Enciclopédia de Daniel 9:11-11

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

dn 9: 11

Versão Versículo
ARA Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz; por isso, a maldição e as imprecações que estão escritas na Lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós, porque temos pecado contra ti.
ARC Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz; por isso a maldição, o juramento que está escrito na lei de Moisés, servo de Deus, se derramou sobre nós; porque pecamos contra ele.
TB Todos os de Israel têm transgredido a tua lei, desviando-se, para não obedecerem à tua voz; por isso, tem sido a maldição derramada sobre nós e bem assim o juramento que está escrito na lei de Moisés, servo de Deus, porque temos pecado contra ele.
HSB וְכָל־ יִשְׂרָאֵ֗ל עָֽבְרוּ֙ אֶת־ תּ֣וֹרָתֶ֔ךָ וְס֕וֹר לְבִלְתִּ֖י שְׁמ֣וֹעַ בְּקֹלֶ֑ךָ וַתִּתַּ֨ךְ עָלֵ֜ינוּ הָאָלָ֣ה וְהַשְּׁבֻעָ֗ה אֲשֶׁ֤ר כְּתוּבָה֙ בְּתוֹרַת֙ מֹשֶׁ֣ה עֶֽבֶד־ הָֽאֱלֹהִ֔ים כִּ֥י חָטָ֖אנוּ לֽוֹ׃
BKJ Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, afastando-se para não obedecerem a tua voz; portanto a maldição está derramada sobre nós, e o juramento que está escrito na lei de Moisés, o servo de Deus, porque nós pecamos contra ele.
LTT Sim, todo o Israel transgrediu a Tua lei, desviando-se para não obedecer à Tua voz; por isso a maldição e o juramento, que estão escritos na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra Ele.
BJ2 Na verdade, todo Israel transgrediu a tua lei e desviou-se para não escutar a tua voz. Por isso derramaram-se sobre nós a maldição e a imprecação inscritas na lei de Moisés, o servo de Deus - porque pecamos contra ele.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Daniel 9:11

Levítico 26:14 Mas, se me não ouvirdes, e não fizerdes todos estes mandamentos,
Deuteronômio 27:15 Maldito o homem que fizer imagem de escultura ou de fundição, abominação ao Senhor, obra da mão do artífice, e a puser em um lugar escondido! E todo o povo responderá e dirá: Amém!
Deuteronômio 28:15 Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor, teu Deus, para não cuidares em fazer todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então, sobre ti virão todas estas maldições e te alcançarão:
Deuteronômio 29:20 O Senhor não lhe quererá perdoar; mas, então, fumegará a ira do Senhor e o seu zelo sobre o tal homem, e toda maldição escrita neste livro jazerá sobre ele; e o Senhor apagará o seu nome de debaixo do céu.
Deuteronômio 30:17 Porém, se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido para te inclinares a outros deuses, e os servires,
Deuteronômio 31:17 Assim, se acenderá a minha ira, naquele dia, contra ele, e desampará-lo-ei, e esconderei o meu rosto dele, para que seja devorado; e tantos males e angústias o alcançarão, que dirá, naquele dia: Não me alcançaram estes males por não estar o meu Deus no meio de mim?
Deuteronômio 32:19 O que vendo o Senhor, os desprezou, provocado à ira contra seus filhos e suas filhas;
II Reis 17:18 Pelo que o Senhor muito se indignou contra Israel e os tirou de diante da sua face; nada mais ficou, senão a tribo de Judá.
Isaías 1:4 Ai da nação pecadora, do povo carregado da iniquidade da semente de malignos, dos filhos corruptores! Deixaram o Senhor, blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás.
Jeremias 8:5 Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia contínua? Retém o engano e não quer voltar.
Jeremias 9:26 Ao Egito, e a Judá, e a Edom, e aos filhos de Amom, e a Moabe, e a todos os que cortam os cantos do seu cabelo, que habitam no deserto; porque todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração.
Ezequiel 22:26 Os seus sacerdotes transgridem a minha lei, e profanam as minhas coisas santas; entre o santo e o profano não fazem diferença, nem discernem o impuro do puro; e de meus sábados escondem os seus olhos, e assim sou profanado no meio deles.

Mapas Históricos

Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados ​​para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.

A Escrita

AS PRIMEIRAS FORMAS DE ESCRITA
Vimos anteriormente como a escrita surgiu de maneira quase simultânea no Egito e na Mesopotâmia por volta de 3100 .C. Nesses dois locais, usavam-se figuras para representar palavras. O estilo egípcio veio a ser conhecido como "hieroglífico" (um termo grego que significa " escrita sagrada"). Em sua forma clássica, correspondente a0 Médio Império Egípcio (2116-1795 aC.), empregava-se cerca de setecentos sinais. Essa forma era usada em monumentos e textos religiosos e podia ser escrita tanto da esquerda para a direita quanto da direita para a esquerda. Em 2500 a.C., os hieróglifos haviam dado origem a uma escrita cursiva simplificada (conhecida como "hierática", de um termo grego que significa "sacerdotal") usada para fins administrativos e comerciais. O registro era feito com tinta em papiro, da direita para a esquerda.
Na Mesopotâmia, a estilização das figuras ocorreu rapidamente, pois era impossível desenhar curvas com um estilo numa tábua de argila, o principal material usado para esse fim. O sistema de escrita desenvolvido, chamado de "cuneiforme" isto é, "em forma de cunha" era usado pelas línguas acádia e suméria e escrito da esquerda para a direita.
Tendo em vista a complexidade dos sistemas de escrita tanto no Egito quanto na Mesopotâmia, essa forma de registro era monopolizada por uma elite de escribas. Enquanto os hieróglifos se restringiram ao Egito, a escrita cuneiforme se expandiu além da Mesopotâmia, sendo usada para registrar línguas como o eblaíta na Síria, o elamita no sudoeste do Irá e o hitita, hurrita e urartiano na Turquia. Tabletes com escrita cuneiforme também foram encontrados em vários locais na Palestina. Parte do Épico de Gilgamés, por exemplo, foi descoberta em Megido.

O PRIMEIRO ALFABETO
Em 1999, arqueólogos encontraram em Wadi el- Hol, no Alto Egito, possivelmente as mais antigas inscrições alfabéticas. Datadas de 1900 a 1800 a.C., antecedem em dos séculos qualquer inscrição alfabética conhecida até então e, ao que parece, foram produzidas por mercenários ou mineiros migrants de língua semita que usaram figuras para retratar sons individuais correspondents a consoantes. Os exemplos mais antigos de alfabeto conhecidos até 1999 eram provenientes das minas egípcias de turquesa em Serabit el-Khadim (talvez o local chamado Dofca mencionado em Nm 33:13), na península do Sinai. Estas inscrições também foram feitas por mineiros semitas datadas, neste caso, de c. 1700 a.C. Pelo menos 23 caracteres eram usados, sendo quase metade deles emprestado claramente do egípcio. A palavra "alfabeto" é derivada das duas primeiras palavras do alfabeto grego, alfa e beta, dois termos provenientes de línguas semíticas e que não têm nenhum significado no grego. Alefe e bete, as duas primeiras letras do alfabeto hebraico de 22 letras, significam, respectivamente, "boi" e "casa". Assim, usava-se a figura de uma casa para representar a consoante b. A importância do alfabeto é incalculável. Um alfabeto podia ser aprendido por praticamente qualquer pessoa que dedicasse um ou dois dias de esforço a essa tarefa. Pelo menos em termos teóricos, a escrita deixou de se concentrar nas mãos de uns poucos privilegiados.

A ESCRITA NO ANTIGO TESTAMENTO
É interessante observar que as evidências mais antigas de alfabetos são anteriores às duas datações do êxodo e provenientes do Egito e do Sinai, dois lugares estreitamente associados à vida de Moisés. Assim, não há motivo para duvidar da possibilidade de Moisés ter registrado a lei em escrita alfabética. Em várias ocasiões, Moisés foi instruído a escrever Josué pediu uma descrição por escrito das partes da terra prometida que ainda não haviam sido ocupadas por Israel e um jovem entregou por escrito para Gideão os nomes de 77 oficiais da cidade de Sucote. Israelitas comuns receberam a ordem de escrever os mandamentos do Senhor nos umbrais das casas e em suas portas.

A ESCRITA NO ISRAEL ANTIGO
Quatro fragmentos de cerâmica com inscrições provenientes de Laquis foram datados de c. 1250 a.C. Algumas das letras são reconhecíveis, mas nem todas podem ser compreendidas, pois os fragmentos foram danificados. Um óstraco (fragmento de cerâmica com inscrições) datado do século XII aC. foi encontrado em 1976 em Izbet Sarteh (talvez a cidade bíblica de Ebenézer). Esse fragmento medindo 8.8 cm por 15 cm contém 83 letras em cinco linhas quase apagadas e, até o presente, consideradas indecifráveis, apesar da quinta e última linha parecer um exercício de escrita do alfabeto da esquerda para a direita.

O "Calendário de Gezer", medindo 11 cm por 7 cm, encontrado em Gezer em 1908 e, atualmente, parte do acervo do museu arqueológico de Istambul, é datado de c. 925 a. C., talvez pouco depois da divisão de Israel em dois reinos, após a morte de Salomão. Escrito da direita para a esquerda e gravado em pedra calcária, parece ser o exercício escolar de um aluno e descreve o ano agrícola, começando com o outono.

Dois meses de armazenamento.
Dois meses de semeadura.
Dois meses de crescimento na primavera.
Um mês de tirar o linho.
Um mês de colheita da cevada.
Um mês de [colher] todo o resto.
Um mês de poda.
Um mês de frutas de verão.
Abias.

Não há como determinar se o calendário de Gezer foi escrito em hebraico, pois é igualmente possível que se trate de uma língua cananéia. Não obstante, evidencia a capacidade de ler e escrever dos povos da época. Sem dúvida, existiam escribas e secretários profissionais que atuavam na corte, no templo e, talvez, em bazares ou mercados onde atendiam à população em geral, como ainda acontece até hoje em alguns lugares do Oriente Próximo. Inscrições informais do período da monarquia de Israel, em alguns casos apenas nomes e notas curtas, foram encontradas em pelo menos 25 locais da Palestina. É pouco provável que tenham sido produzidas por escribas profissionais, sugerindo, portanto, que O conhecimento da escrita era amplamente difundido no Israel antigo. A maioria das inscrições hebraicas ainda existentes são datadas do período posterior a 750 a.C.Isto não significa, porém, que não estavam presentes em Israel muito tempo antes. Trata-se apenas da aplicação de um princípio arqueológico segundo o qual os artefatos do período imediatamente anterior a uma destruição podem ser encontrados em quantidade muito maior do que os de períodos anteriores. Ademais, a variedade de inscrições do período monárquico em Israel, desde textos inscritos em monumentos, cartas e selos, até nomes e listas riscados em vasos de cerâmica, sugerem o uso amplo da escrita.

A PROPAGAÇÃO DO ALFABETO
Depois de sua invenção, o alfabeto se propagou amplamente, muitas vezes em formas bastante adaptadas. O porto sírio de Ugarite usava um alfabeto cuneiforme com 29 letras em c. 1300 .C. Textos isolados escritos nesse alfabeto também foram encontrados em Taanaque, Tabor e Bete-Semes, na Palestina. Um alfabeto diferente com 29 letras começou a ser usado no sul da Arábia a partir do século IX a.C. No reinado de Dario I (522 486 a.C.), os persas criaram um alfabeto com 36 caracteres para registrar o persa antigo. A propagação rápida do aramaico nos 1mpérios Assírio, Babilônico e Persa se deve, em grande parte, ao uso da escrita alfabética semelhante àquela empregada hoje para registrar o hebraico. As 28 letras da escrita árabe são, em última análise, derivadas do nabateu, um estágio posterior da escrita aramaica. Provavelmente no século IX e, com certeza, no século VIII .C., os gregos haviam adotado o alfabeto fenício, transformando as consoantes desnecessárias à língua grega em vogais e, desse modo, permitindo aos escribas gregos registrar todos os sons de sua língua. Pouco tempo depois, os gregos padronizariam a direção de sua escrita da esquerda para a direita, ao contrário dos semitas que escreviam da direita para a esquerda. O alfabeto grego foi modificado posteriormente para registrar o copta (o estágio mais recente do egípcio) e algumas das línguas eslavas do leste europeu por meio do alfabeto cirílico. Uma forma do alfabeto dos gregos da Eubéia foi levada para o oeste e adotada pelos etruscos da Itália. Passou a ser usado com algumas modificações pelos romanos para escrever o latim e, por fim, todas as línguas da Europa ocidental, tornando-se a forma de escrita predominante em todo o mundo.

A expansão da escrita
A escrita é, sem dúvida, uma das maiores descobertas da humanidade. O mapa mostra vários locais 1mportantes para o desenvolvimento e expansão da escrita por todo o Oriente Próximo é além.
A expansão da escrita
A expansão da escrita
Calendário de Gezer, c. 925 a.C
Calendário de Gezer, c. 925 a.C

Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita

Não foram encontradas referências em Livro Espírita.

Referências em Outras Obras

Não foram encontradas referências em Outras Obras.

Locais

Estes lugares estão apresentados aqui porque foram citados no texto Bíblico, contendo uma breve apresentação desses lugares.

ISRAEL

Atualmente: ISRAEL
País com área atual de 20.770 km2 . Localiza-se no leste do mar Mediterrâneo e apresenta paisagem muito variada: uma planície costeira limitada por colinas ao sul, e o planalto Galileu ao norte; uma grande depressão que margeia o rio Jordão até o mar Morto, e o Neguev, uma região desértica ao sul, que se estende até o golfo de Ácaba. O desenvolvimento econômico em Israel é o mais avançado do Oriente Médio. As indústrias manufatureiras, particularmente de lapidação de diamantes, produtos eletrônicos e mineração são as atividades mais importantes do setor industrial. O país também possui uma próspera agroindústria que exporta frutas, flores e verduras para a Europa Ocidental. Israel está localizado numa posição estratégica, no encontro da Ásia com a África. A criação do Estado de Israel, gerou uma das mais intrincadas disputas territoriais da atualidade. A criação do Estado de Israel em 1948, representou a realização de um sonho, nascido do desejo de um povo, de retornar à sua pátria depois de mil oitocentos e setenta e oito anos de diáspora. Esta terra que serviu de berço aos patriarcas, juízes, reis, profetas, sábios e justos, recebeu, Jesus o Senhor e Salvador da humanidade. O atual Estado de Israel teve sua origem no sionismo- movimento surgido na Europa, no século XIX, que pregava a criação de um país onde os judeus pudessem viver livres de perseguições. Theodor Herzl organizou o primeiro Congresso sionista em Basiléia, na Suíça, que aprovou a formação de um Estado judeu na Palestina. Colonos judeus da Europa Oriental – onde o anti-semitismo era mais intenso, começaram a se instalar na região, de população majoritariamente árabe. Em 1909, foi fundado na Palestina o primeiro Kibutz, fazenda coletiva onde os colonos judeus aplicavam princípios socialistas. Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) votou a favor da divisão da Palestina em dois Estados: um para os judeus e outro para os árabes palestinos. Porém, o plano de partilha não foi bem aceito pelos países árabes e pelos líderes palestinos. O Reino Unido que continuava sofrer a oposição armada dos colonos judeus, decidiu então, encerrar seu mandato na Palestina. Em 14 de maio de 1948, véspera do fim do mandato britânico, os líderes judeus proclamaram o Estado de Israel, com David Bem-Gurion como primeiro-ministro. Os países árabes (Egito, Iraque, Síria e Jordânia) enviaram tropas para impedir a criação de Israel, numa guerra que terminou somente em janeiro de 1949, com a vitória de Israel, que ficou com o controle de 75% do território da Palestina, cerca de um terço a mais do que a área destinada ao Estado judeu no plano de partilha da ONU.
Mapa Bíblico de ISRAEL



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Daniel Capítulo 9 do versículo 1 até o 27
B. INTERCESSÃO DE DANIEL POR ISRAEL, Daniel 9:1-27

Já próximo do término da sua jornada terrena vemos Daniel empenhado em uma das batalhas cruciais da sua vida. Lembramo-nos da declaração de Paulo acerca da na-tureza da oração: "Porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais" (Ef 6:12).

1. A Ocasião da Oração de Daniel (9:1-3)

Uma mudança no governo trouxe à mente de Daniel a convicção aguda de que algu-ma mudança providencial de grandes proporções estava para acontecer com o remanes-cente do seu povo no exílio. O reino dos caldeus tinha chegado ao fim com a queda da Babilônia (5:30-31). O governo dos persas e seus aliados medos o tinha destituído. Se Dario, que foi constituído rei sobre o reino dos caldeus (1), era, na verdade, o parente idoso do persa Ciro, a situação política continuava instável. O equilíbrio do po-der estava passando da Média para a Pérsia. Ciro, dentro de dois anos, assumiria a liderança civil e militar.

Mas Daniel estava acima do cenário secular. Ele entendeu pelos livros [...] que falou o SENHOR (2). Daniel estava ciente de quão minuciosamente exato havia sido o cumprimento das advertências que Deus tinha dado ao seu povo. Ele tinha passado pe-los dias angustiantes de calamidade descritos detalhadamente em Levítico 26:14-35. O castigo imposto por causa da negligência dos anos sabáticos estava ficando claro. A pro-messa de Deus de misericórdia e restauração baseadas na aliança que Ele havia feito com os pais (Lv 26:40-45), com a condição indispensável de arrependimento, continuava valendo. Deus estava aguardando a reação do povo. Então Daniel lembrou da referência profética alarmante de Jeremias em relação a uma série de ciclos sabáticos que culmina-va naqueles dias: "Porque assim diz o SENHOR: Certamente que, passados setenta anos na Babilônia, vos visitarei e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando-vos a trazer a este lugar" (Jr 29:10; cf. 29:11-13; 2 Cr 36.12). Ele sabia que o tempo estava próximo e sabia exatamente o que deveria fazer. Na profecia de Jeremias, Daniel desco-briu o plano de Deus para a época em que vivia.

A seriedade da luta na oração de Daniel pode ser percebida na seguinte frase: E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração, e rogos, e jejum, e pano de saco, e cinza (3).

Aqui estava um homem empenhado em uma busca profunda e sincera pela ajuda divina. Calvino observa que "quando Deus promete algo singular e valioso, devemos estar alertas e sentir essa expectativa como um estímulo aguçado". Calvino então res-salta que o uso do pano de saco, da cinza e do jejum por Daniel, foi usado, não como obras meritórias para alcançar o favor de Deus, mas como auxílio para aumentar o ardor na oração. "Assim, observamos que Daniel fez o uso correto do jejum, não dese-jando agradar a Deus por meio dessa disciplina, mas em conferir-lhe mais seriedade em suas orações":

Em Daniel 9:1-3, encontramos os "Fatores da Oração Eficaz":
1)
Um coração aberto para "a palavra do SENHOR" (2a, NVI).

2) Uma convicção esmagadora de que o tempo de Deus é agora (2b).

3) A observância das disciplinas da oração insistente (3).

3. Oração de Confissão de Daniel (Daniel 9:4-14)

Quando Daniel se engajou nesse ministério da intercessão ele fez o que cada ver-dadeiro intercessor deveria fazer. Ele identificou-se com aqueles por quem estava in-tercedendo. Os pecados do seu povo eram os seus pecados. A aflição deles era a sua aflição. O castigo deles era o seu castigo, plenamente merecido. Ele não se colocou acima do seu povo, julgando-o de uma posição exaltada. É verdade que Daniel pessoal-mente não era um rebelde idólatra contra Deus. Mas ele escolheu descer ao vale da humilhação onde estava seu povo errante e tomou a culpa e vergonha deles sobre si. Isso ilustra de forma vívida o estado do nosso Senhor ao levar sobre si os pecados de um mundo perdido! Quão claramente isso sugere a todos que entram na comunhão do seu sofrimento que devemos de uma maneira real identificar-nos com o pecador que apresentamos diante do trono da graça!

Ao aproximar-se de Deus, Daniel teve uma clara visão da natureza do caráter de Deus, cuja face buscava. Deus era pessoal e acessível, porque Daniel se dirigiu a Ele como meu Deus (4). Ele também era soberano e santo, Deus grande e tremendo. Deus era fiel, que guarda o concerto e a misericórdia para com os que o amam.

A confissão de Daniel era mais do que generalizações e chavões. Ele foi específico ao abrir os horrores do pecado do seu povo. Existe um significado profundo nos quatro ter-mos hebraicos que Daniel usa para descrever o mal de Israel. Pecamos (5; chata) signi-fica dar um passo em falso ou afastar-se do que é justo. Cometemos iniqüidade ('awah) se aprofunda nos motivos; iniqüidade implica em ser perverso. Procedemos impiamente (rasha') significa proceder mal em rebelião contra Deus. Fomos rebel-des, apartando-nos dos teus mandamentos, serve para reforçar esse terceiro termo. Confusão do rosto (7 e
8) significa vergonha ou ignomínia.

O pecado de Israel era muito mais sério do que algum tipo de erro superficial. Era uma maldade profundamente enraizada que controlava as ações de maneira perversa. Essa maldade tinha fechado os ouvidos e cegado os olhos e endurecido os corações do rei e do povo de tal forma que os esforços de Deus para influenciá-los por meio dos seus servos, os profetas, foram em vão. Deus é justo e santo. Os homens são maus e corruptos. Deus é misericordioso e gracioso. O povo é rebelde e teimoso. Os julgamentos de Deus são justos. A adversidade de Israel é merecida; ela é simplesmente o cumprimento exato do juramento que está escrito na Lei de Moisés, servo de Deus (11). A maldade do homem serve para ressaltar a justiça de Deus.

  1. A Oração de Súplica de Daniel (Daniel 9:15-19)

À luz da santidade não ofuscada de Deus e diante da crescente maldade do seu povo, restava a Daniel apelar para a misericórdia divina. Qualquer esperança que Israel pu-desse ter para restauração ou salvação não podia estar baseada no mérito. Ela deveria estar fundamentada somente na graça. Assim, mesmo antes da era da graça, temos um vislumbre da manifestação da graça divina. Ó SENHOR, segundo todas as tuas justi-ças, aparte-se a tua ira e o teu furor [...] por causa dos nossos pecados e por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós (16).

Então a impertinência de Daniel quebra todas as barreiras e transborda os canais do poder da palavra. Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos e ouve; abre os teus olhos e olha [...] Ó SENHOR, ouve; ó SENHOR, perdoa; ó SENHOR, atende-nos e opera sem tardar; por amor de ti mesmo, ó Deus meu (18-19).

Certamente temos aqui um exemplo em que "a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos" (Tg 5:16).

Nos versículos 15:19, encontramos "Abordagens Apropriadas na Oração de Petição".

1) Lembre-se das antigas bênçãos de Deus (15a).

2) Confesse sua própria indignidade (15b, 16b).

3) Ore persistentemente (19a).

4) Peça em nome da bondade de Deus e no interesse do seu Reino (16 a, 17-18,
- 19b) —A. F. Harper.

  1. A Resposta de Deus (Daniel 9:20-27)

a) O anjo mensageiro Gabriel (9:20-23). Semelhantemente à luz clara que ilumina o pano de fundo sombrio de uma nuvem tempestuosa sobrecarregada, a resposta de Deus irrompeu sobre Daniel no meio da sua oração desesperada. Um dos mensageiros de Deus, cujas ministrações Daniel já havia experimentado (8.16), veio velozmente até ele. Esse era Gabriel (21), o mensageiro das revelações especiais de Deus (Lc 1:19-26).

O coração de Daniel deve ter experimentado um conforto indescritível ao ouvir a promessa de Deus: "Daniel, agora vim para dar-lhe percepção e entendimento" (22, NVI). Então Gabriel informou-o que desde o início da sua oração Deus estava ouvindo e res-pondendo. As "rodas" da história já estavam começando a girar para cumprir aquilo que Daniel estava pedindo — e mais. Então, para fazer culminar a mensagem de conforto, ele deu a Daniel um testemunho do interesse pessoal de Deus: porque és mui amado (23). Nesse contexto, somos lembrados da narrativa de Lucas acerca de um Intercessor maior em sua agonia no jardim chamado Getsêmani, ao qual, em sua agonia, "apareceu-lhe um anjo do céu, que o confortava" (Lc 22:43).

b) A revelação das setenta semanas (9:24-27). De modo estranho, a mensagem de explicação que Gabriel trouxe a Daniel parece não se restringir ao assunto imediato da oração do profeta. Ele havia refletido acerca da profecia de Jeremias dos setenta anos e sobre o fato de que o término desse tempo estava próximo. Esse cumprimento, de fato, ocorreu por intermédio do decreto de Ciro, não muito tempo depois. Os judeus estavam livres para voltar a Jerusalém. Mas na mensagem que Gabriel trouxe, mais uma porta de percepção profética se abre em uma dimensão mais ampla em torno do propósito de Deus, não somente para Israel, mas para o mundo. Essa dimensão mais ampla de reve-lação diz respeito à obra e ao reino do Messias. Esse assunto tinha sido introduzido em visões e sonhos anteriores, como na grande imagem de Nabucodonosor (Daniel 2:44-45) e na visão dos quatro animais por Daniel (Daniel 7:13-14). Mas aqui a mensagem vem de outro anjo e em maiores detalhes.


1) O ministério e o tempo do Messias (Daniel 9:24-25). Alguns intérpretes limitam o escopo das setenta semanas ao povo de Israel, à terra da Palestina e à cidade de Jerusalém. Parece que para essa terra e esse povo há uma relevância especial nessa mensagem porque a primeira parte da frase diz: Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade (24). Mas, à medida que a mensagem se desen-volve, torna-se claro que essa frase tem uma conotação inclusiva e não exclusiva. O pla-no de Deus por meio do Messias é, de fato, para Israel, e os eventos da redenção ocorrem na Palestina e em Jerusalém. Mas na salvação de Israel está incluída a salvação de todos (Rm 11:1-11-12, 25-26). Porque a salvação somente ocorre por meio de Cristo, quer seja judeu, quer gentio.

a) A sêxtupla obra do Messias (24). Dentro da totalidade das sete semanas simbó-licas deve ocorrer uma obra completa de redenção. Parece que em relação ao tempo, essa obra se estenderá mesmo além das desolações, "até a consumação" (27), isto é, até o fim desse mundo. Além disso, visto que a chave dessa passagem é o Messias, é evidente que essa obra é a obra do Messias.

Encontramos seis aspectos da obra de redenção do Messias no versículo 24:

  1. Acabar com a transgressão
  2. Dar fim ao pecado
  3. Operar a reconciliação devido à iniqüidade
  4. Trazer uma justiça eterna
  5. Selar a visão e a profecia
  6. Ungir o Santo dos santos

Os três primeiros aspectos têm que ver com a conquista do pecado. Os últimos três têm que ver com os aspectos positivos em completar a redenção; trazer todas as coisas para todo sempre debaixo do governo justo de Deus; selar a visão e profecia ao cum-pri-las; e ungir o Santo dos santos, o santuário celestial que é o antítipo do Santo dos santos terreno.

Keil afirma o seguinte:

Também devemos associar esse sexto aspecto (ungir o Santo dos santos) ao tempo da consumação e entendê-lo como o estabelecimento do novo Santo dos santos que foi mostrado ao vidente santo em Patmos como "o tabernáculo de Deus com os homens", no qual Deus habitará com eles, "e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus" (Ap 21:1-3). Nessa cidade santa, não haverá templo, porque o Senhor, o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro serão o seu templo e a glória de Deus a iluminará (22-23). Nela não entrará coisa alguma que contamine ou cometa abominação (27), porque o pecado então será fechado e selado; lá habitará a justiça (2 Pe 3.13), e a profecia cessará 1Co 13:8) com o seu cumprimento.'

b) O advento do Messias e a expectativa profética (25). Mesmo sendo as palavras entendidas de diversas maneiras, desde a saída da ordem [...] até ao Messias, o Príncipe, serão sete semanas e sessenta e duas semanas. Existe concordância no seguinte: No tempo da primeira vinda de Cristo havia uma expectativa sem precedentes pela vinda do Messias. Os documentos da comunidade de Qumrã encontrados nas caver-nas próximas ao mar Morto, com sua elevada ênfase no aspecto apocalíptico, confirmam isso. João Batista não foi o primeiro da sua época a chamar a atenção do povo para que se preparasse para a vinda do Messias. E, de onde será que os magos do Oriente souberam que nasceria um Rei em Judá em um tempo determinado? A estrela sozinha dificilmente teria sido suficiente sem uma certa tradição ou ensino que serviria de base para um tempo aproximado para a vinda do Rei. Esses homens vieram do país onde habitava Daniel, no qual essas semanas e anos eram conhecidos e discutidos.

Assim, podemos estar certos de que a mensagem mística de Gabriel, expressa em termos de tempos e números, fez com que corações anelassem com esperança e expecta-tiva pelo seu cumprimento, muito tempo após a morte de Daniel. Porque o Príncipe-Messias, o Sacerdote e Líder Ungido, era a Esperança de Israel e do mundo.


2) As semanas simbólicas (Daniel 9:25-27). As setenta semanas de Daniel têm gerado uma interminável sucessão de sistemas de interpretação. Talvez não haja outro assunto nas Escrituras que tenha ocasionado maior variedade de opiniões.

Young esboça quatro escolas de interpretação principais, fato revelador da divergên-cia de pontos de vista:

a) A Interpretação Messiânica Tradicional. Essa teoria afirma que as setenta sema-nas profetizam acerca da primeira vinda de Cristo, especialmente sua morte, e culmina com a destruição de Jerusalém. Agostinho foi o primeiro que descreveu essa interpreta-ção. Alguns dos estudiosos conhecidos que concordam com essa interpretação são: Pusey, Wright e Wilson. Young também apóia essa teoria.

  1. A Interpretação Liberal. Essa teoria considera que as setenta semanas não são exatamente uma profecia mas uma descrição dos dias de Antioco Epifânio e sua derrota para os macabeus. O Messias é identificado como o sumo sacerdote Onias, que foi morto por causa da sua rebeldia contra Antíoco.
  2. A Interpretação da Igreja Cristã. Essa teoria entende que o número sete não dever ser entendido como um número exato de semanas de anos, mas, sim, números simbólicos que cobrem o período desde o decreto de Ciro para repatriar os judeus até o primeiro advento e morte do Messias, chegando até o tempo do Anticristo e sua destruição no tempo da consumação.
  3. A Interpretação do Intervalo. Nesse caso, setenta setes de anos são divididos em períodos de sete setes, sessenta e dois setes e um sete final separado do restante por um intervalo indefinido ou hiato. Os sessenta e nove setes cobrem o período até a primeira vinda e a morte do Messias e a destruição de Jerusalém. O último sete é o período do Anticristo no final dos tempos.'

A maioria dos intérpretes desde os dias de Jerônimo, exceto aqueles da escola liberal, entendem os 70 setes como semanas de anos, totalizando 490. Jerônimo escre-veu: "O próprio anjo especificou setenta semanas de anos, isto é, 490 anos desde a publicação da palavra para que a petição seja concedida para a reconstrução de Jeru-salém. O intervalo específico começou no vigésimo ano de Artaxerxes, rei da Pérsia, porque foi seu copeiro Neemias que [...] pediu ao rei e obteve sua permissão para a reconstrução de Jerusalém"?'

Se aceitarmos o ano 454 a.C., como o vigésimo ano do reinado de Artaxerxes e calcu-larmos os sete mais 62 setes, isto é, 69 setes ou 483 anos, chegamos ao ano 29 d.C. Esse é o ano do apogeu do ministério de Jesus. Na primavera daquele ano Ele apareceu em Jerusalém como Messias e Príncipe, montado num jumento acompanhado por uma mul-tidão eufórica (Zc 9:9; Mt 21:5).

Mas Calvino insiste em que a contagem deve começar com o decreto de Ciro para o retorno dos exilados a Jerusalém, dessa forma conectando a profecia de Jeremias de 70 anos às 70 semanas de Daniel.' Dessa forma, Calvino identifica o batismo de Cristo como o tempo da sua manifestação. Isso quer dizer que o total dos anos não é coincidente, visto que mais de 530 anos ficam entre o decreto de Ciro em 536 a.C. e o nascimento de Jesus em 4 a.C., além de 30 anos adicionais até o seu batismo. Até a morte de Jesus em 29 d.C., o tempo seria estendido para 565 anos. Calvino não acha que isso seja importante.

Young concorda com Calvino e acredita que o número exato de anos não é importan-te visto que são simbólicos e não cronológicos. Ele diz:

"Setenta grupos de sete" — 7 x 7 x 10 — é o período no qual a obra divina de importância maior é trazida à perfeição. Conseqüentemente, visto que esses núme-ros representam períodos de tempo, a duração dos quais não é mencionada, e visto que são simbólicos, não é justificável procurar descobrir a duração exata dos setes. Portanto, não é possível descobrir ou determinar a duração de tempo nesse caso, nem em qualquer um dos outros grupos de sete...

Uma coisa, no entanto, deve ficar clara. De acordo com Daniel, a questão im-portante não é o início e o fim desse período, mas os eventos marcantes que ocorre-ram durante o mesmo.

...Nós acreditamos [...] que quando os setenta setes foram completados, os seus propósitos do versículo 24 também foram cumpridos. E é isso que realmente impor-ta. Quando Jesus Cristo ascendeu ao céu, a salvação poderosa que Ele veio realizar foi, na verdade, cumprida.'

Keil também apóia a interpretação simbólica dessa medida de tempo. "Pela defini-ção desses períodos de acordo com a medida simbólica de tempo, o cálculo da duração real dos períodos citados vai além do alcance da nossa compreensão humana finita, e a definição dos dias e horas do desenvolvimento do Reino de Deus até a sua consumação é reservado para Deus, o Regente do mundo e o Soberano do destino humano"."

Mas onde Keil entende que as setenta semanas cobrem a história do Reino de Deus até a consumação no fim dos tempos, Young acredita que a morte do Messias (26) culmi-na não somente com as 69 semanas mas também com a septuagésima semana. O con-certo que é firmado com muitos (27) é o evangelho que Cristo proclamou, e sua cruci-ficação na metade da semana coloca um fim à validade de todos os outros sacrifícios e ofertas. Além disso, tornou o Templo que era dedicado a esse sacrifício uma abominação. A desolação que veio sobre o Templo e a cidade de Jerusalém sob o comando de Tito foi apenas uma ratificação exterior da desolação interior que já se havia apossado deles.

No entanto, outros insistem em que os anos das 70 semanas devem ser entendidos de forma literal. Pusey entende que o ano 457 a.C. é a base de onde ele começa seus cálculos e interpretações da semana 7 até a 62, 483 anos. Essa data, diz ele, é o tempo da primeira autorização de Artaxerxes Longimanus dada a Esdras para retornar a Jerusa-lém.' Isso nos levaria até o início do ano 27 d.C., o tempo do batismo de Jesus no Jordão e a ocasião da sua unção pelo Espírito Santo. A primeira parte da septuagésima semana de anos é ocupada com o ministério público de Jesus. Sua "morte" vem no meio dessa semana crucial depois de três anos e meio. Por mais três anos e meio o evangelho é pregado exclusivamente aos judeus até que na casa de Cornélio a porta da oportunidade é aberta aos gentios e termina o privilégio especial de Israel. No devido tempo seguem a destruição do Templo e a devastação de Jerusalém.
Seiss, Gabelein e outros da escola dispensacionalista também encontram uma pers-pectiva exata para as 70 semanas. A característica particular dessa interpretação é o hiato ou intervalo entre o término da semana 69, quando o Messias é morto e o início da septuagésima semana, que é reservada para o fim dos tempos e o reino do Anticristo. O príncipe [...] que virá (26) não é o Messias, o Príncipe (25), mas o "pequeno chifre" do capítulo 7. O concerto que ele confirma (27) é um pacto traiçoeiro por meio do qual ele consegue o favor do povo judeu. Depois de três anos e meio, na metade da semana, ele rejeita o pacto, bane a religião e abre as comportas para uma torrente de maldade desen-freada que constitui o "tempo de angústia" (Daniel 12.1).


Champlin

Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
Champlin - Comentários de Daniel Capítulo 9 do versículo 4 até o 19

Oração Preparatória (Dn 9:4-19)

Esta seção é uma espécie de continuação do prólogo e introdução da visão propriamente dita, que começa no vs. 20. Trata-se de um mosaico de frases aparentemente extraídas das liturgias da época, e foi vazado em um hebraico melhor do que o encontrado no restante do livro. Conforme com outras orações similares: Neemias 1 ; 9; Baruque 1 e 3. Alguns estudiosos supõem que a oração era conhecida pelo profeta e ele simplesmente a incorporou em seu livro como reflexo de seus sentimentos e de sua inquirição espiritual. Essa é uma oração na qual Daniel confessou pecados, corrigíndo-se diante de Deus e buscando o Seu favor, incluindo a questão das revelações.

Dn 9:4

Orei ao Senhor meu Deus, confessei, e disse. A oração de Daniel foi endereçada a Yahweh-Elohim, o Deus Eterno e Todo-poderoso, Até o melhor dos homens tem muita coisa para confessar, pelo que Daniel íímpou o caminho para a bênção de Deus, ao livrar-se de seus pecados. Antes de mais nada, esta é uma oração penitencial. Conforme o vs. 20 e Ne 1:6. A confissão era um dever religioso (ver Lv 5:5; Lv 16:21; Lv 26:40; Ed 10:1 e Ne 9:2). Daniel, pois, confessou os próprios pecados e os pecados do povo. Yahweh, que é o grande e terrível Poder (Elohim), tinha feito um pacto com o povo de Daniel. Ver sobre o pacto abraâmico em Gên.

Gn 15:18 e, no Dicionário, ver o verbete chamado Pactos. Os que “guardam os mandamentos” são favorecidos ao longo da vida, pois as condições da aliança com Deus são cumpridas pelo Senhor que estabeleceu o pacto. Israel era um povo distinto, em face de seu pacto com Deus, visto que possuía e guardava a lei de Moisés. Ver Deu. 4:4-8. O Deus terrível, o Deus espantoso, lança o medo sobre os homens (ver Dt 10:17; Jz 13:6; Sl 47:2; Jl 2:11). E assim eles são dotados da mente apropriada para receber e obedecer à revelação.

“Por causa de sua falta de compreensão, Daniel voltou-se para a fonte de toda a sabedoria. No entanto, não se aproximou de Deus sem envidar algum esforço. Chegou diante do trono de Deus em pano de saco, cinzas e confissão" (Gerald Kennedy, in loc.). Conforme Jc 1:5. A bênção resulta da obediência e do buscar com intensidade.

Quanto ao Pacto Mosaico, ver a introdução a Êxo. 19. Esse pode ser o ponto principal em vista neste versículo.

Dn 9:5
Temos pecado e cometido iniqüidades. Tanto Daniel como o seu povo haviam pecado com atos de rebelião contra os mandamentos de Deus. Ninguém observa completamente a lei mosaica e, se esse for o padrão do juízo, então todos os homens terão muito para confessar. Sempre haverá necessidade de reforma, pelo que os pecados devem ser abandonados, e não somente confessados. Conforme 1Rs 8:47 e Dt 17:20, passagens com declarações semelhantes. Os mandamentos são aqueles dez e seus corolários. As ordenanças são as decisões legais e incluem as questões cerimoniais. Para os judeus, porém, a lei como um todo envolvia questões morais. Eles não dividiam a lei em moral e cerimonial, conforme a interpretação cristã. Alguns estudiosos fazem os mandamentos referir-se à lei moral, ao passo que as ordenanças referem às leis civis. Daniel, pois, confessava que ele e seu povo não eram bons observadores da lei. Muitos judeus do cativeiro, naturalmente, permaneciam atolados na idolatria-adultério-apostasia que tinha provocado sua deportação, antes de mais nada.

Dn 9:6

E não demos ouvidos aos teus servos, os profetas. Yahweh linha Seus instrumentos, e entre eles estavam os profetas. Mas esses instrumentos foram essencialmente ignorados. Não faltavam o ensino e a interpretação da lei. O que faltava eram corações acolhedores e a determinação de fazer o que é correto. Quanto ao povo não ouvir os profetas, conforme Ne 9:32,Ne 9:34; Jr 26:5; Jr 29:19; Jr 35:15; Jr 44:21; Baruque 1.16. Todas as classes do povo estavam envolvidas na negligência e na desobediência. A lista em ordem descendente dessas classes encontra-se em Jr 1:18 e Jr 44:21: a casa real; os príncipes e suas casas; as famílias; o povo em geral. Aqui os profetas não foram incluídos na condenação, conforme geraimente acontece no livro de Jeremias, pois Daniel estava levando em conta somente bons profetas. Contrastar com Jr 5:31 ; Jr 13:13.

Dn 9:7

A ti, ó Senhor, pertence a justiça. Yahweh é tanto a retidão como o modelo de retidão, além de ser o comunicador da retidão. Em contraste, Seu povo permanecia na confusão moral, por causa da desobediência. “Corar de vergonha” é uma expressão idiomática que significa estar envergonhado e em desgraça (conforme Jr 7:19; 2Cr 32:21 e Ed 9:7). Todos os habitantes de Judá e Jerusalém compartilhavam dessa vergonha, e por essa razão tinham sido espalhados entre as nações (muitos deles foram para o cativeiro babilônico, em várias deportações; ver Jr 52:28). O povo de Judá não era leal (NCV), pelo que merecia o que obtivera. A Revised Standard Version diz ‘traição” como a principal característica deles. Diz o original hebraico, literalmente: “por causa da infidelidade, eles agiram infielmente contigo”. A idéia de traição é mais proeminente na palavra hebraica traduzida por “transgressões”. Conforme Lv 26:40; Ez 17:20; Ez 18:24; 1Cr 10:14; Jr 44:10,Jr 44:23; Ne 9:13. A lei foi apresentada e esclarecida ao povo, tornando-se acessível a todos. Ver Dt 4:8; Jr 9:13; Jr 26:4; Jr 44:10.

Dn 9:11
Sim, todo Israel transgrediu a tua lei. A desobediência em geral é novamente enfatizada. Havia a transgressão generalizada de mandamentos conhecidos. Os judeus tinham-se afastado de modo geral da lei mosaica, voltando-se para a idolatria e os cultos pagãos. A voz de Yahweh não era ouvida, mas vozes estranhas eram ouvidas. Por essa razão, caiu sobre o povo a maldição divina, no lugar das bênçãos divinas. As maldições da lei de Moisés tornaram-se um elemento destruidor entre o povo. Provavelmente estão em vista as imprecações detalhadas em Lev. 26:14-22 e Deu. 28:15-45. Essas maldições foram derramadas adote o povo como poderosa torrente. Cf.Jr 42:18; Jr 44:6; 2Cr 12:7; 2Cr 34:21; Ap 16:1. Quanto a maldições escritas, ver Dt 29:20 e Baruque 1.20. Tudo isso aconteceu porque os judeus se recusaram a ouvir (e, portanto, a obedecer) à voz de Yahweh. Ver Jr 18:10 e Jr 42:13. As maldições de Deus chegaram como se fossem um rio (ver Ex 9:33), pois dissolviam a prata como se fosse um fogo intenso (ver Ez 22:20,Ez 22:22).

Dn 9:12
Ele
confirmou a sua palavra, que falou contra nós. A maldição de Deus contra a apostasia feriu Judá e Jerusalém por meio dos ataques e do cativeiro babilônicos. Isso levou o país à quase total extinção. Para detalhes, ver no Dicionário o artigo chamado Cativeiro Babilônico. Judá já tinha experimentado muitos tempos ruins, mas nada comparável à intensidade e capacidade de destruição dos ataques babilônicos. Algum tempo disso houve as atrocidades de Antíoco Epifânio, que alguns intérpretes vêem aqui sugeridas. Talvez a declaração seja ampla o bastante para incluir ambas as idéias. Embora coisas ainda piores tenham ocorrido a outros povos, para Judá-Jerusalém nada superou os ataques babilônicos. Conforme Jr 35:17; Jr 36:31.

Dn 9:13
Como está escrito... todo este mal nos sobreveio.
Este versículo identifica a calamidade em mira como o cativeiro babilônico. A lei de Moisés havia antecipado tão ferozes juízos se os filhos de Israel fossem desobedientes. Houve petições em favor de Israel; mas elas não foram eficazes, por não estarem acompanhadas pelo arrependimento e pela confissão de pecados. “Como está escrito” refere-se a passagens como Dt 28:15 e Dt 30:1. E “não temos implorado o favor do Senhor nosso Deus”, no hebraico literal, é: “adocicar a face”, ou seja, aplacar para remover a reprimenda divina, que estava causando a destruição. Conforme 11:18; Pv 19:6. Nesses versículos está em vista a lisonja que busca obter favores. Os homens “lisonjeiam” a Deus através da obediência. Ver a busca do favor divino em Ex 32:11; 2Rs 13:4; Sl 119:58 e Baruque 2.8. Algumas versões falam aqui na “face de Deus”, e isso significa a “pessoa de Deus”. As inscrições acádicas usam a palavra panu (face) dessa maneira. Conforme Sl 34:16; Ex 33:14; Is 63:9. “O anjo da face” significa o anjo da Presença. O castigo ensina a penitência (ver Is 9:13; Jr 5:3; Os 7:10).

Dn 9:14
Por isso, o Senhor cuidou em trazer sobre nós o mal.
A Lei da Colheita Segundo a Semeadura (ver a respeito no Dicionário) foi aplicada por Yahweh por causa de Seu governo moral do mundo. A apóstata nação de Judá tinha de sentir o chicote divino. A paciência divina se esgota, mas não o amor divino, porquanto o julgamento é um dedo da amorosa mão de Deus. Deus age em justiça e santidade, e não arbitrariamente. A lei de Moisés foi o padrão mediante o qual a retribuição era aplicada quando as infrações se tornavam descontroladas. Yahweh mantinha Seus golpes sempre prontos. Ele se mantinha vigilante e sabia quando esses golpes deveríam ser aplicados. Conforme Jr 1:12; Jr 31:28; Jr 44:27 e Baruque 2.9. Ele agia em retidão. Ver Jr 12:1; Ed 9:15; Lm 1:18. “Como consequência de nossas múltiplas rebeliões, Ele ficou aguardando uma oportunidade para trazer contra nós as calamidades” (Adam Clarke, in loc.). “O Senhor estava preparado para trazer o desastre contra nós” (NCV).

Dn 9:15

Na verdade, ó Senhor, nosso Deus. O profeta relembrava agora a famosa libertação da servidão egípcia, quando o nome de Yahweh foi exaltado, e pedia: “Faze isso novamente por nós!”. O Senhor tinha aplicado Sua mão poderosa para realizar a tarefa e podia tornar a fazer o mesmo. Ver sobre mão em Sl 81:14; e sobre mão direita em Sl 20:6. Ver sobre braço em Sl 77:15; Sl 89:10 e Sl 98:1. Assim como Yahweh foi exaltado pela anterior e famosa libertação, o mesmo podería acontecer em uma data posterior. Quanto ao nome, ver Sl 31:3. E ver sobre nome santo, em Sl 30:4 e 33.21.0 Nome representa a Pessoa e Seus atributos. Quanto ao fomento da reputação (nome) de Deus, ver Is 63:12,Is 63:14; 2Sm 7:23; Jr 32:20 e Baruque 2.11, No tempo dos Macabeus, a memória da libertação dos israelitas do Egito tornou-se um grito de convocação contra os selêucidas.

Dn 9:16

Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças. É um ato de justiça quando Deus julga os pagãos e assim defende e livra Seu povo. Daniel esperava ver tal ato em seus dias, o que livraria Jerusalém da opressão. Conforme Juí, Dn 5:11; 1Sm 12:7; Mq 6:5; Sl 103:6; Sl 15:1 e Sl 43:3. Isso será renovado nos últimos dias (ver Is 2:2; Is 27:13; Is 66:20; Ob 1:21 e Ap 14:1).

... se tornaram Jerusalém e o teu povo opróbrio. Ver Jr 24:9; Jr 44:12; Ez 5:14, “O escritor, de sua posição na Palestina, estava pensando sobre como o tratamento dos judeus, às mãos de Antíoco, tinha atraído zombarias e assobios da parte dos povos vizinhos de Edom e de Amom (I Macabeus 5:1-8). Essa questão é novamente aludida em Dn 11:41” (Arthur Jeffery, in loc.).

Dn 9:17
Agora, pois,
ó Deus nosso. A oração foi feita em favor do profeta, mas também em favor do Senhor, a quem foi dirigida, visto que ambos tinham interesse especial pela restauração, purificação e rededicação do templo. Portanto, Daniel invocou Yahweh para que Ele fizesse Seu rosto brilhar sobre essa idéia e cumpri-la o mais rapidamente possível. O rosto brilhante, que significa a aprovação e a ação divina em favor de alguém, retrocede a Nu 6:25. Conforme também Sl 67:1; Sl 80:3 ; Sl 119:135. É similar ao que já vimos no vs. Dn 9:13, “o adoçar da face”. O santuário de Jerusalém tinha ficado desolado (ver Lm 5:18; I Macabeus 4.38). Está em vista a abominação da desolação (a abominação que desola, Antíoco Epifânio). Ver o vs. Dn 9:27; Dn 8:13; Dn 11:31 ; Dn 12:11.0 Nome de Deus seria louvado e exaltado por atender a essa petição, tal como se vê no vs. Dn 9:15, que fala de outra grande libertação do passado. “Nunca a oração sobe tão alto como quando uma alma apela humildemente a Deus como o Senhor Soberano de todos, e pacientemente espera que Ele aja conforme bem entender. Conforme Sal. 44:9-26” (Ellicott, in loc.). Ver Ml 4:2. Ver o vs. Dn 9:18 quanto a uma extensão dos possíveis significados da petição.

Dn 9:18,Dn 9:19
Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve.
Pela segunda vez, o profeta invocou Elohim para ouvir sua súplica. Ver as notas expositivas sobre o vs. Dn 9:17 e ver sobre o ato de ouvir, em Sl 64:1. O autor usou aqui antropomorfismos devido à fraqueza da linguagem humana para expressar conceitos divinos. Atributos humanos são assim conferidos ao Ser divino. Ver no Dicionário o artigo chamado Antropomorfismo. E Daniel também usou Antropopatismos (ver também no Dicionário), atribuindo emoções humanas a Deus. Mas Deus, na realidade, é o Mysterium Tremendum (ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia). Foi feito o apelo à grande misericórdia de Deus, e não com base no merecimento de Judá de algum tratamento especial da parte do Ser divino. Este capitulo mistura o fim do cativeiro babilônico com o fim das perseguições movidas por Antíoco Epifânio, e talvez, igualmente, com a derrota escatológica do anticristo, que atuará como o homem que foi seu tipo. Sem importar qual seja a emergência específica envolvida, a oração do profeta era uma só: ele requeria a intervenção divina em favor da cidade desolada e perseguida.

Senhor, ouve-nos e faze alguma coisa!
Por amor a Ti, não te demores!
Tua cidade e Teu povo
São chamados pelo Teu nome.

(NCV)


Champlin - Comentários de Daniel Capítulo 9 versículo 11
Lv 26:14-39; Dt 28:15-68.

Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de Daniel Capítulo 9 do versículo 1 até o 27
*

9.1-27

Daniel conta a revelação que recebeu a respeito da profecia de Jeremias acerca dos setenta anos de desolação de Jerusalém (Jr 25:11,12; 29:10). Significativamente, a revelação segue-se à oração de Daniel que confessou a pecaminosidade do povo de Deus e viu justiça na desolação de Jerusalém, e que buscou o favor de Deus visando a restauração da cidade e do seu templo.

*

9:1

No primeiro ano de Dario, filho de Assuero. Ver nota em 6.1. A palavra "Assuero" (não o mesmo indivíduo mencionado em Et 1:1) pode ser um título real, e não um nome pessoal. O primeiro ano de Dario foi 539 a.C.

* 9:2

assolações de Jerusalém, era de setenta anos. Os intérpretes divergem quanto ao começo e o fim do período de setenta anos, ou se isso deve ser entendido como um número arredondado para uma vida humana ou se se trata de exatamente setenta anos. Alguns estudiosos datam o período a partir de 586 a.C. (quando Jerusalém foi destruída por Nabucodonosor), até 516 a.C., quando a restauração do templo foi terminada por Zorobabel (13 15:6-18'>Ed 6:13-18). Outros estudiosos datam o começo do período ao ano do próprio cativeiro de Daniel (605 a.C.; 1.1, nota). o que sugeriria que Daniel reconheceu que o fim dos setenta anos estava iminente.

*

9.4-19

A oração de Daniel estava arraigada sobre a compreensão do pacto que envolvia o relacionamento entre o Senhor e o seu povo (bênção pela obediência e maldição pela desobediência, especialmente os vs. 5, 7, 11, 12 e 14; conforme Lv 26:14-45; Dt 28:15-68; 30.1-5). Quanto a uma oração semelhante, ver Ne 9. Esta oração divide-se em quatro partes: (a) adoração (v. 4); (b) confissão de pecado (vs. 5-11); (c) reconhecimento da justiça de Deus em seu julgamento contra o pecado (vs. 11-14); e (d) um apelo pela misericórdia de Deus com base na preocupação pelo seu nome, pelo seu reino e pela sua vontade (vs. 15-19). Esta oração está alicerçada nas promessas de Deus (v. 2), oferecida com base em um espírito de contrição e humildade (v. 3). Esse é um modelo para os elementos apropriados da oração eficaz.

*

9:21

o homem Gabriel. Ver nota em 8.16.

*

9.24-27

A interpretação destes versículos é discutida em muitos pontos particulares. Há duas abordagens fundamentais quanto à interpretação das semanas (lit., "setes"): períodos simbólicos de tempo ou períodos literais de tempo. No ponto de vista simbólico os setenta anos de punição (v. 2) foram multiplicados por sete vezes em consonância com as maldições da aliança (Lv 26:18,21,24,28). O livro Jubileus, um livro judaico pertencente ao período entre os Testamentos, também estrutura a história em períodos de 490 anos. Os defensores do ponto de vista literal caem em três categorias. Tal como outras profecias de Daniel, alguns estudiosos interpretam estes versículos como se eles se reportassem aos tempos de Antíoco IV. Outros intérpretes podem ser divididos em dois grupos: (a) aqueles que interpretam a passagem como se o enfoque primário sobre os acontecimentos estivesse associado com o primeiro advento de Cristo e pouco depois (ponto de vista do primeiro advento); (b) aqueles que interpretam a passagem como tendo referência aos acontecimentos associados tanto com o primeiro como com o segundo advento de Cristo, com um intervalo não declarado entre os dois adventos (ponto de vista do segundo advento). Dentro de cada uma dessas categorias, os intérpretes individuais diferem quanto a detalhes.

* 9:24

Setenta semanas. A maioria dos intérpretes vêem as unidades de "setenta semanas" como se representassem 490 anos (9.24-27). Essas chamadas setenta semanas de anos são então divididas em três sub-unidades de 49 anos ("sete semanas"; v. 25); 434 anos ("sessenta e duas semanas", v. 26); e sete anos ("uma semana" v. 27). Os intérpretes diferem somente acerca da pergunta se essas sub-unidades devem ser vistas como uma seqüência contínua ou se há intervalos entre elas.

* 9:25

desde a saída da ordem para restaurar. O termo hebraico aqui traduzido por "ordem" pode significar apenas "palavra". Essa ambiguidade tem dado origem a duas interpretações primárias para o começo das "setenta semanas": (a) alguns intérpretes entendem que se trata de um decreto baixado por Artaxerxes I, no sétimo ano de seu governo, ou seja, 457 a.C. (Ed 7:12-26). 49 anos depois (408 a.C.), as ruas e as muralhas ao redor de Jerusalém tinham sido terminadas (v. 25). (b) Outros estudiosos compreendem as "setenta semanas" como um período que começou em 587 a.C., o tempo da predição de Jeremias (a sua "palavra") de que Jerusalém seria reedificada (Jr 31:38; 32:15,37,44). 49 anos depois seria o ano de 538 a.C., o ano em que Ciro permitiu que os judeus cumprissem a profecia de Jeremias retornando à Palestina (Ed 1:1-4).

até ao Ungido. Os defensores da interpretação (a), acima, compreendem o "Ungido" como sendo uma referência a Jesus. Ligando as "sete semanas" (49 anos) e as "sessenta e duas semanas” (434 anos) como uma seqüência contínua resulta em 483 anos, a correrem de 457 a.C. até 27 d.C., ou seja, até aproximadamente o começo dos três anos de ministério público de Cristo. Mas outros intérpretes entendem os 483 anos como se começassem com o "mandamento" de Artaxerxes I, no ano vigésimo de seu reinado (Ne 2:1), ou seja, o ano de 444 a.C., em lugar do sétimo ano de seu governo. (Ed 7:12-26), em 457 a.C. Usando-se o ano lunar de 360 dias (como acontece no calendário judaico), essa aproximação atinge a data da crucificação em 33 d.C. Essa data da crucificação de Jesus é possível, embora não seja indiscutível. Os defensores da interpretação (b), acima, compreendem aqui o "Ungido" como se fosse Ciro, também denominado o "ungido" do Senhor, em Is 45:1). Esse ponto de vista separa as "sete semanas" e as "sessenta e duas semanas". As "sete semanas" se passaram entre a destruição de Jerusalém, em 586 a.C. e o decreto de Ciro, em 538 a.C. E as "sessenta e duas semanas" (434 anos) seria o tempo durante o qual a cidade seria reconstruída, mais ou menos entre 538 a.C. e 70 d.C. (quando Jerusalém foi destruída pelos romanos). De conformidade com esse ponto de vista, um intervalo de tempo se faz mister entre os dois períodos de "semanas".

* 9:26

Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido. Muitos intérpretes compreendem que essas palavras se referem à crucificação de Cristo. De acordo com o ponto de vista (b), acima, o "Ungido" deste versículo é o Cristo, ao passo que o "Ungido" do v. 25, é Ciro.

o povo de um príncipe. Muitos estudiosos concordam que a ofensiva seria dos exércitos de Tito, que destruíra Jerusalém no ano 70 d.C. Entretanto, alguns que aderem ao ponto de vista sobre o segundo advento (9.24-27 e nota), argumentam que embora os agressores sejam os exércitos comandados por Tito, o "príncipe" mesmo é o anticristo. Essa identificação provê uma transição para a interpretação sobre o segundo advento, que aparece no próximo versículo.

*

9:27

Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana. Os defensores do ponto de vista sobre o primeiro advento (9.24-27, nota) compreendem que o "Ungido" "fará firme aliança", ou seja, poria em execução seu ministério público. Entretanto, os defensores do ponto de vista do segundo advento postulam um intervalo de tempo entre os vs. 26 e 27, compreendendo que o "príncipe" faria "firme aliança" com muitos. Além disso, eles interpretam que o "príncipe" será o anticristo, o qual estabelecerá um pacto com o povo judeu, reunido no território de Israel durante um período de "tribulação" (12.1; Mt 24:21; Ap 7:14) de sete anos (a septuagésima "semana").

cessar o sacrifício. De acordo com os defensores do ponto de vista do primeiro advento (9.24-27, nota), isso se refere ao término do sistema de sacrifícios do Antigo Testamento, por motivo da morte de Cristo. De conformidade com os defensores do ponto de vista do segundo advento há aqui uma referência à proibição, determinada pelo anticristo, do "sacrifício e da oferta de manjares" (talvez representando a prática religiosa em geral) pelo povo judeu reunido, após três anos e meio (Ap 11:2; 12:6,14) do período da tribulação.

o assolador. De acordo com o ponto de vista do primeiro advento (9.24-27, nota) isso descreve a destruição de Jerusalém, ocorrida em 70 a.C. De acordo com o ponto de vista do segundo advento, isso descreve uma catástrofe que atingirá a cidade de Jerusalém em conexão com as atividades do anticristo. Frases similares a "asa das abominações" ocorrem no livro de Daniel 8:13; 11:31; 12:11 (notas), bem como em 1Macabeus 1.54. Dn 8:13 e 1Macabeus 1.54 são claras referências às atividades de Antíoco IV. Jesus referiu-se a essa "abominação" em sua predição de eventos futuros (Mt 24:15 e Mc 13:14).


Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de Daniel Capítulo 9 do versículo 1 até o 27
9:1 A visão do capítulo 9 a recebeu Daniel nos dias do capítuo 6. Este Darío é a pessoa que se menciona no capitulo 6. O Asuero mencionado aqui não é o marido do Ester. Os fatos descritos no livro do Ester ocorreram aproximadamente 50 anos mais tarde.

9:2, 3 Daniel clamou a Deus para que cumprisse a promessa de fazer retornar a seu povo a sua terra natal. O profeta Jeremías tinha escrito que Deus não permitiria que os cativos retornassem a sua terra natal durante setenta anos (Jr_25:11-12; Jr 29:10). Daniel tinha lido esta profecia e sabia que este período de setenta anos estava chegando a seu fim.

9.3-19 Daniel sabia como orar. Tinha lido as palavras de Deus e tinha acreditado nelas. Quando orava, jejuava, confessava seus pecados e suplicava a Deus que lhe revelasse sua vontade. Orava com uma entrega completa a Deus e era totalmente receptivo ao que Deus lhe dissesse. Quando você ora, fala-lhe com Deus com franqueza? Examine sua atitude. Fale com Deus franco e sinceramente.

9.4-6 Os judeus cativos se rebelaram contra Deus. Seus pecados os tinham levado a desterro. Mas Deus é misericordioso incluso com os rebeldes, se confessarem seus pecados e retornam a Deus. Não permita que a desobediência passada lhe impeça de retornar a Deus. O está esperando com os braços abertos.

9:6 Através dos anos, Deus tinha enviado a muitos profetas para que falassem com Seu povo, mas suas mensagens caíram no vazio. A verdade era muito dolorosa para escutá-la. Deus ainda nos fala com claridade e precisão por meio da Bíblia, e além através de pregadores, professores e amigos que se interessam em nós. Algumas vezes a verdade fere, e preferimos as falsidades doces. Se você não estiver disposto a escutar a Palavra de Deus, pergunte-se se está tratando de evitar uma mudança dolorosa. Não se acomode em uma mentira doce que o pode levar a um julgamento severo. Aceitar a verdade por dolorosa que seja sempre é saudável.

9.11-13 Daniel mencionou as bênções e as maldições definidas no Deuteronomio 28. Deus tinha dado ao povo do Israel uma eleição: me obedeçam e serão bentos, ou me desobedeçam e se enfrentarão às maldições. A aflição tinha a intenção de fazer que o povo se voltasse para Deus. Quando enfrentarmos a circunstâncias difíceis, devemos nos perguntar se Deus tiver motivos para nos castigar. Se assim acreditam, devemos lhe pedir perdão. Logo podemos lhe pedir que nos ajude a resolver nossos problemas.

9:14 Daniel falou de como Deus sempre tratava de que o Israel voltasse para O. Até depois de um desastre, não queriam obedecê-lo. Deus ainda se vale das circunstâncias, outras pessoas e, mais importante ainda, a Bíblia para que a gente retorne ao. O que tem que fazer Deus para que você o escute?

9.17-19 Seria um engano ler a Bíblia como uma história seca e não captar quão emotivo há nela. Nesta seção, Daniel estava clamando ao Senhor. Preocupava-lhe sua nação e seu povo. Muito freqüentemente nossas orações carecem de emoção e verdadeira compaixão por outros. Está disposto a orar derramando seu coração ante Deus?

9:18 Daniel clamou por misericórdia, não por ajuda, porque sabia que seu povo merecia a ira e o castigo Deus. Deus envia Sua ajuda, não porque a mereçamos, mas sim porque quer mostrar sua grande misericórdia quando o necessitamos. Se Deus não nos ajudar devido a nosso pecado, do que nos queixamos? Entretanto, se envia ajudar apesar de nosso pecado, como podemos conter nosso louvor?

9:23 Deus respondeu a oração do Daniel, e pode responder também as nossas.

9:24, 25 Cada uma destas setenta semanas pode representar um ano. Freqüentemente as Escrituras utilizam números redondos para expressar um conceito, não para dar uma conta exata. Por exemplo, Jesus disse que devíamos perdoar a outros "setenta vezes sete". Não quis dizer que só quatrocentos e noventa vezes, mas sim devemos ser pródigos em perdoar. De maneira similar, alguns eruditos vêem nesta cifra de quatrocentos e noventa anos uma expressão em sentido figurado. Entretanto, outros interpretam este período em forma literal, e dizem que a morte de Cristo ocorreu ao final de sessenta e nove semanas (quer dizer, 483 anos mais tarde). Uma interpretação ampliamente aceita diz que a septuagésima semana são os sete anos da grande tribulação, ainda no futuro. Logo então, a cifra pode simbolizar a primeira e a segunda vinda de Cristo.

9:26 O Messías, o Ungido, seria rechaçado e executado por seu próprio povo. Seu perfeito reino eterno teria que vir mais tarde.

9:26, 27 houve muita discussão a respeito dos números, tempos e acontecimentos nestes versículos, e existem dois pontos de vista básicos: (1) Isto se cumpriu no passado, já seja na profanação do templo pelo Antíoco IV Epífanes em 168-167 a.C. (veja-se 11.31), ou na destruição do templo pelo general romano Tito em 70 D.C. quando um milhão de judeus morreram; ou (2) isto ainda está por cumprir-se no futuro sob o anticristo (veja-se Mt 24:15).


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de Daniel Capítulo 9 do versículo 1 até o 27
C. A VISÃO das setenta semanas (9: 1-27)

A terceira visão registrada por Daniel segue um padrão diferente do que os dois anteriores. Eles falavam em figuras de animais simbólicos; este usa números simbólicos. Sua finalidade é apresentado em maior detalhe o período de tempo a partir da visão até a vinda do Messias. Desta forma o povo de Deus estaria preparado para o grande evento da idades, o Messias que redimiria Israel e todo o mundo. O capítulo se move através de três fases: o cenário, a súplica, e as 70 semanas.

1. A profecia de Jeremias (9: 1-2)

1 No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus, 2 , no primeiro ano de seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número do anos, dos quais a palavra do Senhor veio a Jeremias, o profeta, para o cumprimento das desolações de Jerusalém, era de setenta anos.

A visão teve a sua origem no primeiro ano do reinado persa quando Daniel começou a ler a profecia de Jeremias. Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, é a pessoa a quem nós identificamos com Gubaru, o governador do província de Babilônia, depois da conquista da Babilônia pelas forças persas (ver comentários em Dn 6:1 , uma passagem datada em 605 AC, prevendo que o cativeiro continuaria 70 anos . Daniel foi levado cativo para esse ano, e agora os 70 anos estavam quase a terminar. A inspiração da Escritura está implícita na passagem, pois ao ler a profecia, Daniel acreditava-se, e se entregou à oração e confissão.

2. A oração de Daniel (9: 3-19)

1. Preparação para a Prayer (9: 3-4A)

3 E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza. 4 E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse:

Daniel queria iluminação espiritual a respeito dos 70 anos previstos para a punição de Jerusalém. De importância é a preparação que acompanhou a sua oração. Ele começou a procurar, ou seja, colocar-se no lugar onde Deus quer esclarecê-lo. Com o jejum, e saco e cinza fala da seriedade e humildade, que acompanhou a busca. Para esses atos externos foram adicionados confissão e súplica, o que significa recitação dos pecados e petições fortes para a coisa solicitado. A oração é que tipo de atividade que traz resultados somente em termos de Deus. A oração traz resultados quando o homem segue as diretrizes divinas e reúna as condições divinas.

Daniel orou ao Senhor, o Deus que guarda o concerto de Israel, mas se dirigiu a Ele como Adonai Elohim , o forte Mestre. A verdadeira oração reconhece o senhorio de Deus.

b. Oração de Confissão (Dn 9:4 E ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós, e contra os nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal; porquanto debaixo de todo o céu nunca se fez como se tem feito a Jerusalém.13 Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal sobre nós: ainda temos implorado o favor do Senhor nosso Deus, que devemos convertermos das nossas iniqüidades, e para alcançarmos discernimento na tua verdade. 14 Por isso o Senhor vigiou sobre o mal, eo trouxe sobre nós; porque o Senhor nosso Deus é justo em todas as obras que ele faz, e nós não temos obedecido à sua voz.

O Caráter de Deus

Os versículos 4:6

o grande e terrível Deus, que guarda a aliança

Os versículos 7:8

pertence a justiça unlo ti

Os versículos 9:11

misericórdias e perdão

Os versículos 12:13

ele confirmou a sua palavra a favor do Senhor nosso Deus

Verso 14

Senhor vigiou sobre o mal, nosso Deus é justo

Esta parte da oração desloca entre o bom caráter de Deus e da má conduta do homem. Aqui é o padrão de adoração verdadeira, o que vê pela primeira vez a majestade e poder de Deus, e, em seguida, a pecaminosidade e fraqueza do homem; em seguida, a graciosidade e misericórdia de Deus, e de volta para o mal e fragilidade do homem. O seguinte padrão é aparente:

A conduta do homem

pecamos

Não demos ouvidos

a nós a confusão de rosto

nos rebelamos

e não temos obedecido

nós não aplacou

nossas iniqüidades

nós não temos obedecido

Neste ensaio de caráter gracioso de Deus e da conduta defeituosa do homem, Daniel fala coletivamente para a nação de Israel. Sua confissão é um sinal de que a liderança espiritual que o homem de Deus deve sentir-se sempre que ele se dirige ao trono da graça, em nome da congregação necessitados. Há pouca esperança para a salvação espiritual do homem, a menos que o líder de adoração pode rezar a oração de Daniel da confissão.

Três palavras resumem os resultados de desobediência do homem a Deus: (1) confusão (. Vv 7 , 8 (v.), (b) maldição 11 ), (c) calamidade (v. Dn 9:12 , um grande mal .) Confusão é a desintegração pessoal que resulta do pecado. Pessoal (v. Dn 9:7) e (v. sociais
8) perplexidade enfrentaram a nação durante os últimos 70 anos. A maldição é a soma dos julgamentos históricos de Deus que se precipitam sobre os homens desobedientes (conforme Dt 29:20 ). A calamidade foi a destruição e desolação de Jerusalém, que já tinha ficado em ruínas há cinquenta anos.

No meio da confissão ocorre a nota de Hope- a o Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia e perdão. Este pensamento realizada Daniel além do negro desespero do pecado do homem para a brilhante esperança de paz e restauração.

c. Oração de Súplica (9: 15-19)

15 E agora, ó Senhor, nosso Deus, que trouxeste o teu povo para fora da terra do Egito com mão poderosa, e ganhaste para ti nome, como hoje se vê; pecamos, nós perversamente. 16 Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, apartem tua ira e da tua ira, peço-te, ser afastado da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte; porque por nossos pecados, e por causa das iniqüidades de nossos pais, Jerusalém eo teu povo opróbrio para todos os que estão ao redor de Nu 17:1 Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo, e as suas súplicas, e fazer com que o teu rosto brilhar sobre o teu santuário assolado, por causa do Senhor. 18 Ó meu Deus, inclina o teu ouvido e ouve; abre os teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas diante de ti em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias. 19 Ó Senhor, ouve; Ó Senhor, perdoa; Ó Senhor, atende-nos e fazer; não adiar, por tua causa, ó meu Deus, porque a tua cidade e teu povo são chamados pelo teu nome.

A segunda parte da oração transforma a petição e súplica específico. Daniel pede a Deus para três coisas: (a) para a cidade de Jerusalém (v. Dn 9:16 ), (b) para o templo (v. Dn 9:17 ), e (c) para o povo do cativeiro (v. Dn 9:18 ). O versículo 19 é um resumo geral.

Depois de fazer sua confissão do pecado pessoal e social, Daniel lembrou grande ajuda de Deus no passado, a libertação da terra do Egito com mão forte. A fé pode ser sempre amparada por lembrar o que Deus fez e agradecendo por misericórdias passadas.Paulo nos lembra, "atender às suas orações, manter o seu gosto pela oração por ação de graças" (Cl 4:2 ). O vocabulário desta oração é prova contra a tese liberal que foi composta em um momento posterior ao Daniel histórico.

O versículo 19 é o soluço do coração. Em desespero, o profeta dá vazão aos seus sentimentos mais íntimos. Montgomery chama isso de "o Kyrie eleison do Antigo Testamento ". Em seu contorno esta oração de Daniel pode muito bem ser um modelo para a igreja do século XX. Súplicas fortes e orações respondidas são necessários para recuperar as províncias perdidas da igreja-educação, o centro da cidade, e no mundo dos negócios.

3. Programa de Deus (9: 20-27)

1. O Mensageiro Divino (9: 20-23)

20 E enquanto eu estava falando e orando, e confessando o meu pecado, eo pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica diante do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus, 21 sim, enquanto eu estava falando na oração, o homem Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente, e tocou-me à hora do sacrifício da tarde. 22 Ele me instruiu, e falou comigo, e disse: Ó Daniel, vim agora para fazer-te sabedoria e entendimento. 23 No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para trazer-te; pois tu és muito amado: portanto, analisar a questão, e entende a visão.

A ocasião direta da visão de Daniel é claramente afirmado no presente número, a fim de que possamos ver a eficácia da sua oração e da clareza do programa de Deus para as idades.

A oração de Daniel foi interrompida; no auge da sua súplica o anjo Gabriel tocou. Deus notou sua seriedade e sua perseverança, e recompensou-o em conformidade. Gabriel, com quem se encontrou na visão do capítulo 8 , revisitada-lo com uma revelação divina especial.

Suas primeiras palavras, vim agora para fazer-te sabedoria e de entendimento, se referem ao que Daniel estava buscando em primeiro lugar. Aqui está uma execução clara da promessa: "Antes de clamarem eles, eu responderei; e estando eles ainda falando, eu os ouvirei "( Is 65:24 , KJV). Deus está ativo antes de sabermos ou mesmo estão cientes de seus trabalhos. Deus usa tanto a Sua palavra e mensageiros divinos para relacionar a Sua verdade.

b. A mensagem divina (9: 24-27)

24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão ea profecia, e para ungir o santíssimo. 25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até o ungido, o príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas: ele deve ser construído de novo, .com rua e fosso, mas em tempos angustiosos 26 E depois de sessenta e duas semanas será o ungido ser cortada, e não terá nada; eo povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade eo santuário; eo seu fim será com uma inundação, e até o fim será a guerra; desolações são determinadas. 27 E ele fará um pacto firme com muitos por uma semana; e na metade da semana fará o sacrifício ea oferta de cessar; e sobre a asa das abominações virá o assolador; e até o fim, e essa já determinada, não ira ser derramado sobre o assolador.

Antes de proceder a interpretações, vamos examinar o conteúdo da mensagem divina para Daniel. É composto por três itens principais: o programa (v. Dn 9:24-A , a propósito) (v. Dn 9:24 , vigésimo ano de Artaxerxes, quando Neemias deixou a corte persa para reconstruir os muros de Jerusalém. Sete semanas depois levar-nos para 396 AC como o momento em que a rua e fosso foram reconstruídas. Então, depois de 62 semanas ou 434 anos, o Messias, Jesus Cristo, foi cortado pela crucificação no Calvário, em cerca de AD 30. A uma semana de sete anos é colocado no futuro, como a semana da grande tribulação no final da história humana. Tal visão exige que a idade da igreja ser tratado como um grande parêntese nem sequer mencionado ou insinuado nesta passagem. No uma semana da tribulação, o anticristo, o príncipe que há de vir, deve confirmar a aliança com os judeus, que foram restaurados para a Palestina; e então virá o fim com o milênio e os novos céus e da nova terra.

Enquanto mantidas por muitos cristãos que crêem na Bíblia, a interpretação dispensational parece apresentar alguns graves problemas exegéticos. (1) Cabe ao postulado do ano-semana, não uma interpretação claramente estabelecido na passagem, nem em outras partes da Bíblia. (2) O pressuposto de que cada uma das semanas representa um período de sete anos, então, pede que o versículo 25 começa em um ponto arbitrário muitos anos depois do tempo de Daniel, ou seja, em 445 AC , em vez de em 538 AC , que é a simples e claro sentido das palavras desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém. Os judeus que retornaram sob Zorobabel e Josué, em 536 AC , após o decreto de Ciro, não só reconstruiu o templo, mas começou a reconstruir a cidade. (3) A fim de tornar os 434 anos das 62 semanas saem para AD 30 o regime tem de trabalhar com anos de 360 dias ao invés de 365. Estes são chamados anos proféticos. Este dispositivo representa um intrigante artificial ao invés de uma interpretação natural. (4) A maior fraqueza do regime dispensational reside na definição da septuagésima semana no futuro, quebrando assim a continuidade natural da profecia. Duas hipóteses estão por trás da idéia de um grande parêntese, sendo que ambos têm pouco apoio exegético: (a) que a Igreja nunca é mencionado em profecia do Antigo Testamento, e (b) que a referência a ele no versículo 27 , ele fará um pacto firme, é o anticristo, em vez de o Messias tão claramente mencionado no versículo 26 . A primeira suposição é insustentável porque os primeiros cristãos fizeram aplicar as promessas do Antigo Testamento para os membros da Igreja (1Pe 2:9. ). O segundo pressuposto leva uma figura menor (o príncipe que há de vir) como o antecedente, em vez de a figura dominante (o ungido) do contexto. À luz destas deficiências, nós sentimos que o regime dispensational é uma interpretação mais fraco do texto do que a interpretação tradicional conservador.

O conservador tradicional interpretação desta passagem difícil oferece as seguintes diretrizes gerais. O terminus a quo da profecia é 538 AC , quando Ciro, o Grande decretou que os judeus poderiam retornar à sua pátria, trazendo assim um fim ao cativeiro. O decreto foi o equivalente a um mandamento para restaurar e para edificar Jerusalém, e começou a ser cumprida em 536 AC , quando os judeus retornaram à sua terra natal e começou a fazer isto mesmo (Esdras 1:7 ). O terminus ad quem da profecia é AD 70, quando Jerusalém foi destruída pelo o povo do príncipe que há de vir nos dias de o ungido, o príncipe, que era Jesus Cristo, o Messias de Deus. As setenta semanas dividido em unidades de 7, 62 e 1 representam períodos figurativos de time-a curto, longo, e a curto short-nos quais os acontecimentos falado eram para acontecer. A partir do registro da história, sabemos que eles vieram para passar.

Este regime estabelece a ele do versículo 27 (ele fará um pacto firme) como o Messias, que é a figura central em toda a passagem. Literalmente o versículo pode ser traduzido ", e ele fará o concerto prevalecer para muitos um sete ", e assim traduzido carrega o significado que por sua obra no Calvário Jesus Cristo trouxe em vigor a Nova Aliança que tinha sido planejado e prometido por Deus mesmo nos tempos do Antigo Testamento (Jr 31:31 ). Em pouco tempo ele conseguiu o que a idade tinha sido esperando. Em causando a Nova Aliança de prevalecer, Ele também fez com que o sacrifício ea oferta de cessar, ou seja, os sacrifícios judeus no templo. O versículo 27 também analisa a desolação da foi cumprida na destruição do templo por Tito em que-desolator AD 70.

A principal fraqueza da visão conservadora é o seu resort para uma interpretação figurativa das 70 semanas, mas isso se torna uma força à luz do fato de que nenhum desses planos tomadas literalmente se encaixa exatamente descobrir de anos-de-semana.Os pontos fortes da vista são a sua continuidade e aplicação às exigências do texto, história e cumprimento histórico. Essa visão leva a Palavra de Deus a sério como profecia preditiva que é claramente cumprida no curso dos tempos.


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de Daniel Capítulo 9 do versículo 1 até o 27
Esses capítulos finais contêm algu-mas das profecias mais detalhadas da Bíblia, e a maior parte delas já se cumpriu. O capítulo 9 será nosso foco, porque compreender as "70 semanas de Daniel" é fundamen-tal para as profecias bíblicas. Em relação aos judeus, esses capítulos lidam com dois períodos de tempo distintos.

I. Setenta anos de cativeiro (9:1 -19)

A. A profecia (vv. 1-2)

Daniel era um estudioso das Escri-turas do Antigo Testamento, espe-cialmente das profecias relaciona-das ao destino de seu povo. Agora, ele está perto dos 90 anos de ida-de. Enquanto liaJr 25:1-24, o Senhor o fez ver que seu povo ficaria na Babilônia por 70 anos. Observe que Deus não dá "visões e sonhos" às pessoas quando pode ensiná-las por meio de sua Pàlavra. Hoje, o Espírito dele ensina-nos por intermédio da Palavra. Acautele-se das "novas revelações" que supos-tamente vêm de sonhos e visões. Daniel percebeu que os 70 anos de cativeiro estavam para acabar. Em 606 a.C., a Babilônia invadiu a Pa-lestina e iniciou o cerco, e Daniel entendeu as profecias no ano 539-38 a.C., portanto faltavam apenas dois anos dos 70 anos prometidos por Jeremias. Como esse dia de es-tudo bíblico deve ter sido animador para Daniel!

B. A oração (vv. 3-19)

A Palavra de Deus e a oração andam juntas (At 6:4). Daniel não se van-gloriou de sua percepção em rela-ção à Palavra; na verdade, ele nem fez um sermão a respeito disso. Ele ajoelhou-se em oração. Essa é a ver-dadeira atitude do estudioso bíblico humilde. É triste ver as "verdades proféticas" transformarem as pesso-as em seres orgulhosos, em vez de em guerreiros de oração. Como as pessoas deviam achar estranho ver o primeiro-ministro vestindo pano de saco! A oração de Daniel é um dos maiores exemplos de intercessão da Bíblia. Ele confessa os próprios peca-dos e os do seu povo. Ele revê a his-tória da Bíblia e confessa que a na-ção havia sido má, e Deus, justo em julgá-la. Ele conhece as advertências que Moisés fez (v. 13; veja Lv 26) e sabe que ele e a nação mereciam um castigo muito maior do que o que Deus enviou a eles. E maravilhoso ver Daniel identificando-se com a nação pecadora, embora ele mesmo não tenha cometido esses pecados. Após confessar seus pecados e os da nação, Daniel começa a orar por Je-rusalém (vv. 16-19). Sem dúvida, ele orava com freqüência pela cidade santa; na verdade, essa é uma das ra-zões por que o Senhor o abençoou e o engrandeceu (SI 122:6-9). Toda-via, por que orar pela prosperidade de uma cidade devastada? Porque o Senhor prometera não apenas que o cativeiro terminaria, mas também mandar os judeus de volta à sua terra a fim de que reconstruíssem o tem-plo. Veja Jr 29:10-24 e 30:10- 24. Em Is 44:28, Deus prometeu que Ciro permitiría que os judeus re-construíssem a cidade de Jerusalém. Assim, Daniel fixou-se nessas gran-des promessas e transformou-as em orações de fé. Agora veremos como Deus respondeu às orações dele. (Em Ez 9:0), em que separavam o sétimo dia para honrar a Deus. Também tinham os anos sabáticos (Lv 25:1-7), em que deviam deixar a terra descansar a cada sete anos. Os israelitas foram para o cativeiro porque quebraram essa lei, um ano de cativeiro para cada ano sabático em que não obe-deceram ao Senhor (2Cr 36:21; Lv 26:33-34). Eles também tinham o "sábado do sábados", em que cada 50a ano era separado como o Ano do Jubileu (Lv 25:8-17). Todavia, ago-ra Daniel seria apresentado a uma nova série de sábados — 70 semanas (períodos de sete anos), perfazendo o total de 490 anos de tempo profético para os judeus. (No versículo 24, a palavra "semanas", na verdade, sig-nifica "setes" — setenta setes foram determinados, o que faz 490 anos.) Por favor, observe que esse período de 490 anos refere-se a Jerusalém e aos judeus: "teu povo [...] tua santa cidade" (v. 24). E Deus tem propó-sitos específicos para cumprir nesse período: a remoção do pecado e a introdução da justiça. O resultado será a unção do lugar mais santo do templo, isto é, o retorno em glória de Jesus Cristo à terra para reinar de seu templo de Jerusalém.

Agora, vejamos o esboço dos 490 anos. O versículo 25 esclarece que o evento que desencadeará os 490 anos é o decreto (veja Ne 2:5), em que se permite o retorno dos judeus a Jerusalém e a reconstru-ção da cidade. (É interessante que o evento que dará início aos últi-mos sete anos desse período seja o acordo, feito com o anticristo, para proteger os judeus. Há um decreto no início e no fim desse período de 490 anos.) A história relata que hou-ve quatro decretos distintos em re-lação a Jerusalém: Ciro, Dario e Ar- taxerxes fizeram decretos a respeito da reconstrução do templo (Ed 1:6 se refere. Tal fato ocor-reu cerca de 100 anos após Daniel receber a mensagem do Senhor. Ga-briel disse que haveria um período total de 69 semanas, "sete semanas e sessenta e duas semanas", entre a emissão do decreto e a chegada do Messias, o Príncipe, a Jerusalém (69 x 7 = 483 anos). Lembre-se que os "anos proféticos" bíblicos não têm 365 dias, mas 360 dias. Estudiosos calcularam que houve 483 anos pro-féticos entre o decreto de 445 a.C. e o dia em que Jesus entrou em cima de um jumentinho em Jerusalém, no Domingo de Ramos (conforme The Corning Prince [O Príncipe vindouro], de sir Robert Anderson, Kregel, 1967).

Todavia, Gabriel dividiu esses 483 anos em dois períodos: sete se-manas (7 x 7 = 49 anos) e 62 semanas (62 x 7 = 434 anos). Por quê? Bem, a reconstrução de Jerusalém levou 49 anos, e isso foi feito "em tempos angustiosos" (como disse Gabriel). Leia Neemias e veja como foi difícil a tarefa de reconstrução da cidade. Assim, 434 anos mais tarde temos o Messias, o Príncipe, que "será mor-to" (na cruz) pelos pecados do mun-do. O propósito apresentado no ver-sículo 24 cumpre-se com a morte na cruz. O que acontece após a morte dele? Israel aceita-o e à sua mensa-gem? Não. Eles mentem a respeito dele, perseguem seus mensageiros, apedrejam Estêvão e recusam-se a reconhecer a realeza de Jesus. O que acontece? Roma destrói a cidade e o templo. A nação "mata" Jesus Cristo, e ele não deixa que sejam uma na-ção. Até 14 de maio de 1948, Israel não era uma nação livre.

O versículo 29 refere-se a Roma como "o povo de um príncipe que há de vir". Quem é esse príncipe? Não é o "Messias, o Príncipe", pois este é Cristo. O "príncipe que há de vir" é o anticristo. Ele será o líder do Império Romano restaurado. Assim, a destrui-ção de Jerusalém, em 70 d.C., foi ape-nas uma ilustração da futura invasão e destruição a ser liderada pelo anticris-to. Esse príncipe fará um acordo com os judeus de protegê-los das outras nações, e esse acordo terá duração de sete anos. Esses sete anos finais com-pletam o período de 490 anos pre-vistos no relato de Daniel. O período entre a morte de Cristo e a assinatura desse acordo refere-se a toda a era da igreja, o "grande parêntese" no pro-grama de Deus. Os 490 anos estão em operação apenas quando Israel está na vontade do Senhor como seu povo escolhido. Quando Israel cruci-ficou Cristo, foi posto de lado, e o "re-lógio profético" parou de funcionar. No entanto, os últimos sete anos das "70 semanas" de Daniel começam a se cumprir quando o anticristo faz o acordo com Israel. Deu-se o nome de período da tribulação, ou "tempo de angústia para Jacó", a esse intervalo de sete anos da duração do acordo. Apocalipse 6—19 descreve esse pe-ríodo.

Decorridos três anos e meio do acordo, Gogue e seu aliados invadi-rão a Palestina (veja Ez 38;39), e Deus os julgará. O anticristo inva-dirá a terra, quebrando seu acordo e instituindo-se como ditador mun-dial. Ele acabará com toda adora-ção no templo judeu (veja 2Co 2:0; Jo 5:43; Ap 13). Como esse período termi-nará? Jesus Cristo retornará à terra, defrontar-se-á com os exércitos re-beldes em Armagedom e os derrota-rá (Ap 19:11-66)


Russell Shedd

Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
Russell Shedd - Comentários de Daniel Capítulo 9 do versículo 1 até o 27
9.2 Pelos Livros. Jeremias já era considerado como profeta de Deus, e sua declaração de que haveria, 70 anos de cativeiro foi, portanto, aceita.

9.5 Temos pecado. É este o espírito de arrependimento que Deus quis ensinar ao seu povo, já que não escutavam a voz dos profetas. Daniel está falando em nome do povo, uma boa parte do qual reconheceu que a desgraça é proveniente do apartar-se dos mandamentos de Deus (v. 5), de não atentar aos avisas dos profetas (v. 6), de pecar (v. 8), de se rebelar (v. 9), de desobedecer (v. 10) e de não se converter (v. 13).

9.8 Pertence. O pecado, seguido pelo senso de iniqüidade, é da própria natureza humana, assim como a misericórdia e a graça são revelações da natureza, divina, v. 9. Deus é amor, 1Jo 4:8.

9.11 Imprecações. Moisés avisou o povo dos castigos decorrentes da desobediência aos mandamentos divinos: doenças, derrotas, desgraças, pestes, assolação sobre a nação, e a morte no cativeiro, e para os que sobrevivessem, as demais punições, Lv 26:14-39.

9.15 Tiraste. O que agrava as conseqüências destes pecados é que se trata de um povo resgatado por Deus, do cativeiro.

9.18 Tuas muitos misericórdias. Finalmente a oração chegou à altura da verdadeira adoração (Jo 4:23-43); que é a fé incondicional na graça de Deus, hoje já revelada na obra de Jesus Cristo (Rm 3:23-45), aceitando o dom gratuito de Deus, Rm 6:23.

9.19 Chamados pelo teu nome. O povo de Deus pode orar a ele em plena confiança, já que aquele que nos chamou de filhos há de ser um Pai para nós (Jo 15:15-43; Rm 8:32; Gl 4:3-48).

9.21 Gabriel. Um anjo de Deus, mensageiro da vontade divina.

9:24-27 Setenta semanas. Esta profecia das setenta semanas é uma das mais importantes e difíceis do AT. Fala de Cristo na sua primeira e segunda vinda. Há diferenças de opiniões na interpretação de certas frases. Uns acham que as semanas representam períodos de tempo sem limite exata. Outros acham que representam semanas de anos. Sendo qual for a interpretação, a mensagem Deus é clara: embora o pecado vá aumentar, e os santos hajam de ser provadas, virá o dia quando Deus porá fim ao pecado e trará um reino de justiça. O que segue é uma das interpretações principais da profecia. As setenta semanas representam 490 anos, cada semana sendo um período de sete anos. Veja Lv 25:1-22 e 2Cr 36:19-14: Este período começa com a saída da ordem para restaurar a Jerusalém (25) que, conformeNe 2:1-16, saiu no vigésimo ano do rei Artaxerxes (445 a.C.). As primeiras 69 semanas terminaram com Cristo oferecendo-se como rei (Lc 19:38-42). Cristo morreu em c. 20/30 d.C. e a destruição de Jerusalém por Roma foi no ano 70 d.C. A última se mana (7 anos), ao que tudo indica, bem distante separada das demais, será assim:
1) Haverá um acordo feito pelo príncipe romano com os judeus, Ez 7:8; Ez 2:0) No meio da semana este príncipe (aquele mesmo mencionado em 2 Ts 2 e em Apocalipse) porá abominações no santuário;
3) Ele começará uma perseguição contra os judeus;
4) No fim da semana Deus trará o julgamento e um reino de justiça será estabelecido.


NVI F. F. Bruce

Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
NVI F. F. Bruce - Comentários de Daniel Capítulo 9 do versículo 1 até o 27
IX. UMA ORAÇÃO E UMA VISÃO (9:1-27)


1) A oração de Daniel pelo seu povo (9:1-19)
v. 1. Dario, filho deXerxes-, a nota de rodapé da NVI traz “Assuero”; v. 6.1 e Introdução, “Daniel e a história: 4”; o nome Assuero aparece como Xerxes no grego, da linhagem dos medos-, o destaque é dado aqui à data (v. 1,

2), pois ocorreu uma grande mudança na história do mundo e nos destinos dos judeus quando Dario [...] foi constituído governante do reino babilónico. Seja qual for a solução aceita para a questão de Dario, a data pretendida é claramente 539 a.C., a data do cap. 5. Daniel, consciente do governo de Deus na história, pensou nas questões da época à luz da profecia anterior e percebeu que Jr 25:11,Jr 25:12; Jr 29:10, predizendo um período de setenta anos na Babilônia, estava quase se cumprindo. (Como em outras situações, não é necessário forçar a exatidão do número.) A descoberta de Daniel o levou a orar para que Deus lembrasse da sua promessa de restauração, uma oração penitente e determinada, envolvendo-o de corpo e alma. Até esse ponto, e depois da oração, Deus é retratado principalmente como o governante absoluto do Universo, mas aqui, na oração de Daniel, ele com frequência recebe o seu nome, Senhor, i.e., Javé, peculiar à relação de aliança com Israel. Em toda a oração, o elo entre Deus e o seu povo fundado no Sinai está em vista, assim como em Jeremias. Com os termos da aliança como sua vara de medir, Daniel avaliou ambos, Deus e Israel. Tanto quanto Deus estava à altura do padrão, Israel estava abaixo dele, de forma que a oração teve de começar com uma confissão de pecado e de castigo totalmente adequado (v. 4-14). Em linguagem, a oração é semelhante às de Ed 9:0,Dt 7:21; o v. 5 é semelhante à oração de Salomão, em 1Rs 8:47 etc.

Deus é justo; não se pode apresentar acusação contra ele. Israel precisa baixar a cabeça por causa da sua infidelidade. E Deus que se mostra misericordioso eperdoador. Israel não tem nada para perdoar; só pode clamar por misericórdia, apesar de termos sido rebeldes. v. 11-14. Esses versículos refletem as maldições da aliança que ameaçavam com castigos crescentes as violações do acordo, culminando com o exílio e a saída da terra prometida. A vida do povo na Babilônia foi o castigo inevitável por causa do desprezo gritante da aliança. Deus havia escolhido o seu povo para ser exemplo; agora, em virtude do seu fracasso, o seu castigo também seria exemplar: jamais se fez algo como o que foi feito. T udo isso estava previsto na Lei de Moisés, v. 13. não temos buscado o favor do Senhor, nosso Deus: a tradução de Montgomery é excelente, usando o termo “molificar”, “mitigar”; o arrependimento e um novo início teriam causado o abrandamento e um fim rápido dos seus sofrimentos (a idéia é ilustrada em Jr 26:19). Enquanto o arrependimento não for real, a desgraça vai continuar; o Deus justo não pode ser frouxo ou indiferente.

v. 15-19. Tendo admitido completamente a profundidade a que ele e a sua nação tinham chegado (pois o estado da maioria engloba e afeta o indivíduo, assim como o indivíduo pode influenciar o todo), Daniel pôde apresentar o seu pedido de restauração nacional. Em épocas antigas, a reputação de
Deus, o seu nome, tinha sido aumentada mundialmente por meio do êxodo, quando o poderoso Egito se tornou impotente. Agora um povo que ficasse eternamente no exílio prejudicaria essa reputação (conforme Js 7:9), como também o faria o estado do santuário abandonado (v. 17) e da cidade que laja o teu nome (v. 18). Com freqüência, no passado, Deus havia justificado ou vindicado o seu nome por meio de seus atos justos em relação a seu povo; Daniel possuía aqueles precedentes como base do seu apelo presente e tinha esperança, apesar de a cidade santa e o povo santo terem se tornado objeto de zombaria, alvo de ridicularização. “Muito se exige de quem muito recebeu”, mas Israel estava na bancarrota. Não havia motivo para que qualquer coisa da oração de Daniel pudesse contar como seu crédito; ele só podia se apoiar no caráter de Deus, sua grande misericórdia, que tinha sido demonstrada tantas vezes no passado quando o juízo final parecia merecido. Com isso, ele podia terminar com os imperativos na oração: ouve, perdoa, pré-requisitos necessários para as tarefas seguintes: vê, age, não te demores, moderadas ainda com a idéia da reputação de Deus. A oração de Daniel é resumida no v. 20: confissão de pecados e pedido para que Deus aja a favor dos seus.


2) A resposta (9:20-23)
A resposta nos v. 20-27 interrompe a oração (a ser entendida como muito mais ampla do que as palavras registradas) no final da tarde. Foi trazida pelo anjo já conhecido, vindo com urgência. A impressão de que o anjo saiu assim que Daniel começou a orar, deduzida por alguns dos v. 21,23, está errada. Assim que Daniel começou a orar, essa resposta foi emitida, mas Daniel precisava poder descarregar um pouco do seu peso antes que Gabriel viesse a ele. (Observe que não há sinal algum de o anjo agir como intercessor a favor de Daniel como o relatam a literatura apócrifa e os pseudepígrafos, e.g., Tobias 12.12ss). v. 22. Ele me instruiu e me disse-, o hebraico é difícil, mas pode ser compreendido como um termo introdutório. Visto que ele entendeu as profecias de Jeremias, Daniel se sentiu inspirado a orar pela restauração de Jerusalém. O conhecimento que havia obtido das Escrituras e o uso que havia feito dele o capacitavam a receber mais instrução nos caminhos de Deus. Daniel foi considerado muito amado ou “muito precioso” (v. 23).


3) A visão das “setenta semanas” (9:24-27)
Setenta anos haviam estado na mente de Daniel desde que lera Jeremias; agora ele recebeu uma visão que se baseava nas palavras do velho profeta como resposta à oração que tinham estimulado, v. 24. setenta semanas'. essa tradução é interpretativa; algumas versões trazem “setenta setes”. O hebraico diz literalmente “em setes, setenta”, e a palavra “em setes” está no masculino como no v. 26, ao passo que o feminino geralmente representa “semanas”. O masculino ocorre novamente em 10.2,3, mas é qualificado como “em setes, dias”. Entender “semanas” aqui sem ressalvas não é justificado, e em concordância com isso o termo “setes” é usado nestas observações. E improvável que o autor queira indicar semanas literais com essa expressão, e, com Jeremias sendo citado no início do capítulo, setenta “setes” ou semanas de anos são geralmente entendidos. É preciso repetir que trata-se ainda de uma interpretação, e alguns comentaristas, ultimamente Young, consideram os períodos nesse versículo indefinidos. Com o tempo, Israel vai ser liberto de três defeitos: a transgressão será terminada (VA, RV, RSV, BJ, NVI) ou “restringida” (Young) — o hebraico permite qualquer uma das duas; o pecado será “lacrado” (BJ) (Ihtm) ou terá um fim (NVI, VA, RV, RSV, NEB, NVI e Young seguem uma variante muito antiga que poderia ser superior, lhtm)\ as culpas (“iniqüidade”, ARA) serão expiadas por Deus. No seu lugar, serão introduzidas três vantagens: (a) a justiça eterna, nunca escondida por parte de Deus (conforme v. 7ss), será manifesta a todos e compartilhada por todos com o fim da transgressão; (b) a visão profética já não será necessária; assim como o pecado foi terminado, ela será selada, entendendo “selar” no seu sentido principal no ATOS; por outro lado, será ratificada, o outro sentido da palavra; (c) a última expressão, e ungir o santíssimo, corresponde à expiação da iniqüidade, a purificação essencial para a consagração (e.g., Lv 8), mas o objeto aqui não é declarado; o “santo dos santos” (BJ) poderia ser o templo ou seu santuário, seus utensílios, altares ou ofertas, como em outros textos do ATOS, e assim a maioria das versões modernas, como a RSV, imaginam o altar ou o templo, mas as referências a um Ungido nos versículos seguintes e o uso de uma palavra aramaica relacionada em 7.18 etc. podem permitir a aplicação pessoal (como sugere a NVI) ao Messias, comum à tradição judaica e cristã.

O v. 25 começa uma análise progressiva dos setenta setes que resiste a uma solução definitiva. A partir do tempo em que a decisão foi tomada de restaurar [...] Jerusalém até a época do Ungido passaria um tempo de ou “sete setes”, como colocado pelo texto tradicional hebraico, RSV etc., a cidade então seria afligida durante sessenta e dois “setes”, ou passaria um tempo de “sete setes e sessenta e dois setes”, como se compreendeu o texto com base nos tradutores gregos; cf. NIV, Young. Uma decisão a favor de uma ou outra opção depende em parte da interpretação do trecho todo, embora a sintaxe favoreça a primeira, “trincheiras” (nota de rodapé, NVI), ou “canais/condutores de água”, é um bom exemplo do conhecimento crescente do hebraico dando um significado mais preciso a uma palavra do que a VA poderia dar {muros ). o Ungido, o líder pode ser uma personagem secular ou sagrada, v. 26. Como sinal do fim da existência atribulada da cidade, virá a morte violenta do Ungido (“será cortado”, ACF). Ele pode ou não ser idêntico à personagem do v. 25. e já não haverá lugar para ele\ é uma tentativa de tradução de uma frase difícil do hebraico. A NIV (em inglês) traz “e não terá nada” (“já não estará”, ARA). É uma afirmação vaga, deixando que o leitor complemente com “do que lhe era devido” e sugere justiça, auxiliares, seguidores ou descendentes (cp. Is 53:8), ou reinado, governo, domínio. A destruição violenta da cidade e do templo (Lugar Santo, lit. “o santo”), à qual está associado o fim, vai seguir nas mãos de homens que estarão sob um governante que virá, continuando a guerra até que a devastação esteja completa, pois as desolações foram decretadas por Deus. inundação: lit. um “transbordamento”, descreve a ira divina em Na 1:8; Is 10:22; Is 54:8.

v. 27. Dois atores estão no palco, mas nenhum deles é identificado, ele fará...\ seria esse o “governante” mencionado indiretamente no v. 26 ou o “Ungido” morto ali? E Deus o sujeito, ou a expressão se refere a alguém indefinido? Ele é bom ou mau? Novamente precisamos repetir que nenhuma resposta pode ser dada como definitiva. ele fará uma aliança• tenta representar uma expressão única, o peso estando na execução, e não na origem, muitos: significa a maioria como em Is 53:11,Is 53:12, etc. No meio do “sete” (heb.) pode significar também “no meio da semana” (NVI). A mesma personagem dará fim ao sacrifício e à oferta naquele tempo, ou durante aquele tempo, então haverá um “desolador no limite das abominações” até que o seu tempo esteja maduro. ala (heb. “asa”, “borda”): pode descrever um ponto alto de um prédio como o templo, de acordo com Montgomery e Young, seguindo um tradutor antigo, embora não se use como prova nenhum outro exemplo. Visto que “asa” muitas vezes traduz “extremidade”, o sentido metafórico, “o limite extremo”, pode estar presente aqui. Quando se alcança esse “pináculo”, literal ou figuradamente, o fim que está decretado (fazendo eco de Is 10:23; 28,32) vai tragar o desolador. Como no caso do chifre no cap. 7, assim também no caso dessa figura Deus conhece e controla tudo.


4) O significado
A interpretação desse texto é dificultada pelas incertezas de significado do texto hebraico esboçadas nas observações anteriores. Só isso já mostra que nenhuma interpretação pode ser definitiva. Além disso, todos os pontos de vista enfrentam algum tipo de obstáculo na sua aplicação. Basicamente, há duas escolas de pensamento: uma que vê referência somente ao tempo de Antíoco Epifânio, e outra que vê a referência principal na encarnação e crucificação de Cristo. Há variantes em ambas as escolas; os da primeira podem até fazer concessões no sentido de que “a consumação” foi “efetuada em sua plenitude somente por” Cristo (S. R. Driver, Jntroduction to the Literature of the Old Testament, 9. ed., 1913, p. 495-6), e alguns defensores da segunda perspectiva vêem o fim último da profecia como estando ainda no futuro, e outros inserem um “intervalo” entre o sexagésimo nono e o septuagésimo “sete”.

O calendário apresenta um obstáculo enorme para todos os pontos de vista: setenta “setes” divididos em sete, sessenta e dois, e um. Se cada “sete” significa sete anos, então um ponto de partida exato precisa ser fixado, mas nenhum fornece um esquema satisfatório para o todo. A escola de Antíoco entende que os sessenta e dois “setes” vão desde o decreto de Ciro em 538 a.C. (Ciro então seria um “ungido” em Is 45:1) até a morte do sumo sacerdote ungido Onias III em 172 a.C., mas o intervalo é de 366 anos, e não de 434 (62 X 7). Se o édito de Ciro marca ou a “emissão da palavra” ou “a vinda de um ungido” (o próprio Ciro ou o sumo sacerdote Josué), os intervalos seguintes, de sessenta e nove “setes” e sessenta e dois “setes” respectivamente, não chegam a nenhum momento significativo que se encaixe com esses versículos. A escola de Antíoco, portanto, pressupõe um erro de cálculo cronológico. Erros semelhantes são conhecidos em outros textos antigos, mas o leitor deveria perguntar se é justificável pressupor um erro no texto que estudamos aqui para torná-lo compatível com uma interpretação desejada. Para a escola messiânica, os decretos de Artaxerxes para Esdras (Ed 7 — 458 a.C.) ou para Neemias (Ne 2 — 445 a.C.) são pontos de partida alternativos para os sessenta e nove “setes”, o último atingindo a crucificação em 32-33 d.C., o primeiro tolerando uma pequena diferença de aproximadamente dez anos. Nenhum desses dois dá significado especial para os sete “setes” (v. comentário do v. 25), e ambos pressupõem que Giro estava fora do escopo do trecho. Não importa como os “setes” sejam considerados ou calculados, não resulta nenhum padrão plausível.

Em concordância com isso, intérpretes tentam encaixar eventos históricos nessa passagem. A escola de Antíoco considera Giro o “ungido” do v. 25, Onias III o intitulado de forma semelhante no v. 26 — ele foi deposto em 175 a.C. e morto em 172 a.C. —, “o povo” do v. 26 os judeus que apoiaram Antíoco IV desde a sua ascensão em 175 a.C., sendo ele o “príncipe que virá” e o sujeito do v. 27, profanando o templo em 167 a.C., morrendo em 164 a.C. Por outro lado, os ungidos podem ser Josué e Onias, o primeiro e o último sumo sacerdotes zadoquitas legítimos depois do exílio. O v. 24 então alude à subsequente reconquista triunfal do templo pelos judeus em 164 a.C., “para ungir o santíssimo”, ocorrendo a reconsagração de três anos e alguns dias (“metade da semana”) depois de ter sido profanado (a ocasião para a festa de Hanucá celebrada no judaísmo desde então). Além de alguns detalhes de exegese difíceis nessa perspectiva (v.comentário anterior), deveríamos observar a ausência de Antíoco e de seus auxiliares nos ataques de uma devastação tão abrangente como a retratada no v. 26, e de qualquer ação que concorde com a cláusula concernente ao “desolador”, se a “ala” (“asa”) significa o pináculo do templo (como a considera, por exemplo, Montgomery).
As interpretações messiânicas cristãs encontram dificuldades com o último “sete”. Ao considerar paralelos os v. 26 e 27, “o Ungido” deve ser “cortado” depois de “sessenta e dois setes”, isto é no septuagésimo quando “ele fizer uma aliança com muitos” etc., pressupondo que “um Ungido” é o sujeito. O “povo do governante que virá” está associado com o “desolador”, talvez o próprio príncipe. Cristo, o ungido par excellence, cumpre perfeitamente os v. 24-27, exceto pela expressão “uma semana” ou “sete” e sua “metade” ou “meio”, pois o seu ministério durou menos do que sete anos, e, se a sua morte ocorreu na metade, os restantes três anos e meio não conduziriam a um momento histórico que satisfizesse os dados. Para superar esse obstáculo, os números “sete” são tratados por alguns (e.g., Young) como períodos simbólicos, não necessariamente anos, desde os oráculos de Jeremias a Ciro, depois passando para a Encarnação, ou de Ciro para Esdras e Neemias, depois para a Encarnação (colocando os sete “setes” junto com os sessenta e dois), depois o “um sete” culminando com a destruição do templo efetuada por Tito em 70 a.C. O que permanece inexplicado é a razão dos números evidentemente exatos. Muitos consideram o último “sete” como estando ainda no futuro, provavelmente descrevendo um período em que o anticristo vai perseguir a igreja, encerrado com a segunda vinda de Cristo (v. NBD, “Daniel, O livro de”). Um sistema detalhado que segue essa linha é o “dispensacio-nalista”. Segundo esse esquema, o 69- “sete” termina com a entrada de Cristo em Jerusalém, sendo os eventos do v. 26 seguidos no início por um intervalo que continua até o ressurgimento do Império Romano culminando no anticristo, que primeiro se mostra amigo de Israel (“ele fará uma aliança”), depois se vira contra Israel (“durante metade do ‘sete’ ele dará fim ao sacrifício e à oferta”), que só é interrompido na segunda vinda quando o v. 24 se cumprirá. Qualquer ponto de vista que interpõe um “intervalo” entre o 69- e o 1Ç>- “sete”, ou estende o último durante vários séculos, tem pontos muito fracos. A seqüência de “setes” aparece aqui como uma unidade; não encontramos nenhuma analogia de uma quebra do tipo imaginado em nenhuma seqüência em outro texto do ATOS, um “intervalo” muitas vezes mais extenso do que as sessenta e duas “semanas” claramente especificadas. O ponto de vista “dispensacionalista” inclui ainda outras pressuposições, como a restauração da adoração no templo (v. 27), que parece incongruente com outros textos (v. críticas detalhadas em O. T. Allis, Propkecy and the Church, 1945, 1972, p. 111-23, e em Young).


Moody

Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
Moody - Comentários de Daniel Capítulo 8 do versículo 1 até o 13

III. A Nação Hebraica: Seu Relacionamento com o Domínio Gentio e o Seu Futuro no Plano de Deus. 8:1 - 12:13.


Moody - Comentários de Daniel Capítulo 9 do versículo 1 até o 27

Dn 9:1, Dn 9:2), Daniel prossegue falando de um período intensivo de oração (vs. Dn 9:3-19), seguido da chegada de um mensageiro angélico podador da profecia (vs. Dn 9:20-23). A importantíssima profecia sobre as setenta semanas está no final (vs.


Moody - Comentários de Daniel Capítulo 9 do versículo 3 até o 19


2) A Oração Exemplar de Dn 9:3-19.

Na apreciação de um poema, uma peça, ou uma pintura, o maior valor se encontra quando aceitamos simplesmente a criação como um todo. Do mesmo modo a oração de Daniel deve ser estudada como um todo. A oração foi um meio providencial para a reafirmação do que já estava determinado (veja Is 42:24, Is 42:25; Is 43:14, Is 43:15; Is 48:9-11. Cons. Jr 50:4, Jr 50:5, Jr 50:20). Os nomes da Divindade que foram empregados são significativos. Daniel faz Deus se lembrar de que tanto Jerusalém (Dn 9:18) como os judeus (v. Dn 9:19) são chamados pelo teu nome. Ele se dirige ao Senhor como o Senhor Deus (Adonay e Elohim, v. Dn 9:3) e SENHOR Deus (Yahweh Elohim, v. Dn 9:4). Veja um dicionário bíblico com referência aos nomes de Deus. O conceito que Daniel tinha de Deus indica um equilíbrio entre o Deus grande e temível (v. Dn 9:4; cons. Is 6:1 e segs.) e um Deus de misericórdia e perdão (v. Dn 9:9; cons. Ex 20:5, Ex 20:6).

Os problemas de interpretação aqui não são difíceis. Observe que luz este versículo lança sobre a oração (Mt 6:5-15; Lc 11:1-13). Observe:
1) A oração de Daniel foi persistente, não desesperada (Dn 6:1-10; cons. Dn 9:1-3; 2Co 12:7).
5) Ele fez confissão (esp. Dn 9:4, Dn 9:5. Cons. Sl 32:5; Sl 51:4; Jc 5:16).
6) Ele deu mostras de submissão (Dn 9:14) e envolveu-se em
7) petição e
8) intercessão.

Tal como Moisés (Ex 32:10-14; cons. Ez 14:14, Ez 14:20), Daniel, no papel de intercessor, argumentava com o Todo-Poderoso, sobre diversos assuntos:
1) O povo de Deus constituía um opróbrio entre os pagãos (Dn 9:16).
2) A misericórdia de Deus era notória (v.Dn 9:18).
3) A reputação de Deus estava em jogo (v. Dn 9:19).


Francis Davidson

O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
Francis Davidson - Comentários de Daniel Capítulo 9 do versículo 1 até o 23
IX. ORAÇÃO DE DANIEL Dn 9:1-23

Livros (2). Esse termo evidentemente Se refere às Escrituras. Pelo estudo dos escritos de Jeremias, Daniel entendeu que o período de exílio se prolongaria por setenta anos (Jr 25:12). Portanto, Daniel voltou-se para Deus, em súplica, por causa dos pecados de seu povo. Nos versículos 4:14 Daniel reconhece a culpa de Israel e, nesse reconhecimento, inclui sua própria pessoa. Os versículos 15:19 constituem um apelo pedindo a misericórdia e o perdão de Deus. Enquanto Daniel ainda estava ocupado em oração veio Gabriel da parte de Deus para tornar Daniel sábio de entendimento (20-23).


Dicionário

Derramar

entornar. – Por mais que se confundam na linguagem vulgar estes dois verbos, é preciso não esquecer que há entre eles uma distinção que se pode ter como essencial. – Derramar é deixar sair pelos bordos, ou “verter-se o líquido que excede à capacidade” do vaso, ou que sai deste “por alguma fenda ou orifício.” – Entornar é “derramar virando ou agitando o vaso; verter todo ou parte do líquido que o recipiente contém. Uma vasilha, mesmo estando de pé, pode derramar; só entorna quando voltada”. – Acrescentemos que entornar se aplica tanto à coisa que se contém no vaso como ao próprio vaso. Entorna-se o copo; e entorna-se o vinho. Derrama-se o vinho (agitando o copo ou enchendo-o demais); mas não se derrama o copo. – Se alguém dissesse a um rei: – “Entornai, senhor, sobre mim a vossa munificiência, ou as vossas graças” – esse rei responderia naturalmente: – “Sim, derramarei sobre ti das minhas graças”... (se as entornasse... decerto não teria o rei mais graças que dar a outros).

verbo transitivo Cortar os ramos de; aparar, podar, desramar: derramar árvores.
Fazer correr um líquido, verter, entornar: derramar a água servida da bacia.
Esparzir, espalhar: derramar flores pelo caminho.
Distribuir, repartir: derramar muito dinheiro para corromper autoridades.
verbo pronominal Espalhar-se; dispersar-se; propagar-se; difundir-se.
Entornar-se.
Derramar o sangue (de alguém), matar ou ferir (alguém).
Derramar lágrimas, chorar.
Derramar lágrimas de sangue, chorar de arrependimento, de sentimento de culpa.

Deus

substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

Do latim deus, daus, que significa “ser supremo” ou “entidade superior”.


i. os nomes de Deus. A palavra portuguesa Deus, que tem a mesma forma na língua latina, representa alguns nomes da Bíblia, referentes ao Criador.
(a): o termo de uso mais freqüente é Elohim, que restritamente falando, é uma forma do plural, derivando-se, presumivelmente, da palavra eloah. Mas, embora seja plural, é certo que, quando se refere ao único verdadeiro Deus, o verbo da oração, de que Elohim é o sujeito, e o nome predicativo vão quase invariavelmente para o singular. As principais exceções são quando a pessoa que fala, ou aquela a quem se fala, é um pagão (Gn 20:13 – 1 Sm 4.8).
(b): El, provavelmente ‘o único que é forte’, também ocorre freqüentemente. E encontra-se este nome com adições: El-Elyon, ‘o Deus Altíssimo’ (Gn 14:18) – El-Shaddai, ‘o Deus Todo-poderoso’ (Gn 17:1) – e entra na composição de muitos vocábulos hebraicos (por exemplo Eliabe, Micael).
(c): Adonai, Senhor, ou Superior. Esta palavra e as duas precedentes eram empregadas quando se queria significar o Deus da Humanidade, sem especial referência ao povo de israel.
(d): Todavia, Jeová, ou mais propriamente Jahveh, o Senhor, o Ser que por Si mesmo existe, o Ser absoluto, que é sempre a Providência do Seu povo, designa Aquele que num especial sentido fez o pacto com o povo de israel.
(e): outro nome, ou antes, titulo, ‘o Santo de israel’ (is 30:11) merece ser aqui mencionado, porque ele nos manifesta o alto ensino moral dos profetas, fazendo ver aos israelitas que o Senhor, a Quem eles adoravam, estava muito afastado dos ordinários caminhos do homem, e portanto era necessário que o Seu povo fosse como Ele, odiando o pecado. É sob este título que o Senhor é reconhecido como uma pedra de toque não só da pureza cerimonial, mas também da pureza ética.
(f): Pai. Nas primitivas religiões semíticas, este termo, enquanto aplicado aos deuses, tinha uma base natural, pois que os povos acreditavam que eram descendentes de seres divinos. Todavia, no A.T. é Deus considerado como o Pai do povo israelita, porque Ele, por atos da Sua misericórdia, o constituiu em nação (Dt 32:6os 11:1 – *veja Êx 4:22). De um modo semelhante é Ele chamado o Pai da geração davídica de reis, porque Ele a escolheu e a tornou suprema (2 Sm 7.14 – Sl 2:7-12 – 89.27). Mais tarde se diz que Deus Se compadece dos que o temem (isto refere-se particularmente aos israelitas e aos que aceitam a religião de israel), como um pai se compadece dos seus filhos (Sl 103:13Mt 3:17).
ii. A doutrina de Deus. Certas considerações nos são logo sugeridas sobre este ponto.
(a): Em nenhuma parte da Bíblia se procura provar a existência de Deus. A crença no Criador é doutrina admitida. Nunca houve qualquer dúvida a respeito da existência da Divindade, ou da raça humana em geral. Entre os argumentos que podemos lembrar para provar a existência do Criador, devem ser notados: a relação entre causa e efeito, conduzindo-nos à grande Causa Primeira – a personalidade, a mais alta forma de existência que se pode conceber, de sorte que uma Causa Primeira, que carecesse de personalidade, seria inferior a nós próprios – a idéia de beleza, de moralidade, de justiça – o desejo insaciável, inato em nós, de plena existência que nunca poderia ser satisfeita, se não houvesse Aquele Supremo Ser, Luz, Vida e Amor, para onde ir.
(b): Deus é um, e único (Dt 6:4, doutrina inteiramente aceita por Jesus Cristo, Mc 12:29). Porquanto se houvesse mais que uma Divindade, haveria, de certo, conflito entre esses seres todo-onipotentes. Por isso, contrariamente ao dualismo de Zoroastro, segundo o qual há dois seres supremos, um bom e outro mau, a Bíblia ensina que Deus tem a autoridade suprema mesmo sobre o mal (is 45:6-7). Este fato fundamental da Unidade de Deus não está em contradição com a doutrina cristã da Trindade, antes pelo contrário, a salvaguarda.
(c): Deus é o Criador e o Conservador de tudo (Gn 1:1At 17:24Ap 4:11 – e semelhantemente Jo 1:3 – Col 1.16, onde o imediato Agente é a Segunda Pessoa da Trindade). Todos os dias estamos aprendendo, com clareza de percepção, que a matéria não é coisa morta e sem movimento, que as próprias pedras tremem pela sua energia, sustentando a sua coesão pelas formidáveis e ativas forças que sem interrupção nelas operam. o nosso conhecimento, cada vez mais aperfeiçoado, sobre os métodos de Deus na Criação, leva-nos a um louvor cada vez mais elevado.
(d): Estamos, também, sabendo mais com respeito à relação de Deus para conosco, como governador e conservador de tudo. Relativamente a este assunto há duas verdades, nenhuma das quais deverá excluir a outra:
(1). Ele é transcendente, isto é, superior ao universo, ou acima dele (*veja is 40:22 – 42.5 – 1 Tm 6.16).
(2). É igualmente importante notar que Deus é imanente, isto é, está na matéria, ou com ela. Nesta consideração, nós e todos os seres vivemos Nele (At 17:28 – *veja também Jo 1:3-4) – e Ele em nós está pelo simples fato de que sendo Espírito (Jo 4:24) é dotado de onipresença.
iii. A adoração a Deus. Se a religião é, na verdade, uma necessidade natural, o culto é sua forma visível. Porquanto, embora possamos supor a priori que nos podemos colocar na presença da Divindade sem qualquer sinal exterior, é isto, contudo, tão incompatível como a natureza humana, e tão contrário às exigências da religião, visto como esta pede a adoração a Deus com toda a nossa complexa personalidade, que não é possível admitir-se tal coisa. É certo que Jesus Cristo disse: ‘Deus é Espirito – e importa que os seus adoradores o adorem em espirito e em verdade’ (Jo 4:24). (*veja Altar, Baal, igreja, Eloí, Espírito Santo, Jewá, Jesus Cristo, Senhor, Senhor dos Exércitos, Tabernáculo, Templo, Trindade, Adoração.)

Introdução

(O leitor deve consultar também os seguintes verbetes: Cristo, Espírito Santo, Jesus, Senhor.) O Deus da Bíblia revela-se em sua criação e, acima de tudo, por meio de sua Palavra, as Escrituras Sagradas. De fato, a Bíblia pode ser definida como “a autorevelação de Deus ao seu povo”. É importante lembrar que as Escrituras mostram que o conhecimento que podemos ter de Deus é limitado e finito, enquanto o Senhor é infinito, puro e um Espírito vivo e pessoal, ao qual ninguém jamais viu. Freqüentemente a Bíblia usa antropomorfismos (palavras e ideias extraídas da experiência das atividades humanas, emoções, etc.) numa tentativa de nos ajudar a entender melhor Deus. Esse recurso pode ser realmente muito útil, embora o uso de descrições e termos normalmente aplicados aos seres humanos para referir-se ao Senhor eterno e infinito sempre deixe algo a desejar. Alguém já disse que “conhecer a Deus”, até o limite de que somos capazes por meio de sua Palavra, é o cerne da fé bíblica. De acordo com as Escrituras, todas as pessoas, durante toda a história, estão de alguma maneira relacionadas com o Senhor, seja numa atitude de rebelião e incredulidade, seja de fé e submissão.

Homens e mulheres existem na Terra graças ao poder criador e sustentador de Deus; a Bíblia ensina que um dia todos estarão face a face com o Senhor, para o julgamento no final dos tempos. A natureza de Deus e seus atributos são, portanto, discutidos de diversas maneiras nas Escrituras Sagradas, de modo que Ele será mais bem conhecido por meio da forma como se relaciona com as pessoas. Por exemplo, aprende-se muito sobre Deus quando age no transcurso da história, em prol do sustento e da defesa de seu povo, e leva juízo sobre os que pecam ou vivem em rebelião contra Ele. Muito sabemos sobre o Senhor por meio dos nomes aplicados a Ele na Bíblia e quando sua criação é examinada e discutida. Acima de tudo, aprendemos de Deus quando estudamos sobre Jesus, o “Emanuel” (Deus conosco).

As seções seguintes proporcionam apenas um resumo do que a Bíblia revela sobre Deus. Uma vida inteira de estudo, fé e compromisso com o Senhor, por intermédio de Cristo, ainda deixaria o crente ansioso por mais, especialmente pelo retorno de Jesus, pois concordamos com a declaração do apóstolo Paulo: “Agora conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13:12).

A existência do único Deus

A Bíblia subentende a existência de Deus. Não há discussão alguma sobre isso em suas páginas, pois trata-se de um livro onde o Senhor revela a si mesmo. Somente o “tolo”, a pessoa maligna e corrupta, diz “no seu coração: Não há Deus” (Sl 14:1-53.1; veja O tolo e o sábio). A existência de Deus é freqüentemente afirmada nos contextos que advertem contra a idolatria. Sempre é dada uma ênfase especial ao fato de que somente o Senhor é Deus e não existe nenhum outro. Deuteronômio 6:4 declara: “Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Deuteronômio 32:39 diz: “Vede agora que Eu sou, Eu somente, e não há outro Deus além de mim. Eu causo a morte, e restituo a vida; eu firo, e eu saro, e não há quem possa livrar das minhas mãos”. Por essa razão, a idolatria é considerada um grande pecado (cf. 1 Co 8.4). Envolver-se com ela é viver e acreditar na mentira, numa rejeição direta da revelação do único Deus verdadeiro. Esperava-se que o povo de Israel testemunhasse para as nações ao redor que existia apenas um único Senhor e que não havia nenhum outro deus. Isso seria visto especialmente no poder de Deus para proporcionar a eles os meios para vencerem as batalhas contra inimigos mais fortes, no tempo de paz, na extensão das fronteiras (contra o poder de outros assim chamados deuses) e em sua justiça e juízo sobre todos os que se desviavam dele, ou rejeitavam seus caminhos ou seu povo. As nações ao redor precisavam aprender com Israel que os seus deuses eram falsos e que na verdade adoravam demônios (1Co 10:20).

Os escritores dos Salmos e os profetas também proclamaram que somente o Senhor é Deus e que Ele pré-existe e auto-subsiste. O Salmo 90:2 diz: “Antes que os montes nascessem, ou que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. Em Isaías, lemos: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus” (Is 44:6). “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus. Eu te fortalecerei, ainda que não me conheças” (Is 45:5; veja também 45.21; etc.). Jeremias disse: “Mas o Senhor Deus é o verdadeiro Deus; ele mesmo é o Deus vivo, o Rei eterno. Do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação” (Jr 10:10).

No Novo Testamento, novamente a autoexistência eterna de Deus é subentendida: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:14). Paulo argumentou em sua pregação para os atenienses: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17:28). O apóstolo fez um apelo aos habitantes de Listra, a fim de que reconhecessem a existência do único Deus verdadeiro, pois “não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas dos céus, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações” (At 14:17). Em Romanos 1:19-20, há o pressuposto de que mesmo os que são maus e rejeitam a Deus podem ser considerados em débito, “visto que o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis”.

Como em João 1, mencionado anteriormente, é no Novo Testamento que aprendemos sobre Jesus e começamos a entender mais sobre o próprio Deus, sua preexistência e sua auto-existência. Colossenses 1:17 descreve a preexistência de Cristo como “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15). Tanto Deus, o Pai, como Jesus são considerados eternos em sua existência: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1:8-11.15, 17; 2 Pe 3.8). Hebreus 13:8 também fala de Jesus: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e eternamente”.

O Deus criador

A autoexistência de Deus, bem como sua eternidade, também são sinalizadas na criação, a qual Ele fez do “ex nihilo” (a partir do nada; veja Gn 1; Rm 4:17; Hb 11:3). A Bíblia não admite a ideia do nada existindo lado a lado com o Senhor através da eternidade. Não há ensino, por exemplo, de que a matéria sempre existiu, ou que o mal sempre permaneceu como uma alternativa ao lado de Deus. O Todo-poderoso sempre existiu e sempre existirá; Ele é o Criador. O que existe traz outras coisas à existência. O racionalismo pode argumentar que, se algo existe, deve ter o poder da auto-existência dentro de si. A Bíblia mostra que o ser que auto-existe é Deus e somente Ele é o Senhor. Porque Deus existe, a vida veio à existência e surgiu a criação. No Senhor há vida e luz. Somente Ele tem a vida em si mesmo e habita na luz e na glória eternamente.

O ato de Deus na criação é descrito em muitos lugares da Bíblia. De maneira notável, Gênesis 1:2 descrevem a Palavra de Deus que traz tudo o que conhecemos à existência. Esses capítulos demonstram claramente que o Senhor já existia antes da criação e foi por meio de sua palavra e seu poder que o mundo veio à existência. Também revelam que Deus não iniciou simplesmente o processo e o concluiu, ou ainda não o concluiu, com o que conhecemos neste mundo hoje. Ele interferiu ativamente, várias vezes, para criar a luz, o sol, a lua, a água, a vegetação, os peixes, os mamíferos, os pássaros e a humanidade. Em Gênesis 1, essa obra ativa de Deus durante todo o período da criação pode ser notada nas duas frases: “E disse Deus: Haja...” e “E viu Deus que isso era bom”. Em Gênesis 2, a obra e as palavras do “Senhor Deus” são mencionadas repetidamente. O Salmo 33:4-9 personaliza a “palavra de Deus” como a que criou e “é reta e verdadeira; todas as suas obras são fiéis... Pela palavra do Senhor foram feitos os céus... Tema toda a terra ao Senhor... Pois ele falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu”. Jeremias afirma: “Pois ele (o Senhor) é o criador de todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança; Senhor dos Exércitos é o seu nome” (Jr 10:16-51.19; veja também 26:7; Sl 102:25-104.24; Ne 9:6; etc.).

No NT, o escritor da carta aos Hebreus lembra os crentes que “pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que o visível não foi feito do que se vê” (Hb 11:3). Louvor e adoração são devidos a Deus, o Pai, e a Jesus, a Palavra de Deus, pela criação e pelo seu contínuo sustento de todas as coisas criadas. Desde que a criação deriva sua vida e existência do próprio Deus, se o Senhor não a sustentasse, ela deixaria de existir (Ap 4:11; Jo 1:1-3; 1 Co 8.6; Cl 1:16-17; Hb 1:2-2 Pe 3.5; etc.).

Essa obra da criação, a qual necessita do poder sustentador do Senhor, proporciona a evidência da soberania e do poder de Deus sobre todas as coisas. Ele está presente em todos os lugares, a fim de sustentar e vigiar sua criação, realizar sua justiça, amor e misericórdia, trazer à existência e destruir, de acordo com sua vontade e seus propósitos. A doxologia de Romanos 1:1-36 oferece a resposta adequada do crente na presença do Deus criador, sustentador e que existe por si: “Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória, pois, a ele eternamente. Amém” (v.36).

O Deus pessoal

O Criador do Universo e de todas as coisas, que sustém o mundo e todas as pessoas, revela-se a si mesmo como um “Deus pessoal”. A palavra “pessoal” não é aplicada a Ele em nenhum outro lugar da Bíblia e é difícil nossas mentes finitas assimilarem o que essa expressão “pessoal” significa, ao referir-se ao Senhor. Ainda assim, é dessa maneira que Ele é consistentemente revelado. Deus é um ser auto-existente e autoconsciente. Qualidades que indicam um ser pessoal podem ser atribuídas a Deus. Ele é apresentado como possuidor de liberdade, vontade e propósitos. Quando colocamos esses fatores na forma negativa, o Senhor nunca é descrito nas Escrituras da maneira que as pessoas o apresentam hoje, como uma energia ou uma força sempre presente. Deus revela a si mesmo como um ser pessoal no relacionamento entre Pai, Filho e Espírito Santo (veja mais sobre a Trindade neste próprio verbete) e em seu desejo de que seu povo tenha um relacionamento real com o “Deus vivo”. Sua “personalidade”, é claro, é Espírito e, portanto, não está limitada da mesma maneira que a humana. Porque é pessoal, entretanto, seu povo pode experimentar um relacionamento genuíno e pessoal com Ele. Deus, por ser bom, “ama” seu povo e “fala” com ele. O Senhor dirige os seus e cuida deles. O Salmo 147:10-11 dá alguns sentimentos de Deus, como um ser pessoal: “Não se deleita na força do cavalo, nem se compraz na agilidade do homem. O Senhor se agrada dos que o temem, e dos que esperam no seu constante amor” (veja também Sl 94:9-10). Efésios 1:9-11 mostra como a vontade e os propósitos de Deus são especialmente colocados à disposição dos que Ele “escolheu”, aos quais ele “ama”. O Senhor é aquele que conhece seu povo (1Co 8:3) e pode ser chamado de “Pai” pelos que vivem por ele (v.6). A revelação de Deus em Jesus novamente mostra como Ele é um Deus “pessoal”, tanto no relacionamento de Cristo e do Pai (como o Filho faz a vontade do Pai e fala as suas palavras), como na maneira pela qual o Pai mostrou seu amor pelo mundo, quando deu “o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16-14:15-31; 15.9,10; etc.).

O Deus providencial

Já que Deus é eterno, auto-existente e o Criador do Universo, não é de admirar que um dos temas mais freqüentes na Bíblia refira-se à soberana providência do Senhor. Deus é visto como o rei do Universo, o que fala e tudo acontece, que julga e as pessoas morrem, que mostra seu amor e traz salvação. Ele é o Senhor (veja Senhor) que controla o mundo e exige obediência. Busca os que farão parte de seu povo. É neste cuidado providencial por seu mundo e seu povo que mais freqüentemente descobrimos na Bíblia os grandes atributos divinos de sabedoria, justiça e bondade. Aqui vemos também sua verdade e seu poder. As Escrituras declaram que Deus tem o controle total sobre tudo, ou seja, sobre as pessoas, os governos, etc. Ele é chamado de Rei, pois estabelece reinos sobre a Terra e destrói-os, de acordo com seu desejo. Sua soberania é tão grande, bem como sua providência, em garantir que sua vontade seja realizada, que mesmo o mal pode ser revertido e usado pelo Senhor, para realizar seus bons propósitos.

Os escritores da Bíblia demonstram com convicção que Deus governa sobre toda a criação; assim, os conceitos do destino e do acaso são banidos. À guisa de exemplo, uma boa colheita não acontece por acaso, mas é providenciada pelo Senhor. É Deus quem promete: “Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn 8:22). Por outro lado, o Senhor mantém tal controle sobre a criação que pode suspender a colheita dos que vivem no pecado ou se rebelam contra Ele (Is 5:10). Nos dias do rei Acabe, de Israel, Deus suspendeu a chuva e o orvalho, por meio de “sua palavra”, como castigo sobre o monarca e o povo (1Rs 17:1). A fome foi extremamente severa, mas a providência particular e amorosa do Senhor por seu povo fez com que suprisse as necessidades do profeta Elias de maneira miraculosa (1Rs 17:18).

A Bíblia preocupa-se muito em mostrar a providência de Deus, que pode ser vista no seu relacionamento com seu povo (veja 2 Cr 16.9). Paulo fala sobre isso quando diz: “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). Aqui vemos que não somente o cuidado soberano do Senhor sempre é feito segundo a sua vontade e seu propósito, mas também que esse desejo preocupa-se especialmente com seu povo, mediante o cuidado e a proteção. O poder de Deus é tão grande que em “todas as coisas” Ele trabalha para atingir seus fins. Tal entendimento da providência do Senhor leva à conclusão inevitável de que mesmo o que começou por meio do mal, ou emanado de nossos próprios desejos pecaminosos, pode ser revertido por Deus, enquanto Ele trabalha incessantemente para completar e realizar sua vontade. Essa fé e confiança no cuidado providencial do Senhor não eram conceitos novos nos dias de Paulo. Quando José foi capturado por seus irmãos e vendido como escravo para o Egito, não foi o acaso que finalmente o levou a ser governador egípcio, num momento em que o povo de Deus precisava ser preservado da fome terrível. Tudo foi parte da vontade do Senhor. Posteriormente, ao discutir o assunto com seus irmãos amedrontados, José disse: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida” (Gn 50:20). O cuidado providencial de Deus por Jó, quando Satanás desejava atacá-lo e destruí-lo, também é uma prova do poder soberano do Senhor, mesmo sobre o mundo dos espíritos, inclusive Satanás (1:2). Deus até mesmo controlou as ações do rei da Pérsia em favor de seu povo (Is 44:28-45:1-7).

Em nenhum outro contexto o cuidado providencial de Deus pode ser visto com tanta clareza como na provisão da salvação para o seu povo, por meio da morte expiatória de Jesus Cristo. A ação mais perversa de Satanás e o mais terrível de todos os pecados cometidos pelos seres humanos levaram à crucificação do Filho de Deus. Isso, porém, fora determinado pela vontade de Deus, e Ele reverteu aquele ato terrível para proporcionar expiação a todo aquele que se voltar para o Senhor (At 2:23-24). Esse desejo de Deus foi realizado “segundo as Escrituras”. Certamente o Senhor freqüentemente é visto agindo de maneira providencial e com poder soberano, de acordo com sua Palavra (Rm 5:6-1 Co 15.3; 2 Co 5.15).

A providência do Senhor também é vista na maneira como chama as pessoas para si. Toda a Trindade está envolvida nesta obra de atrair e cuidar do povo de Deus (Jo 17:11-12, 24; Ef 1:3-14; Cl 1:12-14; etc.). A reflexão sobre a soberania do Senhor sobre tudo, seu poder total de realizar o que sua vontade determina, sua providência na natureza, na humanidade de modo geral e especialmente em relações aos redimidos, nos leva novamente a louvá-lo e bendizê-lo (Sl 13:9-13-16; 145.1, 13 16:1 Pe 5.7; Sl 103).

O Deus justo

A Bíblia mostra-nos um Senhor “justo”. Isso faz parte de sua natureza e tem que ver com sua verdade, justiça e bondade. Em termos práticos, o reconhecimento da justiça de Deus nas Escrituras permite que as pessoas confiem em que sua vontade é justa e boa e podem confiar nele para tomar a decisão ou a ação mais justa. Ele é justo como Juiz do mundo e também na demonstração de sua misericórdia. Mais do que isso, sua vontade eterna é inteiramente justa, íntegra e boa. É uma alegria para homens e mulheres pecadores saberem que podem voltar-se para um Deus justo e receber misericórdia. É motivo de temor para os que se rebelam que o justo Juiz julgará e condenará.

O povo de Deus (“o povo justo”, formado pelos que foram perdoados por Deus) freqüentemente apela para sua justiça. Por exemplo, o salmista orou, para pedir misericórdia ao Senhor, quando parecia que as pessoas más prevaleciam. Achou estranho que os perversos prosperassem quando o “justo” padecia tanto sofrimento. Portanto, apelou para a justiça de Deus, para uma resposta ao seu dilema: “Tenha fim a malícia dos ímpios, mas estabeleça-se o justo. Pois tu, ó justo Deus, sondas as mentes e os corações” (Sl 7:9-11). “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha retidão. Na angústia dá-me alívio; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração” (Sl 4:1-129.4; 2 Ts 1.6). É mediante sua justiça que Deus mostra misericórdia ao seu povo (Sl 116:4-6; 37.39).

Por vezes, entretanto, o povo de Deus tentou questionar o Senhor, quando parecia que Ele não os ajudava, ou estava do lado de outras nações. A resposta de Deus era que, se o Senhor lhes parecia injusto, é porque eles haviam-se entregado à incredulidade e ao pecado. As ações do Senhor são sempre justas, mesmo quando resultam em juízo sobre seu próprio povo. Veja, por exemplo, Ezequiel 18:25 (também
v. 29): “Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é justo. Ouvi agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho justo? Não são os vossos caminhos injustos?”.

Deus pode ser visto como justo em tudo o que faz. Isso se reflete em sua Lei, a qual é repetidamente definida como “justa” (Sl 119; Rm 7:12). Deuteronômio 32:4 resume a justiça do Senhor desta maneira: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, e todos os seus caminhos são justiça. Deus é a verdade, e não há nele injustiça. Ele é justo e reto”.

Enquanto o povo de Deus ora, vê a justiça divina em seus atos de misericórdia e socorro para com eles e em seu juízo sobre os inimigos; assim, reconhecem que a justiça do Senhor permite que Ele traga disciplina sobre eles, quando pecam. Em II Crônicas 12, o rei Roboão e os líderes de Israel finalmente foram obrigados a admitir que, por causa do pecado e da rebelião deles contra Deus, Faraó Sisaque teve permissão para atacar Judá e chegar até Jerusalém. Deus os poupou da destruição somente quando se humilharam e reconheceram: “O Senhor é justo” (v. 6). Na época do exílio babilônico, os líderes tornaram-se particularmente conscientes deste aspecto da justiça de Deus. Daniel expressou dessa maneira: “Por isso, o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós, porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as obras que faz; contudo, não obedecemos à sua voz” (Dn 9:14; veja também Ed 9:15).

Os profetas olhavam adiante para ver a revelação da justiça de Deus no futuro reino do Messias: “Vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo, um rei que reinará e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra” (Jr 23:5; Is 9:7-11.4; etc. veja Lc 1:75; At 22:14). Paulo falou sobre a obra de Cristo em termos da revelação da justiça de Deus. Na morte de Jesus, pode-se ver o juízo do Senhor sobre o pecado e a manifestação de seu amor e misericórdia sobre os que são perdoados. Deus não comprometeu nem sua justiça que exige a morte pelo pecado, nem sua aliança de amor para com o seu povo, que promete perdão e misericórdia. Desta maneira, o Senhor permanece justo e íntegro na salvação (Rm 1:17-2.5,6; 3.5, 20-26; etc.).

Ao falar sobre os últimos dias e o retorno de Cristo, quando Deus vindicará seu nome diante de todo o mundo, inclusive os ímpios, será sua justiça que uma vez mais será notada e levará seu povo, que está ansioso por essa revelação, a louvá-lo (Ap 15:3-16.7).

O Deus amoroso

É justo que haja uma seção separada sobre este atributo, o mais maravilhoso do Senhor da Bíblia, ainda que tradicionalmente o amor de Deus seja visto como um aspecto de sua “bondade”. Várias vezes as Escrituras dizem que o Senhor “ama” ou mostra “amor” à sua criação, especialmente para o seu povo. É parte da natureza de Deus, pois ele é “bom” e é “amor”. O Senhor faz o que é bom (2Sm 10:12-1 Cr 19.13; Sl 119:68), porém, mais do que isso, ele é bom. Em outras palavras, a bondade é tão parte dele e de seu ser que o salmista disse: “Pois o teu nome é bom” (Sl 52:9-54.6; este vocábulo “nome” refere-se a todo o caráter do próprio Deus). Jesus disse: “Ninguém há bom, senão um, que é Deus” (Lc 18:19). Assim, se alguém deseja saber o que significa bondade e amor, deve olhar para o Senhor. I João 4:8-16 diz: “ Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor... E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor. Quem está em amor está em Deus, e Deus nele”.

Deus é a fonte da bondade. Tiago 1:17 diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. O texto não só mostra que o Senhor é a fonte daquilo que é bom, como ensina que Deus é sempre bom. Não existe um lado “sombrio” no Senhor, nenhuma base para a visão oriental de que o bem e o mal existem lado a lado, e juntos formam algo chamado “deus”.

A bondade de Deus, tão freqüentemente chamada de seu “amor”, é vista de muitas maneiras neste mundo. É evidente que no universo é algo generalizado, ou na manutenção da própria vida, da justiça, da ordem na criação, ou mesmo na provisão da luz do Sol e da chuva, do tempo de semear e de colher (Sl 33:5; Mt 5:45; At 17:25). Sua bondade, entretanto, é mais evidente em seu amor e fidelidade para com seu povo, a quem Ele protege, cuida e livra do juízo. Seu amor fiel por seu povo às vezes é chamado de “aliança de amor” ou “amor fiel”, pois Deus prometeu amar seu povo para sempre. Os israelitas repetidamente louvavam ao Senhor por seu amor eterno, extraordinário e não merecido, demonstrado através de toda a história de Israel (1Cr 16:34-2 Cr 5.13 7:3; Ed 3:11; Sl 118:1-29; Jr 33:11). É digno de nota como os vocábulos “bom” e “amor” aparecem juntos de maneira tão frequente, quando aplicados a Deus.

Os que buscam a Deus experimentam sua bondade e amor, pois encontram sua salvação (Lm 3:25). O seu povo o louva acima de tudo pelo amor demonstrado em sua misericórdia e perdão dos pecados. Foi para a bondade do Senhor que o rei Ezequias apelou, quando pediu perdão pelo povo de Israel, que adorava a Deus sem ter passado pelo ritual da purificação. “Ezequias, porém, orou por eles, dizendo: O Senhor, que é bom, perdoe a todo aquele que dispôs o coração para buscar o Senhor...” (2Cr 30:18; Nm 14:19). O próprio Deus, ao falar por meio do profeta Oséias, adverte, a respeito da contínua rebelião do povo: “eu não tornarei mais a compadecer-me da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei” (Os 1:6).

A salvação de Deus para seu povo é sua mais profunda e fantástica demonstração de bondade e amor. Jesus foi oferecido pelo Pai como sacrifício pelo pecado de todo o que crê. Talvez o mais famoso versículo da Bíblia, João 3:16, expresse o sentimento desse dom de Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O dom é ainda mais extraordinário, pois “Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8; Tt 3:4-1 Jo 3:16). O povo de Deus sabe que não merece este sacrifício. A natureza do amor divino, dado a pessoas que não são merecedoras, freqüentemente é expressa por meio do vocábulo “graça”.

O amor de Deus também é visto por seu povo na maneira como Ele dá o seu Espírito Santo, de tal forma que todos possam conhecê-lo e responder-lhe em amor (Rm 5:5). Eles também experimentam o amor divino em seu cuidado providencial. Isso pode significar que o amor será em forma de disciplina (Ap 3:19), mas também representa o fato de que “todas as coisas” cooperam para o bem do povo de Deus, dos que são chamados segundo o seu propósito. Nada poderá separá-los do amor de Deus e de Cristo (Rm 8:28-35, 39; veja a seção anterior “O Deus providencial”). Ao meditar sobre sua graça a favor de todos, para os levar à salvação, eles o louvam pela maneira como os escolheu e os predestinou para serem filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade (Ef 1:4-6; 1 Jo 3:1). Essa grande obra de salvação é feita “segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo” (v. 9).

“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2:4-5). O problema é como uma mente humana pode assimilar a profundidade desse amor, pois “excede todo o entendimento” (Ef 3:18-19).

O Deus salvador

O amor de Deus é visto proeminentemente em sua salvação por meio de Jesus (“Jesus” significa “o Senhor salva”; veja Jesus). O Senhor é corretamente descrito como “Deus salvador”. A Bíblia ensina que toda a humanidade é pecadora e necessita de redenção, que só é efetivada pela ação salvadora de Deus. O AT refere-se ao Senhor como “Libertador”, “Redentor” e “Salvador”, tanto da nação como dos indivíduos. Ambos necessitam de perdão, se não querem receber juízo. Uma lição necessária à compreensão de todas as pessoas é que somente Deus é Todo-poderoso, soberano e justo; portanto, o único que pode salvar: “E não há outro Deus senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim” (Is 45:21-43.11). Às vezes, o povo de Israel voltava-se para outras nações em busca de proteção e salvação; essa atitude, entretanto, invariavelmente falhava, ao passo que o Senhor ensinava que somente Ele era o Salvador (Dt 32:15-24; 1 Cr 16:34-36; Is 17:10).

A promessa que Deus faz ao seu povo é que “quando clamarem ao Senhor, por causa dos opressores, ele lhes enviará um salvador e um defender, que os livrará” (Is 19:20-43.3; 45.15). Os homens e mulheres fiéis, mencionados no AT, todos conheceram a atividade salvadora e libertadora de Deus, tanto nas batalhas como no perdão dos pecados. O êxodo do Egito tornou-se o grande evento na história de Israel, que ofereceu às gerações futuras um memorial e uma ilustração da salvação e redenção operadas pelo Senhor. Deus redimiu seu povo do Egito porque o amava: “Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte, e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito” (Dt 7:8).

Aquele acontecimento histórico proporcionou às gerações futuras uma evidência de que Deus tem o poder para salvar e libertar; essa verdade tornou-se a base em que podiam apelar para o Senhor salvá-los e livrá-los novamente em outras situações adversas (Êx 6:6; Dt 9:26; Sl 106:10). A libertação do Egito, porém, proporcionou também uma advertência, que mostra os acontecimentos no deserto para os que “esqueceram seu Deus”: “Pondo-os ele à morte, então o procuravam; voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. Lembravam-se de que Deus era a sua rocha, de que o Deus Altíssimo era o seu Redentor” (Sl 78:34-35; veja também 1 Cr 10:1-12). O próprio Deus mostrou a sua obra salvadora, ao levá-los do Egito para Canaã, e esperava fidelidade e serviço do seu povo redimido (Dt 13:5-15.15; 24.18; Os 13:4).

Assim como precisavam de uma redenção física e libertação, os israelitas necessitavam também de perdão dos pecados; nisto também o Senhor provou ser o Salvador e Redentor do seu povo. Louvavam o seu nome pelo seu perdão e sabiam que podiam submeter-se à justiça de Deus e que Ele os salvaria (Dt 21:8; Sl 31:5-34.22; 44.26; Is 54:5-59.20).

Os profetas olhavam para o futuro, para o dia em que um Salvador e Redentor viria para o povo de Deus: “O Redentor virá a Sião e aos que se desviarem da transgressão em Jacó, diz o Senhor” (Is 59:20). Isaías olhava adiante, para o dia do advento do Messias, quando o povo o louvaria: “Graças te dou, ó Senhor. Ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolaste. Certamente Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei. O Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação” (Is 12:1-3; veja Jr 23:6; Zc 9:9).

Jesus foi o cumprimento de tais promessas. Ele era o Deus Salvador que veio à Terra para salvar e redimir. Quando seu nascimento foi anunciado, sua atividade salvadora e redentora imediatamente dominou as palavras dos anjos, de Zacarias e de Maria. As profecias concernentes à salvação do povo de Deus, com o advento do rei da linhagem de Davi, são anexadas às promessas do perdão de pecados e salvação do juízo de Deus. Toda a “história da salvação”, como alguns a têm chamado, chega ao seu grande clímax com o advento daquele que seria chamado de “Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1:21; Lc 1:46-47, 68-75; 2.11, 30-32, 38; etc.).

O Deus salvador é revelado plenamente em Jesus. Nele, e em ninguém mais, há salvação (Lc 3:6-19.9,10; At 4:12; Hb 2:10). De fato, os vocábulos “salvar” e “salvação” referem-se a toda a obra salvadora de Cristo, desde sua encarnação, morte e ressurreição, até sua glorificação. Sua obra salvadora é considerada como um acontecimento realizado em três tempos: passado (na cruz, quando os crentes foram “justificados”; Rm 5:1-8.24; Ef 2:8-2 Tm 1.9); presente (com a operação progressiva do Espírito Santo na vida do crente, no processo de santificação, 1 Co 1.18; 2 Co 2,15) e futuro (no dia do julgamento, quando os crentes serão salvos da justa ira de Deus e serão glorificados; Rm 5:9-10).

A meditação sobre quem é o Senhor sempre tem levado à doxologia; assim, Judas 25 expressa o louvor a Deus como Salvador, por meio de Jesus Cristo: “Ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

O Deus Pai

Conforme já vimos, Deus é bom e é amor; portanto, é também “Pai”. Ele é a fonte de todas as coisas e, nesse sentido, é Pai. É o Pai da criação de Israel — o povo da sua aliança e dos cristãos. Acima de tudo, ele é o Pai de seu único Filho Jesus Cristo. Numa época em que muitas vezes se pergunta se o Senhor realmente deveria ser chamado de “Pai”, pois isso pode parecer uma postura “machista”, é importante notar novamente que Deus é Espírito. Portanto, é totalmente errado descrevê-lo como masculino ou feminino. De fato, lemos sobre o Pai como o Deus “que te gerou” (Dt 32:18) — o que dificilmente seria considerada como uma ação masculina! A paternidade humana deriva de Deus e não vice-versa. Chamar Deus de “Pai” sem dúvida é correto do ponto de vista bíblico e, devidamente entendido, tem muito a dizer para corrigir os muitos abusos que são presenciados atualmente, cometidos pelos pais humanos.

Primeiro, Deus é ocasionalmente referido, num sentido genérico, como Pai de todas as pessoas, pois elas são geradas por Ele (Ml 2:10; At 17:28-29; Hb 12:9). Segundo, a paternidade de Deus sobre Israel é mencionada ou subentendida. Como Pai, o Senhor tem o direito de ser obedecido. Deuteronômio 3:2-6 dá alguma indicação desse relacionamento: “Corromperam-se conta ele; já não são seus filhos, e isso é a sua mancha, geração perversa e depravada é. É assim que recompensas ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu Pai, que te adquiriu, que te fez e te estabeleceu?” É o relacionamento pactual com seu povo que está especialmente em destaque aqui. O Senhor toma (cria) Israel, ao fazer dele o seu povo peculiar e ao adotá-lo amorosamente como pai, na esperança de receber de volta amor e obediência (Ml 1:6). Deus adverte Israel de que será rejeitado, se porventura desprezar seu Pai (v. 18). Assim, Israel é o seu “filho primogênito” e, se obedecer, receberá a proteção do Senhor. Por exemplo, Deus exige de Faraó: “Israel é meu filho, meu primogênito. Deixa ir o meu filho” (Êx 4:22-23; Os 11:1).

O fato de Deus apresentar-se como Pai de Israel significa que tem o direito de esperar em resposta uma sincera comunhão com o filho. Lamentavelmente, na maior parte do tempo, encontrou um povo rebelde. Deus diz em Isaías 1:2: “Criei filhos, e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim”. Tanto este profeta como Jeremias, entretanto, olham para o futuro, para um tempo em que o Senhor será o Pai de um filho que corresponde. Deus então mostrará a Israel seu cuidado e seu amor: “Guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho reto em que não tropeçarão, porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito” (Jr 31:9). Um filho humilde admitirá que o Pai tem direitos: “Mas agora, ó Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro, tu és o nosso oleiro; somos todos obra das tuas mãos. Não te enfureças tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniqüidade. Olha, nós te pedimos, todos nós somos o teu povo” (Is 64:8-9; veja também 45.10,11; 63.16). Como Pai e Deus da Aliança, quando seu filho chamar, ele responderá: “Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, a rocha da minha salvação... O meu amor lhe manterei para sempre, e a minha aliança lhe será firme” (Sl 89:26-28).

Deus também é o Pai do rei de Israel, de uma maneira especial, pois ele representa o povo. A aliança que o Senhor fez com o rei Davi estabeleceu que Deus seria o “Pai” dos descendentes dele: “Eu serei seu Pai e ele será meu filho”. O salmista destaca esse tema. Por exemplo, o Salmo 2:7 diz: “Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (veja também Sl 89:26-27). Posteriormente, essas passagens sobre o filho assumiram um significado messiânico, quando as pessoas olhavam para o futuro, para o advento do rei ungido da linhagem de Davi. De fato, mais tarde foram aplicadas a Jesus Cristo (At 13:33; Hb 1:5).

Deus é “Pai” unicamente de Jesus, o qual é descrito como “o Filho unigênito de Deus” (veja Jesus). Esta filiação está relacionada ao seu nascimento virginal (Lc 1:35), mas essa não é a única origem. O Pai anuncia claramente a condição de Jesus, em seu batismo: “Então ouviu-se esta voz dos céus: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mc 1:11). Isso, porém, serviu apenas para confirmar publicamente o que já era verdade. De fato, o NT indica uma comunhão permanente entre o Deus Pai, como “pai”; e o Deus Filho, como “filho”. Esse relacionamento eterno é indicado em João 1:18: “Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem o revelou”. Em João 17 Jesus dirige-se a Deus como “Pai” e olha para o futuro, quando receberá novamente “a glória que me deste, porque me amaste antes da criação do mundo” (vv. 24,25; 1 Jo 4:9).

O acesso a Deus como “Pai” só é possível por meio de Cristo: “Ninguém vem ao Pai, senão por mim”, disse Jesus (Jo 14:6). Isso também aponta o caminho para a filiação a Deus para todos os cristãos.

Deus como Pai de todos os cristãos é o complemento de sua paternidade a ser mencionada aqui. O Senhor é o Pai de todo o que tem fé em Cristo. Parte da plenitude da salvação, aplicada aos crentes pelo Espírito Santo, é a condição de “adoção” de filhos (Rm 8:23; Ef 1:5), mediante a qual podem utilizar o nome mais pessoal de “Aba” (Papai), ao dirigir-se a Deus (Rm 8:14-17; Gl 4:6). É importante notar que em ambos os textos a “filiação” também está intimamente ligada à herança. Assim como Jesus, o Filho, é herdeiro da glória de Deus, Paulo diz que os filhos adotados são “co-herdeiros de Cristo, se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8:17). É possível para todo o que crê em Cristo conhecer o Pai (Gl 3:26), pois Jesus lhes revela (Jo 14:6-9). Cristo mostrou o Pai ao mundo: “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo. Antes, é o Pai que está em mim quem faz as obras” (v.10).

Novamente, a única resposta apropriada por parte do cristão, diante da ideia de ser feito filho de Deus, é o louvor: “Vede quão grande amor nos concedeu o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. E somos mesmo seus filhos! O mundo não nos conhece porque não o conheceu. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque assim como é, o veremos” (1Jo 3:1-2).

Os nomes de Deus

Enquanto nas modernas culturas ocidentais o nome realmente só é usado para distinguir uma pessoa de outra, os registrados na Bíblia são utilizados para representar totalmente a pessoa ou indicar aspectos de seu caráter ou de seu objetivo na vida (veja seção Os nomes e seus significados na 1ntrodução). Em nenhum outro lugar isso pode ser visto mais claramente do que na expressão “nome do Senhor”, que ocorre aproximadamente 100 vezes nas Escrituras. É uma frase que sintetiza o que nunca pode ser totalmente resumido — ou seja, o próprio Deus.
O Nome. Quando Gênesis 4:26 diz: “Foi nesse tempo que os homens começaram a invocar o nome do Senhor”, não quer dizer simplesmente que as pessoas aprenderam a usar o nome “Senhor”. O texto indica que elas começaram a adorar ao Senhor por tudo o que Ele é. Quando a Lei diz: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, pois o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20:7), claramente tem em mente mais do que as ocasionais expressões irreverentes (embora, é claro, sua proibição esteja incluída no mandamento). A lei afirma que o próprio Senhor não deve ser considerado com desdém. Não pode ser tratado da mesma maneira que os ídolos pagãos, mencionados no mandamento anterior. Jamais deve ser invocado como um poder mágico ou ser referido numa adoração que não é centralizada exclusivamente nele.

Assim, uma referência ao “Nome” do Senhor leva consigo uma indicação da própria natureza de Deus. Em Êxodo 23:20, o “Nome” de Deus está presente no anjo enviado para liderar o povo de Israel. Também é correto concluir que tal ser trata-se de uma “teofania”, por meio da qual o Senhor de alguma maneira era experimentado ou visto na presença do anjo (veja Teofanias).

Quando a Bíblia fala em “invocar” o nome de Deus, geralmente é num contexto de exortação para se adorar ao Senhor totalmente, em toda a vida e vê-lo como o Deus soberano e transcendente que é: pessoal, amoroso e fiel, que está presente em todas as áreas de seu domínio (2Rs 5:11; Sl 17:7; Jl 2:32; Sf 3:9).

Fazer alguma coisa no “nome do Senhor” é realizar algo no lugar do próprio Deus ou fazer com todo o endosso de sua presença e em obediência à sua ordem. Dessa maneira, os sacerdotes e levitas ministravam “no nome do Senhor” e os profetas falavam “no nome do Senhor”; não que eles alegassem ser Deus, mas isso significava que falavam e operavam com sua total autoridade e poder por trás deles. Até o mesmo o rei Davi lutou “em nome do Senhor” (Dt 18:17-22; 21.5; 1 Sm 17.45; 1 Rs 18.24; etc.). Quando os israelitas desejavam afirmar a presença de Deus com a Arca da Aliança, faziam isso mediante a invocação do “Nome do Senhor dos Exércitos” (2Sm 6:2). Salomão falava em construir um Templo “ao nome do Senhor” (1Rs 8:20). Dessa maneira, o nome é um meio de descrever a plenitude, a transcendência e a presença do próprio Deus.

É interessante notar que no NT o “nome” pertence a Jesus, para lembrar os textos do AT que se referiam a tudo o que Deus é. Se o nome é de Deus e Jesus é chamado pelo “nome”, então tudo o que pertence a Deus está em Jesus e tudo o que Deus é, Cristo também é (compare Joel 2:32 com Atos 2:21; Romanos 10:13). Assim como a autoridade e o poder de Deus são vistos em seu “nome”, o mesmo acontece com Jesus. É “no nome de Jesus” que as pessoas são desafiadas ao arrependimento, batismo e a receber perdão. A fé precisa ser “no nome de Jesus” (At 2:38-3.16; 9.21). É “no nome de Jesus” que os apóstolos curavam e a Igreja orava (At 3:6; Tg 5:14).

Em adição a essa maneira abrangente de referir-se à plenitude de Deus, vários nomes específicos são atribuídos ao Senhor na Bíblia e nos ajudam a entendê-lo melhor. Diferentemente de todos os “nomes”, eles enfatizam aspectos da natureza e do caráter de Deus, a fim de afirmar e enriquecer o que já foi mencionado anteriormente.
El, Elohim. Um nome comum usado para o Senhor e geralmente traduzido como “Deus” (Elohim é a forma plural). A raiz deste vocábulo provavelmente significa “poder”. Este termo era utilizado em outras culturas e religiões para descrever uma grande divindade. Na Bíblia, porém, o nome é aplicado ao único Deus — “El Elohe Israel”, [Deus, o Deus de Israel] (Gn 33:20). Nas Escrituras, Ele é o “Deus do céu e da terra” (Gn 24:3); “o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”; o “Deus dos hebreus” (Êx 3:18); o “Deus dos deuses”; “Deus da verdade” (Sl 31:5) e, é claro, “Deus da glória” (Sl 29:3).

A forma plural às vezes refere-se a outros deuses, mas também é usada na Bíblia para o único Deus, embora o termo esteja no plural. A forma plural indica a plenitude do Senhor. Ele é totalmente distinto das pessoas criadas, em seu ser (Nm 23:19).

O vocábulo “El” também aparece em formas como “El Shaddai” (Deus Todo-poderoso”; Gn 17:1; Êx 6:3. Para mais detalhes, veja a seção “O Deus de Abraão”, no artigo sobre Abraão); “El Elyom” (Deus Altíssimo; Dt 32:8; Dn 7:18-22; etc.); “El Betel” (Deus de Betel; Gn 35:7); e “El Olam” (Deus Eterno; Gn 21:33; veja também Sl 90:2).
Yahweh (o Senhor). O vocábulo Yahweh, que geralmente é traduzido como “Senhor”, em nossas versões da Bíblia em Português, tem sido corretamente chamado de “o nome da aliança de Deus”. Foi por este título que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó escolheu revelar-se a Moisés (Êx 6:3). Sem dúvida, os seguidores fiéis do Senhor já o conheciam por este nome antes da revelação da sarça ardente, mas com Moisés há mais revelações da fidelidade de Yahweh à aliança e de sua comunhão íntima com seu povo. O nome em si é derivado do verbo hebraico “ser”. Moisés imaginou pessoas que lhe perguntariam pelo nome do Deus que lhe apareceu, quando voltasse para seu povo. O Senhor lhe respondeu: “EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3:14; veja
v. 15). Yahweh, portanto, significa algo como “Ele é” ou talvez “Ele traz à existência”.

Como o nome revelado de Deus, o título “Yahweh” trazia uma declaração da existência contínua do Senhor e sua presença permanente com seu povo. Foi Ele quem se apresentou a Moisés e ao povo de Israel através das gerações como o Deus da aliança, o que sempre seria fiel às suas promessas em favor de seu povo. Foi sob este nome que o povo da aliança adorou a Deus. No NT, os cristãos entenderam que o Senhor da aliança era Jesus Cristo e, assim, ideias e atributos do AT que pertenciam a Yahweh foram trazidos e aplicados a Jesus. Para uma discussão mais detalhada do grande significado deste nome, veja Senhor.
Adonai (Senhor). Com o significado de “Senhor” ou “Mestre”, este termo é aplicado a seres humanos em posição de autoridade. Quando relacionado a Deus, entretanto, geralmente é usado junto com o nome Yahweh. Isso apresenta algumas dificuldades na tradução. Não é fácil ler a frase “O senhor senhor”! Assim, geralmente traduz-se como “Senhor Deus” (2Sm 7:28; Is 28:16-56.8; etc.).
Rocha. A fidelidade, a confiabilidade e a graça salvadora do Deus da aliança são ocasionalmente descritas por meio do epíteto “Rocha” (Dt 32:4-15, 18; 2 Sm 22.3, 47; Sl 62:7; Hc 1:12; etc.).
Outros nomes. Embora algumas vezes sejam tomados como nomes, muitos outros termos aplicados a Deus são adjetivos. São usados para descrever o Senhor, atribuir louvor ao seu nome e diferenciá-lo dos deuses pagãos. Juízes 6:24 diz que “o Senhor é paz”. Outros textos falam sobre Deus como “o Santo” ou “o Santo de Israel”, a fim de estabelecer um elo no AT entre a sua santidade e a necessidade de que o seu povo seja santo (6:10; Pv 9:10; Is 12:6). Deus também é conhecido como o “Rei” (veja Rei), o “Senhor Todo-poderoso”, “o Senhor é minha Bandeira”, entre outros.
Jeová. Este termo é pouco citado nas modernas versões da Bíblia. Deve, contudo, ser mencionado aqui como um nome que ainda sobrevive em algumas traduções. É suficiente dizer que, em hebraico, o termo YHWH aparece e, na maioria das vezes, é traduzido como SENHOR, em nossas versões, ou colocam-se vogais e assim lê-se Yahweh (o que alguns colaboradores deste volume têm feito). Jeová deriva de uma leitura equivocada de Yahweh. O pano de fundo do problema com o nome “Jeová” é explicado no verbete Senhor.


A Trindade

O cristianismo tradicionalmente argumenta que muitas evidências bíblicas revelam Deus em três pessoas distintas. Para alguns, tal definição do Senhor tem causado sérios problemas. A história da Igreja é permeada pelo surgimento de seitas que não reconheciam Jesus Cristo como Deus ou que se recusavam a aceitar a visão trinitária do Senhor; outras não viam um dos componentes da Trindade como totalmente Deus, ou negavam que houvesse distinções entre as três pessoas. Outros grupos estão totalmente fora do ensino bíblico e entram efetivamente no mundo do triteísmo, uma noção negada explicitamente na Bíblia, como, por exemplo, na oração da “Shema” (Dt 6:4). Embora o termo “trindade” não seja mencionado nas Escrituras, os cristãos sempre creram que somente ele pode fazer justiça à revelação bíblica da “plenitude” de Deus. Começando com o AT, os cristãos apontam indicações que pressagiam um ensino mais detalhado no NT. Muitas passagens conduzem para a pluralidade relacionada com o que é o “único Deus”. Muitos textos sugerem uma identificação do Messias que virá com o próprio Deus. Ele será chamado de Deus Poderoso, governará em completa soberania e será eterno — atributos divinos (Is 9:6-7; Sl 2; etc.). Mas indicações também estão presentes na compreensão da própria criação, no AT. Embora algumas pessoas neguem seu significado, é interessante notar que o Senhor refere-se a si mesmo com o termo plural “elohim” em certas passagens. Em Gênesis 1, é Deus quem cria, por meio de sua Palavra e pelo seu Espírito (Gn 1:1-3). Às vezes essa referência no plural parece ainda mais notável, feita de forma explícita com o uso de verbos e pronomes nas pessoas do plural; por exemplo, “Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem...” (Gn 1:26-3.22; 11.7; Is 6:8). Existe também uma personalização da “Palavra de Deus” que criou os céus (Sl 33:6). Algo semelhante ocorre em Provérbios 8, onde a sabedoria do Senhor é personalizada como o próprio Deus que opera no mundo, concede vida e envolve-se com a própria criação (principalmente Pv 8:12-21).

Alguns sugerem que “o anjo do Senhor” também deve ser identificado com Deus e ainda assim é distinto dele (Êx 3:2-6; veja também Anjo do Senhor). Em Isaías 63:1014, o Espírito Santo é identificado como Agente de Deus. Esse tipo de evidência espera por sua interpretação mais completa no NT (veja também Teofanias).

No NT, aspectos da doutrina da Trindade surgem primeiro quando os discípulos e seguidores de Jesus reconhecem as obras e as palavras de Deus nas atitudes de Jesus. Realmente, o problema dos líderes religiosos daquela época foi justamente que algumas das coisas que Cristo fazia e dizia só seriam feitas e ditas por Deus; portanto, eles alegavam que Jesus blasfemava, ao tentar passar por Deus. Por exemplo, Cristo perdoou os pecados do paralítico, algo que os escribas acreditavam que somente Deus era capaz de fazer; portanto, era uma blasfêmia. Jesus então demonstrou sua autoridade divina, ao curar o homem completamente (Mt 9:2-6). João 8 é especialmente esclarecedor sobre essa questão e traz uma série de declarações feitas por Jesus. Sua alegação de pertencer a Deus e ser enviado por Ele (vv. 14, 23), de partir para um lugar desconhecido dos líderes religiosos (v. 14), intimamente combinada com o uso da expressão “Eu Sou” e sua declaração de ter existido antes de Abraão (vv. 24, 28, 58, etc.), tudo isso ocasionou uma acusação de blasfêmia e a tentativa de apedrejamento — a punição para aquela transgressão (v. 59). Jesus aceitou a confissão de Pedro de que Ele era o Cristo (Mc 8:29-30) e alegou ter “todo” poder e autoridade antes de fazer uma das principais declarações trinitárias da Bíblia: “Ide... batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28:18).

Em todo o NT, ambos, o Espírito Santo e Jesus, são apresentados como seres divinos. João 1:1-14 fala de Cristo como preexistente. Romanos 9:5 geralmente é destacado por alguns teólogos, mas provavelmente a leitura deveria ser essa: “Cristo, que é Deus sobre todos, seja louvado...” (veja também Cl 2:9; Hb 1:9-10; etc.). O Espírito Santo também é visto como Deus (veja At 5:3-4; Jo 15:26; Mc 3:29-2 Co 3.17; etc.).

São também interessantes as passagens do NT onde os escritores apostólicos aplicam a Jesus o nome de Yahweh do AT (Senhor). Veja, por exemplo, Romanos 1:0-13, onde a confissão da fé em Cristo é provada como confissão de fé em Deus, por uma referência que aponta para o AT e menciona Yahweh. Vários textos merecem um exame cuidadoso, pois trazem o entendimento do AT sobre Yahweh ou aplicam declarações concernentes a Yahweh, no AT, e a Jesus, no NT. Por exemplo, veja João 1:2-41 (cf. Is 6:10); Atos 2:34-36; I Coríntios 1:30-31; 12.3; Filipenses 2:9-11 (cf. Is 45:23), etc.

Em muitas passagens bíblicas, a ideia do Deus trino é no mínimo implícita nos textos do NT, se não explícita. O batismo de Jesus envolveu o Filho, o Pai e o Espírito Santo (Mt 3:13-17). O mencionado em Mateus 28:19 é em nome das três pessoas da Trindade. Jesus referiu-se ao Espírito Santo como “outro Consolador”. Assim como o Pai enviou Cristo, Ele mandaria o Espírito Santo (Jo 14:15-23). Veja também a obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo na vida do crente (Ef 3:14-19).

As Escrituras revelam uma figura de Deus em três pessoas e a isso nós chamamos de “Trindade”. O Pai não é maior do que o Filho e ambos são distintos do Espírito Santo, embora exista um ensino claro tanto no AT como no NT de que Deus é único. Existem três pessoas, mas apenas um Senhor. Tal ensino, quando apresentado em conjunto, implica um modo de existência longe do que nossa mente humana possa entender. É por esta razão que todas as analogias humanas invariavelmente fracassam quando se trata de explicar o que significa a Trindade.

Os cristãos estão convencidos de que negar essa doutrina é renunciar à clara evidência bíblica sobre o próprio Deus. Um escritor resumiu o ensino bíblico dessa maneira: “A doutrina da Trindade não explica plenamente o misterioso caráter de Deus. Pelo contrário, estabelece as fronteiras, fora das quais não devemos andar... Isso exige que sejamos fiéis à revelação bíblica que em um sentido Deus é um e num sentido diferente ele é três” (R. C. Sproul).

Conclusão

O Deus da Bíblia é revelado como Eterno, Majestoso, Transcendente, Onipotente e Onisciente. Também é descrito como o Criador de todo o Universo e das pessoas e, neste contexto, revela a si mesmo em sua Palavra como um Deus pessoal, amoroso e soberano, um Deus justo, verdadeiro e íntegro. Deus é revelado como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É o Deus presente com seu povo (Emanuel, Deus conosco) e atuante em toda a criação, embora de modo algum seja absorvido por ela, como certas religiões orientais ensinam. Embora seja um Deus santo, separado e distinto da criação e das criaturas, não permite que o mundo se perca totalmente em seu pecado, sem nenhuma esperança de redenção; pelo contrário, revela a si mesmo como um Deus de amor que salva e redime todo aquele que o busca. Sua graça salvadora é vista claramente em sua vinda aqui na Terra: Jesus, o Filho de Deus, veio para ser o Salvador e Redentor da humanidade. Esta dádiva é experimentada por meio de sua Palavra (a Bíblia) e da presença do Espírito Santo no coração e na vida daqueles que crêem nele. Quanto mais a Bíblia é lida, fica mais claro que todo o seu povo é exortado repetidamente a cantar louvores ao Deus Todo-poderoso que, embora seja transcendente, está presente, a fim de sustentar, cuidar e salvar. “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

P.D.G.


Deus [hebr. El, Elah, Eloah, Elohim; gr. theós]

O nome mais geral da Divindade (Gn 1:1; Jo 1:1). Deus é o Ser Supremo, único, infinito, criador e sustentador do universo. É espírito pessoal e subsiste em três pessoas ou distinções: Pai, Filho e Espírito Santo (v. TRINDADE). É santo, justo, amoroso e perdoador dos que se arrependem. O ateu diz que Deus não existe; o agnóstico diz que não podemos saber se Deus existe ou não; o crente sabe que Deus existe e afirma: “... nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17:28).

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NOMES DE DEUS

Nas Escrituras Sagradas Deus é chamado por vários nomes e cognomes (títulos), que seguem alistados na ordem decrescente do número de ocorrências:


1) SENHOR (hebr. JAVÉ, ???? - Gn 2:4);


2) DEUS (Gn 1:1);


3) SENHOR DOS EXÉRCITOS (Jr 33:11);


4) Pai (Is 63:16; Mt 6:8-9);


5) SENHOR (propriamente dito - Sl 114:7);


6) SANTO de ISRAEL (Is 1:4);


7) ALTÍSSIMO (Gn 14:18);


8) Todo-poderoso (Gn 49:25; 2Co 6:18);


9) Deus Vivo (Os 1:10; 1Ts 1:9);


10) Rei (Sl 24; 1Tm 6:15);


11) Rocha (Dt 32:18; Is 30:29);


12) REDENTOR (19:25);


13) SALVADOR (Sl 106:21; Lc 1:47);


14) Juiz (Gn 18:25; 2Tm 4:8);


15) O Poderoso (Gn 49:24, RA; RC, Valente);


16) O PRIMEIRO E O ÚLTIMO (Ap 22:13);


17) ETERNO DEUS (Is 40:28);


18) Pastor (Gn 49:24);


19) ANCIÃO DE DIAS (Dn 7:9);


20) O Deus de BETEL (Gn 31:13);


21) O Deus Que Vê (Gn 16:13).


Deus O judaísmo apresentava uma visão estritamente monoteísta da divindade. As afirmações a respeito que aparecem no Antigo Testamento não podem ser mais explícitas. Antes e depois dele não houve nem haverá outros deuses (Is 43:10-11). Tudo criou sem ajuda nem presença de ninguém (Is 44:24; 45,12). É o primeiro e o último (Is 44:6), clemente e misericordioso (Sl 111:4), o que cuida dos oprimidos (Sl 113:7), o que cura todas as dores e perdoa todas as iniqüidades (Sl 103:3).

Foi ele quem entregou a Torá a Moisés no Sinai (Êx 19:20) e que estabeleceu uma Aliança Eterna com Israel como povo seu. Ele que falou através dos profetas, ele que não pode ser representado por nenhum tipo de imagem, desenho ou pintura (Ex 20:4ss.) etc.

Deste Deus se esperava que enviaria seu messias e que no final dos tempos ressuscitaria os justos e injustos, proporcionando recompensa eterna aos primeiros e castigo vergonhoso e consciente aos segundos (Dn 12:2).

Nos evangelhos encontramos uma aceitação de todas essas afirmações. Deus é único (Mc 12:29ss.), é o Deus dos patriarcas (Mt 22:32), é o único que pode receber culto e serviço (Mt 6:24; Lc 4:8). Para ele tudo é possível (Mt 19:26; Lc 1:37). Ainda que faça brilhar o sol sobre justos e injustos (Mt 5:45), só é Pai daqueles que recebem Jesus (Jo 1:12). Essa relação de paternidade entre Deus e os seguidores de Jesus explica por que ele é tratado como Pai (Mt 11:25ss.; Mc 14:36; Lc 23:34.46; Jo 11:41; 17, 1.5.11). A ele se deve dirigir no oculto do coração e sem usar contínuas repetições como os pagãos (Mt 6:4.
18) e nele se deve confiar sem sombra de dúvida (Mt 6:26-32; 10,29-31; Lc 15). E podemos então chegar a conhecê-lo porque se nos revelou em Jesus (Jo 1:18).

Esse monoteísmo com o qual Deus é contemplado no Novo Testamento encontra-se, não obstante, selecionado através da fé na Trindade, que afirma uma pluralidade de pessoas no âmago da única divindade. Existem precedentes da crença na divindade do messias no judaísmo, assim como da atuação de Deus em várias pessoas. De fato, o judeu-cristianismo posterior — tal como registra o Talmude — apenas se referiu a elas para defender sua essência judaica. Assim, no Antigo Testamento, atribui-se ao Messias o título divino de El-Guibor (Is 9:5-6); Deus se expressa em termos plurais (Gn 1:26-27; Is 6:8); o malak YHVH ou o anjo de YHVH não é senão o próprio YHVH (Jz 13:20-22) etc, expressões que foram interpretadas como sinais da revelação da Trindade.

Nos evangelhos encontramos de fato afirmações nesse sentido que não podem ser consideradas equívocas. Por exemplo: Jesus é denominado Deus (Jo 1:1; 20-28 etc.); afirma-se que o Filho de Deus é igual a Deus (Jo 5:18); ressalta-se que era adorado pelos primeiros cristãos (Mt 28:19-20 etc.), recebe a designação de “Verbo”, termo procedente dos targuns aramaicos para referir-se ao próprio YHVH (Jo 1:1) etc.

Tem-se discutido se todos esses enfoques procedem realmente do próprio Jesus ou se, ao contrário, devem ser atribuídos à comunidade primitiva. Também se questiona o seu caráter judaico.

Atualmente, sabemos que esses pontos de vista não se originaram do helenismo, mas do judaísmo contemporâneo de Jesus (m. Hengel, A. Segal, C. Vidal Manzanares etc.). A característica que difere o cristianismo das outras doutrinas é afirmar essa hipóstase do Deus único, encarnado em Jesus. A este também retrocede todas as interpretações sobre sua pessoa. Para essa interpretação, defendem-se passagens de indiscutível autenticidade histórica, como a de Lc 10:21-22, assim como as de auto-identificação que Jesus atribui a si, como a Jokmah hipostática dos Provérbios (Lc 7:35; 11,49-51) e como o “Kyrios” (Senhor) do Antigo Testamento (Lc 12:35-38; 12,43ss.). Essas passagens de fato fazem parte da fonte Q, o que indica sua antigüidade.

m. Hengel, El Hijo de Dios, Salamanca 1978; A. Segal, Paul, The Convert, New Haven e Londres 1990; m. Gilbert - J. N. Aletti, La Sabiduría y Jesucristo, Estella; C. Vidal Manzanares, El primer Evangelio...; Idem, El judeo-cristianismo palestino...


Escrito

substantivo masculino Qualquer coisa escrita.
Ato, convenção escrita: entre pessoas honradas, a palavra dada vale por um escrito, por uma obrigação escrita.
substantivo masculino plural Obra literária: os escritos de Voltaire.

Israel

Israel [O Que Luta com Deus] -

1) Nome dado por Deus a Jacó (Gn 32:28)

2) Nome do povo composto das 12 tribos descendentes de Jacó (Ex 3:16).

3) Nome das dez tribos que compuseram o Reino do Norte, em contraposição ao Reino do Sul, chamado de Judá (1Rs 14:19);
v. o mapa OS REINOS DE ISRAEL E DE JUDÁ).

4) Designação de todo o povo de Deus, a Igreja (Gl 6:16).

Israel Nome que Jacó recebeu após lutar com Deus — como hipóstase — em Jaboc (Gn 32:29). Derivado da raiz “sará” (lutar, governar), contém o significado de vitória e pode ser traduzido como “aquele que lutou com Deus” ou “o adversário de Deus”. Mais tarde o nome se estenderia aos descendentes de Jacó (Ex 1:9) e, com a divisão do povo de Israel após a morte de Salomão, passou a designar a monarquia do Reino do Norte, formada pela totalidade das tribos exceto a de Judá e Levi, e destruída pela Assíria em 721 a.C. A palavra designa também o território que Deus prometeu aos patriarcas e aos seus descendentes (Gn 13:14-17; 15,18; 17,18; 26,3-4; 28,13 35:12-48,3-4; 1Sm 13:19).

Após a derrota de Bar Kojba em 135 d.C., os romanos passaram a chamar esse território de Palestina, com a intenção de ridicularizar os judeus, recordando-lhes os filisteus, desaparecidos há muito tempo. Pelos evangelhos, compreende-se que a Igreja, formada por judeus e gentios que creram em Jesus, é o Novo Israel.

Y. Kaufmann, o. c.; m. Noth, Historia...; J. Bright, o. c.; S. Hermann, o. c.; f. f. Bruce, Israel y las naciones, Madri 1979; C. Vidal Manzanares, El judeo-cristianismo...


substantivo masculino Designação do Estado de Israel, localizado no Oriente Médio, reconhecido oficialmente em 1948, sendo também conhecido como Estado Judeu e Democrático.
Por Extensão Significado do nome em hebraico: "o homem que vê Deus".
Etimologia (origem da palavra Israel). Do latim Isráél; do grego Israêl; pelo hebraico Yisraél.

Nome dado a Jacó depois que “lutou com Deus” em Peniel (Gn 32:28-31). Veja Jacó.


Luta com Deus. Foi este o novo nome dado a Jacó, quando ele pedia uma bênção depois de ter lutado com o Anjo do Senhor em Maanaim (Gn 32:28os 12:4). Depois é usado alternadamente com Jacó, embora menos freqüentemente. o nome era, primeiramente, empregado para designar a família deste patriarca, mas depois, libertando-se os hebreus da escravidão egípcia, aplicava-se de modo genérico ao povo das doze tribos (Êx 3:16). Mais tarde, porém, achamos a tribo de Judá excluída da nação de israel (1 Sm 11.8 – 1 Rs 12,16) a qual, desde que as tribos se revoltaram contra Roboão, se tornou o reino do Norte, constituindo o reino do Sul as tribos de Judá e Benjamim, com partes de Dã e Simeão. E isto foi assim até à volta do cativeiro. os que voltaram à sua pátria tomaram de novo o nome de israel, embora fosse um fato serem judeus a maior parte deles. Nos tempos do N.T. o povo de todas as tribos era geralmente conhecido pelo nome de judeus.

substantivo masculino Designação do Estado de Israel, localizado no Oriente Médio, reconhecido oficialmente em 1948, sendo também conhecido como Estado Judeu e Democrático.
Por Extensão Significado do nome em hebraico: "o homem que vê Deus".
Etimologia (origem da palavra Israel). Do latim Isráél; do grego Israêl; pelo hebraico Yisraél.

Juramento

o uso do juramento é freqüente nos pactos e confederações solenes. No A.T. este uso era reconhecido pela Lei (Êx 20:7Lv 19:12) – aparece nas promessas do próprio Deus (Gn 26:3) – usa-se nas convenções entre o rei e seus súditos (1 Rs 2.43), entre patriarca e povo (Gn 50:25), entre senhor e servo (Gn 24:2-9) – entre povo e povo (Js 9:20), entre indivíduo e indivíduo (Rt 1:17) – e é empregado nas promessas feitas a Deus (Gn 14:22-23). Encontram-se na Bíblia muitas formas de juramento, sendo esta a mais usual: ‘assim Deus me faça e outro tanto’ com as suas variações (1 Sm 3.17 – 1 Rs 2.23). Uma maneira de fazer juramento está escrita em Gn 24:2-9. o método mais usual consistia em levantar a mão direita para o céu (Gn 14:22 – cp com Sl 106:26). No N.T. as palavras de Jesus Cristo em S. Mateus (5.33 a
37) não são contra os juramentos judiciais, mas, sim, contra o uso profano e negligente de fazer juramento nos simples casos da vida temporal (*veja também 23.16 a 22 – Tg 5:12). o próprio Jesus, quando foi interrogado, respondeu sob esconjuração (Mt 26:63-64Mc 14:62). Expressões da natureza de juramentos se acham nas epístolas de S. Paulo (Rm 1:9 – 1 Co 15.31 – 2 Co 1.18 – Gl 1:20).

Juramento
1) Ato de fazer uma afirmação ou promessa solene, em que se toma por testemunha uma coisa que se tem por sagrada (Mt 5:33-37).


2) A própria afirmação ou promessa assim feita (Gn 24:8). Deus jura por si mesmo porque não há outro ser maior do que ele (Gn 22:16).


juramento s. .M 1. Ato de jurar. 2. Afirmação ou negação explícita de alguma coisa, tomando a Deus por testemunha ou invocando coisa sagrada.

Juramento De acordo com a Lei de Moisés, o judaísmo contemporâneo de Jesus permitia o juramento desde que não fosse falso (Lv 19:12), mas insistia na gravidade de se fazer juramentos superficiais (Lv 5:4). Jesus opôs-se totalmente à prática de qualquer modalidade de juramento (Mt 5:33ss.), por não considerá-lo, na realidade, eficaz e porque somente denota a falta de veracidade no tratamento, o que leva a reforçar a palavra com fórmulas desse tipo.

J. Driver, Militantes...; C. Vidal Manzanares, El judeocristianismo...


Lei

[...] a lei é o amor, que há de continuamente crescer, até que vos tenha levado ao trono eterno do Pai. [...]
Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 1

[...] A lei é uma força viva que se identifica conosco e vai acompanhando o surto de evolução que ela mesma imprime em nosso espírito. [...]
Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• Nas pegadas do Mestre: folhas esparsas dedicadas aos que têm fome e sede de justiça• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Pecado sem perdão

A lei é a consciência do delito. [...]A lei [...] é um freio para coibir o mal.[...] A lei personifica a justiça [...].
Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• Nas pegadas do Mestre: folhas esparsas dedicadas aos que têm fome e sede de justiça• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Três grandes símbolos

A lei é conjunto eterno / De deveres fraternais: / Os anjos cuidam dos homens, / Os homens dos animais.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Cartilha da Natureza• Pelo Espírito Casimiro Cunha• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Os animais


Lei
1) Vontade de Deus revelada aos seres humanos em palavras, julgamentos, preceitos, atos, etc. (Ex 16:28); (Sl 119:2)

2) PENTATEUCO (Lc 24:44). 3 O AT (Jo 10:34); 12.34).

4) Os DEZ MANDAMENTOS (Ex 20:2-17); (Dt 5:6-21), que são o resumo da vontade de Deus para o ser humano. Cumprindo a lei, os israelitas mostravam sua fé em Deus. Jesus respeitou e cumpriu a lei e mostrou seu significado profundo (Mt 5:17-48). Ele resumiu toda a lei no amor a Deus e ao próximo (Mt 22:37-39). A lei mostra a maldade do ser humano, mas não lhe pode dar a vitória sobre o pecado (Rom 3—7). Assim, o propósito da lei é preparar o caminho para o evangelho (Gal

Lei Ver Torá.

A palavra Torah, traduzida por lei, significa propriamente uma direção, que era primitivamente ritual. Usa-se o termo, nas Escrituras, em diversas acepções, segundo o fim e conexão da passagem em que ele ocorre. Por exemplo, algumas vezes designa a revelada vontade de Deus (Sl 1:2 – 19.7 – 119 – is 8:20 – 42.12 Jr 31:33). Também significa a instituição mosaica, como distinta do Evangelho (Mt 11:13 – 12.5 – Jo 1:17At 25:8), e por isso freqüentes vezes se considera a lei de Moisés como sendo a religião dos judeus (Mt 5:17Hb 9:19 – 10.28). outras vezes, num sentido mais restrito, significa as observâncias rituais ou cerimoniais da religião judaica (Ef 2:15Hb 10:1). É neste ponto de vista que o apóstolo S. Paulo afirma que ‘ninguém será justificado diante dele por obras da lei’ (Rm 3:20). A ‘lei gravada nos seus corações’, que Paulo menciona em Rm 2:15, é o juízo do que é mau e do que é justo, e que na consciência de cada homem Deus implantou. (*veja Justificação.) o princípio predominante da lei era a teocracia. o próprio Senhor era considerado como Rei – as leis foram por Ele dadas – o tabernáculo (e depois o templo) era considerado como Sua habitação – ali houve visíveis manifestações da Sua glória – ali revelou a Sua vontade – era ali oferecido o pão todos os sábados – ali recebeu os Seus ministros, e exerceu funções de Soberano. Com Deus tinham relação a paz e a guerra, questões estas determinadas sob todos os governos pela suprema autoridade (Dt 1:41-42Js 10:40Jz 1:1-2 – 1 Rs 12.24). A idolatria era uma traição. Por conseqüência, em relação aos judeus, era Jeová ao mesmo tempo Deus e Rei. (*veja Rei.) A teocracia tinha as suas externas manifestações. Deste modo, o tabernáculo, onde se realizou o culto público desde o Êxodo até ao reinado de Salomão, era não só o templo de Deus, mas também o palácio do Rei invisível. Era a ‘Sua santa habitação’ – era o lugar em que encontrava o Seu povo e com ele tinha comunhão, sendo portanto ‘o tabernáculo da congregação’. (*veja Tabernáculo.) Depois do tabernáculo veio o templo, harmonizando-se a suntuosidade do edifício e os seus serviços com as determinações divinas, e com o aumentado poder da nação.(*veja Templo.) Mas o Senhor, como Rei, não só tinha o Seu palácio, mas também tinha os Seus ministros e funcionários do Estado. Sacerdotes e levitas eram apartados para o Seu serviço. (*veja Sacerdote, Levitas.) Este governo de Deus era reconhecido por meio dos sacrifícios de várias espécies, realizados sob condições cuidadosamente definidas, exprimindo a propiciação, consagração e comunhão. (*veja Sacrifício.) os direitos divinos eram ainda reconhecidos por meio de certas festividades, que na sua variedade eram o sábado de todas as semanas, as três grandes festas anuais, o ano sabático, e além disso o jubileu, tudo isto levado a efeito com os seus fins espirituais e morais (*veja Festa (Dias de) Sabático (ano), Jubileu.) As especificadas determinações promulgadas em nome de Deus alcançavam plenamente a vida individual e nacional, mas não foi tudo decretado de uma só vez e num só lugar. Houve ordenações feitas no Egito (Êx 12:13) – no Sinai (Êx 19:20) – em Parã (Nm 15:1) – e nas planícies de Moabe (Dt 1:5). As enunciações vinham por vezes do tabernáculo (Lv 1:1). Que as prescrições da Lei tinham caído em desuso, pode provar-se não só pela decadência da religião e da moral no tempo dos reis, porém mais particularmente pela descoberta, no 18? ano do rei Josias, do ‘livro da Lei na casa do Senhor’ (2 Rs 22.8), e pelas reformas que se seguiram. (*veja Deuteronômio.) o sumário das ordenações desta Lei formava para toda a nação um código que, embora rigoroso, era salutar (Ne 9:13Ez 20:11Rm 7:12), e além disso agradável a uma mentalidade reta (Sl 119:97-100). As instituições cerimoniais, por exemplo, estavam maravilhosamente adaptadas às necessidades, tanto espirituais como materiais, de um povo nas condições do israelita. Porquanto
(1). eram, até certo ponto, regulamentos sanitários. E era isto um dos fins daquelas disposições, referentes às várias purificações, à separação dos leprosos, e à distinção de alimentos, etc.
(2). Serviam para perpetuar entre os israelitas o conhecimento do verdadeiro Deus, para manter a reverência pelas coisas santas, para a manifestação de sentimentos religiosos na vida de todos os dias, e em todas as relações sociais. Dum modo particular eram as festas sagradas fatores de valor para a consecução destes fins.
(3). Tinham, além disso, o efeito de evitar que os israelitas se tornassem estreitamente relacionados com as nações circunvizinhas (Ef 2:14-17). E assim deviam tantas vezes ter guardado o povo israelita da idolatria e corrupção, que campeavam em todo o mundo: deste modo conservou-se a nação inteiramente distinta dos outros povos, até que veio o tempo em que esta barreira já não era necessária.
(4). Estas observâncias tinham outros usos na sua simbólica significação. Em conformidade com o estado moral e intelectual do povo que não tinha ainda capacidade para prontamente alcançar as verdades divinas, eram as coisas espirituais representadas por objetos exteriores e visíveis. E assim, as idéias de pureza moral e de santidade divina eram comunicadas e alimentadas pelas repetidas abluções das pessoas e moradas – pela escolha de animais limpos para o sacrifício – pela perfeição sem mácula, que se requeria nas vítimas oferecidas – e pela limitação das funções sacerdotais a uma classe de homens que eram especialmente consagrados a estes deveres, e que se preparavam com repetidas purificações. Além disso, pela morte da vítima expiatória, para a qual o pecador tinha simbolicamente transferido os seus pecados pondo as mãos sobre a cabeça do animal e oferecendo a Deus o sangue que representava a vida, ensinava-se a importante verdade de que o pecado merecia um castigo extremo, que somente podia ser desviado sacrificando-se outro ser em substituição. E desta maneira, por meio de símbolos impressivos, lembravam-se constantemente os piedosos israelitas da justiça e santidade da violada Lei, da sua própria culpa, e de quanto necessitavam da misericórdia divina – e quando eram efe

substantivo feminino Regra necessária ou obrigatória: submeter-se a uma lei.
[Jurídico] Ato da autoridade soberana que regula, ordena, autoriza ou veda: promulgar uma lei.
[Jurídico] Conjunto desses atos: a ninguém é lícito ignorar a lei.
[Física] Enunciado de uma propriedade física verificada de modo preciso: a lei da gravidade dos corpos.
Obrigação da vida social: as leis da honra, da polidez.
Autoridade imposta a alguém: a lei do vencedor.
expressão Lei divina. Conjunto dos preceitos que Deus ordenou aos homens pela revelação.
Leis de guerra. Conjunto das regras (tratamento dispensado a feridos, prisioneiros etc.) admitidas por numerosos Estados que se comprometeram a respeitá-las em caso de guerra.
Lei marcial. Lei que autoriza a intervenção armada em caso de perturbações internas.
Lei moral. Lei que nos ordena praticar o bem e evitar o mal.
Lei natural. Conjunto de normas de conduta baseadas na própria natureza do homem e da sociedade.
Lei orgânica. Lei relativa à organização dos poderes públicos, sem caráter constitucional.
Etimologia (origem da palavra lei). Do latim lex.legis, "consolidação".

substantivo feminino Regra necessária ou obrigatória: submeter-se a uma lei.
[Jurídico] Ato da autoridade soberana que regula, ordena, autoriza ou veda: promulgar uma lei.
[Jurídico] Conjunto desses atos: a ninguém é lícito ignorar a lei.
[Física] Enunciado de uma propriedade física verificada de modo preciso: a lei da gravidade dos corpos.
Obrigação da vida social: as leis da honra, da polidez.
Autoridade imposta a alguém: a lei do vencedor.
expressão Lei divina. Conjunto dos preceitos que Deus ordenou aos homens pela revelação.
Leis de guerra. Conjunto das regras (tratamento dispensado a feridos, prisioneiros etc.) admitidas por numerosos Estados que se comprometeram a respeitá-las em caso de guerra.
Lei marcial. Lei que autoriza a intervenção armada em caso de perturbações internas.
Lei moral. Lei que nos ordena praticar o bem e evitar o mal.
Lei natural. Conjunto de normas de conduta baseadas na própria natureza do homem e da sociedade.
Lei orgânica. Lei relativa à organização dos poderes públicos, sem caráter constitucional.
Etimologia (origem da palavra lei). Do latim lex.legis, "consolidação".

Maldição

substantivo feminino Ato ou efeito de amaldiçoar.
Palavras com que uma pessoa deseja que advenham males a outra; praga.
Desgraça, fatalidade: a maldição caiu sobre o infeliz.

Maldição Chamamento de mal, sofrimento ou desgraça sobre alguém (Gn 27:12; Rm 3:14). Os que quebram a LEI 1, estão debaixo da maldição; Cristo nos salvou dessa maldição, fazendo-se maldição por nós (Gl 3:10-13).

Maldição Pronunciamento de um juízo cuja condenação é a separação, isto é, o inverso da bênção (Mt 25:41; Jo 7:49). Nesse sentido, a única maldição pronunciada por Jesus foi a que dirigiu simbolicamente à figueira estéril (Mc 11:21) e a que proferirá aos condenados ao inferno no juízo final (Mt 25:41). Proíbe expressamente seus discípulos de maldizer e até hão de bendizer aqueles que os maldizem (Lc 6:28).

Moisés

substantivo masculino Espécie de cesta acolchoada que serve de berço portátil para recém-nascidos; alcofa.
Religião Profeta que, para cristãos e judeus, foi responsável pela escritura dos dez mandamentos e dos cinco primeiros livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), sendo a junção destes o livro sagrado dos Judeus (a Torá ou Tora); nesta acepção, usar com letras maiúsculas.
Etimologia (origem da palavra moisés). Do nome próprio Moisés, do hebraico "Moshe", talvez do termo egípcio "mesu",.

Salvo das águas. (Êx 2:10) – mais provavelmente, porém, é termo egípcio, significando filho, criança. Foi o grande legislador dos hebreus, filho de Anrão e Joquebede, da tribo de Levi. Ele nasceu precisamente no tempo em que o Faraó do Egito tinha resolvido mandar matar todas as crianças recém-nascidas do sexo masculino, pertencentes à família israelita (Êx 2:1-4 – 6.20 – At 7:20Hb 11:23). A sua mãe colocou-o num ‘cesto de junco’, à borda do Nilo. A filha de Faraó, que o salvou, deu-lhe o nome de Moisés, e educou-o como seu filho adotivo, de maneira que pôde ele ser instruído em toda a ciência dos egípcios (Êx 2:5-10At 7:21-22). Quando depois é mencionado, já ele era homem. Vendo que um israelita recebia bastonadas de um egípcio, e julgando que ninguém o via, matou o egípcio e enterrou o cadáver na areia. Mas alguém tinha observado o ato, e Moisés, sabendo disto, fugiu para a terra de Midiã, onde casou com Zípora, filha de Jetro, chefe ou sacerdote das tribos midianitas, tornando-se pastor dos rebanhos de seu sogro (Êx 2:11-21At 7:29). Foi no retiro e simplicidade da sua vida de pastor que Moisés recebeu de Deus a ordem de ir livrar os filhos de israel. Resolveu, então, voltar para o Egito, acompanhando-o sua mulher e os seus dois filhos – mas não tardou muito que ele os mandasse para a casa de Jetro, permanecendo eles ali até que tornaram a unir-se em Refidim, quando ele estava à frente da multidão dos israelitas. Pouco depois de se ter separado da mulher e dos filhos, encontrou Arão que, em negociações posteriores, foi o orador, visto como Moisés era tardo na fala (Êx 4:18-31). A ofensa de Moisés em Meribá foi três vezes repetida (Nm 20:1-13 – 27,14) – não acreditava que a água pudesse sair da rocha por simples palavras – então, desnecessariamente, feriu a rocha duas vezes, revelando com isto uma impaciência indesculpável – não atribuiu a glória do milagre inteiramente a Deus, mas antes a si próprio e a seu irmão: ‘porventura faremos sair água desta rocha?’ Faleceu quando tinha 120 anos de idade, depois de lhe ter mostrado o Senhor, do cume do monte Nebo, na cordilheira de Pisga, a Terra Prometida, na sua grande extensão. Este ‘ o sepultou num vale, na terra de Moabe, defronte de Bete-Peor – e ninguém sabe, até hoje, o lugar da sua sepultura’ (Dt 34:6). o único traço forte do seu caráter, que em toda a confiança podemos apresentar, acha-se em Nm 12:3: ‘Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra.’ A palavra ‘manso’ não exprime bem o sentido – a idéia que a palavra hebraica nos dá é, antes, a de ser ele ‘muito sofredor e desinteressado’. Ele juntou-se aos seus compatriotas, vivendo eles a mais terrível escravidão (Êx 2:11 – 5,4) – ele esqueceu-se de si próprio, para vingar as iniqüidade de que eram vítimas os hebreus (Êx 2:14) – quis que seu irmão tomasse a direção dos atos libertadores em lugar de ele próprio (Êx4,13) -além disso, desejava que toda a gente hebréia recebesse dons semelhantes aos dele (Nm 11:29). Quando lhe foi feito o oferecimento de ser destruído o povo, podendo ele ser depois a origem de uma grande nação (Êx 32:10), pediu, na sua oração a Deus, que fosse perdoado o pecado dos israelitas, ‘ae não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste’ (Êx 32:32). (A respeito da conduta de Moisés na sua qualidade de libertador e legislador dos israelitas, vejam-se os artigos: Lei, Faraó, Pragas (as dez), Mar Vermelho, etc.)

Moisés era filho de Anrão (da tribo de Levi) e Joquebede; era irmão de Arão e Miriã. Nasceu durante os terríveis anos em que os egípcios decretaram que todos os bebês do sexo masculino fossem mortos ao nascer. Seus pais o esconderam em casa e depois o colocaram no meio da vegetação, na margem do rio Nilo, dentro de um cesto de junco. A descoberta daquela criança pela princesa, filha de Faraó, foi providencial e ela salvou a vida do menino. Seu nome, que significa “aquele que tira” é um lembrete desse começo obscuro, quando sua mãe adotiva lhe disse: “Eu o tirei das águas”.

Mais tarde, o Senhor o chamou para ser líder, por meio do qual falaria com Faraó, tiraria seu povo do Egito e o levaria à Terra Prometida. No processo desses eventos 1srael sofreu uma transformação, pois deixou de ser escravo de Faraó para ser o povo de Deus. Os israelitas formaram uma comunidade, mais conhecida como o povo da aliança, estabelecida pela graça e pela soberania de Deus (veja Aliança).

O Antigo Testamento associa Moisés com a aliança, a teocracia e a revelação no monte Sinai. O grande legislador foi o mediador da aliança mosaica [do Sinai] (Ex 19:3-8; Ex 20:18-19). Esse pacto foi uma administração da graça e das promessas, pelas quais o Senhor consagrou um povo a si mesmo por meio da promulgação da Lei divina. Deus tratou com seu povo com graça, deu suas promessas a todos que confiavam nele e os consagrou, para viverem suas vidas de acordo com sua santa Lei. A administração da aliança era uma expressão concreta do reino de Deus. O Senhor estava presente com seu povo e estendeu seu governo especial sobre ele. A essência da aliança é a promessa: “Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo” (Ex 6:7; Dt 29:13; Ez 11:20).

Moisés foi exaltado por meio de sua comunhão especial com o Senhor (Nm 12:68; Dt 34:10-12). Quando Arão e Miriã reclamaram contra a posição privilegiada que ele ocupava, como mediador entre Yahweh e Israel, ele nada respondeu às acusações (Nm 12:3). Pelo contrário, foi o Senhor quem se empenhou em defender seu servo (Nm 12:6-8).

O Senhor confirmou a autoridade de Moisés como seu escolhido, um veículo de comunicação: “A ele me farei conhecer... falarei com ele...” (v. 6; veja Dt 18:18). Separou-o como “seu servo” (Ex 14:31; Dt 34:5; Js 1:1-2) — uma comunhão de grande confiança e amizade entre um superior e um subalterno. Moisés, de maneira sublime, permaneceu como servo de Deus, mesmo depois de sua morte; serviu como “cabeça” da administração da aliança até o advento da Nova aliança no Senhor Jesus Cristo (Nm 12:7; veja Hb 3:2-5). De acordo com este epitáfio profético de seu ministério, Moisés ocupou um lugar único como amigo de Deus. Experimentou o privilégio da comunhão íntima com o Senhor: “E o Senhor falava com Moisés” (Ex 33:9).

A diferença fundamental entre Moisés e os outros profetas que vieram depois dele está na maneira direta pela qual Deus falava com este seu servo. Ele foi o primeiro a receber, escrever e ensinar a revelação do Senhor. Essa mensagem estendeu-se por todos os aspectos da vida, inclusive as leis sobre santidade, pureza, rituais, vida familiar, trabalho e sociedade. Por meio de Moisés, o Senhor planejou moldar Israel numa “comunidade separada”. A revelação de Deus os tornaria imunes às práticas detestáveis dos povos pagãos, inclusive a adivinhação e a magia. Esta palavra, dada pelo poder do Espírito, transformaria Israel num filho maduro.

A posição e a revelação de Moisés prefiguravam a posição única de Jesus. O grande legislador serviu ao reino de Deus como um “servo fiel” (Hb 3:2-5), enquanto Cristo é “o Filho de Deus” encarnado: “Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa” (Hb 3:6). Moisés, como o Senhor Jesus, confirmou a revelação de Deus por meio de sinais e maravilhas (Dt 34:12; veja também Ex 7:14-11:8; 14:5 a 15:21).

Embora Moisés ainda não conhecesse a revelação de Deus em Cristo, viu a “glória” do Senhor (Ex 34:29-35). O apóstolo Paulo confirmou a graça de Deus na aliança mosaica quando escreveu à igreja em Roma: “São israelitas. Pertencem-lhes a adoção de filhos, a glória, as alianças, a lei, o culto e as promessas. Deles são os patriarcas, e deles descende Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (Rm 9:4-5)

Moisés, o maior de todos os profetas antes da encarnação de Jesus, falou sobre o ministério de outro profeta (Dt 18:15-22). Foi testemunha de Deus para Israel de que um cumprimento ainda maior os aguardava: “Moisés, na verdade, foi fiel em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar” (Hb 3:5). A natureza desse futuro não era nada menos do que o resto que viria (Hb 4:1-13) em Cristo, por causa de quem Moisés também sofreu (Hb 11:26).

A esperança escatológica da revelação mosaica não é nada menos do que a presença de Deus no meio de seu povo. A escatologia de Israel começa com as alianças do Senhor com Abraão e Israel. Moisés — o servo de Deus, o intercessor, o mediador da aliança — apontava para além de sua administração, para uma época de descanso. Ele falou sobre este direito e ordenou que todos os membros da comunidade da aliança ansiassem pelo descanso vindouro na celebração do sábado (heb. “descanso”), o sinal da aliança (Ex 31:14-17) e da consagração de Israel a uma missão sagrada (Ex 31:13), a fim de serem abençoados com todos os dons de Deus na criação (Dt 26:18-19; Dt 28:3-14). Moisés percebeu dolorosamente que o povo não entraria naquele descanso, devido à sua desobediência e rebelião (Dt 4:21-25). Ainda assim, falou sobre uma nova dispensação, aberta pela graça de Deus, da liberdade e da fidelidade (Dt 4:29-31; Dt 30:5-10: 32:39-43). Ele olhou para o futuro, para uma época de paz, tranqüilidade e plena alegria na presença de Deus, de bênção e proteção na Terra Prometida (Dt 12:9-10; Dt 25:19; Ex 33:14; Js 1:13).

Essa esperança, fundamentada na fidelidade de Deus (Dt 4:31), é expressa mais claramente no testemunho final de Moisés, “o Hino do Testemunho” (Dt 32). Nele, o grande legislador recitou os atos do amor de Deus em favor de Israel (vv.1-14), advertiu contra a rebelião e o sofrimento que isso acarretaria (vv.15-35) e confortou os piedosos com a esperança da vingança do Senhor sobre os inimigos e o livramento do remanescente de Israel e das nações (vv. 36-43). Fez até uma alusão à grandeza do amor de Deus pelos gentios! (vv. 36-43; Rm 15:10).

O significado escatológico do Hino de Moisés reverbera nas mensagens proféticas de juízo e de esperança, justiça e misericórdia, exclusão e inclusão, vingança e livramento. A administração mosaica, portanto, nunca tencionou ser um fim em si mesma. Era apenas um estágio na progressão do cumprimento da promessa, aliás, um estágio importantíssimo!

Como precursor da tradição profética, Moisés viu mais da revelação da glória de Deus do que qualquer outro homem no Antigo testamento (Ex 33:18; Ex 34:29-35). Falou sob a autoridade de Deus. Qualquer um que o questionasse desafiava a autoridade do Senhor. Israel encontrava conforto, graça e bênção, porque em Moisés se reuniam os papéis de mediador da aliança e intercessor (Ex 32:1-34:10; Nm 14:13-25). Ele orou por Israel, falou ousadamente como seu advogado diante do Senhor e encorajou o povo a olhar além dele, próprio, para Deus (veja Profetas e Profecias). W.A.VG.


Moisés Líder escolhido por Deus para libertar os israelitas da escravidão do Egito (Exo 2—18), para fazer ALIANÇA 1, com eles (Exo 19—24), para torná-los povo de Deus e nação independente (Exo 25—) (Num
36) e para prepará-los a fim de entrarem na terra de Canaã (Deu 1—33). Nasceu de pais israelitas, mas foi adotado pela filha do faraó do Egito, onde foi educado (Ex 2:1-10); (At 7:22). Após colocar-se ao lado de seu povo e matar um egípcio, fugiu para MIDIÃ 2, onde se casou com Zípora (Ex 2:11-22) Passados 40 anos, Deus o chamou e o pôs como líder da libertação do povo de Israel (Exo
3) Por mais 40 anos Moisés cumpriu o mandado de Deus e morreu às portas da terra de Canaã, no monte NEBO (Dt 34). Alguns estudiosos colocam a data da morte de Moisés em torno de 1440 a.C., e outros a colocam por volta de 1225 a.C., dependendo da posição sob

Moisés Levita da casa de Amram (Ex 6:18.20), filho de Jocabed. Conforme o Antigo Testamento, deveria ser morto como conseqüência do decreto genocida do faraó (provavelmente Tutmósis 3, embora outros apontem Ramsés II) que ordenara a morte dos meninos israelitas. Deixado nas águas do Nilo por sua mãe, foi recolhido por uma irmã do faraó, que o educou (Êx 2). Após matar um egípcio que maltratava alguns israelitas, precisou exilar-se, indo viver na terra de Madiã (Ex 2:11-15). Nesse local foi pastor, teve esposa e filhos e recebeu uma revelação de Deus, que o enviava ao Egito para libertar Israel (Êx 3). Retornou então e, em companhia de seu irmão Aarão, tentou convencer o faraó (possivelmente Amenotep II, Menreptá, segundo outros) para que deixasse o povo sair. O fato aconteceu somente depois de uma série de pragas, especialmente após a última em que morreu seu primogênito (Êx 5:13). A perseguição que o monarca egípcio empreendeu teve um final desastroso no mar dos Juncos. A marcha de Israel pelo deserto levou-o até o Sinai, onde Moisés recebeu os Dez mandamentos, assim como um código de leis para regerem a vida do povo (Ex 20:32-34). Conforme o Talmude, foi também quando receberam a lei oral. A falta de fé do povo — manifestada na adoração de uma imagem em forma de bezerro enquanto Moisés estava no monte — malograria logo mais a entrada na Terra Prometida. Moisés morreu sem entrar nela e o mesmo sucedeu com a geração libertada do Egito, exceto Josué e Caleb.

A figura de Moisés é de uma enorme importância e a ele se atribui a formação de um povo cuja vida centrar-se-ia no futuro, certamente com altos e baixos, mas em torno do monoteísmo.

O judaísmo da época de Jesus considerava-o autor da Torá (Mt 22:24; Mc 7:10; 10,3ss.) e mestre de Israel (Mt 8:4; 23,2; Jo 7:22ss.). Jesus atribui-lhe uma clara importância quando se apresentou como messias (Jo 5:39-47). Lamentou que seu papel tivesse sido usurpado pelos escribas (Mt 23:2ss.) e que muitos citassem Moisés como excusa para sua incredulidade (Jo 7:28ss.). Jesus considerou-se superior a Moisés, a cuja Lei deu uma nova interpretação (Mt 5:17- 48). Essa visão — confirmada pela narrativa da Transfiguração (Mt 17:3) — aparece também no cristianismo posterior (Jo 1:17.45).

J. Bright, o. c.; S. Hermann, o. c.; f. f. Bruce, Israel y...; f. f. Bruce, Acts...; C. Vidal Manzanares, El Hijo de Ra, Barcelona 1992; Idem, El judeo-cristianismo...


Não

advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.

advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.

Obedecer

verbo transitivo indireto Submeter-se à vontade de outra pessoa: obedecer aos professores.
Estar sob a influência de; servir ou trabalhar em favor de (algo ou alguém): alguns municípios se recusam obedecer ao Estado.
Comportar-se de acordo ou concordar com: obedecer às normas vigentes.
Acatar a um pedido, um sentimento, um estímulo.
Estar subordinado a uma força de grande intensidade; estar submetido aos instintos naturais: obedecer a vontade da razão.
verbo intransitivo Responder a um mecanismo sistemático; funcionar de modo correto: os sinos da igreja já não obedecem.
Etimologia (origem da palavra obedecer). Do latim oboediscere.

Obedecer Acatar ordem ou orientação (Jr 42:6); (Rm 6:16-17).

Pecar

verbo transitivo indireto e intransitivo Não cumprir uma regra religiosa; cometer um pecado: receberam a penitência porque pecaram contra as leis da Igreja; os fiéis pecaram.
Por Extensão Cometer um erro; falhar em alguma forma: pecava contra a ética; em matéria de literatura, peca em excesso.
verbo transitivo indireto Incidir; estar sujeito a; ser reincidente em: peca sempre da mesma forma.
Condenar; ser passível de críticas; ser alvo de condenação: peca pelos excessos.
Etimologia (origem da palavra pecar). Do latim pecare.
verbo intransitivo Tornar-se estúpido; não se desenvolver ou definhar.
Etimologia (origem da palavra pecar). De origem questionável.

Servo

substantivo masculino Quem não é livre; privado de sua liberdade.
Quem age com obediência ou servindo alguém: servo de Deus.
História Numa sociedade feudal, quem pertencia a um senhor sem ser escravo.
Quem oferece ou realiza serviços; criado.
Quem se submete ao poder de um senhor por pressão ou violência.
adjetivo Que não é livre; cuja liberdade foi retirada.
Que está sujeito aos poderes de um senhor; escravo.
Que realiza ou oferece serviços; serviçal.
Etimologia (origem da palavra servo). Do latim servus.i.

substantivo masculino Quem não é livre; privado de sua liberdade.
Quem age com obediência ou servindo alguém: servo de Deus.
História Numa sociedade feudal, quem pertencia a um senhor sem ser escravo.
Quem oferece ou realiza serviços; criado.
Quem se submete ao poder de um senhor por pressão ou violência.
adjetivo Que não é livre; cuja liberdade foi retirada.
Que está sujeito aos poderes de um senhor; escravo.
Que realiza ou oferece serviços; serviçal.
Etimologia (origem da palavra servo). Do latim servus.i.

Por esta palavra se traduzem duas palavras hebraicas, que ocorrem freqüentemente no A.T., e que significam rapaz, pessoa de serviço, ou um escravo. A palavra é, algumas vezes, empregada a respeito de pessoas humildes (Gn 32:18-20), e também com relação a altos oficiais da corte (Gn 40:20 – 2 Sm 10.2,4). Uma terceira palavra implica aquele que está às ordens de alguém para o ajudar (Êx 33:11). Mas, pela maior parte das vezes, no A.T., trata-se de um escravo. De igual modo, no N.T., a palavra ‘servo’ aparece como tradução das indicadas palavras hebraicas, significando criada da casa (como em Lc 16:13), ou um rapaz (como em Mt 8:6), ou ainda um agente (como em Mt 26:58) – mas na maioria dos casos o termo refere-se a um escravo (Mt 8:9, etc.). Esta palavra aplicavam-na os apóstolos a si mesmos, como sendo os servos de Deus (At 4:29Tt 1:1Tg 1:1) e de Jesus Cristo (Rm 1:1Fp 1:1 – Jd 1). (*veja Escravidão.)

Servo
1) Empregado (Mt 25:14, NTLH).


2) ESCRAVO (Gn 9:25, NTLH).


3) Pessoa que presta culto e obedece a Deus (Dn 3:26; Gl 1:10) ou a Jesus Cristo (Gl 1:10). No NT Jesus Cristo é chamado de “o Servo”, por sua vida de perfeita obediência ao Pai, em benefício da humanidade (Mt 12:18; RA: At 3:13; 4.27).


Sim

advérbio Resposta afirmativa; exprime aprovação; demonstra consentimento.
Concordância; demonstra permissão: - posso sair hoje? - Sim.
Gramática Quando usado repetidamente, demonstra aborrecimento: sim, sim, já fiz o que você me pediu!
Gramática Bem; ora; quando empregado para retomar uma ideia anterior: sim, ele começou a trabalhar, mas nunca foi esse funcionário exemplar.
substantivo masculino Consentimento; ação de concordar, de consentir: nunca ouviu um sim na vida.
Etimologia (origem da palavra sim). Do latim sic.

Lodaçal. 1. Cidade do Egito, que depois se chamou Palusium. Achava-se situada entre os pântanos daqueles ramos do Nilo, que ficavam ao nordeste, estando hoje inundada (Ez 30. 15,16). 2. Deserto de Sim. Um inculto espaço do território entre Elim e o Sinai, o qual foi atravessado pelos israelitas. Foi aqui que ao povo foram dados o maná e as codornizes (Êx 16. 1 – 17.1 – Nm 33:11-12). (*veja Codorniz.)

Transgredir

verbo transitivo direto Ultrapassar o limite de algo; atravessar: transgredir a divisa de um estado.
Desrespeitar uma ordem, uma lei, um procedimento etc.; infringir: transgredir uma norma social.
Etimologia (origem da palavra transgredir). Do latim transgedere.

transgredir
v. tr. dir. 1. Ir além dos termos ou limites; atravessar. 2. Não observar, não respeitar (as leis ou regulamentos); infringir.

Voz

substantivo feminino [Anatomia] Vibração nas pregas vocais que produz sons e resulta da pressão do ar ao percorrer a laringe.
Capacidade de falar; fala: perdeu a voz durante o discurso.
[Música] Parte vocal de uma composição musical: melodia em três vozes.
[Música] Emissão vocal durante o canto: voz soprano, contralto etc.
Figurado Conselho que se dá a alguém; advertência, apelo: escutar a voz dos mais velhos.
[Jurídico] Intimação oral em tom alto: voz de prisão.
Boato generalizado; rumores: é voz corrente a sua nomeação.
Direito de falar numa assembleia, reunião etc.: tem voz, mas sem direito a voto.
Maneira de pensar; opinião própria; ponto de vista: nunca tive voz na minha casa.
Avaliação que se pauta numa previsão; prognóstico: presidente que não ouvia a voz do mercado.
Sugestão que alguém dá a si próprio: nunca escutou a voz do coração.
Gramática Categoria verbal caracterizada pela sua relação com o sujeito (com a categoria gramatical que concorda com o verbo), indicando o modo: voz ativa, voz passiva.
Gramática Expressão verbal; palavra.
[Zoologia] Som próprio de alguns animais.
Frase ou palavra que expressa uma ordem: voz de comando.
Etimologia (origem da palavra voz). Do latim vox.

substantivo feminino [Anatomia] Vibração nas pregas vocais que produz sons e resulta da pressão do ar ao percorrer a laringe.
Capacidade de falar; fala: perdeu a voz durante o discurso.
[Música] Parte vocal de uma composição musical: melodia em três vozes.
[Música] Emissão vocal durante o canto: voz soprano, contralto etc.
Figurado Conselho que se dá a alguém; advertência, apelo: escutar a voz dos mais velhos.
[Jurídico] Intimação oral em tom alto: voz de prisão.
Boato generalizado; rumores: é voz corrente a sua nomeação.
Direito de falar numa assembleia, reunião etc.: tem voz, mas sem direito a voto.
Maneira de pensar; opinião própria; ponto de vista: nunca tive voz na minha casa.
Avaliação que se pauta numa previsão; prognóstico: presidente que não ouvia a voz do mercado.
Sugestão que alguém dá a si próprio: nunca escutou a voz do coração.
Gramática Categoria verbal caracterizada pela sua relação com o sujeito (com a categoria gramatical que concorda com o verbo), indicando o modo: voz ativa, voz passiva.
Gramática Expressão verbal; palavra.
[Zoologia] Som próprio de alguns animais.
Frase ou palavra que expressa uma ordem: voz de comando.
Etimologia (origem da palavra voz). Do latim vox.

voz s. f. 1. Produção de sons na laringe dos animais, especialmente na laringe humana, com auxílio do ar emitido pelos pulmões. 2. A faculdade de emitir esses sons. 3. A faculdade de falar. 4. Linguage.M 5. Grito, clamor. 6. Ordem dada em voz alta. 7. Boato, fama. 8. Palavra, dicção, frase. 9. Fon. Som que uma vogal representa na escrita. 10. Mús. Parte vocal de uma peça de música. 11. Mús. Nas fugas para piano e para órgão, cada uma das diferentes alturas em que o tema é desenvolvido. 12. Gra.M Aspecto ou forma com que um verbo indica a ação. 13. Opinião. 14. Sugestão íntima.

Strongs

Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
Daniel 9: 11 - Texto em Hebraico - (HSB) Hebrew Study Bible

Sim, todo o Israel transgrediu a Tua lei, desviando-se para não obedecer à Tua voz; por isso a maldição e o juramento, que estão escritos na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra Ele.
Daniel 9: 11 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

539 a.C.
H1115
biltîy
בִּלְתִּי
não, exceto adv
(not to)
Substantivo
H2398
châṭâʼ
חָטָא
pecar, falhar, perder o rumo, errar, incorrer em culpa, perder o direito, purificar da
(from sinning)
Verbo
H3478
Yisrâʼêl
יִשְׂרָאֵל
Israel
(Israel)
Substantivo
H3588
kîy
כִּי
para que
(that)
Conjunção
H3605
kôl
כֹּל
cada / todo
(every)
Substantivo
H3789
kâthab
כָּתַב
escrever, registrar, anotar
(Write)
Verbo
H423
ʼâlâh
אָלָה
juramento
(from my oath)
Substantivo
H430
ʼĕlôhîym
אֱלֹהִים
Deus
(God)
Substantivo
H4872
Môsheh
מֹשֶׁה
Moisés
(Moses)
Substantivo
H5413
nâthak
נָתַךְ
derramar fora, pingo (ou chuva), ser derramado, ser despejado, ser derretido, ser fundido
(poured)
Verbo
H5493
çûwr
סוּר
desviar-se, afastar-se
(and removed)
Verbo
H5650
ʻebed
עֶבֶד
escravo, servo
(a servant)
Substantivo
H5674
ʻâbar
עָבַר
ultrapassar, passar por, atravessar, alienar, trazer, carregar, desfazer, tomar, levar embora,
(and to pass)
Verbo
H5921
ʻal
עַל
sobre, com base em, de acordo com, por causa de, em favor de, concernente a, ao lado de,
([was] on)
Prepostos
H6963
qôwl
קֹול
a voz
(the voice)
Substantivo
H7621
shᵉbûwʻâh
שְׁבוּעָה
juramento, maldição
(from this my oath)
Substantivo
H8085
shâmaʻ
שָׁמַע
ouvir, escutar, obedecer
(And they heard)
Verbo
H834
ʼăsher
אֲשֶׁר
que
(which)
Partícula
H8451
tôwrâh
תֹּורָה
lei, orientação, instrução
(and my laws)
Substantivo
H853
ʼêth
אֵת
-
( - )
Acusativo


בִּלְתִּי


(H1115)
biltîy (bil-tee')

01115 בלתי biltiy

construto fem. de 1086 (equivalente a 1097); DITAT - 246i subst

  1. não, exceto adv
  2. não
  3. exceto (depois de preceder uma negação) conj
  4. exceto (depois de uma negação implícita ou expressa) com prep
  5. assim que não, a fim de que não
  6. não por causa de, porque...não
  7. até que não

חָטָא


(H2398)
châṭâʼ (khaw-taw')

02398 חטא chata’

uma raiz primitva; DITAT - 638; v

  1. pecar, falhar, perder o rumo, errar, incorrer em culpa, perder o direito, purificar da impureza
    1. (Qal)
      1. errar
      2. pecar, errar o alvo ou o caminho do correto e do dever
      3. incorrer em culpa, sofrer penalidade pelo pecado, perder o direito
    2. (Piel)
      1. sofrer a perda
      2. fazer uma oferta pelo pecado
      3. purificar do pecado
      4. purificar da impureza
    3. (Hifil)
      1. errar a marca
      2. induzir ao pecado, fazer pecar
      3. trazer à culpa ou condenação ou punição
    4. (Hitpael)
      1. errar, perder-se, afastar do caminho
      2. purificar-se da impureza

יִשְׂרָאֵל


(H3478)
Yisrâʼêl (yis-raw-ale')

03478 ישראל Yisra’el

procedente de 8280 e 410, grego 2474 Ισραηλ; n pr m

Israel = “Deus prevalece”

  1. o segundo nome dado a Jacó por Deus depois de sua luta com o anjo em Peniel
  2. o nome dos descendentes e a nação dos descendentes de Jacó
    1. o nome da nação até a morte de Salomão e a divisão
    2. o nome usado e dado ao reino do norte que consistia das 10 tribos sob Jeroboão; o reino do sul era conhecido como Judá
    3. o nome da nação depois do retorno do exílio

כִּי


(H3588)
kîy (kee)

03588 כי kiy

uma partícula primitiva; DITAT - 976; conj

  1. que, para, porque, quando, tanto quanto, como, por causa de, mas, então, certamente, exceto, realmente, desde
    1. que
      1. sim, verdadeiramente
    2. quando (referindo-se ao tempo)
      1. quando, se, embora (com força concessiva)
    3. porque, desde (conexão causal)
    4. mas (depois da negação)
    5. isso se, caso seja, de fato se, embora que, mas se
    6. mas antes, mas
    7. exceto que
    8. somente, não obstante
    9. certamente
    10. isto é
    11. mas se
    12. embora que
    13. e ainda mais que, entretanto

כֹּל


(H3605)
kôl (kole)

03605 כל kol ou (Jr 33:8) כול kowl

procedente de 3634; DITAT - 985a; n m

  1. todo, a totalidade
    1. todo, a totalidade de
    2. qualquer, cada, tudo, todo
    3. totalidade, tudo

כָּתַב


(H3789)
kâthab (kaw-thab')

03789 כתב kathab

uma raiz primitiva; DITAT - 1053; v

  1. escrever, registrar, anotar
    1. (Qal)
      1. escrever, inscrever, gravar, escrever em, escrever sobre
      2. anotar, descrever por escrito
      3. registrar, anotar, gravar
      4. decretar
    2. (Nifal)
      1. ser escrito
      2. ser anotado, ser registrado, estar gravado
    3. (Piel) continuar a escrever

אָלָה


(H423)
ʼâlâh (aw-law')

0423 אלה ’alah

procedente de 422; DITAT - 91a; n f

  1. juramento
  2. juramento de aliança
  3. maldição
    1. de Deus
    2. de homens
  4. execração

אֱלֹהִים


(H430)
ʼĕlôhîym (el-o-heem')

0430 אלהים ’elohiym

plural de 433; DITAT - 93c; n m p

  1. (plural)
    1. governantes, juízes
    2. seres divinos
    3. anjos
    4. deuses
  2. (plural intensivo - sentido singular)
    1. deus, deusa
    2. divino
    3. obras ou possessões especiais de Deus
    4. o (verdadeiro) Deus
    5. Deus

מֹשֶׁה


(H4872)
Môsheh (mo-sheh')

04872 משה Mosheh

procedente de 4871, grego 3475 Μωσης; DITAT - 1254; n pr m Moisés = “tirado”

  1. o profeta e legislador, líder do êxodo

נָתַךְ


(H5413)
nâthak (naw-thak')

05413 תךנ nathak

uma raiz primitiva; DITAT - 1442; v

  1. derramar fora, pingo (ou chuva), ser derramado, ser despejado, ser derretido, ser fundido
    1. (Qal) derramar
    2. (Nifal) ser derramado, ser despejado
    3. (Hifil) derramar, derreter
    4. (Hofal) ser derretido

סוּר


(H5493)
çûwr (soor)

05493 סור cuwr ou שׁור suwr (Os 9:12)

uma raiz primitiva; DITAT - 1480; v

  1. desviar-se, afastar-se
    1. (Qal)
      1. desviar-se do rumo, entrar
      2. partir, afastar-se do caminho, evitar
      3. ser removido
      4. chegar ao fim
    2. (Polel) desviar
    3. (Hifil)
      1. fazer desviar, causar afastamento, remover, tomar, separar, depor
      2. pôr de lado, deixar incompleto, retirar, rejeitar, abolir,
    4. (Hofal) ser levado embora, ser removido

עֶבֶד


(H5650)
ʻebed (eh'-bed)

05650 עבד ̀ebed

procedente de 5647; DITAT - 1553a; n m

  1. escravo, servo
    1. escravo, servo, servidor
    2. súditos
    3. servos, adoradores (referindo-se a Deus)
    4. servo (em sentido especial como profetas, levitas, etc.)
    5. servo (referindo-se a Israel)
    6. servo (como forma de dirigir-se entre iguais)

עָבַר


(H5674)
ʻâbar (aw-bar')

05674 עבר ̀abar

uma raiz primitiva; DITAT - 1556; v

  1. ultrapassar, passar por, atravessar, alienar, trazer, carregar, desfazer, tomar, levar embora, transgredir
    1. (Qal)
      1. ultrapassar, cruzar, cruzar sobre, passar, marchar sobre, transbordar, passar por cima
      2. ir além de
      3. cruzar, atravessar
        1. os que atravessam (particípio)
        2. passar através (referindo-se às partes da vítima em aliança)
      4. passar ao longo de, passar por, ultrapassar e passar
        1. o que passa por (particípio)
        2. ser passado, estar concluído
      5. passar adiante, seguir, passar antes, ir antes de, passar para frente, viajar, avançar
      6. morrer
        1. emigrar, deixar (o território de alguém)
        2. desaparecer
        3. perecer, cessar de existir
        4. tornar-se inválido, tornar-se obsoleto (referindo-se à lei, decreto)
        5. ser alienado, passar para outras mãos
    2. (Nifal) ser atravessado
    3. (Piel) impregnar, fazer passar
    4. (Hifil)
      1. levar a ultrapassar, fazer trazer, fazer atravessar, transpor, dedicar, devotar
      2. levar a atravessar
      3. fazer passar por ou além de ou sob, deixar passar por
      4. levar a morrer, fazer levar embora
    5. (Hitpael) ultrapassar

עַל


(H5921)
ʻal (al)

05921 על ̀al

via de regra, o mesmo que 5920 usado como uma preposição (no sing. ou pl. freqüentemente com prefixo, ou como conjunção com uma partícula que lhe segue); DITAT - 1624p; prep

  1. sobre, com base em, de acordo com, por causa de, em favor de, concernente a, ao lado de, em adição a, junto com, além de, acima, por cima, por, em direção a, para, contra
    1. sobre, com base em, pela razão de, por causa de, de acordo com, portanto, em favor de, por isso, a respeito de, para, com, a despeito de, em oposição a, concernente a, quanto a, considerando
    2. acima, além, por cima (referindo-se a excesso)
    3. acima, por cima (referindo-se a elevação ou preeminência)
    4. sobre, para, acima de, em, em adição a, junto com, com (referindo-se a adição)
    5. sobre (referindo-se a suspensão ou extensão)
    6. por, adjacente, próximo, perto, sobre, ao redor (referindo-se a contiguidade ou proximidade)
    7. abaixo sobre, sobre, por cima, de, acima de, pronto a, em relacão a, para, contra (com verbos de movimento)
    8. para (como um dativo) conj
  2. por causa de, porque, enquanto não, embora

קֹול


(H6963)
qôwl (kole)

06963 קול qowl ou קל qol

procedente de uma raiz não utilizada significando chamar em voz alta; DITAT - 1998a,2028b; n. m.

  1. voz, som, ruído
    1. voz
    2. som (de instrumento)
  2. leveza, frivolidade

שְׁבוּעָה


(H7621)
shᵉbûwʻâh (sheb-oo-aw')

07621 שבועה sh ebuw ̂ ah̀

part. pass. de 7650; DITAT - 2319a; n. f.

  1. juramento, maldição
    1. juramento
      1. em declaração de inocência
      2. maldição
    2. juramento (do SENHOR)

שָׁמַע


(H8085)
shâmaʻ (shaw-mah')

08085 שמע shama ̀

uma raiz primitiva; DITAT - 2412, 2412a v.

  1. ouvir, escutar, obedecer
    1. (Qal)
      1. ouvir (perceber pelo ouvido)
      2. ouvir a respeito de
      3. ouvir (ter a faculdade da audição)
      4. ouvir com atenção ou interesse, escutar a
      5. compreender (uma língua)
      6. ouvir (referindo-se a casos judiciais)
      7. ouvir, dar atenção
        1. consentir, concordar
        2. atender solicitação
      8. escutar a, conceder a
      9. obedecer, ser obediente
    2. (Nifal)
      1. ser ouvido (referindo-se a voz ou som)
      2. ter ouvido a respeito de
      3. ser considerado, ser obedecido
    3. (Piel) fazer ouvir, chamar para ouvir, convocar
    4. (Hifil)
      1. fazer ouvir, contar, proclamar, emitir um som
      2. soar alto (termo musical)
      3. fazer proclamação, convocar
      4. levar a ser ouvido n. m.
  2. som

אֲשֶׁר


(H834)
ʼăsher (ash-er')

0834 אשר ’aher

um pronome relativo primitivo (de cada gênero e número); DITAT - 184

  1. (part. relativa)
    1. o qual, a qual, os quais, as quais, quem
    2. aquilo que
  2. (conj)
    1. que (em orações objetivas)
    2. quando
    3. desde que
    4. como
    5. se (condicional)

תֹּורָה


(H8451)
tôwrâh (to-raw')

08451 תורה towrah ou תרה torah

procedente de 3384; DITAT - 910d; n. f.

  1. lei, orientação, instrução
    1. instrução, orientação (humana ou divina)
      1. conjunto de ensino profético
      2. instrução na era messiânica
      3. conjunto de orientações ou instruções sacerdotais
      4. conjunto de orientações legais
    2. lei
      1. lei da oferta queimada
      2. referindo-se à lei especial, códigos de lei
    3. costume, hábito
    4. a lei deuteronômica ou mosaica

אֵת


(H853)
ʼêth (ayth)

0853 את ’eth

aparentemente uma forma contrata de 226 no sentido demonstrativo de entidade; DITAT - 186; partícula não traduzida

  1. sinal do objeto direto definido, não traduzido em português mas geralmente precedendo e indicando o acusativo