Enciclopédia de João 3:5-5

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

jo 3: 5

Versão Versículo
ARA Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
ARC Jesus respondeu: Na verdade, na verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
TB Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
BGB ⸀ἀπεκρίθη Ἰησοῦς· Ἀμὴν ἀμὴν λέγω σοι, ἐὰν μή τις γεννηθῇ ἐξ ὕδατος καὶ πνεύματος, οὐ δύναται εἰσελθεῖν εἰς τὴν βασιλείαν τοῦ θεοῦ.
HD Jesus respondeu: Amém , amém, {eu} te digo que se alguém não for gerado de água e espírito, não pode entrar no Reino de Deus.
BKJ Jesus respondeu: Na verdade, na verdade eu te digo: Se um homem não nascer da água e do Espírito, ele não pode entrar no reino de Deus.
LTT Respondeu Jesus: "Em verdade, em verdade te digo: se algum homem não for nascido proveniente- de- dentro- da água e (, ademais,) proveniente- de- dentro- de o Espírito (Santo), não pode entrar para o reinar de Deus.
BJ2 Respondeu-lhe Jesus: "Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer[z] da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.
VULG Respondit Jesus : Amen, amen dico tibi, nisi quis renatus fuerit ex aqua, et Spiritu Sancto, non potest introire in regnum Dei.

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de João 3:5

Isaías 44:3 Porque derramarei água sobre o sedento e rios, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes.
Ezequiel 36:25 Então, espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei.
Mateus 3:11 E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
Mateus 5:20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.
Mateus 18:3 e disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus.
Mateus 28:19 Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
Marcos 16:16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
Lucas 13:3 Não, vos digo; antes, se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
Lucas 13:5 Não, vos digo; antes, se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
Lucas 13:24 Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão.
João 1:13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.
João 3:3 Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.
Atos 2:38 E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.
Atos 3:19 Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor.
Romanos 8:2 Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.
Romanos 14:17 porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
I Coríntios 2:12 Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.
I Coríntios 6:11 E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus.
II Coríntios 5:17 Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.
Gálatas 6:15 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.
Efésios 2:4 Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
Efésios 5:26 para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
II Tessalonicenses 2:13 Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade,
Tito 3:4 Mas, quando apareceu a benignidade e o amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens,
I Pedro 1:2 eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam multiplicadas.
I Pedro 3:21 que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo;
I João 2:29 Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele.
I João 5:1 Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido.
I João 5:6 Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade.


Notas de rodapé da Bíblia (HD) - Haroldo Dutra

As notas de rodapé presentes na Bíblia versão Haroldo Dutra são comentários e explicações adicionais fornecidos pelo tradutor para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas de rodapé são baseadas em pesquisas, análises históricas, culturais e linguísticas, bem como em outras referências bíblicas, a fim de fornecer um contexto mais profundo e uma interpretação mais precisa do significado original do texto. As notas de rodapé são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.
João 3 : 5
Amém
άμην (amém), transliteração do vocábulo hebraico אָמֵן Trata- se de um adjetivo verbal (ser firme, ser confiável). O vocábulo é frequentemente utilizado de forma idiomática (partícula adverbial) para expressar asserção, concordância, confirmação (realmente, verdadeiramente, de fato, certamente, isso mesmo, que assim seja). Ao redigirem o Novo Testamento, os evangelistas mantiveram a palavra no original, fazendo apenas a transliteração para o grego, razão pela qual também optamos por mantê-la intacta, sem tradução.

João 3 : 5
de água e espírito
Trata-se de uma preposição que indica a origem, o material, a substância de algo.

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Principais acontecimentos da vida terrestre de Jesus

O começo do ministério de Jesus

DATA

LUGAR

ACONTECIMENTO

MATEUS

MARCOS

LUCAS

JOÃO

29 d.C., c. outubro

Rio Jordão, talvez em Betânia do outro lado do Jordão, ou perto dela

Jesus é batizado e ungido; Jeová o reconhece como seu Filho e lhe dá sua aprovação

Mt 3:13-17

Mc 1:9-11

Lc 3:21-38

Jo 1:32-34

Deserto da Judeia

É tentado pelo Diabo

Mt 4:1-11

Mc 1:12-13

Lc 4:1-13

 

Betânia do outro lado do Jordão

João Batista identifica Jesus como o Cordeiro de Deus; os primeiros discípulos se juntam a Jesus

     

Jo 1:15-29-51

Caná da Galileia; Cafarnaum

Primeiro milagre, água transformada em vinho; visita Cafarnaum

     

Jo 2:1-12

30 d.C., Páscoa

Jerusalém

Purifica o templo

     

Jo 2:13-25

Conversa com Nicodemos

     

Jo 3:1-21

Judeia; Enom

Vai à zona rural da Judeia, seus discípulos batizam; João dá seu último testemunho sobre Jesus

     

Jo 3:22-36

Tiberíades; Judeia

João é preso; Jesus viaja para a Galileia

Mt 4:12-14:3-5

Mc 6:17-20

Lc 3:19-20

Jo 4:1-3

Sicar, em Samaria

Ensina samaritanos no caminho para a Galileia

     

Jo 4:4-43


Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita


Allan Kardec

jo 3:5
O Evangelho Segundo o Espiritismo

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 4
Página: 89
Allan Kardec
Jesus, tendo vindo às cercanias de Cezaréia de Filipe, interrogou assim seus discípulos: “Que dizem os homens, com relação ao Filho do Homem? Quem dizem que eu sou?” - Eles lhe responderam: “Dizem uns que és João Batista; outros, que Elias; outros, que Jeremias, ou algum dos profetas.” Perguntou-lhes Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro, tomando a palavra, respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” - Replicou-lhe Jesus: “Bem-aventurado és, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne nem o sangue que isso te revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 16:13-17; Marcos 8:27-30)

Cairbar Schutel

jo 3:5
Parábolas e Ensinos de Jesus

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 83
Página: -
Cairbar Schutel

“Chegou um dos escribas e, tendo ouvido a discussão e vendo que Jesus lhes havia respondido bem, fez-lhe esta pergunta: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O primeiro é; Ouve, ó Israel: O Senhor é nosso Deus, o Senhor é um só; e amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: amarás ao teu próximo como a ti mesmo.


Não há outro mandamento maior que estes. Disse-lhe o escriba: Na verdade, Mestre, disseste bem que Ele é um; e não há outro senão Ele; e que o amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios. Vendo Jesus que ele havia falado sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus. “E ninguém mais ousava interrogá-lo.


(Marcos, XII, 28-34.)


Três são os deveres indispensáveis à criatura humana: 1º para com Deus; 2º para consigo mesmo; 3º para com seu próximo. Nisto resumiu Jesus a lei e os Profetas.


Sendo Deus o autor de nossa existência, o nosso verdadeiro Pai, devemos dedicar, primeiramente a Deus, todos os nossos haveres, a nossa própria Vida.


Os deveres do homem estão em relação com o seu grau de adiantamento, com as suas aptidões físicas, intelectuais e psíquicas.


Ninguém pode dar senão o que tem, mas é fora de dúvida que devemos dar a Deus tudo o que temos. E como os haveres que dedicamos a Deus são retribuídos com centuplicados juros, cumpre-nos aproveitar todas essas dádivas para proveito próprio e em proveito do próximo.


É do cumprimento desses deveres que começa a felicidade.


Satisfeitos os deveres que temos para com Deus, ocorre-nos tratar daqueles que se relacionam com a nossa própria individualidade. É claro que essas obrigações são de natureza material, intelectual e espiritual.


O homem veio à Terra para progredir e esse progresso depende do bom emprego que faça do tempo para zelar do seu corpo, proporcionandolhe a natural manutenção, e cultivar o espírito, oferecendo-lhe luzes: luzes de Vida Eterna; luzes de sabedoria verdadeira; luzes de moral perfeita.


O corpo é um intermediário para as recepções e manifestações exteriores; é preciso que o tratemos e nos utilizemos dele como quem trata e se utiliza de uma máquina para executar o trabalho de que está encarregado.


O Espiritismo abrange a parte material e a parte psíquica do indivíduo;


exige tratamento do corpo e cultivo do Espírito, sem detrimento um do outro.


Pela mesma maneira nos cumpre fazer para com o nosso próximo.


Próximo é aquele que se aproxima de nós, seja em corpo, seja em Espírito: Há próximos que estão longe de nós e próximos que estão perto.


Na esfera do Espírito prevalece a lei da similaridade. No terreno da matéria a lei da atração.


Os principais próximos são os que nos estão ligados pela lei da afinidade psíquica.


Os próximos secundários são os que se valem de nós para suprir a sua necessidade; necessidade de ordem material ou de ordem espiritual, porque os nossos deveres para com o próximo, para com nós mesmos e para com Deus são de ordem material e espiritual.


O homem que cumpre o seu dever, a nada mais fica obrigado. Quando o homem faz o que pode. Deus faz por ele o que ele por si mesmo não pode fazer.


Feliz daquele que faz tudo o que pode e deve fazer, pois esse é o bom emprego do talento para aquisição de outros tantos talentos.


Três são os deveres indispensáveis do homem: para com Deus, para consigo mesmo, para com o seu próximo.


O preceito é este: ama a Deus; ama a ti mesmo; ama ao teu próximo;


instrui-te e procura instruir teu próximo. Faze tudo isso de todo o teu entendimento, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com todas as tuas forças.


Não há outro mandamento.



Emmanuel

jo 3:5
Há dois mil anos...

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 6
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel

Reportando-nos à dolorosa e comovedora cena do sacrifício dos mártires cristãos, na arena do circo, somos compelidos a acompanhar a entidade de Lívia na sua augusta trajetória para o Reino de Jesus.

Nunca os horizontes da Terra foram brindados com paisagens de tanta beleza, como as que se abriram nas Esferas mais próximas do planeta, quando da partida em massa dos primeiros apóstolos do Cristianismo, exterminados pela impiedade humana, nos tempos áureos e gloriosos da consoladora doutrina do Nazareno.

Naquele dia, quando as feras famintas estraçalhavam os indefesos adeptos das ideias novas, toda uma legião de Espíritos sábios e benevolentes, sob a égide do Divino Mestre, lhes rodeava os corações dilacerados no martírio, saturando-os de força, resignação e coragem para o supremo testemunho de sua fé.

Sobre as nefastas paixões desencadeadas naquela assistência ignorante e impiedosa, desdobravam os poderes do Céu o manto infinito de sua misericórdia, e além daquele vozeio sinistro e ensurdecedor havia vozes que abençoavam, proporcionando aos mártires do Senhor uma fonte de suaves e ditosas consolações.

 

Entardecia já, quando tombavam as últimas vítimas ao choque brutal dos leões furiosos e implacáveis.

Abrindo os olhos entre os braços carinhosos do seu velho e generoso amigo, Lívia compreendera, imediatamente, a consumação do angustioso transe. Simeão tinha nos lábios um sorriso divino e lhe acariciava os cabelos, paternalmente, com meiguice e doçura. Estranha emoção vibrava, porém, na alma liberta da esposa do senador, que se viu presa de lágrimas dolorosas. A seu lado notou, com penosa surpresa, os despojos sangrentos do corpo dilacerado e entendeu, embora o seu espanto, o doce mistério da ressurreição espiritual, (Jo 3:5) de que falava Jesus nas suas lições divinas. Desejou falar, de modo a traduzir seus pensamentos mais íntimos e, todavia, tinha o coração repleto de emoções indefiníveis e angustiosas. Aos poucos, notou que, da arena ensanguentada, se erguiam entidades, qual a sua própria, ensaiando passos vacilantes, amparadas, porém, por criaturas etéreas, aureoladas de graça incomparável, como jamais contemplara em qualquer circunstância da vida. Aos seus olhos desapareceu o cenário colorido e tumultuoso do circo da ignomínia e aos ouvidos não mais ressoaram as gargalhadas irônicas e perversas dos espectadores impiedosos. Notou que, do firmamento constelado, fluía uma luz misericordiosa e compassiva, afigurando-se-lhe que nova claridade, desconhecida na Terra, se acendera maravilhosamente dentro da noite. Imensa multidão de seres, que lhe pareciam alados, cercava-os a todos, enchendo o ambiente de vibrações divinas.

 

Deslumbrada, viu, então, que entre a Terra e o Céu se formava radioso caminho…

Através de uma esteira de luz intraduzível, que não chegava a ofuscar o brilho caricioso e terno das estrelas que bordavam, cintilando, o azul macio do firmamento, observou novas legiões espirituais que desciam, celeremente, das maravilhosas regiões do Infinito…

Empolgados com as sonoridades delicadas daquele ambiente indescritível, seus ouvidos escutaram, então, melodias cariciosas do Plano invisível, como se, de envolta com liras e flautas, harpas e alaúdes, cantassem no alto as divinas toutinegras do Paraíso, projetando as alegrias siderais nas paisagens escuras e tristes da Terra…

Seu Espírito, como que impulsado por energia misteriosa, conseguiu, então, manifestar as emoções mais íntimas e mais queridas.

Abraçando-se ao velho e generoso amigo de Samaria, pôde murmurar banhada em lágrimas:

— Simeão, meu benfeitor e mestre, roga comigo a Jesus para que esta hora me seja menos dolorosa…

— Sim, filha — respondeu o venerável apóstolo aconchegando-a ao coração, como se o fizesse a uma criança —, o Senhor, na sua infinita misericórdia, reserva o seu carinho a quantos lhe recorrem à magnanimidade, com a fé ardente e sincera do coração!… Acalma o teu espírito porque estás, agora a caminho do Reino do Senhor, destinado aos corações que muito amaram!…

 

Naquele instante, porém, uma força incompreensível parecia impelir para as Alturas quantos ali se conservavam sem a pesada indumentária da Terra…

Lívia sentiu que o terreno lhe faltava e que todo o seu ser volitava em pleno espaço, experimentando estranhas sensações, embora fortemente amparada pelos braços generosos do venerando amigo.

Era, de fato, uma radiosa caravana de entidades puríssimas, que se elevava em conjunto, através daquele cintilante caminho traçado de luz, em pleno éter!…

Experimentando singulares sensações de leveza, a esposa do senador sentiu-se mergulhada num oceano de vibrações cariciosas e suavíssimas.

Todos os companheiros lhe sorriam e, contemplando-os, igualmente amparados pelos mensageiros divinos, ela identificava, um a um, quantos lhe haviam sido irmãos no cárcere, no martírio e na morte infamante. Em dado instante, todavia, como se a memória fosse chamada a todos os pormenores da realidade ambiente, lembrou-se de Ana, sentindo-lhe a falta naquela jornada de glorificação em Jesus-Cristo.

Bastou que a recordação lhe aflorasse no íntimo, para que a voz de Simeão esclarecesse com a proverbial bondade:

— Filha, mais tarde poderás saber tudo… Na tua saudade, porém, inclina-te sempre aos desígnios divinos, inspirados em toda a sabedoria e misericórdia… Não te impressiones com a ausência de Ana neste banquete de alegrias celestiais, porque aprouve a Jesus conservá-la ainda algum tempo na oficina de suas bênçãos, entre as sombras do degredo terrestre…

Lívia ouviu e resignou-se, silenciosa.

 

Reconheceu que seguiam sempre pela mesma estrada maravilhosa, que, a seus olhos, parecia ligar o Céu e a Terra num carinhoso amplexo de luz, afigurando-se-lhe que todos os divinos componentes da luminosa caravana flutuavam num movimento de ascensão, em pleno espaço, demandando regiões gloriosas e desconhecidas. No seio dos elementos aéreos, admirava-se de conservar todo o mecanismo de suas sensações físicas, através do eterizado e radioso caminho.

Ao longe, nos abismos do ilimitado, parecia divisar novos firmamentos estrelados, que se multiplicavam maravilhosamente no seio do Infinito, e observava radiações fulgurantes que, por vezes, lhe ofuscavam os olhos deslumbrados…

De outras vezes, olhando furtivamente para trás, via um acervo de sombras compactas e movediças, onde se localizavam as Esferas de vida na Terra distante.

Em ambas as margens do caminho verificou a existência de flores graciosas e perfumadas, como se os lírios terrestres, com expressões mais delicadas, se houvessem transportado aos jardins do Paraíso.

A eternidade apresentava-se-lhe com encantos e venturas indizíveis!…

 

Simeão falava carinhosamente da sua adaptação à vida nova e das belezas sublimadas do Reino de Jesus, recordando com alegria as penosas angústias da vida na Terra, quando aos seus ouvidos ecoaram vozes argentinas e harmônicas dos rouxinóis siderais que festejavam, nas Alturas, a redenção dos mártires do Cristianismo, como se estivessem chegando às cercanias de uma nova Galileia, saturada de melodias e perfumes deliciosos, erguida à luz plena do Infinito, como se fosse um ninho de almas santificadas e puras balouçando, aos ventos perfumados de interminável primavera, na árvore maravilhosa e sem fim da Criação…

Aquele hino suave e claro, ora se elevava às alturas em sonoridades prodigiosas, como se fora um incenso sutil das almas procurando o sólio do Sempiterno em hosanas de amor, de alegria e de reconhecimento, ora descia em melodias arrebatadoras, demandando as sombras da Terra, como se fosse um brado de fé e esperança em Jesus-Cristo, destinado a acordar no mundo os corações mais perversos e mais empedernidos…

 

A linguagem humana não traduz fielmente as harmoniosas vibrações das melodias do Invisível, mas aquele , ao menos palidamente, deve ser lembrado por nós outros como suave reminiscência do Paraíso:

 

“— Glória a Ti, Senhor do Universo, Criador de todas as maravilhas!…

“É por tua sabedoria inacessível que se acendem as constelações nos abismos do Infinito e é por tua bondade que se desenvolve a erva tenra na crosta escura da Terra!…

“Por tua grandeza inapreciável e por tua justiça misericordiosa, abre o Tempo os seus ilimitados tesouros para as almas!…

“Por teu amor, sacrossanto e sublime, florescem todos os risos e todas as lágrimas no coração das criaturas!…

“Abençoa, Senhor do Universo, as sagradas esperanças deste Reino. Jesus é para nós o teu Verbo de amor, de paz, de caridade e beleza!… Fortalece as nossas aspirações de cooperar em sua Seara Santa!…

“Multiplica as nossas energias e faze chover sobre nós o fogo sagrado da fé, para espalharmos na Terra as divinas sementes do amor de teu Filho!…

“Basta uma gota do orvalho divino de tua misericórdia para que se purifiquem todos os corações mergulhados no lodo dos crimes e das impenitências terrestres, e basta um raio só do teu poder para que todos os Espíritos se convertam ao bem supremo!…

“E agora, ó Jesus, Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, recebe as nossas súplicas ardentes e fervorosas!

“Abençoa, ó Divino Mestre, os que chegam redimidos da terra da amargura, santifica-lhes as esperanças com o anélito criador de tuas bênçãos sacratíssimas!…

“Vítimas da perversidade humana, cumpriram, valorosamente, os teus missionários, todas as obrigações que os prendiam ao cárcere do penoso degredo!…

“O mundo, no torvelinho de suas inquietações e iniquidades, não lhes compreendeu o coração amantíssimo, mas, na tua bondade e misericórdia, abres aos mártires da verdade as portas divinas do teu Reino de luz!…”

 

Estrofes de profunda beleza espalhavam nas estradas claras e sublimadas do éter universal as bênçãos da paz e das alegrias harmoniosas!

Os seres inferiores, das Esferas espirituais mais próximas do planeta, recebiam aqueles eflúvios sacrossantos do celeste banquete reservado por Jesus aos mártires da sua doutrina de redenção, como se fossem também convidados pela misericórdia do Divino Mestre e muitos deles recebendo no íntimo aquelas vibrações maravilhosas, se converteram para sempre ao amor e ao bem supremos.

Harmonias suavíssimas saturavam todas as atmosferas espirituais, derramando sobre a Terra claridades augustas e soberanas.

Naquela região de belezas ignotas e prodigiosas, intraduzíveis na pobreza da linguagem humana, Lívia retemperou as forças morais, depois do austero cumprimento de sua missão divina.

Ali, compreendeu a extensão do conceito de “muitas moradas”, (Jo 14:2) dos ensinamentos de Jesus, contemplando junto de Simeão as mais diversas Esferas de trabalho localizadas nas cercanias da Terra ou estudando a grandeza dos mundos disseminados pela sabedoria divina no oceano imensurável do éter, na imortalidade. Obedecendo às tendências do seu coração, não se esqueceu das antigas amizades nos círculos espirituais, colocados nas zonas terrestres.

 

Depois de alguns dias de emoções suaves e carinhosas, todos os Espíritos, reunidos naquela paisagem luminosa, se prepararam para receber a visita do Senhor, como quando da sua divina presença na bucólica moldura da Galileia.

Num dia de rara e indefinível beleza, em que uma claridade de cambiantes divinos entornava saboroso mel de alegria em todos os corações, descia o Cordeiro de Deus da Esfera superior de suas glórias sublimes e, tomando a palavra naquele cenáculo de maravilhas, recordava as suas inesquecíveis pregações junto às águas tranquilas do pequeno “mar” da Galileia.  De modo algum se poderia traduzir fielmente, na Terra, a beleza nova da sua palavra eterna, substância de todo o amor, de toda a verdade e de toda a vida, mas constitui para nós um dever, neste escorço, lembrar a sua ilimitada sabedoria, ousando reproduzir, imperfeitamente e de leve, a essência de sua lição divina naquele momento inesquecível.

Figurava-se, a todos os presentes, a cópia fiel dos quadros graciosos e claros do Tiberíades. A palavra do Mestre derramava-se no ádito das almas, com sonoridades profundas e misteriosas, enquanto de seus olhos vinha a mesma vibração de misericórdia e de serena majestade.

“— Vinde a mim, vós todos que semeastes, com lágrimas e sangue, na vinha celeste do meu Reino de amor e verdade!…

“Nas moradas infinitas do Pai, há luz bastante para dissipar todas as trevas, consolar todas as dores, redimir todas as iniquidades…


“Glorificai-vos, pois, na sabedoria e no amor de Deus Todo Poderoso, vós que já sacudistes o pó das sandálias miseráveis da carne, nos sacrifícios purificadores da Terra! Uma paz soberana vos aguarda, para sempre, no reino dilatado e sem fim, prometido pelas divinas aleluias da Boa-Nova, porque não alimentastes outra aspiração no mundo, senão a de procurar o Reino de Deus e de sua justiça.


“Entre a Manjedoura e o Calvário, tracei para as minhas ovelhas o eterno e luminoso caminho… O Evangelho floresce, agora, como a seara imortal e inesgotável das bênçãos divinas. Não descansemos, contudo, meus amados, porque tempo virá na Terra, em que todas as suas lições hão-de ser espezinhadas e esquecidas… Depois de longa era de sacrifícios para consolidar-se nas almas, a doutrina da redenção será chamada a esclarecer o governo transitório dos povos; mas o orgulho e a ambição, o despotismo e a crueldade hão-de reviver os abusos nefandos de sua liberdade! O culto antigo, com as suas ruínas pomposas, buscará restaurar os templos abomináveis do bezerro de ouro. Os preconceitos religiosos, as castas clericais, os falsos sacerdotes, restabelecerão novamente o mercado das coisas sagradas, ofendendo o amor e a sabedoria de Nosso Pai, que acalma a onda minúscula no deserto do mar, como enxuga a mais recôndita lágrima da criatura, vertida no silêncio de suas orações ou na dolorosa serenidade de sua amargura indizível!…


“Soterrando o Evangelho na abominação dos lugares santos, os abusos religiosos não poderão, todavia, sepultar o clarão de minhas verdades, roubando-as ao coração dos homens de boa vontade!…

“Quando se verificar este eclipse da evolução de meus ensinamentos, nem por isso deixarei de amar intensamente o rebanho das minhas ovelhas tresmalhadas do aprisco!…

“Das Esferas de luz que dominam todos os círculos das atividades terrestres, caminharei com os meus rebeldes tutelados, como outrora entre os corações impiedosos e empedernidos de Israel, que escolhi, um dia, para mensageiro das verdades divinas entre as tribos desgarradas da imensa família humana!…


“Em nome de Deus Todo Poderoso, meu Pai e vosso Pai, regozijo-me aqui convosco, pelos galardões espirituais que conquistastes no meu reino de paz, com os vossos sacrifícios abençoados e com as vossas renúncias purificadoras! Numerosos missionários de minha doutrina ainda tombarão, exânimes, na arena da impiedade, mas hão-de constituir convosco a caravana apostólica, que nunca mais se dissolverá, amparando todos os trabalhadores que perseverarem até ao fim, no longo caminho da salvação das almas!…


“Quando a escuridão se fizer mais profunda nos corações da Terra, determinando a utilização de todos os progressos humanos para o extermínio, para a miséria e para a morte, derramarei minha luz sobre toda a carne e todos os que vibrarem com o meu reino e confiarem nas minhas promessas, ouvirão as nossas vozes e apelos santificadores!…

“Pela sabedoria e pela verdade, dentro das suaves revelações do Consolador, meu verbo se manifestará novamente no mundo, para as criaturas desnorteadas no caminho escabroso, através de vossas lições, que se perpetuarão nas páginas imensas dos séculos do porvir!…


“Sim! amados meus, porque o dia chegará no qual todas as mentiras humanas hão-de ser confundidas pela claridade das revelações do Céu. Um sopro poderoso de verdade e vida varrerá toda a Terra, que pagará, então, à evolução dos seus institutos, os mais pesados tributos de sofrimentos e de sangue… Exausto de receber os fluidos venenosos da ignomínia e da iniquidade de seus habitantes, o próprio planeta protestará contra a impenitência dos homens, rasgando as entranhas em dolorosos cataclismos… As impiedades terrestres formarão pesadas nuvens de dor que rebentarão, no instante oportuno, em tempestades de lágrimas na face escura da Terra e, então, das claridades de minha misericórdia, contemplarei meu rebanho desditoso e direi como os meus emissários: “Ó Jerusalém, Jerusalém!…” (Mt 23:37)


“Mas Nosso Pai, que é a sagrada expressão de todo o amor e sabedoria, não quer se perca uma só de suas criaturas, transviadas nas tenebrosas sendas da impiedade!…

“Trabalharemos com amor, na oficina dos séculos porvindouros, reorganizaremos todos os elementos destruídos, examinaremos detidamente todas as ruínas buscando o material passível de novo aproveitamento e, quando as instituições terrestres reajustarem a sua vida na fraternidade e no bem, na paz e na justiça, depois da seleção natural dos Espíritos e dentro das convulsões renovadoras da vida planetária, organizaremos para o mundo um novo ciclo evolutivo, consolidando, com as divinas verdades do Consolador, os progressos definitivos do homem espiritual.”

A voz do Mestre parecia encher os âmbitos do próprio Infinito, como se Ele a lançasse, qual baliza divina do seu amor, no ilimitado do espaço e do tempo, no seio radioso da Eternidade.

Terminando a exposição de suas profecias augustas, sua figura sublimada elevava-se às Alturas, enquanto um oceano de luz azulada, de mistura aos sons de melodias divinas e incomparáveis, invadia aqueles domínios espirituais, com as tonalidades cariciosas das safiras terrestres.

Todos os presentes, genuflexos na sua doce emoção, choravam de reconhecimento e alegria, enchendo-se de santificada coragem para as elevadas tarefas que lhes competia levar a efeito, no curso incessante dos séculos. Flores de maravilhoso azul-celeste choviam do Alto sobre todas as frontes, desfazendo-se, todavia, ao tocarem nas delicadas substâncias que formavam o solo daquela paisagem de soberana harmonia, como se fossem lírios fluídicos, de perfumada neblina.

 

Lívia chorava de comoção indefinível, enquanto Simeão, com seus generosos ensinamentos a instruía das novas missões de trabalho santificante, que lhe aguardavam a dedicação no Plano espiritual.

— Meu amigo — disse ela, entre lágrimas —, as agonias terrestres são um preço misérrimo para estas recompensas radiosas e imortais!… Se todos os homens tivessem conhecimento direto de semelhantes venturas, não possuiriam outra preocupação além da de buscar o glorioso Reino de Deus e de sua justiça.

— Sim, filha — acrescentou Simeão, como se os seus olhos pousassem serenamente nos quadros do futuro —, um dia, todos os seres da Terra hão-de conhecer o Evangelho do Mestre, observando-lhe os ensinos!… Para isso, haveremos de sacrificar-nos pelo Cordeiro de Deus, quantas vezes forem necessárias. Organizaremos avançados postos de trabalho entre as sombras terrestres, buscaremos acordar todos os corações adormecidos nas reencarnações dolorosas, para as harmonias sublimes destas divinas alvoradas!…

Se for preciso, voltaremos de novo ao mundo, em missões santificadoras de paz e verdade… Sucumbiremos na cruz infamante, ou daremos o sangue em repasto às feras da ambição e do orgulho, do ódio e da impiedade, que dormitam nas almas dos nossos companheiros da existência terrestre, convertendo todos os corações ao amor de Jesus Cristo!…

 

Nesse instante, todavia, Lívia notou que um grupo gracioso de entidades angélicas distribuía as graças do Senhor naquela paisagem florida do Infinito, organizada no Além como estância de repouso, recompensando os que haviam partido das angústias terrenas, após o cumprimento de missão divina.

Todos os que haviam alcançado a vitória celeste com os seus esforços, nos martírios santificantes, retemperavam agora as forças morais e desejavam conhecer novas Esferas de gozo espiritual, novas expressões da vida noutros mundos, recebendo outros conhecimentos nos templos radiosos e sublimes da Eternidade e restabelecendo, ao mesmo tempo, o equilíbrio de suas emoções.

Junto à magnanimidade dos mensageiros de Jesus, sublimados planos foram arquitetados. Novos cenários, novas oficinas de estudo, novas emoções no reencontro de afetos inesquecíveis, que haviam antecedido os missionários do Senhor na noite escura e fria da morte.

 

Mas, chegando-lhe a vez de externar seus mais recônditos desejos, a nobre companheira do senador, depois de auscultar os seus sentimentos mais profundos, respondeu, entre lágrimas, ao emissário de Jesus que a interpelava:

— Mensageiro do Bem — as maravilhas do Reino do Senhor teriam para mim uma nova beleza, se eu pudesse penetrar-lhes a excelsitude, em companhia do coração que é metade do meu, da alma gêmea da minha, que a sabedoria de Deus, em seus profundos e doces mistérios, destinou ao meu modo de ser, desde a aurora dos tempos!…

Não desejo menosprezar a glória sublime destas regiões de felicidade e de paz indizíveis, mas no meio de todas estas alegrias que me rodeiam, sinto saudades da alma que é o complemento da minha própria vida!…

Dai-me a graça de voltar às sombras da Terra e erguer, do lodaçal do orgulho e das vaidades impiedosas, o companheiro do meu destino!… Permiti que possa protege-lo em Espírito, a fim de um dia traze-lo aos pés de Jesus, igualmente, de modo que também receba as suas divinas bênçãos!…

 

A entidade angélica sorriu com profunda compreensão e terna complacência, exclamando:

— Sim — o amor é o laço de luz eterna que une todos os mundos e todos os seres da imensidade; sem ele, a própria Criação Infinita não teria razão de ser, porque Deus é a sua expressão suprema… As perspectivas deslumbrantes das Esferas felizes perderiam a divina beleza, se não guardássemos a esperança de participar, um dia, de suas ilimitadas venturas, junto dos nossos bem-amados, que se encontram na Terra ou noutros círculos de provação, do Universo…

E, fixando o lúcido olhar nos olhos serenos e deslumbrados de Lívia, continuou como se lhe devassasse os pensamentos mais secretos e mais profundos:

— Conheço toda a tua história e sei de tuas lutas incessantes e redentoras, nas encarnações do passado, justificando assim os teus propósitos de prosseguir, em Espírito, trabalhando na Terra pelo aperfeiçoamento daqueles a quem muito amaste!…

Também o Cordeiro de Deus, por muito amar a Humanidade, não desdenhou a humilhação, o martírio, o sacrifício…

 

Vai, minha filha. Poderás trabalhar livremente entre as falanges radiosas que operam na face sombria do planeta terrestre. Voltarás aqui, sempre que necessitares de novos esclarecimentos e novas energias. Regressarás junto de Simeão, logo que o desejares. Ampara o teu infeliz companheiro na longa esteira de suas expiações rudes e amargas, mesmo porque o desventurado Públio Lêntulus não está longe da sua mais angustiosa provação na atual existência, perdida, infelizmente, pelo seu desmarcado orgulho e pela sua vaidade fria e impiedosa!…

Lívia sentiu-se tomada de indizível emoção em face daquela revelação dolorosa, mas, simultaneamente, externou todo o seu reconhecimento à misericórdia divina, na intimidade do seu coração sensível e carinhoso.

Naquele mesmo dia, em companhia de Simeão, a generosa criatura voltava à Terra, afastando-se provisoriamente daqueles domínios esplendorosos.

 

Através da sua excursão espiritual, sublime e vertiginosa, observou as mesmas perspectivas encantadoras e deslumbrantes do caminho, recebendo, extasiada, elevados ensinamentos do venerando amigo da Samaria.

Em pouco tempo aproximavam-se ambos de larga mancha escura.

Já na atmosfera da Terra, Lívia sentiu a singular diversidade da natureza ambiente, experimentando os mais penosos choques fluídicos.

Num ápice, notou que se encontravam na mesma Roma da sua infância, da sua juventude e das suas amargas provações.

Era meia-noite. Todo o hemisfério estava mergulhado nos abismos de sombra.

Amparada pelos braços e pela experiência de Simeão, chegou ao seu antigo palácio do Aventino,  identificando-lhe os mármores preciosos.

Em lá penetrando, Lívia e Simeão se dirigiram imediatamente ao quarto do senador, então iluminado por frouxa claridade.

Com exceção das ruas, onde se movimentavam ruidosamente os escravos, nos serviços noturnos de transporte, segundo os costumes do tempo, toda a cidade repousava na sombra.

 

De joelhos ante a relíquia de Simeão, como de seu recente costume, Públio Lêntulus meditava. Seu pensamento descia aos abismos tenebrosos do passado, onde buscava rever, angustiadamente, as afeições carinhosas que o haviam precedido nas sendas tristes da morte. Fazia mais de um mês que a esposa havia demandado, igualmente, os mistérios do túmulo, em trágicas circunstâncias.

Mergulhado nas trevas do seu exílio de amargores e profundas saudades, o orgulhoso patrício serenava as inquietações dolorosas do dia, a fim de melhor consultar os mistérios do ser, do sofrimento e do destino… Em dado instante, quando mais fundas e melancólicas as penosas reminiscências, notou, através do véu de suas lágrimas, que a pequena cruz de madeira como que emitia delicados fios de luz prateada, qual se fora banhada de luar misericordioso e brando.

Públio Lêntulus, absorto nas vibrações pesadas e obscuras da carne não viu a nobre silhueta de sua mulher, que ali se encontrava junto do venerável apóstolo da Samaria, regozijando-se no Senhor, ao verificar as profundas e benéficas modificações espirituais da alma gêmea da sua, na peregrinação iterativa das encarnações terrenas. Tomada de alegria e reconhecimento para com a Providência Divina, Lívia beijou-lhe a fronte num transporte de indefinível ternura, enquanto Simeão erguia aos Céus uma prece de amor e agradecimento.

O senador não lhes percebeu, diretamente, a presença suave e luminosa, mas no íntimo d’alma sentiu-se tocado por uma força nova, ao mesmo tempo que o seu coração amargurado se viu envolto na luz cariciosa de uma consolação inefável e até então desconhecida.




Joanna de Ângelis

jo 3:5
Estudos Espíritas

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 9
Divaldo Pereira Franco
Joanna de Ângelis
CONCEITO - Desdobramento de possibilidades valio sãs, o progresso é agente do engrandecimento que tudo e todos experimentam, sob o impositivo das leis sábias da

evolução, de que nada ou ser algum se poderá eximir.


Presente em todo lugar, impõe-se a pouco e pouco pela força de que se reveste, terminando por comandar com eficiência o carro da vida.


Inutilmente a agressividade de muitos homens tenta detê-Io; vãs as insistentes maquinações dos espíritos astutos, pensando obstaculizá-lo; inoperantes os recursos da prepotência, supondo impedi-lo...


O progresso pode ser comparado ao amanhecer. Mesmo demorando aparentemente culmina por lograr êxito.


A ignorância, travestida pela força e iludida pela falsa cultura, não poucas vezes se há levantado, objetivando criar embaraços ao desenvolvimento dos homens e dos povos, gerando, por fim, lamentáveis constrições para os seus apaniguados, sem que conseguisse, todavia, nas lutas travadas, alcançar as cumeadas dos desejos ignóbeis.


Inevitavelmente ele chega, altera a face e a constituição do que encontra pela frente e desdobra recursos, fomentando a beleza, a tranquilidade, o conforto, a dita.


CONSIDERAÇÕES - Criando sempre e incessantemente, o Pai determina a evolução pela esteira dos evos intermináveis. Transformando-se e progredindo, o impulso criador, em se manifestando, evolute infinitamente na rota em que busca a relativa perfeição que lhe está destinada.


Pensamento que consubstancia forma, psiquismo que avança, invólucro que se aprimora, adquirindo preciosos recursos e inestimáveis conquistas que somam abençoados tesouros no incessante curso da indestrutibilidade...


Em todos os tempos a prosápia humana, decorrente do impositivo inferior, que procede do mecanismo primário donde o homem inicia a marcha, tem criado óbices ao progresso.


Assim, em vez de utilizar as conquistas que logra, fomentando ações edificantes, a criatura iludida com a transitoriedade da organização física se levanta impondo ideias infelizes, exigindo subalternidade, em detrimento a quanto vê, observa e experimenta na própria vida.


Dos excrementos o homem retira essências puras, de delicado odor, como a planta, do húmus, do adubo haure incomparáveis belezas e inimitáveis fragrâncias...


Desse modo, são de ontem os quadros lamentáveis, em que os inimigos do progresso dominavam, soberanos, supondo impedirem a fixação e a proeza da magnitude do desenvolvimento.


São destes dias as utopias, as ilusões dos vencedores que não se conseguiram vencer, sustentando a força opressiva com que vitalizam as sombras que os mantêm equivocados, ora usurpados pela desencarnação e esquecidos, enquanto o carro do progresso prossegue inalterável.


Examinando a palpitante atualidade do progresso que irrompe de todos os lados, são inequívocas quão inadiáveis as necessidades do adiantamento moral-espiritual do

homem, do que decorre o avanço material, seja na Administração, na Cultura, na Política, na Arte, na Ciência, a fim de que se não entorpeçam os valores éticos, ante a inteligência deslumbrada em face das conquistas do conhecimento, que, sem as estruturas íntimas da dignificação que comanda os sentimentos e destroça os desatinos, tudo transformaria em caos.


Buscando equacionar o mecanismo do Universo, quando jovem, Albert Einstein emprestou ao Cosmo as condições e requisitos intrínsecos necessários à sua própria explicação, adotando a cómoda elucidação do materialismo mecanicista. Amadurecido e experiente, mais tarde clarificado pela excelência do progresso moral, reformulou a teoria, resolvendo-se pela legitimidade de um "Poder Pensante" Existente e Precedente e um "Poder Atuante"... Somente o progresso moral responde pelas verdadeiras conquistas humanas, no plano da evolução.


Em face de tais considerações a realidade dos postulados imortalistas, fundamentados na tónica espiritual legítima do após a desarticulação celular, é a única diretriz que pode comandar com eficiência a máquina das modernas conquistas do pensamento tecnológico, de modo a facultar o progresso da Terra e do homem, por meios eficazes, verdadeiros, sem a constrição aberrante dos crimes, engodos, erros, ultrajes e agressões - velhos arrimos em que se sustenta a animalidade! - muito a gosto dos violentos construtores do passado, que se deixaram asfixiar pelos tóxicos do primarismo e da alucinação.


Ante os clarões da Imortalidade o homem contempla o futuro eterno, sem deter-se nas balizas próximas do fascínio mentiroso. Faz-se construtor para a Eternidade e

não para o agora célere que se decompõe em campo de experiências próximas. Não tem pressa, porque sabe que tudo quanto não conseguir hoje, realizá-lo-á amanhã.


Ante a desencarnação - que era fantasma cruel anteriormente - adquire confiança na vida que prossegue, e depois do túmulo acompanha o esforço dos continuadores do

trabalho que deixou, esforçando-se para retornar e prosseguir afervorado no labor da edificação da ventura geral.


CONCLUSÃO - À hora própria, conforme anunciado, fulguram as lições espiritistas, exatamente quando há recursos capazes de avaliarem a extensão filosófica e moral da Doutrina do Cristo na face em que Ele a ensinou e a viveu.


Reservando aos laboratórios próprios o estudo da transcendência do espírito e da vida, na atual conjuntura do progresso entre os homens, a religião espiritista penetra os espíritos, auxilia-os no progresso necessário e impele-os à glória do amor com que passam a sentir todos e tudo, rumando jubilosamente para Deus.


"A força para progredir, haure-a o homem em si mesmo, ou o progresso é apenas fruto de um ensinamento ?


"Q homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente. Mas, nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Dá-se então que os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio do contacto social. "
"O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual "Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente. " (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questões 779 e 780.) "Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as paixões más; somente esse progresso pode fazer que entre os homens remem a concórdia, a paz, a fraternidade. " 19.) (A Génese, Allan Kardec, cap. XVIII, item
* * *

(2) João, 3:1 a 14. - Nota da Autora espiritual.


(3) Mateus, 17:10 a 13. - Nota da Autora espiritual.



Humberto de Campos

jo 3:5
Boa Nova

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 14
Francisco Cândido Xavier
Humberto de Campos

Em face dos novos ensinamentos de Jesus, todos os fariseus do templo se tomavam de inexcedíveis cuidados, pelo seu extremado apego aos textos antigos. O Mestre, porém, nunca perdeu ensejo de esclarecer as situações mais difíceis com a luz da verdade que a sua palavra divina trazia ao pensamento do mundo. Grande número de doutores não conseguia ocultar o seu descontentamento, porque, não obstante suas atividades derrotistas, continuavam as ações generosas de Jesus beneficiando os aflitos e os sofredores. Discutiam-se os novos princípios, no grande templo de Jerusalém, nas suas praças públicas e nas sinagogas. Os mais humildes e pobres viam no Messias o emissário de Deus, cujas mãos repartiam em abundância os bens da paz e da consolação. As personalidades importantes temiam-no.

É que o profeta não se deixava seduzir pelas grandes promessas que lhe faziam com referência ao seu futuro material. Jamais temperava a sua palavra de verdade com as conveniências do comodismo da época. Apesar de magnânimo para com todas as faltas alheias, combatia o mal com tão intenso ardor, que para logo se fazia objeto de hostilidade para todas as intenções inconfessáveis. Mormente em Jerusalém que, com o seu cosmopolitismo, era um expressivo retrato do mundo, as ideias do Senhor acendiam as mais apaixonadas discussões. Eram populares que se entregavam à apologia franca da doutrina de Jesus, servos que o sentiam com todo o calor do coração reconhecido, sacerdotes que o combatiam abertamente, convencionalistas que não o toleravam, indivíduos abastados que se insurgiam contra os seus ensinos.

Todavia, sem embargo das dissensões naturais que precedem o estabelecimento definitivo das ideias novas, alguns Espíritos acompanhavam o Messias, tomados de vivo interesse pelos seus elevados princípios. Entre estes, figurava , fariseu notável pelo coração bem formado e pelos dotes da inteligência. Assim, uma noite, ao cabo de grandes preocupações e longos raciocínios, procurou a Jesus, em particular, (Jo 3:1) seduzido pela magnanimidade de suas ações e pela grandeza de sua doutrina salvadora. O Messias estava acompanhado apenas de dois dos seus discípulos e recebeu a visita com a sua bondade costumeira.

Após a saudação habitual e revelando as suas ânsias de conhecimento, depois de fundas meditações, Nicodemos dirigiu-se-lhe respeitoso:

— Mestre, bem sabemos que vindes de Deus, pois somente com a luz da assistência divina poderíeis realizar o que tendes efetuado, mostrando o sinal do Céu em vossas mãos. Tenho empregado a minha existência em interpretar a lei, mas desejava receber a vossa palavra sobre os recursos de que deverei lançar mão para conhecer o Reino de Deus!

O Mestre sorriu bondosamente e esclareceu:

— Primeiro que tudo, Nicodemos, não basta que tenhas vivido a interpretar a lei. Antes de raciocinar sobre as suas disposições, deverias ter-lhe sentido os textos. Mas, em verdade devo dizer-te que ninguém conhecerá o Reino do Céu, sem nascer de novo.

— Como pode um homem nascer de novo, sendo velho? — interrogou o fariseu, altamente surpreendido. Poderá, porventura, regressar ao ventre de sua mãe?

O Messias fixou nele os olhos calmos, consciente da gravidade do assunto em foco, e acrescentou:

— Em verdade, reafirmo-te ser indispensável que o homem nasça e renasça, para conhecer plenamente a luz do Reino!…

— Entretanto, como pode isso ser? — perguntou Nicodemos, perturbado.

— És mestre em Israel e ignoras estas coisas? — inquiriu Jesus, como que surpreendido. — É natural que cada um somente testifique daquilo que saiba; porém, precisamos considerar que tu ensinas. Apesar disso, não aceitas os nossos testemunhos. Se falando eu de coisas terrenas sentes dificuldades em compreendê-las com os teus raciocínios sobre a lei, como poderás aceitar as minhas afirmativas quando eu disser das coisas celestiais? Seria loucura destinar os alimentos apropriados a um velho para o organismo frágil de uma criança.

Extremamente confundido, retirou-se o fariseu, ficando e empenhados em obter do Messias o necessário esclarecimento, acerca daquela lição nova.




Jerusalém quase dormia sob o véu espesso da noite alta. Silêncio profundo se fizera sobre a cidade. Jesus, no entanto, e aqueles dois discípulos continuavam presos à conversação particular que haviam entabulado. Desejavam eles ardentemente penetrar o sentido oculto das palavras do Mestre. Como seria possível aquele renascimento? Não obstante os seus conhecimentos, também partilhavam da perplexidade que levara Nicodemos a se retirar fundamente surpreendido.

— Por que tamanha admiração, em face destas verdades? — perguntou-lhes Jesus, bondosamente. — As árvores não renascem depois de podadas? Com respeito aos homens, o processo é diferente, mas o espírito de renovação é sempre o mesmo. O corpo é uma veste. O homem é seu dono. Toda roupagem material acaba rota, porém, o homem, que é filho de Deus, encontra sempre em seu amor os elementos necessários à mudança do vestuário. A morte do corpo é essa mudança indispensável, porque a alma caminhará sempre, através de outras experiências, até que consiga a imprescindível provisão de luz para a estrada definitiva no Reino de Deus, com toda a perfeição conquistada ao longo dos rudes caminhos.

André sentiu que uma nova compreensão lhe felicitava o espírito simples e perguntou:

— Mestre, já que o corpo é como que a roupa material das almas, por que não somos todos iguais no mundo? Vejo belos jovens, junto de aleijados e paralíticos…

— Acaso não tenho ensinado — disse Jesus — que tem de chorar todo aquele que se transforma em instrumento de escândalo? (Mt 18:7) Cada alma conduz consigo mesma o inferno ou o Céu que edificou no âmago da consciência. Seria justo conceder-se uma segunda veste mais perfeita e mais bela ao Espírito rebelde que estragou a primeira? Que diríamos da sabedoria de Nosso Pai, se facultasse as possibilidades mais preciosas aos que as utilizaram na véspera para o roubo, o assassínio, a destruição? Os que abusaram da túnica da riqueza vestirão depois as dos fâmulos e escravos mais humildes, como as mãos que feriram podem vir a ser cortadas.

— Senhor, compreendo agora o mecanismo do resgate — murmurou Tiago, externando a alegria do seu entendimento. — Mas, observo que, desse modo, o mundo precisará sempre do clima do escândalo e do sofrimento, desde que o devedor, para saldar seu débito, não poderá faze-lo sem que outro lhe tome o lugar com a mesma dívida.

O Mestre apreendeu a amplitude da objeção e esclareceu os discípulos, perguntando:

— Dentro da lei de Moisés, como se verifica o processo da redenção?

Tiago meditou um instante e respondeu:

— Também na lei está escrito que o homem pagará “olho por olho, dente por dente”. (Lv 24:17) (Ex 21:23)

— Também tu, Tiago, estás procedendo como Nicodemos — replicou Jesus com generoso sorriso. — Como todos os homens, aliás, tens raciocinado, mas não tens sentido. Ainda não ponderaste, talvez, que o primeiro da lei é uma determinação de amor. Acima do “não adulterarás”, (Ex 20:14) do “não cobiçarás”, (Ex 20:17) está o “amar a Deus sobre todas as coisas, de todo o coração e de todo o entendimento”. (Dt 6:5) Como poderá alguém amar o Pai, aborrecendo-lhe a obra? Contudo, não estranho a exiguidade de visão espiritual com que examinaste o texto dos profetas. Todas as criaturas hão feito o mesmo. Investigando as revelações do Céu com o egoísmo que lhes é próprio, organizaram a justiça como o edifício mais alto do idealismo humano. E, entretanto, coloco o amor acima da justiça do mundo e tenho ensinado que só ele cobre a multidão dos pecados. (1Pe 4:8) Se nos prendemos à , somos obrigados a reconhecer que onde existe um assassino haverá, mais tarde, um homem que necessita ser assassinado; com a lei do amor, porém, compreendemos que o verdugo e a vítima são dois irmãos, filhos de um mesmo Pai. Basta que ambos sintam isso para que a fraternidade divina afaste os fantasmas do escândalo e do sofrimento.




Ante as elucidações do Mestre, os dois discípulos estavam maravilhados. Aquela lição profunda esclarecia-os para sempre.

Tiago, então, aproximou-se e sugeriu a Jesus que proclamasse aquelas verdades novas na pregação do dia seguinte. O Mestre dirigiu-lhe um olhar de admiração e interrogou:

— Será que não compreendeste? Pois, se um doutor da lei saiu daqui sem que eu lhe pudesse explicar toda a verdade, como queres que proceda de modo contrário, para com a compreensão simplista do espírito popular? Alguém constrói uma casa iniciando pelo teto o trabalho? Além disso, mandarei mais tarde , a fim de esclarecer e dilatar os meus ensinos.

Eminentemente impressionados, André e Tiago calaram as derradeiras interrogações. Aquela palestra particular, entre o Senhor e os discípulos, permaneceria guardada na sombra leve da noite em Jerusalém; mas, a lição a Nicodemos estava dada. A lei da estava proclamada para sempre, no Evangelho do Reino.


(.Irmão X)


Léon Denis

jo 3:5
Cristianismo e Espiritismo

Categoria: Livro Espírita
Capítulo: 4
Léon Denis

Qual a verdadeira doutrina do Cristo? Os seus princípios essenciais acham-se claramente enunciados no Evangelho. É a paternidade universal de Deus e a fraternidade dos homens, com as consequências morais que daí resultam; é a vida imortal a todos franqueada e que a cada um permite em si próprio realizar "o reino de Deus", isto é, a perfeição, pelo desprendimento dos bens materiais, pelo perdão das injúrias e o amor ao próximo.


Para Jesus, numa só palavra, toda a religião, toda a filosofia consiste no amor: "Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam; para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus, o qual faz erguer-se o seu sol sobre bons e maus, e faz chover sobre justos e injustos. Porque, se não amais senão os que vos amam, que recompensa deveis ter por isso?" (Mateus, V, 44 e seguintes.) .


Desse amor o próprio Deus nos dá o exemplo, porque seus braços estão sempre abertos para o pecador: "Assim, vosso Pai que está nos céus não quer que pereça um só desses pequeninos. " O sermão da montanha resume, em traços indeléveis, o ensino popular de Jesus. Nele é expressa a lei moral sob uma forma que jamais foi igualada.


Os homens aí aprendem que não há mais seguros meios de elevação que as virtudes humildes e escondidas. "Bem-aventurados os pobres de espírito (isto é, os espíritos simples e retos), porque deles é o reino dos céus. - Bemaventurados os que choram, porque serão consolados. - Bemaventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. - Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. - Bem-aventurados os limpos de coração, porque esses verão a Deus. " (Mateus, V, 1 a 12; Lucas, VI, 20 a 25.) O que Jesus quer não é um culto faustoso, não é umas religiões sacerdotais, opulentas de cerimônias e práticas que sufocam o pensamento, não; é um culto simples e puro, todo de sentimento, consistindo na relação direta, sem intermediário, da consciência humana com Deus, que é seu Pai: "É chegado o tempo em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, porque tal quer, também, sejam os que o adorem. Deus é espírito, e em espírito e verdade é que devem adorar os que o adoram. " O ascetismo é coisa vã. Jesus limita-se a orar e a meditar, nos sítios solitários, nos templos naturais que têm por colunas as montanhas, por cúpula a abóbada dos céus, e de onde o pensamento mais livremente se eleva ao Criador.


Aos que imaginam salvar-se por meio do jejum e da abstinência, diz: "Não é o que entra pela boca o que macula o homem, mas o que por ela sai. " Aos rezadores de longas orações: "Vosso Pai sabe do que careceis, antes de lho pedirdes. " Ele não exige senão a caridade, a bondade, a simplicidade: "Não julgueis e não sereis julgados. Perdoai e sereis perdoados. Sede misericordiosos como vosso Pai celeste é misericordioso. Dar é mais doce do que receber". "Aquele que se humilha será exaltado; o que se exalta será humilhado". "Que a tua mão esquerda ignore o que faz a direita, a fim de que tua esmola fique em segredo; e então teu Pai que vê no segredo, te retribuirá. " E tudo se resume nestas palavras de eloquente concisão: "Amai o vosso próximo como a vós mesmos e sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito. Nisso se encerram toda a lei e os profetas. " Sob a suave e meiga palavra de Jesus, toda impregnada do sentimento da natureza, essa doutrina se reveste de um encanto irresistível, penetrante. Ela é saturada de terna solicitude pelos fracos e pelos deserdados. É a glorificação, a exaltação da pobreza e da simplicidade. Os bens materiais nos tornam escravos; agrilhoam o homem à Terra. A riqueza é um estorvo; impede os velos da alma e a retém longe do "reino de Deus". A renúncia, a humildade, desatam esses laços e facilitam a ascensão para a luz.


Por isso é que a doutrina evangélica permaneceu através dos séculos como a expressão máxima do espiritualismo, o supremo remédio aos males terrestres, a consolação das almas aflitas nesta travessia da vida, semeada de tantas lágrimas e angústias. É ainda ela que faz, a despeito dos elementos estranhos que lhe vieram misturar, toda a grandeza, todo o poder moral do Cristianismo.


* * *

A doutrina secreta ia mais longe. Sob o véu das parábolas e das ficções, ocultava concepções profundas. No que se refere a essa imortalidade prometida a todos, definia-lhe as formas afirmando a sucessão das existências terrestres, nas quais a alma, reencarnada em novos corpos, sofreria as consequências de suas vidas anteriores e prepararia as condições do seu destino futuro. Ensinava a pluralidade dos mundos habitados, as alternações de vida de cada ser: no mundo terrestre, em que ele reaparece pelo nascimento, no mundo espiritual, ao qual regressa pela morte, colhendo em um e outro desses meios os frutos bons ou maus do seu passado.


Ensinava a íntima ligação e a solidariedade desses dois mundos e, por conseguinte, a comunicação possível do homem com os espíritos dos mortos que povoam o espaço ilimitado.


Daí o amor ativo, não somente pelos que sofrem na esfera da existência terrestre, mas também pelas almas que em torno de nós vagueiam atormentadas por dolorosas recordações. Daí a dedicação que se devem as duas humanidades, visível e invisível, a lei de fraternidade na vida e na morte e a celebração do que chamavam "os mistérios", a comunhão pelo pensamento e pelo coração com os que, Espíritos bons ou medíocres, inferiores ou elevados, compõem esse mundo invisível que nos rodeia, e sobre o qual se abrem esses dois pórticos por onde todos os seres alternativamente passam: o berço e o túmulo.


A lei da reencarnação acha-se indicada em muitas passagens do Evangelho e deve ser considerada sob dois aspectos diferentes: à volta à carne, para os Espíritos em via de aperfeiçoamento; a reencarnação dos Espíritos enviados em missão à Terra.


Em sua conversação com Nicodemos, Jesus assim se exprime: "Em verdade te digo que, se alguém não renascer de novo, não poderá ver o reino de Deus. " Objeta-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer, sendo já velho?" Jesus responde: "Em verdade te digo que, se um homem não renasce da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito é espírito. Não te maravilhes de te dizer: importa-vos nascer outra vez. O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do espírito. " (João, III, 3 a 8.) Jesus acrescenta estas palavras significativas: "Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas?" O que demonstra que não se tratava do batismo, que era conhecido pelos judeus e por Nicodemos, mas precisamente da reencarnação já ensinada no "Zohar", livro sagrado dos hebreus. (Nota xii: Ver nota complementar nº 5.) Esse vento, ou esse espírito que sopra onde lhe apraz, é a alma que escolhe novo corpo, nova morada, sem que os homens saibam de onde vem, nem para onde vai. É a única explicação satisfatória.


Na Cabala hebraica, a água era a matéria primordial, o elemento frutificado. Quanto à expressão Espírito Santo, que se acha no texto e que o torna incompreensível, é preciso notar que a palavra santo nele não se encontra em sua origem e que foi aí introduzida muito tempo depois, como se deu em vários outros casos. (Nota xiii: Ver Bellemare, "Espírita e Cristão", págs. 351 e seguintes.) É preciso, por conseguinte, ler: renascer da matéria e do espírito.


Noutra ocasião, a propósito de um cego de nascença, encontrado de passagem, os discípulos perguntam a Jesus: "Mestre, quem foi que pecou? Foi este homem, ou seu pai, ou sua mãe, para que ele tenha nascido cego?" (João, IX, 1 e 2).


A pergunta indica, antes de tudo, que os discípulos atribuíam a enfermidade do cego a uma expiação. Em seu pensamento, a falta precedera a punição; tinha sido a sua causa primordial. É a lei da consequência dos atos, fixando as condições do destino. Trata-se aí de um cego de nascença; a falta não se pode explicar senão por uma existência anterior.


Daí essa ideia da penitência, que reaparece a cada momento nas Escrituras: "Fazei penitência", dizem elas constantemente, isto é, praticai a reparação, que é o fim da vossa nova existência; retificai vosso passado, espiritualizai-vos, porque não saireis do domínio terrestre, do círculo das provações, senão depois de "haverdes pagado até o último ceitil. " (Mateus, V, 26).


Em vão têm procurado os teólogos explicar doutro modo, que não pela reencarnação, essa passagem do Evangelho. Chegaram a raciocínios, pelo menos, estranhos. Assim foi que o sínodo de Amsterdã não pôde sair-se da dificuldade senão com esta declaração: "o cego de nascença havia pecado no seio de sua mãe". (Nota xiv: Ver nota complementar n° 5.) Era também opinião corrente, nessa época, que Espíritos eminentes vinham, em novas encarnações, continuar, concluir missões interrompidas pela morte. Elias, por exemplo, voltara à Terra na pessoa de João Batista. Jesus o afirma nestes termos, dirigindo-se à multidão: "Que saíste a ver? Um profeta? Sim, eu vo-lo declaro, e mais que um profeta. E, se o quereis compreender, ele é o próprio Elias que devia vir. - O que tem ouvidos para ouvir, ouça. " (Mateus, XI, 9, 14 e 15) Mais tarde, depois da decapitação de João Batista, ele o repete aos discípulos: "E seus discípulos o interrogam, dizendo: Porque, pois, dizem os escribas que importa vir primeiramente Elias? - Ele, respondendo, lhes disse: " "Elias, certamente, devia vir e restabelecer todas as coisas. Mas eu vo-lo digo: Elias já veio e eles não o conheceram, antes lhe fizeram quanto quiseram. - Então, conheceram seus discípulos que de João Batista é que ele lhes falara. " (Mateus, XVII, 10, 11, 12 e 15).


Assim, para Jesus, como para os discípulos, Elias e João Batista eram a mesma e única individualidade. Ora, tendo essa individualidade revestido sucessivamente dois corpos, semelhante fato não se pode explicar senão pela lei da reencarnação.


Numa circunstância memorável, Jesus pergunta a seus discípulos: "Que dizem do filho do homem?" E eles lhe respondem: "Uns dizem: é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas. " (Mateus, XVI, 13, 14; Marcos, VIII, 28) Jesus não protesta contra essa opinião como doutrina, do mesmo modo que não protestara no caso do cego de nascença. Ao demais, a ideia da pluralidade das vidas, dos sucessivos graus a percorrer para se elevar à perfeição, não se acha implicitamente contida nestas palavras memoráveis: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito. " Como poderia a alma humana alcançar esse estado de perfeição em uma única existência?


De novo encontramos a doutrina secreta, dissimulada sob véus mais ou menos transparentes, nas obras dos apóstolos e dos padres da Igreja dos primeiros séculos. Não podiam estes dela falar abertamente. Daí as obscuridades da sua linguagem.


Aos primeiros fiéis escrevia Barnabé: "Tanto quanto pude, acredito ter-me explicado com simplicidade e nada haver omitido do que pode contribuir para vossa instrução e salvação, no que se refere às coisas presentes, porque, se vos escrevesse relativamente às coisas futuras, não compreenderíeis, porque elas se acham expostas em parábolas. " (Epístola católica de São Barnabé, XVII, l, 5).


Em observância a esta regra é que um discípulo de São Paulo, Hermas, descreve a lei das reencarnações sob a figura de "pedras brancas, quadradas e lapidadas", tiradas da água para servirem na construção de um edifício espiritual. (Livro do Pastor, III, XVI, 3, 5). "Porque foram essas pedras tiradas de um lugar profundo e em seguida empregadas na estrutura dessa torre, pois que já estavam animadas pelo espírito? - Era necessário, diz-me o senhor, que, antes de serem admitidas no edifício, fossem trabalhadas por meio da água. Não poderiam entrar no reino de Deus por outro modo que não fosse despojando-se da imperfeição da sua primeira vida. " Evidentemente essas pedras são as almas dos homens; as águas (Nota xv: Essa parábola adquire maior relevo pelo fato de ser a água, para os judeus cabalista, a representação da matéria, o elemento primitivo, o que chamaríamos hoje o éter cósmico.) são as regiões obscuras, inferiores, as vidas materiais, vidas de dor e provação, durante as quais as almas são lapidadas, polidas, lentamente preparadas, a fim de tomarem lugar um dia no edifício da vida superior, da vida celeste. Há nisso um símbolo perfeito da reencarnação, cuja ideia era ainda admitida no século III e divulgada entre os cristãos.


Dentre os padres da Igreja, Orígenes é um dos que mais eloquentemente se pronunciaram a favor da pluralidade das existências. Respeitável a sua autoridade. São Jerônimo o considera, "depois dos apóstolos, o grande mestre da Igreja, verdade - diz ele - que só a ignorância poderia negar". S. Jerônimo vota tal admiração a Orígenes que assumiria, escreve, todas as calúnias de que ele foi alvo, uma vez que, por esse preço, ele, Jerônimo, pudesse ter a sua profunda ciência das Escrituras.


Em seu livro célebre, "Dos Princípios", Orígenes desenvolve os mais vigorosos argumentos que mostram, na preexistência e sobrevivência das almas noutros corpos, em uma palavra, na sucessão das vidas, o corretivo necessário à aparente desigualdade das condições humanas, uma compensação ao mal físico, como ao sofrimento moral que parece reinarem no mundo, se não se admite mais que uma única existência terrestre para cada alma. Orígenes erra, todavia, num ponto. É quando supõe que a união do espírito ao corpo é sempre uma punição. Ele perde de vista a necessidade da educação das almas e a laboriosa realização do progresso.


Errônea opinião se introduziu em muitos centros, a respeito das doutrinas de Orígenes, em geral, e da pluralidade das existências em particular, que pretendem ter sido condenadas, primeiro pelo concílio de Calcedônia e mais tarde pelo quinto concílio de Constantinopla. Ora, se remontamos às fontes, (Nota xvi: Ver Pezzani, "A pluralidade das existências", páginas 187 e 190.) reconhecemos que esses concílios repeliram, não a crença na pluralidade das existências, mas simplesmente a preexistência da alma, tal como a ensinava Orígenes, sob esta feição particular: que os homens eram anjos decaídos e que o ponto de partida tinha sido para todos a natureza angélica.


Na realidade, a questão da pluralidade das existências da alma jamais foi resolvida pelos concílios. Permaneceu aberta às resoluções da Igreja no futuro e é esse um ponto que se faz preciso estabelecer.


Como a lei dos renascimentos, a pluralidade dos mundos achase indicada no Evangelho, em forma de parábola: "Há muitas moradas na casa de meu Pai. Eu vou a preparar-vos o lugar e, depois que tiver ido e vos tiver preparado o lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver, vós estejais também. " (João, XIV, 2 e 3) A casa do Pai é o infinito céu; as moradas prometidas são os mundos que percorrem o espaço, esferas de luz ao pé das quais a nossa pobre Terra não é mais que mesquinho e obscuro planeta. É para esses mundos que Jesus guiará as almas que se ligarem a ele e à sua doutrina, mundos que lhe são familiares e onde nos saberá preparar um lugar, conforme os nossos méritos.


Orígenes comenta essas palavras em termos positivos: "O Senhor faz alusão às diferentes estações que devem as almas ocupar, depois que se houverem despojado dos seus corpos atuais e se tiverem revestido de outros novos. "



Referências em Outras Obras


CARLOS TORRES PASTORINO

jo 3:5
Sabedoria do Evangelho - Volume 2

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 1
CARLOS TORRES PASTORINO

JO 3:1-15


1. Havia um homem dentre os fariseus, chamado Nicodemos, chefe dos judeus.


2. Este veio ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: "Rabbi. sabemos que és mestre vindo da parte de Deus, pois ninguém pode fazer essas demonstrações que fazes se Deus não estiver com ele".


3. Jesus respondeu-lhe: "Em verdade, em verdade te digo. que se alguém não nascer de novo (do alto) não pode ver o Reino dos céus".


4. Perguntou-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer sendo velho? Pode porventura entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e nascer"?


5. Respondeu Jesus: "Em verdade, em verdade te digo, que se alguém não nascer de água e de espírito não pode entrar no Reino de Deus;


6. o que nasceu da carne é carne, o que nasceu do espirito é espírito.


7. Não te maravilhes de eu te dizer: é-vos necessário nascer de novo (do alto):


8. o espírito age onde quer, e ouves sua voz, mas não sabes donde vem nem para onde vai: assim é todo aquele que nasceu do espírito".


9. "Como pode ser isto"?, perguntou-lhe Nicodemos.


10. Respondeu-lhe Jesus: "Tu és o mestre de Israel e não entendes estas coisas?


11. Em verdade, em verdade te digo, que falamos o que sabemos e testificamos o que vimos, e não recebeis nosso testemunho?


12. Se vos falei de coisas terrenas e não me credes, como crereis se vos falar de coisas celestiais?


13. Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, a saber, o Filho do Homem


14. Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado,


15. para que todo aquele que nele crê, tenha a vida futura".


Um dos episódios mais instrutivos, em qualquer plano que se consiga compreendê-lo: no literal, no alegórico, no simbólico ou no espiritual. Vamos inicialmente fazer os comentários exegéticos, passando depois aos hermenêuticos.


Passa-se o fato com um fariseu de nome grego, Nicodemos ("vencedor do povo"). Seu nome aparece mais duas vezes apenas, sempre em João (7-5 e 19:39). Era Doutor da Lei e chefe dos judeus, o que indica pertencer ao Sinédrio. Procura Jesus à noite, hora mais propícia para uma conversa particular, acrescendo a circunstância da prudência de não ser visto.


Nicodemos dá a Jesus o título de Rabbi, tratando-o como igual. e explica as razões por que o considera também Doutor da Lei: as demonstrações de obras e palavras, Jesus fala em nascer "de novo" ou "do alto". A palavra grega ανουεν pode ter os dois sentidos. João o emprega geralmente no segundo sentido (em 3:31, em 19:11 e em 19:23). Os, ’Pais" da igreja grega (Orígenes, João Crisóstomo, Cirilo de Alexandria, etc.) e alguns modernos (Calmes, Lagrange, Loisy, Bernard, Joüon, Pirot, Tillmann e o nosso José de Oiticica) preferem "do alto". Os "Pais" da igreja latina (Agostinho, Jerônimo, Ambrósio, etc.) e outros modernos (d’Alâs, Durand, Knabenbauer, Plummer, Zahn, etc.) opinam por ’de novo". Um e outro sentido cabem perfeitamente no contexto.
Jesus inicia a conversa afirmando que ninguém pode VER (ιδειν) no sentido de conhecer, ver com a Mente, identificar-se, e portanto viver) o Reino dos céus (mais abaixo é usado "Reino de Deus" como sinônimo perfeito) se não nascer de novo, ou do alto. Nicodemos indaga "como pode nascer pela segunda vez um homem velho se poderá voltar para o ventre materno". Esta pergunta revela que o mestre de Israel entendeu "de novo" sem a menor dúvida.

O Rabbi não retira o que disse: ao contrário, confirma-o, especificando que o nascimento deverá se "de água e de espírito" (em grego sem artigo); e dizendo mais: "que o que é carne nasce da carne e o que é espírito provém do espírito" (em grego com artigo). E repete: e necessário nascer de novo (ou do alto).


Depois acrescenta: "o espírito age onde quer". As traduções vulgares trazem "o vento sopra onde quer". Ora, a palavra πνευµα (pneuma) é repetida no original cinco vezes nos quatro versículos (5, 6, 7 e 8). Por que traduzir quatro vezes por "espírito" e uma vez por "vento"? Estranho... Mas há razões para isso. Veremos.

Jesus muda de tom, torna-se mais solene, eleva os conceitos e penetra assuntos mais profundos. Admirase que Nicodemos não o entenda. Salienta que entre os dois há uma diferença: Nicodemos é "o doutor de Israel", enquanto ele, Jesus, não havia feito os cursos oficiais (daí aparecer em grego o artigo diante da palavra "doutor"). Salienta, então, que até aqui falou de coisas terrenas, e não foi entendido.


Que sucederá se falar das celestiais (espirituais) ?


Depois cita a serpente de bronze, que foi elevada por Moisés (NM 21:4-9), dizendo que o mesmo deverá acontecer ao Filho do Homem. No livro da Sabedoria de Salomão 16:6-3 essa serpente é citada como "símbolo de salvação".


Passemos, agora, à hermenêutica.


1. ª Interpretação: LITERAL


É a adotada pela igreja Católico-Romana. Jesus diz a Nicodemos que a criatura só pode obter o Reino de Deus (salvar-se) se renascer pela água (que é mesmo a água física do batismo) e pelo espírito (que é a infusão do Espírito Santo). Daí ser traduzido o versículo 8 por "o vento sopra onde quer", como um simples exemplo da liberdade do Espírito. O batismo é um rito de iniciação que se tornou um "sacramento".


A palavra latina sacramentum é a tradução do grego µυστεριον, e corresponde aos mistérios gregos que se aplicavam aos catecúmenos (profanos que haviam recebido a instrução oral e estavam prontos para ser "iniciados" nos mistérios). Nesse sentido era usada a palavra sacramento. No século

4. º, Ambrósio introduziu no latim a palavra grega mysterium, com o sentido de "coisa oculta", segredo não revelável a estranhos. O sacramento do batismo é a junção da água e das palavras que dão o Espírito, e se define: "sinal sensível que exprime e produz a graça santificante, permanentemente instituído por Jesus Cristo" (Tanquerey, Theologia Dogmatica, vol. III, n. 248). E Agostinho (Tratado 80, in Johanne n. 3) confirma: "No batismo há palavra e água...Tira a palavra, que fica? água pura. Se a palavra é unida ao elemento, temos o sacramento. Que força teria a água de lavar o coração, se não fossem as palavras"? (Patrol. Lat., vol. 35, col. 1810).


Essa é a única interpretação lícita, segundo o Concílio de Trento (sessão 7, cânon 2): "Si quis dixerit aquam veram et naturalem non esse de necessitate baptismi, atque ideo verba illa Domini nostri Jesu Christi: "nisi quis renatus fuerit ex aqua et Spiritu Sancto" ad metaphoram aliquam detorserit, anathema sit". " Se alguém disser que não há necessidade de água verdadeira e natural para o batismo, e igualmente que devem ser interpretadas como metáfora as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo: "se alguém não renascer da água e do Espírito Santo", seja anátema".


Há, pois, uma interpretação fixada como dogma.


2. ª Interpretação: ALEGÓRICA


Foi justamente a condenada pelo Concílio de Trento, cujo artigo se dirigia contra Calvino e Grotius.


Essa interpretação ainda é seguida pela maioria dos evangélicos (protestantes).


A explicação da "água" corresponde ao rito do batismo. Mas o "espírito" tem novo significado: é o renascimento moral, a vida nova ou o novo teor de vida no caminho de Cristo. O sentido do renascimento espiritual, com a morte do "homem velho" e o nascimento do "homem novo" é muitas vezes ensinado nas Escrituras, desde o Antigo Testamento: "Lançai de vós todas as vossas transgressões, com que errastes, e fazei-vos um coração novo e um espírito novo" (Ez. 18:31); "Também vos darei um coração novo e dentro de vós porei um espírito novo" (Ez. 36:26); "Se alguém está em Cristo, é uma nova criação: passou o que era velho, eis que se fez novo" (2CO 5:17); "Não mintais uns aos outros, tendo-vos despido do homem velho com seus feitos e tendo-vos revestido do homem novo" (CL 3:9); e ainda 2CO 2:11-13 ou EF 4:20-24 e Rom. 6:3-11.


A tradução adotada no versículo 8 é também "vento", defendendo-se a tradução com a frase do Eclesiastes (11:5): "Tu não sabes o caminho do vento". Entretanto, aí a palavra usada não é πνευµα, mas
ανεµος . Quanto ao verbo pnei, se é usado com sentido de "soprar" com referência ao vento, também pode significar "agir, exteriorizar-se, manifestar-se" em relação ao espírito. O latim traduz πνευµα por" spiritus" e πνει por spirare, dentro do sentido grego. Mas também em português usamos o mesmo radical, quer se trate do espírito (inspiração) quer se trate do vento (respiração), que se divide em inspira ção e expiração; e quando o espírito se retira, dizemos que a pessoa "expirou".

3. ª Interpretação: FISIO-REALISTA


Aceita pelos espiritistas, como ensino da realidade fisiológica do que ocorre com as criaturas. A tradução de " ανουεν " é "de novo", tal como a entendeu Nicodemos, que pergunta como pode "o homem, depois de velho, entrar pela segunda vez (δευτερον) no ventre materno".

A essa indagação, longe de protestar que não era isso o que queria dizer, Jesus insiste e confirma suas palavras: "é o que te disse: indispensável se torna que o homem nasça de água (isto é, materialmente, com o corpo denso, dado que o nascimento físico é feito através da bolsa d ’água do liquido amniótico) e de espírito (ou sej a, que adquira nova personalidade no mundo terreno, em cada nova existência, a fim de progredir). Se Nicodemos entendeu à letra as palavras ãe Jesus, o Mestre as confirma à letra e reforça seu ensino. Com efeito, o espírito, ao reentrar na vida física, pode ser considerado novo espírito que reinicia suas experiências esquecido de todo o passado.


Em grego não há artigo diante das palavras "água" e "espírito". Não é portanto nascer da água do batismo, nem do espírito, mas de água (por meio da água) e de espírito (pela reencarnação do espírito).


Daí a explicação que se segue: "o que nasce da carne (com artigo em grego) é carne", isto é, é o corpo físico, com toda a hereditariedade física herdada do corpo dos pais; e o que nasce do espírito é espírito" ou seja, o espírito que reencarna provém do espírito da última encarnação, com toda a hereditariedade pessoal que traz do passado". E Jesus prossegue: "por isso não te admires de eu te dizer: é-vos necessário nascer de novo". Observe-se a diferença de tratamento: "dizer-TE" no singular, e "é-VOS" no plural, porque o renascimento é para todos, não apenas para Nicodemos. E mais: "o espírito sopra (isto é, age, reencarna, se manifesta) onde quer, e não sabes donde veio (ou seja, sua última encarnação), nem para onde vai (qual será a próxima).


As palavras de Jesus foram de molde a embaraçar Nicodemos, que indaga: "como pode ser isso"? E Jesus: "Tu que (entre nós dois) és o Mestre de Israel, te perturbas com estas coisas terrenas? Que te não acontecerá, então, se te falar das coisas celestiais (espirituais)"?


Logicamente Jesus não podia esperar que Nicodemos entendesse as outras interpretações mais profundas desse ensinamento (como dificilmente poderia ter querido ensinar o rito do batismo, que não havia ainda sido instituído nem ordenado por ele, a essa época, quando só havia o "batismo" de João).


Depois exemplifica: "como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim o Filho do Homem será erguido da Terra ".


Paulo interpreta assim esse ensinamento de Jesus: "Mas quando apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens, não por obras de justiça que tivéssemos feito, mas segundo sua misericórdia nos salvou pelo lavatório da reencarnação, e pelo renascimento de um espírito santo" (TT 3:4-5). As palavras utilizadas são bastante claras e insofismáveis: lavatório (lavar com água; λουτρον da reencarnação: παλιγγενεσια que é o termo técnico da reencarnação entre os gregos; pelo renascimento (anaxinóseos) isto é, um novo nascimento). Paulo, pois, diz que Deus nos salvou não porque o tivéssemos merecido, mas por Sua misericórdia, servindo-se da palingenésia (isto é, da reencarnação) a qual é um "lavatório" (de água) e um "renascimento" do espírito.

Que o renascimento é feito através da água, já o diz o Genesis (cfr. 1:1-2; 1:6-7 e 2:4-7).


4. ª Interpretação: SIMBÓLICA


Para compreendê-la, estudemos algumas palavras: NICODEMOS - significa "vencedor" do povo" e exprime alguém que já venceu a inércia da massa popular por seus conhecimentos das Escrituras, já se destacou do "vulgo profano" superando sua natureza inferior.


DE NOITE - talvez signifique que Nicodemos procurou o Mestre em corpo astral (ou mental) durante o sono físico. Nessa condição ser-Ihe-ia possível manter conversações mais íntimas. E João poderia ter assistido a ela, pois algumas cenas dos Evangelhos foram assistidas nessa condição (por exemplo, a "transfiguração": "Pedro e seus companheiros (Tiago e João) estavam oprimidos de sono, mas conservavamse acordados", LC 9:32).


Nesta interpretação, descobrimos um sentido diferente do diálogo literal entre os dois, o Rabbi e o Doutor da Lei, o Mestre Espiritual e o Mestre Intelectual. Antes de qualquer pergunta, Jesus dá a frase chave do novo ensinamento que vai ministrar: "é necessário nascer de novo para ver o Reino dos céus" - Nicodemos entende que Jesus lhe fala da reencarnação, fato já conhecido por ele, pois, sendo fariseu, aceitava normalmente a reencarnação, e não podia de modo algum estranhar o fato nem ignorar sua realidade.


Para confirmar esta assertiva, leia-se apenas esse trecho de Flávio Josefo: "Ensinam os fariseus que as almas são imortais e que as almas dos justos passam, depois desta vida, a OUTROS CORPOS" ... (Bell. Jud. 2, 5, 11).


Como, pois, Nicodemos podia ignorar esta doutrina, a ponto de admirar-se tanto e fazer uma objeção pueril? Compreendamos sua frase, quando pergunta a Jesus: "Como poderá (bastar) um homem renascer depois de velho? Acaso poderá (bastar) que ele entre pela segunda vez no ventre materno, para (só com isso) ver o reino dos céus"?


Jesus então reafirma sua tese, mas ampliando-a, elevando-a de nível tornando-a universal: Não é do nascimento físico na matéria que ele fala. Não é do microcosmo: é do macrocosmo, de que falara em Mateus (Mateus 19:28): "Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando na reencarnação (palingenesia) o Filho do Homem se assentar no trono de sua glória, sentar-vos-eis também em doze tronos, para julgardes as doze tribos de Israel". Trata-se, aqui, da reencarnação ou renascimento do planeta.


Explica então: o que nasce da carne é carne, é matéria corruptível, mas a que nasce do "espírito" é o Espírito eterno, que não necessitará mais da carne para progredir. Só nasce na carne o que está sujeito às leis do Carma (individual, grupal, coletivo ou planetário): esse ainda é carne, ainda terá que nascer da água, porque está preso à baixa densidade. Mas o que nasce do espírito se liberta, ascende a outros planos. O ensinamento foi desenvolvido por Paulo na Epístola 1 aos Coríntios, capítulo 15, versículos 35 a 54, quando compara o homem terreno (psíquico) simbolizado em Adão, coma alma vivente (que vive), ao passo que o segundo Adão (Cristo) e portanto o Espírito, o Filho do Homem, é o espírito vivificante (que dá vida). Passou, então, do estado humano ao espiritual, deixou de ser "nascido de carne" para tornar-se "nascido de espírito"; e Paulo prossegue: "o primeiro é da Terra (nascido de carne) o segundo é do céu (nascido do espírito)". E isto porque, prossegue ele, "a carne e o sangue não podem herdar o Reino dos Céus". Jesus falara das "coisas terrenas" e Nicodemos não o percebia bem. Como adiantar-se mais? Como explicar-lhe que o Espírito prossegue na evolução, até chegar a ser "o resultado" do Homem, "o produto" da Humanidade, ou Filho do Homem (como já era o caso de Jesus)? Ele fala do que "viu", porque estava no céu (no reino espiritual) e de lá "desceu".


Os "apocalipses" ou "revelações" dos judeus narram histórias de santos varões que haviam subido a mundos "mentais" conscientemente: esses homens eram denominados "serpentes". Nesse sentido é que Moisés "elevou a serpente" no deserto. De fato, a serpente simboliza a inteligência racional ou o intelecto (veja episódio de Adão, quando conquistou o intelecto por meio da serpente), mas quando a serpente é "elevada" verticalmente, significa a Mente Espiritual. Sua elevação se dá na "cruz da matéria" (horizontal sobre vertical), e só depois de elevada na cruz, pode essa serpente conquistar o Reino dos Céus. Todos os que acreditaram nele (que cumprirem seus ensinos) conseguirão a "vida futura", isto é, a vida Espiritual Superior.


Então, para "vermos" ou vivermos o Reino dos Céus, o Reino Divino, temos que "nascer de novo" como Filhos de Deus ("Tu és meu Filho, eu HOJE te gerei", Salmo 2:7).


5. ª Interpretação: MÍSTICA


Jesus, a individualidade, ensina ao homem "que venceu o povo" comum, isto é, à personalidade já evoluída acima do normal, que para conseguir o Encontro Místico é mister "nascer do alto", no Espírito. A personalidade é pura carne, é matéria, mas a individualidade é celeste, é espiritual.


Se renunciarmos ao nosso pequeno "eu", renasceremos "do alto" " viveremos no Reino Divino, não mais no Reino Humano: seremos Filhos do Homem e, além disso, Filhos de Deus.


Nesse ponto, estaremos (embora crucificados na carne) unidos à Divindade, num Esponsalício místico, perdidos em Deus, "como a gota no Oceano" (Bahá’u’lláh): seremos UM com o Todo, porque "eu e o Pai somos um" (JO 10:30).


Para consegui-lo, é preciso ter sido "suspenso" na cruz, como a serpente de Moisés: é indispensável passar por todas as crucificações da Terra, por todas as iniciações duras e difíceis, dando testemunho da Fé em Cristo, ao VIVER seus ensinamentos.


jo 3:5
Sabedoria do Evangelho - Volume 4

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 13
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 16:24-28


24. Jesus disse então o seus discípulos: "Se alguém quer vir após mim, neguese a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


25. Porque aquele que quiser preservar sua alma. a perderá; e quem perder sua alma por minha causa, a achará.


26. Pois que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Ou que dará o homem em troca de sua alma?


27. Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com seus mensageiros, e então retribuirá a cada um segundo seu comportamento.


28. Em verdade vos digo, que alguns dos aqui presentes absolutamente experimentarão a morte até que o Filho do Homem venha em seu reino. MC 8:34-38 e MC 9:1


34. E chamando a si a multidão, junto com seus discípulos disse-lhes: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


35. Porque quem quiser preservar sua alma, a perderá; e quem perder sua alma por amor de mim e da Boa-Nova, a preservará.


36. Pois que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?


37. E que daria um homem em troca de sua alma?


38. Porque se alguém nesta geração adúltera e errada se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, também dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na glória de seu Pai com seus santos mensageiros". 9:1 E disse-lhes: "Em verdade em verdade vos digo que há alguns dos aqui presentes, os quais absolutamente experimentarão a morte, até que vejam o reino de Deus já chegado em força".


LC 9:23-27


23. Dizia, então, a todos: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me.


24. Pois quem quiser preservar sua alma, a perderá; mas quem perder sua alma por amor de mim, esse a preservará.


25. De fato, que aproveita a um homem se ganhar o mundo inteiro, mas arruinar-se ou causar dano a si mesmo?


26. Porque aquele que se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória, na do Pai e na dos santos mensageiros.


27. Mas eu vos digo verdadeiramente, há alguns dos aqui presentes que não experimentarão a morte até que tenham visto o reino de Deus.


Depois do episódio narrado no último capítulo, novamente Jesus apresenta uma lição teórica, embora bem mais curta que as do Evangelho de João.


Segundo Mateus, a conversa foi mantida com Seus discípulos. Marcos, entretanto, revela que Jesu "chamou a multidão" para ouvi-la, como que salientando que a aula era "para todos"; palavras, aliás, textuais em Lucas.


Achava-se a comitiva no território não-israelita ("pagão") de Cesareia de Filipe, e certamente os moradores locais haviam observado aqueles homens e mulheres que perambulavam em grupo homogêneo.


Natural que ficassem curiosos, a "espiar" por perto. A esses, Jesus convida que se aproximem para ouvir os ensinamentos e as exigências impostas a todos os que ambicionavam o DISCIPULATO, o grau mais elevado dos três citados pelo Mestre: justos (bons), profetas (médiuns) e discípulos (ver vol. 3).


As exigências são apenas três, bem distintas entre si, e citadas em sequência gradativa da menor à maior. Observamos que nenhuma delas se prende a saber, nem a dizer, nem a crer, nem a fazer, mas todas se baseiam em SER. O que vale é a evolução interna, sem necessidade de exteriorizações, nem de confissões, nem de ritos.


No entanto, é bem frisada a vontade livre: "se alguém quiser"; ninguém é obrigado; a espontaneidade deve ser absoluta, sem qualquer coação física nem moral. Analisemos.


Vimos, no episódio anterior, o Mestre ordenar a Pedro que "se colocasse atrás Dele". Agora esclarece: " se alguém QUER ser SEU discípulo, siga atrás Dele". E se tem vontade firme e inabalável, se o QUER, realize estas três condições:

1. ª - negue-se a si mesmo (Lc. arnésasthô; Mat. e Mr. aparnésasthô eautón).


2. ª - tome (carregue) sua cruz (Lc. "cada dia": arátô tòn stáurou autoú kath"hêméran);

3. ª - e siga-me (akoloutheítô moi).


Se excetuarmos a negação de si mesmo, já ouvíramos essas palavras em MT 10:38 (vol. 3).


O verbo "negar-se" ou "renunciar-se" (aparnéomai) é empregado por Isaías (Isaías 31:7) para descrever o gesto dos israelitas infiéis que, esclarecidos pela derrota dos assírios, rejeitaram ou negaram ou renunciaram a seus ídolos. E essa é a atitude pedida pelo Mestre aos que QUEREM ser Seus discípulos: rejeitar o ídolo de carne que é o próprio corpo físico, com sua sequela de sensações, emoções e intelectualismo, o que tudo constitui a personagem transitória a pervagar alguns segundos na crosta do planeta.


Quanto ao "carregar a própria cruz", já vimos (vol. 3), o que significava. E os habitantes da Palestina deviam estar habituados a assistir à cena degradante que se vinha repetindo desde o domínio romano, com muita frequência. Para só nos reportarmos a Flávio Josefo, ele cita-nos quatro casos em que as crucificações foram em massa: Varus que fez crucificar 2. 000 judeus, por ocasião da morte, em 4 A. C., de Herodes o Grande (Ant. Jud. 17. 10-4-10); Quadratus, que mandou crucificar todos os judeus que se haviam rebelado (48-52 A. D.) e que tinham sido aprisionados por Cumarus (Bell. Jud. 2. 12. 6); em 66 A. D. até personagens ilustres foram crucificadas por Gessius Florus (Bell. Jud. 2. 14. 9); e Tito que, no assédio de Jerusalém, fez crucificar todos os prisioneiros, tantos que não havia mais nem madeira para as cruzes, nem lugar para plantá-las (Bell. Jud. 5. 11. 1). Por aí se calcula quantos milhares de crucificações foram feitas antes; e o espetáculo do condenado que carregava às costas o instrumento do próprio suplício era corriqueiro. Não se tratava, portanto, de uma comparação vazia de sentido, embora constituindo uma metáfora. E que o era, Lucas encarrega-se de esclarecê-lo, ao acrescentar "carregue cada dia a própria cruz". Vemos a exigência da estrada de sacrifícios heroicamente suportados na luta do dia a dia, contra os próprios pendores ruins e vícios.


A terceira condição, "segui-Lo", revela-nos a chave final ao discipulato de tal Mestre, que não alicia discípulos prometendo-lhes facilidades nem privilégios: ao contrário. Não basta estudar-Lhe a doutrina, aprofundar-Lhe a teologia, decorar-Lhe as palavras, pregar-Lhe os ensinamentos: é mister SEGUILO, acompanhando-O passo a passo, colocando os pés nas pegadas sangrentas que o Rabi foi deixando ao caminhar pelas ásperas veredas de Sua peregrinação terrena. Ele é nosso exemplo e também nosso modelo vivo, para ser seguido até o topo do calvário.


Aqui chegamos a compreender a significação plena da frase dirigida a Pedro: "ainda és meu adversário (porque caminhas na direção oposta a mim, e tentas impedir-me a senda dolorosa e sacrificial): vai para trás de mim e segue-me; se queres ser meu discípulo, terás que renunciar a ti mesmo (não mais pensando nas coisas humanas); que carregar também tua cruz sem que me percas de vista na dura, laboriosa e dorida ascensão ao Reino". Mas isto, "se o QUERES" ... Valerá a pena trilhar esse áspero caminho cheio de pedras e espinheiros?


O versículo seguinte (repetição, com pequena variante de MT 10:39; cfr. vol. 3) responde a essa pergunta.


As palavras dessa lição são praticamente idênticas nos três sinópticos, demonstrando a impress ão que devem ter causado nos discípulos.


Sim, porque quem quiser preservar sua alma (hós eán thélei tên psychên autòn sõsai) a perderá (apolêsei autên). Ainda aqui encontramos o verbo sôzô, cuja tradução "salvar" (veja vol. 3) dá margem a tanta ambiguidade atualmente. Neste passo, a palavra portuguesa "preservar" (conservar, resguardar) corresponde melhor ao sentido do contexto. O verbo apolesô "perder", só poderia ser dado também com a sinonímia de "arruinar" ou "degradar" (no sentido etimológico de "diminuir o grau").


E o inverso é salientado: "mas quem a perder "hós d"án apolésêi tên psychên autoú), por minha causa (héneken emoú) - e Marcos acrescenta "e da Boa Nova" (kaì toú euaggelíou) - esse a preservará (sósei autén, em Marcos e Lucas) ou a achará (heurêsei autén, em Mateus).


A seguir pergunta, como que explicando a antinomia verbal anterior: "que utilidade terá o homem se lucrar todo o mundo físico (kósmos), mas perder - isto é, não evoluir - sua alma? E qual o tesouro da Terra que poderia ser oferecido em troca (antállagma) da evolução espiritual da criatura? Não há dinheiro nem ouro que consiga fazer um mestre, riem que possa dar-se em troca de uma iniciação real.


Bens espirituais não podem ser comprados nem "trocados" por quantias materiais. A matemática possui o axioma válido também aqui: quantidades heterogêneas não podem somar-se.


O versículo seguinte apresenta variantes.


MATEUS traz a afirmação de que o Filho do Homem virá com a glória de seu Pai, em companhia de Seus Mensageiros (anjos), para retribuir a cada um segundo seus atos. Traduzimos aqui dóxa por "glória" (veja vol. 1 e vol. 3), porque é o melhor sentido dentro do contexto. E entendemos essa glória como sinônimo perfeito da "sintonia vibratória" ou a frequência da tônica do Pai (Verbo, Som). A atribui ção a cada um segundo "seus atos" (tên práxin autoú) ou talvez, bem melhor, de acordo com seu comportamento, com a "prática" da vida diária. Não são realmente os atos, sobretudo isolados (mesmo os heroicos) que atestarão a Evolução de uma criatura, mas seu comportamento constante e diuturno.


MARCOS diz que se alguém, desta geração "adúltera", isto é, que se tornou "infiel" a Deus, traindo-O por amar mais a matéria que o espírito, e "errada" na compreensão das grandes verdades, "se envergonhar" (ou seja "desafinar", não-sintonizar), também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier com a glória do Pai, em companhia de Seus mensageiros (anjos).


LUCAS repete as palavras de Marcos (menos a referência à Boa Nova), salientando, porém, que o Filho do Homem virá com Sua própria glória, com a glória do Pai, e com a glória dos santos mensageiros (anjos).


E finalmente o último versículo, em que só Mateus difere dos outros dois, os quais, no entanto, nos parecem mais conformes às palavras originais.


Afirma o Mestre "alguns dos aqui presentes" (eisin tines tõn hõde hestótõn), os quais não experimentar ão (literalmente: "não saborearão, ou mê geúsôntai) a morte, até que vejam o reino de Deus chegar com poder. Mateus em vez de "o reino de Deus", diz "o Filho do Homem", o que deu margem à expectativa da parusia (ver vol. 3), ainda para os indivíduos daquela geração.


Entretanto, não se trata aqui, de modo algum, de uma parusia escatológica (Paulo avisa aos tessalonicenses que não o aguardem "como se já estivesse perto"; cfr. 1. ª Tess. 2: lss), mas da descoberta e conquista do "reino de Deus DENTRO de cada um" (cfr. LC 17:21), prometido para alguns "dos ali presentes" para essa mesma encarnação.


A má interpretação provocou confusões. Os gnósticos (como Teodósio), João Crisóstomo, Teofilacto e outros - e modernamente o cardeal Billot, S. J. (cfr. "La Parousie", pág. 187), interpretam a "vinda na glória do Filho do Homem" como um prenúncio da Transfiguração; Cajetan diz ser a Ressurreição;


Godet acha que foi Pentecostes; todavia, os próprios discípulos de Jesus, contemporâneos dos fatos, não interpretaram assim, já que após a tudo terem assistido, inclusive ao Pentecostes, continuaram esperando, para aqueles próximos anos, essa vinda espetacular. Outros recuaram mais um pouco no tempo, e viram essa "vinda gloriosa" na destruição de Jerusalém, como "vingança" do Filho do Homem; isso, porém, desdiz o perdão que Ele mesmo pedira ao Pai pela ignorância de Seus algozes (D. Calmet, Knabenbauer, Schanz, Fillion, Prat, Huby, Lagrange); e outros a interpretaram como sendo a difusão do cristianismo entre os pagãos (Gregório Magno, Beda, Jansênio, Lamy).


Penetremos mais a fundo o sentido.


Na vida literária e artística, em geral, distinguimos nitidamente o "aluno" do "discípulo". Aluno é quem aprende com um professor; discípulo é quem segue a trilha antes perlustrada por um mestre. Só denominamos "discípulo" aquele que reproduz em suas obras a técnica, a "escola", o estilo, a interpretação, a vivência do mestre. Aristóteles foi aluno de Platão, mas não seu discípulo. Mas Platão, além de ter sido aluno de Sócrates, foi também seu discípulo. Essa distinção já era feita por Jesus há vinte séculos; ser Seu discípulo é segui-Lo, e não apenas "aprender" Suas lições.


Aqui podemos desdobrar os requisitos em quatro, para melhor explicação.


Primeiro: é necessário QUERER. Sem que o livre-arbítrio espontaneamente escolha e decida, não pode haver discipulato. Daí a importância que assume, no progresso espiritual, o aprendizado e o estudo, que não podem limitar-se a ouvir rápidas palavras, mas precisam ser sérios, contínuos e profundos.


Pois, na realidade, embora seja a intuição que ilumina o intelecto, se este não estiver preparado por meio do conhecimento e da compreensão, não poderá esclarecer a vontade, para que esta escolha e resolva pró ou contra.


O segundo é NEGAR-SE a si mesmo. Hoje, com a distinção que conhecemos entre o Espírito (individualidade) e a personagem terrena transitória (personalidade), a frase mais compreensível será: "negar a personagem", ou seja, renunciar aos desejos terrenos, conforme ensinou Sidarta Gotama, o Buddha.


Cientificamente poderíamos dizer: superar ou abafar a consciência atual, para deixar que prevaleça a super-consciência.


Essa linguagem, entretanto, seria incompreensível àquela época. Todavia, as palavras proferidas pelo Mestre são de meridiana clareza: "renunciar a si mesmo". Observando-se que, pelo atraso da humanidade, se acredita que o verdadeiro eu é a personagem, e que a consciência atual é a única, negar essa personagem e essa consciência exprime, no fundo, negar-se "a si mesmo". Diz, portanto, o Mestre: " esse eu, que vocês julgam ser o verdadeiro eu, precisa ser negado". Nada mais esclarece, já que não teria sido entendido pela humanidade de então. No entanto, aqueles que seguissem fielmente Sua lição, negando seu eu pequeno e transitório, descobririam, por si mesmos, automaticamente, em pouco tempo, o outro Eu, o verdadeiro, coisa que de fato ocorreu com muitos cristãos.


Talvez no início possa parecer, ao experimentado: desavisado, que esse Eu verdadeiro seja algo "externo".


Mas quando, por meio da evolução, for atingido o "Encontro Místico", e o Cristo Interno assumir a supremacia e o comando, ele verificará que esse Divino Amigo não é um TU desconhecido, mas antes constitui o EU REAL. Além disso, o Mestre não se satisfez com a explanação teórica verbal: exemplificou, negando o eu personalístico de "Jesus", até deixá-lo ser perseguido, preso, caluniado, torturado e assassinado. Que Lhe importava o eu pequeno? O Cristo era o verdadeiro Eu Profundo de Jesus (como de todos nós) e o Cristo, com a renúncia e negação do eu de Jesus, pode expandir-se e assumir totalmente o comando da personagem humana de Jesus, sendo, às vezes, difícil distinguir quando falava e agia "Jesus" e quando agia e falava "o Cristo". Por isso em vez de Jesus, temos nele O CRISTO, e a história o reconhece como "Jesus", O CRISTO", considerando-o como homem (Jesus) e Deus (Cristo).


Essa anulação do eu pequeno fez que a própria personagem fosse glorificada pela humildade, e o nome humano negado totalmente se elevasse acima de tudo, de tal forma que "ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na Terra e debaixo da terra" (Filp. 2:10).


Tudo isso provocou intermináveis discussões durante séculos, por parte dos que não conseguiram penetrar a realidade dos acontecimentos, caracterizados, então, de "mistério": são duas naturezas ou uma? Como se realizou a união hipostática? Teria a Divindade absorvido a humanidade?


Por que será que uma coisa tão clara terá ficado incompreendida por tantos luminares que trataram deste assunto? O Eu Profundo de todas as criaturas é o Deus Interno, que se manifestará em cada um exatamente na proporção em que este renunciar ao eu pequeno (personagem), para deixar campo livre à expressão do Cristo Interno Divino. Todos somos deuses (cfr. Salmo 81:6 e JO 10:34) se negarmos totalmente nosso eu pequeno (personagem humana), deixando livre expansão à manifestação do Cristo que em todos habita. Isso fez Jesus. Se a negação for absoluta e completa, poderemos dizer com Paulo que, nessa criatura, "habita a plenitude da Divindade" (CL 2:9). E a todos os que o fizerem, ser-lhes-á exaltado o nome acima de toda criação" (cfr. Filp. 2:5-11).


Quando isto tiver sido conseguido, a criatura "tomará sua cruz cada dia" (cada vez que ela se apresentar) e a sustentará galhardamente - quase diríamos triunfalmente - pois não mais será ela fonte de abatimentos e desânimos, mas constituirá o sofrimento-por-amor, a dor-alegria, já que é a "porta estreita" (MT 7:14) que conduzirá à felicidade total e infindável (cfr. Pietro Ubaldi, "Grande Síntese, cap. 81).


No entanto, dado o estágio atual da humanidade, a cruz que temos que carregar ainda é uma preparação para o "negar-se". São as dores físicas, as incompreensões morais, as torturas do resgate de carmas negativos mais ou menos pesados, em vista do emaranhado de situações aflitivas, das "montanhas" de dificuldades que se erguem, atravancando nossos caminhos, do sem-número de moléstias e percalços, do cortejo de calúnias e martírios inomináveis e inenarráveis.


Tudo terá que ser suportado - em qualquer plano - sem malsinar a sorte, sem desesperos, sem angústias, sem desfalecimentos nem revoltas, mas com aceitação plena e resignação ativa, e até com alegria no coração, com a mais sólida, viva e inabalável confiança no Cristo-que-é-nosso-Eu, no Deus-

Imanente, na Força-Universal-Inteligente e Boa, que nos vivifica e prepara, de dentro de nosso âmago mais profundo, a nossa ascensão real, até atingirmos TODOS, a "plena evolução crística" (EF 4:13).


A quarta condição do discipulato é também clara, não permitindo ambiguidade: SEGUI-LO. Observese a palavra escolhida com precisão. Poderia ter sido dito "imitá-Lo". Seria muito mais fraco. A imitação pode ser apenas parcial ou, pior ainda, ser simples macaqueação externa (usar cabelos compridos, barbas respeitáveis, vestes talares, gestos estudados), sem nenhuma ressonância interna.


Não. Não é imitá-Lo apenas, é SEGUI-LO. Segui-Lo passo a passo pela estrada evolutiva até atingir a meta final, o ápice, tal como Ele o FEZ: sem recuos, sem paradas, sem demoras pelo caminho, sem descanso, sem distrações, sem concessões, mas marchando direto ao alvo.


SEGUI-LO no AMOR, na DEDICAÇÃO, no SERVIÇO, no AUTO-SACRIFÍCIO, na HUMILDADE, na RENÚNCIA, para que de nós se possa afirmar como Dele foi feito: "fez bem todas as coisas" (MC 7. 37) e: "passou pela Terra fazendo o bem e curando" (AT 10:38).


Como Mestre de boa didática, não apresenta exigências sem dar as razões. Os versículos seguintes satisfazem a essa condição.


Aqui, como sempre, são empregados os termos filosóficos com absoluta precisão vocabular (elegantia), não deixando margem a qualquer dúvida. A palavra usada é psychê, e não pneuma; é alma e nã "espírito" (em adendo a este capítulo daremos a "constituição do homem" segundo o Novo Testamento).


A alma (psychê) é a personagem humana em seu conjunto de intelecto-emoções, excluído o corpo denso e as sensações do duplo etérico. Daí a definição da resposta 134 do "Livro dos Espíritos": "alma é o espírito encarnado", isto é, a personagem humana que habita no corpo denso.

Aí está, pois, a chave para a interpretação do "negue-se a si mesmo": esse eu, a alma, é a personagem que precisa ser negada, porque, quem não quiser fazê-lo, quem pretender preservar esse eu, essa alma, vai acabar perdendo-a, já que, ao desencarnar, estará com "as mãos vazias". Mas aquele que por causa do Cristo Interno - renunciar e perder essa personagem transitória, esse a encontrará melhorada (Mateus), esse a preservará da ruína (Marcos e Lucas).


E prossegue: que adiantará acumular todas as riquezas materiais do mundo, se a personalidade vai cair no vazio? Nada de material pode ser-lhe comparado. No entanto, se for negada, será exaltada sobre todas as coisas (cfr. o texto acima citado, Filp. 2:5-11).


Todas e qualquer evolução do Espírito é feita exclusivamente durante seu mergulho na carne (veja atrás). Só através das personagens humanas haverá ascensão espiritual, por meio do "ajustamento sintônico". Então, necessidade absoluta de consegui-lo, não "se envergonhando", isto é, não desafinando da tônica do Pai (Som) que tudo cria, governa e mantém. Enfrentar o mundo sem receio, sem" respeitos humanos", e saber recusá-lo também, para poder obter o Encontro Místico com o Cristo Interno. Se a criatura "se envergonha" e se retrai, (não sintoniza) não é possível conseguir o Contato Divino, e o Filho do Homem também a evitará ("se envergonhará" dessa criatura). Só poderá haver a" descida da graça" ou a unificação com o Cristo, "na glória (tônica) do Pai (Som-Verbo), na glória (tônica) do próprio Cristo (Eu Interno), na glória de todos os santos mensageiros", se houver a coragem inquebrantável de romper com tudo o que é material e terreno, apagando as sensações, liquidando as emoções, calando o intelecto, suplantando o próprio "espírito" encarnado, isto é, PERDENDO SUA ALMA: só então "a achará", unificada que estará com o Cristo, Nele mergulhada (batismo), "como a gota no oceano" (Bahá"u"lláh). Realmente, a gota se perde no oceano mas, inegavelmente, ao deixar de ser gota microscópica, ela se infinitiva e se eterniza tornando-se oceano...

Em Mateus é-nos dado outro aviso: ao entrar em contato com a criatura, esta "receberá de acordo com seu comportamento" (pláxin). De modo geral lemos nas traduções correntes "de acordo com suas obras". Mas isso daria muito fortemente a ideia de que o importante seria o que o homem FAZ, quando, na realidade, o que importa é o que o homem É: e a palavra comportamento exprime-o melhor que obras; ora, a palavra do original práxis tem um e outro sentido.


Evidentemente, cada ser só poderá receber de acordo com sua capacidade, embora todos devam ser cheios, replenos, com "medida sacudida e recalcada" (cfr. Lc. 5:38).


Mas há diferença de capacidade entre o cálice, o copo, a garrafa, o litro, o barril, o tonel... De acordo com a própria capacidade, com o nível evolutivo, com o comportamento de cada um, ser-lhe-á dado em abundância, além de toda medida. Figuremos uma corrente imensa, que jorra permanentemente luz e força, energia e calor. O convite é-nos feito para aproximar-nos e recolher quanto quisermos.


Acontece, porém, que cada um só recolherá conforme o tamanho do vasilhame que levar consigo.


Assim o Cristo Imanente e o Verbo Criador e Conservador SE DERRAMAM infinitamente. Mas nós, criaturas finitas, só recolheremos segundo nosso comportamento, segundo a medida de nossa capacidade.


Não há fórmulas mágicas, não há segredos iniciáticos, não peregrinações nem bênçãos de "mestres", não há sacramentos nem sacramentais, que adiantem neste terreno. Poderão, quando muito, servir como incentivo, como animação a progredir, mas por si, nada resolvem, já que não agem ex ópere operantis nem ex opere operatus, mas sim ex opere recipientis: a quantidade de recebimento estará de acordo com a capacidade de quem recebe, não com a grandeza de quem dá, nem com o ato de doação.


E pode obter-se o cálculo de capacidade de cada um, isto é, o degrau evolutivo em que se encontra no discipulato de Cristo, segundo as várias estimativas das condições exigidas:

a) - pela profundidade e sinceridade na renúncia ao eu personalístico, quando tudo é feito sem cogitar de firmar o próprio nome, sem atribuir qualquer êxito ao próprio merecimento (não com palavras, mas interiormente), colaborando com todos os "concorrentes", que estejam em idêntica senda evolutiva, embora nos contrariem as ideias pessoais, mas desde que sigam os ensinos de Cristo;


b) - pela resignação sem queixas, numa aceitação ativa, de todas as cruzes, que exprimam atos e palavras contra nós, maledicências e calúnias, sem respostas nem defesas, nem claras nem veladas (já nem queremos acenar à contra-ataques e vinganças).


c) - pelo acompanhar silencioso dos passos espirituais no caminho do auto-sacrifício por amor aos outros, pela dedicação integral e sem condições; no caminho da humildade real, sem convencimentos nem exterioridades; no caminho do serviço, sem exigências nem distinções; no caminho do amor, sem preferências nem limitações. O grau dessas qualidades, todas juntas, dará uma ideia do grau evolutivo da criatura.


Assim entendemos essas condições: ou tudo, à perfeição; ou pouco a pouco, conquistando uma de cada vez. Mas parado, ninguém ficará. Se não quiser ir espontaneamente, a dor o aguilhoará, empurrandoo para a frente de qualquer forma.


No entanto, uma promessa relativa à possibilidade desse caminho é feita claramente: "alguns dos que aqui estão presentes não experimentarão a morte até conseguirem isso". A promessa tanto vale para aquelas personagens de lá, naquela vida física, quanto para os Espíritos ali presentes, garantindo-selhes que não sofreriam queda espiritual (morte), mas que ascenderiam em linha reta, até atingir a meta final: o Encontro Sublime, na União mística absoluta e total.


Interessante a anotação de Marcos quando acrescenta: O "reino de Deus chegado em poder". Durante séculos se pensou no poder externo, a espetacularidade. Mas a palavra "en dynámei" expressa muito mais a força interna, o "dinamismo" do Espírito, a potencialidade crística a dinamizar a criatura em todos os planos.


O HOMEM NO NOVO TESTAMENTO


O Novo Testamento estabelece, com bastante clareza, a constituição DO HOMEM, dividindo o ser encarnado em seus vários planos vibratórios, concordando com toda a tradição iniciática da Índia e Tibet, da China, da Caldeia e Pérsia, do Egito e da Grécia. Embora não encontremos o assunto didaticamente esquematizado em seus elementos, o sentido filosófico transparece nítido dos vários termos e expressões empregados, ao serem nomeadas as partes constituintes do ser humano, ou seja, os vários níveis em que pode tornar-se consciente.


Algumas das palavras são acolhidas do vocabulário filosófico grego (ainda que, por vezes, com pequenas variações de sentido); outras são trazidas da tradição rabínica e talmúdica, do centro iniciático que era a Palestina, e que já entrevemos usadas no Antigo Testamento, sobretudo em suas obras mais recentes.


A CONCEPÇÃO DA DIVINDADE


Já vimos (vol, 1 e vol. 3 e seguintes), que DEUS, (ho théos) é apresentado, no Novo Testamento, como o ESPÍRITO SANTO (tò pneuma tò hágion), o qual se manifesta através do Pai (patêr) ou Lógos (Som Criador, Verbo), e do Filho Unigênito (ho hyiós monogenês), que é o Cristo Cósmico.


DEUS NO HOMEM


Antes de entrar na descrição da concepção do homem, no Novo Testamento, gostaríamos de deixar tem claro nosso pensamento a respeito da LOCALIZAÇÃO da Centelha Divina ou Mônada NO CORA ÇÃO, expressão que usaremos com frequência.


A Centelha (Partícula ou Mônada) é CONSIDERADA por nós como tal; mas, na realidade, ela não se separa do TODO (cfr. vol. 1); logo, ESTÁ NO TODO, e portanto É O TODO (cfr. JO 1:1).


O "TODO" está TODO em TODAS AS COISAS e em cada átomo de cada coisa (cfr. Agostinho, De Trin. 6, 6 e Tomás de Aquino, Summa Theologica, I, q. 8, art. 2, ad 3um; veja vol. 3, pág. 145).


Entretanto, os seres e as coisas acham-se limitados pela forma, pelo espaço, pelo tempo e pela massa; e por isso afirmamos que em cada ser há uma "centelha" ou "partícula" do TODO. No entanto, sendo o TODO infinito, não tem extensão; sendo eterno, é atemporal; sendo indivisível, não tem dimensão; sendo O ESPÍRITO, não tem volume; então, consequentemente, não pode repartir-se em centelhas nem em partículas, mas é, concomitantemente, TUDO EM TODAS AS COISAS (cfr. l. ª Cor. 12:6).


Concluindo: quando falamos em "Centelha Divina" e quando afirmamos que ela está localizada no coração, estamos usando expressões didáticas, para melhor compreensão do pensamento, dificílimo (quase impossível) de traduzir-se em palavras.


De fato, porém, a Divindade está TODA em cada célula do corpo, como em cada um dos átomos de todos os planos espirituais, astrais, físicos ou quaisquer outros que existam. Em nossos corpos físicos e astral, o coração é o órgão preparado para servir de ponto de contato com as vibrações divinas, através, no físico, do nó de Kait-Flake e His; então, didaticamente, dizemos que "o coração é a sede da Centelha Divina".


A CONCEPÇÃO DO HOMEM


O ser humano (ánthrôpos) é considerado como integrado por dois planos principais: a INDIVIDUALIDADE (pneuma) e a PERSONAGEM ou PERSONALIDADE; esta subdivide-se em dois: ALMA (psychê) e CORPO (sôma).


Mas, à semelhança da Divindade (cfr. GN 1:27), o Espírito humano (individualidade ou pneuma) possui tríplice manifestação: l. ª - a CENTELHA DIVINA, ou Cristo, partícula do pneuma hágion; essa centelha que é a fonte de todo o Espirito, está localizada e representada quase sempre por kardia (coração), a parte mais íntima e invisível, o âmago, o Eu Interno e Profundo, centro vital do homem;


2. ª - a MENTE ESPIRITUAL, parte integrante e inseparável da própria Centelha Divina. A Mente, em sua função criadora, é expressa por noús, e está também sediada no coração, sendo a emissora de pensamentos e intuições: a voz silenciosa da super-consciência;


3. ª - O ESPÍRITO, ou "individualização do Pensamento Universal". O "Espírito" propriamente dito, o pneuma, surge "simples e ignorante" (sem saber), e percorre toda a gama evolutiva através dos milênios, desde os mais remotos planos no Antissistema, até os mais elevados píncaros do Sistema (Pietro Ubaldi); no entanto, só recebe a designação de pneuma (Espírito) quando atinge o estágio hominal.


Esses três aspectos constituem, englobamente, na "Grande Síntese" de Pietro Ubaldi, o "ALPHA", o" espírito".


Realmente verificamos que, de acordo com GN 1:27, há correspondência perfeita nessa tríplice manifesta ção do homem com a de Deus: A - ao pneuma hágion (Espírito Santo) correspondente a invisível Centelha, habitante de kardía (coração), ponto de partida da existência;


B - ao patêr (Pai Criador, Verbo, Som Incriado), que é a Mente Divina, corresponde noús (a mente espiritual) que gera os pensamentos e cria a individualização de um ser;


C - Ao Filho Unigênito (Cristo Cósmico) corresponde o Espírito humano, ou Espírito Individualizado, filho da Partícula divina, (a qual constitui a essência ou EU PROFUNDO do homem); a individualidade é o EU que percorre toda a escala evolutiva, um Eu permanente através de todas as encarnações, que possui um NOME "escrito no livro da Vida", e que terminará UNIFICANDO-SE com o EU PROFUNDO ou Centelha Divina, novamente mergulhando no TODO. (Não cabe, aqui, discutir se nessa unificação esse EU perde a individualidade ou a conserva: isso é coisa que está tão infinitamente distante de nós no futuro, que se torna impossível perceber o que acontecerá).


No entanto, assim como Pneuma-Hágion, Patêr e Hyiós (Espírito-Santo, Pai e Filho) são apenas trê "aspectos" de UM SÓ SER INDIVISÍVEL, assim também Cristo-kardía, noús e pneuma (CristoSABEDORIA DO EVANGELHO coração, mente espiritual e Espírito) são somente três "aspectos" de UM SÓ SER INDIVÍVEL, de uma criatura humana.


ENCARNAÇÃO


Ao descer suas vibrações, a fim de poder apoiar-se na matéria, para novamente evoluir, o pneuma atinge primeiro o nível da energia (o BETA Ubaldiano), quando então a mente se "concretiza" no intelecto, se materializa no cérebro, se horizontaliza na personagem, começando sua "crucificação". Nesse ponto, o pneuma já passa a denominar-se psychê ou ALMA. Esta pode considerar-se sob dois aspectos primordiais: a diánoia (o intelecto) que é o "reflexo" da mente, e a psychê propriamente dita isto é, o CORPO ASTRAL, sede das emoções.


Num último passo em direção à matéria, na descida que lhe ajudará a posterior subida, atinge-se então o GAMA Ubaldiano, o estágio que o Novo Testamento designa com os vocábulos diábolos (adversário) e satanás (antagonista), que é o grande OPOSITOR do Espírito, porque é seu PÓLO NEGATIVO: a matéria, o Antissistema. Aí, na matéria, aparece o sôma (corpo), que também pode subdividir-se em: haima (sangue) que constitui o sistema vital ou duplo etérico e sárx (carne) que é a carapaça de células sólidas, último degrau da materialização do espírito.


COMPARAÇÃO


Vejamos se com um exemplo grosseiro nos faremos entender, não esquecendo que omnis comparatio claudicat.


Observemos o funcionamento do rádio. Há dois sistemas básicos: o transmissor (UM) e os receptores (milhares, separados uns dos outros).


Consideremos o transmissor sob três aspectos: A - a Força Potencial, capaz de transmitir;


B - a Antena Emissora, que produz as centelas;


C - a Onda Hertziana, produzida pelas centelhas.


Mal comparando, aí teríamos:

a) - o Espirito-Santo, Força e Luz dos Universos, o Potencial Infinito de Amor Concreto;


b) - o Pai, Verbo ou SOM, ação ativa de Amante, que produz a Vida


c) - o Filho, produto da ação (do Som), o Amado, ou seja, o Cristo Cósmico que permeia e impregna tudo.


Não esqueçamos que TUDO: atmosfera, matéria, seres e coisas, no raio de ação do transmissor, ficam permeados e impregnados em todos os seus átomos com as vibrações da onda hertziana, embora seja esta invisível e inaudível e insensível, com os sentidos desarmados; e que os três elementos (Força-
Antena e Onda) formam UM SÓ transmissor o Consideremos, agora, um receptor. Observaremos que a recepção é feita em três estágios:

a) - a captação da onda


b) - sua transformação


c) - sua exteriorização Na captação da onda, podemos distinguir - embora a operação seja uma só - os seguintes elementos: A - a onda hertziana, que permeia e impregna todos os átomos do aparelho receptor, mas que é captada realmente apenas pela antena;


B - o condensador variável, que estabelece a sintonia com a onda emitida pelo transmissor. Esses dois elementos constituem, de fato, C - o sistema RECEPTOR INDIVIDUAL de cada aparelho. Embora a onda hertziana seja UMA, emitida pelo transmissor, e impregne tudo (Cristo Cósmico), nós nos referimos a uma onda que entra no aparelho (Cristo Interno) e que, mesmo sendo perfeita; será recebida de acordo com a perfeição relativa da antena (coração) e do condensador variável (mente). Essa parte representaria, então, a individualidade, o EU PERFECTÍVEL (o Espírito).


Observemos, agora, o circuito interno do aparelho, sem entrar em pormenores, porque, como dissemos, a comparação é grosseira. Em linhas gerais vemos que a onda captada pelo sistema receptor propriamente dito, sofre modificações, quando passa pelo circuito retificador (que transforma a corrente alternada em contínua), e que representaria o intelecto que horizontaliza as ideias chegadas da mente), e o circuito amplificador, que aumenta a intensidade dos sinais (que seria o psiquismo ou emoções, próprias do corpo astral ou alma).


Uma vez assim modificada, a onda atinge, com suas vibrações, o alto-falante que vibra, reproduzindo os sinais que chegam do transmissor isto é, sentindo as pulsações da onda (seria o corpo vital ou duplo etérico, que nos dá as sensações); e finalmente a parte que dá sonoridade maior, ou seja, a caixa acústica ou móvel do aparelho (correspondente ao corpo físico de matéria densa).


Ora, quanto mais todos esses elementos forem perfeitos, tanto mais fiel e perfeito será a reprodução da onda original que penetrou no aparelho. E quanto menos perfeitos ou mais defeituosos os elementos, mais distorções sofrerá a onda, por vezes reproduzindo, em guinchos e roncos, uma melodia suave e delicada.


Cremos que, apesar de suas falhas naturais, esse exemplo dá a entender o funcionamento do homem, tal como conhecemos hoje, e tal como o vemos descrito em todas as doutrinas espiritualistas, inclusive

—veremos agora quiçá pela primeira vez - nos textos do Novo Testamento.


Antes das provas que traremos, o mais completas possível, vejamos um quadro sinóptico:
θεός DEUS
πνεϋµα άγιον Espírito Santo
λόγος Pai, Verbo, Som Criador
υίός - Χριστό CRISTO - Filho Unigênito
άνθρωπος HOMEM
иαρδία - Χριστ

ό CRISTO - coração (Centelha)


πνεϋµα νους mente individualidade
πνεϋµα Espírito
φυΧή διάγοια intelecto alma
φυΧή corpo astral personagem
σώµα αίµα sangue (Duplo) corpo
σάρ

ξ carne (Corpo)


A - O EMPREGO DAS PALAVRAS


Se apresentada pela primeira vez, como esta, uma teoria precisa ser amplamente documentada e comprovada, para que os estudiosos possam aprofundar o assunto, verificando sua realidade objetiva. Por isso, começaremos apresentando o emprego e a frequência dos termos supracitados, em todos os locais do Novo Testamento.


KARDÍA


Kardía expressa, desde Homero (Ilíada, 1. 225) até Platão (Timeu, 70 c) a sede das faculdades espirituais, da inteligência (ou mente) e dos sentimentos profundos e violentos (cfr. Ilíada, 21,441) podendo até, por vezes, confundir-se com as emoções (as quais, na realidade, são movimentos da psychê, e não propriamente de kardía). Jesus, porém, reiteradamente afirma que o coração é a fonte primeira em que nascem os pensamentos (diríamos a sede do Eu Profundo).


Com este último sentido, a palavra kardía aparece 112 vezes, sendo que uma vez (MT 12:40) em sentido figurado.


MT 5:8, MT 5:28; 6:21; 9:4; 11:29; 12:34 13-15(2x),19; 15:8,18,19; 18;35; 22;37; 24:48; MC 2:6, MC 2:8; 3:5;


4:15; 6;52; 7;6,19,21; 8:11; 11. 23; 12:30,33; LC 1:17, LC 1:51, LC 1:66; 2;19,35,51; 3:5; 5:22; 6:45; 8:12,15;


9:47; 10:27; 12:34; 16:15; 21:14,34; 24;25,32,38; JO 12:40(2x); 13:2; 14:1,27; 16:6,22 AT 2:26, AT 2:37, AT 2:46; AT 4:32; 5:3(2x); 7:23,39,51,54; 8;21,22; 11;23. 13:22; 14:17; 15:9; 16;14; 21:13; 28:27(2x);


RM 1:21, RM 1:24; 2:5,15,29; 5:5; 6:17; 8:27; 9:2; 10:1,6,8,9,10; 16:16; 1. ª Cor. 2:9; 4:5; 7:37; 14:25; 2. ª Cor. 1:22; 2:4; 3:2,3,15; 4:6; 5:12; 6:11; 7:3; 8:16; 9:7; GL 4:6; EF 1:18; EF 3:17; EF 4:18; EF 5:19; EF 6:5, EF 6:22;


Filp. 1:7; 4:7; CL 2:2; CL 3:15, CL 3:16, CL 3:22; CL 4:8; 1. ª Tess. 2:4,17; 3:13; 2. ª Tess. 2:17; 3:5; 1. ª Tim. 1:5; 2. ª Tim.


2:22; HB 3:8, HB 3:10, HB 3:12, HB 3:15; HB 4:7, HB 4:12; 8:10; 10:16,22; Tiago, 1:26; 3:14; 4:8; 5:5,8; 1. ª Pe. 1:22; 3:4,15; 2. ª Pe. 1:19; 2:15; 1; 1. ª JO 3;19,20(2x),21; AP 2:23; AP 17:17; AP 18:7.


NOÚS


Noús não é a "fonte", mas sim a faculdade de criar pensamentos, que é parte integrante e indivisível de kardía, onde tem sede. Já Anaxágoras (in Diógenes Laércio, livro 2. º, n. º 3) diz que noús (o Pensamento Universal Criador) é o "’princípio do movimento"; equipara, assim, noús a Lógos (Som, Palavra, Verbo): o primeiro impulsionador dos movimentos de rotação e translação da poeira cósmica, com isso dando origem aos átomos, os quais pelo sucessivo englobamento das unidades coletivas cada vez mais complexas, formaram os sistemas atômicos, moleculares e, daí subindo, os sistemas solares, gal áxicos, e os universos (cfr. vol. 3. º).


Noús é empregado 23 vezes com esse sentido: o produto de noús (mente) do pensamento (nóêma), usado 6 vezes (2. ª Cor. 2:11:3:14; 4:4; 10:5; 11:3; Filp. 4:7), e o verbo daí derivado, noeín, empregado

14 vezes (3), sendo que com absoluta clareza em João (João 12:40) quando escreve "compreender com o coração" (noêsôsin têi kardíai).


LC 24. 45; RM 1:28; RM 7:23, RM 7:25; 11:34; 12:2; 14. 5; l. ª Cor. 1. 10; 2:16:14:14,15,19; EF 4:17, EF 4:23; Filp.


4:7; CL 2:18; 2. ª Tess. 2. 2; 1. ª Tim. 6:5; 2. ª Tim. 3:8; TT 1:15;AP 13:18.


PNEUMA


Pneuma, o sopro ou Espírito, usado 354 vezes no N. T., toma diversos sentidos básicos: MT 15:17; MT 16:9, MT 16:11; 24:15; MC 7:18; MC 8:17; MC 13:14; JO 12:40; RM 1:20; EF 3:4, EF 3:20; 1. ª Tim. 1:7;


2. ª Tim. 2:7; HB 11:13

1. Pode tratar-se do ESPÍRITO, caracterizado como O SANTO, designando o Amor-Concreto, base e essência de tudo o que existe; seria o correspondente de Brahman, o Absoluto. Aparece com esse sentido, indiscutivelmente, 6 vezes (MT 12:31, MT 12:32; MC 3:29; LC 12:10; JO 4:24:1. ª Cor. 2:11).


Os outros aspectos de DEUS aparecem com as seguintes denominações:

a) - O PAI (ho patêr), quando exprime o segundo aspecto, de Criador, salientando-se a relação entre Deus e as criaturas, 223 vezes (1); mas, quando se trata do simples aspecto de Criador e Conservador da matéria, é usado 43 vezes (2) o vocábulo herdado da filosofia grega, ho lógos, ou seja, o Verbo, a Palavra que, ao proferir o Som Inaudível, movimenta a poeira cósmica, os átomos, as galáxias.


(1) MT 5:16, MT 5:45, MT 5:48; MT 6:1, MT 6:4, MT 6:6, MT 6:8,9,14,15,26,32; 7:11,21; 10:20,29,32,33; 11:25,27; 12:50; 13:43; 15:13; 16:17,27; 18:10,14,19,35; 20:23; 23:9; 24:36; 25:34:26:29,39,42,53; MC 8:25; MC 11:25, MC 11:32; MC 11:14:36; LC 2:49; LC 2:6:36;9:26;10:21,22;11:2,13;12:30,32;22:29,42;23:34,46;24:49;JO 1:14, JO 1:18; JO 1:2:16;3:35;4:21,23;5:1 7,18,19,20,21,22,23,26,36,37,43,45,46,27,32,37,40,44,45,46,57,65;8:18,19,27,28,38,41,42,49,54;10:1 5,17,18,19,25,29,30,32,35,38;11:41;12:26,27,28,49,50;13:1,3;14:2,6,7,8,9,10,11,13,16,20,21,24,26,28, 31,15:1,8,9,10,15,16,23,24,26;16:3,10,15,17,25,26,27,28,32;17:1,5,11,21,24,25; 18:11; 20:17,21;AT 1:4, AT 1:7; AT 1:2:33;Rom. 1:7;6:4;8:15;15:6;1. º Cor. 8:6; 13:2; 15:24; 2. º Cor. 1:2,3; 6:18; 11:31; Gól. 1:1,3,4; 4:6; EF 1:2, EF 1:3, EF 1:17; EF 2:18; EF 2:3:14; 4:6; 5:20; FP 1:2; FP 2:11; FP 4:20; CL 1:2, CL 1:3, CL 1:12:3:17; 1. 0 Teõs. 1:1,3; 3:11,13; 2° Tess. 1:1 2; : 2:16; 1. º Tim. 1:2; 2. º Tim. 1:2; TT 1:4; Flm. 3; HB 1:5; HB 12:9; Tiago 1:17, Tiago 1:27:3:9; 1° Pe. 1:2,3,17; 2. º Pe. 1:17, 1. º JO 1:2,3; 2:1,14,15,16, 22,23,24; 3:1; 4:14; 2. º JO 3,4,9; Jud. 9; AP 1:6; AP 2:28; AP 3:5, AP 3:21; 14:1. (2) MT 8:8; LC 7:7; JO 1:1, JO 1:14; 5:33; 8:31,37,43,51,52,55; 14:23,24; 15:20; 17:61417; 1. º Cor. 1:13; 2. º Cor. 5:19; GL 6:6; Filp. 2:6; Cor. 1:25; 3:16; 4:3; 1. º Tess. 1:6; 2. º Tess. 3:1; 2. º Tim. 2:9; Heb. : 12; 6:1; 7:28; 12:9; Tiago, 1:21,22,23; 1. ° Pe. 1:23; 2. º Pe. 3:5,7; 1. º JO 1:1,10; 2:5,7,14; AP 19:13.


b) - O FILHO UNIGÊNITO (ho hyiós monogenês), que caracteriza o CRISTO CÓSMICO, isto é, toda a criação englobadamente, que é, na realidade profunda, um dos aspectos da Divindade. Não se trata, como é claro, de panteísmo, já que a criação NÃO constitui a Divindade; mas, ao invés, há imanência (Monismo), pois a criação é UM DOS ASPECTOS, apenas, em que se transforma a Divindade. Esta, além da imanência no relativo, é transcendente como Absoluto; além da imanência no tempo, é transcendente como Eterno; além da imanência no finito, é transcendente como Infinito.


A expressão "Filho Unigênito" só é usada por João (1:14,18; 13:16,18 e 1. a JO 4:9). Em todos os demais passos é empregado o termo ho Christós, "O Ungido", ou melhor, "O Permeado pela Divindade", que pode exprimir tanto o CRISTO CÓSMICO que impregna tudo, quanto o CRISTO INTERNO, se o olhamos sob o ponto de vista da Centelha Divina no âmago da criatura.


Quando não é feita distinção nos aspectos manifestantes, o N. T. emprega o termo genérico ho theós Deus", precedido do artigo definido.


2. Além desse sentido, encontramos a palavra pneuma exprimindo o Espírito humano individualizado; essa individualização, que tem a classificação de pneuma, encontra-se a percorrer a trajetória de sua longa viagem, a construir sua própria evolução consciente, através da ascensão pelos planos vibratórios (energia e matéria) que ele anima em seu intérmino caminhar. Notemos, porém, que só recebe a denominação de pneuma (Espírito), quando atinge a individualização completa no estado hominal (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 79: "Os Espíritos são a individualização do Princípio Inteligente, isto é, de noús).


Logicamente, portanto, podemos encontrar espíritos em muitos graus evolutivos, desde os mais ignorantes e atrasados (akátharton) e enfermos (ponêrón) até os mais evoluídos e santos (hágion).


Todas essas distinções são encontradas no N. T., sendo de notar-se que esse termo pneuma pode designar tanto o espírito encarnado quanto, ao lado de outros apelativos, o desencarnado.


Eis, na prática, o emprego da palavra pneuma no N. T. :

a) - pneuma como espírito encarnado (individualidade), 193 vezes: MT 1:18, MT 1:20; 3:11; 4:1; 5:3; 10:20; 26:41; 27:50; MC 1:8; MC 2:8; MC 8:12; MC 14:38; LC 1:47, LC 1:80; 3:16, 22; 8:55; 23:46; 24. 37, 39; JO 1:33; JO 3:5, JO 3:6(2x), 8; 4:23; 6:63; 7:39; 11:33; 13:21; 14:17, 26; 15:26; 16:13; 19-30, 20:22; AT 1:5, AT 1:8; 5:3; 32:7:59; 10:38; 11:12,16; 17:16; 18:25; 19:21; 20:22; RM 1:4, RM 1:9; 5:5; 8:2, 4, 5(2x), 6, 9(3x), 10, 11(2x),13, 14, 15(2x), 16(2x), 27; 9:1; 12:11; 14:17; 15:13, 16, 19, 30; 1° Cor. 2:4, 10(2x), 11, 12; 3:16; 5:3,4, 5; 6:11, 17, 19; 7:34, 40; 12:4, 7, 8(2x), 9(2x), 11, 13(2x); 14:2, 12, 14, 15(2x), 16:32; 15:45; 16:18; 2º Cor. 1:22; 2:13; 3:3, 6, 8, 17(2x), 18; 5:5; 6:6; 7:1, 13; 12:18; 13:13; GL 3:2, GL 3:3, GL 3:5; 4:6, 29; 5:5,16,17(2x), 18, 22, 25(2x1); 6:8(2x),18; EF 1:13, EF 1:17; 2:18, 22; 3:5, 16; 4:3, 4:23; 5:18; 6:17, 18; Philp. 1:19, 27; 2:1; 3:3; 4:23; CL 1:8; CL 2:5; 1º Tess. 1:5, 6; 4:8; 5:23; 2. º Tess. 2:13; 1. º Tim. 3:16; 4:22; 2. º Tim. 1:14; TT 3:5; HB 4:12, HB 6:4; HB 9:14; HB 10:29; HB 12:9; Tiago, 2:26:4:4; 1. º Pe. 1:2, 11, 12; 3:4, 18; 4:6,14; 1. º JO 3:24; JO 4:13; JO 5:6(2x),7; Jud. 19:20; AP 1:10; AP 4:2; AP 11:11.


b) - pneuma como espírito desencarnado:


I - evoluído ou puro, 107 vezes:


MT 3:16; MT 12:18, MT 12:28; 22:43; MC 1:10, MC 1:12; 12:36; 13. 11; LC 1:15, LC 1:16, LC 1:41, LC 1:67; 2:25, 27; 4:1, 14, 18; 10:21; 11:13; 12:12; JO 1:32; JO 3:34; AT 1:2, AT 1:16; 2:4(2x), 17, 18, 33(2x), 38; 4:8; 25, 31; 6:3, 10; 7:51, 55; 8:15, 17, 18, 19, 29, 39; 9:17, 31; 10:19, 44, 45, 47; 11:15, 24, 28; 13:2, 4, 9, 52; 15:8, 28; 16:6, 7; 19:1, 2, 6; 20:22, 28; 21:4, 11; 23:8, 9; 28:25; 1. º Cor. 12:3(2x), 10; 1. º Tess. 5:9; 2. º Tess. 2:2; 1. ° Tim. 4:1; HB 1:7, HB 1:14; 2:4; 3:7; 9:8; 10:15; 12:23; 2. º Pe. 1:21; 1. ° JO 4:1(2x), 2, 3, 6; AP 1:4; AP 2:7, AP 2:11, AP 2:17, AP 2:29; 3:1, 6, 13, 22; 4:5; 5:6; 14:13; 17:3:19. 10; 21. 10; 22:6, 17.


II - involuído ou não-purificado, 39 vezes:


MT 8:16; MT 10:1; MT 12:43, MT 12:45; MC 1:23, MC 1:27; 3:11, 30; 5:2, 8, 13; 6:7; 7:25; 9:19; LC 4:36; LC 6:18; LC 7:21; LC 8:2; LC 10:20; LC 11:24, LC 11:26; 13:11; AT 5:16; AT 8:7; AT 16:16, AT 19:12, AT 19:13, AT 19:15, AT 19:16; RM 11:8:1. ° Cor. 2:12; 2. º Cor. 11:4; EF 2:2; 1. º Pe. 3:19; 1. º JO 4:2, 6; AP 13:15; AP 16:13; AP 18:2.


c) - pneuma como "espírito" no sentido abstrato de "caráter", 7 vezes: (JO 6:63; RM 2:29; 1. ª Cor. 2:12:4:21:2. ª Cor. 4:13; GL 6:1 e GL 6:2. ª Tim. 1:7)


d) - pneuma no sentido de "sopro", 1 vez: 2. ª Tess. 2:8 Todavia, devemos acrescentar que o espírito fora da matéria recebia outros apelativo, conforme vimos (vol. 1) e que não é inútil recordar, citando os locais.


PHÁNTASMA, quando o espírito, corpo astral ou perispírito se torna visível; termo que, embora frequente entre os gregos, só aparece, no N. T., duas vezes (MT 14:26 e MC 6:49).

ÁGGELOS (Anjo), empregado 170 vezes, designa um espírito evoluído (embora nem sempre de categoria acima da humana); essa denominação específica que, no momento em que é citada, tal entidade seja de nível humano ou supra-humano - está executando uma tarefa especial, como encarrega de "dar uma mensagem", de "levar um recado" de seus superiores hierárquicos (geralmente dizendo-se "de Deus"): MT 1:20, MT 1:24; 2:9, 10, 13, 15, 19, 21; 4:6, 11; 8:26; 10:3, 7, 22; 11:10, 13; 12:7, 8, 9, 10, 11, 23; 13:39, 41, 49; 16:27; 18:10; 22:30; 24:31, 36; 25:31, 41; 26:53; 27:23; 28:2, 5; MC 1:2, MC 1:13; 8:38; 12:25; 13:27, 32; LC 1:11, LC 1:13, LC 1:18, LC 1:19, 26, 30, 34, 35, 38; 4:10, 11; 7:24, 27; 9:26, 52; 12:8; 16:22; 22:43; 24:23; JO 1:51; JO 12:29; JO 20:12 AT 5:19; AT 6:15; AT 7:30, AT 7:35, AT 7:38, AT 7:52; 12:15; 23:8, 9; RM 8:38; 1. ° Cor. 4:9; 6:3; 11:10; 13:1; 2. º Cor. 11:14; 12:7; GL 1:8; GL 3:19; GL 4:14; CL 2:18; 2. º Tess. 1:7; 1. ° Tim. 3:16; 5:21; HB 1:4, HB 1:5, HB 1:6, HB 1:7, 13; 2:2, 5, 7, 9, 16; 12:22; 13:2; Tiago 2:25; 1. º Pe. 1:4, 11; Jud. 6; AP 1:1, AP 1:20; 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 5, 7, 9, 14; 5:2, 11; 7:1, 11; 8:2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 13; 9:1, 11, 13, 14, 15; 10:1, 5, 7, 8, 9, 10; 11:15; 12:7, 9, 17; 14:6, 9, 10, 15, 17, 18, 19; 15:1, 6, 7, 8, 10; 16:1, 5; 17:1, 7; 18:1, 21; 19:17; 20:1; 21:9, 12, 17; 22:6, 8, 16. BEEZEBOUL, usado 7 vezes: (MT 7. 25; 12:24, 27; MC 3:22; LC 11:15, LC 11:18, LC 11:19) só nos Evangelhos, é uma designação de chefe" de falange, "cabeça" de espíritos involuído.


DAIMÔN (uma vez, em MT 8:31) ou DAIMÓNION, 55 vezes, refere-se sempre a um espírito familiar desencarnado, que ainda conserva sua personalidade humana mesmo além túmulo. Entre os gregos, esse termo designava quer o eu interno, quer o "guia". Já no N. T. essa palavra identifica sempre um espírito ainda não-esclarecido, não evoluído, preso à última encarnação terrena, cuja presença prejudica o encarnado ao qual esteja ligado; tanto assim que o termo "demoníaco" é, para Tiago, sinônimo de "personalístico", terreno, psíquico. "não é essa sabedoria que desce do alto, mas a terrena (epígeia), a personalista (psychike), a demoníaca (demoniôdês). (Tiago, 3:15)


MT 7:22; MT 9:33, MT 9:34; 12:24, 27, 28; 10:8; 11:18; 17:18; MC 1:34, MC 1:39; 3:15, 22; 6:13; 7:26, 29, 30; 9:38; 16:9, 17; LC 4:33, LC 4:35, LC 4:41; 7:33; 8:2, 27, 29, 30, 33, 35, 38; 9:1, 42, 49; 10:17; 11:14, 15, 18, 19, 20; 13:32; JO 7:2; JO 8:48, JO 8:49, JO 8:52; 10:20, 21; AT 17:18; 1. ª Cor. 10:20, 21; 1. º Tim. 4:1; Tiago 2:16; Apoc 9:20; 16:24 e 18:2.


Ao falar de desencarnados, aproveitemos para observar como era designado o fenômeno da psicofonia: I - quando se refere a uma obsessão, com o verbo daimonízesthai, que aparece 13 vezes (MT 4:24;


8:16, 28, 33; 9:32; 12:22; 15:22; Marc 1:32; 5:15, 16, 18; LC 8:36; JO 10:21, portanto, só empregado pelos evangelistas).


II - quando se refere a um espírito evoluído, encontramos as expressões:

• "cheio de um espírito (plêrês, LC 4:1; AT 6:3, AT 6:5; 7:55; 11:24 - portanto só empregado por Lucas);


• "encher-se" (pimplánai ou plêthein, LC 1:15, LC 1:41, LC 1:67; AT 2:4; AT 4:8, AT 4:31; 9:17; 13:19 - portanto, só usado por Lucas);


• "conturbar-se" (tarássein), JO 11:33 e JO 13:21).


Já deixamos bem claro (vol 1) que os termos satanás ("antagonista"), diábolos ("adversário") e peirázôn ("tentador") jamais se referem, no N. T., a espíritos desencarnados, mas expressam sempre "a matéria, e por conseguinte também a "personalidade", a personagem humana que, com seu intelecto vaidoso, se opõe, antagoniza e, como adversário natural do espírito, tenta-o (como escreveu Paulo: "a carne (matéria) luta contra o espírito e o espírito contra a carne", GL 5:17).


Esses termos aparecem: satanãs, 33 vezes (MT 4:10; MT 12:26; MT 16:23; MC 1:13; MC 3:23, MC 3:26; 4:15; 8:33; LC 10:18; LC 11:18; LC 13:16; LC 22:3; JO 13:27, JO 13:31; AT 5:3; AT 26:18; RM 16:20; 1. º Cor. 5:5; 7:5; 2. º Cor. 2:11; 11:14; 12:17; 1. ° Tess. 2:18; 2. º Tess. 2:9; 1. º Tim. 1:20; 5:15; AP 2:9, AP 2:13, AP 2:24; 3:9; 12:9; 20:2, 7); diábolos, 35 vezes (MT 4:1, MT 4:5, MT 4:8, MT 4:11; 13:39; 25:41; LC 4:2, LC 4:3, LC 4:6, LC 4:13; 8:12; JO 6:70; JO 8:44; JO 13:2; AT 10:38; AT 13:10; EF 4:27; EF 6:11; 1. º Tim. 3:6, 7, 11; 2. º Tim. 2:26; 3:3 TT 2:3; HB 2:14; Tiago, 4:7; 1. º Pe. 5:8; 1. º JO 3:8, 10; Jud. 9; AP 2:10; AP 12:9, AP 12:12; 20:2,10) e peirázôn, duas vezes (MT 4:3 e MT 4:1. ª Tess. 3:5).


DIÁNOIA


Diánoia exprime a faculdade de refletir (diá+noús), isto é, o raciocínio; é o intelecto que na matéria, reflete a mente espiritual (noús), projetando-se em "várias direções" (diá) no mesmo plano. Usado 12 vezes (MT 22:37; MC 12:30: LC 1:51; LC 10:27: EF 2:3; EF 4:18; CL 1:21; HB 8:10; HB 10:16; 1. ª Pe. 1:13; 2. ª Pe. 3:1; 1. ª JO 5:20) na forma diánoia; e na forma dianóêma (o pensamento) uma vez em LC 11:17. Como sinônimo de diánoia, encontramos, também, synesis (compreensão) 7 vezes (MC 12:33; LC 2:47; 1. ª Cor. 1:19; EF 3:4; CL 1:9 e CL 2:2; e 2. ª Tim. 2:7). Como veremos logo abaixo, diánoia é parte inerente da psychê, (alma).


PSYCHÊ


Psychê é a ALMA, isto é, o "espírito encarnado (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 134: " alma é o espírito encarnado", resposta dada, evidentemente, por um "espírito" afeito à leitura do Novo Testamento).


A psychê era considerada pelos gregos como o atualmente chamado "corpo astral", já que era sede dos desejos e paixões, isto é, das emoções (cfr. Ésquilo, Persas, 841; Teócrito, 16:24; Xenofonte, Ciropedia, 6. 2. 28 e 33; Xen., Memoráveis de Sócrates, 1. 13:14; Píndaro, Olímpicas, 2. 125; Heródoto, 3. 14; Tucídides, 2. 40, etc.) . Mas psychê também incluía, segundo os gregos, a diánoia ou synesis, isto é, o intelecto (cfr. Heródoto, 5. 124; Sófocles, Édipo em Colona, 1207; Xenofonte, Hieron, 7. 12; Plat ão, Crátilo, 400 a).


No sentido de "espírito" (alma de mortos) foi usada por Homero (cfr. Ilíada 1. 3; 23. 65, 72, 100, 104;


Odisseia, 11. 207,213,222; 24. 14 etc.), mas esse sentido foi depressa abandonado, substituído por outros sinônimos (pnenma, eikôn, phántasma, skiá, daimôn, etc.) .


Psychê é empregado quase sempre no sentido de espírito preso à matéria (encarnado) ou seja, como sede da vida, e até como a própria vida humana, isto é, a personagem terrena (sede do intelecto e das emoções) em 92 passos: Mar. 2:20; 6:25; 10:28, 39; 11:29; 12:18; 16:25, 26; 20:28; 22:37; 26:38; MC 3:4; MC 8:35, MC 8:36, MC 8:37; 10:45; 12:30; 14:34; LC 1:46; LC 2:35; LC 6:9; LC 9:24(2x), 56; 10:27; 12:19, 20, 22, 23; 14:26; 17:33; 21:19; JO 10:11, JO 10:15, JO 10:17, JO 10:18, 24; 12:25, 27; 13:37, 38; 15:13; AT 2:27, AT 2:41, AT 2:43; 3:23; 4:32; 7:14; 14:2, 22; 15:24, 26; 20:10, 24; 27:10, 22, 37, 44; RM 2:9; RM 11:3; RM 13:1; RM 16:4; 1. º Cor. 15:45; 2. º Cor. 1:23; 12:15; EF 6:6; CL 3:23; Flp. 1:27; 2:30; 1. º Tess. 2:8; 5:23; HB 4:12; HB 6:19; HB 10:38, HB 10:39; 12:3; 13:17; Tiago 1:21; Tiago 5:20; 1. º Pe. 1:9, 22; 2:11, 25; 4:19; 2. º Pe. 2:8, 14; 1. º JO 3:16; 3. º JO 2; AP 12:11; AP 16:3; AP 18:13, AP 18:14.


Note-se, todavia, que no Apocalipse (6:9:8:9 e 20:4) o termo é aplicado aos desencarnados por morte violenta, por ainda conservarem, no além-túmulo, as características da última personagem terrena.


O adjetivo psychikós é empregado com o mesmo sentido de personalidade (l. ª Cor. 2:14; 15:44, 46; Tiago, 3:15; Jud. 19).


Os outros termos, que entre os gregos eram usados nesse sentido de "espírito desencarnado", o N. T.


não os emprega com essa interpretação, conforme pode ser verificado:

EIDOS (aparência) - LC 3:22; LC 9:29; JO 5:37; 2. ª Cor. 5:7; 1. ª Tess. 5:22.


EIDÔLON (ídolo) - AT 7:41; AT 15:20; RM 2:22; 1. ª Cor. 8:4, 7; 10:19; 12; 2; 2. ª Cor. 6:16; 1. ª Tess.


1:9; 1. ª JO 5:21; AP 9:20.


EIKÔN (imagem) - MT 22:20; MC 12:16; LC 20:24; RM 1:23; 1. ª Cor. 11:7; 15:49 (2x) ; 2. ª Cor. 3:18; 4:4; CL 1:5; CL 3:10; HB 10:11; AP 13:14; AP 14:2, AP 14:11; 15:2; 19 : 20; 20 : 4.


SKIÁ (sombra) - MT 4:16; MC 4:32; LC 1:79; AT 5:15; CL 2:17; HB 8:5; HB 10:1.


Também entre os gregos, desde Homero, havia a palavra thumós, que era tomada no sentido de alma encarnada". Teve ainda sentidos diversos, exprimindo "coração" quer como sede do intelecto, quer como sede das paixões. Fixou-se, entretanto, mais neste último sentido, e toda, as vezes que a deparamos no Novo Testamento é, parece, com o designativo "força". (Cfr. LC 4:28; AT 19:28; RM 2:8; 2. ª Cor. 12:20; GL 5:20; EF 4:31; CL 3:8; HB 11:27; AP 12:12; AP 14:8, AP 14:10, AP 14:19; 15:1, 7; 16:1, 19; 18:3 e 19:15)


SOMA


Soma exprime o corpo, geralmente o físico denso, que é subdividido em carne (sárx) e sangue (haima), ou seja, que compreende o físico denso e o duplo etérico (e aqui retificamos o que saiu publicado no vol. 1, onde dissemos que "sangue" representava o astral).


Já no N. T. encontramos uma antecipação da moderna qualificação de "corpos", atribuída aos planos ou níveis em que o homem pode tornar-se consciente. Paulo, por exemplo, emprega soma para os planos espirituais; ao distinguir os "corpos" celestes (sómata epouránia) dos "corpos" terrestres (sómata epígeia), ele emprega soma para o físico denso (em lugar de sárx), para o corpo astral (sôma psychikôn) e para o corpo espiritual (sôma pneumatikón) em 1. ª Cor. 15:40 e 44.


No N. T. soma é empregado ao todo 123 vezes, sendo 107 vezes no sentido de corpo físico-denso (material, unido ou não à psychê);


MT 5:29, MT 5:30; 6:22, 25; 10:28(2x); 26:12; 27:58, 59; MC 5:29; MC 14:8; MC 15:43; LC 11:34; LC 12:4, LC 12:22, LC 12:23; 17:37; 23:52, 55; 24:3, 23; JO 2:21; JO 19:31, JO 19:38, JO 19:40; 20:12; Aros. 9:40; RM 1:24; RM 4:19; RM 6:6, RM 6:12; 7:4, 24; 8:10, 11, 13, 23; 12:1, 4; 1. º Cor. 5:13; 6:13(2x), 20; 7:4(2x), 34; 9:27; 12:12(3x),14, 15(2x), 16 (2x), 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 25; 13:3; 15:37, 38(2x) 40). 2. 0 Cor. 4:40; 5:610; 10:10; 12:2(2x); Gól. 6:17; EF 2:16; EF 5:23, EF 5:28; Ft. 3:21; CL 2:11, CL 2:23; 1. º Tess. 5:23; HB 10:5, HB 10:10, HB 10:22; 13:3, 11; Tiago 2:11, Tiago 2:26; 3:2, 3, 6; 1. º Pe. 2:24; Jud. 9; AP 18:13. Três vezes como "corpo astral" (MT 27:42; 1. ª Cor. 15:14, duas vezes); duas vezes como "corpo espiritual" (1. º Cor. 15:41); e onze vezes com sentido simbólico, referindo-se ao pão, tomado como símbolo do corpo de Cristo (MT 26:26; MC 14:22; LC 22:19; RM 12:5; 1. ª Cor. 6:15; 10:16, 17; 11:24; 12:13, 27; EF 1:23; EF 4:4, EF 4:12, EF 4:16; Filp. 1:20; CL 1:18, CL 1:22; 2:17; 3:15).


HAIMA


Haima, o sangue, exprime, como vimos, o corpo vital, isto é, a parte que dá vitalização à carne (sárx), a qual, sem o sangue, é simples cadáver.


O sangue era considerado uma entidade a parte, representando o que hoje chamamos "duplo etérico" ou "corpo vital". Baste-nos, como confirmação, recordar que o Antigo Testamento define o sangue como "a alma de toda carne" (LV 17:11-14). Suma importância, por isso, é atribuída ao derramamento de sangue, que exprime privação da "vida", e representa quer o sacrifício em resgate de erros e crimes, quer o testemunho de uma verdade.


A palavra é assim usada no N. T. :

a) - sangue de vítimas (HB 9:7, HB 9:12, HB 9:13, HB 9:18, 19, 20, 21, 22, 25; 10:4; 11:28; 13:11). Observe-se que só nessa carta há preocupação com esse aspecto;


b) - sangue de Jesus, quer literalmente (MT 27:4, MT 27:6, MT 27:24, MT 27:25; LC 22:20; JO 19:34; AT 5:28; AT 20:28; RM 5:25; RM 5:9; EF 1:7; EF 2:13; CL 1:20; HB 9:14; HB 10:19, HB 10:29; 12:24; 13:12, 20; 1. ª Pe. 1:2,19; 1. ª JO 1:7; 5:6, 8; AP 1:5; AP 5:9; AP 7:14; AP 12:11); quer simbolicamente, quando se refere ao vinho, como símbolo do sangue de Cristo (MT 26:28; MC 14:24; JO 6:53, JO 6:54, JO 6:55, JO 6:56; 1. ª Cor. 10:16; 11:25, 27).


c) - o sangue derramado como testemunho de uma verdade (MT 23:30, MT 23:35; 27:4; LC 13:1; AT 1:9; AT 18:6; AT 20:26; AT 22:20; RM 3:15; HB 12:4; AP 6:10; 14,: 20; 16:6; 17:6; 19:2, 13).


d) - ou em circunstâncias várias (MC 5:25, MC 5:29; 16:7; LC 22:44; JO 1:13; AT 2:19, AT 2:20; 15:20, 29; 17:26; 21:25; 1. ª Cor. 15:50; GL 1:16; EF 6:12; HB 2:14; AP 6:12; AP 8:7; AP 15:3, AP 15:4; 11:6).


SÁRX


Sárx é a carne, expressão do elemento mais grosseiro do homem, embora essa palavra substitua, muitas vezes, o complexo soma, ou seja, se entenda, com esse termo, ao mesmo tempo "carne" e "sangue".


Apesar de ter sido empregada simbolicamente por Jesus (JO 6:51, JO 6:52, JO 6:53, JO 6:54, 55 e 56), seu uso é mais literal em todo o resto do N. T., em 120 outros locais: MT 19:56; MT 24:22; MT 26:41; MC 10:8; MC 13:20; MC 14:38; LC 3:6; LC 24:39; JO 1:14; JO 3:6(2x); 6:63; 8:15; 17:2; AT 2:7, AT 2:26, AT 2:31; RM 1:3; RM 2:28; RM 3:20; RM 4:1; RM 6:19; RM 7:5, RM 7:18, RM 7:25; 8:3, 4(2x), 5(2x), 6, 7, 8, 9, 13(2x); 9:358; 11:14; 13:14; 1. º Cor. 1:2629; 5:5; 6:16; 7:28;10:18; 15:39(2x),50; 2. º Cor. 1:17; 4:11; 5:16; 7:1,5; 10:2,3(2x); 1:18; 12:7; GL 2:16, GL 2:20; 3:3; 4:13, 14, 23; 5:13, 16, 17, 19, 24; 6:8(2x), 12, 13; EF 2:3, EF 2:11, EF 2:14; 5:29, 30, 31; 6:5; CL 1:22, CL 1:24; 2:1, 5, 11, 13, 18, 23; 3:22, 24; 3:34; 1. º Tim. 3:6; Flm. 16; HB 5:7; HB 9:10, HB 9:13; 10:20; 12:9; Tiago 5:3; 1. º Pe. 1:24; 3;18, 21; 4:1, 2, 6; 2. º Pe. 2:10, 18; 1. º JO 2:16; 4:2; 2. º JO 7; Jud. 7, 8, 23; AP 17:16; AP 19:21.


B - TEXTOS COMPROBATÓRIOS


Respiguemos, agora, alguns trechos do N. T., a fim de comprovar nossas conclusões a respeito desta nova teoria.


Comecemos pela distinção que fazemos entre individualidade (ou Espírito) e a personagem transitória humana.


INDIVIDUALIDADE- PERSONAGEM


Encontramos essa distinção explicitamente ensinada por Paulo (l. ª Cor. 15:35-50) que classifica a individualidade entre os "corpos celestiais" (sómata epouránia), isto é, de origem espiritual; e a personagem terrena entre os "corpos terrenos" (sómata epígeia), ou seja, que têm sua origem no próprio planeta Terra, de onde tiram seus elementos constitutivos (físicos e químicos). Logo a seguir, Paulo torna mais claro seu pensamento, denominando a individualidade de "corpo espiritual" (sôma pneumatikón) e a personagem humana de "corpo psíquico" (sôma psychikón). Com absoluta nitidez, afirma que a individualidade é o "Espírito vivificante" (pneuma zoopioún), porque dá vida; e que a personagem, no plano já da energia, é a "alma que vive" (psychê zôsan), pois recebe vida do Espírito que lhe constitui a essência profunda.


Entretanto, para evitar dúvidas ou más interpretações quanto ao sentido ascensional da evolução, assevera taxativamente que o desenvolvimento começa com a personalidade (alma vivente) e só depois que esta se desenvolve, é que pode atingir-se o desabrochar da individualidade (Espírito vivificante).


Temos, pois, bem estabelecida a diferença fundamental, ensinada no N. T., entre psychê (alma) e pneuma (Espírito).


Mas há outros passos em que esses dois elementos são claramente distinguidos:

1) No Cântico de Maria (LC 1:46) sentimos a diferença nas palavras "Minha alma (psychê) engrandece o Senhor e meu Espírito (pneuma) se alegra em Deus meu Salvador".


2) Paulo (Filp. 1:27) recomenda que os cristãos tenham "um só Espírito (pneuma) e uma só alma (psychê), distinção desnecessária, se não expressassem essas palavras coisas diferentes.


3) Ainda Paulo (l. ª Tess. 5:23) faz votos que os fiéis "sejam santificados e guardados no Espírito (pneuma) na alma (psychê) e no corpo (sôma)", deixando bem estabelecida a tríade que assinalamos desde o início.


4) Mais claro ainda é o autor da Carta dos Hebreus (quer seja Paulo Apolo ou Clemente Romano), ao


. utilizar-se de uma expressão sintomática, que diz: "o Logos Divino é Vivo, Eficaz; e mais penetrante que qualquer espada, atingindo até a divisão entre o Espirito (pneuma) e a alma (psychê)" (HB 4:12); aí não há discussão: existe realmente uma divisão entre espírito e alma.


5) Comparando, ainda, a personagem (psiquismo) com a individualidade Paulo afirma que "fala não palavras aprendidas pela sabedoria humana, mas aprendidas do Espírito (divino), comparando as coisas espirituais com as espirituais"; e acrescenta, como esclarecimento e razão: "o homem psíquico (ho ánthrôpos psychikós, isto é, a personagem intelectualizada) não percebe as coisas do Espírito Divino: são tolices para ele, e não pode compreender o que é discernido espiritualmente; mas o homem espiritual (ho ánthrôpos pneumatikós, ou, seja, a individualidade) discerne tudo, embora não seja discernido por ninguém" (1. ª Cor. 2:13-15).


Portanto, não há dúvida de que o N. T. aceita os dois aspectos do "homem": a parte espiritual, a tríade superior ou individualidade (ánthrôpos pneumatikós) e a parte psíquica, o quaternário inferior ou personalidade ou personagem (ánthrôpos psychikós).


O CORPO


Penetremos, agora, numa especificação maior, observando o emprego da palavra soma (corpo), em seu complexo carne-sangue, já que, em vários passos, não só o termo sárx é usado em lugar de soma, como também o adjetivo sarkikós (ou sarkínos) se refere, como parte externa visível, a toda a personagem, ou seja, ao espírito encarnado e preso à matéria; e isto sobretudo naqueles que, por seu atraso, ainda acreditam que seu verdadeiro eu é o complexo físico, já que nem percebem sua essência espiritual.


Paulo, por exemplo, justifica-se de não escrever aos coríntios lições mais sublimes, porque não pode falar-lhes como a "espirituais" (pnenmatikoí, criaturas que, mesmo encarnadas, já vivem na individualidade), mas só como a "carnais" (sarkínoi, que vivem só na personagem). Como a crianças em Cristo (isto é, como a principiantes no processo do conhecimento crístico), dando-lhes leite a beber, não comida, pois ainda não na podem suportar; "e nem agora o posso, acrescenta ele, pois ainda sois carnais" (1. ª Cor. 3:1-2).


Dessa forma, todos os que se encontram na fase em que domina a personagem terrena são descritos por Paulo como não percebendo o Espírito: "os que são segundo a carne, pensam segundo a carne", em oposição aos "que são segundo o espírito, que pensam segundo o espírito". Logo a seguir define a "sabedoria da carne como morte, enquanto a sabedoria do Espírito é Vida e Paz" (Rom, 8:5-6).


Essa distinção também foi afirmada por Jesus, quando disse que "o espírito está pronto (no sentido de" disposto"), mas a carne é fraca" (MT 26:41; MC 14:38). Talvez por isso o autor da Carta aos Hebreus escreveu, ao lembrar-se quiçá desse episódio, que Jesus "nos dias de sua carne (quando encarnado), oferecendo preces e súplicas com grande clamor e lágrimas Àquele que podia livrá-lo da morte, foi ouvido por causa de sua devoção e, não obstante ser Filho de Deus (o mais elevado grau do adeptado, cfr. vol. 1), aprendeu a obediência por meio das coisas que sofreu" (Heb, 5:7-8).


Ora, sendo assim fraca e medrosa a personagem humana, sempre tendente para o mal como expoente típico do Antissistema, Paulo tem o cuidado de avisar que "não devemos submeter-nos aos desejos da carne", pois esta antagoniza o Espírito (isto é constitui seu adversário ou diábolos). Aconselha, então que não se faça o que ela deseja, e conforta os "que são do Espírito", assegurando-lhes que, embora vivam na personalidade, "não estão sob a lei" (GL 5:16-18). A razão é dada em outro passo: "O Senhor é Espírito: onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2. ª Cor. 3:17).


Segundo o autor da Carta aos Hebreus, esta foi uma das finalidades da encarnação de Jesus: livrar a personagem humana do medo da morte. E neste trecho confirma as palavras do Mestre a Nicodemos: "o que nasce de carne é carne" (JO 3:6), esclarecendo, ao mesmo tempo, no campo da psicobiologia, (o problema da hereditariedade: dos pais, os filhos só herdam a carne e o sangue (corpo físico e duplo etérico), já que a psychê é herdeira do pneuma ("o que nasce de espírito, é espírito", João, ibidem). Escreve, então: "como os filhos têm a mesma natureza (kekoinônêken) na carne e no sangue, assim ele (Jesus) participou da carne e do sangue para que, por sua morte, destruísse o adversário (diábolos, a matéria), o qual possui o império da morte, a fim de libertá-las (as criaturas), já que durante toda a vida elas estavam sujeitas ao medo da morte" (HB 2:14).


Ainda no setor da morte, Jesus confirma, mais uma vez, a oposição corpo-alma: "não temais os que matam o corpo: temei o que pode matar a alma (psychê) e o corpo (sôma)" (MT 10:28). Note-se, mais uma vez, a precisão (elegantia) vocabular de Jesus, que não fala em pneuma, que é indestrutível, mas em psychê, ou seja, o corpo astral sujeito a estragos e até morte.


Interessante observar que alguns capítulos adiante, o mesmo evangelista (MT 27:52) usa o termo soma para designar o corpo astral ou perispírito: "e muitos corpos dos santos que dormiam, despertaram".


Refere-se ao choque terrível da desencarnação de Jesus, que foi tão violento no plano astral, que despertou os desencarnados que se encontravam adormecidos e talvez ainda presos aos seus cadáveres, na hibernação dos que desencarnam despreparados. E como era natural, ao despertarem, dirigiram-se para suas casas, tendo sido percebidos pelos videntes.


Há um texto de Paulo que nos deixa em suspenso, sem distinguirmos se ele se refere ao corpo físico (carne) ou ao psíquico (astral): "conheço um homem em Cristo (uma individualidade já cristificada) que há catorze anos - se no corpo (en sômai) não sei, se fora do corpo (ektòs sômatos) não sei: Deus

sabe foi raptado ao terceiro céu" (l. ª Cor. 12:2). É uma confissão de êxtase (ou talvez de "encontro"?), em que o próprio experimentador se declara inapto a distinguir se se tratava de um movimento puramente espiritual (fora do corpo), ou se tivera a participação do corpo psíquico (astral); nem pode verificar se todo o processo se realizou com pneuma e psychê dentro ou fora do corpo.


Entretanto, de uma coisa ele tem certeza absoluta: a parte inferior do homem, a carne e o sangue, esses não participaram do processo. Essa certeza é tão forte, que ele pode ensinar taxativamente e sem titubeios, que o físico denso e o duplo etérico não se unificam com a Centelha Divina, não "entram no reino dos céus", sendo esta uma faculdade apenas de pneuma, e, no máximo, de psychê. E ele o diz com ênfase: "isto eu vos digo, irmãos, que a carne (sárx) e o sangue (haima) NÃO PODEM possuir o reino de Deus" (l. ª Cor. 15:50). Note-se que essa afirmativa é uma negação violenta do "dogma" da ressurreição da carne.


ALMA


Num plano mais elevado, vejamos o que nos diz o N. T. a respeito da psychê e da diánoia, isto é, da alma e do intelecto a esta inerente como um de seus aspectos.


Como a carne é, na realidade dos fatos, incapaz de vontades e desejos, que provêm do intelecto, Paulo afirma que "outrora andávamos nos desejos de nossa carne", esclarecendo, porém, que fazíamos "a vontade da carne (sárx) e do intelecto (diánoia)" (EF 2:3). De fato "o afastamento e a inimizade entre Espírito e corpo surgem por meio do intelecto" (CL 1. 21).


A distinção entre intelecto (faculdade de refletir, existente na personagem) e mente (faculdade inerente ao coração, que cria os pensamentos) pode parecer sutil, mas já era feita na antiguidade, e Jerem ías escreveu que YHWH "dá suas leis ao intelecto (diánoia), mas as escreve no coração" (JR 31:33, citado certo em HB 8:10, e com os termos invertidos em HB 10:16). Aí bem se diversificam as funções: o intelecto recebe a dádiva, refletindo-a do coração, onde ela está gravada.


Realmente a psychê corresponde ao corpo astral, sede das emoções. Embora alguns textos no N. T.


atribuam emoções a kardía, Jesus deixou claro que só a psychê é atingível pelas angústias e aflições, asseverando: "minha alma (psychê) está perturbada" (MT 26:38; MC 14:34; JO 12:27). Jesus não fala em kardía nem em pneuma.


A MENTE


Noús é a MENTE ESPIRITUAL, a individualizadora de pneuma, e parte integrante ou aspecto de kardía. E Paulo, ao salientar a necessidade de revestir-nos do Homem Novo (de passar a viver na individualidade) ordena que "nos renovemos no Espírito de nossa Mente" (EF 4:23-24), e não do intelecto, que é personalista e divisionário.


E ao destacar a luta entre a individualidade e a personagem encarnada, sublinha que "vê outra lei em seus membros (corpo) que se opõem à lei de sua mente (noús), e o aprisiona na lei do erro que existe em seus membros" (RM 7:23).


A mente espiritual, e só ela, pode entender a sabedoria do Cristo; e este não se dirige ao intelecto para obter a compreensão dos discípulos: "e então abriu-lhes a mente (noún) para que compreendessem as Escrituras" (LC 24:45). Até então, durante a viagem (bastante longa) ia conversando com os "discípulos de Emaús". falando-lhes ao intelecto e provando-lhes que o Filho do Homem tinha que sofrer; mas eles não O reconheceram. Mas quando lhes abriu a MENTE, imediatamente eles perceberam o Cristo.


Essa mente é, sem dúvida, um aspecto de kardía. Isaías escreveu: "então (YHWH) cegou-lhes os olhos (intelecto) e endureceu-lhes o coração, para que não vissem (intelectualmente) nem compreendessem com o coração" (IS 6:9; citado por JO 12:40).


O CORAÇÃO


Que o coração é a fonte dos pensamentos, nós o encontramos repetido à exaustão; por exemplo: MT 12:34; MT 15:18, MT 15:19; Marc 7:18; 18:23; LC 6:45; LC 9:47; etc.


Ora, se o termo CORAÇÃO exprime, límpida e indiscutivelmente, a fonte primeira do SER, o "quarto fechado" onde o "Pai vê no secreto" MT 6:6), logicamente se deduz que aí reside a Centelha Divina, a Partícula de pneuma, o CRISTO (Filho Unigênito), que é UNO com o Pai, que também, consequentemente, aí reside. E portanto, aí também está o Espírito-Santo, o Espírito-Amor, DEUS, de que nosso Eu é uma partícula não desprendida.


Razão nos assiste, então, quando escrevemos (vol. 1 e vol. 3) que o "reino de Deus" ou "reino dos céus" ou "o céu", exprime exatamente o CORAÇÃO; e entrar no reino dos céus é penetrar, é MERGULHAR (batismo) no âmago de nosso próprio EU. É ser UM com o CRISTO, tal como o CRISTO é UM com o PAI (cfr. JO 10. 30; 17:21,22, 23).


Sendo esta parte a mais importante para a nossa tese, dividamo-la em três seções:

a) - Deus ou o Espírito Santo habitam DENTRO DE nós;


b) - CRISTO, o Filho (UNO com o Pai) também está DENTRO de nós, constituindo NOSSA ESSÊNCIA PROFUNDA;


c) - o local exato em que se encontra o Cristo é o CORAÇÃO, e nossa meta, durante a encarnação, é CRISTIFICAR-NOS, alcançando a evolução crística e unificando-nos com Ele.


a) -


A expressão "dentro de" pode ser dada em grego pela preposição ENTOS que encontramos clara em LC (LC 17:21), quando afirma que "o reino de Deus está DENTRO DE VÓS" (entòs humin); mas tamb ém a mesma ideia é expressa pela preposição EN (latim in, português em): se a água está na (EM A) garrafa ou no (EM O) copo, é porque está DENTRO desses recipientes. Não pode haver dúvida. Recordese o que escrevemos (vol. 1): "o Logos se fez carne e fez sua residência DENTRO DE NÓS" (JO 1:14).


Paulo é categórico em suas afirmativas: "Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita dentro de vós" (1. ª Cor. 3:16).


Οΰи οίδατε ότι ναός θεοϋ έστε иαί τό πνεϋµα τοϋ θεοϋ έν ϋµϊν οίиεί;

E mais: "E não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo que está dentro de vós, o qual recebestes de Deus, e não pertenceis a vós mesmos? Na verdade, fostes comprados por alto preço. Glorificai e TRAZEI DEUS EM VOSSO CORPO" (1. ª Cor. 6:19-20).


Esse Espírito Santo, que é a Centelha do Espírito Universal, é, por isso mesmo, idêntico em todos: "há muitas operações, mas UM só Deus, que OPERA TUDO DENTRO DE TODAS AS COISAS; ... Todas essas coisas opera o único e mesmo Espírito; ... Então, em UM Espírito todos nós fomos MERGULHADOS en: UMA carne, judeus e gentios, livres ou escravos" (1. ª Cor. 12:6, 11, 13).


Καί διαιρέσεις ένεργηµάτων είσιν, ό δέ αύτός θεός ό ένεργών τα πάντα έν πάσιν... Дάντα δέ ταύτα ένεργεί τό έν иαί τό αύτό πνεύµα... Кαί γάρ έν ένί πνεύµατι ήµείς πάντες είς έν σώµα έβαπτίσθηµεν,
είτε ̉Ιουδαίοι εϊτε έλληνες, είτε δούλοι, εϊτε έλεύθεροι.
Mais ainda: "Então já não sois hóspedes e estrangeiros, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus, superedificados sobre o fundamento dos Enviados e dos Profetas, sendo a própria pedra angular máxima Cristo Jesus: em Quem toda edificação cresce no templo santo no Senhor, no Qual tamb ém vós estais edificados como HABITAÇÃO DE DEUS NO ESPÍRITO" (EF 2:19-22). " Αρα ούν ούиέτι έστε ζένοι иαί πάροιиοι, άλλά έστε συµπολίται τών άγίων иαί οίиείοι τού θεού,
έποιиοδοµηθέντες έπί τώ θεµελίω τών άποστόλων иαί προφητών, όντος άиρογωνιαίου αύτού Χριστόύ
#cite Іησού, έν ώ πάσα οίиοδοµή συναρµολογουµένη αύζει είς ναόν άγιον έν иυρίώ, έν ώ иαί ύµείς
συνοιиοδοµείσθε είς иατοιиητήεριον τού θεού έν πνεµατ

ι.


Se Deus habita DENTRO do homem e das coisas quem os despreza, despreza a Deus: "quem despreza estas coisas, não despreza homens, mas a Deus, que também deu seu Espírito Santo em vós" (1. ª Tess. 4:8).


Тοιγαρούν ό άθετών ούи άνθρωπον άθετεί, άλλά τόν θεόν τόν иαί διδόντα τό πνεύµα αύτού τό άγιον είς ύµάς.

E a consciência dessa realidade era soberana em Paulo: "Guardei o bom depósito, pelo Espírito Santo que habita DENTRO DE NÓS" (2. ª Tim. 1:14). (20)


Тήν иαλήν παραθήиην φύλαζον διά πνεύµατος άγίου τού ένοιиούντος έν ήµϊ

ν.


João dá seu testemunho: "Ninguém jamais viu Deus. Se nos amarmos reciprocamente, Deus permanecer á DENTRO DE NÓS, e o Amor Dele, dentro de nós, será perfeito (ou completo). Nisto sabemos que permaneceremos Nele e Ele em nós, porque DE SEU ESPÍRITO deu a nós" (1. ª JO 4:12-13).


θεόν ούδείς πώποτε τεθέαται: έάν άγαπώµεν άλλήλους, ό θεός έν ήµϊν µένει, иαί ή άγάπη αύτοϋ τε-
τελειωµένη έν ήµϊν έστιν. Εν τουτω γινώσиοµεν ότι έν αύτώ µένοµεν иαί αύτός έν ήµϊν, ότι έи τοϋ
πνεύµατος αύτοϋ δέδώиεν ήµϊ

ν.


b) -


Vejamos agora os textos que especificam melhor ser o CRISTO (Filho) que, DENTRO DE NÓS. constitui a essência profunda de nosso ser. Não é mais uma indicação de que TEMOS a Divindade em nós, mas um ensino concreto de que SOMOS uma partícula da Divindade. Escreve Paulo: "Não sabeis que CRISTO (Jesus) está DENTRO DE VÓS"? (2. ª Cor. 13:5). E, passando àquela teoria belíssima de que formamos todos um corpo só, cuja cabeça é Cristo, ensina Paulo: "Vós sois o CORPO de Cristo, e membros de seus membros" (l. ª Cor. 12:27). Esse mesmo Cristo precisa manifestar-se em nós, através de nós: "vossa vida está escondida COM CRISTO em Deus; quando Cristo se manifestar, vós também vos manifestareis em substância" (CL 3:3-4).


E logo adiante insiste: "Despojai-vos do velho homem com seus atos (das personagens terrenas com seus divisionismos egoístas) e vesti o novo, aquele que se renova no conhecimento, segundo a imagem de Quem o criou, onde (na individualidade) não há gentio nem judeu, circuncidado ou incircunciso, bárbaro ou cita, escravo ou livre, mas TUDO e EM TODOS, CRISTO" (CL 3:9-11).


A personagem é mortal, vivendo a alma por efeito do Espírito vivificante que nela existe: "Como em Adão (personagem) todos morrem, assim em CRISTO (individualidade, Espírito vivificante) todos são vivificados" (1. ª Cor. 15:22).


A consciência de que Cristo vive nele, faz Paulo traçar linhas imorredouras: "ou procurais uma prova do CRISTO que fala DENTRO DE MIM? o qual (Cristo) DENTRO DE VÓS não é fraco" mas é poderoso DENTRO DE VÓS" (2. ª Cor. 13:3).


E afirma com a ênfase da certeza plena: "já não sou eu (a personagem de Paulo), mas CRISTO QUE VIVE EM MIM" (GL 2:20). Por isso, pode garantir: "Nós temos a mente (noús) de Cristo" (l. ª Cor. 2:16).


Essa convicção traz consequências fortíssimas para quem já vive na individualidade: "não sabeis que vossos CORPOS são membros de Cristo? Tomando, então, os membros de Cristo eu os tornarei corpo de meretriz? Absolutamente. Ou não sabeis que quem adere à meretriz se torna UM CORPO com ela? Está dito: "e serão dois numa carne". Então - conclui Paulo com uma lógica irretorquível - quem adere a Deus é UM ESPÍRITO" com Deus (1. ª Cor. 6:15-17).


Já desde Paulo a união sexual é trazida como o melhor exemplo da unificação do Espírito com a Divindade. Decorrência natural de tudo isso é a instrução dada aos romanos: "vós não estais (não viveis) EM CARNE (na personagem), mas EM ESPÍRITO (na individualidade), se o Espírito de Deus habita DENTRO DE VÓS; se porém não tendes o Espírito de Cristo, não sois Dele. Se CRISTO (está) DENTRO DE VÓS, na verdade o corpo é morte por causa dos erros, mas o Espírito vive pela perfeição. Se o Espírito de Quem despertou Jesus dos mortos HABITA DENTRO DE VÓS, esse, que despertou Jesus dos mortos, vivificará também vossos corpos mortais, por causa do mesmo Espírito EM VÓS" (RM 9:9-11). E logo a seguir prossegue: "O próprio Espírito testifica ao nosso Espírito que somos filhos de Deus; se filhos, (somos) herdeiros: herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo" (RM 8:16). Provém daí a angústia de todos os que atingiram o Eu Interno para libertar-se: "também tendo em nós as primícias do Espírito, gememos dentro de nós, esperando a adoção de Filhos, a libertação de nosso corpo" (RM 8:23).


c) -


Finalmente, estreitando o círculo dos esclarecimentos, verificamos que o Cristo, dentro de nós, reside NO CORAÇÃO, onde constitui nosso EU Profundo. É ensinamento escriturístico.


Ainda é Paulo que nos esclarece: "Porque sois filhos, Deus enviou o ESPÍRITO DE SEU FILHO, em vosso CORAÇÃO, clamando Abba, ó Pai" (GL 4:6). Compreendemos, então, que o Espírito Santo (Deus) que está em nós, refere-se exatamente ao Espírito do FILHO, ao CRISTO Cósmico, o Filho Unigênito. E ficamos sabendo que seu ponto de fixação em nós é o CORAÇÃO.


Lembrando-se, talvez, da frase de Jeremias, acima-citada, Paulo escreveu aos coríntios: "vós sois a nossa carta, escrita em vossos CORAÇÕES, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifesto que sois CARTA DE CRISTO, preparada por nós, e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo; não em tábuas de pedra, mas nas tábuas dos CORAÇÕES CARNAIS" (2. ª Cor. 3:2-3). Bastante explícito que realmente se trata dos corações carnais, onde reside o átomo espiritual.


Todavia, ainda mais claro é outro texto, em que se fala no mergulho de nosso eu pequeno, unificandonos ao Grande EU, o CRISTO INTERNO residente no coração: "CRISTO HABITA, pela fé, no VOSSO CORAÇÃO". E assegura com firmeza: "enraizados e fundamentados no AMOR, com todos os santos (os encarnados já espiritualizados na vivência da individualidade) se compreenderá a latitude, a longitude a sublimidade e a profundidade, conhecendo o que está acima do conhecimento, o AMOR DE CRISTO, para que se encham de toda a plenitude de Deus" (EF 3:17).


Кατοιиήσαι τόν Χριστόν διά τής πίστεως έν ταϊς иαρδίαις ύµών, έν άγάπη έρριζωµένοι иαί τεθεµελιωµένοι, ϊνα έζισγύσητε иαταλαβέσθαι σύν πάσιν τοϊςάγίοιςτί τό πλάτος иαί µήиος иαί ύψος
иαί βάθος, γνώσαι τε τήν ύπερβάλλουσαν τής γνώσεως άγάπην τοϋ Χριστοϋ, ίνα πληρωθήτε είς πάν τό πλήρωµα τού θεοϋ.

Quando se dá a unificação, o Espírito se infinitiza e penetra a Sabedoria Cósmica, compreendendo então a amplitude da localização universal do Cristo.


Mas encontramos outro ensino de suma profundidade, quando Paulo nos adverte que temos que CRISTIFICAR-NOS, temos que tornar-nos Cristos, na unificação com Cristo. Para isso, teremos que fazer uma tradução lógica e sensata da frase, em que aparece o verbo CHRIO duas vezes: a primeira, no particípio passado, Christós, o "Ungido", o "permeado da Divindade", particípio que foi transliterado em todas as línguas, com o sentido filosófico e místico de O CRISTO; e a segunda, logo a seguir, no presente do indicativo. Ora, parece de toda evidência que o sentido do verbo tem que ser O MESMO em ambos os empregos. Diz o texto original: ho dè bebaiôn hemãs syn humin eis Christon kaí chrísas hemãs theós (2. ª Cor. 1:21).


#cite Ο δέ βεβαιών ήµάς σύν ύµίν είς Χριστόν иαί χρίσας ήµάς θεό

ς.


Eis a tradução literal: "Deus, fortifica dor nosso e vosso, no Ungido, unge-nos".


E agora a tradução real: "Deus, fortificador nosso e vosso, em CRISTO, CRISTIFICA-NOS".


Essa a chave para compreendermos nossa meta: a cristificação total e absoluta.


Logo após escreve Paulo: "Ele também nos MARCA e nos dá, como penhor, o Espírito em NOSSOS CORAÇÕES" (2. ª Cor. 1:22).


#cite Ο иαί σφραγισάµενος ήµάς иαί δούς τόν άρραβώνα τόν πνεύµατος έν ταϊς иαρδϊαις ήµώ

ν.


Completando, enfim, o ensino - embora ministrado esparsamente - vem o texto mais forte e explícito, informando a finalidade da encarnação, para TÔDAS AS CRIATURAS: "até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, ao Homem Perfeito, à medida da evolução plena de Cristo" (EF 4:13).


Мέρχι иαταντήσωµεν οί πάντες είς τήν ένότητα τής πίστοως. иαί τής έπιγνώσεως τοϋ υίοϋ τοϋ θεοϋ,
είς άνδρα τελειον, είς µέτρον ήλιиίας τοϋ πληρώµατος τοϋ Χριστοϋ.
Por isso Paulo escreveu aos Gálatas: "ó filhinhos, por quem outra vez sofro as dores de parto, até que Cristo SE FORME dentro de vós" (GL 4:19) (Тεиνία µου, ούς πάλιν ώδίνω, µέρχις ού µορφωθή Χριστός έν ύµϊ

ν).


Agostinho (Tract. in Joanne, 21, 8) compreendeu bem isto ao escrever: "agradeçamos e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos", (Christus facti sumus); e Metódio de Olimpo ("Banquete das dez virgens", Patrol. Graeca, vol. 18, col. 150) escreveu: "a ekklêsía está grávida e em trabalho de parto até que o Cristo tome forma em nós, até que Cristo nasça em nós, a fim de que cada um dos santos (encarnados) por sua participação com o Cristo, se torne Cristo". Também Cirilo de Jerusalém ("Catechesis mystagogicae" 1. 3. 1 in Patr. Graeca vol. 33, col. 1. 087) asseverou: " Após terdes mergulhado no Cristo e vos terdes revestido do Cristo, fostes colocados em pé de igualdade com o Filho de Deus... pois que entrastes em comunhão com o Cristo, com razão tendes o nome de cristos, isto é, de ungidos".


Todo o que se une ao Cristo, se torna um cristo, participando do Pneuma e da natureza divina (theías koinônoí physeôs) (2. ª Pe. 1:3), pois "Cristo é o Espírito" (2. ª Cor. 3:17) e quem Lhe está unido, tem em si o selo (sphrágis) de Cristo. Na homilia 24,2, sobre 1. ª Cor. 10:16, João Crisóstomo (Patrol.


Graeca vol. 61, col. 200) escreveu: "O pão que partimos não é uma comunhão (com+união, koinônía) ao corpo de Cristo? Porque não disse "participação" (metoché)? Porque quis revelar algo mais, e mostrar uma associação (synápheia) mais íntima. Realmente, estamos unidos (koinônoúmen) não só pela participação (metéchein) e pela recepção (metalambánein), mas também pela UNIFICAÇÃO (enousthai)".


Por isso justifica-se o fragmento de Aristóteles, supra citado, em Sinésio: "os místicos devem não apenas aprender (mathein) mas experimentar" (pathein).


Essa é a razão por que, desde os primeiros séculos do estabelecimento do povo israelita, YHWH, em sua sabedoria, fazia a distinção dos diversos "corpos" da criatura; e no primeiro mandamento revelado a Moisés dizia: " Amarás a Deus de todo o teu coração (kardía), de toda tua alma (psychê), de todo teu intelecto (diánoia), de todas as tuas forças (dynameis)"; kardía é a individualidade, psychê a personagem, dividida em diánoia (intelecto) e dynameis (veículos físicos). (Cfr. LV 19:18; DT 6:5; MT 22:37; MC 12:13; LC 10:27).


A doutrina é uma só em todos os sistemas religiosos pregados pelos Mestres (Enviados e Profetas), embora com o tempo a imperfeição humana os deturpe, pois a personagem é fundamentalmente divisionista e egoísta. Mas sempre chega a ocasião em que a Verdade se restabelece, e então verificamos que todas as revelações são idênticas entre si, em seu conteúdo básico.


ESCOLA INICIÁTICA


Após essa longa digressão a respeito do estudo do "homem" no Novo Testamento, somos ainda obrigados a aprofundar mais o sentido do trecho em que são estipuladas as condições do discipulato.


Há muito desejaríamos ter penetrado neste setor, a fim de poder dar explicação cabal de certas frases e passagens; mas evitamo-lo ao máximo, para não ferir convicções de leitores desacostumados ao assunto.


Diante desse trecho, porém, somos forçados a romper os tabus e a falar abertamente.


Deve ter chamado a atenção de todos os estudiosos perspicazes dos Evangelhos, que Jesus jamais recebeu, dos evangelistas, qualquer título que normalmente seria atribuído a um fundador de religião: Chefe Espiritual, Sacerdote, Guia Espiritual, Pontífice; assim também, aqueles que O seguiam, nunca foram chamados Sequazes, Adeptos, Adoradores, Filiados, nem Fiéis (a não ser nas Epístolas, mas sempre com o sentido de adjetivo: os que mantinham fidelidade a Seus ensinos). Ao contrário disso, os epítetos dados a Jesus foram os de um chefe de escola: MESTRE (Rabbi, Didáskalos, Epistátês) ou de uma autoridade máxima Kyrios (SENHOR dos mistérios). Seus seguidores eram DISCÍPULOS (mathêtês), tudo de acordo com a terminologia típica dos mistérios iniciáticos de Elêusis, Delfos, Crotona, Tebas ou Heliópolis. Após receberem os primeiros graus, os discípulos passaram a ser denominado "emissários" (apóstolos), encarregados de dar a outros as primeiras iniciações.


Além disso, é evidente a preocupação de Jesus de dividir Seus ensinos em dois graus bem distintos: o que era ministrado de público ("a eles só é dado falar em parábolas") e o que era ensinado privadamente aos "escolhidos" ("mas a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus", cfr. MT 13:10-17 ; MC 4:11-12; LC 8:10).


Verificamos, portanto, que Jesus não criou uma "religião", no sentido moderno dessa palavra (conjunto de ritos, dogmas e cultos com sacerdócio hierarquicamente organizado), mas apenas fundou uma ESCOLA INICIÁTICA, na qual preparou e "iniciou" seus DISCÍPULOS, que Ele enviou ("emissários, apóstolos") com a incumbência de "iniciar" outras criaturas. Estas, por sua vez, foram continuando o processo e quando o mundo abriu os olhos e percebeu, estava em grande parte cristianizado. Quando os "homens" o perceberam e estabeleceram a hierarquia e os dogmas, começou a decadência.


A "Escola iniciática" fundada por Jesus foi modelada pela tradição helênica, que colocava como elemento primordial a transmissão viva dos mistérios: e "essa relação entre a parádosis (transmissão) e o mystérion é essencial ao cristianismo", escreveu o monge beneditino D. Odon CaseI (cfr. "Richesse du Mystere du Christ", Les éditions du Cerf. Paris, 1964, pág. 294). Esse autor chega mesmo a afirmar: " O cristianismo não é uma religião nem uma confissão, segundo a acepção moderna dessas palavras" (cfr. "Le Mystere du Culte", ib., pág. 21).


E J. Ranft ("Der Ursprung des Kathoíischen Traditionsprinzips", 1931, citado por D . O. Casel) escreve: " esse contato íntimo (com Cristo) nasce de uma gnose profunda".


Para bem compreender tudo isso, é indispensável uma incursão pelo campo das iniciações, esclarecendo antes alguns termos especializados. Infelizmente teremos que resumir ao máximo, para não prejudicar o andamento da obra. Mas muitos compreenderão.


TERMOS ESPECIAIS


Aiôn (ou eon) - era, época, idade; ou melhor CICLO; cada um dos ciclos evolutivos.


Akoueíu - "ouvir"; akoueín tòn lógon, ouvir o ensino, isto é, receber a revelação dos segredos iniciáticos.


Gnôse - conhecimento espiritual profundo e experimental dos mistérios.


Deíknymi - mostrar; era a explicação prática ou demonstração de objetos ou expressões, que serviam de símbolos, e revelavam significados ocultos.


Dóxa - doutrina; ou melhor, a essência do conhecimento profundo: o brilho; a luz da gnôse; donde "substância divina", e daí a "glória".


Dynamis - força potencial, potência que capacita para o érgon e para a exousía, infundindo o impulso básico de atividade.


Ekklêsía - a comunidade dos "convocados" ou "chamados" (ékklêtos) aos mistérios, os "mystos" que tinham feito ou estavam fazendo o curso da iniciação.


Energeín - agir por dentro ou de dentro (energia), pela atuação da força (dybamis).


Érgon - atividade ou ação; trabalho espiritual realizado pela força (dynamis) da Divindade que habita dentro de cada um e de cada coisa; energia.


Exêgeísthaí - narrar fatos ocultos, revelar (no sentido de "tirar o véu") (cfr. LC 24:35; JO 1:18; AT 10:8:15:12, 14).


Hágios - santo, o que vive no Espírito ou Individualidade; o iniciado (cfr. teleios).


Kyrios - Senhor; o Mestre dos Mistérios; o Mistagogo (professor de mistérios); o Hierofante (o que fala, fans, fantis, coisas santas, hieros); dava-se esse título ao possuidor da dynamis, da exousía e do érgon, com capacidade para transmiti-los.


Exousía - poder, capacidade de realização, ou melhor, autoridade, mas a que provém de dentro, não "dada" de fora.


Leitourgia - Liturgia, serviço do povo: o exercício do culto crístico, na transmissão dos mistérios.


Legómena - palavras reveladoras, ensino oral proferido pelo Mestre, e que se tornava "ensino ouvido" (lógos akoês) pelos discípulos.


Lógos - o "ensino" iniciático, a "palavra" secreta, que dava a chave da interpretação dos mistérios; a" Palavra" (Energia ou Som), segundo aspecto da Divindade.


Monymenta - "monumentos", ou seja, objetos e lembranças, para manter viva a memória.


Mystagogo – o Mestre dos Mystérios, o Hierofante.


Mystérion - a ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação; donde, o ensino revelado apenas aos perfeitos (teleios) e santos (hágios), mas que devia permanecer oculto aos profanos.


Oikonomía - economia, dispensação; literalmente "lei da casa"; a vida intima de cada iniciado e sua capacidade na transmissão iniciática a outros, (de modo geral encargo recebido do Mestre).


Orgê - a atividade ou ação sagrada; o "orgasmo" experimentado na união mística: donde "exaltação espiritual" pela manifestação da Divindade (erradamente interpretado como "ira").


Parábola - ensino profundo sob forma de narrativa popular, com o verdadeiro sentido oculto por metáforas e símbolos.


Paradídômi - o mesmo que o latim trádere; transmitir, "entregar", passar adiante o ensino secreto.


Parádosis - transmissão, entrega de conhecimentos e experiências dos ensinos ocultos (o mesmo que o latim tradítio).


Paralambánein - "receber" o ensino secreto, a "palavra ouvida", tornando-se conhecedor dos mistérios e das instruções.


Patheín - experimentar, "sofrer" uma experiência iniciática pessoalmente, dando o passo decisivo para receber o grau e passar adiante.


Plêrôma - plenitude da Divindade na criatura, plenitude de Vida, de conhecimento, etc.


Redençãoa libertação do ciclo de encarnações na matéria (kyklos anánkê) pela união total e definitiva com Deus.


Santo - o mesmo que perfeito ou "iniciado".


Sêmeíon - "sinal" físico de uma ação espiritual, demonstração de conhecimento (gnose), de força (dynamis), de poder (exousía) e de atividade ou ação (érgon); o "sinal" é sempre produzido por um iniciado, e serve de prova de seu grau.


Sophía - a sabedoria obtida pela gnose; o conhecimento proveniente de dentro, das experiências vividas (que não deve confundir-se com a cultura ou erudição do intelecto).


Sphrágis - selo, marca indelével espiritual, recebida pelo espírito, embora invisível na matéria, que assinala a criatura como pertencente a um Senhor ou Mestre.


Symbolos - símbolos ou expressões de coisas secretas, incompreensíveis aos profanos e só percebidas pelos iniciados (pão, vinho, etc.) .


Sótería - "salvação", isto é, a unificação total e definitiva com a Divindade, que se obtém pela "redenção" plena.


Teleíos - o "finalista", o que chegou ao fim de um ciclo, iniciando outro; o iniciado nos mistérios, o perfeito ou santo.


Teleisthai - ser iniciado; palavra do mesmo radical que teleutan, que significa "morrer", e que exprime" finalizar" alguma coisa, terminar um ciclo evolutivo.


Tradítio - transmissão "tradição" no sentido etimológico (trans + dare, dar além passar adiante), o mesmo que o grego parádosis.


TRADIÇÃO


D. Odon Casel (o. c., pág. 289) escreve: "Ranft estudou de modo preciso a noção da tradítio, não só como era praticada entre os judeus, mas também em sua forma bem diferente entre os gregos. Especialmente entre os adeptos dos dosis é a transmissão secreta feita aos "mvstos" da misteriosa sôtería; é a inimistérios, a noção de tradítio (parádosis) tinha grande importância. A paraciação e a incorporação no círculo dos eleitos (eleitos ou "escolhidos"; a cada passo sentimos a confirmação de que Jesus fundou uma "Escola Iniciática", quando emprega os termos privativos das iniciações heléntcas; cfr. " muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos" - MT 22. 14), características das religiões grecoorientais. Tradítio ou parádosis são, pois, palavras que exprimem a iniciação aos mistérios. Tratase, portanto, não de uma iniciação científica, mas religiosa, realizada no culto. Para o "mysto", constitui uma revelação formal, a segurança vivida das realidades sagradas e de uma santa esperança. Graças a tradição, a revelação primitiva passa às gerações ulteriores e é comunicada por ato de iniciação. O mesmo princípio fundamental aplica-se ao cristianismo".


Na página seguinte, o mesmo autor prossegue: "Nos mistérios, quando o Pai Mistagogo comunica ao discípulo o que é necessário ao culto, essa transmissão tem o nome de traditio. E o essencial não é a instrução, mas a contemplação, tal como o conta Apuleio (Metamorphoses, 11, 21-23) ao narrar as experiências culturais do "mysto" Lúcius. Sem dúvida, no início há uma instrução, mas sempre para finalizar numa contemplação, pela qual o discípulo, o "mysto", entra em relação direta com a Divindade.


O mesmo ocorre no cristianismo (pág. 290).


Ouçamos agora as palavras de J. Ranft (o. c., pág. 275): "A parádosis designa a origem divina dos mistérios e a transmissão do conteúdo dos mistérios. Esta, à primeira vista, realiza-se pelo ministério dos homens, mas não é obra de homens; é Deus que ensina. O homem é apenas o intermediário, o Instrumento desse ensino divino. Além disso... desperta o homem interior. Logos é realmente uma palavra intraduzível: designa o próprio conteúdo dos mistérios, a palavra, o discurso, o ENSINO. É a palavra viva, dada por Deus, que enche o âmago do homem".


No Evangelho, a parádosis é constituída pelas palavras ou ensinos (lógoi) de Jesus, mas também simbolicamente pelos fatos narrados, que necessitam de interpretação, que inicialmente era dada, verbalmente, pelos "emissários" e pelos inspirados que os escreveram, com um talento superior de muito ao humano, deixando todos os ensinos profundos "velados", para só serem perfeitamente entendidos pelos que tivessem recebido, nos séculos seguintes, a revelação do sentido oculto, transmitida quer por um iniciado encarnado, quer diretamente manifestada pelo Cristo Interno. Os escritores que conceberam a parádosis no sentido helênico foram, sobretudo, João e Paulo; já os sinópticos a interpretam mais no sentido judaico, excetuando-se, por vezes, o grego Lucas, por sua convivência com Paulo, e os outros, quando reproduziam fielmente as palavras de Jesus.


Se recordarmos os mistérios de Elêusis (palavra que significa "advento, chegada", do verbo eléusomai," chegar"), ou de Delfos (e até mesmo os de Tebas, Ábydos ou Heliópolis), veremos que o Novo Testamento concorda seus termos com os deles. O logos transmitido (paradidômi) por Jesus é recebida (paralambánein) pelos DISCÍPULOS (mathêtês). Só que Jesus apresentou um elemento básico a mais: CRISTO. Leia-se Paulo: "recebi (parélabon) do Kyrios o que vos transmiti (parédote)" (l. ª Cor. 11:23).


O mesmo Paulo, que define a parádosis pagã como "de homens, segundo os elementos do mundo e não segundo Cristo" (CL 2:8), utiliza todas as palavras da iniciação pagã, aplicando-as à iniciação cristã: parádosis, sophía, logo", mystérion, dynamis, érgon, gnose, etc., termos que foram empregados também pelo próprio Jesus: "Nessa hora Jesus fremiu no santo pneuma e disse: abençôo-te, Pai, Senhor do céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e hábeis, e as revelaste aos pequenos, Sim, Pai, assim foi de teu agrado. Tudo me foi transmitido (parédote) por meu Pai. E ninguém tem a gnose do que é o Filho senão o Pai, e ninguém tem a gnose do que é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quer revelar (apokalypsai = tirar o véu). E voltando-se para seus discípulos, disse: felizes os olhos que vêem o que vedes. Pois digo-vos que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis, e não ouviram" (LC 10:21-24). Temos a impressão perfeita que se trata de ver e ouvir os mistérios iniciáticos que Jesus transmitia a seus discípulos.


E João afirma: "ninguém jamais viu Deus. O Filho Unigênito que esta no Pai, esse o revelou (exêgêsato, termo específico da língua dos mistérios)" (JO 1:18).


"PALAVRA OUVIDA"


A transmissão dos conhecimentos, da gnose, compreendia a instrução oral e o testemunhar das revelações secretas da Divindade, fazendo que o iniciado participasse de uma vida nova, em nível superior ( "homem novo" de Paulo), conhecendo doutrinas que deveriam ser fielmente guardadas, com a rigorosa observação do silêncio em relação aos não-iniciados (cfr. "não deis as coisas santas aos cães", MT 7:6).


Daí ser a iniciação uma transmissão ORAL - o LOGOS AKOÊS, ou "palavra ouvida" ou "ensino ouvido" - que não podia ser escrito, a não ser sob o véu espesso de metáforas, enigmas, parábolas e símbolos.


Esse logos não deve ser confundido com o Segundo Aspecto da Divindade (veja vol. 1 e vol. 3).


Aqui logos é "o ensino" (vol. 2 e vol. 3).


O Novo Testamento faz-nos conhecer esse modus operandi: Paulo o diz, numa construção toda especial e retorcida (para não falsear a técnica): "eis por que não cessamos de agradecer (eucharistoúmen) a Deus, porque, recebendo (paralabóntes) o ENSINO OUVIDO (lógon akoês) por nosso intermédio, de Deus, vós o recebestes não como ensino de homens (lógon anthrópôn) mas como ele é verdadeiramente: o ensino de Deus (lógon theou), que age (energeítai) em vós que credes" (l. ª Tess. 2:13).


O papel do "mysto" é ouvir, receber pelo ouvido, o ensino (lógos) e depois experimentar, como o diz Aristóteles, já citado por nós: "não apenas aprender (matheín), mas experimentar" (patheín).


Esse trecho mostra como o método cristão, do verdadeiro e primitivo cristianismo de Jesus e de seus emissários, tinha profunda conexão com os mistérios gregos, de cujos termos específicos e característicos Jesus e seus discípulos se aproveitaram, elevando, porém, a técnica da iniciação à perfeição, à plenitude, à realidade máxima do Cristo Cósmico.


Mas continuemos a expor. Usando, como Jesus, a terminologia típica da parádosis grega, Paulo insiste em que temos que assimilá-la interiormente pela gnose, recebendo a parádosis viva, "não mais de um Jesus de Nazaré histórico, mas do Kyrios, do Cristo ressuscitado, o Cristo Pneumatikós, esse mistério que é o Cristo dentro de vós" (CL 1:27).


Esse ensino oral (lógos akoês) constitui a tradição (traditio ou parádosis), que passa de um iniciado a outro ou é recebido diretamente do "Senhor" (Kyrios), como no caso de Paulo (cfr. GL 1:11): "Eu volo afirmo, meus irmãos, que a Boa-Nova que preguei não foi à maneira humana. Pois não na recebi (parélabon) nem a aprendi de homens, mas por uma revelação (apokálypsis) de Jesus Cristo".


Aos coríntios (l. ª Cor. 2:1-5) escreve Paulo: "Irmãos, quando fui a vós, não fui com o prestígio do lógos nem da sophía, mas vos anunciei o mistério de Deus. Decidi, com efeito, nada saber entre vós sen ão Jesus Cristo, e este crucificado. Fui a vós em fraqueza, em temor, e todo trêmulo, e meu logos e minha pregação não consistiram nos discursos persuasivos da ciência, mas numa manifestação do Esp írito (pneuma) e do poder (dynamis), para que vossa fé não repouse na sabedoria (sophía) dos homens, mas no poder (dynamis) de Deus".


A oposição entre o logos e a sophia profanos - como a entende Aristóteles - era salientada por Paulo, que se referia ao sentido dado a esses termos pelos "mistérios antigos". Salienta que à sophia e ao logos profanos, falta, no dizer dele, a verdadeira dynamis e o pnenma, que constituem o mistério cristão que ele revela: Cristo.


Em vários pontos do Novo Testamento aparece a expressão "ensino ouvido" ou "ouvir o ensino"; por exemplo: MT 7:24, MT 7:26; 10:14; 13:19, 20, 21, 22, 23; 15:12; 19:22; MC 4:14, MC 4:15, MC 4:16, MC 4:17, 18, 19, 20; LC 6:47; LC 8:11, LC 8:12, LC 8:13, LC 8:15; 10:39; 11:28; JO 5:24, JO 5:38; 7:40; 8:43; 14:24; AT 4:4; AT 10:44; AT 13:7; AT 15:7; EF 1:13; 1. ª Tess. 2:13; HB 4:2; 1. ª JO 2:7; Ap. 1:3.


DYNAMIS


Em Paulo, sobretudo, percebemos o sentido exato da palavra dynamis, tão usada nos Evangelhos.


Pneuma, o Espírito (DEUS), é a força Potencial ou Potência Infinita (Dynamis) que, quando age (energeín) se torna o PAI (érgon), a atividade, a ação, a "energia"; e o resultado dessa atividade é o Cristo Cósmico, o Kosmos universal, o Filho, que é Unigênito porque a emissão é única, já que espaço e tempo são criações intelectuais do ser finito: o Infinito é uno, inespacial, atemporal.


Então Dynamis é a essência de Deus o Absoluto, a Força, a Potência Infinita, que tudo permeia, cria e governa, desde os universos incomensuráveis até os sub-átomos infra-microscópicos. Numa palavra: Dynamis é a essência de Deus e, portanto, a essência de tudo.


Ora, o Filho é exatamente o PERMEAADO, ou o UNGIDO (Cristo), por essa Dynamis de Deus e pelo Érgon do Pai. Paulo já o dissera: "Cristo... é a dynamis de Deus e a sophía de Deus (Christòn theou dynamin kaí theou sophían, 1. ª Cor. 1:24). Então, manifesta-se em toda a sua plenitude (cfr. CL 2:9) no homem Jesus, a Dynamis do Pneuma (embora pneuma e dynamis exprimam realmente uma só coisa: Deus): essa dynamis do pneuma, atuando através do Pai (érgon) toma o nome de CRISTO, que se manifestou na pessoa Jesus, para introduzir a humanidade deste planeta no novo eon, já que "ele é a imagem (eikôn) do Deus invisível e o primogênito de toda criação" (CL 1:15).


EON


O novo eon foi inaugurado exatamente pelo Cristo, quando de Sua penetração plena em Jesus. Daí a oposição que tanto aparece no Novo Testamento Entre este eon e o eon futuro (cfr., i. a., MT 12:32;


MC 10:30; LC 16:8; LC 20:34; RM 12:2; 1. ª Cor. 1:20; 2:6-8; 3:18:2. ª Cor. 4:4; EF 2:2-7, etc.) . O eon "atual" e a vida da matéria (personalismo); O eon "vindouro" é a vida do Espírito ó individualidade), mas que começa na Terra, agora (não depois de desencarnados), e que reside no âmago do ser.


Por isso, afirmou Jesus que "o reino dos céus está DENTRO DE VÓS" (LC 17:21), já que reside NO ESPÍRITO. E por isso, zôê aiónios é a VIDA IMANENTE (vol, 2 e vol. 3), porque é a vida ESPIRITUAL, a vida do NOVO EON, que Jesus anunciou que viria no futuro (mas, entenda-se, não no futuro depois da morte, e sim no futuro enquanto encarnados). Nesse novo eon a vida seria a da individualidade, a do Espírito: "o meu reino não é deste mundo" (o físico), lemos em JO 18:36. Mas é NESTE mundo que se manifestará, quando o Espírito superar a matéria, quando a individualidade governar a personagem, quando a mente dirigir o intelecto, quando o DE DENTRO dominar o DE FORA, quando Cristo em nós tiver a supremacia sobre o eu transitório.


A criatura que penetra nesse novo eon recebe o selo (sphrágis) do Cristo do Espírito, selo indelével que o condiciona como ingresso no reino dos céus. Quando fala em eon, o Evangelho quer exprimir um CICLO EVOLUTIVO; na evolução da humanidade, em linhas gerais, podemos considerar o eon do animalismo, o eon da personalidade, o eon da individualidade, etc. O mais elevado eon que conhecemos, o da zôê aiónios (vida imanente) é o da vida espiritual plenamente unificada com Deus (pneuma-dynamis), com o Pai (lógos-érgon), e com o Filho (Cristo-kósmos).


DÓXA


Assim como dynamis é a essência de Deus, assim dóxa (geralmente traduzida por "glória") pode apresentar os sentidos que vimos (vol. 1). Mas observaremos que, na linguagem iniciática dos mistérios, além do sentido de "doutrina" ou de "essência da doutrina", pode assumir o sentido específico de" substância divina". Observe-se esse trecho de Paulo (Filp. 2:11): "Jesus Cristo é o Senhor (Kyrios) na substância (dóxa) de Deus Pai"; e mais (RM 6:4): "o Cristo foi despertado dentre os mortos pela substância (dóxa) do Pai" (isto é, pelo érgon, a energia do Som, a vibração sonora da Palavra).


Nesses passos, traduzir dóxa por glória é ilógico, não faz sentido; também "doutrina" aí não cabe. O sentido é mesmo o de "substância".


Vejamos mais este passo (l. ª Cor. 2:6-16): "Falamos, sim da sabedoria (sophia) entre os perfeitos (teleiois, isto é, iniciados), mas de uma sabedoria que não é deste eon, nem dos príncipes deste eon, que são reduzidos a nada: mas da sabedoria dos mistérios de Deus, que estava oculta, e que antes dos eons Deus destinara como nossa doutrina (dóxa), e que os príncipes deste mundo não reconheceram. De fato, se o tivessem reconhecido, não teriam crucificado o Senhor da Doutrina (Kyrios da dóxa, isto é, o Hierofante ou Mistagogo). Mas como está escrito, (anunciamos) o que o olho não viu e o ouvido não ouviu e o que não subiu sobre o coração do homem, mas o que Deus preparou para os que O amam.


Pois foi a nós que Deus revelou (apekalypsen = tirou o véu) pelo pneuma" (ou seja, pelo Espírito, pelo Cristo Interno).


MISTÉRIO


Mistério é uma palavra que modificou totalmente seu sentido através dos séculos, mesmo dentro de seu próprio campo, o religioso. Chamam hoje "mistério" aquilo que é impossível de compreender, ou o que se ignora irremissivelmente, por ser inacessível à inteligência humana.


Mas originariamente, o mistério apresentava dois sentidos básicos:

1. º - um ensinamento só revelado aos iniciados, e que permanecia secreto para os profanos que não podiam sabê-lo (daí proveio o sentido atual: o que não se pode saber; na antiguidade, não se podia por proibição moral, ao passo que hoje é por incapacidade intelectual);


2. º - a própria ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação completa.


Quando falamos em "mistério", transliterando a palavra usada no Novo Testamento, arriscamo-nos a interpretar mal. Aí, mistério não tem o sentido atual, de "coisa ignorada por incapacidade intelectiva", mas é sempre a "ação divina revelada experimentalmente ao homem" (embora continue inacessível ao não-iniciado ou profano).


O mistério não é uma doutrina: exprime o caráter de revelação direta de Deus a seus buscadores; é uma gnose dos mistérios, que se comunica ao "mysto" (aprendiz de mística). O Hierofante conduz o homem à Divindade (mas apenas o conduz, nada podendo fazer em seu lugar). E se o aprendiz corresponde plenamente e atende a todas as exigências, a Divindade "age" (energeín) internamente, no "Esp írito" (pneuma) do homem. que então desperta (egereín), isto é, "ressurge" para a nova vida (cfr. "eu sou a ressurreição da vida", JO 11:25; e "os que produzirem coisas boas (sairão) para a restauração de vida", isto é, os que conseguirem atingir o ponto desejado serão despertados para a vida do espírito, JO 5-29).


O caminho que leva a esses passos, é o sofrimento, que prepara o homem para uma gnose superior: "por isso - conclui O. Casel - a cruz é para o cristão o caminho que conduz à gnose da glória" (o. c., pág. 300).


Paulo diz francamente que o mistério se resume numa palavra: CRISTO "esse mistério, que é o Cristo", (CL 1:27): e "a fim de que conheçam o mistério de Deus, o Cristo" (CL 2:2).


O mistério opera uma união íntima e física com Deus, a qual realiza uma páscoa (passagem) do atual eon, para o eon espiritual (reino dos céus).


O PROCESSO


O postulante (o que pedia para ser iniciado) devia passar por diversos graus, antes de ser admitido ao pórtico, à "porta" por onde só passavam as ovelhas (símbolo das criaturas mansas; cfr. : "eu sou a porta das ovelhas", JO 10:7). Verificada a aptidão do candidato profano, era ele submetido a um período de "provações", em que se exercitava na ORAÇÃO (ou petição) que dirigia à Divindade, apresentando os desejos ardentes ao coração, "mendigando o Espírito" (cfr. "felizes os mendigos de Espírito" MT 5:3) para a ele unir-se; além disso se preparava com jejuns e alimentação vegetariana para o SACRIF ÍCIO, que consistia em fazer a consagração de si mesmo à Divindade (era a DE + VOTIO, voto a Deus), dispondo-se a desprender-se ao mundo profano.


Chegado a esse ponto, eram iniciados os SETE passos da iniciação. Os três primeiros eram chamado "Mistérios menores"; os quatro últimos, "mistérios maiores". Eram eles:

1 - o MERGULHO e as ABLUÇÕES (em Elêusis havia dois lagos salgados artificiais), que mostravam ao postulante a necessidade primordial e essencial da "catarse" da "psiquê". Os candidatos, desnudos, entravam num desses lagos e mergulhavam, a fim de compreender que era necessário "morrer" às coisas materiais para conseguir a "vida" (cfr. : "se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só; mas se morrer dá muito fruto", JO 12:24). Exprimia a importância do mergulho dentro de si mesmo, superando as dificuldades e vencendo o medo. Ao sair do lago, vestia uma túnica branca e aguardava o segundo passo.


2 - a ACEITAÇÃO de quem havia mergulhado, por parte do Mistagogo, que o confirmava no caminho novo, entre os "capazes". Daí por diante, teria que correr por conta própria todos os riscos inerentes ao curso: só pessoalmente poderia caminhar. Essa confirmação do Mestre simbolizava a "epiphanía" da Divindade, a "descida da graça", e o recem-aceito iniciava nova fase.


3 - a METÂNOIA ou mudança da mente, que vinha após assistir a várias tragédias e dramas de fundo iniciático. Todas ensinavam ao "mysto" novato, que era indispensável, através da dor, modificar seu" modo de pensar" em relação à vida, afastar-se de. todos os vícios e fraquezas do passado, renunciar a prazeres perniciosos e defeitos, tornando-se o mais perfeito (téleios) possível. Era buscada a renovação interna, pelo modo de pensar e de encarar a vida. Grande número dos que começavam a carreira, paravam aí, porque não possuíam a força capaz de operar a transmutação mental. As tentações os empolgavam e novamente se lançavam no mundo profano. No entanto, se dessem provas positivas de modifica ção total, de serem capazes de viver na santidade, resistindo às tentações, podiam continuar a senda.


Havia, então, a "experiência" para provar a realidade da "coragem" do candidato: era introduzido em grutas e câmaras escuras, onde encontrava uma série de engenhos lúgubres e figuras apavorantes, e onde demorava um tempo que parecia interminável. Dali, podia regressar ou prosseguir. Se regressava, saía da fileira; se prosseguia, recebia a recompensa justa: era julgado apto aos "mistérios maiores".


4 - O ENCONTRO e a ILUMINAÇÃO, que ocorria com a volta à luz, no fim da terrível caminhada por entre as trevas. Através de uma porta difícil de ser encontrada, deparava ele campos floridos e perfumados, e neles o Hierofante, em paramentação luxuosa. que os levava a uma refeição simples mas solene constante de pão, mel, castanhas e vinho. Os candidatos eram julgados "transformados", e porSABEDORIA DO EVANGELHO tanto não havia mais as exteriorizações: o segredo era desvelado (apokálypsis), e eles passavam a saber que o mergulho era interno, e que deviam iniciar a meditação e a contemplação diárias para conseguir o "encontro místico" com a Divindade dentro de si. Esses encontros eram de início, raros e breves, mas com o exercício se iam fixando melhor, podendo aspirar ao passo seguinte.


5 - a UNIÃO (não mais apenas o "encontro"), mas união firme e continuada, mesmo durante sua estada entre os profanos. Era simbolizada pelo drama sacro (hierõs gámos) do esponsalício de Zeus e Deméter, do qual nasceria o segundo Dionysos, vencedor da morte. Esse matrimônio simbólico e puro, realizado em exaltação religiosa (orgê) é que foi mal interpretado pelos que não assistiam à sua representação simbólica (os profanos) e que tacharam de "orgias imorais" os mistérios gregos. Essa "união", depois de bem assegurada, quando não mais se arriscava a perdê-la, preparava os melhores para o passo seguinte.


6 - a CONSAGRAÇÃO ou, talvez, a sagração, pela qual era representada a "marcação" do Espírito do iniciado com um "selo" especial da Divindade a quem o "mysto" se consagrava: Apolo, Dyonisos, Isis, Osíris, etc. Era aí que o iniciado obtinha a epoptía, ou "visão direta" da realidade espiritual, a gnose pela vivência da união mística. O epopta era o "vigilante", que o cristianismo denominou "epískopos" ou "inspetor". Realmente epopta é composto de epí ("sobre") e optos ("visível"); e epískopos de epi ("sobre") e skopéô ("ver" ou "observar"). Depois disso, tinha autoridade para ensinar a outros e, achando-se preso à Divindade e às obrigações religiosas, podia dirigir o culto e oficiar a liturgia, e também transmitir as iniciações nos graus menores. Mas faltava o passo decisivo e definitivo, o mais difícil e quase inacessível.


7 - a PLENITUDE da Divindade, quando era conseguida a vivência na "Alma Universal já libertada".


Nos mistérios gregos (em Elêusis) ensinava-se que havia uma Força Absoluta (Deus o "sem nome") que se manifestava através do Logos (a Palavra) Criador, o qual produzia o Filho (Kósmo). Mas o Logos tinha duplo aspecto: o masculino (Zeus) e o feminino (Deméter). Desse casal nascera o Filho, mas também com duplo aspecto: a mente salvadora (Dionysos) e a Alma Universal (Perséfone). Esta, desejando experiências mais fortes, descera à Terra. Mas ao chegar a estes reinos inferiores, tornouse a "Alma Universal" de todas as criaturas, e acabou ficando prisioneira de Plutão (a matéria), que a manteve encarcerada, ministrando-lhe filtros mágicos que a faziam esquecer sua origem divina, embora, no íntimo, sentisse a sede de regressar a seu verdadeiro mundo, mesmo ignorando qual fosse.


Dionysos quis salvá-la, mas foi despedaçado pelos Titãs (a mente fracionada pelo intelecto e estraçalhada pelos desejos). Foi quando surgiu Triptólemo (o tríplice combate das almas que despertam), e com apelos veementes conseguiu despertar Perséfone, revelando lhe sua origem divina, e ao mesmo tempo, com súplicas intensas às Forças Divinas, as comoveu; então Zeus novamente se uniu a Deméter, para fazer renascer Dionysos. Este, assumindo seu papel de "Salvador", desce à Terra, oferecendose em holocausto a Plutão (isto é, encarnando-se na própria matéria) e consegue o resgate de Perséfone, isto é, a libertação da Alma das criaturas do domínio da matéria e sua elevação novamente aos planos divinos. Por esse resumo, verificamos como se tornou fácil a aceitação entre os grego, e romanos da doutrina exposta pelos Emissários de Jesus, um "Filho de Deus" que desceu à Terra para resgatar com sua morte a alma humana.


O iniciado ficava permeado pela Divindade, tornando-se então "adepto" e atingindo o verdadeiro grau de Mestre ou Mistagogo por conhecimento próprio experimental. Já não mais era ele, o homem, que vivia: era "O Senhor", por cujo intermédio operava a Divindade. (Cfr. : "não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim", GL 2:20; e ainda: "para mim, viver é Cristo", Filp. 1:21). A tradição grega conservou os nomes de alguns dos que atingiram esse grau supremo: Orfeu... Pitágoras... Apolônio de Tiana... E bem provavelmente Sócrates (embora Schuré opine que o maior foi Platão).


NO CRISTIANISMO


Todos os termos néo-testamentários e cristãos, dos primórdios, foram tirados dos mistérios gregos: nos mistérios de Elêusis, o iniciado se tornava "membro da família do Deus" (Dionysos), sendo chamado.


então, um "santo" (hágios) ou "perfeito" (téleios). E Paulo escreve: "assim, pois, não sois mais estran geiros nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus. ’ (EF 2:19). Ainda em Elêusis, mostrava-se aos iniciados uma "espiga de trigo", símbolo da vida que eternamente permanece através das encarnações e que, sob a forma de pão, se tornava participante da vida do homem; assim quando o homem se unia a Deus, "se tornava participante da vida divina" (2. ª Pe. 1:4). E Jesus afirmou: " Eu sou o PÃO da Vida" (JO 6. 35).


No entanto ocorreu modificação básica na instituição do Mistério cristão, que Jesus realizou na "última Ceia", na véspera de sua experiência máxima, o páthos ("paixão").


No Cristianismo, a iniciação toma sentido puramente espiritual, no interior da criatura, seguindo mais a Escola de Alexandria. Lendo Filon, compreendemos isso: ele interpreta todo o Antigo Testamento como alegoria da evolução da alma. Cada evangelista expõe a iniciação cristã de acordo com sua própria capacidade evolutiva, sendo que a mais elevada foi, sem dúvida, a de João, saturado da tradição (parádosis) de Alexandria, como pode ver-se não apenas de seu Evangelho, como também de seu Apocalipse.


Além disso, Jesus arrancou a iniciação dos templos, a portas fechadas, e jogou-a dentro dos corações; era a universalização da "salvação" a todos os que QUISESSEM segui-Lo. Qualquer pessoa pode encontrar o caminho (cfr. "Eu sou o Caminho", JO 14:6), porque Ele corporificou os mistérios em Si mesmo, divulgando-lhes os segredos através de Sua vida. Daí em diante, os homens não mais teriam que procurar encontrar um protótipo divino, para a ele conformar-se: todos poderiam descobrir e utir-se diretamente ao Logos que, através do Cristo, em Jesus se manifestara.


Observamos, pois, uma elevação geral de frequência vibratória, de tonus, em todo o processo iniciático dos mistérios.


E os Pais da Igreja - até o século 3. º o cristianismo foi "iniciático", embora depois perdesse o rumo quando se tornou "dogmático" - compreenderam a realidade do mistério cristão, muito superior, espiritualmente, aos anteriores: tornar o homem UM CRISTO, um ungido, um permeado da Divindade.


A ação divina do mistério, por exemplo, é assim descrita por Agostinho: "rendamos graças e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos" (Tract. in Joanne, 21,8); e por Metódio de Olímpio: "a comunidade (a ekklêsía) está grávida e em trabalho de parto, até que o Cristo tenha tomado forma em nós; até que o Cristo nasça em nós, para que cada um dos santos, por sua participação ao Cristo, se torne o cristo" (Patrol. Graeca, vol. 18, ccl. 150).


Temos que tornar-nos cristos, recebendo a última unção, conformando-nos com Ele em nosso próprio ser, já que "a redenção tem que realizar-se EM NÓS" (O. Casel, o. c., pág. 29), porque "o único e verdadeiro holocausto é o que o homem faz de si mesmo".


Cirilo de Jerusalém diz: "Já que entrastes em comunhão com o Cristo com razão sois chamados cristos, isto é, ungidos" (Catechesis Mystagogicae, 3,1; Patrol. Graeca,, 01. 33, col. 1087).


Essa transformação, em que o homem recebe Deus e Nele se transmuda, torna-o membro vivo do Cristo: "aos que O receberam, deu o poder de tornar-se Filhos de Deus" (JO 1:12).


Isso fez que Jesus - ensina-nos o Novo Testamento - que era "sacerdote da ordem de Melquisedec (HB 5:6 e HB 7:17) chegasse, após sua encarnação e todos os passos iniciáticos que QUIS dar, chegasse ao grau máximo de "pontífice da ordem de Melquisedec" (HB 5:10 e HB 6:20), para todo o planeta Terra.


CRISTO, portanto, é o mistério de Deus, o Senhor, o ápice da iniciação a experiência pessoal da Divindade.


através do santo ensino (hierôs lógos), que vem dos "deuses" (Espíritos Superiores), comunicado ao místico. No cristianismo, os emissários ("apóstolos") receberam do Grande Hierofante Jesus (o qual o recebeu do Pai, com Quem era UNO) a iniciação completa. Foi uma verdadeira "transmiss ão" (traditio, parádosis), apoiada na gnose: um despertar do Espírito que vive e experimenta a Verdade, visando ao que diz Paulo: "admoestando todo homem e ensinando todo homem, em toda sabedoria (sophía), para que apresentem todo homem perfeito (téleion, iniciado) em Cristo, para o que eu também me esforço (agõnizómenos) segundo a ação dele (energeían autou), que age (energouménen) em mim, em força (en dynámei)". CL 1:28-29.


Em toda essa iniciação, além disso, precisamos não perder de vista o "enthousiasmós" (como era chamado o "transe" místico entre os gregos) e que foi mesmo sentido pelos hebreus, sobretudo nas" Escolas de Profetas" em que eles se iniciavam (profetas significa "médiuns"); mas há muito se havia perdido esse "entusiasmo", por causa da frieza intelectual da interpretação literal das Escrituras pelos Escribas.


Profeta, em hebraico, é NaVY", de raiz desconhecida, que o Rabino Meyer Sal ("Les Tables de la Loi", éd. La Colombe, Paris, 1962, pág. 216/218) sugere ter sido a sigla das "Escolas de Profetas" (escolas de iniciação, de que havia uma em Belém, de onde saiu David). Cada letra designaria um setor de estudo: N (nun) seriam os sacerdotes (terapeutas do psicossoma), oradores, pensadores, filósofos;

V (beth) os iniciados nos segredos das construções dos templos ("maçons" ou pedreiros), arquitetos, etc. ; Y (yod) os "ativos", isto é, os dirigentes e políticos, os "profetas de ação"; (aleph), que exprime "Planificação", os matemáticos, geômetras, astrônomos, etc.


Isso explica, em grande parte, porque os gregos e romanos aceitaram muito mais facilmente o cristianismo, do que os judeus, que se limitavam a uma tradição que consistia na repetição literal decorada dos ensinos dos professores, num esforço de memória que não chegava ao coração, e que não visavam mais a qualquer experiência mística.


TEXTOS DO N. T.


O termo mystérion aparece várias vezes no Novo Testamento.


A - Nos Evangelhos, apenas num episódio, quando Jesus diz a Seus discípulos: "a vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus" (MT 13:11; MC 4:11; LC 8:10).


B - Por Paulo em diversas epístolas: RM 11:25 - "Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério... o endurecimento de Israel, até que hajam entrado todos os gentios".


Rom. 16:15 - "conforme a revelação do mistério oculto durante os eons temporais (terrenos) e agora manifestados".


1. ª Cor. 2:1 – "quando fui ter convosco... anunciando-vos o mistério de Deus".


1. ª Cor. 2:4-7 - "meu ensino (logos) e minha pregação não foram em palavras persuasivas, mas em demonstração (apodeíxei) do pneúmatos e da dynámeôs, para que vossa fé não se fundamente na sophía dos homens, mas na dynámei de Deus. Mas falamos a sophia nos perfeitos (teleiois, iniciados), porém não a sophia deste eon, que chega ao fim; mas falamos a sophia de Deus em mistério, a que esteve oculta, a qual Deus antes dos eons determinou para nossa doutrina". 1. ª Cor. 4:1 - "assim considerem-nos os homens assistentes (hypêrétas) ecônomos (distribuidores, dispensadores) dos mistérios de Deus".


1. ª Cor. 13:2 - "se eu tiver mediunidade (prophéteía) e conhecer todos os mistérios de toda a gnose, e se tiver toda a fé até para transportar montanhas, mas não tiver amor (agápé), nada sou". l. ª Cor. 14:2 - "quem fala em língua (estranha) não fala a homens, mas a Deus, pois ninguém o ouve, mas em espírito fala mistérios". 1. ª Cor. 15:51 - "Atenção! Eu vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados".


EF 1:9 - "tendo-nos feito conhecido o mistério de sua vontade"

EF 3:4 - "segundo me foi manifestado para vós, segundo a revelação que ele me fez conhecer o mistério (como antes vos escrevi brevemente), pelo qual podeis perceber, lendo, minha compreensão no mistério do Cristo".


EF 3:9 - "e iluminar a todos qual a dispensação (oikonomía) do mistério oculto desde os eons, em Deus, que criou tudo".


EF 5:32 - "este mistério é grande: mas eu falo a respeito do Cristo e da ekklésia.


EF 9:19 - "(suplica) por mim, para que me possa ser dado o logos ao abrir minha boca para, em público, fazer conhecer o mistério da boa-nova".


CL 1:24-27 - "agora alegro-me nas experimentações (Pathêmasin) sobre vós e completo o que falta das pressões do Cristo em minha carne, sobre o corpo dele que é a ekklêsía, da qual me tornei servidor, segundo a dispensação (oikonomía) de Deus, que me foi dada para vós, para plenificar o logos de Deus, o mistério oculto nos eons e nas gerações, mas agora manifestado a seus santos (hagioi, iniciados), a quem aprouve a Deus fazer conhecer a riqueza da doutrina (dóxês; ou "da substância") deste mistério nas nações, que é CRISTO EM VÓS, esperança da doutrina (dóxês)".


CL 2:2-3 - "para que sejam consolados seus corações, unificados em amor, para todas as riquezas da plena convicção da compreensão, para a exata gnose (epígnôsin) do mistério de Deus (Cristo), no qual estão ocultos todos os tesouros da sophía e da gnose".


CL 4:3 - "orando ao mesmo tempo também por nós, para que Deus abra a porta do logos para falar o mistério do Cristo, pelo qual estou em cadeias".


2. ª Tess. 2:7 - "pois agora já age o mistério da iniquidade, até que o que o mantém esteja fora do caminho".


1. ª Tim. 3:9 - "(os servidores), conservando o mistério da fé em consciência pura".


1. ª Tim. 2:16 - "sem dúvida é grande o mistério da piedade (eusebeías)".


No Apocalipse (1:20; 10:7 e 17:5, 7) aparece quatro vezes a palavra, quando se revela ao vidente o sentido do que fora dito.


CULTO CRISTÃO


Depois de tudo o que vimos, torna-se evidente que não foi o culto judaico que passou ao cristianismo primitivo. Comparemos: A luxuosa arquitetura suntuosa do Templo grandioso de Jerusalém, com altares maciços a escorrer o sangue quente das vítimas; o cheiro acre da carne queimada dos holocaustos, a misturar-se com o odor do incenso, sombreando com a fumaça espessa o interior repleto; em redor dos altares, em grande número, os sacerdotes a acotovelar-se, munidos cada um de seu machado, que brandiam sem piedade na matança dos animais que berravam, mugiam dolorosamente ou balavam tristemente; o coro a entoar salmos e hinos a todo pulmão, para tentar superar a gritaria do povo e os pregões dos vendedores no ádrio: assim se realizava o culto ao "Deus dos judeus".


Em contraste, no cristianismo nascente, nada disso havia: nem templo, nem altares, nem matanças; modestas reuniões em casas de família, com alguns amigos; todos sentados em torno de mesa simples, sobre a qual se via o pão humilde e copos com o vinho comum. Limitava-se o culto à prece, ao recebimento de mensagens de espíritos, quando havia "profetas" na comunidade, ao ensino dos "emissários", dos "mais velhos" ou dos "inspetores", e à ingestão do pão e do vinho, "em memória da última ceia de Jesus". Era uma ceia que recebera o significativo nome de "amor" (ágape).


Nesse repasto residia a realização do supremo mistério cristão, bem aceito pelos gregos e romanos, acostumados a ver e compreender a transmissão da vida divina, por meio de símbolos religiosos. Os iniciados "pagãos" eram muito mais numerosos do que se possa hoje supor, e todos se sentiam membros do grande Kósmos, pois, como o diz Lucas, acreditavam que "todos os homens eram objeto da benevolência de Deus" (LC 2:14).


Mas, ao difundir-se entre o grande número e com o passar dos tempos, tudo isso se foi enfraquecendo e seguiu o mesmo caminho antes experimentado pelo judaísmo; a força mística, só atingida mais tarde por alguns de seus expoentes, perdeu-se, e o cristianismo "foi incapaz - no dizer de O. Casel - de manterse na continuação, nesse nível pneumático" (o. c. pág. 305). A força da "tradição" humana, embora condenada com veemência por Jesus (cfr. MT 15:1-11 e MT 16:5-12; e MC 7:1-16 e MC 8:14-11; veja atrás), fez-se valer, ameaçando as instituições religiosas que colocam doutrinas humanas ao lado e até acima dos preceitos divinos, dando mais importância às suas vaidosas criações. E D. Odon Casel lamenta: " pode fazer-se a mesma observação na história da liturgia" (o. c., pág. 298). E, entristecido, assevera ainda: "Verificamos igualmente que a concepção cristã mais profunda foi, sob muitos aspectos, preparada muito melhor pelo helenismo que pelo judaísmo. Lamentavelmente a teologia moderna tende a aproximar-se de novo da concepção judaica de tradição, vendo nela, de fato, uma simples transmiss ão de conhecimento, enquanto a verdadeira traditio, apoiada na gnose, é um despertar do espírito que VIVE e EXPERIMENTA a Verdade" (o. c., pág. 299).


OS SACRAMENTOS


O termo latino que traduz a palavra mystérion é sacramentum. Inicialmente conservou o mesmo sentido, mas depois perdeu-os, para transformar-se em "sinal visível de uma ação espiritual invisível".


No entanto, o estabelecimento pelas primeiras comunidades cristãs dos "sacramentos" primitivos, perdura até hoje, embora tendo perdido o sentido simbólico inicial.


Com efeito, a sucessão dos "sacramentos" revela exatamente, no cristianismo, os mesmos passos vividos nos mistérios grego. Vejamos:
1- o MERGULHO (denominado em grego batismo), que era a penetração do catecúmeno em seu eu interno. Simbolizava-se na desnudação ao pretendente, que largava todas as vestes e mergulhava totalmente na água: renunciava de modo absoluto as posses (pompas) exteriores e aos próprios veículos físicos, "vestes" do Espírito, e mergulhava na água, como se tivesse "morrido", para fazer a" catarse" (purificação) de todo o passado. Terminado o mergulho, não era mais o catecúmeno, o profano. Cirilo de Jerusalém escreveu: "no batismo o catecúmeno tinha que ficar totalmente nu, como Deus criou o primeiro Adão, e como morreu o segundo Adão na cruz" (Catechesis Mistagogicae,

2. 2). Ao sair da água, recebia uma túnica branca: ingressava oficialmente na comunidade (ekklêsía), e então passava a receber a segunda parte das instruções. Na vida interna, após o "mergulho" no próprio íntimo, aguardava o segundo passo.


2- a CONFIRMAÇÃO, que interiormente era dada pela descida da "graça" da Força Divina, pela" epifanía" (manifestação), em que o novo membro da ekklêsía se sentia "confirmado" no acerto de sua busca. Entrando em si mesmo a "graça" responde ao apelo: "se alguém me ama, meu Pai o amará, e NÓS viremos a ele e permaneceremos nele" (JO 14:23). O mesmo discípulo escreve em sua epístola: "a Vida manifestou-se, e a vimos, e damos testemunho. e vos anunciamos a Vida Imanente (ou a Vida do Novo Eon), que estava no Pai e nos foi manifestada" (l. ª JO 1:2).


3- a METÁNOIA (modernamente chamada "penitência") era então o terceiro passo. O aprendiz se exercitava na modificação da mentalidade, subsequente ao primeiro contato que tinha tido com a Divindade em si mesmo. Depois de "sentir" em si a força da Vida Divina, há maior compreensão; os pensamentos sobem de nível; torna-se mais fácil e quase automático o discernimento (krísis) entre certo e errado, bem e mal, e portanto a escolha do caminho certo. Essa metánoia é ajudada pelos iniciados de graus mais elevados, que lhe explicam as leis de causa e efeito e outras.


4- a EUCARISTIA é o quarto passo, simbolizando por meio da ingestão do pão e do vinho, a união com o Cristo. Quem mergulhou no íntimo, quem recebeu a confirmação da graça e modificou seu modo de pensar, rapidamenle caminha para o encontro definitivo com o Mestre interno, o Cristo.


Passa a alimentar-se diretamente de seus ensinos, sem mais necessidade de intermediários: alimentase, nutre-se do próprio Cristo, bebe-Lhe as inspirações: "se não comeis a carne do Filho do Homem e não bebeis seu sangue, não tendes a vida em vós. Quem saboreia minha carne e bebe meu sangue tem a Vida Imanente, porque minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é

verdadeiramente bebida. Quem come minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (JO 6:53 ss).


5- MATRIMÔNIO é o resultado do encontro realizado no passo anterior: e o casamento, a FUSÃO, a união entre a criatura e o Criador, entre o iniciado e Cristo: "esse mistério é grande, quero dizê-lo em relação ao Cristo e à ekklêsia", escreveu Paulo, quando falava do "matrimônio" (EF 5:32). E aqueles que são profanos, que não têm essa união com o Cristo, mas antes se unem ao mundo e a suas ilusões, são chamados "adúlteros" (cfr. vol. 2). E todos os místicos, unanimemente, comparam a união mística com o Cristo ti uma união dos sexos no casamento.


6- a ORDEM é o passo seguinte. Conseguida a união mística a criatura recebe da Divindade a consagra ção, ou melhor, a "sagração", o "sacerdócio" (sacer "sagrado", dos, dotis, "dote"), o "dote sagrado" na distribuição das graças o quinhão especial de deveres e obrigações para com o "rebanho" que o cerca. No judaísmo, o sacerdote era o homem encarregado de sacrificar ritualmente os animais, de examinar as vítimas, de oferecer os holocaustos e de receber as oferendas dirigindo o culto litúrgico. Mais tarde, entre os profanos sempre, passou a ser considerado o "intemediário" entre o homem e o Deus "externo". Nessa oportunidade, surge no Espírito a "marca" indelével, o selo (sphrágis) do Cristo, que jamais se apaga, por todas as vidas que porventura ainda tenha que viver: a união com essa Força Cósmica, de fato, modifica até o âmago, muda a frequência vibratória, imprime novas características e a leva, quase sempre, ao supremo ponto, à Dor-Sacrifício-Amor.


7- a EXTREMA UNÇÃO ("extrema" porque é o último passo, não porque deva ser dada apenas aos moribundos) é a chave final, o último degrau, no qual o homem se torna "cristificado", totalmente ungido pela Divindade, tornando-se realmente um "cristo".


Que esses sacramentos existiram desde os primeiros tempos do cristianismo, não há dúvida. Mas que não figuram nos Evangelhos, também é certo. A conclusão a tirar-se, é que todos eles foram comunicados oralmente pela traditio ou transmissão de conhecimentos secretos. Depois na continuação, foram permanecendo os ritos externos e a fé num resultado interno espiritual, mas já não com o sentido primitivo da iniciação, que acabamos de ver.


Após este escorço rápido, cremos que a afirmativa inicial se vê fortalecida e comprovada: realmente Jesus fundou uma "ESCOLA INICIÁTICA", e a expressão "logos akoês" (ensino ouvido), como outras que ainda aparecerão, precisam ser explicadas à luz desse conhecimento.


* * *

Neste sentido que acabamos de estudar, compreendemos melhor o alcance profundo que tiveram as palavras do Mestre, ao estabelecer as condições do discipulato.


Não podemos deixar de reconhecer que a interpretação dada a Suas palavras é verdadeira e real.


Mas há "mais alguma coisa" além daquilo.


Trata-se das condições exigidas para que um pretendente possa ser admitido na Escola Iniciática na qualidade de DISCÍPULO. Não basta que seja BOM (justo) nem que possua qualidades psíquicas (PROFETA). Não é suficiente um desejo: é mistér QUERER com vontade férrea, porque as provas a que tem que submeter-se são duras e nem todos as suportam.


Para ingressar no caminho das iniciações (e observamos que Jesus levava para as provas apenas três, dentre os doze: Pedro, Tiago e João) o discípulo terá que ser digno SEGUIDOR dos passos do Mestre.


Seguidor DE FATO, não de palavras. E para isso, precisará RENUNCIAR a tudo: dinheiro, bens, família, parentesco, pais, filhos, cônjuges, empregos, e inclusive a si mesmo: à sua vontade, a seu intelecto, a seus conhecimentos do passado, a sua cultura, a suas emoções.


A mais, devia prontificar-se a passar pelas experiências e provações dolorosas, simbolizadas, nas iniciações, pela CRUZ, a mais árdua de todas elas: o suportar com alegria a encarnação, o mergulho pesado no escafandro da carne.


E, enquanto carregava essa cruz, precisava ACOMPANHAR o Mestre, passo a passo, não apenas nos caminhos do mundo, mas nos caminhos do Espírito, difíceis e cheios de dores, estreitos e ladeados de espinhos, íngremes e calçados de pedras pontiagudas.


Não era só. E o que se acrescenta, de forma enigmática em outros planos, torna-se claro no terreno dos mistérios iniciáticos, que existiam dos discípulos A MORTE À VIDA DO FÍSICO. Então compreendemos: quem tiver medo de arriscar-se, e quiser "preservar" ou "salvar" sua alma (isto é, sua vida na matéria), esse a perderá, não só porque não receberá o grau a que aspira, como ainda porque, na condição concreta de encarnado, talvez chegue a perder a vida física, arriscada na prova. O medo não o deixará RESSUSCITAR, depois da morte aparente mas dolorosa, e seu espírito se verá envolvido na conturbação espessa e dementada do plano astral, dos "infernos" (ou umbral) a que terá que descer.


No entanto, aquele que intimorato e convicto da realidade, perder, sua alma, (isto é, "entregar" sua vida do físico) à morte aparente, embora dolorosa, esse a encontrará ou a salvará, escapando das injunções emotivas do astral, e será declarado APTO a receber o grau seguinte que ardentemente ele deseja.


Que adianta, com efeito, a um homem que busca o Espírito, se ganhar o mundo inteiro, ao invés de atingir a SABEDORIA que é seu ideal? Que existirá no mundo, que possa valer a GNOSE dos mistérios, a SALVAÇÃO da alma, a LIBERTAÇÃO das encarnações tristes e cansativas?


Nos trabalhos iniciáticos, o itinerante ou peregrino encontrará o FILHO DO HOMEM na "glória" do Pai, em sua própria "glória", na "glória" de Seus Santos Mensageiros. Estarão reunidos em Espírito, num mesmo plano vibratório mental (dos sem-forma) os antigos Mestres da Sabedoria, Mensageiros da Palavra Divina, Manifestantes da Luz, Irradiadores da Energia, Distribuidores do Som, Focos do Amor.


Mas, nos "mistérios", há ocasiões em que os "iniciantes", também chamados mystos, precisam dar testemunhos públicos de sua qualidade, sem dizerem que possuem essa qualidade. Então está dado o aviso: se nessas oportunidades de "confissão aberta" o discípulo "se envergonhar" do Mestre, e por causa de "respeitos humanos" não realizar o que deve, não se comportar como é da lei, nesses casos, o Senhor dos Mistérios, o Filho do Homem, também se envergonhará dele, considerá-lo-á inepto, incapaz para receber a consagração; não mais o reconhecerá como discípulo seu. Tudo, portanto, dependerá de seu comportamento diante das provas árduas e cruentas a que terá que submeter-se, em que sua própria vida física correrá risco.


Observe-se o que foi dito: "morrer" (teleutan) e "ser iniciado" (teleusthai) são verbos formados do mesmo radical: tele, que significa FIM. Só quem chegar AO FIM, será considerado APTO ou ADEPTO (formado de AD = "para", e APTUM = "apto").


Nesse mesmo sentido entendemos o último versículo: alguns dos aqui presentes (não todos) conseguirão certamente finalizar o ciclo iniciático, podendo entrar no novo EON, no "reino dos céus", antes de experimentar a morte física. Antes disso, eles descobrirão o Filho do Homem em si mesmos, com toda a sua Dynamis, e então poderão dizer, como Paulo disse: "Combati o bom combate, terminei a carreira, mantive a fidelidade: já me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia - e não só a mim, como a todos os que amaram sua manifestação" (2. ª Tim. 4:7-8).


jo 3:5
Sabedoria do Evangelho - Volume 5

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 20
CARLOS TORRES PASTORINO

LC 12:1-12


1. Nesse ínterim, tendo-se reunido dezenas de milhares de pessoas, de tal forma que pisavam uns sobre os outros, começou a dizer a seus discípulos primeiro: "Precatai-vos contra o fermento que é a hipocrisia dos fariseus.

2. Nada existe encoberto que não se descubra, nem oculto que não se conheça.

3. Por isso, tudo o que dissestes nas trevas, será ouvido na luz; e o que falastes ao ouvido, na adega, será proclamado dos terraços.

4. Digo-vos, a vós meus amigos, não temais os que matam o corpo, e depois disso nada mais conseguem fazer.

5. Mostrar-vos-ei a quem temer; temei o que, depois de matar, tem o poder de lançar na geena; sim, digo-vos, temei a esse.

6. Não se vendem cinco passarinhos por dois asses? E nem um deles está esquecido diante de Deus.

7. Mas até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais: valeis mais que muitos passarinhos.

8. Digo-vos mais: todo o que me confirmar perante os homens, também o Filho do Homem o confirmará perante os mensageiros de Deus;

9. mas o que me negar diante dos homens, será renegado diante dos mensageiros de Deus.

10. Todo aquele que proferir um ensino contra o Filho de Homem, ser-lhe-á relevado; mas o que blasfemar contra o santo Espírito, não lhe será relevado.

11. Todas as vezes que vos levarem perante as sinagogas, os magistrados e as autoridades, não vos preocupeis como ou com que vos defendereis ou o que falareis;

12. porque o santo Espírito vos ensinará nessa mesma hora o que deveis dizer".



Aqui temos uma série de exortações do Mestre a Seus discípulos, para que não temam os perigos, quando se trata de anunciar a boa-nova do "Reino de Deus" dentro dos homens.


O evangelista fala de dezenas de milhares de pessoas (myria = 10. 000) dizendo literalmente: episynachtheisõn tõn myriádõn toú ochlóu, isto é, "se superajuntavam às dezenas de milhares de povo", a tal ponto que pisavam uns sobre os outros em torno de Jesus para ouvir-Lhe a voz. Os comentaristas julgam isso uma hipérbole. A própria Vulgata traduz multis turbis circumstantibus, "estando em redor muito povo", não obedecendo ao original.


Há uma enumeração de percalços, que são encontrados quando alguém acorda esse assunto vital e decisivo para a espiritualização da humanidade.


1) "O fermento que é a hipocrisia dos fariseus". O fermento que permanece oculto, que ninguém vê, e no entanto tem ação tão forte que "leveda a massa toda" (cfr. MT 13:33; MC 13:21; 1CO 5:6 e GL 5:9). A comparação do fermento com a hipocrisia aparece em outros pontos (cfr. MT 16:6-11, 12; MC 8:15). Não acreditar, portanto, de boa-fé, "abrindo o jogo" nas aparências dos que se dizem ou fingem, mas NÃO SÃO. Muitos exteriorizarão piedade, fé, santidade, mas são apenas "sepulcros caiados". Cuidado com eles!, adverte-nos o Mestre.


2) O segundo princípio vale para essa admoestação que acabou de ser dada e também para o que se segue: tudo o que estiver escondido e oculto virá a luz. Os hipócritas serão vergonhosamente des mascarados ao desvestir-se da matéria, única que lhes permite enganar, pois o "espírito" se encaminhará automaticamente, por densidade, por peso atômico ou por sintonia vibratória, para o local que lhe seja afim.


Doutra parte, todos os segredos iniciáticos ou não, aprendidos de boca a ouvido, serão divulgados a seu tempo. O que foi dito a portas fechadas, será proclamado de cima dos terraços, às multidões. É o que está ocorrendo hoje: tudo está sendo dito. Não mais adiantam sociedades ou fraternidades "secretas": a imprensa divulga todos os segredos. Quem tem ouvidos de ouvir ouve: quem não os tem, nada percebe...


3) Prossegue o terceiro aviso, de que há dois perigos que precisam ser bem distinguidos:

a) os que "matam o corpo", que é coisa sem importância. que qualquer pessoa pode sofrer sem lhe causar transtorno maior, como o próprio Jesus o demonstraria em Sua pessoa, deixando que assassinassem com requintes de crueldade Seu corpo - e com isso até conquistando o amor de toda a humanidade - e depois reaparecendo vivo e glorioso, como vencedor da morte;


b) e o perigo real, que vem "daquele" que tem o poder (exousía) de lançar na "geena". Já vimos que" geena" (vol. 2) é o "vale dos gemidos", ou seja, este planeta, em que "gememos" (cfr. 2. ª Cor. 5:4 e 2PE 1:13-14). Portanto, só devemos temer a volta constante e inevitável às reencarnações compulsórias, que nos fazem sofrer neste "vale de lágrimas", dores morais e físicas indescritíveis e desoladoras. E quem pode lançar-nos nas reencarnações é nosso Eu Profundo. Isso é revelado com especial carinho, de pai a filhos: "eu vou mostrar o que deveis temer". Mas, matar o corpo, crucificálo. Queimá-lo, torturá-lo? Outro melhor será construído!


Depois é dada a razão por que não devemos temer. O Pai, que está EM TUDO e EM TODOS, mesmo nas mínimas coisas, está também DENTRO de cada um. Se cuida dos passarinhos, que cinco deles custam "dois vinténs", como não cuidará muito mais carinhosamente dos homens. "Seus amigos"? É a argumentação a minore ad majus. Se até todas os fios de cabelo de nossa cabeça estão contados (coisa que a criatura humana não consegue fazer), porque o Pai está inclusive dentro de cada um deles, muito mais saberá com antecedência, o que conosco se passa e "o de que necessitamos" (MT 6:8).


4) Segue um ensino de base: só quem confirmar o Cristo perante os homens, será por Ele confirmado perante os mensageiros divinos. Volta aqui o verbo homologein (veja atrás) que já estudamos. A interpretação comum até hoje, de "confessar o Cristo", trouxe no decorrer dos séculos enorme série de criaturas que não temeram confessar o Cristo e por Ele dar a vida, em testemunho de sua crença, tornando-se "mártires" (testemunhas) diante dos verdugos e perseguidores.


5) A advertência seguinte é urna repetição do que foi dito atras (MT 12:32; MC 3:29), embora lá se refira a quem atribua ao adversário uma obra divina, e aqui venha em outro contexto. Mas o sentido é o mesmo. Em nossa evolução estamos caminhando entre dois pólos: o negativo, reino do adversário, a matéria, do qual nos vamos afastando aos poucos: e o positivo, reino de Deus, o Espirito, do qual lentamente nos aproximamos. A quem ensinar contra o Filho do Homem (Jesus ou qualquer outro Manifestante Crístico), lhe será relevado o erro: isso embora possa atrasar-lhe a caminhada, não o faz regredir; mas quem, ao invés de caminhar para o Espírito já puro (livre da matéria, porque o adversário também é Espírito embora revestido de ou transformado em matéria), esse não terá como ser relevado, pois virou as costas ao ponto de chegada e passou a caminhar na direção contrária, mergulhando mais na matéria (Antissistema). Os agravos das personagens constra as personagens não têm gravidade. Mas quando atingem o Espírito, assumem graves características cármicas.


Há uma observação a fazer. Neste trecho (vers. 10 e 12) não aparece pneuma hágion, mas hágion pneuma; isto é, não "Espírito Santo", mas "Santo Espírito". Abaixo, voltaremos ao assunto.


6) A última advertência transforma-se numa garantia de que, quando diante das autoridades, eles não devem preocupar-se com a defesa nem com as respostas "porque o santo Espírito lhes ensinará nessa mesma hora, o que devem dizer". Trata-se de uma inspiração direta, da qual numerosos exemplos guardou a história, bastando-nos recordar, além dos ocorridos com os discípulos daquela época (cfr. AT 4:5-21; AT 7:1-53; 22:1-21; 23:1-7; 24:10-21 e 26:2-29) as respostas indiscutivelmente inspiradas de Joana d"Arc, diante do tribunal de bispos que a condenou à fogueira.


Note-se que em Mateus (Mateus 10:18) e Marcos (Marcos 13:9) fala-se em governadores e reis, termos que Lucas substitui por "magistrados" (archaí), e autoridades" (exousíai) expressões que também aparecem reunidas em Paulo (EF 3:10; CL 1:16 e TT 3:1).


De tudo se deduz que não devem temer os discípulos: a vitória espiritual está de antemão garantida, embora pereça o corpo físico.


PNEUMA HAGION


Trata-se de uma observação de linguística: o emprego do adjetivo hágion, ao lado do substantivo pneuma. Sistematicamente, o substantivo precede: pneuma hágion ("Espírito santo"). No entanto, Lucas, e só Lucas, inverte nove vezes, contra 41 vezes em que segue a construção normal. Qual a razão?


Para controle dos estudiosos, citamos os passos, nos quatro autores dos Evangelhos, dando os diversos textos em que aparece a palavra pneuma com suas diversas construções:

1 - tò pneuma tò hágion = o Espírito o santo.


MT 12:32; MC 3:29; MC 12:36; MC 13:11; LC Ev. 3:22; 10:21; AT 1:16; AT 2:33; AT 5:3, AT 5:32; 7:51:10:44, 47; 11:15; 13:2; 15:8, 28; 19:6; 20:28; 21:4; 28:25.


Em João aparece uma só vez, e assim mesmo em apenas alguns códices tardios, havendo forte suspeição de haver sido acrescentado posteriormente (em14:26).


2 - Pneuma hágion (indefinido, sem artigo) = um espírito santo: MT 1:18, MT 1:20; 3:11; MC 1:8; LC Ev. 1:15, 41, 67; 2:25; 3:16; 4:1; 11:13: AT 1:2, AT 1:5:2:4; 4:8, 25; 7:55; 8:15, 17, 19; 9:17; 10:38; 11:16, 24; 13:9, 52; 19:2 (2 vezes); JO 20:22.


3 - tò hágion pneuma = o santo Espírito (inversão): MT 28:19, num versículo indiscutivelmente apócrifo; LC Ev. 12:10, 12; AT 1:8:2:38; 4:31; 9:31:10:45; 13:4; 16:6. E em todo o resto do Novo Testamento, só aparece essa inversão uma vez mais, em Paulo (1CO 6:19), onde, assim mesmo, alguns códices trazem a ordem comum.


Para completar o estudo da palavra pneuma nos Evangelhos, mesmo sem acompanhamento do adjetivo hágion, damos mais os seguintes passos.


4 - tò pneuma = o espírito: MT 4:1; MT 10:20; MT 12:18, MT 12:31; MC 1:10, MC 1:12; LC Ev. 2:27; 4:14; AT 2:17, AT 2:18; 6:10; 8:18, 29; 10:19; 11:12, 28; 16:7; 20:22; 21:4; JO 1:32, JO 1:33; 3:6, 8, 34; 6:63; 7:39; 14:17; 15:26; 16:13.


5 - pneuma (indefinido, sem artigo) = um espírito: MT 3:16; MT 12:28; MT 22:43; LC Ev. 1:17; 4:18; AT 6:3:8:39; 23:89; JO 3:5, JO 3:6; 4:23, 24; 6:63; 7:39.


Resumindo:









































































Mat.Marc.Luc.Luc.João
Ev.Ev.Ev.At.Ev.Totais
1. tò pneuma tò hágion1321521
2. pneuma hágion31717129
3. tò hágion pneuma279
4. tò pneuma422111029
5. pneuma324615
totais116155417103

* * *

O evangelista resume, neste trecho, uma série de ensinamentos, de que só escreveu o esquema mas como sempre em linguagem comum, embora deixando claro indícios para os que possuíssem a "chave" poderem descobrir outras interpretações da orientação dada pelo Mestre.


No atual estágio da humanidade, conseguimos descobrir pelo menos três interpretações, senão a primeira a exotérica que vimos acima.


A segunda interpretação que percebemos refere-se às orientações deixadas em particular aos discípulos da Escola Iniciática "Assembleia do Caminho". E, antes de prosseguir, desejamos citar uma frase de Monsenhor Pirot (o. c. vol. 10, pág 158). Ainda que católico, parece inconscientemente concordar com a nossa tese (vol. 4) e escreve: "Seus discípulos teriam podido ser tentados a organizar círculos fechados, só comunicando a alguns apenas a plena iniciação que tinham recebido".


A contradição flagrante do início do trecho demonstra à evidência que algo de oculto existe nas palavras escritas. Com efeito, é dito que "se supercongregavam (epi + syn + ágô) dezenas de milhares de povo ", a ponto de "se pisarem mutuamente, uns por cima dos outros" e, no entanto acrescenta que" falou a seus discípulos" apenas! Como? Difícil de entender, se não lermos nas entrelinhas a realidade, de que modo falou apenas a alguns, no meio de uma multidão.


No âmbito fechado da Escola Iniciática é compreensível. Às instruções que dava o Mestre aos discípulos encarnados, compareciam também os discípulos desencarnados, que se preparavam para reencarnar, a fim de, nos próximos decênios, continuar a obra dos Evangelizadores de então. O que o evangelista notou é que esses espíritos desencarnados compareciam "as dezenas de milhares" (cálculo estimativo, pela aparência, já que é bem difícil aos encarnados, mesmo videntes, contar o número de desencarnados que se apresentam em bloco numa reunião). Sendo desencarnado, eram visto, juntos (syn), uns como que "por cima" dos outros (epi). pisando-se (literalmente katapatéô é "pisar em cima") ou seja, uns espíritos mais no alto outros mais em baixo. Compreendendo assim, fica clara a descrição e verdadeira.


Seguem se as instruções dadas aos iniciados:

1) Precisam. primeiro que tudo (prôton) tomar cuidado com o fermento que é a hipocrisia do tipo dos fariseus, e que, mesmo iniciando-se pequenina, cresce assustadoramente com o decorrer do tempo.


Em outras palavras, eles mesmos devem ser verdadeiros, demonstrando o que são; e não apresentar-se falsamente com um adiantamento espiritual que não possuem ainda. Sinceridade, sem deixar que os faça inchar um convencimento irreal. Honestidade consigo mesmo e com os outros, analisando-se para se não ficarem supondo mais do que são na realidade. Naturalidade, não agindo de um modo quando sós e de outro quando observados.


2) A segunda instrução refere-se aos ensinamentos propriamente ditos. Da mesma forma que não adianta exteriorizar algo que não exista na realidade íntima, porque tudo virá à tona cedo ou tarde, desmascarando o hipócrita, o mentiroso, assim também de nada valerá querer manter secretos

—quando o tempo for chegado - os ensinos iniciáticos que ali estão sendo dados. Haverá gente que se arvorará em "dono" do ensino do Cristo, interpretando-o somente à letra e combaterá, perseguindo abertamente ou por portas travessas, os que buscam revelar a Verdade desses ensinos.


Nada disso terá resultado. A Verdade surgirá por si mesma, tudo o que estiver oculto será revelado, às vezes pelas pessoas menos credenciadas, e todos, com o tempo terão acesso à verdadeira interpretação. O que está dito "na adega" (en tois tamieíois), será apregoado por cima dos tetos; tudo o que foi ensinado nas trevas, será ouvido na luz plena da Imprensa. Preparem-se, pois, porque os que se supõem "donos" do assunto, encarnados ou desencarnados, se levantarão dispostos a destruir as revelações. Não haja susto, nem medo, porque não os atingirão.


3) Sobre isso versa a terceira instrução, esclarecendo perfeitamente que o HOMEM NÃO É SEU CORPO. Por isso, podem os perseguidores da Verdade lançar nas masmorras, torturar, queimar e assassinar nas fogueiras das inquisições os corpos de todos eles: a Verdade permanecerá de pé, íntegra inatingível e indestrutível. "Eles" matam apenas os corpos e nada mais podem fazer, embora se arvorem o poder que eles mesmos se atribuem ridiculamente de condenar ao inferno eterno.


Mas isso é apenas vaidade e convencimento tolos e vazios. São palavras sem fundamento real.


E o Mestre, o Hierofante e Rei, Sumo Sacerdote da "Assembleia do Caminho", assume o tom carinhoso para falar "a seus amigos", e diz que só há um que deve ser temido: aquele que tem o poder real de lançar a criatura na "geena" deste vale de lágrimas, em novas encarnações compulsórias. E o único que possui essa capacidade é o Eu Profundo, o Cristo Interno que, ao verificar que não progredimos como devêramos, nos mergulha de novo neste "vale dos gemidos", em nova encarnação de aprendizado.


Porque tudo o que geralmente chamamos "resgate" é, na realidade, nova tentativa de aprendizado, embora doloroso. O Espirito que erra numa vida, em triste experiência, por sair do rumo, e comete desatinos, voltará mais outra ou outras vezes para repetir a mesma experiência em que fracassou, a ver se aprende a evitá-la e se se resolve a comportar-se corretamente, reiniciando a caminhada no rumo certo. Se alguém comete injustiças ou crueldades que prejudiquem aos outros, voltará na vida seguinte à "geena" para assimilar a lição de experimentar em si mesmo o que fez a outrem. Verá quanto dói em si mesmo o que fez os outros sofrerem. Mas isso não é castigo, nem mesmo, sob certos aspectos é resgate: trata-se de APRENDIZADO, de experiências práticas, único modo de que a Vida dispõe para ensinar: a própria vida. A esse Eu Profundo, Cristo-em-nós, devemos temer. É nosso Mestre - nosso "único Mestre (MT 23:10) - e Mestre severo que nos ensina de fato, cumprindo Sua tarefa à risca, sem aceitar "pistolões". E, para não incorrer em sua justa e inflexível atuação, temos que ouvir-Lhe as intuições, com a certeza absoluta de que Ele está vigilante a cada minuto segundo, plenamente desperto, sem distrações nem enganos, e permanece ativo em cada célula, em cada fio de cabelo.


4) Por que temer, então, os perseguidores das personagens transitórias, que nascem já destinadas a desaparecer, que se materializam somente durante mínima fração de tempo, para logo se desmaterializarem?


Cada fio de cabelo está contado e numerado (êríthmêntai) por esse mesmo Cristo que está em nós, em cada célula, em cada cabelo, em cada passarinho, por menor e mais comum que seja, em cada inseto, em cada micróbio: em tudo. Se a Divindade que está EM TUDO e EM TODOS cuida das coisas minúsculas e sem importância (cinco são vendidos por dois vinténs) como não cuidará de nós, SEUS AMIGOS, já muito mais evoluídos e com o psiquismo desenvolvido, com o Espírito apto a reconhecê-Lo?


5) Depois dessa lição magnífica, passa o evangelista a resumir outro ensino, no qual tornamos a encontrar o mesmo verbo homologéô que interpretamos como "sintonizar". Aqui também cabe esse mesmo sentido. Todo aquele que, em seu curso de iniciação, tiver conseguido sintonizar com o Cristo Interno ("comigo") durante a encarnação terrena ("perante os homens"), esse terá confirmada, quando atingir o grau de liberto das encarnações humanas a sintonia de Filho do Home "entre os Espíritos de Luz", já divinizados, que se tornaram Anjos ou Mensageiros de Deus.


Mas se não conseguiu essa sintoma, negando o Cristo e ligando-se à matéria (Antissistema) "será renegado" pelos Espíritos Puros, e terá que reencarnar: não alcançou a sintoma, a frequência vibratória da libertação definitiva. Em sua volta à carne, continuará o trabalho de aprendizado e treinamento iniciático, até que chegue a esse ápice, que é a meta de todos nós.


6) A instrução seguinte é o resumo do que já foi exposto em Mateus e Marcos, com o mesmo sentido.


Mas Lucas, nesta esquematização, abreviou demais a lição. Felizmente as anotações dos dois outros discípulos nos permitem penetrar bem nitidamente o pensamento do Mestre.


7) A última instrução deste trecho é uma garantia a todos os discípulos que se iniciaram na Escola de Jesus. As perseguições virão. Os interrogatórios serão realizados com incrível abuso de poder e falsidade cruel e ironia sarcástica, por indivíduos que revelam possuir cérebros cristalizados em carapaças de fanatismo. Não importa. O Espírito será iluminado pelo Cristo Interno, e as respostas, embora não aceitas, virão à luz, para exemplo e lição.


* * *

Mas percebemos terceira interpretação: O Cristo Interno, Eu Profundo, dirige-se ao Espírito da própria criatura e à personagem.


Sendo a personagem, de fato, constituída de trilhões de células, cada qual com sua mente, não há exagero nem hipérbole na anotação de Lucas. São mesmo "dezenas de milhares de multidão que se aglomeram, pisando umas sobre as outras". Não obstante, o Cristo se dirige às mais evoluídas, capazes de entendimento por terem o psiquismo totalmente desenvolvido: o intelecto, que é o "parlamento representativo" das mentes de todas as células e órgãos.


Resumamos a série de avisos e instruções dadas em relação aos seis principais planos de consciência da personagem encarnada, através do intelecto, que é onde funciona a "consciência atual". Recomenda que:

1. º - não assuma, no físico as atitudes falsas da hipocrisia farisaica, de piedade inexistente, de sorrisos que disfarçam esgares de raiva;


2. º - quanto às sensações do duplo, não adiantará escondê-las: serão reveladas: e as palavras faladas em segredo serão ouvidas, e as sensações furtadas às escondidas no escuro, virão à luz: tudo o que fazemos, fica registrado no plano astral;


3. º - quanto às emoções do astral, lembre-se de que constitui o astral das células e órgãos um grup "amigo", pois durante milênios acompanham a evolução da criatura. Mas que não se emocione no caso de alguém fazer-lhe perder o físico através da morte, porque não será destruído o astral. Devem temer-se as coisas que coagem a novamente lançá-lo na "geena", no sofrimento das encarnações dolorosas: os vícios, os gozos infrenes, os desejos incontrolados, as ambições desmedidas, a sede de prazeres, os frêmitos de raiva. No entanto, apesar de tudo, o Eu Profundo controla tudo, até os fios de cabelo, e portanto ajudará a recuperação total, não abandonando ninguém;


4. º - o próprio intelecto deve buscar ardorosamente a sintoma com Ele, o Cristo, a fim de que receba a indispensável elevação ao plano mental abstrato, e não permaneça mais preso ao plano astral animalesco.


Mas se não for conseguida a sintonia, porque negou o Cristo Interno, ficará preso à parte inferior da animalidade, e permanecerá renegado diante da Mente, mensageira divina;


5. º - o Espírito individualizado não se importe com os ensinos errados que forem dados contra as criaturas humanas, contra os homens: mas que jamais se rebele nem blasfeme contra o Espírito, já puro e perfeito, porque o que Ele faz, mesmo as dores, está sempre certo;


6. º - a Mente não se amedronte, quando convocada a responder perante autoridades perseguidoras: o Espírito puro do Cristo Interno jamais a abandonará, e na hora do perigo lhe inspirará tudo o que deve transmitir como defesa e resposta às inquirições.


Outras interpretações devem existir, mas não nas alcançamos ainda. O fato, porém, é que essas já são suficientes como normas de vida e de comportamento para todos aqueles que desejam penetrar no caminho e segui-lo até o fim.



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36
1. Uma Vida Nova Para um Homem Morto — Nicodemos (Jo 3:1-21)

Uma das infelicidades ocasionais nas divisões de capítulos da Bíblia é uma aparente ruptura no pensamento onde não deveria haver ruptura. O início do capítulo 3 é um excelente exemplo disto. João escreveu que Jesus "sabia o que havia no homem" (Jo 2:25). Mas João prosseguiu dizendo, sem qualquer quebra de linha nem ruptura de pensamen-to, que havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus (1). É como se João estivesse dizendo: "Jesus tinha o conhecimento perfeito das necessidades mais profundas dos homens. Vamos citar alguns exemplos, começando com um homem, o fariseu Nicodemos". Assim, Nicodemos se torna a "evidência A" para ilus-trar o que Jesus conhece sobre os homens.

A palavra para homem tanto em Jo 2:25 quanto em Jo 3:1 é anthropos, que basicamente se refere aos homens como uma classe. É uma palavra genérica. Assim, o que se diz aqui a respeito de Nicodemos, um indivíduo, é dito sobre todos os homens. Esta é uma das muitas universalizações do Evangelho de João. A salvação é para "todos" (16), mas tam-bém é verdade que todos os homens precisam do nascimento que vem do céu (cf. Rm 3:23).

O cuidado com que se descreve a situação de Nicodemos na vida religiosa judaica não é uma coincidência. Ele era um homem entre os fariseus, um príncipe dos ju-deus. Se algum homem, na ordem antiga, conheceu o significado de Deus e dos seus planos e propósitos para o homem, esse foi Nicodemos — ele era profundamente entra-nhado na tradição monoteísta, além dos ensinos da lei, da história de Israel e das procla-mações dos profetas. Mas em algum lugar, de alguma maneira, ele se perdera no cami-nho, e de alguma maneira exemplificava o que havia acontecido com o judaísmo. Assim, uma vez mais, João estabelece um vívido contraste entre a antiga aliança, com todos os seus mal-entendidos, as suas inadequações e suas falhas, e a nova aliança, que assegura a abundância da vida, que tem o Deus vivo e verdadeiro como a sua Fonte.

Este foi ter de noite com Jesus (2). Há uma grande dose de especulação quanto ao motivo pelo qual Nicodemos veio de noite. Alguns dizem ter sido por medo das opini-ões alheias, especialmente de seus colegas. Há algo a ser dito a este respeito, à luz de outras duas ocasiões nas quais ele aparece neste Evangelho. A sua defesa de Jesus em 7.50 parece ser um pouco impessoal, e foi José de Arimatéia quem iniciou o pedido do corpo de Jesus (Jo 19:39). Talvez Nicodemos quisesse uma reunião tranqüila, à noite. Mas uma pergunta melhor sobre esta visita seria: "Por que ele veio, afinal?" A resposta pode explicar por que ele veio de noite. Devido à profunda necessidade da sua alma, ele veio até o Senhor saindo da escuridão na qual ele e os seus companheiros estavam imersos. Compare isto com o ato de Judas. Quando ele deixou Jesus para ir fazer o acordo com os judeus, ele saiu "e era já noite" (13.30). O contraste vívido entre a luz e as trevas aparece regularmente ao longo de todo o Evangelho (cf. Jo 1:5-9; 3.19; 8.12; 9:4-5; 12.35).

Nicodemos disse: Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele (2). Os milagres que Jesus realizara (2,23) indicavam o caminho para Nicodemos e para aqueles que este representava (observe a forma plural sabemos). Por causa desses milagres, eles pensavam que Jesus era um professor especial enviado por Deus. Rabi... és... vindo de Deus. Mas isto não significava que Jesus estava sendo reconhecido como o Messias.'

Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus (3). Com um discernimento claro, Jesus foi direto ao centro do problema de Nicodemos. Era necessário um novo tipo de vida, se alguém quisesse ver a presença de Deus, o seu plano e o seu objetivo para o homem. Westcott diz:

Sem este novo nascimento — esta apresentação a uma conexão vital com uma nova ordem de ser, com a correspondente doação de capacidades — nenhum homem consegue ver — consegue perceber exteriormente — o Reino de Deus. Os nossos poderes naturais não conseguem perceber o que é essencialmente espiritual. É necessária uma nova visão para os assuntos da nova aliança."

Mas essa nova visão é impossível, se a pessoa não tiver a nova vida. Jesus é cuidado-so ao indicar a fonte dessa nova vida. A expressão aquele que não nascer de novo tem, na verdade, um duplo sentido. A palavra traduzida como "de novo" é anothen, que tem vários significados: "de cima", "novamente" e "sob uma nova forma".14 Essa palavra é usada por João com o óbvio significado de "do céu" em Jo 3:31 e Jo 19:11. Esta poderia ter sido a intenção de Jesus aqui. Se o homem espera ter vida no sentido eterno e real, ela deve vir do céu. A vida biológica se recebe dos pais, mas a vida que vem de Deus somente Ele pode dar (1.13), e esta vem de cima. Acredita-se no significado de novo porque a resposta de Nicodemos usa a palavra tornar, ou seja, outra vez, uma segunda vez. Evi-dentemente, isto foi o que Nicodemos entendeu daquilo que Jesus disse. O significado "sob outra forma" fornece uma tradução feliz aqui, porque combina a idéia de alguma coisa nova e diferente — "de cima" — com a idéia de de novo.

Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? pode, porventura, entrar novamente no ventre de sua mãe e nascer? Respon-deu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus (4-5). As perguntas de Nicodemos refletem mais do que simplesmente uma má interpretação da declaração de Jesus. Ele pode ter entendido perfeitamente bem! Como ele poderia acreditar que um homem sen-do velho seria transformado em uma nova criatura? As perguntas podem refletir os seus próprios sentimentos de estar perdido na noite do pecado e da morte, para onde nem mesmo a mais elevada forma de religião foi capaz de trazer luz e vida. Realmente, é inadequada e falsa a religião que não transforma um homem em alguma coisa nova, sem oferecer-lhe um novo nascimento!

A resposta de Jesus a Nicodemos fortalece de uma vez a sua declaração anterior e resume, em uma frase sugestiva, todo o plano de redenção do homem. Aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus (5). A palavra aqui traduzida como aquele é o pronome indefinido tis, que pode significar "qualquer homem". Aqui se faz uma universalização. O que lemos nesta passagem é verdadeiro para qualquer homem, e não apenas para Nicodemos. Mas, por que a mudança de nas-cer de novo (3) para nascer da água e do Espírito (5) ? Um rápido exame do uso da palavra água nesses contextos (Jo 1:33-2:6-7; 4:6-7; 5:2-3; 7:38-39) revela que, neste Evan-gelho, ela é um símbolo da ordem antiga da lei com os seus rituais de batismos, purifica-ções e limpezas. É necessário ter em mente que: 1. Jesus declarou que Ele veio para cumprir, e não para destruir a lei (Mt 5:17) ; 2. Em cada um dos exemplos mencionados acima, a ordem representada pela água não foi destruída — por exemplo, as seis talhas não foram quebradas, mas sim enchidas; 3. Em cada um deles, a água está inserida em um contexto que trata de uma nova ordem — por exemplo, o Espírito (Jo 1:33), o vinho novo (Jo 2:10), "uma fonte de água a jorrar para a vida eterna" (Jo 4:14), a perfeita saúde (5.9), o Espírito (Jo 7:39) ; 4. Neste exemplo (Jo 3:10), Jesus está falando com o "professor de Israel". À vista disso, é fácil entender por que Ele disse nascer da água e do Espírito. É como se Ele dissesse: "Nicodemos, comece onde você está. Mas a realização, a vida e a solução do seu problema mais íntimo só virão através de um nascimento de cima, o nascimento do Espírito!" Compare Jo 3:5 com Jo 19:34 e com I João 5:6-8.

O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito (6). O gerado sempre é semelhante ao que o gerou. A aliança antiga só pode produzir a vida antiga. A escuridão gera a escuridão. A lei, que é para aqueles que estão sem lei, não pode gerar uma vida boa. Se alguém quer ter vida, a fonte deve ser o Espírito. A preposi-ção usada nesta última frase é muito clara. Uma tradução literal seria "O que é nascido a partir do Espírito é espírito".

Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito (7-8). Aqui o argumento, por analogia, é particularmente potente, porque se baseia em um jogo com a palavra pneuma, que significa tanto "vento" quanto "espírito". O fato do vento ninguém pode negar: o seu comportamento — de onde e para onde — nenhum humano, nem mesmo um professor, conhece em sua totalidade. Existe um elemento de mistério. Então, por que alguém de-veria ser "interrompido" pelo elemento do mistério no novo nascimento? "O grande mis-tério da religião não é a punição, mas o perdão do pecado: não é a permanência natural de caráter, mas a regeneração espiritual".15

Nicodemos respondeu e disse-lhe: Como pode ser isso? Jesus respondeu e disse-lhe: Tu és mestre de Israel e não sabes isso? (9-10). A declaração três vezes repetida por Jesus sobre o tema "é necessário nascer de novo" (3,5,7), juntamente com o seu exemplo do fenômeno natural do vento, deixou Nicodemos maravilhado e surpreso. Da mesma maneira, Jesus não pareceu comovido pela falta de compreensão espiritual por parte daquele "professor de Israel". O uso do artigo definido com "professor", que aparece no texto grego, não é acidental. Como Nicodemos representava o melhor do juda-ísmo, uma falha neste ponto mostra a morte espiritual, a escuridão e a ignorância que caracterizavam a antiga aliança. Foi a esta aliança, assim como a Nicodemos, que Jesus veio para dar vida, a vida abundante (Jo 10:10).

Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos, e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? (11‑12). O uso das formas no plural, como dizemos e aceitais, causa alguns problemas para o exegeta. Sabemos... testificamos, segundo Westcott, esta frase se refere a Jesus e àqueles que Ele reunira a sua volta.' Bernard rejeita esta hipótese com base no fato de que esta conexão entre o testemunho de Jesus e o de seus discípulos não é característica do registro de João. Ele argumenta que este uso da forma nós é editorial.17 De qualquer forma, é instrutivo observar que o nós está em vívido contraste com o vós. Dar testemunho é um paralelo à rejeição do testemunho. Assim, a totalidade do testemunho (ou seja, a Encarnação e aqueles que acreditam) está contrastando com a rejeição do testemunho pelos judeus (cf. Jo 1:10-11).

Existem muitos que dividem a experiência do mundo e a espiritual. Coisas terres-tres, para eles, significam a certeza e a realidade. As celestiais significam mistério, o irreal e as superstições. Mas, como Jesus tão claramente indicou para Nicodemos, tudo na vida envolve algum mistério. Até mesmo os cientistas que possuem os maiores conhe-cimentos se intimidam quando enfrentam a questão do significado do universo. Nenhum homem pode viver sem algum tipo de fé em alguém ou em alguma coisa.

Ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu (13). A última parte, que está no céu, não aparece em vários manuscritos antigos. O versículo fala da Encarnação como a única testemunha dotada de autoridade sobre as coisas celestiais (ou seja, as coisas do Espírito). A expressão o que desceu do céu é peculiar a João e se refere claramente à Encarnação (Jo 6:33-38, 41-42, 50-51,58). O uso do título Filho do Homem simplesmente reforça esta afirmação.

E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (14-15). Como alguns dentre o povo de Israel falaram "contra Deus e contra Moisés... o Senhor mandou entre o povo serpentes ardentes" (Nm 21:5-6). Os sobreviventes arrependidos, ameaçados pela morte, apelaram a Moisés. Seguindo as instruções do Senhor, Moisés fez uma serpente de metal e a colocou sobre uma haste que ficava erguida para que os feridos a vissem. Os que olhavam para ela, permaneciam vivos. Assim importa que o Filho do Homem seja levantado; Jesus sabia disto. A necessidade da cruz é dupla. A primeira é o tipo de mundo a que Cristo veio. "A Encarnação, sob as circunstâncias da humanidade, traz consigo a necessidade da Paixão".18 A segun-da é o amor que enviou Jesus. Esse amor é a expressão da natureza divina, um supremo esforço para alcançar e redimir os homens perdidos que estão sob o aguilhão e a sentença de morte. O exemplo como um todo é um tipo de paradoxo que diz: embora a cruz seja um instrumento de morte, nela há vida.

Todo aquele que crê é uma expressão que se refere ao evangelho universal, ou seja, às Boas Novas para todos os homens. Não existem barreiras de nação, de raça ou de tempo. O sacrifício perfeito foi realizado. O homem deve reagir, deve ter fé. O texto grego usa a preposição eis — que significa "em", "dentro", "para dentro" — com o verbo crer. Uma tradução literal seria "todo aquele que deposita a sua fé nele". A fé é a resposta perfeita do homem ao chamado e à reivindicação de Deus a seu respeito.

Esta é a primeira menção à vida eterna, a dádiva que recebem aqueles que têm fé. Que clímax tão adequado para a conversa entre Jesus e Nicodemos, que tinha vindo da escuridão e da morte para aquele que é a Luz e a Vida! A recompensa é a vida eterna.

As autoridades divergem quanto ao ponto onde termina a conversa entre Jesus e Nicodemos. Uns julgam que o fim está no versículo 13, outros no 15, e ainda há outros indicam o versículo 21. No entanto, a maioria dos estudiosos pensa que no versículo 16 têm início a reflexão e o comentário de João sobre o que Jesus disse.

A partir da história de Nicodemos (Jo 3:1-15), Alexander Maclaren levanta a questão "Professor ou Salvador?" 1. A confissão imperfeita (1-2) ; 2. Jesus Cristo lida com a confis-são imperfeita (3-15) ; 3. O corajoso confessor (Jo 7:50-52; 19:38-39).

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (16). Esta é a primeira menção ao amor de Deus neste Evangelho. É um tema dominante no livro, embora pouco se fale até o capítulo 13. Deus amou o mundo de tal maneira. Aqui, novamente, está a idéia do alcance universal. O evangelho é para todos os homens. Ne-nhum deles está excluído. Isto descreve por que Deus fez o que fez. Ele amou! A palavra em grego é egapesen. Este é o amor que se move pelos interesses do outro, sem pensar nos próprios interesses. E um amor que deseja arriscar tudo por alguma vantagem para outra pessoa, que não considera nenhum preço muito alto se outra pessoa puder receber algum benefício. O tempo aoristo do verbo indica que o ato de amor de Deus não é limita-do pelo tempo e simultaneamente é único e completo. É o amor absoluto!

Deu o seu Filho unigênito. Embora este ato seja muito mais freqüentemente des-crito pelo verbo "enviar" (e.g., Jo 3:17-34; 6.29,38-40), aqui a idéia enfatizada é a do presente de Deus para o homem (cf. Jo 4:10). Outra vez, o tempo do verbo dar se refere a um ato absoluto e completo (cf. Hb 10.14). Ele deu o seu Filho unigênito, ou seja, a Dádiva que era mais preciosa, e "o título 'unigênito' é acrescentado para destacar este conceito".'

... Todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. As alterna-tivas estão definidas. Elas são a vida e a morte! A Dádiva de Deus tornou possível que o homem faça a escolha, a resposta da fé. Os verbos perecer e ter estão em tempos dife-rentes no original. O primeiro está em aoristo e significa "de uma vez por todas", expulso para a escuridão exterior. O último está no presente, indicando uma vida eterna presen-te e duradoura.

Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mun-do, mas para que o mundo fosse salvo por ele (17). A palavra condenar pode ser traduzida como "julgar", e isto se aplica ao seu uso nos dois versículos seguintes. O propósito da Dádiva de Deus não era levar os homens a um julgamento, mas sim à salvação. Apesar disso, o julgamento é inevitável, e é o próprio homem que o causa, quando se recusa a aceitar a Dádiva mediadora e expiatória de Deus. "O homem é livre para esco-lher o tormento sem Deus ao invés da felicidade em Deus; é como se ele tivesse o direito de ir para o inferno"."

O julgamento e a condenação não vêm para o homem que tem fé, porque quem crê nele não é condenado (18). A tradução literal seria: "Aquele que põe a sua fé nele [i.e., em Jesus Cristo] não está sendo julgado". Quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. Esta afirmação forte por si mesma adquire um novo peso de advertência quando consideramos o tempo dos dois verbos: está condenado e não crê. No grego, ambos estão em tempo passado perfeito, apresentando um estado presente que é o resultado de uma ação passada. Assim, nesta vida, a condenação é um fato porque quem não crê já foi julgado. A condenação é um estado presente porque o que não crê se recusou a crer.

Existe uma "porta aberta para a vida", a vida de Deus para os homens. Ela tem três características: 1. É o presente de Deus que vem de cima (3,16) ; 2. Só vem para aqueles que têm fé (15-16) ; 3. A alternativa para a vida é o julgamento de Deus (18).
Com o versículo 19, o exemplo passa da vida para a luz, e da falta de fé para as trevas. A razão pela qual os homens passam pelo julgamento e pela condenação é: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más (19; cf. Jo 1:4-9-11; 8.12; 9:4-5).

A descrença e a fé têm as suas conseqüências naturais e inevitáveis, que estão cui-dadosamente descritas nos versículos 20:21. A falta de fé resulta em atos iníquos.

Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas (20). A seqüência está clara — falta de fé, escu-ridão, atos iníquos. A falta de fé e uma existência ligada à iniqüidade andam de mãos dadas. O homem que afirma que não faz diferença em que ele acredita também está dizendo que as ações não têm valor ou significado moral. Por outro lado, e em vívido contraste, está o homem de fé. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus (21). Observe a seqüência — fé, vida, luz, boas obras. Para ter uma vida santa é necessário ser um homem santificado (cf. Mt 7:16-20). As duas coisas são inseparáveis. Uma das palavras-chave no Evangelho de João é verdade. A verdade é sempre pessoal; está sempre baseada na natureza e no caráter de Deus, e é a maneira pela qual o homem deve viver em seu relacionamento tanto com Deus quanto com os demais homens. A verdade deve ser dita e também praticada — quem pratica a verdade.

2. O Novo Mestre (Jo 3:22-36)

Os três primeiros versículos desta seção assinalam uma transição tanto de lugar quanto de pessoas. Jesus tinha estado em Jerusalém, onde realizou muitos milagres, e então conversou com Nicodemos. Depois disso, foi Jesus com os seus discípulos para a terra da Judéia; e estava ali com eles e batizava (22). A expressão para a terra da Judéia, no Novo Testamento, só ocorre aqui e provavelmente se refere "aos distritos do interior da Judéia... algum lugar próximo aos rios rasos nas proximidades de Jerico" (ver o mapa 1).21

Uma vez que toda esta seção está dedicada a uma explicação ampliada do relaciona-mento entre João Batista e Jesus, os dois ocupam o centro da cena, enquanto os judeus, os discípulos de João e os discípulos de Jesus só aparecem em segundo plano. Ora, João batizava também em Enom, junto a Salim, porque havia ali muitas águas; e vinham ali e eram batizados. Porque ainda João não tinha sido lançado na prisão (23-24). Não se sabe onde ficava este local em que João batizava, e que é menci-onado aqui, mas provavelmente não estava situado no Jordão. Normalmente, julga-se que Salim ficava de "seis a oito quilômetros a leste de Siquém, onde hoje existe uma pequena aldeia com o mesmo nome".22 Duas ou três possíveis localizações de Enom fo-ram sugeridas, mas não há certeza sobre nenhuma delas. Talvez a palavra signifique "abundante em fontes" (cf. "havia ali muitas águas").

A época da conversa que se segue fica clara pela seguinte afirmação: João ainda não tinha sido lançado na prisão (24; cf. Mt 4:12; Mac 1.14).

O testemunho que João Batista estava prestes a dar é contrastado com o cenário de uma questão relativa à purificação. Houve, então, uma questão entre os discí-pulos de João e um judeu, acerca da purificação. E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tu des-te testemunho, ei-lo batizando, e todos vão ter com ele (25-26). O velho procedi-mento da religião ritualista, mas vazia e sem poder, é representado aqui pelos judeus (cf. Jo 2:6). Eles colocavam muita ênfase na purificação (lavagem cerimonial) do corpo. O amanhecer de um novo dia, um caminho melhor, uma proclamação profética é repre-sentada por João (cf. Jo 1:33). A consumação é encontrada na pessoa daquele que estava com João além do Jordão.

A resposta de João aos judeus indica que ele soube imediatamente o que eles real-mente queriam saber. "Qual é a sua opinião sobre este homem que está competindo com você, um Homem a quem você batizou, um Homem que está arrebatando a sua multidão?" A resposta de João teve quatro partes. Na primeira, ele lembrou-lhes que todos os homens estão, em última análise, sujeitos à soberania de Deus. O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não for dada do céu (27; cf. 3.3). Na segunda, ele deixou claro o seu verdadeiro relacionamento com o Cristo, lembrando aos seus inquisidores uma afirmação anterior: Eu não sou o Cristo (28; cf. Jo 1:20). Como veremos

posteriormente (ver o comentário sobre 4.26), o autor usa as afirmações do tipo "Eu sou" como afirmações diretas da divindade de Jesus. Da mesma maneira, aqui, a forma nega-tiva da frase de João, eu não sou, é uma renúncia clara e firme, mostrando que João não era o Messias. Contudo, ele reconhece e afirma o seu próprio papel como alguém que está relacionado a Cristo: Sou enviado adiante dele (28). Na terceira parte de sua respos-ta, ele usou o exemplo do noivo, da noiva e do amigo. Devido ao noivo ser quem de fato é, existe uma verdadeira alegria e deleite no coração do amigo. O completo cumprimento e a plenitude da alegria pertencem àqueles que reconhecem Jesus como quem Ele real-mente é, e àqueles que encontram em sua voz a fonte de puro prazer. O amigo... alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já essa minha alegria está cumprida (29; cf. Jo 16:24).

Finalmente, todo o relacionamento é resumido na declaração de auto-anulação de João, feita no verdadeiro espírito de uma vida santificada: É necessário que ele cres-ça e que eu diminua (30).

Alguns estudiosos concordam que o versículo 31 dá início aos comentários do autor sobre aquilo que havia acabado de ocorrer, ao passo que outros argumentam que esta seção (31-36) está fora de lugar e deveria ser colocada imediatamente depois do versículo 21. Lightfoot defende a atual localização desta passagem. Ele declara que ela é "um apêndice adequado para Jo 3:22-30"." Um bom exame do conteúdo desta seção dá sustenta-ção a este ponto de vista. Aquele que vem de cima é sobre todos, e Aquele que vem do céu é sobre todos (31). Estas são frases que obviamente se referem a Jesus, ao passo que aquele que vem da terra é da terra e fala da terra claramente se refere a João. Então se segue uma descrição daquele do céu que é sobre todos.

Ele é, em primeiro lugar, uma Testemunha daquilo que ele viu e ouviu (32). "A mudança do tempo do verbo parece marcar um contraste entre aquilo que pertence à existência (viu, ++raken) e a missão (ouviu, +kousen, e não tinha ouvido) do Filho".' O testemunho, rejeitado por alguns (32), foi recebido por outros (33). Qualquer pessoa que receba o "testemunho o sela, declarando que Deus é verdadeiro" (33, na versão NASB em inglês), "sentindo que aquele cuja Palavra é a verdade é completamente confiável e irá manter as suas promessas, por mais impossíveis que elas pareçam; testemunhando pos-teriormente que as experimentam, e que elas se mostraram verdadeiras na prática, de-claram que Deus realmente expressa os seus planos e cumpre o que diz"."

Aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus (34). Este é a Palavra viva (1.14), trazendo uma completa revelação de Deus (Jo 1:18). Existe uma tríplice razão para isto. 1. Quando Deus dá, Ele o faz espontaneamente e sem limites. "Pois não lhe dá Deus o Espírito por medida" (34; cf. Jo 1:16-4.10; 7:38-39). 2. O Pai ama o Filho (35). O dom espontâneo e completo daquele que encarnou é dado por amor (cf. Jo 3:16). 3. A missão completa de redimir o homem tornou-se responsabilidade do Filho. Não foi estabelecido nenhum outro modo de salvação. O Pai... todas as coisas en-tregou nas suas mãos (35).

Finalmente, o autor deixa a alternativa clara ao comparar a fé e a incredulidade com as suas conseqüências inevitáveis: a vida eterna e a ira de Deus. Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece (36). A fé resulta na vida eterna, que é a possessão atual daquele que acredita, pois o verbo tem está no presente (cf. Jo 5:24-6.47, 54; Rm 8:2-4). A expressão aquele que não crê pode ser traduzida como "aquele que não obedece", ou ainda "quem desobedece". O oposto da fé é, na verdade, a recusa a obedecer. Quando a fé é fraca ou defeituosa, é bom que se dê atenção à obediência. Quan-do uma pessoa obedece, a fé se torna uma conseqüência natural. Para aqueles que se recusam a obedecer, ou o fazem de forma negligente, existe a inevitável ira de Deus. Esta linguagem é um tanto surpreendente depois das elevadas expressões do amor de Deus pelo homem. Mas ela ressalta o fato de que o pecado mais grave do homem é a falta de fé, que é uma desobediência. O amor de Deus não seria mais do que uma fraca indul-gência se Ele não fosse fiel à sua palavra e à sua santa natureza. Gossip se expressa bem, ao dizer:

... Cristo nunca é mais bondoso do que quando os seus olhos — quando Ele olha para nós — se mostram como chamas de fogo e Ele nos fala palavras terríveis; quando Ele não se mostra disposto a ser transigente para conosco, mas exige a obediência instantânea, aqui e agora, sob a pena de nos separarmos dele. Se não nos tivesse amado o suficiente para ser severo conosco, Ele teria perdido a nossa alma. Com temor e humildade precisamos agradecer a Deus, tanto pela sua ira quanto pela sua misericórdia.'


Champlin

Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
Champlin - Comentários de João Capítulo 3 versículo 5
Conforme Mt 28:19; At 2:38; At 10:47; 1Co 12:13; Tt 3:5.

Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36
*

3.1-21

Este é o primeiro dos muitos discursos para instrução registrados por João. De modo típico, ao ser questionado Jesus responde de maneira a conduzir o debate para uma área mais profunda, freqüentemente por meio de equívocos que são esclarecidos para os que se tornam verdadeiros discípulos. A nova compreensão revela Jesus mais plenamente.

* 3:2

de noite. Isso pode denunciar o temor de ser visto, ou poderia ser um sinal de deferência a Jesus, um mestre que não devia ser incomodado durante o dia. Entendido simbolicamente, Nicodemos era uma pessoa que vivia nas trevas deste mundo, e que agora encontra a luz (8.12 conforme 9.4; 11.10;13.30).

Mestre... da parte de Deus. Nicodemos entende que Deus credencia os seus mensageiros, concedendo-lhes poder para realizar milagres, mas este modo de entender está longe de alcançar a verdadeira identidade de Jesus.

* 3:3

não nascer de novo. Ver referência lateral. A tradução "mas nascer de cima" concorda bem com o debate das coisas "da terra" e "do céu", no v. 12, e com a discussão do subir e descer, no v. 13. Este é o sentido do advérbio grego em outros lugares neste Evangelho (Lc 9:11,23). Nicodemos, aparentemente, entendeu que ele significava nascer "uma segunda vez". É possível que ambos os sentidos sejam pretendidos — um novo nascimento, que é um nascimento de cima. Ver nota teológica "Regeneração: O Novo Nascimento", índice.

* 3:5

nascer da água e do Espírito. Alguns entendem que a "água" é a liberação do flúido que acompanha o nascimento físico, mas considerações linguísticas apontam para o entendimento de que "água" e "Espírito" se referem a um único nascimento espiritual. Muitos intérpretes entendem "água " aqui, como água do batismo, mas uma tal referência — antes que o batismo cristão fosse instituído — teria sido sem sentido para Nicodemos. Outros acham que é uma referência ao batismo de João, mas Jesus, em parte alguma, faz do batismo de João uma exigência para a salvação. Provavelmente, a afirmação se refere a passagens do Antigo Testamento nas quais "água" e "espírito" estão ligadas para expressar o derramamento do Espírito de Deus no fim dos tempos (Is 32:15; 44:3; Ez 36:25-27). A presença de uma imagem tão rica do Antigo Testamento, serve de fundo à reprovação que Jesus faz a Nicodemos (v. 10): como “mestre em Israel", ele deveria ter entendido.

* 3.6-8

Esta passagem dá ênfase à prioridade e à soberania de Deus na obra da redenção, e isto não exclui a realidade da resposta humana através do arrependimento e da fé.

* 3:11

te digo... não aceitais o nosso testemunho. O "te" é singular (e se refere a Nicodemos); o "vós" é plural (e se refere a Nicodemos e àqueles que ele representa).

* 3:13

o Filho do homem. Ver nota em Mt 8:20.

que está no céu. Poderia ser dito que Cristo, em sua natureza divina, continuava a habitar no céu, mesmo durante a sua vida na terra. O ponto é que ele tem autoridade para falar das coisas celestiais. Posteriormente, no Evangelho, a origem "celestial" de Jesus se torna a principal matéria de disputa (6.41-42).

* 3:14

Moisés. Nm 21:4-9 registra a história dos 1sraelitas rebeldes que murmuravam e queixavam-se. Deus enviou serpentes abrasadoras para o meio deles, para puni-los. Então Deus disse a Moisés para colocar uma serpente de bronze numa haste com a promessa de que os que olhassem para ela, viveriam.

importa... seja levantado. Aqui está um termo chave neste Evangelho (8.28; 12.32,34), que traz um duplo sentido: o da crucificação e o da exaltação. A morte de Cristo na cruz, sua ressurreição e sua glorificação, juntas revelam a glória de Deus. A palavra "importa" leva-nos a atentar para o soberano propósito de Deus. A crucificação foi a chave do eterno plano de Deus para salvar o seu povo (At 4:27-28).

* 3:16

Porque Deus amou ao mundo de tal maneira. Alguns insistem na idéia de que Deus enviou Jesus com o propósito de conceder salvação a todos, sem exceção, mas somente como uma possibilidade. Contudo, Jesus deixa bem claro que a salvação daqueles que "o Pai lhe dá" — e somente destes — não é uma mera possibilidade, mas certeza absoluta. E "o que vêm a mim" (6.37-40; 10:14-18; 17,19) "de modo nenhum o lançarei fora". A verdade expressa pela palavra "mundo" é que a obra salvífica de Cristo não é limitada a tempo e lugar, porém aplica-se aos eleitos de todas as partes do mundo. Os que não recebem o remédio que Deus providenciou em Cristo, perecerão. Permanece como verdadeiro que aquele que crê não morrerá (não será separado de Deus), mas viverá na presença de Deus para sempre. Ver "Deus é Amor: Bondade e Fidelidade", no Sl 136:1.

* 3:17

não para que julgasse o mundo. Jesus, em outra parte, diz que o julgamento acompanha a sua vinda ao mundo (9.39). Seu ponto não é que ele não julgará, mas que o tempo do juízo ainda não é chegado. O mundo esteve sempre sob ameaça de juízo, antes que ele viesse, mas, com a sua vinda, a salvação tornou-se uma realidade oferecida a um mundo hostil (Mt 23:37; Rm 5:8).

* 3:18

A descrença não é a única base para a condenação, mas constitui o climax da rebelião que resiste mesmo a graciosa oferta divina da salvação em Cristo. Jesus veio a um mundo que já está condenado por causa de sua rejeição da auto-revelação de Deus (Rm 1:18-32).

* 3:19

os homens amaram mais as trevas do que a luz. Jesus dá a razão para a sua rejeição por parte do mundo: Ele é a luz que revela se a pessoa é justa ou não.

* 3:21

Quem pratica a verdade aproxima-se da luz. Jesus fala em "praticar" a verdade e isto significa que a verdade é matéria tanto de pensamento quanto de prática. Viver pela verdade contrasta-se com fazer o que é mau (v. 20).

* 3.22-36

Há três seções aqui: Nos vs. 22-24 somos informados de que Jesus e seus discípulos foram para a Judéia, onde João Batista estava; nos vs. 25-30, o Batista afirma uma vez mais que todo o seu papel era o de preparar o caminho para Cristo; os vs. 31-36 parecem ser a continuação das palavras do Batista, ou possívelmente, um comentário do autor do Evangelho.

* 3:24

João ainda não tinha sido encarcerado. Ver Mt 14:3-12; Mc 6:17-29.

* 3:26

batizando. Ver "Batismo", em Rm 6:3.

* 3:27

O homem não pode receber. Deus é o Autor de tudo aquilo que recebemos (1Co 4:7)

* 3:31

Quem vem das alturas. Jesus se distingue de todos os seres humanos, que são da terra (v. 13, nota).

* 3:32

ninguém aceita o seu testemunho. João repete a idéia de 1:10-11, idéia de que nem a sua própria nação nem o mundo em geral estavam prontos para receber a Cristo. A barreira é o pecado e a cegueira que só Deus pode penetrar (v. 3; 1.5).

* 3.33 Quem... aceita o testemunho. O mundo recusou a luz, porém, João, imediatamente, menciona aqueles que estão vindo para a luz, especialmente ele próprio como o primeiro expoente da verdade. A pregação de João é a culminância do Antigo Testamento e o começo do Novo Testamento (1.15; Mt 11:11).

* 3:34

Deus não dá o Espírito por medida. Estas palavras podiam certamente ser aplicados ao Espírito que dotou de poder o ministério terreno de Jesus (Lc 3:22; 4:1). Mas é também possível que esses versículos se refiram à plenitude do Espírito, que Jesus dá àqueles que o servem, e alguns estudiosos antigos e modernos têm entendido o texto deste modo. Posteriormente, Jesus é o agente que envia o Espírito (15.26).

* 3:35

O Pai ama ao Filho. Ver 5.20.



Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36
3:1 Nicodemo era fariseu e membro do concílio (chamado Sanedrín), um grupo de líderes religiosos que Jesus e João o Batista criticaram freqüentemente por sua hipocrisia. (se desejar mais informação sobre os fariseus, veja-a nota a Mt 3:7.) Muitos fariseus estavam ciumentos do Jesus porque escavava sua autoridade e rebatia seus pontos de vista. Mas Nicodemo indagava e acreditava que Jesus tinha respostas. Embora era um erudito, foi ao Jesus para instruir-se. Não importa quão inteligente ou educado um seja, deve aproximar-se de Cristo com um coração aberto e disposto a fim de que lhe ensine a verdade a respeito de Deus.

3.1ss Nicodemo foi ao Jesus em que pese a que pôde ter enviado a um de seus assistentes. Quis examinar ao Jesus pessoalmente para distinguir entre feito e rumor. Possivelmente temia que seus colegas, os fariseus, criticassem sua visita, e por isso foi quando já era de noite. Mais tarde, quando entendeu que Jesus era em realidade o Messías, falou abertamente em sua defesa (7.50, 51). Como Nicodemo, devemos examinar ao Jesus pessoalmente; outros não o podem fazer em nosso lugar. Logo, se acreditarem que é o que O diz ser, quereremos falar em público a seu favor.

3:3 O que sabia Nicodemo sobre o Reino? Pelas Escrituras sabia que Deus o regeria, que o restauraria na terra e que pertenceria ao povo de Deus. Jesus revelou a seu devoto fariseu que o Reino seria para todo mundo (3.16), não só para os judeus, e que Nicodemo podia pertencer a ele se pessoalmente nascia de novo (3.5). Este era um conceito revolucionário: o Reino é algo pessoal, não nacional nem étnico, e para entrar nele se requer arrependimento e renascimento espiritual. Jesus mais tarde anunciou que o reino de Deus está no coração dos crentes mediante a presença do Espírito Santo (Lc 17:21). Seu pleno cumprimento será quando Jesus retorne a julgar ao mundo e destrua para sempre ao maligno. (veja-se Apocalipse 21:22).

3:5, 6 "De água e do Espírito" possivelmente se refira (1) ao contraste entre o nascimento físico (água) e o nascimento espiritual (Espírito), ou (2) a ser regenerados pelo Espírito e renascidos pelo batismo. A água também poderia representar a ação faxineira do Espírito Santo de Deus (Tt_3:5). Sem dúvida, Nicodemo deve ter estado familiarizado com as promessas de Deus em Ez 36:25-26. Jesus explica a importância do novo nascimento espiritual, manifestando que não entraremos em Reino por ser bons, mas sim por experimentar esse novo nascimento.

NICODEMO

Deus é especialista em achar e trocar a pessoas que consideramos difíceis de alcançar. No caso do Nicodemo, tomou um pouco de tempo sair da escuridão, mas Deus foi paciente com seu crente "encoberto".

Temeroso de ser descoberto, Nicodemo procurou ver o Jesus de noite. As conversações diurnas entre os fariseus e Jesus tendiam a ser antagônicas, mas Nicodemo na verdade queria aprender. Talvez conseguiu muito mais do esperado: um desafio a uma nova vida! Sabemos muito pouco do Nicodemo, mas sim sabemos que desse encontro noturno saiu um homem trocado. partiu com uma compreensão nova de Deus e de si mesmo.

Nicodemo aparece mais tarde como parte do concílio. Em meio da discussão em que se buscava formas de eliminar ao Jesus, expôs o assunto da justiça. Falou em seu favor apesar de que rechaçaram sua objeção. Começava a trocar.

A última biografia do Nicodemo nos mostra que se une ao José da Arimatea no trâmite de solicitar o corpo do Jesus para sepultá-lo. Tomando em conta o risco que isto significava, Nicodemo dava um passo audaz. Seu crescimento espiritual não se detinha.

Deus procura um crescimento paulatino não uma perfeição foto instantânea. De que maneira seu atual crescimento espiritual concorda com o tempo que leva de conhecer o Jesus?

Pontos fortes e lucros:

-- Um dos poucos líderes religiosos que acreditou no Jesus

-- Um membro do poderoso concílio judeu

-- Um fariseu ao que seduziram o caráter e os milagres do Jesus

-- Com o José da Arimatea, sepulta ao Jesus

Debilidades e enganos:

-- Limitado por seu temor a mostrar-se em público como seguidor do Jesus

Lições de sua vida:

-- A menos que nasçamos outra vez, nunca entraremos no Reino de Deus

-- Deus pode trocar a quem considero inalcançáveis

-- Deus é paciente, mas persistente

-- Se estivermos dispostos, Deus pode nos usar

Dados gerais:

-- Onde: Jerusalém

-- Ocupação: Líder religioso

-- Contemporâneos: Jesus, Anás, Caifás, Pilato, José da Arimatea

Versículo chave:

"Nicodemo lhe disse: Como pode um homem nascer sendo velho? Pode acaso entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe, e nascer?" (Jo 3:4).

A história do Nicodemo se narra em Jo 3:1-21; Jo 7:50-52 e 19.39, 40.

3:6 Quem é o Espírito Santo? Deus é três pessoas em uma: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Deus se fez homem no Jesus a fim de morrer por nossos pecados. Ressuscitou da morte para oferecer salvação a todos mediante a renovação espiritual e o novo nascimento. Quando Jesus subiu ao céu, sua presença física deixou a terra, mas prometeu enviar ao Espírito Santo ao grau que sua presença espiritual continuaria entre os seres humanos (veja-se Lc 24:49). O Espírito Santo pela primeira vez veio para estar a disposição de todos os crentes no Pentecostés (Feitos 2). Nos tempos do Antigo Testamento o Espírito Santo dotava de poder a certas pessoas e só por assuntos determinados, mas agora todos os crentes têm o poder do Espírito Santo ao seu dispor. se desejar mais informação sobre o Espírito Santo, leiam-se 14:16-28; Rm 8:9; 1Co 12:13 e 2Co 1:22.

3:8 Jesus explicou que não podemos controlar a obra do Espírito Santo. O obra de maneiras imprevisíveis ou incompreensíveis. Assim como a gente não pôde controlar seu nascimento físico, tampouco poderá controlar seu nascimento espiritual. É um presente de Deus, dado pelo Espírito Santo (Rm 8:16; 1Co 2:10-12; 1Ts 1:5-6).

3.10, 11 Este professor judeu conhecia muito bem o Antigo Testamento, mas não tinha entendido o que dizia do Messías. Conhecimento não é salvação. Devesse você conhecer a Bíblia, mas algo muito mais importante é entender ao Deus que revela e a salvação que oferece.

3:14, 15 Quando os israelitas vagavam pelo deserto, Deus enviou uma praga de serpentes para castigá-los por sua atitude rebelde. Sentenciado-los a morte por causa da mordida de serpentes podiam curar-se ao obedecer a Deus e olhar à serpente de bronze que se levantou, acreditando que O poderia saná-los se o faziam (veja-se Nu 21:8-9). Olhar ao Jesus em busca de salvação tem os mesmos efeitos. Deus nos preparou este modo de ser salvos dos efeitos mortíferos da "mordida" do pecado.

3:16 Todo o evangelho se centra neste versículo. O amor de Deus não é estático nem egoísta, mas sim se estende e atrai a outros a si. Deus estabelece aqui o verdadeiro molde do amor, a base de toda relação de amor. Se um ama a alguém profundamente, está disposto a lhe dar amor a qualquer preço. Deus pagou, com a vida de seu Filho, o mais alto preço que se pode pagar. Jesus aceitou nosso castigo, pagou o preço de nossos pecados, e logo nos ofereceu uma nova vida que nos comprou com sua morte. Quando pregamos o evangelho a outros, nosso amor deve ser como o seu, e estar dispostos a renunciar a nossa comodidade e segurança para que outros recebam o amor de Deus como nós.

3:16 Muitas pessoas rechaçam a idéia de viver para sempre porque vivem vistas tristes. Mas a vida eterna não é a extensão da miserável vida mortal do homem; vida eterna é a vida de Deus encarnada em Cristo que se dá a todos os que acreditam como garantia de que viverão para sempre. Nessa vida não há morte, enfermidade, inimigo, demônios nem pecado. Quando não conhecemos cristo, tomamos decisões pensando que esta vida é tudo o que temos. Em realidade, esta vida é sozinho o começo da eternidade. Comece, portanto, a avaliar tudo o que lhe acontece de uma perspectiva eterna.

3:16 "Acreditar" é mais que uma reflexão intelectual de que Jesus é Deus. Significa depositar nossa confiança no, que é o único que nos pode salvar. É pôr a Cristo à frente de nossos planos pressente e nosso destino eterno. Acreditar é confiar em sua palavra e depender do para trocar. Se nunca confiou em Cristo, faça sua esta promessa de vida eterna e cria.

3:18 Muitas vezes a gente trata de salvar-se do temente pondo sua fé em coisas que têm ou fazem: boas obras, capacidade ou inteligência, dinheiro ou posses. Mas só Deus pode nos salvar do que na verdade devemos temer: a condenação eterna. Confiamos em Deus reconhecendo a insuficiência de nossos esforços por alcançar a salvação e lhe pedindo que faça sua obra em nosso favor. Quando Jesus fala sobre o "que não crie", refere-se a quem lhe rechaça por completo ou faz caso omisso do, não ao que tem dúvidas momentâneas.

3.19-21 Muitas pessoas não querem que suas vidas fiquem expostas à luz de Deus porque temem o que esta possa revelar. Não querem trocar. Não se surpreenda de que pessoas assim se sintam ameaçadas por seu desejo de obedecer a Deus e fazer o que é bom. Temem que a luz que há em você ponha ao descoberto algo escuro em suas vidas. Não se desanime. Mantenha-se em oração por elas para que compreendam que é melhor viver na luz que na escuridão.

3.25ss Algumas pessoas procuram pontos discrepantes para semear sementes de discórdia, descontente e dúvida. João o Batista terminou esta discussão teológica falando de sua devoção a Cristo. É contraproducente forçar a outros a que criam como nós. É melhor lhes falar de nossa entrega pessoal a Cristo e o que O fez por nós. depois de tudo, quem pode nos refutar isso?

3:26 Os discípulos do João o Batista estavam confundidos porque a gente seguia ao Jesus e não ao João. É fácil que nosso ciúmes germinem quando aumenta a popularidade do ministério de outra pessoa. Entretanto, devemos recordar que nossa verdadeira missão é obter que as pessoas sigam a Cristo e não a nós.

3:27 por que João o Batista seguiu batizando depois que Jesus entrou em cena? por que não se converteu também em discípulo? João explicou que como Deus foi o que lhe deu este trabalho, devia continuá-lo até que o chamasse a fazer outra coisa. O propósito principal do João era conduzir a gente a Cristo. Embora Jesus já tinha começado seu ministério, João podia seguir guiando a gente ao Jesus.

3:30 A disposição do João a minguar em importância mostra sua humildade. Os pastores e outros cristãos podem sentir-se tentados a enfatizar mais o êxito de seu ministério que a Cristo. Cuide-se dos que põem mais ênfase em seus lucros que no Reino de Deus.

3.31-35 O testemunho do Jesus era confiável porque veio do céu e falava do que viu ali. Suas palavras eram as mesmas de Deus. Toda sua vida espiritual depende de como responde a uma só pergunta: "Quem é Jesucristo?" Se aceitar ao Jesus unicamente como um profeta ou um professor, terá que rechaçar seu ensino, posto que O declarou que era o Filho de Deus, inclusive que era Deus mesmo. A essência do Evangelho do João é a verdade dinâmica de que Jesucristo é o Filho de Deus, o Messías, El Salvador, que foi desde o começo e seguirá vivendo para sempre. Este mesmo Jesus nos convidou a aceitá-lo e viver com O eternamente. Quando entendemos quem é Jesus, sentimo-nos compelidos a acreditar o que disse.

3:34 O Espírito de Deus estava sobre o Jesus sem limite e sem medida. portanto, Jesus foi a suprema revelação de Deus à humanidade (Hb_1:2).

3:36 Jesus diz que tudo o que acredita no tem (não diz que terá) vida eterna. A vida eterna se recebe quando um se une à vida de Deus, a qual por natureza é eterna. Assim que a vida eterna começa no momento do nascimento espiritual.

3:36 João, o escritor deste Evangelho, demonstrou que Jesus é o verdadeiro Filho de Deus. Estabelece ante nós a grande alternativa na vida. nos toca escolher hoje a quem obedeceremos (Js 24:15) e Deus quer que o escolhamos ao (Dt 30:15-20). Adiar nossa eleição é decidir não seguir a Cristo. A indecisão é uma decisão fatal.


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36
B. O NASCIMENTO NOVO (3: 1-15)

1 Ora, havia um homem dos fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus; 2 o mesmo veio a ele de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com Ec 3:1 Jesus respondeu, e disse-lhe: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Dt 4:1. ): também a de Ezequiel, que prometeu um novo espírito para ser dado o coração de pedra e substituído por um coração de carne (Ez. 11:19 ).

Nicodemos tinha chegado a Jesus como um oficial da Igreja para ir ao seu pastor-conselheiro em nossos dias, em busca de orientação espiritual. Isso nos ajuda a entender por que ele veio sozinho de noite. Perguntas por seus colegas sobre tais ações poderia ter tido um efeito adverso, porque ele era um homem maduro, se não de idade, que por costume judaico deve ter nenhuma necessidade de buscar novas dimensões em sua religião, tendo sido mergulhada no judaísmo desde a sua juventude . E "de acordo com a visão rabínica, ao contrário do ensino NT, a moral renovação dos homens pertence apenas para o futuro, a única que pode trazer o novo espírito da promessa, ou o novo coração."

No entanto, o seu coração não estava satisfeito. Nicodemus provou ser a exceção à regra entre os líderes religiosos do seu tempo, e ele pode muito bem servir como um exemplo para aqueles que todos os dias que desprezam a humilhar-se pela admissão de pessoal necessidades, os que parecem pensar que a posição eclesiástica é prova suficiente da graça interior e garantia; que às vezes se tornam grandes demais para ser humilde. Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas? disse Jesus. A atitude de Nicodemos implícita, "Sim, Senhor, mas devo ter uma resposta." Ele tornou-se conhecido como o "discípulo secreto", e nós sabemos que ele não deixar o cargo religioso para se tornar um companheiro de viagem do Mestre. No entanto, ele era um discípulo. Sua era uma voz levantada em sinal de protesto contra as táticas do fariseus (Jo 7:50 ), e ele forneceu as especiarias conservantes com que o corpo de Jesus foi tratado após a crucificação (Jo 19:39 ).

Mas o que Jesus quis dizer com a nascer de novo (ou "de cima", que é a tradução mais literal do grego anothen )? O conceito do novo nascimento era uma analogia para a doação ao homem de uma nova vida, que constitui o tema final do Evangelho de João e do ministério de Cristo, o nascimento de pé para a vida nova, da mesma forma que Jesus está a ser dito pão e luz. Estes termos sugerem uma ordem de coisas mais elevadas do que o temporal. Ao referir-se a eles deve-se evitar substituindo o termo para a experiência. Em particular, isto é um perigo no que diz respeito ao novo nascimento. É uma realidade, uma experiência espiritual de realização, mas todas as propriedades do nascimento físico não deve ser atribuída a ele. Para dizer que a renascer um filho de Deus significa sempre ser um, porque é impossível ser por nascer (como no reino natural), é perder completamente a importância do que Jesus está dizendo. Enquanto há, sem dúvida, são semelhanças na experiência do novo nascimento ao nascimento físico (senão Jesus não teria usado o termo), as diferenças entre eles são igualmente evidentes. O que é nascido da carne é carne; e aquele que é nascido do Espírito é espírito (v. Jo 3:6 ). As diferenças não devem ser usados ​​para ensinar coisas sobre a vida cristã que não estão em conformidade com o seu personagem.

Jesus descreveu a experiência como sendo nascer da água e do Espírito. A bela analogia do novo nascimento não precisa ser oneradas com interpretações forçadas, como ver na água uma referência a um fenômeno do processo físico de nascimento. A água que se refere ao rito do batismo. A conversão foi muito intimamente associado com o batismo naqueles primeiros dias, sendo sinônimo de tempo. Batismo, que era um ritual de purificação, tornou-se associado com a conversão cristã como a evidência de ter aceito o Evangelho. A contraparte moderna pode ser visto no trabalho de missões estrangeiras. Entre algumas das pessoas mais primitivas, é costume colocar convertidos em liberdade condicional. A confissão dos pecados e da aceitação do Evangelho deve ser seguido por um período de testes, e não até que os líderes estão convencidos da sinceridade e autenticidade dos candidatos são eles aceitaram para o batismo cristão. Conversão data do batismo, e eles são, então, levado em membros da igreja.

É estranho que necessidade popular só primitiva a ser feita a certeza de seu compromisso e para produzir "frutos dignos de arrependimento." Será que a nossa civilização moderna se tornar um obstáculo para a evangelização eficaz? Tem respeitabilidade se tornar um substituto para viver piedoso? Tem conversão tão pregada por mesmo os evangélicos mais rigorosas foram feitas muito fácil, até que tudo que se precisa fazer é fazer um assentimento verbal ao Evangelho, a fim de ser anunciado como um outro converso? Dr. E. Stanley Jones falou a este ponto quando disse em um sermão New England: "As pessoas que nascem em Boston são susceptíveis de pensar que eles não precisam de nascer de novo."

O novo nascimento é também pelo Espírito-de cima, de natureza espiritual e procedimento. O novo nascimento é a transmissão da vida de Cristo: a vida eterna através de-a agência do Seu Espírito. Um vem em uma vida que tem novas dimensões e qualidades como diferente de, a vida física natural como espírito é de carne e osso. Jesus disse que esta nova vida é como o vento (do grego pneuma significa tanto vento e espírito), que pode ser experimentado, mas não totalmente explicado, quer na sua origem ou, na sua extremidade final. Se não se pode compreender os mistérios do nascimento físico, ou mesmo o phenomeon comum do vento soprando, ambos os quais ele aceita com base em ter experimentado e observados os seus efeitos, é pedir muito que um homem receber o novo nascimento em igualdade de condições? Este argumento de Jesus é uma boa. No entanto, Ele percebeu que nem todos tinham sido explicou-verbal testemunho deve ter uma fundação. E assim Ele carregou Sua reivindicação por falar a verdade de Deus de volta para sua encarnação. É verdade, nenhum homem tinha ido para o céu para obter esta verdade de Deus; mas Ele, o Divino Logos carne tornar-se, tinha vindo de Deus com esta boa notícia. As palavras que Ele falou, um dia, ser justificados por seu ser levantado em morte na cruz. Sua morte tornaria o novo nascimento uma realidade para todos que acreditaram. Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; que todo aquele que crê pode nele tenha a vida eterna (vv. Jo 3:14-15 ). Jesus estava buscando despertar Nicodemus à verdade-verdade, que um dia se tornaria uma experiência de vida se ele só vai acreditar agora.

AMOR DE DEUS C. REDENTORA (3: 16-21)

16 Porque Deus amou o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 17 Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo; mas para que o mundo fosse salvo por ele. 18 Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê tem já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Dt 19:1) João deu a sua filosofia de criação; neste parágrafo temos sua filosofia de salvação. À primeira vista, é difícil saber se essas palavras representam comentários de João sobre a conversa com Nicodemos, ou se Jesus continua a falar. Muito provavelmente, estas são as palavras de João. Ele disse simplesmente que o plano de salvação está enraizada no amor de Deus para o mundo de Sua criação, especialmente o homem. A Encarnação surgiu do amor de Deus, em vez de fora da queda do homem, este último fornecendo apenas a ocasião para a Encarnação e as circunstâncias em que isso ocorreu. O pai se esforça para salvar o filho desobediente, não só porque ele é rebelde, mas porque ele ama-lo como filho. A Encarnação, incluindo sacrifício expiatório de Cristo, demonstrou o amor de Deus para o homem; pecado do homem exigiu a morte de Cristo na Cruz. Afirmação de João é positiva e forte; voltar para o início da necessidade de salvação do homem que ele encontra o amor de Deus já operatório. Ele poderia ter escrito: "No princípio era o amor-o Amor de Deus."

Cristo, o Filho encarnado não veio para condenar o mundo dos homens, por causa do pecado do homem já tinha condenado ele. Isso pode ser observado em todos aqueles que não crêem em Cristo. A incredulidade é pecado. Cristo veio para salvar o homem.Sua vinda trouxe luz, e porque os homens optam por continuar na escuridão do pecado, em vez de andar na luz da justiça, sua condenação é aumentada até o ponto de julgamento. Seus próprios corações pecaminosos condená-los; a luz que há em Cristo os julga.Eles permanecem na escuridão, porque eles odeiam a luz que revela o pecado deles, que eles adoram. Mas aqueles que irão para ser honesto consigo mesmo e com Deus vem para a luz. João poderia ter dito que vir para a luz revela o pecado, que é levado pela luz. Ele diz que a luz expulsa a escuridão, a escuridão não poderia colocá-lo para fora. A muito se voltando para Cristo na fé traz um para a luz e, assim, para uma nova vida.

Deus amou ... que deu o seu Filho unigênito está intimamente relacionado com Necessário vos é nascer de novo, falou a Nicodemos. Todas as manifestações da vida resultam desde o nascimento, a perpetuação da vida já existentes. João não fala do nascimento virginal como tal, mas, no presente contexto, é razoável afirmar que ele tinha em mente. Para ele, a Encarnação foi uma realidade abençoada. Ao dar seu Filho, Deus deu a si mesmo para salvar o homem, e João encontra acordo com esta verdade na declaração de Paulo de que "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo a si mesmo" (2Co 5:19 ). A verdade maravilhosa é que Deus tomou a iniciativa, fez todas as disposições necessárias, pagou a dívida, e espera, como o pai do filho pródigo, para o homem pecador para voltar a Ele com fé. Há lugares e horários para falar da necessidade de arrependimento e outros pré-requisitos condicionais para a experiência da salvação, mas João recolheu tudo em fé; acredito que Deus tem dito, o parecer favorável para que Ele tem feito, dar-lhe uma chance, venha para a luz. "Há vida para um olhar."

João acreditava que o amor de Deus em Cristo foi uma força magnética, especialmente no que é visto na crucificação. Para gregos interessados ​​Jesus disse: "E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim" (00:32 ). Uma analogia para isso pode ser encontrada em grande música e arte. Homens são atraídos para eles e persegui-los com grande paixão e dedicação. Nem todos os homens, no entanto, responder desta maneira, porque nem todos foram "despertados para a arte." Nenhuma forma de arte pode ser criado para apelar às sensibilidades internas de todos os homens, e por isso nem todos podem ser despertados para ele. Há uma história sobre um fazendeiro que passava o tempo aplicadas a sinfonia especular quantas toneladas de feno o salão iria realizar. Mas o Evangelho tem um apelo que corresponde a um, insatisfeito saudade nativa interior para cada homem. Todos os homens são nativamente capaz de aceitar o Evangelho e amar a Cristo. O homem que rejeita Ele é como um homem com gostos musicais pervertida por preconceito ou ignorância deliberada, ou porque ele nunca nutriu seus gostos artísticos, ao invés de como um homem que não teve capacidade de apreciação musical. Além disso, a vontade do homem está envolvido. Ele pode decidir deixar-se exposta ao poder magnético de Cristo, mesmo que ele possa fazê-lo com dúvida. Para os judeus que duvidavam afirmações de Cristo com base na sua falta de treinamento formal Ele disse: "Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo" (Jo 7:17 ). Um homem pode se permitir ser desenhado por e para Cristo. Não existem barreiras que não possam ser superadas pela fé. O Evangelho de Cristo tem tanto de desenho e despertar poderes.

D. TESTEMUNHO AINDA de João Batista (3: 22-30)

22 Depois disto foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia; e estava ali com eles, e batizava. 23 , João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas:. e eles vieram, e foram batizados 24 . Pois João ainda não tinha sido lançado na prisão Dt 25:1 ), onde ele é falado no passado. Aparentemente, ele foi decapitado por Herodes, logo após o início do ministério de Jesus.

E. A COMENTÁRIO SOBRE UMA TESTEMUNHA DE JOÃO (3: 31-36)

31 Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra, e da terra, ele fala: Aquele que vem do céu é sobre todos. 32 O que ele tem visto e ouvido, de que dá testemunho ; e ninguém aceita o seu testemunho. 33 Aquele que aceitou o seu testemunho pôs seu selo para este , que Deus é verdadeiro. 34 Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus:. para que ele não deu o Espírito por medida 35 A Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos. 36 Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas ele que não obedeceu o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.

Esta breve seção é composta de uma série de pensamentos do apóstolo João sobre as palavras finais de João Batista, e estes servem como um comentário sobre o testemunho de Batista. Cristo é a partir de cima, onde o novo nascimento é originário. Ele é soberano sobre todas Seu universo criado. O homem, em contraste (incluindo João Batista) é da terra e fala a língua de terra. Homem é preso à terra; ele é carne. Cristo desceu e tomou o corpo de um homem, a fim de revelar o plano de salvação de Deus. Quando o homem está disposto a aceitar o testemunho de Cristo, ele pode ter a certeza da verdade de Deus. O testemunho de Cristo para que Deus estava fazendo, deve ser perpetuada por seus discípulos, a Igreja. Assim como Cristo foi dotado com o Espírito Santo no início do seu ministério, para que Deus dá o Espírito para aqueles que se tornam testemunhas de Cristo. Deus não está poupando no dom do Espírito. É pelo Espírito que os homens são capazes de testemunhar. Talvez haja uma referência oblíqua aqui para João ser cheio do Espírito de João Batista (conforme Lc 1:15 ).

Assim como Cristo foi supremo na criação Ele é supremo na redenção. Todas as coisas têm sido postas em Suas mãos do Pai. Remanescente de diálogo de Cristo com Nicodemos, João fechado estas reflexões com a promessa de vida eterna a todos os que crêem em Cristo, de fato, a acreditar é que ele seja. A vida eterna é retido a partir do incrédulo, e da ira de Deus torna-se o seu quinhão.


Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36
Talvez esse seja o capítulo mais im-portante do evangelho de João, pois trata do novo nascimento. Alguns grupos religiosos fazem tanta con-fusão a respeito desse assunto que muitos membros da igreja abando-nam os líderes religiosos que, como Nicodemos, não têm idéia do que significa nascer de novo.

  1. A necessidade de nascer de novo (3:1-51)
  2. É necessário ver (vivenciar) o reino de Deus (v. 3)

Nicodemos era um homem de mo-ral e religioso, um dos principais mestres dos judeus, contudo não entendia a verdade a respeito do novo nascimento. A mente carnal do pecador não apreende as verda-des espirituais (veja 1Co 2:10-46). Nicodemos foi "de noite", um sím-bolo do homem não-salvo; este está "obscurecido" espiritualmente (veja Ef 4:18 e 2Co 4:3-47). O homem não se apronta para o céu apenas ao ser religioso e ter moral; ele deve nas-cer de novo, isto é, nascer do alto.

Nicodemos confundiu o espi-ritual com o físico (veja v. 4). Ele pensava em termos de nascimento físico, e Cristo falava de nascimento espiritual. Todos nós nascemos em pecado. Nosso "primeiro nascimen-to" nos fez filhos de Adão, e isso significa que somos filhos da ira e da desobediência (Ef 2:1-49). Não há educação, religião ou disciplina que possa mudar a natureza antiga; temos de receber uma nova nature-za de Deus.

  1. É necessário entrar no reino de Deus (v. 5)

Jesus não se referia a um reino terre-no e político com o termo "reino de Deus". EmRm 14:17, Paulo descreve o reino de Deus. O peca-dor entra no reino e na família do Senhor quando crê em Cristo. Ni-codemos, como a maioria de seus amigos judeus, pensava que nascer judeu e viver de acordo com a Lei satisfaziam a Deus (veja Mt 3:7-40; Jo 8:33-43). Todos os homens nas-cem fora do paraíso desde o pecado de Adão descrito em Gênesis 3. Nós só podemos entrar no reino do Se-nhor ao nascer de novo.

  1. A natureza do novo nascimento (3:6-13)
  2. O novo nascimento é um nascimento espiritual (vv. 6-7)

O que nasce da carne (a natureza antiga) é carne e sempre será carne e estará sob a ira do Senhor. O que nasce do Espírito (a nova natureza discutida em 2Pe 1:4) é Espírito e é eterno. Você não pode nascer do Espírito pelos meios físicos. Por isso que, no versículo 5, "nascer da água" não significa a água lite-ral, pois batismo significa aplicar uma substância física (água) em um ser físico. Esse ato jamais realizaria nascimento espiritual (Leia de novo Jo 1:11-43 e 6:63.) "Nascer da água" não se refere à água do batis-mo, pois, na Bíblia, o batismo fala de morte, não de nascimento (Rm 6:1 ss). Ninguém do Antigo Testa-mento seria salvo se o batismo fosse essencial para a salvação, pois não havia batismo sob a Lei. Em He- breus 11, todos os santos citados fo-ram salvos pela fé. Não somos sal-vos pelas obras (Ef 2:8-49), e o batis-mo é uma obra humana. Cristo veio para salvar, mas ele não batizou (Jo 4:2). Por que Paulo se regozija por não ter batizado mais pessoas, se o batismo é necessário para a vida eterna (1Co 1:13)?

Apenas os meios espirituais produzem o novo nascimento. Que meios são esses? O Espírito de Deus Oo 3:6 e 6:
63) e a Pala-vra do Senhor (1Pe 1:23; Jc 1:18). No versículo 5, a água refere-se ao nascimento físico (todo bebê "nas-ce da água"), o fato a que, no ver-sículo 4, Nicodemos se referiu. A pessoa nasce de novo quando o Es-pírito de Deus usa sua Palavra para criar fé e conceder a nova natureza à medida que a pessoa crê. Em ge-ral, o Espírito usa um crente para dar a Palavra a outra pessoa (veja 1Co 4:15), mas apenas o Espírito pode conceder vida.

  1. Ele é um nascimento misterioso (vv. 8-10)

Ninguém pode explicar o vento nem a obra do Espírito. O Espírito e o crente são como o vento. Ni-codemos, instruído na Lei, poderia conhecer a verdade da obra renova-dora do Espírito. Veja Ezequiel 37.

  1. Ele é um nascimento real (w. 11-13)

Muitas coisas são misteriosas, mas não deixam de ser reais. Jesus asse-gura a Nicodemos que o novo nas-cimento não é uma fantasia, é uma realidade. A pessoa, se apenas crer nas palavras de Cristo e recebê-lo, descobre como é real e maravilhoso o novo nascimento.

  1. O fundamento para o novo nascimento (3:14-21)
  2. Cristo teve de morrer (vv. 14-17)

De novo, Cristo reporta Nicodemos ao Antigo Testamento, dessa vez ao relato da serpente de bronze deNu 21:0-l 3. O pecador não ape-nas vive nas trevas, mas também as ama e recusa-se a sair à luz em que seus pecados serão expostos e pode-rão ser perdoados.

  1. A confusão sobre o novo nascimento (3:22-36)

O versículo 25 declara: "Ora, entre os discípulos de João e um judeu suscitou-se uma contenda com respeito à purificação" (grifos do autor). Esse judeu poderia ser Ni- codemos ainda em busca da ver-dade? Nicodemos, como muitas pessoas de hoje, estava confuso em relação ao batismo e às ceri-mônias religiosas. Talvez ele pen-sasse que "nascer da água" sig-nificasse batismo, ou alguns ritos judaicos de purificação. Observe como João Batista encaminha esse judeu a Cristo. A Bíblia usaria esse momento para dizer que o batis-mo é necessário para a salvação, se esse fosse o caso, mas não o faz. Em vez disso, a ênfase recai sobre o crer (v. 36).

É evidente que Nicodemos saiu das trevas e, no fim, tornou-se um cristão que nasceu de novo. Em João 3, vemos Nicodemos nas tre-vas da confusão; emJo 7:45-43, o vemos no aurora da convicção, disposto a dar-lhe uma audiência justa; e em Jo 19:38-43, Nico-demos está na plena luz da con-fissão e identifica-se abertamente com Cristo.


Russell Shedd

Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
Russell Shedd - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36
3.1 Fariseus. Conforme Mc 3:0);
3) "de novo" (Ct 4:9). "De cima" é melhor aqui.

3.4,5 Nicodemos, sendo filho de Abraão, observador meticuloso da lei e na opinião sua, súdito do Reino, não entendeu. Cristo declara que sem a implantação da vida do Espírito não há salvação. Água e do Espírito. Conforme Ez 36:25-27 onde Deus promete transformar o coração por água pura e pelo Seu Espírito. Água pode significar a confissão de Cristo e arrependimento realizados normalmente no batismo baseado na fé (At 2:38).

3.6 Jesus ensina que o homem natural não herdará a vida sobrenatural sem a conversão vinda pelo arrependimento e o Espírito (1.12, 13).
3.7 Importa-vos. O plural, (vos) declara a necessidade de todos.

3.8 Vento (gr pneuma "espírito", "vento"). Tal como o vento atua imprevisível e invisivelmente, mas é percebido em seus efeitos, do mesmo modo o Espírito opera na vida dos filhos de Deus e a controla (Rm 8:14).

3:9-11 Nicodemos não passa de ser um materialista religioso. Nunca experimentara a união interior com Deus (11). Conforme 1.12, 13.

3.13 A revelação da verdade salvadora não depende do homem subir até às alturas, mas da descida (encarnação) do Filho de Deus 8.23, 28; Fp 2:5-50).

3.14 Levantou (gr hupsõsen "elevar", "exaltar"). O Cristo crucificado tem de ser visto pela fé (tipificado na elevação da serpente no deserto). Ao reconhecer a Jesus como substituto sacrificial, o crente recebe a vida celestial dele (conforme 8.28; 12.32).

3.16 O mundo dos homens, alienado e condenado recebe no dom do amor (agape) de Deus a opção da vida eterna. • N. Hom. Salvação,
1) Sua força motriz - o amor;
2) Seu iniciador - Deus;
3) Seu mediador - o Filho unigênito;
4) Seu destinatário - o mundo;
5) Seu beneficiário - todo aquele que crê;
6) Seu galardão - a vida eterna.

3.17 Ainda que o propósito principal da vinda de Cristo ao mundo era trazer a salvação (conforme Ez 33:11), não é possível escapar ao fato que a vinda da luz (Cristo) julga e condena os homens que mais amam o pecado do que a justiça (19).

3.19 As trevas. Metáfora comum no NT para apontar a vida pecaminosa humana, separada de Deus (1Jo 1:6).

3.20,21 Quem escolhe a vida sem Deus abafa a convicção de culpa que o pecado traz. Quem se entrega a Cristo aceita de bom grado a revelação de sua própria pecarninosidade. Pela confissão (isto é praticar a verdade) o pecador se aproxima da luz onde alcança a purificação de "todo pecado" (1Jo 1:9).

3.27 João confirma a verdade que Jesus revelou a Nicodemos. O novo nascimento vem de cima (3n); João foi comissionado por Deus.
3.29 Noivo. Denota os crentes em Cristo (conforme 2Co 11:2; Ef 5:22-49). Noivo. É Cristo. Amigo do noivo. João Batista. No casamento oriental o "amigo" cuidou dos arranjos da festa e presidiu-a. Chegando o noivo ao quarto nupcial, ele se 'retirava alegremente.

3.31 Quem... alturas. Refere-se a Cristo (13). Da terra. João.

3.34 O enviado corresponde ao "Filho unigênito" que Deus "deu" para salvar o mundo (16). Espírito por medida. Veja vv. 5 e 8.

3.35 Confiado.. coisas. Cf. 1 7.2; Mt 28:1 Mt 28:8.

3.36 Se mantém rebelde (gr apeithõn). Esta palavra está colocada em oposição a "crê" indicando que fé em Cristo inclui obediência (2.23n).


NVI F. F. Bruce

Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
NVI F. F. Bruce - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36

2) Jesus e Nicodemos (3:1-21)
O elo com o que precedeu esse incidente parece ser que o nosso Senhor agora demonstra aquela compreensão divina dos homens por meio da sua entrevista com Nicodemos. Mas a mensagem que Jesus leva a ele, embora dirigida ao bem pessoal dele, tem aplicação universal. Os comentários do evangelista (v. 16-21), que colocam a obra de Cristo no seu contexto universal, têm o propósito de ser uma continuação desse desafio apresentado ao indivíduo,
v. 1. Havia um fariseu (v. artigo “Pano de fundo religioso do NT” e verbete “Fariseu” em NBD): Os fariseus estavam representados no Sinédrio. Como um todo, eles não eram tão hipócritas como as pessoas pensam, visto que muitos deles preservaram grande parte do que era o melhor do judaísmo a partir do tempo dos macabeus. 

v. 2. à noite-. Que isso foi para manter a conversa em segredo, está quase além de qualquer dúvida. Isso é lembrado mais tarde (cf. 19,49) quando Nicodemos embalsama o corpo do Senhor. E suas observações cautelosas no Sinédrio (conforme 7.50ss) são dignas de reflexão. Mestre. Conforme 1.49. sabemos-. Parece referir-se àqueles que tinham visto os “sinais” de Jesus (conforme 2.23). Por isso, Nicodemos representa os judeus que são confrontados pela singularidade inescapável do ministério de Jesus, ensinas da parte de Deus: Nicodemos ao menos crê que a pregação de Jesus é de origem divina, se Deus não estiver com ele-. Embora verdadeira, essa expressão é insuficiente como uma declaração de fé (conforme At 10:38; Ex 3:12).

v. 3. Digo-lhe a verdade. Essa fórmula, com freqüência repetida por Jesus (conforme 1.51; 3.5,11; 5.19,24,25; 6.26,32,47,53; 8.34,51,58; 10.1,7; 12.24; 13 16:20-21,38; 14.12; 16.20,23; 21.18), é uma forma do hebraico amm, amm, de uma raiz que significa “ser verdadeiro”, “estar fundamentado”. O amém duplo nos lábios de Jesus é peculiar a João. Por isso, acrescenta contundência às palavras que seguem em cada caso; embora devesse ser observado também que Jesus usou essas palavras em referência a algo que ocorreu antes, sugerindo: “Na verdade, há nisso um significado muito mais profundo do que vocês imaginam”. Se não nascer de novo, ou “de cima” (gr. genmthê anõthen')-. A experiência cristã começa com o nascimento, pois é uma nova existência — uma nova criação (conforme 2Co 5:17; 1Pe 2:25ss, em que água e Espírito denotam purificação e regeneração respectivamente. Uma aplicação de água pode ser, de fato, o ato do batismo de João para o arrependimento, embora o batismo cristão não esteja totalmente excluído, visto que no NT está estreitamente ligado com a concessão do Espírito ao indivíduo (conforme At 2:38). v. 6. carne [...] Espírito'. Há um abismo entre o que é básico para toda natureza humana, a carne, e o que é especialmente divino em sua origem, o espírito. Ambos produzem os seus respectivos frutos (conforme 6:52-55).

v. 7. E necessário que vocês nasçam de novo: A resposta de Jesus, endereçada agora não a uma pessoa mas a muitas, abarca todos os que precisam do novo nascimento, v. 8. 0 vento (gr. pneumá) sopra onde quer. Jesus quer se referir aqui a ambos, ao vento e ao espírito. Assim como o vento é imprevisível, assim no mundo espiritual o homem não pode prever a obra do Espírito. Você o escuta-, Pode ser uma referência tanto ao “barulho” quanto à “voz”, assim levando adiante a analogia, v. 11. nós falamos do que conhecemos'. Nicodemos, embora sendo representante dos estudados e piedosos em Israel, não tinha conseguido compreender o significado da obra de Deus. Jesus agora se identifica {nós) com todos aqueles (não importa se judeus como um todo ou os seus discípulos) que de alguma forma tinham compreendido a ação do Espírito. Eles o haviam visto, isto é, ele lhes tinha sido mediado por experiência pela fé. E o plural (vocês) novamente reflete a generosidade quando falou, por meio de Nicodemos, a todos aqueles judeus que, por qualquer razão, tinham rejeitado o ministério dele.

v. 12. coisas terrenas [...] coisas celestiais'. O primeiro termo (gr. ta epigeia) significa o ensino de Cristo na terra acerca do novo nascimento. As “coisas terrenas” são, portanto, aquelas que de fato se originam em Deus mas têm o seu lugar na terra, algumas vezes compreendidas por meio de analogia humana. As “coisas celestiais” (gr. ta epouranid) não são compreendias por nenhuma analogia terrena. Elas dizem respeito à suprema revelação de Deus em Cristo, e nisso ao mistério do relacionamento do Filho com o Pai. Isso é ampliado no versículo seguinte, v. 13. Ninguém jamais subiu ao céu, a não ser aquele que veio do céw. O Filho do homem (conforme 1,51) é o elo entre o céu e a terra. Por meio da encarnação, são mostradas as coisas celestiais. O que, no entanto, é somente parte da história. Ele ainda está para ser exaltado em poder, embora isso (conforme versículo seguinte) vá ocorrer por meio do sofrimento. (A expressão “que está no céu” [nota textual da NVI], embora omitida por uma série de manuscritos antigos, provavelmente deveria ser deixada no texto. Jesus revelou a vida de Deus, que existe no céu, enquanto estava na terra. O seu lugar de moradia permanente é lá; ele somente “viveu entre nós” (conforme 1.14).) v. 14. Da mesma forma que Moisés levantou a serpente-, Conforme 8.28; 12.32,34. Nessas referências a “levantar”, com a possível exceção de 8.28, duas idéias são conjugadas: Em primeiro lugar, a morte do Senhor na cruz é levantada; mas depois, em João, o Filho do homem retorna ao Pai para ser levantado em exaltação, quando ele vai atrair todas as pessoas para si (conforme versículo seguinte). O levantar é no seu todo uma grande obra dramática; é a obra do Pai quando, desde o momento do levantar na cruz, recebe o Filho de volta para si. v. 15. vida eterna-, Conforme 3.16,36; 4.14,36; 5.24,39; 6.27,40,47,54,68; 10.28; 12.25,50;

17.2,3. Essa vida traz consigo a qualidade da era nova de Deus (conforme Ez 12:2); mas é um presente atual de Deus. A duração não é a idéia principal, embota esteja presente. Cristo é ele mesmo tanto a personificação quanto a garantia dessa vida (conforme ljo 5:12), e o Pai, ao levantar o Filho, concede a ele a autoridade de garantir essa vida a outros (conforme 5.26,27; 17.2,3).

v. 16. Porque Deus tanto amou o mundo-. Passamos agora ao comentário inspirado do autor do evangelho. A obra de Cristo tem a sua origem no amor do Pai; essa é a única “razão” por trás da sua auto-revelação. O amor não é meramente uma ação contínua de Deus. Ele agiu. Em Cristo, ele deu o seu único Filho, a exata imagem de si mesmo. Seu amor é recíproco. Somente aqueles que respondem e recebem o presente de Deus em Cristo podem desfrutá-lo. E, quando o recebem, sua resposta inevitavelmente é a de retribuir com o seu amor a Deus (conforme 14.21,24,25). Isso é novo para os ouvintes judeus. Suas idéias particulares da preferência de Deus por Israel agora abrem caminho para o amor dele revelado por toda a humanidade, o seu Filho Unigê-nito: Conforme 1.18. não pereça (gr. mê apolêtai): Outra palavra característica em João (conforme 6.12,27,39; 10.28; 11.50). Aqui o verbo é usado de forma intransitiva, na voz média, para significar

“estar perdido” ou “sofrer destruição”. Essa é a única alternativa para a vida eterna, pois é separação de Cristo e de Deus. Não há sentido concreto de julgamento ainda (conforme versículo seguinte). Isso segue ipso facto, pois a condenação cai sobre todos os que negam a vida em Cristo (conforme v. 18). v. 17. Deus enviou o seu Filho [...] não para condenar. Conforme 5.27; 9.39ss. O nosso texto traduz de forma sábia o grego krinô por “condenar” (Conforme 12.47,48). v. 19. Cristo, como a verdadeira luz do mundo, mostra aos homens quem eles são na sua essência, v. 21. quem pratica a verdade sabe que não pode haver bondade à parte da Fonte de todo o bem. A fé precisa ser acompanhada de uma nova qualidade de vida que certamente dará crédito a ela (conforme Jc 2:14, Jc 2:17,Jc 2:24).  


3) O testemunho final de João Batista (3:22-36)
v. 22. terra da Judéia-, Essas palavras não ocorrem em nenhum outro lugar no NT. v. 23. João também estava batizando-, Pode parecer conflitante com a tradição sinóptica (conforme Mc 1:14). Mas João deixa claro que João Batista ainda não estava na prisão, enquanto Marcos (1,14) mostra que Jesus não começou o seu ministério na Galiléia antes de João ser preso. O evangelista está registrando aqui um ministério anterior de Jesus na Judéia e em Samaria, entre o seu batismo e sua aparição na Galiléia, dos quais os Sinópticos não têm nada a dizer. Enom e Salim estavam situados no território samaritano (conforme W. F. Albright, Archaeologj of Palestine, 1960, p. 247; NBD, p. 1.125). Nesse estágio, João e Jesus trabalham juntos. O contexto serve para destacar o significado do v. 30. v. 25. urna discussão [...] a respeito da purificação cerimonial-, Isso é (intencionalmente) não especificado. O trecho conduz para a remoção de João como o predecessor de Jesus e como o último representante do judaísmo expectante, v. 27. Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado-, Não há um mínimo sinal de amargura diante da notícia do sucesso de Jesus. Que essa autoridade foi divinamente concedida, João crê que seja algo auto-evidente,

v. 29. O amigo que presta serviço ao noivo-, Uma parábola ilustrativa que mostra o lugar central a ser ocupado por Cristo e, mesmo assim, a posição singular que é concedida a João Batista como “amigo do noivo”, como seu amigo íntimo. A “noiva” pode ser uma referência a Israel (conforme Is 62:4Ez 16:8; Dn 2:19,Dn 2:20) e à Igreja como o novo Israel (2Co 11:2; Ef 5:25ss; Ap 21:2; Ap 22:17), mas essa interpretação não pode ser forçada. Poderia haver aqui alguma alusão à festa de casamento em Caná (conforme v. 25; 2:1-11). Esta é a minha alegria: O cumprimento é associado à alegria diversas vezes em João (conforme 15.11; 16.24; 17.13). A alegria de João Batista é a que vem com a conclusão de sua missão, v. 30. E necessário que ele cresça e eu diminua:.O significado do ministério de João só durou enquanto ele abriu o caminho para a obra mais ampla e eterna de Cristo. Os v. 31-36 quase certamente não foram pronunciados por João Batista. O tema da entrevista com Nicodemos e o da confissão de João Batista são fundidos em um pelo evangelista para resumir a verdade manifesta até aqui em Jesus. v. 31. Aquele que vem do alto (gr. anõtheri) é a designação de Cristo que confirma a natureza da sua obra (conforme 13.1). Nos Sinópticos, “aquele que vem” (conforme Mc 11:9; Mt 11:3 etc.) é um título messiânico, v. 34. sem limitações: A plenitude do Espírito caracterizou o ministério do Senhor na terra, ao passo que os profetas da época do AT receberam o Espírito sob medida, v. 36. a ira de Deus: No NT, em sua maior parte, a ira de Deus é tratada em termos escatológicos. Somente aqui em João, como a vida eterna, ela é colocada no presente à medida que os homens se encontram aí para serem julgados aqui e agora de acordo com o seu relacionamento com Cristo, e, assim, como em Rm 1:18, são colocados numa posição escatológica.


Moody

Comentários bíblicos por Charles F. Pfeiffer, Batista
Moody - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 15

João 3


3) O Incidente com Nicodemos. Jo 3:1-15.

Contrastando com os muitos em Jerusalém que "creram", mas nos quais Jesus não confiava, Nicodemos avulta como alguém a quem o Senhor abriu o seu coração, alguém que se transformou em um verdadeiro discípulo. Ao mesmo tempo a passagem enfatiza um tema anterior as limitações do judaísmo corrente – mostrando a incapacidade deste líder de compreender a verdade espiritual enunciada por Jesus.


Moody - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 5 até o 8

5-8. Então Jesus descreveu o novo nascimento em termos de água e do Espírito. Dos dois, o Espírito é mais importante (veja v. Jo 3:6). A água pode se referir à ênfase de João Batista dada ao arrependimento e purificação do pecado como antecedente necessário, ainda que negativo, do novo nascimento. Menos natural é qualquer alusão à Palavra (1Pe 1:23). O ingrediente positivo é a injeção da nova vida criadora pelo poder regenerador do Espírito (cons. Tt 3:5).

Importa-vos nascer de novo. Não é simplesmente uma exigência pessoal, mas universal. A necessidade jaz na incompetência da carne. Isto inclui o que é meramente natural e o que é pecador – o homem nascido neste mundo vivendo a sua vida separado da graça de Deus. A carne só pode se reproduzir como carne, e isto não pode satisfazer os requisitos divinos (cons. Rm 8:8). A lei da reprodução é "segundo a sua espécie". Assim, do mesmo modo, o Espírito produz espírito, uma vida nascida, nutrida e amadurecida pelo Espírito de Deus. Se isso significa mistério, vamos reconhecer que na natureza também existe mistério. O vento (pneuma, a mesma palavra usada para "Espírito") produz efeitos notáveis quando sopra, mas sua fonte e movimentos futuros permanecem escondidos. Assim a vida redimida mostra-se como algo verdadeiro, ainda que desafiando a análise do homem natural (cons. 1Co 2:15).


Dúvidas

Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e Contradições da Bíblia, por Norman Geisler e Thomas Howe
Dúvidas - Comentários de João Capítulo 3 versículo 5
Jo 3:5 - Esse versículo ensina que a regeneração é pelo batismo?

PROBLEMA: Jesus disse a Nicodemos que "quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus". Isso quer dizer que é necessário ser batizado para ser salvo?

SOLUÇÃO: O batismo não é necessário para a salvação (veja os comentários de At 2:38). A salvação é pela graça, mediante a fé, e não por obras de justiça (Ef 2:8-9; Tt 3:5-6). Mas o batismo é uma obra de justiça (conforme Mt 3:15). O que então Jesus queria dizer quando se referiu a "nascer da água"? Há três modos principais de entender isso, dos quais nenhum envolve a regeneração por meio do batismo.

Alguns crêem que Jesus está falando da água do ventre materno, já que "o ventre materno" acabava de ser mencionado no versículo anterior. Sendo assim, ele estaria então dizendo: "Quem não nascer uma vez da água (no nascimento físico) e então de novo do Espírito, no nascimento espiritual, não pode ser salvo".

Outros consideram que "nascer da água" refere-se à "lavagem de água pela palavra" (Ef 5:26). Eles observam que Pedro refere-se a sermos "regenerados [nascidos de novo] ... mediante a palavra de Deus" (1Pe 1:23), referindo-se assim exatamente à mesma coisa que João aborda nesses versículos (conforme Jo 3:3,Jo 3:7).

Ainda outros pensam que "nascer da água" refere-se ao batismo de João mencionado anteriormente (Jo 1:26). João disse que ele batizava com água, mas que Jesus batizaria com o Espírito Santo (Mt 3:11), dizendo: "arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mt 3:2). Se é esse o significado, então quando Jesus disse que eles teriam de "nascer da água e do Espírito" (Jo 3:5), ele queria dizer que os judeus de então teriam de ser batizados com o batismo do arrependimento por João e também que mais tarde teriam de ser batizados com o batismo do Espírito Santo, para que então pudessem "entrar no reino de Deus".


Francis Davidson

O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
Francis Davidson - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 21
Jo 3:1

Nicodemos, membro do Sinédrio (um dos principais dos judeus 1, ARA) visita Jesus às caladas da noite, possivelmente para não comprometer a sua posição. Contudo, ele reconhece em Jesus um Mestre vindo da parte de Deus (2). Esta expressão enfática o distingue dos demais mestres formados nas escolas de ensino religioso. Nicodemos mostra-se impressionado com os sinais que Jesus faz (2). Então pede ao Senhor que esclareça seu ensino, especialmente em relação ao reino de Deus. Jesus dá-lhe a resposta: se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus (3). A palavra grega anothen traduzida de novo, pode ser traduzida de cima. A resposta de Jesus contém a pura essência do tema do capítulo. Uma mudança radical do coração é imprescindível e essa mudança se descreve em termos de um nascimento vindo do alto. Uma crença baseada em milagres não é adequada, pois deixa o âmago da personalidade humana intátil. Somente a renovação interior permite ao homem sua participação no Reino de Deus. Nicodemos maravilha-se pelo fato de alguém poder experimentar todo o processo de desenvolvimento na vida, e depois renascer (4). Jesus, então, revela a verdadeira natureza do novo nascimento, e apresenta as condições pelas quais se pode alcançá-lo (5-6). Não fala do nascimento físico, porém de um ato criativo de Deus, no homem interior. As condições de entrada no Reino são cumpridas quando alguém se arrepende e é purificado no coração. Da água e do Espírito (5). Parece que o Senhor Jesus se refere aqui primeiro ao batismo de João (água); porém, o resto da Sua declaração adverte-nos contra o perigo de um ritualismo oco, sem a eficácia do Espírito Santo, o Único que pode vivificar o homem interior. Alguns comentaristas vêem aqui uma clara referência ao batismo cristão. Entretanto, não há certeza que esta seja a interpretação correta das palavras do Senhor. De qualquer maneira, este verso não sustenta a regeneração batismal. Por outro lado, mais outros comentaristas recusam ver qualquer alusão ao batismo na palavra água e afirmam que o Senhor estava falando acerca dos efeitos purificadores da Palavra de Deus (cfr. Ef 5:26).

A interpretação mais provável é que Nosso Senhor Jesus Cristo está fazendo uma alusão à necessidade de arrependimento (representado pelo batismo de João em água) e a necessidade de fé (representada pelo seu próprio batismo no Espírito, o qual traz a fé). O que é nascido da carne, é carne (6). A vida espiritual não se transmite por processo natural, nem se identifica com qualquer existência carnal. Não há tal coisa como um processo evolutivo da carne para o espírito. Não se admire, portanto, que o nascimento espiritual seja a primeira condição necessária para entrada no Reino de Deus (7). O vento sopra (8). A mesma palavra se usa no grego para "Espírito" e "vento". Assim, como a presença do vento é reconhecida pelos seus efeitos, também o Espírito torna-se manifesto pela sua operação. Os movimentos do Espírito são soberanos. A origem e destino da vida do cristão, em quem o Espírito de Deus tem forjado sua obra criativa, são desconhecidos pelo mundo (8).

>Jo 3:9

Nicodemos não entende tal ensino (9). Jesus expressa-se surpreso pela sua ignorância (10). Associando-se com seus discípulos e a totalidade do testemunho profético do passado, Jesus afirma que eles têm visto e conhecido a obra do Espírito e, portanto, são idôneos para dar testemunho da sua atividade (11). Se os judeus rejeitam o seu testemunho concernente às coisas terrestres, ainda que sua origem esteja nos céus (note-se a referência ao novo nascimento), como poderão receber as bênçãos celestiais a respeito da máxima revelação de Seus eternos conselhos? (12). Ninguém subiu ao céu, entretanto, Deus quis que alguém descesse do céu ao mundo (13). Jesus veio do céu, com perfeito conhecimento de Deus, a fim de revelá-Lo aos homens. Que está no céu (13). Esta cláusula, entre parênteses na ARA, é omitida nos mais antigos manuscritos.

>Jo 3:12

Jesus prossegue, então, ensinando a Nicodemos as coisas celestiais (12). Assim como Moisés levantou a serpente no deserto... (14). Jesus ilustra o grandioso tema concernente à vinda do Filho do Homem em carne, por meio de um acontecimento registrado no Velho Testamento (Nu 21:8-4). Quando os israelitas, fatalmente mordidos pelas serpentes, fitaram os olhos na serpente de bronze, logo receberam vida. Do mesmo modo, os homens sujeitos à condenação por causa do pecado poderão receber vida eterna e restauração, olhando para o Senhor levantado entre os céus e a terra. Não resta dúvida que esta é uma referência à morte de Jesus. A divina necessidade da morte foi aceita por Jesus como único meio da redenção do mundo (15). Sua morte foi determinada, não pela vontade humana, mas pelo amor de Deus que deu seu Filho unigênito, como sacrifício pelo mundo, sacrifício este ao alcance de todos na sua universalidade (16-17). O mundo (16) é o palco em que Deus cumpre os seus propósitos de redenção.

>Jo 3:16

É-nos dada nos vers. 16-21 a logia, ou autêntica palavra de Jesus, ou se trata de uma interpretação joanina da missão de Jesus Cristo? Não restam dúvidas de que o evangelista se compenetra profundamente da mente de Jesus e, se estas não são suas próprias palavras, ipsissima verba, certamente contêm a quinta-essência do glorioso Evangelho. Não temos, entretanto, justificativas para concluirmos que estes versos não são as próprias palavras de Cristo, no contexto dado. Crer no nome do ... filho de Deus (18) quer dizer colocar confiança pessoal no Seu ato redentor (18). Aqueles que assim não fazem já estão condenados (18). A verdadeira missão divina é revelada como obra redentora. O Filho do homem veio salvar o mundo, todavia o mundo foi julgado pela sua vinda (17,19). Salvação e julgamento se coadunam na pessoa de Cristo. Então, Nicodemos recebe uma nova interpretação do incidente do Velho Testamento, que ilustra o amor de Deus aos homens, esse amor expresso na morte do Seu Filho. Outrossim, há uma nova ênfase na escatologia realizada: salvação e julgamento são realidades atuais. A luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz (19). Todo aquele que pratica o mal aborrece a luz (20). A incredulidade é fruto de uma disposição má que evita a luz. A fé é a prática da verdade; ela obedece e procura a luz. Ela folga com a perscrutação divina (21). A obra de Cristo discerne o bem do mal. Eis o verdadeiro julgamento (19), (gr. krisis) que Jesus trouxe ao mundo. A vinda de Jesus ao mundo constitui uma crise na história mundial, obrigando os homens, pelos fatos apresentados, ou a virem para a luz, ou a permanecerem nas trevas.


John Gill

Adicionados os Comentário Bíblico de John Gill, Ministro Batista
John Gill - Comentários de João Capítulo 3 versículo 5

Jesus respondeu, em verdade, em verdade, eu vos digo,... Explicando mais claramente o que ele tinha dito antes:

A menos que um homem nasça da água e do espírito: Estas são, מלות שנות, “duas palavras” que expressam a mesma coisa como Kimchi observa em muitos lugares nos seus comentários, e significa a graça do Espírito de Deus. As versões da Vulgata Latina e Etíope leem, “o Espírito Santo”, e assim Nonnus; e que é indubitavelmente planejado aqui: através de “água”, não é significado de água material, ou água batismal; pois batismo da água nunca é expresso apenas através de água, sem alguma palavra adicional que mostra que a ordenação do batismo de água seja planejada: nem tem o batismo qualquer influência regenerativa; uma pessoa pode ser batizada, como foi Simão o Mago, e ainda não nascido novamente; e é assim longe de ter qualquer tal virtude que uma pessoa que deveria nascer novamente, antes que ele fosse admitido naquela ordenação: e embora a submissão seja necessária, em ordem para a entrada de uma pessoa em um estado da igreja de Evangelho; ainda assim não é necessário para o reino do céu, ou para vida eterna e salvação: tal sentido enganado deste texto, parece ter dado à luz o primeiro batismo infantil nas igrejas africanas; que tomam as palavras neste sentivo equivocado, concluindo que suas crianças deveriam ser batizadas, ou então eles não puderiam ser salvos; considerando que através de “água” significa, em um sentido figurativo e metafórico, a graça de Deus, como está em outro lugar; veja Eze 36:25. Que é a causa comovente deste nascimento novo, e de acordo com o qual Deus gera os homens novamente para uma esperança viva, e que pela qual é efetuada; por que isso é pela graça de Deus, e não pelo poder da livre vontade do homem que qualquer um seja regenerado, ou feito criaturas novas: e se Nicodemos fosse um oficial no templo que era responsável para prover água nas festividades, como Dr. Lightfoot pensa, e como deveria parecer de Nicodemos ben Gorion, pela história antes relacionado a ele; Veja Gill emJo 3:1; mesmo pertinentemente faz nosso Senhor menção de água, isto que é o seu próprio elemento: regeneração às vezes é designada a Deus o Pai, como em 1Pe 1:3, e às vezes ao Filho, 1Jo 2:29 e aqui ao Espírito, como em Tt 3:5 que convence do pecado, santifica, renova, opera fé, e toda outra graça; começa e continua o trabalho da graça, até a perfeição.

Ele não pode entrar no reino de Deus;… E a menos que um homem tenha essa trabalho seu operado em sua alma, como ele nunca entende as coisas divinas e spirituais, assim ele pode ter um direito para as ordenanças do Evangelho, ou as coisas pertencentes ao reino de Deus; e a menos que ele nasça de novo não pode ser considerado como tendo passado da morte para a vida, e ter entrado em um estado aberto de graça, e do Seu reino; ou de viver e morrer, ele nunca entrará no reino dos céus; porque a menos que um homem seja regenerado, ele não é nascido de novo; e sem santidade eterna, não entrará nela, nem irá usufrui-la, nem verá a Deus.



Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible




John MacArthur

Comentario de John Fullerton MacArthur Jr, Novo Calvinista, com base batista conservadora
John MacArthur - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36

8. O novo nascimento (João 3:1-10)

Ora, havia um homem dos fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus; este homem veio ter com Jesus de noite e disse-lhe: "Rabi, sabemos que Você veio de Deus como um professor, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele." Jesus respondeu, e disse-lhe: «Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." Perguntou-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer, sendo velho? Ele não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe, e nascer, pode?" Jesus respondeu: "Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, eo que é nascido do Espírito é: espírito. Não se surpreender que eu vos disse: 'Você precisa nascer de novo. " O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sei de onde vem e para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito ". Perguntou-lhe Nicodemos: "Como pode ser isso?" Jesus respondeu, e disse-lhe: "Tu és mestre de Israel e não entende essas coisas?" (3: 1-10)

"Todo mundo falando sobre o céu não está indo lá." Esta linha, a partir de um velho espiritual, descreve com precisão muitos na igreja. Exteriormente eles se identificam com Cristo, mas, interiormente, nunca foram verdadeiramente convertido. Porque eles se apegam a uma falsa profissão de fé, eles se enganam em pensar que eles estão no caminho estreito que leva à vida, quando na realidade eles estão no caminho largo que leva à destruição. Para piorar a situação, a sua auto-engano é muitas vezes reforçado por bem intencionados, mas cristãos sem discernimento que, ingenuamente, abraçá-los como verdadeiros crentes. Tal confusão decorre das pseudo-evangelhos aguado que se propagam a partir de demasiadas púlpitos. A graça barata, o ministério orientado para o mercado, emocionalismo, o subjetivismo, e um inclusivismo indiscriminado tudo se infiltrou na igreja, com consequências devastadoras. Como resultado, quase todas as profissões de fé se afirma como verdadeira, mesmo daqueles cujas vidas se manifestar nenhum sinal de verdadeiro fruto (por exemplo, Lucas 6:43-44). Para muitos, a fé de ninguém deve ser questionada. Enquanto isso, passagens-chave do Novo Testamento a respeito do perigo da falsa fé (eg, Tiago 2:14-26) e da necessidade de auto-exame (13 por exemplo, 2 Cor: 5.) Passar despercebida.

O ministério de nosso Senhor oferece um contraste gritante com a confusão evangélico contemporâneo. Cristo não estava interessado nas respostas rasas ou rápidas pseudo-conversões. Ele se recusou a comprometer a verdade ou dar qualquer falsa esperança. Em vez de tornar mais fácil para as pessoas a acreditar, Jesus virou-se mais perspectivas do que ele recebeu. O jovem rico, por exemplo, ansiosamente procurado Jesus e perguntou-lhe com sinceridade: "Mestre, que coisa boa que eu devo fazer para que eu possa alcançar a vida eterna?" (Mt 19:16). No entanto, a Bíblia diz que ele foi embora de luto e não salvo (v. 22). Para Seus discípulos chocados Jesus explicou mais tarde,

"Em verdade vos digo que, é difícil para um rico entrar no reino dos céus. Mais uma vez eu digo a você, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus. "Quando os discípulos ouviram isto, eles foram muito surpreso e disse: "Então, quem pode ser salvo?" E, olhando para eles, Jesus disse-lhes: "Com pessoas isso é impossível, mas a Deus tudo é possível."(Vv. 23-26)

Como resultado da demanda intransigente de Cristo para o compromisso total ", muitos dos seus discípulos se retiraram e não andavam mais com ele" (Jo 6:66). Ele repetidamente advertiu Seus seguidores do perigo da fé espúria, mesmo por parte daqueles que ministrou em Seu nome:

Nem todo o que me diz: "Senhor, Senhor ', entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está no céu vai entrar. Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? " E então eu lhes direi: "Nunca vos conheci; partem de mim, vós que praticais a iniquidade." (Mateus 7:21-23.)

Jesus explicou também que ser Seu discípulo significava morrer para si mesmo, declarando: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me" (Lc 9:23). Tal custo elevado foi muitas vezes demasiado para candidatos a discípulos:

Como eles estavam indo ao longo da estrada, alguém lhe disse: "Eu te seguirei aonde quer que vá." E Jesus disse-lhe: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça." E ele disse a outro: "Segue-Me." Mas ele disse: "Senhor, permita-me ir primeiro enterrar meu pai." Mas Ele disse-lhe: "Permitir que os mortos sepultem os seus próprios mortos;. Mas como para você, vá em todos os lugares e proclamar o reino de Deus" Outro também disse: "Eu te seguirei, Senhor, mas em primeiro lugar, permita-me dizer adeus para os que estão em casa." Mas Jesus disse-lhe: "Ninguém, depois de colocar a mão no arado e olha para trás é apto para o reino de Deus." (Lucas 9:57-62)

Claramente, uma ênfase em abandonar auto e submetendo a Ele permeado abordagem evangelística de Jesus, tanto em seu ministério público e em suas conversas privadas. João 3:1-10 narra uma dessas interações particulares, uma reunião noturna com o proeminente fariseu Nicodemos. Durante toda a conversa, Jesus se recusou a suavizar a verdade apenas para ganhar a aprovação deste líder religioso influente. Em vez disso, ele falou com clareza e equívocos de Nicodemus e dizer-lhe exatamente o que ele precisava ouvir-confrontando precisão. Diálogo de Cristo com Nicodemos pode ser discutido em três temas: "pergunta de Jesus, Jesus 'Nicodemos visão sobre Nicodemos, e indiciamento de Nicodemos Jesus.

O Inquérito

Ora, havia um homem dos fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus; este homem veio ter com Jesus de noite e disse-lhe: "Rabi, sabemos que Você veio de Deus como um professor, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele." Jesus respondeu, e disse-lhe: «Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." (3: 1-3)

A colocação da pausa capítulo aqui é lamentável, já que a história da interação de Jesus com Nicodemos é logicamente ligada à seção anterior (2: 23-25). Como observado no capítulo 7 deste volume, João 2:23-25 ​​descrito recusa de Jesus a aceitar raso fé, baseada em assinar, já que em sua onisciência, Ele entendeu o coração das pessoas. A história de Nicodemos é um caso em apreço, uma vez que o próprio Nicodemos era um daqueles crentes superficiais cujo coração ele lê como um livro aberto. Em vez de afirmar a sua profissão, o Senhor se recusou a aceitar a fé de Nicodemos, que foi apenas a partir dos sinais que ele tinha testemunhado (v. 2). Jesus apontou-lhe a natureza de transformação da vida de verdadeira fé salvadora.

Nicodemus ("vitória sobre o povo") era um nome grego comum entre os judeus da época de Jesus. Alguns identificaram Nicodemus com um homem rico de que mesmo nome mencionado no Talmud. Mas desde que Nicodemos ainda estava vivo quando Jerusalém foi destruída no ano 70 dC, ele provavelmente teria sido muito jovem para ter sido um membro do Sinédrio, durante o ministério de Jesus quatro décadas antes (conforme 7: 50-51). A implicação do versículo 4, que Nicodemos já era um homem velho, quando ele se encontrou com Jesus argumenta ainda contra essa identificação.

Nicodemos era um membro do partido religioso elite dos fariseus. Seu nome provavelmente deriva de um verbo hebraico que significa "separar"; eles eram os "separados", no sentido de ser zelosos da lei mosaica (e suas próprias tradições orais, que adicionados a ele [conforme Mat. 15: 2-6; Marcos 7:8-13]). Os fariseus se originou durante o período intertestamental, provavelmente como um desdobramento do hassídicos ("piedosos"), que se opôs à helenizante da cultura judaica sob o ímpio rei selêucida Antíoco Epifânio. Ao contrário de seus arqui-rivais os saduceus, que tendiam a ser sacerdotes ou levitas ricos, os fariseus geralmente veio da classe média. Portanto, embora em número reduzido (havia cerca de 6.000 na época de Herodes, o Grande, de acordo com o historiador judeu do primeiro século Josephus), eles tinham grande influência sobre as pessoas comuns (embora, ironicamente, os fariseus muitas vezes visto alguns com desprezo [conforme 07:49]). Apesar de ser o partido da minoria, a sua popularidade com o povo deu-lhes uma influência significativa no Sinédrio (conforme Atos 5:34-40).

Com o desaparecimento dos saduceus em 70 dC (depois que o templo foi destruído) e os zelotes, em 135 dC (depois da revolta de Bar Kochba foi esmagada), os fariseus se tornou a força dominante no judaísmo. Na verdade, até o final do século II dC, com a conclusão da Mishná (a compilação escrita da lei oral, rituais e tradições), o ensino do fariseu tornou-se virtualmente sinônimo de judaísmo.

Ironicamente, foi a sua muito zelo pela lei que fez com que os fariseus se tornar ritualizada e externa. Tendo corações inalteradas, eles só iria substituir a verdadeira religião com a mera modificação de comportamento e ritual. Em resposta a sua pseudo-espiritualidade, Jesus apontou scathingly out: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia ea fidelidade; mas estas são as coisas que você deveria ter feito, sem omitir aquelas "(Mt 23:23; cf.. 6: 1-5; Mt 9:14; Mt 12:2). Pior ainda, a grande diferença entre o seu ensino e sua prática levou a hipocrisia, que tanto Jesus (por exemplo, 23 de Matt 2:3.) E, surpreendentemente, o Talmud (que lista sete classes de fariseus, dos quais seis são hipócritas) denunciou. Como resultado, apesar de seu zelo pela lei de Deus, eles eram "guias cegos" (Mt 15:14), que fizeram seus prosélitos duplamente digno do inferno para que eles mesmos se dirigiam (Mt 23:15) . Mesmo se eles não tivessem sido hipócritas, mantendo a lei nunca poderia tê-los salvo ", porque pelas obras da lei nenhuma carne será justificada" (Rm 3:20;. Conforme 3:28;. Gl 2:16; Gl 3:11, Gl 3:24; Gl 5:4). Ezra, também de acordo com a tradição, que reorganizou corpo depois do exílio (conforme Ed 5:5; 6: 7-8, Ed 6:14; Ed 10:8; Atos 4:1-3; 5: 17-18) e para a realização de ensaios (Mt 26:57; At 22:5), a autoridade direta do Sinédrio, parece ter-se limitado a Judéia (que, aparentemente, exercia nenhum poder sobre Jesus enquanto Ele estava na Galiléia; conforme Jo 7:1), é um começo necessário.

Ao usar o termo respeitoso Rabi, Nicodemos, embora um membro do Sinédrio e um eminente professor (v. 10), se dirigiu a Jesus como um igual. Ele não compartilha a suspeita e hostilidade que muitos de seus colegas líderes religiosos tinham para com Cristo (conforme 7:15, 47-52). Nicodemos, e outros como ele (conforme o plural, nós sabemos), aceitou que Jesus tinha vindo de Deus como um professor -Apesar Ele não tinha recebido treinamento rabínico adequada (7:15). Como Nicodemos reconheceu, "ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele." Como as pessoas na seção anterior (2:23), que ficou impressionado com e acreditava que o poder inegável manifesta em milagres de Jesus foi divino. Sem dúvida, ele também tinha conhecimento do testemunho de João Batista sobre Cristo.Isso, juntamente com a prova deles, pode ter causado a Nicodemos a se perguntar se Jesus era o Messias.

Mas Jesus não estava interessado em discutir Seus sinais, que resultaram apenas na fé superficial. Em vez disso, ele foi direto para o real problema, a transformação do coração de Nicodemos pelo novo nascimento. Jesus respondeu à pergunta não formulada de Nicodemos (conforme Mt 19:16e disse-lhe: "Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." A frase AMEN AMEN ( verdadeiramente, verdadeiramente ) aparece no Novo Testamento apenas no evangelho de João. Ele afirma solenemente a veracidade e importância do que se segue. Neste caso, Jesus usou a frase para apresentar a verdade de vital importância que não há entrada no reino de Deus se alguém não nascer de novo. O novo nascimento, ou regeneração, é o ato de Deus pelo qual Ele concede a vida eterna para aqueles que estão "mortos em nossos delitos e pecados ..." (Ef 2:12Co 5:17; Fm 1:3; Jc 1:18; 1Pe 1:31Pe 1:3; 1Jo 2:291Jo 2:29; 1Jo 3:9: 7; 1Jo 5:1, 1Jo 5:18), tornando-os Seus filhos (João 1, assim: 12-13).

O reino de Deus em seu aspecto universal refere-se ao governo soberano de Deus sobre toda a Sua criação. Nesse sentido mais amplo do termo, todos são parte do reino de Deus, uma vez que "o Senhor estabeleceu o seu trono nos céus, e seu reino domina sobre tudo" (Sl 103:19; Sl 29:10 ; Sl 145:13.; Jr 10:10; Lm 5:19; Dn 4:17, Dn 4:25, Dn 4:32)....

Mas Jesus não está se referindo aqui ao reino universal. Em vez disso, Ele está falando especificamente do reino da salvação, o reino espiritual, onde aqueles que nasceram de novo pelo poder divino por meio da fé agora vivem sob a regência de Deus mediada através do Seu Filho. Nicodemos, como o resto de seus companheiros judeus, ansiosamente aguardado que glorioso reino. Infelizmente, eles pensavam que ser descendentes de Abraão, observando a lei, e realizando rituais religiosos externos (designAdãoente a circuncisão) ganharia deles entrada naquela reino. Mas ao pensar isso, ficaram gravemente enganado, como Jesus deixou claro. Não importa o quão religiosamente ativo alguém pode ser, ninguém pode entrar no reino sem experimentar a regeneração pessoal do novo nascimento (conforme Mt 19:28).

As implicações das palavras de Jesus para Nicodemos foram surpreendentes. Toda a sua vida ele tinha diligentemente observada a lei (conforme Mc 10:20) e os rituais do judaísmo (conforme Gl 1:14). Ele juntou-se aos fariseus ultrareligious, e até mesmo se tornar um membro do Sinédrio. Agora Jesus chamou-o a abandonar tudo isso e começar de novo; a abandonar todo o sistema de justiça obras em que ele tinha colocado a sua esperança; para perceber que o esforço humano foi impotente para salvar. Descrevendo a consternação Nicodemos deve ter sentido, RCH Lenski escreve:

A palavra de Jesus sobre o novo nascimento estilhaça uma vez por todas a cada suposta excelência da realização do homem, todo o mérito dos atos humanos, todas as prerrogativas de parto natural ou estação. O nascimento espiritual é algo que se passa, não é algo que ele produz. À medida que nossos esforços não tinha nada a ver com a nossa concepção natural e nascimento, por isso, de forma análoga, mas em um plano muito maior, a regeneração não é uma obra de nossos. O que um golpe para Nicodemos! Sua sendo um judeu lhe deu nenhuma parte no reino; ele ser um fariseu, estimado mais santo do que outras pessoas, aproveitados ele nada; sua condição de membro do Sinédrio e sua fama como um dos seus escribas foi em vão. Este Rabi da Galiléia calmamente diz que ele ainda não está no reino! Tudo em que ele havia construído suas esperanças em toda uma vida árdua longa aqui afundou em ruína e se tornou um pequeno monte inútil de cinzas. ( A Interpretação dos Evangelho de São João [Reprint; Peabody Mass .: Hendrickson, 1998], 234-35)

A Perspicácia

Perguntou-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer, sendo velho? Ele não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe, e nascer, pode?" Jesus respondeu: "Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, eo que é nascido do Espírito é: espírito. Não se surpreender que eu vos disse: 'Você precisa nascer de novo. " O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sei de onde vem e para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito ". (3: 4-8)

Declaração chocante de Jesus foi muito mais do que Nicodemos tinha esperado. Incrédulo, Nicodemos disse-lhe: "Como pode um homem nascer, sendo velho? Ele não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe, e nascer, pode?" Certamente, este fariseu altamente educado não era tão obtuso como ter mal interpretado as palavras de Jesus em um sentido literal de forma simplista. Ele sabia que nosso Senhor não estava falando sobre ser fisicamente renascer, mas ele respondeu no contexto da analogia do Senhor. Como ele poderia começar tudo de novo, voltar para o começo? Jesus estava dizendo a ele que a entrada para a salvação de Deus não era uma questão de adicionar algo para todos os seus esforços, não cobrindo fora de sua devoção religiosa, mas sim cancelar tudo e começar tudo de novo. Ao mesmo tempo, ele claramente não conseguia entender o significado completo do que isso significava. Suas perguntas transmitir a sua confusão, como ele abertamente admirou-se da impossibilidade de declaração de Cristo. Jesus estava pedindo algo que não era humanamente possível (para nascer de novo); Ele estava fazendo a entrada no reino contingente em algo que não poderia ser obtida através do esforço humano. Mas, se isso fosse verdade, o que significava para o sistema de obras baseadas do Nicodemus? Se o renascimento espiritual, como renascimento físico, era impossível do ponto de vista humano, então onde é que isso deixe este fariseu hipócrita?

Longe de minimizar as exigências do Evangelho, Jesus confrontou Nicodemos com o desafio mais difícil que ele poderia fazer. Não admira que Cristo diria mais tarde aos seus discípulos: "Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus!" (Mc 10:24). Chamando-o de nascer de novo, Jesus desafiou este judeu mais religioso que admitir sua falência espiritual e abandonar tudo o que ele estava confiando em para a salvação. Isso é precisamente o que Paulo fez, como ele declarou em Filipenses 3:8-9:

Mais do que isso, considero tudo como perda, tendo em vista o valor de excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas as coisas, e as considero como lixo, para que eu possa ganhar a Cristo, e pode ser achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus, na base da fé.

Jesus respondeu a confusão de Nicodemus, concebendo a verdade Ele introduziu no versículo 3: "Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." Uma série de interpretações têm sido oferecidos para explicar a frase nascer da água. Alguns vêem dois nascimentos aqui, um natural, e outro espiritual. Os defensores deste ponto de vista interpretar a água como o líquido amniótico que flui desde o ventre um pouco antes do parto. Mas não está claro que os antigos descrito nascimento natural dessa forma. Além disso, a frase não nascer da água e do Espírito é paralelo a frase "nascido de novo" no versículo 3; assim, apenas um nascimento está em vista. Outros vêem na frase nascer da água uma referência ao batismo, quer que o de João Batista, ou o batismo cristão. Mas Nicodemos não teria entendido o batismo cristão (que ainda não existia), nem mal interpretado batismo de João Batista. Nem Jesus abstiveram-se de batizando pessoas (4:
2) se o batismo eram necessárias para a salvação. Outros, ainda, ver a frase como uma referência para as lavagens cerimoniais judaicas, que nascem do Espírito transcende. No entanto, os dois termos não são, em contraste com o outro, mas se combinam para formar um paralelo com a frase "nascido de novo" no versículo 3. (Para um exame cuidadoso das diversas interpretações do nascer da água, ver DA Carson, O Evangelho Segundo para João, O Pillar New Testament Commentary. [Grand Rapids: Eerdmans, 1991], 191-96)

(V. 10). Uma vez que Jesus espera Nicodemus para entender esta verdade, ele deve ter sido algo com o qual ele estava familiarizado Água e Espírito muitas vezes se referem simbolicamente no Antigo Testamento para renovação e purificação espiritual (conforme Nm 19:17-19. ; Is 4:4; 44:. Is 44:3; Is 55:1.; Zc 13:1.)

Foi certamente esta passagem que Jesus tinha em mente, mostrando a regeneração ser uma verdade Antigo Testamento (conforme Dt 30:6) com o qual Nicodemos teria sido familiarizado.Face a este cenário Antigo Testamento, ponto de Cristo era inconfundível: Sem a lavagem espiritual da alma, uma limpeza realizada somente pelo Espírito Santo (Tt 3:5), ninguém pode entrar o reino de Deus.

Jesus continuou, enfatizando, ainda, que esta limpeza espiritual é totalmente uma obra de Deus, e não o resultado do esforço humano: "O que é nascido da carne é carne, eo que é nascido do Espírito é espírito." Assim como só a natureza humana pode gerar a natureza humana, assim também só o Espírito Santo pode efetuar a transformação espiritual. O termo carne ( sarx ) aqui se refere apenas à natureza humana (como acontece em 1: 13-14); Neste contexto, ele não tem a conotação moral negativa que freqüentemente faz nos escritos de Paulo (por exemplo, Rom. 8: 1-8, 12-13). Mesmo se um renascimento físico fosse possível, iria produzir só carne. Assim, somente o Espírito pode produzir o nascimento espiritual necessária para a entrada no reino de Deus. A regeneração é inteiramente Sua obra, sem a ajuda de qualquer esforço humano (conforme Rm 3:25).

Embora as palavras de Jesus foram baseados em revelação do Antigo Testamento, eles correram totalmente contrário a tudo Nicodemos tinha sido ensinado. Por toda a sua vida ele tinha acreditado que a salvação veio através de seu próprio mérito externo. Agora ele achou extremamente difícil pensar o contrário. Ciente de seu espanto, Jesus continuou, "Não se surpreender que eu disse a você:" Você precisa nascer de novo. " O verbo traduzido must é um termo forte; João usou em outro lugar no seu evangelho para se referir à necessidade da crucificação (03:14; 12:34), de João inferioridade do Batista de Cristo (03:30), do método adequado de adorar a Deus (4:
24) , de Jesus que leva o seu ministério (4: 4; 9: 4; 10:16), e da necessidade da ressurreição (20: 9). Era absolutamente necessário para Nicodemus para superar o seu espanto por ser tão errado sobre como um é aceito no reino de Deus e procuram ser nascido de novo se ele estava para entrar. E ele nunca poderia fazê-lo com base em suas próprias obras de justiça.

Então o Senhor ilustrado Seu ponto com um exemplo familiar da natureza: "O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sei de onde vem e para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito ". O vento não pode ser controlada; sopra onde quer. E, embora sua direção geral pode ser conhecido, de onde vem e para onde vai não pode ser determinada com precisão. No entanto, os efeitos do vento pode ser observada. O mesmo é válido para a obra do Espírito. Sua obra soberana de regeneração no coração humano não pode nem ser controlado nem previsto. No entanto, os seus efeitos podem ser vistos nas vidas transformadas daqueles que são nascidos do Espírito.

A acusação

Perguntou-lhe Nicodemos: "Como pode ser isso?" Jesus respondeu, e disse-lhe: "Tu és mestre de Israel e não entende essas coisas?" (3: 9-10)

Embora ele era um professor renomado, Nicodemos provou ser um aluno pobre. Sua pergunta, "Como pode ser isso?" indica que ele tinha feito pouco progresso desde o versículo 4. Apesar de uma maior clarificação de Jesus nos versículos 5:8, Nicodemos ainda não podia aceitar o que estava ouvindo. Ele não podia deixar de ir a seu sistema religioso legalista e perceber que a salvação era um soberano trabalho, graciosa do Espírito de Deus.

Por causa de sua posição como o professor de Israel, Nicodemos poderia ter sido esperado para entender as coisas Jesus tinha dito. Sua falta de entendimento foi imperdoável considerando sua exposição ao Antigo Testamento. O uso do artigo definido antes de professor indica que Nicodemos foi um reconhecido, estabelecido professor em Israel. Jesus encontrou-imperdoável que este estudioso proeminente não estava familiarizado com o novo ensino fundamental aliança do Antigo Testamento sobre a única forma de salvação (conforme 2Tm 3:15). Infelizmente, Nicodemus serve como um exemplo claro do efeito anestesiante que externo, religião legalista tem na percepção espiritual, até mesmo ao ponto de obscurecer a revelação de Deus de uma pessoa.

Sua ignorância também exemplificado falência espiritual de Israel (conforme Rom. 10: 2-3). Nas palavras de Paulo, os judeus, deixando de reconhecer "a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria ... não se sujeitaram à justiça de Deus" (Rm 10:3)

"Em verdade, em verdade vos digo que, falamos do que sabemos e testemunhamos o que vimos, e você não aceitar o nosso testemunho. Se eu te dissesse coisas terrestres, e não credes, como você vai acreditar se eu dizer-lhe coisas celestiais, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu: o Filho do Homem, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que crê será?. Nele tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele Quem nele crê não é julgado;.. mas quem não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus Este é o julgamento, que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Para todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz para que as suas obras sejam manifestas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, para que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus "(3: 11-21).

Ao longo dos últimos séculos, a expectativa de vida foram prorrogadas, as condições de vida melhoraram, e do trabalho feito mais seguro e fácil. Temidas doenças que antes eram generalizadas, como a varíola, poliomielite, e várias pragas, têm sido controladas ou eliminadas. Mecanização (pelo menos nos países desenvolvidos) tomou a labuta e perigo de muitos postos de trabalho, e alguns dos mais tarefas trabalhosas agora são realizadas exclusivamente por máquinas. Naturalmente, os problemas não resolvidos ainda permanecem, incluindo a guerra, a pobreza, a certas doenças incuráveis, as preocupações ambientais, e os novos problemas levantados pela própria tecnologia que ajudou a resolver os antigos. Mas a fé da humanidade no progresso continua em grande parte inabalável. Muitos acreditam ardentemente que, dado tempo suficiente, ciência e tecnologia, um dia, superar todos os demais problemas da humanidade.

Mas, embora o homem tem feito grandes progressos na melhoria da suas condições de vida, o seu problema, o mais premente um ao lado do qual todos os outros pálido em comparação-permanece para sempre além de sua capacidade de resolver. É o mesmo problema intransponível que confrontou Adão e Eva após a queda, ou seja, que todas as pessoas, sem exceção (Rm 3:10.), São pecadores culpados (Rm 5:8; 2Tm 4:82Tm 4:8) por violar sua santa lei (Gl 3:10)...

Desde que a desobediência de Adão mergulhou a raça humana em pecado (Rom. 5: 12-21), Satanás tem incessantemente promovida a mentira de que as pessoas podem vir a Deus em seus próprios termos.Essa mentira, abraçado por todos os que seguem o caminho largo que leva à destruição (Mt 7:13), está no coração de cada religião falsa. Mas a Bíblia é claro que as pessoas não regeneradas não pode salvar a si mesmos; sua condição é absolutamente impossível, humanamente falando (Matt. 19: 25-26). Eles são "mortos em [suas] delitos e pecados" (Ef 2:1), porque "o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo" (2Co 4:4).. Eles são inimigos de Deus (Rm 5:10; Jc 4:4; Cl 1:21; conforme Sl 58:3); ignorante Dele (Sl 10:4; Sl 53:1); hostil a ele (Rm 8:7); sem amor para com Ele (2Tm 3:4;.. Rm 1:30); rebelde em direção a Ele (Sl 5:10; 1Tm 1:91Tm 1:9; Rm 1:18; Ef 5:6;. Fp 3:19.), Porque eles odeiam a luz da verdade espiritual (Jo 3:20) e, portanto, são cegos a ele (Mt 15:14.). Como filhos de Satanás (Mt 13:38; Jo 8:44; 1Jo 3:101Jo 3:10), eles vivem sob seu controle. (Ef 2:2) e "por natureza filhos da ira" (Ef 2:3; Rm 6:17, Rm 6:20) e corrupção (2Pe 2:19), "vasos da ira, preparados para a perdição" (Rm 9:22.).

À luz disso, rituais religiosos, as boas obras, e auto-reforma não pode resolver o problema da morte espiritual (Ef. 2: 8-9; 2Tm 1:92Tm 1:9) operada por Deus na regeneração pode dar vida espiritual aos mortos espiritualmente. Essa era a verdade chocante com que Jesus enfrentou o zeloso fariseu Nicodemos (3: 1-10). Embora o ensinamento do Senhor sobre o novo nascimento estava solidamente fundamentada no Antigo Testamento, Nicodemos estava incrédulo. Ele lutou para aceitar que seus esforços eram inúteis religiosos e precisava ser completamente abandonado como um meio para ganhar o reino de Deus.

Porque Nicodemos respondeu na incredulidade, ele aparentemente se afastou de sua conversa com Jesus convertidos. (Ele se tornou um crente depois, no entanto, como foi observado no capítulo 8 deste volume.) Sua resposta inicial tipifica aqueles que rejeitam o evangelho. Descrença Unrepentant é o pecado que, em última análise condena todos os pecadores perdidos (conforme Mt 12:31-32.), Por menos que confessar o senhorio de Cristo, e se arrepender de todo o pecado, incluindo o pecado de tentar ganhar o céu, eles não podem ser salvos. Neste discurso sobre o significado da salvação, Jesus dirigiu-se ao problema da descrença, desde que a resposta para a incredulidade, e alertou para os resultados de incredulidade.

O Problema da Incredulidade

"Em verdade, em verdade vos digo que, falamos do que sabemos e testemunhamos o que vimos, e você não aceitar o nosso testemunho. Se eu te dissesse coisas terrestres, e não credes, como você vai acreditar se eu dizer-lhe coisas celestiais? " (3: 11-12)

Capítulo 3 começou por contar entrevista noturna de Nicodemos com Jesus. Mas depois de sua pergunta no versículo 9, o renomado fariseu mais nada para a conversa (pelo menos nada que é gravada) adicionado, como o diálogo entre os dois homens se mudou para um discurso de Jesus. Embora Nicodemos duas vezes professou a ignorância do ensinamento de Jesus (3: 4, 9), o seu verdadeiro problema, como mencionado acima, não foi a falta de revelação divina. Ele foi muito educado no Antigo Testamento (3:
10) e tinha acabado de dialogou com o Mestre que foi a fonte da verdade. Nicodemos nãoaceitar a verdade que Jesus testemunhou, porque ele se recusou a acreditar nele. Paulo escreveu: "o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1Co 2:14).. Mesmo aqueles que nunca ouviram o evangelho ainda são culpados por sua ignorância, porque rejeitam a verdade que eles têm (Rom. 1: 18-21).

Em um comunicado introduzida pela declaração solene verdade, em verdade vos digo que (conforme a discussão Dt 3:3.).

O uso que o Senhor do pronome plural você indica que sua repreensão foi além Nicodemus para incluir a nação de Israel, de que Nicodemos era um representante. O povo judeu que não aceita otestemunho de Jesus e Seus verdadeiros seguidores (conforme 01:11); sua incredulidade era o que perpetuou sua ignorância espiritual.

Repreensão pontas de Jesus, "Se eu te dissesse coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais?" abalada auto-justiça de Nicodemos. Sua profissão superficial da fé em Jesus como um mestre enviado de Deus (v. 2) foi sem sentido, como era seu entendimento mal interpretado da salvação (conforme v. 10). Por causa de sua recusa a acreditar, ele não podia sequer imaginar o terreno verdade do novo nascimento, para não mencionar profundas celestiais realidades como a relação do Pai ao Filho (Jo 1:1), ou Seu plano eterno de redenção (Ef 1:1; 2Ts 2:132Ts 2:13; 2Tm 1:92Tm 1:9). Estas raras exceções confirmam a regra. O outro evento único foi a visita do apóstolo Paulo ao "terceiro céu" (2Co 12:2; conforme Jo 6:51). "Eu desci do céu", declarou em Jo 6:38, "não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." Em Jo 6:62 Ele perguntou: "O que então se você vir o Filho do Homem subir para onde estava antes?" Em Jo 8:42 Jesus disse aos seus acusadores: "Se Deus fosse o vosso Pai, você me ama, porque eu saí e vim de Deus, por que eu não vim mesmo por mim mesmo, mas ele me enviou." João prefaciou seu relato de "lavar os pés dos discípulos de Jesus, com a afirmação de que Jesus" tinha vindo de Deus e ia para Deus "(Jo 13:3). Em Sua oração sacerdotal de Jesus orou: "Agora, Pai, glorifica-me junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse" (Jo 17:5.).

Começando no versículo 14, Jesus recorreu a uma ilustração do Antigo Testamento para fazer esse ponto, enfatizando ainda que não havia desculpa para Nicodemos, um perito nas Escrituras, ser ignorante do caminho da salvação. Como um tipo de Sua morte sacrificial na cruz, o Senhor se refere a um incidente registrado em Números 21:5-9:

O povo falou contra Deus e contra Moisés: "Por que você nos tirou do Egito para morrermos no deserto? Pois não há comida e sem água, e nós detestamos este alimento miserável." O Senhor enviou serpentes venenosas entre as pessoas e elas morderam o povo, de modo que muitas pessoas de Israel morreu. Assim, o povo veio a Moisés, e disse: "Pecamos, porquanto temos falado contra o Senhor e você; interceder junto ao Senhor, para que Ele possa remover as serpentes de nós." E Moisés intercedeu pelo povo. Então o Senhor disse a Moisés: "Faça uma serpente de bronze, e configurá-lo em um padrão;. E virá sobre, que todo aquele que for mordido, quando ele olha para ela, viverá" E Moisés fez uma serpente de bronze e defini-lo no padrão; E sucedeu que, se uma serpente mordeu qualquer homem, quando ele olhou para a serpente de bronze, vivia.
O evento aconteceu durante quarenta anos de peregrinação no deserto antes de entrar na Terra Prometida de Israel. Como um julgamento sobre incessante das pessoas reclamando, o Senhor enviou serpentes venenosas para infestar seu acampamento. Em desespero, os israelitas pediu a Moisés para interceder em seu nome. E Pedido oração de Moisés foi respondida com uma exibição da graça divina, como Deus usou de misericórdia para o seu povo rebelde. Ele instruiu Moisés a fazer uma réplica de bronze de uma cobra e elevá-la acima do acampamento em um poste. Aqueles que foram mordidos seriam curados se eles, mas olhei para ele, reconhecendo, assim, sua culpa e expressar a fé no perdão de Deus e poder de cura.
O ponto de analogia de Jesus foi que, assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado (crucificado; conforme 8:28; 0:32, 34). O termo must enfatiza que a morte de Cristo era uma parte necessária do plano de salvação (conforme Mt de Deus 16:21; Mc 8:31; Lc 9:22; Lc 17:25; Lc 24:7; At 2:23; 4: 27-28; At 17:3), e "sem derramamento de sangue não há remissão" (He 9:22). Por isso, Deus, "sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou" (Ef 2:4). Os israelitas atingidas foram curados por obedientemente olhando para além de quaisquer obras ou justiça própria em esperança e dependência sobre a palavra de Deus para a serpente de bronze elevada. Da mesma forma, quem olha na fé só para o Cristo crucificado será curado de mordida mortal do pecado e vai nele tenha a vida eterna.

Este é o primeiro de quinze referências no Evangelho de João para o importante termo vida eterna. Em sua essência, a vida eterna é a participação do crente na vida abençoada, eterna de Cristo (conforme 1:
4) através de sua união com Ele (Rm 5:21; 6:. Rm 6:4, Rm 6:11, Rm 6:23; 1Co 15:221Co 15:22; 2Co 5:172Co 5:17; Gl 2:20; Cl 3:1.): 19-23., 29; 1Co 15:49; Fp 3:20-21.; 1Jo 3:21Jo 3:2) era de que Ele amou o mal, pecaminoso mundo da humanidade caída. Como observado anteriormente neste capítulo, toda a humanidade é totalmente pecaminosa, completamente perdido, e incapaz de salvar a si mesma por qualquer cerimônia ou esforço. Assim, não havia nada no homem que atraiu o amor de Deus. Ao contrário, ele amou, porque Ele soberanamente determinado a fazê-lo. O plano de salvação fluiu de "a bondade de Deus, nosso Salvador e Seu amor pelos homens" (Tt 3:4, 1Jo 4:19). Esse amor é tão grande, maravilhoso, e incompreensível que João, evitando todos os adjetivos, só poderia escrever que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu próprio Filho Amado (conforme 1Jo 3:1 usou o termo mundo de uma maneira similar: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo consigo mesmo, sem contar os pecados dos homens, e Ele nos confiou a palavra da reconciliação." Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo consigo mesmo, não no sentido da salvação universal, mas no sentido de que o mundo não tem outra reconciliador. Que nem todos vão acreditar e se reconciliar resulta do articulado no versículo 20: "Portanto, somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus estivesse fazendo um apelo através de nós, nós te peço, em nome de Cristo, se reconciliarem com Deus." (Para uma discussão mais aprofundada desses versos, ver II Coríntios , o comentário MacArthur Novo Testamento [Chicago: Moody, 2003]).

Não há palavras na linguagem humana que podem expressar adequAdãoente a magnitude do dom salvífico de Deus para o mundo. Até mesmo o apóstolo Paulo se recusou a tentar, declarando que o dom de ser "indescritível" (2Co 9:15). O Pai deu Seu unigênito (único, um de um tipo; conforme a discussão Dt 1:14 no capítulo 3 deste volume) Son -o Aquele de quem Ele declarou: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo —pleased "(Mt 3:17; conforme Mt 12:18; Mt 17:5); Aquele a quem ele "ama ... e todas as coisas entregou nas suas mãos" (Jo 3:35; conforme Jo 5:20; Jo 15:9, Jo 17:26); Aquele a quem Ele "altamente exaltado ... e lhe deu o nome que está acima de todo nome" (Fp 2:9). Em seu majestoso profecia do Servo Sofredor Isaías declarou,

 

Ele foi ferido por causa das nossas transgressões,
Ele foi moído pelas nossas iniqüidades;
O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele,
E por sua pisaduras fomos sarados.
Todos nós como ovelhas, nos desviamos,
Cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho;
Mas o Senhor fez com que a iniqüidade de nós todos

Para cair sobre ele. (Isaías 53:5-6.)

 

Por "enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado e como oferta pelo pecado, [Deus] condenou o pecado na carne" (Rm 8:3). Assim como a prova suprema do amor de Abraão por Deus era a sua vontade de sacrificar seu filho (conforme Gn 22:12, 16-18), assim também, mas em uma escala muito maior, a oferta do Pai o Seu Filho unigênito foi a manifestação suprema do amor salvífico para os pecadores.

Dom da graça da salvação de Deus é livre e só está disponível (Rm 5:15-16; Rm 6:23; 1Jo 5:111Jo 5:11; conforme Is 55:1) para aquele que crê em Cristo (Lc 8:12; Jo 1:12; Jo 5:24; Jo 6:40, Jo 6:47; Jo 8:24; 11: 25-26; 0:46; 20:31; At 2:44; At 4:4; At 9:42; At 13:39, At 13:48; At 16:31; At 18:8; 4: 3-5; Rm 10:4; Gl 3:22; 1Jo 3:231Jo 3:23; 5:. 1Jo 5:1, 1Jo 5:13). A oferta gratuita do evangelho é ampla o suficiente para abarcar o mais vil pecador (1Tm 1:15), ainda estreito o suficiente para excluir todos os que rejeitam Cristo (Jo 3:18). Mas para aqueles que vêm a Ele em Seus termos Jesus deu a maravilhosa promessa: "O que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora" (Jo 6:37).

A garantia dada para aqueles que possuem a vida eterna é que eles nunca vão perecer. salvação Genuina nunca pode ser perdido; verdadeiros crentes serão divinamente preservada e fielmente perseverar (Mt 10:22; Mt 24:13; Lc 8:15; 1 Cor 1:... 1Co 1:8; He 3:6; He 10:39), porque eles são mantidos por O poder de Deus (Jo 5:24; 6: 37-40; 10: 27-29; Rm 5:9; Ef 4:30; He 7:25; Jd 1:24: "Eu não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo." Em Lc 19:10 Ele disse: "O Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido", e Jesus fez uma declaração semelhante em Lucas 5:31-32: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os que estão doentes. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento ". Deus julgará aqueles que rejeitam o Seu Filho (conforme a discussão de v 18 abaixo.); Nesse acórdão, no entanto, não foi a missão do Filho na Sua primeira vinda, mas a consequência dos pecadores rejeitá-lo (João 1:10-12; Jo 5:24, Jo 5:40).

A declaração de Jesus no versículo 17 também repudiou a crença popular de que quando o Messias veio, ele iria julgar as nações e os gentios, mas não os judeus. O profeta Amós já havia advertido contra essa má interpretação tola do Dia do Senhor:

 

Ai de mim, vocês que estão torcendo para o dia do Senhor,
Com que propósito é que o dia do Senhor esteja com você?
Será trevas e não luz;
Como quando um homem foge de um leão
E um urso encontra-lo,
Ou vai para casa, inclina-se a mão contra a parede
E uma cobra morde.
Não vai o dia do Senhor são trevas em vez da luz,

Mesmo melancolia sem brilho nele? (Amós 5:18-20)

 

O ponto da vinda de Jesus não foi para redimir Israel e condenam os gentios, mas para que o mundo fosse salvo por Ele. graciosa oferta de salvação de Deus estendida para além Israel a toda a humanidade.Mais uma vez, Nicodemus (e, por extensão, a nação judaica ele representava) deveria saber que, para no pacto abraâmico Deus declarou: "Abençoarei os que te abençoarem, e aquele que te amaldiçoarem amaldiçoarei. E em todos vós as famílias da terra serão abençoados "(Gn 12:3; Gn 22:18; At 3:25). Gentil salvação foi sempre o propósito de Deus (Is. 42: 6-8; Is 55:1).

Mas aquele que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. Enquanto a sentença final daqueles que rejeitam a Cristo ainda está no futuro (conforme 5: 28-29), o seu julgamento será meramente consumar o que já começou. Os perdidos são condenados porque não acreditava na (lit., "Acredita em") o nome do unigênito Filho de Deus. A fé salvadora vai além da mera aceitação intelectual para os fatos do evangelho e inclui abnegado confiança e submissão ao Senhor Jesus Cristo (Rm 10:9.). Só uma fé genuína produz o novo nascimento (Jo 3:7), e há apenas "um só Mediador entre Deus e os ... os homens, Cristo Jesus, homem "(1Tm 2:5) . A Luz (Cristo; conforme 1: 4-9; 8:12; 9: 5; 12:35) veio ao mundo e ao fazê-lo "todo o homem ilumina" (1: 9). Mas as pessoas se recusaram a vir para a Luz , porque eles amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Como observado anteriormente neste capítulo, os incrédulos não são ignorantes, mas voluntariamente rejeitam a verdade. Portanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz para que as suas obras sejam manifestas. incrédulos odeiam (conforme 7:. 7; Pv 1:29) da Luz, sabendo que vai revelar o seu pecado (conforme Ef 5:13; 1 Tessalonicenses 5:.. 1Ts 5:7). Como resultado, eles selam sua própria condenação porque rejeitam o único que pode salvá-los de sua espiritual escuridão.

Aquele que pratica a verdade, no entanto, de bom grado . vem para a luz, para que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus Crentes odiar o pecado e amar a justiça (I João 2:3-6, 1Jo 2:9; 3: 6 —10). Eles não têm nada a esconder, e, portanto, não há razão para temer o que a luz vai revelar. Jesus definiu o crente genuíno como um que pratica a verdade, porque a verdadeira fé salvadora, invariavelmente, se manifesta em atos ... feitas em Deus. "Pois somos feitura dele," Paulo lembrou aos Efésios ", criados em Cristo Jesus para boas obras, quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas "(Ef 2:10;. conforme Mc 4:20). Os remidos sempre "frutos dignos de arrependimento" (Mt 3:8).

Embora nenhuma resposta poupança é indicado aqui, Nicodemos evidentemente levou séria advertência de Jesus ao coração, uma vez que as referências posteriores de João para ele implica que ele se tornou um verdadeiro seguidor de Cristo (7: 50-51; 19:39). Mas aqueles que provar "dispostos a vir para [Jesus], para que [eles] tenham vida" (5:
40) enfrentam a certeza do julgamento divino, como o escritor de Hebreus adverte solenemente: "Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? ... Veja por que você não negamos o que está falando. Porque, se não escaparam aqueles quando rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos escaparemos nós, que se afastam daquele que nos adverte do céu .... Porque o nosso Deus é um fogo consumidor "(He 2:3, He 12:29).

10. De João a Jesus (João 3:22-36)

Depois destas coisas, Jesus e seus discípulos para a terra da Judéia, e lá ele foi passar um tempo com eles e batizava. João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas; e as pessoas foram chegando e foram sendo batizado-de João ainda não tinha sido lançado na prisão. Por isso, surgiu uma discussão por parte dos discípulos de João e um judeu acerca da purificação. E foram ter com João e disseram-lhe: "Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele." João respondeu e disse: "Um homem não pode receber nada menos que tenha sido dado a ele do céu. Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: 'Eu não sou o Cristo', mas, 'Eu fui enviado na frente dele." Aquele que tem a esposa é o esposo;. Mas o amigo do noivo, que está presente eo ouve, regozija-se muito com a voz do esposo Então, este meu gozo foi feito completo que ele cresça e que eu diminua Ele.. que vem de cima é sobre todos, aquele que vem da terra é da terra e fala da terra Aquele que vem do céu é sobre todos o que tem visto e ouvido, isso testifica;.. e ninguém aceita o seu . testemunho Aquele que recebeu o seu testemunho, o seu selo a isso, que Deus é verdadeiro Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus;. para Ele dá o Espírito sem medida O Pai ama o Filho e entregou todas as coisas. . nas suas mãos Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece ". (3: 22-36)

Durante séculos, os filhos de Israel vivia sob a aliança onerosa Deus fez com seus pais no Monte Sinai. Para além de ser lei absoluta da justiça de Deus, refletindo a Sua própria natureza santa, continha também as marcas originais de sua identidade nacional como povo escolhido de Deus (Dt 7:6). Mas pelo tempo de Jesus, a adesão de Israel de que a aliança tinha degenerado em uma forma externa da moralidade superficial, cerimônia mecânica, ritualismo legalista, e tradição estranha.

Israel também errou ao assumir que a antiga aliança era o meio para a salvação, quando essa nunca foi a intenção de Deus. Seu propósito era confrontar os pecadores com um reflexo de Sua santidade absoluta, a demanda que eles mantenham a lei perfeitamente, e deixá-los de frente para a sua incapacidade para mantê-lo. Isso iria apontá-los a qualquer juízo divino ou a oportunidade de arrepender-se, confiar Sua graça, e receber o perdão Ele ofereceu, desde na nova aliança (Jr 31:34), a ser ratificado pela morte de Cristo. Nas palavras do apóstolo Paulo, "A Lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, para que fôssemos justificados pela fé" (Gl 3:24). A antiga aliança não foi capaz de justificar a ninguém. No entanto, ele apontou para a vinda do Salvador, por meio do qual os pecadores podem ser "reconciliados com Deus" (Rm 5:10).

Cerca de 600 anos antes de o Salvador veio, Deus disse ao Seu povo sobre o novo convênio por meio do profeta Jeremias.

"Eis que vêm dias", declara o Senhor, "quando farei uma nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, e não conforme a aliança que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, o meu pacto que eles invalidaram, apesar de eu era um marido para eles ", diz o Senhor. "Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias", declara o Senhor, "Eu vou colocar a minha lei no seu interior e no seu coração eu vou escrevê-lo; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Eles não vão ensinar novamente, cada um a seu próximo, e cada um a seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor ', porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior deles ", diz o Senhor ", pois lhes perdoarei a sua maldade, e seus pecados não me lembrarei mais." (Jer. 31: 31-34)

Em prometendo a salvação no novo pacto, Deus indicou que a antiga aliança nunca poderia ser a última esperança. Assim, o autor de Hebreus explica: "Quando ele disse, um novo pacto," Ele fez o primeiro obsoleto. Mas o que está se tornando obsoleto e envelhece, perto está de desaparecer "(He 8:13).

A antiga aliança tinha uma certa glória inerente a ela. Isaías escreveu: "O Senhor estava satisfeito por Sua causa da justiça para fazer a lei grande e glorioso" (Is 42:21). E Paulo lembrou aos Coríntios,

Mas, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar o rosto de Moisés, por causa da glória do seu rosto, desaparecendo como era, como é que o Ministério da o Espírito não conseguem ser ainda mais com a glória? Porque, se o ministério da condenação tinha glória, muito mais é que o ministério da justiça abundam em glória. Porque, na verdade o que tinha glória, neste caso, não tem nenhuma glória por causa da glória que supera-lo. Porque, se aquilo que se desvanecia era glorioso, muito mais é o que permanece em glória. (2 Cor. 3: 7-11)

No entanto, como o apóstolo observou nos versículos 7:11, a glória da antiga aliança não era permanente, mas desaparecendo; pretendeu-se dar lugar ao novo.
As Escrituras deixam claro que a nova aliança não é apenas uma revisão da idade. Pelo contrário, é algo novo e completamente diferente, porque só ela fornece salvação. Não há salvação em outros convênios mencionados no Antigo Testamento (Noé, Abraão, Priestly, de Davi, ou Mosaic). O escritor de Hebreus enfatizou o seu carácter distintivo, descrevendo-o com a palavra grega kainos , que refere-se a algo novo em espécie, não posterior no tempo (He 8:13).

Como uma demonstração única de divina graça salvadora, a superioridade da nova aliança para o velho se manifesta de várias maneiras. Por exemplo, tem um mediador melhor, o Senhor Jesus Cristo (He 8:6; conforme He 10:4]); é interno, não está escrito em tábuas de pedra (2Co 3:7) (.. Jr 31:33; He 8:10), mas sobre o coração; ele traz vida espiritual, não a morte espiritual (2Co 3:6.); resulta em justiça, não de condenação (2Co 3:9). (Para uma explicação de Paulo sobre a singularidade da nova aliança, consulte 2 Corinthians, O Comentário MacArthur Novo Testamento. [Chicago: Moody, 2003], rachaduras 7-8.)

A transição entre o ministério de João Batista à de Jesus Cristo, que é o tema desta seção (30 conforme v.), Simbolizava a transição do velho para o novo pacto. Seu pai, Zacarias, entendeu o significado da vinda do Messias relação com a nova aliança, como ele deixa claro em sua profecia cheio do Espírito Santo, em Lucas 1:67-79:

Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo, e profetizou, dizendo:

 

"Bendito seja o Senhor Deus de Israel,
Porque Ele nos visitou e realizou a redenção para o seu povo,
E levantou-se um chifre de salvação para nós
Na casa de Davi, seu servil
Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde de-Velho
A salvação dos nossos inimigos,
E da mão de todos os que nos odeiam;
Para mostrar misericórdia para com nossos pais,
E lembre-se da sua santa aliança,
O juramento que fez a Abraão, nosso pai,
Para conceder-nos que, a ser resgatado da mão de nossos inimigos,
O servíssemos sem temor,
Em santidade e justiça perante ele, todos os nossos dias.
E você, menino, serás chamado profeta do Altíssimo;
Para você irá adiante do Senhor para preparar os seus caminhos;
Para dar ao seu povo conhecimento da salvação
Até o perdão dos seus pecados,
Por causa da misericórdia do nosso Deus,
Com qual o Sunrise do alto nos visitará,
Para brilhar sobre os que jazem nas trevas e na sombra da morte,
Para guiar os nossos passos no caminho da paz ".

Como sacerdote que conhecia a Escritura, Zacharias entendido o Messias estava vindo para cumprir a promessa da nova aliança. Ele estava dizendo que todas as promessas feitas a Davi (v. 69) e Abraão (v. 73) dependia para o seu cumprimento com a chegada do Messias (vv. 77-79). Toda esta profecia é baseada em textos do Antigo Testamento a respeito da linhagem de Davi, Abraão, e novos convênios (60 por exemplo, Isa:. 1-5, 19-21; 61: 1-2, 10; 62: 11-12).

João Batista foi o último profeta sob a antiga aliança (Lc 16:16); Jesus veio como o mediador da Nova Aliança (He 8:6), que Ele ratificado por Sua morte sacrificial (Lc 22:20; 1Co 11:251Co 11:25.).Até este ponto, João tinha desfrutado de uma enorme popularidade (Matt 3:4-6; Marcos 1:4-5), enquanto Jesus permaneceu na obscuridade. Embora Sua purificação do templo (13 43:2-22'>João 2:13-22) tinha quebrado o removeram do anonimato e criou uma sensação, Jesus ainda tinha apenas um punhado de seguidores. Mas isso estava prestes a mudar, como as multidões que tinham sido seguintes João deixou e reuniram-se a Jesus. Assim, Cristo iria passar para a frente, e João iria desaparecer da cena, dando o seu testemunho final para o Messias.

No plano soberano de Deus, o ministério de João sobreposta a de Jesus. Se não tivesse, não teria havido nenhum precursor para apontar a nação para o Messias (40 Isa:. 3; conforme Ml 3:1.). Não se deve imaginar, no entanto, que João e Jesus nunca foram rivais; João claramente compreendida e aceita seu papel subserviente (conforme a discussão deste ponto no capítulo 4 deste volume). No entanto, apesar de João popularidade geral (Mt 14:5) entre as pessoas comuns (Mat. 3: 5-6; Lc 7:29)., Israel-sob a influência de seus líderes religiosos (Mateus 3:7-10; Lc 7:30) —ultimately rejeitou seu testemunho acerca de Jesus (Mateus 27:20-25)..

A frase , depois destas coisas indica que os eventos registrados nesta seção seguido (após um intervalo não especificada) os eventos descritos em 2: 13 3:21 (limpeza de Jesus do templo, seus sinais miraculosos, e seu diálogo com Nicodemos). Depois da Páscoa, Jesus e seus discípulos para a terra da Judéia, o que significa que eles deixaram Jerusalém (que é na Judéia) para a região da Judéia circundante (o texto grego diz literalmente "a terra da Judéia" ou "região").

O propósito de Jesus em Jerusalém, deixando era duplo: passar tempo com seus discípulos, e inaugurando sua pregação que levaram ao seu batismo ministério (embora Jesus não batizou pessoalmente, somente os Seus discípulos; conforme 4: 2). Passar tempo traduz uma forma do verbo diatribō , o que implica que um considerável período de tempo decorrido (conforme seu uso em At 12:19; At 14:3; At 15:35; At 25:14), provavelmente vários meses. Durante este intervalo, os discípulos de Jesus estavam batizando aqueles que vieram para ouvi-lo pregar e atendeu seu chamado para se arrepender (conforme Mt 4:17). Seus batismos prenunciou o batismo cristão, que não foi instituído até depois da morte e ressurreição de Jesus (do qual o batismo cristão é um retrato; conforme Rm 6:3-4.).

Ao mesmo tempo, João também continuou seu batismo ministério em Enom, perto de Salim. Dois locais foram propostos para esse site, um perto de Siquém, na região montanhosa e outro perto de Beth Shean no vale do rio Jordão. Ambos os sites estavam em Samaria, deixando Judéia para Jesus, enquanto João estava ministrando ao norte. Há água abundante em ambos os locais, de acordo tanto com o significado de Aenon (a aramaico transliterado ou palavra hebraica que significa "molas") e a afirmação de que havia muita água lá. Mesmo quando o ministério de Jesus foi ganhando força, grandes multidões de pessoas foram ainda vindo a João e ser batizado.

A nota entre parênteses que João Batista ainda não tinha sido lançado na prisão faz mais do que afirmar o que é auto-evidente; obviamente, João não estava na prisão, ou ele não poderia ter sido abertamente pregando e batizando. O comunicado informa os leitores que este incidente ocorreu entre a tentação de Jesus e a prisão de João, um período de tempo sobre o qual os evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) são silenciosos. Os Sinópticos começar a seu relato do ministério público de Jesus na Galiléia, depois que João já está na prisão (Mt 4:12; Mc 1:14; Lc. 3: 19-20 Ct 4:14).O evangelho de João complementa-los gravando esses eventos anteriores do ministério de Jesus, eventos que foram simultâneas com o ministério de João Batista, em Samaria. O apóstolo João esclarece o tempo aqui para que seus leitores não será confundido. No momento em que João escreveu seu evangelho, os Sinópticos já tinha estado em circulação por muitos anos. Esta nota explicativa deixa claro que o tempo quadro de João não está em conflito com o de Mateus, Marcos, Lucas ou.

Esta passagem pode ser dividido em duas seções: João Batista e o fim da velha idade, seguido por Jesus e o início da nova era.

João Batista e do Fim do Old Age

Por isso, surgiu uma discussão por parte dos discípulos de João e um judeu acerca da purificação. E foram ter com João e disseram-lhe: "Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele." João respondeu e disse: "Um homem não pode receber nada menos que tenha sido dado a ele do céu. Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: 'Eu não sou o Cristo', mas, eu fui enviado na frente dele." Aquele que tem a esposa é o esposo;. Mas o amigo do noivo, que está presente eo ouve, regozija-se muito com a voz do esposo Então, este meu gozo foi feito completo que ele cresça e que eu diminua ".. (3: 25-30)

Em algum momento durante os ministérios simultâneas, mas separadas de João e Jesus surgiu uma discussão entre os discípulos de João e um judeu (o singular "judeu" é a leitura preferida, em vez de os plurais "judeus", como na KJV e NVI ) sobre ritual judaico de purificação (conforme 2: 6). Quer ou não o judeu era um seguidor de Jesus não é clara. A reação dos discípulos de João, no entanto, revela que eles sentiram uma questão mais profunda estava em jogo, ou seja, os méritos relativos do ministério de João batismo em comparação com a de Jesus.

A disputa à tona uma questão que tinha sido, sem dúvida, perturbar os discípulos de João por algum tempo. Durante o período de tempo prolongado (conforme a discussão do v. 22, supra) que João ministrado na proximidade de Jesus, os seguidores de João tinha diminuído gradualmente. Incomodado por de seu mestre a diminuir popularidade (conforme 4: 1), que o seu diferendo com o judeu em destaque, os discípulos de João vieram a João e disseram-lhe: "Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, Eis que ele está batizando, e todos vão ter com ele. " Aparentemente sem vontade até mesmo para citar Jesus, os discípulos invejosos de João viu Jesus como um concorrente, que foi ganhando popularidade em detrimento de seu mestre (o seu uso exagerado de todos revela a extensão de seu viés) . Por incrível que pareça, eles também perderam o propósito do ministério de João, que era apontar a nação para o Messias (conforme 1:. 19ss).

Ao contrário de seus seguidores excessivamente zelosos, no entanto, João não foi incomodado no mínimo, por seu declínio popularidade. Apesar de sua influência inicial enorme, ele sempre manteve-se focada no propósito do seu ministério que ele tinha, provavelmente, conhecido desde a infância, para dar testemunho de Cristo (conforme 1:27, 30). Agora, como seu ministério começou a desacelerar, o propósito de João não vacilou. Seu humilde resposta deve ter assustado os seus discípulos: "Um homem não pode receber coisa a menos que tenha sido dado a ele do céu." Desta forma, ele afirmou e abraçou seu papel subordinado como o arauto do Messias. Deus tinha soberanamente lhe concedeu o seu ministério (conforme Rm 1:5, Lc 1:76; 3: 4-6; At 19:4). No entanto, em se concentrar em sua fidelidade aos líderes, eles não estavam seguindo plenamente o Senhor (mesmo a chamada facção Cristo não estava seguindo-o com uma atitude correta, mas sim a partir de uma falsa sensação de superioridade espiritual). "Cristo está dividido?" Paulo scathingly lhes perguntou: "Paulo não foi crucificado para você, não é? Ou fostes batizados em nome de Paulo?" (V. 13). Mais tarde, na mesma epístola que ele exigiu: "Quando alguém diz:" Eu sou de Paulo ", e outro, 'Eu sou de Apolo,' você não meros homens? Quem é Apolo? E o que é Paulo? Servos por meio de quem você Acredita, assim como o Senhor deu a oportunidade de cada um que eu plantei, Apolo regou, mas Deus estava causando o crescimento "(3: 4-6).. Assim, todo o ministério genuíno é centrada em Cristo ", pois ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo" (v. 11).

João Batista ilustrou seu papel subserviente usando a imagem familiar de um casamento (conforme Mateus 22:2-14; 25:. 1-13; Marcos 2:19-20; Lc 12:36; 14: 8-10; Rev . 19: 7-9). Ele lançou-se não no papel donoivo, mas sim como o Mend do noivo, uma posição semelhante ao padrinho em um casamento moderno. O amigo do noivo supervisionou muitos dos detalhes do casamento, servindo como o mestre de cerimônias (em um casamento da Judeia; casamentos na Galiléia eram um pouco diferentes [DA Carson, O Evangelho Segundo João , o pilar New Testament Commentary (Grand Rapids : Eerdmans, 1991), 211]). Ele foi ainda responsável por trazer a noiva para o noivo para começar a cerimônia de casamento. Tendo feito isso, sua tarefa foi concluída; o foco agora legitimamente mudou dele para o noivo.

Há boas evidências de que, de acordo com a lei da Mesopotâmia antiga o amigo do noivo foi proibido em qualquer circunstância para se casar com a noiva, mesmo que o noivo a rejeitou (Carson, 212; Homer A. Kent Jr. luz na escuridão: Estudos no Evangelho de João [Grand Rapids: Baker, 1974]., 67; JD Douglas, ed, O Dicionário da Bíblia New [Grand Rapids: Eerdmans, 1979], sv, "amigo do noivo").Isso explica a indignação de Samson quando sua noiva foi dada ao seu companheiro (Jz. 14: 20-15: 3). Se isso ainda fosse o caso na época de João, sua descrição de si mesmo como o amigo do noivo reforçou o fato de que ele não vê a si mesmo e Jesus como rivais. Trazendo o remanescente fiel de Israel (retratado no Antigo Testamento como a noiva do Senhor; conforme Is. 54: 5-6; 62: 4-5; Jr 2:2; Jr 2:16 Hos.. —
20) a Cristo foi o ponto culminante do ministério de João como seu precursor.

Ao contrário de seus discípulos ciumentos, João encontrou grande alegria em phasing out para que o ministério de Jesus poderia receber toda a atenção de Israel. Tendo o levou a noiva, o fiel amigo do noivo ... se alegra muito porque ele ouve a voz do esposo que expressa a alegria da noiva. Então, de João alegria foi feito completo , enquanto observava a multidão deixá-lo para Jesus: "Esta é a alegria que João reivindica para si mesmo, a alegria do amigo do noivo, que trata da união, e essa alegria é atingido no de Cristo de boas-vindas para si a pessoas com quem João preparou para ele e dirigido a Ele "(Marcus Dods," João "em W. Robertson Nicoll, ed. Commentary os expositores 'Bíblia [Reprint; Peabody, Mass .: Hendrickson, 2002], 1: 720).

João resumiu sua visão de si mesmo em relação a Jesus no que talvez seja o mais humilde declaração proferida por ninguém nas Escrituras: que ele cresça e que eu diminua. Leon Morris observa: "Ele não é particularmente fácil neste mundo para reunir seguidores sobre uma para um propósito sério. Mas quando eles estão reunidos é infinitamente mais difícil de destacá-las e firmemente insistem que eles vão atrás do outro. É a medida da grandeza de João que ele fez exatamente isso "( O Evangelho Segundo João, O Novo Comentário Internacional sobre o Novo Testamento [Grand Rapids: Eerdmans, 1979], 242).

Deve fala da necessidade divina. Foi a vontade de Deus por João para dar lugar a Jesus; não havia nenhuma razão para que as multidões se pendurar em torno do arauto uma vez que o rei tinha chegado.Porque ele entendeu isso, João Batista aceitou alegremente o plano de Deus para o seu ministério.

Jesus eo início da Nova Era

"Aquele que vem de cima é sobre todos, aquele que vem da terra é da terra e fala da terra Aquele que vem do céu é sobre todos O que ele tem visto e ouvido, isso testifica;.. E ninguém .. aceita o seu testemunho Aquele que recebeu o seu testemunho, o seu selo a isso, que Deus é verdadeiro Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois Ele dá o Espírito sem medida O Pai ama o Filho e entregou. . todas as coisas em sua mão, quem crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece ". (3: 31-36)

Comentaristas discordam sobre se João Batista continua a falar nestes versos, ou se são um comentário editorial pelo apóstolo João (escritores do primeiro século não usar aspas). Mas já que não há nenhuma indicação no texto de uma ruptura no pensamento ou na continuidade, o melhor é ver esses versos como uma continuação do palavras de João Batista para os seus discípulos. Em seu último discurso gravado neste evangelho, João listou cinco razões para seus discípulos (e, por extensão, todo mundo) para aceitar a supremacia absoluta de Jesus Cristo.

Cristo tinha uma origem divina

"Aquele que vem de cima é sobre todos, aquele que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos." (03:31)

O advérbio Anothen ( de cima ) é a mesma palavra traduzida como "nascido de novo" em 3: 3, 7, onde se reflete a origem divina do novo nascimento. Aqui se refere a Cristo como Aquele "que desceu do céu" (3:13; conforme 06:33, 38, 50-51, 58; 08:42; 13 3:16-28; 17: 8; 1Co 15:47;.. Ef 4:10). Como tal, Ele é , acima de tudo, Cristo é soberano sobre o universo em geral, e o mundo dos homens, em particular.

Em contraste, João Batista declarou-se da terra, da terra, e aquele que fala da terra. Ao contrário kosmos ("mundo"),  ( terra ) não traz implicações morais negativos; ele apenas se refere aqui para limitações humanas. A pregação de João era ousada, poderosa e persuasiva, mas ele era apenas um "homem enviado de Deus" (1: 6). Jesus, ao contrário, era Deus encarnado (1: 1, 14), e Seu testemunho da verdade era infinitamente maior do que de João (conforme 5: 33-36). Por causa da origem celestial de Jesus, Ele teve que aumentar, enquanto João teve de diminuir.

Cristo sabia a verdade em primeira mão

"O que ele tem visto e ouvido, isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho." (03:32)

Na Antiga Aliança: "Deus ... falou há muito tempo para os pais, pelos profetas" (He 1:1., Mc 1:22, Mc 1:27). "Em verdade, em verdade vos digo a você", disse Jesus a Nicodemos: "falamos do que sabemos e testemunhamos o que vimos" (03:11). Mais tarde, Ele ensinou: "Aquele que me enviou é verdadeiro; e as coisas que eu ouvi dele, estes eu falar para o mundo" (8:26). Para Seus discípulos, Ele declarou: "Todas as coisas que eu ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer" (15:15; conforme 08:40). Mesmo os inimigos de Jesus reconheceu, "Nunca um homem fala a maneira que este homem fala" (Jo 7:46).

Tragicamente, João lamentou, apesar de Jesus poderoso, autoritário proclamação da verdade, ninguém aceita o seu testemunho. Ecoando as palavras de Jesus a esse mesmo efeito (03:11; conforme 05:43; 12:37), declaração hiperbólica de João Batista enfatizou que o mundo em geral rejeita Jesus e seus ensinamentos. O apóstolo João observou que a rejeição no prólogo do seu Evangelho: "[Jesus] era a luz verdadeira que, vindo ao mundo, ilumina a todo homem, Ele estava no mundo, eo mundo foi feito por ele, eo mundo fez. O conhecem Ele veio para os Seus, e os que estavam os seus não o receberam "(1: 9-11).. "O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus", escreveu Paulo aos Coríntios, "pois lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1Co 2:14). . É porque eles estão mortos em seus delitos e pecados (Ef 2:1; Et 3:10, Et 3:12; 8:.. Et 8:2, Et 8:8, Et 8:10; Dn 6:17) como um sinal de completa aceitação e aprovação. No jargão de hoje, eles assinaram fora nele. Aqueles que têm recebido de Cristo testemunho assim certificar a sua crença de que Deus é verdadeiro quando Ele fala através de Seu Filho, como sempre (conforme Jo 17:17; Rm 3:4), e perecer eternamente (Jo 8:24).

Cristo experimentou o poder do Espírito Santo Sem Limite

"Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois Ele dá o Espírito sem medida." (03:34)

Os profetas antigos que falavam de Deus foram levados, com poderes, e inspirado pelo Espírito Santo; O próprio João Batista foi "cheio do Espírito Santo, enquanto ainda no ventre de sua mãe" (Lc 1:15).No entanto, a capacidade do Espírito para capacitá-los foi limitado por suas naturezas pecaminosas, humanos caídos. Mas Jesus Cristo, Aquele que Deus enviou (3:17, 4:34, 5:24, 30, 36-38; 6:29, 38, 39, 44, 57; 07:16, 28-29, 33; 08:16, 18, ​​26, 29, 42; 9: 4; 10:36; 11:42; 12: 44-45, 49; 13 20:14-24; 15:21; 16: 5; 17: 3, 8, 18, ​​21, 23, 25; 20:21;. Mt 10:40; Mc 9:37; Lc 4:18; Lc 10:16), infalivelmente falou as palavras de Deus , porque Deus deu o Espírito para Ele sem medida (1: 32-33; conforme Is 11:2; Is 61:1), o Pai deu a Ele autoridade suprema sobre todas as coisas na terra e no céu (Mt 11:27; 1Co 15:271Co 15:27; Ef 1:22; Fp 2:1). Essa supremacia é um indicador claro da divindade do Filho.

Afirmação da autoridade absoluta de Jesus de João demonstrou sua atitude humilde, mesmo que o seu ministério proclamação desvanecido no fundo. Tendo cumprido a sua missão nesta terra, João percebeu que seu trabalho seria logo terminou. Na verdade, não muito tempo depois, ele foi preso e decapitado por Herodes Antipas, governador da Galiléia (Mt 14:3-11.).

Mas antes que ele desapareceu de cena, João Batista deu um convite e um aviso de que formar um clímax apropriado, não só para este capítulo, mas também para todo o seu ministério. Como Moisés (Dt 11:26-28; 30: 15-20.), Josué (. Js 24:15), Elias (1Rs 18:21) e Jesus (Jo 3:18), antes dele, ele estabelecido as duas únicas opções disponíveis para os pecadores perdidos: "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece."

A bendita verdade da salvação é que aquele que crê no Filho tem a vida eterna como uma possessão presente, não apenas como uma esperança no futuro. Jesus disse: "Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida" (5:24 ; conforme 1:12; 3: 15-16; 6:47; I João 5:10-13).

Mas, por outro lado, a única que não crê no Filho não verá a vida. A justaposição de crença e desobediência é um lembrete de que o Novo Testamento retrata a crença no evangelho como obediência a Deus, um elemento essencial da fé salvadora (cf . At 6:7). Mas foi para salvar os pecadores, desamparados condenado desde que o destino terrível que Deus enviou Seu Filho para ser o Salvador do mundo (1:29; 3:17; 4:42; Mt 1:21; Rm 5:1; 1Ts 1:101Ts 1:10;. 1Jo 4:141Jo 4:14).

Desta forma, João Batista declarou claramente a soberania e supremacia de Jesus Cristo, enfatizando que somente Ele é capaz de salvar pecadores das conseqüências de sua desobediência. E o que João proclamada com os lábios, ele exemplificou com a sua vida, promovendo ativamente o ministério de Jesus, mesmo à custa de sua própria. Assim, o peso do testemunho de João ainda pode ser sentida hoje, como um aviso para os incrédulos, que eles devem se arrepender e seguir a Cristo, e como um exemplo para os crentes, que eles devem buscar a glória do Salvador, em vez de seu próprio.


Barclay

O NOVO TESTAMENTO Comentado por William Barclay, pastor da Igreja da Escócia
Barclay - Comentários de João Capítulo 3 do versículo 1 até o 36

João 3

O homem que veio de noite — Jo 3:1-6

Em geral vemos a Jesus rodeado de gente comum, mas neste caso o vemos em contato com um membro da aristocracia de Jerusalém. Sabemos algumas coisas a respeito de Nicodemos.

  1. Nicodemos deve ter sido rico. Ao Jesus morrer, Nicodemos levou para seu corpo, “cem libras de um composto de mirra e aloés” (Jo 19:39), e só um homem rico pôde ter levado isso.
  2. Nicodemos era um fariseu. Em mais de um sentido os fariseus eram a melhor gente de todo o país. Nunca havia mais de seis mil fariseus; compunham o que se conhecia com o nome de chaburah, ou irmandade. Entravam nesta irmandade fazendo um juramento diante de três testemunhas no qual prometiam passar toda sua vida observando cada um dos detalhes da Lei dos escribas.

O que significava isto exatamente? Para o judeu a Lei era a coisa mais sagrada do mundo. A Lei eram os primeiros cinco livros do Antigo Testamento. Criam que a Lei era a mais perfeita palavra de Deus. Acrescentar-lhe ou lhe tirar uma só palavra era um pecado mortal. Agora, se a Lei for a mais completa e perfeita palavra de Deus, isso significa que contém tudo o que um homem necessita para levar uma vida boa. Se não o contiver em forma explícita, deve contê-lo de maneira implícita. Se não está expresso em palavras, deve ser possível deduzi-lo.
Agora, a Lei, tal como está consta de grandes, nobres e amplos princípios que o homem deve elaborar por si mesmo. Mas para os judeus posteriores isto não era suficiente. Diziam: "A Lei é completa; contém todo o necessário para levar uma vida boa; de maneira que na Lei deve haver uma regra e uma regulação para governar todo incidente possível em todo momento possível da vida de todo homem possível". De maneira que se dedicaram a extrair dos grandes princípios da Lei um número infinito de normas e regulamentos para governar toda situação concebível da vida. Em outras palavras, mudaram a Lei dos grandes princípios pelo legalismo de leis e regulamentos laterais.
O melhor exemplo do que faziam se vê na Lei do sábado. A própria Bíblia nos diz simplesmente que devemos lembrar do sábado para santificá-lo, e que esse dia não se deve fazer nenhum trabalho, seja pelos homens, seus serventes ou seus animais. Não contentes com isso, os judeus passaram hora após hora e geração após geração definindo o que era o trabalho e fazendo listas do que se pode e não se pode fazer no dia sábado. O Mishnah é a Lei dos escribas codificada. Os escribas eram os que passavam suas vidas elaborando estas regras e regulamentos. Na Mishnah a seção dedicada ao sábado se estende em não menos de vinte e quatro capítulos. O Talmud é o comentário explicativo sobre a Mishnah, e no Talmud de Jerusalém a seção que explica a Lei do sábado ocupa sessenta e quatro colunas e meia; e no Talmud de Babilônia se estende a cento e cinqüenta e seis fólios duplos. E conta-se que um rabino passou dois anos e meio estudando um só dos vinte e quatro capítulos da Mishnah.

Faziam este tipo de coisas: atar um nó no dia de sábado era trabalhar. Mas precisamos definir o que é um nó. "Estes são os nós que tornam culpado o homem que os faz; o nó de quem conduz camelos e o dos marinheiros; e assim como se é culpado por atá-los, também é faltoso ao desatá-los". Por outro lado, os nós que podiam atar-se e desatar-se com uma só mão eram legais. Mais ainda, uma mulher pode fazer um nó em sua blusa e as cintas de seu chapéu, e as de sua faixa, os cordões dos sapatos ou sandálias, os dos couros para o vinho e o azeite".
Agora vejamos o que sucede. Suponhamos que um homem quisesse baixar um balde num poço para tirar água durante o dia sábado. Não podia lhe atar uma corda, porque fazer um nó em uma corda durante o sábado era ilegal; mas podia atá-lo à faixa de uma mulher e baixá-lo, porque um nó em uma faixa era algo legal. Esse era o tipo de coisas que para os escribas e fariseus eram questões de vida ou morte. Isso era religião; para eles isso era servir e agradar a Deus.

Tomemos o caso de alguém que viajava no sábado. Ex 16:29 diz: “Cada um fique onde está, ninguém saia do seu lugar no sétimo dia”. De maneira que as viagens no sábado se limitavam a dois mil côvados, quer dizer, 900 metros. Mas, se fosse atada uma soga que cruzasse o extremo de uma rua, toda essa rua se convertia em uma casa e qualquer homem podia caminhar uma centena de passos mais à frente do extremo dessa rua. Ou, se um homem depositava a quantidade de alimento suficiente para uma refeição na tarde da sexta-feira em um lugar determinado, tal lugar se tornava tecnicamente em sua casa e no sábado podia caminhar dois mil côvados a partir desse lugar. As regras e regulamentos e as evasões se amontoavam da centenas e milhares.

Tomemos o caso de alguém que carrega um pacote. Jeremias 17:21— 24 dizia: “Guardai-vos por amor da vossa alma, não carregueis cargas no dia de sábado”. De maneira que se fazia necessário definir o que era uma carga. Era definida como refeição que equivalha ao peso de um figo seco, a suficiente quantidade de vinho para misturar em um copo, leite suficiente para um gole, mel suficiente para pôr sobre uma ferida, a suficiente quantidade de azeite para lubrificar um membro pequeno, a suficiente quantidade de água para umedecer um curativo em um olho, e assim por diante. De maneira que era preciso decidir se uma mulher podia levar um alfinete, se um homem podia levar uma perna de pau ou dentadura postiça durante o sábado; ou fazê-lo equivaleria a levar uma carga? Podia-se levantar uma cadeira, ou até uma criatura? E assim continuavam as discussões e as regras.

Os escribas eram os que elaboravam estes regulamentos; e os fariseus eram os que dedicavam suas vidas a obedecê-los. É evidente que, por mais errado que pudesse estar um homem, deve ter sido sincero em extremo se estava disposto a prometer obediência a cada uma das milhares de regras. Isso era exatamente o que os fariseus faziam. O nome fariseu significa o separado; e os fariseus eram aqueles que se separaram de toda a vida comum para poder observar cada detalhe da Lei dos escribas.

Nicodemos era fariseu, e se vê claramente quão surpreendente é que um homem que via assim a bondade e se entregou a esse tipo de vida, convencido de que agradava a Deus, tivesse algum desejo de falar com Jesus.

  1. Nicodemos era um principal entre os judeus. A palavra é archon. Quer dizer o que era membro do Sinédrio. O Sinédrio era um tribunal de setenta membros e era a suprema corte dos judeus. Claro que, sob os romanos, seus poderes eram mais limitados do que tinham sido antes; mas apesar disso, eram extensos. O Sinédrio exercia particularmente a jurisdição religiosa sobre todos os judeus do mundo; e um de seus deveres era o de examinar e julgar a qualquer de quem se suspeitasse que era um falso profeta. Uma vez mais, resulta evidente que é algo surpreendente que Nicodemos se aproximou de Jesus.
  2. Pode ser que Nicodemos pertencesse a uma das mais distinguidas famílias judaicas. Já no ano 63 A. C, quando romanos e judeus estavam em guerra, Aristóbulo, o chefe judeu, tinha enviado a um certo Nicodemos como embaixador a Pompeu, o imperador romano. Muito tempo depois, nos espantosos últimos dias de Jerusalém, o homem que negociou a rendição do forte, foi um tal Gorion, filho do Nicomedes ou Nicodemos. Pode ser que ambos pertencessem à mesma família de nosso Nicodemos, e que fosse uma das famílias mais distintas de Jerusalém. Se isto for certo, é surpreendente que este aristocrata judeu se aproximasse desse profeta errante que tinha sido o carpinteiro de Nazaré para lhe falar sobre sua alma.

Era de noite quando Nicodemos se aproximou de Jesus. É provável que houvesse duas razões para que ocorresse dessa maneira.

  1. Pode ter sido uma medida de precaução. Pode ser que Nicodemos sinceramente não tenha querido comprometer-se e comprometer a seus companheiros do Sinédrio aproximando-se de Jesus à luz do dia. Não devemos condená-lo. O surpreendente é que Nicodemos, com seus antecedentes, aproximou-se de Jesus; era imensamente melhor ir de noite que nunca ir. É um milagre da graça que Nicodemos tenha superado seus preconceitos e sua educação e todo seu conceito da vida para aproximar-se de Jesus.
  2. Mas pode haver outra razão. Os rabinos afirmavam que o melhor momento para estudar a Lei era de noite, quando nada perturbava os homens. Durante o dia Jesus estava rodeado todo o tempo por uma multidão de gente. Pode ser que Nicodemos se aproximou de Jesus de noite porque queria estar completamente a sós com Ele e sem nenhuma interrupção. Pode ter ido de noite porque queria ter a Jesus para si mesmo em forma tal que lhe tivesse sido impossível durante as ocupadas horas do dia.

Nicodemos era um homem confundido, um homem que desfrutava de todas as honras e que, entretanto, notava que algo lhe faltava. Aproximou-se de Jesus para conversar com Ele durante a noite para que, de algum modo, na escuridão da noite, achasse luz.

O HOMEM QUE VEIO DE NOITE

João 3:1-6 (continuação)

Quando João relata as conversações que Jesus mantinha com seus interrogadores, segue certo esquema. Aqui vemos esse esquema com toda clareza. O interrogador diz algo (versículo 2). Jesus responde com uma declaração que é difícil de entender (versículo 3). O interrogador compreende mal a frase (versículo 4). Jesus responde com uma declaração que é ainda mais difícil de compreender (versículo 5). E logo seguem um discurso e uma explicação. João emprega este método ao relatar-nos as conversações que Jesus mantinha com aqueles que iam perguntar-lhe coisas, a fim de que vejamos homens que pensam as coisas e as descobrem por si mesmos e para que nós façamos o mesmo.
Quando Nicodemos se aproximou de Jesus, disse-lhe que ninguém podia evitar sentir-se impressionado pelos sinais e maravilhas que fazia. A resposta de Jesus é que o que importava verdadeiramente não eram os sinais e maravilhas; o que importava era que na vida interior de um homem se produzisse uma mudança tal que só pudesse considerar-se como um novo nascimento.
Quando Jesus disse que um homem deve nascer de novo, Nicodemos o interpretou mal, e essa interpretação errônea surge do fato de que a palavra traduzida por de novo, a palavra grega anothen, tem três significados diferentes. (1) Pode querer dizer desde o começo, por completo, radicalmente. (2) Pode significar de novo, no sentido de pela segunda vez. (3) Pode significar de acima, e, portanto, de Deus. É-nos impossível expressar estes três significados em uma só palavra; e entretanto, os três estão presentes na frase nascer de novo. Nascer de novo significa experimentar uma mudança tão radical que é como um novo nascimento; é como se à alma acontecesse algo que só pode descrever-se como voltar a nascer de novo por completo; e todo esse processo não é um lucro humano, porque provém da graça e o poder de Deus.

Quando lemos o relato e as palavras de Nicodemos, à primeira vista pareceria ter tomado o termo de novo na segunda acepção, e no mais estrito sentido literal. Como pode um homem —disse— voltar a entrar no ventre de sua mãe e nascer pela segunda vez quando já é velho? Mas há algo mais que isso na resposta do Nicodemos. Em seu coração havia um grande desejo insatisfeito. É como se Nicodemos tivesse dito, com um desejo infinito, ansioso: "Você fala de nascer de novo; fala a respeito desta mudança radical, fundamental, que é tão necessário. Eu sei que é necessário: mas em minha experiência é não menos impossível. Não há nada que queria obter mais que isso; mas é o mesmo que você me dissesse, um homem adulto, que entrasse no ventre de minha mãe e nascesse de novo." Não era o caráter desejável desta mudança o que Nicodemos questionava; isso o sabia muito bem; o que questionava era sua possibilidade. Nicodemos se encontra diante do eterno problema: o problema do homem que quer mudar e que não pode efetuar essa mudança por si mesmo.

Esta frase nascer de novo, esta idéia do renascimento, aparece ao longo de todo o Novo Testamento. Pedro fala do Deus que nos fez renascer a uma viva esperança (1Pe 1:3); fala de renascer não de semente corruptível, mas incorruptível (1 Ped. 1:22-23). Tiago fala de Deus que nos faz renascer pela palavra da verdade (Jc 1:18). A Epístola a Tito fala do lavar regenerador (Tt 3:5). Às vezes se faz referência a esta mesma idéia como a uma morte, seguida por uma ressurreição ou recriação. Paulo fala do cristão como alguém que morre com Cristo e ressuscita para a nova vida (Rom. 6:1-11). Refere-se àqueles que logo entraram na 1greja como meninos em Cristo (I Coríntios 3:1-2). Se alguém estiver em Cristo é como se tivesse sido criado de novo (2Co 5:17). Em Cristo há uma nova criação (Gl 6:15). O novo homem é criado segundo Deus na justiça (Efésios 4:22-24). A pessoa que está nos primeiros rudimentos da fé cristã é um menino (Hebreus 5:12-14). Ao longo de todo o Novo Testamento aparece esta idéia de renascimento, recriação.

Agora, de nenhum ponto de vista se trata de uma idéia que fosse estranha a quem a escutasse na época do Novo Testamento. Os judeus sabiam tudo sobre o renascimento. Quando um prosélito se incorporava ao judaísmo, quando um homem de outra fé se tornava judeu, uma vez que fosse aceito dentro do judaísmo, mediante a oração, o sacrifício e o batismo, considerava-se que tinha renascido. "Um prosélito que abraça o judaísmo", diziam os rabinos, "é como um menino recém-nascido". A mudança era tão radical que desapareciam todos os pecados que tinha cometido antes de sua recepção, visto que agora era outra pessoa. Até se sustentava, em um nível teórico, que esse homem podia casar-se com sua própria mãe ou irmã porque era uma pessoa completamente nova e todas as relações anteriores ficavam destruídas.

O judeu conhecia a idéia do renascimento. O grego conhecia a idéia do renascimento e a conhecia muito bem. A manifestação religiosa mais autêntica dos gregos nesta época eram as religiões dos mistérios. Todas as religiões dos mistérios se apoiavam no relato de algum deus que sofria, morria e ressuscitava. Este relato era representado como uma peça de teatro da paixão. O iniciado tinha que passar por um longo curso de preparação, instrução, ascetismo e jejum. Logo se representava o drama com música voluptuosa, um ritual maravilhoso, incenso e tudo o que pudesse exercer alguma influência sobre os sentidos. À medida que avançava a representação, o objetivo do adorador era fazer-se um com o deus, identificar-se com ele, de maneira tal que pudesse passar por todos os sofrimentos do deus e pudesse compartilhar sua vitória e sua vida divina. As religiões dos mistérios ofereciam uma união mística com algum deus. Quando se alcançava essa união, o iniciado era, segundo a linguagem dos mistérios um nascido de novo. Os mistérios fechados contavam entre suas crenças fundamentais: "Não pode haver salvação sem regeneração". Apuleyo, que passou pelo rito de iniciação, disse que tinha experimentado uma "morte voluntária", e que assim alcançou seu "nascimento espiritual" e era como se "tivesse renascido".

Muitas das iniciações dos mistérios se celebravam à meia-noite quando o dia morre e volta a nascer. Na Frígia, depois da iniciação, alimentava-se o iniciado com leite como se fosse um menino recém— nascido. O mundo antigo conhecia muito bem o renascimento e a regeneração. Desejava-o e o buscava em todas as partes. A mais famosa das cerimônias dos mistérios era o taurabolium. O candidato ficava em um poço. Sobre a boca do poço ficava uma tampa gradeada. Sobre esta tampa se matava um touro, degolando-o. O sangue caía e o iniciado levantava a cabeça e se banhava no sangue: lavava-se em sangue; e quando saía do poço era um renatus ad aeternum, renascido para toda a eternidade. Quando o cristianismo veio ao mundo com uma mensagem de renascimento, trazia justamente o que todo mundo estava procurando.

O que significa, então, este renascimento para nós? No Novo Testamento, e em especial no quarto Evangelho, há quatro idéias muito relacionadas entre si. Existe a idéia do renascimento; existe a idéia do Reino de Deus, ao qual o homem não pode entrar a menos que tenha renascido; existe a idéia de ser filhos de Deus: e existe a idéia da vida eterna. Esta idéia de renascer não é privativa do pensamento do quarto Evangelho. Em Mateus temos a mesma verdade fundamental expressa em forma mais simples e vivida: “Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mt 18:3). Estas três idéias estão sustentadas por um pensamento comum.

NASCIDO DE NOVO

João 3:1-6 (continuação)

Comecemos com a idéia do Reino de Deus. O que significa o Reino de Deus? A melhor definição nós a encontramos no Pai Nosso. Há duas petições, uma junto à outra:

Venha o teu reino;

Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu.

Agora, é próprio do estilo judeu repetir as coisas duas vezes, e a segunda forma de dizer uma coisa explica, amplia, repete de maneira distinta o que foi dito primeiro. Qualquer versículo dos Salmos nos mostra este costume judaico que se conhece com o nome técnico de paralelismo:

O SENHOR dos exércitos está conosco;

o Deus de Jacó é o nosso refúgio (Sl 46:7).

Porque eu conheço minhas transgressões,

E o meu pecado está sempre diante de mim (Sl 51:3).

Ele me faz repousar em pastos verdejantes.

Leva-me para junto das águas de descanso (Sl 23:2).

Agora apliquemos esse principio a estas duas petições do Pai Nosso; a segunda petição amplia, explica, desenvolve a primeira; logo chegamos à definição: O Reino de Deus é uma sociedade onde a vontade de Deus se cumpre com tanta perfeição na terra como o é no céu. Portanto, estar no Reino dos céus significa levar uma vida em que submetemos tudo, completa e voluntariamente, à vontade de Deus. Significa ter chegado a um ponto em que aceitamos a vontade de Deus total, completa e perfeitamente.

Agora vamos à idéia de ser filhos de Deus. Em um sentido, ser filhos de Deus é um enorme privilégio. Àqueles que crêem lhes dá o poder de se tornarem filhos (Jo 1:12). Mas a essência do fato de ser filhos é necessariamente a obediência. “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama” (Jo 14:21). A essência do ser filhos de Deus é o amor; e a essência do amor é a obediência. Não podemos dizer com sinceridade que amamos a alguém, e logo fazer coisas que ferem e machucam o coração dessa pessoa. O ser filhos de Deus é um privilégio, mas um privilégio ao que se tem acesso só quando se oferece uma obediência total. Assim chegamos a compreender que o ser filhos de Deus e estar no Reino são uma e a mesma coisa. O filho de Deus e o habitante do Reino são pessoas que aceitaram a vontade de Deus de maneira total, completa, voluntária e definitiva.

Vejamos agora a idéia da vida eterna. A idéia central que está por trás da vida eterna não é a de duração. É muito evidente que uma vida que durasse para sempre poderia ser tanto um céu como um inferno. A idéia que está por trás da vida eterna é a de uma certa qualidade, um tipo determinado de vida. Que tipo de vida? Só há uma pessoa a quem se pode descrever com justiça com o adjetivo eterno (aionios) e essa única pessoa é Deus. A vida eterna é o tipo de vida que Deus vive; é a vida de Deus. Penetrar na vida eterna significa entrar em posse desse tipo de vida que é a vida de Deus. Significa elevar-se por cima das coisas meramente humanas, temporários, passageiras, fugazes, para essa alegria e essa paz que pertencem unicamente a Deus. E é evidente que um homem só pode alcançar esta comunhão e relação íntima com Deus quando lhe entrega esse amor, essa reverência, essa devoção, essa obediência que o põem verdadeiramente em comunhão com Deus.

De maneira que aqui temos três grandes concepções que estão relacionadas entre si: a concepção da entrada ao Reino de Deus, a concepção do caráter de filhos de Deus e a concepção da vida eterna. E todas dependem e resultam da aceitação e a obediência perfeitas à vontade de Deus. É justamente aqui onde aparece a idéia de renascer. O que une estas três concepções é a idéia do renascimento. É indubitável que, tal como somos e com nossas próprias forças, somos incapazes de oferecer esta obediência perfeita a Deus; só quando a graça de Deus nos invade e toma posse de nós e nos muda é que podemos brindar a Deus a reverência e a devoção que devemos lhe oferecer. Jesus Cristo é quem pode operar a mudança em nós; através dele é como renascemos; quando Ele toma posse de nossos coração e de nossa vida se produz a mudança.

Quando isso acontece nascemos da água e do Espírito. Aqui há dois pensamentos. A água é o símbolo da purificação. Quando Jesus toma posse de nossa vida, quando o amamos com todo o coração, os pecados passados são perdoados e esquecidos. O Espírito é o símbolo do poder. Quando Jesus toma posse de nossa vida não se trata somente de que se esqueça e perdoe o passado; se isso fosse tudo, poderíamos voltar outra vez a arruinar nossa vida; mas entra neste vida um poder novo que nos permite ser o que jamais poderíamos ser por nossos próprios meios, e fazer o que não poderíamos fazer por nós mesmos. A água e o Espírito simbolizam o poder purificador e fortalecedor de Cristo, que poda o passado e nos concede a vitória no futuro.

Por último, João nesta passagem estabelece uma lei fundamental. O que nasce da carne é carne e o que nasce do Espírito é Espírito. O homem por si mesmo é carne, e com seu poder está limitado ao que pode fazer a carne. Por si mesmo não pode sentir-se mais que vencido e frustrado; isso nós sabemos muito bem; é o fato universal da experiência humana. Mas a própria essência do Espírito é o poder e a vida que estão além de todo poder e vida humanos; e quando o Espírito se apodera de nós faz o que só ele pode fazer e a vida vencida da natureza humana se transforma na vida triunfante de Deus.
Voltar a nascer significa mudar de tal maneira que só pode descrever-se como um renascimento e uma recriação. A mudança se produz quando amamos a Cristo e lhe damos entrada em nossos corações. Nesse momento nos perdoa o passado e nos prepara para o futuro. A partir de então podemos aceitar autenticamente a vontade de

Deus. E então nos convertemos em cidadãos do Reino; nos tornamos filhos de Deus; entramos na vida eterna, que é a própria vida de Deus.

O DEVER DE SABER E O DIREITO DE FALAR

João 3:7-13

Há dois tipos de incompreensão. Existe a incompreensão do homem que não compreende porque ainda não chegou ao nível de conhecimento e experiência em que pode compreender a verdade. E há a incapacidade genuína para entender, incapacidade que é o resultado inevitável da falta de conhecimento. Quando um homem está neste estado é nosso dever lhe explicar as coisas de tal maneira que seja capaz de compreender o conhecimento que lhe oferece. Mas há uma incapacidade para compreender que obedece ao não querer fazê-lo; há uma incapacidade de ver que provém da negativa de ver.
Um homem pode fechar voluntariamente sua mente a alguma verdade que não deseja ver; pode ser resistente a propósito a um ensino que não quer aceitar. Nicodemos pertencia a este tipo de homens. O ensino a respeito de um novo nascimento proveniente de Deus não devia lhe parecer estranho.

Ezequiel, por exemplo, falou muitas vezes sobre o novo coração que deve criar-se no homem. “Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes e criai em vós coração novo e espírito novo; pois, por que morreríeis, ó casa de Israel?” (Ez 18:31). “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo” (Ez 36:26). Nicodemos era conhecedor das Escrituras e os profetas tinham falado qui e ali a respeito da mesma experiência a que Jesus se referia.

Alguém que não deseja renascer, interpretará mal, voluntariamente, o que significa o renascimento. Alguém que não deseja mudar fechará seus olhos, sua mente e seu coração ao poder que pode mudá-lo. Em última instância, o que acontece com a maioria de nós é que, quando

Jesus vem com seu oferecimento de nos mudar e recriar-nos, se fôssemos honestos, responderíamos: "Não, obrigado; estou muito satisfeito comigo mesmo tal qual sou, e não quero que me mudem".

Mas Nicodemos encontrou outra defesa. Disse, em efeito: "Este renascimento ao qual te referes talvez seja possível, mas não posso compreender como acontece, e o que ocorre depois". A resposta de Jesus se explica pelos dois significados da palavra grega pneuma, que se traduz por espírito. Pneuma é a palavra que significa espírito, mas também se emprega para designar o vento. O mesmo acontece com a palavra hebréia ruach; também significa espírito e vento.

De maneira que Jesus disse a Nicodemos: "Você pode ouvir, ver e sentir o vento (pneuma); mas não você sabe de onde vem nem para onde vai; você pode não entender como e por que sopra o vento; mas você pode ver o que ele faz. Você pode não compreender de onde veio um furacão e para onde vai, mas você pode ver a seqüela de campos arrasados e de árvores caídas que deixa para trás. Há muitas coisas sobre o vento que possivelmente você não entenda; mas todos podemos ver o efeito do vento. Da mesma maneira", prosseguiu Jesus, "o Espírito (pneuma) é exatamente igual. Você pode não saber como trabalha o Espírito; mas você pode ver seu efeito nas vidas dos homens". Jesus disse: "Não estamos falando de uma questão acadêmica, teórica. Estamos falando de coisas que conhecemos e que vimos. Podemos apontar um homem após outro que foi recriado, que renasceu pelo poder, pelo efeito e pela obra do Espírito".

O Dr. John Hutton estava acostumado a falar de um operário que tinha sido um ébrio consuetudinário e se converteu. Seus colegas de trabalho fizeram todo o possível por fazê-lo sentir como um tolo. Sem dúvida, diziam-lhe, "você não pode crer em milagres e coisas por estilo. Certamente você não crê, por exemplo, que Jesus converteu a água em vinho". "Não sei", respondeu o homem, "se converteu à água em vinho quando estava na Palestina, mas o que sim sei é que em minha própria casa Ele converteu a cerveja em móveis".
Há neste mundo quantidade de coisas que usamos todos os dias sem saber como funcionam. Muito poucos entre nós sabem como funciona a eletricidade, a rádio ou o televisor; mas nem por isso negamos sua existência. Muitos de nós dirigimos um carro com um mínimo de conhecimentos a respeito do que ocorre debaixo do capô; mas nossa falta de conhecimento não nos impede de usar e gozar dos benefícios que nos proporciona o carro. Podemos não compreender como trabalha o Espírito; mas qualquer um pode comprovar o efeito do Espírito na vida dos homens; e o único argumento incontestável do cristianismo é uma vida cristã. Nenhum homem pode negar uma religião, uma fé e um poder que podem converter homens maus em justos.
De maneira que Jesus disse a Nicodemos: "Procurei simplificar as coisas para você; empreguei imagens humanas singelas, tiradas da vida cotidiana; e você não compreendeu. Como pode você compreender as coisas mais profundas, se até as mais singelas estão fora de seu alcance?"
Aqui há uma advertência para cada um de nós É fácil sentar-se em grupos de discussão, sentar-se em uma biblioteca e ler livros, é fácil discutir a verdade intelectual do cristianismo; mas o essencial é experimentar o poder do cristianismo. E é fatalmente fácil começar pelo extremo equivocado. É tragicamente fácil ver o cristianismo como algo que se deve discutir e não como algo que é necessário experimentar. Sem dúvida é importante ter uma compreensão intelectual dos pontos gerais da verdade cristã; mas é muito mais importante ter uma experiência vital, viva, do poder de Jesus Cristo.
Quando um homem segue um tratamento indicado por um médico, quando tem que operar-se, quando lhe dá algum remédio, não precisa conhecer a anatomia do corpo humano, o efeito científico da anestesia, a forma em que opera a droga em seu corpo para curá-lo. Noventa e nove por cento dos homens aceitam a cura sem ser capazes de dizer como aconteceu. Em um sentido, o cristianismo também é assim. No coração do cristianismo há um mistério, mas não é o mistério da compreensão intelectual; é o mistério da redenção.

Ao ler o quarto Evangelho se apresenta uma dificuldade. É a dificuldade de discernir quando terminam as palavras de Jesus e quando começam as do autor. João pensou nas palavras de Jesus durante tanto tempo que, em forma insensível, passa delas a seus próprios pensamentos sobre essas palavras. É quase certo que as últimas palavras desta passagem pertencem a João. É como se alguém perguntasse: "Tudo isto que Jesus está dizendo pode ser certo ou não; mas que direito tem de dizê-lo? Que garantia temos de que seja certo?" A resposta de João é simples e profunda. "Jesus", diz, "baixou do céu para nos dizer a verdade de Deus. E, quando viveu com os homens e morreu por eles, voltou para sua glória". João sustentava que o direito que Jesus tinha de falar provinha do fato de que conhecia pessoalmente a Deus, que Jesus tinha vindo diretamente do oculto do céu à Terra, que o que dizia aos homens era literalmente a verdade divina. O direito de Jesus de falar vem diretamente do que Jesus foi e é: a mente de Deus encarnada.

O CRISTO LEVANTADO

João 3:14-15

Aqui João se remonta a uma curiosa história do Antigo Testamento que relatada em Números 21:4-9. Durante sua viagem através do deserto, o povo de Israel murmurava e se queixava de ter saído do Egito. Para castigá-los, Deus lhes mandou uma praga de serpentes ardentes e letais. O povo se arrependeu e clamou por misericórdia, e Deus ordenou ao Moisés que fizesse uma serpente de bronze e a pusesse no meio do lugar onde estavam, sobre um haste; qualquer que olhasse à serpente se salvaria e viveria. Esse relato impressionava muito aos israelitas. Contavam como, em tempos posteriores, essa serpente de bronze se converteu numa imagem e num ídolo, e como nos tempos de Ezequias precisou ser destruída porque o povo a adorada (2Rs 18:4). Os judeus sempre se sentiram um pouco intrigados e perplexos com este incidente, visto que eles tinham absolutamente proibido fazer imagens. Os rabinos lhe davam a seguinte explicação: "Não era a serpente que matava e dava vida. Israel olhava, e enquanto Moisés mantinha a serpente no alto, criam naquele que lhe tinha ordenado agir dessa maneira. Era Deus quem os curava." O poder curador não estava na serpente de bronze. Esta não era mais do que um símbolo e um indicador que os fazia voltar a dirigir seu pensamento para Deus; e quando voltavam seus pensamentos para Deus, ficavam curados.

De maneira que João tomou essa velha história e a usou como tipo, como profecia e como uma espécie de parábola a respeito de Jesus. Diz: "A serpente foi levantada; os homens a olharam; e seus pensamentos se dirigiram a Deus; e, mediante o poder desse Deus em quem confiavam, foram curados. Assim Cristo deve ser levantar; e quando os homens dirijam seus pensamentos para Ele e creiam nele, eles também encontrarão a vida eterna e a salvação".
Há algo maravilhosamente sugestivo nisto. O verbo levantar ou elevar é hupsoun. O estranho a respeito desta palavra é que é usada em dois sentidos a respeito de Jesus. É usada quando se fala de que foi elevado à cruz. E é usada quando se diz que no momento de sua ascensão ao céu foi elevado à glória. É usada com referência à cruz em Jo 8:28; Jo 12:32. A respeito de sua ascensão à glória é usada em At 2:30; At 5:31; Fp 2:9. Houve uma dupla elevação na vida de Jesus: a elevação à cruz, e a elevação à glória. E ambas estão estreitamente relacionadas. Uma não pôde ter acontecido sem a outra. Para Jesus, a cruz era o caminho à glória; se tivesse rechaçado a cruz, se a tivesse evitado, se tivesse tomado alguma medida para escapar dela, como bem poderia tê-lo feito, não teria recebido nenhuma glória. O mesmo acontece conosco. Se quisermos, podemos escolher o caminho fácil; se quisermos, podemos rechaçar a cruz que todo cristão deve carregar; mas se o fazemos, perdemos a glória. É uma das leis inalteráveis da vida que se não há cruz, não há coroa.

Nesta passagem temos duas expressões cujos significados devemos analisar. Não podemos extrair todo o significado que encerram porque ambas significam mais do que jamais poderemos descobrir; mas devemos tentar compreender ao menos uma parte do que significam.

  1. A primeira frase é a que fala de crer em Jesus. O que significa essa frase? Quer dizer pelo menos três coisas.
  2. Significa crer de todo o nosso coração que Deus é como Jesus disse que era. Significa crer que Deus nos ama, crer que se importa conosco, crer que não há nada que Deus deseje mais que nos perdoar, crer que Deus é amor. Para um judeu não resultava fácil crer nisso.

O judeu via Deus fundamentalmente como um Deus que impunha suas leis sobre seu povo e que os castigava se as desobedeciam. O judeu via Deus como o Juiz e o homem como o réu no tribunal de Deus. O judeu via Deus como um ser exigente. Tratava-se de um Deus que exigia sacrifícios e ofertas. Para ter acesso à presença de Deus, o homem devia pagar o preço estipulado por Ele. Era difícil pensar em Deus, não como um juiz que estava esperando impor um castigo, nem como um capataz à espreita, mas sim como um Pai cujo desejo mais íntimo era obter que seus filhos errantes voltassem para seu seio. Custou a vida e morte de Jesus dizer isso aos homens. E não podemos nem sequer começar a ser cristãos se não cremos nisso de todo o coração.

  1. Jesus disse isso, mas que direito tinha para dizê-lo? Como podemos estar certos de que sabia do que estava falando? Que garantia temos de que essa maravilhosa boa nova é verdade? Soa muito bonito para ser verdade. Que prova temos de que é verdade? Aqui chegamos ao segundo articulo de fé. Devemos acreditar que em Jesus está a mente de Deus, Devemos crer que Jesus conhecia tão bem a Deus, que estava tão perto de Deus, que era até tal ponto um com Deus, que podia nos dizer a verdade absoluta sobre seu Pai. Devemos ter certeza de que Jesus sabia do que estava falando, e que disse a verdade sobre Deus, porque a mente de Deus estava nele.
  2. Mas a crença tem um terceiro elemento. Cremos que Deus é um Pai amante. Cremos que isto é verdade porque cremos que Jesus não é outro que Aquele a quem unicamente se pode chamar Filho de Deus, e que portanto o que diz a respeito de Deus é verdade. Então intervém este terceiro elemento. Devemos apostar tudo no fato de que o que Jesus diz é verdade. Seja o que disser, devemos fazê-lo; quando ordena algo, devemos obedecer. Quando nos diz que nos entreguemos sem reservas à misericórdia de Deus, devemos fazê-lo. No que se refere à ação, devemos tomar a Jesus ao pé da letra. Até a mais ínfima ação da vida deve ser realizada em obediência indisputável a Jesus. De maneira que a crença consta destes três elementos: crença em que Deus é o pai amoroso, a crença em que Jesus é o Filho de Deus e que portanto diz a verdade a respeito de Deus e da vida, obediência indisputável e sem hesitações a Jesus, uma vida vivida na certeza de que o que Jesus diz é verdade.
  3. A segunda frase importante é vida eterna. Já vimos que a vida eterna é a vida do próprio Deus. Mas nos perguntemos: se temos a vida eterna, o que é o que temos em nosso poder? Ter a vida eterna muda todas as relações da vida. Todas as relações da vida se vêem envoltas em paz.
  4. Dá-nos paz com Deus. Já não trememos diante de um rei tirânico nem buscamos nos esconder de um juiz severo. Sentimo-nos cômodos com nosso Pai.
  5. Dá-nos paz com os homens. Se fomos perdoados, devemos perdoar. Permite-nos ver os homens como Deus os vê. Converte-nos e a todos os homens em uma grande família unida no amor.
  6. Dá-nos paz com a vida. Se Deus for Pai, está reunindo todas as coisas para o bem. Lessing acostumava dizer que se pudesse formular uma só pergunta à Esfinge, que sabe tudo, seria: "É este um universo amigável?" Quando crêem que Deus é Pai, também crêem que a mão de um pai jamais causará uma lágrima desnecessária a seu filho. Possivelmente não consigamos compreender melhor a vida, mas já não estaremos ressentidos.
  7. Proporciona-nos paz conosco mesmos. Em última instância, um homem teme mais a si que a qualquer outra coisa. Conhece sua própria debilidade; conhece a força de suas tentações; conhece suas tarefas e as exigências da vida. Mas agora sabe que enfrenta tudo isto junto a Deus. Não é ele quem vive, mas sim é Cristo quem vive nele. Há em sua vida uma paz apoiada na fortaleza.
  8. Dá-lhe a segurança de que a maior das alegrias da Terra não é mais que um adiantamento da alegria que virá; que a paz mais profunda que existe sobre a Terra não é mais que uma sombra da paz última que virá. Dá-lhe uma esperança, uma meta, um fim, para o qual se dirige. Dá-lhe uma vida de glorioso assombro na Terra e, entretanto, ao mesmo tempo, uma vida em que o melhor ainda está por chegar.

O AMOR DE DEUS

Jo 3:16

Todos os grandes homens tiveram seus textos favoritos; mas este texto foi denominado "O texto de todos". Aqui está, para todos os corações simples, a própria essência do evangelho.
Este texto nos diz certas coisas muito importantes.
(1) Diz-nos que a origem e a iniciativa de toda salvação se encontram em Deus. Às vezes se apresenta o cristianismo de maneira tal que pareceria que tem que apaziguar a Deus, como se tivéssemos que convencê-lo a perdoar. Em algumas ocasiões os homens falam como se quisessem pintar uma imagem de um Deus severo, iracundo, que não perdoa, legalista; e um Jesus amoroso, gentil, que perdoa tudo. Às vezes alguns apresentam a mensagem cristã de tal maneira que soa como se Jesus tivesse feito algo que mudou a atitude de Deus para com os homens, da condenação ao perdão. Mas este texto nos diz que tudo começou em Deus. Foi Deus quem enviou a seu Filho, e o enviou porque amava os homens. Por trás de todas tas coisas está o amor de Deus.

  1. Diz-nos que a essência do ser de Deus é o amor. É fácil pensar que Deus olha os homens em sua desobediência e rebeldia e diz: "Vou destroçá-los, humilhá-los, flagelá-los, discipliná-los, castigá-los e os açoitarei até que retornem."

É fácil pensar que Deus procura a submissão dos homens para satisfazer seu desejo de poder, ou seu desejo do que poderiamos chamar um universo completamente submisso. Mas o tremendo deste texto é que mostra a Deus agindo, não para seu próprio benefício, e sim para o nosso. Deus não agiu para satisfazer seu desejo de poder. Não agiu para criar um universo submisso. Ele o fez para satisfazer seu amor. Deus não é como um monarca absoluto que trata cada homem como um súdito ao que se deve reduzir a uma abjeta obediência. Deus é o Pai que não pode sentir-se feliz enquanto seus filhos extraviados não tenham voltado para casa. Deus não submete os homens pela força; suspira por eles e os conquista apaixonando-os.

  1. Fala-nos da amplitude do amor de Deus. O que Deus amou tanto foi o mundo. Não se tratava de um país nem da gente boa; não eram somente aqueles que o amavam, mas o mundo. Os que não eram amados e os não amáveis; os solitários que não têm a ninguém que os ame; o homem que ama a Deus e o que jamais pensa nele; o homem que descansa no amor de Deus e o homem que zomba dele: todos estão incluídos neste vasto amor inclusivo, o amor de Deus. Como disse Agostinho: "Deus ama cada um de nós como se não houvesse nenhum outro a quem amar".

AMOR E JUÍZO

João 3:17-21

Aqui nos deparamos com um dos aparentes paradoxos do quarto Evangelho: a paradoxo do amor e o juízo. Acabamos de pensar no amor de Deus, e de repente nos deparamos com o juízo, a condenação e a convicção. João acaba de dizer que foi porque Deus amou tanto o mundo que enviou seu Filho a esse mundo. Mais adiante mostrará a Jesus dizendo: “Eu vim a este mundo para juízo” (Jo 9:39).

Como podem as duas coisas ser verdade?
É possível oferecer a um homem uma experiência que só consta de amor, e que essa experiência resulte em juízo. É possível oferecer a um homem uma experiência cujo único objetivo é produzir alegria e bem— estar, e entretanto, que essa experiência se torne em juízo e condenação.
Suponhamos que amamos a música séria; suponhamos que nos aproximamos mais a Deus no trovejar de uma grande sinfonia que em qualquer outra circunstância. Suponhamos que temos um amigo que não sabe nada a respeito dessa música. Suponhamos que queremos introduzir este amigo nessa experiência fundamental; queremos compartilhá-la com ele; queremos oferecer-lhe este contato com a beleza invisível que nós experimentamos. Nosso único fim é dar a esse amigo a felicidade de uma experiência nova. Levamo-lo a um concerto onde se executa uma sinfonia; e em pouco tempo começa a mover-se e a olhar a seu redor, dando sinais de uma absoluta falta de interesse e, além disso, de aborrecimento. Esse amigo emitiu um juízo sobre si mesmo; não tem nenhuma musicalidade na alma. A experiência que estava destinada a produzir-lhe uma felicidade nova se converteu em um juízo. Isto sempre acontece quando pomos um homem diante da grandeza.
Podemos levar alguém a ver uma obra de arte; podemos levá-lo a ouvir um príncipe dos pregadores; podemos dar-lhe um livro que é um alimento espiritual; podemos levá-lo a contemplar alguma beleza. Sua reação é um juízo. Se não vê nenhuma beleza e não experimenta nenhuma emoção, sabemos que tem um ponto cego em sua alma.
Conta-se que um empregado estava mostrando uma galeria de arte a um visitante. Nessa galeria havia algumas obras de arte que estavam além de qualquer preço, obras de beleza eterna e de gênio indisputável. No fim da visita, o visitante disse: "Bom, suas velhas pinturas não merecem que eu dê uma opinião muito alta". O empregado respondeu com calma: "Senhor, queria lembrar-lhe que estes quadros já não estão em tela de juízo, mas sim o estão os que os olham". Tudo o que tinha feito a reação do homem era demonstrar sua própria lamentável cegueira.
O mesmo ocorre com Jesus. Se, quando um homem se depara com Jesus, sua alma se eleva como em um torvelinho a essa maravilha e beleza, está no caminho da salvação. Mas se ao defrontar-se com Jesus não vê nada belo, está condenado. Sua reação o condenou. Deus enviou a Jesus com amor. Enviou-o para a salvação desse homem. Mas não é Deus quem condenou a esse homem; ele se condenou a si mesmo.
O homem que reage frente Jesus de maneira hostil, preferiu as trevas à luz. O que resulta terrível em uma pessoa realmente boa é que sempre tem em seu interior algum elemento inconsciente de condenação. Quando nos defrontamos com Jesus nos vemos tal qual somos.
Alcibíades, o gênio malcriado de Atenas, era companheiro do Sócrates, mas de vez em quando costumava reprová-lo: "Sócrates, eu o odeio, porque cada vez que o encontro, faz-me ver o que sou". O homem que embarcou em uma tarefa má não quer que se derrame luz sobre essa tarefa nem sobre si mesmo. Mas o homem que está comprometido em algo honorável não se preocupa nem teme a luz.
Conta-se que uma vez um arquiteto se aproximou de Platão e se ofereceu para construir uma casa, por uma determinada soma de dinheiro, e em nenhuma das habitações seria possível ver. Platão lhe disse: "Eu lhe darei o dobro de dinheiro para que construa uma casa em cujas habitações todos possam ver". Só quem age mal não quer ver-se a si mesmo, nem quer que nenhum outro o veja. Esse tipo de homem odiará inevitavelmente a Jesus Cristo, porque Cristo lhe mostrará o que é, e isso é a última coisa que quer ver. O que ama é a escuridão que oculta, não a luz que revela.
Através de sua reação frente Cristo, o homem se revela. Sua reação ante o Jesus Cristo deixa sua alma ao descoberto. S olhe a Cristo com amor, até com ansiedade, há esperanças, mas se não ver nada formoso em Cristo, condenou-se a si mesmo. Aquele que foi enviado em amor se converteu para ele em juízo.

UM HOMEM SEM INVEJA

João 3:22-30

Já vimos que parte do propósito do autor do quarto Evangelho era assegurar-se de que João Batista recebesse o seu lugar exato como precursor de Jesus, mas não um lugar que fosse além disso. Havia ainda aqueles que estavam dispostos a chamar João de mestre e senhor; o autor do quarto Evangelho quer mostrar que João ocupava um lugar elevado, mas que o lugar superior estava reservado só para Jesus. E também quer mostrar que o próprio João jamais alimentou nenhuma outra idéia senão a de que Jesus ocupava o lugar supremo. É por isso que o autor do quarto Evangelho nos mostra a superposição do ministério de João e o de Jesus. Os Evangelhos sinóticos são diferentes: Mc 1:14 nos diz que depois que João foi encarcerado, Jesus começou o seu ministério. Não há necessidade de discutir qual dos relatos está coreto do ponto de vista histórico. O mais provável é que o quarto Evangelho faça sobrepor os dois ministérios para mostrar com toda clareza, mediante o contraste, a supremacia de Jesus.

Há algo que é indubitável: esta passagem nos mostra a beleza da humildade de João Batista Era evidente que o povo estava abandonando a João para seguir a Jesus. Os discípulos de João se sentiam preocupados com este fato. Não lhes agradava ver seu mestre sentar-se no último assento e ocupar um segundo lugar. Não lhes agradava ver que ficava abandonado, enquanto as multidões foram ver e ouvir o novo mestre.
Para João teria sido fácil, em resposta a suas queixas, sentir-se ferido, abandonado e injustamente esquecido. Em algumas ocasiões, a compaixão de um amigo pode ser o pior que nos pode acontecer. Pode nos fazer sentir pena de nós mesmos e nos estimular a crer que não nos tratou com justiça. Mas João estava acima disso. Disse três coisas a seus discípulos.

  1. Disse-lhes que jamais tinha esperado outra coisa. Disse-lhes que, de fato, tinha-lhes assegurado que ele não ocupava a primeira posição mas sim o tinha enviado como um mero arauto, alguém que anuncia, o precursor e preparador do caminho para o maior que havia que vir. A vida seria muito mais fácil se houvesse mais gente disposta a desempenhar o papel secundário e subordinado.

Há tanta gente que procura coisas importantes para fazer... João não era assim. Sabia muito bem que Deus lhe tinha atribuído um lugar secundário e uma tarefa subordinada. Nos evitaríamos muitos ressentimentos e desgostos se nos déssemos conta de que há certas coisas que não são para nós, e se aceitássemos de todo coração, e fizéssemos com todas nossas forças, a tarefa que Deus nos atribuiu.
Fazer uma tarefa secundária para Deus, converte-a em uma grande tarefa. Como o expressou Mrs. Browning: "Todo serviço tem o mesmo valor para Deus". Qualquer trabalho feito para Deus é, necessariamente, um grande trabalho.

  1. Disse-lhes que ninguém pode receber mais que o que Deus lhe deu. Se o novo mestre estava ganhando mais discípulos e seguidores não era porque os estivesse roubando de João, mas sim porque Deus os estava dando a ele.

Havia um ministro americano chamado Spence; em uma época foi popular e sua Igreja estava sempre cheia, mas à medida que os anos passavam povo gente começou a ir embora. Tinha chegado um novo ministro à Igreja da frente, que atraía multidões. Uma tarde houve uma reunião muito pequena na 1greja do Dr. Spence. O ministro olhou a seu pequeno rebanho. "Onde foram todas as pessoas?" perguntou. Houve um silêncio embaraçoso; depois um de seus auxiliares disse: "Creio que foram à Igreja da frente para ouvir o novo pastor". O Dr. novo ficou em silencio durante um momento; depois sorriu. "Bom", disse, "então creio que devemos segui-los". E desceu do púlpito e conduziu os seus paroquianos à outra Igreja.
Quantas invejas, quantas desgostos, quanto ressentimento poderíamos evitar se nos limitássemos a recordar que o êxito de nosso próximo é dado por Deus, e se aceitássemos o veredicto e a escolha de Deus.

  1. Por último, João emprega uma imagem muito viva que qualquer judeu podia reconhecer, porque pertencia à tradição do pensamento judaico. Jesus chamou-se a si mesmo o marido e o amigo do marido. Uma das grandes imagens do Antigo Testamento é a representação de Israel como a noiva de Deus, e de Deus como o noivo de Israel. A união entre Deus e Israel era algo tão íntimo que só podia ser comparado a um casamento. Quando Israel seguia a deuses estranhos era como se fosse culpado de infidelidade ao vínculo conjugal (Ex 34:15, Dt 31:16; Sl 73:27; Is 54:5). O Novo Testamento retomou esta imagem e se referiu à Igreja como a Esposa de Cristo (2Co 11:2; Efésios 5:22-32). Esta era a imagem que João tinha em mente. Jesus viera de Deus; era o Filho de Deus; Israel era sua esposa legítima, e ele era o marido de Israel.

Mas João exigiu para si mesmo um lugar, o lugar de amigo do marido. O amigo do marido, o shoshben, ocupava um lugar de privilégio em uma festa de bodas judaica. Atuava como vínculo entre a esposa e o marido; organizava as bodas; repartia os convites; presidia na festa de bodas. Unia os maridos. E tinha um dever especial. Tinha a obrigação de cuidar o dormitório conjugal e não permitir a entrada de nenhum amante falso. Só abriria a porta quando ouvisse a voz do marido na escuridão e a reconhecesse. Quando ouvia a voz do marido se sentia contente e o deixava entrar, e ia embora feliz porque tinha cumprido sua tarefa e os amantes estavam juntos. Não invejava sentia inveja da esposa nem do marido. Sabia que sua única tarefa tinha sido a de uni-los. E uma vez que tinha completo a tarefa se retirava voluntariamente e com alegria. A tarefa de João foi a de unir a Jesus e Israel; arranjar o casamento entre Cristo, o marido, e Israel, a esposa. Cumprida a tarefa, sentia-se feliz de desaparecer na escuridão porque tinha feito sua obra. Não foi com inveja que disse que Jesus devia crescer e ele devia minguar; disse-o com alegria. Seria bom que algumas vezes lembrássemos que não devemos atrair às pessoas para nós, mas para Jesus Cristo. Não procuramos a lealdade dos homens para nós, e sim para Ele.

AQUELE QUE VEM DO CÉU

João 3:31-36

Como já vimos, uma das dificuldades com que nos encontramos no quarto Evangelho é saber distinguir quando falam os protagonistas e quando adiciona João seu próprio comentário. Estes versículos podem ser palavras pronunciadas por João Batista, mas é mais provável que. trate-se do próprio testemunho e comentário de João, o autor do Evangelho.
João começa por afirmar a supremacia de Jesus. Se quisermos uma informação, devemos nos dirigir à pessoa que possui essa informação. Se queremos receber informação a respeito de uma família, só a obteremos de primeira mão se a solicitarmos de um membro dessa família. Se queremos receber informação sobre uma cidade, só a teremos de primeira mão se dirigirmos a alguém que vem dessa cidade. Do mesmo modo, então, se queremos receber informação sobre Deus, só a obteremos do Filho de Deus. E se quisermos informação sobre o céu e a vida que se leva ali, só a obteremos daquele que vem do céu. Quando Jesus fala do céu e das coisas celestiais, diz João, não se trata de uma versão de segunda mão, não é uma informação que provém de uma fonte secundária, nem de um conto ouvido por aí. Diz-nos o que ele mesmo viu e ouviu. Para dizê-lo com a maior simplicidade, porque Jesus é o único que conhece a Deus, é o único que pode nos dizer algo a respeito dele, e o que nos diz é conforme o evangelho.
A dor de João consiste em que há tão poucos que aceitam a mensagem que Jesus trouxe; mas quando um homem o aceita dá testemunho de que crê que a palavra de Deus é verdadeira. No mundo antigo, se um homem queria dar sua aprovação total de um documento, tal como um contrato, um testamento ou uma constituição, punha seu selo no rodapé. O selo era o sinal de que estava de acordo com o conteúdo e era considerado legal, obrigatório e verdadeiro. Do mesmo modo, quando alguém aceita a mensagem de Jesus, afirma, testemunha e concorda que crê que o que Deus diz é verdadeiro.

João continua: podemos crer o que Jesus diz, porque nele Deus derramou o Espírito em toda sua medida, sem regatear nada. Inclusive os judeus diziam que os profetas recebiam de Deus uma certa medida do Espírito. A medida total do Espírito Deus reservava para seu escolhido. Agora, dentro do pensamento hebraico, o Espírito tinha duas funções a cumprir: em primeiro lugar, revelava a verdade de Deus aos homens; e, em segundo lugar, permitia aos homens reconhecer e compreender essa verdade quando a recebiam. De maneira que dizer que o Espírito estava em Jesus era a forma mais completa possível de dizer que conhece e compreende em forma perfeita a verdade de Deus. Para dizê-lo com outras palavras: ouvir a Jesus é ouvir a própria voz de Deus.

Por último, João volta a pôr os homens frente à opção eterna. Essa opção é a vida ou a morte. Esta opção se apresentou ao Israel ao longo de toda a história. Deuteronômio registra as palavras do Moisés: “Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal ... Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Deuteronômio 30:15-20). Josué reiterou o desafio: “Escolhei, hoje, a quem sirvais” (Js 24:15).

Tem-se dito que toda a vida de um homem se concentra quando chega a uma encruzilhada. Mais uma vez João volta para seu pensamento preferido. O que importa é a reação que o homem tenha frente a Jesus. Se essa reação for o amor e o desejo, esse homem conhecerá a vida. Se for a indiferença e a hostilidade, esse homem conhecerá a morte. Deus lhe ofereceu amor; ao rechaçá-lo, ele se condenou. Não se trata de que Deus tenha feito descer sua ira sobre ele; é que ele atraiu essa ira sobre si.


Notas de Estudos jw.org

Disponível no site oficial das Testemunhas de Jeová
Notas de Estudos jw.org - Comentários de João Capítulo 3 versículo 5
nasça da água e do espírito: Nicodemos provavelmente sabia dos batismos realizados por João Batista. (Mc 1:4-8; Lc 3:16; Jo 1:31-34) Assim, faz sentido acreditar que, quando Jesus mencionou água, Nicodemos entendeu que Jesus estava falando do batismo em água. Nicodemos também conhecia o modo como as Escrituras Hebraicas usavam a expressão “espírito de Deus”, a força ativa de Deus. (Gn 41:38; Ex 31:3; Nm 11:17; Jz 3:10-1Sm 10:6; Is 63:11) Por isso, quando Jesus usou a palavra “espírito”, Nicodemos deve ter entendido que ele estava falando do espírito santo. Aquilo que aconteceu com o próprio Jesus ajuda a entender o que ele disse a Nicodemos. Quando Jesus foi batizado em água, o espírito santo desceu sobre ele. Assim, ele ‘nasceu da água e do espírito’. (Mt 3:16-17; Lc 3:21-22) Naquele momento, Deus declarou que Jesus era o seu Filho, pelo visto indicando que Jesus tinha sido gerado como um filho espiritual e que tinha a perspectiva de voltar para o céu. Para ‘nascer da água’, os seguidores de Jesus precisam abandonar seu modo de vida anterior, se arrepender dos seus pecados e ser batizados em água. Os que nascem tanto “da água” como “do espírito” são gerados por Deus como filhos espirituais dele, com a promessa de viverem no céu com um corpo espiritual e a perspectiva de serem reis no Reino de Deus. — Lc 22:30; Rm 8:14-17, 23; Tt 3:5; Hb 6:4-5.

espírito: Ou: “força ativa”. A palavra grega pneúma se refere aqui à força ativa de Deus. — Veja o Glossário.


Dicionário

Deus

substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

Do latim deus, daus, que significa “ser supremo” ou “entidade superior”.


i. os nomes de Deus. A palavra portuguesa Deus, que tem a mesma forma na língua latina, representa alguns nomes da Bíblia, referentes ao Criador.
(a): o termo de uso mais freqüente é Elohim, que restritamente falando, é uma forma do plural, derivando-se, presumivelmente, da palavra eloah. Mas, embora seja plural, é certo que, quando se refere ao único verdadeiro Deus, o verbo da oração, de que Elohim é o sujeito, e o nome predicativo vão quase invariavelmente para o singular. As principais exceções são quando a pessoa que fala, ou aquela a quem se fala, é um pagão (Gn 20:13 – 1 Sm 4.8).
(b): El, provavelmente ‘o único que é forte’, também ocorre freqüentemente. E encontra-se este nome com adições: El-Elyon, ‘o Deus Altíssimo’ (Gn 14:18) – El-Shaddai, ‘o Deus Todo-poderoso’ (Gn 17:1) – e entra na composição de muitos vocábulos hebraicos (por exemplo Eliabe, Micael).
(c): Adonai, Senhor, ou Superior. Esta palavra e as duas precedentes eram empregadas quando se queria significar o Deus da Humanidade, sem especial referência ao povo de israel.
(d): Todavia, Jeová, ou mais propriamente Jahveh, o Senhor, o Ser que por Si mesmo existe, o Ser absoluto, que é sempre a Providência do Seu povo, designa Aquele que num especial sentido fez o pacto com o povo de israel.
(e): outro nome, ou antes, titulo, ‘o Santo de israel’ (is 30:11) merece ser aqui mencionado, porque ele nos manifesta o alto ensino moral dos profetas, fazendo ver aos israelitas que o Senhor, a Quem eles adoravam, estava muito afastado dos ordinários caminhos do homem, e portanto era necessário que o Seu povo fosse como Ele, odiando o pecado. É sob este título que o Senhor é reconhecido como uma pedra de toque não só da pureza cerimonial, mas também da pureza ética.
(f): Pai. Nas primitivas religiões semíticas, este termo, enquanto aplicado aos deuses, tinha uma base natural, pois que os povos acreditavam que eram descendentes de seres divinos. Todavia, no A.T. é Deus considerado como o Pai do povo israelita, porque Ele, por atos da Sua misericórdia, o constituiu em nação (Dt 32:6os 11:1 – *veja Êx 4:22). De um modo semelhante é Ele chamado o Pai da geração davídica de reis, porque Ele a escolheu e a tornou suprema (2 Sm 7.14 – Sl 2:7-12 – 89.27). Mais tarde se diz que Deus Se compadece dos que o temem (isto refere-se particularmente aos israelitas e aos que aceitam a religião de israel), como um pai se compadece dos seus filhos (Sl 103:13Mt 3:17).
ii. A doutrina de Deus. Certas considerações nos são logo sugeridas sobre este ponto.
(a): Em nenhuma parte da Bíblia se procura provar a existência de Deus. A crença no Criador é doutrina admitida. Nunca houve qualquer dúvida a respeito da existência da Divindade, ou da raça humana em geral. Entre os argumentos que podemos lembrar para provar a existência do Criador, devem ser notados: a relação entre causa e efeito, conduzindo-nos à grande Causa Primeira – a personalidade, a mais alta forma de existência que se pode conceber, de sorte que uma Causa Primeira, que carecesse de personalidade, seria inferior a nós próprios – a idéia de beleza, de moralidade, de justiça – o desejo insaciável, inato em nós, de plena existência que nunca poderia ser satisfeita, se não houvesse Aquele Supremo Ser, Luz, Vida e Amor, para onde ir.
(b): Deus é um, e único (Dt 6:4, doutrina inteiramente aceita por Jesus Cristo, Mc 12:29). Porquanto se houvesse mais que uma Divindade, haveria, de certo, conflito entre esses seres todo-onipotentes. Por isso, contrariamente ao dualismo de Zoroastro, segundo o qual há dois seres supremos, um bom e outro mau, a Bíblia ensina que Deus tem a autoridade suprema mesmo sobre o mal (is 45:6-7). Este fato fundamental da Unidade de Deus não está em contradição com a doutrina cristã da Trindade, antes pelo contrário, a salvaguarda.
(c): Deus é o Criador e o Conservador de tudo (Gn 1:1At 17:24Ap 4:11 – e semelhantemente Jo 1:3 – Col 1.16, onde o imediato Agente é a Segunda Pessoa da Trindade). Todos os dias estamos aprendendo, com clareza de percepção, que a matéria não é coisa morta e sem movimento, que as próprias pedras tremem pela sua energia, sustentando a sua coesão pelas formidáveis e ativas forças que sem interrupção nelas operam. o nosso conhecimento, cada vez mais aperfeiçoado, sobre os métodos de Deus na Criação, leva-nos a um louvor cada vez mais elevado.
(d): Estamos, também, sabendo mais com respeito à relação de Deus para conosco, como governador e conservador de tudo. Relativamente a este assunto há duas verdades, nenhuma das quais deverá excluir a outra:
(1). Ele é transcendente, isto é, superior ao universo, ou acima dele (*veja is 40:22 – 42.5 – 1 Tm 6.16).
(2). É igualmente importante notar que Deus é imanente, isto é, está na matéria, ou com ela. Nesta consideração, nós e todos os seres vivemos Nele (At 17:28 – *veja também Jo 1:3-4) – e Ele em nós está pelo simples fato de que sendo Espírito (Jo 4:24) é dotado de onipresença.
iii. A adoração a Deus. Se a religião é, na verdade, uma necessidade natural, o culto é sua forma visível. Porquanto, embora possamos supor a priori que nos podemos colocar na presença da Divindade sem qualquer sinal exterior, é isto, contudo, tão incompatível como a natureza humana, e tão contrário às exigências da religião, visto como esta pede a adoração a Deus com toda a nossa complexa personalidade, que não é possível admitir-se tal coisa. É certo que Jesus Cristo disse: ‘Deus é Espirito – e importa que os seus adoradores o adorem em espirito e em verdade’ (Jo 4:24). (*veja Altar, Baal, igreja, Eloí, Espírito Santo, Jewá, Jesus Cristo, Senhor, Senhor dos Exércitos, Tabernáculo, Templo, Trindade, Adoração.)

Introdução

(O leitor deve consultar também os seguintes verbetes: Cristo, Espírito Santo, Jesus, Senhor.) O Deus da Bíblia revela-se em sua criação e, acima de tudo, por meio de sua Palavra, as Escrituras Sagradas. De fato, a Bíblia pode ser definida como “a autorevelação de Deus ao seu povo”. É importante lembrar que as Escrituras mostram que o conhecimento que podemos ter de Deus é limitado e finito, enquanto o Senhor é infinito, puro e um Espírito vivo e pessoal, ao qual ninguém jamais viu. Freqüentemente a Bíblia usa antropomorfismos (palavras e ideias extraídas da experiência das atividades humanas, emoções, etc.) numa tentativa de nos ajudar a entender melhor Deus. Esse recurso pode ser realmente muito útil, embora o uso de descrições e termos normalmente aplicados aos seres humanos para referir-se ao Senhor eterno e infinito sempre deixe algo a desejar. Alguém já disse que “conhecer a Deus”, até o limite de que somos capazes por meio de sua Palavra, é o cerne da fé bíblica. De acordo com as Escrituras, todas as pessoas, durante toda a história, estão de alguma maneira relacionadas com o Senhor, seja numa atitude de rebelião e incredulidade, seja de fé e submissão.

Homens e mulheres existem na Terra graças ao poder criador e sustentador de Deus; a Bíblia ensina que um dia todos estarão face a face com o Senhor, para o julgamento no final dos tempos. A natureza de Deus e seus atributos são, portanto, discutidos de diversas maneiras nas Escrituras Sagradas, de modo que Ele será mais bem conhecido por meio da forma como se relaciona com as pessoas. Por exemplo, aprende-se muito sobre Deus quando age no transcurso da história, em prol do sustento e da defesa de seu povo, e leva juízo sobre os que pecam ou vivem em rebelião contra Ele. Muito sabemos sobre o Senhor por meio dos nomes aplicados a Ele na Bíblia e quando sua criação é examinada e discutida. Acima de tudo, aprendemos de Deus quando estudamos sobre Jesus, o “Emanuel” (Deus conosco).

As seções seguintes proporcionam apenas um resumo do que a Bíblia revela sobre Deus. Uma vida inteira de estudo, fé e compromisso com o Senhor, por intermédio de Cristo, ainda deixaria o crente ansioso por mais, especialmente pelo retorno de Jesus, pois concordamos com a declaração do apóstolo Paulo: “Agora conheço em parte; então conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13:12).

A existência do único Deus

A Bíblia subentende a existência de Deus. Não há discussão alguma sobre isso em suas páginas, pois trata-se de um livro onde o Senhor revela a si mesmo. Somente o “tolo”, a pessoa maligna e corrupta, diz “no seu coração: Não há Deus” (Sl 14:1-53.1; veja O tolo e o sábio). A existência de Deus é freqüentemente afirmada nos contextos que advertem contra a idolatria. Sempre é dada uma ênfase especial ao fato de que somente o Senhor é Deus e não existe nenhum outro. Deuteronômio 6:4 declara: “Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Deuteronômio 32:39 diz: “Vede agora que Eu sou, Eu somente, e não há outro Deus além de mim. Eu causo a morte, e restituo a vida; eu firo, e eu saro, e não há quem possa livrar das minhas mãos”. Por essa razão, a idolatria é considerada um grande pecado (cf. 1 Co 8.4). Envolver-se com ela é viver e acreditar na mentira, numa rejeição direta da revelação do único Deus verdadeiro. Esperava-se que o povo de Israel testemunhasse para as nações ao redor que existia apenas um único Senhor e que não havia nenhum outro deus. Isso seria visto especialmente no poder de Deus para proporcionar a eles os meios para vencerem as batalhas contra inimigos mais fortes, no tempo de paz, na extensão das fronteiras (contra o poder de outros assim chamados deuses) e em sua justiça e juízo sobre todos os que se desviavam dele, ou rejeitavam seus caminhos ou seu povo. As nações ao redor precisavam aprender com Israel que os seus deuses eram falsos e que na verdade adoravam demônios (1Co 10:20).

Os escritores dos Salmos e os profetas também proclamaram que somente o Senhor é Deus e que Ele pré-existe e auto-subsiste. O Salmo 90:2 diz: “Antes que os montes nascessem, ou que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. Em Isaías, lemos: “Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus” (Is 44:6). “Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus. Eu te fortalecerei, ainda que não me conheças” (Is 45:5; veja também 45.21; etc.). Jeremias disse: “Mas o Senhor Deus é o verdadeiro Deus; ele mesmo é o Deus vivo, o Rei eterno. Do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação” (Jr 10:10).

No Novo Testamento, novamente a autoexistência eterna de Deus é subentendida: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:14). Paulo argumentou em sua pregação para os atenienses: “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17:28). O apóstolo fez um apelo aos habitantes de Listra, a fim de que reconhecessem a existência do único Deus verdadeiro, pois “não deixou de dar testemunho de si mesmo. Ele mostrou misericórdia, dando-vos chuvas dos céus, e colheita em sua própria estação, enchendo de mantimento e de alegria os vossos corações” (At 14:17). Em Romanos 1:19-20, há o pressuposto de que mesmo os que são maus e rejeitam a Deus podem ser considerados em débito, “visto que o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Pois os atributos invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que foram criadas, de modo que eles são inescusáveis”.

Como em João 1, mencionado anteriormente, é no Novo Testamento que aprendemos sobre Jesus e começamos a entender mais sobre o próprio Deus, sua preexistência e sua auto-existência. Colossenses 1:17 descreve a preexistência de Cristo como “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1:15). Tanto Deus, o Pai, como Jesus são considerados eternos em sua existência: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1:8-11.15, 17; 2 Pe 3.8). Hebreus 13:8 também fala de Jesus: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e eternamente”.

O Deus criador

A autoexistência de Deus, bem como sua eternidade, também são sinalizadas na criação, a qual Ele fez do “ex nihilo” (a partir do nada; veja Gn 1; Rm 4:17; Hb 11:3). A Bíblia não admite a ideia do nada existindo lado a lado com o Senhor através da eternidade. Não há ensino, por exemplo, de que a matéria sempre existiu, ou que o mal sempre permaneceu como uma alternativa ao lado de Deus. O Todo-poderoso sempre existiu e sempre existirá; Ele é o Criador. O que existe traz outras coisas à existência. O racionalismo pode argumentar que, se algo existe, deve ter o poder da auto-existência dentro de si. A Bíblia mostra que o ser que auto-existe é Deus e somente Ele é o Senhor. Porque Deus existe, a vida veio à existência e surgiu a criação. No Senhor há vida e luz. Somente Ele tem a vida em si mesmo e habita na luz e na glória eternamente.

O ato de Deus na criação é descrito em muitos lugares da Bíblia. De maneira notável, Gênesis 1:2 descrevem a Palavra de Deus que traz tudo o que conhecemos à existência. Esses capítulos demonstram claramente que o Senhor já existia antes da criação e foi por meio de sua palavra e seu poder que o mundo veio à existência. Também revelam que Deus não iniciou simplesmente o processo e o concluiu, ou ainda não o concluiu, com o que conhecemos neste mundo hoje. Ele interferiu ativamente, várias vezes, para criar a luz, o sol, a lua, a água, a vegetação, os peixes, os mamíferos, os pássaros e a humanidade. Em Gênesis 1, essa obra ativa de Deus durante todo o período da criação pode ser notada nas duas frases: “E disse Deus: Haja...” e “E viu Deus que isso era bom”. Em Gênesis 2, a obra e as palavras do “Senhor Deus” são mencionadas repetidamente. O Salmo 33:4-9 personaliza a “palavra de Deus” como a que criou e “é reta e verdadeira; todas as suas obras são fiéis... Pela palavra do Senhor foram feitos os céus... Tema toda a terra ao Senhor... Pois ele falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu”. Jeremias afirma: “Pois ele (o Senhor) é o criador de todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança; Senhor dos Exércitos é o seu nome” (Jr 10:16-51.19; veja também 26:7; Sl 102:25-104.24; Ne 9:6; etc.).

No NT, o escritor da carta aos Hebreus lembra os crentes que “pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus, de maneira que o visível não foi feito do que se vê” (Hb 11:3). Louvor e adoração são devidos a Deus, o Pai, e a Jesus, a Palavra de Deus, pela criação e pelo seu contínuo sustento de todas as coisas criadas. Desde que a criação deriva sua vida e existência do próprio Deus, se o Senhor não a sustentasse, ela deixaria de existir (Ap 4:11; Jo 1:1-3; 1 Co 8.6; Cl 1:16-17; Hb 1:2-2 Pe 3.5; etc.).

Essa obra da criação, a qual necessita do poder sustentador do Senhor, proporciona a evidência da soberania e do poder de Deus sobre todas as coisas. Ele está presente em todos os lugares, a fim de sustentar e vigiar sua criação, realizar sua justiça, amor e misericórdia, trazer à existência e destruir, de acordo com sua vontade e seus propósitos. A doxologia de Romanos 1:1-36 oferece a resposta adequada do crente na presença do Deus criador, sustentador e que existe por si: “Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória, pois, a ele eternamente. Amém” (v.36).

O Deus pessoal

O Criador do Universo e de todas as coisas, que sustém o mundo e todas as pessoas, revela-se a si mesmo como um “Deus pessoal”. A palavra “pessoal” não é aplicada a Ele em nenhum outro lugar da Bíblia e é difícil nossas mentes finitas assimilarem o que essa expressão “pessoal” significa, ao referir-se ao Senhor. Ainda assim, é dessa maneira que Ele é consistentemente revelado. Deus é um ser auto-existente e autoconsciente. Qualidades que indicam um ser pessoal podem ser atribuídas a Deus. Ele é apresentado como possuidor de liberdade, vontade e propósitos. Quando colocamos esses fatores na forma negativa, o Senhor nunca é descrito nas Escrituras da maneira que as pessoas o apresentam hoje, como uma energia ou uma força sempre presente. Deus revela a si mesmo como um ser pessoal no relacionamento entre Pai, Filho e Espírito Santo (veja mais sobre a Trindade neste próprio verbete) e em seu desejo de que seu povo tenha um relacionamento real com o “Deus vivo”. Sua “personalidade”, é claro, é Espírito e, portanto, não está limitada da mesma maneira que a humana. Porque é pessoal, entretanto, seu povo pode experimentar um relacionamento genuíno e pessoal com Ele. Deus, por ser bom, “ama” seu povo e “fala” com ele. O Senhor dirige os seus e cuida deles. O Salmo 147:10-11 dá alguns sentimentos de Deus, como um ser pessoal: “Não se deleita na força do cavalo, nem se compraz na agilidade do homem. O Senhor se agrada dos que o temem, e dos que esperam no seu constante amor” (veja também Sl 94:9-10). Efésios 1:9-11 mostra como a vontade e os propósitos de Deus são especialmente colocados à disposição dos que Ele “escolheu”, aos quais ele “ama”. O Senhor é aquele que conhece seu povo (1Co 8:3) e pode ser chamado de “Pai” pelos que vivem por ele (v.6). A revelação de Deus em Jesus novamente mostra como Ele é um Deus “pessoal”, tanto no relacionamento de Cristo e do Pai (como o Filho faz a vontade do Pai e fala as suas palavras), como na maneira pela qual o Pai mostrou seu amor pelo mundo, quando deu “o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16-14:15-31; 15.9,10; etc.).

O Deus providencial

Já que Deus é eterno, auto-existente e o Criador do Universo, não é de admirar que um dos temas mais freqüentes na Bíblia refira-se à soberana providência do Senhor. Deus é visto como o rei do Universo, o que fala e tudo acontece, que julga e as pessoas morrem, que mostra seu amor e traz salvação. Ele é o Senhor (veja Senhor) que controla o mundo e exige obediência. Busca os que farão parte de seu povo. É neste cuidado providencial por seu mundo e seu povo que mais freqüentemente descobrimos na Bíblia os grandes atributos divinos de sabedoria, justiça e bondade. Aqui vemos também sua verdade e seu poder. As Escrituras declaram que Deus tem o controle total sobre tudo, ou seja, sobre as pessoas, os governos, etc. Ele é chamado de Rei, pois estabelece reinos sobre a Terra e destrói-os, de acordo com seu desejo. Sua soberania é tão grande, bem como sua providência, em garantir que sua vontade seja realizada, que mesmo o mal pode ser revertido e usado pelo Senhor, para realizar seus bons propósitos.

Os escritores da Bíblia demonstram com convicção que Deus governa sobre toda a criação; assim, os conceitos do destino e do acaso são banidos. À guisa de exemplo, uma boa colheita não acontece por acaso, mas é providenciada pelo Senhor. É Deus quem promete: “Enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn 8:22). Por outro lado, o Senhor mantém tal controle sobre a criação que pode suspender a colheita dos que vivem no pecado ou se rebelam contra Ele (Is 5:10). Nos dias do rei Acabe, de Israel, Deus suspendeu a chuva e o orvalho, por meio de “sua palavra”, como castigo sobre o monarca e o povo (1Rs 17:1). A fome foi extremamente severa, mas a providência particular e amorosa do Senhor por seu povo fez com que suprisse as necessidades do profeta Elias de maneira miraculosa (1Rs 17:18).

A Bíblia preocupa-se muito em mostrar a providência de Deus, que pode ser vista no seu relacionamento com seu povo (veja 2 Cr 16.9). Paulo fala sobre isso quando diz: “Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). Aqui vemos que não somente o cuidado soberano do Senhor sempre é feito segundo a sua vontade e seu propósito, mas também que esse desejo preocupa-se especialmente com seu povo, mediante o cuidado e a proteção. O poder de Deus é tão grande que em “todas as coisas” Ele trabalha para atingir seus fins. Tal entendimento da providência do Senhor leva à conclusão inevitável de que mesmo o que começou por meio do mal, ou emanado de nossos próprios desejos pecaminosos, pode ser revertido por Deus, enquanto Ele trabalha incessantemente para completar e realizar sua vontade. Essa fé e confiança no cuidado providencial do Senhor não eram conceitos novos nos dias de Paulo. Quando José foi capturado por seus irmãos e vendido como escravo para o Egito, não foi o acaso que finalmente o levou a ser governador egípcio, num momento em que o povo de Deus precisava ser preservado da fome terrível. Tudo foi parte da vontade do Senhor. Posteriormente, ao discutir o assunto com seus irmãos amedrontados, José disse: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida” (Gn 50:20). O cuidado providencial de Deus por Jó, quando Satanás desejava atacá-lo e destruí-lo, também é uma prova do poder soberano do Senhor, mesmo sobre o mundo dos espíritos, inclusive Satanás (1:2). Deus até mesmo controlou as ações do rei da Pérsia em favor de seu povo (Is 44:28-45:1-7).

Em nenhum outro contexto o cuidado providencial de Deus pode ser visto com tanta clareza como na provisão da salvação para o seu povo, por meio da morte expiatória de Jesus Cristo. A ação mais perversa de Satanás e o mais terrível de todos os pecados cometidos pelos seres humanos levaram à crucificação do Filho de Deus. Isso, porém, fora determinado pela vontade de Deus, e Ele reverteu aquele ato terrível para proporcionar expiação a todo aquele que se voltar para o Senhor (At 2:23-24). Esse desejo de Deus foi realizado “segundo as Escrituras”. Certamente o Senhor freqüentemente é visto agindo de maneira providencial e com poder soberano, de acordo com sua Palavra (Rm 5:6-1 Co 15.3; 2 Co 5.15).

A providência do Senhor também é vista na maneira como chama as pessoas para si. Toda a Trindade está envolvida nesta obra de atrair e cuidar do povo de Deus (Jo 17:11-12, 24; Ef 1:3-14; Cl 1:12-14; etc.). A reflexão sobre a soberania do Senhor sobre tudo, seu poder total de realizar o que sua vontade determina, sua providência na natureza, na humanidade de modo geral e especialmente em relações aos redimidos, nos leva novamente a louvá-lo e bendizê-lo (Sl 13:9-13-16; 145.1, 13 16:1 Pe 5.7; Sl 103).

O Deus justo

A Bíblia mostra-nos um Senhor “justo”. Isso faz parte de sua natureza e tem que ver com sua verdade, justiça e bondade. Em termos práticos, o reconhecimento da justiça de Deus nas Escrituras permite que as pessoas confiem em que sua vontade é justa e boa e podem confiar nele para tomar a decisão ou a ação mais justa. Ele é justo como Juiz do mundo e também na demonstração de sua misericórdia. Mais do que isso, sua vontade eterna é inteiramente justa, íntegra e boa. É uma alegria para homens e mulheres pecadores saberem que podem voltar-se para um Deus justo e receber misericórdia. É motivo de temor para os que se rebelam que o justo Juiz julgará e condenará.

O povo de Deus (“o povo justo”, formado pelos que foram perdoados por Deus) freqüentemente apela para sua justiça. Por exemplo, o salmista orou, para pedir misericórdia ao Senhor, quando parecia que as pessoas más prevaleciam. Achou estranho que os perversos prosperassem quando o “justo” padecia tanto sofrimento. Portanto, apelou para a justiça de Deus, para uma resposta ao seu dilema: “Tenha fim a malícia dos ímpios, mas estabeleça-se o justo. Pois tu, ó justo Deus, sondas as mentes e os corações” (Sl 7:9-11). “Responde-me quando clamo, ó Deus da minha retidão. Na angústia dá-me alívio; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração” (Sl 4:1-129.4; 2 Ts 1.6). É mediante sua justiça que Deus mostra misericórdia ao seu povo (Sl 116:4-6; 37.39).

Por vezes, entretanto, o povo de Deus tentou questionar o Senhor, quando parecia que Ele não os ajudava, ou estava do lado de outras nações. A resposta de Deus era que, se o Senhor lhes parecia injusto, é porque eles haviam-se entregado à incredulidade e ao pecado. As ações do Senhor são sempre justas, mesmo quando resultam em juízo sobre seu próprio povo. Veja, por exemplo, Ezequiel 18:25 (também
v. 29): “Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é justo. Ouvi agora, ó casa de Israel: Não é o meu caminho justo? Não são os vossos caminhos injustos?”.

Deus pode ser visto como justo em tudo o que faz. Isso se reflete em sua Lei, a qual é repetidamente definida como “justa” (Sl 119; Rm 7:12). Deuteronômio 32:4 resume a justiça do Senhor desta maneira: “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, e todos os seus caminhos são justiça. Deus é a verdade, e não há nele injustiça. Ele é justo e reto”.

Enquanto o povo de Deus ora, vê a justiça divina em seus atos de misericórdia e socorro para com eles e em seu juízo sobre os inimigos; assim, reconhecem que a justiça do Senhor permite que Ele traga disciplina sobre eles, quando pecam. Em II Crônicas 12, o rei Roboão e os líderes de Israel finalmente foram obrigados a admitir que, por causa do pecado e da rebelião deles contra Deus, Faraó Sisaque teve permissão para atacar Judá e chegar até Jerusalém. Deus os poupou da destruição somente quando se humilharam e reconheceram: “O Senhor é justo” (v. 6). Na época do exílio babilônico, os líderes tornaram-se particularmente conscientes deste aspecto da justiça de Deus. Daniel expressou dessa maneira: “Por isso, o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós, porque justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as obras que faz; contudo, não obedecemos à sua voz” (Dn 9:14; veja também Ed 9:15).

Os profetas olhavam adiante para ver a revelação da justiça de Deus no futuro reino do Messias: “Vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo, um rei que reinará e prosperará, e praticará o juízo e a justiça na terra” (Jr 23:5; Is 9:7-11.4; etc. veja Lc 1:75; At 22:14). Paulo falou sobre a obra de Cristo em termos da revelação da justiça de Deus. Na morte de Jesus, pode-se ver o juízo do Senhor sobre o pecado e a manifestação de seu amor e misericórdia sobre os que são perdoados. Deus não comprometeu nem sua justiça que exige a morte pelo pecado, nem sua aliança de amor para com o seu povo, que promete perdão e misericórdia. Desta maneira, o Senhor permanece justo e íntegro na salvação (Rm 1:17-2.5,6; 3.5, 20-26; etc.).

Ao falar sobre os últimos dias e o retorno de Cristo, quando Deus vindicará seu nome diante de todo o mundo, inclusive os ímpios, será sua justiça que uma vez mais será notada e levará seu povo, que está ansioso por essa revelação, a louvá-lo (Ap 15:3-16.7).

O Deus amoroso

É justo que haja uma seção separada sobre este atributo, o mais maravilhoso do Senhor da Bíblia, ainda que tradicionalmente o amor de Deus seja visto como um aspecto de sua “bondade”. Várias vezes as Escrituras dizem que o Senhor “ama” ou mostra “amor” à sua criação, especialmente para o seu povo. É parte da natureza de Deus, pois ele é “bom” e é “amor”. O Senhor faz o que é bom (2Sm 10:12-1 Cr 19.13; Sl 119:68), porém, mais do que isso, ele é bom. Em outras palavras, a bondade é tão parte dele e de seu ser que o salmista disse: “Pois o teu nome é bom” (Sl 52:9-54.6; este vocábulo “nome” refere-se a todo o caráter do próprio Deus). Jesus disse: “Ninguém há bom, senão um, que é Deus” (Lc 18:19). Assim, se alguém deseja saber o que significa bondade e amor, deve olhar para o Senhor. I João 4:8-16 diz: “ Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor... E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor. Quem está em amor está em Deus, e Deus nele”.

Deus é a fonte da bondade. Tiago 1:17 diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. O texto não só mostra que o Senhor é a fonte daquilo que é bom, como ensina que Deus é sempre bom. Não existe um lado “sombrio” no Senhor, nenhuma base para a visão oriental de que o bem e o mal existem lado a lado, e juntos formam algo chamado “deus”.

A bondade de Deus, tão freqüentemente chamada de seu “amor”, é vista de muitas maneiras neste mundo. É evidente que no universo é algo generalizado, ou na manutenção da própria vida, da justiça, da ordem na criação, ou mesmo na provisão da luz do Sol e da chuva, do tempo de semear e de colher (Sl 33:5; Mt 5:45; At 17:25). Sua bondade, entretanto, é mais evidente em seu amor e fidelidade para com seu povo, a quem Ele protege, cuida e livra do juízo. Seu amor fiel por seu povo às vezes é chamado de “aliança de amor” ou “amor fiel”, pois Deus prometeu amar seu povo para sempre. Os israelitas repetidamente louvavam ao Senhor por seu amor eterno, extraordinário e não merecido, demonstrado através de toda a história de Israel (1Cr 16:34-2 Cr 5.13 7:3; Ed 3:11; Sl 118:1-29; Jr 33:11). É digno de nota como os vocábulos “bom” e “amor” aparecem juntos de maneira tão frequente, quando aplicados a Deus.

Os que buscam a Deus experimentam sua bondade e amor, pois encontram sua salvação (Lm 3:25). O seu povo o louva acima de tudo pelo amor demonstrado em sua misericórdia e perdão dos pecados. Foi para a bondade do Senhor que o rei Ezequias apelou, quando pediu perdão pelo povo de Israel, que adorava a Deus sem ter passado pelo ritual da purificação. “Ezequias, porém, orou por eles, dizendo: O Senhor, que é bom, perdoe a todo aquele que dispôs o coração para buscar o Senhor...” (2Cr 30:18; Nm 14:19). O próprio Deus, ao falar por meio do profeta Oséias, adverte, a respeito da contínua rebelião do povo: “eu não tornarei mais a compadecer-me da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei” (Os 1:6).

A salvação de Deus para seu povo é sua mais profunda e fantástica demonstração de bondade e amor. Jesus foi oferecido pelo Pai como sacrifício pelo pecado de todo o que crê. Talvez o mais famoso versículo da Bíblia, João 3:16, expresse o sentimento desse dom de Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. O dom é ainda mais extraordinário, pois “Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8; Tt 3:4-1 Jo 3:16). O povo de Deus sabe que não merece este sacrifício. A natureza do amor divino, dado a pessoas que não são merecedoras, freqüentemente é expressa por meio do vocábulo “graça”.

O amor de Deus também é visto por seu povo na maneira como Ele dá o seu Espírito Santo, de tal forma que todos possam conhecê-lo e responder-lhe em amor (Rm 5:5). Eles também experimentam o amor divino em seu cuidado providencial. Isso pode significar que o amor será em forma de disciplina (Ap 3:19), mas também representa o fato de que “todas as coisas” cooperam para o bem do povo de Deus, dos que são chamados segundo o seu propósito. Nada poderá separá-los do amor de Deus e de Cristo (Rm 8:28-35, 39; veja a seção anterior “O Deus providencial”). Ao meditar sobre sua graça a favor de todos, para os levar à salvação, eles o louvam pela maneira como os escolheu e os predestinou para serem filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade (Ef 1:4-6; 1 Jo 3:1). Essa grande obra de salvação é feita “segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo” (v. 9).

“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2:4-5). O problema é como uma mente humana pode assimilar a profundidade desse amor, pois “excede todo o entendimento” (Ef 3:18-19).

O Deus salvador

O amor de Deus é visto proeminentemente em sua salvação por meio de Jesus (“Jesus” significa “o Senhor salva”; veja Jesus). O Senhor é corretamente descrito como “Deus salvador”. A Bíblia ensina que toda a humanidade é pecadora e necessita de redenção, que só é efetivada pela ação salvadora de Deus. O AT refere-se ao Senhor como “Libertador”, “Redentor” e “Salvador”, tanto da nação como dos indivíduos. Ambos necessitam de perdão, se não querem receber juízo. Uma lição necessária à compreensão de todas as pessoas é que somente Deus é Todo-poderoso, soberano e justo; portanto, o único que pode salvar: “E não há outro Deus senão eu, Deus justo e Salvador não há além de mim” (Is 45:21-43.11). Às vezes, o povo de Israel voltava-se para outras nações em busca de proteção e salvação; essa atitude, entretanto, invariavelmente falhava, ao passo que o Senhor ensinava que somente Ele era o Salvador (Dt 32:15-24; 1 Cr 16:34-36; Is 17:10).

A promessa que Deus faz ao seu povo é que “quando clamarem ao Senhor, por causa dos opressores, ele lhes enviará um salvador e um defender, que os livrará” (Is 19:20-43.3; 45.15). Os homens e mulheres fiéis, mencionados no AT, todos conheceram a atividade salvadora e libertadora de Deus, tanto nas batalhas como no perdão dos pecados. O êxodo do Egito tornou-se o grande evento na história de Israel, que ofereceu às gerações futuras um memorial e uma ilustração da salvação e redenção operadas pelo Senhor. Deus redimiu seu povo do Egito porque o amava: “Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão forte, e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito” (Dt 7:8).

Aquele acontecimento histórico proporcionou às gerações futuras uma evidência de que Deus tem o poder para salvar e libertar; essa verdade tornou-se a base em que podiam apelar para o Senhor salvá-los e livrá-los novamente em outras situações adversas (Êx 6:6; Dt 9:26; Sl 106:10). A libertação do Egito, porém, proporcionou também uma advertência, que mostra os acontecimentos no deserto para os que “esqueceram seu Deus”: “Pondo-os ele à morte, então o procuravam; voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. Lembravam-se de que Deus era a sua rocha, de que o Deus Altíssimo era o seu Redentor” (Sl 78:34-35; veja também 1 Cr 10:1-12). O próprio Deus mostrou a sua obra salvadora, ao levá-los do Egito para Canaã, e esperava fidelidade e serviço do seu povo redimido (Dt 13:5-15.15; 24.18; Os 13:4).

Assim como precisavam de uma redenção física e libertação, os israelitas necessitavam também de perdão dos pecados; nisto também o Senhor provou ser o Salvador e Redentor do seu povo. Louvavam o seu nome pelo seu perdão e sabiam que podiam submeter-se à justiça de Deus e que Ele os salvaria (Dt 21:8; Sl 31:5-34.22; 44.26; Is 54:5-59.20).

Os profetas olhavam para o futuro, para o dia em que um Salvador e Redentor viria para o povo de Deus: “O Redentor virá a Sião e aos que se desviarem da transgressão em Jacó, diz o Senhor” (Is 59:20). Isaías olhava adiante, para o dia do advento do Messias, quando o povo o louvaria: “Graças te dou, ó Senhor. Ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolaste. Certamente Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei. O Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação” (Is 12:1-3; veja Jr 23:6; Zc 9:9).

Jesus foi o cumprimento de tais promessas. Ele era o Deus Salvador que veio à Terra para salvar e redimir. Quando seu nascimento foi anunciado, sua atividade salvadora e redentora imediatamente dominou as palavras dos anjos, de Zacarias e de Maria. As profecias concernentes à salvação do povo de Deus, com o advento do rei da linhagem de Davi, são anexadas às promessas do perdão de pecados e salvação do juízo de Deus. Toda a “história da salvação”, como alguns a têm chamado, chega ao seu grande clímax com o advento daquele que seria chamado de “Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1:21; Lc 1:46-47, 68-75; 2.11, 30-32, 38; etc.).

O Deus salvador é revelado plenamente em Jesus. Nele, e em ninguém mais, há salvação (Lc 3:6-19.9,10; At 4:12; Hb 2:10). De fato, os vocábulos “salvar” e “salvação” referem-se a toda a obra salvadora de Cristo, desde sua encarnação, morte e ressurreição, até sua glorificação. Sua obra salvadora é considerada como um acontecimento realizado em três tempos: passado (na cruz, quando os crentes foram “justificados”; Rm 5:1-8.24; Ef 2:8-2 Tm 1.9); presente (com a operação progressiva do Espírito Santo na vida do crente, no processo de santificação, 1 Co 1.18; 2 Co 2,15) e futuro (no dia do julgamento, quando os crentes serão salvos da justa ira de Deus e serão glorificados; Rm 5:9-10).

A meditação sobre quem é o Senhor sempre tem levado à doxologia; assim, Judas 25 expressa o louvor a Deus como Salvador, por meio de Jesus Cristo: “Ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

O Deus Pai

Conforme já vimos, Deus é bom e é amor; portanto, é também “Pai”. Ele é a fonte de todas as coisas e, nesse sentido, é Pai. É o Pai da criação de Israel — o povo da sua aliança e dos cristãos. Acima de tudo, ele é o Pai de seu único Filho Jesus Cristo. Numa época em que muitas vezes se pergunta se o Senhor realmente deveria ser chamado de “Pai”, pois isso pode parecer uma postura “machista”, é importante notar novamente que Deus é Espírito. Portanto, é totalmente errado descrevê-lo como masculino ou feminino. De fato, lemos sobre o Pai como o Deus “que te gerou” (Dt 32:18) — o que dificilmente seria considerada como uma ação masculina! A paternidade humana deriva de Deus e não vice-versa. Chamar Deus de “Pai” sem dúvida é correto do ponto de vista bíblico e, devidamente entendido, tem muito a dizer para corrigir os muitos abusos que são presenciados atualmente, cometidos pelos pais humanos.

Primeiro, Deus é ocasionalmente referido, num sentido genérico, como Pai de todas as pessoas, pois elas são geradas por Ele (Ml 2:10; At 17:28-29; Hb 12:9). Segundo, a paternidade de Deus sobre Israel é mencionada ou subentendida. Como Pai, o Senhor tem o direito de ser obedecido. Deuteronômio 3:2-6 dá alguma indicação desse relacionamento: “Corromperam-se conta ele; já não são seus filhos, e isso é a sua mancha, geração perversa e depravada é. É assim que recompensas ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu Pai, que te adquiriu, que te fez e te estabeleceu?” É o relacionamento pactual com seu povo que está especialmente em destaque aqui. O Senhor toma (cria) Israel, ao fazer dele o seu povo peculiar e ao adotá-lo amorosamente como pai, na esperança de receber de volta amor e obediência (Ml 1:6). Deus adverte Israel de que será rejeitado, se porventura desprezar seu Pai (v. 18). Assim, Israel é o seu “filho primogênito” e, se obedecer, receberá a proteção do Senhor. Por exemplo, Deus exige de Faraó: “Israel é meu filho, meu primogênito. Deixa ir o meu filho” (Êx 4:22-23; Os 11:1).

O fato de Deus apresentar-se como Pai de Israel significa que tem o direito de esperar em resposta uma sincera comunhão com o filho. Lamentavelmente, na maior parte do tempo, encontrou um povo rebelde. Deus diz em Isaías 1:2: “Criei filhos, e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim”. Tanto este profeta como Jeremias, entretanto, olham para o futuro, para um tempo em que o Senhor será o Pai de um filho que corresponde. Deus então mostrará a Israel seu cuidado e seu amor: “Guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho reto em que não tropeçarão, porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito” (Jr 31:9). Um filho humilde admitirá que o Pai tem direitos: “Mas agora, ó Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro, tu és o nosso oleiro; somos todos obra das tuas mãos. Não te enfureças tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniqüidade. Olha, nós te pedimos, todos nós somos o teu povo” (Is 64:8-9; veja também 45.10,11; 63.16). Como Pai e Deus da Aliança, quando seu filho chamar, ele responderá: “Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, a rocha da minha salvação... O meu amor lhe manterei para sempre, e a minha aliança lhe será firme” (Sl 89:26-28).

Deus também é o Pai do rei de Israel, de uma maneira especial, pois ele representa o povo. A aliança que o Senhor fez com o rei Davi estabeleceu que Deus seria o “Pai” dos descendentes dele: “Eu serei seu Pai e ele será meu filho”. O salmista destaca esse tema. Por exemplo, o Salmo 2:7 diz: “Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (veja também Sl 89:26-27). Posteriormente, essas passagens sobre o filho assumiram um significado messiânico, quando as pessoas olhavam para o futuro, para o advento do rei ungido da linhagem de Davi. De fato, mais tarde foram aplicadas a Jesus Cristo (At 13:33; Hb 1:5).

Deus é “Pai” unicamente de Jesus, o qual é descrito como “o Filho unigênito de Deus” (veja Jesus). Esta filiação está relacionada ao seu nascimento virginal (Lc 1:35), mas essa não é a única origem. O Pai anuncia claramente a condição de Jesus, em seu batismo: “Então ouviu-se esta voz dos céus: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mc 1:11). Isso, porém, serviu apenas para confirmar publicamente o que já era verdade. De fato, o NT indica uma comunhão permanente entre o Deus Pai, como “pai”; e o Deus Filho, como “filho”. Esse relacionamento eterno é indicado em João 1:18: “Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem o revelou”. Em João 17 Jesus dirige-se a Deus como “Pai” e olha para o futuro, quando receberá novamente “a glória que me deste, porque me amaste antes da criação do mundo” (vv. 24,25; 1 Jo 4:9).

O acesso a Deus como “Pai” só é possível por meio de Cristo: “Ninguém vem ao Pai, senão por mim”, disse Jesus (Jo 14:6). Isso também aponta o caminho para a filiação a Deus para todos os cristãos.

Deus como Pai de todos os cristãos é o complemento de sua paternidade a ser mencionada aqui. O Senhor é o Pai de todo o que tem fé em Cristo. Parte da plenitude da salvação, aplicada aos crentes pelo Espírito Santo, é a condição de “adoção” de filhos (Rm 8:23; Ef 1:5), mediante a qual podem utilizar o nome mais pessoal de “Aba” (Papai), ao dirigir-se a Deus (Rm 8:14-17; Gl 4:6). É importante notar que em ambos os textos a “filiação” também está intimamente ligada à herança. Assim como Jesus, o Filho, é herdeiro da glória de Deus, Paulo diz que os filhos adotados são “co-herdeiros de Cristo, se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8:17). É possível para todo o que crê em Cristo conhecer o Pai (Gl 3:26), pois Jesus lhes revela (Jo 14:6-9). Cristo mostrou o Pai ao mundo: “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo. Antes, é o Pai que está em mim quem faz as obras” (v.10).

Novamente, a única resposta apropriada por parte do cristão, diante da ideia de ser feito filho de Deus, é o louvor: “Vede quão grande amor nos concedeu o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. E somos mesmo seus filhos! O mundo não nos conhece porque não o conheceu. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque assim como é, o veremos” (1Jo 3:1-2).

Os nomes de Deus

Enquanto nas modernas culturas ocidentais o nome realmente só é usado para distinguir uma pessoa de outra, os registrados na Bíblia são utilizados para representar totalmente a pessoa ou indicar aspectos de seu caráter ou de seu objetivo na vida (veja seção Os nomes e seus significados na 1ntrodução). Em nenhum outro lugar isso pode ser visto mais claramente do que na expressão “nome do Senhor”, que ocorre aproximadamente 100 vezes nas Escrituras. É uma frase que sintetiza o que nunca pode ser totalmente resumido — ou seja, o próprio Deus.
O Nome. Quando Gênesis 4:26 diz: “Foi nesse tempo que os homens começaram a invocar o nome do Senhor”, não quer dizer simplesmente que as pessoas aprenderam a usar o nome “Senhor”. O texto indica que elas começaram a adorar ao Senhor por tudo o que Ele é. Quando a Lei diz: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, pois o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20:7), claramente tem em mente mais do que as ocasionais expressões irreverentes (embora, é claro, sua proibição esteja incluída no mandamento). A lei afirma que o próprio Senhor não deve ser considerado com desdém. Não pode ser tratado da mesma maneira que os ídolos pagãos, mencionados no mandamento anterior. Jamais deve ser invocado como um poder mágico ou ser referido numa adoração que não é centralizada exclusivamente nele.

Assim, uma referência ao “Nome” do Senhor leva consigo uma indicação da própria natureza de Deus. Em Êxodo 23:20, o “Nome” de Deus está presente no anjo enviado para liderar o povo de Israel. Também é correto concluir que tal ser trata-se de uma “teofania”, por meio da qual o Senhor de alguma maneira era experimentado ou visto na presença do anjo (veja Teofanias).

Quando a Bíblia fala em “invocar” o nome de Deus, geralmente é num contexto de exortação para se adorar ao Senhor totalmente, em toda a vida e vê-lo como o Deus soberano e transcendente que é: pessoal, amoroso e fiel, que está presente em todas as áreas de seu domínio (2Rs 5:11; Sl 17:7; Jl 2:32; Sf 3:9).

Fazer alguma coisa no “nome do Senhor” é realizar algo no lugar do próprio Deus ou fazer com todo o endosso de sua presença e em obediência à sua ordem. Dessa maneira, os sacerdotes e levitas ministravam “no nome do Senhor” e os profetas falavam “no nome do Senhor”; não que eles alegassem ser Deus, mas isso significava que falavam e operavam com sua total autoridade e poder por trás deles. Até o mesmo o rei Davi lutou “em nome do Senhor” (Dt 18:17-22; 21.5; 1 Sm 17.45; 1 Rs 18.24; etc.). Quando os israelitas desejavam afirmar a presença de Deus com a Arca da Aliança, faziam isso mediante a invocação do “Nome do Senhor dos Exércitos” (2Sm 6:2). Salomão falava em construir um Templo “ao nome do Senhor” (1Rs 8:20). Dessa maneira, o nome é um meio de descrever a plenitude, a transcendência e a presença do próprio Deus.

É interessante notar que no NT o “nome” pertence a Jesus, para lembrar os textos do AT que se referiam a tudo o que Deus é. Se o nome é de Deus e Jesus é chamado pelo “nome”, então tudo o que pertence a Deus está em Jesus e tudo o que Deus é, Cristo também é (compare Joel 2:32 com Atos 2:21; Romanos 10:13). Assim como a autoridade e o poder de Deus são vistos em seu “nome”, o mesmo acontece com Jesus. É “no nome de Jesus” que as pessoas são desafiadas ao arrependimento, batismo e a receber perdão. A fé precisa ser “no nome de Jesus” (At 2:38-3.16; 9.21). É “no nome de Jesus” que os apóstolos curavam e a Igreja orava (At 3:6; Tg 5:14).

Em adição a essa maneira abrangente de referir-se à plenitude de Deus, vários nomes específicos são atribuídos ao Senhor na Bíblia e nos ajudam a entendê-lo melhor. Diferentemente de todos os “nomes”, eles enfatizam aspectos da natureza e do caráter de Deus, a fim de afirmar e enriquecer o que já foi mencionado anteriormente.
El, Elohim. Um nome comum usado para o Senhor e geralmente traduzido como “Deus” (Elohim é a forma plural). A raiz deste vocábulo provavelmente significa “poder”. Este termo era utilizado em outras culturas e religiões para descrever uma grande divindade. Na Bíblia, porém, o nome é aplicado ao único Deus — “El Elohe Israel”, [Deus, o Deus de Israel] (Gn 33:20). Nas Escrituras, Ele é o “Deus do céu e da terra” (Gn 24:3); “o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”; o “Deus dos hebreus” (Êx 3:18); o “Deus dos deuses”; “Deus da verdade” (Sl 31:5) e, é claro, “Deus da glória” (Sl 29:3).

A forma plural às vezes refere-se a outros deuses, mas também é usada na Bíblia para o único Deus, embora o termo esteja no plural. A forma plural indica a plenitude do Senhor. Ele é totalmente distinto das pessoas criadas, em seu ser (Nm 23:19).

O vocábulo “El” também aparece em formas como “El Shaddai” (Deus Todo-poderoso”; Gn 17:1; Êx 6:3. Para mais detalhes, veja a seção “O Deus de Abraão”, no artigo sobre Abraão); “El Elyom” (Deus Altíssimo; Dt 32:8; Dn 7:18-22; etc.); “El Betel” (Deus de Betel; Gn 35:7); e “El Olam” (Deus Eterno; Gn 21:33; veja também Sl 90:2).
Yahweh (o Senhor). O vocábulo Yahweh, que geralmente é traduzido como “Senhor”, em nossas versões da Bíblia em Português, tem sido corretamente chamado de “o nome da aliança de Deus”. Foi por este título que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó escolheu revelar-se a Moisés (Êx 6:3). Sem dúvida, os seguidores fiéis do Senhor já o conheciam por este nome antes da revelação da sarça ardente, mas com Moisés há mais revelações da fidelidade de Yahweh à aliança e de sua comunhão íntima com seu povo. O nome em si é derivado do verbo hebraico “ser”. Moisés imaginou pessoas que lhe perguntariam pelo nome do Deus que lhe apareceu, quando voltasse para seu povo. O Senhor lhe respondeu: “EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3:14; veja
v. 15). Yahweh, portanto, significa algo como “Ele é” ou talvez “Ele traz à existência”.

Como o nome revelado de Deus, o título “Yahweh” trazia uma declaração da existência contínua do Senhor e sua presença permanente com seu povo. Foi Ele quem se apresentou a Moisés e ao povo de Israel através das gerações como o Deus da aliança, o que sempre seria fiel às suas promessas em favor de seu povo. Foi sob este nome que o povo da aliança adorou a Deus. No NT, os cristãos entenderam que o Senhor da aliança era Jesus Cristo e, assim, ideias e atributos do AT que pertenciam a Yahweh foram trazidos e aplicados a Jesus. Para uma discussão mais detalhada do grande significado deste nome, veja Senhor.
Adonai (Senhor). Com o significado de “Senhor” ou “Mestre”, este termo é aplicado a seres humanos em posição de autoridade. Quando relacionado a Deus, entretanto, geralmente é usado junto com o nome Yahweh. Isso apresenta algumas dificuldades na tradução. Não é fácil ler a frase “O senhor senhor”! Assim, geralmente traduz-se como “Senhor Deus” (2Sm 7:28; Is 28:16-56.8; etc.).
Rocha. A fidelidade, a confiabilidade e a graça salvadora do Deus da aliança são ocasionalmente descritas por meio do epíteto “Rocha” (Dt 32:4-15, 18; 2 Sm 22.3, 47; Sl 62:7; Hc 1:12; etc.).
Outros nomes. Embora algumas vezes sejam tomados como nomes, muitos outros termos aplicados a Deus são adjetivos. São usados para descrever o Senhor, atribuir louvor ao seu nome e diferenciá-lo dos deuses pagãos. Juízes 6:24 diz que “o Senhor é paz”. Outros textos falam sobre Deus como “o Santo” ou “o Santo de Israel”, a fim de estabelecer um elo no AT entre a sua santidade e a necessidade de que o seu povo seja santo (6:10; Pv 9:10; Is 12:6). Deus também é conhecido como o “Rei” (veja Rei), o “Senhor Todo-poderoso”, “o Senhor é minha Bandeira”, entre outros.
Jeová. Este termo é pouco citado nas modernas versões da Bíblia. Deve, contudo, ser mencionado aqui como um nome que ainda sobrevive em algumas traduções. É suficiente dizer que, em hebraico, o termo YHWH aparece e, na maioria das vezes, é traduzido como SENHOR, em nossas versões, ou colocam-se vogais e assim lê-se Yahweh (o que alguns colaboradores deste volume têm feito). Jeová deriva de uma leitura equivocada de Yahweh. O pano de fundo do problema com o nome “Jeová” é explicado no verbete Senhor.


A Trindade

O cristianismo tradicionalmente argumenta que muitas evidências bíblicas revelam Deus em três pessoas distintas. Para alguns, tal definição do Senhor tem causado sérios problemas. A história da Igreja é permeada pelo surgimento de seitas que não reconheciam Jesus Cristo como Deus ou que se recusavam a aceitar a visão trinitária do Senhor; outras não viam um dos componentes da Trindade como totalmente Deus, ou negavam que houvesse distinções entre as três pessoas. Outros grupos estão totalmente fora do ensino bíblico e entram efetivamente no mundo do triteísmo, uma noção negada explicitamente na Bíblia, como, por exemplo, na oração da “Shema” (Dt 6:4). Embora o termo “trindade” não seja mencionado nas Escrituras, os cristãos sempre creram que somente ele pode fazer justiça à revelação bíblica da “plenitude” de Deus. Começando com o AT, os cristãos apontam indicações que pressagiam um ensino mais detalhado no NT. Muitas passagens conduzem para a pluralidade relacionada com o que é o “único Deus”. Muitos textos sugerem uma identificação do Messias que virá com o próprio Deus. Ele será chamado de Deus Poderoso, governará em completa soberania e será eterno — atributos divinos (Is 9:6-7; Sl 2; etc.). Mas indicações também estão presentes na compreensão da própria criação, no AT. Embora algumas pessoas neguem seu significado, é interessante notar que o Senhor refere-se a si mesmo com o termo plural “elohim” em certas passagens. Em Gênesis 1, é Deus quem cria, por meio de sua Palavra e pelo seu Espírito (Gn 1:1-3). Às vezes essa referência no plural parece ainda mais notável, feita de forma explícita com o uso de verbos e pronomes nas pessoas do plural; por exemplo, “Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem...” (Gn 1:26-3.22; 11.7; Is 6:8). Existe também uma personalização da “Palavra de Deus” que criou os céus (Sl 33:6). Algo semelhante ocorre em Provérbios 8, onde a sabedoria do Senhor é personalizada como o próprio Deus que opera no mundo, concede vida e envolve-se com a própria criação (principalmente Pv 8:12-21).

Alguns sugerem que “o anjo do Senhor” também deve ser identificado com Deus e ainda assim é distinto dele (Êx 3:2-6; veja também Anjo do Senhor). Em Isaías 63:1014, o Espírito Santo é identificado como Agente de Deus. Esse tipo de evidência espera por sua interpretação mais completa no NT (veja também Teofanias).

No NT, aspectos da doutrina da Trindade surgem primeiro quando os discípulos e seguidores de Jesus reconhecem as obras e as palavras de Deus nas atitudes de Jesus. Realmente, o problema dos líderes religiosos daquela época foi justamente que algumas das coisas que Cristo fazia e dizia só seriam feitas e ditas por Deus; portanto, eles alegavam que Jesus blasfemava, ao tentar passar por Deus. Por exemplo, Cristo perdoou os pecados do paralítico, algo que os escribas acreditavam que somente Deus era capaz de fazer; portanto, era uma blasfêmia. Jesus então demonstrou sua autoridade divina, ao curar o homem completamente (Mt 9:2-6). João 8 é especialmente esclarecedor sobre essa questão e traz uma série de declarações feitas por Jesus. Sua alegação de pertencer a Deus e ser enviado por Ele (vv. 14, 23), de partir para um lugar desconhecido dos líderes religiosos (v. 14), intimamente combinada com o uso da expressão “Eu Sou” e sua declaração de ter existido antes de Abraão (vv. 24, 28, 58, etc.), tudo isso ocasionou uma acusação de blasfêmia e a tentativa de apedrejamento — a punição para aquela transgressão (v. 59). Jesus aceitou a confissão de Pedro de que Ele era o Cristo (Mc 8:29-30) e alegou ter “todo” poder e autoridade antes de fazer uma das principais declarações trinitárias da Bíblia: “Ide... batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28:18).

Em todo o NT, ambos, o Espírito Santo e Jesus, são apresentados como seres divinos. João 1:1-14 fala de Cristo como preexistente. Romanos 9:5 geralmente é destacado por alguns teólogos, mas provavelmente a leitura deveria ser essa: “Cristo, que é Deus sobre todos, seja louvado...” (veja também Cl 2:9; Hb 1:9-10; etc.). O Espírito Santo também é visto como Deus (veja At 5:3-4; Jo 15:26; Mc 3:29-2 Co 3.17; etc.).

São também interessantes as passagens do NT onde os escritores apostólicos aplicam a Jesus o nome de Yahweh do AT (Senhor). Veja, por exemplo, Romanos 1:0-13, onde a confissão da fé em Cristo é provada como confissão de fé em Deus, por uma referência que aponta para o AT e menciona Yahweh. Vários textos merecem um exame cuidadoso, pois trazem o entendimento do AT sobre Yahweh ou aplicam declarações concernentes a Yahweh, no AT, e a Jesus, no NT. Por exemplo, veja João 1:2-41 (cf. Is 6:10); Atos 2:34-36; I Coríntios 1:30-31; 12.3; Filipenses 2:9-11 (cf. Is 45:23), etc.

Em muitas passagens bíblicas, a ideia do Deus trino é no mínimo implícita nos textos do NT, se não explícita. O batismo de Jesus envolveu o Filho, o Pai e o Espírito Santo (Mt 3:13-17). O mencionado em Mateus 28:19 é em nome das três pessoas da Trindade. Jesus referiu-se ao Espírito Santo como “outro Consolador”. Assim como o Pai enviou Cristo, Ele mandaria o Espírito Santo (Jo 14:15-23). Veja também a obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo na vida do crente (Ef 3:14-19).

As Escrituras revelam uma figura de Deus em três pessoas e a isso nós chamamos de “Trindade”. O Pai não é maior do que o Filho e ambos são distintos do Espírito Santo, embora exista um ensino claro tanto no AT como no NT de que Deus é único. Existem três pessoas, mas apenas um Senhor. Tal ensino, quando apresentado em conjunto, implica um modo de existência longe do que nossa mente humana possa entender. É por esta razão que todas as analogias humanas invariavelmente fracassam quando se trata de explicar o que significa a Trindade.

Os cristãos estão convencidos de que negar essa doutrina é renunciar à clara evidência bíblica sobre o próprio Deus. Um escritor resumiu o ensino bíblico dessa maneira: “A doutrina da Trindade não explica plenamente o misterioso caráter de Deus. Pelo contrário, estabelece as fronteiras, fora das quais não devemos andar... Isso exige que sejamos fiéis à revelação bíblica que em um sentido Deus é um e num sentido diferente ele é três” (R. C. Sproul).

Conclusão

O Deus da Bíblia é revelado como Eterno, Majestoso, Transcendente, Onipotente e Onisciente. Também é descrito como o Criador de todo o Universo e das pessoas e, neste contexto, revela a si mesmo em sua Palavra como um Deus pessoal, amoroso e soberano, um Deus justo, verdadeiro e íntegro. Deus é revelado como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É o Deus presente com seu povo (Emanuel, Deus conosco) e atuante em toda a criação, embora de modo algum seja absorvido por ela, como certas religiões orientais ensinam. Embora seja um Deus santo, separado e distinto da criação e das criaturas, não permite que o mundo se perca totalmente em seu pecado, sem nenhuma esperança de redenção; pelo contrário, revela a si mesmo como um Deus de amor que salva e redime todo aquele que o busca. Sua graça salvadora é vista claramente em sua vinda aqui na Terra: Jesus, o Filho de Deus, veio para ser o Salvador e Redentor da humanidade. Esta dádiva é experimentada por meio de sua Palavra (a Bíblia) e da presença do Espírito Santo no coração e na vida daqueles que crêem nele. Quanto mais a Bíblia é lida, fica mais claro que todo o seu povo é exortado repetidamente a cantar louvores ao Deus Todo-poderoso que, embora seja transcendente, está presente, a fim de sustentar, cuidar e salvar. “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, por Jesus Cristo nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém”.

P.D.G.


Deus [hebr. El, Elah, Eloah, Elohim; gr. theós]

O nome mais geral da Divindade (Gn 1:1; Jo 1:1). Deus é o Ser Supremo, único, infinito, criador e sustentador do universo. É espírito pessoal e subsiste em três pessoas ou distinções: Pai, Filho e Espírito Santo (v. TRINDADE). É santo, justo, amoroso e perdoador dos que se arrependem. O ateu diz que Deus não existe; o agnóstico diz que não podemos saber se Deus existe ou não; o crente sabe que Deus existe e afirma: “... nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17:28).

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NOMES DE DEUS

Nas Escrituras Sagradas Deus é chamado por vários nomes e cognomes (títulos), que seguem alistados na ordem decrescente do número de ocorrências:


1) SENHOR (hebr. JAVÉ, ???? - Gn 2:4);


2) DEUS (Gn 1:1);


3) SENHOR DOS EXÉRCITOS (Jr 33:11);


4) Pai (Is 63:16; Mt 6:8-9);


5) SENHOR (propriamente dito - Sl 114:7);


6) SANTO de ISRAEL (Is 1:4);


7) ALTÍSSIMO (Gn 14:18);


8) Todo-poderoso (Gn 49:25; 2Co 6:18);


9) Deus Vivo (Os 1:10; 1Ts 1:9);


10) Rei (Sl 24; 1Tm 6:15);


11) Rocha (Dt 32:18; Is 30:29);


12) REDENTOR (19:25);


13) SALVADOR (Sl 106:21; Lc 1:47);


14) Juiz (Gn 18:25; 2Tm 4:8);


15) O Poderoso (Gn 49:24, RA; RC, Valente);


16) O PRIMEIRO E O ÚLTIMO (Ap 22:13);


17) ETERNO DEUS (Is 40:28);


18) Pastor (Gn 49:24);


19) ANCIÃO DE DIAS (Dn 7:9);


20) O Deus de BETEL (Gn 31:13);


21) O Deus Que Vê (Gn 16:13).


Deus O judaísmo apresentava uma visão estritamente monoteísta da divindade. As afirmações a respeito que aparecem no Antigo Testamento não podem ser mais explícitas. Antes e depois dele não houve nem haverá outros deuses (Is 43:10-11). Tudo criou sem ajuda nem presença de ninguém (Is 44:24; 45,12). É o primeiro e o último (Is 44:6), clemente e misericordioso (Sl 111:4), o que cuida dos oprimidos (Sl 113:7), o que cura todas as dores e perdoa todas as iniqüidades (Sl 103:3).

Foi ele quem entregou a Torá a Moisés no Sinai (Êx 19:20) e que estabeleceu uma Aliança Eterna com Israel como povo seu. Ele que falou através dos profetas, ele que não pode ser representado por nenhum tipo de imagem, desenho ou pintura (Ex 20:4ss.) etc.

Deste Deus se esperava que enviaria seu messias e que no final dos tempos ressuscitaria os justos e injustos, proporcionando recompensa eterna aos primeiros e castigo vergonhoso e consciente aos segundos (Dn 12:2).

Nos evangelhos encontramos uma aceitação de todas essas afirmações. Deus é único (Mc 12:29ss.), é o Deus dos patriarcas (Mt 22:32), é o único que pode receber culto e serviço (Mt 6:24; Lc 4:8). Para ele tudo é possível (Mt 19:26; Lc 1:37). Ainda que faça brilhar o sol sobre justos e injustos (Mt 5:45), só é Pai daqueles que recebem Jesus (Jo 1:12). Essa relação de paternidade entre Deus e os seguidores de Jesus explica por que ele é tratado como Pai (Mt 11:25ss.; Mc 14:36; Lc 23:34.46; Jo 11:41; 17, 1.5.11). A ele se deve dirigir no oculto do coração e sem usar contínuas repetições como os pagãos (Mt 6:4.
18) e nele se deve confiar sem sombra de dúvida (Mt 6:26-32; 10,29-31; Lc 15). E podemos então chegar a conhecê-lo porque se nos revelou em Jesus (Jo 1:18).

Esse monoteísmo com o qual Deus é contemplado no Novo Testamento encontra-se, não obstante, selecionado através da fé na Trindade, que afirma uma pluralidade de pessoas no âmago da única divindade. Existem precedentes da crença na divindade do messias no judaísmo, assim como da atuação de Deus em várias pessoas. De fato, o judeu-cristianismo posterior — tal como registra o Talmude — apenas se referiu a elas para defender sua essência judaica. Assim, no Antigo Testamento, atribui-se ao Messias o título divino de El-Guibor (Is 9:5-6); Deus se expressa em termos plurais (Gn 1:26-27; Is 6:8); o malak YHVH ou o anjo de YHVH não é senão o próprio YHVH (Jz 13:20-22) etc, expressões que foram interpretadas como sinais da revelação da Trindade.

Nos evangelhos encontramos de fato afirmações nesse sentido que não podem ser consideradas equívocas. Por exemplo: Jesus é denominado Deus (Jo 1:1; 20-28 etc.); afirma-se que o Filho de Deus é igual a Deus (Jo 5:18); ressalta-se que era adorado pelos primeiros cristãos (Mt 28:19-20 etc.), recebe a designação de “Verbo”, termo procedente dos targuns aramaicos para referir-se ao próprio YHVH (Jo 1:1) etc.

Tem-se discutido se todos esses enfoques procedem realmente do próprio Jesus ou se, ao contrário, devem ser atribuídos à comunidade primitiva. Também se questiona o seu caráter judaico.

Atualmente, sabemos que esses pontos de vista não se originaram do helenismo, mas do judaísmo contemporâneo de Jesus (m. Hengel, A. Segal, C. Vidal Manzanares etc.). A característica que difere o cristianismo das outras doutrinas é afirmar essa hipóstase do Deus único, encarnado em Jesus. A este também retrocede todas as interpretações sobre sua pessoa. Para essa interpretação, defendem-se passagens de indiscutível autenticidade histórica, como a de Lc 10:21-22, assim como as de auto-identificação que Jesus atribui a si, como a Jokmah hipostática dos Provérbios (Lc 7:35; 11,49-51) e como o “Kyrios” (Senhor) do Antigo Testamento (Lc 12:35-38; 12,43ss.). Essas passagens de fato fazem parte da fonte Q, o que indica sua antigüidade.

m. Hengel, El Hijo de Dios, Salamanca 1978; A. Segal, Paul, The Convert, New Haven e Londres 1990; m. Gilbert - J. N. Aletti, La Sabiduría y Jesucristo, Estella; C. Vidal Manzanares, El primer Evangelio...; Idem, El judeo-cristianismo palestino...


substantivo masculino O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
Religião Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
Figurado Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
Figurado Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
Religião Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
Religião Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Religião Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina.
Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

Entrar

verbo intransitivo Passar para dentro, introduzir-se, penetrar: entrar sem convite.
Recolher-se à casa.
Intrometer-se, intervir, interferir: não entre em briga de marido e mulher.
Invadir.
Encaixar-se, ajustar-se: a chave não entra na fechadura.
Ser admitido, adotar uma profissão, fazer parte de: entrar para a Academia, o magistério, um partido.
Ser um dos elementos constituintes de: entra muito orgulho no seu procedimento.
Iniciar: entrar em negociações, entrar na matéria.

Espírito

substantivo masculino Princípio imaterial, alma.
Substância incorpórea e inteligente.
Entidade sobrenatural: os anjos e os demónios.
Ser imaginário: duendes, gnomos, etc.
Pessoa dotada de inteligência superior.
Essência, ideia predominante.
Sentido, significação.
Inteligência.
Humor, graça, engenho: homem de espírito.
Etimologia (origem da palavra espírito). Do latim spiritus.

Ao passo que o termo hebraico nephesh – traduzido como alma – denota individualidade ou personalidade, o termo hebraico ruach, encontrado no Antigo Testamento, e que aparece traduzido como espírito, refere-se à energizante centelha de vida que é essencial à existência de um indivíduo. É um termo que representa a energia divina, ou princípio vital, que anima os seres humanos. O ruach do homem abandona o corpo por ocasião da morte (Sl 146:4) e retorna a Deus (Ec 12:7; cf. 34:14).

O equivalente neotestamentário de ruach é pneuma, ‘espírito’, proveniente de pneo, ‘soprar’ ou ‘respirar’. Tal como ocorre com ruach, pneuma é devolvida ao Senhor por ocasião da morte (Lc 23:46; At 7:59). Não há coisa alguma inerente à palavra pneuma que possa denotar uma entidade capaz de existência consciente separada do corpo.


Veja Espírito Santo.


Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual, de certo modo, faz parte integrante dele. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo• Trad• de Guillon Ribeiro da 5a ed• francesa• 48a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 11, it• 17

O Espírito mais não é do que a alma sobrevivente ao corpo; é o ser principal, pois que não morre, ao passo que o corpo é simples acessório sujeito à destruição. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo• Trad• de Guillon Ribeiro da 5a ed• francesa• 48a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 13, it• 4

[...] Espíritos que povoam o espaço são seus ministros [de Deus], encarregados de atender aos pormenores, dentro de atribuições que correspondem ao grau de adiantamento que tenham alcançado.
Referencia: KARDEC, Allan• A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo• Trad• de Guillon Ribeiro da 5a ed• francesa• 48a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 18, it• 3

[...] Os Espíritos são os que são e nós não podemos alterar a ordem das coisas. Como nem todos são perfeitos, não aceitamos suas palavras senão com reservas e jamais com a credulidade infantil. Julgamos, comparamos, tiramos conseqüências de nossas observações e os seus próprios erros constituem ensinamentos para nós, pois não renunciamos ao nosso discernimento.
Referencia: KARDEC, Allan• Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita• Org• por Evandro Noleto Bezerra• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 5

Os Espíritos podem dividir-se em duas categorias: os que, chegados ao ponto mais elevado da escala, deixaram definitivamente os mundos materiais, e os que, pela lei da reencarnação, ainda pertencem ao turbilhão da Humanidade terrena. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita• Org• por Evandro Noleto Bezerra• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 19

[...] um Espírito pode ser muito bom, sem ser um apreciador infalível de todas as coisas. Nem todo bom soldado é, necessariamente, um bom general.
Referencia: KARDEC, Allan• Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita• Org• por Evandro Noleto Bezerra• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 21

O Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e pelo tato.
Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita• Trad• de Guillon Ribeiro• 86a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Introd•

O princípio inteligente do Universo.
Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita• Trad• de Guillon Ribeiro• 86a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - q• 23

[...] Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa formação se operou é que são desconhecidos.
Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita• Trad• de Guillon Ribeiro• 86a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - q• 79

[...] os Espíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução de seus desígnios providenciais. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita• Trad• de Guillon Ribeiro• 86a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - q• 87

[...] alma dos que viveram corporalmente, aos quais a morte arrebatou o grosseiro invólucro visível, deixando-lhes apenas um envoltório etéreo, invisível no seu estado normal. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos médiuns ou Guia dos médiuns e dos evocadores• Trad• de Guillon Ribeiro da 49a ed• francesa• 76a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - it• 9

[...] não é uma abstração, é um ser definido, limitado e circunscrito. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos médiuns ou Guia dos médiuns e dos evocadores• Trad• de Guillon Ribeiro da 49a ed• francesa• 76a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - it• 53

Hão dito que o Espírito é uma chama, uma centelha. Isto se deve entender com relação ao Espírito propriamente dito, como princípio intelectual e moral, a que se não poderia atribuir forma determinada. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos médiuns ou Guia dos médiuns e dos evocadores• Trad• de Guillon Ribeiro da 49a ed• francesa• 76a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - it• 55

Espírito – No sentido especial da Doutrina Espírita, os Espíritos são os seres inteligentes da criação, que povoam o Universo, fora do mundo material, e constituem o mundo invisível. Não são seres oriundos de uma criação especial, porém, as almas dos que viveram na Terra, ou nas outras esferas, e que deixaram o invólucro corporal.
Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos médiuns ou Guia dos médiuns e dos evocadores• Trad• de Guillon Ribeiro da 49a ed• francesa• 76a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 32

E E EA alma ou Espírito, princípio inteligente em que residem o pensamento, a vontade e o senso moral [...].
Referencia: KARDEC, Allan• O que é o Espiritismo: noções elementares do mundo invisível, pelas manifestações dos Espíritos• 52a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 2, it• 10

[...] a alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado Espírito.
Referencia: KARDEC, Allan• O que é o Espiritismo: noções elementares do mundo invisível, pelas manifestações dos Espíritos• 52a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 2, it• 14

Os Espíritos não são, portanto, entes abstratos, vagos e indefinidos, mas seres concretos e circunscritos, aos quais só falta serem visíveis para se assemelharem aos humanos; donde se segue que se, em dado momento, pudesse ser levantado o véu que no-los esconde, eles formariam uma população, cercando-nos por toda parte.
Referencia: KARDEC, Allan• O que é o Espiritismo: noções elementares do mundo invisível, pelas manifestações dos Espíritos• 52a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 2, it• 16

Há no homem um princípio inteligente a que se chama alma ou espírito, independente da matéria, e que lhe dá o senso moral e a faculdade de pensar.
Referencia: KARDEC, Allan• Obras póstumas• Traduzida da 1a ed• francesa por Guillon Ribeiro• 37a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 1, Profissão de fé espírita raciocinada

Os Espíritos são os agentes da potência divina; constituem a força inteligente da Natureza e concorrem para a execução dos desígnios do Criador, tendo em vista a manutenção da harmonia geral do Universo e das leis imutáveis que regem a criação.
Referencia: KARDEC, Allan• Obras póstumas• Traduzida da 1a ed• francesa por Guillon Ribeiro• 37a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 1, Profissão de fé espírita raciocinada

[...] Uma mônada – um centro de força e de consciência em um grau superior de desenvolvimento, ou então, uma entidade individual dotada de inteligên cia e de vontade – eis a única definição que poderíamos arriscar-nos a dar da concepção de um Espírito. [...]
Referencia: AKSAKOF, Alexandre• Animismo e Espiritismo• Trad• do Dr• C• S• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• 2 v• - v• 2, cap• 4

[...] é o modelador, o artífice do corpo.
Referencia: AMIGÓ Y PELLÍCER, José• Roma e o Evangelho: estudos filosófico-religiosos e teórico-práticos• 9a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 2, Comunicações ou ensinos dos Espíritos

[...] ser livre, dono de vontade própria e que não se submete, como qualquer cobaia inconsciente, aos caprichos e exigências de certos pesquisadores ainda mal qualificados eticamente, embora altamente dotados do ponto de vista cultural e intelectual.
Referencia: ANJOS, Luciano dos e MIRANDA, Hermínio C•• Crônicas de um e de outro: de Kennedy ao homem artificial• Prefácio de Abelardo Idalgo Magalhães• Rio de Janeiro: FEB, 1975• - cap• 14

O Espírito, essência divina, imortal, é o princípio intelectual, imaterial, individualizado, que sobrevive à desagregação da matéria. É dotado de razão, consciência, livre-arbítrio e responsabilidade.
Referencia: BARBOSA, Pedro Franco• Espiritismo básico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - pt• 2, Postulados e ensinamentos

[...] causa da consciência, da inteligência e da vontade [...].
Referencia: BODIER, Paul• A granja do silêncio: documentos póstumos de um doutor em Medicina relativos a um caso de reencarnação• 13a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Apêndice

[...] um ser individualizado, revestido de uma substância quintessenciada, que, apesar de imperceptível aos nossos sentidos grosseiros, é passível de, enquanto encarnado, ser afetado pelas enfermidades ou pelos traumatismos orgânicos, mas que, por outro lado, também afeta o indumento (soma) de que se serve durante a existência humana, ocasionando-lhe, com suas emoções, distúrbios funcionais e até mesmo lesões graves, como o atesta a Psiquiatria moderna ao fazer Medicina psicossomática.
Referencia: CALLIGARIS, Rodolfo• As leis morais: segundo a filosofia espírita• 12a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - As Leis Divinas

[...] depositário da vida, dos sentimentos e das responsabilidades que Deus lhe outorgou [...].
Referencia: CASTRO, Almerindo Martins de• O martírio dos suicidas: seus sofrimentos inenarráveis• 17a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• -

[...] a alma ou o espírito é alguma coisa que pensa, sente e quer [...].
Referencia: DELANNE, Gabriel• A alma é imortal• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1992• - pt• 1, cap• 1

O estudo do Espírito tem de ser feito, portanto, abrangendo os seus dois aspectos: um, ativo, que é o da alma propriamente dita, ou seja, o que em nós sente, pensa, quer e, sem o qual nada existiria; outro, passivo – o do perispírito, inconsciente, almoxarifado espiritual, guardião inalterável de todos os conhecimentos intelectuais, tanto quanto conservador das leis orgânicas que regem o corpo físico.
Referencia: DELANNE, Gabriel• A evolução anímica: estudo sobre psicologia fisiológica segundo o Espiritismo• Trad• de Manuel Quintão da 2a ed• francesa• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 4

[...] O que caracteriza essencialmente o espírito é a consciência, isto é, o eu, mediante o qual ele se distingue do que não está nele, isto é, da matéria. [...]
Referencia: DELANNE, Gabriel• A evolução anímica: estudo sobre psicologia fisiológica segundo o Espiritismo• Trad• de Manuel Quintão da 2a ed• francesa• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 6

[...] é o ser principal, o ser racional e inteligente [...].
Referencia: DELANNE, Gabriel• O fenômeno espírita: testemunho dos sábios• Traduzido da 5a ed• francesa por Francisco Raymundo Ewerton Quadros• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 4

Chamamos Espírito à alma revestida do seu corpo fluídico. A alma é o centro de vida do perispírito, como este é o centro da vida do organismo físico. Ela que sente, pensa e quer; o corpo físico constitui, com o corpo fluídico, o duplo organismo por cujo intermédio ela [a alma] atua no mundo da matéria.
Referencia: DENIS, Léon• Cristianismo e Espiritismo: provas experimentais da sobrevivência• Trad• de Leopoldo Cirne• 14a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 10

[...] O espírito não é, pois, nem um anjo glorificado, nem um duende condenado, mas sim a própria pessoa que daqui se foi, conservando a força ou a fraqueza, a sabedoria ou a loucura, que lhe eram peculiares, exatamente como conserva a aparência corpórea que tinha.
Referencia: DOYLE, Arthur Conan• A nova revelação• Trad• da 6a ed• inglesa por Guillon Ribeiro; traços biográficos do autor por Indalício Mendes• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 3

O Espírito [...] é a causa de todos os fenômenos que se manifestam na existência física, emocional e psíquica. Viajor de incontáveis etapas no carreiro da evolução, armazena informações e experiências que são transferidas para os respectivos equipamentos fisiológicos – em cada reencarnação – produzindo tecidos e mecanismos resistentes ou não a determinados processos degenerativos, por cujo meio repara as condutas que se permitiram na experiência anterior. [...] Da mesma forma que o Espírito é o gerador das doenças, torna-se o criador da saúde, especialmente quando voltado para os compromissos que regem o Cosmo.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Impermanência e imortalidade• Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Corpo e mente

O Espírito, através do cérebro e pelo coração, nos respectivos chakras coronário, cerebral e cardíaco, emite as energias – ondas mentais carregadas ou não de amor e de compaixão – que é registrada pelo corpo intermediário e transformada em partículas que são absorvidas pelo corpo, nele produzindo os resultados compatíveis com a qualidade da emissão.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Impermanência e imortalidade• Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Corpo e mente

O Espírito, em si mesmo, esse agente fecundo da vida e seu experimentador, esE E Etabelece, de forma consciente ou não, o que aspira e como consegui-lo, utilizando-se do conhecimento de si mesmo, único processo realmente válido para os resultados felizes.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Impermanência e imortalidade• Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - O sofrimento

O Espírito, igualmente, é também uma energia universal, que foi gerado por Deus como todas as outras existentes, sendo porém dotado de pensamento, sendo um princípio inteligente, enquanto que todos os demais são extáticos, mecânicos, repetindo-se ininterruptamente desde o primeiro movimento até o jamais derradeiro...
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Impermanência e imortalidade• Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Consciência

Individualidades inteligentes, incorpóreas, que povoam o Universo, criadas por Deus, independentes da matéria. Prescindindo do mundo corporal, agem sobre ele e, corporificando-se através da carne, recebem estímulos, transmitindo impressões, em intercâmbio expressivo e contínuo. São de todos os tempos, desde que a Criação sendo infinita, sempre existiram e jamais cessarão. Constituem os seres que habitam tudo, no Cosmo, tornando-se uma das potências da Natureza e atuam na Obra Divina como coopera-dores, do que resulta a própria evolução e aperfeiçoamento intérmino. [...] Indestrutíveis, jamais terão fim, não obstante possuindo princípio, quando a Excelsa Vontade os criou.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Sublime expiação• Pelo Espírito Victor Hugo• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1998• - cap• 3

O Espírito é a soma das suas vidas pregressas.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Sublime expiação• Pelo Espírito Victor Hugo• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1998• - cap• 17

[...] Todos somos a soma das experiências adquiridas numa como noutra condição, em países diferentes e grupos sociais nos quais estagiamos ao longo dos milênios que nos pesam sobre os ombros. [...]
Referencia: FREIRE, Antônio J• Ciência e Espiritismo: da sabedoria antiga à época contemporânea• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 9

[...] O Espírito é tudo aquilo quanto anseia e produz, num somatório de experiências e realizações que lhe constituem a estrutura íntima da evolução.
Referencia: FREIRE, Antônio J• Ciência e Espiritismo: da sabedoria antiga à época contemporânea• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 25

Herdeiro do passado, o espírito é jornaleiro dos caminhos da redenção impostergável.
Referencia: GAMA, Zilda• Do calvário ao infinito• Pelo Espírito Victor Hugo• 14a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1987• - L• 3, cap• 8

O Espírito é o engenheiro da maquinaria fisiopsíquica de que se vai utilizar na jornada humana.
Referencia: GAMA, Zilda• Redenção: novela mediúnica• Pelo Espírito Victor Hugo• 14a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Tendências, aptidões e reminiscências

[...] O ser real e primitivo é o Espírito [...].
Referencia: GAMA, Zilda• Redenção: novela mediúnica• Pelo Espírito Victor Hugo• 14a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Suicídio sem dor

Porque os Espíritos são as almas dos homens com as suas qualidades e imperfeições [...].
Referencia: GAMA, Zilda• Redenção: novela mediúnica• Pelo Espírito Victor Hugo• 14a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Calvário de luz

[...] O Espírito – consciência eterna – traz em si mesmo a recordação indelével das suas encarnações anteriores. [...]
Referencia: GURJÃO, Areolino• Expiação• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1984• - A doutrina do hindu

[...] princípio inteligente que pensa, que quer, que discerne o bem do mal e que, por ser indivisível, imperecível se conserva. [...]
Referencia: MARCHAL, V (Padre)• O Espírito Consolador, ou os nossos destinos• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - 9a efusão

[...] Só o Espírito constitui a nossa individualidade permanente. [...]
Referencia: MARCHAL, V (Padre)• O Espírito Consolador, ou os nossos destinos• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - 37a efusão

[...] é o único detentor de todas as potencialidades e arquivos de sua individualidade espiritual [...].
Referencia: MELO, Jacob• O passe: seu estudo, suas técnicas, sua prática• 15a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 4

Em verdade, cada espírito é qual complexa usina integrante de vasta rede de outras inúmeras usinas, cujo conjunto se auto-sustenta, como um sistema autônomo, a equilibrar-se no infinito mar da evolução.
Referencia: SANT’ANNA, Hernani T• Universo e vida• Pelo Espírito Áureo• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 5

[...] O que vale dizer, ser o Espírito o Élan Vital que se responsabiliza pela onda morfogenética da espécie a que pertence. Entendemos como espírito, ou zona inconsciente, a conjuntura energética que comandaria a arquitetura física através das telas sensíveis dos núcleos celulares. O espírito representaria o campo organizador biológico, encontrando nas estruturas da glândula pineal os seus pontos mais eficientes de manifestações. [...]
Referencia: SANTOS, Jorge Andréa dos• Forças sexuais da alma• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1991• - Introd•

O nosso Espírito será o resultado de um imenso desfile pelos reinos da Natureza, iniciando-se nas experiências mais simples, na escala mineral, adquirindo sensibilidade (irritabilidade celular) no mundo vegetal, desenvolvendo instintos, nas amplas variedades das espécies animais, e a razão, com o despertar da consciência, na família hominal, onde os núcleos instintivos se vão maturando e burilando, de modo a revelar novos potenciais. [...]
Referencia: SANTOS, Jorge Andréa dos• Visão espírita nas distonias mentais• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1992• - cap• 3

[...] A verdadeira etimologia da palavra espírito (spiritus, sopro) representa uma coisa que ocupa espaço, apesar de, pela sua rarefação, tornar-se invisível. Há, porém, ainda uma confusão no emprego dessa palavra, pois que ela é aplicada por diferentes pensadores, não só para exprimir a forma orgânica espiritual com seus elementos constitutivos, como também a sua essência íntima que conhece e pensa, à qual chamamos alma e os franceses espírito.
Referencia: SARGENT, Epes• Bases científicas do Espiritismo• Traduzido da 6a ed• inglesa por F• R• Ewerton Quadros• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - cap• 1

O Espírito, em sua origem, como essência espiritual e princípio de inteligência, se forma da quintessência dos fluidos que no seu conjunto constituem o que chamamos – o todo universal e que as irradiações divinas animam, para lhes dar o ser e compor os germes de toda a criação, da criação de todos os mundos, de todos os reinos da Natureza, de todas as criaturas, assim no estado material, como também no estado fluídico. Tudo se origina desses germes fecundados pela Divindade e progride para a harmonia universal.
Referencia: SAYÃO, Antônio Luiz• (Comp•) Elucidações Evangélicas• 13a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• -

[...] a essência da vida é o espírito [...].
Referencia: SOARES, Sílvio Brito• Páginas de Léon Denis• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1991• - O Espiritismo e a mulher

O Espírito humano é a obra-prima, a suprema criação de Deus.
Referencia: VIEIRA, Waldo• Seareiros de volta• Diversos autores espirituais• Prefácio de Elias Barbosa• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Equação da felicidade

[...] Somos almas, usando a vestimenta da carne, em trânsito para uma vida maior. [...] somos um templo vivo em construção, através de cujos altares se E E Eexpressará no Infinito a grandeza divina. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Ave, Cristo! Episódios da história do Cristianismo no século III• Pelo Espírito Emmanuel• 22a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 2, cap• 2

Figuradamente, o espírito humano é um pescador dos valores evolutivos, na escola regeneradora da Terra. A posição de cada qual é o barco. Em cada novo dia, o homem se levanta com a sua “rede” de interesses. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Caminho, verdade e vida• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 21

Somos uma grande família no Lar do Evangelho e, embora separados nas linhas vibratórias do Espaço, prosseguimos juntos no tempo, buscando a suprema identificação com o Cristo.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

Cada espírito é um continente vivo no plano universal.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Falando à Terra• Por diversos Espíritos• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Reflexões

[...] o espírito é a obra-prima do Universo, em árduo burilamento.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Justiça Divina• Pelo Espírito Emmanuel• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Evolução e livre-arbítrio

[...] Sendo cada um de nós uma força inteligente, detendo faculdades criadoras e atuando no Universo, estaremos sempre engendrando agentes psicológicos, através da energia mental, exteriorizando o pensamento e com ele improvisando causas positivas, cujos efeitos podem ser próximos ou remotos sobre o ponto de origem. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Libertação• Pelo Espírito André Luiz• 29a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 2

[...] Cada espírito é um elo importante em extensa região da corrente humana. Quanto mais crescemos em conhecimentos e aptidões, amor e autoridade, maior é o âmbito de nossas ligações na esfera geral. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Libertação• Pelo Espírito André Luiz• 29a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 3

Somos, cada qual de nós, um ímã de elevada potência ou um centro de vida inteligente, atraindo forças que se harmonizam com as nossas e delas constituindo nosso domicílio espiritual.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Libertação• Pelo Espírito André Luiz• 29a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 18

[...] Somos diamantes brutos, revestidos pelo duro cascalho de nossas milenárias imperfeições, localizados pela magnanimidade do Senhor na ourivesaria da Terra. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Libertação• Pelo Espírito André Luiz• 29a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 19

Cada Espírito é um mundo onde o Cristo deve nascer...
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Pontos e contos• Pelo Espírito Irmão X [Humberto de Campos]• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1999• - cap• 37

[...] gema preciosa e eterna dos tesouros de Deus [...].
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Relicário de luz• Autores diversos• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Nosso “eu”

Cada Espírito é um mundo vivo com movimento próprio, atendendo às causas que criou para si mesmo, no curso do tempo, gravitando em torno da Lei Eterna que rege a vida cósmica.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Voltei• Pelo Espírito Irmão Jacob• 24a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 17

O Espírito, encarnado ou desencarnado, na essência, pode ser comparado a um dínamo complexo, em que se verifica a transubstanciação do trabalho psicofísico em forças mentoeletromagnéticas, forças essas que guardam consigo, no laboratório das células em que circulam e se harmonizam, a propriedade de agentes emissores e receptores, conservadores e regeneradores de energia. Para que nos façamos mais simplesmente compreendidos, imaginemo-lo como sendo um dínamo gerador, indutor, transformador e coletor, ao mesmo tem po, com capacidade de assimilar correntes contínuas de força e exteriorizá-las simultaneamente.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo• Mecanismos da mediunidade• Pelo Espírito André Luiz• 24a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 5

O espírito é um monumento vivo de Deus – o Criador Amorável. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo• O Espírito da Verdade: estudos e dissertações em torno de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec• Por diversos Espíritos• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1992• - cap• 12


Espírito
1) A parte não-material, racional e inteligente do ser humano (Gn 45:27; Rm 8:16).


2) A essência da natureza divina (Jo 4:24).


3) Ser não-material maligno que prejudica as pessoas (Mt 12:45).


4) Ser não-material bondoso que ajuda as pessoas (Hc 1:14;
v. ANJO).


5) Princípio que norteia as pessoas (2Co 4:13; Fp 1:17).


6) ESPÍRITO SANTO (Gl 3:5).


Espírito Ver Alma.

Jesus

Não há dúvida de que Jesus é o mensageiro divino enviado aos homens J J para ensinar-lhes a verdade, e, por ela, o caminho da salvação [...].
Referencia: KARDEC, Allan• O céu e o inferno ou A Justiça divina segundo o Espiritismo• Trad• de Manuel Justiniano Quintão• 57a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 1, cap• 10, it• 18

[...] Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus.
Referencia: KARDEC, Allan• A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo• Trad• de Guillon Ribeiro da 5a ed• francesa• 48a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 15, it• 2

[...] o pão de Deus é aquele que desceu do Céu e que dá vida ao mundo. [...] Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome e aquele que em mim crê não terá sede. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• A Gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo• Trad• de Guillon Ribeiro da 5a ed• francesa• 48a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 15, it• 50

[...] o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita• Trad• de Guillon Ribeiro• 86a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - q• 625

[...] é filho de Deus, como todas as criaturas [...].
Referencia: KARDEC, Allan• Obras póstumas• Traduzida da 1a ed• francesa por Guillon Ribeiro• 37a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 1, O filho de Deus e o filho do homem

Jesus foi um Revelador de primeira plana, não porque haja trazido ao mundo, pela primeira vez, uma parcela da Verdade Suprema, mas pela forma de revestir essa Verdade, colocando-a ao alcance de todas as almas, e por ser também um dos mais excelsos Espíritos, para não dizer o primeiro em elevação e perfeição, de quantos têm descido à Terra, cujo governador supremo é Ele.
Referencia: AGUAROD, Angel• Grandes e pequenos problemas• Obra ditada a Angel Aguarod pelo seu Guia Espiritual• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Pról•

Jesus Cristo é a paz – é a mansidão – é a justiça – é o amor – é a doçura – é a tolerância – é o perdão – é a luz – é a liberdade – é a palavra de Deus – é o sacrifício pelos outros [...].
Referencia: AMIGÓ Y PELLÍCER, José• Roma e o Evangelho: estudos filosófico-religiosos e teórico-práticos• 9a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 1, cap• 8

Jesus é o ser mais puro que até hoje se manifestou na Terra. Jesus não é Deus. Jesus foi um agênere.
Referencia: ANJOS, Luciano dos e MIRANDA, Hermínio C•• Crônicas de um e de outro: de Kennedy ao homem artificial• Prefácio de Abelardo Idalgo Magalhães• Rio de Janeiro: FEB, 1975• - cap• 71

Jesus é o centro divino da verdade e do amor, em torno do qual gravitamos e progredimos.
Referencia: BÉRNI, Duílio Lena• Brasil, mais além! 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1999• - cap• 24

Jesus é o protótipo da bondade e da sabedoria conjugadas e desenvolvidas em grau máximo. [...]
Referencia: CALLIGARIS, Rodolfo• As leis morais: segundo a filosofia espírita• 12a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Heliotropismo espiritual

Jesus Cristo é o Príncipe da Paz.
Referencia: CALLIGARIS, Rodolfo• O Sermão da Montanha• 16a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Bem-aventurados os pacificadores•••

[...] conquanto não seja Deus, e sim um Espírito sublimado, Jesus Cristo é o governador de nosso planeta, a cujos destinos preside desde a sua formação. Tudo (na Terra) foi feito por Ele, e, nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele diz-nos João 3:1.[...] autêntico Redentor da Huma-nidade.
Referencia: CALLIGARIS, Rodolfo• Páginas de Espiritismo cristão• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1993• - cap• 1

Jesus, pois, é um desses Espíritos diretores e protetores de mundos, e a missão de dirigir a nossa Terra, com o concurso de outros Espíritos subordinados em pureza à sua pureza por excelência, lhe foi outorgada, como um prêmio à sua perfeição imaculada, em épocas que se perdem nas eternidades do passado. [...]
Referencia: CIRNE, Leopoldo• A personalidade de Jesus• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Jesus nos Evangelhos

[...] espírito poderoso, divino missionário, médium inspirado. [...]
Referencia: DENIS, Léon• Cristianismo e Espiritismo: provas experimentais da sobrevivência• Trad• de Leopoldo Cirne• 14a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 2

J [...] é, positivamente, a pedra angular do Cristianismo, a alma da nova revelação. Ele constitui toda a sua originalidade.
Referencia: DENIS, Léon• Cristianismo e Espiritismo: provas experimentais da sobrevivência• Trad• de Leopoldo Cirne• 14a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 3

[...] era um divino missionário, dotado de poderosas faculdades, um médium incomparável. [...]
Referencia: DENIS, Léon• Cristianismo e Espiritismo: provas experimentais da sobrevivência• Trad• de Leopoldo Cirne• 14a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 6

[...] é o iniciador do mundo no culto do sentimento, na religião do amor. [...]
Referencia: DENIS, Léon• Cristianismo e Espiritismo: provas experimentais da sobrevivência• Trad• de Leopoldo Cirne• 14a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Conclusão

[...] Espírito protetor da Terra, anjo tutelar desse planeta, grande sacerdote da verdadeira religião.
Referencia: DOMINGO SÓLER, Amália• Fragmentos das memórias do Padre Germano• Pelo Espírito Padre Germano• Trad• de Manuel Quintão• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 29

Jesus é o Mestre por excelência: ofereceu-se-nos por amor, ensinou até o último instante, fez-se o exemplo permanente aos nossos corações e nos paroxismos da dor, pregado ao madeiro ignominioso, perdoou-nos as defecções de maus aprendizes.
Referencia: EVANGELIZAÇÃO espírita da infância e da juventude na opinião dos Espíritos (A)• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1986• Separata do Reformador de out• 82• - q• 5

Jesus é nosso Irmão porque é filho de Deus como nós; e é nosso Mestre porque sabe mais que nós e veio ao mundo nos ensinar.
Referencia: FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA• Departamento de Infância e Juventude• Currículo para as Escolas de Evangelização Espírita Infanto-juvenil• 2a ed• Rio de Janeiro, 1998• - cap• 4

[...] é chamado Jesus, o Cristo, porque Cristo quer dizer o enviado de Deus.
Referencia: FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA• Departamento de Infância e Juventude• Currículo para as Escolas de Evangelização Espírita Infanto-juvenil• 2a ed• Rio de Janeiro, 1998• - cap• 4

Jesus é o exemplo máximo dessa entrega a Deus, lição viva e incorruptível de amor em relação à Humanidade. Mergulhou no corpo físico e dominou-o totalmente com o seu pensamento, utilizando-o para exemplificar o poder de Deus em relação a todas as criaturas, tornando-se-lhe o Médium por excelência, na condição de Cristo que o conduziu e o inspirava em todos os pensamentos e atos. Sempre com a mente alerta às falaciosas condutas farisaicas e às circunstâncias difíceis que enfrentava, manteve-se sempre carinhoso com as massas e os poderosos, sem manter-se melífluo ou piegas com os infelizes ou subalterno e submisso aos dominadores de um dia... Profundo conhecedor da natureza humana sabia acioná-la, despertando os sentimentos mais profundos e comandando os pensamentos no rumo do excelso Bem. Vencedor da morte, que o não assustava, é o exemplo máximo de vida eterna, concitando-nos a todos a seguir-lhe as pegadas.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Impermanência e imortalidade• Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Corpo e mente

Jesus, embora incompreendido no seu tempo, venceu a História, ultrapassou todas as épocas, encontrando-se instalado no mundo e em milhões de mentes e corações que o aceitam, o amam e tentam segui-lo. O sofrimento que experimentou não o afligiu nem o turbou, antes foi amado e ultrapassado, tornando-se mais do que um símbolo, a fiel demonstração de que no mundo somente teremos aflições.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Impermanência e imortalidade• Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - O sofrimento

Jesus de Nazaré jamais desprezou ou subestimou as dádivas relevantes do abençoado planeta, nunca se recusando J J à convivência social, religiosa, humana... Participou das bodas em Caná, freqüentou a Sinagoga e o Templo de Jerusalém, aceitou a entrevista com Nicodemos, o almoço na residência de Simão, o leproso, bem como hospedou-se com Zaqueu, o chefe dos publicanos, escandalizando a todos, conviveu com os pobres, os enfermos, os infelizes, mas também foi gentil com todos aqueles que o buscavam, a começar pelo centurião, que lhe fora rogar ajuda para o criado enfermo, jamais fugindo da convivência de todos quantos para os quais viera... Abençoou criancinhas buliçosas, dialogou com a mulher da Samaria, desprezada, com a adúltera que seguia para a lapidação, libertando-a, participou da saudável convivência de Lázaro e suas irmãs em Betânia, aceitou a gentileza da Verônica na via crucis, quando lhe enxugou o suor de sangue... Jesus tipificou o ser social e humano por excelência, portador de fé inquebrantável, que o sustentou no momento do sacrifício da própria vida, tornando-se, em todos os passos, o Homem incomparável. Jamais agrediu o mundo e suas heranças, suas prisões emocionais e paixões servis, seus campeonatos de insensatez, sua crueldade, sua hediondez em alguns momentos, por saber que as ocorrências resultavam da inferioridade moral dos seus habitantes antes que deles mesmos. Apesar dessa conduta, demonstrou a superioridade do Reino de Deus, porque, permanente, causal e posterior ao périplo carnal, convidando os homens e as mulheres de pensamento, os que se encontravam saturados e sem roteiro, os sofridos e atormentados à opção libertadora e feliz.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Impermanência e imortalidade• Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Aflições do mundo

[...] é o Médico Divino e a sua Doutrina é o medicamento eficaz de que nos podemos utilizar com resultados imediatos.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Lampadário espírita• Pelo Espírito Joanna de Ângelis• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 23

Jesus é ainda e sempre a nossa lição viva, o nosso exemplo perene. Busquemo-lo!
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Nos bastidores da obsessão• Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 5

[...] Jesus é o amor inexaurível: não persegue: ama; não tortura: renova; não desespera: apascenta! [...] é a expressão do amor e sua não-violência oferece a confiança que agiganta aqueles que o seguem em extensão de devotamento.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Nos bastidores da obsessão• Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 10

[...] é a nossa porta: atravessemo-la, seguindo-lhe as pegadas ...
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Nos bastidores da obsessão• Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 16

[...] Jesus na manjedoura é um poema de amor falando às belezas da vida; Jesus na cruz é um poema de dor falando sobre as grandezas da Eternidade.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Párias em redenção• Pelo Espírito Victor Hugo• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - L• 1, cap• 2

[...] é a Vida em alta expressão de realidade, falando a todos os seres do mundo, incessantemente!... Sua lição inesquecível representa incentivo urgente que não podemos deixar de aplicar em nosso dia-a-dia redentor.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Párias em redenção• Pelo Espírito Victor Hugo• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - L• 3, cap• 1

J [...] é o guia divino: busque-o!
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Sublime expiação• Pelo Espírito Victor Hugo• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1998• - L• 3, cap• 5

[...] é a Verdade e a Justiça, a que todos nós aspiramos!
Referencia: GAMA, Zilda• Dor suprema• Pelo Espírito Victor Hugo• 15a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - L• 7, cap• 13

[...] é sempre a verdade consoladora no coração dos homens. Ele é a claridade que as criaturas humanas ainda não puderam fitar e nem conseguiram compreender. [...]
Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Pelo Evangelho

De todos os Evangelhos se evola uma onda de perfume balsâmico e santificador a denunciar a passagem gloriosa e solene de um Arauto da paz e da felicidade no Além.
Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Veracidade dos Evangelhos

[...] O Messias, o Príncipe da vida, o Salvador do mundo.
Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Interpretação subjetiva

[...] cognominado pelo povo de Grande profeta e tratado pelos seus discípulos como filho de Deus.
Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Identidade de Jesus

[...] o instrutor geral, o chefe da escola universal em todas as épocas.
Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Supremacia de Jesus

[...] O Consolador, O Espírito de Verdade a dirigir o movimento científico por todo o globo.
Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Materializações

Paulo, que se tornou cristão, por ter visto Jesus em Espírito e dele ter recebido a Revelação, diz que Jesus, o Cristo, é a imagem da Substância de Deus, o Primogênito de Deus (o texto grego diz: a imagem de Deus invisível e o primeiro concebido de toda a Criação) – o que não quer dizer que este primeiro concebido, seja idêntico fisiologicamente ao homem terrestre.
Referencia: LIMA, Antônio• Vida de Jesus: baseada no Espiritismo: estudo psicológico• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Natureza de Jesus

[...] é, ao mesmo tempo, a pureza que ama e o amor que purifica.
Referencia: MARCHAL, V (Padre)• O Espírito Consolador, ou os nossos destinos• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - 22a efusão

[...] foi o mais santo, o mais elevado, o mais delicado Espírito encarnado no corpo mais bem organizado que já existiu. [...]
Referencia: MARCHAL, V (Padre)• O Espírito Consolador, ou os nossos destinos• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - 23a efusão

Espírito da mais alta hierarquia divina, Jesus, conhecedor de leis científicas ainda não desvendadas aos homens, mas, de aplicação corrente em mundos mais adiantados, formou o seu próprio corpo com os fluidos que julgou apropriados, operando uma materialilização muitíssimo mais perfeita que aquelas de que nos falam as Escrituras e do que as que os homens já pudemos presenciar em nossas experiências no campo do psiquismo.
Referencia: MÍNIMUS• Os milagres de Jesus: historietas para a infância• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1983• - cap• 1

Jesus é o amigo supremo, em categoria especial, com quem nenhum outro pode ser confrontado. [...]
Referencia: MIRANDA, Hermínio C• As marcas do Cristo• Rio de Janeiro: FEB, 1979• 2 v• - v• 1, cap• 4

[...] o caminho, a verdade e a vida, e é por ele que chegaremos ao divino estado da pureza espiritual. Esse é o mecanismo da salvação, da justificação, da predestinação.
Referencia: MIRANDA, Hermínio C• As marcas do Cristo• Rio de Janeiro: FEB, 1979• 2 v• - v• 1, cap• 5

esus – ensina Agasha – foi um exemplo vivo do que pregava. Ensinou aos homens a amarem-se uns aos outros, mas também ensinou que os homens haveriam de cometer muitos enganos e que Deus não os condenaria, mas lhe daria outras oportunidades para aprenderem.
Referencia: MIRANDA, Hermínio C• Reencarnação e imortalidade• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - cap• 4

Jesus Cristo, o mais sábio dos professores que o mundo já conheceu e o mais compassivo dos médicos que a Humanidade já viu, desde o princípio, permanece como divina sugestão àqueles que, no jornadear terrestre, ocupam a cátedra ou consagram a vida ao santo labor dos hospitais.
Referencia: PERALVA, Martins• Estudando a mediunidade• 23a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 22

Se lhe chamamos Senhor e Mestre, Divino Amigo e Redentor da Humanidade, Sol de nossas vidas e Advogado de nossos destinos, por um dever de consciência devemos afeiçoar o nosso coração e conjugar o nosso esforço no devotamento à vinha que por Ele nos foi confiada.
Referencia: PERALVA, Martins• Estudando a mediunidade• 23a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 45

Sendo o Pão da Vida e a Luz do Mundo, Nosso Senhor Jesus Cristo era, por conseguinte, a mais completa manifestação de Sabedoria e Amor que a Terra, em qualquer tempo, jamais sentira ou conhecera. [...] A palavra do Mestre se refletiu e se reflete, salutar e construtivamente, em todos os ângulos evolutivos da Humanidade.
Referencia: PERALVA, Martins• Estudando o Evangelho• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1992• - cap• 11

[...] o Verbo, que se fez carne e habitou entre nós.
Referencia: PERALVA, Martins• Mediunidade e evolução• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1987• - cap• 45

Jesus, evidentemente, é o amor semfronteiras, que a todos envolve e fascina,ampara e magnetiza.O pão da vida, a luz do mundo, o guiasupremo.
Referencia: PERALVA, Martins• O pensamento de Emmanuel• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1994• - Introd•

[...] é o mais alto expoente de evolução espiritual que podemos imaginar [...].
Referencia: QUINTÃO, Manuel• O Cristo de Deus: resposta ao “Jesus de Nazaret” de H• Rivereto• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1979• - cap• 2

Nem homem, nem Deus, [...] mas, Espírito puro e não falido, um, na verdade, com o Pai, porque dele médium, isto é, veículo do pensamento e da vontade divinos, e, conseguintemente, conhecedor das leis que regem a vida moral e material neste e noutros planetas, ou seja, daquelas muitas moradas de que falava.
Referencia: QUINTÃO, Manuel• O Cristo de Deus: resposta ao “Jesus de Nazaret” de H• Rivereto• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1979• - cap• 5

[...] puro Espírito, um Espírito de pureza perfeita e imaculada, o fundador, o protetor, o governador do planeta terreno [...].
Referencia: RIBEIRO, Guillon• Jesus, nem Deus nem homem: Sua posição espiritual com relação a Deus e aos homens• 2a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1978• -

[...] Espírito fundador, protetor e governador do mundo terrestre, a cuja formação presidiu, tendo, na qualidade de representante e delegado de Deus, plenos poderes, no céu, e na Terra, sobre todos os Espíritos que nesta encarnam [...].
Referencia: RIBEIRO, Guillon• Jesus, nem Deus nem homem: Sua posição espiritual com relação a Deus e aos homens• 2a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1978• -

[...] como filho, Ele, Jesus, não é Deus e sim Espírito criado por Deus e Espírito protetor e governador do planeta J terreno, tendo recebido de Deus todo o poder sobre os homens, a fim de os levar à perfeição; que foi e é, entre estes, um enviado de Deus e que aquele poder lhe foi dado com esse objetivo, com esse fim.
Referencia: RIBEIRO, Guillon• Jesus, nem Deus nem homem: Sua posição espiritual com relação a Deus e aos homens• 2a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1978• -

[...] puro Espírito, um Espírito de pureza perfeita e imaculada, que, na santidade e na inocência, sem nunca haver falido, conquistou a perfeição e foi por Deus instituído fundador, protetor e governador da Terra [...].
Referencia: RIBEIRO, Guillon• Jesus, nem Deus nem homem: Sua posição espiritual com relação a Deus e aos homens• 2a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1978• -

[...] Para S. Paulo, Jesus é um ser misterioso, sem pai, sem mãe, sem genealogia, que se manifesta aos homens como a encarnação duma divindade, para cumprir um grande sacrifício expiatório [...]. [...] Jesus Cristo é, realmente, aquele de quem disse o apóstolo Paulo: que proviera do mesmo princípio que os homens; e eis por que lhes chamava seus irmãos, porque é santo, inocente (innocens), sem mácula (impollutus), apartado dos pecadores (segregatus a peccatoribus) e perfeito por todo o sempre [...]. [...] Jesus a imagem, o caráter da substância de Deus, o qual não tendo querido hóstia, nem oblação, lhe formara um corpo para entrar no mundo; que Jesus era (nesse corpo e com esse corpo) “um espirito vivificante”.
Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 1

Jesus é um Espírito que, puro na fase da inocência e da ignorância, na da infância e da instrução, sempre dócil aos que tinham o encargo de o guiar e desenvolver, seguiu simples e gradualmente a diretriz que lhe era indicada para progredir; que, não tendo falido nunca, se conservou puro, atingiu a perfeição sideral e se tornou Espírito de pureza perfeita e imaculada. Jesus [...] é a maior essência espiritual depois de Deus, mas não é a única. É um Espírito do número desses aos quais, usando das expressões humanas, se poderia dizer que compõem a guarda de honra do Rei dos Céus. Presidiu à formação do vosso planeta, investido por Deus na missão de o proteger e o governar, e o governa do alto dos esplendores celestes como Espírito de pureza primitiva, perfeita e imaculada, que nunca faliu e infalível por se achar em relação direta com a divindade. É vosso e nosso Mestre, diretor da falange sagrada e inumerável dos Espíritos prepostos ao progresso da Terra e da humanidade terrena e é quem vos há de levar à perfeição.
Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 1

[...] Jesus é a ressurreição e a vida porque somente pela prática da moral que Ele pregou e da qual seus ensinos e exemplos o fazem a personificação, é que o Espírito chega a se libertar da morte espiritual, assim na erraticidade, como na condição de encamado.
Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 4

Eu sou a porta; aquele que entrar por mim será salvo, disse Jesus (João 10:9). Por ser o conjunto de todas as perfeições, Jesus se apresentou como a personificação da porta estreita, a fim de que, por uma imagem objetiva, melhor os homens compreendessem o que significa J J entrar por essa porta, para alcançar a vida eterna.
Referencia: SAYÃO, Antônio Luiz• (Comp•) Elucidações Evangélicas• 13a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• -

[...] é o médico das almas [...] capaz de curá-las todas do pecado que as enferma, causando-lhes males atrozes. Portador ao mundo e distribuidor do divino perdão, base da sua medicina, Ele muda a enfermidade em saúde, transformando a morte em vida, que é a salvação.
Referencia: SAYÃO, Antônio Luiz• (Comp•) Elucidações Evangélicas• 13a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• -

[...] como governador, diretor e protetor do nosso planeta, a cuja formação presidiu, missão que por si só indica a grandeza excelsa do seu Espírito, tinha, por efeito dessa excelsitude, o conhecimento de todos os fluidos e o poder de utilizá-los conforme entendesse, de acordo com as leis naturais que lhes regem as combinações e aplicações.
Referencia: SAYÃO, Antônio Luiz• (Comp•) Elucidações Evangélicas• 13a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• -

Jesus é servo e bem-amado de Deus, pela sua qualidade de Espírito puro e perfeito. Deus o elegeu, quando o constituiu protetor e governador do nosso planeta. Nele se compraz, desde que o tornou partícipe do seu poder, da sua justiça e da sua misericórdia; e faz que seu Espírito sobre ele constantemente pouse, transmitindo-lhe diretamente a inspiração, com o mantê-lo em perene comunicação consigo.
Referencia: SAYÃO, Antônio Luiz• (Comp•) Elucidações Evangélicas• 13a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• -

Jesus personifica a moral, a lei de amor que pregou aos homens, pela palavra e pelo exemplo; personifica a doutrina que ensinou e que, sob o véu da letra, é a fórmula das verdades eternas, doutrina que, como Ele próprio o disse, não é sua, mas daquele que o enviou. Ele é a pedra angular. [...]
Referencia: SAYÃO, Antônio Luiz• (Comp•) Elucidações Evangélicas• 13a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• -

Jesus era o amor sem termo; Jesus era a caridade, Jesus era a tolerância! Ele procurava sempre persuadir os seus irmãos da Terra e nunca vencê-los pela força do seu poder, que, no entanto, o tinha em superabundância! Ora banqueteando-se com Simão, o publicano, ora pedindo água à mulher samaritana, repudiada dos judeus, ele revelava-se o Espírito amante da conciliação, a alma disposta aos sentimentos da verdadeira fraternidade, não distinguindo hereges ou gentios!
Referencia: SILVA JÚNIOR, Frederico Pereira da• Jesus perante a cristandade• Pelo Espírito Francisco Leite Bittencourt Sampaio• Org• por Pedro Luiz de Oliveira Sayão• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 6

Sendo Jesus a personificação do Bem Supremo, é natural que busquemos elegê-lo por padrão de nossa conduta.
Referencia: SIMONETTI, Richard• Para viver a grande mensagem• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1991• - Mudança imperiosa

Carta viva de Deus, Jesus transmitiu nas ações de todos os momentos a Grande Mensagem, e em sua vida, mais que em seus ensinamentos, ela está presente.
Referencia: SIMONETTI, Richard• Para viver a grande mensagem• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1991• - Natal

Jesus não é um instituidor de dogmas, um criador de símbolos; é o iniciador do mundo no culto do sentimento, na religião do amor. [...]
Referencia: SOARES, Sílvio Brito• Páginas de Léon Denis• 3a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1991• - Cristianismo e Espiritismo

[...] é a pedra angular de uma doutrina que encerra verdades eternas, desveladas parcialmente antes e depois de sua passagem pela Terra.
Referencia: SOUZA, Juvanir Borges de• Tempo de renovação• Prefácio de Lauro S• Thiago• Rio de Janeiro: FEB, 1989• - cap• 19

J Jesus é chamado o Justo, por encarnar em grau máximo, o Amor e a Justiça, em exemplificação para toda a Humanidade.
Referencia: SOUZA, Juvanir Borges de• Tempo de transição• Prefácio de Francisco Thiesen• 2a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1990• - cap• 17

[...] encontramos em Jesus o maior psicólogo de todos os tempos [...].
Referencia: VIEIRA, Waldo• Seareiros de volta• Diversos autores espirituais• Prefácio de Elias Barbosa• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - A mensagem matinal

Jesus é a manifestação mais perfeita de Deus, que o mundo conhece. Seu Espírito puro e amorável permitiu que, através dele, Deus se fizesse perfeitamente visível à Humanidade. Esse o motivo por que ele próprio se dizia – filho de Deus e filho do Homem.
Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• Nas pegadas do Mestre: folhas esparsas dedicadas aos que têm fome e sede de justiça• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - O filho do homem

Jesus é a luz do mundo, é o sol espiritual do nosso orbe. Quem o segue não andará em trevas. [...]
Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• Nas pegadas do Mestre: folhas esparsas dedicadas aos que têm fome e sede de justiça• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Fiat-lux

Jesus é a história viva do homem.
Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• Nas pegadas do Mestre: folhas esparsas dedicadas aos que têm fome e sede de justiça• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Jesus e a história

[...] é a única obra de Deus inteiramente acabada que o mundo conhece: é o Unigênito. Jesus é o arquétipo da perfeição: é o plano divino já consumado. É o Verbo que serve de paradigma para a conjugação de todos os verbos.
Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• Nas pegadas do Mestre: folhas esparsas dedicadas aos que têm fome e sede de justiça• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - O Verbo Divino

[...] é o Cristo, isto é, o ungido, o escolhido, Filho de Deus vivo.
Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• O Mestre na educação• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB• 2005• - cap• 2

Jesus foi o maior educador que o mundo conheceu e conhecerá. Remir ou libertar só se consegue educando. Jesus acredita va piamente na redenção do ímpio. O sacrifício do Gólgota é a prova deste asserto. Conhecedor da natureza humana em suas mais íntimas particularidades, Jesus sabia que o trabalho da redenção se resume em acordar a divindade oculta na psiquê humana.
Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• O Mestre na educação• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB• 2005• - cap• 8

[...] Jesus é o Mestre excelso, o educador incomparável.
Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• O Mestre na educação• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB• 2005• - cap• 9

[...] é o Cordeiro de Deus, que veio arrancar o mundo do erro e do pecado. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Cinqüenta Anos depois: episódios da História do Cristianismo no século II• Espírito Emmanuel• 32a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - pt• 1, cap• 2

[...] é a Luz do Princípio e nas suas mãos misericordiosas repousam os destinos do mundo. Seu coração magnânimo é a fonte da vida para toda a Humanidade terrestre. Sua mensagem de amor, no Evangelho, é a eterna palavra da ressurreição e da justiça, da fraternidade e da misericórdia. [...] é a Luz de todas as vidas terrestres, inacessível ao tempo e à destruição.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• A caminho da luz• História da civilização à luz do Espiritismo• Pelo Espírito Emmanuel, de 17 de agosto a 21 de setembro de 1938• 33a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Introd•

[Da] Comunidade de seres angélicos e perfeitos [...] é Jesus um dos membros divinos [...].
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• A caminho da luz• História da civilização à luz do Espiritismo• Pelo Espírito Emmanuel, de 17 de agosto a 21 de setembro de 1938• 33a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 1

É sempre o Excelso Rei do amor que nunca morre.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Antologia mediúnica do Natal• Por diversos Espíritos• 2a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1982• - cap• 18

[...] o maior embaixador do Céu para a Terra foi igualmente criança.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Antologia mediúnica do Natal• Por diversos Espíritos• 2a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1982• - cap• 23

Jesus é também o amor que espera sempre [...].
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Ave, Cristo! Episódios da história do Cristianismo no século III• Pelo Espírito Emmanuel• 22a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 2, cap• 6

J J [...] é a luminosidade tocante de todos os corações. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho• Pelo Espírito Humberto de Campos• 30a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 13

[...] é a suprema personificação de toda a misericórdia e de toda a justiça [...].
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho• Pelo Espírito Humberto de Campos• 30a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 30

[...] é sempre a fonte dos ensinamentos vivos [...].
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Caminho, verdade e vida• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 6

[...] é a única porta de verdadeira libertação.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Caminho, verdade e vida• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 178

[...] o Sociólogo Divino do Mundo [...].
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Cartas e crônicas• Pelo Espírito Irmão X [Humberto de Campos]• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1991• - cap• 32

Jesus é o semeador da terra, e a Humanidade é a lavoura de Deus em suas mãos.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Ceifa de luz• Pelo Espírito Emmanuel• 1a ed• especial• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 50

Como é confortador pensar que o Divino Mestre não é uma figura distanciada nos confins do Universo e sim o amigo forte e invisível que nos acolhe com sua justiça misericordiosa, por mais duros que sejam nossos sofrimentos e nossos obstáculos interiores.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

[...] é o mentor sublime de todos os séculos, ensinando com abnegação, em cada hora, a lição do sacrifício e da humildade, da confiança e da renúncia, por abençoado roteiro de elevação da Humanidade inteira.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

[...] é o amor de braços abertos, convidando-nos a atender e servir, perdoar e ajudar, hoje e sempre.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

Jesus é o trabalhador divino, de pá nas mãos, limpando a eira do mundo.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

Jesus é o lapidário do Céu, a quem Deus, Nosso Pai, nos confiou os corações.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

Guarda em tudo, por modelo, / Aquele Mestre dos mestres, / Que é o amor de todo o amor / Na luz das luzes terrestres.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

Jesus é o salário da elevação maior.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

[...] o Cristo de Deus, sob qualquer ângulo em que seja visto, é e será sempre o excelso modelo da Humanidade, mas, a pouco e pouco, o homem compreenderá que, se precisamos de Jesus sentido e crido, não podemos dispensar Jesus compreendido e aplicado. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Estante da vida• Pelo Espírito Irmão X [Humberto de Campos]• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 22

[...] Tratava-se de um homem ainda moço, que deixava transparecer nos olhos, profundamente misericordiosos, uma beleza suave e indefinível. Longos e sedosos cabelos molduravam-lhe o semblante compassivo, como se fossem fios castanhos, levemente dourados por luz desconhecida. Sorriso divino, revelando ao mesmo tempo bondade imensa e singular energia, irradiava da sua melancólica e majestosa figura uma fascinação irresistível.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Há dois mil anos: episódios da história do Cristianismo no século I• Romance de Emmanuel• 45a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 1, cap• 5

[...] é a misericórdia de todos os que sofrem [...].
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Há dois mil anos: episódios da história do Cristianismo no século I• Romance de Emmanuel• 45a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - pt• 2, cap• 1

[...] é o doador da sublimação para a vida imperecível. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Libertação• Pelo Espírito André Luiz• 29a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 1

Jesus é o nosso caminho permanente para o Divino Amor.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Pão Nosso• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 25

J Jesus, em sua passagem pelo planeta, foi a sublimação individualizada do magnetismo pessoal, em sua expressão substancialmente divina. As criaturas disputavam-lhe o encanto da presença, as multidões seguiam-lhe os passos, tocadas de singular admiração. Quase toda gente buscava tocar-lhe a vestidura. Dele emanavam irradiações de amor que neutralizavam moléstias recalcitrantes. Produzia o Mestre, espontaneamente, o clima de paz que alcançava quantos lhe gozavam a companhia.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Pão Nosso• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 110

[...] é a fonte do conforto e da doçura supremos. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Renúncia• Pelo Espírito Emmanuel• 34a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - pt• 2, cap• 3

Na Terra, Jesus é o Senhor que se fez servo de todos, por amor, e tem esperado nossa contribuição na oficina dos séculos. A confiança dele abrange as eras, sua experiência abarca as civilizações, seu devotamento nos envolve há milênios...
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Vinha de luz• Pelo Espírito Emmanuel• 24a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 86

[...] é a verdade sublime e reveladora.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Vinha de luz• Pelo Espírito Emmanuel• 24a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 175

Jesus é o ministro do absoluto, junto às coletividades que progridem nos círculos terrestres [...].
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Voltei• Pelo Espírito Irmão Jacob• 24a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 17

Jesus é o coração do Evangelho. O que de melhor existe, no caminho para Deus, gira em torno dele. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo• Entre irmãos de outras terras• Por diversos Espíritos• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - cap• 36

[...] sigamos a Jesus, o excelso timoneiro, acompanhando a marcha gloriosa de suor e de luta em que porfiam incan savelmente os nossos benfeitores abnegados – os Espíritos de Escol.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo• O Espírito da Verdade: estudos e dissertações em torno de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec• Por diversos Espíritos• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1992• - cap• 86

[...] excelso condutor de nosso mundo, em cujo infinito amor estamos construindo o Reino de Deus em nós.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo• O Espírito da Verdade: estudos e dissertações em torno de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec• Por diversos Espíritos• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1992• - cap• 92


Jesus 1. Vida. Não podemos entender os evangelhos como biografia no sentido historiográfico contemporâneo, mas eles se harmonizam — principalmente no caso de Lucas — com os padrões historiográficos de sua época e devem ser considerados como fontes históricas. No conjunto, apresentam um retrato coerente de Jesus e nos proporcionam um número considerável de dados que permitem reconstruir historicamente seu ensinamento e sua vida pública.

O nascimento de Jesus pode ser situado pouco antes da morte de Herodes, o Grande (4 a.C.) (Mt 2:1ss.). Jesus nasceu em Belém (alguns autores preferem apontar Nazaré como sua cidade natal) e os dados que os evangelhos oferecem em relação à sua ascendência davídica devem ser tomados como certos (D. Flusser, f. f. Bruce, R. E. Brown, J. Jeremias, C. Vidal Manzanares etc.), ainda que seja de um ramo secundário. Boa prova dessa afirmação: quando o imperador romano Domiciano decidiu acabar com os descendentes do rei Davi, prendeu também alguns familiares de Jesus. Exilada sua família para o Egito (um dado mencionado também no Talmude e em outras fontes judaicas), esta regressou à Palestina após a morte de Herodes, mas, temerosa de Arquelau, fixou residência em Nazaré, onde se manteria durante os anos seguintes (Mt 2:22-23).

Exceto um breve relato em Lc 2:21ss., não existem referências a Jesus até os seus trinta anos. Nessa época, foi batizado por João Batista (Mt 3 e par.), que Lucas considera parente próximo de Jesus (Lc 1:39ss.). Durante seu Batismo, Jesus teve uma experiência que confirmou sua autoconsciência de filiação divina e messianidade (J. Klausner, D. Flusser, J. Jeremias, J. H. Charlesworth, m. Hengel etc.). De fato, no quadro atual das investigações (1995), a tendência majoritária dos investigadores é aceitar que, efetivamernte, Jesus viu a si mesmo como Filho de Deus — num sentido especial e diferente do de qualquer outro ser — e messias. Sustentada por alguns neobultmanianos e outros autores, a tese de que Jesus não empregou títulos para referir-se a si mesmo é — em termos meramente históricos — absolutamente indefendível e carente de base como têm manifestado os estudos mais recentes (R. Leivestadt, J. H. Charlesworth, m. Hengel, D. Guthrie, f. f. Bruce, I. H. Marshall, J. Jeremias, C. Vidal Manzanares etc.).

Quanto à sua percepção de messianidade, pelo menos a partir dos estudos de T. W. Manson, pouca dúvida existe de que esta foi compreendida, vivida e expressada por Jesus na qualidade de Servo de Yahveh (Mt 3:16 e par.) e de Filho do homem (no mesmo sentido, f. f. Bruce, R. Leivestadt, m. Hengel, J. H. Charlesworth, J. Jeremias 1. H. Marshall, C. Vidal Manzanares etc.). É possível também que essa autoconsciência seja anterior ao batismo. Os sinóticos — e subentendido em João — fazem referência a um período de tentação diabólica que Jesus experimentou depois do batismo (Mt 4:1ss. e par.) e durante o qual se delineara plenamente seu perfil messiânico (J. Jeremias, D. Flusser, C. Vidal Manzanares, J. Driver etc.), rejeitando os padrões políticos (os reinos da terra), meramente sociais (as pedras convertidas em pão) ou espetaculares (lançar-se do alto do Templo) desse messianismo. Esse período de tentação corresponde, sem dúvida, a uma experiência histórica — talvez relatada por Jesus a seus discípulos — que se repetiria, vez ou outra, depois do início de seu ministério. Após esse episódio, iniciou-se a primeira etapa do ministério de Jesus, que transcorreu principalmente na Galiléia, com breves incursões por território pagão e pela Samaria. O centro da pregação consistiu em chamar “as ovelhas perdidas de Israel”; contudo, Jesus manteve contatos com pagãos e até mesmo chegou a afirmar não somente que a fé de um deles era a maior que encontrara em Israel, mas que também chegaria o dia em que muitos como ele se sentariam no Reino com os patriarcas (Mt 8:5-13; Lc 7:1-10). Durante esse período, Jesus realizou uma série de milagres (especialmente curas e expulsão de demônios), confirmados pelas fontes hostis do Talmude. Mais uma vez, a tendência generalizada entre os historiadores atualmente é a de considerar que pelo menos alguns deles relatados nos evangelhos aconteceram de fato (J. Klausner, m. Smith, J. H. Charlesworth, C. Vidal Manzanares etc.) e, naturalmente, o tipo de narrativa que os descreve aponta a sua autencidade.

Nessa mesma época, Jesus começou a pregar uma mensagem radical — muitas vezes expressa em parábolas — que chocava com as interpretações de alguns setores do judaísmo, mas não com a sua essência (Mt 5:7). No geral, o período concluiu com um fracasso (Mt 11:20ss.). Os irmãos de Jesus não creram nele (Jo 7:1-5) e, com sua mãe, pretendiam afastá-lo de sua missão (Mc 3:31ss. e par.). Pior ainda reagiram seus conterrâneos (Mt 13:55ss.) porque a sua pregação centrava-se na necessidade de conversão ou mudança de vida em razão do Reino, e Jesus pronunciava terríveis advertências às graves conseqüências que viriam por recusarem a mensagem divina, negando-se terminantemente em tornar-se um messias político (Mt 11:20ss.; Jo 6:15).

O ministério na Galiléia — durante o qual subiu várias vezes a Jerusalém para as festas judaicas, narradas principalmente no evangelho de João — foi seguido por um ministério de passagem pela Peréia (narrado quase que exclusivamente por Lucas) e a última descida a Jerusalém (seguramente em 30 d.C.; menos possível em 33 ou 36 d.C.), onde aconteceu sua entrada em meio do entusiasmo de bom número de peregrinos que lá estavam para celebrar a Páscoa e que relacionaram o episódio com a profecia messiânica de Zc 9:9ss. Pouco antes, Jesus vivera uma experiência — à qual convencionalmente se denomina Transfiguração — que lhe confirmou a idéia de descer a Jerusalém. Nos anos 30 do presente século, R. Bultmann pretendeu explicar esse acontecimento como uma projeção retroativa de uma experiência pós-pascal. O certo é que essa tese é inadmissível — hoje, poucos a sustentariam — e o mais lógico, é aceitar a historicidade do fato (D. Flusser, W. L. Liefeld, H. Baltensweiler, f. f. Bruce, C. Vidal Manzanares etc.) como um momento relevante na determinação da autoconsciência de Jesus. Neste, como em outros aspectos, as teses de R. Bultmann parecem confirmar as palavras de R. H. Charlesworth e outros autores, que o consideram um obstáculo na investigação sobre o Jesus histórico.

Contra o que às vezes se afirma, é impossível questionar o fato de Jesus saber que morreria violentamente. Realmente, quase todos os historiadores hoje consideram que Jesus esperava que assim aconteceria e assim o comunicou a seus discípulos mais próximos (m. Hengel, J. Jeremias, R. H. Charlesworth, H. Schürmann, D. Guthrie, D. Flusser, f. f. Bruce, C. Vidal Manzanares etc). Sua consciência de ser o Servo do Senhor, do qual se fala em Is 53 (Mc 10:43-45), ou a menção ao seu iminente sepultamento (Mt 26:12) são apenas alguns dos argumentos que nos obrigam a chegar a essa conclusão.

Quando Jesus entrou em Jerusalém durante a última semana de sua vida, já sabia da oposição que lhe faria um amplo setor das autoridades religiosas judias, que consideravam sua morte uma saída aceitável e até desejável (Jo 11:47ss.), e que não viram, com agrado, a popularidade de Jesus entre os presentes à festa. Durante alguns dias, Jesus foi examinado por diversas pessoas, com a intenção de pegá-lo em falta ou talvez somente para assegurar seu destino final (Mt 22:15ss. E par.) Nessa época — e possivelmente já o fizesse antes —, Jesus pronunciou profecias relativas à destruição do Templo de Jerusalém, cumpridas no ano 70 d.C. Durante a primeira metade deste século, alguns autores consideraram que Jesus jamais anunciara a destruição do Templo e que as mencionadas profecias não passavam de um “vaticinium ex eventu”. Hoje em dia, ao contrário, existe um considerável número de pesquisadores que admite que essas profecias foram mesmo pronunciadas por Jesus (D. Aune, C. Rowland, R. H. Charlesworth, m. Hengel, f. f. Bruce, D. Guthrie, I. H. Marshall, C. Vidal Manzanares etc.) e que o relato delas apresentado pelos sinóticos — como já destacou C. H. Dodd no seu tempo — não pressupõe, em absoluto, que o Templo já tivesse sido destruído. Além disso, a profecia da destruição do Templo contida na fonte Q, sem dúvida anterior ao ano 70 d.C., obriga-nos também a pensar que as referidas profecias foram pronunciadas por Jesus. De fato, quando Jesus purificou o Templo à sua entrada em Jerusalém, já apontava simbolicamente a futura destruição do recinto (E. P. Sanders), como ressaltaria a seus discípulos em particular (Mt 24:25; Mc 13; Lc 21).

Na noite de sua prisão e no decorrer da ceia pascal, Jesus declarou inaugurada a Nova Aliança (Jr 31:27ss.), que se fundamentava em sua morte sacrifical e expiatória na cruz. Depois de concluir a celebração, consciente de sua prisão que se aproximava, Jesus dirigiu-se ao Getsêmani para orar com alguns de seus discípulos mais íntimos. Aproveitando a noite e valendo-se da traição de um dos apóstolos, as autoridades do Templo — em sua maior parte saduceus — apoderaram-se de Jesus, muito provavelmente com o auxílio de forças romanas. O interrogatório, cheio de irregularidades, perante o Sinédrio pretendeu esclarecer e até mesmo impor a tese da existência de causas para condená-lo à morte (Mt 26:57ss. E par.). O julgamento foi afirmativo, baseado em testemunhas que asseguraram ter Jesus anunciado a destruição do Templo (o que tinha uma clara base real, embora com um enfoque diverso) e sobre o próprio testemunho do acusado, que se identificou como o messias — Filho do homem de Dn 7:13. O problema fundamental para executar Jesus consistia na impossibilidade de as autoridades judias aplicarem a pena de morte. Quando o preso foi levado a Pilatos (Mt 27:11ss. e par.), este compreendeu tratar-se de uma questão meramente religiosa que não lhe dizia respeito e evitou, inicialmente, comprometer-se com o assunto.

Convencidos os acusadores de que somente uma acusação de caráter político poderia acarretar a desejada condenação à morte, afirmaram a Pilatos que Jesus era um agitador subversivo (Lc 23:1ss.). Mas Pilatos, ao averiguar que Jesus era galileu e valendo-se de um procedimento legal, remeteu a causa a Herodes (Lc 23:6ss.), livrando-se momentaneamente de proferir a sentença.

Sem dúvida alguma, o episódio do interrogatório de Jesus diante de Herodes é histórico (D. Flusser, C. Vidal Manzanares, f. f. Bruce etc.) e parte de uma fonte muito primitiva. Ao que parece, Herodes não achou Jesus politicamente perigoso e, possivelmente, não desejando fazer um favor às autoridades do Templo, apoiando um ponto de vista contrário ao mantido até então por Pilatos, preferiu devolver Jesus a ele. O romano aplicou-lhe uma pena de flagelação (Lc 23:1ss.), provavelmente com a idéia de que seria punição suficiente (Sherwin-White), mas essa decisão em nada abrandou o desejo das autoridades judias de matar Jesus. Pilatos propôs-lhes, então, soltar Jesus, amparando-se num costume, em virtude do qual se podia libertar um preso por ocasião da Páscoa. Todavia, uma multidão, presumivelmente reunida pelos acusadores de Jesus, pediu que se libertasse um delinqüente chamado Barrabás em lugar daquele (Lc 23:13ss. e par.). Ante a ameaça de que a questão pudesse chegar aos ouvidos do imperador e o temor de envolver-se em problemas com este, Pilatos optou finalmente por condenar Jesus à morte na cruz. Este se encontrava tão extenuado que, para carregar o instrumento de suplício, precisou da ajuda de um estrangeiro (Lc 23:26ss. e par.), cujos filhos, mais tarde, seriam cristãos (Mc 15:21; Rm 16:13). Crucificado junto a dois delinqüentes comuns, Jesus morreu ao final de algumas horas. Então, seus discípulos fugiram — exceto o discípulo amado de Jo 19:25-26 e algumas mulheres, entre as quais se encontrava sua mãe — e um deles, Pedro, até mesmo o negou em público várias vezes. Depositado no sepulcro de propriedade de José de Arimatéia, um discípulo secreto que recolheu o corpo, valendo-se de um privilégio concedido pela lei romana relativa aos condenados à morte, ninguém tornou a ver Jesus morto.

No terceiro dia, algumas mulheres que tinham ido levar perfumes para o cadáver encontraram o sepulcro vazio (Lc 24:1ss. e par.). Ao ouvirem que Jesus ressuscitara, a primeira reação dos discípulos foi de incredulidade (Lc 24:11). Sem dúvida, Pedro convenceu-se de que era real o que as mulheres afirmavam após visitar o sepulcro (Lc 24:12; Jo 20:1ss.). No decorrer de poucas horas, vários discípulos afirmaram ter visto Jesus. Mas os que não compartilharam a experiência, negaram-se a crer nela, até passarem por uma semelhante (Jo 20:24ss.). O fenômeno não se limitou aos seguidores de Jesus, mas transcendeu os limites do grupo. Assim Tiago, o irmão de Jesus, que não aceitara antes suas afirmações, passou então a crer nele, em conseqüência de uma dessas aparições (1Co 15:7). Naquele momento, segundo o testemunho de Paulo, Jesus aparecera a mais de quinhentos discípulos de uma só vez, dos quais muitos ainda viviam vinte anos depois (1Co 15:6). Longe de ser uma mera vivência subjetiva (R. Bultmann) ou uma invenção posterior da comunidade que não podia aceitar que tudo terminara (D. f. Strauss), as fontes apontam a realidade das aparições assim como a antigüidade e veracidade da tradição relativa ao túmulo vazio (C. Rowland, J. P. Meier, C. Vidal Manzanares etc.). Uma interpretação existencialista do fenômeno não pôde fazer justiça a ele, embora o historiador não possa elucidar se as aparições foram objetivas ou subjetivas, por mais que esta última possibilidade seja altamente improvável (implicaria num estado de enfermidade mental em pessoas que, sabemos, eram equilibradas etc.).

O que se pode afirmar com certeza é que as aparições foram decisivas na vida ulterior dos seguidores de Jesus. De fato, aquelas experiências concretas provocaram uma mudança radical nos até então atemorizados discípulos que, apenas umas semanas depois, enfrentaram corajosamente as mesmas autoridades que maquinaram a morte de Jesus (At 4). As fontes narram que as aparições de Jesus se encerraram uns quarenta dias depois de sua ressurreição. Contudo, Paulo — um antigo perseguidor dos cristãos — teve mais tarde a mesma experiência, cuja conseqüência foi a sua conversão à fé em Jesus (1Co 15:7ss.) (m. Hengel, f. f. Bruce, C. Vidal Manzanares etc.).

Sem dúvida, aquela experiência foi decisiva e essencial para a continuidade do grupo de discípulos, para seu crescimento posterior, para que eles demonstrassem ânimo até mesmo para enfrentar a morte por sua fé em Jesus e fortalecer sua confiança em que Jesus retornaria como messias vitorioso. Não foi a fé que originou a crença nas aparições — como se informa em algumas ocasiões —, mas a sua experiência que foi determinante para a confirmação da quebrantada fé de alguns (Pedro, Tomé etc.), e para a manifestação da mesma fé em outros até então incrédulos (Tiago, o irmão de Jesus etc.) ou mesmo declaradamente inimigos (Paulo de Tarso).

2. Autoconsciência. Nas últimas décadas, tem-se dado enorme importância ao estudo sobre a autoconsciência de Jesus (que pensava Jesus de si mesmo?) e sobre o significado que viu em sua morte. O elemento fundamental da autoconsciência de Jesus deve ter sido sua convicção de ser Filho de Deus num sentido que não podia ser compartilhado com mais ninguém e que não coincidia com pontos de vista anteriores do tema (rei messiânico, homem justo etc.), embora pudesse também englobá-los. Sua originalidade em chamar a Deus de Abba (lit. papaizinho) (Mc 14:36) não encontra eco no judaísmo até a Idade Média e indica uma relação singular confirmada no batismo, pelas mãos de João Batista, e na Transfiguração. Partindo daí, podemos entender o que pensava Jesus de si mesmo. Exatamente por ser o Filho de Deus — e dar a esse título o conteúdo que ele proporcionava (Jo 5:18) — nas fontes talmúdicas, Jesus é acusado de fazer-se Deus. A partir de então, manifesta-se nele a certeza de ser o messias; não, porém, um qualquer, mas um messias que se expressava com as qualidades teológicas próprias do Filho do homem e do Servo de YHVH.

Como já temos assinalado, essa consciência de Jesus de ser o Filho de Deus é atualmente admitida pela maioria dos historiadores (f. f. Bruce, D. Flusser, m. Hengel, J. H. Charlesworth, D. Guthrie, m. Smith, I. H. Marshall, C. Rowland, C. Vidal Manzanares etc.), ainda que se discuta o seu conteúdo delimitado. O mesmo se pode afirmar quanto à sua messianidade.

Como já temos mostrado, evidentemente Jesus esperava sua morte. Que deu a ela um sentido plenamente expiatório, dedu-Zse das próprias afirmações de Jesus acerca de sua missão (Mc 10:45), assim como do fato de identificar-se com o Servo de YHVH (13 53:12'>Is 52:13-53:12), cuja missão é levar sobre si o peso do pecado dos desencaminhados e morrer em seu lugar de forma expiatória (m. Hengel, H. Schürmann, f. f. Bruce, T. W. Manson, D. Guthrie, C. Vidal Manzanares etc.). É bem possível que sua crença na própria ressurreição também partia do Cântico do Servo em Is 53 já que, como se conservou na Septuaginta e no rolo de Isaías encontrado em Qumrán, do Servo esperava-se que ressuscitasse depois de ser morto expiatoriamente. Quanto ao seu anúncio de retornar no final dos tempos como juiz da humanidade, longe de ser um recurso teológico articulado por seus seguidores para explicar o suposto fracasso do ministério de Jesus, conta com paralelos na literatura judaica que se refere ao messias que seria retirado por Deus e voltaria definitivamente para consumar sua missão (D. Flusser, C. Vidal Manzanares etc.).

3. Ensinamento. A partir desses dados seguros sobre a vida e a autoconsciência de Jesus, podemos reconstruir as linhas mestras fundamentais de seu ensinamento. Em primeiro lugar, sua mensagem centralizava-se na crença de que todos os seres humanos achavam-se em uma situação de extravio ou perdição (Lc 15 e par. no Documento Q). Precisamente por isso, Jesus chamava ao arrependimento ou à conversão, porque com ele o Reino chegava (Mc 1:14-15). Essa conversão implicava uma transformação espiritual radical, cujos sinais característicos estão coletados tanto nos ensinamentos de Jesus como os contidos no Sermão da Montanha (Mt 5:7), e teria como marco a Nova Aliança profetizada por Jeremias e inaugurada com a morte expiatória do messias (Mc 14:12ss. e par.). Deus vinha, em Jesus, buscar os perdidos (Lc 15), e este dava sua vida inocente como resgate por eles (Mc 10:45), cumprindo assim sua missão como Servo de YHVH. Todos podiam agora — independente de seu presente ou de seu passado — acolher-se no seu chamado. Isto supunha reconhecer que todos eram pecadores e que ninguém podia apresentar-se como justo diante de Deus (Mt 16:23-35; Lc 18:9-14 etc.). Abria-se então um período da história — de duração indeterminada — durante o qual os povos seriam convidados a aceitar a mensagem da Boa Nova do Reino, enquanto o diabo se ocuparia de semear a cizânia (13 1:30-36'>Mt 13:1-30:36-43 e par.) para sufocar a pregação do evangelho.

Durante essa fase e apesar de todas as artimanhas demoníacas, o Reino cresceria a partir de seu insignificante início (Mt 13:31-33 e par.) e concluiria com o regresso do messias e o juízo final. Diante da mensagem de Jesus, a única atitude lógica consistiria em aceitar o Reino (Mt 13:44-46; 8,18-22), apesar das muitas renúncias que isso significasse. Não haveria possibilidade intermediária — “Quem não estiver comigo estará contra mim” (Mt 12:30ss. e par.) — e o destino dos que o rejeitaram, o final dos que não manisfestaram sua fé em Jesus não seria outro senão o castigo eterno, lançados às trevas exteriores, em meio de choro e ranger de dentes, independentemente de sua filiação religiosa (Mt 8:11-12 e par.).

À luz dos dados históricos de que dispomos — e que não se limitam às fontes cristãs, mas que incluem outras claramente hostis a Jesus e ao movimento que dele proveio —, pode-se observar o absolutamente insustentável de muitas das versões populares que sobre Jesus têm circulado. Nem a que o converte em um revolucionário ou em um dirigente político, nem a que faz dele um mestre de moral filantrópica, que chamava ao amor universal e que olhava todas as pessoas com benevolência (já não citamos aqueles que fazem de Jesus um guru oriental ou um extraterrestre) contam com qualquer base histórica. Jesus afirmou que tinha a Deus por Pai num sentido que nenhum ser humano poderia atrever-se a imitar, que era o de messias — entendido como Filho do homem e Servo do Senhor; que morreria para expiar os pecados humanos; e que, diante dessa demonstração do amor de Deus, somente caberia a cada um aceitar Jesus e converter-se ou rejeita-lo e caminhar para a ruína eterna. Esse radicalismo sobre o destino final e eterno da humanidade exigia — e continua exigindo — uma resposta lara, definida e radical; serve também para dar-nos uma idéia das reações que esse radicalismo provocava (e ainda provoca) e das razões, muitas vezes inconscientes, que movem as pessoas a castrá-lo, com a intenção de obterem um resultado que não provoque tanto nem se dirija tão ao fundo da condição humana. A isso acrescentamos que a autoconsciência de Jesus é tão extraordinária em relação a outros personagens históricos que — como acertadamente ressaltou o escritor e professor britânico C. S. Lewis — dele só resta pensar que era um louco, um farsante ou, exatamente, quem dizia ser.

R. Dunkerley, o. c.; D. Flusser, o. c.; J. Klausner, o.c.; A. Edersheim, o. c.; C. Vidal Manzanares, El judeo-cristianismo...; Idem, El Primer Evangelio: o Documento Q, Barcelona 1993; Idem, Diccionario de las tres...; A. Kac (ed), The Messiahship of Jesus, Grand Rapids, 1986; J. Jeremias, Abba, Salamanca 1983; Idem Teología...; O. Cullmann, Christology...; f. f. Bruce, New Testament...; Idem, Jesus and Christian Origins Outside the New Testament, Londres 1974; A. J. Toynbee, o. c.; m. Hengel, The Charismatic Leader and His Followers, Edimburgo 1981.


Salvador. – É a forma grega do nome Josué, o filho de Num. Assim em At 7:45Hb 4:8. – Em Cl 4:11 escreve S. Paulo afetuosamente de ‘Jesus, conhecido por Justo’. Este Jesus, um cristão, foi um dos cooperadores do Apóstolo em Roma, e bastante o animou nas suas provações. (*veja José.)

interjeição Expressão de admiração, emoção, espanto etc.: jesus, o que foi aquilo?
Ver também: Jesus.
Etimologia (origem da palavra jesus). Hierônimo de Jesus.

Nascer

verbo intransitivo Vir ao mundo; passar a ter existência: ele nasceu em Março.
Dar indícios do desenvolvimento, do nascimento ou do crescimento de alguma coisa: a manhã nascia tímida por entre as nuvens; seu talento nascia aos poucos.
verbo transitivo indireto Vir ao mundo de uma maneira diferente da natural: nasceu com fórceps.
Ter origem; provir, originar: o protestantismo nasceu do cristianismo.
Tornar-se manifesto, claro, perceptível: uma mancha nasceu no seu braço.
Adquirir determinado aspecto, modo, forma: seus livros nascem da sua fé.
Figurado Resultar de outra coisa; advir: sua música nasceu do cinema.
Figurado Tornar maior, mais intenso: a raiva nasceu do seu modo de vida.
verbo predicativo Ter talento natural: nasceu poeta.
substantivo masculino A ação de nascer, de passar a ter uma existência (real ou imaginária): o nascer do cristianismo na 1dade Média.
expressão Nascer em berço de ouro. Ter uma família rica e não possuir, em razão disso, preocupações financeiras.
Fazer nascer. Dar origem; provocar, produzir.
Figurado Nascer ontem. Demonstrar ingenuidade, inexperiência: pode parecer, mas não nasci ontem!
Nascer de novo. Escapar da morte.
Nascer morto. Estar fadado ao fracasso.
Figurado Nascer empelicado. Ter muita sorte.
Etimologia (origem da palavra nascer). Do latim nascere.

Não

advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.

advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.

Pode

substantivo deverbal Ação de poder, de ter capacidade, direito ou autoridade para conseguir ou para realizar alguma coisa: ele não pode fazer este trabalho; ele tem todas as condições necessárias e pode se candidatar ao emprego.
Ação de estar sujeito a: o atleta pode se machucar durante o jogo.
Ação de ter controle sobre: o professor não pode com os alunos.
Gramática A grafia "pôde" é usada com o mesmo sentido, mas no passado.
Etimologia (origem da palavra pode). Forma Der. de poder.
substantivo deverbal Ação de podar, de cortar os ramos das plantas ou de aparar suas folhas: preciso que ele pode a videira.
Etimologia (origem da palavra pode). Forma Der. de podar.

Reino

substantivo masculino Nação ou Estado governado por príncipe reinante que tem título de rei ou de rainha; monarquia, reinado: o reino da Dinamarca.
Conjunto das pessoas cujas funções estão subordinadas à aprovação do rei ou da rainha.
Figurado Domínio, lugar ou campo em que alguém ou alguma coisa é senhor absoluto: esta casa é o reino da desordem.
Figurado Conjunto do que ou de quem compartilha particularidades essenciais compondo algo único e homogêneo: aquele habita o reino da mentira!
[Biologia] Divisão que enquadra e agrupa seres, sendo considerada a mais elevada de todas as divisões taxonômicas: os reinos são Animalia, Plantae, Fungi, Monera e Protista .
[Biologia] Divisão que enquadra seres e coisas por relação de semelhança: reino animal, vegetal, mineral.
[Regionalismo: Nordeste] Mistura de aguardente.
expressão Religião Reino de Deus. Expressão evangélica que significa a atualização da realeza eterna de Deus.
Religião Reino celeste, Reino eterno, Reino dos céus. Paraíso cristão, o céu.
Etimologia (origem da palavra reino). Do latim regnum.

Reino Território politicamente organizado, governado por um rei ou por uma rainha (1Rs 2:12); 10.1; (2Cr 22:12).

Reino O âmbito de soberania de Deus. No Antigo Testamento e na literatura intertestamentária, a idéia do Reino aparece relacionada à intervenção de Deus na história através de seu messias. Essa mesma idéia permaneceu no judaísmo posterior. A crença na vinda do Reino constitui uma das doutrinas básicas do ensinamento de Jesus, que — não poucas vezes — refere-se a esse Reino em suas parábolas. O Reino já se manifestara com a vinda de Jesus e evidenciou-se em seus milagres e expulsões de demônios (Lc 11:20; 10,8-9). Não é deste mundo (Jo 18:36) e, por isso, não segue seu procedimento. A ética do Reino apresentada, por exemplo, no Sermão da Montanha (Mt 5:7) é totalmente diversa de qualquer norma humana e tem sido considerada, com justiça, inaplicável em uma sociedade civil. Se é possível viver, é graças ao amor de Deus e à sua vivência entre pessoas que compartilham essa mesma visão. O início do Reino é pequeno (Mt 13:31-33), contudo, apesar das dificuldades provocadas pelo Diabo e seus sequazes (13 24:30-36'>Mt 13:24-30:36-43), terá um final glorioso na Parusia de Jesus, após um tempo de grande tribulação e da pregação desse mesmo Reino no mundo inteiro (Mt 24:14). Desaparecerá então o domínio do diabo sobre o mundo e acontecerá a ressurreição, a recompensa dos que se salvaram e o castigo eterno dos condenados (13 1:23-24'>Mt 13:1-23:24-43; Mt 25:41-46). É oportuno ressaltar que todos esses aspectos coincidem com idéias sustentadas pelo judaísmo do Segundo Templo. Desde então, toda a humanidade é convidada a entrar no Reino (Mt 13:44-46). O Reino não pode ser confundido com a Igreja — como o demonstraram desenvolvimentos teológicos posteriores —, ainda que nesta se deva viver a vida do Reino.

G. E. Ladd, El evangelio del reino, Miami 1985; Idem, Theology...; Idem, Crucial questions about the kingdom of God, 1952; J. Grau, Escatología...; J. Bright, The kingdom...; C. H. Dodd, Las parábolas del Reino, Madri 1974; J. Jeremías, Teología..., vol. I; N. Perrin, The Kingdom of God in the teaching of Jesus, Londres 1963; C. Vidal Manzanares, El Primer Evangelio...; Idem, El judeo-cristianismo...; Colectivo, Evangelio y Reino de Dios, Estella 1995.


Responder

verbo transitivo direto e transitivo indireto Dar resposta ao que é dito, escrito ou perguntado: respondeu o que lhe ocorreu; respondeu ao professor a questão.
Contestar uma pergunta; replicar: respondeu bem.
verbo intransitivo Questionar em vez de obedecer; resmungar: vá e não responda!
Repetir o som: o cão latiu e os vizinhos responderam.
verbo transitivo indireto Fazer-se sentir por repercussão: a dor do braço me responde na cabeça.
Apresentar razões contra; revidar: responder a uma objeção.
Enviar resposta: responder a uma pessoa, a uma carta.
Oferecer em troca de; retribuir: responder a uma gentileza.
Assumir uma responsabilidade; responsabilizar-se: responde pelo irmão.
Ter uma ação contrária, oposta a; reagir: responder à dor.
Etimologia (origem da palavra responder). Do latim respondere.

responder
v. 1. tr. dir. Dizer ou escrever em resposta. 2. tr. ind. e Intr. Dar resposta. 3. tr. ind. Ser respondão. 4. tr. ind. Aduzir argumentos contra. 5. tr. ind. Pôr em contraposição. 6. Intr. Repetir a voz, o so.M 7. tr. ind. Ficar por fiador de alguém; responsabilizar-se por. 8. tr. ind. Estar em harmonia; ser igual; condizer. 9. tr. ind. Retribuir equivalentemente. 10. tr. ind. Defrontar, opor-se. 11. tr. ind. Estar defronte; opor-se.

Verdade

substantivo feminino Que está em conformidade com os fatos ou com a realidade: as provas comprovavam a verdade sobre o crime.
Por Extensão Circunstância, objeto ou fato real; realidade: isso não é verdade!
Por Extensão Ideia, teoria, pensamento, ponto de vista etc. tidos como verídicos; axioma: as verdades de uma ideologia.
Por Extensão Pureza de sentimentos; sinceridade: comportou-se com verdade.
Fiel ao original; que representa fielmente um modelo: a verdade de uma pintura; ela se expressava com muita verdade.
[Filosofia] Relação de semelhança, conformação, adaptação ou harmonia que se pode estabelecer, através de um ponto de vista ou de um discurso, entre aquilo que é subjetivo ao intelecto e aquilo que acontece numa realidade mais concreta.
Etimologia (origem da palavra verdade). Do latim veritas.atis.

Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• O Livro dos Espíritos: princípios da Doutrina Espírita• Trad• de Guillon Ribeiro• 86a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - q• 628

[...] Desde que a divisa do Espiritismo é Amor e caridade, reconhecereis a verdade pela prática desta máxima, e tereis como certo que aquele que atira a pedra em outro não pode estar com a verdade absoluta. [...]
Referencia: KARDEC, Allan• Viagem espírita em 1862 e outras viagens de Kardec• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Discurso de Allan Kardec aos Espíritas de Bordeaux

O conhecimento da Verdade liberta o ser humano das ilusões e impulsiona-o ao crescimento espiritual, multiplicando-lhe as motivações em favor da auto-iluminação, graças à qual torna-se mais fácil a ascensão aos páramos celestes.
Referencia: FRANCO, Divaldo P• Impermanência e imortalidade• Pelo Espírito Carlos Torres Pastorino• 4a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Impermanência e imortalidade

[...] é lâmpada divina de chama inextinguível: não há, na Terra, quem a possa apagar ou lhe ocultar as irradiações, que se difundem nas trevas mais compactas.
Referencia: GUARINO, Gilberto Campista• Centelhas de sabedoria• Por diversos autores espirituais• Rio de Janeiro: FEB, 1976• - L• 5, cap• 3

[...] A verdade é filha do tempo e não da autoridade. [...]
Referencia: MIRANDA, Hermínio C• Reencarnação e imortalidade• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - cap• 17

[...] a verdade é o bem: tudo o que é verdadeiro, justo e bom [...].
Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 4

A verdade, a que Jesus se referia [...] é o bem, é a pureza que o Espírito conserva ao longo do caminho do progresso que o eleva na hierarquia espírita, conduzindo-o à perfeição e, pela perfeição, a Deus, que é a verdade absoluta.
Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 4

[...] A verdade é o conhecimento de todo princípio que, assim na ordem física, como na ordem moral e intelectual, conduz a Humanidade ao seu aperfeiçoamento, à fraternidade, ao amor universal, mediante sinceras aspirações ao espiritualismo, ou, se quiserdes, à espiritualidade. A idéia é a mesma; mas, para o vosso entendimento humano, o espiritualismo conduz ao Espiritismo e o Espiritismo tem que conduzir à espiritualidade.
Referencia: ROUSTAING, J•B• (Coord•)• Os quatro evangelhos: Espiritismo cristão ou revelação da revelação• Pelos Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e Moisés• Trad• de Guillon Ribeiro• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1988• 4 v• - v• 4

A verdade é sempre senhora e soberana; jamais se curva; jamais se torce; jamais se amolda.
Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• Nas pegadas do Mestre: folhas esparsas dedicadas aos que têm fome e sede de justiça• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - A verdade

A verdade é, muitas vezes, aquilo que não queremos que seja; aquilo que nos desagrada; aquilo com que antipatizamos; V aquilo que nos prejudica o interesse, nos abate e nos humilha; aquilo que nos parece extravagante, e até mesmo aquilo que não cabe em nós.
Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• Nas pegadas do Mestre: folhas esparsas dedicadas aos que têm fome e sede de justiça• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - A verdade

[...] é o imutável, o eterno, o indestrutível. [...] Verdade é amor.
Referencia: VINÍCIUS (Pedro de Camargo)• Nas pegadas do Mestre: folhas esparsas dedicadas aos que têm fome e sede de justiça• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - Sigamo-lo

[...] a verdade sem amor para com o próximo é como luz que cega ou braseiro que requeima.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Evangelho em casa• Pelo Espírito Meimei• 12a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• - 3a reunião

A verdade é remédio poderoso e eficaz, mas só deve ser administrado consoante a posição espiritual de cada um.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Falando à Terra• Por diversos Espíritos• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - Reflexões

A verdade é uma fonte cristalina, que deve correr para o mar infinito da sabedoria.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Falando à Terra• Por diversos Espíritos• 6a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2002• - De longe

Conhecer, portanto, a verdade é perceber o sentido da vida.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Fonte viva• Pelo Espírito Emmanuel• 33a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 173

[...] é luz divina, conquistada pelo trabalho e pelo merecimento de cada um [...].
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Justiça Divina• Pelo Espírito Emmanuel• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - Crenças

[...] é sagrada revelação de Deus, no plano de nossos interesses eternos, que ninguém deve menosprezar no campo da vida.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Lázaro redivivo• Pelo Espírito Irmão X [Humberto de Campos]• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 32

[...] É realização eterna que cabe a cada criatura consolidar aos poucos, dentro de si mesma, utilizando a própria consciência.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Lázaro redivivo• Pelo Espírito Irmão X [Humberto de Campos]• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 32

A verdade é a essência espiritual da vida.
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• O Consolador• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - q• 193

Todos nós precisamos da verdade, porque a verdade é a luz do espírito, em torno de situações, pessoas e coisas; fora dela, a fantasia é capaz de suscitar a loucura, sob o patrocínio da ilusão. [...]
Referencia: XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo• Estude e viva• Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz• 11a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 21


Verdade
1) Conformação da afirmativa com a realidade dos fatos (Pv 12:17; Fp 4:25).


2) Fidelidade (Gn 24:27; Sl 25:10).


3) Jesus, que é, em pessoa, a expressão do que Deus é (Jo 14:6).


4) “Na verdade” ou “em verdade” é expressão usada por Jesus para introduzir uma afirmativa de verdade divina (Mt 5:18).


Verdade O que está em conformidade com a realidade (Mt 14:33; 22,16; 26,73; 27,54; Mc 5:33; 12,32; Lc 16:11). Nesse sentido, logicamente, existe a Verdade absoluta e única que se identifica com Jesus (Jo 14:6). Suas ações e ensinamentos são expressão do próprio Deus (Jo 5:19ss.; 36ss.; 8,19-28; 12,50). Mais tarde, é o Espírito de verdade que dará testemunho de Jesus (Jo 4:23ss.; 14,17; 15,26; 16,13).

água

substantivo feminino Líquido incolor, sem cor, e inodoro, sem cheiro, composto de hidrogênio e oxigênio, H20.
Porção líquida que cobre 2/3 ou aproximadamente 70% da superfície do planeta Terra; conjunto dos mares, rios e lagos.
Por Extensão Quaisquer secreções de teor líquido que saem do corpo humano, como suor, lágrimas, urina.
Por Extensão O suco que se retira de certos frutos: água de coco.
Por Extensão Refeição muito líquida; sopa rala.
[Construção] Num telhado, a superfície plana e inclinada; telhado composto por um só plano; meia-água.
[Popular] Designação de chuva: amanhã vai cair água!
Botânica Líquido que escorre de certas plantas quando há queimadas ou poda.
Etimologia (origem da palavra água). Do latim aqua.ae.

Água Líquido essencial à vida, o qual, por sua escassez, é muito valorizado na Palestina, onde as secas são comuns. Para ter água, o povo dependia de rios, fontes, poços e cisternas (Is 35:6).

Água Ver Ablução, Batismo, Novo nascimento.

Strongs

Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
ἀποκρίνομαι Ἰησοῦς ἀμήν ἀμήν σοί λέγω τίς ἐάν μή γεννάω ἐκ ὕδωρ καί πνεῦμα οὐ δύναμαι εἰσέρχομαι εἰς βασιλεία θεός
João 3: 5 - Texto em Grego - (BGB) - Bíblia Grega Bereana

Jesus respondeu: Na verdade, na verdade eu te digo: Se um homem não nascer da água e do Espírito, ele não pode entrar no reino de Deus.
João 3: 5 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

Março e Abril de 28
G1080
gennáō
γεννάω
(Pael) gastar, consumir
(shall wear out)
Verbo
G1410
dýnamai
δύναμαι
sétimo filho de Jacó através de Zilpa, serva de Lia, e irmão legítimo de Aser
(Gad)
Substantivo
G1437
eán
ἐάν
se
(if)
Conjunção
G1519
eis
εἰς
(A
(disputed)
Verbo
G1525
eisérchomai
εἰσέρχομαι
veio
(came)
Verbo - Aoristo (pretérito não qualificado de um verbo sem referência à duração ou conclusão da ação) indicativo ativo - 3ª pessoa do singular
G1537
ek
ἐκ
o primeiro local de um acampamento israelita a oeste do Jordão, também a leste de
(Gilgal)
Substantivo
G2316
theós
θεός
Deus
(God)
Substantivo - Masculino no Singular nominativo
G2424
Iēsoûs
Ἰησοῦς
de Jesus
(of Jesus)
Substantivo - Masculino no Singular genitivo
G2532
kaí
καί
desejo, aquilo que é desejável adj
(goodly)
Substantivo
G281
amḗn
ἀμήν
neto de Finéias
(And Ahiah)
Substantivo
G3004
légō
λέγω
terra seca, solo seco
(the dry land)
Substantivo
G3361
mḗ
μή
não
(not)
Advérbio
G3588
ho
para que
(that)
Conjunção
G3756
ou
οὐ
o 4o. filho de Rúben e progenitor dos carmitas
(and Carmi)
Substantivo
G4151
pneûma
πνεῦμα
terceira pessoa da trindade, o Santo Espírito, co-igual, coeterno com o Pai e o Filho
([the] Spirit)
Substantivo - neutro genitivo singular
G4771
σύ
de você
(of you)
Pronome pessoal / possessivo - 2ª pessoa genitiva singular
G5100
tìs
τὶς
alguém, uma certa pessoa
(something)
Pronome interrogatório / indefinido - neutro acusativo singular
G5204
hýdōr
ὕδωρ
água
(water)
Substantivo - Dativo neutro no Singular
G611
apokrínomai
ἀποκρίνομαι
respondendo
(answering)
Verbo - Particípio aorista (pretérito não qualificado de um verbo sem referência à duração ou conclusão da ação) Passivo - nominativo masculino Singular
G932
basileía
βασιλεία
um rubenita que demarcou o limite entre Judá e Benjamim com uma pedra
(of Bohan)
Substantivo


γεννάω


(G1080)
gennáō (ghen-nah'-o)

1080 γενναω gennao

de uma variação de 1085; TDNT - 1:665,114; v

  1. de homens que geraram filhos
    1. ser nascido
    2. ser procriado
      1. de mulheres que dão à luz a filhos
  2. metáf.
    1. gerar, fazer nascer, excitar
    2. na tradição judaica, de alguém que traz outros ao seu modo de vida, que converte alguém
    3. de Deus ao fazer Cristo seu filho
    4. de Deus ao transformar pessoas em seus filhos através da fé na obra de Cristo

δύναμαι


(G1410)
dýnamai (doo'-nam-ahee)

1410 δυναμαι dunamai

de afinidade incerta; TDNT - 2:284,186; v

  1. ser capaz, ter poder quer pela virtude da habilidade e recursos próprios de alguém, ou de um estado de mente, ou através de circunstâncias favoráveis, ou pela permissão de lei ou costume
  2. ser apto para fazer alguma coisa
  3. ser competente, forte e poderoso

ἐάν


(G1437)
eán (eh-an')

1437 εαν ean

de 1487 e 302; conj

  1. se, no caso de

εἰς


(G1519)
eis (ice)

1519 εις eis

preposição primária; TDNT - 2:420,211; prep

  1. em, até, para, dentro, em direção a, entre

εἰσέρχομαι


(G1525)
eisérchomai (ice-er'-khom-ahee)

1525 εισερχομαι eiserchomai

de 1519 e 2064; TDNT - 2:676,257; v

  1. ir para fora ou vir para dentro: entrar
    1. de homens ou animais, quando se dirigem para uma casa ou uma cidade
    2. de Satanás tomando posse do corpo de uma pessoa
    3. de coisas: como comida, que entra na boca de quem come
  2. metáf.
    1. de ingresso em alguma condição, estado das coisas, sociedade, emprego
      1. aparecer, vir à existência, começar a ser
      2. de homens, vir perante o público
      3. vir à vida
    2. de pensamentos que vêm a mente

ἐκ


(G1537)
ek (ek)

1537 εκ ek ou εξ ex

preposição primária denotando origem (o ponto de onde ação ou movimento procede), de, de dentro de (de lugar, tempo, ou causa; literal ou figurativo); prep

  1. de dentro de, de, por, fora de

θεός


(G2316)
theós (theh'-os)

2316 θεος theos

de afinidade incerta; um deus, especialmente (com 3588) a divindade suprema; TDNT - 3:65,322; n m

  1. deus ou deusa, nome genérico para deidades ou divindades
  2. Deus, Trindade
    1. Deus, o Pai, primeira pessoa da Trindade
    2. Cristo, segunda pessoa da Trindade
    3. Espírito Santo, terceira pessoa da Trindade
  3. dito do único e verdadeiro Deus
    1. refere-se às coisas de Deus
    2. seus conselhos, interesses, obrigações para com ele
  4. tudo o que, em qualquer aspecto, assemelha-se a Deus, ou é parecido com ele de alguma forma
    1. representante ou vice-regente de Deus
      1. de magistrados e juízes

Ἰησοῦς


(G2424)
Iēsoûs (ee-ay-sooce')

2424 Ιησους Iesous

de origem hebraica 3091 ישוע; TDNT - 3:284,360; n pr m

Jesus = “Jeová é salvação”

Jesus, o filho de Deus, Salvador da humanidade, Deus encarnado

Jesus Barrabás era o ladrão cativo que o judeus pediram a Pilatos para libertar no lugar de Cristo

Jesus [Josué] era o famoso capitão dos israelitas, sucessor de Moisés (At 7:45; Hb 4:8)

Jesus [Josué], filho de Eliézer, um dos ancestrais de Cristo (Lc 3:29)

Jesus, de sobrenome Justo, um cristão judeu, cooperador de Paulo na pregação do evangelho (Cl 4:11)


καί


(G2532)
kaí (kahee)

2532 και kai

aparentemente, uma partícula primária, que tem uma ação aditiva e algumas vezes também uma força acumulativa; conj

  1. e, também, até mesmo, realmente, mas

ἀμήν


(G281)
amḗn (am-ane')

281 αμην amen

de origem hebraica 543 אמן; TDNT - 1:335,53; partícula indeclinável

  1. firme
    1. metáf. fiel
  2. verdadeiramente, amém
    1. no começo de um discurso - certamente, verdadeiramente, a respeito de uma verdade
    2. no fim - assim é, assim seja, que assim seja feito. Costume que passou das sinagogas para as reuniões cristãs: Quando a pessoa que lia ou discursava, oferecia louvor solene a Deus, os outros respondiam “amém”, fazendo suas as palavras do orador. “Amém” é uma palavra memorável. Foi transliterada diretamente do hebraico para o grego do Novo Testamento, e então para o latim, o inglês, e muitas outras línguas. Por isso tornou-se uma palavra praticamente universal. É tida como a palavra mais conhecida do discurso humano. Ela está diretamente relacionada — de fato, é quase idêntica — com a palavra hebraica para “crer” (amam), ou crente. Assim, veio a significar “certamente” ou “verdadeiramente”, uma expressão de absoluta confiança e convicção.

λέγω


(G3004)
légō (leg'-o)

3004 λεγω lego

palavra raiz; TDNT - 4:69,505; v

  1. dizer, falar
    1. afirmar sobre, manter
    2. ensinar
    3. exortar, aconselhar, comandar, dirigir
    4. apontar com palavras, intentar, significar, querer dizer
    5. chamar pelo nome, chamar, nomear
    6. gritar, falar de, mencionar

μή


(G3361)
mḗ (may)

3361 μη me

partícula de negação qualificada (enquanto que 3756 expressa um negação absoluta); partícula

  1. não, que... (não)


(G3588)
ho (ho)

3588 ο ho

que inclue o feminino η he, e o neutro το to

em todos as suas inflexões, o artigo definido; artigo

  1. este, aquela, estes, etc.

    Exceto “o” ou “a”, apenas casos especiais são levados em consideração.


οὐ


(G3756)
ou (oo)

3756 ου ou também (diante de vogal) ουκ ouk e (diante de uma aspirada) ουχ ouch

palavra primária, negativo absoluto [cf 3361] advérbio; partícula

  1. não; se usa em perguntas diretas que esperam uma resposta afirmativa

πνεῦμα


(G4151)
pneûma (pnyoo'-mah)

4151 πνευμα pneuma

de 4154; TDNT - 6:332,876; n n

  1. terceira pessoa da trindade, o Santo Espírito, co-igual, coeterno com o Pai e o Filho
    1. algumas vezes mencionado de um modo que enfatiza sua personalidade e caráter (o Santo Espírito)
    2. algumas vezes mencionado de um modo que enfatiza seu trabalho e poder (o Espírito da Verdade)
    3. nunca mencionado como um força despersonalizada
  2. o espírito, i.e., o princípio vital pelo qual o corpo é animado
    1. espírito racional, o poder pelo qual o ser humano sente, pensa, decide
    2. alma
  3. um espírito, i.e., simples essência, destituída de tudo ou de pelo menos todo elemento material, e possuído do poder de conhecimento, desejo, decisão e ação
    1. espírito que dá vida
    2. alma humana que partiu do corpo
    3. um espírito superior ao homem, contudo inferior a Deus, i.e., um anjo
      1. usado de demônios, ou maus espíritos, que pensava-se habitavam em corpos humanos
      2. a natureza espiritual de Cristo, superior ao maior dos anjos e igual a Deus, a natureza divina de Cristo
  4. a disposição ou influência que preenche e governa a alma de alguém
    1. a fonte eficiente de todo poder, afeição, emoção, desejo, etc.
  5. um movimento de ar (um sopro suave)
    1. do vento; daí, o vento em si mesmo
    2. respiração pelo nariz ou pela boca

Sinônimos ver verbete 5923


σύ


(G4771)
(soo)

4771 συ su

pronome pessoal da segunda pessoa do singular; pron

  1. tu

τὶς


(G5100)
tìs (tis)

5101 τις tis

τις (Strong G5100) Sem acento, é um pronome indefinido, correspondente ao latin (aliquis, quis, quidam)

Possui relação com τíς (Strong G5101) Com acento, é um pronome interrogativo. Praticamente todos os pronomes interrogativos das línguas latinas (quis? quid? cur?): Como?, Onde?, Quem?, O Que?, Por que?

Fonte: Miudinho - Mateus 16:8 {Aluizio Elias}

ὕδωρ


(G5204)
hýdōr (hoo'-dore)

5204 υδωρ hudor caso genitivo υδατος hudatos etc.

da raiz de 5205; TDNT - 8:314,1203; n n

  1. água
    1. de água dos rios, das fontes, das piscinas
    2. da água do dilúvio
    3. da água em algum repositório da terra
    4. da água como elemento primário, da qual e por meio da qual o mundo existente antes do dilúvio formou-se e foi compactado
    5. das ondas do mar
    6. fig. usado de muitas pessoas

ἀποκρίνομαι


(G611)
apokrínomai (ap-ok-ree'-nom-ahee)

611 αποκρινομαι apokrinomai

de 575 e krino; TDNT - 3:944,*; v

  1. responder a uma questão proposta
  2. começar a falar numa situação onde algo já aconteceu (dito ou feito) e a cujo acontecimento a fala se refere

βασιλεία


(G932)
basileía (bas-il-i'-ah)

932 βασιλεια basileia

de 935; TDNT - 1:579,97; n f

  1. poder real, realeza, domínio, governo
    1. não confundir com um reino que existe na atualidade. Referência ao direito ou autoridade para governar sobre um reino
    2. do poder real de Jesus como o Messias triunfante
    3. do poder real e da dignidade conferida aos cristãos no reino do Messias
  2. um reino, o território sujeito ao governo de um rei
  3. usado no N.T. para referir-se ao reinado do Messias