemorava o êxodo do Egito, estava sendo celebrada. Que melhor tempo, Pedro pode ter fundamentado, para o Messias para liderar Seu povo da escravidão do pecado e ao Seu reino justo do que durante a Festa dos Tabernáculos (Zacarias 14:16-19.)?

Correção do Sovereign

Então uma nuvem formada, ofuscando-los, e uma voz saiu da nuvem, "Este é o meu Filho amado, escutai-O!" De repente, eles olharam ao redor e não viu ninguém mais com eles, a não ser Jesus sozinho. (9: 7-8)

Interrompendo interrupção de Jesus, Moisés e Elias de Pedro, Deus chegou. Um brilhante nuvem, sinalização Sua presença gloriosa, formada e começou a ensombrar-los. Quando uma voz saiu da nuveme disse: "Este é o meu Filho amado, "My Chosen One" (Lc 9:35), "com quem eu sou bem satisfeito "(Mt 17:5;. Conforme 2 :. 2; Gl 3:1). "Nós sofremos com Ele, para que nós também sejamos glorificados com Ele" (Rm 8:17), porque "todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (2Tm 3:12). No entanto, entendemos que "na medida em que [nós] compartilhar dos sofrimentos de Cristo, [nós] manter a alegria, para que também na revelação da sua glória [que] se regozijem com júbilo" (1Pe 4:13) , sabendo que "a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo; que transformará o corpo da nossa humilhação, para ser conforme ao corpo da sua glória, pelo esforço do poder que Ele tem até sujeitar todas as coisas para si mesmo "(Fp 3:20-21.).

33. Quando é que Elias vem? (Marcos 9:9-13)

Como eles estavam descendo da montanha, Ele deu-lhes ordens para não dizem respeito a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitou dos mortos. Eles apoderaram-se que a declaração, discutindo uns com os outros o que ressuscitar dos mortos significava. Perguntaram-lhe, dizendo: "Por que é que os escribas dizem que Elias deve vir primeiro?" E disse-lhes: "Elias não o primeiro a chegar e restaurar todas as coisas. E ainda como é que está escrito do Filho do homem que ele vai sofrer muito e ser tratado com desprezo? Mas eu digo-vos que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo o que quiseram, como está escrito a seu respeito "(9: 9-13).

A marca distintiva da verdadeira igreja de Jesus Cristo é a proclamação da cruz de Cristo e Sua ressurreição. Esse tem sido o caso desde o início, como esses dois temas foram objecto constante dos pregadores apostólicos que começam no dia de Pentecostes.

Em At 3:18 Pedro declarou ao povo judeu que "as coisas que Deus anunciadas de antemão pela boca de todos os profetas, que o seu Cristo havia de padecer tem, assim, cumprido." Paulo passou três sábados de Tessalônica ", explicando e dando provas que o Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos, e dizendo: "Este Jesus que eu estou anunciando-vos é o Cristo" (At 17:3, 22-24)

A ressurreição, necessariamente, seguido da cruz. Em seu sermão no dia de Pentecostes, Pedro ousAdãoente declarou: "Esse Jesus, Deus ressuscitou novamente, para que todos nós somos testemunhas" (At 2:32). Os líderes religiosos judeus foram "muito perturbado, porque [os apóstolos] estavam ensinando o povo e proclamando em Jesus a ressurreição dentre os mortos" (At 4:2 Lucas observa que "com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e graça abundante em todos eles havia." Paulo "estava pregando Jesus e da ressurreição" para os filósofos pagãos em Atenas (At 17:18;. conforme v 32). Na sua audição perante Agripa, Paulo testificou de sua convicção "que o Cristo devia sofrer, e que, em virtude da sua ressurreição dos mortos, Ele seria o primeiro a anunciar a luz a este povo e aos gentios" (At 26:23)

Não há salvação sem essas duas realidades centrais, pois é somente "Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos [que] você será salvo" (Rm 10:9). Como observado no capítulo anterior deste volume, na transfiguração do Senhor Pedro queria pular a cruz e imediatamente estabelecer o reino. Mais tarde Jesus "estava ensinando seus discípulos e dizer-lhes: 'O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles vão matá-lo; e quando Ele foi morto, ele ressuscitará três dias depois. " Mas eles não entendiam esta declaração, e eles estavam com medo de pedir a Ele "(Marcos 9:31-32). Como Jesus se aproximou de Jerusalém para a Semana Paixão, Ele disse aos discípulos:

"Estamos subindo para Jerusalém, eo Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e os escribas; e eles o condenarão à morte e entregá-lo aos gentios. . Eles vão zombar Ele e cuspir nele, e açoitá-lo e matá-lo, e três dias depois ele ressuscitará "(Marcos 10:33-34)

Mas eles ignoraram que o ensino e manteve-se focada na glória do reino, como o pedido de Tiago e João para lugares de destaque no reino revela (vv. 35-40). A transfiguração adicionado a esse foco único no reino prometido porque Pedro, Tiago e João viu Jesus em Sua Shekinah glória, ao lado de Moisés e Elias na corpos glorificados.

Não havia lugar no pensamento dos discípulos para a morte e ressurreição Messias. O que eles acreditavam que era o que os escribas tinham ensinado o povo e, portanto, o que as pessoas acreditavam.Messias, na sua opinião, viria a conquistar e julgar Seus inimigos, trazer a salvação para o povo judeu, e elevar Israel a supremacia mundial. Depois de destruir todos os inimigos de Israel e de Deus, Ele estabeleceria Seu reino terreno de justiça, paz e conhecimento. Ele seria adorado, derramaria bênçãos divinas sobre o mundo, e esmagar qualquer aparência do mal. Assim, quando os discípulos ouviram Jesus repetidamente dizer que Ele iria sofrer, ser preso, ser maltratado, ser morto e, em seguida, subir novamente, eles não poderiam aceitar. Era uma pedra de tropeço para eles; um pensamento assustador e profundamente perturbador.

Ainda assim, foi se tornando cada vez mais evidente para os seguidores de Cristo que as coisas não estavam indo de acordo com suas expectativas e expectativas messiânicas. Os líderes-que judeus eram presumivelmente o melhor qualificado para reconhecer o Messias-rejeitaram Jesus (Jo 7:48; 8: 45-46) e procuravam matá-lo (Jo 5:18; Jo 7:1; Jo 11:53). Muitos seguidores superficiais foram abandonando a Ele, dispostos a negar-se, sofrer por amor do Seu nome, e obedecê-lo completamente (Lc 9:23; conforme Lc 6:46; Mt 7:21; Jo 6:66). A transfiguração ajudou a atenuar o choque dos discípulos e decepção com a perspectiva de a morte do Senhor, dando três deles uma prévia da glória vinda.

Esta passagem revela que, no rescaldo da Transfiguração, Jesus foi ainda comunicar a importância da sua morte aos discípulos. Ele contém três características: a proibição de Cristo, as profecias das Escrituras, e de visualização de João Batista.

A proibição de Cristo

Como eles estavam descendo da montanha, Ele deu-lhes ordens para não dizem respeito a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitou dos mortos. Eles apoderaram-se que a declaração, discutindo uns com os outros o que ressuscitar dos mortos significava. (9: 9-10)

Como esta seção é aberta, Pedro, Tiago e João estavam descendo do monte com Jesus. 21 1 Chron; 20-22: Eles tinha acabado de ter a experiência que os enchia de terror sagrado, fazendo-os cair no chão (Mt 17:6; Ez 3:23; Ez 43:3). Depois que terminou, Jesus compassivamente tranquilizou-os (Mt 17:7, Ex 34:35). Sua fé em Jesus havia sido confirmado pelo que tinham visto e ouvido e os convenceu de que Ele era o Messias e Filho de Deus. Nunca mais eles ser abalado em sua confiança quanto à identidade de Jesus. Sua fé será testada pelo o que aconteceu com ele na sua prisão, julgamento e da morte, e que iria abandonar temporariamente e negam Ele (Mc 14:50, 66-72). Mas nenhuma ameaça, a decepção, a humilhação, a desonra, ou sofrimento por parte dele ou deles iria fazê-los duvidar de que Ele era o Messias e Filho de Deus.

Enquanto desciam, Pedro, Tiago e João foram, provavelmente, tentando expressar as suas respostas quando Jesus deu-lhes ordens para não dizem respeito a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitou dos mortos. Tais comandos do Senhor de permanecer em silêncio não eram incomuns (conforme Mc 5:43; Mc 7:36; Mc 8:30). Como este, que se destinavam a evitar a proclamação de um evangelho incompleto. A verdade central do evangelho é a morte e ressurreição de Jesus Cristo, não que Ele curou os doentes, levantou a glória divina morto, ou se manifesta. Divulgar essas coisas poderiam ter desviado a atenção do povo de Sua vinda sofrimento e acendeu as chamas de expectativa messiânica (conforme João 6:14-15). Após o Filho do Homem ressuscitou dos mortos, seria óbvio que ele tinha vindo a morrer e, assim, conquistar o pecado ea morte, e não os romanos. Ao contrário de outros a quem ele deu instruções semelhantes (conforme Mc 1:40-45; Mc 7:36), os discípulos "se manteve em silêncio, e relatou a ninguém naqueles dias quaisquer das coisas que tinham visto" (Lc 9:36; Lc 7:1) e tinha até feito a si mesmos (Mt 10:8; Dan. 12: 1-2). Eles não estavam tendo uma discussão sobre a natureza da ressurreição em geral, mas sobre a ressurreição de Jesus em particular. Eles estavam confusos sobre sua morte e ascensão, o que não se encaixam em sua visão da missão do Messias. Tentando entender esses eventos se tornou o assunto do seu pensamento e, consequentemente, o tema da conversa. Os discípulos acreditavam que iriam acontecer em breve, certamente, em sua vida, porque eles estavam autorizados a falar sobre eles depois que eles ocorreram. Eles estavam tentando se ajustar à morte e ressurreição de Jesus em sua crença de que o reino era iminente, que continuou a acreditar, mesmo após esses eventos ocorreram. Em algum momento durante os quarenta dias entre a ressurreição e ascensão de Cristo, um tempo que ele passou "falar [a eles] das coisas concernentes ao reino de Deus" (At 1:3). Além disso, os apóstolos sabiam que Ezequiel 36 e Joel 2 conectado a vinda do reino com o derramamento do Espírito Jesus tinha acabado prometido. É compreensível que eles esperavam a chegada do reino era iminente. Certamente foi por esse reino que tinham esperado desde que entrou para Jesus. Eles tinham experimentado uma montanha-russa de esperança e dúvida que agora pode ser mais sentida. ( Atos 1:12, A Commentary MacArthur Novo Testamento [Chicago: Moody, 1994], 19-20)

As Profecias de Escritura

Perguntaram-lhe, dizendo: "Por que é que os escribas dizem que Elias deve vir primeiro?" E disse-lhes: "Elias não o primeiro a chegar e restaurar todas as coisas. E ainda como é que está escrito do Filho do homem que ele vai sofrer muito e ser tratado com desprezo "(9: 11-12)?

Os discípulos ainda não estavam prontos para aceitar a necessidade do sofrimento e da morte de Cristo. Eles permaneceram confusos e esperando a manifestação imediata de Sua glória e para o estabelecimento de Seu reino, que eles assumiram seguiria imediatamente Sua morte e ressurreição. Isso os levou a pedir a Jesus, "Por que é que os escribas (os peritos na lei) dizem que Elias deve vir primeiro? " ; isto é, antes da chegada do Messias.

Sua pergunta era uma boa, com base em uma compreensão exata do Antigo Testamento. Através do profeta Malaquias, Deus disse: "Eis que eu vou mandar o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim. E o Senhor, a quem você procurar, de repente virá ao seu templo; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele está vindo ", diz o Senhor dos Exércitos" (Ml 3:1:

A voz está chamando, "Limpar o caminho para o Senhor no deserto; fazer suave no deserto uma estrada para o nosso Deus. Que todo vale será exaltado, e cada montanha e ser feita de baixo; e deixar o terreno acidentado se tornar uma planície, e do terreno acidentado um amplo vale. "

Antes da chegada do Messias, um mensageiro viria; "Os casos referidos pelo profeta Isaías, quando disse:" Voz do que clama no deserto: "Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas!" '"(Mt 3:3 como "Elias, o profeta" (v. 5).

Antes que o dia do Senhor, o julgamento final dos ímpios e ao estabelecimento do reino, Elias virá. Ele irá restaurar a nação, chamando o povo ao arrependimento, eo restante vai acreditar e escapar da maldição. Ele vai unir as pessoas em torno de crença no Deus vivo e verdadeiro (4 Mal: ​​6.).
Os discípulos estavam absolutamente convencidos de que Jesus era o Messias. Mas sendo esse o caso, onde estava Elias? Por que não foi ele presente, realizando todas as funções que, segundo a tradição, ele iria fazer para se preparar para a vinda do Messias? Ele não deveria ter precedido a chegada do Senhor? Jesus respondeu: "O Elias primeiro a chegar e restaurar todas as coisas." Eles estavam corretos;Elias vem antes do Messias e preparar todas as coisas para a Sua vinda.

Mas havia algo que eles haviam esquecido. Como é que está escrito do Filho do Homem (o título messiânico tomado de Dn 7:13), Jesus perguntou: que Ele vai sofrer muito e ser tratado com desprezo? Os discípulos perguntaram-Lhe Como ele podia ser o Messias se Elias não tinha vindo; Ele, por sua vez perguntou-lhes como Ele poderia ser o Messias, se Ele não sofreu como o Antigo Testamento predisse (conforme Sl 22;. 69;. Is 53; Zc 0:10.).

Ambas as profecias virá a passar; Elias virá, e Messias vai sofrer, uma vez que "a Escritura não pode ser quebrado" (Jo 10:35).

A visualização de João Batista

Mas eu digo-vos que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo o que quiseram, como está escrito a seu respeito. "(9:13)

Declaração definitiva de Jesus, "Mas eu digo-vos que Elias já veio," deve ter surpreendido e intrigado os discípulos, deixando-os ainda mais confuso do que já eram. Mas Elias não tinha literalmente devolvido; o Senhor estava se referindo a aquele que veio "no espírito e poder de Elias" (Lc 1:17) —João Batista. Havia semelhanças surpreendentes entre os dois profetas, incluindo sua aparência física (conforme 2Rs 1:8).

Embora os discípulos agora percebeu que Jesus estava se referindo a João Batista (Mt 17:13), Israel havia falhado em reconhecer o significado de João (Mt 17:12) e fizeram-lhe tudo o que quiseram, como está escrito a seu respeito . Os líderes religiosos rejeitaram (Mt 21:25; Lc 7:33.), e Herodes preso e matou-o (Marcos 6:17-29) —O destino pretendido para Elias (I Reis 19:1-10). Sem profecias específicas do Antigo Testamento predisseram a morte de precursor do Messias, por isso a frase está escrito dele é melhor entendida como tendo sido cumprido normalmente por João.

Tivesse Israel percebeu que João era e aceitou sua mensagem, ele seria de fato ter sido o Elias que havia de vir (Mt 11:14). Mas desde que eles não o fez, João foi uma prévia do outro que virá no espírito e poder de Elias antes da segunda vinda (possivelmente uma das duas testemunhas; conforme Apocalipse 11:3-12).

O padrão bíblico é clara. Elias foi rejeitado e perseguido; Precursor do Messias, que veio no espírito e poder de Elias, foi rejeitado e morto, e próprio Messias foi rejeitado e assassinado. No futuro, no entanto, o Elias profetizou virá, o Senhor Jesus Cristo voltará, eo reino será estabelecido.

todas as coisas possíveis (Marcos 9:14-29)

Quando eles voltaram para os discípulos, viram uma grande multidão ao seu redor, e alguns escribas discutindo com eles. Imediatamente, quando toda a multidão viu, eles ficaram maravilhados e começou a correr-se para cumprimentá-lo. E Ele lhes perguntou: "O que você está discutindo com eles" E um da multidão respondeu-lhe: "Mestre, eu te trouxe meu filho, que tinha um espírito que o torna mudo; e sempre que se apodera dele, ele bate-o no chão e ele espuma pela boca, e range os dentes e se enrijece para fora. Eu disse a seus discípulos que o expulsassem, e não puderam fazê-lo. "E Ele respondeu-lhes e disse:" Ó geração incrédula, até quando devo estar com você? Quanto tempo devo colocar-se com você?Traga-o para mim! "Eles trouxeram o menino a Ele. Quando o viu, logo o espírito jogou-o em uma convulsão, e caindo no chão, ele começou a rolar e espumando pela boca. E perguntou ao pai: "Há quanto tempo isso vem acontecendo com ele?" E ele disse: "Desde a infância. Tem muitas vezes jogado ele, tanto no fogo e na água para matá-lo. Mas se você pode fazer qualquer coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos! "E Jesus disse-lhe:" Se você pode? Tudo é possível ao que crê "Imediatamente o pai do menino gritou e disse:" Eu acredito.; ajuda a minha incredulidade. "Quando Jesus viu que uma multidão foi rapidamente recolhimento, Ele repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe:" Você é surdo e espírito mudo, eu te ordeno, sai dele e não entrar nele novamente. "Depois de chorar fora e jogando-o em convulsões terríveis, ele saiu; eo menino ficou tão parecido com um cadáver que a maioria deles disse: "Ele está morto!" Mas Jesus, tomando-o pela mão e levantou-o; e ele se levantou. Quando ele entrou na casa, os seus discípulos começaram a questionar-lhe em particular: "Por que não pudemos nós expulsá-lo?" E Ele lhes disse: "Este tipo não pode sair por qualquer coisa, mas a oração." (9: 14-29)

A vida cristã é uma vida de fé. Os crentes, Paulo escreveu aos Coríntios, "andar pela fé, não pela vista" (2Co 5:7). Fé "é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem" (He 11:1), enquanto Pedro lembrou aos seus leitores:" Ainda que você não tenha visto, vocês o amam, e que você não vê-lo agora, mas crer nEle , exultais com alegria indizível e cheia de glória "(1Pe 1:8). Não é uma fé cega, mas uma fé comprovada ancorada no testemunho da Palavra de Deus, que é "a palavra profética tanto mais assegurada" (2Pe 1:19;. Conforme Mt 5:18; Mt 24:35; Lucas 16:29-31) e "a palavra de Sua graça, que é capaz de construir [crentes] para cima e para dar [a eles] a herança entre todos os que são santificados" (At 20:32).

Por mais de dois anos, os discípulos tinham caminhado pela vista. Eles haviam sido realmente na presença de Jesus, o Filho de Deus. Eles tinha visto ele reagir a pessoas e situações, ouviu seu ensino, e testemunhado Seus milagres. Tinham vivido pela vista. Logo, porém, eles teriam que viver pela fé. Depois de sua morte, que terão sempre a memória do que tinham visto. Que a memória seria enriquecida e reforçada pelo Espírito de Deus, permitindo que eles e seus associados para gravar o que tinham testemunhado nos Evangelhos e ainda ser delineadas nas epístolas que eles escreveram. Mas já não seria Jesus estar presente fisicamente com eles. Ele falaria com eles através de Sua Palavra, a Escritura, e capacitá-los no Espírito Santo.
Como o Senhor moveu inexoravelmente em direção a Jerusalém e Sua morte, ressurreição e ascensão, Ele ensinou seus discípulos uma série de lições destinadas a prepará-los para ministrar em sua ausência.Essas lições foram suportadas pela lições de fé, de que a registrada nesta passagem foi a primeira. O Senhor também os ensinou sobre a humildade, delitos, a gravidade do pecado, casamento e divórcio, o lugar dos filhos do reino, as riquezas terrenas, a verdadeira riqueza, serviço sacrificial, e em seguida, uma última lição sobre a fé.

Jesus não estava presente quando o incidente começou, portanto, os discípulos foram desafiados a andar pela fé, não pela vista e falharam miseravelmente. Eles eram um trabalho em andamento, caracterizada pela falta de compreensão e fé superficial. Em Mc 8:17 Jesus lhes repreendeu: "Você ainda não ver ou entender? Você tem um coração endurecido? "E reiterou no versículo 21:" Você ainda não entendeu? "

Mateus (17: 14-20) e Lucas (9: 37-45) também registram este incidente. O relato de Marcos é mais detalhado, possivelmente porque Pedro, fonte de Marcos para grande parte do material em seu evangelho e uma testemunha ocular a este incidente, desde muitos dos detalhes dramáticos. O episódio teve lugar imediatamente após a transfiguração, e os contrastes entre os dois eventos são impressionantes. A transfiguração aconteceu em uma montanha; isso aconteceu no vale abaixo. Na transfiguração, houve glória; aqui não havia sofrimento. Na transfiguração Deus dominou a cena; Satanás fez aqui. Na transfiguração, o Pai celeste estava satisfeito; neste incidente, um pai terreno foi atormentado. Na transfiguração havia um perfeito Filho; aqui havia um filho pervertido. Na transfiguração, homens caídos estavam em santa maravilha; Nesta história, houve um filho caído no horror profano.
Esta cena, um dos mais marcantes no Novo Testamento, pode ser visto sob cinco aspectos: a possessão demoníaca, perversão discípulo, apelo desesperado, o poder divino, e de oração decisivo.

Possessão demoníaca

Quando eles voltaram para os discípulos, viram uma grande multidão ao seu redor, e alguns escribas discutindo com eles. Imediatamente, quando toda a multidão viu, eles ficaram maravilhados e começou a correr-se para cumprimentá-lo. E Ele lhes perguntou: "O que você está discutindo com eles" E um da multidão respondeu-lhe: "Mestre, eu te trouxe meu filho, que tinha um espírito que o torna mudo; e sempre que se apodera dele, ele bate-o no chão e ele espuma pela boca, e range os dentes e se enrijece para fora. (9: 14-18a)

Após a transfiguração, Jesus, Pedro, Tiago e João voltou a descer a montanha para os nove apóstolos e outros seguidores e discípulos do Senhor que haviam permanecido no vale. Assim como Moisés desceu da presença de Deus no Monte Sinai para as pessoas sem fé de Israel, assim também Jesus desceu de estar na presença de Deus no Monte da Transfiguração para encontrar pessoas sem fé esperando por ele. Quando os quatro chegaram, eles viram que uma grande multidão havia se reunido em torno dos discípulos, esperando Jesus para estar com eles. Além disso, houve alguns escribas da região presentes circundante, como sempre perseguindo os passos de Jesus, em busca de algo que eles poderiam usar para desacreditá-lo (conforme 3: 1-2; Lucas 11:53-54; Lc 14:1). Esse não foi o caso, no entanto, uma vez que teria contradito Seu comando que os discípulos não contassem a ninguém o que tinha acontecido na montanha (conforme a discussão de Mc 9:9;. Mt 12:23; Mc 2:12), porque Jesus era o milagreiro, aquele que realizou sinais, prodígios e curas.

Vindo para a defesa dos seus discípulos, Jesus perguntou: "O que você está discutindo com eles?" A palavra traduzida discutindo é comumente usado para se referir a argumentos ou debates com os líderes religiosos judeus (conforme 08:11; 12:28; At 6:9). Nem os escribas (provavelmente porque eles tinham medo de debater com ele) ou os discípulos (que evidentemente não estavam indo bem no debate, e, além disso, não tinha conseguido expulsar o demônio) responderam.

Mas, enquanto eles permaneceram em silêncio, um na multidão respondeu-lhe. Um homem veio a Jesus e caiu de joelhos diante dele (Mt 17:14). Gritando para fazer-se ouvir acima do barulho da multidão (Lc 9:38), ele gritou: "Mestre, Senhor (Mt 17:15), eu te trouxe meu filho (Lucas observa que este era o seu único filho, acrescentando para o pathos da situação; Lc 9:38), que tinha um espírito que faz dele mudo; e sempre que se apodera dele, ele bate-o no chão e ele espuma pela boca, e range os dentes e endurece fora. Aqui era uma situação que os discípulos não tinha tratado, o que levou ao seu silêncio envergonhado.

Demons foram ativamente fazendo licitação de Satanás no mundo desde a queda. Eles não costumam fazer sua presença conhecida, escolhendo antes de operar de forma encoberta, disfarçando-se como anjos de luz (conforme 2Co 11:14). Durante o ministério terrestre de Jesus, no entanto, eles lançaram um ataque total contra Ele, manifestando-se com mais freqüência abertamente e até certo ponto mais vontade do que é a sua prática normal. Mas Jesus desmascarou-los, forçando-os a revelar-se, mesmo quando eles não estavam dispostos a fazê-lo.

Esse demônio provavelmente teria preferido ter permaneceu desconhecida no menino. Embora seu pai tinha percebido que a condição de seu filho foi o resultado de atividade demoníaca, outros podem ter lhe diagnosticado como tendo algum tipo de transtorno mental. De fato, no relato de Mateus sobre este incidente (17:15), seu pai descreveu os sintomas de seu filho como os de um louco (ou seja, um epiléptico). Esses sintomas podem ter se originado a partir do espancamento físico o demônio infligido em sua infeliz vítima. Lucas registra que o pai falou do demônio mauling seu filho, usando um verbo que pode ser traduzida como "esmagar", "quebrar" ou "para quebrar em pedaços", descrevendo vividamente a violência dos assaltos do demônio sobre o menino (Lc 9:39).

Discípulo Perversion

Eu disse a seus discípulos que o expulsassem, e não puderam fazê-lo. "E Ele respondeu-lhes e disse:" Ó geração incrédula, até quando devo estar com você? Quanto tempo devo colocar-se com você? Traga-o para mim "(9: 18b-19)!

O fracasso dos discípulos para lançar o demônio para fora do menino foi surpreendente, uma vez que Jesus lhes tinha dado o poder sobre os demônios (Mc 6:7). Enquanto a multidão era composta em grande parte por aqueles que não acreditam em Jesus e da fé do pai do menino estava fraco e incompleto, repreensão do Senhor, "geração incrédula O," visava principalmente os discípulos. Ele revela que a causa de sua incapacidade de expulsar o demônio era a sua incapacidade de acreditar. A interjeição O expressa emoção em Jesus "parte (conforme Lc 13:34; Lc 24:25), revelando que os discípulos" fé fraca foi doloroso para ele.

Sua repreensão era dura; Lc 9:41 acrescenta que também chamou-lhes uma "geração perversa" (conforme Mc 8:38; Dt 32:5). Depois de todo o tempo que passou com ele, essa falta de confiança foi imperdoável. Solilóquio de Jesus, "quanto tempo eu devo estar com você? Quanto tempo devo colocar-se com você? " era uma expressão de santo exasperação, como seu repreensões, "Homem de pouca fé" (Mt 6:30;. Mt 14:31) e, "Você homens de pouca fé! (Mt 8:26; Mt 16:8), quando o viu, logo o espírito o jogaram em uma final, violenta convulsão, e caindo no chão, ele começou a rolar e espumando pela boca.

Enquanto esta exposição perigosa de poder demoníaco vil estava acontecendo, Jesus calmamente perguntou ao pai: "Há quanto tempo isso vem acontecendo com ele?" O Senhor não estava pedindo, é claro, para obter informações que ele já não possuem, uma vez que Ele é onisciente. Ele queria suportar a dor do pai; para ter o homem dizer-lhe a história comovente de opressão demoníaca de seu filho. O pai não estava chegando a uma força impessoal, mas para uma pessoa. Os milagres de cura de Cristo efectuadas revelam a compaixão de Deus e que Ele se preocupa com a dor e sofrimento humano. Jesus permitiu que este homem que sofre de desdobrar o seu coração para o Senhor simpático e misericordioso.

Sua resposta, "Desde a infância", indica que o seu filho tinha sido neste estado terrível toda a sua vida. Não foi devido a algum pecado por parte de qualquer um o pai ou o filho, mas para a glória de Deus (conforme Jo 9:1-3). E, embora o demônio já havia tentado várias vezes para matar o garoto, jogando -o tanto para o fogo (comumente usado para aquecer e cozinhar) e na água (como poços e piscinas) para destruí-lo, Deus preservou-lo por esse momento para trazer a Sua glória Filho. Luta desesperada do pai para manter o demônio de matar seu filho estava prestes a ser encerrado permanentemente.

Incentivado pela preocupação simpático do Senhor para sua sitiado filho, espancado, o homem suplicou, "Se Você pode fazer qualquer coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos!" Boētheō ( ajuda ) significa literalmente, "a correr para o auxílio de um que grita por socorro "Sua fé era fraca e incompleta.; ele corretamente percebeu que Jesus estava disposto a entregar seu filho, mas ele não tinha certeza de que Ele tinha o poder para ajudá-lo. Mas ele estava desesperado.

A resposta de Jesus, "se você pode?" Não era uma pergunta, mas uma exclamação de surpresa. À luz do Seu ministério generalizada de curar os doentes e expulsando os demônios, como poderia Sua habilidade de lançar um presente para fora estar em questão? Sua nova declaração, "Tudo é possível ao que crê", é a lição Jesus destina-se a ensinar. Esta não foi a primeira vez que ele havia falado sobre a importância da fé (conforme Marcos 5:34-36; 6: 5-6), nem seria o último (conforme Mc 10:27; 11: 22-24 ). A lição que a fé é essencial para acessar o poder de Deus aplicada a toda a multidão descrente, o pai, que estava lutando para acreditar, assim como para os discípulos, cuja fé era fraca e vacilante. Os discípulos especialmente necessário para aprender esta lição, uma vez que após a morte de Cristo, que seria necessário para acessar o poder divino através da crença oração (Mt 7:7-8; Mt 21:22; Lucas 11:9-10.; 13 43:14-14'>João 14:13-14 ; Jo 15:7; 1Jo 3:221Jo 3:22; 5: 14-15).

Tomado pela emoção, imediatamente o pai do menino gritou e disse: "Eu creio! ajuda a minha incredulidade. " Ele foi honesto o suficiente para admitir que, embora ele acredita no poder de Jesus, ele lutou com a dúvida. Assim como ele implorou em desespero por Jesus para entregar o filho do demônio, por isso também que ele implorar por Jesus para ajudá -lo ser entregues a partir de sua incredulidade.O Senhor não está limitado pela fé imperfeita; até mesmo a fé mais forte é sempre misturado com uma medida de dúvida.

Poder Divino

Quando Jesus viu que uma multidão foi rapidamente recolhimento, Ele repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: "Você é surdo e espírito mudo, eu te ordeno, sai dele e não entrar nele novamente." Depois gritando e jogando-o terríveis convulsões, saiu; eo menino ficou tão parecido com um cadáver que a maioria deles disse: "Ele está morto!" Mas Jesus, tomando-o pela mão e levantou-o; e ele se levantou. (9: 25-27)

Enquanto Jesus estava falando com o pai do menino, a palavra foi se espalhando que ele estava lá. Vendo que a multidão foi rapidamente recolhimento, Ele decidiu encerrar a conversa e agir. O Senhor compassivo queria evitar qualquer embaraço para o pai angustiado e seu filho atormentado. Além disso, o Seu ministério público tinha acabado e ele não tinha mais nada para provar, uma vez prova repleta de que Ele era quem Ele alegou estar já tinha sido dada. Seu foco era instruindo os seus discípulos.

Virando-se para o menino, Jesus repreendeu o espírito imundo (uma descrição de demônios usado vinte e duas vezes no Novo Testamento, a metade deles em Marcos), dizendo a ele: "Você Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai . ele e não entrar nele novamente " O demônio instantaneamente (Mt 17:18), e deixou definitivamente o garoto, mas não antes de um último, protesto violento (conforme Mc 1:25-26). Depois gritando e jogando— em convulsões terríveis, ele saiu. Exausto e traumatizada pelas convulsões violentas, o garoto ficou imóvel e tornou-se tanto como um cadáver que a maioria dosespectadores disse: "Ele está morto!" Mas Jesus com ternura, compaixão tomando-o pela mão e levantou-o a seus pés, e ele levantou-se e Jesus deu-lhe de volta para seu pai (Lc 9:42).

Oração decisivo

Quando ele entrou na casa, os seus discípulos começaram a questionar-lhe em particular: "Por que não pudemos nós expulsá-lo?" E Ele lhes disse: "Este tipo não pode sair por qualquer coisa, mas a oração." (9: 28-29)

Mais tarde, quando Jesus e os discípulos entraram na casa (provavelmente em Cesaréia de Filipe), os discípulos começaram a questionar-lhe em particular: "Por que não pudemos nós expulsá-lo?"Eles ficaram intrigados quanto à sua incapacidade de fazê-lo nesta ocasião, uma vez que que tinha lançado com êxito os demônios no passado (Mc 6:13). Jesus respondeu: "Esse tipo (uma referência a um determinado tipo de demônio, ou um tipo de ser e, portanto, uma referência aos demônios em geral) não pode sair senão por meio de oração. " A implicação é que encorajados por seus sucessos anteriores , os discípulos dependia seu próprio poder e esqueceram de orar. A lição para eles era que oração humilde e dependente é a estrada que leva a fé no poder de Deus.

O relato de Mateus acrescenta que Jesus repreendeu-os para a pequenez de sua fé (17:20; conforme 06:30; 08:26; 14:31; 16: 8; Lc 12:28), revelando que era que a fraqueza que mantinha os discípulos de orar. Mas se tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda, que teria sido capaz de libertar o poder de Deus e superar qualquer dificuldade. A semente de mostarda, a menor das sementes utilizadas na agricultura em Israel, não representa um nível de fé para ser alcançado, mas sim a fé mínimo que os crentes já têm-tal como o ilustrado pelo pai.

Jesus curou muitos sem fé, mas aqui o milagre está ligado à fé, porque esta é a lição necessária para os discípulos no futuro. O poder deles virá crendo oração. Fraca fé daquele homem foi suficiente para trazer o poder de Deus para suportar sobre a situação de seu filho. Da mesma forma imperfeita, mas persistente (conforme Lucas 11:5-10; 18: 1-7) a fé é suficiente. São aqueles que não pedir que não receber o poder divino para vencer as dificuldades da vida (Jc 4:2)

De lá, eles saíram e começaram a passar por Galiléia, e Ele não quer que ninguém saiba sobre ele. Para Ele estava ensinando seus discípulos e dizer-lhes: "O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles vão matá-lo; e quando Ele foi morto, ele ressuscitará três dias depois. "Mas eles não entendiam esta declaração, e eles tinham medo de perguntar. Eles chegaram a Cafarnaum; e quando Ele estava na casa, ele começou a questioná-los: "O que você estava discutindo no caminho?" Mas eles ficaram em silêncio, pois no caminho tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Sentando-se, chamou os doze e lhes disse: "Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos eo servo de todos". Tomando uma criança, colocou-o diante deles, e tomando-o nos seus braços, ele disse-lhes: "Quem receber um menino como este, em meu nome a mim me recebe,; e quem me recebe, não recebe a mim mas àquele que me enviou. "João disse-lhe:" Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome, e tentamos impedi-lo porque ele não estava nos seguindo. "Mas Jesus disse: "Não impedi-lo, pois não há ninguém que vai fazer um milagre em meu nome, e ser capaz logo depois falar mal de mim. Para quem não é contra nós é por nós. Para quem quer dá-lhe um copo de água para beber por causa de seu nome como seguidores de Cristo, em verdade eu vos digo, ele não perderá a sua recompensa "(9: 30-41).

Como observado no capítulo anterior deste volume, capítulos 9:10 de aulas registro do evangelho de Marcos, Jesus ensinou aos seus discípulos. Seu ministério público na Galiléia tinha acabado, mas ele continuou a ministra privada aos discípulos como eles viajaram para Jerusalém. O primeiro em que a série de lições foi sobre a importância da fé (veja o capítulo anterior deste volume); este segundo foi sobre a humildade.
Humildade não é considerado uma virtude em nosso orgulho, auto-centrado, cultura egoísta, nem era no mundo pagão da época de Jesus. Por exemplo Aristóteles, um dos filósofos mais influentes do mundo antigo, descreveu orgulho como a coroa das virtudes ( Ética a Nicômaco, 4.3). Todo coração humano caído é um adorador implacável de si mesmo; caída natureza humana é dominada por orgulho.

Mas, em uma reviravolta bizarra, a nossa sociedade diagnostica a causa dos problemas das pessoas como uma falta de orgulho ou auto-estima. Tal não é o caso, no entanto. Ninguém não tem auto-estima;todo mundo é consumido com a si mesmo de uma forma ou de outra. Para diagnosticar a causa de todos os males humanos como uma falta de auto-estima leva as pessoas a ser ainda mais orgulhoso do que já são. 28, contenda (Prov; inflando o orgulho sob o pretexto de promover a auto-estima como um benefício psicológico expõe as pessoas a consequências devastadoras do orgulho, incluindo profanação (Marcos 7:20-22), desonra (29:23 2 Prov. 11). : 25), e, mais significativamente, o julgamento de Deus (Sl 31:23; 94:. Sl 94:2; Pv 16:5; Is 2:12, Is 2:17; Lc 1:51; Jc 4:1; 1Pe 5:51Pe 5:5, Jesus advertiu: "Todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado." O apóstolo Paulo pediu a crentes, "Walk de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando uns aos outros em amor "(Ef. 4: 1-2), e ainda os exortou:" Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas com humildade de espírito que diz respeito uns aos outros como mais importante do que a si mesmo "(Fp 2:3, ele escreveu: "Então, como aqueles que foram escolhidos de Deus, santos e amados, colocar em um coração de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência." Tanto Tiago (4:
6) e Pedro (1Pe 5:5) (Mt 11:29.). Resumindo a humildade Jesus exibido em sua encarnação, Paulo escreveu:

Tende em vós mesmos que houve também em Cristo Jesus, que, embora ele, subsistindo em forma de Deus, não considerou a igualdade com Deus uma coisa que deve ser aproveitada, mas se esvaziou, assumindo a forma de um servo, e sendo —se em semelhança de homens. , Achado na forma de homem, humilhou-se, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. (Filipenses 2:5-8.)

"A morte de cruz" de Cristo é a expressão máxima da sua humildade e é o tema de versos 30:32. O cenário para o ensinamento do Senhor sobre sua morte foi a viagem da região de Cesareia de Filipe, onde Ele foi transfigurado (provavelmente no Monte Hermon, ver a discussão Dt 9:2) e até mesmo um par de breves visitas de retorno para a Galiléia (por exemplo, Lucas 17:11-37). Mas Galiléia não seria mais sua base de operações.

Como era frequentemente o caso, o Senhor estava ensinando a Seus discípulos que "o Filho do homem (um título messiânico tomado de Dn 7:13.) deve ser entregue nas mãos dos homens, e eles vão matá-lo; e quando Ele foi morto, ele ressuscitará três dias depois " (conforme 08:31; 09:12; 10: 33-34). Essa foi a primeira verdade que eles precisavam entender-e que eles eram incapazes de compreender ou aceitar. Assim como para os seus companheiros judeus (1Co 1:23), um Messias crucificado era uma pedra de tropeço para os discípulos; um Messias morrendo era totalmente incompreensível e inaceitável para eles. Por essa razão, Jesus exortou: "Vamos estas palavras em seus ouvidos; pois o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens "(Lc 9:44). Eles precisavam de ouvir atentamente e entender o que ele estava dizendo a eles sobre a sua morte.

Entregue traduz uma forma do verbo grego paradidomi , que significa literalmente Foi usado repetidamente em um sentido legal para descrever Jesus de ser entregue para julgamento e punição (10:33; 15 "para entregar.": 1, 10, 15 ; Mt 17:22; 20: 18-19.; Mt 26:2, ​​Mt 27:26; Lc 9:44; Lc 18:32; Lc 20:20; Lc 23:25; Lc 24:7; Jo 18:30, Jo 18:36; Jo 19:16; At 3:13). Em termos humanos, os anciãos, sumos sacerdotes, escribas e povo (conforme 8:31; Matt. 27: 1-2; At 3:13)., Judas (Mt 26:24), e Pilatos (Mt 27:26).

Não só os discípulos lutam com a realidade de que os judeus e romanos seria matá-lo , mas também que quando Ele havia sido morto, ele iria subir três dias depois. Eles entenderam o poder de Jesus sobre a morte, tê-lo visto elevar pessoas mortas. Mas a pergunta que deve ter incomodado eles era que se ele morresse, que iria levantar-Lo? Assim, eles não entendiam esta declaração.

A incerteza em suas mentes sobre a morte e ressurreição de Cristo, juntamente com sua dor (conforme Mt 17:23), também fez com que os discípulos a serem medo de pedir a Ele para obter mais informações.Jesus compassivamente optou por não revelar informações a eles que Ele sabia que iria devastar a sua fé; em vez disso, Ele "oculta [ele] de forma que eles não percebem" (Lc 9:45).

Instrução sobre Humildade

Eles chegaram a Cafarnaum; e quando Ele estava na casa, ele começou a questioná-los: "O que você estava discutindo no caminho?" Mas eles ficaram em silêncio, pois no caminho tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Sentando-se, chamou os doze e lhes disse: "Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos eo servo de todos". Tomando uma criança, colocou-o diante deles, e tomando-o nos seus braços, ele disse-lhes: "Quem receber um menino como este, em meu nome a mim me recebe,; e quem me recebe, não recebe a mim mas àquele que me enviou. "João disse-lhe:" Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome, e tentamos impedi-lo porque ele não estava nos seguindo. "Mas Jesus disse: "Não impedi-lo, pois não há ninguém que vai fazer um milagre em meu nome, e ser capaz logo depois falar mal de mim. Para quem não é contra nós é por nós. Para quem quer dá-lhe um copo de água para beber por causa de seu nome como seguidores de Cristo, em verdade eu vos digo, ele não perderá a sua recompensa "(9: 33-41).

Cafarnaum, situada na costa noroeste do Mar da Galiléia, era cidade natal de Jesus adotado (Mt 4:13). Vários dos apóstolos também foram associados a Cafarnaum, incluindo Pedro e André (Mc 1:21, Mc 1:29), que se mudou para lá de Betsaida (Jo 1:44), Tiago e João (Marcos 1:19-21), e Mateus, O estande da cujo cobrador de impostos foi em ou perto da cidade (Mt 9:1, Mt 9:9).

Quando Ele estava na casa (possivelmente Pedro; veja a discussão sobre a casa de Pedro em Marcos 1:8, A Commentary MacArthur Novo Testamento. [Chicago: Moody, de 2015], cap 5), Ele começou a questionar os discípulos, perguntando-lhes, "O que vocês estavam discutindo no caminho?" instrução de Jesus aos discípulos destacou quatro efeitos negativos do orgulho, e concluiu ao observar um efeito positivo de humildade.

O orgulho destrói Unity

Mas eles ficaram em silêncio, pois no caminho tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. (09:34)

Durante a longa caminhada de Cesaréia de Filipe a Cafarnaum, os discípulos tinham tido uma discussão prolongada e aquecida. Não querendo admitir o que eles estavam falando, que se manteve em silêncio em constrangimento. A discussão tinha sido mais um episódio em seu longo debate sobre qual deles era o maior (conforme 10: 35-45), que, incrivelmente, ainda estava acontecendo na Última Ceia, na noite antes da morte do Senhor (Lc 22:24). O Senhor tinha acabado de falar com eles sobre sua humilhação (vv. 30-32), mas tudo o que podia pensar era a sua exaltação.

Não pode haver verdadeira unidade entre as pessoas orgulhosas, porque somente pessoas humildes amar. Foco constante dos discípulos sobre a sua própria glória pessoal teve consequências de longo alcance, como escrevi em um volume anterior desta série:

Este foi um desenvolvimento preocupante e potencialmente desastrosa. Esses homens foram a primeira geração de pregadores do evangelho, e seriam os líderes da igreja em breve a ser fundada. Com tanta coisa sobre eles e tanto a oposição do mundo hostil, eles precisavam ser unificadas e solidárias entre si. O perigo aqui é revelado que o orgulho ruínas unidade, destruindo relacionamentos. Relacionamentos são baseados em sacrifício e serviço de amor; em altruísta e adiando para dar aos outros. Orgulho, sendo auto-centrado, é indiferente para os outros. Além de que, em última análise é crítico e crítico, e, portanto, de divisão. Por causa do que o orgulho é o destruidor mais comum tanto de relacionamentos e igrejas. Ele atormentado a igreja de Corinto, fazendo com que Paulo a perguntar: "Para uma vez que há inveja e divisão entre vocês, não é mesmo carnal, e que você não agindo como mundanos?" (1Co 3:3, A Commentary MacArthur Novo Testamento [Chicago: Moody, 2011], 301)

Como Paulo escreveu à igreja em Filipos, os crentes devem ser constantemente "firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé do evangelho" (Fp 1:27).

Orgulho perde Honra

Sentando-se, chamou os doze e lhes disse: "Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos eo servo de todos." (9:35)

Ironicamente, o orgulho impede as pessoas de se obter a própria honra que eles procuram. Para as pessoas, mesmo aqueles orgulhosos em ministério de batalha para a posição e procurar promover a si mesmos, mas acabam perdendo verdadeira honra e muitas vezes acabam em humilhação. Honra é reservada para os humildes. Como muitos em nossos dias, os discípulos viram o orgulho espiritual como normal, desejável e legítimo. Afinal, orgulho caracterizou os homens mais reverenciados em Israel, os líderes religiosos, que "[se] todas as suas obras para serem notadas por homens ... eles alargar [va] os seus filactérios e alongam [va] as borlas das suas vestes. Eles adoram [d] o lugar de honra nos banquetes e os primeiros assentos nas sinagogas, e respeitosas saudações nas praças, e de ser chamados Rabi pelos homens "(Mateus 23:5-7.; Conforme 6: 1-5 ).

Jesus sabia o que os discípulos estavam pensando (Lc 9:47), mesmo que eles se recusaram a expressá-la. Sentando-se, como rabinos comumente fizeram quando ensinou, Ele chamou os doze e lhes disse: "Se alguém quiser ser o primeiro, ele será o derradeiro de todos eo servo de todos ". Prosseguindo elogios, afirmação e exaltação dos homens perde a verdadeira recompensa (Mt 6:1-5.) que vem para aqueles que estão dispostos a ser o último, não para aqueles que têm para ser o primeiro.

Orgulho Rejects Divindade

Tomando uma criança, colocou-o diante deles, e tomando-o nos seus braços, disse-lhes "Quem receber um menino como este, em meu nome a mim me recebe,; e quem me recebe, não recebe a mim mas àquele que me enviou "(9: 36-37).

criança (talvez, como alguns sugeriram, um dos filhos de Pedro) serviu como uma lição para a instrução de Cristo. Jesus usou as crianças várias vezes como ilustrações de humildade. Eles ainda não realizado ou alcançado nada; eles não têm poder ou honra, mas são fracos, dependentes e ignorado (rabinos considerou um desperdício de tempo para ensinar a Torá a uma criança com menos de doze anos de idade).

Filhinhos são análogos aos crentes; portanto, Jesus disse: "Quem receber um menino como este, em meu nome a mim me recebe; e quem me recebe, não recebe a mim mas àquele que me enviou. " A realidade profunda é que como cristãos tratam companheiros crentes é a forma como eles tratam Cristo. Por outro lado, aqueles que rejeitam os outros crentes rejeitá-Lo.

O relato de Mateus deste incidente no capítulo 18 elabora sobre esse tema. Sem dúvida, esperando que Jesus iria resolver de uma vez por todas a sua disputa sobre qual deles era o maior, os discípulos perguntaram-Lhe: "Quem é o maior no reino dos céus?" (V. 1). A resposta do Senhor foi surpreendente: "Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus" (v. 3). Nada poderia ter sido mais longe de seu ponto de vista cultural e religioso. Os overachievers religiosos orgulhosos, que esperavam para receber os mais altos lugares de honra no reino, não vai mesmo entrar. Por outro lado, aqueles com humilde, fé infantil será o maior no reino dos céus (4 v.).

Mas o que Jesus disse em seguida foi ainda mais decepcionante e chocante: "Quem quer que escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim a tropeçar, seria melhor para ele ter uma pedra de moinho pesados ​​pendurasse ao pescoço, e se submergisse na profundeza do mar "(v. 6). Seria melhor sofrer uma morte horrível do que ofender um crente; Aquele em quem Cristo vive (Gl 2:20) e que está espiritualmente unidos a Ele (1Co 6:17). Reforçar o cuidado de Deus para Seus filhos, o Senhor advertiu seus ouvintes: "Veja que você não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos no céu ver continuamente a face de meu Pai que está nos céus" (v . 10). Todo o Céu está observando como os filhos de Deus são tratados.

Orgulho Cria Exclusividade

João disse-lhe: "Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome, e tentamos impedi-lo porque ele não estava nos seguindo." Mas Jesus disse: "Não impedi-lo, pois não há ninguém que irá realizar um milagre em meu nome, e ser capaz logo depois falar mal de mim. Para quem não é contra nós é por nós. (9: 38-40)

Sua consciência perturbada por repreensão de seu orgulho do Senhor, João disse-lhe: "Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome, e tentamos impedi-lo porque ele não estava nos seguindo." O incidente ele se referia não é registrado nas Escrituras, mas o exorcista foi realmente expulsar demônios, em contraste com os filhos de Ceva (13 44:19-16'>Atos 19:13-16; conforme Mt 7:21-23.). Embora este homem era um verdadeiro seguidor de Cristo, João e os outros tentou impedi-lo, porque ele não estava seguindo eles; em outras palavras, ele não era um de seu grupo. "Não impedi-lo," Jesus o repreendeu, "pois não há ninguém que vai fazer um milagre em meu nome, e ser capaz logo depois falar mal de mim." Desde que ele era um legítimo seguidor de Jesus, este homem seria proclamar a verdade sobre Ele.

O princípio é claro: quem não é contra Cristo e Seus seguidores é para eles. A resposta de Paulo a respeito daqueles que procurou construir uma reputação para si próprios ao denegrir o apóstolo e seu ministério ilustra essa verdade:

Alguns, com certeza, estão pregando a Cristo até por inveja e contenda, mas alguns também de boa vontade; este último fazer isso por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho; o ex anunciar Cristo por ambição egoísta, e não de motivos puros, pensando em me causar sofrimento em minha prisão. E depois? Só que, em todos os sentidos, ou por pretexto ou de verdade, Cristo seja anunciado; e isso me alegro. (Filipenses 1:15-18.)

Ganhos Humildade Reward

Para quem quer dá-lhe um copo de água para beber por causa de seu nome como seguidores de Cristo, em verdade eu vos digo, ele não perderá a sua recompensa. "(9:41)

Em contraste com as consequências negativas devastadores de orgulho, ponto final do Senhor salienta o aspecto positivo da humildade. É tanta humildade, expressa mesmo em um pequeno ato de bondade, como dar um copo de água para beber para aqueles que são seguidores de Cristo, que resulta em verdadeira e eterna recompensa.

As palavras de Salomão, em Pv 22:4)

"Quem quer que escandalizar um destes pequeninos que crêem a tropeçar, seria melhor para ele se, com uma pedra de moinho pesados ​​pendurasse ao pescoço, ele havia sido lançado ao mar. Se a tua mão te faz tropeçar, corta-a; é melhor para você entrar na vida aleijado, do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, onde o verme não morre eo fogo não se apaga. Se o teu pé te faz tropeçar, corta-a; é melhor para você entrar na vida aleijado, do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno, onde o seu verme não morre, eo fogo não se apaga. Se o teu olho te faz tropeçar, jogue fora; é melhor para você entrar no reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no inferno, onde o seu verme não morre, eo fogo não se apaga. Para todos será salgado com fogo. O sal é bom; mas se o sal se torna unsalty, com o que você vai fazer isso salgado de novo? Tende sal em vós mesmos, e estar em paz uns com os outros "(9: 42-50).

Nesta porção exclusivo das Escrituras, repleta de terminologia gráfico, atos dramáticos, advertências severas, e as ameaças chocantes, o Senhor Jesus Cristo revela a natureza radical do verdadeiro discipulado. O termo "radical" pode ser compreendido de duas maneiras. Em primeiro lugar, pode significar "básico", "fundamental", ou "fundamental", descrevendo algo primário, intrínseco, ou essencial.Paradoxalmente, a segunda e mais comum significado de "radical" é algo que se desvia por sua extrema; algo "fanático", "grave" ou "revolucionário".

A mensagem do Senhor é essencial para o tempo em que vivemos, quando grande parte do chamado cristianismo, mesmo o cristianismo evangélico, é marcado pela superficialidade. A linguagem aqui é grave, extremo, e forte, de acordo com a natureza dos repetidos apelos do nosso Senhor do verdadeiro discipulado. Ele acusou as pessoas ao arrependimento (Mt 4:17; Lc 13:3) (. Mt 16:24)., Para negar-se —mesmo ao ponto de sofrer ou morrer por amor a Ele (Mt 10:38; Lc 9:23), de estar disposto a abandonar todos os laços familiares (Lucas 14:26-27), a odiar suas próprias vidas (Lc 14:26), no sentido de estar disposto a perdê-los (Jo 12:25), e que abandonar tudo (Mt 19:27;. Lc 5:11, 27-28) e segui-Lo incondicionalmente (Jo 12:26).

Esta passagem mostra quatro aspectos do discipulado radical: o amor radical, pureza radical, radical sacrifício e obediência radical.

Amor Radical

"Quem quer que escandalizar um destes pequeninos que crêem a tropeçar, seria melhor para ele se, com uma pedra de moinho pesados ​​pendurasse ao pescoço, ele havia sido lançado ao mar. (09:42)

Porque Ele é zeloso pela justiça corporativa de Sua igreja, Jesus chamou para o amor pelos outros crentes que impede que os levam ao pecado. Deus sempre tem sido protetora de Seu povo. Quando Ele fez uma aliança com Abraão, Ele lhe disse: "Abençoarei os que te abençoarem, e aquele que te amaldiçoarem amaldiçoarei" (Gn 12:3, "Quem receber um menino como este, em meu nome a mim me recebe; e quem me recebe, não recebe a mim mas àquele que me enviou. "Como se observa na exposição de que o verso no capítulo 4 deste volume, pois é Cristo que vive em cada crente, como se trata de um crente é como se trata de Cristo, e como se trata de Cristo é como se trata de Deus. No Cenáculo, na véspera da crucificação, Jesus disse aos discípulos: "Em verdade, em verdade vos digo que, quem recebe aquele que eu enviar a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou "(Jo 13:20). Paulo lembrou aos Coríntios que "aquele que se une ao Senhor é um espírito com Ele" e declarou em Gl 2:20: "Já estou crucificado com Cristo (1Co 6:17.); e já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; ea vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. "Em seu caminho para Damasco para perseguir os cristãos, Paulo encontrou o ressuscitado, glorificado Jesus Cristo, que exigido dele, "Saulo, Saulo, por que me persegues?" (At 9:4; 26: 14-15). No acórdão, como as pessoas tratam os cristãos serão considerados como eles trataram a Cristo:

Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: "Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; Tive sede, e me destes de beber; Eu era um estranho, e você convidou-me dentro; nu, e vestistes-me; Eu estava doente e visitastes-me; Eu estava na prisão e fostes ver-me. "Então os justos lhe perguntarão:" Senhor, quando te vimos com fome, e se alimentam, ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e convidá-lo, ou nu, e te vestimos? Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos te visitar? "O Rei, respondendo, disse-lhes:« Em verdade vos digo que, na medida em que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo o menos um deles, você fez isso para mim "Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda:" Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos.; Porque tive fome, e me destes nada para comer; Tive sede, e me destes de beber; Eu era um estranho, e você não convidou-me dentro; estava nu, e não me vestistes; enfermo, e na prisão, e não me visitastes. "Em seguida, eles próprios também vai responder:" Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não não cuidar de você? "Então Ele lhes responderá:" Em verdade vos digo que, na medida em que você não fez isso a um dos menores desses, você não fez isso para mim. "Estes vão desaparecer o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna. (Mt 25:1). Os versículos 43:45-47 de Marcos 9, junto com Mateus 5:29-30 e 1Co 8:13, ligue para medidas drásticas para evitar ser levado em comportamentos pecaminosos que levam os pecadores não regenerados a punição eterna no inferno.

A declaração de Jesus que seria melhor para alguém que leva um crente em pecado do que se, com uma pedra de moinho pesados ​​pendurasse ao pescoço, ele havia sido lançado ao mar em outras palavras, de que é melhor ter uma morte horrível por afogamento do que para causar outro cristão pecar-deve ter chocado seus ouvintes. Mas, de acordo com 1 Coríntios 13, o amor não tem prazer em ver alguém cair em pecado; que "não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade" (v. 6). Pedro escreveu que os cristãos devem "manter fervorosos no [seu] amor uns aos outros" (1Pe 4:8.). Jesus chamou para o amor radical, o tipo de amor justo que nunca seria uma causa de solicitação pecaminosa para outra pessoa.

Tal solicitação pecaminoso pode acontecer em uma das quatro maneiras.

Em primeiro lugar, pela tentação direta; isto é, por abertamente seduzir alguém pecar contra a lei de Deus. Isso pode envolver pecados específicos, como mentir, fofocar, enganar, roubar ou cometer pecados sexuais, ou, em termos mais gerais, induzindo as pessoas a amar o mundo, ou atraindo-os para empreendimentos e atividades ímpios. A esposa de Potifar "olhou com desejo em José, e ela disse: 'Deita-te comigo" (Gn 39:7). Provérbios 7:6-23 relata a história de uma mulher descarAdãoente imoral que seduziu um jovem tolo:

Porque da janela da minha casa, olhando eu por minhas grades, e vi entre os ingênuos, e descobri entre os jovens um jovem que faltam sentido, passando pela rua junto à esquina; e ele toma o caminho da sua casa, no crepúsculo, à noite, no meio da noite e na escuridão. E eis que uma mulher vem ao seu encontro, vestida como uma prostituta e astúcia de coração. Ela é turbulenta e rebelde, seus pés não permanecem em casa; Ela agora está nas ruas, ora pelas praças, e se esconde por todos os cantos. Então, ela se apodera dele e beija-o e com uma cara de bronze, ela diz a ele: "Eu era devido para oferecer ofertas pacíficas; hoje paguei os meus votos. Por isso eu vim pra te encontrar, para buscar a sua presença com sinceridade, e eu encontrei você. Eu cobri a minha cama com cobertas, com lençóis coloridos do Egito. Tenho polvilhado meu leito com mirra, aloés e canela. Venha, vamos beber nossa fartura de amor até de manhã; vamos nos encantar com carícias. Para o meu marido não está em casa, ele foi fazer uma longa viagem; ele deu um saco de dinheiro com ele, na lua cheia, ele vai voltar para casa "Com suas muitas convicções que ela atrai-lo.; com os lábios lisonjeiros ela seduz. De repente, ele a segue como um boi que vai ao matadouro, ou como um em grilhões para a disciplina de um tolo, até que um perfura a seta através de seu fígado; como um pássaro se apressa para o laço, para que ele não sabe que ele vai custar-lhe a vida.

Em segundo lugar, pela tentação indireta. Em Ef 6:4, quando escreveu: "Portanto não nos julguemos mais uns aos outros, mas sim determinar isso, não para pôr uma pedra de tropeço ou obstáculo no caminho de um irmão." No versículo 21, ele elaborou sobre esse princípio: "É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece." Em vez disso,

Nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos que, sem força e não agradar a nós mesmos. Cada um de nós é agradar ao seu próximo para o bem dele, para sua edificação. Porque também Cristo não agradou a si mesmo; mas, como está escrito: "As injúrias dos que censurou Você caiu sobre mim." (15: 1-3)

Finalmente, ao não estimular os outros a justiça, ignorando a exortação de He 10:24: "Vamos considerar como estimular um ao outro ao amor e às boas obras."

Pureza Radical

Se a tua mão te faz tropeçar, corta-a; é melhor para você entrar na vida aleijado, do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível ... Se teu pé te faz tropeçar, corta-a; é melhor para você entrar na vida aleijado, do que, tendo os dois pés, ser lançado no inferno ... Se o teu olho te faz tropeçar, jogue fora; é melhor para você entrar no reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no inferno, onde o seu verme não morre, eo fogo não se apaga. (09:43, 45, 47-48)

Este ponto está intimamente ligado ao anterior. Os cristãos não podem levar os outros para a justiça, a menos que eles são justos si mesmos; se o próprio coração é impuro, ele vai levar outros ao pecado.Portanto, Jesus pediu radical negociação, grave com o pecado. As consequências de não fazê-lo são devastadores, como o século XVII Inglês puritano João Owen observa:

Onde o pecado, através da negligência de mortificação, obtém uma vitória considerável, ele quebra os ossos da alma (Sl 31:10; Sl 51:8), de modo que ele não pode olhar para cima (Sl 40:12;.. Is 33:24); e quando pobres criaturas terá golpe após golpe, ferida depois de ferida, folha após folha, e nunca despertar-se-se a uma oposição vigorosa, eles podem esperar nada, mas para se endureça pelo engano do pecado, e que suas almas deve sangrar até a morte (2Jo 1:8) é uma boa analogia para a necessidade de os cristãos a tomar medidas drásticas para derrotar o pecado que permanece em suas vidas. Isso é explicitamente ordenado no Novo Testamento. "Porque, se você está vivendo segundo a carne", Paulo escreveu: "você deve morrer; mas, se pelo Espírito que você está colocando à morte as obras do corpo, vivereis "(Rm 8:13). Em Cl 3:5). Pedro exortou seus leitores a "abster-se das concupiscências carnais que fazem guerra contra a alma" (1Pe 2:11).

A menção de corpo partes- mão, pé, e olho -emphasizes que a batalha contra o pecado inclui todos os aspectos da vida dos crentes; o que eles fazem, para onde vão, e que vêem. As referências ao infernocomo a alternativa desastrosa indicam que estas declarações são chamadas ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo inicial que acompanha a salvação (conforme Jc 4:8; 1 Cor. 9: 24-27; 2Co 7:12Co 7:1 não era, é claro, a mutilação física. Ascetas desorientado ao longo dos séculos tolamente assumiu que o caminho para derrotar o pecado foi através castradora ou de outra forma de mutilar-se. Mas uma pessoa com uma mão, pé, ou o olho não é menos capaz de pecar, porque não importa o que partes do corpo são perdidos, o pecado permanece no coração:

E Ele estava dizendo: "O que sai do homem, isso é o que contamina o homem. Porque de dentro, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, roubos, homicídios, adultérios, atos de cobiça e maldade, assim como o engano, a sensualidade, a inveja, calúnia, orgulho e insensatez. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem "(Marcos 7:20-23; 15 conforme v.).

Tiago acrescentou: "Cada um é tentado, quando é levado e seduzido pela sua própria concupiscência. Em seguida, a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e quando o pecado é consumado, gera a morte "(Tiago 1:14-15; conforme Pv 4:23.).

Geena ( inferno ) aparece doze vezes no Novo Testamento, mas todos um desses usos por Cristo (vv 43, 45, 47; Mt 5:22, Mt 5:29, Mt 5:30; Mt 10:28; 18:.. Mt 18:9; Mt 23:15 , Mt 23:33; Lc 12:5; 2Rs 23:102Rs 23:10; 2Cr 28:32Cr 28:3; Ne 11:30; Jer. 7: 31-32.; Jr 19:2; Jr 32:35). Lá, os apóstatas povo judeu sacrificado crianças a Moloque, o falso deus abominável dos amonitas (1Rs 11:7; 2Rs 21:6; 20: 2-5.) e condenou energicamente (Jer. 7: 31-32; Jr 32:35). Ambos os reis maus Acaz (2 Chron: 28.
3) e Manassés (antes de se arrepender, 2Cr 33:6).

Estas palavras compor a chamada mais forte ao discipulado nosso Senhor nunca deu. Ele desafia todos a qualquer lidar radicalmente com o pecado, ou ser lançado na cova de lixo eterna do inferno ", nas trevas exteriores" (Mt 8:12), "na fornalha de fogo" (Mt 13:42), onde " ali haverá choro e ranger de dentes "(Mt 22:13).

Sacrifício Radical

Para todos será salgado com fogo. (09:49)

O significado desta palavra enigmática e difícil pode ser melhor entendida examinando passagens bíblicas em que o sal e fogo são mencionados juntos. Ed 6:9 conectar tanto sal e fogo com os sacrifícios do Antigo Testamento. Sal, um conservante, foi adicionado aos sacrifícios quando foram queimados como um símbolo da aliança duradoura de Deus. Especificamente, a oferta de cereais parece ser em vista aqui. Em Lv 2:13, Deus ordenou que o povo de Israel ", toda oferta de grão de vocês, além disso, você deve tempere com sal, para que o sal da aliança do seu Deus não faltará a partir de sua oferta de cereais; com todas as tuas ofertas oferecerás sal. "

A oferta de cereais, um dos cinco ofertas do Antigo Testamento, juntamente com as queimadas, paz, pecado e ofertas pela culpa, foi uma oferta de consagração, que simboliza devoção total ao Senhor. Assim como o sal simbolizava fidelidade duradoura de Deus, para todos, que é a todos os crentes, deve fazer um longo prazo, duradoura sacrifício, permanente de suas vidas a Deus; "Apresentar [seus] corpos em sacrifício vivo e santo e agradável a Deus, que é a [sua] culto racional" (Rm 12:1). Como não poderia ser feita salgado novamente, tal sal era "inútil ou para o solo ou para adubo; [E estava] jogado fora "(Lc 14:35).

Assim, a ordem de Jesus, Tende sal em vós mesmos, é um chamado à obediência radical; a uma vida santa preservada pela justiça. Ele então deu o discípulo uma aplicação prática direta, ordenando-lhes que"estar em paz uns com os outros" -a desafio apropriado para aqueles orgulhosos, auto-serviço, os homens hipercompetitivos que estavam constantemente brigando sobre qual deles era o maior (conforme 9 .: 34; Mateus 18:1-4; 20: 20-24; Lc 22:24).

Quando os crentes se envolver em radicalmente amoroso, puro, sacrificial, discipulado obediente, eles vão ser testemunhas radicais. Os cristãos são o único "sal da terra" Verdadeiro (Mt 5:13). Não há outras influências espirituais para modelar a verdade que não seja a vida de verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, que são conhecidos pela natureza radical de seu discipulado.


Barclay

O NOVO TESTAMENTO Comentado por William Barclay, pastor da Igreja da Escócia
Barclay - Comentários de Marcos Capítulo 9 do versículo 1 até o 50

Marcos 9

A glória do alto do monte — Mar. 9:2-8

A sorte do precursor — Mar. 9:9-13

A descida do monte — Mar. 9:14-18

O clamor da fé — Mar. 9:19-24

A causa do fracasso — Mar. 9:25-29

Enfrentando o fim — Mar. 9:30-32

A verdadeira ambição — Mar. 9:33-35

Ajudar os necessitados é ajudar a Cristo — Mar. 9:36-37

Uma lição de tolerância — Mar. 9:38-40

Recompensas e castigos — Mar. 9:41-42

A meta que vale qualquer sacrifício — Mar. 9:43-48

O sal da vida cristã — Mar. 9:49-50

A GLÓRIA DO ALTO DO MONTE Marcos 9:2-8

Aqui estamos face a face com um incidente na vida de Jesus envolto no mistério. Só podemos tentar entender o que aconteceu. Marcos diz que isto ocorreu seis dias depois dos incidentes perto da Cesaréia de Filipe. Lucas diz que foi oito dias depois. Aqui não há discrepância. Ambos querem dizer o que nós expressaríamos dizendo: "Como uma semana depois." Tanto a Igreja oriental como a ocidental recordam a Transfiguração em 6 de agosto. Não importa se essa é ou não a data exata, mas é uma data que faríamos bem em recordar.
A tradição diz que a Transfiguração teve lugar no topo do Monte Tabor. Em realidade, a Igreja oriental denomina Taborión ao festival da Transfiguração. Pode ser que a eleição do Monte Tabor se apóie na menção do mesmo no Sl 89:12, mas é uma escolha infeliz. Tabor está ao Sul da Galiléia, e Cesaréia de Filipe se encontra ao norte. O Tabor não tem mais de trezentos metros de altura e, nos dias de Jesus, havia uma fortaleza no topo. É muito mais provável que isto tivesse lugar entre as neves eternas do Monte Hermom que tem ao redor de três mil metros de altura, que está muito mais perto da Cesaréia de Filipe e onde a solidão seria muito mais completa.

Não podemos dizer o que aconteceu. Só podemos nos inclinar reverentes e buscar entendê-lo. Marcos nos diz que as roupas de Jesus se tornaram resplandecentes. .A palavra que emprega (stilbein) é a que se emprega para o brilho do ouro ou bronze polidos, ou o aço brunido, ou o dourado resplendor do Sol. Quando o incidente chegou a seu fim uma nuvem os envolveu. No pensamento judaico a presença de Deus se relaciona normalmente com a nuvem. Moisés encontrou a Deus em uma nuvem. Em uma nuvem Deus entrou no Tabernáculo. Uma nuvem encheu o templo quando foi dedicado depois que Salomão o construiu. E os judeus sonhavam com que, ao vir o Messias, a nuvem da presença de Deus retornaria ao templo (Ex 16:10; Ex 19:9; Ex 33:9; 1Rs 8:101Rs 8:10; 2 Macabeus Mc 2:8). A descida da nuvem é uma maneira de dizer que o Messias já tinha vindo, e assim o entenderia qualquer judeu. A Transfiguração tem uma dupla significação.

(1) Significou algo muito precioso para Jesus. Ele tinha que tomar suas próprias decisões. Tinha decidido ir a Jerusalém, e isso significava enfrentar e aceitar a cruz. Evidentemente tinha que estar absolutamente seguro de ter razão antes de continuar. Na cúpula da montanha recebeu uma dupla aprovação de sua decisão e sua eleição.
(a) Moisés e Elias se reuniram com Ele. Agora, Moisés era o legislador supremo da nação do Israel. A nação lhe devia as leis que eram leis de Deus. Elias era o primeiro e o maior dos profetas. Os homens o olhavam sempre como o profeta que trouxe ao mundo a voz de Deus. Que estes dois grandes personagens se reunissem com Jesus significava que o maior dos legisladores e o maior dos profetas diziam a Jesus: "Continue!" Significava que viam em Jesus a consumação de tudo o que eles tinham sonhado no passado. Significava que viam nele tudo o que a história tinha desejado e esperado e antecipado. É como se nesse momento Jesus tivesse recebido a segurança de que estava no bom caminho porque toda a história tinha estado em marcha para a cruz.
(b) Deus falou com Jesus. Como sempre, Ele não consultou seus próprios desejos. Apresentou-se diante de Deus e disse: "O que quer que Eu faça?" Colocou diante dele todos os seus planos e intenções. E Deus lhe disse: "Está agindo como deve agir meu Filho amado. Continue!" No Monte da Transfiguração Jesus teve a certeza de que não tinha escolhido um caminho equivocado. Viu, não só a inevitabilidade da cruz, mas também era essencialmente o que correspondia.

(2) Significou algo muito precioso para os discípulos.

  1. A declaração de Jesus de que ia a Jerusalém para morrer os havia destroçado. Parecia-lhes a negação completa de tudo o que eles entendiam do Messias. Estavam confundidos e turvados, sem compreender. Estavam acontecendo coisas que não só perturbavam suas mentes, mas também lhes feriam o coração. O que viram no Monte da Transfiguração lhes daria algo a que aferrar-se, mesmo que não pudessem entendê-lo. Houvesse ou não uma cruz, tinham ouvido a voz de Deus reconhecer a esse Jesus como seu Filho.
  2. Fez deles, em um sentido muito especial, testemunhas da glória de Cristo. Uma testemunha tem sido definido como alguém que primeiro vê e depois ensina. Nesta ocasião, sobre o Monte lhes tinha mostrado a glória de Cristo, e agora, não no momento, mas quando chegasse o tempo, tinham oculta em seus corações para contar aos homens a história desta glória.

A SORTE DO PRECURSOR

Marcos 9:9-13

Naturalmente, os três discípulos tiveram muito no que pensar enquanto desciam do monte.

Primeiro, Jesus começou com um mandamento. Não deviam dizer a ninguém o que tinham visto. Sabia muito bem que suas mentes estavam ainda dominadas pelo conceito de um Messias poderoso e forte. Se contavam o que tinha acontecido no topo da montanha, como tinham aparecido Moisés e Elias, como isto tivesse ressonado na expectativa popular! Isso teria feito parecer como a irrupção do poder vingador de Deus sobre as nações do mundo! Os discípulos tinham que aprender ainda o que significava o Messias. E só uma coisa podia lhes ensinar o que significava: a cruz e a ressurreição que a seguiria. Quando a cruz lhes tivesse ensinado o que significava o messianismo, e quando a ressurreição os tivesse convencido de que Jesus era o Messias, então, e só então, poderiam falar da gloriosa experiência do monte, porque então, e somente então, veriam-na como se devia vê-la: como o prelúdio, não de um desatar da força de Deus, e sim da crucificação do amor de Deus.
Suas mentes seguiam trabalhando. Não podiam entender o que significavam as palavras de Jesus sobre a ressurreição. Toda sua atitude mostra que em realidade nunca as entenderam. Toda sua atitude quando chegou a cruz foi a atitude de homens para quem tinha chegado o fim. Não devemos culpar os discípulos. Simplesmente tinham sido educados em uma idéia tão completamente diferente do Messias que literalmente não podiam captar o que Jesus lhe tinha dito.

Então perguntaram algo que os deixou intrigados. Os judeus acreditavam que antes que viesse o Messias viria Elias para ser seu precursor e introdutor (Malaquias 3:5-6).

Segundo uma tradição rabínica, Elias viria três dias antes que o Messias. O primeiro dia se deteria sobre os montes de Israel, lamentando a desolação da Terra. E logo, com uma voz que se ouviria de um ao outro extremo da Terra, gritaria: "A paz vem ao mundo; a paz vem ao mundo:" Ao segundo dia gritaria: "Deus vem ao mundo, Deus vem ao mundo." E ao terceiro dia gritaria: "Jeshua (a salvação) vem ao mundo, Jeshua vem ao mundo." Ele restauraria todas as coisas. Repararia as brechas familiares dos maus dias. Resolveria todos os pontos duvidosos de ritual e cerimonial. Purificaria a nação de Israel trazendo de volta os que tinham sido excluídos erroneamente e expulsaria os que tinham sido incluídos erroneamente. Elias tinha um lugar surpreendente no pensamento de Israel. Era concebido como um ser continuamente ativo no céu e na Terra a favor deles, e como o arauto da consumação final.

Sem dúvida, os discípulos se perguntavam: "Se Jesus for o Messias, o que aconteceu com Elias?" A resposta de Jesus foi em termos que qualquer judeu entenderia. "Elias", disse, "veio e os homens o trataram como quiseram, apoderaram-se dele e lhe aplicaram arbitrariamente sua vontade em lugar da vontade de Deus." Jesus se estava referindo ao encarceramento e a morte do João Batista às mãos do Herodes. E logo, por implicação, conduziu-os àquele pensamento que eles não queriam enfrentar e que Ele estava decidido a lhes fazer enfrentar. Por implicação lhes perguntou: "Se estas coisas fizeram com o precursor, que não farão com o Messias?" Jesus estava transtornando todas as noções e idéias preconcebidas de seus discípulos. Eles aguardavam a emergência de Elias, a vinda do Messias, a corrupção de Deus no tempo e a contundente vitória do céu, que eles identificavam com o triunfo de Israel.

Estava buscando fazê-los ver que em realidade o arauto tinha sido morto cruelmente e o Messias devia terminar em uma cruz. Mas eles seguiam sem entender, e sua falta de compreensão se devia à causa que sempre faz que os homens não entendam: aferravam-se à sua maneira de pensar e se negavam a ver as coisas como Deus as via. Queriam que as coisas fossem como eles as desejavam e não como Deus as tinha ordenado. O engano dos pensamentos humanos os tinha cegado à revelação da verdade de Deus.

A DESCIDA DO MONTE

Marcos 9:14-18

Este tipo de coisas era precisamente a que Pedro queria evitar. Na cúpula do monte, em presença da glória, havia dito: "Este lugar está bem para nós." E tinha querido levantar ali três cabanas, para Jesus, Moisés e Elias, e permanecer ali. A vida era muito melhor, muito mais perto de Deus, ali na cúpula. Por que descer? Mas é da própria essência da vida que devemos descer do topo do monte. Tem-se dito que na religião está bem a solidão, mas não o isolamento. A solidão é necessária, porque é necessário manter contato com Deus, mas se alguém, em sua busca da solidão essencial, separa-se de seus semelhantes, se fechar seus ouvidos ao pedido de ajuda dos homens, se fechar seu coração ao clamor das lágrimas das pessoas, então isso não é religião. A solidão não tem por objeto nos converter em solitários. Só nos fazer mais capazes de enfrentar as exigências da vida diária.
Jesus desceu para achar-se com uma situação muito delicada. Um pai tinha levado aos discípulos seu filho, que segundo todos os sintomas era epilético. Os discípulos tinham sido totalmente incapazes de fazer algo com esse caso, e isso tinha sido aproveitado pelos escribas, os expertos na Lei. A incapacidade dos discípulos era uma ocasião de primeira ordem para menosprezá-los, não só a eles, mas também a seu Mestre. Isso era o que fazia tão delicada a situação, e é também o que faz tão delicada para o cristão toda situação humana. Sua conduta, suas palavras, seu comportamento, sua capacidade ou incapacidade para enfrentar as demandas da vida, empregam-se como vara não só para medi-lo, mas também para julgar a Jesus Cristo.
A. Victor Murray, em seu livro sobre educação cristã, escreve:

"Há alguns a cujos olhos vem um olhar longínquo quando falam da Igreja. É uma sociedade sobrenatural, o corpo de Cristo, sua esposa imaculada, a custódia dos oráculos de Deus, a bem-aventurada companhia dos redimidos, e uns quantos títulos românticos mais, nenhum dos quais parece corresponder ao que os de fora podem ver por si mesmos na ‘Igreja Paroquial da Santa Agueda’ ou nos ‘Metodistas da Rua Principal’.”

Não importa quão ressonantes sejam as profissões de fé de um indivíduo, as pessoas o julgarão por suas ações, e, ao julgá-lo, julgará a seu Mestre. Nesta situação particular os escribas acharam uma oportunidade enviada pelo céu para menosprezar não só aos discípulos, mas também ao próprio Jesus.
E Jesus chegou. Quando as pessoas o viram se assombraram. Não temos que pensar por um momento que subsistisse ainda sobre Ele o resplendor da Transfiguração. Isso teria desbaratado suas instruções de que o fato se guardasse em segredo. A multidão o cria longe, nas solitárias ladeiras do Hermom. Tinham estado tão empenhados em sua discussão, que não o tinham visto chegar, e agora, justo no momento mais oportuno, ali estava em meio deles. Foi sua repentina e inesperada chegada, justo no momento preciso, o que os surpreendeu. Aqui aprendemos duas coisas a respeito de Jesus.

  1. Que Ele estava disposto a enfrentar a cruz, e estava logo para enfrentar o problema comum, segundo vierem. É característico da natureza humana que possamos enfrentar os grandes momentos críticos da vida com honra e dignidade, mas permitimos que as exigências rotineiras de cada dia nos irritem e distraiam e chateiem. Podemos enfrentar os golpes devastadores da vida com certo heroísmo, mas permitimos que as pequenas espetadas de alfinete nos perturbem e instiguem. Muitos podem enfrentar uma grande perda ou uma grande calamidade com tranqüila serenidade e, entretanto, zangam-se se uma comida está mal cozida ou se um trem chegar com atraso. O notável de Jesus era que podia enfrentar serenamente a cruz, e ao mesmo tempo, com igual tranqüilidade, tratar as emergências cotidianas da vida. A razão era que Ele não reservava a Deus para as crises, como fazemos tantos de nós. Ele transitava com Deus os atalhos diários da vida.
  2. Que Ele tinha vindo ao mundo para salvá-lo, e entretanto, podia entregar-se por inteiro a ajudar a uma só pessoa. É muito mais fácil pregar o evangelho do amor à humanidade que amar a um pecador determinado, individualmente. É fácil estar cheio de um afeto sentimental pelo gênero humano, e igualmente fácil achar muito molesto o ter que nos apartar do caminho para ajudar a um membro do gênero humano. Jesus tinha o dom, que é o dom de uma natureza superior, de dar-se inteiramente a cada pessoa com quem se encontrasse.

O CLAMOR DA FÉ

Marcos 9:19-24

Esta passagem começa com uma exclamação que saiu do próprio coração de Jesus. Ele tinha estado no topo do monte e tinha enfrentado a tremenda tarefa que tinha pela frente. Tinha decidido pôr sua vida para a redenção do mundo. E agora tinha descido do Monte só para achar a seus seguidores mais próximos, os que Ele mesmo tinha escolhido, derrotados, confusos, impotentes e inoperantes. A coisa, no primeiro momento, deve ter intimidado ao próprio Jesus.
Deve ter tido uma súbita compreensão do que outro teria chamado a desesperança de sua tarefa. Nesse momento deve ter estado prestes a se desesperar para o intento de mudar a natureza humana e fazer dos homens do mundo homens de Deus.
Como enfrentou esse momento de desespero? Disse: "Tragam-me o jovem," Quando não se pode enfrentar a situação última, o que se terá que fazer é enfrentar a situação imediata. Foi como se Jesus tivesse dito: "Não sei como vou mudar a estes meus discípulos, mas neste momento posso ajudar a este jovem. Continuemos com a tarefa presente e não nos desesperemos com o futuro."

Essa é a maneira de evitar o desespero. Se nos sentarmos a pensar no estado do mundo, podemos desesperar. nos entreguemos, pois, à ação e façamos o que podemos por nosso pedacinho do mundo. Às vezes podemos nos desesperar da Igreja. Então, ponhamo-nos em ação em nossa parte da Igreja. Jesus não se sentou atônito e paralisado ante a lentidão das mentes humanas. Ocupou-se da situação imediata. A maneira mais segura de evitar o pessimismo e o desespero é empreender a ação imediata que possamos, e sempre podemos fazer algo.

Ao pai do jovem, Jesus manifestou as condições para que se produzira um milagre. "Ao que crê", disse, "tudo lhe é possível." Era como lhe dizer: "A cura de seu filho depende, não de mim, mas sim de ti." Esta não é uma verdade especialmente teológica. É uma verdade universal. Enfocar algo com um espírito de desesperança é fazê-la desesperada. Enfocá-la com o espírito de fé é fazer dela uma possibilidade. Cavour disse uma vez que um estadista necessitava "Um sentido do possível". A maioria de nós estamos malditos com um sentido do impossível, e por isso precisamente é que não acontecem milagres.
Toda a atitude do pai do jovem é muito ilustrativa. Originalmente tinha chegado procurando a Jesus. Mas como Jesus estava no alto do monte tinha tido que tratar com os discípulos. Sua experiência com estes tinha sido desalentadora: Sua fé tinha saído maltratada, tanto que quando se encontrou com Jesus tudo o que pôde dizer foi: "Ajude-me, se pode fazer algo." E depois, face a face com o Mestre, sua fé se acendeu outra vez repentinamente. "Creio!", exclamou. "Se ainda fica em mim algum desalento, sim algumas dúvida, tire-os e me encha de uma fé correta."

Às vezes acontece que alguns obtêm menos do que esperavam de alguma Igreja ou de algum servidor da Igreja. Vão a alguma Igreja ou a algum homem que, crêem, é um homem de Deus e se sentem desiludidos. Quando isto acontece, tais pessoas devem ir, além da Igreja ao Senhor da Igreja; mais além do servo de Cristo, ao próprio Cristo. A Igreja às vezes pode nos desiludir, como também os servos de Deus na Terra. Mas quando nos encontramos face a face com Jesus Cristo Ele nunca nos desilude.

A CAUSA DO FRACASSO

Marcos 9:25-29

Jesus deve ter levado à parte o pai e o filho. Mas a multidão, ouvindo os gritos de ambos, tinha-se aproximado depressa, e então Jesus agiu. Houve uma última luta, uma luta até o esgotamento completo, e o jovem ficou são.

Quando ficaram sozinhos, os discípulos perguntaram a causa de seu fracasso. Certamente estavam recordando que o Senhor os tinha enviado a pregar e curar e expulsa demônios (Marcos 3:14-15). Por que, pois, tinham falhado tão rotundamente esta vez? Jesus lhes respondeu muito simplesmente que para esse tipo de curas fazia falta a oração.

Disse-lhes em efeito: "Vocês não vivem suficientemente perto de Deus." Tinham sido dotados de poder, mas necessitavam da oração para guardar e manter esse poder.
Há aqui uma profunda lição para nós. Pode ser que Deus nos tenha dado alguns dons, mas a não ser que mantenhamos estreito contato com Ele esses dons podem murchar-se e morrer. Isto se aplica a todos os dons. Deus pode lhe dar a um grandes dotes de pregador, mas se não mantiver seu contato com Deus, pode converter-se ao final em um falador e não em um homem de poder. Deus pode lhe a alguém o dom da música ou o canto, mas a não ser que essa pessoa mantenha o contato com Deus, pode converter-se em um simples profissional, que usa seu dom só por lucro, o que é algo triste. Isto não significa que não se deva usar um dom para ganhar dinheiro. A gente tem direito de capitalizar qualquer talento. Mas quer dizer que, mesmo que o use assim, deveria gozar-se nele porque o está usando para Deus. Diz-se que Jenny Lind, a famosa soprano sueca, antes de cada apresentação, a sós em seu camarim, orava: "Deus, me ajude a cantar seriamente esta noite."
A não ser que mantenhamos esse contato com Deus perderemos duas coisas, por grande que seja nosso dom.

  1. Perderemos vitalidade. Perderemos esse poder vivo, esse algo mais que significa a grandeza. Tudo se converte em uma representação, em lugar de uma oferta a Deus. O que deveria ser um corpo vivo, que respira, converte-se em um belo cadáver.
  2. Perderemos humildade. Começamos a usar para nossa própria glória o que deveria ser usado para a glória de Deus, e então perde sua virtude. O que tivéssemos tido que usar para pôr a Deus diante dos homens, usa-se para nos colocar a nós mesmos diante dos homens, e desaparece o hálito da beleza.

Aqui há um pensamento de advertência. Os discípulos haviam sido equipados com poder diretamente pelo próprio Jesus, mas não tinham nutrido esse poder com a oração, e se tinha desvanecido. Sejam quais forem os dons que Deus nos deu, perdemo-los quando os usamos para nós mesmos. Conservamo-los quando os enriquecemos pelo contínuo contato com o Deus que nos deu o poder.

ENFRENTANDO O FIM

Marcos 9:30-32

Esta passagem assinala um marco. Jesus deixou a região do Norte, onde estava seguro, e está dando os primeiros passos para Jerusalém e a cruz que ali o aguarda. Por esta vez não quis multidões a seu redor. Uma coisa sabia com certeza: que a não ser que pudesse gravar sua mensagem nos corações dos homens que tinha escolhido, teria fracassado. Qualquer professor pode deixar atrás de si uma série de proposições, mas Jesus sabia que isso não basta. Tinha que deixar um grupo de pessoas nas quais estivessem gravadas essas proposições. Tinha que assegurar-se, antes de abandonar corporalmente este mundo, de que houvesse alguns que entendessem, embora imperfeitamente, o que Ele tinha vindo a dizer.

Esta vez sua advertência soava mais a tragédia. Se compararmos esta passagem com o anterior no qual anunciou sua morte (Mc 8:31), vemos que se acrescenta uma frase: "O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens." Não só estava anunciando um fato e fazendo uma advertência; também estava fazendo um último apelo ao homem em cujo coração se estava formando o propósito de traí-lo.

Mesmo assim os discípulos não entenderam. O que não entendiam era a alusão a que voltaria a viver. A esta altura já estavam conscientes de uma atmosfera de tragédia, mas o que nunca captaram até o final foi a certeza da ressurreição. Era uma maravilha muito grande para eles, uma maravilha que só puderam apreciar quando se converteu em uma realidade evidente.
Quando não entendiam, os discípulos temiam fazer mais perguntas. Era como se soubessem tanto que temiam saber algo mais. Um homem pode receber o diagnóstico de um médico. Pode entender o teor geral do veredicto, mas não entender todos os detalhes, e pode ter medo de fazer mais perguntas, pela simples razão de que teme saber mais. Assim eram os discípulos.
Às vezes nos assombramos de que não entendessem o que se havia dito com tanta claridade. A mente humana tem uma assombrosa faculdade: a de rechaçar aquilo que não quer ver.

Somos nós tão diferentes deles? Uma e outra vez ouvimos a mensagem cristã. Conhecemos a gloriosa experiência de aceitá-la, e a tragédia de rechaçá-la, mas muitos de nós estamos tão longe como sempre de aceitá-la plenamente e deixar que molde nossas vidas. Os homens ainda aceitam as partes da mensagem cristã que lhes agradam e lhes convêm, e recusam entender o resto.

A VERDADEIRA AMBIÇÃO

Marcos 9:33-35

Nada mostra melhor que este incidente quão longe estavam os discípulos de entender o significado real do messianismo de Jesus. Repetidamente lhes tinha falado do que lhe aguardava em Jerusalém, e entretanto, é evidente que ainda estavam pensando sobre o Reino do Jesus em termos de um reino terrestre, e em si mesmos como os principais ministros de Estado. Há algo dilacerador no pensamento de que Jesus partia para a cruz e seus discípulos estavam discutindo a respeito de quem seria o primeiro. E entretanto, no íntimo de seus corações, sabiam que estavam equivocados. Quando Ele lhes perguntou sobre o que tinham estado discutindo, não souberam o que responder.

Era o silêncio da vergonha. Não tinham nada que dizer em seu favor; não tinham defesa.

É estranho como uma coisa ocupa o lugar que lhe é próprio e adquire seu verdadeiro caráter quando a colocamos aos olhos de Jesus. Enquanto criam que Jesus não os ouvia nem os via, a discussão a respeito de quem seria o primeiro lhes parecia importante, mas quando tiveram que expor a questão na presença de Jesus se viu toda sua falta de importância. Se tomarmos todas as coisas e as pomos diante de Jesus, isso significará uma enorme diferença em nossas vidas.
Se em tudo o que fazemos, perguntássemos: "Eu poderia fazer isto se Jesus estivesse me olhando?"; se quando dissermos algo, perguntássemos: "Eu poderia continuar falando assim se Jesus estivesse me ouvindo?" Salvar-nos-íamos de dizer e fazer muitas coisas. E a realidade da crença cristã é que não há tal "se", pois todas as ações são feitas, todas as palavras são ditas em sua presença. Deus nos guarde das palavras e ações das quais nos envergonharíamos de que Ele as ouvisse e visse.
Jesus tomou isto muito a sério. Diz o relato que se sentou e chamou a si os Doze. Quando um rabino estava ensinando em função de tal, quando estava ensinando como um professor ensina a seus alunos e discípulos, quando estava realmente fazendo um pronunciamento, sentava-se para fazê-lo. Antes de falar, Jesus adotou deliberadamente a posição de um rabino ao ensinar a seus discípulos. E então lhes disse que se procuravam grandeza em seu Reino, achariam-na não sendo primeiros, a não ser sendo últimos; não sendo senhores, a não ser sendo servos de todos. Não é que Jesus abolisse a ambição. Em vez disso, Ele a recriou e a sublimou. Substituiu a ambição de governar pela ambição de servir. Substituiu a ambição de que nos façam coisas pela ambição de fazer coisas para outros.
Longe de ser um conceito idealista impossível, este é um conceito do mais são senso comum. Os homens realmente grandes, os que se recordam como tendo feito uma real contribuição à vida, não são os que disseram a si mesmos: "Como posso usar do Estado e da sociedade para meu proveito?" e sim: "Como posso usar meus dons e talentos pessoais para servir ao Estado?"
Mr. Baldwin rendeu um nobre tributo a Lorde Curzon quando este faleceu. Nele disse: "Antes de me sentar, queria dizer uma ou duas coisas que ninguém mais que eu pode dizer. Um Primeiro-ministro vê a natureza humana nua até o osso, e tive a oportunidade de vê-lo duas vezes quando sofreu grandes desenganos na vez que eu fui preferido a ele para Primeiro-ministro —, e na vez que tive que lhe dizer que poderia prestar melhores serviços ao país como presidente do Comitê de Defesa Imperial que no Ministério de Relações Exteriores. Cada uma destas ocasiões foi para ele um amargo desengano, mas nem por um momento mostrou com palavras, olhares ou indiretas, ou por nenhuma referência posterior ao assunto, que estivesse insatisfeito. Não guardou rancor, e não procedeu mas sim da maneira que eu esperava dele, cumprindo seu dever ali onde se decidiu que podia ser mais útil". Eis aqui um homem cuja grandeza estava, não no fato de que tivesse alcançado as mais altas posições no Estado, e sim no fato de que estava disposto a servir a seu país em qualquer parte.
A verdadeira falta de egoísmo é estranha, e quando alguém a encontre lembra dela. Os gregos tinham uma história de certo espartano chamado Paedaretos. Deviam escolher-se trezentos homens para governar Esparta, e Paedaretos era um dos candidatos. Quando se leu a lista dos escolhidos, seu nome não figurava. "Sinto muito que não fosse eleito", disse-lhe um amigo. "A gente deveria saber que tivesse sido um funcionário sábio." Paedaretos respondeu: "Me alegro de que na Esparta haja trezentos homens melhores que eu". Eis aqui um homem que se converteu em lenda porque esteve disposto a dar o primeiro lugar a outros e não guardar rancor.

Todos os problemas econômicos se resolveriam se os homens vivessem para o que podem fazer por outros e não para o que podem obter para si mesmos. Todos os problemas políticos se resolveriam se a ambição dos homens fosse somente servir ao país e não aumentar seu próprio prestígio. As divisões e disputas que impedem a unidade da Igreja desapareceriam em sua major parte se o único afã da Igreja e seus funcionários fosse servir à Igreja, sem lhes importar em que posição estivessem em tanto prestassem o serviço. Quando Jesus falou da suprema grandeza e valor do homem cuja ambição era servir, estabeleceu uma das maiores verdades práticas do mundo.

AJUDAR OS NECESSITADOS É AJUDAR A CRISTO

Marcos 9:36-37

Lembremos que aqui Jesus se está ocupando das ambições dignas e das indignas.
Jesus tomou um menino e o pôs no meio. Agora, um menino não tem influência alguma. Um menino não pode fazer progredir a ninguém em sua carreira nem aumentar seu prestígio. Um menino não pode nos dar coisas. Pelo contrário, o menino precisa de coisas. Necessita que lhe façam coisas. De modo que Jesus diz: "Se, alguém recebe às pessoas pobres, comuns, às pessoas que não têm influência nem riquezas nem poder, aos que necessitam que lhes façam coisas, a mim me recebe. Mais ainda, recebe a Deus. O menino é típico da pessoa que necessita coisas, e devemos procurar a companhia da pessoa que necessita coisas.

Aqui há uma advertência. É fácil cultivar a amizade da pessoa que pode fazer algo por nós, e cuja influência pode nos ser útil. E não menos fácil é evitar a companhia da pessoa que inconvenientemente necessita nossa ajuda. É fácil cortejar o favor dos grandes e influentes, e menosprezar aos simples, humildes e comuns. É fácil procurar em alguma função a companhia de alguma pessoa distinguida e nos fazer notar por ela, e evitar as relações pobres. O que Jesus diz aqui é que devemos procurar, não aqueles que podem fazer coisas para nós, e sim aqueles para quem nós podemos fazer algo, porque ao fazê-lo buscamos a companhia do próprio Jesus. É outra maneira de dizer: "Por quanto o que fizeram a um destes meus irmãos pequeninos, a mim o fizeram".

UMA LIÇÃO DE TOLERÂNCIA Marcos 9:38-40

Como vimos vez após vez, nos dias de Jesus todo mundo acreditava em demônios. Todos acreditavam que as enfermidades mentais e físicas eram causadas pela influência maligna desses maus espíritos. Agora, havia uma maneira muito comum de exorcizar esses demônios. Se fosse possível conhecer o nome de um espírito mais poderoso ainda, e nesse nome ordenar ao demônio que saísse de uma pessoa, se supunha que este não poderia resistir. O demônio não podia suportar o poder do nome mais poderoso. Este é o quadro que temos aqui. João tinha visto um homem que usava o nome todo-poderoso de Jesus para expulsar demônios, e o tinha proibido, porque não pertencia à companhia dos íntimos de Jesus. Mas Jesus declarou que ninguém podia fazer uma obra de poder em seu nome e ser seu inimigo. E então estabeleceu o grande princípio de que "quem não é contra nós é por nós". Temos aqui, pois, uma lição de tolerância que quase todos precisamos aprender.

  1. Todo homem tem direito a seus pensamentos. Tem direito de pensar as coisas em profundidade, até chegar a suas próprias conclusões e suas próprias crenças. E isto é precisamente o que deveríamos respeitar. Somos muito propensos a condenar o que não entendemos. William Penn disse uma vez: "Não menosprezem nem se oponham àquilo que não entendem". Em Jd 1:10, Mt 5:29, Mt 5:30; Mt 10:28; Mt 18:9; Mt 23:15,Mt 23:33; Lc 12:5; Jc 3:6. A palavra se traduz regularmente inferno, e é uma palavra com história. É uma forma da palavra Hinom. O vale de Hinom era uma quebrada fora de Jerusalém, que tinha uma má história.

    Era o vale em que Acaz, na antiguidade, tinha instituído o culto do fogo e o sacrifício de crianças no fogo. “Queimou incenso no vale do filho de Hinom e queimou a seus próprios filhos” (2Cr 28:3). Esse terrível culto pagão foi seguido também por Manassés (2Cr 33:6). O vale do Hinom, Geena, portanto, era a cena de um dos mais terríveis deslizes de Israel para os costumes pagãos. Em sua reforma, Josias declarou lugar imundo ao vale do Hinom. “Também profanou a Tofete, que está no vale dos filhos de Hinom, para que ninguém queimasse a seu filho ou a sua filha como sacrifício a Moloque” (2Rs 23:10). Quando o vale foi assim declarado imundo e profanado, foi destinado a lançar os lixos de Jerusalém para ser queimados. Em conseqüência era um lugar sujo e fétido, onde animálias asquerosas se criavam entre os desperdícios e onde havia sempre fogo e fumaça como em um enorme incinerador. A referência ao verme que não morre e o fogo que não se apaga, procede de uma descrição da sorte dos inimigos de Israel em Is 66:24.

    Devido a tudo isto, o vale do Hinom ou Geena se converteu em uma sorte de símbolo do inferno, ou o lugar onde as almas dos ímpios serão torturadas e destruídas. Assim é usado no Talmud. "O pecador que desiste das palavras da Lei no final herdará o Geena." De modo, pois, que o Geena representa o lugar de castigo, e a palavra suscitava na mente de todo israelita as imagens mais repelentes e terríveis.
    Mas qual é a meta pela qual deve sacrificar-se todo o resto? É descrita de duas maneiras. Duas vezes é chamada vida, e uma vez Reino de Deus. Como podemos definir o Reino de Deus? Podemos tirar nossa definição do Pai Nosso. Nesta oração se encontram duas petições, uma junto à outra. "Venha o Teu reino. Seja feita a Tua vontade Assim na terra como no céu ". Não há um dispositivo literário mais característico do estilo judeu que o paralelismo. No paralelismo se põem lado a lado duas frases, uma das quais reitera a outra, ou a amplifica ou a explica e desenvolve. Qualquer versículo dos Salmos mostrará o funcionamento deste dispositivo. Podemos concluir, pois, que na oração dominical uma petição é uma explicação e amplificação da outra.

    Quando tomamos juntas, temos a definição de que: "O Reino dos céus é uma sociedade sobre a terra na qual a vontade de Deus se faz tão perfeitamente como no céu." Podemos dizer, pois, muito simplesmente, que fazer perfeitamente a vontade de Deus é ser cidadão do Reino dos Céus. E se aplicarmos isto à passagem que estivemos estudando significará que fazer a vontade de Deus vale qualquer sacrifico e qualquer disciplina e qualquer negação de si mesmo, que só em fazer a vontade de Deus há vida verdadeira e paz definitiva e satisfatória.

    Orígenes interpreta isto simbolicamente. Diz que pode ser necessário excluir da comunhão da Igreja a algum herege ou alguma má pessoa, a fim de manter a pureza do corpo da Igreja. Mas este dito está destinado a ser interpretado muito pessoalmente. Significa que pode ser necessário extirpar algum hábito, abandonar algum prazer, renunciar a alguma amizade, separar-nos de algo que nos foi muito querido, que se converteu em parte de nossas próprias vidas, a fim de ser plenamente obedientes à vontade de Deus. Esta não é uma questão que alguém pode resolver por outro. É somente uma questão da consciência individual de cada um, e significa que, se houver algo em nossa vida que se interpõe entre nós e a obediência perfeita à vontade de Deus, por querida que nos seja essa coisa ou pessoa, por mais que o hábito e o costume a tenham feito parte de nossa vida, deve ser erradicada. A erradicação pode ser uma operação cirúrgica dolorosa, pode parecer que nos corta uma parte de nosso corpo, mas se tivermos que conhecer a vida verdadeira, a verdadeira felicidade e paz, devemos fazê-lo. Isto pode parecer frio e severo, mas em realidade é só o confronto da realidade da vida.

    O SAL DA VIDA CRISTÃ

    Marcos 9:49-50

    Estes dois versículos são contados entre os de mais difícil interpretação do Novo Testamento. Os comentaristas apresentam literalmente dezenas de interpretações. Será mais fácil interpretá-los se recordarmos uma coisa que já tivemos ocasião de assinalar. Freqüentemente Jesus vertia ditos sentenciosos que se aderiam às mentes de seus ouvintes porque lhes era impossível esquecê-los. Mas com freqüência, embora recordavam o dito, não recordavam o contexto e a ocasião em que tinha sido pronunciado. O resultado é que freqüentemente temos uma série de ditos desconectados que foram reunidos porque se aderiram à mente do autor nessa ordem. Aqui temos um exemplo disto. Não acharemos o sentido destes dois versículos a não ser que reconheçamos que temos aqui três ditos soltos de Jesus que não têm nada que ver um com outro. Uniram-se na mente do compilador e ali permaneceram nessa ordem porque todos eles contêm a palavra sal.
    Constituem uma pequena coleção de ditos de Jesus nos que empregou a palavra sal em distintos usos, como uma metáfora ou ilustração. Tudo isto indica que não devemos tratar de achar alguma remota conexão entre estes ditos. Devemos tomá-los individualmente, um por um, e interpretá-los cada um por si.

    1. Todos serão salgados com fogo. Segundo a Lei judia, todo sacrifício devia ser salgado antes de ser devotado a Deus no altar (Lv 2:13). Esse sal sacrificial era chamada o sal do aliança (Nu 18:9; 2Cr 13:52Cr 13:5). O agregado desse sal era o que fazia aceitável a Deus o sacrifício, e a própria Lei de seu aliança assim o estabelecia. Este dito de Jesus significará, pois: "Antes de a vida do cristão ser aceitável a Deus, deve ser tratada com fogo assim como todo sacrifício é tratado com sal". O fogo é o sal que torna a vida aceitável a Deus.

    O que significa, pois, isto? Na linguagem corrente do Novo Testamento, o fogo tem duas conexões.

    1. O fogo está conectado com a purificação. O fogo é o que purifica o metal de baixa lei, separando as impurezas e deixando o metal puro. O fogo, pois, representa tudo o que purifica a vida, a disciplina com a qual o homem vence o seu pecado, as experiências da vida que purificam e fortalecem as juntas da alma. Nesse caso, isto significaria: "A vida aceitável a Deus é a que foi limpa e purificada pela disciplina da obediência cristã e a da aceitação cristã da mão guiadora de Deus".
    2. O fogo está conectado com a destruição. Em tal caso este dito teria que ver com a perseguição. Significaria que a vida que tenha suportado as vicissitudes e destruições e dificuldades e perigos da perseguição é a vida aceitável a Deus. O homem que enfrentou voluntariamente o perigo da destruição de seus bens e de sua própria vida, por sua lealdade a Jesus Cristo, é aquele que Deus ama. Assim, pois, podemos entender este primeiro dito de Jesus no sentido de que a vida purificada pela disciplina, e a vida que enfrentou o perigo da perseguição por causa de sua fidelidade é o sacrifício precioso para Deus.
    3. Bom é o sal; mas se o sal se faz insípido, com o que se vai temperar? Este dito é ainda mais difícil de interpretar. Não diríamos que não há outras interpretações possíveis, mas sugeriríamos que o pode entender mais ou menos assim. O sal tem duas virtudes características. Primeiro, tempera as coisas. Um ovo sem sal é insípido. Todo mundo sabe quão desagradável é um prato quando acidentalmente se omite em sua preparação o sal que deve levar. Segundo, o sal foi o primeiro dos preservativos. Para evitar que algo se apodrecesse e estragasse, empregava-se o sal. Os gregos diziam que o sal agia como uma alma em cadáver. A carne morta, se deixada, decompõe-se, mas, salgada, mantém sua frescura. O sal parecia lhe infundir uma sorte de vida. O sal, pois, defendia contra a podridão e a corrupção.

    Agora, o cristão foi enviado a uma sociedade pagã para viver nela e fazer algo por ela. A sociedade pagã tinha duas características. Primeiro, estava deprimida e cansada do mundo. Os mesmos luxos e excessos desse mundo antigo eram uma prova de que em sua depressão e cansaço estava procurando algo que desse emoção a uma vida da qual tinha desaparecido toda emoção. Agora, a esse mundo aborrecido e cansado chegou o cristianismo, e a tarefa dos cristãos foi repartir à sociedade um novo sabor e uma nova emoção como o faz o sal com um prato de comida.
    Segundo, esse mundo antigo era um mundo corrompido. Ninguém o sabia melhor que os próprios antigos. Juvenal assemelhava Roma a um esgoto imundo. A pureza tinha desaparecido e a castidade era desconhecida. Agora, a esse mundo corrupto e podre chegou o cristianismo, e sua tarefa foi trazer um anti-séptico para o veneno da vida, introduzir uma influência faxineira, purificadora nessa corrupção. Assim como o sal derrotava à corrupção que indevidamente ataca à carne morta, o cristianismo teria que atacar a corrupção do mundo. Assim, pois, neste dito Jesus estava desafiando aos cristãos. "O mundo", disse, "necessita o sabor e a pureza que só os cristãos podem lhe infundir. E se o cristão tiver perdido ele mesmo a emoção e a pureza da vida cristã, onde poderá o mundo obter estas coisas? Jesus está assinalando que a não ser que o cristão introduza na vida o sabor cristão e a pureza cristã não há nenhuma outra parte onde o mundo possa achar estas coisas. A não ser que o cristão, no poder de Cristo, vença a depressão e a corrupção do mundo, estas coisas florescerão sem controle.

    1. Tenham sal em vós mesmos; e tenham paz uns com os outros. Aqui devemos tomar o sal no sentido de pureza. Os antigos diziam que não havia no mundo nada mais puro que o sal, porque procedia das duas coisas mais puras; o Sol e o mar. A mesma brancura resplandecente do sal era uma imagem de pureza. Assim, pois, isto significaria: "Tenham dentro de vocês a influência purificadora do Espírito de Cristo. Sejam purificados do egoísmo e o egotismo, da amargura e a ira e a inveja. Sejam limpos da irritação e os caprichos e o amor próprio, e então, e só então, poderão viver em paz com seus semelhantes". Em outras palavras, Jesus está dizendo que só a vida que está limpa do eu e cheia de Cristo pode viver em verdadeira comunhão com os homens.

Dicionário

Derradeiro

adjetivo Que é o último; que ocupa a posição final de uma série, sequência etc: o jogo derradeiro foi o mais equilibrado.
Usado como último recurso ou possibilidade; final: derradeira oportunidade.
Que, em relação aos demais, é o único sobrevivente; remanescente: o derradeiro parente do avô.
Sem sucessão; sem correspondente igual em gênero ou espécie: abraço derradeiro; acabou com o seu derradeiro dinheiro.
Etimologia (origem da palavra derradeiro). Do latim derretrarius; de + retrarius.a.um.

Derradeiro Último (Mt 19:30), RC).

Dissê

1ª pess. sing. pret. perf. ind. de dizer
3ª pess. sing. pret. perf. ind. de dizer

di·zer |ê| |ê| -
(latim dico, -ere)
verbo transitivo

1. Exprimir por meio de palavra, por escrito ou por sinais (ex.: dizer olá).

2. Referir, contar.

3. Depor.

4. Recitar; declamar (ex.: dizer poemas).

5. Afirmar (ex.: eu digo que isso é mentira).

6. Ser voz pública (ex.: dizem que ele é muito honesto).

7. Exprimir por música, tocando ou cantando.

verbo intransitivo

8. Condizer, corresponder.

9. Explicar-se; falar.

10. Estar (bem ou mal) à feição ou ao corpo (ex.: essa cor não diz bem). = CONVIR, QUADRAR

verbo pronominal

11. Intitular-se; afirmar ser.

12. Chamar-se.

13. Declarar o jogo que se tem ou se faz.

nome masculino

14. Expressão, dito (ex.: leu os dizeres do muro).

15. Estilo.

16. Maneira de se exprimir.

17. Rifão.

18. Alegação, razão.


quer dizer
Expressão usada para iniciar uma explicação adicional em relação a algo que foi dito anteriormente. = ISTO É, OU SEJA

tenho dito
Fórmula com que se dá por concluído um discurso, um arrazoado, etc.


Doze

numeral Número que corresponde a 10 mais 2:12.
Que representa essa quantidade: fila número doze.
Que ocupa a décima segunda posição: página doze.
Que contém ou expressa essa quantidade: prateleira com doze livros.
substantivo masculino Aquele ou aquilo que tem o duodécimo lugar.
Representação gráfica dessa quantidade; em arábico: 12; em número romano: XII.
Etimologia (origem da palavra doze). Do latim dodece; do latim duodecim.

Doze OS DOZE

V. APÓSTOLO (Mt 26:14).


Doze O número das tribos de Israel que Jesus fez coincidir com o dos apóstolos (Mt 19:28).

Primeiro

adjetivo Que precede os outros no tempo, no lugar e na ordem.
O melhor, o mais notável: primeiro aluno da classe.
Que é indispensável; urgente: primeiras necessidades.
Noção básica; rudimentar: adquirir primeiros conhecimentos.
Através do qual algo se inicia; inicial: primeiro dia de trabalho.
Diz-se de um título ligado a certos cargos: primeiro médico do rei.
[Filosofia] Causa que seria a origem do encadeamento de causas e efeitos, isto é, de todo o universo; causa primeira.
advérbio Anterior a qualquer outra coisa; primeiramente.
substantivo masculino Algo ou alguém que está à frente dos demais.
numeral Numa sequência, o número inicial; um.
Etimologia (origem da palavra primeiro). Do latim primarius.a.um.

adjetivo Que precede os outros no tempo, no lugar e na ordem.
O melhor, o mais notável: primeiro aluno da classe.
Que é indispensável; urgente: primeiras necessidades.
Noção básica; rudimentar: adquirir primeiros conhecimentos.
Através do qual algo se inicia; inicial: primeiro dia de trabalho.
Diz-se de um título ligado a certos cargos: primeiro médico do rei.
[Filosofia] Causa que seria a origem do encadeamento de causas e efeitos, isto é, de todo o universo; causa primeira.
advérbio Anterior a qualquer outra coisa; primeiramente.
substantivo masculino Algo ou alguém que está à frente dos demais.
numeral Numa sequência, o número inicial; um.
Etimologia (origem da palavra primeiro). Do latim primarius.a.um.

primário, primitivo, primevo, primordial. – Segundo Lac. – primeiro é, em geral, o ser que está ou se considera à frente de uma série deles; é o que precede a todos em alguma das diferentes circunstân- Dicionário de Sinônimos da Língua Portuguesa 455 cias de tempo, lugar, dignidade, etc. – Primitivo é o primeiro ser de uma série com relação aos seus diferentes estados, ou com relação a outros seres que daquele se derivaram. – Primevo (como se vê da própria formação do vocábulo) refere-se ao que é da primeira idade, ou das primeiras idades. D. Afonso Henriques foi o primeiro rei de Portugal. A disciplina que se observava nos primeiros séculos da Igreja chama-se disciplina primitiva. As leis por que se regia um povo nos primeiros tempos da sua organização social chamam-se ao depois lei primevas. – Entre primeiro e primário há uma distinção essencial que se pode marcar assim: o primeiro está em primeiro lugar, ou está antes de todos na série; marca, portanto, apenas lugar na ordem, e é por isso mesmo que quase normalmente reclama um completivo: F. é o primeiro na classe; os primeiros homens; o primeiro no seu tempo; o primeiro a falar. Enquanto que primário marca também o que vem antes de todos, o que está em primeiro lugar, mas com relação aos atributos, ou ao modo de ser dos vários indivíduos que formam a série ou que entram na ordem: diz, portanto, primário – “o mais simples, aquele pelo qual se começa”. Ensino primário; noções primárias. – Primordial refere-se à época que precede a uma outra época e que se considera como origem desta. Período geológico primordial é o que precede ao primitivo. Neste já se encontram organismos: o primordial é azoico.

Ser

verbo predicativo Possuir identidade, particularidade ou capacidade inerente: Antônia é filha de José; esta planta é uma samambaia; a Terra é um planeta do sistema solar.
Colocar-se numa condição ou circunstância determinada: um dia serei feliz.
Gramática Usado na expressão de tempo e de lugar: são três horas; era em Paris.
verbo intransitivo Pertencer ao conjunto dos entes concretos ou das instituições ideais e abstratas que fazem parte do universo: as lembranças nos trazem tudo que foi, mas o destino nos mostrará tudo o que será.
Existir; fazer parte de uma existência real: éramos os únicos revolucionários.
verbo predicativo e intransitivo Possuir ou preencher um lugar: onde será sua casa? Aqui foi uma igreja.
Demonstrar-se como situação: a festa será no mês que vem; em que lugar foi isso?
Existir: era uma vez um rei muito mau.
Ser com. Dizer respeito a: isso é com o chefe.
verbo predicativo e auxiliar Une o predicativo ao sujeito: a neve é branca.
Gramática Forma a voz passiva de outros verbos: era amado pelos discípulos.
Gramática Substitui o verbo e, às vezes, parte do predicado da oração anterior; numa oração condicional iniciada por "se" ou temporal iniciada por "quando" para evitar repetição: se ele faz caridade é porque isso lhe traz vantagens políticas.
Gramática Combinado à partícula "que" realça o sujeito da oração: eu é que atuo.
Gramática Seguido pelo verbo no pretérito perfeito composto: o ano é acabado.
substantivo masculino Pessoa; sujeito da espécie humana.
Criatura; o que é real; ente que vive realmente ou de modo imaginário.
A sensação ou percepção de si próprio.
A ação de ser; a existência.
Etimologia (origem da palavra ser). Do latim sedẽo.es.sẽdi.sessum.sedẽre.

O ser é uno mesmo quando no corpo ou fora dele. No corpo, ocorre a perfeita integração dos elementos que o constituem, e, à medida que se liberta dos envoltórios materiais, prossegue na sua unidade com os vestígios da vivência impregnados nos tecidos muito sutis do perispírito que o transmitem à essência espiritual.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Impermanência e imortalidade• Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - O sofrimento

[...] o ser é fruto dos seus atos passados, para agir com as ferramentas da própria elaboração, na marcha ascendente e libertadora.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Párias em redenção• Pelo Espírito Victor Hugo• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - L• 3, cap• 5

[...] cada ser é um universo em miniatura, expansível pelo pensamento e pelo sentimento e que possui como atributo a eternidade.
Referencia: SCHUBERT, Suely Caldas• Obsessão/desobsessão: profilaxia e terapêutica espíritas• 16a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - pt• 1, cap• 8

[...] o ser é o artífice da sua própria desgraça ou felicidade, do seu rebaixamento ou elevação. [...]
Referencia: SOARES, Sílvio Brito• Páginas de Léon Denis• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1991• - Cristianismo e Espiritismo


Sera

abundância

Servo

substantivo masculino Quem não é livre; privado de sua liberdade.
Quem age com obediência ou servindo alguém: servo de Deus.
História Numa sociedade feudal, quem pertencia a um senhor sem ser escravo.
Quem oferece ou realiza serviços; criado.
Quem se submete ao poder de um senhor por pressão ou violência.
adjetivo Que não é livre; cuja liberdade foi retirada.
Que está sujeito aos poderes de um senhor; escravo.
Que realiza ou oferece serviços; serviçal.
Etimologia (origem da palavra servo). Do latim servus.i.

substantivo masculino Quem não é livre; privado de sua liberdade.
Quem age com obediência ou servindo alguém: servo de Deus.
História Numa sociedade feudal, quem pertencia a um senhor sem ser escravo.
Quem oferece ou realiza serviços; criado.
Quem se submete ao poder de um senhor por pressão ou violência.
adjetivo Que não é livre; cuja liberdade foi retirada.
Que está sujeito aos poderes de um senhor; escravo.
Que realiza ou oferece serviços; serviçal.
Etimologia (origem da palavra servo). Do latim servus.i.

Por esta palavra se traduzem duas palavras hebraicas, que ocorrem freqüentemente no A.T., e que significam rapaz, pessoa de serviço, ou um escravo. A palavra é, algumas vezes, empregada a respeito de pessoas humildes (Gn 32:18-20), e também com relação a altos oficiais da corte (Gn 40:20 – 2 Sm 10.2,4). Uma terceira palavra implica aquele que está às ordens de alguém para o ajudar (Êx 33:11). Mas, pela maior parte das vezes, no A.T., trata-se de um escravo. De igual modo, no N.T., a palavra ‘servo’ aparece como tradução das indicadas palavras hebraicas, significando criada da casa (como em Lc 16:13), ou um rapaz (como em Mt 8:6), ou ainda um agente (como em Mt 26:58) – mas na maioria dos casos o termo refere-se a um escravo (Mt 8:9, etc.). Esta palavra aplicavam-na os apóstolos a si mesmos, como sendo os servos de Deus (At 4:29Tt 1:1Tg 1:1) e de Jesus Cristo (Rm 1:1Fp 1:1 – Jd 1). (*veja Escravidão.)

Servo
1) Empregado (Mt 25:14, NTLH).


2) ESCRAVO (Gn 9:25, NTLH).


3) Pessoa que presta culto e obedece a Deus (Dn 3:26; Gl 1:10) ou a Jesus Cristo (Gl 1:10). No NT Jesus Cristo é chamado de “o Servo”, por sua vida de perfeita obediência ao Pai, em benefício da humanidade (Mt 12:18; RA: At 3:13; 4.27).


Será

substantivo deverbal Ação de ser; ato de se colocar num local, situação ou circunstância determinada no futuro: amanhã ele será o novo diretor.
Ação de passar a possuir uma identidade ou qualidade intrínseca: ele será médico.
Ação de apresentar temporariamente determinada forma, estado, condição, aspecto, tempo: um dia ele será rico; o exame será na semana que vem.
Etimologia (origem da palavra será). Forma Der. de ser.

substantivo deverbal Ação de ser; ato de se colocar num local, situação ou circunstância determinada no futuro: amanhã ele será o novo diretor.
Ação de passar a possuir uma identidade ou qualidade intrínseca: ele será médico.
Ação de apresentar temporariamente determinada forma, estado, condição, aspecto, tempo: um dia ele será rico; o exame será na semana que vem.
Etimologia (origem da palavra será). Forma Der. de ser.

(Heb. “abundância”). Filha de Aser, a qual, juntamente com seus irmãos, é listada entre os que desceram ao Egito com Jacó (Gn 46:17; Nm 26:46-1Cr 7:30).


Strongs

Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
καί καθίζω φωνέω δώδεκα καί αὐτός λέγω εἰ τίς θέλω εἶναι πρῶτος ἔσομαι ἔσχατος πᾶς καί διάκονος πᾶς
Marcos 9: 35 - Texto em Grego - (BGB) - Bíblia Grega Bereana

E ele assentou-se, e chamando os doze, disse-lhes: Se algum homem deseja ser o primeiro, este será o último de todos, e o servo de todos.
Marcos 9: 35 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

Setembro de 29
G1249
diákonos
διάκονος
puro, claro, sincero
(and clean)
Adjetivo
G1427
dṓdeka
δώδεκα
doze
(twelve)
Adjetivo - neutro acusativo plural
G1487
ei
εἰ
se
(If)
Conjunção
G1510
eimí
εἰμί
ser
(being)
Verbo - Presente do indicativo Ativo - Masculino no Singular nominativo
G2078
éschatos
ἔσχατος
um dos dois reis de Midiã que comandaram a grande invasão da Palestina e finalmente
(Zebah)
Substantivo
G2309
thélō
θέλω
querer, ter em mente, pretender
(willing)
Verbo - Presente do indicativo Ativo - Masculino no Singular nominativo
G2523
kathízō
καθίζω
fazer sentar
(having sat down)
Verbo - particípio aorista (pretérito não qualificado de um verbo sem referência à duração ou conclusão da ação) ativo - Masculino no Singular genitivo
G2532
kaí
καί
desejo, aquilo que é desejável adj
(goodly)
Substantivo
G3004
légō
λέγω
terra seca, solo seco
(the dry land)
Substantivo
G3588
ho
para que
(that)
Conjunção
G3956
pâs
πᾶς
língua
(according to his language)
Substantivo
G4413
prōtos
πρῶτος
primeiro no tempo ou lugar
(first)
Adjetivo - Masculino no Singular nominativo
G5100
tìs
τὶς
alguém, uma certa pessoa
(something)
Pronome interrogatório / indefinido - neutro acusativo singular
G5455
phōnéō
φωνέω
o 5o
(and Sabtechah)
Substantivo
G846
autós
αὐτός
dele
(of him)
Pronome Pessoal / Possessivo - Genitivo Masculino 3ª pessoa do singular


διάκονος


(G1249)
diákonos (dee-ak'-on-os)

1249 διακονος diakonos

provavelmente do obsoleto diako (saída breve para fazer ou buscar alguma coisa, cf 1377); TDNT - 2:88,152; n m/f

  1. alguém que executa os pedidos de outro, esp. de um mestre, servo, atendente, minístro
    1. o servo de um rei
    2. diácono, alguém que, em virtude do ofício designado a ele pela igreja, cuida dos pobres e tem o dever de distribuir o dinheiro coletado para uso deles
    3. garçom, alguém que serve comida e bebida

Sinônimos ver verbete 5834 e 5928


δώδεκα


(G1427)
dṓdeka (do'-dek-ah)

1427 δωδεκα dodeka

de 1417 e 1176; TDNT - 2:321,192; n indecl

  1. doze
    1. os doze apóstolos de Jesus, assim nomeados pela sua eminência

εἰ


(G1487)
ei (i)

1487 ει ei

partícula primária de condicionalidade; conj

  1. se

εἰμί


(G1510)
eimí (i-mee')

1510 ειμι eimi

primeira pessoa do singular do presente indicativo; uma forma prolongada de um verbo primário e defectivo; TDNT - 2:398,206; v

  1. ser, exitir, acontecer, estar presente

ἔσχατος


(G2078)
éschatos (es'-khat-os)

2078 εσχατως eschatos

superlativo, provavelmente de 2192 (no sentido de contigüidade); TDNT - 2:697,264; adj

  1. extremo
    1. último no tempo ou no lugar
    2. último numa série de lugares
    3. último numa suceção temporal
  2. último
    1. último, referindo-se ao tempo
    2. referente a espaço, a parte extrema, o fim, da terra
    3. de posição, grau de valor, último, i.e., inferior

θέλω


(G2309)
thélō (thel'-o)

2309 θελω thelo ou εθελω ethelo

em tempos certos θελεω theleo thel-eh’-o e εθελεω etheleo eth-el-eh’-o que são normalmente absoletos aparentemente reforçada pela forma alternativa de 138; TDNT - 3:44,318; v

  1. querer, ter em mente, pretender
    1. estar resolvido ou determinado, propor-se
    2. desejar, ter vontade de
    3. gostar
      1. gostar de fazer algo, gostar muito de fazer
    4. ter prazer em, ter satisfação

Sinônimos ver verbete 5915


καθίζω


(G2523)
kathízō (kath-id'-zo)

2523 καθιζω kathizo

outra forma (ativa) para 2516; TDNT - 3:440,386; v

  1. fazer sentar
    1. colocar, apontar, conferir um reino a alguém
  2. intransitivamente
    1. sentar-se
    2. sentar
      1. ter residência de alguém fixa
      2. permanecer, assentar, estabelecer-se

καί


(G2532)
kaí (kahee)

2532 και kai

aparentemente, uma partícula primária, que tem uma ação aditiva e algumas vezes também uma força acumulativa; conj

  1. e, também, até mesmo, realmente, mas

λέγω


(G3004)
légō (leg'-o)

3004 λεγω lego

palavra raiz; TDNT - 4:69,505; v

  1. dizer, falar
    1. afirmar sobre, manter
    2. ensinar
    3. exortar, aconselhar, comandar, dirigir
    4. apontar com palavras, intentar, significar, querer dizer
    5. chamar pelo nome, chamar, nomear
    6. gritar, falar de, mencionar


(G3588)
ho (ho)

3588 ο ho

que inclue o feminino η he, e o neutro το to

em todos as suas inflexões, o artigo definido; artigo

  1. este, aquela, estes, etc.

    Exceto “o” ou “a”, apenas casos especiais são levados em consideração.


πᾶς


(G3956)
pâs (pas)

3956 πας pas

que inclue todas as formas de declinação; TDNT - 5:886,795; adj

  1. individualmente
    1. cada, todo, algum, tudo, o todo, qualquer um, todas as coisas, qualquer coisa
  2. coletivamente
    1. algo de todos os tipos

      ... “todos o seguiam” Todos seguiam a Cristo? “Então, saíam a ter com ele Jerusalém e toda a Judéia”. Foi toda a Judéia ou toda a Jerusalém batizada no Jordão? “Filhinhos, vós sois de Deus”. “O mundo inteiro jaz no Maligno”. O mundo inteiro aqui significa todos? As palavras “mundo” e “todo” são usadas em vários sentidos na Escritura, e raramente a palavra “todos” significa todas as pessoas, tomadas individualmente. As palavras são geralmente usadas para significar que Cristo redimiu alguns de todas as classes — alguns judeus, alguns gentis, alguns ricos, alguns pobres, e não restringiu sua redenção a judeus ou gentios ... (C.H. Spurgeon de um sermão sobre a Redenção Particular)


πρῶτος


(G4413)
prōtos (pro'-tos)

4413 πρωτος protos

superlativo contraído de 4253; TDNT - 6:865,965; adj

  1. primeiro no tempo ou lugar
    1. em alguma sucessão de coisas ou pessoas
  2. primeiro na posição
    1. influência, honra
    2. chefe
    3. principal

      primeiro, no primeiro


τὶς


(G5100)
tìs (tis)

5101 τις tis

τις (Strong G5100) Sem acento, é um pronome indefinido, correspondente ao latin (aliquis, quis, quidam)

Possui relação com τíς (Strong G5101) Com acento, é um pronome interrogativo. Praticamente todos os pronomes interrogativos das línguas latinas (quis? quid? cur?): Como?, Onde?, Quem?, O Que?, Por que?

Fonte: Miudinho - Mateus 16:8 {Aluizio Elias}

φωνέω


(G5455)
phōnéō (fo-neh'-o)

5455 φωνεω phoneo

de 5456; TDNT - 9:301,1287; v

  1. soar, emitir um som, falar
    1. de um galo: cacarejar
    2. de pessoas: chorar, gritar, clamar, falar com voz alta
  2. chamar, chamar a si mesmo, seja pela sua própria voz ou por meio de outro
  3. mandar buscar, intimar
    1. ordenar (i.e., emitir ordem para deixar um lugar e dirigir-se a outro)
    2. convidar
    3. dirigir-se a alguém, interpelar, chamar por nome

αὐτός


(G846)
autós (ow-tos')

846 αυτος autos

da partícula au [talvez semelhante a raiz de 109 pela idéia de um vento instável] (para trás); pron

  1. ele próprio, ela mesma, eles mesmos, de si mesmo
  2. ele, ela, isto
  3. o mesmo