Enciclopédia de Lucas 4:3-3

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

lc 4: 3

Versão Versículo
ARA Disse-lhe, então, o diabo: Se és o Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão.
ARC E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão.
TB Então, lhe disse o Diabo: Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se torne em pão.
BGB ⸂εἶπεν δὲ⸃ αὐτῷ ὁ διάβολος· Εἰ υἱὸς εἶ τοῦ θεοῦ, εἰπὲ τῷ λίθῳ τούτῳ ἵνα γένηται ἄρτος.
HD Disse-lhe o diabo: Se és filho de Deus, dize a esta pedra que se torne pão.
BKJ E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, ordena que esta pedra se transforme em pão.
LTT E Lhe disse o Diabo: "Se o ① Filho de Deus Tu és, dize ordem a esta pedra, a fim de que se transforme em pão."
BJ2 Disse-lhe, então, o diabo: "Se és filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão".
VULG Dixit autem illi diabolus : Si Filius Dei es, dic lapidi huic ut panis fiat.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Lucas 4:3

Mateus 4:3 E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Lucas 3:22 e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és meu Filho amado; em ti me tenho comprazido.

Notas de rodapé da LTT

As notas de rodapé presentes na Bíblia versão LTT, Bíblia Literal do Texto Tradicional, são explicações adicionais fornecidas pelos tradutores para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas são baseadas em referências bíblicas, históricas e linguísticas, bem como em outros estudos teológicos e literários, a fim de fornecer um contexto mais preciso e uma interpretação mais fiel ao texto original. As notas de rodapé são uma ferramenta útil para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira compreender melhor o significado e a mensagem das Escrituras Sagradas.
 ①

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Principais acontecimentos da vida terrestre de Jesus

O começo do ministério de Jesus

DATA

LUGAR

ACONTECIMENTO

MATEUS

MARCOS

LUCAS

JOÃO

29 d.C., c. outubro

Rio Jordão, talvez em Betânia do outro lado do Jordão, ou perto dela

Jesus é batizado e ungido; Jeová o reconhece como seu Filho e lhe dá sua aprovação

Mt 3:13-17

Mc 1:9-11

Lc 3:21-38

Jo 1:32-34

Deserto da Judeia

É tentado pelo Diabo

Mt 4:1-11

Mc 1:12-13

Lc 4:1-13

 

Betânia do outro lado do Jordão

João Batista identifica Jesus como o Cordeiro de Deus; os primeiros discípulos se juntam a Jesus

     

Jo 1:15-29-51

Caná da Galileia; Cafarnaum

Primeiro milagre, água transformada em vinho; visita Cafarnaum

     

Jo 2:1-12

30 d.C., Páscoa

Jerusalém

Purifica o templo

     

Jo 2:13-25

Conversa com Nicodemos

     

Jo 3:1-21

Judeia; Enom

Vai à zona rural da Judeia, seus discípulos batizam; João dá seu último testemunho sobre Jesus

     

Jo 3:22-36

Tiberíades; Judeia

João é preso; Jesus viaja para a Galileia

Mt 4:12-14:3-5

Mc 6:17-20

Lc 3:19-20

Jo 4:1-3

Sicar, em Samaria

Ensina samaritanos no caminho para a Galileia

     

Jo 4:4-43


Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita


Allan Kardec

lc 4:3
A Gênese

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 15
Página: 342
Allan Kardec
Os fatos relatados no Evangelho e que foram até agora considerados miraculosos pertencem, na sua maioria, à ordem dos fenômenos psíquicos, isto é, os que têm como causa primeira as faculdades e os atributos da alma. Confrontando-os com os que ficaram descritos e explicados no capítulo anterior, reconhecer-se-á sem dificuldade que há entre eles identidade de causa e de efeito. A História registra outros fatos análogos, em todos os tempos e no seio de todos os povos, pela razão de que, desde que há almas encarnadas e desencarnadas, os mesmos efeitos forçosamente se produziram. Pode-se, é verdade, no que se refere a esse ponto, contestar a veracidade da História; mas, hoje, eles se produzem sob os nossos olhos e, por assim dizer, à vontade e por indivíduos que nada têm de excepcionais. Basta o fato da reprodução de um fenômeno, em condições idênticas, para provar que ele é possível e se acha submetido a uma lei, não sendo, portanto, miraculoso.
O princípio dos fenômenos psíquicos repousa, como já vimos, nas propriedades do fluido perispirítico, que constitui o agente magnético; nas manifestações da vida espiritual durante a vida corpórea e depois da morte; e, finalmente, no estado constitutivo dos Espíritos e no papel que eles desempenham como força ativa da Natureza. Conhecidos estes elementos e comprovados os seus efeitos, tem-se, como consequência, de admitir a possibilidade de certos fatos que eram rejeitados enquanto se lhes atribuía uma origem sobrenatural.

Irmão X

lc 4:3
Lázaro Redivivo

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 19
Francisco Cândido Xavier
Irmão X

Em todos os tempos, há exércitos de criaturas que ensinam a caridade; () todavia, poucas pessoas praticam-na verdadeiramente.

Torquemada, organizando os serviços da Inquisição, dizia-se portador da divina virtude. A caminho de terríveis suplícios, os condenados eram compelidos a agradecer aos verdugos. Muitos deles, em plena fogueira ou atados ao martírio da roda, acicatados pela flagelação da carne, eram obrigados a louvar, de mãos postas, a bondade dos inquisidores que os ordenava morrer. Essa caridade religiosa era irmã da caridade filosófica da Revolução Francesa. A guilhotina funcionou em Paris, muito tempo, cortando cabeças de homens e mulheres em nome da renovação espiritual da política administrativa. Engrandeciam-se verbalmente os ideais da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, compunham-se hinos de glorificação do Grande Ser e erguiam-se altares à Deusa Razão e, para que se fizesse o reajustamento dos princípios humanitários do mundo, a navalha decepava a cabeça do próximo. Os líderes revolucionários, belos idealistas talvez, pugnavam também pela evolução da arte de matar, em França. A forca e o machado eram excessivamente antigos. Convinha um processo mais rápido, mais eficiente. E, em nome da caridade renovadora, procurou-se a colaboração de um professor de anatomia da Faculdade de Medicina de Paris, o médico Joseph Ignace Guillotin, que lembrou aos políticos a adoção da navalha de decapitar, já conhecida, aliás, dos italianos. Na base, colocar-se-ia um cesto que recolhesse piedosamente a cabeça em sangue dos condenados à morte.

Desde tempos imemoriais, abusa-se do conceito de virtude na prática de inomináveis desvarios. Os imperadores romanos, por exemplo, determinavam o suplício dos cristãos, em nome da caridade política. E, ainda hoje, em nome dela, em todos os países, por vezes, surgem medidas que clamam aos céus.

É por isso que a caridade, antes de tudo, pede compreensão. Não basta entregar os haveres ao primeiro mendigo que surja à porta, para significar a posse da virtude sublime. É preciso entender-lhe a necessidade e ampará-lo com amor. Desembaraçar-se dos aflitos, oferecendo-lhes o supérfluo, é livrar-se dos necessitados, de maneira elegante, com absoluta ausência de iluminação espiritual.

A caridade é muito maior que a esmola. Ser caridoso é ser profundamente humano e aquele que nega entendimento ao próximo pode inverter consideráveis fortunas no campo de assistência social, transformar-se em benfeitor dos famintos, mas terá de iniciar, na primeira oportunidade, o aprendizado do amor cristão, para ser efetivamente útil.

Calar a tempo, desculpar ofensas, compreender a ignorância dos outros e tolerá-la, sofrer com serenidade pela causa do bem comum, ausentar-se da lamentação, reconhecer a superioridade onde se encontre e aproveitar-lhe as sugestões é exercer o ministério sagrado da divina virtude.

Há muita gente habilitada a participar dos sofrimentos do vizinho, mas raras pessoas sabem partilhar-lhe o contentamento. Em frente dos corpos mutilados, ante feridas que sangram e infortúnios angustiosos, ouvem-se exclamações da piedade, mais fingida que verdadeira; entretanto, em torno do bem-estar de um homem honesto e trabalhador, que sacrificou seus melhores anos ao espírito de serviço, comumente caem pedras da calúnia e brotam espinhos da inveja, do ciúme, do despeito.

“Caridade, caridade, quantos crimes se cometem no teu nome!” — poderíamos repetir a frase famosa de Madame Roland, referindo-se à liberdade, diante da morte.

Frei Bartolomeu dos Mártires, o santo arcebispo de Braga, certa vez foi visitado por um fidalgo que lhe pediu a aplicação dos dinheiros da Igreja na construção de uma nova e suntuosa basílica destinada à aristocracia da velha cidade portuguesa. Teria capitéis dourados, luxuosos altares, torres maravilhosas e naves resplandecentes.

O generoso eclesiástico ouviu, em silêncio, recordou as fileiras de necessitados que lhe batiam diariamente às portas, castigados pela nudez e pela fome, e pediu tempo a fim de estudar o assunto.

Continuava a distribuir os bens que lhe vinham às mãos, em obras de socorro, ante as necessidades prementes da pobreza que lhe buscava o coração e, mensalmente, lá vinha o amigo, renovando o petitório.

Braga necessitava de um templo novo e amplo, cheio de arte, beleza e pedrarias.

O prelado rogava sempre mais tempo para decidir, até que, um dia, resolveu ser mais claro e, depois de ouvir pacientemente a ovelha atacada pela mania de grandezas, respondeu com serenidade cristã:

— Não sei como atender as exigências de Vossa Senhoria. Quando o diabo tentou Nosso Senhor Jesus-Cristo, pediu-lhe transformasse as pedras em pães. (Lc 4:3) Veja lá que era uma obra meritória que Satanás esperava do divino poder, mas Vossa Senhoria faz muito pior que o demônio, pois vem reclamar sempre para que os pães dos pobres se convertam em pedras.

Como o fidalgo de Braga, há muita gente sedenta de dominação que não realiza senão obras exclusivistas do “eu”, ao invés de serviços da benemerência legítima.

Fora da caridade não existe, efetivamente, salvação para os que perderam a luz. O manto dessa virtude sublime cobre a multidão dos pecados, conforme o ensinamento evangélico. Entretanto, em todas as ocasiões, é preciso muito discernimento para que o nosso coração não transforme os pães da possibilidade divina em pedras da vaidade humana.


(.Humberto de Campos)


Referências em Outras Obras


Huberto Rohden

lc 4:3
Nosso Mestre

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 18
Huberto Rohden
Depois de 40 dias de rigoroso jejum no deserto, enfrentou Jesus com o diabo, que queria saber se ele era Filho de Deus e fez-lha diversas propostas; Jesus, porém, não aceitou nenhuma. Então o diabo o abandonou.
Foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo. Jejuou quarenta dias e quarenta noites. Depois teve fome.
Então se aproximou dele o tentador e disse-lhe: "Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se convertam em pão".
Respondeu-lhe Jesus: "Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus".
Ao que o diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: "Se és Filho de Deus, lança-te daqui a baixo; porque está escrito: Recomendou-te a seus anjos que te levem nas palmas das mãos, para que não tropeces com os pés em alguma pedra".
Replicou-lhe Jesus: "Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus".
Ainda o diabo o transportou a um monte muito elevado, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória, e disse-lhe: "Todas estas coisas te darei, se, prostrando-te em terra, me adorares".
Ordenou-lhe Jesus: "Vai para trás, satan! Porque está escrito: ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás!"
Então o diabo o deixou, e eis que vieram os anjos e o serviram (Mt. 4, 1-11).

CARLOS TORRES PASTORINO

lc 4:3
Sabedoria do Evangelho - Volume 1

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 26
CARLOS TORRES PASTORINO
MT 4:1-11

1. Então foi levado Jesus pelo espírito ao deserto para ser posto à prova pelo adversário.


2. E tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.


3. Chegando o tentador disselhe: "se és filho de Deus, dize que estas pedras se tornem em pães".


4. Mas Jesus respondeu: "Está escrito: "Não só de pão viverá o homem, mas de tudo o Que sai da boca de Deus".


5. Então o adversário o levou à cidade santa e o colocou sobre o pináculo do templo,


6. e disse-lhe: "se és filho de Deus, lança-te daqui abaixo, porque está escrito: "a seus anjos ordenará a teu respeito e eles te susterão em suas mãos, para não tropeçares em alguma pedra".


7. Tornou-lhe Jesus: "Também está escrito: não tentarás o Senhor teu Deus",


8. De novo o adversário o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o apreço deles,


9. e disse-lhe: "tudo isto te darei se, prostrado, me adorares".


10. Respondeu-lhe Jesus: "Vai para trás, antagonista, porque está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele darás culto".


11. Então o adversário o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviam.


LC 4:1-13

1. Cheio de um espírito santo, voltou Jesus do Jordão e foi levado com o espírito ao deserto,


2. durante quarenta dias, sendo experimentado pelo adversário. E nada comeu nesses dias; mas, passados eles, teve fome.


3. Então lhe disse o adversário: "se és Filho de Deus, manda que esta pedra se torne em pão".


4. Respondeu-lhe Jesus: "Está escrito que não só de pão viverá o homem".


5. E levando-o a uma altura, mostrou-lhe num relance de tempo todos os reinos habitados.


6. Disse-lhe o adversário: "dar-te-ei o domínio absoluto e o apreço deles, porque eles me foram entregues e os dou a quem eu quiser;


7. se tu, pois, me adorares, tudo será teu".


8. Respondeu Jesus: "Está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele darás culto".


9. Então o levou a Jerusalém e o colocou sobre o pináculo do templo e lhe disse : "se és filho de Deus, lança-te daqui abaixo,


10. porque está escrito: "a os seus anjos ordenará a teu respeito para te guardarem,


11. e "eles te susterão nas mãos para não tropeçares em alguma pedra".


12. Respondendo disse-lhe: "dito esta que não tentarás ao Senhor teu Deus".


13. Tendo o adversário acabado toda sorte de tentação, apartou-se dele até ocasião oportuna.


MC 1:12-13

12. Imediatamente o espírito o imliu para o deserto,


13. e ali ficou quarenta dias tentado pelo antagonista; e estava com as feras e os anjos o serviam.


Estudemos, inicialmente, três palavras que aparecem no texto, uma hebraica e duas gregas. E completaremos logo a seguir o estudo de um assunto que tem sido mal conduzido, por interpretações viciosas.


SATÃ ou SATANÁS - Em hebraico aparece (...) (satan) e em aramaico (...) (sitená), mas também se encontram as duas palavras iniciadas por samech: (...) Essa palavra significa literalmente "o opositor, o antagonista, o adversário, ou seja A PESSOA QUE SE OPÕE.


Foi transliterado em muitos lugares para o grego σατανάς.
No entanto, desde os Setenta até o Novo Testamento, essa palavra aparece também traduzida em grego, por uma equivalente: DIABO - que é o adjetivo διάβολος,ος,ον O verbo grego διαβάλλω - composto da partícula διά (que exprime separação em duas ou mais direções) e o verbo simples βάλλω (que quer dizer "lançar, jogar, impelir") - tem o sentido de "desunir, separar"; daí derivam outros sentidos, como "intrigar", donde: "acusar, caluniar, opor-se".
Esse verbo é usado, nestes trechos que estamos comentando, duas vezes na forma simples: βάλε - lança-te (MT 4:6 e LC 4:9) e uma vez no composto: έиβάλλει - impeliu (MC 1:12).
Desse verbo derivam: a) o substantivo διαβολή, ης (f.), que significa "divisão, desunião", donde "intriga, acusação, calúnia", e b) o adjetivo διάβολος,ος,ον com o sentido "que separa, que divide", donde "adversário, opositor, provocador, acusador, caluniador".
TENTADOR - Em grego é um verbo ζαdιзд (só conjugado no presente e no aoristo), cujo particípio presente é substantivado: o πειραζων . O verbo quer dizer "experimentar, tentar, pôr à prova" e o partic ípio tem o sentido de "o tentador".

Concluímos, pois, que há sinonímia entre os dois primeiros, e sempre os traduziremos assim: "o antagonista" (satanás) ; "o adversário" (diabo) e "o tentador".


Antes de prosseguir, todavia, expliquemos o sentido REAL atribuído pelo Novo Testamento às palavra "antagonista", "adversário" e "tentador".


Todos os três epítetos referem-se à PERSONALIDADE: é o quaternário inferior que, pela encarnação, estabelece a separação, a divisão, a desunião entre as criaturas, e que se opõe à espiritualização;


é o adversário e antagonista da evolução, que tenta o homem para que volte sempre à matéria. O Espírito (Cristo) é um só em todos ("um só Espírito há", EF 4:4), porque o Foco Incriado (Deus) é um só ("há um só Deus e Pai de todos", EF 4:6). Quando as Centelhas se afastam do Foco, se esfriam ou congelam (por estarem distantes vibratoriamente do calor) e se cristalizam na matéria densa opaca (que é "trevas" por distanciamento vibratório do Foco de Luz). Então, as Centelhas ficam separadas umas das outras pelo corpo denso de que se revestiram, seja ele mineral, vegetal ou animal; não obstante, mesmo sendo a personalidade "o antagonista, o adversário", continua sendo "Lúcifer", ou seja, o "portador da luz", porque tem dentro de si a Luz Divina. Divididas e separadas em corpos diferentes, estabelece-se toda a sequência de contrastes, egoísmos, vaidades, ciúmes, ódios, etc.


O trabalho evolutivo consiste na reunificação de todos em UM; em outros termos, no AMOR total entre todos, sem distinções e qualquer espécie. O que se opõe a esse AMOR-UNIÃO e a personalidade, que é o "antagonista" (satanás), o "adversário" (diabo), o "tentador", que atrai o espírito para a separação, querendo sobrepujar os demais.


A personalidade é que, separada como está, distingue o "eu" do "tu", opondo o "eu" a "todo o resto".


Quando conseguirmos reunir, ou melhor, reunificar tudo NUM só Cristo ("para que sejam UM comigo, assim como sou UM contigo, Pai", JO 17:22) teremos alcançado a meta da evolução. E então a personalidade (opositor, diabo, satanás, tentador) e sua consequência inevitável, a morte, estarão dominadas e vencidos: "a morte foi aniquilada pela vitória (cfr. IS 25:8). Onde está ó morte a tua vitória? (cfr. Oséas, 13:14). Onde está ó morte o teu aguilhão (teu estimulante)? O aguilhão da morte é a queda (o erro, a involução na matéria), e a força da queda é a lei (da evolução)", lemos em Paulo (1CO 15:54-55).


No entanto, há outras palavras vulgarmente tidas como sinônimos de diabo e satanás, mas que nada têm que ver com esse sentido. Esclareçamos logo.


DEMÔNIO- Nada autoriza a confundi-lo com os termos acima.


O substantivo grego δαιµων, ονος (masc. e fem.) é simplesmente um espírito desencarnado, de homem ou de mulher, podendo ser bom (guia), regular (familiar) ou perverso (obsessor). A literatura grega é farta de exemplos dos três graus, embora os dois primeiros sejam os mais comuns, ao passo que nos Evangelhos o mais comum é o terceiro. Platão usa o adjetivo δαιµονιος; ao lado do substantivo
σωφια para exprimir "a sabedoria divina" ... (Crat, 396 d) e Herodoto (4, 126 e 7, 48) emprega o mesmo adjetivo ao lado de "homem", no sentido de "homem excelente". O próprio Platão (Ap. 40 a) refere que Sócrates dizia ter um "guia" (δαίµων) que o ajudava em todas as dificuldades da vida, aconselhandoo para o bem.
Os verbos δαιµονίζοµαι e δαιµόνω significam "receber espírito", ou "estar sob a ação de um espírito desencarnado", fosse ele bom ou mau.
Do substantivo, deriva o adjetivo δαιµόνιος, ος (α), ον que significa "maravilhoso, extraordinário"; esse adjetivo é substantivado em το δαιµόνιον, para exprimir "espírito desencarnado", ou seja, o ser que está na escala entre Deus e o homem. Observe-se que em o Novo Testamento só é usada essa forma do adjetivo substantivado, aparecendo o substantivo δαίµων apenas em MT 4:3.
Demônio, pois, é apenas um "espírito desencarnado", com três graus de evolução: bons e regulares (nos autores profanos) e pouco elucidados (nos autores do Novo Testamento), Mas há ainda duas outras espécies de "espíritos" citados: IMPURO - πνεΰµα άиάθαρτον com o sentido exato de "não-purificado" ainda, ou melhor, de "atrasado", de não-evoluído.
MAU - πνεΰµα πονερόν, que preferimos chamar "sofredor". Com efeito, πονερός tem esse sentido: " sofredor, infeliz, defeituoso ", donde passou a "mau"; tanto assim que o substantivo exprime "o sofrimento", e daí "o mal" porque, segundo a concepção terrena, todo sofrimento é um mal. Mas ambos são derivados do substantivo πόνος, que quer dizer "esforço", donde "fadiga", e daí "sofrimento" (compare com o latim poena e o português "pena").
SANTO - Quando, porém, o "espírito" é bom, esclarecido, ou melhor, iluminado, o Novo Testamento o chama "santo" (άγιος), isto é, puro, sadio, são.

Resumindo, temos as seguintes qualificações para os espíritos humanos desencarnados, de acordo com seus graus evolutivos: 1) - santo - sadio, bom, iluminado, superior a nós; 2) - demônio - regular, não-esclarecido, familiar, igual a nós; 3) - sofredor - que está sofrendo, mas esforçando-se por melhorar; 4) - impuro, isto é, atrasado - não evoluído ainda, e que se obstina no erro.


A estes, podemos acrescentar mais um termo: é um espírito humano desencarnado, já iluminado (santo) que tem missão especial: e um mensageiro, um encarregado de tarefa especial junto aos homens; denominado, então, ANJO.


Passemos, agora, aos comentários exegéticos dos trechos, procurando ater-nos à cronologia. das ocorr ências.


(1) Lucas diz que "Jesus voltou do Jordão cheio de um espírito santo" (em grego sem artigo; portanto, é indeterminado, um epíteto comum: um espírito bom, iluminado), e foi com o (com esse) espírito para o deserto. Aí temos mais uma vez a preposição grega en, com valor associativo, que comentamos nas págs. 32 e 80.


(2) Mateus afirma simplesmente que "foi conduzido ao deserto pelo espírito" (agente da passiva, com a preposição "hypó", que literalmente daria o sentido "sob um espírito", podendo entender-se: conduzido sob a influência do espírito, ou ainda "incorporado").


(3) O "deserto" não foi localizado até hoje. Pela tradição seria o "Monte da Quarentena" (Djebel Karantal) a 4 quilômetros a nordeste da moderna Jericó, lugar ermo e cheio de grutas naturais. O deserto, segundo informam as Escrituras, era o local preferido dos espíritos atrasados (cfr. MT 12:43; LC 11:24; IS 13:21 e IS 34:14; Bar. 4:35 e 2CR 8:3).


(4) Temos a notícia do jejum de quarenta dias e quarenta noites. Não se trata de um hebraísmo essa repetição, mas salienta o narrador que Jesus não comeu nem de dia nem de noite; há razão para essa afirmativa, pois no oriente, depois de ocultar-se o sol, os jejuadores podiam alimentar-se, como ainda se usa hoje no Ramadan.


(5) Por que quarenta? É um número simbólico e cabalístico, que vemos repetido no Velho Testamento: o dilúvio dura quarenta dias (GN 7:17); Moisés jejua no Sinai, por duas vezes, durante quarenta dias de cada vez (DT 9:9 e DT 9:18); os israelitas ficam 40 anos a peregrinar pelo deserto (NM 14:33) ; Elias jejua 40 dias (1RS 19:8); David e Salomão reinam quarenta anos cada um

(1RS 2:11 e 1RS 11:42) e outros passos ainda. Na própria vida de Jesus temos esse jejum e mais tarde sua permanência na Terra entre a ressurreição e a ascensão, durante quarenta dias (AT 1:3).


Deve haver algum significado nesse número.


(6) Depois assinalam os evangelistas que Jesus teve fome.


(7) Aparece então o "tentador". Discutem os hermeneutas se Lhe apareceu sob forma humana corpórea, se "pegou" mesmo a pedra com sua mão, ou se a cena se passou em "pensamento". Na primeiSABEDORIA DO EVANGELHO ra hipótese teríamos um fenômeno de materialização, e assim costumam representá-la os pintores.


Na segunda, seria apenas um fato intelectual. Não discutiremos essas minúcias, pois o fato será esclarecido no comentário simbólico, compreendendo-se que se trata de "pensamentos", que, aliás, nem sequer chegaram a tomar consistência, tão rapidamente foram esmagados pelo Espírito de Jesus.


(8) A seguir são enumeradas as "tentações". Parece-nos mais lógica a sequência dada por Mateus: I - de EGOÍSMO - transformar as pedras em pães, para saciar a própria fome. Trata-se do desejo animal de satisfazer à "fome", isto é, aos apetites egoístas do quaternário inferior. A resposta de Jesus, extraída de Deuteronômio 8:3, faz-nos compreender que a alimentação espiritual da tríade superior também pode saciar, essas "fomes".


II - de VAIDADE - lançar-se de grande altura, confiando que Deus mandará "mensageiros" para ajud á-lo. O adversário apresenta-se com uma frase do Salmo 91:11-12, mas Jesus lhe responde com outra do Deuteronômio 6:16. É a tentação de ceder à vaidade de demonstrações taumatúrgicas, onde não haja necessidade delas, confiando em proteções "especiais" superiores.


III - de ORGULHO - usar qualquer meio bajulatório para obter fama e poder de domínio. Volta Jesus com um versículo do Deuteronômio 6:13, mostrando que Deus está acima de tudo e só a Ele podemos e devemos prestar culto, reverência e obediência, não devendo utilizar-nos de meios escusos para adquirir vantagens nem pessoais nem para grupos.


(9) Discute-se também se o "diabo" carregou Jesus em suas mãos, para levá-lo a Jerusalém, colocandoo sobre o pináculo do Templo; e se O transportou carregando-O para o cume da montanha; e pergunta-se qual seria essa montanha, "de onde se viam todos os reinos do mundo" ... As soluções oferecidas por alguns comentadores são lamentáveis do ponto de vista do bom senso. Acreditamos que a explicação não esteja na "letra" e sim no "espírito" ou seja, no sentido global das "tentações".


(10) O sentido de "mostrou os reinos do mundo e o apreço deles" em Mateus; e a expressão: "darteei o domínio absoluto e o apreço deles", podem resumir-se: "o domínio das criaturas, e o apreço ou fama que obteria entre elas". A palavra grega δόζαν, derivada do verbo δοиεω tem vários sentidos: 1) aparência; 2) opinião; crença; 3) doutrina, ensino (por oposição a άληθεια "verdade pura"; a γνώσις "conhecimento adquirido; e a έπιστήµη "ciência"); 4) apreço, reputação, donde 5) glória.
(11) Em Mateus, no final do episódio, Jesus usa uma expressão autoritária: "retira-te, antagonista", que foram as mesmas palavras dirigidas a Pedro, quando este se opunha à revelação do sofrimento de Jesus (MC 8:33). O verbo grego υπαγε tem o sentido exato de "retira-te submetendo-te, capitula, rende-te, subordina-te", porque é composto de υπο (para baixo) e αγω (agir, ir).

(12) A conclusão é que, afastado o adversário, os anjos apresentaram-se para servir a Jesus.


No trecho resumidíssimo de Marcos há um pormenor: Jesus, no deserto, "estava com as feras" e com os anjos, que O serviam. Na Palestina da época, as feras que perambulavam eram chacais, lobos, raposas, gazelas e, menos provavelmente, hienas, panteras e leopardos.


Mais alguns ensinamentos de profundo alcance, nesta lição da Boa Nova.


Após ter a individualidade (Jesus) realizado o Sublime Encontro ou Mergulho no Fogo, Cristo Interior, é ela levada para consolidar essa união no "deserto", onde permanece em oração e meditação.


Realmente, só no isolamento podemos conseguir uma fixação e vibrações em faixas tão delicadas de frequência tão elevada. Qualquer distração faria fugir a sintonia. E o burburinho ocasionaria distra ção. Por isso, quando o Momento Sublime se apresenta, o Discípulo é levado pelo Espírito (individualidade) ao isolamento, onde viverá em oração e meditação. Isso ocorria muito entre eremitas e cenobitas em tempos idos. Hoje ainda é frequente no Oriente. (Índia e Tibet) embora menos comum no Ocidente, onde existe, porém, nos conventos das Trapas.


O "deserto" exprime um lugar "sem habitantes". O planeta Terra é de fato um local em que não são vistos os "espíritos". Nesse sentido, é um deserto de espiritualidade, embora seja densamente habitado por criaturas físicas. Qualquer espírito elevado, que saia de seu "hábitat" natural no mundo dos espíritos e venha à Terra, penetra realmente num deserto e, como diz Marcos, "vive entre as feras", embora "os anjos o sirvam", ou seja, os "espíritos" bons jamais o deixem abandonado.


O número quarenta tem um significado especial: exprime o arcano do plano físico, sublinhando seu caráter material. Representa a esfera da concretização das formas nervosas, isto é, a materialização (encarnação) do astral e do etérico. "Quarenta" significa também a "luta do espírito com o mundo exterior", ou seja, a realização da Mônada ou Centelha divina do lado de fora de si mesma. O discípulo, no Caminho, sabe, porém, que todos os estados materiais (o deserto) são efêmeros e cessarão um dia. E apesar de só haver dificuldades, sabe que essas dificuldades são momentâneas e não impedir ão a ascensão que buscamos (cfr. Serge Marcotoune, "La Science Secrete des Initiés", pág. 203 ss., éd. André Delpeuch, Paris, 1928).


Então, os quarenta dias no deserto, entre feras (mas servido pelos anjos) é a vida da Centelha divina no planeta Terra, entre criaturas involuídas.


E sua passagem pela Terra tem justamente a finalidade de "ser tentada", ou melhor, ser "experimentada" através do "espírito" a que deu nascimento. Assim como em nossas escolas ninguém é promovido de ano sem prestar exames, assim na vida espiritual ninguém ascende de plano sem passar pelos "exames" das provações. E é exatamente por isso que se torna imprescindível a encarnação no plano físico. Com efeito, se a encarnação pudesse ser dispensável, acreditamos que muitos "espíritos"
não viriam ao planeta, e evoluiriam diretamente no mundo espiritual (doutrina aceita por Swedenborg): uma vez abandonada a matéria, nunca mais a ela voltariam. A teoria pode ser sedutora, mas não corresponde aos FATOS comprovados. Ora, contra fatos não há argumentação filosófica que se sustente. E os fatos, cientificamente experimentados e comprovados, demonstram que o "espírito"

vem à Terra a cada novo passo que tenha que conquistar. Como não podemos admitir que a Sabedoria da Vida obrigue a passos inúteis, concluímos que a única via de acesso a novos planos seja atrav és da materialização temporária na Terra, com esquecimento do passado, para que, como nova criatura (nova personalidade), possa assumir a responsabilidade de seus atos, merecendo assim integralmente a melhoria a que fez jus (ou a consequência dolorosa de seus erros).


Uma vez na matéria, o Espírito (individualidade) está preso ao "tentador", que pode chamar-se "diabo" ou "satanás", mas é simplesmente a PERSONALIDADE, o quaternário inferior. E por mais consciente que esteja o Espírito (individualidade), as "tentações" (experimentações ou provas) são inevit áveis, porque são inerentes à própria personalidade, são a condição "sine qua non" da encarnação ou "crucificação" na matéria. O Espírito, com seu mergulho no quaternário, assume novo "eu", um" eu" externo e pequeno, que é porém o "eu" que se manifesta consciente de si e que, por isso, assume a liderança da consciência. Esse "eu" menor (ou "espírito") abafa o Espírito (individualidade) e o Eu Profundo, e passa a agir como se fora o único chefe, comandando o processo evolutivo: o "eu" menor quer agir por si e dirigir tudo, não tomando conhecimento de que exista outro "EU" superior a ele: é, por isso, o verdadeiro adversário ou antagonista do Espírito (individualidade) e do EU REAL, que se vê escondido e sediado no coração (embora em outra dimensão), forcejando por agir - o que nem sempre consegue. Dessa luta titânica entre o "eu" pequeno ou personalidade (o "espírito") e o Espírito, ou individualidade, vai resultar o progresso. Se o "eu" pequeno vence, o Espírito derrotado terá que voltar mais tarde à matéria, com outro "eu" pequeno diferente, para ver se consegue conquistar a palma da vitória. E um dia obterá inevitavelmente o triunfo, embora demore séculos ou milênios nessa árdua batalha interna, tão bem descrita no Bhagavad-Gita. Quando o "eu" pequeno se anula pela humildade, dando ansas à individualidade de dirigi-lo, a vitória do Espírito se afirma, e ele prossegue para o plano superior seguinte.


Dessa luta (tentação) dá-nos conta o relato evangélico.


Depois de "mergulhar" na água (de renascer através do mergulho no líquido amniótico) o Espírito é levado ao "deserto (aos embates da Terra) para ficar em contato com as "feras" (homens atrasados, pequenos "eus" ferozes e egoístas), permanecendo "quarenta" dias e quarenta noites (permanecendo na matéria) em jejum absoluto (em isolamento total do EU REAL). É aí que o Espírito encontra o antagonista personalizado (satanás, nosso próprio "eu" menor) que quer arrastá-lo a seus caprichos.


Surgem então as três "tentações" principais, as mais difíceis de vencer por qualquer pessoa (o arcano 3 representa a "obra completa", e dá o resumo esquemático de um todo). Com efeito, as três provas citadas englobam os três aspectos da personalidade: as sensações (etérico), as emoções (astral) e o intelecto (mental concreto). 1. º TENTAÇÃO - O egoísmo na luta da sobrevivência e do bem estar, da satisfação das necessidades básicas da criatura humana: a fome, o repouso, as ânsias fisiológicas do sexo, as angústias das sensa ções chamadas "físicas", mas na realidade pertencentes ao duplo etérico. Então, o Espírito é instado a ceder aos desejos egoísticos dos sentidos do "eu" menor dando-lhe a "alimentação" que o satisfa ça, simbolizada no "pão" que mata a fome. O ato de "matar a fome" faz bem compreender a índole dessa tentação, muito mais vasta que a simples fome estomacal: trata-se de SACIAR os instintos inferiores do etérico que se manifesta através do corpo denso.


Além disso, outro aspecto transparece: preso no mundo material das formas, o "espírito" (personalidade) tenta transformar as "pedras" (que exprimem os ensinamentos interpretados à letra) em "pão", isto é, em alimento. Explicamos: o "espírito", ao invés de adorar espiritualmente ("em Espírito de verdade", JO 4:23 e 24), pretere a exteriorização material da religião, que lhe possa satisfazer aos sentidos físicos, aos instintos sensoriais, emocionais e intelectuais, e por isso transforma os vãos do espírito em "pães" materiais, visíveis e sensíveis, chegando ao clímax de pretender transformar o próprio Deus em pão. Todo seu espiritualismo reduz-se a liturgias e ritos, a atos externos e poderes ocultos de magia, de vaidade, de vestimentas diferentes e exóticas, de tudo o que satisfaça à "separação", ao luxo, à ostentação da "pompa de satanás" (que é exatamente a vaidade das criaturas humanas), assim, a espiritualização nesse grau visa à elevação do próprio "eu" pequeno, em detrimento de todos os outros "eus", julgados "outras" pessoas. E a criatura cega transforma os preceitos evangélicos, interpretados ao pé da letra (pedras) em satisfações egolátricas de instinto que lhes saciem a fome de vaidade (pães).


O combate a essa tentação é feito pela auto-disciplina, isto é, pela disciplina que o Espírito, guiado pelo EU REAL impõe ao "eu" menor, fazendo-lhe ver que o Homem (integral) vive de tudo o que vem de Deus, desse Deus residente no coração do homem, e não apenas das exterioridades transitórias da personalidade efêmera. 2. ª TENTAÇÃO - A vaidade própria do "eu" personalístico que se julga separado, diferente, e sempre (são raríssimas as exceções!) superior a todos os demais, é outra das mais difíceis provas a ser superada pelo "espírito" mergulhado na Cruz da personalidade ("cruz", quatro pontas, significando o quaternário inferior). " Lançar-se do pináculo do templo" (emoção de grandes efeitos mágicos) na certeza de que Deus o protege em tudo, mesmo nas loucuras insensatas de pretensões vaidosas, por um privilégio a que se julga "com direito". De fato, o desenvolvimento do corpo astral aguça as emoções e as hipertrofia de tal forma, que elas empanam o raciocínio equilibrado, toldam a razão, fazem perder o senso das propor ções" Nas criaturas emocionalmente desequilibradas vemos a ânsia de "operar milagres"; a rebeli ão contra a autoridade da Razão superior, a pretensão egocêntrica de que "ele" sabe e os outros são ignorantes; a ambição de possuir poderes para comandar movimentos religiosos; o desejo de se "chefe" espiritual ou religioso, nem que seja de um pugilo de criaturas que se fascinam por suas palavras, e as acompanham cegamente, tributando-lhes elogios a cada palavra que proferia, e que ele aceita, com gratidão, porque lhe acaricia a vaidade.


Essa a razão de vermos, desde que a história regista os acontecimentos da sociedade humana, essa constante fragmentação religiosa, que se opera logo após o desaparecimento do "Mensageiro" divino que as revelou. Numerosas são as criaturas que se julgam "taumaturgos", com poderes sobre os" anjos " e, rebelando-se contra o meio ambiente, instituem a própria seita. Daí verificarmos que esses homens não defendem ideias novas, divulgando-as em estudos e pesquisas impessoais, mas antes, querem logo iniciar grupos novos e dissidentes, dos quais passam eles ser o chefe, o cabeça. Quantas" heresias " se multiplicaram nos primeiros séculos do cristianismo, quantas seitas pulularam nos meios evangélicos, quantos movimentos teosóficos e rosa-cruzes que se combatem, quantos milhares de" centros" espíritas se fragmentam do pensamento original, criando "inovações", quase nunca com sentido lógico, quase sempre sem razão de ser; mas o móvel subconsciente e o desejo de "chefiar"

alguma coisa, de "separar-se" do grupo, de concorrer demonstrando gozar de proteções especiais do mundo espiritual. Não é esta uma característica apenas das criaturas encarnadas: também os desencarnados que carregam para além do túmulo, no "espírito", seus defeitos personalísticos, também eles gostam muito de criar seus "grupinhos", onde possam pontificar, conseguindo no mundo astral o que não conseguiram na Terra; aproveitam médiuns invigilantes, e aí temos outra "facção" a surgir.


E é típico exigirem "separação", proibirem estudos e leituras, colocando livros no índex particular, e garantindo que a "salvação" (ou pelo menos especiais privilégios) só se dará dentro daquele pugilo.


Como isto se passa no mundo material, que é o mundo da divisão, é natural que arrastem após si todos os que sintonizam com o "separatismo", cedendo à tentação de "atirar-se do pináculo do templo"

da Verdade, para os labirintos barônticos do personalismo satânico.


Outro ângulo dessa tentação é a ambição de poderes mágicos, a crença de que "gestos" e atos físicos criem efeitos espirituais; a pretensão de dominar "espíritos" e elementais, sem pensar nos resultados que daí possam advir. Os poderes "ocultos", que envaidecem e separam as criaturas, é aspecto importante dessa prova de fogo por que todos os que já desenvolveram o corpo emocional (astral) têm que passar.


O combate a essa tentação, isto é, a vitória sobre essa prova, esse "exame" - a que só é submetida certa classe de pessoas mais evoluídas que as da anterior tentação porque já desenvolveram o corpo astral - é realizada com a auto-renúncia do "eu" menor: "não tentarás o Senhor teu Deus" exprime, pois, "não quererás ser superior ao teu EU REAL, não pretenderás exigir dele favores especiais nem quererás impor-te a ele". Renunciar à própria vaidade de querer ser chamado "pai" ou "mestre" ("a ninguém na Terra chameis vosso pai, porque só UM é vosso Pai: aquele que está nos céus; nem queirais ser chamados mestres, porque um só é vosso mestre: o Cristo" MT 23:9-10), esse Cristo Interno que está dentro de TODOS, e não apenas de alguns privilegiados.


Jesus deu-nos o exemplo típico dessa vitória: pregou um IDEAL, mas não chefiou nenhum movimento religioso; atendeu aos judeus, sem afastá-los de Moisés; socorreu à siro-fenícia, sem arrancá-la de seus ídolos; elogiou o centurião romano, sem exigir o seu repúdio a Júpiter; e, no exemplo da "caridade perfeita", citou o samaritano, de religião diferente da Sua. E de tal forma renunciou à Sua personalidade, que o Cristo agiu plenamente através dele ("Nele habitou corporalmente toda a plenitude da Divindade" CL 2:9) de tal maneira, que, durante séculos, foi Ele confundido com o próprio Deus.


E isso foi conseguido com o Seu mergulho humilde nas águas da matéria, na Sua encarnação como ser humano: "aniquilou-se tomando a forma de servo, feito semelhante aos homens e, sendo reconhecido como homem, humilhou-se, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz" (FP 2:7-8). 3. ª TENTAÇÃO - Esta é a experimentação que as criaturas encarnadas (presas à personalidade, crucificadas no quaternário inferior) têm maior dificuldade em superar. Não é mais no duplo etérico, com as sensações; nem no astral, com as emoções, mas no mais terrível de todos os adversários, maior que os prazeres (sensações), maior que a vaidade (emoções): trata-se do INTELECTO, isto é, do ORGULHO de julgar-se melhor que os "outros". Daí parte a oposição máxima, não mais no mesmo plano, de "ser diferente", mas num plano "acima", de ser superior. Todas as criaturas se julgam ACIMA DOS OUTROS. Pode tratar-se de um ignorante: há um ponto em que "não cede", há sempre um aspecto em que "ninguém o iguala". Por ínfima que seja a criatura, embora reconhecendo a superioridade de outrem num ou noutro pormenor, descobre sempre algo em que ninguém lhe é superior.


Daí a crítica e o julgamento que sempre todos nos acreditamos autorizados a fazer.


E a ambição orgulhosa do mando ataca a todos, ao lado da ambição de posses materiais (riquezas) que lhes dê prestígio e superioridade no mundo material, para garantir-lhe a força da superioridade.


Todos querem ter mais e melhor do que o vizinho. Se o não conseguirem, não importa: são "mais educados", "mais generosos", "mais inteligentes", "mais fortes", "mais saudáveis", ou "gozam de amizades mais ilustres", qualquer coisa se arrumará, pela qual eles "não se trocam" pelo fulano...


Comum é que o chefe religioso venha a ambicionar logo a seguir o domínio político, para ampliar sua ascendência sobre as massas e fazer crescer sua autoridade "carismática", outorgada por Deus. Os meios para conseguí-lo não lhe ferem o escrúpulo. E uma vez guindados ao poder, não mais desejam apear. Nem sempre isso ocorrerá visando a uma nação: pode ser apenas pequeno grupo e até uma família reduzida. Isso explica o desgosto dos pais ao verem seus filhos crescerem e se independizarem.


Daí a rebeldia dos filhos, em certa idade, sentindo também a "tentação" do mando, pretendendo derrubar os pais do pedestal em que se encontram.


Provenientes desse "messianismo" do poder, os ditadores, da direita, da esquerda ou do centro cercearem a liberdade dos súditos, certos de que só eles, e os que os aplaudem, são "iluminados", têm sabedoria e compreensão, constituindo "os outros" um rebanho sem espírito. Desconhecem que cada criatura tem Deus dentro de si: para eles, Deus está só com eles, porque eles são os "protegidos", colocados "pela Divindade" acima de todos os mortais.


Não estamos falando de "alguns" homens, mas de TODAS AS CRIATURAS HUMANAS. Sem exceção, somos todos experimentados nesse setor.


Para superar essa "tentação" há um só remédio: o auto-sacrificio, não mais adorando a personalidade (satanás), mas unicamente cultuando a Deus que está DENTRO DE NÓS, como também DENTRO DE TODAS AS CRIATURAS: moços e velhos, homens maduros e crianças, mulheres e homens, brancos.


e negros, ignorantes e sábios, santos e criminosos.


Quando compreendermos e "sentirmos" isso, sacrificaremos nosso personalismo, e ligaremos nosso" espírito " ao EU REAL. Colocaremos a personalidade em seu lugar, submetendo-a, como o fez Jesus: " rende-te, satanás", submete-te à individualidade!


Prestar culto à personalidade (satanás) é IDOLATRIA, e praticara idolatria é, seguindo as Escrituras, pecar por adultério contra Deus. O Espirito tem que estar ligado ao EU REAL e não à personalidade; se ele se afasta do primeiro para ligar-se ao segundo, está cometendo adultério, está separando o que Deus uniu ("O que Deus uniu o homem não separe", MT 19:6 e Mc. 10:9).


Só o sacrifício, com a submissão do "eu" menor, é que pode conferir a vitória sobre o orgulho da personalidade, que desejaria dominar e submeter a si a individualidade, pedindo: "adore-me!"

Quando, porém, o homem vence as três etapas, dominando as sensações, as emoções e o intelecto, ele vê que os anjos de Deus vêm servi-lo, e o "eu menor" (satanás o antagonista), se retira vencido, até o" momento oportuno", porque outras provas ainda virão, todas elas ensinadas nos Evangelhos.


lc 4:3
Sabedoria do Evangelho - Volume 4

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 13
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 16:24-28


24. Jesus disse então o seus discípulos: "Se alguém quer vir após mim, neguese a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


25. Porque aquele que quiser preservar sua alma. a perderá; e quem perder sua alma por minha causa, a achará.


26. Pois que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Ou que dará o homem em troca de sua alma?


27. Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com seus mensageiros, e então retribuirá a cada um segundo seu comportamento.


28. Em verdade vos digo, que alguns dos aqui presentes absolutamente experimentarão a morte até que o Filho do Homem venha em seu reino. MC 8:34-38 e MC 9:1


34. E chamando a si a multidão, junto com seus discípulos disse-lhes: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


35. Porque quem quiser preservar sua alma, a perderá; e quem perder sua alma por amor de mim e da Boa-Nova, a preservará.


36. Pois que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?


37. E que daria um homem em troca de sua alma?


38. Porque se alguém nesta geração adúltera e errada se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, também dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na glória de seu Pai com seus santos mensageiros". 9:1 E disse-lhes: "Em verdade em verdade vos digo que há alguns dos aqui presentes, os quais absolutamente experimentarão a morte, até que vejam o reino de Deus já chegado em força".


LC 9:23-27


23. Dizia, então, a todos: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me.


24. Pois quem quiser preservar sua alma, a perderá; mas quem perder sua alma por amor de mim, esse a preservará.


25. De fato, que aproveita a um homem se ganhar o mundo inteiro, mas arruinar-se ou causar dano a si mesmo?


26. Porque aquele que se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória, na do Pai e na dos santos mensageiros.


27. Mas eu vos digo verdadeiramente, há alguns dos aqui presentes que não experimentarão a morte até que tenham visto o reino de Deus.


Depois do episódio narrado no último capítulo, novamente Jesus apresenta uma lição teórica, embora bem mais curta que as do Evangelho de João.


Segundo Mateus, a conversa foi mantida com Seus discípulos. Marcos, entretanto, revela que Jesu "chamou a multidão" para ouvi-la, como que salientando que a aula era "para todos"; palavras, aliás, textuais em Lucas.


Achava-se a comitiva no território não-israelita ("pagão") de Cesareia de Filipe, e certamente os moradores locais haviam observado aqueles homens e mulheres que perambulavam em grupo homogêneo.


Natural que ficassem curiosos, a "espiar" por perto. A esses, Jesus convida que se aproximem para ouvir os ensinamentos e as exigências impostas a todos os que ambicionavam o DISCIPULATO, o grau mais elevado dos três citados pelo Mestre: justos (bons), profetas (médiuns) e discípulos (ver vol. 3).


As exigências são apenas três, bem distintas entre si, e citadas em sequência gradativa da menor à maior. Observamos que nenhuma delas se prende a saber, nem a dizer, nem a crer, nem a fazer, mas todas se baseiam em SER. O que vale é a evolução interna, sem necessidade de exteriorizações, nem de confissões, nem de ritos.


No entanto, é bem frisada a vontade livre: "se alguém quiser"; ninguém é obrigado; a espontaneidade deve ser absoluta, sem qualquer coação física nem moral. Analisemos.


Vimos, no episódio anterior, o Mestre ordenar a Pedro que "se colocasse atrás Dele". Agora esclarece: " se alguém QUER ser SEU discípulo, siga atrás Dele". E se tem vontade firme e inabalável, se o QUER, realize estas três condições:

1. ª - negue-se a si mesmo (Lc. arnésasthô; Mat. e Mr. aparnésasthô eautón).


2. ª - tome (carregue) sua cruz (Lc. "cada dia": arátô tòn stáurou autoú kath"hêméran);

3. ª - e siga-me (akoloutheítô moi).


Se excetuarmos a negação de si mesmo, já ouvíramos essas palavras em MT 10:38 (vol. 3).


O verbo "negar-se" ou "renunciar-se" (aparnéomai) é empregado por Isaías (Isaías 31:7) para descrever o gesto dos israelitas infiéis que, esclarecidos pela derrota dos assírios, rejeitaram ou negaram ou renunciaram a seus ídolos. E essa é a atitude pedida pelo Mestre aos que QUEREM ser Seus discípulos: rejeitar o ídolo de carne que é o próprio corpo físico, com sua sequela de sensações, emoções e intelectualismo, o que tudo constitui a personagem transitória a pervagar alguns segundos na crosta do planeta.


Quanto ao "carregar a própria cruz", já vimos (vol. 3), o que significava. E os habitantes da Palestina deviam estar habituados a assistir à cena degradante que se vinha repetindo desde o domínio romano, com muita frequência. Para só nos reportarmos a Flávio Josefo, ele cita-nos quatro casos em que as crucificações foram em massa: Varus que fez crucificar 2. 000 judeus, por ocasião da morte, em 4 A. C., de Herodes o Grande (Ant. Jud. 17. 10-4-10); Quadratus, que mandou crucificar todos os judeus que se haviam rebelado (48-52 A. D.) e que tinham sido aprisionados por Cumarus (Bell. Jud. 2. 12. 6); em 66 A. D. até personagens ilustres foram crucificadas por Gessius Florus (Bell. Jud. 2. 14. 9); e Tito que, no assédio de Jerusalém, fez crucificar todos os prisioneiros, tantos que não havia mais nem madeira para as cruzes, nem lugar para plantá-las (Bell. Jud. 5. 11. 1). Por aí se calcula quantos milhares de crucificações foram feitas antes; e o espetáculo do condenado que carregava às costas o instrumento do próprio suplício era corriqueiro. Não se tratava, portanto, de uma comparação vazia de sentido, embora constituindo uma metáfora. E que o era, Lucas encarrega-se de esclarecê-lo, ao acrescentar "carregue cada dia a própria cruz". Vemos a exigência da estrada de sacrifícios heroicamente suportados na luta do dia a dia, contra os próprios pendores ruins e vícios.


A terceira condição, "segui-Lo", revela-nos a chave final ao discipulato de tal Mestre, que não alicia discípulos prometendo-lhes facilidades nem privilégios: ao contrário. Não basta estudar-Lhe a doutrina, aprofundar-Lhe a teologia, decorar-Lhe as palavras, pregar-Lhe os ensinamentos: é mister SEGUILO, acompanhando-O passo a passo, colocando os pés nas pegadas sangrentas que o Rabi foi deixando ao caminhar pelas ásperas veredas de Sua peregrinação terrena. Ele é nosso exemplo e também nosso modelo vivo, para ser seguido até o topo do calvário.


Aqui chegamos a compreender a significação plena da frase dirigida a Pedro: "ainda és meu adversário (porque caminhas na direção oposta a mim, e tentas impedir-me a senda dolorosa e sacrificial): vai para trás de mim e segue-me; se queres ser meu discípulo, terás que renunciar a ti mesmo (não mais pensando nas coisas humanas); que carregar também tua cruz sem que me percas de vista na dura, laboriosa e dorida ascensão ao Reino". Mas isto, "se o QUERES" ... Valerá a pena trilhar esse áspero caminho cheio de pedras e espinheiros?


O versículo seguinte (repetição, com pequena variante de MT 10:39; cfr. vol. 3) responde a essa pergunta.


As palavras dessa lição são praticamente idênticas nos três sinópticos, demonstrando a impress ão que devem ter causado nos discípulos.


Sim, porque quem quiser preservar sua alma (hós eán thélei tên psychên autòn sõsai) a perderá (apolêsei autên). Ainda aqui encontramos o verbo sôzô, cuja tradução "salvar" (veja vol. 3) dá margem a tanta ambiguidade atualmente. Neste passo, a palavra portuguesa "preservar" (conservar, resguardar) corresponde melhor ao sentido do contexto. O verbo apolesô "perder", só poderia ser dado também com a sinonímia de "arruinar" ou "degradar" (no sentido etimológico de "diminuir o grau").


E o inverso é salientado: "mas quem a perder "hós d"án apolésêi tên psychên autoú), por minha causa (héneken emoú) - e Marcos acrescenta "e da Boa Nova" (kaì toú euaggelíou) - esse a preservará (sósei autén, em Marcos e Lucas) ou a achará (heurêsei autén, em Mateus).


A seguir pergunta, como que explicando a antinomia verbal anterior: "que utilidade terá o homem se lucrar todo o mundo físico (kósmos), mas perder - isto é, não evoluir - sua alma? E qual o tesouro da Terra que poderia ser oferecido em troca (antállagma) da evolução espiritual da criatura? Não há dinheiro nem ouro que consiga fazer um mestre, riem que possa dar-se em troca de uma iniciação real.


Bens espirituais não podem ser comprados nem "trocados" por quantias materiais. A matemática possui o axioma válido também aqui: quantidades heterogêneas não podem somar-se.


O versículo seguinte apresenta variantes.


MATEUS traz a afirmação de que o Filho do Homem virá com a glória de seu Pai, em companhia de Seus Mensageiros (anjos), para retribuir a cada um segundo seus atos. Traduzimos aqui dóxa por "glória" (veja vol. 1 e vol. 3), porque é o melhor sentido dentro do contexto. E entendemos essa glória como sinônimo perfeito da "sintonia vibratória" ou a frequência da tônica do Pai (Verbo, Som). A atribui ção a cada um segundo "seus atos" (tên práxin autoú) ou talvez, bem melhor, de acordo com seu comportamento, com a "prática" da vida diária. Não são realmente os atos, sobretudo isolados (mesmo os heroicos) que atestarão a Evolução de uma criatura, mas seu comportamento constante e diuturno.


MARCOS diz que se alguém, desta geração "adúltera", isto é, que se tornou "infiel" a Deus, traindo-O por amar mais a matéria que o espírito, e "errada" na compreensão das grandes verdades, "se envergonhar" (ou seja "desafinar", não-sintonizar), também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier com a glória do Pai, em companhia de Seus mensageiros (anjos).


LUCAS repete as palavras de Marcos (menos a referência à Boa Nova), salientando, porém, que o Filho do Homem virá com Sua própria glória, com a glória do Pai, e com a glória dos santos mensageiros (anjos).


E finalmente o último versículo, em que só Mateus difere dos outros dois, os quais, no entanto, nos parecem mais conformes às palavras originais.


Afirma o Mestre "alguns dos aqui presentes" (eisin tines tõn hõde hestótõn), os quais não experimentar ão (literalmente: "não saborearão, ou mê geúsôntai) a morte, até que vejam o reino de Deus chegar com poder. Mateus em vez de "o reino de Deus", diz "o Filho do Homem", o que deu margem à expectativa da parusia (ver vol. 3), ainda para os indivíduos daquela geração.


Entretanto, não se trata aqui, de modo algum, de uma parusia escatológica (Paulo avisa aos tessalonicenses que não o aguardem "como se já estivesse perto"; cfr. 1. ª Tess. 2: lss), mas da descoberta e conquista do "reino de Deus DENTRO de cada um" (cfr. LC 17:21), prometido para alguns "dos ali presentes" para essa mesma encarnação.


A má interpretação provocou confusões. Os gnósticos (como Teodósio), João Crisóstomo, Teofilacto e outros - e modernamente o cardeal Billot, S. J. (cfr. "La Parousie", pág. 187), interpretam a "vinda na glória do Filho do Homem" como um prenúncio da Transfiguração; Cajetan diz ser a Ressurreição;


Godet acha que foi Pentecostes; todavia, os próprios discípulos de Jesus, contemporâneos dos fatos, não interpretaram assim, já que após a tudo terem assistido, inclusive ao Pentecostes, continuaram esperando, para aqueles próximos anos, essa vinda espetacular. Outros recuaram mais um pouco no tempo, e viram essa "vinda gloriosa" na destruição de Jerusalém, como "vingança" do Filho do Homem; isso, porém, desdiz o perdão que Ele mesmo pedira ao Pai pela ignorância de Seus algozes (D. Calmet, Knabenbauer, Schanz, Fillion, Prat, Huby, Lagrange); e outros a interpretaram como sendo a difusão do cristianismo entre os pagãos (Gregório Magno, Beda, Jansênio, Lamy).


Penetremos mais a fundo o sentido.


Na vida literária e artística, em geral, distinguimos nitidamente o "aluno" do "discípulo". Aluno é quem aprende com um professor; discípulo é quem segue a trilha antes perlustrada por um mestre. Só denominamos "discípulo" aquele que reproduz em suas obras a técnica, a "escola", o estilo, a interpretação, a vivência do mestre. Aristóteles foi aluno de Platão, mas não seu discípulo. Mas Platão, além de ter sido aluno de Sócrates, foi também seu discípulo. Essa distinção já era feita por Jesus há vinte séculos; ser Seu discípulo é segui-Lo, e não apenas "aprender" Suas lições.


Aqui podemos desdobrar os requisitos em quatro, para melhor explicação.


Primeiro: é necessário QUERER. Sem que o livre-arbítrio espontaneamente escolha e decida, não pode haver discipulato. Daí a importância que assume, no progresso espiritual, o aprendizado e o estudo, que não podem limitar-se a ouvir rápidas palavras, mas precisam ser sérios, contínuos e profundos.


Pois, na realidade, embora seja a intuição que ilumina o intelecto, se este não estiver preparado por meio do conhecimento e da compreensão, não poderá esclarecer a vontade, para que esta escolha e resolva pró ou contra.


O segundo é NEGAR-SE a si mesmo. Hoje, com a distinção que conhecemos entre o Espírito (individualidade) e a personagem terrena transitória (personalidade), a frase mais compreensível será: "negar a personagem", ou seja, renunciar aos desejos terrenos, conforme ensinou Sidarta Gotama, o Buddha.


Cientificamente poderíamos dizer: superar ou abafar a consciência atual, para deixar que prevaleça a super-consciência.


Essa linguagem, entretanto, seria incompreensível àquela época. Todavia, as palavras proferidas pelo Mestre são de meridiana clareza: "renunciar a si mesmo". Observando-se que, pelo atraso da humanidade, se acredita que o verdadeiro eu é a personagem, e que a consciência atual é a única, negar essa personagem e essa consciência exprime, no fundo, negar-se "a si mesmo". Diz, portanto, o Mestre: " esse eu, que vocês julgam ser o verdadeiro eu, precisa ser negado". Nada mais esclarece, já que não teria sido entendido pela humanidade de então. No entanto, aqueles que seguissem fielmente Sua lição, negando seu eu pequeno e transitório, descobririam, por si mesmos, automaticamente, em pouco tempo, o outro Eu, o verdadeiro, coisa que de fato ocorreu com muitos cristãos.


Talvez no início possa parecer, ao experimentado: desavisado, que esse Eu verdadeiro seja algo "externo".


Mas quando, por meio da evolução, for atingido o "Encontro Místico", e o Cristo Interno assumir a supremacia e o comando, ele verificará que esse Divino Amigo não é um TU desconhecido, mas antes constitui o EU REAL. Além disso, o Mestre não se satisfez com a explanação teórica verbal: exemplificou, negando o eu personalístico de "Jesus", até deixá-lo ser perseguido, preso, caluniado, torturado e assassinado. Que Lhe importava o eu pequeno? O Cristo era o verdadeiro Eu Profundo de Jesus (como de todos nós) e o Cristo, com a renúncia e negação do eu de Jesus, pode expandir-se e assumir totalmente o comando da personagem humana de Jesus, sendo, às vezes, difícil distinguir quando falava e agia "Jesus" e quando agia e falava "o Cristo". Por isso em vez de Jesus, temos nele O CRISTO, e a história o reconhece como "Jesus", O CRISTO", considerando-o como homem (Jesus) e Deus (Cristo).


Essa anulação do eu pequeno fez que a própria personagem fosse glorificada pela humildade, e o nome humano negado totalmente se elevasse acima de tudo, de tal forma que "ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na Terra e debaixo da terra" (Filp. 2:10).


Tudo isso provocou intermináveis discussões durante séculos, por parte dos que não conseguiram penetrar a realidade dos acontecimentos, caracterizados, então, de "mistério": são duas naturezas ou uma? Como se realizou a união hipostática? Teria a Divindade absorvido a humanidade?


Por que será que uma coisa tão clara terá ficado incompreendida por tantos luminares que trataram deste assunto? O Eu Profundo de todas as criaturas é o Deus Interno, que se manifestará em cada um exatamente na proporção em que este renunciar ao eu pequeno (personagem), para deixar campo livre à expressão do Cristo Interno Divino. Todos somos deuses (cfr. Salmo 81:6 e JO 10:34) se negarmos totalmente nosso eu pequeno (personagem humana), deixando livre expansão à manifestação do Cristo que em todos habita. Isso fez Jesus. Se a negação for absoluta e completa, poderemos dizer com Paulo que, nessa criatura, "habita a plenitude da Divindade" (CL 2:9). E a todos os que o fizerem, ser-lhes-á exaltado o nome acima de toda criação" (cfr. Filp. 2:5-11).


Quando isto tiver sido conseguido, a criatura "tomará sua cruz cada dia" (cada vez que ela se apresentar) e a sustentará galhardamente - quase diríamos triunfalmente - pois não mais será ela fonte de abatimentos e desânimos, mas constituirá o sofrimento-por-amor, a dor-alegria, já que é a "porta estreita" (MT 7:14) que conduzirá à felicidade total e infindável (cfr. Pietro Ubaldi, "Grande Síntese, cap. 81).


No entanto, dado o estágio atual da humanidade, a cruz que temos que carregar ainda é uma preparação para o "negar-se". São as dores físicas, as incompreensões morais, as torturas do resgate de carmas negativos mais ou menos pesados, em vista do emaranhado de situações aflitivas, das "montanhas" de dificuldades que se erguem, atravancando nossos caminhos, do sem-número de moléstias e percalços, do cortejo de calúnias e martírios inomináveis e inenarráveis.


Tudo terá que ser suportado - em qualquer plano - sem malsinar a sorte, sem desesperos, sem angústias, sem desfalecimentos nem revoltas, mas com aceitação plena e resignação ativa, e até com alegria no coração, com a mais sólida, viva e inabalável confiança no Cristo-que-é-nosso-Eu, no Deus-

Imanente, na Força-Universal-Inteligente e Boa, que nos vivifica e prepara, de dentro de nosso âmago mais profundo, a nossa ascensão real, até atingirmos TODOS, a "plena evolução crística" (EF 4:13).


A quarta condição do discipulato é também clara, não permitindo ambiguidade: SEGUI-LO. Observese a palavra escolhida com precisão. Poderia ter sido dito "imitá-Lo". Seria muito mais fraco. A imitação pode ser apenas parcial ou, pior ainda, ser simples macaqueação externa (usar cabelos compridos, barbas respeitáveis, vestes talares, gestos estudados), sem nenhuma ressonância interna.


Não. Não é imitá-Lo apenas, é SEGUI-LO. Segui-Lo passo a passo pela estrada evolutiva até atingir a meta final, o ápice, tal como Ele o FEZ: sem recuos, sem paradas, sem demoras pelo caminho, sem descanso, sem distrações, sem concessões, mas marchando direto ao alvo.


SEGUI-LO no AMOR, na DEDICAÇÃO, no SERVIÇO, no AUTO-SACRIFÍCIO, na HUMILDADE, na RENÚNCIA, para que de nós se possa afirmar como Dele foi feito: "fez bem todas as coisas" (MC 7. 37) e: "passou pela Terra fazendo o bem e curando" (AT 10:38).


Como Mestre de boa didática, não apresenta exigências sem dar as razões. Os versículos seguintes satisfazem a essa condição.


Aqui, como sempre, são empregados os termos filosóficos com absoluta precisão vocabular (elegantia), não deixando margem a qualquer dúvida. A palavra usada é psychê, e não pneuma; é alma e nã "espírito" (em adendo a este capítulo daremos a "constituição do homem" segundo o Novo Testamento).


A alma (psychê) é a personagem humana em seu conjunto de intelecto-emoções, excluído o corpo denso e as sensações do duplo etérico. Daí a definição da resposta 134 do "Livro dos Espíritos": "alma é o espírito encarnado", isto é, a personagem humana que habita no corpo denso.

Aí está, pois, a chave para a interpretação do "negue-se a si mesmo": esse eu, a alma, é a personagem que precisa ser negada, porque, quem não quiser fazê-lo, quem pretender preservar esse eu, essa alma, vai acabar perdendo-a, já que, ao desencarnar, estará com "as mãos vazias". Mas aquele que por causa do Cristo Interno - renunciar e perder essa personagem transitória, esse a encontrará melhorada (Mateus), esse a preservará da ruína (Marcos e Lucas).


E prossegue: que adiantará acumular todas as riquezas materiais do mundo, se a personalidade vai cair no vazio? Nada de material pode ser-lhe comparado. No entanto, se for negada, será exaltada sobre todas as coisas (cfr. o texto acima citado, Filp. 2:5-11).


Todas e qualquer evolução do Espírito é feita exclusivamente durante seu mergulho na carne (veja atrás). Só através das personagens humanas haverá ascensão espiritual, por meio do "ajustamento sintônico". Então, necessidade absoluta de consegui-lo, não "se envergonhando", isto é, não desafinando da tônica do Pai (Som) que tudo cria, governa e mantém. Enfrentar o mundo sem receio, sem" respeitos humanos", e saber recusá-lo também, para poder obter o Encontro Místico com o Cristo Interno. Se a criatura "se envergonha" e se retrai, (não sintoniza) não é possível conseguir o Contato Divino, e o Filho do Homem também a evitará ("se envergonhará" dessa criatura). Só poderá haver a" descida da graça" ou a unificação com o Cristo, "na glória (tônica) do Pai (Som-Verbo), na glória (tônica) do próprio Cristo (Eu Interno), na glória de todos os santos mensageiros", se houver a coragem inquebrantável de romper com tudo o que é material e terreno, apagando as sensações, liquidando as emoções, calando o intelecto, suplantando o próprio "espírito" encarnado, isto é, PERDENDO SUA ALMA: só então "a achará", unificada que estará com o Cristo, Nele mergulhada (batismo), "como a gota no oceano" (Bahá"u"lláh). Realmente, a gota se perde no oceano mas, inegavelmente, ao deixar de ser gota microscópica, ela se infinitiva e se eterniza tornando-se oceano...

Em Mateus é-nos dado outro aviso: ao entrar em contato com a criatura, esta "receberá de acordo com seu comportamento" (pláxin). De modo geral lemos nas traduções correntes "de acordo com suas obras". Mas isso daria muito fortemente a ideia de que o importante seria o que o homem FAZ, quando, na realidade, o que importa é o que o homem É: e a palavra comportamento exprime-o melhor que obras; ora, a palavra do original práxis tem um e outro sentido.


Evidentemente, cada ser só poderá receber de acordo com sua capacidade, embora todos devam ser cheios, replenos, com "medida sacudida e recalcada" (cfr. Lc. 5:38).


Mas há diferença de capacidade entre o cálice, o copo, a garrafa, o litro, o barril, o tonel... De acordo com a própria capacidade, com o nível evolutivo, com o comportamento de cada um, ser-lhe-á dado em abundância, além de toda medida. Figuremos uma corrente imensa, que jorra permanentemente luz e força, energia e calor. O convite é-nos feito para aproximar-nos e recolher quanto quisermos.


Acontece, porém, que cada um só recolherá conforme o tamanho do vasilhame que levar consigo.


Assim o Cristo Imanente e o Verbo Criador e Conservador SE DERRAMAM infinitamente. Mas nós, criaturas finitas, só recolheremos segundo nosso comportamento, segundo a medida de nossa capacidade.


Não há fórmulas mágicas, não há segredos iniciáticos, não peregrinações nem bênçãos de "mestres", não há sacramentos nem sacramentais, que adiantem neste terreno. Poderão, quando muito, servir como incentivo, como animação a progredir, mas por si, nada resolvem, já que não agem ex ópere operantis nem ex opere operatus, mas sim ex opere recipientis: a quantidade de recebimento estará de acordo com a capacidade de quem recebe, não com a grandeza de quem dá, nem com o ato de doação.


E pode obter-se o cálculo de capacidade de cada um, isto é, o degrau evolutivo em que se encontra no discipulato de Cristo, segundo as várias estimativas das condições exigidas:

a) - pela profundidade e sinceridade na renúncia ao eu personalístico, quando tudo é feito sem cogitar de firmar o próprio nome, sem atribuir qualquer êxito ao próprio merecimento (não com palavras, mas interiormente), colaborando com todos os "concorrentes", que estejam em idêntica senda evolutiva, embora nos contrariem as ideias pessoais, mas desde que sigam os ensinos de Cristo;


b) - pela resignação sem queixas, numa aceitação ativa, de todas as cruzes, que exprimam atos e palavras contra nós, maledicências e calúnias, sem respostas nem defesas, nem claras nem veladas (já nem queremos acenar à contra-ataques e vinganças).


c) - pelo acompanhar silencioso dos passos espirituais no caminho do auto-sacrifício por amor aos outros, pela dedicação integral e sem condições; no caminho da humildade real, sem convencimentos nem exterioridades; no caminho do serviço, sem exigências nem distinções; no caminho do amor, sem preferências nem limitações. O grau dessas qualidades, todas juntas, dará uma ideia do grau evolutivo da criatura.


Assim entendemos essas condições: ou tudo, à perfeição; ou pouco a pouco, conquistando uma de cada vez. Mas parado, ninguém ficará. Se não quiser ir espontaneamente, a dor o aguilhoará, empurrandoo para a frente de qualquer forma.


No entanto, uma promessa relativa à possibilidade desse caminho é feita claramente: "alguns dos que aqui estão presentes não experimentarão a morte até conseguirem isso". A promessa tanto vale para aquelas personagens de lá, naquela vida física, quanto para os Espíritos ali presentes, garantindo-selhes que não sofreriam queda espiritual (morte), mas que ascenderiam em linha reta, até atingir a meta final: o Encontro Sublime, na União mística absoluta e total.


Interessante a anotação de Marcos quando acrescenta: O "reino de Deus chegado em poder". Durante séculos se pensou no poder externo, a espetacularidade. Mas a palavra "en dynámei" expressa muito mais a força interna, o "dinamismo" do Espírito, a potencialidade crística a dinamizar a criatura em todos os planos.


O HOMEM NO NOVO TESTAMENTO


O Novo Testamento estabelece, com bastante clareza, a constituição DO HOMEM, dividindo o ser encarnado em seus vários planos vibratórios, concordando com toda a tradição iniciática da Índia e Tibet, da China, da Caldeia e Pérsia, do Egito e da Grécia. Embora não encontremos o assunto didaticamente esquematizado em seus elementos, o sentido filosófico transparece nítido dos vários termos e expressões empregados, ao serem nomeadas as partes constituintes do ser humano, ou seja, os vários níveis em que pode tornar-se consciente.


Algumas das palavras são acolhidas do vocabulário filosófico grego (ainda que, por vezes, com pequenas variações de sentido); outras são trazidas da tradição rabínica e talmúdica, do centro iniciático que era a Palestina, e que já entrevemos usadas no Antigo Testamento, sobretudo em suas obras mais recentes.


A CONCEPÇÃO DA DIVINDADE


Já vimos (vol, 1 e vol. 3 e seguintes), que DEUS, (ho théos) é apresentado, no Novo Testamento, como o ESPÍRITO SANTO (tò pneuma tò hágion), o qual se manifesta através do Pai (patêr) ou Lógos (Som Criador, Verbo), e do Filho Unigênito (ho hyiós monogenês), que é o Cristo Cósmico.


DEUS NO HOMEM


Antes de entrar na descrição da concepção do homem, no Novo Testamento, gostaríamos de deixar tem claro nosso pensamento a respeito da LOCALIZAÇÃO da Centelha Divina ou Mônada NO CORA ÇÃO, expressão que usaremos com frequência.


A Centelha (Partícula ou Mônada) é CONSIDERADA por nós como tal; mas, na realidade, ela não se separa do TODO (cfr. vol. 1); logo, ESTÁ NO TODO, e portanto É O TODO (cfr. JO 1:1).


O "TODO" está TODO em TODAS AS COISAS e em cada átomo de cada coisa (cfr. Agostinho, De Trin. 6, 6 e Tomás de Aquino, Summa Theologica, I, q. 8, art. 2, ad 3um; veja vol. 3, pág. 145).


Entretanto, os seres e as coisas acham-se limitados pela forma, pelo espaço, pelo tempo e pela massa; e por isso afirmamos que em cada ser há uma "centelha" ou "partícula" do TODO. No entanto, sendo o TODO infinito, não tem extensão; sendo eterno, é atemporal; sendo indivisível, não tem dimensão; sendo O ESPÍRITO, não tem volume; então, consequentemente, não pode repartir-se em centelhas nem em partículas, mas é, concomitantemente, TUDO EM TODAS AS COISAS (cfr. l. ª Cor. 12:6).


Concluindo: quando falamos em "Centelha Divina" e quando afirmamos que ela está localizada no coração, estamos usando expressões didáticas, para melhor compreensão do pensamento, dificílimo (quase impossível) de traduzir-se em palavras.


De fato, porém, a Divindade está TODA em cada célula do corpo, como em cada um dos átomos de todos os planos espirituais, astrais, físicos ou quaisquer outros que existam. Em nossos corpos físicos e astral, o coração é o órgão preparado para servir de ponto de contato com as vibrações divinas, através, no físico, do nó de Kait-Flake e His; então, didaticamente, dizemos que "o coração é a sede da Centelha Divina".


A CONCEPÇÃO DO HOMEM


O ser humano (ánthrôpos) é considerado como integrado por dois planos principais: a INDIVIDUALIDADE (pneuma) e a PERSONAGEM ou PERSONALIDADE; esta subdivide-se em dois: ALMA (psychê) e CORPO (sôma).


Mas, à semelhança da Divindade (cfr. GN 1:27), o Espírito humano (individualidade ou pneuma) possui tríplice manifestação: l. ª - a CENTELHA DIVINA, ou Cristo, partícula do pneuma hágion; essa centelha que é a fonte de todo o Espirito, está localizada e representada quase sempre por kardia (coração), a parte mais íntima e invisível, o âmago, o Eu Interno e Profundo, centro vital do homem;


2. ª - a MENTE ESPIRITUAL, parte integrante e inseparável da própria Centelha Divina. A Mente, em sua função criadora, é expressa por noús, e está também sediada no coração, sendo a emissora de pensamentos e intuições: a voz silenciosa da super-consciência;


3. ª - O ESPÍRITO, ou "individualização do Pensamento Universal". O "Espírito" propriamente dito, o pneuma, surge "simples e ignorante" (sem saber), e percorre toda a gama evolutiva através dos milênios, desde os mais remotos planos no Antissistema, até os mais elevados píncaros do Sistema (Pietro Ubaldi); no entanto, só recebe a designação de pneuma (Espírito) quando atinge o estágio hominal.


Esses três aspectos constituem, englobamente, na "Grande Síntese" de Pietro Ubaldi, o "ALPHA", o" espírito".


Realmente verificamos que, de acordo com GN 1:27, há correspondência perfeita nessa tríplice manifesta ção do homem com a de Deus: A - ao pneuma hágion (Espírito Santo) correspondente a invisível Centelha, habitante de kardía (coração), ponto de partida da existência;


B - ao patêr (Pai Criador, Verbo, Som Incriado), que é a Mente Divina, corresponde noús (a mente espiritual) que gera os pensamentos e cria a individualização de um ser;


C - Ao Filho Unigênito (Cristo Cósmico) corresponde o Espírito humano, ou Espírito Individualizado, filho da Partícula divina, (a qual constitui a essência ou EU PROFUNDO do homem); a individualidade é o EU que percorre toda a escala evolutiva, um Eu permanente através de todas as encarnações, que possui um NOME "escrito no livro da Vida", e que terminará UNIFICANDO-SE com o EU PROFUNDO ou Centelha Divina, novamente mergulhando no TODO. (Não cabe, aqui, discutir se nessa unificação esse EU perde a individualidade ou a conserva: isso é coisa que está tão infinitamente distante de nós no futuro, que se torna impossível perceber o que acontecerá).


No entanto, assim como Pneuma-Hágion, Patêr e Hyiós (Espírito-Santo, Pai e Filho) são apenas trê "aspectos" de UM SÓ SER INDIVISÍVEL, assim também Cristo-kardía, noús e pneuma (CristoSABEDORIA DO EVANGELHO coração, mente espiritual e Espírito) são somente três "aspectos" de UM SÓ SER INDIVÍVEL, de uma criatura humana.


ENCARNAÇÃO


Ao descer suas vibrações, a fim de poder apoiar-se na matéria, para novamente evoluir, o pneuma atinge primeiro o nível da energia (o BETA Ubaldiano), quando então a mente se "concretiza" no intelecto, se materializa no cérebro, se horizontaliza na personagem, começando sua "crucificação". Nesse ponto, o pneuma já passa a denominar-se psychê ou ALMA. Esta pode considerar-se sob dois aspectos primordiais: a diánoia (o intelecto) que é o "reflexo" da mente, e a psychê propriamente dita isto é, o CORPO ASTRAL, sede das emoções.


Num último passo em direção à matéria, na descida que lhe ajudará a posterior subida, atinge-se então o GAMA Ubaldiano, o estágio que o Novo Testamento designa com os vocábulos diábolos (adversário) e satanás (antagonista), que é o grande OPOSITOR do Espírito, porque é seu PÓLO NEGATIVO: a matéria, o Antissistema. Aí, na matéria, aparece o sôma (corpo), que também pode subdividir-se em: haima (sangue) que constitui o sistema vital ou duplo etérico e sárx (carne) que é a carapaça de células sólidas, último degrau da materialização do espírito.


COMPARAÇÃO


Vejamos se com um exemplo grosseiro nos faremos entender, não esquecendo que omnis comparatio claudicat.


Observemos o funcionamento do rádio. Há dois sistemas básicos: o transmissor (UM) e os receptores (milhares, separados uns dos outros).


Consideremos o transmissor sob três aspectos: A - a Força Potencial, capaz de transmitir;


B - a Antena Emissora, que produz as centelas;


C - a Onda Hertziana, produzida pelas centelhas.


Mal comparando, aí teríamos:

a) - o Espirito-Santo, Força e Luz dos Universos, o Potencial Infinito de Amor Concreto;


b) - o Pai, Verbo ou SOM, ação ativa de Amante, que produz a Vida


c) - o Filho, produto da ação (do Som), o Amado, ou seja, o Cristo Cósmico que permeia e impregna tudo.


Não esqueçamos que TUDO: atmosfera, matéria, seres e coisas, no raio de ação do transmissor, ficam permeados e impregnados em todos os seus átomos com as vibrações da onda hertziana, embora seja esta invisível e inaudível e insensível, com os sentidos desarmados; e que os três elementos (Força-
Antena e Onda) formam UM SÓ transmissor o Consideremos, agora, um receptor. Observaremos que a recepção é feita em três estágios:

a) - a captação da onda


b) - sua transformação


c) - sua exteriorização Na captação da onda, podemos distinguir - embora a operação seja uma só - os seguintes elementos: A - a onda hertziana, que permeia e impregna todos os átomos do aparelho receptor, mas que é captada realmente apenas pela antena;


B - o condensador variável, que estabelece a sintonia com a onda emitida pelo transmissor. Esses dois elementos constituem, de fato, C - o sistema RECEPTOR INDIVIDUAL de cada aparelho. Embora a onda hertziana seja UMA, emitida pelo transmissor, e impregne tudo (Cristo Cósmico), nós nos referimos a uma onda que entra no aparelho (Cristo Interno) e que, mesmo sendo perfeita; será recebida de acordo com a perfeição relativa da antena (coração) e do condensador variável (mente). Essa parte representaria, então, a individualidade, o EU PERFECTÍVEL (o Espírito).


Observemos, agora, o circuito interno do aparelho, sem entrar em pormenores, porque, como dissemos, a comparação é grosseira. Em linhas gerais vemos que a onda captada pelo sistema receptor propriamente dito, sofre modificações, quando passa pelo circuito retificador (que transforma a corrente alternada em contínua), e que representaria o intelecto que horizontaliza as ideias chegadas da mente), e o circuito amplificador, que aumenta a intensidade dos sinais (que seria o psiquismo ou emoções, próprias do corpo astral ou alma).


Uma vez assim modificada, a onda atinge, com suas vibrações, o alto-falante que vibra, reproduzindo os sinais que chegam do transmissor isto é, sentindo as pulsações da onda (seria o corpo vital ou duplo etérico, que nos dá as sensações); e finalmente a parte que dá sonoridade maior, ou seja, a caixa acústica ou móvel do aparelho (correspondente ao corpo físico de matéria densa).


Ora, quanto mais todos esses elementos forem perfeitos, tanto mais fiel e perfeito será a reprodução da onda original que penetrou no aparelho. E quanto menos perfeitos ou mais defeituosos os elementos, mais distorções sofrerá a onda, por vezes reproduzindo, em guinchos e roncos, uma melodia suave e delicada.


Cremos que, apesar de suas falhas naturais, esse exemplo dá a entender o funcionamento do homem, tal como conhecemos hoje, e tal como o vemos descrito em todas as doutrinas espiritualistas, inclusive

—veremos agora quiçá pela primeira vez - nos textos do Novo Testamento.


Antes das provas que traremos, o mais completas possível, vejamos um quadro sinóptico:
θεός DEUS
πνεϋµα άγιον Espírito Santo
λόγος Pai, Verbo, Som Criador
υίός - Χριστό CRISTO - Filho Unigênito
άνθρωπος HOMEM
иαρδία - Χριστ

ό CRISTO - coração (Centelha)


πνεϋµα νους mente individualidade
πνεϋµα Espírito
φυΧή διάγοια intelecto alma
φυΧή corpo astral personagem
σώµα αίµα sangue (Duplo) corpo
σάρ

ξ carne (Corpo)


A - O EMPREGO DAS PALAVRAS


Se apresentada pela primeira vez, como esta, uma teoria precisa ser amplamente documentada e comprovada, para que os estudiosos possam aprofundar o assunto, verificando sua realidade objetiva. Por isso, começaremos apresentando o emprego e a frequência dos termos supracitados, em todos os locais do Novo Testamento.


KARDÍA


Kardía expressa, desde Homero (Ilíada, 1. 225) até Platão (Timeu, 70 c) a sede das faculdades espirituais, da inteligência (ou mente) e dos sentimentos profundos e violentos (cfr. Ilíada, 21,441) podendo até, por vezes, confundir-se com as emoções (as quais, na realidade, são movimentos da psychê, e não propriamente de kardía). Jesus, porém, reiteradamente afirma que o coração é a fonte primeira em que nascem os pensamentos (diríamos a sede do Eu Profundo).


Com este último sentido, a palavra kardía aparece 112 vezes, sendo que uma vez (MT 12:40) em sentido figurado.


MT 5:8, MT 5:28; 6:21; 9:4; 11:29; 12:34 13-15(2x),19; 15:8,18,19; 18;35; 22;37; 24:48; MC 2:6, MC 2:8; 3:5;


4:15; 6;52; 7;6,19,21; 8:11; 11. 23; 12:30,33; LC 1:17, LC 1:51, LC 1:66; 2;19,35,51; 3:5; 5:22; 6:45; 8:12,15;


9:47; 10:27; 12:34; 16:15; 21:14,34; 24;25,32,38; JO 12:40(2x); 13:2; 14:1,27; 16:6,22 AT 2:26, AT 2:37, AT 2:46; AT 4:32; 5:3(2x); 7:23,39,51,54; 8;21,22; 11;23. 13:22; 14:17; 15:9; 16;14; 21:13; 28:27(2x);


RM 1:21, RM 1:24; 2:5,15,29; 5:5; 6:17; 8:27; 9:2; 10:1,6,8,9,10; 16:16; 1. ª Cor. 2:9; 4:5; 7:37; 14:25; 2. ª Cor. 1:22; 2:4; 3:2,3,15; 4:6; 5:12; 6:11; 7:3; 8:16; 9:7; GL 4:6; EF 1:18; EF 3:17; EF 4:18; EF 5:19; EF 6:5, EF 6:22;


Filp. 1:7; 4:7; CL 2:2; CL 3:15, CL 3:16, CL 3:22; CL 4:8; 1. ª Tess. 2:4,17; 3:13; 2. ª Tess. 2:17; 3:5; 1. ª Tim. 1:5; 2. ª Tim.


2:22; HB 3:8, HB 3:10, HB 3:12, HB 3:15; HB 4:7, HB 4:12; 8:10; 10:16,22; Tiago, 1:26; 3:14; 4:8; 5:5,8; 1. ª Pe. 1:22; 3:4,15; 2. ª Pe. 1:19; 2:15; 1; 1. ª JO 3;19,20(2x),21; AP 2:23; AP 17:17; AP 18:7.


NOÚS


Noús não é a "fonte", mas sim a faculdade de criar pensamentos, que é parte integrante e indivisível de kardía, onde tem sede. Já Anaxágoras (in Diógenes Laércio, livro 2. º, n. º 3) diz que noús (o Pensamento Universal Criador) é o "’princípio do movimento"; equipara, assim, noús a Lógos (Som, Palavra, Verbo): o primeiro impulsionador dos movimentos de rotação e translação da poeira cósmica, com isso dando origem aos átomos, os quais pelo sucessivo englobamento das unidades coletivas cada vez mais complexas, formaram os sistemas atômicos, moleculares e, daí subindo, os sistemas solares, gal áxicos, e os universos (cfr. vol. 3. º).


Noús é empregado 23 vezes com esse sentido: o produto de noús (mente) do pensamento (nóêma), usado 6 vezes (2. ª Cor. 2:11:3:14; 4:4; 10:5; 11:3; Filp. 4:7), e o verbo daí derivado, noeín, empregado

14 vezes (3), sendo que com absoluta clareza em João (João 12:40) quando escreve "compreender com o coração" (noêsôsin têi kardíai).


LC 24. 45; RM 1:28; RM 7:23, RM 7:25; 11:34; 12:2; 14. 5; l. ª Cor. 1. 10; 2:16:14:14,15,19; EF 4:17, EF 4:23; Filp.


4:7; CL 2:18; 2. ª Tess. 2. 2; 1. ª Tim. 6:5; 2. ª Tim. 3:8; TT 1:15;AP 13:18.


PNEUMA


Pneuma, o sopro ou Espírito, usado 354 vezes no N. T., toma diversos sentidos básicos: MT 15:17; MT 16:9, MT 16:11; 24:15; MC 7:18; MC 8:17; MC 13:14; JO 12:40; RM 1:20; EF 3:4, EF 3:20; 1. ª Tim. 1:7;


2. ª Tim. 2:7; HB 11:13

1. Pode tratar-se do ESPÍRITO, caracterizado como O SANTO, designando o Amor-Concreto, base e essência de tudo o que existe; seria o correspondente de Brahman, o Absoluto. Aparece com esse sentido, indiscutivelmente, 6 vezes (MT 12:31, MT 12:32; MC 3:29; LC 12:10; JO 4:24:1. ª Cor. 2:11).


Os outros aspectos de DEUS aparecem com as seguintes denominações:

a) - O PAI (ho patêr), quando exprime o segundo aspecto, de Criador, salientando-se a relação entre Deus e as criaturas, 223 vezes (1); mas, quando se trata do simples aspecto de Criador e Conservador da matéria, é usado 43 vezes (2) o vocábulo herdado da filosofia grega, ho lógos, ou seja, o Verbo, a Palavra que, ao proferir o Som Inaudível, movimenta a poeira cósmica, os átomos, as galáxias.


(1) MT 5:16, MT 5:45, MT 5:48; MT 6:1, MT 6:4, MT 6:6, MT 6:8,9,14,15,26,32; 7:11,21; 10:20,29,32,33; 11:25,27; 12:50; 13:43; 15:13; 16:17,27; 18:10,14,19,35; 20:23; 23:9; 24:36; 25:34:26:29,39,42,53; MC 8:25; MC 11:25, MC 11:32; MC 11:14:36; LC 2:49; LC 2:6:36;9:26;10:21,22;11:2,13;12:30,32;22:29,42;23:34,46;24:49;JO 1:14, JO 1:18; JO 1:2:16;3:35;4:21,23;5:1 7,18,19,20,21,22,23,26,36,37,43,45,46,27,32,37,40,44,45,46,57,65;8:18,19,27,28,38,41,42,49,54;10:1 5,17,18,19,25,29,30,32,35,38;11:41;12:26,27,28,49,50;13:1,3;14:2,6,7,8,9,10,11,13,16,20,21,24,26,28, 31,15:1,8,9,10,15,16,23,24,26;16:3,10,15,17,25,26,27,28,32;17:1,5,11,21,24,25; 18:11; 20:17,21;AT 1:4, AT 1:7; AT 1:2:33;Rom. 1:7;6:4;8:15;15:6;1. º Cor. 8:6; 13:2; 15:24; 2. º Cor. 1:2,3; 6:18; 11:31; Gól. 1:1,3,4; 4:6; EF 1:2, EF 1:3, EF 1:17; EF 2:18; EF 2:3:14; 4:6; 5:20; FP 1:2; FP 2:11; FP 4:20; CL 1:2, CL 1:3, CL 1:12:3:17; 1. 0 Teõs. 1:1,3; 3:11,13; 2° Tess. 1:1 2; : 2:16; 1. º Tim. 1:2; 2. º Tim. 1:2; TT 1:4; Flm. 3; HB 1:5; HB 12:9; Tiago 1:17, Tiago 1:27:3:9; 1° Pe. 1:2,3,17; 2. º Pe. 1:17, 1. º JO 1:2,3; 2:1,14,15,16, 22,23,24; 3:1; 4:14; 2. º JO 3,4,9; Jud. 9; AP 1:6; AP 2:28; AP 3:5, AP 3:21; 14:1. (2) MT 8:8; LC 7:7; JO 1:1, JO 1:14; 5:33; 8:31,37,43,51,52,55; 14:23,24; 15:20; 17:61417; 1. º Cor. 1:13; 2. º Cor. 5:19; GL 6:6; Filp. 2:6; Cor. 1:25; 3:16; 4:3; 1. º Tess. 1:6; 2. º Tess. 3:1; 2. º Tim. 2:9; Heb. : 12; 6:1; 7:28; 12:9; Tiago, 1:21,22,23; 1. ° Pe. 1:23; 2. º Pe. 3:5,7; 1. º JO 1:1,10; 2:5,7,14; AP 19:13.


b) - O FILHO UNIGÊNITO (ho hyiós monogenês), que caracteriza o CRISTO CÓSMICO, isto é, toda a criação englobadamente, que é, na realidade profunda, um dos aspectos da Divindade. Não se trata, como é claro, de panteísmo, já que a criação NÃO constitui a Divindade; mas, ao invés, há imanência (Monismo), pois a criação é UM DOS ASPECTOS, apenas, em que se transforma a Divindade. Esta, além da imanência no relativo, é transcendente como Absoluto; além da imanência no tempo, é transcendente como Eterno; além da imanência no finito, é transcendente como Infinito.


A expressão "Filho Unigênito" só é usada por João (1:14,18; 13:16,18 e 1. a JO 4:9). Em todos os demais passos é empregado o termo ho Christós, "O Ungido", ou melhor, "O Permeado pela Divindade", que pode exprimir tanto o CRISTO CÓSMICO que impregna tudo, quanto o CRISTO INTERNO, se o olhamos sob o ponto de vista da Centelha Divina no âmago da criatura.


Quando não é feita distinção nos aspectos manifestantes, o N. T. emprega o termo genérico ho theós Deus", precedido do artigo definido.


2. Além desse sentido, encontramos a palavra pneuma exprimindo o Espírito humano individualizado; essa individualização, que tem a classificação de pneuma, encontra-se a percorrer a trajetória de sua longa viagem, a construir sua própria evolução consciente, através da ascensão pelos planos vibratórios (energia e matéria) que ele anima em seu intérmino caminhar. Notemos, porém, que só recebe a denominação de pneuma (Espírito), quando atinge a individualização completa no estado hominal (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 79: "Os Espíritos são a individualização do Princípio Inteligente, isto é, de noús).


Logicamente, portanto, podemos encontrar espíritos em muitos graus evolutivos, desde os mais ignorantes e atrasados (akátharton) e enfermos (ponêrón) até os mais evoluídos e santos (hágion).


Todas essas distinções são encontradas no N. T., sendo de notar-se que esse termo pneuma pode designar tanto o espírito encarnado quanto, ao lado de outros apelativos, o desencarnado.


Eis, na prática, o emprego da palavra pneuma no N. T. :

a) - pneuma como espírito encarnado (individualidade), 193 vezes: MT 1:18, MT 1:20; 3:11; 4:1; 5:3; 10:20; 26:41; 27:50; MC 1:8; MC 2:8; MC 8:12; MC 14:38; LC 1:47, LC 1:80; 3:16, 22; 8:55; 23:46; 24. 37, 39; JO 1:33; JO 3:5, JO 3:6(2x), 8; 4:23; 6:63; 7:39; 11:33; 13:21; 14:17, 26; 15:26; 16:13; 19-30, 20:22; AT 1:5, AT 1:8; 5:3; 32:7:59; 10:38; 11:12,16; 17:16; 18:25; 19:21; 20:22; RM 1:4, RM 1:9; 5:5; 8:2, 4, 5(2x), 6, 9(3x), 10, 11(2x),13, 14, 15(2x), 16(2x), 27; 9:1; 12:11; 14:17; 15:13, 16, 19, 30; 1° Cor. 2:4, 10(2x), 11, 12; 3:16; 5:3,4, 5; 6:11, 17, 19; 7:34, 40; 12:4, 7, 8(2x), 9(2x), 11, 13(2x); 14:2, 12, 14, 15(2x), 16:32; 15:45; 16:18; 2º Cor. 1:22; 2:13; 3:3, 6, 8, 17(2x), 18; 5:5; 6:6; 7:1, 13; 12:18; 13:13; GL 3:2, GL 3:3, GL 3:5; 4:6, 29; 5:5,16,17(2x), 18, 22, 25(2x1); 6:8(2x),18; EF 1:13, EF 1:17; 2:18, 22; 3:5, 16; 4:3, 4:23; 5:18; 6:17, 18; Philp. 1:19, 27; 2:1; 3:3; 4:23; CL 1:8; CL 2:5; 1º Tess. 1:5, 6; 4:8; 5:23; 2. º Tess. 2:13; 1. º Tim. 3:16; 4:22; 2. º Tim. 1:14; TT 3:5; HB 4:12, HB 6:4; HB 9:14; HB 10:29; HB 12:9; Tiago, 2:26:4:4; 1. º Pe. 1:2, 11, 12; 3:4, 18; 4:6,14; 1. º JO 3:24; JO 4:13; JO 5:6(2x),7; Jud. 19:20; AP 1:10; AP 4:2; AP 11:11.


b) - pneuma como espírito desencarnado:


I - evoluído ou puro, 107 vezes:


MT 3:16; MT 12:18, MT 12:28; 22:43; MC 1:10, MC 1:12; 12:36; 13. 11; LC 1:15, LC 1:16, LC 1:41, LC 1:67; 2:25, 27; 4:1, 14, 18; 10:21; 11:13; 12:12; JO 1:32; JO 3:34; AT 1:2, AT 1:16; 2:4(2x), 17, 18, 33(2x), 38; 4:8; 25, 31; 6:3, 10; 7:51, 55; 8:15, 17, 18, 19, 29, 39; 9:17, 31; 10:19, 44, 45, 47; 11:15, 24, 28; 13:2, 4, 9, 52; 15:8, 28; 16:6, 7; 19:1, 2, 6; 20:22, 28; 21:4, 11; 23:8, 9; 28:25; 1. º Cor. 12:3(2x), 10; 1. º Tess. 5:9; 2. º Tess. 2:2; 1. ° Tim. 4:1; HB 1:7, HB 1:14; 2:4; 3:7; 9:8; 10:15; 12:23; 2. º Pe. 1:21; 1. ° JO 4:1(2x), 2, 3, 6; AP 1:4; AP 2:7, AP 2:11, AP 2:17, AP 2:29; 3:1, 6, 13, 22; 4:5; 5:6; 14:13; 17:3:19. 10; 21. 10; 22:6, 17.


II - involuído ou não-purificado, 39 vezes:


MT 8:16; MT 10:1; MT 12:43, MT 12:45; MC 1:23, MC 1:27; 3:11, 30; 5:2, 8, 13; 6:7; 7:25; 9:19; LC 4:36; LC 6:18; LC 7:21; LC 8:2; LC 10:20; LC 11:24, LC 11:26; 13:11; AT 5:16; AT 8:7; AT 16:16, AT 19:12, AT 19:13, AT 19:15, AT 19:16; RM 11:8:1. ° Cor. 2:12; 2. º Cor. 11:4; EF 2:2; 1. º Pe. 3:19; 1. º JO 4:2, 6; AP 13:15; AP 16:13; AP 18:2.


c) - pneuma como "espírito" no sentido abstrato de "caráter", 7 vezes: (JO 6:63; RM 2:29; 1. ª Cor. 2:12:4:21:2. ª Cor. 4:13; GL 6:1 e GL 6:2. ª Tim. 1:7)


d) - pneuma no sentido de "sopro", 1 vez: 2. ª Tess. 2:8 Todavia, devemos acrescentar que o espírito fora da matéria recebia outros apelativo, conforme vimos (vol. 1) e que não é inútil recordar, citando os locais.


PHÁNTASMA, quando o espírito, corpo astral ou perispírito se torna visível; termo que, embora frequente entre os gregos, só aparece, no N. T., duas vezes (MT 14:26 e MC 6:49).

ÁGGELOS (Anjo), empregado 170 vezes, designa um espírito evoluído (embora nem sempre de categoria acima da humana); essa denominação específica que, no momento em que é citada, tal entidade seja de nível humano ou supra-humano - está executando uma tarefa especial, como encarrega de "dar uma mensagem", de "levar um recado" de seus superiores hierárquicos (geralmente dizendo-se "de Deus"): MT 1:20, MT 1:24; 2:9, 10, 13, 15, 19, 21; 4:6, 11; 8:26; 10:3, 7, 22; 11:10, 13; 12:7, 8, 9, 10, 11, 23; 13:39, 41, 49; 16:27; 18:10; 22:30; 24:31, 36; 25:31, 41; 26:53; 27:23; 28:2, 5; MC 1:2, MC 1:13; 8:38; 12:25; 13:27, 32; LC 1:11, LC 1:13, LC 1:18, LC 1:19, 26, 30, 34, 35, 38; 4:10, 11; 7:24, 27; 9:26, 52; 12:8; 16:22; 22:43; 24:23; JO 1:51; JO 12:29; JO 20:12 AT 5:19; AT 6:15; AT 7:30, AT 7:35, AT 7:38, AT 7:52; 12:15; 23:8, 9; RM 8:38; 1. ° Cor. 4:9; 6:3; 11:10; 13:1; 2. º Cor. 11:14; 12:7; GL 1:8; GL 3:19; GL 4:14; CL 2:18; 2. º Tess. 1:7; 1. ° Tim. 3:16; 5:21; HB 1:4, HB 1:5, HB 1:6, HB 1:7, 13; 2:2, 5, 7, 9, 16; 12:22; 13:2; Tiago 2:25; 1. º Pe. 1:4, 11; Jud. 6; AP 1:1, AP 1:20; 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 5, 7, 9, 14; 5:2, 11; 7:1, 11; 8:2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 13; 9:1, 11, 13, 14, 15; 10:1, 5, 7, 8, 9, 10; 11:15; 12:7, 9, 17; 14:6, 9, 10, 15, 17, 18, 19; 15:1, 6, 7, 8, 10; 16:1, 5; 17:1, 7; 18:1, 21; 19:17; 20:1; 21:9, 12, 17; 22:6, 8, 16. BEEZEBOUL, usado 7 vezes: (MT 7. 25; 12:24, 27; MC 3:22; LC 11:15, LC 11:18, LC 11:19) só nos Evangelhos, é uma designação de chefe" de falange, "cabeça" de espíritos involuído.


DAIMÔN (uma vez, em MT 8:31) ou DAIMÓNION, 55 vezes, refere-se sempre a um espírito familiar desencarnado, que ainda conserva sua personalidade humana mesmo além túmulo. Entre os gregos, esse termo designava quer o eu interno, quer o "guia". Já no N. T. essa palavra identifica sempre um espírito ainda não-esclarecido, não evoluído, preso à última encarnação terrena, cuja presença prejudica o encarnado ao qual esteja ligado; tanto assim que o termo "demoníaco" é, para Tiago, sinônimo de "personalístico", terreno, psíquico. "não é essa sabedoria que desce do alto, mas a terrena (epígeia), a personalista (psychike), a demoníaca (demoniôdês). (Tiago, 3:15)


MT 7:22; MT 9:33, MT 9:34; 12:24, 27, 28; 10:8; 11:18; 17:18; MC 1:34, MC 1:39; 3:15, 22; 6:13; 7:26, 29, 30; 9:38; 16:9, 17; LC 4:33, LC 4:35, LC 4:41; 7:33; 8:2, 27, 29, 30, 33, 35, 38; 9:1, 42, 49; 10:17; 11:14, 15, 18, 19, 20; 13:32; JO 7:2; JO 8:48, JO 8:49, JO 8:52; 10:20, 21; AT 17:18; 1. ª Cor. 10:20, 21; 1. º Tim. 4:1; Tiago 2:16; Apoc 9:20; 16:24 e 18:2.


Ao falar de desencarnados, aproveitemos para observar como era designado o fenômeno da psicofonia: I - quando se refere a uma obsessão, com o verbo daimonízesthai, que aparece 13 vezes (MT 4:24;


8:16, 28, 33; 9:32; 12:22; 15:22; Marc 1:32; 5:15, 16, 18; LC 8:36; JO 10:21, portanto, só empregado pelos evangelistas).


II - quando se refere a um espírito evoluído, encontramos as expressões:

• "cheio de um espírito (plêrês, LC 4:1; AT 6:3, AT 6:5; 7:55; 11:24 - portanto só empregado por Lucas);


• "encher-se" (pimplánai ou plêthein, LC 1:15, LC 1:41, LC 1:67; AT 2:4; AT 4:8, AT 4:31; 9:17; 13:19 - portanto, só usado por Lucas);


• "conturbar-se" (tarássein), JO 11:33 e JO 13:21).


Já deixamos bem claro (vol 1) que os termos satanás ("antagonista"), diábolos ("adversário") e peirázôn ("tentador") jamais se referem, no N. T., a espíritos desencarnados, mas expressam sempre "a matéria, e por conseguinte também a "personalidade", a personagem humana que, com seu intelecto vaidoso, se opõe, antagoniza e, como adversário natural do espírito, tenta-o (como escreveu Paulo: "a carne (matéria) luta contra o espírito e o espírito contra a carne", GL 5:17).


Esses termos aparecem: satanãs, 33 vezes (MT 4:10; MT 12:26; MT 16:23; MC 1:13; MC 3:23, MC 3:26; 4:15; 8:33; LC 10:18; LC 11:18; LC 13:16; LC 22:3; JO 13:27, JO 13:31; AT 5:3; AT 26:18; RM 16:20; 1. º Cor. 5:5; 7:5; 2. º Cor. 2:11; 11:14; 12:17; 1. ° Tess. 2:18; 2. º Tess. 2:9; 1. º Tim. 1:20; 5:15; AP 2:9, AP 2:13, AP 2:24; 3:9; 12:9; 20:2, 7); diábolos, 35 vezes (MT 4:1, MT 4:5, MT 4:8, MT 4:11; 13:39; 25:41; LC 4:2, LC 4:3, LC 4:6, LC 4:13; 8:12; JO 6:70; JO 8:44; JO 13:2; AT 10:38; AT 13:10; EF 4:27; EF 6:11; 1. º Tim. 3:6, 7, 11; 2. º Tim. 2:26; 3:3 TT 2:3; HB 2:14; Tiago, 4:7; 1. º Pe. 5:8; 1. º JO 3:8, 10; Jud. 9; AP 2:10; AP 12:9, AP 12:12; 20:2,10) e peirázôn, duas vezes (MT 4:3 e MT 4:1. ª Tess. 3:5).


DIÁNOIA


Diánoia exprime a faculdade de refletir (diá+noús), isto é, o raciocínio; é o intelecto que na matéria, reflete a mente espiritual (noús), projetando-se em "várias direções" (diá) no mesmo plano. Usado 12 vezes (MT 22:37; MC 12:30: LC 1:51; LC 10:27: EF 2:3; EF 4:18; CL 1:21; HB 8:10; HB 10:16; 1. ª Pe. 1:13; 2. ª Pe. 3:1; 1. ª JO 5:20) na forma diánoia; e na forma dianóêma (o pensamento) uma vez em LC 11:17. Como sinônimo de diánoia, encontramos, também, synesis (compreensão) 7 vezes (MC 12:33; LC 2:47; 1. ª Cor. 1:19; EF 3:4; CL 1:9 e CL 2:2; e 2. ª Tim. 2:7). Como veremos logo abaixo, diánoia é parte inerente da psychê, (alma).


PSYCHÊ


Psychê é a ALMA, isto é, o "espírito encarnado (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 134: " alma é o espírito encarnado", resposta dada, evidentemente, por um "espírito" afeito à leitura do Novo Testamento).


A psychê era considerada pelos gregos como o atualmente chamado "corpo astral", já que era sede dos desejos e paixões, isto é, das emoções (cfr. Ésquilo, Persas, 841; Teócrito, 16:24; Xenofonte, Ciropedia, 6. 2. 28 e 33; Xen., Memoráveis de Sócrates, 1. 13:14; Píndaro, Olímpicas, 2. 125; Heródoto, 3. 14; Tucídides, 2. 40, etc.) . Mas psychê também incluía, segundo os gregos, a diánoia ou synesis, isto é, o intelecto (cfr. Heródoto, 5. 124; Sófocles, Édipo em Colona, 1207; Xenofonte, Hieron, 7. 12; Plat ão, Crátilo, 400 a).


No sentido de "espírito" (alma de mortos) foi usada por Homero (cfr. Ilíada 1. 3; 23. 65, 72, 100, 104;


Odisseia, 11. 207,213,222; 24. 14 etc.), mas esse sentido foi depressa abandonado, substituído por outros sinônimos (pnenma, eikôn, phántasma, skiá, daimôn, etc.) .


Psychê é empregado quase sempre no sentido de espírito preso à matéria (encarnado) ou seja, como sede da vida, e até como a própria vida humana, isto é, a personagem terrena (sede do intelecto e das emoções) em 92 passos: Mar. 2:20; 6:25; 10:28, 39; 11:29; 12:18; 16:25, 26; 20:28; 22:37; 26:38; MC 3:4; MC 8:35, MC 8:36, MC 8:37; 10:45; 12:30; 14:34; LC 1:46; LC 2:35; LC 6:9; LC 9:24(2x), 56; 10:27; 12:19, 20, 22, 23; 14:26; 17:33; 21:19; JO 10:11, JO 10:15, JO 10:17, JO 10:18, 24; 12:25, 27; 13:37, 38; 15:13; AT 2:27, AT 2:41, AT 2:43; 3:23; 4:32; 7:14; 14:2, 22; 15:24, 26; 20:10, 24; 27:10, 22, 37, 44; RM 2:9; RM 11:3; RM 13:1; RM 16:4; 1. º Cor. 15:45; 2. º Cor. 1:23; 12:15; EF 6:6; CL 3:23; Flp. 1:27; 2:30; 1. º Tess. 2:8; 5:23; HB 4:12; HB 6:19; HB 10:38, HB 10:39; 12:3; 13:17; Tiago 1:21; Tiago 5:20; 1. º Pe. 1:9, 22; 2:11, 25; 4:19; 2. º Pe. 2:8, 14; 1. º JO 3:16; 3. º JO 2; AP 12:11; AP 16:3; AP 18:13, AP 18:14.


Note-se, todavia, que no Apocalipse (6:9:8:9 e 20:4) o termo é aplicado aos desencarnados por morte violenta, por ainda conservarem, no além-túmulo, as características da última personagem terrena.


O adjetivo psychikós é empregado com o mesmo sentido de personalidade (l. ª Cor. 2:14; 15:44, 46; Tiago, 3:15; Jud. 19).


Os outros termos, que entre os gregos eram usados nesse sentido de "espírito desencarnado", o N. T.


não os emprega com essa interpretação, conforme pode ser verificado:

EIDOS (aparência) - LC 3:22; LC 9:29; JO 5:37; 2. ª Cor. 5:7; 1. ª Tess. 5:22.


EIDÔLON (ídolo) - AT 7:41; AT 15:20; RM 2:22; 1. ª Cor. 8:4, 7; 10:19; 12; 2; 2. ª Cor. 6:16; 1. ª Tess.


1:9; 1. ª JO 5:21; AP 9:20.


EIKÔN (imagem) - MT 22:20; MC 12:16; LC 20:24; RM 1:23; 1. ª Cor. 11:7; 15:49 (2x) ; 2. ª Cor. 3:18; 4:4; CL 1:5; CL 3:10; HB 10:11; AP 13:14; AP 14:2, AP 14:11; 15:2; 19 : 20; 20 : 4.


SKIÁ (sombra) - MT 4:16; MC 4:32; LC 1:79; AT 5:15; CL 2:17; HB 8:5; HB 10:1.


Também entre os gregos, desde Homero, havia a palavra thumós, que era tomada no sentido de alma encarnada". Teve ainda sentidos diversos, exprimindo "coração" quer como sede do intelecto, quer como sede das paixões. Fixou-se, entretanto, mais neste último sentido, e toda, as vezes que a deparamos no Novo Testamento é, parece, com o designativo "força". (Cfr. LC 4:28; AT 19:28; RM 2:8; 2. ª Cor. 12:20; GL 5:20; EF 4:31; CL 3:8; HB 11:27; AP 12:12; AP 14:8, AP 14:10, AP 14:19; 15:1, 7; 16:1, 19; 18:3 e 19:15)


SOMA


Soma exprime o corpo, geralmente o físico denso, que é subdividido em carne (sárx) e sangue (haima), ou seja, que compreende o físico denso e o duplo etérico (e aqui retificamos o que saiu publicado no vol. 1, onde dissemos que "sangue" representava o astral).


Já no N. T. encontramos uma antecipação da moderna qualificação de "corpos", atribuída aos planos ou níveis em que o homem pode tornar-se consciente. Paulo, por exemplo, emprega soma para os planos espirituais; ao distinguir os "corpos" celestes (sómata epouránia) dos "corpos" terrestres (sómata epígeia), ele emprega soma para o físico denso (em lugar de sárx), para o corpo astral (sôma psychikôn) e para o corpo espiritual (sôma pneumatikón) em 1. ª Cor. 15:40 e 44.


No N. T. soma é empregado ao todo 123 vezes, sendo 107 vezes no sentido de corpo físico-denso (material, unido ou não à psychê);


MT 5:29, MT 5:30; 6:22, 25; 10:28(2x); 26:12; 27:58, 59; MC 5:29; MC 14:8; MC 15:43; LC 11:34; LC 12:4, LC 12:22, LC 12:23; 17:37; 23:52, 55; 24:3, 23; JO 2:21; JO 19:31, JO 19:38, JO 19:40; 20:12; Aros. 9:40; RM 1:24; RM 4:19; RM 6:6, RM 6:12; 7:4, 24; 8:10, 11, 13, 23; 12:1, 4; 1. º Cor. 5:13; 6:13(2x), 20; 7:4(2x), 34; 9:27; 12:12(3x),14, 15(2x), 16 (2x), 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 25; 13:3; 15:37, 38(2x) 40). 2. 0 Cor. 4:40; 5:610; 10:10; 12:2(2x); Gól. 6:17; EF 2:16; EF 5:23, EF 5:28; Ft. 3:21; CL 2:11, CL 2:23; 1. º Tess. 5:23; HB 10:5, HB 10:10, HB 10:22; 13:3, 11; Tiago 2:11, Tiago 2:26; 3:2, 3, 6; 1. º Pe. 2:24; Jud. 9; AP 18:13. Três vezes como "corpo astral" (MT 27:42; 1. ª Cor. 15:14, duas vezes); duas vezes como "corpo espiritual" (1. º Cor. 15:41); e onze vezes com sentido simbólico, referindo-se ao pão, tomado como símbolo do corpo de Cristo (MT 26:26; MC 14:22; LC 22:19; RM 12:5; 1. ª Cor. 6:15; 10:16, 17; 11:24; 12:13, 27; EF 1:23; EF 4:4, EF 4:12, EF 4:16; Filp. 1:20; CL 1:18, CL 1:22; 2:17; 3:15).


HAIMA


Haima, o sangue, exprime, como vimos, o corpo vital, isto é, a parte que dá vitalização à carne (sárx), a qual, sem o sangue, é simples cadáver.


O sangue era considerado uma entidade a parte, representando o que hoje chamamos "duplo etérico" ou "corpo vital". Baste-nos, como confirmação, recordar que o Antigo Testamento define o sangue como "a alma de toda carne" (LV 17:11-14). Suma importância, por isso, é atribuída ao derramamento de sangue, que exprime privação da "vida", e representa quer o sacrifício em resgate de erros e crimes, quer o testemunho de uma verdade.


A palavra é assim usada no N. T. :

a) - sangue de vítimas (HB 9:7, HB 9:12, HB 9:13, HB 9:18, 19, 20, 21, 22, 25; 10:4; 11:28; 13:11). Observe-se que só nessa carta há preocupação com esse aspecto;


b) - sangue de Jesus, quer literalmente (MT 27:4, MT 27:6, MT 27:24, MT 27:25; LC 22:20; JO 19:34; AT 5:28; AT 20:28; RM 5:25; RM 5:9; EF 1:7; EF 2:13; CL 1:20; HB 9:14; HB 10:19, HB 10:29; 12:24; 13:12, 20; 1. ª Pe. 1:2,19; 1. ª JO 1:7; 5:6, 8; AP 1:5; AP 5:9; AP 7:14; AP 12:11); quer simbolicamente, quando se refere ao vinho, como símbolo do sangue de Cristo (MT 26:28; MC 14:24; JO 6:53, JO 6:54, JO 6:55, JO 6:56; 1. ª Cor. 10:16; 11:25, 27).


c) - o sangue derramado como testemunho de uma verdade (MT 23:30, MT 23:35; 27:4; LC 13:1; AT 1:9; AT 18:6; AT 20:26; AT 22:20; RM 3:15; HB 12:4; AP 6:10; 14,: 20; 16:6; 17:6; 19:2, 13).


d) - ou em circunstâncias várias (MC 5:25, MC 5:29; 16:7; LC 22:44; JO 1:13; AT 2:19, AT 2:20; 15:20, 29; 17:26; 21:25; 1. ª Cor. 15:50; GL 1:16; EF 6:12; HB 2:14; AP 6:12; AP 8:7; AP 15:3, AP 15:4; 11:6).


SÁRX


Sárx é a carne, expressão do elemento mais grosseiro do homem, embora essa palavra substitua, muitas vezes, o complexo soma, ou seja, se entenda, com esse termo, ao mesmo tempo "carne" e "sangue".


Apesar de ter sido empregada simbolicamente por Jesus (JO 6:51, JO 6:52, JO 6:53, JO 6:54, 55 e 56), seu uso é mais literal em todo o resto do N. T., em 120 outros locais: MT 19:56; MT 24:22; MT 26:41; MC 10:8; MC 13:20; MC 14:38; LC 3:6; LC 24:39; JO 1:14; JO 3:6(2x); 6:63; 8:15; 17:2; AT 2:7, AT 2:26, AT 2:31; RM 1:3; RM 2:28; RM 3:20; RM 4:1; RM 6:19; RM 7:5, RM 7:18, RM 7:25; 8:3, 4(2x), 5(2x), 6, 7, 8, 9, 13(2x); 9:358; 11:14; 13:14; 1. º Cor. 1:2629; 5:5; 6:16; 7:28;10:18; 15:39(2x),50; 2. º Cor. 1:17; 4:11; 5:16; 7:1,5; 10:2,3(2x); 1:18; 12:7; GL 2:16, GL 2:20; 3:3; 4:13, 14, 23; 5:13, 16, 17, 19, 24; 6:8(2x), 12, 13; EF 2:3, EF 2:11, EF 2:14; 5:29, 30, 31; 6:5; CL 1:22, CL 1:24; 2:1, 5, 11, 13, 18, 23; 3:22, 24; 3:34; 1. º Tim. 3:6; Flm. 16; HB 5:7; HB 9:10, HB 9:13; 10:20; 12:9; Tiago 5:3; 1. º Pe. 1:24; 3;18, 21; 4:1, 2, 6; 2. º Pe. 2:10, 18; 1. º JO 2:16; 4:2; 2. º JO 7; Jud. 7, 8, 23; AP 17:16; AP 19:21.


B - TEXTOS COMPROBATÓRIOS


Respiguemos, agora, alguns trechos do N. T., a fim de comprovar nossas conclusões a respeito desta nova teoria.


Comecemos pela distinção que fazemos entre individualidade (ou Espírito) e a personagem transitória humana.


INDIVIDUALIDADE- PERSONAGEM


Encontramos essa distinção explicitamente ensinada por Paulo (l. ª Cor. 15:35-50) que classifica a individualidade entre os "corpos celestiais" (sómata epouránia), isto é, de origem espiritual; e a personagem terrena entre os "corpos terrenos" (sómata epígeia), ou seja, que têm sua origem no próprio planeta Terra, de onde tiram seus elementos constitutivos (físicos e químicos). Logo a seguir, Paulo torna mais claro seu pensamento, denominando a individualidade de "corpo espiritual" (sôma pneumatikón) e a personagem humana de "corpo psíquico" (sôma psychikón). Com absoluta nitidez, afirma que a individualidade é o "Espírito vivificante" (pneuma zoopioún), porque dá vida; e que a personagem, no plano já da energia, é a "alma que vive" (psychê zôsan), pois recebe vida do Espírito que lhe constitui a essência profunda.


Entretanto, para evitar dúvidas ou más interpretações quanto ao sentido ascensional da evolução, assevera taxativamente que o desenvolvimento começa com a personalidade (alma vivente) e só depois que esta se desenvolve, é que pode atingir-se o desabrochar da individualidade (Espírito vivificante).


Temos, pois, bem estabelecida a diferença fundamental, ensinada no N. T., entre psychê (alma) e pneuma (Espírito).


Mas há outros passos em que esses dois elementos são claramente distinguidos:

1) No Cântico de Maria (LC 1:46) sentimos a diferença nas palavras "Minha alma (psychê) engrandece o Senhor e meu Espírito (pneuma) se alegra em Deus meu Salvador".


2) Paulo (Filp. 1:27) recomenda que os cristãos tenham "um só Espírito (pneuma) e uma só alma (psychê), distinção desnecessária, se não expressassem essas palavras coisas diferentes.


3) Ainda Paulo (l. ª Tess. 5:23) faz votos que os fiéis "sejam santificados e guardados no Espírito (pneuma) na alma (psychê) e no corpo (sôma)", deixando bem estabelecida a tríade que assinalamos desde o início.


4) Mais claro ainda é o autor da Carta dos Hebreus (quer seja Paulo Apolo ou Clemente Romano), ao


. utilizar-se de uma expressão sintomática, que diz: "o Logos Divino é Vivo, Eficaz; e mais penetrante que qualquer espada, atingindo até a divisão entre o Espirito (pneuma) e a alma (psychê)" (HB 4:12); aí não há discussão: existe realmente uma divisão entre espírito e alma.


5) Comparando, ainda, a personagem (psiquismo) com a individualidade Paulo afirma que "fala não palavras aprendidas pela sabedoria humana, mas aprendidas do Espírito (divino), comparando as coisas espirituais com as espirituais"; e acrescenta, como esclarecimento e razão: "o homem psíquico (ho ánthrôpos psychikós, isto é, a personagem intelectualizada) não percebe as coisas do Espírito Divino: são tolices para ele, e não pode compreender o que é discernido espiritualmente; mas o homem espiritual (ho ánthrôpos pneumatikós, ou, seja, a individualidade) discerne tudo, embora não seja discernido por ninguém" (1. ª Cor. 2:13-15).


Portanto, não há dúvida de que o N. T. aceita os dois aspectos do "homem": a parte espiritual, a tríade superior ou individualidade (ánthrôpos pneumatikós) e a parte psíquica, o quaternário inferior ou personalidade ou personagem (ánthrôpos psychikós).


O CORPO


Penetremos, agora, numa especificação maior, observando o emprego da palavra soma (corpo), em seu complexo carne-sangue, já que, em vários passos, não só o termo sárx é usado em lugar de soma, como também o adjetivo sarkikós (ou sarkínos) se refere, como parte externa visível, a toda a personagem, ou seja, ao espírito encarnado e preso à matéria; e isto sobretudo naqueles que, por seu atraso, ainda acreditam que seu verdadeiro eu é o complexo físico, já que nem percebem sua essência espiritual.


Paulo, por exemplo, justifica-se de não escrever aos coríntios lições mais sublimes, porque não pode falar-lhes como a "espirituais" (pnenmatikoí, criaturas que, mesmo encarnadas, já vivem na individualidade), mas só como a "carnais" (sarkínoi, que vivem só na personagem). Como a crianças em Cristo (isto é, como a principiantes no processo do conhecimento crístico), dando-lhes leite a beber, não comida, pois ainda não na podem suportar; "e nem agora o posso, acrescenta ele, pois ainda sois carnais" (1. ª Cor. 3:1-2).


Dessa forma, todos os que se encontram na fase em que domina a personagem terrena são descritos por Paulo como não percebendo o Espírito: "os que são segundo a carne, pensam segundo a carne", em oposição aos "que são segundo o espírito, que pensam segundo o espírito". Logo a seguir define a "sabedoria da carne como morte, enquanto a sabedoria do Espírito é Vida e Paz" (Rom, 8:5-6).


Essa distinção também foi afirmada por Jesus, quando disse que "o espírito está pronto (no sentido de" disposto"), mas a carne é fraca" (MT 26:41; MC 14:38). Talvez por isso o autor da Carta aos Hebreus escreveu, ao lembrar-se quiçá desse episódio, que Jesus "nos dias de sua carne (quando encarnado), oferecendo preces e súplicas com grande clamor e lágrimas Àquele que podia livrá-lo da morte, foi ouvido por causa de sua devoção e, não obstante ser Filho de Deus (o mais elevado grau do adeptado, cfr. vol. 1), aprendeu a obediência por meio das coisas que sofreu" (Heb, 5:7-8).


Ora, sendo assim fraca e medrosa a personagem humana, sempre tendente para o mal como expoente típico do Antissistema, Paulo tem o cuidado de avisar que "não devemos submeter-nos aos desejos da carne", pois esta antagoniza o Espírito (isto é constitui seu adversário ou diábolos). Aconselha, então que não se faça o que ela deseja, e conforta os "que são do Espírito", assegurando-lhes que, embora vivam na personalidade, "não estão sob a lei" (GL 5:16-18). A razão é dada em outro passo: "O Senhor é Espírito: onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2. ª Cor. 3:17).


Segundo o autor da Carta aos Hebreus, esta foi uma das finalidades da encarnação de Jesus: livrar a personagem humana do medo da morte. E neste trecho confirma as palavras do Mestre a Nicodemos: "o que nasce de carne é carne" (JO 3:6), esclarecendo, ao mesmo tempo, no campo da psicobiologia, (o problema da hereditariedade: dos pais, os filhos só herdam a carne e o sangue (corpo físico e duplo etérico), já que a psychê é herdeira do pneuma ("o que nasce de espírito, é espírito", João, ibidem). Escreve, então: "como os filhos têm a mesma natureza (kekoinônêken) na carne e no sangue, assim ele (Jesus) participou da carne e do sangue para que, por sua morte, destruísse o adversário (diábolos, a matéria), o qual possui o império da morte, a fim de libertá-las (as criaturas), já que durante toda a vida elas estavam sujeitas ao medo da morte" (HB 2:14).


Ainda no setor da morte, Jesus confirma, mais uma vez, a oposição corpo-alma: "não temais os que matam o corpo: temei o que pode matar a alma (psychê) e o corpo (sôma)" (MT 10:28). Note-se, mais uma vez, a precisão (elegantia) vocabular de Jesus, que não fala em pneuma, que é indestrutível, mas em psychê, ou seja, o corpo astral sujeito a estragos e até morte.


Interessante observar que alguns capítulos adiante, o mesmo evangelista (MT 27:52) usa o termo soma para designar o corpo astral ou perispírito: "e muitos corpos dos santos que dormiam, despertaram".


Refere-se ao choque terrível da desencarnação de Jesus, que foi tão violento no plano astral, que despertou os desencarnados que se encontravam adormecidos e talvez ainda presos aos seus cadáveres, na hibernação dos que desencarnam despreparados. E como era natural, ao despertarem, dirigiram-se para suas casas, tendo sido percebidos pelos videntes.


Há um texto de Paulo que nos deixa em suspenso, sem distinguirmos se ele se refere ao corpo físico (carne) ou ao psíquico (astral): "conheço um homem em Cristo (uma individualidade já cristificada) que há catorze anos - se no corpo (en sômai) não sei, se fora do corpo (ektòs sômatos) não sei: Deus

sabe foi raptado ao terceiro céu" (l. ª Cor. 12:2). É uma confissão de êxtase (ou talvez de "encontro"?), em que o próprio experimentador se declara inapto a distinguir se se tratava de um movimento puramente espiritual (fora do corpo), ou se tivera a participação do corpo psíquico (astral); nem pode verificar se todo o processo se realizou com pneuma e psychê dentro ou fora do corpo.


Entretanto, de uma coisa ele tem certeza absoluta: a parte inferior do homem, a carne e o sangue, esses não participaram do processo. Essa certeza é tão forte, que ele pode ensinar taxativamente e sem titubeios, que o físico denso e o duplo etérico não se unificam com a Centelha Divina, não "entram no reino dos céus", sendo esta uma faculdade apenas de pneuma, e, no máximo, de psychê. E ele o diz com ênfase: "isto eu vos digo, irmãos, que a carne (sárx) e o sangue (haima) NÃO PODEM possuir o reino de Deus" (l. ª Cor. 15:50). Note-se que essa afirmativa é uma negação violenta do "dogma" da ressurreição da carne.


ALMA


Num plano mais elevado, vejamos o que nos diz o N. T. a respeito da psychê e da diánoia, isto é, da alma e do intelecto a esta inerente como um de seus aspectos.


Como a carne é, na realidade dos fatos, incapaz de vontades e desejos, que provêm do intelecto, Paulo afirma que "outrora andávamos nos desejos de nossa carne", esclarecendo, porém, que fazíamos "a vontade da carne (sárx) e do intelecto (diánoia)" (EF 2:3). De fato "o afastamento e a inimizade entre Espírito e corpo surgem por meio do intelecto" (CL 1. 21).


A distinção entre intelecto (faculdade de refletir, existente na personagem) e mente (faculdade inerente ao coração, que cria os pensamentos) pode parecer sutil, mas já era feita na antiguidade, e Jerem ías escreveu que YHWH "dá suas leis ao intelecto (diánoia), mas as escreve no coração" (JR 31:33, citado certo em HB 8:10, e com os termos invertidos em HB 10:16). Aí bem se diversificam as funções: o intelecto recebe a dádiva, refletindo-a do coração, onde ela está gravada.


Realmente a psychê corresponde ao corpo astral, sede das emoções. Embora alguns textos no N. T.


atribuam emoções a kardía, Jesus deixou claro que só a psychê é atingível pelas angústias e aflições, asseverando: "minha alma (psychê) está perturbada" (MT 26:38; MC 14:34; JO 12:27). Jesus não fala em kardía nem em pneuma.


A MENTE


Noús é a MENTE ESPIRITUAL, a individualizadora de pneuma, e parte integrante ou aspecto de kardía. E Paulo, ao salientar a necessidade de revestir-nos do Homem Novo (de passar a viver na individualidade) ordena que "nos renovemos no Espírito de nossa Mente" (EF 4:23-24), e não do intelecto, que é personalista e divisionário.


E ao destacar a luta entre a individualidade e a personagem encarnada, sublinha que "vê outra lei em seus membros (corpo) que se opõem à lei de sua mente (noús), e o aprisiona na lei do erro que existe em seus membros" (RM 7:23).


A mente espiritual, e só ela, pode entender a sabedoria do Cristo; e este não se dirige ao intelecto para obter a compreensão dos discípulos: "e então abriu-lhes a mente (noún) para que compreendessem as Escrituras" (LC 24:45). Até então, durante a viagem (bastante longa) ia conversando com os "discípulos de Emaús". falando-lhes ao intelecto e provando-lhes que o Filho do Homem tinha que sofrer; mas eles não O reconheceram. Mas quando lhes abriu a MENTE, imediatamente eles perceberam o Cristo.


Essa mente é, sem dúvida, um aspecto de kardía. Isaías escreveu: "então (YHWH) cegou-lhes os olhos (intelecto) e endureceu-lhes o coração, para que não vissem (intelectualmente) nem compreendessem com o coração" (IS 6:9; citado por JO 12:40).


O CORAÇÃO


Que o coração é a fonte dos pensamentos, nós o encontramos repetido à exaustão; por exemplo: MT 12:34; MT 15:18, MT 15:19; Marc 7:18; 18:23; LC 6:45; LC 9:47; etc.


Ora, se o termo CORAÇÃO exprime, límpida e indiscutivelmente, a fonte primeira do SER, o "quarto fechado" onde o "Pai vê no secreto" MT 6:6), logicamente se deduz que aí reside a Centelha Divina, a Partícula de pneuma, o CRISTO (Filho Unigênito), que é UNO com o Pai, que também, consequentemente, aí reside. E portanto, aí também está o Espírito-Santo, o Espírito-Amor, DEUS, de que nosso Eu é uma partícula não desprendida.


Razão nos assiste, então, quando escrevemos (vol. 1 e vol. 3) que o "reino de Deus" ou "reino dos céus" ou "o céu", exprime exatamente o CORAÇÃO; e entrar no reino dos céus é penetrar, é MERGULHAR (batismo) no âmago de nosso próprio EU. É ser UM com o CRISTO, tal como o CRISTO é UM com o PAI (cfr. JO 10. 30; 17:21,22, 23).


Sendo esta parte a mais importante para a nossa tese, dividamo-la em três seções:

a) - Deus ou o Espírito Santo habitam DENTRO DE nós;


b) - CRISTO, o Filho (UNO com o Pai) também está DENTRO de nós, constituindo NOSSA ESSÊNCIA PROFUNDA;


c) - o local exato em que se encontra o Cristo é o CORAÇÃO, e nossa meta, durante a encarnação, é CRISTIFICAR-NOS, alcançando a evolução crística e unificando-nos com Ele.


a) -


A expressão "dentro de" pode ser dada em grego pela preposição ENTOS que encontramos clara em LC (LC 17:21), quando afirma que "o reino de Deus está DENTRO DE VÓS" (entòs humin); mas tamb ém a mesma ideia é expressa pela preposição EN (latim in, português em): se a água está na (EM A) garrafa ou no (EM O) copo, é porque está DENTRO desses recipientes. Não pode haver dúvida. Recordese o que escrevemos (vol. 1): "o Logos se fez carne e fez sua residência DENTRO DE NÓS" (JO 1:14).


Paulo é categórico em suas afirmativas: "Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita dentro de vós" (1. ª Cor. 3:16).


Οΰи οίδατε ότι ναός θεοϋ έστε иαί τό πνεϋµα τοϋ θεοϋ έν ϋµϊν οίиεί;

E mais: "E não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo que está dentro de vós, o qual recebestes de Deus, e não pertenceis a vós mesmos? Na verdade, fostes comprados por alto preço. Glorificai e TRAZEI DEUS EM VOSSO CORPO" (1. ª Cor. 6:19-20).


Esse Espírito Santo, que é a Centelha do Espírito Universal, é, por isso mesmo, idêntico em todos: "há muitas operações, mas UM só Deus, que OPERA TUDO DENTRO DE TODAS AS COISAS; ... Todas essas coisas opera o único e mesmo Espírito; ... Então, em UM Espírito todos nós fomos MERGULHADOS en: UMA carne, judeus e gentios, livres ou escravos" (1. ª Cor. 12:6, 11, 13).


Καί διαιρέσεις ένεργηµάτων είσιν, ό δέ αύτός θεός ό ένεργών τα πάντα έν πάσιν... Дάντα δέ ταύτα ένεργεί τό έν иαί τό αύτό πνεύµα... Кαί γάρ έν ένί πνεύµατι ήµείς πάντες είς έν σώµα έβαπτίσθηµεν,
είτε ̉Ιουδαίοι εϊτε έλληνες, είτε δούλοι, εϊτε έλεύθεροι.
Mais ainda: "Então já não sois hóspedes e estrangeiros, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus, superedificados sobre o fundamento dos Enviados e dos Profetas, sendo a própria pedra angular máxima Cristo Jesus: em Quem toda edificação cresce no templo santo no Senhor, no Qual tamb ém vós estais edificados como HABITAÇÃO DE DEUS NO ESPÍRITO" (EF 2:19-22). " Αρα ούν ούиέτι έστε ζένοι иαί πάροιиοι, άλλά έστε συµπολίται τών άγίων иαί οίиείοι τού θεού,
έποιиοδοµηθέντες έπί τώ θεµελίω τών άποστόλων иαί προφητών, όντος άиρογωνιαίου αύτού Χριστόύ
#cite Іησού, έν ώ πάσα οίиοδοµή συναρµολογουµένη αύζει είς ναόν άγιον έν иυρίώ, έν ώ иαί ύµείς
συνοιиοδοµείσθε είς иατοιиητήεριον τού θεού έν πνεµατ

ι.


Se Deus habita DENTRO do homem e das coisas quem os despreza, despreza a Deus: "quem despreza estas coisas, não despreza homens, mas a Deus, que também deu seu Espírito Santo em vós" (1. ª Tess. 4:8).


Тοιγαρούν ό άθετών ούи άνθρωπον άθετεί, άλλά τόν θεόν τόν иαί διδόντα τό πνεύµα αύτού τό άγιον είς ύµάς.

E a consciência dessa realidade era soberana em Paulo: "Guardei o bom depósito, pelo Espírito Santo que habita DENTRO DE NÓS" (2. ª Tim. 1:14). (20)


Тήν иαλήν παραθήиην φύλαζον διά πνεύµατος άγίου τού ένοιиούντος έν ήµϊ

ν.


João dá seu testemunho: "Ninguém jamais viu Deus. Se nos amarmos reciprocamente, Deus permanecer á DENTRO DE NÓS, e o Amor Dele, dentro de nós, será perfeito (ou completo). Nisto sabemos que permaneceremos Nele e Ele em nós, porque DE SEU ESPÍRITO deu a nós" (1. ª JO 4:12-13).


θεόν ούδείς πώποτε τεθέαται: έάν άγαπώµεν άλλήλους, ό θεός έν ήµϊν µένει, иαί ή άγάπη αύτοϋ τε-
τελειωµένη έν ήµϊν έστιν. Εν τουτω γινώσиοµεν ότι έν αύτώ µένοµεν иαί αύτός έν ήµϊν, ότι έи τοϋ
πνεύµατος αύτοϋ δέδώиεν ήµϊ

ν.


b) -


Vejamos agora os textos que especificam melhor ser o CRISTO (Filho) que, DENTRO DE NÓS. constitui a essência profunda de nosso ser. Não é mais uma indicação de que TEMOS a Divindade em nós, mas um ensino concreto de que SOMOS uma partícula da Divindade. Escreve Paulo: "Não sabeis que CRISTO (Jesus) está DENTRO DE VÓS"? (2. ª Cor. 13:5). E, passando àquela teoria belíssima de que formamos todos um corpo só, cuja cabeça é Cristo, ensina Paulo: "Vós sois o CORPO de Cristo, e membros de seus membros" (l. ª Cor. 12:27). Esse mesmo Cristo precisa manifestar-se em nós, através de nós: "vossa vida está escondida COM CRISTO em Deus; quando Cristo se manifestar, vós também vos manifestareis em substância" (CL 3:3-4).


E logo adiante insiste: "Despojai-vos do velho homem com seus atos (das personagens terrenas com seus divisionismos egoístas) e vesti o novo, aquele que se renova no conhecimento, segundo a imagem de Quem o criou, onde (na individualidade) não há gentio nem judeu, circuncidado ou incircunciso, bárbaro ou cita, escravo ou livre, mas TUDO e EM TODOS, CRISTO" (CL 3:9-11).


A personagem é mortal, vivendo a alma por efeito do Espírito vivificante que nela existe: "Como em Adão (personagem) todos morrem, assim em CRISTO (individualidade, Espírito vivificante) todos são vivificados" (1. ª Cor. 15:22).


A consciência de que Cristo vive nele, faz Paulo traçar linhas imorredouras: "ou procurais uma prova do CRISTO que fala DENTRO DE MIM? o qual (Cristo) DENTRO DE VÓS não é fraco" mas é poderoso DENTRO DE VÓS" (2. ª Cor. 13:3).


E afirma com a ênfase da certeza plena: "já não sou eu (a personagem de Paulo), mas CRISTO QUE VIVE EM MIM" (GL 2:20). Por isso, pode garantir: "Nós temos a mente (noús) de Cristo" (l. ª Cor. 2:16).


Essa convicção traz consequências fortíssimas para quem já vive na individualidade: "não sabeis que vossos CORPOS são membros de Cristo? Tomando, então, os membros de Cristo eu os tornarei corpo de meretriz? Absolutamente. Ou não sabeis que quem adere à meretriz se torna UM CORPO com ela? Está dito: "e serão dois numa carne". Então - conclui Paulo com uma lógica irretorquível - quem adere a Deus é UM ESPÍRITO" com Deus (1. ª Cor. 6:15-17).


Já desde Paulo a união sexual é trazida como o melhor exemplo da unificação do Espírito com a Divindade. Decorrência natural de tudo isso é a instrução dada aos romanos: "vós não estais (não viveis) EM CARNE (na personagem), mas EM ESPÍRITO (na individualidade), se o Espírito de Deus habita DENTRO DE VÓS; se porém não tendes o Espírito de Cristo, não sois Dele. Se CRISTO (está) DENTRO DE VÓS, na verdade o corpo é morte por causa dos erros, mas o Espírito vive pela perfeição. Se o Espírito de Quem despertou Jesus dos mortos HABITA DENTRO DE VÓS, esse, que despertou Jesus dos mortos, vivificará também vossos corpos mortais, por causa do mesmo Espírito EM VÓS" (RM 9:9-11). E logo a seguir prossegue: "O próprio Espírito testifica ao nosso Espírito que somos filhos de Deus; se filhos, (somos) herdeiros: herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo" (RM 8:16). Provém daí a angústia de todos os que atingiram o Eu Interno para libertar-se: "também tendo em nós as primícias do Espírito, gememos dentro de nós, esperando a adoção de Filhos, a libertação de nosso corpo" (RM 8:23).


c) -


Finalmente, estreitando o círculo dos esclarecimentos, verificamos que o Cristo, dentro de nós, reside NO CORAÇÃO, onde constitui nosso EU Profundo. É ensinamento escriturístico.


Ainda é Paulo que nos esclarece: "Porque sois filhos, Deus enviou o ESPÍRITO DE SEU FILHO, em vosso CORAÇÃO, clamando Abba, ó Pai" (GL 4:6). Compreendemos, então, que o Espírito Santo (Deus) que está em nós, refere-se exatamente ao Espírito do FILHO, ao CRISTO Cósmico, o Filho Unigênito. E ficamos sabendo que seu ponto de fixação em nós é o CORAÇÃO.


Lembrando-se, talvez, da frase de Jeremias, acima-citada, Paulo escreveu aos coríntios: "vós sois a nossa carta, escrita em vossos CORAÇÕES, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifesto que sois CARTA DE CRISTO, preparada por nós, e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo; não em tábuas de pedra, mas nas tábuas dos CORAÇÕES CARNAIS" (2. ª Cor. 3:2-3). Bastante explícito que realmente se trata dos corações carnais, onde reside o átomo espiritual.


Todavia, ainda mais claro é outro texto, em que se fala no mergulho de nosso eu pequeno, unificandonos ao Grande EU, o CRISTO INTERNO residente no coração: "CRISTO HABITA, pela fé, no VOSSO CORAÇÃO". E assegura com firmeza: "enraizados e fundamentados no AMOR, com todos os santos (os encarnados já espiritualizados na vivência da individualidade) se compreenderá a latitude, a longitude a sublimidade e a profundidade, conhecendo o que está acima do conhecimento, o AMOR DE CRISTO, para que se encham de toda a plenitude de Deus" (EF 3:17).


Кατοιиήσαι τόν Χριστόν διά τής πίστεως έν ταϊς иαρδίαις ύµών, έν άγάπη έρριζωµένοι иαί τεθεµελιωµένοι, ϊνα έζισγύσητε иαταλαβέσθαι σύν πάσιν τοϊςάγίοιςτί τό πλάτος иαί µήиος иαί ύψος
иαί βάθος, γνώσαι τε τήν ύπερβάλλουσαν τής γνώσεως άγάπην τοϋ Χριστοϋ, ίνα πληρωθήτε είς πάν τό πλήρωµα τού θεοϋ.

Quando se dá a unificação, o Espírito se infinitiza e penetra a Sabedoria Cósmica, compreendendo então a amplitude da localização universal do Cristo.


Mas encontramos outro ensino de suma profundidade, quando Paulo nos adverte que temos que CRISTIFICAR-NOS, temos que tornar-nos Cristos, na unificação com Cristo. Para isso, teremos que fazer uma tradução lógica e sensata da frase, em que aparece o verbo CHRIO duas vezes: a primeira, no particípio passado, Christós, o "Ungido", o "permeado da Divindade", particípio que foi transliterado em todas as línguas, com o sentido filosófico e místico de O CRISTO; e a segunda, logo a seguir, no presente do indicativo. Ora, parece de toda evidência que o sentido do verbo tem que ser O MESMO em ambos os empregos. Diz o texto original: ho dè bebaiôn hemãs syn humin eis Christon kaí chrísas hemãs theós (2. ª Cor. 1:21).


#cite Ο δέ βεβαιών ήµάς σύν ύµίν είς Χριστόν иαί χρίσας ήµάς θεό

ς.


Eis a tradução literal: "Deus, fortifica dor nosso e vosso, no Ungido, unge-nos".


E agora a tradução real: "Deus, fortificador nosso e vosso, em CRISTO, CRISTIFICA-NOS".


Essa a chave para compreendermos nossa meta: a cristificação total e absoluta.


Logo após escreve Paulo: "Ele também nos MARCA e nos dá, como penhor, o Espírito em NOSSOS CORAÇÕES" (2. ª Cor. 1:22).


#cite Ο иαί σφραγισάµενος ήµάς иαί δούς τόν άρραβώνα τόν πνεύµατος έν ταϊς иαρδϊαις ήµώ

ν.


Completando, enfim, o ensino - embora ministrado esparsamente - vem o texto mais forte e explícito, informando a finalidade da encarnação, para TÔDAS AS CRIATURAS: "até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, ao Homem Perfeito, à medida da evolução plena de Cristo" (EF 4:13).


Мέρχι иαταντήσωµεν οί πάντες είς τήν ένότητα τής πίστοως. иαί τής έπιγνώσεως τοϋ υίοϋ τοϋ θεοϋ,
είς άνδρα τελειον, είς µέτρον ήλιиίας τοϋ πληρώµατος τοϋ Χριστοϋ.
Por isso Paulo escreveu aos Gálatas: "ó filhinhos, por quem outra vez sofro as dores de parto, até que Cristo SE FORME dentro de vós" (GL 4:19) (Тεиνία µου, ούς πάλιν ώδίνω, µέρχις ού µορφωθή Χριστός έν ύµϊ

ν).


Agostinho (Tract. in Joanne, 21, 8) compreendeu bem isto ao escrever: "agradeçamos e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos", (Christus facti sumus); e Metódio de Olimpo ("Banquete das dez virgens", Patrol. Graeca, vol. 18, col. 150) escreveu: "a ekklêsía está grávida e em trabalho de parto até que o Cristo tome forma em nós, até que Cristo nasça em nós, a fim de que cada um dos santos (encarnados) por sua participação com o Cristo, se torne Cristo". Também Cirilo de Jerusalém ("Catechesis mystagogicae" 1. 3. 1 in Patr. Graeca vol. 33, col. 1. 087) asseverou: " Após terdes mergulhado no Cristo e vos terdes revestido do Cristo, fostes colocados em pé de igualdade com o Filho de Deus... pois que entrastes em comunhão com o Cristo, com razão tendes o nome de cristos, isto é, de ungidos".


Todo o que se une ao Cristo, se torna um cristo, participando do Pneuma e da natureza divina (theías koinônoí physeôs) (2. ª Pe. 1:3), pois "Cristo é o Espírito" (2. ª Cor. 3:17) e quem Lhe está unido, tem em si o selo (sphrágis) de Cristo. Na homilia 24,2, sobre 1. ª Cor. 10:16, João Crisóstomo (Patrol.


Graeca vol. 61, col. 200) escreveu: "O pão que partimos não é uma comunhão (com+união, koinônía) ao corpo de Cristo? Porque não disse "participação" (metoché)? Porque quis revelar algo mais, e mostrar uma associação (synápheia) mais íntima. Realmente, estamos unidos (koinônoúmen) não só pela participação (metéchein) e pela recepção (metalambánein), mas também pela UNIFICAÇÃO (enousthai)".


Por isso justifica-se o fragmento de Aristóteles, supra citado, em Sinésio: "os místicos devem não apenas aprender (mathein) mas experimentar" (pathein).


Essa é a razão por que, desde os primeiros séculos do estabelecimento do povo israelita, YHWH, em sua sabedoria, fazia a distinção dos diversos "corpos" da criatura; e no primeiro mandamento revelado a Moisés dizia: " Amarás a Deus de todo o teu coração (kardía), de toda tua alma (psychê), de todo teu intelecto (diánoia), de todas as tuas forças (dynameis)"; kardía é a individualidade, psychê a personagem, dividida em diánoia (intelecto) e dynameis (veículos físicos). (Cfr. LV 19:18; DT 6:5; MT 22:37; MC 12:13; LC 10:27).


A doutrina é uma só em todos os sistemas religiosos pregados pelos Mestres (Enviados e Profetas), embora com o tempo a imperfeição humana os deturpe, pois a personagem é fundamentalmente divisionista e egoísta. Mas sempre chega a ocasião em que a Verdade se restabelece, e então verificamos que todas as revelações são idênticas entre si, em seu conteúdo básico.


ESCOLA INICIÁTICA


Após essa longa digressão a respeito do estudo do "homem" no Novo Testamento, somos ainda obrigados a aprofundar mais o sentido do trecho em que são estipuladas as condições do discipulato.


Há muito desejaríamos ter penetrado neste setor, a fim de poder dar explicação cabal de certas frases e passagens; mas evitamo-lo ao máximo, para não ferir convicções de leitores desacostumados ao assunto.


Diante desse trecho, porém, somos forçados a romper os tabus e a falar abertamente.


Deve ter chamado a atenção de todos os estudiosos perspicazes dos Evangelhos, que Jesus jamais recebeu, dos evangelistas, qualquer título que normalmente seria atribuído a um fundador de religião: Chefe Espiritual, Sacerdote, Guia Espiritual, Pontífice; assim também, aqueles que O seguiam, nunca foram chamados Sequazes, Adeptos, Adoradores, Filiados, nem Fiéis (a não ser nas Epístolas, mas sempre com o sentido de adjetivo: os que mantinham fidelidade a Seus ensinos). Ao contrário disso, os epítetos dados a Jesus foram os de um chefe de escola: MESTRE (Rabbi, Didáskalos, Epistátês) ou de uma autoridade máxima Kyrios (SENHOR dos mistérios). Seus seguidores eram DISCÍPULOS (mathêtês), tudo de acordo com a terminologia típica dos mistérios iniciáticos de Elêusis, Delfos, Crotona, Tebas ou Heliópolis. Após receberem os primeiros graus, os discípulos passaram a ser denominado "emissários" (apóstolos), encarregados de dar a outros as primeiras iniciações.


Além disso, é evidente a preocupação de Jesus de dividir Seus ensinos em dois graus bem distintos: o que era ministrado de público ("a eles só é dado falar em parábolas") e o que era ensinado privadamente aos "escolhidos" ("mas a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus", cfr. MT 13:10-17 ; MC 4:11-12; LC 8:10).


Verificamos, portanto, que Jesus não criou uma "religião", no sentido moderno dessa palavra (conjunto de ritos, dogmas e cultos com sacerdócio hierarquicamente organizado), mas apenas fundou uma ESCOLA INICIÁTICA, na qual preparou e "iniciou" seus DISCÍPULOS, que Ele enviou ("emissários, apóstolos") com a incumbência de "iniciar" outras criaturas. Estas, por sua vez, foram continuando o processo e quando o mundo abriu os olhos e percebeu, estava em grande parte cristianizado. Quando os "homens" o perceberam e estabeleceram a hierarquia e os dogmas, começou a decadência.


A "Escola iniciática" fundada por Jesus foi modelada pela tradição helênica, que colocava como elemento primordial a transmissão viva dos mistérios: e "essa relação entre a parádosis (transmissão) e o mystérion é essencial ao cristianismo", escreveu o monge beneditino D. Odon CaseI (cfr. "Richesse du Mystere du Christ", Les éditions du Cerf. Paris, 1964, pág. 294). Esse autor chega mesmo a afirmar: " O cristianismo não é uma religião nem uma confissão, segundo a acepção moderna dessas palavras" (cfr. "Le Mystere du Culte", ib., pág. 21).


E J. Ranft ("Der Ursprung des Kathoíischen Traditionsprinzips", 1931, citado por D . O. Casel) escreve: " esse contato íntimo (com Cristo) nasce de uma gnose profunda".


Para bem compreender tudo isso, é indispensável uma incursão pelo campo das iniciações, esclarecendo antes alguns termos especializados. Infelizmente teremos que resumir ao máximo, para não prejudicar o andamento da obra. Mas muitos compreenderão.


TERMOS ESPECIAIS


Aiôn (ou eon) - era, época, idade; ou melhor CICLO; cada um dos ciclos evolutivos.


Akoueíu - "ouvir"; akoueín tòn lógon, ouvir o ensino, isto é, receber a revelação dos segredos iniciáticos.


Gnôse - conhecimento espiritual profundo e experimental dos mistérios.


Deíknymi - mostrar; era a explicação prática ou demonstração de objetos ou expressões, que serviam de símbolos, e revelavam significados ocultos.


Dóxa - doutrina; ou melhor, a essência do conhecimento profundo: o brilho; a luz da gnôse; donde "substância divina", e daí a "glória".


Dynamis - força potencial, potência que capacita para o érgon e para a exousía, infundindo o impulso básico de atividade.


Ekklêsía - a comunidade dos "convocados" ou "chamados" (ékklêtos) aos mistérios, os "mystos" que tinham feito ou estavam fazendo o curso da iniciação.


Energeín - agir por dentro ou de dentro (energia), pela atuação da força (dybamis).


Érgon - atividade ou ação; trabalho espiritual realizado pela força (dynamis) da Divindade que habita dentro de cada um e de cada coisa; energia.


Exêgeísthaí - narrar fatos ocultos, revelar (no sentido de "tirar o véu") (cfr. LC 24:35; JO 1:18; AT 10:8:15:12, 14).


Hágios - santo, o que vive no Espírito ou Individualidade; o iniciado (cfr. teleios).


Kyrios - Senhor; o Mestre dos Mistérios; o Mistagogo (professor de mistérios); o Hierofante (o que fala, fans, fantis, coisas santas, hieros); dava-se esse título ao possuidor da dynamis, da exousía e do érgon, com capacidade para transmiti-los.


Exousía - poder, capacidade de realização, ou melhor, autoridade, mas a que provém de dentro, não "dada" de fora.


Leitourgia - Liturgia, serviço do povo: o exercício do culto crístico, na transmissão dos mistérios.


Legómena - palavras reveladoras, ensino oral proferido pelo Mestre, e que se tornava "ensino ouvido" (lógos akoês) pelos discípulos.


Lógos - o "ensino" iniciático, a "palavra" secreta, que dava a chave da interpretação dos mistérios; a" Palavra" (Energia ou Som), segundo aspecto da Divindade.


Monymenta - "monumentos", ou seja, objetos e lembranças, para manter viva a memória.


Mystagogo – o Mestre dos Mystérios, o Hierofante.


Mystérion - a ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação; donde, o ensino revelado apenas aos perfeitos (teleios) e santos (hágios), mas que devia permanecer oculto aos profanos.


Oikonomía - economia, dispensação; literalmente "lei da casa"; a vida intima de cada iniciado e sua capacidade na transmissão iniciática a outros, (de modo geral encargo recebido do Mestre).


Orgê - a atividade ou ação sagrada; o "orgasmo" experimentado na união mística: donde "exaltação espiritual" pela manifestação da Divindade (erradamente interpretado como "ira").


Parábola - ensino profundo sob forma de narrativa popular, com o verdadeiro sentido oculto por metáforas e símbolos.


Paradídômi - o mesmo que o latim trádere; transmitir, "entregar", passar adiante o ensino secreto.


Parádosis - transmissão, entrega de conhecimentos e experiências dos ensinos ocultos (o mesmo que o latim tradítio).


Paralambánein - "receber" o ensino secreto, a "palavra ouvida", tornando-se conhecedor dos mistérios e das instruções.


Patheín - experimentar, "sofrer" uma experiência iniciática pessoalmente, dando o passo decisivo para receber o grau e passar adiante.


Plêrôma - plenitude da Divindade na criatura, plenitude de Vida, de conhecimento, etc.


Redençãoa libertação do ciclo de encarnações na matéria (kyklos anánkê) pela união total e definitiva com Deus.


Santo - o mesmo que perfeito ou "iniciado".


Sêmeíon - "sinal" físico de uma ação espiritual, demonstração de conhecimento (gnose), de força (dynamis), de poder (exousía) e de atividade ou ação (érgon); o "sinal" é sempre produzido por um iniciado, e serve de prova de seu grau.


Sophía - a sabedoria obtida pela gnose; o conhecimento proveniente de dentro, das experiências vividas (que não deve confundir-se com a cultura ou erudição do intelecto).


Sphrágis - selo, marca indelével espiritual, recebida pelo espírito, embora invisível na matéria, que assinala a criatura como pertencente a um Senhor ou Mestre.


Symbolos - símbolos ou expressões de coisas secretas, incompreensíveis aos profanos e só percebidas pelos iniciados (pão, vinho, etc.) .


Sótería - "salvação", isto é, a unificação total e definitiva com a Divindade, que se obtém pela "redenção" plena.


Teleíos - o "finalista", o que chegou ao fim de um ciclo, iniciando outro; o iniciado nos mistérios, o perfeito ou santo.


Teleisthai - ser iniciado; palavra do mesmo radical que teleutan, que significa "morrer", e que exprime" finalizar" alguma coisa, terminar um ciclo evolutivo.


Tradítio - transmissão "tradição" no sentido etimológico (trans + dare, dar além passar adiante), o mesmo que o grego parádosis.


TRADIÇÃO


D. Odon Casel (o. c., pág. 289) escreve: "Ranft estudou de modo preciso a noção da tradítio, não só como era praticada entre os judeus, mas também em sua forma bem diferente entre os gregos. Especialmente entre os adeptos dos dosis é a transmissão secreta feita aos "mvstos" da misteriosa sôtería; é a inimistérios, a noção de tradítio (parádosis) tinha grande importância. A paraciação e a incorporação no círculo dos eleitos (eleitos ou "escolhidos"; a cada passo sentimos a confirmação de que Jesus fundou uma "Escola Iniciática", quando emprega os termos privativos das iniciações heléntcas; cfr. " muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos" - MT 22. 14), características das religiões grecoorientais. Tradítio ou parádosis são, pois, palavras que exprimem a iniciação aos mistérios. Tratase, portanto, não de uma iniciação científica, mas religiosa, realizada no culto. Para o "mysto", constitui uma revelação formal, a segurança vivida das realidades sagradas e de uma santa esperança. Graças a tradição, a revelação primitiva passa às gerações ulteriores e é comunicada por ato de iniciação. O mesmo princípio fundamental aplica-se ao cristianismo".


Na página seguinte, o mesmo autor prossegue: "Nos mistérios, quando o Pai Mistagogo comunica ao discípulo o que é necessário ao culto, essa transmissão tem o nome de traditio. E o essencial não é a instrução, mas a contemplação, tal como o conta Apuleio (Metamorphoses, 11, 21-23) ao narrar as experiências culturais do "mysto" Lúcius. Sem dúvida, no início há uma instrução, mas sempre para finalizar numa contemplação, pela qual o discípulo, o "mysto", entra em relação direta com a Divindade.


O mesmo ocorre no cristianismo (pág. 290).


Ouçamos agora as palavras de J. Ranft (o. c., pág. 275): "A parádosis designa a origem divina dos mistérios e a transmissão do conteúdo dos mistérios. Esta, à primeira vista, realiza-se pelo ministério dos homens, mas não é obra de homens; é Deus que ensina. O homem é apenas o intermediário, o Instrumento desse ensino divino. Além disso... desperta o homem interior. Logos é realmente uma palavra intraduzível: designa o próprio conteúdo dos mistérios, a palavra, o discurso, o ENSINO. É a palavra viva, dada por Deus, que enche o âmago do homem".


No Evangelho, a parádosis é constituída pelas palavras ou ensinos (lógoi) de Jesus, mas também simbolicamente pelos fatos narrados, que necessitam de interpretação, que inicialmente era dada, verbalmente, pelos "emissários" e pelos inspirados que os escreveram, com um talento superior de muito ao humano, deixando todos os ensinos profundos "velados", para só serem perfeitamente entendidos pelos que tivessem recebido, nos séculos seguintes, a revelação do sentido oculto, transmitida quer por um iniciado encarnado, quer diretamente manifestada pelo Cristo Interno. Os escritores que conceberam a parádosis no sentido helênico foram, sobretudo, João e Paulo; já os sinópticos a interpretam mais no sentido judaico, excetuando-se, por vezes, o grego Lucas, por sua convivência com Paulo, e os outros, quando reproduziam fielmente as palavras de Jesus.


Se recordarmos os mistérios de Elêusis (palavra que significa "advento, chegada", do verbo eléusomai," chegar"), ou de Delfos (e até mesmo os de Tebas, Ábydos ou Heliópolis), veremos que o Novo Testamento concorda seus termos com os deles. O logos transmitido (paradidômi) por Jesus é recebida (paralambánein) pelos DISCÍPULOS (mathêtês). Só que Jesus apresentou um elemento básico a mais: CRISTO. Leia-se Paulo: "recebi (parélabon) do Kyrios o que vos transmiti (parédote)" (l. ª Cor. 11:23).


O mesmo Paulo, que define a parádosis pagã como "de homens, segundo os elementos do mundo e não segundo Cristo" (CL 2:8), utiliza todas as palavras da iniciação pagã, aplicando-as à iniciação cristã: parádosis, sophía, logo", mystérion, dynamis, érgon, gnose, etc., termos que foram empregados também pelo próprio Jesus: "Nessa hora Jesus fremiu no santo pneuma e disse: abençôo-te, Pai, Senhor do céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e hábeis, e as revelaste aos pequenos, Sim, Pai, assim foi de teu agrado. Tudo me foi transmitido (parédote) por meu Pai. E ninguém tem a gnose do que é o Filho senão o Pai, e ninguém tem a gnose do que é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quer revelar (apokalypsai = tirar o véu). E voltando-se para seus discípulos, disse: felizes os olhos que vêem o que vedes. Pois digo-vos que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis, e não ouviram" (LC 10:21-24). Temos a impressão perfeita que se trata de ver e ouvir os mistérios iniciáticos que Jesus transmitia a seus discípulos.


E João afirma: "ninguém jamais viu Deus. O Filho Unigênito que esta no Pai, esse o revelou (exêgêsato, termo específico da língua dos mistérios)" (JO 1:18).


"PALAVRA OUVIDA"


A transmissão dos conhecimentos, da gnose, compreendia a instrução oral e o testemunhar das revelações secretas da Divindade, fazendo que o iniciado participasse de uma vida nova, em nível superior ( "homem novo" de Paulo), conhecendo doutrinas que deveriam ser fielmente guardadas, com a rigorosa observação do silêncio em relação aos não-iniciados (cfr. "não deis as coisas santas aos cães", MT 7:6).


Daí ser a iniciação uma transmissão ORAL - o LOGOS AKOÊS, ou "palavra ouvida" ou "ensino ouvido" - que não podia ser escrito, a não ser sob o véu espesso de metáforas, enigmas, parábolas e símbolos.


Esse logos não deve ser confundido com o Segundo Aspecto da Divindade (veja vol. 1 e vol. 3).


Aqui logos é "o ensino" (vol. 2 e vol. 3).


O Novo Testamento faz-nos conhecer esse modus operandi: Paulo o diz, numa construção toda especial e retorcida (para não falsear a técnica): "eis por que não cessamos de agradecer (eucharistoúmen) a Deus, porque, recebendo (paralabóntes) o ENSINO OUVIDO (lógon akoês) por nosso intermédio, de Deus, vós o recebestes não como ensino de homens (lógon anthrópôn) mas como ele é verdadeiramente: o ensino de Deus (lógon theou), que age (energeítai) em vós que credes" (l. ª Tess. 2:13).


O papel do "mysto" é ouvir, receber pelo ouvido, o ensino (lógos) e depois experimentar, como o diz Aristóteles, já citado por nós: "não apenas aprender (matheín), mas experimentar" (patheín).


Esse trecho mostra como o método cristão, do verdadeiro e primitivo cristianismo de Jesus e de seus emissários, tinha profunda conexão com os mistérios gregos, de cujos termos específicos e característicos Jesus e seus discípulos se aproveitaram, elevando, porém, a técnica da iniciação à perfeição, à plenitude, à realidade máxima do Cristo Cósmico.


Mas continuemos a expor. Usando, como Jesus, a terminologia típica da parádosis grega, Paulo insiste em que temos que assimilá-la interiormente pela gnose, recebendo a parádosis viva, "não mais de um Jesus de Nazaré histórico, mas do Kyrios, do Cristo ressuscitado, o Cristo Pneumatikós, esse mistério que é o Cristo dentro de vós" (CL 1:27).


Esse ensino oral (lógos akoês) constitui a tradição (traditio ou parádosis), que passa de um iniciado a outro ou é recebido diretamente do "Senhor" (Kyrios), como no caso de Paulo (cfr. GL 1:11): "Eu volo afirmo, meus irmãos, que a Boa-Nova que preguei não foi à maneira humana. Pois não na recebi (parélabon) nem a aprendi de homens, mas por uma revelação (apokálypsis) de Jesus Cristo".


Aos coríntios (l. ª Cor. 2:1-5) escreve Paulo: "Irmãos, quando fui a vós, não fui com o prestígio do lógos nem da sophía, mas vos anunciei o mistério de Deus. Decidi, com efeito, nada saber entre vós sen ão Jesus Cristo, e este crucificado. Fui a vós em fraqueza, em temor, e todo trêmulo, e meu logos e minha pregação não consistiram nos discursos persuasivos da ciência, mas numa manifestação do Esp írito (pneuma) e do poder (dynamis), para que vossa fé não repouse na sabedoria (sophía) dos homens, mas no poder (dynamis) de Deus".


A oposição entre o logos e a sophia profanos - como a entende Aristóteles - era salientada por Paulo, que se referia ao sentido dado a esses termos pelos "mistérios antigos". Salienta que à sophia e ao logos profanos, falta, no dizer dele, a verdadeira dynamis e o pnenma, que constituem o mistério cristão que ele revela: Cristo.


Em vários pontos do Novo Testamento aparece a expressão "ensino ouvido" ou "ouvir o ensino"; por exemplo: MT 7:24, MT 7:26; 10:14; 13:19, 20, 21, 22, 23; 15:12; 19:22; MC 4:14, MC 4:15, MC 4:16, MC 4:17, 18, 19, 20; LC 6:47; LC 8:11, LC 8:12, LC 8:13, LC 8:15; 10:39; 11:28; JO 5:24, JO 5:38; 7:40; 8:43; 14:24; AT 4:4; AT 10:44; AT 13:7; AT 15:7; EF 1:13; 1. ª Tess. 2:13; HB 4:2; 1. ª JO 2:7; Ap. 1:3.


DYNAMIS


Em Paulo, sobretudo, percebemos o sentido exato da palavra dynamis, tão usada nos Evangelhos.


Pneuma, o Espírito (DEUS), é a força Potencial ou Potência Infinita (Dynamis) que, quando age (energeín) se torna o PAI (érgon), a atividade, a ação, a "energia"; e o resultado dessa atividade é o Cristo Cósmico, o Kosmos universal, o Filho, que é Unigênito porque a emissão é única, já que espaço e tempo são criações intelectuais do ser finito: o Infinito é uno, inespacial, atemporal.


Então Dynamis é a essência de Deus o Absoluto, a Força, a Potência Infinita, que tudo permeia, cria e governa, desde os universos incomensuráveis até os sub-átomos infra-microscópicos. Numa palavra: Dynamis é a essência de Deus e, portanto, a essência de tudo.


Ora, o Filho é exatamente o PERMEAADO, ou o UNGIDO (Cristo), por essa Dynamis de Deus e pelo Érgon do Pai. Paulo já o dissera: "Cristo... é a dynamis de Deus e a sophía de Deus (Christòn theou dynamin kaí theou sophían, 1. ª Cor. 1:24). Então, manifesta-se em toda a sua plenitude (cfr. CL 2:9) no homem Jesus, a Dynamis do Pneuma (embora pneuma e dynamis exprimam realmente uma só coisa: Deus): essa dynamis do pneuma, atuando através do Pai (érgon) toma o nome de CRISTO, que se manifestou na pessoa Jesus, para introduzir a humanidade deste planeta no novo eon, já que "ele é a imagem (eikôn) do Deus invisível e o primogênito de toda criação" (CL 1:15).


EON


O novo eon foi inaugurado exatamente pelo Cristo, quando de Sua penetração plena em Jesus. Daí a oposição que tanto aparece no Novo Testamento Entre este eon e o eon futuro (cfr., i. a., MT 12:32;


MC 10:30; LC 16:8; LC 20:34; RM 12:2; 1. ª Cor. 1:20; 2:6-8; 3:18:2. ª Cor. 4:4; EF 2:2-7, etc.) . O eon "atual" e a vida da matéria (personalismo); O eon "vindouro" é a vida do Espírito ó individualidade), mas que começa na Terra, agora (não depois de desencarnados), e que reside no âmago do ser.


Por isso, afirmou Jesus que "o reino dos céus está DENTRO DE VÓS" (LC 17:21), já que reside NO ESPÍRITO. E por isso, zôê aiónios é a VIDA IMANENTE (vol, 2 e vol. 3), porque é a vida ESPIRITUAL, a vida do NOVO EON, que Jesus anunciou que viria no futuro (mas, entenda-se, não no futuro depois da morte, e sim no futuro enquanto encarnados). Nesse novo eon a vida seria a da individualidade, a do Espírito: "o meu reino não é deste mundo" (o físico), lemos em JO 18:36. Mas é NESTE mundo que se manifestará, quando o Espírito superar a matéria, quando a individualidade governar a personagem, quando a mente dirigir o intelecto, quando o DE DENTRO dominar o DE FORA, quando Cristo em nós tiver a supremacia sobre o eu transitório.


A criatura que penetra nesse novo eon recebe o selo (sphrágis) do Cristo do Espírito, selo indelével que o condiciona como ingresso no reino dos céus. Quando fala em eon, o Evangelho quer exprimir um CICLO EVOLUTIVO; na evolução da humanidade, em linhas gerais, podemos considerar o eon do animalismo, o eon da personalidade, o eon da individualidade, etc. O mais elevado eon que conhecemos, o da zôê aiónios (vida imanente) é o da vida espiritual plenamente unificada com Deus (pneuma-dynamis), com o Pai (lógos-érgon), e com o Filho (Cristo-kósmos).


DÓXA


Assim como dynamis é a essência de Deus, assim dóxa (geralmente traduzida por "glória") pode apresentar os sentidos que vimos (vol. 1). Mas observaremos que, na linguagem iniciática dos mistérios, além do sentido de "doutrina" ou de "essência da doutrina", pode assumir o sentido específico de" substância divina". Observe-se esse trecho de Paulo (Filp. 2:11): "Jesus Cristo é o Senhor (Kyrios) na substância (dóxa) de Deus Pai"; e mais (RM 6:4): "o Cristo foi despertado dentre os mortos pela substância (dóxa) do Pai" (isto é, pelo érgon, a energia do Som, a vibração sonora da Palavra).


Nesses passos, traduzir dóxa por glória é ilógico, não faz sentido; também "doutrina" aí não cabe. O sentido é mesmo o de "substância".


Vejamos mais este passo (l. ª Cor. 2:6-16): "Falamos, sim da sabedoria (sophia) entre os perfeitos (teleiois, isto é, iniciados), mas de uma sabedoria que não é deste eon, nem dos príncipes deste eon, que são reduzidos a nada: mas da sabedoria dos mistérios de Deus, que estava oculta, e que antes dos eons Deus destinara como nossa doutrina (dóxa), e que os príncipes deste mundo não reconheceram. De fato, se o tivessem reconhecido, não teriam crucificado o Senhor da Doutrina (Kyrios da dóxa, isto é, o Hierofante ou Mistagogo). Mas como está escrito, (anunciamos) o que o olho não viu e o ouvido não ouviu e o que não subiu sobre o coração do homem, mas o que Deus preparou para os que O amam.


Pois foi a nós que Deus revelou (apekalypsen = tirou o véu) pelo pneuma" (ou seja, pelo Espírito, pelo Cristo Interno).


MISTÉRIO


Mistério é uma palavra que modificou totalmente seu sentido através dos séculos, mesmo dentro de seu próprio campo, o religioso. Chamam hoje "mistério" aquilo que é impossível de compreender, ou o que se ignora irremissivelmente, por ser inacessível à inteligência humana.


Mas originariamente, o mistério apresentava dois sentidos básicos:

1. º - um ensinamento só revelado aos iniciados, e que permanecia secreto para os profanos que não podiam sabê-lo (daí proveio o sentido atual: o que não se pode saber; na antiguidade, não se podia por proibição moral, ao passo que hoje é por incapacidade intelectual);


2. º - a própria ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação completa.


Quando falamos em "mistério", transliterando a palavra usada no Novo Testamento, arriscamo-nos a interpretar mal. Aí, mistério não tem o sentido atual, de "coisa ignorada por incapacidade intelectiva", mas é sempre a "ação divina revelada experimentalmente ao homem" (embora continue inacessível ao não-iniciado ou profano).


O mistério não é uma doutrina: exprime o caráter de revelação direta de Deus a seus buscadores; é uma gnose dos mistérios, que se comunica ao "mysto" (aprendiz de mística). O Hierofante conduz o homem à Divindade (mas apenas o conduz, nada podendo fazer em seu lugar). E se o aprendiz corresponde plenamente e atende a todas as exigências, a Divindade "age" (energeín) internamente, no "Esp írito" (pneuma) do homem. que então desperta (egereín), isto é, "ressurge" para a nova vida (cfr. "eu sou a ressurreição da vida", JO 11:25; e "os que produzirem coisas boas (sairão) para a restauração de vida", isto é, os que conseguirem atingir o ponto desejado serão despertados para a vida do espírito, JO 5-29).


O caminho que leva a esses passos, é o sofrimento, que prepara o homem para uma gnose superior: "por isso - conclui O. Casel - a cruz é para o cristão o caminho que conduz à gnose da glória" (o. c., pág. 300).


Paulo diz francamente que o mistério se resume numa palavra: CRISTO "esse mistério, que é o Cristo", (CL 1:27): e "a fim de que conheçam o mistério de Deus, o Cristo" (CL 2:2).


O mistério opera uma união íntima e física com Deus, a qual realiza uma páscoa (passagem) do atual eon, para o eon espiritual (reino dos céus).


O PROCESSO


O postulante (o que pedia para ser iniciado) devia passar por diversos graus, antes de ser admitido ao pórtico, à "porta" por onde só passavam as ovelhas (símbolo das criaturas mansas; cfr. : "eu sou a porta das ovelhas", JO 10:7). Verificada a aptidão do candidato profano, era ele submetido a um período de "provações", em que se exercitava na ORAÇÃO (ou petição) que dirigia à Divindade, apresentando os desejos ardentes ao coração, "mendigando o Espírito" (cfr. "felizes os mendigos de Espírito" MT 5:3) para a ele unir-se; além disso se preparava com jejuns e alimentação vegetariana para o SACRIF ÍCIO, que consistia em fazer a consagração de si mesmo à Divindade (era a DE + VOTIO, voto a Deus), dispondo-se a desprender-se ao mundo profano.


Chegado a esse ponto, eram iniciados os SETE passos da iniciação. Os três primeiros eram chamado "Mistérios menores"; os quatro últimos, "mistérios maiores". Eram eles:

1 - o MERGULHO e as ABLUÇÕES (em Elêusis havia dois lagos salgados artificiais), que mostravam ao postulante a necessidade primordial e essencial da "catarse" da "psiquê". Os candidatos, desnudos, entravam num desses lagos e mergulhavam, a fim de compreender que era necessário "morrer" às coisas materiais para conseguir a "vida" (cfr. : "se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só; mas se morrer dá muito fruto", JO 12:24). Exprimia a importância do mergulho dentro de si mesmo, superando as dificuldades e vencendo o medo. Ao sair do lago, vestia uma túnica branca e aguardava o segundo passo.


2 - a ACEITAÇÃO de quem havia mergulhado, por parte do Mistagogo, que o confirmava no caminho novo, entre os "capazes". Daí por diante, teria que correr por conta própria todos os riscos inerentes ao curso: só pessoalmente poderia caminhar. Essa confirmação do Mestre simbolizava a "epiphanía" da Divindade, a "descida da graça", e o recem-aceito iniciava nova fase.


3 - a METÂNOIA ou mudança da mente, que vinha após assistir a várias tragédias e dramas de fundo iniciático. Todas ensinavam ao "mysto" novato, que era indispensável, através da dor, modificar seu" modo de pensar" em relação à vida, afastar-se de. todos os vícios e fraquezas do passado, renunciar a prazeres perniciosos e defeitos, tornando-se o mais perfeito (téleios) possível. Era buscada a renovação interna, pelo modo de pensar e de encarar a vida. Grande número dos que começavam a carreira, paravam aí, porque não possuíam a força capaz de operar a transmutação mental. As tentações os empolgavam e novamente se lançavam no mundo profano. No entanto, se dessem provas positivas de modifica ção total, de serem capazes de viver na santidade, resistindo às tentações, podiam continuar a senda.


Havia, então, a "experiência" para provar a realidade da "coragem" do candidato: era introduzido em grutas e câmaras escuras, onde encontrava uma série de engenhos lúgubres e figuras apavorantes, e onde demorava um tempo que parecia interminável. Dali, podia regressar ou prosseguir. Se regressava, saía da fileira; se prosseguia, recebia a recompensa justa: era julgado apto aos "mistérios maiores".


4 - O ENCONTRO e a ILUMINAÇÃO, que ocorria com a volta à luz, no fim da terrível caminhada por entre as trevas. Através de uma porta difícil de ser encontrada, deparava ele campos floridos e perfumados, e neles o Hierofante, em paramentação luxuosa. que os levava a uma refeição simples mas solene constante de pão, mel, castanhas e vinho. Os candidatos eram julgados "transformados", e porSABEDORIA DO EVANGELHO tanto não havia mais as exteriorizações: o segredo era desvelado (apokálypsis), e eles passavam a saber que o mergulho era interno, e que deviam iniciar a meditação e a contemplação diárias para conseguir o "encontro místico" com a Divindade dentro de si. Esses encontros eram de início, raros e breves, mas com o exercício se iam fixando melhor, podendo aspirar ao passo seguinte.


5 - a UNIÃO (não mais apenas o "encontro"), mas união firme e continuada, mesmo durante sua estada entre os profanos. Era simbolizada pelo drama sacro (hierõs gámos) do esponsalício de Zeus e Deméter, do qual nasceria o segundo Dionysos, vencedor da morte. Esse matrimônio simbólico e puro, realizado em exaltação religiosa (orgê) é que foi mal interpretado pelos que não assistiam à sua representação simbólica (os profanos) e que tacharam de "orgias imorais" os mistérios gregos. Essa "união", depois de bem assegurada, quando não mais se arriscava a perdê-la, preparava os melhores para o passo seguinte.


6 - a CONSAGRAÇÃO ou, talvez, a sagração, pela qual era representada a "marcação" do Espírito do iniciado com um "selo" especial da Divindade a quem o "mysto" se consagrava: Apolo, Dyonisos, Isis, Osíris, etc. Era aí que o iniciado obtinha a epoptía, ou "visão direta" da realidade espiritual, a gnose pela vivência da união mística. O epopta era o "vigilante", que o cristianismo denominou "epískopos" ou "inspetor". Realmente epopta é composto de epí ("sobre") e optos ("visível"); e epískopos de epi ("sobre") e skopéô ("ver" ou "observar"). Depois disso, tinha autoridade para ensinar a outros e, achando-se preso à Divindade e às obrigações religiosas, podia dirigir o culto e oficiar a liturgia, e também transmitir as iniciações nos graus menores. Mas faltava o passo decisivo e definitivo, o mais difícil e quase inacessível.


7 - a PLENITUDE da Divindade, quando era conseguida a vivência na "Alma Universal já libertada".


Nos mistérios gregos (em Elêusis) ensinava-se que havia uma Força Absoluta (Deus o "sem nome") que se manifestava através do Logos (a Palavra) Criador, o qual produzia o Filho (Kósmo). Mas o Logos tinha duplo aspecto: o masculino (Zeus) e o feminino (Deméter). Desse casal nascera o Filho, mas também com duplo aspecto: a mente salvadora (Dionysos) e a Alma Universal (Perséfone). Esta, desejando experiências mais fortes, descera à Terra. Mas ao chegar a estes reinos inferiores, tornouse a "Alma Universal" de todas as criaturas, e acabou ficando prisioneira de Plutão (a matéria), que a manteve encarcerada, ministrando-lhe filtros mágicos que a faziam esquecer sua origem divina, embora, no íntimo, sentisse a sede de regressar a seu verdadeiro mundo, mesmo ignorando qual fosse.


Dionysos quis salvá-la, mas foi despedaçado pelos Titãs (a mente fracionada pelo intelecto e estraçalhada pelos desejos). Foi quando surgiu Triptólemo (o tríplice combate das almas que despertam), e com apelos veementes conseguiu despertar Perséfone, revelando lhe sua origem divina, e ao mesmo tempo, com súplicas intensas às Forças Divinas, as comoveu; então Zeus novamente se uniu a Deméter, para fazer renascer Dionysos. Este, assumindo seu papel de "Salvador", desce à Terra, oferecendose em holocausto a Plutão (isto é, encarnando-se na própria matéria) e consegue o resgate de Perséfone, isto é, a libertação da Alma das criaturas do domínio da matéria e sua elevação novamente aos planos divinos. Por esse resumo, verificamos como se tornou fácil a aceitação entre os grego, e romanos da doutrina exposta pelos Emissários de Jesus, um "Filho de Deus" que desceu à Terra para resgatar com sua morte a alma humana.


O iniciado ficava permeado pela Divindade, tornando-se então "adepto" e atingindo o verdadeiro grau de Mestre ou Mistagogo por conhecimento próprio experimental. Já não mais era ele, o homem, que vivia: era "O Senhor", por cujo intermédio operava a Divindade. (Cfr. : "não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim", GL 2:20; e ainda: "para mim, viver é Cristo", Filp. 1:21). A tradição grega conservou os nomes de alguns dos que atingiram esse grau supremo: Orfeu... Pitágoras... Apolônio de Tiana... E bem provavelmente Sócrates (embora Schuré opine que o maior foi Platão).


NO CRISTIANISMO


Todos os termos néo-testamentários e cristãos, dos primórdios, foram tirados dos mistérios gregos: nos mistérios de Elêusis, o iniciado se tornava "membro da família do Deus" (Dionysos), sendo chamado.


então, um "santo" (hágios) ou "perfeito" (téleios). E Paulo escreve: "assim, pois, não sois mais estran geiros nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus. ’ (EF 2:19). Ainda em Elêusis, mostrava-se aos iniciados uma "espiga de trigo", símbolo da vida que eternamente permanece através das encarnações e que, sob a forma de pão, se tornava participante da vida do homem; assim quando o homem se unia a Deus, "se tornava participante da vida divina" (2. ª Pe. 1:4). E Jesus afirmou: " Eu sou o PÃO da Vida" (JO 6. 35).


No entanto ocorreu modificação básica na instituição do Mistério cristão, que Jesus realizou na "última Ceia", na véspera de sua experiência máxima, o páthos ("paixão").


No Cristianismo, a iniciação toma sentido puramente espiritual, no interior da criatura, seguindo mais a Escola de Alexandria. Lendo Filon, compreendemos isso: ele interpreta todo o Antigo Testamento como alegoria da evolução da alma. Cada evangelista expõe a iniciação cristã de acordo com sua própria capacidade evolutiva, sendo que a mais elevada foi, sem dúvida, a de João, saturado da tradição (parádosis) de Alexandria, como pode ver-se não apenas de seu Evangelho, como também de seu Apocalipse.


Além disso, Jesus arrancou a iniciação dos templos, a portas fechadas, e jogou-a dentro dos corações; era a universalização da "salvação" a todos os que QUISESSEM segui-Lo. Qualquer pessoa pode encontrar o caminho (cfr. "Eu sou o Caminho", JO 14:6), porque Ele corporificou os mistérios em Si mesmo, divulgando-lhes os segredos através de Sua vida. Daí em diante, os homens não mais teriam que procurar encontrar um protótipo divino, para a ele conformar-se: todos poderiam descobrir e utir-se diretamente ao Logos que, através do Cristo, em Jesus se manifestara.


Observamos, pois, uma elevação geral de frequência vibratória, de tonus, em todo o processo iniciático dos mistérios.


E os Pais da Igreja - até o século 3. º o cristianismo foi "iniciático", embora depois perdesse o rumo quando se tornou "dogmático" - compreenderam a realidade do mistério cristão, muito superior, espiritualmente, aos anteriores: tornar o homem UM CRISTO, um ungido, um permeado da Divindade.


A ação divina do mistério, por exemplo, é assim descrita por Agostinho: "rendamos graças e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos" (Tract. in Joanne, 21,8); e por Metódio de Olímpio: "a comunidade (a ekklêsía) está grávida e em trabalho de parto, até que o Cristo tenha tomado forma em nós; até que o Cristo nasça em nós, para que cada um dos santos, por sua participação ao Cristo, se torne o cristo" (Patrol. Graeca, vol. 18, ccl. 150).


Temos que tornar-nos cristos, recebendo a última unção, conformando-nos com Ele em nosso próprio ser, já que "a redenção tem que realizar-se EM NÓS" (O. Casel, o. c., pág. 29), porque "o único e verdadeiro holocausto é o que o homem faz de si mesmo".


Cirilo de Jerusalém diz: "Já que entrastes em comunhão com o Cristo com razão sois chamados cristos, isto é, ungidos" (Catechesis Mystagogicae, 3,1; Patrol. Graeca,, 01. 33, col. 1087).


Essa transformação, em que o homem recebe Deus e Nele se transmuda, torna-o membro vivo do Cristo: "aos que O receberam, deu o poder de tornar-se Filhos de Deus" (JO 1:12).


Isso fez que Jesus - ensina-nos o Novo Testamento - que era "sacerdote da ordem de Melquisedec (HB 5:6 e HB 7:17) chegasse, após sua encarnação e todos os passos iniciáticos que QUIS dar, chegasse ao grau máximo de "pontífice da ordem de Melquisedec" (HB 5:10 e HB 6:20), para todo o planeta Terra.


CRISTO, portanto, é o mistério de Deus, o Senhor, o ápice da iniciação a experiência pessoal da Divindade.


através do santo ensino (hierôs lógos), que vem dos "deuses" (Espíritos Superiores), comunicado ao místico. No cristianismo, os emissários ("apóstolos") receberam do Grande Hierofante Jesus (o qual o recebeu do Pai, com Quem era UNO) a iniciação completa. Foi uma verdadeira "transmiss ão" (traditio, parádosis), apoiada na gnose: um despertar do Espírito que vive e experimenta a Verdade, visando ao que diz Paulo: "admoestando todo homem e ensinando todo homem, em toda sabedoria (sophía), para que apresentem todo homem perfeito (téleion, iniciado) em Cristo, para o que eu também me esforço (agõnizómenos) segundo a ação dele (energeían autou), que age (energouménen) em mim, em força (en dynámei)". CL 1:28-29.


Em toda essa iniciação, além disso, precisamos não perder de vista o "enthousiasmós" (como era chamado o "transe" místico entre os gregos) e que foi mesmo sentido pelos hebreus, sobretudo nas" Escolas de Profetas" em que eles se iniciavam (profetas significa "médiuns"); mas há muito se havia perdido esse "entusiasmo", por causa da frieza intelectual da interpretação literal das Escrituras pelos Escribas.


Profeta, em hebraico, é NaVY", de raiz desconhecida, que o Rabino Meyer Sal ("Les Tables de la Loi", éd. La Colombe, Paris, 1962, pág. 216/218) sugere ter sido a sigla das "Escolas de Profetas" (escolas de iniciação, de que havia uma em Belém, de onde saiu David). Cada letra designaria um setor de estudo: N (nun) seriam os sacerdotes (terapeutas do psicossoma), oradores, pensadores, filósofos;

V (beth) os iniciados nos segredos das construções dos templos ("maçons" ou pedreiros), arquitetos, etc. ; Y (yod) os "ativos", isto é, os dirigentes e políticos, os "profetas de ação"; (aleph), que exprime "Planificação", os matemáticos, geômetras, astrônomos, etc.


Isso explica, em grande parte, porque os gregos e romanos aceitaram muito mais facilmente o cristianismo, do que os judeus, que se limitavam a uma tradição que consistia na repetição literal decorada dos ensinos dos professores, num esforço de memória que não chegava ao coração, e que não visavam mais a qualquer experiência mística.


TEXTOS DO N. T.


O termo mystérion aparece várias vezes no Novo Testamento.


A - Nos Evangelhos, apenas num episódio, quando Jesus diz a Seus discípulos: "a vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus" (MT 13:11; MC 4:11; LC 8:10).


B - Por Paulo em diversas epístolas: RM 11:25 - "Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério... o endurecimento de Israel, até que hajam entrado todos os gentios".


Rom. 16:15 - "conforme a revelação do mistério oculto durante os eons temporais (terrenos) e agora manifestados".


1. ª Cor. 2:1 – "quando fui ter convosco... anunciando-vos o mistério de Deus".


1. ª Cor. 2:4-7 - "meu ensino (logos) e minha pregação não foram em palavras persuasivas, mas em demonstração (apodeíxei) do pneúmatos e da dynámeôs, para que vossa fé não se fundamente na sophía dos homens, mas na dynámei de Deus. Mas falamos a sophia nos perfeitos (teleiois, iniciados), porém não a sophia deste eon, que chega ao fim; mas falamos a sophia de Deus em mistério, a que esteve oculta, a qual Deus antes dos eons determinou para nossa doutrina". 1. ª Cor. 4:1 - "assim considerem-nos os homens assistentes (hypêrétas) ecônomos (distribuidores, dispensadores) dos mistérios de Deus".


1. ª Cor. 13:2 - "se eu tiver mediunidade (prophéteía) e conhecer todos os mistérios de toda a gnose, e se tiver toda a fé até para transportar montanhas, mas não tiver amor (agápé), nada sou". l. ª Cor. 14:2 - "quem fala em língua (estranha) não fala a homens, mas a Deus, pois ninguém o ouve, mas em espírito fala mistérios". 1. ª Cor. 15:51 - "Atenção! Eu vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados".


EF 1:9 - "tendo-nos feito conhecido o mistério de sua vontade"

EF 3:4 - "segundo me foi manifestado para vós, segundo a revelação que ele me fez conhecer o mistério (como antes vos escrevi brevemente), pelo qual podeis perceber, lendo, minha compreensão no mistério do Cristo".


EF 3:9 - "e iluminar a todos qual a dispensação (oikonomía) do mistério oculto desde os eons, em Deus, que criou tudo".


EF 5:32 - "este mistério é grande: mas eu falo a respeito do Cristo e da ekklésia.


EF 9:19 - "(suplica) por mim, para que me possa ser dado o logos ao abrir minha boca para, em público, fazer conhecer o mistério da boa-nova".


CL 1:24-27 - "agora alegro-me nas experimentações (Pathêmasin) sobre vós e completo o que falta das pressões do Cristo em minha carne, sobre o corpo dele que é a ekklêsía, da qual me tornei servidor, segundo a dispensação (oikonomía) de Deus, que me foi dada para vós, para plenificar o logos de Deus, o mistério oculto nos eons e nas gerações, mas agora manifestado a seus santos (hagioi, iniciados), a quem aprouve a Deus fazer conhecer a riqueza da doutrina (dóxês; ou "da substância") deste mistério nas nações, que é CRISTO EM VÓS, esperança da doutrina (dóxês)".


CL 2:2-3 - "para que sejam consolados seus corações, unificados em amor, para todas as riquezas da plena convicção da compreensão, para a exata gnose (epígnôsin) do mistério de Deus (Cristo), no qual estão ocultos todos os tesouros da sophía e da gnose".


CL 4:3 - "orando ao mesmo tempo também por nós, para que Deus abra a porta do logos para falar o mistério do Cristo, pelo qual estou em cadeias".


2. ª Tess. 2:7 - "pois agora já age o mistério da iniquidade, até que o que o mantém esteja fora do caminho".


1. ª Tim. 3:9 - "(os servidores), conservando o mistério da fé em consciência pura".


1. ª Tim. 2:16 - "sem dúvida é grande o mistério da piedade (eusebeías)".


No Apocalipse (1:20; 10:7 e 17:5, 7) aparece quatro vezes a palavra, quando se revela ao vidente o sentido do que fora dito.


CULTO CRISTÃO


Depois de tudo o que vimos, torna-se evidente que não foi o culto judaico que passou ao cristianismo primitivo. Comparemos: A luxuosa arquitetura suntuosa do Templo grandioso de Jerusalém, com altares maciços a escorrer o sangue quente das vítimas; o cheiro acre da carne queimada dos holocaustos, a misturar-se com o odor do incenso, sombreando com a fumaça espessa o interior repleto; em redor dos altares, em grande número, os sacerdotes a acotovelar-se, munidos cada um de seu machado, que brandiam sem piedade na matança dos animais que berravam, mugiam dolorosamente ou balavam tristemente; o coro a entoar salmos e hinos a todo pulmão, para tentar superar a gritaria do povo e os pregões dos vendedores no ádrio: assim se realizava o culto ao "Deus dos judeus".


Em contraste, no cristianismo nascente, nada disso havia: nem templo, nem altares, nem matanças; modestas reuniões em casas de família, com alguns amigos; todos sentados em torno de mesa simples, sobre a qual se via o pão humilde e copos com o vinho comum. Limitava-se o culto à prece, ao recebimento de mensagens de espíritos, quando havia "profetas" na comunidade, ao ensino dos "emissários", dos "mais velhos" ou dos "inspetores", e à ingestão do pão e do vinho, "em memória da última ceia de Jesus". Era uma ceia que recebera o significativo nome de "amor" (ágape).


Nesse repasto residia a realização do supremo mistério cristão, bem aceito pelos gregos e romanos, acostumados a ver e compreender a transmissão da vida divina, por meio de símbolos religiosos. Os iniciados "pagãos" eram muito mais numerosos do que se possa hoje supor, e todos se sentiam membros do grande Kósmos, pois, como o diz Lucas, acreditavam que "todos os homens eram objeto da benevolência de Deus" (LC 2:14).


Mas, ao difundir-se entre o grande número e com o passar dos tempos, tudo isso se foi enfraquecendo e seguiu o mesmo caminho antes experimentado pelo judaísmo; a força mística, só atingida mais tarde por alguns de seus expoentes, perdeu-se, e o cristianismo "foi incapaz - no dizer de O. Casel - de manterse na continuação, nesse nível pneumático" (o. c. pág. 305). A força da "tradição" humana, embora condenada com veemência por Jesus (cfr. MT 15:1-11 e MT 16:5-12; e MC 7:1-16 e MC 8:14-11; veja atrás), fez-se valer, ameaçando as instituições religiosas que colocam doutrinas humanas ao lado e até acima dos preceitos divinos, dando mais importância às suas vaidosas criações. E D. Odon Casel lamenta: " pode fazer-se a mesma observação na história da liturgia" (o. c., pág. 298). E, entristecido, assevera ainda: "Verificamos igualmente que a concepção cristã mais profunda foi, sob muitos aspectos, preparada muito melhor pelo helenismo que pelo judaísmo. Lamentavelmente a teologia moderna tende a aproximar-se de novo da concepção judaica de tradição, vendo nela, de fato, uma simples transmiss ão de conhecimento, enquanto a verdadeira traditio, apoiada na gnose, é um despertar do espírito que VIVE e EXPERIMENTA a Verdade" (o. c., pág. 299).


OS SACRAMENTOS


O termo latino que traduz a palavra mystérion é sacramentum. Inicialmente conservou o mesmo sentido, mas depois perdeu-os, para transformar-se em "sinal visível de uma ação espiritual invisível".


No entanto, o estabelecimento pelas primeiras comunidades cristãs dos "sacramentos" primitivos, perdura até hoje, embora tendo perdido o sentido simbólico inicial.


Com efeito, a sucessão dos "sacramentos" revela exatamente, no cristianismo, os mesmos passos vividos nos mistérios grego. Vejamos:
1- o MERGULHO (denominado em grego batismo), que era a penetração do catecúmeno em seu eu interno. Simbolizava-se na desnudação ao pretendente, que largava todas as vestes e mergulhava totalmente na água: renunciava de modo absoluto as posses (pompas) exteriores e aos próprios veículos físicos, "vestes" do Espírito, e mergulhava na água, como se tivesse "morrido", para fazer a" catarse" (purificação) de todo o passado. Terminado o mergulho, não era mais o catecúmeno, o profano. Cirilo de Jerusalém escreveu: "no batismo o catecúmeno tinha que ficar totalmente nu, como Deus criou o primeiro Adão, e como morreu o segundo Adão na cruz" (Catechesis Mistagogicae,

2. 2). Ao sair da água, recebia uma túnica branca: ingressava oficialmente na comunidade (ekklêsía), e então passava a receber a segunda parte das instruções. Na vida interna, após o "mergulho" no próprio íntimo, aguardava o segundo passo.


2- a CONFIRMAÇÃO, que interiormente era dada pela descida da "graça" da Força Divina, pela" epifanía" (manifestação), em que o novo membro da ekklêsía se sentia "confirmado" no acerto de sua busca. Entrando em si mesmo a "graça" responde ao apelo: "se alguém me ama, meu Pai o amará, e NÓS viremos a ele e permaneceremos nele" (JO 14:23). O mesmo discípulo escreve em sua epístola: "a Vida manifestou-se, e a vimos, e damos testemunho. e vos anunciamos a Vida Imanente (ou a Vida do Novo Eon), que estava no Pai e nos foi manifestada" (l. ª JO 1:2).


3- a METÁNOIA (modernamente chamada "penitência") era então o terceiro passo. O aprendiz se exercitava na modificação da mentalidade, subsequente ao primeiro contato que tinha tido com a Divindade em si mesmo. Depois de "sentir" em si a força da Vida Divina, há maior compreensão; os pensamentos sobem de nível; torna-se mais fácil e quase automático o discernimento (krísis) entre certo e errado, bem e mal, e portanto a escolha do caminho certo. Essa metánoia é ajudada pelos iniciados de graus mais elevados, que lhe explicam as leis de causa e efeito e outras.


4- a EUCARISTIA é o quarto passo, simbolizando por meio da ingestão do pão e do vinho, a união com o Cristo. Quem mergulhou no íntimo, quem recebeu a confirmação da graça e modificou seu modo de pensar, rapidamenle caminha para o encontro definitivo com o Mestre interno, o Cristo.


Passa a alimentar-se diretamente de seus ensinos, sem mais necessidade de intermediários: alimentase, nutre-se do próprio Cristo, bebe-Lhe as inspirações: "se não comeis a carne do Filho do Homem e não bebeis seu sangue, não tendes a vida em vós. Quem saboreia minha carne e bebe meu sangue tem a Vida Imanente, porque minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é

verdadeiramente bebida. Quem come minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (JO 6:53 ss).


5- MATRIMÔNIO é o resultado do encontro realizado no passo anterior: e o casamento, a FUSÃO, a união entre a criatura e o Criador, entre o iniciado e Cristo: "esse mistério é grande, quero dizê-lo em relação ao Cristo e à ekklêsia", escreveu Paulo, quando falava do "matrimônio" (EF 5:32). E aqueles que são profanos, que não têm essa união com o Cristo, mas antes se unem ao mundo e a suas ilusões, são chamados "adúlteros" (cfr. vol. 2). E todos os místicos, unanimemente, comparam a união mística com o Cristo ti uma união dos sexos no casamento.


6- a ORDEM é o passo seguinte. Conseguida a união mística a criatura recebe da Divindade a consagra ção, ou melhor, a "sagração", o "sacerdócio" (sacer "sagrado", dos, dotis, "dote"), o "dote sagrado" na distribuição das graças o quinhão especial de deveres e obrigações para com o "rebanho" que o cerca. No judaísmo, o sacerdote era o homem encarregado de sacrificar ritualmente os animais, de examinar as vítimas, de oferecer os holocaustos e de receber as oferendas dirigindo o culto litúrgico. Mais tarde, entre os profanos sempre, passou a ser considerado o "intemediário" entre o homem e o Deus "externo". Nessa oportunidade, surge no Espírito a "marca" indelével, o selo (sphrágis) do Cristo, que jamais se apaga, por todas as vidas que porventura ainda tenha que viver: a união com essa Força Cósmica, de fato, modifica até o âmago, muda a frequência vibratória, imprime novas características e a leva, quase sempre, ao supremo ponto, à Dor-Sacrifício-Amor.


7- a EXTREMA UNÇÃO ("extrema" porque é o último passo, não porque deva ser dada apenas aos moribundos) é a chave final, o último degrau, no qual o homem se torna "cristificado", totalmente ungido pela Divindade, tornando-se realmente um "cristo".


Que esses sacramentos existiram desde os primeiros tempos do cristianismo, não há dúvida. Mas que não figuram nos Evangelhos, também é certo. A conclusão a tirar-se, é que todos eles foram comunicados oralmente pela traditio ou transmissão de conhecimentos secretos. Depois na continuação, foram permanecendo os ritos externos e a fé num resultado interno espiritual, mas já não com o sentido primitivo da iniciação, que acabamos de ver.


Após este escorço rápido, cremos que a afirmativa inicial se vê fortalecida e comprovada: realmente Jesus fundou uma "ESCOLA INICIÁTICA", e a expressão "logos akoês" (ensino ouvido), como outras que ainda aparecerão, precisam ser explicadas à luz desse conhecimento.


* * *

Neste sentido que acabamos de estudar, compreendemos melhor o alcance profundo que tiveram as palavras do Mestre, ao estabelecer as condições do discipulato.


Não podemos deixar de reconhecer que a interpretação dada a Suas palavras é verdadeira e real.


Mas há "mais alguma coisa" além daquilo.


Trata-se das condições exigidas para que um pretendente possa ser admitido na Escola Iniciática na qualidade de DISCÍPULO. Não basta que seja BOM (justo) nem que possua qualidades psíquicas (PROFETA). Não é suficiente um desejo: é mistér QUERER com vontade férrea, porque as provas a que tem que submeter-se são duras e nem todos as suportam.


Para ingressar no caminho das iniciações (e observamos que Jesus levava para as provas apenas três, dentre os doze: Pedro, Tiago e João) o discípulo terá que ser digno SEGUIDOR dos passos do Mestre.


Seguidor DE FATO, não de palavras. E para isso, precisará RENUNCIAR a tudo: dinheiro, bens, família, parentesco, pais, filhos, cônjuges, empregos, e inclusive a si mesmo: à sua vontade, a seu intelecto, a seus conhecimentos do passado, a sua cultura, a suas emoções.


A mais, devia prontificar-se a passar pelas experiências e provações dolorosas, simbolizadas, nas iniciações, pela CRUZ, a mais árdua de todas elas: o suportar com alegria a encarnação, o mergulho pesado no escafandro da carne.


E, enquanto carregava essa cruz, precisava ACOMPANHAR o Mestre, passo a passo, não apenas nos caminhos do mundo, mas nos caminhos do Espírito, difíceis e cheios de dores, estreitos e ladeados de espinhos, íngremes e calçados de pedras pontiagudas.


Não era só. E o que se acrescenta, de forma enigmática em outros planos, torna-se claro no terreno dos mistérios iniciáticos, que existiam dos discípulos A MORTE À VIDA DO FÍSICO. Então compreendemos: quem tiver medo de arriscar-se, e quiser "preservar" ou "salvar" sua alma (isto é, sua vida na matéria), esse a perderá, não só porque não receberá o grau a que aspira, como ainda porque, na condição concreta de encarnado, talvez chegue a perder a vida física, arriscada na prova. O medo não o deixará RESSUSCITAR, depois da morte aparente mas dolorosa, e seu espírito se verá envolvido na conturbação espessa e dementada do plano astral, dos "infernos" (ou umbral) a que terá que descer.


No entanto, aquele que intimorato e convicto da realidade, perder, sua alma, (isto é, "entregar" sua vida do físico) à morte aparente, embora dolorosa, esse a encontrará ou a salvará, escapando das injunções emotivas do astral, e será declarado APTO a receber o grau seguinte que ardentemente ele deseja.


Que adianta, com efeito, a um homem que busca o Espírito, se ganhar o mundo inteiro, ao invés de atingir a SABEDORIA que é seu ideal? Que existirá no mundo, que possa valer a GNOSE dos mistérios, a SALVAÇÃO da alma, a LIBERTAÇÃO das encarnações tristes e cansativas?


Nos trabalhos iniciáticos, o itinerante ou peregrino encontrará o FILHO DO HOMEM na "glória" do Pai, em sua própria "glória", na "glória" de Seus Santos Mensageiros. Estarão reunidos em Espírito, num mesmo plano vibratório mental (dos sem-forma) os antigos Mestres da Sabedoria, Mensageiros da Palavra Divina, Manifestantes da Luz, Irradiadores da Energia, Distribuidores do Som, Focos do Amor.


Mas, nos "mistérios", há ocasiões em que os "iniciantes", também chamados mystos, precisam dar testemunhos públicos de sua qualidade, sem dizerem que possuem essa qualidade. Então está dado o aviso: se nessas oportunidades de "confissão aberta" o discípulo "se envergonhar" do Mestre, e por causa de "respeitos humanos" não realizar o que deve, não se comportar como é da lei, nesses casos, o Senhor dos Mistérios, o Filho do Homem, também se envergonhará dele, considerá-lo-á inepto, incapaz para receber a consagração; não mais o reconhecerá como discípulo seu. Tudo, portanto, dependerá de seu comportamento diante das provas árduas e cruentas a que terá que submeter-se, em que sua própria vida física correrá risco.


Observe-se o que foi dito: "morrer" (teleutan) e "ser iniciado" (teleusthai) são verbos formados do mesmo radical: tele, que significa FIM. Só quem chegar AO FIM, será considerado APTO ou ADEPTO (formado de AD = "para", e APTUM = "apto").


Nesse mesmo sentido entendemos o último versículo: alguns dos aqui presentes (não todos) conseguirão certamente finalizar o ciclo iniciático, podendo entrar no novo EON, no "reino dos céus", antes de experimentar a morte física. Antes disso, eles descobrirão o Filho do Homem em si mesmos, com toda a sua Dynamis, e então poderão dizer, como Paulo disse: "Combati o bom combate, terminei a carreira, mantive a fidelidade: já me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia - e não só a mim, como a todos os que amaram sua manifestação" (2. ª Tim. 4:7-8).



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 44
D. A TENTAÇÃO DE JESUS, 4:1-13

Para uma ampla argumentação sobre as tentações de Jesus, veja os comentários referentes a Mateus 4:1-11. Mateus e Lucas apresentam a narrativa da Tentação com detalhes, ao passo que Marcos apenas a menciona (Mac 1:12-13). Naquilo que é o princi-pal, os relatos de Mateus e Lucas contêm as mesmas informações, mas diferem quanto aos seguintes aspectos:

  1. Eles não mencionam a segunda e a terceira tentações na mesma ordem. Mateus coloca a tentação de saltar do pináculo do Templo em segundo lugar, ao passo que no texto de Lucas ela está em terceiro lugar. A tentação de aceitar os reinos do mundo, então, é a terceira em Mateus e a segunda em Lucas.
  2. Lucas diz que Jesus foi tentado durante os quarenta dias do jejum e também posteriormente; Mateus não menciona estas outras tentações.
  3. Segundo Mateus, depois que Satanás mostra a Jesus os reinos deste mundo, ele diz: "Tudo isto te darei". Lucas enfatiza a autoridade e a glória destes reinos. De acordo com Lucas, Satanás diz Dar-te-ei a ti todo este poder (literalmente, "autoridade") e a sua glória (6).
  4. Quanto à mesma tentação, em Lucas, acrescenta-se ao texto de Mateus o seguin-te: porque a mim me foi entregue, e o dou a quem quero (6).
  5. Na tentação de saltar do pináculo do Templo, Mateus chama a cidade de "Cidade Santa", enquanto Lucas a chama pelo nome, Jerusalém (9). Aqui, o motivo de Lucas é, obviamente, esclarecer os leitores gentios.

Estas diferenças não alteram em nada os ensinos relativos à tentação de Jesus.

Barclay intitula esta seção como "A batalha contra a tentação" e assim a esquematiza:

1) A tentação de subornar as pessoas com presentes materiais 2:4;

2) A tentação de fazer acordos ou concessões, 5-8;

3) A tentação de dar demonstrações sen-sacionais às pessoas, 9-12. Poderíamos acrescentar mais uma:

4) As recompensas da vitória sobre a tentação, 13-14.

SEÇÃO IV

O MINISTÉRIO NA GALILÉIA

Lucas 4:14-9.50

A. O PRIMEIRO PERÍODO (Lc 4:14-44)

1. A Rejeição de Jesus em Nazaré (4:14-30)

O tratamento que Lucas dá a este episódio é um exemplo de organização lógica, mais do que cronológica. Se este for o mesmo episódio dos outros Evangelhos Sinóticos,1 ele não aconteceu no início do ministério de Jesus. Lucas coloca este episódio como o primeiro no seu texto por causa do seu significado lógico. Pela mesma razão, ele inclui a leitura de Jesus da passagem em Isaías 61 e a aplicação desta passagem à Sua pró-pria missão.

Lucas não deixa implícito que este seja o verdadeiro início do ministério de Jesus. Ele afirma que Jesus já entrara suficientemente na vida pública, pois a sua fama cor-reu por todas as terras em derredor. E ensinava nas suas sinagogas (14-15). Além disso, a predição de Jesus (no versículo
23) de que eles diriam faze também aqui na tua pátria tudo o que ouvimos ter sido feito em Cafarnaum, não apenas revela a verdade com respeito à cronologia, mas ajuda a definir o cenário para os acontecimen-tos em Nazaré. De tudo isto, fica claro que Lucas começa a sua narrativa do ministério de Jesus em Nazaré porque este parecia ser o lugar lógico para começar – Jesus de Nazaré, pregando em Nazaré e proclamando a si mesmo como sendo o Cumprimento da profecia de Isaías sobre a pregação do Evangelho.

Na versão de Lucas, este episódio é mais significativo do que nos outros dois Evan-gelhos Sinóticos, como pode ser visto pelo fato de lhe dedicar dezesseis versículos, en-quanto que Mateus dá a sua versão em cinco versículos e Marcos em seis.

Pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galiléia (14). Esta passa-gem, seguindo-se imediatamente à narrativa da Tentação, nos lembra de que todos os três Evangelhos Sinóticos relacionam o relato do retorno à Galiléia à história da Tentação; mas tanto Mateus quanto Marcos dão a entender que a razão para o retorno se deu quando Jesus recebeu as notícias da prisão de João.' A virtude do Espírito era o poder do Espírito Santo, que foi visto descendo sobre Jesus no Seu batismo.

E, chegando a Nazaré, onde fora criado (16). Lucas conecta este episódio com o início da vida de Jesus que ele havia acabado de narrar. Entrou... num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga. Jesus vinha pregando por um tempo suficiente para já ter costumes estabelecidos. E levantou-se para ler. Esta era a postura habitual para a leitura das Escrituras na sinagoga. Qualquer outra postura seria um desrespeito às Sagradas Escrituras. O leitor não tinha permissão sequer de apoiar-se em alguma coisa enquanto lia.

E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías (17). Nos cultos na sinagoga se pedia freqüentemente aos visitantes que lessem as Escrituras e fizessem os comentários que desejassem, ou que comentassem o que outra pessoa havia lido.' Em cada culto se lia um trecho da Lei, e um dos textos dos Profetas. Nesta ocasião, o trecho da Lei havia sido lido antes que Jesus recebesse o Livro de Isaías.

Achou o lugar em que estava escrito... A passagem mencionada é Isaías 61:1-2b. Este era o trecho especialmente designado para a leitura na manhã do Dia da Expiação.'

Alguns julgam que o trecho lido era o ensino para aquele dia, e que foi providencial o fato de Jesus estar presente naquele dia específico, mas isto não está confirmado. Parece mais provável que Jesus tenha selecionado este trecho.

O Espírito do Senhor é sobre mim... (18). Lucas faz uma citação da Septuaginta, com algumas variações. Esta é uma passagem messiânica que indica as funções do mi‑

nistério messiânico. Estas funções são realizadas sob a unção e a direção do Espírito Santo. Aqui o próprio Senhor nos dá a natureza da mensagem do Evangelho, que pode ser esquematizada como:

  1. Evangelizar os pobres (18), ou "pregar o evangelho aos pobres". O termo evan-gelho significa "boas-novas" ou "boas notícias". Os pobres pareciam mais dispostos a ouvir Jesus. As suas necessidades faziam com que eles se voltassem para o Salvador. Ninguém, rico ou pobre, consegue encontrar Jesus até que perceba sua destituição espi-ritual, busque a Cristo, e confesse a Ele as suas necessidades.
  2. Para curar os quebrantados do coração (18). Para consolar aqueles cujas circunstâncias desesperadoras ou pecados causaram uma tristeza de coração.
  3. Para apregoar liberdade aos cativos (19), especialmente aqueles que são cati-vos do pecado e de Satanás. A expressão lembra o cativeiro na Babilônia.
  4. Para dar vista aos cegos (19) — referindo-se tanto à cegueira física quanto à espiritual. Um momento de reflexão irá revelar Cristo em ambos os aspectos, em seu ministério que traz a Luz.
  5. Para pôr em liberdade os oprimidos (19) — aqueles oprimidos pelas calamida-des ou pelo pecado. A libertação do pecado é garantida e completa; a libertação da cala-midade ou das dificuldades significa a libertação das suas causas, ou a graça necessária para suportá-las.


6) Para anunciar o ano aceitável do Senhor (19). A expressão ano aceitável se refere ao ano do jubileu — o qüinquagésimo ano. Aqui se trata da época da aceitabilidade do homem por Deus — que Deus irá aceitar aquele que se voltar a Ele em verdadeira contrição e rendição. Este fato será pregado no ministério messiânico e na dispensação da graça.

Cerrando o livro e tornando a dá-lo ao ministro, assentou-se (20) significa literalmente: "Tendo enrolado o livro (ou o pergaminho) e tendo-o entregue ao ajudante, ele se sentou". Normalmente os pregadores judeus pregavam sentados. Os olhos de todos... estavam fitos nele — tanto em disposição para ouvir a sua mensagem quanto, possivelmente, com alguma ligeira percepção da exclusividade da situação atual, embo-ra a seqüência mostre que eles não estavam prontos — no coração — para receber aquilo que Ele iria dizer.

Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos (21). Aqui temos a procla-mação oficial de que o Messias chegou e que o seu ministério estava em andamento. Esta proclamação revela a principal razão de Lucas para iniciar, com este episódio, a narrati-va do ministério de Cristo. Em termos literários, é um excelente ponto de partida, e o Evangelho de Lucas é o mais literário dos quatro.

E todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça (22). Palavras de graça literalmente significam "palavras que transmitem graça". Sem dúvida, eles admiraram o seu talento para falar e a beleza da sua linguagem, mas tam-bém se extasiaram com a maravilha do que Ele estava dizendo e de quem Ele era. Não é este o filho de José? Este era o grupo hesitante. Para eles, Jesus era somente o filho de José; como poderia Ele ser o Cumprimento desta grande passagem messiânica?

Sem dúvida me direis... Médico, cura-te a ti mesmo (23). Aqui Jesus compreen-de os seus pensamentos e prevê os seus comentários posteriores. Mas os Seus comentá-rios a seguir não são calculados para obter a confiança deles, nem para persuadi-los a aceitá-lo como o Messias. Grande parte do que Ele disse nesta ocasião eram palavras diametralmente opostas à cegueira e aos preconceitos mais amargos que eles possuíam.

Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria (24). Provérbios como este não tinham a intenção de falar de uma situação ou fato que não tivesse uma exceção possível. Ao invés disso, eles são a afirmação de princípios importantes e gerais. Além disso, é necessário observar que este provérbio não se aplica aos grandes homens deste mundo cujas pátrias compartilham a sua glória. Ele se aplica aos profetas que representam Deus e pregam a verdade — a verdade freqüentemente embaraçosa e incriminadora.

Em verdade vos digo (25). A verdade que Ele irá dizer é algo de que eles não vão gostar, e que se recusarão a aceitar.

Muitas viúvas existiam em Israel... (25). Jesus cita dois eventos do Antigo Testa-mento em que os gentios pareceram obter um tratamento preferencial de Deus e de seus profetas, enquanto os judeus, com as mesmas necessidades, eram ignorados. Trata-se da viúva de Sarepta, a quem Elias ajudou (1 Rs 17:8-24) e de Naamã, o sírio, que foi purifi-cado da lepra (2 Rs 5:1-19). Este é um dos muitos exemplos onde Lucas apresenta episó-dios e ensinos de Jesus que o mostram como tendo sido igualmente interessado em todos os homens e não limitado pelos rígidos preconceitos dos judeus.

E,todos, na sinagoga... se encheram de ira (28). Nenhuma ira é tão feroz nem tão cega quanto aquela que é gerada pelo preconceito, particularmente pelo preconceito religioso.

E... o expulsaram da cidade e o levaram até ao cume do monte... para dali o precipitarem (29). Nazaré estava localizada em uma elevação, a pouca distância do Vale de Esdraelom. A cidade foi construída em um declive de 120 a 150 metros de altura de onde se vê um pequeno vale. O lugar aceito como sendo o da tentativa de destruir Jesus fica a cerca de três quilômetros de Nazaré, e é conhecido como o Monte da Precipitação. Mas um lugar mais provável é um paredão rochoso com 12 a 15 metros de altura, na parte oeste da cidade.

Ele, porém, passando pelo meio deles, retirou-se (30). Esta fuga deveu-se pro-vavelmente à agilidade do Mestre mais do que a um milagre, pois Jesus seguia o princí-pio de nunca usar o seu poder milagroso em benefício de sua necessidade pessoal de segurança. No entanto, não se deve dizer que a Providência e a ajuda do Espírito Santo não estivessem envolvidas. Qualquer ajuda que Ele tenha recebido não foi milagrosa, no sentido usual desta palavra, mas aquela que está disponível a todos os filhos de Deus quando chega a necessidade, e Deus deseja interferir.

2. Jesus Vai a Cafarnaum; Um Demônio é Expulso (4:31-37)

Este material não é encontrado em Mateus, mas é fornecido, com algum detalhe, por Marcos. Aqui Lucas quase repete o conteúdo de Marcos.

Cafarnaum, cidade da Galiléia (31). Esta é outra indicação de que o Evangelho de Lucas foi escrito para os gentios, pois nenhum judeu precisava da explicação de que Cafarnaum ficava na Galiléia. Se alguma cidade pode ser mencionada como sendo a casa de Jesus durante o seu ministério público, essa era Cafarnaum. Os seus primeiros discí-pulos foram encontrados nesta cidade, e nas suas proximidades, e muitos dos aconteci-mentos relatados nos Evangelhos aconteceram aqui.

E os ensinava nos sábados. Evidentemente este era um costume regular de Je-sus. Ele participava regularmente do culto da sinagoga aos sábados, tomando parte da leitura oficial da Lei ou dos textos dos Profetas, ou de ambos, fazendo os seus próprios comentários, e também pregando as boas-novas do seu ministério singular.

E admiravam-se da sua doutrina, porque a sua palavra era com autoridade (32). Doutrina aqui significa, literalmente, "ensino". Uma característica admirável dos seus ensinos era que, diferentemente dos escribas, Ele baseava os seus pronunciamen-tos na sua própria autoridade e não na autoridade de alguns rabinos de destaque. Na verdade, podemos ver muitos exemplos em que Ele levou a sua própria autoridade na direção oposta dos ensinos dos rabinos ou "das tradições dos anciãos".

E estava na sinagoga um homem que tinha um espírito de um demônio imundo (33). Observe que o dia de trabalho típico de um sábado para Jesus ia além dos seus ensinos e das suas pregações. Normalmente eram estas "outras" atividades que o colocavam em conflito com os líderes judeus. Para eles, a lei era mais importante do que os homens, e os preceitos eram mais importantes do que os princípios. Jesus se opunha a eles nas duas coisas.

Fica claro, tanto a partir das Escrituras quanto do Talmude, que os judeus antigos consideravam como obra de demônios muitas coisas que hoje já não são consideradas assim, mesmo pelos estudiosos cristãos mais conservadores. Também é inegável que as Escrituras ensinam que a possessão demoníaca é uma realidade. Sem dúvida, muitos que eram deformados ou doentes mentais eram normalmente considerados como possu-ídos pelo demônio. Entretanto, se cremos na inspiração divina das Escrituras, precisamos reconhecer que os simples fatos da narrativa dos Evangelhos revelam o domínio dos demônios sobre a vida de muitas pessoas.

Que temos nós contigo... ? Vieste a destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus (34). O cético chamaria estas palavras de delírios de uma mente demente. Mas

nesta afirmação se encontram a sanidade perfeita e um discernimento sobre-humano. A mudança da forma plural para a singular dos pronomes pessoais (nós para eu) não é um erro gramatical do demônio. Quando ele usa a forma plural, se refere a todo o reino de demônios, do qual ele faz parte, e cuja punição compartilhará. Quando ele diz sei quem és, está revelando o seu discernimento pessoal quanto à pessoa e a natureza de Jesus.

Observe o que o demônio sabe:
a) ele sabe quem Jesus é; b) sabe que a destruição (o castigo eterno) é o que irá receber. Mas ele tem um conhecimento limitado; não sabe se Jesus veio para destruí-lo junto com os seus semelhantes, ou não — os planos de Deus são ocultos para Satanás e os seus asseclas, exceto quando são revelados ao homem.

Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai dele (35). Jesus não queria o teste-munho da sua divindade vindo do mundo demoníaco, mesmo que os demônios conheces‑

sem a sua identidade. E o demônio, lançando-o por terra... saiu dele, sem lhe fazer mal. O demônio não podia resistir à ordem de Jesus nem machucar seriamente o homem que Ele havia decidido defender.

Veio espanto sobre todos, e falavam... dizendo: Que palavra é esta. (36) A última frase não é na verdade uma pergunta, mas uma exclamação. Aos espíritos imundos manda com autoridade e poder, e eles saem. As duas palavras gregas mais comuns para "poder" são usadas aqui, e estão corretamente traduzidas. A congregação da sinagoga reconheceu que Jesus tinha autoridade para ordenar aos demônios e tam-bém o poder (dinâmico) para forçá-los a obedecer.

E a sua fama divulgava-se por todos os lugares... (37). Um milagre assim não poderia ser mantido em segredo, e a fama de Jesus crescia muito, como resultado das emoções e das línguas incontroláveis.

  1. A Cura da Sogra de Pedro (4:38-39)

Para uma argumentação sobre esta passagem, veja os comentários sobre Mateus 8:14-15 (cf. também Mac 1:29-31). Lucas acompanha Marcos mais de perto do que Mateus.

Lucas se refere à febre da sogra de Pedro como muita febre. Os outros dois Evange-lhos Sinóticos não usam "muita". A palavra original aqui era um termo científico usado pelos médicos para descrever uma febre grave. Galen também usa a mesma palavra com o mesmo sentido. Aqui há outra indicação de que o autor deste Evangelho era um médi-co, e representa uma prova a mais de que Lucas foi este autor.

  1. Os Milagres Depois do Pôr-do-sol em Cafarnaum (4:40-41)

Para uma argumentação sobre este assunto, veja os comentários sobre Mateus 8:16-17. Lucas omite as citações de Isaías encontradas no texto de Mateus, citações que dão a entender que estes milagres são o cumprimento da profecia de Isaías. Por outro lado, Lucas nos conta que muitos demônios, antes de serem expulsos, gritavam e diziam: Tu és o Cristo, o Filho de Deus (41), e que Jesus os repreendia e não os deixava falar, porque sabiam que Ele era o Cristo (veja os comentários sobre Lucas 4:35). Marcos apre-senta uma parte desta explicação (Mac 1.34).

5. Jesus Expande o Seu ministério (4:42-44)

O conteúdo dos versículos 42:44 não é encontrado no texto de Mateus, mas é forne-cido em Marcos 1:35-38. Para uma argumentação ampla, veja os comentários sobre esta passagem no texto de Marcos.

E, sendo já dia (Marcos diz: ..."de manhã muito cedo, estando ainda escuro"), saiu e foi para um lugar deserto (42). Normalmente, é Lucas quem narra os momentos de oração de Jesus, mas neste caso é Marcos quem nos conta que Jesus orou.

E a multidão o procurava... e o detinham, para que não se ausentasse... Eles queriam que Jesus ficasse com eles. Isto era incomparavelmente melhor do que o trata-mento que Ele recebeu em Nazaré, mas Jesus tinha outros planos, e outros homens precisavam dele.

Também é necessário que eu anuncie a outras cidades o evangelho do Rei-no de Deus, porque para isso fui enviado (43). Marcos diz "aldeias vizinhas" em lugar de outras cidades. É fácil ver que Lucas está dando a este material uma aplica-ção mais ampla e, consequentemente, de um grande apelo junto aos gentios. Jesus deixa claro que Ele é enviado não para umas poucas pessoas ou para uma cidade, mas para outros e finalmente para todos os homens.

E pregava nas sinagogas da Galiléia (44) Uma afirmativa abrangente que mostra o seu ministério expandido para toda a Galiléia. Veja os comentários sobre Mateus 4:23.


Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 44
*

4:1

Jesus estava “cheio do Espírito Santo... e foi guiado pelo mesmo Espírito”, mostrando que a tentação estava nos planos de Deus. Logo no início, Jesus defrontou-se com a questão de que espécie de Messias ele era.

* 4.3-13

O diabo procura desviar Jesus de sua missão divinamente estabelecida. Em sua vitória sobre Satanás, Jesus amarra o valente e começa a saquear as suas posses (11.21,22). A narrativa de Lucas realça o paralelo entre a tentação de Jesus e as provações de Israel no deserto. Jesus foi tentado por quarenta dias no deserto e Israel peregrinou por quarenta anos no deserto (Nm 14:34). Israel falhou no teste da obediência, enquanto Jesus foi plenamente obediente ao Pai.

* 4.5-8

Esta tentação vem em terceiro lugar em Mateus. A razão para esta diferença de ordem não é conhecida. A tentação é para Jesus estabelecer um poderoso império mundial, mas ao custo de cultuar Satanás. Outra vez Jesus repele a tentação, citando as Escrituras (Dt 6:13).

* 4:9

o pináculo. Este pode ter sido o topo do muro do templo, de onde se podia ver o Vale de Cedron ou, talvez, pode ter sido o ponto mais alto do próprio templo. Jesus foi tentado a demonstrar publicamente o seu poder miraculoso, mas responde citando outra vez as Escrituras (v.12). A passagem citada (Dt 6:16) novamente recorda a experiência de Israel no deserto.

* 4:14

Jesus realizou um intensivo ministério antes de retornar a Nazaré.

* 4.16-20

Esta narrativa é o mais antigo registro conhecido a respeito da ordem do culto no serviço de uma sinagoga. O culto incluía uma leitura da lei e uma dos profetas. Jesus ou o dirigente da sinagoga pode ter escolhido Isaías 61:1,2 e 58.6. Era costume levantar-se para a leitura, numa demonstração de respeito para com a Palavra de Deus e, em seguida, sentar-se para o sermão. A leitura escolhida mostra uma forte preocupação para com o pobre (1.51-53, nota; Sl 9:18, nota).

* 4.21-27

Ao apresentar a rejeição em Nazaré, no começo do ministério de Jesus, Lucas acentua certas características principais daquele ministério: a) a reação de admiração diante do seu ensino acoplada à persistente descrença e rejeição (vs.22,28); b) seu ministério como o cumprimento das Escrituras (v.21); c) sua preocupação com o pobre e oprimido (vs.18,19) e d) seu objetivo final de incluir os gentios entre o povo de Deus (vs.26,27).

* 4:32

se maravilhavam. Em contraste com os fariseus e mestres da lei, que apelavam para a tradição e mestres anteriores, Jesus provocou um sentimento de admiração no povo, porque não citava autoridades.

* 4:33

Há poucos exemplos de possessão demoníaca no Antigo Testamento ou no Novo Testamento, fora dos Evangelhos. Nas Escrituras, tal possessão é, primariamente, parte da oposição do mal à vinda do Filho de Deus.

* 4.33-35

Este demônio foi expulso no Sábado. Lucas fala de quatro outras curas que Jesus realizou no Sábado (v.38; 6.6; 13 14:14-1) e há duas outras em João (5.8,9; 9.14).

* 4:34

O demônio reconheceu Jesus como “o Santo de Deus” — uma expressão que denota o especial relacionamento de Jesus com Deus e seu revestimento de poder pelo Espírito Santo (Jo 6:69). Lucas torna claro que parte da missão de Jesus era destruir os poderes do mal.

* 4:38-39

Mateus e Marcos, ambos, registram este milagre, porém, só Lucas menciona a febre alta, o que pode indicar o seu interesse médico. O fato de Jesus “repreender” a febre pode significar que ele viu Satanás por trás disso, de algum modo.

* 4:41

Tu és o Filho de Deus. Outra vez são os demônios que discernem que Jesus é o Filho de Deus. O povo podia ver nele não mais do que um homem, mas as forças do mal o reconheceram.

* 4:43

É necessário. Esta expressão aponta para a compulsão divina na missão de Jesus. O reino era central.

reino de Deus. Esta é a primeira menção de Lucas a respeito do reino de Deus, o mais freqüente tema da pregação de Jesus.


Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 44
4:1 Algumas vezes sentimos que se o Espírito Santo nos guia, sempre será "junto a águas de repouso" (Sl 23:2). Mas isto não é de tudo certo; o Espírito conduziu ao Jesus ao deserto para uma larga e difícil época de prova e pode também nos levar a situações difíceis. Ao enfrentar provas, primeiro assegure-se de que não vêm devido ao pecado nem por decisões insensatas. Se não descobrir pecado inconfesado nem comportamento negligente que trocar, peça a Deus que lhe dê energias para enfrentar a prova. Por último, tome cuidado em seguir fielmente para onde o Espírito o guia.

4:1 A tentação freqüentemente vem depois de um bom momento em nossa vida espiritual ou em nosso ministério (veja-se 2 Rsseis 18:19 que relatam a história do Elías, onde logo depois de sua grande vitória, segue-lhe o desespero). Recorde que Satanás escolhe o momento preciso para seus ataques. Precisamos estar em guarda em tempos de vitória e em tempos de desalento. Veja-a terceira nota a Mt 4:1ss de como Satanás nos prova quando estamos vulneráveis.

4.1, 2 Satanás tentou a Eva no horta e tentou também ao Jesus no deserto. Satanás é um ser real, não um símbolo nenhuma idéia. Constantemente luta contra Deus e contra os que lhe seguem e obedecem. Jesus foi o branco original de sua tentação. Satanás triunfou com a Eva e Adão, e pretendia fazer o mesmo com o Jesus.

4.1-13 Conhecer e obedecer a Palavra de Deus é arma eficaz contra a tentação, a única ofensiva provida na "armadura" de Deus (Ef 6:17). Jesus usou a Escritura para enfrentar os ataques de Satanás e você pode fazê-lo também. Mas, a fim de usá-la com eficácia, deve ter fé nas promessas de Deus porque Satanás também sabe as Escrituras e é perito nas torcer para que se ajustem a seus propósitos. Obedecer as Escrituras é mais importante que ter um simples versículo que mencionar, de maneira que leia-os diariamente e aplique-os a sua vida. Assim sua "espada" terá sempre fio.

4:2 por que foi necessária a tentação do Jesus? Primeiro, a tentação é parte da experiência humana. Para que Jesus fora nitidamente humano e pudesse nos entender de tudo, teve que enfrentar a tentação. (Veja-se Hb 4:15.) Segundo, Jesus teve que desfazer a obra do Adão. Este, embora se criou perfeito, caiu na tentação e seu pecado se transmitiu a todo o gênero humano. Jesus, em contraste, resistiu a Satanás. Sua vitória oferece salvação a todos os descendentes do Adão (veja-se Rm 5:12-19).

4:3 Satanás freqüentemente expõe interrogantes a respeito do que Deus há dito. Sabe que uma vez que comecemos a questionar a Deus, será muito mais fácil conseguir que façamos o que ele quer. Possivelmente expor perguntas nos ajude a formar crenças e fortalecer a fé, mas também pode ser perigoso. Se enfrentar dúvidas em sua vida, tenha em conta que pode ser vulnerável às tentações. Até se busca respostas, proteja-se mediante a meditação nas verdades inamovibles da Palavra de Deus.

4:3 Algumas vezes o que nos sentimos tentados a fazer não é mau em si. Transformar pedras em pão não é necessariamente daninho. O fato não era pecado, a não ser o motivo. Satanás tratou de que Jesus se desviasse a gastos de suas metas a longo prazo. Satanás freqüentemente obra assim, nos persuadindo a realizar coisas, até boas, mas por razões errôneas ou no momento indevido. O fato de que algo não seja mau não significa que seja bom para você em um determinado momento. Muitos pecam por atender a seus legítimos desejos fora da vontade de Deus ou fora de seu tempo. A primeira pergunta que deve fazer-se é: "É o Espírito Santo o que me guia a fazer isto? Ou: É Satanás o que me induz a fazê-lo para me desviar do caminho?"

4.3ss Freqüentemente não só nos tentam nossas debilidades, mas também nossos lados fortes. Satanás tentou ao Jesus por onde O estava firme. Jesus teve poder sobre as pedras, os reino do mundo e até sobre os anjos e por isso Satanás quis que esse poder o usasse sem considerar sua missão. Quando damos lugar ao diabo e usamos erroneamente nossas forças, voltamo-nos soberbos e autodependientes. Ao confiar em nossos poderes necessitamos muito pouco da ajuda de Deus. Para não cair nesta armadilha, devemos chegar ao convencimento de que todas nossas energias são um dom de Deus e que as devemos dedicar a seu serviço.

4.6, 7 Com arrogância, Satanás esperou sair gracioso em sua rebelião contra Deus ao tratar de desviar ao Jesus de sua missão e obter adoração. "Este mundo é meu, não de Deus", dizia, "e se esperas fazer algo importante aqui, melhor que o tenha em conta". Jesus não discutiu com Satanás a respeito de quem era o dono deste mundo, em troca refutou a validez da declaração. Sabia que redimiria ao mundo ao dar sua vida na cruz, não através de uma aliança com um anjo corrupto.

4.9-11 Aqui Satanás tergiversa as Escrituras. A intenção do Salmo 91 é mostrar o amparo de Deus para seu povo, não incitá-lo a usar o poder de Deus em demonstrações sensacionais ou tolas.

4:13 A derrota de Satanás foi decisiva, mas não final. Através de seu ministério, Jesus enfrentaria ao diabo em muitas formas. É comum ver a tentação como algo que vem e vai. Em realidade, devemos nos manter sempre alerta contra os reiterados ataques do diabo. Onde é mais suscetível à tentação neste momento? Está preparado para enfrentá-la?

4:16 As sinagogas eram muito importantes na vida religiosa dos judeus. Durante o exílio, quando os judeus não gozavam do templo, estabeleceram-se as sinagogas como lugares para a adoração durante na sábado e como escolas para os meninos durante a semana. Continuaram em uso até depois da reconstrução do templo. Uma sinagoga se podia abrir em qualquer povo onde vivessem ao menos dez famílias judias. Dirigia-a uma pessoa e seu ajudante. Na sinagoga, muitas vezes o líder convidava a um rabino visitante para que lesse as Escrituras e ensinasse.

4:16 Jesus foi à sinagoga "conforme a seu costume". Apesar de que era perfeito como Filho de Deus e sua sinagoga local deixava muito que desejar, assistia às reuniões cada semana. Seu exemplo converte em débeis e egoístas muitas das desculpas que se usam para não assistir. Faça que a assistência ao culto de adoração forme parte de sua vida.

4.17-21 Jesus citou Is 61:1-2. Esta passagem descreve a liberação do Israel do cativeiro babilônico como um ano de jubileu no que se cancelavam todas as dívidas, liberavam-se os escravos e se devolviam as propriedades a seus donos originais (Levítico 25). Mas a liberação do cativeiro não trouxe o que o povo esperava; ainda era um povo conquistado e oprimido. Daí que Isaías possivelmente se referia a uma era messiânica futura. Jesus com audácia anunciou: "Hoje se cumpriu esta Escritura diante de vós". Jesus se proclamou como aquele que faria que estas boas novas acontecessem, mas de uma maneira que a gente era incapaz de entender.

4:24 Nem sequer aceitaram ao mesmo Jesus como profeta em seu povo. Muita gente tem a mesma atitude. Todo aquele que leva uma maleta e que vem de longe é um perito. Não se surpreenda quando sua vida e fé cristãs não as compreendam com facilidade nem as aceitem quem o conhece bem.

4:28 Estes comentários enfureceram aos do Nazaret, porque Jesus dizia que às vezes Deus decidia alcançar aos gentis antes que aos judeus. Jesus os acusou de ser tão incrédulos como os cidadãos do reino do norte do Israel nos dias do Elías e Eliseu, uma época notória por sua grande maldade.

4:31 Fazia pouco que Jesus se partiu para o Capernaum desde o Nazaret (Mt 4:13). Capernaum era uma cidade próspera, com grande riqueza, assim como também grande em pecado e decadência. Já que ali estava o quartel geral de grande parte das tropas romanas, os comentários a respeito do Jesus podiam correr através de todo o Império Romano.

4:31 por que deixavam que Jesus ensinasse nas sinagogas? Jesus aproveitou o costume de permitir aos visitantes ensinar. Rabinos itinerantes eram sempre bem-vindos para falar com os que se reuniam cada dia de repouso na sinagoga. O apóstolo Paulo também se beneficiou com este costume (vejam-se At 13:5; At 14:1).

4:33 Na sinagoga onde Jesus ensinava havia um homem poseído pelo demônio. abriu-se passo até o lugar de adoração e lançou impropérios ao Jesus. É ingênuo pensar que na igreja estamos protegidos de maldade. Satanás se goza ao invadir nossa presença sempre e em qualquer lugar que possa. Mas a autoridade do Jesus é maior que a dele; e onde está Jesus, os demônios não podem permanecer por muito tempo.

4.34-36 A gente se maravilhava ao ver a autoridade do Jesus para jogar fora demônios, os espíritos malignos que Satanás governa e envia para acossar às pessoas e tentá-la a pecar. Como sua líder, possivelmente sejam anjos cansados que lhe uniram em rebelião contra Deus. Os demônios podem obter que uma pessoa emudeça, seja surda, cega ou perca a razão. Jesus enfrentou a muitos demônios durante sua estadia na terra e sempre impôs sua autoridade sobre eles. Conforme nos relata Lucas, não só o demônio saiu deste homem, mas sim o fez sem sequer danificá-lo.

4:36 A maldade penetra nosso mundo e não deve surpreender que freqüentemente a gente vive temerosa. Mas o poder do Jesus é muito maior que o de Satanás. O primeiro passo para dominar o temor ao maligno é reconhecer a autoridade do Jesus. O venceu o mau, incluindo satanás.

4:39 Jesus sanou à sogra do Simón (Pedro) completamente, ao grau que não só a febre a deixou, mas sim também cobrou energias e imediatamente se levantou e atendeu as necessidades de outros. Que atitude mais formosa de serviço demonstrou! Deus nos dá saúde para servir a outros.

4:40 A gente veio ao Jesus até "ficar o sol" porque era dia de repouso (4.31), seu dia de descanso. O dia de repouso durava de pôr-do-sol da sexta-feira até pôr-do-sol do sábado. A gente não queria quebrantar a Lei que proibia viajar no dia de repouso, de maneira que esperava até que passassem as horas sabáticas para ir ao Jesus. Logo, como destaca Lucas o médico, foram ao Jesus com diversas enfermidades e O os sanava.

4:41 por que Jesus não quis que os demônios revelassem quem era? (1) Ordenou aos demônios que calassem para mostrar sua autoridade sobre eles. (2) Queria que seus ouvintes acreditassem que era o Messías por suas palavras e não pelos demônios. (3) Revelaria sua identidade ao seu devido tempo, no tempo de Deus, e não ia permitir que Satanás o obrigasse com seus planos malignos. Os demônios o chamaram Jesus "o Santo de Deus" (4,34) ou "o Filho de Deus" (4,41) porque sabiam que era o Cristo. Mas Jesus ia mostrar se como o servo sufriente antes de chegar a ser o grande Rei. A pronta revelação como Rei tivesse causado alvoroço nas multidões com expectativas errôneas do que O deveu fazer.

4:42 Jesus tinha que levantar-se muito cedo a fim de ter um tempo a sós. Se O necessitou solidão para orar e descansar, quanto mais nós? Não permita que as muitas ocupações da vida lhe levem a um frenesi de atividades que lhe impeçam de ter seu devocional a sós com Deus. Não importa quanto tenha que fazer, deve ter sempre um tempo para orar.

4:43 O Reino de Deus é boas novas! Do tempo da cautividad em Babilônia, os judeus esperavam a vinda do Messías prometido. O Reino de Deus era boas novas para eles porque significava o fim de sua espera. Também o é para nós porque denota liberdade da escravidão do pecado e do egoísmo! O Reino de Deus está aqui e agora, porque o Espírito Santo vive nos corações dos crentes. Também está no futuro, porque Jesus voltará para reinar sobre um reino perfeito onde não existirão nem o pecado nem a maldade.


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 44
D. tentação de Jesus (4: 1-13)

1 E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito no deserto 2 durante 40 dias, sendo tentado pelo diabo. E ele comeu nada naqueles dias: e quando foram concluídas, teve fome. 3 E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão. 4 E Jesus respondeu-lhe: É Está escrito: O homem não vive só de pão. 5 Então o levou para cima, e mostrou-lhe todos os reinos do mundo em um momento de tempo, 6 E o diabo disse-lhe: A ti darei toda esta autoridade, ea glória destes reinos, porque está entregue a mim; e para quem eu quiser dar. 7 Portanto, se tu queres adorar perante mim, tudo será teu. 8 E Jesus, respondendo, disse-lhe: está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele darás servir. 9 E ele levou-o a Jerusalém, e pô-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo: 10 porque está escrito,

Ele aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para guardar-te:

11 e,

Em suas mãos eles te sustentarão,

Para que não por acaso tu traço teu pé em pedra.

12 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Diz-se, Tu não tentarás o Senhor teu Deus.

13 E quando o diabo toda a tentação, ausentou-se dele por algum tempo.

Para uma discussão mais ampla sobre a crise na vida de Cristo, veja as notas sobre Mt 4:1 . Vamos observar aqui principalmente os itens distintos em Lucas.

No primeiro verso Lucas só tem a expressão plena do Espírito Santo . Esta é a frase-chave do livro de Atos, que também foi escrito por Lucas. Seu interesse no Espírito Santo é muito acentuada. O Espírito é mencionado mais vezes neste Evangelho do que em qualquer um dos outros, e mais de cinquenta vezes em Atos, muitas vezes mais do que em qualquer outro livro do Novo Testamento.

Lucas relata que, quando Satanás estava oferecendo a Jesus a autoridade dos reinos do mundo se Ele o adorasse, o diabo disse: porque está entregue a mim; e para quem eu vou dar-lhe . O fato marcante é que Cristo não negou a alegação do diabo. Três vezes no Evangelho de João, encontramos Jesus referindo-se a Satanás como "o príncipe deste mundo" (Jo 12:31 ; Jo 14:30 ; Jo 16:11 ).

O significado desta segunda tentação é, portanto, expressa por Burton: "O objectivo ponto em que o tentador destinado era, como na primeira tentação, para mudar Jesus do propósito Divino, para destacar sua vontade de a vontade do Pai, e para induzi-lo a criação de uma espécie de independência. "

Lucas conclui a história da tentação, dizendo que quando o Diabo acabado toda tentação -que sugere que os três foram registrados apenas os clímax de uma longa série, ele deixou Jesus por uma temporada (v. Lc 4:13 ). As últimas palavras são nefastas, sugerindo que ele estaria de volta.

III. O ministério galileu (4: 14-9: 50)

A. início do ministério público (4: 14-30)

1. Volte para a Galiléia (Lc 4:14 , 15)

14 E Jesus voltou no poder do Espírito para a Galiléia; e uma fama saiu a seu respeito por todas as terras em redor. 15 E ensinava nas suas sinagogas, e por todos era louvado.

Todos os três Evangelhos sinópticos ressaltar o fato de que Jesus se mudou para o norte para a Galiléia (conforme Lc 4:12 Matt. ; Mc 1:14 ). Mas só Lucas diz que Ele voltou para sua terra natal , no poder do Espírito . Esta é uma ênfase de Lucas típica (conforme At 1:8. ; Mc 1:28 ). Um ministério cheio do Espírito Santo é sempre eficaz.

Em todas as cidades que Jesus visitou Ele encontrou uma porta aberta para o ensino nas sinagogas . Esta foi uma situação talvez inigualável por qualquer outro no mundo de hoje. Como rabino visita, Ele seria convidado para falar (conforme At 13:15 ). Isto deu-lhe a oportunidade de falar a Boa Nova.

Não se sabe muito sobre a origem da sinagoga. Mas o consenso hoje é que esta instituição teve seu início durante o período de cativeiro babilônico, quando os judeus não tinha um templo para adorar. Após o retorno dos judeus a Judéia foi-se cimentando sob a influência dos escribas. Embora principais estudiosos discordam em detalhes ", todos eles definir o início da sinagoga no exílio babilônico, mas sua consolidação na Palestina, como resultado do trabalho de Esdras."

Lucas diz que Jesus foi glorificado por todos. Este é também um termo favorito de Lucas. "Glória" e "glorificar" são encontrados com mais freqüência neste Evangelho do que nos outros dois sinópticos, embora não tantas vezes como no Evangelho de João."Glória" e "poder" foram destaque no pensamento de Lucas.

O comentário de Plumptre nesta frase final do versículo 15 é pena citar. Ele escreve: "O amanhecer do dia de trabalho foi brilhante. Wonder, admiração, glória, esperou o novo profeta. Logo, porém, quando a Sua pregação envolveu uma demanda sobre a fé ea obediência dos homens para além do que eles esperavam, ele despertou a oposição, ea narrativa que se segue é a primeira etapa do que o antagonismo ".

2. Rejeição em Nazaré (4: 16-30)

16 E, chegando a Nazaré, onde fora criado, e ele entrou, segundo o seu costume, na sinagoga no dia de sábado, e levantou-se para ler. 17 E foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías . E abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito,

18 O Espírito do Senhor está sobre mim,

Porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres:

Ele enviou-me para proclamar a libertação aos cativos,

E restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,

19 a apregoar o ano aceitável do Senhor.

20 E ele fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se:. e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele 21 E começou a dizer-lhes: Hoje tem se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos . 22 E todos lhe davam testemunho, e se admiravam das palavras de graça que saíam da sua boca, e eles disseram. Não é este o filho de José? 23 E ele lhes disse: Sem dúvida, direis me este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; tudo o que ouvimos ter sido feito em Cafarnaum, faze também aqui na tua terra. 24 E disse: Em verdade vos vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria. 25 Em verdade vos digo que, havia muitas viúvas em Israel nos dias de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses, quando veio uma grande fome em toda a terra; 26 e nenhuma delas foi enviado Elias, mas apenas para Sarepta, na terra de Sidom, a uma mulher que "era uma viúva. 27 E havia muitos leprosos em Israel no tempo de Eliseu, o profeta; e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o sírio. 28 E todos ficaram cheios de ira na sinagoga, ao ouvirem estas coisas; 29 e eles levantaram-se e lançaram-no fora da cidade, eo levaram até o cume do monte em que a sua cidade foi construída, para que pudessem derrubá-lo de cabeça. 30 Mas ele passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.

Mateus (13 53:58'>13 53:58) e Marcos (6: 1-6 ), tanto gravar uma visita de Jesus à sua cidade natal de Nazaré, mas colocá-lo em um ponto posterior na cronologia. Como observa Gilmour, colocando-o aqui faz com que seja "um frontispício dramático para o ministério público de Jesus."

Houve disputa considerável sobre se esta é a mesma viagem em que se relacionou por Mateus e Marcos. Os melhores estudiosos estão divididos sobre esta questão. Por exemplo, Alford, AB Bruce, Farrar, e Geldenhuys favorecer uma visita, assim como o Creed. Alford cita vários argumentos em apoio a esta posição. Farrar diz mais simples: "Esta é provavelmente a visita relacionados em ordem unchronological em Mt 13:53 ; Mc 6:1 ., uma vez que depois de tão violento e decisivo a rejeição como St. Lucas descreve, é improvável que ele deveria ter pregado em Nazaré novamente "

Mas nós já observamos que Lucas descreve a prisão de João Batista em um ponto anterior do que realmente aconteceu (veja 3: 18-20 ). Então, por que não pode ele ter feito a mesma coisa aqui? Esta é a visão de Geldenhuys, que acha que Lucas queria descrever a natureza do ministério de Jesus e mostrar seu interesse na salvação dos gentios.

Por outro lado, a ideia de duas visitas é favorecida por Andrews, Ellicot, Godet, Meyer, e outros. Andrews diz: "Os pontos de diferença são mais numerosos, e mais claramente marcadas." Tanto ele como Godet apresentar estas diferenças de pormenor.

Em face de tal desacordo geral é difícil tomar uma decisão. E se contentar com uma visita, como provavelmente a maioria dos estudiosos bíblicos fazem hoje, ainda ficamos com a questão de cuja cronologia é preferível, o de Mateus e Marcos, ou o de Lucas. A linguagem do versículo 23 implica um período de realização de milagres em Cafarna1. Mas isso talvez pudesse ser equiparado com a declaração no versículo 14 .

Segundo o seu costume (v. Lc 4:16) aponta para um hábito ao longo da vida de frequentar a sinagoga no dia de sábado. A este respeito, Jesus deu um exemplo para o nosso ir à igreja cada dia do Senhor, o sábado cristão.

Era, aparentemente, o costume que alguém que gostaria de ler uma lição Escritura levantou-se para ler (v. Lc 4:16 ). O atendente entregue a Jesus o livro , isto é, um "scroll" do profeta Isaías (v. Lc 4:17 ). Isso teria sido após a repetição do Shema (Dt 6:4. ; Dt 11:13 ; Nu 15:37. ), uma oração e da leitura da lição prescrita da Lei (o Pentateuco ). As leituras, tanto a Lei e os Profetas foram em hebraico, com uma paráfrase em aramaico (Targum) adicionado para que os ouvintes iriam entender. "A Lei foi lido por mais de um período de três anos e um anos na Babilônia, mas o leitor escolheu sua própria seleção dos Profetas."

A lição Jesus selecionado foi de Is 61:1 . O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu refere-se à recente Batismo, quando o Espírito Santo desceu sobre Cristo. Para pregar boas novas aos pobres é um forte ênfase em Lucas. Ele tem mais a dizer para os pobres do que os outros evangelistas (ver Introdução ). As pessoas pobres estavam dispostos a ouvir e acatar a mensagem, enquanto muitas vezes o aprendido e rico rejeitou-o. Como prova de clímax de Sua messianidade, Jesus disse aos discípulos de João Batista para relatar a ele "os pobres não têm boas notícias pregou a eles", literalmente, "os pobres são evangelizados." É o mesmo aqui- verbo "para evangelizar pessoas pobres. "Esta é a glória do evangelho, que é uma boa notícia para todos os que aceitarem. É um fato surpreendente que, enquanto o verbo euvangelizo é encontrado apenas uma vez em Mateus e não a todos em Marcos ou João, ocorre dez vezes em Lucas e quinze vezes em Atos (escrito por Lucas) -Vinte e cinco de um total de cinqüenta e cinco vezes no Novo Testamento. É definitivamente uma ênfase de Lucas.

As palavras "para curar o coração quebrado" (KJV) são omitidos nas versões revistas, porque eles não são encontrados na maioria dos muito mais antigos manuscritos gregos. Mas eles estão na passagem de Isaías, que Jesus estava lendo. Godet, o grande comentarista francês, pensa que "eles formam a base quase indispensável da palavra de Jesus, ver. 23 ". Assim, ele iria mantê-las, sustentando que a sua omissão em alguns manuscritos é devido a falta de cuidado em copiar uma longa série de infinitives . Mas Plummer afirma: "As provas contra a cláusula ... é decisivo." De qualquer forma, as palavras são, no Antigo Testamento, e não podemos dar qualquer explicação sobre o por que eles podem ter sido omitidos aqui.

Ele me enviou não está no tempo perfeito em grego, como em Inglês, enquanto que os ungiu (acima) é aoristo. Plummer ressalta a importância deste: "Ele me ungiu (uma vez por todas); Ele enviou-me (e eu estou aqui). "O perfeito grego enfatiza não só um ato completo, mas ainda mais pela força um estado contínuo.

O verbo enviado não é o termo mais geral pempo mas o mais forte apostello , que "acrescenta a ideia de uma autoridade delegada tornando a pessoa enviado para ser o enviado ou representante do remetente." Isso significa "enviado em uma missão."

A primeira coisa (como registrado aqui) para que Jesus foi enviado foi para proclamar a libertação aos cativos . A palavra grega para proclamar é a mesma que a utilizada para a pregação de João Batista (Jo 3:3. ; Sl 44:3 ...); e, portanto, em particular, da constatação de "favor" com Deus (Lc 1:30 ; At 7:46 ...). A partir do sentido do favor de Deus em geral (Lc 2:40 , Lc 2:52 ; Jo 1:14 , Jo 1:16 ), chegamos ao sentido teológico especial de "favor de Deus para com os pecadores, o dom gratuito da sua graça" (At 14:3 , At 14:24 , At 14:26 , e freqüentemente nas Epístolas Paulinas).

Mas surpresa foi misturado com incredulidade. Os ouvintes começaram a perguntar, não é filho deste José? Isto sugere que o povo de Nazaré considerou José para ser o pai real, em vez de pai adotivo, de Jesus. Aparentemente José era um homem muito comum, cujo filho não se podia esperar para ter uma carreira tão espetacular como este Profeta. Ou a pergunta pode simplesmente indicar que as pessoas consideravam a passagem de Isaías para ser messiânico, e não podia ver como uma criança de Nazaré poderia preencher esse papel.

Em resposta, Jesus sugeriu que seus conterrâneos provavelmente gostaria de citar a Ele o familar parábola ("provérbio") Médico, cura-te a ti mesmo (v. Lc 4:23 ). Isto é semelhante a palavra moderna, a aplicação é feita aqui "caridade começa em casa.": Os milagres que ouviam dizer que ele estava se apresentando em Cafarnaum deve ser feito também em Nazaré. Esta observação é muitas vezes tomado como indicador de uma data posterior para esta visita a Nazaré, de acordo com a cronologia de Marcos e Mateus, quando Sua fama como milagreiro teria ganho proporções. Mas, provavelmente, uma resposta suficiente para esse argumento é encontrado no versículo 14 : "A fama correu a seu respeito por todas as terras em redor."

Jesus passou a equilibrar isso com um outro provérbio: Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria (v. Lc 4:24 ). Para ilustrar este Ele citou o caso de Elias, que era odiado em seu próprio país, mas foi cuidada por uma viúva de Sarepta (a cidade entre Tiro e Sidon). Também havia muitos leprosos em Israel nos dias de Eliseu. No entanto, nenhum deles foi purificado. Em vez Naamã, o sírio , um general do exército do inimigo de Israel, foi curada.

Este foi mais do que os ouvintes na sinagoga poderia tomar. Eles correram Jesus para fora da cidade e tentou jogá-lo sobre o cume do monte -a penhasco rochoso. Mas Jesus , passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho (v. Lc 4:30 ). Se isto envolveu o uso de "Seu poder divino", como Geldenhuys pensa, não temos nenhuma maneira de estar certo.

B. MINISTÉRIO em Cafarnaum (4: 31-43)

1. Deliverance de Demoniac (4: 31-37)

31 E desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia. E ensinava-lhes no dia de sábado: 32 e maravilharam-se da sua doutrina; a sua palavra era com autoridade. 33 E estava na sinagoga havia um homem, que tinha o espírito de um demônio imundo; e clamou com grande voz, 34 Ah! o que temos nós contigo, Jesus Nazareno tu? Vieste para nos destruir? Bem sei quem és: o Santo de Dt 35:1 ). Notamos aqui apenas os elementos de reconhecimento dado por Lucas. Desde que ele estava escrevendo para pessoas que vivem fora da Palestina, acrescenta a identificação de Cafarnaum como uma cidade da Galiléia (v. Lc 4:31 ). Ele usa o termo demônio duas vezes (vv. Lc 4:33 , Lc 4:35 ), enquanto Marcos simplesmente diz "espírito imundo." Ser um médico, Lucas acrescenta a observação a respeito da condição do endemoninhado entregue que o demônio saiu, tê-lo cometido delito algum (v. Lc 4:35 ). Este é um dos muitos itens pouco neste Evangelho que sugere que ele foi escrito por um médico (ver Introdução ).

2. Cura da Mãe-in-Law de Pedro (Lc 4:38 , 39)

38 E, levantando-se da sinagoga, e entrou em casa de Simão. E a sogra de Simão enferma com muita febre; e rogaram-lhe por ela. 39 E ele estava sobre ela, repreendeu a febre; e esta a deixou, e ela se levantou imediatamente e os servia.

Este milagre é registrado em todos os três sinóticos (veja os comentários em Mt 8:14. ; Mc 1:29 ). Lucas mostra mais uma vez o interesse de um médico em sua descrição da aflição da mulher. Ele diz que ela foi realizada com muita febre (v. Lc 4:38). Esta expressão foi utilizada por esses médicos como Galen. Também Lucas descreve a cura com a indicação distintiva que Jesus repreendeu a febre (v. Lc 4:39 ). Hobart observa que esta língua "viria mais naturalmente a partir de um escritor médico que o outro."

3. sol Serviço de Cura (Lc 4:40 , 41)

40 E quando o sol estava se pondo, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias trouxe-as para si; e ele pôs as mãos sobre cada um deles, e os curavam. 41 E os demônios também de muitos saíam, clamando e dizendo: Tu és o Filho de Deus. E repreendendo-os, ele sofreu que não falassem, pois sabiam que ele era o Cristo.

Este também é encontrada em todos os três Evangelhos sinópticos (ver comentários sobre o Mt 8:16 ; Mc 1:32 ). Lucas é um pouco mais definido na especificação de que os demônios sabiam que Jesus era o Cristo (v. Lc 4:41 ); isto é, o Messias.

4. Sunrise Tempo Prayer (Lc 4:42 , 43)

42 E, quando já era dia, ele saiu e foi para um lugar deserto e as multidões procuravam depois dele, e foi ter com ele, e teria ficado, que ele não deveria ir com eles. 43 Mas ele disse-lhes: Devo pregar as boas novas do reino de Deus também às outras cidades também, pois para isso foi que fui enviado.

Esta descrição de Jesus orando no início da manhã é encontrado em Marcos, mas não Mateus (ver comentários sobre Mc 1:35 ). Uma pequena diferença nas contas é que Marcos diz que "Simão e os que estavam com ele" procurou Jesus, enquanto Lucas diz simplesmente as multidões . Considerando Marcos relata Jesus dizendo que Ele deve "pregar" (kerusso , "arauto") em outras cidades, Lucas tem o seu verbo favorito evangelizar - pregar as boas novas . Em outras palavras, Ele queria evangelizar outras cidades além de Cafarna1.

C. pregando e curando (4: 44-5: 16)

1. Posto de Pregação (Lc 4:44)

44 E ele estava pregando nas sinagogas da Galiléia.

Esta breve declaração resumo encontra paralelo em Mc 1:39 . Ele indica que Jesus fez uma viagem de pregação das sinagogas da Galiléia. É de notar que algumas versões modernas (por exemplo, RSV, NEB) ter "Judéia". Isso porque a Judéia é a leitura nos dois mais antigos manuscritos gregos (Vaticanus e sinaiticus), bem como alguns outros. Se "Judéia" é a leitura original aqui, a palavra deve ser tomado em sua conotação mais ampla, como referindo-se a toda a Palestina, a terra dos judeus. Plummer diz: "Lucas usa frequentemente Ioudaia nesse sentido ... escritores clássicos usar o termo da mesma maneira. ".


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 44
Uma das ênfases desse capítulo é a forma como o Espírito inspira o Se-nhor a fazer uso da Palavra. Nossas palavras nem sempre realizam mui-ta coisa, mas sua Palavra tem autori-dade e poder.

  • A Palavra conquista o inimigo (4:1-13)
  • Jesus não cedeu à tentação, de modo que o Pai pôde determinar o caráter e a capacidade do Filho, pois ele já aprovara o Filho (3:
    22) e o fará de novo (9:35). Nem ele foi tentado a dar a Satanás a oportuni-dade de derrotá-lo, como também é provável que Satanás nem mesmo quisesse essa confrontação, pois sabia que Jesus venceria todas as suas táticas. Ele foi tentado e, as-sim, experimentou pessoalmente tudo pelo que passamos. Assim, ele está preparado para ajudar-nos (He 2:16-58; He 4:14-58). Na verdade, era uma chance de es-capar da cruz, mas ele não aceitou. Na terceira tentação, Satanás desa-fia-o a testar a Palavra do Senhor pulando do pináculo do templo e apóia seu desafio com uma citação "editada" deSl 91:11-19.

    Jesus, capacitado pelo Espírito Santo, usou "a espada do Espírito" (Ef 6:17) para derrotar o tentador ci-tando Dt 8:3 e Dt 6:13,Dt 6:16. Jesus não usou seus poderes divinos para vencer; usou as mesmas armas espirituais que qualquer um de nós pode usar se nos entregarmos a ele (1Co 10:13).

  • A Palavra condena o pecador (4:14-30)
  • Jo 1:19-43; Mq 6:1-33). Imagina-ríamos que os residentes de Nazaré estariam preparados para recebê-lo, já que esta é a sua cidade.

    Era costume pedir nos cultos das sinagogas que os rabis visitantes apresentassem as lições das Escritu-ras e fizessem os comentários que achassem pertinentes. Nessa época, Jesus já ministrava havia um ano e era muito popular, portanto seria na-tural que o líder da sinagoga o con-vidasse para participar.Is 61:1-23 fazia parte da lição indicada, e Jesus usou essa passagem como texto de seu discurso em que fez três anún-cios surpreendentes.

    Primeiro, ele anunciou que as Escrituras cumpriram-se nele. Ele fora ungido pelo Espírito para minis-trar a todos os tipos de pessoas ne-cessitadas e levar-lhes a salvação do Senhor. Segundo, anunciou o início do Ano do Jubileu. "O ano aceitá-vel do Senhor" refere-se a Levíti- co25:8ss, o 50a ano em que tudo em Israel retorna ao lugar certo. (Observe que Jesus omitiu uma par-te de Is 61:2: "O dia da vingança do nosso Deus", porque esse dia ainda virá.) Por fim, ele anunciou que tudo isso aconteceu pela graça de Deus. Ele citou dois exemplos da história judia para provar que o Senhor foi misericordioso com os gentios (1Co 1:1-46). Curar no sábado era uma violação das tradições rabínicas, porém Jesus foi em frente e liber-tou esse homem. Sem dúvida, ele poderia esperar para fazer isso em outro dia, todavia o milagre envol-via mais que libertar um homem endemoninhado; também envol-via ajudar as pessoas a entender a diferença entre as tradições do homem e a verdade de Deus. Jesus realizava muitos milagres no sába-do, e isso enfurecia os líderes reli-giosos (Lc 4:38-42; Lc 6:6-42), no entanto os escríbas e fariseus preferiam suas tradições legalistas.

    Pedro, André, Tiago e João eram sócios em um negócio de pesca, em Cafarnaum (5:10). Pedro era casado (1Co 9:5) e tinha uma casa em Ca-farnaum com seu irmão André (Mc 1:29). Eles tinham vivido em Betsai- da (Jo 1:44). Jesus curou a sogra de Pedro de uma grande febre em um "milagre particular" que não cha-mou a atenção das autoridades.

    Todavia, o milagre que fez na sinagoga levou uma grande multi-dão à casa de Pedro! As pessoas levavam os doentes e aflitos a Je-sus, e ele os curava. Observe que tanto na sinagoga como na casa de Pedro, Satanás testemunhou que Jesus era o Filho de Deus, mas ele não encorajou esses testemunhos. Com o tempo, suas palavras e obras convenceram algumas pes-soas de que, na verdade, ele era o Filho do Senhor e o Messias de Israel, mas ele não queria nenhum testemunho de pessoas más. Veja At 16:16-44.

    Por mais importante que fosse satisfazer a necessidade física das pessoas, as maiores prioridades no ministério de nosso Senhor, e essas também devem ser as nossas, eram orar (v. 42) e pregar (vv. 43-44).


    Russell Shedd

    Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
    Russell Shedd - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 44
    4.2 Sendo tentado. Jesus suportou tentações em toda a Sua vida (v. 13), mas as três tentações, aqui, são especiais. Os ataques do diabo são contra o Messias, o cabeça da Nova Humanidade (conforme Cl 2:15). Ele foi tentado e venceu por nós (conforme Cl 2:15). Em contraste com Adão, o cabeça da velha humanidade, que caiu, ainda que vivendo em condições ideais, o Segundo Adão venceu o diabo em total fraqueza da carne (conforme 40 dias de jejum). Adão recebeu toda autoridade e glória do mundo (Gn 1:28-30), enquanto Jesus as recebeu através do sofrimento e da morte (Rm 1:4; Fp 2:9-50). Adão rebelou-se contra uma restrição; o Filho de Deus aceitou, de livre vontade, todas elas (conforme Gl 4:4; Fp 2:6-50).

    • N. Hom. 4:3-13 A tentação, sua natureza e como vencê-la. As três tentações de Jesus representam:
    1) As da carne - a satisfação ilícita dos apetites, ou do "eu" (Gl 5:19-48), vencidas pela renúncia (conforme Rm 12:1; Cl 3:5-51, 1Pe 2:11);
    2) As do mundo - o apelo à glória ilícita ou à vaidade (conforme 1Jo 2:15, 1Jo 2:16), vencidas pelo repúdio e a fuga (conforme 1Tm 6:11; Jc 4:12-59). Conclusão: o poder e as armas para o combate vêm do Espírito (1) e da Palavra de Deus (vv. 4, 8, 12).

    4.4 Não só de pão. O contexto de Deuteronômio que Jesus cita, frisa a completa dependência do homem para com o Senhor. Sem Sua bênção, a fartura material de nada adianta.

    4.6 Compare 1Jo 5:19. A tentação era inaugurar o Reino sem a cruz.

    4.9 Se és Filho. Deus acabara de declarar esse fato (3.22). O diabo ainda usa a artimanha de suscitar dúvidas a respeito da Palavra de Deus (Gn 3:1).

    4.14 Aqui começa a seção que narra o ministério de Jesus na Galiléia, e que termina em 9.50, Poder do Espírito (conforme 5.17). A mesma palavra "poder", gr dunamis, aparece na promessa do Espírito emAt 1:8, mas é traduzida como "milagres" emLc 10:13; Lc 19:37, etc., indicando que o poder sobrenatural de Deus é oferecido ao crente, pelo Espírito.

    4.16 Nazaré. Jesus voltou para a Sua terra apenas duas vezes (cf.Mt 13:53-40 e 6:1-6). Em ambos os casos se destaca a incredulidade daqueles que O conheceram apenas como um carpinteiro. Era Seu costume assistir cultos na Sinagoga. Ler. Esta é a única referência à Sua capacidade de ler. Teria lido o trecho em hebraico, traduzindo-o para o aramaico, antes de pregar.

    • N. Hom. 4:18-21 Cristo, o Emancipador:
    1) Dos pobres; através das riquezas das Boas Novas (Ef 1:3);
    2) Dos cativos, através da libertação da Graça (Gl 5:1, Gl 5:13; Gl 3:0) Dos cegos, por meio da luz da vida (Jo 1:9; Jo 8:12);
    4) Dos oprimidos, através do Seu jugo, no qual Ele toma sobre si o nosso fardo (Mt 11:28-40; 1Pe 5:7).

    4.18 Ungiu. É uma possível referência ao Messias, que significa "ungido" (9.20n). A profecia foi cumprida no batismo (3.22).

    4.19 Aceitável. Gr dektos, "bem recebido" (v. 24). O âmago do evangelho é que, agora, Deus convida todos os homens a virem a Ele (2Co 6:2). Jesus deteve-se nesta frase referente ao primeiro advento: "...o dia da vingança..." (Is 61:2) só chegará quando Jesus voltar.

    4.23 Cura-te a ti mesmo. "Mostra como melhoraste tua posição perante a sociedade e o mundo antes de falar a nós".

    4:24-27 Jesus coloca-se a Si mesmo e a Seus ouvintes na mesma situação que prevaleceu no ministério de Elias e Eliseu. Eles foram, em grande parte, rejeitados por Israel. A fúria dos nazarenos foi suscitada pela equiparação deles àqueles judeus menos dignos do favor divino, do que os próprios gentios (conforme At 13:46, At 13:50; Rim 11:11-15).

    4.40 Era ao pôr do sol que o sábado terminava, possibilitando assim o transporte dos doentes sem se contrariar a lei mosaica. Cada um. Cristo nunca perde de vista o indivíduo, mesmo quando as massas o envolvem (42; 5.1; conforme 8:42-48). Cumpriu-se literalmente a profecia de Isaías citada nós vv. 18, 19.

    4.41 Não falassem. Jesus nega aos demônios o direito de anunciá-lo, porque nada têm em comum com Ele. As testemunhas de Jesus devem ser puras.

    4.43 Reino de Deus. Primeiramente, indica a ação de Deus em reinar e, depois, o governo divino, na sua operação salvadora de um lado e em ação judicial do outro. Evangelho do Reino. As boas novas que oferecem reconciliação e perdão pelo novo nascimento. Também às outras cidades. Quando a oportunidade de ouvir de Jesus é limitada a um grupo, contrariamos tanto o mandamento como a prática de Jesus (Mt 28:19; Jo 3:16).

    4.44 Judéia. Os melhores textos sustentam esta redação (conforme outras versões).


    NVI F. F. Bruce

    Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
    NVI F. F. Bruce - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 44

    4)    A tentação (4:1-13)
    A experiência do batismo, que confirma a missão e a posição de Messias de Jesus, é seguida imediatamente pela experiência da tentação no deserto. Impelido ao deserto pelo Espírito Santo por um período considerável, ali ele jejua e luta contra as sugestões de Satanás: (a) de usar o seu poder sobrenatural para a satisfação de suas necessidades puramente materiais ao transformar pedras em pão; (b) de conquistar o coração dos homens por meio de concessões, ao fazer um acordo com o adversário; (c) de testar o poder e a disposição de Deus para protegê-lo ao se envolver numa escapada insensata e irrefletida, mergulhando da parte mais alta do templo. Ao ser confrontado com as palavras das Escrituras, Satanás desiste da disputa por um tempo e se retira.

    Alguns estudiosos vêem nas três tentações uma referência a opiniões políticas contemporâneas. A primeira tentação é comparada à política dos herodianos, que tentavam manter o povo tranqüilo com doações de comida, panem et circenses. Os aristocratas saduceus estavam dispostos a cooperar com as autoridades romanas para firmarem a sua própria posição; os fariseus fixavam as suas esperanças pelo cumprimento das suas aspirações nacionalistas em uma intervenção miraculosa do próprio Deus.

    Marcos conta a história de forma muito abreviada, sem detalhar as três formas específicas que a tentação assumiu. A sua descrição introdutória da provação é mais intensa do que a de Mateus ou Lucas: “Logo após, o Espírito o impeliu ao deserto” — Mateus e Lucas usam um verbo mais suave, foi levado.

    Tanto Mateus quanto Lucas dão um relato detalhado das tentações em si, mas em ordem diferente (a segunda e a terceira de Mateus são a terceira e a segunda de Lucas respectivamente). Isso não precisa ser considerado uma contradição. É uma intensa experiência espiritual que está sendo descrita, durando mais de seis semanas, é e razoável supor que essas três linhas de ataque tenham sido adotadas e intensificadas durante todo o período. Além disso, enquanto Mt 4:2 sugere que as tentações seguiram o jejum, Marcos e Lucas dão a impressão de que jejum e tentação foram simultâneos. O que é importante observar é como, após as energias físicas de nosso Senhor terem sido drenadas completamente por seu jejum e pela batalha espiritual, Satanás sugeriu caminhos mais fáceis de conquistar o coração dos homens e de cumprir sua missão do que o caminho da cruz que estava diante dele.

    De onde os discípulos e os autores dos evangelhos extraíram o seu conhecimento dessa experiência? Evidentemente, como parece, do próprio Senhor. “Após o batismo”, diz A. M. Hunter (The Work and Words of Jesus, 1950, p. 38), “segue, como algo apropriado psicologicamente, a tentação [...]. Como sabemos alguma coisa acerca disso? Durante ‘quarenta dias’ — um número oriental arredondado —, ele esteve sozinho. Obviamente, a história da tentação é uma parte da auto-biografia espiritual contada aos discípulos pelo próprio Jesus, com a total simplicidade com que uma mãe judia poderia tê-la contado a uma criança judia. Podemos ter certeza de que nenhum cristão posterior teria inventado tal história”.

    v. 2. durante quarenta dias: Talvez um “número oriental arredondado”, como sugere Hunter, mas é interessante que a mesma expressão é usada em associação com Moisés e Elias, que ambos jejuaram quarenta dias (Dt 9:9, a promessa “Não terão fome nem sede” faz parte do plano divino de salvação, enquanto em Jo 6:30ss ele é desafiado a provar que é o Messias ao providenciar pão do céu como Moisés o tinha feito. v. 4. Nem só de pão viverá o homem: Citado de Dt 8:3. v. 5. todos os reinos do mundo..:. Embora o “príncipe deste mundo” (Jo 14:30) tenha ocupado temporariamente a sua posição, a autoridade e o esplendor que ele oferecera já haviam sido prometidos ao Messias e tinham de ser pedidos a ele: “Pede-me, e te darei as nações como herança, e os confins da terra como tua propriedade” (Sf 2:8). Essa promessa deve ter se fixado bem na mente de Jesus desde que a voz no batismo tinha citado as palavras anteriores: “Tu és o meu Filho amado” (Lc 3:21). O que pertencia a Deus e só este poderia dar, ele não aceitaria de nenhum outro. v. 8. Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto-. Citado de Dt 6:13. Nenhum ser criado poderia exigir ou receber o que pertencia exclusivamente a Deus. A ACF inclui as palavras: “Vai-te para trás de mim, Satanás” (conforme tb. a ARC), mas elas são omitidas nas versões mais recentes em virtude de falta de apoio textual nos manuscritos. Não é uma questão de se Jesus pronunciou essas palavras ou não; sabemos, com base em Mt 4:10. E impressionante observar que suas três respostas ao tentador são extraídas de um contexto tão voltado para uma situação em que Deus testa Israel (Dt 8:2) e também em que Israel põe Deus à prova (Dt 6:16) no deserto. O reconhecimento dele por parte do Pai como seu Filho foi suficiente para este verdadeiro israelita. Ele não iria pôr Deus à prova ao demonstrar com um milagre que estava falando sério.

    IV. O RETORNO À GALILÉIA (4.14—8.56)

    O relato do ministério na Galiléia em geral segue o esboço de Marcos, embora haja alguns trechos que não estão em Marcos. A tabela a seguir mostra como os dois podem ser comparados:

    Lucas    Marcos e outros materiais

    4:14-30 Mc 6:1-41a omite os detalhes do culto na sinagoga e coloca a rejeição em Nazaré num período posterior ao de Lucas.

    4.31—6.19 Mc 1:21-41).

    6:20-49 Não em Marcos, mas mais extensa em Mateus — o “Sermão do Monte”.

    7.1—8.3 Não em Marcos, mas parte em Mt 8:0,Mc 1:15 ad loc.


    2)    A sinagoga em Nazaré (4:16-30)
    Jesus vem a Nazaré e, no sábado, participa da cerimônia na sinagoga. Em conformidade com o costume, ele foi convidado a ler e comentar a leitura do trecho do dia que está nos profetas. Ele anuncia que a promessa messiânica se tornou agora um cumprimento presente; está claro que os seus ouvintes estão profundamente impressionados. Mas, quando ele diz também que os gentios devem compartilhar dessa bênção, como aliás faziam já nos tempos do AT, a multidão explode em violência, e há uma tentativa mal-sucedida de matá-lo.

    Esse episódio, desde o tempo de Agostinho, é considerado o mesmo registrado em Mc 6:1-41/Mt 13:53-40. Se esse for o caso, surge a pergunta por que Lucas o colocou num estágio diferente do registrado pelos outros sinópticos. Todo esse problema é discutido minuciosamente por N. B. Stonehouse, The Witness of Luke to Christ, p. 70-76, ao qual remetemos o leitor. Aqui é suficiente dizer que esse incidente marcou o início do ministério na Galiléia; por outro lado, ele menciona (v. 23) que a notícia do que ele tinha feito em Gafarnaum já havia chegado a Nazaré. O resumo de Stonehouse é que “a atividade em Nazaré e em Cafarnaum é apresentada como ilustrativa do ministério de pregação e ensino de Jesus como um todo”. Geldenhuys (p.
    170) comenta: “Porque se encaixou tão bem com o esquema de Lucas, ele o colocou primeiro, sem pretender que o episódio fosse primeiro também cronologicamente”.

    A cena na sinagoga: Um relato interessante acerca da sinagoga e seu culto é apresentado por Edersheim, The Life and Times of Jesus the Messiah, v. I, p. 430-50. Depois de uma liturgia introdutória incluindo uma série de orações e “bênçãos”, seguia um conjunto de leituras preestabelecidas do AT em conformidade com um lecionário regular. Eram designados leitores para as diversas porções; se estivesse presente um rabino visitante ou pessoa de alguma distinção, a cortesia exigia que essa pessoa fosse convidada a fazer a leitura, talvez a Haftará, a leitura dos profetas, e a fazer um discurso que tradicionalmente concluía, às vezes, com alguma referência às esperanças messiânicas de Israel.

    O sermão na sinagoga e seus efeitos: A cena registrada na sinagoga de Nazaré segue esse padrão. Jesus tinha crescido na cidade (v. 16), e já era considerado um pregador em Cafarnaum (v. 23). Em conformidade com isso, foi chamado a ler a Haftará. Ele escolheu os primeiros versículos de Is 61:0,Is 35:6; Ml 4:2 etc.). “O ministério de cura de Jesus, como também a pregação do Reino de Deus”, diz A. Richardson, comentando esse trecho, “são aqui apresentados como a manifestação da atividade do Espírito, que deveria ocorrer no final dos tempos, no ano aceitável do Senhor” {The Miracle-Stories of the Gospels, 1941, p. 40). v.

    25,26. Acerca de Elias e da viúva de Sarepta, v. lRs 17.9ss v. 27. Acerca da purificação de Naamã, o sírio, no tempo de Eliseu, o profetav. 2Rs 5:0,Lc 4:32; Mc 1:21,Mc 1:22.

    Cura na sinagoga: Lc 4:33-42; Mc 1:23-41.

    A sogra de Pedro: Lc 4:38,Lc 4:39; Mc 1:29-41.

    Curas gerais após o pôr-do-sol: Lc 4:40,Lc 4:41; Mc 1:32-41.


    4) Viajando e pregando (4:42-44)

    Uma breve nota nos conta que, apesar do apelo dos habitantes de Cafarnaum para que ficasse (como foi diferente a atitude do povo de Nazaré!). Jesus prossegue na sua jornada e prega nas sinagogas de outras cidades. V. comentário de Mc 1:35-41.

    v. 42. Temos aqui um exemplo interessante da impossibilidade de encaixarmos os evangelhos em estruturas inflexíveis. Como já foi mencionado nas observações introdutórias, Lucas nos dá mais vislumbres do Cristo que ora do que qualquer outro evangelista; mesmo assim, aqui ele omite o ponto enfático de que Jesus foi ao deserto para orar. v. 44. nas sinagogas da Judéia\ A melhor evidência dos manuscritos apóia essa leitura, como também a ARA. Mas a ARC e a AGF seguem o texto recebido e trazem “da Gali-léia”, que na superfície parece mais razoável. Isso parece a tentativa de um escriba de corrigir o que ele achava ser um erro na cópia que estava fazendo. Aliás, “Judeia” era um termo usado com freqüência como referência à terra dos judeus de forma geral, e não somente à província com esse nome.


    Moody

    Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
    Moody - Comentários de Lucas Capítulo 3 do versículo 1 até o 15

    III. O Aparecimento do Salvador. 3:1 - 4:15.

    A narrativa do ministério de João Batista, a genealogia e a tentação de Jesus tem o propósito de fornecer os antecedentes do Salvador que Lucas está apresentando. O batismo relaciona-o com a vida espiritual contemporânea sua; a genealogia confirma seu relacionamento com a raça humana; e a tentação prova sua competência em lidar com os problemas morais que a humanidade enfrenta.


    Moody - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 13

    Lc 4:1), foi experimentado nas três áreas do apetite físico, da ambição temporal e do alcance espiritual, para que fosse provado competente em sua missão. Onde o primeiro homem falhou, ele triunfou.


    Dúvidas

    Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e Contradições da Bíblia, por Norman Geisler e Thomas Howe
    Dúvidas - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 13
    Lc 4:1-13 - Há um erro no que diz respeito à tentação de Jesus, conforme registrada por Mateus e Lucas?

    (Veja os comentários de Mt 4:5-10.)


    Francis Davidson

    O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
    Francis Davidson - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 13
    d) A tentação de Jesus (Lc 4:1-42; Mc 1:12-41. Essa experiência misteriosa realizou-se imediatamente depois que Jesus recebera a plenitude do Espírito Santo quando de Seu batismo e foi o primeiro resultado daquela experiência (1). Foi um ataque direto contra a atitude de completa submissão a Deus, atitude esta que Ele havia tomado, e um atentado sutil da parte do diabo para introduzir o elemento de vontade própria na obra do Messias. Jesus recusou-Se a que o assunto fosse referido a Si mesmo e foi de encontro a cada um dos apelos do adversário na luz da vontade de Deus tal como revelada em Sua Palavra. Lucas nos da as três tentações em uma ordem diferente da de Mateus (vide Mt 4:1-40). É provável que todas foram apresentadas à mente de Jesus ao mesmo tempo e que Ele tivesse separado os diferentes elementos da grande tentação e deu aos mesmos esta forma objetiva, a fim de contar aos discípulos acerca de uma experiência subjetiva, sendo profunda demais à compreensão de qualquer mente humana.

    >Lc 4:3

    Se és filho de Deus (3); uma alusão à voz que Jesus ouviu quando de Seu batismo. Está escrito (4). Jesus não respondeu como o Filho de Deus, mas sim como o Homem representativo, dando uma resposta que qualquer homem pode dar. Todas as Suas citações são de Deuteronômio (Dt 8:3; Dt 6:13; Dt 6:16). Ela me foi entregue (6). Jesus não negou a reivindicação que Satanás fez aqui; em outra parte Ele a reconheceu (cfr. Jo 12:31; Jo 14:30; Jo 16:11). A sutilidade desta tentação está no fato de que o diabo ofereceu para colocar a sua própria influência tremenda sobre o mundo à disposição de Jesus para a promoção do reino messiânico. Porque está escrito (10). O diabo não citou mal as Escrituras (Sl 91:11-19), porém aplicou mal essa passagem, fazendo com que ela significasse uma confiança presunçosa em Deus e não fé. As tentações de toda a sorte (13); ou antes, "Todo o tipo de tentação", o círculo completo de tentação para o qual a natureza humana do Senhor estava aberta (cfr. He 4:15). Até momento oportuno (13). O diabo podia ter voltado ao ataque de tempos em tempos; Lucas, porém, provavelmente faz alusão a seu assalto final no Getsêmani (Jo 14:30; Lc 22:53).


    John MacArthur

    Comentario de John Fullerton MacArthur Jr, Novo Calvinista, com base batista conservadora
    John MacArthur - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 44

    22. A tentação do Messias (Lucas 4:1-13)

    Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao redor no deserto durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo. E Ele não comeu nada durante esses dias, e quando eles tinham terminado, ele ficou com fome. E o diabo disse-lhe: "Se és o Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão." E Jesus respondeu-lhe: "Está escrito: 'O homem não vive só de pão." "Então o levou para cima e mostrou-lhe todos os reinos do mundo em um momento de tempo. E o diabo disse-lhe: "Eu te darei todo este poder ea sua glória; para que tenha sido entregue a mim, e eu dou a quem eu quiser. Portanto, se tu me adorares, tudo será teu. "Jesus respondeu-lhe:" Está escrito: 'Você deve adorar o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás. "" Então o levou a Jerusalém, colocou-o no pináculo do templo, e disse-lhe: "Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: 'Ele vai comandar seus anjos a respeito, para te guardarem', e, 'On suas mãos eles te sustentarão, para que não tropeces com o teu pé em pedra.' "E Jesus, respondendo, disse— ele, "Diz-se:" Não tentarás o Senhor teu Deus à prova. "" Quando o diabo tinha terminado todas as tentações, ele deixou-Lo até o momento oportuno. (4: 1-13)

    Há muitas maneiras de verificar a veracidade das Escrituras. Há história antiga secular e arqueologia que corrobora o relato bíblico. A Bíblia também contém centenas de profecias que se cumpriram exatamente como previsto. Apesar de ter sido escrito antes da idade de descobertas científicas modernas, a Bíblia é completamente preciso quando se discute questões científicas. O livro de Jó, escrito durante o período patriarcal, diz que Deus "estende o norte sobre o espaço vazio e suspende a terra sobre o nada" (26:7). Foi em sua humanidade que Jesus suportou a investida da tentação, "porque Deus não pode ser tentado pelo mal" (Jc 1:13). A questão de saber se deve ou não Jesus foi impecável; isto é, não são capazes de pecar. Obviamente, Jesus não pecou; Ele "não conheceu pecado" (2Co 5:21), "não cometeu pecado" (1Pe 2:22), e "Nele não há pecado" (1Jo 3:5; Jo 8:46). Alguns teólogos, no entanto, acreditam que Ele poderia ter pecado, mesmo que ele não fez. Mas a união da natureza divina e humana de Cristo exclui a possibilidade de Jesus ter pecado, como Wayne Grudem observa:

    Se Jesus como uma pessoa tinha pecado, envolvendo ambas as naturezas humana e divina em pecado, então o próprio Deus teria pecado, e ele teria deixado de ser Deus. No entanto, é claramente impossível por causa da santidade infinita da natureza de Deus. Portanto, se estamos perguntando se era realmente possível Jesus pecaram, parece que temos de concluir que não foi possível. A união de suas naturezas humana e divina em uma só pessoa impediu. ( Teologia Sistemática [Grand Rapids: Zondervan 1994].., 538-39 itálico no original)

    Mas mesmo que Jesus não podia pecar, isso não significa que as tentações que ele enfrentou não eram genuínas; sua realidade não dependia de sua capacidade de responder. Na verdade, uma vez que Ele nunca cedeu a eles, Ele suportou toda a sua força. Tentação, portanto, era mais real para ele do que para aqueles que se rendem a ele. Poderia ser tão intensa que fez a Sua "suor [tornar-se] como gotas de sangue, que caíam sobre o chão" (Lc 22:44).

    Comparando-se a tentação de Adão com a de Jesus revela algumas diferenças óbvias e torna a vitória de Jesus sobre a Sua tentação ainda mais notável. Adão enfrentou a tentação no melhor ambiente possível, o jardim do Éden. Jesus enfrentou a tentação no pior cenário imaginável-o deserto do deserto da Judéia. Adão viveu na perfeição sem pecado do mundo da pré-queda. Jesus vivia em um mundo pecador, caído. No acúmulo enorme de tentação atraiu Adão no pecado, porque cedeu à primeira tentação que ele enfrentou. Jesus, por outro lado, enfrentou tentações repetidas ao longo dos primeiros 30 anos de sua vida (He 4:15), e intensa tentação durante os quarenta dias antes do três finais gravados aqui. Adão deleitaram-se em todas as disposições exuberante jardim tinha para oferecer. Jesus foi enfraquecido por quarenta dias de jejum. Na melhor das circunstâncias, Adão caiu; nas piores circunstâncias imagináveis, Jesus não o fez. As conseqüências da queda de Adão à tentação, foram letais para a raça humana; as conseqüências do triunfo de Jesus sobre a tentação estavam dando a vida.

    Conflito de Jesus com Satanás se desdobra em três cenas: a preparação para a batalha, o padrão da batalha, e o pós-morte na batalha.

    A PREPARAÇÃO PARA A BATALHA

    Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao redor no deserto durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo. E Ele não comeu nada durante esses dias, e quando eles tinham terminado, ele ficou com fome. (4: 1-2)

    Após Seu batismo Jesus deixou a vizinhança do Jordão , impulsionado (Mc 1:12) pelo Espírito Santo. Completo ( pleres ) significa "a ser saturado com" ou "a ser permeada completamente com." Jo 1:14 registros que Jesus também era "cheio ( pleres ) de graça e de verdade. "Lucas já notou que João Batista (1:15), Elisabete (01:
    41) e Zacarias (1:
    67) ficaram cheios do Espírito. No dia de Pentecostes, os 120 crentes reunidos no cenáculo "todos foram cheios do Espírito Santo" (At 2:4 Barnabé caracterizado como "um homem de bem e cheio do Espírito Santo." Depois de sua conversão no caminho de Damasco, Paulo estava "cheio do Espírito Santo" (9:17), como ele era quando ele confrontou um falso profeta, na ilha de Chipre (13: 9).

    Ser cheio do Espírito é a meta constante e perseguição ao longo da vida de todos os crentes (Ef 5:18). Mas Jesus viveu toda a sua vida totalmente preenchida com e controlado pelo Espírito Santo. Ele era, em Sua humanidade, totalmente rendido ao controle do Espírito, tendo voluntariamente anular o uso de seus atributos divinos (veja a discussão sobre 03:22 no capítulo 20 deste volume). A submissão de Jesus para o Espírito Santo fez com que Ele sempre fazer a vontade do Pai. Sua tentação não resultou de Sua fazendo escolhas erradas que o deixou em uma situação vulnerável. Ele não resultou Dele se afastar da vontade de Deus; pelo contrário, era a vontade de Deus que Ele enfrentar e derrotar o diabo. Para esse efeito, Jesus foi literalmente empurrados para o deserto pelo Espírito (Mc 1:12) e, em seguida, foi conduzido ao redor pelo Espírito no deserto durante quarenta dias .

    Como se observa na exposição de 3: 2-3 no capítulo 17 deste volume, o deserto da Judéia, onde Jesus foi provavelmente tentado , foi o mais árido, região desolada em todo Israel. Marcado por penhascos íngremes, ravinas profundas, e caíram pedras, era uma região tão árida que os animais não poderiam ser pastavam na mesma. Neste, a área em grande parte desabitada remoto, Jesus pode estar mais sozinho do que em qualquer outro lugar em Israel.

    Lucas já havia notado a presença do mal no mundo. O anjo Gabriel disse a Zacarias que João Batista teria "converterá muitos dos filhos de Israel de volta para o Senhor seu Deus" (1:16), o que indica que eles tinham desviado de-Lo em pecado. Em 1:79, Zacharias falou de O conto sórdido de casamento pecaminoso de Herodes para Herodias e sua prisão de João Batista (3: 19-20) "os que jazem nas trevas e na sombra da morte." Forneceu um exemplo de maldade humana e depravação. Mas aqui, pela primeira vez em seu evangelho, Lucas deu mal um rosto, com a introdução do diabo .

    diabo ( diabolos ; "caluniador" ou "acusador") é Satanás ("adversário"). Originalmente um santo anjo ("Lucifer" de acordo com Is 14:12 [NVI]), o mais elevado de todos os seres criados, "irrepreensível na [sua] caminhos, desde o dia [foi] criado até que se achou iniqüidade em [ele] "(Ez 28:15), tornou-se arrogante, e em seu orgulho procurado" elevar [sua] trono acima das estrelas de Deus "(Is 14:13) e assim" fazer [ele mesmo] como o Altíssimo " (v 14; conforme Ez. 28: 11-15.). Como resultado de seu pecado, Satanás foi expulso do céu, aparentemente, juntamente com um terço dos anjos, que optaram por se juntar a ele em sua rebelião (Ap 12:4), um dragão (Apocalipse 12:3-17), uma serpente (Gn 3:1), o maligno (Jo 17:15), o deus deste mundo (conforme Jo 12:31), que cega os entendimentos dos incrédulos (2Co 4:4; Mc 1:34; Mc 3:11). Afirmação de que a realidade inegável de Satanás é o núcleo de verdade nesta primeira solicitação para o mal.

    A sugestão do diabo que Jesus comandar uma pedra se transforme em pão não era uma tentação de auto-indulgência, pois não é um pecado de comer comida quando se está com fome. Ainda menos foi isso visando conseguir que Jesus de mostrar o orgulho-off totalmente seus poderes, uma vez que Ele e Satanás estavam sozinhos e não havia público para se apresentar para. Ponto de Satanás era muito mais insidiosa e sutil. Ele estava ciente de que, na encarnação, Jesus tinha voluntariamente anular o uso independente de seu poder divino. O diabo estava tentando (como ele teve com Eva) para levá-lo a desconfiar de amor e provisão de Deus para ele. Ele insinuou que Deus era indiferente e desinteressada em situação de Jesus. Afinal de contas, se Deus não tivesse fornecido alimentos para os israelitas teimosamente rebeldes durante os seus 40 anos de peregrinação no deserto? Não tinha Davi testificou: "Fui moço e agora sou velho, mas eu não vi o justo desamparado, nem a sua descendência mendigar o pão" (Sl 37:25)? Se o Pai realmente amava seu filho, por que Ele não forneceu comida para ele nos últimos 40 dias? Satanás esperava para seduzir Jesus a questionar o amor do Pai e do cuidado com o Espírito Santo. Esta foi uma agressão grave, não só sobre a divindade ea perfeição de Jesus Cristo, mas também sobre a unidade da Trindade.

    . Como Ele iria com as outras duas tentações, o Senhor respondeu a meias-verdades de Satanás, e encontra-se com a absoluta verdade, inegável da palavra de Deus Jesus respondeu -lhe, "Está escrito (em Dt 8:3). No Sermão da Montanha, Ele disse:

    Não se preocupe, então, dizer, ou "O que vamos beber?" Ou "Que vamos vestir a roupa?" Pois os gentios procuram avidamente todas estas coisas "O que vamos comer?"; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas estas coisas. Mas buscai primeiro o seu reino ea sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (Mateus 6:31-33.)

    Paulo expressou sua confiança inabalável na provisão de Deus, quando escreveu: "Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus" (Fm 1:4).

    Como Jesus, os crentes são frequentemente tentados a duvidar do amor de Deus por eles. Se Ele fez amá-los, eles razão, ele não teria permitido que quer, circunstâncias decepcionantes dolorosas em que se encontram. Às vezes a sua frustração é agravada pela percepção de que as pessoas descarAdãoente ímpios parecem estar prosperando. Eles encontram-se de acordo com o salmista, que escreveu:

    Pois eu tinha inveja dos arrogantes quando vi a prosperidade dos ímpios. Porque não há dores na sua morte, e seu corpo é gordura. Eles não estão em trabalhos como outros homens, nem são afligidos como humanidade. Pelo que a soberba é o seu colar; a peça de vestuário de violência os cobre. Seu olho protrai de gordura; a imaginação de seu coração para brincadeiras. Eles zombam e perversamente falar de opressão; eles falam do alto. Põem a sua boca contra os céus, ea sua língua desfila pela terra. Por isso o povo dele volta a este lugar, e as águas de abundância são bebido por eles. Eles dizem: "Como sabe Deus? E há o conhecimento com o Altíssimo "Eis que estes são ímpios?; e sempre à vontade, eles aumentaram em riqueza. Certamente em vão Eu tenho mantido meu coração puro e lavado as minhas mãos na inocência. (Sl 73:3-13.)

    Mas, como Jesus, os cristãos devem se recusar a agir fora da vontade de Deus, mas continuamente confiar na Sua provisão amor (conforme Sl. 37).

    Satanás tentou Cristo para Dúvida Plano de Deus

    E levou-o e mostrou-lhe todos os reinos do mundo em um momento de tempo. E o diabo disse-lhe: "Eu te darei todo este poder ea sua glória; para que tenha sido entregue a mim, e eu dou a quem eu quiser. . Portanto, se tu me adorares, tudo será Yours "Jesus respondeu-lhe:" Está escrito: 'Você deve adorar o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás. "(4: 5-8)

    Não tendo conseguido convencer Jesus a duvidar do amor de Deus para ele, Satanás tentou uma abordagem diferente. Após ele, levando-o a um alto monte (Mt 4:8; conforme 13 27:7-14'>Dn 7:13-14 ). No entanto, Jesus estava aqui no meio do nada, com nada mais do que as roupas do corpo. E ainda pior humilhação era seguir: uma vida de pobreza com "onde reclinar a cabeça" (Lc 9:58); rejeição por parte de Seu povo (Jo 1:11); a agonia no Getsémani; , um julgamento ilegal injusto; a flagelação brutal seguido de uma morte dolorosa na cruz. Pior de tudo, Ele seria abandonado pelo Pai como Ele carregou o pecado na cruz, o que faria com que Ele a gritar: "Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?" (Mt 27:46).

    Proposta de Satanás teria permitido Jesus para ignorar todo aquele sofrimento e lhe permitiu tomar imediatamente o que era seu por direito. Mais uma vez, o diabo usou uma verdade parcial a isca no anzol para sua tentação. É verdade que a Escritura chama de Satanás, o deus ou príncipe deste mundo (Jo 12:31; Jo 14:30; Jo 16:11; 2Co 4:42Co 4:4), e as regras sobre eles (1Cr 29:11; 2 Crônicas 20:.. 2Cr 20:6; Sl 22:28; Sl 47:2). Ele ainda deseja ser adorado, e prolifera falsas religiões que em última análise são todos de alguma forma de adoração que lhe foi dada (conforme 1Co 10:20;. Ap 9:20). Mas o golpe supremo teria sido por Satanás para persuadir o Filho de Deus para adorá-lo. Isso teria alcançado seu objetivo original de elevar-se acima de Deus (Is 14:14).

    Os cristãos devem tomar cuidado com a tentação de perder a fé no plano de Deus, especialmente quando eles estão enfrentando circunstâncias difíceis. Não existem atalhos; O caminho de Deus é sempre a melhor. Sua infinita sabedoria garante que qualquer plano de Sua é perfeito e não pode ser melhorado. Os crentes devem, portanto, esperar pacientemente por Deus para agir em seu nome e se recusar a tentação de tomar o assunto em suas próprias mãos (Sl 37:1; He 6:12 e Tiago 5:7-8, Jc 5:10 ).

    Jesus rejeitou enfaticamente sugestão blasfêmia de Satanás, citando novamente a partir de Deuteronômio (6:
    13) como Ele tinha quando confrontado com a primeira tentação do diabo. "Está escrito", Ele declarou: "Você deve adorar o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás." " Jesus se recusou a sair do plano de Deus. Não haveria nenhum pacto com o diabo; nenhum atalho para a glória. Ele iria seguir o plano do Pai seja qual for o custo para ele.

    Satanás tentou Cristo a confiar em Deus presunçosamente

    Então o levou a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: "Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: 'Ele vai comandar seus anjos a respeito, para te guardarem', e, 'On suas mãos eles te sustentarão, para que não tropeces com o teu pé em pedra.' "E Jesus, respondendo, disse— ele, "Diz-se:" Não tentarás o Senhor teu Deus à prova. "(4: 9-12)

    Suas duas primeiras tentativas para atrair Jesus em pecado tinha falhado completamente, mas Satanás fez um esforço final. (Note-se que Mateus coloca esta tentação segundo. Como sempre fazia com o material em seu evangelho, Lucas organizadas tematicamente as tentações, em vez de em ordem cronológica.) Tendo Jesus a Jerusalém , Satanás colocou-o sobre o pináculo do templo . Isso provavelmente se refere ao canto sudeste do complexo do templo, com vista para o vale de Kidron várias centenas de metros abaixo. Lá, o diabo disse a Jesus: "Se (desde) Tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo .

    Desapontado duas vezes por citações das Escrituras Jesus, Satanás agora citado próprio Escritura. Ele ainda apresenta o seu orçamento com a mesma frase Jesus tinha usado: "Porque está escrito: 'Ele dará ordens a seus anjos a respeito, para te guardarem', e, 'On suas mãos eles te sustentarão, de modo que você não vai atacar o teu pé em pedra. "" Uma vez que Jesus não iria desviar Sua obediência ao plano de Deus, Satanás ofereceu-lhe uma oportunidade para permitir que Deus cumpriu a sua palavra. A passagem do diabo citado (Sl. 91: 11-12) é de um salmo messiânico, onde Deus promete proteger o Messias. O diabo esperava que uma de duas coisas que aconteceria se Jesus fez saltar. Se Ele foi morto pela queda, ele não morreria na cruz como um substituto para o pecado como o Velho Testamento predisse que faria (Sl 22;.. Is 53). Ou, forçando Deus para livrá-lo milagrosamente, Jesus deixaria de estar em submissão ao Seu plano e vontade. A essência dessa tentação final foi de abusar da Deus, para apoiá-lo em um canto onde ele seria forçado a agir. Mas Jesus se recusou a agir presunçosamente. Em vez disso, Ele rebateu distorção das Escrituras de Satanás citando Dt 6:16, que claramente ordena, "Não tentarás o Senhor teu Deus à prova."

    Este tipo de tentação é talvez o mais sutil e perigoso dos três, porque aparentemente incentiva as pessoas a exercer fé em Deus. Na realidade, arrogantemente, descarAdãoente exige coisas de Deus, transformando-o em um gênio utilitarista que concede todos os caprichos das pessoas. Essa falsa visão de fé, promovido em sua forma mais extrema por o chamado evangelho da prosperidade (também conhecido como o "nome dele e afirmam que" o movimento), em essência, faz do homem soberano. Se a fórmula certa é usada, Deus tem que responder. Quando Ele não entregar os bens que têm reclamado pela fé, no entanto, muitos se tornam desiludidos e abandonará.

    Em contraste com essa falsa visão, mesmo blasfemo da fé, a verdadeira fé humildemente submete à vontade de Deus. Ele ora, como Jesus ensinou: "Sua vontade seja feita, assim na terra como no céu" (Mt 6:10;. Conforme Lc 22:42).

    O POSTMORTEM DA BATALHA

    Quando o diabo tinha terminado todas as tentações, ele deixou-Lo até o momento oportuno. (4:13)

    A vitória de Jesus foi completo sobre todas as tentações atirou contra ele por o diabo ao longo de todo o período de quarenta dias. Derrotado e demitido por Jesus (Mt 4:10), Satanás o deixou até um momento oportuno . Tais momentos de tentação ocorreu durante todo o ministério terreno de Jesus. Em Lc 22:28, Jesus disse aos discípulos: "Vós sois os que ali estavam comigo nas minhas provações." Satanás através de Pedro tentar Jesus mais uma vez para evitar a cruz, resultando em severa repreensão do Senhor, "Arreda , Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim; para que você não está definindo sua mente os interesses de Deus, mas do homem "(Mt 16:23). O diabo tentaria sucesso Judas para trair Cristo (Jo 13:27).

    Várias lições podem ser tiradas a partir da observação de assalto de Satanás em Cristo. Em primeiro lugar, ele usa as mesmas estratégias para seduzir os crentes que ele usou em Cristo. Ele tenta levá-los a desconfiar do amor de Deus, duvidar de Seu plano, e presumir em Ele, e vai torcer a Escritura para fazê-lo. Em segundo lugar, Satanás aproveitou circunstâncias específicas para lançar seus ataques. Ele tentou Jesus após o ponto alto de seu batismo espiritual, quando o Espírito e que o Pai Lhe afirmou publicamente. Ele também agrediu Jesus quando Ele estava fraco fisicamente depois de quarenta dias sem comida e isolado das outras pessoas. Finalmente, junto com vigilância e oração (Mt 26:41), a Escritura é os crentes essenciais de armas deve exercer para derrotar a tentação. Para fazê-lo de forma eficaz requer tanto conhecimento da Bíblia e um compromisso de obedecê-la.

    Para ser bem sucedido na sua luta contra a tentação, os crentes devem seguir o padrão estabelecido pelo Senhor Jesus Cristo. Eles devem confiar no amor de Deus, submeter-se a seu plano, e se recusam a presumir sobre Suas promessas e graça. Ao fazer isso, eles vão com sucesso "resistir ao diabo" e vê-lo 'fugir da [eles] "(Jc 4:7)

    E Jesus voltou para a Galiléia no poder do Espírito, e a sua fama correu por toda a zona circundante. E começou ensinando nas sinagogas e era elogiado por todos. E Ele veio a Nazaré, onde fora criado; e como era seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para ler. E o livro do profeta Isaías foi entregue a Ele. E abriu o livro e encontrou o lugar onde estava escrito: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para pregar o evangelho aos pobres. Ele enviou-me para proclamar a libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável do Senhor. "E Ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fixos nele. E começou a dizer-lhes: "esta Escritura foi cumprida Hoje, em sua audição." E todos falavam bem dele, e querendo saber das palavras de graça que estavam caindo dos lábios; e eles estavam dizendo: "Este não é filho de José?" E disse-lhes: "Não há dúvida de que você vai citar este provérbio para mim: 'Médico, cura-te! Tudo o que ouvi foi feito em Cafarnaum, fazer aqui em sua cidade natal, bem '. "E Ele disse:" Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem-vinda em sua cidade natal. Mas eu digo a você, na verdade, havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses, de uma grande fome veio sobre toda a terra; e ainda Elias foi enviado a nenhuma delas, mas apenas para Sarepta, na terra de Sidom, a uma mulher que era viúva. E havia muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu; e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o sírio "E todas as pessoas na sinagoga estavam cheios de raiva enquanto que ouviram estas coisas.; e levantou-se e dirigiu-o fora da cidade, e levou-o à cume do monte em que a cidade tinha sido construída, a fim de jogá-lo para baixo do penhasco. Mas passando pelo meio deles, seguiu seu caminho. (4: 14-30)

    Durante os primeiros 30 anos de sua vida, Jesus tinha vivido na obscuridade em Nazaré. O único incidente registrado a partir desses anos de silêncio é a Sua visita a Jerusalém e ao diálogo com os professores no templo quando tinha doze anos. Para além de que, nada se sabe sobre sua infância, exceto para a declaração geral que Ele "continuou a aumentar em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens" (2:52). O próximo evento registrado na vida de Jesus foi o Seu aparecimento no rio Jordão para ser batizado por João Batista. Após Seu batismo Jesus, sob a direção do Espírito Santo, passou quarenta dias no deserto, sendo tentado por Satanás.
    Tudo o que aconteceu em sua vida até este ponto em O Evangelho de Lucas-o testemunho de Gabriel, os anjos que apareceram aos pastores, Zacarias 1sabel, Maria, José, Simeão, Ana, João Batista, a afirmação de Jesus aos doze anos que Ele era o Filho de Deus, e Seu atestado público pelo Pai e pelo Espírito Santo aos Seus-se batismo estabelecidos Suas credenciais messiânicas. O tempo havia chegado para Jesus a pisar o palco do Seu ministério público integral.
    Esta cena introdutória no relato de Lucas do ministério público de Jesus acontece em sua cidade natal de Nazaré. Pode ser dividido em três seções: o cenário, a mensagem, e a reação.

    O AMBIENTE

    E Jesus voltou para a Galiléia no poder do Espírito, e a sua fama correu por toda a zona circundante. E começou ensinando nas sinagogas e era elogiado por todos. (4: 14-15)

    Como uma pequena porta que leva para uma vasta galeria de arte, versículos 14:15 são a entrada de uma nova seção de retratos de Jesus no evangelho de Lucas. Eles introduzem ministério de Jesus naGaliléia , na parte norte de Israel, que o Senhor estaria envolvido em cerca de um ano e meio. Durante esse tempo passou Jesus no poder do Espírito (conforme At 10:38 e a discussão Dt 3:22 no capítulo 20 e 4: 1 no capítulo 22 deste volume) "de uma cidade e aldeia [houve 240 cidades e aldeias da Galiléia acordo com o historiador judeu do primeiro século Josephus ( Vida , 45)] para outro, proclamando e anunciando o Reino de Deus "(8: 1). Poderosa pregação de Jesus e os milagres que realizou criou uma sensação enorme, de modo que a sua fama correu por toda a zona circundante (conforme 5:15), e até mesmo para o sul em Judéia (7:17). Nesta fase inicial, em Seu ministério Jesus foi elogiado por todos . Galiléia não era uma grande região, e Jesus teria completamente coberta-lo no ano e meio de Seu ministério lá. Talvez seja por isso, como alguns têm especulado, a comissão do Senhor dos apóstolos em At 1:8), seu relato de ministério na Judéia Jesus 'centra-se em revelações de que Jesus é Deus. Depois de Seu batismo e tentação, Jesus voltou para a vizinhança do Jordão, onde João estava batizando continuar seu ministério. Quando viu Jesus, João exclamou: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!" (1:29). No dia seguinte, João apontou Jesus a dois de seus discípulos (André e João) e repetiu a sua declaração: "Eis o Cordeiro de Deus!" (V. 36). "Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus" (v. 37). Mais tarde, na mesma seção que Filipe introduzido Nathanael para Jesus. Natanael foi surpreendido por Sua saudação: "Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!" (V. 47). "Como você me conhece" à pergunta de Natanael, Jesus deu uma resposta ainda mais surpreendente, que revelou Sua onisciência: "Antes de Filipe te chamar, quando estavas debaixo da figueira, eu te vi" (v 48).. Oprimido por Jesus 'conhecimento sobrenatural dele, "Respondeu-lhe Natanael:" Rabi, Tu és o Filho de Deus; Tu és o Rei de Israel '"(v. 49).

    A resposta do Senhor a Natanael exibido outro atributo de Deus, a transcendência: "Porque eu disse a você que eu te vi debaixo da figueira, você acredita? Você vai ver coisas maiores do que estas ". E ele disse-lhe: 'Em verdade, em verdade vos digo que, você vai ver o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem "(vv. 50-51). Transcendência divina de Jesus fornece acesso para o céu para aqueles que nEle crêem.
    Antes de sair para a Judéia, Jesus fez um breve desvio de volta para a Galiléia para participar de um casamento (2: 1-11). O local era a aldeia de Cana, não muito longe de sua cidade natal, Nazaré. Durante a celebração, o vinho acabou, uma violação flagrante da etiqueta que poderia ter estigmatizado o casal para o resto de suas vidas. Depois de Sua mãe veio e pediu-lhe para ajudar, Jesus milagrosamente criado vinho, exibindo, assim, outro atributo da divindade, onipotência.
    Após uma breve estadia em Cafarnaum (2:12), Jesus foi para Jerusalém para celebrar a Páscoa (2:13). Isto marcou o início de seu ministério na Judéia. O primeiro evento registrado do mesmo ministério, a purificação do templo (2: 14-17), apresentou mais um dos atributos divinos de Cristo, a Sua santidade. Sua compreensão sobrenatural que aqueles que expressaram uma rasa, falso, nonsaving fé nEle, mais uma vez revelou a onisciência de Jesus (2: 23-25).
    Relato de João do ministério na Judéia também se concentrou na mensagem Jesus proclamou. Essa mensagem tinha dois elementos essenciais. Em primeiro lugar, Ele ensinou a necessidade de regeneração, ou o novo nascimento. Em sua conversa com o proeminente professor judeu Nicodemos, Jesus declarou: "Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (3: 3). Então, nos versículos 11:21, Jesus ensinou que a regeneração é apropriada através de crer nEle. As palavras familiares de versículos 16:18 resumir que a verdade:
    Porque Deus amou o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele. Quem nele crê não é julgado; mas quem não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. (3: 16-18)

    Finalmente, João revela a missão de Cristo. Seu encontro com uma mulher samaritana mostrou que Jesus veio para ser "o Salvador do mundo" (4:42; conforme 1Jo 4:14), e não apenas dos judeus. Depois de ficar "dois dias [na aldeia samaritana Jesus] saiu de lá para a Galiléia" (v. 43).

    Por causa de seu ministério estendida na Judéia ", quando Ele veio para a Galileia, os galileus o receberam, vistas todas as coisas que Ele fez em Jerusalém para a festa; para eles próprios também foi para a festa "(v. 45). Eles haviam sido expostos ao ensino de Jesus e os milagres que Ele realizou quando iam a Jerusalém para a Páscoa. Eles estavam prontos para mais.
    Nota de Lucas, que Ele começou ensinando nas sinagogas introduz o padrão e a prioridade do ministério do Senhor. A prioridade para Jesus estava ensinando a Palavra de Deus (conforme Mc 1:38), e em todo o evangelho de Lucas Ele está constantemente retratado como um professor da verdade de Deus (conforme 4:31; 5: 3, 17; 6: 6; 11: 1; 13 10:22-19:47; 20: 1; 21:37; 23: 5). Ele também é frequentemente referido como o Mestre (07:40; 08:49; 09:38; 10:25; 11:45; 12:13 18:18-19:39; 20:21, 28, 39; 21: 7; 22:11).

    As inúmeras sinagogas que existiam na Galiléia, desde que o local perfeito para o ensino de Jesus. Uma vez que o número mínimo de homens judeus necessários para formar uma sinagoga tinha dez anos, a maioria, se não todas, das 240 cidades e aldeias da Galiléia teria tido pelo menos um. Algumas das grandes cidades pode ter tido dezenas deles (de acordo com o Talmud de Jerusalém, havia 480 em Jerusalém, embora esse número é contestado). Sinagogas eram geralmente construídas em pedra e, normalmente, enfrentou Jerusalém. Eles existiam principalmente para a instrução nas Escrituras. Em um serviço de sábado na sinagoga, uma passagem do Velho Testamento seria lido, seguido por um professor explicando o seu significado para a congregação.

    As sinagogas eram de forma alguma considerado um substituto para o templo de Jerusalém, que foi o coração ea alma do judaísmo. Somente no templo poderiam os sacrifícios prescritos na lei de Moisés ser oferecidas e as festas e cerimônias celebradas, não nas sinagogas (não há referências do Velho Testamento para sinagogas). Mas depois os babilônios destruíram o templo quando saqueou Jerusalém em 586AC , os exilados judeus começaram a se reunir em pequenos grupos para ouvir o ensino da Palavra de Deus (conforme Ez 8:1; Ez 20:1 ). Esses encontros informais tornaram-se eventualmente as sinagogas do tempo de Jesus. Os judeus da Diáspora (aqueles que viviam fora da Palestina) não tinham acesso pronto para o templo de Jerusalém reconstruído. Assim, eles também construído sinagogas, como o livro de Atos indica (9: 2, 20; 13 5:14-14: 1; 17: 1, 10, 17; 18: 4, 19). O apóstolo Paulo, como Jesus, freqüentemente pregou o evangelho nessas sinagogas (At 17:17; At 18:4; At 19:8). Na ausência de um professor convidado, qualquer um dos homens presentes que foram aprovados para o fazer pode ensinar. As sinagogas eram governados por anciãos (conforme Mc 5:22), o chefe de que era o archisunagōgos , ou da sinagoga (Lc 13:14; At 18:8).

    A ordem de culto em uma sinagoga típico dos dias de Jesus possa ser reconstituída como se segue:

  • Thanksgivings ou "bênçãos" mencionados em conexão com (antes e depois), o Shema : "Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus, o Senhor é Um, e amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e de toda a a tua alma e com todas as tuas forças ".
  • A oração, com resposta de "Amém" pela congregação
  • Leitura de uma passagem do Pentateuco (em hebraico, seguida pela tradução para o aramaico)
  • A leitura de uma passagem dos Profetas (traduzido de forma semelhante)
  • Sermão ou palavra de exortação
  • A Bênção pronunciada por um sacerdote, para que a congregação respondeu com "Amém." Quando nenhum sacerdote estava presente uma oração de encerramento foi substituído para a Bênção. (William Hendriksen, New Testament Commentary: O Evangelho de Marcos [Grand Rapids: Baker, 1975], 75-76)
  • O relato de Lucas da visita de Jesus à sinagoga de Nazaré começou com Ele lê um trecho dos profetas (neste caso de Isaías), e em seguida, dando a exposição.

    A MENSAGEM

    E Ele veio a Nazaré, onde fora criado; e como era seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para ler. E o livro do profeta Isaías foi entregue a Ele. E abriu o livro e encontrou o lugar onde estava escrito: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para pregar o evangelho aos pobres. Ele enviou-me para proclamar a libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável do Senhor. "E Ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fixos nele. E começou a dizer-lhes: "esta Escritura foi cumprida Hoje, em sua audição." (4: 16-21)

    Dos muitos eventos que Lucas poderia ter escolhido para começar a seu relato do ministério de Cristo, ele pegou sua visita a Nazaré . Ele fez isso porque o que Jesus disse, nesta ocasião, identifica-o como o Messias e define perfeitamente o Seu ministério. Esta primeira de duas visitas registradas por Jesus para a cidade onde ele cresceu ocorreu perto do início de seu ministério na Galiléia; a outra visita, registrado em Mateus (13 54:58) e Marcos (6: 1-6), ocorreu perto de seu fim.

    Nazaré foi localizado em um oco nas colinas da Galiléia, ao norte da planície de Esdrelon, a meio caminho entre o Mar da Galiléia e do Mar Mediterrâneo. Era uma aldeia insignificante nos dias de Jesus (que não foi mencionado no Antigo Testamento, o Talmud, ou por Josefo), ofuscado pelo maior cidade de Séforis, a norte. Foi neste insignificante, ao largo da aldeia caminho batido que Jesus havia sido criado (conforme a exposição Dt 1:26 no capítulo 4 deste volume). Embora tenha nascido em Belém e mais tarde fez Cafarnaum Sua cidade natal (Mt 4:13), Jesus manteve-se associado com Nazaré durante todo o Seu ministério (04:34; 18:37; 21:11 Matt 26:71; Mc 1:24; At 10:38; At 26:9; 3: 1-2; Mc 6:2; Dt 4:1 no início deste volume). Ele seria ungido pelo Espírito, separado, e com poderes para serviços especiais, como Is 11:2). Possuindo um "espírito quebrado" e um "um coração quebrantado e contrito" (Sl 51:17), eles são como o publicano arrependido, que estava "disposto a levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: 'Deus, sê propício a mim, pecador! "(Lc 18:13). É essas pessoas, Jesus declarou, a quem Deus justifica (v. 14). Em contraste, o Senhor repreendeu os membros da igreja de Laodicéia por pensar que eles eram "ricos, e [tinha] tornar-se rico, e [tinha] necessidade de nada", quando na realidade eles eram "miseráveis ​​e miserável, pobre, cego e nu "(Ap 3:17).

    Enquanto os pobres economicamente não estão em vista aqui, essas pessoas muitas vezes são solo fértil para o Evangelho (conforme 1 Cor. 1: 26-29). Suas circunstâncias desesperadas conduzi-los a um nível de desespero que aqueles que estão bem de vida nem sempre experimentar. Por essa razão, Jesus declarou que "é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus" (Lc 18:25). Tiago escreveu: "Não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do reino que ele prometeu aos que o amam?" (Jc 2:5; conforme Mt 18:1). Os perdidos também estão sob o jugo de Satanás (Ef. 2: 1-2) ", mantido em cativeiro por ele para cumprirem a sua vontade" (2Tm 2:26.).Satanás usa seu medo da morte para escravizá-los (Heb. 2: 14-15). Eles também são escravos do pecado (Rm 6:6).

    A boa notícia do evangelho é que Deus enviou Seu Filho para libertar aqueles que estão em cativeiro espiritual. Em Isaías 42:5-7 Deus disse para o Messias,

    Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus e os estendeu, que estendeu a terra e seus descendentes, que dá a respiração ao povo que nela está e espírito aos que andam nela: "Eu sou o Senhor, que chamei você na justiça, eu também vai prendê-lo pela mão e cuidar de você, e eu vou nomeá-lo como uma aliança do povo, como uma luz para as nações, para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão do calabouço e aqueles que habitam nas trevas da prisão. "

    Aphesis ( liberação ) significa "perdão" (é assim traduzido em 1:77; 3: 3; 24:47; 26:28 Matt; Mc 1:1; At 2:38; At 5:31; At 10:43; At 13:38; At 26:18; Ef 1:7; He 9:22; He 10:18).. Messias irá definir os prisioneiros livres, pagando a penalidade para a sua violação da lei de Deus. Através de Sua morte sacrificial Deus "cancelado o escrito de dívida que consiste em decretos contra nós, que era hostil a nós; e Ele o tirou do caminho, cravando-o na cruz "(Cl 2:14). Como Charles Wesley expressou em seu magnífico hino "O por mil Tongues",

     

    Ele quebra o poder do pecado cancelado,
    Ele define o prisioneiro livre.

     

    Em terceiro lugar, a missão do Messias era fornecer recuperação de espiritual vista aos cegos . A cegueira espiritual é a condição natural do homem caído. "Eles não sabem nem entendem; eles andam sobre na escuridão "(Sl 82:5). "Este é o julgamento", Jesus declarou: "que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Para todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz para que as suas obras sejam manifestas "(João 3:19-20). Além de sua cegueira natural, Deus judicialmente cega as mentes dos pecadores não arrependidos. O apóstolo João escreveu: "Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que eles não vejam com os olhos e entendam com o coração, e se convertam e eu os cure" (Jo 12:40; conforme Rm 11:8; Jo 9:5; 0:
    46) aqueles que segui-Lo" não andará nas trevas, mas terá a luz da vida "( Jo 8:12). Paulo lembrou aos Coríntios que "Deus, que disse: 'luz brilhará para fora das trevas", é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo "(2 Cor . 4: 6). "Você estava anteriormente escuridão", Ef 5:8). Paulo foi enviado aos gentios "para abrir seus olhos, para que se convertam das trevas à luz, e do domínio de Satanás a Deus, para que possam receber o perdão dos pecados e herança entre aqueles que foram santificados pela fé em [Jesus ] "(At 26:18).

    Finalmente, o Messias veio para libertar os que são espiritualmente oprimidos . Estas são as pessoas oprimido por circunstâncias dolorosas da vida, especialmente a carga wearying do pecado e da incapacidade de manter a lei de Deus (conforme 11:46; Mt 23:4). Jesus promete essas pessoas: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados ​​e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tome meu jugo sobre vós e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave eo meu fardo é leve "(Mateus 11:28-30.). "Porque este é o amor de Deus", escreveu João ", que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados ​​"(1Jo 5:3.) E aqueles enviados para prendê-lo (Jo 7:46) mais tarde seria.

    No entanto, surpreendentemente, que a reação positiva seria rapidamente revertido, e as pessoas tentariam matar o familiar Jesus. No sábado já tinha começado tão maravilhosamente, e nenhum Sabbath já terminou de forma tão trágica. O que deu errado? O que mudou a sua avaliação de Jesus tão radicalmente?

    Alguns, sem dúvida, se perguntando por que Jesus parou Sua leitura de Isaías 61: ". O dia da vingança do nosso Deus" 1-2 no meio do versículo 2, omitindo a referência para o povo judeu esperava que quando o Messias veio, Ele iria se vingar de seus inimigos. João Batista tinha falado do fogo inextinguível do julgamento de Messias (3:17), e até mesmo tornou-se perplexo quando Jesus não mostrou sinais de execução de vingança contra os ímpios (7: 19-20).

    Outros não conseguia conciliar o poder impressionante de oratória de Jesus com a realidade de que este era o filho de José . A familiaridade produz o desprezo, e todos os peritos são de fora da cidade. Eles se ressentiam da sua pretensão de ser o Messias, especialmente desde que de acordo com a crença popular Messias seria desconhecido até que de repente apareceu a redimir Israel (Jo 7:27). Como poderia, então este homem, a quem tinha conhecido desde que era criança, possivelmente ser o Messias?

    Mas, acima de tudo, as pessoas se ressentiam afirmação de Jesus de que a salvação está disponível apenas para aqueles que se reconhecem como os pobres, os presos, cegos e oprimidos. Eles não estavam dispostos a aceitar tais rótulos, já que eles viam a si mesmos como justos. Afinal de contas, eles mantiveram a lei (pelo menos aparentemente); Efetivada a sábado, pago o dízimo, observadas as cerimônias, e realizou os rituais. Além disso, como os líderes judeus orgulhosamente lembrou Jesus: "Somos descendentes de Abraão e nunca ter sido ainda escravizados para qualquer um" (Jo 8:33). Ao invés de reconhecer a sua pobreza espiritual, bondage pecaminosa, a cegueira, a opressão ea necessidade de um Salvador, que questionou se Jesus era realmente o Messias. Como ele poderia estar se Ele não conseguia nem distinguir o justo do ímpio?

    Lendo suas mentes, Jesus lhes disse: "Sem dúvida, você vai citar este provérbio para mim: 'Médico, cura-te!'" Em outras palavras, provar suas alegações para nós. Ele sabia que eles estavam pensando Ele deve revelar Seu poder, e estavam prontos para desafiá-lo para verificar sua messianidade milagrosamente. Eles pensaram: "Tudo o que ouvi foi feito em Cafarnaum, fazer aqui em sua cidade natal, bem." Se Ele queria-los a aceitar sua afirmação de ser o Messias, então deixe que ele realize os mesmos sinais que supostamente tinha sido feito na cidade vizinha de Cafarnaum.

    A questão, no entanto, não foi falta de provas, mas a dureza de coração. Nunca houve milagres suficiente para satisfazer. Ninguém em Israel, nem mesmo os líderes (Jo 11:47), nunca questionou a realidade dos milagres de Jesus, mas também não iriam aceitar o que eles provaram. Em vez disso, eles continuamente exigiu mais sinais, como condição de sua crença (Mt 12:38; 16: 1-4.), Ou até mesmo atribuído Seu poder milagroso para Satanás (Matt 0:24.). Nenhuma quantidade de milagres iria convencer aqueles cujas mentes foram endurecidos. "Mas, ainda que Ele havia feito tantos sinais diante deles", escreveu João ", mas eles não estavam acreditando nele" (João 0:37).

    Jesus entendeu que, humanamente falando, era difícil para eles aceitar que alguém que eles estavam tão familiarizados com realmente poderia ser o Messias. Reconhecendo que, Ele fez a obviedade agora proverbial, Truly ( amen ; uma palavra usada para introduzir declarações importantes) eu vos digo que nenhum profeta é bem-vinda em sua cidade natal (conforme Mt 13:57;. Jo 4:44).

    Em seguida, Jesus fez uma transição brilhante. Com efeito Ele disse-lhes: "Falando de profetas indesejáveis, o que dizer de Elias e Eliseu?" A frase que eu digo a você, na verdade, reitera a importância de que ele estava prestes a dizer. O Senhor lembrou-lhes primeiro que havia muitas viúvas em Israel nos dias de Elias . Elias profetizou durante o reinado de Acabe, um dos reis mais perversos de Israel, que "fez muito mais para provocar o Senhor Deus de Israel do que todos os reis de Israel que foram antes dele" (1Rs 16:33). Influenciado pelo seu pagão Gentil mulher a Jezabel, Acabe era um adorador do cananeu Baal divindade, e sob a sua influência culto a Baal floresceu em Israel.

    Como o julgamento de Deus sobre a nação apóstata, Elias anunciou uma seca, e o céu se fechou por três anos e seis meses (conforme Jc 5:17), como resultado de que uma grande fome veio sobre toda a terra . As condições severas foram especialmente difícil para as viúvas, uma vez que as pessoas que foram responsáveis ​​para cuidar deles (conforme Ex 22:22; Ex 14:29 Deut; 16:11, 14; 24:. 17-21.) Não foram capazes (ou não) para fazê-lo. No entanto, apesar da proliferação de viúvas em Israel, Elias foi enviado a nenhuma delas, mas apenas para Sarepta, na terra de Sidom, a uma mulher que era viúva .Esta não foi uma história que o povo judeu gostava de ser lembrado de. Os ouvintes de Jesus, sem dúvida, começou a ficar desconfortável, ou mesmo com raiva dele para levantá-la. Já era ruim o suficiente de sua perspectiva que Elias ministrou a uma viúva Gentil, em vez de um israelita. Mas a terra de Sidon foi a pátria dos ímpios rainha Jezabel (1Rs 16:31). Esta viúva particular, no entanto, era um crente no Deus de Israel (1Rs 17:12, 1Rs 17:24). Ponto de Jesus, que deve ter chocado e indignado o público, era que Deus iria salvar um pária Gentil mulher que admitiu sua pobreza, bondage, cegueira e opressão (conforme 1Rs 17:18), mas não um judeu que não o faria . A implicação era de que, se eles se recusaram a abandonar a sua auto-justiça e admitir sua necessidade espiritual desesperada eles não poderiam ser salvos.

    Mas Jesus não era completamente. Para a raiva crescente de pessoas reunidas na sinagoga de tal acusação, Ele acrescentou outra história familiar e um pouco de mau gosto Antigo Testamento. Este envolvido pupilo e sucessor de Elias, Eliseu. Havia muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu , Jesus lembrou-lhes, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o sírio . Se qualquer coisa, este foi ainda mais chocante do ministério de Elias a uma viúva Gentil. Naamã, o sírio não era apenas um gentio, mas também um leproso, e, portanto, duplamente um pária (conforme Nu 5:2; Jo 8:20), assim passando pelo meio deles, seguiu seu caminho . Por fim, a multidão conseguiu um milagre, se não o que eles estavam procurando, como Jesus super-naturalmente escapou sua tentativa de assassiná-lo (conforme Jo 7:30; Jo 8:59; Jo 10:39).

    As pessoas orgulhosas de Nazaré nunca se humilharam, apesar fuga milagrosa do Senhor de seu alcance. Quando Jesus voltou algum tempo depois, "Perguntou-se da incredulidade deles" (Mc 6:6.). Sua recusa em admitir a sua indigência espiritual, bondage, cegueira e opressão está em contraste gritante com a viúva arrependido Gentil e leproso. É uma ilustração impressionante da verdade de que "Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes" (Jc 4:6)

    E Ele desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e os ensinava no sábado; e eles ficaram admirados com seu ensinamento, pois Sua mensagem era com autoridade. Na sinagoga havia um homem possuído pelo espírito de um demônio imundo, e exclamou em alta voz: "Deixa-nos! Que negócio é que temos uns com os outros, Jesus de Nazaré? Você veio para nos destruir? Eu sei quem você é: o Santo de Deus! "Mas Jesus repreendeu-o, dizendo:" Fique quieto e sai desse homem! "E quando o demônio o tinha jogado para baixo no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal. E veio espanto sobre todos eles, e eles começaram a falar um com o outro ditado: "O que é esta mensagem? Pois com autoridade e poder ordena aos espíritos imundos, e eles saem. "E o relatório sobre Ele estava se espalhando em todas as localidades do distrito circundante. (4: 31-37)

    "Há dois erros iguais e opostas em que nossa raça pode cair sobre os demônios", escreveu CS Lewis. "Uma delas é a descrer em sua existência. A outra é acreditar e sentir um interesse excessivo e doentio por eles. Eles próprios são igualmente satisfeito por ambos os erros e granizo um materialista ou um mágico com o mesmo prazer "( O Screwtape Letters [New York: MacMillian de 1977], 9). Nosso pós-moderna, a cultura pós-cristã inclina-se para o último erro. Uma verdadeira enxurrada de livros e filmes introduziram mundos de fantasia de assistentes, espíritos e seres alienígenas. Ironicamente, a pesquisa tem documentado que os céticos, as pessoas sem religião, e as pessoas em igrejas liberais são muito mais propensos a acreditar em superstição, o paranormal e pseudociência do que os cristãos evangélicos.Mas mesmo dentro da realidade cristianismo e fantasia se fundiram para criar uma visão confusa e muitas vezes não-bíblica do reino demoníaco. Muitos crentes, igrejas e ministérios estão preocupados com os demônios. Eles vêem praticamente tudo o que acontece de errado na vida de um cristão como o resultado direto da atividade demoníaca, a cura para o que é para exorcizar o demônio ou demônios responsável. Mas os crentes não podem ser possuídos por demônios, e não precisa ser aterrorizado por eles (ver a discussão desses pontos, mais adiante neste capítulo).

    Não há confusão na Bíblia a respeito de Satanás e suas hostes de demônios; revela claramente a sua origem, atividade presente, e seu destino. Originalmente, eles eram santos anjos, e Satanás era o mais graduado de todos eles. Eles viviam no céu, onde serviram e adoraram a Deus. Mas por orgulho Satanás se rebelou contra Deus (Isa. 14: 12-14; Ez. 28: 12-16), e um terço (Apocalipse 12:3-4) dos santos anjos se juntaram a ele na tentativa de golpe. Como resultado de seu orgulho e rebelião, eles foram expulsos do céu, juntamente com o seu líder (Lc 10:18), embora eles ainda têm acesso a ele (1:6).

    Na época atual, os demônios operam no mundo para alcançar os propósitos de Satanás e frustrar os propósitos de Deus. Eles estão por trás do sistema-mundo mal que domina a vida de todos aqueles que não pertencem a Deus mediante a fé em Jesus Cristo. Em Jo 8:44, Jesus declarou que todos os incrédulos são filhos de Satanás, enquanto Efésios 2:1-2 e 1Jo 5:19 diz que todo o mundo incrédulo está em poder de Satanás. Satanás é o deus ou príncipe deste mundo (Jo 12:31; Jo 14:30; Jo 16:11), que cega os incrédulos a verdade espiritual. (2Co 4:4 (embora eles são, em alusão a Lv 17:7; 106 Ps:... 37), onde eles possuíam homens caídos que coabitam com as mulheres (conforme II Pedro 2:4-5; Jd 1:6; 8: 48-52; 10: 20-21; e demônios estão em alusão a 1 Cor . 10: 20-21; 1Tm 4:1; Ap 9:20; Ap 16:14; Ap 18:2; Cl 1:13; Heb. 2: 14-15). É justamente esse poder sobre o mundo demoníaco que o Senhor demonstra nesta passagem.

    Os espíritos malignos sabia por que Jesus havia chegado. Eles também estão bem cientes do destino que Deus pronunciou contra tormento no "fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos"-los-eterna (Mt 25:41). A encarnação do Filho de Deus, que veio para salvar os pecadores (Mt 1:21;. Lc 19:10), intensificou a batalha ao longo da idade para as almas dos homens. Em desespero, durante Seu ministério terreno os espíritos malignos lançou seu ataque mais comum e visível que nunca. Mesmo assim, sempre que confrontado com o Filho de Deus encarnado, os demônios reagiu com terror e muitas vezes gritou em voz alta (v 33; conforme Mc 1:23-25.; Mc 3:11; 5: 1-7). Eles são obrigados a acreditar que a verdade, e tremer de medo por causa disso (Jc 2:19).

    Esta passagem revela quatro coisas sobre Jesus que aterrorizavam os demônios: Sua pregação, Proposito, pureza e poder.

    SUA PREGAÇÃO

    E Ele desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e os ensinava no sábado; e eles ficaram admirados com seu ensinamento, pois Sua mensagem era com autoridade. Na sinagoga havia um homem possuído pelo espírito de um demônio imundo, e exclamou em alta voz: "Deixa-nos! Que negócio é que temos uns com os outros, Jesus de Nazaré? (4: 31-34a)

    Jesus era acima de tudo um pregador. Mt 4:17 registros de que, no início de seu ministério galileu "Jesus começou a pregar ea dizer: '. Arrependei-vos, porque o Reino dos céus está próximo" Mt 11:1; conforme v 18;. Mc 1:38). Lc 8:1). O exemplo do Senhor ressalta a importância vital da pregação expositiva na igreja.

    Cafarnaum , cidade natal de Jesus adotado (Mt 4:13), era uma cidade da Galiléia , localizado na costa noroeste do Mar da Galiléia. Seu nome significa "cidade de Nahum," mas se ele foi nomeado para o Antigo Testamento profeta Naum não é conhecido. Cafarnaum era uma cidade importante o suficiente para ter tido um centurião romano e um destacamento de soldados estacionados lá (Mt 8:5). Em Lc 10:15, Jesus repreendeu seu povo para a sua visão exaltada de importância da sua cidade: "E tu, Cafarnaum, não será elevada até o céu, você vai? Você será levado ao Hades! "Em cumprimento da palavra do Senhor, Cafarnaum acabou por ser destruído tão completamente que sua localização exata é desconhecida. Além de Jesus, vários dos apóstolos estavam associados a Cafarnaum, incluindo Pedro e André (Mc 1:21, Mc 1:29), que se mudou para lá de Betsaida (Jo 1:44), e Mateus, cujo cobrador de impostos da cabine estava em ou perto da cidade (Mt 9:1).

    Como era seu costume (conforme a exposição de 4: 15-16, no capítulo 23 do presente volume), Jesus estava ensinando no sábado na sinagoga. Pode ser que o Senhor escolheu o mesmo texto em Isaías 61:1-2 que Ele pregou em mais cedo na Nazaré. Fosse qual fosse o texto foi, as pessoas que o ouviam estavam maravilhados da sua doutrina, porque a sua mensagem era com autoridade. Amazed traduz uma forma do verbo ekplēssō , que descreve o choque, espanto ou surpresa. A multidão na sinagoga ficou surpreso com o poder do ensinamento de Jesus e de Sua absoluta autoridade . Ao contrário dos professores que estavam acostumados a ouvir, Jesus não citou outros rabinos, mas declarou que a Palavra de Deus. Seu ensino era poderoso, verdadeiro, entregue com grande clareza, e produziu tremenda convicção. Mas nesta ocasião, a força de convencimento do hit pregação do Senhor, por incrível que pareça, um demônio. Na sinagoga naquele dia , havia um homem possuído pelo espírito de um demônio imundo. Esse demônio , como o texto grego indica, literalmente habitado ele. Que Lucas descreve o demônio como imundo não indica que ele era um demônio especialmente mal; todos os demônios são espíritos imundos (conforme 6:18; Mt 10:1; Mc 3:11, Mc 3:30; Mc 5:2, Mc 5:13; Mc 7:25; Mc 9:25).

    No Novo Testamento, o comportamento único e bizarro associado com a possessão demoníaca nunca foi confundido com a demência. Os demônios eram sempre racional quando falaram; eles entenderam quem era Jesus e que Ele estava indo para destruí-los. Mesmo quando um demônio dirigida incrédulos ele falou racionalmente, dizendo a alguns aspirantes a exorcistas, "Eu reconheço Jesus, e sei quem é Paulo, mas quem é você?" (At 19:15).

    A possessão demoníaca era um fenómeno generalizado durante o ministério terreno do Senhor Jesus Cristo e, em menor medida, durante os ministérios dos apóstolos (conforme Atos 16:16-18). Durante o tempo futuro de tribulação, a atividade demoníaca voltará a aumentar dramaticamente. Alguns dos demônios agora formam o poço sem fundo será liberado para se juntar aos que já operam na terra e eles vão causar estragos (Ap 9:1, Mc 3:30; Mc 9:17; Jo 7:20; Jo 8:48, Jo 8:49, Jo 8:52; Jo 10:20; At 8:7), indicando que um indivíduo possuído pelo demônio foi habitado, controlado e atormentado pelo demônio. As frases repetidas "entrou nele" (Lc 8:30), "expulso" (Mt 8:16; Mt 9:33; Mt 12:24, Mt 12:28; Mc 1:34.), "Saiu" (Mt 8:1), "sair" (Mc 5:8) também indicam que os demônios habitar suas vítimas. A possessão demoníaca é um fenômeno sobrenatural, não explicáveis ​​em termos psicológicos ou físicos (embora possa haver sintomas físicos associados; conforme Mt 9:32; Mt 12:22; 17: 14-15., Mc 1:26; Mc 5:5; Lc 9:42). Note-se também que em nenhuma ocasião, quando Jesus entregou um indivíduo de possessão demoníaca estava lá uma referência ao perdão dos pecados. Nem todos os que se arrependem entregue e acreditar. Os indivíduos possuídos por demônios a quem Jesus entregues não eram necessariamente mais perverso do que outros pecadores. A ênfase está no poder de Jesus sobre os demônios, e não sobre os indivíduos que estão sendo entregues. Mas, depois de Jesus e os apóstolos passaram da cena, a única maneira de ser entregue a partir de demônios é através da economia de fé no Senhor Jesus Cristo.

    A segunda frase traduz o verbo daimonizomai , que aparece treze vezes no Novo Testamento (8:36; Mt 4:24; Mt 8:16, Mt 8:28, Mt 8:33; Mt 9:32; Mt 12:22; Mt 15:22; Mc 1:32, Mc 5:16, Mc 5:18; Jo 10:21), e é traduzido ", possuídas pelo demônio", ou ". demoniaics" Como a primeira frase, ele se refere a alguém residida e controlado por um demônio ou demônios para o ponto que ele não pode resistir com êxito, e não à influência geral demônios têm na promoção da falsa doutrina (1Tm 4:1)., a imoralidade (1 Tm 4: 1-3 ), e atitudes de ciúme, discórdia, e orgulho (13 59:3-16'>Tiago 3:13-16).

    Em terceiro lugar, a Bíblia fala de pessoas com um espírito "impuros" (Mc 1:23; Mc 5:2). Essas frases indicam também que os demônios habitar suas vítimas.

    Finalmente, At 5:16 fala daqueles "aflitos com espíritos imundos", enfatizando o tormento pessoas possuídas por demônios sofrer.

    Em Mateus 12:43-45, Jesus deu uma ilustração de possessão demoníaca. A pessoa possuída por um demônio é comparado a uma casa (v. 44), mais uma vez mostrando que os demônios habitar suas vítimas.Por alguma razão não especificada, esse demônio deixou sua vítima. Pode ser que ele procurou uma outra pessoa mais apropriada para habitação, ou que ele estava irritado com as tentativas dos exorcistas (como os filhos de Ceva em 13 44:19-14'>Atos 19:13-14) e decidiu sair. Pode até ser que ele foi expulso por Jesus a partir de um indivíduo que nunca veio para salvar a fé nEle. Em qualquer caso, o demônio saiu de sua vítima, e "passe [d] por lugares áridos, buscando repouso, e [que] não encontrá-lo" (v. 43). Mas não foi possível encontrar uma situação melhor, o demônio decidiu voltar para a "casa da qual [ele] veio" (v. 44). Quando voltou, o demônio encontrou a casa (v. 44) referência —a "desocupada, varrida e colocar em ordem" para a reforma moral e religiosa para além de verdadeira salvação. Isso fez dele um anfitrião ainda mais atraente para o demônio e seus amigos; demônios podem disfarçar-se com mais sucesso como anjos de luz (II Coríntios 11:14-15.) em pessoas aparentemente religiosas. O efeito líquido foi de que "o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro" (v. 45). Exorcismos rituais e os esforços de auto-reforma para além da verdadeira salvação não vai ninguém livre do reino de Satanás.Somente aqueles que "a fé em Cristo Jesus ... [são] resgatados ... a partir do domínio das trevas e transferido ... para o reino do Filho do seu amor" (Cl 1:4).

    Há alguns que argumentam que os verdadeiros cristãos podem ser possuídos por demônios; isto é, na verdade, habitado por um demônio ao invés de meramente sendo influenciado. Um defensor da visão que escreve: "Um cristão genuíno pode tornar-se possuído pelo menos até certo ponto, até o ponto em que eles falam com vozes estranhas ou em línguas estrangeiras" (C. Fred Dickason, Anjos, Eleitos e do Mal[Chicago: Moody 1975], 191). Ainda Dickason cita nenhuma evidência bíblica para apoiar essa afirmação, mas sim alegada "evidências de campos missionários e aconselhamento clínico" (p. 190).

    Em meu livro Como enfrentar o inimigo , resumi a evidência bíblica que os cristãos não pode ser possuído por demônios:

    Não há exemplo claro na Bíblia em que um demônio nunca habitado ou invadido um verdadeiro crente. Nunca nas epístolas do Novo Testamento são crentes alertou sobre a possibilidade de ser habitada por demônios. Nós também não ver ninguém repreender, encadernação, ou lançando demônios de um verdadeiro crente. As epístolas nunca instruir os crentes para expulsar demônios, se de um crente ou descrente. Cristo e os apóstolos eram os únicos que não expelimos demônios, e em todos os casos as pessoas possuídas por demônios eram incrédulos.

    O ensino coletivo da Escritura é que os demônios podem nunca espacialmente indwell um verdadeiro crente. A implicação clara de 2 Coríntios 6, por exemplo, é que o Espírito Santo habita nunca poderia conviver com os demônios:

    Que harmonia tem Cristo com Belial, ou o que parte tem o fiel com o infiel? Ou que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque nós somos o templo do Deus vivo; assim como Deus disse: "Eu Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo "(vv. 15-16).

    Em Cl 1:13, Paulo diz que Deus "nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do seu Filho amado." A salvação traz a verdadeira libertação e proteção contra Satanás. Em Rm 8:37, Paulo diz que somos mais que vencedores por meio de Cristo. Em 1Co 15:57, ele diz que Deus nos dá a vitória. Em 2Co 2:14, ele diz que Deus sempre nos conduz em triunfo.Em 1Jo 2:13, João diz que já vencestes o maligno. E, em 4: 4, ele diz que o Espírito Santo habita é maior do que Satanás. Como alguém poderia confirmar essas verdades gloriosas, mas acredita que os demônios podem habitar os crentes genuínos? ([Wheaton, Ill .: Victor, 1992], 22-23)

    Pregação poderosa do Senhor Jesus Cristo enervou este demônio em particular e ele gritou (uma exclamação significando a gritar de desespero, medo ou terror) com uma voz alta no meio da mensagem de Cristo. O demônio sentiu o poder da presença de seu soberano, o Filho de Deus, que tinha vindo para invadir o reino das trevas e sem muitos mantidos em cativeiro pelo diabo, trazendo-os para a salvação.Como Jesus pregava a boa notícia que ele tinha vindo para entregar os pobres, os presos, cegos e oprimidos (conforme a exposição de 4: 14-30, no capítulo 23 do presente volume), a realidade temida de seu destino final bateu o demônio e ele entrou em pânico. "Deixe-nos em paz!" , ele gritou. "O negócio é que temos uns com os outros, Jesus de Nazaré?" A frase que o negócio é que temos um com o outro(literalmente, "o que é para nós e para Você "; conforme a mesma frase usada por outro demônio em 8:
    28) é uma expressão idiomática. O que o demônio estava dizendo é: "Por que vocês estão nos atacando?" Ele sabia muito bem que Jesus de Nazaré era o Filho de Deus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, que tinha o poder absoluto e autoridade sobre ele. Note-se que em um ambiente religioso como Israel de, demônios preferem ficar escondido enquanto se sentam em serviços religiosos. Esse é o seu disfarce como "anjos de luz", e eles preferem não explodir a sua cobertura. Toda religião falsa, não importa quão moral, é controlada demônio e há certamente demônios presentes nos líderes e as pessoas enganadas. Mas eles ficam em silêncio por design. Eles não poderiam manter sua terror em que o Filho de Deus estava presente.

    SUA PROPOSITO

    Você veio para nos destruir? (4: 34b)

    O demônio estava apavorada, não só porque ele sabia quem era Jesus, mas também porque ele sabia o que era Seu propósito para ele e seus companheiros de demônios. Primeira de Jo 3:8.).

    O livro de Apocalipse se desenrola o plano final de Deus para Satanás e os demônios. No capítulo 20 versículos 1:3 o apóstolo João escreveu:
    Então eu vi um anjo descer do céu, segurando a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos; e ele jogou-o no abismo, e fechou e selou sobre ele, para que ele não iria enganar as nações por mais tempo, até que os mil anos foram concluídas; Depois destas coisas, ele deve ser liberado para um curto período de tempo.

    Depois da tribulação, como Jesus se prepara para sua mil anos de reinado terrena, Ele vai aprisionar Satanás (e, por implicação, os demônios) no abismo. O abismo é atualmente o lugar temporário de prisão por alguns dos demônios (os que pecaram em Gênesis 6; conforme 1 Pedro 3: 18-20; Jd 1:6). O abismo será a cela, por assim dizer, para Satanás e todos os demônios durante o milênio. Depois de um último e desesperado assalto em Deus e Seu povo (Ap 20:7-9), Satanás e os demônios serão lançados no lago de fogo, onde eles serão submetidos a punição eterna (Ap 20:10).

    SUA PUREZA

    Eu sei quem você é: o Santo de Deus! (4: 34c)

    Ao contrário de ateus, os teólogos liberais e sectários, os demônios sabem exatamente quem é Jesus. De fato, no primeiro semestre do evangelho de Marcos eles são os únicos que estão certos de que Ele é o Filho de Deus. Expressando o terror de quem é absolutamente perverso na presença d'Aquele que é absolutamente santo, o demônio gritou, eu sei quem você é: o Santo de Deus! Como o resto de seus companheiros de demônios, este foi forçado a reconhecer que Jesus é o absolutamente santo Filho de Deus (conforme v 41;. 8:28; Mc 1:34; Mc 3:11). Se o povo de Deus está com medo em Sua santa presença (conforme Is 6:5; Mt 17:1; Ap 1:17), quanto mais um vil, perverso demônio? Jesus, no entanto, não quer ou precisa do testemunho do inferno. Por isso, Ele silenciou os demônios sempre que afirmou sua identidade verdadeira (. Vv 35, 41; conforme Mc 1:25, Mc 1:34; Mc 3:12; Atos 16:16-18). Visto que Cristo vive nos crentes (Gl 2:20), demônios medo deles, porque Aquele que supremamente pavor reside neles.

    SEU PODER

    Mas Jesus repreendeu-o, dizendo: "Fique quieto e sai desse homem!" E quando o demônio o tinha jogado para baixo no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal. E veio espanto sobre todos eles, e eles começaram a falar um com o outro ditado: "O que é esta mensagem? Pois com autoridade e poder ordena aos espíritos imundos, e eles saem. "E o relatório sobre Ele estava se espalhando em todas as localidades do distrito circundante. (4: 35-37)

    Como observado acima, Jesus não desejava publicidade de um demônio. Ele, então, repreendeu-o, dizendo: "Fique quieto e sai desse homem!" Jesus não recitar quaisquer encantamentos ou executar quaisquer rituais; não houve discussão, debate, ou luta. Ele falou, e o demônio não teve escolha a não ser obedecer instantaneamente. Então, quando o demônio tinha jogado o homem para baixo no meio do povo em um ato final, fútil de desafio, ele relutantemente saiu dele sem lhe fazer mal . Jesus em Sua compaixão impediu o demônio de ferir o homem.

    A multidão reunida na sinagoga tinham sido surpreendido com ensinamento autorizado de Jesus. Eles ficaram ainda mais espantado com esta demonstração de sua autoridade absoluta sobre o reino demoníaco sobrenatural, e eles começaram a falar um com o outro ditado: "O que é esta mensagem? Pois com autoridade e poder ordena aos espíritos imundos, e eles saem. " O que eles tinham testemunhado foi sem precedentes. Em outra ocasião, uma multidão que viu Jesus expulsou um demônio, exclamou: "Nada como isso já foi visto em Israel" (Mt 9:33). O relatório deste notável, ato surpreendente da parte de Jesus se espalhou como fogo além de Cafarnaum em cada localidade no distrito circundante .

    Esta demonstração de poder de Jesus sobre Satanás e os demônios revela sua capacidade de entregar os pecadores de seu alcance. Embora as forças do inferno fez um ataque total sobre ele durante Seu ministério terreno, Cristo sem esforço os derrotou. E por Sua morte sacrificial na cruz, Ele realizou a redenção de Seu povo, entregando-os para sempre do reino das trevas (Cl 1:13). Crentes partes na vitória de Cristo sobre Satanás e os demônios por meio de sua salvação e união com Ele (conforme Gn 3:15; Rm 16:20). Martin Luther expressa de que a verdade em seu hino, "Castelo Forte nosso Deus é":

     

    O Príncipe das Trevas desagradável,
    Nós não tremem para ele;
    Sua raiva podemos suportar,
    Porque eis que o seu castigo é certo;
    Uma pequena palavra deve derrubá-lo.

     

    25. Jesus: O Libertador Divino (Lucas 4:38-44)

    Depois levantou-se e saiu da sinagoga, entrou em casa de Simão. Agora a mãe-de-lei de Simão estava sofrendo de uma febre alta, e perguntaram-lhe para ajudá-la. E de pé sobre ela, repreendeu a febre, e esta a deixou; e ela imediatamente se levantou e esperou sobre eles. Enquanto o sol estava se pondo, todos aqueles que tiveram qualquer que estavam doentes com várias doenças lhos traziam; e impondo as mãos sobre cada um deles, curava-os. Demons também estavam saindo de muitos, gritando: "Tu és o Filho de Deus!" Mas repreendendo-os, Ele não permitiria que falar, porque eles sabiam que ele era o Cristo. Quando amanheceu, Jesus saiu e foi para um lugar isolado; e as multidões estavam procurando por Ele, e aproximaram-se dele e tentou impedi-lo de ir longe deles. Mas Ele disse-lhes: "Eu devo pregar o reino de Deus também às outras cidades também, porque eu foi enviado para esse fim." Então Ele continuou a pregar nas sinagogas da Judeia. (4: 38-44)

    Os registros históricos da vida e ministério de Jesus Cristo nos Evangelhos contêm tudo o que Deus revelou sobre Ele. Cada um dos quatro evangelistas escreveu a partir de sua própria perspectiva única e para um público distinto. Mateus escreveu principalmente para um público judeu, apresentando Jesus como o Messias de Israel e legítimo rei. Assim, enquanto que Lucas registrou genealogia de Maria para mostrar descendência física de Jesus, Mateus deu genealogia de José, uma vez que a linhagem real veio através dele. Mateus freqüentemente citado o cumprimento da profecia do Antigo Testamento na vida e ministério de Jesus. Ele também se referiu a Jesus pelo título messiânico judeu "Filho de Davi". Sensível à reverência de seus leitores por e relutância em usar o nome de Deus, Mateus sozinho dos escritores do evangelho substitui a expressão "reino dos céus" em vez de "reino de Deus ".
    Marcos dedicou seu Evangelho aos gentios, especialmente os romanos. Assim, ele teve o cuidado de traduzir as palavras em aramaico (por exemplo, 03:17; 05:41; 07:11, 34; 14:36; 15:22,
    34) para seus leitores, e para explicar os costumes judaicos com a qual eles não teriam sido familiar (7: 3-4). Seu relato em ritmo acelerado, marcada pelo uso freqüente do termo "imediatamente" (mais de quarenta vezes), iria recorrer para os práticos, romanos orientadas para a acção. Marcos apresentou Jesus como o Servo, que veio "para dar sua vida em resgate por muitos" (10:45).
    Lucas apresentou cuidadosamente pesquisados, conta historicamente exato da vida de Jesus Cristo. Ele se dirigiu a um público mais amplo do que Marcos Gentil, e apresentou Jesus como o Filho do Homem (a frase que ele usou mais de duas dezenas de vezes), a resposta às necessidades e esperanças da humanidade.
    João foi escrito muito mais tarde do que os evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos, Lucas) para complementar e complementá-los. Seu supremo, objetivo maior, como afirmado pelo próprio João, é apresentar Jesus Cristo como Deus, e para incentivar seus leitores para vir a fé nEle: "Estes foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus; e para que, crendo, tenhais vida em seu nome "(20:31). O mesmo efeito poderia ser dada para os outros três Evangelhos.
    No entanto, apesar de suas ênfases diferentes, todos os Evangelhos apresentam a revelação de Jesus Cristo como Deus em carne humana. Eles revelam que ele tenha nascido de uma virgem, viveu uma vida sem pecado, morreu como um substituto para pecadores crentes, e de ter ressuscitado dos mortos três dias depois, conquistando para sempre a morte de todos os redimidos. O arrependimento do pecado e da fé em Cristo e Sua obra trazer perdão completo do pecado e da vida eterna. As verdades divinas, as realidades espirituais, realizações singulares, e gloriosas promessas que gravar como parte da vida e do ministério da demanda Senhor Jesus que os evangelhos ser estudada com cuidado.
    Junto com as reivindicações feitas Jesus Cristo, os escritores do evangelho também apresentar provas convincentes para a validade de suas afirmações. Para esse fim, Lucas empacota a evidência histórica de fazer uma extensa caso, irrefutável de que Jesus é o Deus-homem, Messias e único Salvador. A preocupação de Lucas (como os outros evangelistas), então, não é principalmente com os detalhes históricos da vida e ministério de Jesus, mas sim com o que esses detalhes registrados com precisão indiscutivelmente provar sobre Ele.

    Esta seção de encerramento do capítulo 4 pode parecer à primeira vista ser uma série de breves, comentários desconexos que resumir um determinado período na vida de Jesus. Mas eles são, na realidade, muito cuidado conectado. O povo judeu queria ver sinais para provar que Jesus era o Messias (conforme 11:16; Mt 12:38; 16:.. Mt 16:1; 1Co 1:221Co 1:22), e nesta breve passagem Lucas forneceu algum para eles. Ele revelou o poder divino de Jesus ao longo de três reinos: o reino natural, o reino sobrenatural, e o reino eterno.

    PODER DE JESUS SOBRE O REINO NATURAL

    Depois levantou-se e saiu da sinagoga, entrou em casa de Simão. Agora a mãe-de-lei de Simão estava sofrendo de uma febre alta, e perguntaram-lhe para ajudá-la. E de pé sobre ela, repreendeu a febre, e esta a deixou; e ela imediatamente se levantou e esperou sobre eles. Enquanto o sol estava se pondo, todos aqueles que tiveram qualquer que estavam doentes com várias doenças lhos traziam; e impondo as mãos sobre cada um deles, curava-os. (4: 38-40)

    Os efeitos físicos da queda são universais e devastador. Nascimento é o primeiro passo em direção à morte. Deformidade, doença, fraqueza, lesão, doença, e morte formam a biografia universal da humanidade. Se Ele é para ser o Salvador do Seu povo e levá-los para as perfeições do céu eterno, o Messias deve ter o poder de reverter todos esses efeitos naturais da queda. Esta passagem fornece uma ilustração específica e uma referência geral ao poder de Jesus sobre o reino natural.
    Depois de pregar na sinagoga de Cafarnaum e lançando um demônio de um homem na platéia (vv. 31-37), Jesus levantou-se e saiu da sinagoga e entrou em casa de Simão . O serviço de sábado na sinagoga geralmente terminou por volta do meio-dia e foi seguido pelo principal refeição do dia. Este é o segundo sábado mencionado no Evangelho de Lucas (conforme 4: 16-30), e ambos hostilidade destaque (seja humana ou demoníaco) para Jesus (conforme 6: 6-11; 13 10:17).

    Simon Pedro ainda não tinha sido oficialmente chamado a ser discípulo (conforme 5: 1-10; Mateus 4:18-22 e Marcos 1:16-20 referem-se, uma chamada temporária preliminar; Lucas para a chamada final, permanente para seguir o Senhor) ou um apóstolo (6: 13-14). Lucas não precisava apresentá-lo aos seus leitores, porque no momento em que ele escreveu seu evangelho, Pedro era conhecido por todos eles.Neste ponto da narrativa, no entanto, ele ainda era um membro da sinagoga de Cafarnaum. Pedro tinha sido apresentado a Jesus por seu irmão André (João 1:35-42). Naquela ocasião Jesus mudou seu nome para "Pedro" (grego) ou "Cefas" (aramaico) para indicar o seu futuro papel como parte da fundação da igreja (Mateus 16:16-18.). Pedro era originalmente da próxima Betsaida (Jo 1:44) e agora operava uma empresa de pesca em Cafarnaum com seu irmão André (Mt 4:18) e seus parceiros, Tiago e João (Lc 5:10), também chamado recentemente para seguir Jesus (Marcos 1:16-20). Tendo sido presente na sinagoga para ouvir exposição inigualável de Jesus sobre a Palavra de Deus e testemunhar a espantosa exibição do Seu poder sobre o reino demoníaco, Pedro convidou para sua casa para a refeição de sábado, juntamente com o irmão de Pedro André, Tiago, e João (Mc 1:29).

    Mas Pedro tinha mais em mente do que uma refeição, uma vez que no momento da chegada Jesus foi confrontado por uma crise familiar. A sogra de Simão (1Co 9:5;. Mc 1:31), repreendeu a febre, e esta a deixou. Repreendeu traduz uma forma do verbo epitímaō , que é usado quase exclusivamente no Novo Testamento para falar de repreender as pessoas ou demônios (os únicos outros exemplos de que está sendo usado para repreender um objeto inanimado estão nas contas de Jesus acalmando o mar [ Mc 4:39; Lc 8:24]). Seu uso aqui demonstra que Jesus tem autoridade e poder sobre as forças que debilitam o corpo natural. Na palavra de Cristo, a febre instantaneamente a deixou . Não houve fraqueza persistente, sem período de recuperação; todos os seus sintomas desapareceram de uma vez. Completamente curado e não necessitando de recuperação da força perdida na batalha com a infecção, ela imediatamente se levantou e servi-los , preparar e servir a refeição do sábado para os muitos membros da família e convidados.

    Ministério de cura do Senhor estabeleceu o padrão para o verdadeiro dom bíblico da cura. Seis características caracterizado Seu ministério de cura e configurá-lo para além das dos falsos "curandeiros", que se desfilaram diante da igreja com suas enganosas e abusivas falsas promessas.

    Em primeiro lugar, Jesus curou com uma palavra, como fez no caso do servo do centurião: ou, como aqui com a mãe-de-lei, um toque (conforme de Pedro Mc 3:10; 5 (Matt 8:5-13.) : 25-34).

    Em segundo lugar, Jesus curou instantaneamente. Não houve curas progressistas; as pessoas que Ele curou não gradualmente melhorar. Como mencionado acima, a mãe-de-lei sintomas da de Pedro desapareceu de uma vez, e ela foi totalmente restaurado para a saúde. Da mesma forma, o servo do centurião "foi curado naquele momento" (Mt 8:13.); a mulher com a hemorragia foi curada "imediatamente" (Mc 5:29); os dez leprosos foram limpos de sua doença, assim que deixou de mostrar-se aos sacerdotes (Lc 17:14); após Jesus "estendeu a mão, tocou [outro leproso] ... imediatamente desapareceu dele a lepra" (Lc 5:13); quando Jesus ordenou ao homem aleijado no tanque de Betesda, "Levanta-te, pega na tua pallet e andar", imediatamente o homem tornou-se bem, e pegou seu pallet e começou a andar "(João 5:8-9). Alguns oferecem cura do Senhor do cego em Betsaida (Marcos 8:22-25) como um exemplo de uma cura progressiva. Mas a afirmação do homem: "Vejo os homens, pois os vejo como árvores que andam por aí" (v. 24) apenas definiu sua condição preexistente de cegueira. A cura real foi instantânea (v. 25). Tinha as curas de Jesus não fosse instantânea, eles não teriam demonstrado seu poder sobrenatural sobre a doença. Seus críticos poderia ter alegado que as pessoas eram melhores como resultado de processos naturais.

    Em terceiro lugar, Jesus curou totalmente. Mãe-de-lei de Pedro foi curada de todos os seus sintomas e saiu imediatamente de ser acamada para servir uma refeição. Quando Jesus curou um homem "cheio de lepra" (Lc 5:12), "a lepra o deixou" (v. 13). Foi a mesma coisa com todos as curas de Jesus; "Os cegos [d] vista e os coxos andam [ed], os leprosos [foram] purificados, os surdos ouvem [d]" (Mt 11:5 diz que "a notícia sobre Ele espalhou por toda a Síria; e trouxeram-lhe todos os que estavam doentes, aqueles que sofrem de várias doenças e dores, possessos, os lunáticos, os paralíticos; e ele os curou. "De acordo com Mt 12:15:" Muitos o seguiram, e Ele curou a todos ", enquanto Lc 6:19 diz que" todas as pessoas estavam tentando tocá-lo, para poder vinha dele e cura todos eles. "era tão difundida de cura de Jesus que Ele, na verdade, banido doença de Israel durante os três anos do seu ministério.

    Em quinto lugar, Jesus curou a doença orgânica. Ele não curou vagos, ambíguos, doenças invisíveis, tais como dor lombar, palpitações cardíacas, ou dores de cabeça. Pelo contrário, Ele restaurou completa mobilidade para membros paralisados, visão integral para cegar os olhos, a audição integral para ouvidos surdos, e completamente limpa a pele leprosa. Jesus curou "todo tipo de doença e todos os tipos de enfermidades entre o povo" (Mt 4:23;. Conforme 9,35). Todas as curas de Jesus eram inegáveis, sinais milagrosos, como até mesmo seus inimigos mais amargos admitiu (Jo 11:47).

    Finalmente, Jesus ressuscitou os mortos, não os que estavam em coma temporário, ou cujos sinais vitais flutuou durante a cirurgia, mas um jovem em seu caixão em seu caminho para o cemitério (Lucas 7:11-15), uma jovem cuja morte era evidente para todos (Marcos 5:22-24, 35-43), e um homem que havia sido morto por quatro dias (João 11:14-44).

    Ao contrário de curandeiros modernos, Jesus realizou Suas curas em público antes de multidões em vários locais, não no ambiente cuidadosamente orquestradas e altamente controlados de locais de cura modernos ou estúdios de televisão. Nem eram Suas curas depende da fé de quem está sendo curado; a maioria dos que Ele curou eram incrédulos, e, portanto, incapaz de fazer uma "confissão positiva" e reivindicar a sua cura. Então, sem precedentes foi ministério de cura de Cristo que as pessoas exclamou: "Nunca vimos nada como isso" (Mc 2:12; conforme Jo 9:32).

    Os apóstolos (Lc 9:1), e alguns colaboradores próximos dos apóstolos (Barnabé [At 15:12], Felipe [Atos 8:6-7], e Estevão [ At 6:8). Na ilha de Malta, após um naufrágio, "Paulo foi ver [o pai de Públio, que estava gravemente doente com disenteria] e depois que ele orou, ele pôs as mãos sobre ele eo curou" (At 28:8). Paulo encontrou um homem em Listra que "não tinha força em seus pés, [era] coxo desde o ventre de sua mãe, [e] nunca tinha andado" (At 14:8 registros de que "o povo das cidades nos arredores de Jerusalém foram se unindo, trazendo pessoas que estavam doentes ou atormentados de espíritos imundos, e eles foram todos curados." Depois de Paulo curou o pai de Públio, "o resto da as pessoas na ilha que tinha doenças vinham ter com ele e ficar curado "(At 28:9), paralisia (Atos 9:33-34), e disenteria (At 28:8 Como médico Lucas, que estava presente [v 8.. ], foi certamente qualificado para determinar se uma pessoa foi morta.).

    O dom de cura no Novo Testamento não foi dada para manter crentes saudável, mas como um sinal para os incrédulos que verificam a veracidade do evangelho e da autenticidade de seus pregadores. A alegação de que a cura é a norma na igreja prejudica seu papel único na autenticação de Jesus e os apóstolos como reveladores da verdade divina. Em consonância com essa Proposito, curas desapareceu de cena como a era apostólica se aproximava do fim. Paulo (13 48:4-15'>Gal. 4: 13-15), Epafrodito (Fp 2:25-27.), Timoteo (. 1Tm 5:23), e Trófimo (. 2Tm 4:20) foram todos registrados de ter estado doente. Nenhum deles foi curado. Nem o Epístolas do Novo Testamento, que definem a vida ea teologia da Igreja, referem-se a um ministério de cura. Não há evidências de que o tipo de curas visto na era de Jesus e dos apóstolos era continuar para além deles (conforme 2Co 12:12). Nem eram tais curas uma parte regular do propósito de Deus diante de si. Eles são extremamente raros no Antigo Testamento; Por exemplo, nenhum fiquem registados para os 750 anos de Isaías a Jesus Cristo. Deus pode escolher curar através das orações do seu povo, mas não por meio de homens trabalhando milagrosas, como no caso de nosso Senhor e Seus associados. (Para uma explicação de Tiago 5:14-16, ver Tiago , Commentary o MacArthur Novo Testamento. [Chicago: Moody, 1998], 276-81)

    Enquanto o sol estava se pondo , significando o fim do sábado e as restrições às viagens e trabalho, todos (Mc 1:33 diz que "toda a cidade se reuniram na porta") aqueles que tiveram qualquer que estavam doentes com várias doenças trazidas —los a Jesus. Palavra viajou rápido e quando terminou o sábado, as pessoas podem fazer o que eles não foram autorizados a fazer durante o sábado, trazer seus amigos carentes e família para a casa na esperança de cura. Eles não ficaram decepcionados. De acordo com a Sua compaixão e poder de curar qualquer pessoa de qualquer doença ou condição, Ele foiimpondo as mãos sobre cada um deles e foi curando-os . Ninguém foi excluído. A exibição de cura em que um dia pode ter excedido todas as curas registradas em todo o Antigo Testamento, e Jesus fez tais coisas ao longo dos três anos de seu ministério.

    PODER DE JESUS SOBRE O REINO SOBRENATURAL

    Demons também estavam saindo de muitos, gritando: "Tu és o Filho de Deus!" Mas repreendendo-os, Ele não permitiria que falar, porque eles sabiam que ele era o Cristo. (04:41)

    Como observado no capítulo anterior deste volume, se Jesus é libertar dos seqüestrados na reino das trevas de Satanás, Ele deve ter poder sobre ele e seus exércitos de demônios. Assim como fez no início da sinagoga (4: 33-35), Jesus demonstrou que o poder para que os demônios também estavam saindo de muitos . Como o demônio Cristo expulso na sinagoga, estes foram aterrorizados com ele. Eles sabiam Sua verdadeira identidade, que Ele era o Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade encarnada, com absoluta autoridade para enviá-los para o tormento eterno. Confrontado com o segundo membro da Trindade, no terror que eles estavam gritando ou gritando, "Tu és o Filho de Deus!" enquanto deixavam suas vítimas.

    Mas Jesus não queria que o seu testemunho, para que repreendê-los, ele não deixava falar, porque sabiam que ele era o Cristo . Jesus não só tinha o poder de expulsá-los, mas também para silenciá-los.Para ter demônios afirmando Sua identidade só iria criar confusão. "Foi completamente inadequado que messianidade de Jesus deve ser proclamada por representantes do maligno. Se Ele permitiu isso por não silenciar os demônios, Ele teria dado motivos para uma acusação contra ele mais tarde pelos fariseus, a de ser aliado de Satanás (Mt 0:24;. Mc 3:22) "(Robert L. Tomé e Stanley N. Gundry, A Harmonia dos Evangelhos [Chicago: Moody, 1978], 50). Paulo igualmente rejeitados testemunho demoníaca de uma escrava possuída em Filipos (Atos 16:16-18).

    A autoridade de Jesus sobre os demônios revelou Seu poder para libertar os pecadores cujas mentes foram cegados pelo deus deste mundo (2Co 4:4; Ef 4:23), e um dia terá mentes completamente livre dos efeitos da enganação demoníaca. O Salvador das almas, o único que vai resgatar os pecadores do poder de Satanás (Ef. 2: 1-3) e do reino das trevas (13 51:1-16'>Colossenses 1:13-16), devem demonstrar que Ele tem poder absoluto sobre os captores demônio.

    PODER DE JESUS SOBRE O REINO ETERNO

    Quando amanheceu, Jesus saiu e foi para um lugar isolado; e as multidões estavam procurando por Ele, e aproximaram-se dele e tentou impedi-lo de ir longe deles. Mas Ele disse-lhes: "Eu devo pregar o reino de Deus também às outras cidades também, porque eu foi enviado para esse fim." Então Ele continuou a pregar nas sinagogas da Judeia. (4: 42-44)

    Quando o dia chegou no domingo depois de um sábado em que Ele demonstrou enorme poder sobre os reinos naturais e sobrenaturais, Jesus deixou a casa de Pedro pouco antes do amanhecer, enquanto ainda estava escuro (Mc 1:35e foi para um lugar isolado . Marcos revela que Seu propósito em fazê-lo foi a orar (v. 35). Mas em pouco tempo as multidões estavam procurando por Ele, e aproximaram-se dele e tentou impedi-lo de ir longe deles . Impressionados com o seu poder para livrá-los da doença e os demônios, que, compreensivelmente, não queria que Jesus deixá-los. O Senhor não repreendeu o seu interesse em os sinais miraculosos que ele tinha realizado. Mas esses sinais não eram um fim em si, mas sim um meio para um fim. Jesus não era primariamente um fazedor de milagres, mas um pregador do evangelho. Por isso, Ele lhes disse: "Eu devo pregar o reino de Deus também às outras cidades também, porque eu foi enviado para esta Proposito." Jesus repetidamente afirmado que o Pai O havia enviado (Mt 10:40;. Mc 9:37 ; Lc 10:16; Jo 4:34, Jo 4:5:24, Jo 4:30, Jo 4:36, Jo 4:37; Jo 6:38, Jo 6:39, Jo 6:44, Jo 6:57; Jo 7:16, Jo 7:28, Jo 7:29, Jo 7:33; Jo 8:16, Jo 8:18, ​​Jo 8:26, Jo 8:29 , Jo 8:42; Jo 9:4; Jo 12:44, Jo 12:45, Jo 12:49; Jo 13:20; Jo 14:24; Jo 15:21; Jo 16:5, ​​Jo 17:21, Jo 17:23, Jo 17:25; Jo 20:21 ). Ele veio não apenas para demonstrar Seu poder sobre os efeitos do pecado no corpo de cura física e da mente, superando a influência demoníaca, mas o mais importante Seu poder para vencer conseqüências eternas do pecado. Para que isso aconteça o arrependimento ea fé exigida no evangelho pregado (conforme 13 45:10-17'>Rom. 10: 13-17). Somente pela fé na verdade pregada poderia pecadores ser resgatado do reino das trevas de Satanás e entrar no reino de Deus . Este é o primeiro de trinta e dois usos deste termo teológico importante no Evangelho de Lucas (ele usou mais seis vezes em Atos). O reino de Deus é a esfera ou reino da salvação que aqueles que respondem com fé arrependido para a pregação do evangelho entrar, portanto, em consonância com sua missão reino, Jesuscontinuou a pregar nas sinagogas da Judeia , que aqui é um termo genérico para toda a nação de Israel, incluindo a Galiléia (Mc 1:39), e não apenas a parte sul.

    O poder do Senhor exibidos ao longo dos reinos naturais, sobrenaturais e eternos autenticado como o Filho de Deus, enviado pelo Pai para pregar o evangelho da salvação para salvar os pecadores perdidos.


    Barclay

    O NOVO TESTAMENTO Comentado por William Barclay, pastor da Igreja da Escócia
    Barclay - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 44

    Lucas 4

    A batalha contra a tentação — Luc. 4:1-13 Lc 4:14Lc 4:15

    Sem honra em sua própria terra — Luc. 4:16-30

    O espírito de um demônio imundo — Luc. 4:31-37 Um milagre em uma casa — Luc. 4:38-39

    As multidões insistentes — Luc. 4:40-44

    A BATALHA CONTRA A TENTAÇÃO

    Lucas 4:1-13

    Vimos como na vida de Jesus existiram certos grandes marcos, e este é um deles. No templo, quando tinha doze anos tomou consciência

    de que Deus era seu pai em uma maneira única. Sua hora tinha chegado com o surgimento de João e a aprovação de Deus tinha chegado durante seu batismo. De modo que neste momento Jesus estava para começar sua

    campanha. Antes de fazer tal coisa, qualquer pessoa deve escolher os métodos que vai usar. O relato da tentação mostra a Jesus escolhendo uma vez por todas os métodos que se propunha utilizar para ganhar

    homens para Deus. Mostra a Jesus rechaçando o caminho do poder e a glória e aceitando o do sofrimento na cruz.

    Antes de considerar a história em detalhe devemos ter em conta dois pontos gerais.

    1. É a mais sagrada de todas as histórias, porque não pode proceder de outra fonte senão dos próprios lábios de Jesus. Em algum

    momento deve ter relatado a seus discípulos a experiência mais íntima de sua alma.

    1. Já nesse então Jesus deve ter tido consciência de que era dono de poderes excepcionais. A base das tentações é que só poderiam ter sido

    apresentadas a um homem que pudesse fazer coisas maravilhosas. Para nós não seria uma tentação converter as pedras em pão ou saltar do pináculo do templo, já que se trata de impossíveis. São tentações que só podem apresentar-se a um homem dotado de poderes únicos e que tinha

    que decidir o que fazer com eles.

    Em primeiro lugar pensemos na cena. Ocorreu no deserto. A zona desabitada da Judéia ocupava a meseta central que era o espinho dorsal

    da parte sul da Palestina. Entre esta zona e o Mar Morto havia um deserto terrível, de cinqüenta quilômetros por vinte e cinco. Era chamado "Jeshimmon", que significa "A devastação". As colinas eram como

    acumulações de pó; a pedra calcária parecia amolada e descascada; as rochas nuas e trincadas; o solo parecia oco sob os cascos dos cavalos; brilhava com o calor como uma grande fornalha e terminava em

    precipícios de quatrocentos metros de altura, que se precipitavam ao redor do Mar Morto. Nesta aterradora desolação Jesus foi tentado.

    Não devemos pensar que as três tentações apareceram como as

    cenas de um drama. Devemos pensar que Jesus se retirou deliberadamente a este lugar solitário e lutou por quarenta dias com o problema de como ganhar os homens. Fui uma longa batalha que só finalizou na cruz, já que a história termina dizendo que o diabo o deixou por algum tempo.

    1. A primeira tentação consistiu em converter as pedras em pão. Este deserto não era arenoso. Estava coberto de pequenas partes de pedra

    calcária exatamente como pães. O diabo disse ao Jesus: "Se quiseres que o povo te siga, utiliza teus poderes maravilhosos para dar-lhes bens materiais". Estava-lhe sugerindo que devia subornar as pessoas com

    presentes materiais para que o seguissem. A resposta de Jesus é uma citação de Dt 8:3. "Não só de pão viverá o homem." A tarefa

    do cristianismo não é a de produzir novas condições, apesar de que o peso e a voz da igreja devem estar apoiando todos os esforços para melhorar a vida dos homens. A tarefa real é a de produzir novas criaturas; feitas as novas criaturas, se seguirão as novas condições.

    1. Na segunda tentação Jesus imaginou estar de pé em uma montanha da qual se via todo mundo civilizado. O diabo lhe disse: "Adora-me, e o mundo será teu." Esta é uma tentação à contemporização. "Tenho as pessoas ‘com o rabo preso’, não ponha seus princípios tão alto. Façamos um acordo. Contemporiza um pouco com o mal e os homens te seguirão". Uma vez mais Jesus cita as escrituras (Dt 6:13; Dt 10:20). É uma tentação constante querer ganhar os homens, contemporizando com os princípios mundanos.

    G. K. Chesterton disse que a tendência do mundo é ver as coisas em um tom cinza indeterminável; mas a obrigação de um cristão é ver as

    coisas em preto e branco. Como disse Carlyle: "Um cristão deve ser consumido pela convicção da beleza infinita da santidade e a maldição infinita do pecado."

    1. Na terceira tentação Jesus se imaginou no pináculo do templo, no encontro do Pórtico de Salomão e o Real. Havia uma queda de cento e cinqüenta metros para o vale do Cedrom. Esta tentação era a de dar

    sensações às pessoas. "Não tentarás ao Senhor teu Deus", disse Jesus (Dt 6:16). Ele viu claramente que se produzia ações espetaculares seria notícia por uns poucos dias. Mas o sensacionalismo nunca perdura. O duro caminho do serviço e do sofrimento leva à cruz,

    mas depois da cruz à coroa.

    A PRIMAVERA NA GALILÉIA

    Lc 4:14, Lc 4:15

    Nem bem Jesus deixou o deserto teve que enfrentar outra decisão. Sabia que a hora de atuar tinha chegado; tinha estabelecido seu método.

    Agora tinha que decidir por onde começar.

    1. Começou pela Galiléia. Galiléia era uma região ao norte da Palestina de setenta e cinco quilômetros de comprimento por quarenta de largura. O nome significa círculo e provém do hebreu Galil. Era assim chamada porque estava rodeada por nações que não eram judias. Precisamente devido a isso, tinha estado sempre exposta a novas influências e era a parte mais progressista da Palestina. Era uma zona densamente povoada. Josefo, que em um momento foi governador dessa região, diz que tinha 204 vilas ou povos, nenhum com uma população menor de quinze mil habitantes. Parece incrível que pudesse haver na Galiléia ao redor de três milhões de pessoas. Era uma terra de uma fertilidade extraordinária. Havia um provérbio que dizia: "É mais fácil fazer crescer uma legião de oliveiras na Galiléia que criar um menino na Judéia." Um bom clima e um excelente fornecimento de água a convertiam no jardim da Palestina. A lista de árvores que crescia ali demonstra quão fértil era – videiras, oliveiras, figueiras, carvalhos, nogueiras, terebintos, palmeiras, cedros, ciprestes, bálsamos, pinheiros, sicômoros, louros, amendoeiras, cidreiras, romãs e espirradeiras. Os galileus eram os montanheses da Palestina. Josefo diz deles: "Eram muito partidários das inovações e propensos por natureza à mudança, adoravam a rebelião. Estavam sempre dispostos a seguir a um líder que começasse uma insurreição. Eram de temperamento rápido e brigão." "Os galileus", dizia-se, "nunca careceram de coragem." "Ansiavam mais a honra que o ganho."

    Esta é a terra na qual Jesus começou. Era sua própria terra; e lhe daria, ao menos no começo, um auditório que escutaria sua mensagem e

    se entusiasmaria.

    1. Começou na sinagoga. Esta era o verdadeiro centro da vida religiosa na Palestina. Havia só um Templo; mas a lei dizia que onde

    quer que houvesse dez famílias judias devia haver uma sinagoga; de modo que em todo povoado e vila o povo se reunia nelas para adorar. Na

    sinagoga não havia sacrifícios; para isso havia o templo. Na sinagoga se ensinava. Mas, como Jesus podia entrar em uma sinagoga, e como sendo

    um leigo, um carpinteiro de Nazaré, podia pregar uma mensagem ali? No serviço em uma sinagoga havia três partes.

    1. Ofereciam-se orações de adoração.
    2. Lia-se a Bíblia. Faziam-no sete pessoas da congregação. Como liam em hebreu antigo, que já não era compreendido por todos, eram

    traduzidos ao aramaico ou ao grego por um perito em targum; no caso da Lei, um versículo por vez, no caso dos profetas, cada três versículos.

    1. A parte do ensino. Na sinagoga não havia um ministro

    profissional; não se designava especialmente a nenhuma pessoa para que desse uma mensagem; o presidente podia convidar a qualquer pessoa distinguida que estivesse presente para que falasse e logo se discutia e conversava. Assim é como Jesus teve sua oportunidade. Nesse momento a sinagoga e sua plataforma estavam abertas para ele.

    1. A passagem termina dizendo que Jesus era glorificado por todos. Este período do ministério de Jesus foi chamado a primavera

    galiléia. Tinha chegado como um sopro do próprio vento de Deus. A oposição ainda não se tinha cristalizado. Os corações dos homens

    estavam famintos de palavras de vida, e ainda não se deram conta do golpe que ia aplicar à ortodoxia de seu tempo. Um homem com uma mensagem sempre dominará um auditório.

    SEM HONRA EM SUA PRÓPRIA TERRA

    Lucas 4:16-30

    Uma das primeiras visitas de Jesus foi a Nazaré, sua própria cidade. Não era uma aldeia. É chamada polis que significa povoado ou cidade; e bem pode ter tido como vinte mil habitantes. Estava localizada em uma

    pequena depressão nas colinas nas inclinações mais baixas da Galiléia perto da planície de Jezreel. Mas até um menino podia subir às colinas que dominavam a cidade, e divisar um panorama maravilhoso de vários quilômetros quadrados.

    Sir George Adam Smith nos descreve a cena que se via. Ante os olhos do observador se estendia a história do Israel. divisava-se a planície do Esdrelom, onde tinham pelejado Débora e Baraque; onde Gideão tinha obtido suas vitórias; onde Saul tinha guerreado e chegado ao desastre e onde Josias tinha morrido na batalha; via-se a vinha do Nabote e o lugar onde que Jeú tinha matado a Jezabel; Suném, onde tinha vivido Elias; o Carmelo, no qual tinha liberado sua épica batalha com os profetas de Baal; e à distância se percebia o Mediterrâneo e suas ilhas. Mas não só ali estava a história de Israel; o próprio mundo se descortinava diante das colinas de Nazaré. Três grandes caminhos as costeavam. O caminho para o sul com seus peregrinos a Jerusalém, a grande rota do mar que levava do Egito a Damasco com as caravanas carregadas que transitavam por ela, e o grande caminho para o este com as caravanas da Arábia, e as legiões romanas partindo para as fronteiras orientais do império. É errado pensar que Jesus se criou em um rincão afastado; criou-se em uma cidade próxima à história e com o comércio do mundo quase em suas portas.

    Já descrevemos o serviço da sinagoga e a passagem nos dá uma imagem vívida da ação. Jesus não tomou um livro, já que nesse então tudo estava escrito em rolos. Leu Isaías 61. Em algumas versões correntes o versículo 20 fala equivocadamente do ministro. O funcionário em questão era o Chazzan, que desempenhava muitas tarefas. Devia tomar e guardar os rolos sagrados das Escrituras; devia limpar a sinagoga; devia anunciar a chegada do sábado com três chamados de trombeta de prata do teto da sinagoga; era também o professor da escola da vila. O versículo 20 nos diz que Jesus se sentou. Isto dá a impressão de que tinha terminado. Mas em realidade significa que estava por falar, já que o orador o fazia sentado e os rabinos também ensinavam sentados (comp. nossa expressão a cátedra [cadeira] do professor).

    O que indignou as pessoas foi o evidente cumprimento de Jesus aos gentios. Os judeus estavam tão seguros de que eles eram o povo de Deus

    que desprezavam completamente a todos os outros. Acreditavam que: "Deus tinha criado os gentios para que fossem o combustível do fogo do inferno." E este jovem Jesus, ao qual todos conheciam, estava pregando a respeito de que os gentios gozavam do favor especial de Deus. Estavam começando a dar-se conta de que nesta nova mensagem havia certas coisas com as quais jamais tinham sonhado.

    Devemos ter presentes outras duas coisas antes de deixar esta passagem:

    1. Jesus tinha o costume de ir à sinagoga no dia de sábado. Devem ter tido muitas coisas com as que estaria totalmente em desacordo; entretanto concorria. O serviço nas sinagogas estava longe de ser

    perfeito; entretanto Jesus nunca deixava de reunir-se com os que se congregavam para adorar a Deus em seu dia.

    1. Só temos que ler a passagem de Isaías que Jesus leu para nos dar

    conta da diferença entre Jesus e João o Batista. João pregava a destruição e em face de sua mensagem os homens tremiam de medo. Jesus trazia o evangelho – as boas novas. Ele também conhecia a ira de Deus mas esta era sempre a ira do amor.

    O ESPÍRITO DE UM DEMÔNIO IMUNDO

    Lucas 4:31-37

    Seria bom se soubéssemos tanto a respeito de Cafarnaum como sabemos de Nazaré, mas nos encontramos diante do estranho fato de que

    ainda existem dúvidas a respeito da localização desta cidade perto do lago, na qual Jesus levou a cabo uma boa parte de seu grande obra.

    Esta passagem é especialmente interessante porque é a primeira em

    Lucas em que nos encontramos diante de uma pessoa possuída pelo demônio. O mundo antigo cria que o ar estava densamente povoado por espíritos malignos, os quais criam, queriam entrar nos homens. Muitas vezes o faziam através da comida ou da bebida. As enfermidades eram causadas por eles. Os egípcios acreditavam que o corpo humano se

    dividia em trinta e seis partes diferentes, qualquer das quais podia ser invadida e dominada por um desses maus espíritos. Havia espíritos da surdez, da mudez, da febre; espíritos que enlouqueciam o homem; espíritos de mentira e defraudação e de imundície. Nesta passagem Jesus exorcizou a um destes últimos. Para muitos isto é um problema. Em geral, o pensamento moderno considera esta crença em espíritos como algo supersticioso e primitivo que foi superado. E entretanto, parece que Jesus cria nela.

    Existem três possibilidades.

    1. Jesus cria nelas. Se isto for certo, Jesus, quanto ao pensamento científico, não estava adiantado em sua época; encontrava-se sob todas

    as limitações do pensamento médico da mesma. Não há necessidade de negar esta conclusão já que, se Jesus era em realidade um homem, em questões científicas deve ter tido os conhecimentos comuns em seus dias.

    1. Jesus não cria nelas, mas o doente sim e da maneira mais intensa. Portanto Jesus só podia curar as pessoas levando em conta suas próprias crenças. Se uma pessoa estiver doente e alguém lhe diz: "Você

    não tem nada", não serve de ajuda. Deve-se admitir a realidade da dor antes de curar. As pessoas criam que estavam possuídas por demônios, e Jesus, como um médico sábio, sabia que não poderia curá-los a não ser

    que admitisse que tinham razão quanto a seu mal.

    1. O pensamento moderno começou a inclinar-se para a possibilidade de que existam demônios. Há certos problemas aos quais não se pode apontar uma causa física. Não há razão para que o homem

    esteja doente, mas o está. Devido a que não existe uma explicação física alguns pensam agora que deve haver uma causa espiritual e que, depois de tudo, os demônios não são tão irreais.

    As pessoas estava surpreendidas em face do poder de Jesus e não sem razão. O Oriente estava cheio de pessoas que podiam exorcizar demônios. Mas seus métodos eram misteriosos e maravilhosos. Um

    exorcista punha um anel sob o nariz da pessoa afetada. Recitava longos feitiços; e de repente parecia que alguém mergulhava em uma vasilha

    com água que se tinha posto perto, e o demônio saía. Uma raiz mágica chamada baaras era muito eficiente. Quando um homem se aproximava dela, encolhia-se a não ser que a agarrasse. Isto significava a morte. De modo que se cavava a terra ao redor dela, atava-lhe um cão o qual com seus puxões arrancava a raiz e quando o fazia o cão morria, como substituto do homem. Que grande diferencia entre essas manipulações histéricas e as tranqüilas palavras de Jesus! Sua autoridade os enchia de estupor.

    A autoridade de Jesus era algo totalmente novo. Quando os rabinos ensinavam sustentavam cada declaração com citações. Diziam sempre: "Existe um dito que diz que..." "O rabino Tal ou Qual disse..." Apelavam sempre à autoridade. Quando os profetas falavam diziam "Assim diz o Senhor." Sua autoridade era delegada. Quando Jesus falava dizia "Eu te digo." Não necessitava que nenhuma autoridade o apoiasse; não precisa de uma autoridade delegada; Ele era a autoridade encarnada. Aqui há algo novo; encontramo-nos diante de um homem que falava como alguém que sabia.

    Em toda esfera da vida o perito tem certo ar de autoridade. Um músico nos relata que quando Toscanini subia ao pódio fluía dele certa autoridade e a orquestra o sentia. Quando necessitamos um conselho técnico chamamos o perito e cremos em sua palavra. Jesus é o perito na vida. Ele fala e os homens sabem que suas palavras estão além da discussão humana – é Deus.

    UM MILAGRE EM UMA CASA

    Lucas 4:38-39

    Aqui escreve Lucas, o médico. Com febre muito alta – cada palavra é uma palavra médica. Os escritores médicos gregos dividiam as febres em maiores (grandes) e menores. Lucas sabia justamente como descrever esta enfermidade.

    Há três grandes verdades neste curto incidente:

    1. Jesus estava sempre disposto a servir. Vinha da sinagoga. Todo pregador sabe como se sente depois do serviço. Tem necessidade de descansar, suas forças o abandonam. A última coisa que quer é uma multidão a seu redor e um novo chamado. Mas embora Jesus deixou a sinagoga e entrou na casa de Pedro, chegou até ele o clamor insistente da necessidade humana. Não alegou que estava cansado e devia repousar. Respondeu sem queixar-se.

    No Exército de Salvação se conta a respeito de uma tal senhora Berwick nos dias dos bombardeios de Londres. Aposentada de seu cargo

    na tarefa social do Exército em Liverpool, foi viver em Londres. Nessa época dos bombardeios o povo tinha idéias muito estranhas e cria que de algum modo a casa desta senhora era segura; de modo que se reuniam

    ali. Apesar de haver-se aposentado, continuava existindo nela o desejo de ajudar. Preparou-se uma simples caixa de primeiros auxílios e pôs um letreiro em sua janela: "Se necessitarem ajuda, chamem aqui."

    Jesus estava sempre preparado para ajudar; seus seguidores devem fazer o mesmo.

    1. Jesus não precisava ter uma multidão a seu redor para realizar

    um milagre. Mais de uma pessoa faria diante de uma multidão um esforço que nunca faria em particular. Muitos se encontram muito melhor em sociedade que em seus próprios lares.

    Muitas vezes somos amáveis, corteses e serviçais para com os

    estranhos e todo o contrário quando não nos vêem nada mais que os nossos. Mas Jesus estava preparado para pôr em jogo todo seu poder em uma casa aldeã do Cafarnaum, quando as multidões se foram.

    1. Quando a sogra de Pedro sarou, levantou-se imediatamente e os servia. Deu-se conta de que tinha recuperado sua saúde para utilizá-la no serviço a outros. Não queria carinhos nem mimos; queria continuar

    cozinhando e servindo a sua família e a Jesus. As mães são sempre

    assim. Faríamos bem em recordar que se Deus nos deu o dom sem igual da saúde e a força, foi para que o utilizemos sempre no serviço de outros.

    AS MULTIDÕES INSISTENTES

    Lucas 4:40-44

    1. Muito cedo pela manhã, Jesus saiu para estar sozinho. Só podia enfrentar as necessidades insistentes dos homens porque primeiro

    procurava a companhia de Deus.

    Uma vez, na Primeira Guerra Mundial, devia começar uma reunião de oficiais. Estavam todos pressente menos um – o marechal Foch, o

    próprio comandante-em-chefe. No fim um oficial que o conhecia bem disse: "Creio que sei onde encontrá-lo." Guiou-os a uma capela em ruínas que estava perto do quartel-general, e ali, diante de um altar destroçado, o grande soldado estava ajoelhado em oração. Sabia que

    antes de reunir-se com os homens devia fazê-lo com Deus.

    1. Entretanto, não existem palavras de queixa nem de ressentimento quando as multidões invadem a intimidade de Jesus. A

    oração é grande, mas em último lugar a necessidade humana é maior.

    Florence Allshorn, uma grande missionária, estava a cargo de um colégio de preparação de missionários. Conhecia a natureza humana e

    não suportava as pessoas que de repente descobriam que sua hora quieta era justamente a hora de lavar os pratos... Devemos orar; mas a oração não deve ser uma escapatória da realidade. Não nos pode preservar do

    chamado insistente da necessidade humana. Deve nos preparar para ele; e algumas vezes, também, teremos que nos incorporar e trabalhar – embora não o queiramos.

    1. Jesus não deixava que os demônios falassem. Uma e outra vez encontraremos em seus lábios esta ordem de guardar silêncio. Por que? Por esta única razão: os judeus tinham suas próprias idéias populares sobre o Messias. Para eles devia ser um rei e conquistador que pisaria no

    pescoço da águia e expulsaria os romanos da Palestina. Este país estava

    em uma condição muito inflamável. A rebelião estava sempre sob a superfície e freqüentemente fazia irrupção. Jesus sábia que se se comentava que ele era o Messias, os revolucionários estariam preparados para levantar-se antes de que se os homens o chamassem Messias devia ensinar-lhes que significado tinha este título, que significava ser não o rei conquistador, e sim o servo sofredor. As ordens de guardar silêncio se deviam a que o povo ainda não sabia o que significava o messianismo, e se se começava com idéias equivocadas certamente provocariam morte e destruição.

    1. Aqui se menciona pela primeira vez no Evangelho de Lucas o reino de Deus. Jesus apareceu pregando o reino de Deus (Mc 1:15).

    Essa era a essência de sua mensagem. O que queria dizer ao falar do reino de Deus? Ao examiná-lo nos encontramos diante de um tremendo paradoxo.

    Para Jesus o reino eram três coisas ao mesmo tempo.

    1. Era o passado. Abraão, Isaque e Jacó estavam no Reino e tinham vivido séculos atrás (Lc 13:28).
      1. Era o presente. Dizia: "...o reino de Deus está entre vós..." (Lc 17:21).
      2. Era futuro. Era algo que Deus ainda estava por dar e pelo qual

    todos os homens deviam orar.

    Como pode ser o Reino todas estas coisas ao mesmo tempo? Vejamos o Pai Nosso. Há duas petições, uma ao lado da outra. “Venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus

    Mt 6:10-11). Os hebreus, como o demonstra qualquer versículo dos salmos, tinham uma maneira de dizer as coisas duas vezes; e sempre a segunda explicava, desenvolvia ou ampliava a primeira; e portanto, o Reino de

    Deus é uma sociedade sobre a Terra na qual a vontade de Deus se cumpre tão perfeitamente como no céu. Portanto se qualquer homem no passado cumpriu perfeitamente a vontade de Deus, está no Reino; mas o dia em que todos os homens o façam está ainda muito distante; a consumação está por chegar; e portanto o Reino é passado, presente e

    futuro ao mesmo tempo. Outros homens cumprem esta vontade de vez em quando, algumas vezes obedecendo e outras desobedecendo. Só Jesus cumpriu em forma perfeita. Esta é a razão pela qual Ele é o fundamento e a encarnação do Reino. Veio para que todos os homens pudessem fazer o mesmo. Fazer a vontade de Deus é ser um cidadão do Reino. Bem poderíamos orar: "Senhor, venha o teu Reino, começando por mim."


    O Evangelho em Carne e Osso

    Flávio Gouvêa de Oliveira, Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil
    O Evangelho em Carne e Osso - Comentários de Lucas Capítulo 4 do versículo 1 até o 13

    13    . A tentação: quando os valores são postos à prova

    Lc 4:1-13

     

    Jesus teve a grande revelação do amor do Pai em seu batismo, ali também ocorreu uma grande manifestação da Trindade. Agora ele está cheio do Espírito, entretanto, este Espírito não está derramando bênção sem medidas, poder sem limites ou agradável consolo divino, está levando-o ao deserto para o encontro com o diabo. Isso com certeza soa estranho para o meio evangélico atual, mas fazem parte do trabalho do Espírito as provas que nos testam e nos fortalecem.

    Ali Jesus foi tentado com “tentações de toda sorte” (v. 13). Essas tentações não consistiam em atos específicos e criminosos, como popularmente se pensa sobre o pecado (matar, roubar, etc.), mas consistiam em testes de valores e prioridades.

    Não havia problemas em se alimentar de pão, Jesus mesmo faria o milagre da multiplicação para alimentar tantas pessoas e usá-lo-ia como figura do seu corpo. Satanás poderia dar-lhes o controle daqueles reinos, Jesus poderia pegá-los e fazer um governo justo e amoroso. Também era verdade - inclusive com base bíblica - que os anjos o guardariam. Mas por trás das sutilezas de Satanás estava o verdadeiro interesse em perverter os valores de Jesus e, assim, derrubá-lo.

     

    Necessidades físicas ou Palavra de Deus?

     

    Há algum problema em se comer pão? Em satisfazer nossas necessidades primárias como seres humanos? Será pecado sobrevivermos? É claro que não, como a própria Bíblia demonstra.

    Então qual o problema em se transformar as pedras em pães?

    Jesus estava em jejum, uma atitude de total privação pessoal e de dependência de Deus. Naquele momento não era hora de comer, mas de afirmar que a vida é mais que a comida: é alimentada pela palavra de Deus (conforme Mt 4:4). Isso enfatiza um sistema de valores que Jesus ensinaria em muitas passagens.

    Vivemos num mundo extremamente consumista e de aparência. Gastamos grande parte de nosso tempo trabalhando, lutando, procurando melhorar nossa condição financeira. Não necessariamente por motivos gananciosos, mas até para sobrevivência e qualidade de vida. Em outros casos, sim, acabamos até caindo na ganância sem perceber. Há uma forte pressão da cultura para isso.

    O que realmente sustenta a nossa vida? Qual a diferença entre sobreviver e viver? A Bíblia ensina que há tempo pra tudo, mas onde podemos encontrar esse equilíbrio? Como vencer essa tentação?

    Note que tentação sutil e profunda foi esta, mas, vencendo-a, Jesus nos deu uma grande lição sobre prioridades.

    A essência da vida estava na palavra daquele que a criou, e por mais que o alimento fosse fundamental para a sobrevivência, a palavra de Deus era essencial. Naquele momento a prioridade era a essência da vida.

     

    Poder político ou rendição a Deus?

     

    Satanás possuía autoridade sobre todos aqueles reinos, havia recebido dos próprios homens, que os conquistaram e que os mantinham pelo pecado, fazendo a vontade de Satanás.

    Jesus poderia mudar essa situação conquistando esses reinos das mãos do diabo e transformando-os em “reino de Deus” nos mesmos moldes do mundo. Quantos cristãos aceitaram e aceitam essa oferta na História, pensando ingenuamente que serão capazes disso?

    Mas o que estava em jogo aqui era a quem Jesus se rendia, a quem adorava e a quem pertencia. Podemos até pensar sobre o fim justificando os meios, ora, se o objetivo de Jesus era trazer um reino de amor, paz e alegria, não seria um bom meio tirá-lo diretamente da mão do inimigo? Ainda mais atualmente, onde já nem damos tanto valor ao sagrado, que mal haveria em uma mera “ajoelhadinha” diante de Satanás se o propósito fosse bom no final das contas? - nem seria de coração, poderia até fingir estar enganando Satanás. Esse tipo de argumentação pode fazer sentido pra nós, mas não pra Jesus.

    A questão correta era: Quem era o verdadeiro Rei e como o verdadeiro Reino seria estabelecido? O reino é de Deus, e Jesus estabeleceria esse Reino pela cruz, não haveria atalhos. Ao mesmo tempo, não havia no ministério de Jesus nem a menção de qualquer enganação ou mentira, pelo contrário, era a exata expressão da verdade nua e crua.

    Nesse ponto também encontramos uma grande lição de Satanás (sim, de Satanás!), conforme indicou o grande pregador padre Antônio Vieira em seu sermão “das Tentações” (Sermões Escolhidos, ed. Martin Claret). A lição é: quanto vale uma alma? Satanás propôs todos os reinos do mundo em troca de uma alma. Adorar é entregar a alma a quem se adora, se Jesus cedesse estaria como que entregando sua alma a Satanás; e para fazer essa oferta este foi capaz de oferecer tudo o que ele tinha neste mundo, ou seja, ele sabia o quanto valia essa alma.

    Quanto vale sua alma? Ou, como perguntou Jesus mais tarde: que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mc 8:36).

    Quantos têm entregado sua alma por bem menos que o mundo inteiro. Vendendo-a por breves momentos de prazer, por vícios prejudiciais, por prestígio instável e toda a sorte de vaidades.

    Até Satanás sabe o valor de uma alma. E nós?

    Jesus também sabia, por isso entregou à adoração unicamente a Deus, o único que é digno e, ao mesmo tempo, o único que dá o verdadeiro valor à nossa alma.

     

    Mover no sobrenatural ou obedecer a Deus?

     

    Já que Jesus mostrou-se tão devoto, Satanás levou-o ao templo: símbolo da presença de Deus e local de adoração. Ali fez sua tentação baseando-se em um texto bíblico (Sl 91:11,12).

    Essa foi a mais sutil tentação do diabo naquela ocasião. Tudo estava certo: o local era de adoração, o texto bíblico realmente dava base para aquele ato e Jesus realmente era filho de Deus. Seria ainda a grande oportunidade de Jesus provar que era filho de Deus e, assim, “envergonhar” o diabo, como se diz atualmente.

    Mas será que é para isso que serve a confiança nas promessas de Deus? Será que a fé serve para nos promovermos? Serão os milagres verdadeiras provas de que somos filhos de Deus?

    A Bíblia nos mostra que nada disso tem valor sem o amor (1 Co 13) e que apenas isso não é prova de intimidade com Deus (Mt 7:21-23). Este último texto deixa claro que quem está com o Senhor é o que faz a vontade do Pai.

    Muitos religiosos parecem procurar promoção e reconhecimento a qualquer custo. Ser reconhecido como alguém com quem Deus fala diretamente é altamente tentador. Ao mesmo tempo, muitos procuram esse tipo de pessoa para confiarem cegamente e obedecerem. Tudo isso, na verdade, indica uma grande insegurança de ambas as partes e a falta de uma verdadeira fé que simplesmente crê e espera em Deus. O que busca poder religioso deve saber que o poder só pertence a Deus; e a pessoa que busca esse “poderoso” representante de Deus deve buscar somente a Deus.

    Jesus responde mostrando sua obediência ao mandamento de Dt 6:16, interpretando a sugestão de Satanás não como prova de fé, ou cumprimento da promessa do Salmo, mas como tentação a Deus.

    Há uma grande diferença entre ter fé e tentar a Deus. A fé nos leva à total confiança em Deus, de modo que não precisamos testá-lo para ver se é fiel mesmo. Tentar a Deus é misto de falta de confiança real em Deus com arrogância diante dele. Os fariseus sempre lhe pediram sinais, mas Jesus não lhes fez nenhum.

    Essa tentação é a mais fácil de derrubar pessoas religiosas. Mas se estivermos firmes nos ensinos de Jesus e na comunhão com Deus estaremos firmes contra ela.

     

    Jesus venceu as tentações pela Palavra, a mesma que está em nossas mãos. Venceu mantendo os valores que ensinou. Essa deve ser a nossa luta e vitória sobre as tentações.



    Dicionário

    Deus

    substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
    Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
    Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
    Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
    Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
    Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
    Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
    Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

    Do latim deus, daus, que significa “ser supremo” ou “entidade superior”.


    i. os nomes de Deus. A palavra portuguesa Deus, que tem a mesma forma na língua latina, representa alguns nomes da Bíblia, referentes ao Criador.
    (a): o termo de uso mais freqüente é Elohim, que restritamente falando, é uma forma do plural, derivando-se, presumivelmente, da palavra eloah. Mas, embora seja plural, é certo que, quando se refere ao único verdadeiro Deus, o verbo da oração, de que Elohim é o sujeito, e o nome predicativo vão quase invariavelmente para o singular. As principais exceções são quando a pessoa que fala, ou aquela a quem se fala, é um pagão (Gn 20:13 – 1 Sm 4.8).
    (b): El, provavelmente ‘o único que é forte’, também ocorre freqüentemente. E encontra-se este nome com adições: El-Elyon, ‘o Deus Altíssimo’ (Gn 14:18) – El-Shaddai, ‘o Deus Todo-poderoso’ (Gn 17:1) – e entra na composição de muitos vocábulos hebraicos (por exemplo Eliabe, Micael).
    (c): Adonai, Senhor, ou Superior. Esta palavra e as duas precedentes eram empregadas quando se queria significar o Deus da Humanidade, sem especial referência ao povo de israel.
    (d): Todavia, Jeová, ou mais propriamente Jahveh, o Senhor, o Ser que por Si mesmo existe, o Ser absoluto, que é sempre a Providência do Seu povo, designa Aquele que num especial sentido fez o pacto com o povo de israel.
    (e): outro nome, ou antes, titulo, ‘o Santo de israel’ (is 30:11) merece ser aqui mencionado, porque ele nos manifesta o alto ensino moral dos profetas, fazendo ver aos israelitas que o Senhor, a Quem eles adoravam, estava muito afastado dos ordinários caminhos do homem, e portanto era necessário que o Seu povo fosse como Ele, odiando o pecado. É sob este título que o Senhor é reconhecido como uma pedra de toque não só da pureza cerimonial, mas também da pureza ética.
    (f): Pai. Nas primitivas religiões semíticas, este termo, enquanto aplicado aos deuses, tinha uma base natural, pois que os povos acreditavam que eram descendentes de seres divinos. Todavia, no A.T. é Deus considerado como o Pai do povo israelita, porque Ele, por atos da Sua misericórdia, o constituiu em nação (Dt 32:6os 11:1 – *veja Êx 4:22). De um modo semelhante é Ele chamado o Pai da geração davídica de reis, porque Ele a escolheu e a tornou suprema (2 Sm 7.14 – Sl 2:7-12 – 89.27). Mais tarde se diz que Deus Se compadece dos que o temem (isto refere-se particularmente aos israelitas e aos que aceitam a religião de israel), como um pai se compadece dos seus filhos (Sl 103:13Mt 3:17).
    ii. A doutrina de Deus. Certas considerações nos são logo sugeridas sobre este ponto.
    (a): Em nenhuma parte da Bíblia se procura provar a existência de Deus. A crença no Criador é doutrina admitida. Nunca houve qualquer dúvida a respeito da existência da Divindade, ou da raça humana em geral. Entre os argumentos que podemos lembrar para provar a existência do Criador, devem ser notados: a relação entre causa e efeito, conduzindo-nos à grande Causa Primeira – a personalidade, a mais alta forma de existência que se pode conceber, de sorte que uma Causa Primeira, que carecesse de personalidade, seria inferior a nós próprios – a idéia de beleza, de moralidade, de justiça – o desejo insaciável, inato em nós, de plena existência que nunca poderia ser satisfeita, se não houvesse Aquele Supremo Ser, Luz, Vida e Amor, para onde ir.
    (b): Deus é um, e único (Dt 6:4, doutrina inteiramente aceita por Jesus Cristo, Mc 12:29). Porquanto se houvesse mais que uma Divindade, haveria, de certo, conflito entre esses seres todo-onipotentes. Por isso, contrariamente ao dualismo de Zoroastro, segundo o qual há dois seres supremos, um bom e outro mau, a Bíblia ensina que Deus tem a autoridade suprema mesmo sobre o mal (is 45:6-7). Este fato fundamental da Unidade de Deus não está em contradição com a doutrina cristã da Trindade, antes pelo contrário, a salvaguarda.
    (c): Deus é o Criador e o Conservador de tudo (Gn 1:1At 17:24Ap 4:11 – e semelhantemente Jo 1:3 – Col 1.16, onde o imediato Agente é a Segunda Pessoa da Trindade). Todos os dias estamos aprendendo, com clareza de percepção, que a matéria não é coisa morta e sem movimento, que as próprias pedras tremem pela sua energia, sustentando a sua coesão pelas formidáveis e ativas forças que sem interrupção nelas operam. o nosso conhecimento, cada vez mais aperfeiçoado, sobre os métodos de Deus na Criação, leva-nos a um louvor cada vez mais elevado.
    (d): Estamos, também, sabendo mais com respeito à relação de Deus para conosco, como governador e conservador de tudo. Relativamente a este assunto há duas verdades, nenhuma das quais deverá excluir a outra:
    (1). Ele é transcendente, isto é, superior ao universo, ou acima dele (*veja is 40:22 – 42.5 – 1 Tm 6.16).
    (2). É igualmente importante notar que Deus é imanente, isto é, está na matéria, ou com ela. Nesta consideração, nós e todos os seres vivemos Nele (At 17:28 – *veja também Jo 1:3-4) – e Ele em nós está pelo simples fato de que sendo Espírito (Jo 4:24) é dotado de onipresença.
    iii. A adoração a Deus. Se a religião é, na verdade, uma necessidade natural, o culto é sua forma visível. Porquanto, embora possamos supor a priori que nos podemos colocar na presença da Divindade sem qualquer sinal exterior, é isto, contudo, tão incompatível como a natureza humana, e tão contrário às exigências da religião, visto como esta pede a adoração a Deus com toda a nossa complexa personalidade, que não é possível admitir-se tal coisa. É certo que Jesus Cristo disse: ‘Deus é Espirito – e importa que os seus adoradores o adorem em espirito e em verdade’ (Jo 4:24). (*veja Altar, Baal, igreja, Eloí, Espírito Santo, Jewá, Jesus Cristo, Senhor, Senhor dos Exércitos, Tabernáculo, Templo, Trindade, Adoração.)

    Introdução

    (O leitor deve consultar também os seguintes verbetes: Cristo, Espírito Santo, Jesus, Senhor.) O Deus da Bíblia revela-se em sua criação e, acima de tudo, por meio de sua Palavra, as Escrituras Sagradas. De fato, a Bíblia pode ser definida como “a autorevelação de Deus ao seu povo”. É importante lembrar que as Escrituras mostram que o conhecimento que podemos ter de Deus é limitado e finito, enquanto o Senhor é infinito, puro e um Espírito vivo e pessoal, ao qual ninguém jamais viu. Freqüentemente a Bíblia usa antropomorfismos (palavras e ideias extraídas da experiência das atividades humanas, emoções, etc.) numa tentativa de nos ajudar a entender melhor Deus. Esse recurso pode ser realmente muito útil, embora o uso de descrições e termos normalmente aplicados aos seres humanos para referir-se ao Senhor eterno e infinito sempre deixe algo a desejar. Alguém já disse que “conhecer a Deus”, até o limite de que somos capazes por meio de sua Palavra, é o cerne da fé bíblica. De acordo com as Escrituras, todas as pessoas, durante toda a história, estão de alguma maneira relacionadas com o Senhor, seja numa atitude de rebelião e incredulidade, seja de fé e submissão.

    Homens e mulheres existem na Terra graças ao poder criador e sustentador de Deus; a Bíblia ensina que um dia todos estarão face a face com o Senhor, para o julgamento no final dos tempos. A natureza de Deus e seus atributos são, portanto, discutidos de diversas maneiras nas Escrituras Sagradas, de modo que Ele será mais bem conhecido por meio da forma como se relaciona com as pessoas. Por exemplo, aprende-se muito sobre Deus quando age no transcurso da história, em prol do sustento e da defesa de seu povo, e leva juízo sobre os que pecam ou vivem em rebelião contra Ele. Muito sabemos sobre o Senhor por meio dos nomes aplicados a Ele na Bíblia e quando sua criação é examinada e discutida. Acima de tudo, aprendemos de Deus quando estudamos sobre Jesus, o “Emanuel” (Deus conosco).

    As seções seguintes proporcionam apenas um resumo do que a Bíblia revela sobre Deus. Uma vida inteira de estudo, fé e compromisso com o Senhor, por intermédio de Cristo, ainda deixaria o crente ansioso por mais, especialmente pelo retorno de Jesus, pois concordamos com a declaração do apóstolo Paulo: “Agora conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13:12).

    A existência do único Deus

    A Bíblia subentende a existência de Deus. Não há discussão alguma sobre isso em suas páginas, pois trata-se de um livro onde o Senhor revela a si mesmo. Somente o “tolo”, a pessoa maligna e corrupta, diz “no seu coração: Não há Deus” (Sl 14:1-53.1; veja O tolo e o sábio). A existência de Deus é freqüentemente afirmada nos contextos que advertem contra a idolatria. Sempre é dada uma ênfase especial ao fato de que somente o Senhor é Deus e não existe nenhum outro. Deuteronômio 6:4 declara: “Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Deuteronômio 32:39 diz: “Vede agora que Eu sou, Eu somente, e não há outro Deus além de mim. Eu causo a morte, e restituo a vida; eu firo, e eu saro, e não há quem possa livrar das minhas mãos”. Por essa razão, a idolatria é considerada um grande pecado (cf. 1 Co 8.4). Envolver-se com ela é viver e acreditar na mentira, numa rejeição direta da revelação do único Deus verdadeiro. Esperava-se que o povo de Israel testemunhasse para as nações ao redor que existia apenas um único Senhor e que não havia nenhum outro deus. Isso seria visto especialmente no poder de Deus para proporcionar a eles os meios para vencerem as batalhas contra inimigos mais fortes, no tempo de paz, na extensão das fronteiras (contra o poder de outros assim chamados deuses) e em sua justiça e juízo sobre todos os que se desviavam dele, ou rejeitavam seus caminhos ou seu povo. As nações ao redor precisavam aprender com Israel que os seus deuses eram falsos e que na verdade adoravam demônios (1Co 10:20).

    Os escritores dos Salmos e os profetas também proclamaram que somente o Senhor é Deus e que Ele pré-existe e auto-subsiste. O Salmo 90:2 diz: “Antes que os montes nascessem, ou que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. Em Isaías, lemos: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus” (Is 44:6). “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus. Eu te fortalecerei, ainda que não me conheças” (Is 45:5; veja também 45.21; etc.). Jeremias disse: “Mas o Senhor Deus é o verdadeiro Deus; ele mesmo é o Deus vivo, o Rei eterno. Do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação” (Jr 10:10).

    No Novo Testamento, novamente a autoexistência eterna de Deus é subentendida: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:14). Paulo argumentou em sua pregação para os atenienses: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17:28). O apóstolo fez um apelo aos habitantes de Listra, a fim de que reconhecessem a existência do único Deus verdadeiro, pois “não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas dos céus, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações” (At 14:17). Em Romanos 1:19-20, há o pressuposto de que mesmo os que são maus e rejeitam a Deus podem ser considerados em débito, “visto que o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis”.

    Como em João 1, mencionado anteriormente, é no Novo Testamento que aprendemos sobre Jesus e começamos a entender mais sobre o próprio Deus, sua preexistência e sua auto-existência. Colossenses 1:17 descreve a preexistência de Cristo como “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15). Tanto Deus, o Pai, como Jesus são considerados eternos em sua existência: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1:8-11.15, 17; 2 Pe 3.8). Hebreus 13:8 também fala de Jesus: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e eternamente”.

    O Deus criador

    A autoexistência de Deus, bem como sua eternidade, também são sinalizadas na criação, a qual Ele fez do “ex nihilo” (a partir do nada; veja Gn 1; Rm 4:17; Hb 11:3). A Bíblia não admite a ideia do nada existindo lado a lado com o Senhor através da eternidade. Não há ensino, por exemplo, de que a matéria sempre existiu, ou que o mal sempre permaneceu como uma alternativa ao lado de Deus. O Todo-poderoso sempre existiu e sempre existirá; Ele é o Criador. O que existe traz outras coisas à existência. O racionalismo pode argumentar que, se algo existe, deve ter o poder da auto-existência dentro de si. A Bíblia mostra que o ser que auto-existe é Deus e somente Ele é o Senhor. Porque Deus existe, a vida veio à existência e surgiu a criação. No Senhor há vida e luz. Somente Ele tem a vida em si mesmo e habita na luz e na glória eternamente.

    O ato de Deus na criação é descrito em muitos lugares da Bíblia. De maneira notável, Gênesis 1:2 descrevem a Palavra de Deus que traz tudo o que conhecemos à existência. Esses capítulos demonstram claramente que o Senhor já existia antes da criação e foi por meio de sua palavra e seu poder que o mundo veio à existência. Também revelam que Deus não iniciou simplesmente o processo e o concluiu, ou ainda não o concluiu, com o que conhecemos neste mundo hoje. Ele interferiu ativamente, várias vezes, para criar a luz, o sol, a lua, a água, a vegetação, os peixes, os mamíferos, os pássaros e a humanidade. Em Gênesis 1, essa obra ativa de Deus durante todo o período da criação pode ser notada nas duas frases: “E disse Deus: Haja...” e “E viu Deus que isso era bom”. Em Gênesis 2, a obra e as palavras do “Senhor Deus” são mencionadas repetidamente. O Salmo 33:4-9 personaliza a “palavra de Deus” como a que criou e “é reta e verdadeira; todas as suas obras são fiéis... Pela palavra do Senhor foram feitos os céus... Tema toda a terra ao Senhor... Pois ele falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu”. Jeremias afirma: “Pois ele (o Senhor) é o criador de todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança; Senhor dos Exércitos é o seu nome” (Jr 10:16-51.19; veja também 26:7; Sl 102:25-104.24; Ne 9:6; etc.).

    No NT, o escritor da carta aos Hebreus lembra os crentes que “pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que o visível não foi feito do que se vê” (Hb 11:3). Louvor e adoração são devidos a Deus, o Pai, e a Jesus, a Palavra de Deus, pela criação e pelo seu contínuo sustento de todas as coisas criadas. Desde que a criação deriva sua vida e existência do próprio Deus, se o Senhor não a sustentasse, ela deixaria de existir (Ap 4:11; Jo 1:1-3; 1 Co 8.6; Cl 1:16-17; Hb 1:2-2 Pe 3.5; etc.).

    Essa obra da criação, a qual necessita do poder sustentador do Senhor, proporciona a evidência da soberania e do poder de Deus sobre todas as coisas. Ele está presente em todos os lugares, a fim de sustentar e vigiar sua criação, realizar sua justiça, amor e misericórdia, trazer à existência e destruir, de acordo com sua vontade e seus propósitos. A doxologia de Romanos 1:1-36 oferece a resposta adequada do crente na presença do Deus criador, sustentador e que existe por si: “Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória, pois, a ele eternamente. Amém” (v.36).

    O Deus pessoal

    O Criador do Universo e de todas as coisas, que sustém o mundo e todas as pessoas, revela-se a si mesmo como um “Deus pessoal”. A palavra “pessoal” não é aplicada a Ele em nenhum outro lugar da Bíblia e é difícil nossas mentes finitas assimilarem o que essa expressão “pessoal” significa, ao referir-se ao Senhor. Ainda assim, é dessa maneira que Ele é consistentemente revelado. Deus é um ser auto-existente e autoconsciente. Qualidades que indicam um ser pessoal podem ser atribuídas a Deus. Ele é apresentado como possuidor de liberdade, vontade e propósitos. Quando colocamos esses fatores na forma negativa, o Senhor nunca é descrito nas Escrituras da maneira que as pessoas o apresentam hoje, como uma energia ou uma força sempre presente. Deus revela a si mesmo como um ser pessoal no relacionamento entre Pai, Filho e Espírito Santo (veja mais sobre a Trindade neste próprio verbete) e em seu desejo de que seu povo tenha um relacionamento real com o “Deus vivo”. Sua “personalidade”, é claro, é Espírito e, portanto, não está limitada da mesma maneira que a humana. Porque é pessoal, entretanto, seu povo pode experimentar um relacionamento genuíno e pessoal com Ele. Deus, por ser bom, “ama” seu povo e “fala” com ele. O Senhor dirige os seus e cuida deles. O Salmo 147:10-11 dá alguns sentimentos de Deus, como um ser pessoal: “Não se deleita na força do cavalo, nem se compraz na agilidade do homem. O Senhor se agrada dos que o temem, e dos que esperam no seu constante amor” (veja também Sl 94:9-10). Efésios 1:9-11 mostra como a vontade e os propósitos de Deus são especialmente colocados à disposição dos que Ele “escolheu”, aos quais ele “ama”. O Senhor é aquele que conhece seu povo (1Co 8:3) e pode ser chamado de “Pai” pelos que vivem por ele (v.6). A revelação de Deus em Jesus novamente mostra como Ele é um Deus “pessoal”, tanto no relacionamento de Cristo e do Pai (como o Filho faz a vontade do Pai e fala as suas palavras), como na maneira pela qual o Pai mostrou seu amor pelo mundo, quando deu “o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16-14:15-31; 15.9,10; etc.).

    O Deus providencial

    Já que Deus é eterno, auto-existente e o Criador do Universo, não é de admirar que um dos temas mais freqüentes na Bíblia refira-se à soberana providência do Senhor. Deus é visto como o rei do Universo, o que fala e tudo acontece, que julga e as pessoas morrem, que mostra seu amor e traz salvação. Ele é o Senhor (veja Senhor) que controla o mundo e exige obediência. Busca os que farão parte de seu povo. É neste cuidado providencial por seu mundo e seu povo que mais freqüentemente descobrimos na Bíblia os grandes atributos divinos de sabedoria, justiça e bondade. Aqui vemos também sua verdade e seu poder. As Escrituras declaram que Deus tem o controle total sobre tudo, ou seja, sobre as pessoas, os governos, etc. Ele é chamado de Rei, pois estabelece reinos sobre a Terra e destrói-os, de acordo com seu desejo. Sua soberania é tão grande, bem como sua providência, em garantir que sua vontade seja realizada, que mesmo o mal pode ser revertido e usado pelo Senhor, para realizar seus bons propósitos.

    Os escritores da Bíblia demonstram com convicção que Deus governa sobre toda a criação; assim, os conceitos do destino e do acaso são banidos. À guisa de exemplo, uma boa colheita não acontece por acaso, mas é providenciada pelo Senhor. É Deus quem promete: “Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn 8:22). Por outro lado, o Senhor mantém tal controle sobre a criação que pode suspender a colheita dos que vivem no pecado ou se rebelam contra Ele (Is 5:10). Nos dias do rei Acabe, de Israel, Deus suspendeu a chuva e o orvalho, por meio de “sua palavra”, como castigo sobre o monarca e o povo (1Rs 17:1). A fome foi extremamente severa, mas a providência particular e amorosa do Senhor por seu povo fez com que suprisse as necessidades do profeta Elias de maneira miraculosa (1Rs 17:18).

    A Bíblia preocupa-se muito em mostrar a providência de Deus, que pode ser vista no seu relacionamento com seu povo (veja 2 Cr 16.9). Paulo fala sobre isso quando diz: “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). Aqui vemos que não somente o cuidado soberano do Senhor sempre é feito segundo a sua vontade e seu propósito, mas também que esse desejo preocupa-se especialmente com seu povo, mediante o cuidado e a proteção. O poder de Deus é tão grande que em “todas as coisas” Ele trabalha para atingir seus fins. Tal entendimento da providência do Senhor leva à conclusão inevitável de que mesmo o que começou por meio do mal, ou emanado de nossos próprios desejos pecaminosos, pode ser revertido por Deus, enquanto Ele trabalha incessantemente para completar e realizar sua vontade. Essa fé e confiança no cuidado providencial do Senhor não eram conceitos novos nos dias de Paulo. Quando José foi capturado por seus irmãos e vendido como escravo para o Egito, não foi o acaso que finalmente o levou a ser governador egípcio, num momento em que o povo de Deus precisava ser preservado da fome terrível. Tudo foi parte da vontade do Senhor. Posteriormente, ao discutir o assunto com seus irmãos amedrontados, José disse: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida” (Gn 50:20). O cuidado providencial de Deus por Jó, quando Satanás desejava atacá-lo e destruí-lo, também é uma prova do poder soberano do Senhor, mesmo sobre o mundo dos espíritos, inclusive Satanás (1:2). Deus até mesmo controlou as ações do rei da Pérsia em favor de seu povo (Is 44:28-45:1-7).

    Em nenhum outro contexto o cuidado providencial de Deus pode ser visto com tanta clareza como na provisão da salvação para o seu povo, por meio da morte expiatória de Jesus Cristo. A ação mais perversa de Satanás e o mais terrível de todos os pecados cometidos pelos seres humanos levaram à crucificação do Filho de Deus. Isso, porém, fora determinado pela vontade de Deus, e Ele reverteu aquele ato terrível para proporcionar expiação a todo aquele que se voltar para o Senhor (At 2:23-24). Esse desejo de Deus foi realizado “segundo as Escrituras”. Certamente o Senhor freqüentemente é visto agindo de maneira providencial e com poder soberano, de acordo com sua Palavra (Rm 5:6-1 Co 15.3; 2 Co 5.15).

    A providência do Senhor também é vista na maneira como chama as pessoas para si. Toda a Trindade está envolvida nesta obra de atrair e cuidar do povo de Deus (Jo 17:11-12, 24; Ef 1:3-14; Cl 1:12-14; etc.). A reflexão sobre a soberania do Senhor sobre tudo, seu poder total de realizar o que sua vontade determina, sua providência na natureza, na humanidade de modo geral e especialmente em relações aos redimidos, nos leva novamente a louvá-lo e bendizê-lo (Sl 13:9-13-16; 145.1, 13 16:1 Pe 5.7; Sl 103).

    O Deus justo

    A Bíblia mostra-nos um Senhor “justo”. Isso faz parte de sua natureza e tem que ver com sua verdade, justiça e bondade. Em termos práticos, o reconhecimento da justiça de Deus nas Escrituras permite que as pessoas confiem em que sua vontade é justa e boa e podem confiar nele para tomar a decisão ou a ação mais justa. Ele é justo como Juiz do mundo e também na demonstração de sua misericórdia. Mais do que isso, sua vontade eterna é inteiramente justa, íntegra e boa. É uma alegria para homens e mulheres pecadores saberem que podem voltar-se para um Deus justo e receber misericórdia. É motivo de temor para os que se rebelam que o justo Juiz julgará e condenará.

    O povo de Deus (“o povo justo”, formado pelos que foram perdoados por Deus) freqüentemente apela para sua justiça. Por exemplo, o salmista orou, para pedir misericórdia ao Senhor, quando parecia que as pessoas más prevaleciam. Achou estranho que os perversos prosperassem quando o “justo” padecia tanto sofrimento. Portanto, apelou para a justiça de Deus, para uma resposta ao seu dilema: “Tenha fim a malícia dos ímpios, mas estabeleça-se o justo. Pois tu, ó justo Deus, sondas as mentes e os corações” (Sl 7:9-11). “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha retidão. Na angústia dá-me alívio; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração” (Sl 4:1-129.4; 2 Ts 1.6). É mediante sua justiça que Deus mostra misericórdia ao seu povo (Sl 116:4-6; 37.39).

    Por vezes, entretanto, o povo de Deus tentou questionar o Senhor, quando parecia que Ele não os ajudava, ou estava do lado de outras nações. A resposta de Deus era que, se o Senhor lhes parecia injusto, é porque eles haviam-se entregado à incredulidade e ao pecado. As ações do Senhor são sempre justas, mesmo quando resultam em juízo sobre seu próprio povo. Veja, por exemplo, Ezequiel 18:25 (também
    v. 29): “Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é justo. Ouvi agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho justo? Não são os vossos caminhos injustos?”.

    Deus pode ser visto como justo em tudo o que faz. Isso se reflete em sua Lei, a qual é repetidamente definida como “justa” (Sl 119; Rm 7:12). Deuteronômio 32:4 resume a justiça do Senhor desta maneira: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, e todos os seus caminhos são justiça. Deus é a verdade, e não há nele injustiça. Ele é justo e reto”.

    Enquanto o povo de Deus ora, vê a justiça divina em seus atos de misericórdia e socorro para com eles e em seu juízo sobre os inimigos; assim, reconhecem que a justiça do Senhor permite que Ele traga disciplina sobre eles, quando pecam. Em II Crônicas 12, o rei Roboão e os líderes de Israel finalmente foram obrigados a admitir que, por causa do pecado e da rebelião deles contra Deus, Faraó Sisaque teve permissão para atacar Judá e chegar até Jerusalém. Deus os poupou da destruição somente quando se humilharam e reconheceram: “O Senhor é justo” (v. 6). Na época do exílio babilônico, os líderes tornaram-se particularmente conscientes deste aspecto da justiça de Deus. Daniel expressou dessa maneira: “Por isso, o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós, porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as obras que faz; contudo, não obedecemos à sua voz” (Dn 9:14; veja também Ed 9:15).

    Os profetas olhavam adiante para ver a revelação da justiça de Deus no futuro reino do Messias: “Vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo, um rei que reinará e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra” (Jr 23:5; Is 9:7-11.4; etc. veja Lc 1:75; At 22:14). Paulo falou sobre a obra de Cristo em termos da revelação da justiça de Deus. Na morte de Jesus, pode-se ver o juízo do Senhor sobre o pecado e a manifestação de seu amor e misericórdia sobre os que são perdoados. Deus não comprometeu nem sua justiça que exige a morte pelo pecado, nem sua aliança de amor para com o seu povo, que promete perdão e misericórdia. Desta maneira, o Senhor permanece justo e íntegro na salvação (Rm 1:17-2.5,6; 3.5, 20-26; etc.).

    Ao falar sobre os últimos dias e o retorno de Cristo, quando Deus vindicará seu nome diante de todo o mundo, inclusive os ímpios, será sua justiça que uma vez mais será notada e levará seu povo, que está ansioso por essa revelação, a louvá-lo (Ap 15:3-16.7).

    O Deus amoroso

    É justo que haja uma seção separada sobre este atributo, o mais maravilhoso do Senhor da Bíblia, ainda que tradicionalmente o amor de Deus seja visto como um aspecto de sua “bondade”. Várias vezes as Escrituras dizem que o Senhor “ama” ou mostra “amor” à sua criação, especialmente para o seu povo. É parte da natureza de Deus, pois ele é “bom” e é “amor”. O Senhor faz o que é bom (2Sm 10:12-1 Cr 19.13; Sl 119:68), porém, mais do que isso, ele é bom. Em outras palavras, a bondade é tão parte dele e de seu ser que o salmista disse: “Pois o teu nome é bom” (Sl 52:9-54.6; este vocábulo “nome” refere-se a todo o caráter do próprio Deus). Jesus disse: “Ninguém há bom, senão um, que é Deus” (Lc 18:19). Assim, se alguém deseja saber o que significa bondade e amor, deve olhar para o Senhor. I João 4:8-16 diz: “ Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor... E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor. Quem está em amor está em Deus, e Deus nele”.

    Deus é a fonte da bondade. Tiago 1:17 diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. O texto não só mostra que o Senhor é a fonte daquilo que é bom, como ensina que Deus é sempre bom. Não existe um lado “sombrio” no Senhor, nenhuma base para a visão oriental de que o bem e o mal existem lado a lado, e juntos formam algo chamado “deus”.

    A bondade de Deus, tão freqüentemente chamada de seu “amor”, é vista de muitas maneiras neste mundo. É evidente que no universo é algo generalizado, ou na manutenção da própria vida, da justiça, da ordem na criação, ou mesmo na provisão da luz do Sol e da chuva, do tempo de semear e de colher (Sl 33:5; Mt 5:45; At 17:25). Sua bondade, entretanto, é mais evidente em seu amor e fidelidade para com seu povo, a quem Ele protege, cuida e livra do juízo. Seu amor fiel por seu povo às vezes é chamado de “aliança de amor” ou “amor fiel”, pois Deus prometeu amar seu povo para sempre. Os israelitas repetidamente louvavam ao Senhor por seu amor eterno, extraordinário e não merecido, demonstrado através de toda a história de Israel (1Cr 16:34-2 Cr 5.13 7:3; Ed 3:11; Sl 118:1-29; Jr 33:11). É digno de nota como os vocábulos “bom” e “amor” aparecem juntos de maneira tão frequente, quando aplicados a Deus.

    Os que buscam a Deus experimentam sua bondade e amor, pois encontram sua salvação (Lm 3:25). O seu povo o louva acima de tudo pelo amor demonstrado em sua misericórdia e perdão dos pecados. Foi para a bondade do Senhor que o rei Ezequias apelou, quando pediu perdão pelo povo de Israel, que adorava a Deus sem ter passado pelo ritual da purificação. “Ezequias, porém, orou por eles, dizendo: O Senhor, que é bom, perdoe a todo aquele que dispôs o coração para buscar o Senhor...” (2Cr 30:18; Nm 14:19). O próprio Deus, ao falar por meio do profeta Oséias, adverte, a respeito da contínua rebelião do povo: “eu não tornarei mais a compadecer-me da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei” (Os 1:6).

    A salvação de Deus para seu povo é sua mais profunda e fantástica demonstração de bondade e amor. Jesus foi oferecido pelo Pai como sacrifício pelo pecado de todo o que crê. Talvez o mais famoso versículo da Bíblia, João 3:16, expresse o sentimento desse dom de Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O dom é ainda mais extraordinário, pois “Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8; Tt 3:4-1 Jo 3:16). O povo de Deus sabe que não merece este sacrifício. A natureza do amor divino, dado a pessoas que não são merecedoras, freqüentemente é expressa por meio do vocábulo “graça”.

    O amor de Deus também é visto por seu povo na maneira como Ele dá o seu Espírito Santo, de tal forma que todos possam conhecê-lo e responder-lhe em amor (Rm 5:5). Eles também experimentam o amor divino em seu cuidado providencial. Isso pode significar que o amor será em forma de disciplina (Ap 3:19), mas também representa o fato de que “todas as coisas” cooperam para o bem do povo de Deus, dos que são chamados segundo o seu propósito. Nada poderá separá-los do amor de Deus e de Cristo (Rm 8:28-35, 39; veja a seção anterior “O Deus providencial”). Ao meditar sobre sua graça a favor de todos, para os levar à salvação, eles o louvam pela maneira como os escolheu e os predestinou para serem filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade (Ef 1:4-6; 1 Jo 3:1). Essa grande obra de salvação é feita “segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo” (v. 9).

    “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2:4-5). O problema é como uma mente humana pode assimilar a profundidade desse amor, pois “excede todo o entendimento” (Ef 3:18-19).

    O Deus salvador

    O amor de Deus é visto proeminentemente em sua salvação por meio de Jesus (“Jesus” significa “o Senhor salva”; veja Jesus). O Senhor é corretamente descrito como “Deus salvador”. A Bíblia ensina que toda a humanidade é pecadora e necessita de redenção, que só é efetivada pela ação salvadora de Deus. O AT refere-se ao Senhor como “Libertador”, “Redentor” e “Salvador”, tanto da nação como dos indivíduos. Ambos necessitam de perdão, se não querem receber juízo. Uma lição necessária à compreensão de todas as pessoas é que somente Deus é Todo-poderoso, soberano e justo; portanto, o único que pode salvar: “E não há outro Deus senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim” (Is 45:21-43.11). Às vezes, o povo de Israel voltava-se para outras nações em busca de proteção e salvação; essa atitude, entretanto, invariavelmente falhava, ao passo que o Senhor ensinava que somente Ele era o Salvador (Dt 32:15-24; 1 Cr 16:34-36; Is 17:10).

    A promessa que Deus faz ao seu povo é que “quando clamarem ao Senhor, por causa dos opressores, ele lhes enviará um salvador e um defender, que os livrará” (Is 19:20-43.3; 45.15). Os homens e mulheres fiéis, mencionados no AT, todos conheceram a atividade salvadora e libertadora de Deus, tanto nas batalhas como no perdão dos pecados. O êxodo do Egito tornou-se o grande evento na história de Israel, que ofereceu às gerações futuras um memorial e uma ilustração da salvação e redenção operadas pelo Senhor. Deus redimiu seu povo do Egito porque o amava: “Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte, e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito” (Dt 7:8).

    Aquele acontecimento histórico proporcionou às gerações futuras uma evidência de que Deus tem o poder para salvar e libertar; essa verdade tornou-se a base em que podiam apelar para o Senhor salvá-los e livrá-los novamente em outras situações adversas (Êx 6:6; Dt 9:26; Sl 106:10). A libertação do Egito, porém, proporcionou também uma advertência, que mostra os acontecimentos no deserto para os que “esqueceram seu Deus”: “Pondo-os ele à morte, então o procuravam; voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. Lembravam-se de que Deus era a sua rocha, de que o Deus Altíssimo era o seu Redentor” (Sl 78:34-35; veja também 1 Cr 10:1-12). O próprio Deus mostrou a sua obra salvadora, ao levá-los do Egito para Canaã, e esperava fidelidade e serviço do seu povo redimido (Dt 13:5-15.15; 24.18; Os 13:4).

    Assim como precisavam de uma redenção física e libertação, os israelitas necessitavam também de perdão dos pecados; nisto também o Senhor provou ser o Salvador e Redentor do seu povo. Louvavam o seu nome pelo seu perdão e sabiam que podiam submeter-se à justiça de Deus e que Ele os salvaria (Dt 21:8; Sl 31:5-34.22; 44.26; Is 54:5-59.20).

    Os profetas olhavam para o futuro, para o dia em que um Salvador e Redentor viria para o povo de Deus: “O Redentor virá a Sião e aos que se desviarem da transgressão em Jacó, diz o Senhor” (Is 59:20). Isaías olhava adiante, para o dia do advento do Messias, quando o povo o louvaria: “Graças te dou, ó Senhor. Ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolaste. Certamente Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei. O Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação” (Is 12:1-3; veja Jr 23:6; Zc 9:9).

    Jesus foi o cumprimento de tais promessas. Ele era o Deus Salvador que veio à Terra para salvar e redimir. Quando seu nascimento foi anunciado, sua atividade salvadora e redentora imediatamente dominou as palavras dos anjos, de Zacarias e de Maria. As profecias concernentes à salvação do povo de Deus, com o advento do rei da linhagem de Davi, são anexadas às promessas do perdão de pecados e salvação do juízo de Deus. Toda a “história da salvação”, como alguns a têm chamado, chega ao seu grande clímax com o advento daquele que seria chamado de “Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1:21; Lc 1:46-47, 68-75; 2.11, 30-32, 38; etc.).

    O Deus salvador é revelado plenamente em Jesus. Nele, e em ninguém mais, há salvação (Lc 3:6-19.9,10; At 4:12; Hb 2:10). De fato, os vocábulos “salvar” e “salvação” referem-se a toda a obra salvadora de Cristo, desde sua encarnação, morte e ressurreição, até sua glorificação. Sua obra salvadora é considerada como um acontecimento realizado em três tempos: passado (na cruz, quando os crentes foram “justificados”; Rm 5:1-8.24; Ef 2:8-2 Tm 1.9); presente (com a operação progressiva do Espírito Santo na vida do crente, no processo de santificação, 1 Co 1.18; 2 Co 2,15) e futuro (no dia do julgamento, quando os crentes serão salvos da justa ira de Deus e serão glorificados; Rm 5:9-10).

    A meditação sobre quem é o Senhor sempre tem levado à doxologia; assim, Judas 25 expressa o louvor a Deus como Salvador, por meio de Jesus Cristo: “Ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

    O Deus Pai

    Conforme já vimos, Deus é bom e é amor; portanto, é também “Pai”. Ele é a fonte de todas as coisas e, nesse sentido, é Pai. É o Pai da criação de Israel — o povo da sua aliança e dos cristãos. Acima de tudo, ele é o Pai de seu único Filho Jesus Cristo. Numa época em que muitas vezes se pergunta se o Senhor realmente deveria ser chamado de “Pai”, pois isso pode parecer uma postura “machista”, é importante notar novamente que Deus é Espírito. Portanto, é totalmente errado descrevê-lo como masculino ou feminino. De fato, lemos sobre o Pai como o Deus “que te gerou” (Dt 32:18) — o que dificilmente seria considerada como uma ação masculina! A paternidade humana deriva de Deus e não vice-versa. Chamar Deus de “Pai” sem dúvida é correto do ponto de vista bíblico e, devidamente entendido, tem muito a dizer para corrigir os muitos abusos que são presenciados atualmente, cometidos pelos pais humanos.

    Primeiro, Deus é ocasionalmente referido, num sentido genérico, como Pai de todas as pessoas, pois elas são geradas por Ele (Ml 2:10; At 17:28-29; Hb 12:9). Segundo, a paternidade de Deus sobre Israel é mencionada ou subentendida. Como Pai, o Senhor tem o direito de ser obedecido. Deuteronômio 3:2-6 dá alguma indicação desse relacionamento: “Corromperam-se conta ele; já não são seus filhos, e isso é a sua mancha, geração perversa e depravada é. É assim que recompensas ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu Pai, que te adquiriu, que te fez e te estabeleceu?” É o relacionamento pactual com seu povo que está especialmente em destaque aqui. O Senhor toma (cria) Israel, ao fazer dele o seu povo peculiar e ao adotá-lo amorosamente como pai, na esperança de receber de volta amor e obediência (Ml 1:6). Deus adverte Israel de que será rejeitado, se porventura desprezar seu Pai (v. 18). Assim, Israel é o seu “filho primogênito” e, se obedecer, receberá a proteção do Senhor. Por exemplo, Deus exige de Faraó: “Israel é meu filho, meu primogênito. Deixa ir o meu filho” (Êx 4:22-23; Os 11:1).

    O fato de Deus apresentar-se como Pai de Israel significa que tem o direito de esperar em resposta uma sincera comunhão com o filho. Lamentavelmente, na maior parte do tempo, encontrou um povo rebelde. Deus diz em Isaías 1:2: “Criei filhos, e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim”. Tanto este profeta como Jeremias, entretanto, olham para o futuro, para um tempo em que o Senhor será o Pai de um filho que corresponde. Deus então mostrará a Israel seu cuidado e seu amor: “Guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho reto em que não tropeçarão, porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito” (Jr 31:9). Um filho humilde admitirá que o Pai tem direitos: “Mas agora, ó Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro, tu és o nosso oleiro; somos todos obra das tuas mãos. Não te enfureças tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniqüidade. Olha, nós te pedimos, todos nós somos o teu povo” (Is 64:8-9; veja também 45.10,11; 63.16). Como Pai e Deus da Aliança, quando seu filho chamar, ele responderá: “Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, a rocha da minha salvação... O meu amor lhe manterei para sempre, e a minha aliança lhe será firme” (Sl 89:26-28).

    Deus também é o Pai do rei de Israel, de uma maneira especial, pois ele representa o povo. A aliança que o Senhor fez com o rei Davi estabeleceu que Deus seria o “Pai” dos descendentes dele: “Eu serei seu Pai e ele será meu filho”. O salmista destaca esse tema. Por exemplo, o Salmo 2:7 diz: “Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (veja também Sl 89:26-27). Posteriormente, essas passagens sobre o filho assumiram um significado messiânico, quando as pessoas olhavam para o futuro, para o advento do rei ungido da linhagem de Davi. De fato, mais tarde foram aplicadas a Jesus Cristo (At 13:33; Hb 1:5).

    Deus é “Pai” unicamente de Jesus, o qual é descrito como “o Filho unigênito de Deus” (veja Jesus). Esta filiação está relacionada ao seu nascimento virginal (Lc 1:35), mas essa não é a única origem. O Pai anuncia claramente a condição de Jesus, em seu batismo: “Então ouviu-se esta voz dos céus: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mc 1:11). Isso, porém, serviu apenas para confirmar publicamente o que já era verdade. De fato, o NT indica uma comunhão permanente entre o Deus Pai, como “pai”; e o Deus Filho, como “filho”. Esse relacionamento eterno é indicado em João 1:18: “Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem o revelou”. Em João 17 Jesus dirige-se a Deus como “Pai” e olha para o futuro, quando receberá novamente “a glória que me deste, porque me amaste antes da criação do mundo” (vv. 24,25; 1 Jo 4:9).

    O acesso a Deus como “Pai” só é possível por meio de Cristo: “Ninguém vem ao Pai, senão por mim”, disse Jesus (Jo 14:6). Isso também aponta o caminho para a filiação a Deus para todos os cristãos.

    Deus como Pai de todos os cristãos é o complemento de sua paternidade a ser mencionada aqui. O Senhor é o Pai de todo o que tem fé em Cristo. Parte da plenitude da salvação, aplicada aos crentes pelo Espírito Santo, é a condição de “adoção” de filhos (Rm 8:23; Ef 1:5), mediante a qual podem utilizar o nome mais pessoal de “Aba” (Papai), ao dirigir-se a Deus (Rm 8:14-17; Gl 4:6). É importante notar que em ambos os textos a “filiação” também está intimamente ligada à herança. Assim como Jesus, o Filho, é herdeiro da glória de Deus, Paulo diz que os filhos adotados são “co-herdeiros de Cristo, se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8:17). É possível para todo o que crê em Cristo conhecer o Pai (Gl 3:26), pois Jesus lhes revela (Jo 14:6-9). Cristo mostrou o Pai ao mundo: “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo. Antes, é o Pai que está em mim quem faz as obras” (v.10).

    Novamente, a única resposta apropriada por parte do cristão, diante da ideia de ser feito filho de Deus, é o louvor: “Vede quão grande amor nos concedeu o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. E somos mesmo seus filhos! O mundo não nos conhece porque não o conheceu. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque assim como é, o veremos” (1Jo 3:1-2).

    Os nomes de Deus

    Enquanto nas modernas culturas ocidentais o nome realmente só é usado para distinguir uma pessoa de outra, os registrados na Bíblia são utilizados para representar totalmente a pessoa ou indicar aspectos de seu caráter ou de seu objetivo na vida (veja seção Os nomes e seus significados na 1ntrodução). Em nenhum outro lugar isso pode ser visto mais claramente do que na expressão “nome do Senhor”, que ocorre aproximadamente 100 vezes nas Escrituras. É uma frase que sintetiza o que nunca pode ser totalmente resumido — ou seja, o próprio Deus.
    O Nome. Quando Gênesis 4:26 diz: “Foi nesse tempo que os homens começaram a invocar o nome do Senhor”, não quer dizer simplesmente que as pessoas aprenderam a usar o nome “Senhor”. O texto indica que elas começaram a adorar ao Senhor por tudo o que Ele é. Quando a Lei diz: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, pois o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20:7), claramente tem em mente mais do que as ocasionais expressões irreverentes (embora, é claro, sua proibição esteja incluída no mandamento). A lei afirma que o próprio Senhor não deve ser considerado com desdém. Não pode ser tratado da mesma maneira que os ídolos pagãos, mencionados no mandamento anterior. Jamais deve ser invocado como um poder mágico ou ser referido numa adoração que não é centralizada exclusivamente nele.

    Assim, uma referência ao “Nome” do Senhor leva consigo uma indicação da própria natureza de Deus. Em Êxodo 23:20, o “Nome” de Deus está presente no anjo enviado para liderar o povo de Israel. Também é correto concluir que tal ser trata-se de uma “teofania”, por meio da qual o Senhor de alguma maneira era experimentado ou visto na presença do anjo (veja Teofanias).

    Quando a Bíblia fala em “invocar” o nome de Deus, geralmente é num contexto de exortação para se adorar ao Senhor totalmente, em toda a vida e vê-lo como o Deus soberano e transcendente que é: pessoal, amoroso e fiel, que está presente em todas as áreas de seu domínio (2Rs 5:11; Sl 17:7; Jl 2:32; Sf 3:9).

    Fazer alguma coisa no “nome do Senhor” é realizar algo no lugar do próprio Deus ou fazer com todo o endosso de sua presença e em obediência à sua ordem. Dessa maneira, os sacerdotes e levitas ministravam “no nome do Senhor” e os profetas falavam “no nome do Senhor”; não que eles alegassem ser Deus, mas isso significava que falavam e operavam com sua total autoridade e poder por trás deles. Até o mesmo o rei Davi lutou “em nome do Senhor” (Dt 18:17-22; 21.5; 1 Sm 17.45; 1 Rs 18.24; etc.). Quando os israelitas desejavam afirmar a presença de Deus com a Arca da Aliança, faziam isso mediante a invocação do “Nome do Senhor dos Exércitos” (2Sm 6:2). Salomão falava em construir um Templo “ao nome do Senhor” (1Rs 8:20). Dessa maneira, o nome é um meio de descrever a plenitude, a transcendência e a presença do próprio Deus.

    É interessante notar que no NT o “nome” pertence a Jesus, para lembrar os textos do AT que se referiam a tudo o que Deus é. Se o nome é de Deus e Jesus é chamado pelo “nome”, então tudo o que pertence a Deus está em Jesus e tudo o que Deus é, Cristo também é (compare Joel 2:32 com Atos 2:21; Romanos 10:13). Assim como a autoridade e o poder de Deus são vistos em seu “nome”, o mesmo acontece com Jesus. É “no nome de Jesus” que as pessoas são desafiadas ao arrependimento, batismo e a receber perdão. A fé precisa ser “no nome de Jesus” (At 2:38-3.16; 9.21). É “no nome de Jesus” que os apóstolos curavam e a Igreja orava (At 3:6; Tg 5:14).

    Em adição a essa maneira abrangente de referir-se à plenitude de Deus, vários nomes específicos são atribuídos ao Senhor na Bíblia e nos ajudam a entendê-lo melhor. Diferentemente de todos os “nomes”, eles enfatizam aspectos da natureza e do caráter de Deus, a fim de afirmar e enriquecer o que já foi mencionado anteriormente.
    El, Elohim. Um nome comum usado para o Senhor e geralmente traduzido como “Deus” (Elohim é a forma plural). A raiz deste vocábulo provavelmente significa “poder”. Este termo era utilizado em outras culturas e religiões para descrever uma grande divindade. Na Bíblia, porém, o nome é aplicado ao único Deus — “El Elohe Israel”, [Deus, o Deus de Israel] (Gn 33:20). Nas Escrituras, Ele é o “Deus do céu e da terra” (Gn 24:3); “o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”; o “Deus dos hebreus” (Êx 3:18); o “Deus dos deuses”; “Deus da verdade” (Sl 31:5) e, é claro, “Deus da glória” (Sl 29:3).

    A forma plural às vezes refere-se a outros deuses, mas também é usada na Bíblia para o único Deus, embora o termo esteja no plural. A forma plural indica a plenitude do Senhor. Ele é totalmente distinto das pessoas criadas, em seu ser (Nm 23:19).

    O vocábulo “El” também aparece em formas como “El Shaddai” (Deus Todo-poderoso”; Gn 17:1; Êx 6:3. Para mais detalhes, veja a seção “O Deus de Abraão”, no artigo sobre Abraão); “El Elyom” (Deus Altíssimo; Dt 32:8; Dn 7:18-22; etc.); “El Betel” (Deus de Betel; Gn 35:7); e “El Olam” (Deus Eterno; Gn 21:33; veja também Sl 90:2).
    Yahweh (o Senhor). O vocábulo Yahweh, que geralmente é traduzido como “Senhor”, em nossas versões da Bíblia em Português, tem sido corretamente chamado de “o nome da aliança de Deus”. Foi por este título que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó escolheu revelar-se a Moisés (Êx 6:3). Sem dúvida, os seguidores fiéis do Senhor já o conheciam por este nome antes da revelação da sarça ardente, mas com Moisés há mais revelações da fidelidade de Yahweh à aliança e de sua comunhão íntima com seu povo. O nome em si é derivado do verbo hebraico “ser”. Moisés imaginou pessoas que lhe perguntariam pelo nome do Deus que lhe apareceu, quando voltasse para seu povo. O Senhor lhe respondeu: “EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3:14; veja
    v. 15). Yahweh, portanto, significa algo como “Ele é” ou talvez “Ele traz à existência”.

    Como o nome revelado de Deus, o título “Yahweh” trazia uma declaração da existência contínua do Senhor e sua presença permanente com seu povo. Foi Ele quem se apresentou a Moisés e ao povo de Israel através das gerações como o Deus da aliança, o que sempre seria fiel às suas promessas em favor de seu povo. Foi sob este nome que o povo da aliança adorou a Deus. No NT, os cristãos entenderam que o Senhor da aliança era Jesus Cristo e, assim, ideias e atributos do AT que pertenciam a Yahweh foram trazidos e aplicados a Jesus. Para uma discussão mais detalhada do grande significado deste nome, veja Senhor.
    Adonai (Senhor). Com o significado de “Senhor” ou “Mestre”, este termo é aplicado a seres humanos em posição de autoridade. Quando relacionado a Deus, entretanto, geralmente é usado junto com o nome Yahweh. Isso apresenta algumas dificuldades na tradução. Não é fácil ler a frase “O senhor senhor”! Assim, geralmente traduz-se como “Senhor Deus” (2Sm 7:28; Is 28:16-56.8; etc.).
    Rocha. A fidelidade, a confiabilidade e a graça salvadora do Deus da aliança são ocasionalmente descritas por meio do epíteto “Rocha” (Dt 32:4-15, 18; 2 Sm 22.3, 47; Sl 62:7; Hc 1:12; etc.).
    Outros nomes. Embora algumas vezes sejam tomados como nomes, muitos outros termos aplicados a Deus são adjetivos. São usados para descrever o Senhor, atribuir louvor ao seu nome e diferenciá-lo dos deuses pagãos. Juízes 6:24 diz que “o Senhor é paz”. Outros textos falam sobre Deus como “o Santo” ou “o Santo de Israel”, a fim de estabelecer um elo no AT entre a sua santidade e a necessidade de que o seu povo seja santo (6:10; Pv 9:10; Is 12:6). Deus também é conhecido como o “Rei” (veja Rei), o “Senhor Todo-poderoso”, “o Senhor é minha Bandeira”, entre outros.
    Jeová. Este termo é pouco citado nas modernas versões da Bíblia. Deve, contudo, ser mencionado aqui como um nome que ainda sobrevive em algumas traduções. É suficiente dizer que, em hebraico, o termo YHWH aparece e, na maioria das vezes, é traduzido como SENHOR, em nossas versões, ou colocam-se vogais e assim lê-se Yahweh (o que alguns colaboradores deste volume têm feito). Jeová deriva de uma leitura equivocada de Yahweh. O pano de fundo do problema com o nome “Jeová” é explicado no verbete Senhor.


    A Trindade

    O cristianismo tradicionalmente argumenta que muitas evidências bíblicas revelam Deus em três pessoas distintas. Para alguns, tal definição do Senhor tem causado sérios problemas. A história da Igreja é permeada pelo surgimento de seitas que não reconheciam Jesus Cristo como Deus ou que se recusavam a aceitar a visão trinitária do Senhor; outras não viam um dos componentes da Trindade como totalmente Deus, ou negavam que houvesse distinções entre as três pessoas. Outros grupos estão totalmente fora do ensino bíblico e entram efetivamente no mundo do triteísmo, uma noção negada explicitamente na Bíblia, como, por exemplo, na oração da “Shema” (Dt 6:4). Embora o termo “trindade” não seja mencionado nas Escrituras, os cristãos sempre creram que somente ele pode fazer justiça à revelação bíblica da “plenitude” de Deus. Começando com o AT, os cristãos apontam indicações que pressagiam um ensino mais detalhado no NT. Muitas passagens conduzem para a pluralidade relacionada com o que é o “único Deus”. Muitos textos sugerem uma identificação do Messias que virá com o próprio Deus. Ele será chamado de Deus Poderoso, governará em completa soberania e será eterno — atributos divinos (Is 9:6-7; Sl 2; etc.). Mas indicações também estão presentes na compreensão da própria criação, no AT. Embora algumas pessoas neguem seu significado, é interessante notar que o Senhor refere-se a si mesmo com o termo plural “elohim” em certas passagens. Em Gênesis 1, é Deus quem cria, por meio de sua Palavra e pelo seu Espírito (Gn 1:1-3). Às vezes essa referência no plural parece ainda mais notável, feita de forma explícita com o uso de verbos e pronomes nas pessoas do plural; por exemplo, “Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem...” (Gn 1:26-3.22; 11.7; Is 6:8). Existe também uma personalização da “Palavra de Deus” que criou os céus (Sl 33:6). Algo semelhante ocorre em Provérbios 8, onde a sabedoria do Senhor é personalizada como o próprio Deus que opera no mundo, concede vida e envolve-se com a própria criação (principalmente Pv 8:12-21).

    Alguns sugerem que “o anjo do Senhor” também deve ser identificado com Deus e ainda assim é distinto dele (Êx 3:2-6; veja também Anjo do Senhor). Em Isaías 63:1014, o Espírito Santo é identificado como Agente de Deus. Esse tipo de evidência espera por sua interpretação mais completa no NT (veja também Teofanias).

    No NT, aspectos da doutrina da Trindade surgem primeiro quando os discípulos e seguidores de Jesus reconhecem as obras e as palavras de Deus nas atitudes de Jesus. Realmente, o problema dos líderes religiosos daquela época foi justamente que algumas das coisas que Cristo fazia e dizia só seriam feitas e ditas por Deus; portanto, eles alegavam que Jesus blasfemava, ao tentar passar por Deus. Por exemplo, Cristo perdoou os pecados do paralítico, algo que os escribas acreditavam que somente Deus era capaz de fazer; portanto, era uma blasfêmia. Jesus então demonstrou sua autoridade divina, ao curar o homem completamente (Mt 9:2-6). João 8 é especialmente esclarecedor sobre essa questão e traz uma série de declarações feitas por Jesus. Sua alegação de pertencer a Deus e ser enviado por Ele (vv. 14, 23), de partir para um lugar desconhecido dos líderes religiosos (v. 14), intimamente combinada com o uso da expressão “Eu Sou” e sua declaração de ter existido antes de Abraão (vv. 24, 28, 58, etc.), tudo isso ocasionou uma acusação de blasfêmia e a tentativa de apedrejamento — a punição para aquela transgressão (v. 59). Jesus aceitou a confissão de Pedro de que Ele era o Cristo (Mc 8:29-30) e alegou ter “todo” poder e autoridade antes de fazer uma das principais declarações trinitárias da Bíblia: “Ide... batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28:18).

    Em todo o NT, ambos, o Espírito Santo e Jesus, são apresentados como seres divinos. João 1:1-14 fala de Cristo como preexistente. Romanos 9:5 geralmente é destacado por alguns teólogos, mas provavelmente a leitura deveria ser essa: “Cristo, que é Deus sobre todos, seja louvado...” (veja também Cl 2:9; Hb 1:9-10; etc.). O Espírito Santo também é visto como Deus (veja At 5:3-4; Jo 15:26; Mc 3:29-2 Co 3.17; etc.).

    São também interessantes as passagens do NT onde os escritores apostólicos aplicam a Jesus o nome de Yahweh do AT (Senhor). Veja, por exemplo, Romanos 1:0-13, onde a confissão da fé em Cristo é provada como confissão de fé em Deus, por uma referência que aponta para o AT e menciona Yahweh. Vários textos merecem um exame cuidadoso, pois trazem o entendimento do AT sobre Yahweh ou aplicam declarações concernentes a Yahweh, no AT, e a Jesus, no NT. Por exemplo, veja João 1:2-41 (cf. Is 6:10); Atos 2:34-36; I Coríntios 1:30-31; 12.3; Filipenses 2:9-11 (cf. Is 45:23), etc.

    Em muitas passagens bíblicas, a ideia do Deus trino é no mínimo implícita nos textos do NT, se não explícita. O batismo de Jesus envolveu o Filho, o Pai e o Espírito Santo (Mt 3:13-17). O mencionado em Mateus 28:19 é em nome das três pessoas da Trindade. Jesus referiu-se ao Espírito Santo como “outro Consolador”. Assim como o Pai enviou Cristo, Ele mandaria o Espírito Santo (Jo 14:15-23). Veja também a obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo na vida do crente (Ef 3:14-19).

    As Escrituras revelam uma figura de Deus em três pessoas e a isso nós chamamos de “Trindade”. O Pai não é maior do que o Filho e ambos são distintos do Espírito Santo, embora exista um ensino claro tanto no AT como no NT de que Deus é único. Existem três pessoas, mas apenas um Senhor. Tal ensino, quando apresentado em conjunto, implica um modo de existência longe do que nossa mente humana possa entender. É por esta razão que todas as analogias humanas invariavelmente fracassam quando se trata de explicar o que significa a Trindade.

    Os cristãos estão convencidos de que negar essa doutrina é renunciar à clara evidência bíblica sobre o próprio Deus. Um escritor resumiu o ensino bíblico dessa maneira: “A doutrina da Trindade não explica plenamente o misterioso caráter de Deus. Pelo contrário, estabelece as fronteiras, fora das quais não devemos andar... Isso exige que sejamos fiéis à revelação bíblica que em um sentido Deus é um e num sentido diferente ele é três” (R. C. Sproul).

    Conclusão

    O Deus da Bíblia é revelado como Eterno, Majestoso, Transcendente, Onipotente e Onisciente. Também é descrito como o Criador de todo o Universo e das pessoas e, neste contexto, revela a si mesmo em sua Palavra como um Deus pessoal, amoroso e soberano, um Deus justo, verdadeiro e íntegro. Deus é revelado como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É o Deus presente com seu povo (Emanuel, Deus conosco) e atuante em toda a criação, embora de modo algum seja absorvido por ela, como certas religiões orientais ensinam. Embora seja um Deus santo, separado e distinto da criação e das criaturas, não permite que o mundo se perca totalmente em seu pecado, sem nenhuma esperança de redenção; pelo contrário, revela a si mesmo como um Deus de amor que salva e redime todo aquele que o busca. Sua graça salvadora é vista claramente em sua vinda aqui na Terra: Jesus, o Filho de Deus, veio para ser o Salvador e Redentor da humanidade. Esta dádiva é experimentada por meio de sua Palavra (a Bíblia) e da presença do Espírito Santo no coração e na vida daqueles que crêem nele. Quanto mais a Bíblia é lida, fica mais claro que todo o seu povo é exortado repetidamente a cantar louvores ao Deus Todo-poderoso que, embora seja transcendente, está presente, a fim de sustentar, cuidar e salvar. “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

    P.D.G.


    Deus [hebr. El, Elah, Eloah, Elohim; gr. theós]

    O nome mais geral da Divindade (Gn 1:1; Jo 1:1). Deus é o Ser Supremo, único, infinito, criador e sustentador do universo. É espírito pessoal e subsiste em três pessoas ou distinções: Pai, Filho e Espírito Santo (v. TRINDADE). É santo, justo, amoroso e perdoador dos que se arrependem. O ateu diz que Deus não existe; o agnóstico diz que não podemos saber se Deus existe ou não; o crente sabe que Deus existe e afirma: “... nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17:28).

    ==========================

    NOMES DE DEUS

    Nas Escrituras Sagradas Deus é chamado por vários nomes e cognomes (títulos), que seguem alistados na ordem decrescente do número de ocorrências:


    1) SENHOR (hebr. JAVÉ, ???? - Gn 2:4);


    2) DEUS (Gn 1:1);


    3) SENHOR DOS EXÉRCITOS (Jr 33:11);


    4) Pai (Is 63:16; Mt 6:8-9);


    5) SENHOR (propriamente dito - Sl 114:7);


    6) SANTO de ISRAEL (Is 1:4);


    7) ALTÍSSIMO (Gn 14:18);


    8) Todo-poderoso (Gn 49:25; 2Co 6:18);


    9) Deus Vivo (Os 1:10; 1Ts 1:9);


    10) Rei (Sl 24; 1Tm 6:15);


    11) Rocha (Dt 32:18; Is 30:29);


    12) REDENTOR (19:25);


    13) SALVADOR (Sl 106:21; Lc 1:47);


    14) Juiz (Gn 18:25; 2Tm 4:8);


    15) O Poderoso (Gn 49:24, RA; RC, Valente);


    16) O PRIMEIRO E O ÚLTIMO (Ap 22:13);


    17) ETERNO DEUS (Is 40:28);


    18) Pastor (Gn 49:24);


    19) ANCIÃO DE DIAS (Dn 7:9);


    20) O Deus de BETEL (Gn 31:13);


    21) O Deus Que Vê (Gn 16:13).


    Deus O judaísmo apresentava uma visão estritamente monoteísta da divindade. As afirmações a respeito que aparecem no Antigo Testamento não podem ser mais explícitas. Antes e depois dele não houve nem haverá outros deuses (Is 43:10-11). Tudo criou sem ajuda nem presença de ninguém (Is 44:24; 45,12). É o primeiro e o último (Is 44:6), clemente e misericordioso (Sl 111:4), o que cuida dos oprimidos (Sl 113:7), o que cura todas as dores e perdoa todas as iniqüidades (Sl 103:3).

    Foi ele quem entregou a Torá a Moisés no Sinai (Êx 19:20) e que estabeleceu uma Aliança Eterna com Israel como povo seu. Ele que falou através dos profetas, ele que não pode ser representado por nenhum tipo de imagem, desenho ou pintura (Ex 20:4ss.) etc.

    Deste Deus se esperava que enviaria seu messias e que no final dos tempos ressuscitaria os justos e injustos, proporcionando recompensa eterna aos primeiros e castigo vergonhoso e consciente aos segundos (Dn 12:2).

    Nos evangelhos encontramos uma aceitação de todas essas afirmações. Deus é único (Mc 12:29ss.), é o Deus dos patriarcas (Mt 22:32), é o único que pode receber culto e serviço (Mt 6:24; Lc 4:8). Para ele tudo é possível (Mt 19:26; Lc 1:37). Ainda que faça brilhar o sol sobre justos e injustos (Mt 5:45), só é Pai daqueles que recebem Jesus (Jo 1:12). Essa relação de paternidade entre Deus e os seguidores de Jesus explica por que ele é tratado como Pai (Mt 11:25ss.; Mc 14:36; Lc 23:34.46; Jo 11:41; 17, 1.5.11). A ele se deve dirigir no oculto do coração e sem usar contínuas repetições como os pagãos (Mt 6:4.
    18) e nele se deve confiar sem sombra de dúvida (Mt 6:26-32; 10,29-31; Lc 15). E podemos então chegar a conhecê-lo porque se nos revelou em Jesus (Jo 1:18).

    Esse monoteísmo com o qual Deus é contemplado no Novo Testamento encontra-se, não obstante, selecionado através da fé na Trindade, que afirma uma pluralidade de pessoas no âmago da única divindade. Existem precedentes da crença na divindade do messias no judaísmo, assim como da atuação de Deus em várias pessoas. De fato, o judeu-cristianismo posterior — tal como registra o Talmude — apenas se referiu a elas para defender sua essência judaica. Assim, no Antigo Testamento, atribui-se ao Messias o título divino de El-Guibor (Is 9:5-6); Deus se expressa em termos plurais (Gn 1:26-27; Is 6:8); o malak YHVH ou o anjo de YHVH não é senão o próprio YHVH (Jz 13:20-22) etc, expressões que foram interpretadas como sinais da revelação da Trindade.

    Nos evangelhos encontramos de fato afirmações nesse sentido que não podem ser consideradas equívocas. Por exemplo: Jesus é denominado Deus (Jo 1:1; 20-28 etc.); afirma-se que o Filho de Deus é igual a Deus (Jo 5:18); ressalta-se que era adorado pelos primeiros cristãos (Mt 28:19-20 etc.), recebe a designação de “Verbo”, termo procedente dos targuns aramaicos para referir-se ao próprio YHVH (Jo 1:1) etc.

    Tem-se discutido se todos esses enfoques procedem realmente do próprio Jesus ou se, ao contrário, devem ser atribuídos à comunidade primitiva. Também se questiona o seu caráter judaico.

    Atualmente, sabemos que esses pontos de vista não se originaram do helenismo, mas do judaísmo contemporâneo de Jesus (m. Hengel, A. Segal, C. Vidal Manzanares etc.). A característica que difere o cristianismo das outras doutrinas é afirmar essa hipóstase do Deus único, encarnado em Jesus. A este também retrocede todas as interpretações sobre sua pessoa. Para essa interpretação, defendem-se passagens de indiscutível autenticidade histórica, como a de Lc 10:21-22, assim como as de auto-identificação que Jesus atribui a si, como a Jokmah hipostática dos Provérbios (Lc 7:35; 11,49-51) e como o “Kyrios” (Senhor) do Antigo Testamento (Lc 12:35-38; 12,43ss.). Essas passagens de fato fazem parte da fonte Q, o que indica sua antigüidade.

    m. Hengel, El Hijo de Dios, Salamanca 1978; A. Segal, Paul, The Convert, New Haven e Londres 1990; m. Gilbert - J. N. Aletti, La Sabiduría y Jesucristo, Estella; C. Vidal Manzanares, El primer Evangelio...; Idem, El judeo-cristianismo palestino...


    substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
    Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
    Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
    Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
    Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
    Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
    Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
    Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

    Diabo

    Diabo [Enganador] - Anjo caído, também chamado de SATANÁS e de LÚCIFER. É o maior inimigo de Deus e das pessoas (Mt 25:41); Jd 6; (2Pe 2:4). Tem poder sobre os seres humanos, mas não é onipotente. V. DEMÔNIO.

    Diabo Ver Demônios.

    Do latim diabolus, que significa “demônio”, “entidade intrigante”.

    Vocábulo usado regularmente no NT para designar Satanás (Ap 12:9). Este termo aparece com maior freqüência nos evangelhos, especialmente para descrever quem tentou Jesus no deserto. Essa sua característica tentadora e enganadora parece ser especialmente descrita na palavra “diabo” (Mt 4:1; Lc 4:2-3; Jo 13:12; At 13:10; etc.). Veja Satanás.


    Por sua etimologia, Demônio; Diabo (de dia-ballo = dividir), o caluniador, e Satã (do hebraico, adversário), o acusador. É o mesmo sujeito com esses e outros muitos nomes (Dragão, Maligno, Belial=Besta, Inimigo, Tentador etc.). Quer como “deuses inferiores” – daimones -, nas culturas politeístas, quer como espíritos malignos, detrás desses nomes o sujeito ou sujeitos são potências maléficas. NA Bíblia aparecem desde o Gênesis até o Novo Testamento. São clássicas as cenas do Paraíso Terrestre (Gn
    3) e do livro de Jó. No Novo Testamento, a esses espíritos são atribuídas toda classe de maldades, tudo o que vai contra Deus e inclusive efeitos como as doenças. O reino de Deus é a vitória sobre o Satanás, e um dos poderes que Jesus dá a seus enviados é o de expulsar demônios. Em alguns casos do AT há o recurso a nomes e imagens de povos pagãos (por ex, em Is 34:14; Tb 3,8). Jesus, por sua parte, fala a linguagem de seus contemporâneos, de modo que não é fácil interpretar os numerosíssimos casos nos quais a Bíblia fala do Demônio. Em todo caso, sempre está nesses espíritos o que se opõe à vontade benéfica de Deus. Cf. Mc 5:1-13; 9,17.25; Mt 9:32-12,22; Lc 11:15 etc. Outro nome de Satanás = adversário. Ver também Demônios.

    substantivo masculino Anjo rebelde que, segundo a religião cristã, foi expulso do paraíso e lançado ao abismo; anjo caído; Satanás.
    Religião Espírito ou anjo do mal; demônio.
    Figurado Pessoa má; malvado, perverso, cruel, desumano.
    Gramática Serve para suprir a enumeração de muitas coisas: fez o diabo.
    Gramática Usa-se como realce expressivo, para insinuar certa impaciência, contrariedade, surpresa: onde diabo se meteu ele? Que diabo de coisa é essa?
    Gramática Entra com frequência em várias fórmulas imprecativas: o diabo que te carregue; vá pro diabo.
    expressão Do diabo. Terrível, excessivo, incômodo: trabalho do diabo!
    Enquanto o diabo esfrega um olho. Num instante.
    Levar o diabo. Sumir, arruinar-se, morrer.
    O diabo a quatro. Confusão, coisas espantosas.
    Ter o diabo no corpo. Ser capaz de cometer loucuras.
    Comer o pão que o diabo amassou. Levar uma vida de trabalho e sofrimentos; padecer muito.
    Etimologia (origem da palavra diabo). Do latim diabolus, diabo.

    Dissê

    1ª pess. sing. pret. perf. ind. de dizer
    3ª pess. sing. pret. perf. ind. de dizer

    di·zer |ê| |ê| -
    (latim dico, -ere)
    verbo transitivo

    1. Exprimir por meio de palavra, por escrito ou por sinais (ex.: dizer olá).

    2. Referir, contar.

    3. Depor.

    4. Recitar; declamar (ex.: dizer poemas).

    5. Afirmar (ex.: eu digo que isso é mentira).

    6. Ser voz pública (ex.: dizem que ele é muito honesto).

    7. Exprimir por música, tocando ou cantando.

    verbo intransitivo

    8. Condizer, corresponder.

    9. Explicar-se; falar.

    10. Estar (bem ou mal) à feição ou ao corpo (ex.: essa cor não diz bem). = CONVIR, QUADRAR

    verbo pronominal

    11. Intitular-se; afirmar ser.

    12. Chamar-se.

    13. Declarar o jogo que se tem ou se faz.

    nome masculino

    14. Expressão, dito (ex.: leu os dizeres do muro).

    15. Estilo.

    16. Maneira de se exprimir.

    17. Rifão.

    18. Alegação, razão.


    quer dizer
    Expressão usada para iniciar uma explicação adicional em relação a algo que foi dito anteriormente. = ISTO É, OU SEJA

    tenho dito
    Fórmula com que se dá por concluído um discurso, um arrazoado, etc.


    Dize

    2ª pess. sing. imp. de dizer

    di·zer |ê| |ê| -
    (latim dico, -ere)
    verbo transitivo

    1. Exprimir por meio de palavra, por escrito ou por sinais (ex.: dizer olá).

    2. Referir, contar.

    3. Depor.

    4. Recitar; declamar (ex.: dizer poemas).

    5. Afirmar (ex.: eu digo que isso é mentira).

    6. Ser voz pública (ex.: dizem que ele é muito honesto).

    7. Exprimir por música, tocando ou cantando.

    verbo intransitivo

    8. Condizer, corresponder.

    9. Explicar-se; falar.

    10. Estar (bem ou mal) à feição ou ao corpo (ex.: essa cor não diz bem). = CONVIR, QUADRAR

    verbo pronominal

    11. Intitular-se; afirmar ser.

    12. Chamar-se.

    13. Declarar o jogo que se tem ou se faz.

    nome masculino

    14. Expressão, dito (ex.: leu os dizeres do muro).

    15. Estilo.

    16. Maneira de se exprimir.

    17. Rifão.

    18. Alegação, razão.


    quer dizer
    Expressão usada para iniciar uma explicação adicional em relação a algo que foi dito anteriormente. = ISTO É, OU SEJA

    tenho dito
    Fórmula com que se dá por concluído um discurso, um arrazoado, etc.


    Es

    Es | símb.
    ES | sigla
    es- | pref.
    Será que queria dizer és?

    Es 1
    símbolo

    [Química] Símbolo químico do einstêinio.


    Ver também dúvida linguística: plural de siglas, acrónimos, abreviaturas e símbolos.

    ES 2
    sigla

    Sigla do estado brasileiro do Espírito Santo.


    es-
    prefixo

    Indicativo de extracção (esbagoar), separação (escolher).


    Filho

    Filho
    1) Pessoa do sexo masculino em relação aos pais (Gn 4:17)

    2) Descendente (Ml 3:6); (Lc 1:16). 3 Morador de um país (Am 9:7) ou de uma cidade (Jl 3:6).

    4) Membro de um grupo (2Rs 2:15), RC).

    5) Qualidade de uma pessoa (Dt 13:13), RC; (2Sm 3:34); (Mc 3:17); (Lc 10:6); (Jo 12:36).

    6) Tratamento carinhoso (1

    substantivo masculino O descendente masculino em relação aos seus pais: este é meu filho.
    Indivíduo que descente; aquele que tem sua origem em certa família, cultura, sociedade etc.: filho dos primeiros habitantes das Américas.
    Pessoa que é natural de um país em específico, de uma determinada região e/ou território; de uma pequena localidade ou Estado etc.: o filho desta terra.
    Figurado Algo ou alguém que tem sua origem ou resulta da junção de certas forças ou influências: filho da tragédia; filho do talento.
    Figurado Algo ou alguém que é partidário de certas teorias, pontos de vista, opiniões, ideologias etc.: os filhos do capitalismo; filho da fé.
    Por Extensão A cria de descente de algum animal.
    Por Extensão O broto e/ou semente da planta.
    [Brasil] Regionalismo. Tipo de tambor utilizado em certos sambas e/ou batuques.
    Religião Designação atribuída à segunda pessoa da Santíssima Trindade (Jesus Cristo): o Filho de Deus.
    adjetivo Figurado Aquilo que acontece como consequência de; resultante: um comportamento filho da intolerância.
    substantivo masculino plural Filhos. A lista de pessoas que descendem de; descendência.
    Etimologia (origem da palavra filho). Do latim filius.filii.

    Nossos filhos são companheiros de vidas passadas que retornam ao nosso convívio, necessitando, em sua grande maioria, de reajuste e resgate, reconciliação e reeducação. [...]
    Referencia: BARCELOS, Walter• Sexo e evolução• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 19

    [...] todo filho é um empréstimo sagrado que, como tal, precisa ser valorizado, trabalhando através do amor e da devoção dos pais, para posteriormente ser devolvido ao Pai Celestial em condição mais elevada. [...]
    Referencia: DIZEM os Espíritos sobre o aborto (O que)• Compilado sob orientação de Juvanir Borges de Souza• Rio de Janeiro: FEB, 2001• - cap• 1

    O filhinho que te chega é compromisso para a tua existência.
    Referencia: FRANCO, Divaldo P• Lampadário espírita• Pelo Espírito Joanna de Ângelis• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 17

    [...] os filhos [...] são companheiros de vidas passadas que regressam até nós, aguardando corrigenda e renovação... [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Contos desta e doutra vida• Pelo Espírito Irmão X [Humberto de Campos]• 1a ed• especial• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 39

    Os filhos são doces algemas de nossa alma.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    Os filhos não são almas criadas no instante do nascimento [...]. São companheiros espirituais de lutas antigas, a quem pagamos débitos sagrados ou de quem recebemos alegrias puras, por créditos de outro tempo. [...]
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Lázaro redivivo• Pelo Espírito Irmão X [Humberto de Campos]• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 49

    Os filhos são liames de amor conscientizado que lhes granjeiam proteção mais extensa do mundo maior, de vez que todos nós integramos grupos afins.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Vida e sexo• Pelo Espírito Emmanuel• 24a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2003• - cap• 2

    [...] Os filhos são as obras preciosas que o Senhor confia às mãos [dos pais], solicitando-lhes cooperação amorosa e eficiente.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Vinha de luz• Pelo Espírito Emmanuel• 24a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 135

    [...] os filhos são associados de experiência e destino, credores ou devedores, amigos ou adversários de encarnações do pretérito próximo ou distante, com os quais nos reencontraremos na 5ida Maior, na condição de irmãos uns dos outros, ante a paternidade de Deus.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo• Estude e viva• Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 38


    substantivo masculino O descendente masculino em relação aos seus pais: este é meu filho.
    Indivíduo que descente; aquele que tem sua origem em certa família, cultura, sociedade etc.: filho dos primeiros habitantes das Américas.
    Pessoa que é natural de um país em específico, de uma determinada região e/ou território; de uma pequena localidade ou Estado etc.: o filho desta terra.
    Figurado Algo ou alguém que tem sua origem ou resulta da junção de certas forças ou influências: filho da tragédia; filho do talento.
    Figurado Algo ou alguém que é partidário de certas teorias, pontos de vista, opiniões, ideologias etc.: os filhos do capitalismo; filho da fé.
    Por Extensão A cria de descente de algum animal.
    Por Extensão O broto e/ou semente da planta.
    [Brasil] Regionalismo. Tipo de tambor utilizado em certos sambas e/ou batuques.
    Religião Designação atribuída à segunda pessoa da Santíssima Trindade (Jesus Cristo): o Filho de Deus.
    adjetivo Figurado Aquilo que acontece como consequência de; resultante: um comportamento filho da intolerância.
    substantivo masculino plural Filhos. A lista de pessoas que descendem de; descendência.
    Etimologia (origem da palavra filho). Do latim filius.filii.

    substantivo masculino O descendente masculino em relação aos seus pais: este é meu filho.
    Indivíduo que descente; aquele que tem sua origem em certa família, cultura, sociedade etc.: filho dos primeiros habitantes das Américas.
    Pessoa que é natural de um país em específico, de uma determinada região e/ou território; de uma pequena localidade ou Estado etc.: o filho desta terra.
    Figurado Algo ou alguém que tem sua origem ou resulta da junção de certas forças ou influências: filho da tragédia; filho do talento.
    Figurado Algo ou alguém que é partidário de certas teorias, pontos de vista, opiniões, ideologias etc.: os filhos do capitalismo; filho da fé.
    Por Extensão A cria de descente de algum animal.
    Por Extensão O broto e/ou semente da planta.
    [Brasil] Regionalismo. Tipo de tambor utilizado em certos sambas e/ou batuques.
    Religião Designação atribuída à segunda pessoa da Santíssima Trindade (Jesus Cristo): o Filho de Deus.
    adjetivo Figurado Aquilo que acontece como consequência de; resultante: um comportamento filho da intolerância.
    substantivo masculino plural Filhos. A lista de pessoas que descendem de; descendência.
    Etimologia (origem da palavra filho). Do latim filius.filii.

    Paô

    substantivo masculino [Brasil] Ave, do tamanho de pomba, negra, mas com o peito vermelho.

    substantivo masculino [Brasil] Ave, do tamanho de pomba, negra, mas com o peito vermelho.

    substantivo masculino [Brasil] Ave, do tamanho de pomba, negra, mas com o peito vermelho.

    Pedra

    substantivo feminino Corpo duro, sólido, da natureza rochosa geralmente usada em construções.
    Calhau, seixo ou outro corpo sólido da mesma natureza.
    [Medicina] Concreção que se forma em certos órgãos do corpo (bexiga, rins, vesícula biliar etc.); cálculo, litíase.
    Figurado Algo ou alguém duro; insensível: coração de pedra.
    Figurado Alguém ignorante, desprovido de inteligência; burro.
    Botânica Dureza que se encontra em alguns frutos.
    Precipitação atmosférica formada por glóbulos pequenos de gele, gotas de água congelada; granizo.
    Peça nos jogos de tabuleiro (dama, gamão etc.).
    Quadro escolar; lousa.
    expressão Pedra de afiar ou amolar. Arenito duro usado para afiar ferramentas cortantes; rebolo, esmeril.
    Pedra de ara. Pedra de altar.
    Pedra angular ou pedra fundamental. Marco inicial de uma construção, que é costume lançar-se solenemente, e que, em geral, encerra medalhas ou documentos comemorativos.
    Pedra britada. Pedra quebrada, pequena.
    Figurado Pedra de escândalo. Pessoa ou coisa que é motivo de murmuração, de escândalo, de discórdia.
    Pedra filosofal. Substância procurada pelos alquimistas da Idade Média, e que, segundo acreditavam, poderia transformar em ouro os metais vis, e curar ou remoçar o corpo humano; elixir; coisa preciosa, milagrosa, mas difícil ou impossível de encontrar.
    Pedra fina ou semipreciosa. Gema não preciosa (como a ametista, a granada, a água-marinha, o topázio) usada em joalheria.
    Pedra de fogo ou de isqueiro. Sílex muito duro, que produz centelhas quando atritado; pederneira.
    Pedra lascada, pedra polida. Diz-se das épocas pré-históricas em que os instrumentos usados pelo homem eram constituídos por pedras apenas lascadas, ou já polidas.
    Figurado No tempo da pedra lascada. Tempo remoto, muito antigo.
    Pedra litográfica. Carbonato de cálcio, de porosidade finíssima, em que se pode gravar com tinta gorda um texto, ou desenho, para dele se tirarem várias cópias.
    Pedra preciosa. Mineral duro, transparente ou translúcido, às vezes opaco, raro, de alto valor, e usado em joalheria e indústria.
    Etimologia (origem da palavra pedra). Do latim petra.

    Montões ou pirâmides de pedra eram construídas como memórias ou balizas históricas. Jacó, e também Labão, efetuaram trabalhos deste gênero no monte Gileade (Gn 31:46). Josué mandou assentar um montão de pedras em Gilgal (Js 4:5-7) – e as duas tribos, e metade de outra, que ficaram além do Jordão, erigiram um monumento sobre a margem daquele rio, como testemunho de solidariedade com as tribos da Palestina ocidental (Js 22:10).

    Pedra Jesus é a pedra rejeitada, pedra de tropeço, é a pedra angular sobre a qual se sustenta o edifício de Deus (Mt 21:42). As passagens evangélicas que se referem a Jesus como pedra rejeitada ou de tropeço (Mt 21:42-44; Mc 12:10; Lc 20:17-18) têm origem veterotestamentária (Sl 118:22) e podem mesmo referir-se ao próprio YHVH (Is 8:14). Essa identificação das passagens como referências messiânicas aparece também no judaísmo. Assim, o Targum Jonatan usa “pedra” como título messiânico e o mesmo podemos constatar no Midraxe sobre Nu 13:14, no qual o messias é denominado também Filho do homem (Dn 7:14).

    Neste último caso, a “pedra” é, mais concretamente, a que destruiu os reinos gentios (Dn 2:35). Embora nessas passagens não apareça a idéia de rejeição ao messias pelo povo de Israel, ela aparece no Talmude (Sanh 38a). Nessa referência, o messias, filho de Davi, é descrito como aquele que — conforme Is 8:14 — será pedra de tropeço e rocha de escândalo para as duas casas de Israel.

    Também a identificação da “pedra de tropeço” com a “pedra de ângulo” conta com paralelos no judaísmo. Temos exemplo no Testamento de Salomão 22:7-23,4, no qual a pedra do Sl 118:22 já é “cabeça de ângulo”; o mesmo se pode dizer das referências no Manual de Disciplina 8:4 e em Yoma 54a. Em harmonia com essa visão, Jesus é a pedra de ângulo (Mt 21:42) e pedra de escândalo, que despedaçará os incrédulos (Lc 20:18).


    Pão

    Em todos os tempos, mesmo nos maisremotos, foi o pão o principal alimento dos hebreus. Trigo e cevada, ou em separado, ou juntamente com outros grãos ou legumes, eram triturados ou pisados no pilão – misturava-se depois a farinha, com água, podendo deitar-se-lhe um pouco de sal, e por fim era cozida. Mais tarde começou a usar-se o fermento e substâncias aromáticas. Para fazer pão, amassava-se a farinha em gamelas, com as mãos ou com os pés, como os árabes ainda hoje fazem (Gn 18:6). A amassadura era, algumas vezes, feita numa peça circular de couro, que facilmente podia ser levantada e levada de terra em terra, como convinha a um povo nômade. Davam, às vezes, ao pão a forma de um bolo muito delgado, outras vezes tinha a espessura de um dedo. o processo de cozer o pão era rápido. Todas as manhãs era moído o trigo, e até se fazer o pão decorriam vinte minutos. Este era o pão asmo, que somente se usava em caso de necessidade (Gn 19:3), ou para fins cerimoniais. o pão fermentado requeria mais tempo, por causa da fermentação. Um pouco de massa do dia anterior era dissolvida em água, e com isto se misturava a farinha, sendo depois tudo bem amassado. Esperava-se, então, que a massa estivesse completamente levedada. o A.T. refere-se a três diferentes métodos de cozer o pão. Em 1 Rs 19.6 lê-se: ‘olhou ele e viu, junto à cabeceira um pão cozido sobre pedras em brasa.’ Este é, ainda hoje, o processo seguido pelos árabes. Sobre lajes acendia-se o lume com palha, ramos secos, e esterco de camelo. Quando a pedra estava bem quente, as cinzas eram removidas, sendo depois os bolos da massa postos sobre as pedras quentes, e as cinzas trazidas outra vez para o seu lugar. Passados alguns minutos, eram as cinzas novamente retiradas mas simplesmente pelo tempo necessário para se voltar o pão. Nas cidades havia padarias, havendo uma classe de padeiros profissionais. Mas geralmente possuía cada casa o seu próprio forno, que era um grande vaso de barro, no fundo do qual se acendia o lume. Quando estava aquecido, os pães era cozidos tanto na parte interior como na parte exterior daquele fogão. Nas pequenas povoações fazia-se uma cova no chão, revestindo-se o fundo e as paredes com uma camada de barro, a qual, com o fogo, se tornava dura e macia – a parte mais baixa oferecia boas condições de aquecimento para receber a massa para o pão. Em geral eram as mulheres que se ocupavam neste trabalho, mas os profissionais eram sempre homens. Em Jerusalém havia um bairro onde se fabricava o pão (Jr 37:21). (*veja Pão asmo.)

    Esse pão que, na prece do Pai Nosso, Jesus ensina-nos a pedir ao Criador, não é, pois, apenas o alimento destinado à mantença de nosso corpo físico, mas tudo quanto seja indispensável ao crescimento e perfectibilidade de nossa consciência espiritual, o que vale dizer, à realização do reino dos céus dentro de nós.
    Referencia: CALLIGARIS, Rodolfo• O Sermão da Montanha• 16a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - O Pai Nosso

    [...] O pão é o alimento do corpo e a prece é o alimento da alma.
    Referencia: PERALVA, Martins• Mediunidade e evolução• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1987• - cap• 15

    O pão do corpo significa amor, trabalho e sacrifício do lavrador. O pão do espírito constitui serviço, esforço e renúncia do missionário do bem.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -


    Pão
    1) Alimento feito de farinha, água e fermento e assado no forno (Jo 6:9)

    2) Alimento (Gn 3:19). 3 Alimento espiritual (Jo 6:31-35).

    Pão Alimento feito com farinha de cevada ou trigo e levedura. Às vezes, sua forma recordava a de uma pedra (Mt 4:3; 7,9; Lc 4:3; 11,11) e constituía o alimento básico da população judaica na época de Jesus (Mc 3:20; Lc 11:5; 14,15; 15,17).

    Compartilhar o pão significava a união dos que o comiam e, precisamente por isso, tinha conotações religiosas (Mt 14:19; 26,26; Mc 6:41; 14,22; Lc 9:16; 22,19; Jo 6:11; 13,18).

    Deus provê seus filhos do necessário pão cotidiano (Mt 6:11; Lc 11:3) e nesse sentido devem ser entendidos os milagres da multiplicação dos pães (Mt 14:13-21; 15,32-38). Também lhes proporciona o pão espiritual (Mt 14:20; Lc 22:16) — o próprio Jesus (Jo 6:35-47). A tendência é interpretar historicamente esta última passagem e à luz tanto da instituição da Nova Aliança (Mt 26:26 e par.) como da Eucaristia. O contexto parece indicar melhor que Jesus se refere a ele próprio e ao seu ensinamento que deve aceitar quem deseja ser seu discípulo (Jo 6:60ss.).


    Transformar

    verbo transitivo direto Dar nova forma a; passar a possuir uma nova forma: Circe transformou em porcos os companheiros de Ulisses.
    Alterar o estado de; converter, mudar: transformar a água em vinho.
    Mudar a feição, a natureza de; transfigurar: a estada na montanha transformou-o.
    verbo pronominal Aparecer com outro aspecto, aparência; disfarçar-se: a criança transformou-se em batman para a festa da escola.
    Etimologia (origem da palavra transformar). Do latim transformare.

    transformar
    v. 1. tr. dir. Mudar a forma de; metamorfosear; transfigurar. 2. tr. dir. Converter, mudar. 3. pron. Converter-se. 4. tr. dir. Dar nova forma a. 5. pron. Tomar outra forma. 6. pron. Disfarçar-se, dissimular-se. 7. tr. dir. Alterar, variar.

    és

    Es | símb.
    ES | sigla
    es- | pref.
    Será que queria dizer és?

    Es 1
    símbolo

    [Química] Símbolo químico do einstêinio.


    Ver também dúvida linguística: plural de siglas, acrónimos, abreviaturas e símbolos.

    ES 2
    sigla

    Sigla do estado brasileiro do Espírito Santo.


    es-
    prefixo

    Indicativo de extracção (esbagoar), separação (escolher).


    Strongs

    Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
    ἔπω αὐτός καί διάβολος εἰ εἶ υἱός θεός ἔπω ἵνα τούτῳ λίθος γίνομαι ἄρτος
    Lucas 4: 3 - Texto em Grego - (BGB) - Bíblia Grega Bereana

    E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, ordena que esta pedra se transforme em pão.
    Lucas 4: 3 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

    Outubro de 27 a Outubro de 28. 15° ano de Tibério
    G1096
    gínomai
    γίνομαι
    o quarto dos profetas maiores, tomado como refém na primeira deportação para a
    (Belteshazzar)
    Substantivo
    G1161
    δέ
    e / mas / alem do mais / além disso
    (moreover)
    Conjunção
    G1228
    diábolos
    διάβολος
    dado à calúnia, difamador, que acusa com falsidade
    (devil)
    Adjetivo - Masculino no Singular genitivo
    G1487
    ei
    εἰ
    se
    (If)
    Conjunção
    G1510
    eimí
    εἰμί
    ser
    (being)
    Verbo - Presente do indicativo Ativo - Masculino no Singular nominativo
    G2316
    theós
    θεός
    Deus
    (God)
    Substantivo - Masculino no Singular nominativo
    G2443
    hína
    ἵνα
    para que
    (that)
    Conjunção
    G3004
    légō
    λέγω
    terra seca, solo seco
    (the dry land)
    Substantivo
    G3037
    líthos
    λίθος
    Essa forma expressa basicamente uma ação “reflexiva” de Qal ou Piel
    (Jaddua)
    Substantivo
    G3588
    ho
    para que
    (that)
    Conjunção
    G3778
    hoûtos
    οὗτος
    um território na baixa Mesopotâmia fazendo fronteira com o Golfo Pérsico n pr m
    (of the Chaldeans)
    Substantivo
    G5207
    huiós
    υἱός
    filho
    (son)
    Substantivo - Masculino no Singular genitivo
    G740
    ártos
    ἄρτος
    um nome aplicado a Jerusalém
    (for Ariel)
    Substantivo
    G846
    autós
    αὐτός
    dele
    (of him)
    Pronome Pessoal / Possessivo - Genitivo Masculino 3ª pessoa do singular


    γίνομαι


    (G1096)
    gínomai (ghin'-om-ahee)

    1096 γινομαι ginomai

    prolongação e forma da voz média de um verbo primário TDNT - 1:681,117; v

    1. tornar-se, i.e. vir à existência, começar a ser, receber a vida
    2. tornar-se, i.e. acontecer
      1. de eventos
    3. erguer-se, aparecer na história, aparecer no cenário
      1. de homens que se apresentam em público
    4. ser feito, ocorrer
      1. de milagres, acontecer, realizar-se
    5. tornar-se, ser feito

    δέ


    (G1161)
    (deh)

    1161 δε de

    partícula primária (adversativa ou aditiva); conj

    1. mas, além do mais, e, etc.

    διάβολος


    (G1228)
    diábolos (dee-ab'-ol-os)

    1228 διαβολος diabolos

    de 1225; TDNT - 2:72,150; adj

    1. dado à calúnia, difamador, que acusa com falsidade
      1. caluniador, que faz falsas acusações, que faz comentários maliciosos
    2. metaph. aplicado à pessoas que, por opor-se à causa de Deus, podem ser descritas como agindo da parte do demônio ou tomando o seu partido Satanás, o príncipe dos demônios, o autor de toda a maldade, que persegue pessoas de bem, criando inimizade entre a humanidade e Deus, instigando ao pecado, afligindo os seres humanos com enfermidades por meio de demônios que tomam possessão dos seus corpos, obedecendo às suas ordens.

    εἰ


    (G1487)
    ei (i)

    1487 ει ei

    partícula primária de condicionalidade; conj

    1. se

    εἰμί


    (G1510)
    eimí (i-mee')

    1510 ειμι eimi

    primeira pessoa do singular do presente indicativo; uma forma prolongada de um verbo primário e defectivo; TDNT - 2:398,206; v

    1. ser, exitir, acontecer, estar presente

    θεός


    (G2316)
    theós (theh'-os)

    2316 θεος theos

    de afinidade incerta; um deus, especialmente (com 3588) a divindade suprema; TDNT - 3:65,322; n m

    1. deus ou deusa, nome genérico para deidades ou divindades
    2. Deus, Trindade
      1. Deus, o Pai, primeira pessoa da Trindade
      2. Cristo, segunda pessoa da Trindade
      3. Espírito Santo, terceira pessoa da Trindade
    3. dito do único e verdadeiro Deus
      1. refere-se às coisas de Deus
      2. seus conselhos, interesses, obrigações para com ele
    4. tudo o que, em qualquer aspecto, assemelha-se a Deus, ou é parecido com ele de alguma forma
      1. representante ou vice-regente de Deus
        1. de magistrados e juízes

    ἵνα


    (G2443)
    hína (hin'-ah)

    2443 ινα hina

    provavelmente do mesmo que a primeira parte de 1438 (pela idéia demonstrativa, cf 3588); TDNT - 3:323,366; conj

    1. que, a fim de que, para que

    λέγω


    (G3004)
    légō (leg'-o)

    3004 λεγω lego

    palavra raiz; TDNT - 4:69,505; v

    1. dizer, falar
      1. afirmar sobre, manter
      2. ensinar
      3. exortar, aconselhar, comandar, dirigir
      4. apontar com palavras, intentar, significar, querer dizer
      5. chamar pelo nome, chamar, nomear
      6. gritar, falar de, mencionar

    λίθος


    (G3037)
    líthos (lee'-thos)

    3037 λιθος lithos

    aparentemente, palavra primária; TDNT - 4:268,534; n m

    1. pedra
      1. de pequenas pedras
      2. de pedras para construção
      3. metáf. de Cristo


    (G3588)
    ho (ho)

    3588 ο ho

    que inclue o feminino η he, e o neutro το to

    em todos as suas inflexões, o artigo definido; artigo

    1. este, aquela, estes, etc.

      Exceto “o” ou “a”, apenas casos especiais são levados em consideração.


    οὗτος


    (G3778)
    hoûtos (hoo'-tos)

    3778 ουτος houtos incluindo masculino plural nominativo ουτοι houtoi , feminino singular nominativo αυτη haute e feminino plural nominativo αυται hautai

    do artigo 3588 e 846; pron

    1. este, estes, etc.

    υἱός


    (G5207)
    huiós (hwee-os')

    5207 υιος huios

    aparentemente, palavra primária; TDNT - 8:334,1206; n m

    1. filho
      1. raramente usado para filhote de animais
      2. generalmente usado de descendente humano
      3. num sentido restrito, o descendente masculino (alguém nascido de um pai e de uma mãe)
      4. num sentido amplo, um descendente, alguém da posteridade de outro,
        1. os filhos de Israel
        2. filhos de Abraão
      5. usado para descrever alguém que depende de outro ou que é seu seguidor
        1. aluno
    2. filho do homem
      1. termo que descreve a humanidade, tendo a conotação de fraqueza e mortalidade
      2. filho do homem, simbolicamente denota o quinto reino em Dn 7:13 e por este termo sua humanidade é indicada em contraste com a crueldade e ferocidade dos quatro reinos que o precedem (Babilônia, Média e Pérsia, Macedônia, e Roma) tipificados pelas quatro bestas. No livro de Enoque (séc. II), é usado para Cristo.
      3. usado por Cristo mesmo, sem dúvida para que pudesse expressar sua messianidade e também designar a si mesmo como o cabeça da família humana, o homem, aquele que forneceu o modelo do homem perfeito e agiu para o benefício de toda humanidade. Cristo parece ter preferido este a outros títulos messiânicos, porque pela sua discrição não encorajaria a expectativa de um Messias terrestre em esplendor digno de reis.
    3. filho de Deus
      1. usado para descrever Adão (Lc 3:38)
      2. usado para descrever aqueles que nasceram outra vez (Lc 20:36) e dos anjos e de Jesus Cristo
      3. daqueles que Deus estima como filhos, que ele ama, protege e beneficia acima dos outros
        1. no AT, usado dos judeus
        2. no NT, dos cristãos
        3. aqueles cujo caráter Deus, como um pai amoroso, desenvolve através de correções (Hb 12:5-8)
      4. aqueles que reverenciam a Deus como seu pai, os piedosos adoradores de Deus, aqueles que no caráter e na vida se parecem com Deus, aqueles que são governados pelo Espírito de Deus, que repousam a mesma tranqüila e alegre confiança em Deus como os filhos depositam em seus pais (Rm 8:14; Gl 3:26), e no futuro na bem-aventurança da vida eterna vestirão publicamente esta dignidade da glória dos filhos de Deus. Termo usado preeminentemente de Jesus Cristo, que desfruta do supremo amor de Deus, unido a ele em relacionamento amoroso, que compartilha seus conselhos salvadores, obediente à vontade do Pai em todos os seus atos

    Sinônimos ver verbete 5868 e 5943


    ἄρτος


    (G740)
    ártos (ar'-tos)

    740 αρτος artos

    de 142; TDNT - 1:477,80; n m

    1. alimento preparado com farinha misturada com água e assado
      1. os israelitas o preparavam como um bolo retangular ou aredondado, da grossura aproximada de um polegar, e do tamanho de um prato ou travessa. Por isso não era para ser cortado, mas quebrado
      2. pães eram consagrados ao Senhor
      3. pão usado nos ágapes (“festas de amor e de de comunhão”) e na Mesa do Senhor
    2. comida de qualquer tipo

    αὐτός


    (G846)
    autós (ow-tos')

    846 αυτος autos

    da partícula au [talvez semelhante a raiz de 109 pela idéia de um vento instável] (para trás); pron

    1. ele próprio, ela mesma, eles mesmos, de si mesmo
    2. ele, ela, isto
    3. o mesmo