Enciclopédia de Atos 1:4-4

Tradução (ARC) - 2009 - Almeida Revisada e Corrigida

Índice

Perícope

at 1: 4

Versão Versículo
ARA E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes.
ARC E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes.
TB Reunido a eles, ordenou-lhes que não saíssem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa feita pelo Pai, a qual (disse ele) de mim ouvistes;
BGB καὶ συναλιζόμενος παρήγγειλεν αὐτοῖς ἀπὸ Ἱεροσολύμων μὴ χωρίζεσθαι, ἀλλὰ περιμένειν τὴν ἐπαγγελίαν τοῦ πατρὸς ἣν ἠκούσατέ μου·
HD Reunindo-se {com eles}, ordenou-lhes não se afastarem de Jerusalém, mas aguardarem a promessa do Pai, que ouvistes de mim.
BKJ E, tendo-se reunido com eles, ordenou-lhes que não partissem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes.
LTT E Ele, estando reunido- juntamente com # eles (os apóstolos), lhes determinou para longe de Jerusalém não se ausentarem, mas "Esperarem a promessa de o Pai 886, a qual ouvistes de Mim.
BJ2 Então, no decurso de uma refeição com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém,[e] mas que aguardassem a promessa do Pai, "a qual, disse ele, ouvistes de minha boca:
VULG Et convescens, præcepit eis ab Jerosolymis ne discederent, sed exspectarent promissionem Patris, quam audistis (inquit) per os meum :

Referências Cruzadas

As referências cruzadas da Bíblia são uma ferramenta de estudo que ajuda a conectar diferentes partes da Bíblia que compartilham temas, palavras-chave, histórias ou ideias semelhantes. Elas são compostas por um conjunto de referências bíblicas que apontam para outros versículos ou capítulos da Bíblia que têm relação com o texto que está sendo estudado. Essa ferramenta é usada para aprofundar a compreensão do significado da Escritura e para ajudar na interpretação e aplicação dos ensinamentos bíblicos na vida diária. Abaixo, temos as referências cruzadas do texto bíblico de Atos 1:4

Mateus 10:20 Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.
Lucas 11:13 Pois, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?
Lucas 12:12 Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar.
Lucas 24:41 E, não o crendo eles ainda por causa da alegria e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer?
Lucas 24:49 E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.
João 7:39 E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado.
João 14:16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre,
João 14:26 Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.
João 15:26 Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai, testificará de mim.
João 16:7 Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei.
João 20:22 E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
Atos 2:33 De sorte que, exaltado pela destra de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.
Atos 10:41 não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus antes ordenara; a nós que comemos e bebemos juntamente com ele, depois que ressuscitou dos mortos.


Notas de rodapé da Bíblia (HD) - Haroldo Dutra

As notas de rodapé presentes na Bíblia versão Haroldo Dutra são comentários e explicações adicionais fornecidos pelo tradutor para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas de rodapé são baseadas em pesquisas, análises históricas, culturais e linguísticas, bem como em outras referências bíblicas, a fim de fornecer um contexto mais profundo e uma interpretação mais precisa do significado original do texto. As notas de rodapé são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.
Atos 1 : 4
promessa
Lit. “anúncio, declaração; acordo, promessa, compromisso, aliança”.


Notas de rodapé da LTT

As notas de rodapé presentes na Bíblia versão LTT, Bíblia Literal do Texto Tradicional, são explicações adicionais fornecidas pelos tradutores para ajudar os leitores a entender melhor o texto bíblico. Essas notas são baseadas em referências bíblicas, históricas e linguísticas, bem como em outros estudos teológicos e literários, a fim de fornecer um contexto mais preciso e uma interpretação mais fiel ao texto original. As notas de rodapé são uma ferramenta útil para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira compreender melhor o significado e a mensagem das Escrituras Sagradas.
 #

Beza 1582, 1589, 1598.


 886

At 1:4: promessa do envio do Espírito Santo, feita pelo Pai Is 44:3; Lc 24:48-49; Jo 14:16,Jo 14:26; At 2:33; e por o Filho Jo 15:26; Jo 16:7-16.


Mapas Históricos

Os mapas históricos bíblicos são representações cartográficas que mostram as diferentes regiões geográficas mencionadas na Bíblia, bem como os eventos históricos que ocorreram nesses lugares. Esses mapas são usados ​​para contextualizar a história e a geografia das narrativas bíblicas, tornando-as mais compreensíveis e acessíveis aos leitores. Eles também podem fornecer informações adicionais sobre as culturas, as tradições e as dinâmicas políticas e religiosas das regiões retratadas na Bíblia, ajudando a enriquecer a compreensão dos eventos narrados nas Escrituras Sagradas. Os mapas históricos bíblicos são uma ferramenta valiosa para estudiosos da Bíblia e para qualquer pessoa que queira se aprofundar no estudo das Escrituras.

CIDADES DO MUNDO BÍBLICO

FATORES QUE INFLUENCIARAM A LOCALIZAÇÃO
Várias condições geográficas influenciaram a localização de assentamentos urbanos no mundo bíblico. Em termos gerais, nesse aspecto, eram cinco os principais fatores que podiam ser determinantes:


(1) acesso à água;
(2) disponibilidade de recursos naturais;
(3) topografia da região;
(4) topografia do lugar;
(5) linhas naturais de comunicação. Esses fatores não eram mutuamente excludentes, de sorte que às vezes era possível que mais de um influenciasse na escolha do lugar exato de uma cidade específica.


O mais importante desses fatores era a ponderação sobre o acesso à água, em especial antes da introdução de aquedutos, sifões e reservatórios. Embora seja correto afirmar que a água era um aspecto central de todos os assentamentos num ambiente normalmente árido, parece que a localização de algumas cidades dependeu exclusivamente disso. Dois exemplos são: Damasco (situada no sopé oriental dos montes Antilíbano, num vasto oásis alimentado pelos caudalosos rios Abana e Farfar (2Rs 5:12) e Tadmor (localizada num oásis luxuriante e fértil no meio do deserto Oriental). Devido à disponibilidade de água doce nesses lugares, aí foram encontrados assentamentos bem anteriores à aurora da história bíblica, e esses dois estão entre alguns dos assentamentos mais antigos ocupados ininterruptamente no mundo bíblico. Outras cidades foram estabelecidas de modo a estarem bem perto de recursos naturais. A localização de Jericó, um dos assentamentos mais velhos da antiga Canaã, é uma excelente ilustração. A Jericó do Antigo Testamento foi construída ao lado de uma fonte excepcionalmente grande, mas também é provável que a cidade tenha sido estabelecida ali porque aquela fonte ficava perto do mar Morto e de seus recursos de betume. O betume era um produto primário de grande valor, com inúmeros usos. Na Antiguidade remota, o mar Morto era uma das poucas fontes conhecidas desse produto, de sorte que o betume dali era recolhido e transportado por todo o Egito e boa parte do Crescente Fértil. Como consequência, uma motivação econômica inicialmente levou à região uma colônia de operários e logo resultou na fundação de uma povoação nas proximidades. De modo análogo, a localização da antiga cidade de Sardes, situada próxima da base do monte Tmolo e junto do ribeiro Pactolo, foi com certeza determinada pela descoberta de ouro naquele lugar, o que criou sua renomada riqueza.
Sabe-se de moedas feitas com uma liga de ouro e prata que foram cunhadas em Sardes já no sétimo século a.C.
A localização de algumas cidades se deveu à topografia da região. Já vimos como a posição de Megido foi determinada para controlar um cruzamento de estradas num desfiladeiro na serra do monte Carmelo. Da mesma maneira, a cidade de Bete-Horom foi posicionada para controlar a principal via de acesso para quem vai do oeste para o interior das montanhas de Judá e Jerusalém. A topografia regional também explica a posição de Corinto, cidade portuária de localizacão estratégica que se estendeu desordenadamente no estreito istmo de 5,5 quilômetros de terra que separa o mar Egeu do mar Adriático e forma a única ligação entre a Grécia continental e a península do Peloponeso.
Outras cidades estavam situadas de acordo com o princípio de topografia local. Com exceção do lado norte, em todos os lados Jerusalém estava rodeada por vales profundos com escarpas superiores a 60 metros. Massada era uma mesa elevada e isolada, cercada por penhascos rochosos e escarpados de mais de 180 metros de altura em alguns lugares.
A cidade de Samaria estava em cima de uma colina isolada de 90 metros de altura e cercada por dois vales com encostas íngremes. Como consequência da topografia local, essas cidades comumente resistiam melhor a ataques ou então eram conquistadas só depois de um longo período de cerco. Por fim, linhas naturais de comunicação podem ter determinado a localização de alguns assentamentos urbanos. Uma ilustracão clássica desse critério é Hazor - uma plataforma bastante fortificada, uma capital de província (Is 11:10) e um tell de 0,8 quilômetros quadrados que era um dos maiores de Canaã. A localização da cidade foi ditada pela posição e trajeto da Grande Estrada Principal. Durante toda a Antiguidade, Hazor serviu de porta de entrada para a Palestina e pontos mais ao sul, e com frequência textos seculares se referem a ela associando-a ao comércio e ao transporte. Da mesma forma, é muito provável que linhas de comunicação tenham sido o fator determinante na escolha do lugar onde as cidades de Gaza e Rabá/Ama vieram a ser estabelecidas.
Também é muito improvável que várias cidades menores iunto à via Inácia, a oeste de Pela (Heracleia, Lychnidos e Clodiana), tivessem se desenvolvido não fosse a existência e a localização dessa artéria de grande importância. E existem localidades ao longo da Estrada Real da Pérsia (tais como Ciyarbekir e Ptéria) cuja proeminência, se não a própria existência, deve-se à localizacão daquela antiga estrada. Como os fatores que determinavam sua localização permaneciam bem constantes. no mundo bíblico cidades tanto pequenas quanto grandes experimentavam, em geral, um grau surpreendente de continuidade de povoação. Mesmo quando um local era destruído ou abandonado por um longo período, ocupantes posteriores eram quase sempre atraídos pelo(s) mesmo(s) fator(es) que havia(m) sido determinante(s) na escolha inicial do lugar. Os colonos subsequentes tinham a satisfação de poder usar baluartes de tijolos cozidos, segmentos de muros ainda de pé, pisos de terra batida, fortificações, silos de armazenagem e poços. À medida que assentamentos sucessivos surgiam e caíam, e com frequência as cidades eram muitas vezes construídas literalmente umas em cima das outras, a colina plataforma (tell) em cima da qual se assentavam (Js 11:13; Jr 30:18-49.
2) ia ficando cada vez mais alta, com encostas mais íngremes em seu perímetro, o que tornava o local gradativamente mais defensável. Quando esse padrão se repetia com frequência, como é o caso de Laquis, Megido, Hazor e Bete-Sea, o entulho de ocupação podia alcançar 20 a 30 metros de altura.

A CORRETA IDENTIFICAÇÃO DE CIDADES ANTIGAS
Isso leva à questão da identificação de locais, o que é crucial para os objetivos de um atlas bíblico. A continuidade de ocupação é útil, mas a identificação segura de lugares bíblicos não é possível em todos os casos devido a dados documentais insuficientes e/ou a um conhecimento limitado da geografia. Muitos nomes não foram preservados e, mesmo quando um topônimo sobreviveu ou, em tempos modernos, foi ressuscitado e aplicado a determinado local, tentativas de identificação podem estar repletas de problemas. Existem casos em que um nome específico experimentou mudança de local. A Jericó do Antigo Testamento não ficava no mesmo lugar da Jericó do Novo Testamento, e nenhum dos dois. lugares corresponde à moderna Jericó. Sabe-se que mudanças semelhantes ocorreram com Siquém, Arade, Berseba, Bete-Sea, Bete-Semes, Tiberíades etc. Mudanças de nomes também acontecem de uma cultura para outra ou de um período para outro. A Rabá do Antigo Testamento se tornou a Filadélfia do Novo Testamento, que, por sua vez, transformou-se na moderna Amã. A Aco do Antigo Testamento se tornou a Ptolemaida do Novo Testamento, que, por sua vez, tornou-se a Acre dos cruzados.
A Siquém do Antigo Testamento se tornou a Neápolis do Novo Testamento, a qual passou a ser a moderna Nablus. E em alguns casos uma mudança de nome aconteceu dentro de um Testamento (e.g., Luz/Betel, Quiriate-Arba/Hebrom, Quiriate-Sefer/Debir e Laís/Dá). Frequentemente a análise desses casos exige uma familiaridade bastante grande com a sucessão cultural e as inter-relações linguísticas entre várias épocas da história da Palestina. Mesmo assim, muitas vezes a identificação do lugar continua difícil. Existe também o problema de homonímia: mais de um lugar pode ter o mesmo nome. As Escrituras falam de Afeque ("fortaleza") 143 no Líbano (Js 13:4), na planície de Sarom (1Sm 4:1), na Galileia (Js 19:30) e em Gola (1Rs 20:26-30). I Existe Socó ("lugar espinhoso") 45 na Sefelá (1Sm 17:1), em Judá (Is 15:48) e na planície de Sarom (1Rs 4:10). 16 Conforme ilustrado aqui, normalmente a homonímia acontece devido ao fato de os nomes dos lugares serem de sentido genérico: Hazor significa "terreno cercado", Belém significa "celeiro", Migdal significa "torre", Abel significa "campina", Gibeá significa "colina'", Cades significa "santuário cultual", Aim significa "fonte", Mispá significa "torre de vigia", Rimom significa "romã/ romázeira" e Carmelo significa "vinha de Deus". Por isso não é surpresa que, na Bíblia, mais de um lugar seja associado com cada um desses nomes. Saber exatamente quando postular outro caso de homonímia sempre pode ser problemático na criação de um atlas bíblico. Outra dimensão da mesma questão complexa acontece quando um mesmo nome pode ser aplicado alternadamente a uma cidade e a uma província ou território ao redor, como no caso de Samaria (1Rs 16:24, mas 1Rs 13:32), Jezreel (1Rs 18:45-46, mas Js 17:16), Damasco (Gn 14:15, mas Ez 27:18) ou Tiro (1Rs 7:13, mas 2Sm 24:7).
A despeito dessas dificuldades, em geral três considerações pautam a identificação científica de lugares bíblicos: atestação arqueológica, tradição ininterrupta e análise literária/ topográfica."7 A primeira delas, que é a mais direta e conclusiva, identifica determinada cidade por meio de uma inscrição desenterrada no lugar. Embora vários exemplos desse tipo ocorram na Síria-Mesopotâmia, são relativamente escassos na Palestina. Documentação assim foi encontrada nas cidades de Gezer, Arade, Bete-Sea, Hazor, Ecrom, Laquis, Taanaque, Gibeão, Dá e Mefaate.


Lamentavelmente a maioria dos topônimos não pode ser identificada mediante provas epigráficas, de modo que é necessário recorrer a uma das outras duas considerações. E possivel utilizar a primeira delas, a saber, a sobrevivência do nome, quando, do ponto de vista léxico, o nome permaneceu o mesmo e nunca se perdeu a identidade do local. Esse critério é suficientemente conclusivo, embora se aplique a bem poucos casos: Jerusalém, Hebrom, Belém e Nazaré. Muitos lugares modernos com nomes bíblicos são incapazes de oferecer esse tipo de apoio de tradição ininterrupta. Como consequência, tendo em vista as mudanças de nome e de lugar, isso suscita a questão óbvia - que continua sendo debatida em vários contextos - de até que ponto essas associações são de fato válidas. Aparentemente essas transferências não aconteceram de forma aleatória e impensada. Mudanças de localização parecem estar confinadas a um raio pequeno. Por exemplo, a Jericó do Antigo Testamento, a Jericó do Novo Testamento e a moderna Jericó estão todas dentro de uma área de apenas 8 quilômetros, e em geral o mesmo se aplica a outras mudanças de localização.
Ocasionalmente, quando acontece uma mudança de nome, o nome original do lugar é preservado num aspecto geográfico das proximidades. O nome Bete-Semes (T. er-Rumeilah) se reflete numa fonte contígua (Ain Shems); da mesma forma, Yabis, o nome moderno do uádi, é provavelmente uma forma que reflete o nome do local bíblico de Jabes(-Gileade], ao lado do qual ficava, na Antiguidade. Quando os dados arqueológicos proporcionam provas irrefutáveis do nome bíblico de um local, é bem comum que aquele nome se reflita em seu nome moderno. Por exemplo, a Gibeão da Bíblia é hoje em dia conhecida pelo nome de el-Jib; o nome Taanaque, que aparece na Bíblia, reflete-se em seu nome moderno de T. Tilinnik; a Gezer bíblica tem o nome refletido no nome moderno T. Jezer. Conquanto a associação de nomes implique alguns riscos, com frequência pode propiciar uma identificação altamente provável.
Um terceiro critério usado na identificação de lugares consiste em análise literária e topográfica. Textos bíblicos frequentemente oferecem uma pista razoavelmente confiável quanto à localização aproximada de determinado lugar. Um exemplo é a localização da Ecrom bíblica, uma das principais cidades da planície filisteia. As Escrituras situam Ecrom junto à fronteira norte da herança de Judá, entre Timna e Siquerom (Is 15:11), embora, na verdade, o local tenha sido designado para a tribo de Da (Is 19:43). Nesse aspecto, a sequência das cidades neste último texto é significativa: Ecrom está situada entre as cidades da Sefelá (Zorá, Estaol, Bete-Semes e Aijalom) e outras situadas nas vizinhanças de Jope, no litoral (Bene-Beraque e Gate-Rimom), o que fortalece a suposição de que se deve procurar Ecrom perto da fronteira ocidental da Sefelá (Js 19:41-42,45). Além do mais, Ecrom era a cidade mais ao norte dentro da área controlada pelos filisteus (Js 13:3) e era fortificada (1Sm 6:17-18). Por fim, Ecrom estava ligada, por uma estrada, diretamente a Bete-Semes e, ao que se presume, separada desta última por uma distância de um dia de viagem ou menos (1Sm 6:12-16). Desse modo, mesmo sem o testemunho posterior de registros neoassírios,149 Ecrom foi procurada na moderna T. Migne, um tell situado onde a planície Filisteia e a Sefelá se encontram, na extremidade do vale de Soreque, no lado oposto a Bete-Semes.
Ali, a descoberta de uma inscrição que menciona o nome do lugar bíblico confirmou a identificação.150 Contudo, existem ocasiões em que a Bíblia não fornece dados suficientes para identificar um lugar. Nesses casos, o geógrafo histórico tem de recorrer a uma análise de fontes literárias extrabíblicas, do antigo Egito, Mesopotâmia, Síria ou Ásia Menor. Alternativamente, a identificação de lugares é com frequência reforçada por comentários encontrados em várias fontes:


De qualquer maneira, mesmo quando todas essas exigências são atendidas, não se deve apresentar como definitiva a identificação de lugares feita apenas com base em análise topográfica. Tais identificações só devem ser aceitas tendo-se em mente que são resultado de uma avaliação probabilística.

Principais cidades da Palestina
Principais cidades da Palestina
Principais cidades da Palestina
Principais cidades da Palestina
Principais sítios arqueológicos no mundo bíblico
Principais sítios arqueológicos no mundo bíblico
Principais sítios arqueológicos da Palestina
Principais sítios arqueológicos da Palestina

ESTRADAS E TRANSPORTE NO MUNDO BÍBLICO

UMA QUESTÃO DE RECONSTRUÇÃO
Uma questão legítima que poderá ser levantada é sobre a possibilidade de se chegar a uma ideia relativamente confiável dos sistemas de transportes existentes desde os tempos bíblicos mais antigos. Antes do período romano, praticamente se desconhece a existência de até mesmo um pequeno trecho de um caminho ou estrada pavimentado ligando cidades antigas. E não há atestação de que, antes desse período, tenham existido quaisquer mapas de estradas no Crescente Fértil. No entanto, apesar das questões extremamente variadas e complexas que precisam ser levadas em conta quando se aborda esse assunto de forma abrangente, estudiosos que têm procurado delinear estradas antigas tendem a seguir uma combinação de quatro tipos de indícios: (1) determinismo geográfico; (2) documentação escrita; (3) testemunho arqueológico; (4) marcos miliários romanos. Determinismo geográfico se refere aos fatores fisiográficos e/ou hidrológicos em grande parte imutáveis existentes no antigo mundo bíblico e que determinavam as rotas seguidas por caravanas, migrantes ou exércitos. Esses caminhos permaneceram relativamente inalterados durante longos períodos (exceto onde a geopolítica os impedia ou em casos isolados de circulação ilegal). Parece que, em geral, as regiões de baixada ou planície ofereciam menores obstáculos ao movimento humano e maior oportunidade para o desenvolvimento de redes de transporte ou movimentação de tropas. Em contraste, cânions profundos, cavados por rios que às vezes se transformavam em corredeiras, eram um obstáculo a ser evitado em viagens. Caso fossem inevitáveis, deviam ser atravessados a vau em lugares que oferecessem dificuldade mínima. As barreiras representadas por pântanos infestados de doenças, a esterilidade e o calor escaldante de zonas desérticas e as áreas estéreis de lava endurecida eram obstáculos descomunais, a serem evitados a qualquer custo.
Encostas de montanhas com florestas densas, muitas vezes com desfiladeiros sinuosos, eram regularmente cruzados em canais, por mais estreitos ou perigosos que eles fossem. Por sua vez, os trechos em que as serras podiam ser percorridas por grandes distâncias sem a interrupção de desfiladeiros ou vales tendiam a ser usados em viagens durante todos os períodos. A necessidade de se deslocar de uma fonte de água doce abundante a outra foi, durante todas as eras, um pré-requísito para viagens. De maneira que, muito embora não disponhamos de um mapa antigo do mundo bíblico, ainda assim é possível inferir logicamente e com alto grau de probabilidade a localização das principais estradas, em especial quando o princípio do determinismo geográfico pode ser suplementado por outros tipos de indício.
A documentação escrita ajuda com frequência a delinear uma estrada com maior precisão. Esse tipo de indício pode estar na Bíblia, em fontes extrabíblicas antigas, escritores clássicos, antigos itinerários de viagem, geógrafos medievais ou viajantes pioneiros mais recentes. Algumas fontes escritas buscam fazer um levantamento de uma área de terra ou traçar um itinerário e, para isso, empregam tanto medidas de distância quanto direções; citam a distância entre dois ou mais pontos conhecidos de uma forma que pode ser reconstruída apenas mediante a pressuposição de uma rota específica entre esses pontos. Às vezes, essas fontes podem descrever uma rota em termos do tipo de terreno no meio do caminho (ao longo de uma determinada margem de um rio; perto de um cânion, vau, poco de betume ou oásis; ao lado de um determinado canal, ilha ou montanha etc.) ou um ponto de interesse situado ao longo do caminho e digno de menção. Cidades ao longo de uma rota podem ser descritas como parte de um distrito em particular ou como contíguas a uma determinada província, partilhando pastagens comuns, enviando mensagens por meio de sinais de fogo ou ficando simultaneamente sob o controle de certo rei. Distâncias aproximadas entre cidades, junto com uma rota presumida, podem ser inferidas a partir de textos que falam de um rei ou de um mensageiro que toma sua ração diária no ponto A no primeiro dia, no ponto B no dia seguinte, no ponto C no terceiro dia e assim por diante. Um exército ou caravana pode receber certo número de rações diárias a fim de percorrer um determinado trajeto, ou o texto pode dizer que uma viagem específica levou determinado número de dias para terminar.

No conjunto, fontes textuais não foram escritas com o propósito de ajudar alguém a delinear com absoluta certeza o trajeto de estradas. São fontes que tratam de assuntos extremamente diversos. Os detalhes geográficos oferecidos são muitos, variados e às vezes incorretos. Elas não oferecem o mesmo grau de detalhamento para todas as regiões dentro do mundo bíblico. Mesmo assim, seu valor cumulativo é fundamental, pois, com frequência, dão detalhes precisos que permitem deduzir com bastante plausibilidade o curso de uma estrada ou oferecem nuanças que podem ser usadas com proveito quando combinadas com outros tipos de indícios. Além do determinismo geográfico e da documentação escrita, o testemunho arqueológico pode ajudar a determinar o curso de antigas estradas. Identificar uma cidade antiga mediante a descoberta de seu nome em dados arqueológicos escavados no lugar ajuda a esclarecer textos que mencionam o local e proporciona um ponto geográfico fixo. Porque Laís/Da (T. el-Qadi) foi identificada positivamente a partir de uma inscrição encontrada em escavações no local, uma especificidade maior foi automaticamente dada a viagens como as empreendidas por Abraão (Gn
14) ou Ben-Hadade (1Rs 15:2Cr 16). Mesmo nas vezes em que o nome de uma cidade antiga permanece desconhecido, é útil quando vestígios arqueológicos revelam o tipo de ocupação que pode ter havido no lugar. Por exemplo, um palácio desenterrado permite a inferência de que ali existiu a capital de um reino ou província, ao passo que um local pequeno, mas muito fortificado, pode indicar um posto militar ou uma cidade-fortaleza. Quando se consegue discernir uma sequência de lugares semelhantes, tal como a série de fortalezas egípcias da época do Reino Novo descobertas no sudoeste de Gaza, é possível traçar o provável curso de uma estrada na região. Numa escala maior, a arqueologia pode revelar padrões de ocupação durante períodos específicos. Por exemplo, na 1dade do Bronze Médio, muitos sítios em Canaã parecem ter ficado junto a vias de transporte consolidadas, ao passo que, aparentemente, isso não aconteceu com povoados da Idade do Bronze Inicial. Da mesma forma, um ajuntamento de povoados da Idade do Bronze Médio alinhou-se ao longo das margens do Alto Habur, na Síria, ao passo que não se tem conhecimento de um agrupamento assim nem imediatamente antes nem depois dessa era.
Esse tipo de informação é útil caso seja possível ligar esses padrões de ocupação às causas para ter havido movimentos humanos na área. De forma que, se for possível atribuir a migrações a existência desses sítios da Idade do Bronze Médio, e os locais de migração são conhecidos, os dados arqueológicos permitem pressupor certas rotas que tinham condições de oferecer pastagens para animais domesticados e alimentos para os migrantes, ao mesmo tempo que praticamente eliminam outras rotas. É claro que havia muitos fatores climatológicos e sociológicos que levavam a migrações na Antiguidade, mas o fato é que, enquanto viajavam, pessoas e animais tinham de se alimentar com aquilo que a terra disponibilizava.
Às vezes a arqueologia permite ligar o movimento de pessoas ao comércio. A arqueologia pode recuperar obietos estranhos ao local onde foram encontrados (escaravelhos egípcios, sinetes cilíndricos mesopotâmicos etc.) ou descobrir produtos primários não nativos do Crescente Fértil (estanho, âmbar, cravo, seda, canela etc.). Para deduzir o percurso de estradas, seria então necessário levar em conta o lugar de onde procedem esses objetos ou produtos primários, a época em que foram comercializados e a localização de mercados e pontos intermediários de armazenagem. Onde houve tal comércio, durante um longo período (por exemplo, a rota báltica do âmbar vindo da Europa, a rota da seda proveniente do sudeste asiático ou a rota de especiarias do oeste da Arábia Saudita), é possível determinar rotas de produtos primários razoavelmente estabelecidas. Com frequência essa informação arqueológica pode ser ligeiramente alterada por documentos escritos, como no caso de textos que tratam do itinerário de estanho e indicam claramente os locais de parada nesse itinerário através do Crescente Fértil, durante a Idade do Bronze Médio.
Outra possibilidade é, por meio da arqueologia, ligar a uma invasão militar movimentos humanos para novos lugares. Isso pode ocorrer talvez com a descoberta de uma grande estela comemorativa de vitória ou de uma camada de destruição que pode ser sincronizada com uma antemuralha de tijolos cozidos, construída encostada no lado externo do muro de uma cidade. As exigências da estratégia militar, a manutenção das tropas e a obtenção de suprimentos eram de tal monta que algumas regiões seriam quase invulneráveis a qualquer exército. Em tempos recentes, estudiosos que buscam delinear vias e estradas antigas passaram a se beneficiar da possibilidade de complementar seus achados arqueológicos com fotografias aéreas e imagens de satélite, podendo assim detectar vestígios ou até mesmo pequenos trechos de estradas que não foram totalmente apagados. Um quarto tipo de indício usado na identificacão de estradas antigas são os marcos miliários romanos, embora erigir marcos ao longo das estradas antedate ao período romano (Jr 31:21).153 Até hoie iá foram encontrados entre 450 e 500 marcos miliários romanos no Israel moderno. e quase 1.000 foram descobertos pela Ásia Menor 154 No Israel moderno, existem marcos miliários construídos já em 69 d.C.; no Líbano moderno, conhecem-se exemplares de uma data tão remota como 56 d.C. Por sua vez, marcos miliários da Ásia Menor tendem a ser datados de um período romano posterior, e não parece que a maioria das estradas dali tenha sido pavimentada antes da "dinastia flaviana", que comecou com Vespasiano em 69 d.C. - uma dura realidade que é bom levar em conta quando se consideram as dificuldades de viagem pela Ásia Menor durante a época do apóstolo Paulo.
Em geral, esses marcos miliários assinalam exatamente a localizacão de estradas romanas, que frequentemente seguiam o curso de estradas muito mais antigas. A localização e as inscricões dos marcos miliários podem fornecer provas de que certas cidades eram interligadas na mesma sequência registrada em textos mais antigos. Por exemplo, cerca de 25 marcos miliários localizados junto a 20 diferentes paradas foram descobertos ao longo de um trecho de uma estrada litorânea romana entre Antioquia da Síria e a Ptolemaida do Novo Testamento. Tendo em conta que algumas das mesmos cidades localizadas ao longo daquela estrada foram do acordo com textos assírios, visitadas pelo rei Salmaneser II 20 voltar de sua campanha militar em Istael (841 a.C.)
, os marcos miliários indicam a provável estrada usada pelo monarca assírio. Nesse caso, essa inferência s explicitamente confirmada pela descoberta do monumento a vitória de Salmaneser, esculpido num penhasco junto a co do rio Dos, logo ao sul da cidade libanesa de Biblos. De modo semelhante, esses mesmos marcos miliários permitem determinar as fases iniciais da famosa terceira campanha militar de Senaqueribe (701 a.C.), em que o monarca assírio se gaba de que "trancou Ezequias em ¡erusalém como a um pássaro numa gaiola". Igualmente, esses marcos de pedra permitem delinear o trajeto que Ramsés II, Ticlate-Pileser III, Esar-Hadom, Alexandre, o Grande, Cambises II, Céstio Galo, Vespasiano e o Peregrino de Bordéus percorreram em Canaã.

DIFICULDADES DE VIAGEM NA ANTIGUIDADE
Os norte-americanos, acostumados a um sistema de estradas interestaduais, ou os europeus, que percorrem velozmente suas autoestradas, talvez achem difícil entender a noção de viagem na Bíblia. Hoje, as viagens implicam uma "Jura realidade", com bancos estofados em couro, suspensão de braço duplo, revestimento de nogueira no interior do automóvel e sistemas de som e de controle de temperatura.
Uma vasta gama de facilidades e serviços está prontamente acessível a distâncias razoáveis. A maioria das estradas de longa distância tem asfalto de boa qualidade, boa iluminação, sinalização clara e patrulhamento constante. Centenas de cavalos de forca nos transportam com conforto e velocidade. Quando paramos de noite, podemos, com bastante facilidade, conseguir um quarto privativo com cama, TV a cabo, servico de internet. banheiro privativo com água quente e fria e outras facilidades. Em poucos instantes, podemos encontrar um grande número de restaurantes e lanchonetes, com variados alimentos que iá estarão preparados para nós. Podemos levar conosco música e leitura prediletas, fotografias de parentes, cartões de crédito e mudas de roupa limpa. Podemos nos comunicar quase que instantaneamente com os amigos que ficaram - temos ao nosso dispor fax, SMS, e-mail e telefone. E não prestamos muita atenção ao perigo de doenças transmissíveis ou à falta de acesso a medicamentos.
Como as viagens eram profundamente diferentes na época da Bíblia! Na Antiguidade, às vezes até as principais estradas internacionais não passavam de meros caminhos sinuosos que, depois das chuvas de inverno. ficavam obstruídos pelo barro ou não passavam de um lodacal e. durante os muitos meses de calor abafado e escaldante, ficavam repletos de buracos.
Em certos pontos daquelas estradas, os viajantes precisavam atravessar terreno difícil, quase intransponível. Quem viajava podia ter de enfrentar os riscos de falta de água, clima pouco seguro, animais selvagens ou bandoleiros.
Tais dificuldades e perigos ajudam a explicar por que, na Antiguidade, a maior parte das viagens internacionais acontecia em caravanas Viaiar em grupo oferecia alguma protecão contra intempéries e agentes estrangeiros. Um considerável volume de dados provenientes da Mesopotâmia e da Ásia Menor indica que, em geral, as caravanas eram grandes e quase sempre escoltadas por guardas de segurança armados para essa tarefa. Exigia-se que os caravanistas permanecessem estritamente na rota predeterminada. Não era incomum caravanas incluírem até 100 ou 200 jumentos, alguns carregando produtos preciosíssimos (cp. Gn 37:25; Jz 5:6-7; 1Rs 10:2; J6 6:18-20; Is 21:13-30.6; Lc 2:41-45). 156 Caravanas particulares são atestadas raras vezes na Antiguidade.
Viajantes ricos tinham condições de comprar escravos para servirem de guardas armados (Gn 14:14-15), mas pessoas mais pobres andavam em grupos ou então se incorporavam a um grupo governamental ou comercial, que se dirigia a um destino específico. Os dados também mostram que muitas viagens aconteciam sob a proteção da escuridão: viajar à noite livrava do calor sufocante do sol do meio-dia e diminuía a probabilidade de ser detectado por salteadores e bandoleiros.
Aliás, pode ser que a viagem à noite tenha contribuído diretamente para a ampla difusão do culto à Lua, a forma mais comum de religião em todo o Crescente Fértil.
Outro fator a se considerar sobre viagens por terra durante o período bíblico é a distância limitada que era possível percorrer num dia. Na realidade, as distâncias podiam variar devido a uma série de fatores: diferentes tipos de terreno, número e tipo de pessoas num determinado grupo de viajantes, tipo de equipamento transportado e alternância das estações do ano. Em função disso, o mundo antigo tinha conhecimento de distâncias excepcionais cobertas num único dia. Heródoto fez uma afirmação famosa sobre mensageiros viajando a grande velocidade pela Estrada Real da Pérsia Tibério percorreu a cavalo cerca de 800 quilômetros em 72 horas, para estar junto ao leito de seu irmão Druso, que estava prestes a morrer. 58 E alguns textos antigos contam que, durante o período romano, correios do império chegavam a percorrer, em média, quase 160 quilômetros por dia. Mas essas foram excecões raras no mundo bíblico e devem ser assim reconhecidas.
Os dados são, em geral, uniformes, corroborando que, no mundo bíblico, a iornada de um dia correspondia a uma distância de 27 a 37 quilômetros, com médias ligeiramente mais altas quando se viajava de barco rio abaixo. 16 Médias diárias semelhantes continuaram sendo, mais tarde, a norma em itinerários dos períodos clássico, árabe e medieval, do Egito até a Turquia e mesmo até o Irá. Mesmo cem anos atrás, relatos de alguns itinerários e viagens documentam médias diárias semelhantemente baixas. Vários episódios da Bíblia descrevem o mesmo deslocamento limitado em viagens:


Por outro lado, caso tivessem seguido o trajeto mais longo, acompanhando o rio Eufrates até Imar e, dali, prosseguido pela Grande Estrada Principal adiante de Damasco (a rota normal), teriam conseguido uma média diária mais típica. Distâncias diárias semelhantes também são válidas para o Novo Testamento. 163 Em certa ocasião, Pedro viajou 65 quilômetros de Jope a Cesareia e chegou no segundo dia ao destino (At 10:23-24). A urgência da missão do apóstolo permite inferir que ele pegou um caminho direto e não fez nenhuma parada intermediária (mais tarde, Cornélio disse que seus enviados levaram quatro dias para fazer a viagem de ida e volta entre Jope e Cesareia [At 10:30.) Em outra oportunidade, uma escolta militar levou dois dias de viagem para transportar Paulo às pressas para Cesareia (At 23:23-32), passando por Antipátride, uma distância de cerca de 105 quilômetros, considerando-se as estradas que os soldados mais provavelmente tomaram. Segundo Josefo, era possível viajar em três dias da Galileia a Jerusalém, passando pela Samaria (uma distância de cerca de 110 quilômetros).

A LOCALIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS ESTRADAS
A GRANDE ESTRADA PRINCIPAL
Aqui chamamos de Grande Estrada Principal aquela que, no mundo bíblico, era, sem qualquer dúvida, a estrada mais importante. 165 Essa estrada ia do Egito à Babilônia e a regiões além, e, em todas as épocas, interligava de forma vital todas as partes do Crescente Fértil. A estrada começava em Mênfis (Nofe), perto do início do delta do Nilo, e passava pelas cidades egípcias de Ramessés e Sile, antes de chegar a Gaza, um posto fortificado na fronteira de Canaã. Gaza era uma capital provincial egípcia de extrema importância e, com frequência, servia de ponto de partida para campanhas militares egípcias em todo o Levante. Esse trecho sudoeste da estrada, conhecido pelos egípcios como "caminho(s) de Hórus", era de importância fundamental para a segurança do Egito. De Gaza, a estrada se estendia até Afeque/ Antipátride, situada junto às nascentes do rio Jarcom; essa efusão era um sério obstáculo ao deslocamento e forçava a maior parte do tráfego a se desviar continente adentro, isto é, para o leste. Prosseguindo rumo ao norte, a estrada se desviava das ameaçadoras dunas de areia e do pântano sazonal da planície de Sarom até que se deparava inevitavelmente com a barreira que era a serra do monte Carmelo. Gargantas que atravessavam a serra permitiam passar da planície de Sarom para o vale de Jezreel. A mais curta delas, hoje conhecida como estreito de Aruna (n. 'Iron), era a mais utilizada. O lado norte dessa garganta estreita dava para o vale de lezreel e era controlado pela cidade militar de Megido.
Em Megido, a estrada se dividia em pelo menos três ramais. Um levava para Aco, no litoral, e então seguia para o norte, acompanhando o mar até chegar a Antioquia da Síria. Um segundo ramal começava em Megido e se estendia na diagonal, cruzando o vale de Jezreel numa linha criada por uma trilha elevada de origem vulcânica. Passava entre os montes Moré e Tabor e chegava às proximidades dos Cornos de Hattin, onde virava para o leste, percorria o estreito de Arbela, com seus penhascos íngremes, e finalmente irrompia na planície ao longo da margem noroeste do mar da Galileia. Uma terceira opção saía de Megido, virava para o leste, seguia o contorno dos flancos do norte das serras do monte Carmelo e monte Gilboa, antes de chegar a Bete-Sea, uma cidade-guarnição extremamente fortificada. É provável que, durante a estação seca, esse trecho margeasse o vale, mas, nos meses de inverno, seguisse por um caminho mais elevado, para evitar as condições pantanosas. Em Bete-Sea, a Grande Estrada Principal dava uma guinada para o norte e seguia ao longo do vale do Jordão até chegar à extremidade sul do mar da Galileia, onde ladeava o mar pelo lado oeste, até chegar a Genesaré, perto de Cafarnaum. Durante a época do Novo Testamento, muitos viajantes devem ter cruzado o lordão logo ao norte de Bete-Seã e atravessado o vale do Yarmuk e o planalto de Gola, até chegar a Damasco.
De Genesaré, a Grande Estrada Principal subia a margem ocidental do Alto Jordão e chegava perto da preeminente cidade-fortaleza de Hazor, que protegia as áreas mais setentrionais de Canaã. Perto de Hazor, a estrada virava para o nordeste, na direção de Damasco, ficando próxima às saliências da serra do Antilíbano e tentando evitar as superfícies basálticas da alta Golã e do Haurã.
De Damasco, seguia um caminho para o norte que contornava as encostas orientais do Antilibano até chegar à cidade de Hamate, às margens do rio Orontes. Aí começava a seguir um curso mais reto para o norte, passando por Ebla e chegando a Alepo, onde fazia uma curva acentuada para o leste, na direção do Eufrates. Chegando ao rio, em Emar, a estrada então, basicamente, acompanhava o curso da planície inundável do Eufrates até um ponto logo ao norte da cidade de Babilônia, onde o rio podia ser atravessado a vau com mais facilidade.
Avançando daí para o sul, a estrada atravessava a região da Babilônia, passando por Uruque e Ur e, finalmente, chegando à foz do golfo Pérsico.

A ESTRADA REAL
Outra rodovia importante que atravessava as terras bíblicas era conhecida, no Antigo Testamento, como Estrada Real (Nm 20:17-21.
22) e, fora da Bíblia, como estrada de Trajano (via Nova Traiana). Foi o imperador Trajano que transformou essa rota numa estrada de verdade, no segundo século d.C. A estrada começava no golfo de Ácaba, perto de Eziom-Geber, e, em essência, seguia pelo alto do divisor de águas de Edom e Moabe, passado pelas cidades de Petra, Bora, Quir-Haresete, Dibom e Hesbom, antes de chegar a Amã
Saindo de Ama, atravessava os planaltos de Gileade e Basã para chegar até Damasco, onde se juntava à Grande Estrada Principal.

A ANTIGA ESTRADA ASSÍRIA DE CARAVANAS
Usada para o transporte comercial e militar de interesse assírio até a Ásia Menor, a Antiga Estrada Assíria de Caravanas é conhecida desde o início do segundo milênio a.C. A partir de quaisquer das cidades que serviram sucessivamente de capitais da Assíria, o mais provável é que a estrada avançasse para o oeste até chegar às vizinhanças do jebel Sinjar, de onde seguia bem na direção oeste e chegava à base do triângulo do rio Habur. A estrada então acompanhava o curso de um dos braços do Habur até além de T. Halaf, chegando a um lugar próximo da moderna Samsat, onde era possível atravessar mais facilmente o Eufrates a vau. Dali, a estrada seguia por um importante desfiladeiro nos montes Taurus (exatamente a oeste de Malatya), atravessava a planície Elbistan e, por fim, chegava à estratégica cidade hitita de Kanish. Uma extensão da estrada então prosseguia, atravessando o planalto Central da Anatólia e passando por aqueles lugares que, mais tarde, tornaram-se: Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia. Em sua descida para o litoral egeu, a estrada cruzava lugares que, posteriormente, vieram a ser: Laodiceia, Filadélfia, Sardes e Pérgamo. De Pérgamo, a estrada corria basicamente paralela ao litoral egeu e chegava à cidade de Troia, localizada na entrada da Europa.

VIAGEM POR MAR
As viagens marítimas no Mediterrâneo parecem não ter sofrido muita variação durante o período do Antigo Testamento. Com base em textos de Ugarit e T. el-Amarna, temos conhecimento de que, na 1dade do Bronze Final, existiram navios com capacidade superior a 200 toneladas. E, no início da Idade do Ferro, embarcações fenícias atravessavam o Mediterrâneo de ponta a ponta. Inicialmente, boa parte da atividade náutica deve ter ocorrido perto de terra firme ou entre uma ilha e outra, e, aparentemente, os marinheiros lançavam âncora à noite. A distância diária entre pontos de ancoragem era de cerca de 65 quilômetros (e.g., At 16:11-20,6,14,15). Frequentemente os primeiros navegadores preferiam ancorar em promontórios ou ilhotas próximas do litoral (Tiro, Sidom, Biblos, Arvade, Atlit, Beirute, Ugarit, Cartago etc.); ilhas podiam ser usadas como quebra-mares naturais e a enseada como ancoradouro. O advento do Império Romano trouxe consigo uma imensa expansão nos tipos, tamanhos e quantidade de naus, e desenvolveram-se rotas por todo o mundo mediterrâneo e além. Antes do final do primeiro século da era cristã, a combinação de uma força legionária empregada em lugares remotos, uma frota imperial naval permanente e a necessidade de transportar enormes quantidades de bens a lugares que, às vezes, ficavam em pontos bem distantes dentro do império significava que um grande número de naus, tanto mercantes quanto militares, estava singrando águas distantes. Desse modo, as rotas de longa distância criavam a necessidade de construir um sistema imperial de faróis e de ancoradouros maiores, com enormes instalações de armazenagem.

Rotas de Transporte do mundo bíblico
Rotas de Transporte do mundo bíblico
Rotas Marítimas do mundo Greco-Romano
Rotas Marítimas do mundo Greco-Romano
As estradas da Palestina
As estradas da Palestina

JERUSALÉM NO TEMPO DO NOVO TESTAMENTO

JERUSALÉM E SEUS ARREDORES
Jerusalém fica no alto da cadeia de montes que forma a espinha dorsal da Judeia, cerca de 750 m acima do Mediterrâneo e 1.150 m acima do mar Morto. É protegida pelo vale do Cedrom a leste e pelo vale de Hinom ao sul e a leste. Para os judeus, a cidade de Jerusalém é o umbigo da terra, situada no meio dos povos, com as nações ao seu redor.! Uma vez que é completamente cercada de montes, quem deseja chegar a Jerusalém tinha de subir? Apesar da cidade ficar próxima de uma rota que, passando pelo centro da Palestina, se estendia de Hebrom, no sul, até Samaria, ao norte, essa via só era usada para o comércio interno. Outra via se estendia de leste a oeste, saindo de Emaús, passando por Jerusalém e chegando até Jericó. Como a parábola do bom samaritano contada por Jesus deixa claro, além de outros perigos, os viajantes corriam o risco de serem assaltados. Os recursos naturais da região ao redor de Jerusalém eram limitados. Havia pedras em abundância, mas nenhum metal, e a argila era de qualidade inferior. Lá e couro eram produzidos graças à criação de ovelhas e gado, mas a maior parte dos cereais de Jerusalém tinha de ser trazida de fora. A cidade possuía apenas uma fonte importante de água, a fonte de Siloé, na parte sul. A água tinha de ser coletada em cisternas ou trazida de lugares mais distantes por aquedutos. Um desses aquedutos, com cerca de 80 km de extensão, foi construído por Pôncio Pilatos, o governador romano da Judeia, que usou recursos do templo, provocando uma revolta popular. Uma vez que a maioria dos produtos agrícolas vinha de fora, o custo de vida em Jerusalém era alto. Animais domésticos e vinho eram mais caros na cidade do que no campo e as frutas custavam seis vezes mais em Jerusalém.

UM CENTRO RELIGIOSO
O elemento principal da cidade de Jerusalém no primeiro século era o templo do Senhor, reconstruído por Herodes, o Grande, de 19 a.C em diante. Somas consideráveis de dinheiro eram injetadas na economia da cidade, especialmente durante as principais festas religiosas, a saber, Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos, quando Jerusalém ficava abarrotada de peregrinos. Além de trazerem ofertas para o templo e manterem o comércio de souvenires, os peregrinos enchiam as hospedarias, dormiam em tendas armadas fora da cidade ou se hospedavam em vilarejos vizinhos. Muitos judeus se mudavam para Jerusalém a fim de ficarem perto do templo e serem sepultados nas imediações da cidade santa Além disso, um imposto de duas dramas para o templo era cobrado anualmente de todos os judeus. Quando as obras do templo finalmente foram concluídas em c. 63 d.C., mais de dezoito mil operários ficaram desempregados.
As autoridades do templo usaram essa mão de obra para pavimentar Jerusalém com pedras brancas. Acredita-se que Jerusalém também tinha cerca de quatrocentas sinagogas, junto às quais funcionavam escolas para o estudo da lei. Uma inscrição de origem incerta sobre um chefe de sinagoga chamado Teódoto foi descoberta em 1913 na extremidade sul da colina de Ofel. Teódoto construiu não apenas uma sinagoga, mas também uma hospedaria para visitantes estrangeiros.

PALÁCIOS
Os governantes hasmoneus haviam construído um palácio chamado de Acra ou cidadela a região a oeste do templo. Mas Herodes, o Grande, construiu um palácio novo na Cidade Alta, na extremidade oeste da cidade, onde hoje fica a Porta de Jafa. Continha salões de banquete grandiosos e vários quartos de hóspedes. O muro externo tinha 14 m de altura, com três torres chamadas Hippicus, Fasael e Mariamne, os nomes, respectivamente, do amigo, do irmão e da (outrora favorita) esposa de Herodes. As torres tinham, respectivamente, 39, 31 e 22 m de altura. Parte da torre de Fasael ainda pode ser vista nos dias de hoje, incorporada na atual "Torre de Davi"

A FORTALEZA ANTÔNIA
Na extremidade noroeste, Herodes construiu uma fortaleza chamada Antônia em homenagem ao general romano Marco Antônio. A fortaleza possuía três torres imensas com 23 m de altura e outra com 30 m de altura. Uma coorte, isto é, uma unidade de infantaria romana com seiscentos homens, guardava o templo e podia intervir rapidamente caso ocorresse algum tumulto (como em At 21:30-32). Os romanos mantinham as vestes do sumo sacerdote nesse local, liberando-as para o uso apenas nos dias de festa. É possível que o pavimento de pedra conhecido como Gabatá, onde Pilatos se assentou para julgar Jesus, fosse o pátio de 2.500 m dessa fortaleza Antônia.

OUTRAS CONSTRUÇÕES EM JERUSALÉM
Na Cidade Baixa, Herodes mandou construiu um teatro e um hipódromo. O tanque de Siloé, onde Jesus curou um cego de nascença, ficava no sopé do monte sobre o qual estava edificada a cidade de Davi. Os Evangelhos também mencionam o tanque de Betesda, um local cercado por cinco colunatas cobertas. Crendo que, de tempos em tempos, um anjo agitava as águas e realizava um milagre, muitos enfermos se reuniam ali à espera da oportunidade de serem curados. Jesus curou um homem paralítico havia 38 anos.° Os dois tanques descobertos no terreno da igreja de Sta. Ana, ao norte da área do templo, parecem ser o local mais plausível. Ao norte do segundo muro e, portanto, fora da cidade antiga, fica a Igreja do Santo Sepulcro, um possível local do túmulo vazio de Jesus.
Herodes Agripa I (41-44 d.C.) começou a construir mais um muro ao norte da cidade, cercando essa área. Com mais de 3 km de extensão e 5,25 m de espessura, o muro foi concluído em 66 d.C.

TÚMULOS
No vale do Cedrom foram preservados vários túmulos datados do período anterior à destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C. O assim chamado "Túmulo de Absalão", adornado com colunas jônicas e dóricas, tinha uma cobertura em forma cônica. Um monumento relacionado ao assim chamado "Túmulo de Zacarias" tinha uma torre de pedra quadrada com uma pirâmide no alto. Entre 46 e 55 d.C., a rainha Helena de Adiabene, originária da Assíria (norte do Iraque) e convertida ao judaísmo, erigiu um mausoléu cerca de 600 m ao norte de Jerusalém. Com uma escadaria cerimonial e três torres cônicas, esse túmulo, conhecido hoje como "Túmulo dos Reis", era o mais sofisticado de Jerusalém. Jesus talvez estivesse se referindo a monumentos como esses ao condenar os mestres da lei e fariseus por edificarem sepulcros para os profetas e adornarem os túmulos dos justos. Túmulos mais simples eram escavados na encosta de colinas ao redor da cidade, e muitos destes foram descobertos nos tempos modernos.

FORA DA CIDADE
A leste da cidade ficava o monte das Oliveiras, cujo nome indica que essas árvores eram abundantes na região em comparação com a terra ao redor. Na parte mais baixa defronte a Jerusalém, atravessando o vale do Cedrom, ficava o jardim do Getsêmani, onde Jesus foi preso. Getsêmani significa "prensa de azeite". E possível que azeitonas trazidas da Peréia, do outro lado do rio Jordão, também fossem prensadas nesse local, pois era necessária uma grande quantidade de azeite para manter acesas as lâmpadas do templo. Na encosta leste do monte das Oliveiras ficava a vila de Betânia onde moravam Maria, Marta e Lázaro, e onde Jesus ficou na semana antes de sua morte. De acordo com os Evangelhos, a ascensão de Jesus ao céu ocorreu perto desse local.

A HISTÓRIA POSTERIOR DE JERUSALÉM
Jerusalém foi destruída pelos romanos em 70 d.C. e ficou em ruínas até a revolta de Bar Kochba em 132 d.C. Em 135 d.C., foi destruída novamente durante a repressão dessa revolta e reconstruída como uma cidade romana chamada Aelia Capitolina, da qual os judeus foram banidos. Depois que Constantino publicou seu édito de tolerância ao cristianismo em 313 d.C., os cristãos começaram a realizar peregrinações à cidade para visitar os lugares da paixão, ressurreição e ascensão de Cristo. Helena, mãe de Constantino, iniciou a construção da igreja do Santo Sepulcro em 326 .C. Em 637 d.C., a cidade foi tomada pelos árabes, sendo recuperada pelos cruzados que a controlaram entre 1099 e 1244. Os muros vistos hoje ao redor da Cidade Antiga são obra do sultão turco Suleiman, o Magnífico, em 1542.

Jerusalém no período do Novo Testamento
Jerusalém tornou-se um canteiro de obras durante o começo do século I d.C.. Herodes Agripa I (41-44 d.C.) construiu um terceiro muro no norte da cidade.

 

Referências

Ezequiel 5:5-38.12

Salmos 122:4-125.2

Lucas 10:30

Mateus 17:24

João 19.13

João 9.7

João 5:2-9

Mateus 23:29

Marcos 11:11;

Mateus 21:17:

Lucas 24:50

Jerusalem no período do Novo Testamento
Jerusalem no período do Novo Testamento
Jerusalém nos dias de hoje, vista do monte das Oliveiras O muro de Haram esh-Sharif acompanha o muro do templo de Herodes.
Jerusalém nos dias de hoje, vista do monte das Oliveiras O muro de Haram esh-Sharif acompanha o muro do templo de Herodes.

As condições climáticas de Canaã

CHUVA
No tempo de Moisés e Josué, como nos dias de hoje, a chuva era de suma importância para o clima de Canaã "Porque a terra que passais a possuir não é como a terra do Egito, donde saístes, em que semeáveis a vossa semente e, com o pé, a regáveis como a uma horta; mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales; da chuva dos céus beberá as águas" (Dt 11:10-11).
Os ventos prevalecentes vindos do mar Mediterrâneo que trazem consigo umidade são forçados a subir quando se deparam com os montes da região oeste e perdem essa umidade na forma de chuva. Passada essa barreira natural, os índices pluviométricos caem drasticamente e, alguns quilômetros depois, a terra se transforma em deserto. Esse fenômeno é exemplificado de forma clara pela comparação entre os índices pluviométricos anuais da cidade moderna de Jerusalém (cerca de 600 mm) com os de Jericó, apenas 20 km de distância (cerca de 160 mm).
O índice pluviométrico anual de Jerusalém é quase o mesmo de Londres, mas em Jerusalém concentra-se em cerca de cinquenta dias de chuva por ano, enquanto em Londres se distribui ao longo de mais ou menos trezentos dias. Em geral, esse índice aumenta em direção ao norte; assim, nos montes ao norte da Galileia a chuva pode chegar a 1.000 mm por ano. Por outro lado, nas regiões sul e leste da Palestina fica abaixo de 300 mm, condições nas quais a agricultura geralmente se torna impraticável.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS
A terra de Canaã descrita no Antigo Testamento parece mais fértil do que hoje. A pastagem excessiva, especialmente por rebanhos caprinos, provocou a erosão e perda de fertilidade do solo. Sem dúvida, a terra está mais desmatada devido ao uso de madeira para a construção e combustível e à devastação provocada por inúmeras guerras e cercos.' No entanto, não há nenhuma evidência de que os índices pluviométricos atuais apresentem diferenças consideráveis em relação as dos tempos bíblicos. A erosão das encostas dos montes simplesmente aumentou o escoamento de água e, portanto, as tornou menos férteis.

O CALENDÁRIO DE CANAÃ
Normalmente, não ocorrem chuvas entre a segunda quinzena de maio e a primeira quinzena de outubro. Da segunda quinzena de junho à primeira quinzena de setembro, a vegetação seca sob o calor abafado do verão. A temperatura mais alta registrada na região foi de 51° C no extremo sul do mar Morto. As primeiras chuvas que normalmente começam a metade de outubro, mas podem atrasar até janeiro, amolecem o solo, permitindo o início da aragem. As principais culturas - o trigo e a cevada - eram semeadas nessa época. A chuva continua a cair periodicamente ao longo de todo o inverno, culminando com as chuvas serôdias em abril ou início de maio, que fazem os grãos dos cereais incharem pouco antes da colheita. A cevada era menos valorizada do que o trigo, mas tinha a vantagem de crescer em solos mais pobres e ser colhida mais cedo. A colheita da cevada Coincidia com a festa da Páscoa, no final de março ou em abril e a do trigo com a festa de Pentecoste, sete semanas depois. Uvas, azeitonas, figos e outras frutas eram colhidos no outono. O inverno pode ser frio e úmido, chegando a nevar. Uma quantidade considerável de neve cai sobre Jerusalém mais ou menos a cada quinze anos. A neve é mencionada várias vezes no Antigo Testamento. Por exemplo, um homem chamado Benaia entrou numa cova e matou um leão "no tempo da neve". Numa ocorrência extraordinária, uma chuva de granizo matou mais cananeus do que os israelitas com suas espadas. A chuva no nono mês (dezembro) causou grande aflição ao povo assentado na praça em Jerusalém.° No mesmo mês, o rei Jeoaquim estava assentado em sua casa de inverno diante de um braseiro aceso.• Era necessário usar o fogo para se aquecer até o início de abril, como se pode ver claramente no relato da negação de Pedro. Um problema associado à estação das chuvas, especialmente na região costeira e junto ao lago da Galileia, era o míldio, que na tradução portuguesa por vezes é chamado de "ferrugem". O termo se refere ao mofo em roupas e casas, um mal que devia ser erradicado, e também a uma doença que afetava as plantações.

SECAS
Em algumas ocasiões, o ciclo de chuvas era interrompido e a terra sofria grandes secas. A mais conhecida ocorreu no tempo de Elias e, sem dúvida, teve efeitos devastadores, como a grave escassez de alimentos.° Esse tipo de ocorrência havia sido predito pelo autor de Deuteronômio. A desobediência ao Senhor traria sua maldição sobre a terra: "Os teus céus sobre a tua cabeça serão de bronze; e a terra debaixo de ti será de ferro. Por chuva da tua terra, o Senhor te dará pó e cinza; dos céus, descerá sobre ti, até que sejas destruído" (Dt 28:23-24).

terra cultivável no vale de Dota
terra cultivável no vale de Dota
chuvas
chuvas
Temperaturas na Palestina
Temperaturas na Palestina
Temperaturas na Palestina
Temperaturas na Palestina

A Agricultura de Canaã

A VEGETAÇÃO NATURAL
A. Palestina apresenta diversos tipos de clima desde o alpino até o tropical e o desértico. Em decorrência disso, possui uma vegetação extremamente variada, sendo que foram registradas 2.780 espécies de plantas. Mais de vinte espécies de árvores são mencionadas na Bíblia, desde as palmeiras da região tropical de Jericó até os cedros e florestas de coníferas do Líbano. Nem todas as árvores podem ser identificadas com precisão botânica; alguns termos talvez abrangessem várias espécies diferentes. Por exemplo, o termo hebraico usado para maçá também pode incluir o damasco.' As alfarrobeiras, de cujos frutos o filho pródigo comeu, são conhecidas apenas na bacia do Mediterrâneo. Nem todas as árvores mencionadas na Bíblia eram encontradas em Canaã. O olíbano (o termo hebraico é traduzido na Bíblia como "incenso") e a mirra do sul da Arábia e o cedro do Líbano são exemplos típicos, mas o sândalo, talvez uma espécie de junípero, também era importado do Líbano." Outras árvores provenientes de terras distantes foram introduzidas em Canaã, como no caso da amoreira - a amoreira-branca é originária da China e a amoreira-preta, do Irá. Nos meses de primavera, os campos ficam cobertos de flores, os "lírios do campo" "aos quais Jesus se referiu no sermão do monte (Mt 6:28).

O REINO ANIMAL
A Palestina abriga 113 espécies de mamíferos, 348 espécies de aves e 68 espécies de peixes. Possui 4.700 espécies de insetos, dos quais cerca de dois mil são besouros e mil são borboletas No Antigo Testamento, chama a atenção a grande variedade de animais, aves e insetos com a qual os habitantes de Canaã tinham contato. Davi matou um leão e um urso, dois animais que, para alívio da população atual, não são mais encontrados na região. Outros animais, como os bugios, eram importados de terras distantes." Um grande número de aves "mundas" não podia ser consumido como alimento. Mas quem, em sã consciência, comeria um abutre? Algumas dessas aves "imundas" talvez fossem migratórias, não tendo Canaã como seu hábitat. Os padres de migração dessas aves talvez não fossem compreendidos, mas certamente eram conhecidos. Alguns insetos voadores eram "limpos" e, portanto, podiam ser consumidos. João Batista parece ter aprendido a apreciar o sabor de "gafanhotos e mel silvestre" (Mic 1.6).

CULTURAS
O trigo e a cevada eram usados para fazer pão. Também se cultivavam lentilhas e feijões. Ervas como a hortelã, o endro e o cominho, das quais os fariseus separavam os dízimos zelosamente, eram usados para temperar alimentos de sabor mais suave. Os espias enviados por Moisés a Canaã voltaram trazendo um cacho de uvas enorme, e também romãs e figos. As uvas eram transformadas em vinho "que alegra o coração do homem" (SI 104,15) e em "bolos de passas" (Os 3:1). Do fruto das oliveiras extraía-se o azeite que, além de ser queimado em lamparinas para iluminar as casas, também era usado para fins alimentícios e medicinais e na unção de reis e sacerdotes. O linho era cultivado para a confecção de roupas. Também havia árvores de amêndoa, pistácia e outras nozes.

A CRIAÇÃO DE ANIMAIS
Canaã era considerada uma "terra que mana leite e mel" (Ex 3:8) e descrita desse modo cerca de quinze vezes no Antigo Testamento antes dos israelitas entrarem na terra. O leite era proveniente de ovelhas, cabras e também de vacas. Estes animais também forneciam lã, pelos e couro, respectivamente. Sua carne era consumida, mas, no caso da maioria do povo, somente em festas especiais, como a Páscoa, na qual cada família israelita devia sacrificar um cordeiro.! Caso fossem seguidas à risca, as prescrições do sistema sacrifical para toda a comunidade israelita exigiam a oferta anual de mais de duas toneladas de farina, mais de 1.300 l de azeite e vinho, 113 bois, 32 carneiros 1:086 cordeiros e 97 cabritos. O tamanho dos rebanhos e sua necessidade de pastagem adequada limitavam as regiões onde podiam ser criados. O território montanhoso no norte da Galileia era particularmente apropriado. Os touros de Basá, uma região fértil a leste do lago da Galileia, eram conhecidos por sua força. Além de bois e carneiros, o suprimento diário de alimentos para o palácio de Salomão incluía veados, gazelas, corços e aves cevadas.'* Não se sabe ao certo a natureza exata destas últimas; talvez fossem galinhas, conhecidas no Egito desde o século XV a.C.Os camelos, coelhos e porcos eram considerados "imundos" e, portanto, não deviam ser consumidos.

Uma descrição de Canaã
"Tu fazes rebentar fontes no vale, cujas áquas correm entre os montes; dão de beber a todos os animais do campo; os jumentos selvagens matam a sua sede. Junto delas têm as aves do céu o seu pouso e, por entre a ramagem, desferem o seu canto. Do alto de tua morada, regas os montes; a terra farta-se do fruto de tuas obras. Fazes crescer a relva para os animais e as plantas, para o serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão, o vinho, que alegra o coração do homem, o azeite, que lhe dá brilho ao rosto, e o alimento, que lhe sustém as forças. Avigoram-se as árvores do SENHOR e os cedros do Líbano que ele plantou, em que as aves fazem seus ninhos; quanto à cegonha, a sua casa é nos ciprestes. Os altos montes são das cabras montesinhas, e as rochas, o refúgio dos arganazes. SALMO 104:10-18

ciclo agrícola do antigo Israel e suas festas principais.
ciclo agrícola do antigo Israel e suas festas principais.
Principais produtos agrícolas da Palestina e da Transjordânia
Principais produtos agrícolas da Palestina e da Transjordânia

GEOLOGIA DA PALESTINA

GEOLOGIA
Pelas formações rochosas que afloram basicamente na área que fica ao sul do mar Morto, no leste do Sinai, nos muros da Arabá e nos cânions escavados pelos rios da Transjordânia e também a partir de rochas encontradas nos modernos trabalhos de perfuração, é possível reconstruir, em linhas gerais, a história geológica da terra. Esses indícios sugerem a existência de extensa atividade, de enormes proporções e complexidade, demais complicada para permitir um exame completo aqui. Apesar disso, como a narrativa da maneira como Deus preparou essa terra para seu povo está intimamente ligada à criação de montes e vales (Dt 8:7-11.11; SI 65.6; 90.2; cp. Ap 6:14), segue um esboço resumido e simplificado dos processos que, ao que parece, levaram à formação desse cenário.


Toda essa região fica ao longo da borda fragmentada de uma antiga massa de terra sobre a qual repousam, hoje, a Arábia e o nordeste da África. Sucessivas camadas de formações de arenito foram depositadas em cima de uma plataforma de rochas ígneas (vulcânicas), que sofreram transformações - granito, pórfiro, diorito e outras tais. Ao que parece, as áreas no sul e no leste dessa terra foram expostas a essa deposição por períodos mais longos e mais frequentes. Na Transjordânia, as formações de arenito medem uns mil metros, ao passo que, no norte e na Cisjordânia, elas são bem mais finas. Mais tarde, durante aquilo que os geólogos chamam de "grande transgressão cretácea", toda a região foi gradual e repetidamente submersa na água de um oceano, do qual o atual mar Mediterrâneo é apenas resquício. Na verdade, " grande transgressão" foi uma série de transgressões recorrentes, provocadas por lentos movimentos na superfície da terra. Esse evento levou à sedimentação de muitas variedades de formação calcária. Um dos resultados disso, na Cisjordânia, foi a exposição da maior parte das rochas atualmente, incluindo os depósitos cenomaniano, turoniano, senoniano e eoceno.
Como regra geral, depósitos cenomanianos são os mais duros, porque contêm as concentrações mais elevadas de sílica e de cálcio. Por isso, são mais resistentes à erosão (e, desse modo, permanecem nas elevações mais altas), mas se desfazem em solos erosivos de qualidade superior (e.g., terra-roxa). São mais impermeáveis, o que os torna um componente básico de fontes e cisternas e são mais úteis em construções. Ao contrário, os depósitos senonianos são os mais macios e, por isso, sofrem erosão comparativamente rápida. Desfazem-se em solos de constituição química mais pobre e são encontrados em elevacões mais baixas e mais planas. Formações eocenas são mais calcárias e misturadas com camadas escuras e duras de pederneira, às vezes entremeadas com uma camada bem fina de quartzo de sílica quase pura. No entanto, nos lugares onde eles contêm um elevado teor de cálcio, como acontece na Sefelá, calcários eocenos se desintegram e formam solos aluvianos marrons. Em teoria, o aluvião marrom é menos rico do que a terra-roxa, porém favorece uma gama maior de plantações e árvores, é mais fácil de arar, é menos afetado por encharcamento e, assim, tem depósitos mais profundos e com textura mais acentuada.
Em resumo, de formações cenomanianas (e também turonianas) surgem montanhas, às vezes elevadas e escarpadas, atraentes para pedreiros e para pessoas que querem morar em cidades mais seguras. Formações eocenas podem sofrer erosão de modo a formar planícies férteis, tornando-as desejáveis a agricultores e a vinhateiros, e depósitos senonianos se desfazem em vales planos, que os viajantes apreciam. Uma comparação entre os mapas mostra o grande número de estreitas valas senonianas que serviram de estradas no Levante (e.g., do oeste do lago Hula para o mar da Galileia; a subida de Bete-Horom; os desfiladeiros do Jocneão, Megido e Taanaque no monte Carmelo; o fosso que separa a Sefelá da cadeia central; e o valo diagonal de Siquém para Bete-Sea). O último ato do grande drama cretáceo incluiu a criação de um grande lago, denominado Lisan. Ele inundou, no vale do Jordão, uma área cuja altitude é inferior a 198 metros abaixo do nível do mar - a área que vai da extremidade norte do mar da Galileia até um ponto mais ou menos 40 quilômetros ao sul do atual mar Morto. Formado durante um período pluvial em que havia precipitação extremamente pesada e demorada, esse lago salobro foi responsável por depositar até 150 metros de estratos sedimentares encontrados no terreno coberto por ele.
Durante a mesma época, cursos d'água também escavaram, na Transjordânia, desfiladeiros profundos e espetaculares. À medida que as chuvas foram gradualmente diminuindo e a evaporação fez baixar o nível do lago Lisan, pouco a pouco foram sendo expostas nele milhares de camadas de marga, todas elas bem finas e carregadas de sal. Misturados ora com gesso ora com calcita negra, esses estratos finos como papel são hoje em dia a característica predominante do rifte do sul e da parte norte da Arabá. Esse período pluvial também depositou uma grande quantidade de xisto na planície Costeira e criou as dunas de Kurkar, que se alinham com a costa mediterrânea. Depósitos mais recentes incluem camadas de aluvião arenoso (resultante da erosão pela água) e de loesse (da erosão pelo vento), características comuns da planície Costeira nos dias atuais.

A Geologia da Palestina
A Geologia da Palestina

HIDROLOGIA, SOLO E CHUVAS NA PALESTINA

HIDROLOGIA
Não é nenhuma coincidência que o principal deus do Egito (Amom-Rá) era uma divindade solar, o que também era o caso do líder do panteão mesopotâmico (Marduque) 108 Em contraste, o grande deus de Canaã (Baal) era um deus da chuva/fertilidade. Aí está um mito com consequências profundas e de longo alcance para quem quisesse viver em Canaã, mito que controlava boa parte da cosmovisão cananeia e, às vezes, até o pensamento israelita. O mito é um reflexo direto de certas realidades hidrológicas dessa terra. Dito de modo simples, nunca é preciso chover no Egito nem na Mesopotâmia. Cada uma dessas terras antigas recebeu uma rica herança: um grande rio. Do Nilo e do Eufrates, respectivamente, as civilizações egípcia e mesopotâmica tiravam seus meios de subsistência, irrigavam suas plantações e davam água a seus rebanhos e manadas. Cada um desses rios fornecia um enorme suprimento de água doce, mais do que poderia ser consumido pelas sociedades que eles alimentavam e sustentavam. Enquanto houvesse chuva suficiente a centenas e centenas de quilômetros de distância, nas montanhas da Etiópia e Uganda (no caso do Nilo) e nas regiões montanhosas e acidentadas do leste da Turquia (no caso do Eufrates).
não seria necessário chover no Egito nem em boa parte da Mesopotâmia. E, na verdade, raramente chovia! Naquelas regiões, a sobrevivência dependia do sustento proporcionado por rios que podiam ser usados com proveito no ambiente parecido com o de uma estufa, criado pelo calor do sol ao longo de suas margens.
Num contraste gritante com isso, em Canaã a sobrevivência dependia justamente da chuva. Nessa terra não havia nenhum grande rio, e os parcos recursos fluviais eram incapazes de atender às necessidades dos habitantes. É certo que o rio Jordão atravessava essa terra, mas, do mar da Galileia para o sul. ele ficava numa altitude tão baixa e estava sempre tão cheio de substâncias químicas que, em essência, a sociedade cananeia estava privada do eventual sustento que o lordão poderia lhe proporcionar. Em meio à têndência histórica de civilizações surgirem ao longo das margens de rios, o Jordão aparece como evidente exceção Fora o lordão. em Canaã havia apenas um pequeno volume de água doce subterrânea. Na Antiguidade, o rio Jarcom, que se forma nas fontes perto de Afeque e deságua no Mediterrâneo logo ao norte de Jope, produzia umidade suficiente para forcar viajantes a se deslocarem mais para dentro do continente, mas só no século 20 seus recursos foram finalmente aproveitados. O rio Ouisom, que drena parte do vale de Jezreel antes de desaguar no Mediterrâneo, na altura da planície de Aco, na maior parte do ano é pouco mais do que um riacho. E o rio Harode, que deságua no lordão em frente de Bete-Sea, mana de uma única fonte situada no sopé do monte Gilboa. De modo que os cananeus e até mesmo a comunidade da aliança de Deus experimentariam, nessa terra, a sobrevivência ou a morte, colheitas boas ou más, a fertilidade ou a seca, justamente como consequência de tempestades que podiam lançar sua chuva numa terra que, de outra forma, era incapaz de suster a existência humana. Para os autores das Escrituras, um padrão recorrente, até mesmo estereotipado, é pregar que a fé produz bênçãos enquanto a falta de fé resulta em condenação. Talvez nada mais ressaltasse esse padrão com tanta força do que a dependência da chuva. Por exemplo, perto do momento de Israel se tornar nação, o povo foi instruído sobre as consequências da fé: "Se [.] guardardes os meus mandamentos [..) eu vos darei chuvas no tempo certo, a terra dará seu produto [...] Mas, se não me ouvirdes [...] farei que o céu seja para vós como ferro, e a terra, como bronze [...] a vossa terra não dará seu produto" (Lv 26:3-20). Mais tarde, quando estava na iminência de se lancar em sua missão de ocupar Canaã, o povo recebeu as descrições mais vívidas e completas das características hidrológicas daquela terra. "Pois a terra na qual estais entrando para tomar posse não é como a terra do Egito, de onde saístes, em que semeáveis a semente e a regáveis a pé [referência ou a um tipo de dispositivo usado para puxar água que era movimentado com os pés ou a comportas de irrigação que podiam ser erguidas com os pés para permitir que as águas entrassem em canais secundários], como se faz a uma horta; a terra em que estais entrando para dela tomar posse é terra de montes e de vales, que bebe as águas da chuva do céu; terra cuidada pelo SENHOR, teu Deus, cujos olhos estão continuamente sobre ela, desde o princípio até o fim do ano" (Dt 11:10-12).
O autor bíblico passa então a fazer um contraste entre a fé e a fertilidade (v. 13-17). Na prática, sua mensagem era a de que, se os israelitas obedecessem aos mandamentos de Deus, ele lhes enviaria tanto as primeiras como as últimas chuvas, a fim de que o povo pudesse armazenar cereais, vinho e azeite. Mas, caso seus corações manifestassem falta de fé, na sua ira Deus trancaria os céus e não haveria nenhuma chuva. Então, parece claro que naquela terra a fertilidade dependia da fé e a própria vida estava em risco devido à falta de chuva, o que resultava em seca e fome. Ademais, os dois textos acima apresentam uma mensagem que é repetida em muitas outras passagens, em cada seção e gênero de literatura biblica: é Deus que, na sua benevolência - mediante a dádiva da bênção da chuva - sustenta a vida na terra da promessa (e.g., Dt 28:12-2Cr 7.13,14; J6 5.10; 28.25,26; 36.27,28; SI 65:9-13 135:7-147.8,18; Is 30:23-25; Ez 34:26; Os 6:3; Am 9:6; Zc 10:1; MI 3.10; Mt 5:45; At 14:17; Hb 6:7). De modo análogo, Deus tem a prerrogativa soberana de reter a chuva como sinal de sua insatisfação e juízo (e.g., Dt 28:22-24; 1Rs 8:35-36; 17.1; 2Cr 6:26-27; Jó 12.15; Is 5:6; Jr 3:3-14:1-6; Am 4:7-8; Zc 14:17). 110 Parece que os autores das Escrituras empregaram essa realidade teológica justamente por causa das implicações hidrológicas dinâmicas que teriam sido por demais óbvias para quem quer que tentasse sobreviver em Canaã. Para o israelita antigo, a chuva era um fator providencialmente condicionado.
As vezes, na história de Israel, Deus ficou tão descontente com o comportamento de seu povo que não lhes deu nem a chuva nem o orvalho (e.g., 1Rs 17:1; Ag 1:10-11; cp. Gn 27:39-25m 1.21; Is 26:19; Os 14:5; Jó 29.19). 112 Com certeza, poucos agricultores na América do Norte ou Europa tiveram boas colheitas principalmente como resultado de orvalho.
Entretanto, no Israel antigo, onde a água era escassa e inacessível, exceto aquela proveniente do céu, em certas estações do ano o crescimento das plantações dependia totalmente da formação do orvalho. Isso era ainda mais válido quando uvas e figos estavam amadurecendo no início do outono, logo antes das "primeiras chuvas" 13 Em circunstâncias normais, a cada ano, a planície Costeira ao sul de Gaza, o vale de lezreel no centro (Iz 6:36-40), o elevado monte Carmelo e o Neguebe Ocidental experimentam - todos eles - cerca de 250 noites de orvalho. Alguns estudiosos têm, com bons motivos, chegado a afirmar que a conexão entre chuva, fé e vida pode ser a melhor explicação por que, depois de atravessarem o Jordão e passarem a residir em Canaã, os israelitas puderam apostatar com tanta rapidez e de modo tão completo. Talvez nenhuma geração de israelitas que viveu antes da época de Cristo tenha experimentado de forma mais convincente o elemento do milagre divino do que aqueles que participaram da ocupação de sua terra. Contudo, seus filhos e netos ficaram rápida e completamente fascinados pelo deus Baal e pelo baalismo cananeu (z 6:25-32; 15m 4:5-8; 1Rs 16:32-33; 19:10-14), e o sincretismo deles se tornou o tema triste e recorrente do livro de Juízes. Aqueles dessa geração posterior não deram ouvidos às exortações proféticas e logo descobriram que, na prática, eram cananeus - pessoas que, por meio do culto da fertilidade, procuravam garantir que houvesse chuva suficiente. O baalismo cananeu estava envolvido com uma cosmovisão cíclica (e não com uma linear), em que o mundo fenomênico, a saber, as forças da natureza, era personificado. Dessa maneira, os adeptos do baalismo eram incapazes de perceber que as estações do ano eram de uma periodicidade regular e mecânica. A variação e a recorrência das estações eram vistas em termos de lutas cósmicas. Quando a estação seca da primavera começava com a consequente cessação de chuva e a morte da vegetação, inferiam erroneamente que o deus da esterilidade (Mot) havia assassinado seu adversário, Baal. Por sua vez, quando as primeiras chuvas do outono começavam a cair, tornando possível a semeadura e, mais tarde, a colheita, de novo o baalismo cometia o erro de inferir que o deus da fertilidade (Baal) havia ressuscitado e retornado à sua posição proeminente.
Ademais, o fracasso do baalismo cananeu em perceber que a variação das estações era governada pela inevitabilidade das leis da Natureza levou à crença de que o resultado das lutas cósmicas era incerto e que os seres humanos podiam manipulá-lo. Como consequência, quando desejavam que suas divindades realizassem certas ações, os cananeus acreditavam que podiam persuadi-las a isso, realizando eles próprios as mesmas ações num contexto cultual, uma prática conhecida hoje em dia como "magia imitativa ou simpática". Para eles, o triunfo contínuo de Baal equivalia à garantia de fertilidade duradoura. Esse desejo deu origem à prostituição cultual, em que, conforme acreditavam, as ações de um homem ou uma mulher consagrados a essa atividade ativamente antecipavam e causavam o intercurso de Baal com a terra e dele participavam (entendiam que a chuva era o sêmen de Baal). De acordo com a adoração da fertilidade em Canaã, quando Baal triunfava, as mulheres ficavam férteis, os rebanhos e manadas reproduziam em abundância e a lavoura era repleta de cereais. Os profetas, a começar por Moisés, atacaram fortemente a adoção indiscriminada dessa abominação (Dt 4:26; cp. Jr 2:7-8,22,23; 11.13; Os 4:12-14; Mq 1:7). Mas, apesar de todas as advertências, ao que parece a realidade hidrológica da terra levou os israelitas a suporem que também necessitavam de rituais cananeus para sobreviver num lugar que dependia tanto da chuva (1Sm 12:2-18; 1Rs 14:22-24; 2Rs 23:6-7; 2Cr 15:16: Jr 3:2-5; Ez 8:14-15; 23:37-45). Israel logo começou a atribuir a Baal, e não a lahweh, as boas dádivas da terra (Is 1:3-9; Jr 2:7; Os 2:5-13) e, por fim, os israelitas chegaram ao ponto de chamar lahweh de "Baal" (Os 2:16). O tema bíblico recorrente de "prostituir-se" tinha um sentido muito mais profundo do que uma mera metáfora teológica (Jz 2:17-8.27,33; 1Cr 5:25; Ez 6:9; Os 4:12-9.1; cp. Dt 31:16-1Rs 14.24; 2Rs 23:7). Além do mais, no fim, a adoção dessa degeneração contribuiu para a derrota e o exílio de Israel (e.g., 1Cr 5:26-9.1; SI 106:34-43; Jr 5:18-28; 9:12-16; 44:5-30; Ez 6:1-7; 33:23-29).
É muito provável que a expressão característica e mais comum que a Bíblia usa para descrever a herança de Israel - "terra que dá leite e mel" - trate igualmente dessa questão de dependência da chuva. Os ocidentais de hoje em dia conseguem ver, nessa metáfora, uma conotação de fertilidade e abundância exuberantes, de um paraíso autêntico ou de um jardim do Éden luxuriante. Mas a expressão pinta um quadro bem diferente. Para começar, o "princípio da primeira referência pode ser relevante para essa metáfora: quando a expressão surge pela primeira vez no cânon e na história de Israel, é especificamente usada para contrastar a vida de Israel no Egito com a vida tal como seria em Canaã (Êx 3.8,17). E, embora também se empregue a metáfora para descrever a terra da aliança de Deus com Israel (Dt 6:3-31.20; Is 5:6; Jr 11:5), de igual forma as Escrituras, mais tarde, utilizam a metáfora para tornar a apresentar esse forte contraste entre o Egito e Cana (e.g., Dt 11:9-12; 26.8,9; Jr 32:21-23; Ez 20:6). Nesse aspecto, o texto de Deuteronômio 11:8-17 é especialmente revelador: aí a terra de leite e mel será um lugar em que a fertilidade estará condicionada à fé em contraste com a fertilidade garantida do Egito.
Os produtos primários envolvidos também parecem não apontar para a noção de fertilidade exuberante (cp. Is 7:15-25). A palavra para "leite" (halab) é usada com frequência para designar o leite de cabra e ovelha (Êx 23.19; Dt 14:21-1Sm 7.9; Pv 27:26-27), raramente para se referir ao leite de vaca (Dt 32:14) e nunca ao de camela. Ocasionalmente a palavra para "mel" (debash) é interpretada como referência a uma calda ou geleia feita de uvas ou tâmaras ou secretada por certas árvores, mas é quase certo que, nesse contexto, deve se referir ao mel de abelha. A palavra é usada especificamente com abelhas (d°bórá, cp. Jz 14:8-9) e aparece com vários vocábulos diferentes que designam favo (Pv 24:13; Ct 4:11; cp. 1Sm 14:25-27; SI 19.10; Pv 16:24; Ct 5:1). Na descrição encontrada em textos egípcios mais antigos, Canaã tinha seu próprio suprimento de mel,16 uma observação importante à luz do fato bem estabelecido de que a apicultura doméstica era conhecida no Egito desde tempos remotos. Escavações arqueológicas realizadas em 2007 na moderna Rehov/Reobe, logo ao sul de Bete-Sea, encontraram vestígios inconfundíveis de apicultura doméstica em Canaã, datada radiometricamente do período da monarquia unida. Além de mel, restos tanto de cera de abelha quanto de partes de corpos de abelha foram tirados do apiário, e acredita-se que as fileiras de colmeias achadas ali até agora eram capazes de produzir até 450 quilos de mel todos os anos.
Os produtos primários indicados na metáfora que descreve a terra têm de ser leite de cabra e mel de abelha: os dois itens são produtos de condições topográficas e econômicas idênticas (Is 7:15-25; J6 20,17) e de áreas de pastagem não cultivadas. Nenhum é produto de terra cultivada. Diante disso, deve-se concluir que os produtos primários de leite e mel são de natureza pastoril e não agrícola. Portanto, a terra é descrita como uma esfera pastoril.
É possível perceber o peso dessa última observacão quando se contrastam o leite e o mel com os produtos primários do Egito, citados na Bíblia (Nm 11:4-9). Enquanto andava pelo deserto, o povo de Israel se desiludiu com a dieta diária e monótona de maná e passou a desejar a antiga dieta no Egito (peixe, pepino, melão, alho-poró, cebola e alho). Além de peixe, os alimentos pelos quais ansiavam eram aqueles que podiam ser plantados e colhidos. Em outras palavras. enquanto estavam no Egito, a dieta básica dos israelitas era à base de produtos agrícolas e nada há nesse texto sobre a ideia de pastoralismo. O Egito parece ser apresentado basicamente como o lugar para o lavrador trabalhar a terra, ao passo que a terra da heranca de Israel é basicamente apresentada como o lugar para o pastor criar animais. Isso não quer dizer que não houvesse pastores no Egito (ep. Gn 46:34) nem que não houvesse lavradores em Canaã (cp. Mt 22:5); mas dá a entender que o Egito era predominantemente um ambiente agrícola, ao passo que Canaã era predominantemente de natureza pastoril. Ao se mudar do Egito para uma "terra que dá leite e mel", Israel iria experimentar uma mudanca impressionante de ambiente e estilo de vida É provável que isso também explique por que a Bíblia quase não menciona lavradores, vacas e manadas e, no entanto, está repleta de referências pastoris:


Desse modo, dizer que a terra dava "leite e mel" servia a três propósitos básicos. A expressão: (1) descrevia a natureza distintamente pastoril do novo ambiente de Israel; (2) fazia um contraste entre aquele ambiente e o estilo de vida que Israel havia tido no Egito; (3) ensinava o povo que a fertilidade/ sobrevivência em sua nova terra seria resultado da fé e consequência da obediência. Os israelitas não seriam mais súditos egípcios vivendo no Egito, mas também não deveriam se tornar súditos cananeus vivendo em Canaã. Deviam ser o povo de Deus, povo que teria de viver uma vida de fé nesse lugar que Deus escolhera e que dependia tanto de chuva (as vezes denominada geopiedade). À luz dos difíceis condições hidrológicas da terra, a necessidade de conservar os escassos suprimentos de água devia ser determinante. Por esse motivo, a Bíblia está repleta de referências à água e a itens relacionados, com aplicações tanto positivas quanto negativas. Encontramos menção a:


Na época do Novo Testamento, tecnologias hídricas gregas e romanas aliviaram em parte a dificílima situação de abastecimento de água para algumas cidades principais.
O Império Romano foi particularmente bem-sucedido em transportar água, às vezes por muitos quilômetros, desde sua(s) fonte(s) até as principais áreas urbanas. Uma tecnologia sofisticada criou aquedutos tanto abertos quanto fechados - canais de água que podiam ter várias formas de canalização (pedra, terracota, chumbo, bronze e até madeira). Alguns dos canais foram construídos acima da superfície e outros, abaixo.
Além do enorme trabalho exigido pelas imensas construções, esses sistemas também requeriam considerável capacidade e sofisticação de planejamento. Os romanos tiraram vantagem da força da gravidade, mesmo durante longas distâncias, em terreno irregular ou montanhoso. Em certos intervalos, colocaram respiradouros para reduzir problemas de pressão da água ou do ar e para possibilitar que os trabalhadores fizessem o desassoreamento. Também utilizaram sifões para permitir que a água subisse até recipientes acima de um vale adjacente, mas abaixo do nível da fonte da água. Junto com uma rede de aquedutos, os romanos criaram muitos canais abertos, comportas, redes de esgoto, diques e reservatórios de água.
Como resultado, a maioria da população urbana do Império Romano desfrutava de banhos públicos, latrinas e fontes. Alguns tinham acesso a piscinas e até mesmo lavagem de louça. Na Palestina em particular, introduziu-se o banho ritual (mikveh).

Os solos da Palestina
Os solos da Palestina
Montanhas e rios da Palestina
Montanhas e rios da Palestina
Índice pluviométrico na Palestina
Índice pluviométrico na Palestina

O CLIMA NA PALESTINA

CLIMA
À semelhança de outros lugares no mundo, a realidade climática dessa terra era e é, em grande parte, determinada por uma combinação de quatro fatores: (1) configuração do terreno, incluindo altitude, cobertura do solo, ângulo de elevação e assim por diante; (2) localização em relação a grandes massas de água ou massas de terra continental; (3) direção e efeito das principais correntes de ar; (4) latitude, que determina a duração do dia e da noite. Situada entre os graus 29 e 33 latitude norte e dominada principalmente por ventos ocidentais (oceânicos), a terra tem um clima marcado por duas estações bem definidas e nitidamente separadas. O verão é um período quente/seco que vai de aproximadamente meados de junho a meados de setembro; o inverno é um período tépido/úmido que se estende de outubro a meados de junho. É um lugar de brisas marítimas, ventos do deserto, terreno semidesértico, radiação solar máxima durante a maior parte do ano e variações sazonais de temperatura e umidade relativa do ar. Dessa forma, seu clima é bem parecido com certas regiões do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, conforme mostrado no gráfico da página seguinte.
A palavra que melhor caracteriza a estação do verão nessa terra é "estabilidade" Durante o verão, o movimento equatorial do Sol na direção do hemisfério norte força a corrente de jato (que permite a depressão e a convecção de massas de ar e produz tempestades) para o norte até as vizinhanças dos Alpes. Como consequência, uma célula estacionária de alta pressão se desenvolve sobre os Açores, junto com outra de baixa pressão, típica de monção, sobre Irã e Paquistão, o que resulta em isóbares (linhas de pressão barométrica) basicamente norte-sul sobre a Palestina. O resultado é uma barreira térmica que produz dias claros uniformes e impede a formação de nuvens de chuva, apesar da umidade relativa extremamente elevada. O verão apresenta o tempo todo um ótimo clima, brisas regulares do oeste, calor durante o dia e uma seca quase total. No verão, as massas de ar, ligeiramente resfriadas e umedecidas enquanto passam sobre o Mediterrâneo, condensam-se para criar um pouco de orvalho, que pode estimular o crescimento de plantas de verão. Mas as tempestades de verão são, em sua maioria, inesperadas (1Sm 12:17-18). Por outro lado, o inverno se caracteriza pela palavra "instabilidade". Nessa estação, massas de ar mais elevadas se aproveitam do caminho equatorial do Sol na direção do hemisfério sul e ficam tomadas de ar polar extremamente frio. A mistura dessas massas de ar pode criar várias correntes dominantes de alta pressão, e qualquer uma pode, imprevisivelmente, se chocar com o ar que serpenteia pela depressão mediterrânea.

1. A área de alta pressão atmosférica da Ásia é uma corrente direta de ar polar que pode chegar a 1.036 milibares. As vezes atravessa todo o deserto da Síria e atinge a terra de Israel, vindo do leste, com uma rajada de ar congelante e geada (Jó 1.19).
2. A área de alta pressão atmosférica dos Bálcãs, na esteira de uma forte depressão mediterrânea, consegue capturar a umidade de uma tempestade ciclônica e, vindo do oeste, atingir Israel com chuva, neve e granizo. Em geral esse tipo de sistema é responsável pela queda de chuva e neve no Levante (2Sm 23:20-1Cr 11:22; Jó 37:6; SL 68:14; Pv 26:1).
3. Uma área de alta pressão atmosférica um pouco menos intensa do Líbano pode ser atraída na direção do Neguebe e transportar tempestades de poeira que se transformam em chuva.


A própria vala do Mediterrâneo é uma zona de depressão relativamente estacionária, pela qual passam em média cerca de 25 tempestades ciclônicas durante o inverno. Uma corrente de ar mais quente leva cerca de quatro a seis dias para atravessar o Mediterrâneo e se chocar com uma dessas frentes. Caso essas depressões sigam um caminho mais ao sul, tendem a se desviar ao norte de Chipre e fazer chover pela Europa Oriental. Esse caminho deixa o Levante sem sua considerável umidade [mapa 21] e produz seca, que às vezes causa fome. 121 Contudo, quando seguem um caminho ao norte - e bem mais favorável - tendem a ser empurradas mais para o sul por uma área secundária de baixa pressão sobre o mar Egeu e atingem o Levante com tempestades que podem durar de dois a quatro dias (Dt 11:11-1Rs 18:43-45; Lc 12:54). O inverno é, então, a estação chuvosa (SI 29:1-11; Ct 2:11; At 27:12-28.2), que inclui igualmente "as primeiras e as últimas chuvas" (Dt 11:14; Jó 29.23; SI 84.6; Pv 16:15; )r 5.24; Os 6:3; Jl 2:23; Zc 10:1; Tg 5:7) .125 Os dias de chuva mais pesada coincidem com o período do clima mais frio, de dezembro a fevereiro (Ed 10:9-13; Jr 36:22), quando é frequente a precipitação incluir neve e granizo.
Em termos gerais, a precipitação aumenta à medida que se avança para o norte. Elate, junto ao mar Vermelho, recebe 25 milímetros ou menos por ano; Berseba, no Neguebe, cerca de 200 milímetros; Nazaré, na região montanhosa da Baixa Galileia, cerca de 680 milímetros; o jebel Jarmuk, na Alta Galileia, cerca de 1.100 milímetros; e o monte Hermom, cerca de 1.500 milímetros de precipitação (v. no mapa 19 as médias de Tel Aviv, Jerusalém e Jericó]. A precipitação também tende a crescer na direção oeste.
Períodos curtos de transição ocorrem na virada das estações: um entre o final de abril e o início de maio, e outro entre meados de setembro e meados de outubro. Nesses dias, uma massa de ar quente e abrasador, hoje conhecida popularmente pelo nome de "siroco" ou "hamsin", pode atingir a Palestina vinda do deserto da Arábia.127 Essa situação produz um calor tórrido e uma sequidão total, algo parecido com os ventos de Santa Ana, na Califórnia. Conhecida na Bíblia pelas expressões "vento oriental" (Ex 10:13; Is 27:8; Ir 18.17; Ez 19:12; Os 12:1-13.
15) e "vento sul" (Lc 12:55), às vezes um vento siroco pode durar mais de uma semana, ressecando vegetação mais frágil e causando mais do que uma ligeira irritação em seres humanos e animais. Os ventos orientais da Bíblia podiam fazer secar espigas (Gn 41:6), secar o mar (Ex 14:21), causar morte e destruição (Jó 1.19), carregar pessoas (Jó 27.21), naufragar navios (SI 48.7; Ez 27:26) e fazer as pessoas desfalecerem e perderem os sentidos (In 4.8). Em contraste, um "vento norte" favorecia e revigorava a vida (Jó 37.22; Pv 25:23). A palavra suméria para "vento norte" significa literalmente "vento favorável".

ARBORIZAÇÃO
Nos lugares onde a terra recebia chuva suficiente, a arborização da Palestina antiga incluía matas perenes de variedades de carvalho, pinheiro, terebinto, amendoeira e alfarrobeira (Dt 19:5-2Sm 18.6; 2Rs 2:24; Ec 2:6; Is 10:17-19). Mas o mais comum era a terra coberta pelo mato fechado e plantas arbustivas (maquis) típicas da bacia do Mediterrâneo (1s 17.15; 1Sm 22:5; Os 2:14). Com base em análises de uma ampla amostra de pólen e também de restos de plantas e sementes tirados do interior de sedimentos, o mais provável é que, na Antiguidade remota, a arborização original da Palestina fosse bem densa e às vezes impenetrável, exceto nas regiões sul e sudeste, que margeavam o deserto, Os dados atuais apontam, porém, para uma destruição cada vez maior daquelas florestas e vegetação, destruição provocada pelo ser humano, o que começou já por volta de 3000 a.C. Mas três períodos se destacam como particularmente danosos:

(1) o início da Idade do Ferro (1200-900 a.C.);
(2) o final dos períodos helenístico e romano (aprox. 200 a.C.-300 d.C.);
(3) os últimos 200 anos.


O primeiro desses ciclos de destruição é o que mais afeta o relato bíblico que envolve arborização e uso da terra. No início da Idade do Ferro, a terra da Palestina experimentou, em sua paisagem, uma invasão massiva e duradoura de seres humanos, a qual foi, em grande parte, desencadeada por uma leva significativa de novos imigrantes e pela introdução de equipamentos de ferro. As matas da Palestina começaram a desaparecer diante das necessidades familiares, industriais e imperialistas da sociedade. Na esfera doméstica, por exemplo, grandes glebas de terra tiveram de ser desmatadas para abrir espaço para a ocupação humana e a produção de alimentos (Js 17:14-18).
Enormes quantidades de madeira devem ter sido necessárias na construção e na decoração das casas (2Rs 6:1-7; Jr 10:3). Calcula-se que cada família necessitava de uma a duas toneladas de lenha por ano (Js 9:21-27; Is 44:14-17; Ez 15:1-8; Mc 14:54). E o pastoreio de rebanhos temporários de ovelhas e cabras teria arrancado plantas sazonais que eram suculentas, mas sem raiz profunda. Por sua vez, a ocupação da terra teria requerido o apoio de certas indústrias, muitas das quais exigiam enormes recursos de madeira que, com certeza, danificaram o delicado equilíbrio ecológico da Palestina. A madeira era queimada em fornos de cozimento e em fornalhas industriais. Era necessária para a produção e vitrificação de vidro e na manufatura de cal, gesso, tijolos, canos e tubos de terracota, utensílios de cozimento, ferramentas de ferro e tábuas de escrever (alguns textos eram, na realidade, gravados sobre tábuas de madeira). Certos subprodutos de madeira tinham utilidade industrial, como solventes de água, no curtimento e tingimento e na medicina.
Muita madeira era empregada na extração de pedras nas encostas de montanhas e no represamento de cursos d'água. Mais madeira era transformada em carvão para o trabalho de mineração, fundição e forja de metais 130 Grandes quantidades também eram consumidas em sacrifícios nos templos palestinos.
Por fim, ainda outras áreas de floresta eram devastadas como resultado do imperialismo antigo, fosse na produção de instrumentos militares (Dt 20:19-20), fosse em injustificadas atividades de guerra (2Rs 3:25; SI 83.14,15; Is 10:15-19; Jr 6:4-8), fosse no pagamento de tributo compulsório.131 Os efeitos do desmatamento foram marcantes e permanentes. Existem consideráveis indícios de que a concomitante perturbação das camadas superiores do solo da Palestina provocou uma erosão pelo vento e pela água bastante acelerada, com subsequente perda da fertilidade das camadas finas de solo nas encostas. Alguns conservacionistas do solo calculam que, como resultado do desmatamento ocorrido na 1dade do Ferro, mais de 90 centímetros de solo e subsolo foram irrecuperavelmente perdidos da Cadeia Montanhosa Central, o que fez com que a base rochosa de áreas significativas daquele terreno ficasse visível. Uma vez que as camadas superiores do solo foram seriamente comprometidas ou destruídas, os subsolos predominantemente improdutivos não conseguiram regenerar a arborização. Existem indícios convincentes de oscilações climáticas durante o período do Israel bíblico, mas praticamente nenhuma evidência de mudança significativa ou radical do clima. O desflorestamento desenfreado da região, com a consequente deterioração e deslocamento da camada superior fértil, provocou um desgaste gradual e inexorável do meio ambiente. O cenário mudou para pior e até mesmo os modernos esforços de reflorestamento ainda não se mostraram completamente bem-sucedidos.
É bem irônico que as atividades desenvolvidas pelos próprios israelitas tenham contribuído de forma significativa para essa diminuição do potencial dos recursos da terra, na Palestina da Idade do Ferro Antiga. O retrato da arborização da Palestina pintado pela Bíblia parece estar de acordo com esses dados. Embora haja menção frequente a certas árvores tradicionais que mais favorecem o comprometimento e a erosão do solo (oliveira, figueira, sicômoro, acácia, amendoeira, romázeira, terebinto, murta, bálsamo), a Bíblia não faz quase nenhuma referência a árvores que fornecem madeira de lei para uso em edificações (carvalho, cedro, cipreste e algumas espécies de pinheiro). E inúmeras vezes a mencão a estas últimas variedades tinha a ver com outros lugares - frequentemente Basã, monte Hermom ou Líbano (Iz 9.15; 1Rs 4:33; SI 92.12; Is 40:16; Ez 27:5-6; Zc 11:2). Aliás, o abastecimento aparentemente inesgotável de madeira pelo Líbano era famoso no mundo antigo; o Egito começou a importá-la já à época do Reino Antigo.133 Vários reis mesopotâmicos e assírios viajaram para o Líbano para conseguir cedro. Em particular, os reis assírios costumavam se vangloriar de que uma de suas maiores façanhas era terem escalado os cumes do Líbano e derrubado suas imensas árvores (Is 14:8).
Pelo fato de a Palestina praticamente não ter reservas de madeira de lei, Davi, quando se lançou a seus projetos de construção em Jerusalém, achou necessário fazer um tratado com Hirão, rei de Tiro (e.g., 25m 5.11; 1Cr 14:1). Quando deu início a seus inúmeros empreendimentos de construção, Salomão foi forçado a ratificar aquele tratado (1Rs 5:1-18; 7:2-12; 2Cr 2:1-16; 9:10-28). Fenícios de Tiro forneceram a Salomão tanto a matéria-prima quanto a tecnologia para construir sua frota de navios mercantes (1Rs 10:22; cf. Ez 27:5-9, 25-36). Durante todo o período da monarquia, a construção, mesmo em pequena escala, implicava conseguir no exterior a madeira de lei necessária, conforme Jeoás e Josias descobriram (2Rs 12:12-22.6). Certa vez, a madeira que estava sendo usada para construir uma cidade no Reino do Norte foi levada, como um ato de agressão, para construir cidades em Judá (2Cr 16:6).
A disponibilidade de madeira de lei nativa não melhorou no período pós-exílico. Como parte do decreto de Ciro, que permitiu aos judeus voltarem à sua terra para reconstruir o templo, o monarca persa lhes deu uma quantia em dinheiro com a qual deveriam comprar madeira no Líbano (Ed 3:7). Mas suspeita-se que, quando aquela madeira chegou a Jerusalém, foi desperdiçada em residências particulares, em vez de ser usada no templo (Ag 1:8, cp. v. 4). Mais tarde, quando Neemias foi ao rei Artaxerxes pedindo dispensa do cargo na corte para trabalhar para melhorar as condições de vida ao redor de Jerusalém, recebeu do rei cartas que lhe permitiram obter madeira para a reconstrução dos muros e portas da cidade (Ne 2:4-8). Ainda mais tarde, madeira necessária para a imensa empreitada de construção realizada por Herodes em Cesareia Marítima teve de ser importada, provavelmente da Itália. E até mesmo no século 19, quando Charles Warren precisou de tábuas de madeira para dar continuidade a seu trabalho arqueológico em Jerusalém, ele descobriu que madeira ainda estava entre os produtos mais escassos e mais caros da Palestina.

O Clima no Oriente Médio no Verão
O Clima no Oriente Médio no Verão
O Clima no Oriente Médio no Inverno
O Clima no Oriente Médio no Inverno
Tabela do clima da Palestina
Tabela do clima da Palestina

Apêndices

Os apêndices bíblicos são seções adicionais presentes em algumas edições da Bíblia que fornecem informações complementares sobre o texto bíblico. Esses apêndices podem incluir uma variedade de recursos, como tabelas cronológicas, listas de personagens, informações históricas e culturais, explicações de termos e conceitos, entre outros. Eles são projetados para ajudar os leitores a entender melhor o contexto e o significado das narrativas bíblicas, tornando-as mais acessíveis e compreensíveis.

Principais acontecimentos da vida terrestre de Jesus

Últimos dias do ministério de Jesus em Jerusalém (Parte 2)

DATA

LUGAR

ACONTECIMENTO

MATEUS

MARCOS

LUCAS

JOÃO

14 de nisã

Jerusalém

Jesus identifica Judas como traidor e o dispensa

Mt 26:21-25

Mc 14:18-21

Lc 22:21-23

Jo 13:21-30

Institui a Ceia do Senhor (1Co 11:23-25)

Mt 26:26-29

Mc 14:22-25

Lc 22:19-20, Lc 24:30

 

Profetiza que Pedro o negaria e que os apóstolos o abandonariam

Mt 26:31-35

Mc 14:27-31

Lc 22:31-38

Jo 13:31-38

Promete ajudador; ilustração da videira; ordena que se amem; última oração com apóstolos

     

Jo 14:1Jo 17:26

Getsêmani

Angustiado no jardim; traído e preso

Mt 26:30, Mt 36:56

Mc 14:26, Mc 32:52

Lc 22:39-53

Jo 18:1-12

Jerusalém

Interrogado por Anás; julgado por Caifás no Sinédrio; Pedro o nega

Mt 26:57Mt 27:1

Mc 14:53Mc 15:1

Lc 22:54-71

Jo 18:13-27

O traidor Judas se enforca (At 1:18-19)

Mt 27:3-10

     

Perante Pilatos, depois perante Herodes e de novo perante Pilatos

Mt 27:2, Mt 11:14

Mc 15:1-5

Lc 23:1-12

Jo 18:28-38

Pilatos quer libertá-lo, mas judeus preferem Barrabás; sentenciado à morte numa estaca

Mt 27:15-30

Mc 15:6-19

Lc 23:13-25

Jo 18:39Jo 19:16

(Sexta-feira, c. 3 h da tarde)

Gólgota

Morre na estaca de tortura

Mt 27:31-56

Mc 15:20-41

Lc 23:26-49

Jo 19:16-30

Jerusalém

Seu corpo é tirado da estaca e sepultado

Mt 27:57-61

Mc 15:42-47

Lc 23:50-56

Jo 19:31-42

15 de nisã

Jerusalém

Sacerdotes e fariseus solicitam que o túmulo seja lacrado e vigiado

Mt 27:62-66

     

16 de nisã

Jerusalém e proximidades; Emaús

Jesus é ressuscitado; aparece cinco vezes aos discípulos

Mt 28:1-15

Mc 16:1-8

Lc 24:1-49

Jo 20:1-25

Após 16 de nisã

Jerusalém; Galileia

Aparece outras vezes aos discípulos (1Co 15:5-7; At 1:3-8); dá instruções; comissão de fazer discípulos

Mt 28:16-20

   

Jo 20:26Jo 21:25

25 de íiar

Monte das Oliveiras, perto de Betânia

Jesus sobe aos céus, 40 dias depois de sua ressurreição (At 1:9-12)

   

Lc 24:50-53

 

Livros

Livros citados como referências bíblicas, que citam versículos bíblicos, são obras que se baseiam na Bíblia para apresentar um argumento ou discutir um tema específico. Esses livros geralmente contêm referências bíblicas que são usadas para apoiar as afirmações feitas pelo autor. Eles podem incluir explicações adicionais e insights sobre os versículos bíblicos citados, fornecendo uma compreensão mais profunda do texto sagrado.

Referências em Livro Espírita

Não foram encontradas referências em Livro Espírita.

Referências em Outras Obras


CARLOS TORRES PASTORINO

at 1:4
Sabedoria do Evangelho - Volume 4

Categoria: Outras Obras
Capítulo: 13
CARLOS TORRES PASTORINO

MT 16:24-28


24. Jesus disse então o seus discípulos: "Se alguém quer vir após mim, neguese a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


25. Porque aquele que quiser preservar sua alma. a perderá; e quem perder sua alma por minha causa, a achará.


26. Pois que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? Ou que dará o homem em troca de sua alma?


27. Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com seus mensageiros, e então retribuirá a cada um segundo seu comportamento.


28. Em verdade vos digo, que alguns dos aqui presentes absolutamente experimentarão a morte até que o Filho do Homem venha em seu reino. MC 8:34-38 e MC 9:1


34. E chamando a si a multidão, junto com seus discípulos disse-lhes: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.


35. Porque quem quiser preservar sua alma, a perderá; e quem perder sua alma por amor de mim e da Boa-Nova, a preservará.


36. Pois que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?


37. E que daria um homem em troca de sua alma?


38. Porque se alguém nesta geração adúltera e errada se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, também dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na glória de seu Pai com seus santos mensageiros". 9:1 E disse-lhes: "Em verdade em verdade vos digo que há alguns dos aqui presentes, os quais absolutamente experimentarão a morte, até que vejam o reino de Deus já chegado em força".


LC 9:23-27


23. Dizia, então, a todos: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me.


24. Pois quem quiser preservar sua alma, a perderá; mas quem perder sua alma por amor de mim, esse a preservará.


25. De fato, que aproveita a um homem se ganhar o mundo inteiro, mas arruinar-se ou causar dano a si mesmo?


26. Porque aquele que se envergonhar de mim e de minhas doutrinas, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier na sua glória, na do Pai e na dos santos mensageiros.


27. Mas eu vos digo verdadeiramente, há alguns dos aqui presentes que não experimentarão a morte até que tenham visto o reino de Deus.


Depois do episódio narrado no último capítulo, novamente Jesus apresenta uma lição teórica, embora bem mais curta que as do Evangelho de João.


Segundo Mateus, a conversa foi mantida com Seus discípulos. Marcos, entretanto, revela que Jesu "chamou a multidão" para ouvi-la, como que salientando que a aula era "para todos"; palavras, aliás, textuais em Lucas.


Achava-se a comitiva no território não-israelita ("pagão") de Cesareia de Filipe, e certamente os moradores locais haviam observado aqueles homens e mulheres que perambulavam em grupo homogêneo.


Natural que ficassem curiosos, a "espiar" por perto. A esses, Jesus convida que se aproximem para ouvir os ensinamentos e as exigências impostas a todos os que ambicionavam o DISCIPULATO, o grau mais elevado dos três citados pelo Mestre: justos (bons), profetas (médiuns) e discípulos (ver vol. 3).


As exigências são apenas três, bem distintas entre si, e citadas em sequência gradativa da menor à maior. Observamos que nenhuma delas se prende a saber, nem a dizer, nem a crer, nem a fazer, mas todas se baseiam em SER. O que vale é a evolução interna, sem necessidade de exteriorizações, nem de confissões, nem de ritos.


No entanto, é bem frisada a vontade livre: "se alguém quiser"; ninguém é obrigado; a espontaneidade deve ser absoluta, sem qualquer coação física nem moral. Analisemos.


Vimos, no episódio anterior, o Mestre ordenar a Pedro que "se colocasse atrás Dele". Agora esclarece: " se alguém QUER ser SEU discípulo, siga atrás Dele". E se tem vontade firme e inabalável, se o QUER, realize estas três condições:

1. ª - negue-se a si mesmo (Lc. arnésasthô; Mat. e Mr. aparnésasthô eautón).


2. ª - tome (carregue) sua cruz (Lc. "cada dia": arátô tòn stáurou autoú kath"hêméran);

3. ª - e siga-me (akoloutheítô moi).


Se excetuarmos a negação de si mesmo, já ouvíramos essas palavras em MT 10:38 (vol. 3).


O verbo "negar-se" ou "renunciar-se" (aparnéomai) é empregado por Isaías (Isaías 31:7) para descrever o gesto dos israelitas infiéis que, esclarecidos pela derrota dos assírios, rejeitaram ou negaram ou renunciaram a seus ídolos. E essa é a atitude pedida pelo Mestre aos que QUEREM ser Seus discípulos: rejeitar o ídolo de carne que é o próprio corpo físico, com sua sequela de sensações, emoções e intelectualismo, o que tudo constitui a personagem transitória a pervagar alguns segundos na crosta do planeta.


Quanto ao "carregar a própria cruz", já vimos (vol. 3), o que significava. E os habitantes da Palestina deviam estar habituados a assistir à cena degradante que se vinha repetindo desde o domínio romano, com muita frequência. Para só nos reportarmos a Flávio Josefo, ele cita-nos quatro casos em que as crucificações foram em massa: Varus que fez crucificar 2. 000 judeus, por ocasião da morte, em 4 A. C., de Herodes o Grande (Ant. Jud. 17. 10-4-10); Quadratus, que mandou crucificar todos os judeus que se haviam rebelado (48-52 A. D.) e que tinham sido aprisionados por Cumarus (Bell. Jud. 2. 12. 6); em 66 A. D. até personagens ilustres foram crucificadas por Gessius Florus (Bell. Jud. 2. 14. 9); e Tito que, no assédio de Jerusalém, fez crucificar todos os prisioneiros, tantos que não havia mais nem madeira para as cruzes, nem lugar para plantá-las (Bell. Jud. 5. 11. 1). Por aí se calcula quantos milhares de crucificações foram feitas antes; e o espetáculo do condenado que carregava às costas o instrumento do próprio suplício era corriqueiro. Não se tratava, portanto, de uma comparação vazia de sentido, embora constituindo uma metáfora. E que o era, Lucas encarrega-se de esclarecê-lo, ao acrescentar "carregue cada dia a própria cruz". Vemos a exigência da estrada de sacrifícios heroicamente suportados na luta do dia a dia, contra os próprios pendores ruins e vícios.


A terceira condição, "segui-Lo", revela-nos a chave final ao discipulato de tal Mestre, que não alicia discípulos prometendo-lhes facilidades nem privilégios: ao contrário. Não basta estudar-Lhe a doutrina, aprofundar-Lhe a teologia, decorar-Lhe as palavras, pregar-Lhe os ensinamentos: é mister SEGUILO, acompanhando-O passo a passo, colocando os pés nas pegadas sangrentas que o Rabi foi deixando ao caminhar pelas ásperas veredas de Sua peregrinação terrena. Ele é nosso exemplo e também nosso modelo vivo, para ser seguido até o topo do calvário.


Aqui chegamos a compreender a significação plena da frase dirigida a Pedro: "ainda és meu adversário (porque caminhas na direção oposta a mim, e tentas impedir-me a senda dolorosa e sacrificial): vai para trás de mim e segue-me; se queres ser meu discípulo, terás que renunciar a ti mesmo (não mais pensando nas coisas humanas); que carregar também tua cruz sem que me percas de vista na dura, laboriosa e dorida ascensão ao Reino". Mas isto, "se o QUERES" ... Valerá a pena trilhar esse áspero caminho cheio de pedras e espinheiros?


O versículo seguinte (repetição, com pequena variante de MT 10:39; cfr. vol. 3) responde a essa pergunta.


As palavras dessa lição são praticamente idênticas nos três sinópticos, demonstrando a impress ão que devem ter causado nos discípulos.


Sim, porque quem quiser preservar sua alma (hós eán thélei tên psychên autòn sõsai) a perderá (apolêsei autên). Ainda aqui encontramos o verbo sôzô, cuja tradução "salvar" (veja vol. 3) dá margem a tanta ambiguidade atualmente. Neste passo, a palavra portuguesa "preservar" (conservar, resguardar) corresponde melhor ao sentido do contexto. O verbo apolesô "perder", só poderia ser dado também com a sinonímia de "arruinar" ou "degradar" (no sentido etimológico de "diminuir o grau").


E o inverso é salientado: "mas quem a perder "hós d"án apolésêi tên psychên autoú), por minha causa (héneken emoú) - e Marcos acrescenta "e da Boa Nova" (kaì toú euaggelíou) - esse a preservará (sósei autén, em Marcos e Lucas) ou a achará (heurêsei autén, em Mateus).


A seguir pergunta, como que explicando a antinomia verbal anterior: "que utilidade terá o homem se lucrar todo o mundo físico (kósmos), mas perder - isto é, não evoluir - sua alma? E qual o tesouro da Terra que poderia ser oferecido em troca (antállagma) da evolução espiritual da criatura? Não há dinheiro nem ouro que consiga fazer um mestre, riem que possa dar-se em troca de uma iniciação real.


Bens espirituais não podem ser comprados nem "trocados" por quantias materiais. A matemática possui o axioma válido também aqui: quantidades heterogêneas não podem somar-se.


O versículo seguinte apresenta variantes.


MATEUS traz a afirmação de que o Filho do Homem virá com a glória de seu Pai, em companhia de Seus Mensageiros (anjos), para retribuir a cada um segundo seus atos. Traduzimos aqui dóxa por "glória" (veja vol. 1 e vol. 3), porque é o melhor sentido dentro do contexto. E entendemos essa glória como sinônimo perfeito da "sintonia vibratória" ou a frequência da tônica do Pai (Verbo, Som). A atribui ção a cada um segundo "seus atos" (tên práxin autoú) ou talvez, bem melhor, de acordo com seu comportamento, com a "prática" da vida diária. Não são realmente os atos, sobretudo isolados (mesmo os heroicos) que atestarão a Evolução de uma criatura, mas seu comportamento constante e diuturno.


MARCOS diz que se alguém, desta geração "adúltera", isto é, que se tornou "infiel" a Deus, traindo-O por amar mais a matéria que o espírito, e "errada" na compreensão das grandes verdades, "se envergonhar" (ou seja "desafinar", não-sintonizar), também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier com a glória do Pai, em companhia de Seus mensageiros (anjos).


LUCAS repete as palavras de Marcos (menos a referência à Boa Nova), salientando, porém, que o Filho do Homem virá com Sua própria glória, com a glória do Pai, e com a glória dos santos mensageiros (anjos).


E finalmente o último versículo, em que só Mateus difere dos outros dois, os quais, no entanto, nos parecem mais conformes às palavras originais.


Afirma o Mestre "alguns dos aqui presentes" (eisin tines tõn hõde hestótõn), os quais não experimentar ão (literalmente: "não saborearão, ou mê geúsôntai) a morte, até que vejam o reino de Deus chegar com poder. Mateus em vez de "o reino de Deus", diz "o Filho do Homem", o que deu margem à expectativa da parusia (ver vol. 3), ainda para os indivíduos daquela geração.


Entretanto, não se trata aqui, de modo algum, de uma parusia escatológica (Paulo avisa aos tessalonicenses que não o aguardem "como se já estivesse perto"; cfr. 1. ª Tess. 2: lss), mas da descoberta e conquista do "reino de Deus DENTRO de cada um" (cfr. LC 17:21), prometido para alguns "dos ali presentes" para essa mesma encarnação.


A má interpretação provocou confusões. Os gnósticos (como Teodósio), João Crisóstomo, Teofilacto e outros - e modernamente o cardeal Billot, S. J. (cfr. "La Parousie", pág. 187), interpretam a "vinda na glória do Filho do Homem" como um prenúncio da Transfiguração; Cajetan diz ser a Ressurreição;


Godet acha que foi Pentecostes; todavia, os próprios discípulos de Jesus, contemporâneos dos fatos, não interpretaram assim, já que após a tudo terem assistido, inclusive ao Pentecostes, continuaram esperando, para aqueles próximos anos, essa vinda espetacular. Outros recuaram mais um pouco no tempo, e viram essa "vinda gloriosa" na destruição de Jerusalém, como "vingança" do Filho do Homem; isso, porém, desdiz o perdão que Ele mesmo pedira ao Pai pela ignorância de Seus algozes (D. Calmet, Knabenbauer, Schanz, Fillion, Prat, Huby, Lagrange); e outros a interpretaram como sendo a difusão do cristianismo entre os pagãos (Gregório Magno, Beda, Jansênio, Lamy).


Penetremos mais a fundo o sentido.


Na vida literária e artística, em geral, distinguimos nitidamente o "aluno" do "discípulo". Aluno é quem aprende com um professor; discípulo é quem segue a trilha antes perlustrada por um mestre. Só denominamos "discípulo" aquele que reproduz em suas obras a técnica, a "escola", o estilo, a interpretação, a vivência do mestre. Aristóteles foi aluno de Platão, mas não seu discípulo. Mas Platão, além de ter sido aluno de Sócrates, foi também seu discípulo. Essa distinção já era feita por Jesus há vinte séculos; ser Seu discípulo é segui-Lo, e não apenas "aprender" Suas lições.


Aqui podemos desdobrar os requisitos em quatro, para melhor explicação.


Primeiro: é necessário QUERER. Sem que o livre-arbítrio espontaneamente escolha e decida, não pode haver discipulato. Daí a importância que assume, no progresso espiritual, o aprendizado e o estudo, que não podem limitar-se a ouvir rápidas palavras, mas precisam ser sérios, contínuos e profundos.


Pois, na realidade, embora seja a intuição que ilumina o intelecto, se este não estiver preparado por meio do conhecimento e da compreensão, não poderá esclarecer a vontade, para que esta escolha e resolva pró ou contra.


O segundo é NEGAR-SE a si mesmo. Hoje, com a distinção que conhecemos entre o Espírito (individualidade) e a personagem terrena transitória (personalidade), a frase mais compreensível será: "negar a personagem", ou seja, renunciar aos desejos terrenos, conforme ensinou Sidarta Gotama, o Buddha.


Cientificamente poderíamos dizer: superar ou abafar a consciência atual, para deixar que prevaleça a super-consciência.


Essa linguagem, entretanto, seria incompreensível àquela época. Todavia, as palavras proferidas pelo Mestre são de meridiana clareza: "renunciar a si mesmo". Observando-se que, pelo atraso da humanidade, se acredita que o verdadeiro eu é a personagem, e que a consciência atual é a única, negar essa personagem e essa consciência exprime, no fundo, negar-se "a si mesmo". Diz, portanto, o Mestre: " esse eu, que vocês julgam ser o verdadeiro eu, precisa ser negado". Nada mais esclarece, já que não teria sido entendido pela humanidade de então. No entanto, aqueles que seguissem fielmente Sua lição, negando seu eu pequeno e transitório, descobririam, por si mesmos, automaticamente, em pouco tempo, o outro Eu, o verdadeiro, coisa que de fato ocorreu com muitos cristãos.


Talvez no início possa parecer, ao experimentado: desavisado, que esse Eu verdadeiro seja algo "externo".


Mas quando, por meio da evolução, for atingido o "Encontro Místico", e o Cristo Interno assumir a supremacia e o comando, ele verificará que esse Divino Amigo não é um TU desconhecido, mas antes constitui o EU REAL. Além disso, o Mestre não se satisfez com a explanação teórica verbal: exemplificou, negando o eu personalístico de "Jesus", até deixá-lo ser perseguido, preso, caluniado, torturado e assassinado. Que Lhe importava o eu pequeno? O Cristo era o verdadeiro Eu Profundo de Jesus (como de todos nós) e o Cristo, com a renúncia e negação do eu de Jesus, pode expandir-se e assumir totalmente o comando da personagem humana de Jesus, sendo, às vezes, difícil distinguir quando falava e agia "Jesus" e quando agia e falava "o Cristo". Por isso em vez de Jesus, temos nele O CRISTO, e a história o reconhece como "Jesus", O CRISTO", considerando-o como homem (Jesus) e Deus (Cristo).


Essa anulação do eu pequeno fez que a própria personagem fosse glorificada pela humildade, e o nome humano negado totalmente se elevasse acima de tudo, de tal forma que "ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na Terra e debaixo da terra" (Filp. 2:10).


Tudo isso provocou intermináveis discussões durante séculos, por parte dos que não conseguiram penetrar a realidade dos acontecimentos, caracterizados, então, de "mistério": são duas naturezas ou uma? Como se realizou a união hipostática? Teria a Divindade absorvido a humanidade?


Por que será que uma coisa tão clara terá ficado incompreendida por tantos luminares que trataram deste assunto? O Eu Profundo de todas as criaturas é o Deus Interno, que se manifestará em cada um exatamente na proporção em que este renunciar ao eu pequeno (personagem), para deixar campo livre à expressão do Cristo Interno Divino. Todos somos deuses (cfr. Salmo 81:6 e JO 10:34) se negarmos totalmente nosso eu pequeno (personagem humana), deixando livre expansão à manifestação do Cristo que em todos habita. Isso fez Jesus. Se a negação for absoluta e completa, poderemos dizer com Paulo que, nessa criatura, "habita a plenitude da Divindade" (CL 2:9). E a todos os que o fizerem, ser-lhes-á exaltado o nome acima de toda criação" (cfr. Filp. 2:5-11).


Quando isto tiver sido conseguido, a criatura "tomará sua cruz cada dia" (cada vez que ela se apresentar) e a sustentará galhardamente - quase diríamos triunfalmente - pois não mais será ela fonte de abatimentos e desânimos, mas constituirá o sofrimento-por-amor, a dor-alegria, já que é a "porta estreita" (MT 7:14) que conduzirá à felicidade total e infindável (cfr. Pietro Ubaldi, "Grande Síntese, cap. 81).


No entanto, dado o estágio atual da humanidade, a cruz que temos que carregar ainda é uma preparação para o "negar-se". São as dores físicas, as incompreensões morais, as torturas do resgate de carmas negativos mais ou menos pesados, em vista do emaranhado de situações aflitivas, das "montanhas" de dificuldades que se erguem, atravancando nossos caminhos, do sem-número de moléstias e percalços, do cortejo de calúnias e martírios inomináveis e inenarráveis.


Tudo terá que ser suportado - em qualquer plano - sem malsinar a sorte, sem desesperos, sem angústias, sem desfalecimentos nem revoltas, mas com aceitação plena e resignação ativa, e até com alegria no coração, com a mais sólida, viva e inabalável confiança no Cristo-que-é-nosso-Eu, no Deus-

Imanente, na Força-Universal-Inteligente e Boa, que nos vivifica e prepara, de dentro de nosso âmago mais profundo, a nossa ascensão real, até atingirmos TODOS, a "plena evolução crística" (EF 4:13).


A quarta condição do discipulato é também clara, não permitindo ambiguidade: SEGUI-LO. Observese a palavra escolhida com precisão. Poderia ter sido dito "imitá-Lo". Seria muito mais fraco. A imitação pode ser apenas parcial ou, pior ainda, ser simples macaqueação externa (usar cabelos compridos, barbas respeitáveis, vestes talares, gestos estudados), sem nenhuma ressonância interna.


Não. Não é imitá-Lo apenas, é SEGUI-LO. Segui-Lo passo a passo pela estrada evolutiva até atingir a meta final, o ápice, tal como Ele o FEZ: sem recuos, sem paradas, sem demoras pelo caminho, sem descanso, sem distrações, sem concessões, mas marchando direto ao alvo.


SEGUI-LO no AMOR, na DEDICAÇÃO, no SERVIÇO, no AUTO-SACRIFÍCIO, na HUMILDADE, na RENÚNCIA, para que de nós se possa afirmar como Dele foi feito: "fez bem todas as coisas" (MC 7. 37) e: "passou pela Terra fazendo o bem e curando" (AT 10:38).


Como Mestre de boa didática, não apresenta exigências sem dar as razões. Os versículos seguintes satisfazem a essa condição.


Aqui, como sempre, são empregados os termos filosóficos com absoluta precisão vocabular (elegantia), não deixando margem a qualquer dúvida. A palavra usada é psychê, e não pneuma; é alma e nã "espírito" (em adendo a este capítulo daremos a "constituição do homem" segundo o Novo Testamento).


A alma (psychê) é a personagem humana em seu conjunto de intelecto-emoções, excluído o corpo denso e as sensações do duplo etérico. Daí a definição da resposta 134 do "Livro dos Espíritos": "alma é o espírito encarnado", isto é, a personagem humana que habita no corpo denso.

Aí está, pois, a chave para a interpretação do "negue-se a si mesmo": esse eu, a alma, é a personagem que precisa ser negada, porque, quem não quiser fazê-lo, quem pretender preservar esse eu, essa alma, vai acabar perdendo-a, já que, ao desencarnar, estará com "as mãos vazias". Mas aquele que por causa do Cristo Interno - renunciar e perder essa personagem transitória, esse a encontrará melhorada (Mateus), esse a preservará da ruína (Marcos e Lucas).


E prossegue: que adiantará acumular todas as riquezas materiais do mundo, se a personalidade vai cair no vazio? Nada de material pode ser-lhe comparado. No entanto, se for negada, será exaltada sobre todas as coisas (cfr. o texto acima citado, Filp. 2:5-11).


Todas e qualquer evolução do Espírito é feita exclusivamente durante seu mergulho na carne (veja atrás). Só através das personagens humanas haverá ascensão espiritual, por meio do "ajustamento sintônico". Então, necessidade absoluta de consegui-lo, não "se envergonhando", isto é, não desafinando da tônica do Pai (Som) que tudo cria, governa e mantém. Enfrentar o mundo sem receio, sem" respeitos humanos", e saber recusá-lo também, para poder obter o Encontro Místico com o Cristo Interno. Se a criatura "se envergonha" e se retrai, (não sintoniza) não é possível conseguir o Contato Divino, e o Filho do Homem também a evitará ("se envergonhará" dessa criatura). Só poderá haver a" descida da graça" ou a unificação com o Cristo, "na glória (tônica) do Pai (Som-Verbo), na glória (tônica) do próprio Cristo (Eu Interno), na glória de todos os santos mensageiros", se houver a coragem inquebrantável de romper com tudo o que é material e terreno, apagando as sensações, liquidando as emoções, calando o intelecto, suplantando o próprio "espírito" encarnado, isto é, PERDENDO SUA ALMA: só então "a achará", unificada que estará com o Cristo, Nele mergulhada (batismo), "como a gota no oceano" (Bahá"u"lláh). Realmente, a gota se perde no oceano mas, inegavelmente, ao deixar de ser gota microscópica, ela se infinitiva e se eterniza tornando-se oceano...

Em Mateus é-nos dado outro aviso: ao entrar em contato com a criatura, esta "receberá de acordo com seu comportamento" (pláxin). De modo geral lemos nas traduções correntes "de acordo com suas obras". Mas isso daria muito fortemente a ideia de que o importante seria o que o homem FAZ, quando, na realidade, o que importa é o que o homem É: e a palavra comportamento exprime-o melhor que obras; ora, a palavra do original práxis tem um e outro sentido.


Evidentemente, cada ser só poderá receber de acordo com sua capacidade, embora todos devam ser cheios, replenos, com "medida sacudida e recalcada" (cfr. Lc. 5:38).


Mas há diferença de capacidade entre o cálice, o copo, a garrafa, o litro, o barril, o tonel... De acordo com a própria capacidade, com o nível evolutivo, com o comportamento de cada um, ser-lhe-á dado em abundância, além de toda medida. Figuremos uma corrente imensa, que jorra permanentemente luz e força, energia e calor. O convite é-nos feito para aproximar-nos e recolher quanto quisermos.


Acontece, porém, que cada um só recolherá conforme o tamanho do vasilhame que levar consigo.


Assim o Cristo Imanente e o Verbo Criador e Conservador SE DERRAMAM infinitamente. Mas nós, criaturas finitas, só recolheremos segundo nosso comportamento, segundo a medida de nossa capacidade.


Não há fórmulas mágicas, não há segredos iniciáticos, não peregrinações nem bênçãos de "mestres", não há sacramentos nem sacramentais, que adiantem neste terreno. Poderão, quando muito, servir como incentivo, como animação a progredir, mas por si, nada resolvem, já que não agem ex ópere operantis nem ex opere operatus, mas sim ex opere recipientis: a quantidade de recebimento estará de acordo com a capacidade de quem recebe, não com a grandeza de quem dá, nem com o ato de doação.


E pode obter-se o cálculo de capacidade de cada um, isto é, o degrau evolutivo em que se encontra no discipulato de Cristo, segundo as várias estimativas das condições exigidas:

a) - pela profundidade e sinceridade na renúncia ao eu personalístico, quando tudo é feito sem cogitar de firmar o próprio nome, sem atribuir qualquer êxito ao próprio merecimento (não com palavras, mas interiormente), colaborando com todos os "concorrentes", que estejam em idêntica senda evolutiva, embora nos contrariem as ideias pessoais, mas desde que sigam os ensinos de Cristo;


b) - pela resignação sem queixas, numa aceitação ativa, de todas as cruzes, que exprimam atos e palavras contra nós, maledicências e calúnias, sem respostas nem defesas, nem claras nem veladas (já nem queremos acenar à contra-ataques e vinganças).


c) - pelo acompanhar silencioso dos passos espirituais no caminho do auto-sacrifício por amor aos outros, pela dedicação integral e sem condições; no caminho da humildade real, sem convencimentos nem exterioridades; no caminho do serviço, sem exigências nem distinções; no caminho do amor, sem preferências nem limitações. O grau dessas qualidades, todas juntas, dará uma ideia do grau evolutivo da criatura.


Assim entendemos essas condições: ou tudo, à perfeição; ou pouco a pouco, conquistando uma de cada vez. Mas parado, ninguém ficará. Se não quiser ir espontaneamente, a dor o aguilhoará, empurrandoo para a frente de qualquer forma.


No entanto, uma promessa relativa à possibilidade desse caminho é feita claramente: "alguns dos que aqui estão presentes não experimentarão a morte até conseguirem isso". A promessa tanto vale para aquelas personagens de lá, naquela vida física, quanto para os Espíritos ali presentes, garantindo-selhes que não sofreriam queda espiritual (morte), mas que ascenderiam em linha reta, até atingir a meta final: o Encontro Sublime, na União mística absoluta e total.


Interessante a anotação de Marcos quando acrescenta: O "reino de Deus chegado em poder". Durante séculos se pensou no poder externo, a espetacularidade. Mas a palavra "en dynámei" expressa muito mais a força interna, o "dinamismo" do Espírito, a potencialidade crística a dinamizar a criatura em todos os planos.


O HOMEM NO NOVO TESTAMENTO


O Novo Testamento estabelece, com bastante clareza, a constituição DO HOMEM, dividindo o ser encarnado em seus vários planos vibratórios, concordando com toda a tradição iniciática da Índia e Tibet, da China, da Caldeia e Pérsia, do Egito e da Grécia. Embora não encontremos o assunto didaticamente esquematizado em seus elementos, o sentido filosófico transparece nítido dos vários termos e expressões empregados, ao serem nomeadas as partes constituintes do ser humano, ou seja, os vários níveis em que pode tornar-se consciente.


Algumas das palavras são acolhidas do vocabulário filosófico grego (ainda que, por vezes, com pequenas variações de sentido); outras são trazidas da tradição rabínica e talmúdica, do centro iniciático que era a Palestina, e que já entrevemos usadas no Antigo Testamento, sobretudo em suas obras mais recentes.


A CONCEPÇÃO DA DIVINDADE


Já vimos (vol, 1 e vol. 3 e seguintes), que DEUS, (ho théos) é apresentado, no Novo Testamento, como o ESPÍRITO SANTO (tò pneuma tò hágion), o qual se manifesta através do Pai (patêr) ou Lógos (Som Criador, Verbo), e do Filho Unigênito (ho hyiós monogenês), que é o Cristo Cósmico.


DEUS NO HOMEM


Antes de entrar na descrição da concepção do homem, no Novo Testamento, gostaríamos de deixar tem claro nosso pensamento a respeito da LOCALIZAÇÃO da Centelha Divina ou Mônada NO CORA ÇÃO, expressão que usaremos com frequência.


A Centelha (Partícula ou Mônada) é CONSIDERADA por nós como tal; mas, na realidade, ela não se separa do TODO (cfr. vol. 1); logo, ESTÁ NO TODO, e portanto É O TODO (cfr. JO 1:1).


O "TODO" está TODO em TODAS AS COISAS e em cada átomo de cada coisa (cfr. Agostinho, De Trin. 6, 6 e Tomás de Aquino, Summa Theologica, I, q. 8, art. 2, ad 3um; veja vol. 3, pág. 145).


Entretanto, os seres e as coisas acham-se limitados pela forma, pelo espaço, pelo tempo e pela massa; e por isso afirmamos que em cada ser há uma "centelha" ou "partícula" do TODO. No entanto, sendo o TODO infinito, não tem extensão; sendo eterno, é atemporal; sendo indivisível, não tem dimensão; sendo O ESPÍRITO, não tem volume; então, consequentemente, não pode repartir-se em centelhas nem em partículas, mas é, concomitantemente, TUDO EM TODAS AS COISAS (cfr. l. ª Cor. 12:6).


Concluindo: quando falamos em "Centelha Divina" e quando afirmamos que ela está localizada no coração, estamos usando expressões didáticas, para melhor compreensão do pensamento, dificílimo (quase impossível) de traduzir-se em palavras.


De fato, porém, a Divindade está TODA em cada célula do corpo, como em cada um dos átomos de todos os planos espirituais, astrais, físicos ou quaisquer outros que existam. Em nossos corpos físicos e astral, o coração é o órgão preparado para servir de ponto de contato com as vibrações divinas, através, no físico, do nó de Kait-Flake e His; então, didaticamente, dizemos que "o coração é a sede da Centelha Divina".


A CONCEPÇÃO DO HOMEM


O ser humano (ánthrôpos) é considerado como integrado por dois planos principais: a INDIVIDUALIDADE (pneuma) e a PERSONAGEM ou PERSONALIDADE; esta subdivide-se em dois: ALMA (psychê) e CORPO (sôma).


Mas, à semelhança da Divindade (cfr. GN 1:27), o Espírito humano (individualidade ou pneuma) possui tríplice manifestação: l. ª - a CENTELHA DIVINA, ou Cristo, partícula do pneuma hágion; essa centelha que é a fonte de todo o Espirito, está localizada e representada quase sempre por kardia (coração), a parte mais íntima e invisível, o âmago, o Eu Interno e Profundo, centro vital do homem;


2. ª - a MENTE ESPIRITUAL, parte integrante e inseparável da própria Centelha Divina. A Mente, em sua função criadora, é expressa por noús, e está também sediada no coração, sendo a emissora de pensamentos e intuições: a voz silenciosa da super-consciência;


3. ª - O ESPÍRITO, ou "individualização do Pensamento Universal". O "Espírito" propriamente dito, o pneuma, surge "simples e ignorante" (sem saber), e percorre toda a gama evolutiva através dos milênios, desde os mais remotos planos no Antissistema, até os mais elevados píncaros do Sistema (Pietro Ubaldi); no entanto, só recebe a designação de pneuma (Espírito) quando atinge o estágio hominal.


Esses três aspectos constituem, englobamente, na "Grande Síntese" de Pietro Ubaldi, o "ALPHA", o" espírito".


Realmente verificamos que, de acordo com GN 1:27, há correspondência perfeita nessa tríplice manifesta ção do homem com a de Deus: A - ao pneuma hágion (Espírito Santo) correspondente a invisível Centelha, habitante de kardía (coração), ponto de partida da existência;


B - ao patêr (Pai Criador, Verbo, Som Incriado), que é a Mente Divina, corresponde noús (a mente espiritual) que gera os pensamentos e cria a individualização de um ser;


C - Ao Filho Unigênito (Cristo Cósmico) corresponde o Espírito humano, ou Espírito Individualizado, filho da Partícula divina, (a qual constitui a essência ou EU PROFUNDO do homem); a individualidade é o EU que percorre toda a escala evolutiva, um Eu permanente através de todas as encarnações, que possui um NOME "escrito no livro da Vida", e que terminará UNIFICANDO-SE com o EU PROFUNDO ou Centelha Divina, novamente mergulhando no TODO. (Não cabe, aqui, discutir se nessa unificação esse EU perde a individualidade ou a conserva: isso é coisa que está tão infinitamente distante de nós no futuro, que se torna impossível perceber o que acontecerá).


No entanto, assim como Pneuma-Hágion, Patêr e Hyiós (Espírito-Santo, Pai e Filho) são apenas trê "aspectos" de UM SÓ SER INDIVISÍVEL, assim também Cristo-kardía, noús e pneuma (CristoSABEDORIA DO EVANGELHO coração, mente espiritual e Espírito) são somente três "aspectos" de UM SÓ SER INDIVÍVEL, de uma criatura humana.


ENCARNAÇÃO


Ao descer suas vibrações, a fim de poder apoiar-se na matéria, para novamente evoluir, o pneuma atinge primeiro o nível da energia (o BETA Ubaldiano), quando então a mente se "concretiza" no intelecto, se materializa no cérebro, se horizontaliza na personagem, começando sua "crucificação". Nesse ponto, o pneuma já passa a denominar-se psychê ou ALMA. Esta pode considerar-se sob dois aspectos primordiais: a diánoia (o intelecto) que é o "reflexo" da mente, e a psychê propriamente dita isto é, o CORPO ASTRAL, sede das emoções.


Num último passo em direção à matéria, na descida que lhe ajudará a posterior subida, atinge-se então o GAMA Ubaldiano, o estágio que o Novo Testamento designa com os vocábulos diábolos (adversário) e satanás (antagonista), que é o grande OPOSITOR do Espírito, porque é seu PÓLO NEGATIVO: a matéria, o Antissistema. Aí, na matéria, aparece o sôma (corpo), que também pode subdividir-se em: haima (sangue) que constitui o sistema vital ou duplo etérico e sárx (carne) que é a carapaça de células sólidas, último degrau da materialização do espírito.


COMPARAÇÃO


Vejamos se com um exemplo grosseiro nos faremos entender, não esquecendo que omnis comparatio claudicat.


Observemos o funcionamento do rádio. Há dois sistemas básicos: o transmissor (UM) e os receptores (milhares, separados uns dos outros).


Consideremos o transmissor sob três aspectos: A - a Força Potencial, capaz de transmitir;


B - a Antena Emissora, que produz as centelas;


C - a Onda Hertziana, produzida pelas centelhas.


Mal comparando, aí teríamos:

a) - o Espirito-Santo, Força e Luz dos Universos, o Potencial Infinito de Amor Concreto;


b) - o Pai, Verbo ou SOM, ação ativa de Amante, que produz a Vida


c) - o Filho, produto da ação (do Som), o Amado, ou seja, o Cristo Cósmico que permeia e impregna tudo.


Não esqueçamos que TUDO: atmosfera, matéria, seres e coisas, no raio de ação do transmissor, ficam permeados e impregnados em todos os seus átomos com as vibrações da onda hertziana, embora seja esta invisível e inaudível e insensível, com os sentidos desarmados; e que os três elementos (Força-
Antena e Onda) formam UM SÓ transmissor o Consideremos, agora, um receptor. Observaremos que a recepção é feita em três estágios:

a) - a captação da onda


b) - sua transformação


c) - sua exteriorização Na captação da onda, podemos distinguir - embora a operação seja uma só - os seguintes elementos: A - a onda hertziana, que permeia e impregna todos os átomos do aparelho receptor, mas que é captada realmente apenas pela antena;


B - o condensador variável, que estabelece a sintonia com a onda emitida pelo transmissor. Esses dois elementos constituem, de fato, C - o sistema RECEPTOR INDIVIDUAL de cada aparelho. Embora a onda hertziana seja UMA, emitida pelo transmissor, e impregne tudo (Cristo Cósmico), nós nos referimos a uma onda que entra no aparelho (Cristo Interno) e que, mesmo sendo perfeita; será recebida de acordo com a perfeição relativa da antena (coração) e do condensador variável (mente). Essa parte representaria, então, a individualidade, o EU PERFECTÍVEL (o Espírito).


Observemos, agora, o circuito interno do aparelho, sem entrar em pormenores, porque, como dissemos, a comparação é grosseira. Em linhas gerais vemos que a onda captada pelo sistema receptor propriamente dito, sofre modificações, quando passa pelo circuito retificador (que transforma a corrente alternada em contínua), e que representaria o intelecto que horizontaliza as ideias chegadas da mente), e o circuito amplificador, que aumenta a intensidade dos sinais (que seria o psiquismo ou emoções, próprias do corpo astral ou alma).


Uma vez assim modificada, a onda atinge, com suas vibrações, o alto-falante que vibra, reproduzindo os sinais que chegam do transmissor isto é, sentindo as pulsações da onda (seria o corpo vital ou duplo etérico, que nos dá as sensações); e finalmente a parte que dá sonoridade maior, ou seja, a caixa acústica ou móvel do aparelho (correspondente ao corpo físico de matéria densa).


Ora, quanto mais todos esses elementos forem perfeitos, tanto mais fiel e perfeito será a reprodução da onda original que penetrou no aparelho. E quanto menos perfeitos ou mais defeituosos os elementos, mais distorções sofrerá a onda, por vezes reproduzindo, em guinchos e roncos, uma melodia suave e delicada.


Cremos que, apesar de suas falhas naturais, esse exemplo dá a entender o funcionamento do homem, tal como conhecemos hoje, e tal como o vemos descrito em todas as doutrinas espiritualistas, inclusive

—veremos agora quiçá pela primeira vez - nos textos do Novo Testamento.


Antes das provas que traremos, o mais completas possível, vejamos um quadro sinóptico:
θεός DEUS
πνεϋµα άγιον Espírito Santo
λόγος Pai, Verbo, Som Criador
υίός - Χριστό CRISTO - Filho Unigênito
άνθρωπος HOMEM
иαρδία - Χριστ

ό CRISTO - coração (Centelha)


πνεϋµα νους mente individualidade
πνεϋµα Espírito
φυΧή διάγοια intelecto alma
φυΧή corpo astral personagem
σώµα αίµα sangue (Duplo) corpo
σάρ

ξ carne (Corpo)


A - O EMPREGO DAS PALAVRAS


Se apresentada pela primeira vez, como esta, uma teoria precisa ser amplamente documentada e comprovada, para que os estudiosos possam aprofundar o assunto, verificando sua realidade objetiva. Por isso, começaremos apresentando o emprego e a frequência dos termos supracitados, em todos os locais do Novo Testamento.


KARDÍA


Kardía expressa, desde Homero (Ilíada, 1. 225) até Platão (Timeu, 70 c) a sede das faculdades espirituais, da inteligência (ou mente) e dos sentimentos profundos e violentos (cfr. Ilíada, 21,441) podendo até, por vezes, confundir-se com as emoções (as quais, na realidade, são movimentos da psychê, e não propriamente de kardía). Jesus, porém, reiteradamente afirma que o coração é a fonte primeira em que nascem os pensamentos (diríamos a sede do Eu Profundo).


Com este último sentido, a palavra kardía aparece 112 vezes, sendo que uma vez (MT 12:40) em sentido figurado.


MT 5:8, MT 5:28; 6:21; 9:4; 11:29; 12:34 13-15(2x),19; 15:8,18,19; 18;35; 22;37; 24:48; MC 2:6, MC 2:8; 3:5;


4:15; 6;52; 7;6,19,21; 8:11; 11. 23; 12:30,33; LC 1:17, LC 1:51, LC 1:66; 2;19,35,51; 3:5; 5:22; 6:45; 8:12,15;


9:47; 10:27; 12:34; 16:15; 21:14,34; 24;25,32,38; JO 12:40(2x); 13:2; 14:1,27; 16:6,22 AT 2:26, AT 2:37, AT 2:46; AT 4:32; 5:3(2x); 7:23,39,51,54; 8;21,22; 11;23. 13:22; 14:17; 15:9; 16;14; 21:13; 28:27(2x);


RM 1:21, RM 1:24; 2:5,15,29; 5:5; 6:17; 8:27; 9:2; 10:1,6,8,9,10; 16:16; 1. ª Cor. 2:9; 4:5; 7:37; 14:25; 2. ª Cor. 1:22; 2:4; 3:2,3,15; 4:6; 5:12; 6:11; 7:3; 8:16; 9:7; GL 4:6; EF 1:18; EF 3:17; EF 4:18; EF 5:19; EF 6:5, EF 6:22;


Filp. 1:7; 4:7; CL 2:2; CL 3:15, CL 3:16, CL 3:22; CL 4:8; 1. ª Tess. 2:4,17; 3:13; 2. ª Tess. 2:17; 3:5; 1. ª Tim. 1:5; 2. ª Tim.


2:22; HB 3:8, HB 3:10, HB 3:12, HB 3:15; HB 4:7, HB 4:12; 8:10; 10:16,22; Tiago, 1:26; 3:14; 4:8; 5:5,8; 1. ª Pe. 1:22; 3:4,15; 2. ª Pe. 1:19; 2:15; 1; 1. ª JO 3;19,20(2x),21; AP 2:23; AP 17:17; AP 18:7.


NOÚS


Noús não é a "fonte", mas sim a faculdade de criar pensamentos, que é parte integrante e indivisível de kardía, onde tem sede. Já Anaxágoras (in Diógenes Laércio, livro 2. º, n. º 3) diz que noús (o Pensamento Universal Criador) é o "’princípio do movimento"; equipara, assim, noús a Lógos (Som, Palavra, Verbo): o primeiro impulsionador dos movimentos de rotação e translação da poeira cósmica, com isso dando origem aos átomos, os quais pelo sucessivo englobamento das unidades coletivas cada vez mais complexas, formaram os sistemas atômicos, moleculares e, daí subindo, os sistemas solares, gal áxicos, e os universos (cfr. vol. 3. º).


Noús é empregado 23 vezes com esse sentido: o produto de noús (mente) do pensamento (nóêma), usado 6 vezes (2. ª Cor. 2:11:3:14; 4:4; 10:5; 11:3; Filp. 4:7), e o verbo daí derivado, noeín, empregado

14 vezes (3), sendo que com absoluta clareza em João (João 12:40) quando escreve "compreender com o coração" (noêsôsin têi kardíai).


LC 24. 45; RM 1:28; RM 7:23, RM 7:25; 11:34; 12:2; 14. 5; l. ª Cor. 1. 10; 2:16:14:14,15,19; EF 4:17, EF 4:23; Filp.


4:7; CL 2:18; 2. ª Tess. 2. 2; 1. ª Tim. 6:5; 2. ª Tim. 3:8; TT 1:15;AP 13:18.


PNEUMA


Pneuma, o sopro ou Espírito, usado 354 vezes no N. T., toma diversos sentidos básicos: MT 15:17; MT 16:9, MT 16:11; 24:15; MC 7:18; MC 8:17; MC 13:14; JO 12:40; RM 1:20; EF 3:4, EF 3:20; 1. ª Tim. 1:7;


2. ª Tim. 2:7; HB 11:13

1. Pode tratar-se do ESPÍRITO, caracterizado como O SANTO, designando o Amor-Concreto, base e essência de tudo o que existe; seria o correspondente de Brahman, o Absoluto. Aparece com esse sentido, indiscutivelmente, 6 vezes (MT 12:31, MT 12:32; MC 3:29; LC 12:10; JO 4:24:1. ª Cor. 2:11).


Os outros aspectos de DEUS aparecem com as seguintes denominações:

a) - O PAI (ho patêr), quando exprime o segundo aspecto, de Criador, salientando-se a relação entre Deus e as criaturas, 223 vezes (1); mas, quando se trata do simples aspecto de Criador e Conservador da matéria, é usado 43 vezes (2) o vocábulo herdado da filosofia grega, ho lógos, ou seja, o Verbo, a Palavra que, ao proferir o Som Inaudível, movimenta a poeira cósmica, os átomos, as galáxias.


(1) MT 5:16, MT 5:45, MT 5:48; MT 6:1, MT 6:4, MT 6:6, MT 6:8,9,14,15,26,32; 7:11,21; 10:20,29,32,33; 11:25,27; 12:50; 13:43; 15:13; 16:17,27; 18:10,14,19,35; 20:23; 23:9; 24:36; 25:34:26:29,39,42,53; MC 8:25; MC 11:25, MC 11:32; MC 11:14:36; LC 2:49; LC 2:6:36;9:26;10:21,22;11:2,13;12:30,32;22:29,42;23:34,46;24:49;JO 1:14, JO 1:18; JO 1:2:16;3:35;4:21,23;5:1 7,18,19,20,21,22,23,26,36,37,43,45,46,27,32,37,40,44,45,46,57,65;8:18,19,27,28,38,41,42,49,54;10:1 5,17,18,19,25,29,30,32,35,38;11:41;12:26,27,28,49,50;13:1,3;14:2,6,7,8,9,10,11,13,16,20,21,24,26,28, 31,15:1,8,9,10,15,16,23,24,26;16:3,10,15,17,25,26,27,28,32;17:1,5,11,21,24,25; 18:11; 20:17,21;AT 1:4, AT 1:7; AT 1:2:33;Rom. 1:7;6:4;8:15;15:6;1. º Cor. 8:6; 13:2; 15:24; 2. º Cor. 1:2,3; 6:18; 11:31; Gól. 1:1,3,4; 4:6; EF 1:2, EF 1:3, EF 1:17; EF 2:18; EF 2:3:14; 4:6; 5:20; FP 1:2; FP 2:11; FP 4:20; CL 1:2, CL 1:3, CL 1:12:3:17; 1. 0 Teõs. 1:1,3; 3:11,13; 2° Tess. 1:1 2; : 2:16; 1. º Tim. 1:2; 2. º Tim. 1:2; TT 1:4; Flm. 3; HB 1:5; HB 12:9; Tiago 1:17, Tiago 1:27:3:9; 1° Pe. 1:2,3,17; 2. º Pe. 1:17, 1. º JO 1:2,3; 2:1,14,15,16, 22,23,24; 3:1; 4:14; 2. º JO 3,4,9; Jud. 9; AP 1:6; AP 2:28; AP 3:5, AP 3:21; 14:1. (2) MT 8:8; LC 7:7; JO 1:1, JO 1:14; 5:33; 8:31,37,43,51,52,55; 14:23,24; 15:20; 17:61417; 1. º Cor. 1:13; 2. º Cor. 5:19; GL 6:6; Filp. 2:6; Cor. 1:25; 3:16; 4:3; 1. º Tess. 1:6; 2. º Tess. 3:1; 2. º Tim. 2:9; Heb. : 12; 6:1; 7:28; 12:9; Tiago, 1:21,22,23; 1. ° Pe. 1:23; 2. º Pe. 3:5,7; 1. º JO 1:1,10; 2:5,7,14; AP 19:13.


b) - O FILHO UNIGÊNITO (ho hyiós monogenês), que caracteriza o CRISTO CÓSMICO, isto é, toda a criação englobadamente, que é, na realidade profunda, um dos aspectos da Divindade. Não se trata, como é claro, de panteísmo, já que a criação NÃO constitui a Divindade; mas, ao invés, há imanência (Monismo), pois a criação é UM DOS ASPECTOS, apenas, em que se transforma a Divindade. Esta, além da imanência no relativo, é transcendente como Absoluto; além da imanência no tempo, é transcendente como Eterno; além da imanência no finito, é transcendente como Infinito.


A expressão "Filho Unigênito" só é usada por João (1:14,18; 13:16,18 e 1. a JO 4:9). Em todos os demais passos é empregado o termo ho Christós, "O Ungido", ou melhor, "O Permeado pela Divindade", que pode exprimir tanto o CRISTO CÓSMICO que impregna tudo, quanto o CRISTO INTERNO, se o olhamos sob o ponto de vista da Centelha Divina no âmago da criatura.


Quando não é feita distinção nos aspectos manifestantes, o N. T. emprega o termo genérico ho theós Deus", precedido do artigo definido.


2. Além desse sentido, encontramos a palavra pneuma exprimindo o Espírito humano individualizado; essa individualização, que tem a classificação de pneuma, encontra-se a percorrer a trajetória de sua longa viagem, a construir sua própria evolução consciente, através da ascensão pelos planos vibratórios (energia e matéria) que ele anima em seu intérmino caminhar. Notemos, porém, que só recebe a denominação de pneuma (Espírito), quando atinge a individualização completa no estado hominal (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 79: "Os Espíritos são a individualização do Princípio Inteligente, isto é, de noús).


Logicamente, portanto, podemos encontrar espíritos em muitos graus evolutivos, desde os mais ignorantes e atrasados (akátharton) e enfermos (ponêrón) até os mais evoluídos e santos (hágion).


Todas essas distinções são encontradas no N. T., sendo de notar-se que esse termo pneuma pode designar tanto o espírito encarnado quanto, ao lado de outros apelativos, o desencarnado.


Eis, na prática, o emprego da palavra pneuma no N. T. :

a) - pneuma como espírito encarnado (individualidade), 193 vezes: MT 1:18, MT 1:20; 3:11; 4:1; 5:3; 10:20; 26:41; 27:50; MC 1:8; MC 2:8; MC 8:12; MC 14:38; LC 1:47, LC 1:80; 3:16, 22; 8:55; 23:46; 24. 37, 39; JO 1:33; JO 3:5, JO 3:6(2x), 8; 4:23; 6:63; 7:39; 11:33; 13:21; 14:17, 26; 15:26; 16:13; 19-30, 20:22; AT 1:5, AT 1:8; 5:3; 32:7:59; 10:38; 11:12,16; 17:16; 18:25; 19:21; 20:22; RM 1:4, RM 1:9; 5:5; 8:2, 4, 5(2x), 6, 9(3x), 10, 11(2x),13, 14, 15(2x), 16(2x), 27; 9:1; 12:11; 14:17; 15:13, 16, 19, 30; 1° Cor. 2:4, 10(2x), 11, 12; 3:16; 5:3,4, 5; 6:11, 17, 19; 7:34, 40; 12:4, 7, 8(2x), 9(2x), 11, 13(2x); 14:2, 12, 14, 15(2x), 16:32; 15:45; 16:18; 2º Cor. 1:22; 2:13; 3:3, 6, 8, 17(2x), 18; 5:5; 6:6; 7:1, 13; 12:18; 13:13; GL 3:2, GL 3:3, GL 3:5; 4:6, 29; 5:5,16,17(2x), 18, 22, 25(2x1); 6:8(2x),18; EF 1:13, EF 1:17; 2:18, 22; 3:5, 16; 4:3, 4:23; 5:18; 6:17, 18; Philp. 1:19, 27; 2:1; 3:3; 4:23; CL 1:8; CL 2:5; 1º Tess. 1:5, 6; 4:8; 5:23; 2. º Tess. 2:13; 1. º Tim. 3:16; 4:22; 2. º Tim. 1:14; TT 3:5; HB 4:12, HB 6:4; HB 9:14; HB 10:29; HB 12:9; Tiago, 2:26:4:4; 1. º Pe. 1:2, 11, 12; 3:4, 18; 4:6,14; 1. º JO 3:24; JO 4:13; JO 5:6(2x),7; Jud. 19:20; AP 1:10; AP 4:2; AP 11:11.


b) - pneuma como espírito desencarnado:


I - evoluído ou puro, 107 vezes:


MT 3:16; MT 12:18, MT 12:28; 22:43; MC 1:10, MC 1:12; 12:36; 13. 11; LC 1:15, LC 1:16, LC 1:41, LC 1:67; 2:25, 27; 4:1, 14, 18; 10:21; 11:13; 12:12; JO 1:32; JO 3:34; AT 1:2, AT 1:16; 2:4(2x), 17, 18, 33(2x), 38; 4:8; 25, 31; 6:3, 10; 7:51, 55; 8:15, 17, 18, 19, 29, 39; 9:17, 31; 10:19, 44, 45, 47; 11:15, 24, 28; 13:2, 4, 9, 52; 15:8, 28; 16:6, 7; 19:1, 2, 6; 20:22, 28; 21:4, 11; 23:8, 9; 28:25; 1. º Cor. 12:3(2x), 10; 1. º Tess. 5:9; 2. º Tess. 2:2; 1. ° Tim. 4:1; HB 1:7, HB 1:14; 2:4; 3:7; 9:8; 10:15; 12:23; 2. º Pe. 1:21; 1. ° JO 4:1(2x), 2, 3, 6; AP 1:4; AP 2:7, AP 2:11, AP 2:17, AP 2:29; 3:1, 6, 13, 22; 4:5; 5:6; 14:13; 17:3:19. 10; 21. 10; 22:6, 17.


II - involuído ou não-purificado, 39 vezes:


MT 8:16; MT 10:1; MT 12:43, MT 12:45; MC 1:23, MC 1:27; 3:11, 30; 5:2, 8, 13; 6:7; 7:25; 9:19; LC 4:36; LC 6:18; LC 7:21; LC 8:2; LC 10:20; LC 11:24, LC 11:26; 13:11; AT 5:16; AT 8:7; AT 16:16, AT 19:12, AT 19:13, AT 19:15, AT 19:16; RM 11:8:1. ° Cor. 2:12; 2. º Cor. 11:4; EF 2:2; 1. º Pe. 3:19; 1. º JO 4:2, 6; AP 13:15; AP 16:13; AP 18:2.


c) - pneuma como "espírito" no sentido abstrato de "caráter", 7 vezes: (JO 6:63; RM 2:29; 1. ª Cor. 2:12:4:21:2. ª Cor. 4:13; GL 6:1 e GL 6:2. ª Tim. 1:7)


d) - pneuma no sentido de "sopro", 1 vez: 2. ª Tess. 2:8 Todavia, devemos acrescentar que o espírito fora da matéria recebia outros apelativo, conforme vimos (vol. 1) e que não é inútil recordar, citando os locais.


PHÁNTASMA, quando o espírito, corpo astral ou perispírito se torna visível; termo que, embora frequente entre os gregos, só aparece, no N. T., duas vezes (MT 14:26 e MC 6:49).

ÁGGELOS (Anjo), empregado 170 vezes, designa um espírito evoluído (embora nem sempre de categoria acima da humana); essa denominação específica que, no momento em que é citada, tal entidade seja de nível humano ou supra-humano - está executando uma tarefa especial, como encarrega de "dar uma mensagem", de "levar um recado" de seus superiores hierárquicos (geralmente dizendo-se "de Deus"): MT 1:20, MT 1:24; 2:9, 10, 13, 15, 19, 21; 4:6, 11; 8:26; 10:3, 7, 22; 11:10, 13; 12:7, 8, 9, 10, 11, 23; 13:39, 41, 49; 16:27; 18:10; 22:30; 24:31, 36; 25:31, 41; 26:53; 27:23; 28:2, 5; MC 1:2, MC 1:13; 8:38; 12:25; 13:27, 32; LC 1:11, LC 1:13, LC 1:18, LC 1:19, 26, 30, 34, 35, 38; 4:10, 11; 7:24, 27; 9:26, 52; 12:8; 16:22; 22:43; 24:23; JO 1:51; JO 12:29; JO 20:12 AT 5:19; AT 6:15; AT 7:30, AT 7:35, AT 7:38, AT 7:52; 12:15; 23:8, 9; RM 8:38; 1. ° Cor. 4:9; 6:3; 11:10; 13:1; 2. º Cor. 11:14; 12:7; GL 1:8; GL 3:19; GL 4:14; CL 2:18; 2. º Tess. 1:7; 1. ° Tim. 3:16; 5:21; HB 1:4, HB 1:5, HB 1:6, HB 1:7, 13; 2:2, 5, 7, 9, 16; 12:22; 13:2; Tiago 2:25; 1. º Pe. 1:4, 11; Jud. 6; AP 1:1, AP 1:20; 2:1, 8, 12, 18; 3:1, 5, 7, 9, 14; 5:2, 11; 7:1, 11; 8:2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 13; 9:1, 11, 13, 14, 15; 10:1, 5, 7, 8, 9, 10; 11:15; 12:7, 9, 17; 14:6, 9, 10, 15, 17, 18, 19; 15:1, 6, 7, 8, 10; 16:1, 5; 17:1, 7; 18:1, 21; 19:17; 20:1; 21:9, 12, 17; 22:6, 8, 16. BEEZEBOUL, usado 7 vezes: (MT 7. 25; 12:24, 27; MC 3:22; LC 11:15, LC 11:18, LC 11:19) só nos Evangelhos, é uma designação de chefe" de falange, "cabeça" de espíritos involuído.


DAIMÔN (uma vez, em MT 8:31) ou DAIMÓNION, 55 vezes, refere-se sempre a um espírito familiar desencarnado, que ainda conserva sua personalidade humana mesmo além túmulo. Entre os gregos, esse termo designava quer o eu interno, quer o "guia". Já no N. T. essa palavra identifica sempre um espírito ainda não-esclarecido, não evoluído, preso à última encarnação terrena, cuja presença prejudica o encarnado ao qual esteja ligado; tanto assim que o termo "demoníaco" é, para Tiago, sinônimo de "personalístico", terreno, psíquico. "não é essa sabedoria que desce do alto, mas a terrena (epígeia), a personalista (psychike), a demoníaca (demoniôdês). (Tiago, 3:15)


MT 7:22; MT 9:33, MT 9:34; 12:24, 27, 28; 10:8; 11:18; 17:18; MC 1:34, MC 1:39; 3:15, 22; 6:13; 7:26, 29, 30; 9:38; 16:9, 17; LC 4:33, LC 4:35, LC 4:41; 7:33; 8:2, 27, 29, 30, 33, 35, 38; 9:1, 42, 49; 10:17; 11:14, 15, 18, 19, 20; 13:32; JO 7:2; JO 8:48, JO 8:49, JO 8:52; 10:20, 21; AT 17:18; 1. ª Cor. 10:20, 21; 1. º Tim. 4:1; Tiago 2:16; Apoc 9:20; 16:24 e 18:2.


Ao falar de desencarnados, aproveitemos para observar como era designado o fenômeno da psicofonia: I - quando se refere a uma obsessão, com o verbo daimonízesthai, que aparece 13 vezes (MT 4:24;


8:16, 28, 33; 9:32; 12:22; 15:22; Marc 1:32; 5:15, 16, 18; LC 8:36; JO 10:21, portanto, só empregado pelos evangelistas).


II - quando se refere a um espírito evoluído, encontramos as expressões:

• "cheio de um espírito (plêrês, LC 4:1; AT 6:3, AT 6:5; 7:55; 11:24 - portanto só empregado por Lucas);


• "encher-se" (pimplánai ou plêthein, LC 1:15, LC 1:41, LC 1:67; AT 2:4; AT 4:8, AT 4:31; 9:17; 13:19 - portanto, só usado por Lucas);


• "conturbar-se" (tarássein), JO 11:33 e JO 13:21).


Já deixamos bem claro (vol 1) que os termos satanás ("antagonista"), diábolos ("adversário") e peirázôn ("tentador") jamais se referem, no N. T., a espíritos desencarnados, mas expressam sempre "a matéria, e por conseguinte também a "personalidade", a personagem humana que, com seu intelecto vaidoso, se opõe, antagoniza e, como adversário natural do espírito, tenta-o (como escreveu Paulo: "a carne (matéria) luta contra o espírito e o espírito contra a carne", GL 5:17).


Esses termos aparecem: satanãs, 33 vezes (MT 4:10; MT 12:26; MT 16:23; MC 1:13; MC 3:23, MC 3:26; 4:15; 8:33; LC 10:18; LC 11:18; LC 13:16; LC 22:3; JO 13:27, JO 13:31; AT 5:3; AT 26:18; RM 16:20; 1. º Cor. 5:5; 7:5; 2. º Cor. 2:11; 11:14; 12:17; 1. ° Tess. 2:18; 2. º Tess. 2:9; 1. º Tim. 1:20; 5:15; AP 2:9, AP 2:13, AP 2:24; 3:9; 12:9; 20:2, 7); diábolos, 35 vezes (MT 4:1, MT 4:5, MT 4:8, MT 4:11; 13:39; 25:41; LC 4:2, LC 4:3, LC 4:6, LC 4:13; 8:12; JO 6:70; JO 8:44; JO 13:2; AT 10:38; AT 13:10; EF 4:27; EF 6:11; 1. º Tim. 3:6, 7, 11; 2. º Tim. 2:26; 3:3 TT 2:3; HB 2:14; Tiago, 4:7; 1. º Pe. 5:8; 1. º JO 3:8, 10; Jud. 9; AP 2:10; AP 12:9, AP 12:12; 20:2,10) e peirázôn, duas vezes (MT 4:3 e MT 4:1. ª Tess. 3:5).


DIÁNOIA


Diánoia exprime a faculdade de refletir (diá+noús), isto é, o raciocínio; é o intelecto que na matéria, reflete a mente espiritual (noús), projetando-se em "várias direções" (diá) no mesmo plano. Usado 12 vezes (MT 22:37; MC 12:30: LC 1:51; LC 10:27: EF 2:3; EF 4:18; CL 1:21; HB 8:10; HB 10:16; 1. ª Pe. 1:13; 2. ª Pe. 3:1; 1. ª JO 5:20) na forma diánoia; e na forma dianóêma (o pensamento) uma vez em LC 11:17. Como sinônimo de diánoia, encontramos, também, synesis (compreensão) 7 vezes (MC 12:33; LC 2:47; 1. ª Cor. 1:19; EF 3:4; CL 1:9 e CL 2:2; e 2. ª Tim. 2:7). Como veremos logo abaixo, diánoia é parte inerente da psychê, (alma).


PSYCHÊ


Psychê é a ALMA, isto é, o "espírito encarnado (cfr. A. Kardec, "Livro dos Espíritos", resp. 134: " alma é o espírito encarnado", resposta dada, evidentemente, por um "espírito" afeito à leitura do Novo Testamento).


A psychê era considerada pelos gregos como o atualmente chamado "corpo astral", já que era sede dos desejos e paixões, isto é, das emoções (cfr. Ésquilo, Persas, 841; Teócrito, 16:24; Xenofonte, Ciropedia, 6. 2. 28 e 33; Xen., Memoráveis de Sócrates, 1. 13:14; Píndaro, Olímpicas, 2. 125; Heródoto, 3. 14; Tucídides, 2. 40, etc.) . Mas psychê também incluía, segundo os gregos, a diánoia ou synesis, isto é, o intelecto (cfr. Heródoto, 5. 124; Sófocles, Édipo em Colona, 1207; Xenofonte, Hieron, 7. 12; Plat ão, Crátilo, 400 a).


No sentido de "espírito" (alma de mortos) foi usada por Homero (cfr. Ilíada 1. 3; 23. 65, 72, 100, 104;


Odisseia, 11. 207,213,222; 24. 14 etc.), mas esse sentido foi depressa abandonado, substituído por outros sinônimos (pnenma, eikôn, phántasma, skiá, daimôn, etc.) .


Psychê é empregado quase sempre no sentido de espírito preso à matéria (encarnado) ou seja, como sede da vida, e até como a própria vida humana, isto é, a personagem terrena (sede do intelecto e das emoções) em 92 passos: Mar. 2:20; 6:25; 10:28, 39; 11:29; 12:18; 16:25, 26; 20:28; 22:37; 26:38; MC 3:4; MC 8:35, MC 8:36, MC 8:37; 10:45; 12:30; 14:34; LC 1:46; LC 2:35; LC 6:9; LC 9:24(2x), 56; 10:27; 12:19, 20, 22, 23; 14:26; 17:33; 21:19; JO 10:11, JO 10:15, JO 10:17, JO 10:18, 24; 12:25, 27; 13:37, 38; 15:13; AT 2:27, AT 2:41, AT 2:43; 3:23; 4:32; 7:14; 14:2, 22; 15:24, 26; 20:10, 24; 27:10, 22, 37, 44; RM 2:9; RM 11:3; RM 13:1; RM 16:4; 1. º Cor. 15:45; 2. º Cor. 1:23; 12:15; EF 6:6; CL 3:23; Flp. 1:27; 2:30; 1. º Tess. 2:8; 5:23; HB 4:12; HB 6:19; HB 10:38, HB 10:39; 12:3; 13:17; Tiago 1:21; Tiago 5:20; 1. º Pe. 1:9, 22; 2:11, 25; 4:19; 2. º Pe. 2:8, 14; 1. º JO 3:16; 3. º JO 2; AP 12:11; AP 16:3; AP 18:13, AP 18:14.


Note-se, todavia, que no Apocalipse (6:9:8:9 e 20:4) o termo é aplicado aos desencarnados por morte violenta, por ainda conservarem, no além-túmulo, as características da última personagem terrena.


O adjetivo psychikós é empregado com o mesmo sentido de personalidade (l. ª Cor. 2:14; 15:44, 46; Tiago, 3:15; Jud. 19).


Os outros termos, que entre os gregos eram usados nesse sentido de "espírito desencarnado", o N. T.


não os emprega com essa interpretação, conforme pode ser verificado:

EIDOS (aparência) - LC 3:22; LC 9:29; JO 5:37; 2. ª Cor. 5:7; 1. ª Tess. 5:22.


EIDÔLON (ídolo) - AT 7:41; AT 15:20; RM 2:22; 1. ª Cor. 8:4, 7; 10:19; 12; 2; 2. ª Cor. 6:16; 1. ª Tess.


1:9; 1. ª JO 5:21; AP 9:20.


EIKÔN (imagem) - MT 22:20; MC 12:16; LC 20:24; RM 1:23; 1. ª Cor. 11:7; 15:49 (2x) ; 2. ª Cor. 3:18; 4:4; CL 1:5; CL 3:10; HB 10:11; AP 13:14; AP 14:2, AP 14:11; 15:2; 19 : 20; 20 : 4.


SKIÁ (sombra) - MT 4:16; MC 4:32; LC 1:79; AT 5:15; CL 2:17; HB 8:5; HB 10:1.


Também entre os gregos, desde Homero, havia a palavra thumós, que era tomada no sentido de alma encarnada". Teve ainda sentidos diversos, exprimindo "coração" quer como sede do intelecto, quer como sede das paixões. Fixou-se, entretanto, mais neste último sentido, e toda, as vezes que a deparamos no Novo Testamento é, parece, com o designativo "força". (Cfr. LC 4:28; AT 19:28; RM 2:8; 2. ª Cor. 12:20; GL 5:20; EF 4:31; CL 3:8; HB 11:27; AP 12:12; AP 14:8, AP 14:10, AP 14:19; 15:1, 7; 16:1, 19; 18:3 e 19:15)


SOMA


Soma exprime o corpo, geralmente o físico denso, que é subdividido em carne (sárx) e sangue (haima), ou seja, que compreende o físico denso e o duplo etérico (e aqui retificamos o que saiu publicado no vol. 1, onde dissemos que "sangue" representava o astral).


Já no N. T. encontramos uma antecipação da moderna qualificação de "corpos", atribuída aos planos ou níveis em que o homem pode tornar-se consciente. Paulo, por exemplo, emprega soma para os planos espirituais; ao distinguir os "corpos" celestes (sómata epouránia) dos "corpos" terrestres (sómata epígeia), ele emprega soma para o físico denso (em lugar de sárx), para o corpo astral (sôma psychikôn) e para o corpo espiritual (sôma pneumatikón) em 1. ª Cor. 15:40 e 44.


No N. T. soma é empregado ao todo 123 vezes, sendo 107 vezes no sentido de corpo físico-denso (material, unido ou não à psychê);


MT 5:29, MT 5:30; 6:22, 25; 10:28(2x); 26:12; 27:58, 59; MC 5:29; MC 14:8; MC 15:43; LC 11:34; LC 12:4, LC 12:22, LC 12:23; 17:37; 23:52, 55; 24:3, 23; JO 2:21; JO 19:31, JO 19:38, JO 19:40; 20:12; Aros. 9:40; RM 1:24; RM 4:19; RM 6:6, RM 6:12; 7:4, 24; 8:10, 11, 13, 23; 12:1, 4; 1. º Cor. 5:13; 6:13(2x), 20; 7:4(2x), 34; 9:27; 12:12(3x),14, 15(2x), 16 (2x), 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 25; 13:3; 15:37, 38(2x) 40). 2. 0 Cor. 4:40; 5:610; 10:10; 12:2(2x); Gól. 6:17; EF 2:16; EF 5:23, EF 5:28; Ft. 3:21; CL 2:11, CL 2:23; 1. º Tess. 5:23; HB 10:5, HB 10:10, HB 10:22; 13:3, 11; Tiago 2:11, Tiago 2:26; 3:2, 3, 6; 1. º Pe. 2:24; Jud. 9; AP 18:13. Três vezes como "corpo astral" (MT 27:42; 1. ª Cor. 15:14, duas vezes); duas vezes como "corpo espiritual" (1. º Cor. 15:41); e onze vezes com sentido simbólico, referindo-se ao pão, tomado como símbolo do corpo de Cristo (MT 26:26; MC 14:22; LC 22:19; RM 12:5; 1. ª Cor. 6:15; 10:16, 17; 11:24; 12:13, 27; EF 1:23; EF 4:4, EF 4:12, EF 4:16; Filp. 1:20; CL 1:18, CL 1:22; 2:17; 3:15).


HAIMA


Haima, o sangue, exprime, como vimos, o corpo vital, isto é, a parte que dá vitalização à carne (sárx), a qual, sem o sangue, é simples cadáver.


O sangue era considerado uma entidade a parte, representando o que hoje chamamos "duplo etérico" ou "corpo vital". Baste-nos, como confirmação, recordar que o Antigo Testamento define o sangue como "a alma de toda carne" (LV 17:11-14). Suma importância, por isso, é atribuída ao derramamento de sangue, que exprime privação da "vida", e representa quer o sacrifício em resgate de erros e crimes, quer o testemunho de uma verdade.


A palavra é assim usada no N. T. :

a) - sangue de vítimas (HB 9:7, HB 9:12, HB 9:13, HB 9:18, 19, 20, 21, 22, 25; 10:4; 11:28; 13:11). Observe-se que só nessa carta há preocupação com esse aspecto;


b) - sangue de Jesus, quer literalmente (MT 27:4, MT 27:6, MT 27:24, MT 27:25; LC 22:20; JO 19:34; AT 5:28; AT 20:28; RM 5:25; RM 5:9; EF 1:7; EF 2:13; CL 1:20; HB 9:14; HB 10:19, HB 10:29; 12:24; 13:12, 20; 1. ª Pe. 1:2,19; 1. ª JO 1:7; 5:6, 8; AP 1:5; AP 5:9; AP 7:14; AP 12:11); quer simbolicamente, quando se refere ao vinho, como símbolo do sangue de Cristo (MT 26:28; MC 14:24; JO 6:53, JO 6:54, JO 6:55, JO 6:56; 1. ª Cor. 10:16; 11:25, 27).


c) - o sangue derramado como testemunho de uma verdade (MT 23:30, MT 23:35; 27:4; LC 13:1; AT 1:9; AT 18:6; AT 20:26; AT 22:20; RM 3:15; HB 12:4; AP 6:10; 14,: 20; 16:6; 17:6; 19:2, 13).


d) - ou em circunstâncias várias (MC 5:25, MC 5:29; 16:7; LC 22:44; JO 1:13; AT 2:19, AT 2:20; 15:20, 29; 17:26; 21:25; 1. ª Cor. 15:50; GL 1:16; EF 6:12; HB 2:14; AP 6:12; AP 8:7; AP 15:3, AP 15:4; 11:6).


SÁRX


Sárx é a carne, expressão do elemento mais grosseiro do homem, embora essa palavra substitua, muitas vezes, o complexo soma, ou seja, se entenda, com esse termo, ao mesmo tempo "carne" e "sangue".


Apesar de ter sido empregada simbolicamente por Jesus (JO 6:51, JO 6:52, JO 6:53, JO 6:54, 55 e 56), seu uso é mais literal em todo o resto do N. T., em 120 outros locais: MT 19:56; MT 24:22; MT 26:41; MC 10:8; MC 13:20; MC 14:38; LC 3:6; LC 24:39; JO 1:14; JO 3:6(2x); 6:63; 8:15; 17:2; AT 2:7, AT 2:26, AT 2:31; RM 1:3; RM 2:28; RM 3:20; RM 4:1; RM 6:19; RM 7:5, RM 7:18, RM 7:25; 8:3, 4(2x), 5(2x), 6, 7, 8, 9, 13(2x); 9:358; 11:14; 13:14; 1. º Cor. 1:2629; 5:5; 6:16; 7:28;10:18; 15:39(2x),50; 2. º Cor. 1:17; 4:11; 5:16; 7:1,5; 10:2,3(2x); 1:18; 12:7; GL 2:16, GL 2:20; 3:3; 4:13, 14, 23; 5:13, 16, 17, 19, 24; 6:8(2x), 12, 13; EF 2:3, EF 2:11, EF 2:14; 5:29, 30, 31; 6:5; CL 1:22, CL 1:24; 2:1, 5, 11, 13, 18, 23; 3:22, 24; 3:34; 1. º Tim. 3:6; Flm. 16; HB 5:7; HB 9:10, HB 9:13; 10:20; 12:9; Tiago 5:3; 1. º Pe. 1:24; 3;18, 21; 4:1, 2, 6; 2. º Pe. 2:10, 18; 1. º JO 2:16; 4:2; 2. º JO 7; Jud. 7, 8, 23; AP 17:16; AP 19:21.


B - TEXTOS COMPROBATÓRIOS


Respiguemos, agora, alguns trechos do N. T., a fim de comprovar nossas conclusões a respeito desta nova teoria.


Comecemos pela distinção que fazemos entre individualidade (ou Espírito) e a personagem transitória humana.


INDIVIDUALIDADE- PERSONAGEM


Encontramos essa distinção explicitamente ensinada por Paulo (l. ª Cor. 15:35-50) que classifica a individualidade entre os "corpos celestiais" (sómata epouránia), isto é, de origem espiritual; e a personagem terrena entre os "corpos terrenos" (sómata epígeia), ou seja, que têm sua origem no próprio planeta Terra, de onde tiram seus elementos constitutivos (físicos e químicos). Logo a seguir, Paulo torna mais claro seu pensamento, denominando a individualidade de "corpo espiritual" (sôma pneumatikón) e a personagem humana de "corpo psíquico" (sôma psychikón). Com absoluta nitidez, afirma que a individualidade é o "Espírito vivificante" (pneuma zoopioún), porque dá vida; e que a personagem, no plano já da energia, é a "alma que vive" (psychê zôsan), pois recebe vida do Espírito que lhe constitui a essência profunda.


Entretanto, para evitar dúvidas ou más interpretações quanto ao sentido ascensional da evolução, assevera taxativamente que o desenvolvimento começa com a personalidade (alma vivente) e só depois que esta se desenvolve, é que pode atingir-se o desabrochar da individualidade (Espírito vivificante).


Temos, pois, bem estabelecida a diferença fundamental, ensinada no N. T., entre psychê (alma) e pneuma (Espírito).


Mas há outros passos em que esses dois elementos são claramente distinguidos:

1) No Cântico de Maria (LC 1:46) sentimos a diferença nas palavras "Minha alma (psychê) engrandece o Senhor e meu Espírito (pneuma) se alegra em Deus meu Salvador".


2) Paulo (Filp. 1:27) recomenda que os cristãos tenham "um só Espírito (pneuma) e uma só alma (psychê), distinção desnecessária, se não expressassem essas palavras coisas diferentes.


3) Ainda Paulo (l. ª Tess. 5:23) faz votos que os fiéis "sejam santificados e guardados no Espírito (pneuma) na alma (psychê) e no corpo (sôma)", deixando bem estabelecida a tríade que assinalamos desde o início.


4) Mais claro ainda é o autor da Carta dos Hebreus (quer seja Paulo Apolo ou Clemente Romano), ao


. utilizar-se de uma expressão sintomática, que diz: "o Logos Divino é Vivo, Eficaz; e mais penetrante que qualquer espada, atingindo até a divisão entre o Espirito (pneuma) e a alma (psychê)" (HB 4:12); aí não há discussão: existe realmente uma divisão entre espírito e alma.


5) Comparando, ainda, a personagem (psiquismo) com a individualidade Paulo afirma que "fala não palavras aprendidas pela sabedoria humana, mas aprendidas do Espírito (divino), comparando as coisas espirituais com as espirituais"; e acrescenta, como esclarecimento e razão: "o homem psíquico (ho ánthrôpos psychikós, isto é, a personagem intelectualizada) não percebe as coisas do Espírito Divino: são tolices para ele, e não pode compreender o que é discernido espiritualmente; mas o homem espiritual (ho ánthrôpos pneumatikós, ou, seja, a individualidade) discerne tudo, embora não seja discernido por ninguém" (1. ª Cor. 2:13-15).


Portanto, não há dúvida de que o N. T. aceita os dois aspectos do "homem": a parte espiritual, a tríade superior ou individualidade (ánthrôpos pneumatikós) e a parte psíquica, o quaternário inferior ou personalidade ou personagem (ánthrôpos psychikós).


O CORPO


Penetremos, agora, numa especificação maior, observando o emprego da palavra soma (corpo), em seu complexo carne-sangue, já que, em vários passos, não só o termo sárx é usado em lugar de soma, como também o adjetivo sarkikós (ou sarkínos) se refere, como parte externa visível, a toda a personagem, ou seja, ao espírito encarnado e preso à matéria; e isto sobretudo naqueles que, por seu atraso, ainda acreditam que seu verdadeiro eu é o complexo físico, já que nem percebem sua essência espiritual.


Paulo, por exemplo, justifica-se de não escrever aos coríntios lições mais sublimes, porque não pode falar-lhes como a "espirituais" (pnenmatikoí, criaturas que, mesmo encarnadas, já vivem na individualidade), mas só como a "carnais" (sarkínoi, que vivem só na personagem). Como a crianças em Cristo (isto é, como a principiantes no processo do conhecimento crístico), dando-lhes leite a beber, não comida, pois ainda não na podem suportar; "e nem agora o posso, acrescenta ele, pois ainda sois carnais" (1. ª Cor. 3:1-2).


Dessa forma, todos os que se encontram na fase em que domina a personagem terrena são descritos por Paulo como não percebendo o Espírito: "os que são segundo a carne, pensam segundo a carne", em oposição aos "que são segundo o espírito, que pensam segundo o espírito". Logo a seguir define a "sabedoria da carne como morte, enquanto a sabedoria do Espírito é Vida e Paz" (Rom, 8:5-6).


Essa distinção também foi afirmada por Jesus, quando disse que "o espírito está pronto (no sentido de" disposto"), mas a carne é fraca" (MT 26:41; MC 14:38). Talvez por isso o autor da Carta aos Hebreus escreveu, ao lembrar-se quiçá desse episódio, que Jesus "nos dias de sua carne (quando encarnado), oferecendo preces e súplicas com grande clamor e lágrimas Àquele que podia livrá-lo da morte, foi ouvido por causa de sua devoção e, não obstante ser Filho de Deus (o mais elevado grau do adeptado, cfr. vol. 1), aprendeu a obediência por meio das coisas que sofreu" (Heb, 5:7-8).


Ora, sendo assim fraca e medrosa a personagem humana, sempre tendente para o mal como expoente típico do Antissistema, Paulo tem o cuidado de avisar que "não devemos submeter-nos aos desejos da carne", pois esta antagoniza o Espírito (isto é constitui seu adversário ou diábolos). Aconselha, então que não se faça o que ela deseja, e conforta os "que são do Espírito", assegurando-lhes que, embora vivam na personalidade, "não estão sob a lei" (GL 5:16-18). A razão é dada em outro passo: "O Senhor é Espírito: onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2. ª Cor. 3:17).


Segundo o autor da Carta aos Hebreus, esta foi uma das finalidades da encarnação de Jesus: livrar a personagem humana do medo da morte. E neste trecho confirma as palavras do Mestre a Nicodemos: "o que nasce de carne é carne" (JO 3:6), esclarecendo, ao mesmo tempo, no campo da psicobiologia, (o problema da hereditariedade: dos pais, os filhos só herdam a carne e o sangue (corpo físico e duplo etérico), já que a psychê é herdeira do pneuma ("o que nasce de espírito, é espírito", João, ibidem). Escreve, então: "como os filhos têm a mesma natureza (kekoinônêken) na carne e no sangue, assim ele (Jesus) participou da carne e do sangue para que, por sua morte, destruísse o adversário (diábolos, a matéria), o qual possui o império da morte, a fim de libertá-las (as criaturas), já que durante toda a vida elas estavam sujeitas ao medo da morte" (HB 2:14).


Ainda no setor da morte, Jesus confirma, mais uma vez, a oposição corpo-alma: "não temais os que matam o corpo: temei o que pode matar a alma (psychê) e o corpo (sôma)" (MT 10:28). Note-se, mais uma vez, a precisão (elegantia) vocabular de Jesus, que não fala em pneuma, que é indestrutível, mas em psychê, ou seja, o corpo astral sujeito a estragos e até morte.


Interessante observar que alguns capítulos adiante, o mesmo evangelista (MT 27:52) usa o termo soma para designar o corpo astral ou perispírito: "e muitos corpos dos santos que dormiam, despertaram".


Refere-se ao choque terrível da desencarnação de Jesus, que foi tão violento no plano astral, que despertou os desencarnados que se encontravam adormecidos e talvez ainda presos aos seus cadáveres, na hibernação dos que desencarnam despreparados. E como era natural, ao despertarem, dirigiram-se para suas casas, tendo sido percebidos pelos videntes.


Há um texto de Paulo que nos deixa em suspenso, sem distinguirmos se ele se refere ao corpo físico (carne) ou ao psíquico (astral): "conheço um homem em Cristo (uma individualidade já cristificada) que há catorze anos - se no corpo (en sômai) não sei, se fora do corpo (ektòs sômatos) não sei: Deus

sabe foi raptado ao terceiro céu" (l. ª Cor. 12:2). É uma confissão de êxtase (ou talvez de "encontro"?), em que o próprio experimentador se declara inapto a distinguir se se tratava de um movimento puramente espiritual (fora do corpo), ou se tivera a participação do corpo psíquico (astral); nem pode verificar se todo o processo se realizou com pneuma e psychê dentro ou fora do corpo.


Entretanto, de uma coisa ele tem certeza absoluta: a parte inferior do homem, a carne e o sangue, esses não participaram do processo. Essa certeza é tão forte, que ele pode ensinar taxativamente e sem titubeios, que o físico denso e o duplo etérico não se unificam com a Centelha Divina, não "entram no reino dos céus", sendo esta uma faculdade apenas de pneuma, e, no máximo, de psychê. E ele o diz com ênfase: "isto eu vos digo, irmãos, que a carne (sárx) e o sangue (haima) NÃO PODEM possuir o reino de Deus" (l. ª Cor. 15:50). Note-se que essa afirmativa é uma negação violenta do "dogma" da ressurreição da carne.


ALMA


Num plano mais elevado, vejamos o que nos diz o N. T. a respeito da psychê e da diánoia, isto é, da alma e do intelecto a esta inerente como um de seus aspectos.


Como a carne é, na realidade dos fatos, incapaz de vontades e desejos, que provêm do intelecto, Paulo afirma que "outrora andávamos nos desejos de nossa carne", esclarecendo, porém, que fazíamos "a vontade da carne (sárx) e do intelecto (diánoia)" (EF 2:3). De fato "o afastamento e a inimizade entre Espírito e corpo surgem por meio do intelecto" (CL 1. 21).


A distinção entre intelecto (faculdade de refletir, existente na personagem) e mente (faculdade inerente ao coração, que cria os pensamentos) pode parecer sutil, mas já era feita na antiguidade, e Jerem ías escreveu que YHWH "dá suas leis ao intelecto (diánoia), mas as escreve no coração" (JR 31:33, citado certo em HB 8:10, e com os termos invertidos em HB 10:16). Aí bem se diversificam as funções: o intelecto recebe a dádiva, refletindo-a do coração, onde ela está gravada.


Realmente a psychê corresponde ao corpo astral, sede das emoções. Embora alguns textos no N. T.


atribuam emoções a kardía, Jesus deixou claro que só a psychê é atingível pelas angústias e aflições, asseverando: "minha alma (psychê) está perturbada" (MT 26:38; MC 14:34; JO 12:27). Jesus não fala em kardía nem em pneuma.


A MENTE


Noús é a MENTE ESPIRITUAL, a individualizadora de pneuma, e parte integrante ou aspecto de kardía. E Paulo, ao salientar a necessidade de revestir-nos do Homem Novo (de passar a viver na individualidade) ordena que "nos renovemos no Espírito de nossa Mente" (EF 4:23-24), e não do intelecto, que é personalista e divisionário.


E ao destacar a luta entre a individualidade e a personagem encarnada, sublinha que "vê outra lei em seus membros (corpo) que se opõem à lei de sua mente (noús), e o aprisiona na lei do erro que existe em seus membros" (RM 7:23).


A mente espiritual, e só ela, pode entender a sabedoria do Cristo; e este não se dirige ao intelecto para obter a compreensão dos discípulos: "e então abriu-lhes a mente (noún) para que compreendessem as Escrituras" (LC 24:45). Até então, durante a viagem (bastante longa) ia conversando com os "discípulos de Emaús". falando-lhes ao intelecto e provando-lhes que o Filho do Homem tinha que sofrer; mas eles não O reconheceram. Mas quando lhes abriu a MENTE, imediatamente eles perceberam o Cristo.


Essa mente é, sem dúvida, um aspecto de kardía. Isaías escreveu: "então (YHWH) cegou-lhes os olhos (intelecto) e endureceu-lhes o coração, para que não vissem (intelectualmente) nem compreendessem com o coração" (IS 6:9; citado por JO 12:40).


O CORAÇÃO


Que o coração é a fonte dos pensamentos, nós o encontramos repetido à exaustão; por exemplo: MT 12:34; MT 15:18, MT 15:19; Marc 7:18; 18:23; LC 6:45; LC 9:47; etc.


Ora, se o termo CORAÇÃO exprime, límpida e indiscutivelmente, a fonte primeira do SER, o "quarto fechado" onde o "Pai vê no secreto" MT 6:6), logicamente se deduz que aí reside a Centelha Divina, a Partícula de pneuma, o CRISTO (Filho Unigênito), que é UNO com o Pai, que também, consequentemente, aí reside. E portanto, aí também está o Espírito-Santo, o Espírito-Amor, DEUS, de que nosso Eu é uma partícula não desprendida.


Razão nos assiste, então, quando escrevemos (vol. 1 e vol. 3) que o "reino de Deus" ou "reino dos céus" ou "o céu", exprime exatamente o CORAÇÃO; e entrar no reino dos céus é penetrar, é MERGULHAR (batismo) no âmago de nosso próprio EU. É ser UM com o CRISTO, tal como o CRISTO é UM com o PAI (cfr. JO 10. 30; 17:21,22, 23).


Sendo esta parte a mais importante para a nossa tese, dividamo-la em três seções:

a) - Deus ou o Espírito Santo habitam DENTRO DE nós;


b) - CRISTO, o Filho (UNO com o Pai) também está DENTRO de nós, constituindo NOSSA ESSÊNCIA PROFUNDA;


c) - o local exato em que se encontra o Cristo é o CORAÇÃO, e nossa meta, durante a encarnação, é CRISTIFICAR-NOS, alcançando a evolução crística e unificando-nos com Ele.


a) -


A expressão "dentro de" pode ser dada em grego pela preposição ENTOS que encontramos clara em LC (LC 17:21), quando afirma que "o reino de Deus está DENTRO DE VÓS" (entòs humin); mas tamb ém a mesma ideia é expressa pela preposição EN (latim in, português em): se a água está na (EM A) garrafa ou no (EM O) copo, é porque está DENTRO desses recipientes. Não pode haver dúvida. Recordese o que escrevemos (vol. 1): "o Logos se fez carne e fez sua residência DENTRO DE NÓS" (JO 1:14).


Paulo é categórico em suas afirmativas: "Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita dentro de vós" (1. ª Cor. 3:16).


Οΰи οίδατε ότι ναός θεοϋ έστε иαί τό πνεϋµα τοϋ θεοϋ έν ϋµϊν οίиεί;

E mais: "E não sabeis que vosso corpo é o templo do Espírito Santo que está dentro de vós, o qual recebestes de Deus, e não pertenceis a vós mesmos? Na verdade, fostes comprados por alto preço. Glorificai e TRAZEI DEUS EM VOSSO CORPO" (1. ª Cor. 6:19-20).


Esse Espírito Santo, que é a Centelha do Espírito Universal, é, por isso mesmo, idêntico em todos: "há muitas operações, mas UM só Deus, que OPERA TUDO DENTRO DE TODAS AS COISAS; ... Todas essas coisas opera o único e mesmo Espírito; ... Então, em UM Espírito todos nós fomos MERGULHADOS en: UMA carne, judeus e gentios, livres ou escravos" (1. ª Cor. 12:6, 11, 13).


Καί διαιρέσεις ένεργηµάτων είσιν, ό δέ αύτός θεός ό ένεργών τα πάντα έν πάσιν... Дάντα δέ ταύτα ένεργεί τό έν иαί τό αύτό πνεύµα... Кαί γάρ έν ένί πνεύµατι ήµείς πάντες είς έν σώµα έβαπτίσθηµεν,
είτε ̉Ιουδαίοι εϊτε έλληνες, είτε δούλοι, εϊτε έλεύθεροι.
Mais ainda: "Então já não sois hóspedes e estrangeiros, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus, superedificados sobre o fundamento dos Enviados e dos Profetas, sendo a própria pedra angular máxima Cristo Jesus: em Quem toda edificação cresce no templo santo no Senhor, no Qual tamb ém vós estais edificados como HABITAÇÃO DE DEUS NO ESPÍRITO" (EF 2:19-22). " Αρα ούν ούиέτι έστε ζένοι иαί πάροιиοι, άλλά έστε συµπολίται τών άγίων иαί οίиείοι τού θεού,
έποιиοδοµηθέντες έπί τώ θεµελίω τών άποστόλων иαί προφητών, όντος άиρογωνιαίου αύτού Χριστόύ
#cite Іησού, έν ώ πάσα οίиοδοµή συναρµολογουµένη αύζει είς ναόν άγιον έν иυρίώ, έν ώ иαί ύµείς
συνοιиοδοµείσθε είς иατοιиητήεριον τού θεού έν πνεµατ

ι.


Se Deus habita DENTRO do homem e das coisas quem os despreza, despreza a Deus: "quem despreza estas coisas, não despreza homens, mas a Deus, que também deu seu Espírito Santo em vós" (1. ª Tess. 4:8).


Тοιγαρούν ό άθετών ούи άνθρωπον άθετεί, άλλά τόν θεόν τόν иαί διδόντα τό πνεύµα αύτού τό άγιον είς ύµάς.

E a consciência dessa realidade era soberana em Paulo: "Guardei o bom depósito, pelo Espírito Santo que habita DENTRO DE NÓS" (2. ª Tim. 1:14). (20)


Тήν иαλήν παραθήиην φύλαζον διά πνεύµατος άγίου τού ένοιиούντος έν ήµϊ

ν.


João dá seu testemunho: "Ninguém jamais viu Deus. Se nos amarmos reciprocamente, Deus permanecer á DENTRO DE NÓS, e o Amor Dele, dentro de nós, será perfeito (ou completo). Nisto sabemos que permaneceremos Nele e Ele em nós, porque DE SEU ESPÍRITO deu a nós" (1. ª JO 4:12-13).


θεόν ούδείς πώποτε τεθέαται: έάν άγαπώµεν άλλήλους, ό θεός έν ήµϊν µένει, иαί ή άγάπη αύτοϋ τε-
τελειωµένη έν ήµϊν έστιν. Εν τουτω γινώσиοµεν ότι έν αύτώ µένοµεν иαί αύτός έν ήµϊν, ότι έи τοϋ
πνεύµατος αύτοϋ δέδώиεν ήµϊ

ν.


b) -


Vejamos agora os textos que especificam melhor ser o CRISTO (Filho) que, DENTRO DE NÓS. constitui a essência profunda de nosso ser. Não é mais uma indicação de que TEMOS a Divindade em nós, mas um ensino concreto de que SOMOS uma partícula da Divindade. Escreve Paulo: "Não sabeis que CRISTO (Jesus) está DENTRO DE VÓS"? (2. ª Cor. 13:5). E, passando àquela teoria belíssima de que formamos todos um corpo só, cuja cabeça é Cristo, ensina Paulo: "Vós sois o CORPO de Cristo, e membros de seus membros" (l. ª Cor. 12:27). Esse mesmo Cristo precisa manifestar-se em nós, através de nós: "vossa vida está escondida COM CRISTO em Deus; quando Cristo se manifestar, vós também vos manifestareis em substância" (CL 3:3-4).


E logo adiante insiste: "Despojai-vos do velho homem com seus atos (das personagens terrenas com seus divisionismos egoístas) e vesti o novo, aquele que se renova no conhecimento, segundo a imagem de Quem o criou, onde (na individualidade) não há gentio nem judeu, circuncidado ou incircunciso, bárbaro ou cita, escravo ou livre, mas TUDO e EM TODOS, CRISTO" (CL 3:9-11).


A personagem é mortal, vivendo a alma por efeito do Espírito vivificante que nela existe: "Como em Adão (personagem) todos morrem, assim em CRISTO (individualidade, Espírito vivificante) todos são vivificados" (1. ª Cor. 15:22).


A consciência de que Cristo vive nele, faz Paulo traçar linhas imorredouras: "ou procurais uma prova do CRISTO que fala DENTRO DE MIM? o qual (Cristo) DENTRO DE VÓS não é fraco" mas é poderoso DENTRO DE VÓS" (2. ª Cor. 13:3).


E afirma com a ênfase da certeza plena: "já não sou eu (a personagem de Paulo), mas CRISTO QUE VIVE EM MIM" (GL 2:20). Por isso, pode garantir: "Nós temos a mente (noús) de Cristo" (l. ª Cor. 2:16).


Essa convicção traz consequências fortíssimas para quem já vive na individualidade: "não sabeis que vossos CORPOS são membros de Cristo? Tomando, então, os membros de Cristo eu os tornarei corpo de meretriz? Absolutamente. Ou não sabeis que quem adere à meretriz se torna UM CORPO com ela? Está dito: "e serão dois numa carne". Então - conclui Paulo com uma lógica irretorquível - quem adere a Deus é UM ESPÍRITO" com Deus (1. ª Cor. 6:15-17).


Já desde Paulo a união sexual é trazida como o melhor exemplo da unificação do Espírito com a Divindade. Decorrência natural de tudo isso é a instrução dada aos romanos: "vós não estais (não viveis) EM CARNE (na personagem), mas EM ESPÍRITO (na individualidade), se o Espírito de Deus habita DENTRO DE VÓS; se porém não tendes o Espírito de Cristo, não sois Dele. Se CRISTO (está) DENTRO DE VÓS, na verdade o corpo é morte por causa dos erros, mas o Espírito vive pela perfeição. Se o Espírito de Quem despertou Jesus dos mortos HABITA DENTRO DE VÓS, esse, que despertou Jesus dos mortos, vivificará também vossos corpos mortais, por causa do mesmo Espírito EM VÓS" (RM 9:9-11). E logo a seguir prossegue: "O próprio Espírito testifica ao nosso Espírito que somos filhos de Deus; se filhos, (somos) herdeiros: herdeiros de Deus, co-herdeiros de Cristo" (RM 8:16). Provém daí a angústia de todos os que atingiram o Eu Interno para libertar-se: "também tendo em nós as primícias do Espírito, gememos dentro de nós, esperando a adoção de Filhos, a libertação de nosso corpo" (RM 8:23).


c) -


Finalmente, estreitando o círculo dos esclarecimentos, verificamos que o Cristo, dentro de nós, reside NO CORAÇÃO, onde constitui nosso EU Profundo. É ensinamento escriturístico.


Ainda é Paulo que nos esclarece: "Porque sois filhos, Deus enviou o ESPÍRITO DE SEU FILHO, em vosso CORAÇÃO, clamando Abba, ó Pai" (GL 4:6). Compreendemos, então, que o Espírito Santo (Deus) que está em nós, refere-se exatamente ao Espírito do FILHO, ao CRISTO Cósmico, o Filho Unigênito. E ficamos sabendo que seu ponto de fixação em nós é o CORAÇÃO.


Lembrando-se, talvez, da frase de Jeremias, acima-citada, Paulo escreveu aos coríntios: "vós sois a nossa carta, escrita em vossos CORAÇÕES, conhecida e lida por todos os homens, sendo manifesto que sois CARTA DE CRISTO, preparada por nós, e escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo; não em tábuas de pedra, mas nas tábuas dos CORAÇÕES CARNAIS" (2. ª Cor. 3:2-3). Bastante explícito que realmente se trata dos corações carnais, onde reside o átomo espiritual.


Todavia, ainda mais claro é outro texto, em que se fala no mergulho de nosso eu pequeno, unificandonos ao Grande EU, o CRISTO INTERNO residente no coração: "CRISTO HABITA, pela fé, no VOSSO CORAÇÃO". E assegura com firmeza: "enraizados e fundamentados no AMOR, com todos os santos (os encarnados já espiritualizados na vivência da individualidade) se compreenderá a latitude, a longitude a sublimidade e a profundidade, conhecendo o que está acima do conhecimento, o AMOR DE CRISTO, para que se encham de toda a plenitude de Deus" (EF 3:17).


Кατοιиήσαι τόν Χριστόν διά τής πίστεως έν ταϊς иαρδίαις ύµών, έν άγάπη έρριζωµένοι иαί τεθεµελιωµένοι, ϊνα έζισγύσητε иαταλαβέσθαι σύν πάσιν τοϊςάγίοιςτί τό πλάτος иαί µήиος иαί ύψος
иαί βάθος, γνώσαι τε τήν ύπερβάλλουσαν τής γνώσεως άγάπην τοϋ Χριστοϋ, ίνα πληρωθήτε είς πάν τό πλήρωµα τού θεοϋ.

Quando se dá a unificação, o Espírito se infinitiza e penetra a Sabedoria Cósmica, compreendendo então a amplitude da localização universal do Cristo.


Mas encontramos outro ensino de suma profundidade, quando Paulo nos adverte que temos que CRISTIFICAR-NOS, temos que tornar-nos Cristos, na unificação com Cristo. Para isso, teremos que fazer uma tradução lógica e sensata da frase, em que aparece o verbo CHRIO duas vezes: a primeira, no particípio passado, Christós, o "Ungido", o "permeado da Divindade", particípio que foi transliterado em todas as línguas, com o sentido filosófico e místico de O CRISTO; e a segunda, logo a seguir, no presente do indicativo. Ora, parece de toda evidência que o sentido do verbo tem que ser O MESMO em ambos os empregos. Diz o texto original: ho dè bebaiôn hemãs syn humin eis Christon kaí chrísas hemãs theós (2. ª Cor. 1:21).


#cite Ο δέ βεβαιών ήµάς σύν ύµίν είς Χριστόν иαί χρίσας ήµάς θεό

ς.


Eis a tradução literal: "Deus, fortifica dor nosso e vosso, no Ungido, unge-nos".


E agora a tradução real: "Deus, fortificador nosso e vosso, em CRISTO, CRISTIFICA-NOS".


Essa a chave para compreendermos nossa meta: a cristificação total e absoluta.


Logo após escreve Paulo: "Ele também nos MARCA e nos dá, como penhor, o Espírito em NOSSOS CORAÇÕES" (2. ª Cor. 1:22).


#cite Ο иαί σφραγισάµενος ήµάς иαί δούς τόν άρραβώνα τόν πνεύµατος έν ταϊς иαρδϊαις ήµώ

ν.


Completando, enfim, o ensino - embora ministrado esparsamente - vem o texto mais forte e explícito, informando a finalidade da encarnação, para TÔDAS AS CRIATURAS: "até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, ao Homem Perfeito, à medida da evolução plena de Cristo" (EF 4:13).


Мέρχι иαταντήσωµεν οί πάντες είς τήν ένότητα τής πίστοως. иαί τής έπιγνώσεως τοϋ υίοϋ τοϋ θεοϋ,
είς άνδρα τελειον, είς µέτρον ήλιиίας τοϋ πληρώµατος τοϋ Χριστοϋ.
Por isso Paulo escreveu aos Gálatas: "ó filhinhos, por quem outra vez sofro as dores de parto, até que Cristo SE FORME dentro de vós" (GL 4:19) (Тεиνία µου, ούς πάλιν ώδίνω, µέρχις ού µορφωθή Χριστός έν ύµϊ

ν).


Agostinho (Tract. in Joanne, 21, 8) compreendeu bem isto ao escrever: "agradeçamos e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos", (Christus facti sumus); e Metódio de Olimpo ("Banquete das dez virgens", Patrol. Graeca, vol. 18, col. 150) escreveu: "a ekklêsía está grávida e em trabalho de parto até que o Cristo tome forma em nós, até que Cristo nasça em nós, a fim de que cada um dos santos (encarnados) por sua participação com o Cristo, se torne Cristo". Também Cirilo de Jerusalém ("Catechesis mystagogicae" 1. 3. 1 in Patr. Graeca vol. 33, col. 1. 087) asseverou: " Após terdes mergulhado no Cristo e vos terdes revestido do Cristo, fostes colocados em pé de igualdade com o Filho de Deus... pois que entrastes em comunhão com o Cristo, com razão tendes o nome de cristos, isto é, de ungidos".


Todo o que se une ao Cristo, se torna um cristo, participando do Pneuma e da natureza divina (theías koinônoí physeôs) (2. ª Pe. 1:3), pois "Cristo é o Espírito" (2. ª Cor. 3:17) e quem Lhe está unido, tem em si o selo (sphrágis) de Cristo. Na homilia 24,2, sobre 1. ª Cor. 10:16, João Crisóstomo (Patrol.


Graeca vol. 61, col. 200) escreveu: "O pão que partimos não é uma comunhão (com+união, koinônía) ao corpo de Cristo? Porque não disse "participação" (metoché)? Porque quis revelar algo mais, e mostrar uma associação (synápheia) mais íntima. Realmente, estamos unidos (koinônoúmen) não só pela participação (metéchein) e pela recepção (metalambánein), mas também pela UNIFICAÇÃO (enousthai)".


Por isso justifica-se o fragmento de Aristóteles, supra citado, em Sinésio: "os místicos devem não apenas aprender (mathein) mas experimentar" (pathein).


Essa é a razão por que, desde os primeiros séculos do estabelecimento do povo israelita, YHWH, em sua sabedoria, fazia a distinção dos diversos "corpos" da criatura; e no primeiro mandamento revelado a Moisés dizia: " Amarás a Deus de todo o teu coração (kardía), de toda tua alma (psychê), de todo teu intelecto (diánoia), de todas as tuas forças (dynameis)"; kardía é a individualidade, psychê a personagem, dividida em diánoia (intelecto) e dynameis (veículos físicos). (Cfr. LV 19:18; DT 6:5; MT 22:37; MC 12:13; LC 10:27).


A doutrina é uma só em todos os sistemas religiosos pregados pelos Mestres (Enviados e Profetas), embora com o tempo a imperfeição humana os deturpe, pois a personagem é fundamentalmente divisionista e egoísta. Mas sempre chega a ocasião em que a Verdade se restabelece, e então verificamos que todas as revelações são idênticas entre si, em seu conteúdo básico.


ESCOLA INICIÁTICA


Após essa longa digressão a respeito do estudo do "homem" no Novo Testamento, somos ainda obrigados a aprofundar mais o sentido do trecho em que são estipuladas as condições do discipulato.


Há muito desejaríamos ter penetrado neste setor, a fim de poder dar explicação cabal de certas frases e passagens; mas evitamo-lo ao máximo, para não ferir convicções de leitores desacostumados ao assunto.


Diante desse trecho, porém, somos forçados a romper os tabus e a falar abertamente.


Deve ter chamado a atenção de todos os estudiosos perspicazes dos Evangelhos, que Jesus jamais recebeu, dos evangelistas, qualquer título que normalmente seria atribuído a um fundador de religião: Chefe Espiritual, Sacerdote, Guia Espiritual, Pontífice; assim também, aqueles que O seguiam, nunca foram chamados Sequazes, Adeptos, Adoradores, Filiados, nem Fiéis (a não ser nas Epístolas, mas sempre com o sentido de adjetivo: os que mantinham fidelidade a Seus ensinos). Ao contrário disso, os epítetos dados a Jesus foram os de um chefe de escola: MESTRE (Rabbi, Didáskalos, Epistátês) ou de uma autoridade máxima Kyrios (SENHOR dos mistérios). Seus seguidores eram DISCÍPULOS (mathêtês), tudo de acordo com a terminologia típica dos mistérios iniciáticos de Elêusis, Delfos, Crotona, Tebas ou Heliópolis. Após receberem os primeiros graus, os discípulos passaram a ser denominado "emissários" (apóstolos), encarregados de dar a outros as primeiras iniciações.


Além disso, é evidente a preocupação de Jesus de dividir Seus ensinos em dois graus bem distintos: o que era ministrado de público ("a eles só é dado falar em parábolas") e o que era ensinado privadamente aos "escolhidos" ("mas a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus", cfr. MT 13:10-17 ; MC 4:11-12; LC 8:10).


Verificamos, portanto, que Jesus não criou uma "religião", no sentido moderno dessa palavra (conjunto de ritos, dogmas e cultos com sacerdócio hierarquicamente organizado), mas apenas fundou uma ESCOLA INICIÁTICA, na qual preparou e "iniciou" seus DISCÍPULOS, que Ele enviou ("emissários, apóstolos") com a incumbência de "iniciar" outras criaturas. Estas, por sua vez, foram continuando o processo e quando o mundo abriu os olhos e percebeu, estava em grande parte cristianizado. Quando os "homens" o perceberam e estabeleceram a hierarquia e os dogmas, começou a decadência.


A "Escola iniciática" fundada por Jesus foi modelada pela tradição helênica, que colocava como elemento primordial a transmissão viva dos mistérios: e "essa relação entre a parádosis (transmissão) e o mystérion é essencial ao cristianismo", escreveu o monge beneditino D. Odon CaseI (cfr. "Richesse du Mystere du Christ", Les éditions du Cerf. Paris, 1964, pág. 294). Esse autor chega mesmo a afirmar: " O cristianismo não é uma religião nem uma confissão, segundo a acepção moderna dessas palavras" (cfr. "Le Mystere du Culte", ib., pág. 21).


E J. Ranft ("Der Ursprung des Kathoíischen Traditionsprinzips", 1931, citado por D . O. Casel) escreve: " esse contato íntimo (com Cristo) nasce de uma gnose profunda".


Para bem compreender tudo isso, é indispensável uma incursão pelo campo das iniciações, esclarecendo antes alguns termos especializados. Infelizmente teremos que resumir ao máximo, para não prejudicar o andamento da obra. Mas muitos compreenderão.


TERMOS ESPECIAIS


Aiôn (ou eon) - era, época, idade; ou melhor CICLO; cada um dos ciclos evolutivos.


Akoueíu - "ouvir"; akoueín tòn lógon, ouvir o ensino, isto é, receber a revelação dos segredos iniciáticos.


Gnôse - conhecimento espiritual profundo e experimental dos mistérios.


Deíknymi - mostrar; era a explicação prática ou demonstração de objetos ou expressões, que serviam de símbolos, e revelavam significados ocultos.


Dóxa - doutrina; ou melhor, a essência do conhecimento profundo: o brilho; a luz da gnôse; donde "substância divina", e daí a "glória".


Dynamis - força potencial, potência que capacita para o érgon e para a exousía, infundindo o impulso básico de atividade.


Ekklêsía - a comunidade dos "convocados" ou "chamados" (ékklêtos) aos mistérios, os "mystos" que tinham feito ou estavam fazendo o curso da iniciação.


Energeín - agir por dentro ou de dentro (energia), pela atuação da força (dybamis).


Érgon - atividade ou ação; trabalho espiritual realizado pela força (dynamis) da Divindade que habita dentro de cada um e de cada coisa; energia.


Exêgeísthaí - narrar fatos ocultos, revelar (no sentido de "tirar o véu") (cfr. LC 24:35; JO 1:18; AT 10:8:15:12, 14).


Hágios - santo, o que vive no Espírito ou Individualidade; o iniciado (cfr. teleios).


Kyrios - Senhor; o Mestre dos Mistérios; o Mistagogo (professor de mistérios); o Hierofante (o que fala, fans, fantis, coisas santas, hieros); dava-se esse título ao possuidor da dynamis, da exousía e do érgon, com capacidade para transmiti-los.


Exousía - poder, capacidade de realização, ou melhor, autoridade, mas a que provém de dentro, não "dada" de fora.


Leitourgia - Liturgia, serviço do povo: o exercício do culto crístico, na transmissão dos mistérios.


Legómena - palavras reveladoras, ensino oral proferido pelo Mestre, e que se tornava "ensino ouvido" (lógos akoês) pelos discípulos.


Lógos - o "ensino" iniciático, a "palavra" secreta, que dava a chave da interpretação dos mistérios; a" Palavra" (Energia ou Som), segundo aspecto da Divindade.


Monymenta - "monumentos", ou seja, objetos e lembranças, para manter viva a memória.


Mystagogo – o Mestre dos Mystérios, o Hierofante.


Mystérion - a ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação; donde, o ensino revelado apenas aos perfeitos (teleios) e santos (hágios), mas que devia permanecer oculto aos profanos.


Oikonomía - economia, dispensação; literalmente "lei da casa"; a vida intima de cada iniciado e sua capacidade na transmissão iniciática a outros, (de modo geral encargo recebido do Mestre).


Orgê - a atividade ou ação sagrada; o "orgasmo" experimentado na união mística: donde "exaltação espiritual" pela manifestação da Divindade (erradamente interpretado como "ira").


Parábola - ensino profundo sob forma de narrativa popular, com o verdadeiro sentido oculto por metáforas e símbolos.


Paradídômi - o mesmo que o latim trádere; transmitir, "entregar", passar adiante o ensino secreto.


Parádosis - transmissão, entrega de conhecimentos e experiências dos ensinos ocultos (o mesmo que o latim tradítio).


Paralambánein - "receber" o ensino secreto, a "palavra ouvida", tornando-se conhecedor dos mistérios e das instruções.


Patheín - experimentar, "sofrer" uma experiência iniciática pessoalmente, dando o passo decisivo para receber o grau e passar adiante.


Plêrôma - plenitude da Divindade na criatura, plenitude de Vida, de conhecimento, etc.


Redençãoa libertação do ciclo de encarnações na matéria (kyklos anánkê) pela união total e definitiva com Deus.


Santo - o mesmo que perfeito ou "iniciado".


Sêmeíon - "sinal" físico de uma ação espiritual, demonstração de conhecimento (gnose), de força (dynamis), de poder (exousía) e de atividade ou ação (érgon); o "sinal" é sempre produzido por um iniciado, e serve de prova de seu grau.


Sophía - a sabedoria obtida pela gnose; o conhecimento proveniente de dentro, das experiências vividas (que não deve confundir-se com a cultura ou erudição do intelecto).


Sphrágis - selo, marca indelével espiritual, recebida pelo espírito, embora invisível na matéria, que assinala a criatura como pertencente a um Senhor ou Mestre.


Symbolos - símbolos ou expressões de coisas secretas, incompreensíveis aos profanos e só percebidas pelos iniciados (pão, vinho, etc.) .


Sótería - "salvação", isto é, a unificação total e definitiva com a Divindade, que se obtém pela "redenção" plena.


Teleíos - o "finalista", o que chegou ao fim de um ciclo, iniciando outro; o iniciado nos mistérios, o perfeito ou santo.


Teleisthai - ser iniciado; palavra do mesmo radical que teleutan, que significa "morrer", e que exprime" finalizar" alguma coisa, terminar um ciclo evolutivo.


Tradítio - transmissão "tradição" no sentido etimológico (trans + dare, dar além passar adiante), o mesmo que o grego parádosis.


TRADIÇÃO


D. Odon Casel (o. c., pág. 289) escreve: "Ranft estudou de modo preciso a noção da tradítio, não só como era praticada entre os judeus, mas também em sua forma bem diferente entre os gregos. Especialmente entre os adeptos dos dosis é a transmissão secreta feita aos "mvstos" da misteriosa sôtería; é a inimistérios, a noção de tradítio (parádosis) tinha grande importância. A paraciação e a incorporação no círculo dos eleitos (eleitos ou "escolhidos"; a cada passo sentimos a confirmação de que Jesus fundou uma "Escola Iniciática", quando emprega os termos privativos das iniciações heléntcas; cfr. " muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos" - MT 22. 14), características das religiões grecoorientais. Tradítio ou parádosis são, pois, palavras que exprimem a iniciação aos mistérios. Tratase, portanto, não de uma iniciação científica, mas religiosa, realizada no culto. Para o "mysto", constitui uma revelação formal, a segurança vivida das realidades sagradas e de uma santa esperança. Graças a tradição, a revelação primitiva passa às gerações ulteriores e é comunicada por ato de iniciação. O mesmo princípio fundamental aplica-se ao cristianismo".


Na página seguinte, o mesmo autor prossegue: "Nos mistérios, quando o Pai Mistagogo comunica ao discípulo o que é necessário ao culto, essa transmissão tem o nome de traditio. E o essencial não é a instrução, mas a contemplação, tal como o conta Apuleio (Metamorphoses, 11, 21-23) ao narrar as experiências culturais do "mysto" Lúcius. Sem dúvida, no início há uma instrução, mas sempre para finalizar numa contemplação, pela qual o discípulo, o "mysto", entra em relação direta com a Divindade.


O mesmo ocorre no cristianismo (pág. 290).


Ouçamos agora as palavras de J. Ranft (o. c., pág. 275): "A parádosis designa a origem divina dos mistérios e a transmissão do conteúdo dos mistérios. Esta, à primeira vista, realiza-se pelo ministério dos homens, mas não é obra de homens; é Deus que ensina. O homem é apenas o intermediário, o Instrumento desse ensino divino. Além disso... desperta o homem interior. Logos é realmente uma palavra intraduzível: designa o próprio conteúdo dos mistérios, a palavra, o discurso, o ENSINO. É a palavra viva, dada por Deus, que enche o âmago do homem".


No Evangelho, a parádosis é constituída pelas palavras ou ensinos (lógoi) de Jesus, mas também simbolicamente pelos fatos narrados, que necessitam de interpretação, que inicialmente era dada, verbalmente, pelos "emissários" e pelos inspirados que os escreveram, com um talento superior de muito ao humano, deixando todos os ensinos profundos "velados", para só serem perfeitamente entendidos pelos que tivessem recebido, nos séculos seguintes, a revelação do sentido oculto, transmitida quer por um iniciado encarnado, quer diretamente manifestada pelo Cristo Interno. Os escritores que conceberam a parádosis no sentido helênico foram, sobretudo, João e Paulo; já os sinópticos a interpretam mais no sentido judaico, excetuando-se, por vezes, o grego Lucas, por sua convivência com Paulo, e os outros, quando reproduziam fielmente as palavras de Jesus.


Se recordarmos os mistérios de Elêusis (palavra que significa "advento, chegada", do verbo eléusomai," chegar"), ou de Delfos (e até mesmo os de Tebas, Ábydos ou Heliópolis), veremos que o Novo Testamento concorda seus termos com os deles. O logos transmitido (paradidômi) por Jesus é recebida (paralambánein) pelos DISCÍPULOS (mathêtês). Só que Jesus apresentou um elemento básico a mais: CRISTO. Leia-se Paulo: "recebi (parélabon) do Kyrios o que vos transmiti (parédote)" (l. ª Cor. 11:23).


O mesmo Paulo, que define a parádosis pagã como "de homens, segundo os elementos do mundo e não segundo Cristo" (CL 2:8), utiliza todas as palavras da iniciação pagã, aplicando-as à iniciação cristã: parádosis, sophía, logo", mystérion, dynamis, érgon, gnose, etc., termos que foram empregados também pelo próprio Jesus: "Nessa hora Jesus fremiu no santo pneuma e disse: abençôo-te, Pai, Senhor do céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e hábeis, e as revelaste aos pequenos, Sim, Pai, assim foi de teu agrado. Tudo me foi transmitido (parédote) por meu Pai. E ninguém tem a gnose do que é o Filho senão o Pai, e ninguém tem a gnose do que é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quer revelar (apokalypsai = tirar o véu). E voltando-se para seus discípulos, disse: felizes os olhos que vêem o que vedes. Pois digo-vos que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis, e não ouviram" (LC 10:21-24). Temos a impressão perfeita que se trata de ver e ouvir os mistérios iniciáticos que Jesus transmitia a seus discípulos.


E João afirma: "ninguém jamais viu Deus. O Filho Unigênito que esta no Pai, esse o revelou (exêgêsato, termo específico da língua dos mistérios)" (JO 1:18).


"PALAVRA OUVIDA"


A transmissão dos conhecimentos, da gnose, compreendia a instrução oral e o testemunhar das revelações secretas da Divindade, fazendo que o iniciado participasse de uma vida nova, em nível superior ( "homem novo" de Paulo), conhecendo doutrinas que deveriam ser fielmente guardadas, com a rigorosa observação do silêncio em relação aos não-iniciados (cfr. "não deis as coisas santas aos cães", MT 7:6).


Daí ser a iniciação uma transmissão ORAL - o LOGOS AKOÊS, ou "palavra ouvida" ou "ensino ouvido" - que não podia ser escrito, a não ser sob o véu espesso de metáforas, enigmas, parábolas e símbolos.


Esse logos não deve ser confundido com o Segundo Aspecto da Divindade (veja vol. 1 e vol. 3).


Aqui logos é "o ensino" (vol. 2 e vol. 3).


O Novo Testamento faz-nos conhecer esse modus operandi: Paulo o diz, numa construção toda especial e retorcida (para não falsear a técnica): "eis por que não cessamos de agradecer (eucharistoúmen) a Deus, porque, recebendo (paralabóntes) o ENSINO OUVIDO (lógon akoês) por nosso intermédio, de Deus, vós o recebestes não como ensino de homens (lógon anthrópôn) mas como ele é verdadeiramente: o ensino de Deus (lógon theou), que age (energeítai) em vós que credes" (l. ª Tess. 2:13).


O papel do "mysto" é ouvir, receber pelo ouvido, o ensino (lógos) e depois experimentar, como o diz Aristóteles, já citado por nós: "não apenas aprender (matheín), mas experimentar" (patheín).


Esse trecho mostra como o método cristão, do verdadeiro e primitivo cristianismo de Jesus e de seus emissários, tinha profunda conexão com os mistérios gregos, de cujos termos específicos e característicos Jesus e seus discípulos se aproveitaram, elevando, porém, a técnica da iniciação à perfeição, à plenitude, à realidade máxima do Cristo Cósmico.


Mas continuemos a expor. Usando, como Jesus, a terminologia típica da parádosis grega, Paulo insiste em que temos que assimilá-la interiormente pela gnose, recebendo a parádosis viva, "não mais de um Jesus de Nazaré histórico, mas do Kyrios, do Cristo ressuscitado, o Cristo Pneumatikós, esse mistério que é o Cristo dentro de vós" (CL 1:27).


Esse ensino oral (lógos akoês) constitui a tradição (traditio ou parádosis), que passa de um iniciado a outro ou é recebido diretamente do "Senhor" (Kyrios), como no caso de Paulo (cfr. GL 1:11): "Eu volo afirmo, meus irmãos, que a Boa-Nova que preguei não foi à maneira humana. Pois não na recebi (parélabon) nem a aprendi de homens, mas por uma revelação (apokálypsis) de Jesus Cristo".


Aos coríntios (l. ª Cor. 2:1-5) escreve Paulo: "Irmãos, quando fui a vós, não fui com o prestígio do lógos nem da sophía, mas vos anunciei o mistério de Deus. Decidi, com efeito, nada saber entre vós sen ão Jesus Cristo, e este crucificado. Fui a vós em fraqueza, em temor, e todo trêmulo, e meu logos e minha pregação não consistiram nos discursos persuasivos da ciência, mas numa manifestação do Esp írito (pneuma) e do poder (dynamis), para que vossa fé não repouse na sabedoria (sophía) dos homens, mas no poder (dynamis) de Deus".


A oposição entre o logos e a sophia profanos - como a entende Aristóteles - era salientada por Paulo, que se referia ao sentido dado a esses termos pelos "mistérios antigos". Salienta que à sophia e ao logos profanos, falta, no dizer dele, a verdadeira dynamis e o pnenma, que constituem o mistério cristão que ele revela: Cristo.


Em vários pontos do Novo Testamento aparece a expressão "ensino ouvido" ou "ouvir o ensino"; por exemplo: MT 7:24, MT 7:26; 10:14; 13:19, 20, 21, 22, 23; 15:12; 19:22; MC 4:14, MC 4:15, MC 4:16, MC 4:17, 18, 19, 20; LC 6:47; LC 8:11, LC 8:12, LC 8:13, LC 8:15; 10:39; 11:28; JO 5:24, JO 5:38; 7:40; 8:43; 14:24; AT 4:4; AT 10:44; AT 13:7; AT 15:7; EF 1:13; 1. ª Tess. 2:13; HB 4:2; 1. ª JO 2:7; Ap. 1:3.


DYNAMIS


Em Paulo, sobretudo, percebemos o sentido exato da palavra dynamis, tão usada nos Evangelhos.


Pneuma, o Espírito (DEUS), é a força Potencial ou Potência Infinita (Dynamis) que, quando age (energeín) se torna o PAI (érgon), a atividade, a ação, a "energia"; e o resultado dessa atividade é o Cristo Cósmico, o Kosmos universal, o Filho, que é Unigênito porque a emissão é única, já que espaço e tempo são criações intelectuais do ser finito: o Infinito é uno, inespacial, atemporal.


Então Dynamis é a essência de Deus o Absoluto, a Força, a Potência Infinita, que tudo permeia, cria e governa, desde os universos incomensuráveis até os sub-átomos infra-microscópicos. Numa palavra: Dynamis é a essência de Deus e, portanto, a essência de tudo.


Ora, o Filho é exatamente o PERMEAADO, ou o UNGIDO (Cristo), por essa Dynamis de Deus e pelo Érgon do Pai. Paulo já o dissera: "Cristo... é a dynamis de Deus e a sophía de Deus (Christòn theou dynamin kaí theou sophían, 1. ª Cor. 1:24). Então, manifesta-se em toda a sua plenitude (cfr. CL 2:9) no homem Jesus, a Dynamis do Pneuma (embora pneuma e dynamis exprimam realmente uma só coisa: Deus): essa dynamis do pneuma, atuando através do Pai (érgon) toma o nome de CRISTO, que se manifestou na pessoa Jesus, para introduzir a humanidade deste planeta no novo eon, já que "ele é a imagem (eikôn) do Deus invisível e o primogênito de toda criação" (CL 1:15).


EON


O novo eon foi inaugurado exatamente pelo Cristo, quando de Sua penetração plena em Jesus. Daí a oposição que tanto aparece no Novo Testamento Entre este eon e o eon futuro (cfr., i. a., MT 12:32;


MC 10:30; LC 16:8; LC 20:34; RM 12:2; 1. ª Cor. 1:20; 2:6-8; 3:18:2. ª Cor. 4:4; EF 2:2-7, etc.) . O eon "atual" e a vida da matéria (personalismo); O eon "vindouro" é a vida do Espírito ó individualidade), mas que começa na Terra, agora (não depois de desencarnados), e que reside no âmago do ser.


Por isso, afirmou Jesus que "o reino dos céus está DENTRO DE VÓS" (LC 17:21), já que reside NO ESPÍRITO. E por isso, zôê aiónios é a VIDA IMANENTE (vol, 2 e vol. 3), porque é a vida ESPIRITUAL, a vida do NOVO EON, que Jesus anunciou que viria no futuro (mas, entenda-se, não no futuro depois da morte, e sim no futuro enquanto encarnados). Nesse novo eon a vida seria a da individualidade, a do Espírito: "o meu reino não é deste mundo" (o físico), lemos em JO 18:36. Mas é NESTE mundo que se manifestará, quando o Espírito superar a matéria, quando a individualidade governar a personagem, quando a mente dirigir o intelecto, quando o DE DENTRO dominar o DE FORA, quando Cristo em nós tiver a supremacia sobre o eu transitório.


A criatura que penetra nesse novo eon recebe o selo (sphrágis) do Cristo do Espírito, selo indelével que o condiciona como ingresso no reino dos céus. Quando fala em eon, o Evangelho quer exprimir um CICLO EVOLUTIVO; na evolução da humanidade, em linhas gerais, podemos considerar o eon do animalismo, o eon da personalidade, o eon da individualidade, etc. O mais elevado eon que conhecemos, o da zôê aiónios (vida imanente) é o da vida espiritual plenamente unificada com Deus (pneuma-dynamis), com o Pai (lógos-érgon), e com o Filho (Cristo-kósmos).


DÓXA


Assim como dynamis é a essência de Deus, assim dóxa (geralmente traduzida por "glória") pode apresentar os sentidos que vimos (vol. 1). Mas observaremos que, na linguagem iniciática dos mistérios, além do sentido de "doutrina" ou de "essência da doutrina", pode assumir o sentido específico de" substância divina". Observe-se esse trecho de Paulo (Filp. 2:11): "Jesus Cristo é o Senhor (Kyrios) na substância (dóxa) de Deus Pai"; e mais (RM 6:4): "o Cristo foi despertado dentre os mortos pela substância (dóxa) do Pai" (isto é, pelo érgon, a energia do Som, a vibração sonora da Palavra).


Nesses passos, traduzir dóxa por glória é ilógico, não faz sentido; também "doutrina" aí não cabe. O sentido é mesmo o de "substância".


Vejamos mais este passo (l. ª Cor. 2:6-16): "Falamos, sim da sabedoria (sophia) entre os perfeitos (teleiois, isto é, iniciados), mas de uma sabedoria que não é deste eon, nem dos príncipes deste eon, que são reduzidos a nada: mas da sabedoria dos mistérios de Deus, que estava oculta, e que antes dos eons Deus destinara como nossa doutrina (dóxa), e que os príncipes deste mundo não reconheceram. De fato, se o tivessem reconhecido, não teriam crucificado o Senhor da Doutrina (Kyrios da dóxa, isto é, o Hierofante ou Mistagogo). Mas como está escrito, (anunciamos) o que o olho não viu e o ouvido não ouviu e o que não subiu sobre o coração do homem, mas o que Deus preparou para os que O amam.


Pois foi a nós que Deus revelou (apekalypsen = tirou o véu) pelo pneuma" (ou seja, pelo Espírito, pelo Cristo Interno).


MISTÉRIO


Mistério é uma palavra que modificou totalmente seu sentido através dos séculos, mesmo dentro de seu próprio campo, o religioso. Chamam hoje "mistério" aquilo que é impossível de compreender, ou o que se ignora irremissivelmente, por ser inacessível à inteligência humana.


Mas originariamente, o mistério apresentava dois sentidos básicos:

1. º - um ensinamento só revelado aos iniciados, e que permanecia secreto para os profanos que não podiam sabê-lo (daí proveio o sentido atual: o que não se pode saber; na antiguidade, não se podia por proibição moral, ao passo que hoje é por incapacidade intelectual);


2. º - a própria ação ou atividade divina, experimentada pelo iniciado ao receber a iniciação completa.


Quando falamos em "mistério", transliterando a palavra usada no Novo Testamento, arriscamo-nos a interpretar mal. Aí, mistério não tem o sentido atual, de "coisa ignorada por incapacidade intelectiva", mas é sempre a "ação divina revelada experimentalmente ao homem" (embora continue inacessível ao não-iniciado ou profano).


O mistério não é uma doutrina: exprime o caráter de revelação direta de Deus a seus buscadores; é uma gnose dos mistérios, que se comunica ao "mysto" (aprendiz de mística). O Hierofante conduz o homem à Divindade (mas apenas o conduz, nada podendo fazer em seu lugar). E se o aprendiz corresponde plenamente e atende a todas as exigências, a Divindade "age" (energeín) internamente, no "Esp írito" (pneuma) do homem. que então desperta (egereín), isto é, "ressurge" para a nova vida (cfr. "eu sou a ressurreição da vida", JO 11:25; e "os que produzirem coisas boas (sairão) para a restauração de vida", isto é, os que conseguirem atingir o ponto desejado serão despertados para a vida do espírito, JO 5-29).


O caminho que leva a esses passos, é o sofrimento, que prepara o homem para uma gnose superior: "por isso - conclui O. Casel - a cruz é para o cristão o caminho que conduz à gnose da glória" (o. c., pág. 300).


Paulo diz francamente que o mistério se resume numa palavra: CRISTO "esse mistério, que é o Cristo", (CL 1:27): e "a fim de que conheçam o mistério de Deus, o Cristo" (CL 2:2).


O mistério opera uma união íntima e física com Deus, a qual realiza uma páscoa (passagem) do atual eon, para o eon espiritual (reino dos céus).


O PROCESSO


O postulante (o que pedia para ser iniciado) devia passar por diversos graus, antes de ser admitido ao pórtico, à "porta" por onde só passavam as ovelhas (símbolo das criaturas mansas; cfr. : "eu sou a porta das ovelhas", JO 10:7). Verificada a aptidão do candidato profano, era ele submetido a um período de "provações", em que se exercitava na ORAÇÃO (ou petição) que dirigia à Divindade, apresentando os desejos ardentes ao coração, "mendigando o Espírito" (cfr. "felizes os mendigos de Espírito" MT 5:3) para a ele unir-se; além disso se preparava com jejuns e alimentação vegetariana para o SACRIF ÍCIO, que consistia em fazer a consagração de si mesmo à Divindade (era a DE + VOTIO, voto a Deus), dispondo-se a desprender-se ao mundo profano.


Chegado a esse ponto, eram iniciados os SETE passos da iniciação. Os três primeiros eram chamado "Mistérios menores"; os quatro últimos, "mistérios maiores". Eram eles:

1 - o MERGULHO e as ABLUÇÕES (em Elêusis havia dois lagos salgados artificiais), que mostravam ao postulante a necessidade primordial e essencial da "catarse" da "psiquê". Os candidatos, desnudos, entravam num desses lagos e mergulhavam, a fim de compreender que era necessário "morrer" às coisas materiais para conseguir a "vida" (cfr. : "se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica só; mas se morrer dá muito fruto", JO 12:24). Exprimia a importância do mergulho dentro de si mesmo, superando as dificuldades e vencendo o medo. Ao sair do lago, vestia uma túnica branca e aguardava o segundo passo.


2 - a ACEITAÇÃO de quem havia mergulhado, por parte do Mistagogo, que o confirmava no caminho novo, entre os "capazes". Daí por diante, teria que correr por conta própria todos os riscos inerentes ao curso: só pessoalmente poderia caminhar. Essa confirmação do Mestre simbolizava a "epiphanía" da Divindade, a "descida da graça", e o recem-aceito iniciava nova fase.


3 - a METÂNOIA ou mudança da mente, que vinha após assistir a várias tragédias e dramas de fundo iniciático. Todas ensinavam ao "mysto" novato, que era indispensável, através da dor, modificar seu" modo de pensar" em relação à vida, afastar-se de. todos os vícios e fraquezas do passado, renunciar a prazeres perniciosos e defeitos, tornando-se o mais perfeito (téleios) possível. Era buscada a renovação interna, pelo modo de pensar e de encarar a vida. Grande número dos que começavam a carreira, paravam aí, porque não possuíam a força capaz de operar a transmutação mental. As tentações os empolgavam e novamente se lançavam no mundo profano. No entanto, se dessem provas positivas de modifica ção total, de serem capazes de viver na santidade, resistindo às tentações, podiam continuar a senda.


Havia, então, a "experiência" para provar a realidade da "coragem" do candidato: era introduzido em grutas e câmaras escuras, onde encontrava uma série de engenhos lúgubres e figuras apavorantes, e onde demorava um tempo que parecia interminável. Dali, podia regressar ou prosseguir. Se regressava, saía da fileira; se prosseguia, recebia a recompensa justa: era julgado apto aos "mistérios maiores".


4 - O ENCONTRO e a ILUMINAÇÃO, que ocorria com a volta à luz, no fim da terrível caminhada por entre as trevas. Através de uma porta difícil de ser encontrada, deparava ele campos floridos e perfumados, e neles o Hierofante, em paramentação luxuosa. que os levava a uma refeição simples mas solene constante de pão, mel, castanhas e vinho. Os candidatos eram julgados "transformados", e porSABEDORIA DO EVANGELHO tanto não havia mais as exteriorizações: o segredo era desvelado (apokálypsis), e eles passavam a saber que o mergulho era interno, e que deviam iniciar a meditação e a contemplação diárias para conseguir o "encontro místico" com a Divindade dentro de si. Esses encontros eram de início, raros e breves, mas com o exercício se iam fixando melhor, podendo aspirar ao passo seguinte.


5 - a UNIÃO (não mais apenas o "encontro"), mas união firme e continuada, mesmo durante sua estada entre os profanos. Era simbolizada pelo drama sacro (hierõs gámos) do esponsalício de Zeus e Deméter, do qual nasceria o segundo Dionysos, vencedor da morte. Esse matrimônio simbólico e puro, realizado em exaltação religiosa (orgê) é que foi mal interpretado pelos que não assistiam à sua representação simbólica (os profanos) e que tacharam de "orgias imorais" os mistérios gregos. Essa "união", depois de bem assegurada, quando não mais se arriscava a perdê-la, preparava os melhores para o passo seguinte.


6 - a CONSAGRAÇÃO ou, talvez, a sagração, pela qual era representada a "marcação" do Espírito do iniciado com um "selo" especial da Divindade a quem o "mysto" se consagrava: Apolo, Dyonisos, Isis, Osíris, etc. Era aí que o iniciado obtinha a epoptía, ou "visão direta" da realidade espiritual, a gnose pela vivência da união mística. O epopta era o "vigilante", que o cristianismo denominou "epískopos" ou "inspetor". Realmente epopta é composto de epí ("sobre") e optos ("visível"); e epískopos de epi ("sobre") e skopéô ("ver" ou "observar"). Depois disso, tinha autoridade para ensinar a outros e, achando-se preso à Divindade e às obrigações religiosas, podia dirigir o culto e oficiar a liturgia, e também transmitir as iniciações nos graus menores. Mas faltava o passo decisivo e definitivo, o mais difícil e quase inacessível.


7 - a PLENITUDE da Divindade, quando era conseguida a vivência na "Alma Universal já libertada".


Nos mistérios gregos (em Elêusis) ensinava-se que havia uma Força Absoluta (Deus o "sem nome") que se manifestava através do Logos (a Palavra) Criador, o qual produzia o Filho (Kósmo). Mas o Logos tinha duplo aspecto: o masculino (Zeus) e o feminino (Deméter). Desse casal nascera o Filho, mas também com duplo aspecto: a mente salvadora (Dionysos) e a Alma Universal (Perséfone). Esta, desejando experiências mais fortes, descera à Terra. Mas ao chegar a estes reinos inferiores, tornouse a "Alma Universal" de todas as criaturas, e acabou ficando prisioneira de Plutão (a matéria), que a manteve encarcerada, ministrando-lhe filtros mágicos que a faziam esquecer sua origem divina, embora, no íntimo, sentisse a sede de regressar a seu verdadeiro mundo, mesmo ignorando qual fosse.


Dionysos quis salvá-la, mas foi despedaçado pelos Titãs (a mente fracionada pelo intelecto e estraçalhada pelos desejos). Foi quando surgiu Triptólemo (o tríplice combate das almas que despertam), e com apelos veementes conseguiu despertar Perséfone, revelando lhe sua origem divina, e ao mesmo tempo, com súplicas intensas às Forças Divinas, as comoveu; então Zeus novamente se uniu a Deméter, para fazer renascer Dionysos. Este, assumindo seu papel de "Salvador", desce à Terra, oferecendose em holocausto a Plutão (isto é, encarnando-se na própria matéria) e consegue o resgate de Perséfone, isto é, a libertação da Alma das criaturas do domínio da matéria e sua elevação novamente aos planos divinos. Por esse resumo, verificamos como se tornou fácil a aceitação entre os grego, e romanos da doutrina exposta pelos Emissários de Jesus, um "Filho de Deus" que desceu à Terra para resgatar com sua morte a alma humana.


O iniciado ficava permeado pela Divindade, tornando-se então "adepto" e atingindo o verdadeiro grau de Mestre ou Mistagogo por conhecimento próprio experimental. Já não mais era ele, o homem, que vivia: era "O Senhor", por cujo intermédio operava a Divindade. (Cfr. : "não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim", GL 2:20; e ainda: "para mim, viver é Cristo", Filp. 1:21). A tradição grega conservou os nomes de alguns dos que atingiram esse grau supremo: Orfeu... Pitágoras... Apolônio de Tiana... E bem provavelmente Sócrates (embora Schuré opine que o maior foi Platão).


NO CRISTIANISMO


Todos os termos néo-testamentários e cristãos, dos primórdios, foram tirados dos mistérios gregos: nos mistérios de Elêusis, o iniciado se tornava "membro da família do Deus" (Dionysos), sendo chamado.


então, um "santo" (hágios) ou "perfeito" (téleios). E Paulo escreve: "assim, pois, não sois mais estran geiros nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e familiares de Deus. ’ (EF 2:19). Ainda em Elêusis, mostrava-se aos iniciados uma "espiga de trigo", símbolo da vida que eternamente permanece através das encarnações e que, sob a forma de pão, se tornava participante da vida do homem; assim quando o homem se unia a Deus, "se tornava participante da vida divina" (2. ª Pe. 1:4). E Jesus afirmou: " Eu sou o PÃO da Vida" (JO 6. 35).


No entanto ocorreu modificação básica na instituição do Mistério cristão, que Jesus realizou na "última Ceia", na véspera de sua experiência máxima, o páthos ("paixão").


No Cristianismo, a iniciação toma sentido puramente espiritual, no interior da criatura, seguindo mais a Escola de Alexandria. Lendo Filon, compreendemos isso: ele interpreta todo o Antigo Testamento como alegoria da evolução da alma. Cada evangelista expõe a iniciação cristã de acordo com sua própria capacidade evolutiva, sendo que a mais elevada foi, sem dúvida, a de João, saturado da tradição (parádosis) de Alexandria, como pode ver-se não apenas de seu Evangelho, como também de seu Apocalipse.


Além disso, Jesus arrancou a iniciação dos templos, a portas fechadas, e jogou-a dentro dos corações; era a universalização da "salvação" a todos os que QUISESSEM segui-Lo. Qualquer pessoa pode encontrar o caminho (cfr. "Eu sou o Caminho", JO 14:6), porque Ele corporificou os mistérios em Si mesmo, divulgando-lhes os segredos através de Sua vida. Daí em diante, os homens não mais teriam que procurar encontrar um protótipo divino, para a ele conformar-se: todos poderiam descobrir e utir-se diretamente ao Logos que, através do Cristo, em Jesus se manifestara.


Observamos, pois, uma elevação geral de frequência vibratória, de tonus, em todo o processo iniciático dos mistérios.


E os Pais da Igreja - até o século 3. º o cristianismo foi "iniciático", embora depois perdesse o rumo quando se tornou "dogmático" - compreenderam a realidade do mistério cristão, muito superior, espiritualmente, aos anteriores: tornar o homem UM CRISTO, um ungido, um permeado da Divindade.


A ação divina do mistério, por exemplo, é assim descrita por Agostinho: "rendamos graças e alegremonos, porque nos tornamos não apenas cristãos, mas cristos" (Tract. in Joanne, 21,8); e por Metódio de Olímpio: "a comunidade (a ekklêsía) está grávida e em trabalho de parto, até que o Cristo tenha tomado forma em nós; até que o Cristo nasça em nós, para que cada um dos santos, por sua participação ao Cristo, se torne o cristo" (Patrol. Graeca, vol. 18, ccl. 150).


Temos que tornar-nos cristos, recebendo a última unção, conformando-nos com Ele em nosso próprio ser, já que "a redenção tem que realizar-se EM NÓS" (O. Casel, o. c., pág. 29), porque "o único e verdadeiro holocausto é o que o homem faz de si mesmo".


Cirilo de Jerusalém diz: "Já que entrastes em comunhão com o Cristo com razão sois chamados cristos, isto é, ungidos" (Catechesis Mystagogicae, 3,1; Patrol. Graeca,, 01. 33, col. 1087).


Essa transformação, em que o homem recebe Deus e Nele se transmuda, torna-o membro vivo do Cristo: "aos que O receberam, deu o poder de tornar-se Filhos de Deus" (JO 1:12).


Isso fez que Jesus - ensina-nos o Novo Testamento - que era "sacerdote da ordem de Melquisedec (HB 5:6 e HB 7:17) chegasse, após sua encarnação e todos os passos iniciáticos que QUIS dar, chegasse ao grau máximo de "pontífice da ordem de Melquisedec" (HB 5:10 e HB 6:20), para todo o planeta Terra.


CRISTO, portanto, é o mistério de Deus, o Senhor, o ápice da iniciação a experiência pessoal da Divindade.


através do santo ensino (hierôs lógos), que vem dos "deuses" (Espíritos Superiores), comunicado ao místico. No cristianismo, os emissários ("apóstolos") receberam do Grande Hierofante Jesus (o qual o recebeu do Pai, com Quem era UNO) a iniciação completa. Foi uma verdadeira "transmiss ão" (traditio, parádosis), apoiada na gnose: um despertar do Espírito que vive e experimenta a Verdade, visando ao que diz Paulo: "admoestando todo homem e ensinando todo homem, em toda sabedoria (sophía), para que apresentem todo homem perfeito (téleion, iniciado) em Cristo, para o que eu também me esforço (agõnizómenos) segundo a ação dele (energeían autou), que age (energouménen) em mim, em força (en dynámei)". CL 1:28-29.


Em toda essa iniciação, além disso, precisamos não perder de vista o "enthousiasmós" (como era chamado o "transe" místico entre os gregos) e que foi mesmo sentido pelos hebreus, sobretudo nas" Escolas de Profetas" em que eles se iniciavam (profetas significa "médiuns"); mas há muito se havia perdido esse "entusiasmo", por causa da frieza intelectual da interpretação literal das Escrituras pelos Escribas.


Profeta, em hebraico, é NaVY", de raiz desconhecida, que o Rabino Meyer Sal ("Les Tables de la Loi", éd. La Colombe, Paris, 1962, pág. 216/218) sugere ter sido a sigla das "Escolas de Profetas" (escolas de iniciação, de que havia uma em Belém, de onde saiu David). Cada letra designaria um setor de estudo: N (nun) seriam os sacerdotes (terapeutas do psicossoma), oradores, pensadores, filósofos;

V (beth) os iniciados nos segredos das construções dos templos ("maçons" ou pedreiros), arquitetos, etc. ; Y (yod) os "ativos", isto é, os dirigentes e políticos, os "profetas de ação"; (aleph), que exprime "Planificação", os matemáticos, geômetras, astrônomos, etc.


Isso explica, em grande parte, porque os gregos e romanos aceitaram muito mais facilmente o cristianismo, do que os judeus, que se limitavam a uma tradição que consistia na repetição literal decorada dos ensinos dos professores, num esforço de memória que não chegava ao coração, e que não visavam mais a qualquer experiência mística.


TEXTOS DO N. T.


O termo mystérion aparece várias vezes no Novo Testamento.


A - Nos Evangelhos, apenas num episódio, quando Jesus diz a Seus discípulos: "a vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus" (MT 13:11; MC 4:11; LC 8:10).


B - Por Paulo em diversas epístolas: RM 11:25 - "Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério... o endurecimento de Israel, até que hajam entrado todos os gentios".


Rom. 16:15 - "conforme a revelação do mistério oculto durante os eons temporais (terrenos) e agora manifestados".


1. ª Cor. 2:1 – "quando fui ter convosco... anunciando-vos o mistério de Deus".


1. ª Cor. 2:4-7 - "meu ensino (logos) e minha pregação não foram em palavras persuasivas, mas em demonstração (apodeíxei) do pneúmatos e da dynámeôs, para que vossa fé não se fundamente na sophía dos homens, mas na dynámei de Deus. Mas falamos a sophia nos perfeitos (teleiois, iniciados), porém não a sophia deste eon, que chega ao fim; mas falamos a sophia de Deus em mistério, a que esteve oculta, a qual Deus antes dos eons determinou para nossa doutrina". 1. ª Cor. 4:1 - "assim considerem-nos os homens assistentes (hypêrétas) ecônomos (distribuidores, dispensadores) dos mistérios de Deus".


1. ª Cor. 13:2 - "se eu tiver mediunidade (prophéteía) e conhecer todos os mistérios de toda a gnose, e se tiver toda a fé até para transportar montanhas, mas não tiver amor (agápé), nada sou". l. ª Cor. 14:2 - "quem fala em língua (estranha) não fala a homens, mas a Deus, pois ninguém o ouve, mas em espírito fala mistérios". 1. ª Cor. 15:51 - "Atenção! Eu vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados".


EF 1:9 - "tendo-nos feito conhecido o mistério de sua vontade"

EF 3:4 - "segundo me foi manifestado para vós, segundo a revelação que ele me fez conhecer o mistério (como antes vos escrevi brevemente), pelo qual podeis perceber, lendo, minha compreensão no mistério do Cristo".


EF 3:9 - "e iluminar a todos qual a dispensação (oikonomía) do mistério oculto desde os eons, em Deus, que criou tudo".


EF 5:32 - "este mistério é grande: mas eu falo a respeito do Cristo e da ekklésia.


EF 9:19 - "(suplica) por mim, para que me possa ser dado o logos ao abrir minha boca para, em público, fazer conhecer o mistério da boa-nova".


CL 1:24-27 - "agora alegro-me nas experimentações (Pathêmasin) sobre vós e completo o que falta das pressões do Cristo em minha carne, sobre o corpo dele que é a ekklêsía, da qual me tornei servidor, segundo a dispensação (oikonomía) de Deus, que me foi dada para vós, para plenificar o logos de Deus, o mistério oculto nos eons e nas gerações, mas agora manifestado a seus santos (hagioi, iniciados), a quem aprouve a Deus fazer conhecer a riqueza da doutrina (dóxês; ou "da substância") deste mistério nas nações, que é CRISTO EM VÓS, esperança da doutrina (dóxês)".


CL 2:2-3 - "para que sejam consolados seus corações, unificados em amor, para todas as riquezas da plena convicção da compreensão, para a exata gnose (epígnôsin) do mistério de Deus (Cristo), no qual estão ocultos todos os tesouros da sophía e da gnose".


CL 4:3 - "orando ao mesmo tempo também por nós, para que Deus abra a porta do logos para falar o mistério do Cristo, pelo qual estou em cadeias".


2. ª Tess. 2:7 - "pois agora já age o mistério da iniquidade, até que o que o mantém esteja fora do caminho".


1. ª Tim. 3:9 - "(os servidores), conservando o mistério da fé em consciência pura".


1. ª Tim. 2:16 - "sem dúvida é grande o mistério da piedade (eusebeías)".


No Apocalipse (1:20; 10:7 e 17:5, 7) aparece quatro vezes a palavra, quando se revela ao vidente o sentido do que fora dito.


CULTO CRISTÃO


Depois de tudo o que vimos, torna-se evidente que não foi o culto judaico que passou ao cristianismo primitivo. Comparemos: A luxuosa arquitetura suntuosa do Templo grandioso de Jerusalém, com altares maciços a escorrer o sangue quente das vítimas; o cheiro acre da carne queimada dos holocaustos, a misturar-se com o odor do incenso, sombreando com a fumaça espessa o interior repleto; em redor dos altares, em grande número, os sacerdotes a acotovelar-se, munidos cada um de seu machado, que brandiam sem piedade na matança dos animais que berravam, mugiam dolorosamente ou balavam tristemente; o coro a entoar salmos e hinos a todo pulmão, para tentar superar a gritaria do povo e os pregões dos vendedores no ádrio: assim se realizava o culto ao "Deus dos judeus".


Em contraste, no cristianismo nascente, nada disso havia: nem templo, nem altares, nem matanças; modestas reuniões em casas de família, com alguns amigos; todos sentados em torno de mesa simples, sobre a qual se via o pão humilde e copos com o vinho comum. Limitava-se o culto à prece, ao recebimento de mensagens de espíritos, quando havia "profetas" na comunidade, ao ensino dos "emissários", dos "mais velhos" ou dos "inspetores", e à ingestão do pão e do vinho, "em memória da última ceia de Jesus". Era uma ceia que recebera o significativo nome de "amor" (ágape).


Nesse repasto residia a realização do supremo mistério cristão, bem aceito pelos gregos e romanos, acostumados a ver e compreender a transmissão da vida divina, por meio de símbolos religiosos. Os iniciados "pagãos" eram muito mais numerosos do que se possa hoje supor, e todos se sentiam membros do grande Kósmos, pois, como o diz Lucas, acreditavam que "todos os homens eram objeto da benevolência de Deus" (LC 2:14).


Mas, ao difundir-se entre o grande número e com o passar dos tempos, tudo isso se foi enfraquecendo e seguiu o mesmo caminho antes experimentado pelo judaísmo; a força mística, só atingida mais tarde por alguns de seus expoentes, perdeu-se, e o cristianismo "foi incapaz - no dizer de O. Casel - de manterse na continuação, nesse nível pneumático" (o. c. pág. 305). A força da "tradição" humana, embora condenada com veemência por Jesus (cfr. MT 15:1-11 e MT 16:5-12; e MC 7:1-16 e MC 8:14-11; veja atrás), fez-se valer, ameaçando as instituições religiosas que colocam doutrinas humanas ao lado e até acima dos preceitos divinos, dando mais importância às suas vaidosas criações. E D. Odon Casel lamenta: " pode fazer-se a mesma observação na história da liturgia" (o. c., pág. 298). E, entristecido, assevera ainda: "Verificamos igualmente que a concepção cristã mais profunda foi, sob muitos aspectos, preparada muito melhor pelo helenismo que pelo judaísmo. Lamentavelmente a teologia moderna tende a aproximar-se de novo da concepção judaica de tradição, vendo nela, de fato, uma simples transmiss ão de conhecimento, enquanto a verdadeira traditio, apoiada na gnose, é um despertar do espírito que VIVE e EXPERIMENTA a Verdade" (o. c., pág. 299).


OS SACRAMENTOS


O termo latino que traduz a palavra mystérion é sacramentum. Inicialmente conservou o mesmo sentido, mas depois perdeu-os, para transformar-se em "sinal visível de uma ação espiritual invisível".


No entanto, o estabelecimento pelas primeiras comunidades cristãs dos "sacramentos" primitivos, perdura até hoje, embora tendo perdido o sentido simbólico inicial.


Com efeito, a sucessão dos "sacramentos" revela exatamente, no cristianismo, os mesmos passos vividos nos mistérios grego. Vejamos:
1- o MERGULHO (denominado em grego batismo), que era a penetração do catecúmeno em seu eu interno. Simbolizava-se na desnudação ao pretendente, que largava todas as vestes e mergulhava totalmente na água: renunciava de modo absoluto as posses (pompas) exteriores e aos próprios veículos físicos, "vestes" do Espírito, e mergulhava na água, como se tivesse "morrido", para fazer a" catarse" (purificação) de todo o passado. Terminado o mergulho, não era mais o catecúmeno, o profano. Cirilo de Jerusalém escreveu: "no batismo o catecúmeno tinha que ficar totalmente nu, como Deus criou o primeiro Adão, e como morreu o segundo Adão na cruz" (Catechesis Mistagogicae,

2. 2). Ao sair da água, recebia uma túnica branca: ingressava oficialmente na comunidade (ekklêsía), e então passava a receber a segunda parte das instruções. Na vida interna, após o "mergulho" no próprio íntimo, aguardava o segundo passo.


2- a CONFIRMAÇÃO, que interiormente era dada pela descida da "graça" da Força Divina, pela" epifanía" (manifestação), em que o novo membro da ekklêsía se sentia "confirmado" no acerto de sua busca. Entrando em si mesmo a "graça" responde ao apelo: "se alguém me ama, meu Pai o amará, e NÓS viremos a ele e permaneceremos nele" (JO 14:23). O mesmo discípulo escreve em sua epístola: "a Vida manifestou-se, e a vimos, e damos testemunho. e vos anunciamos a Vida Imanente (ou a Vida do Novo Eon), que estava no Pai e nos foi manifestada" (l. ª JO 1:2).


3- a METÁNOIA (modernamente chamada "penitência") era então o terceiro passo. O aprendiz se exercitava na modificação da mentalidade, subsequente ao primeiro contato que tinha tido com a Divindade em si mesmo. Depois de "sentir" em si a força da Vida Divina, há maior compreensão; os pensamentos sobem de nível; torna-se mais fácil e quase automático o discernimento (krísis) entre certo e errado, bem e mal, e portanto a escolha do caminho certo. Essa metánoia é ajudada pelos iniciados de graus mais elevados, que lhe explicam as leis de causa e efeito e outras.


4- a EUCARISTIA é o quarto passo, simbolizando por meio da ingestão do pão e do vinho, a união com o Cristo. Quem mergulhou no íntimo, quem recebeu a confirmação da graça e modificou seu modo de pensar, rapidamenle caminha para o encontro definitivo com o Mestre interno, o Cristo.


Passa a alimentar-se diretamente de seus ensinos, sem mais necessidade de intermediários: alimentase, nutre-se do próprio Cristo, bebe-Lhe as inspirações: "se não comeis a carne do Filho do Homem e não bebeis seu sangue, não tendes a vida em vós. Quem saboreia minha carne e bebe meu sangue tem a Vida Imanente, porque minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é

verdadeiramente bebida. Quem come minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (JO 6:53 ss).


5- MATRIMÔNIO é o resultado do encontro realizado no passo anterior: e o casamento, a FUSÃO, a união entre a criatura e o Criador, entre o iniciado e Cristo: "esse mistério é grande, quero dizê-lo em relação ao Cristo e à ekklêsia", escreveu Paulo, quando falava do "matrimônio" (EF 5:32). E aqueles que são profanos, que não têm essa união com o Cristo, mas antes se unem ao mundo e a suas ilusões, são chamados "adúlteros" (cfr. vol. 2). E todos os místicos, unanimemente, comparam a união mística com o Cristo ti uma união dos sexos no casamento.


6- a ORDEM é o passo seguinte. Conseguida a união mística a criatura recebe da Divindade a consagra ção, ou melhor, a "sagração", o "sacerdócio" (sacer "sagrado", dos, dotis, "dote"), o "dote sagrado" na distribuição das graças o quinhão especial de deveres e obrigações para com o "rebanho" que o cerca. No judaísmo, o sacerdote era o homem encarregado de sacrificar ritualmente os animais, de examinar as vítimas, de oferecer os holocaustos e de receber as oferendas dirigindo o culto litúrgico. Mais tarde, entre os profanos sempre, passou a ser considerado o "intemediário" entre o homem e o Deus "externo". Nessa oportunidade, surge no Espírito a "marca" indelével, o selo (sphrágis) do Cristo, que jamais se apaga, por todas as vidas que porventura ainda tenha que viver: a união com essa Força Cósmica, de fato, modifica até o âmago, muda a frequência vibratória, imprime novas características e a leva, quase sempre, ao supremo ponto, à Dor-Sacrifício-Amor.


7- a EXTREMA UNÇÃO ("extrema" porque é o último passo, não porque deva ser dada apenas aos moribundos) é a chave final, o último degrau, no qual o homem se torna "cristificado", totalmente ungido pela Divindade, tornando-se realmente um "cristo".


Que esses sacramentos existiram desde os primeiros tempos do cristianismo, não há dúvida. Mas que não figuram nos Evangelhos, também é certo. A conclusão a tirar-se, é que todos eles foram comunicados oralmente pela traditio ou transmissão de conhecimentos secretos. Depois na continuação, foram permanecendo os ritos externos e a fé num resultado interno espiritual, mas já não com o sentido primitivo da iniciação, que acabamos de ver.


Após este escorço rápido, cremos que a afirmativa inicial se vê fortalecida e comprovada: realmente Jesus fundou uma "ESCOLA INICIÁTICA", e a expressão "logos akoês" (ensino ouvido), como outras que ainda aparecerão, precisam ser explicadas à luz desse conhecimento.


* * *

Neste sentido que acabamos de estudar, compreendemos melhor o alcance profundo que tiveram as palavras do Mestre, ao estabelecer as condições do discipulato.


Não podemos deixar de reconhecer que a interpretação dada a Suas palavras é verdadeira e real.


Mas há "mais alguma coisa" além daquilo.


Trata-se das condições exigidas para que um pretendente possa ser admitido na Escola Iniciática na qualidade de DISCÍPULO. Não basta que seja BOM (justo) nem que possua qualidades psíquicas (PROFETA). Não é suficiente um desejo: é mistér QUERER com vontade férrea, porque as provas a que tem que submeter-se são duras e nem todos as suportam.


Para ingressar no caminho das iniciações (e observamos que Jesus levava para as provas apenas três, dentre os doze: Pedro, Tiago e João) o discípulo terá que ser digno SEGUIDOR dos passos do Mestre.


Seguidor DE FATO, não de palavras. E para isso, precisará RENUNCIAR a tudo: dinheiro, bens, família, parentesco, pais, filhos, cônjuges, empregos, e inclusive a si mesmo: à sua vontade, a seu intelecto, a seus conhecimentos do passado, a sua cultura, a suas emoções.


A mais, devia prontificar-se a passar pelas experiências e provações dolorosas, simbolizadas, nas iniciações, pela CRUZ, a mais árdua de todas elas: o suportar com alegria a encarnação, o mergulho pesado no escafandro da carne.


E, enquanto carregava essa cruz, precisava ACOMPANHAR o Mestre, passo a passo, não apenas nos caminhos do mundo, mas nos caminhos do Espírito, difíceis e cheios de dores, estreitos e ladeados de espinhos, íngremes e calçados de pedras pontiagudas.


Não era só. E o que se acrescenta, de forma enigmática em outros planos, torna-se claro no terreno dos mistérios iniciáticos, que existiam dos discípulos A MORTE À VIDA DO FÍSICO. Então compreendemos: quem tiver medo de arriscar-se, e quiser "preservar" ou "salvar" sua alma (isto é, sua vida na matéria), esse a perderá, não só porque não receberá o grau a que aspira, como ainda porque, na condição concreta de encarnado, talvez chegue a perder a vida física, arriscada na prova. O medo não o deixará RESSUSCITAR, depois da morte aparente mas dolorosa, e seu espírito se verá envolvido na conturbação espessa e dementada do plano astral, dos "infernos" (ou umbral) a que terá que descer.


No entanto, aquele que intimorato e convicto da realidade, perder, sua alma, (isto é, "entregar" sua vida do físico) à morte aparente, embora dolorosa, esse a encontrará ou a salvará, escapando das injunções emotivas do astral, e será declarado APTO a receber o grau seguinte que ardentemente ele deseja.


Que adianta, com efeito, a um homem que busca o Espírito, se ganhar o mundo inteiro, ao invés de atingir a SABEDORIA que é seu ideal? Que existirá no mundo, que possa valer a GNOSE dos mistérios, a SALVAÇÃO da alma, a LIBERTAÇÃO das encarnações tristes e cansativas?


Nos trabalhos iniciáticos, o itinerante ou peregrino encontrará o FILHO DO HOMEM na "glória" do Pai, em sua própria "glória", na "glória" de Seus Santos Mensageiros. Estarão reunidos em Espírito, num mesmo plano vibratório mental (dos sem-forma) os antigos Mestres da Sabedoria, Mensageiros da Palavra Divina, Manifestantes da Luz, Irradiadores da Energia, Distribuidores do Som, Focos do Amor.


Mas, nos "mistérios", há ocasiões em que os "iniciantes", também chamados mystos, precisam dar testemunhos públicos de sua qualidade, sem dizerem que possuem essa qualidade. Então está dado o aviso: se nessas oportunidades de "confissão aberta" o discípulo "se envergonhar" do Mestre, e por causa de "respeitos humanos" não realizar o que deve, não se comportar como é da lei, nesses casos, o Senhor dos Mistérios, o Filho do Homem, também se envergonhará dele, considerá-lo-á inepto, incapaz para receber a consagração; não mais o reconhecerá como discípulo seu. Tudo, portanto, dependerá de seu comportamento diante das provas árduas e cruentas a que terá que submeter-se, em que sua própria vida física correrá risco.


Observe-se o que foi dito: "morrer" (teleutan) e "ser iniciado" (teleusthai) são verbos formados do mesmo radical: tele, que significa FIM. Só quem chegar AO FIM, será considerado APTO ou ADEPTO (formado de AD = "para", e APTUM = "apto").


Nesse mesmo sentido entendemos o último versículo: alguns dos aqui presentes (não todos) conseguirão certamente finalizar o ciclo iniciático, podendo entrar no novo EON, no "reino dos céus", antes de experimentar a morte física. Antes disso, eles descobrirão o Filho do Homem em si mesmos, com toda a sua Dynamis, e então poderão dizer, como Paulo disse: "Combati o bom combate, terminei a carreira, mantive a fidelidade: já me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia - e não só a mim, como a todos os que amaram sua manifestação" (2. ª Tim. 4:7-8).



Locais

Estes lugares estão apresentados aqui porque foram citados no texto Bíblico, contendo uma breve apresentação desses lugares.

JERUSALÉM

Clique aqui e abra o mapa no Google (Latitude:31.783, Longitude:35.217)
Nome Atual: Jerusalém
Nome Grego: Ἱεροσόλυμα
Atualmente: Israel
Jerusalém – 760 metros de altitude (Bronze Antigo) Invasões: cercada por Senequaribe em 710 a.C.; dominada pelo Faraó Neco em 610, foi destruída por Nabucodonosor em 587. Depois do Cativeiro na Babilônia, seguido pela restauração do templo e da cidade, Jerusalém foi capturada por Ptolomeu Soter em 320 a.C., e em 170 suas muralhas foram arrasadas por Antíoco Epifânio. Em 63 a.C. foi tomada por Pompeu, e finalmente no ano 70 de nossa era foi totalmente destruída pelos romanos.

Localizada em um planalto nas montanhas da Judeia entre o Mar Mediterrâneo e o mar Morto, é uma das cidades mais antigas do mundo. De acordo com a tradição bíblica, o rei Davi conquistou a cidade dos jebuseus e estabeleceu-a como a capital do Reino Unido de Israel, enquanto seu filho, o rei Salomão, encomendou a construção do Primeiro Templo.
Mapa Bíblico de JERUSALÉM



Comentários Bíblicos

Este capítulo é uma coletânea de interpretações abrangentes da Bíblia por diversos teólogos renomados. Cada um deles apresenta sua perspectiva única sobre a interpretação do texto sagrado, abordando diferentes aspectos como a história, a cultura, a teologia e a espiritualidade. O capítulo oferece uma visão panorâmica da diversidade de abordagens teológicas para a interpretação da Bíblia, permitindo que o leitor compreenda melhor a complexidade do texto sagrado e suas implicações em diferentes contextos e tradições religiosas. Além disso, o capítulo fornece uma oportunidade para reflexão e debate sobre a natureza da interpretação bíblica e sua relevância para a vida religiosa e espiritual.

Beacon

Comentário Bíblico de Beacon - Interpretação abrangente da Bíblia por 40 teólogos evangélicos conservadores
Beacon - Comentários de Atos Capítulo 1 do versículo 1 até o 5
SEÇÃO

INTRODUÇÃO
Atos 1:1-26

O primeiro capítulo do livro de Atos é uma introdução. Os "atos" começam verdadei-ramente no capítulo 2, quando o Espírito Santo já capacitou os apóstolos e outros para agirem com eficácia. O primeiro capítulo estabelece uma ligação entre os Evangelhos, terminando com a ascensão e o início da história da igreja no Pentecostes.

O conteúdo consiste em uma breve afirmação daquilo que ocorreu nos quarenta dias entre a ressurreição e a ascensão de Cristo (1-11), e é a única descrição que temos do que aconteceu durante os dez dias entre este período e o Pentecostes (12-26). Assim, este primeiro capítulo é de grande importância histórica.

A. OS QUARENTA DIAS, 1:1-11

Embora esteja implícito que Jesus apareceu aos seus discípulos de tempos em tem-pos durante os quarenta dias (veja o quadro B), somente duas dessas aparições são men-cionadas aqui. Na primeira (4-5), Jesus ordenou que eles esperassem pelo Espírito Santo prometido. Na segunda (6-9), Ele fez a promessa do poder para testemunhar.

1. O Mandamento (1:1-5)

Este parágrafo pode ser adequadamente chamado de prefácio ou prólogo ao livro de Atos, embora alguns restrinjam o prólogo aos dois primeiros versículos. Talvez a melhor conclusão seja esta: "O livro de Atos começa com uma transição, e não com um prefácio"! Na atualidade, os estudiosos no Novo Testamento geralmente opinam que a intenção do prefácio do Evangelho de Lucas (1:1-4) era a de servir também como o prefácio do livro de Atos.
Lucas se refere imediatamente ao primeiro tratado (1). A palavra grega para "pri-meiro" é protos, que no grego clássico era usada para designar o "primeiro" de três ou mais itens. Com base neste fato, alguns julgaram que Lucas pretendia escrever um ter-ceiro volume. Eles opinam que isto talvez ajude a explicar por que o livro de Atos termina tão abruptamente. Mas a maioria dos estudiosos da atualidade concordaria com Lumby, que escreve: "O uso de protos como a anterior ou a primeira entre duas coisas não era incomum no grego mais recente".2 Exemplos disso no Novo Testamento estão em Mateus 21:28; I Coríntios 14:30; Hebreus 8:7-9.15; Apocalipse 21:1. O uso de "primeiro" em lugar de "anterior" é comum na língua inglesa atual.

A palavra grega para "tratado" é logos, que é traduzida como "palavra" em 218 de suas 330 ocorrências no Novo Testamento. Somente aqui ela é traduzida como "tratado". Mas este uso está confirmado por Xenofontes (século IV a.C.), que se refere a um "livro" de sua obra Anabasis como um logos.' O primeiro tratado é, sem dúvida, o Evangelho de Lucas, que também é dedicado a Teófilo.

O Evangelho de Lucas e o livro de Atos são os dois livros mais longos do Novo Testa-mento. Juntos, eles totalizam cerca de uma quarta parte do conteúdo total. É provável que os limites destes dois livros fossem definidos pelo fato de que era impraticável elabo-rar um rolo de papiro com mais de onze metros, aproximadamente. O Evangelho de Lucas e o livro de Atos atingem, cada um deles, cerca de dez metros — um rolo suficien-temente incômodo para se carregar!

O nome Teófilo ("amigo de Deus", ou "aquele que ama a Deus") é encontrado so-mente aqui e em Lucas 1:3, onde ele é chamado de "excelentíssimo" (ver comentários sobre aquele versículo). Houve alguma especulação quanto ao motivo pelo qual o título é omitido aqui. Blaiklock menciona três possíveis motivos: "um aprofundamento da ami-zade, o abando do ofício ou a conversão ao cristianismo".4 Mas talvez a justificativa mais simples seja a de que Lucas não viu a necessidade de repetir o título.

Lucas diz que no primeiro tratado ele escreveu acerca de tudo que Jesus come-çou não só a fazer, mas a ensinar. Muitos dos estudiosos mais recentes negaram que a palavra "começou" tenha qualquer significado, sustentando que se trata meramente de uma palavra auxiliar semita — "começou a fazer" significa um pouco mais que "fez".5 Mas F. F. Bruce acertadamente objeta esta opinião. Ele interpreta a frase da mesma maneira como o fazem muitos dos comentaristas mais velhos: "Da mesma maneira como o Evangelho nos conta o que Jesus começou a fazer e ensinar, assim também o livro de Atos nos conta o que Ele continuou a fazer e ensinar pelo seu Espírito na vida dos após-tolos, depois da sua ascensão".6

A expressão em duas partes — fazer e ensinar — chama a atenção para os dois principais aspectos do ministério de Jesus — as suas obras e palavras. Ambas tinham em si o poder divino.

Lucas indica que no seu primeiro tratado, o Evangelho que leva o seu nome, ele descrevera as palavras e as obras de Cristo até o dia em que Ele foi recebido em cima (2). É um fato intrigante que o Evangelho de Lucas, e somente ele, termine com uma descrição da ascensão.

A expressão ter dado mandamentos é um particípio em grego, "tendo mandado". É melhor traduzido no singular — "ter dado mandamento" (ASV). Isto se refere à Gran-de Comissão (Mt 28:18-20), que foi o mandamento final de Cristo para os seus discípulos.

Padecido (3) é usado apenas aqui no Novo Testamento significando o sofrimento e a morte de nosso Senhor. As primeiras versões em inglês apresentam a palavra paixão em cerca de meia dúzia de passagens, segundo a Septuaginta, que apresenta passio (grego, pathema, "sofrimento") :

Apresentou (3) é a melhor tradução, em lugar de "mostrou". Literalmente, "Ele se colocou ao lado deles" nas suas aparições depois da sua ressurreição, de tal maneira que eles não poderiam duvidar que fosse Ele (cf. Lc 24:30-31).

Infalíveis provas é uma palavra, "provas" (ASV). Mas existe uma outra mais forte (tekmerion), encontrada somente aqui no Novo Testamento. Ela significa "um sinal segu-ro, uma prova positiva".8 Thayer define isto como "meio pelo qual algo é certamente e plenamente conhecido; uma evidência indubitável, uma prova".9 Arndt e Gingrich dizem que significa "uma prova convincente, decisiva", e eles assim traduzem a frase: "muitas provas convincentes".10

Sendo visto por eles por espaço de quarenta dias (lit., "durante quarenta dias") significa que Jesus aparecia aos seus seguidores periodicamente durante este período (ver o quadro B), como sabemos a partir dos relatos dos Evangelhos. Esta é a única passagem no Novo Testamento onde é mencionada a extensão do seu ministério pós-ressurreição.

O assunto das conversas de Cristo com os discípulos durante esses quarenta dias era o Reino de Deus. Esta expressão, freqüentemente encontrada nos Evangelhos, quer dizer o reinado ou a lei de Deus no coração dos homens. Sem dúvida, Jesus falava sobre a natureza espiritual do Reino. Mas a verdade penetrava muito lentamente. O fato de que os discípulos ainda vislumbravam este Reino como um reino político é demonstrado na sua pergunta no versículo 6: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?

Estando com eles (4) é uma única palavra em grego (synalizomenos). Cadbury e Lake adotam uma leitura alternativa, encontrada em Eusébio, synaulizomenos, que quer dizer "passar a noite com, hospedar-se com"» Esta é evidentemente a base da tradução "estando com eles". Provavelmente, a melhor tradução é aquela encontrada na margem das versões mais atuais em inglês: "comendo com eles". Esta opinião é compartilhada por C. S. C. Williams em sua tradução "compartilhando refeições com eles".'

Determinou, em grego, não é a mesma palavra encontrada no versículo 2 (ver os comentários sobre este texto). Abbott-Smith indica que a palavra usada na passagem anterior "aponta mais para o conteúdo do mandamento", ao passo que o termo encon-trado aqui é usado "especialmente para as ordens transmitidas por um comandante militar"." Os discípulos ainda não estavam adequadamente capacitados para a sua principal ofensiva contra o inimigo. Assim, o seu General ordenou que eles esperassem (lit., "esperar nas redondezas") até serem autorizados pelo Espírito Santo a executa-rem a sua tarefa.

O mandamento de que não se ausentassem de Jerusalém sugere que os discí-pulos estavam planejando retornar ao seu território natal na Galiléia. Os governantes judeus de Jerusalém tinham causado a morte do seu Mestre, e naturalmente esperava-se que perseguissem os seus seguidores. Além disso, os anjos no sepulcro vazio ti-nham avisado, por meio das mulheres, que os discípulos deveriam encontrar o seu Senhor ressuscitado na Galiléia (Mt 28:7; Mc 16:7). Jesus os tinha encontrado ali (cf. Mt 28:16-20; Jo 21:1-14). Portanto, parece completamente lógico que os discípulos retornassem para lá.

Mas o Mestre tinha outros planos para eles. Ele ordenou que esperassem em Jeru-salém pela promessa do Pai, i.e., a promessa feita pelo Pai (cf. Is 44:2-5; Ez 39:28-29; Jl 2:28-29). Esta é uma promessa que de mim ouvistes (cf. Lc 24:49; Jo 14:16-26; 15.26). Rackham observa que "a repentina mudança do estilo direto para o indireto (a expressão disse ele não consta no texto grego) é característico do estilo dramático de Lucas"."

A afirmação do versículo 5 é intimamente correspondente às palavras de João Batista encontradas em Mateus 3:11; Marcos 1:8 e Lucas 3:16. Da mesma maneira que Jesus repetira o principal texto da pregação de João (cf. Mt 3:2-4.17), agora Ele também ecoava a antiga declaração de João Batista. Esta forte ênfase no batismo no Espírito Santo como maior e mais essencial do que o batismo nas águas antecipa o impulso central do livro de Atos. Qualquer cristianismo que negligencie o batismo pelo Espírito é incompleto e pré-pentecostal. Na verdade, ainda não se iguala à pre-gação de João Batista. Sem esse batismo, não teria existido o livro de Atos, e na verdade nem a Igreja de Cristo hoje. Sem o batismo no Espírito Santo como uma experiência pessoal, não existe uma capacitação adequada para uma vida vitoriosa e um serviço eficaz.

A última frase do versículo 5 é, literalmente: "não depois destes muitos dias" Williams comenta: "A ordem curiosa das palavras... pode ser do aramaico (Torrey e Burney) ou possivelmente um latinismo (Blass)." Ela provavelmente significa "não muitos dias de-pois de hoje"."


Champlin

Antigo e Novo Testamento interpretado versículo por versículo por Russell Norman Champlin é cristão de cunho protestante
Champlin - Comentários de Atos Capítulo 1 versículo 4
A promessa do Pai, que se cumpriu com a vinda do Espírito Santo, narrada no cap. At 2:1 (conforme At 2:33; Gl 3:14; Ef 1:13).At 1:4 Lc 24:49; Jo 14:16-17; Jo 14:26; Jo 15:26; Jo 16:7-15.

Genebra

Comentários da Bíblia de Estudos de Genebra pela Sociedade Bíblica do Brasil para versão Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Genebra - Comentários de Atos Capítulo 1 do versículo 1 até o 26
*

1.1 o primeiro livro. O evangelho de Lucas, conforme mostrado pela referência a Teófilo (Lc 1:3).

todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar. Um resumo adequado do que Lucas registra no evangelho.

* 1.2 elevado. Lc 24:50-52 localiza a ascensão perto de Betânia, no lado leste do Jardim das Oliveiras, a leste de Jerusalém.

mandamentos...por intermédio do Espírito Santo. Depois da ressurreição, Jesus comunicou a seus apóstolos a realidade de sua ressurreição (Jo 20:21), a verdade de seu chamado como Messias (Lc 24:44-49), a benção do Espírito Santo (Jo 20:22,23) e a realidade do seu corpo físico ressurreto (Lc 24:37-43).

que escolhera. A referência à escolha original que Jesus fez de seus apóstolos (Lc 6:12-16), um dos quais (Judas) Jesus sabia que se tornaria um traidor.

* 1.3 se apresentou... muitas provas incontestáveis. As aparições de Cristo após a ressurreição (Mt 28; Mc 16; Lc 24; Jo 20; 21; 1Co 15:5-7) foram importantes como uma confirmação inabalável da pessoa e da obra sobrenaturais de Cristo. Era importante que a ressurreição de Jesus fosse vista pelos discípulos (v. 22).

quarenta dias. O tempo desde a ressurreição até a ascensão. Depois que Jesus subiu ao céu, os discípulos ficaram dez dias em Jerusalém esperando pelo derramamento prometido do Espírito Santo que ocorreu no Pentecoste, no qüinquagésimo dia após a Páscoa.

* 1.4 comendo com eles. Jesus freqüentemente comungava com seus amigos e discípulos em torno de uma refeição: na alimentação dos cinco mil (Lc 9:16), com publicanos e pecadores (Mc 2:15,16; Lc 5:29), na casa do fariseu (Lc 7:37), na última ceia (Mt 26:21,26) e depois da ressurreição (Lc 24:42; Jo 21:9-15).

esperassem a promessa do Pai. O Espírito Santo era dom do Pai e dom de Jesus o Filho (Jo 14:1,26; 15:26).

*

1.5 João, na verdade, batizou com água. João Batista batizou grandes multidões de pessoas (Mt 3:5,6,13 40:3-15'>13-15; Mc 1:5,9; Lc 3:7-16,21). O batismo de arrependimento de João nas águas (Mc 1:4) prenunciava o batismo messiânico com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3:16). Ver “O Batismo de Jesus” em Mc 1:9.

não muito depois destes dias. Uns poucos dias se passariam antes do Pentecoste.

* 1.6 será este o tempo em que restaures o reino a Israel. Na base daquilo que Jesus disse em Mt 19:28, os discípulos pensavam que ele poderia expulsar os romanos e restaurar o reino físico a Israel.

* 1.7 Não vos compete conhecer tempos ou épocas. Os anos ou datas específicas (que alguns, em todos os tempos, tentam predizer) da Segunda Vinda de Cristo (conforme 1Ts 5:2).

* 1.8 ao descer sobre vós o Espírito Santo. Jesus quer dizer que o Espírito Santo mostrará o seu controle sobre eles com manifestações visíveis: o soprar de um vento violento, o aparecimento de línguas de fogo, e o falar em línguas estrangeiras (cap. 2).

minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. O livro de Atos segue esta estratégia. O testemunho de Jerusalém (cap.
2) apresenta, em miniatura, o ministério mundial de Deus: os judeus... de todas as nações (2,5) que ouviram e creram carregaram a mensagem para bem longe. No resto de Atos, o evangelho se espalha a Jerusalém (3.1-8.1), a Judéia e Samaria, a Antioquia da Síria (8.1-12,25) e aos confins da terra (13 1:28-31).

*

1.9 foi Jesus elevado às alturas. Ver “A Ascensão de Jesus” em Lc 24:51.


*

1.10 dois varões vestidos de branco. Pessoas descritas como vestidas de branco são comumente seres sobrenaturais ou glorificados: Jesus Cristo (Mt 17:2; Mc 9:3; Ap 1:14); anjos (Mt 28:3; Mc 16:5; Lc 24:4; Jo 20:12) e santos glorificados (Lc 9:30,31; Ap 3:4,5,18; 4:4; 7:14).

* 1.11 Varões galileus. Os onze eram da Galiléia; Judas 1scariotes era de Queriote em Judá.

do modo. Jesus retornará no seu corpo ressurreto, vindo sobre as nuvens do céu (Mt 24:30; 26:64; Mc 14:62; 1Ts 4:16,17; Ap 1:7). Ver “A Segunda Vinda de Jesus” em 1Ts 4:16.

* 1.12 do monte chamado Olival. Uma colina além do Vale de Cedrom, logo a leste da cidade murada de Jerusalém. Os discípulos tinham estado com Jesus no monte perto de Betânia (Lc 24:50).

a jornada de um sábado. A partir da cidade, a distância calculada pelos rabinos como sendo cerca de 1100 metros.

* 1.13 subiram para o cenáculo onde se reuniam. Provavelmente onde os discípulos tinham estado se escondendo com medo dos judeus. Esta pode ter sido a mesma sala onde eles tinham celebrado a Páscoa e onde Jesus havia instituído a Ceia do Senhor (Mc 14:15), ou uma sala na casa de Maria, a tia de Barnabé (Cl 4:10) onde os cristãos mais tarde se reuniam (12.12). Era provavelmente localizado próximo aos átrios do templo, onde as multidões de judeus visitantes estavam reunidas (2.5-12)

Bartolomeu. Também conhecido como Natanael (Jo 1:45; 21:2).

Tiago, filho de Alfeu. Também conhecido como Tiago o menor (Mc 15:40).

Zelote. Provavelmente referindo-se à antiga participação de Simão no grupo revolucionário dos Zelotes.

Judas, filho de Tiago. Também conhecido como Tadeu (Mt 10:3; Mc 3:18).

*

1.14 perseveraram...em oração. Jesus estabeleceu um padrão de oração na vida de seus discípulos. Para exemplos de Jesus orando, ver Lc 3:21; 5:16; 6:12; 9:18,28,29; 11:1; 22:32,41; 23:34,46.

com as mulheres. Certas mulheres que tinham seguido Jesus, sustentado sua obra e cuidado dele em sua morte (Mt 27:55,56; 28:1; Mc 15:40,41; Lc 8:2,3; 23:49; 24:1; 24:22).

Maria, mãe de Jesus. Esta é a última referência, no Novo Testamento, à mãe de Jesus.

os irmãos dele. Os meio-irmãos de Jesus, filhos de Maria e José (Mt 13:55; Lc 14:26; Jo 7:3,10).

* 1.15 Naqueles dias. Os dez dias entre a ascensão e o Pentecoste (2.1).

* 1.16 Irmãos. Os homens são particularmente mencionados aqui, porque Pedro está falando a respeito de substituir Judas 1scariotes, um dos doze, os quais Jesus havia originalmente escolhido como apóstolos (Mt 10:2-4).

convinha que se cumprisse a Escritura. Os Salmos 69:25 e 109.8, citados no v. 20 são aplicados por Pedro a Judas 1scariotes que, como um inimigo de Deus, tinha sido deposto de seu apostolado. Agora, “seu cargo” tinha que ser preenchido novamente.

o Espírito Santo proferiu... por boca de Davi. O Espírito Santo inspirou Davi a compor estas palavras usando seus talentos poéticos.

* 1.17 teve parte neste ministério. Em seu plano, Deus permitiu que Judas, um inimigo do Salvador, servisse por um tempo no ministério dos discípulos.

*

1.18 este homem adquiriu um campo. Judas indiretamente comprou o campo quando devolveu aos sacerdotes e anciãos principais que por sua vez compraram um cemitério para estrangeiros chamado “Campo de Sangue”.

com o preço. As trinta moedas de prata (Mt 26:15), provavelmente valendo cerca de 120 denários, ou o salário de 120 dias de trabalho (Mt 20:2).

precipitando-se. Mateus registra que Judas “enforcou-se” (Mt 27:5). Aparentemente durante, ou logo depois do enforcamento, seu corpo caiu no chão e foi rompido ou decomposto.

* 1.21 entre nós. Isto inclui todo o tempo do ministério público de Jesus, desde seu batismo até sua ascensão.

* 1.23 propuseram dois. Parece que José e Matias foram escolhidos dentre um número maior de testemunhas (de acordo com o v.15, cerca de 120 pessoas estavam presentes). Nenhum deles é mencionado em nenhum outro lugar das Escrituras.

* 1.24 Tu... tens escolhido. Pedro e os discípulos reconheciam que sua responsabilidade e escolha humana de um homem para suceder a Judas ocorriam dentro dos limites da soberana vontade de Deus.

*

1.26 os lançaram em sortes. Sortes são mencionadas no Antigo Testamento como uma maneira de averiguar a vontade de Deus (Êx 28:30, nota).

apóstolos. Ver nota teológica “Os Apóstolos”, índice.


Matthew Henry

Comentário Bíblico de Matthew Henry, um pastor presbiteriano e comentarista bíblico inglês.
Matthew Henry - Comentários de Atos Capítulo 1 do versículo 1 até o 26
1:1 O livro de Feitos continua a história que Lucas começou em seu Evangelho; abrangendo os trinta anos posteriores à ascensão do Jesus. Neste curto período, a igreja se estabeleceu e o evangelho de salvação se levou pelo mundo, inclusive à capital do Império Romano. Os pregadores, gente comum com debilidades e limitações, foram revestidos de poder pelo Espírito Santo para difundir as boas notícias ao "mundo inteiro" (17.6). Por Feitos aprendemos sobre a natureza da Igreja e também a como reverter o mundo.

1:1 O primeiro livro do Lucas foi seu Evangelho. Dedicou-o também ao Teófilo, nome que significa "um que ama a Deus". (Veja-se nota a Lc 1:3.)

1.1ss Os versículos 1 aos 11 Smão o elo entre os fatos narrados nos Evangelhos e os que marcam o começo da igreja primitiva. Jesus passou quarenta dias ensinando a seus discípulos, os que experimentaram uma mudança total. antes disto discutiram uns com outros, abandonaram a seu Senhor e um deles (Pedro) inclusive negou que lhe conhecia. depois de uma série de reuniões com o Cristo ressuscitado, os discípulos acharam a resposta a muitas de suas perguntas; chegaram a convencer-se em relação com a ressurreição, aprenderam do Reino de Deus e a fonte de seu poder: o Espírito Santo. Através da leitura da Bíblia podemos nos sentar junto ao Cristo ressuscitado em sua escola de discipulado. Acreditando no recebemos o poder do Espírito Santo e nos convertemos em pessoas renovadas. Ao nos reunir com outros cristãos em sua Igreja podemos tomar parte em sua obra aqui na terra.

1.1-3 Lucas diz que os discípulos foram testemunhas presenciais de todo o acontecido ao Jesucristo, sua vida antes da crucificação e os quarenta dias posteriores onde lhes ensinou mais sobre o Reino de Deus. Ainda na atualidade há pessoas que duvidam da ressurreição do Jesus. Mas O se apareceu a seus discípulos em muitas ocasiões logo depois de sua ressurreição, provando que estava vivo. Note a mudança que a ressurreição fez na vida dos discípulos. Durante o momento de sua morte estavam temerosos, desiludidos e inclusive temiam por suas vidas. Logo depois da ressurreição deixaram de temer e arriscaram tudo por pulverizar ao redor do mundo as boas notícias a respeito Do. Enfrentaram prisões, castigo físico, rechaço e martírio, mas nunca comprometeram sua missão. Estes homens não tivessem arriscado sua vida por algo que fora uma fraude. Sabiam que Jesus ressuscitou da morte e a igreja primitiva se acendeu com seu entusiasmo para proclamar a notícia a outros. É importante saber que podemos confiar em seu testemunho. Vinte séculos depois, ainda podemos ter a certeza de que nossa fé se apóia em feitos.

1:3 Jesus explicou que com sua vinda se inaugurou o Reino de Deus. Ao subir aos céus, o Reino de Deus permaneceria nos corações de todos os crentes mediante a presença do Espírito Santo. Mas o Reino de Deus não se desenvolverá por completo até que Jesus venha de novo a julgar a todas as pessoas e a tirar todo o mau do mundo. antes de que isto aconteça, os crentes devem ocupar-se em proclamar o Reino de Deus ao redor do mundo. O livro de Feitos narra como começou isto. Nós devemos continuar o trabalho que a igreja primitiva começou.

1:4 A Trindade é uma descrição da relação única do Pai, o Filho e o Espírito Santo. Se Jesus tivesse permanecido na terra, sua presença física teria limitado a difusão do evangelho, já que fisicamente solo poderia estar em um só lugar ao mesmo tempo. depois de sua ascensão poderia estar presente espiritualmente em todo lugar através do Espírito Santo. O Espírito Santo se enviou de maneira que Deus estivesse com seus seguidores e neles depois que Jesus subiu ao céu. Seu Espírito os reconfortaria e guiaria à verdade, permanecendo neles as palavras do Jesus, lhes dando as palavras oportunas e enchendo-os podendo (veja-se João 14:16).

1:5 No Pentecostés (2.1-4) o Espírito Santo esteve à disposição de todos os que acreditassem no Jesus. Nós recebemos o Espírito Santo quando recebemos ao Jesucristo. O batismo do Espírito Santo deve entender-se à luz de sua obra total nos cristãos.

(1) O Espírito Santo marca o começo da experiência cristã. Não podemos pertencer a Cristo sem seu Espírito (Rm 8:9); não podemos estar unidos a Cristo sem seu Espírito (1Co 6:17); não podemos ser adotados como seus filhos sem seu Espírito (Rm 8:14-17; Gl 4:6-7); não podemos estar no corpo de Cristo exceto pelo Espírito (1Co 12:13).

(2) O Espírito é o poder de nossa nova vida. Começa o comprido processo de uma vida de mudanças para nos assemelhar mais a Cristo (Gl 3:3; Fp 1:6). Quando recebemos a Cristo pela fé, começamos uma relação pessoal e imediata com Deus. O Espírito Santo obra em nós para nos ajudar a ser como Cristo.

(3) O Espírito une comunidades cristãs em Cristo (Ef 2:19-22). Todos podem experimentar o Espírito Santo e O obrar através de todos (1Co 12:11; Ef 4:4).

1:6 Durante os anos de ministério do Jesus sobre a terra, os discípulos se perguntavam continuamente sobre seu Reino. Quando virá? Qual seria seu papel? Do ponto de vista tradicional, o Messías seria um conquistador terrestre, que liberaria ao Israel de Roma. Mas o reino ao que se referia Jesus era um espiritual, estabelecido nos corações e vidas dos crentes (Lc 17:21). A presença e o poder de Deus permanecem nos crentes na pessoa do Espírito Santo.

1.6, 7 Como outros judeus, os discípulos viviam desgostados ao ver-se submetidos ao Império Romano. Queriam que Jesus liberasse o Israel do poder romano e que logo chegasse a ser Rei. Jesus explicou que Deus o Pai estabelece o tempo em que devem ocorrer os fatos a nível pessoal, nacional ou mundial. Se você quiser mudanças e vê que Deus não os faz imediatamente, não se impaciente. Confie no tempo de Deus.

1:8 O poder do Espírito Santo não o limita a energia ordinária, envolve valor, entrega, confiança, conhecimento, habilidade e autoridade. Os discípulos necessitariam de tudo isto para cumprir com sua missão. Se você acreditar no Jesucristo, pode experimentar o poder do Espírito Santo em sua vida.

1:8 Jesucristo prometeu aos apóstolos que receberiam o poder para ser testemunhas depois que recebessem o Espírito Santo. Note o processo: (1) receberam o Espírito Santo; (2) deu-lhes poder; e (3) foram testemunhas com resultados extraordinários. Nós freqüentemente tratamos de investir a ordem e atestamos dependendo de nosso próprio poder e autoridade. Atestar não é mostrar o que podemos fazer Por Deus, a não ser mostrar e dizer o que Deus tem feito por nós.

1:8 Jesus instruiu a seus discípulos para que fossem testemunhas às pessoas de todas as nações a respeito Do (Mt 28:19-20). Mas lhes disse que deviam esperar antes a vinda do Espírito Santo (Lc 24:49). Deus tem um trabalho importante que quer que você faça em seu nome, mas deve desenvolvê-la pelo poder do Espírito Santo. Freqüentemente nós gostamos de cumprir com a tarefa, embora isto signifique ir diante de Deus. Mas algumas vezes a espera é parte do plano de Deus. Está esperando e escutando as instruções completas de Deus ou se antepor a seus planos? Necessitamos o tempo e o poder de Deus para ser na verdade eficazes.

1:8 Este versículo descreve uma série de círculos concêntricos. O evangelho se pulveriza, geograficamente, de Jerusalém até a Judea e Samaria, e por último se ofereceria aos gentis em outras partes da terra. O evangelho de Deus não chegou a seu destino final se alguém em sua família, em seu centro de trabalho, seu colégio ou sua comunidade não ouviu a respeito do Jesucristo. Assegure-se de contribuir, de algum jeito, ao círculo de pulverização da mensagem de amor de Deus.

1:9 Foi importante para os discípulos ver subir ao Jesus. Logo não teriam nenhuma dúvida de que O era Deus e que sua morada está no céu.

1.9-11 Logo depois de sua ressurreição, depois de estar quarenta dias com seus discípulos (1.3), Jesus subiu ao céu. Dois anjos anunciaram aos discípulos que um dia Jesus voltaria da mesma forma em que se foi: corporal e visivelmente. A história não é casual nem cíclica, está em movimento para um ponto específico: a vinda do Jesus para julgar e exercer autoridade sobre a terra. Nós devemos estar preparados para esta vinda sorpresiva (1Ts 5:2), não parados "contemplando os céus", a não ser trabalhando com ardor em difundir o evangelho de maneira que outros sejam capazes de receber as grandes bênções de Deus.

1.12, 13 depois da ascensão de Cristo ao céu, os apóstolos retornaram imediatamente a Jerusalém e se reuniram para orar. Jesus lhes disse que o Espírito Santo viria sobre eles dentro de não muitos dias, de maneira que tinham que esperar em oração. Quando você em frente uma tarefa difícil, uma decisão importante, um dilema confuso, seu primeiro passo deve ser orar pelo poder e a direção do Espírito Santo. Não se apresse no trabalho nem espere que saia como débito. De todos os modos, seu primeiro passo deve ser orar a fim de que o poder do Espírito Santo lhe guie.

1:13 Um "zelote" possivelmente signifique qualquer ciumento da Lei judia. Talvez os zelotes eram os de um partido político radical que trabalhou para derrocar ao governador romano do Israel através da violência.

1:14 Os irmãos do Jesus estão agora com os discípulos. Durante a vida do Jesus, não acreditaram que O era o Messías (Jo 7:5), mas sua ressurreição deveu convencê-los. A aparição especial ao Jacóo, um de seus irmãos, deveu ter tido um significado especial que influiu em sua conversão (veja-se 1Co 15:7).

1.15-26 Esta foi a primeira reunião de negócios da igreja. O pequeno grupo de onze cresceu até converter-se em mais de cento e vinte. O tema principal foi nomear a um novo discípulo ou apóstolo, como chamaram os doze. Enquanto os apóstolos esperavam, faziam o que podiam: oravam, procuravam a direção de Deus e se organizavam. Esperar a Deus para trabalhar não significa sentar-se sem fazer nada. Devemos fazer o que pudermos, enquanto possamos, tomando cuidado de não nos adiantar a Deus.

1:16, 17 Como pôde alguém estar diariamente com o Jesus e trai-lo? Judas recebeu o mesmos chamado e ensinos como todos outros. Mas decidiu rechaçar as advertências de Cristo assim como também seus oferecimentos de misericórdia. Endureceu seu coração e se uniu aos inimigos do Jesus em um complô para trai-lo. Até o final não se arrependeu e, por último, se suicidó. Apesar de que Jesus predisse que isto aconteceria, essa foi a decisão do Judas. Quão privilegiados estão perto da verdade, não estão necessariamente comprometidos a ela. se desejar mais informação a respeito do Judas, veja-se seu perfil no Marcos 14.

1:18 Mateus diz que se enforcou (Mt 27:5), Feitos diz que caiu. A explicação tradicional é que quando Judas se enforcou o ramo se rompeu, Judas se precipitou em terra e seu corpo se arrebentou.

1.21, 22 Foram muitos os que seguiram ao Jesus em forma constante durante seu ministério na terra. Os doze apóstolos formaram parte de seu círculo íntimo, mas outros tiveram igual nível de amor e entrega.

1.21-25 Os apóstolos tiveram que procurar um crente que ocupasse o posto vacante do Judas 1scariote. Esboçaram um critério específico para fazer a eleição. Quando se escolheram os "finalistas", os apóstolos oraram pedindo a Deus que os guiasse neste processo de seleção. Isto nos dá um bom exemplo de como atuar quando devemos tomar decisões importantes. Determine um critério lógico apoiado na Bíblia, examine as alternativas e ore pedindo sabedoria e guia em busca de uma decisão sábia.

1:26 Os discípulos chegaram a ser apóstolos. Discípulo significa seguidor ou aprendiz, e apóstolo significa mensageiro ou enviado. Estes homens têm agora uma designação especial para pulverizar as boas novas da morte e ressurreição do Jesus.

UMA VIAGEM Ao TRAVES DO LIVRO DE FEITOS

Começando com um breve resumo dos últimos dias do Jesus na terra com seus discípulos, sua ascensão e Matías, que ocupou o lugar que deixou Judas 1scariote, Lucas aborda em seguida seu tema: a difusão do evangelho e o crescimento da igreja. O Pentecostés, célebre pelo derramamento do Espírito Santo (2.1-13) e o discurso poderoso do Pedro (2.14-42), foi o início. Logo a igreja de Jerusalém começou a crescer cada dia mediante o testemunho audaz do Pedro e João e o amor dos crentes (2.43-4.37). A igreja nascente não estava isenta de problemas, sofreu oposição externa (resultando na prisão, castigo e morte), engano e queixa internas. Aos crentes judeus de fala grega os escolheram para ajudar na administração da igreja a fim de liberar os apóstolos para a predicación. Os primeiros diáconos escolhidos foram Esteban e Felipe, deles Esteban foi o primeiro mártir da Igreja (5.1-8.3).

Em lugar de frear ao cristianismo, a oposição e a perseguição serviram como catalisadores para sua difusão. Os crentes levaram a mensagem por onde fugiam (8.4). Muito em breve teve convertidos em toda Samaria e inclusive em Etiópia (8.5-40).

Neste momento, Lucas apresenta a um jovem judeu, ciumento defensor da Lei, que tenta liberar o judaísmo da heresia do Jesus. Mas no caminho a Damasco, ao tratar de capturar aos crentes, Saulo se converte, confrontado pessoalmente pelo Cristo ressuscitado (9.1-9). Mediante o ministério do Ananías e a recomendação do Bernabé, Saulo (Paulo) foi bem recebido no companheirismo e enviado ao Tarso para sua segurança (9.10-30).

Enquanto isso, a igreja continuava prosperando em toda Judea, Galilea e Samaria. Lucas se refere a seu predicación e a como sanou a Ns na Lida e ao Dorcas no Jope (9.31-43). Enquanto esteve no Jope, Pedro entendeu através de uma visão que ele podia levar o evangelho aos "imundos" gentis. Pedro assim o entendeu e fielmente pregou ao Cornelio que se converteu, junto a sua família, em crente (capítulo 10). Esta foi uma notícia estremecedora para a igreja em Jerusalém, mas quando Pedro narrou os fatos, elogiaram a Deus por seu plano de que todas as pessoas escutassem as boas novas (11.1-18). Isto impulsionou à igreja a um círculo maior, a mensagem se pregou aos gregos na Antioquía, onde Bernabé foi animar aos crentes e achou ao Paulo (11.20-26).

Para agradar aos líderes judeus, Herodes se uniu na perseguição da igreja em Jerusalém, deu morte ao Jacóo (irmão do João) e pôs na prisão ao Pedro. Entretanto, Deus liberou o Pedro que caminhou desde sua prisão até uma reunião de oração na casa do João Marcos onde se intercedia por ele (capítulo 12).

Aqui Lucas translada seu enfoque ao ministério do Paulo. Enviado pela igreja da Antioquía para uma viagem missionária (13 1:3), Paulo e Bernabé levaram o evangelho ao Chipre e ao sul da Galacia com grande êxito (13 4:14-28). devido a que a controvérsia judeu-gentil ainda ardia com lentidão e com não poucos gentis respondendo a Cristo, ameaçou dividindo a igreja. De maneira que se convocou um concílio em Jerusalém para estabelecer normas com relação aos cristãos gentis à luz do Antigo Testamento e suas leis. Logo depois de ouvir ambas as partes, Jacóo (irmão do Jesus e líder da igreja em Jerusalém) resolveu o problema e enviou mensageiros às Iglesias para informar a decisão (15.1-31).

Depois do concílio, Paulo e Silas pregaram na Antioquía. Logo saíram com rumo a Síria e Cilícia, enquanto que Bernabé e Marcos navegaram para o Chipre (15.36-41). Nesta segunda viagem missionária, Paulo e Silas passaram pela Macedônia e Acaya, estabelecendo Iglesias no Filipos, Tesalónica, Berea, Corinto e Efeso, antes de retornar a Antioquía (16.1-18.21). Lucas também se refere ao ministério do Apolos (18.24-28).

Na terceira viagem missionário Paulo e seus companheiros atracaram a Galacia, Frigia, Macedônia e Acaya, animando e ensinando a

Enquanto esteve em Jerusalém, uma turfa furiosa acossou ao Paulo no templo e o puseram sob custódia e amparo do tribuno romano (21.17-22.29). Agora vemos o Paulo como prisioneiro e em processo ante o concílio judeu (23.1-9), o governador Félix (23.23-24.27), Festo e Agripa (25.1-26.32). Em cada caso, Paulo atesta com firmeza e claridade de sua fé no Senhor.

devido a que apelou ao César, enviaram-no a Roma para o processo final de seu caso. Mas no caminho, uma tormenta destruiu a nave e os tripulantes e prisioneiros deveram nadar para chegar à borda. Até nestas circunstâncias, Paulo pregou de sua fé (27.1-28.11). Ao final, a viagem continuou e Paulo chegou a Roma onde viveu em uma casa alugada e sob custódia, enquanto aguardava o julgamento (28.11-31).

Lucas finaliza Feitos em forma abrupta, com as estimulantes palavras de que Paulo tinha a liberdade em seu cativeiro de falar tanto com visitantes como a seu guarda "pregando o reino de Deus e ensinando sobre o Senhor Jesus Cristo, abertamente e sem impedimento" (28.31).


Wesley

Comentário bíblico John Wesley - Metodista - Clérigo Anglicano
Wesley - Comentários de Atos Capítulo 1 do versículo 1 até o 26
I. A IGREJA EM PREPARAÇÃO (At 1:1)

O prólogo do livro de Atos liga a autoria deste trabalho posterior ao do terceiro Evangelho . Ele também liga os atos e instruções do Senhor Jesus, que foram iniciadas em Lucas com sua continuidade pelo Espírito Santo em Seus discípulos no registro de Atos.Além disso, confirma estas obras e ensinamentos por referência a aparições de Cristo aos seus discípulos posteriores a sua morte e ressurreição. Ele registra o Seu mandamento de Seus discípulos a permanecer em Jerusalém até a promessa do Pai havia sido cumprida a eles, e conclui com uma promessa de seu batismo não muito distante com o Espírito Santo.

1. o propósito do autor (At 1:1 ... é o verdadeiro prefácio de Atos, bem como ao Evangelho, escrito pelo autor quando ele contemplou não apenas um, mas dois volumes .... É tão necessário aplicar a fraseologia do prefácio [Lucas] para Atos como o Evangelho.

A continuidade de Atos com Lucas é sugerido na identidade de autoria , Lucas; o leitor , Teófilo; eo assunto , Jesus Cristo, se Ele está agora na pessoa do Espírito Santo a trabalhar em e através de Seus discípulos. O que Jesus começou a fazer nos dias de sua carne, ele planejado e preparado para continuar em uma medida maior pelo seu Espírito que habita seus discípulos. Disse Jesus aos Seus discípulos: "Em verdade, em verdade eu vos digo que aquele que crê em mim, as obras que Eu faço ele também; e maiores obras do que estas fará; porque eu vou para o Pai "( Jo 14:12 ). Assim, o propósito de Lucas ao escrever Atos é claramente para complementar sua narrativa Evangelho da vida terrena de Jesus e trabalha com um registro histórico das obras do Cristo subiu pelo Espírito Santo, com cuja personalidade e poder de seus seguidores foram logo a ser dotado. Atos é a história de Lucas da igreja nascente. A palavra "começou", sugere a manutenção da actividade da igreja por tempo indeterminado.

Theophilus é um personagem enigmático. História pode nos ajudar, mas pouco em saber quem ou o que ele era. Tradição é para a maior parte não confiável. As últimas ligações Theophilus com Antioquia da Síria, e, assim, alguns pensam que ele tenha sido um oficial grego ou romano de classificação governamental naquela cidade. Dummelow o considera mais provável que um cidadão romano ilustre residente em Roma, uma vez que o título de "mais excelente" foi aplicada a altos romanos, e, especialmente, era um título técnico no segundo século, designando equestre (cavaleiro-hood) rank. Este título foi aplicado tanto Felix e Festus em At 23:26 ; At 24:3 . No entanto, às vezes era usado exclusivamente para designar amizade. A tradição contida nosreconhecimentos Clementine (X. 71), por volta de meados do século II, sustenta que Teófilo era um oficial governamental escalão superior em Antioquia, e que consagrou o palácio em que ele residia (a grande basílica), sob o nome de uma igreja.

Em todo o caso, o nome Theophilus aplica-se a um gentio de posto e honra que provavelmente tinha sido convertido ao cristianismo por Lucas ou Paulo. Ele pode ter sido um cristão de riqueza que financiou a publicação de Lucas e Atos, fato que pode ser responsável por Lucas de ter dedicado a estes trabalhos para ele.

Isso Teófilo era uma pessoa real, e não um nome fictício para todos os cristãos ou "amigos de Deus", como alguns supõem, é atestada pelo fato de que o número singular é usado, e o título de "mais excelente" não se pode aplicar a todos os cristãos como com um indivíduo. Cadbury sustenta que, quando a forma de este prefácio é considerado à luz da literatura Hellinistic contemporâneo,

sua aprovação sugere ao mesmo tempo um certo sabor de convencionalidade por parte do autor como conscientemente apresenta seu livro para o público. A dedicação a Teófilo significa isso, ao invés de que o livro é destinado a um círculo limitado.

2. a confirmação do Senhor (At 1:2 . Aqui, depois de Sua morte e ressurreição, e pouco antes de sua ascensão, por ocasião de Sua aparição aos discípulos em uma montanha na Galiléia, Jesus emitido Seu comando reino. "Toda a autoridade tem sido dado a mim no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos ordenei: e ​​eis que eu estou convosco todos os dias, mesmo até o fim do mundo "Correspondente mas as contas menos detalhadas desta comissão ocorrer em. Mc 16:14 ; Lc 24:45 ; e Jo 20:23 ; e, finalmente, na sua forma condensada em At 1:8 ); segundo , outras mulheres (Mt 28:9 ); terceiro , dois discípulos incluindo Cleopas, a caminho de Emaús (Mc 16:12 , Mc 16:13 e Lc 24:13 ); quarta , Simão Pedro (Lc 24:33 , Lc 24:34 e 1Co 15:5 ; Lc 24:36 ; e Jo 20:19 ); sexto , aos discípulos, incluindo Tomé (Jo 20:26 e 1Co 15:5 ); oitavo , os onze em uma montanha na Galiléia (Mc 16:14 ; Mt 28:16.) e acima de 500 (1Co 15:6 e At 1:3 ); décima primeira , a última aparição aos discípulos no Monte das Oliveiras entre Jerusalém e Betânia (Mc 16:19 , Mc 16:20 ; Lc 24:50 ; e At 1:9 ). Se incluída, a aparência pós-ascensão de Paulo (1Co 15:8 , At 7:56) e de João, o Revelador, na 1lha de Patmos (Ap 1:9 ), também são dignos de nota. Exceto para os três últimos, essas aparições de Cristo ocorreu nos 40 dias entre Sua ressurreição em Sua forma glorificada e Sua ascensão. Assim, a aparição de Cristo para Estevão, Paulo, e, o Revelador, não eram diferentes das Suas aparições aos seus discípulos antes de sua ascensão. Este fato suporta argumento de Paulo de que o seu apostolado foi validado pela aparição de Cristo a ele na estrada de Damasco.

Os muitos ["infalíveis"] provas que atestem a ressurreição de Cristo dentre os mortos incluíram: (1) o túmulo cuidadosamente guardado, mas vazio (Lc 24:5 ); (2) a declaração de que os anjos (Lc 24:4 ); (3) o testemunho dos guardas romanos (Mt 28:11. ); (4) as aparições pós-ressurreição, acima enumerados (ver notas no anterior verso); (5) a liberação dos santos de suas sepulturas seguinte ressurreição de Cristo (Mt 27:1 ); (6) a ocorrência de Pentecostes, em cumprimento da promessa do Espírito Santo aos seus discípulos (At 1:8 ); (7) a prisão de e aparência para, o perseguidor Saulo na estrada de Damasco (At 9:1 ); (8) a aparência de Estevão na hora da sua morte (At 7:55 , At 7:56 ); (9) a aparência de João em Patmos (Ap 1:9 ); (10) Sua comer e beber com os discípulos (Lc 24:39 ); (11) Seus importantes instruções e comissão para seus discípulos (Mt 28:18 ); (12) os quarenta dias de ministério durante os quais Suas reivindicações poderiam ser adequadamente investigadas e comprovadas ou negados por seus amigos ou inimigos; (13) Seu cumprimento da profecia do Antigo Testamento; e (14) Seu cumprimento de suas próprias previsões. Finalmente, talvez a maior evidência da ressurreição de Cristo foi Sua influência sobre a vida dos homens e das nações ao longo dos tempos posteriores. A "boa notícia" da morte expiatória de Cristo e ressurreição vitoriosa já trouxemos a evidência de muitos [] infalíveis provas (ver Rm 1:16 , Rm 1:17 e 1Ts 1:5) (, por João Batista . Mt 3:11 , Mt 3:12 ), pelo próprio Cristo (Jo 16:7)

Neste parágrafo é gravado misapprehension continuação dos discípulos do plano divino para o reino, a revelação de Seu plano aos Seus discípulos de Cristo, e atestado de que o plano do Pai.

1. equívoco do Plano dos discípulos (At 1:6b ); ou, como Paulo mais tarde expressou, "O reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Rm 14:17. , ver também Mt 20:21. e Heb 0:16. , 17 ).

Os romanos, não os israelitas, empunhou o cetro do governo. Os judeus esperei e rezei pelo livramento desse jugo estrangeiro escoriações. Mesmo discípulos de Cristo compartilhada, em certa medida, essa esperança materialista. Pentecostes era necessário desiludir os discípulos de Cristo da falsa noção do reino. Pentecostes é sempre uma necessidade de esclarecer e estabelecer as realidades espirituais. Com Pentecostes valores espirituais será clarificada; sem Pentecostes eles vão se tornar obscura e confusa. No Espírito ministério batizado e dirigido nunca vai perder o seu caminho doutrinariamente ou de outra forma.

2. A Divina Revelação do Plano (At 1:7 ), apesar de que o plano não é para um estreito reino material de limitado, como Seus discípulos judeus haviam concebido.

Em sua repreensão, Não é para você saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio autoridade (v. At 1:7 ), Cristo implica que Deus nunca é o agente de um determinismo fatalista. Diz Clarke:

Infinito, liberdade eterna de agir ou não agir, de criar ou não criar, destruir ou não destruir, só pertence a Deus, e devemos cuidar como imaginamos decretos, formado ainda por Sua própria presciência, em referência a futuridade, que o poder é a partir do momento da sua concepção colocados sob a necessidade de se realizar. Em cada ponto do tempo e da eternidade, Deus deve ser livre para agir ou não agir, como pode parecer melhor a Sua sabedoria divina.

Deve sempre ser lembrado que o respeito de Deus para a liberdade moral inteligente, com o qual Ele dotou o homem influencia Sua oferta e decisões, eventos humanos (ver Jonas).

Do lado positivo foi poder , ou energia divina , não o divino autoridade do versículo sete, que os discípulos estavam a receber através de sua enduement com o Espírito Santo. Nem era a energia divina um dom a ser recebido além do senhorio pessoal de Cristo, através do Espírito Santo em suas vidas. Uma leitura interessante e útil do versículo oito é encontrado na margem de uma outra versão (KJV). "Recebereis a força do Espírito Santo que desce sobre você." Esta rendição relaciona diretamente o "poder" para a "pessoa" do Espírito Santo. Seu poder nunca é dissociada da sua personalidade. Deus não dividir seu poder. Essa promessa se ​​tornou realidade no dia de Pentecostes, quando "todos foram cheios do Espírito Santo" (At 2:4. ). Agora, o conhecimento da pessoa, o trabalho, os ensinamentos, morte e ressurreição de Jesus Cristo era uma questão de experiência pessoal com esses discípulos. Pedro implica que um dos requisitos para um apóstolo cristão do primeiro século, foi a de que ele deve ter sabido Cristo na carne (At 1:21 , At 1:22 ; também 1Jo 1:1 ). Tendo reiterou as realizações de Seu sofrimento, morte e ressurreição, Jesus declarou aos seus discípulos: "Vós sois as testemunhas destas coisas" (Lc 24:48 ). Nem era seu testemunho de consistir no mero fato histórico da morte e ressurreição de Cristo, da qual eles tinham um certo conhecimento, mas a deles era para ser um testemunho vivo do pessoal, presença sempre viva de Cristo, que era para habitar e ficar com eles para sempre através do Espírito Santo, com quem eles estavam a ser dotado no dia de Pentecostes. Esta foi a prática dos discípulos cristãos do primeiro século, e isso é a comissão permanente para os discípulos de Cristo em todas as idades e para todos os tempos. (Para OT paralelo ver Is 6:1 . Os próprios apóstolos eram judeus cristãos, e do Espírito Santo primeiro desceu sobre eles em Jerusalém. Esta efusão do Espírito próxima influenciado os judeus residentes em, ou montado em, Jerusalém, para a Pentecostes judaico, resultando na conversão Dt 3:1 almas. O evangelho foi declarado para ser o primeiro para os judeus, e os discípulos dos primeiros cristãos e apóstolos praticado de forma consistente testemunhando primeiro aos judeus onde quer que fossem. Jerusalém era a capital religiosa dos judeus. Cristo e do cristianismo eram o fruto da fé dos judeus, o produto final da economia judaica. Santo Agostinho é relatado como tendo dito que "o Antigo Testamento é o Novo Testamento infolded; o Novo Testamento é o Antigo Testamento se desenrolava. O Novo é o Old escondido; Velho é revelado no Novo. O Velho Testamento é o Novo Testamento no botão; o Novo Testamento é o Antigo Testamento em plena floração. "

O escopo da comissão amplia tanto geograficamente como racialmente com a menção da Judéia e Samaria. Embora primariamente uma província geográfica do sul da Palestina durante o qual os judeus em sua maioria residia, o termo Judéia também abraçou a capital administrativa Gentile de Cesaréia. O país de Samaria, ao norte da Judéia geográfica, por outro lado, consistiu de um desprezado, sem raça definida, pessoas, meio judeu, meio Gentile, tanto racial e religiosamente. Eles, juntamente com os judeus da Dispersão, formou a ponte de transição para o testemunho cristão, desde os judeus de Jerusalém para as nações dos gentios e os confins da terra. (Veja A NOTA COMPLEMENTAR VII , Samaria e os samaritanos .)

A última divisão deste âmbito do testemunho cristão é all-inclusive dos povos, geografia e idades ou gerações, até o fim da Idade Evangélica.

A análise anterior do âmbito de aplicação do testemunho cristão está subjacente claramente plano de Lucas em estabelecendo a história do testemunho cristão no Livro de Atos. Em resumo, seria como se segue:

I. A testemunha em Jerusalém , Atos 1:7 .

II. A testemunha em transição , Atos 8:12 .

III. A testemunha em todo o mundo , 13 1:28-1'>Atos 13:28 .

Os principais personagens da primeira divisão são Pedro e Estevão; no segundo, Pedro, Filipe, e Barnabé; e na terceira, Paulo. Em Paulo é encontrada uma combinação das características de tudo o que precede, ea tarefa começou continua inacabada em nossos dias. No entanto, que os discípulos de Cristo no primeiro século realizado em grande medida, o cumprimento do escopo desta comissão para a sua geração é o claro testemunho de Paulo em suas epístolas. Para a igreja em Roma, Paulo pôde escrever no prazo Dt 30:1)

9 E, havendo dito isto, como eles estavam procurando, ele foi levado para cima; e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. 10 E, enquanto eles estavam procurando olhos no céu, enquanto ele subia, eis que dois homens pararam junto delas em vestidos de branco, 11 , que também disse: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que foi recebido em cima de você no céu, assim virá do modo como o vistes ir para o céu.

A ascensão de Jesus Cristo ao Pai, à vista de seus discípulos após a conclusão de suas instruções para eles era uma evidência conclusiva de aprovação de Seus planos do Pai. Após a Ressurreição, Ele teve mais de uma vez apareceu e desapareceu da vista deles apenas para reaparecer novamente. Este nono verso, no entanto, registra sua partida final em forma física. O céu em que ele desapareceu foi principalmente a atmosfera física envolto em nuvem. Estas nuvens engoliu Sua presença física da vista deles, mas a sua presença espiritual era permanecer com eles para sempre, embora a revelação mais completa e realização de que a presença deve aguardar o dia de Pentecostes.

Espantado e afetados pelo desaparecimento corporal final do seu Senhor, esses discípulos estavam de repente chocado com a realização de sua responsabilidade para a última ordem de Cristo com a questão de dois mensageiros. Esses mensageiros estão aqui designada "homens", mas eles são, quando corretamente entendidas, anjos na forma física dos homens, que estavam frescas do trono de Deus, para a direita, do qual Cristo tinha acabado de subir. Esses mensageiros parecem dizer: "preocupação Por mais sobre si mesmos pessoa do seu Senhor? Sua obra é concluída; você tem seu projeto para a construção de seu reino espiritual universal nos corações dos homens na terra. Este mesmo encarnado Deus-homem, que, em virtude da aceitação da Sua pessoa e obra na Ascensão do Pai, é feito o Senhor do universo e será, de facto assim voltará da mesma forma como vistes ir para o céu . No entanto, seu retorno da mesma maneira como Ele partiu dependerá de sua fidelidade na execução do comando. Ele vai pessoalmente voltar a receber e governar o reino espiritual que você, seus discípulos, se preparar para ele pelo poder do Seu Espírito, que opera através de você no testemunho a todo o mundo. Para Pentecostes, e dali para o desafio de uma testemunha mundo! "Esta é a mensagem dos dois mensageiros heavensent ao" céu olhando "discípulos no Monte da Ascensão. Como bem como os discípulos no Monte da Transfiguração eles eram (ver Mt 17:4 ). A promessa de Cristo ", e eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação do mundo" [a consumação da idade], está sempre condicionada à obediência dos discípulos ao comando do Mestre, "Ide" (28 de Matt. : 20b e 19a ). A observação de Morgan sobre esta passagem é pertinente.

A realização da promessa de Sua presença permanente depende inteiramente a disposição da Igreja para cumprir sua responsabilidade. Ela não tem o direito de aplicar esta palavra gentil para ela guardar como ela preenche as condições impostas. Se não temos paixão em nossos corações para discipular as nações, não temos autorização para crer que Ele permanece em comunhão conosco.

A religião do Senhor Jesus Cristo é como quadrado de um carpinteiro, um braço do que aponta para Deus, eo outro manward; o primeiro é religioso ou espiritual, ea segunda, social (ver Mt 22:37. ). "Adventismo" foi subestimada a primeira, enquanto que o "evangelho social" subestimada a segunda (conforme 1Co 1:9 ). Estas palavras dos mensageiros, este Jesus -denoting Sua natureza humana, e como vistes ir para o céu -denoting Sua identidade, distinguir Cristo da segunda vinda de manifestação do Espírito Santo no dia de Pentecostes, bem como expor a noção equivocada de alguns que se refere para a vinda de Cristo para os Seus santos na morte. Não há mais determinado fato bíblico do que a segunda vinda pessoal de Jesus Cristo, no final da Idade do Evangelho.Enquanto era claramente o propósito de Lucas nos Actos de retratar o senhorio universal de Jesus Cristo, a Segunda Vinda de Cristo é uma preocupação dominante nas epístolas.

ORAÇÃO C. Os discípulos "( 1: 12-14)

Seguindo a conta da ascensão de Cristo, Lucas registra o local, pessoal e natureza da oração dos discípulos em preparação para Pentecostes.

1. O lugar da oração (At 1:12 , 13)

12 Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, que está perto de Jerusalém, de um sábado viagem off. 13 E, quando chegaram, eles subiram ao cenáculo, onde foram cumpridores;

Finalmente desiludido de sua concepção materialista equivocada do reino de Cristo e totalmente comprometido com o seu programa espiritual de evangelização mundial, os discípulos voltaram a Jerusalém, que era de um sábado viagem off. A jornada de um dia de sábado é geralmente considerado Ct 2:1 côvados, e de um côvado, de acordo com Josephus, foi de aproximadamente 1 ½ pés; assim, uma distância de aproximadamente 3.000 pés parece estar indicado. Essa distância foi estabelecida por lei mosaica como o espaçamento entre a arca e as pessoas. Quando a arca parou em seu curso no pôr do sol sexta-feira, as pessoas foram autorizadas a atravessar a distância intervir Dt 2:1 côvados para o culto no sábado, daí a origem dessa medida "dia de sábado".

A localização exata de dez dias reunião de oração dos discípulos, entre a Ascensão e Pentecostes de Cristo, é uma questão disputada entre os estudiosos. Alguns sustentam que a câmara superior a que se recorreu para a oração foi o local do idêntico "última ceia". Alguns têm pensado que eles estavam em um compartimento do templo, que vista parece encontrar apoio em Lc 24:53 . No entanto, os quartos superiores de casas particulares não foram pouco empregado para fins religiosos. Seria um pensamento agradável que eles eram convidados no evidentemente bem-fazer e casa cômodo do discípulo Maria, a mãe de João Marcos, onde discípulos cristãos mais tarde reunidos para a oração (veja At 12:12 ). Uma habitação Certamente tais privada é mais adequada para a declaração de Atos, onde foram cumpridores (ou residentes) por um período Dt 10:1 concorda com o seu recorde anterior em Lc 6:12 . A prioridade dada ao Pedro aqui e nos próximos capítulos iniciais de Atos indica o propósito de Lucas na apresentação de Pedro como o líder divinamente escolhido da Igreja judaico-cristã infantil. Lucas tem o cuidado de fazer a anotação especial de Maria, mãe de Jesus , de quem esta é a última menção na Bíblia, e seus irmãos que não tinham acreditado em Sua messianidade antes de sua morte e ressurreição (Mt 12:46 ). As mulheres mencionadas devem ter incluído os que permaneceram com Ele na cruz e estavam presentes na ressurreição, e certamente incluiu Maria Madalena, de quem Cristo tinha expulsado sete demônios. Provavelmente as esposas de alguns dos apóstolos, incluindo de Pedro (Mt 8:14) e aquelas esposas e outros parentes de homens religiosos, estavam presentes. Muito provavelmente Joana, mulher de administrador de Herodes, Susana e outras mulheres que tinham sido curadas de doença ou possessão demoníaca e que em lealdade grata tinha seguido e ministrou a Ele (Lc 8:2 ), estavam lá. Maria, a mãe de Tiago e de José, Salomé, a esposa de Zebedeu (Mc 15:40 ), Maria e Marta de Betânia e, certamente, a mãe de Marcos Maria, que foi, provavelmente, hostess com a empresa, foram todos muito provavelmente presente. A companhia total foi de cerca de 120 pessoas (v. At 1:15 ). Um profundo sentimento de tristeza cai sobre a alma no silêncio sepulcral acerca de Judas.

3. A Persistência da Oração (At 1:14 ); segundo , a unidade de lugar onde a proximidade física daria força e fé para sua vigília (ver Mt 18:20. ); terceiro , a unidade de propósito que deu direção e foco para sua oração (ver Mc 11:24 ); quarta , a unidade de persistência, o que originou a sua unidade para orar (ver Jc 5:16)

O propósito dos discípulos em preparação para Pentecostes parece ter sido duplo: primeiro , para realizar o cumprimento da profecia judaica em relação ao traidor Judas; e segundo , para suprir a vaga deixada no apostolado por falha de Judas.

1. A finalidade de realizar o cumprimento da profecia (1: 15-20)

15 E nestes dias, Pedro levantou-se no meio dos irmãos, e disse (e não havia uma multidão de pessoas reuniram-se, cerca de cento e vinte), 16 Irmãos, era preciso que a Bíblia deve ser cumprida, que o falou o Espírito Santo pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam Jesus. 17 pois ele era contado entre nós e teve parte neste ministério. 18 (Ora, ele adquiriu um campo com o salário da sua iniqüidade; e, precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. 19 E tornou-se conhecido de todos os habitantes de Jerusalém, de sorte que em sua língua esse campo se chama Akeldama, isto é, Campo de Sangue .) 20 Porque está escrito no livro dos Salmos:

Deixe a sua habitação ser assolada,

E não haja quem nela habita: e,

Seu escritório Tome outro.

A inauguração ou dedicação (não o aniversário como alguns supõem-ver a Nota complementar II , o significado prático de Pentecostes) da igreja cristã estava prestes a ocorrer com a efusão Pentecostal. Pedro, que tinha sido restaurado para a graça de seu Senhor e seu gabinete nomeado, que ele tinha perdido temporariamente por sua apostasia triplo (Lc 22:54 e Jo 21:15 ), agora retomou seu antigo papel como presidente e apostólica chamado o conjunto de ordem para o negócio de eleger um sucessor apostólico para substituir a Judas caído.

O pressuposto desta iniciativa e escritório por Pedro (Pedro levantou-se no meio dos irmãos , v. At 1:15 ; conforme At 2:14) é claramente pessoal e não offcial como a igreja de Roma assume. Em apoio a esta posição são as seguintes evidências: Em primeiro lugar , a compreensão de Pedro e confissão da divindade de Cristo, não o personagem de Pedro, era para ser o fundamento da igreja (Mt 16:18 ). Em segundo lugar , Cristo entregou a autoridade apostólica a todos os apóstolos e não a Pedro exclusivamente, nem sequer principalmente (ver Jo 20:19 ). Em terceiro lugar , todo o Novo Testamento que diz respeito aos doze apóstolos, e não Pedro sozinho, como a fundação da igreja (ver Mt 19:28. ; Ef 2:19 ; Ap 21:14 .) Em quarto lugar , a igreja chamada Pedro em causa por ter pregado o evangelho à família do gentio Cornélio (At 11:1 ). Quinto , Pedro assumiu um papel subordinado ao Tiago no primeiro conselho geral da igreja em Jerusalém (At 15:1.) . Sétimo , Paulo repreendeu e repreendeu Pedro por sua conduta divisionista em Antioquia (Gl 2:11 ). Oitavo , o próprio Pedro assumiu uma posição de igualdade com, e não a superioridade, os seus companheiros (1Pe 5:1 através Dt 20:1 são os cumprimentos da profecia divina, mas como conseqüências de Judas decisões e conduta, e não da necessidade para o cumprimento de uma profecia divina. Dummelow oferece uma observação pertinente sobre as palavras de Pedro, era preciso que a Bíblia deve ser cumprida . Diz este autoridade:

Assim como o escândalo e tropeço da morte de Jesus foi diminuída pela descoberta de que foi predito na OT, e fez parte do conselho determinado de Deus (Lc 24:26 , Lc 24:46 ; At 2:23 ; At 3:17 , At 3:18 , etc.), de modo que o escândalo da queda de um Apóstolo foi aliviado pela descoberta de que Davi havia predito que nos Salmos: conforme Jo 13:18 ; Mt 26:24 . Pedro cita Sl 69:25 e Sl 109:8) de Aitofel, mas Pedro diz respeito às palavras como uma profecia típica da traição de Judas.

Que Judas tinha sido um membro genuinamente regenerada do corpo de Cristo é sugerido: primeiro , pelas palavras de Pedro, ele era contado entre nós (v. At 1:17 ; ver também Jo 13:18 ); e segundo , por sua eleição divina para o apostolado, depois de terrecebido a sua parte neste ministério (v. At 1:17 ; Jo 17:11 , Jo 17:12 ; e At 1:17 ). Em segundo lugar , ele se recusou ou não falharam em compreender o significado espiritual do reino de Cristo e de seu próprio discipulado pessoal e ministério e, consequentemente, se tornou cobiçoso de ganho material e traiu sua confiança sagrada como tesoureiro do grupo apostólico (Jo 12:3 ). Em terceiro lugar , tornou-se enganosamente hipócrita (Mt 26:25. , Mt 26:48 ; Lc 22:47 , Lc 22:48 ). Em quarto lugar , ele rejeitou a cada abertura da misericórdia divina projetada para restaurá-lo para a graça e salvá-lo da sua tragédia final, tanto quando foi feito o convidado de honra da última ceia do Senhor (Jo 13:26 ), e quando Jesus se dirigiu a ele carinhosamente como "amigo", por ocasião de sua prisão no jardim (Mt 26:50 ). Em quinto lugar , ele transferiu a sua vontade , devoção e obediência de Cristo a Satanás (Jo 13:27 ). Sexta , ele deliberadamente se despediu do Mestre para executar seu propósito mal (Jo 13:30 ). Sétimo , ele propositalmente e calculatively negociou com os inimigos da Senhor por traição de Cristo em suas mãos (Mt 26:14 ; Lc 22:3 .) Oitavo , ele deliberada e propositadamente executado a sua má intenção da traição de Cristo, identificando-se com e direcionando os servos do Sinédrio para o local da prisão de Cristo (Mc 14:11 ; Mt 26:16 , Mt 26:47 ). Ninth , em cima de seu despertar para as consequências chocantes de sua ação, na condenação de Cristo à morte, Judas 'arrependimento e confissão (Mt 27:3) foram o resultado auto-imposto da "tristeza do mundo [que] opera a morte", com remorso e não que "a tristeza segundo Deus [que] arrependimento que não traz pesar" (2Co 7:10 ). Décimo , ele consequentemente saiu e cometeu suicídio enforcando-se (Mt 27:5 ); mas o que ele fez por isso não carece de evidência bíblica. Assim, o destino eterno de sua alma será melhor permanecer no conselho determinado de um Deus todo-sábio e justo.

O problema da conciliação da declaração entre parêntesis de Lucas a respeito de Judas a obtenção de um campo com o salário da sua iniquidade (At 1:18 , At 1:19 ), com o relato de Mateus (Mt 27:1) não é sem uma provável resolução. É possível que Judas foi motivada pelo interesse económico na sua traição de Jesus por trinta moedas de prata, que o dinheiro que ele destina-se a investir em uma parcela de terra contendo solo especialmente valioso para a tomada de cerâmica. Assim, ele pode ter negociado com os proprietários para este campo, mas não pode ainda ter pago o dinheiro para ele antes de seu despertar remorso ao ver de condenação de Jesus, e sua conseqüente suicídio. Seu retorno desse dinheiro aos principais sacerdotes podem ter eventuated em seu uso dele para consumar o negócio iniciado por Judas, tendo em vista a sua utilização como um cemitério em que a sepultura dos estrangeiros pobres que vieram para Jerusalém e ali morreu longe de casa e amigos, uma vez que era ilegal para colocar esse dinheiro no tesouro do templo. Assim, nesse sentido, pode-se dizer que Judas adquiriu um campo com o salário da sua iniquidade . Por outro lado, pode-se simplesmente para implicar que a compra deste campo pelos sacerdotes foi uma consequência da traição monetária Judas 'de Cristo, embora nenhuma parte de seu propósito inteligente. De qualquer visão deixa nenhum problema em particular na reconciliação do relato de Lucas com a de Mateus.

Que essa parcela de terra foi chamado Campo de Sangue pelos habitantes de Jerusalém (v. At 1:19 ), pode ser explicada por um de dois fatores, ou mesmo uma possível combinação de ambos. Em primeiro lugar , ele pode ter sido chamada por razão do fato de que ele foi comprado com o "dinheiro de sangue", as trinta moedas de prata para que Cristo foi traído, até a morte. Em segundo lugar , é possível que ele era assim chamado porque Judas pode ter cometido suicídio em campo e foi enterrado em esta muito campo a partir do qual ele tinha a intenção de enriquecer-se por ganho material. Em qualquer caso , ele adquiriu ... O campo de sangue ...com o salário da sua iniquidade . Lucros indevidos nunca pode adquirir segurança espiritual. Isso é obtido exclusivamente pela doação, e nunca por ficar. Judas ganhou um terreno enterrando sombrio como uma recompensa. Seus companheiros apóstolos ganhou um reino espiritual eterno por sua lealdade a Cristo.

2. A propósito a cumprir o Apostolado (1: 21-26)

21 Dos homens, portanto, que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, 22 Começando desde o batismo de João até o dia em que foi recebido em cima de nós, um deles deve se tornar um conosco testemunha da sua ressurreição. 23 E apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias. 24 E, orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces os corações de todos os homens, mostra qual destes dois aquele a quem tens escolhido 25 para tomar o lugar neste ministério e apostolado, de que Judas se desviou, para que ele pudesse ir para o seu próprio lugar. 26 E eles deram muito para eles; e caiu a sorte sobre Matias; e foi contado com os onze apóstolos.

Pedro apresenta três requisitos específicos a serem cumpridas pelo sucessor apostólico de Judas. Estas condições são, implícita nos o endereço de Pedro: primeiro , um verdadeiro discipulado para Jesus Cristo: Começando desde o batismo de João (v., o batismo de arrependimento e fé salvadora em Cristo 22a ); segundo , fiel e leal a adesão em a família discípulo cristão (vv. At 1:21 , At 1:22 ). As deficiências organizacionais da igreja nesta conjuntura é evidenciado pelos seguintes fatos: primeiro , que dois candidatos foram avançados para o cargo apostólico indicou claramente os discípulos 'incerteza da vontade divina na matéria; segundo , que os discípulos 'escolha foi feita dentre os discípulos e seus candidatos apresentados a Deus antes da oração foi oferecido para a direção divina; terceiro , que eles utilizaram o monte (Urim), um dispositivo sagrado usado sob a lei para determinar a vontade divina, mas aqui pela primeira e última vez empregada pelos seguidores de Cristo. Dummelow pensa que pode ter consistido na escrita dos nomes dos candidatos em tablets e, em seguida, sacudi-las até que um caiu. Em todo o caso, não há provas de que foi encomendado ou aprovado por Deus nesta ocasião.

José , chamado Barsabás , para não ser confundido com Barnabé de data posterior, e Matthias foram a escolha dos discípulos. Sua oração para a escolha de Deus entre os candidatos é o primeiro gravado "pós-ascensão" oração cristã, e foi direcionado para o Senhor Jesus. Essa se ​​tornou a prática aceita da igreja apostólica (ver At 9:14 ). É natural que eles deveriam ter peticionado Cristo na escolha deste apóstolo, uma vez que Ele tinha escolhido o original doze.

Que nem José nem Matthias foi a escolha de Cristo de um sucessor para Judas parece evidente pelo fato de que, embora a sorte caiu sobre Matias, ele não é ouvido de novo no Novo Testamento e, evidentemente, não preencher o cargo, embora, é claro, "silêncio" não é evidência conclusiva. Todas as provas subsequentes parece apontar para Paulo como a seleção divina para completar o apostolado.

Morgan, apesar de reconhecer que se trata de uma questão debatida na interpretação bíblica, no entanto, sem hesitar, afirma que os discípulos estavam enganados em sua escolha de Matias para suceder Judas.

... Minha convicção é que temos uma revelação de sua ineficiência para a organização; que a eleição de Matthias estava errado. Sua idéia de que era necessário como uma testemunha da ressurreição estava errado. Eles disseram que uma testemunha deve ter sido com eles desde o batismo de João. Eles pensaram que uma testemunha deve ser alguém que tinha visto Jesus antes de Sua ascensão. Por uma questão de fato, o mais poderoso incentivo para testemunhar foi a visão de Cristo após a ressurreição, como quando Ele prendeu Saulo de Tarso em seu caminho para Damasco. Portanto, o seu princípio da eleição foi errado. O seu método de seleção também estava errado. O método de sorteio não era mais necessário. Assim, temos o compromisso errado de Matthias. Ele era um bom homem, mas o homem errado para esta posição, e ele passou fora da vista; e quando presentemente chegamos à glória final da cidade de Deus, vemos doze fundamentos, e doze nomes dos apóstolos, e eu não estou preparado para omitir Paulo de doze, acreditando que ele era um homem de Deus para o enchimento do lacuna.

Estes homens eram perfeitamente sincero, procedendo nas linhas da verdade revelada, mas eles ignoravam melhor método de Deus; incapaz de suportar o seu testemunho; incapaz de organizar-se para o fazer da obra; e, consequentemente, a necessidade da vinda do Paráclito.

Wiersbe

Comentário bíblico expositivo por Warren Wendel Wiersbe, pastor Calvinista
Wiersbe - Comentários de Atos Capítulo 1 do versículo 1 até o 26
  • Um novo livro (1:1-2)
  • O "primeiro livro" refere-se ao evan-gelho de Lucas (veja Lc 1:1-42), em que o autor conta a história do que Jesus começou a ensinar e a fazer quando estava na terra. Atos retoma o relato ao contar o que ele con-tinuou a fazer e a ensinar na terra por intermédio da igreja. O evange-lho de Lucas relata o ministério de Cristo na terra em um corpo físico, e Atos conta seu ministério do céu por intermédio de seu corpo es-piritual, a igreja. Por exemplo, em 1:24, os crentes pedem que o Cris-to ascenso mostre-lhes quem ele-ger como apóstolo. Em 2:47, era o Senhor quem trazia crentes para a congregação. Em 13 1:3, Cristo, por intermédio de seu Espírito, envia os primeiros missionários, e, em 14:27, Paulo e Barnabé relatam o que Deus fez por intermédio deles.

    Todo cristão precisa passar do evangelho de Lucas para Atos. Sa-ber a respeito do nascimento, da vida, da morte e da ressurreição de Cristo é o bastante para a salvação, mas não para o serviço que o Espí-rito nos capacita a fazer. Temos de nos identificar com ele como nosso Senhor ascenso ao céu e deixar que opere por nosso intermédio na terra. A igreja não é apenas uma organiza-ção dedicada ao trabalho espiritual; é um organismo divino, o corpo de Cristo na terra por meio do qual sua vida e seu poder devem operar na terra. Ele morreu pelo mundo per-dido; nós vivemos para trazer esse mundo para Cristo.

  • Uma experiência nova (1:3-8)
  • Cristo ministrou aos apóstolos du-rante os quarenta dias posteriores à sua ressurreição. Devemos ler esses versículos em conexão com Lc 24:36ss. Nas duas passagens, Cristo instruiu os apóstolos a perma-necerem em Jerusalém até a vinda do Espírito. Eles deviam iniciar seu ministério em Jerusalém.

    João Batista anunciou esse ba-tismo peto Espírito (Mt 3:11; Mc 1:8; Lc 3:16; Jo 1:33). A vinda do Espírito uniria todos em um corpo, a ser conhecido como a igreja (veja 1Co 12:13). O Espírito também ca-pacitaria os crentes a testemunhar para o perdido. Por fim, o Espírito também permitiría que os crentes falassem em línguas e fizessem obras miraculosas a fim de desper-tar os judeus. (Veja 1Co 1:22 — os judeus pedem um sinal.) Na verda-de, em Atos há duas ocorrências de batismo pelo Espírito: no capítulo2, quando ele batizou os ju-deus e, no capítulo 10 (veja 11:16), quando o Espírito Santo desce so-bre os crentes gentios. De acordo com Ef 2:11 ss, o Corpo de Cristo compõe-se de judeus e de gentios, todos batizados em seu corpo espiritual. Ao orarmos pelo batismo do Espírito Santo, portanto, estamos pedindo a Deus, na verda-de, que seu Espírito nos encha (Ef 5:18) e nos capacite para o serviço (At 10:38). Os apóstolos foram re-preendidos por perguntar a Cristo a respeito do reino (vv. 6-8)? Sim, foram. Em Mt 22:1, Cristo prometeu dar a Israel outra chan-ce para receber a ele e ao reino. EmMt 19:28, Cristo prometeu que os apóstolos sentariam em 12 tronos (veja Lc 22:28-42). Em Ma-teus 12:31-45, ele afirmou que o povo de Israel teria outra oportuni-dade de ser salvo mesmo após pe-car contra o Filho e que lhe daria um sinal a fim de encorajá-lo. Era o sinal de Jonas: morte, sepultamento e ressurreição. Os apóstolos sabiam que iniciariam seu ministério com Israel (veja as notas introdutórias), mas eles queriam saber como Israel respondería. A nação aceitaria ou rejeitaria a mensagem? Cristo não lhes contou como a nação respon-dería. Se os apóstolos soubessem que Israel rejeitaria as boas-novas, eles não apresentariam uma oferta honesta ao povo deles, e o minis-tério deles seria falso. Cristo disse- lhes que poderíam iniciar seu tes-temunho em Jerusalém e, no fim, alcançar o resto do mundo.

  • Uma nova garantia (1:9-11)
  • Não confunda a promessa do versí-culo 11 com a que Paulo anunciou do arrebatamento da igreja, em I Tessalonicenses 4. Aqui, os anjos prometem que Cristo retornará, vi-sível e em glória, ao monte das Oli-veiras. Lc 21:27 e Zc 14:4 fazem a mesma promessa. Se Israel tivesse aceitado a mensagem dos apóstolos, Cristo teria retornado ao monte das Oliveiras (veja At 3:19-44). A decisão de-les baseou-se na Palavra de Deus (SI 109:8 e 69:
    25) e em oração contínua (vv. 14,24). Mateus, o novo apóstolo, foi ratificado por Deus juntamente com os outros, já que o Espírito o en-cheu no Dia de Pentecostes.

    Observe que Pedro comandou a reunião. Talvez esse seja outro uso de seu poder de "ligar e desligar", dado por Cristo, em Mt 16:19. O céu dirigiu a decisão deles e rati-ficou-a depois de tomada.

    Paulo não poderia ser o 122 apóstolo. Ele não preenchia as qua-lidades estabelecidas nos versícu-los 21:22, e, além disso, o minis-tério especial dele dizia respeito à igreja, não ao reino.

    Agora, tudo estava pronto para a vinda do Espírito. Agora era tudo uma questão de tempo, e os crentes, no cenáculo, passaram as horas em oração e em comunhão à espera da chegada do Dia de Pentecostes.


    Russell Shedd

    Comentários da Bíblia por Russell Shedd, teólogo evangélico e missionário da Missão Batista Conservadora.
    Russell Shedd - Comentários de Atos Capítulo 1 do versículo 1 até o 26
    1.1 O primeiro livro- O evangelho de Lucas. É opinião geral que Lucas e Atos formam dois volumes (cujo tamanho foi limitado pelo comprimento de um rolo de papiro) de uma só obra. A palavra "primeiro" e a conclusão súbita de Atos sugerem a intenção de Lucas de escrever um terceiro volume. Teófilo. "Aquele que ama a Deus". Conforme Lc 1:0, Lc 4:18 e At 10:38, Jesus viveu Sua vida sob a direção do Espírito e do Pai (Jo 14:10).

    1.3 Padecido, se apresentou vivo. As provas incontestáveis (históricas, não especulativas ou teóricas) garantem a validez dá mensagem do evangelho. Sem a realidade da morte e da ressurreição de Cristo não à cristianismo. Reino Deus. Não se refere a território mas a soberania ou atividade de Cristo em reinar. Cristo acrescentou a Seu ensino sobre o reino relatado nos evangelhos, as implicações de Sua morte, ressurreição e exaltação (Conforme 8.12; 28.23, 31).

    1.4 Comendo com eles. O sentido da palavra sunalizomenos é incerto. No gr clássico significa "reunir-se". Pode ser derivada de als, "sal", i.e., comer sal (comida) em conjunto. Outra variante , nos Mss. tem "morando juntos". Promessa... A vinda do Espírito Santo (cf. Os 2:28-29; Jo 7:39; 14.36,Jo 14:26; Gl 3:27, Gl 3:28).

    1.6,7 Restaures o reino. Os discípulos ainda cogitam da independência política de Israel sob um descendente de Davi (Jesus?). Cristo responde:
    1) Não lhes compete saber o tempo (Mt 24:36; Mc 13:32; 1Ts 5:0) antecipada na transfiguração (Mc 9:2-41). A nuvem corresponde à glória shekinah (da Presença) na qual Cristo voltará (conforme Êx 13:22; Ez 7:13; Mc 14:62; Mt 24:30)

    1.10 Varões... de branco. Trata-se de anjos como no sepulcro (Lc 24:4).

    1.12 Olival. O local da agonia no jardim (Lc 22:39) é o mesmo da Sua exaltação da Segunda Vinda (Zc 14:4).

    1.13 O cenáculo. Uma sala grande de jantar, no segundo andar, que provavelmente, pertencia à mãe de Marcos (conforme 12,12) e local da última Ceia.

    1.14 Irmãos. A conversão de Tiago, meio-irmão de Jesus e autor da epístola, que traz o seu nome, se relata em 1Co 15:7 (conforme nota). Maria. Não se menciona mais na Bíblia.

    1.15 Pessoas. Lit., "nomes", se como em Ap 3:4; Ap 11:13.

    1.18 Este... campo. Mt 27:7 diz que os sacerdotes compraram o campo. Sendo que, legalmente, o dinheiro pertencia a Judas, é provável que o tenham comprado em seu nome.

    1.19 Sua... língua. Aramaico, que nessa altura já substituíra O hebraico como língua franca dos judeus na Palestina.

    1.22 Testemunha... ressurreição. A qualificação humana para o apostolado era ter conhecimento íntimo da vida terrestre de Jesus e ser testemunha ocular de Sua ressurreição. A qualificação divina era ser escolhido por Cristo (aqui, por meio do lançamento de sortes, Pv 16:33).

    1.24 Tu, Senhor, que conheces o coração. É provável que refere a Cristo. No AT o "Conhecedor de corações" é Deus Jeová.


    NVI F. F. Bruce

    Comentário Bíblico da versão NVI por Frederick Fyvie Bruce, um dos fundadores da moderna compreensão evangélica da Bíblia
    NVI F. F. Bruce - Comentários de Atos Capítulo 1 do versículo 1 até o 26
    I. O ELO COM O EVANGELHO (1:1-26)


    1) Teófilo e o “livro anterior” (1.1)

    Teófilo: O título “excelentíssimo” dado a Teófilo (= “amigo de Deus”) em Lc 1:3 o destaca como um alto oficial a serviço de Roma, ou um membro da ordem eqüestre. Também confirma a nossa impressão de que era uma pessoa real, já convertida, talvez, ou ao menos muito interessada em Cristo e na sua mensagem. Lucas, sem dúvida, esperava atingir um amplo círculo por meio de seu correspondente. A ausência do título em 1.1 pode indicar que a relação era menos formal e mais fraternal do que quando o “livro anterior” havia sido escrito, embora as datas provavelmente tenham sido próximas (v. Introdução, p. 1753). A dedicação do livro a Teófilo indica que o evangelho estava começando a se espalhar entre pessoas cultas do mundo greco-romano.

    A continuação da obra divina (1.1). Lucas, provavelmente, teria concordado por completo com o breve resumo do ministério apostólico em Mc 16:20: “Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles...”. O mesmo Senhor que começou a fazer e a ensinar, como está registrado no Evangelho, continuou a sua obra poderosa pelo Espírito por meio dos apóstolos no período que seguiu a consumação da cruz e a ressurreição. Todo o processo é contínuo ao longo das fases históricas, e o centro é o grande Servo que declara: “Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também

    Roma (28.30,31)
    continuo trabalhando”. O trabalho tem precedência sobre o ensino que está fundamentado nele.

    2) A ordem dada aos apóstolos (1:2-5)
    A necessidade do ensino. A obra redentora do Senhor foi concluída, e assim nada separava a sua pessoa das esferas celestiais. Mas, mesmo assim, ele passou um período histórico e definido de 40 dias com os apóstolos antes do dia em que foi elevado. As expressões aqui e nos Evangelhos indicam que o período foi da maior importância para o testemunho apostólico, pois os seus servos necessitavam de uma continuação do seu treinamento depois do fato tremendo da crucificação, à luz da ressurreição e sob a direção pessoal do mesmo Mestre. No entanto, a menção do Espírito Santo em relação a essas ordens não enfraquece a autoridade do Mestre, mas destaca mais uma vez que a obra toda foi uma “operação combinada” do Deus trino. A verdade “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para pregar...” (Lc 4:18; conforme Is 61:1,Is 61:2) era tão real depois da ressurreição quanto antes.

    Os apóstolos. Os Doze eram as testemunhas autorizadas e comissionadas tanto em relação à pessoa quanto à obra de Cristo, os depositários da verdade relacionada ao grande evento da intervenção de Deus na história, na pessoa do seu Filho, para a redenção da humanidade. Tantas coisas dependiam da exatidão do seu ministério que o Senhor ressurreto continuou a instruí-los até a sua ascensão. Em 1.21,22, vamos voltar às características do ministério dos Doze em contraste com o de Paulo, mas observe aqui o testemunho conjunto do Espírito Santo e os apóstolos (Jo 14:25; Jo 15:26,Jo 15:27; At 5:32). Esses homens não eram tagarelas autodesignados, mas apóstolos que [ele] havia escolhido falando com palavras que eram inspiradas e confirmadas pelo Espírito Santo.

    O conteúdo da ordem (1.3,4,8). A ordem mencionada talvez incluía os diversos aspectos da Grande Comissão detalhada em Mt 28:19,Mt 28:20; Lc 24:44-42; Jo 20:21; 21.1517. No nosso contexto, o Senhor fala do Reino de Deus, com que podemos entender todas as esferas que reconhecem a soberania de Deus, com referência especial aqui a crentes que entrariam no reino por meio da pregação do evangelho em todo o mundo. O “reino” e a “igreja” não devem ser colocados em oposição, mas a igreja deve ser entendida como a província central do reino em virtude de sua relação mais íntima com o Rei. (V. uma apresentação equilibrada desse tema em G. E. Ladd, The Gospel of the Kingdom, London, 1959.) A ordem para esperar pela promessa de meu Pai em Jerusalém (v. 4) remete à profecia de João Batista (v. 5; conforme Mt 3:11) e, mais atrás ainda, às promessas de derramamento do Espírito Santo feitas pelos profetas do AT (J1 2.28,29; Is 32:15 etc.). Os conselhos do Pai direcionam as diferentes fases da obra da redenção, de modo que a promessa de meu Pai é uma expressão que descreve de forma apropriada o dom do Espírito Santo, o complemento necessário da encarnação e da expiação.


    3) Os “tempos” e as “datas” (1.6,7)

    A pergunta dos discípulos (1.6). Essa pergunta é mais uma prova da lentidão dos apóstolos em entender a natureza espiritual do reino, ou pode ser entendida com referência ao ponto específico a que haviam chegado na instrução apresentada pelo Mestre? Observemos os seguintes fatores: (a) Os apóstolos estavam imersos em profecias do AT nas quais o tema constantemente repetido é a restauração e volta de Israel para o coração de um reino universal na terra. Todos os israelitas piedosos meditavam acerca desse tema (Lc 1:33,Lc 1:55,Lc 1:68-42). (c) Os discípulos, tendo entendido o significado de Is 53:0). Nesse ínterim, eles tinham uma tarefa a realizar no poder do Espírito Santo e precisavam esperar por mais luz acerca do tempo do reino messiânico (1.7,8). Os tempos são chronoi, e as datas são kairoi\ embora os significados desses termos se sobreponham em parte, chronoi destaca mais a duração do período, e kairoi destaca as crises que marcam a sua consumação.


    4) O testemunho apostólico (1.8)
    O seu poder. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, pois essa nova época seria a era do Espírito Santo, que era o único que poderia capacitá-los para o testemunho e complementar a obra exterior e histórica do Filho por meio daquela energia interior e subjetiva que iria regenerar e santificar todos os verdadeiros crentes (conforme 1Co 2:4,1Co 2:5).

    As testemunhas. Em primeiro lugar, precisamos entender as testemunhas apostólicas que iriam falar de Cristo e de sua obra como aqueles que haviam sido escolhidos para depositários da verdade (conforme comentário Dt 1:2), declarando o que haviam visto e ouvido como é adequado a boas testemunhas oculares (ljo 1:1-3). Mas conquanto, nesse sentido, os apóstolos não poderiam ter sucessores, todos os cristãos verdadeiros sentem — ou deveriam sentir — a obrigação pessoal transmitida por esta ordem: serão minhas testemunhas.

    A esfera. A expressão em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra denota uma esfera universal de testemunho a ser alcançada em estágios. Parecia impossível começar em Jerusalém, onde o próprio Senhor havia sido rejeitado e crucificado, mas essa era a ordem, e os caps. 2—7 revelam os meios pelos quais foi implementada. O estágio seguinte seria toda a Judéia, que, com a menção de Samaria e a inclusão implícita da Galiléia, coincidia com a Palestina. Os caps. 8—12 narram o cumprimento dessa comissão. Pedro foi o que abriu as portas da esfera do mundo dos gentios, e Paulo seria o apóstolo desse mundo. Lucas conta a história desse último estágio nos caps. 13— 28. Temos aqui, portanto, o programa dos estágios iniciais da evangelização mundial e a estrutura principal da história de Lucas.


    5) A ascensão (1:9-11)

    O fato e o propósito. Foi da boa vontade do Senhor que o seu ministério na terra tivesse um final definido e visível como cumprimento de Jo 16:28: “Eu vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai”. Lc 24:50 e At 1:12 estabelecem o lugar como sendo o monte das Oliveiras, próximo de Betânia — um lugar reverenciado por tantas lembranças. O corpo da ressurreição do nosso Senhor foi elevado à vista dos olhos dos discípulos até que uma nuvem — provavelmente um fenômeno celestial, a nuvem que envolve a presença divina (conforme Lc 9:34,Lc 9:35) — o retirou da vista deles. Além de marcar o final do ministério de Cristo na terra, a ascensão inaugurou a sua posição à direita de Deus (At 2:36-5.31; Rm 8:34; 1Pe 3:22 etc.) e coincidiu com a glorificação, sem a qual o Espírito Santo não podia ser enviado (Jo 7:39; conforme Jo 15:26; Lc 24:49,Lc 24:53 fala da “grande alegria” dos discípulos ao voltarem ao cenáculo, o que indica a compreensão completa das últimas instruções do Senhor e da mensagem dos anjos. Eles esperavam a vinda do poder com expectativa intensa, expressa em oração e súplicas. cerca de um quilômetro-, no grego, “à distância da caminhada de um sábado”; era a distância que um judeu piedoso podia percorrer sem transgredir o descanso do sétimo dia. O termo não indica que a ascensão ocorreu no sábado.


    6) Esperando pela promessa (1:12-14)

    Zahn e outros sugerem a probabilidade de os discípulos terem retornado ao mesmo cenáculo (NVI: “ampla sala no andar superior”) que havia sido colocado à disposição do Senhor para a celebração da Páscoa (Lc 22:7-42).

    Os Onze (1.13). E natural que houvesse uma “chamada” dos apóstolos antes de ser inaugurado o novo estágio da obra. Os nomes são dados em Lc 6:14ss. V. as considerações acerca das diferenças entre essa lista e a de Mateus e Marcos em F. F. Bruce, The Acts of the Apostles, p. 43. O fato importante a ser observado nesse contexto é que um membro do grupo original de apóstolos, Judas 1scariotes, estava faltando, o que nos leva diretamente à nomeação de Matias.

    O grupo dos que estavam esperando
    (1.14,15). Um grupo grande de 120 pessoas cabia numa sala ampla de um andar superior. Onze eram apóstolos, e os outros, discípulos fiéis. A presença de Maria é destacada antes de ela desaparecer das páginas das Escrituras Sagradas, e era apropriado que ela participasse da experiência do nascimento do corpo espiritual de Cristo. A expressão e com os irmãos dele revéla o segredo da conversão desses homens antes antagonistas (Jo 7:5). Cada linha de alguma forma nos prepara para o grande evento, e a expectativa em geral era expressa naturalmente por um espírito de oração que identificava os anseios do grupo pela realização dos propósitos declarados de Deus.


    7) A escolha de Matias (1:15-26)

    O décimo segundo apóstolo. A idéia repetida com freqüência de que os Onze deveriam ter esperado para que o Senhor deixasse claro que Paulo deveria ser o décimo segundo apóstolo não leva em consideração os seguintes aspectos: (a) A escolha de Matias é apresentada por Lucas como parte da introdução ao Pentecoste; 12 testemunhas, representantes do verdadeiro Israel, deveriam estar unidos naquele dia (2.14). (b) Pedro não poderia estar errado na sua compreensão da situação e ao mesmo tempo ser inspirado nas citações dos Salmos e na sua avaliação de Judas, (c) Os Doze eram testemunhas apostólicas do ministério, morte e ressurreição de Cristo (1.21,22), e isso Paulo nunca poderia ter sido. Ele destaca o ministério específico deles em 13.31. O seu ministério foi para o Senhor ressurreto como Cabeça da Igreja (Ef 3:1-49; Cl 1:24-51 etc.).

    O sermão de Pedro (1:16-22). Precisamos observar que 1.18,19 constitui um interlúdio explicativo apresentado por Lucas para o benefício dos seus leitores, que resume as lembranças do fim de Judas em Jerusalém quando o autor reuniu as suas evidências em (digamos) 57-59 d.C. No restante, o sermão tem duas partes: (a) Pedro enxerga em Aitofel o tipo do arquitraidor, Judas, e aplica os salmos do “traidor” a este discípulo (2Sm 17:23Sl 69:25-109.8). Judas tinha de fato sido um dos que estiveram conosco, por maior que fosse esse mistério, e a sua vaga precisava ser preenchida. (b) A segunda parte (v. 21,22) é de grande importância, visto que mostra que os Doze tinham de ser necessariamente testemunhas oculares de todo o ministério terreno de Cristo para que fossem testemunhas confiáveis do grande fato da ressurreição.

    A escolha. Os Onze não conseguiram discernir diferença alguma nos critérios de elegibilidade entre José Barsabás e Matias e, assim, recorreram ao método de lançar sortes (como entre duas opções) sancionado no AT. O Urim e o Tumim parecem ter sido usados em circunstâncias semelhantes. O momento era singular, pois o Mestre não estava lá em pessoa para designar a sua testemunha, e o Espírito Santo não tinha sido dado ainda da forma especial do Pentecoste. Os Onze lembraram de Pv 16:33 e agiram de acordo com isso. O silêncio das Escrituras acerca do futuro ministério de Matias não é mais significativo do que o silêncio que cerca a obra da maioria dos apóstolos.


    Francis Davidson

    O Novo Comentário da Bíblia, por Francis Davidson
    Francis Davidson - Comentários de Atos Capítulo 1 do versículo 1 até o 26
    I. O NASCIMENTO DA IGREJA At 1:1-5.42

    a) Os quarenta dias e depois (At 1:1-26)

    Nos primeiros cinco capítulos temos uma série de cenas, ou retratos em miniatura, da primitiva comunidade cristã de Jerusalém. Começa o livro no ponto em que o Evangelho de Lucas terminou, com o Senhor ressuscitado aparecendo aos discípulos, a intervalos, durante quarenta dias, ordenando-lhes que esperem em Jerusalém até que recebam poder celestial, para depois agirem como Suas testemunhas naquela cidade, na Judéia e Samaria, até aos confins da terra. Já se tem dito que esta indicação geográfica tríplice (At 1:8) constitui-se uma espécie de índice do Esboço de Atos, visto ser essa a ordem em que Lucas descreve a propagação do Evangelho. As palavras de Cristo Sereis minhas testemunhas são dignas de nota por serem citadas de Is 43:10. A inferência é que essas palavras do grande profeta do Velho Testamento se cumprem nos discípulos de Jesus; eles formam o remanescente do antigo Israel e o núcleo do novo.

    Vem depois a narrativa da ascensão, após o que os discípulos em número de 120, aguardam em Jerusalém o cumprimento da promessa do Espírito, e nesse ínterim preenchem a vaga deixada no colégio dos doze com a deserção de Judas, cuja queda eles vêem predita no Velho Testamento (cfr. Mt 27:9 e seg.; Jo 17:12).

    O primeiro livro (At 1:1), isto é, o terceiro Evangelho, também endereçado a Teófilo (Lc 1:3). Quem era esse Teófilo não podemos dizer ao certo, senão que parece ter sido um cidadão romano de categoria eqüestre, e possivelmente exercia cargo administrativo, como sugere o título "excelentíssimo" (Lc 1:3). Tudo quanto Jesus começou tanto a fazer como a ensinar (1). Visto como o assunto do terceiro Evangelho é sumariado assim, a inferência é que este novo volume vai tratar do que Jesus continuou a fazer e a ensinar após Sua ascensão-pelo Seu Espírito em Seus seguidores. Sendo visto por eles por espaço de quarenta dias (3). Daí vem que no calendário cristão o dia da ascensão cai no quadragésimo dia depois da páscoa. Contudo a exaltação de Jesus à direita de Deus, que é o fato comemorado realmente no dia da ascensão, não esperou, para consumar-se, esse quadragésimo dia após Seu triunfo sobre a morte. Na primitiva pregação apostólica a ressurreição e a ascensão, as quais em conjunto constituem a exaltação de Cristo são encaradas como um movimento contínuo. O quadragésimo dia apenas marcou a última vez que Ele desapareceu da vista dos discípulos, depois de uma aparição como ressuscitado: a série de visitas freqüentes, se bem que intermitentes, chegava agora ao fim com uma cena que os convenceu da glória celestial do seu Mestre. Não devemos imaginar que os intervalos entre essas aparições Ele os passou limitado a alguma condição terrena. As coisas concernentes ao reino de Deus (3). Esta curta declaração foi desenvolvida pelos gnósticos de modo a representar Jesus a transmitir doutrina esotérica, qual a que as escolas deles mantinham. Todavia "o reino de Deus concebe-se que é vindo nos eventos da vida, morte e ressurreição de Jesus; proclamar tais fatos, em seu devido lugar ou ambiente, é proclamar o Evangelho do Reino de Deus" (C. H. Dodd). Não há dúvida que a relação que a paixão e a vitória de Jesus tinham com a mensagem do reino foi agora patenteada aos discípulos. Vós sereis batizados com o Espírito Santo (5). Cfr. a pregação de João Batista em Mc 1:8. Assim virá (11). Possivelmente com referência particular à nuvem (9); cfr. Lc 21:27 (Mc 13:26); Mc 14:62. A lista dos apóstolos no vers. 13 concorda com a de Lc 6:14 e segs., variando algo na ordem, e omitido aqui o nome de Judas 1scariotes.

    >At 1:18

    Ora, este homem (18). Os vers. 18 e 19 devem ser considerados como um parêntese de Lucas, não como parte das palavras de Pedro aos seus condiscípulos. Precipitando-se (18), ou "intumescendo-se". Campo de Sangue (19). Cfr. Mt 27:8.

    >At 1:20

    As citações do vers. 20 são feitas dos Sl 69:25; Sl 109:8. Começando no batismo de João... (22). Este período é o do ministério público de Jesus, abrangido pela pregação apostólica (cfr. At 10:37) e pelo Evangelho de Marcos. A qualificação principal é que o novel apóstolo seja, entre os doze, testemunha... da sua ressurreição (22). José, chamado Barsabás (23). A seu respeito Pápias relata, louvando-se na autoridade das filhas de Filipe, que ele, bebendo veneno de cobra nada sofreu (cfr. Mc 16:18). Matias (23). Não há mais notícia dele a que se deva atenção. Lançaram em sortes (26). Seleção deliberada e oração tiveram seu lugar nessa nomeação tanto quanto o sorteio. Esta era uma instituição sagrada no antigo Israel um meio muito em voga de se descobrir com certeza a vontade divina (cfr. Pv 16:33) sendo de fato o princípio de decisão aplicado no caso do Urim e Tumim. Esta é a primeira e última ocasião do emprego do sorteio pelos apóstolos; pertence-o que é bem digno de nota-ao período entre a ascensão e o Pentecostes; Jesus se ausentara e o Espírito Santo ainda não tinha vindo. Contudo se há melhores meios de se designarem homens competentes para as responsabilidades eclesiásticas há também os piores. Foi contado com os onze apóstolos (26). A idéia de que Paulo fora divinamente indicado para ser o décimo segundo, e de que os apóstolos previram erradamente o plano de Deus, mostra uma má compreensão do caráter único do apostolado de Paulo.


    John MacArthur

    Comentario de John Fullerton MacArthur Jr, Novo Calvinista, com base batista conservadora
    John MacArthur - Comentários de Atos Capítulo 1 do versículo 1 até o 26

    1 . Recursos para terminar o trabalho inacabado de Nosso Senhor ( Atos 1:1-11 )

    A primeira conta que compus, Teófilo, sobre tudo o que Jesus começou a fazer e ensinar, até o dia em que foi levado para cima, depois de ter feito o Espírito Santo dado ordens aos apóstolos que escolhera. Para estes também se apresentou vivo, depois de ter padecido, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante um período de quarenta dias, e falando das coisas concernentes ao reino de Deus. E reunindo-os, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem o que o Pai havia prometido ", que," Ele disse: "Você já ouviu falar de de mim, pois João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias ". E assim, quando chegaram juntos, eles estavam pedindo-lhe, dizendo: "Senhor, é nesse momento que você está restaurando o reino de Israel?" Ele lhes disse: "Não é para você saber os tempos ou épocas que o Pai fixou com sua própria autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, e em toda a Judéia e Samaria, e até à parte mais remota da terra ". E após ter dito essas coisas, ele foi levantado, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E como eles com os olhos fitos no céu, enquanto ele estava partindo, eis que dois homens vestidos de branco parou ao lado deles; e eles também disse: "Homens da Galiléia, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que foi levado de vocês para o céu, há de vir exatamente da mesma maneira como você viu ir para o céu." ( 1: 1-11 )

    A obra de Jesus Cristo é tanto acabado e inacabado. Sua grande obra de prover redenção está terminado, e nada pode ser adicionado a ele (cf. Jo 17:4. ; Mt 14:31 ; Mt 16:8 ). Nem tinham absolvido se bem durante os eventos traumáticos que cercam prisão e crucificação de Cristo. Eles não só tinha falhado no testemunho público, mas também na lealdade privado e na fé pessoal. Pedro, seu líder reconhecido, tinha com veemência e profanely negado, mesmo sabendo Jesus. Sua fé e caráter espiritual não eram fortes o suficiente para suportar o desafio de uma menina humilde servo ( Mt 26:69-70. ). Com exceção de João, todos os discípulos fugiram com medo de suas próprias vidas e foram longe de ser encontrada no lugar da crucificação. Embora Jesus havia predito explicitamente Sua ressurreição, os discípulos zombou dos relatórios iniciais que Seu túmulo estava vazio ( Lc 24:11 ). Quando Jesus apareceu para eles, Ele os encontrou encolhido atrás de portas fechadas por medo das autoridades judaicas ( Jo 20:19 ). Tomé, não presente nessa primeira aparição, se recusou a acreditar, mesmo o testemunho dos outros dez apóstolos ( João 20:24-28 ). Apenas um segundo aspecto, e o convite do Senhor para tocar suas feridas da crucificação, curado Tomé de seu ceticismo.

    Os próprios apóstolos, obviamente, não tinha a compreensão e força espiritual para completar inacabada ministério de Jesus de evangelismo e edificação. No entanto, nestas suas últimas palavras para eles antes de sua ascensão, o Senhor Jesus Cristo reitera (cf. Jo 20:22 ) a promessa do Espírito. Ele irá capacitar os apóstolos (e todos os crentes subsequentes) com esses recursos necessários para concluir a obra inacabada do Salvador. Eles precisavam de uma correcta mensagem, manifestação, poder, mistério, missão e motivo.

    A Mensagem

    A primeira conta que compus, Teófilo, sobre tudo o que Jesus começou a fazer e ensinar, até o dia em que foi levado para cima, depois de ter feito o Espírito Santo dado ordens aos apóstolos que escolhera. ( 1: 1-2 )

    Como já mencionado, a primeira conta refere-se ao evangelho de Lucas, que ele compôs para Teófilo (ver a Introdução para mais detalhes). Essa conta foi bastante preocupada com a vida terrena e ministério de nosso Senhor, revelando tudo o que Jesus começou a fazer e ensinar, até o dia em que foi levado para cima. Desde o início de seu ministério terrestre até a Sua ascensão, Jesus instruiu seus discípulos tanto por atos e palavras. Seus milagres foram para fortalecer a sua fé; Suas parábolas eram para esclarecer a verdade espiritual para eles; Seu ensinamento foi formular sua teologia. Ele revelou a eles a verdade que seria necessário para realizar a Sua obra.

    É evidente que aqueles que iria levar a mensagem de Cristo para o mundo deve saber o que essa mensagem é. Deve haver uma compreensão exata do conteúdo da verdade cristã antes de qualquer ministério podem ser eficazes. Esse conhecimento é fundamental para o poder espiritual e para o cumprimento da missão da igreja. A falta dela é insuperável e devastador para o propósito evangelístico de Deus.

    O apóstolo Paulo estava tão preocupado com isso que ele foi fundamental para seu desejo de todos os crentes. Em Efésios 1:18-19a , ele escreveu: "Eu oro para que os olhos do vosso coração seja iluminado, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; e qual é a suprema grandeza do seu poder para com os que crêem. "

    Aos filipenses ele escreveu: "E peço isto: que o vosso amor cresça ainda mais e mais no conhecimento real e em todo o discernimento, para que você possa aprovar as coisas que são excelentes, a fim de ser sincero e irrepreensíveis até o dia de Cristo "( Filipenses 1:9-10. ).

    A oração de Paulo aos Colossenses expressa eloquentemente seu desejo que todos os crentes ser maduro no conhecimento:

    Também por esta razão, desde o dia em que ouvimos falar dela, nós não cessamos de orar por vós e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual, de modo que você pode andar de forma digno do Senhor, para agradá-Lo em todos os aspectos, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus; fortalecidos com todo o poder, de acordo com a sua glória, para a consecução de toda firmeza e paciência. ( Colossenses 1:9-11 )

    Em 2Tm 2:15 , Paulo cobrado Timóteo: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." Em seguida, ele desafiou o seu filho na fé para ensinar a verdade de som para os outros (cf. 1Tm 4:6 , 1Tm 4:16 ; 1Tm 6:2 , 1Tm 6:20, 1Tm 6:21 ; 2Tm 1:132Tm 1:13, 2Tm 1:14. ; 2Tm 2:2, 2Tm 3:17 ; 4: 1-4 ).

    O escritor de Hebreus repreendeu alguns dos ignorância da verdade de seus leitores: "Porque ainda que a esta altura já devessem ser mestres, você tem necessidade de novo por alguém para lhe ensinar os princípios elementares dos oráculos de Deus, e que têm vindo a precisam de leite e alimentos não sólidos "( He 5:12 ).

    Conhecimento factual Mere, é claro, foi impotente para salvar essas Hebreus, ou qualquer outra pessoa, a não ser que se acreditava e apropriados. Em Mateus 23:2-3 , Jesus advertiu contra imitando os fariseus hipócritas: "Os escribas e os fariseus têm-se sentado na cadeira de Moisés, portanto, tudo o que eles dizem, fazei e observai, mas não façais segundo as suas obras ; pois eles dizem as coisas, e não fazê-las ". Jesus estabeleceu o padrão de consistência no comportamento e proclamando, porque, como Lucas observou, Ele começou tanto a fazer , bem como para ensinar. Ele viveu perfeitamente a verdade que Ele ensinou.

    Paulo admoestou os crentes a "ornamento da doutrina", eles tinham sido ensinados por como eles viveram suas vidas. Ele escreveu: "Mostra-te a ser um exemplo de boas ações ... som na fala ... mostrando toda a boa fé que [você] sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador, em todos os aspectos" ( Tt 2:7 , Tt 2:10 ). Evangelismo é dizer às pessoas que Deus salva do pecado. O que adorna essa mensagem, ou torna crível, é uma vida santa que demonstra claramente que Deus pode salvar do pecado. Ele é auto-destrutivo para proclamar a mensagem de salvação do pecado, enquanto vivem uma vida pecaminosa. O mensageiro deve manifestar o poder da mensagem que ele está proclamando. Jesus pregou a justiça e viveu-lo perfeitamente. Temos que pregar a mesma mensagem e se esforçam para viver como perfeitamente possível.

    Dois fatores principais contribuem para a impotência hoje da igreja. Em primeiro lugar, muitos são ignorantes da verdade bíblica. Em segundo lugar, quem pode saber a verdade bíblica, muitas vezes, não conseguem viver por ela. Proclamando uma mensagem errônea é trágico, ainda assim é a proclamação da verdade, mas dando poucas evidências de que a vida foi transformada por ele. Essas pessoas não podem esperar que os outros para ser movido por sua proclamação. O pregador escocês do século XIX exemplar Robert Murray McCheyne deu as seguintes palavras de conselho a um jovem aspirante a ministro:
    Não se esqueça a cultura do interior do homem, quero dizer, do coração. Como diligentemente o oficial de cavalaria mantém seu sabre limpo e nítido; toda mancha ele sai facilmente com o maior cuidado.Lembre-se que você é a espada de Deus, o Seu instrumento-Confio em um vaso escolhido para Ele a ter o seu nome. Em grande medida, de acordo com a pureza e perfeição do instrumento, será o sucesso.Não é grandes talentos que Deus abençoa tanto como grande semelhança com Jesus. Um ministro santo é uma arma terrível nas mãos de Deus. (André A. Bonar, Memórias de McCheyne [Chicago: Moody, 1978], 95)

    Aqueles que seria eficaz na pregação, ensino e evangelismo devem prestar atenção a essas palavras. Sã doutrina apoiada pela santidade de vida é essencial para todos os que ministrar a Palavra.
    Mesmo após a sua ressurreição, Jesus continuou a ensinar as realidades essenciais do seu reino , até o dia em que foi levado para cima, uma referência a sua ascensão. (Lucas usa este termo quatro vezes neste capítulo, vv. 2 , 9 , 11 , 22 ). Naquele dia, marcando o fim do ministério terreno de nosso Senhor, tinha chegado. Assim como Ele havia predito, Jesus estava prestes a ascender ao Pai (cf. Jo 6:62 ;Jo 13:1 ; Jo 16:28 ; Jo 17:13 ; Jo 20:17 ). Durante Seu ministério, Ele havia dado ordens aos apóstolos pelo Espírito Santo, que era a fonte e o poder do Seu ministério (cf. Mt 4:1 ; 0:18 , 28 ; Mc 1:12 ; Lc 3:22 , Lc 4:18 ). O ministério de Jesus no poder do Espírito demonstrou o padrão para os crentes. Eles, como os apóstolos, também estão a obedecê-Lo (cf. Mateus 28:19-20. ). O Espírito Santo é a fonte de energia para o ministério dos crentes e habilita-os a obedecer os ensinamentos de seu Senhor.

    O verbo entellō ( dado ordens ) sinaliza um comando (cf. Mt 17:9 ). Ele salvou, comissionados, equipado, dotado e ensinou-lhes para que eles pudessem ser testemunhas oculares da verdade e destinatários da revelação de Deus. Eles estabeleceram os crentes da mensagem são para proclamar.

    A importância desta instrução na preparação desses homens para terminar a obra do Senhor não pode ser subestimada. Nosso Senhor estava construindo para eles o ensinamento de que mais tarde é chamado de "doutrina dos apóstolos" ( At 2:42 ) —o corpo organizado de verdade, que estabeleceu a igreja.

    A eficácia do ministério de cada crente, em grande medida depende de um conhecimento claro e profundo da Palavra. Não admira que Spurgeon disse:
    Podemos pregar 'til nossa língua apodreceu,' até que nós esgotar nossos pulmões e morrer, mas nunca uma alma seria convertido a menos que o Espírito Santo usa a Palavra para converter aquela alma. Por isso, é abençoado para comer no próprio coração da Bíblia até que, finalmente, você chegou a falar em linguagem bíblica e seu espírito é aromatizado com as palavras do Senhor, de modo que o seu sangue é Bibline ea própria essência da Bíblia flui de você. (Parcialmente citado em Richard Day Ellsworth, O Shadow da O Broad Brim [Filadélfia: Judson de 1943], 131)

    A Manifestação

    Para estes também se apresentou vivo, depois de ter padecido, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante um período de quarenta dias, e falando das coisas concernentes ao reino de Deus. ( 1: 3 )

    Os apóstolos necessário não só a mensagem propriamente dita, mas também a confiança para proclamar essa mensagem mesmo que custar suas vidas. Eles não poderia ter sido entusiasmados com proclamando e de frente para o martírio por um Cristo morto. Eles precisavam saber que Ele estava vivo e cumpriria Sua promessa do reino. Para garantir que a confiança necessária, Jesus se apresentou vivo, depois de ter padecido, a eles. Ele ofereceu-lhes muitas provas convincentes (cf. Jo 20:30 ), como entrar em um quarto onde as portas estavam trancadas ( Jo 20:19 ), mostrando-lhes suas feridas da crucificação ( Lc 24:39 ), e comer e beber com eles ( Lucas 24:41-43 ). Mais convincente, porém, era o Seu aparecendo-lhes durante um período de 40 dias, começando com o dia de Sua ressurreição. O texto grego realmente lê "através de 40 dias." Que afirma que, embora ele não estava com eles continuamente, Ele se apresentou em sua presença em intervalos. Embora não é de forma exaustiva, a mais extensa resumo dessas aparições é encontrada em I Coríntios 15:5-8 .

    O resultado final dessas aparições foi que os apóstolos se tornaram absolutamente convencido da realidade da ressurreição física de seu Senhor. Essa garantia deu-lhes a ousadia de pregar o evangelho para as próprias pessoas que crucificaram Cristo. A transformação dos apóstolos de medrosos, os céticos encolhidos para negrito, testemunhas poderosas é uma prova potente da ressurreição.
    Houve muitas sugestões sobre o conteúdo do ensino do Senhor durante os quarenta dias. Os religiosos místicos declarou que Ele transmitiu aos apóstolos o conhecimento secreto que caracterizou o gnosticismo. Muitos na igreja primitiva acreditava Ele ensinou-lhes a respeito de ordem da igreja (FF Bruce, O Livro dos Atos [Grand Rapids: Eerdmans, 1971], 33-34). Lucas, no entanto, encerra todas essas especulações quando ele revela que durante este tempo o Senhor estava falando das coisas concernentes ao reino de Deus. Ele ensinou-lhes mais verdades relacionadas com o domínio da regra divina sobre os corações dos crentes. Esse tema, um frequente durante o ministério terreno do Senhor Jesus Cristo (cf. Mt 4:23. ; Mt 9:35 ; Mt 10:7 ; Lc 4:43 ; Lc 9:2 ; . Dn 2:44 ; . Zc 14:9 ; 1Tm 1:171Tm 1:17. ; 1Tm 6:15 ; 2Tm 4:12Tm 4:1 ; Ap 11:15 ; Ap 12:10 ; Ap 17:14 ; Ap 19:16 ). O reino será manifestado em sua plenitude com a segunda vinda. Nesse ponto, nosso Senhor irá pessoalmente reinar sobre a terra por mil anos.

    reino de Deus (o reino onde Deus reina, ou na esfera da salvação) abrange muito mais do que o reino milenar, no entanto. Ela tem dois aspectos fundamentais: o reino universal, eo reino mediador (para uma discussão detalhada sobre esses dois aspectos ver Alva J. McClain, a grandeza do reino [Grand Rapids: Zondervan, 1959]; para uma discussão mais detalhada da reino, ver Mateus 8:15, MacArthur New Testament Commentary [Chicago: Moody, 1987], 348-51).

    O reino universal refere-se ao governo soberano de Deus sobre toda a Sua criação. Sl 103:19 ; Sl 10:16 ; Sl 29:10 ; Sl 45:6 ; Sl 145:13 ; Dn 6:26 (cf. 13 1:45-13:7'>Rom. 13 1:7 ).

    O reino mediador refere-se ao governo e autoridade sobre o seu povo na terra espiritual de Deus através de mediadores divinamente escolhidos. Através de Adão, em seguida, os patriarcas, Moisés, Josué, os juízes, profetas e reis de Israel e Judá, Deus revelou Sua vontade e mediada Sua autoridade ao Seu povo. Com o fim da monarquia de Israel começou os tempos dos gentios. Durante esse período, que vai durar até a segunda vinda de Cristo, Deus medeia Seu governo espiritual sobre os corações dos crentes através da igreja ( At 20:25 ; Rm 14:17 ; Cl 1:13 ). Ele faz isso por meio da Palavra e do viver Cristo ( Gl 2:20 ). A fase final do, reino espiritual mediatorial vai dominar a terra na forma do reino milenar, a ser criada na sequência do retorno de Cristo. Durante esse período de mil anos, o Senhor Jesus Cristo pessoalmente reinar sobre a terra, exercendo o controle soberano sobre a criação e todos os homens. No final do Milênio, com a destruição de todos os rebeldes, o reino espiritual será fundida com o reino universal ( 1Co 15:24 ), e eles se tornarão o mesmo.

    Durante a era da igreja, então, Deus medeia Seu governo reino através dos crentes habitado pelo Espírito Santo e obediente à Palavra. É por isso que Pedro chama crentes "a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa" ( 1Pe 2:9 ), enquanto Pedro escreveu: "Ainda que você não tenha visto, vocês o amam e, apesar de você não vê-lo agora, mas acredito nele, exultais com alegria indizível e cheia de glória "( 1Pe 1:8 ). Tal comunhão pessoal com o Salvador ressuscitado e exaltado é essencial para terminar o seu trabalho inacabado do ministério.

    O Poder

    E reunindo-os, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem o que o Pai havia prometido ", que," Ele disse: "Você já ouviu falar de de mim, pois João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias ... "mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós; ( 1: 4-5 , 8-A )

    Tendo recebido a mensagem, e testemunhou a manifestação de Cristo ressuscitado, os apóstolos podem ter sido tentados a supor que eles estavam prontos para servir em sua própria força. Para evitar esse erro Jesus, depois de reunir-los juntos, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém (cf. Lc 24:49 ). Para os apóstolos, que foram, sem dúvida, cheio de entusiasmo e ansioso para começar, que deve ter parecido um comando estranho. No entanto, ele ilustra um ponto importante: Toda a preparação e treinamento que o conhecimento ea experiência pode trazer são inúteis sem a força adequada.Alimentação teve de acompanhar verdade.

    Para ter certeza, os apóstolos não só estavam motivados, mas também sobrenatural com poderes para a sua missão, Jesus ordenou-lhes para esperar o que o Pai havia prometido. Essa promessa, feita repetidamente durante o ministério terreno do Senhor (cf. Lc 11:13 ; Lc 24:49 ; Jo 7:39 ; Jo 14:16 , Jo 14:26 ; Jo 15:26 ; Jo 16:7 ), era que o Espírito Santo seria enviado (cf. At 2:33 ). A promessa de Deus era para ser cumprida apenas dez dias depois, no Dia de Pentecostes.

    Os apóstolos, como todos os crentes de todas as dispensações, conhecia e tinha provado a obra do Espírito Santo. Quando Jesus enviou-os para fora em uma viagem de pregação, Ele lhes disse: "Não é você que falar, mas é o Espírito do vosso Pai é que fala em vós" ( Mt 10:20. ; cf. Lucas 0:12 ). Em Jo 14:17 , Jesus disse aos apóstolos o Espírito Santo "habita convosco e estará em vós." Como os outros crentes na velha economia, eles experimentaram o poder do Espírito para a salvação e de vida, bem como para ocasiões especiais do ministério. Na nova economia, inaugurada no dia de Pentecostes, o Espírito permanentemente habitação e capacitá-los de uma forma que era única.

    Enquanto esta promessa de poder foi principalmente para os apóstolos (como era a promessa de revelação e inspiração em Jo 14:26 ), também prevê secundariamente o poder capacitador do Espírito daria a todos os crentes (cf. Atos 8:14-16 ; 10: 44-48 ; 19: 1-7 ). A promessa geral estava no coração das profecias do Antigo Testamento sobre a Nova Aliança. Ezequiel 36:25-27 registra a promessa de Deus para todos os que vêm para a Nova Aliança: "Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados ; eu vos purificar de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos Além disso, eu vos darei um coração novo e porei um espírito novo dentro de você;. e tirarei o coração de pedra da vossa carne e vos darei um coração de carne . E porei Meu Espírito dentro de você. " Não estava para vir a plenitude do Espírito, de alguma forma única para a Nova Aliança e para todos os crentes. Mas também havia uma unção especial para os apóstolos.

    Uma magnífica comparação com este sentido da promessa é o batismo de Jesus Cristo. Nosso Senhor foi, obviamente, em perfeito acordo e comunhão com o Espírito Santo, ainda no momento de seu batismo, a Escritura diz: "o céu se abriu eo Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma pomba" ( Lucas 3:21— 22 ). Este foi emblemático da plenitude do poder Ele receberia do Espírito para fazer a Sua obra terrena. Um capítulo posterior, Lucas registra que Jesus era "cheio do Espírito Santo" ( 4: 1 ). Quando ele falou na sinagoga de Nazaré Ele começou por dar testemunho da incomum capacitação do Espírito, dizendo: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para pregar o evangelho aos pobres. Ele me enviou a proclamar a libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para libertar os que são oprimidos, a proclamar um ano favorável do Senhor "( Lucas 4:18-19 ). Lc 5:17 sugere a mesma fonte por sua cura poder.

    Outros receberam tal unção para o serviço incomum, como Zacarias, o pai de João Batista, que por esse poder profetizado ( Lucas 1:67-79 ). Em todos esses casos, o Espírito Santo veio em plenitude especial para ativar ministério extraordinariamente poderoso a ter lugar.

    Jesus define ainda a promessa do Pai para eles como o que você ouviu falar de mim (cf. João 14:16-21 ; Jo 15:26 ; Jo 20:22 ). Nossas próximas palavras do Senhor, para João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias, são uma reminiscência de João declaração de João Batista em Jo 1:33 : "Aquele que me enviou a batizar em água disse— me: 'Aquele sobre quem vires descer o Espírito e permanecendo sobre ele, esse é o que batiza no Espírito Santo. "A promessa era para ser cumprido, e os discípulos seriam batizados com o Espírito Santo, dentro de poucos dias a partir de agora -Dez para ser exato. Jesus prometeu que depois que ele partiu, Ele enviaria o Espírito ( Jo 16:7 ) e para andar no Espírito ( Gl 5:25 ). No entanto, esses primeiros apóstolos e crentes foram disse esperar, mostrando a mudança que veio na era da igreja. Eles estavam no período de transição associado com o nascimento da igreja. Na presente época, o batismo de Jesus Cristo na agência do Espírito Santo tem lugar para todos os crentes na conversão. Naquele momento, cada crente é colocado no corpo de Cristo ( 1Co 12:13 ). Nesse ponto, o Espírito também ocupa Sua residência permanente na alma da pessoa convertida, pelo que não há tal coisa como um cristão que ainda não tem o Espírito Santo ( Rm 8:9 diz: "Ele nos salvou, e não com base em ações que nós temos feito em justiça, mas de acordo com a Sua misericórdia, pela lavagem da regeneração e renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou sobre nós abundantemente através de Jesus Cristo, nosso Salvador. " Deus derrama soberanamente fora do Espírito Santo sobre aqueles que Ele salva.

    A presença do Espírito, levando, e pode foram absolutamente essencial para que os apóstolos eram para ser eficaz em continuar o trabalho inacabado do Senhor. Eles já haviam experimentado a Sua economia, orientando, ensinando, e poder milagroso. Logo eles iriam receber o poder que precisava para o ministério após o Espírito Santo desceu sobre eles.

    Poder traduz dunamis , a partir do qual o Inglês palavra "dinamite" deriva. Todos os crentes têm em si dinamite espiritual para uso dos dons, serviço, comunhão e testemunho. Eles precisam experimentar a liberação de que o poder em suas vidas através não entristecer o Espírito pelo pecado ( Ef 4:30 ), e que está sendo continuamente preenchido e controlado pelo Espírito ( Ef 5:18 ). Este último ocorre quando os crentes deu momento pelo controle momento de suas vidas a Ele, e é o mesmo que ceder suas mentes para o Palavra ( Cl 3:16 ). O resultado de ser cheio do Espírito é expressa pela oração de Paulo emEf 3:16 , 20 "que [Deus] vos conceda, de acordo com as riquezas da sua glória, para ser fortalecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior. .. Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, segundo o poder que opera em nós ... "(Para uma discussão completa sobre o enchimento do Espírito, ver Efésios, MacArthur Novo Testamento Comentário [Chicago: Moody, 1986]).

    O Mistério

    E assim, quando chegaram juntos, eles estavam pedindo-lhe, dizendo: "Senhor, é nesse momento que você está restaurando o reino de Israel?" Ele lhes disse: "Não é para você saber os tempos ou épocas que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder"; ( 1: 6-7 )

    Um componente paradoxal dos recursos para continuar o ministério do Senhor era algo que os crentes não sabe e não pode descobrir. Os apóstolos compartilhou a esperança fervorosa de sua nação que o Messias viria e levaria o Seu reino terrestre. Muitas vezes Jesus lhes havia ensinado profeticamente sobre o futuro ( 13 40:40-13:50'>Mt 13:40-50. ; 24 , Mt 24:25 ; Lucas 12:36-40 ; 17: 20-37 ; 21: 5-36 ). A questão entusiasmadoeles estavam pedindo-Lhe: "Senhor, é nesse momento que você está restaurando o reino de Israel?" é, portanto, perfeitamente compreensível. Afinal de contas, aqui era o Messias ressuscitado falar com eles sobre o seu reino. Eles sabiam de nenhuma razão a forma terrestre do reino não poderia ser criado de imediato, uma vez que a obra messiânica sinalizando o fim da idade tinha chegado. Deve ser lembrado que o intervalo entre as duas vindas do Messias não foi explicitamente ensinada no Antigo Testamento. Os discípulos na estrada de Emaús foram muito decepcionado que Jesus não redimiu Israel e estabelecer o reino ( Lc 24:21 ). Além disso, os apóstolos sabiam que Ezequiel 36 e Joel 2 conectado a vinda do reino com o derramamento do Espírito Jesus tinha acabado prometido. É compreensível que eles esperavam a chegada do reino era iminente. Certamente foi por esse reino que tinham esperado desde que entrou para Jesus. Eles tinham experimentado uma montanha-russa de esperança e dúvida que agora pode ser mais sentida.

    Jesus, no entanto, rapidamente os traz de volta à realidade. Não era para eles compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou à sua própria autoridade. As Escrituras ensinam muitas coisas sobre o terreno e glorioso reino de Jesus Cristo em Seu reino, mas não é o momento preciso da sua criação. Tempos ( kairos ) refere-se a recursos, características de eras e eventos. Deus, por sua própria autoridade, determinou todos os aspectos do futuro e do reino. Mas, tanto quanto os homens estão em causa, que continua a ser uma das "coisas secretas", que "pertencem ao Senhor nosso Deus" ( Dt 29:29 ). Tudo o que os crentes podem saber é que o reino será estabelecido na segunda vinda ( Matt. 25: 21-34 ). O tempo da segunda vinda, no entanto, permanece não revelado ( Mc 13:32 ).

    Que Jesus não nega a sua expectativa de, um reino terreno literal envolvendo Israel é altamente significativo. Isso mostra que a sua compreensão do reino prometido estava correto, exceto para o momento da sua entrada. Se eles estavam errados sobre um ponto tão crucial em Seu ensino reino, Seu fracasso para corrigi-los é mistificadora e enganoso. A explicação mais provável é que a expectativa de, um reino terreno literal dos apóstolos espelhado próprio ensinamento do Senhor e do plano de Deus claramente revelada no Antigo Testamento.

    Desde a temporada de Sua vinda não pode ser conhecido, e que o Senhor poderia voltar a qualquer momento no arrebatamento da Igreja (cf. 1Ts 5:2 :

    Acautelai-vos, manter em estado de alerta; para que você não sabe quando o tempo determinado é. É como se fosse um homem, afastado em uma viagem, que ao sair de sua casa e colocando seus escravos no comando, atribuindo a cada um a sua tarefa, também ordenou ao porteiro que ficar em alerta. Portanto, estar em alerta-para que você não sabe quando o dono da casa está vindo, seja à noite, à meia-noite, ao cantar do galo, se pela manhã, para que ele não venha de repente e encontrá-lo dormindo. E o que eu digo a vocês, eu digo a todos: "Vigiai!"
    Esta atitude de vigilância contínua e de antecipação, por todas as gerações de crentes que estavam à procura de Jesus voltar, tem servido como verdadeiro incentivo para viver com urgência e ministro com paixão.

    A Missão

    "Sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até mesmo para as partes mais remotas da terra." ( 1: 8b )

    Ao invés de se envolver em especulação inútil ao longo do tempo para a vinda do reino, os apóstolos eram para focar o trabalho na mão. As testemunhas são aqueles que vêem algo e contar aos outros sobre isso. Uma vez fui testemunha de uma tentativa de assassinato. Quando eu testemunhou no tribunal, eles queriam saber três coisas: o que viu, ouviu e sentiu. Lembrei-me de 1 João 1:1-2 , onde João escreve: "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida. .. temos visto e testemunhar e proclamar a você. " A testemunha de Jesus Cristo é simplesmente alguém que diz a verdade sobre Ele. Os apóstolos, como Pedro aponta, "fomos testemunhas oculares da sua majestade" ( 2Pe 1:16 ).

    Este foi o motivo mais importante para que o poder do Espírito Santo veio. E a igreja primitiva foi tão eficaz que eles "perturbar o mundo" ( At 17:6 ).

    Muitos cristãos selaram seu testemunho de Cristo com o seu sangue que marturēs ( testemunhas ) passou a significar "mártires". O seu sangue, como o teólogo do século II Tertuliano afirmou, tornou-se a semente da igreja. Muitos foram atraídos para a fé em Cristo, observando como com calma e alegria cristãos encontraram a morte.

    Há um sentido em que os crentes nem sequer escolher se quer ou não ser testemunhas. Eles são testemunhas, e que a única questão é o quão eficaz o seu testemunho é. Se a igreja é alcançar o mundo perdeu com a boa notícia do evangelho, os crentes devem "santificar Cristo como Senhor nos [seus] corações, estando sempre pronto para fazer uma defesa a todo aquele que pede [deles] para dar uma conta para o Esperamos que está em [eles] "( 1Pe 3:15 ). Tito 2 indica que a forma como os cristãos vivem suas vidas estabelece a plataforma de integridade e credibilidade em que o testemunho pessoal eficaz é construída. Nesse texto, Paulo escreve que devemos viver de modo que "a palavra de Deus não pode ser desonrado" ( v. 5 ), "que o adversário [da fé cristã] pode ser confundido, não tendo nada de ruim a dizer sobre nós "( v. 8 ), e "que sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador, em todos os aspectos" ( v. 10 ), para que possamos torná-lo possível que o evangelho salvador vem cativante para todos.

    A partir de Jerusalém, os apóstolos realizado mandato do Senhor. O seu testemunho se espalhar para além lá para toda a Judéia e Samaria (a área vizinha) e, finalmente, até mesmo para as partes mais remotas da terra. O versículo 8 fornece o quadro geral para o livro de Atos. Na sequência desse esboço, Lucas narra a marcha irresistível do Cristianismo de Jerusalém, em Samaria e em seguida, através do mundo romano. Como o livro se desenrola, vamos passar por essas três seções da expansão da igreja.

    Este princípio era para alterar drasticamente o curso da história, e a propagação da mensagem do evangelho continuou passado Atos para alcançar toda a terra. Hoje, os crentes continuam a ter a responsabilidade de ser testemunhas de Cristo em todo este mundo. A esfera para o testemunho é tão extensa como o reino-tudo do mundo. Essa foi e é a missão para a igreja até que Jesus venha.

    A Motive

    E após ter dito essas coisas, ele foi levantado, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E como eles com os olhos fitos no céu, enquanto ele estava partindo, eis que dois homens vestidos de branco parou ao lado deles; e eles também disse: "Homens da Galiléia, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que foi levado de vocês para o céu, há de vir exatamente da mesma maneira como você viu ir para o céu." ( 1: 9-11 )

    O Senhor Jesus Cristo estava prestes a partir para o céu para retornar à sua antiga glória (cf. João 17:1-6 ). Antes de fazer isso, Ele deixou os apóstolos com um momento final, dramática que forneceu forte motivação para o exercício da sua obra. Para sua surpresa, ele foi levantado, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos (cf. vv. 2 , 11 , 22 ). Jesus, em Seu corpo gloriosa ressurreição, deixou este mundo para o reino dos céus para tomar seu lugar no trono à direita de Deus. Voltar no Monte das Oliveiras ( Lc 24:50 ), os apóstolos chocados com os olhos fitos no céu, enquanto ele estava partindo. Para Sua consternação mais, anjos, descritos como dois homens vestidos de branco, apareceu de repente e ficou ao lado deles. Tal aparições angélicas não eram incomuns (Gn 18:2 ; Mc 16:5 ). Esses anjos perguntou aos apóstolos desnorteados, "Homens da Galiléia, por que estais olhando para o céu?" Eles são chamados de homens da Galiléia uma vez que todos os apóstolos (com exceção do traidor Judas mortos) eram daquela região. A pergunta dos anjos, "por que estais olhando para o céu?" indica mais de curiosidade com o milagre. A palavra traduzida aparência indica um longo olhar, neste caso, um olhar paralisado como se perder alguém. A questão, então, é uma leve repreensão aos apóstolos. Eles não estavam perdendo Jesus, como haviam temido. Talvez alguns deles lembrou-se da visão de Ezequiel, que viu a glória de Deus partem para o céu a partir de Israel ( Ez 10:18-19. ) e temia que estava acontecendo novamente.

    Os anjos passou a dizer, "Este Jesus, que foi levado de vocês para o céu, há de vir exatamente da mesma maneira como você viu ir para o céu." A promessa de Zc 14:4. ; Mt 24:30. ; Mt 26:64 ; Ap 1:7 ), assim como em sua ascensão.

    Isso se torna um motivo convincente. Ninguém sabe quando Ele virá, mas todos devem viver na expectativa de que ele poderia estar em sua vida (cf. 13 12:45-13:14'>Rm 13:12-14. ; 2 Pedro 3: 14-18 ). A verdade que Cristo voltará fornece um motivo poderoso para servi-Lo. Paulo escreve: "Nós todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um seja recompensado por suas obras no corpo, de acordo com o que ele tem feito, seja bom ou ruim" ( 2Co 5:10 ). Em Ap 22:12 o Senhor Jesus Cristo disse: "Eis que venho sem demora, eo meu galardão está comigo, para dar a cada um de acordo com o que ele fez." Os crentes devem servir fielmente a Cristo, à luz do Seu retorno iminente. Em Ap 16:15 Jesus advertiu: "Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e sobre os homens vejam as suas vergonhas" (cf. 1Jo 2:28 ) .

    A tarefa de terminar a obra que Jesus começou, o dever de evangelizar o mundo perdido, é um assustador. Mas o Senhor, em Sua misericórdia, desde o início tem prestado todos os recursos espirituais necessários para realizar essa tarefa. Cabe a cada crente para se apropriar desses recursos e colocá-los de usar. "Temos de trabalhar as obras daquele que enviaram [Jesus Cristo], enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar" ( Jo 9:4 )

    Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, que está perto de Jerusalém, de um sábado viagem de distância. E quando eles entraram, subiram ao cenáculo, onde estavam hospedados; ou seja, Pedro e João, Tiago e André, Felipe e Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, e Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago. Estes todos com uma só mente foram perseveravam na oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos. E neste momento levantou-se Pedro no meio dos irmãos (um encontro de cerca de cento e vinte pessoas estava lá juntos), e disse: "Irmãos, a Escritura tinha que ser cumprida, o que o Espírito Santo predisse pela boca de .. Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus pois ele era contado entre nós e teve parte neste ministério (Ora, ele adquiriu um campo com o preço da sua maldade; e, precipitando-se, rebentou no meio e todas as suas entranhas se derramaram E tornou-se conhecido de todos que estavam vivendo em Jerusalém;. de modo que na sua própria língua esse campo se chama Hakeldama, isto é, Campo de Sangue) Porque está escrito no livro de. Salmos, 'Que sua herdade ser assolada, e não haja quem nela habitam ", e," Seu escritório deixar outro homem tomar. " É, portanto, necessário que dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós, começando com o batismo de João, até o dia em que foi levado para cima de nós e um deles deve se tornar um conosco testemunha da sua ressurreição ". E apresentaram dois homens: José, chamado Barsabás (que também foi chamado de Justus), e Matias. E, orando, e disse: "Tu, Senhor, que conheces os corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido para ocupar esse ministério e apostolado, de que Judas se desviou para ir ao seu próprio lugar." E eles tiraram a sorte para eles, ea sorte caiu em Matias; e foi contado com os onze apóstolos. ( 1: 12-26 )

    É uma verdade maravilhosa e reconfortante que o nosso, Deus onipotente soberano trabalha Sua vontade através de homens. Seu controle providencial sobre eventos leva em consideração todos os atos de vontades, mesmo humanos aqueles que se opõem a ele, como Haman, Herodes, e Judas. Escritura está cheia de exemplos de Deus de usar seres humanos para cumprir Seus propósitos. Uma ilustração gráfica de este uso pode ser notado no grito de batalha única de exército de Gideão: "Uma espada pelo Senhor e por Gideão" ( Jz 7:20 ). Deus envolvido Gideon ativamente na realização Sua vontade soberana. Em Êxodo, Ele usou uma combinação de componentes para o Mar Vermelho e permitir que Israel a cruz: Seu próprio poder sobrenatural, um vento leste, e marcante das águas com uma vara de Moisés.

    Mesmo na obra da redenção de Deus, Ele nos chamou certos homens à participação significativa. Homens têm sido usados ​​em todo o drama do reino de Deus. Depois de Seu ministério terreno, o Senhor Jesus Cristo escolheu os apóstolos para definir a Sua verdade e para continuar seu trabalho de evangelizar o mundo. Em Jo 15:16 , Ele lhes lembrou: "Você não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei" (cf. Lc 6:13 ; 1Co 12:281Co 12:28. ; . Ef 4:11 ). Em Atos 10:39-42 , Pedro descreveu escolha soberana de Deus, tanto dos apóstolos, e sua missão:

    Nós somos testemunhas de todas as coisas que [Jesus] fez, tanto na terra dos judeus e em Jerusalém. E eles também colocá-lo à morte, pendurando-o numa cruz. Deus ressuscitou no terceiro dia, e certo que ele deve tornar-se visível, e não a todo o povo, mas às testemunhas que foram escolhidos de antemão por Deus, ou seja, a nós, que comemos e bebemos com ele, depois que surgiu a partir da mortos. E Ele nos mandou pregar ao povo, e solenemente para testemunhar que este é o único que foi designado por Deus como juiz dos vivos e dos mortos.

    A chamada para pregar ainda não é uma questão de recrutamento humano, mas de compromisso divino. Paulo escreveu em Romanos 10:14-15 , "Como, pois, invocarão aquele em quem não creram E como crerão naquele de quem não ouviram E como ouvirão, se não há quem pregue E como?? eles pregarão, se não forem enviados? " Longe demais em nossos dias reivindicar o direito de subir ao lugar de pregação, mas nunca foram chamados por Ele. Eles são como os falsos profetas da época de Jeremias, de quem o Senhor disse: "Não mandei esses profetas, mas eles correram eu não falar com eles, mas eles profetizaram." ( Jr 23:21. ; cf. Jr 23:32 ).

    Como o livro de Atos abriu, Jesus equipou os apóstolos com os recursos necessários para lançar a conclusão de Sua obra inacabada de reunir os eleitos para o reino. Além desses recursos, Ele queria ter certeza de que os homens eram apropriados envolvidos com a execução da tarefa. Assim, a substituição teve de ser escolhido para o traidor Judas 1scariotes mortos. A passagem pode ser entendido, classificando-o em três seções: a apresentação dos discípulos, o suicídio de um discípulo, e a seleção de um discípulo.

    A apresentação dos Discípulos

    Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, que está perto de Jerusalém, de um sábado viagem de distância. E quando eles entraram, subiram ao cenáculo, onde estavam hospedados; ou seja, Pedro e João, Tiago e André, Felipe e Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, e Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago. Estes todos com uma só mente foram perseveravam na oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos. E neste momento levantou-se Pedro no meio dos irmãos (um encontro de cerca de cento e vinte pessoas estava lá juntos), e disse: ( 1: 12-15 )

    Em Sua carga final para eles antes de Sua ascensão, Jesus havia ordenado aos apóstolos que esperar em Jerusalém para capacitação divina que era para ser dado a eles na vinda do Espírito Santo ( Lc 24:49 ; At 1:4 ). Esse local foi provavelmente escolhido por sua privacidade e proximidade a Jerusalém.

    jornada do dia de sábado foi a distância máxima de um foi autorizado a viajar no sábado sob a lei rabínica. Foi fixado em 2.000 côvados, ou cerca de metade a três quartos de milha (cf. Js 3:4 côvados.

    Quando os apóstolos tinham entrado Jerusalém, subiram ao cenáculo, onde estavam hospedados. Houses comumente tinham quartos superiores, que foram usados ​​para uma variedade de propósitos. Este deve ter sido parte de uma grande casa, uma vez que acomodados 120 pessoas ( v. 15 ). Sua localização exata é desconhecida. Foi, provavelmente, onde a Última Ceia foi celebrada e onde Jesus apareceu para eles após a Sua ressurreição. Alguns o identificaram com a casa da mãe de João Marcos (cf. Atos 0:12 ), mas que a identificação é incerta. Em qualquer caso, não poderia ter sido muito longe da porta oriental da cidade. Um dia de sábado jornada do lado de trás do Monte das Oliveiras teria colocado os apóstolos apenas no interior das muralhas da cidade.

    A essa altura, os apóstolos devem ter ganhado uma medida de coragem de seus encontros com o Senhor ressuscitado. Imediatamente após a crucificação, eles permaneceram em isolamento por trás de portas fechadas ( Jo 20:19 ). Agora, no entanto, que "estavam sempre no templo, louvando a Deus" ( Lc 24:53 ), retornando para a sala de cima para encontros ocasionais.

    Os restantes onze apóstolos, Pedro e João, Tiago e André, Felipe e Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, e Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago (também conhecido como Tadeu, cf. Mt 10:1 ; Mc 3:18 ), juntaram-se a outros. Eles incluíram as mulheres, Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele. As mulheres sem dúvida incluiu Maria Madalena, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Marta, e Salomé, entre outros. Jesus irmãos eram seus irmãos biológicos, os filhos naturais de Maria e José. Mc 6:3 ; At 15:13 , ela, juntamente com os irmãos de Jesus, tentou assumir alguns privilégios especiais com base em seu relacionamento terreno para Ele. Jesus respondeu: "'Quem é minha mãe e meus irmãos?' E, olhando sobre sobre aqueles que estavam sentados em volta, Ele disse: "Eis aqui minha mãe e meus irmãos Pois quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe! '" ( Marcos 3:33-35 ). Em outras palavras, o seu terreno, relação familiar com Ele ganhou não lhes reconhecimento espiritual especial ou privilégios. Essa verdade é aplicada especificamente a Maria em Lucas 11:27-28 : "E sucedeu, enquanto Ele disse estas coisas, uma das mulheres no meio da multidão levantou a voz e disse-lhe:" Bem-aventurado o ventre que te trouxe , e os peitos em que amamentei. ' Mas Ele disse: "Ao contrário, bem-aventurados são aqueles que ouvem a palavra de Deus, e observá-lo. '"

    Maria era uma mulher de virtude singular, ou ela nunca teria sido escolhida para ser a mãe do Senhor Jesus Cristo. Para que o papel que ela merece respeito e honra (cf. Lc 1:42 ). Mas ela era um pecador que Deus exaltou seu Salvador. Ela se referia a si mesma como uma serva humilde a Deus, que precisava de misericórdia (cf. Lc 1:46-50 ). Para oferecer orações para ela e elevá-la a um papel de co-redentora com Cristo é ir além dos limites da Escritura e sua própria confissão. O silêncio das epístolas, que formam o núcleo doutrinário do Novo Testamento, sobre Maria é especialmente significativo. Se ela desempenhou o papel importante na salvação atribuído a ela pela Igreja Católica Romana, ou se ela fosse para receber orações como um intercessor entre crentes e Cristo, certamente o Novo Testamento teria escrito isso. Nem tais ensinamentos católicos romanos como seu nascimento virginal e assunção corpórea ao céu encontrar qualquer apoio bíblico; eles são fabricações.

    A elevação anti-bíblica de Maria tem as suas raízes no paganismo, alguns dos que remonta à torre de Babel e Nimrod esposa Semiramis. Ela, junto com seu filho Tamuz, serviu de base para as muitas falsas cultos mãe-filho da antiguidade. O sincretismo romano de tais crenças pagãs com o cristianismo levou o catolicismo ao ensino anti-bíblico sobre Maria. (Para uma discussão sobre a relação entre os pagãos cultos mãe-filho aos ensinamentos da Igreja Católica Romana sobre Maria, ver Alexander Hislop, O Two Babylons [Neptune, NJ: Loizeaux, 1959].)

    Todos os que estavam reunidos no cenáculo com uma mente foram perseveravam na oração. Com uma mente expressa a unidade espiritual que caracterizou o companheirismo cedo. perseveravam é uma expressão forte, denotando persistência na oração. Contrariamente à opinião de alguns, eles não estavam orando para o batismo com o Espírito Santo. Eles não haviam sido dito para orar por isso, mas esperar por ela, e eles sabiam que estava chegando em breve. A vinda do Espírito não exigir ou dependem de suas orações, mas na promessa de Deus (veja a discussão de Atos 2:1-13 no capítulo 3 ). Eles estavam orando, porque eles foram fisicamente separado do Jesus ascendeu, e oração era seu único meio de comunicação com Ele. Eles podem ter sido pedindo-lhe para voltar em breve e, entretanto, a conceder-lhes tudo o que precisariam para ser fiel. Este foi o início do padrão de oração feita em nome de Jesus (cf. 13 43:14-14'>João 14:13-14 ) e, assim, marca mais uma das muitas transições históricas encontradas no livro de Atos.

    Em algum tempo não especificado durante os dez dias de comunhão e oração entre a Ascensão e Pentecostes, Pedro levantou-se no meio dos irmãos e começou a falar. Lucas acrescenta a nota entre parênteses que o encontro de crentes no cenáculo contados cerca de cento e vinte pessoas. A partir desse pequeno núcleo (mais talvez mais algumas centenas na Galiléia) a igreja cristã nasceu. Muitos pastores seriam desencorajados com uma pequena congregação tal. Um deles chegou a Charles Spurgeon e queixou-se o pequeno tamanho de sua congregação. Resposta devastadora de Spurgeon foi que talvez o homem tinha tantas pessoas quanto ele se importava de dar conta no dia do juízo. Os 120:1 reunidos no cenáculo eram pequenos em número, mas tinha contado o custo e estavam dispostos a tomar a cruz e seguir o seu Senhor. Eles acreditavam nele totalmente. A partir deste modesto início, o Cristianismo se espalhou por todo o Império Romano, em um intervalo de tempo muito curto. Apesar de repetidas tentativas para acabar com o movimento, que acabou por prevalecer e se tornou a força dominante na cultura ocidental por quase dois mil anos.

    Em vez de lançar por conta própria, eles pacientemente, submissamente esperaram o Espírito Santo prometido por vir e dar-lhes o poder que eles precisavam. História subsequente atesta o impacto do que a paciência.

    O suicídio de um Discípulo

    "Irmãos, a Escritura teve que se cumprisse o que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam Jesus. Para ele era contado entre nós e teve parte neste ministério. (Agora este homem adquiriu um campo com o preço da sua maldade; e precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram E tornou-se conhecido de todos que estavam vivendo em Jerusalém;. de modo que na sua própria língua esse campo era chamado Hakeldama, isto é, Campo de Sangue) Porque está escrito no livro dos Salmos: "Que sua herdade ser assolada, e não haja quem nela habitam. ';'. Seu escritório deixar outro homem tomar" e ", ( 1: 15-20 )

    A alegria daqueles reunidos era temperada por uma triste reflexão, a hipocrisia trágico e suicídio de Judas. Como o líder reconhecido dos apóstolos, Pedro assumiu o comando. Alguns eram, sem dúvida, perguntando como a deserção de Judas se encaixam no plano de Deus, ou como palavras de Jesus em Mt 19:28 estavam agora a ser cumprida. Nessa passagem, Ele prometeu aos apóstolos: "Você que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do Homem se sentar no seu trono glorioso, você também deve se sentar em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel." Pedro, sob a inspiração do Espírito Santo, age para acalmar essas dúvidas e evitar qualquer possível argúcia sobre quem iria ocupar o décimo segundo trono.

    Escritura refere-se às passagens citadas no versículo 20 , já na mente de Pedro como ele leva até ela. Pedro não estava oferecendo a sua própria opinião, mas sim afirmar uma palavra de Deus. Como é o caso com toda a Escritura previsto, as profecias que ele estava prestes a citar tinha que ser cumprida. A Palavra de Deus é verdade, e que Ele prevê certamente deve vir a passar. No Sl 115:3 : "Meu objetivo será estabelecido, e farei toda a minha vontade" (cf. Js 23:14. ; 1Rs 8:151Rs 8:15 , 1Rs 8:20 , 1Rs 8:24 ). Isaías acrescentou que a palavra de Deus nunca volta vazia, mas sempre cumpre sua Proposito ( 55:11 ).

    Pedro caracterizada a Escritura que estava prestes a citar como aquele que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi. Sem descrição mais clara de inspiração pode ser encontrada em qualquer lugar na Escritura. A Bíblia foi escrita quando "homens movidos pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus" ( 2Pe 1:21 ). Pedro tranquilizou seus ouvintes que, apesar da traição de Judas em agir como um guia daqueles que prenderam Jesus, a Palavra de Deus estava sendo cumprida. A traição de Judas foi, de fato, crucial para o plano do Soberano, que previu que no Antigo Testamento.

    Embora ele foi contado entre os apóstolos e recebeu a sua parte em seu ministério, Judas foi, obviamente, nunca salvos. Jesus expressou o facto em João 6 , quando Ele disse aos apóstolos: "Há alguns de vocês que não acreditam." Pois Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de trair. Jesus respondeu-lhes: "Será que eu mesmo não escolhi a vós os doze anos, e ainda um de vós é um diabo? Agora Ele quis dizer Judas, filho de Simão Iscariotes, pois, um dos doze, ia traí-Lo "( Jo 6:64 , 70-71 ; cf. Jo 17:12 ). Judas foi colocado entre os apóstolos, pois foi essencial para ele a trair Jesus. Deus não forçou Judas em que a traição contra a vontade do homem. Jesus mesmo disse de Judas, que teria sido melhor para ele se ele nunca tivesse nascido, por causa da escolha que ele fez ( Mt 26:24 .) Em vez disso Ele usou mal a intenção de Judas para alcançar seus próprios objetivos predeterminados (cf. At 2:23 ).

    Judas representa o maior exemplo de oportunidade desperdiçada em toda a história. Ele teve o privilégio raro, dada a apenas doze homens, de viver e ministrando com Jesus Cristo, o Deus encarnado, há mais de três anos. Ele teve a mesma oportunidade convincente, esmagadora de vir a fé nEle como o fez onze. No entanto, seus motivos para seguir Jesus nunca foram nada egoísta. Ele, sem dúvida, compartilhou a esperança judaica comum que o Messias iria entregar a nação do jugo dos romanos odiados. Quando se tornou evidente que não era o plano de Jesus, e ele não teria a riqueza e poder que ele queria, Judas decidiu cortar suas perdas e sair com tudo o que ele poderia salvar. Traindo o Filho de Deus encarnado para as autoridades para uma soma insignificante parecia uma maneira de ganhar alguma compensação. A ganância ele evidenciado por esse ato foi outro indicador do seu coração perverso. Tinha havido uma prévia desta avareza quando, depois de Jesus "unção com perfume caro por Maria, Judas, indignada, exclamou:" Por que este perfume não foi vendido por trezentos denários, e dado aos pobres? " ( Jo 12:5 ). Eles hipocritamente recusou-se a mantê-lo, porque era dinheiro de sangue. Em vez disso, com o preço da sua maldade, os líderes legalistas, mas espiritualmente mortos, adquiriu um campo, que aqueles que vivem em Jerusalém chamado Hakeldama ( Campo de Sangue ) desde que foi comprado com dinheiro de sangue. O local tradicional para esse campo fica ao sul de Jerusalém, no vale de Hinom, perto de sua intersecção com o Vale do Cedron. Porque o solo não é adequado para uso em cerâmica, Mateus se refere a ele como o de Potter Field (B. Van Elderen ", Akeldama", em vol. 1 do Pictorial Encyclopedia Zondervan da Bíblia, editado por Merrill C. Tenney [Grand Rapids: Zondervan, 1977], 94-95).

    Enquanto isso, Judas, oprimido por sua consciência acusadora, cometeu suicídio. Mateus registra que ele se enforcou ( Mt 27:5 prevê claramente a traição. Sl 69:25 é a fonte da previsão de sua destituição do cargo: Deixe sua herdade ser assolada, e não haja quem nela habitam. Sl 109:8 ), o décimo segundo deve ser para o maior apóstolo, Paulo. Nada nesta passagem, no entanto, indica que esta ação está errada. É inconcebível que o Senhor iria permitir que um erro tão crucial em um escritório tão crucial no início de sua igreja. Por que Ele faça tudo para oferecer os apóstolos com todos os recursos adequados, e, em seguida, permitir que eles escolham o homem errado? Jesus Cristo escolheu Matthias tão certo quanto Ele escolheu os outros onze. E, enquanto Paulo foi em nada inferior aos doze, ele não era um deles. Por seu próprio testemunho, ele estava "em nenhum respeito ... inferior aos apóstolos mais eminentes, mesmo que eu sou um ninguém" ( 2 Cor. 0:11 ). Ele era um apóstolo único. A missão dos doze foi principalmente para a nação de Israel, enquanto ele era o apóstolo enviado aos gentios ( Rm 11:13 ).

    Pedro inicia o processo de seleção, listando os requisitos para o sucessor de Judas. Ele deve ter acompanhado os apóstolos todo o tempo que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre eles, começando com o batismo de João, até ao dia em que foi levado para cima. Ele teria que testemunharam todo o ministério terreno do Senhor, desde o seu inception em Seu batismo para o seu ponto culminante na ascensão.Note-se que Paulo não atender a essa qualificação.

    O segundo requisito é que o escolhido seja uma testemunha com os outros onze . da Sua ressurreição Ele deve ter visto o Cristo ressuscitado, uma vez que a ressurreição foi um tema central da pregação apostólica (cf. At 2:24 , At 2:32 ; At 3:15 ; At 5:30 ; At 10:40 ; At 13:30 , At 13:33, At 13:34 , At 13:37 ). Todos os apóstolos estavam a ser testemunhos pessoais do Senhor ressuscitado.

    Dois homens se reuniu esses requisitos: José, chamado Barsabás (que também foi chamado de Justus), e Matias. Nada se sabe de qualquer indivíduo; eles aparecem em nenhum outro lugar nas Escrituras. Sabendo-se que a terceira qualificação para um apóstolo era para ser escolhido pelo Senhor, aqueles reunidos orou, e disse: "Tu, Senhor, que conheces os corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido para ocupar esse ministério e apostolado, do qual Judas se desviou para ir ao seu próprio lugar. " A última frase é uma declaração chocante e decepcionante. Judas, e todos os outros que vão para o inferno, pertencem lá; é o lugar de sua própria escolha. Ela pertence a eles, e para isso!

    O fato de que eles oraram para que o Senhor escolher o substituto de Judas oferece mais uma prova de que a escolha de Matthias não foi um erro. O Senhor poderia ter respondido a suas orações, dizendo-lhes para esperar, então acrescentou Paulo para as fileiras dos doze, se tivesse sido o seu plano.
    Depois de orar, eles tiraram a sorte para eles método aceito —um Antigo Testamento para determinar a vontade de Deus. Pv 16:33 diz: "A sorte se lança no regaço, mas a sua cada decisão é da parte do Senhor" (cf. Lev. 16: 8ss ;. Nu 26:55. ; 1Sm 10:201Sm 10:20. ; 1Sm 14:41 ). Essa é a última ocorrência nas Escrituras dessa prática, já que a vinda do Espírito torna desnecessário. O Senhor fez Sua escolha, a sorte caiu em Matias; e foi contado com os onze apóstolos. O nome Matthias significa "dom de Deus", e por isso ele foi aos apóstolos e da igreja.

    Com a seleção de Matias para substituir o traidor Judas, a preparação final para a igreja foi concluída; o recurso final proporcionada. Tudo estava pronto para o nascimento da Igreja no dia de Pentecostes.



    Barclay

    O NOVO TESTAMENTO Comentado por William Barclay, pastor da Igreja da Escócia
    Barclay - Comentários de Atos Capítulo 1 do versículo 1 até o 26

    Atos 1

    Poder para seguir em frente — At 1:1-5

    Em dois sentidos o Livro dos Atos é o segundo capítulo de uma história que continua. Em primeiro lugar, é literalmente o segundo volume que Lucas enviou a Teófilo. No primeiro, seu Evangelho, Lucas tinha relatado a vida de Jesus sobre a Terra, e agora continua contando a história da Igreja cristã. Mas, em segundo lugar, Atos é o segundo volume de uma história que não tem fim. O evangelho era só a história do que Jesus começou a fazer e ensinar. A vida terrestre de Jesus era só o começo de uma atividade que não conhece fim. Há distintos tipos de imortalidade. Existe a imortalidade da fama. Sem dúvida nenhuma Jesus ganhou esta imortalidade, dado que seu nome não será esquecido jamais. Há uma imortalidade da influência. Alguns homens deixam uma influência e um efeito no mundo que não pode morrer. Sem dúvida nenhuma Jesus ganhou a imortalidade de seu influencia devido a seu efeito sobre a vida dos homens e o mundo não pode morrer. Mas, acima de tudo, existe uma imortalidade de presença e poder. Jesus não só deixou um nome e uma influência imortais; ainda vive, está ativo e tem poder. Não é aquele que foi; é aquele que é e sua vida ainda continua.

    Em certo sentido tudo o que o Livro dos Atos ensina é que essa vida de Jesus continua em sua Igreja.

    O doutor John Foster nos relata a respeito de um hindu que se aproximou de um bispo índio. Sem ajuda alguma tinha lido o Novo Testamento, e a história o tinha fascinado e se achava sob o encanto de Jesus. "Então continuou lendo... e sentiu que entrou em um mundo novo. Nos Evangelhos estava Jesus, seu obra e seu sofrimento. Em Atos ... o que os discípulos tinham feito, pensado e ensinado ocupava o lugar de Cristo. A Igreja continuava no lugar em que Jesus a tinha deixado ao morrer. ‘portanto’, disse-me o homem, ‘devo pertencer à Igreja que continua a vida de Cristo’" O livro dos Atos nos fala da Igreja que continua a vida de Cristo.

    Esta passagem nos relata como a Igreja recebeu poder para fazer isso. Foi devido à obra do Espírito Santo. Muitas vezes chamamos o Espírito Santo o Consolador. Esta palavra se remonta ao Wycliffe; mas nos dias do Wycliffe tinha um significado diferente. Provém do latim fortis que significa valente; e o Consolador é aquele que enche os homens de coragem e força. Em Atos, e sem dúvida em todo o Novo Testamento, é muito difícil traçar uma linha entre a obra do Espírito e a do Cristo ressuscitado; e em realidade não precisamos fazer tal coisa, porque a chegada do Espírito é o cumprimento da promessa de Jesus: “Eis que eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo" (Mt 28:20, TB). Notemos outra coisa. Os apóstolos se reuniram para aguardar a chegada do Espírito. Ganharíamos mais poder, coragem e paz se aprendéssemos a aguardar. Nos assuntos da vida precisamos aprender a estar tranqüilos. “Mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças" (Is 40:31). Em meio da crescente atividade da vida deve haver lugar para uma sábia passividade. Em meio de toda a luta deve haver um momento para receber.

    O REINO E SUAS TESTEMUNHAS

    Atos 1:6-8

    Através de todo seu ministério Jesus trabalhou sob uma grande desvantagem. O centro de sua mensagem era o Reino de Deus (Mc 1:14). Mas o problema era que Ele queria dizer uma coisa por Reino e aqueles que o ouviam pensavam em outra. Os judeus estavam sempre vividamente conscientes de que eram o povo escolhido de Deus. Criam que isto significava que estavam destinados inevitavelmente a receber honras e privilégios especiais e a dominar todo mundo. Todo o curso de seu historia provava que humanamente falando isso nunca poderia acontecer. Palestina era um país muito pequeno com não mais de duzentos quilômetros de comprimento por setenta de largura. Teve seus dias de independência mas tinha estado submetida sucessivamente a Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma.

    De modo que os judeus começaram a esperar um dia em que Deus entraria diretamente na história humana e com seu poder poderia fazer o que eles nunca puderam fazer. Esperavam o dia em que, pela intervenção divina, alcançariam a soberania do mundo que sonhavam. Concebiam o Reino em termos políticos.

    Como o concebia Jesus? Consideremos o Pai Nosso. Há dois pedidos juntos. “Venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu” (Mt 6:10, TB). É uma característica do estilo hebreu, como pode ver-se em qualquer versículo dos Salmos, dizer as coisas em duas formas paralelas, a segunda das quais repete ou amplia a primeira. Isso é o que fazem estas duas petições. A segunda é uma definição da primeira; e, portanto, vemos que, por Reino, Jesus falava de uma sociedade sobre a Terra na qual se cumprisse perfeitamente a vontade de Deus como se faz no céu. Por essa mesma razão seria um Reino baseado no amor e não no poder.

    Para alcançar tal coisa os homens precisavam do Espírito Santo. Lucas já tinha falado duas vezes de esperar a chegada do Espírito. Não devemos pensar que o Espírito começou a existir pela primeira vez neste momento. É muito possível que um poder exista sempre mas que os homens o experimentem ou dele se apoderem em um determinado momento. Por exemplo, os homens não inventaram o poder atômico. Existiu sempre; mas só em nossa era os homens o obtiveram e experimentaram. Portanto Deus é eternamente o Pai, Filho e Espírito Santo, mas chegou um momento especial para os homens em que experimentaram plenamente o poder que sempre esteve presente.
    O poder do Espírito os converteria em testemunhas de Cristo. Essas testemunhas teriam que agir em uma série de círculos concêntricos em contínua expansão, primeiro em Jerusalém, depois através da Judéia;

    depois em Samaria, um estado semi-judeu, que seria uma espécie de ponte que levaria a mundo pagão: e finalmente essas testemunhas deveriam ir aos limites da Terra.

    Devemos notar certas coisas a respeito destas testemunhas cristãs. Em primeiro lugar, uma testemunha é um homem que diz saber que algo é certo. Em um tribunal um homem não pode dar evidências de algo que não conhece pessoalmente. Houve um momento em que John Bunyan não esteve muito seguro. O que lhe preocupava era que os judeus pensam que sua religião é a melhor, quão maometanos a sua o é. Que aconteceria se os cristãos só pensassem o mesmo? Uma testemunha não diz "Penso que...", mas "Eu sei".

    Segundo, a testemunha real não é testemunha de palavras, mas sim de atos. Quando H. M. Stanley descobriu a Davi Livingstone na África Central, depois de ter vivido certo tempo com ele, disse: "Se tivesse estado com ele um pouco mais, teria sido obrigado a ser um cristão, e isso que jamais me falou a respeito disso." O simples peso do testemunho da vida de um homem era irresistível.

    Terceiro, um dos atos mais sugestivos é que em grego a palavra que se usa para testemunha e para mártir é a mesma (martys). Uma testemunha devia estar disposta a converter-se em mártir. Ser testemunha significa ser fiel, qualquer que seja o custo.

    A GLÓRIA DA PARTIDA E A GLÓRIA DO RETORNO

    Atos 1:9-11

    Esta breve passagem nos apresenta duas das concepções mais difíceis do Novo Testamento. Em primeiro lugar, relata-nos a história da Ascensão. Só Lucas nos relata este fato, e já aparece em seu Evangelho (Lucas 24:50-53. A Ascensão não é uma concepção da que tenhamos causas para duvidar e vacilar. Era absolutamente necessária por duas razões. Primeiro, era preciso que houvesse um momento final no qual Jesus voltasse para sua glória. Tinham passado os quarenta dias de aparições do Ressuscitado. Evidentemente esse era um momento único e não podia continuar para sempre. Era igualmente claro que o fim desse período tinha que ser definitivo. Teria sido um engano que as aparições do Ressuscitado tivessem desaparecido lentamente, diminuindo pouco a pouco. Era necessário que assim como Jesus chegou ao mundo em um momento determinado o deixasse também em uma hora fixada.

    Para a segunda razão devemos transportar nossa imaginação à época em que isto aconteceu. Atualmente é correto dizer que não pensamos no céu como um lugar localizado mais à frente do firmamento; pensamos nele como em um estado de bênção em que estaremos para sempre sem nos separar de Deus. Mas tudo isto aconteceu faz como dois mil anos, e nesses dias, até os mais sábios, ainda pensavam em uma Terra plana com um lugar chamado céu mais além firmamento. Portanto se deduz que se Jesus queria dar aos seus seguidores uma prova indisputável de que retornou à sua glória, a Ascensão era absolutamente necessária. Era a única prova possível de que Jesus tinha voltado para sua glória. Mas devemos notar algo. Quando Lucas nos relata isto em seu Evangelho adiciona algo. Diz: "Voltaram para Jerusalém com grande gozo" (Lc 24:52). Apesar da Ascensão ou possivelmente, devido a ela, os discípulos estavam seguros de que Jesus não se afastou, mas sim estava com eles para sempre.

    Mas em segundo lugar, esta passagem nos coloca frente à Segunda Vinda. Devemos recordar duas coisas a respeito dela. Primeiro, é tolo e inútil especular a respeito de quando e como acontecerá, porque Jesus mesmo disse que nem ainda Ele sabia o dia e a hora em que viria o Filho do Homem (Mc 13:32). Há algo quase blasfemo em especular a respeito daquilo que era segredo até para o próprio Cristo. Em segundo lugar, o ensino essencial do cristianismo é que Deus tem um plano para o homem e o mundo. Temos que crer que a história não é um conglomerado casual de atos fortuitos que não vão a nenhuma parte. Temos que crer que o mundo vai a alguma parte, que existe algum feito divino longínquo rumo ao qual se move toda a criação. E devemos crer que quando chegar tal consumação Jesus Cristo será sem dúvida Juiz e Senhor de todos. A Segunda Vinda não é um assunto sobre o qual se deve especular nem bisbilhotar ilegitimamente. É uma convocatória a lutar pela chegada desse dia e a nos preparar para quando chegar.

    O DESTINO DE UM TRAIDOR

    Atos 1:12-20

    Antes de falar do destino do traidor Judas há alguns pontos que devemos destacar nesta passagem. Para o judeu o sábado era um dia de descanso total em que se proibia toda classe de trabalho. No sábado as viagens estavam limitadas a dois mil côvados, e essa distância se chamava viagem de um sábado. Um côvado mede uns quarenta e cinco centímetros; de modo que a viagem que podia fazer-se em sábado era de algo menos de um quilômetro.

    É muito interessante notar que os irmãos de Jesus estão aqui com a companhia dos discípulos. Durante a vida de Jesus tinham estado entre seus oponentes (Mc 3:21). Bem pode ter sido que a morte de Jesus, como aconteceu com muitos outros, lhes abrisse os olhos e tocasse seus corações como nem sua vida tinha podido fazer.

    Diz-nos que o número dos discípulos era de uns cento e vinte. Este é um dos dados que mais assombram no Novo Testamento. Havia só cento e vinte homens consagrados a Cristo. É muito improvável que alguém deles em sua vida tenha saído dos estreitos limites da Palestina. Considerando as cifras na Palestina somente, nela havia cerca de quatro milhões de judeus. O que significa que menos de um em trinta mil era cristão. E esses cento e vinte homens simples foram enviados a evangelizar a todo mundo. Se alguma vez algo começou de um princípio muito pequeno, foi a Igreja cristã. Bem pode ser que fomos os únicos cristãos na loja, na fábrica, no escritório em que trabalhamos, no círculo em que nos movemos. Aqueles homens enfrentaram corajosamente sua tarefa e nós devemos fazer o mesmo, e pode ser que nós também sejamos o pequeno começo do qual se difunda o Reino em nossa esfera.

    Mas o que mais interessa desta passagem é o destino de Judas, o traidor. O significado grego desta passagem é incerto, mas o relato de Mateus (Mateus 27:3-5) não deixa dúvida de que Judas se suicidou. Sempre nos perguntaremos por que Judas traiu a Jesus. Deram-se várias sugestões.

  • Sugeriu-se que Iscariotes significa homem do Kerioth. Se for assim, Judas era o único apóstolo que não era galileu. Pode ser que no começo ele se sentisse fora do grupo e chegou a estar tão amargurado que cometeu este feito tão terrível.
  • Pode ser que Judas entregou a seu Mestre para salvar sua próprio pele e que depois se deu conta do horrível de sua ação.
  • Pode ser que o fez simplesmente porque estava ansioso por dinheiro. Se foi assim, trata-se do pior negócio da história, porque vendeu a seu Senhor por trinta moedas de prata que é menos de dez dólares.
  • Pode ser que chegou a odiar a Jesus. Podia esconder seu sujo coração de outros; mas os olhos de Jesus podiam despi-lo e penetrar como raios 10 aos lugares mais recônditos de seu ser. E bem pode ser que ao final se visse levado a destruir Àquele que o conhecia tal como era.
  • Pode ser que Iscariotes seja a forma grega de uma palavra que significa aquele que porta uma adaga. Tratava-se de indivíduos que formavam uma banda de nacionalistas violentos que estavam dispostos a assassinar e matar em uma campanha por liberar a Palestina. Possivelmente Judas viu em Jesus com seu poder maravilhoso a pessoa que podia conduzir os nacionalistas ao triunfo; e então quando viu que Jesus rechaçava o caminho do poder se voltou contra Ele, e em sua amarga desilusão o traiu.
  • Mas possivelmente o mais acertado seja que Judas nunca quis que Jesus morresse. Pode ser que o tenha traído para forçar a Jesus. Ou que tenha tratado de pô-lo em uma posição em que, se queria salvar a vida, ele se veria obrigado a utilizar seu poder, e portanto forçosamente teria que agir contra os romanos. Se foi assim, Judas sofreu a experiência trágica de ver que seu plano saía desesperadamente mal; e em amargo remorso se suicidou.
  • Quaisquer que tenham sido os fatos, Judas entra na história como o nome mais negro de todos. Nunca pode haver paz para o homem que trai a Cristo, e que é falso para com seu Senhor.

    AS QUALIDADES DE UM APÓSTOLO

    Atos 1:21-26

    Em primeiro lugar, devemos considerar brevemente o método para escolher quem ocuparia o lugar de Judas entre os apóstolos. Pode ser que nos seja estranho terem recorrido a um sorteio. Mas entre os judeus era algo muito natural, devido ao fato de que todos os cargos e tarefas no templo se distribuíam por sorteio. A forma corrente de fazê-lo era escrevendo os nomes dos candidatos sobre pedras; as pedras ficavam em uma vasilha e eram sacudidas até que alguém caísse; e aquele cujo nome estava na primeira pedra que caía era eleito para ocupar o cargo.
    Mas o importante nesta passagem é que nos dá duas verdades de suma importância.
    Em primeiro lugar, fala-nos da função de um apóstolo. A função de um apóstolo era a de ser testemunha da ressurreição. O que realmente distingue um cristão não é que sabe algo a respeito de Jesus, mas sim o conhece. O engano básico no cristianismo é considerar Jesus como alguém que viveu e morreu, e cuja vida estudamos e cuja história lemos. Jesus não é uma figura livresca. É uma presença viva, e o cristão é alguém cuja vida toda dá testemunho do fato de que conhece o Senhor ressuscitado e se encontrou com Ele.

    Em segundo lugar, fala-nos das qualidades de um apóstolo. Uma delas era que devia ter acompanhado a Jesus. O verdadeiro cristão é aquele que vive dia a dia com Jesus.

    Diz-se de John Brown, de Haddington, o grande pregador, que muitas vezes quando falava, fazia uma pausa, como se estivesse ouvindo uma voz.
    Jerome K. Jerome nos conta a respeito de um velho sapateiro que, em um dia muito frio, deixou a porta de sua loja aberta, e quando foi perguntado por que o fazia, respondeu: "Para que Ele possa entrar se passar por aqui."
    Muitas vezes falamos do que aconteceria se Jesus estivesse aqui, e de que viveríamos de outra maneira se Ele estivesse em nossos lares e trabalhos.
    Lady Acland nos relata como uma vez sua pequena filha teve um arranque temperamental. Depois da manha de criança se sentaram juntas na escada tentando arrumar as coisas e a menina disse: "Eu gostaria que Jesus viesse e ficasse em nossa casa todo o tempo."

    Mas o fato é que Jesus está aqui; e o cristão, o apóstolo sincero, é o homem que ainda vive toda a sua vida com Cristo.


    Dicionário

    Ausentar

    verbo transitivo direto e pronominal Distanciar-se de certo lugar durante um tempo determinado; retirar-se: o trabalho ausentava-a muito do convívio em família; ausentou-se do trabalho por motivo de doença.
    Deixar de participar de alguma coisa; não contribuir para a realização ou desenvolvimento de algo: os professores ausentaram-se do seminário; ausenta-se de compromissos matutinos.
    verbo pronominal Não mostrar evidências sobre si mesmo; desaparecer: o discernimento se ausentou da sua vida.
    verbo transitivo direto Pouco Usual. Provocar o afastamento de; repelir: ausentava bandidos.
    Etimologia (origem da palavra ausentar). Do latim absentare.

    Determinar

    verbo transitivo direto Indicar; estabelecer com exatidão e precisão: determinar o vetor.
    Delimitar; fixar os limites de: o quintal demarcava a casa.
    Ocasionar; ser a razão de: a traição determinou o final do casamento.
    Marcar; definir um prazo para: determinaram o dia do casamento.
    verbo transitivo direto e bitransitivo Decretar; promulgar alguma coisa: o juiz determinou o valor da fiança; determinou ao aluno um segundo exame.
    Etimologia (origem da palavra determinar). Do latim determinare.

    Dissê

    1ª pess. sing. pret. perf. ind. de dizer
    3ª pess. sing. pret. perf. ind. de dizer

    di·zer |ê| |ê| -
    (latim dico, -ere)
    verbo transitivo

    1. Exprimir por meio de palavra, por escrito ou por sinais (ex.: dizer olá).

    2. Referir, contar.

    3. Depor.

    4. Recitar; declamar (ex.: dizer poemas).

    5. Afirmar (ex.: eu digo que isso é mentira).

    6. Ser voz pública (ex.: dizem que ele é muito honesto).

    7. Exprimir por música, tocando ou cantando.

    verbo intransitivo

    8. Condizer, corresponder.

    9. Explicar-se; falar.

    10. Estar (bem ou mal) à feição ou ao corpo (ex.: essa cor não diz bem). = CONVIR, QUADRAR

    verbo pronominal

    11. Intitular-se; afirmar ser.

    12. Chamar-se.

    13. Declarar o jogo que se tem ou se faz.

    nome masculino

    14. Expressão, dito (ex.: leu os dizeres do muro).

    15. Estilo.

    16. Maneira de se exprimir.

    17. Rifão.

    18. Alegação, razão.


    quer dizer
    Expressão usada para iniciar uma explicação adicional em relação a algo que foi dito anteriormente. = ISTO É, OU SEJA

    tenho dito
    Fórmula com que se dá por concluído um discurso, um arrazoado, etc.


    Jerusalém

    -

    Existia, com o nome de Uruslim, isto é, Cidade de Salim ou Cidade da Paz, uma cidade no mesmo sítio de Jerusalém, antes de terem os israelitas atravessado o rio Jordão ao entrarem na Palestina. inscrições da coleção de Tel el-Amarna mostram que naquele tempo (cerca de 1400 a.C.) era aquela povoação um lugar de alguma importância, cujo governador estava subordinado ao Egito. o nome aparece já com a forma de Jerusalém em Js 10:1. os judeus identificavam-na com Salém, de que Melquisedeque foi rei (Gn 14:18 – *veja também Sl 76. 2). os atuais habitantes, judeus e cristãos, conservam o nome de Yerusalim, embora sob o poder dos romanos fosse conhecida pelo nome de Aelia Capitolina, e seja pelos maometanos chamada El-Kuds, o Santuário, tendo ainda outros títulos, segundo as suas conexões. Quanto à sua situação estava Jerusalém entre as tribos de Judá e Benjamim, distante do Mediterrâneo 51 km, do rio Jordão 30 km, de Hebrom 32 km, e 58 km de Samaria. Acha-se edificada no alto de uma larga crista montanhosa, que atravessa o país de norte a sul, e está sobre duas elevações, que se salientam do platô para o sul, e são acessíveis apenas por estradas dificultosas. Esta proeminência está entre dois desfiladeiros, que tornam a aproximação difícil, a não ser pelo norte, e por isso constitui uma defesa natural. Do lado oriental está o vale de Cedrom, que também é chamado vale de Josafá. Ao sudoeste e pelo sul se vê outro desfiladeiro, o vale de Hinom. Estas duas ravinas unem-se no Poço de Jacó (Bir Eyab), numa profundidade de 200 metros, medida desde a parte superior do platô. A cidade, possuindo tais defesas naturais, as montanhas circunjacentes, e os profundos desfiladeiros, forma, assim, uma compacta fortaleza montanhosa (Sl 87:1 – 122.3 – 125.1,2). Com respeito à história de Jerusalém, começa no A.T.com o aparecimento de Melquisedeque, rei de Salém, que abençoou Abraão (Gn 14:18-20 – *veja Hb 7:1). No cap. 10 de Josué, fala-se de Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, o qual formou uma liga contra o povo de Gibeom, que tinha feito um acordo com Josué e os israelitas invasores. Josué prendeu e mandou executar os cinco reis confederados, incluindo o rei de Jerusalém – mas, embora as cidades pertencentes aos outros quatro fossem atacadas, é certo ter escapado naquela ocasião a cidade de Jerusalém. Ela é nomeada entre ‘as cidades no extremo sul da tribo dos filhos de Judá’ (Js 15:21-63) – e é notada a circunstância de não terem podido os filhos de Judá expulsar. os jebuseus, habitantes daquela cidade, habitando juntamente os invasores com o povo invadido. A sua conquista definitiva está indicada em Jz 1:8. Mais tarde os jebuseus parece que fizeram reviver a sua confiança na fortaleza da sua cidade. Quando Davi, cuja capital era então Hebrom, atacou Jerusalém (2 Sm 5), os habitantes mofaram dele (2 Sm 5.6). A réplica de Davi foi fazer uma fala aos seus homens, que resultou na tomada da ‘fortaleza de Sião’. E então foi a capital transferida para Jerusalém, aproximadamente no ano 1000 a.C., vindo ela a ser ‘a cidade de Davi’. Para aqui trouxe este rei a arca, que saiu da casa de obede-Edom (2 Sm 6.12). Sendo ferido o povo por causa da sua numeração, foi poupada a cidade de Jerusalém (2 Sm 24,16) – e na sua gratidão comprou Davi a eira de Araúna, o jebuseu, e levantou ali um altar (2 Sm 24.25), preparando-se para construir naquele sítio um templo (1 Cr 22.1 a
    4) – mas isso só foi levado a efeito por Salomão (1 Rs 6.1 a 38). Quando o reino se dividiu, ficou sendo Jerusalém a capita! das duas tribos, fiéis a Roboão (1 Rs 14.21). No seu reinado foi tomada por Sisaque, rei do Egito (1 Rs 14,25) – e no tempo do rei Jeorão pelos filisteus e árabes (2 Cr 21.16,17) – e por Joás, rei de israel, quando o seu rei era Amazias (2 Cr 25.23,24). No reinado de Acaz foi atacada pelo rei Rezim, da Síria, e por Peca, rei de israel, mas sem resultado (2 Rs 16.5). Semelhantemente, foi a tentativa de Senaqueribe no reinado de Ezequias (2 Rs 18.19 – 2 Cr 32 – is 36:37). Quando governava Manassés, os seus pecados e os do povo foram a causa da prisão do rei e da sua deportação para Babilônia (2 Cr 33.9 a 11). Josias realizou em Jerusalém uma reforma moral e religiosa (2 Cr 34.3 a 5). Quando, no período de maior decadência, reinava Joaquim, foi a cidade cercada e tomada pelas forças de Nabucodonosor, rei da Babilônia, que deportou para aquele império o rei e o povo, à exceção dos mais pobres dos seus súditos (2 Rs 24.12 a 16). Zedequias foi colocado no trono, mas revoltou-se. Vieram outra vez as tropas de Nabucodonosor, e então Jerusalém suportou um prolongado cerco – mas, por fim, foi tomada, sendo destruído o templo e os melhores edifícios, e derribadas as suas muralhas (2 Rs 25). No tempo de Ciro, como se acha narrado em Esdras, voltou o povo do seu cativeiro, sendo o templo reedificado, e restaurada a Lei. As muralhas foram levantadas por Neemias (Ne 3). Alexandre Magno visitou a cidade, quando o sumo sacerdócio era exercido por Jadua, que é mencionado em Ne 12:11-22. Morto Alexandre, e feita a divisão das suas conquistas, ficou a Judéia nos limites dos dois Estados rivais, o Egito e a Síria. Como efeito dessa situação raras vezes tinham os judeus uma paz duradoura. Ptolomeu Soter tomou a cidade pelo ano 320 a.C., a qual foi fortificada e embelezada no tempo de Simão, o Justo, no ano 300 a.C., mais ou menos (Ecclus. 50). Antíoco, o Grande, conquistou-a em 203 (a.C.) – mas em 199 foi retomada por Scopas, o general alexandrino. Após a derrota dos egípcios, infligida por Antíoco, caiu novamente Jerusalém sob o seu domínio em 19S. Foi depois tomada por Antíoco Epifanes, que profanou o templo, e ergueu um altar pagão no lugar do altar do Senhor (Dn 11:31) – mas no ano 165 foi a cidade reconquistada por Judas Macabeu. Pompeu apoderou-se dela em 65 a.C., e foi saqueada pelos partos no ano 40. Retomou-a Herodes, o Grande, no ano 37 a.C. : foi ele quem restaurou o templo, levantando o edifício que foi visitado por Jesus Cristo. Com respeito ao lugar que ocupava Jerusalém na alma dos hebreus, *veja Sl 122:6 – 137.5,6 – is 62:1-7 – cp.com 1 Rs 8.38 – Dn 6:10 e Mt 5:35. A Jerusalém do N.

    Jerusalém [Lugar de Paz] - Cidade situada a uns 50 km do mar Mediterrâneo e a 22 km do mar Morto, a uma altitude de 765 m. O vale do Cedrom fica a leste dela, e o vale de Hinom, a oeste e ao sul. A leste do vale de Cedrom está o Getsêmani e o monte das Oliveiras. Davi tornou Jerusalém a capital do reino unido (2Sm 5:6-10). Salomão construiu nela o Templo e um palácio. Quando o reino se dividiu, Jerusalém continuou como capital do reino do Sul. Em 587 a.C. a cidade e o Templo foram destruídos por Nabucodonosor (2Rs 25:1-26). Zorobabel, Neemias e Esdras reconstruíram as muralhas e o Templo, que depois foram mais uma vez destruídos. Depois um novo Templo foi construído por Herodes, o Grande. Tito, general romano, destruiu a cidade e o Templo em 70 d.C. O nome primitivo da cidade era JEBUS. Na Bíblia é também chamada de Salém (Gn 14:18), cidade de Davi (1Rs 2:10), Sião (1Rs 8:1), cidade de Deus (Sl 46:4) e cidade do grande Rei (Sl 48:2). V. os mapas JERUSALÉM NO AT e JERUSALÉM NOS TEM

    Jerusalém Tem-se interpretado o nome dessa cidade como “cidade da paz”. Na Bíblia, aparece pela primeira vez como Salém (Gn 14:18), com a qual costuma ser identificada. A cidade foi tomada pelos israelitas que conquistaram Canaã após a saída do Egito, mas não a mantiveram em seu poder. Pelo ano 1000 a.C., Davi tomou-a das mãos dos jebuseus, transformando-a em capital (2Sm 5:6ss.; 1Cr 11:4ss.), pois ocupava um lugar central na geografia do seu reino. Salomão construiu nela o primeiro Templo, convertendo-a em centro religioso e local de peregrinação anual de todos os fiéis para as festas da Páscoa, das Semanas e das Tendas. Em 587-586 a.C., houve o primeiro Jurban ou destruição do Templo pelas tropas de Nabucodonosor. Ao regressarem do exílio em 537 a.C., os judeus empreenderam a reconstrução do Templo sob o incentivo dos profetas Ageu, Zacarias e Malaquias; mas a grande restauração do Templo só aconteceu, realmente, com Herodes e seus sucessores, que o ampliaram e o engrandeceram. Deve-se a Herodes a construção das muralhas e dos palácios-fortalezas Antônia e do Palácio, a ampliação do Templo com a nova esplanada, um teatro, um anfiteatro, um hipódromo e numerosas moradias. O fato de ser o centro da vida religiosa dos judeus levou os romanos a fixarem a residência dos governadores em Cesaréia, dirigindo-se a Jerusalém somente por ocasião de reuniões populares como nas festas.

    No ano 70 d.C., aconteceu o segundo Jurban ou destruição do Templo, desta vez pelas mãos das legiões romanas de Tito. Expulsos de Jerusalém após a rebelião de Bar Kojba (132-135 d.C.), os judeus do mundo inteiro jamais deixaram de esperar o regresso à cidade, de forma que, em meados do séc. XIX, a maioria da população hierosolimita era judia. Após a Guerra da Independência (1948-1949), a cidade foi proclamada capital do Estado de Israel, embora dividida em zonas árabe e judia até 1967.

    Jesus visitou Jerusalém com freqüência. Lucas narra que, aos doze anos, Jesus se perdeu no Templo (Lc 2:41ss.) e várias foram as visitas que ele realizou a essa cidade durante seu ministério público (Lc 13:34ss.; Jo 2:13). A rejeição dos habitantes à sua mensagem fez Jesus chorar por Jerusalém, destinada à destruição junto com o Templo (Lc 13:31-35). Longe de ser um “vaticinium ex eventu”, essa visão aparece em Q e deve ser anterior ao próprio Jesus. Em Jerusalém, Jesus foi preso e crucificado, depois de purificar o Templo.

    O fato de esses episódios terem Jerusalém por cenário e de nela acontecerem algumas aparições do Ressuscitado e igualmente a experiência do Espírito Santo em Pentecostes pesou muito na hora de os apóstolos e a primeira comunidade judeu-cristã fixarem residência (At 1:11).

    J. Jeremías, Jerusalén en tiempos de Jesús, Madri 1985; C. Vidal Manzanares, El Judeo-cristianismo...; Idem, El Primer Evangelio...; A. Edersheim, Jerusalén...; E. Hoare, o. c.; f. Díez, o. c.


    Não

    advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
    Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
    Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
    Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
    Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
    substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
    Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.

    advérbio Modo de negar; maneira de expressar uma negação ou recusa: -- Precisam de ajuda? -- Não.
    Expressão de oposição; contestação: -- Seus pais se divorciaram? -- Não, continuam casados.
    Gramática Numa interrogação, pode expressar certeza ou dúvida: -- você vai à festa, não?
    Gramática Inicia uma interrogação com a intenção de receber uma resposta positiva: Não deveria ter chegado antes?
    Gramática Usado repetidamente para enfatizar a negação: não quero não!
    substantivo masculino Ação de recusar, de não aceitar; negativa: conseguiu um não como conselho.
    Etimologia (origem da palavra não). Do latim non.

    Pai

    Os pais não são os construtores da vida, porém, os médiuns dela, plasmando-a, sob a divina diretriz do Senhor. Tornam-se instrumentos da oportunidade para os que sucumbiram nas lutas ou se perderam nos tentames da evolução, algumas vezes se transformando em veículos para os embaixadores da verdade descerem ao mundo em agonia demorada.
    Referencia: FRANCO, Divaldo P• Lampadário espírita• Pelo Espírito Joanna de Ângelis• 7a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2005• - cap• 17

    Os pais humanos têm de ser os primeiros mentores da criatura. De sua missão amorosa decorre a organização do ambiente justo. Meios corrompidos significam maus pais entre os que, a peso P de longos sacrifícios, conseguem manter, na invigilância coletiva, a segurança possível contra a desordem ameaçadora.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Caminho, verdade e vida• Pelo Espírito Emmanuel• 26a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 12

    Os pais da Terra não são criadores, são zeladores das almas, que Deus lhes confia, no sagrado instituto da família.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Dicionário da alma• Autores Diversos; [organização de] Esmeralda Campos Bittencourt• 5a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2004• -

    Ser pai é ser colaborador efetivo de Deus, na Criação.
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido• Luz no lar: seleta para uso no culto do Evangelho no lar• Por diversos Espíritos• 10a ed• Rio de Janeiro: FEB, 2006• - cap• 46

    [...] [Os pais são os] primeiros professores [...].
    Referencia: XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo• O Espírito da Verdade: estudos e dissertações em torno de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec• Por diversos Espíritos• 8a ed• Rio de Janeiro: FEB, 1992• - cap• 16


    Pai Ver Abba, Deus, Família, Jesus, Trindade.

    Pai Maneira de falar de Deus e com Deus. No AT Deus tratava o povo de Israel como seu filho (Ex 4:22); (Dt 1:31); 8.5; (Os 11:1). Jesus chamava Deus de “Pai” (Jo 5:17). Ele ensinou que todos aqueles que crêem nele são filhos de Deus (Jo 20:17). Ver também (Mt 6:9) e Rm

    substantivo masculino Aquele que tem ou teve filho(s); genitor, progenitor.
    Indivíduo em relação aos seus filhos.
    Responsável pela criação de; criador: Corneille é o pai da tragédia francesa.
    Quem funda uma instituição, cidade, templo; fundador.
    [Zoologia] Animal macho que teve filhotes.
    Figurado Algo ou alguém que dá origem a outra coisa ou pessoa: o desconhecimento é o pai da ignorância.
    Indivíduo que pratica o bem, que realiza ou possui boas ações; benfeitor.
    Religião Primeira pessoa que, juntamente com o Filho e com o Espírito Santo, compõe a Santíssima Trindade.
    Religião Título dado aos membros padres de uma congregação religiosa.
    substantivo masculino plural Os progenitores de alguém ou os seus antepassados.
    expressão Pai Eterno. Deus.
    Pai espiritual. Aquele que dirige a consciência de alguém.
    Etimologia (origem da palavra pai). Talvez do latim patre-, padre, pade, pai.

    Esta palavra, além da sua significação geral, toma-se também na Escritura no sentido de avô, bisavô, ou fundador de uma família, embora remota. Por isso os judeus no tempo de Jesus Cristo chamavam pais a Abraão, isaque e Jacó. Jesus Cristo é chamado o Filho de Davi, embora este rei estivesse distante dele muitas gerações. Pela palavra ‘pai’ também se compreende o instituidor, o mestre, o primeiro de uma certa profissão. Jabal ‘foi o pai dos que habitam nas tendas e possuem gado’. E Jubal ‘foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta’ (Gn 4:20-21). Também se emprega o termo no sentido de parentesco espiritual bom ou mau – assim, Deus é o Pai da Humanidade. o diabo é cognominado o pai da mentira (Jo 8:44). Abraão é o pai dos crentes. É igualmente chamado ‘o pai de muitas nações’, porque muitos povos tiveram nele a sua origem. Na idade patriarcal a autoridade do pai na família era absoluta, embora não tivesse o poder de dar a morte a seus filhos (Dt 21:18-21).

    substantivo masculino Aquele que tem ou teve filho(s); genitor, progenitor.
    Indivíduo em relação aos seus filhos.
    Responsável pela criação de; criador: Corneille é o pai da tragédia francesa.
    Quem funda uma instituição, cidade, templo; fundador.
    [Zoologia] Animal macho que teve filhotes.
    Figurado Algo ou alguém que dá origem a outra coisa ou pessoa: o desconhecimento é o pai da ignorância.
    Indivíduo que pratica o bem, que realiza ou possui boas ações; benfeitor.
    Religião Primeira pessoa que, juntamente com o Filho e com o Espírito Santo, compõe a Santíssima Trindade.
    Religião Título dado aos membros padres de uma congregação religiosa.
    substantivo masculino plural Os progenitores de alguém ou os seus antepassados.
    expressão Pai Eterno. Deus.
    Pai espiritual. Aquele que dirige a consciência de alguém.
    Etimologia (origem da palavra pai). Talvez do latim patre-, padre, pade, pai.

    substantivo masculino Aquele que tem ou teve filho(s); genitor, progenitor.
    Indivíduo em relação aos seus filhos.
    Responsável pela criação de; criador: Corneille é o pai da tragédia francesa.
    Quem funda uma instituição, cidade, templo; fundador.
    [Zoologia] Animal macho que teve filhotes.
    Figurado Algo ou alguém que dá origem a outra coisa ou pessoa: o desconhecimento é o pai da ignorância.
    Indivíduo que pratica o bem, que realiza ou possui boas ações; benfeitor.
    Religião Primeira pessoa que, juntamente com o Filho e com o Espírito Santo, compõe a Santíssima Trindade.
    Religião Título dado aos membros padres de uma congregação religiosa.
    substantivo masculino plural Os progenitores de alguém ou os seus antepassados.
    expressão Pai Eterno. Deus.
    Pai espiritual. Aquele que dirige a consciência de alguém.
    Etimologia (origem da palavra pai). Talvez do latim patre-, padre, pade, pai.

    Promessa

    substantivo feminino Compromisso que alguém assume de fazer, dar ou dizer alguma coisa: fazia promessas para tirar o povo da pobreza.
    Religião Voto feito aos santos ou a Deus para obter alguma graça: foi à Aparecida pagar sua promessa.
    Figurado Esperança pautada em aparências, indícios, conjecturas: a promessa de bom tempo.
    Ação ou efeito de prometer, de afirmar verbalmente ou por escrito que irá fazer ou dizer alguma coisa.
    Etimologia (origem da palavra promessa). Do latim promissa, "prometida".

    Promessa
    1) Ato de alguém obrigar-se a fazer ou dar alguma coisa (Ne 5:13), RA;
    v. VOTO).

    2) A afirmação do envio, no futuro, de um Salvador (Gn 3:15); 12.2,7; (At 13:22-23); (Ef 3:6) e de bênçãos incontáveis (Rm 9:4); (2Co 1:18-20); (2Pe 1:4).

    Strongs

    Este capítulo contém uma lista de palavras em hebraico e grego presentes na Bíblia, acompanhadas de sua tradução baseada nos termos de James Strong. Strong foi um teólogo e lexicógrafo que desenvolveu um sistema de numeração que permite identificar as palavras em hebraico e grego usadas na Bíblia e seus significados originais. A lista apresentada neste capítulo é organizada por ordem alfabética e permite que os leitores possam ter acesso rápido e fácil aos significados das palavras originais do texto bíblico. A tradução baseada nos termos de Strong pode ajudar os leitores a ter uma compreensão mais precisa e profunda da mensagem bíblica, permitindo que ela seja aplicada de maneira mais eficaz em suas vidas. James Strong
    καί συναλίζω αὐτός παραγγέλλω αὐτός μή χωρίζω ἀπό Ἱεροσόλυμα ἀλλά περιμένω ἐπαγγελία πατήρ ὅς μοῦ ἀκούω
    Atos 1: 4 - Texto em Grego - (BGB) - Bíblia Grega Bereana

    E, tendo-se reunido com eles, ordenou-lhes que não partissem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes.
    Atos 1: 4 - (ARAi) Almeida Revista e Atualizada Interlinear

    30 d.C.
    G1473
    egṓ
    ἐγώ
    exilados, exílio, cativeiro
    (captive)
    Substantivo
    G1860
    epangelía
    ἐπαγγελία
    promessa
    (promise)
    Substantivo - feminino acusativo singular
    G191
    akoúō
    ἀκούω
    ser idiota, louco
    (the foolish)
    Adjetivo
    G235
    allá
    ἀλλά
    ir, ir embora, ir de uma parte para outra
    (is gone)
    Verbo
    G2414
    Hierosólyma
    Ἱεροσόλυμα
    denota tanto a cidade em si como os seus habitantes
    (Jerusalem)
    Substantivo - neutro acusativo plural
    G2532
    kaí
    καί
    desejo, aquilo que é desejável adj
    (goodly)
    Substantivo
    G3361
    mḗ
    μή
    não
    (not)
    Advérbio
    G3588
    ho
    para que
    (that)
    Conjunção
    G3739
    hós
    ὅς
    que
    (which)
    Pronome pessoal / relativo - neutro neutro no Singular
    G3853
    parangéllō
    παραγγέλλω
    transmitir uma mensagem de um para outro, declarar, anunciar
    (having instructed)
    Verbo - particípio aorista (pretérito não qualificado de um verbo sem referência à duração ou conclusão da ação) ativo - nominativo masculino singular
    G3962
    patḗr
    πατήρ
    um lugar no sudeste da Palestina junto ao limite do território dos cananeus, próximo a
    (unto Lasha)
    Substantivo
    G4037
    periménō
    περιμένω
    ()
    G4871
    synalízō
    συναλίζω
    tirar
    (I drew him)
    Verbo
    G5563
    chōrízō
    χωρίζω
    separar, dividir, partir, quebrar em pedaços, separar-se de, despedir-se
    (let separate)
    Verbo - presente imperativo ativo - 3ª pessoa do singular
    G575
    apó
    ἀπό
    onde?, para onde? (referindo-se a lugar)
    (and where)
    Advérbio
    G846
    autós
    αὐτός
    dele
    (of him)
    Pronome Pessoal / Possessivo - Genitivo Masculino 3ª pessoa do singular


    ἐγώ


    (G1473)
    egṓ (eg-o')

    1473 εγω ego

    um pronome primário da primeira pessoa “Eu” (apenas expresso quando enfático); TDNT - 2:343,196; pron

    1. Eu, me, minha, meu

    ἐπαγγελία


    (G1860)
    epangelía (ep-ang-el-ee'-ah)

    1860 επαγγελια epaggelia

    de 1861; TDNT - 2:576,240; n f

    1. proclamação, anúncio
    2. promessa
      1. o ato de prometer, uma promessa dada ou para ser dada
      2. bem ou bênção prometida

    ἀκούω


    (G191)
    akoúō (ak-oo'-o)

    191 ακουω akouo

    uma raiz; TDNT - 1:216,34; v

    1. estar dotado com a faculdade de ouvir, não surdo
    2. ouvir
      1. prestar atenção, considerar o que está ou tem sido dito
      2. entender, perceber o sentido do que é dito
    3. ouvir alguma coisa
      1. perceber pelo ouvido o que é dito na presença de alguém
      2. conseguir aprender pela audição
      3. algo que chega aos ouvidos de alguém, descobrir, aprender
      4. dar ouvido a um ensino ou a um professor
      5. compreender, entender

    ἀλλά


    (G235)
    allá (al-lah')

    235 αλλα alla

    plural neutro de 243; conj

    1. mas
      1. todavia, contudo, não obstante, apesar de
      2. uma objeção
      3. uma exceção
      4. uma restrição
      5. mais ainda, antes, mais propriamente, até mesmo, além do mais
      6. introduz uma transição para o assunto principal

    Ἱεροσόλυμα


    (G2414)
    Hierosólyma (hee-er-os-ol'-oo-mah)

    2414 Ιεροσολυμα Hierosoluma

    de origem hebraica 3389 ירושלימה, cf 2419; TDNT - 7:292,1028; n pr loc

    Jerusalém = “habita em você paz”

    1. denota tanto a cidade em si como os seus habitantes
    2. “a Jerusalém que agora é”, com suas atuais instituições religiosas, i.e. o sistema mosaico, assim designada a partir de sua localização externa inicial
    3. “Jerusalém que está acima”, que existe no céu, de acordo com a qual se supõe será construída a Jerusalém terrestre
      1. metáf. “a Cidade de Deus fundamentada em Cristo”, hoje se apresenta como igreja, mas depois da volta de Cristo se apresentará como o pleno reino messiânico

        “a Jerusalém celestial”, que é a habitação celestial de Deus, de Cristo, dos anjos, dos santos do Antigo e Novo Testamento e dos cristãos ainda vivos na volta de Cristo

        “a Nova Jerusalém”, uma cidade esplêndida e visível que descerá do céu depois da renovação do mundo, a habitação futura dos santos


    καί


    (G2532)
    kaí (kahee)

    2532 και kai

    aparentemente, uma partícula primária, que tem uma ação aditiva e algumas vezes também uma força acumulativa; conj

    1. e, também, até mesmo, realmente, mas

    μή


    (G3361)
    mḗ (may)

    3361 μη me

    partícula de negação qualificada (enquanto que 3756 expressa um negação absoluta); partícula

    1. não, que... (não)


    (G3588)
    ho (ho)

    3588 ο ho

    que inclue o feminino η he, e o neutro το to

    em todos as suas inflexões, o artigo definido; artigo

    1. este, aquela, estes, etc.

      Exceto “o” ou “a”, apenas casos especiais são levados em consideração.


    ὅς


    (G3739)
    hós (hos)

    3739 ος hos incluindo feminino η he, e neutro ο ho

    provavelmente, palavra primária (ou talvez uma forma do artigo 3588); pron

    1. quem, que, o qual

    παραγγέλλω


    (G3853)
    parangéllō (par-ang-gel'-lo)

    3853 παραγελλω paraggello

    de 3844 e a raiz de 32; TDNT - 5:761,776; v

    transmitir uma mensagem de um para outro, declarar, anunciar

    comandar, ordenar, incumbir

    Sinônimos ver verbete 5844


    πατήρ


    (G3962)
    patḗr (pat-ayr')

    3962 πατηρ pater

    aparentemente, palavra raiz; TDNT - 5:945,805; n m

    1. gerador ou antepassado masculino
      1. antepassado mais próximo: pai da natureza corporal, pais naturais, tanto pai quanto mãe
      2. antepassado mais remoto, fundador de uma família ou tribo, progenitor de um povo, patriarca: assim Abraão é chamado, Jacó e Davi
        1. pais, i.e., ancestrais, patriarcas, fundadores de uma nação
      3. alguém avançado em anos, o mais velho
    2. metáf.
      1. o originador e transmissor de algo
        1. os autores de uma família ou sociedade de pessoas animadas pelo mesmo espírito do fundador
        2. alguém que tem infundido seu próprio espírito nos outros, que atua e governa suas mentes
      2. alguém que está numa posição de pai e que cuida do outro de um modo paternal
      3. um título de honra
        1. mestres, como aqueles a quem os alunos seguem o conhecimento e treinamento que eles receberam
        2. membros do Sinédrio, cuja prerrogativa era pela virtude da sabedoria e experiência na qual se sobressaíam; cuidar dos interesses dos outros
    3. Deus é chamado o Pai
      1. das estrelas, luminares celeste, porque ele é seu criador, que as mantém e governa
      2. de todos os seres inteligentes e racionais, sejam anjos ou homens, porque ele é seu criador, guardião e protetor
        1. de seres espirituais de todos os homens
      3. de cristãos, como aqueles que através de Cristo tem sido exaltados a uma relação íntima e especialmente familiar com Deus, e que não mais o temem como a um juiz severo de pecadores, mas o respeitam como seu reconciliado e amado Pai
      4. o Pai de Jesus Cristo, aquele a quem Deus uniu a si mesmo com os laços mais estreitos de amor e intimidade, fez conhecer seus propósitos, designou para explicar e propagar entre os homens o plano da salvação, e com quem também compartilhou sua própria natureza divina
        1. por Jesus Cristo mesmo
        2. pelos apóstolos

    περιμένω


    (G4037)
    periménō (per-ee-men'-o)

    4037 περιμενω perimeno

    de 4012 e 3306; TDNT - 4:578,581; v

    1. esperar por

    συναλίζω


    (G4871)
    synalízō (soon-al-id'-zo)

    4871 συναλιζω sunalizo

    de 4862 e halizo (congregar-se); v

    reunir-se, ajuntar

    estar congregado, encontrar com


    χωρίζω


    (G5563)
    chōrízō (kho-rid'-zo)

    5563 χωριζω chorizo

    de 5561; v

    1. separar, dividir, partir, quebrar em pedaços, separar-se de, despedir-se
      1. deixar esposo ou esposa
      2. de divórcio
      3. partir, ir embora

    ἀπό


    (G575)
    apó (apo')

    575 απο apo apo’

    partícula primária; preposição

    1. de separação
      1. de separação local, depois de verbos de movimento de um lugar i.e. de partir, de fugir
      2. de separação de uma parte do todo
        1. quando de um todo alguma parte é tomada
      3. de qualquer tipo de separação de uma coisa de outra pelo qual a união ou comunhão dos dois é destruída
      4. de um estado de separação. Distância
        1. física, de distância de lugar
        2. tempo, de distância de tempo
    2. de origem
      1. do lugar de onde algo está, vem, acontece, é tomado
      2. de origem de uma causa

    αὐτός


    (G846)
    autós (ow-tos')

    846 αυτος autos

    da partícula au [talvez semelhante a raiz de 109 pela idéia de um vento instável] (para trás); pron

    1. ele próprio, ela mesma, eles mesmos, de si mesmo
    2. ele, ela, isto
    3. o mesmo