Enciclopédia de Marcos 14:33-33

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

mc 14: 33

Versão Versículo
ARA E, levando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia.
ARC E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se.
TB Levando consigo a Pedro, a Tiago e a João, começou a ter pavor e a angustiar-se.
BGB καὶ παραλαμβάνει τὸν Πέτρον καὶ ⸂Ἰάκωβον καὶ⸃ Ἰωάννην μετ’ ⸀αὐτοῦ, καὶ ἤρξατο ἐκθαμβεῖσθαι καὶ ἀδημονεῖν,
HD E, levando consigo Pedro, Tiago e João, começou a ficar atônito e a angustiar-se.
BKJ E ele tomou consigo Pedro e Tiago e João, e começou a ficar aflito, e profundamente abatido;
LTT E Ele toma Pedro e Jacobo e João conSigo, e começou a estar muito chocado e a angustiar-se- em- extremo.
BJ2 E, levando consigo Pedro, Tiago e João, começou a apavorar-se e a angustiar-se.
VULG Et assumit Petrum, et Jacobum, et Joannem secum : et cœpit pavere et tædere.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Marcos 14:33

Salmos 38:11 Os meus amigos e os meus propínquos afastam-se da minha chaga; e os meus parentes se põem em distância.
Salmos 69:1 Livra-me, ó Deus, pois as águas entraram até à minha alma.
Salmos 88:14 Senhor, por que rejeitas a minha alma? Por que escondes de mim a tua face?
Isaías 53:10 Todavia, ao Senhor agradou o moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os dias, e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.
Mateus 26:37 E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.
Marcos 1:16 E, andando junto ao mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.
Marcos 5:37 E não permitiu que alguém o seguisse, a não ser Pedro, e Tiago, e João, irmão de Tiago.
Marcos 9:2 E, seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e os levou sós, em particular, a um alto monte, e transfigurou-se diante deles.
Lucas 22:44 E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão.
Hebreus 5:7 O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia.


Notas de rodapé da Bíblia (HD) - Haroldo Dutra

As notas de rodapé presentes na Bíblia versão Haroldo Dutra são comentários e explicações adicionais fornecidos pelo tradutor para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas de rodapé são baseadas em pesquisas, análises históricas, culturais e linguísticas, bem como em outras referências bíblicas, a fim de fornecer um contexto mais profundo e uma interpretação mais precisa do significado original do texto. As notas de rodapé são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.
Marcos 14 : 33
atônito
Lit. “surpreender-se (positiva ou negativamente), pasmar-se, ficar atônito”.

Marcos 14 : 33
angustiar-se
Lit. “estar dolorosamente preocupado; estar angustiado, aflito”.

Mapas Históricos

Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados ​​para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.

O MINISTÉRIO DE JESUS: PRIMEIRO ANO

30 d.C. a março de 31 d.C.
JOÃO BATISTA
Um indivíduo um tanto incomum que se vestia com roupas de pelo de camelo e coma gafanhotos e mel silvestre apareceu no deserto da Judeia, uma região praticamente desprovida de vegetação entre Jerusalém e o mar Morto, e começou a pregar: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mt 3:2). Devido as batismos em massa realizados por ele no rio Jordão, esse profeta veio a ser chamado de João Batista. Era um parente de Jesus, pois suas mães eram aparentadas. Lucas data o início do ministério de João do décimo quinto ano de Tibério César. Augusto, o antecessor de Tibério, havia falecido em 19 de agosto de 14 .C., de modo que João iniciou seu ministério em 29 .dC. Jesus saiu da Galileia e foi a Betânia, na margem leste do Jordão, para ser batizado por João. De acordo com Lucas, nessa ocasião o Espírito Santo desceu sobre Jesus e ele começou seu ministério, tendo, na época, cerca de trinta anos de idade.

OS QUATRO EVANGELHOS
Dependemos inteiramente dos quatro Evangelhos para um registro detalhado da vida e ministério de Jesus. Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas são visivelmente semelhantes. O. Evangelho de Mateus contém 91% do Evangelho de Marcos, enquanto o de Lucas contém 53% de Marcos: o uso de fontes comuns, tanto orais quanto escritas, costuma ser postulado como motivo para essas semelhanças. O Evangelho de João apresenta a vida de Jesus de um ponto de vista diferente, enfatizando os ensinamentos de Jesus. De acordo com os Evangelhos, Mateus e loão foram apóstolos de Jesus que passaram três anos com ele. Acredita-se que joão Marcos trabalhou com Pedro. Lucas, um médico e companheiro de viagens do apóstolo Paulo, não foi testemunha ocular do ministério de Jesus, mas compilou o seu relato a partir de informações de outras testemunhas oculares.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES CRONOLÓGICAS
Apesar dos quatro Evangelhos tratarem do ministério de Jesus em detalhes, seu conteúdo é organizado de forma temática, e não de acordo com uma cronologia rígida. Neste Atlas procuramos colocar os acontecimentos da vida de Jesus numa sequência cronológica. Se outros que estudaram as mesmas evidências chegaram a conclusões diferentes, estas devem ser igualmente respeitadas, sendo necessário, porém, levar em consideração alguns indicadores cronológicos. O Evangelho de João registra três Páscoas, incluindo aquela em que Jesus morreu. Assim, o ministério de Cristo se estendeu por pelo menos dois anos, apesar do consenso acadêmico favorecer um período de três anos. Na primeira Páscoa, os judeus comentam que o templo de Herodes estava em construção há 46 anos. Uma vez. que Herodes "se pôs a construir" o templo em Jerusalém em 19 a.C., há quem considere que o ministério de Jesus se iniciou em 25 d.C., quatro anos antes da data calculada de acordo com o Evangelho de Lucas, como mencionamos anteriormente. Argumenta-se, portanto, que os 46 anos mencionados não incluem o tempo gasto para juntar os materiais necessários antes do início da construção.

JESUS É TENTADO POR SATANÁS
Conforme o relato dos Evangelhos, depois de seu batismo Jesus foi conduzido pelo Espírito para o deserto e tentado por Satanás. Numa das tentações, Jesus foi transportado a Jerusalém e tentado a se lançar do ponto mais alto do templo, talvez uma referência à extremidade sudeste do templo, da qual havia uma queda de cerca de 130 m até o fundo do vale do Cedrom. Em outra tentação, Jesus foi levado ao alto de um monte de onde Satanás lhe mostrou todos os reinos da terra e seu esplendor.

O PRIMEIRO MILAGRE DE JESUS
Jesus e sua mãe, Maria, foram convidados para um casamento em Caná da Galileia. Quando o vinho acabou, Maria pediu a ajuda de Jesus e ele realizou seu primeiro milagre, transformando em vinho a água que havia em seis talhas grandes de pedra usadas para as lavagens de purificação, num total de cerca de 600 litros. O mestre do banquete ficou justificadamente impressionado com a qualidade do vinho. Juntos, os quatro Evangelhos registram uns 35 milagres de Jesus.

JESUS PURIFICA O TEMPLO
Jesus foi a Jerusalém na época da Páscoa. Caso se adote a data de 30 d.C., nesse ano a Páscoa foi comemorada em 7 de abril. Irado com os comerciantes de bois, ovelhas e pombos e com os cambistas no pátio do templo, Jesus fez um chicote com cordas e os expulsou do local. "Não façais da casa de meu Pai casa de negócio" Jo 2:16, disse ele.

NICODEMOS E A MULHER SAMARITANA
Não é de surpreender que a medida tomada por Jesus no templo tenha suscitado a indignação das autoridades religiosas judaicas. Ainda assim, Nicodemos, um membro do concílio dirigente dos judeus, procurou Jesus durante a noite. A resposta de Jesus a ele é um resumo breve do plano de Deus para salvar a humanidade: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (jo 3:16). No caminho de volta à Galileia, Jesus parou numa cidade de Samaria chamada Sicar (atual Aksar). Os samaritanos eram inimigos de longa data dos judeus. Seu templo ao Senhor em Gerizim, perto de Siquém, havia sido destruído pelo governante judeu João Hircano em 128 a.C. Sentado junto ao poço de Jacó ao meio-dia, Jesus teve uma longa conversa com uma mulher samaritana sobre a água viva e a verdadeira adoração e lhe revelou que era o Messias, chamado Cristo.

JESUS VOLTA À GALILEIA
De volta à Galileia, Jesus encontrou um oficial do rei cujo filho estava enfermo em Cafarnaum. O Evangelho de João 4.43 45 relata como foi necessária apenas uma palavra de Jesus para restaurar a saúde do filho. Ao voltar a Nazaré, a cidade de sua infância, Jesus leu um trecho do profeta Isaías na sinagoga:
"O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor."
Lucas 4:18-19
Quando Jesus afirmou que estas palavras das Escrituras estavam se cumprindo naquele momento, o povo da sinagoga se enfureceu e o expulsou da cidade.

JESUS CHAMA OS PRIMEIROS DISCÍPULOS
Jesus se dirigiu a Cafarnaum, junto ao lago da Galileia, no qual, hoje em dia, há dezoito espécies de peixe, dez delas comercialmente expressivas. Ali, chamou dois pares de irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André; e Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Os quatro eram pescadores, mas Jesus lhes disse para deixarem suas redes e segui-lo. Esse encontro talvez não tenha corrido Dor acaso como os evangelistas dão a entender. Provavelmente loo e. sem duvida. André, haviam sido discipulados de João Batista e encontrado com Jesus depois de seu batismo, quando André Lhe apresentou seu irmão, Pedro. Ademais, Tiago e João talvez fossem primos de Jesus caso, conforme proposto por alguns, sui mãe, Salomé, fosse irmã de Maria, mãe de Jesus.

JESUS NA GALILEIA
Marcos e Lucas descrevem como Jesus confrontou um homem possuído de um espírito mundo na sinagoga em Cafarnaum. As ruínas da sinagoga em Cafarnaum são datas do século IV d.C., mas debaixo delas, pode-se ver paredes parcialmente preservadas de basalto negro provavelmente construídas no seculo I. Essa pode ter sido a sinagoga que um centurião havia dado de presente à cidade e que foi visitada por Jesus. 10 Kim seguida, Jesus percorreu Galileia ensinando nas sinagogas, pregando as boa novas do reino de Deus e curando toda sorte de doenças e enfermidades. Muitos outros enfermos toram levados até ele e grandes multidões acompanhavam. Algumas dessas pessoas vinham de regiões mais distantes, fora da Galileia, de Jerusalém e dalém do Jordão. Numa ocasião quando uma grande multidão se reuniu a beira do lago, Jesus ensinou o povo sentado num barco Em seguida, seguindo às instruções de Jesus, os discípulos levaram o barco a uma parte mai funda do lago e, lançando suas redes, pegaram tantos peixes que as redes começaram a romper.
Em 1985, houve uma seca em Israel e a água do lago da Galileia chegou a um nível incomumente baixo, revelando o casco de um barco antigo com 8.2 m de comprimento e 2,35 de largura, próximo de Magdala. Uma panela e uma lamparina encontradas no barco sugerem uma data do seculo I. confirmada por um teste de carbono 14 numa amostra da madeira do barco. Não ha como provar nenhuma ligação entre esse barco e qualquer pessoa dos Evangelhos, mas e quase certo que c barco e do período correspondente ao dos Evangelhos ou de um período bastante próximo Não é de surpreender que jornalistas tenham chamado a descoberta de "barco de Jesus"

JESUS ESCOLHE OS APÓSTOLOS
Em Cafarnaum, Jesus chamou Mateus, também conhecido como Levi, para ser seu discípulo Mateus era um coletor de impostos para o governo romano. Sua profissão era desprezada por muitos judeus, pois era considerada uma forma de colaboração com os conquistadores pagãos e vários coletores abusavam de seu cargo e defraudavam o povo. Numa ocasião, Jesus subiu em um monte e chamou doze de seus discípulos mais próximos, homens que receberam a designação de "apóstolos" (um termo que significa "os enviados") e, durante os dois anos seguintes, foram treinados e preparados por Jesus. Vários deles se tornaram líderes importantes da igreja primitiva.

O primeiro ano do ministério de Jesus Os números se referem, em ordem cronológica, aos acontecimentos do primeiro ano do ministério de Jesus.

Referências

Lucas 3:1

Lucas 3:23

Colossenses 4:14

Lucas 1:2

João 2.13

João 6:4

João 13:1

Mateus 4:5

Lucas 4:9

Mateus 27:56

Marcos 15:40

Marcos 1:21-27

Lucas 4:31-36

Lucas 7:4-5

Marcos 3:14

Lucas 6:13

primeiro ano do ministério de Jesus
primeiro ano do ministério de Jesus
Ruínas da sinagoga em Cafarnaum, datadas do século IV d.C. Na parte inferior, pode-se ver parte de uma parede de basalto negro, possivelmente de uma sinagoga construída no século I d.C.
Ruínas da sinagoga em Cafarnaum, datadas do século IV d.C. Na parte inferior, pode-se ver parte de uma parede de basalto negro, possivelmente de uma sinagoga construída no século I d.C.
Região de deserto do vale do Jordão, onde Jesus foi tentado por Satanás.
Região de deserto do vale do Jordão, onde Jesus foi tentado por Satanás.
Casco do assim chamado "barco de Jesus" uma embarcação de pesca do século I d.C. encontrada no mar da Galiléia em 1985.
Casco do assim chamado "barco de Jesus" uma embarcação de pesca do século I d.C. encontrada no mar da Galiléia em 1985.

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

A última semana de Jesus na Terra (Parte 2)

12 de nisã
PÔR DO SOL (Dias judaicos começam e terminam ao pôr do sol)NASCER DO SOL

Dia tranquilo com os discípulos

Judas combina a traição

Mateus 26:1-5, Lc 14:16

Marcos 14:1-2, Mc 10, 11

Lucas 22:1-6

PÔR DO SOL
13 de nisã
PÔR DO SOLNASCER DO SOL

Pedro e João preparam a Páscoa

Jesus e os outros apóstolos chegam no final da tarde

Mateus 26:17-19

Marcos 14:12-16

Lucas 22:7-13

PÔR DO SOL
14 de nisã
PÔR DO SOL

Celebra a Páscoa com os apóstolos

Lava os pés dos apóstolos

Dispensa Judas

Estabelece a Ceia do Senhor

Mateus 26:20-35

Marcos 14:17-31

Lucas 22:14-38

João 13:1–17:26

É traído e preso no jardim de Getsêmani

Apóstolos fogem

Julgado pelo Sinédrio na casa de Caifás

Pedro nega Jesus

Mateus 26:36-75

Marcos 14:32-72

Lucas 22:39-65

João 18:1-27

NASCER DO SOL

Perante o Sinédrio pela segunda vez

Levado a Pilatos, depois a Herodes e de novo a Pilatos

Sentenciado à morte e executado em Gólgota

Morre por volta das 3 h da tarde

O corpo é tirado da estaca e sepultado

Mateus 27:1-61

Marcos 15:1-47

Lucas 22:66Lc 23:56

João 18:28– jo 19:42

PÔR DO SOL
15 de nisã (sábado)
PÔR DO SOLNASCER DO SOL

Pilatos autoriza colocar soldados de guarda no túmulo de Jesus

Mateus 27:62-66

PÔR DO SOL
16 de nisã
PÔR DO SOL

Aromas são comprados para sepultamento

Marcos 16:1

NASCER DO SOL

É ressuscitado

Aparece aos discípulos

Mateus 28:1-15

Marcos 16:2-8

Lucas 24:1-49

João 20:1-25

PÔR DO SOL

Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita


Wesley Caldeira

mc 14:33
Da Manjedoura A Emaús

Categoria: Livro Espírita
Ref: 11454
Capítulo: 14
Wesley Caldeira
Wesley Caldeira
A análise dos evangelhos revela que os seguidores de Jesus formavam quatro círculos em torno dele, ou quatro categorias: os adeptos, os discípulos, os apóstolos e os “três”, sendo os apóstolos e os “três” (Pedro, Tiago e João) os círculos mais próximos do Mestre.
Os adeptos eram aqueles que aplicavam ao comportamento as regras morais e espirituais ensinadas por Jesus. Prosseguiam normalmente com suas vidas privadas, ligados aos compromissos familiares e sociais, e compunham uma rede de apoio ao Nazareno. A maioria, simples e pobre; alguns, ricos e relacionados ao Poder, como Nicodemos e José de Arimateia. Entre os adeptos se encontravam amigos íntimos de Jesus, como Marta, Maria e Lázaro.
Os discípulos possuíam responsabilidades na difusão da Boa-Nova, na tarefa de ensinar o Evangelho. Discípulo, do latim, quer dizer aluno. Esse grupo teria sido designado após a convocação dos apóstolos. Jesus justificou-o (LUCAS, 10:2):
— “A colheita é grande, mas os operários são poucos”.
Lucas referiu-se a ele como os setenta e dois, enviados dois a dois à frente de Jesus, “a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir”. (LUCAS, 10:1.)

Jesus resumiu a tarefa dos discípulos em duas atividades primordiais (LUCAS, 10:9):
— “Curai os enfermos e dizei ao povo: o Reino de Deus está próximo de vós”.
A recomendação de curar constituía obra humanitária e, ao mesmo tempo, estratégia de aproximação das comunidades. A Medicina, no estágio em que se encontrava, não existia para os pobres nem atendia com eficácia os afortunados. Durante milênios, o caminho para a recuperação orgânica foi a cura pela fé. Jesus e os discípulos ofereciam curas. Isso abria as portas da hospitalidade e cativava ouvidos para a mensagem do reino de Deus.
“Jesus percorria toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando as enfermidades do povo. Sua fama se espalhou por toda a Síria, de modo que lhe traziam os acometidos de doenças diversas, bem como os obsidiados e os doentes mentais” (MATEUS, 4:23 e 24).
Quando Jesus enviou os discípulos, asseverou (LUCAS, 10:16):
— “Quem vos ouve a mim ouve, quem vos despreza a mim despreza, e quem me despreza, despreza aquele que me enviou”.
Ele se declarou a luz do mundo (JOÃO, 8:12), mas também disse que seus discípulos são a luz do mundo (MATEUS, 5:14).
Após a primeira experiência de peregrinação, os 72 regressaram exultantes (LUCAS, 10:17):
— “Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome!”
Ao que Jesus ponderou (LUCAS, 10:20):
— “[...] não vos alegreis porque os espíritos se vos submetem; alegrai-vos, antes, porque vossos nomes estão inscritos nos céus”.
Jacques Duquesne (2005, p. 110) sugeriu:

O número 72 não deve ser tomado literalmente, porque corresponde ao número de sábios anciães de Israel reunidos por Moisés no deserto para ajudá-lo a governar o povo e também ao número de nações do mundo, todas nascidas, segundo o Gênesis, de filhos de Noé. Mas significa que os discípulos eram bastante numerosos.
Num grupo mais seleto, estavam os reunidos pelo termo grego apostolos, de apostellein, enviar; chelilah, em hebraico, enviado, emissário. Esses receberam as mesmas atribuições dos discípulos, como se vê no Discurso Apostólico de Mateus (10:1 a 42); contudo, eram os cooperadores mais próximos de Jesus e, por isso, tiveram instrução mais profunda sobre a Boa-Nova. Formavam um colegiado de grande autoridade perante os discípulos e adeptos. Eram os intérpretes das ações e ensinos de Jesus.
Os critérios para a escolha desse grupo não foram revelados nos escritos evangélicos. Todavia, houve critérios, não há dúvidas. Lucas conta que Jesus se retirou de Cafarnaum e buscou uma colina próxima para orar, como Ele sempre fazia em momentos importantes. E só depois de orar uma noite inteira Ele entrou novamente na cidade e convocou doze.
O texto joanino não cita o nome de todos os apóstolos; não fala de Mateus ou de Simão, o Zelote. Já as narrativas sinópticas mencionam doze nomes. Pedro e André, Tiago e João, Tomé e Judas Iscariotes são os nomes comuns nos quatro evangelhos.
MATEUS, 10:2 a 4 apresenta os doze:
1) Shim’on (nome hebraico, aquele que ouve), Simão, que Jesus chamou de Pedro (Kepa, em aramaico, daí Cefas; em grego, Petros);
2) Andréas (nome grego, viril), André, irmão de Pedro, filhos de Giona, João ou Jonas;
3) Ja’akov (nome hebraico), Tiago, transliteração grega do nome Jacó
(Iacobos), dito o Maior, irmão de João, filho de Zebedeu e de Salomé;
4) Johanan ou Iokanan (nome hebraico), João; este e Tiago chamados por Jesus de Boanerges, filhos do trovão ou trovejantes (MARCOS, 3:17);

5) Filippos (nome grego, apreciador de cavalos), Filipe;
6) Bartholomaios (nome grego, originado do aramaico bar talmai, filho de Tolmai), Bartolomeu, também chamado Natanael (nome hebraico);
7) Mattai (nome hebraico, dom de Iahweh), Mateus ou Levi, o publicano;
8) Toma (nome aramaico), gêmeo, Tomé, ou Didymos, gêmeo em grego;
9) Ja’akov (nome hebraico), Tiago, dito o Menor, filho de Alfeu; 10) Shim’on, Simão, o nacionalista, o zelote, o cananeu; 11)Taddai (nome hebraico), Judas Tadeu;
12) Judas Iscariotes, filho de Simão.
O lago de Genesaré é uma das bacias hidrográficas mais piscosas do planeta, e assim era mais especialmente naquela época, nas áreas próximas a Betsaida e Cafarnaum. Muitas e numerosas famílias se dedicavam à pesca. “As famílias de pescadores formavam uma sociedade doce e cordata, estendendo-se em numerosos laços de parentesco por todo o cantão do lago”. (RENAN, 2003, p. 191.)
Onze dos escolhidos eram galileus e ligados à vida do mar da Galileia. Nasceram e se tornaram homens em suas margens, sendo vários deles conhecidos entre si, até por laços de parentesco.
Judas, a exceção, originava-se da Judeia. O apelido vem da cidade de Cariot ou Keriote, aldeia situada ao sul da Judeia, hoje chamada Kereitein. Judas se dedicava “ao pequeno comércio em Cafarnaum, no qual vendia peixes e quinquilharias”, quando conheceu Jesus. (XAVIER, 2013a, cap. 5, p. 36.)
André, Pedro, João, Tiago e Filipe eram de Betsaida (casa dos pescadores), localizada a noroeste do lago de Genesaré, próxima à foz do rio Jordão. Com terras férteis, clima agradável e bela flora, Betsaida foi o berço de cinco grandes personagens do Evangelho.

O Novo Testamento utilizou quatro nomes para se referir a Pedro: o nome hebraico Simeão (ATOS DOS APÓSTOLOS, 15:14), que pode significar ouvir; Simão, a forma grega de Simeão; Pedro, de origem grega, significa pedra ou rocha; Cefas, rocha em aramaico.
Simão Pedro é citado em primeiro lugar nas listas dos evangelhos sinópticos. Foi o apóstolo convocado à liderança dos demais. Pedro era casado, tinha filhos e sua sogra morava com ele. Conhecera Jesus quando os primeiros cabelos embranqueciam. Era pescador e, aparentemente, homem de alguma abastança material. Possuía uma boa moradia, onde Jesus era encontrado com frequência. Seu irmão André, também pescador, foi discípulo de João Batista: “André, o irmão de Simão Pedro, era um dos que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus”. (JOÃO, 1:40.)
Os evangelhos sinópticos propõem que André e Pedro foram os primeiros apóstolos, chamados depois que João Batista foi preso por Herodes Antipas. Narra MATEUS, 4:19 que Jesus caminhava pela orla do lago e viu os dois irmãos:
— “Segui-me e eu vos farei pescadores de homens”.
Mas para o quarto evangelho (JOÃO, 1:35 a 39), André foi chamado quando estava com o apóstolo João, na companhia de João Batista. É André que informa a Pedro: “Encontramos o Messias”. (JOÃO, 1:41.) E em seguida o leva a Jesus. Os dois relatos parecem se completar.
Os dois irmãos, Pedro e André, residiam havia muito tempo em Cafarnaum (vila de Naum), uma das mais importantes vilas em torno do lago. Jesus fez dela sua cidade: “E entrando em um barco, ele atravessou e foi para a sua cidade”. (MATEUS, 9:1.)
Cafarnaum era um centro coletor de impostos, próspero centro comercial, localizado numa pequena enseada do lago, perto de onde o Jordão trazia suas águas. O casario era baixo, localizado entre árvores frondosas e muitos pomares. Possuía uma população de 15 mil habitantes, cujos sentimentos ternos e boa vontade faziam de Cafarnaum um lugar especial para Jesus. A cidade de Jesus seria destruída no século VII, jamais sendo restaurada. Suas ruínas foram adquiridas pelos franciscanos em 1894, o que preservou sua herança arqueológica até hoje. (SOTELO, 2003, p. 75-77.)
Tiago e João eram filhos de Zebedeu, um pescador bem-sucedido, dono de vários barcos. Trabalhavam como pescadores e eram companheiros/sócios de Simão Pedro, de acordo com LUCAS, 5:10. João, tudo indica, era o outro seguidor do Batista, ao lado de André. Salomé, mãe de Tiago e João, foi uma das destacadas discípulas de Jesus que tiveram a honra de servi-lo até o fim na tarde do Calvário. (MATEUS, 27:56.)
Filipe fora aquele que ouviu o segue-me e pediu a Jesus (LUCAS, 9:59 e 60):
— “Permite-me ir primeiro enterrar meu pai”.
Ao que Jesus replicou:
— “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus”.
Na despedida, no cenáculo, Jesus enchia de esperanças seus apóstolos entristecidos (JOÃO, 14:6 a 9):
— “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim. Se me conheceis, também conhecereis a meu Pai”.
Filipe interrompe-o e pede:
— “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta”.
Jesus o interpela:
— “Há tanto tempo estou convosco e tu não me conheces, Filipe?” Filipe era pai de quatro filhas profetisas.
Natanael, ou Bartolomeu, vinha de laboriosa família de Caná, distante 30 quilômetros de Nazaré. Ao ser procurado por Bartolomeu, Jesus disse a seu respeito: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fraude”. (JOÃO, 1:47.) Era um homem verdadeiro.

Simão, o Zelote, viera de Canaã para dedicar-se à pescaria.
Tomé também era descendente de um pescador. Seu nome próprio não foi preservado, sendo chamado gêmeo (Toma, em aramaico, e Didymos, em grego). A tradição propôs que ele se chamava Judas. Quando Jesus, recém-perseguido na Judeia, quis voltar a ela para acordar Lázaro de seu sono letárgico, Tomé disse, em tom de desagrado e resignação fatalista: “Vamos também nós, para morrermos com ele”. (JOÃO, 11:6 a 16.)
Símbolo do discípulo despreocupado e ausente, conforme opinião de Emmanuel (XAVIER, 2013e, cap. 100), Tomé não estava presente na primeira manifestação de Jesus ao grupo.
Era o aprendiz desconfiado (JOÃO, 20:25):
— “Se eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser meu dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei”.
Jesus foi paciente com ele (JOÃO, 20:27):
— “Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê”.
A partir daí, Tomé se ergueria como um símbolo de dedicação a seu Mestre.
Amélia Rodrigues informa que “Tiago, o Moço, Judas Tadeu, seu irmão, e Mateus Levi, o ex-publicano, eram filhos de Alfeu e Maria de Cléofas, parenta de Maria, Sua mãe. Nazarenos todos, eram primos afetuosos e passavam como seus irmãos”. (FRANCO, 1991a, p. 29.)
Humberto de Campos também afirma isso. (XAVIER, 2013a, cap. 5, p. 35.)
Levi era coletor de impostos em Cafarnaum e, provavelmente, detinha a melhor formação cultural. Devia ser, entre os doze, o que melhor manejava o kalam — um caniço talhado para escrever e muito usado na época. Ainda que fosse um coletor de segunda classe, viveria em muito mais conforto financeiro do que a maioria dos seus concidadãos. LUCAS, 5:27 informou que Mateus deixou tudo para seguir seu Mestre.

Jesus causou grande escândalo quando, após convocar Mateus ao apostolado, aceitou o convite do novo aprendiz e ceou em sua casa, sentado à mesa com outros publicanos. Os publicanos, porque arrecadavam o imposto para o dominador estrangeiro, eram vistos como traidores malditos.
Nas sociedades formadas em torno do Mar Mediterrâneo, baseadas na honra e na vergonha, a mesa representava a miniatura do cosmo social dominante. A comensalidade (companheirismo da mesa) definia a hierarquia social. Só os afins sociais desfrutavam da mesma mesa: ela era um espelho das discriminações verticais da sociedade. Jesus defendia uma comensalidade igualitária, em que todos pudessem estar juntos, apesar das diferenças individuais momentâneas.
O grupo dos “três” (Pedro, Tiago e João) se distinguia entre os doze. Nos momentos importantes, eram os “três” as testemunhas prediletas e os auxiliares mais requisitados. Assim foi na cura da filha de Jairo, o chefe da sinagoga de Cafarnaum (MARCOS, 5:27), na transfiguração (MARCOS, 9:2) e no Getsêmani (MARCOS, 14:33).
A sociedade dos doze reunia homens com características pessoais muitos diferentes. Mas uma ambição comum parece ter criado variados momentos de tensão entre eles: trata-se das vantagens pessoais.
O relacionamento entre os apóstolos nunca se ajustou plenamente, tendo exigido um tempo além da vida física de Jesus para que moderassem as dissensões.
Diante da ideia do reino de Deus, a questão era saber quem estaria mais próximo de Jesus. A liderança de Pedro provocava ciúmes. Tiago e seu irmão João, por exemplo, desejavam o mesmo privilégio.
Narra MATEUS, 20:20 a 27:
Então a mãe dos filhos de Zebedeu, juntamente com os seus filhos, dirigiu-se a ele, prostrando-se, para fazer-lhe um pedido. Ele perguntou: “Que queres?” Ao que ela respondeu: “Dize que estes meus dois filhos se assentem um à tua direita e outro à tua esquerda,

no teu Reino”. Jesus, respondendo, disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que estou para beber?” Eles responderam: “Podemos”. Então lhes disse: ‘Sim, bebereis de meu cálice. Todavia, sentar à minha direita e à minha esquerda, não cabe a mim concedê-lo; mas é para aqueles aos quais meu Pai preparou.
Ouvindo isso, os dez ficaram indignados com os dois irmãos. Mas Jesus, chamando-os, esclareceu:
— “Sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servo”.
Em outra ocasião, o grupo se aproximava de Cafarnaum, após extenuante viagem. Os apóstolos debatiam entre si. Conta MARCOS, 9:33 a 35 que, depois, na casa de Pedro, onde Jesus os aguardava, o Nazareno lhes perguntou em tom melancólico:
— “Sobre o que discutíeis no caminho?”
Os apóstolos ficaram em silêncio, tomados de surpresa, sem coragem de responder, pois eles estiveram discutindo qual deles seria o maior no conceito do Nazareno. E Ele falou aos doze:
— “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos”.
Amélia Rodrigues (FRANCO, 2000, p. 98) observou que entre os apóstolos alguns “eram Espíritos nobres, que se emboscaram no corpo, que lhes amortecia a elevação [...]”.
Além dos reflexos da reencarnação sobre o psiquismo, restringindo a potência inerente, a beletrista espiritual salientou a influência do meio sobre aqueles Espíritos, submetendo-os longamente a um cotidiano simples, repetitivo, monótono. Convocados por Jesus ao apostolado, “a súbita mudança não conseguiu alçá-los de imediato à altura correspondente”. Só pouco a pouco isso aconteceria. Por essas razões, eles tatearam “nas sombras dos labirintos da insegurança até encontrarem o caminho que iriam percorrer com invulgar grandeza de alma”.
Lentamente, Jesus foi educando os seus a disputarem não mais as vantagens pessoais, mas o privilégio da dedicação aos outros.
Os apóstolos, tão frágeis no início, no curso do tempo alcançariam o apogeu na renúncia à própria vida, oferecendo-a como láurea final de devotamento.
A cristandade primitiva deixou para a posteridade tradições martirológicas sobre o destino de cada apóstolo.
André pregou nas regiões em torno do Mar Cáspio e Mar Negro, no sul da Rússia, talvez em Éfeso e Bizâncio, sendo crucificado em Patras (na Grécia). A localização dos restos mortais de André é a mais confiável. Eles estão numa igreja ortodoxa grega, em Patras, devolvidos pela Igreja Romana em 1964.
Pedro pregou na Judeia, na região norte da atual Turquia (Ponto, Capadócia, Galácia, Bitínia), na Babilônia, em Corinto, em Antioquia, e talvez nas Ilhas Britânicas e nas Gálias. Esteve em Roma, onde foi crucificado de cabeça para baixo, provavelmente no ano 67.
Filipe pregou na Frígia (Ásia Menor), nas Gálias, em Atenas, e morreu como mártir em Hierápolis (cidade da Frígia, hoje Pambuk- Kelessi, Turquia).
Tiago (dito o Maior, o filho de Zebedeu) pregou em Jerusalém e na Judeia; morreu degolado, por volta do ano 44, por ordem de Herodes Agripa (Agripa I), neto de Herodes, o Grande, durante uma das perseguições à igreja de Jerusalém. Foi o primeiro mártir entre os apóstolos. Enfim, ele bebeu o cálice que Jesus lhe anunciara.
Bartolomeu serviu como missionário na Ásia Menor, em Hierápolis e Liacônia, e num lugar chamado Índia, que pode não ser o país que hoje é assim conhecido. Ele também pregou na Armênia (primeira nação da história a proclamar-se oficialmente cristã, em meados do século IV) e lá,

na cidade de Albana, sofreu martírio; foi escalpelado vivo e crucificado de cabeça para baixo no ano 68 d.C.
Simão, o Zelote, com os ensinamentos de Jesus, compreendeu que o grande escravizador não era Roma, mas o “pecado”. Assim, desfez-se da adaga e da lança e se tornou pregador do Evangelho. Percorreu a Mauritânia, o Egito, a Cirinaica, a África Menor, a Líbia e depois as Ilhas Britânicas, onde teria sido crucificado no ano de 61 d.C., embora outra tradição defenda que Simão foi martirizado na Pérsia, depois de ter-se associado a Judas Tadeu na evangelização daquela região.
Tomé pregou na Babilônia, na Pérsia, na misteriosa Etiópia asiática, na China e, sobretudo, na Índia, sendo martirizado a golpe de lança no sul da Índia (talvez Malabar), região a que teria dedicado os últimos anos de seu ministério.
Tiago, o Menor, depois de dedicar sua vida à igreja de Jerusalém, foi atirado do pináculo do Templo e apedrejado, no ano 62.
Judas Tadeu pregou na Pérsia e na Armênia. Foi martirizado no sul da Armênia, em Ardaze.
Mateus pregou no Egito e foi martirizado na Etiópia (que não corresponde à localização geográfica atual).
Matias, um dos 72, escolhido para substituir Judas Iscariotes, pregou na Armênia, Síria, Macedônia e na imprecisa região da Etiópia oriental. Uma fonte diz que ele sofreu martírio na Etiópia, outra diz que foi apedrejado pelos judeus no ano 61, outra sugere que seu martírio ocorreu em 64 d.C., em Sebastopol, na Ucrânia.
Somente João, o discípulo amado, após longo trabalho de evangelização da Ásia, tendo passado por Roma, não sofreu morte por martírio. Desencarnou de forma natural, em Éfeso, próximo aos 100 anos, “poupado por amar demais”. (FRANCO, 1993, p. 140.)


Referências em Outras Obras


CARLOS TORRES PASTORINO

mc 14:33
Sabedoria do Evangelho - Volume 4

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 14
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 17:1-9


1. Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João seu irmão, e elevouos à parte a um alto monte.


2. E foi transfigurado diante deles: seu rosto resplandeceu como o sol, e suas vestes tornaram-se brancas como a luz.


3. E eis que foram vistos Moisés e Elias conversando com ele.


4. Então Pedro disse a Jesus: "Senhor, é bom estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; para ti uma, para Moisés uma e uma para Elias!".


5. Falava ele ainda, quando uma nuvem de luz os envolveu e da nuvem saiu uma voz dizendo: "Este é meu Filho, o Amado, que me satisfaz: ouvi-o".


6. Ouvindo-a, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram muito medo.


7. aproximando-se Jesus, tocou neles e disse: "levantaivos e não temais".


8. Erguendo eles os olhos a ninguém mais viram, senão só a Jesus.


9. Enquanto desciam do monte, ordenou-lhes Jesus dizendo: "A ninguém conteis esta visão, até que o Filho do Homem se tenha levantado dos mortos".


MC 9:2-8


2. Seis dias depois tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João e elevou-os à parte, a sós, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles.


3. E seu manto tornou-se resplandecente e extremamente branco, como neve, qual nenhum lavandeiro na terra poderia alvejar.


4. E foram vistos Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus.


5. Então Pedro disse a Jesus: "Rabi, é bom estarmos aqui: façamos três tendas, uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias".


6. porque não sabia o que havia de dizer, pois tinham ficado aterrorizados.


7. E surgiu uma nuvem envolvendoos, e da nuvem veio uma voz: "Este é meu Filho, o Amado: ouvi-o".


8. E eles, olhando de repente em redor, não viram mais ninguém, senão só Jesus com eles.


9. Enquanto desciam do monte, ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, senão quando o Filho do Homem se tivesse levantado dentre os mortos.


LC 9:28-36


28. E aconteceu que cerca de oito dias depois desses ensinos, tende tomado consigo Pedro, João e Tiago. subiu para orar.


29. E aconteceu na que oração, a forma de seu rosto ficou diferente e as roupas dele brancas e relampejantes.


30. E eis que dois homens conversavam com ele, os quais eram Moisés e Elias,


31. que apareceram em substância e discutiam sobre sua saída, que ele estava para realizar em Jerusalém. 32. Pedra e seus companheiros estavam oprimidos de sono, mas conservando-se despertos, viram sua substância e os dois homens ao lado dele.


33. Ao afastarem-se estes de Jesus, disse-lhe Pedro: "Mestre, é bom estarmos aqui. Façamos três tendas, uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias", não sabendo o que dizia.


34. Enquanto assim falava, surgiu uma nuvem que os envolvia, e aterrorizaram-se quando entraram na nuvem.


35. E da nuvem saiu uma voz, dizendo: "Este é meu Filho, o Amado, ouvi-o".


36. Tendo cessado a voz, foi achado Jesus só. Eles se calaram e, naqueles dias, a ninguém contaram coisa alguma do que haviam visto.


Interessante observar o cuidado dos três evangelistas, em relacionar o episódio da chamada "Transfigura ção" com a "Confissão de Pedro" ou, talvez melhor, com os ensinos a respeito do Discipulato (cfr. Lucas).


Mateus e Marcos precisam a data, assinalando que o fato ocorreu exatamente SEIS DIAS depois, ao passo que Lucas diz mais displicentemente, "cerca de oito dias". Como nenhum dos narradores demonstra preocupações cronológicas em seus Evangelhos, chama nossa atenção esse pormenor. Como também somos alerta dos pelo fato estranho de João, testemunha ocular do invulgar acontecimento, têlo silenciado totalmente em suas obras, embora nos tenha ficado o testemunho de Pedro (2. ª Pe. 1:17-19) .


A narrativa dos três é bastante semelhante, embora Lucas seja o único a tocar em três pontos: a oração de Jesus, o sono dos discípulos, e o assunto conversado com os desencarnados.


Começa a narrativa dos três, dizendo que Jesus leva ou "toma consigo" (paralambánai) Pedro, Tiago e João, e os leva "à parte". Essa expressão paralambánai kat"idían é de cunho clássico (cfr. Políbio, 4. 84. 8: Plutarco. Morales, 120 e; Diodoro de Sicília, 1 . 21).

Os três discípulos que acompanharam Jesus, foram por Ele escolhidos em várias circunstâncias (cfr. MT 26:37; MC 5:37; MC 14:33; LC 8:51), tendo sido citados por Paulo (GL 2:9) como "as colunas da comunidade". Pedro havia revelado a individualidade de Jesus pouco antes, e fora o primeiro discípulo que com João se afastara do Batista para seguir Jesus; João, o "discípulo a quem Jesus amava" (cfr. JO 13:23; JO 19:26; JO 21:20) e talvez mesmo sobrinho carnal de Jesus (cfr. vol. 3); Tiago, irmão de João, foi decapitado em Jerusalém no ano 44 (AT 12:2), tendo sido o primeiro dos discípulos, escolhidos como emissários, que testemunhou com seu sangue a Verdade dos ensinos de Jesus.


Com os três Jesus "subiu ao monte", com artigo definirlo (Lucas), ou "os ELEVOU a um alto monte".


Mas não se identifica qual o monte. Surgiu, então, a dúvida entre os exegetas: será o Hermon ou o Tabor?


O Salmo diz "que o Tabor e o Hermon se alegram em Teu Nome" (89:12) ...


Alguns opinam pelo Hermon, a 2. 793 m de altura, perto do local da "confissão de Pedro", Cesareia de Filipe. Objeta-se, todavia, que é recoberto de neve perpétua e que, situado em região pagã, dificilmente seria encontrada, no dia seguinte, no sopé, a multidão a esperá-lo, enquanto discutia com os demais discípulos, que haviam permanecido na planície, sobre a dificuldade que tinham de curar o jovem epil éptico.


Outros preferem o Tabor. Além dessas razões, alegam: que "seis dias" são tempo suficiente para chegar com calma de volta à Galileia. O Tabor é um tronco de cone, com um platô no alto de cerca de 1 km de circuito; fica a sudeste de Nazaré situado no final do planalto de Esdrelon, que ele domina a 320 m de altura (562 m acima do nível do mar e 800 m acima do Lago de Tiberíades). Tem a seu favor a tradição desde o 4. º século, atestada por Cirilo de Jerusalém (Catech. 12:16, in Patrol. Graeca, vol. 33, col. 744) e por Jerônimo que, ao escrever sobre Paula, afirmava que ela scandebat montem Thabor, in quo transfiguratus est Dominus (Ep. 108. 13, in Patrol. Lat. vol. 20, cal. 889, e Ep. 46,12, ibidem, col.


491), isto é, "subia ao monte Tabor, onde o Senhor se transfigurou".


Objetam alguns que lá devia haver um forte, de que fala Flávio JosefO (Bel1. Jud. 2-. 20. 6 e 4. 1. 1. 8), mas isso só ocorreu 36 anos depois, na guerra contra Vespasiano.


Do alto do Tabor, fértil em árvores odoríferas, contempla-se todo o campo do ministério de Jesus: Can á, Naim, Cafamaum, uma parte do Lego de Tiberíades, e, 8 km a noroeste, Nazaré.


Chegam ao cume, Jesus se põe a orar (Lucas) e, durante a prece, "se transfigura". Mateus e Marcos não temem usar metemorphôthê, "metamorfoseou-se", que exprime uma transformação com mudança de forma exterior. Lucas evita esse verbo, preferindo metaschêmatízein ("revestir outra forma"), talvez para que os pagãos, a quem se dirigia, não supussessem uma das metamorfoses da mitologia.


Essa transformação se operou no rosto, que tomou "outra forma"; embora não se diga qual, a informação de Mateus é que "resplandecia como o sol". Também as vestes se tornaram "brancas como a luz" (Mat.) ou "brancas qual nenhum lavandeiro seria capaz de alvejar (Marc.) ou "brancas e relampejantes" (Lucas).


Mateus e Marcos falam em "visão" (ôphthê, aoristo passivo singular, "foi visto"), enquanto Lucas apenas anota que "dois homens", que eram Moisés e Elias, conversavam com Ele.


Moisés, o libertador e legislador dos israelitas, servo obediente e fiel de YHWH, e Elias, o mais valoroso e adiantado intérprete, em sua mediunidade privilegiada, do pensamento de YHWH. Agora vinham ambos encontrar, aniquilado sob as vestes da carne, aquele mesmo YHWH, o "seu DEUS", com o simbólico nome de JESUS: traziam-Lhe a garantia da amizade e a fidelidade de seus serviços, sobretudo nos momentos difíceis: dos grandes sofrimentos que se aproximavam. Lucas esclarece que a conversa girou exatamente em torno do "êxodo", ou seja, da saída de Jesus do mundo físico, que se realizaria em Jerusalém dentro de pouco tempo, através da porta estreita de incalculáveis dores morais e físicas. Embora desencarnados, continuavam servos fiéis de "seu Deus". Digno de nota o emprego desse mesmo termo "êxodo" por parte de Pedro (2. ª Pe. 1:15), quando se refere à sua próxima desencarna ção. E talvez recordando-se dessa palavra, Lucas usa o vocábulo oposto (eísodos) "entrada" (AT 13:24) ao referir-se à chegada de Jesus no planeta em corpo físico.


Como vemos, trata se de verdadeira e legítima "sessão espírita", realizada por Jesus em plena natureza, a céu aberto, confirmando que as proibições, formuladas pelo próprio Moisés ali presente, não se referiam a esse tipo de sessões, mas apenas a "consultar" os espíritos dos mortos sobre problemas materiais (cfr. LV 19:31 e DT 18:11), em situações em que só se manifestam espíritos de pouca ou nenhuma evolução. Tanto assim que era condenado o médium "presunçoso" que pretendesse falar em nome de YHWH, sem ser verdade (mistificação) e o que servisse de instrumento a "outros" espíritos (DT 18:20). Mas conversar com entidades evoluídas, jamais poderia ter sido condenado por Moisés que assiduamente conversava com YHWH e que, agora mesmo, o estava fazendo, embora em posição invertida.


Quanto à presença de Elias, que Jesus afirmou categoricamente haver reencarnado na pessoa de João Batista, (cfr. MT 11:14) observemos que o episódio da "transfiguração" se passa após a decapitação do Batista (cfr. MT 14:10 e MC 6:27; vol. 3). Por que, então, teria o precursor tomado a forma de uma encarnação anterior? Que isso é possível, não há dúvida. Mas qual a razão e qual o objetivo? Só entrevemos uma resposta: recordar o tempo em que, sob as vestes carnais de Elias, esse Espírito fiel e ardoroso servira de médium e intérprete ao próprio Jesus, que então respondia ao nome de YHWH.


Outra indagação fazem os hermeneutas: como teriam os discípulos reconhecido Moisés, que viveu

1500 anos antes e Elias que viveu 900 anos antes, se não havia nenhum retrato deles coisa terminantemente proibida (cfr. EX 20:4; LV 26:1; DT 4:16, DT 4:23 e DT 4:5:8)? No entanto, ninguém afirmou que os discípulos os "reconheceram". Lucas, em sua frase informativa, diz que "viram dois homens"; depois esclarece por conta própria: "que eram Moisés e Elias". Pode perfeitamente deduzir-se daí que o souberam por informação de Jesus (que os conhecia muito bem, como YHWH que era). Essa dedução tanto pode ser verídica que, logo depois, ao descerem do monte os quatro (vê-lo-emos no próximo cap ítulo) a conversa girou precisamente sobre a vinda de Elias antes do ministério de Jesus. Como poderia vir, se ainda estava "no espaço"? E o Mestre lhes explica o processo da reencarnação.


Também em Lucas encontramos outra indicação preciosa, que talvez lance nova luz sobre o episódio.


Diz ele que "os discípulos estavam oprimidos pelo sono, mas conservando-se plenamente despertos" (tradução de diagrêgorêsantes, particípio aoristo de diagrêgoréô, que é um verbo derivado de egrêgora, do verbo egeírô, "despertar"). Quiçá explique isso que o episódio se passou no plano espiritual (astral, ou talvez mental). Eles estavam em sono, ou seja, fisicamente em transe hipnótico (mediúnico), com o corpo adormecido; mas se mantinham plenamente despertos, isto é perfeitamente conscientes nos planos menos densos (astral ou mental); então, o que de fato eles viram, não foi o corpo físico de Jesus modificado, mas sim a forma espiritual do Mestre e, a seu lado, as formas espirituais de Moisés e Elias. Inegavelmente a frase de Lucas sugere pelo menos a possibilidade dessa interpretação. Mais tarde, na agonia, é também Lucas que chama a atenção sobre o sono desses mesmos três discípulos (LC 22:45).


Mateus e Marcos parecem indicar que Pedro fala ainda na presença de Moisés e Elias, mas Lucas esclarece que ele só se manifestou depois que eles desapareceram. Impulsivo e extrovertido como era, não conseguiu ficar calado. E sem saber o que dizer, propõe construir três tendas, uma para cada um cios visitantes e uma para Jesus.


Interessante observar que em Marcos encontramos o vocábulo que deve ter sido usado por Pedro "Rabbi", enquanto Mateus o traduz para "Senhor" (kyrie) e Lucas para "Mestre" (epistata, ver vol. 2). Perguntase qual a razão das tendas. Talvez porque já era noite? Mas quantas vezes dormira Jesus ao relento, sem que Pedro se preocupasse... Alguns hermeneutas indagam se a expressão "construir tendas" não terá, por eufemismo, significado apenas "permanecer lá", isto é, não mais voltar à planície. E a hipótese é bastante lógica e forte, digna de ser aceita.


Pedro não obteve resposta. Estava ainda a falar quando os envolveu (literalmente "cobriu") a todos uma nuvem (Mat. : de luz), e os três jogaram-se de rosto ao chão, aterrorizados. Na escritura, a nuvem era um sinal da presença de YHWH (cfr. EX 16:10; EX 19:9, EX 19:16; 24:15,16; 33:9-11; LV 16:2; NM 11:25, etc.) . Daí pode surgir outra interpretação, que contradiz a primeira hipótese, de haver-se passado a cena no plano espiritual. A nuvem poderia ser o ectoplasma que tivesse servido para materialização dos espíritos e que, ao desfazer-se a forma, tomava aspecto de nuvem difusa, até o ectoplasma ser absorvido pelo ar. O mesmo fenômeno, aliás também atestado por Lucas apenas (AT 1:9) se observou ao dispersar-se o ectoplasma utilizado para a materialização do corpo astral de Jesus após a ressurreição; nessa circunstância, dois outros espíritos aproveitaram o ectoplasma para materializar-se e dizer aos discípulos boquiabertos, que fossem para seus afazeres; e logo após desaparecerem. Também aqui parece coincidir o aparecimento da nuvem com o desaparecimento dos dois espíritos.


Quando a nuvem os cobriu, foi ouvida uma voz (fenômeno comum nas sessões de materialização, e conhecido com o nome de "voz direta"), que proferiu as mesmas palavras ouvidas por ocasião do" Mergulho de Jesus" (MT 13:17; MC 1:11; LC 3:22; vol. 1): "este é meu filho, o Amado, que me alegra"; e os três evangelistas acrescentam unanimemente: "ouvi-o". No entanto, Pedro. testemunha ocular do fato, repete a frase sem o imperativo final: "recebendo de Deus Pai honra e glória, uma voz assim veio a Ele da magnífica glória: este é meu Filho, o Amado, que me satisfaz. E essa voz que veio do céu, nós a ouvimos, quando estávamos com Ele no monte santo"(2. ª Pe. 1:17-18).


Após a frase, que Marcos, com um hápax (exápina) diz "ter cessado", tudo voltou à normalidade. Mas, segundo Mateus, eles permaneceram amedrontados. Foi quando Jesus, tocando os, mandou-os levantarse, dizendo que não tivessem medo. Levantando-se, eles viram apenas Jesus, já em seu estado físico normal.


Termina Lucas informando que tal impressão causou o fato, que os três nada disseram a ninguém "por aqueles dias". Esse silêncio aparece como uma ordem dada por Jesus aos três, "ao começarem a descer o monte", fixando-se o prazo: "até que o Filho do Homem se levante dentre os mortos" (ou "seja ressuscitado").


Procuremos penetrar, agora, o sentido profundo do episódio narrado pelos três sinópticos.


Esclareçamos, de início, que as instruções de João o evangelista, quanto à iniciação ao adeptado e sua conquista, seguem caminho diferente dos três outros evangelistas, e por isso essa passagem foi substituída por outra: as bodas de Caná (cfr. vol. 1). Daí não haver tocado no assunto. Mas outras razões podem ser dadas: tendo experimentado esse esponsalício pessoalmente, não quis divulgá-lo por discrição. Ou também: tendo sido narrado pelos três, inútil seria revivê-lo depois que estava divulgado havia pelo menos 30 anos.


Examinemos rapidamente os dados fornecidos pelos textos.


Mateus e Marcos assinalam, com precisão que a cena se deu SEIS dias depois. Não nos interessa saber depois "de que"; e sim assinalar que o fato se passou no SÉTIMO dia. Alertados, pois, para isso (que Lucas, mais intelectualizado por formação, interpretou como pura indicação cronológica e registrou com imprecisão: cerca de oito dias), imediatamente compreendemos que se trata, mais uma vez, do último passo sério de uma iniciação esotérica. Daí a necessidade de prestar toda a atenção aos pormenores, ao que está escrito, ou ao que está sugerido, embora não dito, às ilações silenciosas de um texto que, evidentemente, tinha que aparecer disfarçado, indicando apenas, despretensiosamente, uma ocorrência no mundo físico.


Antes de entrarmos nos comentários "místicos", observemos o episódio à luz dos mistérios iniciáticos o Jesus passara, em sua peregrinação terrena, pelos três primeiros graus: o MERGULHO nas águas profundas do coração, a CONFIRMAÇÃO, obtida com a Voz ouvida logo após o mergulho, completando assim os mistérios menores. E recebera bem a "prova" do terceiro grau, as "tentações", vencendoas em tempo curto e de maneira brilhante. Nem mesmo necessitara propriamente de uma metánoia

("modificação mental" ou, como prefere H. Rohden, "transmentação"): sua mente já estava firmada no Bem havia milênios; submeteu-se às provas por espontânea vontade (tal como ocorrera com o" mergulho" diante do Batista, MT 3:14-15), para exemplificar, deixando-nos o modelo vivo, que temos que seguir.


Superadas, pois, as tentações (3. ° grau) - e portanto vencida e domada totalmente a personagem transitória com sua ignorância divisionista, transbordante de egoísmo, vaidade e ambição - podia pretender o ingresso no 4. ° grau iniciático, nos mistérios maiores.


A cerimônia, realizada diante da Força Divina, conscientemente sentida dentro de cada um, mas também transcendente em a Natureza, dividia-se em duas partes.


A primeira partia do candidato (termo que significa "vestido de branco"; cfr. Marcos: "branco qual nenhum lavandeiro na Terra é capaz de alvejar"); consistia na "Ação de Graças" (em grego eucharist ía). O homem eleva suas vibrações ao máximo que lhe é possível, a fim de, sintonizando com Deus, agradecer o suprimento de Força (dynamis) e de Energia (érgon) que recebeu. Com isso, seu Espírito caminha ao encontro do Pai.


A essa Ação de Graças comparecem os "padrinhos" do novo ser que "inicia" a estrada longa e árdua do adeptado: dois "iniciados maiores", que se responsabilizam por ele, tornando-se fiadores de que realmente ele é digno de receber a Luz o Alto, e de que está APTO ao passo de suma gravidade que pretende dar. Ninguém melhor que Moisés e Elias para apresentar-se fiadores da pureza e santidade de YHWH, diante da Grande Ordem Mística e de seu Chefe, o Rei da Justiça e da Paz, MELQUISEDEC!


E lá estão eles, revestidos de luz, embora suas luzes fossem ainda inferiores às daquele que, para eles, fora "o seu Deus"!


Nesse encontro magnífico, o entretenimento permanecia na mesma elevação espiritual, e os assuntos tratados referiam-se exatamente aos passos seguintes: o quinto e as dores e a paixão indispensáveis para o sexto; conversavam a respeito da próxima "saída" que, dentro em pouco, se realizaria em Jerusalém.


Nesse alto nível de frequências vibratórias, puramente espirituais, em que o candidato aceita, de pleno grado e com alegria, tudo o que os "padrinhos" lhe apresentam como necessário à promoção, aguardava-se a aprovação do Alto, a poderosa manifestação (em grego epiphanía) que devia chegar do VERBO, através da palavra autorizada do Hierofante Máximo, declarando o candidato aceito no quarto grau, que lhe garantia o título oficial de "Iniciado". E Melquisedec mais uma vez faz soar SUA VOZ: "este é meu Filho, o Amado". Através do Sumo Sacerdote do Deus Altíssimo (HB 7:1) soava o SOM divino, e ao mesmo tempo vinha a autorização plena e total, para que pudesse ENSINAR os grandes mistérios àqueles que deles fossem dignos: OUVI-O!


Os três discípulos que ali haviam sido convocados testemunharam espiritualmente a cerimônia porque, em existências precedentes, já haviam passado por esse grau, embora em nível inferior, e estavam, agora, repetindo mais uma vez os sete passos, num nível mais elevado. Explicamo-nos: Realmente sabemos haver diversos planos em cada estágio evolutivo. No estágio hominal (como em tudo neste planeta), os planos são estruturados em setenários. Então, cada ser terá que submeter-se aos sete passos iniciáticos em cada um dos sete planos. O Homem atingirá o grau definitivo de "iluminado" após os três primeiros cursos de iniciação em três vidas diferentes, embora, talvez não sucessivas.


Ao completar o quarto curso, terá então o título definitivo de "iniciado", quando já se firmou na estrada certa. Depois do quinto curso, poderá receber o grau de "adepto". Após o sexto curso merecerá o mestrado supremo, será o "Hierofante". Só após o sétimo e último curso, será legitimamente chamado "O CRISTO". E foi isso que precisamente ocorreu com Jesus que, de direito, foi e é denominado Jesus, O CRISTO!


Só alguém que tenha um grau maior ou igual, poderá conceder a uma criatura os títulos legítimos.


Por isso, na Terra, só o Rei da Justiça e da Paz, o CRISTO MELQUISEDEC, poderia ter conferido a Jesus essa prerrogativa. E por essa razão foi escrito que Jesus, "sacerdote da Ordem de Melquisedec" (HB 5:6), "entrou, como precursor, por nós, quando se tornou Sumo Sacerdote, para sempre, da Ordem de Melquisedec" (HB 6:20).


Enquanto Jesus conquistava o quarto grau do sétimo plano, os três discípulos presentes eram recebidos e confirmados no mesmo quarto grau, mas de um plano inferior, que ousamos sugerir se tratava do quarto plano, pois se estavam preparando para o grau de "Iniciados", que realmente demonstraram ser, pelo futuro de suas vidas físicas, naquela encarnação.


Olhando-se as coisas sob esta realidade que acabamos de expor, é que verificamos quanta ilusão anda pelo mundo, no coração daqueles que se intitulam "iniciados" logo nos primeiros passos do caminho do Espírito; e sobretudo daqueles que julgam poder comprar uma palavra mágica que os torna instantânea e milagrosamente "iniciados" da noite para o dia...


Mas olhemos, agora o texto sob outro prisma. Estudemo-lo em sua interpretação mística do mundo mental, dentro do coração, na conquista do "reino dos céus".


Observemos que Jesus (a Individualidade) toma consigo PEDRO (a emoção, o corpo astral); TIAGO (corruptela portuguesa de Jacó - veja vol. 2 - com o sentido "o que suplanta", e que representa aqui o intelecto, que suplanta toda a animalidade, quando se desenvolve no plano hominal) e JOÃO (o intelecto já iluminado, cujo nome exprime "o dom de Deus" ou "a graça divina", cfr. vol. 1).


Por aí se compreende a razão da escolha. Qualquer passo que pretenda ser sério e construtivo espiritualmente, na individualidade, tem que contar, na personalidade, com esses três fundamentos: as emoções, o intelecto que suplantou a animalidade e o intelecto já iluminado pela intuição; por isso os evangelistas nos mostram Jesus a chamar, nos casos mais importantes, os três nomes-chaves: Pedro, Tiago e João.


Outra observação importante é o termo empregado por Mateus e Marcos (Lucas emprega anébê, "subiu) e que nos elucida com exatidão: anaphérei, ou seja, ELEVOU-OS. Com isso percebemos que houve uma elevação de vibrações, e bastante forte: ao monte alto (Mateus e Marcos). Lógico que não era preciso dar o nome do monte: foi ao Espírito, à mente, ao coração, que Jesus os "elevou", que a individualidade fez ascender a personalidade, subindo com Ela. E não deixa de salientar: "à parte", sozinhos, deixando na planície, ao sopé do monte, os demais discípulos, ou seja, os veículos inferiores.


Lucas, bem avisado, anota que os discípulos ficaram "oprimidos pelo sono" (hêsan bebaryménoi hypn ôi). No entanto, pode acrescentar que, apesar disso, se conservavam "plenamente despertos", isto é, numa superconsciência espiritual ativíssima, fora do corpo físico (desdobrados).


Passados os veículos superiores para o plano mental (mergulhados no coração), puderem observar aquilo que todos os grandes místicos atestaram sem discrepância, no oriente e no ocidente, em qualquer época: a percepção de uma luz intensíssima, que só poderia ser comparada, como o foi, ao SOL e à própria LUZ. Estavam os veículos em contato com o Eu Interno, com o CRISTO, com o Espírito em todo o seu resplendor relampejante: Deus é LUZ: mergulhar em Deus é mergulhar na LUZ.


Aí, nessa fulguração supernatural, observaram os três planos da individualidade, a tríade superior: a Centelha divina do Sol imortal, a partícula da Luz Incriada, representada por Jesus, pelo Cristo Cósmico mergulhado no ser; viram a Mente Criadora, que eles personalizaram em Moisés, criador da legislação para a personalidade; e o Espírito Individualizado, que o participante da experiência mística representa por Elias (cujo nome significa "Deus é meu Senhor"); Elias é o Espírito mais típico em sua ação espiritual, no Antigo Testamento. Aparece repentinamente nos livros históricos, sem filiação nem tradição, e também faz sua partida estranhamente num carro de fogo, como se se tratasse de alguém que não nasceu nem morreu ou que aqui tivesse vindo e ido proveniente de outro planeta. Tal como o Espírito imortal que, proveniente de uma individualização do Pensamento Universal, não conhece seu princípio nem jamais finalizará sua ascensão.


Aí temos, portanto, mais um exemplo vivo e palpitante, mais uma lição maravilhosamente exposta na prática, de um dos processos da unificação da personagem humana, em sua parte mais elevada, com a individualidade divina. A personagem descobre, nesse Encontro acima dos planos comuns, no nível altíssimo (alto monte) do mental, que seu verdadeiro EU tem três aspectos distintos, embora constituam um só princípio: 1. º o Cristo Cósmico, a Partícula divina; 2. º a Mente criadora (nóus) simbolizada em Moisés; 3. º o Espírito individualizado, do qual Elias serviu de símbolo. Esses três aspectos reúnemse numa única individualidade, com o sagrado nome de JESUS.


Daí a metamorfose que eles dizem que Jesus sofreu "no rosto": não era mais aquele Jesus do corpo físico, mas sim o JESUS-INDIVIDUALlDADE, ali observado nas três faces: Jesus o CRISTO, Moisés a Mente, Elias o Espírito.


O episódio da "transfiguração" torna-se, por tudo isso, um dos pilares fundamentais da mística cristã, uma das provas basilares da realidade do mundo espiritual que somos nós, esse microcosmo que é a redução finita de um macrocosmo infinito, incompreensível ao nosso intelecto personalístico; esse minuto-segundo, ponto físico euclidiano, que é uma projeção descritiva da eternidade, inconcebível ao nosso cérebro físico.


Lição perfeita em sua execução, revestida de impecável didática para quem olha e vê.


Dos veículos presentes ao excelso acontecimento, só as emoções se descontrolam. A parte puramente hominal do intelecto e a parte super-hominal do intelecto-iluminado, receberam a lição e silenciaram respeitosamente, absorvendo o ensino (o Lógos) e transmudando-se no Homem Novo que ali surge, no Super-Homem que naquele instante nasce para a Vida imanente. Mas as emoções se comovem profundamente, a ponto de não saber o que fazer: e nessa comoção, agitando-se, fazem o cenário desaparecer, diluem a visão, embora propondo permanecer indefinidamente nesse estado samádico, nesse êxtase supremo. Mas de qualquer forma, foi exteriorizado um "desejo"; mesmo sendo sublime, mesmo revelando a decisão de anular-se para permanecer naquela vibração puríssima, a emoção revolveu as águas cristalinas que espelhavam o céu na terra, e a descida foi perturbadora. Os veículos se aterrorizaram na queda de vibrações e caíram "prostrados com o rosto por terra", sem mais coragem de fitar a amplidão infinita.


Após essa revelação magnífica, tudo começa a voltar à normalidade, descendo os veículos espirituais ao corpo denso, e nele mergulhando como alguém que ao descer de um céu límpido e diáfano, penetrasse numa nuvem grosseira de materialidade. A "nuvem" da matéria toca-lhes a visão divina embaçalhes os olhos espirituais, diminui-lhes a agudeza perceptiva da superconsciência.


Surge ainda, no entanto, a afirmação espiritual do Verbo (Som, Pai), proclamando a individualidade, o Espírito individualizado, o CRISTO, como o Filho Amado, "que lhe proporciona alegria": é a declaração de Amor do Amante ao Amado, na união profunda de dois-em-um, no amplexo sublime do Esponsalício Místico. Nada mais natural que traduzir por palavras o ímpeto amoroso do Amante, porque o Amante é exatamente A PALAVRA, o VERBO, o LOGOS, o SOM Incriado, que tudo cria, sustenta e conserva com seu Amor-Ação Ativo e criador de PAI, permanentemente em função fecundadora. E, sendo PAI, nada mais natural que declarar que o Cristo-é "MEU FILHO". Também é óbvio que aconselhe aos veículos todos que O ouçam, seguindo-Lhe os ensinos e as inspirações.


Ao sentirem o impacto do natural peso mundo das células, ao penetrarem no mundo das formas, os veículos se oprimem, se amedrontam, e caem em quase desânimo, tristeza e saudade.


Mais uma vez a individualidade "tocando-os", fá-los levantar-se para reanimá-los aos embates físicos.


E eles vêem "apenas Jesus", apenas a individualidade despida da glória, em seu aspecto mais comum.


Não deixa esta, todavia, ao "descer do monte", ou seja, ao penetrar novamente na personagem terrena, de recomendar que silenciem o acontecimento. Os que realmente se amam, a ninguém revelam seus íntimos contatos amorosos: é o segredo da câmara nupcial que se leva ao túmulo. Assim, a personalidade deverá manter secretos esses encontros místicos, essas experiências indizíveis (2. ª Cor.


12:4). Sobretudo àqueles que não tiveram a experiência, aos que vivem NA personagem apenas, nada deverá jamais ser revelado: só poderá tratar-se desses raptos, desse Mergulho, com aqueles que já os VIVERAM, isto é, só quando o FILHO do Homem (ou o Super-Homem) tiver sido levantado da morte, do sepulcro da personagem física terrena, e definitivamente ingressado no "reino dos céus", só então será lícito condividir as experiências sublimes da unificação com o Cristo-Deus.


Mais uma prova de que se tratava realmente de um rito iniciático dos mistérios, é o silêncio imposto, o segredo que Jesus exige dos que a ele assistiram. Todas as cerimônias dos mistérios eram secretíssimas e ouvidos profanos delas não podiam ouvir falar. Nenhum dos escritores antigos que a elas assistiu as reproduz em suas obras. Mais tarde, depois que todos os passos fossem dados, poderia o fato ser divulgado, mas apenas como "um episódio" ocorrido no mundo físico, e não como o acesso a um grau iniciático, não como a conquista de um nível espiritual superior na escala dos Mistérios divinos.


Essa interpretação só poderia vir à luz no fim do ciclo zodiacal de Pisces (trevas), no alvorecer do signo do Aquário, quando tudo o que é oculto virá à luz, e os segredos celestiais jorrarão torrencialmente do Alto, para dessedentar os sequiosos de Espírito.


* * *

A "transfiguração" de Jesus é classificada com o termo metamorfose, típica dos mistérios iniciáticos gregos, fundamento da Mitologia. Muitas dessas metamorfoses são narradas pelos escritores iniciados nesses mistérios. Se os profanos pensam que são reais, enganam-se: são simbólicas da passagem de um estado a outro, ou de um estágio ao seguinte. Apuleio, por exemplo, simboliza e mergulho de Lúcius na matéria densa (encarnação), imaginando sua metamorfose num asno. As peripécias do animal são as ocorrências normais da vida humana na Terra. No fim, a iniciação nos mistérios de Ísis o faz voltar, muito mais experiente, à vida hominal, dedicando-se totalmente ao Espírito.


A metamorfose de Jesus, porém, foi de outro tipo: passou da carne ao Espírito, desintegrando momentaneamente a matéria em energia luminosa, embora ainda conservasse as características hominais da conformação externa, mas muito mais belas, por serem Energia Espiritual Radiante e Puríssima.


mc 14:33
Sabedoria do Evangelho - Volume 6

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 28
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 20:20-28


20. Então veio a ele a mãe dos filhos de Zebedeu, com os filhos dela, prostrando-se e rogando algo.

21. Ele disse-lhe, pois: "Que queres"? Respondeu-lhe: "Dize que estes meus dois filhos se sentem um à tua direita e outro à tua esquerda em teu reino"

22. Retrucando, Jesus disse: "Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que estou para beber"? Disseram-lhe: "Podemos"! 23. Disse-lhes: "Sem dúvida bebereis o meu cálice; mas sentar à minha direita ou esquerda, não me compete concedê-lo, mas àquele para quem foi preparado por meu Pai".

24. E ouvindo os dez, indignaram-se contra os dois irmãos.

25. Chamando-os, porém, Jesus disse: "Sabeis que os governadores dos povos os tiranizam e os grandes os dominam.

26. Assim não será convosco; mas quem quiser dentre vós tornar-se grande, será vosso servidor,

27. e quem quiser dentre vós ser o primeiro, será vosso servo,

28. assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua alma como meio-de-libertação para muitos".

MC 10:35-45


35. E aproximaram-se dele Tiago e João os filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: "Mestre, queremos que, se te pedirmos, nos faças".

36. Ele disse-lhes: "Que quereis que vos faça"?

37. Responderam-lhe eles: "Dá-nos que nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda na tua glória".

38. Mas Jesus disse-lhes: "Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu bebo, ou ser mergulhados no mergulho em que sou mergulhado"? 39. Eles retrucaram-lhe: "Podemos"! Então Jesus disse-lhes: "O cálice que eu bebo, bebereis, e sereis mergulhados no mergulho em que sou mergulhado,

40. mas o sentar à minha direita ou esquerda, não me cabe concedê-lo, mas a quem foi dado".

41. E ouvindo isso, os dez começaram a indignarse contra Tiago e João.

42. E chamando-os, disse-lhes Jesus: "Sabeis que os reconhecidos como governadores dos povos os tiranizam e seus grandes os dominam.

43. Não é assim, todavia, convosco: mas o que quiser tornar-se grande dentre vós, será vosso servidor,

44. e o que quiser dentre vós ser o primeiro, será servo de todos.

45. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua alma como meio de libertação para muitos".



Lucas (Lucas 18:34) salientara que os discípulos "nada haviam entendido e as palavras de Jesus permaneciam ocultas para eles, que não tiveram a gnose do que lhes dizia". Mateus e Marcos trazem, logo depois, a prova concreta da verdade dessa assertiva.


Mateus apresenta o episódio como provocado pela mãe de Tiago e de João, com uma circunlocução típica oriental, que designa a mãe pelos filhos: "veio a mãe dos filhos de Zebedeu com os filhos dela", ao invés do estilo direto: "veio a esposa de Zebedeu com seus filhos". Trata-se de Salomé, como sabemos por Marcos (Marcos 15:40) confrontado com Mateus (Mateus 27:56). Lagrange apresenta num artigo (cfr. "L’Ami du Clergé" de 1931, pág. 844) a hipótese de ser Salomé irmã de Maria mãe de Jesus, portanto sua tia.


Sendo seus primos, o sangue lhe dava o direito de primazia. Em nossa hipótese (vol. 3), demos Salomé como filha de Joana de Cuza, esta sim, irmã de Maria. Então Salomé seria sobrinha de Maria e prima em 1. º grau de Jesus (sua "irmã"), sendo Tiago e João "sobrinhos de Jesus", como filhos de sua "irmã"

Salomé. Então, sendo seus sobrinhos, a razão da consanguinidade continuava valendo. Além disso, Salomé como sua irmã, tinha essa liberdade, e se achava no direito de pedir, pois dera a Jesus seus dois filhos e ainda subvencionava com seu dinheiro as necessidades de Jesus e do Colégio apostólico (cfr. LC 8:3 e MC 15:41).


Como na resposta Jesus se dirige frontalmente aos dois, Marcos suprimiu a intervenção materna: realmente eles estavam de pleno acordo com o pedido, tanto que, a seu lado, aguardavam ansiosos a palavra de Jesus. A interferência materna foi apenas o "pistolão" para algo que eles esperavam obter.


Como pescadores eram humildes; mas elevados à categoria de discípulos e emissários da Boa-Nova, acende-se neles o fogo da ambição, que era justa, segundo eles, pois gozavam da maior intimidade de Jesus, que sempre os distinguia, destacando-os, juntamente com Pedro, dos demais companheiros, nos momentos mais solenes (cfr. Mat, 9:1; 17:1; MC 1:29; MC 5:37; MC 9:12; MC 14:33; LC 8:51). Tinham sido, também, açulados pela promessa de se sentarem todos nos doze "tronos", julgando Israel (MT 19:28), então queriam, como todo ser humano, ocupar os primeiros lugares (MT 23:6 e LC 14:8-10).


A cena é descrita com pormenores. Embora parente de Jesus, Salomé lhe reconhece o valor intrínseco e a grandeza, e prostra-se a Seus pés, permanecendo silenciosa e aguardando que o Mestre lhe dirija a palavra em primeiro lugar: "que queres"?


Em Marcos a resposta é dos dois: "Queremos" (thélomen) o que exprime um pedido categórico, não havendo qualquer dúvida nem hesitação quanto à obtenção daquilo que se pede: não é admitida sequer a hipótese de recusa : "queremos"!


Jesus não os condena, não os expulsa da Escola, não os apresenta à execração pública, não os excomunga; estabelece um diálogo amigável, em que lhes mostra o absurdo espiritual do pedido, valendose do episódio para mais uma lição. Delicadamente, porém, é taxativo na recusa. Sabe dizer um NÃO sem magoar, dando as razões da negativa, explicando o porquê é obrigado a não atender ao pedido: não depende dele. Mas não titubeia nem engana nem deixa no ar uma esperança inane.


Pelas expressões de Jesus, sente-se nas entrelinhas a tristeza de quem percebe não estar sendo entendido: "não sabeis o que pedis" Essa resposta lembra muito aquela frase proferida mais tarde, em outras circunstâncias: "Não sabem o que fazem"! (LC 23:34).


Indaga então diretamente: "podeis beber o cálice que estou para beber ou ser mergulhado no mergulho em que sou mergulhado"? A resposta demonstra toda a presunção dos que não sabem, toda a pretensão dos que que ignoram: "podemos"!


Jesus deve ter sorrido complacente diante dessa mescla de amor e de ambição, de disposição ao sacrif ício como meio de conquistar uma posição de relevo! Bem iguais a nós, esses privilegiados que seguiram Jesus: entusiasmo puro, apesar de nossa incapacidade!


Cálice (em grego potêrion, em hebraico kôs pode exprimir. no Antigo Testamento, por vezes, a alegria (cfr. SL 23:5; SL 116:13; Lament 4:21); mas quase sempre é figura de sofrimento (cfr. SL 75:8; 1s.


51:17,22; EZ 23:31-33).


Baptízein é um verbo que precisa ser bem estudado; as traduções correntes insistem em transliterar a palavra grega, falando em batismo e batizar, que assume novo significado pela evolução semântica, no decorrer dos séculos por influência dos ritos eclesiásticos e da linguagem litúrgica. Batismo tomou um sentido todo especial, atribuído ao Novo Testamento, apesar de ignorado em toda a literatura anterior e contemporânea dos apóstolos. Temos que interpretar o texto segundo a semântica da época, e não pelo sentido que a palavra veio a assumir séculos depois, por influências externas.


Estudemos o vocábulo no mais autorizado e recente dicionário ("A Greek English Lexicon", de Liddell

& Scott, revised by Henry Stuart Jones, Londres, 1966), in verbo (resumindo): "Baptizô, mergulhar, imergir: xíphos eis sphagên, "espada mergulhada na garganta" (Josefo Rell. Jud.


2. 18. 4): snáthion eis tò émbryon "espátula no recém-nascido" Soranus, médico do 2. º séc. A. C. 2. 63); na voz passiva: referindo-se à trepanação Galeno, 10, 447. Ainda: báptison seautòn eis thálassau e báptison Dionyson pros tên thálassan, "mergulhado no mar" (Plutarco 2. 166 a e 914 d); na voz passiva com o sentido de "ser afogado", Epicteto, Gnomologium 47. Baptízô tinà hypnôi, "mergulho algu ém no sono" (Anthologia Graeca, Evenus elegíaco do 5. º séc. A. C.) e hynnôi bebantisméns "mergulhado no sono letárgico" (Archígenes, 2. º séc., apud Aécio 63); baptízô eis anaisthesían kaì hypnon," mergulhado na anestesia e no sono " (Josefo, Ant. JD 10, 9, 4); psychê bebaptisménê lypêi" alma mergulhada na angústia" (Libânio sofista, 4. º séc. A. D., Orationes, 64,115)".


Paulo (Rom, 6:3-4) fala de outra espécie de batismo: "porventura ignorais que todos os que fomos mergulhados em Cristo Jesus, fomos mergulhados em sua morte? Fomos sepultados com ele na morte pelo mergulho, para que, como Cristo despertou dentre os mortos pela substância do Pai, assim nós andemos em vida nova".


Até agora tem sido interpretado este trecho como referente aos sofrimentos físicos de Tiago, decapitado em Jerusalém por Herodes Agripa no ano 44 (cfr. AT 12:2) e de João, que morreu de morte natural, segundo a tradição, mas foi mergulhado numa caldeira de óleo fervente diante da Porta Latina (Tertuliano, De Praescriptione, 36 Patrol. Lat. vol. 2, col, 49) e foi exilado na ilha de Patmos (Jerônimo, Patrol. Lat. vol. 26, col. 143).


As discussões maiores, todavia, se prendem à continuação. Pois Jesus confirma que eles beberão seu cálice e mergulharão no mesmo mergulho, mas NÃO CABE a Ele conceder o lugar à sua direita ou esquerda! Só o Pai! Como? Sendo Jesus DEUS, segundo o credo romano, sendo UM com o Pai, NÃO PODE resolver? Só o Pai; E Ele NÃO SABE? Não tem o poder nem o conhecimento do que se passaria no futuro? Por que confirmaria mais uma vez aqui que o Pai era maior que Ele (JO 14:28)?


Como só o Pai conhecia "o último dia" (MT 24:36). Como só o Pai conhecia "os tempos e os momentos" (AT 1:7). Como resolver essa dificuldade? Como uma "Pessoa" da Trindade poderá não ter conhecimento das coisas? Não são três "pessoas" mas UM SÓ DEUS?


Os comentadores discutem, porque estão certos de que o "lugar à direita e à esquerda" se situa NO CÉU. Knabenbauer escreve: neque Messias in terra versans primas in caelo sedes nunc petentibus quibusque assignare potest, ac si vellet Patris aeterni decretum mutare vel abrogare (Cursus Sacrae Scripturae, Paris, 1894, pág. 281), ou seja: "nem o Messias, estando na Terra, pode dar os primeiros lugares no Céu aos que agora pedem, como se pretendesse mudar ou ab-rogar o decreto do Pai eterno".


Outros seguem a mesma opinião, como Loisy, "Les Évangiles Synoptiques", 1908, tomo 2, página 238; Huby, "Êvangile selon Saint Marc", 1924, pág. 241; Lagrange, "L’Évangile selon Saint Marc", 1929,pág. 280, etc. etc.


Os séculos correram sobre as discussões infindáveis, sem que uma solução tivesse sido dada, até que no dia 5 de junho de 1918, após tão longa perplexidade, o "Santo Ofício" deu uma solução ao caso.


Disse que se tratava do que passaria a chamar-se, por uma "convenção teológica", uma APROPRIAÇÃO, ou seja: "além das operações estritamente trinitárias, todas as obras denominadas ad extra (isto é, "fora de Deus") são comuns às pessoas da Santíssima Trindade; mas a expressão corrente - fiel à iniciativa de Jesus - reserva e apropria a cada uma delas os atos exteriores que tem mais afinidade com suas relações hipostáticas".


Em outras palavras: embora a Trindade seja UM SÓ DEUS, no entanto, ao agir "para fora", ao Pai competem certos atos, outros ao Filho, e outros ao Espírito Santo. Não sabemos, todavia, como será possível a Deus agir "para fora", se Sua infinitude ocupa todo o infinito e mais além!


Os dois irmãos, portanto, pretendem apropriar-se dos dois primeiros lugares, sem pensar em André, que foi o primeiro chamado, nem em Pedro, que recebeu diante de todos as "chaves do reino". Como verificamos, a terrível ambição encontrou terreno propício e tentou levar à ruína a união dos membros do colégio apostólico, e isso ainda na presença física de Jesus! Que não haveria depois da ausência Dele?


Swete anota que os dez se indignaram, mas "pelas costas" dos dois, e não diante deles; e isto porque foi empregada pelo narrador a preposição perí, e não katá, que exprimiria a discussão face a face.


Há aqui outra variante. Nas traduções vulgares diz-se: "não me pertence concedê-lo, mas será dado àqueles para quem está destinado por meu Pai". No entanto, o verbo hetoimózô significa mais rigorosamente" preparar ". Ora, aí encontramos hétoímastai, perfeito passivo, 3. ª pessoa singular; portanto," foi preparado".


Jesus entra com a sublime lição da humildade e do serviço, que, infelizmente, ainda não aprendemos depois de dois mil anos: é a vitória através do serviço prestado aos semelhantes. O exemplo vivo e palpitante é o próprio caso Dele: "Vim" (êlthen) indica missão especial da encarnação (cfr. MC 1:38 e 2:17; e IS 52:13 a 53:12). E essa vinda especial foi para SERVIR (diakonêsai), e não para ser servido (diakonêthênai), fato que foi exaustivamente vivido pelo Mestre diante de Seus discípulos e em relação a eles.


O serviço é para libertação (lytron). Cabe-nos estudar o significado desse vocábulo. "Lytron" é, literalmente" meio-de-libertação", a que também se denomina "resgate". O resgate era a soma de dinheiro dada ao templo, ao juiz ou ao "senhor" para, com ela, libertar o escravo. O termo é empregado vinte vezes na Septuaginta (cfr. Hatche and Redpath, "Concordance to the Septuagint", in verbo) e corresponde a quatro palavras do texto hebraico massorético: a kôfer, seis vezes; a pidion e outros derivados de pâdâh, sete vezes; a ga"al ou ge"ullah, cinco vezes, e a mehhir, uma vez; exprime sempre a compensa ção, em dinheiro, para resgatar um homicídio ou uma ofensa grave, ou o preço pago por um objeto, ou o resgate de um escravo para comprar-lhe a liberdade. E a vigésima vez aparece em Números (Números 3:12) quando o termo lytron exprime a libertação por substituição: os levitas podiam servir de lytron, substituindo os primogênitos de Israel no serviço do Templo.

Temos, portanto, aí, a única vez em que lytron não é dinheiro, mas uma pessoa humana, que substitui outra, para libertá-la de uma obrigação imposta pela lei.


Em vista disso, a igreja romana interpretou a crucificação de Jesus como um resgate de sangue dado por Deus ao Diabo (!?), afim de comprar a liberdade dos homens! Confessemos que deve tratar-se de um deus mesquinho, pequenino, inferior ao "diabo", e de tal modo sujeito a seus caprichos, que foi constrangido a entregar seu próprio filho à morte para, com o derramamento de seu sangue, satisfazerlhe os instintos sanguinários; e o diabo então, ébrio de sangue, abriu a mão e permitiu (!) que Deus pudesse carregar para seu céu algumas das almas que lhe estavam sujeitas... Como foi possível que tantas pessoas inteligentes aceitassem uma teoria tão absurda durante tantos séculos? ... Isso poderia ocorrer com espíritos inferiores em relação a homens encarnados, como ainda hoje vemos em certos" terreiros" de criaturas fanatizadas, e como lemos também em Eusébio (Patrol. Graeca, vol. 21, col. 85) que transcreve uma notícia de Philon de Byblos, segundo o qual os reis fenícios, em caso de calamidade, sacrificavam seus filhos mais queridos para aplacar seu "deus", algum "exu" atrasadíssimo.


Monsenhor Pirot (o. c. vol. 9, pág. 530) diz textualmente: "entregando-se aos sofrimentos e à morte, é que Jesus pagará o resgate de nossa pobre humanidade, e assim a livrará do pecado que a havia escravizado ao demônio"!


Uma palavra ainda a respeito de polloí que, literalmente, significa "’muitos". Pergunta-se: por que resgate" de muitos" e não "de todos"? Alguns aduzem que, em vários pontos do Novo Testamento, o termo grego polloí corresponde ao hebraico rabbim, isto é, "todos" (em grego pántes), como em MT 20:28 e MT 26:28; em MC 14:24; em RM 5:12-19 e em IS 53:11-12).


Sabemos que (MT 1:21) foi dado ao menino o nome de Jesus, que significa "Salvador" porque libertar á "seu povo de seus erros"; e Ele próprio dirá que traz a libertação para os homens (LC 4:18).


Esta lição abrange vários tópicos:

  • a) o exemplo a ser evitado, de aspirar, nem mesmo interior e subconscientemente, aos primeiros postos;

  • b) a necessidade das provas pelas quais devem passar os candidatos à iniciação: "beber o cálice" e "ser mergulhados";

  • c) a decisão, em última instância, cabe ao Pai, que é superior a Jesus (o qual, portanto, não é Deus no sentido absoluto, como pretendem os católicos romanos, ortodoxos e reformados);

  • d) a diferença, mais uma vez sublinhada, entre personagem e individualidade, sendo que esta só evolui através da LEI DO SERVIÇO (5. º plano).


Vejamo-lo em ordem.


I - É próprio da personagem, com seu "eu" vaidoso e ambicioso, querer projetar-se acima dos outros, em emulação de orgulho e egoísmo. São estes os quatro vícios mais difíceis de desarraigar da personagem (cfr. Emmanuel, "Pensamento e Vida", cap. 24), e todos os quatro são produtos do intelecto separatista e antagonista da individualidade.


O pedido de Tiago (Jacó) e de João, utilizando-se do "pistolão" de sua mãe, é típico, e reflete o que se passa com todas as criaturas ainda hoje. Neste ponto, as seitas cristãs que se desligaram recentemente do catolicismo (reformados e espiritistas) fornecem exemplos frisantes.


Entre os primeiros, basta que alguém julgue descobrir nova interpretação de uma palavra da Bíblia, para criar mais uma ramificação, em que ele EVIDENTEMENTE será o primeiro, o "chefe".


O mesmo se dá entre os espiritistas. Pululam "centros" e "tendas" que nascem por impulso vaidoso de elementos que se desligam das sociedades a que pertenciam para fundar o SEU centro ou a SUA tenda: ou foram preteridos dos "primeiros lugares à direita e à esquerda" do ex-chefe; ou se julgam mais capazes de realização que aquele chefe que, segundo eles, não é dinâmico; ou discordam de alguma interpretação da doutrina; ou querem colocar em evidência o SEU "guia", que acham não estar sendo bastante "prestigiado" (quando não é o próprio "guia" (!) que quer aparecer mais, e incita o seu" aparelho" a fundar outro centro PARA Ele!); ou a criatura quer simplesmente colocar-se numa posição de destaque de que não desfrutava (embora jamais confesse essa razão); ou qualquer outro motivo, geralmente fútil e produto da vaidade, do orgulho, do egoísmo e da ambição. Competência? Cultura?


Adiantamento espiritual? Ora, o essencial é conquistar a posição de "chefe"! Há ainda muitos Tiagos e Joões, e também muitas Salomés, que buscam para seus filhos ou companheiros os primeiros lugares, e tanto os atenazam com suas palavras e reclamações, que acabam vencendo. Que se abram os olhos e se examinem as consciências, e os exemplos aparecerão por si mesmos.


Tudo isso é provocado pela ânsia do "eu" personalístico, de destacar-se da multidão anônima; daí as" diretorias" dos centros e associações serem constituídas de uma porção de NOMES, só para satisfazer à vaidade de seus portadores, embora estes nada façam e até, por vezes, atrapalhem os que fazem.


O Antissistema é essencialmente separatista e divisionista, e por isso o dizemos " satânico" (opositor).


II - As "provas" são indispensáveis para que as criaturas sejam aprovadas nos exames. E por isso Jesus salienta a ignorância revelada pelo pedido de quem queria os primeiros postos, sem ter ainda superado a" dificuldades do caminho: "não sabeis o que pedis"!


O cálice que deve beber o candidato é amargo: são as dores físicas, os sofrimentos morais, as angústias provocadas pela aniquilação da personalidade e pela destruição total do "eu" pequeno, que precisa morrer para que a individualidade cresça (cfr. JO 3:30); são as calúnias dos adversários e: , sobretudo, dos companheiros de ideal que o abandonam, com as desculpas mais absurdas, acusandoo de culpas inexistentes, embora possam "parecer" verdadeiras: mas sempre falando pelas costas, sem dar oportunidade ao acusado de defender-se: são os martírios que vêm rijos: as prisões materiais (raramente) mas sobretudo as morais: por laços familiares; as torturas físicas (raras, hoje), mas principalmente as do próprio homem, criadas pelo "eu" personalístico, que o incita a largar tudo e a trocar os sacrifícios por uma vida fácil e tranquila, que lhe é tão simples de obter...


Mas, além disso, há outra prova: o MERGULHO na "morte".


Conforme depreendemos do sentido de baptízô que estudamos, pode o vocábulo significar: mergulhar ou imergir na água; mergulhar uma espada no corpo de alguém; mergulhar uma faca para operar cirurgicamente; mergulhar alguém no sono letárgico, ou mergulhar na morte.


Podemos, pois, interpretar o mergulho a que Jesus se refere como sendo: o mergulho no "coração" para o encontro com o Cristo interno; o mergulho que Ele deu na atmosfera terrena, provindo de mundos muito superiores ao nosso; o mergulho no sono letárgico da "morte", para superação do quinto grau iniciático, do qual deveria regressar à vida, tal como ocorrera havia pouco com Lázaro; ou outro, que talvez ainda desconheçamos. Parece-nos que a referência se fez à iniciação.


Estariam os dois capacitados a realizar esse mergulho e voltar à vida, sem deixar que durante ele se rompesse o "cordão prateado"? Afoitamente responderam eles: "podemos"! Confiavam nas próprias forças. Mas era questão de tempo para preparar-se. João teve tempo, Tiago não... Com efeito, apenas doze anos depois dessa conversa, (em 42 A. D.) Tiago foi decapitado, não conseguindo, pois, evitar o rompimento do "umbigo fluídico". Mas João o conseguiu bem mais tarde, quando pode sair com vida (e Eusébio diz "rejuvenescido") da caldeira de óleo fervente, onde foi literalmente mergulhado.


A esse mergulho, então, parece-nos ter-se referido Jesus: mergulho na morte com regresso à vida, após o "sono letárgico" mais ou menos prolongado, que Ele realizaria pouco mais tarde.


Esse mergulho é essencial para dar ao iniciado o domínio sobre a morte (cfr. "a morte não dominará mais além dele", RM 6:9; "por último, porém, será destruída a morte", 1CO 15:26; "a morte foi absorvida pela vitória; onde está, ó morte, tua vitória? onde está, ó morte, teu estímulo"?, 1CO

15:54-55; "Feliz e santo é o que tem parte na primeira ressurreição: sobre estes a segunda morte não tem poder, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele durante os mil anos": AP 20:6). De fato, a superação do quinto grau faz a criatura passar ao sexto, que é o sacerdócio (cfr. vol. 4).


Modernamente o sacerdócio é conferido por imposição das mãos, com rituais específicos, após longa preparação. No catolicismo, ainda hoje, percebemos muitos resquícios das iniciações antigas, como podemos verificar (e o experimentamos pessoalmente). Em outras organizações que "se" denominam" ordens iniciáticas", o sacerdócio é apenas um título pro forma, simples paródia para lisonjear a vaidade daqueles de quem os "Chefes" querem, em retribuição, receber também adulações, para se construírem fictício prestígio perante si mesmos.


O sacerdócio REAL só pode ser conferido após o mergulho REAL, efetivo e consciente, plenamente vitorioso, no reino da morte. Transe doloroso e arriscado para quem não esteja à altura: "podeis ser mergulhados no mergulho em que sou mergulhado"?


A morte, realizada em seu simulacro, no sono cataléptico era rito insubstituível no Egito, onde se utilizava, por exemplo, a Câmara do Rei, na" pirâmide de Quéops, para o que lá havia (e ainda hoje lá está), o sarcófago vazio, onde se deitavam os candidatos. Modernamente, Paul Brunton narra ter vivido pessoalmente essa experiência (in "Egito Secreto"). Também na Grécia os candidatos passavam por essa prova, sob a proteção de Hades e Proserpina, nos mistérios dionisíacos; assim era realizado em Roma (cfr. Vergílio, Eneida, canto VI e Plotino, Enéadas, sobretudo o canto V); assim se, fazia em todas as escolas antigas, como também, vimo-lo, ocorreu com Lázaro.


Superada essa morte, o vencedor recebia seu novo nome, o hierónymos (ou seja, hierós, "sagrado";


ónymos, "nome"), donde vem o nome "Jerônimo"; esse passava a ser seu nome sacerdotal, o qual, de modo geral, exprimia sua especialidade espiritual, intelectual ou artística; costume que ainda se conserva na igreja romana, sobretudo nas Ordens Monásticas (cfr. vol. 5, nota) (1). O catolicismo prepara para o sacerdócio com cerimônias que lembram e "imitam" a morte, da qual surge o candidato, após a "ordenação", como "homem novo" e muitas vezes com nome diferente.


(1) Veja-se, também, a esse respeito: Ephemerides Archeologicae, 1883, pág. 79; C. I. A., III, 900; Luciano, Lexiphanes, 10; Eunapio, In Maximo, pág. 52; Plutarco, De Sera Numinis Vindicta, 22.


III - Já vimos que Jesus, cônscio de Sua realidade, sempre se colocou em posição subalterna e submissa ao Pai, embora se afirmasse "unido a Ele e UNO com Ele" (JO 10:30, JO 10:38; 14:10, 11, 13;


16:15, etc. etc.) .


Vejamos rapidamente alguns trechos: "esta é a vontade do Pai que me enviou" (JO 6:40), logo vontade superior à Sua, e autoridade superior, pois só o superior pode "enviar" alguém; "falo como o Pai me ensinou" (JO 8:28), portanto, o inferior aprende com o superior, com quem sabe mais que ele; "o Pai me santificou" (JO 10. 36), o mais santo santifica o menos santo; "O Pai que me enviou, me ordenou" (JO 12:49), só um inferior recebe ordens e delegações do superior; "falo como o Pai me disse" (JO 12:50), aprendizado de quem sabe menos com quem sabe mais; "o Pai, em mim, faz ele mesmo as obras" (JO 14:11), logo, a própria força de Jesus provém do Pai, e reconhecidamente não é sua pessoal; "o Pai é maior que eu" (JO 14:28), sem necessidade de esclarecimentos; "como o Pai me ordenou, assim faço" (JO 14:31); "não beberei o cálice que o Pai me deu"? (JO 18:11), qual o inferior que pode dar um sofrimento a um superior? "como o Pai me enviou, assim vos envio" (JO 20:21); e mais: "Quem me julga é meu Pai" (JO 8:54); "meu Pai, que me deu, é maior que tudo" (JO 10:29); "eu sou a videira, meu Pai é o viticultor" (JO 15:1), portanto, o agricultor é superior à planta da qual cuida; "Pai, agradeço-te porque me ouviste" (JO 11:41), jamais um superior ora a um inferior, e se este cumpre uma "ordem" não precisa agradecer-lhe; "Pai, salva-me desta hora" (JO 12:27), um menor não tem autoridade para "salvar" um maior: sempre recorremos a quem está acima de nós; e mais: "Pai, afasta de mim este cálice" (MC 14:36); "Pai, se queres, afasta de mim este cálice" (LC 22:42); "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (LC 23:34), e porque, se fora Deus, não diria: "perdoo-lhes eu"? e o último ato de confiança e de entrega total: "Pai, em tuas mãos entrego meu espírito" (LC 23:46), etc.


Por tudo isso, vemos que Jesus sempre colocou o Pai acima Dele: "faça-se a tua vontade, e não a minha" (MT 26:42, LC 22:42). Logo, não se acredita nem quer fazer crer que seja o Deus Absoluto, como pretendeu torná-Lo o Concílio de Nicéia (ano 325), contra os "arianos", que eram, na realidade, os verdadeiros cristãos, e dos quais foram assassinados, em uma semana, só em Roma, mais de 30. 000, na perseguição que contra eles se levantou por parte dos "cristãos" romanos, que passaram a denominar-se "católicos".


Natural que, não sendo a autoridade suprema, nem devendo ocorrer as coisas com a simplicidade suposta pelos discípulos, no restrito cenário palestinense, não podia Jesus garantir coisa alguma quanto ao futuro. Daí não poder NINGUÉM garantir "lugares determinados" no fabuloso "céu", como pretenderam os papas católicos ao vender esses lugares a peso de ouro (o que provocou o protesto veemente de Lutero); nem mesmo ter autoridade para afirmar que A ou B são "santos" no "céu", como ainda hoje pretendem com as "canonizações". Julgam-se eles superiores ao próprio Jesus, que humilde e taxativamente asseverou: "não me compete, mas somente ao Pai"! A pretensão vaidosa dos homens não tem limites! ...


IV - A diferença entre a personagem dominadora e tirânica, representada pelo exemplo dos "governadores de povos" e dos "grandes", e a humildade serviçal da individualidade" é mais uma vez salientada.


Aqueles que seguem o Cristo, têm como essencial SERVIR ATRAVÉS DO AMOR e AMAR ATRAVÉS

DO SERVIÇO.


Essa é a realidade profunda que precisa encarnar em nós. Sem isso, nenhuma evolução é possível.


O próprio Jesus desceu à Terra para servir por amor. E esse amor foi levado aos extremos imagináveis, pois além do serviço que prestou à humanidade, "deu sua alma para libertação de muitos".


Esta é uma das lições mais sublimes que recebemos do Mestre.


Quem não liquidou seu personalismo e passou a "servir", em lugar de "ser servido", está fora da Senda.


DAR SUA ALMA, que as edições vulgares traduzem como "dar sua vida", tem sentido especial. O fato de "dar sua vida" (deixar que matem o corpo físico) é muito comum, é corriqueiro, e não apresenta nenhum significado especial, desde o soldado que "dá sua vida" para defender, muitas vezes, a ambição de seus chefes, até a mãe que "dá sua vida" para colocar mundo mais um filho de Deus; desde o fanático que "dá sua vida" para favorecer a um grupo revolucionário, até o cientista que também "dá sua vida" em benefício do progresso da humanidade; desde o mantenedor da ordem pública que "dá sua vida" para defender os cidadãos dos malfeitores, até o nadador, que "dá sua vida" para salvar um quase náufrago; muitas centenas de pessoas, a cada mês, dão suas vidas pelos mais diversos motivos, reais ou imaginários, bons ou maus, filantrópicos ou egoístas, materiais ou espirituais.


Ora, Jesus não deu apenas sua vida, o que seria pouca coisa, pois com o renascimento pode obter-se outro corpo, até bem melhor que o anterior que foi sacrificado.


Jesus deu SUA ALMA, Sua psychê, toda a Sua sensibilidade amorosa, num sacrifício inaudito, trazendoa de planos elevados, onde só encontrava a felicidade, para "mergulhar" na matéria grosseira de um planeta denso e atrasado, imergindo num oceano revolto de paixões agudas e descontroladas, tendo que manter-se ligado aos planos superiores para não sucumbir aos ataques mortíferos que contra Ele eram assacados. Sua aflição pode comparar-se, embora não dê ainda ideia perfeita, a um mergulhador que descesse até águas profundas do oceano, suportando a pressão incomensurável de muitas toneladas em cada centímetro quadrado do corpo. Pressão tão grande que sufoca, peso tão esmagador que oprime. Nem sempre o físico resiste. E quando essa pressão provém do plano astral, atingindo diretamente a psychê, a angústia é muito mais asfixiante, e só um ser excepcional poderá suportá-la sem fraquejar.


Jesus deu Sua psychê para libertação de muitos. Realmente, muitos aproveitaram o caminho que ele abriu. Todos, não. Quantos se extraviaram e se extraviam pelas estradas largas das ilusões, pelos campos abertos do prazer, aventurando-se no oceano amplo de mâyâ, sem sequer desconfiar que estão passeando às tontas, sem direção segura, e que não alcançarão a pleta neste eon; e quantos, também, despencam ladeira abaixo, aos trambolhões, arrastados pelas paixões que os enceguecem, pelos vícios que os ensurdecem, pela indiferença que os paralisa; e vão de roldão estatelar-se no fundo do abismo, devendo aguardar outras oportunidades: nesta, perderam a partida e não conseguiram a liberdade gloriosa dos Filhos de Deus.


Muitos, entretanto, já se libertaram. São os que se esquecem de si mesmos, os que deixam de existir e se transformam em pão, para alimentar a fome da humanidade: a fome física, a fome intelectual, a fome espiritual; e transubstanciam seu sangue em vinho de sabedoria, em vinho de santidade, em vinho de amor, para inebriar as criaturas com o misticismo puro da plenitude crística, pois apresentam a todos, como Mestre, apenas o Cristo de Deus, e desaparecem do cenário: sua personalidade morre, para surgir o Cristo em seu lugar; seu intelecto cala, para erguer-se a voz diáfana do Cristo; suas emoções apagam-se, para que só brilhe o amor do Cristo. E através deles, os homens comem o Pão Vivo descido do céu, que é o Cristo, e bebem o sangue da Nova Aliança, que é o Cristo, e retemperam suas energias e se alçam às culminâncias da perfeição, porque mergulham nas profundezas da humildade e do amor.


Essa é a libertação, que teve como lytron ("meio-de-libertação") a sublime psychê de Jesus. Para isso, Ele deu Sua psychê puríssima e santa; entregando-a à humanidade que O não entendeu... e quis assassiná-Lo, porque Ele falava uma linguagem incompreensível de liberdade, a linguagem da liberdade, a linguagem da paz, a linguagem da sabedoria e do amor.


Deu sua psychê generosa e amoravelmente, para ajudar a libertar os que eram DELE: células de Seu prístino corpo, que Lhe foram dadas pelo Pai, ao Qual Ele pediu que, onde Ele estivesse, estivessem também aqueles que Lhe foram doados (JO 17:24), para que o Todo se completasse, a cabeça e os membros (cfr. 1CO 12:27). A esse respeito já escrevemos (cfr. vol. 1 e vol. 5).


mc 14:33
Sabedoria do Evangelho - Volume 8

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 12
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 26:36-46


36. Então foi Jesus com eles para um sítio chamado Getsêmani, e disse aos discípulos: "Sentai-vos aqui, enquanto vou ali orar".

37. E tomando Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a inquietarse.

38. Então lhes disse: "Triste está minha alma até a morte: ficai aqui e ficai acordados comigo".

39. E adiantando-se um pouco, caiu sobre seu rosto orando e disse: "Meu Pai, se é possível, afasta de mim esta taça: porém não como quero, mas como tu (queres)".

40. E volta aos discípulos e encontra-os dormindo; e disse a Pedro: "Assim não tivestes força de ficar acordados comigo uma hora?

41. Ficai acordados e orai, para que não entreis na provação; pois o espírito (tem) boavontade, mas a carne (é) fraca".

42. De novo, pela segunda (vez) retirando-se, orou, dizendo: "Meu Pai, se isto não pode passar sem que o beba, faça-se tua vontade".

43. E vindo de novo, encontrou-os dormindo, pois os olhos deles estavam pesados.

44. E tendo-os deixado novamente, afastandose, orou pela terceira (vez) dizendo de novo as mesmas palavras.

45. Então veio aos discípulos e disse-lhes: "Dormis agora e repousais? Eis que chegou a hora, e o filho do homem é entregue nas mãos dos profanos.

46. Levantai-vos, vamos! Eis que chegou o que me entrega".

MC 14:32-42


32. E foram a um sítio chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: "Sentai-vos aqui enquanto oro".

33. E toma a Pedro, Tiago e João com ele, e começou a atemorizar-se e a inquietar-se,

34. e disse-lhes: "Triste está minha alma até a morte; ficai aqui e despertai".

35. E adiantando-se um pouco, caiu sobre a terra e orou para que, se fora possível, fosse afastada dele aquela hora,

36. e disse: "Abba, ó Pai, tudo te é possível: afasta de mim esta taça; todavia, não o que quero, mas o que tu (queres)".

37. E volta e encontra-os dormindo, e disse a Pedro: "Simão, dormes? Não tiveste força de ficar acordado uma hora?

38. Despertai e orai para que não entreis na provação, pois o espírito (tem) boa-vontade, mas a carne é fraca".

39. E afastando-se de novo, orou dizendo as mesmas palavras.

40. E vindo novamente, encontrou-os dormindo, pois seus olhos estavam pesados e não sabiam o que responder-lhe.

41. E foi pela terceira (vez) e disse-lhes: "Dormis agora e repousais? Basta: chegou a hora, eis que é entregue o filho do homem nas mãos dos profanos.

42. Levantai-vos, vamos! Eis que chegou o que me entrega".

LC 22:40-46


40. Chegado, porém, ao lugar, disse-lhes: "Orai para não entrardes na provação".

41. E foi afastado deles cerca de um arremesso de pedra, e pôs-se de joelhos e orou

42. dizendo: "Pai, se queres, afasta de mim esta taça; faça-se porém não minha vontade, mas a tua".

43. Apareceu-lhe um mensageiro do céu, confortando-o.

44. E começando a agonia, orou mais fervorosamente, e tornou-se o suor dele como coágulos de sangue, caindo no chão.

45. E levantando-se da oração, veio aos discípulos e achou-os adormecidos pela tristeza,

46. e disse-lhes: "Por que dormis? Levantai-vos, orai, para que não entreis na provação".

JO 18:1


1... onde havia um jardim, no qual entraram ele e seus discípulos.



Aqui temos o primeiro ato do drama, ao levantar-se o sipário: o candidato, a sós, enfrenta intelectualmente as provas que são mostradas à personagem, pois só a individualidade tivera delas conhecimento total antes da reencarnação. A personagem conhecia o que a esperava, mas não em seus pormenores.


O termo kôríon é diversamente traduzido: como "lugar" (Loisy Lagrange), como "domínio" (Crampon, Durand, Jouon) como "propriedade" (Buzy, Denis) como "sítio" (Pirot); mas João, que conhecia bem o local, em vez do genérico kôríon, especifica que se trata de um kêpos, isto é, um "jardim".


Ficava a cerca de cem metros ao norte, devendo tratar-se de uma propriedade particular, pertencente a um amigo do Mestre, pelo que tinha Ele ali livre acesso. Mateus e Marcos citam o nome, Getsemani (hebr. gath shemanim) que significa "lagar de azeite". Jerônimo (Patrol. Lat. vol. 26 col. 197), julgando que o original era gê’shemani, traduz como "vale fertilíssima" (vallis pinguissima).


O local devia ser solitário e ficava em frente à porta dourada do templo, situando-se para lá (perán) do Cedron, ou seja, na margem oriental, no ponto do vale em que a torrente, virando para sudoeste, cava um precipício nos flancos do Ophel.


Pirot (vol. 9 pág. 576) escreve: "Descobertas arqueológicas recentes, em confronto com antigos peregrinos, permitiram reencontrar com toda a certeza o lugar exato da agonia e o da traição de Judas (cfr. Vincent et Abel, "Jérusalem Nouvelle", pág. 301-327; 1006-1013, Orfali. "Gethsemani"). É necessário distinguir nitidamente com os mais antigos autores (Eusébio de Cesareia, o Peregrino de Bordeaux, S.


Cirilo de Jerusalém e, mais tarde, o diâcono Pedro, 1037, o higúmeno Daniel. Ernoul, 1228) o lugar em que Jesus orou e o em que foi preso. A gruta, erradamente chamada da agonia, deve chamar-se agora "gruta da traição"; ficava separada do jardim de Getsemani pelo caminho em escada, intacto ainda no século IX, que permitia, por 537 degraus talhados na rocha, ir do fundo do Cedron ao cimo do monte das Oliveiras. A gruta da traição, de forma oval bastante irregular, tem no conjunto 17 m de comprimento, 9 m de largura e 3,50 m de altura. A abóbada rochosa é sustentada por seis colunas, das quais três são de alvenaria. O próprio rochedo foi encontrado por ocasião das escavações empreendidas para encontrar os alicerces da basílica erigida entre 380 e 390. Esse rochedo, que se pretendeu encaixar na basílica primitiva por causa de seu caráter eminentemente sagrado, já que foi consagrado pela oração do Mestre divino e regado com seu adorável sangue, impusera a esta (basílica) uma orienta ção sensivelmente diferente da que foi adotada nas últimas restaurações. Nesse rochedo, pois, - onde desde o final do século IV os sacerdotes oferecem o cálice do Senhor, aí mesmo onde seu sangue, misturado ao suor, caiu gota a gota (LC 22:43-44). Graças a esse mole rochoso, situado a cem metros ao sul da gruta da traição e a 15 m acima da torrente de Cedron, numa distância de mais ou menos 8 m e numa largura de 3,80 m - é que se encontra o lugar exato da oração de Jesus, e pôde conservar-se nos três primeiros séculos sem nenhum monumento comemorativo, apesar do desbastamento da madeira do monte das Oliveiras, em 70, e dos reviramentos de toda espécie, que tornaram essa colina, a acreditarse no historiador Josefo, totalmente irreconhecível. Se a lembrança do lugar da agonia tivesse ficado ligada a esta ou àquela oliveira, teríamos tido um ponto de referência absolutamente precário.


Mas o bloco que fazia parte integral da montanha, podia transmitir através dos séculos essa recordação sagrada, não obstante as mais selvagens devastações. A restauração da basílica da agonia, cuja primeira pedra foi colocada a 17-10-1919 pelo cardeal Giustini, foi acabada em 1926.


O fato desenrola-se com naturalidade. Jesus manda-os sentar-se (kathísate) em grupo, a fim de isolarse na prece, e leva consigo os mesmo três discípulos que o acompanhavam nos momentos solenes: Pedro, Tiago e João.


A frase do vers. 45 em Mateus é apresentada interrogativamente em grego. Muito melhor que imperativos afirmativos, que teriam sentido irônico, não concebível em circunstâncias de tamanha apreensão.


A indagação, ao contrário, é séria: "estais dormindo agora, quando o Filho do Homem vai ser entregue" ? E logo a seguir apressa-os: "Levantai-vos, vamos, pois chegou o que me vai entregar. "

Os versículos 43 e 44 de Lucas faltam no papiro 75, em aleph (1. ª cópia), em A, T, W, 1071 e nos pais: Marcion, Clemente, Orígenes (segundo Hilário), Atanásio, Ambrósio (segundo Epifânio e Jerônimo), Cirilo e João Damasceno.


São assinalados com asterisco nos códices delta (3. ª cópia), pi (3. ª cópia) e outros menos importantes.


Mas aparecem nos códices aleph (1. ª mão), D, K, L, X, delta (1. ª mão), theta (1. ª mão), pi, psi (1. ª mão), família 1 e nos pais: Justino, Irineu, Hipólito, Dionísio, Ario (segundo Epifânio), Eusébio, Hilário, Cesário Nazianzeno, Gregório Nazianzeno, Dídimo, Pseudo-Dionísio, Epifânio, Critóstomo, Agostinho, Teodoreto, Leôncio, Cosmos e Fecundo.


Compreende-se a omissão, em vista das críticas que provocava, pois constituía uma prova da fraqueza humana natural, na pessoa de Jesus, além de também atestar sua não-divindade: não seria concebível um Deus Absoluto temeroso ante o sacrifício físico.


Outra anotação a fazer é que a palavra grega thrómboi (donde provém nossa "trombose") não exprime absolutamente "gotas", como aparece nas traduções vulgares, e sim "coágulos, grumos". O suor não era constituído de sangue, que gotejava, mas era uma substância que a pele de Jesus exsudava através dos poros e que, COMO se fossem pequenos coágulos de sangue, caíam por terra. O advérbio hôsei não é, como afirmam os hermeneutas, "indicativo", mas simples "comparativo": era COMO SE FORAM coágulos de sangue. "pareciam ser" coágulos de sangue, mas não eram.


No entanto, Irineu (Haer. 3. 22. 2, Patrol. Graeca vol. 7, vol. 957) e Agostinho (In SL 140. 4, Patrol, Lat.


vol. 37. vol. 1817) afirmam que se tratava de verdadeiro sangue.


Seja sangue, ou apenas coágulos, como diremos, trata-se de irrespondível prova contra os docetas, que afirmavam que Jesus não tinha corpo nem sangue físicos, mas era apenas um "fantasma", que fingia estar encarnado, mas não estava. Na epístola aos hebreus (hebreus 5:7) está claro: "nos dias de sua carne", confirmando João (João 1:4) que diz que "o verbo se fez carne", e que afirma em sua Epístola (1. ª, 4:2) que se conhecerá o espírito que vem de Deus, quando disser que Jesus veio em carne. E na 2. ª epístola, v. 7, insiste: "muitos sedutores tem aparecido no mundo, que não confessam que Jesus Cristo veio em carne: esse é sedutor e anticristo. "
Esse estudo foi feito em amplitude por Azpeitia-Gutierrez, "Estudio Apologetico y Médico", Zaragoza,

1944; por L. Picchini, "La Sudorazione di Cristo", Roma, 1953; e Riquelme Salazar. "Examen Médico de la Vida y Pasión de Jesucristo", Madrid, 1953.


Anotemos ainda a palavra agônía, empregada por Lucas no original, mas não na interpretemos como a nossa "agonia" em português, ou seja, o estado típico daqueles que entram em coma. Em grego, esse termo exprime "luta". Aqui, portanto, o "entrar em agonia" significa iniciar a luta da personagem fraca contra a própria fraqueza. Sustentado pela individualidade, o homem. nos grandes momentos trágicos, entra em luta titânica e sem tréguas contra a covardia da personagem, que quer evitar a todo custo o sofrimento moral ou físico. Nessa agonia, isto é, nessa luta, que produz ansiedade e angústia, é que se decide qual o mais forte, qual das duas sairá vencedora: se a individualidade, haverá avanço evolutivo; se a personagem, a derrota está à vista.


Não é sem razão que Mateus e Marcos dão o nome de Getsemani ao jardim a que Jesus se recolheu para orar. Todos os indícios da interpretação foram deixados sabiamente consignados por escrito, para que a humanidade pudesse, quando disso fosse capaz, descobrir a realidade e compreender o significado profundo dos atos do Mestre inconfundível.


Observamos que Jesus não estava no "jardim fechado", ou seja, na Galileia, e sim na Judeia. Mas vai para um "jardim". E o nome desse jardim significa "lagar de azeite", ou seja, o instrumento que esmaga as azeitonas, para delas cavar o azeite, tal como o corpo de Jesus seria esmagado pela dor, para que se produzisse o azeite, o líquido com que se sagravam os sumos-sacerdotes e os reis.


E esse sofrimento, segundo testifica a epístola aos hebreus 5:7-3 O elevou ao grau de sumosacerdote da Ordem de Melquisedec, tornando-o o CRISTO, isto é, "UNGIDO", exatamente com o azeite sagrado da unção sacerdotal. Não poderia haver indicação mais clara da ação espiritual que se estava realizando no globo terráqueo.


Da mesma forma que na Transfiguração havia sido dado um passo iniciático, aqui se iniciava o processo para o passo seguinte. Então havia mister de "duas ou três testemunhas" (cfr. DT 19:15; MT 18:16 e MT 18:2CO 13:1). Foram escolhidas as mesmas testemunhas que haviam presenciado sua transfiguração gloriosa, Pedro, Tiago e João, a fim de que agora vissem sua luta (agonia). Eles que haviam testemunhado a manifestação da Individualidade no Tabor, precisavam ver, e comparar com aquela, a manifestação de Sua personagem transitória, diante do programa de provas por que deveria passar heroicamente.


Para preveni-los do a que assistiriam, avisa-os desde o início que "Sua alma" (psychê) - portanto Sua personagem que não deve absolutamente confundir-se com a individualidade (pneuma) - "está triste até a morte". O que exprime o alcance indizível da ânsia por que foi tomada. Pode-lhes, pois, que fiquem "despertos", a fim de ajudar Seu eu menor a firmar Sua personagem conturbada pelos grandes sofrimentos que terá que suportar sem um gemido.


No entanto, os olhos dos discípulos estavam "pesados", e os evangelistas esclarecem "por causa da tristeza". Hoje a expressão empregada seria outra: fisicamente achavam-se exaustos pela perda de fluidos magnéticos.


O mesmo ocorrera por ocasião da Transfiguração, quando diz Lucas: "Pedro e seus companheiros estavam oprimidos de sono, mas conservavam-se despertos" (LC 9:32: vol. 4. º, pág. 111).


Aqui, a grande perda de substância ectoplasmática, unida à tristeza apreensiva da hora, à tensão opressiva e à expectativa dolorosa, não deixaram que resistissem fisicamente.


Jesus recomenda-lhes que permaneçam despertos (gregoreíte) para que "não entrem na provação", ou seja, para que não sejam apanhados desprevenidos pelas provas a que seriam submetidos. Nesses momentos, é indispensável haver dinamismo ativo, e não estaticismo passivo e muito menos relaxamento no sono, pois se o Espírito (pneuma, individualidade) tem boa-vontade (prós thymos), a carne (sarx, o corpo da personagem) é frágil e pode sucumbir.


Jesus afasta-se dele. Lucas diz textualmente "é arrancado deles (apespáthê ap’autôn): trata-se do Espírito que força o corpo a isolar-se, para que sozinho suporte o impacto, embora a criatura goste sempre de sofrer acompanhada. Já à distância, o corpo rui por terra, na posição do desânimo e da súplica: ajoelha-se (theis tà gónata) e curva o rosto até o chão (épiptein epi tês gês, em Marcos: ou épesen epì prósôpon autoú, em Mateus), e começa a orar.


Mateus cita-lhe as palavras das três vezes que orou, pois nas três exprimiu o mesmo pensamento: "Se é possível, afasta de mim esta taça": é a ânsia da personagem que teme arrostar a dor física. Mas logo a seguir acrescenta: "Mas não como quero eu, e sim como queres tu: faça-se a Tua vontade, não a minha".


Aqui verificamos nitidamente a dualidade de vontades, entre a personagem e a individualidade, entre o Filho e o Pai, entre Jesus e Deus (Melquisedec). Como pode explicar-se isto, de quem dissera: "Eu e o Pai somos um"? e "faço apenas a vontade do Pai"?


As duas frases, e outras semelhantes, nós o vimos a seu tempo, foram proferidas pelo CRISTO, através de Jesus, com o qual estava identificada Sua individualidade. Não pela personagem terrena de Jesus, não por Seus veículos físicos. Seu Espírito (pneuma) já identificara, mas não Sua personagem (psychê) de fato, "a carne e o sangue não podem possuir o reino dos céus" (1CO 15:50). Tudo é claro e luminoso, e não há contradições nos Evangelhos.


Apesar de tudo isso, fortemente influenciada e dominada pelo Espírito a personagem se conforma e aceita que a vontade do Pai, que era também a de Seu Eu profundo, seja realizada, e que prevaleça sobre a vontade fraca e temerosa. Então essa prece, proferida três vezes pelo homem Jesus, demonstra o esforço que Sua personagem física fazia para sintonizar e concordar com a vontade do Espírito e, por conseguinte, com a vontade do Pai. Ao falar com os discípulos, cujo físico se achava enfraquecido pela perda de energia, Ele também esclarece esse mesmo ponto: "O Espírito tem boa-vontade, mas a carne é fraca.


Isso se passava com Ele nesses momentos e Ele o verificava em experiência pessoal ali mesmo vivida e sentida.


* * *

Lucas, na qualidade de médico, e portanto mais conhecedor dos fenômenos que se passavam no corpo físico e no astral, e mais afastado do drama, tendo-se informado de tudo com pormenores, anota dois fatos de que os outros não falam.


O primeiro e a aparição de um espírito desencarnado, que se materializa para "confortá-lo". Lucas di-lo ággelos (mensageiro). Como explicar essa materialização?


Já havíamos assinalado que Pedro, Tiago e João foram os chamados para acompanhar a Transfiguração e, dissemo-lo a seu tempo (cfr. vol. 4), deviam ser médiuns de efeitos físicos, escolhidos exatamente para proporcionarem ectoplasma. O que ocorreu lá, ocorre agora aqui e ocorrerá na "ascensão".


O ectoplasma abundantemente fornecido possibilitou a materialização do espírito.


Mas não foi só: houve também o segundo fenômeno assinalado por Lucas.


Aqui entra o tão citado e estudado "suor de sangue" a que a medicina chama hematidrose: vimos que thrómboi não exprime "gotas", e sim "coágulos" ou "grumos", quer de sangue, de leite, gordura, etc.


Muitos esforçam-se em provar que, nas grandes angústias, é possível que as capilares do derma possam, por exosmose, exteriorizar gotículas de sangue. Mas não nos convence essa explicação, em primeiro lugar porque a luta e a angústia de Jesus não devem ter sido tão apavorantes que causassem esse efeito violento e raro; em segundo lugar, porque, onde há explicação mais simples e plausível, não deve buscar-se outra mais complicada e difícil.


Compreendemos que esses coágulos formados por Seu suor, ou seja, pelo que parecia ser "suor", eram pequenas cristalizações de ectoplasma.


Sabemos, sem qualquer dúvida, que ectoplasma é proveniente do sangue, e melhor que nós devia sabêlo Lucas. Sabemos ainda que o ectoplasma se exterioriza, na mediunidade de efeitos físicos, por todos os orifícios do corpo: boca, narinas, ouvidos, anus, vagina, meato urinário e ainda pelo umbigo e pelos poros de todo o corpo, sendo tanto mais abundante, quanto maiores forem os orifícios, como é lógico.


Que o ectoplasma dos discípulos foi abundante, comprova-o o sono irresistível (e anotemos de passagem que realizaram uma sessão de materialização após bebido vinho). Mas também do corpo de Jesus deve ter-se exteriorizado, como o demostra o fato de ter sido interpretado como "suor". Mas não se afastou do corpo, antes, envolveu-o, sendo que, porém alguns coágulos caíram ao chão.


Outro argumento que nos induz a crer que se trata de ectoplasma, é que todos sabemos que se apresenta, na escuridão, com fraca luminescência fosfórea, coisa que não ocorre com o suor aquoso, nem mesmo com a hematidrose. E para ter sido anotado, nessa noite escura, observando-se que "caía por terra", era preciso que houvesse algo a iluminá-lo: sua própria fosforescência.


Mas por que e para que se teria produzido tal fenômeno?


Não cremos que tenha sido pelo pavor, mas sim pelo merecimento da personagem de Jesus, sempre pronta a obedecer e que, nesse mesmo instante, soubera aceitar com resignação a prova dolorosa.


Esse merecimento fez que o espírito materializado o confortasse e ajudasse de duas maneiras eficientes:
1. ª) recobrindo a superfície do corpo de Jesus com aqueles pequenos cristais de ectoplasma, localizados provavelmente sob a pele, a fim de embotar os terminais nervosos, com o objetivo de diminuir a violência das dores e contusões, preparando rápida recuperação dos tecidos epiteliais;
2. ª) cauterizando por antecipação os capilares da epiderma e do derma, a fim de que o sangue não esvaísse com demasiada abundância, mas logo coagulasse.

Com efeito, pelas narrativas não se fala em sangue abundante: houve algum sangue com a intromissão dos cravos nos pés e nos pulsos, e correu "um pouco de sangue com água" na chaga do lado; mas pelo que verificamos no "Sudário de Turim", o sangue não teve a abundância que seria de esperar, não tendo tido caráter hemorrágico, o que teria causado esvaimento total, dificultando-lhe a recuperação de Seu corpo.


Verificamos, pois, que em todo o trecho continuam as lições através dos fatos, dando-nos oportunidade de aprender novas propriedades do ectoplasma, até agora por nós insuspeitadas. O inciso de Lucas "orou mais fervorosamente e tornou-se o suor dele como coágulos de sangue, caindo ao chão" é que nos revelou não se tratar de hematidrose, ou suor de sangue provocado pela angústia, e sim um fenômeno benéfico, como resultado imediato da prece.


O fato de Lucas falar em thrómboi, "coágulos", alertou-nos para a circunstância específica da cristalização do ectoplasma, coisa que ainda não lemos nas obras técnicas do Espiritismo moderno. Essa cristalização talvez provoque efeitos medicinais ainda desconhecidos, que supusemos ser o embotamento dos terminais nervosos e mais rápida coagulação do sangue, para evitar o esvaimento hemor rágico. Pareceu-nos lógica essa explicação, restando agora apenas ser comprovada nos laboratórios dos pesquisadores que se dedicam ao estudo nas sessões de efeitos físicos.


* * *

Assim fortalecido e fisicamente preparado, regressa definitivamente aos discípulos, e pergunta-lhes por que ainda estão a dormir, se já está chegando o discípulo que vai entregá-lo nas mãos dos profanos para o sacrifício: Ele já estava pronto para iniciar a prova.


Mas que eles orassem, porque também a provação deles estava para chegar: que permanecessem despertos (acordados) e em oração, a fim de não sucumbirem.


Cabe a nós todos o mesmo aviso, em qualquer situação, mas sobretudo quando assoberbados por ataques que visam a experimentar nossas forças.


Não percamos de vista, outrossim, a energia do Espírito a dominar a personagem, e a necessidade absoluta de aceitação por parte de nosso eu pequeno de TUDO QUANTO VENHA SOBRE NÓS: tudo é necessário e "tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus" (RM 8:28). Quantas vezes aquilo que nos revolta, seria um passo à frente em nossa evolução, e perdemos a oportunidade! Estejamos despertos, atentos, bem acordados, e permaneçamos em oração, para aproveitar todas as ocasiões de subir.



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Marcos Capítulo 14 do versículo 1 até o 72
SEÇÃO VII

A NARRATIVA DA PAIXÃO

Marcos 14:1-15.47

A. ACONTECIMENTOS QUE LEVARAM À PRISÃO, Marcos 14:1-52

  1. A Intriga Secreta (Marcos 14:1-2)

A ira dos principais dos sacerdotes e dos escribas, que era como fogo latente, por causa das palavras e das atitudes de Jesus, agora irrompeu em chamas, quando buscavam como o prenderiam com dolo e o matariam (1). Saber como fazer isso sem causar alvoroço (2), o que poderia provocar a fúria das legiões romanas sobre a cabeça deles, havia se tornado um problema. A cidade de Jerusalém e seus arredores estavam congestionados com possivelmente mais de um milhão de pessoas,' inclusive peregrinos da Galiléia que mostravam ser amigos de Jesus. Restando apenas dois dias até a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos,2 era imperativo que se apressassem e tives-sem cuidado.

  1. O Vaso de Alabastro (Marcos 14:3-9)

Todas as noites, durante a Semana da Páscoa, Jesus se dirigia a Betânia (3) ou ao monte das Oliveiras para fazer um retiro junto com seus amigos. Nessa ocasião, Ele estava na casa de Simão, o leproso. Nada mais ficamos sabendo sobre esse homem, talvez ele tenha sido curado de sua doença por Jesus.'

Quando Jesus se reclinou à mesa, aproximou-se uma mulher com um vaso de alabastro com ungüento (perfume) "de nardo puro, de muito preço e precioso" (3, NT Amplificado). Quebrando o vaso, ela derramou amorosamente o líquido sobre a cabeça dele. Nas casas das pessoas abastadas, os hóspedes eram muitas vezes ungidos com uma gota ou duas de ungüento de alto valor.

Tal mostra de cordial devoção pareceu uma extravagância para alguns (4), inclu-sive Judas (Jo 12:4-6), que resmungou indignado. Este era, sem dúvida, um dispendioso gesto de amor e fé. Podia vender-se por mais de trezentos dinhei-ros (5; denarii), isto é, aproximadamente aquilo que um homem poderia ganhar em um ano de trabalho.'

Como típicos queixosos de qualquer época, eles bramavam contra ela. Pode-se dizer que eles "resmungavam" ou "olhavam furiosos" quando "ralhavam" com ela. Sua preocupação com os pobres era uma ilusão. Existem valores do espírito que transcen-dem o humanitarismo. Além disso, o próprio Jesus era um homem pobre e, citando Deuteronômio 15:11, realçou o mandamento: "Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado e para o teu pobre na tua terra".

Jesus veio em defesa da mulher: Deixai-a, para que a molestais? Ela fez-me boa obra (6). Nesse caso, a palavra para boa se refere mais à forma do que à essência e implica alguma coisa amável ou formosa. A causa da bondade no mundo ficaria fortalecida se todos os seus defensores cultivassem o que é belo e amável (Fp 4:8), assim como o que é correto.

Conscientemente ou não, a mulher havia reconhecido Jesus como o Messias sofre-dor. Como aqueles que banhavam e perfumavam seus entes queridos antes de colocá-los na sepultura, a um custo inimaginável ela antecipou-se a ungir (8) o corpo de Jesus para a sepultura. "Para Cristo, seu ato falava mais claro que as palavras: 'Sei que tu és o Messias, e sei também que a cruz te aguarda'

Confiante no que existia além da morte, inclusive a pregação do evangelho em to-das as partes do mundo (9), Jesus prometeu que esta história de amorosa generosida-de seria contada em toda parte para sua memória [da mulher]. "Alguns há que espa-lham, e ainda se lhes acrescenta mais; e outros, que retêm mais do que é justo, mas é para a sua perda" (Pv 11:24).

Essa boa obra para com Jesus foi algo belo por que:

1) Era uma glorificação dele;

2) Era um ato de puro amor;

3) Foi feita com considerável sacrifício;

4) Foi feita como pre-paração (C. H. Spurgeon).

3. Judas e Seu Primeiro Passo (Marcos 14:10-11)

A estrutura da história de Marcos foi cuidadosamente elaborada. Os sacerdotes haviam decidido destruir Jesus (1-2). Judas 1scariotes (10) 6 havia testemunhado uma pródiga mostra de devoção que o deixou muito zangado (Jo 12:6). Os ímpios uni-ram as suas forças. O traidor foi ter com os principais dos sacerdotes... e eles... alegraram-se... (11).

Por que um dos doze (cf. Sl 41:9; Jo 13:18) fez esse tão grande mal? A explicação mais provável é que ele estava desiludido com Jesus e o seu papel de Messias sofredor. Em algum ponto desses acontecimentos ele cedeu aos sombrios pensamentos da sua alma e escancarou a porta para Satanás (Jo 13:2-27). Com a avareza agindo como impulsionadora de sua vontade (Mt 26:15), Judas ("literalmente, Judá, que ironicamen-te significa "louvor") resolveu salvar o que podia. Ele buscou imediatamente uma opor-tunidade de entregar Jesus com dolo (1).

  1. A Preparação Para a Páscoa (Marcos 14:12-16)

Aproximava-se rapidamente o momento em que "o Cordeiro de Deus" (Jo 1:29) seria sacrificado e, dessa maneira, tornar-se a "nossa páscoa" 1Co 5:7), "nosso Cordeiro pascal" (ARA). O primeiro dia da Festa dos Pães Asmos (12) 7 era celebrado no 142 dia do mês de nisã (março-abril) ou na terça-feira da Semana da Paixão. Os cordeiros da Páscoa eram sacrificados no Templo durante aquela tarde, e a refeição da Páscoa era comida entre o pôr-do-sol e a meia-noite do mesmo dia.'

Os discípulos estavam imaginando onde Jesus queria que fossem fazer os prepa-rativos para comer a Páscoa. Com essa finalidade, os moradores de Jerusalém ti-nham a obrigação de abrir suas casas para os peregrinos da Páscoa. Jesus enviou dois dos seus discípulos (13; cf. 11,1) — João e Pedro, de acordo com Lucas 22:8 — até à cidade, com instruções destinadas a evitar que descobrissem onde a sua Páscoa seria celebrada. Eles deviam seguir um homem que levava um cântaro de água. Em uma terra onde "as mulheres carregam jarros de água e os homens carregam jarros de pele",9 o sinal seria bastante claro.

Onde quer que esses homens entrassem, eles deveriam perguntar ao senhor ("dono") da casa" sobre um aposento onde o Mestre e seus discípulos poderiam comer a Páscoa (14). Eles estavam esperando encontrar um grande cenáculo mobilado (15) "com tapetes e almofadas preparados para a refeição, e mobilado com uma mesa e com sofás"»

Preparar a Páscoa não era uma tarefa fácil. "A Páscoa era uma refeição formal que exigia ervas amargas como a alface, a chicória, e a escarola, um molho (charosheth), água, vinho e pães asmos, além do cordeiro que deveria ser trazido do Templo e assado."' Era costume consumir o cordeiro com muita cerimônia e rituais!' Existe uma atraente hipótese de que essa casa pode ter sido de João Marcos, um lugar que mais tarde iria figurar nas atividades da igreja de Jerusalém (Atos 12:12-1.13).

Quando os discípulos foram à cidade (16) eles acharam como Jesus lhes tinha dito e lá prepararam a Páscoa.

  1. A Predição da Traição (Marcos 14:17-21)

A refeição da Páscoa foi preparada à tarde." Jesus foi com os doze (17) para comemorar o êxodo de Israel do Egito e o seu nascimento como nação. Era um momento sagrado destinado a fortalecer a fraternidade e unir o Povo Escolhido de Deus.

Acredita-se que os convidados da refeição da Páscoa se reclinavam sobre sofás, colo-cados à altura da mesa, cada pessoa sobre o seu braço esquerdo e com os pés estendidos para fora. E quando estavam assentados (18) a observar a festa pascal, Jesus disse uma palavra assustadora: ... um de vós, que comigo come, há de trair-me. Os doze começaram a entristecer-se e, espantados, um após outro, perguntaram: Porventura, sou eu, Senhor?' (19, Taylor). Realçando o horror desse crime, Jesus respondeu: É um dos doze, que mete comigo a mão no "mesmo"' prato (20; Sl 41:9; Jo 13:18). Duran-te a refeição, um prato ou tigela comum contendo o molho era passado de mão em mão. Nessa tigela, ou prato, eles molhavam as ervas amargas ou os bolos de pão asmo. A traição, depois de uma amizade tão íntima, era impensável.

Nessa hora, o amor de Jesus — paciente, controlado e sofredor — era inefável. Ele se submeteu à divina necessidade do seu sacrifício: O Filho do Homem vai, como dele está escrito (21; Is 53:12, Septuaginta). Ele não afastou Judas, nem o humilhou, mas demonstrou o seu amor redentor em uma última palavra de advertência e apelo: Ai daquele homem (sugerindo talvez que Judas estava ligado a algum esquema nefasto) por quem o Filho do Homem é traído! Judas ainda podia estar presente quando Jesus disse: Bom seria para o tal homem não haver nascido. Os homens levam sobre si mesmos a responsabilidade pelos seus crimes, embora Deus, com sua soberana vontade, possa usá-los para o avanço do Seu reino. "O fato de Deus transformar a ira do homem em seu louvor não é desculpa para a ira do homem.""

Mateus (26,25) e João (13,26) sugerem que Jesus indicou Judas como sendo o trai-dor. Hunter sugere que João e Judas podem ter-se colocado um de cada lado de Jesus: na posição reclinada, uma palavra podia ser dita sem ser ouvida pelos demais!' Du-rante algum momento da refeição, que não foi mencionado por Marcos, Judas abando-nou a luz e o amor daquela comunhão, e se afastou para as trevas, para nunca mais voltar (Jo 13:27-30).

  1. A Última Ceia (Marcos 14:22-25)

Enquanto comiam a refeição da Páscoa,' uma ocasião em que se realizava uma cerimônia simbolicamente sagrada, tomou Jesus pão, e, abençoando-o (22), agrade-cendo ao Pai que o dera, o partiu (cf. 6.41; 8,6) e deu-lho aos discípulos. Durante seu ministério, Jesus havia ensinado que ele era o Pão do Céu e que se os homens não comes-sem a sua carne e bebessem o seu sangue eles não teriam vida em si mesmos (Jo 6:51-53). Talvez os discípulos tenham se lembrado disso e começado a entender o que Jesus queria dizer. Se assim for, a determinação: Tomai, comei, isto é o meu corpo, perma-neceu em seus corações.

Tomando o cálice (23) que foi passado por todos durante a refeição pascal, e dando graças (eucharistesas = Eucaristia), disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento' (24; cf. Êx 24:8) que por muitos é derramado (Is 53:11-12). Como Paulo registrou 1Co 11:23-26), mesmo antes dos escritos de Marcos, a ordenança da Ceia do Senhor já havia sido instituída.

Embora Jesus tenha afirmado solenemente que nunca mais beberia desse cálice com eles, Ele estava olhando, além da Cruz e do túmulo, para uma época de comunhão com eles quando Ele viesse para o beber novo, no Reino de Deus. Com Cristo, a última palavra é sempre uma palavra de esperança.

  1. A Dispersão das Ovelhas (Marcos 14:26-31)

A refeição da Páscoa terminou com todos cantando o hino (26), nesse caso provavel-mente a segunda parte do Hallel (Salmos 115:118).21 É possível que quando voltavam do monte das Oliveiras, cerca de 800 metros a oeste de Jerusalém, Jesus tenha feito essa assustadora advertência: Todos vós... vos escandalizareis (27), isto é, "tropeçareis" ou "caireis". Quando o pastor é ferido, as ovelhas se dispersam. Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão (Zc 13:7).

Tais palavras devem ter provocado uma grande perplexidade e perturbação na men-te dos discípulos. Só lentamente é que eles começaram a perceber que o Filho do Homem também era o Servo Sofredor. No entanto, Ele ainda não havia terminado: Depois que eu houver ressuscitado, irei adiante de vós para a Galiléia (28), sua província natal, situada ao norte e que neste momento estava bem distante. "Jesus raramente se referia à Sua morte sem olhar para aquilo que ocorreria depois dela."" Embora Sua morte fosse dispersar as ovelhas, a Sua ressurreição iria reuni-las novamente."

Jesus nunca estava despreparado. O jumento estava pronto quando o Senhor preci-sou dele para a sua entrada triunfal em Jerusalém. O cenáculo estava disponível e mobi-lado quando Ele enviou os Seus discípulos para falar com o "senhor da casa". No entanto, por mais amargo que tenha sido o Seu desapontamento, Jesus não esperava o abandono dos discípulos e a negação de Pedro.

Magoado por estas palavras, Pedro afirmou com ênfase que ele nunca o abandona-ria, a despeito do que os outros pudessem fazer. Da forma enfática já antes mencionada, Jesus respondeu: ...nesta noite, antes que o galo cante duas vezes," "você mesmo me negará três vezes" (30, Goodspeed). Com excessiva veemência e protestando — "creio que já é demais"," Pedro controlou seus temores e professou que estava pronto até para morrer com Jesus. Às vezes nos esquecemos de que Pedro não estava sozinho nesses protestos. ...da mesma maneira diziam todos também (31).

Duas conclusões podem ser tiradas dessa experiência. Primeiro, a apostasia repre-senta uma possibilidade real (cf. 1 Co 10.12). O exemplo de Pedro, todavia, é melhor que o de Judas: embora um homem possa pecar, ele pode se arrepender e se tornar para sempre um discípulo ainda mais forte. Em segundo lugar, a presciência divina é consis-tente com a liberdade e a responsabilidade humana. O conhecimento de Jesus a respeito dos acontecimentos futuros não foi a causa das atitudes deles.

8. A Agonia do Getsêmani (Marcos 14:32-42)

Jesus e seus discípulos foram então a um lugar especial no monte das Oliveiras (32) chamado Getsêmani ("prensa de azeite"). João (18,1) descreve este lugar como um "jardim", provavelmente uma área murada particular no meio das oliveiras característi-cas daquele monte. Este era provavelmente um lugar que já haviam visitado antes (Lc 22:39), conhecido por Judas e também pelos demais.

A noite da Páscoa... "se guardará ao Senhor, porque nela os tirou da terra do Egito; esta é a noite do Senhor, que devem guardar todos os filhos de Israel nas suas gerações" (Êx 12:42). Conhecendo os eventos que o aguardavam durante aquela noite de trevas, Jesus sentia grande necessidade de oração e comunhão. Ele queria que os seus amigos estivessem por perto, mesmo quando orava sozinho.

Deixando oito dos discípulos na entrada do jardim, Jesus levou o privilegiado círculo mais íntimo de seguidores para dentro do Getsêmani. Dessa forma, Ele estava cercado por dois círculos de seguidores que deveriam servir como uma espécie de guardas. Aqueles que anteriormente haviam testemunhado a sua glória iriam agora testemunhar a sua agonia.
A completa importância da Cruz, e o que ela significava quanto a tirar os pecados do mundo, começou a ser um pensamento cada vez mais forte para Jesus. Marcos descreve esse momento com uma linguagem extremamente forte: "Começou a ter pavor e a angus-tiar-se" (33, NEB). É como se Ele estivesse doente e à beira da morte. "A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai" (34). A sombra da cruz que há muito havia se estendido em Seu caminho, começou agora a se levantar diante dele, para se erguer em poucas horas à Sua frente. O custo de rejeitar o caminho mais fácil tornou-se bastante claro. "Ali, naquele jardim, Satanás retornou com toda força e com toda a sua arrogância como príncipe deste mundo para vingar a derrota anterior; e Jesus vê o custo de sua obediência inabalável de uma forma apavorante e imediata."'

Tendo ido um pouco mais adiante (35), como sempre fazia, Jesus prostrou-se em terra; e orou. Earle observa que aqui o uso do verbo no passado "parece sugerir um retrato de Jesus cambaleando e tropeçando até cair ao solo, chorando alto por causa da agonia da sua alma".' A vida de oração de Jesus é, simultaneamente, um exemplo e uma censura para os cristãos que não oram

A súplica de Jesus nesta oração é uma prova de Sua humanidade e de Sua inalterá-vel devoção à vontade do Pai. Como homem, Ele se afastava da Cruz e da conseqüente separação de Deus. Ao se identificar com os homens pecadores, Jesus havia se tornado o Objeto da ira de Deus contra o pecado (cf. 2 Co 5.21; Mc 15:34). Agora Ele estava implo-rando Àquele para quem todas as coisas... são possíveis (36) : Afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres.

É bastante significativo que Jesus tenha visto o cálice do sofrimento como uma oferta que Ele fazia ao Pai. Um momento de angústia ou de uma assustadora responsabilidade torna-se mais suportável quando é o Deus da santidade e do amor que nos con-vida a suportá-lo. Ao final, ficaremos ainda mais fortes se aceitarmos este cálice do que se o tivéssemos recusado. A submissão à vontade de Deus representa a alma de uma vida cheia do Espírito.

Possa teu Espírito divino inundar o meu ser,

Não a minha vontade, mas a tua, Senhor, seja feita em mim.'

A solidão de quem havia "pisado sozinho no lagar" (Is 63:3) nunca foi tão aguda como no momento em que Jesus retornou a Pedro (37) e aos outros, e achou-os dormindo (37). Apenas poucas horas antes Ele havia insistido: "Vigiai, pois... para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo" (13 35:36). Sua censura estava dirigida a Pedro, a quem Ele agora chamava de Simão e não de Cefas ("rocha"). Nenhuma resposta foi registrada. Era tarde da noite e os discípulos haviam participado de uma farta refeição, portanto a fraca carne (38) iria levá-los a dormir, apesar de terem um espírito verdadei-ramente pronto. Entretanto, eles foram advertidos a ser vigilantes e piedosos, uma combinação muito necessária e eficiente.

E Jesus foi outra vez (39) a uma distância de "um tiro de pedra" (Lc 22:41) e orou como antes. Ao retornar, confiando na esperada companhia dos discípulos, Ele os encon-trou dormindo, como da primeira vez. Tristes e perturbados, eles não sabiam o que responder-lhe (40; cf. 9.6). Quando Jesus orou "pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras" (Mt 26:44), Ele voltou com sua alma tranqüilizada para anunciar que a sua hora era chegada (41). "Ainda dormindo? Ainda descansando? O Fim está longe? A hora já chegou."'

Sem jamais estar desprevenido, mas sempre preparado, Jesus mandou que os dis-cípulos levantassem e se juntassem a Ele" no momento em que seria entregue nas mãos dos pecadores (41). Quanta tristeza nas palavras: eis que está perto o que me trai (42).

O incidente do jardim do Getsêmani sugere esse significativo contraste:

1) A tristeza do Mestre, 32-36;

2) O sono dos discípulos 37:42.

  1. A Prisão (Marcos 14:43-50)

No exato momento em que Jesus estava acordando os sonolentos discípulos e insis-tindo para que eles enfrentassem o traidor ao seu lado, Judas (43) apareceu acompa-nhado por uma multidão heterogênea armada com espadas e porretes. O traidor, que era um dos doze," sabia onde o Mestre estaria e deve ter suspeitado que os discípulos estariam dormindo. Havia uma grande multidão que, embora autorizada pelo Sinédrio,' foi rapidamente reunida e parecia ser mais um populacho ou uma gangue.

Um homem de sabedoria mundana não iria deixar nada por conta do acaso. Aqueles que o acompanhavam estavam armados para evitar qualquer resistência (cf. Lucas 22:38). Para que a escuridão não causasse qualquer confusão com respeito à pessoa de Jesus, o traidor já havia tomado providências para identificá-lo com a típica saudação de um dedi-cado seguidor. O "sinal" (44) seria um beijo de saudação. Indo direto a Jesus, ele o saudou como Mestre (45) e "beijou-o afetuosamente" (45, Goodspeed)." Essa artimanha não tinha só a intenção de identificar Jesus, mas também de detê-lo até que pudesse ser preso. Sem dúvida com alguma apreensão (levai-o com segurança, 44), Judas deve ter sentido certo alívio quando alguns dentre a multidão lançaram-lhe as mãos e o prenderam (46).

As razões de Judas permanecem incompreensíveis. O fato de alguém que tinha vivi-do tão próximo de Jesus durante o seu ministério ter isolado a sua alma do Filho do Homem é bastante desconcertante. É algo sério e perturbador considerar que alguém escolhido por Jesus, e que recebeu suficiente confiança para ser responsável pelas finan-ças do grupo (Jo 12:6), pudesse ser culpado de tamanha traição. "Se você tem a certeza de que está firme, cuidado! Você pode cair" 1Co 10:12, NEB).

Em um gesto derradeiro e fútil de desapontamento, espanto e ira, "um dos que ali estavam"' (47), puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha. Foi providencial para Pedro, sem mencionar a vítima, que o escravo (um certo "Malco", João 18:10) tenha evidentemente inclinado a cabeça deixando apenas uma ore-lha exposta."

Em um protesto contra a ilegalidade da sua prisão, Jesus enfrentou a multidão com uma pergunta (cf. Jo 18:6) : Saístes com espadas e porretes a prender-me, como a um salteador? (48). Ele lembrou que dia após dia" Ele os havia ensinado no templo (49). Por que não o prenderam lá, se a acusação deles era justa?

Por ser inútil argumentar com a cegueira moral, e por já ter levado o "cálice" do sofrimento (36) até os lábios, Jesus se submeteu às suas injúrias com as palavras: ...para que as Escrituras se cumpram! (49). Essa era uma outra forma de dizer: "Não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres" (36).

Quando os discípulos viram que Jesus não tinha a intenção de resistir, e que o céu não havia interferido, todos (50), até o último homem, deixando-o... fugiram. Ele não era o Messias que haviam procurado na esperança de libertar Israel (Lc 24:21). O erro deles não foi tanto a falta de coragem, mas de fé. "A dúvida afasta a coragem; os discípu-los fugiram porque vacilaram na fé."37

  1. A Jovem Testemunha Anônima (Marcos 14:51-52)

Por que Marcos incluiu esse episódio breve e aparentemente trivial? Mateus e Lucas, que incorporaram quase todo o Evangelho de Marcos, omitem esses versículos. A expli-cação mais razoável é que se trata de uma reminiscência pessoal.

Entretanto, eles foram espiritualizados por alguns nos termos de Amós 2:16 e Gênesis 39:12, ou foram relacionados com Marcos 16.5.

Quando nos lembramos de que o primeiro centro da igreja de Jerusalém foi a casa de Maria, a mãe de Marcos (Atos 12:12), é pelo menos provável que a Última Ceia tenha se realizado no cenáculo desta casa. Também é possível que o próprio João Marcos tenha de alguma forma sido acordado pelos dramáticos acontecimentos daquela noite, tenha se-guido (51, literalmente, "acompanhado") Jesus e tenha testemunhado tudo o que aconte-ceu no jardim.' De qualquer modo, o jovem estava tão próximo que não conseguiu evitar ser pego. Os homens lançaram-lhe as mãos, mas ele, largando o lençol (52) que havia lançado sobre o corpo, fugiu nu."

Esta pequena história certamente representa a "modesta maneira de Marcos dizer: `Eu estava lá' "4°

B. Os JULGAMENTOS, A CRUCIFICAÇÃO E O SEPULTAMENTO, Marcos 14:53-15.47

1. O Julgamento Eclesiástico (Marcos 14:53-65)

Os Evangelhos registram que Jesus foi examinado em quatro julgamentos antes de ser finalmente condenado à morte. O primeiro foi perante Anás (Jo 18:12-14, 19-24), um antigo sumo sacerdote, sucedido nessa função por vários de seus filhos e genros. O se-gundo é aquele que foi registrado aqui. Foi realizado pelo sumo sacerdote (54) Caifás (Mt 26:57; Jo 18:13). O terceiro foi na presença de Pilatos (registrado em todos os Evan-gelhos) e o quarto perante Herodes Antipas (Lc 23:6-12).'

Obviamente esperando a prisão e a detenção de Jesus, os vários membros do Sinédrio ajuntaram-se no palácio de Caifás, onde seu sogro Anás também pode ter estado presen-te. Era intenção de todo o concílio (55) assegurar a condenação de Jesus sob as leis judai-cas antes de entregá-lo a Pilatos para ser executado conforme as leis romanas. Se as auto-ridades judaicas tinham ou não o poder de impor a pena capital, é uma questão discutível.

Nesse ínterim, Pedro, acompanhado de João,' havia seguido Jesus (embora de lon-ge) até dentro do pátio do sumo sacerdote (54). A noite da primavera estava fria, então Pedro sentou-se com os servidores aquentando-se ao lume.' O amor e o medo se misturavam no coração de Pedro. É bem possível que ele tenha estado suficientemen-te perto para ser testemunha do julgamento, embora os detalhes possam ter sido acrescen-tados mais tarde por algum membro do concílio (cf. Jo 7:50-19.39; At 6:7).

Atuando não como juízes imparciais, mas como acusadores vingativos, ...os princi-pais dos sacerdotes e todo o concílio buscavam algumas (55) testemunhas cujas declarações pudessem condenar Jesus. Mas seus esforços foram em vão, pois aqueles que testemunharam fizeram um relato deturpado daquilo que Jesus havia ensinado e seus testemunhos não eram coerentes, isto é, "suas declarações não correspondiam" (56, NEB). A lei judaica (Dt 19:15) exigia que pelo menos duas testemunhas dessem uma declaração consistente antes da acusação ser aceita.

Alguns testificavam falsamente (57), mencionando que Jesus havia dito alguma coisa sobre destruir o templo construído por mãos (58) de homens e de edificar outro, não feito por mãos de homem. Esse relato era, evidentemente, uma mistura das duas declarações que Jesus havia feito, uma em relação à destruição do templo (Marcos 13.2), e a outra em relação à sua própria morte e ressurreição (Jo 2:19-22). Mais uma vez, o teste-munho deles não era coerente (59), "não correspondia".

Não conseguindo atingir seu objetivo de encontrar um testemunho que pudesse cau-sar algum dano, o sumo sacerdote levantou-se no meio do Sinédrio, (60) tentando "através de ameaças e falta de provas"" intimidar Jesus a falar e se incriminar. A decla-ração das testemunhas não exigia resposta; portanto, não receberam nenhuma. Jesus calou-se (61). Entretanto, quando Caifás tocou no ponto importante da questão — a alegação implícita de que Jesus era o Messias — foi diferente. Quando exigiram que, sob juramento (Mt 26:63), Ele respondesse à pergunta: És tu o Cristo? Jesus respondeu abertamente: Eu o sou (62). Ele era realmente o Messias, o Filho do Deus Bendito.'

Como já vimos, durante o seu ministério Jesus manteve oculta ao público a sua identidade de Messias para evitar que esta revelação frustrasse a sua missão. Mas tinha chegado a hora de fazer a sua afirmação com todos os termos possíveis perante a mais alta autoridade da nação. ...e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu (cf. Sl 110:1; Dn 7:13).

Às vezes é errado falar, mas também existem momentos em que é um crime ficar calado. Jesus escolheu falar e, dessa maneira, deu aos seus inimigos todas as provas que procuravam. Rasgando as suas vestes (63), em um gesto de profundo sentimento,' o sumo sacerdote disse: Para que necessitamos de mais testemunhas? Fazendo uso de uma importante pergunta, imprópria por ser auto-incriminadora, Caifás conseguiu aquilo que todas as falsas testemunhas não tinham conseguido. E todos o considera-ram culpado de morte (64), isto é, passível desta punição.

Já foi observado repetidamente que o Sinédrio violou a maioria de suas próprias leis e procedimentos nesse julgamento preliminar e na condenação. Foram verificadas até quatorze dessas violações à lei.' O concílio não tinha permissão de se reunir à noite,' nem em dia festivo. Se o acusado fosse condenado à morte, o castigo não podia ser infli-gido até que a noite tivesse terminado. Cada membro do tribunal deveria votar individu-almente, mas parece que Jesus foi sentenciado através de um ato coletivo. Uma inexorável intenção de prejudicar e um ódio implacável subverteram os limites legais na intenção de destruir Jesus.

Evidentemente, foram os membros do Sinédrio que praticaram o imperdoável in-sulto e a cena ridícula que ocorreu a seguir. Eles, então, entregaram Jesus aos servido-res, que o receberam com bofetadas (65). Ele "veio para o que era seu, e os seus não o receberam" (Jo 1:11).

2. As Três Negações de Pedro (Marcos 14:66-72)

Certamente não há nada que seja demasiado ou insuficiente que se possa concluir sobre a queda de Pedro. Ele realmente demonstrou grande coragem ao acompanhar Je-sus até o pátio do palácio onde o julgamento se realizava (54). Além disso, somente Pedro poderia ter contado esta história em primeiro lugar, fazendo que com ela perdurasse por todos os tempos. Sua gratidão pelo perdão de Deus deve ter sido ilimitada.
Entretanto, "leves pensamentos de pecado levam, ao final, a fugazes pensamentos de salvação e, por último, roubam da cruz a sua glória".' As lágrimas amarguradas de Pedro (72) nos dá alguma indicação de como ele considerava seriamente a gravidade de sua falta de coragem e de fé.

Do lado de fora do pátio, em volta do qual haviam sido construídas várias salas, Pedro estava se aquecendo junto a uma fogueira (54). O fato de isso não ter evitado algum contato visual com Jesus fica evidente em Lucas 22:61. Uma das criadas do sumo sacerdote (66), que talvez tivesse visto Pedro ao lado de Jesus na área do tem-plo, percebeu sua presença à luz do fogo. "Olhando intensamente para ele" (67, NT Amplificado), ela talvez, com desprezo, identificou Pedro com as palavras: Tu tam-bém estavas com Jesus, o Nazareno (67). Ele negou ter qualquer conhecimento do que ela dizia e saiu fora ao alpendre (68), ou vestíbulo, onde ficaria menos evidente. ...e o galo cantou."

Quando a criada viu Pedro novamente, ela espalhou a notícia aos que ali estavam: Este homem é um dos tais (69).51 Pela segunda vez Pedro negou qualquer associação com Jesus, temendo que a confissão da verdade pudesse levá-lo à prisão. Os que ali estavam aceitaram a acusação com muita naturalidade e insistiram que Pedro era um seguidor de Jesus. O sotaque rude e grosseiro da Galiléia era prova suficiente para os habitantes da Judéia.

Nesse momento, quase inteiramente tomado de pavor e vergonha, Pedro fez um juramento dizendo que não conhecia o homem de quem (71) estavam falando. Ge-ralmente se supõe que Pedro cometeu uma irreverência muito característica dos pes-cadores da Galiléia. Obviamente, esta é uma possibilidade razoável, mas não corresponde ao significado das palavras usadas aqui. O verbo imprecar (anathematizo) significa estar ligado a um juramento e foi usado apenas em outras passagens do Novo Testamento em Atos 23:12-14,21. O verbo jurar (omnyo) significa jurar ou afirmar sob juramento e foi usado com referência a Deus em Atos 2:30. A obra NT Amplificado nos dá o sentido desse verbo: "Então ele começou invocando uma maldição sobre si mesmo [se não estivesse dizendo a verdade] e jurando: Eu não conheço esse Homem" (71).

Imediatamente o galo cantou pela segunda vez (72).5II Pedro, agora totalmente consciente, lembrou-se da palavra que Jesus lhe tinha dito (cf. também Lucas 22:61) : Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. "E ele foi dominado pela tristeza" e chorou" (72, RSV). A covardia do coração de Pedro foi mais tarde retificada pelo batismo com o Espírito Santo e pela pureza de coração trazida por essa experiência (Atos 15:8-9).


Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de Marcos Capítulo 14 do versículo 1 até o 72
*

14:1

Dali a dois dias. Isto é, no “segundo (ou ‘próximo’) dia”; compare 8.31. Marcos parece colocar a trama dos principais sacerdotes e escritas na quarta feira da semana da Paixão.

a Páscoa. A Páscoa era uma das mais importantes das festas judaicas, pois celebrava a libertação do povo da escravidão do Egito, quando o anjo da morte “passou por cima” das casas do povo de Israel (Êx 12:1-30). No tempo de Jesus a Páscoa era celebrada no décimo quinto dia do primeiro mês do calendário judeu (Nisan, que corresponde ao fim de março ou começo de abril). Era observada no último dia antes da primeira lua cheia, depois do equinócio da primavera. Desde aquele dia, quando os cordeiros pascais eram sacrificados e comidos, todo fermento (que simbolizava o pecado) era removido da casa e só pão sem fermento (asmo) devia ser comido, durante sete dias. Esta observância era conhecida como “A Festa dos Pães Asmos” (14.12; Êx 12:15-20), e estava estreitamente associada com a Páscoa.

principais sacerdotes. Ver nota em 8.31.

escribas. Ver nota em 7.1.

* 14:2

Não durante a festa. Sendo uma das festas de peregrinação dos judeus, a Páscoa levava grande número de pessoas a Jerusalém. Josefo calculou que a população de cinqüenta mil pessoas aumentava para três milhões de pessoas. Ainda que esses números sejam considerados enormemente exagerados (duzentos e cinqüenta mil é o número mais provável) havia razão para as autoridades temerem.

* 14:3

Betânia. Ver nota em 11.1.

reclinado. As pessoas se reclinavam ao invés de sentar-se à mesa (Lc 22:14, nota).

Simão, o leproso. Sem dúvida, ele não era mais leproso, pois pode ter sido curado por Jesus. Ele era claramente um importante membro do círculo mais amplo dos discípulos de Jesus, uma vez que Jesus escolheu visitar sua casa nesta ocasião.

uma mulher. De acordo com João 12:3, esta mulher era Maria, irmã de Lázaro e Marta. João também indica que essa refeição ocorreu “seis dias antes da Páscoa” (Jo 12:1), antes de Jesus ter entrado em Jerusalém. Marcos pode ter colocado aqui a narrativa, para associar esta pré-unção com vistas à sepultura (v. 8, nota) com a trama para matar Jesus (v. 1) e foi subseqüentemente seguido por Mateus (Mt 26:3-13).

vaso de alabastro. Alabastro é um tipo de gesso em sua forma pura ou translúcida, encontrado em depósitos de calcário, em cavernas e em saídas de correntes de água. Era usado freqüentemente para se fazer vasos de ungüento e era considerado um item de luxo.

nardo puro. Um raro perfume feito da raiz de uma planta que cresce no Himalaia. Seu valor de “trezentos denários”(v. 5) era equivalente aproximadamente ao salário de um ano de trabalho.

quebrando o alabastro. Para evitar perdas, uma quantidade adequada, para ser aplicada de uma só vez, era fechada em frascos, que eram quebrados pelo gargalo na hora de usar. De acordo com João 12:3 o frasco continha aproximadamente trezentos e quarenta gramas de perfume.

* 14:6

boa ação. Jesus aprova o que outros vêem como desperdício porque, por este gesto, ela mostra o inestimável valor de Jesus, da sua morte (v. 8), e a profunda comunhão que seu sacrifício na cruz estabelecerá. Este gesto recorda a preciosa unção feita sobre Arão, o sumo sacerdote, que o salmista compara com a bênção inestimável da comunhão entre irmãos (Sl 133).

* 14:8

ungir-me para a sepultura. Jesus se refere à unção de cadáveres, com especiarias e perfumes, amplamente praticada na Palestina naqueles dias.

* 14:10

Judas 1scariotes. Judas ia receber trinta moedas de prata (nem mesmo a metade do valor do perfume) para trair Jesus (v. 11).

um dos doze. Ver nota em 3.14.

* 14:12

pães asmos. Esta festa simbolizava a remoção do pecado na vida dos crentes israelitas (Êx 12:14-20). A refeição da Páscoa caía no primeiro dia desta festa (v. 1, nota; Êx 12:14-15), o décimo-quarto dia depois do começo do ano judaico (Êx 12:6).

sacrifício do cordeiro pascal. Jesus morreu na Páscoa, a festa que celebra o modo como o sangue de um cordeiro protegeu os israelitas do juízo de Deus no Egito. A morte de Jesus mostra a profunda continuidade no plano divino da redenção (conforme 1Co 5:7). Na ordem destas festas é afirmada a prioridade do ato salvífico de Deus (Páscoa e redenção) contra todas as nossas obras de justiça (festa dos “Pães Asmos” e o abandono dos pecados pelos crentes).

* 14:13

homem trazendo um cântaro de água. Eram as mulheres que, usualmente, carregavam os cântaros de água. Para o conhecimento de Jesus a respeito do futuro e de eventos distantes, ver 11:1-2 e Jo 1:48. Jesus podia exercer e exerceu, na terra, seus poderes divinos de conhecimento (13.32, nota).

* 14:17

com os doze. Os Evangelhos registram que os que estavam presentes, nesta época do ministério de Jesus, eram os doze, que ele tinha escolhido no começo (conforme 3.14). De acordo com Lucas 22:30, neste tempo Jesus anunciou o futuro ministério deles, como juizes do novo povo de Deus. Eles foram testemunhas da inauguração do novo concerto.

* 14:20

um dos doze. A predição de Jesus a respeito da traição procede de seu íntimo conhecimento de Judas e, também, do seu entendimento das Escrituras (v. 21; Sl 41:9).

mete comigo a mão no prato. Pão ou carne eram mergulhados numa tigela central cheia de molho. O detalhe dá ênfase à profunda traição pessoal, uma vez que a comunhão à mesa era uma prova de genuína amizade (conforme 2.16).

* 14:21

como está escrito. Ver 8.31, nota.

* 14:22

enquanto comiam. A refeição sacramental da nova aliança está intrinsecamente relacionada com a antiga e desenvolve-se a partir dela. Notar o paralelismo com Êx 24:9-11). Jesus toma dois elementos da refeição pascal — o pão sem fermento e o vinho — para expressar sua nova obra de redenção. Ver “A Ceia do Senhor”, em 1Co 11:23.

* 14:24

meu sangue. Na Páscoa original, o sangue do cordeiro protegeu da morte os israelitas (Êx 12:23-30). A frase “sangue da aliança” vem de Êx 24:8 e recorda que as alianças bíblicas são seladas com sangue (Gn 15:9-21; 17.9-14; Êx 24:4-8).

derramado em favor de muitos. Jesus está aludindo a Is 53:12, onde o Servo do Senhor “derramou a sua alma na morte” e “levou sobre si os pecados de muitos”.

* 14:25

jamais beberei. Jesus está predizendo aqui a iminência de sua morte.

o hei de beber, novo. Jesus está expressando aqui a sua fé em Deus, que não o abandonará na sua morte.

* 14:26

Tendo cantado um hino. Esta menção ao cântico é uma referência à liturgia da Páscoa. Jesus e seus discípulos cantaram os Salmos 115:118, que era o encerramento tradicional da refeição da Páscoa.

* 14:28

para a Galiléia. O anjo, no túmulo, lembra esta promessa e alude à negação por parte de Pedro (16.7).

* 14:30

antes que duas vezes cante o galo. Para outros exemplos de conhecimento que Jesus tinha de eventos futuros, ver nota no v. 13. A referência aparentemente específica poderia ser também um modo poético de dizer “antes da aurora”.

* 14:33

Pedro, Tiago e João. Ver nota em 5.37.

tomado de pavor. Esta expressão é única em Marcos e expressa profundo sofrimento emocional (9.15; 16:5-6).

* 14:36

Aba. Uma palavra coloquial aramaica para “pai”, que expressa o estreito relacionamento de Jesus com Deus, o Pai. Marcos registra a palavra semítica (5.41; 7.34; 11.9; 14.45; 15.22,34).

cálice. Ver nota em 10.38.

* 14:37

uma hora. A despeito das intenções nobres (14.29,31), Pedro é incapaz de uma hora de verdadeiro discipulado.

* 14:38

Vigiai. Esta exortação recorda a advertência de 13 32:37, de vigiar e não cair no sono antes da vinda do Filho do homem. “Tentação” é uma armadilha de Satanás para levar o povo de Deus (neste caso, os Doze) à queda e, se possível, levar ao fracasso o plano de redenção.

* 14:43

uma turba. Provavelmente uma força enviada pelo Sinédrio, uma vez que são mencionados três categorias de membros dessa entidade (v. 53; 8.31, nota).

* 14:44

beijar. Um sinal de respeito que os discípulos mostravam para com os mestres. Depois de comer do mesmo prato (v. 20, nota), Judas agora finge submissão e respeito.

* 14:48

como a um salteador. O termo grego pode significar ou “salteador” ou “insurrecionista”, porém, em vista da acusação feita contra Jesus, em seu julgamento (Lc 23:2), a tradução “insurrecionista” fica melhor.

* 14:49

para que se cumpram as Escrituras. Ver nota em 8.31. Em vista do v. 50, a passagem que Jesus tem em mente pode ser Zc 13:7 (ver v. 27).

* 14:51

um jovem... lençol. O termo grego traduzido por “lençol” pode também significar “pano de linho”. Alguns intérpretes tem sugerido que neste detalhe enigmático, como na possível menção do pano de linho (um sinal de riqueza), haveria uma referência velada ao próprio Marcos, uma vez que ele era de uma próspera família em Jerusalém (At 12:12).

* 14.53—15.15 Esta seção da narrativa refere-se aos julgamentos de Jesus ante os judeus e os romanos. Estes julgamentos foram cheios de erros e irregularidades, pois os princípios de justiça estavam subordinados a propósitos humanos e políticos. O julgamento diante dos judeus teve três fases: uma audiência diante de Anás (registrada só por João 18:12-14, 19-23); um julgamento diante do Sinédrio, presidido por Caifás, na sua casa (14.53-65) e a sessão de madrugada, levada a efeito pelo Sinédrio (15.1). O julgamento romano, foi constituído de três fases igualmente: diante de Pilatos (15.2-5); diante de Herodes Antipas (registrado só em Lc 23:6-12) e diante de Pilatos outra vez (15.6-15).

* 14:54

pátio do sumo sacerdote. Normalmente, o Sinédrio se reunia na área do mercado próxima ao templo. Este julgamento teve lugar na residência do sumo sacerdote. Foi irregular quanto ao tempo (à noite) quanto ao lugar, e na sua pressa incomum.

* 14:57

testificavam falsamente. Dt 19:15-21 exige que a culpa, para ser estabelecida, seja confirmada pela corroboração de duas ou três testemunhas. O falso testemunho receberia a mesma punição que pesava sobre o acusado. Estes regulamentos não foram observados no caso de Jesus.

* 14:58

Eu destruirei este santuário edificado por mãos. Os três Evangelhos Sinóticos não registram este dito de Jesus. Contudo, ele é encontrado na narrativa de João da purificação do templo (Jo 2:19). Isto nos leva a supor a probabilidade de que a purificação do templo, por Jesus, ocorreu duas vezes, e o lapso de três anos ajudaria a explicar a versão deturpada das testemunhas.

* 14:61

Cristo. Do grego, significando “o Ungido”. “Messias” é a palavra hebraica com o mesmo sentido (1Sm 2:10, nota)

Filho do Deus Bendito. “Bendito” geralmente era usado como um substituto direto para a palavra “Deus”, usado pelos judeus para evitar o risco de tomar o nome de Deus em vão. O título todo significa “Filho de Deus” e, no contexto, indica a realeza da messianidade mais do que a divindade absoluta.

* 14:62

Eu Sou. Ver nota em 6.50; 13.6.

Filho do homem. Ver nota em 2.10. Jesus modifica o título “Messias”, nos termos da figura divina de Dn 7.

nuvens. Ver nota em 13.26.

* 14:63

rasgou as suas vestes. Um gesto simbólico que expressa grande tristeza ou horror (Gn 37:29; 2Rs 18:37; 19:1; Ed 9:3; Jr 36:24; Jl 2:13).

Que mais necessidade temos de testemunhas. O sumo sacerdote faz todo o Sinédrio testemunhar em favor da acusação de blasfêmia por parte de Jesus.

* 14:64

blasfêmia. Jesus é condenado não por insurreição, mas porque reivindicou para si a divindade, a essência de sua mensagem. A punição prescrita para a blasfêmia (insulto à honra do nome de Deus) era a morte por apedrejamento (Lv 24:16), porém, nesta época só um tribunal romano podia ordenar a pena capital. Jesus morreria em conseqüência de uma punição infligida pelos romanos (Jo 18:31, 32, e notas).

* 14:65

cuspir nele. Concordando com a acusação do sumo sacerdote, todos os membros do Sinédrio “o condenaram” (v. 64) e alguns manifestaram sua concordância com violência física e pessoal. Cuspir no rosto indicava exclusão do grupo (Nm 12:14-15), como se fosse por impureza ritual. Neste ponto o Sinédrio rompeu decisivamente com o Messias.

* 14:67

o Nazareno. Ver nota em 1.24.

* 14:70

galileu. Os judeus da Judéia desprezavam os judeus da Galiléia, pois eram considerados cultural e religiosamente inferiores. Os modos e o sotaque de Pedro denunciaram-no, especialmente no pátio de um aristocrata saduceu.



Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de Marcos Capítulo 14 do versículo 1 até o 72
14:1 A Páscoa comemorava a noite em que os israelitas foram liberados do Egito (Exodo 12), quando Deus "passou por cima das casas" onde havia marcas de sangue do cordeiro e em troca matou a todos os primogênitos das casas onde não possuíam o sinal. Ao dia da Páscoa lhe seguia uma celebração de sete dias chamada Festa dos Pães sem Levedura. Também recordava a saída apressada dos israelitas do Egito, quando nem sequer tiveram tempo de deixar que o pão levedasse e tiveram que assá-lo sem levedura. Durante estas festas judias a gente se reunia para comer cordeiro, veio, ervas amargas e pão sem levedura. Com o tempo toda a semana chegou a chamar-se Páscoa, pela cercania de ambas as festas.

14:1 Os líderes judeus planejaram matar ao Jesus. Sua morte se ideou com cuidado. A opinião popular não se tinha voltado contra Jesus. Ao contrário, os líderes temiam sua popularidade.

14:3 Betania está localizada na ladeira leste do Monte dos Olivos (Jerusalém está no lado oeste). Era a aldeia onde viviam Lázaro, María e Marta, os amigos do Jesus, também presentes na comida (Jo 11:2). A mulher que ungiu os pés do Jesus foi María, a irmã do Lázaro e Marta (Jo 12:1-3). O alabastro era uma vasilha formosa e cara. O nardo era um perfume custoso.

14.3-9 Mateus e Marcos se localizam estes acontecimentos um pouco antes da instituição da Santa Janta, enquanto que João os põe na semana anterior, antes da Entrada Triunfal. Deve recordar-se que o propósito principal dos escritores dos Evangelhos não foi apresentar um relato cronológico exato da vida de Cristo, a não ser fazer uma recontagem confiável de suas mensagens. Mateus e Marcos parece que escolheram este lugar para se localizar o fato a fim de contrastar a devoção da María com a traição do Judas, sucesso que segue em ambos os Evangelhos.

14:4, 5 Onde Marcos diz "alguns que se zangaram", João especificamente menciona ao Judas (Jo 12:4). A indignação do Judas pelo ato de adoração da María não a motivou o interesse nos pobres, a não ser a avareza. Como era o tesoureiro do ministério do Jesus e roubava dos recursos (Jo 12:6), é evidente que o que queria era que esse perfume se vendeu e o produto se pôs sob seu cuidado.

14:6, 7 Jesus não disse que não devíamos nos ocupar dos pobres, nem justificou a indiferença para eles. (se desejar mais informação dos ensinos do Jesus a respeito da pobreza, vejam-se Mt 6:2-4; Lc 6:20-21; Lc 14:13, Lc 14:21; Lc 18:22.) Elogiou a María por seu ato de adoração isento de todo egoísmo. A essência da adoração a Cristo é lhe apresentar nosso maior amor, respeito e devoção e estar dispostos a sacrificar ante O que nos seja mais prezado.

14:10 por que Judas traiu ao Jesus? Judas, como outros discípulos, esperava que Jesus iniciasse uma rebelião política contra Roma. Como tesoureiro, Judas sem dúvidas imaginou (como o fizeram os outros discípulos, veja-se 10:35-37) que lhe daria uma importante posição no novo governo do Jesus. Mas quando Jesus elogiou a María por ungi-lo com o perfume, pensou que aquilo era como o salário de um ano, deu-se conta que o reino do Jesus não era nem físico nem político, a não ser espiritual. A ambição do Judas pelo dinheiro e pelas posições não poderiam obter-se seguindo ao Jesus, e por isso o traiu por dinheiro e por conseguir o favor dos líderes religiosos.

14:13 Os dois enviados foram Pedro e João (Lc 22:8).

14.14, 15 Muitas casas tinham habitações espaçosas no piso superior, às vezes com escadas interiores e exteriores. A preparação para a Páscoa sem dúvida compreendeu o acerto da mesa, comprar e preparar o cordeiro pascal, os pães sem levedura, as especiarias aromáticas e outra comida e bebida cerimoniosa.

14:19 Judas, que trairia ao Jesus, estava sentado à mesa com os outros. Já tinha decidido trair ao Jesus, mas com incrível e hipócrita sangue-frio participou da camaradagem deste jantar. É fácil sentir-se ofendido e furioso pelo que Judas fez, mas quando nos comprometemos com o Jesus e depois o negamos com nossas vidas, também o traímos. Negamos a verdade de Cristo quando levamos uma vida distinta a que O nos ensinou a viver. Negamos o amor de Cristo quando não o obedecemos. E também negamos sua Deidade ao rechaçar sua autoridade. Concordam nossas palavras com nossos feitos? Se não, procuremos uma mudança de atitude que nos libere de cometer enganos lamentáveis.

14:20 A prática de comer de um mesmo prato era freqüente. A carne, o pão e as especiarias, que pelo general provinham de frutas, tiravam-se de um mesmo prato.

14.22-25 Marcos narra a origem do Ceia do Senhor, também chamada Comunhão ou Eucaristia (Ação de obrigado), a qual ainda se celebra em cultos de adoração. Jesus e seus discípulos comeram a ceia, cantaram salmos, leram as Escrituras e oraram. Logo, Jesus tomou duas partes da ceia de Páscoa tradicional, partir o pão e beber o vinho, e lhes deu um novo significado: estes simbolizariam seu corpo e seu sangue. valeu-se do pão e do vinho para explicar a importância do que faria na cruz. se desejar mais informação a respeito da importância da Ultima Jantar, veja-se 1Co 11:23-29.

14:24 A morte do Jesus por nós na cruz selou um novo pacto entre Deus e a humanidade. O antigo pacto compreendia perdão de pecados através do sangue de um animal sacrificado (Ex 24:6-8). Mas, em lugar do cordeiro sem defeito que ficava no altar, Jesus o Cordeiro de Deus se ofereceu em sacrifício para perdoar os pecados de uma vez e para sempre. Jesus foi o sacrifício final pelos pecados e seu sangue selou o novo pacto entre Deus e nós. Agora, todos podemos nos aproximar de Deus mediante Jesus, com a mais absoluta confiança de que O nos ouvirá e nos salvará de nossos pecados.

14:26 É muito provável que o hino que cantaram o tenham tirado dos Salmos 115:118, os quais tradicionalmente se cantavam para concluir a ceia pascal.

14:27 É fácil acreditar que Satanás ganhou vantagem temporária no drama da morte do Jesus. Mas mais tarde vemos que Deus o tinha tudo sob controle, inclusive na morte de seu Filho. Satanás não ganhou vitória alguma, mas sim tudo ocorreu exatamente como Deus o planejou.

14.27-31 Esta é a segunda vez na mesma noite que Jesus prediz a negação e deserção de seus discípulos, o qual talvez explica por que reagiram com tanta veemência (14.31). se desejar mais informação a respeito da primeira predição da negação, vejam-se Lc 22:31-34 e Jo 13:36-38.

14:35, 36 Tratava Jesus de evadir sua tarefa? Jesus expressou seu verdadeiro sentir, mas não se rebelou contra a vontade de Deus. Reafirmou seu desejo de fazer tudo o que Deus queria. Sua oração destaca o terrível sofrimento que tinha que enfrentar. Seria uma agonia pior que a morte, porque tinha que carregar os pecados de todo o mundo. Esta "taça" era a separação que Jesus sabia que se produziria entre O e Deus seu Pai na cruz (Hb_5:7-9). O Filho de Deus que não tinha pecado levou nossos pecados e nesse momento ficou separado de Deus para que fôssemos salvos.

14:36 Enquanto orava, Jesus estava consciente do custo que incluía fazer a vontade do Pai. Antecipava o sofrimento que experimentaria e não queria sofrer tão horrível experiência. Mas Cristo orou: "Mas não o que eu quero, a não ser o que você". Qual é o custo que tem para você o compromisso que tem feito com Deus? Todo o valioso custa. Esteja disposto a pagar o preço para que ao final tenha um pouco de valor.

14:38 Em tempos de grandes tensões somos vulneráveis à tentação, até se tivermos um espírito disposto. Jesus nos deu um exemplo de como resistir: (1) oremos a Deus (14.35); (2) procuremos a ajuda de amigos e seres queridos (14.33, 37, 40, 41); (3) nos concentremos no propósito que Deus nos deu (14.36).

14.43-45 Ao Judas lhe deu uma companhia de guardas do templo assim como soldados romanos (Jo 18:3) para capturar ao Jesus e levá-lo ante a corte religiosa. Os líderes religiosos fizeram tudo para assegurar a detenção do Jesus e Judas atuou como o acusador oficial.

Judas 1SCARIOTE

É fácil passar por cima o fato de que Jesus escolheu ao Judas para ser discípulo. Também é possível que nos esqueçamos que embora Judas traiu ao Jesus, todos os discípulos o abandonaram. Como outros discípulos, Judas sofria de uma persistente incapacidade de compreender a missão do Jesus. Esperavam que Jesus pusesse em ação os direitos políticos. Quando O falava de morrer, sentiam diversos graus de ira, temor e desilusão. Não entendiam por que Jesus os escolheu se sua missão estava condenada ao fracasso.

Não conhecemos a exata motivação da traição do Judas. O que sim está claro é que Judas permitiu que seus desejos o pusessem em uma posição em que Satanás pudesse manipulá-lo. Receberia um pagamento por entregar ao Jesus aos líderes religiosos. Identificaria ao Jesus ante os guardas no escuro horta do Getsemaní. É possível que sua intenção fora obrigar ao Jesus a decidir-se. Ia ou não a rebelar-se contra Roma e a estabelecer um novo governo político?

Qualquer que tenha sido seu plano, Judas se deu conta que não gostava do rumo que tomavam as coisas. Tratou de reparar o mal que fez devolvendo o dinheiro aos sacerdotes, mas já era muito tarde. As rodas do plano soberano de Deus estavam em movimento. Quão lamentável é que Judas tenha finalizado sua vida sem experimentar o dom da reconciliação que Deus pôde lhe haver dado mediante Cristo Jesus. As reações da gente por volta do Judas sempre foram mistas. Enquanto alguns o aborrecem fervientemente por sua traição, outros o compadecem porque não se dava conta do que fazia. Uns poucos trataram que fazê-lo um herói pela parte que teve em pôr fim à missão do Jesus na terra. Outros duvidam da justiça de Deus ao permitir a um homem levar tal culpa. Embora haja muitos sentimentos para o Judas, é necessário tomar em conta alguns outros feitos. Por sua própria decisão Judas traiu ao Filho de Deus pondo-o nas mãos dos soldados romanos (Lc 22:48). Foi um ladrão (Jo 12:6). Jesus sabia que a vida de maldade do Judas não trocaria (Jo 6:70). A traição do Judas foi parte do plano soberano de Deus (Sl 41:9; Zc 11:12-13; Mt 20:18; Mt 26:20-25; At 1:16, At 1:20).

Ao trair ao Jesus, Judas cometeu o maior engano na história. Mas embora Jesus sabia que Judas o trairia, isso não significa que Judas foi um boneco da vontade de Deus. Foi Judas o que tomou a decisão. Deus sabia qual seria sua eleição e o confirmou. Judas não perdeu sua relação com o Jesus, mas bem nunca chegou a pô-lo em primeiro lugar. Lhe conhece com o nome de "filho de perdição" (Jo 17:12) porque não alcançou a salvação. Judas nos faria um favor se nos fizesse pensar uma segunda vez a respeito de nosso compromisso com Deus e a presença de seu Espírito em nós. Somos verdadeiros discípulos e seguidores do Jesus ou imparciais não comprometidos? Podemos escolher o desespero e a morte, ou podemos optar pelo arrependimento, o perdão, a esperança e a vida eterna. A traição do Judas enviou ao Jesus à cruz para garantir essa segunda eleição, nossa única oportunidade. Aceitaremos seu dom gratuito ou o trairemos como Judas?

Pontos fortes e lucros:

-- Foi um dos doze discípulos escolhidos; o único que não era galileo

-- Guardava a bolsa do dinheiro para os gastos do grupo

-- Foi capaz de reconhecer o mal que fez ao trair ao Jesus

Debilidades e enganos:

-- Era ambicioso (Jo 12:6)

-- Traiu ao Jesus

-- Se suicidó em vez de procurar o perdão

Lições de sua vida:

-- Os planos e motivos maus permitem que Satanás nos use em coisas piores

-- As conseqüências do mal são tão devastadoras que até as pequenas mentiras e enganos têm sérios resultados

-- Os planos de Deus e seus propósitos obram até nas piores situações

Dados gerais:

-- Onde: Possivelmente da aldeia do Queriot

-- Ocupação: Discípulo do Jesus

-- Familiares: Pai: Simón.

-- Contemporâneos: Jesus, Pilato, Herodes, os onze discípulos

Versículos chave:

"E entrou Satanás no Judas, por apelido Iscariote, o qual era um do número dos doze, e este foi e falou com os principais sacerdotes, e com os chefes do guarda, de como o entregaria" (Lc 22:3-4).

A história do Judas se relata nos Evangelhos. Também se menciona em At 1:18-19.

14:47 De acordo com Jo 18:10, a pessoa que tirou a espada foi Pedro. Lc 22:51 diz que Jesus imediatamente sanou a orelha do homem e acautelou derramamento de sangue.

14:50 Os discípulos fugiram algumas horas antes, deixando sozinho ao Jesus (14.31).

14.51, 52 A tradição diz que este jovem pôde ter sido João Marcos, o escritor deste Evangelho. O incidente não se menciona em nenhum dos outros relatos.

14.53ss O julgamento ante o Sanedrín teve duas fases. Um pequeno grupo se reuniu na noite (Jo 18:12-24) e logo o Sanedrín em pleno ao amanhecer (Lc 22:66-71). Julgaram ao Jesus por ofensas religiosas tais como proclamar-se Filho de Deus, o qual de acordo com a Lei, era uma blasfêmia. É óbvio que o julgamento era uma farsa, porque já tinham decidido matar ao Jesus (Lc 22:2).

14:55 Os romanos controlavam a Judea, mas davam aos judeus certo poder para resolver assuntos religiosos e atender pequenas disputas civis. Este corpo governante judeu chamado Sanedrín (concílio) formavam-no mais de setenta e um dos líderes religiosos dos judeus. supunha-se que estes homens, como líderes religiosos, fossem justos. Mas demonstraram uma tremenda injustiça no julgamento do Jesus, inclusive ao ponto de inventar mentiras em seu contrário (14.57).

14:58 Esta declaração das falsas testemunhas tergiversava as palavras do Senhor. Jesus não disse: "vou destruir este templo", mas sim disse: "Destruam este templo, e em três dias o levantarei" (Jo 2:19). Jesus não se referia ao templo do Herodes, a não ser a sua própria morte e ressurreição.

14.60-64 Jesus não respondeu à primeira pergunta porque a evidência em si mesmo era confusa e errônea. Não responder foi mais sábio que tratar de esclarecer acusação. Mas se Jesus tivesse recusado responder à segunda pergunta, teria negado sua missão. Sua resposta predisse uma grande mudança de papéis. Sentar-se à mão direita de Deus significa que O deveria ser o juiz e logo eles teriam que responder a suas perguntas (Sl 110:1; Ap 20:11-13).

14.63, 64 Se alguns deviam ter reconhecido ao Messías, esses eram o supremo sacerdote e os membros do Sanedrín porque conheciam as Escrituras ampliamente. Seu trabalho era guiar às pessoas a Deus, mas lhes interessavam mais sua própria reputação e reter a autoridade que tinham. Valoravam a segurança humana mais que a eterna.

14:66, 67 A casa do Caifás onde se julgou ao Jesus (14,53) era parte de um enorme palácio com vários pátios. Ao parecer, João conhecia supremo sacerdote e a alguns de seus serventes, por isso pôde entrar em lugar junto com o Pedro (Jo 18:15-16).

JULGAMENTO DO Jesus : O julgamento começou depois do Getsemaní, em casa do Caifás, o supremo sacerdote. Logo o levaram ante o Pilato, o governador romano. Lucas narra que Pilato o mandou ao Herodes, que se encontrava em Jerusalém, presumivelmente em um de seus dois palácios (Lc 23:5-12). Herodes mandou de novo ao Jesus ao Pilato, que ao final o sentenciou a morrer crucificado.

14:71 A negação do Pedro foi mais que uma simples negação. Pedro negou ao Jesus com juramento nos termos mais fortes que conhecia. Na prática, disse: "Que me mate Deus se estou mentindo".

14:71 É fácil zangar-se com o Sanedrín e os governadores romanos pela injustiça cometida ao condenar ao Jesus, mas Pedro e o resto dos discípulos cooperaram em aumentar a dor do Jesus ao abandoná-lo (14.50). Possivelmente não somos como os líderes judeus, mas sim muito parecidos com os discípulos, porque todos negamos a Cristo o Senhor em alguns aspectos vitais. Podemos nos sentir orgulhosos de não ter cometido certos pecados, mas todos somos culpado de pecado. Não nos desculpemos assinalando com o dedo a outras pessoas cujos pecados possivelmente se vejam piores que os nossos.


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de Marcos Capítulo 14 do versículo 1 até o 72
III. SACRIFÍCIO do servo (Mc 14:16)

1. Conspiracy e Comfort (14: 1-11)

1. Counsel to Kill (14: 1-2)

1 Agora, depois de dois dias foi a festa da páscoa e do pão ázimo, e os príncipes dos sacerdotes e os escribas buscavam como levá-lo com sutileza, e matá-lo: 2 pois diziam: Não durante a festa, que nunca se ache deve ser um tumulto dos povos.

Mateus (26: 1-5) e Marcos ambos têm esse tempo de referência de dois dias antes da Páscoa. Presumivelmente, isso seria Terça à noite ou quarta-feira à tarde. No uso judeu depois de dois dias pode significar "no dia seguinte."

O grande festival anual é aqui chamado a Páscoa eo pão sem fermento . Estritamente falando, a Páscoa foi um dia, seguidos de sete dias dos pães ázimos (Lv 23:5 ). Mas, neste momento todo o prazo de oito dias foi muitas vezes referido por um ou outro nome.

Aqui nós temos a conspiração definitiva dos chefes dos sacerdotes e os escribas (os saduceus e fariseus) para prender Jesus e colocá-lo à morte. Eles estavam com medo de tentar fazê-lo durante a festa, sabendo que os milhares de peregrinos galileus estavam do seu lado e causaria um alvoroço. Mas na Providência divina a detenção teve lugar aparentemente durante o tempo da festa.

b. Comfort da Consagração (14: 3-9)

3 E, enquanto ele estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso, quando ele estava sentado à mesa, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro muito caro; e ela quebrou o vaso, derramou-lhe sobre a cabeça. 4 Mas havia alguns que tinham indignação entre si, dizendo : Para que nele tem esta desperdício do bálsamo sido feito? 5 Pois este bálsamo podia ser vendido por mais de trezentos denários e não se deu aos pobres. E murmuravam contra Ec 6:1 Mas Jesus disse: Deixai-a; Por que afligis ela? Ela praticou uma boa ação para comigo. 7 Porquanto os pobres sempre com você, e quando quer vos podeis fazer-lhes bem; mas me tendes nem sempre. 8 Ela fez o que pôde; ela ungiu o meu corpo de antemão para o sepultamento. 9 E em verdade vos digo que, onde quer o evangelho será pregado em todo o mundo, também o que ela fez será contado para memória sua.

A unção de Jesus em Betânia é gravada também por Mateus (ver notas sobre Mt 26:6 ). É, evidentemente, o mesmo incidente como descrito em 2-Mc 8:12 .

João diz que a unção ocorreu "Seis dias antes da Páscoa." Na superfície isso conflita com o aviso de tempo e aqui em Mateus. O consenso dos estudiosos é que a declaração em João é mais definida e determinante, e que a unção realmente ocorreu na sexta-feira ou sábado à noite, antes da entrada triunfal. Parece que Mateus e Marcos trazer o incidente em vez parenthetically em conexão com a conspiração contra a vida de Jesus. A diferença de atitudes de seus inimigos e amigos apresenta um contraste impressionante. É, talvez, deve ser reconhecido que alguns bons estudiosos preferem a cronologia Markan neste momento. Nós não podemos ser dogmaticamente certo quanto ao dia da unção.

Nardo puro é provavelmente mais preciso do que "nardo" (KJV). O adjetivo grego parece significar "verdadeiro". Em outras palavras, este era de alta qualidade, muito caro , perfume que Maria derramou sobre a cabeça de Jesus.

A declaração de Marcos que ela quebrou o vaso (em grego, alabastron) indica o total abandono da sua consagração. Ela não derramar algumas gotas de perfume. Em vez disso, em um ato de amor espontâneo e devoção expontânea, ela quebrou o gargalo estreito do vaso de alabastro e derramou todo o seu conteúdo na cabeça do Mestre. É um dos mais belos exemplos de amor e consagração a ser encontrado nas Escrituras.

Tanto Marcos e João, note que o valor do perfume era de cerca de trezentos denários. Recorde-se que um denário valia cerca de vinte centavos em dinheiro americano, mas que também representou o salário de um dia de trabalho. Portanto, este montante seria quase o salário de um ano. Maria pode muito bem ter guardado o montante ao longo de um período de muitos anos. Mas agora que ela deu tudo, de bom grado e espontaneamente.

Marcos acrescenta que alguns murmurou contra ela (v. Mc 14:5 ). O verbo poderia ser traduzida como "rosnou", ou "estava com raiva." Isso significa literalmente "bufou." Esses reclamantes se ressentiam o que consideravam uma pura perda de algo valioso.

A resposta de Jesus foi: Deixa-a (v. Mc 14:6 ). Ele defendeu plenamente a sua ação. A última parte do verso é melhor rendido: "Ela fez uma coisa bonita para mim" (RSV).

A idéia da verdadeira consagração é vigorosamente expressa em outra adição de Marcos: Ela fez o que pôde . Essa é a mais e menos-que Deus espera de ninguém.

A última parte do versículo 8 diz literalmente: ". Ela antecipou para ungir o meu corpo para a preparação para o enterro" Maria de Betânia parece ser o único seguidor de Jesus que pegou o significado do Seu ensinamento sobre a vinda de Sua morte e ressurreição. Muitas vezes o amor compreende melhor do que a razão.

c. Conspiração para Capture (14: 10-11)

10 E Judas 1scariotes, aquele que foi um dos doze, foi aos príncipes dos sacerdotes, que ele poderia entregá-lo a Ec 11:1 E eles, ouvindo isto, alegraram-se, e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele buscou como ele poderia entregá-lo convenientemente -lhes .

Para esta breve descrição do acordo Judas 1scariotes fez com os principais sacerdotes para trair Jesus para eles, veja as notas sobre Mt 26:14 . O contraste entre Maria de Betânia e Judas 1scariotes é nítida e estilhaçando.

Por que Judas trair o seu Mestre? Pode ter sido uma mistura de motivos. Ele é pensado para ter sido o único judeu entre os apóstolos, e ele pode ter desprezado os galileus. Mas por que, então, ele se juntar ao grupo? Alguns sugeriram que Judas estava tentando forçar a mão de Jesus. Ele iria colocá-lo em uma situação onde ele teria que declarar e demonstrar sua messianidade. Assim, Judas procurava para precipitar a criação do reino messiânico. Mas, provavelmente, o motivo principal era o amor de money-seu pecado que assedia.

2. Páscoa e Previsão (14: 12-31)

1. Preparação para a Páscoa (14: 12-16)

12 E, no primeiro dia dos pães ázimos, quando sacrificavam a páscoa, os seus discípulos disseram-lhe: Onde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a páscoa? 13 Enviou, pois dois dos seus discípulos, e disse- lhes: Ide à cidade, e não sairá ao encontro um homem levando um cântaro de água; segui-o; 14 e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre diz: Onde está o meu aposento, que hei de comer a páscoa com os meus discípulos? 15 E ele mesmo irá mostrar-lhe um grande cenáculo mobiliado e pronto: lá e fazer pronto para Nu 16:1 E os discípulos saíram e foram à cidade, e constatou que ele tinha disse-lhes: e prepararam a páscoa.

Para os regulamentos sobre a Páscoa veja as notas em Mt 26:17 (conforme Lc 22:7 ). Para fazer com que o tempo específico, Marcos acrescenta: quando eles sacrificaram a páscoa . Esta seria a tarde do dia catorze do mês de Nisan. Naquela noite, o que seria o décimo quinto dia judaica começou na cordeiro sunset-a Páscoa era para ser comido.

Jesus enviou dois dos seus discípulos . Lucas (Lc 22:8 que os judeus não entraria Pretório de Pilatos na manhã seguinte "que não se contaminarem, mas poderem comer a páscoa." Como pode ser isso, se eles já haviam comido a Páscoa refeição na noite anterior? João parece sugerir que Jesus morreu no exato momento em que o cordeiro pascal estava sendo morto. Isso representa um simbolismo muito atraente, mas como ela pode ser harmonizada com os Sinópticos?

Branscomb acha que a Última Ceia não foi um jantar da Páscoa. Ele destaca o fato de que nenhuma menção é feita do cordeiro, as ervas amargas, ou o pão sem fermento. Plummer sugere que Jesus sabia que não podia celebrar a Páscoa na época regular, e assim Ele comeu com os discípulos um dia mais cedo. Vincent Taylor escreve: ". Provavelmente, a maioria dos estudiosos britânicos são justificadas ao considerar que a Última Ceia e da Crucificação antecedeu a Páscoa" AM Hunter concorda que os estudiosos modernos, com muito poucas exceções, preferem a cronologia de João, ao invés do sinóptico, neste ponto .

Por outro lado, Samuel Andrews usa cerca de trinta páginas no esforço para provar que a Última Ceia foi realmente um banquete pascal. Ele harmoniza as declarações joaninas e sinópticos afirmando que João usa o termo "Páscoa", no sentido mais amplo, como incluindo os sete dias dos pães ázimos. Os líderes judeus não quis se contaminem e, assim, impedido de continuar a participar na festa. O grande estudioso alemão, Joachim Jeremias, insiste que a Última Ceia foi realmente a Páscoa.

Duas novas soluções têm sido sugerido recentemente. Em um artigo intitulado, "são ambos os Sinópticos e João correto sobre a data da morte de Jesus ?," Massey H. Pastor escreve: "Em que ano especial os judeus na Palestina observado Páscoa no sábado;aqueles em Dispersão observou-se na sexta-feira. "Marcos seguido o calendário Dispersão, enquanto João adotou o palestino. Assim, ambos estão certos.

O outro é por Davi Noel Freedman, em um artigo: "Quando Cristo morreu?" Ele afirma que os Manuscritos do Mar Morto indicam que muitos judeus piedosos realizada com o calendário mais antigo solar no qual a cada ano começou no mesmo dia, de modo que 14 Nisan-dia, o cordeiro pascal deveria ser morto, sempre chegou na terça-feira. Freedman pensa que Jesus comeu a Páscoa com seus discípulos na terça-feira à noite, enquanto que os principais sacerdotes e chefes dos judeus comeu na noite de sexta. Ele acredita que isso dá mais tempo para os ensaios judaicas e romanas de Jesus.

Não podemos saber se alguma das teorias acima está correto. Mas pelo menos eles mostram que existem formas de harmonizar as contas e resolvendo assim o problema mais difícil na cronologia dos Evangelhos.

b. Páscoa com os discípulos (14: 17-21)

17 E, quando chegou a noite, ele vem com os doze. 18 E, como eles se sentaram e estavam comendo, Jesus disse: Em verdade vos digo que um de vós me trairá, mesmo aquele que comigo come. 19 Eles começaram a entristecer e dizer-lhe um após outro: Sou eu? 20 E disse-lhes: É um dos doze, ele que mete comigo a mão no prato. 21 Porque o Filho do homem vai, como está escrito dele, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! bom seria para esse homem se não houvera nascido.

Para a explicação de diversos termos usados ​​aqui, veja as notas sobre o relato paralelo em Mt 26:20 . A ordem em Lucas é um pouco diferente (conforme Lc 22:14 ).

Para o anúncio de que um dos Doze trairia seu Mestre, Marcos sozinho acrescenta: mesmo que comer comigo (v. Mc 14:18 ). Isso fez com que o crime de Judas ainda mais hediondo. FC Grant comenta: "Para trair um companheiro depois de comer com ele estava, e ainda está entre os árabes, a mais grosseira perfídia concebível."

Solenemente Jesus afirmou que teria sido melhor para o traidor se ele nunca tivesse nascido (v. Mc 14:21 ). Esta declaração sublinha a grave responsabilidade que cada ser humano carrega para as decisões que toma. Judas era livre para escolher, e sua decisão determinou o seu destino.

c. Apresentação da Eucaristia (14: 22-25)

22 E, quando comiam, Jesus tomou o pão e, quando ele tinha abençoado, o partiu e deu-lho, dizendo: Tomai:. este é o meu corpo 23 E tomando um cálice, e havendo dado graças , deu-lhes:. e todos beberam dele 24 E disse-lhes: Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos. 25 Em verdade eu vos digo: eu não beberei mais do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.

A Última Ceia tornou-se a Ceia do Senhor. O relato de Marcos é quase exatamente o mesmo que o de Mateus (ver notas em Mt 26:26. ). Há apenas um pequeno acréscimo aqui: e todos beberam dele (v. Mc 14:23 ). Provavelmente Judas 1scariotes já tinha saído da sala, mas os restantes apóstolos onze tudo o sacramento.

No versículo 24, a versão ReiTiago diz: "Este é o meu sangue da nova aliança". A palavra "novo" é omitido na versão revista porque está faltando nos manuscritos gregos mais antigos e melhores. Também "testamento" é melhor traduzida aliança . A palavra grega tem dois significados. Mas uma vez que "aliança" é um termo Antigo Testamento proeminente, e uma vez que os judeus fizeram convênios em vez de testamentos (testamentos), é muito claro que a aliança é a tradução correta.

A Última Ceia foi em muitos aspectos uma ocasião triste e solene. Mas terminou com uma nota de esperança. Algum dia o reino de Deus viria, e Jesus seria com eles novamente em comunhão alegre. Essa promessa tinha um cumprimento parcial no dia de Pentecostes, mas também aponta para a Segunda Vinda.

d. Previsão sobre Pedro (14: 26-31)

26 E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.

27 E disse-lhes Jesus: Todos vós vos ofendido; porque está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas se dispersarão. 28 Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galiléia. 29 Mas Pedro disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem, contudo não I. 30 E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo, que tu-a-dia, ainda esta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me hás de negar . 31 Mas ele falava superior a veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, não te negarei. E de igual modo também disse que todos eles.

Para explicação do hino e outros artigos aqui veja as notas sobre Mt 26:30 . Caracteristicamente Marcos usa o presente histórico diz (v. Mc 14:30 ), onde Mateus e Lucas têm ", disse." Ele acrescenta a previsão específica que, antes do galo cantou duas vezes , Pedro o negaria três vezes. Isto sugere que, mesmo após a advertência do primeiro canto do galo Pedro iria continuar a negar o seu Senhor. A palavra grega para negar é um composto forte, que significa "negar totalmente." Marcos diz que a negação teria lugar não só esta noite (assim também Mateus), mas hoje em dia . Desde o dia judaica começou ao pôr do sol, já era sexta-feira. A enfática tu é em resposta a enfática de Pedro I (v. Mc 14:29 ).

Um bom exemplo da atenção de Marcos para detalhes vívidos é encontrada em seu (sozinho) descrição dos sentimentos fortes de Pedro: Mas ele falava com veemência superior (v. Mc 14:31 ). Pobre Pedro era impetuoso e impulsivo, mas nesta fase não era estável e estabelecida. Eu não vou é uma dupla negativa em grego (também em Mateus). A força da afirmação é: "Eu não será por meio negar-lhe", ou "Eu nunca vou te negar." E Pedro quis dizer isso. Mas ele não sabia o quão fraco ele estava sem o poder do Espírito Santo em seu coração. Depois de Pentecostes, Pedro iria dar testemunho de Cristo, e não negá-Lo (At 1:8)

1. Amargura da Copa (14: 32-42)

32 Então chegaram a um lugar chamado Getsêmani, e disse Jesus aos seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu oro. 33 E levou consigo a Pedro, Tiago e João, e começou a ter pavor, ea angustiar-se. 34 E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai. 35 E adiantando-se um pouco, e caiu no chão, e orou para que, se fosse possível, a hora passasse . longe dele 36 E ele disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; remover de mim este cálice; mas não o que eu quero, mas o que tu queres. 37 E, voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? poderias tu não vigiar uma hora? 38 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. 39 E mais uma vez ele foi embora, e orou, dizendo as mesmas palavras. 40 E novamente ele veio, e os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam muito pesado; e eles não sabiam o que lhe responder. 41 E, voltando pela terceira vez, e disse-lhes: Dormi agora, e descansai: é o suficiente; é chegada a hora; Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. 42 Levanta-te, vamo-nos: eis que aquele que me trai está à mão.

Novamente Mateus e Marcos estão intimamente paralelo (ver notas sobre Mt 26:36 ). Para uma maior vivacidade Marcos usa o presente histórico, toma (v. Mc 14:33 ). No lugar de Mateus da "triste", ele tem pavor composto forte -a que só ele usa. Ele pode ser traduzida como "aterrorizada." À medida que o tempo se aproximava, os horrores da crucificação Jesus bateu com força assombrosa. Sua tristeza sobre os pecados de um mundo estava esmagando, quase matando-Lo.

Como em outros lugares, Marcos adiciona um toque vívido. Considerando Mateus diz que Jesus "caiu" (aoristo), Marcos diz que ele "estava caindo" (pretérito imperfeito). Cambaleando sob um fardo insuportável, Ele estava cambaleando e caindo no chão.

A palavra Abba -found só aqui (v. Mc 14:36 ), Rm 8:15 e Gl 4:6 ). Pedro iria se lembrar bem a vergonha que sentiu quando Jesus despertado eles e não só reprovou todos os três para dormir, mas repreendeu-o pessoalmente.

Alguns pensam que Jesus falou ironicamente, quando disse: Dormi agora, e descansai (v. Mc 14:41 ). Mas Redlich bem observou: "A hora era muito solene para Jesus para ser culpado de falar em ironia, ea única maneira em que os versículos 41:42 dar um sentido claro é por traduzir as palavras de nosso Senhor de abertura no versículo 41 como um pergunta. "O grego pode ser traduzido de qualquer forma, com igual precisão.

É o suficiente (apenas em Marcos) é uma palavra em grego. Isso provavelmente significa: "Você dormiu o suficiente agora." É chegada a hora foi uma declaração significativa. Era a hora de Sua traição e crucificação, quando parecia que o ódio e pecado do homem tinha conquistado. Mas também era a hora da redenção do mundo.

Nas sombras das árvores que se poderia esperar que Jesus teria procurado para iludir aqueles que vieram para prendê-lo. Mas a hora havia chegado para sua entrega a eles. Vamos (v. Mc 14:42) não significa "Vamos fugir", mas "Vamos para conhecê-los." Depois de Sua hora angustiante de oração no Getsêmani, o Mestre era calmo e pronto para enfrentar seus inimigos e com a Cruz que havia além.

b. Traição por Companion (14: 43-50)

43 E logo, enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e os escribas e os anciãos. 44 Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; levá-lo, e não o leva com segurança. 45 E, quando chegou, logo ele veio a ele, e disse: Rabi; e beijou-o. 46 E lançaram-lhe as mãos, eo prenderam. 47 Mas um certo um dos que ali estavam, desembainhou a espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe uma orelha. 48 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Saístes, como a um salteador, com espadas e varapaus para me prender? 49 dias estava eu com você ensinando no templo, e não me acolhestes; mas isso é feito de que as escrituras se cumprisse. 50 E todos eles o deixou, e fugiram.

A traição e prisão no jardim são dadas em detalhe considerável por todos os quatro Evangelhos (veja as notas sobre Mt 26:47 ; conforme Lc 22:47 e Jo 18:2 ). Todos os três sinóticos dizer que foi enquanto ele ainda falava que a máfia apareceu.Cristo tinha terminado sua oração na hora certa. Também todos os três sinóticos, note que o líder do grupo era Judas, um dos doze . Isso ressalta novamente a enormidade de seu crime.

A multidão enviada pelo Sanhedrin- os príncipes dos sacerdotes e os escribas e os anciãos -foi armados com espadas e paus. Aparentemente eles esperavam alguma resistência por parte dos discípulos. Mas os relatos sugerem que o único que pretendiam prender era Jesus.

Judas tinha dado o mob um símbolo (v. Mc 14:44 ). O composto (encontrada somente aqui) sugere um sinal acordado de antemão. A depravação terrível de seu coração é demonstrado pelo fato de que ele escolheu para trair o seu Mestre com um beijo. Ele advertiu os soldados para prender Jesus e levá-lo fora de forma segura . Esta adição pouco (dado apenas por Marcos) indica preocupação de Judas que o enredo não deve falhar. Muitas vezes os governantes judeus tinham procurado para prender Jesus, mas sempre que tinha falhado. Agora era a hora para ter sucesso. Isso dificilmente comporta com a idéia de que Judas esperava que seu mestre mais uma vez para escapar dos seus inimigos.

Rabi significa "meu mestre." Isso simplesmente indica que Judas era um discípulo ("aprendiz") de Jesus. O termo "era a forma usual de endereço com o qual o aprendido foram recebidos." Mas nos lábios de o traidor era pura hipocrisia.

c. Befriending por Jovens (14: 51-52)

51 E um certo jovem o seguia, com um lençol sobre ele, sobre seu nu corpo ; e prendê-lo; 52 , mas ele deixou o pano de linho, e fugiu nu.

Porque é que este pequeno incidente inserido aqui por Marcos sozinho. A única resposta óbvia é que JoãoMarcos era ele mesmo o jovem envolvido. Como se fosse, ele iniciais sua descrição da cena, que diz assim: "Eu estava lá."

A reconstrução não é difícil de fazer, especialmente se assumirmos que a Última Ceia ocorreu na casa da mãe de João Marcos, que era um ponto de encontro no início dos cristãos em Jerusalém (Atos 00:12 ). Quando Judas saiu do quarto superior, entre a Última Ceia e da Ceia do Senhor para concluir os planos de execução de Jesus, ele seria naturalmente de esperar para voltar lá para a prisão real. Mas no momento em que a multidão tinha sido reunidos, Cristo havia deixado, com os seus discípulos, para o Monte das Oliveiras.

Quando a multidão chegou à casa da Última Ceia, provavelmente o lugar era escuro. Jovem JoãoMarcos, despertado pelo barulho, ficaria fora para ver o que estava acontecendo. Quando viu as espadas e varapaus, visíveis à luz das tochas os homens realizadas, ele saberia que tudo isso não augura nada de bom para o Mestre.

Enquanto a multidão dirigiu-se para a rua, indo para o lugar onde Judas sabia que Jesus foi muitas vezes (conforme Jo 18:2)

1. Trial by Sinédrio (14: 53-65)

53 E levaram Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os principais sacerdotes e os anciãos e os escribas. 54 E Pedro o seguiu de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote; e ele estava sentado com os guardas, e aquecendo-se à luz do fogo . 55 Ora, os principais sacerdotes e todo o sinédrio buscavam testemunho contra Jesus para colocá-lo à morte; e achei que não. 56 Para muitos depunham falsamente contra ele, e os testemunhos não concordavam. 57 E, levantando-se certo, e deu falso testemunho contra ele, dizendo: 58 Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este templo que está feita com as mãos, e em três dias edificarei outro feito sem mãos. 59 E nem assim concordava o seu testemunho. 60 E o sumo sacerdote levantou-se no meio e perguntou a Jesus, dizendo: Nada respondes? Que é que estes depõem contra ti? 61 Mas ele se calou, e nada respondeu. Mais uma vez o sumo sacerdote lhe perguntou, e disse-lhe: És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito? 62 E Jesus disse: Eu sou, e vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poder, e vindo com . as nuvens do céu 63 E o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Que necessidade temos de testemunhas? 64 Ouvistes a blasfêmia: que vos parece? E todos eles condenaram como dignos de morte. 65 E alguns começaram a cuspir nele, e para cobrir o rosto, ea dar-lhe e dizer-lhe: Profetiza e os oficiais recebeu-o com golpes de suas mãos.

Contas de Marcos de Mateus e estão intimamente paralelo neste momento (veja as notas sobre Mt 26:57 e compare Lc 22:54 , Lc 22:63 ). João registra uma audiência preliminar diante de Anás, ex-sumo sacerdote e pai-de-lei do sumo sacerdote em exercício. Mas ele concorda com os Sinópticos em dizer que Jesus foi então enviado para o sumo sacerdote, a quem Mateus e João identificam como Caifás.

Então lá ocorreu uma reunião do Sinédrio, aqui mencionado por seus três elementos constitutivos (v. Mc 14:53 ;. conforme v Mc 14:43 ). Enquanto isso embaixo, no pátio aberto, Pedro estava sentado aquecendo-se à luz do fogo . Esta pequena adição de Marcos reflete o fato de que as noites são frias em Jerusalém, que está a uma altitude de cerca de 2500 pés.

O falso testemunho gravado no versículo 58 é um pouco mais explícito do que em Mateus (Mt 26:16 ). Marcos acrescenta: E nem assim concordava o seu testemunho (v. Mc 14:59 ). Apesar dos esforços desonestas em conluio, toda a tentativa falhou.

Quando o sumo sacerdote colocar Jesus sob juramento, Ele deu uma respon- afirmativa simples, mas muito específico Eu sou (v. Mc 14:62 ). Isto é como uma declaração definitiva da divindade como qualquer um poderia desejar.

A ação dos membros do Sinédrio, neste momento, é totalmente sem defesa ou desculpa. Eles exibido um ódio rancoroso que é difícil de entender.

b. Denial por Pedro (14: 66-72)

66 E, como Pedro em baixo, no tribunal, chegou uma das criadas do sumo sacerdote; 67 e, vendo a Pedro que se aquecia, ela olhou para ele, e disse: Tu também estavas com o nazareno, mesmo Jesus. 68 Mas ele negou , dizendo: Eu nem sei, nem compreendo o que dizes, e ele saiu para a varanda; eo galo cantou. 69 E a criada, vendo-o, começou de novo a dizer aos que ali estavam: Esse é um deles. 70 Mas ele o negou outra vez. E depois de algum tempo de novo os que ali estavam disseram a Pedro: Verdadeiramente tu és um deles; pois tu és galileu. 71 Mas ele começou a praguejar ea jurar: Não conheço esse homem de quem falais. 72 E logo a segunda vez que o galo cantou. E Pedro lembrou-se da palavra, como é que Jesus disse-lhe: Antes que o galo cante duas vezes, tu me negarás três vezes. E quando pensava nela, ele chorou.

Os quatro Evangelhos diferem consideravelmente em suas contas de negações de Pedro. Mas parece que ele foi desafiado várias vezes por diferentes indivíduos e grupos. Que havia três recusas específicas todas as contas de acordo.

Há vários itens distintos em Marcos. Ele identifica o primeiro acusador como uma das empregadas do sumo sacerdote (v. Mc 14:66 ), e dá a entender que ela o reconheceu pela luz do fogo. Marcos usa uma palavra grega diferente para varanda daquela encontrada em Mateus (Mt 26:71 ). A um aqui significa literalmente "adro." A referência parece ser a "vestíbulo" entre o pátio interior ea porta exterior. Aqui, longe da luz do fogo, Pedro esperava para escapar à detecção. Mas foi em vão. A mesma moça, ou outro (conforme Mt 26:71. ; Lc 22:58 ), declarou que ele era um deles . Em vez de ser grato pelo privilégio especial que ele gostava, Pedro negou tudo.

Coerente com o seu relatório de predição de Jesus (v. Mc 14:30 ), Marcos aqui relaciona um segundo canto do galo (v. Mc 14:72 ). Finalmente Pedro voltou a si. Fugindo do lugar de compromisso, ele saiu a chorar lágrimas amargas de arrependimento.


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de Marcos Capítulo 14 do versículo 1 até o 72
Os principais sacerdotes e os es- cribas já estavam determinados a matar Jesus, mas queriam fazer isso depois da Páscoa. Parecia-lhes mais sábio esperar até depois das cele-brações pascais, já que Jesus era uma pessoa popular, e Jerusalém estava cheia de judeus entusias-mados; contudo, Deus tinha outros planos. Judas possibilitaria que os líderes prendessem o Senhor du-rante a celebração (vv. 10-11; Mt 26:14-40). O Cordeiro de Deus devia morrer na Páscoa. Nesse ca-pítulo, Marcos apresenta Jesus em quatro papéis diferentes.

  • Jesus, o Convidado honrado (14:1-11)
  • Esse evento (Mt 26:6-40; Jo 12:2-43) ocorre antes da entrada triunfal em Jerusalém, mas Marcos o põe aqui sem fornecer referência de tempo, como João fez (Jo 12:1). Não sabe-mos quem é Simão, o leproso. Tal-vez fosse alguém de Betânia que Jesus curara de lepra e cuja casa estava aberta ao Mestre, como a de Maria, Marta e Lázaro.

    O ato de amor de Maria foi aceito por Jesus, criticado por Judas e pelos outros discípulos (Jo 12:4-43) e relatado à igreja por intermédio da Palavra (v. 9). Durante a Páscoa, os judeus tentavam com mais empenho ajudar o pobre, e Jesus não se opu-nha a esse bom costume. O perfume custava um ano de salário da média dos trabalhadores, portanto o dinhei-ro obtido com sua venda alimentaria muitos pobres. Todavia, Maria queria ungir Jesus em preparação para sua morte e sepultamento, e isso era mais importante que alimentar os pobres.

    Sua boa ação glorificava a Deus e representava uma bênção para todo o mundo (vv. 6,9; Mt 5:14-40). No versículo 4, a palavra "desper-dício", em grego, é a mesma para "perdição" emJo 17:12; e este versículo refere-se a Judas. Judas era o "desperdiçador", não Maria! Ele desperdiçou as oportunidades que Deus lhe deu e, no fim, dilapidou a própria vida ao suicidar-se. Que contraste entre Maria, a adoradora, e Judas, o traidor!

  • Jesus, o Convidado gracioso (14:12-26)
  • Jesus pediu que Pedro e João (Lc 22:8) preparassem o cenáculo para a última Páscoa que celebraria com os discípulos. Era incomum um ho-mem carregar um cântaro de água, pois essa era uma tarefa das mulhe-res. Jesus tinha de ser cuidadoso ao fazer as coisas para não causar pro-blemas para os outros, já que seus inimigos o vigiavam.

    Aquela noite, Jesus fez duas re-velações espantosas. Primeiro, ele falou que um dos Doze era traidor (vv. 17-21). A forma como cada discípulo se expressou: "Porventura, sou eu?", indica que ninguém à mesa se considerava culpado. Jesus prote-geu Judas até o fim e deu-lhe todas as chances para se arrepender. Não devemos pensar em Judas como um robô fadado a cumprir uma profecia (SI 41:9; 55:12-14), mas como um homem que pecou ao desperdiçar suas possibilidades.

    A segunda revelação foi que Pe-dro o trairia. Jesus revelou isso pela primeira vez após Judas deixar o ce- náculo (Jo 13:31-43; Lc 22:31-42) e depois repetiu quando ele e o discí-pulo foram ao jardim de Getsêmani (vv. 26-31; Mt 26:30-40). Claro que Pedro, com sua autoconfiança car-nal, negou que tal coisa pudesse acontecer, mas isso aconteceu.

    Ao final da refeição de Pás-coa, Jesus pegou o pão e o vinho e deu-lhes um novo sentido ao insti-tuir a comunhão (ceia do Senhor, a eucaristia ["da[r] graças"]). Nós nos lembramos das pessoas por sua vida, mas Jesus quer que nos lem-bremos dele por sua morte, a bên-ção espiritual que recebemos como filhos de Deus por intermédio de sua morte. O hino que entoam é de Salmos 115—118. Imagine Jesus entoando um hino pouco antes de ser preso e crucificado!

  • jesus, o Filho submisso (14:27-42)
  • Quando eles chegam ao Getsêma-ni (que significa "prensa de oliva"),

    Jesus citaZc 13:7 a fim de ad-vertir os discípulos de não ficarem por ali por muito tempo nem o se-guirem após sua prisão. Ele também lhes diz uma palavra de encoraja-mento: ele ressuscitaria da morte e os encontraria na Galiléia. Essa é a quinta menção que faz à sua res-surreição (8:31; 9:9,31; 10:34), po-rém os discípulos simplesmente não compreenderam sua mensagem.

    A frase "tomado de pavor e de angústia" revela o sofrimento hu-mano do nosso Senhor no jardim (He 5:7-58). Ele sente-se tomado de angústia quando contempla o "cá-lice" do qual deve beber: fazer-se pecado na cruz e ser separado do Pai. A presença e a oração dos ami-gos teriam representado muito para ele, mas eles dormiram! "Chegou a hora!" (Jo 2:4; Jo 7:30; Jo 8:20; Jo 12:23; Jo 13:1; Jo 17:1), e ele estava pronto para fazer a vontade do Pai.

  • jesus, o preso obediente (14:43-72)
  • Judas desconhecia tanto o coração de Jesus que veio com uma "turba" de soldados armados para prendê- lo! Judas era tão hipócrita que usou beijos, um sinal de afeição, para trair Jesus. Pedro estava tão despre-parado espiritualmente que tentou defender Jesus com a espada! Se ele tivesse ouvido a oração de seu Mes-tre, saberia que Jesus estava pronto para morrer. Jesus tinha um cálice nas mãos e fez a vontade do Pai "para que se cumpr[isse]m as Escri-turas". Pedro tinha uma espada na mão e opôs-se à vontade do Pai, e Jesus teve de desfazer o dano que a espada fizera na orelha de Malco (Lc 22:49-42).

    Quem era o jovem no jardim (vv. 51-52)? Alguns pensam que seja João Marcos, já que apenas seu evangelho o menciona. O cenáculo ficava próximo da casa de João Mar-cos, e Judas e seu bando foram lá primeiro? Marcos enrolou um len-çol apressadamente em seu corpo e seguiu-os? Nunca saberemos exa-tamente quem era aquele moço, a menos que o Senhor nos explique isso no céu.

    Primeiro, levaram Jesus ao sumo sacerdote em comando, Anás, sogro de Caifás Jo 18:13-43). A seguir, entregaram Jesus a Caifás e ao con-selho judeu perante o qual pessoas testemunharam contra Jesus. No en-tanto, havia discrepâncias entre os testemunhos delas. A afirmação mes-siânica de Jesus, do versículo 62, foi muito forte, e o sumo sacerdote não a suportou e o declarou culpado.

    Pedro, como os outros discí-pulos, fugiu do local (v. 50); toda-via, a seguir, ele e João desobede-cem à ordem do Senhor (v. 27) e o seguem. Isso leva Pedro direta-mente para as redes da tentação, e ele nega o Senhor três vezes. A predição do Senhor torna-se ver-dade (v. 30), contudo o cantar do galo faz com que Pedro se arre-penda (Lc 22:62). Se um apóstolo que viveu com Jesus pôde cair em tal pecado, imagine como temos de acautelar-nos, e vigiar, e orar! Jo 21:15-43 assegura que Pedro foi perdoado e restaurado ao mi-nistério apostólico.


    Russell Shedd

    Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
    Russell Shedd - Comentários de Marcos Capítulo 14 do versículo 1 até o 72
    14.1,2 Páscoa. Josefo informa-nos que até três milhões de judeus podiam assistir a esta festa principal:(conforme Êx 12). Pães Asmos. A festa judaica, que durava oito dias após a Páscoa (8.1 Sn). Durante a festa. o grego do original indica "no meio da multidão".

    14.3 Uma mulher. De Jo 12:3, sabemos que era Maria, irmã de Marta e Lázaro. Quebrando. Não ouve maneira de recuperar-se nem mesmo o restante que costuma ficar no fundo dos recipientes. Cabeça. Em Jo 12:3 frisa-se a unção dos pés de Jesus.

    14.5 Trezentos denários. O valor de um ano de trabalho.

    14.6 Boa. Gr kalon indica uma ação "bela", porque era apropriada, cheia de amor generoso e desinteresse. Indica uma fé genuína.

    14.7 Pobres sempre... Jesus prevê que, até Ele voltar, haverá homens dependentes da bondade do próximo, os quais oferecerão a este último, oportunidade, campo para fazerem o bem. • N. Hom. A boa ação:
    1) É valiosa, preciosíssima (v. 3);
    2) É total quebrando o alabastro;
    3) É motivada pelo amor (v. 8);
    4) É um exemplo para todos (v. 9).

    14.8 Antecipou-se. Possivelmente Maria entendeu o propósito da vinda de Cristo ao mundo como Servo sofredor (Conforme Is 53:0). Homem... cântaro. Normalmente, só as mulheres carregavam cântaros. Jesus quis manter secreto o local.

    14.14 Meu aposento. Jesus tinha leito os arranjos anteriormente.

    14.15 Cenáculo. As maiores casas dos judeus tinham salas no primeiro andar, cujo acesso era permitido por meio de uma escada exterior. Preparativos. Barclay fornece essa lista:
    1) O cordeiro pascal, lembrando a proteção contra o anjo da morte no Egito (Êx 12);
    2) Os pães asmos sem levedura, lembrando a urgência da saída do Egito;
    3) Água salgada, lembrando as lágrimas do Egito e as águas do mar Vermelho;
    4) Ervas amargas, lembrando a amargura da escravidão;
    5) Uma sopa de frutas, lembrando a obrigação de fazer tijolos;
    6) Quatro copos de vinho, lembrando as quatro promessas de Êx 6:6, 7.

    14.18 Estavam à mesa. O gr diz "reclinavam à mesa”, pois que deviam reclinar, até mesmo os mais pobres, porque isto simbolizava a liberdade do israelita.

    14.19 Sou eu? Em gr espera-se resposta negativa.

    14.20 No prato. Isto é, sopa de frutas (charosheth). Conforme 15n. Jesus adverte Judas (v. 21) sem revelar a todos os outros discípulos que este seria o traidor.

    14.22 Tomou Jesus um pão... A ceia do Senhor é uma celebração dramática do evento da redenção, (conforme Jr 27:28-1o, 11; Ez 4:1-8) como a Páscoa judaica.

    14.24 Aliança, Conforme Êx 24:3-8, onde percebemos que a velha Aliança dependia dos israelitas guardarem a lei. A nova Aliança não depende das obras da lei mas do sacrifício de Cristo (conforme Rm 4:23-31). Favor de muitos. I.e., todos os que pela fé aceitassem para si o sacrifício expiatório de Cristo.

    14.25 Jesus consagra-se para a morte pelo Seu voto de nazireu (conforme Nu 6:1-4;1Ts 5:6-52);
    2) Orar requer: a) fé firme e confiança total postas em Deus (conforme 1Jo 5:14-62); b) certeza dos propósitos de Deus comunicados para nós pelo Seu Espírito (conforme Rm 8:16; Ef 6:18; Jd 1:20) e Jesus o curou (conforme Lc 22:51).

    14.48 Este v pode ser tanto uma afirmação como uma pergunta. Jesus protesta a maneira que O prenderam não era bandido, mas mestre.
    14.49 Todos os dias. Ternos aqui uma sugestão confirmando que o ministério de Jesus em Jerusalém foi mais amplo do que Marcos relata. Só João nos fornece dados mais completos sobre a atividade de Jesus na Judéia.

    14.50 O abandono vergonhoso de Jesus por parte dos discípulos adverte a futuros crentes da urgência de vigiar e orar para não escaparem de Sua presença.
    14.51 Um jovem. Teria sido o próprio Marcos (conforme At 12:12, At 12:25; At 13:13; At 15:37-44). 14.63,64 Rasgou... Era uma reação violenta e dramática que retratava um grande escândalo, diante da suposta blasfêmia de Jesus. Réu de morte. A opinião dos estudiosos é que o Sinédrio tinha direitos para julgar e condenar à morte por apedrejamento (como o caso de Estêvão, At 7:59); pelo menos os casos de cunho religioso.

    14:66-72 Estes vv. procedem, diretamente, das palavras de Pedro, principal fonte de informações deste evangelho de Marcos. Não esqueçamos que, ainda que Pedro tivesse negado a Cristo, foi ele quem ainda teve coragem de seguir a Jesus até à corte de Caifás e ali ficar durante longas horas. A história de sua negação é contada em todos, os evangelhos para mostrar a graça perdoadora do Senhor desprezado,
    14.71 Pedro amaldiçoa a si mesmo (mentindo de si para si) e aos que o acusavam de mentir.
    14.72 O galo. Pode ser o gallicinium, certo toque entoado por trombeta nas vigílias da noite. Essas horas, então, seriam as três da madrugada.


    NVI F. F. Bruce

    Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
    NVI F. F. Bruce - Comentários de Marcos Capítulo 14 do versículo 1 até o 72
    VI. A PAIXÃO (14.1—15.47)
    A trama para prender Jesus (14.1,2).

    (Textos paralelos: Mt 26:3-40; Lc 22:1,Lc 22:2.)

    Tentativas anteriores feitas pelos líderes religiosos dos judeus de prender e matar Jesus foram registradas nesse evangelho em
    3.6 e 12.12. Agora fizeram a sua tentativa final (v. 1), decidindo, entretanto, que isso não deveria ocorrer durante a festa (v. 2), pois poderia provocar oposição violenta por parte dos que apoiavam Jesus que viriam a Jerusalém, da Galiléia, para a Páscoa.

    A cabeça de Jesus é ungida (14:3-9). (Texto paralelo: Mt 26:6-40; conforme Jo 12:1-43.)

    Simão, o leproso (v. 3), que estava recebendo Jesus nessa ocasião, deve ter sido um leproso curado, e muito provavelmente Jesus o tinha curado. A mulher que ungiu a cabeça de Jesus fez isso como expressão espontânea da sua concepção da honra que era devida a Jesus. O nardo era um ungüento muito caro, feito de uma planta rara da índia; e o frasco que o continha provavelmente era um recipiente globular sem alças. A mulher quebrou o gargalo do frasco e parece que derramou todo o seu conteúdo sobre a cabeça de Jesus. Ao ser criticada por seu ato (v. 4), Jesus respondeu que ela não deveria ser censurada, pois tinha aproveitado uma oportunidade singular para homenageá-lo (v. 7), acrescentando uma observação enigmática (v. 8) que possivelmente significava dizer que não seria um desperdício usar de forma generosa um perfume caro com ele quando, em breve, ele seria sepultado, nem era desperdício que essa mulher o tivesse ungido dessa forma.

    O acordo da traição (14.10,11). (Textos paralelos: Mt 26:14-40; Lc 22:3-42.)

    O motivo de Judas trair Jesus e entregá-lo às autoridades foi, em parte, a avareza (Mt

    26.15), embora possa ter sido também sua amargura por Jesus não ter implementado de forma política a sua consciência de ser o Messias. No final das contas, entretanto, o ato foi inspirado pelo próprio Satanás (Lc 22:3; Jo

    13 2:27). A oferta que Judas fez aos principais sacerdotes (v. 10) foi que ele lhes daria a informação da oportunidade para eles prenderem Jesus na ausência de uma grande multidão.

    Os preparativos para a última ceia (14:12-16). (Textos paralelos: Mt 26:17-40Lc 22:7-42.)

    Provavelmente, foi mais em virtude do conhecimento sobrenatural de Jesus do que por conta de um acerto prévio que ele foi capaz de dizer aos seus discípulos que, ao entrarem em Jerusalém, um homem carregando um pote de água viria ao encontro deles (v. 13; conforme 11.2 e comentário). O homem seria imediatamente identificado porque, embora homens no Oriente carregassem vasilhas de vinho com fre-qüência, era incomum eles carregarem potes de água, sendo isso tarefa das mulheres. A tradição diz que a sala em que comeram a última ceia ficava na casa de João Marcos; nesse caso, o dono da casa (v. 14) pode bem ter sido o pai de Marcos, que, mesmo assim, parece ter morrido antes dos eventos de At 12:12. Os dois discípulos, tendo preparado a Páscoa (v. 16; i.e., o cordeiro, o vinho, as ervas amargas etc.), voltaram a Jesus.

    Tomando a última ceia (14:17-21). (Textos paralelos: Mt 26:20-40; Lc 22:14-42Jo 13:21-43.)

    Como prova de que a traição de Judas não pegou Jesus de surpresa, este anunciou, durante a participação na ceia, que um dos apóstolos o trairia (v. 18). O relato de Marcos, no entanto, não registra o método que Jesus usou para identificar o traidor para os outros, mas simplesmente relata as afirmações de Jesus com o propósito de mostrar que era um dos que comiam pão com ele de um prato comum colocado no centro da mesa, e que continha um tipo de purê de frutas, conhecido como harõseth (v. 20). Jesus acrescentou que, embora a ação do traidor tivesse sido anunciada no AT (o v. 18 contém um eco de Sl 41:9, que em Jo 13:18 é citado diretamente), o traidor não estava com isso absolvido da responsabilidade pessoal por seu ato (v. 21).

    A instituição da ceia do Senhor (14:22-25). (Textos paralelos: Mt 26:26-40; Lc 22:19; 1Co 11:23-46.)

    Durante o transcorrer da refeição, Jesus deu graças a Deus pelo pão e, então, partiu dele um pedaço para cada um dos discípulos e o deu a eles, dizendo-lhes que isso representava o fato de que, em breve, seu corpo seria partido (v. 22). Tomou, então, um cálice de uso comum contendo vinho e passou-o a todo o grupo, ordenando-lhe que tomasse dele (v. 23). Declarou que este cálice representava o sangue que, na manhã seguinte, ele derramaria para inaugurar a aliança de Jr 31:31-24; Lc 22:39; Jo 18:1.)

    Depois que o grupo cantou um hino (v. 26; i.e., a segunda parte do Hallel, que consistia em SI 115-118), Jesus conduziu os discípulos ao monte das Oliveiras, onde ele tinha passado as noites anteriores (Lc 21:37). Citando para eles no caminho as palavras de Zc 13:7). Depois de encontrá-los dormindo três vezes (v. 40,41), finalmente os acordou e lhes disse:

    Basta!, i.e., “Chega disso!”. Aí viu a aproximação de Judas e os que o tinham contratado e disse: “Vamos ao encontro deles” (v. 42; NVI: Levantem-se e vamos!).

    A captura de Jesus (14:43-52). (Textos paralelos: Mt 26:47-40; Lc 22:47-42; Jo 18:2-43.)

    Judas, que tinha deixado a sala da ceia mais cedo do que os outros (Jo 13:30) e depois disso fizera contato com os servos dos principais sacerdotes, para prevenir que prendessem o homem errado na escuridão, disse-lhes que o homem a ser preso era aquele a quem ele saudasse com um beijo (v. 44). Era prática comum um discípulo saudar o seu mestre como “Rabb!’ (v. 45) e beijá-lo; mas Judas, de forma desprezível, usou esses símbolos de amor como uma ferramenta de traição. Outras informações acerca do que aconteceu nessa ocasião são dadas em Jo 18:4-43. Depois de Jesus ter sido preso (v. 46), um dos seus discípulos (i.e., Pedro, Jo 18:10, que deve ter carregado uma das “duas espadas” mencionadas em Lc 22:38), com o intuito de rachar a cabeça de um dos que estavam com Judas, conseguiu cortar a sua orelha (v. 47; somente Lucas registra que Jesus o curou em seguida). Jesus chamou a atenção dos seus captores para o fato de não o terem aprisionado quando ele estava ensinando o povo pacificamente no templo (v. 48,49), esperando que eles reconhecessem que era a covardia deles (v. 2) que os havia impelido a agir dessa forma. Aí os discípulos fugiram (v. 50; conforme v. 27). O texto não dá pista alguma acerca da identidade do jovem mencionado nos v. 51,52. Por isso, e pelo fato de que isso aparece na superfície como um episódio tão trivial e sem sentido, alguns estudiosos sugerem de forma razoável que Marcos está aqui colocando no relato como ele pessoalmente figurou nessa cena. Se isso é verdade, pode ter acontecido que, quando Jesus e seus discípulos tinham deixado a sua casa (conforme comentário do v. 14), Marcos tirou a sua capa e se deitou para dormir, mas foi acordado logo depois por um mensageiro que o informou da traição de Judas. Sem perder tempo para colocar a capa, Marcos saiu correndo para o Getsêmani com o intuito de tentar avisar Jesus dessa situação, mas chegou quando já o tinham aprisionado. Ao tentar alcançar Jesus, ele mesmo foi atacado, mas escapou, embora com a perda da sua única peça de roupa.

    Caifás julga Jesus (14:53-65). (Textos paralelos: Mt 26:57-40; Lc 22:54,Lc 22:63-42; Lc 22:55-42; Jo 18:15-43,Jo 18:25-43.)

    O palácio do sumo sacerdote era construído em torno de um pátio (v. 54,66). A razão que permitiu a Pedro entrar nele está registrada em Jo 18:15,Jo 18:16. Uma das criadas do sumo sacerdote tinha visto Pedro na companhia de Jesus anteriormente; mas Pedro negou tanto a afirmação dela quanto duas vezes aos que estavam por perto (v. 69,70) que ele alguma vez tivesse se associado a Jesus, rebaixando-se na última vez a se amaldiçoar (v. 71) se a sua afirmação fosse mentirosa. A queda de Pedro foi seguida da mais profunda penitência (v. 72).


    Moody

    Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
    Moody - Comentários de Marcos Capítulo 14 do versículo 12 até o 47

    B. A Paixão do Senhor. 14:12 - 15:47.

    A narrativa de Marcos do sofrimento e morte de Cristo pode ser assim esboçada: os acontecimentos relacionados com a última ceia (Mc 14:12-25); a caminhada ao Getsêmani (Mc 14:26-42); a prisão (Mc 14:43-52); os tribunais (14:53 - 15:15); a crucificação (Mc 15:16-41); o sepultamento (Mc 15:42-47). A cronologia habitual considera que a quarta-feira foi um dia de descanso em Betânia e que os acontecimentos da parte em consideração aconteceram na quinta e sexta-feira. Não foi explicitamente declarado que um tal dia de descanso fosse intercalado, mas uma comparação entre as narrativas do Evangelho torna necessário aceitar que ele houve.


    Francis Davidson

    O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
    Francis Davidson - Comentários de Marcos Capítulo 14 do versículo 1 até o 72
    d) A história da Paixão (Mc 14:1-41) -Veja notas sobre Mt 26:1-40; Lc 22:1-42; Jo 12:1-43. Este parágrafo é tratado como um todo, visto que os vers. 10-11 são ligados diretamente com os vers. 1-2 e o incidente da unção de Jesus foi intercalado por Marcos no intuito de salientar a perfídia e avareza de Judas, disposições estas afetadas pela ação na casa de Simão. Foi ali que Jesus anunciou em termos inconfundíveis a Sua sepultura (8) e Judas chegou a entender finalmente que todas as suas esperanças secretas de poder material e promoção seriam estraçalhadas. A cronologia dos acontecimentos na quinta e sexta-feiras da Semana da Paixão constitui um dos problemas mais intrincados nos Evangelhos. Ressumbra que os acontecimentos obedecem a um plano divino, e não aos desígnios humanos. É patente que os sacerdotes urdiram traças (1) para prender Jesus depois da festa da páscoa a fim de evitar um tumulto (2). A inesperada oferta de Judas 1scariotes lhes facilitou o estratagema sem demora. Eles conseguiram destarte um agente competente a quem cabia agora a responsabilidade, em lugar de si mesmos, de procurar o ensejo para a prisão de Jesus (11). Assim foi que o plano divino se cumpriu, e Jesus, o Cordeiro de Deus, deu a Si mesmo naquele dia da grande festa. Vê-se em Judas o plasma misterioso da soberania divina e do livre arbítrio humano. Não podemos diminuir este para apoucar-lhe a culpa. Jesus tinha que sofrer, mas não era necessário que Judas se oferecesse como traidor. Este abriu a porta para Satanás (Jo 13:27) e seu caso exemplifica bem o princípio soleníssimo de He 6:4-58, de que há grave perigo em gozar de privilégios espirituais sem reconhecer as responsabilidades.

    A bela história da unção é colocada por João "seis dias antes da Páscoa" (Jo 12:1). É inverossímil que tanta precisão em marcar a data seja errônea; concluímos, portanto, que Marcos e também Mateus que o segue (Mt 26:6-40) sacrificam a ordem cronológica nos interesses da homilética. É João que identifica a mulher com Maria de Betânia. Simão o leproso (3): provavelmente um que já fora curado por Jesus. Talvez um parente de Lázaro e suas irmãs. C. C. Torrey faz esta sugestão original, baseando-se no fato que no aramaico a palavra para leproso é idêntica, quanto às letras consoantes, com vendedor de jarras. Desde o tempo de Orígenes, alguns confundem esta narrativa com a de Lc 7:36-42. A pouquíssima dificuldade em aceitar duas ocasiões de unção, ao passo que cria um problema enorme afirmar que Maria de Betânia fosse "pecadora". Além disto, o nome Simão era muito comum. Há refeição teria sido o repasto festivo do sábado. Naquela última festa fraternal parece que, de todos os discípulos e convidados, só Maria percebeu a proximidade do fim. É impossível dizer até que ponto ela compreendeu a significação da sua ação. Podemos acreditar que o culto e adoração, oferecidos em puro amor a Cristo, possuem um valor e um sentido além de nossa compreensão. Ao que saibamos, o corpo de Jesus não recebeu outra unção do que esta para a sepultura; cfr. Mc 16:1. A realização desta verdade seria motivo de profunda satisfação para Maria. Sua humildade, amor, e fé exemplificam "a comunhão dos seus sofrimentos" (Fp 3:10). O vaso de alabastro (3): provavelmente um frasco quebradiço de ungüento munido de um gargalo comprido e estreito. Trezentos dinheiros (ARA denários) (5): a quantia representa aproximadamente o que um operário ganhava num ano, o denário sendo o salário de um dia de trabalho.

    >Mc 14:12

    2. A ÚLTIMA PÁSCOA E A CEIA DO SENHOR (Mc 14:12-41) -Veja notas sobre Mt 26:17-40; Lc 22:7-42. Cfr. Jo 13:1-43. No primeiro dia dos pães asmos, quando se fazia o sacrifício do cordeiro pascal (12, ARA): no calendário cristão a sexta-feira da Paixão e no judeu o 14 de nisã. Para o judeu, esse dia começou ao pôr-do-sol do dia anterior. Os acontecimentos deste parágrafo tomaram lugar então à tarde da quinta-feira. A questão se a Ceia era de fato a refeição pascal ainda é assunto muito debatido dos dois lados sem ser resolvida definitivamente. A tradição sinótica, como aqui, indica claramente que fosse. Por outro lado, João coloca precisa e insistentemente a páscoa na sexta-feira à tarde depois da crucificação (Jo 18:28; Jo 19:31). Talvez não se encontre melhor solução do problema que o de concluir, com muitos teólogos, que Jesus a guardou um dia mais cedo, sabendo que não lhe seria possível no dia exato. Por conseguinte, esta hipótese nos permite a crer que "Cristo nossa páscoa" foi sacrificado por nós (1Co 5:7) naquela mesma hora em que os cordeiros pascoais foram oferecidos em holocausto no templo. Em preparação para a festa, Jesus enviou dois dos seus dicípulos (13) identificados por Lucas como Pedro e João (Lc 22:8), à cidade onde haviam de buscar um homem levando um cântaro d’água. Esta circunstância era incomum, pois somente as mulheres costumavam levar cântaros (Jo 4:7). O homem seria sem dúvida um criado, que os levaria ao próprio dono, com quem Jesus teria possivelmente feito algum acordo sobre o uso do cenáculo. Esta idéia encontra apoio na ARA do vers. 14: O Mestre pergunta: onde é o meu aposento? Por motivos de segurança era mister conservar a anonimidade tanto do dono como do lugar da reunião. O cenáculo (15) seria mobilado com as necessidades de mesa, divãs, bacia, água e toalhas (Jo 13:4). Os próprios discípulos preparariam a comida. Talvez o detalhe mais significativo seja a falta de referência à provisão ou à comida de um cordeiro, portanto, é muito duvidoso que houvesse. Não haveria necessidade de um cordeiro simbólico na presença do verdadeiro Cordeiro de Deus, a ser oferecido no próximo dia.

    >Mc 14:18

    Quando estavam assentados a comer (18, ARA). No princípio comia-se o cordeiro pascal, estando em pé (Êx 12:11), mas este costume já foi abandonado há muito e agora a festa se celebrava reclinado, para indicar que o povo não era mais escravo, mas livre, usufruindo as bênçãos seguras do país da promissão. A traição é descortinada nos termos mais óbvios (18-21) mas na narração de Marcos não se revela o nome do traidor. Dependemos de João (Jo 13:26) para o conhecimento do fato que a informação foi comunicada em segredo ao discípulo amado. A enormidade do crime se vê na violação do costume oriental que considera a comensalidade sacrossanta, interditando em absoluto qualquer atuação hostil entre os convivas; cfr. Sl 41:9. No caso em apreço, Judas não somente comeu com Jesus; num gesto de máxima intimidade meteu a mão com Jesus no mesmo prato (20). Prato: gr. tryblion; caso fosse a páscoa, o prato seria talvez a sopeira em que se molhavam pedaços de pão. O vers. 21 apresenta tanto a soberania divina como a responsabilidade humana já comentadas (veja 1,2,10,11) e deixa cair sobre Judas plena obrigação. "A necessidade divina da Paixão não desculpa o agente livre que a ocasionou" (Swete).

    >Mc 14:22

    A versão de Marcos da instituição da Ceia do Senhor (22-25) é abreviadíssima ao ponto de imprecisão, entretanto, expõe o segundo grande tema deste Evangelho concernente à obra de Cristo. (Veja Introdução). Colhem-se os seguintes pontos. Primeiro: tomai, comei (22): as palavras indicam que Sua morte com todos os seus benefícios era um dom a ser apropriado pelos discípulos, e que tal apropriação é da mais íntima, comparando-se à assimilação física de alimento para sustento do corpo. Em segundo lugar, Sua morte inaugura o Novo Testamento (24) ou aliança (ARA) da graça, vaticinada pelo profeta Jeremias (Jr 31:31-24). Moisés falou "do sangue da aliança" (Êx 24:8) em conexão com o velho testamento que Jeová estabeleceu com Israel no Sinai. Séculos depois, Jeremias descortinou os termos da nova aliança, a saber, o perdão divino e a presença do Espírito, sem dizer nada sobre sua ratificação por sangue. Tal declaração pareceria surpreendente ao Judeu, visto que os povos orientais só iam selar qualquer aliança ou concerto entre duas pessoas com sangue, como é o caso entre os beduínos. É como que Jesus completava o quadro desenhado por Jeremias; o novo concerto seria selado no Seu sangue. Por muitos é derramado (24, cfr. Mc 10:45). Relembra Is 53:11-23. Jesus falou da Sua morte como sacrifício vicário para os homens. Isto é o meu corpo (22), isto é o meu sangue (24). "O corpo humano do Senhor Jesus estava presente e Seu sangue ainda não foi derramado. Logo, interpretações literais destas palavras hão de ser rejeitadas" (Plummer). Em terceiro lugar, olhando além da Sua morte, antecipa Sua vida ressurreta e a comunhão ininterrupta do reino consumado. A Ceia do Senhor dirige nossa atenção para aquela consumação no futuro, e para a cruz no passado.

    >Mc 14:26

    3. PEDRO AVISADO DA SUA NEGAÇÃO (Mc 14:26-41) -Veja notas sobre Mt 26:30-40; cfr. Lc 22:34, Jo 13:36-43, Jo 13:18.1. Tendo cantado um hino (26): provavelmente a segunda parte do Hallel (Sl 115:118). Da mesma maneira em que Jesus predisse a traição, assim também em caminho do cenáculo para o Monte das Oliveiras, Ele profetizou a negação por Pedro. Cumprir-se-á a profecia de Zc 13:7 nEle e em Seus discípulos. Virá a prova em conseqüência da qual a fé de todos será abalada. Não obstante, depois da hora tétrica, Ele os encontrará de novo na Galiléia. Dificilmente Jesus se refere à Sua morte sem considerar o que vem depois. Mais uma vez Pedro protesta (Mc 8:32) merecendo uma soleníssima reprovação: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, ... tu me negarás (30). A negação ia cumprir-se dentro de poucas horas. Bom lembrar que todos os discípulos (31) se associaram com Pedro nos seus veementes protestos de fidelidade.

    >Mc 14:32

    4. A AGONIA EM GETSÊMANE (Mc 14:32-41) -Veja notas sobre Mt 26:36-40; Lc 22:39-42. Mais uma vez os três privilegiados acompanham Jesus numa experiência que em muitos detalhes relembra a transfiguração. Com os vers. 37-40, compare Mc 9:5; Lc 9:32. Assentai-vos aqui (32): com estas palavras Jesus se dirigiu aos oito que ficaram perto da entrada do jardim. Ainda acompanhado dos três, Jesus começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia (33; gr. ekthambeisthai kai ademonein). Estas palavras representam dificuldades especiais para o tradutor. Expressam o auge de pavor e sofrimento inenarráveis. As escrituras dizem pouco acerca da alma (gr. psyche) do Senhor Jesus, mas torna-se patente a profundeza imensurável da Sua dor humana quando Ele declara: A minha alma está profundamente triste até a morte (34). Sua agonia era tamanha que Ele se afastou um pouco dos Seus amigos -Lucas diz que foi "cerca de um tiro de pedra" (Lc 22:41), uma distância permitindo que vissem e ouvissem tudo-e ali Ele buscou a face do Seu Pai. Aba (36): aramaico, que quer dizer "pai". O acréscimo Pai (pater) não é necessariamente uma tradução de Marcos. Alguns pensam que as duas palavras juntas representam uma fórmula antiquíssima da liturgia. Mais provável ainda é a sugestão que reflita um costume de oração do próprio Senhor Jesus, que alguns dos discípulos adotavam e comunicavam (cfr. Rm 8:15; Gl 4:6). Seja como for, as palavras ressaltam o fato que nossa fé nasceu entre um povo bilíngüe. Este cálice: nunca será possível sondar toda a significação deste cálice de que Jesus recuou com tanto horror. Certo é que simboliza mais do que o sofrimento físico; senão muitos mártires teriam evidenciado mais coragem do que Ele. Podemos dizer que representa a angústia da sua alma imaculada que Deus "fez pecado por nós" (2Co 5:21), e sendo exposta à ira divina contra o pecado, ela experimentou toda a amargura daquela morte, que é o salário do pecado, para que todos os que confiam nEle nunca tomassem daquele cálice (He 2:9). A Sua experiência nos leva muito além da nossa, pois só Ele era sem pecado. Contudo, não seja o que eu quero, e, sim, o que tu queres (36): as palavras marcam o ponto crucial do Getsêmane. Doutrinalmente, ilustram a verdade do mais alto porte que havia em Jesus uma vontade humana real, separada da vontade do Pai, mas sempre submissa a ela. Experimentalmente, a súplica denota o Seu triunfo de modo que a vitória da cruz foi ganha de antemão em oração no jardim, permitindo que fosse vitoriosamente ao Calvário. O arqui-inimigo do homem introduziu o pecado e a morte, estribando-se na sua própria vontade contra a de Deus (Is 14:13-23). A aceitação da vontade de Deus é sempre uma vitória, enquanto o exercício da vontade própria nos leva infalivelmente para a derrota.

    O retrato dos discípulos sonolentos oferece um contraste vivo com o de Jesus orando. Jesus se dirige a Pedro como aquele que protestou sua fidelidade até a morte; agora ele nem tem o vigor de vigiar uma hora. Revela-se claramente no jardim o elemento de embate com forças satânicas. As tentações enfrentadas por Jesus no início do Seu ministério agora são renovadas num titânico assalto final que o investiu com maior intensidade. Cônscio que a vitória na tentação seria alcançada somente por meio de vigilância e oração, Ele adverte os Seus discípulos toscanejando do seu próprio perigo (38). Dormi agora e descansai (41). Talvez a frase indique um intervalo no qual Jesus mesmo os guardou.

    >Mc 14:43

    5. A PRISÃO DE JESUS (Mc 14:43-41) -Veja notas sobre Mt 26:47-40; Jo 18:1-43; cfr. Lc 22:47-42. Poucos detalhes na história do mundo impressionam os homens tão profundamente como o fato que Judas traiu o Filho de Deus com um ósculo. E beijou-o (45): gr. katephilesen. A forma do verbo é enfática, indicando fervor e afeto incomuns no ato: "beijou-o afetuosamente". Um dos que ali estavam (47); João identifica esta pessoa anônima como Pedro (Jo 18:10), e o servo do sumo-sacerdote como Malco. Somente Lucas narra a cura da orelha (Lc 22:51). Um certo mancebo (51). Para que a menção deste incidente curioso? Muitos comentadores aceitam a sugestão de que o jovem fosse Marcos, que "pinta seu próprio perfil em miniatura no canto da tela da sua obra prima" (Zahn). Outros julgam que Marcos fosse o filho do "dono da casa" do vers. 14 (cfr. At 12:12) e neste caso sua presença na situação se explica ainda mais inteligivelmente. Ouvindo o alvoroço, e vendo as tochas no jardim tão próximo, ele se cobriu com a primeira coisa que se oferecesse, e correu fora para investigar. Não há realmente justificativa para a inclusão do incidente, a não ser que seja uma reminiscência pessoal.

    >Mc 14:53

    6. JESUS DIANTE DO SUMO-SACERDOTE (Mc 14:53-41) -Veja notas sobre Mt 26:57-40; Jo 18:13-43, Jo 18:19-43. As narrativas sinóticas se coadunam para esclarecer que o julgamento de Jesus se efetuou em duas formas, o julgamento eclesiástico diante das autoridades judaicas como Marcos aqui relata, e o civil perante o governador romano que ele conta no capítulo seguinte. O julgamento eclesiástico teve duas fases, a primeira à meia-noite sendo de caráter informal e preliminar, e a segunda cedo de manhã perante o conclave oficial do sinédrio (Mc 15:1). A versão de Lucas (Lc 22:54-42) é mais compreensível que a de Marcos neste respeito. O procedimento das autoridades transgrediu, em diversos pontos, a lei judaica. A sessão noturna do sinédrio não tinha força de lei; e o subornar de testemunhas era ilegal também. O sumo-sacerdote (53): Caifás (Mt 26:57), que ocupou o cargo de 18 a 36 A.D. Marcos não diz nada acerca de Anás (cfr. Jo 18:13). O afeto que Pedro sentia para seu Senhor se manifestou até certo ponto (54) mas quem segue de longe já está no caminho de fracasso. Daqui em diante, a narrativa consiste quase exclusivamente de ditames, perguntas e respostas, e faltam-lhe os detalhes ingênuos que caracterizam a narração da testemunha ocular. Uma possível explanação é que nenhum dos discípulos assistiu de perto ao julgamento, embora Jo 18:5 sugira que o "discípulo amado" e Pedro estivessem nas imediações. Malogrou a primeira tentativa do sinédrio. As testemunhas discordaram, e Jesus silenciou. Com isto, o sumo-sacerdote procurou rematar o processo, apresentando-Lhe uma pergunta categórica a respeito da Sua reivindicação messiânica (61). Respondendo ao desafio, Jesus pela primeira vez no Evangelho confessa Sua identidade, na linguagem de Sl 110:1 e Dt 7:13. O sumo-sacerdote, rasgando os seus vestidos (63); foi-lhe vedado o ato para motivos pessoais (Lv 21:10), mas na sua capacidade oficial ele protestou assim contra uma declaração julgada por ele uma blasfêmia. O Talmude define com exatidão a maneira em que devia ser feito. Para que necessitamos de mais testemunhas? A pergunta revela "a satisfação do conspirador de permeio com a angústia do oficial" (Plummer). Todos o consideraram culpado de morte; entretanto, os sinedristas não tinham autoridade para aplicar a pena, sendo esta a prerrogativa exclusiva de Pilatos. O fato que os membros do tribunal supremo agissem na maneira revoltante do vers. 65 revela o grau de malignidade que os influenciou no julgamento do prisioneiro.

    >Mc 14:66

    7. A NEGAÇÃO DE PEDRO (Mc 14:66-41) -Veja notas sobre Mt 26:69-40; Lc 22:55-42; Jo 18:15-43, Jo 18:25-43. Sem a menor dúvida, a narração deste incidente faz parte das reminiscências pessoais de Pedro, e, portanto, pinta-se o quadro tão ao vivo, e por miúdo. Começou a imprecar e a jurar (71) (gr. anathematizein kai omnynai). O grego não sugere o uso de palavras profanas, antes que afirmou sob juramento. Ele invocou o anátema divino sobre si, caso não fosse a verdade o que dizia. E retirando-se dali, chorou (72) (gr. kai epibalon eklaien). O sentido exato do grego ainda oferece dificuldades. É preferível a ARA: E caindo em si, desatou a chorar.


    John MacArthur

    Comentario de John Fullerton MacArthur Jr, Novo Calvinista, com base batista conservadora
    John MacArthur - Comentários de Marcos Capítulo 14 do versículo 1 até o 72

    65. Jogadores no Drama da Cruz (Marcos 14:1-16)

    Agora, o pão ázimo da Páscoa e foram dois dias de distância; e os príncipes dos sacerdotes e os escribas andavam procurando um modo de prendê-lo em segredo e matá-lo; pois eles estavam dizendo: "Não durante a festa, caso contrário, pode haver uma revolta do povo." Enquanto ele estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso, e reclinar-se à mesa, veio uma mulher com um vaso de alabastro com perfume muito caro de nardo puro; e ela quebrou o frasco e derramou sobre a sua cabeça. Mas alguns foram indignado observando um ao outro: "Por que este perfume foi desperdiçado? Para este perfume poderia ter sido vendido por mais de trezentos denários, e que o dinheiro dado aos pobres. "E eles foram repreendendo. Mas Jesus disse: "Deixai-a; porque você se importa com ela? Ela fez uma boa ação para Mim. Para você ter sempre os pobres convosco, e sempre que você quiser, você pode fazer o bem a eles; mas você nem sempre têm Me. Ela fez o que podia; ela ungiu Meu corpo de antemão para o enterro. Em verdade vos digo que, onde quer que o evangelho seja pregado em todo o mundo, o que essa mulher fez também será contado em memória dela. "Então Judas 1scariotes, um dos doze, foi para os principais sacerdotes em fim de trair a si mesmos. Eles ficaram felizes quando eles ouviram isto, e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele começou a procurar a forma de traí-lo em um momento oportuno. No primeiro dia dos pães ázimos, quando o cordeiro da Páscoa estava sendo sacrificado, Seus discípulos disseram-lhe: "Onde você quer que a gente vá e se preparar para você comer a Páscoa?" E Ele enviou dois dos seus discípulos, disse— lhes: "Ide à cidade, e um homem irá encontrá-lo carregando um cântaro de água; segui-lo; e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre diz: "Onde está o meu quarto de hóspedes em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos? '" E ele mesmo irá mostrar-lhe um grande cenáculo mobiliado e pronto ; preparar-se para nós, há "Os discípulos saíram e foram para a cidade, e acharam ser assim como ele lhes tinha dito.; e prepararam a Páscoa. (14: 1-16)

    A morte e ressurreição de Jesus Cristo sempre foram o ponto focal do cristianismo, a chave para a salvação, e o coração do Evangelho. A cruz representa o ápice da história da redenção, a ratificação da nova aliança, a expiação final para o pecado, o epítome da misericórdia divina, o objeto necessário da fé salvadora, ea única esperança da vida eterna. É lá que a perfeita justiça de Deus se encontrou tanto a Sua graça imerecida e sabedoria infinita. Reconhecendo a sua importância sem paralelo, o apóstolo Paulo declarou que não se glorie "não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo" (Gl 6:14). Como ele disse mais tarde a igreja em Corinto: "Nós pregamos a Cristo crucificado" (1Co 1:23), e "Eu decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (2: 2; conforme Gl 6:14).

    Como o tema central das Escrituras, a morte substitutiva de Jesus é repetidamente prenunciado em todo o Antigo Testamento: no libertador prometido de Gn 3:15; no animal Deus matou a fornecer uma cobertura para Adão e Eva (3:21); no sacrifício aceitável oferecido por Abel (4: 4); no carneiro preso em um matagal que tomou o lugar de Isaque em Mt. Moriah (22:13); nos cordeiros pascais que foram mortos no Egito (Ex 12:6); na serpente de bronze levantada no deserto para a cura (Num. 21: 8-9; conforme João 3:14-15); e no conceito do resgatador (conforme Rt 4:14). A cruz também foi predito pelos profetas como Davi (Sl. 22: 1-18), Isaías (Is. 53: 1-12), Daniel (Dn 9:27.) E Zacarias (Zc 12:10.). (Jo 1:29) De acordo com os seus predecessores, João Batista, o último dos profetas da antiga aliança, declarados de Jesus: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!".

    A cruz permanece central no Novo Testamento, onde é o foco de todos os quatro Evangelhos (Mateus 26:47-27: 58.; Marcos 14:43-15: 45; Lucas 22:47-23: 52; João 18:2-19: 38). O livro de Atos traça a proclamação da cruz em todo o mundo, como o evangelho soou diante de Jerusalém e Judéia para Samaria e os confins da terra (At 1:8; At 5:30; At 10:39 ; At 13:29). As Epístolas estão equipados com a profunda teologia da cruz e suas implicações práticas para os crentes (conforme 1 Cor. 1: 17-18; Hebreus 12; Gl 6:14; Ef 2:16; Cl 2:14... : Cl 2:2; 1Pe 2:241Pe 2:24, etc.). Na sua arrebatadora resumo, profético do futuro, o livro do Apocalipse de igual modo olha para trás para o Calvário, retratando o Senhor Jesus como o Cordeiro que foi morto perfeito para fazer a redenção possível pelo seu sangue (5: 6, 12; conforme 13: 8 ).

    A cruz é o tema central do troço final do evangelho de Marcos (capítulos 14:16). Desde o Sermão do Monte (13 5:37), em que Jesus predisse as glórias de sua segunda vinda, a narrativa passa para focar o culminar santificado de Sua primeira vinda. A figura central no drama da cruz é, indiscutivelmente, o Senhor Jesus Cristo. Mas como a conta se desenrola (em 14: 1-16), Marcos introduz um elenco cheio de personagens adicionais, cada um dos quais desempenharam um papel vital nesse evento climático. Eles incluem Deus, o Pai, inimigos amargos de Jesus, seus amigos queridos, Seu traiçoeiro falso discípulo, e Seus fiéis seguidores.

    O Pai

    Agora, o pão ázimo da Páscoa e foram dois dias de distância (14: 1)

    Apesar de não ser diretamente nomeado nesta passagem, Deus, o Pai era claramente no trabalho como diretor divina nos bastidores, soberanamente orquestrando tudo o que acontece ao Filho de acordo com o Seu plano preordenado de redenção. Participação providencial do Pai está implícito na declaração de abertura, onde Marcos explica que a Páscoa e pães ázimos foram dois dias de distância. Longe de ser incidental, que marco cronológico demonstra que o calendário divino estava correndo precisamente de acordo com o cronograma. Nessa Páscoa específica, no mesmo ano em que o profeta Daniel havia predito (Dan. 9: 25-26), no mesmo dia e, ao mesmo tempo em que os cordeiros pascais estavam sendo mortos no templo, o Pai havia proposto que a imaculado Cordeiro de Deus seria morto.

    Páscoa foi celebrada a cada ano no décimo quarto dia do mês judaico de Nisan (no final de março ou início de abril). Ele comemorou a noite no Egito, quando o anjo da morte passou por cima das casas dos israelitas que tinham matado um cordeiro e polvilhadas seu sangue nas ombreiras e vergas (Ex. 12: 22-23). A Festa dos Pães Ázimos começou no dia seguinte e durou uma semana (a partir do décimo quinto ao vigésimo primeiro dia de Nissan). Ele comemorou êxodo de Israel do Egito, e foi nomeado para o pão achatado que o povo hebreu levaram com eles quando eles fizeram a sua fuga precipitada (Dt 16:3; Lc 22:1; At 2:1; 2Cr 8:132Cr 8:13)..

    Que a Páscoa era ainda dois dias de distância indica que ele ainda era quarta-feira. Jesus sabia que, de acordo com o plano perfeito do Pai, que tinha chegado o momento para ele morrer (conforme Mt 26:18, Mt 26:45; Mc 14:35; Jo 12:23; 13:. Jo 13:1; Jo 17:1; Mc 9:31; Mc 10:33; Mc 12:7), demonstrando que ao longo de todo o seu ministério Ele estava operando de acordo com um calendário sobrenaturalmente ordenado e controlado, a fim de cumprir o Seu propósito final para vir, "para dar sua vida em resgate por muitos" (Mc 10:45).

    Ao longo dos três anos e meio anteriores do Seu ministério, os adversários de Jesus tinham repetidamente tentou tirar sua vida (Mc 3:6; 19: 47-48; Jo 5:18; Jo 7:1, Jo 7:32, 45-46; Jo 10:31).Mesmo quando ele era um bebê, o rei Herodes tentou assassiná-lo em uma matança de bebês do sexo masculino (conforme Mt 2:1; Jo 5:30; Jo 6:38; Fp 2:8, Jo 7:30). Como ele explicou em João 10:17-18: "Eu dou a minha vida para que eu possa levá-la novamente. Ninguém ma tira de mim, mas eu a dou por mim mesmo. Eu tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. "Mais tarde, quando Pilatos alegou ter a autoridade para matar Jesus, o Senhor informou o governador pagão:" Você não teria nenhuma autoridade sobre mim, a não ser que tinha sido dado do alto "(João 19:10-11).

    Plano redentor do Pai era que o Filho iria morrer em um momento preciso em uma data específica. Assim, Jesus podia dizer a Seus discípulos, na noite antes de sua morte: "O Filho do homem vai, como foi determinado" (Lc 22:22). Quase dois meses depois, Pedro repetiu essas palavras no dia de Pentecostes, dizendo à multidão que Jesus foi "entregue pelo plano pré-determinado e presciência de Deus" (At 2:23; conforme 1 Pedro 1: 19-20). O Senhor Jesus foi para o Calvário como o cordeiro pascal perfeito (conforme 1Co 5:7), assim como os profetas do Antigo Testamento predisseram Ele Gostaria (At 3:18; conforme 8: 32-35). Sua morte não foi um acidente não planejada, como alguns céticos afirmam (ver capítulo 16 deste volume). Em vez disso, como mencionado acima, é realizado o propósito para o qual Ele tinha sido enviado (conforme Jo 3:14-16).

    Do ponto de vista humano, a crucificação de Cristo representa um aborto sem paralelo de justiça porque Ele era perfeitamente inocente em todos os aspectos. O Senhor Jesus foi falsamente acusado e condenado injustamente a um grau infinitamente maior do que qualquer outra pessoa em toda a história. No entanto, naquele ato mais hediondo de injustiça humana, a justiça de Deus estava no trabalho. O ato mais mal jamais perpetrado por homens pecadores era ao mesmo tempo um ato infinitamente amoroso realizada por um Deus santo. O Pai, o Filho punidos pelos pecados que não cometeu (conforme Is. 53: 10-12), para que os pecadores pudessem ser revestidos com uma justiça que nunca poderia ganhar (conforme 2Co 5:21). Como um dote pago para uma noiva, a cruz foi o meio pelo qual o Senhor Jesus compraram pecadores "de toda tribo, língua, povo e nação" (Ap 5:9). Tudo isso estava de acordo com perfeito plano do Pai, eterno da redenção.

    Os 1nimigos

    e os príncipes dos sacerdotes e os escribas andavam procurando um modo de prendê-lo em segredo e matá-lo; pois eles estavam dizendo: "Não durante a festa, caso contrário, pode haver uma revolta do povo." (14: 1b-2)

    No plano divino, Deus, o Pai foi soberanamente trabalhando para cumprir Seus propósitos redentores através da morte de Seu Filho. Mas essa realidade não exonera as ações perversas daqueles que, no nível humano, orquestrou a crucificação de Jesus. Motivado pelo seu próprio orgulho, inveja e obstinada incredulidade, os líderes religiosos judeus totalmente culposos tinha deliberAdãoente rejeitaram o seu Messias e ativamente procuravam matá-lo (conforme Jo 1:11). Na quarta-feira da Semana da Paixão de Jesus, aparentemente, ao mesmo tempo em que Ele estava falando com seus discípulos sobre as glórias de sua segunda vinda, os líderes religiosos judeus se reuniram para traçar seu assassinato.

    De acordo com o texto paralelo em Mt 26:3; Lc 9:22; Lc 22:66) . Os príncipes dos sacerdoteseram principalmente saduceus. Seus números incluído o sumo sacerdote, o capitão do templo (que ajudou o sumo sacerdote), e outros sacerdotes de alto escalão. Os escribas , que eram em sua maioria, fariseus eram especialistas em ambos lei do Antigo Testamento e na tradição rabínica. Juntos, os saduceus e fariseus composta a liderança apóstata de Israel, e do Senhor Jesus advertiu seus discípulos para evitar suas práticas hipócritas (conforme Mt 16:6 conta os detalhes desse evento:

    Portanto, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus convocou um conselho, e diziam: "O que estamos fazendo? Para este homem está realizando muitos sinais. Se o deixarmos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e nos tirarão tanto o nosso lugar como a nossa nação. "Mas um deles, Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: "Você sabe absolutamente nada, nem você levar em conta que é conveniente para você que um homem morra pelo povo, e que todo não pereça a nação." Agora ele não disse isso por sua própria iniciativa, mas sendo de alta sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação, e não somente pela nação, mas para que Ele também para congregar na unidade os filhos de Deus que andavam dispersos. Então, a partir daquele dia eles planejaram juntos para matá-lo.

    Os líderes de ambos os saduceus e os fariseus tinham medo que a popularidade de Jesus com as pessoas poderiam desencadear uma revolta (conforme Mc 11:9-10; Jo 6:15), provocando uma resposta militar de Roma e levando-os a perder o seu posições privilegiadas de autoridade. (O conselho judaico no poder, o Sinédrio, composta de ambos os saduceus e fariseus, operado sob a jurisdição e da tolerância do governo romano). Como aqueles que controlavam o funcionamento do templo, os sumos sacerdotes e saduceus especialmente odiava Jesus porque Ele limpou o templo duas vezes, perturbando gravemente as suas operações lucrativas em ocasiões alta renda (Marcos 11:15-18; conforme 13 43:2-16'>Jo 2:13-16). Os escribas e fariseus, por outro lado, detestava Jesus, porque Ele denunciou abertamente seu elaborado sistema de legalismo, hipocrisia e tradição antibíblica (Mc 3:4; conforme Mateus 23:1-36.). Embora os saduceus e fariseus representavam seitas rivais com diferenças significativas, foram unificados por sua oposição ao Senhor Jesus.

    Em suas conspirações contra Ele, procuraram prendê-lo secretamente, de modo a não antagonizar as multidões com quem ele ainda era muito popular (conforme Marcos 11:8-10). Aparentemente, seu plano era apreender Jesus secretamente e depois esperar para assassiná-lo até depois da festa tinha acabado e as centenas de milhares de peregrinos judeus visitam Jerusalém para celebrar a Páscoa tinha voltado para casa. Assim, eles estavam dizendo: "Não durante a festa, caso contrário, pode haver uma revolta do povo."

    Do ponto de vista dos líderes religiosos, a Páscoa foi o pior tempo para matar Jesus. Eles desesperAdãoente queria esperar até depois das festividades tinha terminado. Mas seus esquemas malignos não poderia adiar o que Deus, o Pai tinha projetado providencialmente. Ao longo dos três anos e meio anteriores, houve várias ocasiões em que eles queriam matar Jesus em um ataque de violência, mas foram frustradas. Neste ponto, os seus cálculos frios levou a adiar a sua morte. Mais uma vez eles não tiveram sucesso porque eles não estavam no controle. Quando eles finalmente alcançado seu objetivo de crucificar Jesus, fizeram-no exato momento em que eles estavam esperando para evitar. Claramente, os seus planos foram substituídas pelas providências de soberania de Deus (conforme Pv 19:21).

    Os Amigos

    Enquanto ele estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso, e reclinar-se à mesa, veio uma mulher com um vaso de alabastro com perfume muito caro de nardo puro; e ela quebrou o frasco e derramou sobre a sua cabeça. Mas alguns foram indignado observando um ao outro: "Por que este perfume foi desperdiçado? Para este perfume poderia ter sido vendido por mais de trezentos denários, e que o dinheiro dado aos pobres. "E eles foram repreendendo. Mas Jesus disse: "Deixai-a; porque você se importa com ela? Ela fez uma boa ação para Mim. Para você ter sempre os pobres convosco, e sempre que você quiser, você pode fazer o bem a eles; mas você nem sempre têm Me. Ela fez o que podia; ela ungiu Meu corpo de antemão para o enterro. Em verdade vos digo que, onde quer que o evangelho seja pregado em todo o mundo, o que essa mulher fez também será contado em memória dela "(14: 3-9).

    Marcos interrompe a narrativa neste momento com um flashback para o sábado anterior, seis dias antes da sexta-feira da Páscoa (Jo 12:1). Desde a lepra era incurável no mundo antigo, é quase certo que Simon havia sido milagrosamente curada por Jesus (conforme Mc 1:40-45; Lucas 17:11-19). Esta refeição era o jeito de Simon de demonstrar sua gratidão ao Senhor. De acordo com João 12:1-3, Maria, Marta e Lázaro também participou.

    Como Jesus e Seus discípulos estavam reclinados à mesa, uma postura habitual para comer refeições em Israel do primeiro século, veio uma mulher, a quem Jo 12:3). Ela sempre foi particularmente atento às instruções de Jesus (conforme Lc 10:39), e, nesta ocasião, aparentemente reconheceu a realidade da morte iminente do Senhor melhor do que qualquer um dos Doze.

    Com humilde reverência, Maria se aproximou de Jesus com um frasco de alabastro com perfume muito caro de nardo puro; e ela quebrou o frasco e derramou sobre a sua cabeça. ações de Maria, que, sem dúvida, assustados outros convidados do jantar, foram um ato desmedido de amor e adoração para seu Senhor. Ela não tinha nenhuma preocupação com o custo do perfume, nem estava preocupado sobre como os outros possam responder. Seu único objetivo era expressar honra e adoração a Cristo pela unção Sua cabeça com perfume muito caro. (Pode-se notar que este episódio não deve ser confundido com os eventos registrados em Lc 7:1 O MacArthur New Testament Commentary. [Chicago: Moody, 2011], cap 18.)

    Um típico vaso de alabastro, esculpido a partir de uma variedade de mármore egípcio finas, tinha um pescoço comprido com uma pequena abertura a partir do qual pequenas gotas de líquido pode ser derramado. Mas Maria não limitou sua expressão de louvor a algumas gotas de perfume precioso. Em vez disso, ela quebrou a garrafa, somando-se à custa de sua oferta a Cristo, e começou a efusivamente derramar seu conteúdo aromáticos sobre a cabeça de Jesus. A passagem paralela em Jo 12:3,

    Mas Judas 1scariotes, um dos seus discípulos, que tinha a intenção de traí-lo, disse: "Por que esse perfume não foi vendido por trezentos denários e não se deu aos pobres?" Agora ele disse isto, não porque ele estava preocupado com os pobres, mas porque era ladrão e, como tinha a bolsa, que ele usou para furtar o que nela se lançava.
    Como o cheiro do perfume de Maria encheu a sala, Judas, e, aparentemente, alguns dos outros discípulos que ele conseguiu convencer no momento, começou a repreendê-la. Eles ficaram indignados, insistindo que o óleo perfumado tinha sido desperdiçado. Ele poderia ter sido vendido por trezentos denários, uma soma considerável de dinheiro, e seus rendimentos dado aos pobres. (A denário equivalia um dia de salário para um trabalhador comum, fazendo com que este salário de quase um ano para o trabalhador médio.) É claro que Judas não tinha nenhum interesse real no pobre. Ele era um ladrão que tinha sido desviar dinheiro dos outros discípulos. Ele queria que o perfume vendido, não para que o dinheiro poderia ser doado aos pobres, mas para que ele pudesse furtar-lo.

    Que contraste Judas era a Maria. Judas estava cheio de amargura e do ódio em direção a Jesus, querendo apenas para obter tudo o que podia e activamente à procura de um momento oportuno para traí-lo (veja a discussão sobre v. 11 abaixo). Mas Maria, motivado por gratidão e amor para com Jesus, queria dar tudo o que podia e entusiasticamente procuravam uma oportunidade para demonstrar a sua atitude de adoração sincera. Apesar do protesto de Judas, as ações de Maria simbolizou o carinho que caracteriza todos os que verdadeiramente amam o Senhor Jesus Cristo. Ela não podia limitar seu ato de devoção pródigo.

    Jesus corrigiu a indignação equivocada dos discípulos, dizendo-lhes: Deixai-a; porque você se importa com ela? Ela fez uma boa ação para mim. comportamento de Maria constituiu um belo ato de bondade e de culto. Ele não era de todo um desperdício. Referenciando Dt 15:11, o Senhor lembrou aos discípulos que eles têm sempre os pobres com eles, e sempre que eles podem desejarque eles poderiam fazer o bem a eles. Mas o Seu tempo restante com eles foi muito curto. Como Jesus lembrou Seus discípulos: Você não tem que sempre Me. Seu ponto era claro que a prioridade dos discípulos deve ter sido para adorá-Lo como Maria estava fazendo. A adoração é sempre a prioridade máxima. Enquanto amar o próximo por cuidar dos pobres é nobre e necessário, amando o Senhor é mais importante (conforme Mc 12:30-31). Isso era uma verdade especialmente triste à luz dos eventos que transpiram durante os próximos seis dias. Jesus seria crucificado menos de uma semana depois. Diante disso, não era o momento para caridade, mas para a adoração.

    Maria tinha as prioridades certas. Como em uma ocasião anterior, ela havia "escolhido a boa parte" (Lc 10:42). Ao contrário dos Doze, que parecia alheio, Maria aparentemente tinha alguma compreensão da morte iminente de Jesus. Por isso, ele disse a ela, ela fez o que podia; ela ungiu Meu corpo de antemão para o enterro. Embora Maria não podia fazer nada para evitar a morte de seu Salvador, ela foi capaz de demonstrar seu amor por ele de uma maneira luxuosa e sacrificial. Conhecendo seu coração, o Senhor elogiou por conta de sua expressão de culto. Segundo explicou, verdade vos digo que, onde quer que o evangelho seja pregado em todo o mundo, o que essa mulher fez também será falado em memória dela. Apesar de dois milênios se passaram, o testemunho de adoração sacrificial de Maria ainda permanece como um memorial perpétuo de seu amor por Cristo. Sua sincera até a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo olhando-gesture-fornece um exemplo convincente do tipo de altruísta, louvor extravagante que homenageia o Salvador.

    O Discípulo Falsa

    Então Judas 1scariotes, um dos doze, foi para os chefes dos sacerdotes, a fim de trair a si mesmos. Eles ficaram felizes quando eles ouviram isto, e prometeram dar-lhe dinheiro. E ele começou a procurar a forma de traí-lo em um momento oportuno. (14: 10-11)

    Nenhum nome de toda a história humana é mais infame do que Judas 1scariotes. Embora ele era um dos doze, constantemente na presença de Jesus por mais de três anos, ele desperdiçou essa oportunidade única e privilegiada preferiu trair o Filho de Deus para Seus assassinos. Judas foi o único membro dos doze discípulos de fora Galiléia. Iscariotes significa "homem da Kerioth", indicando que ele veio daquela aldeia situada cerca de 25 milhas ao sul de Jerusalém. Embora ele seguiu Jesus por motivos egoístas e materialistas, ele conseguiu enganar os outros discípulos, na medida em que nenhuma delas suspeitava de ser um hipócrita e um traidor (conforme Jo 13:22). Mas Judas não poderia enganar o Senhor Jesus, que conhecia a condição do coração mau de Judas, desde o início, mesmo referindo-se a ele como um diabo (Jo 6:64, 70-71).

    Após o jantar sábado em Betânia, Judas saiu para os chefes dos sacerdotes, a fim de definir um plano em movimento para trair Jesus para eles. Os líderes religiosos ficaram felizes quando eles ouviram isto, e prometeram dar-lhe dinheiro. Por trinta moedas de prata (Mt 26:15), o preço de um escravo (conforme Ex 21:32), eles subornaram um Judas ansioso para vender seu Mestre. Desse ponto em diante, ao longo de toda a semana da Paixão de Jesus, o traidor começou a procurar a forma de traí-lo em um momento oportuno. Judas sabia que o primo oportunidade seria quando Jesus foi para além da multidão (Lc 22:6).

    Porque Judas tinha endurecido o seu coração contra Jesus, Deus lhe deu a Satanás (conforme 1Co 5:5). O príncipe das trevas operado através deste hipócrita não regenerado que, como os líderes religiosos, foi ele próprio um filho do diabo (Jo 8:44; Lc 22:53). Ironicamente, por incitar a Judas para trair Jesus, Satanás provocou sua própria morte (conforme 1Jo 3:8;. Gn 3:15). Mais cedo no ministério de Cristo, Satanás havia influenciado Pedro para tentar convencer Jesus a fim de evitar a cruz inteira (conforme Marcos 8:32-33). Talvez agora, como os líderes religiosos, ele esperava para interromper o calendário de Deus, atrasando a crucificação até depois da Páscoa. Mas seja qual for motivos de Satanás, suas ações não poderiam substituir a vontade soberana de Deus (Lc 22:31; conforme 1:12; 2:6.; Zc. 11: 12-13; conforme Mateus 27:3-10.). Como Jesus declarou em sua oração sacerdotal: "Eu guardava-os e nenhum deles morreram, mas o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse" (Jo 17:12). Mesmo a traição de Judas era parte do plano eterno de redenção. (Para discussão adicional das ações perversas de Judas na luz da soberania de Deus, veja o capítulo 26 deste volume.)

    Os Seguidores

    No primeiro dia dos pães ázimos, quando o cordeiro da Páscoa estava sendo sacrificado, Seus discípulos disseram-lhe: "Onde você quer que a gente vá e se preparar para você comer a Páscoa?" E Ele enviou dois dos seus discípulos, disse— lhes: "Ide à cidade, e um homem irá encontrá-lo carregando um cântaro de água; segui-lo; e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre diz: "Onde está o meu quarto de hóspedes em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos? '" E ele mesmo irá mostrar-lhe um grande cenáculo mobiliado e pronto ; preparar-se para nós, há "Os discípulos saíram e foram para a cidade, e acharam ser assim como ele lhes tinha dito.; e prepararam a Páscoa. (14: 12-16)

    No versículo 12, a narrativa avança para a quinta-feira da Semana da Paixão de Jesus, o primeiro dia dos pães ázimos, quando o cordeiro da Páscoa estava sendo sacrificado. Sabendo que o momento da sua morte estava perto (Mt 26:18), o Senhor pôs em marcha um plano que permitiria a Ele em primeiro lugar para celebrar a Páscoa com seus discípulos. Era provável cedo naquele dia, quando Seus discípulos disseram-lhe: "Onde você quer que a gente vá e se preparar para você comer a Páscoa?"

    O Senhor respondeu a sua pergunta de uma forma que, sem dúvida, perplexo-los. Mas sua resposta enigmática era necessário por causa da traição de Judas. Se Judas descobriu onde Jesus e os discípulos seria naquela noite, ele teria, sem dúvida, alertou os líderes religiosos, habilitando-os para prender Jesus durante o jantar da Páscoa. Mas isso teria sido prematuro. Assim, para manter Judas no escuro quanto ao lugar, o Senhor fez arranjos para observar a Páscoa em um local secreto, conhecido somente por Ele. De acordo com o Seu plano, Ele enviou dois de seus discípulos, a quem Lucas identifica como Pedro e João (Lc 22:8).

    Como Jesus explicou o plano clandestino, Pedro e João chegaria em Jerusalém e encontrar um homem carregando um cântaro de água. O homem (que foi provavelmente um servo) que se destacam porque ele estava realizando uma tarefa doméstica que no primeiro século Israel era normalmente é feito pelas mulheres. Os dois estavam a segui-lo; e onde quer que ele entrou, eles estavam a dizer ao dono da casa: O Mestre diz: "Onde está o meu quarto de hóspedes em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos? '" E ele mesmo irá mostrar-lhe um grande cenáculo mobilado e pronto;preparar-se para nós lá. " O proprietário, que os discípulos foram para atender aparentemente era familiarizado com Jesus, uma vez que eles eram simplesmente para lhe dizer que "o professor" os havia enviado.

    Claramente, o Senhor tinha premeditado isso, seja fisicamente ou sobrenatural. De qualquer maneira, ele sabia que uma grande sala já estava mobiliado e pronto para ele e seus discípulos para comer a refeição da Páscoa juntos. Depois de receber suas instruções, os discípulos saíram e foram para a cidade, e acharam ser assim como ele lhes tinha dito; e prepararam a Páscoa. Os preparativos necessários para a refeição da Páscoa incluído a do cordeiro ao templo para ser sacrificado, mantendo parte da carne assada para comer mais tarde naquela noite, e obter outros ingredientes necessários para a festa, incluindo pão sem fermento, vinho e ervas amargas.

    Jesus sabia que era essencial para ele para celebrar a Páscoa com seus discípulos naquela noite (Lc 22:15), porque durante essa refeição final, Ele transformou a celebração da Páscoa na Ceia do Senhor, que comemorou sua morte na cruz (Lc 22:20). Além de celebrar a Ceia do Senhor, Jesus também deu aos discípulos palavras vitais de promessa e esperança para fortalecê-los para a sua morte (conforme 13 1:17-1'>João 13:17).

    Celebração de Jesus da Páscoa na noite antes de sua morte levanta uma questão importante: Como Ele poderia celebrar a Páscoa na quinta-feira à noite, quando os cordeiros pascais foram mortos na sexta-feira? A resposta está no fato de que, no primeiro século, Israel, a Páscoa foi comido regularmente em duas noites. Aqueles da Galiléia observou-se na quinta-feira à noite, enquanto os da Judéia comemorado na sexta-feira. Consequentemente, Jesus era capaz de comer a Páscoa com seus discípulos na quinta-feira à noite e ainda morrer como o cordeiro pascal na sexta-feira à tarde.
    Como expliquei em meu comentário sobre o Evangelho de João,

    Uma aparente discrepância existe neste momento entre a cronologia de João e que dos Evangelhos sinópticos. O último afirmar claramente que a Última Ceia foi uma refeição pascal (Mt 26:17-19; Marcos 14:12-16.; Lucas 22:7-15). Jo 18:28, no entanto, registra que os líderes judeus "levou Jesus da casa de Caifás para o pretório, e era cedo [Sexta-feira de manhã; o dia da crucificação]; e eles mesmos não entraram no pretório, para que eles não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa. "Além disso, de acordo com o julgamento Jo 19:14 Jesus e crucificação foi realizada no" dia de preparação para a Páscoa, " não um dia após a ingestão da refeição da Páscoa. Assim, o Senhor foi crucificado, ao mesmo tempo em que os cordeiros pascais eram mortos (conforme 19:36; Ex 12:46;. Nu 9:12). O desafio, então, é explicar como Jesus e os discípulos poderia ter comido a refeição da Páscoa na quinta-feira à noite, se os líderes judeus ainda não tinha comido na sexta-feira de manhã. 
         A resposta está na compreensão de que os judeus tinham dois métodos diferentes de dias cômputo . Fontes judaicas antigas sugerem que os judeus da parte norte de Israel (incluindo Galiléia, onde Jesus ea maioria dos Doze eram de) dias contados a partir do nascer do sol ao nascer do sol. A maioria dos fariseus, aparentemente, também usou esse método. Por outro lado, os judeus da região sul de Israel contados dias de sol a sol. Isso incluiria os saduceus (que necessariamente viviam nas proximidades de Jerusalém por causa de sua ligação com o templo). Embora, sem dúvida, confuso, por vezes, que a dupla método de dias cômputo teriam benefícios práticos na Páscoa, permitindo que a festa a ser comemorado em dois dias consecutivos. Isso teria facilitado as condições de superlotação em Jerusalém, especialmente no templo, onde todos os cordeiros não teria de ser morto no mesmo dia. 
         Assim, não há contradição entre João e os sinóticos. Sendo galileus, Jesus e os doze teria visto o dia da Páscoa como correr a partir do amanhecer na quinta-feira ao nascer do sol na sexta-feira. Eles teriam comido a refeição da Páscoa na quinta-feira à noite. Os líderes judeus (os saduceus), no entanto, teria visto isso como início ao pôr do sol na quinta-feira e termina ao pôr do sol na sexta-feira. Eles teriam comido a refeição da Páscoa na sexta-feira à noite. (Para uma discussão mais aprofundada desta questão, ver Harold W. Hoehner, Aspectos Cronológico da Vida de Cristo [Grand Rapids: Zondervan, 1977], 74-90; Robert L. Tomé e Stanley N. Gundry, A Harmonia dos Evangelhos [Chicago: Moody, 1979], 321-22; João 12:21, A Commentary MacArthur Novo Testamento. [Chicago: Moody, de 2008], 62-63)

    O drama da cruz envolveu uma miríade de atores: de líderes religiosos antagônicos como Caifás para devotos adoradores como Maria de vira-casaca discípulos como Judas para fiéis seguidores como Pedro e João. No entanto, uma pesquisa dessas figuras humanas em última análise, nos aponta de volta para Deus, o Pai, cuja mão invisível soberanamente orquestrada de todos os detalhes de acordo com seu plano perfeito (conforme At 2:23; At 3:18; At 4:28). Em sua crucificação, o Senhor Jesus não era vítima. Em vez disso, Ele era o Filho de Deus vitorioso que submissamente e propositAdãoente obedeceu ao Seu Pai celestial, a ponto de morte, e morte de cruz. Por esta razão, também, Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, daqueles que estão no céu, na terra e debaixo da terra, e que toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp 2:1)

    Quando chegou a noite Ele veio com os doze. Como eles estavam reclinados à mesa e comer, Jesus disse: "Em verdade vos digo que um de vós me há de trair-one que está comendo comigo." Eles começaram a entristecer-se e dizer a Ele, um por um ", Certamente que não eu? "E Ele lhes disse:" É um dos doze, aquele que mergulha Comigo na tigela. Porque o Filho do homem é ir assim como está escrito a seu respeito; mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Teria sido bom para esse homem se não houvera nascido "Enquanto comiam, tomou o pão e, depois de uma bênção, partiu-o e deu-lho, e disse:" Levá-lo.; isto é o meu corpo. "E, quando tomou um copo e tendo dado graças, deu-lho, e todos beberam dele. E Ele lhes disse: "Este é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos. Em verdade vos digo a você, eu nunca mais beberei do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus. "Depois de cantar um hino, saíram para o Monte das Oliveiras. (14: 17-26)

    Quase 1.500 anos depois da primeira Páscoa foi estabelecida por Deus, na noite do povo hebreu foram libertados da escravidão no Egito, Jesus e seus discípulos fizeram o seu caminho para um cenáculo em Jerusalém, onde eles celebraram a última refeição da Páscoa divinamente autorizada. Em seu lugar, o Senhor instituiu um novo memorial que apontou para si mesmo e sua obra na cruz. Enquanto a velha Páscoa comemorava a libertação temporal, de Israel da escravidão no Egito, a nova Páscoa celebrada uma infinitamente maior redenção eterna do poder e da penalidade do pecado. Em uma única refeição da Páscoa, na noite antes de sua morte, o Senhor Jesus concluiu a celebração velha e instituiu o novo. Ele tomou componentes dessa festa da Páscoa final e redefiniu-los como elementos de sua mesa de comunhão.

    Ao longo dos séculos da história do Antigo Testamento, milhões de cordeiros foram mortos como parte da observância da Páscoa anual. Cada um desses animais para o sacrifício simbolizava a realidade de que a libertação da ira divina requer a morte de um substituto inocente. Mas nenhum desses sacrifícios realmente pode expiar o pecado (conforme He 10:4), a quem todos eles apontaram. Ele é o único sacrifício satisfatória a Deus como oferta pelo pecado.

    Mais cedo na quinta-feira, Jesus enviou Pedro e João em Jerusalém para fazer preparativos para a ceia pascal (conforme Lc 22:8). Jesus e os discípulos chegaram à noite, em um local conhecido somente por Jesus. O sigilo foi necessária a fim de impedir Judas de alertar as autoridades religiosas a sua localização, para que Jesus pudesse realizar tudo o que era necessário antes de Sua prisão e execução. Como o Senhor explicou aos Doze: "Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de padecer" (Lc 22:15). Essas palavras expressam a profunda emoção o Senhor anexado à última Páscoa com seus discípulos. Em que uma refeição, ele traria para a conclusão de todo um sistema e lançar um novo, ao mesmo tempo dando Seus seguidores a instrução adicional que desesperAdãoente precisava ouvir nas horas antes da cruz.

    Como observado acima, Jesus já tinha enviado Pedro e João à frente do resto, a fim de preparar tudo para a refeição da Páscoa. O comentário de Marcos que Ele veio com os doze é certamente uma referência geral aos apóstolos, o que significa simplesmente que Jesus chegou junto com os outros dez para se juntar a Pedro e João.

    De acordo com os costumes judaicos do primeiro século, Jesus e os discípulos estavam reclinados à mesa e comer, descansando em almofadas com a cabeça em direção à mesa e os pés estendidos longe dele. A primeira Páscoa no Egito foi comido em uma pressa. Como o Senhor Deus instruiu os israelitas: "Você deve comê-lo desta maneira: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, eo vosso cajado na mão; e o comereis apressAdãoente; é a Páscoa do Senhor "(Ex 12:11). Mas ao longo dos séculos, as celebrações da Páscoa havia se tornado eventos prolongados, permitindo que os participantes a relaxar durante a refeição como Jesus e os discípulos fizeram nesta ocasião. Esta última Páscoa durou o tempo suficiente para Jesus para lavar os pés dos discípulos, enfrentar Judas 1scariotes, comer a refeição da Páscoa, instituir Mesa do Senhor, e dar aos discípulos uma quantidade significativa de instrução adicional (conforme 13 1:16-1'>João 13:16).

    A Páscoa consistia de vários recursos. A festa começou com uma oração de ação de graças pela libertação, proteção, e da bondade de Deus. A oração de abertura foi seguida pela primeira de quatro copos de vinho tinto diluído. A lavagem cerimonial das mãos veio a seguir, o que significa a necessidade de santidade e purificação do pecado. Foi, provavelmente, neste momento da refeição, no exato momento em que eles deveriam ter sido reconhecendo seus pecados, que os Doze começaram a debater quem entre eles era o maior (Lc 22:24). Jesus respondeu, lavando os seus pés e ensinar-lhes uma lição inesquecível sobre humildade (conforme 13 3:43-13:20'>João 13:3-20).

    A cerimônia de lavagem das mãos foi seguido pela ingestão de ervas amargas que simbolizava a escravidão dura e aflição do povo hebreu suportou enquanto escravizados no Egito. Junto com as ervas amargas, pães plana também seria quebrado, distribuído, e mergulhou em uma pasta grossa feita a partir de frutas e nozes chão. A ingestão de ervas amargas foi seguido pelo canto dos dois primeiros salmos do Hallel, e beber do segundo copo de vinho. O Hallel (13 1:118-1'>Pss. 113-118) consistiu em hinos de louvor e é a palavra da qual o termo "aleluia" (significado: "Louvado seja o Senhor") é derivado. Neste ponto, o chefe da família também explicaria o significado da Páscoa.
    Em seguida, o cordeiro assado e pão sem fermento seria servido. Depois de lavar as mãos mais uma vez, o chefe da família iria distribuir pedaços de pão para ser comido com o cordeiro sacrificial. Quando o prato principal foi concluída, um terceiro copo de vinho seria recebido. Para completar a tradicional cerimônia, os participantes cantavam o resto do Hallel (Pss. 115-118) e, finalmente, eles iriam beber a quarta taça de vinho.
    Em algum momento da celebração, Jesus disse: "Em verdade vos digo que um de vós me há de trair-one que está comendo comigo." A palavra trair (a forma do verbo grego paradidomi ) significa "dar over" e foi muitas vezes usado para descrever os criminosos serem presos ou detidos a ser entregue a punição. Apesar de, em várias ocasiões anteriores, Jesus havia predito Sua morte, Ele não tinha anteriormente explicado aos discípulos que Ele seria traído por um deles.

    As palavras de Jesus ecoaram as de Davi, que, depois de ser traído por um de sua confiança, exclamou:

    Pois não é um inimigo que me afronta, então eu poderia suportá-lo; nem é aquele que me odeia quem se exaltou contra mim, então eu poderia me esconder dele. Mas é você, um homem meu igual, meu companheiro e meu amigo íntimo; nós, que teve a doce comunhão juntos, [e] entrou na casa de Deus no meio da multidão. (Sl 55:12-14.)

    No Sl 41:9).

    Jesus, é claro, sabia quem era que iria traí-lo, já que Ele sabia o que estava nos corações de todos (Jo 2:24), incluindo as más intenções de Judas (João 6:70-71; Jo 13:11). Mas os outros discípulos não suspeitou de nada. Judas era tão hábil em esconder sua hipocrisia que confiava nele como seu tesoureiro, mesmo quando ele estava furtando dinheiro com eles (conforme Jo 12:6 explica que eles foram "profundamente entristecido". Com a exceção óbvia de Judas (conforme 26:25 Matt.), Os discípulos realmente acreditavam em Jesus e ficaram incrédulos quando informado um deles era um traidor. A pergunta era genuíno, tanto na auto-dúvida e da sincera afeição por Cristo que ele expressa. Talvez, apenas tendo sido repreendido pelo Senhor para seu orgulho (conforme 13 5:43-13:20'>João 13:5-20), eles foram sensibilizados para a maldade potencial de seus próprios corações.

    No momento em que os discípulos estavam comendo as ervas amargas, juntamente com pão achatado mergulhado na pasta de frutas e nozes, Ele lhes disse: "É um dos doze, aquele que mergulha Comigo na tigela." Diversas bacias de imersão provavelmente foram situado em torno da mesa, com Judas aparentemente sentado perto de Jesus e compartilhando a mesma tigela com Ele. Os discípulos aparentemente não entendia completamente resposta um tanto enigmática do Senhor. Como o apóstolo João explica em seu relato paralelo, eles continuaram a ser confundido quanto à identidade do traidor de Jesus.

    Então Simão Pedro fez um gesto para [João], e disse-lhe: "Diga-nos quem é de quem ele está falando." Ele, recostando-se, portanto, sobre o peito de Jesus, disse-lhe: "Senhor, quem é?" Jesus em seguida, respondeu: "Esse é o único para quem eu molhará o bocado e dar-lhe a ele." Então, quando ele tinha mergulhado o bocado, Ele tomou e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. Após o bocado, Satanás entrou então para ele. Por isso Jesus disse-lhe: "O que você faz, fá-lo depressa." Agora ninguém dos que estavam à mesa percebeu a que propósito que Ele tinha dito isso a ele. Para alguns estavam supondo, como Judas tinha a bolsa, que Jesus estava dizendo a ele: "Compre as coisas que temos necessidade para a festa"; ou então, que desse alguma coisa aos pobres. Então, depois de ter recebido o bocado saiu logo; E era noite. (13 24:43-13:30'>João 13:24-30)

    Como miserável e tolo como Judas foi, motivado por seus próprios desejos carnais, ele não podia nem frustrar nem alterar o plano de Deus. Na verdade, os maus desígnios de Judas foram estrategicamente estabelecido por Deus em seus propósitos redentores. Como Jesus passou a explicar, porque o Filho do homem é ir assim como está escrito a seu respeito. Tudo para acontecer com Jesus havia sido predestinados por Deus e predita nas Escrituras (conforme At 2:23). Detalhes sobre seu sofrimento e crucificação foram previstos em passagens do Antigo Testamento, como o Salmo 22Isaías 53; e Zacarias 12. Assim, Paulo poderia dizer o Corinthians "que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1Co 15:3; Lc 24:44; Fp 2:1).

    É importante notar que, embora Deus usou Judas para cumprir Seus propósitos, Judas ainda estava pessoalmente culpado por suas más ações. Como Jesus passou a explicar, ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído Em Sua providência, Deus soberano e constantemente anula escolhas pecaminosas das pessoas, como os de Judas, para seus próprios fins e glória (conforme Gn 50:20). Mas essa realidade não exonera-los para a sua maldade. A palavra ai é mais do que uma advertência; ele é o pronunciamento do juízo divino e condenação. Através de sua rejeição voluntária de Cristo, optando por traí-lo, em vez de acreditar nele, Judas condenado a sua alma para o inferno eterno (conforme Jo 17:12).

    Jesus continuou com uma declaração preocupante: Teria sido bom para esse homem se não houvera nascido. Como todos os que rejeitam a Cristo, Judas seria condenado para sempre. Depois de ter sido dado o máximo privilégio de ser um dos discípulos de Jesus, Judas seria punido em conformidade com medidas extremas (conforme Lucas 12:47-48). A retribuição eterna que ele e todos os incrédulos aguardado é tão grave que a nunca ter existido seria infinitamente melhor. O autor de Hebreus descreve as terríveis conseqüências que esperam por todos os que exibem tais obstinada incredulidade.

    Quanto maior castigo que você acha que ele será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com o qual foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?Para nós conhecemos aquele que disse: "Minha é a vingança, eu retribuirei." E mais uma vez: "O Senhor julgará o seu povo." É uma coisa terrível cair nas mãos do Deus vivo. (Heb. 10: 29-31)

    A Primeira Comunhão

    Enquanto comiam, tomou o pão e, depois de uma bênção, partiu-o e deu-lho, e disse: "Levá-la; isto é o meu corpo. "E, quando tomou um copo e tendo dado graças, deu-lho, e todos beberam dele. E Ele lhes disse: "Este é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos. Em verdade vos digo a você, eu nunca mais beberei do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus. "Depois de cantar um hino, saíram para o Monte das Oliveiras. (14: 22-26)

    Depois Judas esquerda (13 30:43-13:31'>João 13:30-31), e apenas os onze fiéis permaneceram, Jesus transformou a Páscoa em Mesa do Senhor (também chamado Ceia do Senhor ou Comunhão) e, assim, sinalizou a transição do velho para o novo pacto. As palavras de Jesus registradas nesta passagem marcou o fim de todas as cerimônias do Antigo Testamento, sacrifícios e rituais (conforme Mc 15:38). Todos os símbolos da antiga aliança apontava para Cristo; na Sua morte, eles estavam perfeitamente cumprido e substituído.

    Que Jesus disse estas coisas enquanto eles estavam comendo sugere que isso ocorreu por volta da época do cordeiro assado foi servido. No meio da celebração da Páscoa, o único e verdadeiro Cordeiro pascal (1Co 5:7;. Conforme Ex 12:46;. Sl 34:20). Em vez disso, o fato de que os discípulos foram dadas a cada um pedaço do mesmo pão simbolizava sua unidade em Cristo (conforme 1 Cor. 12: 12-27). De acordo com a passagem paralela em Lc 22:19, Jesus acrescentou: "dado por vós; fazei isto em memória de mim "(conforme 1Co 11:24). Essas palavras indicam que o Senhor pretendia Sua mesa para ser observado por seus seguidores como um memorial perpétuo da sua morte.

    Tal como acontece com muitas doutrinas, a Igreja Católica Romana tem pervertido a Mesa do Senhor para a prática bizarra da transubstanciação, na qual a substância do pão e do cálice são supostamente transformado no corpo e sangue de Jesus Cristo. Mas Jesus não estava falando literalmente, quando disse do pão, isto é o meu corpo. equívocos semelhantes de palavras de Jesus incitou os líderes judeus ao ridículo quando Ele descreveu seu corpo como um templo (João 2:19-21), e causou muitos discípulos superficiais a abandonar quando Ele chamou a Si mesmo o Pão da Vida (Jo 6:35, 48-66). Da mesma forma que Jesus se refere a si mesmo como uma porta (Jo 10:9), as palavras de Jesus no cenáculo deve ser entendido em sentido figurado.

    Depois de distribuir o pão, o Senhor Jesus instituiu o segundo elemento da sua mesa. Quando ele tinha tomado um copo e tendo dado graças, deu-lho, e todos beberam dele. O verbo traduzido dado graças é uma forma de o grego palavra eucharisteo , a partir do qual o Inglês palavra "Eucaristia" é derivado. ("Eucaristia" é um título histórico para a Mesa do Senhor que tem sido amplamente requisitados e corrompido pela Igreja Católica Romana.) Esta teria sido a terceira taça da refeição da Páscoa, seguindo o curso principal. Que todos beberam dele demonstra que Jesus destina a todos os crentes a participar em ambos os elementos da Ceia do Senhor (conforme 1Co 10:16, 1Co 10:21;. 1Co 11:28).

    Depois de beber do cálice, Ele lhes disse: "Este é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos. Assim como o pão simbolizava Seu corpo, de modo a taça simbolizava seu sangue. Para que uma aliança a ser estabelecida, tinha que haver o derramamento de sangue (uma referência à morte, conforme Heb. 9: 16-20). Mas, diferentemente dos sacrifícios de animais necessários para a Noé (Gn 8:20), Abraão (Gn 15:10), e convênios Mosaico (Ex. 24: 5-8; Lv 17:11.), A nova aliança (Lc 22:20) exigiu o precioso sangue do Cordeiro imaculado de Deus seja derramado em morte para o benefício eterno dos muitos a quem ele redimiria (conforme Is 53:12). Mt 26:28 acrescenta que a razão pela qual o sangue de Cristo teve que ser derramado era "para o perdão dos pecados" (conforme He 9:22; 1Pe 1:21Pe 1:2). Ele suportou a pena da ira de Deus, satisfez a justiça divina, e ratificou a nova aliança do perdão e da salvação (Jr 31:34). (Para uma discussão detalhada da nova aliança, veja II Coríntios , o comentário MacArthur Novo Testamento. [Chicago: Moody, 2003], rachaduras 7 e 8.) A morte de Jesus constituiu o pagamento final, de modo que não há mais a necessidade de se sacrifícios em curso animais (conforme Heb. 10: 4-12). Isso foi claramente demonstrado pelo rasgar do véu na entrada do Santo dos Santos, e da promessa do Senhor a respeito da completa destruição do templo em (Mt 27:51). AD 70 (conforme 13 1:41-13:3'>Mc 13:1— 3).

    Jesus concluiu a celebração inaugural da Ceia do Senhor com uma promessa aos seus discípulos: Em verdade vos digo a você, eu nunca mais beberei do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus. " A fruta da vinha foi um coloquialismo judaica que se refere ao vinho; Neste contexto, referiu-se especificamente ao vinho tinto diluída da refeição da Páscoa. Mais cedo, na mesma noite, Jesus também lhes tinha dito: "Eu digo a você, eu nunca vou voltar a comer-la até que ela se cumpra no reino de Deus" (Lc 22:16). Essas palavras assegurou aos discípulos que Ele iria voltar (conforme Jo 14:3), e que Ele seria um dia celebrar a Páscoa com eles novamente em Seu reino milenar. Até o seu retorno, os crentes devem continuar a celebrar o memorial refeição da sua mesa (conforme 1 Cor. 11: 23-24). Assim, a celebração regular da comunhão não só olha para trás para a morte de Cristo, mas também aguarda com grande expectativa a sua vinda. Na noite anterior, Jesus instruiu seus discípulos sobre seu retorno e o fim dos tempos (conforme 13 24:41-13:27'>Mc 13:24-27). Agora, na noite antes da Sua morte, Ele lhes assegurou que a cruz não representa o fim da história.

    À medida que a celebração da Páscoa, concluiu, Jesus e os discípulos cantaram uma canção de encerramento, provavelmente o salmo final do tradicional Hallel (Sl. 118). É difícil imaginar uma bênção mais adequado, uma vez que o refrão repetido do Salmo 118 é que a bondade amorosa de Deus é eterna (vv. 1-3, 29). No refrão poderia ter sido mais apropriado, tendo em conta a iminência da cruz. Embora o Messias seria rejeitado e morto por líderes religiosos de Israel (conforme v. 22), Ele subiria vitorioso no terceiro dia.

    Marcos conclui sua discussão sobre a sala de cima, observando apenas que depois de cantar aquela final hino, saíram para o Monte das Oliveiras. Lá, Jesus rezava fervorosamente ao Pai que a vontade de Deus seria realizado. Logo, o Cordeiro de Deus, seria preso e condenado injustamente (1Pe 1:19; 2: 21-24). O momento mais significativo na história do resgate era apenas poucas horas de distância.

    77. A taça da agonia (Marcos 14:27-42)

    E Jesus disse-lhes: "Vocês todos vai cair, porque está escrito: 'Vou derrubar o pastor e as ovelhas se dispersarão. Mas depois de eu ter sido levantado, irei adiante de vós para a Galiléia. "Mas Pedro disse-lhe:" Mesmo que todos podem cair, mas eu não vou. "E Jesus disse-lhe:" Em verdade vos digo que, que esta noite, antes que o galo cante duas vezes, você mesmo me negará três vezes ". Mas Pedro não parava de dizer insistentemente:" Mesmo se eu tiver que morrer com você, eu não vou negar Você! "E tudo o que eles estavam dizendo a mesma coisa também. Eles chegaram a um lugar chamado Getsêmani; e disse aos seus discípulos: "Sentem-se aqui até que eu tenho orado." E, levando consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ser muito angustiado e perturbado. E Ele lhes disse: "A minha alma está profundamente triste ao ponto de morte; permanecer aqui e vigiem. "E, indo um pouco além deles, e caiu no chão e começou a Oração para que, se fosse possível, a hora pode passar por ele. E Ele estava dizendo: "Abba! Pai! Tudo é possível para você; remover de mim este cálice;Ainda não é o que eu quero, mas o que tu queres. "E Ele veio e os encontrou dormindo, e disse a Pedro:" Simão, você está dormindo? Você não poderia manter o relógio por uma hora? Continue assistindo e Orando para que você não pode entrar em tentação; o espírito está pronto, mas a carne é fraca. "Mais uma vez ele foi embora e orou, dizendo as mesmas palavras. E mais uma vez ele veio e os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam muito pesado; e eles não sabiam o que lhe responder. E Ele veio pela terceira vez, e disse-lhes: "Você ainda está dormindo e descansando? É o suficiente; é chegada a hora; Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levante-se, vamo-nos; eis que aquele que trai Me está próximo "(14: 27-42)!

    Durante seus 33 anos na terra, o Senhor Jesus foi repetidamente expostos às provações e tentações da vida (conforme He 4:15). Como Is 53:3, Mc 8:18), se entristeceu com o sofrimento físico dos doentes e deficientes (Mc 7:34;. Conforme Mt 14:14; Mt 20:34), e chorou junto da sepultura de um amigo amado (Jo 11:35). Com percepção divina (conforme Jo 2:25), o Senhor Jesus testemunhou o sofrimento inerente a um mundo corrompido pelo pecado, da doença e da morte. Sua compreensão do sofrimento dos outros fez com que fosse movido de compaixão (conforme Mc 1:41; Mc 6:34; Mc 8:2, Sua forte emoção é descrito: "Quando Jesus viu [Maria] choro, e os judeus que vieram com ela, também chorando, Ele ficou profundamente comovido em espírito e perturbou-se." Este sentimento intenso foi o resultado de a morte de Lázaro, a tristeza de Maria e Marta, a realidade de Israel incrédulo, ea compreensão do impacto do pecado e da morte na história da humanidade.

    Que a dor intensa sobre o pecado era semelhante à dor, mágoa e angústia severa Ele experimentou no jardim do Getsêmani. As profundidades de sua agonia, nessas primeiras horas da manhã antes da Cruz, eram infinitamente maior do que qualquer outra pessoa na história da humanidade jamais experimentou. O imaculado Cordeiro de Deus (1Pe 1:19) logo seria alienado de Seu Pai celestial (Mc 15:34) e esmagado sob a ira divina (Is 53:10), a fim de tirar os pecados de outras pessoas (2Co 5:21). Sem agonia poderia ser maior do que saber que em breve beber o cálice do juízo de Deus contra o pecado (conforme Mt 20:22;. Jo 18:11).

    Na quinta-feira à noite, Jesus e seus discípulos celebraram tanto a última Páscoa ea primeira comunhão no cenáculo em Jerusalém (Marcos 14:12-26). A refeição da Páscoa provavelmente durou cinco a seis horas, a partir de depois do sol (por volta das 6:12 PM ) para pouco antes da meia-noite. Quando foi terminado, Jesus e os onze deixaram a cidade e se dirigiu através do vale de Kidron para o Monte das Oliveiras (v. 26). Este era o lugar onde, há pouco mais de 24 horas antes, Jesus havia instruído seus discípulos sobre as glórias de Sua segunda vinda. Agora, em torno da meia-noite na sexta-feira de manhã, ele teria de enfrentar a agonia torturante de sua crucificação iminente.

    Cinco aspectos do sofrimento do Senhor são destacadas nesta passagem (Marcos 14:27-42). Estes podem ser vistos em Sua previsão traumático, aflição transcendente, Pedido chorosa, concurso exortação e apresentação triunfante.

    Previsão Traumatic do Senhor

    E Jesus disse-lhes: "Vocês todos vai cair, porque está escrito: 'Vou derrubar o pastor e as ovelhas se dispersarão. Mas depois de eu ter sido levantado, irei adiante de vós para a Galiléia. "Mas Pedro disse-lhe:" Mesmo que todos podem cair, mas eu não vou. "E Jesus disse-lhe:" Em verdade vos digo que, que esta noite, antes que o galo cante duas vezes, você mesmo me negará três vezes ". Mas Pedro não parava de dizer insistentemente:" Mesmo se eu tiver que morrer com você, eu não vou negar Você! "E tudo o que eles estavam dizendo a mesma coisa também. (14: 27-31)

    De acordo com Mc 14:26, Jesus e os onze deixou a sala de cima depois de terminar a Páscoa e caminhou em direção ao Monte das Oliveiras. Deixando de Jerusalém através do portão oriental, teriam atravessado Vale do Cedron, cruzando o riacho que ainda estava fluindo com a água das chuvas de inverno tardias. Durante a Páscoa, a água do riacho foi misturado com o sangue dos cordeiros sacrificados no templo-a vívida lembrança do sacrifício que o próprio Filho de Deus em breve iria fazer. Quando começaram a subir o Monte das Oliveiras, Jesus e seus discípulos, basicamente, seguiu o mesmo caminho Davi tinha tomado um milênio antes quando ele fugiu, descalço e chorando, a partir de seu filho traiçoeiro Absalão (2Sm 15:30).

    Antes de chegar a seu destino no jardim do Getsêmani, o Senhor emitiu uma previsão traumático aos Seus discípulos, explicando-lhes que sua coragem seria um fracasso e eles o abandonariam. Os discípulos protestaram com veemência qualquer noção, mas as suas palavras finalmente provou ser muito mais corajosa do que suas ações subseqüentes. Em apenas algumas horas, tudo o que Jesus predisse sobre eles iria ocorrer.
    Embora a fraqueza dos discípulos é claramente exposta nestes versos (vv. 27-31), o texto também revela várias verdades maravilhosas sobre o Senhor Jesus. Seu fiel resistência em face do sofrimento brilha contra o pano de fundo de sua fragilidade e fracasso. Sua ignorância, covardia, fraqueza e orgulho serve para destacar seu caráter majestoso, colocando seu conhecimento, coragem, força e humildade em cores vivas contraste.

    Seu conhecimento. Ao longo contra a ignorância ea dúvida dos discípulos, o Senhor Jesus exibiu conhecimento sobrenatural e certeza inabalável em face do sofrimento. Porque Ele possuía conhecimento divino do futuro, ele havia previsto tanto Sua traição por Judas (Marcos 14:18-21) e subseqüente dispersão dos outros discípulos (conforme Mt 26:56.). Consequentemente, Jesus disse-lhes: "Vocês todos irão cair. O verbo grego traduzido queda de distância (uma forma de skandalizō , a partir do qual a palavra Inglês escandaliza é derivada) indicou que os onze em breve abandonará. Ao contrário de Judas 1scariotes, no entanto, a sua deserção seria apenas temporária. Perfeito conhecimento do Senhor não só incluiu um entendimento do que iria acontecer no futuro, mas também uma compreensão plena da vontade do Pai. Assim, mesmo que ele sabia que iria ser preso e abandonado por seus seguidores, Jesus não hesita em que seu pai o chamou para realizar.

    . Sua coragem O Senhor ressaltou Sua previsão traumático, citando palavras de profecia bíblica. Está escrito era uma fórmula comum para a introdução de conteúdos a partir do Antigo Testamento (conforme Mc 1:2; Mc 14:21, Mc 14:27). Citando Zc 13:7; 5: 28-29; Jo 6:40; 11: 25-27), prometendo aos discípulos que depois de Sua morte Ele ressuscitaria (conforme Mt 16:21; Mt 17:9; 20: 18-19). Esse poder divino contrastava com sua fraqueza óbvia.

    A promessa do Senhor, que Ele vá em frente de -los para a Galiléia, foi precisamente cumprida depois da ressurreição (conforme Mt 28:7, 16-17). Foi na Galileia que o Cristo ressuscitado enfatizou Seu poder divino quando Ele comissionou os apóstolos, com estas palavras,

    Toda a autoridade foi-me dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. (Mat. 28: 18-20)

    Sua humildade. Apesar da previsão clara do Senhor, Pedro orgulhosamente disse-lhe: "Mesmo que todos podem cair, mas eu não vou." Em seu excesso de confiança, o discípulo estridente ousAdãoente declarou que sua coragem nunca falharia. Pouco tempo antes, enquanto ainda no Cenáculo durante a refeição da Páscoa, o Senhor Pedro emitiu um aviso similar. Lucas registra que conversa antes, começando com as palavras de Jesus:

    "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que tua fé não desfaleça; e você, quando uma vez que você, uma vez convertido, confirma os teus irmãos. "Mas [Pedro] disse-lhe:" Senhor, com você eu estou pronto para ir tanto para a prisão como para a morte! "E Ele disse:" Eu digo a você ., Pedro, o galo não cantará hoje até que você tenha negado três vezes que você sabe Me "(Lucas 22:31-34)

    Naquela mesma noite, enquanto caminhavam em direção ao jardim do Getsêmani, obstinado orgulho de Pedro novamente se recusou a reconhecer a possibilidade de qualquer fraqueza.
    Em resposta ao excesso de confiança de bronze de seu discípulo, Jesus outra vez lhe disse: "Em verdade eu vos digo, que esta noite, antes que o galo cante duas vezes, você mesmo me negará três vezes." Dos quatro evangelistas, Marcos sozinho explica que o galo cantaria duas vezes, um detalhe acrescentou que de nenhuma maneira conflitos com os outros relatos evangélicos. (Para uma harmonia dos relatos evangélicos em relação às negações de Pedro, ver John Macarthur, One Perfect 5ida . [Nashville: Tomé Nelson, 2012], 437-44) O "galo" representava a terceira vigília da noite, terminando Nu 3:12AM , em torno do momento em que galos normalmente começam a cantar nas horas antes do amanhecer. Era provável volta de meia-noite quando Jesus disse estas palavras a Pedro, enquanto caminhavam em direção ao jardim do Getsêmani. Em questão de horas, antes de o sol se levantou na manhã de sexta, Pedro iria negar o Senhor três vezes, exatamente como Jesus predisse (conforme Mc 14:66-72).

    Recusando-se a receber a advertência do Senhor, Pedro não parava de dizer insistentemente: "Mesmo se eu tiver que morrer com você, eu não vou negar Você!" declaração enfática do Embora Pedro de lealdade a Cristo era nobre, a sua falta de vontade de ouvir a advertência de Jesus não foi . O discípulo auto-confiante foi cegado pelo orgulho e excesso de confiança. Ele logo exemplificam as palavras de Pv 16:18: "O orgulho vem antes da destruição, e um espírito altivo, antes de tropeço" (conforme Pv 11:2). Embora, sem dúvida, o membro mais franco dos discípulos, Pedro não estava sozinho em seus protestos presunçosos. Em excesso de confiança, como Marcos relata, tudo o que eles estavam dizendo a mesma coisa também.

    O orgulho do onze foi criado acentuAdãoente contra a mansidão do Senhor Jesus, como Ele entrou no momento de sua maior humilhação (conforme Fm 1:2; At 1:8), Ele foi mais fundo na jardim, tomando . consigo Pedro, Tiago e João Estes três, que, juntamente com André compreendeu o círculo mais íntimo dos Doze, foram as testemunhas privilegiadas de glória celestial de Jesus na transfiguração (Mc 9:2). A intensidade da dor foi tão grande que ele foi surpreendido por ele.

    A principal causa da Sua angústia não foi a rejeição de Israel, a deserção de Judas, ou deserção dos discípulos. Nem era a injustiça de os líderes religiosos, a zombaria dos soldados romanos, ou até mesmo a realidade iminente de morte física. Todas essas considerações, como ofensivas ou horríveis, devem ter sido, eram secundários. A agonia e espanto, que superou Jesus no jardim foi infinitamente além de qualquer uma dessas coisas. Sua tristeza foi alimentado, em primeiro lugar, pelo reconhecimento horrível que Ele viria a ser o portador do pecado e o objeto da ira divina (2Co 5:21). Pela primeira vez em toda a eternidade, Ele iria experimentar alienação de Seu Pai (Mc 15:34;. Conforme Hc 1:13), sendo esmagado por Ele como oferta pela culpa pelos pecadores (Is 53:10.). A realidade do que era quase demais para sequer Jesus para sobreviver. Como Ele disse a seus discípulos: "A minha alma está profundamente triste ao ponto de morte; permanecer aqui e vigiem. " O adjetivo grego perilupos (profundamente entristecido ) transmite a noção de estar rodeado de tristeza e sobrecarregado com tristeza. A onda de angústia que inundou a mente de Jesus foi tão intensa que quase o matou, fazendo com que seus capilares subcutâneos para dilatar e estouro de modo que o seu suor era como gotas de sangue (Lc 22:44).

    Pedido choroso do Senhor

    E, indo um pouco além deles, e caiu no chão e começou a Oração para que, se fosse possível, a hora pode passar por ele. E Ele estava dizendo: "Abba! Pai! Tudo é possível para você;remover de mim este cálice; Ainda não é o que eu quero, mas o que tu queres ". (14: 35-36)

    Como mencionado acima, a tristeza e dor que Jesus experimentou no jardim desafia a compreensão, porque era uma luta sobrenatural. Fora da própria cruz, este foi o ápice de seu sofrimento. Foi no Getsêmani que Jesus experimentou seu maior momento de tentação, enquanto contemplava a taça da ira divina, que em breve seria derramado sobre Ele. A batalha Ele enfrentou havia muito mais intensa do que o Seu encontro anterior com o diabo no deserto (Mt 4:1-11; Marcos 1:12-13.; Lucas 4:1-13). É semelhante excedeu a tentação Ele enfrentou em Marcos 8:32-33, quando Pedro se tornou um porta-voz de Satanás na tentativa de convencer Jesus a fim de evitar a cruz.

    Por volta de meia-noite, poucas horas antes de sua morte, o Filho de Deus sofreu tentativa final de Satanás para dissuadi-lo da cruz (conforme Lc 22:53), que está sendo tentado a colocar sua própria vontade humana acima do Seu Pai celestial. Se o diabo tinha conseguido, Jesus não teria conseguido propósitos redentores de Deus. Sua missão messiânica teria terminado em fracasso; A Palavra de Deus seria falso;o evangelho não teria sentido; céu estaria vazio; e Satanás teria reivindicado a vitória. Sabendo o que estava em jogo, Jesus pediu encarecidamente Seu Pai celestial. Ele foi um pouco além de Pedro, Tiago e João (conforme Lc 22:41) e caiu no chão e começou a Oração. Ao contrário dos discípulos, que não paravam de cair no sono em vez de ficar vigilante, Jesus respondeu a cada onda de tentação com períodos intensos de oração prolongada (conforme vv 35, 39;. conforme Mt 26:39, Mt 26:42, Mt 26:44.). Como o autor de Hebreus explica: "Ele ofereceu-se ambas as orações e súplicas, com forte clamor e lágrimas" (He 5:7; Lc 23:34, Lc 23:46; Jo 5:18; Jo 17:1, Jo 17:11, . Jo 17:21, Jo 17:24, Jo 17:25Abba é um termo aramaico de carinho e intimidade, e é basicamente equivalente às palavras inglesas "Papa" ou "papai" (conforme Rm 8:15; Gl 4:6; Is 51:17, Is 51:22; Jer. 25: 15-17; Jr 49:12 .; Lm 4:21; Ez 23:1; Zc 12:2).

    Embora seu horror fez chorar para evitar a cruz, o Senhor era totalmente submisso à vontade do Pai (conforme Mt 6:10). Assim, Ele articulou sua resolução triunfante com estas palavras, mas não o que eu quero, mas o que você vai. A submissão à vontade do Pai tinha caracterizado a vida e ministério inteiro (conforme Jesus "Jo 4:34; Jo 5:30; 06:38 —40; Jo 12:49; Jo 14:31; Jo 17:8; 9: 31-34; Lc 9:22, Lc 9:44; Jo 12:32), Jesus entregou-se totalmente ao Pai, de boa vontade " tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz "(Fm 1:2). Percebendo o seu Senhor estava prestes a morrer, e de ter sido avisado que eles iriam abandonar Ele, os discípulos foram superados pelo cansaço de luto. Ainda assim, a sua tristeza não era desculpa. Em uma noite tão crítica, que deveriam ter feito o que fosse necessário para ficar alerta, pois Jesus já havia os instruiu a fazer (v. 34).

    Ao abordar-lo como Simon, em vez de por seu novo nome de Pedro (conforme Mt 16:18), Jesus pode ter sido destacando a fragilidade de Pedro no momento. No entanto, a repreensão do Senhor, à luz de tudo o que estava acontecendo, foi particularmente suave e gracioso. Mesmo no meio de Sua profunda agonia, o Senhor estava realmente preocupado com seus homens. Isso eles não podiam manter-se vigilantedurante uma hora sugere que Jesus estava orando para que cerca de duração do tempo. Ele veio e acordou-los, para não envergonhá-los, mas para exortá-los com ternura para manter vigiando e orandopor isso que eles não entrem em tentação (conforme Mt 6:13). Mandamento de Jesus para continuar assistindo a intenção de ficar alerta, não só fisicamente, mas espiritualmente (conforme 13 11:45-13:13'>Rom. 13 11:13), mantendo-se vigilante face de ataque espiritual. Como o próprio Pedro disse, muitos anos depois que ele aprendeu esta lição no Getsêmani: "Seja de espírito sóbrio, estar em alerta. O vosso adversário, o diabo, anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém para devorar "(1Pe 5:8).

    Deixá-los, novamente Ele se foi e orou, dizendo as mesmas palavras gravadas no versículo 36. Como a passagem paralela em Mt 26:42 explica: "Ele foi embora novamente uma segunda vez e orou, dizendo: Meu Pai, se este não puder Passará a menos que eu o beba, Sua vontade seja feita. "Depois de um segundo período de intensa Pedido com Seu Pai celestial, Jesus outra vez veio a verificar em seus discípulos. E, novamente, voltando, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam muito pesado . Pela segunda vez, Jesus despertou-los, provavelmente repetindo as perguntas Ele lhes anteriormente (v. 37) tinha pedido. Reconhecendo que poderia oferecer nenhuma desculpa válida, eles não sabiam o que lhe responder.

    Jesus, então, voltou a orar pela terceira vez (conforme Mt 26:44). Como o apóstolo Paulo em 2Co 12:8.); um anjo do céu foi igualmente enviado nesta ocasião (Lc 22:43). Agora que sua tentação final ter terminado, Jesus estava pronto para suportar a cruz.

    Enquanto isso, os discípulos tinham caído no sono novamente. E Ele veio pela terceira vez, e disse-lhes: "Você ainda está dormindo e descansando?" Na fraqueza de sua carne, Pedro, Tiago e João se mostrou incapaz de ficar alerta, mesmo depois de ser despertado e exortou duas vezes por Jesus. Quando eles deveriam ter sido fervorosamente se preparando para o próximo confronto, eles estavam dormindo. Agora, o momento tinha chegado e eles estavam lamentavelmente despreparados.

    Submissão Vitoriosa do Senhor

    É o suficiente; é chegada a hora; Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levante-se, vamo-nos; eis que aquele que trai Me está próximo "(14: 41b-42)!

    Tendo rendeu totalmente e sem reservas ao Seu Pai Celestial durante as horas de oração, Jesus deixou Getsêmani triunfante em Seu compromisso de fazer tudo o que o pai lhe pediu para fazer. Assim, ele poderia dizer aos discípulos, Ele é o suficiente; chegou a hora. Qualquer tentação de evitar a cruz era já passada; o tempo tinha chegado para o Messias para cumprir Sua missão terrena como o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo (Jo 1:29; conforme Is 53:10-12.).

    Tanto para o choque de Seus discípulos sonolentos, o Senhor anunciou, eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Um por Judas 1scariotes levou-mob hostil (Jo 18:3; Rm 6:4)

    Imediatamente, enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos doze, veio acompanhado por uma multidão com espadas e varapaus, que eram dos principais dos sacerdotes, e os escribas e os anciãos. Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: "Aquele que eu beijar, Ele é o único; prendê-lo e levá-lo para longe sob a guarda. "Depois de chegar, Judas foi imediatamente para Ele, dizendo:" Mestre! ", e beijou-o. Eles colocaram as mãos sobre ele eo prenderam. Mas um dos que ali estavam, puxando sua espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. E Jesus disse-lhes: "Você já saiu com espadas e varapaus para me prender, como faria a um salteador? Todo dia eu estava com você ensinando no templo, e vocês não me prenderam; mas isso aconteceu para cumprir as Escrituras ". E todos eles abandonaram e fugiram. Um jovem foi segui-Lo, vestindo apenas um lençol de linho sobre seu corpo nu; e eles prenderam. Mas ele puxou livre do lençol de linho e escapou nu. (14: 43-52)

    Ele estava no jardim do Getsêmani, pouco depois da meia-noite na sexta-feira de manhã, que o Senhor Jesus suportou a tentação final (14: 32-42). Foi também lá que experimentou a traição final. Sem se abalar em Sua submissão obediente à vontade do Pai (v. 36), o Filho de Deus fiel resolutamente o seu rosto para a cruz. Ele não escondeu ou tentar escapar quando os soldados chegaram para prendê-lo. Em vez disso, Ele corajosamente saiu para enfrentá-los (v. 42), sabendo que tinha sido lá guiados pelo traidor.

    A prisão do Senhor Jesus colocou em movimento uma série de tiro rápido de eventos que culminaram com sua crucificação mais tarde naquele mesmo dia. Em questão de poucas horas, Jesus seria julgado antes de vários magistrados, incluindo o Sinédrio judaico (Marcos 14:53-65; conforme Lucas 22:66-71; 13 43:18-27'>João 18:13-27), o governador romano Pilatos (Marcos 15:1-15; conforme João 18:29-19: 16), e Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia (Lucas 23:6-12). Depois de ser condenado à morte, Ele seria torturado por soldados romanos (Marcos 15:16-19), desfilaram pelas ruas até o Gólgota (15: 20-23), em seguida, executado por ser pregado a uma cruz de madeira (15: 24— 37). Por volta Dt 3:12 da tarde, o Homem das Dores estaria morto, tendo completado sua obra expiatória como o único e verdadeiro e suficiente Cordeiro Pascal (Isaías 53:10-12; Mc 15:37; Lc 23:1).

    Os eventos da Semana da Paixão de Jesus chegou ao clímax em sua crucificação. Na segunda-feira, havia Ele entrou na cidade de Jerusalém, em triunfo, como as multidões foram às ruas para saudar como o Filho messiânica de Davi (Marcos 11:1-11). Terça-feira, Ele veio ao templo e denunciou sua corrupção, expulsando os comerciantes proliferantes e cambistas que haviam transformado a casa de Seu Pai em um covil de ladrões (11: 15-18). Quarta-feira, ele voltou para o templo, ensinando o povo e pregando contra a traição espiritual dos líderes religiosos (11: 27-12: 44; conforme Mateus 23:1-39.). Naquela noite, ele respondeu perguntas dos discípulos sobre a Sua segunda vinda e do fim dos tempos (13 5:37).

    Enquanto isso, os líderes religiosos, com medo de sua popularidade e enfurecidos com suas ações contra eles, tramaram sua destruição (14: 1-2; conforme 11,18). Reconhecendo que necessitavam para capturá-lo, longe das multidões, eles ficaram eufóricos quando um dos Doze apareceu inesperAdãoente e se ofereceu para levá-los a Ele em um lugar privado (14: 10-11). Em troca de trair Jesus, esses religiosos elite pago Judas trinta moedas de prata, o preço tradicional de um escravo (Ex 21:32).

    Na quinta-feira à noite, Jesus celebrou a última Páscoa com seus discípulos, tendo anteriormente enviou Pedro e João para preparar a refeição em um local secreto para que Judas não saberia onde estava. Foi lá, em um quarto superior, que Jesus instituiu a Ceia do Senhor e deu a Seus apóstolos palavras finais de instrução e encorajamento antes da Sua morte (conforme 13 1:17-1'>João 13:17). No meio de sua celebração da Páscoa, Jesus desmascarou o traidor (Mc 14:18), Judas, que está sendo possuído por Satanás, imediatamente à esquerda para realizar seus planos perversos (Jo 13:27; conforme Lc 22:3, Mc 14:32). Foi lá, enquanto os discípulos dormiam, que Jesus entrou em três períodos prolongados de intensa comunhão com o Pai celestial (14: 35-40). Como o Senhor terminou de orar pela terceira vez, Judas e as forças hostis que o acompanhavam chegaram para prender Jesus (vv. 41-42).

    Tendo deixado a sala de cima depois de escurecer (Jo 13:30), Judas encontrou os chefes do judaísmo com quem ele já tinha acordado para trair Jesus (Matt. 26: 3-16). Uma força considerável de polícia do templo e soldados romanos foi montado às pressas, que Judas, posteriormente, levou ao lugar onde sabia que Jesus seria (Lc 22:39; Jo 18:2, Mt 26:47;. Mc 14:10, Mc 14:20, Mc 14:43; Lc 22:47; Jo 6:71; conforme 18: 1-11); como se, caso contrário, seria impossível a crer. Como parte desse grupo íntimo que acompanhou Jesus durante o Seu ministério, privilégio de Judas era incomparável, fazendo a tragédia de sua vida também incomparável. Durante vários anos, ele havia sido exposta diariamente para os milagres e ensinamentos de Cristo, mas virou as costas para tudo isso, em vez de escolher a vender para fora do Filho de Deus para o seu dinheiro.

    Quando o traidor veio para o jardim, ele foi acompanhado por uma multidão com espadas e varapaus. Ao contrário da multidão de pessoas que haviam saudado Jesus como o Messias apenas alguns dias antes, em Sua entrada triunfal (Marcos 11:8-10), esta multidão era composta por homens armados que tinham vindo para prendê-lo. A multidão hostil incluíram líderes religiosos antagônicas (Lc 22:52), oficiais do templo (membros da polícia templo judaico, conforme Jo 7:32, 44-46), e um destacamento de soldados romanos da coorte estacionada em Fort Antonia em Jerusalém (Jo 18:3). Porque temiam a multidão, e porque eles precisavam de permissão e assistência para executar Jesus, em Roma, os governantes judeus pediram a ajuda de tropas romanas. Tendo sido convencido pelos judeus que Jesus era um revolucionário perigoso, como Barrabás (Mc 15:7). No entanto, os seus interesses convergiram em seu desejo de eliminar Jesus ea ameaça Ele posou para eles. Junto com o sumo sacerdote, os príncipes dos sacerdotes

    incluídos os antigos detentores de o alto cargo sacerdotal, ... o comandante da guarda do templo, o mordomo do templo, e os três tesoureiros do Templo. Os "anciãos" representou as famílias leigos mais influentes em Jerusalém, e parece ter sido principalmente ricos proprietários de terras. Os sumos sacerdotes e os anciãos constituíam a antiga classe dominante, em Jerusalém, com tendências saduceus, que ainda detinham o equilíbrio de poder no Sinédrio. O terceiro grupo, os representantes dos escribas, consistia principalmente de advogados extraídas das classes médias que tendiam a ser farisaica em suas convicções. (William L. Lane, O Evangelho Segundo Marcos, Novo Comentário Internacional sobre o Novo Testamento [Grand Rapids: Zondervan, 1974], 531-32)

    Os líderes representantes de ambos os saduceus e os fariseus foram motivados por vários fatores. Em primeiro lugar, eles temiam que a popularidade de Jesus sem precedentes iria iniciar uma revolução (conforme Mc 11:9-10; Jo 6:15), fazendo com que Roma para retaliar e, assim, colocar as suas posições de autoridade delegados em perigo (conforme João 11:47 —53). Em segundo lugar, porque controlavam o templo, os sumos sacerdotes e saduceus foram especialmente ofendido quando Jesus expulsos à força os comerciantes e cambistas durante a semana da Páscoa ocupado, uma façanha Ele realizou tanto no início (13 43:2-16'>João 2:13-16) e final (Marcos 11:15-18) do Seu ministério. Em terceiro lugar, os líderes religiosos também se ressentia profundamente desafio público do seu sistema anti-bíblica de tradição rabínica de Jesus (Mc 3:6.). Ciúmes de seu poder milagroso, com medo de sua influência com o povo, e indignado com os Seus ensinamentos e ações oficiais, os saduceus e fariseus viram-se unidos por um inimigo comum.

    O Duplicitous Traitor

    Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: "Aquele que eu beijar, Ele é o único; prendê-lo e levá-lo para longe sob a guarda. "Depois de chegar, Judas foi imediatamente para Ele, dizendo:" Mestre! ", e beijou-o. Eles colocaram as mãos sobre ele eo prenderam. (14: 44-46)

    Na humilhação de Sua encarnação, Jesus olhou e se vestiu como qualquer outro homem judeu do primeiro século. Nada sobre sua aparência física o distinguiu como divino (conforme Is 53:2, como Judas estava prestes a beijá-lo , Jesus fez a pergunta séria, "Judas, você está traindo o Filho do Homem com um beijo?" (Lc 22:48). A palavra grega kataphileō ( beijou ) é um verbo que significa intensificado para mostrar contínuo afeto ou a beijar ardentemente (conforme Lc 7:38, Lc 7:45; Lc 15:20; At 20:37). A implicação é que Judas prolongou sua dramática demonstração de falsa afeição por Jesus, tornando-o durar o tempo suficiente para os soldados para identificar seu alvo.

    Jesus, é claro, não ficou surpreso com ato de traição de Judas. O Senhor havia previsto isso de antemão, declarando que ele cumpriu a profecia bíblica (Marcos 14:20-21). Depois de permitir que Judas para beijá-lo, Jesus simplesmente disse o traidor duplicitous, "Faça o que você veio para" (Mt 26:50). Nesse ponto, eles colocaram as mãos sobre ele eo prenderam, amarrá-lo (Jo 18:12) para escoltá-lo de volta a Jerusalém. Jesus não ofereceu resistência e exibido sem raiva ou ansiedade (conforme 1Pe 2:23). Em vez disso, ele continuou a colocar a sua confiança firme no cuidado providencial de Seu Pai celestial.

    Marcos não dá mais registro do que aconteceu com Judas 1scariotes depois desse momento no Getsêmani. Mateus narra sua morte trágica:

    Então, quando Judas, que o havia traído, viu que ele tinha sido condenado, sentiu remorso e devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e anciãos, dizendo: "Pequei, traindo o sangue inocente." Mas eles disseram: " O que é isso para nós? Veja a que você mesmo "e ele jogou as moedas de prata para o santuário do templo e partiu!; e ele foi embora e se enforcou. (Mateus 27:3-5.)

    O livro de Atos indica ainda que, quando Judas se enforcou, a corda se rompeu e seu corpo caiu e bateu nas rochas abaixo (Atos 1:18-19). Embora ele morreu de uma forma horrível, o suicídio de Judas foi apenas o começo de seus tormentos-desde que ele entrou para a eternidade como um inimigo impenitente do Filho de Deus (conforme Mc 14:21). Como o discípulo que traiu o Messias, Judas é o epítome da oportunidade desperdiçada e privilégio desperdiçada em toda a história humana. Sua traição deplorável, suicídio fracassada, e entrada de horror para o castigo eterno servem de advertência sóbria a todos os que pisotear o Filho de Deus (He 10:29).

    O impulsivo Disciple

    Mas um dos que ali estavam, puxando sua espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha. (14:47)

    Vendo Jesus ser preso, os discípulos perguntaram: "Senhor, devemos atacar com a espada?" (Lc 22:49). Mas, em vez de esperar por uma resposta, um dos que ali estavam impulsivamente puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha. Jo 18:10 identifica aquele discípulo como Pedro, e escravo do sumo sacerdote como Malco. Pedro usou uma das duas espadas, os discípulos tinham em sua posse para a defesa de emergência e auto-proteção (Lc 22:38). Sem dúvida, apontando para a cabeça, o pescador perdeu sua marca e só cortou uma orelha quando abaixou Malco (Lc 22:50).

    Ações imprudentes de Pedro provavelmente foram motivados por um desejo de sua parte para provar sua coragem inabalável e lealdade para com Jesus (conforme Mc 14:29; Lc 22:33). Ele também foi encorajado pela exibição dramática do poder de Cristo, apenas momentos antes, quando toda a multidão caiu no chão em resposta a declaração divina de Jesus: "Eu sou Ele" (João 18:4-6). Mas o Senhor colocou um fim abrupto ao heroísmo ousadas de Pedro. Sabendo que o reino de salvação não avança pela força (Jo 18:36), Jesus emitiu uma ordem direta para Pedro e os outros discípulos: "Pare! Não mais deste "(Lc 22:51). Então, em um ato de misericórdia não correspondido e poder divino, o Senhor tocou a orelha de Malco e milagrosamente re-criado-lo.

    Jesus passou a dar Pedro três razões para não usar sua espada assim. Primeiro, o discípulo impulsivo precisava aprender que "todos os que tomarem a espada perecerão pela espada" (Mt 26:52). Ponto do Senhor era que aqueles que participam na matança ilegal são culpados de assassinato, e assassinato é um crime capital que merece a pena de morte (conforme Gn 9:6). A legião romana era composta de 6.000 soldados. Se um único anjo matou 185.000 soldados em uma única noite (2Rs 19:35), doze legiões de anjos (72.000 anjos) representava o poder inimaginável.

    Em terceiro lugar, o apóstolo de bronze necessário para entender que qualquer defesa por Jesus e Seus seguidores naquele momento realmente funcionou ao contrário do que a profecia do Antigo Testamento havia declarado deve acontecer. Assim, o Senhor perguntou a Pedro: "Como, então, vai se cumpririam as Escrituras, que dizem que ele deve acontecer desta forma?" (Mt 26:54). A lição de Jesus foi que Seu sofrimento tinha sido predito séculos antes pelos profetas. Ações de Pedro pode ter sido bem-intencionado, mas na realidade ele estava lutando contra a própria Palavra de Deus.

    O Cristo Glorioso

    E Jesus disse-lhes: "Você já saiu com espadas e varapaus para me prender, como faria a um salteador? Todo dia eu estava com você ensinando no templo, e vocês não me prenderam;mas isso aconteceu para cumprir as Escrituras "(14: 48-49).

    Vendo a força formidável, bem armada e altamente treinados que estavam reunidos para prendê-lo, Jesus disse para os líderes judeus que estava diante dele (Lc 22:52), "Você já saiu com espadas e varapaus para me prender, como você iria a um salteador? " No meio do caos, Jesus ficou com majestosa tranquilidade, fazendo uma pergunta razoável a seus captores. Uma vez que Ele não era um criminoso violento, por que foi necessário para trazer uma força militar excessiva para capturá-lo? Um ladrão (do substantivo grego Lestes ) normalmente se refere a um bandido armado ou bandido que seria violentamente resistir à prisão e tentar escapar. Mas Jesus não tinha sido escondido deles. Como Ele passou a afirmar, "Todo dia eu estava com você ensinando no templo, e você não me prenderam." Não há lugar em Jerusalém era mais público do que o templo. Sua declaração exposta a sua hipocrisia e covardia. Se Ele realmente era a ameaça perigosa para a Roma, eles acusaram de ser (Jo 19:12), por que eles não prenderam no templo no início daquela semana? Sua pergunta exposta seu temor de que as pessoas, encantado com Jesus, iria se voltar contra eles (Lc 22:2; Zc 13:7; Mc 9:31; 10: 32-34). Deus soberanamente usaram seus planos perversos para cumprir Seus propósitos eternos (Gn 50:20).

    Não importa quantos soldados acompanhou-os, os líderes judeus não poderiam ter levado Jesus a não ser que se rendeu em sua custódia. Ao longo de seu ministério, os inimigos de Jesus já havia tentado várias vezes para tirar a vida (conforme Mc 3:6; 19: 47-48; Jo 5:18; Jo 7:1, Jo 7:32, 45— 46; Jo 10:31), mas sem sucesso, porque essas tentativas não estavam de acordo com o calendário do Pai. O Senhor Jesus daria sua vida, mas não até que sua hora havia chegado (conforme Jo 7:6, Jo 7:30; 19: 10-11). Como Ele declarou em João 10:17-18: "Eu dou a minha vida para que eu possa levá-la novamente.Ninguém ma tira de mim, mas eu a dou por mim mesmo. . Eu tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la "Mesmo na Sua morte, Jesus fez tudo estava sob seu controle e em perfeito acordo com a vontade do Pai (conforme Jo 4:34; Jo 5:30 ; Jo 6:38; Fp 2:8), mas ao invés disso eles tiveram adormecido. Quando o momento da tentação chegou, elas foram lamentavelmente despreparados. Assim, todos reagiram com medo. Assim como o Senhor havia previsto que seria (conforme 14,27), os discípulos rapidamente fugiu do local, percebendo que Cristo não estava disposto a resistir aos Seus atacantes, e que, se eles ficaram, também eles seriam presos (conforme Jo 18:8; Zc 11:12; Zc 13:7).Embora tivesse sido colocado sob prisão e obrigado pelos soldados (Jo 18:12), o Senhor Jesus, no entanto, foi de boa vontade, obrigado pelo amor submisso ao seu pai, salvar amor por Seus remidos, e busca constante de sua própria glória (Heb . 12: 2).

    69. O Aborto da Justiça (Marcos 14:53-65)

    Eles levaram Jesus ao sumo sacerdote; e todos os principais sacerdotes e os anciãos e os escribas reunidos. Pedro havia seguido à distância, até dentro do pátio do sumo sacerdote; e ele estava sentado com os guardas e aquecendo-se ao fogo. Ora, os principais sacerdotes e todo o Conselho continuou a tentar obter testemunho contra Jesus para colocá-lo à morte, e eles não estavam encontrando qualquer. Para muitos estavam dando falso testemunho contra ele, mas seu testemunho não era consistente. Alguns se levantou e começou a dar falso testemunho contra ele, dizendo: "Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este templo feito por mãos, e em três dias edificarei outro não feita por mãos '." Nem mesmo a este respeito foi seu testemunho consistente. O sumo sacerdote levantou-se e veio para a frente e questionou Jesus, dizendo: "Você não responder? O que é que estes homens estão testemunhando contra você? "Mas ele se manteve em silêncio e não respondeu. Mais uma vez o sumo sacerdote estava questionando-o, e dizendo-lhe: "És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?" E Jesus disse: "Eu sou; e vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu. "Rasgando suas roupas, o sumo sacerdote disse:" Que necessidade mais temos de testemunhas? Ouvistes a blasfêmia; como é que lhe parece? "E todos eles condenaram a ser merecedor de morte. Alguns começaram a cuspir nele, e vendar Ele, e para vencê-lo com seus punhos, e dizer-lhe: "Profetiza!" E os oficiais receberam com tapas na cara. (14: 53-65)

    O livro de Deuteronômio contém instrução final de Moisés aos israelitas quando se preparavam para entrar na Terra Prometida. Seu tema principal é inconfundivelmente clara: se as pessoas responderam ao Senhor Deus em amor e obediência, eles iriam experimentar a Sua bênção; mas se não o fizessem, receberiam Seu julgamento. Como eles conquistaram Canaã e estabeleceu sua nova nação, eles precisavam lembrar que somente seguindo os estatutos de Deus podiam cultivar uma sociedade que iria prosperar e florescer.

    Parte dessa instrução enfatizou a responsabilidade do povo para governar a si mesmo de uma forma que era justo e correto. Em Deuteronômio 16:18-20, Moisés explicou,

    Você nomeia para você mesmo juízes e oficiais em todas as tuas cidades que o Senhor teu Deus, te dá, segundo as vossas tribos, para que julguem o povo com justiça. Você não deve distorcer a justiça; você não deve ser parcial, e você não deve ter um suborno, porque o suborno cega os olhos dos sábios, e perverte as palavras dos justos. Justiça, e só a justiça, você deve prosseguir, para que possais viver e possuir a terra que o Senhor, teu Deus, te dá.
    Ao longo da história de Israel, um esforço concentrado foi feito para defender esse imperativo divino. Na época do ministério de Jesus no primeiro século, o povo judeu tinha desenvolvido um sofisticado sistema de jurisprudência com base nos princípios enunciados na lei mosaica. Eles se orgulhavam de manutenção de uma sociedade justa e equitativa, imposta por um sistema de tribunais e juízes.
    Um conselho local, ou tribunal, poderia ser estabelecida em qualquer cidade com pelo menos 120 homens que eram chefes do respectivo agregado familiar. Cada município, conhecido como um Sinédrio (da palavra grega sunedrion , que significa "sentados juntos"), desde governança legal para sua comunidade. Estes conselhos locais foram compostas de vinte e três homens, muitas vezes retiradas da liderança da sinagoga. Um número ímpar de membros do conselho assegurou que, sempre que eles votaram em um assunto ou determinado um veredicto em um julgamento, haveria sempre uma decisão da maioria.

    A Suprema Corte de Israel foi localizado em Jerusalém e se reuniam diariamente no templo, exceto no sábado e outros dias de festa. Conhecido como o Grande Sinédrio, que consistia de setenta e um membros, incluindo o sumo sacerdote (que presidiu o Conselho) e representantes dos principais dos sacerdotes, anciãos e escribas. Alternativamente chamado "Conselho dos anciãos" (Lc 22:66; conforme At 22:5), o Grande Sinédrio era o mais poderoso judeu legislativo e judicial corpo. Apesar de ter sido fundada nos princípios estabelecidos na lei mosaica, o Grande Sinédrio havia se tornado significativamente danificado, tanto religiosamente e politicamente, pela época de Cristo. Nepotismo, proeminência social e as considerações políticas (incluindo os interesses egoístas de Herodes e os romanos) fortemente influenciado que foi nomeado para o conselho, incluindo que preencheram o papel do sumo sacerdote.

    Com base nas determinações articuladas no Antigo Testamento, o sistema legal judaico desde os acusados ​​de um crime com várias proteções: um julgamento público realizado durante o dia, uma oportunidade adequada para fazer uma defesa, e a rejeição de qualquer taxa que não tenha sido apoiado pelo testemunho de pelo menos duas testemunhas. Perjúrio (falso testemunho) foi levado muito a sério (conforme Ex 20:16). Se uma pessoa falsamente acusado de um outro crime, a pena para esse crime era para ser realizada contra o perjuro. Como Deuteronômio 19:16-19 explica:

    Se uma testemunha malicioso se levanta contra um homem a acusá-lo de delito, em seguida, ambos os homens que têm a disputa deverá estar diante do Senhor, diante dos sacerdotes e dos juízes que vão estar no escritório naqueles dias. Os juízes devem investigar minuciosamente, e se a testemunha é um falso testemunho e ele acusou falsamente seu irmão, então você deve fazer com ele assim como ele tinha a intenção de fazer a seu irmão. Assim tirarás o mal do meio de ti.

    Além disso, nos casos em que a pena de morte foi promulgada, as pessoas que protestavam contra o acusado tinha a infligir os primeiros golpes de execução (Dt 17:7), em seguida, Caifás e ao Sinédrio (Marcos 14:53-65; conforme Mt 26:1). De lá, ele foi enviado às autoridades seculares (o julgamento romano), onde ele estava diante de Pilatos (Marcos 15:1-5.; Conforme Mt 27:11-14; Lucas 23:1-5; João 18:28 —38), então Herodes Antipas (Lucas 23:6-12) e, em seguida Pilatos novamente (Marcos 15:6-15; conforme Mt 27:15-26; 13 42:23-25'>Lc. 23: 13-25; João 18:33— 19:16).

    Marcos, nesta seção, centra-se na segunda parte do julgamento Judeu, quando Jesus foi injustamente condenado por Caifás e ao Sinédrio. Tudo o que aconteceu naquela noite foi um erro judicial. Que os homens maus que falsamente condenar o perfeito Filho de Deus fez a injustiça final. Em clara violação da lei mosaica, o julgamento de Jesus aconteceu em privado, à noite, longe do templo, e, poucas horas antes da Páscoa começou. Seus inimigos trouxe acusações sem testemunhas credíveis, não deu oportunidade para uma defesa adequada, pronunciou um veredicto ilegítimo, e procurou execução imediata no mesmo dia. A partir da acusação para o interrogatório com os testemunhos para a condenação, nada sobre o processo era legal ou apenas.

    O Arraignment ilegal

    Eles levaram Jesus ao sumo sacerdote; e todos os principais sacerdotes e os anciãos e os escribas reunidos. Pedro havia seguido à distância, até dentro do pátio do sumo sacerdote; e ele estava sentado com os guardas e aquecendo-se ao fogo. (14: 53-54)

    Depois de ter sido preso no Jardim do Getsêmani, muito antes do amanhecer, Jesus foi levado na escuridão para ser julgado na casa do sumo sacerdote. Um veredicto de culpado já havia sido determinado antes do início do julgamento (conforme Jo 11:50), tornando o procedimento de uma mera formalidade, em que todos os principais sacerdotes e os anciãos e os escribas se reuniram a fim de condená-Lo.

    Apesar de não ser registrado nos Evangelhos Sinópticos, João indica que Jesus foi levado primeiro a Anás, ex-sumo sacerdote, antes de ser trazido a Caifás e ao Sinédrio. Como João explica: "Assim, a corte romana e o comandante e os guardas dos judeus, prenderam Jesus e amarraram-no e levaram-no primeiramente a Anás; para ele era o pai-de-lei de Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano "(João 18:12-13). Embora Annas serviu como sumo sacerdote mais cedo (a partir AD 6-15), depois de ter sido removido por Roma, por razões desconhecidas, ele continuou a exercer influência significativa neste momento através de seu filho-de-lei, Caifás, que serviu como o sumo sacerdote do D.C 18 a 36. Em um momento ou outro, cinco dos filhos de Anás ocupava o cargo de sumo sacerdote, além de seu filho-de-lei. Como uma família da máfia do primeiro século, Anás e seus filhos controlado a operação templo lucrativo, incluindo dinheiro mudando e a venda de animais de sacrifício, que foi tão intimamente associado com ele que se tornou notoriamente apelidado o Bazar de Anás. Jesus interrompeu a empresa corrupta quando Ele, sozinho, abandonado o templo no início daquela semana (Marcos 11:15-18).

    Enquanto os membros do Sinédrio se reuniram na casa de Caifás, provavelmente localizado em frente ao pátio da residência de Anás, Jesus apareceu diante do ex-sumo sacerdote para ser interrogado e indiciado. João 18:19-24 descreve a cena com estas palavras:

    O [ex-] sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. Jesus respondeu-lhe: "Eu tenho falado abertamente ao mundo; Eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem; e eu falei nada em segredo. Por que você pergunta me? Pergunta aos que ouviram o que eu falei com eles; eles sabem o que eu disse. "Quando ele tinha dito isso, um dos guardas que ali perto bateu Jesus, dizendo:" É assim que você responder ao sumo sacerdote? "Jesus respondeu-lhe:" Se falei mal, dá testemunho do errado; mas se bem, por que me feres? "Então, Anás enviou, maniatado, a Caifás, o sumo sacerdote.
    Claramente, apenas o interesse de Annas em Jesus era criar provas falsas com o qual ele poderia fabricar um caso contra ele. As perguntas dirigidas a Jesus não se destinavam a descobrir a verdade, mas a armadilha ele para que ele iria depor contra si. Como o Senhor observou em sua resposta, se Annas realmente queria saber a verdade, ele poderia facilmente descobrir, pedindo qualquer um dos incontáveis ​​milhares de pessoas que ouviram Jesus ensinar. Seu ministério tinha sido uma questão de registro público. Além disso, as palavras de Jesus lembrou Annas que, legalmente, ele foi obrigado a convocar testemunhas, se ele queria trazer acusações contra ele. A resposta do Senhor foi nem inadequado nem impreciso. Mas exposta intenções corruptos de Anás, o que levou um dos guardas que ali perto para retaliar com violência para o insulto.

    Embora Anás tinha muitas razões para odiar Jesus, especialmente desde que ele tinha interrompido o templo duas vezes (13 43:2-17'>João 2:13-17; Marcos 11:15-18), que conseguiu encontrar nada para que acusá-lo de um crime capital. Sem encargos oficiais feitas, Jesus deveria ter sido lançado. Em vez disso, Anás enviou a Caifás e ao Sinédrio para a próxima tentativa de fabricar um crime digno de morte. Por esse tempo, todo o conselho estavam reunidos na casa de Caifás.

    Marcos interrompe a narrativa neste momento com um comentário entre parênteses sobre Pedro. rasgado por uma mistura de sentimentos de medo e lealdade, o ex-pescador tinham seguido Jesus à distância,e vêm até dentro do pátio do sumo sacerdote (conforme João 18:15 —16). Com a esperança de permanecer incógnito enquanto sentado com os guardas e aquecendo-se ao fogo, Pedro colocou-se em uma posição precária. Ele logo seria reconhecido como um dos discípulos de Jesus, e como as perguntas começaram a montar a coragem de Pedro corroído em negação (conforme 14: 66-72).

    Os testemunhos ilegais

    Ora, os principais sacerdotes e todo o Conselho continuou a tentar obter testemunho contra Jesus para colocá-lo à morte, e eles não estavam encontrando qualquer. Para muitos estavam dando falso testemunho contra ele, mas seu testemunho não era consistente. Alguns se levantou e começou a dar falso testemunho contra ele, dizendo: "Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este templo feito por mãos, e em três dias edificarei outro não feita por mãos '." Nem mesmo a este respeito foi seu testemunho consistente. (14: 55-59)

    Tendo falhado a incriminar Jesus, Anás o enviou para a casa de Caifás, onde todo o Sinédrio foi montado. Nenhuma acusação oficial ainda não tinha sido feita contra Jesus, nem teve qualquer evidência crível de violação foi produzido. Sabendo que precisava para acusá-lo antes que pudessem condená-lo, os principais sacerdotes e todo o Conselho continuou a tentar obter testemunho contra Jesus para colocá-lo à morte. Marcos provável destacou os principais sacerdotes , porque eles foram os instigadores primários no processo contra Jesus , levando todo o Conselho em sua busca para condenar e assassiná-lo.

    De acordo com a lei judaica, o Sinédrio não foi autorizado a iniciar acusações. Eles só poderia investigar e julgar os casos que lhes foram apresentados. No entanto, no julgamento de Jesus, os membros do conselho agiu ilegalmente como promotores em busca de motivos em que a indiciá-lo. Mas eles não estavam encontrando qualquer acusação contra Jesus. Embora muitos estavam dando falso testemunho contra ele, estar disposto a mentir, a fim de fabricar um crime capital (Mt 26:59), seu testemunho não era consistente. Em vez de provar sua culpa, suas histórias contraditórias só destacou o contraste entre sua inocência e da corrupção descarada de tudo que falou.

    Eventualmente, eles encontraram dois mentirosos dispostos (Mt 26:60), que se levantou e começou a dar falso testemunho contra ele, dizendo: "Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este templo feito por mãos, e em três dias edificarei outro feito sem mãos. '" Torcendo palavras que o Senhor tinha falado três anos antes (em Jo 2:19), essas falsas testemunhas afirmaram que Jesus ameaçou destruir o templo real (conforme v. 20). Jesus, é claro, tinha sido referindo-se a seu corpo eo fato de que ele seria levantado depois de três dias (conforme vv. 21-22). Mais uma vez, as acusações feitas contra ele eram distorcidas.Como Marcos explica, nem mesmo a este respeito foi o seu testemunho consistente.

    Naquela noite, na casa de Caifás, em clara violação do Deuteronômio 19, o Sinédrio tentou construir um caso contra Jesus inteiramente baseado em mentiras. Porque Jesus não tinha pecado, nenhum testemunho verdadeiro jamais poderia ter sido produzida, que teria incriminado justamente Ele. No entanto, mesmo quando recorre ao testemunho malicioso de perjuros, Seus inimigos ainda não conseguia coordenar um processo contra ele.

    O Interrogatório ilegal

    O sumo sacerdote levantou-se e veio para a frente e questionou Jesus, dizendo: "Você não responder? O que é que estes homens estão testemunhando contra você? "Mas ele se manteve em silêncio e não respondeu. (14: 60-61a)

    Repetidos esforços para inventar um processo contra Jesus não tinha até duas testemunhas concordaram em afirmar que Jesus ameaçou destruir o templo. Ao ouvir o seu testemunho, Caifás atacou. O sumo sacerdote levantou-se e veio para a frente e questionou Jesus, dizendo: "Você não responder? O que é que estes homens estão testemunhando contra você? " Porque Ele era inocente, Jesus sabia que nenhuma resposta foi necessária. Assim Ele manteve em silêncio e não respondeu. O silêncio do Senhor era a de integridade, inocência, e majestosa tranquilidade. Ele se recusou a dar a estes processos simulados qualquer aparência de legitimidade. Além disso, o Senhor sabia que as palavras de Is 53:7; Rm 8:28.). Pouco tempo antes, quando o Sinédrio haviam conspirado para assassiná-lo, Caifás disse ao conselho,

    "Você sabe absolutamente nada, nem você levar em conta que é conveniente para você que um homem morra pelo povo, e que todo não pereça a nação." Agora ele não disse isso por sua própria iniciativa, mas sendo de alta sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus iria morrer pela nação, e não somente pela nação, mas para que Ele também para congregar na unidade os filhos de Deus que andavam dispersos. (João 11:49-52)

    Deus virou as palavras maliciosas de Caifás em uma profecia sobre a natureza substitutiva da morte de Seu Filho. Como esse exemplo demonstra, inimigos tudo Jesus fizeram para causar Seu sofrimento foi realmente usado por Deus para realizar Seu plano eterno de salvação (conforme Atos 2:22-24; 4: 27-28; 5: 30-31; 13 26:44-13:33'>13 26:33).

    A sentença ilegal

    Mais uma vez o sumo sacerdote estava questionando-o, e dizendo-lhe: "És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?" E Jesus disse: "Eu sou; e vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu. "Rasgando suas roupas, o sumo sacerdote disse:" Que necessidade mais temos de testemunhas? Ouvistes a blasfêmia; como é que lhe parece? "E todos eles condenaram a ser merecedor de morte. Alguns começaram a cuspir nele, e vendar Ele, e para vencê-lo com seus punhos, e dizer-lhe: "Profetiza!" E os oficiais receberam com tapas na cara. (14: 61b-65)

    Furioso com o silêncio de Jesus, o sumo sacerdote continuou a barragem Jesus com perguntas acusatórias. Mais uma vez o sumo sacerdote estava questionando-o, e dizendo-lhe: "És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?" O Abençoado era uma referência a Deus Pai. De acordo com a passagem paralela em Mt 26:63, Caifás acentuado a sua pergunta, invocando o próprio Deus: "Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus". Em sua presunção e arrogância , o sumo sacerdote hipocritamente exigiu verdade de Jesus enquanto perpetuar mentiras contra ele.

    No entanto, esta foi a primeira pergunta legítima posou para Jesus ao longo de todo o julgamento. Era uma pergunta simples que exigiam uma resposta verdadeira. O Senhor compreendido, é claro, que Caifás estava esperando para prendê-Lo em um comunicado o conselho consideraria como blasfêmia. O sumo sacerdote sabia que Jesus havia afirmado repetidamente ser o Messias (conforme Lucas 4:18-21; João 4:25-26; 5: 17-18; Jo 8:58) e de ser o Filho de Deus, fazendo-se igual a Deus (Jo 5:18; 8: 16-19; 10: 29-39). Ele esperava convencer Jesus a repetir essa afirmação perante o Sinédrio.

    O Senhor Jesus sabia exatamente o que estava acontecendo. Mas ao invés de contornar a questão ou permanecer em silêncio, Ele respondeu com uma declaração ousada e inequívoca de ambos Seu messianismo e divindade. Referenciando Sl 110:1Jesus disse: "Eu sou; e vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu ". O título Filho do homem era uma designação bem conhecido para o Messias (13 27:7-14'>Dan. 7: 13-14), e Alimentação foi um título figurativo para Deus (conforme At 2:33; At 7:55). Com majestade destemido, Jesus enfrentou seus acusadores e anunciou-lhes que Ele era o Messias e seu Juiz divino. Embora eles podem matá-lo naquele dia, Ele ressuscitaria e ascender à mão direita do Pai. E embora eles possam julgar-Lo injustamente, Ele iria julgá-los eternamente com perfeita justiça (conforme Jo 5:22).

    Jesus sabia que Sua declaração selaria sua morte. Mas Ele estava pronto. Tendo suportado a agonia da tentação no jardim do Getsêmani, Ele já havia determinado a submeter à vontade do Pai todo o caminho para a cruz (conforme Mc 14:36). Com indignação fingida, Caifás respondeu às palavras de Jesus por rasgar suas roupas, um símbolo de justa indignação. Os judeus geralmente rasgou suas vestes como uma expressão da imensa dor (conforme Gn 37:29; Lv 10:6; At 14:14). De acordo com Lv 21:10, o sumo sacerdote estava proibido de rasgar suas roupas, embora o Talmud permitiu que nos casos em que Deus foi blasfemado. No lado de fora, Caifás fingiu honrar a Deus por rasgando as suas vestes em suposto horror e choque sobre blasfêmia por Jesus. Mas por dentro, o sumo sacerdote hipócrita não se preocupava com honrando a Deus. Ele estava exultante por ter finalmente encontrado um meio pelo qual a condenar o Deus encarnado.

    Exultante em sua aparente vitória, o sumo sacerdote disse: "Que necessidade temos de testemunhas?" Sua pergunta retórica indicou que o caso foi encerrado eo conjunto veredicto. Os membros do Sinédrio, finalmente teve o que necessário para suportar antes que o povo a sentença que havia determinado a passar. Testemunhas que poderia chegar a acordo sobre uma acusação contra Jesus já não eram necessários. A segunda pergunta de Caifás pediu um veredicto imediato, "Ouvistes a blasfêmia; como é que lhe parece? " O Antigo Testamento identificado blasfêmia como irreverência desafiante de Deus (conforme Lev. 24: 10-23), e ensinou que "aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente será morto" (v. 16). Para um simples homem para reivindicar igualdade com Deus foi justamente considerado como blasfêmia (conforme Jo 5:18). Mas a sentença Caifás pedia era ilegal, porque Jesus não era culpado de blasfêmia. As palavras do Senhor foram absolutamente verdadeiro. Ele era o Messias, o Filho de Deus, Aquele que veio do céu. Na realidade, o sumo sacerdote e os outros membros do conselho foram os blasfemos (conforme Lc 22:65).

    Normalmente, uma decisão no Sinédrio seguido um processo ordenado, no qual os membros seus votos, um de cada vez, começando com os membros mais jovens para que eles não seriam indevidamente influenciado pelos membros mais velhos. Os votos foram cuidadosamente tabulados por um escriba. Mas nesta noite, o conselho foi caracterizado por uma mentalidade mob em que . todos eles condenaram a ser merecedor de morte (Pode-se notar que José de Arimatéia, a quem Lucas 23:50-51 indica era um membro do Sinédrio que não aprovava a condenação de Jesus, aparentemente, não estava presente para esta parte do processo.)

    O Sinédrio sabia que seria necessário para obter a ajuda de Roma para executar Jesus. Porque uma reivindicação de igualdade com Deus não era um crime os romanos considerado digno de morte, os líderes judeus haviam inventado novas acusações sobre o qual Roma estaria em causa. Quando mais tarde trouxe Jesus a Pilatos, alegaram que ele era culpado de fomentar uma insurreição contra o império. Eles disseram ao governador: "Achamos este homem enganosa nossa nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo que ele mesmo é Cristo, um rei" (Lc 23:2; Dt 25:9 fornece uma declaração mais completa de seu escárnio desdenhoso, "Profetiza-nos, ó Cristo; quem é a pessoa que bateu em você? "Jesus, é claro, sabia exatamente o que estava a bater-lhe. No entanto, Ele não disse nada. Então, depois que eles se cansou das provocações e abusos, eles viraram Jesus volta para a polícia do templo. Os policiais receberam, e seguindo o padrão continuou o abuso com tapas na cara.

    O Jesus sofreu maus-tratos em suas mãos cumpriu exatamente o que Ele já havia dito aos Seus discípulos:

    O Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e os escribas; e eles o condenarão à morte e entregá-lo aos gentios. Eles vão zombar Ele e cuspir nele, e açoitá-lo e matá-lo, e três dias depois ele ressuscitará. (Marcos 10:33-34)

    Como observado acima, o Senhor entendeu que as ações perversas desses homens seria usado por Deus para cumprir Seus propósitos redentores.

    Caifás e seus companheiros membros do conselho pode ter sentado em julgamento sobre Jesus que uma noite, mas eles iriam estar diante de seu trono glorioso, o juízo eterno (He 9:27). Como eles, cada pecador que rejeita a Cristo vai enfrentar o castigo de um dia para sua incredulidade (conforme Mt 23:15). No entanto, foi por causa dos pecadores que Jesus suportou essas mesmas hostilidades, de modo que todos os que abraçá-lo na fé salvadora pode escapar desse acórdão e receber a vida eterna (conforme Jo 3:15-18; 11: 25-26) . Como o apóstolo Pedro explicou em sua primeira epístola,

    Enquanto sendo injuriado, não revidava; enquanto que sofrem, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga justamente; e Ele mesmo os nossos pecados em Seu corpo na cruz, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas fostes sarados. (I Pedro 2:23-24)

    70. A Negação de Pedro: um aviso sobre a Auto-Confiança (Marcos 14:66-72)

    Como Pedro estava embaixo, no pátio, um dos servo-meninas do sumo sacerdote chegou, e, vendo a Pedro que se aquecia, ela olhou para ele e disse: "Você também estava com Jesus, o Nazareno." Mas ele negou, dizendo: "Não sei nem entender o que você está falando." E ele saiu para a varanda. O servo-girl o viu, e começou mais uma vez a dizer aos que ali estavam: "Este é um deles!" Mas, novamente ele negou. E depois de algum tempo os espectadores foram novamente dizendo a Pedro: "Certamente você é um deles, pois tu és galileu também." Mas ele começou a praguejar ea jurar: "Eu não conheço esse homem que você está falando!" Imediatamente um galo cantou pela segunda vez. E Pedro se lembrou de como Jesus tinha feito a observação dele, "Antes que o galo cante duas vezes, você me negará três vezes". E ele começou a chorar. (14: 66-72)

    Apesar de serem novas criaturas em Cristo (. 2Co 5:17), os crentes entendem que a sua carne (corpo e mente) ainda está caído (Rm 7:18; Gal. 5: 17-21.). Eles experimentaram o resgate das suas almas, mas ainda não os seus corpos (Rm 8:23). Assim, o velho homem e sua corrupção restante deverá ser continuamente condenado à morte (Rm 8:13; Cl 3:5-10.). Embora o espírito regenerado deseja segue a justiça, a carne é propenso a fraqueza eo pecado (conforme Mc 14:38). Como o apóstolo Paulo expressou: "Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? "(Rm 7:24).

    A Bíblia ensina que todos os homens e mulheres, como os membros da raça humana caída, são fracos, pecadores, e corrupto (conforme Rm 3:23). Na conversão, os crentes são regenerados pelo poder do Espírito Santo (Tito 3:3-7; conforme Jo 3:3-8), de modo que os seus desejos, aspirações e anseios mudar para refletir a nova criação (2Co 5:17). No entanto, eles ainda têm de lutar contra a natureza caída do restante pecado, armando-se para a batalha espiritual incessante (Ef 6:12-17; conforme Rm 13:12; 2 Cor. 10:.. 3-4).

    Incapacidade de reconhecer o inimigo dentro de lugares crentes em perigo. Paulo explicou que a realidade precária aos Coríntios: "Portanto, quem pensa estar de pé tome cuidado que ele não caia" (1Co 10:12). Como soldados vigilantes, os cristãos devem estar em guarda constante, não só contra Satanás e do mundo, mas também contra as concupiscências residentes da carne (conforme I João 2:15-17). Aqueles que se tornam orgulhosos e confiantes demais fazer-se alvos fáceis para o inimigo (conforme I Pedro 5:5-8). Nesta passagem (Marcos 14:66-72), Pedro serve como um exemplo de alguém que caiu quando ele presunçosamente pensei que ele podia suportar.

    Os registros do evangelho retratar Pedro como um verdadeiro crente que amava profundamente o Senhor Jesus. Depois de deixar tudo para trás (Mc 10:28), ele seguiu o Salvador, atendido Sua pregação, testemunhou Seus milagres, e abraçou-o na fé salvadora. Foi Pedro que disse: "Senhor, para quem iremos nós? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e vim a saber que tu és o Santo de Deus "(João 6:68-69). Mais tarde, ele exuberantemente declarou a Jesus: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16:16). No Cenáculo, quando Jesus disse a Pedro que se Ele não lavou seus pés, ele não teve parte nele, Pedro rapidamente respondeu: "Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos ea cabeça" (Jo 13:9).

    No entanto, na mesma noite que Judas traiu Jesus, Pedro O negou. Foi uma negação repetiu que continuaram a ocorrer ao longo de um período de duas horas de tempo provável de cerca Dt 1:12 AM às 3:12AM Enquanto Jesus foi julgado antes de ambos Anás e Caifás, Pedro permaneceu no pátio onde ele insistiu que ele nunca tinha sequer conheceu Jesus. O Senhor ficou em silêncio diante dos seus acusadores, abrindo a boca só de falar a verdade, mesmo que Ele sabia que ia custar-lhe a vida (14:62). Que contraste com Pedro, que com medo continuou falando mentiras para se proteger.

    Por um lado, a história do fracasso de Pedro serve como um lembrete da fraqueza da carne e as consequências graves do pecado, apesar das melhores intenções. Por outro lado, também é um incentivo para os crentes a respeito do perdão de Deus. Embora a iniqüidade de Pedro era grave e flagrante, ele não levá-lo além do alcance da divina misericórdia, graça e restauração. A conta de negações de Pedro destaca sua confiança tola, sua covardia falhando, e sua contrição fervorosa.

    Confiança Foolish

    As sementes do fracasso de Pedro foram semeadas horas antes de ele entrou no pátio do sumo sacerdote e começou a negar o seu Senhor. Enquanto no quarto superior e, em seguida, no jardim, Pedro exibiu sinais de excesso de confiança e orgulho que estabelecem-lo ainda mais para uma queda (conforme Pv 16:18). Ele se gabava muito, ouviu muito mal, orou muito pouco, agiu muito rápido, e seguiu longe demais.

    . Pedro ostentava demais Como Jesus e os discípulos comeram a refeição da Páscoa, o Senhor disse a Pedro: "Simão, Simão, eis que a permissão que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo;mas eu roguei por ti, para que tua fé não desfaleça; e você, quando uma vez que você, uma vez convertido, confirma os teus irmãos "(Lucas 22:31-32). Pedro respondeu a essa admoestação sombrio não com honestidade, humildade auto-duvidar e introspecção orante, mas por gabando-se de sua coragem: "Senhor, com você eu estou pronto para ir até à prisão e à morte" (v 33).. No caminho para o jardim do Getsêmani, quando Jesus repetiu um aviso semelhante, Pedro novamente respondeu com confiança presunçosa, "Mesmo que todos podem cair, mas não o farei" (Mc 14:29); e mais uma vez, "Mesmo se eu tiver que morrer contigo, não vou negar Você!" (14:31). Obscurecida por sua própria auto-suficiência, Pedro pensava que ele era invencível e espiritualmente incapaz de deslealdade para com Cristo.

    Pedro escutava muito mal. O orgulho de Pedro não só cega a mente, mas também surdo seus ouvidos. Em vez de realmente ouvir Jesus, ele ignorou repetidas advertências do Senhor. Pedro compreendeu que Jesus era o Filho de Deus (Mt 16:16), e que Ele sabia todas as coisas (conforme Jo 21:17), mas ele se recusou a atenção As palavras nesta ocasião. Quando Jesus disse ao onze, "Você vai tudo cair" (Mc 14:27), e, em seguida, disse a Pedro individualmente: "Em verdade eu vos digo, que esta noite, antes que o galo cante duas vezes, você mesmo me negará três vezes "(14:30), o discípulo obstinado fechou os ouvidos e até começou a discutir com Jesus, descarAdãoente contradizendo o que o próprio Senhor tinha acabado de dizer (14.31).

    Pedro rezou muito pouco. Quando Jesus e os discípulos chegaram ao jardim, o Senhor especificamente os instruiu, "Orai para que não entreis em tentação" (Lc 22:40;. conforme Mt 6:13). Este foi o tempo para Pedro e os outros apóstolos para se armarem para os eventos traumáticos que estavam prestes a ter lugar. Mas, quando ele deveria ter sido clamando por ajuda dos céus, Pedro estava cochilando. Como Marcos registros,

    E Ele veio e os encontrou dormindo, e disse a Pedro: "Simão, você está dormindo? Você não poderia manter o relógio por uma hora? Continue assistindo e Orando para que você não pode entrar em tentação; o espírito está pronto, mas a carne é fraca. "Mais uma vez ele foi embora e orou, dizendo as mesmas palavras. E mais uma vez ele veio e os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam muito pesado; e eles não sabiam o que lhe responder. E Ele veio pela terceira vez, e disse-lhes: "Você ainda está dormindo e descansando? (14: 37-41a)
    Pedro perdeu a luta pessoal no jardim escuro quando, em vez de desenhar no poder divino, ele dormiu com confiança. Consequentemente, quando a tentação surgiu no calor da batalha, ele estava completamente despreparado.

    Pedro agiu muito rápido. Os discípulos adormecidos acordou ao som de soldados que se aproximavam, e assistiu com horror como um eles achavam um verdadeiro discípulo traiu Jesus com um beijo! Em um momento de coragem excesso de zelo, Pedro impetuously desembainhou a espada contra a multidão circundante (Mc 14:47; conforme Jo 18:10). Ainda operando na força de sua carne, e querendo provar suas profissões anteriores de lealdade a Cristo, ele não esperou por instruções de Jesus. Em vez disso, ele atacou, conseguindo cortar a orelha do servo do sumo sacerdote. Por um lado, a tentativa de Pedro para defender Jesus com uma espada pode parecer nobre. Mas, como Jesus explicou-lhe em Mateus 26:52-54, ações impulsivas de Pedro naquele momento eram imprudente (v 52)., V desnecessária 53), e, na verdade, correu contrário à Palavra de Deus, que predisse que o Messias. deve sofrer v. 54). E tal ato pode resultar em pena de morte vv de Pedro. 51-52). Infelizmente, o comportamento rash iria continuar a caracterizar Pedro sobre as horas subsequentes.

    Pedro seguiu longe demais. Lc 22:54 explica que, como os soldados levaram Jesus volta para a casa do sumo sacerdote, "Pedro estava seguindo à distância." Pedro encontrou-se preso entre fé e medo, lealdade e terror, coragem e covardia . Ele estava curioso para ver o que iria acontecer com Jesus; Ainda não é corajoso o suficiente para ficar com ele. Assim, ele entrou residência do sumo sacerdote para assistir ao julgamento, mas a esperança de se misturar para que ninguém iria notar quem ele era. Seu desejo de permanecer incógnito levaria a sua ruína. Permanecendo à distância, Pedro se expôs a uma situação precária espiritualmente para o qual ele era totalmente despreparada.

    Falhando Covardia

    Como Pedro estava embaixo, no pátio, um dos servo-meninas do sumo sacerdote chegou, e, vendo a Pedro que se aquecia, ela olhou para ele e disse: "Você também estava com Jesus, o Nazareno." Mas ele negou, dizendo: "Não sei nem entender o que você está falando." E ele saiu para a varanda. O servo-girl o viu, e começou mais uma vez a dizer aos que ali estavam: "Este é um deles!" Mas, novamente ele negou. E depois de algum tempo os espectadores foram novamente dizendo a Pedro: "Certamente você é um deles, pois tu és galileu também." Mas ele começou a praguejar ea jurar: "Eu não conheço esse homem que você está falando!" Imediatamente um galo cantou pela segunda vez. (14: 66-72a)

    Como Zc 13:7). O Senhor foi levado primeiro para a casa de Anás, ex-sumo sacerdote e do patriarca da família sacerdotal (13 43:18-24'>João 18:13-24). Apesar de ter sido afastado do cargo em torno AD 15, Annas foi substituído por vários de seus filhos em sucessão. Seu filho-de-lei Caifás (que serviu como sumo sacerdote do D.C 18-36) ocupou o cargo no momento da prisão de Jesus, permitindo Annas para exercer influência em curso como sumo sacerdote emérito. O sumo sacerdócio foi originalmente concebido como uma posição de vida (conforme Nu 35:28), mas pelo tempo do Novo Testamento, houve mudanças constantes. A partir de Herodes o Grande, para a destruição de Jerusalém no D.C 70, havia cerca de trinta homens em que o escritório, reflectindo a sua corrupção e controle pelos romanos.

    Os relatos evangélicos implica que Anás e Caifás ambos viveram na mesma grande propriedade. Em Israel do primeiro século, várias gerações de uma família, muitas vezes viviam juntos, eo alto mansão sacerdotal era grande o suficiente para acomodar Annas e os membros de sua família extensa, incluindo Caifás. Grandes casas em Israel antigo foram estabelecidas como grandes, retângulos de vários andares em torno de um pátio interno considerável. Dentro da mansão, Anás e Caifás teria áreas de estar separadas, ou "casas", ao compartilhar o mesmo pátio interior. Daí, o pátio de Caifás (Mt 26:1) referem-se ao mesmo local. Para ir da residência de Anás para que de Caifás, Jesus atravessou o pátio comum entre as diferentes alas da propriedade (conforme Jo 18:24). Foi aqui, na casa do sumo sacerdote, que todas as negações de Pedro ocorreu.

    Falhas de Pedro nessas horas noturnas são registrados nos quatro evangelhos, uma comparação entre o que revela que eles ocorreram em três episódios separados, com cada incidente envolvendo múltiplas acusações de disparo rápido de espectadores e renúncias repetidos do apóstolo covarde. O fato de que os escritores dos evangelhos realçar diferentes aspectos de negações de Pedro, de forma alguma chama sua confiabilidade histórica em questão. Em vez disso, os detalhes de cada conta harmonizam perfeitamente para pintar um quadro único, angustiante de experiência de Pedro naquela noite dramática. (Para uma harmonia das negações de Pedro, ver John Macarthur, One Perfect 5ida [Nashville: Tomé Nelson, 2012], as seções 182, 184.)

    A casa do sumo sacerdote, cercado por um muro, teria sido introduzido a partir da rua através de um portão, que abriu para um corredor que leva para o pátio interno. Porque Pedro era desconhecida para a família do sumo sacerdote, ele não teria sido autorizados a entrar, se não fosse por outra "discípulo que era conhecido do sumo sacerdote, [que] saiu e falou à porteira, e levou Pedro in "(Jo 18:16; conforme v. 15). Tradicionalmente, o outro discípulo foi identificado como João, o discípulo amado (13 23:43-13:24'>João 13:23-24), que foi o autor do quarto evangelho. O Novo Testamento não dá nenhuma indicação que aconteceu com João naquela noite, depois que ele ajudou Pedro ganhar a entrada. O foco da narrativa permanece em Pedro, que tendo chegado até o portão, foi abaixo no pátio.

    Na primeira, Pedro foi secretamente aquecendo-se pelo fogo, tentando misturar-se com oficiais da guarda do templo e membros do pessoal da casa, quando de repente ele foi reconhecido. Um dos servo-meninas do sumo sacerdote, o mesmo escravo doméstico que tinha aberto o portão para Pedro (conforme João 18:15-17), veio, e, vendo a Pedro que se aquecia, ela olhou para ele com atenção (Lc 22:56).Toda essa semana, Jesus e seus discípulos tinham frequentado o templo. Talvez tenha sido ali que esta serva tinha visto Pedro. Ou suas suspeitas podem ter sido despertada quando ela inicialmente abriu o portão para que Pedro poderia entrar (conforme Jo 18:17). Reconhecendo-o como um discípulo de Jesus, ela disse: "Você também estava com Jesus, o Nazareno." Porque as suas palavras são um pouco variou nos vários relatos evangélicos, é provável que ela declarou dela mesma acusação básica várias vezes, repetindo-o em voz alta o suficiente que todo o grupo reunido em torno do fogo ouviu-a (conforme Mt 26:70).

    Acusações da garota veio como um choque para Pedro, cuja resposta imediata expôs sua vulnerabilidade. Apanhado de surpresa, Pedro entrou em pânico e negou, dizendo: "Eu nem conheço nem entendo o que você está falando." Os outros evangelistas, note que Pedro também disse: "Mulher, eu não conhecê-Lo" (Lc 22:57) ; e quando acusado de ser discípulo de Jesus, ele acrescentou: "Eu não sou" (Jo 18:17). Em um momento de fraqueza, o apóstolo excesso de confiança foi derrubado por simples questões de uma menina humilde servo. Envergonhado e ansioso para escapar, Pedro deixou o fogo e saiu para a varanda, o corredor que levava de volta para a rua. Lá, na entrada, ele esperava recuperar a compostura e manter seu anonimato.

    Neste ponto da narrativa, algumas traduções em inglês (como o New Rei Tiago 5ersion) adicionar a frase, "e um galo cantou." No entanto, essa adição não era provável parte do evangelho original de Marcos, uma vez que não se encontra na manuscritos mais antigos. Provavelmente foi inserido por um escriba mais tarde tentando dar conta de comentário posterior de Marcos que um galo cantou pela segunda vez (v. 72). Se um galo fez corvo, neste momento, Pedro estava aparentemente inconsciente dele, uma vez que aparentemente não teve efeito sobre suas ações.

    Fuga de Pedro para a porta de entrada foi de curta duração. Um pouco mais tarde (Lc 22:58), ele foi novamente reconhecida como ele estava no corredor. O servo-girl viu, e mais uma vez começou a dizer aos que ali estavam: "Este é um deles!" Desta vez, ela se juntou em suas alegações por pelo menos dois outros agentes, uma mulher (Mt 26:71) e outro do sexo masculino (Lc 22:58). Assaltado pelo coro de acusações, e sentindo o olhar de curiosos adicionais, novamente ele negou. Ao contrário primeiro repúdio de Pedro, este ato de covardia foi premeditado, já que ele não foi pego de surpresa, como tinha sido antes. Em vez de reconhecer a verdade, Pedro tornou-se ainda mais intensa, repudiando veementemente qualquer associação com Jesus ", com juramento" e dizendo: "Eu não sei o homem" (Mt 26:72).

    Apesar das alegações e perguntas sendo direcionado o seu caminho, Pedro decidiu ficar na casa do sumo sacerdote, provavelmente curioso para saber o que aconteceria com Jesus. Depois de algum tempotinha passado (Lc 22:59 relatos de que era cerca de uma hora mais tarde), ele foi confrontado pela terceira vez por um grupo de espectadores que foram novamente dizendo a Pedro: "Certamente você é um deles, pois tu és galileu também." sotaque galileu de Pedro lhe tinha dado afastado (Mt 26:73). Além disso, um homem no grupo reconheceu o homem do jardim do Getsêmani. Como João relata: "Um dos escravos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse:" Eu não te vi no jardim com ele? '"(Jo 18:26). Mais uma vez, o discípulo relutante se viu cercado por todos os lados.

    Disavowal definitiva de Pedro de Cristo foi o mais veemente e demonstrativo de todos. Ele começou a praguejar ea jurar: "Eu não conheço esse homem que você está falando!" O verbo para amaldiçoar (da palavra grega anathematizō , a partir do qual a palavra Inglês "anatematizamos" é derivado) indica que Pedro pronunciou uma maldição do juízo divino sobre a sua cabeça se ele estivesse mentindo. O verbo juro (uma forma de omnuō ) refere-se a uma promessa solene de veracidade. O que começou como uma reação instintiva ao inquérito de uma criada tinha escalado em um discurso inflamado premeditado de engano dogmática e deslealdade, pontuado com maldição e juramento, que ecoou por todo o pátio.

    Assim como Jesus havia predito (Mc 14:30), logo que este terceiro episódio terminou, imediatamente o galo cantou pela segunda vez. (Marcos é o único evangelista que observa que o galo cantou duas vezes, um detalhe acrescentou que em nada contradiz as outras contas do evangelho.) Por esta altura, o julgamento de Jesus na casa de Caifás tinha chegado a sua conclusão. O Senhor tinha sido falsamente acusado, condenado por blasfêmia, e zombavam e espancado pelo Sinédrio ea polícia templo (14: 56-65). Naquele exato momento, ele foi provavelmente sendo levado para o outro lado do pátio.De acordo com Lc 22:61, logo após o galo cantou, "O Senhor se voltou e olhou para Pedro." O olhar penetrante de Cristo chamou a atenção de Pedro, perfurou sua alma, e queimaram profundamente em sua consciência. Instantaneamente, coração e mente de Pedro inundado com sentimentos de culpa, remorso e vergonha. Era um olhar que ele certamente nunca esqueci.

    Contrição Fervent

    E Pedro se lembrou de como Jesus tinha feito a observação dele, "Antes que o galo cante duas vezes, você me negará três vezes". E ele começou a chorar. (14: 72b)

    Sob o olhar de seu Senhor, Pedro sentiu todo o peso do seu pecado e se lembrou de como Jesus tinha feito a observação a ele: "Antes que o galo cante duas vezes, você me negará três vezes." Ele fez exatamente o que Jesus disse que iria fazer. Seus arrogantes orgulha de algumas horas antes (conforme Mc 14:31) tinha provado oco. Ele tinha sido desleal, desobedientes, e desonesto. Mas, apesar de sua coragem tinha falhado, sua fé não faria (Lc 22:32). Ao contrário de Judas, que sentiu remorso e se suicidou (Matt. 27: 3-10), Pedro sentiu remorso e arrependeu-se (conforme 2Co 7:10.). Profundamente condenado e quebrado sobre suas ações, ele fugiu do local (Lc 22:62e ele começou a chorar amargamente (Mt 26:75). Ele chorou com lágrimas de contrição fervorosa no rescaldo de fraqueza grave e insuficiência.

    Embora Pedro pecou muito, seu verdadeiro caráter não é visto em suas negativas, mas em seu arrependimento, começando com sincero pesar. Ele tinha descoberto a corrupção de sua própria carne, mesmo em face de suas melhores intenções. Mas as falhas de Pedro não é o fim de sua história. As provas da autenticidade da fé de Pedro pode ser visto quase que imediatamente. Foi Pedro e João, que correu para o túmulo vazio (João 20:2-10). Pedro foi um dos primeiros a ver o Cristo ressuscitado (conforme 1Co 15:5). Ele foi para a Galiléia para esperar o Senhor conforme as instruções (Mt 28:10; conforme João 21:1-11.). E foi ali, na Galiléia, que Pedro foi totalmente restaurado para o ministério pelo Senhor Jesus. Como João 21:15-17 relata,

    Então, quando eles tinham acabado de pequeno-almoço, Jesus perguntou a Simão Pedro: "Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?" Ele disse-lhe: "Sim, Senhor; Você sabe que eu te amo. "Ele disse-lhe:" Apascenta as minhas ovelhas ". Ele disse-lhe segunda vez:" Simão, filho de João, amas-me? "Ele disse-lhe:" Sim, Senhor ; Você sabe que eu te amo. "Ele lhe disse:" Pastor minhas ovelhas ". Ele disse-lhe terceira vez:" Simão, filho de João, tu me amas? "Pedro ficou triste, porque Ele disse-lhe o terceiro tempo, "Tu me amas?" E ele disse-lhe: "Senhor, tu sabes todas as coisas; Você sabe que eu te amo. "Jesus disse-lhe:" Apascenta as minhas ovelhas. "
    Pedro tinha negado repetidamente e inflexivelmente o Senhor Jesus em três ocasiões distintas. Jesus, portanto, questionou Pedro três vezes sobre o seu amor por Ele. Para cada episódio de negação, Pedro foi dada a oportunidade de afirmar sua devoção a Cristo.

    Por incrível que pareça, o homem que temerosamente desmentiu o Senhor Jesus se tornaria o pregador fervoroso do livro de Atos-corajosamente proclamando o evangelho no dia de Pentecostes (Atos 2:14-40) menos de dois meses após o colapso devastador de coragem registrado em esta passagem. Jesus tinha predito que Pedro, depois de ter sido restaurado, iria fortalecer seus irmãos na fé (conforme Lc 22:32). Essa promessa foi cumprida, não só em Atos (conforme Atos 4:14-31), mas também anos depois, quando Pedro explicou aos cristãos perseguidos na Ásia Menor que a verdadeira fé não pode falhar, mesmo quando severamente testada (conforme I Pedro 1:6 —7).

    Em suas falhas, Pedro aprendeu que o orgulho eo excesso de confiança fazer crentes espiritualmente vulnerável. Mas Deus concede a vitória para aqueles que são humildes, dependentes dEle, e em guarda em face da tentação (conforme II Pedro 3:17-18). Como o apóstolo perdoado explicado em I Pedro 5:5-8,

    Todos vocês, revesti-vos de humildade para com o outro, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele vos exalte no tempo apropriado, lançando toda sua ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós. Seja de espírito sóbrio, estar em alerta. O vosso adversário, o diabo, anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém para devorar.


    Barclay

    O NOVO TESTAMENTO Comentado por William Barclay, pastor da Igreja da Escócia
    Barclay - Comentários de Marcos Capítulo 14 do versículo 1 até o 72

    Marcos 14

    Começa o último ato — Mar. 14:1-2 A extravagância do amor — Mar. 14:3-9 O traidor — Mar. 14:10-11 Preparação para a festa — Mar. 14:12-16 A última súplica do amor — Mar. 14:17-21 O símbolo da salvação — Mar. 14:22-26 O fracasso dos amigos — Mar. 14:27-31 Faça-se a tua vontade — Mar. 14:32-42 A detenção — Mar. 14:43-50 “Um jovem” — Mar. 14:51-52 Mc 14:53, 55-65 Mc 14:54, 66-72

    COMEÇA O ÚLTIMO ATO

    Marcos 14:1-2

    Está para começar agora o último ato da vida de Jesus. A festa da Páscoa e a festa dos Pães sem Levedura eram em realidade duas coisas diferentes. A festa da Páscoa caía no 14 de Nisã, isto é, cerca de 14 de abril.

    A festa dos Pães sem Levedura consistia nos sete dias seguintes ao da Páscoa. A Páscoa em si era uma festa "maior, e era guardada como um sábado. A festa dos Pães sem Levedura era chamada um festival menor, e, embora durante ela não se podia começar nenhum trabalho, permitiam-se os trabalhos "necessários para o interesse público ou para prover contra uma perda privada."
    O dia realmente grande era o de Páscoa. A Páscoa era uma das três festas obrigatórias. As outras duas eram a do Pentecostes e a dos Tabernáculos. Todo varão adulto que vivesse até 25 quilômetros de Jerusalém estava obrigado a assistir a estas festas. A Páscoa tinha uma dupla significação.

    1. Tinha uma significação histórica (Êxodo 12). Comemorava a liberação dos filhos de Israel da escravidão do Egito. A antiga história era que Deus tinha enviado praga após praga sobre o Egito, e, diante de cada uma das pragas, Faraó prometia deixar sair ao povo. Mas uma vez passada a praga, endurecia seu coração e faltava com sua palavra. Finalmente chegou aquela terrível noite quando o Anjo da Morte devia percorrer a terra do Egito e matar a todos os primogênitos. Os israelitas deviam matar um cordeiro. Com um molho de hissopo deviam salpicar com o sangue do cordeiro o marco da porta, e quando o Anjo da Morte visse o marco da porta assim marcado, passaria de largo essa casa e seus habitantes estariam seguros. Antes de sair a caminho os israelitas deviam comer o cordeiro assado, com pão sem levedura. A festa da páscoa comemorava essa liberação.
    2. Tinha uma significação agrícola. Assinalava a coleta da colheita de cevada. Nesse dia devia levar-se diante do Senhor um feixe de cevada (Levítico 23:10-11). E até depois de ter feito isto não podia vender-se nos armazéns a cevada da nova colheita, ou comer-se pão feito com a farinha da nova colheita.

    Faziam-se para a Páscoa todos os preparativos possíveis. De um mês antes se expor na sinagoga o significado da festa, e a lição da Páscoa era ensinada diariamente nas escolas. O propósito era garantir que ninguém participasse da festa em ignorância ou sem preparação. Arrumavam-se todos os caminhos e se reparavam as pontes. Havia algo especial que se fazia. Era muito comum sepultar aos mortos à beira dos caminhos.
    Agora, se algum peregrino houvesse tocado uma dessas tumbas à beira do caminho, tecnicamente teria estado em contato com um cadáver, e se teria convertido em imundo e portanto não poderia participar da festa. Então, antes da Páscoa se branqueavam todas as tumbas dos caminhos, a fim de que se destacassem e os peregrinos pudessem evitá— las.
    Os salmos 120:134 se intitulam cânticos graduais, e bem pode ser que fossem os salmos que os peregrinos cantavam enquanto partiam para a festa, buscando alegrar a viagem com sua música. diz-se que o Salmo 122 era o que cantavam enquanto subiam a colina do templo no último lance de sua viagem.

    Como já vimos, assistir à festa era obrigatório para todos os varões adultos que vivessem em um raio de 25 quilômetros de Jerusalém, mas afluíam de muito mais longe. A ambição suprema de todo judeu era comer ao menos uma Páscoa em Jerusalém antes de morrer. E portanto a Jerusalém chegavam peregrinos de todos os países do mundo. Na Páscoa o alojamento era gratuito. A cidade não podia conter as multidões, e Betânia e Betfagé eram duas das aldeias vizinhas em que se alojavam os peregrinos. Há uma passagem de Josefo no qual nos dá uma idéia de quantos peregrinos chegavam à cidade.

    Diz Josefo que Céstio, que era governador da Palestina por volta do 65 D.C. teve alguma dificuldade para persuadir a Nero da grande importância da religião judaica. Para impressioná-lo, pediu ao então sumo sacerdote que tomasse um censo dos cordeiros mortos para a Páscoa em um ano. A quantidade, segundo Josefo, foi 256.500.
    Agora, a Lei estabelecia que devia haver um grupo não menor de dez pessoas por cada cordeiro, o que significa que devia haver perto de três milhões de peregrinos em Jerusalém. Precisamente nisto residia o problema das autoridades judaicas. Durante a Páscoa os sentimentos se exacerbavam. A lembrança da antiga liberação do Egito fazia desejar uma nova liberação de Roma. Em nenhum momento era tão intenso o sentimento nacionalista.
    Jerusalém não era o assento das autoridades romanas na Judéia. O governador tinha sua residência e os soldados estavam estacionados na Cesaréia. Durante a época da Páscoa se enviavam a Jerusalém destacamentos especiais de tropa que se albergavam na Torre Antonia, que se levantava junto ao templo. Os romanos sabiam que na Páscoa podia suceder algo, e não queriam correr riscos. As autoridades judaicas sabiam bem que em uma atmosfera tão inflamável, a detenção de Jesus poderia muito bem provocar uma revolta. Por isso é que tramaram um estratagema secreto para poder prendê-lo, e tê-lo em seu poder antes que o povo se inteirasse disso.

    O último ato da vida de Jesus teria que se desenvolver nos subúrbios de uma cidade lotada de judeus que tinham chegado dos limites da Terra. Tinham ido comemorar o acontecimento pelo qual sua nação tinha sido libertada fazia tempo da escravidão do Egito. E nesse mesmo momento, o libertador da humanidade enviado por Deus era crucificado.

    A EXTRAVAGÂNCIA DO AMOR

    Marcos 14:3-9

    O significado deste relato reside no fato de que nos conta quase o último ato de bondade que alguém teve para com Jesus.
    Estava na casa de um homem chamado Simão o leproso, na aldeia da Betânia. Na Palestina não se sentavam para comer. Faziam-no reclinados em divãs. Reclinavam-se apoiando-se no cotovelo esquerdo e usando a mão direita para comer. De modo que qualquer que se aproximasse de um dos que estavam recostados ficaria muito acima dele. Chegou-se a Jesus uma mulher levando uma redoma de alabastro de ungüento. Era costume derramar algumas gotas de perfume sobre um hóspede quando chegava a uma casa ou quando se sentava à mesa para comer. A redoma continha nardo, que era um ungüento muito precioso feito com uma planta estranha procedente da Índia longínqua. Mas esta mulher não derramou umas quantas gotas sobre a cabeça de Jesus. Rompeu o frasco e o ungiu com todo seu conteúdo.
    Pode ter havido mais de uma razão para que rompesse o frasco. Talvez o fizesse como um sinal de que o tinha usado todo. No Oriente havia um costume segundo o qual se um copo era usado por um hóspede distinto ou estrangeiro, depois de usá-lo, rompia-se de modo que não pudesse ser tocado pela mão de nenhuma pessoa inferior. Talvez na mente da mulher houvesse algo disso.
    Mas havia algo que não estava em sua mente, mas que nós vemos agora. Jesus a viu. Era costume no Oriente, primeiro banhar e depois ungir os corpos dos mortos. Depois que o cadáver tinha sido ungido, rompia-se o frasco que continha o perfume e os fragmentos eram colocados na tumba. Embora ela não quis lhe dar esse significado, isso era precisamente o que estava fazendo.

    Sua ação provocou as críticas de alguns dos circunstantes. O frasco valia mais de trezentos denários. Um denário era uma moeda de prata de quatro gramas, e equivalia ao salário de um dia de um operário. A um homem comum teria custado quase um ano de trabalho para comprar esse frasco de ungüento. A alguns pareceu um desperdício escandaloso. Esse dinheiro se podia dar aos pobres. Mas Jesus entendeu, e lhes citou suas próprias Escrituras: "Porque não faltarão carentes em meio da terra" (Dt 15:11). "Sempre terão os pobres com vós", disse-lhes Jesus, "e quando quiserem lhes poderão fazer bem; mas não terão muito tempo para fazer algo por mim." "Isto", disse, "foi como ungir de

    antemão meu corpo para a sepultura." Toda esta história mostra a ação do amor.

    1. Jesus disse que o que a mulher tinha feito era bom. Em grego há duas palavras para significar bom. Uma é agathos que descreve uma coisa moralmente boa. Outra é kalos que descreve algo que não só é bom mas também belo. Uma coisa pode ser agathos, e entretanto ser dura, austera, sem atrativo. Mas uma coisa que é kalos é atrativa e bela, com certo halo de encanto.

    Struthers do Grebnock costumava dizer que à Igreja faria mas bem que qualquer outra coisa o que os cristãos fizessem às vezes "algo lindo". E isto é exatamente o que significa kalos, e o que fez esta mulher. O amor não só faz coisas boas; também faz coisas lindas.

    1. Se o amor for verdadeiro, sempre deve haver nele certa extravagância. Não calcula cuidadosamente o menos ou o mais. Não se preocupa em ver o que de menos pode dar decentemente. Se desse tudo o que tem, até se desse o mundo inteiro, seria muito pouco. No amor há certa temeridade que recusa calcular o custo.
    2. O amor pode ver que há coisas para fazer para as quais a ocasião só se dá uma vez. Uma das tragédias da vida é que freqüentemente nos sentimos movidos a fazer algo bom, e não o fazemos. Talvez porque somos muito tímidos para fazê-lo e nos ocorre algo embaraçoso.

    Talvez porque pensando melhor optamos por uma atitude mais prudente e de senso comum. Acontece com as coisas mais simples: o impulso de enviar uma carta a alguém agradecendo algo que tem feito, o impulso de dizer a alguns quanto os amamos e quão agradecidos estamos, o impulso de dar algum obséquio ou dizer uma palavra especial. E a tragédia é que tão freqüentemente o impulso é estrangulado ao nascer. Este mundo seria muito mais belo se houvesse mais pessoas como esta mulher, que atuou no impulso de amor porque sabia que, se não o fizesse então, não o faria nunca.
    Como deve ter levantado o ânimo de Jesus este último extravagante, impulsivo ato de bondade.

    1. Podemos observar uma coisa mais. Uma vez mais vemos a invencível confiança de Jesus. Agora a cruz se perfilava já perto, mas Ele nunca acreditou que a cruz fosse o fim. Sabia que as boas novas se difundiriam por todo mundo. E com as boas novas foi o relato desta extravagante ação realizada por um impulso do momento, obra de um coração cheio de amor.

    O TRAIDOR

    Marcos 14:10-11

    Como um consumado artista, Marcos coloca lado a lado o unção na Betânia e a traição de Judas. Sem comentários, põe um ao lado do outro: o ato de generoso amor e o ato de terrível traição.
    Nosso coração se estremece sempre que pensamos em Judas. Dante o coloca no mais profundo dos infernos, onde há um inferno de gelo e frio, um inferno destinado não a pecadores que foram arrastados por uma paixão ardente, e sim a aqueles que pecaram fria, calculada e deliberadamente contra o amor de Deus.
    Marcos relata a história com tal economia de palavras que não nos dá material para a especulação. Mas por trás da ação de Judas podemos distinguir certas coisas.

    1. Havia cobiça. Em Mt 26:15 é-nos dito que Judas foi às autoridades e lhes perguntou quanto lhe pagariam e acordou com elas por trinta peças de prata. Jo 11:27 contém uma insinuação. Este versículo diz que as autoridades tinham pedido informação a respeito de onde podia achar-se Jesus, para poder prendê-lo. Bem pode ser que para este momento Jesus realmente tivesse a preço sua cabeça, e que Judas, sabendo-o, quis obter a recompensa oferecida. João é muito terminante a respeito disso. Diz-nos que Judas era o tesoureiro da companhia apostólica e aproveitava seu cargo para furtar da bolsa comum (Jo 13:6). Também pode ser. O afã do dinheiro pode ser algo terrível. Pode fazer com que alguém perca de vista a decência, a honestidade e a honra.

    Pode fazer que não importe como se obtém, contanto que se obtenha. Judas descobriu muito tarde que algumas coisas custam muito.

    1. Indubitavelmente deve ter havido ciúmes. Klopstock, o poeta alemão, pensava que Judas, quando se uniu aos Doze, tinha todos os dons e virtudes que poderiam tê-lo feito grande, mas pouco a pouco foram consumindo-o o ciúme de João, o discípulo amado, e que esse ciúme o levou a cometer esta terrível ação. É fácil ver que entre os Doze havia tensões. Outros foram capazes das superar, e talvez Judas fora o único que tinha em seu coração o invencível e indomável demônio do ciúme. Poucas coisas podem arruinar nossa vida e a de outros como o ciúmes.
    2. Indubitavelmente havia ambição. Uma e outra vez vemos como os Doze pensavam no Reino em termos terrenos, e como sonhavam tendo nele posições elevadas. Judas deve ter sido assim. Pode ser que, enquanto os outros ainda se aferravam a seus sonhos, ele fosse o primeiro em advertir o errôneo que eram esses sonhos, as poucas probabilidades que tinha de uma realização terrestre. E bem pode ser que em sua desilusão, o amor que teve para com Jesus se tornasse ódio. Existe uma ambição que pode pisotear o amor e a honra e todas as coisas belas com tal de alcançar o fim que se propôs.
    3. Foi sempre fascinante a idéia de que talvez Judas não quis que Jesus morresse. É quase seguro que Judas era um nacionalista fanático e que tinha visto em Jesus a única pessoa que transformasse em realidade seus sonhos de poder e glória nacionais. Mas agora via Jesus deslizar-se para a morte em uma cruz. Poderia ser, pois, que em um último intento para que seu sonho se realizasse, traiu a Jesus a fim de obrigá-lo a agir. Entregou-o às autoridades com a idéia de que agora Jesus se veria forçado a agir a fim de salvar-se, e que essa ação seria o começo da campanha vitoriosa com que sonhava. Pode ser que esta idéia sobre Judas esteja respaldada pelo sentir de que quando viu o que tinha feito foi e arrojou o dinheiro maldito aos pés das autoridades judaicas e saiu e se suicidou, enforcando-se (Mateus 27:3-5). Se for assim a tragédia de Judas é a maior tragédia da história.
    4. Lucas e João dizem o mesmo. Dizem muito simplesmente que o diabo entrou em Judas (Lc 22:3; Jo 13:27). Em última análise isto foi o que aconteceu. Judas queria que Jesus fosse o que ele queria e não o que Jesus queria ser. Em realidade, Judas seguiu a Jesus, não tanto para ser seu discípulo, como para utilizá-lo para desenvolver os planos e desejos e projetos de seu ambicioso coração. Longe de render-se a Jesus, queria que este rendesse a ele, e quando Jesus tomou seu próprio caminho, o caminho da cruz, irritou-se tanto que o traiu.

    A própria essência do pecado é o orgulho. O próprio coração do pecado é a independência; o desejo de fazer o que nós queremos e não o que Deus quer. Isto é o que representa o Diabo, Satanás, o Maligno. Ele representa tudo o que está contra Deus e o que não se dobra diante de Deus. Este é o espírito que se encarnou em Judas.

    Estremecemo-nos diante de Judas. Mas pensamos: cobiça, ciúme, ambição, o desejo dominante de fazer as coisas a nosso modo... Somos nós muito diferentes? Estas são as coisas que fizeram com que Judas traísse a Jesus e são as mesmas que fazem com que os homens o traiam em todas as épocas.

    PREPARAÇAO PARA A FESTA Marcos 14:12-16

    Pode não parecer um termo apto para ser empregado em relação com Jesus, mas ao ler o relato da última semana de sua vida, não pode deixar de nos chamar a atenção o que só podemos chamar sua eficiência. Uma e outra vez descobrimos que Jesus não deixava as coisas para último momento. Muito antes fez arranjos para que um jumentinho estivesse disponível para sua entrada em Jerusalém, e aqui vemos outra vez que fez todos os acertos com muita antecipação.
    Os discípulos quiseram saber onde comeriam a Páscoa. Jesus os enviou a Jerusalém com instruções de procurar um homem que levasse um cântaro de água. Este era um sinal acordado de antemão. Levar um cântaro de água era trabalho de mulheres. Era algo que um homem não faria jamais. Um homem com um cântaro ao ombro se destacaria em uma multidão tanto como, digamos, um homem com um guarda-chuva de mulher em um dia de chuva. Jesus não deixava as coisas para o último minuto. Muito antes tinha arrumado o lugar em que se reuniria com seus discípulos, e até a maneira em que o poderia achar.
    As grandes casas judaicas tinham aposentos altos. Esses aposentos pareciam uma caixa menor colocada em cima de uma caixa maior. A caixa menor era o aposento alto, e se chegava ao mesmo por uma escada exterior, o qual fazia desnecessário passar pela habitação principal para chegar a ele. O aposento alto tinha muitos usos. Era um depósito, era um lugar para a meditação e tranqüilidade, era um quarto de hóspedes quando chegava algum. Mas em particular era o lugar onde um rabino ensinava seus discípulos íntimos. Jesus estava seguindo o costume que qualquer rabino judeu teria seguido.
    Devemos recordar uma coisa com relação à maneira judaica de contar os dias. Segundo o costume judaico, o dia começa às seis da tarde. Até as seis, era o 13 do Nisã, o dia de preparação para a Páscoa. Mas o 14 do Nisã, o dia da própria Páscoa, começava às seis da tarde. Para dizê-lo em nossos termos, para os judeus a sexta-feira começa às seis da tarde da quinta-feira.

    Que preparativos fazia o judeu para a Páscoa?

    A primeira cerimônia era a busca cerimoniosa de levedura. Antes da Páscoa devia eliminar-se da casa a menor partícula de levedura. Isto se devia a que a primeira Páscoa, no Egito (Êxodo 12) comeu-se com pão sem levedura. O pão sem levedura não parece pão. Parece-se com uma bolacha de água. Foi usado no Egito devido a que se pode assar muito mais depressa que um pão com levedura, e a primeira Páscoa, a Páscoa da fuga do Egito tinha sido comida depressa, estando todos preparados para sair a caminho. Além disso, a levedura era um símbolo de corrupção. A levedura é massa fermentada, e o judeu identificava a fermentação com a putrefação, de modo que a levedura representava a corrupção e putrefação. No dia antes da Páscoa, o dono de casa tomava uma vela acesa e realizava uma busca cerimoniosa de levedura por toda a casa. Antes da busca orava:

    "Bendito és Tu, Jeová, nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificaste por Teus mandamentos e nos ordenaste eliminar a levedura."

    No final da busca o dono de casa orava:

    "Toda a levedura que está em minha posse, a que vi e a que não vi, seja nula, seja contada como a poeira."

    Logo, na tarde antes da noite da Páscoa, vinha o sacrifício do cordeiro pascal. Todos iam ao templo. Cada adorador devia matar seu cordeiro, como se estivesse oferecendo seu próprio sacrifício. Mas aos olhos judeus tudo sangue é sagrado para Deus, devido a que equiparavam o sangue à vida. Era muito natural que assim fosse, já que se uma pessoa ou um animal fossem feridos, ao fluir o sangue também escapava a vida. Assim, pois, no templo os adoradores matavam seu próprio cordeiro. Entre eles e o altar havia duas longas linhas de sacerdotes, cada um com um recipiente de ouro ou de prata. Quando se abria a garganta do cordeiro, recolhia-se o sangue em um desses recipientes e se passava de mão em mão por essa linha, até que o último sacerdote arrojava o recipiente de sangue sobre o altar. Depois se esfolava a cabeça de gado, extraíam-se as vísceras e a gordura, porque eram parte do necessário sacrifício, e se devolvia a cabeça de gado ao adorador. Se as cifras de Josefo se aproximam da exatidão e se matava mais de um quarto de milhão de cordeiros, a cena no templo e o ensangüentado do altar são inimagináveis: O cordeiro era levado a casa para ser assado. Não se podia ferver. Nada devia tocá-lo, nem sequer os lados de uma panela. Devia ser assado sobre um fogo aberto, trespassado em um varinha de madeira, sem lhe cortar a cabeça, nem as patas nem a cauda.

    A mesa tinha a forma de um quadrado com um flanco aberto. Era baixa e os hóspedes se reclinavam junto a ela em divãs, descansando sobre o cotovelo esquerdo e tendo livre o braço direito para comer.
    Precisavam-se certas coisas, exatamente as que os discípulos tinham que preparar.

    1. O cordeiro, que devia lhes recordar como seus lares foram protegidos pelo sinal do sangue quando o Anjo da Morte passou pelo Egito.
    2. O pão sem levedura que devia lhes recordar o pão que tinham comido depressa quando escaparam da escravidão.
    3. Um tigela de água salgada, para lhes recordar as lágrimas que tinham derramado no Egito e das águas do Mar Vermelho através das quais tinham passado milagrosamente e em segurança.
    4. Uma coleção de ervas amargas — rabanetes, chicória, escarola, alface, serpentária — para recordá-los a amargura da escravidão do Egito.
    5. Uma massa chamada charosheth, que era uma mescla de maçãs, tâmaras, amadurecidas e nozes, e que devia lhes recordar o barro com que tinham fabricado tijolos no Egito. Pedacinhos de canela na massa recordavam a palha que se usava nos tijolos.
    6. Quatro taças de vinho. Estas continham pouco mais do meio litro de vinho, mas três partes de vinho se mesclavam com duas de água. As quatro taças, que se bebiam em diferentes momentos da refeição, eram para lembrar das quatro promessas de Êxodo 6:6-7:

    “E vos tirarei de debaixo das cargas do Egito, e vos livrarei da sua servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes manifestações de julgamento.

    Tomar-vos-ei por meu povo e serei vosso Deus”

    Tais eram os preparativos que se deviam fazer para a Páscoa. Cada detalhe falava daquele grande dia de libertação quando Deus libertou a seu povo da escravidão do Egito. Nesta festa foi onde Aquele que liberou o mundo do pecado se sentaria por última vez a comer com seus discípulos.

    A ÚLTIMA SÚPLICA DO AMOR

    Marcos 14:17-21

    Como vimos, o dia começava às seis da tarde, e quando chegou a noite da Páscoa Jesus veio e se sentou com os Doze. Havia uma só mudança no antigo ritual que se observou tantos séculos antes no Egito. Na primeira Páscoa, tinham comido de pé (Ex 12:11). Mas isso tinha sido um sinal de pressa, de que eram escravos que fugiam da escravidão. No tempo de Jesus a regra era que devia comer-se reclinados, porque esse era o sinal de um homem livre, com um lar e um país próprios.

    Esta é uma passagem penetrante. Na mente de Jesus rondava todo o tempo um texto: “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar” (Sl 41:9). Estas palavras estavam todo o tempo na mente de Jesus. Podemos ver aqui algumas coisas importantes.

    1. Jesus sabia o que ia acontecer. Este é o supremo valor de Jesus, especialmente nos últimos dias. Para Ele teria sido fácil escapar, mas continuou destemido. Homero conta como advertiram o grande guerreiro Aquiles que ia para sua última batalha e o matariam. Sua resposta foi: "Não obstante, continuarei." Com pleno conhecimento do que lhe esperava, Jesus estava decidido a seguir adiante.
    2. Jesus podia ver no coração de Judas. O estranho é que os outros discípulos parecem não ter suspeitado nada. De ter sabido o que Judas estava empenhado em fazer, com toda segurança o teriam atacado e o teriam impedido até pela força. Aqui há algo para lembrar. Pode haver coisas que tentamos ocultar a nossos semelhantes, e o conseguimos. Mas não podemos conseguir ocultá-las de Jesus Cristo. Ele esquadrinha os corações dos homens. Sabia o que havia no homem. Bem-aventurados são os de coração puro.
    3. Nesta passagem vemos a Jesus oferecer duas coisas a Judas.
    4. Faz-lhe a última súplica do amor. É como se lhe dissesse: "Sei o que vais fazer. Não queres parar antes que seja tarde?"
    5. Faz-lhe uma última advertência. Diz-lhe de antemão as conseqüências daquilo que em seu coração deseja fazer. Mas devemos notar — porque é da essência da forma em que Deus nos trata — que não há compulsão alguma. Sem dúvida Jesus teria podido deter pela força a Judas. Tudo o que teria que fazer era dizer aos outros onze os planos que este tinha, e Judas não teria saído com vida naquela noite do aposento, pois os outros teriam matado antes de deixá-lo ir. Esta é toda a situação humana. Deus nos deu livre-arbítrio. Seu amor nos suplica. Sua verdade nos adverte. Mas não há compulsão. A tremenda responsabilidade do homem está em que pode ignorar o apelo do amor de Deus, e não tomar em conta as advertências de sua voz. No final ninguém mais que nós mesmos somos responsáveis por nossos pecados.

    A lenda grega conta de dois famosos viajantes que passaram pelas rochas onde cantavam as sereias. Estas se sentavam nessas rochas e cantavam com tal doçura que atraíam irresistivelmente os marinheiros para sua ruína. Ulisses navegou a salvo diante dessas rochas. Seu método foi tampar os ouvidos dos marinheiros para que não pudessem ouvir, e ordenou-lhes que o atassem com cordas ao mastro de modo que por mais esforços que fizesse não pudesse desatar-se. Resistiu por compulsão. O outro viajante foi Orfeu, o mais encantado dos músicas. Seu método foi tocar e cantar com tal doçura enquanto seu navio passava diante das rochas das sereias, que o canto destas nem sequer pôde ser ouvido, devido à atração do canto que ele entoava. Seu método foi responder ao atrativo da sedução com um atrativo ainda maior.
    Este método é o método divino. Ele não nos impede de pecar pela força, quer gostemos quer não. Busca que o amemos tanto que sua voz seja mais docemente insistente para nós que todas as vozes que tratem de nos apartar dele.

    O SÍMBOLO DA SALVAÇÃO

    Marcos 14:22-26

    Primeiro devemos estabelecer todos os vários passos da Páscoa, de modo que possamos seguir com o olho de nossa mente o que Jesus e seus discípulos estavam fazendo. Os diferentes passos se davam nesta ordem:

    1. A taça do kiddush. Kiddush significa santificação ou separação. Este era o ato que, por dizer, separava esta refeição de todas as outras refeições comuns. O chefe da família tomava a taça e orava sobre ela, e logo todos bebiam dela:
    2. O primeiro lavamento de mãos. Este era realizado só pela pessoa que tinha que oficiar na festa. Tinha que lavar as mãos três vezes na forma estabelecida que já descrevemos ao estudar o capítulo 7.
    3. Tomava logo uma folha de salsinha ou alface, molhava-se na taça de água salgada e se comia. Este era um aperitivo para a comida, mas a salsinha simbolizava o hissopo com que tinham sido aspergidos com sangue os batentes, e o sal representava as lágrimas do Egito e as águas do Mar Vermelho através das quais 1srael tinha passado em segurança.
    4. O partir do pão. Usavam-se duas bênçãos neste ato. "Bendito seja, ó Senhor, nosso Deus, Rei do universo, que faz brotar o fruto da terra", ou "Bendito sejas, Pai nosso que está nos céus, que nos dá hoje o pão que necessitamos." Sobre a mesa havia três círculos de pão sem levedura. Tomava e se partia o do meio. Neste momento só se comia um pouco. Era para recordar aos judeus o pão de aflição que comiam no Egito e era partido para recordá-los que os escravos nunca tinham um pão inteiro, e sim só pedaços de crostas. Ao parti-lo, o chefe da família dizia:

    "Este é o pão de aflição que nossos pais comeram na terra do Egito. que tenha fome venha e coma. Quem esteja em necessidade, venha e celebre a Páscoa conosco." (Na celebração moderna em terras estranhas, acrescenta-se aqui a famosa oração: "Este ano a celebramos aqui, no próximo ano na terra de Israel. Este ano como escravos, no próximo ano como livres.")

    1. Vem logo o relato da história da liberação. A pessoa mais jovem dos presentes tem que perguntar o que faz que esse dia seja diferente de todos os outros dias, e por que se faz tudo isso. E o chefe da família deve relatar então toda a história de Israel até a grande liberação que comemora a Páscoa. Para o judeu a Páscoa nunca pode converter-se em um ritual. É sempre uma comemoração do poder e da misericórdia de Deus.
    2. Cantam-se os salmos 113 e 114. Os salmos 113:118 são conhecidos como Hallel, que significa o louvor de Deus. Todos estes salmos são salmos de louvor. Eram parte do antiqüíssimo material que um menino judeu devia aprender de cor em sua infância.
    3. Bebe-se a segunda taça. Esta é chamada a taça da Haggadah, que significa a taça da explicação ou proclamação.
    4. Agora todos os presentes lavam as mãos em preparação para a refeição.
    5. Profere-se uma ação de graças. "Bendito és, ó Senhor, Tu que fazes brotar o fruto da terra. Bendito és Tu, ó Deus, que nos santificaste com Teu mandamento e nos ordenas comer pães sem levedura." distribuem-se então pedacinhos do pão sem levedura.
    6. Coloca-se um pouco de ervas amargas entre duas partes do pão sem levedura e se come depois de ensopá-lo no charosheth. Isto é o que se chama a sopa. Era um aviso da escravidão e dos tijolos que tinham sido obrigados a fabricar.
    7. Logo segue a comida propriamente dita. Deve comer-se todo o cordeiro. Se sobrar algo, deve ser destruído e não se deve usar para nenhuma comida comum.
    8. Lavam-se as mãos novamente.
    9. Come-se o resto do pão sem levedura.
    10. Há uma ação de graças que contém uma petição da vinda de Elias como precursor do Messias. Então se bebe a terceira taça, chamada de ação de graças. A bênção da taça é: "Bendito és, ó Senhor, nosso Deus, Rei do universo, que criaste o fruto da videira."
    11. Canta-se a segunda parte do Hallel: Salmos 115:118.
    12. Bebe-se a quarta taça, e se canta o Salmo 136, conhecido como o Grande Hallel.
    13. Dizem-se duas breves orações:

    "Todas as tuas obras te louvarão, ó Senhor, nosso Deus. E teus santos, os justos, que fazem o que te agrada, e todo teu povo, a casa de Israel, com alegres cânticos, louvem e bendigam e exaltem e glorifiquem e reverenciem e santifiquem e atribuam o Reino a teu nome, ó Deus, nosso Rei. Porque é bom louvar-te, e agradável cantar louvores ao teu nome, porque de eternidade a eternidade Tu és Deus."

    "O fôlego de tudo o que vive louve o teu nome, ó Senhor, nosso Deus. E o espírito de toda carne continuamente glorificará e exaltará teu memorial, ó Deus, nosso Rei. Porque, de eternidade a eternidade Tu és Deus, e não temos outro rei, Redentor ou Salvador além de Ti."

    Assim terminava a festa da Páscoa. Se a festa que celebraram Jesus e seus discípulos era a Páscoa, Jesus deve ter feito seus os pontos 13:14, e o 16 deve ter sido o hino que cantaram antes de sair para o Monte das Oliveiras.

    Vejamos agora o que fazia Jesus e o que estava buscando imprimir nas mentes de seus homens. Mais de uma vez vimos que os profetas de Israel recorriam a ações simbólicas, dramáticas quando sentiam que as palavras não eram suficientes. Isto é o que fez Aías quando rompeu em doze pedaços a capa e deu dez a Jeroboão como símbolo de que dez das tribos o fariam rei (I Reis 11:29-32). É o que fez Jeremias quando fez correias e canzis e os carregou como objeto da próxima servidão (Jeremias 27). E é o que fez o profeta Hananias quando rompeu o jugo que Jeremias carregava (Jeremias 28:10-11). É o que Ezequiel estava fazendo continuamente (Ezequiel 4:1-8; 5:1-4). Era como se as palavras fossem facilmente esquecidas, mas uma ação dramática se imprimiria na memória. Isto é o que Jesus fez, e uniu esta ação dramática com a antiga festa de seu povo de modo que ficasse mais gravada na mente de seus discípulos. Disse: "Vejam! Assim como é partido este pão, meu corpo é partido por vocês. Assim como se derrama esta taça de vinho vermelho meu sangue é derramado por vocês."

    O que quis dizer quando disse que a taça representava uma nova aliança? A palavra aliança é comum na religião judaica. A base da religião judaica era que Deus tinha entrado em aliança com Israel. A palavra significa algo como um acerto, um convênio, uma relação. Agora, a aceitação da antiga aliança está registrada em Êxodo 24:3-8. E nesta passagem vemos que o aliança dependia inteiramente de que Israel guardasse a Lei. Se a Lei fosse quebrantada, quebrantava-se o aliança e ficava rota a relação entre Deus e a nação. Era uma relação totalmente dependente da lei e da obediência à mesma. Deus era juiz. E visto que ninguém pode guardar a Lei o povo sempre estava em dívida. Mas Jesus diz: "Eu introduzo e ratifico uma nova aliança, uma novo tipo de relação entre Deus e o homem. E não depende da Lei, depende do sangue que eu derramarei." Quer dizer, depende somente do amor. A nova aliança era uma relação entre Deus e o homem que não dependia da Lei, mas sim do amor. Em outras palavras, Jesus diz: "Estou fazendo o que faço para lhes mostrar quanto Deus os ama." Os homens já não estavam simplesmente sob a lei de Deus. Devido ao que Jesus fez e veio a dizer, estavam para sempre dentro do amor de Deus, Esta é a própria essência do que nos diz o sacramento.

    Podemos notar mais uma coisa. Na última sentença vemos outra vez as duas coisas que vimos com tanta freqüência. Jesus estava seguro de duas coisas. Sábia que ia morrer, e sabia que seu Reino viria. Estava seguro da cruz, mas estava igualmente seguro da glória. E a razão para as duas certezas é que estava seguro do amor de Deus como o estava do pecado do homem, e sabia que no fim esse amor venceria o pecado.

    O FRACASSO DOS AMIGOS

    Marcos 14:27-31

    Algo tremendo a respeito de Jesus é que não havia nada para o qual não estivesse preparado. A oposição, a incompreensão, a inimizade dos religiosos ortodoxos de seus dias, a traição de um dos de seu próprio círculo íntimo, a dor e a agonia da cruz: para tudo estava preparado. Mas possivelmente o que mais lhe doeu foi o fracasso de seus amigos. Quando alguém se encontra em dificuldades é quando mais necessita de seus amigos, e precisamente nessas circunstâncias foi quando os amigos de Jesus o deixaram sozinho e o abandonaram. Não houve nada em toda a gama da dor física e a tortura mental pela qual Jesus não passasse.

    Sir Hugo Walpole escreveu uma grande novela titulada Fortaleza. É a história de um personagem chamado Pedro, cujo credo era: "Não é a vida o que importa, e sim a coragem que alguém põe nela." A vida fez todo o possível a Pedro. No final, no topo de sua própria montanha, Pedro ouviu uma voz: "Bendita seja a dor e o tortura e toda tortura do corpo. Bendita seja toda perda e o fracasso dos amigos e o sacrifício do amor. Bendito seja todo fracasso e a ruína de toda esperança terrestre. Bendita seja toda tristeza e toda tortura, vicissitudes e resistências que reclamam coragem. Benditas sejam estas coisas, porque destas coisas se faz um homem." E Pedro se prostrou em oração: "Faça de mim um homem... que não tenha medo de nada, que esteja disposto a tudo. Amor, amizade, êxito... que eu os tome se vierem, que não me importe se estas coisas não são para mim. Faça-me valente. Faça-me valente."

    Jesus tinha superlativamente, mais que nenhum outro que jamais tenha vivido, esta qualidade da fortaleza, essa capacidade para permanecer de pé quaisquer que fossem os golpes que a vida lhe assestasse, essa serenidade quando não havia mais que angústia por trás e tortura pela frente. Inevitavelmente nos achamos uma e outra vez retendo o fôlego diante do heroísmo de Jesus.
    Quando Jesus predisse este trágico fracasso da lealdade, Pedro não pôde acreditar que chegasse a acontecer. Há uma lição no termo “vos escandalizareis” que Jesus usou. O verbo grego skandalizein vem da palavra skandalon ou skandaletron que significa o sebo de uma armadilha, o pau para o qual era atraído o animal e que soltava a armadilha quando o pisava. De modo que a palavra skandalizein devia significar caçar com armadilha, ou fazer alguém cair por meio de alguma trapaça ou engano.

    Pedro estava muito seguro. Tinha esquecido as armadilhas que a vida pode tender aos melhores homens. Tinha esquecido que os melhores podem escorregar e cair em um lugar escorregadio. Tinha esquecido sua própria debilidade humana e a força das tentações do diabo. Mas terá que recordar uma coisa com relação a Pedro: tinha o coração bem firme. Melhor ser um Pedro com um coração inflamado de amor, embora esse amor falhasse por um momento, e vergonhosamente, que um Judas com um coração frio de ódio. Aquele que em sua vida nunca quebrantou uma promessa, que nunca faltou a um compromisso em pensamento ou ação, que condene a Pedro. Pedro amava a Jesus, e embora o amor falhou, voltou a renascer.

    FAÇA-SE A TUA VONTADE

    Marcos 14:32-42

    Esta é uma passagem que quase tememos ler, porque lê-la .pareceria intrometer-se na intimidade da agonia de Jesus.

    Ter permanecido no aposento alto teria sido perigoso. Com as autoridades buscando-o e com Judas decidido a traí-lo, o aposento alto poderia ser invadido em qualquer momento. Mas Jesus tinha outro lugar aonde dirigir-se. O fato de que Judas soubesse buscá-lo no Getsêmani indica que Jesus acostumava ir ali. Em Jerusalém não havia jardins. A cidade estava muito lotada, e havia uma estranha lei que proibia poluir o chão sagrado com esterco para os jardins. Mas algumas das pessoas ricas e acomodadas possuíam jardins privados nos subúrbios, no Monte das Oliveiras, onde descansavam. Jesus teria algum amigo rico que lhe dava o privilégio de usar seu jardim de noite.

    Quando Jesus se dirigiu ao Getsêmani desejava ardentemente duas coisas. Queria comunhão humana e comunhão com Deus. "Não é bom que o homem esteja só", disse Deus no princípio (Gn 2:18). Em momentos de prova precisamos de alguém ao nosso lado. Não que necessitemos que nos faça algo, nem sequer falar com eles ou que eles nos falem. Só queremos que estejam ali. Isto ocorreu com Jesus. E é muito estranho que homens que pouco antes tinham afirmado estar dispostos a morrer por Ele, não pudessem permanecer despertos por Ele durante uma hora. Mas ninguém pode culpá-los, porque a excitação e a tensão tinham esgotado suas forças e seu poder de resistência.

    Certas coisas são evidentes a respeito de Jesus nesta passagem.

    1. Ele não queria morrer. Tinha trinta e três anos e ninguém quer morrer quando a vida está abrindo-se aos melhores anos. Tinha realizado tão pouco, e havia um mundo aguardando ser salvado. Sabia o que era a crucificação, e se estremecia diante dela. A cruz teria perdido todo seu valor se tivesse sido fácil para Jesus. Ele teve que obrigar-se a continuar, o mesmo que nós temos que fazer tantas vezes.
    2. Ele não entendia cabalmente por que tinha que acontecer isso. Só sabia sem a menor duvida que era a vontade de Deus, e que devia seguir em frente. Também Jesus teve que fazer essa grande aventura de fé, teve que aceitar — como tão freqüentemente nós temos que fazê-lo — o que não podia entender.
    3. Ele se submeteu à vontade de Deus. Abba é uma palavra aramaica que significa meu Pai. E só esta palavra é a que faz toda a diferença. Jesus não estava submetendo-se a um Deus que se divertia cinicamente com os homens. Não estava submetendo-se a um Deus que era um férreo destino. Até nesta hora terrível, quando lhe estava fazendo tão terrível exigência, Deus era seu Pai. Se podemos chamar Deus de Pai, tudo fica suportável.

    Muitas vezes não entenderemos, mas sempre estaremos seguros de que "A mão do Pai nunca ocasionará a seu filho uma lágrima desnecessária". Jesus sabia disso. Por isso pôde seguir em frente, e o mesmo pode acontecer a nós.

    Devemos notar como termina a passagem. O traidor e sua turma tinham chegado. Qual foi a reação de Jesus? Não escapar, embora na escuridão da noite tivesse sido fácil fazê-lo. Sua reação foi enfrentá-los. Até o final, Ele não evitaria o encontro nem daria as costas.

    A DETENÇÃO

    Marcos 14:43-50

    Aqui se desenvolve um tremendo drama, e, até no lacônico estilo do Marcos, os personagens se destacam.

    1. Ali está Judas, o traidor. Sabia que as pessoas conheciam de vista a Jesus bastante bem; mas se deu conta de que no lusco-fusco do jardim, com a sombra das árvores salpicada de poços de luz pela chama das tochas, necessitariam uma indicação definida de quem deviam prender. E escolheu a mais terrível dos sinais: um beijo.

    Era costume saudar um rabino com um beijo. Era um sinal de afeto e respeito para com um superior amado. Mas aqui há algo terrível. Quando Judas diz: "Ao que eu beijar, esse é", usa a palavrafilein que é o termo comum. Mas quando se diz que se adiantou e beijou a Jesus a palavra é katafilein. Agora, kata é intensivo e katafilein é a palavra para beijar como um amante beija a sua amada. O sinal da traição não foi um beijo simplesmente formal de respeitosa saudação. Foi o beijo de um amante. Este é o fato mais horrendo e terrível de todo o relato dos Evangelhos.

    1. Ali está a turba. Seus integrantes eram enviados pelos principais sacerdotes, os escribas e os anciãos. Estas eram as três seções do Sinédrio, a corte suprema dos judeus, e Marcos quer dizer que vinham de parte do Sinédrio. Até sob a jurisdição romana o Sinédrio tinha certos direitos e deveres de polícia em Jerusalém e tinha sua própria força policial. Sem dúvida a esta se havia agregado no caminho uma enorme chusma matizada. De alguma maneira Marcos consegue mostrar a excitação dos que foram realizar a detenção. Talvez fossem preparados para derramar sangue e estavam nervosos e tensos. Deles emanava terror, não de Jesus.
    2. Ali está o homem do intento desesperado que tirou sua espada e desfechou um golpe. João (Jo 18:10) nos diz que foi Pedro. E é algo digno de Pedro, mas Marcos provavelmente omite o nome porque ainda não era seguro escrevê-lo. Pode ser equivocado tirar uma espada e dar um golpe num homem, mas de alguma maneira nos alegra que houvesse alguém que, ao menos em um impulso do momento, estivesse disposto a dar um golpe por Jesus.
    3. Ali estavam os discípulos. Seus nervos estalaram. Não puderam enfrentar a situação. Francamente, tiveram medo de que eles também corressem a sorte de Jesus, e fugiram.
    4. Ali estava Jesus. E o estranho é que em toda esta desordenada cena Jesus é o único oásis de serenidade. Ao ler o relato temos a impressão de que era Ele, e não a polícia do Sinédrio, quem dirigia as coisas. Para Ele tinha terminado a luta no jardim, e agora ficava a paz do homem que sabe que está seguindo a vontade de Deus.

    “UM JOVEM”

    Marcos 14:51-52

    Estes dois versículos são estranhos e fascinantes. À primeira vista parecem totalmente sem importância. Não parecem acrescentar nada ao relato e, entretanto, alguma razão deve haver para que estejam onde estão. Na Introdução vimos que Mateus e Lucas usaram Marcos como base de seus trabalhos e que incluem em seus Evangelhos virtualmente tudo o que Marcos contém. Mas não incluem estes dois versículos. Isto pareceria indicar que este incidente era interessante para Marcos, mas não para outros. Por que, então, está aqui? E por que este incidente era tão interessante para Marcos que sentiu que devia incluí-lo? A resposta mais provavelmente certa é que o jovem de que se trata era o próprio Marcos, e que esta é sua maneira de dizer: "Eu estive ali", sem mencionar o seu nome.

    Quando lemos Atos achamos que o lugar de reunião e o quartel geral da Igreja em Jerusalém ao que parece era a casa da Maria, a mãe de João Marcos (At 12:12). Agora, se for assim, é ao menos provável que o aposento alto no qual se comeu a Última Ceia fosse o mesmo aposento na casa da mãe de Marcos. Não podia haver outro lugar que fosse mais naturalmente o centro da Igreja. Se podemos dar isto por certo, há duas possibilidades.

    1. Pode ser que Marcos estivesse presente na Última Ceia. Era jovem, quase um menino, e talvez ninguém advertiu sua presença. Mas ele estava fascinado por Jesus, e quando a companhia saiu ele se deslizou atrás deles quando devia ter estado na cama, com apenas um lençol sobre o seu corpo. Talvez estivesse todo o tempo nas sombras olhando e escutando. Isto em realidade explicaria uma coisa. De onde veio o relato do Getsêmani? Se os discípulos estavam aferrados no sono, como alguém pôde saber sobre a luta íntima que Jesus liberou ali? Pode ser que a única testemunha não fosse outro senão Marcos, silencioso entre as sombras, contemplando com a reverência de um moço ao maior herói que tinha conhecido.
    2. A teoria alternativa é esta. Começa também com a hipótese de que se comeu a Última Ceia em casa da mãe de Marcos. Pelo relato do João sabemos que Judas abandonou a reunião antes que terminasse a refeição (Jo 13:30). Pode ser que Judas quisesse conduzir a polícia do templo ao aposento alto para que, prendessem secretamente a Jesus. Mas quando voltou com a polícia, Jesus e seus discípulos tinham ido. Naturalmente houve discussão e recriminações. O bulício despertou a Marcos. Ouviu que Judas propunha ir ao jardim do Getsêmani. Rapidamente, Marcos se envolveu no lençol e correu em meio da noite ao jardim, para advertir a Jesus. Mas chegou muito tarde, e no alvoroço que seguiu quase o prendem também a ele.

    Seja qual for a verdade, podemos considerar bastante seguro que Marcos introduziu estes dois versículos porque se tratava dele mesmo. Era muito humilde para pôr o seu nome, mas desta maneira pôs sua assinatura, e disse, para fosse possível ler nas entrelinhas: "Eu também, sendo um jovem, estive ali."

    O PROCESSO

    Mc 14:53, 55-65

    Agora as coisas estavam ocorrendo rapidamente em direção ao seu fim inevitável.
    Nesta época os poderes do Sinédrio eram limitados porque os romanos governavam o país. O Sinédrio tinha plenos poderes em matérias e questões religiosas. Parece que também tinha certa soma de poder policial. Mas não tinha poder para infligir a pena de morte. Se o que Marcos descreve é uma reunião do Sinédrio, deve comparar-se a um grande jurado. Suas funções não eram condenar, e sim preparar uma acusação pela qual o réu pudesse ser julgado pelo governador romano.
    Não há dúvida de que no processo de Jesus o Sinédrio quebrantou todas as suas próprias leis. A regulamentação dos procedimentos do Sinédrio estão em um dos tratados da Mishnah. Naturalmente, algumas dessas normas que se aplicavam são mais ideais que práticas, mas, embora reconhecendo isso, todo o procedimento dessa noite esteve composto de uma série de flagrantes injustiças.

    O Sinédrio era a suprema corte dos judeus. Estava composto por setenta e um membros. Entre eles havia saduceus — os sacerdotes eram todos saduceus — fariseus, e escribas, que eram peritos na Lei, e homens respeitáveis que eram anciãos. Parece que o próprio Sinédrio ocupava seus lugares. O sumo sacerdote presidia o tribunal. Este se sentava em um semicírculo de modo que todos seus membros se vissem entre si. Em frente se localizavam os estudantes de rabino. Estes podiam falar em favor da pessoa julgada mas não contra ela. O lugar oficial de reuniões do Sinédrio era a Sala de Pedra Lavrada que estava dentro dos recintos do templo, e as decisões do mesmo não eram válidas a não ser que se alcançaram em uma reunião realizada nesse lugar.
    Não podiam reunir-se de noite nem em nenhuma das grandes festas. Quando se examinava as testemunhas, isso era feito separadamente e sua evidência, para ser válida, devia concordar em todos os detalhes. Cada membro do Sinédrio devia dar seu veredicto separadamente, começando pelo mais jovem, até o mais ancião. Se o veredicto era de morte, devia transcorrer uma noite antes de que fosse executado de modo que o tribunal tivesse oportunidade de mudá-lo e decidir-se pela clemência. Como se vê, o Sinédrio violou, uma após outra, todas as normas de seu funcionamento. Não se reuniu em seu recinto próprio. Reuniu-se de noite. Não há notícias de que se dessem veredictos individuais. Não se deixou passar uma noite antes de executar a sentença de morte. Em sua ansiedade por eliminar a Jesus, as autoridades judaicas não vacilaram em rebaixar-se a violar suas próprias leis.

    A princípio o tribunal não pôde obter nem mesmo que concordassem as falsas testemunhas. Estes acusavam a Jesus de ter dito que ia destruir o templo. Pode ser que alguém tivesse ouvido quando falou como se menciona em Mc 13:2, dizendo que nenhuma dessas pedras ficariam uma sobre a outra, e tinha torcido maliciosamente a declaração, convertendo-a em uma ameaça de destruir o templo.

    Há uma velha lenda que diz como o Sinédrio poderia ter obtido abundantes evidências que não queria, pois se apresentavam homens dizendo, um após o outro: "Eu era leproso e Ele me limpou. Eu era cego e Ele me deu a vista. Eu era surdo e Ele me fez ouvir. Eu era coxo e Ele me fez andar. Eu estava paralítico e Ele fortaleceu minhas costas." Mas essas não eram as provas que o Sinédrio procurava.
    Finalmente o sumo sacerdote tomou o assunto em suas mãos. E ao fazê-lo fez precisamente a pergunta que a Lei lhe proibia fazer.

    Naturalmente estava proibido fazer perguntas que, se a pessoa julgada respondia, poderia incriminar-se a si mesmo. Não se podia pedir a ninguém que se condenasse a si mesmo, mas isso foi precisamente o que fez o sumo sacerdote. Bruscamente perguntou a Jesus se era o Messias. Evidentemente Jesus sentiu que era o momento de que todo o desgraçado assunto terminasse. Sem vacilação respondeu que o era. Era uma acusação de blasfêmia, um insulto contra Deus. O Sinédrio tinha o que queria, uma acusação que merecia a pena de morte, e os invadiu uma alegria selvagem.

    Uma vez mais vemos surgir as duas grandes características de Jesus.

    1. Vemos sua coragem. Sabia que dar essa resposta significava a morte, e entretanto, deu-a sem vacilar. Se tivesse negado as acusações, teriam sido impotentes para tocá-lo.
    2. Vemos sua confiança. Até com a certeza da cruz, continuou falando com plena confiança de seu triunfo final.

    Certamente a mais terrível das tragédias é ver aquele que devia oferecer amor aos homens, despojado até da mera justiça, e humilhado pelo cruel desempenho dos serventes e guardas do Sinédrio.

    CORAGEM E COVARDIA

    Mc 14:54, 66-72

    Às vezes contamos esta história de tal maneira que não fazemos justiça a Pedro. O que às vezes deixamos de reconhecer é que até o último momento o comportamento de Pedro nessa noite foi de uma valentia fantasticamente temerária. Tinha começado tirando a espada no jardim com a coragem temerária de quem teria enfrentado sozinho toda uma turba. Nessa refrega tinha ferido o servo de sumo sacerdote. Agora, a simples prudência teria levado Pedro a não deixar-se ver. O último lugar aonde ninguém teria sonhado que Pedro fosse teria sido o pátio da casa do sumo sacerdote, e aí foi precisamente aonde se dirigiu. Isto em si era uma tremenda audácia. Os outros poderiam ter fugido, mas Pedro estava mantendo sua palavra. Embora outros se fossem, ele se manteria junto a Jesus.
    E então surgiu a estranha miscelânea da natureza humana. Sentou— se junto ao fogo porque a noite era fria. Sem dúvida estaria envolto em sua capa. Talvez alguém avivou o fogo ou jogou nele uma parte de lenha e fulgurou uma chama fugaz que permitiu reconhecer a Pedro. Imediatamente negou toda relação com Jesus. Mas — e aqui está o ponto esquecido — qualquer homem prudente teria abandonado o pátio na maior corrida, mas não Pedro. Ele não iria embora. O mesmo voltou a acontecer uma vez e outra vez Pedro negou a Jesus, mas tampouco pôde ir embora. Mais uma vez aconteceu o mesmo e uma vez mais Pedro negou a Jesus. Não amaldiçoou o nome de Jesus. O que fez foi jurar que não o conhecia e amaldiçoar-se a si mesmo se não estava dizendo a verdade. Ao que parece ainda não pensava em sair dali.

    E então aconteceu algo. Muito provavelmente o que aconteceu foi isto. A noite romana estava dividida em quatro vigílias, das dezoito até as seis da manhã. Ao finalizar a terceira vigília, às três da manhã, trocava-se o guarda. Ao trocar o guarda se dava um toque de corneta que era chamado o gallicinium, ou seja canto do galo, em latim. Muito provavelmente o que aconteceu foi que, ao Pedro fazer sua terceira negação, as claras notas do toque de corneta ressoou em toda a cidade silenciosa e caíram em seus ouvidos, e recordou e estalou seu coração. Não nos equivoquemos. Pedro caiu em uma tentação que só podia atingir um homem de coragem fantástica.

    Não cabe a homenzinhos prudentes e amantes da segurança criticar Pedro porque caiu em uma tentação que eles nunca, em iguais circunstâncias, teriam que confrontar. Todo homem tem seu ponto de ruptura. Pedro o tinha alcançado, mas novecentos e noventa e nove de cada mil homens o teriam alcançado muito antes. Faríamos bem em nos assombrar diante da coragem de Pedro mais do que nos escandalizar por sua queda.

    Mas há outra coisa. Há uma só fonte da qual pode proceder esta história, e essa fonte é o próprio Pedro. Recordemos que vimos na introdução que o Evangelho de Marcos é o material da pregação de Pedro. Quer dizer, que Pedro tem que ter relatado esta história uma e outra vez. "Isto é o que eu fiz", diria, e "e este maravilhoso Jesus nunca deixou de me amar."
    Houve um evangelista chamado Brownlow North. Era um homem de Deus, mas em sua juventude tinha vivido uma vida turbulenta. Um domingo, antes de subir ao púlpito, entregaram-lhe uma carta. O autor desta relatava um incidente vergonhoso, na vida de North antes de sua conversão, e dizia que se North se atrevia a pregar ele se levantaria em meio da congregação e proclamaria publicamente o que aquele tinha feito uma vez. Brownlow North levou a carta consigo ao púlpito e a leu à congregação. Disse-lhes que todo isso era certo. Disse-lhes como foi perdoado por Cristo, como recebeu poder para vencer-se a si mesmo e deixar atrás o passado e como, por meio de Cristo, era uma nova criatura. Usou sua própria vergonha para atrair outros a Cristo.
    É isso o que Pedro fez. Dizia às pessoas: "Eu o machuquei e o traí desta maneira, e entretanto, Ele me perdoou e continuou me amando e pode fazer o mesmo com vocês."

    Quando lemos inteligentemente esta passagem a história da covardia de Pedro se converte na epopéia de sua coragem e a história de sua vergonha se converte no relato de sua glória.

    Marcos 15

    O silêncio de Jesus — Mar. 15:1-5

    A escolha da multidão — Mar. 15:6-15

    Os soldados escarnecem dele — Mar. 15:16-20

    A cruz — Mar. 15:21-28

    O amor ilimitado — Mar. 15:29-32

    Tragédia e triunfo — Mar. 15:33-41

    O homem que deu uma tumba a Jesus — Mar. 15:42-47

    O SILÊNCIO DE JESUS

    Marcos 15:1-5

    Logo que amanheceu, o Sinédrio se reuniu para confirmar a conclusão a que tinham chegado durante sua reunião noturna. Eles mesmos não tinham autoridade para aplicar a pena de morte. Esta devia ser imposta pelo governador romano e executada pelas autoridades romanas. Através de Lucas sabemos quão profunda e decidida era a malícia dos judeus. Como vimos, a acusação que tinham decidido fazer era a de blasfêmia, de insultar a Deus. Mas este não era uma acusação com o qual pudessem levar a Jesus diante de Pilatos. Sabiam bem que este não quereria saber nada de uma acusação que consideraria como uma disputa religiosa entre judeus.

    Quando o levaram perante Pilatos o acusaram de perverter o povo e de proibi-los pagar tributo a César, e de chamar-se rei (Lucas 23:1-2). Tinham que desenvolver uma acusação de caráter político ou Pilatos não lhes teria escutado. Sabiam — e também o sabia Pilatos — que se tratava de uma mentira. Pilatos perguntou a Jesus: "És tu o rei dos judeus?" A resposta de Jesus foi estranha: "Tu o dizes." Não disse nem sim nem não. Em realidade o que quis dizer foi: Pode ser que tenha afirmado que sou o Rei dos judeus, mas você sabe muito bem que a interpretação que meus acusadores dão a minha afirmação não é a que eu lhe dou. Eu não sou um revolucionário político. Meu reino é um reino de amor." Pilatos sabia isto perfeitamente. Então continuou a interrogar a Jesus, e as autoridades judaicas continuaram multiplicando suas acusações, e Jesus guardou silêncio, sem responder nada.

    Há momentos em que o silêncio é mais eloqüente que as palavras, porque o silêncio pode dizer coisas que as palavras não podem.
    (1) Existe o silêncio da admiração maravilhada. É um elogio a qualquer representação ou discurso ser cumprimentado com um aplauso estrondoso, mas um elogio maior ainda é recebê-los com um profundo silêncio que sabe que o aplauso está fora de lugar. É um elogio ser felicitado ou agradecido com palavras, mas é um elogio maior ainda receber um olhar que diz claramente que não se encontram palavras.

    1. Existe o silêncio do desprezo. É possível receber as declarações ou argumentos ou desculpas de alguém com um silêncio que mostra que não são dignos de ser respondidos, com um silêncio eloqüente de desprezo. Em lugar de responder aos protestos de alguém, o ouvinte pode lhe dar as costas e deixá-lo desdenhosamente sem resposta.
    2. Existe um silêncio de medo. A pessoa pode guardar silêncio pelo único motivo de que tem medo de falar. A covardia de sua alma pode impedi-lo de dizer coisas que sabe que deveria dizer. O medo pode amordaçá-lo vergonhosamente.
    3. Existe o silêncio do coração dolorido. Quando uma pessoa foi realmente ofendida e ferida não prorrompe em protestos e recriminações e palavras iradas. A tristeza mais profunda é muda e está além da ira e da recriminação e de algo que pudesse expressar-se em palavras, e somente pode contemplar silenciosamente sua dor.
    4. Existe o silêncio da tragédia, que é o silêncio de quando não há nada que dizer. Por isso Jesus guardou silêncio. Sabia que não havia possibilidade alguma de estabelecer uma ponte entre Ele e os dirigentes judeus. Sabia que em Pilatos não havia nada ao qual pudesse apelar. Sabia que estavam cortadas as linhas de comunicação. O ódio dos judeus era uma cortina que não podia ser penetrada por palavras. A covardia de Pilatos perante a multidão era uma barreira que as palavras não podiam perfurar. Terrível coisa é que o coração de um homem seja tal que o próprio Jesus sabe que é inútil falar! Deus nos livre disso!

    A ESCOLHA DA MULTIDÃO

    Marcos 15:6-15

    A única coisa que sabemos de Barrabás é o que lemos no relato do Evangelho. Não era um ladrão, era um bandoleiro. Não se dedicava a pequenos furtos ou subtrações. Era um bandido, e deve ter possuído uma audácia selvagem que apelava à multidão. Poderiamos conjeturar o que era. Palestina estava cheia de insurreições. Era uma terra inflamável. Em particular, havia um grupo de judeus chamados os sicários, que significa os portadores de adagas. Eram nacionalistas fanáticos e violentos. Estavam conjurados a matar e assassinar fazendo uso de qualquer meio. Levavam a adaga debaixo da túnica e a usavam quando podiam. É provável que Barrabás fosse um homem dessa índole e, fanático como era, e assassino, era um valente, um patriota segundo suas luzes, e é compreensível que fora popular entre a multidão.
    As pessoas sempre consideraram um mistério que menos de uma semana antes a multidão estivesse aclamando a Jesus em sua entrada em Jerusalém e que agora estivesse clamando por sua crucificação. Realmente não há mistério algum. A razão, simplesmente, é que esta era uma multidão diferente. Pensemos na detenção. Foi deliberadamente secreta. É verdade que os discípulos fugiram e tinham difundido a notícia, mas não podiam ter sabido que o Sinédrio ia violar suas próprias leis e desenvolver durante a noite uma farsa de julgamento. Nesta multidão deve ter havido bem poucos partidários de Jesus.
    Quais eram, então? Pensemos, a multidão sabia que existia o costume de que na época de Páscoa se desse liberdade a um detento. Bem pode ser que esta fosse uma multidão que se reuniu expressamente para pedir a liberdade de Barrabás. Eram em realidade uma turba de partidários de Barrabás. Quando viram a possibilidade de que pudesse ser liberado Jesus em lugar de Barrabás, eles se enfureceram. Para os sumo sacerdotes esta era uma ocasião enviada do céu. As circunstâncias se voltaram em seu favor. Fomentaram o clamor popular por Barrabás, o que foi fácil, porque essa multidão se reuniu para pedir a liberdade deste. Não é que a multidão fosse volúvel. Necessariamente era uma multidão diferente.

    Não obstante, esta foi a escolha da multidão. Confrontada com a escolha entre Jesus e Barrabás, escolheram a Barrabás sem vacilação.

    1. Escolheram a ilegalidade em lugar da lei. Em lugar de Jesus, escolheram a um delinqüente. Uma das palavras neotestamentárias para pecado é anomia que significa falta de lei. No coração humano há uma linha que se rebela contra a lei, que quer fazer o que lhe agrade, que quer esmagar as barreiras que confinam e pisotear os rastros, e rechaça toda disciplina. Existem momentos em que não gostaríamos que existissem os Dez Mandamentos. A multidão era a representação dos homens quando escolhem a ilegalidade em lugar da lei.
    2. Escolheram a guerra em lugar da paz. Escolheram ao homem de sangue em lugar do Príncipe de Paz. Em quase três mil anos de história houve menos de cento e trinta anos em que não tenha havido guerra em alguma parte. Os homens, em sua incrível loucura, trataram que arrumar as coisas mediante a guerra, que não arruma nada. A multidão estava fazendo o que os homens têm feito tão freqüentemente quando escolheram ao guerreiro e rechaçaram ao homem de paz.
    3. Escolheram o ódio e a violência em lugar do amor. Barrabás e Jesus representavam dois modos de viver distintos. Barrabás representava o ódio, a punhalada, a violência da amargura. Jesus representava o caminho do amor. Como tantas vezes acontece, o ódio dominou o coração dos homens, e o amor foi rechaçado. Os homens insistiram em tomar seu próprio caminho para a conquista, e se negaram a ver que a única conquista é a do amor.

    Pode haver uma tragédia encerrada em uma palavra. “Após mandar açoitar” em grego é uma só palavra. O açoite romano era algo terrível. O réu era amarrado e dobrado de tal maneira que ficavam expostas as costas. O açoite era uma longa tira de couro, com taxas prendendo as partes aguçadas de chumbo e pedaços de osso. Com ele literalmente se tirava pedaços das costas. Às vezes arrancava um olho. Alguns morriam com os açoites. Outros se tornavam loucos. Poucos eram os que o suportavam sem deprimir-se. Isso foi o que fizeram a Jesus.

    OS SOLDADOS ESCARNECEM DELE

    Marcos 15:16-20

    O ritual romano de condenação era algo fixo e estabelecido.

    O juiz dizia Illum duci ad crucem placet, "A sentença é que este homem deve ser levado a uma cruz". E então, voltando-se para o guarda, dizia: I, miles, expedi crucem, "Vai, soldado, e prepara a cruz." Enquanto se preparava a cruz Jesus esteve em mãos dos soldados. O Pretório era a residência do governador, seu quartel geral, e os soldados implicados seriam os da coorte da guarda. Recordemos que Jesus já tinha suportado a agonia dos açoites antes de ser maltratado pelos soldados desta maneira.

    Provavelmente de tudo o que lhe aconteceu, isto fosse o que menos machucou a Jesus. As ações dos judeus tinham estado infeccionadas de ódio. O consentimento de Pilatos tinha sido uma covarde evasão da responsabilidade. Na ação dos soldadas havia crueldade, mas não malícia. Para eles Jesus era somente outro condenado à cruz, e levaram a cabo sua pantomima de realeza e adoração sem malícia, como uma brincadeira brutal.
    Isto foi o princípio de muitos escárnios que haveriam que seguir. Sempre os cristãos estiveram expostos a ser objeto de brincadeiras.

    Rabiscada em uma parede de Pompéia, encontra-se a figura de um homem, um cristão ajoelhado diante de um asno, e debaixo dele aparecem as palavras "Anaxímenes adora a seu Deus". Se alguma vez alguém zombar de nosso cristianismo, isso nos ajudará a lembrar que o mesmo fizeram com Jesus em uma forma pior que algo que pudesse nos acontecer.

    A CRUZ

    Marcos 15:21-28

    A rotina da crucificação não mudava. Quando a cruz estava preparada, o réu tinha que carregá-la até o lugar da execução. Era colocado em meio de um esquadro de quatro soldados. À frente partia um soldado levando um cartaz no qual constava o delito do qual era culpado o prisioneiro. Logo o cartaz era fixado na cruz. Tomavam o caminho mais longo para o lugar da execução. Seguiam por todas as ruas e becos possíveis de modo que a maior quantidade de pessoas pudesse vê-los e ficarem advertidos. Quando chegavam ao lugar da crucificação, a cruz era colocada deitada no chão. O detento era estendido sobre ela, e cravavam suas mãos a ela. Os pés não eram cravados, e sim só atados frouxamente. Entre as pernas do prisioneiro se projetava uma parte de madeira denominado a cadeira de montar, que sustentava seu peso quando se levantava a cruz ou os pregos rasgavam a carne das mãos. Então se levantava a cruz e se colocava em seu buraco, e se deixava o réu morrer. A cruz não era alta. Tinha a forma de uma T e não tinha nenhuma peça de cabeceira, como usualmente é representada. Às vezes os crucificados pendiam ali por uma semana, morrendo de fome e sede, sofrendo até perder a razão.
    Este deve ter sido um dia horrendo para Simão de Cirene. Palestina era um país ocupado e qualquer um podia ser recrutado para o serviço dos romanos em qualquer tarefa. O sinal de recrutamento era um toque no ombro com a folha de uma lança romana. Simão era de Cirene, na África. Sem dúvida teria chegado dessa longínqua comarca para a Páscoa. Provavelmente teria economizado durante a metade de sua vida para fazer essa viagem, e estaria satisfazendo a ambição de toda sua vida de comer uma Páscoa em Jerusalém, e agora lhe acontecia isso.
    No momento Simão deve ter-se sentido profundamente amargurado. Deve ter odiado os romanos e a esse delinqüente cuja cruz foi obrigado a levar. Mas podemos especular legitimamente a respeito do que lhe aconteceu. Talvez sua intenção fosse, ao chegar ao Gólgota, lançar a cruz no chão e afastar-se o mais depressa que pudesse do lugar. E pode ser que não o fizesse; que algo em Jesus o fascinasse. Ele é descrito como o pai de Alexandre e de Rufo. Agora, esta descrição deve ter tido o propósito de identificá-lo. Supor-se-ia que as pessoas para quem foi escrito o Evangelho o reconheceriam por esta descrição. É muito provável que o Evangelho de Marcos fosse escrito primeiro para a Igreja de Roma.

    Voltemos agora para a Carta de Paulo aos Romanos e leiamos Rm 16:13: “Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.” Rufo era um cristão tão escolhido que era eleito no Senhor. A mãe de Rufo era tão querida para Paulo que pôde chamá-la sua mãe. Algo deve ter acontecido a Simão no Gólgota.

    Vejamos agora At 13:1. Ali há uma lista dos homens de Antioquia que despacharam Paulo e Barnabé em sua memorável primeira missão aos gentios. Um deles é Simão, que se chamava Níger. Níger era o nome comum para um homem de pele bronzeada procedente da África. E Cirene está na África. Bem pode ser que nos encontremos diante do próprio Simão. Talvez sua experiência no caminho ao Gólgota inclinou para sempre seu coração para Jesus, fazendo dele um cristão. Posteriormente teria sido um dirigente da Igreja de Antioquia e um dos instrumentos da primeira missão aos gentios. Talvez a primeira missão aos gentios teve lugar porque Simão foi obrigado a carregar a cruz de Jesus. E isto significa que talvez nós somos cristãos porque um dia um peregrino pascal de Cirene, para seu profundo desgosto, foi recrutado por algum ignorado oficial romano para levar a cruz de Cristo.

    Ofereceram a Jesus vinho com alguma droga, mas Ele rechaçou. Havia em Jerusalém um grupo de mulheres piedosas e misericordiosas que iam a cada crucificação e davam às vítimas vinho misturado com drogas para aliviar suas terríveis dores. Ofereceram vinho a Jesus, e Ele rechaçou.
    Quando o Dr. Johnson estava doente em que seria sua última enfermidade, pediu a seu médico que lhe dissesse francamente se se recuperaria. O médico lhe disse que somente por um milagre poderia curar-se. "Então", disse Johnson, "não tomarei mais remédios, nem sequer narcóticos, porque orei por que possa entregar minha alma a Deus bem acordada". Jesus estava resolvido a provar toda a amargura da morte e ir a Deus com os olhos abertos.
    Os soldados lançaram sortes sobre as roupas de Jesus. Vimos que o réu partia ao lugar da execução entre quatro soldados. Estes soldados tinham direito às roupas do criminoso. Agora, um judeu usava cinco objetos de vestir: a túnica interior, a túnica exterior, as sandálias, a faixa e o turbante. Uma vez apontadas as quatro coisas menos importantes, restava a grande túnica exterior. Teria sido inútil cortá-la, de modo que os soldados a lançaram aos pés da cruz.

    Jesus foi crucificado entre dois ladrões. Foi um símbolo de toda sua vida durante a qual, até o fim, esteve acompanhado de pecadores.

    O AMOR ILIMITADO

    Marcos 15:29-32

    Os dirigentes judeus lançaram uma última provocação a Jesus. "Desce da cruz", diziam-lhe, "e creremos em ti." "Porque Jesus não desceu da cruz cremos nele", disse faz tempo o General Booth. A morte de Jesus era absolutamente necessária. A grande razão de sua necessidade era esta. Jesus veio para falar com os homens do amor de Deus. Mais ainda, Ele próprio era o amor de Deus encarnado. E se tivesse rechaçado a cruz, se no final tivesse descido da cruz, teria significado que o amor de Deus tinha um limite, que havia algo que o amor de Deus não estava disposto a sofrer pelos homens, que havia uma linha além da qual o amor de Deus não podia ir.

    Mas como Jesus percorreu todo o caminho e morreu na cruz, isto significa que o amor de Deus literalmente não tem limites, que em todo o

    universo não há nada pela qual o amor de Deus não esteja disposto a sofrer pelos homens, que não há nada, nem mesmo a morte em uma cruz, que o amor de Deus se recuse a suportar pelos homens. Quando olhamos à cruz, Jesus nos diz: "Assim vos ama Deus, com um amor ilimitado, um amor que suportará por vós qualquer sofrimento que a Terra tenha para oferecer." Se tivesse descido da cruz não poderiamos crer neste amor, mas porque se negou a descer, cremos e nossas almas repousam no amor ilimitado de Deus.

    TRAGÉDIA E TRIUNFO

    Marcos 15:33-41

    Vem então a última cena, uma cena tão terrível que o céu se obscureceu estranhamente de modo que pareceu que a própria natureza não pudesse suportar a visão do que estava ocorrendo. Notemos os diversos personagens da cena.

    1. Ali estava Jesus. Ele disse duas coisas:

    (a) Lançou o terrível grito: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Por trás deste grito há um mistério que não podemos penetrar.

    Ensaiemos uma explicação. Jesus tinha tomado sobre si esta nossa vida. Tinha feito nossa obra e enfrentado nossas tentações e suportado nossas provas. Tinha sofrido tudo o que essa vida podia lhe trazer. Tinha conhecido o fracasso dos amigos, o ódio dos adversários, a malícia dos inimigos. Tinha conhecido a dor mais dilaceradora que a vida pode oferecer. Até este momento tinha passado por todas as experiências da vida, menos uma: não tinha conhecido as conseqüências do pecado. Agora, se algo o pecado faz, é nos separar de Deus. Põe entre nós e Deus uma barreira como uma muralha impossível de escalar. Essa era a única experiência humana pela qual Jesus nunca tinha passado porque era sem pecado. Pode ser que neste momento se abatesse sobre Ele essa experiência. Não porque Ele tivesse pecado, mas sim porque antes que pudesse identificar-se completamente com nossa humanidade tinha que passar por ela. Nesse momento terrível, horrendo, Jesus se identificou real e verdadeiramente com o pecado do homem. Aqui temos o paradoxo divino: Jesus soube o que era ser pecador. Ninguém pode entender uma experiência a não ser que passe por ela. E esta experiência deve ter sido duplamente agônica para Jesus, porque Ele não sabia o que era estar separado de Deus por essa barreira. Por isso é que nos entende tão bem. Por isso é que não temos que ter medo de ir a Ele quando o pecado nos separa de Deus. Porque Ele passou por isso pode ajudar a outros que estejam passando pelo mesmo. Não há profundidade da experiência humana que Cristo não tenha compartilhado e sondado.

    (b) Lançou "uma grande voz". Tanto Mateus (Mt 27:50) como Lucas (Lc 23:46) falam desta grande voz. João não a menciona, mas diz que Jesus morreu depois de dizer “Está consumado”. (Jo 19:30). Agora, no original isto seria uma só palavra. E essa única palavra foi a grande voz. "Terminado!" Jesus morreu com um grito de triunfo em seus lábios, cumprida sua tarefa, terminada sua obra, obtida sua vitória. Depois da terrível escuridão voltou a luz, e voltou para seu lar, a Deus, vitorioso.

    1. Ali estava o espectador que quis ver se viria Elias. Tinha uma sorte de curiosidade mórbida em face da cruz. A terrível cena não o movia ao assombro ou à reverência, nem sequer à piedade. Queria experimentar enquanto Jesus morria.
    2. Ali estava o centurião. O centurião era um duro soldado romano. Era o equivalente de um sargento maior de nossos dias. Tinha lutado em muitas campanhas e tinha visto morrer a muitos homens, mas nunca tinha visto morrer a ninguém como este homem, e estava seguro de que Jesus era o Filho de Deus. Se Jesus só tivesse vivido e ensinado e curado poderia ter atraído a muitos, mas é a cruz a que fala diretamente ao coração dos homens.
    3. Ali estavam as mulheres à distância. Estavam confundidas, afligidas, sumidas em sua dor, mas estavam ali. Amavam-no tanto que não podiam abandoná-lo. O amor se agarra a Cristo mesmo que o intelecto não possa entender. Só o amor pode nos dar uma união com Cristo que nem mesmo as mais tremendas experiências podem romper.

    Há outra coisa para notar. “O véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo”. Trata-se da cortina que encerrava o Lugar Santíssimo, no qual ninguém podia entrar. Simbolicamente isto nos diz duas coisas.

    1. O caminho de volta a Deus ficava agora aberto completamente. No Lugar Santíssimo só podia entrar o sumo sacerdote, e somente uma vez ao ano, no Dia da Expiação. Mas agora o véu estava rasgado, e o caminho para Deus ficava aberto a todos.
    2. No Santíssimo morava a própria essência de Deus. Mas agora, com a morte de Jesus, o véu que ocultava a Deus se rompeu e os homens poderiam ver Deus face a face. Deus já não estava oculto. Os homens já não precisariam conjeturar e tatear. Poderiam olhar a Jesus e dizer: "Assim é Deus. Deus me ama dessa maneira".

    O HOMEM QUE DEU UMA TUMBA A JESUS

    Marcos 15:42-47

    Jesus morreu às três da tarde. Era sexta-feira, e no dia seguinte era sábado. Agora, já vimos que o dia seguinte começava às seis da tarde. Portanto, quando morreu Jesus, já era o tempo de preparação para o dia de repouso, e havia pouco tempo a perder, porque depois das seis da tarde entraria em vigor a Lei do sábado e não se poderia fazer nenhum trabalho. José da Arimatéia procedeu com toda rapidez. Com freqüência acontecia que os corpos dos crucificados não eram sepultados: simplesmente eram baixados da cruz e se deixava que os abutres e os cães selvagens que rondavam dessem conta deles.

    De fato se sugeriu que a razão pela qual o Gólgota era chamado Lugar da Caveira, ou Calvário, era que estaria semeado de caveiras de anteriores crucificações. José foi a Pilatos. Com freqüência os crucificados pendiam de suas cruzes durante vários dias antes de morrer, e Pilatos se assombrou de que Jesus tivesse morrido somente seis horas depois de ter sido crucificado, mas, depois de comprová-lo com o centurião, entregou o corpo a José.

    José é um personagem curioso.

    1. Bem poderia ser que toda a informação sobre o julgamento ante o Sinédrio procedesse dele. Porque nenhum dos discípulos esteve ali. A informação deve ter procedido de algum membro do Sinédrio, e é muito provável que esse fosse José. Se for assim, corresponderia a José uma participação muito real na redação do relato do Evangelho.
    2. Em torno de José há um toque de tragédia. Era membro do Sinédrio e entretanto não ouvimos que tenha pronunciado uma só palavra ou que tenha intervindo no debate em favor de Jesus. José é o homem que deu a Jesus uma tumba quando estava morto, mas guardou silêncio enquanto estava vivo. Uma das tragédias mais comuns da vida é que guardamos as coroas para as tumbas das pessoas, e os discursos e louvores até que estejam mortos. Seria imensamente melhor dar-lhes algumas dessas flores e dessas palavras de gratidão enquanto estão ainda vivos.
    3. Mas não podemos culpar muito a José, porque foi outra daquelas pessoas para quem a cruz de Jesus fez o que sua vida não tinha podido fazer. Quando em vida tinha visto Jesus, havia sentido sua atração, mas não tinha ido mais além. Mas quando o viu morrer — e ele deve ter estado presente na crucificação — seu coração estalou de amor. Primeiro o centurião, depois José. É assombroso como se tornaram realidade as palavras de Jesus de que quando fosse levantado da terra, atrairia a todos para si (Jo 12:32).

    Marcos 16

    “E a Pedro” — Mar. 16:1-8 A missão da Igreja — Mar. 16:9-20

    “E A PEDRO”

    Marcos 16:1-8

    Não tinha havido tempo para prestar os últimos serviços ao corpo de Jesus. Tinha chegado o sábado e as mulheres que queriam ungir o corpo não tinham podido fazê-lo. Imediatamente, passado o sábado, o mais cedo possível, dispuseram-se a cumprir sua triste tarefa.
    Uma coisa as preocupava. As tumbas não tinham portas. Quando se menciona a entrada em realidade se trata da abertura. Em frente da entrada corria uma canelura, e nela uma pedra circular do tamanho de uma roda de carreta, e as mulheres sabiam que remover semelhante pedra era superior a suas forças. Mas quando chegaram à tumba acharam a pedra removida, e dentro estava o mensageiro que lhes deu a incrível noticia de que Jesus tinha ressuscitado.

    Uma coisa é certa: se Jesus não tivesse ressuscitado nunca teríamos ouvido falar dele. A atitude das mulheres era que tinham ido render o último tributo a um corpo morto. A atitude dos discípulos era que tudo tinha terminado em uma tragédia. A melhor prova da ressurreição é a existência da Igreja cristã. Nenhuma outra coisa teria transformado a homens e mulheres tristes e desesperados em pessoas radiantes de alegria e inflamadas de um novo valor. A ressurreição é o fato central de toda a fé cristã. De nossa fé na ressurreição se desprendem várias coisas.

    1. Jesus não é um personagem de um livro, é uma presença viva. Não basta estudar a história de Jesus como estudamos a vida de qualquer outro personagem histórico importante. Podemos começar assim, mas devemos terminar com um encontro pessoal.
    2. Jesus não é uma lembrança, é uma presença. A lembrança mais querida se desvanece. Os gregos tinham uma palavra com a qual descreviam o tempo, que significa o tempo que apaga tudo. O tempo teria apagado a lembrança do Jesus se não tivesse sido uma permanente presença viva conosco. Jesus não é alguém a quem discutimos, é alguém com quem nos encontramos.
    3. Isto significa que a vida cristã não é a vida do homem que sabe a respeito de Jesus, mas sim do homem que conhece a Jesus. O maior erudito do mundo, o homem que sabe tudo sobre Jesus, é menos que o cristão mais humilde que o conhece cada dia.
    4. Significa também que a fé cristã tem uma qualidade interminável. A fé cristã nunca deveria permanecer estática. Porque nosso Senhor é um Senhor vivente sempre há novas maravilhas e novas verdades esperando ser descobertas.

    Mas o mais precioso desta passagem se encontra em três palavras que não estão em nenhum dos outros evangelhos. "Ide", disse o mensageiro. “Dizei a seus discípulos e a Pedro”. Como deve haver-se alegrado o coração de Pedro quando ouviu esta mensagem! Ele estaria torturado pela lembrança de sua deslealdade, e subitamente vem a mensagem, uma mensagem especial para ele. De todos os discípulos, tinha sido escolhido ele. É característico de Jesus que pensasse, não no mal que Pedro lhe tinha feito, e sim somente no remorso que estava experimentando. Jesus estava muito mais ansioso para consolar ao pecador penitente que para castigar o pecado.

    Alguém disse: "O mais precioso de Jesus é a forma em que confia em nós no campo de nossa derrota."

    A MISSÃO DA IGREJA

    Marcos 16:9-20

    Como vimos na 1ntrodução, o Evangelho de Marcos realmente termina no versículo 8. Basta ler esta passagem para ver quão diferente é do resto dos Evangelhos, e não é encontrada em nenhum dos manuscritos importantes. É um resumo posterior que substitui o final que Marcos não viveu para escrever, ou que em algum momento se perdeu.
    O grande interesse desta passagem reside na descrição que nos dá do dever da Igreja. Evidentemente, o homem que escreveu esta seção final acreditava que a Igreja tinha certas tarefas que Jesus lhe tinha encarregado.

    1. A Igreja tem a tarefa de pregar. É dever da Igreja, e isto quer dizer de cada cristão, contar a história das boas novas de Jesus àqueles que nunca a ouviram. O dever do cristão é ser arauto de Jesus Cristo.
    2. A Igreja tem uma tarefa curadora. Vimos este fato uma e outra vez. O cristianismo tem que ver com o corpo dos homens tanto como com sua mente. Jesus quis trazer saúde ao corpo e à alma.
    3. A Igreja era uma Igreja de poder. Não precisamos tomar tudo literalmente. Não precisamos acreditar que o cristão tem que ter literalmente o poder de levantar víboras venenosas e beber líquidos venenosos sem correr perigo. Mas no fundo desta linguagem pitoresca está a convicção de que o cristão está imbuído de um poder para enfrentar a vida e lidar com ela que outros não têm nem podem ter.
    4. A Igreja nunca seria deixada sozinha para trabalhar na realização de sua obra. Cristo sempre opera com ela e nela e por meio dela. O Senhor da Igreja está ainda nela e é ainda o Senhor de poder.

    E assim termina o Evangelho com a mensagem de que a vida cristã é a vida vivida na presença e no poder daquele que foi crucificado e ressuscitou.


    Dicionário

    Angustiar

    verbo transitivo Causar angústia: uma notícia que angustia.

    João

    Graça ou favor de Deus. – Aparece, também,em outros lugares com a forma de Joanã. Um parente do sumo sacerdote Anás. Juntamente com Anás e Caifás ele fez inquirições a respeito do ensino dos apóstolos Pedro e João e da cura do coxo (At 4:6). E nada mais se sabe dele. – João Marcos, o evangelista – filho de Maria, e primo (não sobrinho) de Barnabé. Apenas cinco vezes é este evangelista mencionado com o nome de João (At 12:12-25 e 13 5:13-15.37). Nas outras passagens é o nome Marcos que prevalece. (*veja Marcos.) – João Batista, o Precursor. A vinda de João foi profetizada por isaías (40.3), e por Malaquias (4.5 – *veja Mt 11:14), sendo o seu nascimento anunciado aos seus idosos pais por ‘um anjo do Senhor’ (Lc 1:5-23). Seu pai Zacarias era sacerdote, e sua mãe isabel ‘era das filhas de Arão’. A vinda desta criança foi também predita à Virgem Maria, na Anunciação (Lc 1:36). o nascimento de João (Lc 1:57) trouxe novamente, após a circuncisão, a fala a Zacarias, que a tinha perdido, quando o anjo lhe fez saber que havia de ter um filho (Lc 1:20-64). Quanto à infância de João Batista apenas se sabe que ele ‘Crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que havia de manifestar-se a israel’ (Lc 1:80). E assim, embora tivesse sido consagrado antes do seu nascimento à missão de pregar e ensinar (Lc 1:13-15), ele só deu início à sua obra quando chegou à idade viril, depois de ter passado vários anos isolado, vivendo uma vida de abnegação. A maneira como João Batista apareceu pregando chamou a atenção de toda a gente. o seu vestido era feito de pelos de camelo, e andava cingido de um cinto de couro, sendo a alimentação do notável pregador o que encontrava no deserto gafanhotos e mel silvestre (Lv 11:22Sl 81:16Mt 3:4). o ministério de João começou ‘no deserto da Judéia’ (Mt 3:1Mc 1:4Lc 3:3Jo 1:6-28). Ele pregava o arrependimento e a vinda do reino dos céus, e todo o país parecia ser movido pela sua palavra, pois vinham ter com ele as multidões para receberem o batismo (Mt 3:5 e Mc 1. S). Em termos enérgicos censurou a falsa vida religiosa dos fariseus e saduceus que se aproximavam dele (Mt 3:7), avisando, também, outras classes da sociedade (Lc 3:7-14) – e chamava a atenção dos ouvintes para Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus (Lc 3:15-17Jo 1:29-31), a quem batizou (Mt 3:13-17). o povo quis saber se João era o Cristo prometido (Lc 3:15) – mas ele categoricamente asseverou que não era (Jo 1:20). A importância do ministério de João acha-se claramente indicada nas referências de Jesus Cristo e dos apóstolos ao caráter e obra notável do pregador. Depois de responder aos mensageiros de João (Mt 11:2-6Lc 7:19-23), falou Jesus às multidões sobre o caráter e missão do Batista, declarando: ‘Entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista’ (Mt 11:7-11Lc 7:24-28). Mais tarde foi por Jesus, de um modo preciso, identificado com o prometido Elias (Mt 17:10-13Mc 9:11-13) – e também o batismo de João foi assunto de que Jesus Se serviu para discutir com ‘os principais sacerdotes e os anciãos do povo’, colocando-os em dificuldades (Mt 21:23-27) – e, pelo fato de estes judeus rejeitarem o apelo de João, fez-lhes sentir o Salvador a sua responsabilidade (Mt 21:32). o batismo de João foi lembrado por Jesus depois da Sua ressurreição (At 1:5) – a ele se referiu também Pedro (At 1:22 – 10.37 – 11.16), e o apóstolo Paulo (At 13:24-25). Apolo conhecia somente o ‘batismo de João’ (At 18:25), e maior conhecimento não havia em certos discípulos de Éfeso (At 19:1-4). Com respeito ao ‘batismo de João’, *veja Batismo. o ministério corajoso de João parece ter alarmado Herodes, o tetrarca da Galiléia, que, segundo conta Josefo (Ant. Xiii, 5.2), o considerava como demagogo e pessoa perigosa. Como João o tivesse censurado por ter casado com Herodias, mulher de seu irmão Filipe, que ainda estava vivo, lançou Herodes o seu censurador numa prisão. (*veja Herodias.) o medo da indignação popular (Mt 14:5) parece tê-lo impedido de matar João Batista – mas a filha de Herodias, baseando-se numa inconsiderada promessa de Herodes, obteve a morte de João (Mt 14:3-12). – o Apóstolo. João, irmão de Tiago, era filho de Zebedeu (Mt 4:21), e de Salomé, sendo esta, provavelmente, irmã da mãe de Jesus (cp. Mt 27:56 com Mc 15:40Jo 19:25). Sendo assim, era João primo de Jesus, e por isso foi muito natural que o Salvador entregasse a Sua mãe aos cuidados de João, quando estava na cruz (Jo 19:25-27). João era, como seu pai, pescador de Betsaida, na Galiléia, trabalhando no lago de Genesaré (Mt 4:18-21). A família parece ter vivido em boas circunstâncias, visto como seu pai Zebedeu tinha jornaleiros (Mc 1:20) – a sua mãe era uma das piedosas mulheres, que desde a Galiléia acompanharam Jesus e o serviam com os seus bens (Mt 27:56) – o próprio evangelista era conhecido do sumo sacerdote (Jo 18:15), e tinha casa sua (Jo 19:27). Acha-se identificado com aquele discípulo de João Batista, que não é nomeado, e que com André seguiu a Jesus (Jo 1:35-40). A chamada de João e de seu irmão Tiago está, em termos precisos, narrada em Mt 4:21-22 e em Mc 1:19-20. Foi ele um dos doze apóstolos (Mt 10:2, e ref.). A ele e seu irmão deu Jesus o nome de Boanerges (Mc 3:17). Na sua juventude parece ter sido homem apaixonado, de temperamento impulsivo, dando ocasião a que Jesus o censurasse uma vez por ter proibido certo indivíduo de operar milagres (Mc 9:38-39), outra vez por ter desejado que viesse do céu castigo sobre os inóspitos samaritanos (Lc 9:51-56), e também pela sua pessoal ambição (Mc 10:35-40). Todavia, era ele chamado o discípulo, ‘a quem Jesus amava’ (Jo 21:20), e a quem, juntamente com Tiago e Pedro, deu Jesus Cristo o privilégio de presenciarem tantos e maravilhosos acontecimentos do Seu ministério. João pôde observar a cura da sogra de Pedro (Mc 1:29), a ressurreição da filha de Jairo (Mc 5:37 e Lc 8:51), a pesca miraculosa (Lc 5:10), a transfiguração (Mt 17:1 e refs.), e a agonia no horto de Getsêmani (Mt 26:37, e refs.). É certo que João, como os outros discípulos, abandonou o Divino Mestre, quand

    Felizmente, temos considerável informação acerca do discípulo chamado João. Marcos diz-nos que ele era irmão de Tiago, filho de Zebedeu (Mc 1:19). Diz também que Tiago e João trabalhavam com “os empregados” de seu pai (Mc 1:20).
    Alguns eruditos especulam que a mãe de João era Salomé, que assistiu a crucificação de Jesus (Mc 15:40). Se Salomé era irmã da mãe de Jesus, como sugere o Evangelho de João (Jo 19:25), João pode ter sido primo de Jesus.
    Jesus encontrou a João e a seu irmão Tiago consertando as redes junto ao mar da Galiléia. Ordenou-lhes que se fizessem ao largo e lançassem as redes. arrastaram um enorme quantidade de peixes – milagre que os convenceram do poder de Jesus. “E, arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, o seguiram” (Lc 5:11) Simão Pedro foi com eles.
    João parece ter sido um jovem impulsivo. Logo depois que ele e Tiago entraram para o círculo íntimo dos discípulos de Jesus, o Mestre os apelidou de “filhos do trovão” (Mc 3:17). Os discípulos pareciam relegar João a um lugar secundário em seu grupo. Todos os Evangelhos mencionavam a João depois de seu irmão Tiago; na maioria das vezes, parece, Tiago era o porta-voz dos dois irmãos. Paulo menciona a João entre os apóstolos em Jerusalém, mas o faz colocando o seu nome no fim da lista (Gl 2:9).
    Muitas vezes João deixou transparecer suas emoções nas conversas com Jesus. Certa ocasião ele ficou transtornado porque alguém mais estava servindo em nome de Jesus. “E nós lho proibimos”, disse ele a Jesus, “porque não seguia conosco” (Mc 9:38). Jesus replicou: “Não lho proibais… pois quem não é contra a nós, é por nós” (Mc 9:39-40). Noutra ocasião, ambiciosos, Tiago e João sugeriram que lhes fosse permitido assentar-se à esquerda e à direita de Jesus na sua glória. Esta idéia os indispôs com os outros discípulos (Mc 10:35-41).
    Mas a ousadia de João foi-lhe vantajosa na hora da morte e da ressurreição de Jesus. Jo 18:15 diz que João era ” conhecido do sumo sacerdote”. Isto o tornaria facilmente vulnerável à prisão quando os aguardas do sumo sacerdote prenderam a Jesus. Não obstante, João foi o único apóstolo que se atreveu a permanecer ao pé da cruz, e Jesus entregou-lhe sua mãe aos seus cuidados (Jo 19:26-27). Ao ouvirem os discípulos que o corpo de Jesus já não estava no túmulo, João correu na frente dos outros e chegou primeiro ao sepulcro. Contudo, ele deixou que Pedro entrasse antes dele na câmara de sepultamento (Jo 20:1-4,8).
    Se João escreveu, deveras, o quarto Evangelhos, as cartas de João e o Apocalipse, ele escreveu mais texto do NT do que qualquer dos demais apóstolos. Não temos motivo para duvidar de que esses livros não são de sua autoria.
    Diz a tradição que ele cuidou da mãe de Jesus enquanto pastoreou a congregação em Éfeso, e que ela morreu ali. Preso, foi levado a Roma e exilado na 1lha de Patmos. Acredita-se que ele viveu até avançada idade, e seu corpo foi devolvido a Éfeso para sepultamento

    1. Veja João, o apóstolo.


    2. Veja João Batista.


    3. Pai de Simão Pedro e de André (chamado de Jonas em algumas traduções: Mt 16:17). Era um pescador que vivia na região da Galiléia. É interessante notar que as três ocasiões registradas nos evangelhos em que Jesus chamou Pedro pelo nome completo, “Simão filho de João (ou Jonas)”, foram momentos que marcaram pontos cruciais na vida desse apóstolo. Na primeira ocasião, André apresentou seu irmão Simão ao “Messias”, Jesus. Cristo olhou para Simão e anunciou profeticamente: “Tu és Simão, filho de João. Tu serás chamado Cefas [que quer dizer Pedro]” (Jo 1:42). Daquele momento em diante, Simão Pedro passou a seguir a Cristo. Na segunda ocasião em que o nome inteiro dele foi usado, ele havia acabado de responder uma pergunta de Jesus, dizendo: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16:16). O significado desta identificação de Jesus como o Cristo era tão grande que Jesus disse: “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, pois não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus” (Mt 16:17). A última ocasião foi depois da ressurreição, quando Cristo testou o amor de Pedro por Ele e o comissionou com as palavras: “Simão, filho de João... Apascenta os meus cordeiros” (Jo 21:15-17).


    4. João, um parente do sumo sacerdote Anás; é mencionado apenas em Atos 6. Era um dos anciãos e líderes diante dos quais os apóstolos Pedro e João foram levados para serem interrogados. A pregação deles começava a aborrecer profundamente os líderes e por isso tentaram silenciá-los. Os apóstolos disseram que eram obrigados a obedecer a Deus e não aos homens (v. 19). Finalmente, sentindo o peso da opinião pública, os anciãos decidiram libertar os dois. P.D.G.


    João
    1) O Batista: V. JOÃO BATISTA.
    2) Pai do apóstolo Pedro (Jo 1:42); 21:15-17, RA; RC, Jonas).

    3) O evangelista e apóstolo: V. JOÃO, APÓSTOLO.
    4) João Marcos: V. MARCOS, JOÃO.

    João A) Evangelho de João

    1. Autoria e datação. O primeiro que relacionou o Quarto Evangelho a João, o filho de Zebedeu, parece ter sido Irineu (Adv. Haer, 3,1,1), citado por Eusébio (HE 5:8,4), o qual menciona Policarpo como fonte de sua opinião. Sem dúvida, o testamento reveste-se de certa importância, mas não deixa de apresentar inconvenientes. Assim, é estranho que outra literatura relacionada com Éfeso (a Epístola de Inácio aos Efésios, por exemplo) omita a suposta relação entre o apóstolo João e esta cidade. Também é possível que Irineu tenha-se confundido quanto à notícia que recebeu de Policarpo, já que destaca que Papias foi ouvinte de João e companheiro de Policarpo (Adv. Haer, 5,33,4). No entanto, conforme o testemunho de Eusébio (HE 3:93,33), Papias foi, na realidade, ouvinte de João, o presbítero — que ainda vivia nos tempos de Papias (HE 3.39,4) — e não do apóstolo. Fica, pois, a possibilidade de que esse João foi o mesmo ao qual Policarpo se referiu.

    Outras referências a uma autoria de João, o apóstolo, em fontes cristãs são muito tardias ou lendárias para serem questionadas, seja o caso de Clemente de Alexandria, transmitido por Eusébio (HE 6:14,17) ou o do Cânon de Muratori (c. 180-200). É certo que a tradição existia em meados do séc. II, mas não parece de todo concludente. Quanto à evidência interna, o evangelho reúne referências que podemos dividir nas relativas à redação e nas relacionadas com o discípulo amado (13 23:19-26-27; 20,1-10 e 21:7 e 20-4; possivelmente 18:15-16; 19,34-37 e talvez 1:35-36).

    As notícias recolhidas em 21:20 e 21:24 poderiam identificar o redator inicial com o discípulo amado ou talvez com a fonte principal das tradições recolhidas nele, porém, uma vez mais, fica obscuro se esta é uma referência a João, o apóstolo.

    Em nenhum momento o evangelho distingue o discípulo amado por nome nem tampouco o apóstolo João. E se na Última Ceia só estiveram presentes os Doze, obviamente o discípulo amado teria de ser um deles; tal dado, contudo, ainda não é seguro. Apesar de tudo, não se pode negar, de maneira dogmática, a possibilidade de o discípulo amado ser João, o apóstolo, e até mesmo existem alguns argumentos que favorecem essa possibilidade. Pode-se resumi-los da seguinte maneira:

    1. A descrição do ministério galileu tem uma enorme importância em João, a ponto de a própria palavra “Galiléia” aparecer mais vezes neste evangelho do que nos outros (ver especialmente: 7,1-9).

    2. Cafarnaum recebe uma ênfase muito especial (2,12; 4,12; 6,15), em contraste com o que os outros evangelhos designam o lugar de origem de Jesus (Mt 13:54; Lc 4:16). A própria sinagoga de Cafarnaum é mencionada mais vezes neste do que nos outros evangelhos.

    3. O evangelho de João refere-se também ao ministério de Jesus na Samaria (c.4), o que é natural, levando-se em conta a relação de João, o de Zebedeu, com a evangelização judeu-cristã da Samaria (At 8:14-17).

    4. João fazia parte do grupo de três (Pedro, Tiago e João) mais íntimo de Jesus. É, pois, um tanto estranho que um discípulo tão próximo a Jesus, como o discípulo amado — e não se tratando de João —, não apareça sequer mencionado em outras fontes.

    5. As descrições da Jerusalém anterior ao ano 70 d.C. encaixam-se com o que sabemos da permanência de João nessa cidade, depois de Pentecostes. De fato, os dados fornecidos por At 1:13; 8,25 e por Paulo (Gl 2:1-10) indicam que João estava na cidade antes do ano 50 d.C.

    6. João é um dos dirigentes judeu-cristãos que teve contato com a diáspora, assim como Pedro e Tiago (Jc 1:1; 1Pe 1:1; Jo 7:35 1Co 9:5), o que se enquadraria com algumas das notícias contidas em fontes cristãs posteriores e em relação ao autor do Quarto Evangelho.

    7. O evangelho de João procede de uma testemunha que se apresenta como ocular.

    8. O vocabulário e o estilo do Quarto Evangelho destacam uma pessoa cuja primeira língua era o aramaico e que escrevia em grego correto, porém cheio de aramaísmo.

    9. O pano de fundo social de João, o de Zebedeu, encaixa-se perfeitamente com o que se esperaria de um “conhecido do Sumo Sacerdote” (Jo 18:15). De fato, a mãe de João era uma das mulheres que serviam Jesus “com seus bens” (Lc 8:3), como a mulher de Cuza, administrador das finanças de Herodes. Igualmente sabemos que contava com assalariados a seu cargo (Mc 1:20). Talvez alguns membros da aristocracia sacerdotal o vissem com menosprezo por ser um leigo (At 4:13), mas o personagem estava longe de ser medíocre, a julgar pela maneira tão rápida pela qual se tornou um dos primeiros dirigentes da comunidade hierosolimita, logo depois de Pedro (Gl 2:9; At 1:13; 3,1; 8,14 etc.).

    Não sendo, pois, João, o de Zebedeu, o autor do evangelho (e pensamos que a evidência a favor dessa possibilidade não é pequena), teríamos de ligá-lo com algum discípulo mais próximo a Jesus (como os mencionados em At 1:21ss., por exemplo) e que contava com uma considerável importância dentro das comunidades judeu-cristãs da Palestina.

    Em relação à datação do quarto evangelho, não se duvida porque o consenso tem sido quase unânime nas últimas décadas. Geralmente, os críticos conservadores datavam a obra em torno do final do séc. I ou início do séc. II, enquanto os radicais — como Baur — situavam-na por volta de 170 d.C. Um dos argumentos utilizados como justificativa dessa postura era ler em Jo 5:43 uma referência à rebelião de Bar Kojba. O fator determinante para refutar essa datação tão tardia foi o descobrimento, no Egito, do p 52, pertencente à última década do século I ou à primeira do século II, onde está escrito um fragmento de João. Isso situa a data da relação, no máximo, em torno de 90-100 d.C. Contudo, existem, em juízo de vários estudiosos, razões consideráveis para datar o evangelho em um período anterior. No ponto de partida dessa revisão da data, devem estar os estudos de C. H. Dodd sobre este evangelho. Este autor seguiu a corrente que data a obra entre 90 e 100, atribuindo-a a um autor estabelecido em Éfeso; reconheceu, sem dúvida, que o contexto do evangelho se refere a condições “presentes na Judéia antes do ano 70 d.C., e não mais tarde nem em outro lugar”. De fato, a obra é descrita como “dificilmente inteligível” fora de um contexto puramente judeu anterior à destruição do Templo e até mesmo à rebelião de 66 d.C.

    Apesar dessas conclusões, C. H. Dodd sustentou a opinião em voga, alegando que Jo 4:53 era uma referência à missão pagã e que o testemunho de João recordava a situação em Éfeso em At 18:24-19:7. Ambas as teses são de difícil defesa para sustentar uma data tardia, já que a missão entre os pagãos foi anterior a 66 d.C., e At 18:19 narram acontecimentos também anteriores a 66 d.C.

    O certo é que atualmente se reconhece a existência de razões muito sólidas para defender uma datação da redação do evangelho anterior a 70 d.C. São elas:

    1. A cristologia muito primitiva (ver Mensagem).

    2. O pano de fundo que, como já advertiu Dodd, só se encaixa no mundo judeu-palestino anterior a 70 d.C.

    3. A existência de medidas de pressão contra os cristãos antes do ano 70 d.C.: as referências contidas em Lc 4:29; At 7:58 e 13:50 mostram que não é necessário mencionar Jo 9:34ss.; 16,2 para episódios posteriores à destruição do Templo.

    4. A ausência de referências aos pagãos.

    5. A importância dos saduceus no evangelho.

    6. A ausência de referências à destruição do templo.

    7. A anterioridade ao ano 70 d.C. dos detalhes topográficos rigorosamente exatos.

    2. Estrutura e Mensagem. O propósito do evangelho de João é claramente determinado em 20:31: levar a todos os povos a fé em Jesus como messias e Filho de Deus, a fim de que, por essa fé, obtenham a vida. O evangelho está dividido em duas partes principais, precedidas por um prólogo (1,1-18) e seguidas por um epílogo (c. 21).

    A primeira parte (1,19-12,50) ou o “Livro dos Sinais”, segundo C. H. Dodd, apresenta uma seleção dos milagres — sinais ou signos — de Jesus.

    A segunda parte (13 1:20-31), também denominada “Livro da Paixão” (Dodd) ou da Glória (Brown), inicia-se com a Última Ceia e narra a paixão, morte e ressurreição de Jesus.

    Três são os aspectos especialmente centrais na mensagem de João.

    Em primeiro lugar, a revelação de Deus através de seu Filho Jesus (1,18). Evidentemente, a cristologia desse evangelho é muito primitiva e assim Jesus aparece como “profeta e rei” (6,14ss.); “profeta e messias” (7,40-42); “profeta” (4,19; 9,17); “messias” (4,25); “Filho do homem” (5,27) e “Mestre da parte de Deus” (3,2). Sem súvida, do mesmo modo que Q, onde Jesus se refere a si mesmo como a Sabedoria, neste evangelho enfatiza-se que o Filho é, pela filiação, igual a Deus (Jo 5:18) e Deus (1,1; 20,28). De fato, o Logos joanino de Jo 1:1 não é senão a tradução grega do termo aramaico Memrá, uma circunlocução para referir-se a YHVH no Targum.

    É o próprio Deus que se aproxima, revela e salva em Jesus, já que este é o “Eu sou” que apareceu a Moisés (Ex 3:14; Jo 8:24; 8,48-58). Isso se evidencia, por exemplo, nas prerrogativas do Filho em julgar (5,22,27,30; 8,16.26; 9,39; 12,47-48), ressuscitar os mortos (5,21,25-26.28-29; 6,27; 35,39-40,50-51.54-58; 10,28; 11,25-26) e trabalhar no sábado (5,9-18; 7,21-23).

    O segundo aspecto essencial da mensagem joanina é que em Jesus não somente vemos Deus revelado, mas também encontramos a salvação. Todo aquele que crê em Jesus alcança a vida eterna (3,16), tem a salvação e passa da morte à vida (5,24). E a fé é uma condição tão essencial que os sinais pretendem, fundamentalmente, levar as pessoas a uma fé que as salve. De fato, crer em Jesus é a única “obra” que se espera que o ser humano realize para obter a salvação (Jo 6:29). Aceitar ou não Jesus como Filho de Deus, como “Eu sou”, como messias, tem efeitos contudentes e imediatos. A resposta positiva — uma experiência que Jesus denomina “novo nascimento” (3,1ss.) — conduz à vida eterna (3,15) e a ser convertido em filho de Deus (1,12); a negativa leva à condenação (3,19) e ao castigo divino (3,36).

    Partindo-se dessas posturas existenciais, dessa separação entre incrédulos e fiéis, pode-se entender o terceiro aspecto essencial da mensagem joanina: a criação de uma nova comunidade espiritual em torno de Jesus e sob a direção do Espírito Santo, o Consolador. Só se pode chegar a Deus por um caminho, o único: Jesus (14,6). Só se pode dar frutos unido à videira verdadeira: Jesus (Jo 15:1ss.). Todos os que assim se unem a Jesus serão perseguidos por um mundo hostil (15,18ss.), todavia serão também objeto da ação do Espírito Santo (16,5ss.), viverão em uma alegria que humanamente não se pode entender (16,17ss.) e vencerão o mundo como Jesus (16,25ss.). Neles também se manifestará um amor semelhante ao de Jesus (Jo 13:34-35), o Filho que voltará, no final dos tempos, para recolher os seus e levá-los à casa de seu Pai (Jo 14:1ss.). É lógico que essa cosmovisão se expresse nesse conjunto de oposições que não são exclusivas de João, mas que são tão explícitas nesse evangelho: lu-Ztrevas, mundo-discípulos, Cristo-Satanás etc. O ser humano vê-se dividido diante de sua realidade — a de que vive nas trevas — e a possibilidade de obter a vida eterna pela fé em Jesus (5,24). O que aceita a segunda opção não se baseia em especulações nem em uma fé cega, porém em fatos que aconteceram na história e dos quais existiram testemunhas oculares (19,35ss.; 21,24). Ao crer em Jesus, descobre-se nele — que na Ressurreição demonstrou a veracidade de suas pretensões — seu Senhor e seu Deus (Jo 20:28) e obtém-se, já nesta vida, a vida eterna (20,31), integrando-se numa comunidade assistida pelo Espírito Santo e que espera a segunda vinda de seu Salvador (Jo 14:1ss.; 21,22ss.).

    C. H. Dodd, Interpretation...; Idem, Historical tradition...; R. E. Brown, Evangelio según san Juan, 2 vols., Madri 1975; Idem, La comunidad del discípulo amado, Salamanca 1983; f. Manns, L’Evangile de Jean, Jerusalém 1991; J. A. T. Robinson, Redating...; Idem, The Priority...; C. Vidal Manzanares, El judeo-cristianismo...; Idem, El Primer Evangelio...; R. Bultmann, The Gospel of John, Filadélfia 1971; C. K. Barrett, The Gospel, according to St. John, Filadélfia, 1978; R. Schnackenburg, The Gospel According to St. John, 3 vols., Nova York 1980-1982; f. f. Bruce, The Gospel of John, Grand Rapids 1983; G. R. Beasley-Murray, John, Waco 1987; J. Guillet, Jesucristo em el Evangelio de Juan, Estella 51990; A. Juabert, El Evangelio según san Juan, Estella 121995.

    B - João, o Apóstolo

    Pescador, filho de Zebedeu, foi um dos primeiros a ser chamado por Jesus e, por este, constituído apóstolo. Junto com seu irmão Tiago e com Pedro, formava o grupo mais íntimo de discípulos e é sempre mencionado no ínicio das listas apostólicas, junto a Tiago, Pedro e André. Com o seu irmão Tiago, recebeu o apelido de Boanerges, o filho do trovão (Mc 3). Desempenhou um papel de enorme transcendência na 1greja judeu-cristã de Jerusalém (At 1:8; Gl 2:9). É possível que, no final de sua vida, tenha desenvolvido um ministério missionário na Ásia Menor.

    Tradicionalmente é identificado como João, o Evangelista, autor do quarto evangelho, e como o autor do Apocalipse.

    C. H. Dodd, Interpretation...; Idem, Historical tradition...; R. E. Brown, Evangelio según san Juan, 2 vols., Madri 1975; Idem, La comunidad del discípulo amado, Salamanca 1983; f. Manns, L’Evangile de Jean, Jerusalém 1991; J. A.T. Robinson, Redating...; Idem, The Priority...; C. Vidal Manzanares, El judeo-cristianismo...; Idem, El Primer Evangelio...

    C - João, o Apóstolo

    Tradicionalmente (desde o séc. II), tem-se identificado o autor do Quarto Evangelho com o filho de Zebedeu: João. Embora um bom número de autores modernos recusem essa hipótese, razões têm sido reconsideradas — R. A. T. Robinson, por exemplo — para possibilitar esse ponto de vista. O autor do quarto evangelho conhece mais intimamente o ministério da Galiléia e até nos dá informações sobre ele que não conhecemos através de outros evangelhos. A situação abastada dos filhos de Zebedeu — cujo pai contava com vários assalariados — permite crer que era “conhecido” do Sumo Sacerdote. Além disso, descreve com impressionante rigor a Jerusalém anterior a 70 d.C., o que é lógico em uma pessoa que foi, segundo Paulo, uma das colunas da comunidade judeu-cristã daquela cidade (Gl 2:9). A tudo isso, acrescenta-se o testemunho unânime dos autores cristãos posteriores que atribuem essa autoria a João. Em todo caso, e seja qual for a identidade do quarto evangelista, o certo é que recolhe uma tradição sobre a vida de Jesus muito antiga, fidedigna e independente da sinótica. É bem possível que sua redação seja anterior a 70 d.C., embora alguns autores prefiram situá-la por volta de 90 d.C. O autor do quarto evangelho é o mesmo que o das três epístolas de João, que constam no Novo Testamento, constituindo a primeira um guia interpretativo do evangelho para evitar que este seja lido em clave gnóstica.

    C. H. Dodd, Interpretation...; Idem, Historical tradition...; R. E. Brown, Evangelio según san Juan, 2 vols. Madri 1975; Idem, La comunidad del discípulo amado, Salamanca 1983; f. Manns, L’Evangile de Jean, Jerusalém 1991; J. A. T. Robinson, Redating...; Idem, The Priority...; C. Vidal Manzanares, El judeo-cristianismo...; Idem, El Primer Evangelio...; R. Bultmann, The Gospel of John, Filadélfia 1971; C. K. Barrett, The Gospel according to St. John, Filadélfia 1978; R. Schnackenburg, El evangelio según san Juan, 3 vols., Barcelona 1980:1982; f. f. Bruce, The Gospel of John, Grand Rapids 1983; G. R. Beasley-Murray, John, Waco 1987; J. Guillet, Jesucristo en el Evangelio de Juan, Estella 51990; A. Juabert, El Evangelio según san Juan, Estella 121995.

    D - João, o Teólogo

    Conforme alguns estudiosos, é o autor do Apocalipse e cujo túmulo estava em Éfeso. Por ser um personagem distinto de João, o evangelista (seja ou não este o filho de Zebedeu), é possível que tenha emigrado para a Ásia Menor, ao eclodir a revolta de 66-73 d.C. contra Roma. Sua obra é, portanto, anterior a 70 d.C. e constitui uma valiosa fonte para estudo da teologia judeu-cristã da época.

    K. Stendhal, The Scrolls...; C. Vidal Manzanares, De Pentecostés...; C. H. Dodd, Interpretation...; Idem, Historical tradition...; R.E. Brown, Evangelio según san Juan, 2 vols., Madri 1975; Idem, La comunidad del discípulo amado, Salamanca 1983; f. Manns, L’Evangile de Jean, Jerusalém 1991; J. A. T. Robinson, Redating...; Idem, The Priority...; f. f. Ramos, Evangelio según San Juan, Estella 1989.


    Nome Hebraico - Significado: Graça divina.

    Pavor

    substantivo masculino Excesso de medo ou temor: ela tem pavor de aranhas; caminha sempre com pavor de ser assaltada.
    Etimologia (origem da palavra pavor). Do latim pavor.oris.

    Pavor TERROR (Js 2:9); (Mc 14:33).

    Pedro

    Pedro [Pedra] - APÓSTOLO (Mc 3:13-19), também chamado de Simão e Cefas (Jo 1:42). Era pescador (Mc 1:16). Episódios de sua vida são mencionados em (Mc 1:16-18); (Lc 5:1-11); 8:40-56; (Mt 8:14-15); 14:28-33; 16:13 23:17-1-13 26:36-46,69-75; (Lc 24:34); (Jo 18:10-18), 25-27; 21:1-23; At 1:13—5.42; 8:14-25; 10.1—11.18; 12:1-19; 15:1-11; (1Co 9:5); (Gl 1:18); 2:6-14. Segundo a tradição, foi morto entre 64 e 67 d.C., no tempo de NERO. V. PEDRO, P

    Pedro Tradução grega da palavra aramaica Kepha (rocha). Discípulo de Jesus também chamado Simão ou Simeão (At 15:14; 2Pe 1:1). Filho de João (Jo 1:42) ou Jonas (Mt 16:17), com seu irmão André, dedicava-se à pesca na Galiléia (Mt 4:18).

    Natural de Betsaida (Jo 1:44), residia com sua família em Cafarnaum (Mc 1:29ss.; Mt 8:14; Lc 4:38). Esteve ligado a João Batista (Jo 1:35-42) antes de seguir Jesus. Fez parte do grupo dos Doze e, mais especificamente, dos três discípulos mais próximos de Jesus (Mt 17:1; Mc 5:37; 9,2; Lc 8:51 etc.). Convencido da messianidade de Jesus (foi essa a confissão que levou Jesus a falar de sua Igreja edificada sobre a fé em sua pessoa como messias e Filho de Deus), Pedro resistiu, no entanto, à visão do messias sofredor que Jesus tinha (Mt 16:18ss.) e chegou mesmo a negar seu Mestre no momento de sua prisão (Mt 26:69ss. e par.). A princípio, Pedro não acreditou no anúncio da ressurreição de Jesus (Lc 24:11), mas ver o túmulo vazio (Lc 24:12; Jo 20:1-10) e a aparição de Jesus no domingo da ressurreição (Lc 24:34; 1Co 15:5), assim como aparições de que outros discípulos falavam mudaram radicalmente sua vida.

    Apenas algumas semanas depois da morte de Jesus, Pedro convertera-se em uma pessoa disposta a confrontar-se com as autoridades judias que, durante a época de Herodes Agripa, estiveram a ponto de executá-lo (At 12).

    Embora a comunidade judeu-cristã de Jerusalém fosse dirigida por todos os apóstolos em seus primeiros tempos, não há dúvida de que Pedro atuava como porta-voz da mesma (At 2:4). Juntamente com João, foi ele quem legitimou a evangelização fora da Judéia (Samaria, At 8; o litoral, At 9:32ss.) e deu o primeiro passo para a evangelização dos não-judeus (At 10:11). Parece ter sido bom seu relacionamento com Paulo (Gl 1:2), exceto um incidente em Antioquia em que Pedro agiu contra as suas convicções para não causar escândalo aos judeus.

    Durante os anos 40:50, a Igreja de Jerusalém esteve sob a direção de Tiago e não de Pedro (At 12:17; 15,13 21:18; Gl 2:9.12), mas este estava presente no Concílio de Jerusalém, no qual apoiou as idéias de Paulo.

    Temos muito poucos dados sobre esse período final de sua vida: quase um quarto de século. Com segurança, desenvolveu um ministério missionário (1Co 9:5), durante o qual, possivelmente, trabalhou em Corinto (1Co 1:12) para, logo mais, concluí-lo com o martírio (Jo 21:19). Considera-se a possibilidade de ter visitado Roma, embora não seja provável que fosse ele o fundador da comunidade dessa cidade. Mais plausível é a tradição que considera sua execução durante a perseguição empreendida por Nero. Das obras que se lhe atribuem, é sua — sem dúvida — a primeira epístola que leva seu nome. Tem-se questionado a autenticidade da segunda, mas o certo é que o livro do Novo Testamento com o qual tem maiores coincidências é exatamente a primeira carta de Pedro. As lógicas diferenças entre ambas as obras não devem ser levadas a extremo, pois dependem não tanto da diversidade de autores como de gênero literário: a primeira é uma epístola e a segunda, uma forma de testamento. Tampouco pode ser descartada a possibilidade de a segunda ser de Pedro, mas ter recebido sua forma final da escrita de um copista.

    Quanto aos Atos de Pedro, o Apocalipse de Pedro e o Evangelho de Pedro não são, realmente, de sua autoria. Tem-se ressaltado a possibilidade de o evangelho de Marcos apresentar, substancialmente, o conteúdo da pregação de Pedro, já que João Marcos aparece como seu intérprete em algumas fontes.

    C. P. Thiede, o. c.; W. H. Griffith Thomas, El apóstol...; f. f. Bruce, Acts...; Idem, New Testament...; C. Vidal Manzanares, El judeo-cristianismo...; O. Cullmann, Peter, Londres 1966; R. f. Brown e outros, Pedro...; R. Aguirre

    (ed.), Pedro en la Iglesia primitiva, Estella 1991.


    pedra, rocha

    Originalmente chamado de Simão, era filho de João (Jo 1:42) e irmão de André (Mt 4:18; Jo 6:8). Pedro era casado e sua esposa o acompanhou em suas viagens (Mt 8:14-1Co 9:5). Antes de ser chamado por Jesus, trabalhava com seu pai como pescador (Mc 1:16-20).

    Pedro não fora educado religiosamente e possuía forte sotaque da região da Galiléia (Mt 26:33). Era, portanto, considerado como ignorante e sem estudos pelos líderes judaicos de Jerusalém (At 4:13).

    A vocação de Pedro

    Pedro sempre encabeça a lista dos discípulos de Jesus, não porque tenha sido o primeiro a ser chamado, mas — como as discussões nas seções seguintes indicarão — devido ao fato de ser líder entre os discípulos. Em Mateus 10:2 lemos: “O primeiro, Simão, chamado Pedro” (também em Mc 3:16; Lc 6:14). Fazia parte do círculo mais íntimo dos discípulos de Cristo, no qual encontravam-se também Tiago e João (Mc 5:37; Mc 9:2; Mc 13:3; Lc 8:51).

    Pedro era um discípulo dedicado, que buscava exercitar a fé, embora demonstrasse um pouco de volubilidade, como revelou o incidente em que Jesus andou sobre a água (Mt 14:28). Ele admitia sua ignorância e a própria pecaminosidade (Mt 15:15; Lc 5:8; Lc 12:41) e, quando tinha dúvidas, fazia muitas perguntas (Jo 13:24). Apesar de receber uma revelação divina a respeito da identidade de Jesus, rejeitou qualquer noção quanto à sua morte, uma atitude que Cristo atribuiu ao próprio diabo. A motivação dele foi considerada de origem terrena, isto é, seu conceito do Messias era que se tratava de um governador terreno, em cujo reino talvez imaginasse a si mesmo no desempenho de um papel importante (Mt 16:23; Mc 8:33). Esteve presente com Tiago e João na Transfiguração (Mc 9:7; Lc 9:28) e ouviu a voz de Deus confirmando que Jesus era seu Filho amado (um incidente do qual deu testemunho em 2Pe 1:18) e exigindo obediência aos ensinos de Cristo (Mt 17:1-6). Pedro aprendeu a importância de os discípulos de Jesus pagarem os impostos aos reis terrenos, não porque tivessem a obrigação, mas porque o não pagamento causaria uma dificuldade para a promoção do Evangelho (Mt 17:27). Questionou sobre o perdão e foi advertido a respeito do que aconteceria com o discípulo que não perdoasse e a tortura que experimentaria (Mt 18:21-35). Foi rápido ao lembrar a Jesus que os discípulos abandonaram tudo para segui-lo e recebeu a promessa de que os doze se sentariam em tronos para julgar Israel (Mt 19:27-30; Mc 10:28; Lc 18:28). Inicialmente não permitiu que Jesus lavasse seus pés e depois pediu que banhasse também suas mãos e sua cabeça, como sinal de limpeza (Jo 13:6-10).

    Pedro é lembrado por contradizer Jesus quando este falou que os discípulos o negariam. Assim como os outros, replicou que estava disposto a morrer e jamais negaria o Mestre (Mt 26:33-35; Mc 14:29; Lc 22:34; Jo 13:36-38). Falhou em vigiar e orar junto com Jesus, apesar do aviso de que o espírito estava preparado, mas a carne era fraca (Mt 26:37-44; Mc 14:33-41). No momento da prisão de Cristo, numa atitude impetuosa, cortou a orelha de Malco, empregado do sumo sacerdote (Jo 18:10). No pátio da casa de Caifás, a determinação de Pedro entrou em colapso, não diante de um tribunal, mas da pergunta de uma jovem empregada. A enormidade de sua negação, em cumprimento à profecia de Jesus de que ela aconteceria antes do amanhecer do dia seguinte, fez com que ele chorasse amargamente (Mt 26:58-69-75; Mc 14:54-66-72; Lc 22:54-62; Jo 18:15-18-25-27). Diante do túmulo vazio, as mulheres receberam instruções de dizer aos discípulos e a Pedro que veriam Jesus na Galiléia (Mc 16:7). Foi ele que a seguir correu ao túmulo vazio e teve dúvida sobre o que tudo aquilo significava (Lc 24:12; Jo 20:2-10). Quando estava no lago de Genesaré, com alguns dos outros discípulos, Jesus apareceu-lhes e mostrou que estava vivo. Pedro, que na ocasião estava no mar, lançou-se na água quando João identificou que era o Senhor e foi em direção ao Mestre. A instrução que Jesus deu da praia sobre o local onde deveriam atirar as redes resultou numa pesca abundante. Depois da refeição, Cristo questionou Pedro sobre o nível de seu amor por ele. Diante da afirmação de sua lealdade, Pedro recebeu a ordem de cuidar do povo de Deus e alimentá-lo espiritualmente. Na mesma ocasião ele foi informado sobre a forma de sua própria morte — por meio da qual Deus seria glorificado (Jo 21:19). Segundo a tradição, tal fato ocorreu em Roma.

    O apostolado de Pedro

    Depois da pergunta feita por Jesus, sobre como as pessoas o viam e o que os próprios discípulos pensavam dele, Pedro foi o primeiro a confessar que Cristo era o Messias prometido no Antigo Testamento. Além disso, reconheceu que era o Filho do Deus vivo e que tinha as palavras de vida eterna (Mt 16:16; Jo 6:68). Essa verdade não se desenvolveu por dedução ou por algum meio humano, mas como revelação do Deus Pai. De acordo com Jesus, esse entendimento de Pedro seria uma grande bênção não somente porque constituía a verdadeira base do Evangelho para entender quem é Jesus, mas também porque esta seria a mensagem que ele proclamaria (Mt 16:17-19). Num jogo de palavras, Cristo disse a Simão que seu nome seria mudado para “Pedro”, para descrever seu papel como apóstolo. Jesus disse que seria “sobre esta pedra” que sua Igreja seria edificada (“Sobre esta pedra” é uma tradução equivocada da frase. Na construção original em grego o verbo é seguido por um particípio que, neste caso, é usado no sentido de construir algo em frente de e não sobre algo). Seria “diante desta pedra” (petros) que Jesus edificaria sua Igreja (assembléia). Israel havia-se reunido numa assembléia solene diante do monte Sinai para ouvir a Palavra de Deus, isto é, “o Livro da Aliança”, lido por Moisés. Os israelitas endossaram a leitura e foram formalmente constituídos como povo de Deus, depois da salvação do Egito (Ex 24:1-11). Assim também a Palavra de Deus, isto é, o Evangelho na boca de Pedro, seria o meio pelo qual os judeus que abraçassem a salvação oferecida por Jesus constituiriam o povo de Deus naquela assembléia. Jesus, entretanto, disse a Pedro que “as portas do inferno”, isto é, as hostes malignas, jamais prevaleceriam contra a Igreja, pois tal é o poder concedido por Jesus. Pedro foi o apóstolo dos judeus na Palestina, possivelmente em Corinto (1Co 1:12) e também na Babilônia [que a tradição diz ser Roma] (2Pe 5:13).

    De fato vemos esta promessa de Jesus cumprir-se em Atos, pois foi Pedro quem proclamou o Evangelho no dia de Pentecostes, quando aproximadamente 3:000 judeus de Jerusalém e da diáspora foram salvos. Seu discurso demonstrou seu conhecimento do Antigo Testamento, quando citou Joel 2:28-32 como explicação para o fenômeno de judeus de diferentes partes do Império Romano ouvirem as “grandezas de Deus”, isto é, o Evangelho, proclamadas em sua própria língua materna. No mesmo discurso, ele mencionou também o Salmo 16:8-11, para mostrar que a morte jamais alcançaria vitória sobre Jesus e que o derramamento do Espírito Santo era a prova de que Jesus fora exaltado como Senhor, conforme o Salmo 110:1 dizia que Ele seria (At 2:1-42).

    Novamente Pedro foi o pregador que explicou à multidão que o milagre da cura do coxo na Porta Formosa não fora operado por ele, mas pelo poder do Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Foi esse Senhor que glorificara seu servo Jesus cujo sofrimento fora predito por todos os profetas. Pedro proclamou que Jesus era aquele sobre o qual Moisés falou em Deuteronômio 18:15-19 e que os que se recusassem a aceitá-lo seriam destruídos. Ele declarou que a bênção sobre todas as famílias da Terra, conforme predito na promessa abraâmica em Gênesis 12:3, agora realizara-se na morte e ressurreição de Cristo. Os judeus, portanto, eram os primeiros a ter a oportunidade de receber essa bênção, por meio dos arrependimento dos pecados. Em face do interrogatório por parte dos líderes judaicos, Pedro declarou que o milagre fora operado no nome do Senhor Jesus, o Messias ressurrecto, a pedra rejeitada que é mencionada no Salmo 118:22, a única em que a salvação estava alicerçada. A tentativa dos líderes de silenciar Pedro e João falhou quando ambos declararam que não podiam ficar em silêncio, pois o papel deles como apóstolos os compelia a dar testemunho do que tinham visto e ouvido (At 3:1-4:22).

    Cornélio, um homem temente a Deus, foi o primeiro gentio a ouvir o Evangelho, por meio da pregação de Pedro. Tal palavra foi declarada como a mensagem da paz enviada por Jesus, o Messias, que se tornou Senhor de todos, após sua morte e ressurreição. Cristo deu aos discípulos a tarefa de testemunhar que Ele era o que Deus apontou como juiz dos vivos e dos mortos. Jesus tinha assegurado a remissão dos pecados para todo aquele que cresse nele, como todos os profetas testificaram que aconteceria (At 10:34-44).

    Foi Pedro também quem declarou aos líderes da Igreja na Judéia que Deus concedera a salvação também aos gentios mediante a pregação da Palavra de Deus, oferecida por Jesus Cristo. Sua relutância natural em levar-lhes o Evangelho, pois era judeu, foi vencida pela visão divina e as circunstâncias miraculosas pelas quais os mensageiros de Cornélio foram dirigidos até a casa onde ele estava hospedado (At 10:1-23; At 11:1-18). Aconselhou a assembléia reunida em Jerusalém a discutir a questão polêmica da circuncisão dos novos cristãos e da obediência deles às leis judaicas. Segundo Pedro, não deviam tentar a Deus, ao colocar sobre os gentios convertidos o jugo da Lei que nem os próprios judeus conseguiam carregar. Declarou que os gentios foram salvos pela graça de Deus, da mesma maneira que os judeus cristãos (At 15:7-11).

    Foi Pedro quem liderou os procedimentos para a eleição de Matias (At 1:15-26). O livro de Atos mostra também que ele tomou a iniciativa e falou contra a fraude de Ananias e Safira (At 5:1-4). Foi liberto da prisão e da morte certa de maneira sobrenatural em Atos 12:1-20; na cidade de Jope, um milagre foi operado por meio dele, ou seja, a ressurreição de Dorcas (At 10:36-43).

    Os escritos de Pedro

    De acordo com Papias, um escritor cristão do século II, o evangelho de Marcos reflete o ensino de Pedro. Realmente, de acordo com a tradição, este jovem evangelista [Marcos] atuou como escriba, pois registrou tudo o que este apóstolo ensinou. Certamente existem incríveis paralelos entre este evangelho e as linhas gerais da vida e do ministério de Jesus na pregação de Pedro ao centurião Cornélio. Em Marcos, o Evangelho de Jesus começa na Galiléia, depois da pregação de João Batista e da unção do Espírito Santo. O ministério de Cristo foi descrito a Cornélio em termos de fazer o bem, curar os oprimidos pelo diabo, a crucificação e a ressurreição (At 10:36-43). Certamente o sermão de Pedro, o qual é apenas um resumo geral em Atos, forma um paralelo surpreendente com os eventos narrados no evangelho de Marcos.

    I Pedro descreve seu autor como “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo” e “testemunha das aflições de Cristo” (1Pe 1:1-1Pe 5:1); a carta é endereçada aos cristãos dispersos na região que atualmente é o norte da Turquia. Foi escrita por Silvano (1Pe 5:12; para mais detalhes, veja Silas, Silvano).

    Uma das características dessa carta é o uso do Antigo Testamento; Pedro não somente citou passagens específicas como escolheu situações idênticas àquelas enfrentadas pelos cristãos, para apoiar seus argumentos. Ele faz a mesma coisa em seus discursos em Atos. De fato, ao começar esta carta, declara que os cristãos são os “eleitos” de Deus dispersos, não na Babilônia, como os israelitas ficaram enquanto aguardavam o retorno para Jerusalém, mas espalhados pelas províncias do Império Romano, até que recebessem a herança eterna no céu.

    Numa forte introdução trinitariana, Pedro descreveu a obra do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, que assegurava a salvação (1Pe 1:2). Depois, explicou sistematicamente a maneira como cada membro da Trindade contribuía nessa obra (1Pe 1:3-12). Esse fundamento da fé capacitaria os cristãos a esperar com confiança pela herança no céu.

    Pedro falou ao povo disperso de Deus sobre o modus vivendi, em face da suspeita e do antagonismo. Assim como Jeremias 29:7 descreve em uma situação similar, jamais deviam ser autoindulgentes, mas sim buscar o bem-estar da cidade em que vivessem. Se fizessem isso, apresentariam um estilo de vida de boas obras, o qual confirmaria o Evangelho quando fosse pregado para os outros (1Pe 2:11-12). Com esse tema principal, Pedro examinou sistematicamente várias esferas da vida, e em cada uma delas exortou os crentes a fazer o bem — ou seja, na vida civil, nas situações domésticas, no casamento e na sociedade em geral (1Pe 2:13-3:12).

    Pedro deu grande ênfase à obra de Cristo como exemplo de amor e vida cristã (1Pe 1:18ss). Baseou-se nos sofrimentos de Jesus, a fim de demonstrar que ninguém deve desistir diante das presentes adversidades, mas, sim, sempre fazer o bem, o verdadeiro significado da vida cristã (1Pe 3:14-4:2). Era a vontade de Deus que assim fosse, ou seja, que silenciassem as acusações sem fundamento lançadas contra eles e encomendassem a alma ao Todo-poderoso (1Pe 2:15-1Pe 4:19).

    Num mandamento que lembrava a comissão de Jesus — “apascenta minhas ovelhas” (Jo 21:15-17), semelhantemente Pedro convocou os líderes cristãos a exercer o ministério, não contra a vontade ou por ganância, nem como um meio de dominar outras pessoas, mas, sim, liderar pelo exemplo e ser assim recompensados pelo sumo Pastor (1Pe 5:1-4). Os membros mais jovens, bem como toda a congregação, foram exortados a se humilhar sob a poderosa mão de Deus, a fim de receber a promessa de que a ansiedade e o sofrimento são dessa maneira suportados. O Senhor sempre usa tais adversidades para desenvolver maior estabilidade em suas vidas cristãs (1Pe 5:5-11).


    1. Pedro é referida como a carta que fala sobre a verdadeira graça de Deus (cf At 15:11) na qual os cristãos são exortados a permanecer firmes (1Pe 5:12), a despeito das dificuldades e da discriminação que sofriam. Não deviam ceder às indulgências da natureza humana, porque tais atividades no final seriam julgadas com imparcialidade pelo Pai (1Pe 1:17-1Pe 2:11; 1Pe 4:3-4).


    2. Pedro foi escrita para os cristãos descritos como os que obtiveram uma fé idêntica à dos apóstolos, por meio da “justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 1:1). Os destinatários foram os mesmos da primeira carta, conforme Pedro diz: “Esta é a segunda carta que vos escrevo” (2Pe 3:1). Sua ênfase é sobre o crescimento na vida cristã e a importância do registro do seu testemunho nos eventos da vida de Cristo para refutar o falso entendimento. A declaração feita sobre a morte sugere que sua vida terrena estava próxima do fim (2Pe 1:14-15; cf. Jo 21:19-20).

    A confiabilidade das “grandíssimas e preciosas promessas de Deus” seria a base da confiança dos cristãos na salvação (2Pe 1:2-4). Pedro declarou que o desenvolvimento da vida cristã não era automático, mas exigia fé nas promessas do Senhor. Bondade, conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade e fraternidade eram virtudes que deviam abundar dentro do contexto essencial da fé, para que o conhecimento de Jesus como Senhor não fosse improdutivo. A abundância de tais atributos garantiria a entrada jubilosa do cristão no céu (2Pe 1:4-11)..

    A ênfase na lembrança do testemunho apostólico da transfiguração e a palavra do próprio Deus a respeito de seu Filho tinha como objetivo refutar as fábulas inventadas, semelhantemente ao uso que Pedro fazia das Escrituras do Antigo Testamento. Havia falsos mestres na comunidade cristã cujo estilo de vida e a maneira como exploravam os cristãos eram detalhadamente descritos com a ajuda dos incidentes tirados do Antigo Testamento (2Pe 2). Os falsos mestres perturbavam os cristãos com zombarias sobre a demora da vinda de Cristo, o ensino-padrão sobre a certeza dela e a necessidade de vigilância (2Pe 3:1-13; cf. Mc 13).

    Existe uma importante referência aos ensinos de Paulo como textos canônicos, pois Pedro indicou que eram mal empregados, assim como as “outras Escrituras” (2Pe 3:14-16). A despeito do incidente em Antioquia, quando evitou comer junto com os gentios depois da chegada de outros judeus, Pedro não alimentou nenhum ressentimento contra o apóstolo Paulo pela maneira justificada como repreendeu sua atitude. De fato, referiu-se a ele como “nosso amado irmão Paulo”, o qual falava segundo a sabedoria divina que lhe fora dada (2Pe 3:15; cf. Gl 2:11-14; cf. At 10:9-16; At 11:1-8).

    Como um apóstolo que recebera a responsabilidade de apascentar as ovelhas do Senhor, Pedro permaneceu fiel à sua tarefa e concluiu sua última carta com a exortação para que os cristãos crescessem na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2Pe 3:18).

    Pedro foi indicado por Jesus como o principal apóstolo entre os judeus, papel que desempenhou ao estabelecer a Igreja de Cristo por meio da pregação do Evangelho e apascentar fielmente o rebanho de Deus até o final de sua vida. B.W.


    Nome Grego - Significado: Rocha, pedra.

    Ter

    verbo transitivo direto Passar a possuir; receber: tiveram o contrato da casa.
    Ser o dono ou usufruir de; possuir: ele tem dois carros; ele não teve herança.
    Possuir a autoridade ou o domínio sobre: tinha um povo.
    Deter a posse de alguma coisa para uso próprio: ela não tem computador.
    Conseguir por meio de pagamento: tive o carro por uma pechincha.
    Portar, carregar consigo: você tem uma caneta?
    Passar pela experiência de; experienciar: tive a alegria de conhecê-la.
    Possuir como elemento; apresentar: certas bicicletas têm amortecedores.
    Expressar certa quantidade ou comprimento: o prédio de três andares tem 12 metros.
    Ser composto por: este CD tem 25 músicas.
    Possuir a ajuda de: não temos muitos funcionários.
    Medir o tempo de vida ou a idade de: minha filha tem 10 anos.
    Descrever os que ainda estão vivos ou mortos: não tinha avô paterno; tinha sete filhos para educar.
    Possuir determinada ocupação; possuir: tinha o cargo de professor.
    Fazer com que se realize; efetuar: ainda teremos dois convidados.
    Ser o motivo ou razão de: o professor têm muitos alunos.
    Usufruir de determinado
    (s): direito
    (s): ou benefício(s): não teve seus direitos respeitados; temos o direito de participar.

    Possuir qualquer tipo de vínculo: o casal têm dois filhos.
    Receber certa informação: tivemos esta semana avisos de contas.
    Proceder; comportar-se com: tenha atenção aos obstáculos.
    Sentir: tinha muita fome!
    Assumir certa opinião: tinha um ponto de vista irônico.
    Receber em sua residência: tive-a em minha casa semana passada.
    verbo transitivo direto e bitransitivo Permanecer em certo local ou posição; conservar: queria ter deitado.
    Guardar de modo particular; conseguir para si: no futuro, ainda terei um amor; tenho-a nas lembranças.
    Ser o alvo dos ensinamentos de outrem: nunca teve aulas de inglês.
    Passar a ter o conhecimento de; sentir: tinha muito amor.
    verbo transitivo direto e transitivo direto predicativo Demonstrar ou definir-se por: tinha serenidade; tinha um humor horrível.
    verbo transitivo direto , transitivo direto predicativo e bitransitivo Trazer por um instante: tinha os cabelos presos.
    verbo transitivo direto , transitivo direto predicativo e pronominal Fazer considerações acerca de; julgar-se: tenho que você foi o melhor candidato; sua mãe sempre a tivera como inteligente.
    verbo transitivo direto e predicativo Colocar à disposição de: eu tenho dinheiro a oferecer.
    verbo bitransitivo Estar relacionado com: o assunto tem a ver com o tema.
    Obter por meio de transferência; herdar: da mãe teve a sabedoria.
    Carregar junto de si: tinha um sofrimento imenso.
    verbo pronominal Estar ou passar a estar em certo local; passar: teve-se em viagens.
    Demonstrar uma dedicação excessiva a; apegar-se: nunca se teve aos avós.
    Valer-se de; expressar valor ou interesse por: tem-se em excesso à igreja.
    substantivo masculino plural Teres. Aquilo que se possui; bens ou posses.
    Etimologia (origem da palavra ter). Do latim tenere.

    Há um fluido etéreo que enche o espaço e penetra os corpos. Esse fluido é o éter ou matéria cósmica primitiva, geradora do mundo e dos seres. [...]
    Referencia: KARDEC, Allan• A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo• Trad• de Guillon Ribeiro da 5a ed• francesa• 48a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 6, it• 10

    [...] matéria-prima, o substratum definitivo de todos os movimentos. [...]
    Referencia: DENIS, Léon• O grande enigma• 13a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 1

    [...] O éter do espaço é o elo conector. No mundo material, ele é a realidade fundamental, substancial. No mundo espiritual, as realidades da existência são outras e muito mais elevadas; porém, quanto ao modo por que atua o éter, mal podemos presentemente suspeitar.
    Referencia: FINDLAY, J• Arthur• No limiar do etéreo, ou, Sobrevivência à morte cientificamente explicada• Traduzido do inglês por Luiz O• Guillon Ribeiro• Prefácio de Sir William Barret• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1981• - cap• 2

    O éter do espaço pode agora ser tido como um grande elo a ligar o mundo da matéria ao do espírito; é a substância comum a ambos esses mundos. Ambos se contêm dentro dela, dela fazendo parte e sendo dela formados. [...]
    Referencia: FINDLAY, J• Arthur• No limiar do etéreo, ou, Sobrevivência à morte cientificamente explicada• Traduzido do inglês por Luiz O• Guillon Ribeiro• Prefácio de Sir William Barret• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1981• - cap• 2

    [...] fluido que gerou tudo o que existe. Sem ele nada existiria, e com ele tudo pode ser produzido. [...]
    Referencia: FREIRE, Antônio J• Ciência e Espiritismo: da sabedoria antiga à época contemporânea• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - O éter cósmico

    O éter, ou fluido cósmico universal, que envolve toda a criação.
    Referencia: PEREIRA, Yvonne A• Ressurreição e vida• Pelo Espírito Léon Tolstoi• 2a ed• esp• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 8

    Se, como desencarnados, começamos a examiná-lo na sua essência profunda, para os homens da Terra o éter é quase uma abstração. De qualquer modo, porém, busquemos entendê-lo como fluido sagrado da vida, que se encontra em todo o cosmo; fluido essencial do Universo, que, em todas as direções, é o veículo do pensamento divino.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• O Consolador• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - q• 20


    Tiago

    -

    -

    Vocábulo grego, que pode ser transliterado como Jacó. No Novo Testamento, quatro personagens têm esse nome. Todos eles estão intimamente relacionados com Jesus Cristo. O primeiro, filho mais novo de José e Maria, tornou-se um líder importante na 1greja primitiva, dois eram apóstolos e o quarto era pai de um dos apóstolos.


    1. Veja acima, Tiago, irmão de Jesus.


    2. Tiago, filho de Zebedeu. Apóstolo e também irmão do evangelista João. É mencionado nos três primeiros evangelhos e em Atos 1:12.

    Provavelmente sua cidade natal era Cafarnaum. Sabe-se que Tiago e seu irmão João eram sócios de Pedro num negócio de pesca no mar da Galiléia (Lc 5:10). Também está evidente que a casa de Simão era nessa cidade (Mc 1:29).

    As sociedades nos negócios da pesca envolviam várias gerações. Zebedeu, o pai de Tiago, também era sócio de Pedro e João (Mt 4:21). Aparentemente era um trabalho bem lucrativo, pois possuíam “empregados” (Mc 1:20). Quando Jesus chamou Tiago (bem como Pedro e João) para segui-lo e ser seu discípulo, ele estava envolvido com a pesca (Mc 1:20). Posteriormente, depois de passar a noite em oração, Cristo o chamou para fazer parte do grupo dos doze (Lc 6:12-14). Seu nome aparece em terceiro lugar nas passagens que relacionam os apóstolos (Mt 10:2; Mc 3:17; Lc 6:14; At 1:13).

    Na lista dos apóstolos em Marcos, um apelido que Jesus colocara nos irmãos Tiago e João é explicado. Foram chamados Boanerges, que significa “filhos do trovão” (Mc 3:17). Aparentemente o apelido descrevia a personalidade tempestiva que os irmãos demonstraram quando foram chamados por Jesus e durante o período de treinamento. O desejo de “mandar descer fogo do céu”, para consumir uma aldeia de samaritanos (Lc 9:54), é um bom exemplo de como Tiago e João eram impetuosos e iracundos, quando seguiam suas inclinações naturais.

    Como o nome de Tiago é colocado antes do de João em todas as três listas apostólicas, nos evangelhos, é bem provável que ele fosse o mais velho dos dois irmãos. É interessante notar que em algumas versões, no grego, o nome de João é colocado antes do de Tiago, na cena do cenáculo em Atos 1:13. Já que o nome de André, irmão de Pedro, está separado deste e colocado depois do de Tiago (v. 13), parece que os dois mais proeminentes apóstolos na 1greja primitiva, Pedro e João, recebem desta maneira a honra de ser mencionados em primeiro lugar (v. 13).

    Talvez fosse difícil para Tiago, o mais velho, observar o irmão mais novo adquirir maior reconhecimento como líder do que ele próprio. Não há, entretanto, nenhuma indicação no livro de Atos de inveja ou rivalidade por parte dele, naqueles primeiros anos da Igreja.

    Não se pode dizer que Tiago e João tenham sido sempre tão abnegados. Além de iracundos (Mc 3:17), ao que parece também eram extremamente ambiciosos. É provável que tenham herdado essa característica de um dos pais, ou de ambos, conforme observamos no incidente em que a mãe deles, esposa de Zebedeu, aproximou-se de Jesus e pediu-lhe que concedesse aos dois filhos posições de honra em seu reino (Mt 20:20-21). Jesus disse aos três que, em seu reinado, o maior serve ao menor (vv. 26,27).

    O pedido de Tiago, João e da mãe deles provavelmente esteja baseado numa má interpretação do papel de honra que Jesus já atribuíra aos dois filhos de Zebedeu e a Simão Pedro. Os três compunham um tipo de círculo mais íntimo dentro do grupo apostólico. Por exemplo, foram os únicos que tiveram permissão para acompanhar Jesus quando a filha de Jairo, o líder da sinagoga, foi restaurada à vida (Mc 5:37-42). Também foram os três que Cristo levou consigo ao monte da Transfiguração (Mt 17:1-2). Finalmente, foram eles três também que acompanharam Jesus quando este se separou dos demais para orar, no jardim Getsêmani (Mt 26:36-37).

    Dados os vislumbres do papel de liderança de Pedro e João entre os apóstolos e os seguidores de Jesus na primeira parte do livro de Atos, é bem possível que o trio tenha sido treinado por Cristo para tal papel, por meio do relacionamento mais íntimo e privilegiado que tinham com Ele. Se foi assim, Tiago provavelmente ocupou uma posição de responsabilidade na liderança da recém-formada Igreja, fato este, entretanto, não muito citado no livro de Atos. Certamente a menção de seu nome junto com os outros apóstolos no cenáculo (At 1:13) indica que teve importante participação no dia de Pentecostes (At 2:14), no ensino fundamental dos apóstolos (At 2:42) e na defesa deles diante do Sinédrio (At 5:29).

    A última menção deste Tiago no Novo Testamento é concernente à sua morte nas mãos do rei Herodes Agripa (At 12:1-2). Outros cristãos foram presos junto com ele, na perseguição ordenada pelo rei (v. 1). Ao que parece, este monarca desejava que a execução de Tiago fosse uma advertência para a Igreja (vv. 1,2). Qualquer vantagem, entretanto, que este Herodes provavelmente pensou adquirir, ao matar Tiago, teve pouca duração. Logo depois Pedro foi solto da prisão de forma sobrenatural (vv. 3-19), o que talvez tenha causado um grande embaraço ao rei. O próprio Agripa teve uma morte trágica, logo depois, a qual Josefo descreveu como causada por violentas dores estomacais, ocasião em que os vermes comeram suas entranhas, estando ele ainda vivo. A Bíblia atribui sua morte ao fato de não ter dado glória a Deus (v. 23), o que pode incluir o castigo pela perseguição aos cristãos, junto com o martírio de Tiago. A.B.L.


    3. Tiago, filho de Alfeu. Um dos dois apóstolos de Jesus que atendiam pelo nome de Tiago — o outro era Tiago, filho de Zebedeu. Mencionado em cada uma das listas dos doze, no Novo Testamento (Mt 10:3; Mc 3:18; Lc 6:15; At 1:13); em Mateus, faz par com Tadeu. Marcos 15:40 refere-se a ele como “Tiago, o menor”, talvez para se referir à sua altura, porém é mais provável que fosse pelo fato de ser mais jovem do que o outro. Essa mesma passagem também diz que sua mãe era Maria; o texto paralelo em João 19:25 dá a entender que ela era irmã de Maria, mãe de Jesus. Se isso for correto, então Tiago, filho de Alfeu, era primo de Jesus. Nada mais se sabe sobre ele com certeza. C.B.


    4. Tiago, o pai de Judas (não o Iscariotes), o apóstolo. Mencionado apenas em Lucas 6:16 e Atos 1:13. Seu filho também era conhecido como Tadeu, listado como um dos apóstolos em Mateus 10:3 e Marcos 3:18. O nome Tadeu não é encontrado na lista dos discípulos de Jesus, nas quais “Judas, filho de Tiago” é incluído (Lc 6:16; At 1:13).


    Tiago [forma moderna de JACÓ]


    1) Apóstolo, filho de Zebedeu e irmão mais velho do apóstolo João (Mc 1:19; 3.17). Era pescador (Lc 5:10). É mencionado em Mt 17:1-8 e Mc 10:41. Foi morto por ordem de HERODES AGRIPA I (At 12:2).


    2) Apóstolo, filho de Alfeu (Mt 10:3; At 1:13).


    3) Irmão de Jesus (Mt 13:55), convertido após a ressurreição (Jo 7:5), e pastor da Igreja de Jerusalém (At 12:17; 15.13 21:18; Gl 1:19; 2.9). Foi morto em 62.


    4) Pai do apóstolo Judas, não o Iscariotes (At 1:13).

    =========================

    EPÍSTOLA DE TIAGO

    Carta em que os seguidores de Cristo são encorajados a pôr em prática os princípios cristãos de vida. O autor, que se chama de “mestre” (3.1), fala de pobreza e riqueza, tentação, preconceito, maneira de viver, o falar, o agir, o criticar, orgulho e humildade, paciência, oração e fé. Não basta crer; é preciso também agir (2.26).


    Tiago 1. “O maior”, filho de Zebedeu e irmão do apóstolo João. Participou do grupo dos três discípulos mais íntimos de Jesus (Mt 5:37; 26,37). Por volta de 44 d.C. foi executado por ordem de Agripa I (At 12:2).

    2. O filho de Alfeu. Um dos doze apóstolos (Mt 10; Mc 3; Lc 6; At 1).

    3. O menor. Filho da outra Maria (Mc 16:1; Mt 28:1) sobre a qual não possuímos outras informações.

    4. O justo ou irmão do Senhor. Um dos irmãos de Jesus (Mt 13:55; Mc 6:3), convertido em conseqüência de uma aparição de Jesus após sua ressurreição (1Co 15:7). Dirigia a Igreja de Jerusalém (At 15:1.20), onde morreu mártir no ano 62 aproximadamente. Foi o autor da Carta de Tiago, uma das epístolas católicas ou universais, que figuram no Novo Testamento.

    K. L. Carroll, “The place of James in the Early church” em BJRL, 44, 1961; C. Vidal Manzanares, El judeo-cristianismo...; Idem, El Primer Evangelio...; f. f. Bruce, New Testament...


    Strongs

    Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
    καί παραλαμβάνω μετά ἑαυτού Πέτρος Ἰάκωβος καί Ἰωάννης ἄρχομαι ἐκθαμβέω καί ἀδημονέω
    Marcos 14: 33 - Texto em Grego - (BGB) - Bíblia Grega Bereana

    E ele tomou consigo Pedro e Tiago e João, e começou a ficar aflito, e profundamente abatido;
    Marcos 14: 33 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

    6 de Abril de 30. Cerca de meia-noite de quinta para sexta
    G1568
    ekthambéō
    ἐκθαμβέω
    Gileade / monte de testemunho
    (Gilead)
    Substantivo
    G2385
    Iákōbos
    Ἰάκωβος
    filho de Zebedeu, apóstolo e irmão do apóstolo João, comumente chamado de Tiago
    (James)
    Substantivo - acusativo masculino singular
    G2491
    Iōánnēs
    Ἰωάννης
    traspassado, fatalmente ferido, furado
    (the slain)
    Substantivo
    G2532
    kaí
    καί
    desejo, aquilo que é desejável adj
    (goodly)
    Substantivo
    G3326
    metá
    μετά
    .. .. ..
    (.. .. ..)
    Substantivo
    G3588
    ho
    para que
    (that)
    Conjunção
    G3880
    paralambánō
    παραλαμβάνω
    tomar a, levar consigo, associá-lo consigo
    (to receive)
    Verbo - Aoristo (pretérito não qualificado de um verbo sem referência à duração ou conclusão da ação) infinitivo ativo
    G4074
    Pétros
    Πέτρος
    um povo descendente do filho de Jafé que também habitou o território da Média n pr loc
    (and Madai)
    Substantivo
    G756
    árchomai
    ἄρχομαι
    ser o primeiro a fazer (algo), começar
    (began)
    Verbo - aorista (pretérito não qualificado de um verbo sem referência à duração ou conclusão da ação) indicativo médio - 3ª pessoa do singular
    G846
    autós
    αὐτός
    dele
    (of him)
    Pronome Pessoal / Possessivo - Genitivo Masculino 3ª pessoa do singular
    G85
    adēmonéō
    ἀδημονέω
    Abraão
    (Abraham)
    Substantivo


    ἐκθαμβέω


    (G1568)
    ekthambéō (ek-tham-beh'-o)

    1568 εκθαμβεω ekthambeo

    de 1569; TDNT - 3:4,*; v

    1. sentir terror ou estar maravilhado
      1. alarmar grandemente, aterrorizar
    2. estar assustado em perplexidade
      1. estar completamente perplexo, pasmo
      2. estar assustado com terror

    Ἰάκωβος


    (G2385)
    Iákōbos (ee-ak'-o-bos)

    2385 Ιακωβος Iakobos

    o mesmo que 2384 grecizado; n pr m Tiago = “suplantador”

    filho de Zebedeu, apóstolo e irmão do apóstolo João, comumente chamado de Tiago Maior ou o presbítero, assassinado por Herodes, Atos 12

    um apóstolo, filho de Alfeu, chamado o menor

    Tiago, o meio-irmão de Cristo

    um Tiago desconhecido, pai do apóstolo Judas (?)


    Ἰωάννης


    (G2491)
    Iōánnēs (ee-o-an'-nace)

    2491 Ιοαννης Ioannes

    de origem hebraica 3110 יוחנן; n pr m

    João = “Jeová é um doador gracioso”

    João Batista era filho de Zacarias e Elisabete, e o precussor de Cristo. Por ordem de Herodes Antipas, foi lançado na prisão e mais tarde decapitado.

    João, o apóstolo, escritor do quarto evangelho, filho de Zebedeu e Salomé, irmão de Tiago. É aquele discípulo (sem menção do nome) chamado no quarto evangelho de “o discípulo amado” de Jesus. De acordo com a opinião tradicional, é o autor do Apocalipse.

    João, cognominado Marcos, companheiro de Barnabé e Paulo At 12:12.

    João, um membro do Sinédrio At 4:6.


    καί


    (G2532)
    kaí (kahee)

    2532 και kai

    aparentemente, uma partícula primária, que tem uma ação aditiva e algumas vezes também uma força acumulativa; conj

    1. e, também, até mesmo, realmente, mas

    μετά


    (G3326)
    metá (met-ah')

    3326 μετα meta

    preposição primária (com freqüencia usada adverbialmente); TDNT - 7:766,1102; prep

    1. com, depois, atrás


    (G3588)
    ho (ho)

    3588 ο ho

    que inclue o feminino η he, e o neutro το to

    em todos as suas inflexões, o artigo definido; artigo

    1. este, aquela, estes, etc.

      Exceto “o” ou “a”, apenas casos especiais são levados em consideração.


    παραλαμβάνω


    (G3880)
    paralambánō (par-al-am-ban'-o)

    3880 παραλαμβνω paralambano

    1. de 3844 e 2983; TDNT - 4:11,495; v

      tomar a, levar consigo, associá-lo consigo

      1. um associado, companheiro
      2. metáf.
        1. aceitar ou reconhecer que alguém é tal como ele professa ser
        2. não rejeitar, não recusar obediência
    2. receber algo transmitido
      1. ofício a ser cumprido ou desempenhádo
      2. receber com a mente
        1. por transmissão oral: dos autores de quem a tradição procede
        2. pela narração a outros, pela instrução de mestres (usado para discípulos)

    Πέτρος


    (G4074)
    Pétros (pet'-ros)

    4074 πετρος Petros

    aparentemente, palavra primária; TDNT - 6:100,835; n pr m

    Pedro = “uma rocha ou uma pedra”

    1. um dos doze discípulos de Jesus

    ἄρχομαι


    (G756)
    árchomai (ar'-khom-ahee)

    756 αρχομαι archomai

    voz média de 757 (pela implicação de precedência); TDNT - 1:478,*; v

    1. ser o primeiro a fazer (algo), começar
    2. ser o chefe, líder, principal
    3. começar, fazer o começo

    αὐτός


    (G846)
    autós (ow-tos')

    846 αυτος autos

    da partícula au [talvez semelhante a raiz de 109 pela idéia de um vento instável] (para trás); pron

    1. ele próprio, ela mesma, eles mesmos, de si mesmo
    2. ele, ela, isto
    3. o mesmo

    ἀδημονέω


    (G85)
    adēmonéō (ad-ay-mon-eh'-o)

    85 αδημονεω ademoneo

    De um derivado de adeo (estar cheio de ódio); v

    1. estar ansioso, em grande aflição ou angústia, deprimido

      Esta é a mais forte das três palavras gregas (85, 916, 3076) no NT para depressão